Catolicismo 2007, Números 673 a 684

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, u

UMARI

PuNto CoRRÊA DE OuvE tRA

,lanci r'o de 2007

"São os violentos que conquistam o Reino dos Céus'' 1

A

hi stória do Apóstolo São Paul ri ca m pormenores saborosos ( vicie pp. 40 a 42 desta edi ção). E um traço característico é que se Lrata d uma história de violência. Sau lo foi um homem violento na perseguição à I grej a nascente, que ele queri a extermin ar. Respirava violência e desejo de extermíni o, era famoso pela sua violência e um inimigo rad ical cios católicos. No caminho para Damasco, ocorreu um acontecimento violento: "Saulo, Saulo, por que me persegues?". Ele cai u cio cavalo, ficou cego e indagou:

- Quem és, Senhor? - Eu sou Jesus, a quem tu persegues. - Senhor, o que queres que eufaça.?2 E le foi curado, começou a ver e tornou-se , pronto para a luta. Uma mudança completa e estrepitosa: passou a pregar o nome de Jesus, que antes persegu ia. É o líder ela violência, que muda com toda a sua radicalidade para o outro lado. Para o apostolado, ele empreendeu inúmeras viagens, enfrentou ri cos e operou conversões extraordinárias. Com isso abriu um sulco sobre o qual a I grej a Católica se desenvolveu. D epois agiu violentamente contra o , Império Romano, foi o primeiro passo para a derrubada cio paganismo. At no fin al de sua vida, fo i santamente v iolen to cm relação a Deu N osso Senhor, quando bra lou: " 0111ba1i o bom combale, per-

médio senão ficar quietos. O católico amolecido não gosta ele conversões vio lentas. N ão gosta ele cogitar em conversões de homens sábios, ele conversões de homens que mudam as coisas. N este dia [25 de j aneiro] em que se comemora a conversão ele São Paul o, o que devemos pedi r a ele? D evemos ped ir essa sa nta vi olência. Ele lutou para derrubar opagani smo, nó elevemos ter essa santa violência para derrubar em nossos dias o mal que está no auge, mais poderoso que o pagan i ·mo no tempo dele. A c id ade d e São Pau l o é consagrada ao Apóstolo São Paulo. Tem-se a impressão de ele desej ar que os nasc idos na sua cidade tenham essa sa nta violência. Aqu ilo que se ch amou outrora " o espírito pauli sta" tinha qualquer co isa de vi gor, de força, de in trepidez, de ini ciativa, de senso organi zativo que é próprio àquel es qu e elevem desenvo l ver uma larga ação, em certo sentido, imperi ali sta. O bandeirantes pau li tas tinh am

·orri a ·arreira i111eira, guardei a.fé. Desde j á m •si I Pservodo a ·oroa dajusliça". 3 É

essa qua lidades. •

uma esp ci ' de at 'Stado brilhante qu el dá ele sua pr pria fid ' iidad •. Í~ ·0 1110 um hom '111 de consc i ~ncia tranqlli la qu • s ' upr ·. enta di ante de 1 ·u s. Os cat li cos mo l •s •ostari am d qua lifi ca r com fa lta ele humildade. M as, como foi o brado de um sa nto, não têm re-

(Excert os d· ·0 111' •r 11,·i11 d,· t' li11i11 ( '11111 11 d · O li-

- C A TOLICISMO

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Exc1mTos

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CA1nA oo DmETOR

5

PÁGINA MARIANA

7

LmTLJRA EsPnUTUAI~

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Comu;sPONDf~NCI/\

Nº H7~3

Bela ladah1J1a de Otigem peruana Devoção à Santísshna Virgem - 111

1O A

PAI.AVR/\ DO SACl.-:RDO'l'l~

12 A

R1,:A1,mAin: CoNCISAMEN'm

14

ARTE CONTl~MPORÂNE/\

20

ENTREVISTA

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PoR OllE NossA SENHORA C110RA?

24

Esru:NDOJms DA Cms·1'ANDADE

26

CAPA

40

VmAs m: SANTOS

43

INl•'ORMATIVO RURAi..

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DISCERNINDO

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SANTOS 1,: Ft-:s·1As no Mf;s

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AçÃo CoNTRA-R1~voi.uc10NÁIUA

52

AMB11wms, Cos·ruMt•;s, C1v1uzAçõEs

An tecâme1'8 do jn[erno

Uma revolução jurídka: garantismo penal

m gnidade na mesa

2006: Subversão da ordem e esperanças A conversão de São Paulo Apóstolo

A pâncesa palaUna (1616-1685)

Quadro de Na. Sr a. do Milagre - /'elicklacle, despretensão e pureza

v ·iru , ·111 5 d,• j11111•i111 dt• 1% . S1•111 r ·v isão <11111 111 111') ,

Nossa Capa : 'i1111~1111111 , 11 1

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Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo

JANEIRO 2007


Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Fi lho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o n° 311 6 Administração:

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Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. E-mail: epbp @uol.com.br Home Page: http://www.catolicismo.com. br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Janeiro de 2007:

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Caro leitor, Se pudéssemos observar um mapa m.undi q u indi ·ass os pri ncipa is aco ntec imentos transcorridos e m 2006, veríamos um mapa c m cha mas, mctaforica mente fa la ndo. Notaríamos incêndios, de orde m re li g iosa, mo ral e po lít ico-soc ial, ocas ionando profun das cri ses e m todos os países. Se in ves ti gássemos q ual o deno mi nador comum entre os diversos incêndios - ou a causa de todas essas cri ses - , perceberíamos que não se trata de incêndios isolados, mas de um só e imenso incêndio que afeta ao mesmo tempo todos os povos. E m sua obra- mestra "Re vo lução e Contra-Revo lução", o Prof P líni o Corrêa de O liveira, após exp licitar co m muita penetração a uni cidade dessa cri se, que e m âmbito uni versa l atinge todas as nações hod ie rnas , exemplifica: "Não se trata de um conjunto de crises que se desenvolvem. paralela e autono1namente em cada país, ligadas entre si por algumas analogias mais ou menos relevantes. Quando ocorre um. incêndio numa f loresta, não é possível considerar o f enômeno com.o se fosse mil incêndios autônomos e paralelos, de mil árvores vizinhas umas das outras. A unidade do f enômeno 'combustão', exercendo-se sobre a unidade viva que é a.floresta, e a circunstância de que a grande força de expansão das chamas resulta de um calor no qual se f undem e se multiplicam as inconláveis chamas das diversas árvores, tudo, enfim, contribui para que o incêndio da f loresta seja um fato único, englobando numa realidade total os mil incêndios parciais, por mais diferente, aliás, que cada um destes seja em seus acidentes".

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Parece-nos q ue é sob esse pri sma que o leitor poderá encontrar a "chave" para inte rpretar de modo objetivo os múltip los acontec imento n dcc rrcr dos últimos 12 meses. Nesse sentido, a matéri a de capa da presente edi ção apresenta um retrospecto que procura ir ao fu ndo cio problema. E é exa tamente por isso que o balanço de 2006, que Catolicismo publi ca, d ifere daq ue les que costumam apresentar outras rev istas. Da análise retrospectiva q ue ap resentamos, pode-se in fe rir que a causa profund a de tantas crises - aspectos diversos de uma só e imensa cri se - fo i o afastamento ele Deus por parte cios ho me ns. Isto posto, to rn a-se co mpreensível a situação caótica q ue caracteri zou 2006. Portanto, a úni ca so lução para d ·b ' lar tantos e tão graves males consiste e m voltar-se para Aq uele que criou e governa o mundo. E este Criador deveria ser amacio e imitado por todos, de modo particul ar por aq ueles que receberam a missão ele po liti camente gov rn ar as nações. Supli quemos a nosso Di vino riador, pela intercessão da Rainha do Céu e da Terra, a Santíss ima Vir 1 c m, q ue intervenha nos aco ntecimentos do presente ano, mudando seu c urso rumo à almejada restauração ela ordem. Ou seja, ru mo a um a civi li zação aute nli camcnle cristã, na qual serão observadas a Lei D ivin a e a Le i .natu ral. Desej o csp ciai s graças e bênçãos a todos os estim ados leitores, para suas ativ idades neste novo ano que se inicia. Em Jesus e Mari a,

CATOLICISMO

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Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

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DIR ll'l'OR

A Ladainha peruana

Q

ue m não ouviu alguma vez, ao concluir a oração do Santo Rosário, o deslizar suave e cadenc o de uma série de in vocações e m honra da Santíssima Virgem, respond idas co m um a breve súplica pelos demais aco mpa nh antes? Este gênero de oração é conhec ido pe lo nome ele "lada in ha" - uma pa lavra que provém do grego e signifi ca "súplica" . A recitação de ladainhas nas igrej as - e m certas ocas iões ou soleni dades, com o oco rre duran te a Vi g íl ia Pasca l, quando a li turgia presc re ve o cântico da Ladainh a de Todos os Santos - o u de modo particular, individualm ente o u em grupo, constitui antiga e trad icional expressão da piedade cristã. Uma ladainha consiste na e numeração de nomes ou atri butos de De us, da Santíss ima Virgem ou dos Santos , seguidos de um pedi do como, por exem-

pio, "tende piedade de nós" o u "rogai por nós" . Ex iste uma variedade de ladainhas, co mo as do Santíss imo No me ele Jes us, do Espírito Santo e do Sagrado Coração de Jesus. Foram também compostas ladainhas em honra de São M iguel Arcanj o, São José, Santa Teres in ha cio Menino Jesus, Sa nta Rosa de L ima e ele muitos o utros santos. Há também ladainhas para ped ir a boa morte e auxíli o para os ago nizantes, ass im como outras ded icadas a Noss a Se nh or a . Po r exe mpl o , as do I macul ado Coração de Maria e de Nossa Senhora das Dores. De todas elas, a ma is co nh e c ida é a La d a inh a d a Santíssima Virge m, também chamada lauretana, que se costuma rezar depo is do Rosário, embora não faça parte dele. Q ua ndo a cas a e m qu e vi ve u a Sa ntíss ima V irge m na Pa lest in a fo i JA N EI RO 200 7 -


1 A bela ladainha é atribuída ao piedoso Arcebispo de Lima, São Toríbio de Mongrove jo (dir.)

tra ns portada mila g ro sa m e nte, e m J29 1, para a c idade de Lo reto (Itáli a), a boa nova propago u-se rapidamente, da ndo iníc io a numerosas romarias o u peregri nações. Com o tra nsc urso do te mpo, os peregrinos foram compondo uma série de súplicas a Nossa Senhora, nas qua is A invocavam sob seus princ ipais títulos de g lória. Posteriorme nte, essa lada inha passou a ser cantada di a riame nte no Sant u ár io de Loreto, e os peregrinos que de lá regressavam a popularizaram e m todo o orbe cató lico. É, po is, conhec ida como lauretana por ter sua origem e m Lore to.

Uma /adah1ha perdida 110 tempo Existe contudo uma ladainha que deve ríamos não somente conhecer, mas recitar freqüentemente. Teve sua origem no Peru, e é de inspirada e sobrenaturaJ beleza. É atribuída ao piedoso e infatigável Arcebispo de Lima, São Toríbio de Mongrovejo, que nutriu durante sua vida uma profunda devoção à Santíssima Virgem. O II Concílio Limense dispôs, em 1592, sua inclusão no Ritua l da Igreja Metropolitana de Lima, e du rante muitos anos ela foi recitada aos sábados na CatedraJ metropolitana. D ita ladainha susc itou a admiração do re nomado hi storiador ec l es iás tico Pe. Rohrbacher, que a elog iou com estas pa lavras: " Depois do se-

O amo r à Santíss im a Virgem cativou não ·ó os eva nge li zadores do Peru , mas també m os e va ngeli zados. T o rn o u-. e rea li dade e ntre escravos, e ta mbé m e ntre mesti ços e índ ios. Destes últim os te mos um a prova s ing ul ar nos Comentários Reais do inca Garci laso de la V ega. Este cé leb re escrito r mesti ço nos refere que o índios el e C uzco, "não contentes em ouvir dos sacerdotes os nomes e títulos dados à

Virgem em língua latina e castelhana, procuraram traduzi-los em sua língua geral e acrescentar os que puderam, para fa lar com Ela e chamá-La na própria língua, e não na estrangeira ". "D ize m Mamanchic, que é Senhora e M ãe nossa; Coya, Rain ha; Nusta, Princesa de sang ue rea l; Zapay, Ú ni ca; Yurac Amancay, Açu ce na branca ; Chasca, L uz do a i vorecer; Citoccoyllor, Estrela respla nd ece nte; Huarcar pana, Se m ma ncha; Hu chanac, Sem pecado ; Mana chancasca, não tocada, qu e é o mes mo que inviolad a; Tazque, Virgem pura; Diospa Mamem , Mãe de Deus. Também di ze m Pachacarnacpa Mamem, que é Mãe do C ri ado r e su. tentácu lo do U ni verso. Dizem Huacchacuyac, que ama os pobres e de les é be nfe itora. Para de nom in á- la Mãe ele mi se ri córd ia, nossa Advogada , não te ndo esses vocábulos cm s ua língua co m os s ig nifi cados próprios , va le mse de palavras sem elhantes" (Garc il aso de la Veja, Historia General de.l Perú, L ibro II, apítu lo XXV, L ibre ría Jnte rnacio na l de i Pe rú , L im a, 1959, p. 184).

gundo Concílio de Lima, reunido sob São Toríbio em 1591, é encon trado o Manual de Devoção ou Cerimoniário desta igreja metropolitana, publi* * * cado pelo santo arcebispo. Ele merece ser consultado; ali tudo está regulamentado com Esses exemplos mostram detalhe: desde o toque dos sias raízes cristãs do Peru, fe li znos até as funções do organismente tão arraigadas, e é pelo retorno a e las - e não pe la ta e dos meninos do coro. Vem em seguida um Breve de Paucapitul ação e m face de uto pi as revolucionárias - qu e lo V, de 2 de dezembro de 1605, concedendo indulgênc ias a aq ue le país, co m a ajuda da uma amabi-Ussima devoção Festa da Virgem da Candelária, Santíss ima Virgem, e ncontrana cidade de Puno rá a gra ndeza e a ve rd adeira dos peruanos para com a San g lória que a Providê ncia lhe destino u como nação. • ta Mãe de Deus. Todos os sábados pela tarde, índios e espanhóis se reúnem na igreja, no.fim das Completas, para cantar ou ouvir cantar a Salve Rainha e as ladainhas da Santíssima Virgem; ladainhas mais longas, mais variadas e, a nosso paNota: rece,; inclusive mais piedosas que as ladainhas lauretanas" Esta be líss ima hi stó ri a da Ladainha I em c11w f'oi 'X lrn ftln do sit ': (R.P. Réné Fra nço is Rohrbacher, Histoire Vniverselle de htt : /www.falirna.or . ) s · ·o n- '·a1:J i ' ul o- 1 111111 l'Eglise Cathulique, 4eme ed, Ga ume F re res et J. Duprey Ed, Os le itores que desejare m cópia ele ta l latlai nh u pod ·,n oh l 111 ·,n nosso site www.cato li c ismo.co m.br, o nde f'i gura c m portu gu ·s, ·usl lllan o e latim. Paris, 1866, tomo XIII, p. 849).

-CATOLICISMO

Devoção a Maria Santíssima - III

Original e pitoresca 1a,lai11ha em <Juechua

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P rosseguimos com as considerações de São Luís Maria Grignion de Montfort em seu Tralado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, sobre a necessidade da devoção a Nossa Senhora •

1

o is que Jesus é agora ma is cio que nunca o fr uto de Maria, como lhe repetem mil e mil vezes diariamente o Céu e a Terra: '... e bendilo é o fruto do vosso ventre, Jesus' é certo que Jesus C ri sto, para cada homem em particular que o possui , é tão verdadeiramente o fruto e obra de Maria como para todo o mundo em geral. Deste modo, se qualquer fiel tem Jesus Cristo fo rmado em seu coração, pode atrever-se a di zer: 'Mil gra-

ças a Maria! Este Jesus que eu possuo é, com efeito, seu fruto, e sem Ela eu jamais o teria'. Ó mistério da g raça, que os réprobos desconhecem

eos predestinados conhecem mu ito pouco.

Mal'Ía é a Rainha dos col'ações Do q ue ficou dito, deve-se conc luir ev ide ntemente que: P rimeiro, Maria recebeu de Deus um grande domínio sobre as almas dos e le itos; pois Ela não pode estabelecer neles sua residência, como Deus Pai lhe ordeno u; não pode formálos, nutri-los, fazê- los nascer parn a vida eterna, como sua mãe; possuí-los como sua herança e partilha; formá- los e m Jes us Cristo e Jesus Cristo neles; não pode impla ntar em seus corações as raízes de suas virtudes e ser a companheira inseparável do Espírito Santo em todos os seus trabalhos ele graça; não pode, repito, fazer todas estas coisas se não tiver direito e domínio sobre suas almas, por uma graça singu lar do A ltíss imo. E esta graça, que lhe deu autoridade sobre o Filho único e natural de Deus, lhe foi conced ida também sobre seus filh os adoti vos, não só quanto ao corpo, o q ue seria pouco, mas també m quanto à alma.

Maria é necessária ao 110sso lim último E m segundo lugar, é preciso concluir q ue a Santíss ima Virgem, sendo necessária a Deus - duma necessidade chamada hipotética, devido à sua vontade - é muito mais necessária aos homens para chegarem ao seu último fim. Não se confunda, portanto, a devoção à Santíssima Virgem com a devoção aos outros santos, como se não fosse mai s necessária que a destes, e apenas de superrogação. l - Devoção necessária a todos os homens O douto e piedoso Suarez, da Companhia de Jes us, o sáb io e devoto Justo Lípsio, doutor da universidade de Lovaina, e muitos outros, provaram incontestavelmente, apo iados na opinião cios santos Padres - entre o utros, Santo Agostinho, Santo Efré m , diácono de Edessa, São Ciri lo de Jerusalém, São Germano de Constantinopla, São João Damasceno, Santo Anselmo, São Bernardo, São Bernardino, Santo Tomás e São Boaventura - que a devoção à Santíssima Virgem é necessá-

ria à salvação, e que é um s ina l infalível de condenação não ter estima e amor à Santíssima Virgem. Ao contrário, é indício certo de predestinação ser-lhe inteira e verdadeiramente devotado" .2 • Notas: 1. Ed itora Vozes Llda. , Petrópo lis, 6" Ed ição, 1961. 2. A verdad eira devoção à Sa ntíss ima Vi rgem co ns iste em se lh e devota r e e ntregar. O culto de d ul ia (ao santos) é a depe ndênc ia, a serv idão (Santo Tomás , - S. Theol. 2-2, q . l03 , a.3, in fine co rp.) ; o cu lto de hipe rduli a cons iste num a dependênc ia mai s perfe ita à Sa ntíss ima Vi rgem, ou , e m outras pala vras, na escrav idão de amor preco ni zada por São Luís Maria de Mo nt fo rl.

JANEIRO 2 0 0 7 -


O louvor 111·óprio a cacla 11m 18] "Apareceram a bondade e o amor

pelos hom.ens do Sa l vador nosso Deus". A frase el e São Paulo toca muito os corações, e os co mentários sobre e la fizeram bimbalhar a ind a mais o me u co ração. Achei muito importantes os comentári os para saber como cada um eleve louv ar nosso Sa lvad o r, co mo desagrava r nossos próprios pecados e co mo incrementar nossas qualidades. Encontrei a frase que resume a linguagem de Catolicismo: "Seja vossa linguagem sim, sirn; não, não" (segundo São L ucas). Espero poder escutar essa mesma linguagem categórica em 2007, e por muitos mais anos, ass im como a tenho escutado desde 1989.

Rellexões ele Natal

(1.F.F. -

18] E m minha vida,já na terceira idade, nunca tinha li do um texto a propósito de Nata l que fosse tão criativo quanto este que a revi sta publi ca neste mês. A ludo ao artigo no qua l o ilu stre Prof. P líni o Corrêa ele Oliveira tece d iversas reflexões sobre o lugar de cada um junto ao presép io do Menino-Deus. E transpõe a mesma reflex ão para as soc iedades e as nações. Acho que essa mensagem que lhes escrevo não chegará antes do Nata l, mas, mesmo assim, aproveito a ocasião para registrar meus sinceros votos ele Fe li z Nata l. Agradeço-lhes pelos presentes que nos concederam neste ano com os 12 números da revista "Catolicismo, passado trans-

formado em presente pela sua fidelidade à Tradição. Presente gerador de futuro pelo seu espírito batalhador". Um Bom Ano Novo à direção, aos redatores e també m aos amigos leitores ele Catolicismo! Que continuem neste novo ano despertando o públi co que vem sendo ane. tes iado pela propaganda dos partidos de esquerda e pela corrente dita católica, mas de fato também de esquerda. Que Jesus, Maria e José os abençoem e os premiem generosamente.

-CATOLICISMO

(M.U.N -

RJ)

RS)

Maravilhoso [>?] Linda , linda a revista com os temas de Natal. Os temas maravi lhosos e as fotos também maravi lh osas. A menina da página 24 parece com a minha fi lhota quando tinha uns 4 ani nhos. (F.J.G. - SC)

A Princesa Isabel 18] Ótimo o artigo sobre a Princesa fsabel, escrito pe lo própr io bisneto de la, o Príncipe Dom Lu iz ele Orleans e Bragança, a quem parabenizo cordialmente pela realização. Vou reproduzir, com a licença cios senhores, as fotografias da Princesa, Redentora da raça negra, para um á lbum particular que costumo mostrar às visitas.

(C.T.A.S. -

RJ)

A Princesa e Santos Dumont 18] A convivência ela Princesa [sabei

com Santos Dumont foi para mim uma novidade. Lucrei muito na leitura da hi stória escrita nesta revista por Dom Luiz, Cherc da Casa Imperial cio Brasil. Por exemplo, qu' "o princesa 11w11davo-lhe (ao pai da nvi ação) far11éis, o .fi111 de </tt<' ,,f,, 111111

precisasse voltar à cidade para almoçar". E que ela (a Princesa Isabe l) sc rcv ia a Santos Dumont, inclusive oforeccndo-lhc uma meda lh a de São Bento para protegê-lo nos ensa ios e descobertas que fa zia para "a glória de nossa querida Pá/ria". Fiz a leitura dessa hi st ria num só fô lego. Para mim um a preciosa descoberta. Muito s urpreendi do, agndeço. (N .P.M.J. -

MG)

"O carcleal-herói era de aço" 18] Apreciei deveras o arti go sobre o

levanta mento anticom unista de Budapeste há 50 anos, ele autoria ele Lui s D ufaur. Fo i uma covard ia a atitude do exérc ito vermelho stalinista, ab rindo fogo contra aq uele povo indefeso. Os tiranos in sta lados em Moscou perceberam a coragem cios húngaros, e para continuarem dom inando aquel a brava gente, tiveram que encher as prisões com os resistentes. Sobretudo tiveram que ca lar o Cardea l Mindszenty, conclenanclo-o - num arremedo de processo - à prisão perpétua. O heróico cardea l e ra o apoio moral dos húnga ros cató li cos, que tiveram coragem ele enfrentar, apenas com pedras nas mãos, os tanques russos. Mas como o cardea l, mesmo preso, permanecia símbo lo ela resistê ncia, o Krem li n procurou o Vaticano, exigindo que ca lassem ele vez a voz do Cardeal Mindszenty. Coube a vergonhosa tarefa a Monsenhor Casa rol i, e Paulo Vf destituiu o cardeal cios húngaros. Mesmo destituído, ele foi um exemplo ele fortaleza para os católicos do mundo inteiro. Eu não tinha sequer ouvido falar do livro li martírio dei/a pazienza ele Monsenhor Casaroli, de que Catolicismo reproduz algun s trechos muito express ivos. Por esses lrechos, imag in o que dev · s ·rum li vro l'Xlraordin.'.írio, e vou l'lll'o1m·11d:1 lo. Imagino lambem que l'l'lli11lll'1lll' o autor do livro, na l'porn 11111 nllo n·prL'sentante do V111ir:11u1, 11111111 11 im 11111h0ncia de l'on;:11 o ('111dl·11I Mi11ds1l'lll y a pac-

tuar com o reg ime comunista. Mas o cardea l-heró i era ele aço, e jamais se deixaria dobrar. (S.C.E.N. -

continua sendo a mes ma no seu conteúdo! (R.C.R. -

MG)

BA)

Uma marca indelével A Cavalaria de Nosso Senhor [gJ Foi com alegria no esp írito que

acompanhei sua matéria [de autori a ele Wil son Gabriel ela Si Iva] sobre a Cava la ria de Nosso Senhor. Quão bela era a inspiração que nutri a aq uelas o rdens, quão valorosos os homens que se entregavam à luta pela defesa ela Madre Igreja! Porque pe nso v is lumbrar no senh or também este sentimento, rogo a São Miguel, Anjo em cru zada eterna contra o maligno, para que conserve e expanda o amo r à fé a utênti ca, católica, apostólica, ro mana, tradiciona l, e por isso mes mo, perene. (M.P. -

SP)

G11anla Suíça Po11til"ícia ~ A prove ito a oportunidade para c umprimentá- los pelo s uc ul ento esc ri to sobre a G uarda Suíça. E rudito, in strutivo, claro, belo-católico! Q ue Nossa Sen hora os protej a sempre!

(E.J.T. -

PR)

Páginas ma1m1ilhosas 18] Não se i como agradecer l Muitís-

sim o obrigado! Agora vou mergulhar na le itura e na meditação destas pág in as maravilhosas ele Catolicismo. Obv iamente, se eu utilizar textos ela revista, avisar-vos-e i e colocarei todas as referê ncias. Rezo e peço ao nosso amacio Jesus a graça para que o espírito dos Z uavos Pontifíc ios anime o utros corações nestes dias tão d ifíce is e dolorosos em que a Santa Igreja vive. (G.B. -

Itália)

Conteúclo de semprn [?31 Agradeço a Deus por estas "douradas" pág inas de uma Revista que

18] Parabéns a todos ele Catolicismo. A rev ista está sempre com a marca de Dr. Plinio. (M.R. -

Canadá)

Hugo Chá,,ez é espfrita? igJ Acho que o mundo está fi cando maluco. Pois a mídia publica coisas de nossos gove rn antes co nd e na ndo Pinochet, e cios mesmos governantes exaltando Fidel Castro ! Ditador por ditador, quem foi o pior? O que Pinochet fez em matéria de repressão é merreca, se co mparado com a rep ressão e m Cuba. Ademais, uma durou apenas alguns anos (e parece que foi indispensável para evitar um derramamento de sangue ainda maior, e também para a recuperação cio Chile, depauperado pelo ditador anterior, o com uni sta SaJvador AJ!encle), e a repressão cubm1a dma por quase 50 anos. Permm1ece até hoje, pm·a desgraça dos hermanos cubm1os que sobrevivem naquele inferno. Parece que não apenas Pinochet fo i-se deste mundo , mas ac ho que Fidel também já se foi do mundo dos vivos. Pelo menos, F iclelj á era. Ele não apareceu em público nem para os festejados 80 anos cio ditador. Assim, não sei se Ficlel já morreu, se está semimorto ou semi-vivo . Só sei que a qual quer momento os comunas terão que anunci ar a morte dcJe. Também não sei se anunciarão ter ele morrido não agora, mas já há alguns meses. E que, "por razões ele Estado" e para que os "gringos" não "i nvadissem" a ilha, não anunciaram a morte no mesmo dia e congelaram o homem. Assim, revelariam o fa lecimento " num momento mai s oportuno para o Estado". Nem o caro companheiro de F idel, o muy amigo Frei Betto, consegu iu faJar com ele, mesmo viajando a C uba especialmente para tentar um encontro. Ta lvez o último nesta vida.

O único terráqueo que consegue "fa lar" co m Ficlel é Hu go C hávez. Não sei como, mas talvez o presidente venezuelano te nha o "dom de fa lar com os espíritos", é capaz de secomunicar co m os mortos. Com tal capacidade e le poderá dizer que é a reencarnação de F iclel, tentando ass im substituí-lo no poder e m C uba. E, ao mesmo te mpo, continuar na pres idênc ia na Venezue la. (P.E.S.N. -

RJ)

Dois pesos - duas mecliclas [gJ Com as condenações cio govern o

cio genera l Pinochet, o atual governo brasileiro ficou sem o utra sa ída: terá que condenar o governo ele F iclel Castro qu ando os jornais notic iare m sua mo rte proxi mamente, pois se encontra em fase termina l. Será o romp ime nto da ali ança histórica ela esquerda brasil e ira com F icle l Castro. Como se sabe, o Brasil "empresta" milhões para tentar sa lvar C uba, que, por sua vez, paga-nos s uas dívidas co m ... cana ele açúcar. Não parece estranho, um a vez que o Brasil é o ma ior proclu tor mundi al de aç úcar? S im , o Bras il não tem o utra saída a não ser condenar Ficlel Castro por ter transformado Cuba num campo de concent ração . Por ter estabelec ido o famoso " paredón" ele fuzilamentos. Pois, se tal condenação não for enunc iada, o governo brasileiro ficm·á sem face, revelará que é incoerente e que se utili za ela tática tipo dois pesos e duas medidas. Pior. Passa rá para a H istória como sendo responsável por ter aj udado a sustentar uma ditadura marxista elas mais cruéis ele todos os tempos , na qual os direitos humanos foram barbmamente violados. (N.A.8.-AM)

Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

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1!1 Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta l - Por que as religiões ainda importam? Muitos diziam que, com o progresso da ciência, as questões religiosas ficariam para trás. Resposta - A verdadeira Re1igião serve para ligar - do latim religare - o homem a Deus. A crença de que o progresso da c iê ncia deixaria a Religião "para trás" decorre de uma ignorância crassa, quando não de má-fé. Em primeiro lu gar, hav ia a persuasão hoje praticamente abandonada - de que as descobertas da ciência seriam suficientes para explicar todos os fenômenos do universo. Não haveria, portanto, a necessidade de Deus para justificar a existência do mundo. Em segundo lu gar, havia a esperança de que o progresso tecnológico decorrente dos avanços da ciência seria capaz de satisfazer todas as necessidades do homem, não só

dilatando a vida humana mas até vencendo a própria morte. Na verdade, essa persuasão é totalmente falsa: no campo teórico, pois o alcance da ciência, por mais fab ulosos que tenham sido os seus progressos, é claramente delimitado; no campo prático, onde por mais que a vida humana seja dilatada, have rá um momento em que o home m fatalmente se deparará com a morte. Analisemos estas afi rmações que acabamos de faze r. Alguns c ie nti stas blasonam de que os progressos da ciência têm feito recuar o ponto onde os crentes na ex istência de Deus co loca m o instante do ato da criação. Esse rec uo no tempo de fato corresponde à realidade e, se autêntico, poderia representar um avanço da c iê ncia. Ora, por pouco que um espírito sensato raciocine, perceberá que não é possível proceder ad infinitum, porque sempre será necessário expl icar como

surgiu o núcleo ini cia l desse universo que aí está. A menos que se admita, como os gnósticos, que o universo sej a imanente, isto é, que e le deu origem a si mesmo, o que é um abs urdo total. Por isso, não são todos os c ientistas que se fec ha m à ex istência de Deus, havendo um numeroso co nt in ge nte deles, de grande reno me, que co loca m De us no iníc io de todas as co isas, segu ndo o relato bíblico in sp irado pelo Espírito Santo: "No princípio, criou Deus o céu e a terra" (Gen 1, 1). Anali sada assim a questão do ponto de vista teórico, mai s fácil ainda é reconhecer as limitações da ciência e m ate nder na prática às necess idades vitai s do homem. Os mai s otimistas fa lam em dilatar o limite normal da vida humana para os 120 anos. E depois? Depois ... é preciso expli car o que vem depo is!

Comunistas fuzilam a estátua do Sagrado Coração de Jesus, durante a guerra civil de 1936-1939, na Espanha

CATOLICISMO

Esse é o pape l da Religião: indicar o sentido da vida presente; que a separação entre a a lma e o corpo, pe la morte, é provisória; e que o homem se recomporá (ressuscitará) cm vista de uma vida futura de bem-aventurança ete rna, para os bons, e de castigo eterno, para os ma us. Bo ns e maus que serão tais, não confor me os no ssos juízos humanos, mas segundo o Juízo de Deu . O fato é que se assiste hoj e por tod o o mundo a um reviver de um sapiencial sentimento re ligioso, que mostra a inanid ade daque la crença cega no progresso da ciê ncia e da tecnologia. E daí o vol tar-se para a Reli gião. Neste ponto não po lemos deixa r de fazer nota r qu e a pergunta põe cm foco "as Religiões", no plural , e que a pre ente resposta r' ·al ca com in sistência "a R •I i , iao", no sin ul ar, ou s ·ja , a Re ligião v 'rdad •iru, ' 111 >li ca Apostóli ·a Ron1:11rn , por s ·r a úni ca instituída dirt•t:1m · ntc po r Nosso Senhor .1 ·s us ri sto, Filho Un i , ·nito d • l) •us.

Pergunta 2 - Boa parte dos conflitos atuais tem uma conotação religiosa. Por quê? Qual a exata pa1·tici pação dos católicos nele? Resposta - A pergunta não afirma que boa parte dos conflitos atuais tem natureza religiosa, e sim que tem "uma conotação religiosa ". O matiz é importante porque, segundo se pode observar, o componente étn ico de muitos desses conflitos é predominante, para não mencionar os motivos de ordem política ou ocial. Na verdade, com a secularização e conseqüente descristianização das sociedades ocidenta is, na mente de muitos de nossos contemporâneos há uma espécie de apartheid, segundo o qual a Religião constitui um compartimento separado dos demai s aspectos da vida . E nos surpreendemos quando o componente relig ioso se mani festa nas ações corriqueiras da vida , máxime nas ações de importância cu lminante, como é um

co nflito e ntre g rupos é tni cos ou nações . Bem vista a natureza humana como ela é, não existe esse apartheid mental , nem sequer na cabeça de muitos ateus, que se dizem tais "graças a Deus" ... Nada de estranhar, pois, que em muitos dos conflitos atuais a conotação religiosa faça o seu surgimento. Quanto à participação de católicos nesses conflitos, há o caso bem co nh ecido de Belfast, na Irlanda, entre católicos e protestantes, que de momento parece aplacado. Na África, os componentes étnicos e políticos são de tal maneira salientes nos conflitos em curso, q ue o componente religioso - que sai bamos entra secundari amente. O que c umpre destacar, isso sim , é a perseguição reli giosa que as minorias católi cas sofrem em certos países muçulmanos , budi stas o u confucionistas da Ásia e Ocean ia, para não fa lar do caso peculiar da Ch ina, em que o Estado com unista cri ou

uma ig rej a loca l separada de Roma, submi ssa ao regime, e persegue tenazmente os cató1icos fiéis ao Papado.

Pergunta 3 - Quais os perigos do fanatismo religioso?

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Resposta - Co nvé m precisar o que se entende por "fanatismo". É comum quepessoas pouco afeitas à prática religiosa tachem de fa nático todo aq uele que leva a séri o a Religião, cum prindo consci enciosa mente seus preceitos. Não é certamente isso que o a utor da pergunta tem em vista. Mais provavelmente ele quer se referir àq ueles que, levados por um a co mpreensão errônea de sua profissão religiosa, reagem destemperada me nte co ntra qualquer pretenso insulto à sua religião. Aí se configura perfeitamente o perigo do fa natismo religioso. O combate aos erros e heresias, mesmo quando levado às ú I ti mas co nseq üê nc ias,

sempre deve partir de um equilíbrio da alma que ama o bem e odeia o mal. Não é por cegueira de alma (fanatismo), mas por amor à verdade. Outra manifestação do fanatismo religioso seria querer impor a conversão dos infiéis por meio da fo rça, corno consta do "A lcorão" do maometanos, segundo a célebre fórmula "o u crê o u mo rre", da qu al há exemplos históri cos céleb res , s iste matica me nte condenados pela Igreja. Por fim , os atos de terrorismo noticiados diariamente pela imprensa, nas mais diversas partes do mundo, são uma manifestação dos abismos de crue ldade a que pode chegar um ho mem deformado pe lo fa nati smo. Mas, convém repetir, isso nada tem a ver com uma sadia e fe rvorosa dedicação a um autênti co ideal religioso. Não confundamos uma coisa com outra. O contrário seria ca ir num fa natismo anti -reli g ioso ... Há exe mpl os disso nas sociedades hodiernas! •

Um dos numerosos ataques contra mesquitas, na luta atual entre xiitas e sunitas, no Iraque

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JANEIRO 2007 -


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Assentado foge, abre fazenda e fica rico

Vendas de armas russas batem recorde e preocupam

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Rú ss ia atualmente é a maior fornecedo ra mundi a l de armas - revelou re latóri o anu a l do Congresso ameri cano. Ela vendeu U$30,2 bilhões ..; em 2005 e superou os E UA pela pri me ira vez, após a queda do Muro de Berlirn. Preocupam as vendas para Chi na (avi ões-tanque), Irã (mísseis anti aéreos, j atos e tanques) e governos esquerd istas latino-america nos . A Ve nezue la se armo u co mo se previ sse um confronto próx imo com algum vi zinho: 24 caças S u-30 , 35 he li cópteros e 100 mil fu zis AK- 103. Ademais, adquirirá de IO a 15 submarinos, 138 navi os, rada res, compl exos anti aéreos e fábri cas bé licas. Outro dado inq uietante: a Coré ia do Norte exporto u 40 mísseis balísticos cuj o comércio está proibi do . •

quilino Sirto li depl orou ter caído, 25 anos atrás, no conto ela Re fo rma Agrári a e entrado num aca mpamento dito " mode lo" dos semterra. S irto li abandonou essa enganação, apesar da pressão exercida pe los bispos da Pastora l da Terra e líderes sem-terra. Aceitou do governo um lote em propri edade, e hoje te m uma faze nda de J .500 hectares quase toda pl antada de soja e avaliada em R$ 12 milhões. Entretanto, é conside rado "traido r" pelo MST e pela Comissão Pastoral da Terra. Os que fi caram no assentamento amargam a mi séri a. Sirlo li não é caso único, e esses exempl os confirmam que o me lhor auxílio para os que não têm terra é estimular a propri edade privada e a livre ini ciativa, e nunca promo ver lula de classes. •

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Mao Tsé-Tung teria mandado martirizar frades

Tri bunais naufragam em processos familiares

Crime revela duplo jogo da m ídia, diz instituto

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ary Stachowicz, 5 1, piedosa mãe de qualro cri anças, fo i raptada, estuprada, torturada e sufocada com um plástico por Nicholas Gutierrez, homossex ual "assumido", cm Chicago (EUA). Nas audiência: do processo, os advogados do réu alegam "pânico defensivo anti-homofóbico" e caricatu ra m os cri. tãos com odientos enlouquecidos contra o homo sex ual ismo. A Mary Stachowicz mídia costuma apresentar de modo simpático somente as vítimas "politicamente corretas". Mary Stachowicz não entra nessa categoria, mas sim o seu assass ino homossex ual. A mídia abafa o crime, d isse Cliff Kincaid, diretor de Accuracy in Media, de Chicago, instituto dedicado ao estudo das distorções da imprensa. •

Wal-Mart volta atrás e manda funcionários desejar Feliz Natal!

Tº?º

ano ~ festa de Nat~l é objeto de manobras que visam esvaziá- la ameia mais de seu conteudo re l1 g1oso. Mas no Natal de 2005, nos EUA, grupos de cató licos conservado res boicotaram a rede Wal-Mart - g igante mundi al dos supermercados - porque esta tinha e liminado toda reterê ncia cri stã em suas loj as e catálogos e proibido os fun c ionári os de cump rime ntar co m o tradi c io na l Fe liz Nata, /. D iante da queda das vendas, Wal-Mart ordenou a seus func ionári os não mais acatar a anteri or proibição e passar novamente a cum pri mentar com Fe liz Na tal. A cadeia também anu nciou que deixará de fina nc iar g ru pos homosscx uai . A descatoli zação da vida públi ca não é uma fatalidade, e la p de e deve ser revertida. M as é prec iso que os cató licos se co li gue m para dc fcnd r sua re lig ião na soc iedade, com inte li gênc ia e coragem. •

CATOLICISMO

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ca h W. Scars, pres idente da Suprema Corte do Estado da Geórg ia (EUA), lançou um apelo para o casame nto. Hoje, naque le país, menos da metade dos lares é composta por casa is casados, e quase 36% dos nascimentos são ex tra-co nj uga is. As cri anças ed ucadas fora do casa mento, disse Sears, so frem mais ele doenças físicas e me ntais; abandonam mais a escola; ab usa m mais das drogas, cio álcool e da vio lênc ia, e correm mais risco ele fi carem pobres. Os tribunais naufraga m em processos decorrentes da infide li dade matrimo ni al, que geram um nível espantoso de intromissão do governo nas fa míli as . O problema só tem um a verdadeira so lução: restauração ela fa míli a, o que só é poss ível com o auxílio ela graça divina e a prática cios M andamentos. •

Católicos quadruplicam na Arábia Saudita

t\ pesar ele. sanguinári a perseguição, os cató li~ os na Arábi a Saudita aumentaram 400% cm 30 anos : de 200 mil e m 1974, passaram para 800 mil hoj e, info rmo u o professor de H istó ri a e Pensamento ela Universidade Sa 11 Pablo de Mad rid , José Lui s O re ll a. A Aráb ia Saud ita proíbe Lodo símbolo cri stão e condena até à p ·na ele morte os cristãos surpreendidos p ' la po lr ·ia religiosa pratica n los u culto. No tola 1, na J> ·nínsula Arábica há mais d · 3 milh o 'S d· ·rislaos. A Igreja ató li ca mant '- m um vi 1 6rio apos16li ·o cm Abu Dabi , ond • há s •is i 1 rcjas , ai '- rn d· quatro c m O mã ' outra no Bali r ·i n. •

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vice-postul ador dos franc iscanos em Vale nc ia (Es pa nh a), Pad re Be nj a mín Agull ó, investi ga o martírio de Fre i Pasc ual Nadai, mi ss io nário da O rdem de São Francisco, decapitado na C hina e m 1935. F re i Pasc ual tem fa ma de santidade na reg ião onde fez apostolado. Mesmo ante a aproximação ele uma coluna co muni sta chefi ada por M ao Tsé-Tun g - qu e impôs o comuni smo na China - F rei Pascual, três franciscanos e três reli giosas permaneceram com os leprosos ele que cuidavam. "Se os comunistas me m.a/arem, serei mártir e voarei ao Céu!", d isse. Todos fo ram interrogados por M ao Tsé-Tung, e só fre i Pasc ual e fre i E pi fâ ni o Pegoraro não fora m liberados. Pouco depois um verd_ugo os dego lou com uma espada, sem piedade. •

Videogame 1mc1a jovens no assassinato de menores

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ute ofRose, novo videogame produ zido e di stribuído pela Sony, tra nsporta os jogado res a um orfanato, onde o desa fi o consiste em sepul tar viva uma menin a após fazê- la passar por 1 ·'~. 1 várias fases de terror, tortu.,. \ do videogome ras, v iolências fís icas e psíCena -"· ... \ quicas. O sádico j ogo convida a " uma viagem entre os horrores da di versão eletrônica", comento u o di ário "Corriere della Sera" de Mil ão. O vicleogame está no topo ele vencias no Japão. Fo i proibido nos EUA, mas as redes ele d istribuição pirata não tê m escrúpu lo em vender este e outros jogos que parecem ter como obj etivo inic iar a juventude nos piores crimes. Depois, há pais liberais que não compreendem por que seus filhos se desvi am para o mundo das drogas e cio crime. •

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Movimento social pró-Oaxaca invade cate dral do México, insultando cardeal e clero

Profanações de catedrais na Colômbia e no México

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m fotógrafo, que foi preso, levou uma mode lo nua para fotos, e assim profanar a catedral de Neiva (Colômbia) . Membros de "movimentos so ciais" irromperam na catedral da Cida de do México para insultar o Arcebispo, Cardeal Norberto Rivera Correra , em plena Missa dominical. Simpatizantes do fracassado candidato populista Andrés Manuel López Obrador, hoje rebelado contra o governo eleito, praticaram várias dessas invasões. A Revolução Cultu ral e a socialista utilizam métodos análogos e convergentes, visando enxovalhar a Igreja Católica.

Atentados contra Nossa Senhora de F(ítima na Paraíba

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ãos sacrílegas fizeram explodir um nicho de Nossa Senhora de Fáti ma, com bombas caseiras, em João Pessoa (PB) . A detonação arrebentou a redoma de vidro que a protegia, arrancou - lhe as mãos, danificou a cabeça e destruiu totalmente as imagens de dois dos pastorzinhos. Dias depois, a igreja de Nossa Senhora de Fátima, no município de Patos {no sertão da Paraíba) foi também invadida por profanadores, os quais quebraram as imagens do C risto Crucificado, do Sa grado Coração de Jesus, da Mãe Rainha, de Nossa Senhora de Fátima e de dois anjos. O inferno parece pressentir que estão contados seus dias de livre ação contra a Igreja, e por isso cresce em furor contra Aquela que o vencerá : a Santíssima Virgem .

JA N EIRO 2007 -


Arte contemporânea: o demônio revela sua face .Antevisão de um mundo de amanhã, tal como Satanás poderia desejálo, a "arte" contemporânea está inserida numa verdadeira revolução para destruir o belo e subverter a ordem natural estabelecida por Deus Herman Nitsch e uma de suas "obras de arte"

ADOLPHO LIN DENBERG

abituamo-nos a considerar as várias escolas artísticas que surgiram no início do sécu lo passado - o a bs tracioni s mo , o concre ti s mo, o cubismo, o surrea lismo, o dadaís mo e tantas outras - como pertence ntes ao imenso contexto da "arte moderna". Boa parte do público as acusa de ser extravagantes, absurdas e hostis ao bom senso. Mas a reação diante delas, de um modo geral , é de indife rença, c uri os idade ou apla usos por um ou outro quadro. A partir d e 1960, no e ntanto , potenciali zada pe lo movimento estudantil de 68 na Sorbonne, ec lod iu uma verdadeira re volução nos domínios da a rte: o aparecime nto da ass im de nominada Arte Contemporânea (AC) . Ela não se apresenta como uma evo lução natura l d as e co las a nte riores, mas se a firma como uma verdadeira ruptura com todo o passado, dive rsa tanto das escolas acadê micas como do moderni smo. Uma total negação dos conceitos e valo res vi gentes até então. Seus próceres visam não só destruir os ali cerces da atual c ivi li zação, como se propõem a c riar uma a nti - arte revo lu c io n ár ia, violenta , amo ral , transgressiva, um verdadeiro ate ntado à ordem estabe lecida por Deus.

Os "milagres" da Arte Comemporânea Para descrevermos a AC, ao me no e m suas linh as gera is, recorre mos a dado s co ntido s na obra d e Christine Sourgins, hi storiadora ela arte no Louvre,

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CATOLICISMO

Crrn, Tll\'E So RClN

Les mirao-es

de l'Art

t,

contemporain

Duchamp afirma que "a arte está além do visível, para compreendê- la é necessário possuir 'as chaves ', ser um 'iniciado'". O artista deve ser um "mago iniciado". AC é a expressão de um pensamento dominan te que não quer revelar seu nome. E la substitui o marxismo pelo niili smo negador de todo ser. "A AC é um terreno no qual os niilistas e as forças progressistas se unem contra o inimigo comum.: a burguesia. Todo artista deve destruir o passado " .

enunciada já pelos gregos e assum ida pelos esco lásticos: " Belo é o esplendor da verdade!". A beleza é a verdade em estado de esplendor! Convém que mantenhamos esse conceito na me nte, para podermos compreender toda a extensão do horror que iremos apresentar.

Arte revolucionária - destruição <lo passado

I d T.1h/<' ronr/.-

d e nomin a da Les mirages d e l 'Art contemporain , 1 publicado pe la La Table Ronde . Nesse mag nífico livro muito be m documentado, ve rdadeiro brado de a le rta, a autora, alé m de citar afirmações realmente incríve is dos "arti stas" ela AC - se é que ass im se possa de no mina r as fi g uras dominantes dessa escola - , denuncia o apoio ac intoso do mini stro ela C i.iltura da França e de alg un s e le me ntos do cle1·0, até mes mo de bi spos cató licos, à A . Estamos diante de mais um ep isódio do mi sterioso " proces so de a utodemol ição" da Ig rej a, denunciado por Paulo VI. Prepare-se o leitor, vamos entrar num d os se nd eiros do in ferno. 'n6r io dantesco, le abjeção repu 1 nânc:ia. Antes de e ntrarmos por esses ab ismos, julgo conveniente le mbrar a definição do be lo,

Os partidários da AC não escondem seu objetivo: re volucionar o mundo. A intenção é antiga e foi sempre enunciada pelos arlistas modernos: ir alé m das metas política e econô micas confessadas, por exemplo, na Revolução Russa de 1917. E ntre os revo luc io nários co nhec idos, a autora c ita o pinto r e militante co mu ni sta Vasili Kandinski, 2 o qual pregava que "o artista é mais apto que o militante para provocar o advento de uma nova sociedade, porque ele visa uma revolu ção espiritual " (p.13). O surreali smo compartia esse ponto de vista e chegava a postular que, com parado ao proj eto artístico das novas escolas, a re volução sov iética na Rús, ia foi um mero ensaio (p.13). AAC "assume esse messia11is1110 tem poral". Por exemplo, o grupo BMPT (ativo em 1966- 1967) sustentava que "a té agora a arte te111 sido o rípio do burguesia do111i11ante. 7r){/o ortista tc•111 por obrigaçcio rc'./i1tar o sist<'1 11r1". Mas a AC vai ai 111 da s impl ·s te nt ativa d· revolucionar o mundo: "o/\(' Jlrl'll'11dc• H'II/Odelar o .\'(/("i('(!ttd(' (' o ,H'I' (p. 13). /\ ori ,em s i111h6li ·u da /\C remonta a uma exposiç, o de art' ·m Nova York,

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Anticultura Ó<lio à arte

e m 1917, onde Marcel Duchamp 3 apresentou um urinol com os dizeres: "Eu te batiza, e por esse batismo eu te fa ço entrar no mundo da arte" (p.215), em blasfema paródia cio batismo cató.lico. De fato , como insistem os propugnadores da AC, essa escola tem um cru·áter de ini ciação numa suposta " nova via da redenção" (p.221), que trilha pelas estradas do lúbrico, oculto e horrendo. Naquela ocasião, a reação do público foi grande, mas a prutir dessa iniciativa os desvarios foram se multiplicando. Leda Catunda, ru·tista plástica brasileira, em entrevista a "O Estado de S.Paulo" em 3-12-06, declru·o u: "Duchamp não é fácil. Nenhum outro artista puxou o tapete da arte e causou o deslocamento de parâmetros que sua obra provocou. Sem dúvida, ainda é o artista mais indispensável".

a "não-arte",

Herman Nitsch, apelidado o "ogre austríaco", foi mestre do grupo dos Acionistas, - que explora m o "sacrifício humano" como tema central (p.219) - e em 1962 representou no castelo Prinzendorf (Áustria) uma obra teatral de vanguarda, com cenas de rituais dionisíacos, verdadeiras orgias elas quais participavam mulheres nua s, co m evisceração de animais , casulas ensangüentadas, etc. (p.216). Sangueira e pornografia, tidas como manifestações artísticas top . Afirma que s ua s cen as

convulsivas e brutais partem de um fato: a violência sempre esteve no coração da arte, e só uma revolução a rtística é capaz ele mudru· o mundo. AC é revolucionária sobretudo porque prega a destruição da harmonia, cio belo , do s ublim e, da hi erarquia , ela transcendê ncia e do s imbolismo na a rte. Poder-se-ia afirmar que é a arte do próprio demônio, um de seus instrumentos para construir um novo mundo, totalmente oposto ao desejado por De us. É do1,1trina católica que Deus criou o mundo separando os elementos, dando a eles autonomia e os ruticulando. E a AC orienta-se numa direção oposta: ela visa a descriação pela desordem. Gilbert Brownstone, especialista em rute e co-autor, junto com Mons. Albert Rouet, arcebispo de Poitiers, do livro L 'Église et ['art d'avant garde, La Chair

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cidas tanto pelos poderes políticos quemto por certas associações de defesa da moralidade pública". 5

A transgressão como m·tc, a simpatia com o crime

el Dieu (A lbin Miche l, Paris, 2002), venera o trág ico , o abs urdo , o nada. A contracultura é a ponta de lança da antiarte. Q uer substituir a ordem da C ri ação por manifestações desordenadas , caóti cas, pe lo gosto dos dej etos, sec reções corporai s e expressões as mais d iversas de morbidez. Segundo o professor da Sorbonne JeanLouis Harouel , a AC confi scou o nome "arte" para esvaziá-lo de seu sentido. AC é uma " não-arte", ela é o ódio à arte.

O combate à transcendência e à heleza AC não visa a transcendência, mas recusa-a; não visa a harmoni a, e sim a desestabilização ela soc iedade. Por isso, o pintor Thomas Hirschhorn afirma: "Eu empenho toda minha energia para lutar contra quaisquer qualidades que, por acaso, se revelem em minhas obras". A concepção beleza- harmonia é recusada a favor ciuma beleza-ativista, que horroriza, angustia e perturba o espírito. O belo não é mais o esp lendor da verdade, mas a exa ltação ela vio lência . Um dos jargões da AC é que a nova "arte" deve criar algo que não se assemelhe a nada, que seja uma negação. A beleza clássica é desqualificada pela AC. Por isso, no Museu de Arte Moderna, em Nova York, foram expostos peixes podres decorados com pérolas verdadeiras, vistos como "manifestação sombria da beleza". O pintor S im o n Hanta·1 pergunta: "Como vencer o privilégio estético do CATOLICISMO

À direita Thomas Hirschhorn

talento?". E e le próprio responde como niili sta: "Pintando com os o/h osfechados e pensando em outras coisas". A escritora Eli zabeth Levy, em seu livro Les maítres censeurs, dedicou um capítulo à AC, à qua l ela denom ina arte do ód io, pois seus adeptos den unc iam com vio lência e fanat ismo quaisquer críticas como sendo delitos ou manifestações de um espírito reacionário e opress ivo.

'l'ransgrnssão, amoralida<le, lllOnStl'llOSO

Gilbe1t Brownstone e Mons. Rouet, no li vro acima citado, afirmam : "A arte tradicional, em geral, apresenta o bem, o mora/m.ente correio. Nós, os artistas, acreditamos no ciclo da vida: num momento, a _flo,; noutro, a podridão ". E porque tudo se tran.\forma, a moral de hoje não será a de amanhã; a sexualidade, os posicionamentos religiosos estão em revolução permanente" (p.225). E Mons. Rouet que limita o obsceno às " inju stiças soc iai s" -acrescenta que o voycurismo e o cxibici ni smo "são 11111 exorcismo 'ao inverso', que não expulsa os de111ô11ios, 111a.1· os atrai para participar 110 trib1111al da obra 1artística I" (p.226). AC almeja dcscondicionar o espectador, mediante a elimin ação ele todos os

princípios, todos os hábitos, todos os valores, pois esses são os inimigos: os preconceitos dos quais é preciso se liberar. Como a transg ressão é considerada uma transformação , uma mutação , o novo humanismo deve ser transgressivo. A vede/te de nossos d ias é, por co nseguin te, o monstro, o clone, o andró ide, o transcxua l, o híbrido, o podre, o sacrílego, o satani sta. AC é a tran sgressão sobre transgressão. É como dirigir dc li beraclamentc na contramão. Ou como rezar estu ltamente: "Santa Transgressão, rogai por nós" (p.226). Pau l McCarthy 4 apresentou no museu ele Angou leme a obra "The Garten". Era um manequim de um jovem, com movimento ond ul atório e com as calças aba ixadas, forn icando num tronco ele uma árvore. Em 2000 a cxposiçã " lnocen tes pre su mido s", exposta cm Borclcaux, que inc luiu 200 obras de AC ele 80 artistas dos mais célebr's, foi denunc iada por entidades que lutam co ntra a pedofilia por "d(!i1.1·00 de i111aiens de cordter 11ed11 11omogr<Uico" e "co r/'/1/1('<111 d<' ""'11on•s ". D. Rou 'l, n livro ·itado, d ·p iora u ti ·nún ·ia das associações, ar •li indo qu · "elo se inscreve na ii(/foçüo de prcítirns re11ressivas exer-

André Breton comentou que "nossos heróis são os criminosos anônimos do direito comum, o sacrilég io consciente e raffiné ". O artista mexicano Calcle rón rouba toca-fitas ele automóveis estacionados, é preso e se faz fotografar, eufórico, pois "a /ransgressão é uma arte". Q uanto mais transgressão, mais arte, mai s sagrado ... a ruptu ra, o "Non serviam" é o ído lo secreto da AC. Marguerite Duras publicou um artigo no jornal "Libération", ele Paris, intitulado Sublirne, verdadeiramente sublime, no qual tomou o partido ele Christine Vi llemin , su. peita ele ter assassinado seu próprio filho, "não para desculpá-la, mas para glorificar o crirne" (p.9J). Uma ex pos ição no Louvre, "A pintura como crime", termino u num ambi e nte de aço ug ue. Peças indicando au to mutil ação, autocrucifi cação, masoqui smo, sacri fíc ios humanos, etc. Stockhausen, autoridade em música serial, homenageado pelas autoridades ele Hamburgo, fez um vibrante elogio ao terrorismo: "O atentado às torres de Nova York fo i a maior obra arlíslica do mundo. Comparados a seus executores, nós os artislas não somos nada". Perg untado pelos j ornalistas se crime e arte são a mesma coisa, respondeu: "O abandono da segurança e da normalidade da vida é o próprio da arte" . A seguir afi rmou que a destruição das torres foi a maior obra ele Lúcifer. O crime hipnotiza a AC. O artista não hes ita em se comparar a um crim inoso, e reivindica pela sua a rte um status de fora da lei, po is "são senhores que eslão acima do bem e do mal".

llo1·r01; <lescquilíhl'io, satanismo Lamentamos ter ele conduzir os leitores para uma an te-sala cio inferno, poi s não existe lermo mai s apropriado para indicar as pseudo-obras de arte com que os próceres da AC infestam os museus, as expos ições e as revistas artísticas ela França. Essa nação, a fi lha primogêni ta

da Igreja, que já fo i pa lco da Revolu ção Francesa e ela revolução estudant iI ele maio de 68, está sendo agora vítima de um vendava l ele quadros , escu ltu ras, peças de teatro que parecem querer varrer da face da Terra q uaisquer vestígios ele moral , bom senso, equ il íbri o, beleza e harmonia.

Jan Fabre

Aprofundemo- nos nesta descida para o "ma r de danação", como d iri a Dante: Herma n Nitsch, j á c itado, a firma : "Minhas representações com ce nas convu lsivas e brutais lêm por objetivo altera r o entendimenlo humano. A violência sempre esleve no coração das arfes. E/afaz parte da vida, ela é necessária " (p.200). And ré Breton escreveu em 1935: "O mal é a forma sob a qual se apresenta a força molriz do desenvolvimento histórico. Esse mal, é preciso que se lenha a coragem de desejá-lo". E a autora acrescen/a: "Quanto mais violen10, mais sagrado é. Quando um arlista se joga no chão e morde realmente as pernas dos espectadores como se fosse um cachorro, a experiência dessa violência fa z com que a arte se eleve a dimensões metafísicas do real" (p.200). A revista "Nouvelle Figuration" consag ra o canibalismo e a tortura como atividades artísticas : "O can ibalismo e a lorlura podem ser considerados corno obras de ar/e".

Art istas ch in eses, pertencentes ao grupo Cadáver, a limentam-se ele fetos humanos abortados, em atos tidos como manifestações de arte. Uma arti sta expõe um quadro no qua l fi g ura um a moça ca niba li zando-se a si própria. O "arti sta" russo O leg Kuli k, 6 numa ele suas exposições, se transforma em cachorro com co le ira, nu , de quatro patas. C he ira e morde os transeuntes. Afirma que "o an imal é ofuluro do homem". Existem peças de teatro que estão sendo exib idas nos banheiros ela Un iversidade ele Saint Denis, porque "o ambientefacilita a apresentação de 'dramasfecais"'. Os irmãos C hapman7 fabr icaram bonecos representando crianças siamesas unidas pela cabeça, com órgãos sex uais mascu linos de ad ultos . O obj etivo fo i "mostrar o realismo da monstruosidade na infância". Ja n Fab re, 8 ce lebrado arti sta pl ásti co, mo ntou vitrais o nde se entre laça m intestinos, crâni os, có lons, copulações de cri anças e de po rcos ! (p.82). O diretor do muito fa lado Cenlro Beaubourg, em Pari s, degrada o homem ao ponto de dizer que "o animal na arte é mais humano que o homem: o co1po animal é o co,po adâmico, anles da Hislória ". O escultor Tinguely, uma das figuras da AC, ex pôs esc ulluras que se autodestroem. E Carsten Hõller, considerado um gênio pela AC, fi gurou na capa ela revista "Beaux Arts", cm número espec ial. Inventou armadi lhas para crianças bombons que dão choque quando tocados, e bolos com picadas ele agulha. Catherine Grenier encontra na doença psiquiátrica um instrumento para juntar-se à li bertação destruti va : "A depressão para os arlistas não deve ser combatida, pois ela é a porta de acesso às verdades do mundo" (p.2 17). Po r fim , ac resce nta blasfemamente que o palhaço deprim ido é a melhor imagem ele nosso adorabilíssimo Senhor Jesus Cri sto! (p.22 1). A FNAC, q ue escolhe obras ele arte para o Estado, expõe, numa redoma ele plástico, material orgânico em decom posição. "Nós queremos que o público participe e seja cúmplice de cada acon/ecimento, nossa agressividade deve provocar uma agressividade por parle do público: uma verdadeira catarse".

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• candaliza, mas a promoção dos seus adeptos por parte da mídi a é total. A mesma mídia não concede espaço proporciona l àqueles que gostariam de denunciá- la. O que lamentamos mais do que tudo, no e ntanto, é o fato de as autorid ades ecles iásticas co mpetentes não condenarem com firmeza esses atentados ao bom senso, à normalidade da vida, à ordem natural estabelec ida por Deus, e sobretudo as inúmeras e inco mensuráveis blasfê mias que a AC timbra em espalhar. O mais aberrante, al iás, é que algum as autoridades episcopais chegam a "dialogar" co m um ou ou tro dos arti stas da AC, a ponto de elogiar suas produções ferozmente anticristãs, que pretendem ser convites efi cazes para a ini ciação no cul to de Lúc ifer. .. •

Dom Albert Rouet, arcebi spo de Poitiers, e Gilbert Brownstone, especialista em arte, intitulado A Igreja e a arte do futu ro, da provocação ao diálogo, a Carne e Deus, com prefácio de Dom Gilbert Loui s, bispo de Châlons-en-Charnpagne, e posfácio do padre Pousseur, há um ultrajante desenho de Jesus Cri sto como Re-mademoiselle Jésus (em tradução livre: faze r com que Cristo volte a ser urna moça). É um Cristo travesti· vestido de babydoll, que se most:ra alegre com um gesto obsceno. Já não é o Cristo agitador social dos comuno-progressistas, mas um Cristo que promove a revolução pela inversão paroxística dos valores, instalando a torpeza suprema no lugar da suma adorabilidade.

Reação dos bispos? Nenlmma! O grupo SEMEFO (s igla de Servi ço Médico Forense), cuj a musa é a mexicana Teresa M argoll es, 9 trabalha com arte macabra, com restos de cadáveres. Expõe como arte o corpo de um bebê (comprado à mãe, que não tinha dinheiro para enterrá-lo), cimento, cinzas humanas, cabelos. Noutra ocasião, ela expôs uma língua humana reti rada de um punk morto. Seu pretexto: tinha piercings, símbolo do desprezo punk pelas normas sociais. Wirn Delvoye, 10 com urna equipe de pesqui sadores, montou urna máquina que trabalha como o intestino humano, fabricando fezes, chamada A cloaca.

Apoio estatal para impor ao público uma anticultura Um di retor do M inistério da Cul tura fra ncês c hego u a afirm ar : "Fo ra do dadaísmo e da AC nada existe. Você não é contemporâneo, você está morto ". Os mu seus fra nceses fazem encomendas de quadros da AC, quando é sabido que a aq uisição de obras de arte só deve ser fe ita após a consagração das mesmas pelo público. O Ministé ri o da C ul tura pretend e transformar a AC num serviço público de criação artística, pois ela já domin a museus, exposições, centros de arte, etc. Por si nal, um por cento do orçamento da França - 2,45 bilhões de euros é gasto com o Min istério da Cultura, o qual, por sua vez, subvenciona a AC. E CATO LI C ISM O

enquanto o americano gasta 6 euro por ano com ati vidades artísticas estatais, e o inglês 20, o francês gasta 75 .

Blasfêmias - indifer ença 011 apoio do clero Por mais incrível que possa parecer, ex istem bi sp os e padre católi cos na França que, ao invés de execrar e exorcizar os desmandos da AC, colaboram com algumas de suas iniciativas, limi tam suas críticas a certos exageros, ou simplesmente fica m em silêncio. Vejamos alguns pro nunciamentos de autoridades ecles iásticas: No livro de apoio à AC, co-autoria de

O livro apresenta fo tomontagens sacrílegas da figura de Nosso Senhor Cri sto imerso na urina !, de autoria de Andrés Serrano. Poré m os bi spos co-autores proclamam - segundo a autora que "Serrano é um grande artista de nosso temp o, possuindo uma das mais justas visões desse mundo em que vivemos" (p. 224). Para o Pe. Pousseur, a obra de Serrano é portadora de luz, e declara que fará uma homilia elog iand o seus quadros. Dom Albert Rouet afirma também que "num universo pleno de contradições, uma estética propondo beleza e harmonia seria hipócrita. Tudo que não fo rfeio, bruto ou cru, é suspeito de conformismo

E-mui l pum

ou de academismo" (p.2 17). Dom Gil bert Loui s reforça o despropósito, escrevendo que em "nosso mundo, Cristo não veio admirar as maravilhas, contemplar as obras de arte, mas veio ver os dej etos, os e1~f'ermos, os pobres" (p.217). Face a essas atitudes características do que a autora qu alifica de "apostais tranqü il a", os demais prelados franceses sil enciam e as blasfêmias se sucedem. Um co nservador do Centro Pompidou suspende u um cavalo empalhado para "evocar a ele vação de Cristo na Cruz". Michel Journiac fez estudos de fil osofia e teo logia. C ri ou a chamada arte corpora l. Fo i professor no Mus eu de Bea ux Arts e é autor de uma peça Messe pour un corps - já encenada centenas de vezes, onde se faz urna paródia da consagração, pela distribu ição entre os espectadores de pedaços de chouriço fe ito com seu próprio sangue. Além disso, representou a crucifi xão de um cordeiro de acordo com um ritual, no qual ele se apresentou paramentado como um sacerdote e aspergiu o sangue sobre os órgãos sexua is dos acólitos, que participavam da sacríl ega paródia totalmente nus. E m sete mbro de 200 J, Fa ust Ca rd inal i, artista plástico italiano e designer de jóias, insta lou um a máquina de batizar na Igreja de Sain t-Sulpice, em Paris. A máq uina espalha uma resina sobre os "certificados de batismo". Quando ela

seca, o texto fica facilmente legível. O artista diz indecente me nte que a res ina é "o esperma do criador". A obra continua exposta naq uela igreja. F rançois Bouillon, 11 e m projeto no Ce ntro Cultural de Isso ire, prete ndi a marcar a sombra projetada pela torre da igreja de Sainte Austremoine d' l sso ire, na sexta-feira santa do ano de 2000, às três horas da tarde, com sete montículos de fezes hum anas. E le seguia os passos de Manzoni, que e m 1961 expôs fezes de arti stas numa caixa. O Museu Beaubourg comprou esta obra! No centro da capela de Saint Charles, Nick Knight, um dos mais conhecidos fotógrafos in gleses da atualidade, expôs um aquário cheio de vermes. *

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Sabemos que sempre, através da História, proferiram-se blasfêmias, sempre se rezaram missas satânicas em antros infames, sempre o demônio foi cultuado. Mas essas monstruosidades ocorri am nas sombras, às escondidas, pois a opinião pública as execrava e as autoridades eclesiásticas e civ is legitimamente as perseguiam. O que ocorre com a Arte Contemporânea, no entanto, é algo bem diverso. Como muito bem assinala Ch ristine Sourgins, ela se propaga graças ao apoio do M inistério da Cultura francês, dos museus, das exposições, das rev istas de arte. A opinião pública se es-

Notas:

l\ lHII OI':

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1. C hr i stine So urg i ns, Les 111i rage.1· de / 'Art r·o 11te111 porai 11 , La Tab lc Ronde , 14, Ruc Ségui er, Paris, 2005, 260 p. Em artigo ele David Masc ré para a "Rev ue Catholique", intitul ado

A Ane Contempo rânea 011 a f eiúra do de111ô11 io, o autor constata que "pela pri111 eira vez 11,n escritor revela os subterrâneos ocultos e oc11/iado.1· da /\ C. Esse livro deve ria fa zer parle de todos os c11rso.1· das 1111iversidades .fi'c111 cesas ". 2. Vasi li Kancl inski ( 1887- 1968), pi ntor e ati vista russo. Desempe nh ou cargos durante a Revolução lenini sta na Rú ss ia desde 19 17 até 192 1, ano cm que fugiu pa ra a Alemanha. 3. Marce l Ducha mp, pint or e esc ul tor francês, inventor cio ready-111ade. É considerado o fu nda dor ela Arte Contemporânea e co nstitui se u representante de maior infl uência. 4. Pa ul M cCarthy nasceu em 1946 nos Es tados Unidos. Reside atualmente na Cal i fórni a e é conhec id o co mo um artista de va ngua rda. 5. c fr. ht tp://www. l ibertepolitiqu e.co m/pub l ic/ cl ec rypta gc /a r ti c l e- l 743-%93P res um esln noce n ts-% 94 - L %92 art -co n temp o r ai nclevant-lcs-juges. html . 6. Olcg Ku lik nasce u em Kiev. Resi de atua lmente em M oscou, onde é reco nhec id o co mo um grande pintor. 7. Jake e Dinos Chapman são doi s irmãos ingleses, ambos art istas pl{1sticos . Figurnram na lista dos ind icados ao prêmi o T11m er. 8. Jan Fab re na sce u na H o l anda. Esc u l tor, tea trólogo, esc ritor. 9. Teresa Margoll es nasceu no M éx ico. Pertence ao SEMEFO. 1O. Wim De lvoye, arti sta co nce ituai belga. 11. Fra nço is Boui llon nasceu cm L imoges, é professor na École 11a1im,a/ .\'llpérie11re eles bea11xar1.1·, em Paris.

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A perigosa voga ideológica do garantismo penal Ü Procurador de Justiça Gilberto Callado de Oliveira faz profunda análise do garanlis1no penal, através dos seus pressupostos teóricos e dos seus trágicos efeitos na sociedade brasileira.

entrevistado é atualmente Coordenador do Centro de Apoio Operacional do Controle de Constitucionalidade (CECCON ) do Ministério Público de Santa Catarina . Obteve o título de Doutor em Filosofia do Direito na Universidade de Navarra (Espanha) em 1987, com pós-doutorado na mesma instituição. Exerce o magistério na Universidade do Vale do ltajaí (UNIVALI) e na Escola de Preparação e Aperfeiçoamento do Ministério Público de Santa Catarina, tendo proferido palestras em inúmeros eventos acadêmicos de universidades no Brasil e no exterior. Tem publicado vários artigos em revistas científicas e diversos livros no campo da Filosofia do Direito, da Política Jurídica e da Teologia, dos quais se destacam: O Conceito de Acusação, Revista dos Tribunais, S. Paulo, 1996; Filosofia da Política Jurídica, Univali, ltajaí, 2001; A Verdadeira face do Direito Alternativo, 4ª ed., Juruá, 2006; Princípios Básicos de Política Jurídica, Obra Jurídica, Florianópolis, 2005 (este último prefaciado pelo Príncipe Imperial do Brasil, D. Bertrand de Orleans e Bragança). É membro da Academia Catarinense de Filosofia e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. O Procurador de Justiça Gilberto Callado

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CATOLICISMO

de Oliveira concede esta entrevista exclusiva para Catolicismo sobre uma ação ideológica pouco percebida pela comunidade do pensamento jurídico brasileiro, e que vem baldeando as mentalidades dos juristas para uma progressiva esquerdização da doutrina do direito penal e do processo penal. Trata-se da perigosa voga ideológica do garantismo penal - expressão-talismã de fundo marxista e com retoques gramscianos-, um conjunto de teorias visando apresentar os criminosos como verda deiras vítimas, e estas como os verdadeiros opressores .

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Gill,e,·w

Cal/mio: "O Direito Penal no Brasil está péssimo. Pune-se com a mesma intensidade o agriculto,· que derruba uma ál'l1orn nativa e uma mãe que mata o /ilho 110 1re11Ue".

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Catolicismo - Por que o seu interesse sobre a evolução ideológica do Direito Penal e do processo penal? Dr. Gilberto Cal/ado - O problema ela crim inalidade no Brasi l atual é assaz preocupante. Os incontáveis crimes sem resposta penal e a consectária sensação ele insegurança que vem se intensificando na alma dos brasileiros desafiam a inteligência cios estudiosos da matéria, para verem não só as causas, mas também apontar soluções para esse drama ela vio lência criminosa sem fim. Como venho estudando há muitos anos a decadência multissecular do Direito natural e ele seus rcílcxos no Direito positivo, cheguei impreterivelmente ao campo penal , até pela inevitável conexão dei com a minha atuação no M ini stério Público.

Catolicismo - Em que estado se encontra o Direito Penal no Brasil? Dr. Gilberto Callado - Péssi mo, para não dizer caóti co. Os erros ma nifestam-se e m duas linh as ele atuação cio Estado : co mo leg islado r e como ju iz. C ri am-se leis ineficientes e muitas vezes contrad itórias , e depois essas mesmas leis são aplicadas ele maneira amerceaclora - tendente a conceder mercê. Não há critérios reais ele tutela cios bens jurídicos, nem uma verdadeira política ele efic iência processua l. A po líti ca crimin al está na contramão ela sistema ti zação efic iente elas le is pena is. Vou dar alguns exempl os. Pune-se com a mesma intensidade o ag ri culto r qu e derruba uma árvo re nativa e uma mãe que mata o filh o no ventre; pune-se o indivíduo que co mete um roubo simples com o dobro ela pena que e le receberi a se ti vesse mutilado os dois olhos de seu desa feto . Q ua lquer brasi leiro pode hoje e nt rar nas depe ndências cio Supremo Tribuna l Federal e ag redir um ele seus ministros se m sofrer por isso pri são em flagrante, por se tratar ele " infração ele menor potencial ofens ivo". Com todas as benesses ele progressão prisional e ele remissão ela pena, quem co mete um ho micíd io no seu tipo fundam ental não ultrapassa um ano ele cárcere. Na Lei ele Execuções Penais os sentenc iados têm muito mais di re itos cio que deveres, além ele ela tornar-se impraticável , pe la desordenada ituação carcerária cio País . Tudo isso reflete um processo ele desmonte do D ireito Penal, e ela correlata materiali zação ele clificu lclacles para a Justiça Penal cm concluir eficazmente os processos. Catolicismo esse estado?

Qual a razão de chegarmos a

Dr. Gilberto Callado -

Os motivos são vários, mas destaco a contaminação ideológica nas un ivers idades, que vêm formando juristas e políti cos com mentalidade cada vez mais liberal e esquercli zante. Vejam-se os constituintes ele 1988. Estavam desi ludidos com os instrumentos lega is usados pelos governos militares contra os presos po líticos, e por isso cri aram extenso ro l ele franquias para os acusados, sem dar a devida atenção às vítimas e à própria soc iedade. Cu riosame nte, foi na época do governo Geisel que a Lei 6416/77 concedeu um favor inédi to no sistema processua l: a liberdade provisória sem fiança. ln felizmente, essa dogmática evoluiu para a ideo logia ga rantis/a, que vinha sendo gestacla havia quase uma década pelos teóricos cio Direito alternativo, começado na Ltália e assimi lado por alguns juri stas brasi leiros, como uma sutil forma ele obl iterar o seu pano ele fundo marxista com as tintas suaves cio gramsc ismo.

"Garantismo: doutrina sohrc o dil'eito e o processo penal com vistas a um moe/elo l'C1'0l11cio11ário <le ,Justiça /}enal, em que os criminosos são as vítimas".

Catolicismo - O Sr. poderia nos explicar o que é o garantismo? Dr. Gilberto Callado - O garantismo compreende um conj unto ele teorias sob re o direito e o processo penal co m vistas a um modelo revoluc ionári o ele Justiça penal , cm que os criminosos são as verdadeiras vítimas, e estas os verdadeiros opressores. Esse mode lo compreende determinado tipo ele luta política ele c idadani a, isto é, uma idé ia inic ia l ele oposição cio c idadão ao arbítri o cio Es tado. Mas o pano ele fund o é a crim inalidade di a lética, direcionada a bipolaridades cio tipo "c idadão contra o Estado" e " bandido cont ra a vítima". O Direito Pena l perde a sua finalidade retributiva, para ser apenas uma med ida terapêutica; o processo penal, a sua fin a l id ade instrumen tal ele punibilidade, para ser ape nas instrume nto ele todas as franquias e gara nti as voltadas à infeli z personagem cio réu. Algumas ele suas propostas chegam a ser risíveis, como as cio jusfi lósofo itali ano Luigi Ferrajo li - in ve ntivo ela doutrina garantista - que advoga a e liminação ela prisão cautelar ou, alternativamente, a sua aplicação com todas as comodidades ele um bom albergue. Catolicismo - Portanto, o garantismo não é a defesa do cidadão contra as arbitrariedades do Estado ... D,: Gilberto Callculo - Esse é o artifíc io ideológ ico ela doutrina garantis/a. Os seus defensores

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pois para o garantismo, e hoje sustentam uma estratégia gradualista de acordo com o pensamento do ideólogo marxista Anton io Gramsci. Há nisso disciplinada organic idade teórica para reduzir as imposições do Estado-legal a um estág io quase imperceptível, e de ixar às mãos dos juristas o papel criador do dire ito, já impregnados evidentemente da nova cultura garantista. Eles estão na verdade pondo em prática a primeira fase do processo revolucionário alternativo, processo di alético e sectári o em que a utili zação de alguns princípios constituc ionais - e só aqueles princípios que lhes permitem uma hermenêutica de ruptura com as leis indesejáveis - prepara a segunda e de finitiva fase daquele processo, que é o alternativismo total . No fundo e les desejam edificar a legalidade socialista, a autogestão integral das leis e de sua aplicação.

têm a mesma consciência ideológ ica dos juristas que de fendi am no passado o Dire ito alte rn ativo. Eles assumem para si um modelo herme nêutico de permanente res istê ncia ao Estado atual , que consideram Estado-burguês-capita li sta. T odas as le is pena is e processuai s que de le provêm são intrin seca mente inju stas , e por isso é preciso oporlhes resistênc ia, interpretando-as de modo a favorecer o processo revo lucionário alternativo. Catolicismo - Como o Sr. vê a ligação entre o garantismo e o Direito alternativo?

D,: Gilberto Callado -

Embora os garantis/as se considerem herdeiros da filosofia ilumini sta do século X VIU, não passam de discípulos da fil osofi a de Marx adaptada à de Gramsci. E les são na verdade sucessores da doutrina do Direito alternativo, mas numa linha ideológica de atuação diferente, porque suas idéias práticas são preferentemente legali stas e menos fil osófi cas. Sua nova doutrina é mais sutil , falaciosa e enganosa e, portanto, mais fácil de ser ass umida pelos juristas inadvertidos do que a do Direito alternati vo. Seus objetivos são uma concili ação possível, mais atenuada, do marxismo int:ransigente da luta de classes com o direito v igente. Muitos dos intelectuais que no passado foram adeptos do Dire ito alternativo, quando propagavam a ex plícita ruptura com a legalidade, migraram de-

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CATOLICI SMO

"Quanto mais impunida<le, maior a ousadia dos Cl'iminosos e maiol' a desordem. Quanto mais ousadia e desordem, mais estaremos próximos da barbárie".

Catolicismo - O Sr. explicou que, para esse desiderato, não há uma ruptura explícita com a velha ordem positivada, mas uma astuta teorização dos princípios legais. Como seria esse objetivo de cultura autogestionária aplicada ao mundo do direito? Dr. Gilberto Callado - Seria a barbárie. É para isso que leva o garantismo. Quanto mai s impuni dade, maior a ousadi a dos criminosos e maior a desordem. Recordo-me de uma máxima do Papa Leão XJII: "A co vardia dos bonsfomenla a audácia dos maus". Quanto mai s ousadia e desordem, mais estaremos próx imos da barbári e . Estamos caminhando a passos largos para ela, com as roupage ns de ditadu ra dos chamados "grupos de resistência". Temos ass istido a di versas mani fes tações dessas " res istênc ias", com ações criminosas dirig idas por poderosas quadrilhas e grupos armados, como o conhec ido PCC. D iversos são os setores da luta ideo lógica, cada um no seu terreno próprio: o terro rista manej a o explosivo e a pi stola; o jurista, engaj ado nessa luta, a caneta. Está claro que o alcance teórico do garantismo penal tem a amplitude do própri o mundo jurídico, porque o garanlismo não se resume aos espasmos ideológ icos em fa vor dos acusados, considerados os opri midos; ele representa um mode lo de fundamentação cio Estado ele Dire ito vicioso, com todas as suas vertentes po líticas e jurídicas de interpr ·ta r as normas na confo rmidade e exc lusividad ' de princípi os fo rmadores e garantidores da luta d· c lasses. É a legalidade alternati va, que va i s' alim •ntando do antigo direito até form ar o " novo dir •i to". O saudoso Prof. Plini o orr ~a d ' O li v ·ira s ·mpre advertiu sobre o " l'a rrapo d · dir · itos" qu • r ·stará para as pessoas quando os 1 rupos d ' r ·s ist~ncia tomarem o I oder. /\ l li st ria nos mostrou isso. E nos tem mostrado. •

Esterilização, divórcio, trajes e·neopaganismo ginecologista José Mauro Barce llos, prefeito de Patrocínio Paulista, cidade de cerca de 15 mi lhabitantes na região de Ribeirão Preto, foi denunciado pela Procuradoria da República ao Tribunal Reg ional Federal da 3ª Região por práticas ilícitas de esterilização e estelionato contra pacientes e contra o SUS ("O Estado de S. Paulo", lº-12-06). A esterilização é um pecado cada vez mais difl.mdido. Busca-se apenas o prazer e não se cumpre a finalidade do relacionamento sexual entre marido e mulher, segundo o preceito di vino "crescei e multiplicai-vos ".

º

Rédeas soltas para o dfró,·cio

O Senado aprovou um projeto de lei que des burocratiza o trâmite de processos consensuai s de separação e divórcio. Partilhas e inve ntários em que não haja li tígio também deverão se tornar mais --- -• ágeis , passando a ser resolvidos em um dia. A s pessoas poderão divorciar-se se m passar pelo Judici ário , tudo será resolvido num simples registro público. Em lugar de se procurar diminuir o número de divórcios - os quais, além de ser contra a doutrina católica, con stituem também um trauma para os filhos, para a sociedade e para os própr ios divorciados - busca-se facilitá- los . A quantid ade de div órcios no Brasil subiu calamitosamente 15 ,5% em 2005, e a taxa foi a maior já reg istrada desde 1995: 1,3 por mil pessoas de 20 anos ou ma is de idade. Sem dignidade

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vestir

Não basta que uma veste seja moralmente aceitável, ela precisa também ser digna, pois o corpo humano, criado por Deus, deve ser respeitado. Como diz o Apóstolo São Paulo, "o vosso corpo é templo do Espírito Santo " (1 Cor. 6,19). E

isto vale tanto para o pobre quanto para o rico, pois não se trata de vestir-se ricamente, trata-se de ev itar o modo ridículo ou extravagante de vestir-se. Por isso causa estranheza o decreto do prefeito do Rio de Janeiro que libera os servidores para ir ao trabalho usando bermudas , bermudões e calça na altura do joelho, até 31 de março. O pretexto, claro, é o calor. Mas nossos antepassados não sentiam calor? Entretanto, vestiam-se de modo digno. Segundo comentário de um jornal carioca, "a temporada de pernas de fora no Rio começa". A medida vale também para motoristas e trocadores de vans licenciadas no município, rodoviários e tax.istas ("O Globo", lº- 12-06). Festa pagã

Uma con hecida apresentadora de televisão deu uma festa para comemorar seu aniversário. A decoração, idealizada por um cenógrafo, conduzia ao paganismo mais inveterado, todo e le inspirado na "deusa" pagã Iemanjá, tudo em azul e branco. Havia uma pista de dança estranhamente cercada por camas confortáveis. O que significará isto? Convite a orgias? Ao lado de cada cama havia um altar com imagens de lemanj á, alfazema, velas, para dar um toque místicopagão. No bar, o destaque era uma figura de Iemanjá de mai s de cinco metros. As roupas, todas brancas; com poucas exceções, como a de um casal que apareceu de preto e outro de dourado. O governador de São Paulo, José Serra, que estava no Rio, "deu uma passadinha Lá ". O pula-pula foi à base de funk , com as convidad as e m vestidos curtíssimos (cfr. César Giobbi, "O Estado de S. Paulo", 412-06). O pior de tudo é que coisas dessas vão se generaJizando no mundo neopagão em que vivemos. • JAN EIRO 2007 -


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Refeição, convívio e civilização w.

o menor; e o que rnan.da será como um. servidor dos outros ". Porqu e mais importante cio que rei-

GAB RIEL DA S ILVA

A

lim entar-se é um ato ban al ? Para o homem moderno, habituado à banalidade, certamente. M as, cm si, é ação nobre e ri ca cm significados. Qui s Deus co loca r no alimento a prova de nossos primeiros pai s. O " fruto proibido" que está na rai z do pecado ori ginal simboli zava, a seu modo, al go mais alto cio que o simpl es fato ele comer. A limentar-se é manter a vicia. Mas o homem, cri atura racional, não se alimenta co mo um bicho. A refeição é um ato fami li ar por excelência, e como ato soc ial pede certo protocolo, certo cerim onial. Protoco lo e cerim oni al que impõem ao homem o exercício da virtude da temperança. Em remotíss ima era j á vemos Abraão desdobrar-se em gentil ezas para oferecer hosp italidade a três desconhec idos que passavam por sua tenda. Na rea lidade eram anjos que vinh am anunciar-lhe a vocação ele patriarca (Gen. 18, 1-8). E o melhor ato ele cortes ia era oferecer uma refeição aos viaj antes. Quando os judeus fu giram cio Eg ito co m Moisés, D eus mandou- lhes cio Céu o maná para alimentá- los. E nas vés peras ele sua Paix ão e Morte, Jes us qui s que sua última ceia fosse ocasião para in stituir o mais santo e sublime dos sacramentos: a Eucari stia, que é o próprio Corpo e Sangue ele Cri sto, co m sua alma e clivinclacle. Tendo Ele se encarn ado, desej ou que os hom ens parti cip assem ela g ra ça divin a pel a Co munh ão euca rísti ca. Haverá algo mais elevado? Apó s a Ressurreição, apareceu .Jesu s aos di scípul os ele Emaús e comeu com eles. O mes mo fez co m os Apóstolos surpresos: "Tendes aí alguma coisa que se coma?". DeramLhe uma posta ele peixe assado; e, tomando-a, comeu di ante deles (Lc 24, 4 1). Por isso é natural que os homens dêem graças a Deus pelo alimento que recebem e peçam a bênção divina. Ainda que não se considere o aspecto reli gioso, a refeição é ele si um ato humano que se reveste ele dignidade. Será simples e di screto na vicia di ári a, será mai s form al e até requintado nas ocas iões solenes.

nar nes te mundo é alca nçar o reino dos céus (cí. Lc 22, 24-30). A fe licidade cio co nvívio humano encontra-se sobretudo no amor ao próx imo por amor de D eus. • E- mai l do autor: ~:i hJicJfalç,U!lLi cifüru1,,;nm., bJ

! lustração à esquerda: Les Ires ricltes /1e11res r/11 D 11c de Ben y , cé lebres i luminura s ci os irmãos de Limburgo , retratam os meses do ano. Aq ui , uma ceia ele Ano Novo, entre 14 1O e 14 16. O Duque Jea n ele France, fau stosamente ves tido de azu l, o uve atentamente um Prelado à sua d ireita, enquanto três o fi ciais da corte cuidam do serviço elas carnes, elas bebidas e dos pães. Note-se que ainda não se utilizavam talheres, progresso que veio depo is. Um cerimoniári o, de bastão ao o mbro, manda aprox imarem-se os convi vas que, segundo o costu me, vêm cumprimentar o Prínc ipe e oferecer- lhe presentes . Ao fundo, uma cena de bat alha (está cm curso a G uerra cios Cem Anos, entre a França e a Ing laterra). A Cava lari a med ieva l emite seus últimos fu lgo res, mas o esplendor à mesa crescerá até o sécul o X IX.

Muitos povos bárbaros que se convertera m ao Cri sti ani smo, ao contrário, progred iram nesse aspecto ele modo notóri o, conferindo maior solenid ade às refeições importantes. Desse modo se co ndensou, ao longo dos séculos, uma séri e ele normas sobre o modo ele servir, regras ele cortesia ou etiqueta, protoco los que indicam a pos ição cios co mensa is segundo a hi erarquia social , co nstituindo um mundo que racilita e eleva o convív io humano. Assim , é sinal ele civili zação quando, mes mo nas refeições di ári as mais simples, certas regras ele protoco lo são observ adas: o pa i ou chefe ele família pres ide; a mãe o secunda; os filh os, os demais fami li ares ou os convidados se di stribuem não necessari amente conforme as idades, mas conforme as conveniências e costumes. Outrora a autorid ade cio chefe ele famíli a era tal que, mesmo quando se receb ia o próprio rei , a cabece ira principal cab ia ao clono ela casa. Em seu lar, o pai ele família é o rei .. . como o rei eleve ser o pai de seu povo.

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Ta lvez se possa até medir o grau ele civili zação ele um povo segundo o modo ele ele se alimentar. O índi ce maior ou menor ele so lenidade nas refeições poderia significar progresso ou decadência. O Império Romano, admiráve l por tantos lados, serve de exemplo. É sab ido que os romanos pagãos faci lmente se entregavam a degradantes org ias . Propensos à gul a, mui tos, tendo comido em excesso, mandavam os escrav os introdu zirem penas cm suas gargantas a fim de provocar o vômito, e ass im poderem continu ar no banquete. É repu gnante.

CATOLICISMO

cio não contido. Um sorriso pode custar mais que uma jóia. Por isso o D ivino M estre, ao ver no Cenácul o que os Apóstolos discutiam entre si questões de precedência, qui s dar-lhes uma li ção ele humildade lav ando- lhes os pés: "O maior deverá fa zer-se

Entretanto, o cerim oni al só tem autenti cidade se praticado por pessoas que lhe dão va lor. E le pode alcançar a perfeição se tiver co mo lastro a carid ade cri stã, que manda amar o próximo como a si mesmo. Nesse caso, estabel cc-se faci lmente uma espécie ele liturgia socia l na qua l primam o respeito, a noção de honra, de corte ia. As doçuras do bom traio não excluem os temperos ama rgos do sacril'ício, poi s ond' há cerimoni al há hi erarqui a, clcsi ualdad ', sup ·rior ·s • inl"criores; un s maneiam, outros obedece m, o qu ' ' 11at11r.il para um espírito católi co mas não é suportável para o or 1 ulho hum ano quan-

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A ordem mundial Linha fendas profundas, mas acreditava-se que nunca racharia, graças a um falacioso acordo entre o bem e o mal. Em 2006, esquerdas civis e eclesiásticas tudo fizeram para expJoclir o que ainda restava de ta] ordem, e o vagalhão do caos investiu furiosamente. Lu1s DuFAUR

E

ntre os fo li ões irrefl eti dos do Réveillon de Nova York (2005-2006) havi a rostos que não consegui am sorri r. O cortejo de catástrofes de 2005, como o tsunami no Índico e o furacão Ka trina em Nova Orl ea ns, ti rara de mui tos a von tade de festej ar. E um a interrogação lavra va os subconsc ientes : o que viri a em 2006? P ro sseg uiri a aqu e le séqüito inqui etante de ca lamidades natu ra is? O u haveri a um a trégua na conti nuidade de desencantos, à medida que o futuro se torn a presente? Com f reqüência, no ponto de partida de um período está contido co mo em semente o que nele vai se desenrol ar. M as, por vezes, verifi ca-se o oposto do que se esperav a. Foi o ca so de 2006? A bela F lorença aprox im ou- se do N atal coberta de neve, fato raríss imo. Não fo i sin al de catástrofes notáveis, mas enfati zou a sensação crescente de que um a desordem de f undo se in stalou na natureza . Os eco logistas lentam tirar partido dela para seus interesses ideo lóg icos, mas suas ex pli cações não alcançam unanimidade. E m 2006, as cataratas do Jguaçu secaram como há 70 anos não se via !foto 11, mas também recordes de neve sepu ltaram casas no Japão co mo há décadas não aco ntec ia, afund aram prédi os na Rúss ia e parali saram vastas reg iões americanas . Os vulcões M erapi na lndonésia e T ungurahu a no Equ ador Ifoto 21 obri garam à evacuação de popul ações : foram casos mais noticiados do que as espe tac ulares erup ções dos vul cões Mayo n nas F ilipin as, Ubina s no Peru ,

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T uvurvur na Papuás ia ou A ugustine no A laska. O calor fez 140 mortos na Ca li fó rni a em um mês, maior número desde 1955. Terremotos e vul cões de lava !foto 31 cei fara m milhares de vid as na Indonésia, enquanto novos tsunamis no Índi co e no Pacífi co f ize ram ce ntenas de mortos. Incênd ios enorm es devorara m pl antações e bosques na Espanha, Portugal e EU A . Chuvas anormai s inundaram a reg ião da bac ia do Danúbio, o norte da A lemanh a, e causara m des li zamentos de terra mortífero s na Co lô mbi a e na Ás ia, enquanto secas hi stóri cas açoitaram a Espanha e a A ustráli a. Esses e muitos outros dramas teri am outrora caracteri zado um ano pesado em perdas. M as cm 2006 integraram uma " normalidade" profundamente perturbada.

fü1q11a11Lo o Oci<lcntc fcstcja11a , o Islã l'CZa \la /Jéll'a <lCSU'IIÍ-IO Nas vésperas de 2005, uma imensa fratura tectônica movimentou-se e desencadeou o tsunami. Em 2006, inúmeras fratu ras abertas na humanidade, sobretudo pela Revolução anticri stã, multiplicaram as convul sões entre homens desnorteados pela avalanche de imoralidade, irracionalidade e caos revolucionári o. Durante a passage m do ano 2005 2006, uma multidão encheu os Charn.ps Elysées em Pari s para brindar e festej ar. E m M eca, outra multidão rezava em torno da Kaaba os versos co râni cos qu e prometem aos seguidores de Al á o domínio do mundo pela religião e pela cimitarra. O contraste das duas multidões pôs a nu uma das tantas fraturas na hu manidade e deu um a das cl aves do que aconteceri a no ano.

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Iraque: o Islã faz explodil' as clivergêJ,cias Esse antagon ismo a presentou no Iraque seu capítulo mai s sang rento. O islami smo revo lucionário recrutou sequazes de M ao mé do mundo todo contra a coali zão liderada pe los EUA. Essa coalizão obteve res ultados parc iais notáve is, embora a mídia oc identa l tenha pouco fal ado de les e superdramatizado cada baixa havida entre os so ldados dos EUA. Em junho, com a e limin ação ele Abu Musab al-Zarqaw i, chefe da AI-Qaeda, e a cúpu la cio seu movimento , ficou claro que este não ve nceri a os EUA. Como sa ída, o fundamentali s mo procurou excitar até o parox ismo o ódio latente e ntre as seitas que compõem o mundo islâmico e prec ipitar o Iraque num a gue rra civi l re li giosa e étnica que os EUA não teri am me ios de control ar Ifoto 41. Vin ga nças mútuas ele uma c rueldade sem nome ensangi.ientam a hi stória de suni tas e xiitas, duas seitas principai s desde a divi são cio [slã pela sucessão ele Maomé, no sécul o VI. Al-Qaeda in ce ntiv o u chacinas d e membros das du as seitas, sacrifi cando milhares ele simples populares, cuj a morte a mídi a usou para criticar os EUA. No fim do ano, a torcida midiática inc linava-se por um a sa ída dos EUA cio Iraque, tão desastrosa e vergonhosa quanto fo i a cio Vietnã.

1'c111,alivas ele jogar o Líhano na guerra civil A mesma técn ica revoluc ionári a de envenenar as divergênc ias cultu ra is e religiosas co locou o Líbano à beira da guerra CATOLIC ISMO

civi l. O estopim foi uma série de assassinatos que culminaram com o do ministro católico Pierre Gemayel [foto 51. Grandes manifestações cristãs e muçulmanas, marcadas ele ameaças recíprocas, reavivaram o fantasma ela guerra civil. E m agosto, so ldados e urope us desembarcaram no Líbano para garantir a frá gi I trégua e ntre Israel e o grupo terrori sta Hezbollah, teledirig ido pe la S íria e pe lo Irã . Um confl ito c ivil no Líbano poria os pa íses e uropeus numa alternati va análoga ~l cios EUA no Iraque: agi r ou retirar-se. Agir implicari a g uerra e mortes. Retirar-se significari a atrair a ofensiva islâmi ca por cima ela Europa. Após a re uni ão da O rga ni zação da Conferênc ia Islâm ica (OCI), magotes de

fundam entali stas atacaram e incendiara m consulados e sedes de organizações oc identais e m c idades muçulmanas. O pretexto foram caricaturas de Maomé que haviam sido publicadas meses antes, na maior elas indi fe renças, na D inamarca e no Eg ito. Também fo i pretexto para protestos teled iri g idos o fato ele S.S. Bento XVI. ter c itado em Regensburg (Alemanha) um imperador ele B izânc io do sécul o XIV , que falara sobre a pregação da violência contida no Corão. Em posterior visita à T urqui a, Bento XVI ma ni fes tou aprovação à entrada eles e país na UE, elogiou o secul a ri s mo ele Estado turco e orou numa mesquita voltado para Meca, o que parece ter contentado os fundamenta li stas maometanos. Mas causou interrogações no Ocidente, levando a rev ista no rte-americana "Ti me" a perguntar se a repentina inversão ele posições cio pontífice em Ancara e Istambul não teria empanado s ua imagem de defensor rígido elas posições católicas.

Na França, um a contínua g uerrilha urbana, a limentada por descendentes de imi g rantes is lâmicos, atravesso u o ano todo incendi ando carros e ônibus urbanos e semeando o terror nos bairros. Em termos políticos, o temor empurrou boa parte da população francesa para a ex trema-di re ita e radicali zou os partidos de centroclire ita. A Suíça, que j á fora aberta e tolerante, restring iu mediante plebi scito o asilo e a imigração. A Ing laterra pas. ou o an o na expectativa ele mai s um grande go lpe terrori sta muç ulm ano. Em agos to , a Sco//and Yard de be lou um mega-atentaclo que poderia ter causado 4.000 mortes derrubando uma dezena ele av iões com destino aos EUA lfoto 71. O mini stro ita li ano para Reform as Instituc ionais, Roberto Calcleroli , interpretando o se ntimento de in úmeros ita li anos , dec larou: "Foi desa /a do um ódio impressionante por parle dos povos muçulrnanos. Chegou o momento de tomar rn.edidas em respos/a: a eslas pessoas, só se e/erro/a com a/orça". Para e le, Bento XVI "deve intervi,; como fi zeram Pio V e Inocêncio XI 1 ... 1 ,w época da guerra de Viena e da gue rra de Lepanto. Os Papas substituíram os governos: criaram grandes coa /iz.ões para derrotar a emergência is/âmica". 2 Na Ale manha, o temor ao " peri go turco" foi acresc ido pela vertig inosa queda ela nata l idade. O periódico "B ild -Ze itung" estampou a manchete: "Em 12 gerações, nós alemães eslaremos extintos". Poré m, a atitude a ser tomada face ao islami s mo causou discórdia e ntre os europeus. Notada mcntc partidos como o

Ias fermentadas por movimentos separatistas. Nos Bá lcãs, Monten eg ro, Estado me nor que Serg ipe, proc lamou sua in dependênc ia , qu e foi reconhecida pela UE. O fato abriu ma is um peri goso precedente em favo r cios separati s mos europe us. Por exemplo, na proximidade cio 300º an ive rsá ri o ela Carta ele Un ião entre a Escócia e a In g laterra, 59% cios in g leses e 52% dos escoceses são pe la in de pendência escocesa, revelou uma enquête. No Canadá, Quebec foi reconheci da como " nação" p elo Parl amento, reavivando os te mores de um rec rudescime nto do inde pe ncle nti s mo que fermenta nessa região.

"Primeira guerra cio século XXI": a guerra energética

PC francês, esq ue rdas ex tre madas e o progressismo cató li co acolhem e estimulam as re ivindicações cios recém-chegados. Na Bé lg ica, dezenas de igrejas foram ced id as a imi g rantes mu çulm anos qu e estabeleceram ne las sua moradia e c ulto anticristão lfoto 8 /.

/Jcsata1'l'axame11to <la tmi<la<le européia A desunião inte rn a na União Européia a respeito de uma Constitu ição não foi so ldada. Enquanto isso a Catalunha aprovou um estatuto qu e a torna um a " nação" quase ind epende nte dentro ela Es panha. Esse estatuto privileg iado passou a ser cobiçado por regiões es panho-

2006 começou para a Europa sob o signo cio que o diário pari siense " Le Monde" qualificou ele "declaração da primeira guerra do século XX/ " 3 : a Rússia cortou o fornec imento de gás para a Europa em pleno inverno. O objetivo imediato foi uma chantagem para que a Ucrânia se afas tasse cio Ocidente e retornasse à esfera de influê nci a russa. Porém, quase toda a Europa sofreu os efeitos, especialmente os países que outrora foram escravizados por Moscou Ifoto 91.

O Irã e a Coréia cio Norte 11a corrida nuclear O Irã ex plorou a "arma energética" como clissuasória ele um e ventual revicie às provocações que fa zia . Ao longo do

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O malelício islâmico intimiclou a Europa Já hav ia dezenas ele milhões de islâmicos na E uropa. Entretanto, cm 2006 a imigração clandestina de muçulmanos bateu recordes. Até 4 de setembro tinham c hegado às Ilhas Canárias (Es panh a) 2 1.50 1 ilegais, do quai s 4.751 só c m agos to e 2.662 no primeiro fim-de-semana de setembro. Outros 10 .000 desceram na ilha italiana de Lampcdusa, no Medi terrâneo. O flu xo recrudesceu após o Partido Socia lista spanhol (PSO E) anistiar 700.000 imigrantes ilegais lfolo 6 1.

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tissimum , segundo o qua l é legítimo que o Estado deixe de castigar certos c rimes

mente 175.000 manifestações ou mo tins

[foto 141. Jornali stas simpáticos ao regi-

"para que não advenham. males maiores". As a meaças e vio lê ncias ocorridas

ano ameaçou "apagar do mapa" o Estado de Israe l; violou os lacres de suas centra is de pesquisa nuc lear; começou a enriquecer urâni o para produzir a bomba atômica; testou mísse is capazes de ating ir até a E uropa !foto 101 e move u g ue rra contra Israe l por inte rmédio do movi mento terrori sta Hezbollah. Comprou mísseis da Rússia e rea lizo u manobras militares conj unta s co m os ru ssos . A ONU di scutiu muito sobre o que de ve ria faze r. Mas ning ué m defende u medidas corajosas, temendo um conflito com o [rã que acarretasse a interrupção cio petróleo que escoa pe lo Golfo Pé rs ico, indispe nsável para o Oc ide nte. A escalada nuclear continuou na península coreana. A Coré ia comuni sta testou novos mísseis em maio. Um deles poderia ter atingido a Califórnia ou o vizinho Japão. No ensaio, não foi alé m de alguns segundos de vôo, mas não restou dúvida sobre o alvo que visava. E m outubro, a Coré ia do Norte fez seu prime iro teste nuc lear subterrâneo, no qual usou uma bomba capaz de exterminar 200.000 habitantes de uma c idade Ifoto 11 1. Posta a a meaça, ficou inev itável que os países vizinhos passassem a pe nsar na sua própri a bomba. Notadame nte a Coré ia do Sul , Taiwan e Japão. O novo premiê japo nês anunc iou a reforma da Constituição nipô nica, visando pô r fim à pos ição pac ifista do pa ís e "assumir o di-

reito de ter arma atômica"." A ONU a provou sa nções contra a Coréia do N o rte, de difícil ap li cação e mais do que duvidoso efeito . A C hina e a Rússi a - não obstante dec larações protocolares e m sentido contrário - de-

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CATOLICISMO

ram suste ntação diplomática e apoio log ístico ao Irã e ~1 Coréia do Norte e garantiram a inocuidade das reso luções da ONU e m re lação a esses países. Na Amé rica Latina, o Bras i15 e a Argentina ace naram com a possibilidade de re tomar se us pro g ramas nucl ea res, e Hugo C hávez a lardeou objetivos mirabol antes no mesmo campo. Ass im, 2006 viu o iníc io do que pode rá vir a ser uma explosão mundi a l de a rmamentos nuc leares .

1'c11tativas ,1e ,Iesatarrachar o co11ti11e11tc lati110-america11O Na América Latina, as esquerdas traba lharam ig ualme nte para azedar e ag igantar tensões latentes. Evo Moral es

foto 12 1, e mpossado pres ide nte da Bolívia e m jane iro, co nstituiu caso típico. In stigado por Havana e Caracas, impulsionou na Bolívia uma Reforma Agrária nos moldes da brasil e ira, gerando um virtua l estado de revo lta das pro vínc ias agricolamente mai s produtivas; promove u lu ta de classes com carregado matiz étnico e c ultural ; libera li zou o c ultivo e uso da coca; atropelo u os dire itos da Ig rej a e te ntou a bolir o e ns ino da Re lig ião católica nas esco las; desrespe itou o Estado de Direito, de negrindo e a meaçando di sso lver as in stituições nac ionais como o Senado. No fim do ano, doi s terços das provín c ias boliviana s tinham romp ido re lações com Evo Morales, e a mai s importa nte - Santa C ru z - cog itav a separar-se do país. Ademais , M o ral es provocou o Bras il e o Peru, a meaçando este último com um pl a no de inte rve nção de militares venezuela nos junto à fronte ira comum. O Bras il sofre u por parte de Moral es inú me ros vexames ve rbai s e de sres pe ito continuado de propriedades de brasilei ros, como os faze nde iros insta lados na Bolívia. E m esca la econômica muito m a ior, danos multimilion á ri os foram causados em investime ntos da Petrobrás e m território bolivia no.

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por ocas ião do e nte rro do ge ne ra l Pinoc het no C hile pate nteara m a polarização do país e o poder ex plosivo de uma abo rdagem vingativa do passado por parte das esq ue rclas hoje no poder Ifoto 131. O contine nte ass istiu ao atiça me nto de conflitos raciais e c ulturai s - envolvendo sobretudo indíge nas e negros co ntra a c ultura ele raízes e uropé ias e cató li cas. Fo,j ara m-se co nfli tos rac iai s onde não ex isti a m. Exempl o disso é o caso el as cotas rac ia is no Bras il. Uma " us ina de narrativas" sed iada na Secretaria ela lg ua lclacle Rac ial (Sepp ir) e irri gada com fundos da Fundação Fo rd traba lhou pa ra deturpar a história nac iona l, difamar o Dia da Abolição el a Esc ra vi dão e propaga nclear a luta anti- im periali sta, a nti -branca ( leia-se também anticató li ca), libe rtária e ig ualitária. 6 O pres ide nte Chávez imi scuiu -se à vontade na política interna e nas e le ições cios vizinhos. E mpe nhou-se numa a li ança da América Lat in a com os países mu ç ulmanos fundamentalistas , como o frã a nti -EUA . "O Islã é o combustível

da revolução í-- -1 Cristãos autên ticos também enfi'entaram o Império Romano e a Hierarquia religiosa. [...] O cristianismo é .fundamenta/mente revolucionário, assim como o Islã", disse C hávez ao presidente iraniano A hmaclinejacl e m Caracas 7 • Na Venezuela, Chávez exc itou o ód io ele c la sses cio: populares cont ra os

" burgueses" ela "elite", ri cos e "brancos" - o velho esquema marxista .

Exceção: China e Rússia co11solidarn111 a clitadm·a No mapa ele 2006 quase não se e ncontra lu gar cio mundo o nde as esque rdas - c láss icas, rec icl adas, o u progressistas - não a mplifi cara m as rachaduras ex iste ntes ou ab riram novas . Houve, poré m , duas gra ndes exceções: a Rússia e a C hin a. Esses países es magara m co m mão ele aço as dive rgênc ias internas, sobre tudo as mai s leg ítimas . Na C hina, os camponeses viraram " inimigos cio povo" porque, em defesa de suas propriedades, promoveram aproximada-

me, mas trabalhando para órgãos ele imprensa oc ide ntais, como informa o "The New York Times", foram presos e condenados em processos acintosamente ilegais. O número ele penas de morte executadas foi ele longe o maior do mundo, sendo estimado em milhares. O governo, com a aj uda ele gigantes ela Inte rnet como Microsoft, Google e Yahoo, in stalou uma ce ns ura meticulosa dos conteúdos ela web para os c hineses. Na Rússia, a repressão já pouco difere da ditadura dos soviéticos. O governo, controlado pe la ex-KGB , é ac usado ele assass inatos espetaculares e em série de di ssidentes. EnlTe e les o ela jorna li sta Ana Poli tovska ia, baleada em Moscou, o cio ex-espi ão Alexander Litv inenko !foto 151 e o do ex- prc miê russo respo nsável pe las privatizações, Yegor Ga idar, e nve ne nados com substânc ias radioativas ou raras, seg uindo métodos típicos ela ex-URSS. Na po lítica ex terna, P utin e mpe nhou-se cm restabelecer o jugo russo sobre as nações o utrora escravas do Kremlin, especialmente a Ucrânia e a Geórgia. Também patrocinou fraudulentas e le ições na Bielorússia, c ujos resultados ratifi caram um governo títere ele Moscou. A Rú ss ia e a C hina, na o rde m d os fatos, inc itaram os ma is virulentos ini mi gos cio Ocidente, re presentados pe lo [rã e a Coré ia cio Norte. Porém, na a parê nci a e em pa lavras, dera m a impressão ao Ocidente ele a proximare m-se dele, e a té de co labo rare m co m os ocidentais fazendo valer sua ascendência sobre Te-

Reabrindo (Oll illVCJltaJJ(/O) l'eri<las 11acio1wis N a Argentina, no C hil e, no Uruguai e no Brasil , as esque rd as empenharamse cm reabrir feridas hi tórica da é poca do governo militares. Ag iram em contradição com o e ns inamento do Papa Leão XIII na encíclica Libertas Prestan-

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Avanço <las </freitas européias supera o <las esquerdas

erã e Pyongyang. Assim , astutamente foram se colocando como fiel da balança cio mundo, enq uanto continuavam, através ele governos interpostos, impul sionando o torvelinho ela desordem generalizada no campo internacional.

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Reações obl'igaram as csqucnlas a se <lisf'al'Çat' O conservadorismo, surg in do em oposição ao sini stro trabalho desestrutu rante elas forças revolu cionárias, obrigou as mesmas esquerdas a realizar uma metamorfose até há pouco impensável. O espetáculo ele 2006 foi intensamente contrastado. De um lado, apresentou um avanço gera l elas forças cio caos. Mas, por outro lado, revelou que as esquerdas sentem-se mal à vontade. Poucas décadas atrás, as esq uerdas movimentavam-se, seguras ele si, na conqui sta político-soc ial, ideológica e reli giosa cio mundo. E las obtinham adesões - ou claudicações dos adversári os decisivas para sua s metas concretas e suas doutrinas. E ntretanto, desde a queda cio Muro de Berlim, elas vêm se metamorfo sea ndo aceleradamente . E m 2006, tal metamorfo e atingiu um paroxismo.

Mctamol'/'osc-haraquiri cio socialismo francês Em setembro, o "Courrier Internaci ona l", ele Paris, apresentou um apanh ado da imprensa mundial sobre esse fenômeno, sob o título "É duro, duro, ser de esquerda ". 8 -

CATOLICISMO

O caso francês foi paradigmático. O Partido Socialista, últim a força política de esq uerda com peso na França (pois o Partido Comu ni sta está arrasado), humilhado e fracionado após estrepitosos fracassos, lançou em 2006 sua mai s nova vedette, cuidadosamen te preparada por espec iali stas da comunicação, almejan do reconquistar a presidênc ia em 2007: Ségolene Royal. Com ela , o PS apostou num a imagem que, nos padrões atuais, encontra-se nos antípodas cio idea l soc iali sta !foto 161 . Seus militantes já foram chamados ele royalistes, confundindo-os com os militantes monarquistas, e ela foi tratada de "princesa soc iali sta" 1foto l 7I . A candidata nem deixou ele in sinu ar afi nidade

hi stórica, e até devoção pessoal, por Santa Joana d' Are, que desta vez viria para tirar o soc ialismo ela sua ruína extrema .. . Royal provém ele um a fa mília tradi cional de militares, é mãe ele quatro fi lhos, reflete o tipo hum ano el as classes abastadas fran cesas. Aparece geralmente vestindo tail/eur dentro elas normas ela moral cató li ca e adotou posições que há po uco eram exclusivas da extremaclireita. E até mais radicai s, como precon izar o "enquadramento militar" cios alunos desordeiro .. Também propôs relativi zar o máximo de 35 horas se manais ele trabalho , bandeira hi stóri ca cio socia li smo. É lugar comum que a disputa pe la Presidência fran cesa será ganha por quem garantir melhor um a "dis ciplina mais rígida nas famílias, escolas e empresas". 9 Por trás dessa imagem esconde-se um esquerdismo radical cio tipo cio Fórum Social Mundia l. Royal propõe as políticas participativas cio PT brasileiro, como foram aplicadas em Porto Alegre, ali ás com res ultado desastroso. Por isso, foi acusada ele tentar reviver os sovietes ou métodos maoístas. A indicação ele Royal como cand idata soc iali sta à pres idência em novem bro represe ntou " um desli zamento global da sociedade francesa em direção à dire ita", bem co mo o fato ele que o " PS de Mitterrand [foto 18 1-Fabius-Jospin está bem m.orto". 1º De fato , um partido co mo o PS, ao aceitar uma cirurgia es tética tão ousada, embora mantenha a ideo log ia igualitári a, efetua um como que haraquiri doutrin ári o e moral para conqui star o poder.

Na [n g laterra, o premiê traba lhi sta Tony Blair !foto 191 apl icou um sociali smo tão cli luíclo, que não se sabe bem no que se diferencia cio conservadorismo - tido como radica l - da ex-premiê Margaret Thatcher. Ai nda ass im , 2006 marcou seu declínio e é assente que será substituído pelo líder conservador. Na Eslováquia, o premiê social -democrata coligou-se com o Partido Nacionali sta Es lovaco, rotulado ele extrema-direita, nacionali sta e xenófobo. Ameaçado de não ser mai s considerado socia li sta por seus co legas no Parlamento Europeu, o partido soc iali sta pouco se incomodou. No continente europeu, sa lvas algumas exceções, virou rotina a ascensão eleitora l da ex trema-direita, como se patenteou nas eleições gerais ela Áustri a e Ho lan la, municipai s ela Bélg ica, onde aumentou 50%, e regionais ele Mckl enburg-Pomerânia, na Alemanha. No início cio ano, o ex-prem.iê Aníba l Cavaco Sil va, ele centro-direita, l"oi e leito presidente po rtuguês. Em setembro, o socia li s mo sueco co lheu a pior derrota desde 19 14 e ascendeu ao poder um go verno ele centro-d ireita . Idênti ca vitória cio centro-direita ocorreu na República C heca, cm junho. Durante os meses ele setembro e outubro, milhares de hún garos manifestaram -se con tra o governo soc ia lista, bradando slogans contra o comunismo, por ocas ião cio cinquentenário cio glorioso levante anticomuni sta contra o ocupante sov iéti co. A exceção veio ela Itália, onde ases-

querelas cap itaneadas por Romano Procli venceram por menos ele O, 1% cios votos o desgastado governo ele Berlusconi. E no Chil e, a candidata elas esq uerdas Michelle Bachelet obteve a presidênc ia. No Canadá, em janeiro, o conservador Stephcn Harper foi eleito novo premiê, prometendo cortar impostos, favorecer a família, afastar o "casamento homossexua l", combater a crim inaliclaclc e melhorar as abaladas relações com os EUA !foto 201 .

/Jemocl'atas amel'icanos /'Clfestem-se como co11se1·,1aclol'eS A metamorfose elas esquerdas para conter o avanço conservador teve um lance arquetípico nas eleições ameri canas ele

novembro, que renovaram a Câmara ele Deputados, parte cio Senado e muitos governos estaduais. No segundo mand ato, o presidente Bush foi se descolando cio eleitorado conservador que o reelegeu em 2004. Ele lhe fizera algumas concessões: o juiz Sam uel Alito entrou na Corte Suprema em fevereiro, e o presidente vetou a lei ele pesquisa com células embrionárias em julho. Já em maio, contudo, era assente enlTe os conservadores que "Bush traiu a base que o levou ao poder". 11 Para atrair os direitistas religiosos clesilucliclos, numerosos cand idatos cio Partido Democrata mudaram sua imagem. Cessaram ele pedir mais aborto ou desarmamento; puseram-se a fa lar ele religião e a defender instituições como a família e apropriedade, por vezes mais radicalmente que seus antagonistas republicanos. Até em matérias polêmicas como a guerra cio Iraque, alguns colocaram-se à direita cio governo. Candidatos como Harold Ford Ifoto 211 no Ten nessee organizaram "cafés ela manhã de oração" com os eleitores e prometeram jamais mexer "nem corn tua Bíblia nem com teu fu zil ". 12 Resultado: como observou o anliconscrvaclor "Ncw York Times", "os eleitores expulsaram os republicanos, mas não se deslocaram para a esquerda. Em sua maioria, trvcaram republicanos moderados por dernocratas conservadores". 13 A mídia brasi leira noticiou esla si tuação ele modo detu rpado, apresentando-a como uma vitória esquerd ista. Sua atitude parece confirmar o clilaclo popular alemão: "Er liigt wie eine Zeitung" (mente como um jornal).

JANEIRO 2007 -


A no va pres ide nte da Câmara dos De putados, a de mocrata Nancy P elos i 1foto 221 , adotou o esti lo Ségo lene Royal, usando vestidos bem cortados e mo ra li zados, não escondendo ser mãe de c inco fi lhos. M es ma tática segue a senadora Hi ll ary C linton , na esperança de arrebatar de futuro a Casa Branca aos republi ca nos, com um d isc urso tão conservado r quanto o público exij a e com uma apresentação pessoal mais próxima da do nade-casa be m estabe lecida, sensata e de bom gosto, afastada cio estil o feminista de sua j uventude.

Na Amél'ica Latina, csquenlistas vencem tapcamlo Mais espalhafatosa e desavergonhada fo i a metamorfose operada pelo ex-guerrilhe iro Dani el O rtega na Nicarágua. E le exibiu-se publicamente montando um cavalo branco com belos arreios tradicionais, e a bandeira dos E UA em suas costas !foto 23 1. D isfarçou o apoio que recebia do presidente venezue lano H ugo Chá vez; deixou de se referir a seu passado marx ista; substituiu o hino sandi nista por uma canção de paz e encheu suas arengas com alusões ao catolici smo. Apoiou a le i que ban iu o aborto em todos os casos - coi sa que nem Bush ousou tentar - aliou-se com direiti stas fa mosos e apresentou-se como garantia de defender o livre-mercado e a iniciativa privada. Que imensa metamorfose para ganhar a presidência! E ainda assim só a obteve cm virtude de uma obra-prima de alfa iatari a ele itoral para que pudesse eleger-se pres idente no lº turno, com apenas 38% dos votos ! No Equador, o cand idato chavista à

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CATOLICISMO

presidência, Ricardo Correa, amargou fraquíssimo resul tado no lº turno; e em menos ele 24 horas renegou o comuni smo, ameaçou Chávez caso este se imiscuísse nos assuntos equatorianos; fez profi ssão pública ele cato licidade praticante e declarou-se amigo do povo americano para se eleger, o que conseguiu. Menos astuto fo i o cand idato chavista peruano O li anta H umala Ifoto 241 , que perdeu a eleição pres idencial no 2º turno para Alan Garcia, apesar ele seu opositor estar clesprestigiaclíssimo. Ainda mais dramático fo i o fracasso de outro chavista que não se disfarçou como d ireitista: Antonio Manuel López Obrador, do Méx ico. Há anos sua ascensão ao palácio presidencia l era dada como certa, mas bastou que o candi-

dato conservador governi sta Rafael Calderón apelasse ao sentimento patriótico, à devoção a Nossa Senhora de G uadalupe, defendesse a propriedade e a fa mília para que o eleitorado o elegesse. Derrotado nas urnas, López Obrador auto-empossou-se presidente e seus deputados tentaram ev itar o juramento cio presidente eleito no Congresso, com indecorosas cenas de violência. Agindo segundo o esque ma esquerd is ta cl áss ico , López Obrador tenta prec ipitar o Méx ico num conflito civil. No quadrante conservador, fo i facíl imo para Álvaro Uribe reeleger-se na Colômbia, com altíssima votação, no mês de maio, prometendo mão fome contra a narcoguerri lha marxi t a e a criminalidade. No outro extre mo cio continente, as enquêles ins istiam que o presidente ela Argentina, Néstor Kirc hner, ating ia a ltíss imos níveis de popularidade. Mas e is qu e Kirchn er apo io u um a re form a el a Constitu ição da provínc ia (eq uivalente a um Estado brasile iro) de Mi siones para institui r a reele ição indefinida do governo provincial. A manobra servia de teste para a te ntativa de análoga reforma federal em fa vor do presidente. Este não po upo u artifíc ios lega is e e le itoreiros, mas acabou sofrendo uma ta l derrota, q ue o levo u a pensar e m e leger como sucessora sua própri a mulher!

zue la não será outra C uba; que e le não é comuni sta, e que seu socia lis mo não é marxista. No di a seguinte [foto 38] , entretanto, confirmad a a vitória, ameaçou as classes médias, que votaram contra ele , de promover uma reform a constituc ional vi sando alijar a propriedade pri vada e a livre iniciativa . E viaj ou ao Brasil e à Argentina para obter apoio. Contradição e ambigi.iiclacle flag rantes para di ss imul a r s ini stro o bj etivo : aplicar o miserabilismo marxi sta cubano. Enquanto isto, F ide l Castro I foto 251 entrou e m fase termin a l, ating ido po r doença mantida em segredo. Há meses ele extingue-se num loca l incógnito de C uba, quase incomuni cáve l, sem sucessor com análoga capac idade revolucionária. Nem Fre i Betto fo i admi tido a vêlo. "Esta revolução pode se autodestruir ", admitiu F idel desanim ado em entrevista.14 Paradoxa lme nte, as quase úni cas vozes que se fi zeram ouvir em fa vor do ditado r graveme nte enfermo fora m as do e pi scopado cubano, exortando os fi é is a rezar por ele e a manter as conquis-

tas do socialismo. 15

Brasil: vitól'ia ele Pirro ele um PT descolado da opinião pública A enxurrada de desordem, subversão, c rimes e escânda los e m 2006 abriu os olhos de inúmeras pessoas e engrossou as tendênc.ias conservadoras. As esquerdas prec isaram se tra vestir de direitas ou apelar para jogo verbais enganosos. Infeli zmente não houve quem representasse autenticamente no tabuleiro político o lado conservador e centrista do público.

No ano que findo u, o Brasil perde u a lid eran ça na atração el e investimentos estrange iros diretos na Amé ri ca Latina. O nosso PIB fi cou apenas acim a do PIB do H aiti , o pi or do continente. A c lasse médi a trabalhou 11 3 dias - colhidos pe los impostos - para paga r servi ços devi dos pelo Estado. O Bras il fi co u no último lugar do ran.king do B anco Mundia l em te mpo gasto pe las empresas para cumprir s uas obri gações tributári as . A carga tributária fi cou e m torno de 39% do PIB Ifoto 261. No iníc io do ano, o MST estende u a todo o País o 2006 vermelho, mas nas proxim idades das e le ições pres idenc ia is

anunc iou uma trégua, vi sando não prejudicar seu candidato natural , o pres idente Lula. O mesmo fi zeram seus congêneres da Via Campesina e outras sig las. Após o pl eito, reini c iaram a sua fun esta série de atropelos, invasões, vi olências, saques, queima de estoques e sementes, des trui ção de mud as e laboratórios de pesqui sas avançadas. Em junho, o MLST, uma elas sig las cio agro-reformi smo, invadiu a Câmara dos De putados espa lhando a destrui ção e faze ndo fe ridos no mai s cl áss ico esqu e ma le nini s ta de " go lpe po pular" 16 !foto 271. A operação fora cuidadosamente pl anej ad a e fin anc iada ta mbé m po r e ntid ad es li ga d as à C NBB . 17 O MLST é finan ciado com dinhe iro públi co, e o presidente Lul a lhe tinha concedido R$ 5,6 milhões. 18 O crime organi zado utili zou téc nicas de guerrilha urbana para conturbar São P aul o a partir de maio, causando centenas de mortes, suble vações em massa ele presídios, incêndios ele ônibus, etc. Assim , espa lhou o pâ ni co co m obj etivos que iam além do crime comum e vazaram para o terreno po lítico .

JJrnsil real: ausente da cirnmla política-mieliática-1J1·og1·essista No fim do ano , um " apagão" caoti zou o tráfego aéreo nac io nal. Não fa ltou e ntão quem vi sse na tragédi a el a qu eda do Boein.g el a Gol um s in al no céu de como e para onde pode estar sendo " pilotado" o Pa ís. 19 Porém, o Bras il real , paca to e conservador, fo i repudi ando cada vez mais

Castrismo ambíguo e malfazejo A exceção veio ela Venezuela . Hugo C hávez, na iminênc ia da e le ição presidencial, fin g iu se di stanc iar publicamente ele F idel Castro; garantiu q ue a Vene-

l?@OO @l@ ~ iJ @l@ fl()!]ílllü@ @l@ tJ®®® J JAN EIRO 2007 -


a c iranda enlo uquececlo ra ela desorde m. 56% dos bras ile iros entrevi stados conde naram o M ST e seus métodos. M ais sintom áti co ainda : em agosto, 43% el a po pul ação bras il e ira qu a lifi co u-se de "dire ita", 27% de "centro", e apenas 30% de "esquerd a". No entanto, quem o lhasse para a ciranda política- midi ática- progress ista , e para os lances da esquerda, não encontrava rea lme nte re presentados em nenhum partido político esses 70% cios bras il e iros dire iti stas e centri stas . O descol amento entre o Brasil aparente e o Brasil rea l alcançou em 2006 níve is impensáve is. Na no ite do 2º turno el as e le ições presidencia is, escassas 4.000 pessoas festej aram na Avenida Paulista, em São Paulo, a vitó ria cio pres ide nte Lula. De fato, os resultados foram recebidos num ambi ente geral ele indiferença, fri eza e desânimo .

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A ncvolução Cultural avai1ça, mas encontra crescente oposição Nunca o e mpenho para a destrui ção ela fa míli a, ela cultura e da Re lig ião católica fo i tão o fi c ial e atrope lado. Todavia, as opos ições a esse processo de desagregação cresceram e m 2006. A mutação cos mé ti ca pode dar às esquerdas a lgun s anos de sobrevicla políti ca. Nestes anos, elas poderão aprofundar a Revolução Cultural, corroe ndo a famíli a e a soc iedade. Porém, ta mbé m neste campo 2006 ofereceu sinais contraditóri os. Algun s exemplos:

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CATOLI C ISMO

E m j a ne iro, o Parlame nto Euro pe u condenou como homofóbicos os Estados que se opo nham ao "casamento" homossexua l !foto 281 . A condenação tinha ende reço ce rto : a Po lô ni a e a Le tô ni a. M as a primeira se manteve ufa na e desafi o u a brutal dec isão. A segunda reformou a Constitui ção inte rditando o mencionado "casamento", provocando a cólera ela UE. No mesmo mês, a Re públi ca Checa ap ro vou ta l "casamento" contra a natureza, e e m nove mbro a Áfri ca do S ul fez o mes mo. O S upremo T ribuna l do Estado ele Nova Jersey (EUA) liberou esse pseucl ocasamento, pe lo me nos até que um ple bi sc ito em gestação decida a ques-

tão . Nos EU A, só o Estado de Massachusetts lhe concede estatuto ele "casamento". Co ntudo, e m sentido contrário, ma is sete Estados americanos, por via de plebi sc itos, eme ndaram suas Constituições, a fim ele impedir o "casamento" homossex ual !foto 291 . Le is e arti gos co nstituc io na is o impede m e m quase todos os EUA . A mais alta instâ nci a judic ia l estadua l de Nova York também manifesto u-se co ntra as uni ões ho mossex uais . Nos antípodas geográfi cos do mundo, o governo austra li ano anulou le i cio terri tóri o de Ca mberra, que permi tia o fa lso casa me nto.

Olensiva llomossex11al racha confissões religiosas e socieclacles Intensos va pores e contra vapores rachara m ele c ima a ba ixo ambi entes da vida re li g iosa, cultu ra l e social. A igrej a ang li cana se desfez e m fr ag me ntos ao longo do ano, após a no meação de bi spo ho mossex ua l. Uma igrej a da Comu nidade Metropo litana de Ni terói chamou uma bispa angli cana dos EUA para celebrar o prime iro "casamento" homossexua l na cidacle. 21 A Câmara dos Depu tados, e m votação simbó lica no pl enári o, que passou desperceb ida para a mai ori a dos deputados, crimina li zou a " homofobi a" estabelecendo a pena de até cinco a nos de pri são. O Senado reconheceu uni ão de duas de suas func ionári as lésbica para efeitos de assistência à saúde e pensão; j ui z de Porto A legre auto ri zou a adoção ele uma cri ança por casa l ele lésbicas; dec isão seme lhante fo i ap rovada pe la Justi-

ça de São Paul o; a c idade cio Ri o ele Jane iro montou cartilha para atrair sodomi tas e São Paulo cri ou posto ele turi smo para homossex uais. Por fim , o apare nte g rande núm ero de pa rticipantes atribuído pe la imprensa à 11 " Parada do Orgulho GL BT em São Paulo reve lou mais a inte nção ele seus promotores do que autênti ca partic ipação popul ar. Tal guerra cultural penetrou as capi laridades ela vida quotidiana a ponto ele, por exempl o, lei inglesa punir os restaura ntes qu e impeçam atos libidinosos homossexuais; uma criança de quatro anos fo i morta por recusar-se a chama r ele " papai" a companheira lésb ica da mãe, na Á fri ca do S ul ; a uni versidade canadense ele Cape Breton multou um catedráti co por afirm ar que a homossex ualidade não é natural. T udo isto ocorreu num ano em que a ON U inrormou que 39,5 milhões ele indi víduos são portado res cio vírus da A TDS, e que houve 4,3 milhões ele novas infecções e 2,9 milhões de mo rtes causadas pe la terrível epidemia !

0110sição ao aborto freou avanço da Revolução Cult11ral Há não muito te mpo parec ia que o a borto seri a logo libe rado in tegra lm ente do ponto ele v ista lega l. Mas esse cri me mo nstruoso ca uso u im prevista reação !foto 301 na soc iedade a merica na e també m no resto cio mundo, e m parte de vido à influ ê nc ia qu e hoj e exerce m os E U A. E m razão dessa reação, mui tos ame ri canos co meçaram a contesta r o pró pri o princípio ele control e el a natali dade, passa ndo a milita r contra o "ca-

to" ho mossex ual está tendo um avanço muito mais contraditado que o aborto. O qu e vere mos de reação nos próx imo s a nos ?

Po,· tl'ás do homossexualismo, surgem perversões ainda piores

sa rne nto" ho mossex ua l e as ex peri ênc ias genéticas imora is. Em 2006, fi cou c laro que uma sadi a po lari zação prejudicava a revolução sexual. Por isso, vozes de esqu erda perguntaram-se se seria o caso ele revoga r o aborto nos EUA , vi sando arrefecer as res istê nc ias, podend o ass im ava nçar e m outros campos . S into mas dessa polari zação verifi caram-se no Brasil , onde 93% ele pessoas decl araram numa pesqui sa ser co ntra o aumento de cau sas lega is para o aborto . É sintomático o fato de a candi data ao senado Jandira Feghali (PT) ter perdido a eleição, que parec ia ga rantida, devido à sua militânc ia pró-aborto. A campanha mundi al pelo "casamen-

No ano, a ofensiva anti-vicia desdobrou uma panóplia ele horrores, a eutanásia como e xemplo. E mbora ilegal na Inglaterra, em jane iro so ube-se qu e fo ram praticadas 3.000 eutanásias durante 2005. Na Bélgica, onde está ela autorizada, em quatro anos duplicou o número ele vítimas. O Royal College of Obstetricians anel Gynecology da Grã-Bretanha exortou os médicos do país a praticar a e utanásia nos recém-nasc idos portadores de algum importante defe ito cere bral ou físico. Enquanto isso, os suicídios col etivos, pactuados via Internet, atingiram novo recorde. A C hina comuni sta reconheceu estar na origem do tráfi co de órgãos de presos, e xecutados muitas vezes só para se extrair deles partes cio corpo solicitadas por clientes; a Espanha aprovou lei para a troca de sexo e adoção ele novo nome sem fa zer cirurg ia; e pesqui sadores da Universidade de Newcastle pediram autori zação ao governo ing lês para criar embriões híbridos de vaca e ser humano. O Cardeal e mérito ele Mil ão, C ario M ari a Martini Ifoto 311, de fendeu em chocante entrevi sta o uso cio preservativo e a fecundação in vitro. Já fora precedido, nesse sentido, pe lo cardeal Goclfriecl Dannee ls.22 É a chaga cio progress is mo produ zindo pu s. O Cardeal López Trujillo, pres idente do Po nti fíc io Conselho para

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a Família, veio a público çom decl arações e m sentido contrário.

Aparência de marginal virou moda Em morros cio Rio de Janeiro, em dance te ri as ca ras de São Pau lo o u nos Champs Elysées em Paris, jovens ele classes populares ou abastadas se confundiram igualitariamente, num mesmo "visual canalha" ou o mais degradado possível, em festas hip-hop e raves, regados a droga e álcool, convivendo com traficantes e bandidos. No Brasil, também em 2006, cresceu e alastrou-se o consumo de crack, subproduto ela cocaína, sete vezes mais potente e mortífero. Nesse contexto, não assustou um levantamento feito pe lo Hospital das Clínicas, segundo o qual um em cada dez moradores ela Grande São Paulo prec isa de tratamento psiqui átrico, e ele que 40% cios moradores dessa reg ião sofrem ele algum tipo de tra nstorno psiqui átrico leve, moderado ou grave. A procura de auges de autodegradação ati ng iu nova profundidade em Nova York, com a moda cios freegans, ou " tribo cios vira-latas". O costume ele seus membros, ricos e be m-insta lados, é ele revirarem as latas de lixo para comer o que a li encontram.

Sallllades da tradição e do bom se11so Em sentido di ametralmente oposto a esta tendência para o mais chulo, aumentou na humanidade o "fascín io pela rainha deca pitad a" M aria Antonie ta , da França, retratada por a lguns como uma mártir. No Brasil, o desejo de ver ambientes, situações e personagens distintos e luxuosos fez reconhecer a um diretor de TV que "o público mais pobre, em geral, é louco por luxo". 23 O estilo neoclássico na arquitetura atingiu sucessos de venda. Numerosos brasileiros vêem nele um símbo lo ele "permanência, eternidade, um

valor seguro a ser atribuído ao patrimônio" .24 A 27ª Bienal de São Pau lo, tristemente célebre pelos seus absw-clos, ficou "às moscas" .25 O público interessou-se muito pouco pela mostra de absurdos que, outrora, fazia sensação. Nesse an1biente ele deliqi.iescência cios costumes católicos, não espantou a inforCATOLIC ISMO

mação do IBGE de que os católicos em São Paulo passaram de 78,7% para 68,4%, apresentada no plenário da CNBB. 27

Católicos resistem e quel'em o bem oposto Muitos católicos externara m sua rej e ição ao progressism.o e à Revolução sexual. Exemplo disso é o crescimento da admiração pelo canto gregoriano, q ue levou fié is a lotarem regul a rmente as igrejas em que ele voltou a ser entoado. Outro sina l foi o sucesso do documentário alemão de três horas ele duração, O Grande Silêncio, sobre a vida monacal dos cartuxos na Grande Chartreuse, na França. O ensino da teoria da e volução de Darwin nas escolas americanas continua decaindo . Os e volucioni stas tentaram impô- la com medidas judiciais. Para inverter essa tendência, o Museu Americano de História Natural promoveu exposição em homenagem a Darwin. Mas os antidarwinistas anunciaram a construção cio Museu da Criação, que ilu strará o Gênesis, o ato criador de Deu s e a Históri a humana segundo a Bíb lia.

Reações del'l'otam ofensivas de blasfêmia A cantora M adonna multiplicou suas grosseri as e in sultos blasfe matórios a Nosso Senhor Jesus Cristo, apresentando-se numa tournée crucificada numa cruz gigante. E m sentido contrário, outro sina] da resistência do conservadorismo à Revolução cultural foi a população carioca re pelir com indignação a exposição ela obra blasfema "desenhand o em terços", exposta no Centro Cultural Banco do Brasil e Jogo retirada da mostra e de outdoors e m virtude dos protestos. Montou- se formidável máquina de propaganda para a difu são do filme blasfemo O Código da Vinci. Porém, também formidável foi a reação católica: some nte a TFP americana promoveu nas semanas da estréia do filme 2.092 protestos públicos, co m a participação de mais de 40.000 pessoas em todos os Estados americanos, e também no Canadá, Austrália, F ilipinas e Áfri.ca do Sul. O filme representou um fracasso de público e de receitas, especialmente nos EUA. No final do ano ele estava esq uecido.

Destino inl'emal da Revolução Cultul'al, e11ll'evisto em 2006 Em 2006, a sarabanda da desordem emitiu lampejos de qual é sua finalidade última : a entroni zação do horror infernal. Como sinal, o governo ela Grécia li berou a adoração aos 12 deuses pagãos cio Olimpo. A Corte Suprema cios EUA libe rou o culto com chá a lu c inógeno, praticado pela seita União do Vegetal; em Porto Alegre, "carta psicografada" foi ace ita como p_rova para inocentar ré por homicídi o; e o Ministério da Saúde incluiu " tratamentos alternativos" como a astro logia e a alquimi a no Si stema Único de Saúde (SUS). Nessa matéria, mereceu especial destaque a divulgação tendenciosa do apócrifo Evangelho de Judas . Sorrate iramente, a propaganda deu a entender que e le reproduzi a a verdade sobre a vida de Nosso Senhor, " reabi litando" Judas, o apóstolo traidor. A mídia espalhou fa lsa notícia de que tal inici ativa contava co m a ltos patrocínios no Vaticano. Na verdade, apoios aos apócrifos só foram observados em ambientes ela teolog ia progressista.

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2007: al'dente ato de conliai1ça em Nossa Se11J10ra O clesfazi mento do tecido social e o estilhaçamento da ordem jurídica e política gerou a expressão failed States (Estados falidos), aplicada a países que pe la decomposição das in stituições ficaram in govern áveis, e nos quais organismos internacionais intervêm para garantir um mínimo de segurança e de sobrevivência das populações. Ou seja, países que se desfazem em redemoinhos de confusão e desvario.

2006 acabou, 2007 começa. O que pensar? O marasmo que desfaz países, famílias e indivíduos gerou em 2006 a "síndrome do Titanic": a sensação possante de que "novos icebergs ameaçam o mun-

do com a força daquele que desventrou o.famoso tmnsatlântico. [... l A crosta da civilização está ameaçada por um inimigo silencioso que age nas profundezas do oceano social, [.. .] oculto em ai-

gum lugar no futuro nebuloso, o qual atingiremos e depois afundaremos ao som de música ... " 27 No que consiste esse iceberg? Tem nome? Quando será a coli são? É um só ou são vários? As perguntas se ac umul aram em 2006. Efeito dessa síndrome foi a decisão ele mais de cem países de instalar um cofre g igante de alta segurança numa ilha remota dentro cio Círculo Po la r Ártico. Ele ficará fechado com herméticas portas de aço, rodeado de cercas e detectores ele mov imento. Guardará sementes de todas as espécies vegetais conhecidas, na previsão de um catacli smo que possa aniquilar quase todos os seres vivos. A idéia até há pouco teri a parecido ma luca. Hoje, não mais .

Nossa esperança e a força de todos nossos combates A verdade ira e mai s profunda razão de esperança para o mundo não se guarda e m cofres de meta l. Ela. se funda. na dulcíssima Mãe do Redentor, a Santíssima Virgem, Rainha. cio Céu e da. Terra, vida., doçura e esperança. nossa !foto 32 1. Por isso, aco nteça. o que aco ntecer, o verdad e iro esp írito catól ico entra. e m 2007 pronto a. enfrentar todos os imprevi stos, a fazer todos os sacrifícios, com confi ança sempre crescente nas promessas de Nossa Senhora do advento de uma. C ivili zação autentica.mente católica.. Essa mesma. confiança leva. o verdadeiro católi co a não ficar de braços cruza.dos, mas a reagir com ânimo redobra.do. Percebendo que a deso rdem universal é filh a. de uma. Revo lução anticri stã, gnóstica e ig ualitária, ele se levanta. e prepara-se para o embate pela. restauração da. ordem. E por "ordem" ele não entende a. mera ordenação elas coisas, mas - como escreveu profeticamente o Prof. P líni o Corrêa de Olive ira - "se a Revolução é

a desordem, a Contra-Revolução é arestauração da ordem. E por ordem entendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a Civilização ristã, austera e hierárquica, .fúndamenta /111.ente sacra!, antiigualitária e antiliberal" .28 Empunhando com coragem o gládio das verdades perenes, o cató li co fiel entra e m 2007 e levando o o lh ar, cheio de confiança, à Santíss ima. V irgem: "Ad te

levavi oculos meos qui habitas in Coe-

lis" -

"Elevei meus o lhos a T i que habitas no Céu". Na certeza de que nunca se o uviu di zer que alguém que tenha recorrido à proteção da. Santa. Mãe de Deus, e rec lama.do seu socorro, te nha sido por Ela desamparado. • E- mail do autor: lui sdufaur @catolicisrno.corn.br Notas: 1. " T i me", 4- 12-06. 2. "Jorn al cio Bras iI", Rio, 9-2-06. 3. "Le Monde", Paris, 3- 1-06. 4. "O Estado ele S. Pau lo", 15- 11-06. 5. "OESP", 6-5-06. 6. Cfr. "OESP", 30- 11 -06. 7. "OESP", 20-9-06. 8. "Courri er Internacional", Pari s, 14 a 20-9-06. 9. "OESP", 18- 11 -06.

10. "Le Monde", 18- 11 -06. 1 1. "OESP", 28-5-06. 12. "Le Monde", 7- 11-06. 13. "Folh a de S. Paulo", 10- 11 -06. 14. "FSP" , 14-5-06. 15. "FSP", 5-8-06. 16. "OES P", 7-6-06. 17. "OES P", 7-6-06. 18. "OESP", 9-6-06. 19. "O Globo", Rio, 7- 12-06. 20. "FSP", 30-8-06. 2 1. "OG", 7-2-06. 22. "OES P", 22-4-06 e " FSP", 22-4-06. 23. "FSP", 25-6-06. 24. "FSP", 27-6-06. 25. "OES P", 28- 11 -06. 26. "OES P", 10-5-06. 27. "OES P", 12-2-06. 28. Plínio Co rrêa ele Oliveira, Revolução e ContraRevolução, Artpress, São Pau lo, 1998, p. 93.

JANEIRO 2007 -


/)e 11erseg11iel01· a Apóstolo ele Cristo Formado na tradição dos fariseus, que exageravam o cumpri mento elas exteriori dades ela lei, seu fanatismo ardente, que nada podia moderar, iria se chocar contra o Cri stianismo nascente. A doutrina deste, dotada de força e vida, ameaçava tudo conquistar para Cristo, o que preocupava mui to a Saulo. Diante dessa marcha conquistadora, ele não hesitava em opor-se com todas suas forças e até pela viol ência, conforme narram os Atos dos Apóstolos (9, 1-2): "Res-

Conversão de São Paulo Um dos maiores acontecimentos na História da Igreja D e nenhum dos grandes santos penitentes a Igreja celebra a conversão como a de São Paulo. E uma das razões é a excelência de todas as virtudes que Nosso Senhor comunicou-lhe. PUNI O M ARIA SOLIMEO

Igreja-museu de São Paulo em Tarso

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CATOLICISMO

Um dos maiores santos do firmamento católico, São Paulo, nos diz que era judeu, nascido na " ilustre" Tarso, na Cilícia, Ásia (At 21, 39), de pai cidadão romano (At 22, 26-28), de uma família na qual a pureza de consciência era hered itária (li Tim, 1, 3), muito apegada às lradi ções e observâncias dos fariseus (Fil. 3, 5-6). Como pertencia à tribo de Benjamim, foi lh e dado o nome de Saul (Sau lo), muito comum nessa tribo em memóri a do primeiro rei dos judeus. Como todo judeu respeitável tinha que ensinar a eu íi lho uma profissão,

o jovem Saulo aprendeu a tecer os fios dos quais eram feitas as tendas e a confeccioná- las, o que lhe seri a de muita utilidade no futuro. Ainda muito jovem foi env iado a Jerusalém para receber educação na esco la ele Gamali el. Ao contrário do que muitos im aginam, o grande São Paulo era de pequ ena estatura, cal vo, de fraca voz e má saúde. Por isso, não impressionava à primeira vista. E ntretanto, a alma que movia esse corpo frágil era toda de fogo, e praticamente não encontra paralelo não só nos primeiros tempos do Cristian ismo, mas em toda sua hi stória.

gues? '. Com.o podia Saulo perseguir a Vós, Senho1; sendo ele um pouco de pó, e vós o Rei da glória, estando ele na Terra e vós no Céu? Mas, porque Saulo perseguia os membros de Cristo, nossa cabeça, Ele tomava por próprias as injúrias que conlra seus membros sefaziam" .2

Rea l mente, vemos nessa conversão uma circuns tância inteiramente m il agrosa, pois é milagre na ordem ela graça que um a al ma tão ca rregada de pecados, e com disposições totalmente contrárias a ela, se converta ass i m i nopinadamente, sem ter sido preparada antes por atos opostos a esses mau s hábitos e a essas di sposições perniciosas. A conversão de São Pau lo foi também um "prodigioso

pirando ameaças e morte con1.ra os discfpu/os do Senha,; apresentou-.1·e ao sumo sacerdote e pediu-lhe carias para as sinagogas de Damasco, com o fim de le var presos a .Jerusalém quanlos achasse eles/a doutrina, homens e mulheres". A isso comenta São João Crisóstomo: "Que males não havia

f eilo ? Havia enchido de sangue .Jerusalém, ma/ado os.fiéis, afligido a Igreja, perseguido os Após/o/os, apedrejado Eslêvão, e não perdoando a homem nem mulhe,; porque não se ·011/entava com levá-los aos 1rilm11ais e acusá-los a111e o.1· juízes, senão que os buscava em suas casas, !irando-os delas; e, corno u111ofera, os arrebolava". 1

"Saulo, Saulo, /JOI' (Jlle me persegues?" Entretanto, no ca minho ele Damasco o Senhor o esperava. "Sendo, Saulo, por que me perseg11es?". Ele cai u cio cava lo d iante ela ful gurante lu z.

"Coisa maravilhosa é co11.1·iderar que, tendo sido !.oda a vida de ris/o, nosso Reden!OJ; semeada de lrabalhos, perseg uições e penas, e s11a sagrada paixão cheia de !antas , leio i11exprimíveis afi onlas e l.orm enlos, 111111cc, o Senhor se queixou nem ahri11 a boca para dizer: 'Porque me p •rseg11es?' ... E agora, com voz por/enlosa e .1·0110ra, diz a Sau lo: 'Por que rne perse0

Pau lo. "Com efeito, se !.odas as ou/ras são milagrosas, eslando elevadas acima da ordem. da na/ureza, es/a o é na mesma ordern da graça, sendo como um milagre estabelecido sobre outros milagres. O que parecerá eviden/e, tanto se se consideram os efeilos que produziu, quem/o os grandesji·utos que a Igreja dela lirou". 3

"Senho,; que quereis que eufaça ?". Era a coerência fa lando. Se Aquele que lhe aparecia era o próprio Cristo, Fil ho de Deus, Sau lo deveria, em vez de perseguir seus di scípulos, entregar-se inteiramente e de vez a seu servi ço. Os teólogos asseguram que uma conversão é obra mai s maravilhosa que a ressurreição dos mortos. Assim, a conversão ele São Pau lo constituiu fato maior e mai s notável que a ressurreição ele Lázaro, encerrado havia quatro dias no sepu lcro, e já cheirando ma l. Para Santo Agostinho, se a ressurrei ção de um morto e a conversão de um pecador são obras de igual poder, a conver ão é obra ele mai or misericórdia. Se isso se pode dizer ele qualquer conversão, mais se pode dizer da de São

acontecimenlo, de incalculável imporlância, sem o qual todo ojúturo do Crislian isrno leria mudado de f eição. r... ] A transformação foi nele radical e complela. O que havia odiado, passa, da noite para o dia, a adorar; e a causa que combaleu com toda a violência vai, igualmente com toda a violência, servi-la de futuro . Num segundo, e na p ista do deserto, Deus vencera o adversário e o liga ra a Si, para lodo o sempre " .'1

"Sede meus imitaelores como eu o sou ele c,·isto" Quando Ananias, por ordem cio Senhor, foi ver Sau lo para restitui r-lhe a vista, conferiu- lhe também os sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Ordem.

"Convertido, instruído, consagrado, regenerado pelas águas do Batismo, o ilustre neófito tinha ludo o que era necessário para tornar-se o instrumento de grandes desígnios: adifusão da Fé no mundo inteiro, /.a i é o prograrna ci,ja execução lhe foi confiada por seu novo mestre". Entretan-

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. : INFORMATIVO RURAL to, "a essa natureza ardente ~ era necessário, antes de percorrer sem parar sua nova .g

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carreira apostólica, unia esta- ~ dia na solidão. O deserto atrai ~ as grandes almas. Sendo permaneceu três anos em retiro, dispondo-se pela oração, meditação, recolhim.ento e penitência a preencher a missão à qual Deus o chamava". 5

Arrebatado ao terceiro Céu, viu com os olhos da alma tudo o que Cristo hav ia padecido e obrado na Terra e os íntimos pensamentos, dores, afetos e desejos de seu amantíss imo Coração. Acima de tudo, fo i ele tudes de São Paulo e o rnuito que Deus Lhe deu nesta conversão?". 6 instruído diretamente pelo própr io Nosso Senhor, pelo que pôde afirmar: "O Evangelho que preguei Levou o nome de c,·isw por não é coisa de homens; pois não o Wdas as nações <la Terra Por isso sua doutri na está excerecebi nem aprendi de homem allentemente acima da de todo os degum, mas por revelação de Jesus mais, e seu espírito tão acima, que Cristo". Depois de ter sido arreba. não encontra paralelo entre os hotado aos céus, passou a viver somens. Ele é "o lavrador que cultiva mente em função da vida futura: o campo da Igreja; ou o arquiteto, "Nossa conversação está no Céu, e minha vida é Cristo; e morrer por que a edifica; ou o médico, que a cura; ou o soldado, que a defende; Ele é lucro para mim", pois "vivo, ou o doutor, que a ensina; ou o pai, mas não sou eu quern vive, é Crisque a engendra; ou a ama, que lhe to que vive em mim". E transformou-se logo num dos dá o peito e a cria com seu leite; ou o juiz severo, que repreende e castimaiores pregadores do Evangelho: ga; ou a mãe piedosa, que afaga e "Quem irnitou mais a Jesus Cristo regala; e não há estado na Igreja que que o mesmo São Paulo, que se nas epístolas de São Paulo não tepropõe como exemplo e nos exorta a que o imitemos porque é imita- nha seu particular ensinamento e dor de Cristo? Quem seguiu mais doutrina". Por is ·o "a San ta Igreja diz que Deus ensinou todo o inundo a Cristo cruc(ftcado que o mesmo por São Paulo, e o chama doutor das São Paulo, que diz que estava crugentes, e por excelência o apóstolo; ci,ficado com Cristo na cruz, e que porque, entre todos os apóstolos, toda sua glória era a cruz de Cristo? E que não sabia outra coisa, . rnais se esmerou, mais trabalhou e mais proveito fe z com sua pregação senão a Cristo crucijteado? Que e com as J4 epístolas que escreveu ".7 em seu corpo trazia impressos os Parte da epopéia apostó lica do estigmas, sinais e chagas do SeApóstolo dos Gentios pode ser lida nhor Jesus Cristo, e dizia que todo seu gozo e triw1fo era ver-se alge- nos Atos dos Apóstolos, em que se mado e carregado de cadeias por vê "no meio de tantos trabalhos São Paulo, sempre o mesmo, sempre mais Ele ? Quem poderá, ainda que tee mais abrasado no amor de Jesus nha língua de anjo, explicar as vir-

Cristo, sempre mais e mais zeloso de levar seu santo nome por todas as nações da terra! Causa assombro considerar as cidades, as províncias, os reinos e os vastos domínios que percorreu este grande apóstolo, anunciando o Evangelho em todos eles". 8 Durante sua carreira apostólica, São Pau lo fo i fl agelado, encadeado e lançado sete vezes na prisão; três vezes sofreu o naufrágio, e numa delas só se salvou agarrado a um destroço do nav io durante um dia e uma noite. Várias vezes teve que fugir perseguido pelos judeus, sofreu fome e sede por amor de Cri sto. C ulminando sua prodigiosa vida pelo g ládio, pôde afirma r: "Combati o bom com.bate, percorri a carreira inteira, guardei afé. Desde j á me está reservada a coroa da justiça que me dará o Senhor, justo Juiz, naquele dia" (II Tim, 4, 7-8). • E- mail do autor: [!tnso limeo@cato lic ismo.com.br

Notas: 1. ln Pe dro de Ribadanei ra , S. J ., Fios San ctorwn, ap ud Dr. Ed uard o Maria Vi lar ra s a, La Leyenda d e Oro , L. Gonzá lez y Compaiiia - Ed itores, Barcelona , 1896, l. J, p. 258. 2 . ld. lb. , p. 25 9. 3. Les Petits Boll andi stes, Vies des Saints, Bloud et Barrai, Libraires-Éditeurs, Pari s, 1882, tomo 1, p. 600. 4. Dan ie l Rops, São Paulo, o Conquista dorde Cristo, Livraria Tavares Mart in s, Porto, 1952 , pp. 53,54,59. 5. Les Petit s Boll andi stes, op. cit. , tomo VII , p. 464-465 . 6. Pedro de Ribadaneira, op. c it. , p. 260 . 7. lei . ib ., p. 26 1. 8. Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia , Edito ria l A. O. , Braga, tomo IJ , 1998, p. 325. Outrns obras consultadas: - Fr. Ju sto Perez de Urbe ), O.S .B. , A,io Cristiano , Ed iciones Fax, Madrid , 1945 , tomo 1, 25 de j ane iro. - Edelvives, E/ Santo de Cada Dia, Editorial Lui s Vives, S. A., Saragoça, 1946, tomo 1, 25 de jane iro.

Novas investidas contra a produção rural

CATOLICISMO

Socialismo prejudica trabalhadores - "As relações trabalhistas no campo, modificadas especialmente em 1963, romperam o status quo herdado da colônia e acirraram a disputa classista. Difícil é saber quem mais perdeu nesse processo. Ao monetarizar as relações de trabalho, incluindo a moradia, a mudança legal acabou provocando a expulsão dos trabalhadores para a cidade. O tem.ar das indenizações trabalhistas fez esvaziar a roça. Quem viveu naquele período acompanhou a ventania trazida, na imediata seqüência, p elo Estatuto da Terra, em 1964. Anos conturbados, das reformas de base, rumo ao socialismo caboclo" (Xico Graz iano, "O Estado de S. Paulo", 5-

Bolsa-Família dificulta empregoOs produtores de café do Espírito Santo estão passando por dificuldades: a mão-de-obra para a colheita. Com a pressão do Ministério do Trabalho e Emprego, para que o empregador assine a carteira de trabalho do chamado bóia- fria, a surpresa veio com a recusa cio trabalhador em entregar seu documento que, se assinado for, impedirá que ele receba o Bo lsa-Família, que beneficia quem está desempregado ... O mesmo está acontecendo com o produtor de cana (Uc hôa de Mendonça, "A Gazeta", Vitória-ES, 5- l 2-06).

CPT embarca na ecologia - A CNBB, conhecida organização episcopal que tem se destacado por suas posições de extrema-esquerda no País, lança agora tentácu los também na questão ambiental. Como é sabido, a CNBB atua no campo das invasões de terras e Reforma Agrária através da CPT. E no campo indigenista, através do CIMI. Mas não consta que a CNBB tenha algum organismo como a CPT ou o CIMI para interferir no campo ambiental. Talvez por isso a própria CPT se encarregou do tema. · m manifesto divulgado em 1º de dezembro, criticou "as infelizes declarações" do presidente Lula ao relacionar a preservação ambiental entre os e ntrave para desenvolvimento econôm ico do país. "Não imaginávamos - diz a PT - que o

l2-06). Realmente, as atuais leis trabalhistas aplicadas ao campo, mais os princípios perniciosos do Estatuto da Terra, arrasam a produção e prejudicam o trabalhador e o emp regador.

Índios incitados à luta de raças O mini stro dos Transportes, Paulo Sérgio de Oliveira Passos, disse que n ão tomará providência imediata e m relação ao pedágio c la ndest in o cobrado pelos índios tenharins num trecho da Transamazô ni ca. " Nenhum caminho é melhor do que o do diálogo ", afirmo u e le, frisando que deseja primeiro ouv ir as exp li cações dos índios. E nquanto isso, no Maranhão, os índios guajajaras a m eaçam bloquear rodovias federais , derrubar um a torre da E letrobrás e inte rromper a Fe rrovia Caraj ás se o ó rgão não liberar R$ 6 , l mi lh ões para o tratamento de saúde da tribo indíge na ("O Estado de S. Paulo", 1° e 2- 12-06) . Na ve rdade, a política indi ge ni sta atua l não visa ajudar os índios, mas s im utili zá- los como in strumento na luta de raças, disfarçada de di álogo e outros expedi e ntes do gê nero. •

Minisfro dos Transportes, Paulo Sérgio Possos

presidente Lula pudesse considerar que indígenas, quilombo/as e as queslr'Jes .,;~ ligadas ao meio ambiente .fossem entraves para o desenvolvimenlo" ("O ]

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Globo", 2-12-06) -

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;:;: JANEIRO 2007 -


A·conversão admirável de uma princesa T udo quanto diz respeito a uma princesa tem repercussões de algum modo transcendentais. Que a vida de uma princesa passe por um terremoto 1noral, é causa de grande interesse. E, quem sabe, também de conversões.

Cio

ALEN CASTRO

na ele Gonzaga ele C leves, princesa palatina, nasce u em 16 16. 1 Teve importante pape l po lítico na França durante a minoriclacle cio R ei Luís XIV. Ao fi car viúva em 1663, se be m que já tivesse 47 anos ele idade, espantou a corte francesa pela li cenciosiclacle ele seus costumes e seu pouco caso para co m a Re lig ião. Ostentava não c rer na Eucari stia nem na Igreja, e zombava ela fé . Diz-se que chegou por ód io a queimar fragmentos cio Santo Lenho. Re peti am-se seus escâ ndal os, até o momento em que uma g raça fulminante a tocou e prod uziu nela uma co nve rsão es petac ul ar. Após sua mo rte, em 1685 , Bossuet, o g rande orador sacro cio sécul o XVI[, pronunciou sua oração fúnebre, na qual nos conta deta lhes impress ionantes dessa marav ilhosa conversão. 2

O sonho A princesa teve um sonho. 3 Relata ela: Estava "caminhando sozinha por

uma floresta, quando encontrei um cego numa pequena cabana. Aproximei-me de le para perguntar-lhe se era cego de nascença, ou se assim se havia tom.ado por algum acidente. Ele respondeu que era cego de nascença. Não conheceis, pois, disse eu, o que é a luz, que é tão bela e tão atraente, e o sol que tem tanto brilho e beleza? - Jamais gozei dessas belas coisas, disse ele, e não tenho nenhuma idéia de como elas são. Mas nem por isso deixo de crer que elas são de uma beleza esplendorosa". O cego parece u então mudar ele voz e ele fi sionomia, tomando um tom ele autoridade: "Meu exemplo, disse ele, vos

deve ensinar que há coisas muito excelentes e muito admiráveis que escapam à nossa visão, e que nem por isso são menos verdadeiras nem menos desejáveis, mesmo quando não podemos nem compreendê-las nem imaginá-las ". CATOLIC ISM O

E ntão, por uma súbita iluminação, a princesa se sentiu tão esclarecida "e de tal ,nodo transpor/ada pela alegria de haver encontrado aquilo que há tem /o lempo procurava", que não pôde impedi r-se ele abraçar o cego, cuj as palavras lhe haviam revelado uma lu z a inda ma is bela cio que aque la ela qua l ele estava privado. E prossegue: "Inundou o meu coração uma

feli cidade tão doce e umafé tão sensível, que não há palavras capazes de exprimi-la". Ao despertar cio sonh o e la se encontrou ele tal modo mudada, que tinha clificulclacle em ac red itar que hav ia passado por uma tão grande transformação: "Enlão, parecia-me sentir a

presença real de Nosso Senhor na Eucarislia, mais ou menos como a gente vê as coisas visíveis, das quais não se pode duvidar ". Passou ass im ela obscuridade à lu z manifesta. As nu vens ele seu espírito se dissiparam.

"É impossível, para quem. não as provou, imaginar as estranhas penas qu e atingiram meu espírito. Eu esperava a cada mornento o retorno de minha síncope, ou seja, minha morte e minha danação eterna. Eu confessava não ser digna de uma misericó rdia que tão longo lempo havia negligenciado; e di zia a Deus, em meu coração, que eu não linha nenhum direi/o de me queixar de sua jus/iça; mas que - enfim, coisa insu porlóvel! - eu não O veria jamais; eu estaria ele mamente entre seus inimigos, eternam.ente sem amá-lo, eternamente odiada por Ele. Eu sentia essa dor inteiramente destacada das outras penas do inferno". O horl'Ível cach<Jl'l'O Nisso e la vê uma ga linha condu zindo seus pintainhos. Um de les, porém , afasta-se ela mãe. "Ao mesmo ternpo, parecia-

me que eu via vir um enorme cachorro, ex/remamente horrível, o qual se aproximou do pintainho, e num instante o abocanhou. Corri imediatamente a/é ele, para lhe arrancar o pintainho; enquanto eu procurava abrir-lhe a boca, ouvi alguém que dizia: 'Está f eito. Ele já f oi engolido' . - Não, disse eu, ele ainda não foi engolido. Com e.feito, parecia-me que eu abria a garganta do cachorro e da li retirava esse pequeno animal, que tomei enlre minhas mãos para acalentá-lo; pois ele me parecia todo eriçado e quase morto. Ouvi ainda alguém que dizia: 'É preciso devolvê-lo ao cachorro, pois ele .ficará desagradado de que

lhe tirem. a presa '. - Não, respondi eu, não o devolverei jamais". Nesse momento, a princesa retornou cio des maio. E ouviu alguém que lhe di zia: "Se tu, que és má, não queres entre-

gar esse pequeno animal que salvas/e, por que achas que Deus, irifinitamente bom, vos entregaria ao demônio após te haver retirado de seu poder ? Confia e tem coragem". Ela então sentiu co mo se um anjo lhe ho uvesse dito que Deus não a abandonaria, aco mpanhada daque la paz que supera toda in teligênc ia. A partir da í sua vicia na corte foi ex tremamente ed ifica nte, até que uma dolorosíss ima enfe rmidade a tomou e a condu ziu ao termo ela ex istência terrena. S uas últimas pa lavras, j á moribunda, foram: "Eu rne vou para ver como Deus me tratará; mas espero

ern suas misericórdias" . • E- mail do autor: cida lencas tro @catoli cismo.com.br

Notas: 1. Era filh a de Carl os de Gonzaga, duque ele Nevers, Reth el, Mântua et Montl'errat, e ele Cala ri na ele Lorena. Desposou em 1645 o prín cipe Ed uardo, conde pa latino cio Reno, filh o de Frederi co V , duqu e ela Bavi era , passa ndo a ser conhec ida co mo prin cesa pal atina . É o mes mo tílul o com o qua l fi cou depo is fam osa sua sobrinha, El isabeth Carlota, es posa cio duqu e de Orléans, irm ão de Luís X IV. 2. Boss uet, Ora i.1·011 F1111 ebre d 'A1111 e de Co11 zag ue de C/eve.,·, pri,,cesse pa/a1i11e, in Orai.1·011.1· F1111 ebres, Flam marion Éd ileur, Pari s, 193 5. 3. Os trechos entre aspa s ass im se encont ram no tex to de Boss uet, e reprodu zem o relato dei xado pela própria princesa por ordem de seu confesso r, o ramoso abbé ele Rancé, reformador da T rapa.

Do Céu ao 111/'c mu Esse estado durou três meses , dura nte os quais e la não ousou chegarse à Mesa E ucarística , devido à lembrança ele se us muitos e graves pecados, cleclicanclo esse tempo a prepara r s ua co nfi ssão sacramenta l. Aprox imou-se, por fim , o dia tão esperado ela com unh ão . Deus, porém, que é Pai ele todas as misericórdias, é igualmente Senhor ele todas as justiças. E após ter fe ito miraculosamente retornar ao aprisco aquela ovelha perdida, era necessário agora que a fizesse pmgar uma vicia transcorrida na ofensa ao Salvador. Quando ela se julgava pronta para a confi ssão e a poste rior comunhão, teve uma espéc ie ele síncope, que a deixou sem cor, nem pu lso nem respiração. Voltando, enfim, desse longo e estranho desmaio, viu-se lançada num mal ainda pior: após ter sorvido as angústias ela morte, sofreu todos os horrores cio inferno. O confessor, chamado às pressas, viu-se obri gado a ad iar a confissão, pois a encontrou sem forças , sem capaciclacle ele apli cação e emitindo apenas balbucios.

JAN EIRO 2007 -


Nápoles , recebeu as o rde ns sacras, tornando-se professor de teologia na célebre Un iversidade de Salamanca. O Papa São Pio V nomeou-o bi s po dessa cidade aos 30 anos. Primeiro Sábado· do mês.

7 Gpifania de Nosso Senhor, ou Santos Reis

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[Neste ano]

Santa Maria, Mãe de Deus [anti gamente, Circuncisão]

2 São Macário de Alexandria, Anacoreta + Egito, 394 . Jovem a inda, fu g iu pa ra o deserto , o nd e passou mais de 60 anos em jejuns, penitênc ias, oração e luta contra o demônio . É chamado o Jovem para não ser confund ido com São Macá rio do Egito, o Velho.

3 Santíssimo Nome ele ,Jesus

4 Santo Odilon , Abade + C luny, 1048. Um dos grandes abades de C luny, cujo papel foi primordi al na Idade Média. A ele se deve a introdução da Festa de F inados; e, para controlar o espírito extremamente belicoso do tempo , a Trég ua de Deus , qu e proibia atos de hostilidade ou pi lhagem da qu arta-feira à tarde à segunda-fei ra de manhã.

5 São João Neuman n, Confessor + Filadélfia, 1860. Natural da Boêmia, foi para os Estados Unidos como mi ss ionário dos imi grantes de líng ua a le mã. Nomeado por Pio IX Bispo de F il adélfi a, promoveu a ed ucação católica das crianças. Primeira Sexta-feira do mês.

6 São ,João de Ribem, Bispo e Conressor + Valência, 16 1 L. F ilho do Duq ue de Alcalá e Vice-re i de

8 Batismo de Nosso Senhor [Neste ano]

dos infi éis e pecadores, à instrução infantil.

13 Santo l lilário de Poitiers, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + 367. "O Atanásio do Ocidente" , lutou acirradamente contra os arianos, dos quai s sofre u rude perseguição e longo desterro, durante o qual escreveu 12 liv ros sobre a Santíssima Tri ndade, que lhe valeram o título de Doutor da Igreja.

14

9 Santo Adriano J\l)ade, Confessor + Cantuária, 71 O. Italiano , nomeado por São Vitali a no para a sé de Cantuári a, suplico u ao P apa que no measse São Teodoro e m se u lu gar, di spondo-se a secundá- lo nos traba lhos missionários.

10 São Pedro de Urséolo, Conl'essor + Roussillon (França), 987.

São Sabas, Bispo e Con fessor

di stúrbios provocados pelos arianos em Antioquia. Combateu também outros hereges .

18 São I ,eobardo Recluso, Confessor + França, 593. Depoi s de con-

23

sagrar-se ao estudo, p asso u seus bens ao irmão e foi vi ver na contemp lação perto de Tours, sob a direção ele São Gregório, Bispo dessa c idade. Deus concedeu-lhe o dom dos mil ag res e o con hecimento do di a de sua morte.

Santa Emerenciana, Virgem e Mártir

19

+ Bulgária, 1237. F ilho de

São Canuto Rei, Confessor + Dinamarca, 1086. Filho ile-

Estêvão 1, fundador da dinastia e do Estado inde pendente da Sérvia, aos l 7 anos retirouse para um mosteiro do Monte Athos. Seu pai seg uiu -o d e poi s de abdicar o trono . Juntos fund aram um mosteiro para os sérvios.

gítimo do Rei Sweyn, da D inamarca, sobrinho de seu homônimo que conqui stou a Inglaterra, ubiu ao tron após a morte de seu irmão. Vítima de um a rebe li ão, Canuto fugiu para a ilha de Fune m, onde preparou-se para a morte.

15

20

São Paulo I..:rcmita, Confessor + Egito, 342. O primeiro dos

São Sebastião, Mártir + Roma, 288. Centuri ão da

Comanda nte-em-chefe ela esquadra de Veneza aos 20 anos, obteve vitórias contra os pi ratas que infestavam o Adriático . E nvolvido na luta que c ulmino u co m a morte do Doge Candiani IV, foi eleito em seu lugar.

eremitas, tornou-se órlão aos 14 anos. Aos 20 anos, durante a perseguição do imperador ro mano pagão Décio , fu g iu para uma gruta no deserto. Milagrosan1ente, um corvo trazialhe um pão a cada dia.

11

São Bernardo e Companheiros, Mártires

guarda pretoriana ele Diocleciano, s uste nta va com ze lo apostólico os confessores da fé e os mártires. Denunciado, foi trespassado com fl echas; curado milagrosamente, fo i açoitado até a morte. Tornou -se um dos santos mais popu lares em toda a Igreja . Algumas gravuras, muito difundidas, infelizmente o apresentam como um moço mole e sem fibra, quando na realidade era um soldado firme e vale nte.

Santo lligino, Papa e Mártir + Roma, 142. Grego de origem , por sua virtude e coragem foi escolhido para suceder a São Telésforo, que sofrera o martírio. Lutou contra vários heresiarcas, animou os cristãos perseguidos pe lo s pagãos e acabo u e le mesmo dando sua vida por Cristo.

12 Santo Antônio Maria Pucci, Confessor + Viareggio, Itá li a, 1892. Da Cong regação dos Servos ele Maria , sa ntifi co u-se como pároco de um porto pesqueiro e de veraneio. Dedicou-se de corpo e alma à conversão

16 + Marrocos, 1302. E nviados por São Fra nc isco de Assis para converter os mouros de Sevilha, sendo estes expul sos da cidade, dirigiu-se São Bernardo e quatro outros re ligiosos fra nciscanos para o Marrocos como capelães de mercenários cristãos do exército marroquino.

17 São Sabino, Bispo e Confessor

exorci sta, seu programa foi o ele levar os cató li cos a partic ipar intensamente do trabalho apostó lico. Para isso, fun dou a Sociedade do Apostolado Católi co.

+ Roma, 304. De acordo com o Martiroló g io Romano , Emerenciana era irmã de leite de Santa Inês. Após o martírio desta, foi rezar junto à sua tumba. A catecúmena recebeu o bati smo de sangue ao ser morta ali mesmo, a pedradas, pelos pagãos.

24 São Francisco ele Sales, Bispo, Confessor e Doutor da Jgreja + Annecy, 1622. Bispo el e Genebra, animado de profundo amor de Deus e das almas, dotado de uma bondade e suavidade excepcionais no trato, de sólida cultura e ortodoxia, fundador e diretor de incontáve is a lm as. É patrono dos jornali stas e publici stas cató licos. F oi imped id o de entrar em sua di ocese pelos ca lvini stas .

25 Conversão de São Paulo Apóstolo (Vide p. 40)

26 SanLa Paula, Viúva

Santa Inês, Virg ·m <' Mártir + Roma, 304. A fortaleza desta menina de J 3 anos assom-

+ Palestina, 404. Matrona romana da ma is alta aristocracia. Tendo falecido seu esposo, foi co nve ncida por Santa Marcela , também viúva , a e ntre g ar -se totalmente a Deus .

brou mesmo seus verdu gos, que no entanto a mataram crue lmente . São Dâmaso anto Ambrósio cantaram entusiasmados seus lou vores .

São Vita liano, Papa e Confessor + Roma , 672. Sucessor de

21

+ P iace nza , 420. Amigo de

22

Santo Ambrósio , participou de vários concílios e foi enviado pelo Papa São Dâmaso ao Oriente, por ocas ião dos

São Vicente PalloLLi, Confessor + Roma , J 850. Doutor c m Teo logia, famoso confes. ore

27

Eugêni o T no Só li o Pontifíc io , env io u à Inglaterra São Teodoro de Tarso para a sé d Cantuária, e Santo Adriano como abade d e Santo /\ gosti nh o.

28 Santo Tomás de Aquino, Confessor e Doutor da Igreja + França, 1274. O maio r teólogo da [greja foi , aos cinco anos, confiado aos mon ges em Monte Cassino, entrando depois para a Ordem domini cana, da qual é uma das ma iores glórias. Com razão chamado Doutor An gélico, por sua pureza de vida e e levação de doutrina, a qual transcende a pura inte li gência hum ana. É o patrono das esco las católi cas.

29 São Sulpício Severo, Bispo e Confessor + França, 591. São Gregório de Tours refere-se a ele com muito res peito , e logia nd o suas virtudes. Foi nomeado para a sé de Bourges em lugar de candidatos simoníacos.

30 Santa ,Jacinta de MariscoLLi + Viterbo, 1640. Se bem que ed ucada cr istãme nte, levo u vida frívola e mundana mesmo no convento, onde entrou por ordem do pai. Adoecendo gravemente, o confessor da casa não a quis atender, dizendo que o Céu n ão era feito para pessoas vãs e soberbas. Um terror sa lutar levoua ao arrependimento, remorso e de poi s reparação, transformando sua vida e levandoª à honra dos altares.

31 São João Bosco, Conl'essor + Turim, 1888. Exerceu enorme influência no campo reli g ioso e social, tendo fund ado a Sociedade Sal es iana e o Instituto das Fi lh as de Maria Auxiliadora. " O êxito dessa obra - dizia São Pio X - só pod e ex plicar-se pela vida sobre natural e santidade de seu fundador". De alm a simpl es, alegre e a rdente, não havia obstáculo que o detivesse na senda do bem.

Intenções para a Santa Missa em janeiro Será ce le brado pe lo Rev mo. Podre David Franc isquini , no s segu intes intenções: • Pe los mér itos do Ep ifania de N osso Senh o r Jesus C ri sto, ped indo paro os leitores de Catolicismo todo s os graças que necessite m ao lo ngo d est e novo ano que se inicio. E poro que o Brasil persevere, apesar do s di fi culdades, fi el à verdod e i ro Igre ja no qua l na sce u, o Ca tóli ca Apostó lica Ro mano.

lntenções para a Santa Missa em fevereiro • Supli ca nd o o N osso Se nh o ra d e Lo urd es qu e prese rve o Bra sil e os família s brasileiras do vio lênc ia soc ial , do s in vasões d e te rra s e d e cos as e do s cilada s do demônio. Bem co mo que Elo prote jo es pec io lm e nte os jovens que nos são mai s pró xim os, do influ ê nc ia do tráfi co de dro ga s e da im ora li dade.

JA


-

Camping de jovens

católicos brasilienses

Na no ite desse mesmo dia, foram real izaclos j ogos med ievai s. Utili zando símbolos que re le mbram as anti gas gestas cató li cas ci o passado, os pa rti c ipantes di sputaram diversas competi ções. A última pa lestra no aca mpamento versou sobre a cri se do mundo moderno e a so lução pa ra a mes ma: o retorno aos va lo res cató li cos qu e a lcança ra m se u auge hi stóri co na fcl aclc Média. Logo após, ocorre u a chamada "caça ao tesouro". Os in teg rantes ele duas equi pes partira m velozmente atrás de pi stas e ele vendaram enigmas que condu ziram a uma arca conte ndo barras de ouro ... de c hoco late ... No e nc rramento cio acampamento, os parti c ipantes comentavam com alegri a o que havi a m ap rendido de importante para a boa fo rm ação ela juventude naqueles d ias ele bom convívio cató li co. • E-mai l para o auto r: cato lic is1no (nlcato li cismo .com.br

P alestras de História da Civilização e doutrina católica, entremeadas com entretenimento. Eis um bom tnétodo para atrair e incentivar a juventude a aprofundar seus estudos, tirando proveito dos feriados. r,

B ERNARDO F ÉLIX DE SOUSA M ARTINS

A

prove itando os feri ados no Di strito Federal , de 30 de nove mbro a 3 de dezembro último foi reali zada em Brasília nova programação para jovens cató licos, promovida pe la Frente Universitária Lepanto . U m g rupo de 25 rapazes parti cipou de um acampamento. As atividades foram das mais vari adas: pa lestras sobre H istó ri a, do utrin a cató li ca, situação do mundo moderno e sadio entrete nimento. No primeiro dia, houve um pequeno passeio pelas cercani as do acampamento. À no ite, foi proferid a uma palestra sobre a vida do grande São Bento, enqu anto " pai da Europa cristã" e fundador da c ivili zação oc idental. Ainda no prime iro di a, após o jantar,

CATOLICISMO

uma surpresa estava reservada aos jovens pa rticipantes : um ca va le iro surgiu de dentro das sombras da no ite, usando trajes medieva is. O sketch teatra l fo i encenado para que todos tivessem presente a verdade ira luta que se trava e m nossos dia s : um mundo cad a vez m a is pagani zado e esquec ido ele Deus, be m como a obri gação que te mos todos, co mo cató licos, de defender a doutrina ela Santa lgrej a utili zando todos os me ios lega is para tanto. Na no ite do di a seguinte, ao redor de um a fog ue ira, os partic ipa ntes foram convidados a medi ta r sobre uma tremenda realidade, que é ele fé : a ex istênc ia do inferno. Fez-se a le itura d.e alguns trechos da cham ada "Carta do A lém", um manu scri to diri g ido a uma moça e re metido por sua amiga que estava condenada ao inferno. A mi ss iva, embora não

sendo uma revelação o fi c ial el a Igrej a, se coadun a ele mane ira impress ionante co m a do utrin a desta sobre o ass unto. Após este programa, te ve iníc io uma vi gília de orações ao lo ngo de toda a madru gada. Grupos ele quatro rapazes se revezaram ele hora em hora, às vezes com a recitação do Rosári o, outras com anim adas refl exões es pirituai s. No di a 2 ele dezembro, um cios integrantes narro u a hi stó ria ele Balcluíno rv, o rei leproso que, apesar ele sua terrível enfe rmidade, soube conservar na época elas cru zadas o Re in o Latino de Jerusalé m, vincul ado à Igrej a cató li ca, até se esgotare m suas forças e entregar sua be la alma a Deus. Eis um grande exemplo para o verdadeiro cató li co: apesar ele todas as dificuldades qu e temos ele e nfrentar no di a-a-di a, com a graça de Deus conseguiremos cum prir nossa missão .

JAN EIRO 2007 -


Representação blasfema e grosseira da Virgem Mari~

conlaclo tão profundo com o sobrenatural como Santo ln6cio de Loyola. Depois de sua conversão, teve ele contínua familiaridade com a Santíssima Trindade, com a Virgem Maria, e com os anjos. Conheça a vida desse santo extraordinário.

R epresentação fotográfica irreverente de Nossa Senhora, publicada na revista argentina Rolling Stone, causa indignação nos católicos argentinos, gera protestos e pedidos de reparação

A

Fumlação Argentina de Amanhã protestou no d iário

pl atino "La N ac ión", que é fili ado à revi sta "Ro lling Stone", pela publicação de um enorme quadro bl as femo da Santíssima Vi.rgem Mari a. O presidente da referida Fundação, Juan Carlos Vo iseau, e m c arta enviad a ao d ire tor de "L a N ac ió n", Juli o Cesar Sag uier, lamentou a publicação do quadro intitul ado "Nazarena", no qua l aparece uma mulher seminua segura ndo um boneco, em inequívoca alusão à Virgem M aria. Juan Carl os Voi seau declara em sua missiva: "A Puríssima

Virgem é apresentada em ofensi vo, torpe e imoral poster em

sia, qualquer tipo de selvageria terapêutica [... ], ou qualquer coisa que manipule a vida de qualquer maneira".

~

O C hil e te m estado sob pressão de grupos fa voráveis ao C ATOLI C ISMO

--._ ~CII-:

~ 11.

O presidente da Fundação pede ao jornal: que repare a te rrível ofe nsa cometida contra os católicos argentinos; que resc inda imedi ata mente seu contrato com a re vista " Rol lin g Stone"; que recolha todas as cópias da publicação di stribuída; e que enuncie um a desculpa categórica por ter ofendido a opini ão católica ultraj ada. •

A pesar das fortes pressões exercidas pela ONU, legisladores chilenos, formados numa coalizão multipartidária, rejeitam a aprovação da prática abortiva

A

1u:R513,90

pág ina dupla, com o título 'Nazarena ', santa padroeira da cultura da sucata; e também na página da Internet se pode ver uma seqüência gravada e uma galeria de fo tograf ias que tornam patente a meticulosidade da blasfêmia contra quem é o Vaso Insigne de Devoção".

Rejeitado projeto para legalizar o aborto no Chile

coali zão governante da Repúbli ca do Chi le, a despe ito de pesadas pressões exerc idas por g rupos li gados à ONU, reje itou, por maioria de votos, a discussão sobre aborto terapê uti co na Câmara dos Deputados. U m grupo de legis ladores, de no minado _Frente Parlamentar Pró-vida, conseguiu uma grande maiori a de votos (6 1 a fa vo r, 2 1 contrári os e 3 abstenções) contra um proj eto para lega li zar o aborto. O j ornal "Santiago T imes" afirmo u q ue na Câmara dos Deputados, uma vez que uma inic iativa é class ifi cada como in apropri ada à discussão, não é possível apelar para o utra instância. A coalizão mul tipartidári a esc larece que seu objetivo era opor-se a "qualquer tipo de [... ] prática eugênica ou eutaná-

Santa Clara de Assis é a versão feminina do grande São Francisco. Ela se tornou um notável e persuasivo exemplo para centenas de mulheres dentro e fora da Itália, e um marco na Santa Igreja. Os frutos de sua vida extraordinária são colhidos ainda, após tantos ' ulos.

•• Poucos santos tiveram

controle populacional ligados à ONU para legali zar o aborto - o qu e faz parte de um a coação geral levada a cabo nos países de maio ri a cató lica na América Latina. Juntamente com a minú scula nação mediterrânea de Ma lta, que poss ui um a população qu ase in teira mente cató lica e te m rejeitado repetidamente a legali zação do aborto, o C hil e está na mira de grupos e comi ssões ligados à ONU.

A entidade Acción Familia - por um Chile auténtico, cristiano y fiterte, está promovendo manifestações de apo io aos deputados anti-abo rtista , que têm evitado a "matança de inocentes". Os leitores que deseja rem env iar mensagens de apoio, podem fazê- lo por meio do site: www.accionfami li a.org

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Anjos e demônios - • lutn contra o poder das trevas

Como se livrar da timidez

os anjos e os clemônios pod ·111 influenciar no sa vicia? O que pc1m Ir da feiLiçari a, cios sabás, das 111 issas-negras, cios bru xos • l'ci ti ceiras, cio espiri 1is 111 0, da macumba , cio l?ock'11 ' Rol/'/ Essas são algumas das pcrgun1as que os autores d 'SI ' 1i vro respondem ele modo ·Juro, d · acordo com a clou1ri11 a cal l ica. Obra impresc indfv ,1 pura o ca tólico cuil o e ai uai izatlo. 248 pgs., 14x21cm

Timid ez tem cura! .. . e cura fácil! Se você é Límiclo, saiba que sua timidez está com os dias contados. Você acaba ele encontrar a solução definiti va para ela. Este livro contém um método gradua l, fácil e seguro de vencer seu problema. Si ga conscienciosamente o método nele ensinado e, em poucas semanas, você se sentirá outra pessoa. 120 pgs., l 4x2 lcm

0 1110


A felicidade inefável da despretensão e da pureza ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA

• quadro da Madonna del Miracolo (Nossa Senhora do Milagre) aparece com a fronte encimada por uma coroa e por um resplendor em forma de círculo de 12 estrel~s. A- fisionomia é discretamente sorridente, côm o olhar voltado para quem estiver ajoelhado diante d'Ela. Muito afável, mas ao mesmo tempo muito régia. Pelo porte, dá impressão de uma pessoa alta, esguia sem ser magra, muito bem proporcionada e com algo de imponderável da consciência de sua própria dig1údade. Tem-se a impressão de uma rainha, muito menos pela coroa do que pelo todo d'Ela, pelo )nisto de grandeza e de misericórdia. A pessoa que a contempla tende a ficar apaziguada, serenada, tranqüilizada, como quem sente acalmadas as suas más paixões em agitação. Como se Ela dissesse: "Meu filho, eu arranjo tudo, não se atormente, estou aqui ouvindo a você que precisa de tudo, mas eu posso tudo, e o meu desejo é de dar-lhe tudo. Portanto, não tenha dúvida, espere mais um pouco, mas atendê-lo-ei abundantemente". A pintura tem um certo ar de mistério, mas um mistério suave e diáfano. Seria como o mistério de um dia com um céu muito azul, em que se pergunta o que haverá para além do azul. Mas não é um mistério carregado, é um mistério que fica por detrás do azul e não por detrás das nuvens . Notem a impressão de pureza que o quadro transmite. Ele comunica algo do prazer de ser puro, fazendo compreender que a felicidade não está na impureza, ao invés do que muita gente pensa. É o contrário. Possuindo verdadeiramente a pw-eza, compreende-se a inefável felicidade que ela concede, perto da qual toda a pseudo felicidade da impureza é lixo, tormento e aflição. Notem também a humildade. Ela revela uma atitude de rainha, mas fazendo abstração de toda superioridade sobre a pessoa que reza diante d'Ela. Trata a pessoa como se tivesse proporção com Ela; quando nenhum de nós tem essa proporção, nem mesmo os santos. Entretanto, se aparecesse Nosso Senhor Jesus Cristo, Ela ajoelharse-ia para adorar Aquele que é infinitamente mais. Ela tem a felicidade inefável da despretensão e da pureza. Diante de um mundo que o demônio vai arrastando para o mal , pelo prazer da impureza e do orgulho, a Madonna dei Miracolo comunicanos esse prazer da despretensão e da pureza. •

Imagem de Nossa Senhora do Milagre que se venera na Igreja de Sant' Andrea delle Fratte (Roma). Diante dela ocorreu, no dia 20 de janeiro de 1842, a miraculosa conversão ao catolicismo do judeu Afonso Ratisbonne .

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 20 de janeiro de 1976. Sem revis o do nuto, .



I li

UMARI

PUNI O CüRRÊA DE OLIVEIRA

Fcvct'eiro de 2007

Nº 674

"O alfaire Wielgus" A Igreja católica é imaculada, portanto 11ao pode coe ist,i1• pucificamente com a heresia comunistél, assim como rnm pode lmvc,· coabitação entre o bem e o mal, crH,r·c a vct·dmlc e o rn·,·o

I

númeras manchetes em órgãos de impren do mundo inteiro, sobretudo da Polônia, dest c r m o r c nt caso registrado pela História como "o ff ir WI lgus". Trata-se da nomeação de Monsenhor St nlsl w Wi lgus para ocupar o cargo de arcebispo de V rsóvia, ao qual entretanto foi obrigado a renunciar, no momento mesmo que seria o da posse, devido à revelação de documentos que comprovam sua colaboração com o regime comunista [vide pp. 14-18 desta edição]. Para esta seção, transcrevemos apenas um trecho da célebre obra de Plínio Corrêa de Oliveira Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição?, na qual já denunciara, em 1963, esse tipo de colaboração: a política de "coexistência pacífica" da Igreja com o regime comunista. Política nefasta - infelizmente praticada por muitos membros do clero de países atrás da Cortina de Ferro - que consistia em calar

CARTA DO Dm1~·1·01?

5

PÁGINA MAIUANA

7

L1,:rnmA ESPIRITUAL

Nossa Senhora de Uchen (Polônia) Devoção à Santíssima Virgem - I V

p rt s ncial da doutrina católica contrária ao regime marxista e, em troca, este concedia à Igreja uma semiliberdade.

*

* *

"A orde m tempora l exerce uma ação for madora - o u deformadora - profunda sobre a alma dos povos e dos indivíduos. A Igreja não pode, pois, aceita r uma li berdade que implique em ca lar sobre os erros do reg ime com uni sta, criando no povo a impressão de que E la não os conde na. Renunciando a ensinar os preceitos cio Decálogo que fu ndamentam a propriedade privada (7° e JOº Mandamento ), a Igreja apresentaria uma imagem desfigurada do próprio Deus. O amor de Deus, a prática ela virtude da justiça e o pleno clesenvo l vimento das facu ld ades ci o ho mem, e, portanto , a s ua santificação, ficariam ass im grave mente prejudicados". •

Capa e ficha do dossiê de Mons. Wielgus como agente da polícia secreta polonesa durante o regime comunista

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KARTA [IESZENIOWA •• JACKEJ··

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Desastrosa coexistência com o regime comunista

Obstáculos ao crescimento do País em 2007

Bonecas, sintoma de posiçiio conser vadora

Naufrágio da revolução escolar e r eação sadia São João de Brito

O "Pr êmio Herodes"

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Conjunto resiclencial moclemo: pmgmatismo sem beleza

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FEVEREIRO 2007


Caro leitor,

Diretor: Paulo Co rrêa de Brito Filho

Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3 11 6

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Impressão: Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda.

E-mail: epbp@uol. com.br Home Page: http://www .c toll clsmo.com.b r ISSN O102-8502 Preços da asslnoturo onual para o môs do Fovorolro d 2007: 1

Comum : Coope rador: Ben feitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

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N o Brasi l atual muito se fala lc "0110(/áheti.,·11 w.fi111ciona/". Entretanto pouco se di ·uliu ral. vulga sobre as causas profun las d 'Ssa ·h11•u 111 ·nial Al ém de alunos que não sabem 'S ·r 'V ·r, h(i os qu ' l1l o ' 111 ' nd '111 o qu' l~cm e aqueles que nem sabem ler. Tamb 111 há adolcs · ·111 ·s qu • ·011 1pr · ·nd ·111 ap ·nas p: tl avras, mas 11t o ·stu ln11t ·s qu • passarum a frase in teira. ão os chamados "01111(/'rli1eto,1·.fi111cir111oi.,·" anos em esco las, cm to los os nív ' is d · ·11si no, rn as s:1· 111 d ·las s •111 sab ·r 1' r ou ·ser •ver corret::i rn cnt . O problema tílo not 1rio, qu • 111 ·du ·adores 'squcrdistas e adc1tos da p dagogia moderna estão discut i11do o l'ra ·asso, il pro ·ura de urna solução. Mas a questão é ainda mais grave: muitos d ·I s estão de tal moclo a1cgados aos cl sgasta los tabu s da " nova" pedagogia, que se recusam a reconhecer o erro e a voltar atn1s, ou seja, à pedagogia trad icional. Na matéri a de capa ela presente edição, Catolicismo aponta as verdadeiras causas cio problema c suas devastadoras conseqüências. O autor, José Antonio Ureta, pesquisador da omi ssão de Estudos da TFP francesa, vem há anos estudando esta questão e apresenta a nossos leitores um trabalho de muita atualidade. Seu campo de pesquisa abrangeu sobretudo o ensino na França, mas o problema é o mesmo em nossa pátri a. Urna das causas anali sadas pelo autor é a co-educação, ou educação mista . A lguns países vêm realizando ex peri ências em separar as classes por sexo - conforme se fazia trad icionalmente - e o resultado tem sido altamente positivo. Os educadores, até mesmo ex-adeptos da pedagogia moderna, constataram que o resu ltado foi mui to superi or ao que imaginavam. O rendimento escolar e o entusiasmo pelos estudos revelaram-se notavelmente superi ores ao atin gido pelos estabelecimentos escolares em que é adotado o sistema de co-educação. "Pelosfrulos conhecereis a árvore". Como qualificar os frutos ela pedagogia moderna, revolucionári a e iguali tária? Catastróficos! Um desastre completo, um baixíssimo nível de aprendi zado. Nas classes mistas, a atenção tanto dos meninos quanto elas men inas nas aulas é sensivelmente menor, poi s ficam prestando mai s atenção neles mesmos, corno ·e estivessem num clube. O ensino nos colégios em que se estabeleceu a separação dos sexos ev ita distrações; os alunos ex põem melhor suas idéias; não fi cam preocupados mais em aparecer do que em aprender; e fazem suas perguntas sem receio ele serem mal vistos pelo sexo oposto. É de conhecimen to científico inquestionável que a maturação física e psicológica elas meninas é mais precoce que a dos meninos; além disso, seus cérebros desenvolvem-se ele modo diferente; adolescentes masculinos e femininos não apreendem de modo igua l. Em conseqüência, elevem ser educados de modo diferenciado. N essa importante matéri a, o leitor é convidado a considerar o · belos e bons frutos produzidos no passado pelo ens ino tradicional , fundamentado na formação religiosa e moral , propugnado pelo Magistério trad icional da Igreja e reconhecido hoj e pelas mais modernas experiências científicas. Exemplo lu minoso ele documento desse Magistério é a Encíclica Divini 11/iu.1· Magislri ele Pio XT sobre a educação cri stã da juventude, de 3 1- 12- 1929. Desejo ao caro leitor uma boa leitura, comparando os bons frutos da pedagogia tradi cional com os efeitos desastrnsos da pedagogia dita moderna. Ass im , poderemos di zer que pelos frutos discern iremos a m,1 e a boa pedagogia; pela boa ou má formação dos alunos reconheceremos o bom e o mau sistema pedagógico.

11$ Ir.o,oo R$ 280,00 R$ 4 0,00 R$ 10,00

CATOLICISMO Publicação mensal da Editoro PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA .

Em Jesus e Maria,

~~7 1 IIW l'OR

p.111 lohrito(ol ·ntoli ·is1110,c.:om .hr

Nossa Senhora de Lichen: uma advertência para os dias de hoje D ifíceis de ser interpretadas com precisão, as profecias da Santíssima Virgem feitas em Lichen, na Polônia, avisam sobre mais provas e mais glórias para o futuro V ALD IS GRINSTE INS

Mas Nossa Sen hora apareceu a Tomasz, portando um manto ele ouro e uma ág uia branca na mão. A vi sou que ele vo ltaria

à sua regi ão, o nde deveria procurar uma imagem que fosse

A

parec ida com E la, e cuj a devoção deveri a promover. To masz de fato se rec uperou dos fe rimentos e vo ltou à sua

hi stória da im agem de L ichen começa no lo ng ínqu o

ano de 18 13. Napol eão e seus so ldados levara m a Revo lução a toda a E uropa, e naque la época começava

região. Mas a busca ela imagem parecia não levar a nada. A no

uma séria reação contra ele. N esse ano trava-se a batalha de

após ano ele percorria a reg ião, e nada enco ntrava . E m 1836,

Le ipzig, também chamada "batalha das nações", na qual morreram o u ficaram fe rid os perto ele 80.000 soldados. Entre eles

após 23 longos anos, ele conseguiu uma imagem adeq uada. No iníc io co locou-a em sua casa, mas depois levou-a para um a

estava To masz K lossowski , que pediu fervorosamente a Nos-

pequena capela na fl o resta vizinha. Este é um costume ainda

sa Sen hora para não m orrer longe el e seu país . O pedido não

popular no país, o nde pelos cam inhos e enc ru zilhadas é fre-

era in signifi ca nte, seja pela gravidade das fe rid as, seja porque, nas primitivas co ndições sa nitári as da época, ser ferido

qüente enco ntrar cru zes e image ns de N ossa Senhora. Mas a devoção não se difundiu, e a im agem ficou soz inha

gravemente era quase uma condenação à morte .

na floresta. Até o ano de 1850, quando o pastor ele ove lhas

FEVERE IRO 2007 . . .


Mikolaj Sikatka passo u di a nte da imagem e teve uma vi são de Nossa Senhora. A Virge m se queixou amargamente dos numerosos pecados que era m cometidos na região, e pediu para as pessoas rezarem o rosário . Igualmente solicitou que os sacerdotes celebrassem a mi ssa com a dev id a reverê ncia. E la desejava que a imagem fosse colocada num local mais adequado, para tornar fácil às pessoas rezar cli.ante dela, e ass im escapar da epidemia que ia ser envi ada por castigo dos pecados. Finalmente profetizou que iam ser construídos um mosteiro e um santu ário a Ela dedicados e m Lichen, onde fari a conhecer suas glórias . O pastor começou a difundir a mensagem, mas as pessoas não acreditavam nele. Além di sso, foi feito pri sioneiro pelos russos que invadiram o país. Em 1852, quando estourou uma epidemi a de cólera que dizimou os habitantes ela região, afinal estes se Lembraram cio que tinha predito o pastor. Imediatamente as pessoas foram rezar diante ela imagem, e uma comissão episcopal foi fo rmada para verificar a veracid ade da aparição. Essa comi ssão de fato recomendou re move r a imagem para a igreja paroq ui al ele Lichen, o que foi fe ito algum tempo depois. Ali ela ficou 149 anos , até ser levada para o enorme e suntuoso santuário que é a glóri a da região. De fato, é a sétima igreja maior ela Europa. A imagem fo i coroada canoni came nte no dia 15 ele agosto de 1967, apesar cios obstácul os opostos pelas autoridades comunistas. E foi ass im , no meio de idas e vindas, que se firmou a devoção a Nossa Senhora de Lichen. Hoje o sa ntuário, ded icado especialmente ao sacra mento da Confi ssão, é visitado por um milh ão ele peregrinos anualmente.

A mensagem ele Nossa Senhora Passo agora a tran screver as partes essenciai s ela mensagem de Nossa Sen hora ao pastor Mikolaj no dia 15 de a osto ele 1850. Evide ntemente, como toda revelação parti c ul ar, ·la não obri ga à fé. Mas aqueles que piedosa mente a ·onsi l ·rarem pode m tirar para si mesmos critérios para a aná li s · do mundo contemporâneo, ele grande utilidade esp iritu al. "As pessoas pecam continuamente, não pensam e111 fa zer penitência e mudar de vida. Não passará muito tempo, e sercio por isso sever unente castigadas por Deus. Ca ireio 111or1as de repente e não haverá quem as enterre. Morre reio v ,1/ws, morrerão crianças no ato de serem alim entadas por suas ntcies. Rapazes e moças serão castigados, pequenos 61fcios clwrarcio seus pais. 1 Depois virá uma longa e terdvel guerra. 2 "A misericórdia do Pai Celestial é in esg otável, e tudo pode ser ainda mudado. Quando houver santos no país, este poderá ser salvo. O país precisa de santas mães. Eu cuno vossas boas mães, sempre as ajudarei em cada necessidade.

-CATOLICISMO

Eu as entendo: fui mãe, com muitas dores. "As mais pérfidas intenções dos opressores, vossas mães as quebram. Elas dão ao país nurnerosos e heróicos filhos. No período de um incêndio universal, esses fi lhos arrebatarão a pátria li vr,,1 "Sotw1r1.1· se111eo rá a discórdia e11tre os ir,,, ,os. Ncio estarão ainda cirntrizada.1· todas as f eridas, e não c1·escer6 uma geração até que a te/'/'a, o ar e os mares se tinjam de tanto sangue como até hoje não se viu. " Esta terra se rá impregnada de lágrimas, ·inw , sangue de mártires da santa causa. No coração do país a ju venlude perecerá na fogueira do sacrijf.cio. rianças i11.ocenles morrerão pela espada. Esses novos e incontáveis mártires suplicarão diante do trono da jus/iça de Deus por vós, quando se realizar a batalha .final pela alm a dCJ nação, quando sereis julgados. No fogo de longas provCJções a fé será purificada, a esperança não desaparecertí, o amor não cessará. Andarei entre vós, vos de.fenderei, vos ajuda.rei, por vosso intermédio ajudarei o mundo. "Para surpP.\'C/ de Iodas as nações, da Polônia surgirá a esperança para a l11111 w11idade ato rmen!ada. Então todos os corações se movertio de alegria, como há mil anos não houve. Este será o 111oior sinal dado à nação, para que caia em si e para que .1· • recoi(f'orle. Ela vos unirá. Então, nesse país atormenta lo e lt u111illwdo descerão graças excepcionais corno não houve 116 111il onos. Os corações j ovens se moverão. Os seminários e co11 ve111os estarão cheios. Os corações poloneses expandi reio a .fé no oriente e no ocidente, no norte e no sul. A paz de Oeu.1· se estabelecera " .

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01110 se pode notar, não são de fác il interpretação essas prol"ccias. Mas elas são conhec idas e aceitas na Po lôni a há muitos ano . Merece espec ial atenção o fato de Nossa Senhora Iigar o castigo, que são a guerra e as epidemias, aos m11nerosos pecados ex istentes. l sto porque hoje está na moda um a teo logia deformada, que insiste e m que Deus não castiga. Como ensin a Santo Agostinho, de vemos od iar o pecado, mas amar o pecador. E o pecado, pior ainda a empáfia em se mostrar pecador, atrai a cólera divina. Peçamos pois a Nossa Senhora a conversão dos pecadores, a maior mi sericórdi a que podemos ter por eles . •

E-mail do autor: va lcl isg rin stcin s@cato li cismo co111 .br

Notas : 1. Refere-se à ep idem ia de có lera que devastou a região em 1852. 2. Pode bem ser a Guerra da Cri méia, em que se enfrentaram a Rú ss ia (ela qua l a Pol ôni a era parte) , a França e Inglaterra. J. Após a Primeira Gu erra Mundia l, a Polônia recuperou a incle1endência. 4. A Seg unda Guerra M undial.

Devoção a Maria Santíssima - IV P rosseguimos com algumas considerações de São Luís Maria Grignion de Montfort* a respeito da suprema importância da devoção marial, sobretudo para aqueles mais chamados a uma perfeição particular e a devoção à Virgem Santíssima é necessári a a todos os homens para conseguire m simplesmente a salvação, o é ainda mai s para aqueles que são chamados a uma perfeição particular; nem creio que uma pessoa possa adquirir uma união íntima com Nosso Senhor e uma perfeita fidelidade ao Espírito Santo sem uma grande uni ão com a Santíssima Virgem e uma grande dependência de seu socorro. Só Maria achou graça di ante ele Deus (Lc l,30), sem auxíli o de qualquer outra criatura. E todos depo is dela, que achara m graça diante de Deus, acharam-na por intermédio dela, e é só por E la que acharão graça os que ai nda virão. Maria era cheia ele graça quando o arcanjo Gabriel a saudou (Lc 1,28), e a graça superabundou quando o Espírito Santo a cobriu com sua sombra inefável (Lc 1, 35). E ele tal modo E la aumentou essa dupl a plenitude, de dia a dia, de momento a momento, que chegou a um ponto imenso e inconcebível ele graça, de sorte que o Altíssimo a fez tesoureira de todos os se us be ns, dispensadora de suas graças, para enobrecer, elevar e enriquecer a que m E la quiser, para faze r entrar quem Ela quiser no ca minho estreito do Céu, para deixar passar, apesar ele tudo, quem Ela quiser pela porta estreita da vicia eterna e para dar o trono, o cetro e a coroa de re i a quem Ela quiser. Jesus é em toda parte e se mpre o fruto e o Filho de Maria; e Maria é em toda parte a verdadeira árvore que dá o fruto da vida e a verdadeira mãe que o produz. [... ] Todos os ricos do povo, para me servir da expressão do Espírito Santo (S I 44, 13), suplicarão, conforme a explicação de São Bernardo, vossa face em todos os sécul os, e particularmente no fim do mundo; isto é, os mais santos, as alm as mais ricas e m graça e em virtudes, serão os mais assíduos em rogar à Sa ntíssi ma Virgem que lhes esteja sempre presente, como seu pe1foito modelo a imitar, e que os socorra co m seu auxílio poderoso. [...] As grandes almas, cheias de graça e de zelo, serão escolhidas em contraposição aos inimigos ele Deus, a borbulhar em todos os ca ntos, e serão espec ialmente devotas da Santíssima Virge m, esclarec idas por sua lu z, alime ntadas de se u leite, conduzidas por seu espírito, sustentadas por seu braço e guardadas sob sua proteção, de tal modo que combaterão com uma das mãos e ed ificarão com a outra (cf. Ne 4, 17). Com a di reita combaterão, derrubarão, esmagarão os he reges com suas heresias, os cismáticos com seus cismas, os idólatras com suas idolatrias e os ímpios com suas impi edades; e co m a esq uerda

Maria é em toda parte a verdadeira árvore que dá o fruto da vida e a verdadeira mãe que o produz

ed ifi carão o templo cio verdadeiro Salomão e a cidade místi ca de Deus, isto é, a Santíssima Virgem que os Santos Padres chamam "o templ o de Salomão" e a "cidade ele Deus". Por suas palavras e por seu exemplo, arrastarão todo mundo à verdadeira devoção, e isto lhes há de atrair inimigos sem conta, mas também vitórias inumeráveis e glória para o único Deus. • Nw: Tratado da Verdadeira Devuçüu à

*

/

S0111íssi111u Virg,e11/eclitora

Petrópoli s, 6' Ed ição, 196 1, pp. 45 e ss.

7

Vozes Lida. ,

FEVEREIRO 2 0 0 7 -


Rezemos para que os cas ti gos de 2006 sejam to mado s a sé ri o neste novo ano que se ini cia. (C.A.C. - PE)

Opinião unânime

Castigo restaurador [8J Se não tivermo s co nfi ança em Deus, pode-se facilmente ficar " pirado" ao considerar o mundo todo bagunçado. N ão ex iste nenhum país em ordem. Um pouco mai s, um pouco menos, todos os países estão desordenados, alguns até desgovern ados. Um que sobressai: a Venezuela. Rica em petról eo, m as paupérrima qu anto a govern antes. Quando vejo o coronel Chávez fal ando na TV, perco a trnmontana. Não tanto devido às suas incoerências, mas é espantoso ver que tem gente que acha graça. Outros até o levam a sério, inclu sive algumas altas fi gura leste também pobre B ras i 1. Devido a tantas incoerências, muitas vezes tenho que parar de assi stir o noti c i ário e prefi ro espairece r meu espíritu , poL meus nerv os não suportam tais arengas. E um modo ele espa irecer o espírito é ler e r I r algum arti go clonos o Catolicismo. A análi s cios acontecimentos é fe ita de modo objetivo e por pessoa que têm rê, qu mostram a gravi dade cio incêndi o, mas que depos itam co nfian ça em De us, que cas ti a o mundo por ig no rá-Lo. Aqu ele que cri ou e governa o mundo envi a ocastigo, mas para restaurar a ordem nos países, castiga como o pai que procura corri gir o filho.

-CATOLICISMO

[8J Al ém da brilhante retro spectiva publicada na revi sta deste mês [janei ro] , gostaria ele comunicar- lhes que todos em casa achara m brilhantes as co l ocações cio arti go ele Adolpho Linclenberg sobre a " Arte Contemporânea", as respostas cio entrevi stado G ilberto Ca ll aclo, o arti go sobre a importância elas refeições (para o convívio familia r é prim ord ial) e a hi stóri a ela conversão do Apóstolo Paul o. I sto para dar alguns exempl os quanto à opini ão geral, mas a rev ista inteira foi muito apreciada e todos os artigos nos ed ifi caram bastante, sobret ud o aq uel es refer entes à Santíss ima Virgem M aria. Em nome de minha fa míli a deixo consignado nosso muito obri gado e nossos votos ele um Feli z A no Novo a todos vocês da Ed itora. (P.P.C.F. - SC)

Justa indignação [8J Recebi um e- mail de um am igo cubano indi gnado com os j orn ais brasileiros. Indi gna lo porque: 1) torceram pel a pri são de Pin ochet, enquanto Fide l Ca tro permanecia so lto, apear de ter enca rcerado inju stamente dezena, de milhares de cubanos e mandado executar quase 30 .000 inocentes (sem falar daquele que morreram em fu gas de es peradas pe lo mar) ; 2) Indi gnado porqu e vozes oficiais no Brasil decl araram que o período Pinoc het fo i " um período negro na hi stóri a"; que tal período fo i "o mai s so mbri o de toda hi stóri a da América do Sul " . Entretanto, tais vozes nunca condenara m o período este sim, horrivelmente " negro" e terrivelmente " sombrio" - cio govern o marx i sta no hil e, co m Sa l vado r A ll end e, qu e an1 ecede u à er a 1 in oc h t ; 3) I ndi g nad o porqu se

rejubilaram co m o falec im ento de Pinochet e seguramente prantearão a morte do ditador cubano, quando receberem a notícia desse passamento. T ermin o tradu zindo um trecho do referid o e-mai 1: "Fidel ajimdou Cuba

na mais neg ra núséria , enquanto Pinochet tirou o hile da rniséria, e hoj e, graças a se11 governo, aquele país é o que ruais cresce e ·011omicamente na América Latina. C111 Cuba, rnesrno nos "melhores" bairros, as casas estão caindo aos pedaços, são cortiços; os "rnelhores" carros não rodam., se arrastarn, são latas velhas da década de 50. Cornparem as prósperas avenidas de Santiago do Chile com as de Havana ... ". (G.B.I. -

PE)

Amnésia coletiva? Anestesia ? [8J Considero um verdadeiro escâ ndalo o fato de a A lerj (Asse mbléi a L eg islativ a do Estad o do R io de Janeiro) condecora r Hugo C hávez. A inda mai outorga r- lhe a mais alta distinção honorífi ca do Estado: a M edalh a Tiradentes . Ta l reverênc ia signi fica prestar honra a quem não a merece; desmerece e deso nra aqu eles que j á recebera m essa condecoração. Os deputados ele tal A ssembl éi a (refiro-me àqueles que aprovaram a honrari a) não sabiam que o populi sta C hávez não res peita sequer a I iberdade de ex pressão? Que não respeita a liberdad e de imprensa dos meios de co muni cação que não fa ze m eco a seus di scursos? E le está por fechar a " RCTV ", o canal de telev isão mais anti go el a Ven ezuela, porq ue este fo i considerado "c ríti co" do governo. V ou aqui enumerar apenas algumas "co isinhas" que no mo mento estou lembrand o, po rqu e depoi s vo u compl eta r a li sta e mandá- la a suas exce lênc ias, os nobres deputados cari ocas, que passa m por um período de amnés ia coletiva . * Na contra-mão ela Hi stór ia, e à máx im a ve loc idade, a Venezu el a é dirigida pelo senhor Hu go hávez, n ca minho ela es tatização das gran-

eles empresas particulares. Ele decretou que: "absolutarnente todo o setor enérgico do país " será nac ionaI izad o. * Além ele fechar a rede de televi são ac im a mencionada , aboliu a independência cio Banco Central e j á nac ionali zou as companhi as tel efôni cas e ele eletricid ade. * N ão custa lembrar aos nobres deputados cariocas que até no Vietnã comuni sta - devido ao fia sco produ zid o pel a e. tati zação - está em curso a privatização elas companhias estatai s, inc lu siv e as indú stri as de petróleo e gás. Graças a isso, aq uele país tem crescido e atraído volumosos investim entos . Com a economia abe r ta, até o Vi etn ã tem cresc id o co mo nunca. * O líder venezuelano tem repeti do: "Nada nem ninguém poderá nos

desviar do caminho para o socialismo boli variano". A jul ga r pela homenagem em foco, parece que nada mes mo. É para i sso que o exército venezue l ano está se armando para enfrentar qualquer confronto: 24 caças Su -30, 35 heli cópteros e 100 mil fu zis AK- I 03. E está em vias ele comprar 15 subm arin os, 138 navi os, radares, comp lexos anti -aéreos e fábricas bélicas. * Hugo Chávez j á obteve o poder para go vern ar " por decreto" por 18 meses. Bem como abo liu a restri ção ao número de vezes que um pres idente pode se reeleger. Ou sej a, ele poderá manter-se no poder indefinidamente. N o mome nto, el e trabalha para a cri ação ele um partido único (será o Partido Socialista Unido da Re volução Bolivariana). Este é um democrata que merece a M eda lha Tiradentes? * Na Al erj, C hávez termin ou seu longo e inflamado di sc urso (duas horas e I O minutos) brada ndo: "A té a

vitória. Pátria, socialismo ou morre". É in acreditáve l ta l afirm ação depoi s da qu eda do Muro de Berlim. Com tal queda, o que f icou escancarado é qu e soc iali smo é sinônimo de morte. Em todos os países onde ele foi

impl antado, o que mai s se produziu foram mortes. Basta , para co mproválo, ler mei a-dúzia ele pág in as do Livro Negro do Comunismo. Será que para os "c hav ista s", as crate ras ele cadáveres - imensa mente mais profunda s que aquela da obra cio metrô de São Paulo - não foram sufi cientes? Desej am ainda mai s? É muita cru eld ade, muita ignorânci a ou muita amnésia. * Quem ac hava que "co muni smo j á era", este sim, " j á era". Chávez no pl enári o da A le1j bradou: "Fidel é um hom.ern que nunca morrerá". Podemos di zer que, pelo menos, sucessor já tem .. . Ali ás, despedindo-se, levantou os braços e gri to u: "Q ue Che Guevara viva! ". Quer di zer : que viva a guerrilh a, que v i va o terrori smo, viva as mãos suj as ele sangue. * N ão estão os senhores deputados cri ando corvos que nos arrancarão os olhos? O s "cri adores" não chorem depoi s, quando virem os dedos apon tando os culpados da boa alimentação que dera m aos corvos ... Será dev ido a esta li stinh a ele fe itos, que os nobres deputados condecoraram o senhor Chávez? C usta-me crer que seja por isso. Prefiro, no momento pelo menos, di zer: "Não, não

pode se,: Certamente, toda hornenagem prestada foi devido a um processo de amnésia". E é por isso que desejo com uni car a tai s deputados esses e o utros fatos, para qu e possa m rememori zar. M as tal vez estejam eles anestesiados mentalmente ou hipnotizados. Por quem? Não sei. Só sei que, neste caso, a patol og ia é muito mai grave e duvido que tenha cura.

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E m tempo: O que anda faze ndo Mahmucl Ahmaclinejad, o mandatário irani ano - aquele mes mo que engendra algumas " bombas-atômi cas" - , em suas andanças pela América do Sul a conv ite de C hávez? A hmad i nej ad já esteve várias vezes na V enezuela e, mais recentemente, esteve no Eq uador, Bol ív ia e Nicará-

gua agora em mãos de Daniel Ortega, o famoso guerrilh eiro sa nclini sta. Que D eus salve também a Am érica cio Su 1! (C.F.D. - RJ)

Moral católica esqueci<la 18) Recebi a revista e estou muito sa-

tisfeito, ela é marav ilh osa, abord a temas atuais e interessantes que nos aj udam a fo rta lecer a fé e a moral cató li ca. M oral que está sendo esquecida e simpl esmente ignorada pelas pessoas, devido à influência ela mídia, ele autoridades e importantes pessoas ela própria l greja católi ca. (A.A.O. - MG)

Autorização [8J V enho por meio desta pedir permissão ao Cônego José Luiz Villac para reprodu z ir em nosso boletim bimestral as respostas que ele deu às 3 perguntas el as páginas 10 e 11 [Catolicismo , janeiro/2007]. A di stribui ção é apenas entre nossos paroqui anos. Podemos ? (N.E.B. - MG)

Nota ela redação: N orm a ge ral para conhec imento de todo s: Para se tran sc rever matéri as publi cadas em Catolicismo, apenas se ex ige a citação da fonte. Ou seja, que determinad a matéri a fo i publicada na rev ista Catolicismo, na edi ção ele [mês e ano]. N ão é condição sine qua non, mas pede-se que: 1. In sira-se no fi nal da matéria reproduzida, que ela se encontra disponível no site www.catoli cismo.com.br 2. Se possível, que se envi e para nos o endereço (v ide p. 4) uma cóp ia da publicação para nossos arqui vos.

FEVERE IRO 2007 -


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a Pergunta l - O que a Igreja Católica faz para não ser politizada? Resposta - Jesus Cristo respondeu a Pil atos que seu reino não é deste mundo (cfr. Jo 18, 36). N ão cabe à Igreja, portanto, po litizar-se ne m deixar-se politi zar. Os que pregam isso, hoje em di a, são os adeptos da Teologia da Libertação, que, adema is, de ixa m-se geralme nte intox ica r com os princípi os marxistas. E por isso fo ram o bj e to d e um a ce ns ura d a Congregação para a Do utrina da Fé, no Pontifi cado de João Paul o II. O te rmo po liti za r, e ntretanto, é muito ampl o e poderi a dar margem à interpretação errô nea de que a Igrej a não te m que imi scuir-se em nada nos ass untos te mporai s. Q uando Jesus C risto deu orde m aos Apósto los que pre-

CATO LI C ISM O

gassem o Evange lho a toda cri atura (cfr. Me 16,15), evi de nte mente queria que os homens se deixassem impregnar de sua doutrina, o que, ali ás, está ex pli c itame nte dito no e va ngelh o de S ão M ate us:

" Ide, pois, ensinai a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei" (Mt 28, 19-20). Ora, ori entando-se pe los prece itos do E vangelh o e m sua vida particular, os homens naturalme nte apli ca m esses princípi os na vida fa mili ar. E como a fa míli a é a célul a bás ica da soc iedade, os mes mos princípi os se projetam sobre toda a vida econômica, soc ia l e po líti ca. Entende mos então, no mesmo contexto, o di á logo entre Jesus e Pil atos, sua vi gorosa resposta: "Sim, eu

sou rei. É para dar testernunho da Verdade que vim ao mundo. Todo o que é da Ver-

Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

dade, ouve a minha voz" (Jo . 18, 37). Ass im , a Igreja influencia todos os setores da soc ie !ade, mas o faz sobretudo impregnand o-os com os princ ípios do Evange lho, e não tomando E la mesma a direção po lít ica d a soc ied ade. Se m dúvida, sempre se admitiu um pape l es pec ial da Ig rej a nos servi ços que hoj e são abran g id os pe los mini sté ri os d a Edu cação e Saúde, mas d a d ireção do Estado ela norma lme nte se abste ve. Só excepc ionalme nte, e quando requi sitada, fo rneceu e le me ntos de se us qu adros para reso lve r algum impasse no campo políti co, d o qu e a hi stó ri a d o Brasil fo rnece a lguns exe mpl os c láss icos. Convé m ter em mente estes prin c ípi os e es tes exempl os hi stóricos para uma avali ação matizada do q ue gera lme nte se entende por " po li tização da Igreja".

Ade mais está na m1 ssao da Igreja condenar os desvi o morais, ej am e les individu ais ou s c iais; de uma pessoa, de um g rupo ou de um a nação.

Pergunta 2 - Como estão as relações entre as religiões após o 11 de Setembro? Resposta - O I I de Setembro constituiu uma mani festação sum a me nte od iosa de fa nati s mo. Era natura l q ue produzisse estupefação e indi g nação ge ra l e m todo o mund o c ivili zado. Fa lo u-se insistente mente nu ma guerra de c ivili zações, e ntTe o mundo oc ide ntal e cristão, de um lado, e o mundo muçulmano, do outro. Tudo faz cre r que chegaremos até lá, e que a Terceira G uerra Mund ial será a concretização disso. Uma g ue rra de c ivili zações nestes termos teri a ev ide nte me nte um co mpo ne nte re li g ioso fund a me nta lme nte pre po nd e ra nte, se be m q ue pode não ser excl usivo. O utros in te resses im por ta ntes entrari am em jogo. De q ua lq uer modo , os atentados de 11 de Setembro parecem te r sido rea li zados, entre outras coisas, pa ra levantar eno rmes contingentes do mun do muçu lmano e uni los co ntra o Oc id ente. Essa irru pção e essa uni ão são hoj e muito ma is propaga ndeadas do que antes do 11 de Setembro, mas seri a um exage ro afirma r que e las consegu iram galvanizar todo o mu ndo muçu lm ano. P rova d isso é a fascinação q ue a prosperidade do mundo oc ide nta l ainda exer-

ce sobre esses povos, nos qua is muito mais gente pensa e m e migrar de suas pátri as, para usufruir dessa pros peri dade , do que levantar-se para derru bá-la. Não ob tante, o perigo de q ue isso aco nteça é evidente, e seria preciso envidar todos esforços possíveis para conju rá- lo. É do q ue trata a próxi ma pergunta.

Pergunta 3 - Quais as soluções para a paz entre as religiões?

1

Resposta - Tudo q ue fo i d ito até aqui deixou de lado uma q ues tão fu nda me ntal, que é o estado moral e religioso da humanidade como um

todo, e do mundo ocidental e cri stão de modo partic ular. M undo cristão? O mundo ocidental ainda pode ser chamado de cristão? Sem dúvida, nos últimos tempos tem havido, em divero campos, uma "direitização" das nações nesta prute do mundo, que se man ifesta pela oposição crescente ao aborto, à eutanásia, às uniões homossexuais, etc. São motivos autênticos de esperru1ça. Mas a deterioração moral nessas sociedades já atingiu limites inimaginávei , de modo que é muito duvido o que a mencionada retificação de rumo seja, por si só, suficiente pru·a uma corre-

ção séria e generalizada dos padrões de moralidade. Ora, sem esse retorno da huma nid ade aos prin cípios mora is, não haverá paz du radoura nas fa míli as e nas nações. E um confli to de civili zações parece inev itável. Focalizada nesta perspecti va, a pergun ta sobre a " paz entre as re lig iões" equiva le a indagar sobre as so luções para "paz entre as c ivilizações". E a solução só pode ser um a: o retorno da humani dade à prática dos Dez Manda mentos da Lei de Deus e Preceitos de sua Santa Igrej a - do Deus verdade iro, e não dos simul acros de barro oferec idos à adoração dos homens. •

Ativista favoróvel oo casamento homossexual

FEVEREIRO 2007

1111111


A REALIDADE CONCISAMENTE

1

Primeira dama de Uganda: só a castidade é garantia contra a AIDS

N Espanha: 94% das notas de euros impregnadas de cocaína

S

egundo análise do laboratório catalão Sailab, divulgada pelo di ári o de Madri "El Mundo", 94% das riotas ele euros que c irculam na Espanha têm traços ele cocaína. Os usuários da droga enrolam as notas para formar um canudo, por onde asp iram o pó ela cocaína. Na Es panha o governo socia li sta liberali zo u o consumo e porte de drogas. E m vi sta di sso, há cerca ele 475.000 cocainômanos " regulares". Índices análogos ele cocaína foram co lhidos nas notas em países que despenal izaram o uso e porte ela droga: na Al emanha em 2003 e na G rã-B reta nha e m 2002, o nde també m apa receram traços ele hero ína e ecstasy. •

o Dia Mundi al da Luta contra a AIDS , a primeira dama de Ugand a, Janet Museveni , fez para os jovens do país um enérgico e log io da castidade como o me io mais efi caz para ev itar o contág io. "Não ponham em. perigo suas vidas usemdo instrumentos como os preservativos, indo contra o plano de Deus. [... ] Honrem seus corpos como templo de Deus ", dis se Mu eve ni . U ga nda, pregando a castidade, é dos países mai s bem sucedidos no combate à AIDS. Po ré m, naq ue le di a o mundo todo teve que assi tir, em loca is públicos ou na mídi a, a ,uring manifestações av iltantes em favo r ood and dos métodos imora is; qu e, a li ás, não são eficazes contra a AlDS e Janet Museveni, primeira domo de Uganda atraem a ira de Deu s. •

A

po líc ia espanho la desvendou na mesquita Da rkaw ia, e m G ranada (Espanha), um "segredo ele I o lichine lo" : o templ o era centro de recruta mcnt ela rede terro ri sta de Osama Bin Laden e cio narcotráfico que a fin anc ia. O nze cornbatentes da ji!tad (guerra "santa" islamita) fora m d tidos . rampo po li cia l gravo u conversas nas quai s f'i guram frases como: "Se Bin Laden te rnanda mata,; vocc? /e111 que i,; você jurou "; "dispara !co ntra o inimi oi se111111edo, gritando 'deus é grande"' ; log ios do at e ntado suic ida, porque este leva ri a ao lúbri ·o " paraíso de Mao mé"; e exortações à imo lação " por 1 ·us". Ainda segund o o diário " AB " d Madri , ' 111 outras gravações o premiê socialista Za pat 'ro aprovado por ter retirado as tropa espanh o las do Iraque. •

CATOLICISMO

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presidente el a Romê nia, Traian Basescu, condenou oficialmente o socialismo sov iético que oprimiu seu país durante quase me io sécul o. É o prime iro chefe ele Estado a fazê- lo. Antes tarde do que nunca: em muitos países ex-comunistas nada fo i fe ito, os membros impunes dos PCs se rearticularam e estão no poder sob máscara populi sta ou ele um sociali smo mi ti gado. Basescu a firm o u: " O reg ime exterminou cenlenas de milhares de pessoas, [... ] /ratou toda uma população como um grupo de cobaias numa experiência de laboratório". O sociali s mo so viético na Ro mênia mostrou toda sua face: iguali tá ria, sad icamente criminosa e anti católica . •

China reconhece: é a fonte do macabro tráfico de órgãos Estado indiano equipara direitos de homens e elefantes! Suprema Corte de Justiça cio estado de Rajastão (Índi a) sentenciou que o e lefante é uma "criatura vivente equivalente ao ser humano", esta ndo em pé de igualdade com o ho me m, inclusive para efeitos cio seguro ele vicia, informou a agência indiana DNA. Na decisão, pesaram perniciosame nte as fa lsas crenças hincluístas, egundo as qu ais a alma humana se reencarna sucessivamente em ani mais e vegetais. Daí um cul to à natureza de tipo pante ísta, como se vê na foto abaixo, de popul ares "rezando" diante de um e lefante morto. Até lá chegam os absurdos do pagani smo. E até lá quer nos arrastar certo eco logismo radica l! •

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Mesquita de Granada: centro de recrutamento terrorista

Na Romênia, condenação oficial do comunismo

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governo ela C hin a com uni sta reconheceu que alimenta o macabro mercado negro de órgãos para transplante, extraindo-os ele presos executados, sem aprovação dos fa mili ares. Há tempos, médicos chineses arrependidos denunciam esse mórbido tráfico, que inclui a execução ele prisioneiros para atender a demanda dos "clientes". Tal notícia suscita uma reflexão: enquanto a Civilização Cristã cria na Terra um ambiente que prepara as almas para o céu, o socialismo e o comunismo constroem um sistema de vida semelhante ao infe rno. • Condenados o morte escutam o sentencio, em Naning, na China

Estranha assembléia esotérico-ecológico-esquerdista

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euniu-se e m Brasíli a o f Fo ro Espirilual Mundial para "construir uma nova re li gião planetária" . A "estrela" do evento foi o ex- frade e teólogo da libertação Leonardo Boff, que leu a Ca rta da Terra, mani festo gnóstico-panteísta que vi sa e tu lta e blasfe matoriamente substi tuir os LO Mandamentos. Espíritas, pajés, monges budista , astró logos, teósofos e adeptos ele outras uper tições mi sturara m-se sob o patrocínio da Secretari a Especial ele D ire ito Humanos ela Pres idência el a República, do Governo cio D istrito Federal e ela ONU. Foram palestrantes o mini stro cio Desenvolvime nto Econômico, Soc ial e ele Com bate à Fome, Patrus Anania., e mini stros cio STF. S increti smo, esoteri smo, esquerdi smo , e eco log ismo trabalham para o mesmo caos universal, que algun s chamam de Nova Era. •

Vaticano reconhece milagre de Frei Galvão

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Vaticano aprovou o segundo mi lagre do Bem-aventurado Frei Galvão e anunciou sua canonização. Frei Galvão, que será o primeiro santo nascido no Brasil, consagrou-se à Imaculada Conceição como "filho e escravo perpétuo" . Foi exemplo vivo do oposto das teologias modernas da emancipação ou da libertação, pregando a mais inteira e radical entrega a Nossa Senhora . O milagre constitui uma das 5 .643 graças registradas no Mosteiro da Luz da capital paulista, por ele fundado e onde está enterrado.

China não consegue deter conversões ao catolicismo crescimento do número de católicos na China, sobretudo entre jovens, causa alarme no governo comunista, noticiou a agência vaticana AsiaNews. Os batismos em massa tornaram-se freqüentes . A TV oficial Te levisão Centra/ do China informou que o mais recente deles realizou-se em Pequim, tendo incluído 165 catecúmenos. A proteção à religião, que consta no Constituição chinesa, é puramente formal. Os católicos que desejam praticar seriamente a religião devem fazê-lo clandestinamente, correndo o risco de violências, prisões e até tortura . Hoje como sempre, o sangue dos mártires é semente de novos católicos. Para desviar os católicos, o governo comunista criou inclusive uma chamada Igreja Patriótica, espécie de caricatura da Igreja Católica, que não aceita o Papado .

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Colaboração de clérigos com o regime comunista causa assombro na Polônia e no exterior C oexistência da Igreja com o Estado comunista levou bispos, sacerdotes e leigos progressistas a se tornarem agentes da polícia secreta. Se tivessem dado atenção à denúncia de Plinio Corrêa ele Oliveira, a história teria sido outra. Ainda é tempo de corrigirem o rumo. Desejarão fazê-lo? ., Lu1s DuFAUR men sa expectativa pairava no ar quando entrou na ca tedra l de Varsóv ia o solene cortejo dos bispos no últi mo di a 7 ele janei ro. Bem elevado, no centro, o trono arq ui epi scopa l fo i ocupado pelo res ignatário Cardeal Glemp. À sua direita , tomou lugar quem deveri a sucedê- lo: Mons. Stani sl aw W ielgus. O presidente do país , Lech Kasc in sky, autoridades ci vis e eclesiást icas preenchi am os

lu gares de honra e os prim eiros bancos el a nave. O povo lotava a catedral e adj acênc ias. A tensão cresceu quando D. Wiclgus an unciou pausadamente que meia hora antes renunciara à arqui diocese ela qua l dev ia tomar posse naq uela ceri môni a, ' que a Santa Sé tinha acei to a I mi ssão . O pres idente po lonês apl audiu , vári os o acompanharam, mas a gri tari a e o câ nti co ele slogans os sobrepuj ou. U ns aprovava m a renúncia, outros bradava m: "Não!

Vergonha! Ficai ". O epi sódi o marcou época na l amentáve l hi stó r i a da "autoclemoli ção" da Igreja , la qu al falou Paul o VI.

A1·cebiSJ)O (/csig11a(IO de tt:,rsóvia /'oi agente secreto com,mista To los co nh ciam os moti vos dessa renúncia, mas nun ca se vira algo semelhante. Uma co mi ssão de inquérito ela Igreja reconhecera na antevéspera que "nume-

1·0.1·os doc11111entos impo rtantes conjir11w111 que o Pe. Stanislaw Wielgus se declarou disposto a colabo ra r de modo consciente e secreto com os órgãos de segurança comunistas, e que ele pôs em prática essa colaboração ". 1 "Não há dúvida algurna: o sace rdote colabomu com os serviços de ú7:f'o rmação comunista", confirm ou o hi stori ado r A nclrzej Paczkow ski , membro da co mi ssão cio govern o que compul sou os arq ui vos da

Cenas da cerimônia do dia 7 de janeiro. Da esq. para a dir.: o presidente Lech Kascinsky faz genuflexão na catedral. O público aplaude as palavras de renúncia de Mons. Stanislaw Wielgus, que aparece sentado ao lado do trono vazio que deveria ocupar.

Arquivos da polícia secreta SB (5/uzba Bezpiec-zenstwa, ou Serviços de Segurança, correspondente polonesa da sinistra KGB soviéti ca). Os arquivos são hoje conservados pelo Instituto da Memória Nacional (fotos colhidas da transmissão da TV francesa)

po líc ia sec reta SB (Sluzba Bezpieczenstwa, ou Servi ços de Segurança, correspondente po lonesa ela sinistra K GB , ovi ética). Os arquivos são hoje conservados pelo Instituto da Mem.ória Nacional.2 Ali co nsta que o prelado recebeu ''.formação especial para agentes " e agia sob os pseudônimos " Grey", " Adam" e " Ad am Wysocki " .3 Em ago to el e 2006, o epi scopado po lonês definira que a colaboração co m a po lícia po líti ca fo i "pecado grav e". 4 D e fato, a SB foi res ponsável por inú meras intimidações e vi ol ênci as qu e in c luem até a pri são, tortura e morte de ca tó li cos anti co muni stas, co mo o Pe. .J erzy Popi elu sz ko, atrozmente martiri zado em 1984.

A1·ccbiSJJO 11ega, mas por fim l'CCOllhCCC que me11tiu A ss im que D. W ielgus fo i des ignado arcebi spo de Varsóv ia, os mai s séri os ambientes ca tólicos alertaram para o passado de co laboração do prelado. De início, ele negou toda as denú ncias. E m seu f avor circul ou um co muni cado do Vati cano, ele 2 1 de dezembro, segundo o qual "o Papa depositara toda a co11/i-

ança em Mons. Stanislaw Wielgus, e e111 plena consciência lhe co17:f'iara a missão de pastor da arquidiocese de Varsóvia ". 5 Porém, em j aneiro, o Card eal Re, prefe ito ela Congregação dos Bi spo , di sse ao di ári o " Corri ere cl ell a Sera" qu e,

"quando Mons. Wielgus f oi nomeado, nós não conhecíamos sua colaboração CATOLICI SM O

con-1. o serviço secreto comunista". 6 Estas declarações patentearam o qu anto o ocorrido desconcertou a hierarqui a ec lesiástica polonesa e o Vati ca no. Posto di ante das evidências, D. Wielgus reconheceu , primeiram ente, ter assinado - di sse ele: sob pressão e "num momento de .fi'aqueza " 7 - papéis ela SB antes ele uma vi agem ele estudos à Al emanha, em J978. Segundo o peri ódico pari siense " L e Figaro", para essa viagem o reli gioso recebeu um a bolsa ela polícia secreta. 8 Por fim , o prelado escreveu carta aos fi éis di zendo: "Confesso o erro que co-

meti há anos, exatamente como confessei ao Santo Padre" ,9 acrescentando que "por causa desse engc;jamento, fi z mal à Igreja. [.. .] Fiz m.al à Ig rej a m.ais uma vez ainda quando, nestes últimos dia s, em rneio a uma campanha rnidiática in tensa, neguei dita colaboração". 1º

Parte do clero polo11ês foi age11te <la volícia secreta É fato assente na Polônia que entre 10% e 15% cio clero ingressou no esquema ele repressão comuni sta. A quase total idade desses cléri gos trabalhava nas cúri as e nos seminári os. Em M oscou, o pape (c léri go da igrej a cismática ru ssa) G leb Ya kunin , espec iali sta nas relações entre a l grej a e os serviços secretos ru ssos (KGB) , explicou que a proporção não e panta, po is "era impossível f azer carreira (s ic !) sem passar pela KGB. No interio1; nas paróquias menos importan-

tes, os agentes talvez .fossem. apenas JO ou 20%. Mas à rnedida que se ascendia na Hierarquia. essa percentagem aurnentava vertiginosamente. Não se.ficava bispo sern o consentimento dos serviços secreios ". 11 Interrogado especifi camente sobre a Hierarqui a ca tó lica, acrescentou: "A cre-

dito que muitos .fossem agentes duplos: o Vaticano sabia de sua colaboração com. a KGB. [... l Eram traidores, eram Judas. O dano para a Igrej a f oi enorme. Só progrediam os que se vendiam. Os limpos eram postos de lado, porque não eram manipulá veis ". 12

llevelações es1>antosas sobl'e eclesiásticos progressistas O Padre Tacleusz Jsakowic z-Za les ki , da diocese de Cra có vi a, vítima ele vi olênc ias ela pol íc ia sec reta, quis depois conhecer os autores das denúnci as co ntra sua pessoa e detectou nos arquiv os os no mes de d o i s sace rdot es. Aprofund ando o es tudo, identifi co u 39 padres da di ocese, qu atro ci os quais agora são bi spo., que serviam na polícia secreta po lonesa, a SB. O Cardeal de Cracó vi a, D . Stanislaw D ziwi sz, proi biu - lh e divul ga r as desco berta s, m as após o caso de D. Wi elg us o Padre Tadeuz anunc io u qu e publi ca rá li v ro com os resultados ele sua pesqui sa. Nos mesmos dias, demitiu-se o Padre Janu sz Bi elanski , reitor da catedra l de Cracóvia, em razão ele tal colaboração. 13 Seg und o a revista norte-ameri ca na

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"Newsweek", também teria s ido "co laborador secreto" o Padre Mích ael Jagosz, chefe ela comi ssão hi stórica na causa para a beatificação ele S.S. João Paulo IL 14 O jornal "Dziennik" informou a ex istência ele uma "operação primaz", montada e m 1978 pela políc ia secreta, com o e nvo lvime nto ele 12 bi spos - me nc ionados co m seus " no mes de g uerra" na SB - vi sando "nom.ear Papa o bispo

e nsino da doutrina sobre a propriedade privada - portanto, ele do is Mandamentos ela Le i ele Deus: o 7° "Não rouba-

rás " e o IOº "Não cobiçarás os bens alheios". Ass im, a Igreja cessaria a luta

mais próximo às necessidades do poder lotalitário comunista e indicar o sucessor do primaz Stefan Wyszynski". 15 As suspe itas e denúncias não envolve m só eclesiásticos, mas também associações ele leigos progressistas como a "Pax" da Polônia e/ou g rupos e m o utros países, como "Sacerdo!es pela paz" ela Hungria e "Pacem in terris" ela C hecos lo váqui a". 16 O Cardeal Miloslav Vlk, primaz ela República Checa, recomendou a sacerdotes e bispos poloneses reali zarem uma peregrinação nacional ele penitê ncia ao santuário ele Czestochowa, Padroeira ela Polônia, para reconhecer suas c ulpas e ped ir pe rdão a Deus e à Igreja. També m na República Checa e na Eslováquia, centenas ele sacerdotes são suspe itos de tere m colaborado com o comunismo. Mons. Frantisek Lobkowicz, bi spo ele Ostrava-Opava, re nunc io u por essa razão. 17 À lu z des tes fatos comp ree nde-se que, e m 12 ele jane iro último, 45 bispos po lo neses re unidos e m sessão ex traordinári a te nha m clec icliclo por una nimid ade fazer luz sobre o passado cio conjunto cio cle ro polonês. 18

Não J1á desejo de vingança, mas seele da verdaele Há tempos germinava no catolicismo polonês o desejo ele esclarecer os casos ele cléri gos que serviram à ditadura comuni sta. A no meação de D. Wie lg us fo i a faísca que desatou o incê ndi o. Seg un do Georges M in k, me mbro cio CNRS e profe.-sor no Co llege d ' Europe e m Nato lin (Po lô ni a), está na fonte desse desej o um a nova geração ele j ovens líderes ela soc iedade, profundame nte catól icos, de " mãos limpas" e se m co nces ões, que pen sa m te r c hegado a é poca ele eluc id ar um passado que pesa nas co nsc iê nc ias. Não há ni sso inte nção de deb ili tar a influênc ia ela Igreja, mas sim o fato de que "os poloneses estão mais

CATOLICISMO

B etto, o ex-frei Leonardo Boff, o Padre Gustavo Gutiérrez, etc. Os dramáticos fatos ocorridos na Polônia patentearam a que aviltamentos co ndu z seme lhante acordo dos católicos com o comunismo.

Corrêa de Oliveira redigiu um e nsaio-denúnc ia que hoje, à luz dessas ocorrê nc ias, não pode ser rotulado senão ele profé tico. Tal obra intitula-se: Acordo com ore-

oste nsiva co ntra o soc iali smo e o comugime cornunista: para a Igreja, espercmni s mo, e e m troca desfrutaria ele libe rclaça ou autodemolição?. Publicada origiDenúncia pl'ol'ética cle para cele bra r a liturg ia e di stribuir os nalme nte em edição especial ele Catolide Plínio Corl'êa ele Oliveira sacramentos. cismo (nº 152, agosto ele 1963 - com o O país por e xcelên cia para tentar esse Discernindo, já na época, o estratatítulo de A liberdade da Igreja no Estado acordo foi a Polônia, por ter a população gema do comuni smo, o Professor Plínio cornunista - alcançou 77 edições, com mai s fervorosa e compac tame nte católi um total de 339.300 exe mca ele alé m Cortina de Ferro. A igrej a piares e m 1. 3 países. E m suas 111111\tíll: JESZCZC lAZ O kSIAZC E ZBIC NICIU musmco pol o nesa era liderada pelo Cardea l Stefan páginas se demonstra que é Wyszy nski, sagaz a rcebispo de Varsóvia inaceitáve l para os católicos, "'"'º 51'0 1 LC'1NO KU I I U IC '\I ""[ que ace ito u a proposta a nticristã, disposmoral e doutrinaria me nte, o KATOI IKOh' to a defende r a mínim a á rea de libe rcl aaco rdo proposto pelos com ucle que lhe ofereciam os negoc iadores do ni stas, ainda que se devesse STOSUHI Kremlin. A URSS co ntava co m que a e nfre ntar o risco ele um e mW PIIACJ convivê nci a pac ífica dos católicos num bate atôm ico. regime soc iali sta acostum á- los- ia ao coA denúncia varou a Cormuni smo e operaria ne les uma ateização tina de Ferro e teve larga diprática. fu são mesmo na Polônia, a Obtido s ucesso na Po lô ni a, este pérponto de rev istas católicas fido artifíc io iri a sendo apli cado - e ali co laborac ioni stas co mo ás o fo i e m larga medida - nos outros "Kie runki" e "Zycie i Mysl" , países cio Leste E uropeu. A propaga~n- , do movime nto Pax - hoje ela marxista poderi a també m apreenvolvido no atual escândasentar o " mode lo polonês" aos lo - terem te ntado refutá-~;.-~~-~-='= ,°!;=-.·.= católicos ela E uro pa Oc ide nta l, -..._ la. O Prof. Plínio treplicou o nde poderosos Partidos Com upelas páginas de CatolicisZEPUSTKA DO PRZYSZLOSCI ni stas estendi a m a m ão a de momo (nºs 162 e J70, de junho crata-cr is tão s e co ngê ne res, ele 1964 e feve reiro de l965), predi spostos a pactuar ao invés mostrando a vacuidade cios ele e nfrentar a Rú ss ia, intimi sofismas cios adversários e o dados pe la e ve ntualidad e de empe nho del es e m desacre:s ---4"""·-··· um co nfli to nuc lear. ditar o refe rido ensa io ante A mi ragem ele um acordo os católicos poloneses antie ntre o comuni smo e a fg rej a comuni stas. seduziu os c ri stãos progressisQuem relê hoje as pág inas dessa potas na Am é ri ca Lati na, no talê mica não pode se furtar à convicção ciam e nte no Bra s il. Exemp lo de fo lhea r páginas ele g ló ri a ela Igreja, vivo dessa sedu ção é a infe li z e pi ca me nte defendida com su ma fideli C uba de Fide l Castro. Ainda hoje dade por um dos seus ma is e ntranh ados aq ue la ilha é o ponto de referênfilhos, no mome nto e m que nume rosos c ia da cooperação e ntre o com ume mbros da Hierarquia era m e nvo lvidos ni s mo subve rs ivo e mi serabili sta o u conive ntes no traiçoe iro aco rdo. com o progressismo. Co m isso o progressismo fo i Na foto, Plínio Corrêa de Oliveira segura um "evoluindo", até to rn ar-se inimi exemplar da revi sta "Kierunki" . Sua denúncia, go vi sceral ela propriedade pri contida no livro Acordo com o regime comunista: vada, co mo se constata na atuapara a lgre;a, esperança ou autodemolição?, varou a Cortina de Ferro e teve larga difusão mesmo na ção de certos ó rgãos e manados da Polônia, a ponto de revistas católicas colaboracio C N BB, como as CEBs, o MST, a nistas como "Kierunki" e "Zycie i Mysl", do moviCPT, o CJMI e a nálogos, o u na pregação mento Pax - hoje envolvido no atual escãndalo de teó logos da libe rtação co mo fre i terem tentado refutá - la .

1 KIERUNKI

O primaz da Polônia Stefan Wyszynski (dir) , ao lado do cardeal Ka rol Wojtyla , futuro Papa João Paulo li

do que nunca sedentos da ve rdade" , ac rescento u Mink. 19 Também parece chegado o mome nto ele tirar cio s ilê ncio a le mbrança d mui tos he ró is ecles iásticos e le igos que padeceram sob o co muni smo por recusare m qualquer pacto o u colaboração. Estes, com seu e xe mplo, ma ntiveram alta a honra ela Ig rej a naqu e les di as clif"i cí lim os, na Polô ni a e alhures. A lg un s roram altos prelados, como o Be m-aventurado Cardea l ele Zagreb Alofs io Stcp inac, ou o he ró ico Cardea l ele fü.tcrgom, Josef Minclszenty. Outros foram s im1 lcs sacerdotes e le igo·. Mas todos, co m seu sangue e suas lágri mas, e mularam e talvez su peraram a epopé ia dos mártires cio. primeiros sécul os do cri sti ani smo. Poré m, sobre e les pesa o silê nc io e a antipatia incomodada cio progressisrno cató lico.

Polônia: "moe/elo" ele acordo cntl'e a Igreja e o comunismo O acordo de coexistênc ia , acertado na é poca por ec les iás ticos po lo neses com o comuni s mo, alcançou projeção mundi a l. D isso decorre a repercussão do caso e m foco. Com efeito, após a TI G ue rra Mund ial o com uni smo sov iético sentiu a im poss ibilidade de assentar seu domínio sobre po vos católicos s ubjugados como a Polô ni a, ou sobre aq ue les que tentava conqui sta r, como o Bras il. Sobretudo se desencadeasse contra e les um a perseguição neroniana - muito ele aco rdo com o espírito marx ista. O r g imc sov iético, poré m, ve lhaca me nte pro1 ôs um acordo: o co muni smo não pcrsc 1 uiri a a Igreja em troca ele um " mínimo" . Esse "mínimo" cons isti a c m qu a I r ja s i lcnciassc o

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ENTREVISTA

Não é o governo que promove o crescimento da economia, mas sim o setor privado

veneração a embarga, nossos olhos.filiais e re verentes se levantam agora a Vós, ó pastores veneráveis que dissentistes de nós. Onde encontrar as palavras de qfeto e de respeito próprias a depositar em vossas mãos - em vossos corações em um. momento como este? "Melhores não as podem.os encontra r senão, mutati s mutandi s, nas próprias palavras que, em 1974, dirigimos ao hoj e falecido Paulo VI ['Nossa alma é vossa, nossa vida é vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe']. "Pronunciam.o-las genujlexos, pedindo vossas bênçãos e vossas orações". 20

Esse 110bre e Pespeitoso apelo: lwje mais atual do que mmca

Desenho simbólico no Muro de Berlim : das bocas de muitos rostos parece sair o clamor do descontentamento

E lencar todas as inic iativas anticomuni stas e anticolaboracion istas empreendidas por Plín io Corrêa de Oli veira, na continuidade daquela histórica denúncia, ex igiria um livro ele notáveis proporções. Para cingirmo-nos aos limites ele um a1tigo, sejanos permitido mencionar apenas uma.

Nobre e r esp eitoso apelo aos colaboracionistas Trata-se do pe netra nte e fratern o apelo fe ito pe lo Prof. Plínio aos católicos que sucumbi ram à te ntação do acordo. E le o fez na pe rspectiva cio " Descontentame nto" - com " D" ma iú scul o q u e h ave ri a de s urg ir na o rl a cio IIJ mil ê ni o e m re lação àque les que cooperaram co m o reg ime co muni sta. O a utor pre v.ia q ue es. e "Descontentamento" " um só, um i,n e nso, um tonitruante brado de indig na ção do · povos escravizados e opressos " - in terpe laria não só as no,nent la/uros comun istas res pon sáve is dire tas de desg raça tão im e n sa , mas ta mb é m o s co la borac io ni stas, voluntá ri os o u não , ingênuos ou mo les, do co muni s mo no O c ide nte; os inocentes úteis - clé ri gos, burgueses e políti cos que não atacava m o comuni s mo, mas ma ntinham um in -

CATOLIC ISMO

cessante di lú vio de difamações contra as o rga nizações a nticomuni stas. N a hora de abordar essa clesastro a co laboração cios católicos progress istas co m o Leviatã antica tó li co, seu amo r ace ncl raclo à Igrej a e à Sagrada Hierarquia in spirou-lhe as seguintes palavras: "A vós, diletos irmãos na Fé, a Cl!ͪ vigilância a falácia comunista transviou ou está em via de transvia,; não fa remos urna só interpelação. De nosso coração sempre sereno parte, rumo a vós, um. apelo repassado de ardoroso C!feto in Christo Domino: diante do quadro terrível que nestes dias se esboça a vossos olhos, reconhecei, pelo ,nenos hoj e, que fostes ludibriados. Queimai o que ajudáveis a vence,: E combatei ao lado daqueles que ainda hoj e ajudais a 'queimar'. ·'Sincercunente, categoricamente, sem ambigüidades tendenciosas, mas corn a franqueza tão enormemente respeitável que é inerente à contrição humilde, voltai vo,1·sas costas para os que cruelm.ente vos 10,-11 e11p,w1ado. E ponde em nós vosso olha,; sere11odo e .froterno, de irmãos 11a Fé. " Esle , o o pelo que vo,1·fr1 ze111os l1 r~je. Ele expri,n , nos.1·0.1· di.1posições de ,1·e 11I pre, as de onte111 ·011w a,1· de a111011l1a. [... l Nossa voz se ·arrega de e111oçüo, a

Pouco mai s de um a década a pós o passame nto cio in signe pe nsador e líder católico, seu a pelo aos fautores do acord o com o com uni s mo afig ura -se atua líssimo. Na dificuldade extrema dessa desas trad a políti ca de co nte mpo ri zações, prestarão e les ouvidos a tão pungente cha mado? O u continua rão em seu mi steri oso e e ndurec ido ilê nc io face a que m, numa hora e m que o utros teriam a prove itado para se vang lori ar, voltou se para e les com tanta magna nimid ade e lealdade, mov ido excl usivame nte por um e ntranhado amor à Igrej a? • E- ma il do autor: lui sdufa ur @catoli c ismo.co m.br

Notas: 1. AFP, 6- 1-07. 2. " Le Mond e", Pa ri s, 6- 1-07. 3. AFP, 5- 1-07. 4. " Le Mond e", 8- 1-07. 5. "Le Mo nde", 6- 1-07. 6. CNA Press, 11 - 1-07. 7. "The New Yo rk Times", 6- 1-07 . 8. "Le Figaro", Pari s, 6- 1-07. 9. "T he New York Tim es" , 6- 1-07. 10 . " Le Mo nde", 6- 1-07. 11. «li Corri ere dell a Se ra", Milã o, 9- 1-07. 12. ld. , ibid . 13. ACJ Prensa , 8- 1-07. 14. " fl G io rn alc" , Mi lão , 12- 1-07 . 15. " fl G iorn alc", Miho, 9- 1-07. 16. " LI! Mond ·" , 9- 1-07. 17. " Pragu ' 1 ail y Mo nit or", Pra ga, 11 - 1-07. l 8. " l.11 ·roi x", 1'11ri s, 1,11 -07. 19 . ll1tp :// www.lc 111 011d ·.l'r/w •l)/so n/0 ,54-0 @2.1 2 14 ,(,.1 85~1!.1 5(1115 1 848 185,0 .htm l.

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Ü economista Dr. Marcel Solimeo aponta os obstáculos que desestimulam o crescimento do País, como a proteção do governo a certos "movimentos sociais" que atacam o direito de propriedade

O

economista e consultor Dr. Marcel Domingos Solimeo é diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo. Bacharel em economia pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (1963), com pós-gradua ção em economia pública pela mesma faculdade em 1965/66 . É co-editor dos livros "O plano real pára ou continua?" e "O plano real acabou?", lançados pela Editora Makron Books.

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ciente Lula " decretou" que e m 2007 o Produto Interno Bruto deverá crescer no mínimo 5%, embora tenha revelado não saber como obter esse resultado, no que é aco mpanhado por seus assessores, que mostram ig ua l pe rplexidade sobre o que fa zer. Esse desafio també m preocupa a ma iori a dos econom istas brasile iros, uma vez que é preciso co mpatib ilizar a meta ele cresc ime nto cio PIB com o controle da inflação.

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Catolicismo - O grande debate hoje no Brasíl é sobre o crescimento da economia, que vem sendo medíocre nos últímos anos, fazendo o país perder posições no cenário internacional. Quais são as perspectivas para

2007? Dr. Marcel Solimeo -

O Preside nte L ula tem mostrado se u inconfo rmi s mo com a medíocre expansão do PIB em 2006, po is o "espetácu lo cio crescime nto" pro metido não se concreti zou, observa ndo-se, mais uma vez, res ul tado pífio cio desempe nho da eco nom ia. O mais lame ntáve l é que os resultados medíocres dos ú ltimos anos, quando a economia brasil eira tem cresc ido e m média 2,6% ao ano, vê m ocorrendo apesar do cenári o externo extremamente favorável, permitindo às nações eme rgentes ta xas de cresc ime nto ex pressivas. E m fun ção di sso, o presi-

01: Mal'cel 80/imeo: "Lula parece ignorar que 11ão é o govel'llO que pl'omove o crescimento da eco110mia. Esse papel cabe ao setor pl'ivado. O govemo deve cl'iar as condi ções"

Catolicismo - Por que houve tanta controvérsia no próprio governo e demora para o lançamento do PAC (Pacote de Crescimento Acelerado)? Ele irá resolver o problema do crescimento? Dr. Marcel Solimeo - Talvez a maior razão ela perpl ex idade de Lu la e seus assessores com o desafio ele fazer o PIB crescer res ulte do fato de que e le parece ig norar que não é o governo que promove o crescimento da eco nomi a. Esse pape l cabe ao setor privado, e nqu a nto o gove rno de ve procurar ape nas criar as condições para estimu lar investimentos qu e propic ie m o a umento da prod ução, e sobretudo o da prod utividade, condi ção ind ispe nsáve l para me lhorar o nível de be m estar da população. O crescimento cio PIB neste ano depende, em grande parte, cios investimentos fe itos anteriormente, que se mostram insufic ientes para urna expansão da econo mi a na casa dos 5% como deseja o Preside nte. Na verdade, é poss íve l acelerar o crescimento no c urto prazo, através de estímu los ao consumo, utilizando o mecanismo do crédito sem pressio nar

FEVEREIRO 2007 -


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da impunidade "que se decide a validade nonnaliva de uma ordem social. A impunidade, ou a desistência sistemática de punições, liga o crúne e o exercfcio da autoridade. Ela nos ii1forma sobre a legitimidade de urna ordem". Assim , o que está em jogo nessa questão da violação sistemática do direito de propriedade, e de agressão ao patrimônio público e privado, é mais do que os prejuízos materi ais e morais que sofrem os agredidos, afetando a própria sobrev ivê nc ia do reg ime democrático e da economi a de mercado. Outro as pecto pouco comentado com re lação aos autodenominados "sem terra" é que esse movimento, contando com vultosas verbas go vernamentais e do exterior, vem "ed ucando" cri anças e jovens com base no credo marxista, incitando o ódi o aos proprietários e fo rmando um futuro "exército" de fundame nta li stas ag rários, que deverão continuar a luta contra a moderni zação do agronegóc io. A quem pode interessar essa luta, é uma questão que precisa ser analisada, mas, de antemão, sabe-se que e la não atende aos inte resses do povo brasileiro.

a inflação, em um primeiro momento, graças à existência de capacidade ociosa·na indústria e às importações. Essa trajetória, no entanto, não é sustentável se não houver aumento dos investimentos, especialmente na infra-estrutura, que vem se constituindo em gargalo para o aumento da produção e da produtividade. O PAC concede benefícios a alguns setores, mas não é suficiente para promover a aceleração do cresc imento, porque não ataca os probl emas estruturais que inibem os investimentos. Catolicismo - Quais são esses obstáculos? O presidente não afirmou que iria remover os entraves? Dr. Marcel Solimeo - O presidente Lula efetivamente manifesto u a , disposição de e liminar dificuldades burocráticas que "travam" investimentos em muitas áreas, mas pouco fez na prática. Persistem ai nda muitos obstáculos que desestimulam os e mpresári os a investirem. Al gun s deles dependem de reformas profundas, mas outros necessitam apenas de atit11des e decisões do governo para serem superados. Um exemplo disso é a atuação dos autodenom inados " mov imentos sociais", que conta não apenas com a tolerância, mas com a conivência e até o estímulo do governo a ações de violência e desrespeito às le is; e, ao invés de serem punidas, são recompensadas com novas concessões das autoridades. Catolicismo - Qual é o real prejuízo que a ação desses "movimentos sociais" traz para o país? Dr. Marcel Solimeo - Embora tai s ag ressões ocorram em geral no setor nu-ai, o desrespeito ao direito de propriedade afeta os investimentos em geral, até porque empresas, laboratórios e campos experim ntais já foram vítimas do vandali smo desses grupos, reve lando que a verdadeira intenção dos mesmos é so lapar as bases da economia de mercado e impedir o desenvolvim nt do agronegócio brasileiro, o que atend muito a interesse. externos. Além disso, estimula los pelos exemp los dos "sem terra", outros grupos, como os in lí )enas e os" sem teto", têm apelado para ações vi lentas e ilegais para procw-ar atingir seu obj tivo . ri sco da generali zação dessas ações é diretamente pr porcional à impunidade de seus autores, o que leva ao que o sociólogo ale mão Ralf Dahrendorf de nominou "estado de anomia". Para e le, é na questão

CATO LICISMO

MST: o movimento vem formando um futuro exército de fundamentalistas agrários contrários ao agronegócio

"O MS1; contando com verbas governamentais e do e,Yterio1; vem "ed11ca11<lo " cria nças com base no credo marxista, incitando o 6dio aos p1•011rictádos"

Catolicismo - Afora essa grave questão dos movimentos sociais, o que poderia ser feito no curto prazo para estimular o crescimento da economia? Dr. Marcel Solimeo - Muito pode ser fe ito para diminuir os entraves e os custos burocráticos para as empresas, se o pres idente da Repúb lica rea lme nte se empenhar ni sso. Infeli z mente, o que se ass iste no momento no país é o cam inho inverso, com a burocratização crescente promovid a pe lo fisco, sem se importar com os custos e os problemas que isso vem gerando para o setor privado. Ao in vés de a informática servir para reduzir as exigências burocráticas, o que se ass iste é a " in formatização e expa nsão da burocracia". Catolicismo - E quanto às PPPs (Parcerias Público Privadas), constituem ela s solução para os investimentos? Dr. Marcel Solimeo - As PPP. pod '111 ser um mecani mo e íicient para a xpansão dos investi m ntos 111 ai umas ár as, mas s' r 'SS 'nl ' m da falta d normas muis ·luras 'da politi,-,ação e enfraque·imento das a •"'n ·ins r · •u ladonis, o que leva os ri scos de d ·isc ·s d · longo prnzo. Não se uviu,

até agora, qualquer menção do Presidente sobre o ass unto, que depende mais de decisão política do que de reformas. O que se está observando é a intenção do governo de redu zir o "superá.v il primário" para aume ntar os investimentos públicos e m infra-estrutura, ao invés de cortar gastos de custeio para esse fim , além de, segundo a ministra Dilma, ter dec idido investir diretamente nas estradas federa is. Tanto uma medida como a outra sinalizam para o mercado que a "austeridade fiscal " corre ri scos e m 2007, o que eleve ter repercussão negativa sobre as taxas de juros. Catolicismo - E quanto às reformas? Qual é a mais urgente ou importante? Dr. Marcel Solimeo - Ao descartar a reforma da Previdência, como anteriormente já se abandonou a trabalhista, cuja legislação obsoleta responde por grande parte ela informal idade da mão-de-obra, insiste-se apenas na tributária. Urna reforma tributária que não seja precedida ou, pelo menos, seguida de forte redução dos gastos públicos, constituirá um ri sco para os contribuintes, pois não será possível extrai r da soc iedade o equivalente a cerca de 40% em impostos, sem recorrer a tributos ele baixa racionalidade ou a alíquotas excessivas. Q ualquer reforma que se pretenda fazer somente poderá ser implementada de forma gradativa, o que diluiria seus impacto ao longo do tempo, não contribu in lo para o resultado da economia no curto prazo, embora o mercado possa antecipar os benefícios das mes mas. Com relação à reforma política, que para muitos é a mais urgente, os aco ntecimentos que marcaram a e leição da Presidência da Câmara dos Deputados, além lo episódio do aumento dos parlamentares e outros fatos, gera m sérias dúvida quanto à possibi Iidade de mudanças efetivas na legis lação e leitoral e partidária que possam dar mais consistência aos partidos . O que me parece mais urgente é uma reforma dos cost111nes políti cos, o que somente poderá ocorrer com a vigilânc ia e a mobilização da soc iedade. Catolicismo - Com tudo isso, qual é o cenário econômico para 2007? Dr. Marcel Solimeo - Parece que o crescimento da economia em 2007 não deverá atingir o "decretado" pe lo Presidente, fi ca ndo na casa dos 3,5%, com a infl ação se man-

"O que me parece mais urgente é uma rel'orma dos costumes políticos, o que somente pOdCl'á OCOl'l'CI' com a vigilância e a mobilização da sociedacle"

Há o risco de que o presidente procure implantar a "democracia direta" e, se conseguir, maiores restrições ou cooptação dos meios de comunicação

tendo aba ixo da meta dos 4,5 % e a balança come rcia l a inda apresentando um fo rte sa ldo, graças às cotações favo ráveis das "co mmocli ties" e à rec uperação da produção agrícola . Será mai s um ano " medíocre" e m termos ele cresc ime nto, quando co mparado co m as demais nações emergentes. Se pelo menos conseguirmos ava nçar na remoção dos obstácu los aos in vestimentos, será um grande avanço. Em caso contrári o, se nad a for fe ito em relação aos pontos aq ui levantados, o "espetác ul o do cresc ime nto" estará comp ro metido, não ape nas em 2007, como nos próximos anos. Catolicismo - Para encerrar, um rápido balanço dos quatro anos do governo Lula. Dr. Marcel Solimeo - O aspecto mai s pos itivo do govern o L ula fo i o que e le não fez, isto é, ma nteve a política econô mica ante ri or, ao invés de promover as muda nças q ue hi storicamente se mpre defendeu. Assim , a "austeridade fi sca l" fo i mantida, e mbora, a exempl o do governo anteri or, com base em mais tributação e não em corte de gastos; e o Banco Centra l teve independênc ia para manipul ar a taxa de juros a fim ele poder controlar a infl ação, chega ndo mesmo a ser exageradamente conservado r em sua atuação. No mais, o cenário internacional favo ráve l permitiu superar os constrangimento externos e aj udo u a puxar a recuperação da economi a, após o resultado muito fraco de 2003. No plano político, o que se assistiu fo i a completa deterioração da ética, com a compra de apoios no Congresso e outros epi sód ios de corrupção que estarreceram a nação; a tolerância, e até estím ulo às ações vio lentas e il ega is de mov imentos soc iais; e, no último ano, uma po líti ca assiste nciali sta destinada a gara ntir a ree le ição, com custos que deverão perd urar por mui to tempo. É di fíci I fazer previsões para os próximos quatro anos, mas acred ito, pelas poucas si nali zações até agora transmitidas , que serão ma is difíceis para o País, com o ri sco de que o presidente proc ure implantar a "democracia direta" com o uso de pl ebi sc itos, maior diálogo com os "movimentos sociai s", ampliação do ass istenc iali smo, contato permanente com o povo através de rede de rádios que pretende criar e, se conseguir, maiores restrições ou cooptação cios meios de comunicação. • FEVERE IRO 2007 -


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Modelos cristãos, modelos pagãos

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a castidade" e "Não cobiçarás a mulher do próxirno "

- ela é denominada também virtude angélica, pois os que a praticam se assemelham aos anjos de Deus. Por amor à castidade deram suas vidas, nos primórdios ela Igreja, fi guras adm iráveis, até hoje veneradas como santas e rm'írtires.

Santa Jilês E la havia prometido castidade perpétua e sofreu várias tentativas de violações, sempre rezando a Jesus para protegê-la. Foi denunciada como sendo cristã. Prenderam-na e a torturaram para que oferecesse sacrifícios aos deuses pagãos; e como e la recusasse, quiseram vio lentá-la, mas o homem que tentou esse crime foi morto por um raio.

Santa Ágatha

Sama Cecília Apesar de ter feito voto de castidade, o pai quis obrigá-la a casar com um jove m patrício romano, Valeriano. Estando só com o noivo, d isse- lhe Cecília com toda a amabilidade e não me nos firmeza: " Valeriano, acho-me sob a proteção direta de

um Anjo, que me defende e guarda ,ninha virgindade. Não queiras, portanto, fa zer coisa algurna contra mim, o que provocaria a ira de Deus contra Li". Val e ri ano se converteu. Uma vil'gem do século XX Mais recentemente, temos o exe mplo de Santa Maria Goretti . Ela rezava o terço todos os dias e tinha profundo horror ao pecado. A comunhão constante acrescentou ne la o amor pela pureza e a animou a tomar a re ·o lução de conservar essa angélica virtude a todo custo. Assediada por um rapaz, res istiu heroicame nte . Ao não conseguir a submissão da vítima, e le a amordaçou e ameaçou-a com um punhal. Maria pôs-se a tremer, mas não sucumbiu. Furi oso, o jovem tentou com vio-

CATOLIC ISMO

a política agrária do governo Pela metade - Houve uma redução nos gastos médios anuais do governo com políticas agrícola e agrária: de R$ 20,9 bilhões em 1985/1989, para R$ 10,7 bilhões em 2003/2005.

ada m~is belo do que a castidade. Defendida por dois Mandamentos da Lei de Deus - "Não pecarás contra

Fi lha de proeminente e nobre famí li a siciliana, era muito bonita. Um senador romano de nome Quintianus, nomeado prefeito da região, pediu Ágatha em casamento. Quando esta recusou e e le descobriu que Ágatha era cristã, vingou-se colocando-a em um bordel, de o nde a santa milagrosamente escapou incó lume.

Continua desastrosa

lência arrancar-lhe a roupa, mas Maria desatou a mordaça e gritou: "Não faças isso, que é pecado. irás para o inferno". Ele re poncleu: "Se não deixai; eu te mato". Ante a res istênc ia da virgem , e le a atravessou com vá ri as punhaladas. Era o dia 6 ele julho ele J902.

M0</clos que a mídia apl'cse111,a Quantas jovens, hoje e m dia, têm como modelo essas mártir s da cas tidade? De utro lado, quantas gostariam de se parecer com atrizes corno a propagandeada Paris Hilton? Entretanto, qua is são os costumes dessa atriz? Vejamos esta notícia da revista austra liana "Cosmopolitan":

"A atriz, cantora e socialite Paris flill on, 25 anos, conlou que dorme com seu macaco, chamado Brigitte Bardo!. 'Eu durmo com meus animais, como meu bebê m.acaco '. 1 . .. 1 A socialite é dona de qualro cachorros". Tais são as mode los que, hoje em dia, a mídia apresenta à juventude. Como estranhar que Nos a Senhora chore? Por e nquanto são lág rimas, depoi o que virá? •

Prioridade para o fracasso Uma mudança de direcionamento das políticas públicas priorizou a Reforma Agrária e o apoio à agric ultura fami liar. Entre 1985 e 2005, os gastos médios anuais com políticas agrícolas tradicionais foram reduzidos de R$ 19,5 bilhões para R$ 5,8 bilhões, enquanto os gastos com Reforma Agrária e agricultura familiar cresceram de R$ 1,3 bilhão para R$ 4,9 bilhões ao ano. Falsa dicotomia - Essa dicotomia entre "agronegócio e produtores patronais" contra "assentamentos e produtores fami liares" é falsa e de fundo ideológico, pois o agronegócio não é inimigo do pequeno produtor. Tal dicotomia se origina da premissa errônea de que a agricultura familiar é fundamentalmente diferente e mai desejável do que a agricultura patronal. A idéia do governo é de que o agronegócio "exclui" milhões de agricultores, enquanto a

distribuição de pequenos lotes de terra e a oferta de crédito subsidiado iria "incluir" milhares de novos agricultores. Na verdade, o agronegócio inclui o pequeno produtor. É preciso reduzir o peso do falso debate ideológico entre "agricultu ra patron al" versus "agricultura familiar".

Invasões: crise de segurança As invasões de terras, promovidas pelos movimentos ditos "sociais" como o MST, a leniência do Estado e a insegurança jurídica com relação à garantia do direito de propriedade levou a uma crise de segurança no campo. Assentamentos improdutivos A partir de 1995, o governo federal gastou aproximadamente R$ 50 bilhões para assentar 900 mil famílias em 40 milhões de hectares de terras desapropriadas. Além disso, uma parcela cada vez maior do crédito é destinada ao PRON AF (Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar), que recebeu mais de R$ 11 bilhões de recursos públicos entre 2000 e 2005 . Em 2004 os gastos com Reforma Agrária e agricultura familiar superaram as despesas da União com programas agrícolas tradicionais,

tais como abastecimento, promoção da produção e irrigação.*

Invasões provocam calamidades - O diretor de Florestas da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, Cláudio Monteiro, disse que a Estação Experimental de São Simão, em São Paulo, invadida há 10 anos pelos sem-terra, foi sendo destruída e perdeu pesquisas genéticas que vinham sendo feitas há 40 anos. Operação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público Estadual prendeu nove pessoas suspeitas de vender 120 mil troncos de árvores da estação experimental. Um dos presos é ligado ao MST. O grupo devastou 60% da área de pesquisa. "Desde quando eles invadiram o local, há dez anos, não tivenios mais acesso à coleta de dados sobre as árvores lá plantadas" - disse Monteiro. A estação foi implantada em 1966 e fazia estudos de melhoramentos genéticos com espécies de pinus da Guatemala, eucalipto da Austrália e outras árvores brasileiras ("O Globo", 21-12-06). • *

Os dados referen tes aos cinco prim eiros itens deste arti go foram ex traídos do estudo Repe11 .rn11do as Políticas Agrícola e Agr6ria do Bra sil , de Fábio R. Chaddad, Marcos S. Jank e Si dney N. Nakahodo, pub licado na rev ista "Digesto Econômi co" (nov/dez/2006).

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Reação conservadora manifestada em bonecas E m diversos países, mas sobretudo nos Estados Unidos, a boneca Barbic - símbolo feminista da jovem moderna - está sendo rejeitada, e uma nova apetência das meninas é por bonecas tradicionais ,:, SANTIAGO FERNÁNDEZ

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boneca Scunantha afi gura uma menina delicada, inocente e cheia de cand ura. Veste-se, de preferência, segundo fi gurinos imortalizados pelo filme "E o vento levou". Na sua cas inha, em esti lo co lonia l, ex ibe os quadros dos antepassados. Ela recebe suas ami gas - a latin a Amélia, a índia Kaya ou a negrinha Kit - em despretensiosos chás com linda baixela e capri chados bolos caseiros. Pas. eia ·eu carrinho, cu id a de um bebê, de suas bonecas e cachorrinho; é alun a apli cada e bem comportada na aula. É profundamente feminina, mei ga, vivaz, prestativa, e sua casa é cheia de aparelhos domésticos . Sa,nantha, Am.élia, Kaya e Kit são vari antes da American Girl que tirou a boneca Barbie do topo das preferências. O mai s sintomático é que a American Girl encarna o oposto da Barbie - "a mascote da revolução f erninista ", segundo Mario D iament, jornali sta de Mi ami. Barbie iniciava as menin as no sex-appeal, no estilo de mulher que não conheceu a inocência da in fância e não e encaixa bem no lar, mas sim na vida de ca pri chos do j et-set. "A Ameri ca n Girl é a antítese de Barbi e e a faís ca que acen-

deu a contra-revolução. Barbie representava a f eminilidade emancipada, a Arnerican Girl personi,fica o retorno à infância tradicional". E o jornali sta ex pli ca: "As mesmas mães que cresceram corn Barbi e e os anticoncepcionais, hoj e acham melhor que as suas .filhas brinquern com wna boneca que represente a sua própria idade.(. .. 1A toda revolução sucede urna contra- revolução".

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As bonecas modelam as propensões, a faritasia e a afetividade das menin as. De alguma maneira a menina será, quando ad ulta, aq uilo que começou a ser brin ando com as uas bonecas. O declínio de Barbie e a preferência por A111erican Girl é um sintoma de apetências profund as que germinam na opi ni ão públi ca. No caso, para um ideal feminin o mai s elevado, culto fam ili ar, em recusa ao modelo rijo, materi ali zad e sensual de Barbie. Nesse sentido, a American Girl encarn a um gênero d "co nlrarevolução" nos brinquedos para menin as . • E-mail do autor: santiagofcrnandcz@catolicismo com

CATOLICISMO

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APA

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Ü s "dogmas" do igualitarismo e da co-educação, rejeitados por pais de alunos em diversas nações, são também questionados por cientistas e associações desejosos do retorno ao ensino tradicional ■ JOSÉ ANTON IO U RETA

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método pedagógico do ditado volta ao ensino na França. Não na esco la primária, mas na facul-

dade! Os calouros do Instituto Universitário de Tecnologia de Grenoble (IUTG) foram receb idos, no iníc io do ano acadêmico atualmente em curso no hemi sfério Norte, com a prática do ditado. Anti ga me nte e la era julgada supérflua a partir do c iclo colegia l, e mai s recentemente fora praticamente abolida em todos os níve is. Agora retorna na facul dade. Motivo: as emp resas queixam-se de que os diplomados do IUTG , contratados por e las, não sabem escre ve r co rretamente.

"Um quarto dos alunos tem problemas no uso da língua ", confirma Pierre Aliphat, pres idente da Co mi ssão de Formação do órgão que reú ne as principai s univers idades fran cesas. "Estamos pa-

gando por quinze ou vinte anos de desvio na rnaneira de ensinar a ortografia e a gramática na escola primária e no curso secundário " , assevera o pedagogo. 1 O avanço, na França, dessa forma de ana lfabetismo funcional tornou-se tão grave que até um antigo militante de extre ma esquerda, Jean-Paul Brighel li , professor de Letras em Montpellier, escreveu um livro do qual já se venderam mais de 130 mil exemplares: A fabricação do cretino - A

mor/e programada da escola.2 Uma e ntrev ista de Jean-Pierre Demaill y, me mbro da Academia Francesa das C iências e professo r na Un iversidade de Grenoble J, confirma esse diag nós,

CATOLICISMO

tico alarmante: "A escola está na irninência do naufrágio. Duas ou três décadas atrás, o ensino prúnário e o colegial fizeram recuos desastrosos no campo do aprendizado da língua, da gramática, da ortogrc1/ia, do cálculo, da geom.etria, da aritrnética, do raciocínio lógico" . Colocando o dedo na chaga, denuncia os responsávei s pelo temido naufrágio pedagóg ico: "Isso se deve, em grande medi-

da, ao fato de que foram. abandonados mé!odos pedagóg icos cvrn.prvvados, em. favor de oillros que repousavam unicam.ente sobre teorias pedagógicas abstratas ou sobre considerações leóricas desligadas da realidade" .3 Ou seja, as escolas e os alunos fran ceses serviram de malog radas coba ias para experi ê ncias educac ion ais malsãs, promovidas por ideólogos de teorias antitradicionais. O problema é que a mes ma revolu ção pedagógica foi desencadeada mai s ou menos em todos os países oc identai s. As nações europé ias, pioneiras dessa revolução, são as primeiras a colher seus frutos a margos, e m particular a França. De onde ser mai s viva lá do que no Brasil a reação dos pais de família e de alguns pedagogos mai s av isados. Para se ter uma idé ia mais preci sa da profundidade da crise e da vivacidade das reações , convé m fazer um retrospecto hi stó rico que ajude o le itor a identificar quais as correntes ideo lóg icas que estavam por trás dessa revo lução do ensino, e em nome de que utop ias pregaram e las dita revo lução. O caso francês parece o mai s ilustrativo, motivo pe lo qu al nos detere mos em analisá-lo com particular atenção, foca 1iza ndo espec ialm ente o ensino público,

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mai s homogêneo do que o ensino privado, além de ter sido o campo privilegiado para a experimentação das novas teori as pedagógicas.

Disputa velo <lomínio <la alma inl'antil pós-Revolução Francesa Como é sabido, antes da Revolução Francesa a ed ucação estava quase integra lmente a cargo da I grej a Católica, mediante escolas paroquiai s, pension atos de moças nos co nventos femininos, colégios de co ngregações religiosas e universidades. Desse predomínio da I greja no ensino público resultava principalmente grande benefício para a Reli gião e para as almas. M as, secundariamente, ele era benéfico também para o Estado, pois tratava-se de uma ed ucação de qualidade, se considerados os conhec imentos da época . Entretanto, após a nacionalização dos bens ecles iásticos decretada pelos revo lucionários franceses, Napo leão não só não devolveu os estabelecimentos de ensino à Igreja, mas cri ou um monopóli o estata l para o ensino superior e uniformi zou a ed ucação pública, colocandoª sob o controle da Universidade Imperial, por ele fundada. Três décadas mais tarde, sob o regime monárquico-liberal do rei Luiz Filipe ( 1830- 1848), houve uma certa libera li zação do ensino, com a Lei Guizot, que permitiu a abertura de esco las privadas, principalmente católicas, mas deixou ainda sob a tutela da Universidade o ensino secundário e o superior. A mesma lei generali zou as Escolas Normais para a formação de mestres. Durante a breve República ( 1848185 1) foi aprovada uma Constitui ção que, embora proclamando "o ensino é livre", acrescentava que essa liberd ade se exercia sob o conLro le do Estado, não adm itindo exceções . O que indu ziu o depuLado cató li co conde de Montalembert a descrever esse monopólio da uni versidade pública como um "cornunis-

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mo inleleclua/". Na prática, porém , a Lei Fa ll oux assim denominada de aco rd o com o nome cio ministro monarqui sta cató li co que a in sp irou - estabe leceu, a partir

CATO LI C ISMO

do chamad o Segundo Impéri o ( 185 11870), um ,nodus vivendi entre a escola cató lica livre e a esco la pública, dividindo o ensi no primário e secundári o entre elas, mas colocando-o sob o co ntrole do Conselho Superior da fn stru ção Pública, do qual participavam quatro bispos católicos. Tal situ ação de boa vizinhança perdurou durante todo o período de governo do imperador Napol eão nr.

Escol a N ormal Fem inin a para a forma ção de mestras, segundo o postulado de que "aquele que tem a mulhe,; !.em 1.udo". De fato, das Escolas Normais tanto masculinas quanto fem ininas sa íam cada ano o que os franceses chamam jocosamente "hussarclos negms da República", em alu são aos casacos pretos usados pelos professores no sécul o XIX. Isso porque os mestres de escol a formavam uma verdadeira leg ião de "m iss ionári os" e " mi ss ion ári as", encarregados de "eva ngeli za r" as cri ança · com o novo "credo" laico e sociali sta das forças políticas que dirigiam a França republi ca na. O objetivo dos que tinham em suas mãos as rédeas da in stru ção pública francesa era o de formar

os jovens nos princípios revolucionários, seguindo o lema de Jean M acé, condi scípul o de Ferry e fun dador da Liga do E nsino: "Aquele

que tem as escolas da França, tem a França" . Porém, visando obter o prestígio necessári o para atingir esse resultado, a esco la pública riv ali zava com a esco la privada na quali dade da ed ucação oferecida, procurando realizar a utop ia de Jules Ferry de "que os camponeses possam.

recitar Virgílio enquanlo sulcam a ferra com o arado". Igua lmente,

Porém, com a queda do IJ Império e o advento da lil Repúb li ca, correntes políticas anticatólicas tomaram as rédeas do governo francês e puseram em prática uma política ed ucac ional marcadamente anticlerical. Jul es Ferry , um dos políticos mai s influentes do reg ime, vária s vezes mini stro da fn strução Pública e até presidente do Conselho de Ministros (em 1880), promoveu reformas drásticas para afastar o mais possível a I greja da ed ucação. Além de institu ir o ensino primário obrigatório, eliminou a Reli gião das esco las, impondo a esLriLa lai cidade do ensino, e reLirou aos membros das co ngregações reli giosas a licença de ensi nar. Ao mes mo tempo, Ferry estendeu até o sec und ário o en ino público laico e gratuito para as moças; criou uma

em matéri a de formação moral dos alunos, os professore laico rivali zavam com o vigário no intento de ed ucar cid adãos honrados e Lrabalhadores. Pode-se afirm ar que Lal ens in o público de qualidade, e seguindo pad rões tradicionai s de moral , perdurou na França até a egunda Guerra Mundia l.

Nova utopia: nivelar as classes sociais pela c<lucação Após o co nflito mundial de 19391945 , a instrução pública foi dominada por militantes de esquerda (com unistas e ocia li stas), tanto pelo imenso poder que exerceram a partir de então nos poderosos sindicatos de professores, quanto por terem infiltrado eus elementos em toda a estrutura administrativa cio Ministério ela Ed ucação. Notadamente duranle a década ele 1960-1970, esses cleLentores das rédeas

da educação pública passara m a ter um segundo obj etivo revolu cion ári o: pro-

mover a igualdade social. De fato, até o conflito mundi al, apesar do crescimento excepcional da escolari zação, as naturais desigualdades de ed ucação ainda eram muito grandes. H avia claramente duas linhas paralelas: para os fi lhos de operários, uma ed ucação básica, que eventualmente se estendia a uma educação técnica; e uma educação acadêm ica de alto nível para os filhos das classes superiores, que em muitos casos abria-lhes depois as portas da universidade. Tal situação tendia a tornar estável a hierarqui a soc ial, pois somente os mais capazes da classe operária podiam ascender às classes superi ores. Para atin gir seus objetivos revo lucionários de eliminar gradualmente as classes socia is, os ideó logos soc ial istas, particularmente os representantes de escolas de soc iolog ia obcecadas pela igualdade socia l - por exemp lo, os seguidores de Pierre Boudi eu, o qual afi rmav a ser a escola uma máquina de reprodução elas elites - propuseram programas educativos tendentes a fo rn ecer, a todos os alunos, " igualdade ele oportunidades" na ed ucação. I sto co mpensaria, segundo eles, a desvantagem ini cial el e instrução ele que padece m as cri anças provenien tes de famílias de condição modesta. Com a vitória cio cand idato sociali sta Fra nço is Mitterrand, em J 98 l , houve um a tentativa ele nac ionali zar o ensino privado. Contudo, o projeto fracas sou devido à oposição dos pai s ele família, que rea li za ram marcha com J milhão ele participantes, acarreta ndo o abando no da reforma e a queda cio mi ni stro Savary. Mesmo antes disso, os programas ele ed ucação já tinham sid o vítimas dessa corrente socio lóg ica igualitári a, a qual conseguiu inst ituir um program a único durante quase todo o curso co legia l, destinado a eliminar a antiga diferença entre as escolas técnicas e o curso acadêmi co geral. O Colégio Ú nico devia encorajar o maior número ele alunos a continu ar no Liceu com os estudos gerais, a cam inho ele uma universidade aberta a todos. Posteriormente foram criadas nas peri ferias urbanas, onde residem as famílias pobres e os imi grantes, Zonas de tâuca-

ção Prioritária, cujos estabelecimentos ele ensi no recebem subsídi os especiai s para compensar o déficit ele educação cios alunos (ma ior número de professores, classes com menos alunos, etc.). Houve, por isso mesmo, um crescimento exponencial do gasto público: na França, ele é superi or ao montante recolhido pelo imposto ele renda e representa 7% cio PIB, sendo os maiores beneficiários dessa situação os ensinos primário e secundári o. Daí em diante, segundo esses sociólogos marxistas, a desigual posição ele cada um na sociedade resu ltaria não mai s cio nascimento, mas unica mente do mérito individual. Com isso, as classes sociais iri am gradualmente se aproximando até desapa recerem, realiza ndo ass im a utop ia igualitária do comuno-soc iali smo.

EJ'citos <la Revolução <lc Maio de 68 na c<lucação Concomitantemente, fizeram-se sentir os efeitos catastróficos da revo lução estudantil ela Sorbonne, em maio de 1968, os quais podem ser comparados aos ele uma bomba atômica. Numa primeira fase, houve verdadeira ex plosão social de caráter libertário, que teve como principal slogan "é proibido proibir". Logo após, verificou-se um reflu xo, por causa da reação que seus excessos provocaram na imensa maioria dos franceses. Mas, numa terceira fase, começou uma lenta e per-

sistente irradi ação dos princípios libertári os de J 968 para toda a soc iedade, impreg nando com seus efeitos mal éficos todas as instituições sociais: o exercício ela autoridade por um superior (pai, professor, patrão, policial , jui z, etc.) passou a ser visto co m maus olhos, na medida em que coJoca entraves à expressão livre e espontânea cios sentimentos e desejos dos seus subord in ados. Essa impregnação libertária não tardou a entrar em choque com a escola tradicional , na sua procura ele um terceiro objetivo revolucion ário: a criação de um

homem novo. No passado, o mestre era o " mag ister" (em latim, aq uele que é mais, que sabe mais, e que transmite à criança seu saber), cuj a função consistia em "e-du cere" (elevar, condu zir para fora de si), no seio ele uma "schole" (q ue, em grego, signifi ca pausa, lazer fecundo). Ou seja, o clima da esco la devia ser um santuário onde não penetravam as ag itações da vida soc ial. A escola tradicional sofreu então o impacto ele toda uma corrente ele pedagogos maníacos ela "a utoco nstru ção" cio aluno, cujo principal representante é hoj e na Fra nça o Prof. Philippe M eiri eu, do Instituto N acional ele Pesquisas Pedagógicas, institui ção encarregada de estabelecer os programas ele estudo das Escolas Normais fo rm adoras cios mestres.

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Sob sua égide a escola passou a ser, não mai s um santuário, mas um lugar de vida, aberta a todos os ventos que sopram sobre a sociedade. Em lugar de ser um lugar de transmi ssão do saber, passou a ter como função principal a de incentivar a autonomia de rapazes e moças, pela qual cada aluno deve construir, e le próprio, seu saber. E m conseqüência, é o professor que deve entrar na escola do aluno, e não o contrário. Numa palav ra, trata-se de uma esco la de autodidatas. Um relatório oficial do Mini stério da Educação, denominado Relatório Migeon, declarava o seguinte: "A apropriação dos conhecirnentos é o oposto da transnússão dos conhecimentos daque le que sabe àquele que não sabe". O Sr. Philippe Meirieu declarava que "a criança deve ser a autora de sua educação, de seu projeto pessoal, de sua própria construção de saberes", pe lo que "cada vez que se explica algo ao aluno, isso o únpede de inventar" (sic!). Do ponto de vista da formação do caráter, mais do que uma escola, trata-se de uma república de alunos, organizada segundo os princípios socialistas de igualdade e liberdade radica is. Nessa pseudo-escola não há hi erarquia entre professores e estudantes, não há notas (para não haver concorrência entTe os alunos), não se repete o ano, não se orienta os alunos numa direção determinada segundo suas aptidões, e, acima de tudo, não há di ciplina. Para ava liar o grau de preparo dos pedagogos em formação para esse novo estilo de educação, foi proposto a dois grupos de estudantes do Instituto Un iversitário de Formação de Mestres, de Paris, o seguinte caso: oferecer soluções para acabar com uma desordem provocada pelos alunos numa sala de aulas. A olução proposta pelo primeiro grupo fo i a seguinte: o professor d via negociar com o. a lunos o nível le barulho e de movimentação aceitáveis daí em diante; a do segundo grupo foi que o professor devia fazer os alunos praticarem a ioga!

Novos métodos revolucionários ele apremlizaclo Aparentemente para co mbater o " individualismo" da soc iedade burguesa e CATOLICISMO

favorecer o "espírito coletivo" da nova soc iedade socialista, esses neopedagogos inve ntaram novas técnicas de ensino, notadamente para o aprendizado da leitura e da aritmética. No método tradicional de aprendizado da le itura, e ns inava-se prime iro ao

aluno cada uma das letras; depois, a reuni -las e m sílabas e a familiarizar-se com o so m das síl abas; em seguida, a compor e reco nhecer as palavras; e, finalm ente, as frases. Ou seja, partia-se da unidade, a letra, e iam-se formando grupos cada vez maiores, até um texto lon go. Em oposição a esse método natural , inventou-se o c ha mad o m.étodo g lobal de aprendizado, o qual pretendia faze r ocaminho contrá ri o, indo diretamente às palavras e as frases. Esse método fo i, na rea lidade, uma adaptação de um sistema empregado originariamente na Escola de Surdos-mudos de Paris , segundo o qu al não e ensinava previamente a I tras, a sílabas e os sons - o que não teri a sentido , tratando-se de surd os- mudos - , mas apre ndia-se a "fotografar" e memori za r a, palavras inte iras, como , e fossem ideogramas chineses. Daí seu nome de método global. Assim , por exemplo, no livro Je lis avec Dagobert (Eu le io com Dagober-

to), um manual de leitura de J 76 pági nas, descobre-se a primeira vogal somente na página 26. A primeira consoante fi gura na página 46, e a palavra sílaba é mencionada pela primeira vez na página 99, muito além da metade do livro! Analogamente no ensino das operações aritméticas. Sob o influxo de um grupo esotérico de matemáticos da Escola Normal Superior de Paris, chamado grupo Bourbaki, os programas escolares impuseram o ensino das chamadas matemáticas modernas, e notadamente da teoria dos conjuntos. Ao invés de começar pela idéia de " unidade" (um pauzinho, doi s pauzinhos), unidades que vão se adicionando e subtraindo, etc., obriga-se os alunos a abordar diretamente um coletivo de elementos - digamos, " um sub-conjunto de cinco peras" - ao qual se acrescenta ou do qual se subtrai um outro grupo - digamos, " um sub-conjunto de 3 peras" - formando um "conjunto de 8 peras" (ou um "conjunto de 2 peras", no caso de uma subtração). O que, na aritmética, equivale ao que é, na leitura, aprender as palavras sem ter aprendido as letras. Isso supõe, por parte das cri anças, aptidões intelectuais muito ac ima da média geral . Também, nes e ensino moderno das matemáticas, intentou- e o uso de uma base de num ração di stinta da base decimal (como na in formática, em que a base é binári a). [sso equiva le, mai s ou menos, a en inar a fí ica a partir da lei da re latividade! ó s gênios co nseguem acompa nhar. O resultado foi que a maioria dos alunos não aprend ia direito as noções básicas ela aritmética. Interpelado a respeito d s. e in ucesso, um ex-m ini stro francês la e lucação, o fil ósofo Luc Ferry, chegou a declarar: "Não há problema: para isso podem usar a calculadora"! O que há de comum entre o método global de le itu ra e a teoria dos conjuntos é, ao que parece, o ódio pelo ser indi vidual como base do universo criado, e portanto do Ser que o criou . Obrigar as crianças a pensar primeiro "no coletivo" não será uma forma de prepará-las para o soc ia li smo, até quiçá para o panteísmo? É de se suspe itar ...

A "rebelião" dos pais de família O fracasso do ensino público tem favorecido a criação de vários movimentos de pais de alunos que, indignados com o efeito pernicioso que as experiências pedagógicas têm provocado na instrução de seus filhos, começaram a reagir, alertando o público, os meios acadêmicos, os políticos e a mídia. O seguinte artigo, do conhecido quotidiano parisiense "Le Figaro", retrata a fisionomia e a ação dos mais conhecidos movimentos de reação :

Esses rebeldes no assalto da fortaleza "Educação Nacional" Marie-Estelle Pech - "Le Figaro", 20-10-2006

A partir ele dois ou três anos atrás, graças a seu caráter militante sem tréguas e à sua presença crescente na mídia, certas associações pesam cada vez mais no debate sobre a ed ucação. "SOS Ed ucação", "Sa lvar a Literatura", "Sa lvar as Matemáticas", Laurent Lafforgue, Jean-Claude Brighelli , Marc Le Bris o u Rachel Boutonnet... De dois ou três anos para cá, assoc iações e personalidades interferem no debate político sobre a ed ucação, quebrando o monopólio do di álogo entre o mini stro da Educação e os indicatos de professores. Nem todo defendem as mesmas teses nem propõem as mes mas soluções, mas e les estão ele acordo no essenc ia l: a constatação do estado catastrófi co do e nsino na Fra nça. No estil o de Fanny Cappel , diplomada em Letras C lássicas e membro ele "Salvar a Literatura", uma assoc iação de cerca de 400 professores , todos denunciam o impacto de "certos dogmas pedagóg icos" sobre a formação dos mestres: "Dogmas tão absurdos quanto perigosos, que impedem os professores ele exercer livremente sua profi ssão, e que impedem os alunos de aprender qua lquer coisa de modo sólido". Igualmente, todos deploram o " níve l lamentáve l" dos que são aprovados no bacharelado, responsável pelo insucesso de 40% !e ntre eles no primeiro ciclo universitári o. "Salvar a Literatu ra", bem como "SOS Educação" esti gmatizam um " ig uali tarismo obtuso" que, sob pretexto de oferecer a todos um " pretenso sucesso", baixou o níve l dos diplomas, e liminou a repetição e m caso de fracasso nos exames, uniformizou o curso de todos os alunos e indu zi u a uma " heterogeneidade incontro láve l" nas sa las ele aul a. Todos estão de acordo em po, tu lar um " retorno aos fund ame ntos", aprec iado pelo atual min istro da Ed ucação Naciona l, particularmente nas escolas primárias. Laurent Lafforgue é um defensor fe rvoroso desse retorno ao básico. Esse conhecido matemático, que ga nho u a meda-

lha Fields [principal prê mio internacion al de matemática], tornou -se conhecido cio grande público no ano passado, após ter comparado os "especialistas e sindicatos ela Educação Nacional" aos khmers rouges [as milícias comunistas que promoveram o genocídio cio Cambodge e m 1975]. Uma afronta que lhe valeu a exclusão do Alto Conselho da Educação, responsável pe la reform a cios programas. Para e le, o sistema ele ensino público está em via de "destruição total", devido a políticas impostas pelo "conjunto da nomenklatura da Educação Nacional".

Os pc<lagogos

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banco cios ac11saclos

Signatário de um apelo recente em favor da "refundação ela escola", juntamente com Rachel Boutonnet (amestra que prega em seus best sellers o retorno cio método silábico), e Jean-ClaucleBrighe lli, Lalforgue freqüenta hoje os co lóquios sobre a educação nacional. Recentemente, numa reuni ão organizada pe la associação "Família, escola, educação", ele dedicou seu tempo a denunciar a desestruturação cio ensino na escola primária e suas repercussões no ensino médio e superior. Para o matemático, "podese resumir uma boa parte dos males atuais dizendo que quiseram proscrever todo e qualquer ensino explícito, qualificado de dogmático, e substituí-lo por um espírito que pretensam.ente favorece a experiência e a descoberta pessoais". Assim, "onde os antigos programas do primário exigiam aprender as conjugações verbais, os novos convidam a observar as variações da forma verbal ". Os pedagogos, sempre e ainda mais agora, no banco dos réus. No que diz respe ito às soluções, a unanimidade se reduz a pedaços. "SOS Educação" aprec ia "Sa lvar a Li teratura", mas esta última não retribui o apreço. Deseja di stanciar-se de "press upostos ideo lógicos" que e la não partilha. "Salvar a Literatura" acredita numa escola republicana forte, capaz de tran smitir a todos os alunos que lhe são confiados - "q uaisqu er que sejam sua origem social , confessional , cultural " - um patrimônio comum de conhec imentos de a lca nce unive rsal, verdadeira base da Nação. Os militantes de "SOS Educação" seriam, seg undo Fanny Cappel, ultra- liberai s qu e querem estender "abusivamente a todos os campos ela atividade humana o conce ito, a liás desv iado, ele liberdade ... ".

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O remil1ismo e a co-educação obrigatória Outro as pecto da re volução pedagógica desenvolvida na segunda metade do séc ul o XX foi o de tornar obri gatória o u, pe lo menos, de favo recer abertamente a co-ed ucação, não so me nte na esco la pri mária mas durante todo o curso co legial e o li ceu. Segu ndo as fe mini stas da prime ira hora (c uj a in sp irado ra fo i Sim one ele Beavo ir e m se u liv ro O Seg undo Sexo, no qual afirmava que "a mulher não nasce, mas se fa z "), a educação mi sta de veri a diminuir as des ig ua ldades e ntre ho me ns e mulheres no acesso ao trabalho e às a ltas fun ções. Mai s a ind a, de veria co ntribuir para acabar com os estereótipos feminino e masc ulin o, os quais, seg undo o fem ini smo, perpetuam a soc iedade patriarca l, necessa ri ame nte opress iv a para as mu lhe res.

Letras cio Mini stéri o ela Ed ucação, isso não é gra ve porque eles ainda não termin.ararn. os estudos). O Relatório Périssol descobriu que J 1% cios jovens ele 17 a 22 anos têm clificulclacles ele leitura e escrita, suficientes para que sua vicia diária seja afetada. Trata-se, portanto, de ana[/úbetos .fúncionais. Esse diagnóstico ele naufrágio provocou o q ue o jornal "Le Monde" qualifi-

Frutos amal'gos da l'evolução pedagógica Passa ram-se 40 anos desde que se reali zaram essas prime iras experiê nc ias. Pouco mai s tarde, tai s métodos " modernos" de e nsino foram impostos, em maior ou me nor medida , nos p rogramas ed ucativos de quase todos os países oc identai s. Q ual fo i o resul tado? Um verdadeiro desastre ... Senão, vejamos o caso francês. Q uanto às operações bás icas ela ari tmética, o panorama é catastrófico. Numa avali ação cios alunos de 2ª série, o resul tado fo i que ome nte I aluno e m cada 4 consegue faze r um a divisão ele 178 ,8 por 8! De fato , o ensino segundo o método elas matemá ti cas mod ernas já foi aba ndonado há um certo t rnpo . Q ua nto aos resultados cio método global ele ap rendi zado la leitura, segundo dados fornec id os pe lo Movim e nto SLECC (acrônimo ele Saber Ler Escrever Contar Ca lcul ar), ele 15 a 20 % cios alunos que e ntram no coleg ia l ainda nã sabem ler, e 13% cios a lunos que termi nam a Iª série continuam sem ter ap re ndido (mas , seg undo a Sra . Kethe rin e We il ancl, diretora ela In speção Geral ele CATOLIC ISMO

cou com o títu lo A querela dos globalistas e dos silábicos. De um lado, segundo o quotidiano, "os partidários do método global. Esses defendem wna técnica que se assemelha à n·,.agia: em poucas palavras, não se aprendem nem os sons, nem as letras, nem as sílabas: fotogrcifám-se as palavras e repetem.-se. [ ... ] Do outro lado, os partidários do método silábico. 6 dogma difere: a criança é convidada a associar a cada sílaba um som e a.formar pacientem.ente palavras, e, depois Fas es. [... J Não fa lta mais nada para desencadear uma nova guerra escolar. 1... 1 A leitura tornou-se nossa rnais rece11te guerra de religião! Essa rachadura ce rtamente separa hoje nwis do que a divisão en.tr a esqu rela e a direita, entre o Ma c/ lntosh j e o P , entre / os dicionários} Petit Robert e Larousse" .4

Na rea lidade, é uma querela entre os professores fo rmados nas Esco las No rmais, parti dários cios métodos ditos " modernos", e os pa is de família que desej am voltar aos métodos tradicionai s, apo iados numa mino ri a ele professores co m bom senso . O res ultado ela quere la fo i que o atual mini stro francês ele educação, G illes ele Robien , passou uma c ircul ar anunciando a retomada cio método silábico, a qual suscitou uma rebe li ão cios professores apoiada pe los diretores ele estabelec irnentos, 12.000 cios quai s fi zeram uma manifes tação em Pari s, o que fo rçou o mini stro a voltar vergonhosamente atrás. Quando o ministro Robi e n an uncio u no di ário " Le Figaro" que iri a iniciar a reforma cio ensino ela g ramática e cio cálcul o na esco la primária, e, es pecifi camente, que as quatro operações aritméticas deveriam ser ap rendidas o mais cedo poss íve l, os mes mos especialistas da pedagogia repli caram, no d ia seguinte, que o mini stro não e nte nde nada ele educação e que, segundo seus estudos, o ap rendi zado precoce da divi são é nefasto para os a lunos (s ic !). 5 Tal é o peso cios preconce itos pedagóg icos e cios inte resses corporativos cios sind icatos de professores. Os alunos , que vão às favas 1

Repercussão da rnvolução escolal' 110 e11si110 ,miversitál'io Essa deteri oração inexorável cio e nsino primário e secundári o tem afetado as universidades fra ncesas ele duas maneiras . De um lado, co mo o ma ior esforço fin ance iro tem sido diri g ido para as Zonas de Educação Priori tária, sobra mui to pouco d inhe iro público para as uni versidades, as quais carecem cios professores necessários para ate nder adequadame nte o conjun to cios estudantes, assim como lhes faltam laboratóri os e equi pamentos ele pesqui sa ele alta tecnolog ia. De o utro lado, exceto no grupo redu zido elas cha madas G randes Escolas, nas uni vers idades fran cesas não há um processo d se leção d candidatos: qualque r estudante que, no fim do Li ceu, conse-

"S.O.S. Educação": exemplo de reação bem sucedida N

a ponta de lança do co mbate à degrad ação cio e nsino público e ao predomínio cios sindi catos ele professores, na preparação cios programas escolares, encontra-se na França a assoc iação "S.O.S. Educação". A e ntidade fo i fundada e m nove mb ro ele 200 1, por um grupo ele jovens pai s ele a lun os re unidos e m torno de Sy lvain Marbac h, engenhe iro ele pesquisas, e de Domitill e Létonclot, ps icó loga esco lar. Esses jovens pa is ele fam ília fo ra m todos educados na década ele l 980/ 1990 e fi caram escanda li zados com as defic iê ncias de um s iste ma s upostame nte democrá tico, mas qu e não corresponde às necess id ades ela ma ioria dos alunos . Dec idi ra m então criar um mov ime nto para informar os cidad ãos sobre o estado da esco la e defender s uas idé ias junto aos políticos. O programa da associação resume-se em 1O pontos: 1. Dar pri orid ade à tran smi ssão cio saber; 2. Adaptar os c ursos ao nível cios a lunos; 3. Todas as crianças elevem saber ler no fim da escola primári a; o método g lobal eleve ser s ubstituído pe lo método siláb ico; 4. Verifi car os conhecimentos adq uiridos pe los alu nos antes ele admitir seu ingresso no colégio e no li ceu; 5. Dar uma qualificação profissio nal já no fim cios estudos secundários; revalorizar as esco las téc ni cas e, para certas pro fi ssões, permitir ap rendi zes desde a idade ele 14 anos; 6. Restaurar o prestígio e a autoridade dos professores; 7. Restaurar a disc iplina dentro ela a ul a; enviar os pré-delinqüentes para internatos de reab ilitação; 8. Orga ni zar c ursos ele civismo, que e nsinem aos alunos seus deveres, pelo menos tanto quanto são ensinados os seus dire itos; 9. Li mitar o poder cios sindicatos ele professores na Ed ucação Nacional ; 10. Sanc io nar os professo res qu e cometem fa ltas g raves. Um artigo ele "Le Monde", ele 8 ele novembro ele 2006, sob o título O marketing de SOS Educação para impor o b.a.-ba, reconheceu a vitalidade e a eficácia cios métodos da assoc iação: "Na sede ela associação, no J 3° bairro ele Paris, oito e mpregados e vo luntári os se empenham , por meio ela ln-

Lactuel prb1d8f'lt de rauoc11~on se nomme Jeon llêouhne n, tn 19.19 1! 111 c1d1e comme1c,a1 ti a i1é élu f)l'h1den1 de SOS Educ111on le IS 1u1llt1 2003 li n111m11t tu aucun tngagement pohhqu1 Ili m1l~ant 11 dmge SOS Educ1t1on r,'tC rumqu1 souc,

d';imil11>1trra-,'&n11du nos enfants Oo mltlll e l 61ondo1 esl 11ê1orie1e Syl v1:il11 Mtubo c h u t Hcrit11r1 11 lw be lle tltm r1111t (28 ans) qu1 a , 1, longt1mp1 potte,pa,olt et ular16e dt ressoc1111,on esl de-~nue en 1u1n 2004 Hcrita,re gênirale

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ternet e de re messas de mala-direta, em envi ar duas me nsagens: subj ace nte à denúncia cios resultados desastrosos ele método g loba l Icio apre ndi zado ela le itura"!, defendese uma vi gorosa ideo logia anti -fu ncionári os. "SOS Educação" combate as ' velhas' o rga ni zações 'subvencionadas' que são seus o lhos; os sindi catos ele professores; os movimentos pedagóg icos; e, em geral, o que ela chama de 'corporativi smos'; por vezes, 'ag itadores que fazem subversão nas escolas'. A assoc iação defi ne-se como ' ri gorosame nte independe nte ele toda e qual quer o rgani zação política, sindi ca l ou profi ss io nal', assumindo uma orientação baseada na 'ética ela responsabilidade indi vidu al'. Seu público é com posto por todos aque les que vêem nas ' peclagogias modernas' um 'desastre', que esperam 'o restabelecimento da auto ridade cios professores', a ' reintrodução dos c ursos ele Mora l', ou a ind a ' um exa me de ad mi ssão no co leg ial' , e estão d ispostos a contri buir fi nanceiramente para a causa. O emp rego ela mala-direta teve eus efeitos positivos: a associação congrega 220.000 simpatizantes - pessoas que responderam positivamente a seu ' referendum nac ional sobre a educação', lançado em 2005 - bem como 64.000 membros que contribuíra m com uma cotização mínima ele 15 euros l40 reai s]" .* *Cfr. Le marketing e SOS Educalio11 pour imposer /e b.a. - ba, Luc Cédell e, in " Le Mo nde", 8- 1 1-2006.

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gue pass~u- no exame de bac hare lado tem dire ito ele se inscre ver numa fac uldade . Mas grande pa rte dos que ingressa m nas fac uldades não estão pre pa rados. O resultado é que 40% cios que começam estudos uni versitári os não consegue m te rmin ar o 2º ano e o bte r um Dipl o ma de Estud os Univ e rs itá ri os Ge ra is . Dessa mane ira, a cada ano letivo, 80 mil estudantes de ixa m a fac uldade sem ne nhum dipl oma. A ve rdade ira se leção dá-se nese mo me nto, porque continua m os estu dos s uperi ores rumo ao mestrado e ao do utorado some nte aque les q ue teri am consegu ido passar nos exames ele seleção, caso ho uvesse um fi ltro de entrada . Co m isso as uni ve rs idades perd e ra m te mpo e d inhe iro, e os estuda ntes capazes ele continuar os estudos fora m afetados ao receber um e nsino necessariamente infe ri or, em a nfiteatros superl otados e sem um aco mpa nh ame nto persona lizado, por causa do exce so le alun os. O resul tado dessa situ ação f i que as uni ve r. idades fra ncesas ma ni f sta m nte estão pe rdendo a corrida e m re lação a suas concorre ntes estrangeiras . Segundo a chamada classificação de S hangai, que cataloga as 500 me lho res unive rsidades do mundo de aco rdo com um leque ele

CATO LICISMO

crité rios objetivos, some nte três universidades fra ncesas situam-se e ntre as L00 prime iras, s ndo que a me lhor colocada ocupa o 45° lugar! Isso constitui um golpe muito duro não some nte para o orgulho nac ional francês, mas sobretudo para o desenvolvimento do país, porque suas melhores cabeças começam a migrar pru·a centros ele alta tecnologia situados nos Estados U nidos e em outros países desenvo lvidos. E lá se estabelecem depois pru-a trabalhar.

Desmentido o mito da "igualdade ele opm·umidacles" U m soc iali sta empede rni do pode ri a eventualme nte admitir que o ensino fra ncês está pe rde ndo competi tividade face a seus concorre ntes, princ ipalme nte e m re lação aos pa íses a ng lo-saxões. Mas, recon hec ido isso, e le a pressar-se- ia e m insistir que, mes mo ass im , tra ta-se de um im1 erativo mora l: a ed ucação de massas não procura a excelê nc ia ele uns poucos privileg iados, mas a " igualdade ele oportunidades" para todos e a e li minação das d sig ualdades soc iais. Entr ta nt o, mais uma vez os res ultados , 40 anos depo is, provam q u a rea li dade des ment essa utop ia.

Certame nte houve, na segunda metade do século XX, um crescimento excepcio nal da escolari zação: e m 50 anos, a duração média ela escolru·iclade passou de 7 a 14 anos; e a proporção ele bacharé is e ntre os egressos do lice u passou de 5%, em 1950, a cerca de 80% em 2006. Se nos anos 4 0 some nte 6% de filhos ele o pe rári os passa vam o bach are lado, ao lado de 25% de filh os de e mpregados e 66% de filh os ele profi ss ionais, na geração atual essa proporção passou a 30%, 50% e 75% res pectiva me nte (ou sej a, atualme nte c inco vezes mai s filh os de ope rá rios e duas vezes mai s filhos de empregados obtêm o bachare lado do que 60 anos atrás). Po ré m, todos os estudos soc io lógicos confirmam que isso não representou uma muda nça na " pirâmide" cios resul tados acadêmicos, nem na " pirâmide" dos empregos após os estudos , ne m na pirâmi de oc ial. Um cios motivos é que o a ume nto do número ele diplo mas os desvalori zo u: hoje, para obte r um bom emprego, não basta um diploma, é necessário o bo m dipl o ma da fac uldade prestig iosa. O utra explicação é que as cru-re iras unive rsitárias longas, que conduzem aos cargos ma is e levados e ma is bem remunerados , con tinu am sendo pri mo rd ia lmente proc uradas pe los filhos de profi ssionais, ao passo q ue os filh os de o perári os ingressam majorita riame nte e m carreiras técnicas c urtas, quando não começam a tra balhar logo a pós o fim cios estudos secundá ri os. Dessa fo rm a, apesa r dos fo rtes investime ntos fin a nceiros do Estado, pe rma nece qu ase in a lterada a pirâ mide socia l. A natu reza se vi nga. E m inícios ele 2006, o jornal esq ue rd ista "Le Monde" pu bli cou interessante série de artigos sobre a crise soc ia l francesa. O quarto da séri e, escrito pe lo jo rna l is ta T ho mas Piketty, versou sobre

Educação: as promessas da discriminação positiva. Ele constatava amargamen te que "a elevação ge ral dos níveis de educação suscilou f i·us1rações à a /Jura das esperanças que ela tinha f eito 11asca As desig ualdades de percurso e de sucesso escolar apenas se desloca ra111 para cima, quando não au111enlara111 ". A x1 li cação lo articul ista é simp les de compreend r: "Antigamenle a desi-

gualdade era l ruia: alguns deviarn co-

meçar a trabalhar aos 14 ou 16 anos para ganhar sua vida, enquanto outros tinham a chance de poder continuar seus estudos. Hoj e todos podem, ou crêem poder; atingir uma f ormação longa; mas desigualdades mais sutis reaparecem. no caminho (entre cursos geral e profissional no Liceu, entre as diferentes carreiras no ensino superio1: ..). Aqueles que perdem a boa opção, e que no f im dos estudos conhecem o maior índice de desemprego, são freqüentem.ente os mes1nos que antigarnente corneça vam a trabalhar mais cedo - só que agora nem sequer encontram emprego" .6 A razão ela pe rsistência dessas des igua ld ades de resultado, primeiro na educação e de po is no curso ela vida , encontra-se na ex istê ncia ela fa mília, este io ele toda soc iedade be m constituíd a.

Um meio para elimi11al' a família: ecluca ção estatal No pri mórcl ios dessas expe riências ele engenharia social , o Instituto N acional de Estudos Demográ fi cos da França publi cou, e m 196 1, um traba lho in titul ado O sucesso social na França , que estudava as c ircunstâncias exteriores - fa mili ares e sociais - suscetíveis de influenciar a carre ira elas pessoas. Referindo-se à famíli a, o estudo chegava, sem pesta nejar, à seguin te conclusão: "Enquanto ela con-

tinuar a preenche,; na sociedade, suas fúnções essenciais de identificação social e de perpetuação de um norne, assim como de educação das crianças, parece rnuito d(fícil garantir a todos a igualdade comp leta de oportunidades" .7 (Por isso,

de uma c ri ança, gravando tudo o que e ra dito e ntre a criança e os pa is. Após tra nscrever cada encontro, os pesqui sadores ana li saram o estilo de comunicação de cada casal e o respectivo desenvolvime nto da linguagem ele sua cri ança. Descobri ra m, primeirame nte, que o cresc ime nto cio vocabulári o elas crian ças va ri a va enormemente de uma classe social para outra, e que a di fere nça e ntre as c lasses começava muito cedo na vida. Aos três anos ele idade, as cri anças c uj os pais e ram profi ss ionai s tinham um vocabul ário de aproximadamente J. L00 palavras, enquanto as c ri anças ele famí1ias pobres tinh am um vocabul ário ele aproximadamente 525 pala vras. Em seguida descobriram que o coefi c ie nte intelectual elas crianças era pro porc io nal ao seu vocabulári o: o coefi cie nte médi o elas cri anças filh as ele profi ss io na is e ra de 117, e nquanto o elas cri anças nasc idas e m fa míli as modestas, somente ele 79. O mesmo estudo co ncluiu que, nos primeiros três anos de vicia, as c ri anças ele famílias abastad as rece bia m, e m média, 500.000 expressões ele encoraja me nto contra a penas 80.000 dese ncorajamentos; e nqu anto as cria nças pobres recebi am a penas 75 .000 encoraj ame ntos contra 200.000 expressões de desencorajame nto . Dessa maneira, Hrut e Ri sley mostrara m que o tipo ele linguagem em re lação ao qual as cri anças são expostas na pri meira infânc ia apresenta uma re lação cli -

reta com o coefi c iente intelectua l, a atitude face à vicia e os poste ri ores sucessos ou insucessos acadê micos ela criança. Outro estudo da antropó loga Annette Lareau e sua equipe, que se instalaram por três sema nas seguidas nos lares ele famíli as ele dife rentes condições socia is, constatou que as fa mílias de el a se médi a e alta seguem uma estratégia s imila r pa ra c ultivar seus filh os: e les conve rsam com seus filhos, tratando-os como adultos e m fo rm ação, e por isso encoraj ando-os a faze r perguntas, a pôr em dúvida pressupostos tidos como verdadeiros e a negociru· as regras ele comportamento no la r. Ao mesmo te mpo essas famílias planej a m e aplicam incontáve is ativid ades para desenvolve r os tale ntos el as cri anças: aul as de pi ano, visitas a mu se us, práti ca ele esportes, etc . Enqua nto nas famílias o perárias dá-se mais liberdade aos filh os para preencher seu tempo livre (brincando na rua com ami gos , po r exe mplo) , mas me nos liberdade no relacionamento com os adultos . A co nc lusão cio articuli sta do di ári o "The Ne w York Times" , que resumiu o resultado dessas e outras pesqui sas ci o mes mo gênero, fo i que "postas em con-

junto, as conclusões desses pesquisadores podem. ser um pouco desestabilizadoras. [... ] Seus trabalhos suge rem que as desvantagens que a pobreza impõe às crianças não são primordialmente relativas a bens ,nateriais. [.. ."I As verdadeiras vantagens que obtêm as crianças da

pru·a E ngels, comunismo devia condu zir à e liminaçã ela família , e a educação elas crianças deveria ser diretamente rea1izacla pelo Estado). De fato, estudos ameri canos recentes confirm a m, el e modo in sofis máve l, qu e é mes mo no int erior ela fa míli a, e desde o co meço el a vicia , q ue as nor mais di fe re nças de nível ecl ucaci na l começa m a aparecer entre as crianças. Do is psicó logo in fa nti s ela Unive rsidade de Kan sas (E UA) , Betty f-Jart e Todd R. Ri sley, fi zera m uma I esqui sa a profundada a respe ito ela aq ui sição ela lin g uage m. An ali sara m 42 fa míli as de Kansas C ity, q ue vi sitaram mensa lm ente durante três anos a pós o nascimento FEVEREIRO 2007

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Ed ucação Ruth Kelly, 40% dos a lunos têm um níve l esco lar in sufi c ie nte; de aco rdo com estatísticas, uma criança de cada c inco não domina o ing lês no fim ela escola primária, e uma de cada quatro não está à altu ra em matemática), o governo trabalhista de Tony Blair pratica me nte e limin ou o sistema de esco la única, in sta urand o ma io r co ncorrê ncia entre as esco las públicas. Estas, caso o desejem, poderão desfrutar de plena autonomia em re lação às auto ridades loca is que as gerem, e passar a ser adm ini stradas por um trust, um a fundação , uma igreja ou um grupo ele pais de a lunos. 10

Está compro11ado o /'rncasso rotw1do <la co-educação Tony Bloir prati cam ente eli m inou , no Inglaterra, o sistema de escol a único, instaurando maior con corrência entre os escola s públicos. Na foto o St. John's College, em Cambridge .

classe média provêm de processos mais sutis: a linguagem que usam os pais, as atitudesface à vida que eles transmitem. Qualquer que seja o método empregado para avaliar a educação das crianças, os pais de classe rnédia tendem. afazê- lo de ,nodo di:fe rente dos pais pobres - e a via que eles seguem tende a fornecer a suas crianças urn conjunto de vantagens" .8

O sucesso do ensino dil'crenciado e11tre as e/asses Co ntra ri a me nte à Fra nça, o nd e as escolas de soció logos igualitári os gastaram fo rtun as para tentar provar que bastava fo rnecer aos alun os uma " igua ldade de oportunidades" num sistema escolar único, para ass im compensar as desva ntagens proveni entes da ed ucação famili ar, nos Estados U nidos têm-se realizado nume rosas experiências, com êx ito, a partir do pressuposto contrário: o favorec ime nto de escolas diferenc iadas. T rata-se ele esco las privadas financi adas pelo Estado, que se in sta lam nos bairros ma is pobres e recebem uni camente alunos proven ientes de minorias desfavorec idas, como os imigrantes hi spânicos o u os negros. Nessas e.-co la , o horári o acaclêm ico é mais longo e os professo res oferecem tuto ri a ad iciona l após o fim elas aul as, ass im corno au las aos sábados. Igua lmente, os professores tentam modelar o comportame nto cios a lunos, motivando-os por meio ele ca rtazes, CATOLICISMO

s logans, prêmios e castigos. Pois está provado que cri anças respe itosas, disciplinadas e labori osas alcançam melhores resultados esco lares e obtêm melhores e mpregos no fim dos estudos. A me nsagem inerente ao suce so dessas esco las é, segundo o mesmo articu1ista cio "The New York T imes", a eguinte: "Para conseguir que os alunos pobres compensem as desvantagens, eles não podem receber a mesma educação fornecida aos alunos da classe média, mas uma educação muito melhor: precisam.ficar m.ais tempo nas aulas do que os alunos da classe média, ter professores mais bem. treinados e um currículo que os prepare psicológica, emocional e intelectualmente para os desafios que deverão erifi·entar no fi1.turo ". 9 Por exemplo, numa das esco las que segue m esse princípio, in sta lada no Bronx, bairro pobre da cidade ele Nova York , a média dos a lunos obteve, no teste de co ntro le de 2006, resultados 12% acima da média do estado de Nova York. Apesar dos excelentes resu ltados obtidos por essas escolas pioneiras, os principais opositores ao financ iamento público de tais escolas especiali zadas são ... os sindicatos de professores! Baseados nos mesmos preconceitos libertários e igualitári os ele seus colegas f'ranceses, que saem às rua para fazer manifestações e obrigam o ministro a dar mar ha à ré ... Para reso lver uma cri se esco lar similar na Ing laterra (segundo a ministra da

Até agora, questionar o "dogma" da ed ucação mi sta aca rretava quase inev itavelmente, no Brasil , ser tac hado de " retrógrado", " machi sta" e outros e pítetos do mesmo naipe. Surpreendenteme nte, em a lguns países desenvolvidos, atualmente até as correntes ele esq uerda e os movimentos femini stas começaram a discutir o "dogma", e a ex ig ir, com base em rigorosos estudos científi cos e estatísticas, o reconh ec ime nto cio fracasso ed ucativo dos co légios que adota ram a co-ed ucação, como também a necess idade de ace itar o fato ele que rapazes e moças são diferentes . Em conseqüência, necessitam de uma ed ucação diferenciada. Em algun s desses países, a disc ussão já deu margem à ad ção de medidas concretas, como a criação de estabeleci mentos educativos públicos single sex (sexo único), ou a separação, dentro de um mesmo colégio, ele au las para rapazes e aulas para moça , numa cerla faixa etáia. Co nvém citar, a esse propósito, os in teressantes dado fornec idos por um estudo ele Maria Ca lvo Charro, Professora de Direito Adm ini strativo na Universidade Carlos Til, de Mad ri d, sob o título Todos iguais, mas diferentes - O Direito a uma Educação Di:f'erenciada. A acadêmica e ·panhola cita o caso do estado austral iano ele New South Wales, o mais popu loso da Austrália, onde, em 200 1, os pedidos de inscrição nas escolas públicas mistas tinham caído 50%; ou ainda o caso cios lêinder alemãe de Berlim e Renânia do Norte-Westfáli a, nos quais,

desde 1998, por iniciativa dos socialistas e dos verdes, e com o apoio dos mov imentos fem ini. tas, foram autorizadas as aulas diferenciadas por sexo, após uma investigação séria. N a G rã Breta nh a, d iz a autora, os mel hores co lég ios não são mistos. E m 2004, o mini stro ela Ed ucação ela época, David Miliband, mostrou a necess idade de insistir nos benefícios obtidos pelos j ovens na ed ucação em colégios diferenciados. Mais recentemente, após q uatro a nus de investigação, um informe preparado pela Faculdade ele Educação ela Universidade de Cambri dge (un ivers idade que obteve, a li ás, o 2° luga r no ranking mundial de uni versidades da c lass ifi cação ela Shanga i, acima citado), ana li sou pormenori zadamente os be nefícios que resultam da educação d ifere nc iada, comparada com a educação mi sta. Na provínc ia francófona de Québec, no Canadá, o prestig ioso Conselho Superior da Ed ucação ju lgou nece sária, num infor me ele 1998, uma radica l refo rm a pedagóg ica destinada a separar moças e rapazes nos co lég ios, a qua l já está sendo posta em prática. Nos Estados Uni dos, j á em 2002, a adm ini stração Bush derrogou a obrigatoriedade da co-ed ucação, imposta naquel e país por urna le i de 1972. Em 24 ele outubro do ano passado, a secretária ele Educação, Margaret Spellings, anun ciou novos regul amentos que dão ainda maior fl exibi !idade aos estabe lec imentos ed ucac io nais para oferecer aos pa is opções ad ic ionai. para educar os filhos em regime ele paração de sexos. O exemplo emblemático de sucesso na educação diferenciada é a Young Wornen '.1· Leadership Acade111y, cio bairro pobre de East Harlem, que ·onsegue J 00% de sucesso de suas alunas (nos doi s últimos anos, todas as alunas egressas desse estabelecimento consegui ram entrar na universidade), face à magra m dia de 42% das escolas mistas ele Nova York.

Di/'crcnças <los sexos: lm1W8, e não pro<luto ele co11<licio11amc111,os Qua l a razão dessa nova tendência? - pergunta a Dra. Ca lvo barro. "Si111 plesmente, o reconhecimento de algo q11e te111os tentado negar ao longo dos 1ílti1rros anos, e que, sern embargo, é evide11 -

te, uma vez que o constata,nos na nossa vida diária no relacionamento com o sexo oposto: porque sornas diferentes" . E ex plica: "Décadas de investigação na neurociência, na endocrinologia genética, na psicologia do desenvolvim.ento, demonstram que as dife renças entre os sexos nas suas aptidões, formas de sentir; de trabalha,; de reag ir; não são unicamente o resultados de uns papéis tradiciona lmente atribuídos a homens e mulheres, nern de condicionamentos histórico-culturais, mas são inatas ". A professo ra es pan ho la cita o li vro Taking sex dUf'erences seriously (To mando a sério as d ife re nças entre os sexos), de Steven Rhoads, cujas conclusões c ientíficas demonstram que as d ife renças entre os sexos começam antes do nascimento. Mes mo uma con hec ida fem ini sta, a de putada soc ialista alemã Heidi S im oni s, reconhece que "é preciso desfa zerse definitivamente do preconceito de que as moças precisam de aulas conjunta.1· com os rapazes para não fica r em desvantagem no trabalho profissional. Isso é totalmente falso, assim como a afirmação de que rapazes e moças aprendem a conhecer-se melhor estando juntos". A parlamentar sueca C hri s Heister, presidente da Com issão para o Estudo da Educação daquele país nórdico, aprese nto u, em julho ele 2004, um in fo rme defi-

nitivo sobre essa questão, intitulado Todos somos di:f'erentes. Nele se reconhece que o fracas so atual da ed ucação provém cio empenho e m desprezar as diferenças e ntre os sexos. Diz o documento: "Tem.se demonstrado que as meninas, quando pequ enas, entre os 7 e os 15 anos, assimilam com mais rapidez que os meninos. De outro lado, é preciso tomar em linha de conta que as moças atingem a maturidade m.uito antes que os rapazes; mesmo que lenham a mesma idade, não se pode tratá-los de igual maneira". Conclui a Ora. Calvo Charro: "Diversos estudos sobre a co-educação, levados a cabo por pedagogos, psicólogos, psiquiatras e demais profissionais, levam-nos a reconhecer uma série de efeitos ampla,nente dem.onst rados: J) não se consegue a pretensa igualdade de oportunidades e de sexos; pelo contrário, os estereótipos se radicalizam; 2) o rendimento escolar é mais baixo do que nos colég ios dfferenciados; 3) a violência de gênero é muito elevada; e 4) o conhecimento do sexo oposto, paradoxalmente, é desvirtuado, posto que as moças e os rapazes não se mostrarn como são, mas como o sexo oposto gostaria que fossem, ocultando muitas reações, sentimentos e idéias por temor do escárnio e da incompreensão, f!,erando rnuilas vezes reações de .fi·ustração nas moças e de violência machista nos rapazes".

Steven Rhoads, em seu livro, demonstro cientificamente que as diferenças entre os sexos começam antes do nascimento

TAKING SEX DIFFERENCES SERIOUSLV

Steven E. Rhoads

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Novo "sexo <léhil": fruto <la co-educação As principa is vítimas, c uri osa me nte, não são as moças, mas os ra pazes . De fato , os professores gostari am que e les se comportassem de mane ira ordenada e toma sse m a po ntame ntos me ticulosos, como fazem as moças, e tende m a "cri minalizar" a conduta dos rapazes. A doença escolar atualme nte mai s estudada é o suposto "transtorno de déficit de ate nção com hiperatividade", que é tratado com remédios c uj o e le mento ativo é uma droga com efeito "calmante", o metilfedinato (calcul a-se que, e m a lg uns distri tos escolares dos Estados Unidos, entre 20 e 25 % dos me ninos estão sob os efe itos des ·e medicamento). Quando, na rea lidade, s ua única "doe nça" é a de serem me ninos e rapazes: ativos, e né rg icos, co mpetitivos e irrequietos, se comparados com suas di sc iplin adas co legas ! Não é portanto de se estra nha r que, por ca usa da pre val ê nc ia da educação indi fe re nc iada, na ime nsa ma io ri a dos países dese nvo lvidos, seja m hoje as mulheres que obten ham os primeiros lugares nos liceus e ingressem e m maior nú mero nas unive rsidades . O qu e reforça nos rapazes o preconce ito de que "estu dar é negóc io para moças" . A rev ista " Business Week" publicou e m mai o de 2003 um preoc upante arti go sobre como os rapazes estão sendo " marginali zados", dessa forma , do sistema educativo , transform ando-se no " sexo dé bi I" do. novos tempos. O la nça me nto do Iivro As arrnadilhas da educação mista, no mes mo ano de 2003, provocou na França viva controvérsia na sociedade e e ntre os po líticos. Seu a utor, Mic he l Fize, é um conhecido espec iali sta nos temas da ado lescênc ia, juventude e famí li a, me mbro do Centro Nac io na l da Pesqui sa C ie ntífi ca . E ntre l997 e 2002, fo i assessor téc ni co da e ntão Ministra da Juve ntude e Esportes, nem mais ne m me nos que M a rie-Georges Buffet, a atua l secretá ri a-ge ra l do Partido Comuni sta Fra ncês e ca ndidata à pres idê nc ia da República !

Como vencei' a cl'ise e voltai' ao sistema educatfro elicientc? Anali sado sumariamente o fracasso rotundo da re volução pedagóg ica - ta n-

CATOLICISMO

to do ponto de vista estritamente pedagóg ico, pelo in sucesso dos novos métodos de apre ndi zado, qu anto do ponto de vi sta social, pelo fraca sso das políticas vi sando combater as desi gualdades socia is e sexuais - cabe perguntar: qual é a solução para restaurar um siste ma educativo eficiente, que sati sfaça os pais e bene ficie os alunos e a sociedade e m seu conj unto? Os partidos de esque rda e alg uns centros acadêm icos retrógrados a inda pregam a mesma receita " politicamente correta", que não de u certo no passado: a umento do gasto público na educação pri mária e secu ndári a; manutenção de um sistema único de e nsino público; imposição de programas unifo rmes de educação, tanto para os estabe lec imentos públicos quanto para os privados; luta contra a violê nc ia e sex ismo no interior dos colégios e li ceu ·, pregação da tol erâ ncia, etc. A verdadeira so lução e ntretanto consiste em "adorar o que foi queimado e queimar o que foi adorado". Ou seja, em reconhecer que os sexos são dife rentes; que há c lasses soc iais com níve is c ulturai s diversos; que as capac idades indivi duai s são desigua is ; e que, portanto, a me lhor educação é aque la que ma is pe rfeitame nte se adapte ao públi co-a lvo. Portanto, uma educação a utô noma e di fe re nciad a. O s poderes públicos de ve m recon hecer que os pais de fa míli a são os primei ros ed ucadores de seus filhos , e que o pape l do Estado não é s ubstituí-los, mas fornece r-lhes um leque de opções, a fim de faci litar- lhes a me lhor escolha dentro de suas poss ibilidades ; e, quando necessári o, ajudá- los com subsídi os personalizados a supe rar os eventua is handicaps de que padecem seus filho s, dev ido à pobreza e à de fici e nte c ultura do ambi ente familiar. É preciso aind a reconhecer que, na formação da criança, é fund a me nta l o papel da autoridade (dos pai s, dos profe ore , etc.), da di sc iplina e do esforço pes oa l, renunciando ao pre suposto aburdo de que os a lunos podem se autoed ucar, e dese nvo lver espontaneamente suas virtudes mora is e seus ta lentos inte lectuai s. Nesse sentido, é pr c iso dar novamente um lu gar de destaque ao en-

si no da Re li g ião e da Moral ve rdade iras. É necessário, finalmente, aba ndonar os preconceitos ridículos que impuseram, em nome da igua ld ade dos sexos e da liberação da mulher, a ed ucação mi sta de rapazes e moças, praticamente no mundo inteiro e até na maiori a dos estabelecime ntos católi cos de ensino. Finalme nte é imperi oso reconhecer, como afirma William Bennett, autor do

Livro da s Virtudes para Meninos e Jovens, que a família é o primeiro e melhor Ministé ri o de Saúde, o prime iro e me lhor Mini stéri o da Ed ucação e o prime iro e me lhor Ministé rio de Bem-estar Social. É e la que pode mai s adequadamente, pela me ra convivênc ia no lar, sati sfaze r as necess id ades e mocionai s, morai s e educativas dos mais jove ns. A res ta uração da educação pa ssa, poi s, pe la resta uração da família. E esta depe nde, por sua vez, da restauração re1ig iosa e moral de nosso amb ie nte c ul tural. O que somente pode ser obtido caso os home ns abram s uas a lmas à graça di vina, di spe nsada principalme nte median te os sac ramentos, dos quais a Ig rej a Cató li ca é a de positári a . Sem resta uração re li g iosa, é im pensável uma resta uração pedagóg ica. Dela depende o futuro de nossas crianças e do mundo. • E- 111ail para o autor: cat olicis111o @cat olicis111 o.co m.hr

Notas : 1. C fr. Le reto1.11· de la dictée dans l 'e11seig11 e111 e11t .\'1/périeur. in Le M onde, Pari s, 20- 12-06. 2 . C fr . La fabr iq11 e d11 c réti11 - La mo rt progra111111 ée de l 'école, Jean- Pa ul Brighelli , Jean-C laud e Gaw sew it ch Éd it eu r, agosto de 2005 . 3. Cfr. /11tervie1v de Jean-Pierre De111ailly, in http:/ /www .epi .asso. fr/ rev ue/art icles/a0504b. ht 111

4. La q11erelle des globalistes et des syllabistes, de L auren l G reil samer, in " L e M onde", 17- 106.

5. Cfr . R1/o m1e de l 'éco/e: pe11t-011 croire Nicolas Sarkozy?, l sabell e Hann art, in " L es Ec hos", 2 1-9-06.

6. La crise .w ciale./iw1çaise - 4. Ed11catio11 : les pro111 esses de la d isc ri111inati o11 pos iti ve, T ho111as Pikeuy, in " L e M onde", 2 1-2-06.

7. Cfr. La ré11.\'site meia/e e11 Frw1 ce, I NED. p. 353. 8. C fr . W/J at lt Takes to Make a St11de111, Pau l T ough, in " T hc New Y ork Tim es", 26- 11 -06. 9. lde111 , ibide111. 1O. Les écoles a11glaises s'é111a11cipe111, Jean-Pierre Langel lier, in " Le M onde", 17-3-06.

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o traje ela Companhi a ele Jes us durante um ano. E foi ouvida. Para o menino era um gozo acompanhar o infante na qualidade ele pajem, assi m vestido co mo seu patrono. [sso fez com que outro cognome lhe fosse dado: o ele Apostolinho, pois os filhos ele Santo Inácio, pelo seu zelo apostóli co, eram em Portu ga l conhec idos como

Apóstolos.

Noviço da Companhia ele Jesus

Vida e martírio de São João de Brito D e uma das mais nobres famílias de Portugal, filho de um Governador Geral do Brasil, seguiu os passos de seu patrono, São Francisco Xavier, convertendo milhares à Fé de Cristo n PuN10

T:

João de Brito foi sempre muito devoto de São Francisco Xavier

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CATOLICISMO

M ARIA

SouMEo

rceiro e último .filho de .D. Sal va_~ dor Pereira de B ri to e Dona 811 tes Pereira, João nasceu em L isboa em I° de março de 1647. E ra ainda muito menino quando seu pai foi mandado ao Brasil por D. João IV como governador cio Rio de Janei ro, onde faleceu sem mais tornar a ver a famíl ia. Coube assim a Dona B rites o ôn us de ed ucar os filhos. Ela o fez na escola do amor e do temor ele Deus. João, o caçula , tendo que ir para a corte com a idade de nove ano. , na qua l id ade ele pajem do infante D. Pedro, graça. à sua fo rça de carát er e coração generoso os-

tentou sem respeito humano sua piedade entre seus com panheiros ele jogos e es tudo s. Nem sempre bem visto por isso, tornou -se obj eto ele chacota e injúrias ela parte ele condiscípulos, o que lhe mereceu o profético apelido ele o mártir, que lhe deram na corte. lmpress ionado com a vicia ele São Francisco Xavier, em relação a quem concebera terna devoção, João aspirou desde muito cedo a seguir seu exemplo, consagrando-se um dia ao aI o. tolado na Índia. Uma doença mortal par eia cercear ainda na raiz esses bon s ane los. Mas Dona Brite não se deixou abater: prometeu ao Apóstolo elas Índias que, se o filho recobrasse a saúde, vesti -lo-ia com

João afeiçoou-se ele tal maneira ao traj e que usava, que não mais queria tirá-lo. Por isso, apena· completados os catorze anos, entrou para o noviciado jesuíta em Lisboa, apesar ele to las as difi culclacles que lhe opu eram na corte e família. Animado de zel o apostóli co, João ele Brito ent regou-se com ardor e sucesso ao estud o elas belas-artes, fi losofia e teologia, di stinguindo-se também pela piedade e observ ância reli giosa. Durante o nov iciado, seu desejo de seguir as pegadas ele São Francisco Xavier somente aumentou. Por i so, implorou insistentemente a seu superior imediato, o Geral da Companhia, e ao rei que lhe concedessem essa graça. A mãe remexeu céus e terra para conservá-lo no reino. Mas a pertinácia de João ele Brito em atender à inspiração divina levou a melhor, e ele, pouco clcpoi sele ordenado sacerdote, acompanhado ele J7 outros missionários, partiu rumo ao destino Lão almejado.

Co11heciclo como

o Novo Xavic1·

A viagem foi feliz até as costas ela Guiné, oncl o navio fi cou à mercê da ca lm aria, grassando uma epidemia a bordo. E mb ra tamb 111 atingido, João ele Brito cl edi c u-sc com tanto empenho e amor aos mpcstados , que o cognoNovo Xavie 1: Ele imminaram com plorou o auxíli o do A I ós tolo das Índ ias, e subitamente um v 'nlo promissor infl ou nova mente as lfi n 1 ui las velas elas caravelas portuguesas . No abo da Boa Esperança, bemjustifi ando seu primei ro nome ele Cabo elas T rm ·ntas, terrível tempestade pôs cm ri s ·o o navio. Graças às orações de João d ' Brito a seu patrono, voltou a b nança , que os levou até às costas ela Índia. Na capital ela [nclia portugu 'Sa, passageiros e tripulação apressaram-se cm ir

ao túmul o ele São Francisco Xavier para agradecer seus favores. O Pe. Brito consagrou então seu apostolado a seu santo patrono, peclinclo-lhe o zelo e ardor que necess itava para seu ministéri o. Em Goa, enquan to esperava ou tro des tino, o Pe. Brito dedicou-se à evangelização da parte mais abandonada da soc ieclacle . Foi depois enviado para o co lég io ele Ambal acate, no sul ela Ín dia, para o estudo elas lín guas loca is.

A missão de Maclurai. cheia de o/Jstáculos · A Companhia ele Jesus na Índia dividia-se em duas províncias, uma mai s ao norte, e outrn ao sul. Desta segunda faziam parle as missões do Ceilão, M eliapor, Bisnaga, Golconda, Benga la, M adurai , Travancore, Zancovin e os "cri stãos de São Tomé". 1 O Pe. Brito fo i designado para a ele M adurai , uma elas mais difíceis. Esta "oferecia todas as dificuldades à

evangelização, tanto por causa do clima ardente, das viagens através de areais, de pântanos, de bosques e de serras aspérrimos, corno principalrnente pela condição dos hindus e pelas suas idéias a respeito dos eu.ropeus". 2 "Para vencer todos esses obstáculos, os m.issionários condenavarn-se às mais cruéis privações: co11forme o conselho de São Paulo, elesfazia,n de tudo a todos para ganhar esse mundo a Jesus Cristo: incorporavarn-se às castas, observando suas leis para as levar às do vangelfio". 3 "Conservando em tudo a pureza da doutrina cristã, procuraram am.oldar-se ao caráter dos hindus, adotando os traj es, os cos1umes e o m.odo de viver dos 'brâman es saniassis ', espécie de religiosos letrados" 4 indianos. Esse método fora in troduzido no início cio sécul o XVH pelo Pe. Roberto De Nobili , tamb ém j es uíta, fundador dessa mi ssão do Madurai. Analisado pela Santa Sé na época, devido à polêmica que susc itou com os mi ssionário · portugucse , acabou sendo aceito pela Santa Sé. O Papa Gregório XV, mediante a Bula Romanae Sedis de 3 1- 1- 1623, permitiu ao Pe. Roberto De Nob ili prosseguir apli cando seu método ele aposto lado. Entretanto, a polêmi ca sob re es. e tema prosseguiu durante todo o século X VIJ e metade do sécul o xv m, com sucess ivas intervenções el a Santa Sé,

terminando com a Constitui ção Apostólica Ornnium Sollicitudinurn ele 12-91724. Esta constituição, na linha de documentos anteri ores, condenou o método cio Pe. N obili SJ , seguido até aq uela data espec ialmente pelos j esuítas elas mi ssões ele M adurai , Mysore e Carnate. Além da co ndenação, Bento XIV obri gou a todos que adotavam o mencionado método a um juramento ele não mais praticá-lo, e cujo conteúdo era consubstanciado em I 6 pontos. O fato de São João ele Brito ter adotado tal método não ofereceu clificulclacle quanto à sua canoni zação: 1) porque durante sua vida este estava aprovado por uma bula pontifícia ; 2) ademais, o santo fo i canoni zado como mártir e não co mo confesso r. O Pe. João de Brito devotou -se ele corpo e alma aos seus neó fitos, obtendo em pouco tempo brilhante resultado, uma vez que "os prodígios m.ais surpre-

endentes de seu zelo davam. a seu núnistério uma maravilhosa eficiência: povoados inteiros de pagãos convertiarn-se ao Evangelho, e formavam nova.1· cristandades que rivalizavam em. f ervor com as antigas". 5 Impress ionados com esse sucesso e sobretudo pela fama de santidade cio Pe. Brito, se us superi ores co nfi aram- lh e toda a mi ssão do Madurai. N aquela época essa região era formada por vá ri os rein os independentes, todos em es tado de anarqui a. Os brâmanes, co mo líderes religiosos da maiori a ela população, aprove itavam de seu gran de ascendente para envenená- la contra os missionári os cri stãos - que cada vez ganhavam mais terreno - , perseguin do os neófitos. O Pe. Brito corria ele um povoado a outro socorrendo os cri stãos. No ano de 1669, um a sa ngrenta perseguição quase aniqu ilou a cristanclacle do Maravá, um a elas mais promi ssoras. Os que conseguiram escapar da morte ou ex íli o refu giaram-se nas flores tas ou em cri standades vi zinhas. M as aos poucos, graças ao zelo dos neófitos e le algun s cateq ui stas, aquele pequeno número fo i novamente se reaglutinando, reafervoranclo, e até mesmo fazendo aposto lado com os pagãos, o qu e susc itou nova perseguição em l 686. O Pe. Brito apressou-se a ir em socorro dos perseguido. , disposto a participar, se necessári o, de sua sorte. Fortaleceu os tíbios,

FEVEREIRO 2007 -


socorreu os doe ntes, administrou os sacramentos com tanto empenho e fru to, que chegou, e m apenas dois meses, a receber na [greja mais de dois mil pagãos. Isso lhe valeu a prisão com te,,-íveis torturas. Só não recebeu o martírio nessa ocasião porque o Marajá cio Maravá mandou libertá-lo e proibiuo de pregar e m seus Estados.

Procurador 1,a Europa e visitaclor no Malabar

comutou a pena de morte do santo para a ele exíl io e m terras ele seu irmão. Mas a este mando u me nsagem secreta ele executar o missionári o. Na vés pe ra de se u martírio , o qual ocorre u em 4 ele fevereiro ele 1693, esc revendo ao supe rior ela mi s-

Depois de martirizado, os restos do Pe. Brito foram levados poro Goa

Pouco tempo depois, o provincial chamou-o a Portugal e a Roma para tratar ele negócios da missão. A fama do mi ss io ná rio o precedera, se ndo ele recebido com entusiasmo na capita l cio reino. Todos disputavam sua prese nça. O rei D. Pedro Il quis retê- lo a todo cu sto na co rte como preceptor de seus filhos. Mas ele soube subtrair-se a todas as te ntativas, inclusive a ele fazê- lo arceb ispo. Recolhendo também a uxílio materi al para seus protegidos, empreendeu a viagem de volta ao seu campo de trabalho. O provincial mandou -o e ntão vi sita r a província do Malabar. Em 169 1 o Pe. Brito voltou ao Maravá, apesa r ela pe rseg ui ção dos brâ manes. Como se u patrono São Francisco Xavier, hav ia di as em que ficava com os braços quase inanimados de tanto adm ini strar o batismo. E ntre esses novos conve rsos eslava o príncipe Tariadevém, que in vo lun ta riamente seria causa ele s ua mo rte. Para o receber na Igreja, João ele Brito imp ' s como co ndição que ele escolhes. um a só espo a, afastando as de mai s. O generoso pagão o fez, re pudiando as esposas sec und árias. Uma de las era so brinha do rajá do Maravá. Este, para "vingá-la", não se atre ve ndo a fazer nada contra o príncipe, mandou saquear e queimar as igrejas cristãs e prender o missionári . Depoi s de toda sorte de injúrias e maus tratos contra João de Brito, o tirano, a pedido do príncipe convertido,

são, ass im São João ele Brito falava de sua morte: "Quando a culpa é virtude, o padecer é glória". 6 Já no local cio suplício, o jesuíta a vançou para seus perseguidores e pediu-lhes somente alguns minutos para pre pru·ar-se pru·a a morte. "Caiu imediatamente de joelhos e, a face voltada para o oriente, permaneceu como raptado em êxtase. Entrementes, uma rnullidão inumerá vel cercava o local; e, um pouco mais longe, permanecia um grupo de neófitos que quiseram seguir seu Pai até o fim. de sua carreira. Todos, pagãos e crislãos, tinham os olhos.fixos no homem de Deus, e confundidos num mesmo sentimento de admiração, pareciam respeita,; por um grande silêncio, a prece do mártil: E111re/a1110 chegou o carrasco encarregado da execução, com uma cim.ilarra à rncio. Ncio ousa11do inlerrom.per (o sanlo) em sua pre e, 111aq1.1i11al-

. r.

CATOLICISMO

mente !ornou. urna pedra aguda e começou a cifiar sua arma. Um. enviado do ministro apressou-o a cumprir suas ordens. O Pe. Brilo enlão f ez o Sinal da Cruz, levan/ou-se e, com o rosto resplandecenl e duma alegria divina, avançou para o carrasco, abraçandoo afe1uoswnente e dizendo-lhe: 'Meu am.igo, eu já rezei a meu Deus;fiz o que deviafazer; executa agora a ordem. que te foi dada '". O cru-rasco, emocio nado, teve que repetir v,frios golpes até decepru· aq uela cabeça vene rável. Depoi s, seg und o a orde m que havia recebido, decepou os pés e as mãos cio mártir, prendeu-os à cabeça decepada e ao resto cio tronco, colocando tudo no alto de um poste para que todos vissem. O loca l cio martíri o ficou g uardado por so ld ados , para impedir aos cristãos de pegarem as sagradas relíquias. Nas noites seguintes pairou sobre elas uma mi steriosa luz. Depois surgiram um as fe ras que devoraram quase por comple to os sagrados des pojos, remanescendo algumas poucas relíquias que os c ri stãos e nvia ra m ao Colégio São Paulo, de Goa. Im cliatame nte o nome do mártir torn o u-se obje to ele veneração, e nume rosos milag res foram operados por s ua inte rcessão, o que levo u o be m-aventurado Papa Pio IX a in sc revê- lo no ro l cios Beatos, e ao Pa pa P io XII a canon izá- lo em 22 ele ju nho de 1947. • E-ma il do autor: pmsoli111co @ca1o licis111o.co111 .br Notas :

1. Ass im se chamavam os cristãos que os portu gueses enco11U'ara111 na Índia, e que atribuíam sua ori gem ao aposrolado de São Tomé. 2. Santos de Cada Dia, organ ização cio Pe. José Leite, S.J ., Editori al A.O. , Braga, 1993, 3' ed ição, vol. ! , p. 175 . 3. Les Petits Boll andistes, Vies des Saints, cl'apres leP. Giry, parMgr. Paul Guérin, Bloucl et Barrai, Libraires- Éditeurs, Pari s, 1882, t. li, p. 27 1. 4. Sa ntos ele Cada Dia, id. , ib. 5. Lcs Petits B ll ancli stes, id ., ib. 6. Sc1111os de ada Dia, t. 11 , p. 178.

Herodes e a Diretora N a Espanha, a diretora de uma escola joga no lixo o presépio montado pelas crianças para o período natalino. Recebe então, muito adequadamente, o "Prêmio Herodes". n Cio

A LENCASTRO

uem diria! H erodes, o sanguin ário; He rodes, que ordenou a matança dos inocentes, dand o assi m origem aos prime iros mártires da Ig reja; H e rodes, invejoso do M e nin o Jesus; q ue desejou inte nsamente assass iná- lo nos pri me iros di as de sua vida terrena. Esse mes mo Herodes tornou se, neste nosso séc ulo, o patrono de um prê mio, há pouco instituído, o "Prêmio Herodes". E o ma is interessante é que a criação do prêmio teve toda razão de er, adeq uando-se perfeitamente à s ituação para a qual foi im ag inado. Vamos aos fatos. *

Pl'esé11io é Jogado no lixo Por ocasião d últ imo período nata lin o, na Es pa nh a, a lunos do In stituto ú 1.1· Lagunas de M á laga tive ra m a boa id ia, a liás habitual , ele montar um pr s pi o na escola em qu e e tudam . Nada mais lo uváve l. Fora m ni sso apo iados pe los professores te re li ião . O presé pio foi montado. No di a e uint ', uo e ntrar na sa la de a ul a, uma prof'esso ra de u por falta do pr s pi o. Onde es taria? Começou a t roc urá-lo po r toda parte. Qu a l não foi s 'li es pa nto quando e ncontrou as p 'ças sacras de ntro de um saco d ' li x >, al g umas j á de te ri o rad as. Q ue m cometera o sacril g io? Nada me nos qu e a dir tora da esco la. De menta lidade at ia, e la se

O protesto das cl'ianças Felizmente as reações não se fizeram esperar, sinal de vitalidade da fé católica na Espanha. Os a lunos se puseram a reco lhe r assinat uras para um documento, no qual manifestavam se u desagrado com o sacrilégio e ped iam à direção da esco la qu e rep usesse o presépio em seu lugar. Afinal, as peças eram de propriedade del es . Também os pai s dos a lunos protestaram contra a arbitrariedade da dire tora, e nviando cartas de solida riedade à professora de religião e um pedido ao Con selho de Ed ucação para que destituísse a diretora por ofensa aos alunos e s uas famílias. Igualmente, a associação de pais católicos de Mál aga expresso u s ua indignação pela atitude "desrespeitosa" el a diretora .

O "P,·êmio Herodes"

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de fe nde u dizendo qu e, "nu111a escola pública de um país laico não eslão p ermitidos sf111bolos relig iosos ", e que "esle tipo de a li vidade não pode ser 101' rodo 1111111 centro público onde conviven·1 alunos de di,/e renles relig iries, que poderiam sentirse ofendidos". lsto na cató li ca Es pa nh a! O fa to é característico dessa nova mentalidade la ic ista que va i tomando conta de muita ge nte, mes mo no Brasil. A co nseqüê nc ia lóg ica é a pe rsegui ção aos católi cos .

Mas a reação ma is contunde nte, e ao mes mo tempo ma is apropriada, veio e m seg uid a. O " Foro Andaluz de la Fanúlia" concede u à sra . Mercedes García dei Álamo, diretora do In s tituto , o prê mio " H e rodes 2006". "Com este Prê mio He rodes 2006 queremos iden.t(ficar ações contra a infância, corno esta, que põem em p erigo ofu.turo de nossa sociedade", disse o presidente do Foro, Federico Die . E le vai mais longe e ex plica qu e a expressão "ensino laico", no texto do projeto de Estatuto Andalu z, pode provocar a re petição d e s ituações como essa, poi s "é ambíguo e está provocando in.tra nqüilidade nas famílias sobre a educação que receberão seus.ftlhos nos centros públicos, podendo gerar uma fuga do ensino público". A laicidade vem se mostrando um ca minho para c hega r aos crimes de H e rod es. • E-mail cio autor: ciclalcncas tro @catolici smo. co m.br

* Cfr . "Zcnit." 15- 12-06 e "AC I Prensa" 4- 1-07 . FEVEREIRO 2007 -


no u-se g ra nde pregador ca rme li ta, d e po is bi spo ele Fiésole. Sua caridade para co m os pobres foi extre ma.

São ,João ele Brito (Vide p. 40)

5 Sa nta Águeda ou /\ga tlla, Virgem e Mártir

1 Santo l lenl'ique Mol'se. Má rtir + Ing late rra, 1535. Estudante e m Londres, e m é poca do protestantismo , fugiu para a França para tornar-se católi co, ordenando-se sacerd ote e m Ro ma. De volta a seu país como mi ss ion á ri o, fo i preso com o Pe. John Robinson, que o recebeu co mo jes uíta, fazendo e le seu nov iciado dura nte os três anos de cative iro. Ex il ado, retorn o u à Ing laterra sob um pseudônimo e ob teve muitas co nve rsões. Preso e ex il ado ma is uma vez, ai nd a retorn o u à s ua pátria, tendo s ido preso,julgaclo e esqua rtej ado po r ódi o à fé.

2 APRESl~NTAÇÃO DO MEN INO JESUS NO Tl~MPLO 1,; PU Rlf<'I CAÇÃO DE NOSSA S l~Nl IORA ( Nossa Senhora das Ca nde ias o u Cande lária)

Primeira Sexta-Feira do mês

3 São Brás, Bispo e Márti r + Sebas te, 316. Bispo em Sebas te, na A rm ê ni a, grande taumaturgo, por te r livrado um me nin o ele um esp inh o que lhe atravessara a ga rga nta, tornou-se padroe iro contra as doenças ela garganta.

Primeiro Sábado elo mês

+ Sicília, 25 1. De nobre família, e ntus ias mo u-se desde pequena pe lo idea l ela pureza, da ndo a próp ria vida para defendê- la.

6 São Cuarino, Bispo e Conl'essor + Bolonha , 115 9. Cô nego agostiniano d a Santa C ru z, re no mado por sua santidade, fu g iu pe la ja ne la do conve nto quando qui seram fazê- lo bi spo de M o rtári a. Tendo passado 40 anos no co nve nto de M o rtá ri a, e m edifi ca nte o bserv â nc ia re li g iosa, o Papa obri go u-o a aceitar o Arcebispado de Palestrina.

7 São Lucas, o Jovem ou o Taumaturgo, Confessor + G réc ia, 946. Só ao 18 a nos a mãe permitiu - lhe ir v ive r como e re mi ta num mo nte perto de Corintho. Começou e ntão a atrai r multidões. Dev ido aos in úmeros milag res que operava, ficou co nh ec id o como o Taumaturgo.

8 São Nicelas, Bispo e Conl'essol' + Fra nça, 6 l l . A mi go ele São G regóri o M ag no, restabeleceu a Sé ele Besançon, para a qual fo ra nomeado. Após a dest rui ção da c id ade pe los hunos, e la fo i tras ladada para Noyon , na S uíça.

4

9

Sa nto Ancll'6 Col'sini , Bispo e Con l'essol'

Sf10 Nic6fo r·o. MfÍ1ti1•

+ Fiéso le, 1373 . Co nve rti do

+ Antioq ui a, 260. Leigo, t vc

pelas lág rimas da mãe, tor-

uma desavença com o sacer-

dote Sabríc io. E mbora proc urasse várias vezes obte r o perd ão cio sacerdote, este sempre o recusou, mesmo na hora cio martíri o. Isto fez co m que Sabríc io fraquej asse e, apesar das admoestações de Nicéforo, a postatasse. Ni céforo e ntão dec laro u-se c ri stão e mo rre u e m seu luga r.

10 Sa nta 1•:scol {1stica, Virgem + Úmbria, 543. lrmã gêmea ele São Bento, assemelhou-se também a e le na sa ntid ad e. São Bento viu sua a lma subir ao Céu e m forma ele pomba.

11 NOSSA SEN I IOl~A DE LOU RDl•:S

12 São Bento ele Aniane, Abaele, Conressor + Alemanha, 82 1. Abandonou a corte de Ca rl os M ag no, torna ndo-se mo nge be ned itino. A este santo deve-se princ ipalmente a redação cios cânones para a reforma cios monges no Co nc íli o ele Aq ui sgrá n, e m 8 17. É conhec ido co mo o restau rador do monaquismo no Ocidente e co mo um seg undo Bento.

13 Sa nla Calal'ina ele l~icci, Virgem + Itália, 1590. Esta extraordiná ri a santa e ntro u aos 12 a nos no conve nto elas Domini ca nas e m Prato ; aos 13 fo i no meada mestra de noviças, depoi s s upe ri ora; e, aos 30, pr iora v ita líc ia.

14 São ,João Ba Li sta ela C.onceiç5o, Confessor + Córdoba, 16 13. Ing ressando na O rd e m dos T rinitários , co nstato u com tr isteza que suas regras primitivas estavam c m clecacrncia. Por isso, fu ndou uma ca a ele Desca lços Reformados cm Va lclepefías,

com a provação ele Ro m a, o que lhe cau sou pe rseguição e ag ressões físicas por parte de confrades re laxados.

15 São Cláudio de la Colombicre, Conl'essor + Paray- le-Mo ni a l, 1682 . Co nfesso r e diretor es piritu a l el e Sa nta Margarida M ari a Al acoq ue e apóstolo do Sagrado Coração de Jesus.

16 Santo Onésimo, Bispo, Má rtil' + Rom a, séc. l. Escravo de F ilemão, clepo i de rouba r seu a mo, fu g iu para Roma, o nde e ncontro u São Paulo na pri são. O Apósto lo, após tê- lo co nve rtido, man lou-o ele volta a Filemão, ped indo a este que não o recebesse como esc ravo, mas como um irm ão (cfr. Co l. 4, 7 -9). Segu ndo São Jerô nimo, Onésimo to rn o u-se pregado r do vangelho e bi spo de Éf'es , sendo lap idado e m Roma.

17 Sele Santos l•'unclaclores dos Servitas, Conl'cssol'es + Flo re nça, s c. XIIL Estes co merc ia ntes fl o ren tinos tudo de ixara m para s g uir a Cristo, fund a ndo para isso a Ordem dos Servo s d e Maria. Foram tão unid os cm vicia, que são come morados junto depois de sua mo rte .. uas cinzas se mi sturaram no lúmul o.

18 São Simão, Bispo e Conl'esso1· + Jeru a lém, 107 . !•ilh o de M a ri a C leofas, primo de Nosso Senhor, sucedeu a antiago Menor na sé de Jerusa lém . Fo i martiri zado sob o imperado r Trajano.

19 São Bealü ele Liél)a 11a, Confessor + Espa nha, 798. Q ua ndo o bispo de To ledo co meço u a

pregar abe rt a me nte a he res ia nestorian a, o mo nge Beato, d o mos te iro de Liébana, e seu a mi go, sace rd ote Eté ri o, d e p o is Bi s po d e Osma, saíra m a ca mpo para atacá- lo pe la palavra e po r escritos . A sa ntidade de Beato brilh o u na luta co ntra o bi s po he rético.

20 Sa nto l•:uquério , Bispo e Conl'essor + Orleans , 743. Logo após ser no meado bi s po ele Orleans , conde no u aberta me nte Carl os M a rte l po r se u costum e de apoderar-se dos be ns da Igreja para uas g ue rras. Foi por isso ex ilad o para Co lô ni a, Liege , e finalmente para o m oste iro de Saint-Trond , o nd e terminou sa nta me nte seus di as.

21 () UAlrl'J\-Fl•:IRA DF: CINZJ\S (Jejum e a bstinê nc ia, início da Quaresma)

22

25 Santo Avcrtano e Bea to Romeu, Confessores + Luca, 1386. Frades carmelitas fra nceses, que a piedade tinh a le vado a e mpree nd e r uma peregrinação a Rom a já na velhice, faleceram a cami nho, e m Luca, com o intervalo de uma sema na.

26 São Vítor de /\reis, Conl'essor + França, 61O. Dedicou-se ao mini stéri o sacerdotal po r a lg um tempo, m as logo re ti rou -se a um luga r e rm o para e ntregar-se à conte mplação, j ejum e penitência. S ua fa ma de milag res logo atraiu-lhe vi s ita ntes ilu stres, e ntre os q ua is o rei. E ra o fe li z tempo e m que os c hefes de Estado prestigiavam a santidade.

27 São Lca nclro, Bispo e C.onf'csso r

Cá tedra ele São Pedro

+ Sev ilh a, 596. lrm ão de

Festej ar o tron o de São Ped ro é ve ne ra r, na pessoa ele Pedro, os des íg nios providenciais de Deus, que o esco lhe u pa ra chefe d os Apóstolos e prime iro pastor de sua Ig rej a.

Sa nto Is idoro, "enca rregado da formação cio re i dos visi godos arianos, trouxe ele vol ta tod a a [g reja da Espanh a para a ve rd ade e unidade católicas" (do M a rtirol óg io R o ma no).

23 São Sereno, o Jardineiro, Má rt il' + A le manh a, 307. Jard ine iro "v ivia na solid ão, santificando seu trabalho manua l co m orações e pe nitê nc ias, até ser preso e decapitado por causa de sua Fé" (cio M artirológ io Roma no).

24 São Monta no e Companheiros, Mi:í rtires + Cartago, 259. Estes sete discípu los de São C ipri a no, qu ase todos sacerdotes, fora m apri s ionados um ano após se u mestre, torturados e decapitados por ód io à Fé, sob o proc urador roma no So lon.

28 Santo Osva lclo, Bispo + Worcester (In g late rra), 992. Monge bened itin o, indi cado para a diocese de Worcester pelo rei Edgar, po r recomendação ele São Dustan . Como B ispo, a uxili o u este sa nto e Santo Ethe lwo lcl a rev ivescer a Relig ião cató li ca na Ing laterra, e ncorajou a vid a monástica e escolar. Fundo u o mosteiro ele Westbury-on-Trym c a Abadi a de Ramsey, e m Huntingdo nshire. No meado ta mbé m Bispo de York , ocupo u ao mesmo tempo as duas d ioceses, a pedido de seus diocesanos.

Intenções para a Santa Missa em fevereiro Será ce lebrada pelo Revmo. Padre David Franc isqu ini , nas seguintes intenções: • Sup licando a Nossa Senhora de Lourdes que preserve o Brasil e as famílias brasil eiras da vio lência socia l, das invasões de terras e de casas e das ciladas do demônio. E ta mb ém para que Ela proteja especialmente os jovens que nos são ma is próximos, da influ ência do tráfico de drogas e da i mora Iidade .

Intenções para a Santa Missa em março • Pelo s méritos da Anunciação do An jo e da Encarnação do Verbo no seio puríssimo da Virg em Maria - fesla celebrada no dia 25 de março - , que N osso Senhor Jesus Cristo conceda abundantes graças para a boa formação mora l e religiosa das cri anças. • Que o g lorioso São José, protetor da Sagra da Família, prote ja as famí lias cató licas e auxi lie de modo especial as famílias dos leitores de Catolicismo.

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No Ano Novo,

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·200 1 -2002 · 2003

Aiunos da Academia São Luís de Montfort, mantida pela TFP norte-americana em Herndon (Pensilvânia), participaram de um ciclo de exposições em torno do tema comunismo e anticomunismo.

· 2004 -2005 Get Invol-.ed Dort•t•

For rhe por icip,ru:s of 111< 2306 TFP . c.unp, me~'""' enckd Though hC•II o Chl\-.lz,·"-in er C~s. it -n·.u ~ goodopp~rrun it\·ir s orter th~ TFP s ~ r thc ickols 11101 uni1< rhosc sn-u-i:_ o mccc ,ogemcr .ind refr.,h men. Tb,s -.arsc••= . 61>'"_'St0bcC01holicniung 1 H",s lt~en,l . . H ighness - -...p""" . 1 . 0\1S1tb,· . "P<c B •lh· pm1<ged"1rh rlllce <rtr.ind ot Orl•.ins-Br.g-.mz.i .

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O Sr. Benjam1n Hiegert narrou a perseguição que o primaz ela Hungria, Cardeal Minclszenty, sofreu por sua fidelidade como bi po católico. O Sr. Michael Whitcraft ena lteceu o heroísmo de dois americanos na luta contra o com uni smo : Coronel John Ripley, que soz inho impediu um avanço com unista no Vi etn ã, em 1972; e o Capitão Guy Gruters, que serviu durante mais de cinco anos no Hotel Hilton de Hanói . Nos intervalos das conferênc ias havia disputas entre os participantes cm jogos diversos. À noite, depois ele cantarem o Noite Feli z diante cio presépio, ini c iava-se o repouso. No último dia seguiram todos para a sede central ela TFP em Spring Grove, Pensil vânia, onde D. Bertrand manteve com e les longa conversa, e clarecendo dúvida e mini strando orientaçõe para debates com pessoas de mentalidade prócom uni sta. Um retrato ele São Luís IX, o rei-cruzado, foi a lembrança que os participantes receberam, autografado por seu descende nte em linha direta, o príncipe D. B rtrand . N a págin a anterior e nesta, flagran tes cio acampamento ele inverno. •

m FLÁv10 M ATIHARA

ara os participantes do "convite para a cava lari a", la nçado no acampamento de inverno da TFP americana, os cinco últimos dias do ano foram proveitosos e uma boa oportunidade para revigorar nos jovens os ideais católicos que os unem. Contou com a honroa presença do príncipe imperial do Brasi l, D. Bertrand de Orleans e Bragança. Na Academia São Luís de Montfort, de 28 ele dezembro a 1° ele janeiro, os jovens tiveram como tema: como prossegue nos dias ele hoje a luta anti -comunista. O dia se iniciava co m orações a Sã Miguel Arcanjo, pedindo sua ajuda na tarefas diárias . Após a rec itação cio Credo, todos se dirig iam em cortejo ao refeitór io , para o breakfast, após o qual se rezava o terço e tinha início o programa ele confe rências . Na prime ira conferênc ia, o Sr. John Drake di scorreu sobre as atrocidades do comun ismo, ressaltando o que acontece

CATOLICISMO

1

quando uma fil oso fia perversa é imposta à so i claclc. O comuni s mo e nquanto s iste ma fi losófico fo i o tema ex posto pe lo r. John Horvat.

A pal es tra do Sr. Byron Whitc raft \ mostrou que os "erro da Rúss ia", apo nta lo· por Nos a Sen ho ra c m Fáti ma, fora m di sse mina lo c m todo o mundo , conforme Ela anunciou. FEVERE IRO 2007 -


O Padre Tadeusz Slipko fez uma acurada análise, sob a luz da ética cristã, do direito de propriedade

III Congresso Conservador em Cracóvia N essa importante cidade da Polônia, um congresso foi organizado para difundir a doutrina católica sobre a propriedade particular. Direito sagrado, mas negado pelo governo soviético que oprimiu aquela nação. LEO NARDQ PRZYBYSZ

desenvolvimento ela civili zação", o evento foi promovido pela Associação pela

Cultura Cristã Padre Piotr Skarga. eunidos na Sala dos Espe/lws do Grande Hotel d e Cracóvia (Polônia) , em fins cio ano passado, mai s de 100 pessoas parti ciparam cio 3º encontro cio Cong resso Conservado r. Sob o /eitmoti v " O direito ele propriedade como fundam ento ela ordem social e

..m

CATOLICISMO

S u pres idente Slawo mir Olejniczak, abrindo a s ssão , apresentou o livro O 111 ercado li vre 11a sociedade c ristã , ele autoria cio conh ec ido eng nh iro bra: ileiro Acl lph o L indcnbcrg, que roi especialmente tradu zido ed itado para a ocasião. O autor fa z um a análi se muito aces-

sível elas diversas teorias econômicas cio ponto ele vi sta do ensin amento ela i greja, mas também da ex peri ênci a por ele ad quirida durante quase 50 anos de ativi dade empresarial. Num clima de grande interesse, os participantes ouviram as diversas exposições . O célebre j esuíta polonês e proressor de ti ca I ad rc Tadcusz I i pk o fez uma acu rada análise, sob a luz ela ética cri stã,

do direito d ' propriedade segundo as di versas varianl ·s da ideo logia sociali sta e liberal. O Sr. .lulio L oreclo apresentou um hi stórico sohr ' n atu ação de diversas TFPs em defesa tio sagrado direito ele propriedade, sobr ' ludo de campanhas desenvolvidas contra proj 'los de Reforma Agrária sociali sta e ·onli scalória em diversos países da Europa ' da A mérica. O Senador Professor Ad:1111 Bi ·la discorreu sobre a longa luta e •sl'or ·o pela di fusão cios princípios que jusli lit't1111 a propriedade privada na Polônia princípios esses que foram negados dur:1111 • o longo e negro período em que su:1 nw;110 padeceu sob a tirania cio regim ·01111111 is1a. O D r. Michael Miller, convid,1do ·sp •cial cios Estados U nidos, di scorr ·u sohr · " O significado da propriedade privado no desenvolvimento ela socieclad ". O l ll Congr •sso ( '011 servador foi encerrad o co m um hl'l o concerto de música c láss ica, seguido dl· juntar cm que os co nvivas tiveram o ·nsiao de trocar opi ni ões sobre as tc111(i 1i ·as trat adas durante o encontro e cs tr •i lur r ·lações. • E-mail do aut or: "

l ·l~mu~11 ·atulidsmo.rnm.br

FEVE REIRO 2007 -


Ação Fàmília difunde 2. 700.000 folhetos contra o aborto T endo o objetivo de esclarecer a opinião pública acerca de um

próximo referendo sobre o aborto, dois milhões e setecentos mil folhe tos já foram distribuídos em Portugal por essa entidade

... e Elo chora por milha res do inocentes quo podem perdor e vide antos moemo de dar o p rimeiro gemi do.

N

o dia 1 1 de Fevereiro reall ur-H•' um referendo n acional pele líberallzaçlo do aborto. Nosso dlo. ó lnctsponsóvol ir ês urnas e respondo, NÃO à pergunta do referendo:

·concorda com a dospen íza· ção da interrupç~o voluntária

E1 JOSÉ CARLOS SEPÚLVEDA DA FO NSECA

Lisboa - No dia 11 de fevere iro, Portugal reali zará um no vo referendo sobre o aborto. Na práti ca, a consulta popul ar di z respeito ~1 possibilidade do li vre aborto até à déc ima sema na de grav idez. E m uma consul ta semelhante, e m 1998, os partidários do N ÃO tinham obti do uma v itória surpreendente, contrariando todas as prev isões das pesqui sas de o pini ão. Desde e ntão, por di versas vezes, vozes geralmente da esque rda ex ig iam a rea li zação de um novo referendo. Para os católicos é inadmi ssível a realização de um referencio para este fim, uma vez que o d ire ito à vida, consagrado na Lei natural e na Lei de Deus, não pode ser s ub met ido à co ns ul ta pop ul ar. E ntretanto, uma vez convocado pelo presidente da República o dito refere ndo, não resta aos católicos portugueses, em consciênc ia, senão o dever de votar N ÃO, pois a simples abstenção já é de molde a favo recer a aprovação da prática li vre do aborto. Foi isso que Ação Família fr iso u no fo lheto do qu al fez d istribui r dois mi lhões e et:eccntos mi l exe mp lares por todo o país (v icl fo lheto na página seguin te). A lém d isso, e relembrando o 90º aniversári o das aparições ele Fátima, Ação Família convida os cató licos a uma súp lica nacional. Fazendo eco a um cios mai s importantes ped idos de Nossa cnhora na Cova ela Iria, o texto do fo lheto ape la a que os portugueses q ue aderissem à campanha se comprometessem a rezar o t rço, pe lo me nos uma vez antes do refere ndo, para que M ari a Santíss ima afaste de Portuga l essa ameaça. •

No ano em que se comemora o 9()11 Aniversário das Aparições de Fátima, Nossa Senhora chora...

da gralllde,. so reall:iada. J)Or

Saiba mais sobre Ação Família

opç.lo dll mulhet. nas primeiras dez semann. em estabole• cimento de SBúde legnlmenta

outo,izado?" Ou seja, di7er que

nlio concorda com o

Ação Família nasce u a pós o apelo insiste nte de inú meras famílias portuguesas preocupadas com a crescente disse minação na sociedade de valores a ntifa mili ares. Essa ação pe rn ic iosa é levada a cabo por certos órgãos da míd ia, ele forma parti cul ar canais ele telev isão di sputando e ntre si as a ud iênc ias e procurando sobretudo o lucro, e revela uma a usênc ia q uase total de parâ metros morais na sua atuação. E mbora constitu ída por leigos, a assoc iação tem a sua fo nte de in spiração na do utrina católica, procura ndo influe nciar a sociedade c ivil e a cu ltura. Ao agir assi m, esforça-se para pôr e m prática os apelos ele d ifere ntes pontífices, de trabalhar pe la im plantação do "Reinado Social de Cristo " segundo palav ras do Papa Pi o XI, ou da "e vangelização da cultura", para cita r João Pa ulo II. Por outras palav ras, a assoc iação pugna pela defesa e vigênc ia dos valores cri stãos na sociedade, na cul tura, na legislação e nos hábi tos socia is.

ouasslneto brutal de

inocentei •inda no ventre m ■ terno l

&te • • resposta

que e S1ntl11lma Virgem espere de 11.

Abster•se ni o pode Hr um ■ opçio. Diante do uma quostiio tcio Imparante oomo esta. que t1orá greves consequências

pmo o nosso Pais, ni o votar á o m esmo que d izer alm 110

aborto.

E d,zer sim é permnir que se matem inocentes. Indefesos 0 pequonlnos. que aguardam apenes o momento do vir ao mundo 11 de Fevereiro • a Festa da No111 Senhora de Lourd"I Aquele que, desde o primeiro lnatente de aua con.,.pçio, foi Imaculada

• 1brfu uma fonte de vida

para noa Ntv ■ r. No dia 11 de Fevereiro

votemo, pela vida dizendo NÃO eo aborto.

■ãfflttti#JMlfD4-I·lâ-13- i,,l·i-i,\,&l·l~iti1CI-■ Mas além do sou voto, Portuga prociso tombôm das sua O(açõos. Precisamos do rezar o torço o podr a Nossa Sonhoro quo lntorcoda por nós o afasto do nosso Pais OSlO btulOI o cobordo atonlade contta a vida.

çóe• que con11• m da Flch •

de P• rticip•çio na Campa• nha pela Vida .

·aSou Catôl~~: ~~ -º dia 11-de F~emlrOº r\lio ,~.;;jé~' m,nr.as ottngaçóes e \IOu partic~r do ro forondo MCJON1daando NAOooAboltO

Compromete>-me • ret.1r o TMÇo d• Vkll, po(o ~ uma voz entes cio rele<endo, e oss,m pert~IP11r dessa gr1tlde S\iplca nrioonal a No,sa Senhora do Fa11ma.

E no da dorofororoo omblo-so das palavras ditas por Nossa

Senhora aos paSlo,inhos de

Fátima·

Gott•ra.de rec.ber o livro llu11rMfo ... O Roddo da Vida"' 148 pt,g,nas). ecomponhedo do Terço. Como forma C<llaborar com osto .in.,ciativa poia Vida, gostaria do ejud11 com: JEI 0.00 üEI S.00 UE = ~ ~ ~ -•p<lsrecebetoosrojo.

oe

"Em Portu1111I con- , ,ar- . Por isso. o Acçlo Famffia ostA o roaluar uma campanha

6 Mmpre o Dogma da F6".

do dNulgoÇílo moss,va do Terço da Vld1, om comomorai;&o do 90º anlvors6no das Aparlçõos do F6timo. corno grondo süplicn nac,onol para dar a vitória a No111

Nlo decepcionemos a nossa Mie do C.u 1

.

1 n r o r ,n li

e--;;-;-

·-·--·~

C.mp•nh• pela Vl<la: 1) Proonchll o c,.,pao •ba

2)

Portugal vota pela vida, dizendo NÃO ao Aborto!

3)

o

Oosr.quo o ct.pâo NI po 1, ho do Cooquo o num marco dos Cone'°" IMPOlffAH lto PMUO.:•COMU!ntAOII POIIMAIICMILOML.

Senhora e e Portugal, no dia 11 de Fevereiro. Peça hoje mesmo o Hu "tojo do Terço d• Vida.

objelo a def esa da instituição familiar e do matrimônio cristão, bem corno dos valores da cul!ura ocidental" . A associação tem procurado, obretudo, atingir as capi lari dades da opini ão púb lica atrav s do sistema ele mass m.ailing e de telemarkeling, que permitiu gerar um relacionamento amp lo e pe r onalizado com os seus a !crentes.

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Para receber e m sua casa o seu estojo, aiga • • instru -

N6o onvlo dnhouo 100,0 Aouardo lnst,uçõos sobro e doaçêo

Uma vez convocado pelo presidente da República o dito referendo, não resta aos católicos portugueses, em consciência, senão o dever de votar NÃO, pois a simples abstenção já é de molde a favorecer a aprovação da prática livre do aborto. Eminentes autoridades ecleslbtlcas já se manifes1araml "Ê necessa.no &1 ctar iodes a., pessoas e tom&r COt'lsoênc1e do 1 in ttín.soco do cr1mo do oborto quo, DO atontor conua a vida humano no S6\J 1nloo. é também uma ag,essao conua a própflll sociedade Po, ,.s:so. o, Po it cos o ~.sladofo.s. onQuan to 5«\'tdoros do bom socai, têm o deoJet de defender o d rei to fundament I à vida, fruto do amot do Dous" (Bento XVIJ

"Adou1t ,na do) lwo10 sobro o:im matór~noo mudou o nunca muda1é

Do lacto, d&sdo o seu Inlco, a lgroja oondenou o obono. po,quo con~ctora Quo. dcsdo o pnmC1ro momomo da ooncoPÇOO, oxis10 um sor humano, cem tod11 a sua dg,,,dado, com d1ro1ro ex,s11, o a so, Jrn,J d8 Cru, PoficlJrpo, O,rdo.J/ Parriorc,, do L.ioboa,

i:;.'';g'¾,Jf-

"P,lra 01 f1éts catOhcos o aborto ptOv0C,)ÔO e um pecado gra...-e porque 6 uma viooçtaodo ~ Mandt.lmontodiJ let do Dous, ' não matlJr ã.5', e O-o mesmo que legamen1e perm1hdo. Néo podemos. pois, dell<8t dltdlzoraos f 4511 cotólcos Quo do'vomvotar o o,Jd.ra oscorocor OUlfl!IS pes.soa.s sobre a ogn.dade da vida humana, desde o seu ~•ro momonto'" (Nota Pa,toral do Consolho Parmanonto da

·noo·

Conlorfl>cllJ Epll,:opof Portuguosa. 1~ ll>-2C06/.

"10 obOnol por sua natu<eia, ô cume. Nennuma e. po!!4tiva podo transto,mor om nlo-mau ou om bom o quo é mau om s, mosmo'" {O. Jor~ Oniga. Atcttbllpo dtt BrttQa o Presidente da Confer~ nc.la Epi,cop,,I Por1uf/UOSI).

.. A Yldtl humon16 sqoda o nbo poda os-u,r ,ujoita à vontade 00;5 IIOIT1MS IN011e asountol o lgroJ• nrlo pode o hOIV·SO • {C6 -

N«r:Nlol'omandoa.1"'oco do Rw1ho. Com:io da Mdnh,1. 19 10·2006/.

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E-ma il para o autor: l&f!ulveda @catolic is mo .com.br

CATO LI CIS M O

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torço e o lrvro ··o Ros6rio da Vlda", com mOditações pora ro,a, o torço om dosagravo ao roferondo, quo por si só 1a consbtu, um& ofensa a OcU5.

* * Um dos propós itos princ ipa is da sua atuação é a defesa da institui ção fa miliar. Fo i fundada no ano 2000, numa conjun tura partic ul armente crítica em Portugal, q uando co meçavam a ser introduzidos no país os reality shows, apelidados mais tarde pela crítica televisiva de te le li xo. Naquela ocasião, jove ns simpatizantes de Ação Família d ifundiram , nas ruas de várias c idades ele Portugal, m uitos milhares de exemplares de um manifesto no qual se apelava para os diretores dos canai s de televisão e para o organi smo estatal responsáve l pe los conteúdos veic ul ados pela míd ia, para que fossem ma is responsáveis na sua conduta. Esse documento consti tui , por si só, um programa de atuação para Ação Família. Este objetivo gera l é ass im defi nido nos estatutos: "A Associação tem. por

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1

FEVEREIRO 200 7 -


A MBL E NT ES C OSTUME S C LVLLLZA Ç ÕES

c:c,11ju11t<> 1·esicle11c:ial 1n<>cle1·11c> Muito prático para o corpo, absolutamente zero para a alma

A

fotografi a rep.-esenta bem um aspecto do mundo moderno: o prático. O que ela ret~·ata? Um co njunto res ide nc ial. Pode e le ter ido construído em Tonkim, em Oslo, em algum futu ro bairro de Brasília, em São Paul o, na França, ou e m qu alquer parte do mundo. Ele é cos mopolita, é in ternac io na l. É um conjun to reside ncial, mas podia ser uma enorme fáb ri ca ou um vasto edifíc io penal. _Sua característi ca específi ca: apena e norme. Nele não se vi slumbra ne nhum a preocupação com a beleza. O plano arquitetô ni co: qu adrados, qu adrados e mais qu adl"ados. Só que e les são furados e tê m de ntro umas jane linh as. Un s a lvéo los o nde há um a "abelhas" constituídas co m nossa ca rne, que tê m um resto de pe nsa me nto; po rta nto, e di zem ho me ns.

■ Pu N10 C o RR ÊA DE OuvE1RA

Cada ho menzinho, cada fa milinha oc upa um , do is, três buraquinhos desses e se perde nessa ime nsidad ·. O que tem isso de belo? No qu e isso eleva o es pírit o? E m absolutame nte nada. O corpo talvez lá es t j a h • 111 servido. Quiçá sej a uma boa chocade ira para ·ssas pessoas. A alm a hum a na de las, e ntre ta nto , ·s tá o pressa. Os edifíc ios refletem bem o espírito moei rn o, r ·volucio nário: só existe a matéria. No interi o r d ·ss ·s prédios a alma não se prepara a ir para o u, porqu · neste não há nada parecido nem co m a fe iú ra , ne m ·om a monoto ni a da construção. M as é prático, pois pode-se ench r esse ·onj u11to arquitetô nico de seres humano para trabalh ar · Ul'l'l' bentar de trabalh ar! É práti co, muito práli ·o para o corpo. Para a a lm a, absolutame nl ' z ' ro. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em 10 de fevereiro de 1974. S m r vi

ll l[OI ,



,

UMARI

PLINIO

Mm'(:o de 2007

São José e o anseio da perfeição espiritual E m artigo publicado em "O Legionário", de 26-3-1933, Plinio Corrôa de Oliveira indica São José como o modelo ideal de todas as grandes virtudes católicas, sobretudo para as almas chamadas à perfeição espiritual gnorância reli giosa em que vi vivemos tem produzido , entre outros efe itos nocivos, o de desvirtuar inteiramente o significado real de algum as determinações da I grej a que, quando mal interpretadas, são inteiramente estéreis de fruto s es pirituais ; e qu and o bem co mpreendidas, são f érteis em graças e proveitos de toda ordem. É o que se dá, por exemplo, em relação ao culto de São José que, proposto pela I grej a co mo modelo dos chefes de família e dos operári os , é também, pelo imenso acervo de virtudes com que foi enriquec ido pela graça, modelo idea l de todas as gran des virtudes cató li cas . A maiori a dos cató li cos, porém, não pensa seriam ente em tomar São José como seu modelo. De um lado, a imensa santidade do pai jurídi co de Jesus parece um idea l abso lutamente inatingível. De outro lado, a fraqueza humana de que nos sentimos repl etos, so li citada por toda sorte de inclinações, nos af asta por tal forma de qu alquer idea l espiritual , que jul gamos já ter feito muito quando nos libertamos do jugo do pecado mor-

A

:~:.i~L~a~n~a~~: i: :1vá~·1:~sr~1i':1t~v:i,~:~:~

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suave, poi s que se limita à conserva- j ção do terreno conqui stado, mas in- ~ teiramente estéril para a i greja e para 3 a maior glóri a de Deus. A Igreja certamente não pretende que seus filh o. · igual m em glóri a e em virtude aq uele que, depois de M aria Santíss ima, foi o mai s elevado ex poente de virtudes da hum an idade.

-CATOLICISMO

Por outro lado, porém, ela não quer de modo algum que limi temos nossos hori zontes esp iritu ais a um a vida pi edosa banal, amesquinh ada pela errônea ilu são de que seri a fa lta de humildade asp ira r à sa ntid ade qu brilhou no gêni o de São Tomás, na co mbativid ade de Santo Inácio, no rcco lhim nto de Santa Teresa e na ari ladc de São Francisco. A 1 >r ja des masca ra esta fa lsa humild ade, apontando nela um pre1 xto sp cioso da co vardia esp iri tu al ou uma concepção orgulhosa da virLU 1 ' , ·onsiclcracla mais como fru to do 'sforço hum ano cio que da mi s •ri ·6r li a ele Deus. Ao mes mo temi o, ' la se serve do exempl o de seus •rand 'S sa ntos para "levantar ao oito" nossos corações, indi ca nd onos que a úni ca preoc upação rea l d sta vida, o único problema vercl adc i rame nte importante de nossa ex istênc ia, é a aqu i sição daqu ela perfeição es piritual , único patri môni o que conservaremos - adespeito das crises finan ce iras, das comoções soc iais e da frag ilidade das co isas humanas - para fin almente tran spormo s com ele os próprios umbrai s da eternidad e. Vicia interior intensa, constante, ilimitadamente ambiciosa, no sentido espiritual da palavra, eis a grande lição que a festa de São Jo é n s deixa. A grandeza da lição não clcv d 'Sanimar a escassez de nossas forças, 1 ois que cl v mos ·xt:laniar como " Tudo encoraj amento: Ornnia po.1·su111 i11 eo q11i 111<' 1·01{/r1rtt1/ posso n' Aq uele que m conf'o rla" (Phil. '1 , 13 ). •

2

Excmnos

4

C/\RT/\ DO D1m,:ToR

Nº H75

Nossa Senhora como esposa e mãe

5

P A<;1N/\

7

Lm·1·l 11u EsPmlTlJ/\1,

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12 A 14

M/\m/\N/\

P /\1./\VIM

Nossa Senhora e a vocação Devoção à Santíssima Virgem - V

DO S/\CEIWOTE

R1,:/\1 ,m/\DE CoN<:IS/\MENTE

N/\(;ION/\1,

Agronegócio: sustentáculo da economia nacional Plantação de soja

18 Pm~

Qtm Noss/\ S1,:N1101M C1m1M?

19

ENTRl-:VIST/\

22

Vm/\s DE S/\NTos

25

INl~Ol~l\'I/\TIVO RlllMI,

26

C/\P/\

Ações contra o Estatuto do Desarmamento O gloáoso São José

Nosso Senhor Jesus Cristo: astúôa e jnocência O perigoso Estatuto do Desarmamento

44

D1sc1mN1N1>0

45

AçAo CoNTIM-R..:vouicmNÁm/\

52

AMBIENTl•:s, CosTt JMES, C1v11,1z/\çü..:s

Abnegação religiosa: sua jnfluência na sociedade

Modos de ser de Adenauer e Churc]Jj]J

Nossa Capa : Pintura que se encontra na capela do palácio dos príncipes de LõwensteinWertheim, em Kleinheubach (Baviera). O quadro representa Nosso Senhor Jesus Cristo conversando com Nicodemos ("Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus" ) (Jo 3, l ).

42 S

Foto: At íli o F:ioro

O glorias

M ARÇO2007 -


As perplexidades de Nossa Senhora

Caro Leitor

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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

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106,00 150,00 280,00 460,00 10,00

"Sede astutos como as serpentes, e simples como as po111bas", ensin a Nosso Se nhor no Evangelho. E ntretanto, e m muitos ambi e nlcs ca ló li cos in sisle-se quase ad nauseam - na "s impli cidade da po mba", ma quase não se prega sobre a "astúc ia da serpente". A simplic id ade é uma virtude? É óbvi o qu e sim , e nin guém o nega . Mas por que não se propaga que a as túc ia serpentina ta mbé m é uma grande virtude evangé lica? Por que não se difunde que desta virtude nosso Divin o Rede ntor fo i o exempl o máx imo? O fato de se con siderar apenas a man sidão (co mo a do corde iro) de Nosso Se nhor Jesus C ri sto, e não a sua fortaleza (como a do leão), constitui um a deformação de espírito bas ta nte comum nos referidos ambi entes. Jsso é uma grave lacuna que pe rdura há muito tempo, e que degenerou no chamado " progress ismo" católico. Este, só conseguiu introdu z ir-se na [greja graças à fal ta de vi g il ânc ia e forta leza dos cató li cos. Daí a importância tran scende ntal el a presente matéri a ele capa para os cató li cos e ntenderem o qu e se pas. a hoj e. Já e m 1943, Plíni o Corrêa ele Oliveira denunc iava energ icamente essa visão mutil ada, portanto cao lha, apresentada como provenie nte do Evange lho. De aco rdo co m e la, nosso Redentor teria ensin ado ape nas a divina virtude ele perdoar, mas nada pregara sobre a virtude - não menos divina - de a meaçar e punir. Mi seri córdi a não signifi ca impunidade siste máti ca cio mal. Ta l denúncia encontra-se consubstanc iada no livro Em Def esa da Ação Católica, publi cado há 64 anos pe la Editora " Ave M ari a". O auto r, naque la ocas ião pres ide nte da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo, comprova sua tese co m base nas Sag radas Esc rituras. E co mo, à sorre lfa, difundi a-se na época que somente o An tigo Testamento trata de castigo, enqu anto que no Novo Testamento ape nas havi a lugar para o perdão, o Prof. Plíni o dedi ca a quin ta parte dessa obra principalmente a citações cio Novo Testa me nto, a fim de refu tar a fa lsa vi são que então se difundi a. A matéri a de capa desta edição é co mposta ele excertos dessa q uin ta parte, se lec io nados pe la redação de Catolicismo para serv ir ele te ma ele meditação a nossos le itores nesta Q uares ma (tempo litúrg ico que se in iciou no d ia 2 1 ele fevere iro e termin ará e m 8 ele abril). Desejo a todos uma boa lc ilu ra ele Lais excertos, ele suma importâ nc ia para a vida es piritu al cio verd adeiro aLóli co. Med ita ndo esses tex tos, os le ito res di sp?rão ele substanc ioso auxíli o para formar uma visão compl eta cio ensinamento ele nosso Sa lvado r, adorável cm Lodos seus aspectos, tanto em s ua mansidão qu anto em sua enérg ica execração cio mal.

E m Jesus e Mari a,

9 : ~07 DIRETOR

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .

paulobriLo@catolicismo.com.br

M odelo para todas as nossas atividades, a Santíssima Virgem nos ensina o modo de proceder nas encruzilhadas espirituais de nossa existência, como no momento de decidir pela vocação a seguir na vida !1 V ALDIS GRINSTE INS

e

e rtas perguntas são interessantes, exata mente pe lo grau ele desconhec imento teol óg ico que revelam. Ass im, certa pessoa me inquiri a: "Nossa Senhora sernpre sabia que ia ser mãe de Deus, não é?". Respondi que, se assim fosse, as palavras do anjo São Gabrie l teriam sido diferentes . O anj o não teri a explicado a Ela que conceberia o filho do Altíss imo, mas diria tão só que chegara a hora ele concebê-Lo. Se Ela já sabia, por que explicar ele novo que seria a Mãe cio Filho de Deus? Ante essa resposta, o interroga nte fo rmulou nov a pe rgunta: e ntão, o que E la pe nsava que ia ser? Para responder tal questão, é necessá rio co nsiderar certos press upostos.

O problema da vocação Quando De us cri a uma a lma, Ele te m um pl ano pessoa l para e la. Por isso mes mo, dota-a elas qual idades ele que necessitará para a rea li zação desse pl ano. Por exe mpl o, um a pessoa c hamada a ser médi co, norma lme nte terá interesse pelas matérias re lac io nadas com o tema, terá boa memó ri a para os assuntos que deve estudar etc. M as não necessari amente terá voz de cantor de ópera ne m do min ará a arte da ca li grafi a. E m gera l, Deus chama as pessoas para o estado matrimoni al. Mas, para certas a lmas privilegiadas, E le te m um outro plano. É o que comumente se deno min a " vocação", que em latim quer di zer "chamado". O exemplo mais comum é a vocação reli g iosa. Por exemplo, pode ser que uma pessoa c ha mada para servir a Deus mais profund amente no estado re lig ioso sinta uma atração espec ialíss ima por todos os temas teológicos, doutri nári os, pastorai s, etc. As cerim ôni as litúrg icas a atraem, os mi stéri os teológ icos a fasc in am, a prática ela caridade a encanta. E isto desde cri ança. Muitas vezes lemos nas vicias de santos exemplos di sso . Esse cham ado é muito fo rte, e faz com que todos os outros interesses da vida sej am postos ele lado. Outra vezes, os sin ais ela vocação se mostram por o utros me ios. Le mos igua lme nte nas vicias ele sa ntos que mui tos deles sabi am o u pressupunham ter uma alta vocação. M as nem sem-

pre Deus mostra exata mente no que e la consiste. Pode ser esta uma das maiores provações da vida espiritual, po is a alma sente a atração por algo muito grande ... que não sabe exatamente o que é ! E esta s ituação, em a lguns casos, pode prolon gar-se por anos e anos . Lembro- me de um livro que continha estatísticas sobre o santos; um terço deles trocou de ordem reli g iosa ou mudou ele situação ca nônica. Sendo santos, isto não im plica e m pregui ça de seguir o ch amado ele Deus ou em fa lta de desej o de encontra r seu caminho espiritua l. Pe lo contrário, Deus se fa z bu scar , e o faz para nos dar a oportunidade de ganhar méritos para a vida eterna. Outros já encontram naturalmente sua vocação desde a mais tenra infâ ncia e a segue m até o fim da vicia.

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1 Todas as mulheres I Israe l desejavam ter como filho ou descendenl o ;.d v ado r q ue viria. Nada mais natural. E po r isso a in st itui ção cio malrim ô ni e ra aprec iada num g rau muito e levado. N ão obstan t , mesmo no mundo a nti go a idé ia de dedicar a virg incl acl ao s rvi ço de Deus tinha seu papel. Segundo um a bela tradi ção, Nossa en hora leri a feito voto de virgindade desde a mais tenra i lad . ua inteli gência, em nada debilitada, po is não fora ating ida pelo p caclo ori g in al, mostrar-lhe- ia que a virg indade era su mamente ag radáve l a Deus, e graças especiai s a levaram a dar ta l passo. A Tradição cató li ca nos mostra Nossa Senhora, eles le menina, serv indo a Deus no Templo ele Jerusalém. M as tendo morrido seus santos pais, São Joaquim e Sant' Ana, Ela ficou sob a proteção do Sumo Sacerdote do Templo, como ocorria com as órfãs que a li serviam. E m determinado momento esse sacerdote decidiu que, tendo chegado a idade requerida, Nossa Senhora deveria casar-se.

Pe111lexiclade <la Virgem Santíssima

A Tradição católica nos mostra Nossa Senhora, desde menina, servindo a Deus no Templo de Jerusalém

A vocação <le Nossa Senl10ra Sendo isenta do pecado orig inal, a inteligência de Nossa Se nh ora não sofria as deb ilidades e co nfu sões a que nós estamos sujeitos. Co m lógica impecável, e la relacionava imediata mente os fatos, tirava as conclusões acertadas, previ a as poss ibilidades. É óbv io que Ela mesma notari a a abundânc ia de quali dades com que Deus a tinha dotado, e que tais qualidades pressupunh am um a vocação espec ia líssima. Mas qual era essa vocação ? Hoj e, todos nó católi cos sabemos pela Fé que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se e ncarnou, pertenceu à Sagrada Família e trabalh ou , pois qui s nos servir de exemplo como Home m-Deu s. Naquela época, porém , as pessoas tin ham conhecimento ape nas de que surg iri a um Redentor da humanidade, mas não conhec iam os detalhes. Eram questões que os doutores debatiam. Nossa Senhora fo rmul aria para si também essas perg untas, mas devido à sua humildade, ev itava son hos de grandeza.

-CATOLICISMO

E aqui temos um exemplo típico de perplex idade na vida espiritua l. Por um lado Nossa Senhora havia fe ito voto de virg indade a Deus, para agradar o Altíssimo. Contudo, o Sacerdote que tinha sobre E la a legítima autoridade, e que representava nesta Terra a voz de Deus, por me io da obediência ordenava-lhe algo contrário à virgindade, pois justamente o fim primordial do matrimônio é ter filhos e educálos . De um lado, uma certeza moral firmíssima: a virgindade; de o utro, um fato concreto evidente: a obed iência . Aparentemente e les se contrapunham. E sabe mos que Nossa Sen hora aceitou o fato concreto, na certeza de que Deus, na sua infinita sabedoria, proveria. E ra um fato claro e co ncreto: a voz da autoridade mandava que e la· se casasse. Dia nte di sso E la se submeteu, confi ando que Deus a pre ervari a. A História revelou a sap iencialidade dessa decisão. Constatamos hoje que, para o M e nino-Deus, embora nascendo de uma Virgem , era altamente conve niente que tivesse a amparálo uma fa míli a norma l, cujos pais eram ligados pelo vínculo matrim o ni a l. E para a própria reputação da Virgem M aria, naq ue le te mpo isto era necessári o, até que se reve lasse ao mundo todo a maravi lha de uma Virgem-Mãe. Certamente houve na vida da Santíssima Virgem outros momentos e m que e la não compreendeu as ordens de Deus, que pareceriam ter um sentido contrári o àqui lo que a graça colocava em sua a lma. Como no ep isód io da perda do Menino Jesu s no Temp lo. São os mi ste ri osos cam inhos da cruz, pe los quais passam pessoas dotad as de vocações espec iai s. Esta é, poi s, uma oportunidade muito adequada para ped ir a proteção da Santís ima Virge m para aqu eles que, ne stes momentos, passam por perpl ex idades análogas às d ' E la. Poi s Nossa Senhora saberá justamente aprec iar quanto apoio espiritual necess itam os que tran sitam por tai s caminhos da g raça. • E-mai l do autor: va ldisgri nstein s@cato licismo.com .br

Devoção a Maria Santíssima - V Atém de São Luís Grignion, outro grande doutor da devoção marial foi Santo Afonso Maria de Ligório. Reproduzimos abaixo alguns trechos de sua monumental obra Glórias de Maria.* endo sido a Santíss ima Virgem e levada à dignidade de Mãe de Deus, com justa razão a Santa Igreja a honra, e quer que por todos seja honrada co m o título g lorioso de Rainha. Se o Filho é Rei, diz o pseudo-Atanásio, justa mente a Mãe deve considerar-se e chamar-se Rainha. Desde o mo men to em que Maria aceitou ser Mãe do Verbo Eterno, diz São Bernardino de Siena, mereceu tornar-se Rainha do mundo e de todas as criaturas [.. .]. Maria é, pois, Rainha. Mas sa ibamos todos, para consolação nossa, que é uma Rainha cheia de doçura e de c le mênc ia, sempre inclinada a favorece r e fazer bem a nós, pobres pecadores. Quer por isso a Igreja que a saudemos com o títul o de Rainha de Misericórdia. O próprio nome de rainha, considera Santo Alberto Magno, denota piedade e providência para co m os pobres, enquanto que o de imperatriz sugere severid ade e ri gor. A magnificência dos reis e das rainhas consiste em aliviar os desgraçados, diz Sêneca. E nquanto os tiranos governam tendo em vista apenas seu interesse pessoal, devem os reis procurar o bem de seus vassalos. Por isso, na sagração dos reis se lhes unge a testa com ó leo. É o símbolo da misericórd ia e benignidade de que devem estar animados para co m seus súd itos [ ... ]. O Eterno Pai constituiu Jesus Cristo Rei de justiça e fê-Lo, por conseguinte, Juiz universal do mundo. Vem daí a exclamação do Salmista: 'Dai, ó Deus, ao rei a vossa eqüidade, e ao filho do rei vossa justiça ' (SI 71 , 2). Pelo que diz um douto intérprete: 'Senhor; destes a vosso Filho a justiça, porque à Mãe do Rei entregastes a misericórdia '. Aqui São Boaventura tece belo comentário à citada passagem, dizendo: 'Dai, 6 Deus, vosso juízo ao Rei e vossa misericórdia à sua Mãe ' [.. .].

Maria é Rainl,a <le misericórdia até para os mais miserá veis Pode mos, porventura, teme r que Mari a desdenhe empenharse pe lo pecador, por vê- lo tão carregado de pecados? Ou acaso nos deve m intimidar a majestade e a sa ntidade desta grande Ra inha? N ão, di z o Papa São Gregóri o; porque, quanto Ela é mai s excelsa e mais santa, tanto é mais doce e mais pi edosa para com os pecado res que se querem emendar e a Ela recorrem. A majestade cios reis e das rainhas causa temor e faz com que os súd itos te mam chegar à sua presença. 'Mas onde estão, pergunta São Bernardo, os il1felizes que podem ter medo de

Maria é Rainha . Mas saibamos todos, para consola ção nossa , que é uma Rainha cheia de doçura e de clemência .

apresentar-se a esta Rainha de Misericórdia ? Nela nada hâ de Jerrível nem de se vero. É toda benigna e amável para os que a procuram.' [.. .]. Tende, poi s, piedade de nós, ó Rainha de mi sericórdi a, e c uidai em salvar-nos. 'Não digais, ó Virgem Santíssima - parece acrescentar São G regório de Nicomédia - que não vos é possível socorrer-nos, por ser grande a multidão de nossos pecados. Pois não há número de culpas que possa exceder ao vosso poder e amor '. • Nota: * Sa nt o A fon so M ari a de L igóri o, Glórias de Maria, Editora Vozes, Petrópo lis, 19.57. pp. 23 e ss .

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no (fracassado totalmente). E. sa pu blicação ajudou-me muito para desfazer objeções que pessoas próx imas à minh a famí li a fa ziam ao s istema anti go (que tão bon s frutos produ ziu). Prec isa mos criar aqui um movimento d e pa is com o obj e tivo el e se retorn ar ao sistema tradic ional ele ensino em todos os níve is de instrução. (R.C.M. -

SP)

Blá-blá-blá de baratas tomas

Persistfr 110 e/'l'o é diabólico 121 N ão conhecia os estudos c ientífi cos c itados no artigo de Catolicismo sobre os métodos de ensino, mas é e vid e nte qu e me nino s e me nin as aprendem de mane ira diferente. E ntretanto, os espec iali stas, ridícul os pedagogos nomeados pelo atual governo, não querem ver o óbvio e continuam a cometer os mesmos erros de seus antecessores. É bem o caso de dizer que errar é humano, mas persistir no e rro é diabó lico . Temos como resul tado essa cri se no ensino, o péss imo desempenho escolar dos alunos brasileiros e o ba ixo níve l do ensino em nosso País, dos mai s baixo dos países nas três Amé ri cas. Graças a tais "especiali stas". Sug iro que os redatores de Catolicismo faça m exposições sobre esse tema nos co légios. Acho que nasceri a um debate muito prove itoso para alunos, e mesmo para professoras e professores que estejam de boa fé . E ntretanto, sei q ue não depende deles a mudança no método de ensino atual. (D.F.D.C. -

SP)

Bons J'l'utos, boa árvorn 121 Gostaria de agradecer- lhes pel a análi e do sistema ele ensino mocler-

-CATOLICISMO

121 Se a pedagogia moderna fosse rea I me nte e fi caz, os res ultado s do ENEM não seriam essas " ma rav ilh as" que te mos vi sto a cada ano. A cada ano re únem-se os re pon sáve is pelo exame e em item um b.lá- bl á- blá sem fim , como bara tas to ntas à bu sca de uma so lução. M as não a encontram . Por quê? Porque não procuram as causas profundas qu e gerara m o péssimo ensino das esco las em nossos dias. A revi sta Catolicismo levantou a cortina e mostrou as causas do proble ma, não ape nas seus péss imos efeitos. Agora, basta os respon sáve is reconhecerem eu. erro e vo ltarem atrás. É o que prime irame nte têm que fazer, para surg ir um a solução. M as ... quererão? Eis a questão ! (V.C.P.A. -

SP)

Analfabetos limcionais 121 De fato, os adolescentes saem ela escola sem saber ler ne m escrever. Ê urgente uma atitude categó ri ca das autoridades para mudar o si te ma de ensino. Caso contrário, teremo um futuro sombrio, com adultos que passara m por todos grau do aprendi zado, mas semi -ana lfa betos. (C.M. - ES)

É uma vergo11ha 121 Por vezes faço o acompanhamento d as redações ele vest i bu !a nelo s. Anali sa ndo o que os alun os esc reve m, te m-se vontade de morrer de r ir (rir para não chorar). O que es-

c revem, freqüe ntemente são verdade iras pi adas. Ê ve rgonhoso para nós bras il e iros. (D.G.X. -

GO)

Nota 1O cm COl'l'l//JÇãO 121 Pe los exa mes cio Mini stéri o da Educação e Cultura co nstata mos q ue o Bras il está no último vagão do tre m ci os países, na avali ação do e ns in o público e, infe li zmente, mes mo no e nsino particular. Com raras exceções, as médias ele nossos co légios são as ma is baix as. Segundo info rmações recentes divulgadas pe lo MEC, a educação nos últimos anos piorou ainda ma is, apesa r ela promessa do pres idente Lula ele aprimorar a qua li dade do ensin o já no se u prim e iro ma ndato . Mas o governo não está preocupado em corri gir a situação e apli carse na me lhoria cio e nsino. Não tem tempo pa ra isto, porqu e está ma is ocupado - e muito - em tentar pôr o B ras il no prime iro vagão do mun do e m matéri a ele corrupção cios colegiai . Basta ver a campanha cio Mi ni stéri o da Saúde para di stribuir mac iça mente preservativos aos a lun os da rede púb lica esco lar, mesmo àqueles que têm ape na. 13 anos de idacle ... lnc lu ive com um projeto ele insta lação de máqu inas de d istribuição de preservativos nos colég ios, como aq ue las máquinas el e refri gera nte. E timulando precocemente, com tal di stribuição, a sex ualidade dos menin os. Pob res garotos, obrigados a ire m a esco las onde se favorece sua corrupção moral. Pobres pai s, que não conseguem impedir isso. O meu pe nsa mento é: o Estado não tem que se meter nessa matéria moral , po is é um ass unto particul ar que se trata e m família, de pai para filho, ele mãe para filha e, mes mo assim, não e m qualqu e r id ade. Tem-se qu e es perar o mo mento ap ropriado. De ntre os primeiros na corrupção e de ntre os últimos no ensino público - é a triste posição e m que se encontra o Brasi l; em que um ele seus

Mini stérios está ensina ndo as c ri anças a usar preservativos, mas não os e nsin a a usar nossa gra mática de modo co rreto, a le r e escreve r de modo decente. O s pa is pode ri a m se o rga nizar para tentar im ped ir qu e seus filhos perca m a inocênc ia precocemente. É c laro que, com essas medidas de distribui ção ele preservativ os nas escolas, o governo está colabora ndo com o processo ele degradação moral de nossas crianças e jovens, aumentando a corrupção. Al ém do mais, o governo está criando condições para a expan são de casos ele peclofi li a. Poi s, com ta is di stribuições, evidentemente as cri anças estarão se nd o in centivadas para o sexo, tornando-se mai s faci I me nte vítim as de adultos tarados. O governo fa la em combater o chamado "turi smo sex ual ". E ntretanto, com essas ini ciativas, pre para nossas c ri anças para entrar na o nda do " turi smo sexual". O mes mo pode-se d izer ele algumas dec isões judi c ia is, pe rmitind o que casa is ele homossex uai s adotem cri a nças. Uma coisa pavorosa ! Pobre Brasil! Pois també m se poderia dize r: nota IO e m corrupção, nota zero em matéria ele ensino. (O.V.F.F. -

vendo como animais mima se lva, não de árvores, mas ele prédi os. Já há muito tempo o Leg islativo deveria ter aprovado uma le i que redu zisse a ma ioridade penal, que puni sse duram e nte os " me nores" qu e sabem o que faze m e cometem crimes hediondos como, por exemplo, esse assassi nato cio pequeno JH. Tais bandidos cometem os piores de litos, e depoi s a lega m: " Doutor , e u so u 'dúnenor', não bota a mão em mim" . No Brasil , "dimenor " pode assa ltar, estuprar e matar, não recebendo nenhuma punição. Resultado: em nosso País não assistimos atua lmente ao tão propalado "espetáculo do cresc imento", e sim ao crescimento do crime. Os congress istas esqu erdi stas se mobili za m para não pe rmitir a redução d a maioridade pe na l. Alega m que, se e la for aprovada, chegará um dia e m qu e se aprovará a pe na ele morte . Eles não que re m a pe na ele morte do bandido, só quere m que se tenha pena do bandido. O própri o presidente discursou contra a redução ela maioridade. Alega-se que não se pode leg islar num c lima de comoção. Mas pe rg unto: por que então não leg islaram antes ela comoção? (M.M.S.D. -

MG)

PE)

Resistir e não pact11al' "Espetác11l0 da criminalidade" 121 O esquartejamento cio peq ueno João Hé li o, arrastado pe las ruas cio Rio de Janeiro, não me sa i da cabeça. E ne m pode. É imposs ível esquecer o que os facínoras fizeram. N ão pode mos nos acostum ar com o monstruoso. Não pode have r indife re nça em face da barbári e. Não podemos bana li zar o sa ngue elas vítimas inocentes. Se isso aco ntecer , vamos começar a bana li zar as pi ores mo nstruos id ades. C hegaremos a um tempo e m que, como na China comunista, pedestres passa m indiferentes diante ele um bebê abortado e jogado na ru a, como se fosse lixo para o cam inhão reco lher e botar fo ra. Estaremos vi -

121 Causa horror o caso do arcebispo polonês (aquele que co laborou como es pi ão cio go ve rno comun ista da Polôn ia, e por causa desse escândalo fo i obrigado a renunciar). Horror por ve r hoje autoridad es ec les iás ticas o limpicamente querendo ocupar a ltos cargos dentro da Igrej a, mas sem fazerem o " mea culpa" por sua péssima atitude ele cooperação co m os comunas. Algun s até prestaram serviços de espionage m a favor cio governo comuni sta. Essas autoridades, com seus ma us exemplos, movera m o povo de Deus a também cooperar, ao invés ele fo rtalecê- lo no combate ao comunismo.

Propriamente, não se tem como não qualificar tal atitude senão como trai ção. Com isso eles desmobilizaram os católicos face ao governo comunista. E por causa dessa desmobilização, ele permaneceu no poder por décadas. Se não tivessem cooperado, provavelmente teri a caído esse governo, que recebia o ri entação dire ta d e Mosco u. E a Polônia já há muito tempo estaria livre e progredindo. Le mbro-me ele ter lido em Catolicismo uma referência bíblica no sentido ele que os cató li cos em geral, mas so bretudo as pessoas do c le ro, não ele ve m pactu ar co m o inimi go el e Deus para, desse modo, poder viver comodamente. Os verdade iros católicos devem ser heróicos e corajosos e partir para a luta, ainda que corram ri sco ele vicia . Mas não consigo lembrar qual re ferência ela Bíb li a era essa. Será que poderi am os Srs. encontrála e e nviá-la para mim por e- mail? Antec ipadamente agradeço. (P.G.C.F. -

RS)

Nota da redação: N ão temos certeza de que a citação aba ixo (extraída cio Prime iro Livro dos Maca be us) sej a aq ue la a que o caro leitor se refe riu . E m todo caso, ela apl ica-se muito bem ao tema exposto. O u seja, que é prec iso res istir e não pactu ar com os adversários ele Deu s: " Preparai-vos, disse- lhes Judas Macabeu, sede corajosos e estai prontos desde a manhã para o com.bate a essas nações que estão unidas para nos arruina,; a nós e a tudo o que possuímos de sagrado; porquanto é preferível morrer no combate que ver nosso povo perseguido e nosso santuário profanado. Que se faça som.ente a vontade de Deus!" (1 Mac. 3, 59-60).

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11 Cônego JOSÉ LUIZ VIU.AC

Pergunta - Tenho uma dúvida a respeito ele uma questão. Perdi uma amiga que sofria ele uma doença no sangue, e devido a isso teve várias modificações corporais como inchaço, marcas pelo corpo, etc. Após a morte, se ela se encontrar na glória de Deus, estes sinais da doença ainda permanecerão? Outro caso: um portador de defici ência fís ic a, após a morte ainda terá sua deficiência? No caso dos casais, eles permanece rão casados? Obrigado, e rezem pela minha amiga. Resposta - O consule nte leva nta o be lo tema da ressurre ição dos mo rtos e da vida be m-aventurada no Céu por toda a eternidade. Segundo a Fé cató li ca, o Céu é um prêm io para os que se comportaram be m na Terra, isto é, c umpri ra m devidame nte os M a nda m e ntos da Lei de Deus (um dos qu a is implica ta mbé m no c umpri me nto d as le is d a Ig rej a). Logo depois da mo rte, a a lma passa por um Juízo Parti c ular, e se ela mo rreu e m estado de graça e está purificada de todo pecado, vai i med iatamente pm·a o Céu e fica aguarda ndo o fim do mundo, qua ndo todos os mortos ressuscita rão e suas a lmas serão re uni das aos respectivos corpos. Se a lg uém mo rre u e m e tado de graça, mas não fez peni tê nc ia s uficie nte para pagar a pena dev ida - por todos o pecados morta is perdoados no Sacra me nto da confissão, o u pelos pecados leves não perdoados - fica s ua a lma no Purgatório até ser inteira me nte purificada (a passagem pelo

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CATOLI C ISM O

Purgató rio é o ma is freq üe nte para os que se sa lva m); após o qu e vai se re unir às a lm as be m -a ve ntu radas no Céu, o nde ta mbé m fica ag ua relando a ressurre ição gera l cios corpos, o Ju ízo F ina l que se lhe segue e a entrada defi ni tiva no Céu, e m corpo e a lma. Os maus ta mbé m serão e nviado , na mes ma ocas ião, e m corpo e a lma para o fogo ete rno cio Infe rno (s uas a lmas j á estava m lá logo após a mo rte e o Ju ízo Pa rtic ul ar).

Pel'l'cição tísica e espfritual E m que condições ressusc itam os corpos elas a lmas q ue se destinam ao Céu? As doenças e sofri mentos pelos qua is passam os na Terra de ixam suas marcas nos corpos ressuscitados? - E m pr incípio, não ! Porque no Céu não há deficiênc ia ne nhu ma, nem na a lma ne m no corpo cio ressuscitado. Não há fe iúra nem defeito ele q ua lquer espécie. Não há nada de to1to ne m quebrado. Nada de desordenado ou descomposto . N ada de es tride nte o u cacofônico. U m hippie não entrará no Céu se antes não se converter e arrepe nde r-se ele seus pecados. No Céu não há rock, nem mús ica (ou gente) desca be lada, e muito me nos imoral ou sensual. Não há modas psicodélicas, ou fab ricadas com roupa suja, ensangüentada ou rasgada. Nada cio que é desconforme a Deus entrará no Reino dos Céus, que é o Re ino do "Santo dos Santos", ou seja, ela "Verdade, da Santidade e da Beleza", como ensina o Doutor angélico. Lá reina a mais completa ordem, harmo ni a e respe ito . Caos e sujeira são bo ns para o inferno, para onde será varrido todo o lixo que há na Terra. É como Santo Tomás

desc reve o fi m d o mun do , q ua ndo um fogo purifi cado r que imará todas as im purezas que restarem na Terra e os anjos lançarão todos os cletTitos na Geena, para torme nto cios répro bos e demô nios. Ass im desc ri to o am bie nte cio Céu - no qua l tudo é íntegro e perfe ito - vê-se logo que De us supri rá todas as defi c iências que caracterizaram a vicia cios homens nesta Te rra; e aos que se sa lvara m, proverá com um corpo restaurado na ple ni tude ele seu vigor e be leza. Po rq ue D e us ama os seus e le itos e quer vêlos respla ndece ntes de luz e perfe ição física e espiri tua l. Assim, o mi ssivi sta pode fi car tra nqüilo de que " na g lóri a ele De us", o nde certame nte esta rá (se mo rre u co m as dev idas disposições) sua a mi ga, não terá e m seu corpo g lori ficaclo (após o fim do mundo) ne nhu ma deformidad e decorre nte elas doe nças e o utros ma les q ue contra iu na Te rra, e m co nseqüê nc ia do pecado origina l.

"Jlisão beatilica" ele Deus lace a face

1ri&10

É claro que no Céu nossa fe lic idade consistirá a ntes de tudo em ver a Deus face a face, tal como Ele é em sua essênc ia, o que em linguagem teológica se chama "visão beatífica". Isto é, o homem, como Deus o concebeu e cri ou, não tem condições de ver a face de Deus, porq ue sendo Deus infini to e m suas perfeições, excede abso1u tame nte a capac idade de compreensão natura l do homem. Por isso, Deus dotará os e leitos de urna capacidade uperio r à sua natureza - a graça sobrenatural - de forma a poderem contemp lar a Deu . "face a face" e partic ipar da

própria vicia tTinitária ele Deus. Isto é, da vida cio Deus uno e trino, em q ue o Pai gera o Filho desde toda a eternidade; e cio Amor recíproco de Deu. Pai e Deus Fi lho, do q ual procede o Divino Espfri to Santo. Nessa visão de Deus face a face e partic ipação ela viclacli vinaconsi te a essênc ia da bem -aventura nça eterna. Não obsta nte, nosso corpo, q ue pa rtic ipo u de nossa luta contra as te ntações e dos sofrime ntos q ue su porta mos po r a mor de Deus, é justo que partic ipe também de nossa fe lic idade eterna. Nossa alma não se sentiri a perfeitamente fe liz se o corpo não fosse também inteiramente feliz. E m prime iro lugar, no Céu não haverá ma is mo1te nem sofrimento de espéc ie alguma, ficando o corpo livre de todas as de fic iênc ias que possuía nesta terra, como fo i d ito acima. E, adema is, será a d o rn ado co m todas as resplandecências e gozará de todos os confortos e castas delíc ias que a vida na mansão celeste compmta. Por isso di z São Pau lo:

isto é, o lu ga r o nde fi ca m os corpos ress urrectos (evide nteme nte uni dos às suas a lmas). E ntre ta nto, um importante tex to ela segunda epístola ele São Pedro enca mi nha os espíritos nessa direção. Ouça mo- lo:

"Porém, o dia do Senhor virá como um. ladrão, no qual os céus passa rão com um grande estrondo, e os elementos se dissolverão com o calor, e a terra e todas as obras que nela há serão queimadas. Portanto, visto que todas estas coisas estão deslinadas a ser dissolvidas, com.o deveis ser vós - em vossa santa conversação e em vossa piedade - na expectação e na disposição de avançar em direção ao dia do Senhor, no qual os céus, abrasados, se derreterão, e os elernentos, com o ardor do fogo, se fundirão? Porém nós esperamos, segundo a sua pro-

terra, nos quais habite a justiça" (2 Pt 3, L0- 13), entenda- e a santidade. També m o após tolo São João, no Apocali pse, a lude ao mesmo desfecho:

"E vi um novo céu e uma nova terra. Porque o primeiro céu e a primeira terra desapareceram[ ... ]. E eu, João, vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu de j unto de Deus, adornada como uma esposa ataviada para o seu esposo. E ouvi uma grande voz, vinda do lrono, que dizia: Eis o tabernáculo de Deus com os homens, e habitará com eles. E eles serão o seu povo, e o mesmo Deus, com. eles, será o seu Deus; e Deus lhes enxugará todas as lág rimas dos seus olhos; e não haverá rna is morte, nem luto, nem clamor, nem mais dor; porque as primeiras coisas passaram" (Ap 21, J-4).

Ta l é o prê mio que Deus promete aos que fo re m justos nesta Terra, isto é, observantes cios Dez M andamentos.

Relacio11ame11to dos eleitos 110 Céu Resta tratar ele um ponto q ue o missivista coloca no fim ele sua carta: os relacio name ntos de parentesco e ele a mizade q ue contraímos nesta Terra perma necerão no Céu? E m pa rtic ul ar, os casais perma necerão uni dos no Céu? N ão há po r q ue resp o nder negati va me nte a esta pergunta, ressalvado qu e, no Cé u, não havendo ma is propagação ela espéc ie, as fac ul dades gerado ras cio ser huma no perdem a razão ele se exercer. Por isso, Nosso Senho r e nsi na que

"na ressurreição, os homens não terão mulheres, nem as mulheres, maridos; mas serão com.o os anjos de Deus no céu" (Mt, 22,30). M as o amor

que uniu os esposos não desaparece, ape nas se sublima e atinge seu clím ax. Ass im ta mbé m, todas as re lações de a mizade que se estabe leceram legitimame nte na Te rra serão restauradas na sua maior pe rfe ição, no Céu. E os la nces ele nossa lu ta pela salvação el a pró pri a a lm a, e elas a lmas de nossos a migos, máx ime ele ta ntas pessoas que proc ura m os be nefici ar co m nossas obras ele aposto lado, serão lem brados com e moção e ce leste ternura: "Lem bra-se daquele dia?" ... Tudo isto visto sub specie aeternitatis, q ua nto gozo nos tra rá? L utemo e nos esforcemos pa ra se rm os d ig nos dessa pe rspectiva gra ndiosa q ue a Fé cató lica nos apresenta, e como Ve rdade de Fé! • E-mail do autor:

"Nem os olhos viram, nem. os ouvidos ouviram, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam" ( 1 Cor 2, 9) .

Scgull(/O S. Pedro: "Novos Céus e nova 1'el'ra" Embora nas Sagradas Escrituras não haja uma referência exp líc ita a um lugar celeste que abrigue os corpos cios ress uscitados , o dogma ela ressurreição da carne implica necessariamente a existência do q ue a teolog ia med ieva l, q ue trato u la rgamente cio tema, cha ma ele Céu Empíreo,

Diz São Paulo: "Nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam" .(1 Cor. 2, 9) .

M A RÇO 2007 -


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Muçulmanos reclamam metade da Espanha

Pacifistas" recusam-se a ver os presos anticastristas

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U Avisos outrora ridículos: indício de decadência intelectual

"Não

bánhe o nenê na lavadora"; "não seque o celular no microondas"; "não passe com o f erro o bilhete da loteria". Estas são a lgumas a bs urd as adve rtê nc ias, mas q ue fi g uram e m produtos come rc iali zados no Oc idente [foto]. Elas fora m o bj eto de um co nc urso de "avisos ,nais extravagantes", reali zado em M ichi gan (EUA). Contudo, se as e mpresas não as afixam, podem ser processadas e condenadas a multas de milhões de dó lares . Numa era em que prevalecesse o bom senso, tais advertê nc ias seri am a lvo de chacotas. E ntretanto, um estranho evanescimento ex pli ca o aparec imento de av isos óbvi os como esses, sem despertar uma sadia e generalizada reação do senso comum . •

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ma onda de protestos pseuclopac ifi stas- hum a nitá ri os qu er fec ha r a pri sao a me ri ca na el e Guantá namo (Cuba), reservada para terroristas. Na liderança dessa ag itação fi g ura a no rte-a mer ica na C incly Sheehan, apelidada " mãe ela paz" . O regime co muni sta favoreceu uma manifestação que e la promoveu d iante ela referida pri são. Na ocas ião, o grupo ele mulhe res ele presos políticos cubanos deno minadas Damas de Blanco co nvidou-a para exa minar os cárceres castri stas, em especial a pri são provinc ial ele G uantá narno, a fim ele conhecer a d es um a na s itu ação de a nt icomuni stas presos por Ficle l Castro. A pac ifi sta encerrou então sua manifestação para não prejudicar o regime comuni sta ele Castro . •

Relógio do Juízo Final" mais perto do 11 apocalipse"

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simbó li co "relógio cio j uízo final" montado pelo Boletim dos Cientistas Atômicos ele Chicago, foi ava nçado em dois minutos para apontar que o mundo está m a is perto ele um apocalipse nuclear. Ele agora marca 23h55m [foto], sendo que às 24h indicaria urna catástrofe uni versal. Para os cientistas, o mundo vive o "mom ento mais perigoso desde Hiroshima e Nagasaki", devido às provocações cio Irã e da Coréia d Norte; à insegurança cios materia is atôm icos ru ssos e aos 2.000 mísseis nucleares da Rússia e dos EUA prontos para serem disparados a qualquer momento. •

CATOLICISMO

Em Massachusetts: plebiscito contra 11 casamento1 ' homossexual

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assachusetts é o único estado cios EUA onde o "casame nto" ho mossex ua l fo i legali zado. Entretanto, mai s de 170.000 pessoas ass inara m ped ido de pleb isc ito para que Constitui ção estadual só reconheça o casamento entre home m e mulher. O abaixo-assinado fo i confe rido e ap rovado, mas os deputados recusavam-se a convocálo. Por fim , o Supre mo Tri bun al estadu al lhes fez ver que estava m desrespe ita ndo a Constitui ção. Os parla mentares, a contragosto, marcaram o plebi sc ito. Este, segundo as sondagens, eleve interd itar o pseudo-casamento entre soclornitas. Firmes e articul ados, os conservadores vencem em Massachusetts as arbitrárias e injustas oposições cios adversári os. •

ETA aceita 11diálogo'1 com socialistas e pratica atentados

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ruta l atentado cio g rupo anarco-terrorista ETA danifi cou o aeroporto in ternacio nal de Madrid ífoto l. Anle ela eleição do líder soc ialista Zapatero, a ETA era combatida pelo governo espa nho l e eslava reduzida à mínima expressão. Zapalcro ini ciou um "diálogo" com os terrori Las. ResulLaclo: o bando anarqui sta reo rgani zou-se e voltou a atacar. Agora o governo sociali sla camba leia d iante ela indignação ela opini ão pública espanhola. Face ao terrorismo e ao crime organizado, não cabem pacifismo nem qui méri co diálogo, mas somente determ inação para derrotá-los. •

s Emi rados Árabes, Kuwait e confra ri as islâmicas do Marrocos e Egito fin anciam vasto plano para transformar a c idade ele Córdoba (Espanh a) num centro ele peregrinação muçulCatedral de Córdoba mano. O plano inc lui a construção de enormes mesquitas. Os maometanos dize m pertencerlhes a metade da Espanh a, que de no min a m Al-A ndalus. Desde já, os infié is ex igem praticar seu fa lso c ulto na catedra l el e Córdoba, pr im e iro passo pa ra dela se apossarem e a transformarem em mesquita. D. Ricardo B lazq uez, pres idente ela Confe rênc ia Ep iscopal , teme ndo as reações populares cató li cas, recusou essa im pudente ex igência. Só a firmeza e o heroísmo dos católi cos pode pôr fim às in so lências cio Islã. •

Grã-Bretanha: caça da raposa volta com mais força

Noviças querem véu e hábito tradicional os EUA as vocações religiosas femininas crescem, a ponto de al guns conventos serem ampliados para acolhê-las. As noviças exigem o véu e os hábitos tradicionais, que a revolu ção progressista pôs em desuso, segundo noticiou a revista "Time" . "Muitas de minhas irmãs mais velhas nunca usariam o véu, mas agora a tendência das mais jovens é usá -lo", explicou a religiosa Sarah Roy, de 29 anos. A vida religiosa contradiz a cultura moderna, mas isso atrai as vocações, dizem analistas. "Castidade, obediência e pobreza soam como afirmação radical desejável", observou o Irmão Paul Bednarczyk, diretor da Conferência Nacional das Vocações Religiosas (vide a se ção "Discernindo" desta edição ).

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soc ia li smo ing lês interditou a sec ul ar caça da raposa, mas à custa ele tantas ambi gi:iiclacles e exceções legais que doi s anos após a proibição, retorna a ari stocrática prática com muito mais vigor e entusiasmo. No Boxing Day, início da estação de caça, partic ipara m mais ele 300.000 pessoas [foto]. Foi um recorde. Pela nova lei, os cachorros não podem atacar a raposa. Os caçadores, para o bviar essa difi c uldade, usam águias ou falcões. Mas se a ave fa lha e a raposa acaba nos cientes dos cães, a le i é om issa nesse ponto. Só foi flagrado um ato ilegal. Pelo vi sto, os partidários ingleses ela tradição sabem ser jeitosos ... •

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Trabalho escravo" de chinesas fecha fábricas no Brasil

perárias c hin esas são obrigadas a tra balh ar 94 horas se manais para fabricar bonecas, depois exportadas a preços muito baixos. As condições inumanas do trabalho na Ch ina comunista foram denunciadas pelo China Labor Watch anel Nationa / Labor Committee (EUA). A concorrência imoral chinesa provoca o fechamento de fábricas em países como o Brasi l. A China visa a hegemonia marxista mundial por todos os meios . Entende-se, então, por que as esquerdas nacionais não só não protestam contra essa concorrência desleal, mas até favorecem a China mediante acordos e negócios prejudiciais para o País. •

Soldados no Iraque pedem mais terços

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s voluntários que fazem terços do tipo Ranger [foto] para os militares americanos no Iraque não dão conta dos pedidos dos capelães na frente de combate, informou "The Catholic Review". Alunas e voluntários da es cola católica Santa Maria de Maryland (EUA) já fizeram 70.000 desses terços. Eles são os preferidos, porque adaptam-se bem à dura vida dos com batentes. Também chegam pedidos do Afeganistão e dos navios de guerra. O terço sempre é uma das armas mais poderosas contra hereges e infiéis, quando rezado por almas fiéis e confiantes.

MARÇO2007 -


O navio, a lupa e o agronegócio

B8

dinheiro

FOLHADE

SY.X'l'1\ •PEIIIA, 29 OY. l>Y.ZP.MUUO OY. 2006

·Após 14 meses, laudo nega aftosa no PRJ Conclusão é de estudo assinado por ministério, secretaria paranaense, produtores e organização internacional

.Aresar de marginalizado por setores do governo, prejudicado por invasões dos ditos "movimentos sociais" e injustamente atacado por certa mídia, o agronegócio continua sendo coluna da economia nacional

,

Produtores que tiveram , rejuízo com abate de gado restrições para sua .lmercia llzaçãodlze m que

Ant6n'cl~lo · 24100S/ fol~lrtlfftffl

Ministério d que agiu corretament

io processar a União ,ost MASCHIO ~AAGt NCIAFOLHA,EMlONOIUNA

sionava alguns fa tos e os fazia circul ar por todo o Bras il nos grandes órgãos da mídia, so bre tud o te le vi s iv a. Ape nas pa ra m navio singra os mares rumo ao exemplificar: em abril de 2006, iniciou-se Ori ente. Ao ancorar, depara com a veicul ação de notícia sobre a auto-sufio es pectro de um a co ns piração co ntra o agronegóc io bras il e iro. A C hiciência brasileira de petTóleo. A campanha durou quatro meses. E m dezembro, dois na teri a descoberto três ou quatro grãos jorna is brasileiros de grande tiragem contaminados de ag rotóxico por tone la"Folha de S. Paulo" e "O Estado de S. Pauda de soja, razão para devo lver todo o lo" ( 15- 12-06) - noticiaram que a autoca rrega me nto. Embo ra tenha ocorrido sufic iência só viria em fe vereiro de 2007 , e m 2005 , o tri ste e pi sódi o somou-se à maior cri se do agronegóci o no Bras il nos se tanto ! O presidente da Petrobrás apressou- ·e em desmentir que a notícia da autoúltimos 40 anos, co nforme pa lavras de Ro be rto Rodri g ues, e ntão mini stro da suficiência tivesse fin s eleitore iros. Entretanto, um pesquisador da Coppe (CoorAgricultura. Naque les di as so mbrios, o preço da saca de soj a despencou de R$ denação dos Progra mas de Pós-Graduação em E ngenhari a) da UFRJ, Giu seppe 50 para R$ 30. A partir dessa cri se os preços do produto - ca rro-c hefe das Bacoccoli , criti cou a posição da Petrobrás ex portações da agri cul tura bras ile ira ao anunciar a auto-s ufic iência: "Sern dúvida , a campanha leve objetivo eleitoral. não se recuperaram ma is. Estim a-se que em 2007 a situação se equili bre, e quiçá A nolícia nãofoi dada em cima de umfato, Misteriosa mão e lupa seletiva sej a so luc io nado e m 2008 (vide seção ,nas sim baseada num.a I estimativa" . Ou"Info rmativo Rura l" desta edição). Ao mes mo te mpo, uma mi ste ri osa tro especialista do CBIE (Centro B rasileiro de Infra Estrutura) Adriano Pires, comão to ma va um a lup a, s upe rdime nEnquanto isso, te ria iníc io outro fa to mento u: "Claramente, houve uso co ~ político da companhia. Quando f oi .'IIBUSTÍVEIS 8 anunciada, a auto-SL/ficiência não existia ". " Fo lha de S. Paul o", 1512-06. A mesma lupa ta mbém inflo u ~ os l I milhões de bolsas-famíli a j sidente da estata l admite que produçao de petróleo ainda é inferior ao consumo do País em 12 meses e as 200 mil bolsas de estudo uni .ri 2006,mRtJ•mktla,t1tl!ou1ubro, versitárias, deno min adas Prouni, <? ,h!Pamplon• NtJi em l,8a3 milhlo de bania Consumode a lém de outros progra mas soc ir-11ldenlo do PctrobráA. Jo. IT;d~~~roit~p':~f:; combustíveis tr,ik) C11b~III. 1dmltlu tUI (ANI'). dvanteo,:1hnnqoo0Drull Alémd11 l~ r tit,t!Xl r.1en1 ais do governo. ri 200fl com uma produ• petrólcodowblolo br°'Uclro a •nJJIO-holl'lndtti ShoU o poquo-Es sa me s ma s ini s tra m ão nu totRJ>llnhlH cr l11d:ul pctro r• frwrf'lro • tAo ruru.,a- "P(!'Mlr campost'm terrta, como 1kl6ntla wm.,e,ntdw,I a Marlttma e a W.Wllhlngton. d irec io nou a lente para a "gri pe •ilo do potróloo. Elo A parUclpaçao dM&al empro• 1Ili I l1itf1Jd \'Um produ - Mttna r roch~ totnl, po~m, 'av iária" . Detecto u-se ao longe, nos ,nmi\\ll hMll~um,·<>- pequena. A Shell produ:r: em '! malol"do quo Odl l,8!i ml- p111rct!rla com ;, PeLrobrá1t no .;dcbarmlt)ot'dii,qoocon!IO- projeto UUupl rt1-Snlrmn e, ~::~~~=~~ !1 pa íses do O ri e nte, um v íru s que •, mn~ nlr1111n, 11liurnu gundo lnformaç6u do mcrcaAí!lnpu1thud:11;.~-01101nla.~ 11.rormiu adl1nun em dw do, uvmµn,sn.t lendo dlllo nos 00 N't~o, contagiava as aves, matando alg u:.eA0íectwntntodeuman'6- cuklod~rmmMlcrortl rnode. de dn.'Vm atl nR!r 80,9 1 •nunl flnpcrio,nocoM11mo. p~Aodoc;,mpo. du lit1-o.i 200ô, rvto, \lamoa atl~ r 1,s:; mlní,-cl,dtt1elf'nnout r411, mas de la , o que teria obrigado as ~du~1Npordla. na médio do Ntlm:.Uva do Stodlct11t i21N!!W'M,emíc,.·el"l..-lro•,d1,. Pm·a Gabrlelli, clona! dlll8 Emprc Disl 1Cab~lli, C!m Jan1ar de con• autori dades a di zimar ed ifícios de tlormutcCombu81J'w..-ille 1 Jl4:rnli:1çOO com jornoll.111-N campan ha de ncantc1 (Slndleom), qu,e, rt 1 1101111 de quar111-rl'ln1. FAh.! ublicidadc não ai. malorw ..-umpo11hlll.l do cri ação de aves para ev ita r um tor.011tc!rt'11tluúti,•cráíulw'U ~!!;.•..,,...., ........,_..,.._ __-"'",::;::a;ii'io;w-.;~;~:;;;= H ÉLIO B RAMBILlA

sini stro . O gove rno, para fin anc iar suas dívidas, vende títulos da dívida públi ca a ju ros altíss imos, atra indo apli cadores de bilhões de dó lares no mercado, o que tem provocado a valori zação do real e a deprec iação do dó lar. N ão tardou para que o efeito dessa medida se refl eti s e co mo um ra io so bre os produtos do ag ro negóc io, be m co mo de o utros segmentos indu stri ais e comerc iais, arrastando-os à be ira da fa lênc ia. Os rurali stas compram in sumos, cotados e m ló lar à razão de R$ 3,50, e na hora da co lhe ita vendem a safra com o dó lar cotado a R$ 2,20 . C um pre ressaltar qu e na bo i. a de Chicago - ponto de referência das cotações mundi ais - os preços continuaram ina lterados ou mesmo em alta. Mas, com o dó lar defasado, no Brasil ca íra m ass ustadorame nte.

~t\.uto-suficiência omemorada !oela Petrobrás só virá em fevereiro ~~:::.::.:-~~~ 3

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CATOLICISMO

OAAG( NCIAFOlHA,CM lO NOIIINA

Um ano depois de o l'ar:u1n cr sido declur:odo oficialmente ,oco de febre aftosa e depois de .mm po!Cmicn <1uc durn jó 14 111cscs - desde o primeira sus• icitr, da doença no Estado- ,

O Mapa (Ministér Ag riculturn, Pcc Abaslecimenlo) in ontem, por meio d scssorlo de irnprc

su llados de nccropsia cm

os resultados da

nimais abatidos cm solo p:trn· ac nse indic.un que eles n5o ;lavam contaminados pe lo ví1.1s da doc11ça. O laudo que desmente a cxisência da doença no :Estado é 1ssinado por uma comissão cm que o Mapu (M inistério de oo Agricultura, Pecuária e Abaslc"l__ cimento) tinha um rcprcscn8 · 1ante. · ~

Dntadodoúl ti mod ia4,ol;1u-

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Pan-Amcricano de Febre Afio~ sa). O Mapa, no entanto, infor• :S mou ontem que o resultados ~ obtid?s P1!1\.CQlllissão d

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Produtor para naense joga leite fora após governo estadual int erditar propriedade por s uspeita de aftosa, em outubro de 2005 wiü.... , -.....,_ ,

poss íve l contág io huma no. Esses fatos rea is, um ta nto preocupantes, fo ram noti ciados no Brasil co m uma tendência nitidamente de " terrori smo public itário". Com isto, nossas exportações de carne a vi á ri a des pe ncara m. As co rporações produtoras ac umulara m gra ndes estoques. A solução fo i desová-los no mercado interno a preços avil tados. E m conseqüênc ia, a mesma mídia de ixava e nte nder que o govern o teri a se tornado " o pai dos pobres", uma vez que a popul ação nunca havia comido carne de frango a R$ 0,99 o quilo. M a is um a vez a mão dirige a lupa para um novo ep isódi o. E m deco rrênc ia da fa lta de contro le das auto ridades sani tá ri as , co mo denunc iara m vá ri os es pec ia listas, foc os de febre aftosa surg idos e m asse ntame ntos de "se m-terra" teri am contamin ado oreba nh o de um a fa ze nda , a través d a s ág uas de um ri o que passa pelo assentame nto. Ta l rebanho é de a lta genéti ca, sendo suas rezes vac in adas até qu atro

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ver · ~ 6 . cm reu nião

de nccropsia não suo posi~no sob , cn~iio de febre , Parnn~. Diz ai nda qu tamcnto dc Dei informou que o ticipou da <..♦o mi cropsia como o que o ministério r:\ adotando os te lógicos e a orig miol6gica dentro drões estabeleci 0ill (Organi zaçii dinl para a Saúde na notificação de febre anosa. A OIE preconiza cxisléncia de cà.'iOS d ,cn epidemiológica

•' deMuto C

Autoridades sanitárias,

"encontram" focos de febre aftosa, que um ano depois, laudos sérios demostram que não existe

ve zes ao ano . De lá , segun do o notic iári o, a fe bre ter-se-ia espa lh ad o para o e s tado d o Paraná. Autoridades, de forma autoritária e desas-

trad a, o rde naram que fosse m abatidas milhares de cabeças de gado para ev ita r um a possível pro li fe ração. A mesm a mão assesta a lupa, aumenta o fa to e o estro nde ia para o B ras il e para o mundo, através de certa mídi a. N ossas ex portações de ca rn e bovin a e suín a (os s uín os ta mbé m pod e m contra ir a fe bre aftosa) des pencaram, e os fri gorífi cos, co m grandes estoq ues, colocara m o excede nte no mercado inte rno , faze ndo os preços desaba re m no varej o. E a mes ma míd ia tocou o rea lej o: "Nunca o povão comeu carne bovina e suína a preço tão barato " . Fato c uri oso: po uco mais de um ano de po is, laudos ofi c ia is co mp rova m que os focos de fe bre aftosa não ex istira m no Paraná (Cfr. "Folha de S . Paul o" 29-12-06 e "Estado de S . Paulo" 29- 12-06). Os prejuízos do setor de ca rn es , de aco rdo co m o B oletim da Coopave l (Cooperati va de Agropecuári a d e Cascave l), superara m o va lo r de 5 bilhões de dólares.

M ARÇO2007

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/uros levam dívida para R$1,081 tri

Wonegócio igno a o dólar e bate recorde de exportações

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f Mesmo com real forte ·e o endividamento, setor vendeu US$ 49 bilhões no exte'rior em 2006 1

!_____ Adriana Fernand•• BRASÍLIA

Apc ar da valorização do real 1 antcodólaredacrlsedaagricul1 tura, quo obrigou o governo fe; I doralarcncgoclaropagamcnto do R$ 20 bllhõo& do dívidas dos : produtor s, 1111 exportações bra: 1llclrll8 do agronogóclo cm •,,. 2006 bateram recorde, atlnglnP'ldo US$ 49,42 bilhões. ); Esse de8Cmpcnhogarantiu o r78Upcrávlt, tambóm recorde, de ~ US$42,7 bllhõc na balança co~ mcrclal do agron góclo. O 80· ~tor foi r ponsávol por 93% do , r superávltda balança comercial -1l brasileira no ano pas11ado. ~ OBr11 lloxportou8CU8produ-

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"Trans/'erê11eia de 1·e11da " prejudicial ao a gronegócio É bo m lembrar que todos os fatos relacio nados com os ditos " movimentos sociais" - sem-terra, quilombolas, índios também passaram pela mesma lupa manipulada, enquanto imp01tância e relevância no panorama nacional. Todos esses fatores so mados levaram os especiali stas a avaliar q ue a monume ntal "transferência de renda" (leia-se e mpobrecime nto) do agronegócio para os grandes bancos, para a Petrobrás (que obteve R$ 20 bilhões de lucro em 2006) e para a população de baixa renda (bolsa-família e até cestas básicas para os sem-terra) fo i de 50 bilhões de reais. Com efeito, o Mi nistério da Agricultura registra que o estoque de dívidas do setor agrícola é de 51,5 bilhões de reais (Cfr. "Folha de S. Paulo" 27-12-06) . Conseqüências: endividamento do setor, alongamento da dívida para o "burro de carga" do produtor ru ral carregar por mais 1Oou 20 anos. Os setores que correram à margem da crise foram o sucroalcooleiro, o cafeeiro e a citric ul tura. Por enquanto, é o que sussurram os pessimólogos. Participei, como observador, de mais

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ECONOMIA Bs

virtude de um câmbi o intenciINANCAS PÚBLICAS o na lme nte baixo esta va quebrando o setor cio agronegócio. Destaco com sati sfação a 'agamento de R$ 12,03 bilhões e maior emissão de papéis aumentaram o endividamento em novembro maratona ele viagens, palestras, e ntre vi stas e ca mpa nh as e m •nata v.,fulmo ( lll l l'O !'llllfll llU!lll l\'OÚO 111'II s:uA d1• w11d11wnto do11 1>11 1X•l11, qt Evoluçlo da dívida da Unll o em t ítulOI "º' úlllmos 12 moH, Compo1l,lo d1 dfv ld1 1m titulo, da Unlll o defesa do agronegóc io, le vadas lOl'I\OU •lol' nrnL'llolLJ.:O, "No\'cl llMdnptlblkofodcrnll'tntÍlU• broíoi um111('!4mullotn11K1U ~ otlngln a de 1($ l,OIU d o 111111tn1l1•\'illlJ1dt)t1•11t.rln,'1' a cabo pelo Prínc ipe D. Ber- Indo_, rilhõo,·m OO\'<'ffllJro,M,gundo ''°' Sl,91 11ôrn lro, o c1110 14,,,·ou 110 dlvulitndO!I onttm J)l'lo 111ontod11111>li1·111;r'lodu l'(ICUt'lú l'M>\lro Nnc:lonol l• J~ lo B:uwo trand ele Orleans e Bragança r'1•nlml. A,-lt•Yn1;ftntl1• l~S IJ1,G:1 / ::~7i~~~'1l <~:1.~:1:;,~~~~- u 1·0011 38,'J:? 35,16 rllh6'••.n•c:o mp:wnc;llc,,•omou - ~ t-Corrflu ,:.O r(tUO u c:•mllpor todo o Bras il (Campa nha u1\ol)l'o, d 1v~i': · ,~\~ i1~~ ~;~1~~~,~•cll\'i de Jm pl•liu,cu )Wrou 011 r<.-IIJ,:aII M..'lllOU dciJU,27mc!k..•11('1110UIU ll8G,O llllhõc11. Allimdl,.. " Paz no Campo"), denunciane~~l~~i~E;~~l~~;~c;;~ /e~:~.'~"/ l'l.'nh.' do uunwnlo e.lo 1mrzo n <lk, d 111 u 111l:,1.'Ól•II (k• tfuito11, 111 do a tra ma urdida nos bastido- ~arlicipnção de ,cv 1npéi s J>t'Cívrndos bro 1>1wn:t.t,:l7 ,m.•1'1..'•cninovl11 res do esquerdi smo e m gera l e, ! a nrnio1· desde IJro. ,Ili 0 1>ru;,,o mMlo du.11111111 nnciro de 1999 l'l.lct de pn:li:rntl01t 11ublti dr e m partic ular, do esquerdismo " l !!ó:SU 111v1<tn1 o mulvr 1•1ll•llh' ('I o, l{$ l:!,O:~bllh&•1J;.:111Juro~ in do, ch t-SOII 11 36,lú"'M. do lol11I , <> J11ro:, St'lk ( p(.o&- fi x11do.'I) m i• til ndn ll'mofon"l"ldo Imp(-l.1 1K>s• 1Jrn 1t.l11 HlO:-ll' ldcnl('ll 111obrr ll d(,idn fon1111 rm1k,r ní\'d dc'O(ic j1111ciro de i,;rnnck, pm·,1 p11péls tl:m n lixnd os l' UI M..'Ut< lvltWl'I, 11111.>111 d ~•t,'l \'ilUI.U'O ll'r l1UIJ:1lhudu flll• ~!;~:~:\~:!~fi~';-~~~:~~:.1 01111:1• ·0 católico, atra vés de medid as "ll'Orporndv"' ao ci.lQljUc, l!>11!1, t 1uuil<lo l."Ül lll..'\°1• 1• t<frk: d u t:ixu de rl •IIIU ill' l':t\'AU nxud11 llU W11111 nd;1 tcn1 lllclo írncA. i\J • ru quv fo11!K'm rr1tpt>ltndo."- os IJ . A1x•t'-'dU(tc t r:ulo11 11'.iblk·•1S ] e. Apc~:ir t.lu 111:.,for l'11dlvld:1- '1'1..'!MJUT'U Nudorml e do H:mco hom do M ino (pn•O,rndolll r i<ólm, o \'Olumc d<.• tftUIC.llt dt.~ mllc!I" ,llll rtllOII 'l'n\'Or<>S, l~mbo- kch:1·11\-4a\'l'lll'Cl'l'lllllll.Í l 2 rn c contrárias ao agronegóc io. 1umo, n l'lftnn m·~ e <:omposl- Ct11trnl. oqu ('l('!C C'Or rigldos pclrni ÍIKII• t lpocJ1club:ilx.od11 mc•tucstulx-- rn íorn du nwtn,11 c1ucdo ,m 1mr • iw11 1timl11 ult1d<•:i1,S%cmpt1lt1· V) no da d fvlthl IOr110lH4..' rn nL.. Segundo o <.-oot'<k-nndor dn t.·ci, de inflM,•flo l\m no,·1:111bro. lN:id11 no l'lu110 1\ nu11ldc Fitmn• tidpu~•l\o do!'! título,; J>ÓH•l'iXU• 1 1 1 ró:dm:idos obJd.h·o.•do).lO' 'l'r• l>fvldu 1"1.ll>lic:i no Tesout-o, Ron- os tít ulo, pói1-fll(1K'°1', c1uc J:\ ro- du mento () F>. que pmvl! uni d0flt'l•,m11ldcr11d111>ol'lill\'l1,1)()r• ~ ~~,:1~~~:;:: ;:;.i·,~t-~/::~~~ : : .g Convé m não esquecer os o. ,\ 1>:irticipuç!lo dl' p:1 1X·l!I nit· 'l'nmrt'A,OS hn·(-t-tldorc Cl!.· r11m li1 .68% dn dMt!n l.'tn obl'il intcn ·ulo cnl ro :,!m u 1l/t% no 1111f• f'IIAf'lil i<óAOOMJl!IJlt'•i~ p n•fnlorn <'Orrt •;,·(lo 1>rd i:iu1d:i, t-onl'll • lt'io <lcl:mndo de .i1►lk1u· n11C1uc- dt• :woa.d1cJl'.nrmn n :ut.l)t'.lti d o füud1"Kl1•nr10. :(;::1~~-\~t:~::1\:t~'.;:::·~~'.:~ -g dv~Vl ll fflCl ltt(• n to<ctl(•ln•CJJUl':UI • :~ t:rndru ml'1Kl.'4 vuh~dw•l11 /'l_'l i.-~ pn1Wnl r1m• li.tio eo1·rl~[d nll ••sto,r1u<.•. "N!1.0Kt>v;1p,ur:iquunp1u•1id . prejuízos d as indú stri as de rumo• Cl'OIIO nri:u;~ d .- l1111nor dom••r<.·11• t·onformv II vnr in._nod i. t:1x111lu :~~~:; g,: ~1~1~\:~:t~'; l•·nto tTI 'l'nv11ro11dillS011u-.•o 'l'o!IO\ll'O f lCl(,'I\Otl08f>Ó,l• IÍXr,d011 1iqu~·dcn mfo, in sum os agro pecuá ri os e de Ç) fábri cas de calçados. O jornal "O Estado de S. Paulo" de 2512-06 apresento u os refl exos da cri se inclus ive nas vendas dos superme rcados. Da/ , dos da Abras (Associação B rasileira ele Supermercados) atestaram queda de 1,79 % e m relação ao mesmo período do . ,.., ano passado (janeiroª nove mbro). ~ propósito, o presidente daquela e ntidade, João Carlos ele Oliveira, declarou : "Pode parecerpouco, mas para

de 40 grandes e ve ntos da agro pecuária brasileira no decorrer de 2006, alguns do quais após a reeleição do presidente L ula, e pude constatar a decepção, a amargura

O agronegócio

gera

38 mí1hões de empregos,

ra", índi os e quilo mbolas e m atividades criminosas e violadoras da lei, para invadir, depredar e saquear pro priedades. E nquanto alg uns dos que recebe m benesses do "bolsa-fa mília" são vadios, os q ue tra b alh a m d e so l a so l na agropecuária, produ zindo contida barata e de alta qualidade, gerando 38 milhões de e mpregos, contabili zando um superáv it cada vez m aior, exportaçõe com receitas líquidas de mais de 40 bilhões de dólares e m 2006, e 239 bilhões de dólares nos últimos 10 anos (cfr. "Folha de S. Paulo", 2-1-07), são tratados como bandidos e como exploradores do povo.

contabi 1izando exportações de mais de 40 bilhões de dólares em 2006

Sadias reações e "esquechne11to" de mazelas catastróficas

e até mesmo o desespero dos prod utores por terem sido traídos, usados e vilipe ndiados por setores governamentais e certa mídia. M anipulam "sem ter-

D iversas vozes levantaram -se em todo o País a partir da ação destemida de lideranças de Mato Grosso, que ao norte do Estado (região de Sinop) lançou o movime nto do "tratoraço", contagiando todas as regiões produtoras do Brasil. A mani fe tação queixou-se da falta de respeito do governo para com os produtores, pois e m

dtl

Nossa dívida interna

saltou de 600 bilhoes de tea1i

o setor; que deve fechar o ano com vendas em torno de IJObilhões de reais, é uma reduçc7o sign.!ficativa" . O c urioso é que a maland ra mão invisível que, com sua lu pa, superdimensio nou ce1tos fatos para favorece r a esquerda em detrimento do agro negócio, "esqueceu" de foca li zar outros que falam por si. Por exemplo, o de que nossa dívida inte rna salto u de pouco mais de 600 bi!hões de reais para 1 trilhão e 8 1 bilhões nos quatro anos do gove rno L ula (C fr. "O Estado de S. Paulo" 2 1- 12-06); o de que a carga tributária em 1989 fo i de 304 biIhões de reais, e em 2006 fo i de 8 12 bi !hões de reais (Cfr. " Folha de S. Paulo", 30- 12-06). T ri stes vias ele um País com pote nci al para fig urar e ntre as primeira potê nc ias do m undo ! Po líticos e ad min istrado res fi s io lóg icos colocam os seus in teresses pessoa is acima cio bem comum .

"Natal do luto" e atuação dos "homens de má vonta<le " Atente-se para o sig nifi cativo comentári o da co luna Persona de "O Estado de

para 1 trilhão e 81 bilhões nos quatro anos do governo Lula

S . Paul o" (27- 12-06) , sob o título Natal

Enlutado: "O trânsito, nos dias próximos ao Na tal, estava bom demais para ser verdade. Alguma coisa não de u certo. O que fa z desco11fiar de que as vendas de Natal nc7o foram das melhores. Isso, somado à quase insign(!,can.te iluminaçc7o natalina da cidade, fa z pensar num desânimo geral dos paulistanos. O Natal do luto, depois de um ano de vergonhas e escândalos desmoralizadores, que acabaram em absolutamente nada, como se tudo fosse normal e desculpável, e frente à perspectiva de mais quatro anos do mesmo." Observe m os leito res co mo não somo apenas nós que avali amos a s ituação bras il eira co m a mes ma o bjetivicla-

de . em ses ma

Ó rgãos de impre nsa que se ufa na m prima r pelo equilíbri o de suas aná li vêem o pa norama bras il e iro da mesmaneira. Os anj os do Céu que cantaram pela passagem de ma is um Nata l de Nosso Senho r Jes us Cri sto - "Glória a Deus nas

Altu ras e paz na terra aos hornens de boa vontade" - certa me nte se referi am, e ntre o utros , ao bo m ho me m do campo, traba lhado r, so fredor e inju sti çado por sucess ivos govern os de índo le soc iali sta e ig ua litári a. Q ue os mesmos anj os ilum ine m nossas inte li gênc ias e fo rtifique m nossas vo ntades para prosseguirmos os em bates ao lo ngo deste a no . Cabe destaca r q ue a me nsage m cios a nj os é se letiva: " Paz na terra aos homens de boa vontade". E se ex iste m os ele boa vo ntade, há ta mbém os de má vo ntade, os de má fé. • E-rn ai I do autor: brambil la@catolicisrno.com.br

M ARÇO200 7 -


Vampiros, prostituição e corrupção da juventude '

A

medida que a Igreja Católica autê ntica vai sendo posta de lado e perseguida , práti cas de moníacas vão to mando sep lugar. E a imprensa as apresenta com toda a naturalidade. Lorde A é o nome vampírico de um ilustrndor e webdesigner de 29 a nos. Lide ra um movim e nto c ha mado Sub cultu ra Vampyrica, que começa a ganhar espaço e ntre jovens paulistanos, misturando estilo gótico (os que se vestem de preto e freqüentam cemitérios à noite) com princípios pseudo-místicos. Já constituíram o embri ão de uma House - nome que se dá a uma espéc ie de te mpl o de vampiros. No altar, um espe lho negro, desenhos de arquétipos de vampiros anti gos, um bara lho de tarô, es padas, ve las roxa . Lorde fal a al gumas palavras e m sânscrito, a firm a usa r conh ecim e ntos de cab a la pagã e tra ba lh a r co m e ne rg ias , rec ic lando as negativas, fa zendo o be m (c fr. "O Estado de S. Paul o", 28- 1-07 ).

Estátua parn exaltai' a prostituição A prostitui ção sempre fo i considerada uma infâ mi a. M as em no a época, todos os va lo res cri stãos e naturais são derrubados, e e m seu lugar e co loca o crime, o horror, a mo nstruos idade. Vej a-se esta notícia: " O distrito da luz vermelha de Amsterdã (Holanda) terá em breve uma estátua em. honra às prostitutas ao redor do inundo. A estátua, do artista Els Rijerse, será revelada no f inal de março, iJ1/ormou a agência de notícias holandesa ANP A ANP publicou que a escultura, f eita de bronze, mostra uma mulher olhando confiante para o mundo" (Yahoo, 20- 1-07).

COJ'rOmpendo a juve11tude O Mini stérios da Saúde e da Educação do Bras il pretendem impl anta r máquinas de preservativos e m esco las pública , a partir de 2008. Os alunos poderão reti rar preservativos co mo se re tira um refri ge ra nte de um a m áquina . É o favorecimento da corrupção moral in stalado ofi c ialme nte, a pretexto de combater a AIDs e outras doenças (cfr. "O Estado de S. Paul o", 1º/2/07) O utrora se recome nd ava aos jovens a castidade. A virtude da pureza era a fl or da juventude. Hoje essa fl or murchou, e a té o gove rn o tra ba lh a a tiv a me nte e m fa vo r de se murchamento. Co mo seri a de desejar uma ca mpanha nac iona l do clero cató lico contra essa corrupção da juve ntude ! Entretanto, o nd está essa ca mpanha! ? Como é poss íve l que a Virgem das virgen não c hore di ante dessa abomin ação? -

CATOLI C ISMO

Mais ainda, o projeto cri ou também um concurso e ntre a lunos dos Cenlros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) para a construção de um protótipo da tal máquina, com um prêmi o: R$ 50 mil para a escol a vencedora. Premi a-se que m construir esse gerador de pecados. Atu almente, 17% das escolas públi cas de e nsino médio j á recebem uma cota mensal de preservativos para serem di stri buídos entre os alunos. Uma das metas do governo é que o número suba para 35% ainda neste ano, mes mo sem a imedi ata in sta lação das máquinas de preservativos. Hoj e, cada estudante cadas trado recebe cerca de 30 preserv ativos por mês. Di z o ex-mini stro da Educação Cri stova m Buarque: "Temo que isso eslimule a iniciação sexual precoce dessas crianças". M ais do que te mor, isso deve causar indi gnação. Sebasti ão Bati sta, pai de um garoto de 13 anos, é contrário às máquinas nas escola : "Isso j á é constrangedor para urn adul!o, imagine para ele", di z. O mais sintomáti co da aberração a que chega mos está na posição tomada por um membro da Pastoral da Juventude, Janain a F irmino, e m Ceres, inte ri or de Go iás, qu e afirm a: "Quanto mais o governo disponibilizar preservativos, fica ,nais f ácil f azer a prevenção". No enta nto, segundo e la, na Pas tora l "ainda não sentamos para conversar". Será preciso que numa Pastora l da Igrej a e converse sobre isso? Não existe a moral católica a conde nar o uso de pre ervativos? Não ex iste m os 10 Mandamentos a cumprir? • O governo favorecerá o corrupção moral ao implantar máquinas de preservativos em escolas públicos, a partir de 2008

Estatuto do Desarmamento é inconstitucional Ü m'csidcnte da Associação Nacional dos Procuradores ele Hslado (,\~,\PE), prof. Ronald Bicca, ingressou no STF com uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o Estatuto do Desarmamento

prof. Ronald Chr istian Alves Bi eco é bacharel em direito pe lo Uniceub e e m rela ções interna ciona is pela Uni versidade Bras íli a (UnB) . Procurador-chefe do Estado de Goiás nos Tribunais Supe rio res. Profes sor da Faculdade de Direito da Unidf (Centro Universitár io d o Distrito Federal) , autor do livro Recurso Extraordinário e Recurso Especial em maté ria civil no STF e no STJ eco -auto r da obra Distinções e Brocardos Jurídicos, junta ment e com o p rof . lbsen Noronha . Como pres idente da ANAPE, tem d esenvo lvido uma atuação marcante pe lo bom de sempenho dos procuradores dos estados, maior agili dade da justiça no combate à crimina lidade e à defesa do direito de pro prie dade . O prof. Ronald Bieco concedeu entrevis ta a Catolicismo através de nosso correspondente em Brasília , o jo rna lista Nelson Ramos Barretto, na sede da ANAPE. Em meio a te lefonemas da s procurado rias dos di versos estados , respondeu ele didaticamente à s p e rgunta s d e Catolicis m o sobre a inconstitucionalida de do Estatuto do Desarmamento .

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Catolicismo- Pedimos-lhe que sintet ize para nossos leitores o que é o Estatuto do Desarmamento e o que ele proíbe.

Pn~f: Ronald Bicca -

O Eslatuto do Desarmamen to é um a le i q ue fo i aprovada e entrou em vigor e m dezembro de 2003. Entre outras coisas, pro íbe que os bras il e iros honestos e traba lhado res use m arm as de fogo para se defe nde rem, mes mo nos casos de legítima defesa. Dentro de suas casas e les a inda pode m usar armas para defender suas fa míli as e seus patrim ôni os, mas está pro ibi do o porte de ar mas fo ra de suas res idê nc ias . E tá permitid a, porta nto, ape nas a posse de arm as q ue estej am em suas casas, para a de fesa do domi cíli o.

J>mt: Rmwl,J llicca : "Se é legítim o <letendel'-se, o governo n ão pode JJl'Oi bfr que o ci da<lão use meios para se dcfemle1; sobretu(IO QllaJldO os bandi<los estão f'o1'temente al'mados"

Catolicismo - Que razão o Sr. daria para justificar que uma pessoa use armas de fogo para se defender? Pn~J: Ronald Bicca - A legislação bras il eira não proíbe a leg ítima defesa que, a li ás, está de aco rdo com o Dire ito natura l - anteri or ao Estado - e confo rme com a dou trina cató li ca. Ora, se é legítimo defe nder-se, o go vern o não pode pro ibir que o c idadão use me ios para se defe nder, sobretudo q uando os ba nd idos estão fo rtemente armados e atacando continuamente a pop ul ação c ivil. A lgué m poderia pergun ta r: e a po líc ia? E la não ex iste exata me nte para isto? A polícia não pode estar a todo momento defendendo a todos, em todos os lugares. Quase prec isari a de um poli c ia l para acompan har cada c idadão. O q ue é im poss ível! Ass im, o exercíc io da legítima defesa cabe prime iro ao próp ri o ind ivíd uo, depo is ao Estado.

MARÇO2007 -


vida e à dos outros, e não a escolh a de matai: Para quem tem responsabilidade pela vida do outro, a leg ítima def esa pode até se r um dever gra ve. Toda via ela n.ão deve cornportar um uso da violência maior que o necessário". Catolicismo - O Estatuto do Desarmamento completou três anos. O objetivo do governo era, com a aprovação do desarmamento dos homens honestos, diminuir a criminalidade no Brasil. O Sr. acredita que ocorreu tal diminuição? Prof: Ro11ald /Jicca - Em prime iro luga r, é preci so di zer que a aprovação fin al desta le i fo i por um aco rdo ele lideranças, e não por uma votação e m pl e nári o . Ou seja, houve um conc havo po líti co e m que um grupo ele po líti cos ele esquerd a dec idiu e m no me ele todo o Co ngresso Nac ional. O que eu co ns ide ro um abs urdo . Ali ás, o própri o referencio, rea li zado em 2005 , foi prova evide nte ele que o povo brasil e iro não quer que o governo lhe tire o dire ito de se defender. Nesse referendo, 64% dos bras ile iros di sseram NÃO! Não ao desarmamento que o governo desej a impo r. l sso de um lado. De outro lado, hoje no Con gresso Nac ion al há aprox imada mente 80 projetos ele le i corrig indo as di storções e absurdos que exi stem na le i. Al é m di sso, há no Supremo Tribun al Federal 1OAções Dire/as de ln conslilucionalidade (ADl s) contra o Eslaluto do Desarmamento. Catolicismo Catolicismo - A doutrina católica não proíbe o uso de armas? Prr~f. Ro11alll Bicca - Co mo lhe di sse, a leg ítima defesa te m fund amento na do utrina cató lica. O próprio Ca tecismo da Igreja Ca tólica - lere i o trecho daqui a pouco - ensin a que a legítima defesa é permitida, mes mo co m o recurso das armas. Nosso Senhor Jesus Cri sto, quando São Pedro cortou a orelha de Malco, mandou que o di sc ípul o guardasse a espada, mas não mandou que a j ogasse fo ra. Q ui s o Divino M estre ensinar que naquele momento não era oportuno o uso da arm a, mas que em outras circ un stânc ias, certamente. E le não mandou que a jogasse fora, mas que São Pedro e mba inha se sua espada. E is o trecho do Catecismo da Igrej a Católica. Está na Parte III, "A vida de Cri sto" - Secção II: "Os Dez M andamentos". Cap ítul o II "A mará o te u próx im o como a ti mes mo". Pergunta 467:

"Por que a legítima defesa das pessoas e da s sociedades não vai contra tal norma? . "Porque com a legítima def esa se exerce a escolha de defender e valorizar o direito à própria -

CATOLICISMO

Destruição de armas recolhidos no Distrito Federal, no região do Triângulo Mineiro e em Tocantins durante o componho do desarmamento .

"No Congresso Nacio11al há 80 projetos <le lei corl'igindo as distorções e absurdos que exi stem no Estatu to do Desarmamento; e 110 S1'F,

10 ADl s"

O que é uma ADI?

Prof. Rouald !Jicca - Ação Direta de Inconstitucionalidade é um re médio jurídico constituci onal para se faze r preva lecer o texto consti tuc ion al sobre tod as as outras normas. Vale recordar que a Constitui ção é a le i maior em nosso País e nenhuma norma pode contrari ,í- la, sob pe na de inconstitucio nalidade, isto é, de ser decl arada nul a, in efi caz o u inex istente. No caso da ADI, é uma form a de control e concentrado de inconstituc ionalid ade . E o que isto significa? É uma fo rma ele se controlar a constitu cionalidade de um tex to lega l fora de um caso concreto, de um processo e pecífico onde há partes envolvidas. A con stitu cio nalidade é dec idida e m tese, e os seus efeitos ão gerais. Recorde mos que num processo norma l seu efe itos estão restri tos às partes envolvidas. N a espéc ie e nos casos prev istos pela Constituição, a norm a é cotej ada di retamente co m a Consti tuição, e no julgamento da ADI é dec idido se o texto em foco está ou não de acordo com a Consti tui ção, ou sej a, e é constituc ional ou inconstitucional. Se for declarada constituc ional, a norma continua ex istindo e válida; se for dec larada in -

consti tuc ional, a norma desaparece do mundo juríd ico. Isto é uma simpli ficação, mas ajuda no ente ndime nto do leitor que não milita nas sea ras jurídi cas. Catolicismo - Os procuradores do Estado, assim como os juízes, são protegidos por uma lei especial a respeito do porte de armas? ProJ: Ro11ald /Jicca - Os proc urado res são protegidos por leis estad ua is, po is cada Estado, em seu poder ele auto-o rgani zação, normatiza suas proc uradorias gera is. Nossa preocupação é que o atual Estatuto do Desar111mnentu não co ns idera ma is a poss ibilidade de portes estad uais, e isto fulmin a os po rtes dos procurado res de Estado, que necess ita m de ta l prerrogativa sob pe na de ri sco de vida . Não nos esqueçamos de que os proc urado res são os advogados do Estado, são aq ue les que defendem o patri mô nio púb li co e cobram suas dívidas. É muito comum os procuradores tomarem ati tudes q ue gravem os patrimôn ios dos partic ul ares ou penhorem seus bens, e isto pode ensejar vin ga nças e ameaças às vidas dos proc uradores.

"O Estatu to não C0J1Si<lera a possibilida<le <le poJ'tes estaduais, e isto til/mina os J)0J'tes dos Pl'0Cllradorcs, que deles necessitam sob pe11a <lc l'isco <le vi<la"

Coso não se modifique o Estatuto, os bandidos comemorarão o vitória definitivo deles

co me mo rarão a vitóri a de fini tiva de les. Os homens ho nestos estarão semp re desarm ados e os criminosos poderão esco lher que casa assalta r, que vítima seqüestrar, e na certeza de que não encontra rão res istênc ia, um a vez que os marg in ais j á saberão que os cid adãos não têm armas de fogo. Antes de e ncerrar, gosta ri a ele le mbrar àqueles q ue lega lme nte possua m arm as dev id amente reg istradas, q ue te rão, segun do o Estatuto do Desa rmamento, o prazo até o dia 2 ele j ulho para re nova r seus reg istros . Terão q ue pagar um a taxa el e R$300,00 po r arm a, a lém de taxas ele ps icoLeste e teste de ap tid ão, soma ndo um tota l aprox i maci o de R$700,00. É pa ra te ntar s uspe nde r esta le i qu e es ta mos bata lha ndo no Supre mo e no Co ng resso Nac iona l. Àq ue les q ue qui sere m ma io res info rmações, recomendo que e ntre m no s it e do mov ime n to Pe la Legíti111 a Defesa ( www .pe la leg iti maclcfesa .o rg. br). •

Catolicismo - Em seus meios está havendo reações ao Estatuto do Desarmamento ? ProJ: Ronald Bicca - É claro. Os ju ízes também estão protestando. O presidente da Anc1111agis, o juiz Elpícl io Don izetti, declarou ao jornal carioca "O Globo" que andar armado é prerrogativa de juízes, e classificou o Eslaluto de Desarmarnento ele afronta à Lei O rgânica da Magistratura, q ue seri a uma leg is lação superior. O Dr. Don izelti dec larou: "Em qualquer país civiliza-

do, todo cidadão de bem deve ter uma arma registrada no criado-mudo ao lado da cama. Esse estatuto é próprio de um país onde impera a bcmdidagem ". Catolicismo - A ANAPE, atualmente presidida pelo Sr., pretende fazer algo contra estes erros do Estatuto do Desarmamento? Pn~J: Ro11altl /Jicca - Já fez ... e pretende faze r mais ainda. De concreto, estamos ingressando nas ADls j á propostas na qualidade de "cunicus curiae ", que ignifica que temos interesses nas AD Is e pretendemos fazer memoriais para os min istros e proceder a sustentação ora l no Supremo Tribunal Federal. Adernai , estamos apoiando a campanha Pela Legítima Defesa e suas ações em defesa da carreira de procurador. Catolicismo - Se os Srs. não consegu irem modíficar o Estatuto, o que acontecerá? Prof: Ronald /Jicca - Bem ... Aí os ba ndidos

3 MARÇO2007 -


O glorioso Patriarca São José, patrono da Igreja Universal A Igreja aconselha a não cmnparm' santos. Mas Sfío ,José, por ter sido o pai legal de Nosso Senhor e casto esposo de Maria Santíssima. atingiu um grau de santidade e de glória sen1 par cn1 toda a Igreja PU NIO M ARIA SQUMEQ

A O Anjo ordena a São José levar a Sagrada Família para o Egito

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CATOLICISMO

respeito de São José, 1 encontramo s poucos dado s nos Eva nge lh os , como tamb é m "os sagrados e vangelislas nos dizem poucas coisas da Virgern, 111as co111pendiara111 todas suas glórias e111 u111 só tí1ulo ao clw111á-/a Müe de Deus - de quem nasceu Jesus. Do 111es1110 modo, pouco nos conlam da vida e virludes de São José, mas dissera111 muito ao chamar-lhe Esposo da Virge m. Co mo se diss essem: 'Q uereis que vos diga em uma palavra quem era José? Ei-la aqui: Era o esposo de Maria, t Mãe de Deus '. Nesta qfir-

111ação se e11 ce rra111 louvores quase i1(/ i11i10s" .2 Para ava li armos essa grandeza, considere mos que Deus, ao escolher al guém para uma missão, dá-lhe graças proporcionais para realizá-la. Além cio que, quanto mais alguém se aproxima da fonte ela graça, tanto mais dela participa. Ora, São José esteve intimamente ligado à própria fonte, Jesus Cri sto, e à Medianeira de todas as graças, Maria Santíssima. Daí sua grandeza. Por outro lado, a mi ssão e predestinação de São José, como a ela Virgem Maria, requeri am uma sa ntidade singular desde seus primeiros anos: "Co nsiderada a missão 101a/111 ente

divina de José, o Deus providente lhe concedeu todas as graças, desde sua irifâ.ncia: piedade, virgindade, prudência, pe,jeita .fidelidade". 3 Segundo o comum cios teólogos, dois são os princípios nos quais se apóia toda a teologia sobre São José: primeiro, sua união com Maria pelo matrimônio; segundo, seu ministéri o paternal junto de Jesus Cristo. Ora, toda a mariologia se apóia em um princípio funclamental: Maria é a mãe ele Deus-Redentor. Este é o título, fonte e raiz, fim e medida ele todas as graças e privilégios ele Maria Santíssima. De modo seme lhante, a teologia tem a res)Jeito de São José un1 fundamento primeiro e princ ipal : o casamento que o liga a Maria, a M ãe de Cristo.

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Virginda<le <lo glorioso Patriarca Santo Tomás ele Aq uino diz que é teo log icamente certo que o matrimônio entre São José e a Virgem Mari a foi verdadeiro e perfeito quanto à essênc ia ou primeira perfeição, mas não qu a nto ao uso cio mesmo, po is não coabitara m. E que São José guardo u perfe ita virgindade durante toda sua vida, po is tanto e le quanto a Virgem Imac ul ada mantivera m o voto de virg indade, condi cionado antes do matrimônio, e absoluto depois. O Doutor Angélico afirm a assim que São José fez voto de virgindade. Acrescenta ele que a Bem-aventu rada Virgem, antes ele unir-se a José, deveri a ter sido cientificada por divina revelação ele que José tinha o mesmo propósito. E que, portanto, não se expunha a peri gos, casando-se. Pelo q ue não só Maria, mas também José, estavam di spostos, em seu inter io r, a guardar virgindade. E deveriam te r fe ito mes mo um voto. fsso po rque as obras ele perfeição são mai s lo uváveis se se cumpre m sob voto.

São José, confirmado em graça Santo Tomás afi rma também que a Mãe ele Deus era superior aos anjo , quanto à di gnidade a que hav ia sido ele ita por obra ele Deus, e mbora, qu anto ao estado ela vicia presente, fosse inferi o r. O que, guardadas as devidas propo rções, se pode di zer também ele São José. Pode-se ir mais longe: Como di z o Apóstolo: "A cada um de nós.foi dada a graça na medida do dom de Cristo" (Ef 4, 7). Só Cristo Nosso Senhor teve a plenitude absoluta da graça, quanto à sua essência e quanto a todos os seus efeitos, que são as virtudes e dons, pela união estreitíss ima ele sua alma com a divindade, e por recebê-la também para comunicá-la como cabeça cios demais. A Virgem Maria teve a plenitude relativa, que correspondia à sua excelsa missão ele Mãe ele Deus, plenitude essa que é incomparavelmente superio r à que podem obter todos os demais santos, e também mais excelente cio que aq uela a que pode chegar uma pura criatura,

porque tal é a excelência da maternidade divina. A plenitude relativa ele graça, a que chega m os sa ntos, equiva le ao que os teólogos chamam ele confirmação em graça ou confirmação no bem. Quer dizer, certa impecabi !idade, que se d á media nte um grande aumento ela caridade. A esta se soma uma proteção especial de Deus, que afasta as ocas iões ele pecado e fortalece a alma quando necessário, ele modo a preservá-la do pecado mortal e até ele pecado venial de liberado. Santo Tomás afirma que a Santíssima Virgem foi confirmada no be m em todo o decu rso ele sua vicia, se m haver incorrid o e m contaminação a lguma. E isso lhe co mpetia por ser mãe el a Sabedoria di vina. Pelo que se pode afirmar que era també m de todo conveniente que São José, pe la sua íntima relação com a mes ma Sabedoria divina e co m a Mãe cio Verbo Encarnado, fosse confi rmaclo em graça, pelo menos a partir do momento ele suas bodas com a Virgem Santíssima. O que leva um teólogo a acrescentar que "a Virgem Maria, como 'cheia de graça ', esteve adornada de todas as virtudes, possuindo-as no grau mais pe,jeilo de que seja capaz uma criatura. Como dizem muitos autores, até as virtudes naturais, que se adquirernpelo exercício, devia lê-las injúndidas por Deus, como pe,:feições apropriadas à sua natureza imaculada [... ]. São José não se pode comparar exatamente com a Virgem, mas sempre é ele que está mais intirnarnente unido a ela, e por ela a Jesus. Por isso tcunbérn eslá acorde com as exigências de sua santidade, e de sua divina preparação para Ião alto rninistério, a i11fúsão das mesrnas virtudes nalurais, que sem dúvida obteve em muito afio gra u".4 Por isso, pode-se afirmar que o ministério ele São José sobrepuja mesmo o

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São José, Padroeiro <la boa mol'te

de São João Batista, po rque toca na ordem hipostáti ca, enqu anto que o do Precursor só toca na o rde m da graça, co mo di z Corné1io a Lápide: "É m.ais ser pai e reitor de Cristo que se u pregoe iro e prec urso r " . 5 Pe lo qu e se pode mesmo a firm ar que o mi ni stéri o de São José excede també m ao dos Apóstolos pe lo mes mo motivo. Desse modo, não seria ousado afirm ar que, sendo ass im a santid ade de São José a maior depo is da Virgem, o mesmo se pode di zer de sua g ló ri a no Céu.6

Um , arão adornado <lc to<las as trirtudcs 1

São Mate us afirm a e m j seu E vangelho que São José "" "e ra um va rão justo". Isto, na linguagem bíbli ca, significa um varão adornado de todas as virtudes . Por outro lado, ta nto São Mate us quanto São Lucas afirm am que São José é descendente do rei David , o que revela sua di gnidade mesmo do ponto ele vista natural. São José exerceu o ofíc io de pai dentro da Sagrada Fa míli a. A e le coube dar no me ao seu filho legal, co mo lhe foi di to pelo anj o. A ele coube também zelar pe la segurança ele Jes us- Menino e ele sua Mãe. E, e m todo mo me nto, Jes us obedece a São José como a ve rdade iro pa i (Lc 2, 5 1). No Evangelho consta que São José era ca rpinte iro: "Não é este o .filho do ca ,p inteim ?" (Mt 13, 55). Mas a ex pressão é ma i. genéri ca, po is diz.fili11s Jab ri , quer di zer,.filho de ar1esão. A trad ição tradu z iu o artesa nato por carpinte iro, mas sem exc luir o fa to, em dúv ida certo, ele que São José, e m muitas ocasiões. prestou o ut ros serviços comun s ele um trabalh ador manual,

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CATO LI C I SM O

Diversos teólogos, entre eles São Francisco de Sales e Santo Afonso Maria de Ligório, afirmam que São José morreu de amor de Deus.

para ganhar o sustento di ário de sua fa míli a.

Pauono da lgl'cja, mo<lclo das família s cristãs Na E nc íclica Quamquam pluries, Leão XIH ex põe ele mane ira densa e profund a a doutrin a sobre São José, desde o fund ame ntos de sua excelsa di gnid ade e g lóri a até a razão própri a e sin gul ar ele ser procl amado patrono ele toda a Igreja, be m como mode lo e advogado de todas as famíli as e lares c ri stãos. Bento XV, ao cumprir-se meio sécul o da proclamação de São José como patro no da Igreja uni versa l, em seu motu propri o 801111111 sane, recordando a necess idade e ef'i cácia la devoção ao santo Patriarca, propõe suas virtude de modo especial às fa míli as pobres e aos traba lhado res hu mi Ides, tão desc ri sti ani zados em nossa época neopagã .

Por fim , é crença comum que o santo Patri arca dormiu no Senhor antes ele Cri sto começar seu ministério público, com toda certeza antes das bodas de Ca ná, e, por conseguinte, antes da Paixão do Senhor. E diversos teólogos, e ntre eles São Fra ncisco de Sales e Santo Afo nso M ari a de Li gório, afirm a m qu e e le mo rre u de amor ele Deus. Se nd o imposs íve l nos limites de um arti go abarcar toda a ri ca teologia de São José, termine mos co m São Bern ardin o el e Si ena: " Piedosamente se há de crer que, ern sua ,norte, teve presentes a Jesus e a Maria Santíss ima. Quant as exortações, consolos, promessas, iluminações, i1~flarnações e revelações do. bens eternos receberia ern seu trânsito da parte de sua santíssima Esposa e do dulcíssimo Filho de Deus, Jesus" .7 • E- mail do aut or: pmso lim co a catoli cismo.

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Notas: 1. Pa ra este arti go basea mo- nos no exce1en te li vro d o Pe. F re i Bo ni fác i o L\amera , O.P., Teología de S011 l o.ré . B ibl iotc<.:a de Au tores C ri stianos, M adri , 1953. 2. João de artagena, Hom il iae cat h. De

Sucesso da propriedade privada na agricultura Competitividade agrícola - De acordo com o estudo ele economi stas da UE, o Bras il será - apesar dos entra ves postos pe lo governo - o país que apresentará maior cresc imento em produção e ex portações no setor ag ríco la no mundo até 2020, po r ca usa da competitividade da produção brasile ira e m vári os setores . As exportações de soj a, aç úcar, f ra ngo e carne bov in a do B ras il deverão aume ntar de fo rma rápida. Agroenergia - Queiram ou não, a ag ricultura, a pec uária e o ag ronegóc io estão suste ntando o B ras il ; e agora a inda ma is, po is começa a atrair v igoroso investimento ex terno de agroenergia , onde somos pi one iros. Vamos nos tornar, se j á não somos, o maior ex portador de produtos ag roindustri ai - uma verdade ira faça nha em apenas alguns anos . E tudo isso num tra balho construtivo de formi ga, sem os a lardes grotescos tão co muns nestes di as . Em números -

Nos ú ltim os qu a tro anos, as expo rtações el a ag roindú stria aumentaram 99%, quase o dobro . No período, pa saram ele US$ 24,8 bilhões para US $ 49,4 bilhões. Va mos adi ante. 1) Álcool - A ve ndas extern as do co mp Iexo s ucr oa lcoo le iro a um e nta ra m 243%; 2) Carnes - Com aftosa e tudo o

sacris arcanis Deiypame er S. /oseph ,

3.

4. 5. 6.

7.

1. 4. li om il . 7 (Ncap. 1859), ap ud Pc. Llam cra , np.c it. . p. 37. Pc. Garrigou Lagra nge. i11 '· A nge lic.: um ". abri 1-j u 11 i o. 19 28, p. 197 , ap ud Pc . Llarn era. op. ci t. . p. 198. Pc. Lla mera. op. <.: it. . p. 2 17. Cornc li o a L ap ide, 0111 111. ln Mt \ . 16, apucl Pe . L\amera. op. <.: it. , p. 187. C l"r. Pe. M uíi i z. O.P.. S1111 José e 11 lo ºfrología, ·'La V ida Sob rena tural", ab ril / 1935 , p. 265, Sa l ama nca. ap ud Pe. Ll a111 era , op.cil. , p. 299 Sen1w d e S. loseph. a. 2, ap ud Pc. L\ a111era, op. <.: il. , p. 295.

O agro aumentou 7 milhões de hectares cultivados desde 2002

mais, mai s 170%; 3) Café - 143%; 4) Cerea is - 123%. A pers pectiva é que siga m c rescendo, pux ados pe la ex pansão el a ag roene rg ia que, por ter-se ini c iado mais cedo e di spor ele enormes e férte is áreas, nos coloca na liderança do setor. O aumento de 7 mi lh ões de hectares c ultivados desde 2002, quando abrang ia 60,2 milhões de hectares, representa pouco para um país que ainda dispõe de 106 milhões de hecta res não expl orados, di sponíve is à agricultu ra. Alé m di sso, temos outros 220 milhões de pastage ns, dos qua is pelo menos 30 milhões podem ser convertidos em lavouras nos próximos 15 anos.

Potencialidade -

Grãos - Carro-chefe ela atividade agríco la brasile ira, a produção de grãos e fi bras acompanh ou a evo lução. E m 2006, ante 2002, a área plantada cresceu 17,6%, para 47,3 milh ões de hectares. A safra cresceu 24%, para J 19 milh ões ele tonelad as. A produtivid ade te ve a ume nto médi o de 5,4%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Co nab). No período, as ex portações do complexo soj a evoluíram 55 %, para US$ 9,3 bilhões . O utros seto res: os e mbarqu es do setor sucroalcoole iro (açúcar e álcoo l) dera m um sa lto ele US$ 2,3 bilhões para US $ 7,3 bilhões (+243 %).

Ameaças -

T a l puj ança , e ntre ta nto, pode ser grande me nte afetada caso não cesse a persegui ção ao ag ricultor brasile iro, po r me io de desa pro pri ações de terras, ameaças de e levação dos índi ces de produtivicl acle, aumento de impostos, ao lado de proteção aos invasores de terras qu e trazem intranqüilidade a quem produ z.

A "contribuição" elo MST - Acaba de ser celebrado um acordo entre o M ovi mento cios Sem-Terra (MST ) e a Central Ú ni ca dos Trabalhadores (C UT). A CUT contribuirá com sua capacid ade e ex peri ênc ia na arti cul ação políti ca ele sindi catos e negociação com os poderes públi cos . O MST, co m seu sofi sti c ad o know-how em invasões de faze ndas, depredação de sedes, matanças de animais, co locação de e mpregados e m cá rcere privado, montagem de acampamentos e m es paços públi cos, destruição de insta lações e equipamentos e m prédi os públi cos ou privados, a fora todo o aparato me rcado lóg ico (ba nd e iras, ca mi setas, bonés, etc.) que emprega e m suas operações. D a parte do M ST , o aco rdo fo i celebrado por José Ra inha Júni or - aquele que, só pe lo fa to ele ainda estar solto, j á significa um caso de escândalo instituc iona l de impunid ade (cfr. "O Estado de S. Paulo", 30-1 a 3-2-07) . •


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E m sua vida, paixão e morte, o Divino Mestre deu-nos magníficas lições de misericórdia, mas além disso foi o exemplo - no grau mais alto que imaginar se possa - do increpador justiceiro na condenação ao mal. Sem dúvida, Ele pregou a misericórdia, mas não propugnou a impunidade sistemática em relação ao mal.

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ormamos o propósito de reservar para análi se dos tex tos do Novo Testamento um capítulo especial [no livro "Em D efesa da Ação Católica".! mais amplo, em que cuidaríamos particularmente da pos ição em que perante eles se encontram as doutrinas que defendemos. É óbvia a va ntagem de um estudo espec ial neste sentido. Fazemos a apolog ia de doutrinas ele lu ta e de força luta pelo bem, é certo, e fo rça a servi ço da verd ade. M as o romanti smo rei igioso ci o sécul o passado desfigurou de tal maneira em muitos ambientes a verdadeira noção de Catoli cismo, que es te aparece aos olhos de grande número de pessoas, ainda em nossos dias, como uma doutri na muito mais própria "do meigo Rabi ela Galiléia", de que nos fa lava Renan, cio taum aturgo um tanto rotariano por seu esp írito e por suas obras, com que o positivi smo pin ta blasfemamente Nosso Senhor, do qu e do Homem-Deus que nos apresentam os Santos Evange lhos. Costuma-se afirmar, dentro desta ordem de idéias, que o Novo Testamento instituiu um reg ime tão suave nas relações entre Deus e o homem, ou entre o homem e o seu próx imo, que todo o sentido ele luta e de severidade teria desaparec ido da Religião. Tornar-se-iam ass im obsoletas as advertências e ameaças do Anti go Testamento, e o homem teria fi cado ema ncipado de qu alquer obri gação de temor de Deus ou de luta contra os aclver ári os da I greja.

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Vide à p. 4 ("Carta do Diretor") a apresentação desta matéria aos leitores de Catolicismo. Trata-se de excertos da quinta parte do livro de Plínio Corrêa de Oliveira, Em defesa da Ação Católica, publicado em 1943 pela Editora "Ave Maria". A obra foi prefaciada por Dom Bento Aloisi Masella, na ocasião Núncio Apostólico no Brasil, e conta com carta de louvor, escrita em nome do Papa Pio XII, por Mons. Montini, então Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, futuro Papa Paulo VI. À época o Prof. Plínio era Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica, em São Paulo. À esquerda, fac simile da edição em inglês de Em defesa da Ação Católica, lançada nos EUA em janeiro último pela TFP norte-americana.

! PUNIO CORRÊA DE ÜUVEIRA

Sem contestar que rea lmente na lei da graça tenha hav ido uma efu são muito mais abundante da mi seri córdi a divin a, queremos demonstrar que se dá às vezes a este fato gratíss imo um alcance maior do que na realidade ele tem. N ão há, graças a Deus, católi co algum que, por pouco que sej a instruído ci os Santos Evange lhos, não se lembre do fato narrad o por São Lucas, que ex prime ele modo ad mi ráve l o reinado da mi seri córdi a, mais ampl o, mai s consta nte e mai s brilhante no N ovo Testa mento ci o que no A nti go. O Sa lvador fora obj eto de uma afronta em uma cid ade da Samaria. " Vendo isto,

os seus discípu los Tiago e João disseram: Senhor, queres tu que digamos que desça fogo do céu, que os consuma [aos habitantes da cidade]? Ele, porém, voltando-se para eles, repreendeu-os di zendo: Vós não sabeis de que espírito sois. O Filho do homem não veio para perder as almas, mas para as salvar. E foram para outra povoação" (9, 50-56).

Misericónlia não significa impunidade sistemática <lo mal Que adm irável lição ele beni gnidade ! E com que consoladora e grande f reqüênc ia Nosso Senhor repet iu li ções como esta ! T enhamo- las gravadas bem fundo em nossos corações, mas aí as gravemos ele modo tal que reste lugar para outra li ções não menos importantes cio D i vino Mestre. Ele pregou certamente a mi seri córd ia, mas não prego u a impunidade sistemática ci o mal. No Sa nto Evangelho, se Ele nos aparece muitas vezes per-

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ce ele o lhos, aind a qu e s uperfi c ial, na Hi stóri a da Igrej a, para dar a esta verdade uma evidênc ia crue l. M a is ainda . A graça sa ntifi ca os que a aceitam , mas a reje ição da graça fa rá um ho me m pi or cio que e le e ra antes ele a receber. É neste sentido que o Apósto lo escreve que os pagão s conve rtid os ao C ri stiani s mo e de po is arras tados pe las he res ias se to rnam piores do que eram antes ele ser cri stãos. O maio r criminoso da Hi stóri a não foi ce rta me nte o pagão que co nde no u Jes us C ri sto à morte, ne m mesmo o sumo sacerdote que dirig iu a trama dos aco ntec imentos que culminaram com a cru c ifix ão, mas o apósto lo infi e l que po r trinta dinh e iros ve nd e u se u Mes tre. "E tu, Cafarnaum, [ ...) hás de ser abatida ao inferno, porque se em Sodoma se tivessem feito os milagres que se fizeram em ti, talvez existisse ainda hoje. Por isso vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti".

doa ndo, a pa rece- nos també m ma is de uma vez punindo ou ameaçando . Aprendamos com Ele que há circunstânc ias e m que é prec iso perdoa r, e e m qu e seri a menos pe rfe ito punir; e també m c irc unstânc ias em que é prec iso punir, e seri a menos perfe ito perdoar. Não inc idamo e m um unil aterali s mo de que o adorável exempl o do Salvador é uma condenação ex pressa, j ,'í que Ele soube fa zer, ora uma, ora outra coisa. Não nos esqueça mos jama is do me moráve l fa to que São Lucas narra no tex to acim a. E també m não nos esqu eça mos des te o utro, s i métri co ao prime iro, e que co nstitui um a li ção de severidade que se ajusta harmonica mente à da beni gnidade d ivina, num todo perfe ito; o uçamos o que de Coroza in e Betsa ida di sse o Senh or, e apre nda mos co m E le não só a d ivin a arte de pe rdoar, mas a arte não me nos di vina de ameaçar e de punir: "A i de ti, Co rozain, ai de ti Betsai-

da, porque se em Tiro ou Sidônia tivessem sido feitos os milagres que se realizaram ern vós, há muito tempo elas teriam fe ito penitência em cilícios e em cinza. Por isso vos digo que haverá rnenos rigor para Tiro e Sidônia no dia do j uíza, do que para vós. E tu, Caf arnaum, elevar-te-á.1· porventura até ao céu ? Hás de ser abatida ao infe rno, porque se em Sodoma se tivessem.feito os milagres que se f izeram em ti, talvez existisse ainda hoje. Por isso vos digo que no dia do j uíza haverá menos rigor para a terra de Socloma, do que para ti " (M at. , 1 1, 2 l-23). -

CATOLI C ISMO

Note-se bem : o mes mo Mestre, que não qui s mandar o rai o sobre o vil arej o de que ac im a fa la mos, profeti zo u para Co roza in e B e t. a id a desg raças a in da maiores que as ele Sodo ma ! Não arranque mos ao Sa nto Eva nge lho págin a alguma, e encontre mos e lemento de edificação e de imi tação nas páginas sombrias como nas lumin osas, po is que tanto um as qu anto o utras são sa lutaríss imos dons ele De us. Se a mi seri córdi a ampli ou no Novo Testamento a efu são das graças, a justi ça por outro lado encontra, na reje ição de graças ma iores, crimes maiores a punir. E ntre laçadas intim amente, ambas as virtudes continuam a se a po iar reciproca mente no governo do mundo por De us. Não é exato, pois, que no No vo Testamento só haj a lugar para o perdão, e não para o casti go.

Os p ecado,·es antes e depois de Cristo M esmo de po is da R ede nção, co ntinuo u a ex istir o pecado origin al com o tri ste cortej o de s uas conseqüê ncias na vo ntade e na inteli gênc ia cio ho mem. Por outro lado os homens co ntinu ara m suje ito à tentaçõe do de mônio . E tudo isto fez com que não desapa recesse da Terra o pecado, pe lo que a Igrej a co ntinuo u a navegar num mar ag itado, no qu al a obstinação e a malíc ia dos pecadores erguem contra ela obstácul os que a todo mo mento e la deve romper. Basta um lan-

"Quanto maior a altura, maior o tombo", di z um ditado ele nossa sabedo ri a po pul ar. Que profunda e do lorosa consonânc ia com os ensin amentos da T eolog ia tem esta asserção ! Ass im , a Santa [greja tem de se defrontar no seu ca minho com homens tão maus ou ainda piores do que aque les que, vi gente o Anti go Testame nto, se insurgiram co ntra a le i de De us. E o Santo Padre Pi o XI, na Encícli ca Di vini Redemptoris, dec lara que e m nossos dias não só alguns homen , mas "povos in-

teiros, se encontram no perigo de recair em uma barbárie pior que aquela em que jazia a rn.aior parte do mundo ao aparecer o Divino Redentor". Portanto, a defesa dos dire itos da ve rdade e do be m ex ige que, com um vigor ma ior que nunca, e dobre a cerviz dos múltipl os inimi gos da Igrej a. Por i to de ve o cató li co estar pronto a brandir co m eficácia todas as armas leg ítimas, sempre que suas orações e sua cordu ra não bastarem para redu zir o adversári o. N otemos nos textos seg uintes quantos e quão admiráveis exemplos de argúcia penetrante, de combatividade infa tigável, de franqueza heró ica encontramos no Novo Testame nto. Veremos assim que Nosso Senhor não fo i um doutrinador sentimental, mas o Mestre infalível que, se de um lado soube pregar o amor com palavras e exemp los de uma in s upe rável e adorável doç ura, so ube também , pela pa lavra e pelo exem plo, pregar com insuperável e não menos adorável severidade o dever da vigilânc ia, da argúcia, da luta aberta e rij a contra os

inimi gos da Santa Igrej a, que a brandura não puder desarmar.

"A stúcia da se111ente " - virtucle e11angélica Comecemos pela virtude da argúc ia, ou, e m outros termos, pela virtude evangélica da as túcia serpentina. São inúm ero s os tó pi cos e m qu e Nosso Se nhor reco me nd a in s iste nteme nte a prudê nc ia, in c ulca ndo ass im aos fi é is que não sejam de um a candura cega e peri gosa, mas faça m coex istir sua cordura com um a mor vivaz e diligente dos dons de Deus; tão vivaz e tão dili gente que o fi e l possa di scernir, por entre mil fa lsas roupage ns, os inimi gos qu e os quere m roubar. Vej amos um texto. "Guardai-vos dos f alsos prof etas,

que vêm a vós corn vestidos de ovelhas, e por dentro são lobos rapaces. Pelos seus fi·utos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinhos, ou figos dos abrolhos? Assim toda a árvore boa dá bons fi·utos, e a árvore 1ná dá ,naus frutos. Não pode urna árvore boa dar maus f rutos nem uma árvore má dar bons j i·utos. Toda a árvo re que não dá bom ji-uto será cortada e lançada no f ogo. Vós os conhecei.1· pois pelos seus .fi-Lttos" (M at., 7, l 5 a 20). Este texto é um peque no tratado de arg úc ia . Co meça por afi rm ar que teremos di ante de nós não só adversários de

viseira erguida, mas fal sos amigos, e que portanto nossos o lhos se deve m voltar vi gil antes não só contra os lobos que de nós se aproximam com a pele à mostra, mas ainda contra as ovelhas, a fim de ver se em a lguma não descobrire mos, sob a lã a lva, o pêlo rui vo e mal di sfarçado de algum lobo astuto. Quer isto di zer, em outros term os, que o católico deve ter um espírito ágil e penetrante, sempre de atalaia contra as aparências, que só entrega sua confi ança a quem mostrar, depoi de exame meticuloso e arguto, que é ovelha autênti ca.

Os fiéis devem ser argutos, sobretudo os dil'igeJJtes católicos M as como di scerni r a fal sa ove lha da verdade ira? " Pelos frutos se conhece rão os.falsos prof etas". Nosso Senhor afirm a com isto que devemos ter o hábito de ana li sar ate nta mente as doutri nas e ações do pró ximo, a fim de conhecermos estes frutos segund o seu verdade iro va lor e ele no s pre munirmos contra e les quando maus. Para todos os fi é is esta obrigação é impo rtante, poi s que a re pul sa às fal sas doutrinas e às seduções dos ami gos que nos arras tam ao mal ou que nos retê m na medi ocridade é um dever. Mas para os dirige ntes, aos qua is inc umbe , a título muito mai s grave, vi g iar por si e vi g iar por outrem, e impedir, por sua arg úcia e

vi gil ânc ia, que permaneçam e ntre os fi é is ou subam a cargos de grande responsa bilidade ho me ns eve ntua lmente fili ados a doutrin as ou seitas hosti s à Igreja, este dever é muito ma ior. Ai dos diri gentes e m que um sentido errado de candura faça amortecer o exercício contínuo da vigil ância e m torno de si! Perde rão co m sua des ídia ma ior número ele almas do que o faze m muitos adversári os declarados do Cato li c ismo. Incumbidos de, sob a direção da Hi erarqui a, faze r multi plicar os ta lentos, não se limitari am e les entretanto a enterrar o tesouro, mas permitiriam por sua "boa fé" que e le ca ísse nas mãos dos ladrões. Se Nosso Senho r fo i tão severo para com o servo que não fez render o ta lento, que faria E le a que m estivesse dormindo enqu anto entrava o ladrão?

"Muitos vfrão em meu nome, e enganarão muitos" M as passemos a outro texto . "Eis que vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sede pois astutos como as serpentes, e simples como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens, porque vos f a rão comparecer nos seus tribunais, e vos acoitarão nas suas sinagogas; e sereis levados por minha causa à presença dos go vernadores e dos reis, como testemunhos diante deles e diante dos gentios" (Mat. , 7, 16 a 18). Em geral , te m-se a impressão de que este texto é uma advertênc ia exclusivamente apli cáve l aos te mpos de persegui ção re li giosa decl arad a, já que e le só se refere à citação pe rante tribunai s, gove rnad o res e re is, e à fl agelação em sinagogas. À vista do que ocorre no mundo, seri a o caso de perguntar se há um só país, hoje e m di a, e m que se possa ter a certeza de que, de um mo mento para outro, não se estará e m ta l caso. De qu alquer mane ira , também seri a errado supor que Nosso Senhor só recomenda tão gra nde prud ênc ia di a nte de pe rigos ostensivame nte graves, e que de modo habitual pode um diri gente renun c iar comodamente à as túc ia da serpente e cultiv ar ape nas a ca ndura da po mba. Com efeito, se mpre que está e m j ogo a sa lvação de uma alma, está em jogo um va lo r infinito, po rqu e pe la sa lvação de cada alm a fo i de rra mado o sa ng ue de MARÇO 2007 -


ne: porque muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e enganarão muitos " (M a rc., 13, 5 a 6) .

"/J1t1•o<l11zfr-se-ão entre vós lobos arrebatadores" O utro te xto d ig no de no ta é este:

"Estando em Jerusalém pela f esta da Páscoa, muitos creram no seu nome, vendo os milagres que fa zia. Mas Jesus não se .fiava neles, porque os conhecia a todos, e porque não necessitava de que lhe dessem testemunho de homem algum, pois sabia por si m.esmo o que havia no [interior do ] homem." (.l o., 2, 23 a 25).

"Sereis bem-aventurados quando os homens vos amaldiçoarem, vos perseguirem, vos odiarem, vos carregarem de opróbrios e injúrias e repelirem vosso nome como infame. Alegrai-vos e exultai, porque uma grande recompensa vos está reservada no Céu ". Jes us C ri sto . Uma a lm a é um teso uro ma io r do que o sol, e a sua pe rda é um ma l muito ma is g ra ve do que as do res fís icas o u mora is que possamos sofre r atados à coluna da fl age lação o u no banco dos ré us. A ss im , te m o diri ge nte o bri gação a bso luta de te r o lhos a te ntos e pe ne tra ntes como os da serpe nte, no di scernir todas as possíve is te ntativas de infiltração nas fil e iras cató licas, be m como qua lque r ri sco a que a sa lvação das a lmas possa estar ex posta no seto r a ele confi ado. A este propósito é mui to o po rtun a a c itação de ma is um texto. "E, respon-

dendo Jesus, disse-lhes: Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em m.eu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e sedu zirão muitos " (M at. , 24 , 4 a 5). É um e rro supor que o único ri sco a q ue os am bi e ntes cató li cos possa m estar ex postos co n iste na in fil tração de idé ias ni tida me nte e rrô neas. Ass im co mo o Anticri sto proc urará inc ulca r-se co mo o C ri sto ve rdadeiro, as do utrinas e rrô neas proc urarão e mbuça r seus pri nc íp io e m aparê nc ias de verdade, revestindo-os do losa me nte de um a s uposta c ha nce la da Ig rej a, e ass im preco ni za r uma co mplacê nc ia, uma tra ns igê nc ia, uma to le râ nc ia q ue constitui ra mpa esco rregadi a po r o nde fac il me nte se des li za, aos poucos e qu ase sem pe rcebe r, até o pecado. H á a lmas tíbias q ue tê m uma ve rdade ira pa i-

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CATO LI C ISM O

xão de se colocar nos confins da o rtodoxia, a cavalo sobre o mu ro q ue as e para da he res ia, e aí sorrir para o ma l sem aba ndo nar o be m - o u, a ntes, sorrir para o be m se m aba ndo nar o ma l. In:fe l iz me nte c ri a-se com tudo i so, muitas vezes, um a mbi e nte e m que o sensus Ch risti desaparece por completo, e e m q ue apenas os rótulos conse rva m aparênc ia cató li ca. Co ntra isto deve se r vi g il a nte , pers picaz, sagaz, prev ide nte, infat igavelmente minuc ioso e m suas obse rvações o d iri ge nte, se mpre le mb ra ndo-se de q ue ne m tudo q ue certos li vros o u certos conselhe iros ap regoam co mo católico o é na re a li dade. " Vede que ninguém vos enga-

Mostra-nos e le c lara me nte q ue, po r e ntre as ma nifes tações po r vezes e ntus iásticas q ue a Santa Ig rej a possa susc ita r, deve mos a proveitar todos os nossos recursos para discernir o q ue pode have r de inconsistente ou de fa lho. Fo i este o exempl o do M estre . Q uando necessári o, não rec usará Ele ao apósto lo ve rdade ira me nte humilde e despre nd ido, até luzes carismáticas e sobre natu ra is para di scernir os verdade iros e os :fa lsos a migos da Ig rej a. Com efe ito , E le q ue nos de u a recome ndação ex pressa de serm os vig ilantes não no s recusará as graças necessári as para isto. "A!endei a vós mesm.os

e a todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos pa ra governardes a Igreja de Deus, que Ele adquiriu. com seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, se introdu zirão entre vós lobos arrebatadores, que não pouparão o rebanho " (At. 20, 28 a 29).

São Pedro : "Eu sei que, depois do minha partido, se introduzirão entre vós lobos arrebatadores, que não pouparão o rebanho"

do ~r~enidos lo erro dest Senhor e Sal

A fim de não a lo nga r po r de ma is esta e xposição, c ita mos ape nas ma is a lg un s tex tos: O mes mo São Ped ro a inda te ve ma is este conse lho: " Vós, pois, irmãos, estan -

do prevenidos, aca 111elai-vos, para que não ca iais da vossa firmeza, levados pelo erro des1e.1· insensa/os; mas crescei na graça e no conheci111e1110 do Nosso Sen/,or e Salvador Jesus Crislo. A Ele /sej a dada} glória, agora e no dia da etern idade. Amém " ( Ide m, 3, 17 a 18) .

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"~ E não se j ul g ue que só um es pírilo ~ na Lura lme nte in c lin ado à desco nfia nç a ,:;

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pode pra tica r sempre ta l vig il â nc ia. E m São Ma rcos le mos: "o que eu, pois, digo a vós, digo a todos: Vigiai " ( 13, 37). São João aco nselh a com soli c itude a morosa : "Filhinhos, ninguém vos sedu za" ( 1. Jo .

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3, 5 a 7) .

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A iclolatria ela IJO/mlaritlaclc e a impo1mlaridadc cio l)Mno Mcsuc Como di ssemos e m o utro capítu lo, a impo pul a ridade fo i o prê m io do Mestre, de po is das atitudes va ro nis e desassombradas ele que E le nos de u exe mp lo. Essa im1 opu laridade, que é para muitos a supre ma desg raça, o es pa nta lho inspirador ele todas as concessões e de todas as re tiradas estra tégicas, a caracte rísti ca s in istra de todo o a posto lado fracassado aos o lhos do mund o, fo i cont ra Nosso Senho r tão g rande, que c hegara m a ac usáLo de ma lfa zejo : "E os pastores.fúgiram,

e, indo à cidade, conlararn ludo, e o suced ido com os que linh am eslado possessos do demônio. E logo Ioda a cidade saiu ao encontro de Jesus; e, quando o viram, pediram-lhe que se reli rasse do seu lerritório" (Mat. , 8, 3 a 34). Nosso Senho r predi sse co mo inev itáve l a ex istênc ia de inim igos a seus fié is de todos os sécul o , neste tóp ico: "O

irmão enlregará à 111or1e o ir111ão, e o pai o .ftlho; e os fi lhos se levanlarão conlra os pais, e lhes darão morle; e vós, por causa do meu nome, sereis odiados por todos" (Mat. , 1O, 19 a 22). Como se vê, é o ód io levado a ponto de susc ita r lu ta feroz contra os segui do res de Jesus. E as ac usações contra os fi é is serã te rríve is ! M as ass im mes mo não de verão e le re nunciar aos processos apostólico desassombrado. : "Não é o discípulo mais que o íseu I mestre, nem o ser-

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vo rnais que o /seu / senho,: Basta ao discípu lo ser como o mestre, e ao se rvo como o senho,: Se eles chamaram Belzebu ao pai de f amília, quanto mais aos seus doméstico.1·'! Não os tem.ais pois; porque nada há encoberlo que se não venha a descobri,; nem ocullo que se não venha a sabe,: O que eu vos digo nas /revas, dizei-o às claras; e o que vos é dilo ao ouvido, pregai-o sobre os lelhados" ( Mat. , 1O, 24 a 27). Co mo j á di sse mos, de ve m os fi é is prezar a lta me nte a estima de seus semelha ntes; mas despreza r se u ódi o, semp re q ue este seja f undado e m um a a ve rsão à Ve rdade o u à virtude. O apósto lo deve desej ar a conve rsão do próx im o, mas não deve co nfu nd ir a co nv e rsão s incera e profunda de um ho me m o u de um povo com os s in a is de uma po pu laridade de superfíc ie. Nosso Senhor fez seus mi lag res para co nve rter, e não pa ra ser popular: "Es1a ge ração má e adúl1era pede

um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio, senão o prodígio do prof e-

la Jonas " (Mat. , 12, 39), d isse E le, ind ica ndo com isto q ue os mil ag res in úte is à con ve rsão não se rea li zariam. Com efe ito, se be m q ue os m il ag res pudessem va ler certa po pul a ridade ao Sa lvado r, e ra uma po pul aridade inútil , po rq ue não proced ia do desejo de co nhecer a Ve rdade.

Para ser pop11la1; sacrificam-se

até os princípios... Q ua nto apósto lo te nta, no e nta nto, o poss íve l e o imposs íve l para ser popu lar, e a este ane lo sacri fica até os princípios ! Ta lvez ig nore que pe rde ass im a be m-ave ntura nça prometida pe lo Se nho r aos que, po r a mo r à o rtodox ia e à virtu de, e ram odiados pe los inim igos da Ig rej a: "Se reis bem-avenlurados quando os

homens vos a111uldiçuare111, vos pe1:yeguire1r1, vos odiarem, vos ca rregarem de opróbrios e injúrias e repeli rem vosso no111e corno i11/á111e. Aleg rai-vos e exultai, porque um a grande recompensa vos está reservada no Céu ". Nun ca sac rifique mos, d im inu a mos

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Mas isto não basta. As doutrin as se co rporifi cam em home ns. Devemos ser a rg uto s, sagazes, precav idos também quanto aos homens. Sa ibamos ve r o inimi go, e combatêlo com as armas ela caridade e ela fortaleza: "Ora, o Espírito diz claramente que nos últimos tempos - estes tempos que Pio XI ac ho u tão seme lhantes aos nossos - alguns apostatarão da f é, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demôn ios, que com hipocrisia propagam a mentira e têm cauterizada a consciência " ( 1 T im . 4, 1-2). Quanto a do utrinas e doutrin ado res, tanto no terre no teo lógico quanto no filosófico, no político, no soc ial, no econômico e em qualquer outro campo e m q ue a Ig reja for interessada, vale este conse lho: "O que vos peço é que a vossa ca ridade cresça 111ais e ma is em conhecimento e e111 todo o discernimento, para que possais distin guir o melho,; para que sejais sinceros e irrepreensíveis para o dia de Cristo" (Fil. 1, 9- 10). Com efeito, nesta tri stíss ima é poca ele ruína e ele corrupção não seria ex plicável que não existissem, como no tempo cios Apósto los, ''.falsos apóstolos, ou arra nhemos a Verdade, por maiores que sejam os rancores que com isto pesa re m sobre nós. Nosso Sen hor nos deu o exemp lo, pregando a verdade e o bem , expondo-se por isto até a ser preso, como ve mos: "Porventura nc7.o vos deu Moi sés a lei, e contudo nenhum de vós observa a lei? Por que procurais matarme? O povo respondeu, e disse: Tu estás possesso do demônio; qu em procura matar-te? Jesus respondeu, e disse-lhes: Eu .fiz uma só obra, e todos estais por isso m.aravilhados. Vós, contudo, porque Moisés vos deu a circuncisc7.o [se bem que ela não vem de Moisés mas dos patriarcas-], circuncidai-vos, n,esmo em dia de sábado. Se, para não se violar a lei de Mo isés, recebe um homem a circuncisc7.o no dia de sábado, porque vos in dignais comigo por que em dia de sábado curei um ho111ern em todo o seu corpo? Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta just iça. "Então, algun.s de Jerusalém diziam: Não é este aquele que procura111 matar? -

CATOLIC ISMO

E eis que ele f ala publicamenle, e não lhe dizem. nada. Será porque os chefes do povo tenham. verdadeiramente reconhecido que este é o Cristo"! Nós, porém, sabemos donde este é; e o Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele seja. E Jesus levantava a voz no templo, ensinando e dizendo: Vós nc7.o sô me conheceis, mas sabeis donde eu sou; e eu nc7.o vim de mim mesmo, mas é verdadeiro aquele que me enviou, a quem vós nc7.o conheceis. Mas eu conheço-o, porque sou dele, e ele me enviou. Procuravam pois os judeus prendê-lo; mas ninguém lhe lançou as n1c7.os, porque nc7.o tinha ainda chegado a sua hora" (Jo, 7, 19 a 30).

Proce<limento evangélico parn com os homens de má doutrina É este o con e lho ele São T iago: "Nc7.o queirais pois enganar-vos, irmãos meus muito amados" (Ti, l , 16). Sejamos sumamente precav idos, argutos, sagazes e previdentes no discernir a boa ela má doutrina.

operários fingidos" que se infiltram nas fileiras dos filhos da luz e se transformam em apóstolos de Cristo. E não é ele adm irar, visto que o próprio Satanás se transforma em anjo ele lu z. Não é poi s muito que os seus mini stros se tran sformem e m mini stros ele justiça; mas o seu fim será seg undo as suas obras" (2 Cor. 11, 13- 15).

1'er a astúcia da se,pente para seguil' o Samo E,,angelho Co ntra estes mini stros, qu e outra arma há senão a argúcia necessária para saber pelos atos, pelas doutrin as, distinguir e ntre os filh os ela luz e os elas trevas? Co ntra os pregadores ele do utrinas errôneas, mais doces, ma is fáce is, e por isto mesmo mai s enganosas, a vigilância não eleve ser apenas penetrante, mas ininterrupta:

"Rogo-vos, irmãos, que não percais de vista aqueles que causem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes, e apartai-vos deles . Porque

estes tais nc7.o servem. a Cristo Sen hor Nosso, mas ao seu ven tre; e, com palavras doces e com atlulações, enganam os corações dos simples . Porquanto a vossa obediência em toda parte se tornou notória. Aleg ro-111.e pois e,n vós. Mas quero que sejais sábios no bem e simples no mal. E o Deus de paz esmague logo a Sa tanás deba ixo de vossos pés. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco" (Rom . 16, 17-20). "Sábios no bem e simples no mal! ". Q uantos há qu e só pregam ingenuidade e candu ra no serviço cio bem , mas possue m um a terríve l sabedoria para propaga r o ma l! Esta sabedoria serpentinamente astuciosa, para o bem , é uma virtude abso lutamente tão evangé lica quanto a inocência ela pomba: "E digo-vos isto para que ninguém vos engane com discursos sutis" (Col. 2, 4). " Vede que ninguém vos engane por meio de .filosofia inútil e enganadora, segundo a tradição dos homens, segundo os elementos do inundo, e nc7.o segundo Cristo" (Co l. 2, 8). "Ninguérn vos seduza afetando hwnildade e culto dos anjos, divagando por coisas que nunca viu, inchado em vc7.o com seus pensamenlos carnais" (Co l, 2, 18). A Igreja é militante e nós somos seus so ld ados. Serão necessários ainda mais textos a fim ele provar que elevemos ser, não so ldados qu aisq uer, mas so ldados vigi lantes? A experiênc ia demo nstra que ele nada va lem as melhores virtudes mi litares sem a vigi lância. Baste isto para persuadir que cada um deve, co mo "miles Christi" , desenvo lver e m a lto grau não só a inocência ela pomba, mas a astúc ia da serpente, se quiser eguir na íntegra o Santo Evangelho.

clivíduo for ou se di sser católi co, por mais que seus gestos ou palavras difi ram ele suas i léias, . ua vida des toe de sua c rença e s ua própri a s incerid ade possa ser posta e m dúv ida, j ama is co ntra e le se de verá tomar uma atitude enérgica, sob pretexto de que é prec iso não " romper o arbusto partido nem extinguir a mecha que ainda .fúmega " . Como se ele ve proceder nes te de li cado ass unto, di - lo entretanto, e e loqüe nte mente, o texto seguinte, que prova que um a justa paci ênc ia j ama is eleve ating ir os limites el a im prudê ncia e ela imbecilidade: "Toda a árvore, pois, que nc7.o dá bom _ft-uto, será cortada e lançada no f ogo. Eu, na verdade, bat izo-vos com água

para / vos levar à] penitência, mas o que há de vir depois de mim é mais poderoso do que eu, e eu nc7.o sou digno de lhe carregar o calçado; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo. Ele tem a pá na sua mc7.o, e limpará bem a sua eira, e recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível" (Mat. , 3, JO a 12). Quanto a ocultar os motivos ele desacordo que nos separam daqueles que são apenas imperfe ita mente nossos, o Divi no Mestre não procedeu ass im nas nu merosas c ircun stâ ncias que aba ixo examinare mos. Os fa ri seus levava m uma vicia ele pi edade, ao menos na apa rênc ia, e Nosso

A "tática do ten·eno comum " paciê11cia 11ão é imbecilidade A fa mosa "tática do terreno comum" consiste em evitar constantemente qual que r tema qu e possa constituir motivo ele desavença e nlre católicos e não católicos, e pôr em ev idênc ia tão somente o que pos a haver ele co mum entre uns e outros . Ja mais uma separação ele campos, um esclarec ime nto ele a mbig i.iicl ades, uma definição de atitudes . E nqu anto um in-

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Senho r, longe de ocu ltar o qu anto esta aparência era in suficie nte, por receio de os irritar e de os di stanc iar ainda mai s de si, in vestiu c laramente contra e les, dizendo- lhes: "Nem todo o que me diz: Senha,; Senhor; entrara no reino dos céus; rnas o que fa z a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no reino dos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senha,; Senhor, não profetizarno.1· nós ern teu nome, e ern teu nome expelimos os demônios, e em teu nome.fizemos muitos milag res? E então eu lhes direi bem alto: Nunca vos conheci; apartai-vos de mi,n, vós que obrais a iniqiiidade" (Mat., 7, 2 1 a 23).

A<lmirávcl lição ele energia e ele com/Jativi<laclc cio Divino Mestre Poderia irritar esta lin guage m? Poderia e la susc itar contra o Salvador o ód io cio fari seus, em lugar de os converter? Pouco impo rta. As aco modações fácei s, se bem que ilu sóri as, não podiam ser praticadas pe lo Mestre, que preferiu para si, e para seus di scípu los de todos os séculos, a lu ta declarada: "Não julgueis que vim trazer a paz à terra; não vim tra zer a paz, mas a espada. Porque vim separar o .filho do seu pai, e a.filha da sua mãe, e a nora da sua sogra. E os inimigos do homem [serão} os seus próprios domésticos. O que arna

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CATO LICISMO

o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e o que ama o.filho ou a .filha mais do que a núm, não é digno de núm. E o que não toma a sua cruz e (não] me seg ue, não é digno de rni,n. O que se prende à sua vida, perdê-la-â; e o que perder a sua vida por meu a,nor; achâla-â" (Mat. , 10, 32 a 39). Co mo muita gente ele nossos dias, co m a qual espíritos acomodatícios e pacifistas preferem contemporizar perpetuamente, també m os fariseus ti nh am "a lgo de bo m". Entretanto, não foram e le tratados segundo as agra láveis práticas ela tática cio terreno co mum . Num a lóg ica impecá vel os fu sti gou o Mestre co m as seguintes pa lavras: " Ou dizei que a árvore é boa e o seu .fi·uto bom; ou dizei que a árvore é má, e o seu fi'uto mau; pois que pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis dizer coisas boas, vós que sois máus ? Porque a bocafala da abundância do coração. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro [do seu coração}; e o mau homem tira más coisas do mau tesouro " (Mat. , 12, 33 e 35). Qu ando a experiê nc ia demonstrou que o fariseu s reje itara m a imen sa e ado rável g raça contid a nas palavras fulmina ntes do Sa lvador, e aind a mais se revoltaram contra este, o Mestre nem por isto mudou ele tática: "Então, aproximem-

do -se dele os seus discípulos, disseramlhe: Sabes que os fariseus, ouvindo estas palavras, se escandaliza rarn ? Mas ele, respondendo, disse: Toda a planta que meu Pai cele.1·1ial não planlou será arrancada pela raiz. Deixai-os; são cegos e guias de cegos; e se um cego guia outro cego, ambos caem nafossa. E Pedro, /ornando a palavra, disse- lhe: Explica-nos essa parábola. E Jesus respon deu: Também vós estais ainda se111 inteligência '!" (Mat. , 15, 12 a 16). Com isto demonstrou Ele que o receio de desgostar e ele revoltar os fa ltosos contra a fgreja não pode ser o único móvel de nossos processos ele apostolado. E, no entanto, quantos são hoje em dia os que estão como São Pedro e os apóstolos, "sem inteligência", e não entendem a admirável lição ele energia e de combatividade que o Mestre Divino nos deu!

outras. Condutores cegos, que.filtrais um mosquito e engolis um. camelo! "Ai de vós, escribas e faris eus hipócritas! porque limpais o que está por fora do copo e do prato; e por dentro estais cheios de rapinas e de imundície. Fariseu cego, purifica prim.eiro o que está dentro do copo e do prato, para que também o que está fora fiqu e limpo. "Ai de vós, escribas e .fàriseus hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros branqueados, que por fora parecem formosos aos homens, mas por dentro esteio cheios de ossos de mortos, e de toda podridão. Assim também vós porfora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios ele hipocrisia e iniqüidade. "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! que ed(ficais os sepulcros dos prof etas e adornais os monumenlos dos justos, e diz.eis: Se nós tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríarnos sido seus cúmplices no sangue dos profetas. Assim dais testem.unho contra vós mesm.os, de que sois .filhos daqueles que mataram os prof etas. Acabai pois de encher as medidas de vossos pais. "Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação ao i,1f'erno ? Por isso, eis que eu vos envio pro.feias, e sábios, e escribas, e matareis e crucfficareis uns, e açoitareis oulms nas vossas sinago-

gas, e os perseguireis de cidade em cidade; para que caia sobre vós todo o sangue jus/o que se tem derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de 'Zacarias, filho de Baraquias, que vós matastes entre o templo e o altar: Em verdade vos digo que tudo isto virá sobre esta geração" (Mat., 23, 23 a 36). Um abismo mais hmclo <lo que antes <la Reclc11ção No entanto, freqüentemente não são e les me nos maus que os fariseus , já que nem seq ue r são bons em sua doutrina, em gera l escandalosos públicos e depravados que, à corrupção dos fariseus, somam o enorme pecado cio mau exemplo e cio orgu lho ele serem maus. Voltamos a di zer que é um erro imaginar-se que já não há hoje pessoas tão más como as que ex istiam nos tempos de Nosso Senhor, já que Pio XI nos cons iderou à beira de um abismo mais profundo cio que aquele e m que o mundo j azia antes ela Redenção. Entreta nto, como são numerosas as pessoas que receariam tolamente pecar contra a caridade, se dirigissem aos adversários ela Igreja uma apóstrofe tão veemente! Dos fariseus, di sse Nos so Senhor: " Com razão Isaías profetiz.ou de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo

honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de núm " (Marc., 7, 8). Como imitaríamos bem o Divino M estre, se cios materialistas corruptos dos nossos dias di ssésse mos: "Blasfem.ais contra Deus com vossos lábios, e vosso coração está longe dele". Nosso Senhor previu bem que este processo irritaria sempre certos inimigos contra a [greja: "Então o irmão entregará à morte o seu irmão, e o pai o .filho; e os .filhos levantar-se-ão contra os pais, e lhes darão a ,norte. E sereis odiados de todos por causa do meu nome. Mas o que perseverar até o ftm [da sua vida], esse será salvo " (Marc., 13, 12 a 13). Mas a mai s alta fo rma ele ca ridade consiste precisamente em fazer o bem , por meio ele conselhos c laros - e, se necessário for, heroicamente agudos àq ueles mesmos que talvez nos paguem este bem arrastando-nos à morte. Por isto, disse Nosso Senhor aos que mais tarde O matariam , mas e ntão O ap laudi am: " Em. verdade, em verdade vos digo: vós buscais-rne, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e .ficastes saciados " (Jo, 7, 26). É um erro ocu ltar sistematicamente ao pecador seu verdadeiro estado. São João, por exemp lo, não hesitou em di -

"Em verdade, em verdade vos digo: vós não po ' milagres, m

.

"

Nosso Senhor incl'cpa os hipócritas ,1iolentame/Jlc Qual ele nossos românticos libe rais seri a capaz ele di zer aos modernos perseguidores ela Igrej a e tas palavras: "Ai de vós, escribas e .fariseus hipócritas! que pagais a dízima da hortelã e do endro e do corninho, e desprezastes os pontos mais graves da lei, a justiça, e a misericórdia e a fé. São estas coisas que era preciso praticc11; sem omitir as MARÇO2007 -


zer: - "Aquele que comete pecado é filho do demônio " ( 1, 3, 8).' E por isto foi o Apóstolo do amor muito categórico, escrevendo: "Todo o que se aparta e não permanece na doutrina de Cristo não tem. [uni ão com] Deus; o que permanece na doulrina, este tern. (união íntima com] o Padre e o Filho. Se alguérn vem a vós, e não traz esla douJrina, não o recebais em. vossa casa nem o saudeis. Porque quem o saúda participa [em certo modo] das suas obras ,nás" (2Jo., 9 a 11 ).

O p1·occ<limento <lo Salvado,; muito dfrcrso da orientação awal Em suma, a chamada "tática do terreno comum ", quando empregada não a título excepcional, mas de modo freqüente e habitual , é a canon ização do respe ito humano; e levando o fiel a di ssimular sua Fé, é a violação declarada destas palavras do adorável Mestre: " Vós sois o sal da terra. E se o sal perder a sua força, com que será ele salgado ? Para nada mais serve, senão para ser lançado.fora e cal-

"Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai , que está nos Céus"

cado pelos hom.ens. Vós sois a luz do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um. monte; nem acendem uma lucerna e a põem debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a.fim de que ela dê luz a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus" (Mat., 5, 13 a 16). Qu anto ao conse lh o que se dá e m certos círcul os, de ocu ltar aos estag iári os a a pereza da vida esp iritual e as lulas interiores daí decorrentes, como é diverso o procedimento do Salvador que, às a lmas que desejava atrair, dizia esta ve rdade terríve l: "Desde os dias de .João Batista a/é agora, o reino dos céus so.fi·e violência, e os violentos arrebatam-no" (Mat., 11 , 12). E dec larava també m: "Se a lua mão te escandaliza ,; cor/a-a; melhor te é entrar na vida [ eterna] maneia do que, tendo duas mãos, ir para o inf erno, para o fogo inexlinguível, onde o verme não morre e o.fogo não se apaga. E se o leu pé /e escandaliza, cor/a -o; melhor le é enlrar na vida eterna coxo do que, tendo dois pés, ser lançado no ú~ferno num fogo inexlinguível, onde o verme não morre e o f ogo não se apaga. E se o leu olho /e escandaliza, lança-o fora; rnelhor /e é entrar no reino de Deus sem um olho do que, lendo dois, ser lcm çado 11.0 fogo do inferno, onde o verme não m o rre e o fogo não se apaga " (Marc. , 9, 42 a 47).

"Seja vossa 11ala11ra: sim, sim; não, não" Mas, poder-se-á obj etar, esta ling uagem não repe le as a lm as? As almas du ras, frias, tíbi as, sim . M as se Nosso Senho r não qui s te r e ntre os seus tai s al mas , e uso u uma lin g uagem apta adesviar de si esses e le mentos inúte is, quere mos nós ser ma is sábi os, mai s brandos e ma is co mpass ivos do que o Homem-Deus, e chamar a nós os que E le não qui s? Os apósto los compreen leram e seguiram o exe mpl o do Mestre . Há e m nosso d ias muitos espíritos tão contentáve is, que co nside ram cató l icos apos tó li cos ro manos dos mai autênticos, e di g nos de confiança, a quai sque r políticos que falem e m Deus em um o u

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CATO LICISMO

outro di scurso. É a tática de só ver o que nos une, e não o que nos separa. Quem diria a um desses vagos "deíslas", em certos círculos liberai s, estas te rríve is palavras de São Tiago: "Tu crês que há um só Deus; f azes bem; ta,nbém os demônios o crêem e temern " (Tg 2, 19)? É esta , e ntretanto, a conduta do cristão, cujo espírito santame nte alti vo não tolera subterfúg ios ne m s inuosidades e m matéri a de profissão de Fé. Como devemos fazer aposto lado? Com as armas da franqueza: "Mas seja vossa pala vra: sim, sim; não, não; para que não caiais em condenação " (Tg 5, 12).

para os que são cham.ados là sa lv ação] que r dos judeus, quer dos g regos, é Cristo virlude de Deus e sabedoria de Deus " ( 1 Cor. 1, 17-24).

'i'I csp;ula do cspfrito, que é a palavra de Deus"

Não se pode ocultar a luz de Cristo que <leve i111mi11a1· o mtm<lo Sem que declaremo por palavras e atos nossa Fé, não es tare mos faze ndo aposto lado, poi s que estare mo ocu ltando a lu z de Cristo que brilha em nós, e que de nosso interior deve transbordar para iluminar o mundo: "Afim de serdes irrepreensíveis e sinceros.filhos de Deus, sem culpa no m.eio de uma nação corrompida, onde vós brilhais como astros do mundo " (Fil. 2, 15). De nada fujamos, de nada nos envergonhemos : "Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de forta leza, e de caridade, e de temperança. Portanto, não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor; nem de mim, seu prisioneiro, ,nas participa comigo dos trabalhos do Evangelho, segundo a virlude de Deus " (2 Tim. 1, 7- 8). Nesta atitude há causas ele atritos? Pouco im porta. Deve mos viver " lutando unânimes p ela fé do Evangelho; e em nada tenham.os medo dos adversários, o que para eles é sinal de perdição, e para vós de salvação, e isto vem de D eus " (Fil. J, 27-28) . Qua lqu e r ca rid ad e qu e pretenda exercer-se e m detrime nto de sa regra é fal sa: "O amor sej a sem fingimento. Aborrecei o mal, aderi ao bem" ( 1 Rom . 12, 9). Mai s um a vez insistimos : se ho uver que m fuj a diante da austeridade da Igrej a, fuja, porque não é do número dos e leitos. "Porque Cristo não me enviou abatiza r, mas a pregar o Evangelho, não com a sabedoria das palavras, para que

São Paulo: "Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e ficar de pé depois de ter vencido tudo"

não se torne inútil a c ruz de Cristo. Porque a palavra da cru z é uma loucura para os que se pe rdem ; mas, para os que se salvam, islo é, para nós, é a virtude de Deus. Porque está escrilo: Destruirei a sabedoria dos sábios e reprovarei a prudência dos prudenles. Onde está o sábio ? Onde o doutor? Onde o indagador deste século? Porven/ura não convenceu Deus de loucura a sabedoria deste mundo ? Porque, como ante a sabedoria de Deus não conheceu o mun do a Deus pela sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes por meio da loucura da pregação. Porque os judeus exigem milagres, e os g regos procuram a sabedoria; mas nós pregam.os a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os ge ntios; mas,

É duro agir sempre ass im. Mas um ân imo varonil , sustentado pela graça, tudo pode: " Vigiai, permanecei firm es na fé, por/ai-vos varonilmenle" ( 1 Cor. 16, 13). Por outro lado, os que não que re m lutar deve m renunciar à vida de ca tóli cos, qu e é uma luta sem cessar, como adverte minuciosa e in sistente me nte o Apósto lo: " De resto, irmãos, forlaleceivos no Senhor e no pode r da sua virtude. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do dernônio. Porque nós não temos que lu lar [somenteJ contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados e potes/ades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, conlra os espíritos malignos [ espalhados] pelos ares. Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e ficar de pé depois de ter vencido tudo. Estai pois.firm.es, tendo cingido os vossos rins corn a verdade e vestido a couraça da justiça, e tendo os pés calçados para ir anunciar o Evangelho da paz.; sobretudo /omai o escudo da f é, com. que possais apagar todos os dardos i11fl amados do rnalign.o; tomai tarnbém o elrno da salvação e a espada do espírito, que é a palavra de Deus; orando continuamente ern espírito com Ioda a sorte de orações e súplicas, e vigiando nisto mesmo com Ioda a perseverança. rogando por todos os semtos e por mim, para que rne seja dado abrir a minha boca e pregar com liberdade o mislério do Evangelho, do qual eu, mesmo com. algemas, sou embaixador; e para que eu .fale corajusamenle dele, como devo " (Ef, 6, 10-20).

Acusações lai1ça<las alefrosamente contra Nosso Sc11ho1· Não é outra a doutrin a que se con té m neste fato da vida do Divino Sa lvador: "Responderam então os judeus, e disseram-lhe: Não dizernos nós com razão que tu és um samaritano, e que tens demônio ? .Jesus respondeu: Eu não lenho demônio; mas honro o meu Pai, e

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vós a mim me desonrastes. E eL; não busco a ,ninha glória; há quem, tome cuidado dela, e quem fará justiça. Em verdade, em verdade vos digo: quem guardar a minha pala vra, não verá a morte eternamente " , "Disseram-lhe pois os judeus: Agora reconhecemos que estás possesso do demônio. Abraão morreu e os profetas, e tu dizes: Quem, guardar a minha palavra, não provará a morte eternamente. Porventura és m.aior do que nosso pai Abraão, que morreu ? E os profetas também morreram.. Que pretendes tu ser? .Jesus respondeu: Se eu ,ne glori,fico a mún mesmo, não é nada a minha glória; meu Pai é que me glori:fica, aquele que vós dizeis que é vosso Deus. Mas vós não o conhecestes; eu sim, conheço-o; e, se disser que o não conheço, serei mentiroso como vós. Mas conheço-o, e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, suspirou por ver o meu dia; viu-o e.ficou cheio de goza. Disseram-lhe por isso osjudeus: Tu ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão ? Disse-lhes .Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão foss e f eito, eu sou. Entâo pegaram em pedras para lhe atirarem; mas .Jesus encobriu-se, e saiu do templo" (Jo, 8, 48 a 59). E não só de possesso, como a inda de blasfemo, foi Nosso Senhor acusado:

"Então os judeus pegaram em pedras para lhe atirarem.. .Jesus disse-lhes: Tenho-vos mostrado muitas obras boas [que.fiz] por virtude de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais ? Responderam-lhe os judeus: Não é por causa de nenhum.a obra boa que te apedrejamos, mas pela blasfêmia, e porque tu, sendo homem, te fazes Deus " (Jo. 10. 3 1 a 33).

Como Nosso Se11l101; 11ão rncuemos diante de aparente insucesso N ão procuremos só sucessos de mome nto, ap lausos inconstantes das massas e até de nossos adversários, sucessos estes que são o fruto da tática do te rreno comum . Várias vezes nos mostra Nosso Senhor que devemos de prezar a popularidade entre os maus: "Não há prof eta sem, honra,

senão na sua pátria e na sua casa. E não f ez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles" (Mat., 13, 57 a 58). -

CATOLICISMO

"Se o mundo vos aborrece, sabei que, prirneiro do que a vós, me aborreceu a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque vós não sois do mundo, antes eu vos escolhi do meio do mundo, por isso o mundo vos aborrece. Lembrai-vos daquela palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que o seu senha,: Se eles me perseguiram a mim, também vos hão de perseguir a vós; se eles guardaram, a minha palavra, também hão de guardar a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou. Se eu não tivesse vindo, e não lhes tivessefálado, não teriam culpa, mas agora não têm desculpa do seu pecado. Aquele que me aborrece, aborrece também meu Pai" (Jo., 15, l8 a 23).

Há pessoas que reputam como supremo triunfo de uma obra cató li ca, não os louvores e bênçãos da Hi erarq ui a, mas os ap lau sos dos adversários. Este critério é falacioso; entre mil outros motivos, porque às vezes há ni sto mera cil ada e m que caímos, e na rea lidade nós sacrifi camos princípi os por este preço: "Ai de vós,

quando os homens vos louvarem, porque assim faziam aos falsos profetas os pais deles" (Luc., 6, 28). "Esta geração perversa e adúltera pede urn prodígio; mas não lhe será dado outro prodígio, senão o prodígio do prof eta .lonas. E, deixando-os, retirou-se " (Mat., 15 , 4). Nosso Senhor se retirou ; e nós, pelo contrário, queremos perm anecer no campo estéril , desfigurando e di minuindo as verdades até arrancar ap lausos. Quando estes vierem , será o sin al de que teremos passado a ser fa lsos profe ta.-, e m muitos casos. Nosso Senhor tem pena, é certo, dos que não estão de tal form a empederni dos no mal que não se sa lvem com um milag re: "E olhando-os em, roda com

Quanto aos apl ausos estérei s e inúteis do demônio e de seus seq uazes, vej amos como devem ser tratados: "E aconteceu que, indo nós à ora-

indignação, contristado da cegueira dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi -lhe restabelecida a mão " (M arc., 3, 5). Mas muitos perecerão na sua cegue ira: "E disse-lhes: A vós é concedido sa-

ber o mistério do reino de Deus, porém aos que são de fora, tudo se lhes propõe em parábolas para que, olhando, vejam e não reparem; e ouvindo, ouçam, e não entendam, de sorte que não se convertam e lhes sejam perdoados os pecados " (Marc., 4, 11 a 12). Não espanta, à vi sta de tanto rigor, que o "meigo Rabi da Galiléia" incutisse por vezes, até em seus íntimos, ve rdade iro terror: "Mas eles não compreendi-

am estas palavras, e temiam interrogálo " (Marc. , 9, 3 1). Terror não muito me no r cau ari a m, por certo, profecias co mo e. ta , que demonstram à saciedade que ser apósto lo é viver de lutas, e não de ap lausos: "To-

mai, porém, cuidado convosco. Porque vos hão de entregar nos tribunais, e sereis açoitados nas sinagogas, e sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis, para [dar] testemunho [de mim] perante eles " (Marc., 13, 9).

Nosso Senhm' Jesus Cl'isto não atraía a estima geral Por que tanto ód io contra os pregadores do Bem?

vim de mim mesmo, mas ele rne enviou. Por que não conheceis vós a minha linguagem? Porque não podeis ouvir a minha palavra " (]o ., 8, 40 a 43) .

"Eu sei que sois fi lhos de Abraão; mas {também sei que] procurais matarme, porque minha palavra não penetra em vós " (Jo., 8, 37).

Não espanta, po is, que seus própri os milagres de perta. sem ódio. Fo i o que se de u depois do estupendo milagre da ressurre ição de Lázaro:

E m todas as épocas haverá corações em q ue não penetrará a palavra da Igreja. Estes corações se encherão e ntão de ód io, e procurarão ridi c ul ari zar, dimi nuir, ca luni ar , arrastar à apostas ia ou até matar os di sc ípulos de Nosso Sen hor. E por isso ainda, disse Nosso Senhor aos judeus:

"Jesus disse- lhes: Desatai-o, e deixai-o ir: Então muitos dos judeus, que tinham ido visitar Maria e Marta, e que tinham presenciado o que .Jesus fizera, creram nele. Porém alguns deles.foram ter com os fariseus, e disseram-lhes o que .Jesus tinha.feito" (Jo, 11 , 44 a 46). À vista dis-

"Mas agora procurais matar-me, a rnim, que sou um, homem que vos disse a verdade que ouvi de Deus; Abraão nunca f ez isto. Vós f azeis as obras de vosso pai. E eles disseram-lhe: Nós não somos fi lhos da fornicação; temos um pai [que é] Deus. Mas .Jesus disse-lhes: Se Deus fosse vosso pai, certa,nente me amaríeis, porque eu saí de Deus e vim; porque não

to, como pretende m os apósto los con ervar-se sempre na estima de todos? Não percebem que nesta estima gera l há mui tas vezes um índice iniludíve l de que j á não estão com Nosso Senhor?

"Não vos a<lmireis, frmãos, de que o mtmdo l'OS tenha ódio" Com efeito, todo católico verdadei ro terá inimi gos:

ção, nos veio ao encontro umajovem, que tinha o espírito de Piton, a qual com as suas adivinhações dava muito lucro a seus arnos. Esta, seguindo a Paulo e a nós, gritava, dizendo: Estes homens são servos do Deus excelso, que vos anunciarn o ca,ninho da salvação, E .fázia isto muitos dias. Mas Paulo, enfadado, tendo-se voltado {para ela], disse ao espírito: Ordeno-te em nome de .Jesus Cristo que saias dessa [mulher]. E ele, na mesma hora, saiu " (At, 16, 16 a 18). Devemos, é certo, sentir prazer quando, dos arraiais do adversário, chega-nos um ou o utro aplauso de a lguma alma tocada pela graça, que começa a se aproximar de nós. M as como é diferente este aplauso, da alegria fa lac iosa e turbul enta dos maus, quando certos apóstolos ingênuos lhes ap resentam, estropiadas e mutiladas, a lgumas ve rdades parecidas co m os erros da impiedade. Neste caso, os ap lausos não signi ficam um mov imento das almas para o be m, mas o júbilo que ex perimentam por supor qu e a Igreja não as que r arrancar ao mal. São apl ausos de quem se alegra e m pode r continuar no pecado, e significam um embotame nto ainda maior no mal. Estes apl ausos , devemos ev itá- los ; e por isto colide com o Novo Testa mento que m não se co nforma com a impopul a1'idade:

"Não vos admireis, irmãos, de que o mundo vos tenha ódio" (JJo, 3, 12 a 13).

Pan1 se obtel' aplausos, muitos aband011am a pureza <la <loutrina Causar irritação aos maus é muitas vezes fruto de ações nob ilíss im as:

"E os habitantes da terra se alegrarão por causa deles, e farão f estas, e mandarão presentes uns aos outros, porque estes dois prof etas tinham atormentado os [ímpi os] que habitavam sobre a terra " (Apoc ., l l , JO). Erram g raveme nte os que pe nsa m qu e, sempre que a doutrina cató li ca for pregada de maneira modelar, pela pal avra c pelo exemp lo, arrancará unânimes aplau sos. Di -lo São Paulo:

"E todos os que querem viver piamente em, .Jesus Cristo padecerão perseguição " (2 Tim. 3, 12). Como se vê neste texto, é a vida piedosa que exacerba o ód io dos maus. A Ig reja não é odi ada pelas imperfeições que no decurso dos séculos se tenh am notado em um ou outro de seus representantes. Essas imperfeições são qu ase sempre meros pretextos para que o ódio dos maus fira o que a Igreja te m de divino. O bom odor de C ri sto é um perfume de amor para os que se sa lvam, mas susc ita ódio nos que se perdem:

"Porque nós somos diante de Deus o bom, odor de Cristo, nos que se salvam e nos que perecen'1,; para uns, odor de ,norte para a sua morte; e para outros, odor de vida para a sua vida " (2 Cor., 2, 15- l 6). Como Nosso Se nhor, a Igreja te m no ma is a lto grau a capac idade de se faze r am ar por indivíduos, fa míli as, povos e raças inte iras. M as por isto mesmo te m e la, como Nosso Senhor, a propri edade de ver levantar-se contra si o ód io inju sto de indi víduos, fa míli as, povos e raças inte iras . Para o verdadeiro apóstolo, pouco importa ser amado, se esse amor não é uma expressão do amor que as almas tê m, ou ao menos começam a ter a Deus; o u, de qualqu er mane ira, não concorre para o Re ino de Deu s. Qualquer outra popularidade é inútil para ele e para a lgreja. Por isto di sse São Paulo:

"Por que, em suma, o que eu procuro é a aprovação dos homens ou a de Deus? Porventura é aos homens que pretendo agradar? Se ag radasse ainda aos MARÇO2007 -


homens, não seria servo de Cris(Gal. 1, 6- 10). Como ve mos, a aprovação dos homens deve antes atemorizar o apóstolo de consciência delicada do que alegrá-lo: não ten1 ele negligenciado a pureza da doutrina, para ser tão universalmente estimado? Está ele bem certo de que fl agelou a impiedade, como era do seu dever? Estará ele realmente em uma dessas situações, como Nosso Senhor no dia de Ramos? Neste caso, uma advertência: lembre-se de quanto valem os aplausos humanos, e a e les não se apegue. Amanhã, talvez, surg irão os fal sos profetas que hão de atrair o povo pela pregação de uma do utrin a menos austera. E o homem ainda ontem aplaudido deverá di zer aos que o louvavam : " To rnei-me eu logo vosso inimigo, porque vos disse a verdade"! Esses !falsos apóslolosj eslão cheios de zelo por vós, não retamen/e; anles vos querem separat; para que os sigais a eles. É bom que sejais sempre zelosos pelo bem; Filhinh os meus, por quem eu sinto de novo as dores do parlo, até que Jesus Cristo sef orme em vós; bem quisera eu estar agora convosco, e m.udar a ,ninha linguagem; porque estou perplexo a vosso respei!o" (Gal. 4, 16-20). Mas esta linguage m não pode ser muda la, o interesse das a lm as o impede. E se a advertênc ia não fo r o uvida, a po pul ari dade do após to lo soçobrará de uma vez. E ntão, se ele não tiver ânimo desapegado e varonilmente sobrenatura l, ei-lo que se arrasta atrás dos que o abandonam, di luindo princípios, corroendo e desfi gurando verdades, diminuindo e barateando preceitos a fim de alvar os últimos frag mentos dessa popularidade de que, inconsc ientemente, e le fizera um ídolo.

tri steza do séc ulo produ z a morte. E, se não, vede o que produ ziu em vós essa trisleza seg undo Deus, quanta solicitude, que vigilante cuidado em vos ju stificardes, que indignação, que lemm; que desej o [de rernediar o mal], que zelo, que [desej o de} punição pela injúria f eila à Igrej a; vós mostrasles em tudo que éreis inocentes neste negócio" (2 Cor. 7 , 8- 1 1). (S . Paul o se refere ao caso de um inces tu oso, me nc io nado na 1ª epísto la). Este é o grande, o admiráve l prê mi o dos apósto los, bastante sobrenaturai s e c larividentes para não fa zere m da po pu laridade a úni ca regra e o supre mo ane lo de seu aposto lado. Não recuemos ante insucessos de mo me nto, e Nosso Senho r não recusará a nosso apostolado idênti cas conso lações, as únicas que devemos almej ar.

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O caminho da Cruz na luta contl'a a impieclacle Que conduta pode di fe rir mais profundamente desta, do que o ânimo sobranceiro com que Nosso Senho r, pro-

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CATOLICISMO

Sigamos sem l'eStl'ições a lição do Evangelho

fundam e nte tri ste e mbo ra, levo u até a morte, e morte de C ru z, a sua luta direta e desassombrada contra a impi edade? Se as verdades ditas com c lareza são por veze moti vo para que se embote m no mal os perversos, co mo é grande o júbilo do apósto lo que soube vencer seu espírito pac ifi sta e, co m golpes enérg icos, salvar as almas. " Porque, embora eu vos tenha entristecido com a minha carta, não rne arrependo disso; se bem que tenha tido pesa ,; vendo que tal caria vos entristeceu, ainda que por breve tempo; ago ra fo lgo, não de vos ter entristecido, mas de que a vossa tristeza vos levou à penit ência. Entris tecesles-vos seg undo Deus, de so rte que em nada recebestes detrim ento de nós. Porque a tristeza, que é segundo Deus, produ z uma pen.itência estável para a salvação; mas a

Aí estão exe mpl os graves, numerosos e mag nífi cos, qu e nos d á o Nov o T es tam e nto. Imite mo- los, po is, como imitamos também os exemplos adoráve is de doçura, paciê ncia, beni gnidade e mansidão que nos deu nosso c lementíss imo Rede ntor. Para evitar todo e qualquer mal entendido, mais uma vez ace ntuamos que não se deve faze r desta linguage m severa a única linguage m do apósto lo. Pelo contrário, entendemos que não há aposto lado completo sem que o apósto lo sa iba mostra r a di vina bo ndade do Sa lvador. Mas não sej amos unilatera is, e não omitamos - por preco nceitos românti cos, comodi smo, ou tibieza - as li ções de admirável e invencível fo rta leza que Nosso Senho r nos deu. Co mo Ele, procuremos ser igualmente humildes e a ltivos, pacífico e enérg icos, mansos e fo rte , pac ie ntes e severos. Não o pte mos entre umas o u outras dessas virtudes; a perfe ição consiste em imitar Nosso Senho r na plenitude de seus adoráve is aspectos mo ra is. •

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ela Polô ni a e Grão Duque ela Litu âni a, desde sua juve ntude di stin guiu-se pe la piedade e austeridade. Para ser fi e l ao seu voto ele castidade, recusou-se a casar com a filha cio impe rado r a le mão. Fa leceu aos 24 anos.

1 SanLo Albino, Bispo e Confessor

+ Angers (França), 550. D e nobre estirpe, fo i e le ito bi spo de An ge rs, j á sexage ná ri o; co mbate u vi gorosame nte o costum e im oral de senho res semibárbaros, de casarem-se incestuosa mente. Convocou o Co ncíli o de Orleans que estabe leceu penas severas contra ta l abuso. Muitos mil agres lhe são atribuídos.

2 SanLa Inês da Boêmia, Viúva

+ 1282. Filha de re is, casada aos 13 ano com o príncipe da Silés ia, dirigiu-se a um mosteiro cisterciense para terminar sua fo rmação. Falecendo seu marido, reso lve u e ntregar-se toda a Deus, fundando um asilo destinado aos pobres e um sodalício - a Ordem cios Crucíferos ou ela Ste lla Rubra. Primeira Sexta-feira do mês

3 SanLos Marin o e J\sLér·io, Márt,ires

+ Pa lestina, 262. "Marino ia ser promov ido ao grau ele centuri ão quando fo i denunc iado co mo c ri stão po r um ri va l. Obri gado a escolher, preferiu a palma cio martírio às honras militare . . Era ta l o ód io contra os cristãos, que o senador ro mano Astério, que hav ia assisti lo ao seu suplício, fo i condenado à morte por haver-lhe reco lhido o corpo" (cio Martirológio Romano). Primeiro Sábado do mês

de esposa e mãe, a lé m de fundadora elas Oblatas Benediti nas. Tinha trato fa mili ar com seu Anjo da Guarda, a que m vi a continua mente.

vilha. Tomou o hábito benedi tino e, auxiliada pelos irmãos, fundou 40 mosteiros, nos quais vi viam mais de mil religiosas.

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São ClemcnLc Maria l lofbauer, Confessor

+ Edessa (Iraque), 322. Di á-

Mártires ele J\lexa11clria

cono, exe rc ia a pregação no ca mpo, sendo por isso perseg uido. Esconde u-se e posteri o rm e nte aprese nto u-se ao prefeito, que o mand ou queimar vivo.

São Macá rio de ,Jerusalém, Bispo e Confessor

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+ 335. Fo i um cios signatári -

SanLO J\driano, Mártir

os do Concílio ele Nicéia contra os ari anos. Venerado pe lo imperador Constantino e sua mãe Santa He le na, co m e la descobriu vá ri os dos in tru mentos da Pa ixão, inc lu sive a verdadeira Cru z.

+ Palestina, 308. Sabendo que os cri stãos eram perseguidos em Cesaréia, para lá se dirig iu , a fim ele prestar-lhes auxílio. Preso, fo i aço itado e depo is lançado aos leões, que correram para ele submi sos. Teve então a cabeça decepada.

6 São Conon , Mártir + Ga lilé ia, 251 . " Jardine iro cri stão, fo i condenado a correr na fre nte ele um carro, tendo seus pés atravessados por cravos, por haver co nfessado ser discípul o ele Jesus cruc ifi cado" (cio Martirológio Romano).

7 SanLas PcrpéLUa e Felicidade, Mártires

+ Cartago, 203. Perpétua, nobre cartaginesa, e Felicidade, escrava, por sua ficl eliclacle a Cri sto fora m lançadas às feras, q ue as res pe itara m. Foram e ntão mortas por um glad iado r. Exemplo toca nte ele harm o ni a soc ial e m Cri sto . Seus nomes se encontra m no Câ non ela Mi ssa.

8 São ,loão de Deus, Confessor·

+ Gra nada, 155 0. De ori gem portuguesa, fu ndo u na Espanha a Orde m cios Irmãos Hospita la res para c u icl acl o cios doentes . Patro no cios enfe rme iros e enfer mos, seu nome fo i co locado na Ladainh a cios Ago ni zantes.

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SanLa Francisca Romana, Viúva

Sõo Casimiro, Confessor

+ Roma, 1440. Da mai alta

+ Po lônia, l484. Filho cio Re i

nobreza ro mana, fo i modelo

+ Vi ena, 1820. Apre ndi z de padeiro, trocou o fo rno pelos livros, for mand o-se na Uni ve rs id ade de Vi e na. Fez-se redentorista e m Roma, onde fo i orde nado.

o cargo para ir evangeli zar os f rís ios, e mpe nh a ndo-se e m que estes cessassem de prati car sacrifícios humanos.

ra m o martíri o possive lmente sob Di oclec iano.

27 Sant,o l labilJ, Má rt ir•

+ 339. Esses c ri stãos qu e, co m Santo Atanás io, co memorava m a Sexta-Fe ira Santa na Sé de Al exandria, fo ram massacrados pe los ari anos e pagãos. Mal escapou da carnifi cina o grande bi spo.

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SanLa 1!:usébia de l lamagc, Virgem

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Si'io Sist,o Ili , Papa e Co111'essor

São Zaca rias, Papa e Confessor

+ Roma, 440. Ain da presbí-

11

+ Fra nça, 680. Aos oito anos,

+ 752. Grego de origem, "por

São Sofrônio, Bispo

foi vive r co m a a vó, Sa nta Gertrndes, e ntão abadessa de Ha mage. À morte desta, fo i e le ita em seu lugar, apesar de ter somente 12 anos.

sua forte personalidade, soube impor-se junto a vários soberanos lombardos, francos e bizantinos. Em Roma, restaurou diversas igrej as e fez grande número de fundações em favor dos pobres e peregrinos" (do Martirológio Romano).

+ Al exa ndri a, 638. Nasc ido em Damasco, viveu 20 anos co mo e re mita pa ra de po is "ser co locado à frente da igrej a de Jerusa lé m, que viu ser destruíd a pe los sa rracenos" (cio Martirológio Romano).

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17 São PaLrício, Bispo e Conrcssor

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+ Irl anda, 46 1. Evangeli zou o

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SanLo Inocêncio 1, Papa e Con[CSSOl'

país recém-saído do jugo romano, convertendo os chefes de c lãs e fa míli as. Se meo u mosteiros por toda parte, com ta nto sucesso que a Irl anda ficou conhec ida como "Ilha dos Santos".

São José Oriol , Confessor + Barcelona, 1702. De origem

+ 4 17. "Estendeu a solic itude da Igreja Romana ao Oriente, defendendo São João Cri sóstomo quando de sua ex pul são ela Sé ele Constantinopla; e à África, apoiando Santo Agostinho contra a heres ia donati sta. Na Itália, teve que enfrentar a invasão cios vi sigodos" [c hefi ados po r Ala ri co] (Do M arti ro lógio Romano).

13 SanLos Rodrigo e Sa lomão, Má rLires

18 SanLO J\lexanclre ele ,Jerusalém, Bispo e M{utir

+ 250. Discípulo de São C le-

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me nte de Alexandri a, fo i eleito bispo da Capadócia. D irigind o-se e m peregrinação a Je ru sa lé m, esco lh eram - no para bispo dessa cidade.

SanLa CaLarina da Suécia + Valdste na, 133 l. Fi lha de

+ Córdoba, 857. Rodrigo, muçulmano convertido ao catoli c ismo, era sacerdote. Apaziguando uma disp uta do méstica, seu irmão islamita denun ciou-o ao califa. Na prisão, encontrou Salomão, também cristão pre o pelo mesmo motivo. Ambos foram decapitados por e negarem a apostatar.

humilde, com o auxíli o de a lgun s sacerdotes conseguiu ordenar-se e doutorar-se em Teo logia. Grande pregador com o dom ela profecia, era muito proc urado por suas lu zes sobrenaturais, para a direção das a lmas.

19 São José, esposo <ln Sant,íssima Virgem. Dcscenclentc ela estirpe real de David . PaLrono ela lgr•eja Universal e ela Boa Mort e.

Santa Brígida e aparentada à família reinante. De excepcional beleza, teve que se casar por razões de Estado, mas o virtuoso marido respe itou-lhe a virg in dade. E nviu va ndo , entrou no conve nto que a mãe havia fu ndado.

tero, combate u te nazmente a heres ia pe lagiana, sec und ando ni sso os grandes santos ela é poca, São Zózimo e Sa nto Agos tinho. Su ce de u a São Celestino I no Sólio Pontifíc io, dedi ca nd o-se a extirpar e m sua raiz novas he res ias qu e germina va m na Ig rej a, be m como peri gosas in ovações que surgiam a cada di a.

29 Sant,o l•:uslásio, Confessor

+ França, 629. Educado por

30 São Régulo, Confessor

+ França, séc. III. "B ispo de Se nlis, foi, juntamente co m São Dionísio de Paris e São L uc iano de Beauvais, um cio prime iros evangeli zadores da Gáli a" (do M arti rológio Roma no).

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Süo Benjamim , MÍlrtir

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São \Vulírano. Bispo e Confessor

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SanLa Florentina, Virgem

+ França, 703. Foi nomeado

+ Cartagena, 633. Irmã do ho-

para a Sé de Sens enqu anto seu ti tular, Santo Amatus, estava. ainda vivo. Mas res ignou

mem mais notável da Espanha de então, São Leandro de Se-

Sao Teodoro e Compa11heiros. MÍlrtircs

+ Líbi a, séc. IV. Esses 43 cri stãos, vindos d Oriente, sofre-

Se rá ce lebra d a pe lo Revmo. Padre Dav id Fra nc isq ui ni, nos seg uin tes inte nções: • Pe los méritos da An unciação do Anjo e da Enca rnação do Verbo no seio puríssimo da Vi rgem Ma ria - festa ce lebrada no di a 25 deste mês - , que Nosso Senhor Jesus Cristo co nceda ab und a ntes graças para a boa formação mora l e re ligiosa das cria nças. • Q ue o glo rioso São José, proteto r da Sag ra da Fo mília , prote ja as fa mílias católicas e ouxilie de modo especio l as famíli as dos leitores de Cato licismo.

seu tio, São Mi eto, Bispo ele Langres. Entrou para o moste iro ele Lu xeuil , fundado por São Co lumbano, a quem sucedeu como abade. Vo ltando a Luxeuil, estabeleceu o Ofíc io perpétuo.

J\nunciação do J\11jo e Encarnaç/'.io cio \ crbo ele Deus

(Vide p. 42)

Intenções para a Santa Missa em março

+ Pérsia, 422. Preso po r faze r proseli tismo entre os magos e os acloracl res do fogo, fo i posto em li berdade. De novo a pri s io nado e co nju rado a apostatar, fo i e mpala.ci o por ódi o à fé.

Intenções para a Santa Missa em abril • Pe di ndo as g raças pró prias do tempo litúrgico da Q ua resma para os leito res de Catolicismo . E que estes correspondam inteiramente o e las, pelos méritos infi nitos da Pa ixão, Mo rte e Ressurreição de Nosso Se nho r Jesus Cristo. Em repa ração ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imacu lado Coração de Ma ria, devido aos pecados cometidos nos dios de devassidão e imora lidade do Carnava l.

M


Formando jovens para o futuro da Cristandade

Religiosos, fazeis falta à sociedade

II Simpósio Universitário de Formação Católica, realizado por "Tradición y Acción por un Peru Mayor", de 7 a 13 de janeiro

Ü s votos de obediência, pobreza e castidade dos religiosos podem influenciar a fundo e de modo benéfico a sociedade civil

último, em histórico mosteiro franciscano do século XVII li

A LEJANDRO EZCURRA N AóN

Correspondente - Peru CID ALENCASTRO

a soc iedade humana, o com um dos homens deve casar-se, ter filhos, e ass im cumprir o mandamento "crescei e rnultiplicai-vos, enchei a Terra e submelei-a" (Gen. 1, 28). Em que pese a op ini ão co ntrária de certos ecologistas fanáti cos, isso é ass im . Também deve o homem procurar melhorar suas condi ções de vida materiais, para sua fe li cidade, de sua esposa e filhos. Sempre de modo razoáve l, ord enado e sem fren es is, mas é bom que o faça. A s duas afi rm ações acima sempre fi zeram parte da idéia de família bem co nst ituída, qu e um cató li co deve ter. É o

b -a-bá . Obstáculos à 11ormali<lacle Entretanto, isto que poderíamos chamar de normalidade em matéri a fam ili ar encontra, ao longo da ex istência cios homens, diversos obstáculos para sua rea li zação. Tratarei aqu i ele doi s desses obstáculos que, por sua relevância, merecem ser citados à parte. E mostrarei também o modo genial como a I greja soube apoi ar a fraqueza cios fracos. Esses ob táculos nascem ela própria raiz ele pecado que ex iste na natureza humana decaída . Refiro-m e à sensualidade e à cob iça. Pela sensualidade, a tendência tanto do homem quanto ela mulher é ele não se submeterem às leis santas cio matrimônio, mas tran sbordarem para todo tipo ele deriv ativos proibidos pela Lei ele Deus. Daí nascem o ad ultério, o divórcio, o concubinato, o aborto e tudo o mai s. Pela cobiça , o desenvolvimento reto e temperante ela fo rtuna pode tran sformar-se em ânsia te novos ben e ele t ocler. Daí emergem os roubos , as rapinas, os negóc ios escuso. , as traições e tantas outras fo rm as ele apego delirante ao dinheiro.

Remédio social Para vencer essas más tendências, a Igreja nos põe à di sposição não só remédios ele índole incli vicl ual, co mo a oração, a penitência, os sacram entos, mas E la engendrou também um

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CATOLICISMO

remédio in substituível ele índole soc ial. Esse remédio cons istiu na formação elas ord ens reli giosas, com seus votos ele pobreza, obedi ência e castidade. De que forma os votos dos reli giosos aj udam o ca sa l a manter-se unido na fidelidade conjugal? E incentivam os homens, em geral , a não viol ar a honestidade em seus negóc ios? É simples. Saber que homens e mulheres fi zeram um sacri fício tão grande, que renunciaram não só ao ilícito (pecado cont.ra a cas tidade), mas também ao lícito (uni ão matrimoni al), para se dedicarem a D eus, constitui um incentivo cio maior peso para qu casai s cio mundo todo sintam forças e bri o para cumprirem as obrigações ele seu estado, que ex igem menos renúncia cio que o cio. religiosos. Em outros termos, se aq ueles puderam o mais, por que não poderei eu o menos? O mes mo se ap lica à luta contra a ambição. Se alguns se obri garam por voto a não ter propri edade ele qualquer espéc ie e a se submeter em tudo à vontade de um superior, quem sou eu para não me manter dentro das vias da honestidade, cio comecli mento, usufruindo ele modo temperante os bens que possuo e obedece ndo razoavelmente a todo aq uele que a algum título é meu superi or (pa i, professor, chefe ele serviço, pessoa ele maior cons ideração)?

Um apoio que cai É claro que não se trata de reduzir as ordens reli giosas à mera função ele remédio elas fa míli as. Elas têm outras finali clacles muito altas. M as essa, ele ser apo io, elas a têm também ele modo insigne, sendo um ele seus títulos ele glóri a. I sto tudo nos fornece algun s elementos para anali sa rm os a mi séria moral cios dias que co rrem. A decadência notó ri a ele tantas ord ens reli giosas, o aba ndono cios votos, os escândalos qu e se multiplicam têm sua repe rcussão direta na soc iedade civil. E constitui um dos fatores cio des membramento das fam ílias e cio progresso el a im ora liclacle. Não co mo ca usa úni ca, mas co mo fa lta ele um apoio às famíl ias, da maior im portância. Foi o que aprendi nas li ções do incomparável mestre Plí nio Corrêa ele Oliveira. A ele reverta a glória desse ensinamento. • E-mail do autor: c idalcncas1ro @ca1oli cismo.com.br

Lima - Apesar ele seu avanço aparentemente avassalador, a Revolução Cultural neomarxi sta que corrói o Ocidente tropeça em obstácul os inesperados e cada vez mais difíceis ele contornar. Talvez o mai s crucial deles sej a o fato ele uma parte signifi cativa do público jovem principal alvo estratég ico dessa revolução - mostrar-se clesiluclido em relação a ela; muitos até lhe dão a cos tas e seguem outros rumos, adotando posições cada vez mais conservadoras em matéri a ele reli gião, famíli a, mora l, manifestações cu lturai s, etc. Prova desse fenômeno são as multi dões juveni s qu e, em núm ero sempre crescente, marcham cada ano contra o aborto nos EUA ou manifestam abertamente sua ré nos grand es sa ntu ári os m ari anos cio mundo , co mo Fát im a, Lourdes , Guadalupe, etc. Essas multi dões dão testemunho ele que definitivamente algo está indo mal para essa revolução corruptora e d gradante. Entre os que assim se " desconectam" da onda revolucionária, muitos são os que se voltam com avidez e csp rança em direção ao pólo oposto, o idea l católi o autêntico e pleno: "Instaurar Iodas as coisas em Cristo" (Ef 1, 10), que é prcci. amente a meta da Contra-Revolução. Expressiva demon stração dessa ten dência foi o li Simpósio Universitário de Forma ção Cató lica , promovido cm C uzco pela A ss oc i ação Tradición y Acción por un Peru Mayor, ele 7 a 13 de janeiro último, reunindo dezenas de e tudantes oriund os das principai s cidades do Peru (L im a, Arequ ip a, Cuzco e

Trujillo), bem como ela Argentina, Brasi l, Chile, Colômbi a e EUA. Servi u ele cenário para o evento um antigo mosteiro franciscano do sécul o XVII, loca lizado no mítico Yale Sagrado dos Incas, hoje convertido em excelente hotel. Uma répli ca ela im agem peregrina intern acional de Nossa Senhora de Fátima presidiu os estudos, que compree n-

dera m três bl ocos de temas: formação doutrinári a e moral católi ca; amll ise da rea lidade contemporânea à lu z cio ensa io Revolução e Contra- Revolução, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira; e teoria e prática do apostolado universitári o. O programa incluiu ainda vi sitas culturais aos ad miráveis monumentos da civili zação cristã ex istentes na imperi al cidade ele

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Participantes do simpósio na frente da catedra l de Cuzco

Cuzco e adj acênc ias, alé m d~ jogos e números artísticos. A prese nça de um di g no sacerdote permitiu que os estudan tes pudessem ass istir à santa Mi ssa diári a e receber os sacramentos, tendo vári os deles também recebido o Escapul ário da Virgem do Carmo. A av idez em conhecer melhor a doutrina da Igreja e possuir uma visão clara da realidade presente, junto com o profundo contentamento por compartilhar com tantos jovens os mesmos ideais, fo i a nota dominante desses inesquecíveis dias. Para reafirmar sua militância católica e encerrar o encontro, os jovens paiticiparam ele uma campanha de venda da rev ista

"Flashes" do simpósio James Bascom (Estados Unidos): "A irnpressão que me deixou o encontro foi de admiração pela vocação do Peru e da América Latina em geral. Caso esta assuma o desafio de enfrentar com firmeza a pressão revolucionária que visa despojá-la de sua identidade católica, terá àfrente um grande e gloriosofitturo".

Pablo Ignacio Mignone (Argentina): " O simpósio trouxe u,n ar de esperança e mostrou que a juventude católica, rnovida pela graça de Deus e pela Virgem Maria, tem o poder de contrapor-se à Revolução, a exemplo do saudoso D1: Plínio Co o -êa de Oliveira e de seus verdadeiros continuadores".

Os participantes assistem com atenção a uma das conferências

Tradición y Accwn no centro ele Cuzco, com grande receptividade, a ponto de se esgotarem todos os exemplai·es. Em seguida, um grupo de peruai1os e chilenos iniciou uma "cai·avana" ele difusão católica pela região sul do Peru , que chegou até Puno, junto do lendário lago Titicaca, na fro nteira com a Bolívia, e terminando na _cidade ele Arica, no extremo noite do Chile. O simpós io alcançou plenamente seu objetivo: motivar os j ovens a empreenCampanha pós - simpósio nas ruas de Cuzco

der açõe concretas e m defesa dos va lore da C ivili zação Cri stã, convertendoos ass im em herdeiros do porvir - para utili za r um a fel iz expressão do P rof. Plinio Corrêa de Olive ira - , ou seja, os que contribuem para preparar um futuro de grandeza cató lica e mariana, em harmo ni a com a esplêndida vocação cio Peru em toda a Améri ca ibérica. • E-mail para

lgnacio Silva Galdames (Chile): "As conf erências fortaleceram. ,ninhas convicções católicas, especialmente sobre a necessidade de defender a Igreja, a devoção a Nossa Senhora e a fidelidade ao Papado".

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Santiago Escobar Camargo (Colômbia): "Nestes dias tão desoladores, nada mais importante e grat(ficante do que encontrar j ovens católicos de diversos países, dispostos a levantar o estandarte dos princípios morais e tradicionais, com um compromisso firme e desinteressado de nos opormos à Revolução Cultural que quer nos arrastar para o abismo. E nada melhor do que os ensinarnentos do Dr. Plínio para fo,jannos uma aliança com Nossa Senhora, a fim de reviver o espírito católico e fa zê-lo triurifar ". Diego Gavonel Gamero (Peru): "Esta experiência ajudou-me a refletir sobre a atilude que todos os católicos devemos ter, de estarmos sempre dispostos a intervir em defesa e apoio da Santa Igreja Católica e dos valores morais perenes. Tambérn pude refletir sobre a terrível situação do mundo atual e a importância de não ser ind(f'erente ".

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CATOLIC ISM O

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E ssa é a convicção dos membros, correspondentes e simpatizantes da TFP norte-americana que participaram da 34ª Marcha Anual contra o aborto, que reuniu em Washington mais de 150 mil pessoas

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Imaculado Comçlio 1ri111(/c1rá ".

l l FLÁVIO M ATIHARA revi amente à tradicional e célebre M archa Pro-Life, ocorrid a neste ano a 22 de j aneiro, a TFP norteamericana organi zou uma conferência em seu Bureau ele Washington. O palesb·ante, Sr. John Horvat, vice- pres idente ela entidade, estimul ou os participantes a não se contentarem com a derrota ela lei cio aborto - lei assas ·ina que j á ceifou milhões ele vicias inocentes - , mas irem além no

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CATOLICI SMO

combate à Revolução Cu/lura/, ela qual o aborto não é senão uma faceta. Como resultado ela persistência cios anti -aborti. tas - desde 1973, quando a iníqua " l ei ele H erodes" fo i incorporada pela Corte Suprema, através ela fatídi ca decisão Roe x Wade -, o aborto nos EUA

Este ano, a impressionante manifestação popular contra o abo1to pareceu adensarse ainda mais em relação aos anos anteri ores, não somente quanto ao entu ias mo, mas também quanto ao número: mais d 150 mil pessoa. . O dirigente ela fa nfarra San/os Coms Angélicos (l'oto 1), ela TFI norte-americana, Gregory E.·caro, comentou que nos anos anteriore , ao cabo ele ci nco ou seis mú sicas, j á hav iam I assado li ante da fanfarra to los os péuticipantes da M archa; este ano, contudo, já estavam na nona execução, e conlinuava a passar gente! Fonte vi va cio que ele ma is contní ri o possa ex istir contra o aborto, é N ossa Senhora, que deu à luz Aq uele que disse ele Si : "Eu sou o ca111inho, a verdade e a vida". Po is b 111 , uma image m ele N ossa Senhora ele Pál ima, cuj as pro féticas advertências na ova ela Iria cumprirão 90 anos em maio, esteve presente à mani festação, conduzida num andor por membros ela TFI norl e-ameri cana em traj es ele ga l a ( foto 2 ). Aque l a im age m com pendi ava os 111 ' lhores anseios de vi tóri a dos que ali s ncontravam; vitóri a não só contra o aborto, mas contra todos os erros cuj a cl errola Ela profetizou em Fá tim a, ao di z r : " Por fim, o m.eu

não tem feito senão regredir. Em muito Estados ex iste uma só clínica onde esse cri me é praticado, enquanto em 90% dos condados (regiões em que se dividem os estados) tais clínicas sim pl es mente não existem. N os lugares onde existem, estão fadadas a paulatinamente desaparecer.

Ao lado das insígnias multicolores de diversos movimentos, d 'Slacavam-se altaneiros seis grandes eslandarte. rubros da TFP norte-americana, 1' ndo ao centro o heráldico leão rompante dourado, a proclamar os ideais perenes cl qu , é símbolo. Denb·e os muitos religiosos que participaram da Marcha Pro-Lif"c!, ·umpre ressaltar a presença de S. Excia. Rcvma. D. Eugenij us Bartu lis (foto 3), B ispocaslrense da L ituânia, que viajou aos EUA csp cialmente para essa fina lidade. Havia ainda delegações ela A I 'manha, França, África ci o Sul e A ustráli a, 'n tre outros países, pois, sendo o abort o uma pl ata forma que os próceres da Revo/11çüo Cul!ura / querem levar ad iante em nív ,1 mundial, cumpre er combatido tamb <m nesse mesmo nível. Dentre os represen tantes brasil eiros, cles tacou-s' S.A .I.R. Dom Bertrand d , Orl eans e Bragança, que apesru· de sua ap rtada agencia nos EUA, não poderia furtarse ao que é dcv ' r de um príncipe: estar sempre presente na linha de frente. • E- mail cio aulor: ll1t1il llliil(ol q 1olicis1110.co111.br

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eu pedido!

"Arte contemporânea" desmascarada em Paris 1

, T uiz Marinho Villac Cônego Jose -~

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'l FP francesa promove concorrido debate sobre a denominada "arte contemporânea", com a escritora Christine Sourgins, conferencista do Louvre À esq ., a historiadora da arte e ensaísta Christine Sourgins □ M ARCELO D UFAUR

Paris - Na cidade ela lu z, ela proporção e ela beleza, a ag ressã o ela " arte contemporâ nea", toda feit a ele tre vas, estridências e horror, é objeto ele uma apaixonada contrové rs ia e ele uma recusa nos melhores ambientes. A conferê nci a ela historiadora ela arte e e nsaísta Chri stine Sourg ins, sobre " A arte conte mporânea face à arte", na sede ela TFP fra ncesa, foi prova disso. A inci siva e substanciosa palestra cativou o público, que se apinhou até no último ce ntímetro cio local para ouvir a conferenci sta . Com cha rme e inte ligência, ela desmontou a "arte conte mporâ nea" e nquanto e xpressão cios males ele nossa é poca e eco nauseabundo cio demônio. Que m, no mome nto ela conferê ncia, ing ressasse naquela sede, poderi a imaginar-se a bordo ele um vôo s uperlotado ele Ryanair. Até o fotó grafo pe nou pa ra tirar um a imagem que desse idéia cio núme ro ele pessoas presentes e m sal as, corredores e a té atrás ela confe re nc ista. Ao fin al, o púb lico e m geral , especialmente os jove ns, a inda detive ram Mlle . Sourg ins por mais ele uma hora, pa ra dedi cató rias. A espec ia lista na Histó ri a el a Arte j á é conhec ida cios leitores ele Catolicismo através ele artigo cio re nomado engenheiro paulista Aclolpho Lincle nbe rg [edição ele j aneiro/ 2006] . E la desfez miragens ela moela e mitos ela mídia sobre essa escol a niili sta cio anti -belo. O que há por trás ela concepção ele um prédio como o Centre Beaubourg, de votado à arte moderna e contemporânea? Ele ex ibe ag ress iva mente seus e ncana me ntos, como um corpo virado ao avesso que mostra suas e ntranhas. Na perspectiva ela "arte conte mporânea", trata-se ele uma imagem incomp le ta ele um mundo inve rtido, sem De us ne m regra, porta nto se m be leza, mas afinad o com o caos hedi ondo cios abi smos infernais. A verdadeira arte, o bom gosto e a tradição francesa re pe le m tai s to rpezas. As fai scantes pe rguntas cio auditório e a respostas ela confere ncista pate ntearam o qua nto a Revolução Cultural - ela qual a "arte conte mporâ nea" é um mero agente - está longe ele ter co nquistado pari sienses que amam esta magnífi ca capital ela cultura e ela civi lização ocidental e cr istã.•

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136 pgs. l 4x2 1 cm

Atendendo ao desejo de assjnantes e amigos de Catolicismo, oferecemos ao público a presente coletânea de aitigos, que contém respostas apresentadas pelo Revmo. Cônego José Luiz Marinho Villac às mais variadas questões propostas por leitores dessa revista. Catolicismo é uma publicação de cultura com 55 anos de vida, tendo sido inspirada pelo insigne pensador católico e valoroso homem de ação Plínio Corrêa de Oliveira, falecido em 1995. Uma das seções mais característica da revista é "A Palavra do Sacerdote". Encarrega-se de escrevê-la há 10 anos o Sr. Cônego José Luiz, clérigo ilustre que, desde sua ordenação sacerdotal ocorrida em 1957, exerce edificante e profícuo ministério. Sua longa atuação apostólica conferiu-lhe lai·ga experiência como confessor e diretor de consciências. Razão pela qual é muito solicitado por fiéis desejosos de contar com uma segura orientação espiritual, em meio ao caos contemporâneo e à grave crise por que passa a Santa Igreja em nossos dias.

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CATOLICISMO

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A MBl ENTES C OSTUMES C IVILIZAÇÕ ES

Adenauer e Churchill Dois estadistas -

Duas personalidades -

Dois estilos de vida Pu N10 CoRR ÊA DE O uvE 1RA

P

odemos comparar K onrad Adenauer e Win ston Churchill, dotados de flu xos vitais muito di stintos. Adenauer era um homem constituído por duas modalidades de flu xo vital, que se compensavam. Até certo ponto era fri o, metódico, racional, esquemático, seco. M as, por outro lado, tinha uma vitalidade mediante a qual era supersensível, assustadiço, nervoso, irritadiço - um f elino ! E ele aprendeu a usar as duas modalidades alternati vamente, conforme as suas regularidades. Em seu lado seco-esquemático, era sempre igual a si mesmo. Como o ri o Am azona , que corre para o mar num mes mo leito, com todo o seu vo lu me. E ainda empurra o mar para longe. N o lado fe lino, era capaz ele praticar todas as gra ndezas, mas também todas as mi éri as. Altern ava horas de uma fo rça enorme com horas ele uma prostração incrível; horas ele abatimento, horas ele langor. É muito interes ante, anali sando A clenauer, observ ar o seguinte: ele decidiu que sua parte estática teri a preeminência sobre a parte fe lina. Mas poderi a ter resol vido o contrári o. Em conseqüência, poderi a ter sido um fac ín ora, um poeta ou um arti sta.

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Adenauer

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Churchill causa- me a impressão ele ter sido dotado ele uma personalidade imensamente mais vasta e ri ca do que A cl enauer. Ex istiam nele vári os Aclenauers. A ssim como, Chur hill por exemp lo, Ad enauer era do min ado pelo menc ionado binô mi o, C hurchill tinha um a multiplicidade de faceta em sua personalidade. Havia de tudo dentro dele. E com uma característica, medi ante a qual algo ele vulcânico o dominava, mas um vulcânico ordenado. Os vulcões ex plodiam nele ordenadamente, formando uma ceita sinfonia. Assim, por exemKc,rnrad Adcnaucr ( I K/ h 1% 7) plo, era dominado por momentos de cóleras, e cóleras magníficas. D epois, podia C hance ler a k:111 iio, r •s po11 ,1\v1• I 1wl11 11· ex perimentar ac ssos ele liri smo. Não daquele liri smo doentio cio Aclenauer, que co nstrução da A le111anl11t do p11, 11 < 1111•1 impele a pessoa a se trancar no quarto. Churchill, nos momentos líricos, fazia ra Mundia l. Govl.!rnou 11 /\ 11·11 111111 111 111·1 liri smo para outros e poderi a bater nas co tas dos circunstantes . Porque era den tal de 1949 a 1%'. bonachão e muito expansivo. Winston Churchill ( IK/,1 11)M) <k 11 pou v:írias v1:z ·s cnr)\o,, d1• 1111111 , 111 1 d,1 E ra tão grande de espírito, que poderi a ser comparado a um a mesa posta lng la1 crrn . 'l'r:insl'o n11ou ,v 111, , 11111111111 dn para todo mundo a qualquer hora, co m todos o · tipos ele iguari as. Servi a bandc Lcrminaçiio l.! rihr11 hrit 111,·11, !1111 111111• quetes espiritu ais, banquetes intelectuais, sendo sua mesa, em princípio, abera 11 Guerra Mundia l, L'llq1111 11l 11 11111111·1111 ta para todos. Poderi a igualmente recu.-ar alguns. E quando di ssesse não, era min istro . um não que - quase se diri a - excluiri a do uni verso a pessoa. Entretanto, noto nas fotos ele Churchill algo segundo o qual ele era pequeno. E le senti a-se desproporcionado ao tamanho de si mes mo. Esse foi o drama do Churchill. É um homem pequeno para a proporção do seu própri o gigantismo. E que, em horas d ' derrota, sofri a prostrações horríveis! Porque ele precisari a ter correspondido à graça de D us Iara atingir o tamanho ele si mesmo. Como não correspondeu à graça, fi cou pequeno para si m •smo. Se ti vesse correspondido à graça di vin a, seri a um grande sa nto e um dos maiores hom ·ns que a Hi stóri a reg istrari a. M as, infe li zmente, não fo i. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira, em 9 de agosto de 1974. Sem revisão do autor.



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UMARI

PUNI O CQRRÊA DE ÜUVEIRA

Abril de 2007

Nº 676

O Brasil só será

realmente cristão se for católico

86pode haver civilização autêntica na

medida cm que ela for católica. Um país que recuse o ensinamento da única e verdadeira Igreja, além de não cumprir sua missão, não atinge seu apogeu.

4

C/\R'I'/\ DO DIIU:TOI~ Manifestação contra o aborto em Lisboa

5

PArnN/\

7

L1,:1Tt 11~/\ Es.-11uTtJ/\1,

8

CommsPON1>1~:NCI/\

J2 A

MARI/\N/\

Nossa Senhom La Antigua (Panamá) Devoção à Santíssima Virgem - VI

R..:/\1,m/\DE C0Nc1s/\M1w1•1,;

14

NACIONAi,

16

INTm~NA<:ION/\L

Brnsil, côses e esperanças Referendo português: fraude a lavor do aborto

21

ENT1mv1sTA

26

CAP/\

38

Vm/\S 1n: S ANTOS

41

D1sc1<:RNINDO

44

SANTOS ..: F..:sTAS DO M1~:s

46 AçÃo 52

/-fá 1O anos, o Sto. Sudário foi salvo das chamas

Civilização por excelência é lilha da Igreja Católica Santo Isidoro de Sevilha

Da. Leopoldina e seu papel na uniclacle do Brasil

CoNTHA-Rlwoi .ucioNAmA

AMBnwn:s , Cos·1'UM1<:S, C1v11 .11.Açéms

BasÍlica Sta. Madalena de Vézelay - beleza da arquitetura medieval

Nossa Capa:

Visão da cidade de Salzburg (Áustria); no plano superior, castelo medieval. Fo10: Pau I Follcy

C /\IOI I l ~M

ABRIL 2007


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e

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração:

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Santa Maria La Antigua Padroeira do Panamá

A c ivili zação por excelê nc ia é filha da Ig reja ató li ca, po is não há c ivili zação plena sem a o rdem cristã, suste ntada na Lei ele Deus e a m1 arada I e la g raça divi na. Apesar de hi stori adores materialistas nega re m essa ve rei a 1 , e h bem conhecida pe los cató li cos autê nti cos. E ntre ta nto, mui tos a ind a não to maram co nhec im e nto ele que, neste in ício de sécul o XXI - reputado como da hiper-moderniclacle - , uma conceituada corre nte ele hi stori adores reconhece que sem a Ig reja Cató lica não have ri a c ivili zação oc idental. Até a lgum te mpo atrás, hi sto ri ado res que defe ndessem a Idade Média e ram considerados ultrapassados. Atua lme nte a s itu ação esté'í se inve rte ndo . Aque les que propug nam que a lclacle M éd ia fo i uma é poca ele tre vas estão se ndo apo ntados, a li ás com razão, como preconceituosos re trógrados ... Tantas são as comprovações cio es plendor e do a lto níve l c ultu ra l ating idos pel a c ivili zação medieva l, q ue hoj e soa ul trapassado re petir aq ue les c ha vões fo 1j aclos por hi storiadores anticatólicos: "Idade Média: noite de mil anos"; "o túnel da História", etc. E m nossos dias, g raças à referida corre nte ele hi storiadores, be m co mo a um a nova geração ele arqui tetos e c ie nti stas, a investigação moderna presta sua homenagem à é poca medie val e apo nta a Ig reja Cató li ca como a fo nte ela qual bro tou a civili zação por exce lê nc ia. É o que Catolicismo apre, e nta co mo matéri a princ ipa l lesta edição. Po r que e colhe mos s. e te ma para a pre, e nte ma té ri a ele ca pa? Adema is ele se e m1 e nh a r pe lo restabe lec ime nto ela verdade hi s tó ri ca, Catolicismo deseja ir a lé m. N ão basta o mero co nhec ime nto teó ri co. Atua mos em pro l cio resta be lec ime nto la ivili zação ri stã - hoj e e m ruín as, a tal ponto que quase não se pode conceitu á- la ma is co mo "c ri stã". Isto de vido ao processo revolu c iom'í ri o que há mai s ele c inco sécul os vem descri tian izanclo o mundo. Poder-se- ia até denominar a c ivili zação alua i co mo " neo pagã". O que rea lme nte a lm ejamos é a resta uração ela C ri sta ndade - uma c ivili zação a ute nti ca me nte cató li ca, a postó li ca, roma na - , o u seja, o Re in o ele C ris to na Terra. O que so me nte se co nc retiza rá com um a resta uração re li g iosa e mora l ela soc ied ade. Os que atu a m segundo esse idea l age m conforme a súpli ca cio Pai

Nosso: " Venha a nós o Vosso Reino, seja f eita a Vossa vontade, assirn na Terra como no Céu ". Desejo a todos uma boa leitura, es pec ialme nte ela referida maté ri a, c uj o conhec ime nto é ele a lta conve ni ê nc ia. Nesta mesma o rd em de idé ias, sug iro també m a lei tura ela vici a de Santo Isidoro ele Sev ilha (p. 38). Nos primórdios ela Idade M éd ia, e le, com sua doutrina e sa ntid ade, muito contribuiu para que a Crista ndade med ie va l fosse uma é poca ele g ló ria para a Santa Ig reja.

E m Jes us e Maria,

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA.

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PÁGINA MARIANA

Caro le ito r,

Diretor:

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T rata-se de imagem secular que está bem no centro de uma disputa em nossos dias. Diversos prelados reivindicam o direito de usar, como bispo titular, o nome dessa devoção mariana. 1111

VALDIS GRINSTE INS

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m gera l, as divergências hi stóricas nas quais e ntram questões relacio nadas com imagens ele N ossa Senhora são tranqüilas, pois pertencem ao domínio de po ucos es pec ia li stas, os quais debatem seus po ntos ele vista no sossego cios gab ine tes. São debates co me ntados e m publicações espec ia li zadas, que não a lcançam o gra nde público e não causam problemas nas re lações inte rn ac io nai s. M as este não é o caso ela padroe ira cio Panamá, N ossa Senhora de la An.ligua, que tem causado cons ideráveis dores de cabeça a ma is ele um diplomata vaticano, e fo i até há pouco um tema que a pa ixo nava a op ini ão pública desse país ce ntroa me ri cano. O que levo u, em concreto, a que a im age m fosse proclamada padroeira cio país, a fim de e ncerra r uma po lê mi ca petição. Para e ntender o problema, te remos de esc larecer pre viamente certos costumes ela Igreja .

/Jispos titula1·cs e diocesanos

À Hi era rqu ia da Ig rej a cató li ca pertencem os bispos d iocesa nos, os coadjuto re s e os t it ul ares . O diocesano te m a seu cargo uma certa diocese, ex istente hoje e m dia e m dete rminado lugar. Por exe mpl o, poderá se r bispo de Taubaté, no estado de S ã o Pa ul o. B ispo coadjuto r é o ass istente de um bispo diocesa no, porta nto seu auxili ar nas ta refas apostólicas. B ispo titular é aquele que recebe o e ncargo de uma d iocese q ue ex istiu no passado, mas atua lme nte não ex iste mais. Por isso e le é "titul ar", te m o título ele bispo e efetivamente é bispo, mas não tem no momento nenhuma diocese concreta para gove rn a r.

Naturalme nte há difere nças de ho nra e ntre as dioceses titulares. Algumas era m muito im portantes, ligadas, po r exemplo, a no mes de santos famosos. E é sempre ma is atrae nte portar o no me de um a ntigo bispado carregado ele hi stóri a do que o de uma cidade po uco conhecida. Por exemplo, ser bi spo titular de Belém, a c idade o nde nasce u N osso Senhor, 1 ou ela hi stórica Cartago 2 no norte ela África. Isso é ma is interessante do que o utros no mes conhecidos só po r es pecia li stas o u por hi storiadores ec les iásticos. M a esses são nomes d os co ntine ntes as iático e a fri ca no. Para um bi spo a mericano, nada ma is prestig ioso qu e levar o nome d a primeira diocese estabelecida e m terra firme cio contine nte a me ricano. 3 E esta diocese é ju sta me nte a de Sa n.ta Maria La An.tigua dei Darién, no Pana má, cri ada pelo Papa Leão X e m 28-8- 151 3. Daí surg iu o pro bl e ma. A partir ele J987 , vários bi spos d a América e até da E uropa pediram para ser titula res dessa diocese , po is a lega m que a diocese desapareceu quando a população da c idade de San.ta Maria dei Darién. mudou-se e m l 519 para a atual c idade do Panamá. Isso é co ntestado com vigor pela a rquidiocese do Pa namá, que defende ser e la a continuadora desse bispado. 4 Portanto, segu ndo essa tese, não se trata ri a de uma diocese at ualm e nte inex iste nte, mas s im de uma diocese viva e m nossos dias. E ass im sendo, não deveria ser regida po r um bispo titular, mas s im por um bispo diocesano; no caso, o mesmo bispo da C idade do Pa na má. De fato, no Anuário Pontifício aparece a a rquidi ocese cio Panamá co m o continu ad ora d a diocese de San.ta Maria la Antigua. Acontece que um cios arg ume ntos dos que se opõem a que a diocese do Panamá sej a sucessora ela Antigua é que esta úl tima tinha co mo titular Nossa Senho ra de la An.tigua, e a cate-

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Devoção a Maria Santíssima - VI D amos seguimento à transcrição de trechos do livro Glórias de Maria,* de Santo Afonso Maria de Ligório, que trata da confiança que devemos ter em Nossa Senhora, ainda maior por ser Ela a nossa Mãe aria é nossa Mãe espiritual. Não é sem motivo e sem d ra l de Pana má te m como padroe ira Nossa Se nho ra da Assunção. E aqui e ntra a histó ri a d a image m e m questão.

Nossa Senhora de Ia Antigua A conqui sta es pa nho la da Amé ri ca começou nas ilhas do Mar do Caribe. Lá fora m estabe lecidas as prime iras c idades, as prime iras ig rejas, as orga ni zações pi o ne iras para control a r o no vo impé ri o. M as logo os es panhó is passaram a ex plo rar a c ha mada " terra firm e", o u seja, o contine nte ame ri cano propriame nte dito . E um dos locais prime irame nte e xpl o rado fo i a zo na de Darié n, que correspo nde à atua l reg ião do Pa namá fro nteiriça com a Colô mbia. O conqui stado r Vasco Nufíez de Ba lboa, juntame nte com Martín Fernandez de E nc iso, decidira m fund ar uma c idade, mas e ncontraram a o posição do cacique Cémaco e seus índios. Como vá ri os dos conquistadores e ra m da c idade de Sevilha, fi zeram uma promessa à Virgem de la Anligua, venerada na catedral dessa cidade espa nho la: se triun fas e m na batalha contra os índios, dari am à no va c idade o no me dessa devoção. E, de fa to, o cacique foi ve nc ido, e e m sete mbro de 15 1O os es panhó is fund aram a no va c idade e de ra m-lhe o no me lc Santa Maria la Antigua. A casa de pa lha do cacique fo i e levada à categori a de prime ira ig reja, e ne la colocada uma cópi a ela image m de La Antigua. A ex istê nc ia ele ta l cópi a e m o lo ameri cano se ex plica, po is o cape lão espa nho l encarregado ela capela o nde se encontra a imagem na catedra l de Sevilha costu mava dar cópi as de la para os chefes das e xpedições conqu istadoras que parti am daque la c idade espanho la rumo à Améri ca. A imagem o ri g inal te m 1,80 m de a ltura. Du ra nte 10 a nos a cid ade to rno u-se o centro pa ra nume rosas ex pedi ções, be m como fo i a prime ira sede d o bi spo local. Poste ri o rme nte, e m 1519, fo i fund ad a a c idade do Pana má po r Pedra ri as D avi la. E po r o rde m de le a po pulação de Santa Maria La Antigua de vi a mudar-se para a c idade do Pa na má . De fa to a po pul ação mudo u-se, levando todo seu gado e armas. Obvi a me nte, o bispo ta mbé m se tras lacl u para a nova c idade. A antiga c idade fi cou prati came nte deserta, te rmina ndo po r desa parecer quando os índi os a incendiaram e m 1524. Ora , aco nteceu que os ha bita ntes ela c idad e do Pa na má passa ram a cele brar a nua lme nte essa mudança com uma mis-

-CATOLICISMO

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sa de ação ele graças, ce le b rada no di a 15 ele agos to, fes ta da Assunção . O ponto histórico sobre o qual tanto debateram os histori adores é exata mente este. Para a lguns, trnta-se de nova di ocese, com nova pad roeira. Para a arquiclioce e do Panamá, o fato ele celebrar-se a festa da Assunção não exclui que a padroeira seja N ossa enhora de La Antigua. Mudo u a d ata, mas não a padroeira. E m todo caso, para soluc io nar definitiv a me nte a questão, a arq uidiocese dec idiu que no Cong resso E ucarísti co Nac iona l Maria no fosse dec la rada Nossa Senho ra de l a Antigua Pad roeira do P anamá. Efetiva me nte, no di a 9 ele setembro ele 2000, e la fo i proc la mad a pad roe ira do país, na presença do Arcebi s po José D imas Cede fí o, de todos os bi spos do pa ís e ele Mo nsenhor Carl os Ami go Va llej o, arcebis po de Sev ilha. Poste ri o rme nte, no ano ele 2003, para ce le bra r o cente nári o d a ind e pe ndê nc ia, fora m di s tribuídos e m to d o o país 100.000 rosári os com a image m d a padroeira. • E-mail do au tor: valdisgri nsteins@catolicismo.com br Notas: 1. A diocese titul ar de Be lém pode ser vista no sit e ht tp://www .catholich ierarch y .org/d i ocese/cl2b53. htm 1 2. http://www.cathol ic-h ierarchy .org/cl iocese/cl2c52. ht m l 3. E não a primeira na América, pois a d iocese de São Domi ngos, na atu al Repú bli ca Dom ini ca na, fo i estabelec ida em 15 11 . Ta l repúb lica está situ ada no territóri o ele uma ilha, no qual se inc lui tamb m a Repúb l ica cio Hai ti . 4. hl.lp://www .oe i.org.co/s ii/entrega l 2/a rt 07. ht m

boa razão que os servos ele M a ri a a c ha ma m ele mãe. Parece até que não sabe m invocá- la com outro no me, ne m se fartam de sempre lhe chamar ele mãe. S im, mãe porque é ve rd ade ira me nte nossa mãe, elas nossas a lmas e ela nossa salvação. O pecado, qua ndo privou a nossa a lma ela divina g raça, a privo u ta mbé m ela vida. Estáva mos, po is, mi seravelme nte mo rtos quando ve io Jesus, nosso Redento r, com excessiva miseri córdia e amo r, restituir-nos a vicia pe la sua morte na cru z. E le mesmo o decl a ro u: "Eu vim para elas (as ovelhas) terem a vida, e para a terem em maior abundância" (Jo ] O, J0). "Em maior abundância " po rque, di zem os teólogos, Jesus C risto, co m a Rede nção, tro uxe- nos ma io r be m cio que o mal que Adão nos causou com o seu pecado. Ass im, reco ncili a ndo-nos E le co m De us, se fez pa i d as a lmas na no va Le i da g raça, como j á esta va profe ti zado po r Isaías ao cha má-lo de " Pai do fu turo e príncipe da paz " (Is 9, 6). M as, se Jesus é pa i ele nossa a lmas, Mari a é a mãe. Po is, e m nos d ando Jesus, de u-nos E la a verd adeira vida . E m seguida proporc io no u-nos a vicia da divina g raça, qua nd o ofe receu no Ca lvári o a vicia do Filho pe la nossa salvação. E m du as di fe re ntes ocas iões, po rta nto, to rn o u-se Mari a nossa mãe espiritual, como e nsinam os Santos Padres. Prime irame nte, q ua ndo me receu conceber no seu ve ntre virg ina l o Filho ele De us, confor me di z Santo Albe rto M ag no. E, ma is di stinta me nte, nos ad verte São Bern ardin o ele Sena com as palavras : "Quando a Santíssima Virgem. deu à anunciação do

A,~jo seu consentimento, pediu a Deus vigorosissimamente a nossa salvação [.. .] ".

Altar de Nosso Senhora, catedral de Barcelona (Espanha)

Fa la ndo do nasc ime nto ci o Sa lvador, di z São Lucas que Ma ri a de u à lu z o seu Filho primogê ni to (Lc 2, 7). Logo, o bserva certo auto r, se o Evangelista afirm a que e ntão a Virge m deu à lu z o primogêni to, deve-se supo r que depo is te ve o utros fi lhos? Mas é ele fé, co ntinua o mesmo a utor, que Maria não teve o utros filh os carn a is a lém ele Jesus. Deve, por conseguinte, ser mãe de filh os esp iritua is, e esses somos todos nós. Isto mes mo revelou o Senho r a Santa Gertrudes [... J. A legra i-vos, porta nto, todos os q ue so is filhos ele Ma ri a. Sabe i que Ela ace ita po r filh os seus qua ntos o q ue re m ser. Ex ulta i! Como te me r po r vossa sa lvação, tendo esta mãe que vos defende e protege? A firm a São Boaventura: Todo aque le

que ama essa boa mãe, e e m seu patrocíni o confi a, de ve reani mar-se e di ze r: "Que temes, minha al,na ? Não; não temas,

porque a tua causa não se perderá. Pois a sentença está na mão de Jesus, que é teu irmão, e na de Maria, que é tua mãe!" A este res pe ito excl a ma c he io ele a legri a e nos anima Santo A nselmo : "Ó bem-aventurada co,~fiança, 6 seguro refúgio! A mcie de Deus é minha mãe! Que certeza tem a nossa espercm-

ça, já que nossa salvação depende da sentença de um irmão tão bom, e de uma tão compassiva mãe!" •

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San to A fo nso M ari a ele Li góri o, G /6 rias de Ma ria , Ed ito ra Vo zes, Petrópo li s, 1957 , pp. 23 e ss.

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prime iros a merecê-las seriam os ditos teólogos da libertação. E se estes já existissem na é poca de C risto, E le necessitaria de muito mais chicotes ... Ta mbé m se os esquerdi stas - cató licos ou não cató licos - que inferni zam o Brasil existissem naque la época, seriam duramente chicoteados ... (A.G.J. - SP)

Combatendo a visão estreita

Lobo disfarçado de cordeiro 181 Gostei enormemente do trabalho do Dr. Plínio mostrando esse lad o "le ão" de Nosso Senhor Jesus C ri sto. Sinceramente, não me satisfazia m muito essas pregações que mostra m ape nas o lado "corde iro" d 'Ele. Tem padres por aí que só pregam das coisas te rre nas, questões soc ia is, tipo assim desses incita me ntos dos pobres contra os ricos. E te m pad res que ó pregam o ta l lad o "cord e iro". M as po ucos são a qu e les q ue m os tra m Nosso Se nhor e m todos os seus lados, como está muito be m apresentado no artigo princ ipa l do mês passado [março]. Parabé ns ! Essa apresentação descobre os lobos fantasiados com as pe las de corde irinhos. (D.M.N.O. - ES)

llip6critas e raça de víboras Cristo não ve io à Terra somente para d istribuir pão, como aquele pessoal da teologia d a libertação fi ca berrando po r aí. E le veio trazer o santo ensinamento do E vangelho e ve io trazer também suas chicotadas contra os que rebe lavam o povo judeu contra esse e nsinamento. Contra os " hi p critas", contra a "raça de víboras", segundo fala São M ateus dirig indo-se ao fariseu . Ah, como faze m fal ta, nes e nossos te mpos, as c hicotadas ! Acho que os

-CATOLICISMO

181 Já li quase todo os artigos Ide março], e ac he i todos ncantadores. N a imprensa diá ria não e ncontra mos ne m sombra di sso, po i publi ca m apenas futilidade , e quando aparece um tema importante, o tratam superficialme nte. Do artigo da rev ista Catolicismo trata ndo da bondade e ela combatividade d o Di v in o M est re, fa re mos um a re leitura meditada em duas reuniões, já marcadas nos di as da Se mana Sa nta. Pedimos vossas o rações para que o Senhor nos abençoe nessa reunião, que é muito importante para nos mantermos na vi são integral de nosso Salvador. Acho que, se não levarmos em conta o quanto Ele fo i um lutador contra o mal, poderíamos ficar com uma colocação unilateral d 'Ele. E u particul arme nte aprecie i mui to o tema: N osso Se nhor ado ráve l e m todos seus aspectos , quer na sua mansidão, que r na sua luta contra o ma l. N a sua bondade para com os seus fi lhos (os "filh os da Luz" ), mas també m na conde nação dos "filh os das tre vas". Rezemos para que os partic ipantes d a reunião ta mbé m apreciem essa vi são to ta l e completa d o te ma. M as sei que não será fácil , po is a colocação unil ateral pre valece aqui nos nossos me ios, que não tê m uma focalização inte ira de N osso Se nho r. Um santo pe río d o qua res ma l e uma santa Páscoa para todos . (B.N.N. - RJ)

Astúcia e inocência Para q u o católicos po. am segui r sem restrições os pas. os de n sso

Divino Redentor, sendo como E le recome ndo u que fosse m seus di scípulos, o capítulo do livro de Plinio Corrêa de Olive ira que vocês publicaram é LO. Se m esse ponto de vista, jamais compreendere mos c laramente a virtude da fo rta leza, "a astúc ia ela serpente" (confo rme o E vangelho). Os católicos não po d e m fi ca r só co m a m a rca d a po mbinha da paz. À vezes é preciso ser astu to como dera m-no. in úmeros exemplo os sa ntos, s m fa lar de Nosso Senho r. Estou le ndo o bre o nos o n vo santo bras ileiro, o F re i Galvão, e a sua vida tem muitos exemplos di sso. Queria di zer que esto u recomendando a le itw:a do referido capítulo, e també m a le itura sobre o que vocês publicaran1 sobre São José, um grande exemplo para todos nós, e que festejare mos no dia 19 de março. Fique i E XTASIADO por São José ! Meu apego a e le aumento u muito, e por isso esto u recome ndando essa le itura. (G.N.H. - SP)

Linguagem "sim, sim; não não" 181 Realmente temos visto muitas descri ções de Cristo feitas por pessoas cao lhas. Pessoas que O vêem ape nas com um olho. Um olho aberto para as coisas de caridade, de mansidão, de misericórdia, etc.; e o o utro fechado para a luta, a energia, a justiça, etc. Até parece que essas pessoas lêem a Bíbli a sem as páginas que descrevem essas quali dades do Filho de De us. Rasgaram as páginas sobre castigos e admoestações e de ixaram apenas aquelas mais agradáveis sobre bo ndade, compaixão e perdão. Precisamos ver também que E le enviou castigo aos pecadores, e isso por bondade, para evitar que outros també m seguissem nas vias do pecado. O que o Prof. Plinio Corrêa de Olive ira chama mais a atenção no seu ait igo é justamente esse "Cristo não veio à terra para propugnar a impunidade sistemática em relação ao mal ". Achei ótima essa tese: " omo Ele, procuremos ser igualmente humildes e altivos, pa{jicos , en 1 rgi ·os, mansos e fortes, pa ·i •nte.1· e s,v ros. Não optemos en-

tre umas ou outras dessas virLudes; a perfeição consiste em imita r Nosso Senhor na plenitude de seus adoráveis aspectos morais". Ótima a ling uagem, fo rte e corajosa ! É isso que precisamos e que re mos. Estamos em panturrados da ling uagem e m voga: adocicada, sentimental e medíocre. (E.C.N. -

PE)

Anjinho... exterminador

Nota da redação: N a entre vista que publicamos na edição anterio r (Estatuto do Desarman·1.ento é inconstitucional, pp. 19 a 21), ocorre u um lapso: a 4ª pe rgunta que fi zemos ao Dr. Ronalcl Bicca (preside nte ela Associação Nacional dos Procuradores de Estado - ANAPE) fi cou com a resposta incompleta. Sendo ass im, abaixo segue o complemento que não fi g urou na resposta publicada na edição de mai-ço/07.

Se Pinoche t não tives e mo rrido natu ra lme nte, mas tivesse sido e nfo rcado como o Sadda m Hussein, com certeza não se te ri a trombe teado pe la mídia ta nta indig nação contra a cond e nação cio "a njinh o" o pressor d o povo iraq ui a no. M as se Pinochet ti vesse s ido conde nado à fo rca, com toda certeza to dos os re pe tido res de m ídia pa pagaia ri a m : " Be m fe ito . O ditado r c hil e no teve o fim que me rec ia, e a inda fo i po uco !". As grotescas o rga ni zações de defe nsores dos "direitos huma nos" censurari am a conde nação de Pinochet, co m o o fi ze ra m e m re lação a Saddam ? Com toda certeza, e u respo nde ria que para e les Pinoche t não tinha ne nhum "dire ito humano", por não ter respe itado os "dire itos humanos" de seus conc idadãos . M as me perg unto : O ex-di tador do Iraque os res pe ito u? Ou e le fo i o "anjinho" que "ape nas" orde no u a chacina, por me io de a rmas quími cas, de cente nas de fa míli as c urdas? E a ONU ? Pediria a suspensão ela pe na de e nfo rca me nto para Pinochet, como o fez para Sadda m ? T a m bém certa me nte não. Pe lo contrário, manda ri a p ublicar uma nota esc larecendo que e la não pode ri a interferir na sobe ra ni a d as nações. M as intro mete r-se na soberani a d o Iraqu e, c uj o go ve rn o jul gou e conde no u Sadda m à fo rca, isto pode. Pode para aque les que não tê m um pingo de lógica na cabeça, o u tê m a " massa c in ze nta" po luída pe la contrad ição. (D.S.R. - RS)

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4ª pergunta - O Estatuto do Desarmamento completou três anos. O objetivo do governo era, com a aprovação do desarmamento dos homens honestos, diminuir a criminalidade no Brasil. O Sr. acredita que ocorreu tal diminuição? Prof Ronald Bicca - A criminalidade não diminuiu, muito pe lo contrário, aumentou a paitir da aprovação, e m dezembro de 2003, do Estatuto do Desarmamento. O que é lógico, pois, uma vez que os homens de bem entregai·arn suas ai·mas, e os bandidos não as entregai·am , estes fi cai·am mais audaciosos sabendo que poderiam "ag ir" sem e ncontrai· resistênc ia por p,ute dos cidadãos. Recente mente, o lnstituto GPP rea li zo u um a pesqui sa na ca pita l flumine nse - nos dias IOe 11 de março - , e esta revelou que, segundo os pesquisados, a violênc ia no Estado do Ri o aume nto u. 82% cios consultados consideram que a violência está aumentando; 13% acham que a situação manté m-se ina lte rada; e 3% apenas, que diminuiu E ntretanto, fa ltam-nos dados estatísticos ofi c iais pai·a compro vação. No Bras il deveríamos encontrar no Ministério da Justiça dados ma is confiáveis. Fui procurai· no site daquele Ministéri o e encontrei um documento sobre o "Pe,:fi.l das Vítimas e Ag ressores das ocorrências registradas pelas polícias civis" Ua neiro de 2004 a dezembro de 2005 - http://www.mj .gov.br/senasp/ estatisticas/pe rfil %20das%20vitimas%20e%20agressores.pdf ). N a página 12, há um quadro estatís-

tico sobre a distribuição das vítimas e infratores nas ocon-ências registradas pelas Po lícias C ivis, no Brasil, e a taxa por 100 mil habitantes em 2004 e 2005. Os números - que podem ser conferidos no link acima mencionado - são impressionai1tes ! Todavia, logo abaixo do quadro que já assusta, está dito: "São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul não enviaram informações para os dois anos analisados. Sergipe não enviou informações para 2005 e Santa Catarina não enviou info rmações para 2004 ". Ora, se nem o Ministério da Justiça tem os dados completos da Polícia Civil, sem contai· com os dados fornecidos pela Polícia Militai·, que m pode assegurai·, com base em estatísticas fundainentadas nos números oficiais, que o crime cresceu ou diminuiu no Brasil? Mas, se considerai"lllos o que vemos e m torno de nós, a julgai· pelo noticiário de cada dia, a criminalidade aumenta ass ustadoramente. A venda de ai·mas diminuiu enorme me nte e o crime à mão ai·mada aumento u. O Brasil inteiro está estaiTecido com a quantidade ele crimes, cada vez mais vi o lentos. Para recordar um que não pode mos esquecer nunca, lembre-se do pequeno carioca, o menino João Hélio, arrastado pelas ruas do Rio. Desai"lllaram os ho mens de bem, o bandidismo cresceu e os crimes tomaram-se ma is cruéis. Que a soc iedade está refé m do crime, é uma coi sa que salta aos o lhos. O mesmo aconteceu em pa íses onde se aprovai·am leis ele desai-mamento da população: o índice de criminalidade só aumentou. Para dai· um exemplo: na Austráli a, após aprovação da le i do desai·mamento da população, o crime aumentou 300%. Na Ing laterra també m foi aprovada uma le i seme lhante, e fo i " um tiro no pé". E m vez de diminuir a criminalidade, ela aume nto u. Por que o mesmo não aconteceria no Brasil ? Mas na Ing laterra, pelo menos, o governo britânico teve que volta r atrás. Agora aque le governo está permitindo que o c idadão tenha sua arma em casa pai·a defesa pessoal, para defender sua fa mília e propriedade.

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■ Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - Tenho 25 anos e me considero hoje um católico praticante. Fiquei com muitas dúvidas lendo a revista do mês de fevereiro, na seção A palavra do Sacerdote, na qual o senhor responde a uma pergunta sobre quais seriam as soluções para a paz entre as religiões. No final da sua explicação, o senhor fala muito forte sobre um simulacro de barro. Qual seria esse simulacro de barro, sacerdote? Se possível, gostaria de uma explicação. A paz de Jesus e o amor de Maria. Amém.

Resposta -

Quando escrevi a expressão "simulacro de barro" no fec ho do referid o artigo, pensei: "A lgué m nã vai entender essa expressão , e vou ter que exp licar". orno não hav ia mais espaço , por estar no final do arLi o, fiqu i espera ndo que ai 1 u m fi zesse a pergunla, para d ' pois indicar o sign ifi ·ado. ·, portanto , com muito oslo que o faço, poi s a dúvida levantada dá o as i, o para cx planaçõe ele muiia a1ua li cladc. 'om ccmos por reproduzir o final da referida matéria : "/\ pergunta sobre a 'paz '11/re os l"ligi6es' equivale a inda ga r sobre as so lu ções para 'paz ent r> as civilizações'. E a solução só pode ser uma: o retorno da hunw11.idade à prática dos Dez Mandamentos da Lei de Deus e preceitos de sua Santa Igreja do Deus verdadeiro, e não dos simulacros de barro oferecidos à adoração dos homens". Um simul acro, confo rme exp licam os dicionários, sig-

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CATOLICISMO

nifica, em sua acepção primeira, a imagem de uma divindade pagã, um ídolo. Como os ídolos eram muitas vezes feitos de barro, utilizei a expressão "simulacros de barro". A expressão é carregada de sentido. O barro é símbolo da fragilidade desses ídolos, por ser quebradiço. Como essas divindades pagãs são invenções humanas para cultuar os demônios, estão be m representadas por simulacros ele barro, que de per si mostram a inconsistência eles es seres que pretendem usurpar o lu gar de Deus, do Deus úni co e verdadeiro. A Sagrada scrilurn ·Iara ne se e nLido: "Todos os deuses dos gentios sc7o detnôn.ios" (Ps 9 , 5). Nã cl vemos , porlanto, adorá-los, porqu es1aríamc s cultuando aium demônio. Ma s, assim co mo Deus

tem os seus Mandamentos, os demôni os também pretendem impor aos home ns os seus princípi os de ação, os seus " mand a me ntos". Deve mos re pudi á- los. E aqui entra a atualidade do te ma: nos dias de hoje, os M andamentos da Lei ele Deus e de sua Santa Igreja não só são esq uecidos, menosprezados, como ca lcados ao.· p s. Como cató licos, d vemos ter a hombri Jade de umprir com altan ria os Man Iam ntos da Le i d us e ·o mbater de ·a beça rguid a s " mandame nl os" cios fal sos deuses que se di sfarçam em sim ula-ros ele barro. O demônio é um ser espiritu a l me nte disforme, fe io, horripilante. Se ele se apresentasse aos homens tal qual é, horrori zaria aq ueles que não lhe estão inteiramente entregues. Pois a entrega dos ho-

mens ao demônio pode ser efetiva e real, mas geralmente é progressiva, e não imediata e total. Só quando atinge este último estágio é que o home m deixa de se horripilar diante da pre ença do demônio. Daí a utiliclacle, para o demônio, cios simulacros de barro, que vela m algum tanto, diante dos o lho humanos, a deformidade do · espíritos malignos.

Os simulacros da mo<ler11i<laclc Os simulacros da Antigüi dade, bem como dos povos pagãos da atualidade, fei tos de barro, de pedra ou de qualquer outro material, pouca ou nenhuma atração exercem em geral sobre o home m ocide ntal e cristão, se bem que já seja de lamentar a indifere nça com que representações de porce-

lana ou bijuterias são adqui ridas para "ado rnar" lares cri stãos. É um "pezinho" que esses fa lsos de uses colocam em ambientes mesmo católi cos, e que não deixam de exercer sua ação nefasta. Um cató lico ufa no de sua fé não eleve ad mitir essas réplicas de deu ses pagãos em ambientes nos quais vive, e repudi á-los onde estiverem. Mas aq ui cabe ampliar a noção de "simulacros de barro oferecidos à adoração dos homens", menc io na nd o os deuses da modernidade, cujos simul acros são muito mais insidi osos e perniciosos do que os antigos. Tomada neste sentido amplificado, a palavra simulacro representará tudo aquilo que o homem moderno coloca no lugar de Deus. Assim, o simulacro substitui Deus na prática, ou pelo menos relega-O a um plano inteirnmente marginal na vida das pessoas que o adotam. Para uns, simul acros serão certas "baladas" nas quais moças e rapazes, obcecados pela busca do prazer, prostituem o corpo e a alma nos fins de semana, ou várias vezes por semana. Para outro s, simul ac ros serão os espetáculos de rock, cujos ritmos, músicas e letras incita m à sensualid ade e à a nim ali zação do ho mem , quando não diretamente à exaltação do satanismo. Simul acros são, para adolescentes e mesmo crianças de tenra idade, muitos jogos eletrônicos de computador, que os incitam a comporta me ntos agress ivos e tresloucados. Simulacros são, para jovens e gente de mais idade, os navegadores de Internet que os faze m, por vezes, perder ho-

ras preciosas e m pesquisas desprovidas de sentido, quando não buscam nelas a satisfação dos apetites sex uais mais repulsivos. Para uma grande maioria, simulacros são programas e espetáculos de TV, c ujo despudor ultrapassou as barreiras do concebível, chegando-se _até aos reality shows, que dispensam comentários. Tudo isto tínhamos em vista quando falamos ele simulacros de barro, ao encerrar rapidamente nossa maté ri a do mês de fevere iro. Mas bastaria abrir a primeira página de qualquer jornal , de qualquer lugar do mundo, em qualquer dia ela semana, para constatar que Deus é o Grande Ausente, substituído pelos interesses mais diversos que atraem a atenção cio homem moderno, totalmente e queciclo ele que, após a morte, terá de ser julgado estriti ssimamente por Deus no Juízo Particular. E ademais, no dia do Juízo Final, perante toda a humani dade reunida no Vale ele Josafá, terá ele se apresentar diante de

Nosso Senhor Jesus Cristo para prestar contas de todas suas ações nesta Terra.

Simulacros também de pedra .. . Ateu é aquele que afirma que Deus não ex iste. O agnóstico não vai tão longe, e fica a meio caminho: ele di z não saber se Deus ex iste ou não; e, na dúvid a, procede como se Deus não existisse. Assim, ateus e agnósticos trabalham juntos para construir uma sociedade na qual Deus não entra para nada. É a chamada sociedade secularizada, ex pressão acadêmica para disfarçar a realidade verdadeira: uma sociedade atéia. Quando muito se admitirá, durante algum tempo, que se pratique a religião. Logo que as circ un stâ nc ias o permitirem , desencadear-se-á a persegui ção religiosa, como de fato ocorreu nos países comuni stas el e rece nte e in fe li z memória. Não nos iludamos sobre o fato de qu e também sobre nós, cató licos, essa persegui_ção poderá recair, mais

cedo ou mais tarde, como está descrito na Mensagem de Fátima. Para esta sociedade secularizada (vale dizer atéia), o mundo mod e rno construiu também algun s simul acros, mas desta vez de pedra, muito mai s ela borados. Qu ere mos nos referir especialmente ao evolucionismo darwi nista, o marxismo e o freudismo, que freqüentemente a nd am de mãos dadas. Não há espaço para descer a pormenores. Aliás, Catolicismo tem tratado freqüente mente deles. Digamos apenas que são simulacros ele pedra porque têm guarida e m universidades e institutos científicos, e na sua arrogância pseudo-científica, fundamen tada no seu ateí mo visceral, buscam ridicularizar os princípios da Fé. Não te nhamos medo, pois no fim a vitóri a será de Deus, que se rir á deles: "Qui habitat in coe lis irridebit eos" (Ps 2, 4). • E-mail cio autor: cone o·ose lui z ca oli cisrno .corn .

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A REALIDADE CONCISAMENTE Criançg nascida na 21 ª semana, saudável, recebe alta milli a 1à ylor nasceu em Mi ami na 2 1ª semana de gestação. Pesava 284 gramas e medi a 24,J centímetros. Quatro meses depoi s, recebeu alta e fo i levada para casa por seus fe li zes pais. É o bebê mais prematuro que j á nasceu, tendo recebido alta pelos médi cos co m saúde " muito boa". O fato põe em evi dência - se ainda mais fosse necessári o - que o aborto constitui insofi smável assass inato. Entretanto, são aprovadas leis cada vez mais aborti stas, que contradi zem a L ei de D eus e a própria Lei natural. •

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Morto "olhando" a TV é achado um ano depois cadáver de Vincenzo Ricardo, de 70 anos, foi achado diante da TV um ano após o fa lecimento. O fato pôs em relevo um dos lados menos fal ados do mundo modern o: a soli dão. A polícia encontrou o corpo "o lhando" para a TV ainda li gada, em sua casa no estado de N ova York. Ninguém notou sua falta, até que estourou um cano de água no prédi o. A di sso lução das famíli as fa z com que ninguém mais se interesse pelos velhos. Ou vão para um asilo ou fi cam isolados num apartamento, qu ando não são mortos pela eutanásia. A TV fun ciona como válvul a de escape para a fru stração. Qu ando cessa o relac ionamento de alma entre os parentes próx imos, a T V atua como emplastro. N ão há verd adeiro entretenimento ... e reina a TV! Já antes da morte física, reina a morte mora l. •

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Anticatólicos e progressistas prestam homenagem a padre contestatário sacerd ote contestatári o Henry Grou es, o conhec ido Abbé Pierre, teve enterro digno de um chefe de Estado na catedral NotTe Dame de Pari s. Ele questi onava a doutrin a católica em matéri a de homossex ualidade e sacerdóc io feminino, além de propor blasfemamente que N os o Senhor Jesus Cri sto teri a mantido relações ca rn ais com Sa nta M ari a M adalena. Em recente li vro, o sacerdote fez revelações escabrosas sobre sua vicia particul ar. O funeral contou com a presença do arcebi spo de Pari , D. André Vingt-Trois, o pres idente Jacque hira e autoridades que ostentam ~cri za à Igrej a Católica, além de numeroso clero. U m religioso virtuoso não teria, por certo, recebido essas honrarias da parte de uma miscelânea político-religiosa, de caráter progre sista e anticatólico. •

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CATOLICISMO

Catastrofismo ecológico da ONU: fraude científica

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ienti stas ativi stas do lPCC (/ntergovernrnental Panei on Climate Change) da ONU di vul garam em Pari s comuni cado com slogans catastrofistas sobre o aquecimento global. O fato foi bombasti ca mente ecoado pela mídi a mundi al. Porém não publi cara m o aguard ado relatóri o ofi cial, em razão da opos ição que faze m cientistas da maior relevância às afirm ações apresentadas. Ali ás, chama a atenção que os verd adeiros cientistas vêm sendo banid os do IPCC, di .-se Fabri zio Proietti , do Centro Europeo di Srudi su Popolazione, Arnbiente e Sviluppo, de Mi Ião. Si ntomaticamente, no Brasil , os chamados movi mentos soc iais passa ram a ex pl orar os slogans do IPCC, para incrementar a agitação na Am azôni a e em todo o País. A própri a Campanha da Fraternid ade da CNBB toma, a respeito da Amazôni a, pos ição pouco condi zente com a soberani a nac ional. •

Privatização de terras corrige danos causados pela Reforma Agrária

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o Peru , o retorn o das terras às mãos de proprietários rurai s multi pli cou ex plosivamente a safra da cana, informou a revi sta inglesa " The Economi st". N os anos 60 a indú stri a açucareira peruan a f oi uma elas mais efi cientes . Porém foi quebrada pela Ref orma Agrári a do governo militar pró-soviéti co. A gora o govern o está vendendo terras nacionali zadas para produtores de etanol. Esta produção apresenta um promi ssor futuro e merece encoraj amento. •

Na Espanha: comemoração pelo m1c10 da expulsão dos últimos mouros

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a cidade espanhola de A lhama, a igreja de Nossa Senhora da Encarnação (foto), primeiro templ o ca tóli co a ser consagrado no Reino ele Granada, comemorou 525 anos daquele marcante evento, em meio a grande regozij o popular. Dita consagração desencadeou, em J482, a chamada Guerra de Granada, concluída feli zmente com a expul são cios últimos mouros da Es panh a pelos Reis Católicos. O mencion ado ato hi stóri co ocorreu por ordem da rainha [sabei, a Católi ca, cuj o processo el e beatifi cação está em andamento. A rainh a conduziu essa Guerra até a vitória fin al, junto com se u es poso , o rei Fe rn and o d e Aragão. •

Produção "made in China" desmoraliza produtos de luxo

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m grupo de casas européias de alto padrão, bom gosto, tradição, artesa nato e até arte dão, o tom das j óias, relóg ios, perfumes e roupas. Essas casas so freram um golpe que pode ser fata l: transpareceu na imprensa que algumas delas começaram a prod uzi r seus artigos na China. Embora não sej am todas, nem a totali dade dos produtos, a dú vida vem sendo demolidora. Degradada essa fin a e se leta produção, toda a pirâmi de de arti gos de bo m gosto e qualidade no Oc idente po lerá ser achatada. A ss im, a mass ifi cação desejada pelo co muni smo desfecha um duro golpe contra a cul tura ocidenta l. •

Negação do demônio facilitou a disseminação do satanismo

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pres idente da A ssoci ação de Psicólogos e Psiquiatras Católi cos, professor Toni no Cantei mi , advertiu que 10% dos adolescentes itali anos "co rrem o risco de ca ir no salanismo", e que "uma percen/agern

enorme de jovens enlrevistados declarou que, caso Satanás possa lhe dar poder e riqueza, não teriam d(ficuldades ern se aliarem corn ele". Cantelmi

mencionou co mo sintomas suspeitos de satani smo a recusa cios valores reli giosos ela fa míli a, o fác il acesso a conteúdos esotéri cos na intern et, a atração pelo Prof. Tonino Cantelmi oculto, magia, ri tuais, simboli smos, conteúdos violentos e sa nguinári os . Há progress istas ditos católi cos que pregam a inex istência do demônio e des prezam as práticas de piedade católi ca contra ele. Em vi sta di sso, Satanás tom a conta dos desprevenidos, ex pli cou o exorcista ofi cial da diocese ele Roma, Pe. Am orth . •

"Descoberta do túmulo de Jesus" é farsa publicitária Discovery Chonnel (canal americano de TV) emitiu na Quaresma um filme dizendo terem sido achados em Talpiot, Jerusalém, os ossuários de Nosso Senhor, Nossa Senhora, Santa Maria Madalena e um imaginado "filho de Jesus". O supervisor das escavações nesse túmulo, professor Amos Kloner, arqueólogo oficial do Distrito1 de Jerusalém, disse que as teorias do filme "são só farsa publicitário [... ], um

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total sem sentido, algo absolutamente impossível". Todo ano, por ocasião do tempo do Quaresmo e Semana Santa, certa mídia difunde matérias que questionam o figura do Redentor da humanidade e a Redenção. Esta montagem, ademais, apresenta analogias com os blasfêmias do Código do Vinci e erros teológicos progressistas do gênero.

Amos Kloner, arqueólogo

Bispos revisarão colaboração do clero com o comunismo

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Hierarquio católica da Eslováquia anunciou a realização de um próximo sínodo para passar em revista a colaboração de eclesiásticos eslovacos com a máquina de repressão comunista . O anúncio foi feito dias após a divulgação de que o arcebispo de Bratislava, Jan Sokol, trabalhou para a polícia secreta marxista checa, a STB. Nos arquivos dela, o arcebispo figura como "agente", em documento de abril de 1989. O jornal "Sme" também informou que o prelado forneceu à polícia soviética uma lista de padres destinados a serem nomeados bispos .

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NACIONAL ceses patrocinadores de uma ONG que tra balha com menores de ru a - pro vavelmente com a mes ma vi são utópica da realidade social - fo i assassinado por um dos seus o utrora protegidos, que já se tornara maior de id ade . M ais um fracasso re tumba nte do conceito irrea l e abs urdo de que não ex iste no homem tendência para o mal.

Revol11ção C11/t11rnl

Problemas angustiantes para os católicos no Brasil A pesar desses problemas, esperamos que a Santíssima Virgem salve nosso País. Que ele reencontre o caminho estabelecido pela Divina Providência, e cumpra assim sua grandiosa missão no concerto das nações. ■ PUNI O VI DIGAL XAVIER DA SILVE IRA

"C idade maravilhosa, cheia de encantos mil ". Esse refrão, fa moso por cantar as belezas do Rio de Janeiro, como a baía de G uanabara, hoje somente faz parte do hino ofi cial da c idade . As maravilhas da natureza permanecem, mas a cidade deixo u de ser maravilhosa, pois se transformou num símbolo naciona l da criminalidade e da insegurança dos dias e m que vivemos . CATOLICISMO

O Rio de Janeiro é outro. Quadrilh as galgaram os morros, erigirn m fave las c tra nsformaram a região no paraíso cios inarg inais. A c idade é hoje a sede do omando Vermelho, de bandido , cio tráfi co, ele crime organi zado q ue . e alastra pelo B rasil.

Crimes hedi011dos João Hé li o, o me nin o ele sei anos preso ao cinto ele segurança, pendurado do lado de fora cio carro ro ubado ele sua mãe, fo i arrastado por 7 km pelas ru as

do R io. Popul ares ass istiram horrori zados ao tri ste espetác ul o. Sepultada a cria nça, os cariocas ficaram a ind a mais estarrecidos: um dos criminosos, por ser menor de idade, deverá ser " reeducado" e, ao completar a maioridade, será libertado com uma fic ha po licial limpa. Este é um cios danosos frutos el a atuação cios defensores dos "direitos huma nos", q ue, com o apo io inexplicáve l cio c lero progressista, apóiam essa absurda proteção aos menore infratores. Poucos di as depo is, um casa l ele fran -

Uma nuve m negra assusta todos os bras ile iros zelosos por nossa hi stóri a. No interior dos três poderes gove rnamentais abundam idéias que, na práti ca, de molem a moral no País. Os princ ípios mais sagrados ela moral cri stã cio Brasil , como o di reito à vida, estão ameaçados no E xecuti vo, no Leg islativo e no Judi c iári o. Uma desagregadora Revolução Cultural está e m curso. Já é ele conhecimento geral a decisão do Supremo Tribunal Federal autori zando a morte de uma criança, ai nda no útero materno, por sofrer de anencefali a. No Estado de São Paulo, tornou-se público o caso de uma heróica mãe católica, que se rec usou a pe rmiti r qu e s ua filh a ane ncefálica fosse abortada. Essa menina, que j á vai para o quarto mês de vida, é a a legria de sua mãe e cios famili ares. E prin c ipalme nte, co mo nos ens ina a Santa Madre Igrej a, tal criança, vindo. a fa lecer, mas bati zada a inda que sem uso ela razão, salv ar-se-á e verá a Deus por toda a eternidade. Enq uanto as cri anças abortadas, segundo ensiname nto corrente e ntre os teó logos, ficarão p riv adas da visão beatífica. Vári os projetos de aborto estão em andame nto no Congres o Naciona l. No fin a l do a no passado, p roj e to ele uma co mi ssão ela Câ mara Federal, ofic ia lmente patrocin ado pe lo própri o governo Lul a, fo i e nca mp ad o pe la d e pu tada Jandi ra Fegha lli (PC do B - RJ), mas fe li z me nte re ti rado de di sc ussão pela própri a re latora, diante da vigorosa reação de popul ares presentes. Esse mes mo proj eto, o u q ualquer outro que encontre um "padrinho", pode rá se r di scutido e a prova d o a qu a lqu e r mo me nto , à sorre lfa, contrari ando a opini ão públi ca nac iona l.

/Jiscl'imiI,ação sexual Também o chamado "casamento homossex ua l" - qu e a União Européia procura impor aos Estados- me mbros é outra medida contrári a à doutrina cató li ca , que se procura ap ro var e m todo o mundo. Ao escrever este arti go, tenho di ante cios o lhos a notícia ele que, e m face dos milhares ele protestos envi ados pela população, a CDH (Comi ssão de Dire itos Humanos) do Senado adiou a discussão de um proj eto - j á apro vado em 2006 na Câmara cios Deputados - que "de-

term ina sanções às p ráticas disc riminatórias em razão da orientação sexual das pessoas" . E ntre o utras coisas, pune com reclusão de dois a c inco anos qu alquer re pro vação ao hom os-sex uali sm o. Caso sej a apro vada tal " le i da ho mofobi a", passará a ser considerada criminosa qualquer pessoa que se opuser a " manifes tações de afetividade" em lugares públicos ou privados, por preconceito, descriminação de gênero ou orientação sexual. Se não fosse o zelo dos milhares de brasil eiros que protestaram contra esse projeto, mais uma eno rmidade moral j á se teria tornado le i - o que implicaria numa verdade ira persegui ção reli giosa e no tolhimento à liberdade de expressão daqueles que criticassem a conduta homossex ua l.

Discriminação rncial Absurdas campanhas também co ntra a c hamada di scriminação rac ial j á se têm organi zado no Brasil. Talvez nossa pátri a sej a, no mundo inte iro, o pa ís que melhor resolveu esse proble ma. Não se pode esquecer, a propós ito, o comentári o de um di plomata no rte-a merica no. Ass istindo, e m 13 de maio de 1888, à cerimônia da libertação dos escravos, que fo i comemorada com uma c huva de rosas no Parla mento, afirm ou que no B rasil se reali za va com fl ores o que em sua terra c ustara uma g uerra c ivil co m mais de um milhão ele mortos .

Reforma Agrária O ag ro-reformi smo parece ter fi cado ausente nas últim as ma ni fes tações ci o

pres idente Lula . E ntretanto, o MST, a CPT e congêneres não cessaram suas in vasões, e a eno rme insegurança do campo continua. Esperam os as no meações para o Mini stéri o de Desenvolvimento Agrári o - cujo único papel parece ser impedir esse desenvo lvimento - e para o Incra, a fim de aquil atarmos se a ori entação cios no meados será igual à ele seus antecessores. E nqu anto isso, a ini c iativa privada co ntinua a alcançar um desenvolvimento tecno lóg ico ele po nta, mediante o qual o Bras il ve m se destacando no plano inte rn acional. Ainda recentemente, o pres ide nte B ush esteve no Brasil , com vistas a estabe lecer um aco rdo sobre o etano l, que parece ser a mais importante e barata so lução para combater os abus iv os preços do petró leo . Produto este que vem sendo expl orado em benefício dos pa íses árabes e ele Hugo C hávez. Que rumo seguirá o governo Lul a na questão da Reform a Agrári a? Eis um te ma que de ve interessar muito aos brasil e iros. Que cesse o pres ide nte a proteção concedida aos invaso res e deixe d e fin a nc iar co m p rogra mas soc iai s esse bando de desorde iros ; que deixe de acreditar nas fa ntas ias esque rdi stas ci os prog ress istas católicos, qu e tê m s ido seus "companh eiros ele vi age m", sendo F re i Be tto i nvari ave lme nte um cios principa is líde res desses cató li cos de esquerd a. E is o desej o ci os bras i le iros que gostari a m ele ve r o govern o tri lhar o ca minh o do reto be m-esta r soc ial. M as, para isso, te ri a e le qu e afas ta r a lgun s dos seus mais influe ntes auxi 1i a res, ve lh os d efe nso res ci o agrorefo rmis mo . Um voto de confi ança na Providênc ia Di vin a é necessá ri o. De us, que mmca abando no u o B ras il - a maior nação cató lica da Terra - sa berá salvá-l o na hora certa. N 'Ele confi a mos. No momento em que se rea li zare m as profec ias ele Fátim a, nosso Pa ís poderá sofrer seu cas ti go, mas ta mbé m receber seu prêmio. É esta nossa g rande esperança. " Deus provideb it", e que esse d ia venha logo. • E- mail do autor: pli nioxa vier@catolic ismo.com.br

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O referendo que não houve V elhaca manipulação da opinião pública pela esquerda, em Portugal, falseou o resultado do referendo sobre a liberalização do aborto, abrindo caminho para aprovação de lei abortista

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J OSÉ CARLOS SEPÚLVEDA DA F ONSECA

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impre '.1 s_a bras il e ira not1c1o u - sem esconde r certa e ufo ri a - a aprovação pelo Parl ame nto portug uês da lega li zação do abo rto, e m decorrê ncia do refere ndo do dia 1 1 de fevere iro p.p, no qual, ai nda segundo o notic iário, a maio ri a dos po rtug ueses se teria pronunci ado a favo r da " matança dos inocentes". No Brasil , diversas vozes evocam o exemp lo portu g uês para reto m a r s ua ofens iva abortista. Afirm am que, se até e m Portu ga l (pa ís católi co e trad iciona l) o povo e m sua maioria voto u a favor do

abo rto livre, não faz se ntido que o Brasil co ntinue a pro ibi - lo. Afinal , o que há de verídico neste quadro apresentado pe la mídia e pelos promotores do aborto a qualque r preço? Te rá a maioria dos portu g ueses dito s im ao aborto livre? Será a recente lei, aprovada pe los partidos da esq ue rda ex pressão leg ítima da chamada vo ntade popular? Como não raramente aco ntece, este quadro é s impli sta e, mais a inda, a ltame nte tende nc ioso.

Hnja,· um apoio popular Cada vez que o te ma do aborto e ra leva ntado, fazia-se sentir uma forte reação à idé ia de libe rali zá- lo. E ntretanto urg ia à esq ue rda, atua lme nte no governo, impor ao país sua agenda libertári a, até mes mo para atender ús ex igências da

Un ião Européia.

Só um a consulta popular poderia dar foros de " leg itimidade democrática" a uma futura leg is lação abo rti sta. Num a jogada política de ev ide nte risco, o pri me iro- ministro soc ia li sta José Sócrates necess itava fo ,jar um apoio popular que lhe possibilitasse ava nça r com a age nda tão a gosto de seu "moderado" Partido Soc ia li sta e das esq uerdas mai s rad ica is.

Uma pel'gunta enganosa ... Em Portuga l não se refere nda m le is. Apenas são levadas a co nsulta popular perg un tas, c uj a resposta s inali ze a inte nção do e le itorado e perm ita ou im peça a e laboração de d ispos itivos lega is. Já na formu lação da pergunta teve início a manipul ação que viria a marcar todo o refere ndo. Enunc iava e la a despenali zação da inte rrupção voluntária da g ravi dez, mas continha cm si d uas outras questões que, conjugadas, acarretavam na prática a liberalização do aborto até~, décima semana, se o SIM fosse vencedor. Servia como uma lu va a toda a manobra demagógica montada pelas esquerdas , e à qual a mídia viria a dar preciosa co laboração. ... C SllS/Jeita <IC inconstil,llCionali<ladc

Ap rovada no Parlame nto, a perg unta foi e nviada pelo pres idente da Repúbl ica, ao Tribu nal Constituc iona l. Uma acesa d is puta div id iu as opi ni ões naquele ó rgão, pois o Tribunal viu se obrigado a ponderar a questão fund ame ntal da invi o lab ili dade da vida humana, consagrada na Constituição. Por uma ape rtad a votação (sete votos a sei s) a pergunta fo i dec larada constilu ·ion a l. Segundo o professor Má rio Pinto, da Univcrs iclad c atóli ·a , a leitura d o acórdão "per111ite co11c/11ir que o tese que

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venceu tangencia/mente se exprime por uma argumentação man(festamen.te injusta e absurda: em que, por um lado, não se protege realmen te o direito do ernbrião à vida (que é o direito .fimdamenta/ entre os .fúndamentais); por outro lado, se absolutiz.am abstratamente interesses e direitos da mulher" ("Públi co", Lisboa, 15- 1-07). Diversos juristas portugueses, e ntre os quais um dos mai s impo rtantes constituc io na listas do país, continua m a s ustentar a inconstituc io nalidade da pergunta, e portanto das conseq üê ncias lega is do referencio.

destinos rea lizados no país, a mais alta taxa da União Européia, segundo e les. Urgia acabar com o flagelo do aborto clandestino, única forma de as mulheres serem dignamente atendidas e ... dissuadidas de abo1tar. Não satisfeitos com todo este enganoso quadro, era preciso completá-lo com acusações contra os movime ntos do NÃO. Estes fora m acusados de intolerantes, de não desejarem resolver nenhum problema,

Manobra /Jublicitária l11clibrio11 o clcitonulo Convocado o refere ndo, todos os abortistas, a começar pelo primeiroministro, puseram e m marcha uma o peração para ludibriar o eleitorado. Sabiam pela experiê ncia do anterior referendo ( 1998) que a discussão de princípios lhes era altamente de favorável. Tinham igualmente noção de que os inúmeros ava nços da ciência médica tornavam árd ua qualquer discussão a res pe ito da vida. Conhecedores de que, na época presente, muitas vezes as massas se deixam mover mais pe las emoções do que pela razão, os abo rti stas precisavam fugir ao essenc ial da di c ussão (o direito o u não ao aborto) e e ncena r um verdadeiro psicodrama socia l: a prisão das mulhe res e o fla gelo do aborto cl a ndestino. Todos passaram a afümar que só estava e m causa a despenalização das mulheres que praticavam aborto. O slogans se repetia m por toda a parte, em fo lhetos, cartazes e propagandas: pelo fim das prisões; para acabar com a humilhação; pelo fim da perseguição judicial e da criminali zação das mulheres. Em vão se procuraria um cartaz de propaganda do SIM em que se defendesse o direito ao aborto, o u seq uer se mencio nasse o termo. Mas a montagem dos adeptos do SIM tinha a ind a o desp ud o r de afi rm a r taxativam ente que sua escolha se baseava no respe ito pela vida. In s ist ia m na inoperância da lei para evitar o abo1to. A " prova" estava no número de abo,tos clan-

Para f ugir à d iscussão do aborto, a esquerda montou o psicodrama dos ju lgamentos e prisões de mulheres

apenas querendo manter o status quo para punir as mulheres, realçando que só o SlM era tolerante,já que não obri gava ninguém a interro mper a gravidez.

Mídia: a "impal'ciali<lade" pal'cial A impre nsa portuguesa, na sua qu ase genera lidade, veio faze r coro a toda essa imensa montagem. A postura da maioria dos ó rgãos midiáticos fo i astuta. Era necessário manter uma aparência de imparcialidade, própria a uma imprensa dita li vre e pluralista. Fizeram-no dando ig ual espaço, nos deba-

tes fa lados e escritos, a representantes do SIM e do NÃO. Entretanto, a cobertura de n1do o que dizia respeito ao referendo era altamente tendenciosa. A começar pelo destaque prefe rencial dado às iniciativas de campanha dos aborti stas, sobretudo pela ampla cobertu ra das iniciativas do primeiro-ministro e de o utros e lementos do governo socia lista a favor do S[M. Ademais os noticiários faziam eco à ps icodra maturg ia mo ntada em to rno da " humi 1hação" das 111 u Ihe res e dos ma les do abo rto c la ndestino. Os portugueses era m quase dia ri a me nte bo mba rdeados por re latos escabrosos de mulhe res "desesperadas" que buscavam o abo rto de " vão de escada", e até de mo rtes decorrentes dessa prática. O grande ause nte era sempre o bebê inocente, conde nado arbitrari amente à morte. Nunca um rela to de uma mãe e m s ituação desesperadora, mas que tivesse sabido encontrar forças o u tivesse sido amparada para não praticar tal c rime; nunca um relato de uma mãe arrependida do aborto que praticara; nunca um re lato de mulheres que abo rtara m e depois sofreram graves traumas psicológicos. Os meios de comunicação pareciam "desconhecer" toda esta parte da realidade. É significativo do patrulhamento reinante na mídia o episódi o envolvendo a Rádio Renascença, e mi ssora católica portuguesa, a qual decidiu pos icio na r-se oficia l me nte a favor do N ÃO. A reação do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas não se fezesperar, tachando de "absurda" a postura assumida pela direção ela em issora, considerando que assim colocava e m causa o direito de opinião dos jornalistas.

Jgreja: atitude <ltíbia que gemu h1certeza 110s católicos Não se pode afirmar que ho uve uma c la reza ineq uívoca de posições e uma firmeza inconteste de atitudes na atuação da Hierarqui a cató li ca. Sua inte rve nção foi, infelizmente, ma rcada por uma discrição que lhe valeu a té e logios de

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alguns defensores do SIM ; e ·por ati tudes desconexas que causara m perplex idade em muitos fi éis. Segundo afirmou D. Carlos Azevedo, porta-voz da Confe rência Episcopal Portuguesa (CEP), houve uma estratégia preparada com a orientação da CEP, "de que o debate fosse sereno, moderado e sem extremismos de posições", voltado apenas para o esclarec imento das consciências. A Igreja não devia se imiscuir na disputa eleitoral, cingindo-se a relembrar a doutrina sobre o valor da vida humana como dom de Deus, contra a qual nenhuma decisão é legítima e honesta. Ora, como já se referiu neste artigo, em sua ardilosa propaganda os partidários do SIM também alegavam a defesa do valor da vida. Não bastava, pois, rele mbrar o respeito aos valores da vida humana e deixar o voto à consciência de cada um . Era mister que a voz esclarecedora dos pastores da Igrej a alertasse os fi éis para os inúmeros engodos com que, concretamente, se tentava fazer aprovar a prática do aborto livre em Portugal. O Cardeal Patri arca de Lisboa, talvez a fi gura ec lesiástica mais controvertida nesta campanha, fo i a lém. E m nota aos padres sobre o referendo, alertava que a missa não podi a ser lugar de campanha. Esta posição oficial não foi compartiUiada por todos os bispos portugueses nem por todos os sacerdotes. Di versos de les foram taxativos na orientação dada aos fi éis, da necessidade de votar NÃO. Cabe aqui destacar a posição assumida pelos bispos de Angra e Ilhas dos Açores, D. Antonio Sousa Braga; da Guarda, D. Manuel da Rocha Felício; e de Bragança-Miranda, D. António Montes Moreira. A par da discreta intervenção da Hierarqui a, católicos reconhecidos como tal, até com posições de destaque no governo socia li sta, mili tavam aberta mente pe lo SIM. De modo incongruente, a mídia dava eco aos que sustentavam que os argumentos confess ionais eram extremistas e obscura ntistas, mas tratava com complacência e simpatia. os católicos que diziam votar SIM: "Vou à missa e voto Sim"; "Sim pela 'obrigação de imitar Jesus'"; "Pode ser-se católico e a.fa vor da despenalização do aborto"; "São católicos e militam pela despenalização" . O tom "moderado" da intervenção da -

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a m a té a diminui ção Ig rej a; as vozes desta prática. di ssonantes de católiAssim é fácil percecos; a frut a propaganda ber que faltava complemidiática dos que " vão tamente legitimidade ao à missa e votam SIM"; primeiro-ministro socia manobra demagógica alista para levar adiante de adeptos do SIM que qualquer alteração da lei diziam ser contrários ao de Iiberal ização do aboraborto; a natural oposito. Entretanto, a manoção de muitos fiéis a que bra de fo1jar um apoio a vida humana fosse repopular obtivera êxito. fe renciada, levando-os Agora era preciso co1Ter, naturalmente a abster-se como ex igia o líder da - tudo isso lançou a ex trema-esquerda. Em ince1teza entre os catópoucas semanas, e des1icos. No pa no ra ma mentindo todas as falsas deliberadamente confupromessas de campaso do debate, poderiam nh a, os soc ia li stas, e les encontrar razões coadjuvados pelo Paitiválidas em sua conscido Comunista e pela exência para votar SIM , trema-esquerda, elaboNÃO ou abster-se. O rai·am uma lei de quase ,. resultado fi cou à vista: tota l libe ra lização do ao anal isar os resu Itados aborto. eleitorais, especialistas concord ara m não ser Um enigma : possíve l ide ntificar o a alta abstenção voto católico. Como explicar, em O prin c ip a l diri um a mbi e nte públi co ge nte do pa rtid o da O Cardeal Patriarca de Lisboa, profund amente di vidiex tre ma esquerda, co- em nota aos padres sobre o do, que só 43,6 l % dos nhec ido por suas po- referendo, alertava que a missa não podia ser lugar de campanha eleitores tenham acorrisições hosti s e m re lado às urnas? Seria essa ção ao catoli cismo, no alta abstenção fruto do desinteresse, ou até di scurso de vitóri a do SIM agradeceu aos mesmo da indiferença? católicos o seu voto ... m entrev ista à agênc ia católica de Estava tudo dito ! notícias, Zenit, o diretor de campanha de Referendo enganoso e ina11tê11Uco Ação Família afirm ou a esse propós ito: "Há, é claro, uma parcela de pessoas Estavam lançadas as cartas para um alheadas do processo político, seja por referendo e nganoso e inautêntico. desinteresse, seja por.falta de formação. No dia ll de feve re ir , os portugue" Urna outra parcela dos abstencionisses fora m às urnas. Dos 8.832.628 e lei/as é composta de pessoas que ficaram to res in sc ri tos, ape nas .85 1.6 13 (43,6 1%) votaram. A abstenção omou confúsas com as idas e vindas do debate que, ao tentar ocultar o que realmente es56,39% (4.98 1.0 15), faz ndo com que o lava em causa, muitas vezes mais con.fitn.refere ndo não tivess efoito vincul ativo . diu do que esclareceu. Do · que votaram, 59,25% o fizera m "Por.fim, uma parcela ponderável dos no S IM e 40,75 % no NÃO. que se absliveram. fê- lo por demonstrar Os 2.238.053 que optaram pe lo SIM incômodo ou até oposição aberta a que o re presenta m ap nas 25,34% de todo o direito à vida fosse levado a referendo. e le ito rado. De. ta minoria, muitos terão Entre estes últúnos, estou convencido de votado a favor da prática do aborto lique mui/os terão sido cri. ·tãos. E esta opovre. Ma mui tos também terão ido e msição su rda é um dos fa tores que ba lados pe la enga nosas pro messas de retira legilimidade àji-aca vitória do SIM". campanha, a lgum as das qua is pro meti -

Uma 11otação que não r eflete o alto grau de mobilização Uma di screpância sobressai e ntre o res ultado da consul ta re ferendári a e a rea lid ade o bse rv ada na mo bili zação e empe nho das fo rças engajadas de um e de outro lado. Apesar de contar com o apoio maciço do Parti do Soc ia li sta (partido no governo e majo ritário no Parlamento) e co m o apoio impo rta nte da máq uina governamenta l, be m co mo de goza r da simpati a dos meios de comunicação socia l, o campo do SlM ev idenciou uma capacidade de mobili zação medíocre e conside rave lm e nte in fer io r à do ca mpo do NÃO, composto em sua gra nde maioria po r e le me ntos da soc iedade c ivil. Os adeptos do NÃO, contrari ando as previsões da mídia, tiveram capac idade para organizar J5 gru pos cív icos por todo o país, para atuai· de modo oficial na campanha. Em cont:rapaitida, os grupos pelo SIM não ultrapassai·am os cinco. O número de assi naturas recolhidas para a constituição de tais gru pos refo rça esse contraste: enquanto os mov imentos do NÃO somaram mais de 260.000 assinatu ras os do SIM não ultrapassaram as 65.000. Esse contraste é ainda mais gritante quando se anali sam as mani fes tações de rua. Por diversas vezes os movimentos do S LM tentai·am convocar manifes tações de rua, as quais obtinham pouca adesão. A de maior projeção, duas a três centenas de

pessoas. Os movimentos pelo NÃO organi zai-ar11 uma Caminhada pela Vida em Li sboa que acabo u po r reunir mais de 15.000 pessoas. [Fotos abaixo] Na verdade, estas diferenças parecem refl etir com acerto a relação de fo rças entre aqueles que efetivamente apóiam a prática do aborto e os que a ela se opõem. De onde se conclui que a vitóri a do SIM não se deveu a um apoio da população à prática do aborto livre, mas ao êx ito da manipulação demagógica já descrita.

Abortistas arrancam a máscara "Num Estado de direito democrático, enganar os eleitores ou deixá- los no erro em que se encontram representaria mais do que uma estratégia ilícita de vitória. Esvaziaria de conteúdo a votação em causa, retirando-lhe até a pretensa capacidade de legitimar - ao menos no plano político - a mudança de lei que alguns propõem" ("Públi co", 4-2-07). Esta advertê nc ia la nçada pela ass iste nte da Facul dade de Direi to da Uni versidade de Co imbra, Cristina Líbano Monteiro, exprime bem um dos prin- ~ cipa is fa tore de ileg itimi - u..g dade do refere ndo po rtu - -1:l guês. E le se tornou vaz io j de conteúdo e de signifi - ]. cado, e até fraudul ento do ]. po nto de vista das regras ~ do regi me democrático. Q

Na verdade, passadas poucas horas do refere ndo, as máscaras começaram a cair. Do campo do SIM parti am agora considerações be m di versas da cantilena o uvid a durante a campa nh a. Po rtu ga l de ixara de ser um país atrasado, o povo optara pe lo aborto livre e as mulheres vi a m con sagrados seus dire itos. Num a evide nte e mal dosa torção da reali dade, tudo o que c uidadosame nte ti nha s ido escondido e até negado co m veemênc ia era agora procl amado como sendo o signifi cado último da vitóri a cio SIM . Resumiu-o de modo conciso e objetivo, em arti go para a grande impre nsa, o professor de Dire ito Constitucio nal da Unive rs id ade No va de Li sboa, Ti ago Du arte: "Tantas vezes os def ensores do sim repetiram que o que estava em causa não era o aborto li vre a pedido da mulhe,; que acabaram por con vencer a maioria dos eleitores que f oram. volw: [.. .] "É inquietanle verificar como a vi-

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ENTREVISTA tória do sim levou a que logo começassem a cair as máscaras dos que se linham.fingido ,noderados, iniciando-se a 'trotskização' dos verdadeiros rnoderadus, que nunca mais aparecermn. 1...1Afinal o aborto tem. n·1.esmo de ser livre, para não sedesrespeitarern os resultados do ref erendo, dizem agora os que andaram calados durem/e a campanha. [... ] Afinal o aborto é mesrno um direito da mulher que não pode ser condicionada de f orma nenhuma, dizern os que o negavam onlem ". "É preciso di zer que o se está a passar assume os contornos de uma aulêntica burla política, sobreludo para os que acredilaram no que lhes foi dito vezes sem conta e acabaram por votar sim " (Réquiern pelo "sim" moderado, "Expresso", 3-3-07).

a Igrej a Ca1ólica não so.fi·ia urna derrota política tão profunda e desta vez diretamente das ,nãos do voto populcu: Decididamente, ela deixou de comandar a consciência moral dos portugueses e as opções políticas do Estado. A separação enlre o Estado e a religião deu wn decisivo passo em. .fi·ente. O Código de Di-

Igreja Católica: él grande <lel'l'Ola(lél Mais ainda: os partid{u-ios do SIM afirmavam e repetiam sem cessar que a disputa se cingia ao campo do Direito Penal e da Saúde Pública, e que não envolvia a di scussão dos valores da vida e menos ai nda dos valores religiosos e morais, motivo pelo qual a Igreja se deveria manter afastada do debate, para não "radicalizá- lo". Entretanto, após a vitória, esses mesmos adeptos do SIM, como que num passe de mágica, passaram a apresentar a Igreja corno a grande derrotada do dia l l de fevere iro. A ex igüidade deste artigo só permite dar aq ui um exemplo. Um dos mais ativos propugnadores do SIM , Vital Moreira, professo r de Direito Constitucional e Admini strativo da Facu ldade de Dire ito da Universidade de Coimbra, não poupou esforços para demonstrnr que o que estava em cau. a era apenas o fim da "humilhação" das mulh res. Dois dias após o referendo, em artigo para a grande impr nsa, no qual perfilava as velhas idé ia do r publican ismo laico e anticatólico herdadas pela esquerda, comentou a respeito da "expressiva vitória da despenali zação": "Se quisermos singularizar o grande perdedor; o galardão não pode deixar de ser atribuído à Igreja Ca1ólica. [... ] " Desde a irnplantação da República CATOLICISMO

reito Canônico de ixou de ser lei constitucional entre nós" ("Públi co", 13-2-07).

Uma lição a não

SCJ' CS(JllCcida

Não guardará urn a lição para nós católi cos a hi stóri a deste refere ndo e a vi tória do SJM e m Portuga l? Por mais que o escondam , por mai . que envolvam suas razões nas roupagens dramáticas dos casos concretos, o que verdade irame nte motiva os propug nado res do aborto é imprimir à soc iedade um a transformação sectária. Por detrás dos sorri sos, da " moderação" e das fal sas promessas de consenso e. tá o des jo de xtirpar das menta lidades e da sociedade a moral cristã, bem como de I ri vá-las da ação benéfi ca da Igreja. 1'ritml'o da mentali<la<lc l'Clati'vista mesmo cntl'C os católicos Quantos terão pensado consigo mesmo ". ou contra o aborto, mas não sou capaz de incrimin ar as mulheres que o prati cam"; ou " não tenho dúvidas: sou contra o aborto, claro, mas votarei SJM no referendo, porque , e há mulheres que o fazem, então que o façam em segurança". stas frases (rea i ·!) são a expressão do relativismo que, fruto de urna ação meti -

culosa e progress iva, vai carcornendo as res istências psicológicas e espirituais de muitos dos nossos contemporâneos, até mesmo entre os católicos. Ação que de alguma forma atinge inc lusive os católicos que se mantêm firmes e se empenham na defesa de seus valores sagrados, mas que nessa luta consideram inoportuno invocar os princípios católicos que os movem. Assim se deu em Portuga l, onde os a nali stas reconhece m que o grande din ami smo dos movimentos pelo NÃO deveuse exatamente à rnobiIização dos le igos cató li cos (a ma io r e m muitas décadas , seg undo al guns'), os quais preferiram, entretanto, não utilizar em sua luta os argume ntos co nfess io nais, com medo de serem tachados de fundamental is tas. Para os católicos portugue 0 ' ses se coloca, pois, um dilema: ou insistir nessa postura ou assumir seu catolicismo com toda a firmeza, opondo-se ao aborto, corno às outras investidas contra a moral cristã, sem medo ele de nunciarem o vulto inteiro cio adversário: ou seja o radicalismo sectário ele urna min oria que visa extirpar ela sociedade a influência benéfica da Igreja Católica e le sua mora l, e substitu í-la por uma " mora l" laica, anticristã. Advcl'tências <lc /i'átima Diante deste quadro, tornam-se mais atua is do que nunca as advertências que Nossa Senhora fez em Po1tuga l em 19 17, há precisamente 90 anos. Sobre elas é necessário meditar e atender a seus pedidos. E continuar a manter a certeza ele que " por fim o Seu Imaculado Coração t:riunfará". Triunfará dessa verdade ira conspiração de fo rças que im pôs a Portugal de modo fraudulento, diga-se mais uma vez - a prática do aborto livre. E que se apresta a impor ao Brasil , inclusive valendo-se cio exemplo português , ela mes ma prática anticatólica de matança ele inocentes! Cabe aos católicos brasileiros, e a todos aq uele. que se opõem a essa impiedosa cul tura ela morte, fazer uma frente única para ele mascarar e fru trar tais ardi . • E-mai l para o aut or:

No resgate do Santo Sudário, um milagre em meio às chamas D ez anos transcorreram desde o miraculoso salvamento do Santo Sudário pelo heróico bombeiro Mario Trematore. O sagrado tecido sofreu séria ameaça, pelo incêndio que destruiu a capela na qual era venerado.

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a noite de 11 para 12 de abril de 1997, pavoroso incêndio ameaçou destruir para sempre uma das mais preciosas relíquias do mundo católico : o Santo Sudário de Turim, mortalha que envolveu por três dias o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, após sua Crucifixão até sua Ressurreição. * Só depois de longo e extenuante combate do corpo de bombeiros, o sacros santo Linho pôde ser salvo das chamas. Além do Palácio Real, o incêndio destruiu quase completamente a capela de Guarino Guarini - contígua à Catedral de Turim - onde se encontrava a relíquia . Alguns órgãos da im prensa italiana levantaram suspeitas de o incêndio ter sido criminoso . Naquele momento dramático, em que tudo parecia perdido, assistimos a uma das mais belas cenas de heroísmo: o bombeiro Mario Trematore lançou -se destem idamente entre as chamas, e com uma grossa barra de ferro golpeou repetidas vezes o vidro à prova de bala que protegia a relíquia, recupe ra ndo -a em seguida . Instantes depois , a cúpula inteira da capela desabou . Com o recuo de uma década, e tendo presente a comoção do mundo católico em vista daquela tragédia que quase se consu mou, Catolicismo pediu a seu corresponden te em Milão, Sr. Roberto Bertogna, que entrevistasse o Sr. Mario Trematore, a fim de

que este narrasse a nossos leitores o emocionante resgate, bem como as lembranças mais significativas que tal acontecimento deixou vincadas em sua alma . • Quanto à autenticidade inequívoca do Santo Sudário de Turim, vide Catolicismo, abril/1988, junho/ 1997 e junho/1998.

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Catolicismo - O Sr. poderia descrever para nossos leitores o motivo que o levou a enfrentar o incêndio, sabendo bem que corria risco de morte atroz em meio às chamas?

Mal'io 'l'l'ema101·e: "Naquel e apuro, quamlo tll(IO parecia penli<lo e a l'ol'ça <lo fogo IIOS Wl'Ilava

impotentes, co11ti1wa11a a espel'a1; e o 1Je11same11to tl'a11s/'ol'ma va-se em ação".

Mario Trematore - Na vida, o cri stão tem como obri gação principal dar testemunho de sua fé e reconhecer em Jesus C ri sto a sua sa lvação, a presença que tran sfo rm a o precári o aco ntecer ela ex istê nc ia humana na Hi stória. Presença reavivada cada di a pe la lembrança de que, morrendo na Cruz, Jes us Cri sto envolveu todos aque les que crêem n'Ele. Cri sto morre c rucificado cada dia nos tantos acontec ime ntos que co mpõem a hi stória do mundo , para ressurgir sempre mai s presente no misté ri o ela fé aos olhos cios ho me ns. Sua mão providente nos acompanha se mpre. E fo i essa mão que me moveu a enfrentar as chamas que ameaçavam a mais prec iosa re líquia cio mundo cri stão. Com efeito, naq ue la afanosa noite passada na catedral , lutando contra as chamas para sa lvar o Santo Sud ário, a força que me comABRIL2007 -


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ver: que a grande evidê ncia daque la Face não se perca pe la fragilidade de quem crê, mas permaneça sinal de esperança para todos, po is di sto tem necess idade cada home m. Catolicismo - O Sr. teve o reconhecimento de tantas pessoas importantes e menos importantes, inclusive de João Paulo li. Sente-se um herói?

Ma rio Trema tore - O homem não se basta a si mesmo e tem necessidade de Cristo. Falar de heroísmo pode satisfazer meu ego, mas favorece o orgulho, uma faJta de confiança no Criador. Não podemos esquecer o exemplo de Jesus Cristo no Domingo de Ramos. O Filho de Deus, Ele mesmo Deus, entrou em Jerusalém montado num burrico, e não num carro dourado puxado por bonitos cavalos de raça. Que m nos criou dec idiu cada co isa, a ind a que para nós nem tudo sej a compreensível. Ainda que - co m a força das minhas mãos e uma barra de fe rro, a lé m da ajuda de meus co legas - tenh a salvo o Santo Sudário, Jes us Cri sto teri a ree merg ido daque les escombros conosco ou sem nós.

"O encontro com Nosso Senhor através do resgate <lo Sll<lário foi lima experiêJ1cia ex trnordiná,'ia, e me permitill entrar em uma r elação íntima com Ele".

A última exposição pública do Santo Sudário realizou-se há 9 anos em Turim

É escl arecedora a passagem do Evangelho na qua l C ri sto foi tentado pe lo demô ni o a transforma r pedra e m pão. Com efeito, Ele tinha três modos de proceder: 1°) Tran sfo rmar o demôni o e m pedra, e co m isso teri a reso lvido todos os problemas, seus e nossos; 2°) tra nsformar a pedra em pão, mas desse modo E le não teria agido como Filho de Deus, po is o verdadeiro senhor teri a sido o demô nio, cuj a ordem Cri sto teri a obedecido; 3º) C ri sto respo ndeu esco lhe ndo o caminho mais di fíc il e mais do loroso, isto é, o martíri o e a crucifi xão, para não c riar qua lquer fi ss ura que traísse o Seu amor pelo Pai . A fragilidade cio homem não recusa o pecado, ali ás o pecado aliena a liberdade humana e separa o homem do encontro com Deus. Cada cristão é submetido a essas fraquezas muitas vezes em sua vida. Não é o caso de desanimar, mas de lutar p,u-a não nos separarmos de todo o bem que Cristo nos ensinou: aprender a amar, não através dos olhos da própria cultu ra, mas com o coração aberto a Nosso Senhor Jesus Cri sto e ao próximo.

Catolicismo - Hoje, qual o papel de Nosso Senhor Jesus Cristo em sua vida?

pe li a a cumprir aque la mi ssão e manava de uma voz interi o r, que seguramente pro vinha do Alto. Catolicismo - O que o Sr. pensava no momento em que golpeava o resistente vidro do relicário que protegia o Santo Sudário?

Mario Trematore - Naquele apuro, quando tudo parecia perdido e a força do fogo tornava impotente todo recurso humano, continuava a esperar até o fim , e o pensamento transformava-se em ação. De uma parte, surge inesperadamente o medo de morrer, e por um breve tempo vêm à memória as pessoas mais caras e as mai s belas recordações: a doçura de minha mulher Rita, o sorriso de meu filho Iacopo, a graça de minha filh a C hiara. De outra, pen.-ava també m naque le Lenço l e o dever de sa lv á- lo. Jes us C ri sto o havi a deixado para a huma nidade como um extrao rdinári o _s ina l do mistéri o do Verbo enca rn ado e do Deus que ass ume toda a condição humana. Pro va convin cente de um sig nifi cado: do a mor que responde ao amor, e não da do r e daquil o que custa. U m testemunho vi síve l da Sua Ressurreição e do infinito amor de De us ao home m. Catolicismo - Enquanto deparava com as chamas, o Sr. chegou a pensar que a salvação do Sudário poderia depender da fé e da coragem

CATOLICISMO

Após enorme esforço, Mario Trematore salva das chamas a caixa contendo a sagrada relíquia em abril de 1997

"Na(Juele momen-

to sentia a preoCllpação de milhões <le Jiéis. A capela do Gllmino ruía em pe<laços pelo calor das chamas. E'u precisava Jazer alguma coisa".

de alguém , e que aquela obrigação recaía sobre o Sr.?

Mario Trematore - Na no ite de 1 l de abril de 1997, não podi a certa mente pensar que tocava a mim , com os meus colegas, salvar o Santo Sudári o. Naquele momento eu senti a a angústia e a preocupação de milhões de fi éis. A capela do Guarino ruía em pedaços, sob o incessante ca lor das chamas. Uma das pilastras principais que sustentava a cúpula já havia se esmiga lhado ao calor do fogo. Não havi a muito te mpo para pensar. De um momento para outro podia cair a c úpul a. Prec isava faze r alguma co isa. O quê? Cada tentativa para apagar aque le maldito fogo fracassava, e ass im não me restou senão rezar uma oração que havi a apre ndido num passado lo ngínquo, um passado de menino com os o lhos grandes e os cabelos encaracolados: "Pai Nosso, que estais no Céu ... " O modo pelo q ua l Deus escolhe seus instrumentos é sempre surpreendente e insondável. Deus quer ter necessidade de nossos braços e de nossas mãos para cum prir sua obra. F ico pas mo como E le tenha querido Ler necess idade dos meus braços e das minhas mãos para salvar o Santo Sudário. R corcl a ndo aq ue les mo me ntos d ra máti cos, si.ou convenc ido ele que o ho mem, reconhecendo o a mor d D us, lança-se sobre E le com uma e nsibilidade que nasce da con c iê nc ia de um ele-

Mario Trematore - E u O s into ao meu lado, co mo um co mpanhe iro de vi age m, mes mo nas coisas ma is simples que faço . Quando caminho pe la rua, faço co mpras, passe io pe lo centro de T urim - nesses últimos anos, ainda mais bonito - , qu ando vou pegar os filhos na esco la e qu ando trabalho. A E le faço minhas confidênc ias, peço conse lhos, junto a Ele eu me indigno com os males do mundo, e Ele me carrega qu ando os pés j á cansados não consegue m caminh ar. Aprendi e tenho certeza ele que nunca estou só. Diante cio que possa acontecer em minha vida, haverá sempre Alguém com o qual poderei contar. É nessa presença constante de Nosso Senhor Jesus C ri sto que encontra mos a própria condição que torna o homem completamente li vre. O encontro com Nosso Senhor Jes us Cristo, através cio resgate do Sudário, foi uma experiência extraord inária e me permitiu entrar em uma re lação íntima com Ele. Trata-se de uma relação humanamente difíc il , imperiosa, e por vezes dolorosa, pois é capaz ele co locar em discussão muitas certezas. Com pree nder o mal e reje itar a indiferença para co m ele a cada d ia ele nossas vidas, enfrentando nosso egoísmo, nossos im pu lsos e pa ixões desregradas . Amar Nosso Sen hor Jesus C ri sto não nos im pede ele sofrer. Em Lourdes, a Virgem Maria d isse a Santa Bernadette: "Nesta vida prometolhe ensinar a arnc11; mas não necessariamente a ser f eliz ". AB RIL 2007 -


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Rememorando a cronologia do Santo Sudário * 554 - Es pec iali stas identifi ca m a "imagem de Eclessa" (atu al Urfa, na Turqui a) co m o Sa nto Sudário . 944 - O Sudá rio de Edessa é trans fe rido para Consta ntin o pla . l 147 - Luís VII, Re i da F rança, ve nera o Sagrado Tec ido em Constantinopla. 1204 - Muitas re líquias fo ram saqueadas durante a ocupação ele Consta ntinopla pe los partic ipantes

Catolicismo - O que o Sr. recomenda aos leitores de Catolicismo para aumentar a devoção ao Santo Sudário?

As chamas envolviam a cúpula do Capelo do Guorino, que obrigava o precioso Lençol

Catolicismo - Hoje sabemos que o Sr. não é mais um bombeiro ...

Mario Trematore -

Não é verdade que o racionalismo, o uso da razão como medida da realidade, seja o modo mais correto para nos aproximar da fé. Pelo contrário, quando a razão é usada de modo autêntico, escancara a alma à percepção de algo de grande que há em nós, de um mistério do qual tudo depende. É esta "abe1tura do coração" que gostaria de sugerir a todos. F inalm ente, peço a Nossa Senhora que todos encontrem uma ocasião, talvez um feriado prolongado, para virem a Turim venerar o Santo Sudário, mesmo que ele não seja visível (não há um ostensório. olene para ele ficar exposto), mas encontra-se numa capela ela nave lateral da catedral, ctignamente guardado para a veneração de todo . Temos a mesma necessidade: tocar com as mãos, como São Tomé, para que o cêntuplo seja reali zado, aqui e agora, e transforme as nossas vidas. Go ta.ri a de lembrar o que disse o Papa João Paulo II a respeito do Santo Sudário, por ocas ião de sua visita a Turim: "Uma relíquia insólita e miste-

riosa, singularíssima testemunha - se aceitamos os argumentos de tantos cientistas - da Páscoa, CATOLICISMO

da paixão, da morte e da ressurreição. Testem.unha muda, mas ao mesmo lempo surpreen.dentemen/e eloqüente! ''.

Mario Trematore -

"Peço a Nossa SenJ,ora que todos leitores desta revista encontrem uma ocasião, talvez um feriado prolongado, para virem a 1'm'im venerar o Santo Sudá1·io ".

Ser bo mbeiro era a minha paixão. M as os anos passa m e o corpo e nvelhecido não suporta mais o estresse e o cansaço de trabalho tão pesado e pe rigoso. Assim, e m outub ro de 2003 deixei o Corpo de Bombeiros. Como sou diplomado e m arqui tetura, reto mei a profi ssão de arqui teto, ocupando- me de projetos arquitetônicos, com espec iali zação em segura nça nos setores de ri sco correia.tos à construção e a.o c urso elas obras, no cargo de diretor técni co ex terno da Engineering Boesso, além ele diretor didático do setor fo rmativo regional da Api(forma de Turim , órgão crede ncia.do junto à região do Piemo nte, que ope ra nas tipologias fo rm ativas pós-universitárias. Mas no fund o de me u coração resta um sonho, e espero que o Senhor me aj ude a rea li zá-lo: projetar uma igreja . Cada igrej a é um a casa de Deus, e não pode ser senão be la, como afirmava em 1400 Le n Balli . la A lberti, re nomado arq ui teto ita li a no , no se u "De re aediji.catoria ". •

da quarta cru zada. Pe rde-se o parade iro cio Sudário. 1353 - O Santo Sudári o reaparece na posse do Conde Gofredo de Charny, e m L irey (França) . A partir de e ntão a sua hi stóri a é docume ntada com prec isão. 1453 - M argarida de Charny cede o Santo Sudário ao Duque Lui g i de Sa bó ia, que o leva pa ra C hambéry . 1506 - O Papa Júli o II abe nçoa o Santo Sudário e a utori za seu c ulto. l532 - (4 de dezembro): incêndi o na sacri stia ela ca pela de po itári a cio Santo Sudário . Uma gota de prata derretida queima um cios ângulo do tecido do brado. 1534 - ( 15 ele abril a 2 ele ma io) : a re lig iosas clarissas ele Chambéry aplicam re me ndos tri ang ul ares, visíveis a inda hoje. 1578 - O Sagrado Tec ido é transferido para Turim pe lo Duque ela Sabó ia, E ma nue le F iliberto, por ocas ião ela peregrinação ele São Cari o Borrome u para ve nerar a re líquia. 1694 - ( 1º de junho): o Santo Sudá rio é de pos itado na cape la projetada pe lo arquiteto Gu arini . 1898 - (25-28 ele maio): o Santo Sudári o é fotografado, pela prime ira vez, por Secando Pia. 1939 - o Santo Sudá ri o é tran sferid o para a Abadi a ele Monte vergine, a fim ele ser proteg ido da destruição, por ocas ião da Seg und a Guerra Mundia l. 1946 - O Santo Sudário é tra nsferido pa ra a capela Guarini , e m Turim . 1969 - ( 16- 18 ele junho) o Cardeal Mic hele Pellegrin o nome ia comi ssão para examina r o Santo Sudá ri o. l973 - (23 ele novembro) : o Santo S udário é expos to pe la primeira vez através da te le vi são. l978 - (26 de agosto a 8 de outubro): 44 especia li stas fora m auto ri zados a faze r pesqui sas dire tame nte sobre o tecido , por um período total de 124 hora . 1983 - ( 18 de março): o Rei U mbe rto ele Sabóia tra nsfere a propri edade do Santo S udá ri o para a Santa Sé. 1988 - O Santo Sudári o é submetido ao teste do carbono 14. 1992 - (7 de sete mbro): comi · ão ele espec iali stas e tuda metodolog ia correta para a conservação cio Santo Sudário. l993 - (24 de fe vere iro): o Sa nto S udário é transferido te mporari ame nte para o altar princ ipal da Catedral de Turim , de vido ao trabalho de restauração da Capela Guarini . 1995 - (5 de setembro): o Cardea l G iova.ni Saldarini , Arcebi spo de Turim e guardi ão do Sagrado Lenço l, anuncia as próx imas expo ições da re líqui a., em 1998 e no a no 2000. 1997 - (12 de abril): incêndio devasta a Capela Guarini , ma o Santo Sudário é salvo sem sofre r dano.

* Progetto S. Sindone -

Ca1tecl ra cl i ln form ati ca, (www.sda.unito.it/ ned/ sinclone/si nclhome. htm) , La cro11olog ia dei/a S. Si11do11e.

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C onceituados especialistas americanos e europeus vêm mostrando que sem a Santa Igreja a civilização européia, berço da Civilização Ocidental e Cristã, não teria visto a luz. E apresentam a gênese, o desenvolvimento, o esplendor e a glória da Civilização Cristã. n

Lu1s DuFAUR

'- o auge da Idade M édi a, os cru zados derramaram seu sa ngue para li bertar das mãos dos infi éis o sepul cro de N osso Senhor Jesus C ri sto e instituir um reino cri stão na T erra Sa nta. H oj e a situação parece invertid a. São os muros em ruín as da "c idadela cri stã" que importa defender con-· tra o neo pagani smo revo lucionário que as assalta: a cri ança por nascer, ameaçada pelo aborto; o casamento segundo a Lei de Deus, substituído pelo "amor livre"; a propriedade privada, que os precei tos divinos amparam , go lpeada pelo soc iali smo; a cultura católi ca atropelada pela Revolução Cultural. Em sín tese, os restos da Civili zação Cri stã são hostili zados, proscri tos, demo li dos. Chega-se a pregar qu e os cató li cos devem des istir da restauração dela, po is seri a um sonho imposs ível! Porém, nesse auge do materi ali smo e da im piedade, uma nova geração de hi stori adores, arq uitetos, economi stas c cienti stas, sobretudo nos Estados Unidos, co meça a voltar-se para o estudo co nsc ienc ioso do que está sendo demo)ido. Nauseados pelos horrores a que nos tem condu zid o a negação da Cri standade, eles constataram que a ci vili zação oc idental j amais teri a vi sto a lu z do di a se não ex isti sse a [grej a Católi ca. Esses estudiosos têm publicado uma séri e de trabalh os nos quais procuram restabelecer a obj etividade hi stóri ca. Ta l recuperação da verd ade aprese nta uma tese centra l : a civili zação ocidental é a úni ca que merece plenamente esse nome. Os povos que outrora ocuparam a Europa - gregos, romanos, celtas, germ anos e outros - dei xaram sua contribui ção. M as a alma, o espíri to, a essência da civili zação européia e cristã provêm da [grej a. Como chegaram eles a essa conclu são? Eis o obj eto deste arti go, que representa uma v iagem pela gênese, desenvo lvimento, espl endor e glóri a da C ivili zação Cri stã.

Con vite aos fiéis a apmltm<lar racionalmente as 11erdades <la fé O hi stori ador R odney Stark 1 co loco u o problema: na Hi stó ri a houve apenas uma ci vili zação que saiu do nada, para acabar se ndo hegemônica: a ocidenta l. Ex istira m, sem dúvi da, outras grandes ci vili zações : chinesa, egípc ia, ca ldéia, indiana, etc. Elas todas se iniciaram num al to nível, fi caram porém estagnadas e decaíra m lenta mas irreversi velmente ao longo dos mil êni os. Por que não cresceram como a oc identa l e cristã? Sta rk indica co mo causa dessa diferença cap ita l entre a ci vili zação cri stã e as outras o pape l dese mpenhado pela Igrej a Cató lica. As reli giões pagãs, di z ele, ori ginaram-se de lendas fantásticas impostas se m exp li cação. Só a Reli gião cató li ca co nv ida os fiéis a aprofundar rac ionalm ente as verdades da fé. Já no séc ul o II Tertuli ano ensin ava que "Deus, o Criador de todas as coisas, nada fe z que não fosse pensado,

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Saint Martin em Tours. Fa lando da bibli oteca de sua abadia em York , Alcuíno menciona obras de Aristóteles, Cícero, Lucanus, Plínio, Statiu s, Trogus Pompeius e Virgílio. O bem-aventurado Papa Vítor Ili , que fo i abade de Montecass ino, na Itália, patrocinou a transcrição de obras de Horácio, Sêneca e Cícero. Santo Anselmo, quando abade de Bec, na Inglaterra, recomendava Virgílio e outros c lássicos a seus estudantes, mas preveniaos contrn as passagens imorais. Num exercício escol,u· de Santo Hildeberto, encontramos excertos de C ícero, Horác io, Juvenal, Persius, Sêneca, Terêncio e outros. Santo Hildeberto, aliás, conhecia Horácio praticamente de memória. Inovação material decisiva foi a minúscula carolíngia lfoto 51- Antes dela os manuscritos não tinham minúsc ulas, pontuação ou espaços em branco entre as palavras. A rninúscula carolíngia, com sua "lucidez e sua graça insuperável, apresentou a literatura clássica num ,nodo que todos podiarn ler com facilidade e prazer" (p. 14). O medievalista Philippe Wolff equipara este desenvolvimento à invenção da imprensa. O fácil acesso ao latim abriu as portas ao conhec ime nto dos Padres da Igreja e dos cláss icos greco- ro manos. Pois é mito falso que os grandes autores da Antiguidade só vieram a ser resgatados pe la Re nasce nça, época hi stóri ca que ini c io u o multi ssecul ar processo revolucionário que em nossos dias atingiu um clímax. Lord Kenneth C lark mostrou que "só três uu quatro manuscritos antigos de autores latinos existem. ainda; todo nosso conhecimento da literatura antiga se deve à coleta e cópia que começou sob Ca rlos Magno, e quase todo texto clássico que sobreviveu até o século VIII sobrevive até hoj e!" (p. 17).

disposto e ordenado pela razão". C lemente de Alexandria, no século III, insistia: "Não julgueis que o que nós dissemos deve ser aceilo só pela fé, mas deve ser acreditado pela razão". Santo Agostinho consagrou tal ensiname nto, e Santo Tomás, com suas Surnrnas, levou-o a um píncaro. 2 Além do mais, os mitos abstrusos do paganismo degrada m seus própri os segui dores. Basta o lhar para os pagãos da Índi a, que despejam sobre um ídolo le ite, especiarias e moedas de ouro de que podem ter necess idade, como se vê na foto 1. Os monges med ievais aplicaram a lóg ica racional à vida quotidiana e cri ara m uma regra de vida. Surgiram então préd ios de uma beleza até e ntão desconhecida; o trabalho foi dig nificado e orga ni zado; surg iram escolas de todo tipo; cód igos c ivi s e co mercia is, le is internac io nais, hos pitais, fábricas, inve nções, re médi os efi cazes; vinhos e li cores, etc. A vassalagem do monge em re lação ao abade e as relações das abadias entre si in spirara m a o rgani zação política fe udal. Uma força de e levação e req uinte foi tran smitida pela Igreja à sociedade no tran scurso de gerações e ergueuse ass im o mais formidável e esple ndoroso ed ifíc io civili zador da Hi stória.

Historiadm·es l'ejeitam os mitos anticatólicos e antime<lievais O Prof. Thomas E. Woods é um dos integrantes mais recentes dessa corrente de investigadores. 3 E le depl ora ouvir ainda hoje surradas canti lenas contra a Idade Méd ia . Nenhum hi storiador profiss ional honesto, di z ele, acredita nelas. E acrescenta: "Durante os últimos cinqüenta anos, virtualm.ente todos os historiadores da ciência [... ] vêm. concluindo que a Revolução Cient(fica se deve à Igreja" (p. 4). Não é só devido ao ensino, mas pelo fato de a Igrej a ter gerado cienti stas como o Padre Nico lau Steno, pai da geo log ia; Padre Atanás io Kircher, pai da egiptologia; Padre G iambattista Riccio li , que med iu aveloc id ad e de aceleração da gra vid ade terres tre ; Padre Roger Boscovich, pai da moderna teoria atô mi ca, etc; Régin ald Grégoire, Léo M oulin e Ray mond Our el mostrara m que os monges deram "ao co,~junto da Europa [ ... 1 U ll'l a rede de .fabricas-modelo, centros de criação de gado, centms de escolarização, de.fervor espiritual, de arte de viver, 1.. . 1 de disponibilidade para a ação social - numa palavra, 1... 1 uma civilização avançada emergiu das ondas caóticas da barbárie que os circundava. Sem dúvida nenhum.a, São Bento Ifoto 21.foi o Pai da Europa. Os beneditinos, seus .filhos, .foram os pais da civilização eumpéia" (p. 5).

A l gl'eja sagra Cal'los Magno imperador e reergue a cultura A Igreja in stituiu , na ordem temporal, o Sacro Império Romano Alemão na pessoa de a.rios Magno [foto 3], rei dos francos. E le deu um impulso incomparável à Capa da obra do Prof. T. E. Woods educação e às artes. Nessa obra educadora sobressaiu Alcuíno [foto 41, conselheiro íntimo de Céu-los Mag no, pupilo de São Beda, o venerável , e abade do mosteiro de CATOLICISMO

A coletiva aspfração medimra/ l)ela C1·isLamlacle

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Esses ava nços culturai s brotaram de ai mas que aspiravam, sob o influx o da graça divina, ao triunfo do idea l católi co no mundo, o bserva Woods. Alcuíno traduziu essa apetê nc ia coletiva em ca rta a Ca rlos Magno: "Uma nova Atenas será criada na França por nós. Uma Atenas mais bela do que a antiga, enobrecida pelos ensinam.entos de Cristo, superará a sabedoria da Academia. Os antigos só têrn as disciplinas de Platão corno mestre, e eles ainda resplandecem inspirados pelas sete artes liberais, mas os nossos serão rnais do que enriquecidos sete vezes com. a plenitude do Espírito Santo e deixarão na sombra toda a dignidade da sabedoria mundana dos antigos" (p. 19) . São João C ri sósto mo narra que o povo de Antioquia e nviava os filhos para serem educados pe los monges . São Bento instruiu filh os da nob reza romana. São Bonifácio e Santo Agostinho o rdenaram a seus re li giosos cri ar estabelecimentos de ensino por toda parte. São Patrício dese nvo lveu a alfabetização na Irl and a. Co ncíli os loca is, como o sínodo de Baviera (798) e os co ncílios de C hâ lo ns (813) e Aix (8 16), orde naram que se fundassem casas de e nsin o. Theodulfo, bispo de Orleans e abade de Flcury, exo rtava: "Em aldeias e cidades, os sacerdotes devem abrir escolas. 1... 1 Que não peçam pagamento; e se recebem algo, que sejam somente pequenos presentes oferecidos pelos pais" (p. 20). Que difere nça com a nossa época, e m que freucaçao pública é ca lamitosa e a ed ucação privada é cara !

Do caos à civilização: obm beneditina No Ori ente houve santos ermitões que poucas vezes co mi a m ou dormi am, o utros ficavam em pé sem movimento semanas a fio, ou encerrava m-se e m túmulos durante anos. São vocações espec iai s. No Ocidente, o monaqui smo foi estruturado por ABRIL 2007

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São Bento de Núrsia. Sua regra é de uma moderação e de um senso da o rde m admi ráveis. Até iníc ios do século XIV os beneditinos tinham d ado à Ig reja 24 Papas, 200 cardeais, 7 .000 arcebispos, 15.000 bispos e 1.500 santos ca no ni zados. E m seu auge, a Ordem Beneditina re uniu 37 .000 mostei ros . E não é uma questão apenas de números. A Ordem era tão ad mirada, que ne la fora m concluir seus dias 24 imperado res, 1O imperatri zes, 42 re is e 15 rainhas. Essa colossal rede mo nástica explica a transformação do caos que ex istia no início da Idade Média, na c ivilização por excelê nc ia, a despeito de invasões e guerras. Quando os gregos sofreram a invasão dos dórios no século Xll a.C., recaíram durante três séculos no ana lfabet ismo. O e ngajamento dos mo nges medievais com a le itura, escrita e educação ev itou esse terrível destino aos europeus, após a catástrofe da queda do Impéri o Romano do Ocidente. Não me nos devastadoras foram as invasões posteriores de vikings, saxões, magiares ou maometa nos. Mas a determ inação inaba lável de bispos e monges salvou a Europa de um segundo colapso. De acordo com o historiador malês C ri stopher Dawson, as hordas saquearam mosteiros e queimaram bibliotecas, mas os mo nges imped iram que a luz do conhecimento fosse extinta (p. 22). Alguns mosteiros fi caram célebres pe lo domínio de certos ramos do saber. Os monges de Saint-Bénigne em Dijon, na França, davam aul as de medicina. Os do mosteiro de Saint-Gall mantinham uma escola de pintura e gravação. Em conventos a lemães podiam-se ass istir aulas e m g rego, hebreu e árabe. Os monges tinham devoção pelos livros e e mbelezavam os ma nu sc ritos, espec ia lmente as Escrituras, com a rtísticas iluminuras. São Bento Biscop, fundador do mosteiro de Wearm o uth (Jng late rra), mandava trazer livros de toda parte. São Ma"ie ul , abade de C luny (na França), viajava sempre com um livro à mão. São Hugo de Lincoln, pri o r de With am, primeira ca rtu xa na Ing laterra, exp li co u:

"Nossos li vros são nossa delícia e nossa riqueza em ten·1pos de paz, nossas armas ofensivas e defensivas ern ternpo de guerra, nosso alimento quando temosfome, e nosso m.edicamento quando estamos doentes" (p. 43).

Criação <las tmfrersida<les na é/JOCa mcclic\lal Muitos a inda repetem o velho "chavão" de que a Idade Méd ia foi uma época de trevas, ig no râ nc ia, supe rsti ção e repressão inte lectua l. M as não é preciso ir muito lo nge para provar o contrário. Basta co ns ide ra r uma das máx imas reali zações medievais: as unive rs idades [foto 11. A li ás, fo i um apo rte exc lu sivo à História. Nem Gréc ia ou Roma conheceram a lgo parecido. A Cátedra de Pedro foi a maior e mai dec idid a protetora das universidades. O diploma de me tre, o utorgado por universidades como as ele Bolonha, Oxford e Paris, clava direito a e ns in a r em todo o mundo. A prime ira que ga nhou este pode r foi a ele Toul o use, na F ra nça, das mãos cio Papa G regó rio IX, e m 1233 . A ]greja protegeu os univers itá ri os com os benej[cios do clero. Os estudantes ela Sorbonne di spunham ele um tribuna l especia l para o uvir suas causas. Na bula Parens Scientiarum, Gregóri o IX confirmou à Universidade ele Paris o d ire ito a um gove rno autônomo e a fixar suas própri as regras, cursos e estudo . . Também a e mancipou ela tutela cios bispos e ratificou o direito à cessa tio - a g reve ela a ul as - se os seus membros fossem objeto ele abusos, como aluguéis extors ivos, injúri as, mutil ação e prisão il ega l. Os Papas interv inham com força , a fim ele que os professores fossem pagos d ig name nte. Comp letados os estudos , o novo mestre era oficia lmente investido. E m Paris, isso ocorria na ig reja ele Santa Genoveva, padroe ira ela c idade. O novo mestre ajoe-

CATOLIC ISMO

lhava-se diante cio vice-c hancele r da Universidade, que pronunciava esta bela fórmula: "Eu, pela autoridade com que fúi revestido pelos Apóstolos Pedro e Paulo,

vos concedo a licença de ensina,; comenta,; disputw; dete rminar e exercer outros atos magisteriais seja na Faculdade de Artes de Paris, seja ern qualquer outra parte, ern nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amen·1" (p. 56).

Os mosteil'os lcn,rnm a agricultura a /Jatamar mmca \listo Para He nry Goclclell, presidente cio Massachusel/s Agricultura! College, os monges salvm-a.11 a agricultura durante 1.500 anos. Eles procuravam locais longínquos e inacessíveis pm·a viver na solidão. Lá, secavam brejos e limpavam florestas, ele mm1eira que a área ficava apta a ser habitada. Novas cidades nasciam em volta cios conventos. O terreno cm torno ela abad ia ele Thorney, na Ing laterra, era um lab irinto ele córregos escuros, c harcos largos, pântanos que transbordavam periodicamente, árvores caídas, áreas vegetais podres, infestados ele a nima is perigosos e nuve ns ele in setos. A natureza abandonada a si própria, sem a mão ordenadora e protetora cio homem, e ncontrava-se no caos. C inco sécu los depois, Willi am de Ma lmesbury ( 109611 43) descreveu assim o mesmo loca l: "É umafigura

do Paraíso, onde o requinte e a pureza do Céu parecen·1. já se refletit: r... ] Nenhuma polegada de terra, até onde o olho alcança, permanece inculta. A terra é ocultada pelas árvoresfrut(feras; as vinhas se estendem sobre a terra ou se apóiam em treliças. A natureza e a arte rivalizam uma com a outra, uma fornecendo tudo o que a outra nüo produ z. Oh profúnda e prazenteira solidão! Foste dada por Deus aos monges para que sua vida mortal possa levá- los diariamente m.ais perto do Céu!" (p. 3 1). Ma is tarde o protestantismo reduz iu Thorney a ruínas, mas estas ai nda emocionam os turistas. Aonde c hegava m, os mo nges introduzia m grãos, indústrias, métodos ele produção que o povo nunca tinh a visto l_foto 2J . Selecio nava m raças ele an imai s e sementes, faz ia m cerveja, colhiam me l e frutos. Na Suécia, criaram o comé rc io ele milho ; e m Parma, o fa brico ele queijo; na Irlanda, criações ele sa lmão; por toda parte plantavam os me lhores vinhedos. Até descobriram a c hampag ne ! Represava m a ág ua para os dias ele seca. Os mosteiros ele Saint-Laurent e Sa int-M artin canalizavam ág ua destinada a Paris. Na Lombardia, e ns in aram aos campo neses a irrigação que os fez tão ricos. Cada mosteiro foi um a escola pará ex pl orar os rec ursos ela reg ião. Seria muito difícil encontra r um g rupo, e m qualquer parte cio mundo, cuj as contribuições tivessem s ido tão variadas, tão s ig nificativas e tão indi spensáveis como a cios monges cio Ocidente na época ele miséria e desespero que se seguiu à queda cio Impé rio Romano. Quem ma is na Hi stóri a pode ostentar seme lhante feito? - pergunta Woocls (p. 45).

Dignilicação do trabalho manual Disseminou -se que as escolas soc ia listas cio sécul o XIX recuperaram a dignidade cio trabalho manual. Nada mai s falso. No paganismo, os bárbaros viv ia m ela caça e cio saq ue; o trabalho braçal era próprio cios escravos. Quando o Império Romano ruiu , tornaram-se indi spensáveis atividades de sobrevivê nc ia, sempre menosprezadas. E e is que os monges aparecem, ante as multidões mise ráveis, como sem i-deuses que habitam e m ad miráveis abad ias devotadas ao esp le ndor cio culto, e que após um simples bater cio s ino descem aos pântanos, desertos o u florestas para abrir roças com seus braços! Quando os monges deixavam suas celas para cava r valetas e arar ca mpos,

"o efeito era m.ágico. Os hornens voltavam para uma nobre porérn desprezada tareABRIL2007

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.fá". São Gregóri o M ag no (590-604) refere-se ao abade Equitius, do sécul o VI , famoso pela sua eloqüência. Um envi ado papal f oi procurá- lo e se apresentou no scriptoriwn onde imagin ava enco ntrá- lo entre os copi stas. Os ca lígrafos simples mente di sseram: " Ele eslá lá em.baixo no vale, cortando a cerca". l11ve11tol'es de tecnologias logo co11w11ica<las a todos Os cistercienses fi caram fa mosos pela sua sofi sti cação tec nológ ica . Uma grande rede ele co muni cações ligava os mosteiros, e entre eles as in fo rm ações circulavam rapidamente. Isso explica que equipamentos simil ares aparecessem simultanea mente em abadi as, por vezes a milhares ele milhas umas das outras. No século Xll o mosteiro ele C lairvaux , na França, copi ou 742 vezes um relatóri o sobre o aproveitamento da energia hidráuli ca, para que chegasse a todas as casas cisterc ienses ci o V elho Continente. Eis uma significativa carta ela época : "Enlrando na abadia sob o 1nuro de clau-

sura, que como um porteiro a deixa passcu; a correnteza se j oga imp etuoscunente no moinho, onde um.j ogo de ,novimentos a rnulliplica antes de rnoer o trigo sob o peso de m.oenda.1· de pedra; depo is o sacode para separar a f arinha do j oio. Assim que chega no próximo prédio, a ág ua que enche as bacias se rende às chamas, que a esquentam para preparar cervej a para os rnonges ". O relato continua expondo a lavagem mecâni ca ela lã, a tintura cios panos e o tingimento cios couros (p. 34-35). T odos os mosteiros cios cistercienses tinham uma fábrica modelo, com freqüência tão grande quanto a igrej a. Eles foram os líderes ela produção ele aço na Champagne. Usavam resíduos cios f ornos como fertili zantes, pela concentração ele fosfatos. Jean Gimpel alude a uma autêntica revolução inclustTial na Idade M édi a, pois esta "inlroduziu a maquinaria na Europa numa

m.edida que nenhuma civilização previamenle conheceu " (p. 35). E W oocls completa: " Esses mosteiros fo ram as unidades econômica.1· n·,ais produti vas que jamais exisliram na Europa, e talvez no mundo, até aquela época " (p. 33). A finalidade cios monges era imprimir no mundo a imagem cio sublime Cri ador. Por isso, viam como uma vitóri a que outros implementassem logo as in venções que ex pandiam o Reino ele Deus na Terra. Stark cita a admiração cios viajantes vendo os quase dois mil moinhos que reali zavam toda espéc ie ele tarefas nas margens cio Sena, nas prox imidades d Paris.

Dcscobcl'tas gramles e sw ·p,·eemlelll,cs No início do século VII , o monge Eilmer voou mais ele 180 metros ífoto l l com uma espécie ele asa delta. Posteriormente o padre j esuíta Francesco Lana-Terzi estudou o vôo ele modo sistemático e descreveu a geometria e a fís ica ele uma nave voadora. Os monges eram habilidosos reloj oeiros lfoto 21. O pri meiro relógio mecânico ele que se tem registro fo i fe ito pelo fu turo papa Silvestre li [foto 31para a cidade ele M agcleburg, na A lemanha por volta cio ano 996. No século X IV, Peter L ightfoot, monge ele G lastonbury, construiu um dos mais antigos relógios ainda ex istentes. Richard ele W allingfor, abade ele Saint Albans, além de ser um cios iniciadores ela trigonometria, desenhou um grande relógio astronômico para o mosteiro, que predi zia com precisão os ec lipses lunares . Relógios comparáveis só apareceri am dois sécul os depois. Gerry M cDonnell, arqueometalurgista da Uni versidade ele Braclforcl , na Inglaterra, encontrou nas ruínas ela abad ia de Rievaul x Ifoto 41, as provas ele um grau ele avanço tecnológ ico capaz ele produzir as grandes máquinas do sécul o X VIll. Os religiosos medieva is tinham conseguido fornos capazes ele produzir aço ele alta resistência. Rie-

CATOLICISMO

vaul x foi fechada pelo heres iarca Henrique V[II em 1530, e por isso o aproveitamento dessas descobertas fi cou atrasado ele dois sécul os e meio. Em A rbroath (Escócia) os abades instalaram um sino flutu ante num recife peri goso, que as ondas ag itadas faz iam soar para alertar os navegantes . O rec ife fi cou conhec ido co mo " B ell Rock " (Rec ife cio Sin o), e hoj e um farol e um mu seu lembra m o fato. Por toda parte os frades construíam ou reparavam pontes, estradas e outras obras indi spensáveis para a infra-estrutura medieval. E isto sem nenhuma des pesa para o erári o público. Oh época feli z, em que os cid adãos não vivi am es magados por impostos para obras que acabam sendo mal feitas !

Sem

a

Igreja não teria havi<lo ciê11cia

A alegada hostilidade ela Jgrej a Católi ca à ciênc ia não res iste a qu alquer análi se. A verd ade é que, sem a Igrej a, não teri a hav ido ciências sistemáticas e dinâmi cas, di z W oods. De fato, a idéia ele um mundo ordenado, racional - indispensável para o progresso ela ciência - está ausente nas civili zações pagãs. Árabes, babilôni os, chineses, egípcios, gregos, indianos e maias não geraram a ciência, porque não acreditavam num Deus transcendente que ordenou a cri ação com leis físicas coerentes. Os ca ldeus acumulara m dados astron ômicos e desenvol vera m rudim entos el a ,'ílgebra, mas j amais constituíram algo que se pudesse chamar ele ciência. Os chineses "nunca f orrnarcun o conceito de wn celeste legislador que irnpôs leis à natureza inanimada" (p. 78) . Res ultado: descobriram a bússo la, mas não sabi am para o que servia e a usavam em adi v inhações . A Grécia antiga confundi a os elementos com deuses perversos e caprichosos. O Jslã recusava a ex istência de leis físicas invari áveis, porque coarctariam a vontade absoluta ele Al á (p. 79). Essas crendices todas torn am impossível a ciência (p. 77). O hi stori ador el a ciência Edward Grant indaga: " O que /ornou possível à

civilização ocidental desenvolver a ciência e as ciências sociais, de 1,1111a maneira que nenhwna ou Ira civilização o .fizera anleriormente ? A resposta, estou convencido, encontra-se num espírito de investigação generalizado e pro.fimdarnen/e estabelecido corno conseqüência da ênf ase na razão, que começou na Idade Média" (p. 66). lgl'eja i11s11i1'011 os códigos de leis e o /)il'cito lnter11acio11al Seg undo o prof essor de Direito Haro ld Berm an, os modern os sistemas lega is "são um resídu o secular de a1i-

tudes e posições religiosas, que lêrn sua primeira expressão na li/urgia, rilos e doutrinas da Igrej a, e só depois nas instiluições, conceitos e valores da Lei" (p. 187). A i greja restaurou o direito cios romanos, aportando uma contribui ção própri a inaprec iável. O Papa Ge lás io de finiu os limi tes la ord em temporal e espiritual. O primeiro corpo sistemático ele leis fo i o Códi go Ca nôni co. O conce ito ele direitos individuai s, que se atribui erroneamente aos pensadores liberai s dos séc ul os XVIJ e XVlll, ele fato deriv a de Papas, professores universitári os, ca noni stas e fil óso fos católicos med ieva is. Deve-se também à Igrej a o Direito Jntern acional. Pela influência d' Ela, os processos jurídi cos e os conceitos legai s substituíram os juízos ci os germ anos baseados na supersti ção. A Revolução igualitária, que se ini ciou no século XV , gerou pensadores como o fil óso fo britâni co cio sécul o X VII Thomas H obbes, para quem a soc iedade humana é imposs ível sem um a es péc ie de despotismo. Para ele, o soberan o deveria definir o que é verdadeiro e o que é errado, isto é, agir ele um modo ilurninado e arbitrári o.

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A cal'ida<le Cl'istã exorcizou a brutali<lade pagã W . E. H. Lecky destaca que nem na prática nem na teoria a caridade ocupou na Antigü idade uma posição comparável à que teve no Cristianismo. O historiador da medicina Fielding Garrison mostra que antes de Cristo "a atitude face à doença e à desgraça não era de compaixão. O crédito de cuidar dos seres humanos enfermos em grande escala deve ser atribuído à Igreja" (p. 176). O s cristãos causavam admiração pela coragem com que atendiam os agon izantes e enterravam os mortos. Os pagãos abandonavam em ruas e estradas os parentes e melhores amigos doentes, semi-mortos, o u mortos sem enterrar. Santo Agostinho fundou uma hospedaria para peregrinos, resgatou escravos, deu roupa aos pobres. São João Crisóstomo fundou hospitais em Constantin op la. São Cipriano e Santo Efrém organ izaram os a uxílios durante epidemias e fomes. O rei de França São Luís IX [foto J] dizia que os mosteiros eram o "patrimônio dos pobres". Eles davam diariamente esmolas aos carentes. Por vezes, míseros seres humanos passavam a vida depende ndo da caridade monástica ou episcopa l. Também distribuíam alime ntos aos pobres em sufrágio da alma de um religioso fa lec ido, durante tri nta dias no caso de um simples monge, e durante um ano no caso de um abade. E, às vezes, perpetuamente.

Os hospitais, esses <lesco11hecidos pelos não católicos As ordens militares, fundada durante as Cruzadas, criaram hosp itais por toda a Europa. A Ordem dos Cavaleiros de São João (ou Hospitalários, que deu ori gem à Ordem de Malta) criou um hosp ital em Jerusalém por volta de 1 1 13. João de Wi.irzburg, sacerdote alemão, ficou pasmo com o que viu ali . "A casa - escreveu ele - alimenta tantos indivíduos fora dela

Os escolásticos limdarnm a economia cicntílica Um dado muito pouco conhec ido é que a Igreja in spirou o pensame nto econômico. Joseph Schumpeter, em sua History of"Economic Analysis ( 1954), d isse dosescolásticos: "Foram eles os que chegarcun, mais perto

do que qualquer outro grupo, a serem os '.fundado res ' da econonúa cient(fica" (p. 153). Jean Buridan (1300- 1358), re itor da Un ivers idade de Paris, deu importantes contribuições à moderna teoria da moeda. Nicolas O resme (1325- 1382), aluno de Buridan e padre fundador da economia monetária, estudo u com prioridade os efeitos destru tivos da infl ação (p. 155). Ma rtín de Azp il cueta ( 1493- 1586), esco lástico tardio, escreveu sobre a carestia provocada pe lo aumento de me io c irc ulante. O Cardea l Caietano ( 14681534) justificou moralmente o comércio internaciona l e mostrou como a expectativa sobre o va lor futuro da moeda afeta o presente do mercado (pp. 157- 158). Para Murray Rothbard , "o Cardeal Caietano, um príncipe

da Igreja do século XVI, pode ser considerado o .fiuidador da teoria da expectativa em economia" (p. 158). O franciscano Jean Olivi ( 1248- 1298) foi o primei ro a propor uma teoria do valor subjetivo, e mostrou que o "justo preço" e me rge da interação e ntre compradores e vendedores no me rcado. Um séc ulo e me io depoi s, São Bernard ino de Siena, o maior pensador econô mi co da Idade Média , co nsagro u esta teoria (p. 158). CATOLIC I SMO

quanto dentro, e dá um tão grande número de esmolas aos pobres, seja os que chegam até a porta, seja os que.ficam do lado de fora, que certamente o total das despesas não pode ser contado, nem sequer pelos administradores e dispensários da casa". Teodorico de Wi.irzburg, outro peregrino alemão, maravilhou-se porque "indo através do palácio, nós não podemos de maneira alguma fa zer uma idéia do número de pessoas que ali se recuperam. Nós vimos um milhar de leitos. Nenhum rei, ou nenhum tirano, seria si!ficientemente poderoso para manter diariamente o grande núrnero de pessoas alimentadas nessa casa" (p. 178). Raymond du Puy [foto 2], prior dos Cavaleiros Hospitalários, incitou os monges-guerreiros a fazerem sacrifíc ios heróicos por "nossos senhores, os pobres". "Quando os pobres chegam - diz o artigo 16 do decreto de du Puy - devem ser assim acolhidos: que recebam o Santo

Sacramento, após terem primeiro confessado seus pecados ao sacerdote, e depois sejam levados à cama, como se fosse wn Senhor". O decreto ele du Puy virou um marco no desenvolvimento dos hospitais (p. 178-1. 79). O Hospital de Jerusalém inspirou uma rede de hospitais sim ilares na Eu ropa . No século XJI e les pareciam mais com hospitais modernos do que com os antigos hospícios . O de São João de Jerusalém impress ionava pelo profissionalismo, organ ização e discipli na. Cada dia o doente devia ser vi sitado duas vezes pelos médi cos, ser lavado e tomar duas refeições . Os responsáveis não podi am comer antes que os pacientes. Uma equ ipe de mulheres cumpria outras tarefas e garantia vestimentas e roupa de cama limpas. O protestante Henrique VIU fechou os mosteiros e confiscou suas propriedades , na Jnglaterra, sob a fa lsa ac usação de que eram fonte de escândalo e imoralidaDesapareceu então a ca rid ade para com os necessitados. A redistribuição elas te rras abac ia is trouxe "a ruína para incontáveis milhares dos mais pobres dos cam-

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D inamarca, nasceu junto tstabelecido pelo bispo rrer os nóufragos

A Igreja re staurou a di gnidade do matrim ôni o e gerou um fato desconhec ido pelos pagãos: susc itou mulheres capazes ele tocar suas próprias esco las, conventos, colégios, hospitais e orfanatos [foto 1]. A Jgrej a definiu e delimitou a guerra justa. Nem Platão nem Aristóteles fi zeram qualquer coisa ele comparável. Em sentido contTário, o espírito moderno antimedieval teve um mestre em Nicolo M achiavello. E le postulou que a política é um j ogo cínico, onde "a remoção de um peão político, embora envolva cinqiienla mil hom.ens, não é mais perlurbadora que a remoção de uma peça de xadrez do tabuleiro" (p. 2 11).

O vavel ela lgl'eja 11a construção da cfrilização Woocls conclui: "A Igreja não apenas contribuiu para a civilização ocidental, mas Ela construiu essa civilização" (p. 2 19). " Pensamento econômico, lei internacional, ciência, vida universitária, caridade, idéias religiosas, arte, rnorulidade - esles são os verdadeiros fundam entos de uma civilização, e no Ocidente cada um deles emergiu do coração da Igreja Católica" (p. 22 1).

poneses; a quebra de pequenas comunidades, que era,n o seu mundo, e a verdadeira miséria passou a ser seu .fitturo" (p. 182). O desespero atiçou os motin s populares ele 15 36 (p. 18 1). Idênti co ou pi or mal fez a Revolução Francesa. Em 1789, o governo revo luci onário confi scou as propriedades ela Igreja. Em 1847, mais ele meio séc ulo depoi s, a França tinha 47 % a menos de hospitais cio que no ano do confi sco (p. 185- 186).

Abaclias: hotéis gratuitos vaPa ve1·eg1·i11os, ,riajantes e vobres Pela regra ele São B ento, os frades dev iam dar esmolas e hospitali dade ao necess itado, como se este fosse um outro Cri sto. Por isso os mosteiros serviam ele hospedagens gratuitas, seg uras e tranqüilas para viajantes, peregrinos e pobres. Não so mente recebi am a todos, mas em alguns casos iam à sua procura. O hospital monástico ele Aubrac tocava um sino especia l à noite, para ori entar os viaj antes perdidos no bosque. A cidade ele Copenhague, na Dinamarca, nasceu em torno ele um mosteiro estabelec ido pelo bispo Absalon , para socorrer os náufragos.

A Igreja enxotou

os

costumes clevnwados e criminosos

Os padrões ele mora lidade foram modelados pela I grej a Católi ca. Platão ensinava que um doente, ou um incapac itado ele trabalhar, dev ia ser morto. Na Ro ma anti ga havia 30% mais de homens cio que ele mulheres. As meninas e os varões deform ados eram simples mente abandonados. Os estóicos favoreceram o suicídi o para fugir ela dor ou ele frustrações emocionai s. Os romanos afundara m tanto na sensualidade, que até perderam o culto ela deusa Castidade. Ovídio, Catulo, Marcial e Suetônio contam que as práticas sex uais cio seu tempo eram perversas e até sádicas. Segundo T ác ito, no século II uma mulher casta era fe nômeno raro. Enfim, reinavam os torpes vícios em que hoj e vai recaindo o mundo neopagão que apostatou ela Cristandade.

CATOLICISMO

W oocls constata que as esco las revolu cionárias , qu e di zem ser a fonte ela civili zação, na realidade trabalhara m pela sua demolição. A s escolas literári as revolucionári as conceberam enredos bi zarros que refl etem um universo anárqui co e irracional. N a mú sica, o mesmo espírito anticri stão cri ou ritmos caóticos co mo os ele lgor Stravinsky. Na arquitetura produziu a degeneração, hoj e evidente, em ed ifícios des tinados a serem igrejas progressistas. Em filosofia, ca iu -se a ponto ele o ex istenc iali smo propor que o universo é abs urdo, que a vicia carece ele signifi cado e que a úni ca razão ele viver é enfrentar o vác uo (p. 222-223). A Renasce nça e o Romanti smo levaram o homem a voltarse sobre si própri o. Esta tendência clesorclenacla res ultou na preocupação obsess iva consigo mes mo e, por fim , no narcisi smo e niili smo da arte modern a. O artista lond rin o Tracey Em im, por exempl o, cri ou a absurda "obra ele arte" My Bed: uma ca ma desfeita e suj a, com garrafas ele vodka, preserv ativos usados e roupas ensa ngüentadas. Num a ex pos ição na Tate Callery, em 1999, vândalos nus pularam na "obra" e beberam o vodka. O público ap laud iu . Em im ga nhou o posto ele professo r na Europea11 Gradua/e School. Estas são amostras cio abi smo em que caiu este mundo, que negou até a poss ibilidade de asp irar pela restauração ela Cri standade.

Bem ens inou São Pio X lfoto 21que a Civili zação Cri stã não é um so nho nem uma utopi a que está para ser descoberta . Ela ex istiu, como está consignada em inúmeros testemu nhos hi stóricos. E autores novos, como os que acabamos ele ci tar, os redescobrem hoj e com su rpresa e adm iração. Ma is ainda, ela ex iste em germe nas alm as que, enfadadas pela anarquia e a cacofoni a hod iern as, anelam à procura ela ordem idea l. Com certeza, a Cri standade voltará a to rn ar-se rea lidade mais um a vez, e ainda mais esp lendorosa, após o triunfo cio Imaculado Coração ele Maria, prev isto em 19 17 por Nossa Sen hora em Fátima. • E- mai l cio autor: lui sclufau r @catolicismo.com.br

Notas: 1. Rocl ney Stark , 711e Victo,y of Reaso// - I 1(/\v CJ,ristianity Led to Freec/0111, Capita lis,11 anel Westem Sncess, Ranclom House, 2005, 28 1 pp. 2. Stark , op. c it. , p. 7. 3. Thomas E. Woocl s. J r. Ph. D., / -/ 0111 th e Catlwlic C/11,rch lmilt Weste m C iviliza tio11 , Regn ery Publi shin g ln c .. Wa shi 11 gtu11 D. C., 2005, 28 0 pp. As cit ações deste arti go são deste li vro, sa l vo i ndicação em contrário.

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s id o desterrados, Is idoro retirou-se para um mosteiro onde continuou seus estudos, chegando a do min ar inteirame nte o latim , o grego e o hebreu. Dedicou-se também a fo rmar uma bi blioteca , q ue dificilmente encontra rá simil ar em toda a Idade Média . lsidoro, além de sábio, era um organ izador. Dando-se conta de que a legislação que regulava a vida monástica era fa lha e obscura em muitos pontos, escreveu para os vários mosteiros ela Espanha uma Regia de los Monjes, onde tudo é claro, simples e metódico.

Sé ª''(JllÍCJJÍSCOJJal ele Sevilha

Na

Santo Isidoro de Sevilha, "luminar esplendoroso e incorruptível" C onsiderado o homem mais douto de seu tempo, Santo Isidoro foi um precursor tanto no campo eclesiástico quanto civil, podendo ser considerado um dos pais da Idade Média ■ PUNIO M ARIA SOUMEO

I

Cartagena, cidade natal de Santo Isidoro

CATO LICISMO

sidoro nasceu na c idade de Cartagena (Espan ha) em 560, fi lho de Severiano e Teodora, ambos de alta nobreza e vi,tude. Foram seus irmãos São Leandro, que o precedeu na Sé de Sevilha, São Fulgêncio, bispo de Ecija, e Santa Florentina, da qual se diz que governou 40 conve ntos e mil monjas. Embora sendo um dos autores mais lido e plag iados de seu tempo, esse grande Doutor da lgreja não teve um biógrafo contemporâneo. Ass im, sua vicia, além dos traços gera is conservados pela tradição, tem que ser adivinhada em seu inúme ros escritos.

O certo é que Isidoro era muito inteli ge nte , de memória fab ul osa, e muito ap li cado ao estudo e à le itu ra. Em 579 o irmão de Isidoro, Leandro, fo i nomeado arceb ispo de Sevilha. Um ano depois, com seu irmão Fu lgêncio, Lea ndro foi desterrado por combater a heres ia ariana. Essa perseguição terminou co m a morte do ímpio re i Leov igildo. Fanático a ri a no, e le não recuo u em dar a morte a seu próprio filho , Sa nto Ermenegildo, por este ter-se conve rtido à Igreja Cató lica, Apostólica, Romana. Ascendeu ao trono o outro filho, R eca redo, que também abjurou a heres ia ariana. Retornando às suas dioceses seus dois irm ãos, que haviam

No ano 600, tendo fa lecido Leandro, Isidoro fo i esco lhi do pelo re i e pelo povo para substituí-lo na Sé de Sev ilha, então a principal de toda a Espanha. Como bom pastor, Isidoro "prega ao povo, governa a dio-

cese, reúne concílios - um. em 619 e outro ern 625 - promulga sábios decretos para promover a cultura e melhorar os costumes, defende a ortodoxia, converte um bispo oriental, que propagava no sul da Espanha o eutiquianisrno, e confunde um prelado godo que se havia levantado àfrente de uma reação ariana".' Mai s ainda: "não poupou nada para exterminar o arianismo, que infestava ainda grande parte de sua diocese; para reformar os costumes dos fiéis, que se tinham corrompido sob o reino dos heréticos; para restabelecer em seu esplendor a disciplina eclesiástica e fa zer com que os ojkios da igreja fossem celebrados com a majestade e a devoção que pedem a grandeza do Deus que neles se honra e louva".2 Isidoro era adornado de todas as virtudes : "Eram admiráveis sua hu-

mildade, sua caridade, sua benignidade, sua afabilidade e modéstia, sua paciência e m.ansidão. Era piedosíssimo com os pobres, aprazível com os ricos, forte com os poderosos, devo tíssimo na igreja, vigilante na reforma dos costumes, constante na disci-

plina eclesiástica, suavissuno para todos, e para si rigoroso e severo". 3

Agl11ti11aclor de raças, o/Jm civilizaclora "As antigas instituições e o ensino clássico do Império Romano estavarn desaparecendo rapidamente. Na Espanha, wna nova civilização começava a transformar-se pela fusão dos elementos raciais que formavam sua populaçcio. Por quase dois séculos os godos a tinham controlado inteiramente, e suas maneiras bárbaras e despre zo pelo saber ameaçavam grandemente fa zer retroceder o progresso da civilização. Compreendendo que o bem-estar tanto espiritual quanto material da naçcio dependia

da total assimilaçcio dos elementos estrangeiros, Santo Isidoro pôs-se à obra de unir numa naçcio homogênea os vários povos que formavam o reino hispano-gótico. Para esse fim, utilizau-se de todos os recursos da religicio e da educação. E seus esforços encontraram completo sucesso". 4 Para isso dedicou especial atenção à e lucação da juventude, fundando vário c Jégios e seminários. Esses colégios eram verdadeiras universidades,

das quais saíram homens ilustres como São Bráulio, depois arcebispo de Saragoça, e Sanlo Ildefonso, os quais posteriorme nte fizeram o catálogo elas inúmeras obras de Santo Isidoro. Enfim , Santo Isidoro fundou também vários mosteiros, nos quais a regu lar id ade mo nás tica e o lo uvo r a Deus se faziam de modo exím io. Um dos primeiros atos de seu episcopado fo i o de pronunciar um amltema contra qualquer eclesiástico que mo lestasse os mosteiros.

Ycrdaclcim c11ciclof)édia

ou diciomÍl'io 1111ivc1·sal Para seus estudantes, escreveu "uma multidcio de tratados, cuja extenscio e profunda doutrina pasmam os m.aiores engenhos, porque abraçam todos os conhecúnentos hum.anos daquela época, desde a m.ais sublime teologia até a agricultura e econom.ia rural. A principal de suas obras, ou seja, os vinte livros das 'Orígenes o Etimologías', é uma verdadeira enciclopédia ou dicionário universal, que faz descobrir o raro e agudo engenho de seu auto,; corno também sua extraordinária erudiçcio e assombroso trabalho de investigação ". 5 Ele fo i, assi m, o primeiro escritor cristão a reunir, para os católicos, uma suma dos conhecimentos universais. Muitos fragmentos cio estudo clássico foram preservados nessa obra, que, sem ela, teriam desaparecido irremediavelmente. A fama desse trabalho deu novo ímpeto aos trabalhos enciclopédicos, produzindo abundantes frutos nos subseqüentes séculos da Idade Média.

O/Jras de teologia, grnmática e ciências No campo teológico, seus três livros

Sentencias podem ser considerados a primeira Suma Teológica. Redigiu ainda para seus estudantes a obra De la di-

ferencia de la propiedad de las palabras, como complemento para o estudo da gramática e retórica. E também as obras históricas La Cronica, La Historia de

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los Reyes de Espaíia e El Libra de los Varones ec!esiáticos. M esmo as ciências naturai s e o estudo do mundo físico deveri am fazer parte do currículo de seus colégios, pois afirmava que "não é coisa

supersticiosa o conhecer o curso dos astros, os movimentos das ondas, a natureza do raio e do trovão, as causas das tempestades, dos terrernotos, da chuva e da neve, das nuvens e do arco-íris ". 6 D e todas essas questões, trata: em doi s interessantes livros: De la naturaleza de las cosas - que de-

movimento educativ o que teve Sevilha co mo centro. Empenhou- se também para que fossem promulgados 74 câ nones muito úteis para a expli cação da f é e restabelec imento da di sc iplin a da I grej a. A pedido dos padres concili ares, trabalhou num no vo mi ssal e brevi ári o para unificar os costum es e a

dicou ao rei Si sebuto, de quem foi amigo e conselheiro, e a quem incentivou em seus trabalhos literári os - e Dei Orden de las criaturas.

Alma dos Concílios (le 'l'ole<lo e <le Se11ilha Além de combater a heres ia ari ana, que tinha penetrado profundamente na Espanha entre os vi sigodos, Santo Isidoro erradicou totalmente a dos "acéfal os", que f o i morta em seu nascedouro.

" Co mo Leandro, e le te ve a mais proeminente participação nos Concílios de Toledo e de Sevilha. Com toda justiça, pode-se dizer que .foi em g rande medida devido ao trabalho esclarecido desses dois ilustres irrnãos que a leg islação visigótica, que procedeu desses concílios, é vista por historiadores rnodern.os como exercendo a mais importante ü1flu ência nos começos do go verno representativo". 7 Em dezembro de 633, se bem que avançado em anos, Santo I sidoro presidiu ao IV Co ncíli o de Toledo, do qual parti ciparam todos os bi spos da Espanha. E le fo i a ori ge m da maior parte de seus decretos, como por exemplo, o que determin ava a todos os bi spos qu e estabelecesse m seminári os em suas di oceses para a f orm ação do clero, na linha dos co légios fundados por ele em Sevilha . D esse modo Santo [sidoro fo i a mola propul sara do

CATOLICISMO

liturgia em todo o reino : "Seria um absurdo que tivésse,nos distintos costumes os que prof essamos uma mesma f é e .formamos parte de wn mesmo império", costumava di zer. Também nesse IV Concíli o, a pedido do rei Si senanclo, deu forma à co nstitui ção políti ca do reino, consolidando o regime de estreita uni ão entre os poderes civil e reli gioso, e amoldando a l egislação co m base nos prin cípi os do Direito Canônico. Foi o primeiro a ass inar o decreto que mudava a Sé metropo litana de C artage na para To ledo, a nova capital vi sigótica. N esse concíli o ainda foi incentivado o estudo do grego e do hebreu, bem como das artes liberai s. O Santo arceb ispo susc itou também o interesse pelo direito e pela medicina, muito antes dos árabes, e despertou o interesse pela fil osofia grega , introdu zindo Aristóteles entre seus conterrâneos. lsicloro fa leceu em 636. Foi o últim o dos antigos fil ósofos cri stãos, tendo sido cognominado " luminar esplendoroso e incorruptível" por São Bráulio de Saragoça. lndubita-

velmente foi ele o mais sábio homem de sua época, tendo exercido, como vimos, profunda influência em todo o sistema educativo da Idade M édia. Seu di scípul o São Bráulio o via como um homem suscitado por Deus para salvar o povo espanhol da aval anche de barb{u-i e que ameaçava a civili zação na Espanha . Di z ele: "Teus li-

vros nos levam.à casa paterna, quemdo andamos errantes e extraviados pela cidade tenebrosa deste mundo. Eles nos diz.em quern somos, de onde viem.os e onde nos encontramos. Eles nos .falam das grandezas da pátria e nos dão a descrição dos tempos. Ensinwn-nos o direito dos sacerdotes e das coisas santas, a disciplina pública e a doméstica, as causas, as relações e os gêneros das coisas, os nomes dos povos e a essência de quanto existe no Céu e na Terra".8 O VJII Concíli o de Toledo, em 65 3, denominou-o " Doutor insigne de nosso século, novíssimo ornarnento da Igreja católica, o último na ordern dos tempos, mas não na doutrina; o hornern mais douto nestes críticos ,nornentos de.fim das idades ".9 • E-mail do autor: pm so limeo @cato l icismo.co m.br

Notas: 1. Fr. Ju sto Perez de Urbel, 0.S.B. , Mio Cristiano , Ecli ciones Fa x, M adrid, 1945 , tomo li , p. 4 1. 2. Les Petit s Boll ancli stes, Vies des Saint.,·, Bloud et Barrai, Pari s, 1882, tomo IV , pp. 187- 188. 3. Pe. Pedro el e Ribacleneira, S. J., Fi os Sa ncto m111 , ap ucl Dr. Edu ard o M ar ia Vil ar ra sa, La Leye n da d e O ro , L. Gonzá lez y Co mpaíi ia - Ed itores, Ba rce lona, 1896, tomo 11 , p. 2 1. 4. John B. O ' Co nn or, St. lsido re r~f'Sevilla , T he Ca th o li c Encyclopeclia , Vo /11111 e VIII , Copy ri g ht © 19 1O by Robert A ppl eto n Co mpany , O nlin e Ecl iti on Copyri ght © 2003 by Kevin Kni ght. 5. Eclelvives, E/ Sa nto de Cada Dia, Ed itori al Lui s Vi ves, S.A. , Saragoça, 1947 , to mo 11, p. 356. 6. Fr. Justo Perez ele Urbcl, op.cit. pp. 45-46. 7. Jo hn B. O ' Co nn o r, Th e Ca th o li c Encyclopedia, online edition. 8. Fr. Ju sto Perez de Urbel , op.cit., p. 49. 9. lei ., ib.

Uma arquiduquesa na origem da Independência do Brasil H oje em dia, ao vermos correntes ideológicas trabalharem para separar a Amazônia do Brasil, convém pôr em realce o papel decisivo que teve a Imperatriz Leopoldina na manutenção da unidade nacional □

0 D ALENCASTRO

D

esde os bancos esco lares, aprendemo · que a Independ ênc ia do Bra. il fo i proc lamada a 7 de setembro de 1822, por D. Pedro 1, às margens do ] piranga. Ao receber cartas de Portugal, ex igin lo dele uma submi ssão mais co mpl eta à M ãe-Pátri a, o então regente do Reino brandiu sua espada e bradou: Independência ou Mo rte!

Sím/Jolo <lc uma reali<la<le complexa Te m granel za a cena, imortali zada depois no fa m s quadro de Pedro Am éri co . A llamenlc simbó li ca, constituiu o marco do nasc i mcnlo do B ra si I co mo N ação independen~ . M as, co mo acontece em gera l co m os atos simbóli co s, são eles a ex pressão resumitiva e co ru scante de uma rea lidade profund a e compl exa, qu e se desdobra em múltipl os as pectos . É bem o ca o da in dependência do Bras il. Ela vinha sendo preparada ha v ia muito, em boa medida como reação às Cortes portu guesas, e pécic de parlamento influenciado a fund o pelas idéias revolucionári as da F rança de 1789. Mantinh am o simpático Rei D. João V I no iso lamento políti co e queri am impor ao Brasil seu igualitari smo li ber tário.

No Brnsil cio século XIX, uma uni<la<le p ericlitante

Já no famoso " dia do Fico", 9 de j aneiro de 1822, contrari ando expressa menle as ordens das Cortes que exi giam seu retorno a Portuga l, D . Pedro resolveu perm anecer no Brasil : "Se é para o bern de todos e.fe-

A Imperatriz Leopoldina e Dom Pedro

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licidade geral da Nação. Estou pronto! Digam ao povo que.fico". Em nosso território, porém, a unidade estava longe de se mostrar consolidada. Aqui se refletiam as diferentes correntes então atuantes na Europa, desde o absolutismo monárquico até o anarquismo, passando pelas formas parlamentares de Monarquia e República. As diversas províncias mantinham posições políticas díspares, que se manifestavam nos discursos dos deputados provinciais enviados a Lisboa para paiticipar das Cortes. Era considerável o risco de um esfacelainento cio Brasil ele então em republiquetas, independentes umas, ligadas a Portugal outras. Em meio a esse caos ele idéias e de atitudes, expressas muitas vezes de maneira violenta, a unidade era mantida, depois da Relig ião Católica, pela dinastia cios Bragança. Compreendeu-o bem José Bonjfãcio ele Andrada e Silva, político habilíssimo. Seus conselhos ao príncipe regente, em favor ela independência como fator de fortalecimento da dinastia, e com ela ela unidade nacional, tiveram papel ce1tamente decisi vo, se bem que não único.

Da. Leopoldina, uma eminellte estadista Menos lembrada, mas não menos decisiva, foi a atuação pró-independência ele outra figura extraordinária ela História cio Brasil, a arquiduquesa austríaca, depois imperatriz cio Brasil, Dona Mai·ia Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo, esposa de D. Pedro I e mãe de D. Pedro II. Com uma intuição ele estadista, ela Jogo se deu conta do enorme ri sco que representava pai·a o Brasil a influência dos princípios igualitários, soprados insistentemente da Europa sobre a América. Somente a dinastia cios Bragança, chefiada no Brasil por D. Pedro I, tinha as nece sárias condições de prestígio e ele força pai·a opor-se a essa influência nefasta, assegurai· a unidade nacional e ser a parteira do Brasil independente que estava prestes a nascer. Muito querida pelo povo brasileiro, D·abalhou Da. Leopoldina exaustivamente nesse sentido, como o demonstram suas caitas a seu pai, à sua irmã, a José Bo,üfácio e a outros. As coisas estavam nesse pé quando, talvez providencialmente, uma viagem ele D. Pedro Ia São Paulo, para acalmar

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CATOLICISMO

A unidade do Brasil em perigo: os riscos da Amazônia O enorme esforço e a profunda lucidez ela Imperatriz Leopoldina em favor da unidade nacional con trastam dolorosamente com a posição que tomam hoj e em dia certos brasileiros, sobretudo quando se trata da Amazônia. A esse respeito, vale a pena reproduzir alguns tópicos de um artigo cio sociólogo Hé lio Jaguaribe: "O que está ocorrendo nessa área [Amazônia], que

representa 59% do território, é simplesmente inacreditável. [...] A Amazônia está sendo submetida a acelerada desnacionalização, em que se conjugam ameaçadores projetos por parte de grandes potências para sua formal internacionalização, com. insensatas concessões de áreas gigantescas - correspondentes, no conjunto, a cerca de 13% do território nacional - a uma ínfima população de algo como 200 mil índios. [... ] Acrescentem-se a isso inúmeras penetrações, freqüentemente sob a aparência de pesquisas cient(ficas, e a atuação de mais de cem ONGs. [... ] É absolutamente evidente que o Brasil está perdendo o controle da Amazônia. É urgentíssima uma apropriada intervenção federal. [... ] "É indiscutível a necessidade de uma ampla revisão da política de gigantescas concessões territoriais a ínfimas populações indígenas, no âmbito das quais, principalmente sob pretextos religiosos, se infiltram. as penetrações estrangeiras. "Enquanto a Igreja Católica atua como ingênua protetora dos indígenas, facilitando indiretamente indesejáveis penetrações estrangeiras, igrejas protestantes - nas quais pastores improvisados são concomitantemente empresários por conta própria ou a serJiço de grandes companhias - atuam. diretamente com finalidades mercantis e propósitos alienantes. "O objetivo que se tem em vista é o de criar condições para a formação de "nações indígenas" e proclamar, subseqüentemente, sua independência. [... ] Os indigenistas querem. instituir um. 'jardim zoológico ' de indígenas, sob o falacioso pretexto de preservar sua cultura " .•

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Deca no emérito do Instituto de Estudos Políticos e Soc iais (RJ), membro da Academia Brasile ira de Letras, in "Fo lha de S. Paulo", 19-2-07.

certas re voltas naquela província, colocaram nas mãos de Da. Leopoldina as rédeas cio poder. Um deslocamento cio Rio a São Paulo a cavalo, naquela época, em meio a sedições que se levantavam por toda paite, era um empreendimento altainente arriscado, que o Príncipe Regente só realizou por necessidade absoluta. Mas ele não podia deixar desguarnecido nessa ocasião o poder central, no Rio. Por isso, a 13 de agosto ele 1822, nomeou Da. Leopoldina chefe do Conselho ele Estado e Princesa Regente Interina do Brasil.

/Ja. Leopol<lina decreta a /11depe11dê11cia antes <le 7 <le setembm Fato pouco conhecido, mas absolutamente hi stórico: foi ela que, antes do 7 de setembro, decretou a independência do Brasil em relação a Portugal. Aconselhada por José Bonifácio, e usando seus atributos de chefe interina do governo, a Princesa Regente reuniu-se na manhã de 2 de setembro ele 1822 com o Conselho de Estado, assinando o decreto da Independência que declarava o Brasil separado ele Portugal. Ela tinha 25 anos de idade e uma grande lucidez! Em seguida convocou um oficial de sua confiança, enviai1clo por meio dele o decreto a D. Pedro, juntamente com uma caita sua e oub-a ele José Bonifácio, solicitando com empenho a pronta decisão cio Príncipe em favor ela independência. Acrescentou ainda papéis recebidos de Lisboa e comentários de Antônio Cai-lo Ribeiro de Andracla, deputado às Coites, pelos quai o Príncipe-Regente se inteirou elas críticas que lhe faziam na MetTópole. Em Portugal, a posição de D. João VI e a ele todo seu ministério, dominados pelas Cortes, era muito difícil. O oficial chegou ao príncipe no dia 7 de setembro de 1822, às margens cio ri acho do Ipiranga. O resto ela hi stória, j á o conhecemos. A arquiduquesa Leopoldina, Princ sa do Brasil, foi coroada imperatriz em l º de dezembro de J822, na mesma cerimônia ele coroação e sagração de D. Pedro I. Veio a falecer em 1826, aos 29 anos de idade. Seus restos mortais se venerai11 atualme nte na cripta cio Monumento do lpiranga, em São Paulo. •

Carta de Da. Leopoldina a seu pai, Francisco I, Imperador da Áustria (6-4-18 23)

Desde que meu esposo tornou as rédeas do Estado, Deus sabe que, não por sede de poder ou ambição, mas para satisfazer o desejo do probo povo brasileiro, que se sentia sem regente, dilacerado em seu íntimo por partidos que ameaçavam com. uma anarquia ou República; qualquer um que se encontrasse na mesma situação faria o mesm.o: aceitar o título de Imperador para sati~fazer a todos e criar a unidade. [... ] Devem ter-lhe dito ou escrito que querem instituir aqui um.a constituição igual à das vis Cortes portuguesas ou das sanguinárias Cortes espanholas; é uma mentira grosseira[ ...]. A grandeza do Brasil é de supremo interesse para as potências européias [... ]. É meu dever fazer o papel de intercessora do nobre povo brasileiro, pois todos nós lhe devemos algo; nas circunstâncias mais críticas, este povo f ez os maiores sacrifícios, qu e demonstram. amor à pátria, para proteger sua unidade e o poder real [... ]. Todas as províncias se unem pelo mesmo interesse, mesmos anseios. Agora, nada mais me resta desejar senão que o senhor, querido pai, assuma o papel de nosso verdadeiro amigo e aliado; certamente será para meu esposo e para mim um dos nossos dias mais feli zes, quando tivermos essa ce rteza; quanto a mim, caríssimo pai, pode estar convicto de que, caso aconteça o contrário, para nosso maior pesa,; sempre permanecerei brasileira de coração, pois é o que determinam. minhas obrigações como esposa e mãe, e a gratidão a um povo honrado que se dispôs, quando nos vimos abandonados por todas as potências, a ser nosso esteio, não ternendo quaisquer sacrifícios ou perigos. (Bettina Kan n e Patríc ia Souza Lima, Can as de urna Imperatriz, Ed itora Estação Liberdade, 2006)

E-ma i I do auto r: c ida lencast ro @cat o iic ismo.co m. br

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8 PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO "C ri sto ressusc itou, ress usc ito u ve rd ade ira me nte, Al elui a !"

t DOMINGO DE RAMOS Triunfal e ntrada de C ri sto Jes us e m Je ru sa lé m, po ucos di as antes de s ua Pa ix ão na mes ma cidade.

2 São Francisco de Paula , Confessor + Pl ess is, 1508. Fund o u a Orde m dos Mínimos. O Pa pa e nv io u-o à França a fim de preparar o re i Luís X [ para a mo rte.

3 Santa Engrácia, Virgem e Mártir + Carvajales (Espanha), J050. Natural de Braga, fo i mo rta po r um mouro com o qua l não quis se casar.

4 Sa nto Isidoro de Sevilha, Bispo e Conressor (Vide p. 38)

5 OUINT/\-fülRA SANTA Instituição da Sagrada E ucari sti a e do Sacerdóc io

6 Sl~XTA-FEIRJ\ SANTA Pa ix ão e M orte de Nosso Senhor Jesus C ri sto . Di a de j ejum e abstinênc ia

Primeira Sexta-feira do mês.

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Santa Valdetrucles, Viú va + Bé lgica, 688. "Mãe de familia cristã, depois de ter criado seus qualro filhos, todos honrados corno santos, abraçou wna vida de oração e solidão. Junlando-se- lhe outras mulheres, originou-se o mosteiro em torno do qual f ormou-se a cidade de Mons"

Sa nto l lermenegildo, Má rLir + Sevilha, 586. F ilho do Rei

(do M arti ro lóg io).

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14 San ta Tomaícla , Virgem + Alexandria, séc. V. "Martirizada por ter-se negado a ceder aos desejos impudicos de seu sogro" (do M artirológio).

11 Santa Gema Galgani, Virgem + Lucca, 1903. G ra nde místi ca, tinha visões contínuas de seu Anj o da Gu a rda, qu e a adm oestava e aco nse lh ava como um irmão. Fo i fav orec id a ta mbé m por vi sões de Nosso Se nhor, recebendo os estig mas da Sagrada Paixão. Pe rseguid a c rue lm ente pe lo de mô ni o, algumas vezes seu Anj o a tinha que livrar de suas garras. Fa leceu aos 25 anos de idade depo is de muitos sofrime ntos .

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12 São Vítor de Braga , Mártir + 306. "Ainda calecúmeno, recusou-se a adorar os ído-

Primeiro Sábado do mês .

L eovi g ildo, da Es pa nha visigóti ca, ari ano, fo i co nve rtido à ortodox ia po r s ua es posa lndegund a. Deserd ado pe lo pa i por não que rer abjurar a fé ca tó li ca, fo i decapi tado. Três anos após seu ma rtíri o, toda a nação vi sigótica reto rno u à fé cató lica.

Santo Ezequiel , Pro[eta + Pa lestina, séc . VI a.C. " Levado cativo para a Babilônia alguns anos antes da queda de Jerusalém, aí exe rceu a maior parte de seu ministério prof ético. Como sace rdote, mos trou g rande zelo pe lo Templo e pela Lei. Como prof eta, centrou sua p regação sobre a renovação interior do coração" (do M artiro lógio).

SÁBADO SANTO Jesus C ri sto no sepulcro e a soledade de Nossa Senhora

los e co1ifessou Cristo Jesus, Filho do Deus Vi vo. Ap ós muitos tormentos f oi decapitado, e ass im m.ereceu ser batizado em. seu próprio sangue " (do M artirol óg io).

15 DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA

16 São Paterno Bispo, Confessor + França, 564. M o nge num mosteiro do Pe ito u, de ixou-o com Santo Escubíli o para faze re m-se e re m itas na No rmandi a. A santidade de ambos em breve atraiu -lhes inúme ros seguidores, que se re uniram numa abadi a . No meado bi spo de Av ra nches aos 70 a nos, govern ou s ua di ocese co m rara prudê nc ia até s ua morte.

17 Santos Flias e Isidoro, Mártires + Córdoba, 856. O primeiro sacerdote, e o segundo mo nge, "fo ram condenados à

m.orle ao co11fessarem sua fé cristã diante do islarn ismo" (do Marti ro lóg io).

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São Lascri ano, Bispo e Con fessor

Sflo l ,côniclas, M{i1tir

+ Irl a nd a , 639 . Mo nge, fo i a R o m a, se nd o ord e n a d o po r Sã G regór io M ag no. Te nd o v iaj ado para a Irl and a, lá a po io u a liturg ia roma na e s ua data para a fi xação da Pá coa. Co nsagrad o bi spo e legado p a p a l para a Irl a nda, co nso lid o u essa. re fo rm as.

+ Al exandria, 204. Retóri co, fil ósofo e professo r de renome em Alexandri a, pai do célebre O rígenes . Este tinha 17 anos quando Leônidas foi preso, e o incentivou a enfre ntar o martíri o. Uma rica cristã socorreu de pois a viú va e os sete filhos do mártir, c uj os bens haviam sido confiscados.

19 Santa l•:ma, Viúva + Ale manha, 1045. Filh a do rei dos saxões, que depois de 32 ca mpanhas r i venc ido por Carlos Mag no e se converte u. A santa casou-se com o Conde de Lud g ro. E nv iu va ndo ainda moça, dedico u-se à educação lo ri lho único e a obras d e mi se ricórdi a, fa lece ndo num moste iro por ela fund ado e m Br mcn .

20 Sflo 'l<:6timo. Bi:-;po e Con fessor

+ Ásia M nor, séc. V. "lnicialment pagc o, !ornou-se especialrn •nle e •lebre por seus conhec i111 en1os de filosofi a grega, da ndo realce a esta ciência por 11111a rigorosa prática do cris1ia11 ismo. Mais tarde tornou-.1·e Bispo de Cítia" (do Martirológ io).

21 Sant.o An:-;olrno de Cnnt.1161·111 , Bispo, Conl'cs:-;or e Douto,· <lo Igreja + Ing late rra, 1109. Italiano de ori gem, arceb ispo de Cantu ári a, fo i p rs' uido e desterrado pe lo mo nar ·a por defe nder os dir it os th Igreja. Fo i o ve rdade iro criador da escolásti ca, ori e ntando defini tivame nte os es tu dos fil osófi cos.

23 São Jorge, MárLir + Lydi a (Pa lestina), 303. Patro no da Inglaterra, Portugal, Alemanha, Aragão, Gênova e Veneza, é um dos mais populares santos no mundo. D ele sabe-se co m certeza some nte qu e so fr e u o m a rtí ri o e m Lydi a, devendo te r pe rte nc ido à Guarda Imperi al. Na Idade Médi a, seu cul to desenvolve u-se no O c ide nte sobre tu do devido aos cru zados.

24 São ft'idélis de Sigmaringa, Mártir

+ Suíça, 1622. A lemão, troco u a ad vocac ia pe lo bure l capuchinho . Dedicou-se com sucesso à pregação e ao confess ionário, convertendo muitos calvinista . Tendo convertido dois dos mais céle bres, na Suíça, fo i ali martirizado.

25 São Marcos Evangelista, Bispo e Mártir + Eg ito, 86. Discípul o de São Ped ro e ap óstolo do Eg ito, onde fo i martirizado. No século XI seus sagrados restos mo rta is fora m tras la d ados para Ve neza:

26 Nossa Senhora do Bom Conselho ele Genazzano Quadro trasladado mi racuJosame nte pe los Anjos, da AI-

bâni a in vadi da pe los muç ul manos para a c idade de Genazzano, nas prox imidades de Roma, no séc. X V. Essa pintura torn o u -se fa mosa po r seus mil ag res e por mudar de fi sio no mi a qu a nd o conte mpl ada.

27 São Tcodol'O, Confcs:-;or + Egito, 368. " Discípulo de São Pacômio, 'cheio da graça de Crislo e arden/e pela ação do Espírilo Santo, mostrava-se hábil em reconciliar os irmãos divididos'. Tambérn foi chamado a acompanhar seu sucesso,; São Horsiésio, em seu governo e em sua catequese" (do M a rti re lógio).

28 São Luís Maria Grignion ele Montl'ort, Confessor + França, 171 6. Ardente mi ssionário popul ar, apaixo nado pe la C ru z de N osso Se nho r e doutor ma ri a l por excelê nc ia, sua doutrin a da Sag rada Escravidão a Nossa Se nhora fo i reco nhecida e ass umida pe lo P apa São Pi o X.

Intenções para a Santa Missa em abril Se rá ce le b rada pe lo Rev m o . Po d re Dav id Fra nc isq uini , nos se g uintes intenções: • Ped indo os graças próprios do tempo litúrg ico do Q uaresmo poro os leitores de Ca tolicismo . E que estes corres pondam inteiramente o elos, pelos méritos infi nitos do Pa ixão, M o rte e Ressurreição de Nosso Senh or Jesus C ri sto. • Em repa ração ao Sagrado Coração de Jesu s e ao Im acu lado Coração de M aria, devido aos pecados cometidos nos dias de devassidão e imora lidade do Ca rnava l.

29 Sa nta Catarina de Siena, Virgem + Itáli a, 1380. A maior glóri a fe minin a da O rde m Domini cana . Traba lho u para a volta do Pa pa de Avinhão a R o ma, pediu a· refo rm a do c lero e a organi zação de um a c ru zad a co n tra os infi é is. Declarada D outo ra da Ig rej a por P a ul o VI.

30 Santos Mariano e Tiago , Mártires + Nurrúdia (África), 259. "A vida da graça era tão intensa nestas testemunhas de Deus, que· fi ze ram vários o ut ros mártires pelo exemplo de sua

fé" (do M artiro lógio).

Intenções para a Santa Missa em maio • Em razão da come moração do 90º an iversário da l O apari ção de N osso Senhora aos três postorinhos de Fátima, Misso em Seu lo uvor e suplicando- Lhe o pleno co rres p o nd ênc ia à M ensagem que Elo veio traze r ao m und o em

19 17.


Métodos e metas da ação contra-revolucionária P ara uma atualização sobre a ação contra-revolucionária no Brasil e no Exterior, transcorreu em clima de muita animação o III Simpósio da Associação dos Fundadores ■ M ARCOS

Luiz GARCIA

e 18 a 20 de fevereiro, realizouse em São José dos Campos (SP) o UI Simpósio da Associação dos Fundadores, que congregou adeptos fiéi s e continuadores do ideal , cio pensamento e da ação ele Plinio Corrêa ele Oliveira. O evento, que se reali za anualmente durante os dias ele carnaval, teve como objetivo ana li sar o e mbate, e m 2006, entre a Re volução (movimento que, desde o século XVI, visa extinguir a Civilização Cristã no mundo) e a Contra-Revolução (a nobre reação que se opõe à Revolução). O programa constou de um audiovi sual que descreveu os aspectos mais relevantes dessa luta no mundo, no decorrer do ano passado, e de várias conferências abordando temas relacionados ao referido combate, cios quais destacamos: Atividades das associações afin s na Europa, Estados Unidos e América do Sul, com realce para a grandi osa campanha contra o film e O Código Da Vinci, que rea li zou protestos em 2015 loca li dades nos Estados Unidos. Foi relatada a corajo ·a campanha da Associação Ação Família contra o aborto, em Portugal, que ati ngiu 2.700.000 lares, por ocasião do referendo rea li zado no dia 11 de feve reiro último. Além ela impressionante quantidade ele fo lhetos distribuídos, o coordenador da campanha, José Carlos Sepúlvecla ela Fonseca, concedeu entrevistas a jornai s e televisões, motivadas pela enorme receptividade ela opinião pública àq uela campanha. -

CATOLICISMO

Durante o simpós io, o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança ex pôs brilhante mente o falseamento da realidade sóciopolítica e re ligiosa brasile ira le vada a cabo por numerosos meios de comunicação social e apresentou uma vi são do Bra-

' si!

rea l, que está se ndo conduzido artificialmente para o soc ia lo-comunismo. Escl arcccclora relação entre as aparições de N s. a Senhora em Paris (na Rue Du Bac), e m La Salette, em Lo urdes e e m Fátima , fo i ex posta pe lo Sr. Luís Dufaur. a li e nto u que cada uma de las constitui um e lo de um único plano de Nos a en hora para anunc iar seus castigos e seu triunío futuro. ouh ao Sr. Abe l de Oliveira Campos vid n ·iar os impressionantes acertos elas pr vi sões e atuações do Prof. Plinio orrêa de Olive ira, confirmando aind a mai s a e rteza na vitória final do [m ac ul ado oração ele Maria.

Em todas as noites, foram apresentadas análises e exemplos de como os ambi e ntes influe m de man e ira profund a nas tendênc ias das pessoas, movendo-as para ass umir posições boas ou más, conforme os e le me ntos que os compõem. O ciclo de reuni ões encerrou-se com uma exposição de Dom Luiz ele Orleans e Bragança, o qual ressaltou , com especial clarividência, a importânci a e a grandeza que revestem aq ue les que devem ser os heróis da perseverança, da confi ança e da certeza ela vitóri a.

Ao fin al, o Revmo. Cônego José Luiz Marinho Yillac deu a bênção sacerdotal a todos os presentes. Antes do retorno cios participantes às suas respectivas cidades, todos se dirigiram à Basílica cio Bom Jesus do Tremembé (S P). Aos pés da famosa imagem de Nosso Senhor flagelado, foram depositados seus atos de reparação pela terrível situação em que o mundo se encontra , co m o propós ito de servi -Lo se m desânimo ou vacilação. • E-mail do aut or: marcosgarcia@catolicismo.com.br

Encontro de formação religiosa Participa ntes cio encontro Luzes da Fé, realizado na capela Nossa Senh ra das Graças, e m Cardoso Mo re ira (RJ), sob os auspíc ios do Revmo. Pe. David Franc isquini . O objetivo do evento, que co ntou com a presença de cerca de 100 fié is, foi aprofund ar o conhecimento das verdades eternas ens in adas pe la Santa Igreja. Alé m de uma ho menagem especial a Na. Sra . elas G raças, o encontro constou de orações, palestras e filmes ele cultu ra re li giosa. A Profa. Luc ieli Nogue ira, um a das palestra ntes e organizadora ela reunião, esc lareceu que é intenção do Rev mo. Pe. David Franc isquini rea li zar proxim amente outro e ncontro.

ABRIL2007 -


Castelo medieval:

imagem para simbolizar um simpósio de estudos N o período do carnaval, jovens universitários reuniram-se na cidade mineira de Lavras, para analisar importantes temas relacionados a assuntos religiosos, históricos e culturais. a

N ELSO N RAMos BARRETTo

"Estou

m.araviLhado cmn tudo o q~e estou vendo e ouvmdo. Gostaria de ter conhecido este movimento antes. Eu estava corn a prática da Religião católica abandonada e esquecida. Agora quero voltar a praticá-la. Não sei como ag radecer o convite para participar do simpósio". Ass im se manifestava um jovem pauli sta, entre os 40 parti cipantes do VIII Simpósio de Estudos, promov ido pela Associação dos Funda-

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CATOLICISMO

dores no Hotel Alvorada, Lavras (MG), entre os di as 17 e 20 de fe vereiro. Os jovens presentes ao evento eram provenientes do Distrito Federa l, Minas Gerai.·, Ri o de Janeiro, São Paulo e Paraná. Co m um co rtej o co ndu zindo um a imagem de Nossa Senhora de Fátima, do saguão do hotel até o auditório principal, in iciou-se o simpós io. Na abertura, o Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho uti li zou a fi gura de um castelo medi eva l para exp lica r que - naqueles dias de estudo - seri am levantadas as mu ra lhas

com suas ameias, o donjon e a capela do edifício, através de conferências de natureza reli giosa, hi stórica e cultural , todas alicerçadas no estudo da obra Revolução e Co ntra-revo lução, de P lini o Corrêa de Oliveira. *

* *

São João dei Rey fo i o palco do progra ma cultural , tend o os parti cipantes haurid o os espl endores da c ivi li zação católi ca herdada dos portugueses, visí-

veis nu multip lic idade e beleza de suas ig r ja s, ·np c las, o rató rios do séc ulo XV I I I · 11:i •xprcssão das escul turas barrocas de Nosso Senhor Jesus Cri sto, de Ma ri u Sa nt fssima e dos sa ntos. O melhor do ouro · tra ído naq uelas terras desti nava-s • 11 ·cl iricar igrejas e orn ar altares. O con1<; no do po vo era ge neroso em clonai ivos 1111s construções de igrejas das várias irinnn dades da época. Até os escravos junt :i va m ouro para a construção de suas i •1'l·jas. AI ivos ins revo luc io nári as fo ram <les mas ·11rml11s, ·omo o "imposto esco rchant " (111 l' J)O ·a, o quinto do ouro, na verdad · rcpr ·s •ntando 20% do ouro ex tra ído, ou s ·ja, o ·orrespondente a apena u111 ele nossos im postos vigentes, ·o lCM . S · compara rm os com os nossos di as, qu 1111do pagamos exata mente o dobro m i111 poslos, e rca de 40% do que produ1/.i111 os ... E p nsar que com aquele quinlo r/11 11 11 m os reis d Portugal admi -

ni stravam bem o Rein o e fa vorec iam a fundação de cidades cuj a beleza, seriedade e sacralidade despertam o des lum bramento de visitantes dos quatro ca ntos do mundo! *

*

*

A devoção a Nossa Senh ora - o do,~jon do castelo contra-revolucionário - fo i ex plicada na confe rência sobre o Tratado da Ve rdade ira D evo ção à San.tíssima Virgem , seg undo São L uís Grigni on de Montfo rt. A formação religiosa foi complementada pelas palestras: Vida interior, alma de todo apostolado, baseada no livro do céleb re tra pi sta francês Dom Chautard ; A oração, g rande meio da salvação, de Santo Afo nso Mari a de Li góri o, ao ressaltar que a devoção, a reza do rosári o di ári o e a comunhão freqüente faze m parle necessária da piedade de um contra-revolucionári o.

Uma palestra muito viva so bre os ambi entes co ntemporâneos, com projeção de slides, procuro u mostrar a degradação dos costumes, a vulgaridade dos trajes e dos modos de ser, o horrendo da arte modern a pela quebra das regras da estética, da lóg ica e do senso do ser, em co ntraste co m a marav ilh os a obra de Deus, refletida na criação. O confe renc ista se baseo u no e nsin amento dos Evangelhos - "Sede inocentes como as pombas e prudentes corno as serpentes " - explicado pe lo Prof. Plini o Corrêa de Oliveira nas páginas de Catolicismo , seção Ambientes, Costumes, Civilizações. No encerramento, fa laram representantes das cinco unidades da federação presentes, resumindo as impressões, graças e ensinamentos recebidos naqueles dias de estudo e oração. • E- ma il cio au tor: nelso n ba rrel I o @cal oi ic i smo .com . br

A BRIL 2007

Eillllll


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l'll D AN IEL M ARTI NS

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ai-nos, ó Virgem pura: fé, pureza e bravura". Foi este o brado que ressoou pelo re levo majestoso e atrae nte da Serra da B oca ina, e m São Paul o. Proc lamara m-no 55 j ove ns provindos de vá ri as partes do B ras il. Eles partic iparam do e ncontro da Ação Jovem pela Terra de Santa Cruz, nos di as 18, J9 e 20 ele fe ve reiro último. As c idade de o ri gem era m: C uritiba e L o nd rin a ( PR), Aq uicl a ua na (M S), Go ianá poli s (GO), São Pa ul o e Itu (SP), Teófil o O to ni (M G), Ca m pos ( RJ) e B ras ília (DF). Essa di versidade enriqueceu a prog ramação co m as pec ul iuridades de cada cidade, sem ferir o bo m convívio que caracte ri zou todo o encontro. União, sim , mas não uma uni ão qu alque r: união em torno dos le mas e nunciados no brado acima referido.

*

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CATOLICI SMO

*

No dia 18, a programação iniciou-se com uma caminhada pe las colinas da região, passando por três imponentes cachoeiras. À tarde, a pós alguns j ogos, foi profe rida uma palestra intitul ada Curva da História, mostrando a atitude cios home ns e ntre o be m e mal e as conseqüências daí prov indas pa ra a Hi stó ri a . À no ite fo i rezado um terço, de po is cio qual todos re uni ra m-se ao redor da fog ue ira, onde se ex pli cou importa nte po nto ela doutri na católica: os novíss imos do ho me m morte, juízo, infe rno e paraíso. No dia seguinte, de pois dos jogos e ela palestra sobre Hornens Providenciais do Brasil - relatando a importância ele grandes personagens brasi leiros que influenciaram a história de nosso País, entre os quais o Prof. Plinio Corrêa ele O li veira - todos di rig iram-se à cidade de Aparecida, para orações junto à Rainha e Padroeira cio B rail e m reparação ele todas as ignomínias praticadas no carnaval. Também rogaram para que E la colhe se os melhores fru to daquele encontrn.

No di a 20 rea lizaram-se outros j ogos e e ntrete nime ntos, be m co mo a sessão ele e ncerra me nto, na qual os j ovens fora m convidados ao hero ísmo e à devoção a Nossa Se nhora. À no ite houve um cortej o sole ne, à lu z de tochas, com a im age m de Nossa Senhora, du ra nte o qu al se rezou o terço, sendo também e ntoados cânticos cató licos e m lo uvo r da Santíss im a Virge m . O cortej o co nto u ta mbé m com a presença de vizinhos el a faze nda. Ao fin al cio e ncontro , a impressão gera l que fico u fo i a ele uma verdade ira alegri a, co ntrária à lo ucura fre nética e fru strante cios dias e ncharcados de imoralid ade, ele modo especial por oca ião dos fes tej os de carnaval. Contenta mento este oriundo da verdadeira fé, da autêntica pureza e da genu ína brav ura. N a pág in a seg uin te, fl agra ntes cio evento. • E-mail pa ra o aut or:

ABRIL2007 -


A MBIENTES t OSTUMES C IVILIZAÇÕES

fo tografi a ac im a apresenta a fac hada da Basílica Santa M adalena em Y ézelay (França), igrej a monástica, ad mirável exempl o de arte români ca do sécul o X11. Como é diferente elas igrejas modernas! A porta central (foto à esquerda) é prática: bastante grande para as multidões poderem entrar e sa ir fac ilmente do edifício; elevada, de maneira que permite a entrada de altos estandartes. A coluna central ela porta divide a multidão que entra, ev itando de início que as pessoas cam inhem numa só direção. Que lindo simboli mo há ni sso ! Nota-se acima ela porta uma im agem de Nosso Senhor Jesus Cri sto (foto à direita) - fi gurando que E le divide as vias do homem cm du a : a da direita, do amor de Deus; e a da esquerda, da perdi ção. Ele divide os caminhos humanos. N a parte superi or cio temp lo, vemos um lindo trabalho de escultura em pedra. Os construtores co lo avam nas igrejas da época escultu ras para ilu strar algum fato da Hi stóri a Sagrada, da Hi stóri a ela I grej a ou ela hi stóri a de um santo. Ass im, ensinava-se religião aos que entram nos templ os. Por essa razão a catedra is medieva is foram denominadas " Bíbli as em pedra". A colunas, co m muita nobreza, suportam todo o peso do edifício. Sufii ntcs, dignas, mas como um carregador que não se verga ao peso ela bagacm. 0 111 0 :ão di ferentes de tantas colunas modern as atarracadas ! Pocl m s di zer que harmonia e di stinção são as notas dominantes cio conjunl o do cdi f'ício, ao qual não falta um aspecto prático. A arquitclu ra medieva l, tanto ele e ti lo românico quanto góti co, é considerada I or muil os estudi osos moderno. a mai prática que houve na Hi stó- § ri a. Não há nada num edifício gótico, por ex mpl o, que não tenha uma razão ] de ser I rática. Ncl , entretanto, tud o b lo. Poder-se- ia fazer um longo estu - J! Ll. ci o para prova r que todos os as pectos anali sados na Basílica de V ézelay têm uma ra zão ele ser prática, mas al iada à beleza. Um fato hi stóri co importante ·ontribui I ara aumentar o ren me dessa obra-rrim:i do ·stilo ro111 11i ·o: nela São Bern ard o de larava l pr gou a segunda ru zada, cm 1 146. • Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em 1O de fevereiro de 1974. S m r vi

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1ul

1.



a PuN1 0

C oRRÊA DE OuvE1RA

---~. UMÁRI Maio de 2007

Nº 677

Fátima, a crise mundial

e a solução N

ão há sobre a Terra uma só nação que não esteja a braços, e m quase todos os campos, com crises gravíssimas. Se anali sarmos a vida interna de cada país, notaremos ne le um estado de agitação, de desorde m, de desbraga me nto de apetites e ambições, de subversão de valores que, e j á não é a anarqui a franca, em todo o caso cam inha para lá. Nenhum estad ista de nossos dias soube ai nda apresentar o remédio que corte o passo a esse processo mó rbido, de enve rgadura universal. Mas, para a gravidade de "ta cri se universa l, a mensagem de No sa Senhora de Fátima abre os o lhos dos home ns, apresentando-lhes uma exp licação à luz cios planos da Providência Divina, e també m indi cando-lhes os meios

-CATOLICISMO

necessá ri os para ev itar a catástrofe. É a própria hi stória de nos ·a é poca , e ma is do que isto o seu futuro, que nos é ensin ado por Nossa e nhora. A época co nte mporânea tem um privilégio: em Fátima, <. Nossa Senhora ve io fa lar aos homens. E la, a um te mpo, ex pli ca os motivos la cri e e indi ca o seu remédio, profetizando a catás trofe caso os ho me ns não a ouçam. De todo ponto ele vista - pe la natureza cio conteúdo como pela dig nidade de que m as fez - as revelações de Fátima sobrepujam, pois, tudo qu a nto a Prov id ê nc ia tem man ifestado aos homens na iminênc ia das gra ndes borrasca da História. • (Catolicismo , maio/1953)

4

CA1r1'A DO DnmToR

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INTlmNACION/\1 ,

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CommsPoNm~:N<:IA

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A

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Cjnqiientenário da União Européia: apaUa geral

P/\1 ,/\VR/\ DO SACl-:RDOTI•: R1 ,:/\UD/\DE CONCISAMENTE

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ENTREVISTA

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DEST/\QlJI•:

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ESPl.l<'. NDOIU-:S D/\ CRIST/\ND/\DI~

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CAPA

40

Vmi\s DE SANTOS

43

D1sc1mN1NDO

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INl•'ORM/\TIVO RUR/\1.

48 AçAo 52

''Tolerâncja zero" às jJ1vasões rurais

O BrasH será JJel a suas raízes católicas? Brasjj nos desígnjos de Deus

Prevista em Fátima a violenta persegujção r eligjosa atual São Pascoal Baylão

Sinais do ocaso do mundo moderno

CoNTRA-REvm,uc10NÁ1~1A

AMBnwn:s , CosTUMES, C1vn.1zAçüEs

A lort,alcza feudal de Himeji: r eJJexo da elevação de espídlo do povo ;aponês

Nossa Capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo. Foto principa l: Imagem de Nossa Senhora de Fátima que chorou em Nova Orleans (EUA), em 1972. Foto na parte inferior: A primeira Missa celebrada no Brasil , óleo de Victor M eirelles, Museu Nacional, Rio de Janeiro .

MAIO 2007


Vôo no vazio Caro leitor,

Diretor: Paulo Co rrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 311 6 Administração: Rua Frederico Abranches, 389 Conj . 62 - Santa Cec ília CE P 01 225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (Oxx 11) 3333-67 16 Fax (Oxx 11 ) 3331-6851 Correspondência: Caixa Postal 1422 CE P 01065-970 São Paulo - SP Impressão: Arlpress Indústria Gráfi ca e Editora Lida. E-mal/: epbp@uol.com.br Homo Paga: http://www.ca tollclsmo.com .br ISSN O102-8602 Preços da asa/natura anual para o mlls do Maio do 2007: Comu m: Cooperado r: Benfeitor: Grande Bonfoltor: Exemplar avulso :

11$ 100,00 11$ t' 0,00 íl$ 280,00 A$ 460,00 A$ t0,00

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA.

Realmente estão muito confusos e trágicos os primeiros anos deste novo milênio. Um sintoma? - A possibilidade efeti va de se co locar no banco dos réus todos aqueles que persistirem em lefendcr a fé e a moral católicas. De fato, quando e anali sam m profundidade algumas novas leis estabelecidas ou projetos, na maiori a do. país s d Ocidente, pode-se concluir que há um plano uni versal com o objetivo de mover uma gran le perseguição à lgrej a Católica Apostólica Romana e a todos aqu I s Iu lhe fo rem inteiramente fiéis. Essa perseguição reli giosa fora prev ista exatamente há 90 anos, conforme as revelações feitas pela Santíssima Virgem aos três pastorinh os de Fátima, por exemplo, quando Ela afirmou: "Os bons serão martirizados". O modo pelo qual tal p rs guição vai se delineando com prec isão cada vez maior, recrudescendo ano aI ós ano e dirigida contra os católicos, nossos leitores poderão conhecer na matéri a pri ncipa l desta edição. Já em ed ições anterior s, Catolicismo tem noticiado a crescente sanha persecutóri a contra os católicos que vivem cm nações lc ma ioria muçulmana, ou de outras religiões, e em paí cs comuni stas. Na I rcscntc edição, sobretudo mostramos que, 90 anos depois das apari çõe. de Fátima, outra perseguição, em certo sentido ainda mais pérfi da, cresce nos próprios países ocidentais e cristãos. U m exemplo entre vári os: a perseguição contra aqueles que repetirem o ensinamento da [grej a - como encontra-se nas Sagradas Escritura e no Catecismo - de que a prática ela homossexualiclacle é um pecado contra a natureza, que "brada aos Céus e

clama a Deus por vingança". Sob o pretexto ele se garantirem "d ireitos humanos de minorias", aprovam-se leis que repugnam à maiori a católi ca no Brasil e condenam o que a doutr ina católica ensin a. E, cm certos casos, aquele que desrespeite esses novos "dogmas", di tos "antidiscriminatórios", poderá ser levado à barra dos tribunais, conclenaclo por " preconceito" e preso por ter preferido obedecer às L eis ele Deus antes que às leis dos homens. Em nosso País, um proj eto de lei (PL C 122/2006 - a " lei da homofobia" - de autori a da deputada Iara Bern ardi , PT-SP), em trami tação no Senado, pretende transformar em delito o que a autora chama de " discriminação" ou "preconceito" em matéri a de "gênero, sexo e orientação sexual ", inclu indo ,ú condenações de dois a cinco anos de reclu são. Ou sej a, punir-se-á com pri são aquele que exercer sua li berdade de expressão para se man ifestar contra qualquer con duta homossexual. M as, caro leitor, tenhamos firme confiança na proteção divina, Deus nunca abandona aqueles que L he são fiéis. Em Fátima, a Santíssima V irgem não apenas pro fetizou a perseguição aos bons, mas também o terrível castigo que virá para os maus, bem como a vitóri a fi nal da Santa I grej a com o triunfo do I macul ado Coração ele M ari a. M uito especialmente neste 90º ani versári o elas apari ções, ocorridas na Cova ela fri a entre maio e outubro ele 19 17, roguemos a N ossa Senhora o pronto cumprimento ele todas as promessas ele Fátima, para que se instaure o quanto antes o seu reinado no mundo inteiro.

A julgar pelos chefes de governo dos 27 países membros da UnÍão EuropéÍa, reunidos em Berlim no 50º aniversário desse organismo, a UE conti-

nua a voar, mas em meio a um vazio criado pelos próprios europeus. r., Lu1s DuFAUR

B

andeirolas azui s com coroa de estrelas amarelas enfe itavam o centro de B erlim . Pe r g unte i aos passantes o que co memoravam. A lguém que vi ra na TV referência a um ani versá ri o ex plicou que a " co isa" co meçou há 50 anos . Li nos j orn ais longas matéri as sobre a "co isa" . Tratava-se ci o 50º aniversári o ela fund ação da União Européia (UE) . É difícil encontrar pág in as tão in sípidas na imprensa, j á de si tão decadente. Teimosa mente in si sti co m meus conh ec idos alemães : queria saber o que jul gava sobre a "coisa" o homem co mum da rua. Af'inal, um deles, di stinto e inteli gente, mencionou o imenso vazio que domin ou o evento. As so nora s promes- .

sas ofi ciais de tirar a UE cio des interesse e ela entalada, co m ampl os anúncios de no va s ini ciativ as comunitárias, não eli minara m o vaz io dominante. Pelo contrári o, acentuaram a sensação ele impotência ela cúpul a comunitári a. M eu ami go contou-me ter acompanhado os festej os pela TV. Os film adores procuraram o públi co pelas ru as e, afin al, acharam um grupo de turi stas j apo neses apl audin do, não se sabe bem o quê. A emi ssora difundiu essa cena como amostra ci o "júbil o" popular com o aniv ersá ri o, mas tomando o cuid ado de cortar o som dura nte a tran smi ssão.

/)icotomia Cllll'C o (liSClll'SO oficial e a Europa prohmtla Re torn ei à Fra nça por Sc hreck ling, povoado fronteiri ço na reg ião de M ose lle. A li , um abandonado posto de con-

trol e, caindo aos pedaços junto à estrada, passa a mensagem da UE: as pátri as, bem delimitad as pelas suas fronteiras apodrec idas, desaparecem ( foto abai xo). E m seu lugar, equipes ele hiper-burocratas erguem a babel utópica da Repúbli ca Universa l, se m fronteiras, visceralmente igualitári a. D o lado al emão, a cru z ele ferro da Wehrmacht coroa um memori al de pedra dedicado aos alemães fa lec id os nas duas últimas guerra s mundi ais. D o lado fran cês, um ca rtaz co nvid a a vi sitar M ose lle, " trof éu" nac ional. Outra sinali zação turísti ca apresenta, co lados por cim a, cartazes que co memoram a ascensão da ex trema-d irei ta, contrári a à unifi cação em curso. A mbos os lados ela fronteira são geográfica e arquitetonica mente parecidos, mas v i vem em dois mun dos di versos.

Posto de controle abandonado, em Schreckling

Em Jesus e Mari a,

~ ~,7 1)1 1{ 1 1()1{

p11 1tl oh1ito<111~·111 11ids 111<J · 1111 hr

MA l02 007 -


milhares ele pequenos comerc iantes e proprietários que pendem para uma solução extrema, face ao Leviatã que a UE vem instalando no velho continente.

Desagl'ado pI·ese11te na campanha pl'cside11cial <la Fm11ça

A imigração desordenado serve de porto de entrado ao Islã extremista e alimento o terrorismo, o insegurança e o crimina lidade

Inúti I tentar fa lar francês do lado alemão: praticamente ninguém o conhece. E do lado fran cês, em virtude de longínquas razões hi stórica s, o al emão se impôs na vida quotidiana, rivali zado apenas por um dialeto local de raízes germ âni cas . Em ambos os lados, vive-se mai s em fun ção da hi stóri a. A quimera da União Européia pos itivamente não conqui stou o fundo das almas.

A i11co11l'on11i<lade grnssa no velho co11ti1w11te Sem dúvida, os europeus usufruem certos benefícios ganhos no último meio século. M as a toda hora dep loram os frutos amargos da utopi a. O euro diminuiu o poder aqui sitivo e o emprego; a i migração desordena la serve de porta de ntracla ao Islã extrem ista e ali menta o t ' rrori smo, a insegurança e a crimin alid ad '; os impostos devoradores e os r' •ulam •ntos invasores; a obscuri dad' ·nvolv' a admini stração comunit6ri a da lJE em Bruxelas. Numa distinta loj a d ' P·1ris, 11 proprietári a anciã nem esperou qu ' lhe dissesse ser eu estrangeiro para me rec itar o coro uni versa l elas C ATOLI C ISM O

quei xas e me confiar a sua esperança profund a na extrema-direita! U ma coi a me pareceu certa: pela voz dela exprimiam-se

Em Pari s, aguarelavam-me também os j orn ais empilh ados. Em meio aos chavões utopistas do establishment, eles dei xa vam transparecer o imenso vaz io que se tem f eito em relação à U E. Exemplo protuberante di sso é o tratamento que a UE vem recebendo no decorrer ela ca mpanha eleitora l pela pres idência ela Fran ça. Escrevo no período entre o primeiro e o segundo turno el as eleições. A campanha é o momento ele os candidatos fazerem bonito papel, e sobretudo ganharem votos. O candidato que saiu ~1 f'rente no primeiro turn o, o gaullista Nicolas Sarkozy (3 1, 11 % dos votos), lentou explorar o 50º aniversário em seu favor, com um discurso ambíguo entremeado de restrições ao futuro ela UE. Choveram as críticas . A cand idata soc iali sta Ségo lene Royal (25,83% cios votos no primeiro turno) e seu partido, o Partido Socialista, que já fora porta-estandarte da unificação européia, ignoraram acintosamente a data. Na realidade o PS está tão rachado sobre o assunto, que qualquer pronunciamento - pró, contra, mais ou menos - o teria feito expl odir. Para outro tenor do europeísmo, o ca ndid ato dem ocrata-cr i stão François B ayrou (embora eliminado da di sputa no primeiro turno, o bteve o terce iro lu ga r co m J 8, 55 %), a UE se rá relan ça da

"quando os franceses se reconciliem ". E is o problema insolúvel desde o nefasto 1789 - ano 1 ela Revolução Francesa! Se essa é a condição prévi a para resolver os problemas da UE, o organi smo es tá perdido. A cand id ata co muni sta Mar ie-George B uffe t (apenas 1,94%, o que mostra um fracasso total cio comunismo na rrança) teve pe lo rn nos o mérito da clareza : postul a qu 'a Fra nça se retire de vez do Trutado d' Roma! Por fim , a 'Xlrema direita de J ·an-Mari · L' Pen (quarto coloca-

A empresa Airbus, posso por um dédalo de lutos intestinos, demissões em mosso e greves, reflexo do crise européia

do, co m 10,51 %) e Ph ili ppe el e Yi lli ers (2,24%) fu stigou "os europeístas reunidos

em Berlim, que tentam construir a Europa contra a vontade dos povos ". Isto não é ele pouca monta: o lronitruar ela ex trema-direita cio dia de ontem fo i assumido pelos grandes partidos e está entre as questões centrai s que alimentam o fogo ela di sputa política e soc ial ela França. Apenas uma curi os idade co lateral ao tema. O ca ndi dato José Bové, o mes mo que anelou aqui pelo Bras i l ele mãos dadas co m o M ST, i nvacl inclo prop ri edades, obteve apenas 1,32% ci os votos . A exempl o ci o M ST, seus aliados não são bem servid os em matéri a de apo io popu lar !

A con fiança na U11ião l!:uropéia se dcLc1·iora Na resta, a chance ler alemã e ta mbém pres idente rotati va da UE, A ngela M erke l, destacou-se co m uma refl exão ele clona de casa: "Construir a C01(/ia11ça

leva tempo, destru í-la leva um instante" . Ela omitiu o fato ele que esse insta nte f atal já ocorreu quando os povos francês e holandês disseram "NÃO", em referencio sobre a Constituição Europé ia. O pri meiro-min istro francês Domi nique ele Yi llepin verberou o "patriotismo

econômico", que põe em xeque os proj etos comuns na área. De f ato, ele pensava na empresa A irbus, qu e passa por um dédalo ele lutas intestinas, demi ssões em massa e greves, por desavenças insanáveis entre as equipes francesa e alemã que traba lham dentro dela. O "Le M onde", no 50º an i versá ri o, pref'eriu destacar a ameaça ele naufrág io que pesa sob re um dos embl emas téc ni co-eco nômi cos da UE: o progra ma ele

racli onavegação por satélite GA LI LEO, que procura ri vali zar com o GPS ameri cano. As di scórdi as entre empresas e governos por razões industri ais, f'inan ce iras e políticas estragaram a Parceri a Públi coPri vada que está no coração ci o proj eto.

Um avião cm que fJilotos e

passageiros não se c11tc11dcm Os saté lites tecni ca mente vão bem, a briga é na torre ele co mando. O mesmo aco ntece no cockpit ela A irbus. Mas a imensa m,1quina ela UE con tinua a voar, a j ulgar pe los propós itos dos chef'es de governo cios 27 países-membros na festa do 50º an i versá ri o ela UE, ce lebrada em Berli m. Contin ua a voar sim, mas a anosluz cio que sente, pensa e deseja a parte mais autêntica e decisiva cios europeus. A UE assemelha-se a um avião que chacoa lha as asas, e não se sabe se é por contentamento ou devido às d isputas entre pi lotos e passageiros. Embaixo, alguns até torcem secretamente para que ele caia logo: outros, para que ca ia aos poucos. Mas em camadas in sondáveis reina o maior desinteresse pelo drama. Corno conseqüência, o vaz io reina. Até quando o avião conseguirá se manter nessa inquietante e ameaçadora ausência ele substrato para prosseguir voando? • E- mail do aut or: luísdufaur@catol icismo.com.br

MAI02007-


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titul o "Se m a Igrej a Ca tólica não haveria Civilização Ocidental " . (M.J. -

SP)

Ordem paradisíaca

Civilização OcicleJJtal B] L i o ótimo artigo do último número de Catolicismo sobre a C ivili zação Oc ide ntal e, com a de vida autori zação, prete ndo uti li zá- lo em minhas a ul as de Históri a na Un ive rsidade Sérg io Arbo leda de Bogotá. Natura lme nte, farei a citação do, créd itos do auto r. (R.D.M. - Colômbia)

Sem palavras B] Gos tari a ele parabeni zar o a utor

[S r. L uís Dura ur l pe lo exce lente artigo de capa da rev ista Catolicismo deste mês. Não te nho nem pa lav ras pa ra tecer ta manho e logio, dev ido à altura e q uali dade cio traba lh o. Estou a te rm ina r me u bac hare lado cm Relações Jnternac io na is na PU - Rio, e minha monografi a te m como tema a d iplo mac ia po ntifíc ia do últi mo séc ulo. E esse artigo será um exce le nte co mp o ne nte d a b ib liog ra f" ia, be m co mo os li vros dos P rofs. Woods e Stark. (R.C. - RJ)

Jgrnja: ber ço da Ci vilização B] Parabe nizo-te pela excele nte ma-

té ri a pub li cada na ed ição de abri l/ 2007 el a re vista Catolicismo, sob o

CATO LI C I SM O

B] Sem clúv icla, fo i uma be la "v iagem" às ori gens ela c ivili zação, pe rco rrer as pág inas de Catolicismo deste mês, com o ass unto qu e está na capa. De po is ele ler o "excertos" ele P líni o Corrêa de O live ira, onde e le mostra q ue "só pode have r c ivili zação autêntica na med ida cm que esta fo r cató li ca", co ntinu e i a " viagem " le ndo o a rt igo de ca pa da rev ista. D e po is estc n li a "v iag m" ao sécul o VI , le nd o a v id a do d ou to Santo Isidoro ele Sev ilh a. Esse sa nt o ronn icláve l de u um sopro novo de vida cu ltu ra l naque le século, o q ue muito contribuiu na formação da Id ade Méd ia. Fica m sem ne nhum f"u ndam 'nlo esses mode rninh os " papaga ios" de p lantão, repeti do res elas rra scz inhas feitas co ntra o período med ieva l. •les procura m deneg ri -lo como sendo um período ele ig no rânc ia e barbá ri e, mas , pe lo co ntrá ri o, fo i um pe ríodo ele a ltíss im a c ultura e esp le ndo r, nu ma c ivili zação mo ra lizada em alto grau , graças aos sa ntos ela Ig rej a q ue e ntão e ram mode los de vicia. Fo i sem dúvida da fonte puríss ima ela Ig reja Católica qu e brotou a c ivil ização. Basta la nçar os o lhos, sem os preconcei tos ridíc ulos, para as mara vilh as nasc id as n a [d a d e M é d ia, b e m co m o pesq ui sar as grandes descobertas e laboradas nos centros ele co nhec ime nto daque le pe ríodo. F inos licores, req uin tados vinh os, cle licaclas igua rias, jóias de arqui te tura, mo num e ntos, catedrais, caste los, a ag lo me ração das casas, os grandes sábi os, a cavalaria, corporações de ofíc io, as un ive rsidades, hosp itais, mosteiros, inve nções, etc. , etc. T udo isso significa barbári e? Res tos de barbári e? É c laro que existiram , mas a Igreja fo i cin zelando os bárbaros, e estes, tra balhados pe los mi ss ionários cató licos, tra nsforma ri a m a Europa numa espécie de novo paraíso te rres tre, se não fosse m

as re vo luções que q ue braram a inteira rea li zação dess a poss ib ili dad e . Hoj e s im, é q ue se pode d ize r q ue dom ina a barbári e. Basta ligar a TV , e o q ue ve mos? Bárbaros e barbaridades. (A.E.J. - MG)

Per11lex idacle (81 Mu ito boa, mui to ri ca e mui to profunda a maté ri a de capa ela ed ição de março/2007 1. "Nosso Senhor é por

excelência o modelo de bondade, mas também de combatividade"]. Pena que mu itos ele nossos ma iores pasto res q ue tê m o le me ela barca de Ped ro nas mãos (os últimos, pri ncipa lmente), e ntre esco lher o ca minho da ve rdade e imitar - o q ue seria um dever - , a Nosso Senhor Jes us Cristo, esco lheram de modo o bstinado o cam inho da popul aridade ! Q uanto a Igreja perde u com isso, sem fa lar na q uantidade de fi é is qu e a mes ma pe rde u, e ela perplex iclacle e dece pção dos q ue ficaram!!! (D.N.N. - SP)

/1111</cli<lade dos p ortugueses t8:] Lendo aten tamente o arti go sobre

o refere ncio cm Portuga l ICatolicismo, abri1/2007 1 e a denodada luta do mo vime nto " Ação Fa míli a" para que o mai or número poss íve l de portugueses fosse vota r pe lo NÃO, e ass im imped ir a a provação do aborto (crime horre ndo que c lama ao Céu po r vin gança), causa es pa nto ve r como se c umpri ra m ao pé da letra em Portu ga l, pa ís cató lico, as te rríveis palavras de Nosso Senh or: "A quele que é.fiel

nas coisas pequenas será também.fiel nas coisas grandes" (São L ucas, 16, 10- 1 1). N ão fora m capazes os portugueses de ser fi éis " nas coisas grandes", e vitando o a borto com seu voto, po rque se deixara m arras tar pela indifere nça " nas co isas pequenas" do di a-a-di a. E Portuga l não é um país qua lque r: te m a g lóri a ime nsa de ter sido e le ito po r D us para que Nossa Senho ra reve lasse cm Fát.ima à hu-

mani dade pecad ora a ma is g ra ndiosa me nsagem ele sa lvação de toda a Hi stó ri a, depo is da vinda de Nosso Senh or .Jesus C ri sto. Não há desc ul pa q ue va lha para e les - tão favo rec idos pe la Prov idência - q ue justifi q ue a nte Deus sua ti bieza frente à alte rn ativa de ser ou não c úmp lices do assass inato dos inocentes . Q ua ndo se a proxima o 90º ani versário das aparições na Cova da fri a, os he ró icos portug ueses que co nsolara m Nossa Se nhora, vo tando pe lo N ÃO, esta rão de lu to d iante d 'E la, ped indo pe rdão por tão g rave pecado que, sem dúv ida a lguma, causo u uma p rofu ndíss im a d o r ao Co ra çã o Imac ulado ele Ma ri a, como aparece u e m Fá tim a, pecado q ue não fi ca rá imp une quando chegue m os cas tigos previstos pe la Santíss ima V irgem. (D.M.G.A. - Argentina)

Uma Sémta pl'etensão B] A cada mês tiro ex trao rd in á rio a prove itamento das e ntrevistas que a re vis ta Catolicismo pub li ca, e fi co "gul osa" para "saborear" a cio próx imo mês . Mas a e ntrevista deste mês, para mim , fo i ex trao rd inaríss im a! Tendo passado 10 anos daq ue le in cê nd io ho rroroso que, po r um tri z, teria cons umi do o Santo S udári o de C ri sto , a lvo pe lo bo mbe iro -he ró i Mario T re matore, q uase tinha me esq uec ido desse lance da H istória da Igrej a, q ue não se pode esquecer nunca. G raças a Deus, te mos essa publicação para nos aj udar na recordação desses mag nos aco ntec imen tos, mas à mídi a não interessam, porque e la só se interessa por tri via lidades. Aq ue le bombeiro, 1ue cons idero co mo me u irmão em C risto, q ue teve a ho nra ele sa lvar o Santo Sudá ri o, ce rta m e nte te m um a li gação fo rtíss ima com o Céu, com seus anj os e santos, e será c uidadosa mente proteg id o por Maria Santíss im a. E la protegerá esse ho mem provide ncia l que p rotegeu das labaredas a santa morta lha de seu D iv ino F ilho. Acho que essa re líqu ia é tão e tão prec iosa,

que mes mo quando aco ntecer o fi m do mun do, e la não desapa rece rá com o mundo, mas será levada pe los anjos para se r c ul tuada no próp ri o Céu. Vo u le var mui to a séri o o co nvite q ue o corajoso bombe iro faz, no fina l ela entrevista, para os le ito res desta re vista viaj arem a T urim para venerar o Santo S udári o . Peço-lhes orações para a rea li zação desta m inh a prete nsão. (M.A.A.P. - RJ)

/)esculpas? Nlío temos 11oticias! t8] So u neg ro , mo ro nos Es tados Unidos, mas sou brasile iro e d iscordo TOTALM ENTE das declarações à BB C fe itas pe la miini stra da Igua ldade Rac ia l no Brasil, Dona Matil de Ribeiro. Segundo e la: "Não é racis-

mo quando um neg ro se insurge contra um branco. A reação de urn negro, de não querer conviver corn um branco ou não gostar de um branco, eu acho natural " . P ri me irame nte gosta ri a de sabe r se os se nh o res tê m notíc ias se e la se desc ul pou o u não, po is, por ma is q ue e u buscasse na Inte rn et, não e nco ntre i ne nh um ped ido de perdão po r tais dec larações tão carregadas de rac is mo. Mas se ela não se descul pou, com o parece, e u gosta ri a de d izer à Do na Matil de qu e no Brasil , co mo e m q ua lq uer o ut ro pa ís, todos perte ncemos à raça huma na, bra ncos e negros. Nada d isso de " raça negra" e " raça branca", D o na M atil de . Mas a mini s tra parece q ue re r provoca r um a luta indesej áve l, e que não q uere mos de j ei to nenhum. O que quere mos é co nviver co mo irm ãos, todos fi lh os de D e us. E m vez de ela co laborar (co mo seri a se u de ver e nqu anto chefe cio Min istér io ela Ig ua ldade Soc ia l) para a união entre nós, e la estimu la a se pa ração . Po r qu e aç ul ar a divi são entre bra ncos e negros? Q ue pre te nde e la co m isso? Uma re beli ão viole nta? Co m que fi na li dade? S incerame nte e u não consigo res pos ta pa ra essas pe rg untas . Na lóg ica da ministra, o negro ser

vítim a do branco é cri me, mas o bra nco se r víti ma cio negro é " nat ural". Te nha a sa nta pac iênc ia ! Se a lgué m de pe le branca di sses se q ue "não é

racismo quando um branco se insurge contra um neg ro", e le seri a ac usado de rac ista, agarrado pe la po líc ia, e pode ri a ser imed iata me nte tra ncado no xad rez. Mas po r q ue não cons iderar rac ista uma pessoa que dec lare o in ve rso: "Não é racismo quando urn

n.eg ro se insurge contra um branco "? Por q ue uma le i, que pune com prisão, va le para brancos e não para negros? Se não estou eq ui vocado, segundo as le is bras ile ira s, rac is mo é crime in afiançável. Graças à boa co nv ivê nc ia entre nós, bra ncos e negros, in úmeros de nossa cor chegaram à cl asse méd ia e in úme ro s à c lasse a lta; e até, para nosso ma ior org ulho, a mulher conside rada a ma is poderosa ela Terra é uma neg ra : a sec re tá ri a ele Es tado a me ri ca na C o ndo leezza R ice. Q ue uma negra tenh a sido esco lhida para tão pode roso posto, na ma is poderosa nação da Te rra , é sina l cl aro da boa ace itação q ue temo s no me io dos bra ncos . M iss Rice co nq ui stou o pico do poder, não favorec ida por qualquer "s iste ma de cota s rac ia is", mas por mé rito, es forço e ca pac idade; pa ra usar um termo que e ra usado no Brasil : "conquistou com m ui ta raça" . Esto u há mui to te mpo fora de minha Pátri a, mas, pe lo je ito, as coisas por a í es tão muito in ve rtidas mes mo. E uma e vidê ncia d isso é q ue a Senhora M a ti lde não está faze ndo jus à sua função e nq uanto mini stra da Ig ualdade Raci al, uma vez que e la está pregando a revo lta rac ia l, está faze ndo o contrá ri o da fu nção destinada a seu mini stér io . Agora, se Don a Mati lde Ribeiro q ue r rac har a soc ied ade bras il e ira entre duas raças, dec lara r uma guerra de uns co ntra outros, que não conte com nosso a poio. Termi no di ri gindome a e la : Senhora ministra, não continue nesse cam inho, se desej ar ser uma di gna representante nossa. (F.C.C.S. - Pensilvânia, EUA)

M A I0 20 0 7 -


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Cône o JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - Sou agrônomo e catequista, e recentemente tive o dissabor de ver em uma pessoa próxima à minha família duas grandes tatuagens, como se marca gado. A primeira, de uma a ve nativa do cerrado ; e outra, pior, de uma manclala. Esta era uma figura de um círculo representando uma da s deze nas de mandalas, cujo significado a imprudente jovem sequer conhecia. Quando soube, já estava feito. Desde já, quero me prevenir de tal improbidade com relação a meus filhos. Portanto, pergunto: 1. Qual a posição da Santa Igreja sobre esse tipo de atitude? 2. Qual a conseqüência de se ter marcas no corpo, especificamente este tipo de representação budista?

Resposta - O mi sivista, pro-

sista" vêem nos índios um padrão ele civilização "ecologicame nte correto", que de ve mos manter e até imitar. Assim, em vez decivilizar os índios, segundo ta l ideolog ia e.levemos preservar sua "cultura" - seus costumes, suas tradições, sua re ligião, sua "sabedori a" milenar, sua pajelança, etc. - e, de fo rma alguma, incutir-lhes os princípios e costumes da nossa c ivilização de tipo europeu. Sobretudo não deve mos evange1izá-los, ne m atra í-los à fé e à pertencença à Santa Igreja. Ass im , e m vez ele c ivili zarmos os índ ios, e les é que deve m "civili za r-nos"! O le ito r e nco ntra rá um a substanc iosa desc ri ção desse

estra nhíss imo fe nô me no c ul tural no li vro Tribalismo in-

dígena, ideal comun.o-missionário para o Brasil no século XXI , de auto ri a do co nsagrad o líde r cató li co bras ile iro Prof. P líni o Corrêa ele Oli ve ira (Ed ito ra Ve ra C ru z, São Pa ul o , 1977 - o u no site www.pliniocon-eadeoli veira.info/ li vros.asp ). N ão a dmira , po is , q ue aquil o que antes víamos co mo sinto ma de barbárie seja hoje co ns id erad o s in a l de " 1 rogresso" po r mui to,, co mo as tatuage ns de que fa la nosso m iss ivista. Ass im , as tatuagens, tão e m voga e ntre os índ io , q ue ta nto ho rrori zava m as I esso-

as a nos atrás, estão agora e m a lta, a po nto d e o próp ri o mi ss ivi sta sentir que, se fi zesse qua lque r o bservação contra e las, a j ovem provave lmen te não lhe d ari a o uvidos. O q ue não impede, a li ás, q ue a pud esse te r fe ito, d e u m modo firm e mas corda to, po is pe lo me nos in c utiri a ne la a noção de que seus modos foram reje itados. [sto traba lhari a no f un do da consc iê nc ia dela para q ue, num momento fu turo, bafejada pe la g raça , e la pudesse da r-se conta do ato desordenado q ue praticou. O fen ô me no se apresenta hoje ele modo tão avassalado r,

no conjunto ela sociedade, que o presente des li zar e m direção ao estado primitivo indígena parece não ter reto rn o. Dir-seia que, sem um a inte rve nção extraordinária da Prov idê nc ia - que nunca abando na aqueles que L he ão fi é is - esta ba ta lh a es tá hum a na me n te pe rdida d e mo me nto, pe los que amam a C ivili zação C ristã. E ntreta nto, Nossa Se nhora a nun c io u prec isa me nte e m Fátim a que, após pro vações a poca lípti cas, a Pro vidê nc ia corta ri a o pa so ao desvari o do mundo modern o. De ixando de lado, porta nto, os aspectos médicos das tatuagens, que comportam riscos ma is ou menos evidentes, mas que escapam à nossa formação e missão sacerdota l, atraímos a ate nção do le itor para o aspecto cul tural, que está mais no campo ele atuação da Igreja. E a constatação é realmente pasmosa: esta mos d ia nte de um recuo c ivili zador simplesmente fenomena l!

Recuo, a li ás, que não se dá ape nas no te ma elas tatuagens, mas també m no elas modas e costumes e m ge ral. E ass im ass istimos a um a ma rc ha batida e m direção ao nudi s mo - o utra caracte rística dos indíge nas, o utrora o bj e to de nossa conde nação. D os trajes nas ru as, não há o que comentar, po is estão à vista de todos. N ão é, po ré m, sem estarrec im e nto qu e ve rifi ca mos que, nas ho mili as elas Mi ssas, sacerdo tes não o usam di ze r ne nhuma pa lavra de ad ve rtê nc ia para as pessoas que se apresenta m desse mod o, indig no até para ade ntrar a Igreja, q ua nto ma is para receber a sagrada Comunh ão !

O estranho culto sugericlo pelas talllagens O mi s ivi s ta se alarmo u, com razão, e m re lação ao fa to de que a tatu age ns não são anódinas, do ponto de vista ideo lógico e re ligioso, mas podem ser interpretacla como culto a

di vindades pagãs. O que é especia lme nte gra ve qua ndo se te m e m vi sta, como di z o livro cios Sa lm os, que "omnes dü gen.Liurn daernonia" (todos os deuses dos genti os são de mônios - Ps 95, 5). Ta mbé m com razão, o le ito r o bserva que o "sign(ficado l_da manda la] a imprudenle j ovem seque r conhecia". É ve rdade. M as, como sempre se e nte nde u nos me ios cató li cos, se a lgué m a lega não acreditar nos de mô ni os, mas fa z uma tatuage m ele uma re presentação de les no seu braço o u nas suas costas, po r ac har e ngraçado o u por qua lquer outra razão, de a lg uma fo rma confe re ao de mô nio a lg um poder de atua r sobre e le. Co mo ta mbé m, a contrario sensu, que m te m o hábito ele portar no pescoço uma M edalha Milagrosa atrai a proteção de Nossa Senhora sobre s i, a inda q ue, and a ndo di s t ra id ame nte, não pe nse na Mãe de Deus ! Ass im , ao ma ndar tatua r

no corpo o desenho de uma um diag ram a composto de círc ulos e quad rados concêntri cos que, no ta ntrisrno, re prese nt a m o mund o - qu e m o fa z está pres ta nd o um a to d e vassa lagem, mesmo que não o saiba, a essa re lig ião s incrética derivada cio hinduísmo, do budi smo e o utros cul tos populares pagão , caracteri zada pe la magia e oculti smo, associado à adoração dos ídolos e ela práti ca iogue. Po rta nto, a tud o quanto um cató lico não pode de fo rma a lg uma se associar. O missivistafaz be m ele não q ue rer essa " im probidade" para seus filhos. Q ue Nossa Senhora o ajude nesse justo desígnio, e para ta l é muito recomendáve l a M eda lha Milag rosa, ela qua l há po uco fal amos, que represe nta N ossa S e nh o ra Im ac ul ada es maga ndo co m seus pés a serpente infe rnal . •

manda /a -

E-mail do auror: conei:oioseluiz@cmolicismo com br

cedendo de mo lo mui to lógico, desdobra sua pergun ta em do is po ntos, mas na realidade toca de passagem e m várias outras questões de m ui ta importâ nc ia e atua lidade, q ue procuraremos abordar em nossa resposta.

1'atuagc11s: I'Cll'OCCSS0 ela civilização Q uando, nos bancos escolares, estudamos a situação de nossos índ ios no estág io pri mitivo de sua barbárie, conc lu íamos com razão que os mi ss ioná rios cató licos , q ue aqui v ie ram catequizá - los chamando-os para o dom supremo da fé , prestavam ao mesmo tempo o inestimável serviço de civ ili zá- los. Hoje, a escolas influe nciadas por certa ideologia "progres-

CATOLIC ISMO

MA102007 -


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A REALIDADE CONCISAMENTE.

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A natureza dá lição ao exagero ecológico

Pânico de acidente remoto com asteróide conduz ao desvario

A

Associação dos Erploradores Espaciais (AAAS) de São Francisco (EUA) , composta por ex-astronautas e astrônomos, pediu à ONU que sa lve a Terra de - o le itor não se espante - um asteróide! Seg undo a AAAS , há um a c ha nce de 0,002% de o asteró ide Apóji.1· atingir a Terra e m 2036. Abstra indo ou nega ndo a proteção da Divina Providência, o espírito humano descobre peri gos insondáveis, sendo dominado por temores absurdos e quiméri cos que o levam ao desvari o. •

Imoralidade na mídia compromete saúde das iovens

A

aprese1~tação continuada de mode los feminino~ ele modo sensual pe la TV, musicas, novelas, Internet, propaga nda e imprensa em geral, danifica a saúde mental de me ninas e moças, afirma re latório ela Am.erican Psycholog ical Association (APA). Essa ofensiva da im ora li dade causa grave dano ao conceito que as jovens formam ele si própri as e gera mov imentos prej udic iais de vergonh a, ansiedade, depressão, desordens no apetite, proble mas cogn itivos e emocionais, entre outros. O relatóri o da APA alerta também para os programas corruptores ele "educação sex ua l". Ei lee n L. Zurbriggen, da Universidade ela Califórni a, insiste na tese ele que os pai s elevem ass umir sem inibi ções seu papel protetor. •

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O

ecologis~o sensac ionali st.a sofreu r~tunclo des me ntido quando c ientistas cio m1111 stério fran cês cio Me io Ambi e nte constataram a desaparição cios efeitos cio a fundam ento cio petro le iro Erika , na Bretanha, em 1999 . Desde então as aves multipli caram-se, as algas reocuparam a área, os golfinhos vo ltaram e as ostras há anos já se purificaram . A natureza consertou até os danos fe itos por um a lim peza exagerada ex ig id a pelo eco logismo radical. De fato, este transforma acidentes co mun s e m catástrofes apocalípticas, ignora ndo ou fin g indo ignorar que Deus cri ou na natureza sábi os mecani smos de ass imil ação cios desarranjos. •

Alemanha: revisão do passado comunista e seus crimes

A

pós a Polônia, agora é a Alemanha que deseja rever seu passado com uni sta. Sintoma di sso é o interesse susc itado pelo filme Das Leben der Anderen (As vidas dos outros), prem iado com um Oscar. Ele mostra como a polícia secreta co muni sta oprimi a a população. Outro sinal é o fato ele o canal de TV ARD irradiar a série A fuga, que descreve a perseguição ci os a lemães pe los sov iéti cos e a ex pul são de milhões de les ele suas terras. O descontentamento com o comuni smo e seus cúmplices civi s e ec lesiásti cos cresce cada vez mai s na Europa Centra l. •

Conservadorismo é mais forte entre os iovens paulistanos

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ovens pau li stanos destacam-se como os mais conservadores cio Bras il , sendo os que menos apóiam o "casamento ho mossexual", a li beralização elas drogas e cio aborto. Em maté ri a econô mi ca, 82% deles preferem os investimentos ma is conservadores (poupança e prev idência privada). Os dados são ele uma enquête e ncomendada pela assoc iação Ação Jovem do Mercado de Capitais, apoiada pe la Bo lsa de Valores ele São Pau lo e pe la BM&F, reali zada na cap ital pa uli sta, no Rio ele Janeiro, em Be lo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. •

CATOLICISMO

Agronegócio salva a economia argentina

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agronegócio também está sa lva ndo a econo mi a argentin a. E isto ocorre contrari ando a hostili dade do governo populi sta cio presi dente Kirehner, constituída por normas e impostos abu sivos e até co nfi scos parciais ela co lhe ita (retenciones). A Argentina não sofreu até agora a ação clel etéri a ele uma Reforma Agrária sociali sta e confiscatória. Sua produção ele grãos per capita atinge 2,5 toneladas, enquanto no Brasil e la não chega a 0,7 to ne ladas, ou seja, quase quatro vezes menor. Q uanto o Brasi l deixou ele produzir por causa ela Reforma Agrária? A comparação com a produção ele grãos na Argen tin a parece ser indício significativo para se esc larecer a questão. •

Vitórias conservadoras, pouco divulgadas pela mídia brasileira

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co nservaclora Coa /izão Nacional surpreendeu as esquerdas finlan desas: obteve o segundo lugar nas e le ições gera is e eleve ascender ao govern o. Os soc ial-de mocratas foram relegados à oposição, fa to inédito e m 20 anos. An álogo resultado obteve a conservadora Ação Democrática ele Q uebec (ADC), no Canadá, que se torno u a principal fo rça ele opos ição ao governo libera l daqu e la provínc ia do país. O avanço co n ervaclor enterrou o projeto de tornar a Provínc ia ele Quebec independente mediante referendo. No Brasi l, a mídia deu inco mpleta cobertura a esses resu ltados. Se as esq uerdas tivessem vencido, os órgãos ele imprensa te r-lhes- iam dedicado rumorosas manchetes. •

''Ritual litúrgico laico" incrementa paganismo na Catalunha

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go verno a utônomo ela Catalunh a publi co u um " ritual li túrgico laico", contendo fórmulas pagãs para bati smo, matrimônio e exéquias, in formo u o di,írio madril eno "La Razón ". O pretexto ela ímpia ini c iativa cons isLe no fato de que os casamentos re li g iosos são menos numerosos do que os excl usivamente civis. O novo rito inclui le ituras cio escritor com uni sta Pablo Nerucla, ela Constitui ção Espan ho la e músi cas rock ele Cat Stevens ou dos Bealles, e ntre outras. Para os enterros, esse abs urdo ritual reco menda piadas. O laicis mo conduz ao pagan ismo e à paródia blasfema cio catolic ismo. •

Exemplo anticomunista de religiosas polonesas

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egundo a Madre Jolanta Olech, presidente da Conferência de Superioras polonesas, os arquivos da polícia secreta comunista não relacionam mais que 30 religiosas polonesas. Os agentes marxistas queriam saber tudo sobre as religiosas, inclusive sua atitude face ao Concílio Vaticano li . Para isso, pressionaram superioras, catequistas e religiosas de clausura. Eles até tentaram forçar freiras a acusar sacerdotes por assédio sexual. Com o auxílio da graça, muitas religiosas opuseram-se a tal pressão. Seu exemplo contrasta com a atitude de bispos e sacerdotes que colaboraram com a máquina repressiva soviética, visando um acordo - aliás impossível - entre a Igreja e o Estado comunista.

Iraquiano convertido exorta católicos contra o Islã

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iraquiano Daniel Ali abandonou o islamismo e tornou-se católico em 1998. Recentemente, numa palestra proferida na Virgínia (EUA) diante de 400 pessoas, exortou os cristãos a lutar na primeira fileira, quando a Fé é atacada, e nunca esconder as verdades . Os maometanos, acrescentou, "não gostam de pessoas debilóides e respeitam mais quem defende suas convicções". Em sua época, os cruzados compreenderam bem isso. Hoje o maior perigo para os cristãos reside não tanto na prepotência muçulmana, mas na moleza e decadência moral dos ocidentais.

MA1O2007 -


Paz no campo significa "tolerância zero" com o MST e congêneres

verdade, não se trata apenas ele apoio, o MST foi gerado pelas Pastora is da Terra. A experiência hi stórica mostra que a propriedade comunitári a - regida ou não pelo Estado - traz a miséria, poi s favorece o des interesse e a preguiça. É o que se viu no fracasso ela antiga União Soviética. É o que se vê na Cuba atual e nos assentamentos ela Reforma Agrária no Brasil. Catolicismo - Se a livre iniciativa e a propriedade privada são justas e necessárias para o desenvolvimento do homem e progresso da sociedade, por que a querem abolir?

Ü Brasil precisa de paz para produzir e que seus homens públicos sejam sensíveis ao grito de socorro do campo: chega de invasões e de confiscas promovidos por uma Reforma Agrária socialista

Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, tri neto de Dom Pedro li e bisneto da Princesa Isabel, a Redentora, é advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP. Coordenador e porta-voz do movimento Paz no Campo, tem percorrido o Brasil fazendo conferências para produtores rurais e empresários, em defesa da propriedade privada e da livre iniciativa. Nessas conferências, alerta para os efeitos deletérios da Reforma Agrária e dos movimentos ditos sociais, que querem afastar o Brasil dos rumos benditos da Civilização Cristã. Catolicismo entrevistou Dom Bertrand, que esclarece nossos leitores sobre os princípios que justificam a campanha por ele coordenada.

nham os argumentos para defe nder seus legítimos direitos. Para isso percorremos o Brasil faze ndo conferências, visitando feiras agropecuárias e procurando ag lutin ar e motivar os produtores rurai s. Agora lança mos o Movimento Paz no Campo, que pretende representar um basta a toda essa perseguição ideol óg ica que se faz contra o produtor rural. Pleiteamos, portanto, uma política ele "tolerância zero" e " finan c iamento zero" para o MST e movi mentos congêneres, o que traria ele imediato o fim de toda essa baderna que se in sta lo u no campo brasileiro.

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Catolicismo - A campanha Paz no Campo, o que representa?

Dom Bertrand - Diante das contínuas violações do direito de propriedade no campo, através de invasões de faze ndas pelos movimentos ditos "sociai s" como o MST e congêneres, inspirados e insuflados pela CPT (Comissão Pastoral da Terra, da CNBB), de uma legislação que visa impor uma Reforma Agrária sociali sta e confi scatóri a, e de uma ação articulada para perseguir o agronegócio, é indispensável que os agricultores se unam e te-

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CATOLICISMO

Catolicismo - No centro desse debate estaria a propriedade privada versus a coletivização do campo?

Dom /Jcrlrnml: "A lei não pocle muclara boa ordem posta por Deus na Criação. A lei positiva deve garantir a propriedade, como estabelecem clois Mandamentos da Lei de Deus"

Dom Bertrand - O direito ele propriedade não decorre da lei , nem ele convenções. É um direito natu ra l que antecede ao Estado - e que o Estado eleve garantir - como são direitos naturais a vicia, a educação, o salário justo e familiar, etc. O Estado tem a obri gação ele garantir, e não pode passar por cima desse direito. Todo homem, por ser inteli gente e li vre, é clono cios frutos ele seu trabalho. Se assim não fo sse, e le seria um escravo cio Estado. T udo decorre ela natureza do homem, como Deu. o criou. Nenhuma lei pode mudar a boa ordem posta por Deus na Criação. A le i positiva eleve garantir a propriedade privada, como e tab leccm d is Mandame ntos da Lei de Deus: o 7°, "Não furtarás"; e o 1Oº, "Não cobiçarás as co isa alhe ias".

Catolicismo - O direito de propriedade decorre da própria liberdade do homem?

Dom Bertrand - O homem trabalha o necessári o para seu sustento. E le pode também trabalhar algo a mais do que para o próprio sustento. Dia após dia, e le acum ula esse algo a mai s, forma um cap ita l. O Papa Leão Xlll exatamente define o cap ita l co mo sendo trabalho ac umul ado. Com isso ele não só ate nde às necess idades essenc iais ele sua família , mas compra a sua casa, um automóve l, um sítio, uma faze nda, etc. T udo isso é fruto ele seu trabalho e lhe pertence.

A "esquerda católica" ignora os reiterados pronunciamentos pontifícios e dá apoio maciço ao MST

Catolicismo - Será por assumir a doutrina socialista que a "esquerda católica" abomina a propriedade privada?

Dom Bertrand - Ape ar ele apresentar-se freqüenteme nte co mo se fosse a própria Igreja, a "esquerda cató lica", de fato, não segue os ensinamentos tradi cionais cios Papas em matéria soc ial. Os ensinamentos pontifícios co nstituem um monumento vivo ele como se deve pensar e agir. Lembro-me neste momento ele um trecho ele Leão XIII na encíclica Ren1111. Novarum: "Fiqu e bem assente que o pri111eiro.fúndamen to a estabelecer para todos os que querem sinceramente o bem do povo é a in violabilidade da propriedade particu lar". A "esquerda católica" ig nora esse e outros re iterados pronunciamentos pontifícios e dá apo io maciço ao MST, à Via Ca111pesi11.a e outros movi mentos que promovem in vasões e desordens. Na

''.1 experi ência llistól'ica mostl'a que a propl'ieclacle comunitál'ia regicla ou não pelo Estaclo tl'az a misél'ia, pois ta, 1ornce o <lesinteresse e a preguiça"

Dom Bertrand - Por trás dessas questões , há uma do utrin a igualitári a. Segundo essa doutrina mar xista, se todos elevem ser iguai s, é injusto que un s poss uam mais que os o utros. É també m uma revolta contra as desigualdades justas, harmô ni cas e co mpl e me ntares, qu e Deus colocou na natureza: des igualdades de inteligência, de força ele vontade, ele sensibilid ade, ele ocasiões, etc., que acarretam di fere ntes apti dões. Uns são chamados a ser méd icos, o utros mú sicos, entalhadores, pintores, ag ric ultores, e ngenhe iros, etc. E daí decorrem orgânica e leg iti mamente desigualdades de fortunas . Catolicismo - Alguns costumam alegar que algumas desigualdades são muito grandes ...

Dom /Jertrand - É claro qu e poderá haver des igua ldades exageradas e malsãs: essas devem ser, dentro da medida do poss íve l, atenuadas pela caridade c ristã e, se necessá ri o, co mbatidas. Mas nunca deve ser imposto o ig ualitari smo, que se opõe à natureza criada por Deus. As pessoas ele mentalidade comuni sta quere m impor o igualitari smo, porque é através dele que se chega ao comuni smo. No manifesto ele Marx e Enge ls, de 1848, lê-se: "Os comunistas podem reswnir sua teoria nesta única fórmula: abolição da propriedade privada". Catolicismo - A Reforma Agrária irremediavelmente leva ao socialismo?

Dom Bertrand - Historicamente, em todas as nações em que o comunismo se implantou, o primeiro e mais importante passo para impor o igualitarismo sociali sta sempre fo i a Reforma Agrári a. E la quebra a produção no campo, tornando com isso inviável a vida normal nas cidades, e cria as condições para a ação de um Estado onipotente que estabelece o igualitarismo. Depois da Reforma Agrária vêm as outras reformas: Urbana, Empresarial, Bancária, etc. A Reforma Agrária é apenas o primeiro passo rumo ao sociali smo. Aliás, um documento básico cio MST, aprovado MAIO2007 -


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Catolicismo - A atual estrutura agrária cumpre a função social da propriedade? Dom Bertraud - C umpre, e muito be m. Produz quatro vezes mais alimentos que o necessári o para alime ntar a popul ação cio País; o agronegócio representa 40% do PIB ; 4 1% das ex portações; ocupa 35% da mão-de-ob ra . Uma prova a mais ele que c umpre sua função soc ial é o fato de que não há precedentes no Bras il de e mpregados ele uma faze nda invadida tere m se solid arizado ou unido aos invasores . Muito pe lo contrário, s istematicamente os e mpregados to ma m a defesa do patrão. As co ndições de vida dos e mpregados agrícolas são muito melhores do que as da ime nsa maioria dos asse ntados. Estes vivem e m verdadeiras fave las rurais, dependendo em tudo das bene ses do Estado e dominados tota lme nte pe los " movimentos sociais" tipo MST. Os assentados, s im , subsistem em cond ições que se podem c hamar ele análogas ao " trabalho escravo" - escravos das lideranças de tais mov ime ntos, que utili zam os "assentados" como massa de manobra para agitações.

pelo VI Encontro Nacional, diz textualmente: "As ocupações e outras formas massivas de luta pela terra vão educando as massas para a necessidade de tomada do poder e da implantação de um novo sistema econômico: o socialismo". Catolicismo - Também se alega que a Reforma Agrária resolveria o problema do desemprego. Dom Bertrand - Somente com o aumento da produção entre 2003 e 2004, o agro negócio criou 1,3 mjlhão de empregos novos, ruretos e indiretos, segundo o então Mi nistro da Agric ultura Roberto Rodrigues. Ao passo q ue, para assentar um pouco mais ele 60 m il famílias, gerando favelas rurais, gastaram-se a fund o perdido bilhões de reais. Ali ás, como está comprovado, grande número de assentados abandonam seus lotes, pouco depois de os receberem, e vão in vadir outras propriedades.

CATOLIC ISMO

Com o aumento da produção entre 2003 e 2004, o agronegócio criou 1,3 milhão de empregos novos

"Omle realmente há grande mímero de terras improduti11as é nos assentamentos do INCRA, nos quais não se pl'O<luz 11ada, trnnstormados em J'a11elas mrais"

Catolicismo - De qualquer forma, ainda há os que afirmam que é uma injustiça alguns terem muito e outros pouco, que há gente passando fome. Dom Bertrand - Devemos nos esforçar para que todos ten ham o neces ·ário para o seu d ig no sustento, bem como o de sua família. Posto este princípio básico, é natural que alg un prog ridam mais e ganhem mais, quer por seu esforço pessoal, que r por razões várias, decorrentes de legítimas circ unstâncias. Q uanto ao fato ele ex istir gente passando fo me, na medida em que as há, é lamentáve l. Mas tal afirmação não cond iz com a rea li dade. Pelo contrário, proble ma maior no Brasi l é a crescente obesidade ela população, segundo reve la recente estudo cio JBGE. E os programas "Fome Zero" e "Bolsa Família" acabam favorecendo a corrupção, o cliente lismo assistencialista, e não encontram a alegada legião de miserávei s. Catolicismo - Há muita terra improdutiva e muita gente sem terra, querendo produzir? l)om Berlraud - Seg undo os ente ndidos na matéria, as terras improdutivas estão norma lmente em região ele fronteira ag ríco la, send o que boa parte delas são elevo! utas, isto é, pr prieclacle cio Estado. Quem realme nte quer produzir, está disposto a abrir novas fronteiras agrícolas - como o tê m fe ito especia lmente gaúchos, catarinenses e paranaenses que vêm co lonizando o norte e o centro-oeste do Bras il - e e les não ficam invad indo terras no su l.

O pró pri o governo reconhece que quase não há m ais terras improdutivas. E as poucas a inda qualificadas como " improduti vas" são, na maioria cios casos, terras produtivas que - por razões c irc un stanc iais co mo seca, prob le mas de mercado, preços baixos, e tc. - não atingiram os a ltos índi ces de produção ex ig idos pe lo IN C RA . Onde rea lme nte há g rande número ele te rras improduti vas é nos asse nta me ntos cio IN C RA , nos quais não se produz nada, e te rras são tran s formadas em fave las rurai s. Catolicismo - O que Dom Bertrand opina sobre os tão falados "índices de produtividade"? Oom /Jertra11d -Tanto pela moral cató li ca quanto pe la razão, não pode ser desapropriada um a terra pelo s imples fato de não atingir índices de produção de te rmin ados pe lo Estado . É pe la mesma razão qu e não pode ser desapropriada uma fábr ica por ter parte ele sua capac idade ociosa, ou uma casa por ter um quarto vazio . O dire ito de prop ri edade é indepe nde nte cio seu uso. Afi rm a r o co ntrá rio impo rta e m ace ita r o princípio marxi sta le que o Estado tem o dire ito ele dete rmina r o que se deve produzir, quanto e quando se eleve produzir. Ca iría mos no di ri g is mo econôm ico com uni sta, que não considera as le is ele me rcado, a o ferta e a procura , etc . Res ultados ca lam itosos disso ficaram esca ncarados aos olhos do mundo com a queda cio Muro de Berlim e ela Co rtina de Ferro, e se fazem sentir a ind a na tirâ nica mi séri a ele C uba e da Coré ia do Norte.

do INC RA , cuj o resultado é pratica me nte zero . E se não fossem as cestas básicas oriunda. da produção ela inic iativa privada, distribuídas pelo governo à custa de impostos escorcha ntes que pesam sobre a po pulação, estariam os "be nefi ciá ri os" ela Reforma Agrária passa ndo fome!

"Em nenhum país J,omre Reforma Agrária que livessc prod11zi<lo resultados 11osilims. Pmticamcnw toe/as as nações que a r ealizaram estão hoje t10/u.111<lo atrás"

Dom Bertrand visita a sede da Cooxupé, Caconde (SP)

Catolicismo - Os defensores da Reforma Agrária garantem que ela aumentaria a produção de alimentos. Dom /Jertraud - Esta é uma afirmação abso luta me nte falsa! E m ne nhum país ho uve Reforma Ag rária que tivesse produzido res ultados positi vos. Em toda pa rte e la só trouxe misé ri a e fom e. A tal ponto que prati camente todas as nações que rea lizara m a Reforma Ag rá ri a estão hoje voltando atrás e revoga ndo as respectivas leis. Assim ocorre u na Rú ss ia, na Ucrânia, na Hung ri a, no C hile, e m Portugal, no Méx ico, e m An gola e até na C hina com uni sta. O caso cio Japão é paradigmático: depois ela Segunda Guerra Mundial foi implantada a Reíorma Agrária, modificando sua estrutu ra fundiária tradicional. Resultado: fracasso! Recente me nte fora m rea li zados estudos sobre como a ume ntar a produção nas s uas poucas te rras c ulti váveis (ma is de 75% do Japão são mon ta nhas o u fl orestas) para diminuir a dependê nc ia ela impo rtação ele a lime ntos. Res ultado cio estu do: necess idade ele uma anti - Reforma Agrária, isto é, uma legis lação que favoreça a ag lutinação ela

Catolicismo - Dada a capacidade empreendedora do produtor rural, ser obrigado a produzir mais não seria um fator benéfico para a produção? Oom Berlnmd - Imaginemos que todos os proprietários do Brasi l, ele norte a sul , leste a oeste, produzissem o que determ ina atu al mente o INCRA. Estaria criada uma elas maio res cri ses econômicas da História cio B rasi I e cio mundo, pois haveria um a tal superprodução ele a limentos, que não haveri a quem os consumi sse. Os preços cairiam a níve is ini magináveis. Com isso tería mos a quebra da agricultura e, e m seguida, a fome no Brasil e no resto cio mundo. Atua lme nte, em um território ele 850 milhões ele hectares, te rnos um pouco mais de 60 m ilhões ele hectares de agricultura e uma área ele cerca de 220 mi lhões de hectares clecl icaclos à pecuária. Já produzimos q uatro vezes ma is alime ntos do q ue necessitamos, e somos um dos maiores exportadores de carne. Não se podem considerar os cerca ele 63 milhões ele hectares com os assentamentos

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obri gações trabalhi stas, cada vez mais detalhistas e absurd as, que pesa m sobre os produtores agrícolas e pairam co mo verdadeiras espadas de Dâmocles sobre os empregadores e os suje ita m a toda sorte de arbitrari edades.

propried ade. Razões: o pequeno proprietário tem psicolog ia de subsistênc ia; e o grande, de produ ção. Se se quer a umentar a produção, é prec iso aumenta r a di mensão das propriedades! Catolicismo - O que se poderia fazer para aperfeiçoar a estrutura agrária e estimular o agronegócio? Dom Bertrand - Seria, por exemplo, no caso cio B rasil , um projeto que favorecesse a coloni zação pela iniciativa privada, como a que tem aco ntecido nos últimos anos, de novas fronte iras agrícolas para as fam íli as que têm real vocação para o cultivo da terra ou a criação cio gado. Ou então poderíamos criar cond ições para que o acesso à propriedade se torne mai s fác il , pelo aumento ela capacidade de poupança, resulta nte e m uma real climinuiçijo da brutal carga tributária que pesa sobre os brasileiros. Outra política be m-v inda seria a de preços e seguros ag ríco las que desse gara nti as para os ag ri cu ltores, especialmente em função de intempé ries, etc. O u ainda, so luc ionar certos gargalos que prejudica m seriame nte os prod utores, ta is como fa lta ele silos, de armazéns, estradas, hiclrovias, deficiências portu árias, custos portuários mui to superiores aos padrões mundiais. Poderíamos a ind a aduzir outras propostas, co mo simplifi car e m toda medida do razoável as

CATOLICISMO

Dom Bertrand entrevistado pela TV de Lavras (MG)

"Quem observa as invasões ele terl'a, muitas vezes não se dá conta (JUC J,á pol' tl'ás desses movimentos SUbVel'SiVOS, 1rudadei1'as guel'l'ilhas rurais "

Catolicismo - Qualquer tipo de Reforma Agrária é inaceitável? Não há uma Reforma Agrária boa? Dom Bertrand - O q ue é reformar? Reformar é tomar algo - por exemplo, uma casa ou um automóvel que fo i bom, mas que com o tempo e com o uso ficou desgastado - e renová-lo, aperfeiçoando-o, melhorando-o. A Reforma Agrária, até hoj e, em todo o mundo, só gerou miséria e fome. De si, poder-se- ia fa lar num a reforma agrá ri a boa . Mas a ex pressão " Reforma Agrária", co m o correr dos tempos e por influê nc ia ele um a certa me ntalidade igualit,'íria de fundo marxi sta, passou a ter um sentido tota lme nte inace itável: a) desapropriação confiscatóri a de propriedades privadas pelo Es tado, paga ndo um valor inre ri or ao rea l, com os famigerados TOA (Títu los ela Dívida Agrária), depois ele longas pe ndê nc ias na Justiça ; b) redistribuição igualitári a aos d itos " benefic iári os" ela Reforma Agrá ri a, isto é, os assentados, que não recebem título de propriedade, mas apenas uma concessão de uso, permanecendo as terras propriedade do Estado. Isso importa, e m úl tima análi se, na estatização elas te rras. É o que foram os kolkhozes sov iéti cos . Catolicismo - Em que pontos insiste o movimento Paz no Campo? Dom Bertrand - Q ue m observa as invasões ele terra, muitas vezes não se dá conta ela verdadeira conjuração que há por trás desses mov im entos s ubve rsivos, ve rd ade iras gue rrilh as rurai s, q ue freqüe ntemente atuam sob as ordens ele re lig iosos in escrupulosos e, in fe lizmente, com o apo io e o financiam e nto ele uma apa relhada máquina do Estado, e sob os a uspíc ios de movimentos internacionais como a Via Campesina. Dâmoc les tinha sus pe nsa sobre sua cabeça urna única espada. Sohre o produtor rural pendem várias espadas: as in vasões, a "esq uerda católica", os índ ices de produtiv idade, os conflitos com índios, fa lsas ac usações ele "trabalho escravo", o fa lso amb ienta lismo, a nova lei da agricultura fam iliar, a nova agro-eco logia, etc. Por isso nosso movimento in siste sempre: Reforma Agrária não, nenhuma, nunca! E to lerância zero com todos os crimes cio MST e movimentos afi ns. Só ass im poderão, todo aq ue les que querem realme nte trabalhar dentro da le i e da ordem , desfrutar de uma verdade ira paz no campo. •

Brasil: o que fizeste do teu chamado? E is uma pergunta-chave a ser feita, a propósito da próxima viagem de Bento XVI ao nosso País ■ BRUNO DE SANTA M ARIA

Por isso, a vida da fgreja está che ia de sa ntos e santas que não fora m ne m sacerdotes ne m freiras, mas que se santificaram na vida c ivil , reali zando os ma is diversos ofíc ios. E, co mo não se pode pensar que ating iram a perfeição faze n-

uando se usa a pa lavra vocação, bo m núm ero de pessoas pensa imediatamente em vocação re li g iosa, o u em sem in ári o ou conve nto. Q ue m ass im age incorre numa g ran de s implifi cação. Porqu e " vocare", e m latim , s ignifi ca chamcu; e o substantivo de rivado vocação - s ig nifi ca eh.amado. Ora, todos os ho me ns são chamados por Deus para rea li zar algo na vida: e, a par das vocações reli g iosas, ex is te m també m a vocação militar, a méd ica, a acadêmi ca, a de jui z, etc. A li ás, a maior vocação da Hi stó ri a não foi um chamado à recl usão num claustro ou à vicia sacerdota l. Fo i a A nunc iação do a nj o a Nossa Senhora, convida ndo-a a ser mãe, e Mãe de Deus, o que A unia de modo mi sterioso à Sa ntíss ima Trindade e à missão de seu F ilho. Poré m, o cha mado im ed iato era para ser s imples mente mãe: gerar em seu seio o Sa lvador, amamentáLo, vesti-Lo, protegê-Lo da fúria assass ina de um Herodes, dar-Lhe os rudimentos da prime ira educaS. S. o Papa Ben\ XVI ção. O u seja, em gra u sublime, a mesma vocação que, em grau comum, tem até a mais humi lde das mães. do o co ntrário do q ue Deus queria del es, O mes mo pode dizer-se de São José, é necessá rio conc luir que e les receberam que não fo i nem sacerdote nem relig ioda Divina Prov idência a vocação espeso, mas pai adotivo cio Men in o Jesus e cífica de se santifi carem nos afaze res do esposo de Mari a Santíss ima. Ele dev ia mundo. oc u par-se da manutenção da Sag rada De fato, nos planos de Deus, como Fa míli a, com seu ofíc io de ca rpinte iro, e numa mag nífica peça de teatro, cada um exercer junto aos seus a autoridade que ele nós tem um papel a desempenhar. Uns Lodo pai tem e m se u la r. têm um papel mai s centra l_, outros mai s

apagado . M as todos temos de contribuir, cada um e m seu lugar, para o es ple ndor dessa imensa peça que é a Hi stóri a da hum anid ade, o co njunto da qual deve espe lhar a grandeza de seu Autor.

O grane/e teatro da l·l istúria Aliás , Deus não é a penas o Au tor dessa g rande representação da Históri a. E le é sobretudo o principal Ator. O centro da Hi stória fo i a Vida, Morte e Ress urre ição de Nosso Senho r Jes us C ri sto. O nasci mento cio Divino Redentor a d ivi diu , e é por isso que at ua lme nte estamos no a no de 2007 depoi s de Cristo. Tampouco essa presença de nosso Sa lvador na Hi stóri a inte rrompeu-se com sua g lori osa Ascensão aos Céus. Mas continuo u através da Igreja Cató li ca - o Corpo Místico do qual E le é a Cabeça - , que prolonga sua ação salvífica e m meio dos homens. A Igrej a Católica é, poi s, a princ ipa l personagem no atua l desenro lar do gra nde teatro ela Hi stória, abrindo para os fiéi s o caudal ime nso das graças sobrenatura is de que Ela é depositária, e que di stribui ab undanteme nte através dos sacramentos. Mas Deus desej a que os benefíc ios da Rede nção não sejam apenas sobrenat urai s. Ao santifi car os home ns com sua graça, a D ivi na Prov idênc ia inc ita-os a desenvolver todas as suas capac idades humanas, inte lectuai s, morai s e artísticas, gerando uma c ivili zação terrena que, por suas obras, cante as gra ndezas de Deus, do mesmo modo que a natureza manifesta as g lórias do C ri ado r. E cada um de nós tem que contribuir

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com a lgo na construção dessa Cidade de De us desc ri ta po r Santo Agostinh o, e para a qual deve tender a sociedade dos ho mens. Nossa vocação individual é prec isamente aquela contribui ção única que cada um de nós eleve dar à vicia coletiva, e sem a qu al e la não produ ziria o mes mo efeito de conjunto, como numa peça ele teatro na qua l faltasse um ator. Ora, isso que se diz cios indiv íduos, diz-se também das nações. Ao lado das vocações incli vi dua is - por cujo cumprimento ou não cumprimento cada um ele nós será julgado - há os chamados cios povos . Alguém disse que, qu ando De us quer reali zar uma grande obra reli giosa, susc ita um santo e um a orde m re ligiosa . Mas, quando quer reali zar uma grande obra te mporal, suscita todo um po vo. Para se ter um a noção da verac idade desse come ntá ri o, bas ta pensar no que representara m G récia e Roma para a c ivilização oc identa l, desde a A nti guidade pagã até hoje; ou então no papel que desempenh aram Carl os M ag no e o povo

franco para a construção ela Idade M édi a; e, mais próximo ele nós, no papel ele Portugal e Espanh a para o descobrimento e a evangelização do Novo Mundo. Perg unta-se então: como é que um povo discerne qual é esse ape lo de Deus para desenvo lver um a mi ssão hi stóri ca? Excepcionalmente Deus chama um a pessoa direta me nte, de fo rm a a udíve l inequívoca, como fez co m Samue l, chamando-o e nqu anto dormi a no Te mplo e m Jerusalém. Ou como fez co m São Paul o e m s ua co nve rsão. O ma is el as vezes, porém, E le chama uma pessoa pelas circ unstânc ias ele sua pró pri a vicia, à qua l soma-se uma di screta voz in te ri or, expressa por anseios inex plíc itos de seguir determinada senda. Parti cul ar me nte na juventude, esses anseios pode m chegar a constituir um verd ade iro "sonho".

Chamado de Deus para cada povo O povo eleito, prefi gura da Igreja Católica, cio qual deveria nascer o Salvador, recebeu um chamado do prime iro tipo, quando Deus fa lou diretamente a Abraão e lhe ordenou abandonar sua cidade. Com

A vocação de nossa Pátria já estava inscrita na Cruz de Cristo, vermelha, ostentada nas velas das naus que descobriram o Brasil

os demais po vos que fora m ingressando no teatro ela História, Deus ag iu ele modo dife rente. Ele os fez descobrir sua vocação aos poucos, em função ele circunstâncias particulares: a situação geográfi ca, os talentos próprios àquela raça, o dinami smo ele seus grandes chefes, suas instituições sociais. E até circunstâncias geopolíticas, como, por exemplo, a pressão ele povos vi zinhos. Todas essas circunstâncias, ao se fi xarem, favoreceram nesses povos a evolação ele um "sonho" coletivo, o qual ex primia as aspirações mais profundas cio seu gênio. Cada povo tem, ele fato, seu sonho: a procura da verdade metafísica e da harmo nia artísti ca para os gregos; o desej o cios rom anos de uma orde m legal e admini strativa que garanti sse a prosperidade, sob o o lhar vig il ante elas leg iões; mais próx imos de nós, o anseio cios portugueses ela época elas navegações, de ter "uma

pequena terra para nascer e o mundo todo para morrer". C umpre e ntão perguntar-se: Q ua l é a vocação cio B rasil ? Q ual é o seu " sonho" coletivo? O que o Brasil te m fe ito cio se u chamado? Pois em vi sta desse chamado di vino é que o Brasil será julgado pe la Históri a e pe la D ivina Pro vi dê nc ia. Sendo a vi sita ele um Papa mo me nto-chave na hi stóri a ele qualquer nação, a próx ima viagem de Bento XVI ao nosso País é ocasião excelente para se faze r algo à maneira de um exame ele consc iênc ia a respe ito do "estado espiri tual" cio Brasil ele hoje .

Dádivas divinas para nosso País Antes , poré m, ele faze r o referido "exame de con sc iê nc ia", es boçando a realidade re ligiosa do Brasil conte mporâneo, convé m rele mbrar e m poucas li nh as a lg umas importa ntes dádivas que ele recebeu ela D ivina Providência. [Vejase, a esse propósito, no qu adro à p. 23, os oport un o s co me ntá ri os ele Plinio Corrêa ele Oli ve ira sobre a geografi a nac ional e a índole do nos o povo]. Não há d úvida ele q ue a vocação ele nossa Pátri a j á estava inscrita na C ruz de C ri sto, vermelha, oste ntada nas velas das naus q ue descobrira m o Brasil. Naus que pertenc iam a uma orde m de cavalari a s ucessora ela epopéia elas C ru zadas e CATO LI C ISM O

ela Reco nqui sta. De fato , e nquanto metade ela Euro pa apostatava ela Igrej a Cató lica para seguir os erros ela pseudo-refo rm a protesta nte, a Providência trazia para estas margens do Atl ânti co a semente ela fé, destinada a cresce r e multipli car-se até tra nsfo rmar o Brasil no maior país ca tóli co cio mundo ! A epopéia mi ss io nári a dessa ex pansão fo i abe nçoada pe lo própri o sang ue de C ri sto, tran substanc iado cio vinho daque la prime ira Mi ssa, celebrada po r Fre i Henrique de Coimbra e imortali zada no expressivo qua- " dro ele Vi ctor Meire ll es. Mas també m fo i regada, sob , as bê nçãos ele Nossa Senhora, (, pe lo sang ue, suor e lágrimas ele uma leg ião ele ho mens e mulheres ex trao rdin ári os qu e se sa n- / , tificaram nesta terra e le vedaram a massa, de itanclo as bases el e uma o rd e m te mpora l c ri stã, ~ num contexto ele harmonia soc ia l. O le vedar de u-se ta nto pe lo traba lho ele evangeli zação junto aos na tiv os e neg ro s qu a nt o pe l o esfo rço el e afervorame nto dos coloni zadores e uro pe us, dedica nd o ta mbém grande parte ele seu zelo assistê ncia aos mais necessitados. Ma is aind a, pe la sua fé e mpreendedora e sua caridade ardente, essas almas sa ntas - qu e co ns- ~ titue m o fio ele ouro ela Hi stóri a , ci o Brasil - de ram o s upo rte ) ' ps icológ ico necessá ri o pa ra a · ') epopé ia da ocupação cio nosso imenso territóri o e seu posterior desenvolvimento econô mi co, base materi al ela grandeza ele nossa Pátri a. Co mo esq uecer, po r exe mp lo, qu e nossos índi os fora m catequi zados po r aquele que é um "sol que fulgura no zênite na História brasileira", porque seu ze lo mi ssio nári o presid iu " à fo rmação

José ele Anc hieta, beatifi cado pelo Papa João Paul o II em 1980 , pouco antes ela sua primeira vi age m ao Bras il. Com isso, recebe mos el a Santa Sé a honra ele nosso prime iro beato, a ser ve nerado e m nosso culto e imitado em nossas vicias.

~

"ele tinha sempre sua alma nas suas ,nãos", ou seja, exercia per-

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da nacionalidade, com seu vigo r de herói e com sua virlude de santo", e cuj o cortej o ele admi radores é fo rmado po r

"uma raça que arrancara da vida selvagern e defendera conlra o cativeiro, e uma Nação inteira que aj udara a cons1ruir para a maior glória de Deus, abremdando o rancor dos homens e das f eras "? Refe rimo- nos, evidente me nte, ao Pad re

Ro ma, o Papa quer apro veitar sua vinda a São Paulo para elevar à ho nra dos altares Fre i Antô ni o S a nt ' Ann a Ga lv ão. N osso qu erido F re i Galv ão, ve nerado obretuclo no Conve nto ela Luz ele São Paulo e e m G uaratinguetá, e cujas " pílulas" ajudaram tantas mães a dar à lu z e rea li zaram urna im ensidade ele prodíg ios e ass inal adas graças. Descendente dos primeiros povoadores ela Capitania ele São Vicente, corria em suas ve ias sa ngue de bandeirantes. Renunciando a uma brilhante situação no mundo, pois sua fa mília detinha muitas posses, ingressou e le na Ordem fra nciscana. Porém, sua grande reali zação apostólica fo i a fund ação, juntamente com a Madre Helena Maria cio Espírito, cio Recolhimento ele Nossa Senhora ela L uz, na capital paulista, ao qual consagrou 48 anos ele esforços contínuos. Por seu ministério sacerdota l junto à população da cidade, era chamado Hornern da paz e da caridade. De fa to, como se lê em seu epitáfi o,

Pl'imeim santo nascido no Brasil E e is q ue ago ra o papa Bento XVJ que r pri vilegiar o Brasil co m a prime ira can o ni zação el e um sa nto nasc ido e m nosso territóri o. A brindo urna exceção à regra que e le mesmo fi xara, de fazer as canoni zações so me nte na Bas íli ca ele São Pedro e m

feito domíni o de si mesmo, por amor de Deus. Junto a esse presente sobrenatural - um santo que, sendo universalmente ve nerado pe lo culto público ela Igrej a Católica, intercederá com maior afinco em favor cio Brasil e de nossas necess idades particulares - , Bento XVI certamente nos trará urna mensage m apropri ada às necess idades espirituais ela realidade brasileira. É possível que ela seja similar àquela que ele tem repetido na sua E uropa natal. Porque no Brasil também vivemos um gigantesco processo ele descatolicização e descri stiani zação. Não apenas a Igreja Católica está sofrendo urna constante hemorragia de fié is para as seitas protestantes evangélicas, mas assiste-se a um aumento exponencial cio espiriti smo, ela macumba e ele o utras ex pressões ele re li g ios idade supersticiosa e pagã. O u seja, um absoluto relativismo re li g ioso, segundo o qual to-

das as religiões se equi valem. Como conseqüência desse relativi smo re li g ioso, ca iu -se in e vitave lm e nte no

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O laxismo moral está levando até à aceitação social e legal de uniões homossexuais, contrárias à natureza, e à iniciação sexual de menores

relativi smo moral , segundo o qual cada um pode fazer o que lhe apraz, desde que sej a sincero e não atrapalhe a vida dos demais. Como resultado di sso a moralid ade públi ca desagregou-se, não apenas devido aos escândalos de corrupção na esfera política, mas, pi or ainda, pel a degradação ela fa mília, com o aumento do número de adulLéri os, de di vórcios e da coabi tação prématrimoni al. O lax ismo moral está levando até à aceitação social e legal de uniões homossexuais, contrárias à natureza, e à iniciação sexual de menores, pela difusão da idéia ele que a sexualidade é sobretudo uma fo nte de prazer, da qual se deve usufruir à vontade, desde que se tomem as precauções cio assim chamado " sexo seguro" . D o relativi smo moral, passou-se ao relati vismo legal, favorecido pelas autori dades públicas e por certas pastorais, que interpretam as leis de maneira sempre favorável aos criminosos. Tal posição segue os ditames ele um suposto " direito alternativo" , que considera os delinqüentes não como culpados, mas como vítimas ela injustiça soc ial. Com isso fac ilita-se o tráfi co ele drogas, ele modo que o consumo delas torna-se uma verdadeira praga em todas as classes sociais. Outra form a desse mes mo relati v i sm o l ega l é o favorecimento, por organismos cio Estado, ele " mov imentos sociais" como o M ST, que praticam a vi olência e reali zam invasões ele terras, com inteira negação cio direito

CATOLICI SMO

ele propriedade e cio direito à segurança de terceiros. N esse contex to, a mensagem ele um Papa norm almente será o apelo ao povo bras ileiro à conversão, à fidelidade aos princípi os ela Fé e aos prece itos ela moral ; ou sej a, à fidelidade ao passado e à nossa vocação enquanto maior país cató lico do orbe.

J\clvel'tência à E111·011a: opo,·ttma também ao Brasil Podemos apli car à rea lidade bras il eira, faze nd o as devid as adaptações, as dec l ar ações el e Be nto X VI em 24 el e março último aos parti cipantes ci o Congresso ci os Epi scopados ela Co munidade E uropéia:

"Não se pode pensar em edificar uma autêntica 'casa comum.' européia, descuidando a própria identidade dos povos deste nosso continente. Con·1. ef eito, trata-se mais de uma identidade histórica, cultural e ,noral, do que geográfica, econômica ou política; uma identidade constituída por um conjunto de valores universais, que o Cristianismo contribuiu para f orjar, adquirindo assim um pa p el não sorn.ente histórico, mas instituinte em relação à Eu ropa. Tais valores, que constituem a alma do continente, devem p ermanecer na Europa do terceiro milênio como "f ermento" de civilização. Ef etivamente, sem eles, como

poderia o " velho" continente continuar a desempenhar a .função de ''.f'e rmento" para o inundo inteiro '! "Não é motivo de surpresa que a Europa contemporânea, enquanto aspira a apresentar-se como uma comunidade de val o res, pa rece cada ve z ma is freqüentemente contestar o f ato de que existem valores uni versais e absolutos. Esta singularforma de 'apostasia ' de si mesma, antes ainda que de Deus, não a induz porventura a du vidar da sua própria identidade ? "Eis por que ,nati vo parece cada vez mais indispensável que a Europa evite aquela atitude pragmática, hoj e arn.plamente d(fundida, que just(fica de ,naneira sistemática o compromisso a respeito dos valores humanos essenciais, com.o se f osse a aceitação inevitável de um presumível mal menor: [... ] Além disso, quando em tal pragmatismo se inserem ten d ências e correntes Laicistas e relativistas, termina-se por negar aos cristãos o p róprio direito de inter vir como tais no debate público ou, pelo menos, desqualifica-se a sua contribuição com a acusação de desejar salvaguardar pri vilég ios injustificados" . Quando se vê um chefe ele Estado atacar publicamente a I grej a Católica a propós ito cios preceitos da moral cri stã em matéria ele sex ualidade, como fez o presidente L uiz [nác io L ul a ela Sil va nas comemorações do D ia Intern acional ela Mulher em 8 ele março último; quando se observa um Judiciári o que autori za a realização ele abortos não previstos na legislação; quando se toma conhecimento ele uma ad mini stração pública que, sob pretex to de combate à A ids e às doenças sex ual mente transmi ssívei s, favo rece ca mpanhas ele corrupção ele menores; quando se presencia tudo isso, tem-se o direito ele perguntar: nosso País não está, como a velha Europa, na iminência ela apostasia? E m vista disso, o que responderíam os a Bento XVI como N ação, se, ao pisar nosso terri tóri o, ele perguntasse: " Brasil , o que fi zeste cio teu chamado?" •

Nota :

A vocação do Brasil Trecho do discurso pronunciado por ocasião do IV Congresso Eucarístico Nacional, realizado na capital paulista, em 7 de setembro de 1942.

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al vez não fosse ousado afirmar que D eus co locou os povos ele sua eleição em panoramas adequ ados à reali zação cios gran des destin os a que os chama. E não há quem, viajando por nosso Brasil, não experimente a confu sa impressão ele qu e D eus desti nou para teatro ele grand es fe itos esse País cuj as montanh as trágicas e mi steri osas peneclias parecem convidar o homem às supremas afoitezas ci o heroísmo cri stão, cuj as verdej antes planícies parecem querer inspirar o surto de novas escolas artísti cas eliterárias, ele no vas form as e tipos ele belezas, e na orl a ele cujo li toral os mares parecem cantar a g lóri a futura ele um cios maiores povos ela Terra. Quando nosso poeta cantava que "nossa terra tem

palrneiras onde canta o sabiá, e as aves que aqui go rj eiarn não go ,:jeiam como lá ", percebeu, tal vez confu samente, que a Providênci a depositou na natureza brasil eira a promessa ele um porv ir igual ao cios mai ores po vos ela Terra. Produto ela cul tura latina, valori zada e como que transubstanci ada pela influência sobrenatura l ela I grej a, a alma brasil eira resulta ela transpl antação, para novos climas e novos qu adros, desses va lores etern os e definitivos que, prec isa mente po rqu e definitiv os e eternos, podem aju sta r-se a tod as as c ircunstâncias contingentes, sem perd erem a identi dade substancial consigo mesmo. A mi ssão providencial cio Brasi I consi ste em crescer dentro ele suas próprias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores ele um a civi Iização genuin amente Cató li ca A postóli ca Romana, e em ilumin ar amorosa mente todo o mundo com o facho desta grande luz, que será verdadeiramente o lu111e11 Christi que a Igrej a irrad ia. Nossa índ ole meiga e hospitaleira, a pluralid ade elas raças que aqui vi ve m em fraternal harmoni a, o concurso providencial ci os imi grantes que tão intimamente se inseriram na vicia nac ional, e mais

PuN1 0 C o RRÊA DE OuvE 1RA

cio que tudo as normas cio Santo Evangelho, jamai s farão ele nossos anseios ele grandeza um pretexto para Inacionali smos.! tacanhos, para racismos estu ltos, para imperiali smos criminosos. Se algum dia o Brasi I for grande, sêlo-á para bem ci o mundo inteiro. Bem estudada e despida elas versões oficiais ele um li bera lismo anacrôni co, podemos ver claramente fno nosso passado], a fidelidade ele Amador Bueno; o espírito ele cruzada cios heróis ela reconqu ista pernambucana; a fibra ele ferro deste grande martelo ela pior elas heres ias, que foi Dom Vital M ari a G onçalv es el e Oliveira; como ainda, no coração maternal e suave ela princesa Isabel, as ex pressões rútilas ele um grande povo que, nos primeiros passos de sua hi stória, j á clava mostras de ser um povo que Deus criou para grandes feitos. E hoj e, quando o Brasil emerge ele sua ado lescência para a maturidade, e ti tubeia nas mãos ela velha Europa o cetro ela cultura cri stã que o tota li tari smo quereri a destru ir, aos olhos ele todos se patenteia qu e os países cató licos ela Am éri ca são na rea lidade o grand e celeiro el a I greja e ela C ivili zação, o terreno f ecund o onde poderão refl orir, com brilho mai or do que nunca, as plantas que a barbári e devasta no velho mundo. A Améri ca inteira é uma constelação ele povos irmãos. Nessa con stelação, é inútil negar que as dimensões materi ais ci o Brasil são urna fi gura ela magnitude ci o seu papel providencial.

'Sejam entre vós os que go vernam como os que obedecem ', di z o Redentor. O Bras il não será grande pela conqui sta, mas pela fé; não será ri co pelo dinheiro tanto quanto pela generosidade. Realmente, se souberm os ser fi éis à Roma ci os Papas, poderá nossa cidade ser uma no va Jeru sal ém, ele beleza per fe ita, honra, glóri a e gáudi o cio mundo inteiro. Tempo ouve em que a Hi stóri a ci o mundo se pôde intitul ar Cesta Dei per Francos. Di a virá em que se escreverá Cesta Dei per brasilienses.

Os destaques c m neg rito que fi guram cm algumas palav ras cios tex tos ponti fíc ios são desta redação.

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Aquarela ( 1835) ele Emcric Esscx Vidal - Museu Imperia l / IPHAN / Ministério da Cultura

esse País, CL(jas rnontanhas trágicas e misteriosas penedias parecem convidar o homem às supremas afoitez.as do heroísmo cristão; CL(jas verdejantes planícies parecem querer inspirar o surto de novas escolas artúticas e literárias, de novas formas e tipos de beleza; e na orla de cujo litoral os mares parecern cantar a glória futura de um dos maiores povos da Terra ".

A bênção, a tragédia, a esperança

V erdadeira profecia de um homem de fé, que tinha o dom de discernir os desígni os de Deu s a respe ito das almas e dos povos. Prevendo a decadência da Europa, destacava ele o papel da Améri ca, constituída de uma conste lação de povos irmãos. "Nessa constelação, inútil é di ze r que as dimensões

materiais do Brasil não são senão uma .figura da magnitude do seu papel providencial ".

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GABRIEL DA SILVA

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s pintores de tal ento exprim em ~ealidades que vão além do retrato puro e simples. E o caso das paisagens do Ri o de Janeiro do tempo de Dom Pedro IT, que ilustram este arti go. Na primeira destaca-se a lind a igrej a de Nossa Senhora da Glória do Outeiro li ], então junto ao mar (o aterro do Flamengo é muito posterior). A s pequenas embarcações, elega ntes e evocativas da moved iça faina dos pescadores, rea lçam a serena estabilidade das linhas elegantes da igrejinha e do sob rado à esquerda. Parece ouvir-se o sussurro das águas a brincar com as pedras e com as brancas areias da orl a coroada de ex uberante vegetação tropical. A suav idade das cores da aq uare la acentu a ainda mai s a doçura da paisagem, onde a unção espiritual parece pôr em ordem a vida civil e a própria natureza. O segundo quadro é uma vista do Saco da Gamboa [2 1, onde se notam variantes dos mesmos elementos: os barcos, o casari o aco lhedor e ordenado, os morros. Destaca-se à direita a silhueta imponente do Corcovado, futuro pedestal do Cristo Redentor, símbolo da herança cristã da cidade e do próprio País. A terceira cena, tomada da Ilha das Cobras 131, oferece um panorama da baía de G uanabara, abrangendo o conjunto da cidade. E m primeiro plano, esc ravos cm fo lguedo ca ntam e dançam despreoc upados, não longe da casa senhorial. Duas guaritas emo lduram a cena, co mo sentinel as da ordem a velar sobre a baía e a urbe. Nos três quadros domina a impressão de harmonia, ca lma e beleza. Elementos estes que defluem de uma ordem soc ial que é fruto da boa ordem moral , cató lica.

Plinio Corrêa de Oliveira cons iderava o panorama da baía de G uanabara " uma síntese das belezas e da grandiosidade, ora imponentes, ora delicadas, de nosso País ". É o cem'írio natural para que nele se rea li zem os magníficos lances da vocação nacional. Assim, em cada recanto da baía um aspecto novo, um mati z diferente, fa lam de uma grande variedade sem

CATOLICISMO

Óleo (e. 1840) de Abraham Loui s Buvclot - Mu. cu Imperial/ IPHAN / Ministério da Cullura

romper a sua unidade. Os es paços brasileiros, que a baía de Guanabara a seu modo sinteti za, têm o tam anh o das vastidões ali resumidas. E a alma brasil eira, uma grand eza análoga. É o País que ali se espelha, concluía o grande pen sador cató li co (Cf. Meditando sobre as g randezas do Brasil, in Catolicismo, outubro/] 988). Para Dr. Plíni o a baía de Guanabara resume, antes de Ludo, aspectos do extenso litoral brasil eiro, desde o Oiapoque, ao norte do estuári o do Amazonas, até o arroio Chuí, ao su l da l agoa dos Patos. Mas, por mi ste ri osas reversibilidades do espírito humano, essa síntese abarca também o cenário tão diverso do interior do País, como a selv a amazônica, o cerrado do plana lto central , as caatingas do Nordeste, o pantana l matogrossense, as serrania s que vão do Rio Grande do Su l ao Nordeste, caracterizando espec ialmente Minas Gerais. Em sua juventude, o inspirador de Catolicismo j á aludia a essa vocação providencial, di sc ursa ndo em 1942 a uma multidão que lotava o vale do Anhangabaú, em São Paulo, por ocasião do IV Congresso Eucarísti co Nacional:

Compreende-se, nessa perspectiva, por que o Cristo Redentor fica tão bem no alto do Corcovado, dominando toda a paisagem carioca. Ele é o único sol capaz de dar vida, lu z, fe li c idade ao povo que destinou a grandes feitos. M as é preciso que esse povo siga os passos do Divino Mestre. Senão, ele errará pelos caminhos do crime, do horro r, da pobreza, da humilhação, como o povo eleito errou durante simbólicos 40 anos pelo deserto. Não será essa a exp licação para os horrores que hoj e nos assa ltam, no Rio de Janeiro como em todo o País? Os atentados à integridade fís ica e moral de vítimas indefesas, a ousadi a e viol ência dos bandidos, os crimes hediondos, a corrupção triunfante e o desleixo (para dizer só i sso) do poder público, tudo isso é resultado da descristiani zação operada sistemati camente por forças ideo lóg icas que têm como fim a destrui ção de uma N ação católica. No momento em que nosso País é devastado pela demagogia, pela injusti ça, pela imora lidade, pelo crime, a Vós erguemos nossos olhos co mo nossa grande esperança, ó Maria, que hab itai s no Céu. Vós bem sabe is que o Bra il só reali zará sua gra ndeza nas trilhas da Civi li zação Cristã! • E-mail do autor: w-gabriel @catolicismo com br Gravura cm mctHI ( 1833), de Newton Ficlding - Museu Imperial / IPII AN / Ministério da Cultura

"Não há quem, vic(iando por nosso Brasil, não experimente a impressão de que Deus destinou para teatro de grandes feitos

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P or ocasião do 90° aniversário das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, sua mensagem constitui poderoso escudo para os católicos atuais, vítimas de insidiosa perseguição religiosa

n JosÉA NTON IO

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U RETA

ara incentivar o ensino da Re li gião às cri a nças, o Papa São P io X mi ni strava pessoalmente aos domingos aulas de catecismo para os me ninos de Roma. Fiel ao siste ma tradicional de exigir que os alunos aprendessem de cor as respostas, o santo interrogava as crianças para verificar se tinham aprendido. Numa dessas aulas, e l.e perguntou a seus alunos sobre as notas di stintivas da Ig rej a Cató li ca, que co mp ro vam sua or ige m divina. Com a vivac idade dos ita li anos meri di o na is, vá ri os a lu nos le va nt ara m a mão para dar a resposta. À medida que ia m se ndo indi cados , pe lo Pontífi ce, dava m a resposta que constava no catec ismo: U na !; Santa !; Católica ; Apostóli ca!. O Papa, co m to m aprov ador, disse: "Está bem. Mas que m é capaz de apresentar ainda mais um a nota di stinti va da Igrej a?" . Os me ninos se olhara m perplexos, porque no catec ismo só fi guravam aque las quatro . Depo is de um a pausa, com a voz embargada, o sa nto sussurrou: Mártir!. De fa to, naq ue les d ias, a Santa Sé estava enfre ntando a fúri a anticlerical do governo francês, o qual, sob pretex to de estabelecer a separação entre a Igrej a e o Es tado, ha vi a es po li ado a [grej a na França de todos seus be ns, ex il ado para o exteri or os re li giosos de c lausura, ex-

pul so os sacerdotes e as re li giosas elas esco las públicas e reti rado dos edifíc ios públicos todo e qu alquer sin al re li gioso. Com a lu cidez dos santos, o Sumo Po ntífice percebi a be m que aque las ini c iativas não e ram senão o co meço da exc lu são da Re li g ião Católi ca da vida públi ca, não so me nte na Fran ça, mas ta mbém nos demais países da Europa. Na própri a Itá li a, a Santa Sé tinha sido espoliada cios Estados Pontifíc ios, e o Papa to rn ara-se co mo que pri sione iro no seu pa lác io do Vati ca no. Diante dessa perspectiva de persegui ção - abe rta o u ve lada, depende ndo da feroc idade anti cleri ca l dos governos dos diversos países - São Pi o X dec idira conc lamar os católi cos para a defesa d os d ire itos d a Igreja e o co mbate às le is anti c lerica is. O preço eve ntua lmente a pagar se ri a o rec rud esc im e nto da persegui ção ... e o martíri o de mui tos. Daí o seu desabafo di ante dos meni nos do catec ismo. O conflito re li gioso qu e despo ntava fo i, porém, interro mpido pelo estrondo cios canhões e o estrépito das metralhadoras durante a I G uerra Mundi al. Com a volta da paz, o exempl o de heroís mo dado pe los cató li cos nas trinc he iras, e espec ialmente pe lo clero, tornou impossíve l a retomada das hostilid ades contra a fgreja por parte dos gove rnos. Na Itá li a, firm o u-se o T ratado de Latrão, que reconheceu a Cidade do Vati cano como Estado soberano governa-

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cio pelo Papa. Na França, ch~gou -se a um acordo diplomáti co concedendo à I greja o uso elas ca tedrais e elas igrejas roubadas pelo Estado, que se obri gava a mantê- las às suas custa s. Nos outros países a separação entre a Igreja e o poder civil deu-se ele modo menos conflitante, abrindo-se no Ocidente um período ele relativa tranqüili dade nos assuntos reli giosos . Nesse período ele calma, houve porém duas exceções ele monta: a) no M éxico, a aberta perseguição à I greja pelo governo ele Elías Calles resultou na chamada "guerra cios C risteros" - nome ci os combatentes ca tóli cos que morri am fu zilados, bradando " Viva Cri sto Rei!" - , a qual terminou com o massac re cios Iícleres cató li cos após um acordo ele paz entre o governo e o epi scopado; b) na Espanha, o govern o republicano-comuni sta deu rédea solta a seu ateísmo, e durante a Guerra Civil ele 1936-39 causou dezenas ele milhares ele vítimas, parti cularmente nas fil eiras cio clero e elas ordens religiosas. Enquanto isso, na Europa Oriental, a sanha anti -religiosa ele Stalin conduziu à morte ou aos campos ele concentração na Sibéri a milhões ele ru ssos, ucrani anos, lituanos e cidadãos ele outros países anexados pela URSS, e que se opunham ao programa ateu cio comuni smo bolchevique. A fa lsa reação ao comunismo, representada pelo neopaganismo nazista ele H itler, abr iu o pa soa uma perseguição reli gio a, que levou para os campos ele concent:ração e ele extermínio não somente os cidadãos ele raça j udaica, mas também milhares ele católicos, o mais conhecido cios quais é São Maxim iliano Kolbe.

ACOJ'dO da Igreja com a moderni<lade: ilusão O fim ela U G uerra M undi al e os acordos ele Ya lta trouxeram relati va paz no Oc idente e relações ele bons ofícios en-

CATO LI C ISM O

tre os govern os laicos e a Hi erarqui a ela I grej a. Apenas pairava, nesse hori zonte so rrid ente, a so mbra elas perseg ui ções que continuava a sofrer a Igrej a do Silêncio, não somente na URS S, mas também nos países que, após o conflito mun dial , havi am fi cado sob o jugo comuni s-

que iam assumindo os govern os . O Papa Paulo VI, não sem otimi smo, chegou a afirmar na última sessão ela asse mbl éia concili ar: "A religião do Deus que se f ez

homem encontrou-se com a religião (porque ela o é) do homem que se f ez Deus. O que aconteceu ? Um choque, wna luta, um anátema? Isso poderia te r acontec ido, ·,nas não aconteceu". 1 Porém , a coex istênc i a pacífi ca ela I g rej a co m a " moclernicl acle" durou pouco tempo. A razão desse fracasso foi anun c iada pelo Papa B ento XVI no di scurso à Cúri a Romana, por ocas ião el a aprese ntação ci os votos natalin os, em 22 ele deze mbro ele 2005: "Quem

esperava que com este 'sim ' fund amental à idade moderna todas as tensões se dissolvessem, e a 'abertura ao rnundo' assim realizada transf ormasse tudo em pura ha rmonia, subes timou as tensões interiores e até as contradi ções da própria idade moderna: subestimou a perigosa fátg ilidade da natureza humana que, em todos os períodos da história e em toda co11figuração histórica, é uma ameaça pa ra o caminh o do ho1nem ". No México a Igreja foi martirizada durante a gloriosa guerra cristeira. O padre Pro, jesuíta, reza antes de ser fuzilado ta, como Po lôni a, Hungria e C hecoslováqui a. A s fi guras cios card ea is Slipyj e M inclszenty - um pri sioneiro nas masm'orras sov iéticas, e o outro refu giado na embai xada norte-a meri cana ele B udapeste após vári os anos ele cárcere - impedi am que o silêncio ela Igrej a bai xasse inteira mente sobre a Igrej a do Silêncio. Porém, fo i num contexto ele "Gáudi o e Esperança" que se abriu , em 1962, o Concíli o Vaticano II, destinado a selar uma nova era ele co laboração entre a Igrej a e o mundo modern o, representado pelas correntes progress istas ele esq uerd a

Pi or ain la, elita coexi stência fa voreceu a penetração cio relativismo li beral em largos setores cios meios cató li cos atua is, levando a um enfraquecimento elas fo rças in tern as ela I greja, que deveriam apresentar-se coesas contra o mal. Compreendem-se ne se contexto as co nhec id as afirm ações ele Paulo VI sobre um proce so el e "autoclemolição" ex istente na Igrej a, e sobre a penetração ela " fum aça ele Sataná " 2 no Templo ele Deus. Também João Paulo II teve pa lavras duras a esse respeito, quando di sse que "imer-

sos 11 0 'relati vismo' intelectual e moral, e por conseguinte no permissivismo, os cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticisrno, pelo iluminismo vagamente moralista, por um cristianismo sacio-

lóg ico". 3 E o Papa Bento XVJ , poucos meses antes ele ascender ao Sumo Ponti ficado, ainda co mo Card ea l Ratzinger, esc reveu em 2005 uma Via Sacra para ser rezada no Coliseu, na qual afirma:

" Não de vería mos pensar lam.bém. em. tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacram.ento, da sua presença, freqüentemente com.o está vazio e ruim o coraçc7o onde Ele entra! Tantas vezes celebramos apenas nós próprios, sern nos dar1nos conta sequer d ' Ele! Quem tas vezes se contorce e abusa da sua Pala vra! Quão pouca f é existe em tanlas teorias, quem tas palavras vazias! Quanla SL1;jeira há na Igrej a, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveria,n pertencer completamente a Ele! '"1 A pesar dessa penetração cio espírito cio mundo nos ambientes católi cos, o choque com a mod ernicl acl e, qu e Pa ul o VI qui s evitar por meio el a atitude el e " mão es tendida" adotada pela Hierarqui a católi ca depois ci o V ati ca no 11, está reco meçand o 40 anos depois. E esse co nflito não pode senão recrudescer, uma vez que o ho mem mode rn o, prec isamente porqu e se crê Deus, jul ga-se no direi to ele inventar seus própri os valores e ele darse a si mes mo um a lei moral que atenda às uas piores pa ixões . Ass im , não aceita ma is qu e a fgrej a Ca tó li ca queira influenciar no debate ele questões el as mais im porta ntes ela atuali dade, ta is como o aborto, a eutanás ia, as pesqui sas co m embri ões, o d i vórcio, as uni ões conjugais livres, o pseudo-casamento ho mossex ual, etc. A [grej a Cató li ca não pode mudar os ensinamentos que recebeu eles u li vino M estre como depós ito ela fé, e ta mbém não pode dei xar ele evange li zar o mund o se m tra ir sua mi ssão. E la não pode, portanto, evitar esse choque co m as es truturas cio poder po líti co e soc ial, nem co m os co ng lo merado s el a mídi a

qu e ditam o "c redo" ateu, individuali sta e hedoni sta imperante na sociedade contemporânea. N o passado, esse choque levou às per seg ui ções e ao martírio milhões ele cri stãos, cios quai s a I grej a Católica ressurgiu ainda mais relu zente e poderosa

se converteri am, ou então adviri a um grande casti go, parte cio qual seri a um a imensa persegui ção reli giosa.

A mensagem de Fátima e a pl'evisão de castigos Co mo é sabido, a M ensagem ele Fáti ma fo i comuni cada aos três pastorinh os videntes - Lúci a, Jacinta e Fran cisco - propriamente na terceira apari ção, em 13 ele julho ele 19 17, que teve lugar na Cova ela fria, em Fáti ma, Portu gal. Dita mensage m el e Nossa Senhora ao mundo constitui o chamado "segredo ele Fátima", o qu al consta ele três partes . Primeiro uma vi são cio Inferno, "para onde vão as almas

dos pobres pecadores". Em seg u ncl o I uga r, uma mensagem propri amente elita, na qual Nossa Senhora anunciou o fim ela I Guerra Mundi al, mas alertou : se os homens "não deixarem. de of ender a Deus ", começaria outra pior (a IJ Guerra Mundi al), pela qual Deus iri a

"punir o mundo de seus crimes, por rneio da guerra. da f ome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre". Caso a humani dade, apesar dessa punição, não se convertesse, Nossa Senhora profeti zou ainda que a Rússia iria espalhar "seus errvs pelo mun-

do, promovendo guerras e perseguições à Igrej a; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas". cio que antes ela provação que se abatera sobre Ela. A contecerá o mesmo neste umbral ci o terce iro mil êni o? D iscernim os algum indício ela Divina Provi dência nesse sentido, a fim ele prepararmo- nos para uma prova se melh ante? Ac reditamos que sim. Ta is indícios ex iste m e são muito cl aros. Eles nos foram ap rese ntados nas advertências el e N ossa Senhora em Fátima, elas quais depreende-se inequivocamente o seguinte: ou os homens atenderi am ao seu apelo e

Em terce iro lugar, uma vi são simbóli ca cio cumprimento cios casti gos anunciados nessa segunda parte ci o segredo. Nela os pastorinh os ele Fátima viram "um. Bispo veslido de branco" (que eles pressentiram ser o Papa), seguido ele "vários outros bispos, sacer-

dotes, religiosos e religiosas, subir uma escabrosa ,nontanha, no cirno da qual eslava urna grande Cruz ". Depo is el e atravessar uma cidade em ruín as, o Sa nto Padre, "chegado ao cimo do monte,

prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz, f oi mor/o por um grupo de soldaMAI02007 -


da Purificação Godinho, que tomou nota - embora nem sempre litera lmente de suas últimas palavras. Entre elas, há uma referência ex plícita à perseguição reli giosa que viria:

"Ai dos que perseguem a Religião de Nosso Senhor! Se o governo deixasse em paz a Igreja e desse a Liberdade à Santa Religião, era abençoado por Deus ". Por sua vez, a lrm ã Lúcia também teve "várias com.unicações ín tirnas" com Nosso Senhor, nas quais Ele insi stiu no ped ido ele consagração do mundo ao Imaculado Coração de M aria, com menção espec ial pela Rú ss ia. Em ca rta datada ele 2 de dezembro de 1940, ela disse a Pi o XII que tal consagração era indi spensáve l para "abreviar os dias de

tribulação com que tem determinado punir as nações de seus crimes, por rneio da guerra, da fome e de várias perseguições à Santa Igreja e a Vossa Santidade".

Aldeia incendiada pelos muçulmanos, em Darfur (Sudão) . A perseguição religiosa tem sido particularmente virulenta nesse país, diante da pa ssividade das potências ocidentais.

dos que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns após outros os bispos, sacerdot.es, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições". Ou seja, a persegui ção reli giosa seri a de tal magnitude, que não somente o Papa, os bispos, sacerdotes e religiosos poderão ser mortos un s após outros, mas até leigos de co ndi ção modesta! O que indi ca uma sa nha persecutória particularmente virulenta. O número indeterminado de bi spos, sacerd otes, reli giosos e leigos martirizados leva a supor uma perseguição de ca ráter universa l e sistemática, como as piores que j á houve no passado. Uma posterior vi são particular de Jacinta confirma o caráter violento desses ataques à [greja e ao Papa, que haveriam de vir. Esta ndo junto ao poço da casa dos pais de Lúc ia, Jacinta perguntou à sua prima:

-

11111m

Não viste o San to Padre ? Não. CATOLIC ISMO

- Não sei corno foi, eu vi o Santo Padre numa casa m.uito grande, de joelhos diante de uma mesa, com. as mãos no rosto a chorar; fora da casa estava muita gente, e uns atiravam-Lhe pedras , outros rogavam-lhe pragas e diziam -lhe muitas palavras f eias. Coitadinho do Santo Padre, temos que pedir rnuito por ele! Em outro dia, em casa ele Jac in ta, Lúcia encontrou-a muito pensativa e interrogou-a:

- Jacinta, que estás a pensar? - Na guerra que há de vil'. Há de rnorrer tanta ge nte! E vai quase toda para o inferno! /-Ião de ser arrasadas m.uitas casas, e mortos muitos padres. Olha, eu vou para o Céu; e tu, quanto vires de noite essa luz que aquela Senhora disse que vern antes, foge para lá também". Tal como anuncia ra Nossa Sen hora nas apari ções, Jacinta adoeceu gravemente pouco depois. Tra nsportada para L isboa, ela fo i levada para um hospital e ficou sob os cuidados da Madre Maria

E no ano de 1943, enquanto res idia em Tuy, cidade fronteiriça no lado espanhol, a mes ma Irmã Lúcia relatou em carta ao seu confessor, o Pe. Gonçalves, que tinha enviado ao Arcebispo ele Valladolid "um. recado de Nosso Senhor para os Senho res Bispos cá de Espanha", no qual Ele dizia que "Se os Srs. Bispos da

Espanha não atenderem aos seus desej os, ela ra Rússia·! será mais uma vez aüula o açoite com que Deus os pune". Sendo os bispos os punidos , enten de- e que Lúc ia indi cava uma nova perseg ui ção religiosa na Espa nh a, como a que tinha cessado ape nas c inco anos antes.

Perseguições anticatólicas nos séculos XX e XXI No que concerne ao séc ulo XX, é inegável que as perseguições anunc iadas em Fátima ocor rera m exatame nte co mo Nossa Sen hora tinha an unciado. O escritor norte-ameri ca no Robert Royal, autor ele um livro que faz referência à matéria, intitul ado Os mártires católicos do século XX,5 afirma que levará décadas para se poder determinar com exatidão o nú mero eles e mártires; mas que, ele qual quer forma, a cifra eleve ficar no mínimo na centenas ele milhares ele vítimas. O cresc imento exponencial cio número ele

vítimas, afirma Royal, não se eleve pri mordi almente ao crescimento ela população, mas ao caráter ideo lógico-po líti co elas perseguições reli giosas empreendidas pelo laici smo (M éx ico), pelo comuni smo (Es1anh a, Rú ss ia, China, Vietnã, C uba, etc.) e pelo nazismo nos campos ele concentração. Qual a perspect iv a para o séc ul o XXJ? Não tendo hav ido a conversão cios corações nem a penitência so li citada por N ossa Sen hora como meio ele aplacar a có lera ele Deus e ele ev itar as catástrofes anunciadas em Fátima, esse aspecto cio castigo - a persegui ção reli giosa - não pode senão aumentar. De um lado, pelo aparecimento ele novas persegui ções. De fato, às perseguições naz istas e com uni stas somaram-se, no fim ela segun da metade do sécu lo passado , as perseguições empreendidas pelo fanati smo muçulmano nas regiões em que ele domina. Ta is perseguições têm provocado centenas ele vítimas no Oriente: Índia, Paqui stão, Indonésia, Timor, Filipin as; no Oriente Méd io: Iraque, Aráb ia Saudita, Tu rqui a; mas sobretudo no conl i nente africano: na fronteira relig iosa que d ivi de o norte muçulmano e o sul cri stão e animista. Tais persegui ções têm sido particularmente virulentas no Sudão, diante da pass ivicla le elas potências ocidenta is, e tendem a crescer, na medida em que as províncias muçulmanas desses países reli giosa mente mi stos comecem a ap licar a "sharia" - ou sej a, a lei islâmica - como lei cio Estado. A guerra no Jraque e os ataques contra os palestinos, efetuados pelo Estado ele [srael , estão aumenta ndo o ódio elas popu lações muçulmanas contra os Estados U niclos e co ntra o Ocidente em geral. Com isso, as perseguições contra os cristãos cm terras muçulmanas tendem a aumentar. De outro lado, porém, a perspectiva ele persegui ção religiosa que se apresenta co mo a potencialmente mais feroz é aque la que está incubada nos próprios países ex-cristãos, que apostataram da fé

ele seus maiores e adotaram uma filosofia ela vicia inteiramente materiali sta e relativi sta, seg und o a qual não existe nenhuma verdade abso luta, e a fortiori nenhuma verdade reli giosa. M otivo pelo qual o homem pode manipular a rea lidade a seu bel-prazer, se m ter que dar satisfação a ninguém. Assim , tornar-se-ia realidade a promessa ela serpente a Adão e Eva no Paraíso: "Sereis como deuses "; eco ela própria revo lta ele Lúcifer: "Non

serviam.".

dacle sem limites e a coarctação dela na realiclacle, é apresentada, com sua habi tual profuncliclacle, pelo Prof. Plini o Corrêa ele Oliveira. Por causa cio pecado ori ginal , diz o ilustre pensador, a sensuali dade consentida produ z no interi or cio homem uma subversão análoga à que o orgulho produ z na ordem soc ial: a tirani a cios inferiores sobre os superiores, a tirania elas paixões desenfreadas sobre a razão e a vontade, a tendência a ultrapassar todas as barreiras e a rebelar-se contra toda autoridade e toda lei. Conclui então: "Quando a Re-

volução proclarna a liberdade absoluta como princípio meta.fúico,fá-lo unicarnente para justificar o livre curso das piores paixões e dos erros m.ais .fúnestos ", ou seja, "o direito de pensC11; sentir e fa zer tudo quanto as paixões dese1i/r·eadas exigem". 6 Não se trata ela verclaclei ra liberdad e descrita pelo presidente- mártir cio Eq uador, Gabri el García Moreno, como "a liber-

dade para tudo e para todos, exceto para o mal e para os ma/f eitores". O libera li smo é a li berdade para o mal e para os maus, o que impli ca em cercea r a li berdade dos homens ele bem quando querem, na vicia soc ial e na ordem lega l, denunciar o mal e opor clificulclacles à sua difusão. De onde a conclusão de Pli nio Corrêa de O liveira: "Nota-

É preciso não se deixar enganar pelas aparências " I ibera is" ela soc iedade contemporânea. Voltaire enunciou, numa famosa carta, o seguinte: "Eu não estou

de acordo corn tuas idéias, mas eia.ria a vida para defender teu direito de divulgá-las" . Apenas alguns anos depois, um discípul o seu, Antoine ele Saint-Just, deu a palavra ele ordem que desencadearia as perseg ui ções políticas e rei igiosas da Revolução Francesa: "Não há liberdade para os inimigos da liberdade". A justo título, Saint-Just passou para a História como "o Arcanjo do Terror". A expl i cação para essa grit ante co ntradi ção entre as promessas ele I iber-

se que o liberalismo pouco se importa com a liberdade para o bem; só lhe interessa a liberdade para o ,nal "; ele modo que, quando alcança o poder, o liberali smo "protege, favorece, prestigia de muitas maneiras a liberdade para ao mal "; e ''.facilm.ente e até alegremente tolhe ao bem a liberdade, ern toda a m.edida do possível".7 Sendo a Igreja Católi ca o baluarte ela verd ade e cio bem, o liberali smo não aceita a tutela que E la exerce sobre assoc iedades cristãs e, sob pretexto de que a religião não eleve interferir na política, tenta sil enc iá- la. Q uando vê que a Igreja contin ua a interpelar as consc iências, o liberalismo arranca a máscara e começa a perseg uição, primeiro velada, depois abertamente. É o que está aco ntecendo

MAlO2007 -


O presidente da França Jacques Chirac

atual mente, em maior ou menor grau, nos diferentes países do Ocidente. ínfeli zmente, quem abre a marcha nesse processo de apostas ia, que está desembocando aos poucos na perseguição, é a E uropa , ou seja, o próprio berço da Cri standade oc idental. A montagem da persegui ção está se dando em qu atro etapas lógicas, não necessariamente encadeadas no tempo de sua ap li cação prática.

nação ele preservar a qualquer preço a " laicid ade" cio Estado. Anali semos dois exempl os eloqüentes dessa maneira ele entender a laicidade, não apenas como a neutralidade reli giosa cio Estado, mas como a exclu são da Reli gião ela vicia pública. Em primeiro lugar, o discurso cio pres idente Jacques Chi rac ao in augurar a Comissão de

Pcl'scguição laicista anticatólica: 1ª fase

ada a propós ito ela pol êmica susc itada pelo uso cio véu islâmico pelas moças mu çulmana s que freqüe ntam esco las públicas fran cesas.

Reflexão sobre a Aplicação do Princípio de Laicidade. Essa co mi ssão fo i cri -

Nesse di sc urso, o presidente ela Fran ça afi rm ou: "Dia a.pós dia, multiplicam.-

se os testemunhos que indicam urn relaxamento das exigências da laicidade ou, ern lodo caso, urna profunda intermgação sobre a exlensão do s deveres que dela resul1am para cada um . 1... 1 Ma s seria redu.lor pensar que a queslão da laicidade põe-se apenas em relação aos franceses de confissão mu çulmana. Qualquer que seja sua religião, wn número crescenle de.fi·anceses reclama que sua prálica religiosa particular seja 10mada em conla pela coleli vidade. Essa evolução extrapola do contexlo da prálica religiosa. Uma tendência nova leva alguns de nossos concidadãos a querer fazer prevalecer suas convicções particulares sobre a lei comum. l... l [Porém 1 não há na França regras superiores às leis da República.. É assim mesmo. Não se pode aceilw; por exernplo, que a qfirmação de perlenças é/nicas ou religiosas seja erigida em alo político. Haveria nisso um desvio con1rário a 10das nossas tradições e perigosa para nossa democracia. [.. ."I E,~fim., a laicidade niio é apenas um direi/o. É um. deve,; e até mesmo um e.~forço sobre si mesmo: ela precisa colocar Limites à expressão pública. das próprias particularidades, ela necessita compreender o oulro, colocarse no seu Lugo,: Ela exige também aceitar regras comuns , indispensáveis ao equilíbrio da sociedade".8

A primeira fase co nsiste em assentar o falso princíp io de que a Reli gião E m síntese, nin guém pode eleve ficar rec lu sa nas consci in vocar a Lei de D eus ou a L ei ências das pessoas e nas sacri snatural para opor-se, por exemtias, e não el eve, em nenhum pl o, ao ma ss acre anu al ele caso, in terferir na vicia públi 220.000 nasc ituros no seio maca . O pretex to para essa exc lu terno. Porque "não há na Fransão é a afirmação de qu e, se a ça regras superiores às leis da Reli gião passa a ter influência República", as quai s autori zam na vida políti ca e soc ial, ca iro aborto. E os cidadãos não pose-á no "fund ame ntali smo" e dem "querer fa zer preva lece r no " integ ri smo" dos fanático s su.as co nvicções particu lares muçulmanos. E co mo co nsesobre a lei comum ". Logo, têm qüência os países irão se torque "aceitar regras co muns" (a nando como o Afega ni stão sob lei do aborto) e ca lar-se, o que Pour l'égalité des droits hétéros-LGBT : o governo cios ta libãs. O es pecé eufemi sti ca mente apresentatro das mulheres revestidas elas ouverture du mariage et légalisation do como "coloca r limiles à exburkas pretas leva muitos ocide l'homoparentalité pour pressão pública da s próprias dentais, es pec ial mente os eucouples homosexuels les particu laridades". rope us que são confro ntados A seqüência do disc urso é diretam ente com a presença igualmente preocupante quanto ao futuro maciça ele muçulmanos em seu terri tóCartaz de movimento favorável ao da liberd ade ele ex pres, ão religiosa na fi "casamento" homossexual na França ri o, a olhar com simpatia essa cletermi-

Liberté - Egalité - Hétérosexualité

RÉPUBLIQUE FRANÇAISE

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CATO LI C ISMO

lha primogênita da l greja: "Por isso é tc7o im.portanle refletir sobre as traduções concretas do princípio da laicidade. Não examinando apenas o direi/o que ela representa, mas tarn.bém os deveres que ela impõe a todos. Não se limitando apenas ao seu conteúdo histórico - a separação das Igrejas e do Estado - mas dando a ela de novo seu sentido verdadeiro, que é o da coesão da Nação francesa ".9 Em outras palavras, um a ameaça. A laicid ade não é m ai s a boa vi zinh ança cio passa do, mas tomou nov o si gnificado: se os representa ntes reli g i osos, e sobretudo a [greja Cató li ca largamente maj oritári a na França, timbram em se opor a determinadas leis em nome ele se us particulari smo s reli g i osos (as tais " l ei s superi ores às ela Repúbli ca franc esa"), eles se rão considerados co mo uma ameaça à unid ade nac ional. N os países comuni stas, era esse o pretexto para enviar os di ss id entes para os gu.lags: ameaça para a seg uran ça do Estado e para a uni dade nacional. .. O seg und o exe mpl o dessa nova concepção ela laicidad e - aquel a qu e atribui a etiqueta de " fun damentali smo" a qualquer reli gião que pretenda participar do debate público para opor-se a leis que ofendem a Deus, preparand o o terreno para futuras per egui ções - ocorreu no Parlamento Europeu. a propósito ela Resolução sobre As

Mulheres e o Fundamentalismo. 10 A origem ela Resolução fo i uma ini ciativa ela Comissão de Direitos da Mu lher e Igualdade de Opor/unidades, cio Parlamento Europeu, para condenar a discrimin ação el e que era m objeto as mulheres no Afegani stão quando domi nado pelos talibãs. Mas, nesse ínterim , a coa li zão ele ali ados cios Estados U nidos

derrubou o reg ime talibã. Como a maquinaria j á estava em mov imento, as femini stas ela comi ssão decidiram apenas mudar ele alvo: em vez cios talibãs, o ataque visaria todos os supostosfu.ndam.entalismos rei igiosos, parti cu larmente a Reli gião Cató li ca.

te a f enômenos religiosos muito diferentes los regimes islâmi cos], nos quais se produzern inter-relações ex1remista.1· enlre a e4'era religiosa e a política ". Entrando no ass unto das mulheres, o informe Jzq ui ercl o Rojo afirma que "os

princípios rws quais se baseiam muitos .fundamentalismos são contrários e incompatíveis com os direitos e liberdades democráticas " (são, portanto, um a am eaça), e que "muitas negações des-

ses direi/os se baseiam na transposição ao âmbi1oju1ldico e político de norrnas religiosas". Por isso, considera "lamentáveis as ingerências das igrejas e das comunidades religiosas ,ui vida pública e política dos Esta.dos, em. parlicular quando pre/endem. limila r os direitos hu.rnanos e as libe rdades fundam entais, como no âmbilo sexual e reprodulor I ou seja, na questão cio aborto 1, ou alenlam e f ornenlam a discriminação". Note-se que esse parágrafo não trata cio " funclamen ta I i smo", mas "das

igrejas e das cornunidades religiosas" (po rtanto, ele

Ass im , a relatora cio projeto ele Resolu ção, a deputada soc iali sta espanhola María Izquierdo Rojo, na ex posição ele motivos ele seu inform e, dec lara que a

expressão fundamentalismo foi "inicialmente associada a movimentos cristãos, de tendência ultraconservadora e rigorista, que servem de referência para outros fundamentalismos protestantes e ao integrismo católico do século XX, principalmente na França". Ou sej a, na sua matri z, o.fimdarnentalismo é cri stão . Só depoi s é que "se aplica extensivamen-

todas elas), cujas ingerências na vida públi ca são co nsid eradas " l ament áveis", contrári as aos direitos hum anos e di sc rimina tóri as para a mulher. Arazão dessa exc lu são ela Re1igião ela vici a políti ca é análoga à aprese ntada pelo pres idente Chirac cm seu di sc urso ac im a citado. Di z a Sra. l zqui ercl o Rojo: " Nenhum movimento re-

ligioso pode estar acirna do respeilo dos direi/os human.osfu.ndamenlais e das liberdades democráticas". Se tais direitos e liberd ades estiverem baseados na Lei de D eus e na Lei natural, isso seri a verd ade. Mas acontece que, nas in stitui ções européias, eles são co ncebidos co mo independentes ele qualquer lei superior; por exempl o, em

MAl02007

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No mês de março, o Parlamento Britânico aprovou a Sexual Orientation Regulations, que condena toda e qualquer discriminaçâo por motivo de orientação sexual

matéri a de homossexua lid ade. A ss im sendo, ipso fa cto, os opositores ao vício contra a natureza passam a se r vi stos como fúndamentalistas. A resolução original ela Conússão de Direitos da Mu.lhe,; cio Parlamento Europeu, expressava "seu apoio à d(ficil si-

tuação das lésbicas, que sofrem como conseqüência do fundamentalismo", e pedia "aos líderes religiosos, incluído o Patriarca romeno e o Papa, que mudem sua atitude em relação a essas mulheres" (na resolução finalmente aprovada pelo plenári o cio Parlamento permaneceu a defesa do lesbianismo, mas fo i eliminada a referência ao Papa e ao Patriarca, para se obter a maioria ele votos). Paradoxa lmente, a reso lução do Parlamento Europeu. , que pretende eliminar qualquer interfe rênc ia elas igrejas na vicia públi ca, quer interferir na vid a intern a delas, visando reíormar suas estruturas. Isso fi ca claro na parte ela resolução que

"condena os dirigentes de organizações religiosas [... ] que fomentan, 1---1 o .fanatismo e a exclusão das rnulheres das posições dirigentes na hiera rquia política e religiosa " . Ou sej a, principalmente a Igreja Cató li ca, que recusa o sacer-

CATOLICISMO

clócio fem inino, e com isso impede que mulheres possam fazer parte ela Sagrada Hi erarquia. Aliá s, a referênc ia ao fanati smo é muito preocupante e não prenuncia nada bom para o futuro. Poi s foi em nome cio combate ao "fa natismo" e ao "obscurantismo" que o clero foi perseguido durante a Revolução Francesa.

Pel'seguição laicista anticatólica: 2ª /'ase A segunda fase lógica da montagem ela persegui ção consiste em cumprir a ameaça. Ou seja, em aprovar leis que li mitem a liberd ade ele ex pressão e ele ação cios ca tóli cos, crimin ali zando sua recusa em aceitar uma legislação que vio le a Lei de Deus. O pretex to usado é a defesa os direitos humanos e elas liberd ades públicas, o combate às di scriminações supostamente il egítimas (porqu e ass im foi decretado pela " lei suprema" , que, conforme o acima exposto, o pres idente Chirac denomina "leis da República"). O caso mai s patente cio cumprimento de sa ameaça é a crimin alização do co mbate à homossex uali dade com base em "princípios morais e religiosos".

Pelo fim do século XX, as correntes ele esq uerda começaram a in sistir num ponto: a proteção contra a discriminação racial (q ue é o paradi gma ela di scriminação il egítima) deveri a ser estendida a todas as minorias visíveis, que precisavam ele espec ial proteção, incluindo nelas os homossex uais. Daí nasceram as leg islações que condenam, com pesadas penas, a discrimin ação por "ori entação sexual ", a qual inclui não somente a homossex ualidade masculina e o lesb iani smo, mas também os bi -sex uais e os transsex uai s. A Sa nta Sé protestou contra essa extensão abusiva do princípio de não discr imin ação à homossex ualid ade, num doc um ento el a Sagrada Congrega ção para a Dou.trina da Fé, de julh o ele 1992, intitulado "Considerações para a respos-

ta católica a propo tas leg islati vas de não discriminação a homossexuais ", no qual é afirm ado que:

• a "orientação sexual" não C<m stitui uma condiçcio co111parâvel à raça, ao grupo étni ·o, etc., porque, diferentemente destas, aq11ela é uma desordem obj e1i va ; • "existem áreas nas quais não é

uma discrim inação i1~justa tomar em conta a inc/inaçcio sexual; por exemplo, na adoçcio ou no cuidado de crianças "; • os direitos ao trabalho, à habitação, etc., não são abso lutos e podem ser limitados por causa ele desordens exteriores ele conduta, para ev itar o escândalo; • e, sobretudo, que "n.ão existe u.rn direito à homossexua lidade, e por1an.10

não pode constituir u111a base judicial para recla,nações ''.

Perseguição laicista anticatólica: 3ª /'ase O protesto cio Vatica no não imped iu a aprovação e a ap licação ele legislações pró-homossexua lidade. Mai ainda, em vári os países fo ram cri ados organismos ele vi gil ância e ele co mbate à di scrimin ação, sendo concedido às associações ele homos exu ai · o direito de denunciar os contraventores à justiça pen al. N o mês ele março, por exempl o, o Parlarn.en.to Britânico aprovou a Sexual Orienration Regulations que co ndena toda e qualquer di scrim inação por motivo ele orientação sex ual na co ntratação de empregados na oferta ele bens ou servi ços. Com ntando o escopo da legis-

lação, o Departamento de Comunicações do Episcopado Escocês afirmou: "Essa

norma, que entrará em vigor no conjunto do Reino Un ido, aplicar-se-á a todo forne cirnento de bens e serviços, desde o padre que se recusa a aluga r os locais da paróquia a casais de homossexuais, até o editor de um.jornal católico que se recusa a fa zer publicidade em favor da parada do orgulho homossexual. Todos esses aros poderiam ser incriminados no plano penal, graças a essa nova medida draconiana ". Como o Parlamento j á aprovou o "casa mento homossex ual" , co m direito a adoção de cri anças , o dispositivo lega l obri ga as agências ca tóli cas de adoção ele crianças a não discrim in ar um "casa l" homossex ual que deseje adotar uma cri ança e requeira seus servi ços. Apesar do s in sistentes pedidos da Hierarqui a cató li ca, por dec isão pessoa l do primeiro mini stro Tony B lair não foi incluída uma exceção para as instituições religiosas que, em consciência, não podem entregar uma cri ança inocente para esse tipo ele "casa is" . Nas áreas rurai s da ]nglaterra, uma forma ele co mpl etar os orçamentos fam i-

li ares co nsiste em alu gar quartos para pessoas que vão passar o fim de seman a. C hamam-se Bed anel BreaVást, porqu e oferece m o caf é ela lllanhã. Dev ido a essa lei , os ca tóli cos não pod erão oferecer esse serviço, e terão que aceitar na própria casa, para pernoitar, pessoas qu e co metem um pecado que "clama a Deus por vingança", sob pena ele serelll puni dos pela justi ça. Na Fra nça, um casa l de propri etári os de pequeno hotel à bei ra-ma r j á foi investi gado pela HALDE, sigla cio organi smo ele co ntrol e co ntra as di scrimi nações, challlaclo Alta Autoridade de

Luta contra as Discri111inações e pela Igualdade. No Brasil , o proj eto de lei 122/2006, atualmente em tramitação no Se nado, pretende llluclar o Código Penal e a Consolidação das Leis do Trabalho, para transform ar num deli to a di scriminação ou o preco nceito em matéri a ele "gêne-

ro, sexo, orienlação sexual e identidade de gênero", co m condenações que podem chegar a cinco anos ele pri são. Se o projeto for aprovado, incorrerá no novo delito, por exemplo, o reitor ele um seminário que, seg uind o recentes in stru -

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ções do Vaticano, recuse um candidato co m manifestas tendências· homossex uais! Ou o diretor de escola que afaste um professor ou aI uno homossex uai. Ou uma dona de casa com filhos pequenos, que não aceite os servi ços domésticos de uma empregada lésbi ca. Será igualmente ato delituoso, por exempl o, impedir a mani fes tação públi ca cio "afeto" entre perv erti dos, inclusive em lugares pri vados abertos ao públi co ! Até quando um cató li co coerente pode r á, no Bra sil , manter um bar, para c itar apenas um exe mplo ? Pi or ainda. Daqui a pouco os católicos não pod eremos sequer manifestar publicamente o que Jgrej a ensina a respeito ela homossex ualidade. Ni sso co nsiste a terceira etapa cio mecani smo de perseg ui ção aos opos itores ela age nd a " li bera l" e lai cista elas correntes dominantes na soc iedade oc identa l co ntemporânea : silenciá- los e leválos à pri são. Ao mes mo tempo que as ac ima mencionadas leg islações antidi sc rimin atória s iam sendo impl ementadas, foi se ndo modifi ca da em muitos países a leg islação sobre a injúri a, a ca lúni a e, em geral , sobre os delitos ele imprensa, in stituindo uma nova fi gura pena l: o " incitamento à di scrimin ação" de um grupo minoritári o, in cluind o obvi amente os homossexuais entre tais min orias protegidas. Uma das legislações pioneiras na introdução desse novo delito é o Cód igo Penal da Dinamarca, o qual, em seu arti go 266 b, dispõe, desde 1987, que "aquele

que se exprimir publicamenle ou com a inlenção de que suas palavras sejam difundidas num círculo mais a111plo, por meio oral ou por qualquer ou/ ro meio, de maneira que um grupo de pessoas é ameaçado, insu flado ou desonrado por causa de sua raça, cor de pele, origem nacional ou étnica, de sua fé ou de sua orienlação sexual, será casligado co111 uma multa ou com prisão de alé dois anos".

1111111m

CATO LI C ISMO

Na França, foi aprovado em dezembro ele 2004 um dispositivo lega l que reforça "a lula conlra as expressões dis-

crim.inatórias de caráler sexista ou ho1nofóbico", assimilando-as ao racismo e tornando-as passívei s de penas de pri são. Na ap li cação dessa norm a, o deputado

N o mes mo dia ela condenação do deputado Vanneste, foi apresentado na lt,1lia o proj eto de lei M aste ll a, o qual , sob pretexto ele condenar a incitação ao ódio racial, inclui entre as atitudes passíve is de sa nção penal as críti cas ao co mportamento e ao pseudo-casamento homossex ual. Após a aprovação ela lei in glesa referid a ac im a, foi di stribuído nos estabelec i mento s ed ucac i o nais um docum ento ofic ial indi ca ndo qu e o currícul o das esco las reli g iosas (cató li cas, angli ca nas ou de qualquer outra denominação reli giosa) in co rreri a nas sa nções penai s, caso ensin asse aos alun os a moral tradi cional

"como se essa foss e objelivamen /e verdade ira ". O qu e levo u a Baron esa Detta O 'Ca ithain a dizer que, com a aprovação ela Sexual Orientation Reg ulation, o Estado britâni co dec idiu qu e

"o direi/o de um cidadão a man ifestar sua orientação sexual é absoluto, mas o direito a man ifestar urn credo religioso não o é" .

Chri stian Vanneste, que além ele seu cargo político é professor ele filosofia num co légio católico, foi condenado em janeiro passado a 3.000 euros ele multa e 2.000 euros por perd as e danos (que deverá pagar a três associações homossex uai s autoras da denúncia), por ter afirmado, numa entrev ista à imprensa, que a homossex u~tliclacle é " inferior" à heterossex ualidade, porque se fosse estendida a toda a humanidade, esta desapareceria da face ela Terra. Tendo esgotado Lodos os rec ursos lega is na França, o deputado Vanneste apelou à Cor/e Européia dos Dire i/os do /-tomem , afirman lo que essa condenação simplesmente acaba com o direito ele discutir, em Lerm os científicos, a respeito da homossex ual idade.

Di ante dos protestos do Primaz cató li co ela Inglaterra, Ca rd ea l Co rm ac Murph yO'Connor, o diretor ela Sociedade Nacional Laicisla, Terry Sa nderso n, escreveu um ed itori al acusando o Vaticano de in terferir na política ele outros países, aproveitando sua qualidade de "s uposto estado soberano". Mais ainda, acusou a Igrej a Católi ca de "ler-se aliado a/eg remenle

com quase todos os regimes 101a/i1ário.1· que apareceram na Europa ao longo dos séculos", e sugeriu que "chegou a hora de serem postos energ icamente e111 seu devido lugar a Igreja Ca1ólica e lodos os demais organis111os religiosos que pre/en dem impor sua von1ade aos governos democrálicos ". A GALHA (Associação Humani sta de Homossex uai s e Lésbicas) publicou um comunicado ele imprensa dizendo que a Igreja Católica "não é qua l(ficada" para dirigir esco las, repetindo um a acu-

sação do relató ri o ele um comitê do Parlamento, que afirma: As esco las ca tólicas não estão faze ndo o suficiente para opo r-se à "intimidação homo.fóbica" em seu meio. O secretári o da entidade asseverou que "nós temos visto a homofobia

os são imorais, e que não deveríamos apoiar moralmenle atos imorais. Não julgo que os Eslados Unidos sejam hem servidos por uma polílica de dizer que é 'O K' ser irn.ora/ de qualquer maneira que seja". Foi tal a pressão midi át ica,

crescer num rilmo terr(ficante nos últi1nos meses. O Papa é quase hislérico nessa matéria, e a Hi erarquia católi ca fica conlinuamente agitando -se para atrasar o reconhec imento dos direitos hom ossexuais. Pelo bem das crianças, que deveriarn ser protegidas conl ra a prom oção do fan al is1110 nas escolas, deveria111 ser !irados da Igreja Ca1ólica os seus eslabe lecim entos educacionais ".

qu e o general pediu desc ulpas e di sse

Dessa forma, aos pou cos vai send o i nstauraclo um arsena l jurídi co, pelo qual será um delito sim pl es mente citar a Bíbli a ou

o Ca1ecismo da Igreja Cató lica a respe ito la ho mo ssex ualid ade. Poi s a prim eira a co nsidera um a abominação, um a prática contra a natureza, infame e indi gna; o segundo afirma que é um comporta mento co ntra a natureza. O u sej a, di ze m co i sas mais enérgicas do que a declaração do deputado Vann este, em v irtude da qua l ele foi co ndenado. A li ás, um pastor protestante sueco foi condenado em duas in stâ nci as a uma pena de prisão, e absolvido in exlrenús pela Corte Suprema, dev ido ao fa to de ter li do num sermão de domingo trechos do Antigo e do Novo Testam ento que condenam a homossex uai idade. Recentemente, o chefe do Estado Maior Co nju nto elas Fo rças Armadas cios Estados Uni los, General Peter Pace, cató li co e primeiro marine a oc upar esse cargo, leva ntou con tra si um verdad eiro estron I pub l icitário por ter dec larado ao jorn al " bi cago Tr ibun e" simplesmente o seguinte: "Eu creio que os

atos homossexuais enlre dois indi v[du-

bios psíqui cos - a " homofob ia profun da" poderi a ser o res ultad o de uma homossexu al idade reprimida . De maneira que, talvez num futuro não distante, os " homófobos" (ou sej a, entre outros, os cató li cos qu e reje itamos a homossex ualidade em nome ele princípios reli giosos e do bom senso) serão internados em mani côm ios ou obri gados a seguir uma terapia psicanalítica. Ainda qu e essa perspectiva seja por hora longínqu a, é evidente que o epíteto " hom óf obo" foi lançado para ca usar desde já terrori smo semânti co e intimidar aq ueles que se opõem á homossex ualidade. Analogamente aos comuni stas, que acusavam ele " fascista s" todos seus opositores, mes mo aq uel es que tinh am lutado contra o totalitarismo nazi-fasc ista. E é com essa intenção que o lobby homossex ual es tá promovendo a instauração, em nível internaci onal, nacional e loca l, ele um a Jor-

nada Mundial de Lula conlra a /-/orno.fobia, fixandoª para 17 ele mai o ele cada ano. A data fo i esco lhida pelo fato de que, nesse dia cio ano de 1990, a Orga ni-

zação Mundial da Saúde que estava extern ando um a opin ião pessoal. Al ém do arsenal penal, está-se montando verdad eira in quis ição psiqui átri ca em nome de um a nova "pato log ia": a homofobi a. T rata-se de um neo logismo fo1jaclo pelo psicólogo ameri cano Kenneth Smith, no títul o de sua obra Homophobia: a lenlalive personalily pro.file, publicada em 1971. O term o " homofobia" ele, ignaria a hostilidade ex plícita ou implíci ta sofrid a pelos homossex uai s, a qual nasceria cio medo, do ód io, ela aversão, ou até da simpl es desaprovação el a homossex uali dade. De fato, para a psicanáli se freudiana - que considera arepressão da sex ualid ade causa de clistúr-

retirou a homossex ualid ade ela li sta de doenças mentais. Quanto fa lta para que, em se ntido co ntrário, a " homofobia" seja co locada nessa li sta ? No Bras il , a Subsecrelaria de Prorno-

ção e de Defesa dos Direi/os Human os desenvolve até um programa denominado "Brasil sem f-lom o.fobia ", qu e fa z parte cios Serviços de Combale à /-/orno.fobia da d i La subsecretari a.

Pel'seguição laicista anticatólica: 4" /'ase A revolução " libera l" não se contenta , porém, com o sil enciamento daqueles que não to leram a lega li zação do pecado, a corrupção da soc iedade, a ofensa públi ca a Deus. E la ex ige a cumplicidade positi va dos oponentes , e parti cu-

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to seja legal, seja assegurado que nenhularme nte dos cató licos, às suas atividama rnulherfique privada do acesso efedes atentatórias contra a le i moral. ti vo ao serviço m édico de abort o. Na Eis a quarta e última etapa do mecaopinião da Rede íde espec iali stasJ, isso ni smo de perseguição religiosa que está implica em que o Estado em causa [que sendo estabelecida nos bastidores da soeitiver fe ito aco rdo co m o Vatica no ! deve edade contemporânea. E la co nsiste em garantir; em primeiro luga,; que existam imped ir que as pessoas de bem possam soluções alternativas efica zes para conprevalecer-se da "objeção de consciência" para não colaborar com o mal. Po r exe mpl o, uma da s dificuldades que encontra a S. S. Papa Pio IX indú stri a assass ina do abo rto é a fa lta de médicos dispostos a rea li zá- los, e o lobby antivi da, co m o conc urso de in stitui ções inte rn ac ionais, quer obri ga r todos os médicos a co labora r de uma o u o utra ma ne ira . Assim, qu ando a Es lováquia (70% de cuj a popu lação é cató li ca) concluiu uma concordata com a Santa Sé, na qual é gara ntid o a " toda p e ssoa poder recusar-se a cumprir qualquer ato que ela considere contrário à sua fé e a seus princípios morais " (ou seja, o exercíc io do direito à objeção de co nsc iê nc ia), imed iata me nte a Comissão da União Européia, sed iada em Bruxelas, a le rto u sua rede de juri scons ultos para ava li ar a confo rmidade dessa co ncordata co m a Carta de Direitos Fundamentais da União Européia. O prete xto para pedir esse parecer fo i bastante rebuscado: a transposição da trabalançar wna negativa a praticar o conco rdata no d ire ito nacional es lovaco aborto; em segundo lugar; que seja impoderia li mitar o di reito dos e uropeus a gozar de servi ços semelhantes e m todos posta ao médico que exerce seu direito à ol~ieção de consciência a obrigação os países in tegrantes da Uni ão Européia. de dirigir a mulher que solicita um A rede de especiali stas red ig iu a reaborto a outro médico qualifica<lo que comendação nº 4-2005, relativa ao "diaceite de praticá-lo ; em terceiro lugar; reito de objeção de consciência e a conque tais m édicos quali;fi cados sejam reclusão pelos Estados membros da UE de almente disponíveis". concordatas com a Santa Sé". Na pasE ntretanto, um médico católi co que sage m refere nte ao aborto, a recomenind ique um co lega abortista a uma pac idação cios juriscon sultos asseve ra o see nte que desej a aborta r, torn a-se ipso guinte: " O direito à o~jeção de consciência fa cto cúmpl ice indireto do assass inato da criança! religiosa de ve ser regulado de rnaneira Nesse sentido, já estão sendo imposque, em todas as situações onde o abor-

CATOLICISMO

tas pena lidades aos farmacêuticos 1ue se recusa m a fornecer a "pílul a do dia seguinte" (um de cuj os efe itos é abo rti vo) , sob pretexto de que e la seri a apenas uma "contracepção de urgênc ia". E in stitui ções cató li cas no rte-a meri ca nas estão e mpe nh adas num a bata lh a lega l pa ra imped ir a apli cação de lei s estad uais ou munic ipais, que obrigariam a in c lui r nos plan os de sa úde de suas e mpregadas o reembolso de despesas decorrentes da co mpra de contraceptivos e produtos abortivos.

Resposta cncomjallom e pl'Ol11CSSa lia

Santíssima Virgem Algum le itor poderá tal ve z fi ca r ass ustado diante dessa perspectiva sombri a de uma grande persegui ção religiosa, e perg un tar-se-á: o que a Providênc ia div in a espe ra cios cató li cos nessa eventu al idade? A luminosa resposta nos fo i dada pelo Bem-ave nturado Po ntífice P io IX, em disc urso proferido e m fins de 187 1, pouco depois que os revo luc io nári os italianos in vad iram os Estados Ponti fíc io s e Roma, tornando o Papa virtua lmente prisionei ro no Vaticano . Naque la ocas ião , disse e le pa lavras ele al e nto aos c atól ico s, ela s quai s ap resentamos aba ixo excerto sig ni ficat ivo: "A vida da Igreja de Jesus Cristo, rneusjilhos queridos, tem sido sempre um torr11e11to, uma paixão contínua, por causa das perseguições e dos ataques dos ímpios: às vezes de um lado, às vezes de outro; num século mais, noutro talvez menos; mas sempre atacada, sem pre ator111e11tada. É assim mesmo: a Igreja de Jesus Cristo nasceu e cresceu 11 0 meio das perseguições. E apesar de ver-se sem.pre cornbatida, sempre perseguida, Ela deu a volta ao mundo, propagou-se, mantevese e rnanter-se-á nele até o Ji111 dos séculos. Combatendo sempre, adquirindo sem pre novas .forças para enfrentar novos assaltos e ganhando vitórias, tanto rnais nu-

merosas e brilhantes quanto são mais n.umeivsas e mais encarniçadas as lutas que Ela tern que e11{renta1: l.. .]. "H oj e, é preciso repeti-lo, a Ig reja não tern que lu tar contra heresias que não e.xistem mais, ou que não têm n.enhurna impo rtâ ncia. Ela tem que lutar contra essa indi,fé rença e essa impiedade, que gostariam de arrancar a .fé do co ração cristão, e qu e não procuram senão solapar os alicerces da Ig rej a de Jesus Cristo. " Mas eles não o conseg uirão. Deus combate p ela sua Igreja. Eles não o conseguirão, porque a Ig reja de Jesus Cris to, construída sobre a pedra, não será j amais abalada, qualquer que seja a violência da tempestade. Ela tern com o ga rantia a própria pala vra desse Deus que disse : 'Portae i11feri non prae valebunt '. Não, eles não o conseg uirão, e ver-se-á, pelo contrário, que a Ig reja sairá vito riosa dessa luta como de to das as outras" . Neste 90º ani versári o das apa ri ções, é para nós sum ame nte reconforta nte rele mbrar a promessa indefectíve l de Nossa Sen hora aos pastorinhos le F,ltima: " Por.fim, o m eu Imaculado Coração tr iw1fà rá!" •

Notas: 1. Pau lo VI , D iscurso na cssão Públi ca cio Concíli o V aLicano li , ele 7 de deze mbro el e 1965 . 2. Alocução ele 29-6-72, t11seg11w11e111i di Paolo VI , Tipog rafia Pol ig lotia Vati ca na, vo l. X, p. 707. 3. A locução ele 6-2-8 1 aos Rel igiosos e Sacerdotes parti cipantes do I ongresso Nacional ILaliano sob re o tema " Missões ao Povo pa ra os Anos 80 ". ln " L ' Osservatorc Romano", 7-28 1. 4. arclea l Ratzinger, http://w ww . va t ican. va/ new s_ser v ices / I i turgy/ 2005/v ia_crucis/po/sta t ion_ 09.h tm 1 5. Rob ert Roy al , "C at ho li c Martyr s o f th e Twenti eth Centu ry: A Comprehensivc World Hi story" , Editora Crossroacl Genera l ln teres t, ab ri I ele 2000. 6. Plíni o Corrêa de O li veira, Revolução e Co111raRevot11ção , Parte 1, Cap. V II , 3, B, b e e. 7. Idem, ibidem. 8. h ttp:/ /www .e I ysee. fr/el ysee/francais/ i n terventi on s/d isco urs_et_clec l arat io ns/2003/j ui l let/ ai locuti on_de_111Jacques_chirac_présiclent_cle_ la_république_, l'occasion_cle_l' installation_cle_la _commis ion_de_réílex ion_sur_l'application_du _pri nci pe_de_laicitépalais_cle_l "el ysée.2534 .htm 1 9. Idem , ibidem. 1O. cf. Par lamento Europeo, does. nº 2000/2 174, !Nl y nº P5_TA (2002)0 I IO.

MAIO 2007

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11111m

N aqueles bons tempos de fé, costumava-se nas igrej as tocar o sino indicando que estava ocorrendo na Mi ssa o momento ela co nsagração, o sublime mil agre ela transubstanciação, convidando Lodos os fi éis a se unirem para adorar o Deus- Hósti a que desc ia sobre o altar. Ouvindo esse sin o, no ca mpo, Pascoa l costumava prosternar-se. Numa elas vezes, viu dois anjos segurando no ar um c ibóri o co m a H óst ia consagrada. Isso marcou-o profunclamcnle, fazendo aumentar nele o amor a di vino mi stéri o ela Eucari stia.

aprec iava muito seu empregado. Pascoa l, se mpre humilde e obedi ente, procurava não ca usar- lhe o mais leve desgosto. Como não tinh a herd eiros, M artim qui s adotá-lo como filh o. Pascoa l agradeceu muito aquela pro va ele estim a, mas pediu- lhe que o dei xasse em seu estado pobre e humilde, para

l11ocentc, humilde, hc11ig110, mo<lcsw

São Pascoal Baylão Esplendor da Ordem Franciscana I rmão leigo franciscano, grande devoto da Sagrada Eucaristia e da Santíssima Virgem. A Divina Providência concedeu-lhe uma sabedoria toda sobrenatural. d

P

PUNIO M ARIA SOLIMEO

ascoa l Bay lão, o sa nto especialmente devo to da E uca r istia, nasce u na peq uena cid ade de Torre Herm osa, então rein o de Aragão (Espanh a), em 1540. Seus pa is era m do i s humil des ca mpo neses, M artim Bay lão e I sabel Jubera, tão pobres que nada puderam dar ao f ilho senão uma profunda fé reli giosa. Desde cedo Pascoal mostrou ser um desses predestinados que passam pela Terra como se esti vessem j á com um pé no Céu. Desde peq uenino senti a grande alração pela igrej a, aonde ia com a mãe. E lá, o que mais o atraía era o

CATO LI C ISMO

sacrári o. Por um desses instin tos sobrenatu rais nati vos, parecia que o menino compreendi a j á o grande mi stéri o da presença real no Santíssimo Sacramento. Apesar ela tenra idade, não se cansava ele estar diante de Nosso Senhor Jesus Cri sto sacram entado, esquecendo f reqüentemente até as refeições, que não tomari a caso a mãe não o fosse buscar. A pobreza da fa míli a obri go u o menino a traba lhar desde os sete anos. Dessa id ade até os 24 anos, Pascoa l fo i pastor. M as um pastor sui -ge11eris: cui dava elas cabras e ove lhas, mas seu espíri to permanec ia sempre elevado em Deus, seus anj os e santos . E le prati cava ass im, em grau sublime, o exercício da presença de D us.

Os outros pastorzinhos gostavam muito ele Pascoal. Ele era in ocente, hu mil de, benigno, modesto. M as sobretudo Linha um coração el e o uro , espa lh and o em torn o ele si aq uela paz que o mundo não pode dar. Ou sej a, a paz de C ri sto no reino ele Cristo. Pascoa l não co nhecia o ego ísmo própri o às crianças. N ão arrei iava, não dizia chacotas, não ali mentava intri gas, não proc urava fazer preva lecer sua vont ade. Mesmo co m os animai s a seu ca rgo, era meigo e bondoso. Procurava que eles, e sobretu do as cabras, não provocassem prejuízos aos propri etári os cio: ca mpos que utili zava. M as, se isso ocorresse, Pascoa l era o prim eiro a av isa r o prejudi cado e a proc urar reembo lsá-lo. Respeitava escrupul osa mente a propri edade ci os outros, nada tomando sem a d v icia licença. N a região fi cou conhecido como "o santo pastor". Para aprender os rudim entos da leitura, levava cons igo ao campo um livro, e pedi a a Lodos que passa vam que o ensin assem a ler o que eslava escrito. on ta-sc que até os anjos desciam para ensiná- lo. M artim Garcia, para quem trabalh ava, ho mem v irtu oso e ho nesto,

assemelh ar-se mais co m Nosso Senhor, que veio ao mundo não para ser servid o, mas para servir. E que a ele bastava se r filh o de Deus e herdeiro ci o Cé u.

Buscando uma /JCl'f'ci ção maior Aos 18 anos Pascoa l resolveu fazer-se religioso para entregar-se Lodo a Deus. Buscava um lugar onde se observassem as regras com toda exatidão e fervo r. Ouviu dizer que, no rein o de Va lência, perto da cidadezinha de M onl'orle, havia um convento de franciscanos que seguiam escrupul osamente a reform a de São Pedro de A lcântara, e resolveu ped ir nele sua admissão. Partiu a pé, mendi gando pe lo cam inho a esmola de um pedaço de pão e um lu gar onde repousa r a cabeça . heganclo ao convento de Nossa Senh ora de Loreto, como se chama-

va, admirou muito a paz e serenidade qu e nele impera va m. Por timidez ou humildade, jul gou que deveri a preparar-se melhor para pedir sua admi ssão. Empregou-se então como pastor na região, contentando-se em freqüentar o convento aos domingos e di as de festa. A os poucos sua virtude foi sendo conhec ida em toda a área, o que levou os frades a aceitarem-no quatro anos depois, em 1564, quando pediu sua admi ssão . Queri am que Pascoa l fosse religioso de co ro, ord enando-se sacerd ote. M as, por humildade, ele qui s perm anecer irmão leigo, para ser empregado nos o fícios mais ba ixos do convento. A ss im foi porteiro, j ardin eiro, co peiro, es moleiro. C umpri a todas essas ocup ações co m tanta ex atid ão, que edificava a tod os, sendo suas austerid ades muito mai ores cio que as prescritas pela regra . Em qu alqu er fun çã o em qu e es ti vesse, elevava seu pensa mento a Deus, med itando em seu amor e suas grand ezas. Co mo encarregado cio refeitóri o, reco lhi a toda a comi da que so bra va para dar aos pobres. M as faz ia co m que estes bendi ssesse m a D eus pelo alim ento que iri am receber; e, depois ela refeição, Lhe dessem graças pelo benefício recebido. A legrava-se tanto em ver um a imagem ele N ossa Senhora na entrada cio refeitóri o, que bail ava di ante dela para mostrar seu co ntenta mento.

Dom da sahecloda, consclhch·o a té (/e cl'mlilos Diziam que a alma cio Irmão Pascoal era um paraíso, um templo do Espíri to Santo, inundada ele anjos e santos. A alegri a que enchi a seu coração era tal, que transbordava pelos seus olhos, pela sua fi sionomi a e mesmo pelos seus lábios. O que o levava a entoar incessantemente hinos e cânti cos.

MA1O 2007 -


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Apesar de quase não ter estudos, Pascoal possuía extraorcli nário conh ecim ento das coi sas divinas, e era con sultado pelos frades, inclusive pelos mai s erudito s. El e nunca dava uma resposta sem antes hav er c on sult ado a Deus pela oração. Num ano de carestia, o superi or o repreendeu por ser tão liberal com os pobres, estando o convento necessitado. E mandou-o circunscrever sua caridade. Pascoal respondeu- lhe: "Se

se apresenlarem doze pobres pedindo esmola, e eu a der só para dez., o que sucederia se wn dos dois a quen·t negasse f osse Nosso Senhor ?". O superi or dei xou-o agir então como seu coração ditava, confi ando mais na Providência Divina. Qu and o lh e era poss ível comungar, Pascoal passava o dia em êxta se : "Ó bondade ii1fini1 a: que

delícias pode encontrar rneu Deus num miserá vel corno eu ?". Todos queri am ter em seu con vento aquele frad e tão exe mpl ar. A ss im , fo i ele se transferind o de co nvento para convento.

Pcl'scguido p elos hereges pl'otcstantes O ramo reform ado dos fran ciscanos tinha então por superi or geral Frei Cri stóvão de Chef fon, residente em Pari s. Havendo extrema necessidade de se comunicar com ele, e sendo isso quase impossível na época, dev ido às guerras de reli gião que dividiam a França, o provincial de Valência escolheu para a difícil missão o Irmão Pascoa l, como o homem mais indicado para a tarefa. Sem pe nsa r nos peri gos q ue correri a, Pascoa l partiu alegre, sem mes mo se inqui etar co m o meio para fazer tão longa v iagem. Partiu como sempre a pé, sem bagagem, ace itando de es mo la o pão e onde pern oitar na j orn ada.

A travessando os Pireneus, ele chegou a um convento de sua ordem, em Toulouse. L á, alguns frades eruditos levantaram o problema de se era lícito deixá-lo prosseguir, sendo o ri sco de morte quase certo. Pascoal advogou sua causa dizendo que, ac ima cios ri scos, primava sua obrigação de obedecer a seu superi or, e que enfrentari a mil peri go. para ser fi el à mi ssão recebida. Com isso, deixara m-no prosseguir a viagem. E os peri gos não foram poucos . V ári as vezes, passando por c idades inrectadas pelos protestantes, Pascoa l fo i perseguido com paus e pedras. Recebeu mes mo um fe rim ento na es p,'ídu a esqu erd a, do qual sofreu até o fim da vid a. Perto ele Orleans fo i cercado pelos calvinistas, que começaram a di scutir com ele sobre a presença real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. E mbora ele não soubesse outra língua além da espanhola, e embora não tivesse estudado teologia, respondeu com tanto acerto às . proposições heréticas de seus adversári os, que eles não puderam replicar senão com paus e pedras . Tendo escapado de suas mãos, Pascoal teve que pedir pão em um castelo, pois sentia-se desfalecer. O castelão era protestante e o qui s mandar matar co mo espi ão, mas fe lizmente sua mulher conseguiu fazer com que Pas-

coai escapasse; sem entretanto dar-lhe qualquer alimento, que ele depois recebeu ele uma pobre camponesa católica. Pascoal estava na estrada quando surgiu diante dele um ca v aleiro qu e, po nd o- lh e a ponta da lança no peito, perguntou: "Onde está Deus ?". Sem ter tempo para pensar, respondeu imediatamente: "No Céu " . Com isso o ca lvini sta o deixou ir. Mas depoi s o santo fi cou com escrúpulo de não ter acrescentado: "e no Santíssimo Sacramento do altar", po is isso provavelmente lhe teri a aberto as portas do paraíso pelo martíri o. Enfim c hegou a Pari s, o nd e cumpriu sua mi ssão, voltando para a Es panha em meio aos mes mos peri gos que enfrentara na ida. Nos últimos anos de sua vid a, Pascoal passava quase todas as noites na igrej a, meditando na paixão de Nosso Senhor Jesus Cri sto. Sua devoção à Santíssima Virgem era terna e fili al, suplicando- Lhe sempre que não o deixasse cair em pecado. Pascoa l morreu em Vil a Real , aos 52 anos de idade, no di a l 7 de maio de 1592. Seu corpo permaneceu incorrupto du ra nte séculos. • E-mail cio autor: pmso limeo@catoli cismo.com.br

Notas: Obras consultadas: - Pedro ele Ri bacleneira, Fios Sa11c1on1111, apucl Dr. Ed uardo M ari a V i larrasa , La Leye 11 da d e O ro, L. Go nzá lez Y Compaii ía - Ed itores, Barce lona, 1896, tomo li , pp. 268 e ss. - Les Pct it s Boll ancl istes, Vies des Sa i111s, Bloucl ct Barrai, Libraires-Écliteurs, Pari s, 1882, tomo V , pp. 6 11 e ss. - Eclelvives, E/ Sa1110 de Cada Dia, Editori al L ui s V ives, S. A ., Zaragoza, 1947, tomo Ili , pp.I 7 I e ss. - Fr. Ju sto Pe rez el e Urbe!, O.S.B., Aíia Cris1ia110, Ecliciones Fax, M ad rid, 1945, tomo 11 , pp.384 e ss. - Oswa lcl Stani forth, S1. Pascual Bay/011 , TheCatholic Encyc lopecli a, V olum e X I, Copy ri ght © 19 1 1 by Robert Appleton Co mpa ny, Online •cli ti on Copyri ght © 2003 by Kev in K night.

Sintomas alarmantes S em dúvida, o mundo está de cabeça para baixo. Quem não acreditar, leia as "pílulas" abaixo. Elas são negras e mal cheirosas, é verdade, mas não podemos "dourá-las" para fugir da realidade. CID

A ministra da " S crela ri a Espec ial de Políti cas de Promoção da lgualda le Racial", cri ada pelo pres idente Lul a para co mbater o rac ismo, sa iu-se com a seg uinte frase: "Não é racismo quando um neg ro se in surge cor!lra um branco". A afirm ação fo i gera lm ente considerada pelos co mentari stas da imprensa co mo maniícstação de racismo. O rabino Sobel, ti do co mo um dos mais destacados defe nsores dos chamados direitos humanos no Bras il , l igado de modo gera l à esquerda católica, fo i apanh ado pela po lícia norte-america na roubando g ravatas em loj as na F lórid a. Depo is di sso fo i in tern ado num hospi ta l, pois di ssera m que se tratava de probl emas de "desco ntro le emoc i onal ". D efensores los direitos hum anos promovera m "desagravo:" ao rab i no obc l, não se sabe b m por quê, po is ninguém o agravou.

Um de mtado, 1 ara incenti va r a lega li zação do aborto, propôs a rea li zação ele um plebisc ito. De si, é um absurdo coloca r a vida humana em lei Ião de ofertas. M as d ir-se- ia que os de f"ensores do aborto exu ltariam. Não! Ficaram apavorados, pois sabem que a grande maioria cios bras ileiros é contra a matança de inocentes . Ass im, representa ntes de ON Gs que defendem o chamado " direito" de a mulher optar pe lo aborto fi zeram objeções à realização cio plebi scito. Para Bcth Saa r, assessora técn ica do Cenlro

encom end ou ao compos itor John T avener, uma obra baseada no Corão muçulmano, chamada The beautf{ul names.

A Polícia tem co mo um de se us obj eti vos defender a moralidade pú bli ca dos cidadãos . N ão obstante, o alto comando das polícias civil e militar de todo o País program ou um show de " tran sformi stas" no di a 12 de abril , no Oth on Pal ace. O show faz parte do Iº Seminário Nacional de Se gurança Pública e Combale à f-lm nof obia, que reuniu 150 poli c iai s das m ais altas patentes durante três di as no hote l. As " tran sformi stas" pertencem ao primeiro clube homosse xu al do País.

Av. Paulista, em São Paul o, está sendo preserv ada de eventos que a para li sem, entretanto a Prefei tura vai permitir, em junho, a Parada Homossexual nessa v ia públi ca. O jornal "O Estado de S. Paul o", de 26-3-07, in fo rm a qu e "A nova onda é tra11.1fo r111ar lixo e111 peça de luxo"; trata-se de "uma reciclagem de luxo ao lran.\f ormar lixo em obj etos que ninguém descm (/iaria de onde nascera111 " .

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Femi11is1a de Estudos e Assessoria (Cfcmca) que defende a descrimi na lização do aborto, a consul ta púb l ica não deveria nem mes mo s r reali zada.

O

ríncipc

harles, da In -

glaterra, se ruturamcnlc torna r-se rei, va i er o chcrc ela igreja anglicana naq uela n·tção. Apesar disso, John Tavener

CATOLICISMO

ALEN CASTRO

Trash people (lixo "orte")

T udo i sso são sin to mas do ocaso da Ci vili zação Cri stã. É nessa perspecti va que se compreendem fac ilmente as advertências de N ossa Senhora em Fátim a! • E-mai I cio a11Ior: ciclalcncastro @ca tol icis1110.co m.br

M A lO2 007 -


\ O assentamento sustentável é insustentável ·

Sem-terra suspeitos de saque deixam acampamento

O assentamento sustentável vinha tendo ênfase desde o governo FHC, que os criou. Fizeram parte dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS), de Assentamento Agroextrativista (PAE) e de Assentamento Florestal (PAF). A freira Doroty era a grande propugnadora desse tipo de assentamentos na Amazônia. Agora percebeu -se que eles são insustentáveis. Assim são os sonhos e utopias socialistas. Nascem nos papéis e arrebentam-se na realidade.

Em São Félix do Xingu (PA), 200 famílias de sem-terra invadiram as fazendas Canaã e Rancho Grande, ao lado das quais fica a Reserva Indígena Trincheira Bacajá, que foi ocupada na ação. Os índios avisaram que, se a área não for desoc upada, os sem-terra serão mortos.

Basta um carro se aproximar, para entrarem em pânico integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, acampados numa fazenda em Maracangalha no município de São Sebastião do Passé (BA), a 56 quilômetros de Salvador. "Estamos com medo", diz o coordenador da invasão . A história é long a. Trata-se do acidente com um bimotor que transportava R$ 5,6 milhões de Petrolina a Salvador. Na queda, morreram o piloto, o co-piloto e os dois seguranças que faziam escolta. A polícia chegou ao local do acidente meia hora depois da queda. Encontrou cerca de cem pessoas recolhendo dinheiro. À noite, os próprios saqueadores começaram a ser assaltados. Entre os policiais que rastreiam o destino do dinheiro, cresce a desconfiança de que integ rantes de um acampamento do MST tenham ficado com a maior parte do dinheiro . O número de pesso as na comunidade caiu pela metade. Os barracos, que eram cerca de 80, não passam de 40.

CNA vai ao Supremo contra Reforma Agrária

Frente Parlamentar pró-Reforma Agrária

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar brevem ente uma Ação Direta de Incon stituc iona lidade (Adin), que pode mudar os rumo s da Reforma Agrári a no País. Proposta pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a ação pede mudan ças em partes da Lei 8 .629 / 93, que define os critérios utilizados na desapropri ação de terras para a reforma. Elas seriam inconstitucionais. A CN A afirma que a Lei 8.629/93 está em desacordo com os artigos da Constituiç ão que definem quais imóveis podem ser desap ropri ados para a reforma. Considera errado exigir que o proprietário rural atinja simultaneamente os índi ces de produtivid ade e de utili zaçã o da terra. É de se louvar que a CNA tenha entrado em campo para defender os proprietários na quest ão da Reforma Agrária, depois de tão longa omissão. Se aceita, a ação pod e inviabili zar a Reforma Agrária, seg undo o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrári a (Incra), Rolf Hackbart. Para entend er melhor, imaginem -se duas propriedades numa mesma região, co m 200 hectares cada. Na primeira, o proprietário planta 160 hectares de milho e co lhe 800 tone ladas; seu vi zinho planta 1 50 hectares, mas usa melhor tecnologia e co lhe 900 tone ladas. Pelos atuais critérios, o segundo pod e ser desapropriado, porque não exp lorou 80% da terra. E o primeiro, menos eficiente, fica protegido (Cfr. "O Estado de S. Paulo", 14-3-07) .

Perto de 1 70 deputados pertencentes à esq uerd a legislativa form aram a Frente Parlamentar sobre Terra, Território e Biodiversidade: querem agricultura familiar camponesa, Reforma Agrária e desenvolvimento sustentável. O coordenador da Frente, Dr. Rosinh a (PT-PR), declarou o objetivo último : "Nossa vitória final só acontecerá quando derro tarmos o capitalismo". A frente procurará agilizar a aprovação do projeto sobre o "trabalho escravo", como in strumento de expropriação, e aprovar a aplicação de novos índices de produtividade. Propugna também a simplif icaçã o do processo de desapropriação, a remoção de obstáculos jurídicos e o controle do uso de limin ares.

O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, não entende por que os ambientalistas abrem fogo contra a ex pansão da produç ão do álcool. Em entrevista a Celso Ming, d ec laro u: "Essa idéia de que a cultura da cana -de-açúcar ampliará o desmatamento e destruirá a floresta amazônica só pode estar sendo espalhada por quem não entende do assunto". A cana vai invadir o Pantanal e a Amazônia? "É uma bobagem técnica sem tamanho afirmar que a cana vai invadir o Pantanal e a Amazônia. A cana é um canudo que chupa água no tempo da chuva e a devolve para o solo no tempo da seca, que é quando concentra a sacarose. No Pantanal ou n a Amazônia a cana não completa esse ciclo, porque enfren ta umidade o tempo todo. Lá a cana não serve para produção de açúcar ou álcool, porque o caule se enche de água, apodrece, e da touceira nascem outros brotos, que depois também não conseguirão concentrar sacarose". Vai invadir a área de produção de alimentos? Ele també m refuta a argumentação de que a ca na vai invadir a área da produção de alimentos: "Por uma questão puramente técnica, a cada seis anos a área ocupada pela cana tem de passar por rotatividade, quando a terra precisa ser ocupada com outra cultura, em geral a soja, que vai fixar nitrogênio no solo: sai uma gramínea (cana) e entra uma leguminosa (soja). Logo, se aumenta a cultura da cana, aumenta também a de alimentos". Vai asfixiar a agricultura familiar? Ele também rejeita a id éia de que o agro negócio v ai asfixiar a cultura familiar: "Há espaço tanto para as grandes plantações como para as menores. Os pequenos fornecedo res de cana-de-açúcar são vitais para qualquer usina de açúcar e álcool".

Sem-terra "tomam posse" no lugar do INCRA

"Abril sangrento"

T udo foi perfeitamente sin cron izado. MST e CUT invadem a fazenda Floresta em Araçatuba (a 14ª d as invadid as pelo consórcio polít ico MST-CUT) . A Justiça Federal de Araçatuba deu posse da área ao INCRA. A fazenda tinha sido co nsid erada improduti va e os propri etários recorreram. O TRF co nfirmou a sente nç a e deu a posse d a área ao INCRA. Os sem-terra, avis ados pelo INCRA da imissão de posse da área , invadiram a sede da fazenda, deram prazo para os empregados se retirarem. Como a fa zenda está plantada com cana de açúcar, os se m terra e agregados já expropriaram as plantações, argumentando que "a usina plantou no que não era dela, portanto essa cana deve reverter em benefício dos acampados". V elho costume ...

O "abril vermelho" veio com novidades. Começou com s invasões no Pontal do Paranapanema. Prom ovid s pelo MST, ala do José Rainha, dizem qu e não tiv ram o apo io da direção do MST. Segu iram invasões pro movid as por orga ni zações sin dicais como Fretaf, Contag e CUT, tam bém com tro e de ac usações entre suas direcões. O MST ap rocou enrustido na Via Campesina· uma multin ciona l da invasã o - e voltado ao ataque às grandes emp resas do agronegócio, difundindo o qu chamam de ag roecol ogia. Os sem -terra m ni·f taram a intençã o de só negocia r com Lula e o mini stro do Dese nvolvimento Agrário. Certamente estão à proc ura de mais v erbas e mais cestas bá sicas ...

Índios x sem-terra, no melhor estilo faroeste

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CATOLICISMO

Bobagem ambientalista

MAI02007 -


rei Henrique V 111 como cabeça ela Igreja na In glaterra, foram arrastados pelas ru as com a maior se lvageri a, enfo rcados e esquartejados.

Primeira Sexta-feira do mês

5

1 S5o .J osé, l~sposo (la Sa nl íssima Vil'gcm. Operário Sanlo /\mador, Bispo, Confessor + França, 418 . " Para destruir mais f ac ilm ente ce rtas su perstições pagãs, aplicou-se ern estirnular o culto dos mártires cristãos" (do Marti rológio Romano).

2 Sanw Atanásio, Bispo, Con[essol' e Doulor ela Igreja + A lexa ndri a (Eg ito) , 373 . Grande defensor da fé contra os ari anos, ex il ado cin co vezes por imperadores favoráveis aos heres iarcas, suportou toda sorte de ca l únias de seus inimi gos, inclusive bi spos .

3 S5o l•'c lipc e Sã o Tiago Mell0I', /\ póslolos

+ Século 1. São Fel ipe deixou a casa, mulher e f ilh os em Betsaida para seguir Nosso Sen hor, senJo martirizado em H ierápol is, na Frígia (Á sia Menor). São T iago Menor, primo ele Nosso Senhor, foi o primeiro bispo ele Jerusalém, onde so freu ·o martírio.

4 Sanlos .J oflo l lougllton e Corn pa nheil'0S, MéÍ r'til'eS + Lond res, 1535. João, Roberto Lawrence e A gostinho Webster, cartuxos, e Ricardo Reynold, por se terem recusado a aceitar o Ato de Supremacia, que adm itia o lúbrico

Sa 11 la .l ulla VOII Sa 11gel'lia use11 , Viúva + Alemanha, 1260. Natural ela Turín gia, enviuvando muito cedo, mudou-se para a Prú ssia, feudo dos Cavaleiros Teutôni cos, cios quais seu irmão era grão- mestre.

Primeiro Sábado do mês

6 São Mal'iano e Companheir•os, Múr'lil'CS

+ A rgélia, séc. Ili. Le itor na co munidade ele C ircé, foi preso juntamente com muitos outros cri stãos, sendo decapitados durante a perseguição cio imperador romano Valeri ano.

7 Sanla l<'l {1via Dornilila , Vil'gern e M.í r'Lil' + Roma, Sécu lo l. Da famíli a dos três últimos imperad ores romanos do séc ul o 1, so freu o martíri o por Cri sto.

a Siio Pc<ll'o ele Tar·rn1Ió -;i:i . Bisµo e Co11[cssol' + França, 1174. Entrou para o mosteiro cisterciense ele Bonnevaux. Nomeado A rceb ispo ele Tarantésia, reformou a discip lina ecl esiástica, substituiu um clero corrupto de sua catedral por cônegos regulares.

9 Sflo Nico lau /\ lbcn1Li, Conl'CSS0I' + Bolonha, 1443. "Cartuxo, ordenado Bispo de Bolonha, fo i no111eado Nún cio Apostólico pelo Papa Mart inh o V Trabalh ou com sucesso para restabelece r a pa z entre a Fran ça e a In glaterra " (ci o Martiro lóg io).

10

16

Sa 11lo J\ nl011i110 llc l•'lorc11ç:1, Bispo e Co111'cssor + 1459 . Antônio, co nhec id o

Siio Simüo Slock, Co1I1'essor + Inglaterra, 1265 . Geral da

pelo diminutivo por causa ele sua pequena estatura, tornou- ·e célebre por sua doutrina e obras. Defendeu o Papado no Concí1io de Basiléia e a sã doutrina católica no de Florença, contra os autores cio cisma grego.

Ordem cio Carmo, recebeu da Santíss ima Virgem o escap ulário com a promessa ele que, quem com el.e piedosamente morresse, não padeceri a as penas do infern o.

11 Sanlos /\ l)acles ele Cluny, Conl'cssorcs + Séculos X a Xll . Santos Odon, M~jolo, Odilon, H ugo e Pedro o Venerável. "A elevada auto-

ridade moral de Cluny, que do século X ao Xff estes abades colocararr, a serviço da Igreja e da paz civil, explico-se pelo irradiação de suas personalidades, pela estabilidade de seus mandatos isenta de toda ingerência secular" (do Martirológio Romano M onástico).

12 Santo t•:pil'fü1io. Bispo e Conl'r ssol' + Chipre, 403. Judeu convertido da Pa lestina, viveu em sua vi la natal como monge durante 30 anos, quando foi nomeado Bispo de Chipre.

1~J

17 São Pascoa l Hnylfl o (Vicie p. 38) São Bl'uno ele Wiir•zlJurg, Bispo e Conrcssor + Áu stri a, 1045 . Filh o do Duque da arínti a e ela Condessa M atil de, torn ou-se bispo de Würzburg. on slruiu várias igrejas e sua sé catedral. Erudito escritor, por indicação cio Imperador onrado II foi promovido à sé de Mil ão. Faleceu na Áustria.

18 São Félix de Canlalício + Roma, 1587. Irmão leigo ca pu chinho, amigo de São Feli pe N eri, durante 40 anos pediu esmo l a nas ru as de Roma para seu convento.

19 São Ivo, Conressor

pulos ele C risto, foi eleito à sorte para substituir o infame tra idor Juda s I scariotcs no Co lég io Apostólico (antes a 24 de fevereiro).

+ Fran ça , 1303. Sace rd ote, Padroeiro dos Advogados, estudou Dir ito e Teo logia em Pari s e rl ca ns. Transformou o olar qu ' recebera dos pais em hospital e asilo. Lá estabeleceu lambem seu escritório para atend 'r consultas dos pobres e dos d 'Sa mparaclos, não havend o advogado de ma is renome n m p ·ssoa mai s estimada em Lotla a Bretanha.

15

'O

Sanlo /\q uilcs, Bispo e Confcssol' + Grécia, 330. Bi spo de Lari s-

ASCl~NS/\O DI•: NOSSO Sl~NI IOR ,J1,:s11:-; c; t{ISTO

Há 90 anos , primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima

14 Siio Malias, /\púslolo e M{u'L ir•

+ Sécu lo 1. Um dos 72 Discí-

dos lornbardos, caso a Gália não.fizesse penilência. Quemdo ef etivamente os lombardos chegaram, dedicou-se a converter um grande número de invasores àfé e aos costumes cristãos" (do Martirológio) .

21 Sanlo I lospício. Conl'nssor

+ Fra nça, Séc. VI. "llo via predito uma próximo in11osão

+ Roma, 1595. Fundador da Congregação do Oratório, que tinh a como principal finalidade a renovação ela vicia cristã entre os leigos ele Roma.

22

27

Sa nla Rila de Cássia, Viúva + Itá li a, 1457 . Durante 18

DOM INGO DE PEN'l'l•:COSTl~S

anos suportou as asperezas e infideli dades de um marid o de ca ráter brutal, a quem converteu com sua pac iênc ia e espírito sobrenatural. Tendo ele sido assassinado, pediu a Deus a morte dos filh os, que queri am vingar a cio pai. Após a morte do marido e dos fi lhos, entrou para o convento das agostini anas, onde recebeu na fronte um dos esp inhos da coroa do Sa lvador. Operou tantos milagres, que passou a ser conhec ida como a "Advogada das causas perdidas" e "Santa cios imposs íveis".

Os Apóstolos, até então tíbi os, fracos, ele vistas baixas , tend o rezado no Cenác ulo, receberam o Es pírito Sa nto por interm édio da Virgem Mari a, transformando-se de uma vez em destemidos heróis de Jesus Cri sto.

28 São Juslo de Urgel, Bispo e Confessor· + Espanha, séc. VI. Um dos quatro irmãos considerados por Santo Isidoro ele Sevilha como os varões ilustres que floresceram na Espanha visigótica.

23

29

Sanla ,Joana AnUda Tl1oul'él , Virgem

São Máximo de Tréveris, Bispo e Conressol'

+ Nápoles, 1826. Esta destemida santa passou por grandes peri gos e provações du rante a Revo lução Francesa, en sinando catec ismo, cuidando ele doentes e dando esconderijo a sacerdotes em pleno Terror. Fundou em Besançon um ramo das Irmãs ele Caridade.

+ França, 349. Sucedeu a San-

24 Nossa Senhora /\uxiliaclora

25 São Gl'egór·io VII , Papa e Conressol' + Salerno, 1085. Luzeiro do

sa, na Grécia, ficou célebre pelo dom cios milagres. Faleceu em sua cidade epi scopal ao voltar do Concíl io de Nicéia.

26 São l<'elipe Ncl'i , Confesso!'

Papado, um d s maiores Pontífices ela Santa Igreja, fo i seu acérrim o lefcn sor contra as investidas cio poder temporal, promoveu importantes reformas litúrgicas e morreu no exílio, perseguido pelo imperador alemão H enrique IV.

to Agrício como Bispo dessa então cidade imperial , di stinguind o-se por seu zelo e forta leza. Parti cipou cio Concíli o de Milão, no qu al os ari anos foram condenados.

30 Sa nla .J oa na cl'Arc , Vil'gem + Rouen (França), 143 J. Suscitada por Deus para livrar a França do ju go in glês, esta vi rgem guerreira fo i depois traída e queimada como fe itice ira . Rea bilitada por Ca li sto [I.[ em 1456, teve a hero icidade de virtudes reco nhec ida em 13 ele dezembro ele 1908, sendo beatificada por São Pio X em 1909 e canoni zada por Bento XV em 1920.

31 VlSJT/\ÇÃO DI•: NOSS/\ SEN I IORJ\ J\ S/\NTA JS/\Bl~:L

Intenções para a Santa Missa em maio Se rá ce leb rada pe lo Revmo. Padre Dav id Fran c isqu ini , na s segu intes intenções : • Em razão da comemoração do 90° aniversário da l O aparição de Nossa Sen hora aos três pasto rinh os de Fátima , Missa em Seu lo uvor e suplica ndo -Lhe a plena co rrespo nd ê nc ia à M ensagem que Ela veio trazer ao mundo em

191 7.

Intenções para a Santa Missa em junho • Em lo uvor de Sa nto Antônio de Sont'Ann a Ga lvão, primeiro santo ca no nizado nascido no Brasil, ped indo que ele interceda junto a Deus para que nosso País seja inteiramente cató lico e fie l à sua vocação, reto rnand o às vias da civilização cristã. • Que o Sagrado Coração de Jesus, cuja festo se comemora no mês de junho, derrame graças e bênçãos especiais sobre todos nossos colaboradores e suas respectivas famílias .


Estrondo publicitário contra o General Pace:

início de uma perseguição religiosa? namentos mora is de sua fé cató li ca. O direito de expressar convi cções reli giosas e morais deve ater-se ao domínio da teoria abstrata, sendo-lhe negada qual quer ap licação prática? Se assi m for, isto não signifi ca o banimento da reli gião e da moralidade do âmbito público?

esquerdi sta pressionou vários ca ndidatos presidenciais e outras autorid ades a se definirem sobre o assunto : Os atos homossex uai s são imora is ? Al guns se puseram do lado do General Pace, outros se esconderam atrás de uma pos ição neutra, enqu anto outros o casti garam publi camente e afirmara m que a homossex ualidade não é imora l.

Transcrição de manifesto da TFP norte-americana ( The American Society for the Defense of Tradition, Family and Property), inclusive o quadro inserido, publicado no "Washington Times" em 22-3-07. Para maiores informações, sugerimos consultar o site daquela entidade: www.tfp.org

O moviment;o homossexual se bene/icia do esu·omlo puhlicitá,·io

Algum lliSClll'SO é mais livr e cio que Ollll'OS?

Não nos surpreende o contentamento do movimento homossex ual diante do es-

0 " I inchamento moral" do General um a entrev i sta ao "C hi cago Tribune" no dia 12 de março, o GeneralPeterPace,chefedoEstado- M aior das Forças Armadas !norteameri ca nas l, fez esta declaração: "Acho

que os atos homossexuais entre do is indivíduos são irnorais, e que não de ve-

t:rondo publicitário, mas sim a sua tentativa de fo1jar uma ali ança não santa com a mídia esquerd ista. A alienação ideológica prejudica a capacidade da mídia de relatar osacontecimentose informaropúblicode modo imparc ial e honesto. Tanto mais quanto a mídia está se trnnsformando em poderosa promotora da agenda homossexual, como fica evidenciado nesta citação

Pace pela mídia esq uerdi sta levanta séri as preocupações . Algum di sc urso é mais li vre do que outros? Se não for, por que então o ge neral foi posto no pelourinho pela sua declaração? A inda mai s perturbadora foi a fa lta de consideração da mídia pelo direito do Genera l Pace de professar publi camente os ensi-

rnosfechar os olhos aos atos imorais. r:: ~~ ~ ~ - - - - ---------~d~o~s~-i~te Nüo acho de nenhum modo que os Es1 1he proar .,~ , Ih Be . . ,-.,,,,namst General Paee fados Unidos sejam bem servidos por e gmnmg ofa Religioos Persecution? ~ ,. • ._ uma 110/[1ica segundo a c7ual é OK °'•-..r-N~::.,..~\1'11,:, ser imoral ". =:-;:•;::,,::., .,...~ ..";: ,_:::_ !!:.~:,.~ ;::;-... ;:;..,w. ;:::"::.,_,~~--.., ,.,__..._. ....... ~ ... ~ • l6ot '"" ~-li' ... ~~""'11:.:

Míllia esquerdista transro,·ma a cleclaração em clebatc nacional Seguiu-se um estrondo publicitário contra o general , que é o primeiro fuzileiro naval a servir como chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Al guém poderia er levado a pensar que o di stinto e altamente condecorado comandante militar tenha dito algo absurdo ou, pior ainda, imoral! Entretanto, sua declaração estava em perfeita coerência com a moral cristã, o bom senso e a política militar vigente. Go lpeando rap idamente as águas da " opinião púb li ca " como num redemo inho, a mídi a

IIIIIIlJ

CATOLIC I SMO

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da GLAAD:

"Neil G Giuliano, presidente da Aliança homossexual e lésbica con /ra a ct,_·/'1ámação (GLAAD), elogiou hoje a cobertura que a rnídia ./ez até agora dos co,nentá· 1· I . I Gene°/"/ OS an / - 1Orl/OSSexua ts l O ral Peter Pace, e cone/amou os repórteres a assestarem o fo co nas reações e relatos de seus membros difamados pelas declarações de Pace " .

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Princívius <la Lei twlllrnl Apesar de todas as insídi as da mídia, nada há de errado na posição tomada pelo distinto genera l. Com efeito, ela está em perfeita harmonia com a Lei natural, cujo primeiro princípio é: " O bem deve ser praticado e

procurado, e o mal deve ser evitado ". Fac simile do manifesto publicado no "Washington Times"

A afirmação de que a prática homossex ual é má, e cumpre ser evitada, decorre do princípio segundo o qual os atos humano devem se conformar à natureza humana. O ato homossexual viola este princípio. Por quê? A reta razão no. mostra que cada ato deve tender ' lO fim que lhe é próprio, e o fim próprio do ato sexual é a procriação. Um alo s xual que é psicologicamente inapto a pr ench r esse fim é contrári o à nossa natureza racional. Ensina São 11 más d Aq uino:

" U111 pecado, nos aios humanos, é aquele que é contrário à ordem da razüo. E a ordem da ra zc7o consiste em ordenar tudo e1111· laçc7o a seufün, de modo apropriado 1... 1. Do 111esmo modo como o uso da comida é dirigido à preservaçüo da vida no indivfduo, também o uso dos atos ven.ér os • dirigido à preservaçüo de toda a raça lt11111cma" . 0

0

1'ollos /JOllem conhecer a Lei 11at11rnl e estão su/cllos a ela Como seu nome indica, a Lei natural decorre da natureza hu mana. M esmo aq ueles que não profe . am nenhuma religião podem conhecê- la, poi s uma lei que pode ser conhecida através da luz da razão, sem ajuda da Revelação di vina. Inscrita nas profundezas de todos os corações, como São Paulo ensina, la a mesma para cada um, em todos os lugares e sempre. Por exemplo, na sua tragédia Anlígone (442 a.C.), Sófocles eles rve a Lei natural como "as leis não escritas e imutáveis. I_ ... ]

Elas não são apenas para hoj e ou ontem, mas existem para sempre" . omo di sse o jurista rom ano Cícero ( 106-43 a.C): "A verdadeira lei é a reta razão em harmonia com a Natureza. [... ] E/,a é de aplicação universal, imutável e perene. 1... 1Não precisamos olhar para fora, à procura de um comentatlor ou intérprete dela". Em conseqüência, Cícero co ndena Sex tu s Tarquinius pela violação de Lucrécia, dizendo que, ' mbora não houvesse na época lei pos iti va condenando o adultéri o, sua ação, contudo, era criminosa. "Pois até

então ele tinha a luz da razão decorrente da natureza das coisas, a qual incita às boas ações e tliss,uule das más" .

Uma nova "morall<la<le", <Iue clefel1(/e a ímm·all,latle

defendendo o comportamento homossexual, a mídi a esquerdi sta está efetivamente promovendo um a nova " morali dade", oposta à que procede da natureza humana, e que é confirmada pela Revelação divina. Essa nova " moralidade" abre as portas para todo tipo de práticas antin aturai s. Pois, uma vez que o conceito de Lei natural e os limites que a natureza humana impõe sobre os nossos atos são abandonad os, o ca minho está aberto para o tri unfo das paixões desregradas. A lei que não está baseada na natureza humana não é verd adeira l ei . E la cessa de ser uma força moral e se torna uma mera imposição arbitrária. E quando a fo rça mora l da lei cessa, a lei da fo rça predomina, seja ela fo rça física brutal ou " lincham ento moral" da mídi a. Pelourinho como o sofrido pelo General Pace pode quebrar homens com menor vigor, levando-os a abandonar seus princípios; pode silenciar setores inteiros da opini ão pública, privando-os de se expressar livremente e de afirm ar suas profundas conv icções morai s.

Necessidacle llc corajosa eXJJl'CSsão Há dois mil anos o Divino Sa lvador disse, aos que seguiri am os seus ensinamentos, que espera sse m adversidade

e até mes mo ód io. Co ntudo, Ele tam bém di sse que o opróbrio público não os di spensa ri a da obrigação de professar a sua fé :

"Sereis odiados por todos os homens por causa do meu Nome. [ ... ] E nüo temais aqueles que matam o corpo, m.as nüo süo capazes de rnalar a alma, antes temei aquele que pode precipitar a alma e o co ,po no inferno. [... ] Cada um, entretanto, que der testemunho de mim. diante dos hornens, também Eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está no Céu. Mas aquele que me negar diante dos homens, Eu também, o negarei dianle de meu Pai que está no Céu "(Mt IO: 22,28, 32-33). Longe de serem intimidados pelos estro ndos da mídi a como os que estão circundand o o General Pace, milh ões de americanos deveriam seguir o exe mplo desse corajoso ofic ial e dar ex.pressão públi ca de suas co nvi cções mora is baseadas na Lei natural e na Fé. É hora de res istir à impos ição de uma nova "mo ralidade" que defende a imora lidade. Faze nd o-o, pode remos atrair as bênçãos de Deus sobre nós e nossa poster id ade.

2 1 de março de 2007 TFP norte-arnericana

Assumindo um princípio, e não uma posição pessoal Católi cos praticantes , temos compaixão para com os que lutam contra a violenta tentação de peca r, tanto no tocante ao pecado hom ossex ual quanto a outros modos, e por eles rezamos. Estamos cô nscios da enorme diferença ex istente entre aquelas pessoas que lutam contra a sua fraqueza e se esforçam por superá- la, e outras que tran sformam o seu pecado em razão de orgulho, tentando impor seu estilo de vida ao conjunto da sociedade, em flagrante opos ição à moralidade cri stã tradicional e à Lei natural. Entretanto, rezamos também por eles. De acordo com a expressão atribuída a Santo Agostinho, "odiamos o pecado, mas amamos o pecado r". E amar o pecador, corno o mesmo Doutor da I greja ex plica, importa em desej ar para ele o que de melh or possamos desejar para nós mesmos, ou seja, "que ele possa amar a Deus com uma qfeiçüo pe,jeita" (Santo A gostinho, "Da mora l da I greja Católica", nº 49, www.newadve nt.org/fathers/ 140 l ,htm).

Negando a ex istência da Lei natural e

MAI0007 -


11111m

Civilização Ocidental: declínio e esperanças Q LEONARDO PRZYBYSZ e ·1 di fusão desta oportuna . Padre cndo vivainent ' c rccom . • Ana Ga\vão, que o Santo , . Antônio de sanl . escrita pelo bioi;r111i11 de l·rc1 . roximo dia 11 ,le Maio, XVI c1111on1•mr~ no p 1 • dos Santos. Bento \o ,A.\cxa ncrc · . ..\)1 t'lfl\lciro ,\nnanc on1 a graça l\C jornahsta luso c.\ocu1nentada e, e l)\itln e bem ai e 11as É unia ob ru s l3 asi\ cm Portu{; <lbcmno r , J\h1J11ÇlHl

P

or iniciativa da Associação pela Cultura Cristã Padre Pio! r Skarga , com sede em Cracóvia (Polônia), realizou-se entre 22 e 26 de fevereiro, na sede da Federação Pró Europa Cristã, em Creutzwald (Fran ça), um simpósio que teve como leitmotiv o declínio da civilização ocidental e esperanças para o futuro . Dentre os temas abordados, destacamos três exposições do Dr. Nel son Ribeiro Fragelli (diretor da associação francesa Droit de Naítre) , sobre a degradação dos costumes contemporâneos, qualificada de "quarta Revolução" pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em seu famoso ensaio "Revolução e Contra-Revolução"; outra, proferida pelo Dr. Roman Konik (da Univ e rs id ade de Wroclaw), sobre a manifestação do horrendo e sua pro-

moção na arte e na literatura; o Dr. Piou· Mazur (da Universidade Católica ele Lublin, na Polônia), abordou as bases filosóficas ela promoção do horrendo; o Sr. José Antonio Ureta (colaborador de Catolicismo) fez outJ·a ex posição a respeito cio movimento cari smático na Igreja; o Sr. Mathias von Gersclorf (diretor na Alemanha da Aktion Kinder in Gefahr) mostrou como a "quarta Revolução" deforma a alma das crianças; por fim , o Dr. Mieczyslaw Ryba (também da Un iversidade Católica de L ublin) discorreu sobre a revolução no sistema ele ensino. Al ém das exposições e debates, seguidos com muito interesse e num a atmosfera de grande cordialidade, fez parte cio programa a ass istênc ia diária à santa Mi ssa e vi sitas c ultura is às c id ades de Luxe mburgo e Strasburgo.

Acampamento cultural E ntre os dias 20 e 26 ele j aneiro último acamparam na região ele Ka rpacz os j ovens poloneses que constituem a seção Lepanlo da Associação pela Cultura Cristã Padre Piolr Skarga. D ias mov imen tados que co meçava m com oração pe la manhã, ginástica, expos ições, debates, concursos, jogos e projeções de filmes hi stóricos. Da semana, dois dias foram consagrados a vi sitas ao caste lo ele Ks iaze e a um misterioso e inacabado complexo ele corredores escavados em pedras, durante a segunda g uerra mundial. Os jovens puderam também adm irar as muralhas que cercam a be la c idade ele Kloclzko. Pa ra alegria dos participantes, nos últimos dias cio acampamento a neve ca iu e m ab undâ nc ia, o que lhes permitiu esq ui ar à vontade.

CATOLIC ISMO

Deus, há-de fu•,.cr lln111 e nações 111sofo1111~.

Roma, 2

7 de Mnrço ,\e 2007 .

128 pgs. 14x21 cm, ilustrado

*Frete de R$6,00

Ohm recomendada pelo Emmo. Cardeal D . .los<- Saraiva Martins, Pre·~ ito da Co11 , rcgação das Causa · dos Santos.

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A MBI E N TES C OSTUMES C IVILLZAÇÕES

Castelo da f'

Delicado, nobre, uma obra de sonhos ■ PuN10 CoRRÊA DE OLIVEIRA

E

stamos diante de uma fo1taleza feudal cio Japão - o Castelo ela Garça. As muralhas, até certo ponto, se parecem com nossos muros coloniais, com seus grandes beirais. São sólidas e sem nenhum ornato. Têm a poesia ela obra que desafiou os sécul os. N o fundo projeta-se, muito mais alta cio que muralhas, a forta leza feudal j aponesa. Uma construção tão alva e deli cada, que mais parece obra de sonhos. E te castelo lembra, em algo, o castelo europeu medieva l? Sim. Embora na arqu itetura el e seja profundamente diícrenle do castelo medieval da E uropa, lembra-o quanto ao s guin te aspecto: no élancé do ed ifício. O castelo europeu Lcm como ca racterística principal as torre . Aqui não há propriamente torre . Entreta nto, o papel que fazem os corpos ele edifíc ios cada vez menore é, no fundo, o ele uma Lorrc. A si lhucLa evoca um pouco a idéia ele uma torre, ou s ja, d um corpo ele ed ifícios que procura ga lgar os céus, que se per lc no ai Lo, in lica nclo elevação de espírito e grandeza ele alma muiLo acenLuacla . Porém , cm que sentido o Cast lo da Garça diferente do castelo medieval? Este não tem, a não ser rara vezes, esta graça. O ca telo europeu, tem-se a impres ão de que

deita as garras no rochedo. É consti tuído de torre fo rtes, prontas para desafiar o vento e o clima hostil. N o cas telo medieval, os muros são guarnecidos ele ameia e barba -~ s para os guardas circularem, a fim de proteger a murulh 11 contra o adversári o. E m volta das torres há o fosso com ú •un e a ponte levad iça. Não se nota propriamente isso no caste lo japon "'s. O corpo inteiro do ed ifíc io parece dissociado da lula . Nt o s · tem noção, à primeira vista, de que haja um vigia SJ r ' it1111do dia e noite. O caste lo j aponês é um ed ifíA fo rtalez.a fe uda l dl' ll i1111•j1 cio delicado, nobre, próprio a um - na c id ade qu ,· l(•v 11 1•~~1• povo voltado para o sonho. E que nome na provfn ·iu d • 11 11p11 (Japflo) - . ta mh~111 l'lll 1l w1 1 garante a sua incolumjdade cond a co mo 1/ 0~ 11 /'rl /u 1111 tra o adversári o através da grossa Shirasag i~io (C'11.~ll• l11 tl11( 1111 muralha em volta dele. A vida do ça Branc a), Cll lll t\'1111 li l'I senhor feuda l japonês parece um co nstru ído •111 11 \ \, 11•11d11 sid o in1 cira 111c 111 1• v11 11, l111d11 tanto alheia à luta e à defesa. E le som 111 ·2:1011 1111, tl1·1n1 1 . é um contemp lativo, vive em suas delícias, suas contemplações, sentado no chão, diante de uma mes inha, v ·st ido ·om tl't·idrn, preciosos, bebendo chá, num a xícara d · por · ·111 1111 11111 il11 bonita, e pensando, pen ando. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira, em 22 de junho de 1970. Sem revisão do utor.



I

UMARI

PUNI O CORR ÊA DE OLIVEIRA

Junho de 2007

O Convento da Luz e sua atmosfera espiritual sutil e envolvente Ü Convento da Luz descrito no típico estilo de redação -

claro, penetrante e elevado - de Plínio Corrêa de Oliveira, assíduo freqüentador da tradicional e acolhedora igreja daquele convento

P

oucos contrastes há tão frisantes em São Paulo - onde, entretanto eles não fa ltam, e de toda ordem - do que entTe a Aven ida Tiradentes e o Convento da Luz, com o Museu de Atte Sacra, que lhe ficam

-CATOLICI SMO

exatarnente àmargem. Um longo muro, que toma talvez mais de meio quarte irão, separa os dois mundos. Do lado de fora, a avenida, com seu movimento emaranhado e ruidoso. Muro adentro, quase a mesma atmosfera de duzentos

~

anos atrás: a tranqü ilidade, a meditação , a oração e o bom go to ali de itaram raízes e vêm flore ccndo há tanto tempo, que chegaram a impregnar de urna vez para ·empre a atmosfera de um aroma esp iri tua l suti l e envolvente. Ta l envolvimento começa sem que a pessoa se dê conta, desde o momento em que transpõe o largo portão em cuja grade se lê a data de 1870. Penetra-se desta mane ira em um jardim de w11a despretensão, w11a singeleza e tm1a calma de conce rtantes. E, a não se visitar o lind museu, ca minha- e diretamente para a 1 ,r 'ja. A esta se accd p rum útri o ·a lçad ) d · um v ·n •r{1v · I gr·1nilo d ·s ,uslildo pelos passos d ' , •rações e , ·ruç< cs d · fi6 is. Logo cm seguid a, uma alt·1 porta ouro e branco, cm estil o ba rroco, só li da e sisuda como se fosse a própri a face da M editação, apaga no espíri to de quem entra a recordação de toda tralha que ficou a mexer-se e a fe bricitar pela rua. (Continua ét p. 38)

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T ran sc ri ção cio arti •o <lc l'linio ( 'o, n II dl• Ol 1w ira, para a "Folh a d • S. llu ul o", l1111 1 d1• pil ho de 1974. T ítu lo ori i,1111 : " N111 1!•111111 1111 ll•l1111 1 111c11 próx im o nrli go".

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Excmnos

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Nº 678

A padmeira de Arras (França) Devoção à Santíssima Virgem - Conclusão

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A visitadeBentoXVJaoBrasil

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França: rejeição à revolução da Sorbonne SENIIOR/\ c1101~A

Reminiscências sobre Frei Galvão

O primeü'O santo nascido no Brasil

2)

Os mártir es de Uganda

Incoerências do Estado laico Profa. Thereza R. de Camargo Maia

Aconchegantes casas populares de outrora Nossa Capa :

Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo. Fachada do Mosteiro da Luz. Pintura de Frei Galvão em azulejos, executada no Porto (Portugal) e oferecida pela família Manuel da Costa. Encontra-se na entrada da igreja do Mosteiro. Fotos: L uís Guillcnno A rroyavc

Migaba Tuzinde, mártir ugandês

JUNHO2007 -


Nossa Senhora dos Ardentes Umbelo exemplo de como a Santíssima Virgem, padroeira de Arras

Caro leitor,

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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração:

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Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. E-mail: epbp@uol.com.br Home Page: http://www.catolici smo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Junho de 2007:

Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

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Na História do Brasil, já cinco vezes secular, foi alcançado finalmente o que tanto almejávamos: o primeiro brasileiro canonizado! O tão conhecido Frei alvão agora é Santo Antonio de Sant' Anna Galvão, para honra e glóri a de nossa Pátria e ele toda a Cristandade. "Bandeirante de Cristo" - seria difícil encontrar palavras que definissem melhor a mi ssão desse santo genuinamente brasileiro. A expressão, muito fe li z e talvez inspirada, é da freira concepcionista Irmã Beatriz do Espírito Santo, autora - sob o pseudônimo de Maristela - do excelente livro Frei Galvão, Bandeirante de Cristo. Oriundo de ilustre estirpe paulista, Frei Ga lvão descende de bandeirantes; sua mãe, Da. Isabel Leite de Barros, é bisneta do célebre bandeirante Fernão Dias Paes Leme, o caçador de esmeradas. Incomparavelmente mais do que descobrir esmeraldas, Frei Galvão conquistou tesouros de graças para a salvação de incontáveis almas. Muito mais que enfrentar selvas, índios e feras - corno os bandeirantes - , é enfrentar e vencer as más inclinações humanas, vencer-se a si próprio e santificar-se. Com a ousadia de um bandeirante, Frei Galvão, que pe1tencia a uma familia muito distinta e abastada, renunciou aos prazeres e às glórias do mlllldo para servir inteiramente a Deus; ingressou na Ordem Franciscana; consagrou-se como filho e escravo perpétuo da In1aculada Conceição. Desse modo, deu um belo exemplo oposto às novas teologias djtas da emancipação ou da libertação. Assim, este destemido bandeirante da Causa católica conquistou elevada santidade. Depois de longo e rigoroso exame de toda sua vida, a Igreja concedeu a Frei Ga lvão a glória dos altares. É o reconhecimento oficial de que ele praticou em grau heróico as virtudes cristãs, bem como da autenticidade de milagres por ele operados. isso foi so lenemente confirmado no dia 11 de maio último, na capital paulista, quando perante mais de I milhão de pessoas reunidas no Campo de Marte - S.S. Bento XVI proclamou: "Declaramos e definimos como santo o beato Antonio de Sant 'Anna Galvão, e o inscrevemos na Lista dos Santos, e estabelecemos que, em toda a Igreja, ele seja devotamente honrado entre os santos". Nada mais oportuno, portanto, que seja esta ed ição de Catolicismo especialmente dedicada ao primeiro santo nascido no Brasil. Assim sendo, oferecemos a nossos leitores a matéria de capa, de autoria do jornalista Armando Alexandre dos Santos, bem como a entrevista com dois parentes de Frei Galvão e a transcrição de arti go do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, no qual comenta os adm iráve i encantos do Mosteiro da Luz, fundado por Frei Galvão. Agora que passamos a ter um novo e poclero ·o "embaixador" junto ao Trono de Deus, o Bandeirante de Cristo, peçamo ·-lhe que interceda muit e pccialmcntc pelo Brasil, na atual conjuntura caótica cm que País ·e encontra. Por intercessão de Santo Antoni de anl'Anna Ga lvão, suplico especiais graças para nossos prezados leitores. Em Jesus e Maria,

9:~ 7 DIR.ETOR

paulobri to@catoli cismo.com.br

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

PS: Nunca é demais sugerir, a todos que tiverem a possibilidade ele o f'az ' r, um u vi sita ao tão abençoado Mosteiro da Luz, situado na capital pau li ·ta, e ft r •s id ·11 ·iu 1H1 cidade de Guaratinguetá (SP) - hoj e Museu Frei Galvão - cm que nasc u o pri111 ·iro 8a nto brasileiro.

(no norte da França) sob essa invocação, premia quando pessoas se perdoam devido a inimizades meramente pessoais V ALDIS GR INSTEINS

Vista da cidade de Arras

P

oucas pessoas hoje em dia , sa lvo os médicos, ouviram fa lar de uma doença chamada e,got,srno. Mas ela for , desde a Idade Média até o sécul o XV II , um problema séri o ele sa úde. Seu nome vem de um fungo chamado e,got (esporão do centeio), que ataca o tri go . Após co ntam inar a planta, sobretudo na primavera, começavam as epidem ias, afetando milhares de pessoas ao mesmo tempo. A doença receb ia nomes diferentes em diversas lín guas , como mal des ardents, ignis sacer, heiliges feuer, fogo infernal ou fogo de Santo Antonio, indi cando todos que as pessoas tinham a sensaçã.o de estarem se queimando; de Santo Anton io, porque a Ordem de Santo Antonio era a que tratava principalmente esses doentes. 1 E fo i justamente durante uma dessas ep idemias que se deu a apa ri ção da Santíssim a Virgem, co nh ec id a pela invocação de Nossa Se nhora dos Ardentes, por causa da moléstia que veio curar. Aparição, co11selho e milagre

Foi na cidade de Arras, norte da França, nos primeiros anos do sécu lo XII, que começou uma dessas epidemias. O bispo da cidade, Lambert, rezou a Nossa Senhora pedindo sua proteçã.o contra o flagelo, e foi atend ido de uma forma bem inesperada. Na noite de 24 para 25 de maio de 1105, a Virgem Santíssima apareceu a duas pessoas que estavam brigadas e eram inimigos mortais: Itier de Tirlemont e Pierre Norman. Eles eram menestréis, quer di zer, espécie de cantores ambulantes, que compunham e interpretavam músicas reli giosas ou profanas e se apresentavam nas fe iras

e torneios. Aconteceu que Norman matou o irmão de Itier, surgindo então um ód io completo entre os dois, que não havia forma de aplacar. Estava Itier dormindo, quando apareceu-lhe em so nh os a Mãe de Deus e lhe disse: "Dormes? Escuta o que tenho a te dizer. Levanta-te e parte para a Santa Sion de Arras, lugar sacro onde doentes em número de 144 sofrem dores mortais. Quando chegares, fàr-t e-ei saber o tempo e local co nvenientes para qu e fal es co m Lambert, que governa essa igreja, e lhe contarás a visão. Tu lhe recomendarásficar de vigília - ele será o terceiro afazê-la contigo durante a noite de sábado para domingo - e visitar os doentes que se encontram na igreja. Ao primeiro canto do galo, uma mulher vestida como eu estou agora descerá do alto da igreja, tendo na mão um círio, que ela te dará. Após tê-lo recebido, deves acendê-lo e colocar gotas de cera dele em copos de água, que darás de beber aos doentes e derramá-la-ás sobre suas feridas. Não duvides de que aqueles que rece-

JUNH02007-


some nte um não ac redito u na efi các ia da promessa, tendo morrido. Os outros ficaram curados. O círio que N ossa Senhora entregou encontra-se ainda hoj e na catedral da c idade . No ano 2005 ,j ustamente para comemorar os 900 anos do mil agre, fo i reali zada uma exposição com 100 obj etos que lembra m o milagre através dos tempos, entre os qua is ocupava lugar principal o santo c írio.3

Devoção a Maria Santíssima Conclusão

O va/01· <le perdoar

Representação do milagre da cura com a cera do círio

berem este remédio com fé terão de volta a saúde. Ao contrário, aqueles que não acreditarem morrerão da sua doença. Farás isto junto com Norman, a quem tens um ódio mortal, e que se encontrará contigo no próximo sábado. Quando vocês dois se tiverem reconciliado, terão o bispo como terceiro companheiro ".2 N orman teve uma v isão semelhante na mesma no ite. Mas devem os dois ter duvidado, ou então lhes custava demasiado pensar em se reco nc iliar com o inimigo, pois a apari ção se repetiu para os dois, nos locais onde se encontravam na noite seguinte. F ina lmente convencidos, partiram cada um por seu lado a Arras e se encontraram com o bi spo Lambert. Este, surpreendi do pe la coincidênc ia dos relatos, conseguiu reco nciliar os do is inimi gos, que aceitaram faze r com o bispo a vi gíli a que a Virgem Santíss ima tinha recomendado. Para que estivessem bem preparados para o acontec imento, o bispo o fez jejuar a pão e ág ua; e no sábado, 27 de maio, pa saram o trê a noite em v ig íl ia na igreja. Às três horas da manhã, viram N o sa Senhora de cerda abóbada da igrej a, toda re ·p landccente e te ndo na mão um círi o. A Virgem lhes di sse:

"Aproximai-vos. Aqui tend · um clrio que eu vo. · confio, e que será para vós um sinal pe ia! da minha mi. ericórdia. Toda pessoa tocada p , fa do nça qu • s ·hama d , fogo il~/'rnal terá apenas que alo ar 70tas d •st , ·frio na água e aspergir as fe ridas, que se curarão im diatam ,nt ' · Aqu ,fe que acreditar será salvo; e o que ncio acredita,; p ' r ' · ,rá ". 1 epo is di sto a V irgem entrego u o c írio e desapa receu. Imediatamente e les fizera m com o doente que e n e ntravam na Igrej a o que Nossa Senhora hav ia pedido. Dos 144,

-CATOLICISMO

Que lições podemos tira r desse mil ag re? C hama a ate nção o fato de N ossa Senhora esco lher para testemunhas de le duas pessoas que se odiava m morta lmente. Co m isto, ficava m e li minadas todas as hipóteses de cumplicidade, pois fo i necessário primeiro reconc iliá-las para que o mil agre se produ z isse. Q ue teri a acontecido, caso e las se negassem a reconci Iiar-se? Provave lmente o mil ag re não teri a aco ntec ido, po is muitas vezes Deus faz depender prodíg ios portentosos do co nsenti mento desta ou daque la pessoa. Certa mente N ossa Senhora te ri a encontrado outra fo rma de auxili ar os pobres doentes, mas não seria tão resplandecente como fo i o modo corno oco rreu esse mil agre . Muito mais grave do que as doenças do corpo ão as doenças da alma - entre elas o desej o de vingança - que nos fec ham as portas do Céu. Se Deus permi te as doença do corpo, é justa mente para, por meio delas, nos ensinar vári as virtudes corno a paciência, o desapego dos bens terrenos ou a obedi ênc ia às auto ridades, e com isso faze r-nos progred ir na vida esp iri tual. Se o próprio Deus perdoa nossos pecados, por que não perdoaremos nós, meras criatu ras, a quem nos cau ou a lgum ma l por razões de caráter pessoal? Devemos combater os inimi gos da Igrej a e da C iv il ização C ristã, mas devemos perdoar os que nos perseguem apenas por razões pessoais. • E-ma il do autor: va ldi sgrinstc ins@catoli cismo .com.br

Nota s: 1. Ve r http://www.chm .bris.ac.uk/motm/ lsd/lsd l_ text. htm 2. Yves C hi ron, Enquêle sur les apparilio11s de la Vierge, Ed. Perrin -Mame,

p. 82 3. http://www .arras-online.co m/a05_chande 11 e.php

Com a transcrição abaixo, de trechos escolhidos da obra Glórias

de Maria,* de Santo Afonso Maria de Ligório, encerramos apre-

sente série, recomendando a todos a Jeitura desse excelente livro , ,

que/e que é amigo, o é em todo tempo; e nos transes apertados conhece-se o irmc'io" (Prov. 17, 17). Os ami -

gos verdade iros e os ve rdadeiro parentes não se conhecem no tempo de prosperidades, mas sim no das angústias e das desventuras. Os ami gos do mundo não deixam o ami go enquanto está em prosperidade. Mas o abandonam imediatamente se lhe aco ntece urna desgraça, ou dele se avizinha a morte. Ta l não é o procedi mento de Maria com seus devotos. Nas s uas angústias espec ialmente da morte, que de todas são as piores, essa boa Senhora e Mãe não abandona seus fi éis servos. Corno E la é nossa vida no tempo do degredo, ass im também quer ser nossa doçura no te mpo da morte, obte ndo- nos um s uave e fe li z trânsito. Desde aquele di a em que teve a dor e, ao mesmo tempo, a fe lic idade de ass isti r à morte de Jesus seu Filho, ca beça dos predestinados, obteve ta mbém a g raça de assistir na morte a todos os predestinados. Por isso a Santa Jgreja nos manda roga r à Bem-ave ntu rada Virgem: Rogai por

nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte.

Mada ao Jaclo de seus sen 1os, em vida e na hora ela mo,·te Muito e mui to grandes são as angústias dos pobres moribundos, j á pe lo remorso dos pecados cometidos, já pelo horror do próx imo juízo, j á pela incerteza da salvação eterna. É então que o infe rno lança mão de todas as armas e empenha todas as reservas para ga nhar aquela alma que passa para a eternidade. Bem sabe que pouco te mpo lhe resta para obtê-la, e que para semp re a perde se então lhe escapar. "O demónio desceu a vós

cheio de uma grande ira, sabendo que lhe resta pouco tempo" (A poc. 12, 12). Habi tuado a tentá-la du ra nte a vida, não se contenta de ser ele só que a tenta na morte, mas chama companheiros para o ajudarem. "Encher-se-ão as suas casas com dragões" (Is 14, 2 l). Q uando alguém está para morrer, entra m-lhe pela casa os demônios que, à porfia , tentam perdê-l o. [ ... ] Ah! Como foge m os demônios à presença de Nossa Senhora ! Se na hora da morte ti vermos Maria a nosso favo r, que poderemos recea r de todo o infe rno? Reanimava-se Dav i para as terrí ve is angústias da sua morte, pondo sua confia nça na morte do futuro Redentor e na intercessão da Vi rgem Mãe. "Pois,

ainda quando andar no ,neio das sombras da mor/e, não lemerei os males; porquanto tu estás comigo. A tua vara e o teu

báculo, eles me consolam " (S I 22, 4,5). Pe lo bác ul o entende o Ca rdeal Hugo o lenho da cruz, e pela vara a inte rcessão de Mari a, que fo i a vara p rofetizada por Isa ías ( 11 , 1). Esta di vina mãe, di z São Ped ro Damião, é aque la poderosa va ra que vence todas as violênc ias dos inimi gos infe rnais. Anima-se por isso Santo Anto nino, di zendo: "Se Maria é por nós, quem será contra nós?". [.. .] Corno assevera Conrado de Saxônia, a Santíssima Virgem, em defesa dos fi éis moribundos, manda o príncipe São Miguel com todos os seus anjos, para protegê-los contra as tentações do demônio e lhes receber as almas, com especia lidade as daqueles seus servos que se recomendara m continuamente a ela. •

* Ed itora Vozes, Petrópo li s,

1957 , pp. 23 e ss.

JUNH02007-


-

Per seguição, castigo e triunfo B] De fato, tudo no mundo está de

pernas para o ar. Agora com essa possibilidade de meter na cadeia quem defender a moral, é o cúmulo do disparatado. Na cade ia, quem persistir em ser fie l a Deus! E todos q ue rasga rem os M andamentos de De us esta rão Iivres pe las ru as , cometendo toda espécie de barbaridade. Mas temos confia nça, sabemos que Maria Sa ntíssima nos p reparo u para isso, quando di sse em Fátim a que os bons seriam martirizados. A lém di sso, fomos admoestados com as reve lações da vidente Jacinta, uma santa meni na que poderi a também ser ca nonizada. Mas, 90 anos depois daquelas imp ress iona ntes apa rições , se não soubéssemos das persegui ções previstas em 1917, não soubéssemos do castigo que virá, e ta mbém não soubéssemos da promessa d'Ela - " Por fim meu Imacul ado Co ração T riunfa rá" - poderíamos imaginar que já e ta mos no fim do mun do! Agradeço à eq ui pe de Catolicismo que no ali menta na confia nça , p r cxcmp l , com a publi cação da s pa lavra d bem-aventurado Papa Pi IX no fi na l do artigo de José Antonio reta . De coração: mui to obrigad ! (A.P.P. -

CATO LI C ISMO

PE)

Intensi<la<le <la crise mw1clial

'l'olerância apenas 11am o mal

B] Nossa época teve a honra de re-

12] Alguns inimigos da Igreja Católica acusam-na de ser intolerante e de obrigar - o que é fa lso - todos a aceitar a sua doutrina. Mas são eles os impl acáveis intolerantes. N ão toleram e perseguem pertinazmente qualquer um que não aceite suas pos ições, por exempl o, e m maté ri a ele a bo rto e ho mossex uali smo. Onde está a tão propa lada tolerância? Somente toleram aqueles que são da mesma grei. Em outras palavras, só toleram os que fo rem mora lmente corruptos como eles. N o entanto, a ma iori a, de modo geral, não aceita a corrupção moral que certa minoria prega e procura impor imp lacavelmente. E, neste caso, não va le a maioria, a questão da democracia não entra em pauta. Pena que não haja reistência eficaz da maioria a essa impo ição. A continuarem as coisas nesse sistema, chegará um tempo em que não ex istirá mais a menor to lerânc ia para os defe n ores da mora l e nem me mo o d ireito à tão propalada " liberdade de exprc ão". A esse propós ito, é oportuno lembrar a j ucl ic iosa frase do ex-presidente do Equador, Gabrie l Garcia Moreno: "Liberdade para tudo e para todos, exceto para o mal e para os malfeitores". Atualmente, inimi gos da Jgrej a a in ve rte m: "Liberdade para tudo e para todos, exceto para o bem e para a Igreja". Para q uem qui ser ser do número dos bons, dos que deseja m seguir o ca minho reto da Santa Igrej a, não é perm itido sequ er " liberdade de exp ressão", sendo e le pro ibidos de se referir ao que Cri sto ensinou.

ceber a mensagem de N ossa Senhora de Fátima. M as, quando vemos os j ornais e constatamos a intensidade da cri se mundia l, co ncluímos que nossa época não está correspondendo a essa honra. Pe lo anda r da carruagem, perdemos a chance de so luc ionar a crise. É o que eu ac ho, a não ser que o mundo receba um perdão , que não merece mais, que va i além de todas as balizas. Gra nde pa rte da humanidade dá de ombros para aquelas palavras vindas do Céu à Terra para a conversão de todos. Não aco ntecend o a con ver ão, resta ag uarda r os grandes ca tigos anunc iados pela V irgem, e qu e, ce rtame nte , erão dos maiores ca tigos na Histó ri a da hu já estamo a i t in do manida de. " tra il er " do ca ti go bab il ôn ico . De minha parte, procu ro ab rir para esta reali dade o o lhos daquele que posso, e abrir me u próp ri o o lho , traba lhando, reza ndo e pre pa rando-me, na med ida ele minh as po sib ili clades. (P.E.K. -

RN)

No11as JJer seg11ições r eligiosas B] Hoj e só fa lta obri ga r, ta lvez até

por le is, os católi cos, como nos te mpos elas persegui ções aos prim eiros c ri stãos, a abjura re m tud o o qu e ap renderam no catec ismo e na Bíblia, e a adora re m os ído los mode rn os , ace ita ndo as le is contrári as à nossa co nsciênc ia cristã. Para quem não o fize r, perseguição e encarceramento . Como no caso que vocês publ icaram, das persegu ições ao genera l Pace dos Estados U ni dos, por sua atitude dec idid a e nfre n ta ndo vio lado res d a mora l católi ca. Somente esta rá li vre da perseguição q uem p rat ica r, ou ao me nos ap laudir, toda a aberrações que se cometem a torto e a direito. O pior é que ccrt ccl siá ticos não preparam seus fiéi s para cnfrcntamcnto neste n vos tempos de pcrs guiçõcs. (N.E.J. -

SP)

(C.K.P. -

SC)

Familia fobia B] A chamada " le i da homofobi a" visaria, segundo seus idea lizadores, ev itar a repu lsa aos homossexuais. Mas, na rea lidade, ela visa criar uma fob ia da famí lia. Pois quem não tem aversão ao que 6 antinatural, acaba te ndo averão a que é natural. Por pre são do /obhy co mposto p r clcfcn ores do

ho mossex ua li smo, te nta-se aprova r wna legislação para punir quem tiver fo bi a às práticas homossex ua is. E ficam impunes, e até são incentivados, os que têm fo bia à família normal. Ta l lobby quer nos e nfi ar goe la a ba ixo um a co isa in ace itáve l, e m campanhas na mídi a fa lando de " respeito às di fe renças" dos ho mossex ua is, mas não admite, em hipótese alguma, o dire ito que se tem de di scordar de les. O Lobby homossexual fa la a favo r da não di scrimin ação (isto para que o povo aca be ace itando-os co mo pessoas no rm a is), mas e le é radi calmente d iscriminató ri o contra as pessoas e as fa mílias norm almente constituídas. (P.P.C.F. -

SC)

E'ntl'evista <le Dom Bertrand ~ N ossas co ngratu lações pe la ação qu e Vossa A lteza es tá reali zand o co mo coo rd e nado r e p orta-voz do movimento "Paz no Campo", percorrendo o Bras il , faze ndo confe rências para produtores ru ra is e empresá-

rios, em defesa da propriedade particul ar e da li vre iniciati va, a lertandoos para os efe itos nocivos ela Reforma Agrária, apoiada pela "esquerda católica", a qua l fa vorece a "Pastora l da Terra", que está na origem cio M ST. Muito opo rtun a a le mbra nça de V ossa A lt eza so bre a e nc íc li ca " Re rum N ova rum " de Leão X III , com referênc ia à in vio labilidade da propri edade. Interessa ntíssimas também as locuções ele Vossa Alteza: "A lei não pode mudar a boa ordem posta por Deus na Criaçcio. A Lei positi va deve ga rantir a propriedade como estabelecem dois Mandamentos da Lei de Deus". E ainda: "A experiência histórica mostra que a p ropriedade comunitária - regida ou ncio pelo Estado - traz a miséria, pois jàvorece o desin teresse e a preguiça". N ossos cumprimentos, ma is uma vez, po r essa notável campa nha de Vossa A lteza coordenando a "Paz no Campo", que trará, com toda a certeza, muito progresso ao nosso País. (1.R.S. -

SP)

Chama<lo cle Deus N o artigo sobre a vocação do Brasil , encontre i uma excele nte ex pli cação ele " vocação". Ótimo ! Era o que eu proc urava, sobretudo o conce ito de vocação, que não é apenas para reli giosos, mas também para le igos, po is o co nce ito que eu tinha era apenas da vocação de um padre, uma freira, etc. Que conceito p ífio, que simplifi cação eu faz ia. Goste i mui to da visualização de vocação de cada indiv íduo e de cada nação. F ico agradec ido também por isso. Qu e Deus lhe pague. (E.M.A.N. -

RS)

Amém Bl Parabenizo a rev ista Catolicismo e o s ite www .cato li c ismo .com .br, como veículos de comunicação importantes para todos nós, católicos. Fico feliz por descobrir esta maravilhosa página, e peço ao bom e amacio Deus que os abençoe muito! Deus seja louvado !! (M.A.G.C. -

RJ)

IN MEMORIAM aleceu em Miami, na tarde do dia 23 de maio último, Da. Eugênia de Guzmán. Cubana de nascimento, deixou o país natal após a revolução comunista, devido à sanha persecutória do novo regime. Pe1tencente a antiga família de Havana, teve seu patrimônio, constituído ao longo de gerações, confiscado por Fidel Castro. N o ex ílio, exerceu atividades das mais simples, a fi m de garantir seu sustento, bem como o de seus mais próximos. Animava-a o desejo da libertação de Cuba da opressão comunista e de um novo florescimento da Igreja Católica em seu país. Tomou-se, desde 197 1, eficaz correspondente e esclarecedora ela TFP norte-americana, com a qual colaborou ativamente até seus últimos dias. Várias vezes visitou o Brasil , país por ela especialmente querido, sendo aqui recebida por Plínio Corrêa de Oliveira, a cuja obra consagrou seus esforços. Durante anos traduziu seus aitigos publicados na "Folha de São Paulo" e, graças a seu empenho, estampados também no "Diário las Américas", de Miami, de grande circulação nos Estados Unidos. Assinante de Catolicismo, lia-o meticulosamente, confessando não poder esperá-lo pelo correio, mas lendo-o, logo que aparecia, em seu web site. Acometida de um mal súbito, Da. Eugênia foi chamada por Deus aos 78 anos de idade. A redação convida seus leitores a rezar por sua alma ardorosa. Ela deixa entre nós saudades indeléveis.

F

JUNH0 20 0 7 -


Representa ção muito viva dos "sete pecados capitais" . Qua se tão viva quanto a aprese nta o noticiário diário ...

, , Cônego JOSÉ LUIZ VILIAC

Pergunta - Na Bíblia, parece haver numerosas contradições. Por exemplo, no Evangelho de São Mateus (5, 16) se lê: "Assim brilhe também a vossa luz diante ,los homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem " vosso Pai que está nos céus". Entretanto, logo no capítulo seguii1te, no mesmo Evangelho de São Mateus (6, l e 4), se lê: "Guardaivos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galar<lão junto de vosso Pai celeste. {. ../ Mas, quando dás esmola, ,uio saiba a tua esquer<la o que faz a direita, para que a tua esmola.fique em segredo: e teu Pai, que vê no segre,lo, te recompensará". Afinal, nossas boas obras devem ou não ser vistas pelos homens?

Resposta - Boa pergunta, que está na cabeça de muita gente. Boa ocasião também para comentarmos como a insistência protestante de pôr a Bíblia nas mãos de todo mundo, inclusive de pessoas sem maior cu ltura exegética, e sem acesso a pregadores que esclareçam suas dúvidas, só pode confundi r ainda mais as suas cabeças. Por isso, a Santa Igreja evita recomendar a leitura indiscriminada da Bíblia por qualquer fiel , ma apenas àq ueles que têm instrução sufic iente para buscar nas notas exp li cativa , que nunca fa ltam nas boas ed ições católica · da Sagrada Escritura, os esc larecimento necessá ri os para as passagens CATOLICISMO

difíceis e só aparentemente contraditórias. Ademais, é na pregação viva, - por exemplo, por ocasião das homilias nas mi ssas dominicais - que a Igrej a deve exp lanar aos fiéis o sentido autêntico da palavra de Deus contida nas Sagradas Escrituras. É assim que se deve propagar na Igreja a Boa Nova que Nosso Senhor Jesus Cristo veio anunciar aos homens, aliás em cumprimento das profecias do Antigo Testamento, confirmadas e completadas pelos livros do Novo Testamento. Nessa pregação ininterrupta ao longo de dois mil anos, se transmite desde os apóstolos, de geração em geração, o ensinamento de Jesus Cristo, numa continuidade que deve ser repassada sem nenhuma det1irpação. Para isto a Igreja goza da assistência contínua do Divino E pírito Santo, que lhe foi prometida pelo mesmo Jesus Cristo. É o que se chama a Tradição. Junto com o texto sagrado contido nas Escrituras e o Magistério infàlível da Igr~ja, ela forma o tripé que nos garante ser verdadeiro o ensinamento que chegou até nós. Passemos, pois, a exami nar como a Tradição da Igreja reso lve a aparente contradição apontada pelo consu lente.

"Para que glorifiquem a vosso Pai celestial " A solução da contradição está nos próprios versículos citados pelo mi ssivista: se faço boa obra diante dos homen s para ser glor(flcado por e! s, minha intenção é 111 {1, pois é pura vai lade; mas se as faço com a i11te11ção de que os 011tms s , c!Uiq11 , ,11 c om /as , g lorU1q11 ' Ili a Deus, minha int nçã é boa e frutuo a.

Como se vê, nada mais simp les de resolver. Mas o ensinamento aqui contido é profundo, e vale a pena explaná- lo mais extensamente.

Uma sociedade seculal'izada, ,,ale <lize,; atéia Não estamos vivendo no mundo da lua, mas no ano de 2007, numa soc iedade humana concreta, em determinada era hi stó ri ca. E os ensinamentos - divinos - de Nosso Sen hor Jesu · Cristo, até sua seg unda vinda para o juízo final , são vá lidos para todos

..,

os tempos e todos os lugares. O fato concreto é que vivemos num mundo secu lari zado eufem ismo para signifi ca r, na verdade, uma soc iedade atéia que rejeitou a Deus, se não teorica mente, pelo meno na prática. E é diante dessa soc iedade que devemos aplicar os princípios lembrados pelo consul ente. Ora, nessa sociedade atéia em que vivemos, é pouco provável que as boas obras que pratiquemos nos acarretem louvores, se nestas transparecer,

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Junto com o toxto sagrado co do nas Escritura lnfallvcl da lgre;a, a Tradiçóo forma o trip que nos verdadeiro o ensinam nto quo eh gou at nós

por pouco que seja, a intenção religiosa de agradar a Deus e observarmos seus Mandamentos. Sobretudo se essas boas obras consistirem na indispensável crítica e denúncia do mal como ele ex iste hoje. Muito mais provável é que sejamos ridicularizados, criticados ou até perseguidos, pela nossa profissão cató li ca ostensiva e pela nossa oposição aos costumes depravados da época. Então, confo rm armo-nos aos bons princípios diante cios homens ex igirá de nós muita vezes o ato de coragem de enfrentar a opinião pública majoritariamente adversa. Mas se o fi zermos, alguns tímidos , encorajados pela nossa católica altaneria, se animarão, também ele , a imitar nossa atitude, e as im glorificarão a Deus. Aplicar-se-á desse modo, literalmente, a regra de conduta trnçada por Nosso Se nh o r: "Assim brilh e também a vossa luz diante dos homens, para que v~jam vossa. · boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está no · Céus " (Mt 5, 16).

Os maus não têm "respeito humano"... Houve tempo em que praticar o mal abertamente podia acarretar a censura dos bons. Mas essa época passou, ou está passando rapidamente. Note-se bem que não temos em vista aqu i espec ificamente os escâ ndalos e imora lidades da esfera público-política, tais como " mensalões", " mensa Iinhos", propinas, com issões fra udulentas , etc. , tão comentadas na imprensa , e que certamente merecem a no sa cen ura quando devidamente comprovadas. Queremos nos referir mais especialmente à inobservâ ncia das leis da mora l na vida privada e pública, a começar da

vida de fa mília, célul a básica da sociedade. Outro dia tive notícia de uma propaganda, divulgada numa rádio, em que uma mãe jubilosa elogiava as boas notas do filho na esco la. De tão contente que estava, ela dizia ao fill-io que, como prêmio, podia trazer a namorada para dormir co m ele em casa ... Quando esse tipo de procedimento imoral e escandaloso serve de tema para uma propaganda de rád io, é sintoma claro de deterioração da soc iedade em geral e da vida familiar em particular. Ali ás, a palavra " namorada" praticamente perdeu seu se ntido antigo de pessoa que se prepara remotamente para o casamento, e adq uiriu um novo, seme1hante ao de co nc ubin a, amás ia, etc. É gritante! Nem é preciso prosseguir. Os fatos estão aí diante dos olhos de todos. Em tal ambiente, os pecadores públicos não sentem vergonha alguma de

praticar toda espécie de viol ações das leis mais elementares da mora lidade. Pelo contrário, são os bons que podem ser tentados a ter respeito humano de manter-se fiéis à moral eva ngélica pregada pela Santa Igreja. Portanto, está bem na hora de sustentarmos com absol uta firmeza os bons princípios, e ele não nos envergonharmos covardemente de praticar nos as boas obras diante de todos, enfrentando com corage m e altaneria o mundo que se afa tou de Deus.

A perseguição rnligiosa já está desenca<leada Como não podia deixar de acontecer, essa marcha para o precipício haveri a de desfechar numa situação de persegui ção religiosa aos bons. Em exce lente e documentado artigo, publicado no mês de maio em Catolicismo , sob o título A Mensagem de Fátima e as perseguições à Ig reja, José Antoni o Ureta descreve

as diversas etapas dessa persegui ção ao longo ela História, que vai atingindo nos dias de hoje o seu clímax. Portanto, atualmente não se trata apenas de enfrentar o ridícu lo ou a crítica do ambiente que nos cerca, mas muitas vezes a própria perseguição "lega l" do poder público, que mandará para a cadeia (enquanto não fo r instituída a pena de morte ... ) quem permanecer fí el aos princípios da doutrina católica, como ficou demonstrado no artigo supracitado. Esteja mos ce rtos de que Deus, que premia até o bem fe ito em segredo (cfr. Mt 6, 4), com muito maior largueza nos recompensará em situações de perseguição pública: "Bem-aventurados os que so.fi·em p er ·eguição por amor à justiça, porque deles é o Reino dos Céus " (Mt 5, 1O) . • E-mai l do autor:

conego joseluiz@catolicismo.com br

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A REALIDADE CONCISAMENTE Cientistas contestam alarmismo por aquecimento global

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1 Congressista esquerdista italiano retira quadro de Lepanto

A humanidade está se autodemolindo

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ridículo fa lar em co nsenso científico a respeito do propalado "aqueci mento global", disse o cientista Fred Singer (foto), professor da Universidade de Virgínia e presidente do Science and Environmental Policy Project. No livro Unstoppable Globa l Warnúng: Evety 1500 Years, Singer observa: "É pura fantasia dizer que grande número de cientistas especialistas em mudanças climáticas g lobais endossem uma inte1pretação alarmista dos dados recentes sobre o clima". Pelo contrário, centenas deles argumentam contra o sensacionalismo midiático. O extrem ismo ecologista está se revestindo de ares científicos para conduzir sua ofensiva contra a civilização e o progresso. •

México: excomunhão por participação em aborto

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o Distrito Federa l da C idade de México, o PRD - partido do esquerdista ex-ca ndidato à presidência López Obrador - aprovo u a despenalização do aborto. O arcebispo da c idade, Ca rdea l Norberto Rivera (foto), form ul ou a "mais .firme condenação" a essa lei "injusta " e "iníqua". O prelado qualificou o aborto de "ato abominável" e "execrável assassinato". Ademais, o arcebispado esclarece u que os legis ladores que votaram a descriminalização cometeram pecado grave e não podem comungar; assim como os médicos e enfermeiras que participam de um aborto realmente efetivado estão excomungados automaticamente. •

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o ano 2050, as pesso_as com mais de 60 anos serão mais numerosas que as cnanças, ••• conc luiu in forme da ONU. Atua lmente a população mundial tem 28% de cri anças menores de 15 anos, e as pessoas com mais de 60 anos somam 10%. Porém, em 2050 estas representarão 32% do total mundial , ou seja, o triplo de hoje. A ofensiva contra a natalidade e a vida, responsável em grande medida por essa diminuição alarmante do número de crianças, contraria o mandado divino ao primeiro casal, expresso na Sagrada Escritura: "Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a" (G n 1,28). •

Teologia da Libertação promove revolta em Madri paróquia de São Carlos Borromeu, na periferia su l de Madri, virou foco de revolução eclesiástica sob o influxo de três sacerdotes adeptos da Teologia da Libertação. Junto com d.rogados, muçulmanos, sem-teto e vasto leque de ilega is, proclamaram a "igreja dos deserdados". O arcebispo de Madri , Cardeal Rouco Varela, suspendeu de ordens os padres, porque distribuíam bolachas em lugar de hóstias, celebravam Missas sem paramentos e recusavam a confissão tradicional. Segundo o diário "Le Figaro" de Pa ri s, o governo soc ial ista espa nhol apóia os amotinados. Os promotores eclesiásticos e civis do igua litari smo socia lo-comunista e de todas as formas de contestação se con lui am contra a Igreja, a ordem e a Civil ização Cristã. •

o Irã, a ditadura dos aiatolás ameaçou expulsar da capital Teerã as mulheres que não se vestissem segu ndo as imposições islâmicas, informou o jornal iraniano "Etemad". Essas mulheres já podem ser espancadas na rua ou presas por policiais femininas. O maometanismo recorre à coerção brutal e à ameaça ditatorial para impor sua moral, porque se mostra incapaz de converter os corações. E a conversão interi or à moral verdadeira só é possível na Igreja Católica, com o auxílio da graça divina. Para o mundo que recusa o suave e doce jugo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Is lã promete a canga de uma " moral" com base no látego e até mediante ameaças de ex ílio. •

CATO LICISMO

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Sintoma de saudade da monarquia católica na França

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Irã: "modas islâmicas" impostas à força

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presidente comuni sta do Congresso da Itália, Fausto Bertinotti , mandou retirar do recinto uma tela que representa a cé lebre e milagrosa vitória cató li ca sobre os tu rcos em Lepanto (I 57 1). Esse triunfo imp ed iu que os maometanos praticassem um genocídio reli gioso na penínsu la ita li ana. Em Lepanto sa li entaram-se capitães itali anos, como o príncipe Marco Antonio Co lonna, reunidos pelo Papa São Pio V Mas Bertinotti, representante do soc ialo-comunismo, deseja apagar o heróico acontecimento da memória dos italianos, a legando um fa lso pacifismo antidi scriminatório. Segundo o jornalista Anton io Socci, do jornal "Libero", a iniciativa do presidente do Congresso italiano representa um ato de fa natismo ideológico, anticatólico e anti-ocidenta l. •

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a famosa via pública parisiense rue du Bac, nas proximidades da igreja onde Nossa Senhora revelou a medalha milagrosa a Santa Catarina Labouré, foi fixado cartaz convidando o público para um ato contra o euro e a favor do retorno do J,-anco [foto]. Um transeunte anônimo riscou a palavraf,-anco e escreveu Louis d'or - a moeda que circul ava nos tempos de Luís XVI e Maria Antonieta, ambos guilhoti nados pela , Revolução Francesa laicista e republicana. Como explicar o fato de que, em meio à confusão revolucionária do sécu lo XXI, haja pessoas saudosas dessa era católica e monárquica? "O sangue da cabeça de um rei não seca nunca, [... ] essa cabeça cortada surge sem cessar nossonhos, e o sangue do rei é lembrado eternamente", escreveu o sagaz analista francês Gilles Lapouge a respeito da evolução atual da França para posições conservadoras . •

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Sede de catolicidade cresce na China

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mpressionante número de chineses receberam o batismo na noite de Páscoa, notada mente nas regiões onde os católicos sofrem perseguição e prisões . Segundo a agência vaticana siane s a onda de conversões é tal que ficou difícil encontrar padrinhos para os catecúmenos em quase todas as grandes cidades. Os novos católicos são em geral professores e estudantes universitários ou altos funcionários. Eles se sentem frustrados devido à vida materialista imposta pelo regime marxista . Só o Catolicismo os satisfaz. A polícia radicalizou as devassas e violências contra a Igreja do si lêncio chinesa - a igreja fiel a Roma. l 7 bispos estão desa orecidos ou detidos em regime de isolamento.

Intenso anticatolicismo de Estado no Vietnã

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sacerdote católico Nguyen Van Ly, de 60 anos, foí condenado a oito anos de prisão por ro agando contra o e lico ociolista do Vietnã . Foi u julgo ento co unista e co justiça co unisto. lei do selva gritou o padre na sessão. Nesse momento, um guarda tapou a boca do réu [foto], que foi retirado da sala. O julgamento foi sumário. O assistente do sacerdote, Nguyen Binh Thanh, foi condenado a cinco anos. Entretanto, a mídia brasileira procura dar a impressão de que tudo vai bem, e que há admirável liberdade religiosa no Vietnã .

Ex-campeão mundial de xadrez denuncia ditadura na Rússia democracia russa é uma ditadura moderna", disse Gari Kasparov (foto), ex-campeão mundial de xadrez e hoje líder da oposição ao presidente Putin. O enxadrista dec larou a "O Globo" que a Rússia é "um país onde as pessoas são interrogadas, presas ou assassinadas" por ordem do poder supremo. "Temos uma democracia onde todos que seio con tra o regime correm risco. Ninguém na Rússia está seguro contra p erseguições", acrescentou. Kasparov já foi detido e interrogado pela po lícia e tem medo de ser envenenado . Ele acusou o presidente Putin de ser a alma da máquina repressiva . •

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NACIONAL

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1 Regozijo do público: alel'ta contra males da atuali<lade O público brasileiro, especialmente o católico, regozijou-se com a condenação ele certa mídia que ataca sistematicamente a instituição familiar e com a referência à ideolog ia milenarista que falsa mente prometia a "redenção" cios pobres (l eiase, a Teologia da Libertação). O mito básico ela subversão comunomissionária também foi abordado. Com satisfaçã.o, num erosos católicos viram co mprovada sua convicção el e que a "utopia de voltar a dar vida às religiões pré-colombianas [... ] não seria progresso, mas retrocesso"; que a evange lização cio continente "não comportou, em nenhum modo, uma alienação das culturas pré-colombianas, nem f oi a imposição de uma cultura estrangeira "; e que a conversão cios índi os enriqu eceu a América Lati na. 8 Uma preocupação ele inúmeros brasileiros quanto a governos autoritários latinoamericanos fo i corroborada: "Tais governos estão suj ei-

O acolhimento a S.S. Bento XVI no Brasil Ü

Brasi1 católico manifestou seu agrado com a defesa que o Surno Pontífice fez da família tradicional, da fidelidade conjugal e da castidade, e com as censuras à prática do aborto e da eutanásia

SANTIAGO f ERN ÁNDEZ

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ntes ela viagem ele Bento XV I, e min e ntes purpurado s dera m a e nte nd er qu e e la ·eria marcada por abordagens apenas ge néri cas pelo Sumo Pontífice, cios grave prob le mas que a fli gem o Brasil. As im , o então presidente ela CNBB e primaz cio Bras il , Ca rd ea l Gera ld o Maje ll a Agne lo, dec la rou à imprensa que S.S. Bento XV I nã.o e ntrari a em temas candentes como o aborto, a eutanás ia e "oulros problemas se/orizados", 1 limitando-se a expressões genéricas sobre a vicia, que obv iamente a Igreja não poderi a om itir sem de ixar ele ser E la mesma. O Ca rdea l C láudio Hummes, prefeito ela Congregação para o C lero e membro ela comit iv a pontifícia , a ind a e m Rom a anunciou que o Pontífi ce não traria uma "agenda mora/is/a" a São Paul o. 2 O Ca rdeal Bertone, Secretário ele Estado, sugeriu uma age ncia diversa ela que acabou se rea liza ndo: "Se um governo de

esquerda se preocupa ern .favorecer os mais pobres, promover repartição mais igualilária da terra, [... ] se.faz tudo isso, pode receber o aplauso e colaboração da Igreja ".3 O pres idente Lu la previa que a v is ita in tensificaria a co la boração ela "ação social da Igreja Católica" com os "movimentos sociais", os "oprúnidos " e os "excluídos ".4 Ao mesmo tempo reafirmava sua posição favoráve l ao aborto, enq uanto presidente cio País. 5 CATOLICISMO

tos a certas ideologias que pareciam superadas, e que não correspondem à visão cristã do homem ". Viu-se na fra se uma alusão ao soc ia li smo marxista e a governos como o cio coronel Hugo C hávez, na Venezuela, ele Evo Morales, na Bolívia, e outros congêneres. Bento XVI, nesse mesmo discurso no último dia de sua estada no País, observou que "o sistema mw~tista, onde che-

gou ao poder; não deixou só uma triste herança de destruição económica e ecológica, mas também uma dolorosa destruição dos espíritos". E lamentou igualmente a situação reinante no Ocidente, com um crescente desnível entre pobres e ricos e "inquietante degradação da dig-

nidade pessoal com a droga, o álcool e as enganosas miragens de f elicidade".

Há, contudo, uma distinção a fazer entre a situação socioeconômi ca do Ocidente atual e a do sistema marx ista. O que vem corroendo o Ocidente é sobretudo a Revolução Cultural, cujas manifestações - como a corrupção moral , o divórcio, o abo rto, o "casamento" homo ssexual - foram condenadas e m pronunciame ntos e discu rsos anterio res durante a visita. Sobre o sistema econômico vigente no Ocidente, convém lembrar ser bastante esc larecedor o pronunciamento ele Pio XII, na Radiomensagem ao Katholikentag de Viena, de 14 de setembro de 1952 , que transcrevemos em nota. 9

Ca110J1ização de Frei Galvão, po11to alto da visita Talvez o auge da viagem tenh a sido a primeira canonização de um santo nascido no Brasil : Santo Antonio de Sant' Anna Galvão. Para gáudio do público de um milhão de pessoas, o novo santo fo i exa ltado como modelo de vida atualíssimo para

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& "Jfalores raclicalmenie cristãos" a serem co11se1·vados Porém, j á no av ião que o conduzia à Terra ele Santa Cru z, o Pontí ficc co nfirmou o Códi go ele Dire ito Ca nôni co que pun e co m a excomunh ão aque les que parti c ipam de um abo rto provocado . Os ca tó li cos brasil e iros, cuj a maiori a é antiabo rti sta , fora m co nso l id acl os em sua pos ição qua ndo o ilu stre vi s itante, ao desce r no Ae ro porto In ternac io na l de C umbica , rea firmou ante o pres ide nte brasil eiro as pos ições da Igreja contra o aborto e a e utanás ia, e em defesa ela famíli a tracl ic ional. 6 O mito revo luc ionári o di sse mina a idé ia ele que a adoção ele pos ições como essas só produz des interesse ou antipati a. Foi bem o contrári o o que se deu. A

própri a mídia, ca ixa de ressonânc ia habitu al dos contra-va lores revo lu cio nários , percebendo que o púb li co agua rdava com ans iedade essas verdades, ap resentou-as em gra ndes manchetes. E a op ini ão públi ca brasil e ira ouv iu com sati sfação afi rm ações rotu ladas a rbit rariame nte co mo " retrógradas" e " morali sta·" . E também quando tomo u conhec imento da dec laração de que o Brasi l e a América Latina "conservam valores ra-

dicalmenle crislãos que jam ais serão cancelados ". 7 Inúm eros cató li cos ap laudiram o e log io da castidade, da fid elid ade conjuga l e ela virg indade; sin to ni zara m com a expressão "ferida do di vórc io"; e as ociaram-se à co ndenação d aborto e ela eutanás ia.

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Multidão de um milhão de pessoas na canonização de Frei Galvão

o presente. Ressaltou-se que Frei Ga lvão fo i escravo de amor de Nossa Se nhora - ou seja, o oposto do idea l libertá ri o e ig ua litá ri o hod ierno ' f ervoroso

adorador da Eucaristia, prudente e sábio orientador das almas que o procuravam e grande devoto da Imaculada Conceição de Maria, de quem ele se considerava .filho e pe,pétuo escravo"'. E ai nda: "Que belo exemplo a seguir deixou-nos Frei Galvão! Como soam atuais para nós, que vivemos numa época tão cheia de hedonismo, as palavras que aparecem na Cédula de consagração da sua castidade: 'Tirai-me a vida antes que ofender o vosso bendito Filho, meu Senhor '. São palavrasfortes, de uma alma apaixonada, que deveriam.jazer parte da vida normal de cada cristão ". 10 Quem poderia imaginar que, em São Paulo e outros estados do País, há uma j uventude cató li ca tão numerosa! Eram jovens ordeiros e compostos os que compareceram ao estádio do Pacaembu . Nesta época e m que tud o aponta para a relativização, a ambigüidade e a confusão, para o prosaísmo e a vulgaridade, ta l juventude era bem diversa das to rc idas organizadas que freqü entam aquele estád io. Nesse evento, 45.000 jovens

cató licos estiveram presenles, e o mais de 10.000 homens do dispositivo de seg ura nça não registraram seq ue r uma ocorrênci a!

O Bmsil católico ex11erime11tou um rnconl'orto De todo o exposto, uma primeira constatação assoma aos espíritos: do Brasil flagelado por toda espéc ie de ofensivas do socia li smo, do comu ni smo e do progressisrn.o cató li co; corroído pela violência crim in osa, de um lado, e pelos "movimentos sociais", de outro; assediado pela imora lidade avassa ladora e pela Revolução Cultural, que visa inverter a própria ordem externa e interna do homem, da famí li a e da sociedade - esse Bras il sentiu-se reconfortado. Expoentes do progressismo cató li co ensa iaram protestos, que se tornaram ins ig nifi cantes e passaram praticamente desapercebidos do público. O Brasi l cató li co tomou mais consc iênc ia de se u imenso potencial não apenas quantitativo, mas também qualitativo. Q ua lidade que se mani festo u no desejo de in teg rid ade e radicalidade em matéria da fé e da moral verdadeiras. Sem dúvida o anti -B ras il - o do caos

provocado pela Revolução Cultural, do progressismo cató li co, do soc ia li smo tentará abafar ou diminuir o impulso de alma que vários setores do Bras il autêntico externaram nesses dias. ontra essa tentativa, imploramos confiantes a intervenção de N ossa Se nhora Aparec id a, Rainha e Padroeira do País. • E- 111 ai I do aut or:

santiai:o f'crna ndcz@cato Iicismo.com.br Notas: 1. "O Estado de . Paulo" ( ESP), 6-5-07. 2. "Folha de S. Pa ul o" (FSP), 9-5-07. 3. OESP, 9-5-07. 4. OESP, 8-5-07. 5. FSP, 8-5-07. 6. O ES P, 10-5-07. 7. OE P, 10-5-07 . 8. OESP, 14-5-07 . 9. "Se os s inais dos tempos ncio enganam, na seg unda fase das controvérsias saciais, e111 que já entramos, tê111 precedência outms questões e problemas. ita111os aq ui dois deles. A superação da luta de classes por 1.nna recíproca e orgânica ordenação entre empregador e empregado. Pois a lura de classes nunca poderá ser 1.1111 objetivo da ética saciai católica. [ ... ] Ademais, a proteção do indivíduo e da família, .fi·e11te á corrente que ameaça arrastar a 11111a socialização total, em cuio .fim se tomaria pavorosa rea lidade a imagem terrificante do Lcviatha n •· (Di scorsi e Radiomcssagg i, va i. X IV, p. 3 14). 1O. Zcn it, 11 -5-07.

1968-2007: o pêndulo da História inverte-se na França Ü presidente eleito da França, Nicolas Sarkozy, prometeu "liquidar" com a herança de Maio de 68 (revolução da Sorbonne) para atender aos desejos profundos do eleitorado conservador 1 Lu1s

DuFAUR

o Quai des Grands Augustins, do Quartier latin em Pari s, vi o polic ia l parar o motociclista infrator. Este reagiu com a insolência cíni ca dos revolucionários da So rbo nn e. O age nte da o rd em não retrocedeu. Em ponto microscópico , a ocorrênc ia era uma reed ição de Maio de 68 .

De fato, Maio de 68 agita-se nas profundezas do nosso dia-a-dia . Basta raspar um pouco as apa rênc ia s, que e le se oste nta. No iníci o da o nda mundial abortista, antinata lista ou do mal denominado "casamento" ho mossexua l, encontramos Maio de 68, bramindo em prol da liberdade total e da libertinagem sexua l. Na engenharia genética, que esca rnece de toda Lei divina ou natural , deparamo-nos com o espírito amora l da

revo lução da Sorbonne. Na eutanásia para fugir da realidade, porque já não há mais prazer - encontramos Maio de 68. As pessoas furam s uas ca rn es com piercings, deformam sua pele com tatuagens ou cortam os cabe los malucamente? É a real ização do "é proibido proibir", de Maio de 68. Em toda a desordem que nos c ircunda não há ape nas desarranjos, frutos do pecado ori g inal. Está presente também um a metafís ica anárq ui ca e

CATOLIC ISMO

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brou de e ntus ias mo . Autoridade! - promete u e le, e o estádio veio abaixo. Moral! - e estouraram os ap lausos. Propriedade! - e ning uém segurou mai s os presentes . Eis algun s excertos desse di scurso do recém-eleito presidente francês.

Juízo capitular a respeito <le Maio ele 68

libertária, que revoa pelo mundo como uma ga rga lhada satânica o riunda da revolução da Sorbonne em 1968. A partir de então as modas entraram em delírio; o bandido, em larga medida, foi glorificado; a autoridade, denegrida no lar, na escola, na fá brica, nos palácios de governo e nas sedes episcopais; a droga viro u um como que "sacramento" para aque les que seguiam o lema "a imaginação tomou o poder ", que os revoltosos proclam avam em 1968; o sentido das le is foi inve rtido, as fronteiras abolidas, a propriedade cons iderada roubo; a ho nradez tornou-se vergonha; o bandido, herói; o pa i, um re pressor; e o policial , um crimin oso. M a io de 68 e ntro ni zo u a lubric idade e a contestação como ideais. O mundo então " progrediu", tendendo a rolar para o caos; agigantou-se, infl amado pela a narqui a; e "modern izou -se", afu nda ndo no pântano libe rtá ri o. E m suma, a Revolução Cultural, que hoj e erode os vestígios da c ivili zação, teve data de nascimento: Maio de 68. E urna maternidade: a Sorbonne, a célebre Universidade de Paris. A partir daquele marco hi stóri co, pareceu que nada deteria sua aluci nada marcha.

O prnço ela re, 10/ução sorboniana preparou a náusea atual Mas a ana rqui a ig ua litária e sensua l de 68 cobrou um horre ndo preço. O mundo tornou-se inseg uro: na rua, o crime ; no la r, a progressiva desestruturação da fa míli a; na esco la, a droga; na emp resa, a revo lta e a desorgani zação; na pol íti ca, o va le-tudo; na econom ia, a instabilidade ; no plano religioso , a confu são doutrinária, mo ral, li tú rg ica e estru tural.

CATO LI C ISMO

Cohn-Bendit, um dos líderes de Maio de 68

O que o ídolo de Maio de 68 prometeu num primeiro mo me nto foi aparentemente de li c ioso, mas depois revelo use repulsivo . E por causa desse alto preço e le perdeu at rativos e m muitos espíritos, que e ntreta nto o c ultuavam . Há muito tempo esse ídol o dava s inais de carunc ha me nto. Mas, por ocasião do segundo turno da e le ição presidencia l francesa , ele rac ho u estrepitosa mente. E logo de vez na própri a França. E m Paris, a c idade que o viu nascer! Recap itul e mos .

Sarkozy talou o que seu público queria ouvil' Todo político visa, com gestos e palavras, conqui star o maior número de votos. Máxime quando está na reta decisiva da e le ição. Para isso e le reco rre a " marquetei ros", que põem em seus di scursos o que os eleitores mais desejam o uvir. O cand id ato ga ulli sta Nicolas Sarkozy - independentemente de quais sejam seus verdadeiros objetivos - seguiu essa no rm a. E elege u-se presidente da França e m 6 de ma io último. O que disse e le de ma is impo rtante no áp ice da campa nha, no último grande comíc io prévio ao pl e ito decisivo? Que ele queria "virar a página de Maio de 68", "liquidar " de uma vez por todas o ídolo! E a multidão que o ouv ia, lotando o Pedais Omnisports de Paris-Bercy, vi-

"Depois de Maio de 68 não se podia mais fa lar de moral. [... ] Maio de 68 nos linha imposto o relativismo intelectual e moral. Os herdeiros de Maio de 68 tinham imposto a idéia de que tudo era igual, de que não havia diferença alguma entre o bem e o mal, entre o verdadeiro e o.fàiso, entre o belo e o .feio. "Eles tentaram nos fa zer acreditar que o aluno era igual ao rnestre, que não era prec iso dar no ta, para não traumatizar os maus alunos, que não era necessária a classificação. Procuraram nos .fàzer acreditar que a vítima valia menos que o delinqüente. Procuraram nos .fàzer acreditar que não podia existir nenhuma hierarquia de valores. "Eles tinham proclamado que ludo estava permitido, que tinha acabado a autoridade, a boa educação, o respeito; que já não havia mais nada de grande, de sagrado, de admirável; que não havia mais regra, que não havia mais norma e nenhuma proibição. "Lembrai-vos do slogan de Maio de 68 sobre os muros da Sorbonne: "Viver sem constrangimento e gozar sem/i-eio ". [...] ''Vede como os herdeiros de Maio de 68 abaixaram o nível moral da poiitica. [... ] Olhai como a herança de Maio de 68 debilitou a autoridade do Estado! Vede como os herdeiros daqueles que em Maio de 68 gritavam: "CRS á SS" [po lícia de choq ue contra a SS nazista] adotam sistematicamente o partido dos bandidos, dos vândalos e dos contraventores contra a policia. "Vede como eles reagiram após os incidentes da Ga re du N ord. Em lugar de condenar os vândalos e de dar seu apoio ás/àrças da ordem, eles não acharam nada melhor para dizer do que esta fra e que merece f icar nos anais da República: ' É inquietante constatar que se a1 r runda o fosso entre a polícia e a juventude'. "Como se os vân talos da are du

Desânimo nas hostes socialistas depois de declarado o triunfo de Sarkozy

Nord representassem toda a juventude .francesa. Como se .fàsse a policia a que estivesse errada, e não os vândalos. "Como se os vagabundos tivessem quebrado tudo e saqueado as Lojas para exprimir sua revolta contra uma injustiça. Como se a juventude escusasse tudo. "Como se a sociedade .fàsse sempre culpada, e o delinqüente sempre inocente. "Ouvi os herdeiros de Maio de 68 que cultivam o remorso, que.fazem a apologia do comunitarismo, que denigrem a identidade nacional, que ateiam o ódio contra a.fàmíiia, a sociedade, o Estado, a nação e a República ". "Nesta eleição, trata-se de saber se a herança de Maio de 68 deve ser perpetuada ou se deve ser Liquidada de uma vez por todas. "Eu quero virar a página de Maio de 68. Mas não basta dar a impressão de .fàzer isso. Nós não podemos nos contentar com ostentar grandes princípios, mas evitando de inscrevê-los na realidade. "Eu proponho aos .fi'anceses romper realmente com o espírito, com o comportamento, com as idéias de Maio de 68. Proponho aos .fi'anceses romper realmente com o cinismo de Maio de 68. Proponho aos.fi·anceses de reatar a política com a moral, a autoridade, o trabalho, a nação. [...] "A ideologia de Maio de 68 estará

morta no dia em que a sociedade ousar chamar cada um para o cumprimento do seu dever. Nesse dia ter-se-á completado a grande r~forma intelectual e moral de que a França tem mais uma vez necessidade ". 1 Na posição oposta, a candidata socialista Ségo le ne Roya l defendeu M a io de 68 a nt e 60. 000 p essoas n o estádio Sebastien C harléty, e m Pa ri s, cenário de uma das cenas mai s marcantes da revolta de 1968. A defesa de Ségolene ficou tão aquém do ataque, que confirmou o definhame nto do ídolo soixante-huitard. 2

Opera-se uma inversão 110 pê11d11l0 da llistól'ia

O presidente Sarkozy tirará de s uas palavras as conseqüê nci as lógicas? O que fará? Como o fará? Fá-lo-á? Ou ficará na mera promessa? Ainda é cedo para dar uma resposta. Porém, um fato é certo: os milhões de franceses qu e votaram ne le engrossa m um mov ime nto de a bando no dos princípios, estilos c ulturai s e apli cações práticas de Maio de 68. N ão se trata de um mov ime nto mino ritá ri o. E le venceu numa e le ição que teve um recorde de pa rticipação popula r. O pê ndul o da História, que até o presente osc ilava rumo à a narqui a, no res ultado da e leição fran cesa rnostrou que

seu c urso se invertera. A transcendência do fato é incomensuráve l, e nós ass istimos ao seu nasc ime nto. Não se pode di zer, poré m, que toda a França p a rticipa dessa inve rsão . Basta ver os 47 % do s votos obtidos p e la candidata das esque rdas. Acresce também que as violentas a rruaças, inici adas no di a da e le ição por anarquistas inconformados com a vitóri a de Sarkozy, pressagia m pol ê mi cas acesas, polari zação e enfrentamentos. N a Antig üidade pagã, o fato de o ídolo rachar era interpretado como anúncio nefasto. O ídolo igualitário e anárquico de Maio de 68 rachou na França. Terá e mpreendido a Filha Primogénita da igreja o caminho de Damasco, que São Pio X previu profe ticamente que um dia haveria de acontecer? A França tem ainda muito terreno a percorrer, para se poder fa la r de conversão. Mas a grande lição de Maio de 2007 é que setores decisivos dela dão mostras de estar enveredando pela senda do "fi lho pródigo", em direção à casa paterna. • E-mail do a utor: luisdufa ur@cato li cismo com br

Notas: 1. C fr. http ://www. sarkozy.fr/ prcss/ index.p hp ?mode=cview&prcss_ id= 16 1&cat_ id=3&1ang=fr. 2 . C fr . http: //s e g o le n e royal.ov e r-blo g .c om / ca tego ri e-768 12 1.html

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Lembranças de Frei Galvão

Avalanche de aberrações! Poderia Nossa Senhora não chorar?

S obre o primeiro santo brasileiro, comentários do Dr. Tom Maia e de sua esposa, Profa. Thereza Regina de Camargo Maia, diretores do Museu Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP)

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obre povo flumin ense. N ão consegue líqeres que autentica mente o re presente m . Após de rro ta r nas urn as a ca ndidata ao Senado, Ja ndira Feghali , que se apresentava como favorável ao abo rto, agora tem de sofrer nova in vestida. Vej a-se esta notíci a: "O governador do Rio, Sérgio Cabral

Filho (PMDB), defendeu que seja discutida a questão do aborto no Brasil, pouco antes do lançamento de uma campanha para prevenção da gravidez precoce, que será divulgada em. escolas, nos ,neios de comun icação e na internet. Ta mbém.foi criado um blog com a participação da funke ira MC Perlla, de 18 anos, garota-propaganda da campanha, cujo terna é Se cuida. G ravidez tem hora. A questão do aborto é uma discussão que tem que ser .feita, principalmente pelas mulheres", di sse o gove rnador. "Quarenta e quatro mil meninas por ano no Rio .ficam grávidas" ("O G lobo", 28-207 e "O Estado de S. Paul o", 1º/3/07). Nenhuma pa lavra sobre o fato de que o aborto é um assass in ato. Nenhuma palavra sobre a necessidade da mora li zação dos costumes e das modas, bem como da prática da castidade, para ev itar essas gra videzes. É bom lembrar que o crime lega li zado não de ixa de ser c rim e, ao menos di ante de Deus, que a todos nos julga rá. Pe lo contrári o, a lega li zação torna o pecado ainda mais grave, po is o torna coletivo.

Incesto, questão moral e prohlemas mentais Na Al emanha, Patri ck Stubing, ele 29 anos, vi ve incestuosa mente com s ua irmã Susa n, de 24, ela qual tem quatro filh os . Anun c iara m que pretende m le var se u caso à Corte Constitucional, numa tentativa ele abo lir a le i que considera crime

CATOLICISMO

casal Tom e Thereza Regina Maia, bem conhecido pelos excelentes livros históricos e artísticos que vêm publicando sobre a arquitetura tradicional brasileira, gentilmente recebeu três colaboradores de Catolicismo - Srs . Nelson Ramos Barretto, Luis Guillermo Arroyave e Frederico de Abranches Viotti para nos conceder esta entrevis ta, na própria residência dos pais de Santo Antonio de Sant'Anna Galvão, hoje Museu Frei Galvão. É a casa mais antiga de Guara tinguetá, no Vale do Paraíba, e encontra - se restaurada e conservada pelo casal de proprietários, ambos descendentes colaterais de ~ Frei Galvão. O Dr. Tom Maia e Da . J! Thereza Regina foram muito criticados quando começaram o processo de restauração daquela velha casa, situada em local de grande valor imobiliário. Todos sugeri am que ela fosse demolida para dar lugar a um conjunto de lojas. Mas o casal não se deixou abala r e levou a restauração até o fim, apesar d e inúmeras dificuldades . Hoje todos fazem justi ça aos beneméritos restauradores, pois gra ças a eles foi preservado o local de nascimento do primeiro santo brasileiro, agora luga r de peregrinação, onde inúmeros fiéis recebem graças muito especiais por meio do mais ilustre filho de Guaratinguetá , o novo santo recentemente elevado à honra dos altares.

Catolicismo - Qual o parentesco do Sr. e de Da. Thereza com Frei Galvão?

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o incesto. Além do grave probl ema moral, médi cos ale mães afirm am que a lei é necessári a para prevenir doenças decorrentes ele casamentos consa ngüíneos. A prova é o próprio casal incestuoso: do is cios filh os tê m pro bl emas mentais, dev ido a seqüe las da re lação consa ngüínea. Mas quando fa lta a mora l, não há le i humana que detenha o homem no ca minho do horro r.

/Jo quase-lllulismo ao Jllulismo: 11111 passo O quase-nudi smo que toma conta elas c idades b ras il e iras va i aprox im ando as pessoas do nudi smo compl eto, à mane ira cios se lvagens e dos índios primiti vos. Para as mulheres são micro-sa ias, decotes esca nda losos, abdô men e costas ele fora, ca lças apertadíss imas rea lça ndo as fo rmas do corpo, ou ro upas tra nsparentes. Para os ho mens di s pe nsa-se até a cami sa, ao mesmo te mpo que uma e ·péc ie ele bermuda põe em rea lce a feiú ra fe lpuda das pern as. T udo quanto as pes-

soas tê m de c ica tri zes, defo rmidades, manc has da pe le, partes ma lco nfo rmaclas do co rpo, ossos sa li entes, rugas, va i sendo mostrado des inibidamente . Os modos ele estar o u de senta r-se em públi co to rnam-se cada vez ma is permi ss ivos e degradantes . P erde-se o se nso da beleza, da di gnidade, ela compostu ra, do recato, do pudor. É a civilização que afund a. E para mostra r bem claramente qua l o te rmo para o qua l se ca minha, as mani festações de nudi smo compl eto vão se to rna ndo cada vez ma is freqüe ntes. Sa i agora a notíc ia de que fo ram expostas na Uni Rio fo tos de nu natura l de Jorge Ba rreto, e represe ntada a peça O son ho, de A ug ust Strinclberg, vo ltada prin c ip a lm e nte para ad e ptos do nat uri smo . Pa ra entrar no espaço cios eventos, as pessoas eram convid adas a ti ra r as roupas e de ixá-l as na entrada do teatro. Al é m da pl até ia e da obra ele Ba rreto, o nu também se esca rrapachava no pa lco, onde os atores encenavam despidos (cfr. "O G lobo", 24-2-07). •

Dr. Tom Maia - José Carlos de França Ferreira Maia é meu nome completo, mas desde menino uso apenas Tom Maia. Sou parente ele Frei Ga lvão em sétima geração, enquanto Thereza é minha " tia", por ser descendente colatera l dele de sex ta geração. Catolicismo Thereza?

E a senhora, Da.

Da. Thereza Regina - Meu no me compl eto é Thereza Reg ina de Ba rros Camargo Ma ia, sendo Ba rros do mes mo ra mo de Isa bel Leite ele Barros, mãe de Fre i Ga lvão . E também sou pa rente dele pe lo lado de s uas du as irm ãs : An a Joaquin a e An a Fra nc isca.

IJ1: Tom Maia: "O pai de Frei Ga/tlão, moço /JOI'lllguês muito a bo11ado, tinha negócios de madeira llO IJOl'le ela África, se enriqueceu ainda hem jm 1em e veio para o Bmsil"

Catolicismo - Qual o motivo pelo qual Antonio Galvão de França, pai de Frei Galvão, veio morar em Guaratinguetá?

D,: Tom Maia - Ele era um moço português muito abonado, nascido em Faro, capital do Algarve. Tinha negócios de madeira no norte da África, se enriqueceu ainda bem jovem e veio para o B rasil. Casou-se em Pindamonhangaba com uma moça fi lha ele um faze ndeiro bastante rico, e lá tivera m a primeira filha, Da. Isabel Leite de Barros. T hereza é pa rente co late ra l dessa [sabe i ele Barros. Desce ndemos dela e também de irmãos de Fre i Ga lvão. O casa l muito abastado, chegando a G uaratinguetá, construiu essa edificação em

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seis lances, seis blocos de construção que iam daqui até o ribeirão, que recebeu o nome de Ribeirão dos Galvão, com a Ponte dos Galvão que existe até hoje. Da. 11,ereza Regina - Havia junto a essa construção um comércio de beira de estrada, pois aq ui era um caminho para os tropeiros irem para São Paulo, Rio e Minas.

Seguindo o exemp lo de um irmão, o menino de 13 anos foi estudar na Bahia com os jesuítas no mosteiro de Belém, grande educandário daquele tempo. E le tinha o mesmo nome do pai, Antonio Galvão de França. Pediu para ser jesuíta, e o pai o mandou para o recôncavo baiano. Do mosteiro de Belém resta hoje a igreja de Belém, na cidade de Cachoeira.

Catolicismo - Conhece-se o motivo que levou o pai de Frei Galvão a vir morar nesta então Vila de Guaratinguetá? Dr. Tom Maia - Não, não se sabe. Aqui era um a vi la bem menor que Taubaté, que era a grande vila do vale.

Catolicismo - O senhor conhece algum fato da infância de Frei Galvão, antes de completar 13 anos, em que já se manifestava a vocação religiosa? D,: Tom Maia - Muitos. Era famosa a generosidade do menino. Há um fato conhec ido pela tradição na vida de G uaratinguetá: uma senhora lhe pediu uma esmo la em casa. Ele estava sozinho naquele momento, e não tinha o que dar. Retirou da mesa urna toalha de tecido da Ilha da Madeira e entregou-a para a senhora. Esta, chegando ao Largo do Rosário e percebendo o valor da toalha, voltou até à casa do menino e chamou a mãe para lhe devolver a toalha, que poderia parecer roubada por ela devido ao seu valor. A mãe disse-lhe: se o menino lhe deu, está bem dada, é sua. Como se vê, o exemplo já vinha dos pais muito religiosos. Frei Ga lvão tinha essa generosidade. Ele queria ser pobre como um religioso, e o pai ace ito u. Como já tinha um filho estudando com os jesuítas, mandou também seu segu ndo menino. Logo que e le foi para a Bahia, vieram os rumores de que o Marquês de Pombal estaria influenciando D. José I para expulsar os jesuítas que, segundo Pombal , estariam querendo dominar o Brasil. Ele ainda diz ia que os jesuítas teriam mais poder que o rei, e que estavam fazendo os Sete Povos das Missões Jesuíticas lá pelo su l - eram os boatos que espalhavam . O pai mandou buscar de volta da Bahia o menino Antonio Galvão de França. Chegando a Guaratinguetá, ele disse ao pai que queria ser religioso, mas somente aos 18 anos foi para o convento de São Boaventura em Macacu, no litoral do Rio de Janeiro. Lá, durante dois an os, se preparou como franciscano ; tal como Santo Antonio, que começou como agostini ano e terminou franciscano. Quando ele estava se preparando em Macacu, mandaram-no para o convento de Santo Antonio, no Rio de Janeiro, onde terminou o e ·tudo e foi ordenado sacerdote franciscano. Como

Da . Th ereza Regina Consta que ele tinha um irmão sacerdote, que dois anos antes desembarcara em Parati e veio para C unha, que ficava no camin ho de Guaratinguetá. Dr. Tom Maia - No trajeto de Parati para Pinda, o pai de Fre i Ga lvão teria passado por Guaratinguetá. Conheceu a terra, gostou naturalmente dos ares e constru iu aq ui a casa, muito grande para uma vi la modesta de apenas mil habitantes. Logo que aqui chegou, foi nomeado capitão-mor e se constituiu praticamente em um banco. Q uando morreu, o banco era credor de uma dívida ativa muito grande, todos deviam a ele. Além de comerciante, era um capitali sta rico que emprestava muito dinheiro. Mas era em inentemente relig ioso, tinha o hábito de todas as noites reunir às sete horas a fam ília, os escravos e os amigos, para rezar o terço antes de dormir. Exigia a presença de todos. Q uando veio para Guaratinguetá, já era irmão da Ordem Terceira de São Francisco em Taubaté, que era o maior centro do vale, com 1.750 habitantes, maior inclusive que São Pau lo, que contava apenas 1.518 habitantes. Catolicismo - Capitão-mor era uma espécie de juiz, prefeito, uma espécie de senhor feudal? Dr. Tom Maia - Era tudo: prefeito, vereador, presidente da câma ra, dono da terra e o homem que todos tinham de respeitar - era como que o senhor feuda l daquele tempo. Era um homem bom , religioso e poderosamente ri co. Os filhos foram cri ados num ambiente muito religioso, na matriz de Santo Antônio, em Guaratinguetá , onde Frei Ga lvão fez sua primeira comun hão.

CATOLICISMO

Coso em que nasceu o Santo em Guorotinguetá

1)1:

'l'om Maia:

"Os li/hos toram cl'iados ,mm amhiellte muito religioso, na matriz de Santo Antonio, em Guaratinguetá, onde Frni Galvão fez sua primeira comunhão"

naquele convento não havia os cursos de teologia e filosofia, era preciso prosseguir em São Paulo, no convento de São Francisco. Ele aceitou, e na passagem do Rio de Janeiro para São Paulo, em junho de 1762, com 23 anos, fez questão de celebrar sua primeira Missa aq ui em Guaratinguetá, onde ele tinha nascido para o mundo e para Deus. Em São Pau lo ele viveri a 60 anos como religioso, grande orador, homem de bondade e caridade extremas , com dons de premonição e ubiqüidade. Conta-se que meninos cu ri osos, que observavam pelos buracos das fechaduras Frei Galvão rezando, percebiam que e le levitava durante as orações , e gritavam: "olhem, o padre está voando !" . Quando eu era menino muito pequeno, ouvia comentários de minha avó com minha mãe, contando o que ouvira de minha bisavó: quando andava, cami11hava depressa demais, porque flutuava, ou seja, levitava. Como se sabe, os franciscanos daquele tempo eram proibidos de montar, tinham que caminhar a pé, descalços ou de sandálias .. Frei Galvão, que era um homem alto de um metro e noventa, muito bonito, assim caminhava, muitas vezes levitando no ar. Quando estudante no Rio de Janeiro, o superior notou a santidade e a beleza daquele aluno, e isso ficou registrado nos livros daquele convento. O que se repetiu mais tarde em Itu quando o bispo de São Paulo o levou até lá para fazer missões. As mulheres da cidade comentavam que ele era muito bonito, e diziam: "Que pena um moço alto e tão bonito de batina". O bispo ouviu aquilo e acrescentou: "Tão bonito quanto santo!" Catolicismo - Como era a tradição em sua família, de chamá-lo de "tio santo"? D,: Tom Maia - Em minha casa, Frei Galvão era de uma presença real. Não era um homem ausente, era alguém da família, era Frei Galvão para tudo. Procurava-se sua pílula para todas as necessidades e problemas, não apenas para as doenças, como se fosse uma pessoa a li presente, a tal ponto que o chamávamos de "tio santo". Mamãe falava "Frei

Ga lvão veio rapidamente do Rio"; ou: "foi para São Paulo". A idéia que eu trazia como menino era de um padre que passeava no meio de nós como se estivesse vivo, era o "tio santo da família". Thereza, mamãe, minha avó e bisavó, tiveram todos os filhos com as pílulas de Frei Ga lvão, era o normal tomar e invocar o santo.

Visitantes escrevem súplicas ao Santo, que deixam numa urna

l)a . '/'he,·e:/-a

Regina: "A llist6ria de Guarati11guetá vai se dilridil' em dois capítulos: antes e depois da ca11011ização; mudou o destil10 da cidade, que SeJ'á lllll ce11tl'O de pe1'egri11ação"

Catolicismo - Essas pílulas, o senhor as recebe de São Paulo ou são feitas em Guaratinguetá? Dr. Tom Maia - As pílulas eram feitas apenas pelas freiras concepcionistas do Convento da Luz em São Paulo, mas hoje em dia, também em Guarati nguetá . Só aqui na cidade são consumidas ou encomendadas mais de cem mil por mês através de cartas, ou pedidas pela Internet por meio de nosso site aqu i da cidade. Há também velas votivas de sete dias, que são muito encomendadas do Brasil, dos EUA, de Portugal e até do Japão. Nos três primeiros meses após a notícia da aprovação do milagre, um primo meu anotou dez mil e oitocentas chamadas pela Internet. Catolicismo - Com a canonização, como será chamado Frei Galvão? Da. Tl, erew Regina -Para mim, o povo vai continuar a chamá-lo de Frei Galvão, simplesmente, uma vez que ninguém o invoca como Frei Antonio de Sant' Anna. Na rua só se ouve falar em Frei Galvão. Em nomes de hospitais, ruas e estabelecimentos, em geral, é só Frei Galvão que se usa. Como historiadora, acho que a história de Guaratinguetá vai se dividir em dois capítulos : antes e depois da canonização, porque mudou o destino da cidade, que será um centro de peregrinação. Catolicismo - Estamos notando uma quantidade enorme de visitantes aqui na casa de Frei Galvão, e certamente esse número vem aumentando dia após dia, depois do anúncio da canonização. É bem isso? Da. Th ereza Regina - Vem aumentando diariamente e progressivamente. Só no último domin-

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go foram mai s de se iscentas pessoas . Nós fechávamos a casa às 17:00 h, e agora temos fechado às 18:00 h para podermos atender tantos vi sitantes. São muitos autom óveis e ônibu s lotados que aqui chegam. Catolicismo - Desejaríamos que falassem um pouco sobre a restauração dessa casa e do trabalho empreendido para mantê-la até hoje.

Dr. Tom Maia - No com eço houve muita incompreensão e maledi cências. Di zia-se que nós estávamos nos dedicando a um cri atóri o de cupins, e isso num ambiente de muitas ri sadas na praça. Até fomos chamados para um depoimento na rádi o ele Guaratinguetá. Fi zeram-nos perguntas, e alguém telefon ou de Taubaté di zendo que estava escrevendo sobre "o mom ento com Frei Galvão em Guaratinguetá" . Nesse livro, que vai ser editado agora, o autor que se chama Cunha dá testemunho de quanto eu e Thereza fom os ridi culari zados quando nos di spusemos a recompor a casa de Frei Ga lvão. E esse Cunh a me di sse ainda ao telefone, com muita alegri a para mim , que temos hoj e a casa mai s importante de Guaratinguetá e do Brasil. lsso foi uma alegri a enorme e uma recompensa por tudo que sabíamos que realmente iria acontecer. Antes hav ia muita pichação em cima de nós, acresc ida de muita maledi cência, porque as pessoas não entendi am por que razão Thereza e eu há 40 anos nos dedi camos à memóri a bras ileira . Envolvemos Frei Ga lvão nessa memóri a, com alegri a imensa, por ser um a personalidade e por se r parente nosso. Te mos vo nta de enorm e de zelar pela casa, e não se i se outros a teri am como nós, mas não pudemos evitar uma desapropriação. Fo i dificil recuperar tudo, fo i outro milagre de Frei Ga lvão. Eu so u prom otor, e vivíamos com as difi culdades com qu e todos vi vem . Quando fo i para recuperar a casa, eu tinha qu ase nada para co meça r. Ini ciamos heroica mente, co m um começo modesto. Fui a Parati e Cachoeira, onde fui promotor, comprar telhas anti gas ele uma senhora que me conhec ia. Todo mundo tem lembrança da difi culdade que enfrentamos para recuperar a casa. Houve um milagre maior: no meio da recons-

CATOLICISMO

/)I: '/'om Maia: "Os relatos ele milagrns são inaaeditáveis! Esse ela Sandra com o menino Enzo, e o ela menina Daniela, mal se compal'am com os imíme,·os que o,wimos aqui"

trução com dificuldades incríveis, de repente alguém telefonou de São Paulo: "Thereza, você tem um tio ou uma tia que deixaram títulos das estradas def erro Sorocabana ou Paulista ". Parecia uma coisa absurda, deixada fora de inventário . Fui a São Paulo, e trouxe com isso o dinheiro para terminar as obras aqui . Foi uma coisa incrível e miracul osa, pois nós não tínhamos conhecimento disso. Quando digo que a construção aqui fo i miracul osa, é porque tudo ia acontecendo fa voravelmente. Dentro dos pl anos do governo, eu tinha que conseguir todo o material anti go para restaura r a ca a exatamente como era no passado - o que não é fác il. De repente veio um caminhão de Taubaté trazendo materi al anti go, e a casa pôde ser rec uperada. Foi mais dificil do que faze r uma casa nova. Hoj e a casa é tombada pelo Patrimôni o Hi stóri co e Reli gioso. Catolicismo - Os senhores têm relatos de milagres e graças alcançados por meio de Frei Galvão?

Outro dia, às cinco horas da tarde, estiveram aqui 57 peregrinos de Pretória (Áfri ca do Sul) para visitar a casa de Frei Ga lvão, todos brancos fa lando português com sotaque, e me obri gara m a ir até à capela da catedral para fa lar sobre Frei Ga lvão, pois lá não havia ninguém para fa lar sobre ele. Fui , falei, fi zeram-me muitas perguntas, e depois bateram palmas de pé. Além dos muitos telefonemas, tem vindo muita gente cio EUA, do Japão, de Portuga l, de toda Améri ca do Sul. E do Brasil , nem se fa la. Os relatos de mil agres são inac reditáveis! Esse mil agre da Sa ndra com o menino Enzo, e o da menina Daniela, mal se comparam com os in úmeros que nós o uvimos aqui , ma não temos me ios de co mprova r co mo o Vatica no ex ige. Certo di a veio aqui uma senh ora bem mo lesta, pedindo as pílulas e agradecendo a Frei Galvão. Eu perguntei-lhe o que sucedi a, e ela di sse-me: tenho uma filh a pequena que fico u gráv ida , e queria que ela aborta ·se, mas ela in sistiu que queria ter o filh o. Quando chegou o momento ele fa zer o exame pré-natal, verificaram que o feto não teria braços nem pernas, e era mais uma razão para abortar. Porém a meni na rea-

D,: Tom Maia -

Oratório que pertenceu à família de Frei Galvão

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firm ou que queria ter o filho ass im mesmo, ainda que sem os membros, e que iri a tomar as pílulas de Frei Galvão para que a cri ança nascesse bem. E a mãe disse-me chorando que, chegado o tempo, a criança nasceu perfeita, com todos os membros do corpo, e que ela vinha agradecer a Frei Ga lvão. Eu não tinh a meios de comp rova r, por fa lta de documentos. Esse é um dos inúmeros casos que chega m aqui di ariamente. É a força de Frei Ga lvão. Da. Tliereza Regina - Sobre essa menin a que engravid ou, nós não sa bemos se houve erro médico ou não um a vez qu e não te mo s co mo provar - mas acredi to que o mil agre maior fo i a reação de querer ter o filh o co m as pernas ou sem elas. E ela teve a cri ança com seus bracinhos e perninhas, apesa r de os médicos terem dado como certo que nasceri a se m ela , donde aconse lharem o aborto. Outra s mães mandaram retratos dos filhinh os que não poderiam ter naturalmente, e tinham nascido . Eu ac ho que Frei Ga lvão auxili a mesmo as cri anças e futura s mamães, tal a quantidade de casos imposs íve is como estes em que as mães co ntinu aram a ter filh os normalm ente, recusa ndo os abortos a que tinham sido aco nse lhadas. Catolicismo - É admirável conhecer esses milagres e graças, exatamente nestes dias em que querem descriminalizar o aborto. Vamos implorar a intercessão de Frei Galvão para impedir que uma lei tão criminosa seja aprovada.

Da. Thereza Regina - Eu acredito que, justamente agora nestes dias em que querem descrimin ali za r a práti ca do aborto, está chega ndo uma nova mi ssão para Frei Ga lvão. Catolicismo - Nesses anos todos em que a senhora e o senhor cuidam desta casa, lembram-se de algum fato que os emocionou mais especialmente?

Da. Tl,erew Regina - São pessoas que aqui chegam para agradecer, e que caem de j oelhos e beij am até o chão da casa, de tanta emoção. Isso nos deixa também emocionados pela sinceridade, pela fé de pes oas vindas de muito longe do Maranhão, por exe mpl o - deixa ndo di ari a-

Imagem de Frei Galvão com suas relíquias no peito

Da. 1'hCl'CZa Regina:

"Eu acreclito que, ;11stamente agol'a nestes e/ias em q11e qllCl'em deSCl'i-

mina/izar a pl'ática cio aborto, está cheganclo 11ma .nova missão para Frei Ga/1rão"

mente tantos bilhetes escritos, os quai s comporiam um co mpêndi o. Acabo de receber um telefonema de Portuga l. Fo i de uma senhora qu e está com câ ncer, e que, após ter ouvido uma reportage m sobre Frei Galvão, pediu as pílulas e nós lhe envi amos. Agora ela veio ao telefon e para agradecer, pois há muito tempo não sentia ta nto a lí vio . Tele fon e mas como este, nós recebemos clia ri a me n te do Bras il , dos EUA , de Portu ga l e outros países como o Japão, onde moram muitos brasileiros. Dr. Tom Maia - Há pessoas cató li cas que ajudam doentes nos hospitais, em Guaratinguetá, e depois ele prestar essa ajuda vêm aqui . Encostam-se nessas paredes da casa de Frei Ga lvão, e sentem- se alivi adas, rece bem novas fo rças . Te mos aqui um a imagem de Frei Gal vão meio primitiva, de madeira, que nos doaram. Col ocamos ne la um as relíquia s dele: uma relíqui a ex ossibus (um pedac inho do osso) e outra ex vestibus (pedaço da batina). Há pessoas que põem a mão nessa imagem, e relatam depois que sentiram bater o coração na imagem de Frei Ga lvão. Fazem um pedid o a ele e saem alegres, fe li zes, emoc ionadas e muito agradecidas . É uma coisa extrao rdinári a, é aquela alegria santa. É incrível, mas é uma rea lidade que estamos vive ndo. Não entendemos bem, mas estamo presenciando. Catolicismo - A senhora poderia fazer uma sugestão e um convite para os leitores de Catolicismo?

Da. Thereza Regina - Nós queremos que a casa do Frei Galvão seja conhec ida por todos os seus devotos, por todos aqueles que amam o primeiro santo brasil eiro. Nós os receberemos co m a maior alegri a aqui no centro de Guaratinguetá, porque aqui Frei Ga lvão nasceu para o mundo; e na catedral ao lado, anti ga matri z, ele nasceu pa ra a sa ntidade. Então, Guaratinguetá deseja que todos venham co nhece r a terra natal de Frei Ga lvão . Ofe reço aos leitores uma jacul atóri a que se rezava a Frei Ga lvão ainda em vida, uma jacul atóri a que fo i tran smitida pela tradi ção oral da fa mília: "Na minha q/lição / da i-me consolação, / senhor meu Frei Galvc7o, / que não pisais no chão ". • JUNHO2007 -


Multidão de fiéis dirige -se ao Mosteiro da Luz, em São Paulo, para venerar o túmulo de Frei Galvão

Ü primeiro Santo nascido no Brasil, que heroicamente viveu e lutou em terras da Capitania de São Paulo, é um extraordinário "embaixador" de todos os brasileiros junto ao Trono de Deus. Neste artigo poderemos comprovar o quanto ele obteve de favores do Altíssimo para seus conterrâneos.

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U ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS

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m dezembro de 2006, os cató li cos de todo o Brasil receberam co m grande júbilo a notíc ia de que, depo is de um ri goroso processo corrido no Vaticano, no âmbito ela Congregação das Causas cios Santos, havia sido ofic ialmente reco nhec ido um novo milag re atribuído à inte rcessão do Beato Antoni o el e Sant' Anna Ga lvão. Estava assim sa ti sfeito o úl timo requi sito para a can onização do santo fun dado r do M oste iro da Luz. E, de fa to, po ucos di as depo is a Sa nta Sé anunc iou a so lene canoni zação na c idade de São Pa ul o, no di a 11 de ma io corrente, dura nte a vi sita de S.S. Bento XVI a no sa Pátri a. Frei Galvão nasceu em G uaratinguetá em 1739 e fa leceu na capita l pauli sta em 1822. É o primeiro brasileiro nato canonizado pela Igreja. Já muito antes dele fora m canoni zados os Santos Roque Gonzá lez, Afo nso Rodríguez e João dei Ca ·ti ll o, j esuí tas espanhó is martirizados no ano de 1628 em território que hoje pertence ao Brasil , mas que naquele tempo pertencia à Coroa espanhola. E m 1998 fo i ca noni zada Sa nta Pa ulina do Co ração Agoni zante de Jesus, fun dadora ela Congregação das Irmãzinh as da Imac ulada Conceição, ita li ana de nasc ime nto mas residente no Brasil desde menina.

,.,~ Frei Gal vão, o primeiro ] ~ Sa11to brasilefro

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Os traços biográfi cos da vida santa de Frei Galvão j á são bem conhec idos dos leitores de Catolicis11io (v ide edi çã.o de

setembro/ 1998), e não há por que recordá-l os nova mente aqui . Mas, para celebra r co ndignamente o magno aco ntec imento, pareceu-nos oportuno tratar de um aspecto específi co do aposto lado que e le desenvo lveu em numerosas localidades da então Capitania de São Paulo. Fre i Ga lvão foi um taumaturgo que rea li zava curas surpreendentes. Recebi a também graças mí sticas ex traordinári as que impressionavam muito os fi éis de se u tempo, e cuja le mbrança , po r via ele tradição , chegou até nós . Passa mos a reprodu z ir de nosso li vro Frei Gafl,ão, o primeiro Santo brasileiro I alguns fa tos que ti ve ram registro no eu Processo de Bea tificação o u em outras bi ografi as suas.

Pe11etra11do os segredos dos corações Era público e notó ri o que, por pri vilégio di vino, freqüentemente ele penetra va os segredos cios corações, como atestam inúmeros testemunl1os da época. A ex -escrava L ucréc ia Can anéa de Deus, que tinha I Oanos quando Frei Ga lvão morreu, e que o via di ari amente no Mosteiro da Luz, ao nde aco mpanhava s ua senhora que ia o uv ir Mi ssa, fo i testemunha ocular de um caso desses, confo rme depôs no P rocesso ele Beatificação: Certo d ia F re i Ga lvão estava toca ndo o sin o à porta do Recolhimento q ua ndo do is rapazes, que vinham à distâ nc ia, comentara m entre si em tom de brincade ira: - Lá está o maga não, à espera das fi é is. N un ca, em toda a vicia do Santo, pa iro u a meno r dúvida sobre a castidade

JU Nl-!O 2007 -


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ex ímia dele, nunca ninguém ousou caluniá-lo a esse respe ito. Foi a pen as por desrespeitosa irrefl exão que os rapazes procedera m dessa forma. Quando chegaram perto do reli g ioso, este lhes ped iu : - Façam o favor de ver o que tenho nos olhos. Eles exa minaram com cuidado e não notara m nenhum argueiro, nenhum corpo estra nho, e assim o di sseram ao Santo. Com ar severo, respondeu-lhes Frei Ga lvão : - Pois assim também está limpo meu coração do que vocês vinham comentando entre si. Os dois logo se de ram conta de que estava m diante de um prodígio, po is era imposs íve l ao Santo ouvir o que hav iam dito baixinho e a gra nde distância. Pediram imed iatamente perdão pe lo que haviam fe ito. 2 CATOLICISMO

Em o utra ocas ião ele se encontrava na porta de uma casa de pessoas abastadas, espera ndo uma esmola para o Reco lhimento da Luz. Duas pessoas o viram nessa hora, e a gra nde distância comentaram entre si: - Até Frei Ga lvão ad ul a os ri cos ... Quando se aprox imara m do re li gioso, este os repreendeu: - Não estou ad ul ando os ricos, estou esperando um a esmola para o convento. Os culpados, ev identemente, ficaram confundidos e lhe pediram perdão pe lo mau juízo. 3

Conhecimento <le ratos ocol'ridos em lugares distantes Epi só di o e ng ra çado, que mostra como o Santo tinha conhecimento até de certos fatos passados à distância, ocorreu co m um negro ele Itu qu e, estando

doente, fi zera a promessa de, uma vez curado, levar uma vara de frangos a Frei Ga lvão. Desejando c umprir a prom essa, amarrou numa vara doze frangos e se pôs a caminho ele onde estava Frei Galvão. Aconteceu que, no caminho, três dos frangos escaparam . Dois foram fac ilmente rec uperados pelo ho mem, mas, por mais que este se esforçasse, não conseguia aga rrar o terceiro, que era ca rij ó. N o afã de o pre nder, grito u: - Pare aí, frango do diabo! Na mesma hora o frango se atrapalhou na fu ga, e foi fácil recuperá-lo. N a hora de oferecer os frangos ao Sa nto, este os ia recebendo e agradec ia um a um . Mas, quando chego u a vez do ca rij ó, F re i Ga lvão di sse que não o ace itava. Ante o espa nto do homem, exp li cou: - Este, já o deste ao diabo. Co menta pitoresca me nte Maristela (pse udônimo da Irmã Beatriz do Esp írito Sa nto) que o negro, confuso, levou de volta o carijó, e que este por certo morreu ele velho, porque ninguém quereria se ali mentar com ca rne que F rei Ga lvão recusara por ter sido entregue ao demôni o.4 Um dia , sendo F re i Ga lvão já bem id oso , tocou o sin o do Recolhimento , convoca ndo os fiéis para uma oração fora dos horários habituais. Exp li cou aos que aco rrera m que havi a rebentado em Po rtuga l uma Revolução, e pediu que todos rezassem . Que revolução fo i essa? Muito provavelmente a de 1820.5 Pa rec ia ta mbém ter prodigioso conhec imento à distância de certas necessidades dos fi é is, leva ndo a e les imediato socorro . U ma j ovem de São Paulo queria ing ressa r na vicia re lig iosa, mas enfrentava infl ex íve l opos ição dos pais. Um di a em que novamente lhe negaram a autori zação para seguir a vocação, ela chorando se retirou ao seu quarto e rezou, ped indo a Deus que envi asse Fre i Ga lvão em seu auxíli o. Inesperada mente chega F rei Ga lvão à casa e se apresenta aos pa is da moça. Demonstrando esta r c iente de tudo o que ocorrera, obteve li cença para que e la ingressasse no Recolhimento da Luz. 6 Em outra ocasião estava m as religio-

sas da Luz ca nta ndo o Ofício, quando perdera m o tom. Por ma is que se esforçassem, não co nsegui am retomá-l o. As normas não permiti am interromper o Ofício. Seria indispensáve l continuarem a rezá-lo de modo rec itativo, não cantado. Eis que, nesse mom ento , apa rece entre as fre iras Frei Ga lvão, que entoa novamente o sa lmo e somente se retira depo is de tere m todas ace rtado o tom e prosseguido sem dificuldades. O curi oso é que nenhum a das Irmãs soube exp li car co mo Frei Ga lvão se encontrava dentro do convento, uma vez que a po rtari a estava fec hada e a Jrm ã porteira estava, com as outras, no coro. 7

O dom da bilocação 11a1·a socol'I'er necessita<los Diversas vezes ocorreu com ele o fenômeno da bilocação, ou seja, foi visto simultaneamente em dois loca is diferentes. Um fato impress io nante desses foi narrado pe lo provincial franciscano Frei João cio Amor Divino Costa: Encontrava-se Fre i Ga lvão no Rio de Janeiro, participando de um a reuni ã.o do Cap ítul o provincial , qu ando no interi or de São Paulo uma mulher se via gravemente ameaçada, em decorrência ele um parto muito compli cado. Devota de Fre i Galvão, a boa mulher suplicava ao marido que o fosse chamar em São Paulo - onde s upunha que e le estivesse po is so me nte e le poderia ser de valia naque la afli ção. O marido, cede ndo afi na l aos rogos da esposa, pôs-se a cam inho de São Paulo, a cavalo. C hegando à cidade, soube que Fre i Ga lvão se encontrava no Rio. Jul gando ter perdido a viagem, retornou desanimado para a sua faze nda. Lá encontrou a mulher contentíss ima , inte ira me nte fora de pe ri go. Relatou ao marido que Frei Ga lvão a visitara , chegando numa noite ch uvosa co m o hábito seco. E le a confessa ra e lhe dera de beber um copo de água benta por ele, fica ndo na mesma hora fora de perigo. O marido reso lveu e ntão ir imed iatamente ao Rio ele Ja neiro em busca de Frei Ga lvão, para lhe agradecer a interve n- º ção em favo r da esposa. j'5 Q uando chegou ao convento francis- ~ cano do Rio de Janeiro, ainda antes de fa- :.:l

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lar com o Santo, contou ao superior da casa a cura da esposa e o objetivo de sua visita. - Não é possível - disse o superior - pois durante todo esse tempo Frei Ga lvão não tirou o pé daqui. E foi chamar Frei Ga lvão, para interrogá-lo sobre o que acontecera. - Como foi, não sei - respondeu o Santo - mas o certo é que naquela noite lá estive realmente. 8

Aparecimento mistel'ioso, testemunhaclo por vál'ios O caso de bilocação mais extraordinário e documentado, ocorrido durante a vida de Fre i Ga lvão, fo i o fato de ter assistido à morte de Manuel Portes, que fa leceu às margens cio Rio Tietê em Potunduva, município de Jaú. O fato é as-

Outl'OS casos COmJJl'OVaildO O dom de bilocação Um senhor de Taubaté adoecera , e seus parentes , dando-se conta de que seus dias estavam chegando ao fim , lhe recomendaram que se confessasse para estar preparado para a morte. - Não é preciso - res- 8 poncleu o doente - pois já me :3 confessei a Frei Ga lvão. § . "" Os parentes riram , por- ~ que sabiam que Frei Galvão ~ não se encontrava na vi la, e insistiram para que o doente -~ chamasse um outro confessor. f O doente mostrou a pro- 8 'ê va ele que Frei Ga lvão o con- "" fossara: um lenço que esque- ~ cera ao se retirar. 9 ~ Fre i Ga lv ão estava em ltu, conversando com algumas pessoas, e de repente parou, ficando a lgum tempo como que dormitando. Ao despertar, perguntaram-lhe o que havia acontecido. Respondeu que tinha ido a Capivari, para atender um moribundo que desejava sua presença na hora da morte. Mais tarde foi confirmado por testemunha o fato de, naquela mesma hora, Frei Galvão ter sido visto em Capivari, visitando o referido moribundo.'º Estava Frei Galvão em São Paulo e chegou atrasado ao Oficio de meia noite em seu convento. O Padre guardião perguntou por que se atrasara, e revelou que tinha ido atender um doente em Parnaíba (a mais de 35 km de distância). Como prova do que dizia, mostrou o hábito ainda molhado. 11

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sim narrado pelo historiador Affonso d'Escragnolle Taunay:

"Entre os mestres de monção, de fins do século XVIII, era especialmente prestigioso Manuel Portes, graças à ordem que sabia manter entre as tripulações, o cuidado, ou antes o rigo1; com que executava as encomendas e a escrupulosa fidelidade na entrega de dinheiros e mercadorias. "Era um mameluco de prodigiosa energia, hercúleo e violento, sobremodo propenso a deixar-se arrebatar pela cólera. Seus subordinados o temiam imenso, pois não trepidava em castigá-los do modo mais rude. "Os negociantes de São Paulo e Mato Grosso nele depositavam enorme confiança. E muitos esperavam ansiosos a sua presença de capataz de monção reiúna

para lhe entregarem a mercadoria. Costumava carregw; sobretudo, pólvora, sal e ./àzenda grossa. [... ] " Vinha este sertanista conduzindo a monção reiúna que subia o Tietê rumo a Porto Feliz. Ti.nha queixas da desídia de um de seus homens, [... ] certo Apolinário, caboclo indolente e pouco ajeito à disciplina/errea do mestre. Já orepreendera este várias vezes e o ameaçara, e o homem.se humilhara mas não se emendara. Abicados os canoões à barranca do Ti.etê e desembarcadas as equipagem; para o jantar; pusera-se Manuel Portes ajàzer a costumeira revista e ronda diária. E ai apanhara novamente o caboclo em falta. "D eix ara-s e então o mestre levar a uma das cóleras .furibundas. Tomando uma açoiteira, chibateara rijamente o remeiro, que aliás não se def endera. "Pouco depois estava Portes conversando com um de seus hom ens, quando inesperadamente sentiu forte murro às costas. Voltando-s e, viu Apolinário que fugia a correi; empunhando enorme facão. Terrível fora a punhalada, não tardando que o apunhalado caísse prostrado por enorme hemorragia. "Pusera-se então no auge do desespero a gritar: " - Meu Deus, morro sem confissão! Virgem Mãe de Deus, perdão! perdão! Senhor Santo Antonio, p edi por mim! Confessor! Vinde, Frei Galvão, assistir-me! "De todos os lados acudiam os comandados, e dentro em breve estava ele por terra moribundo,já com a voz muito sumida, a pedir a presença de um padre, a clamar por Nossa Senhora e os santos de sua devoção. "Cercavam-no os homens da monção, impressionados com aquele desespero piedoso. Onde, naquela selva, arranjar confessor que confortasse o moribundo? Subitamente, gritou um dos circunstantes:

"- Ai vem um padre! "E todos de olhos esbugalhados, absolutamente estarrecidos, viram um franciscano que se adiantava para o agonizante. Nele reconheceram Frei Galvão, cuja figura lhes era familiar, como fi ·eqiientadores de /tu que todos eram. "Afastou com um gesto os espectadores da trágica cena, abaixou-se, sentou-se, pôs a cabeça de Portes sobre o colo e falou-lh e em voz baixa, aproximando-lhe depois o ouvido aos Lábios. Assim fi cou alguns instantes, findos os quais abençoou o expirante. l evantouse então, Jez um gesto de adeus e afastou-se de modo tão misterioso quanto aparecera, deixando estáticos os presenciadores de tão estranha ocorrência, certos de haverem presenciado um milagre. "No porto de Potunduva sepultou-se Manuel Portes, [... ] e os seus homens assinalaram-Lhe o túmulo e1guendo grande e tosco cruzeiro que se manteve muito tempo e foi diversas vezes substituído, até que no local se levantasse a capelinha de Frei Galvão, ali desde muitos decênios existente e piedosamente conservada por seus vizinhos". 12

vo de Deus, geralmente em sonhos, mandando ao devoto que se confesse, ou dando-Lhe algum outro conselho necessário ao caso ". 13 Levitação e outl'OS clons muito especiais

Em São Luís do Paraitinga, Frei Ga lvão precisou pregar ao ar livre, usando como púlpito uma mesa que ainda hoje se conserva, porque o recinto da igreja não era suficiente para aco lh er todos os fiéis que desejavam ouvi- lo. Em Guaratinguetá, estava pregando nas mesmas cond ições, ao ar livre, quando se armo u uma grande tempestade. A alguma distância já chovia torrencia lmente, e a tempestade se aprox imava do local da pregação. Como a lguns assistentes estivessem a ponto de sair em busca de abrigo, Frei Galvão lhes assegurou que podiam ficar, e nada sofreriam. De fato, a chuva poupou prodigiosamente o improvisado auditório. 14 Episódio análogo acontecera com o Beato José de Anc hieta, conforme registram suas antigas biografias. Um manuscrito antigo do É interessante notar que, na Mosteiro da Luz narra que uma maioria das vezes, os casos de bivelha viu de lo nge Frei Galvão camin hando pela rua, na sua dilocação se deram em beneficio de - -..-..:::i moribundos que, na iminência reção, e notou que e le camide comparecer ante o Junhava sem pisar no chão. ízo de Deus, necessitaCumprimentando-o, a vevam dos socorros espirilha perguntou como é que tuais da Santa Igreja. ] ele podia caminhar sem piDiga -se de pa ssa- ~ sar o chão, ao que o Santo gem que, mesmo depois ~ se limitou a sorrir, e afas·;; de encerrado o curso de --' tou-se sem nada dizer. 15 9 sua vida nesta te rra, o ""o Madre Oliva Maria de zelo de Frei Ga lvão pe- õ:' Jesus declarou , na fase ini~ los moribundos não di- -~ cial do Processo de Beatiminuiu , conforme narra .56l, ficação , que Dª Elisa M . eg Maristela: Ga lvão lhe dissera que Fre i "Ainda hoj e Frei ~ Ga lvão, durante s uas viaGalvão continua se u 1 gens a ltu, se hospedava na ô abençoado mini ·tério 2 fa zenda de seus avós, que junto aos moribundo ·. ~ tinham preparado um quarEntre as numerosas car- ~~ to para o Servo de Deus. tas que o Mosteiro da Na parte inferior da porlu z rece be todos os Vidro de água benta ta do quarto havia um buradias, agradecendo.fa voque pertenceu ao Santo co para passarem os gatos. res obtidos pela sua intercessão, apareDi zia o avô de Dª E li sa que cem algumas descrições mais ou menos as crianças se deitavam pela terra para semelhantes. Contam a aparição do Serob ervar através desse bwaco o Servo 1

de Deus em êxtase, em oração, elevado do solo. 16 Episód ios análogos de levitação ocorreram com o Beato Anchieta. Um médico foi visitar Frei Ga lvão no Recolhimento da Luz e recebeu deste um crucifixo como presente, com a recomendação de que o levasse para que Nosso Senhor desse bom encami nh amento a seus negócios . O médico agradeceu, e como tivesse ainda outras visitas a doentes, pediu que Frei Ga lvão g uardasse o crucifixo, que apanharia mais tarde . Acabou se esquecendo de retornar ao Mosteiro para recolher o crucifixo. Qua l não foi sua surpresa quando, ao entrar no seu consu ltório que tinha permanecido fechado à chave todo o tempo, encontrou sobre sua mesa de trabalho o crucifixo que lhe dera o Santo! 17

Restabelecendo a concónlia entre as pessoas Possuía um dom todo especial para pacificar desavenças e restituir a paz a inimigos pessoais. Por vezes, sua simples presença era suficiente para restabelecer a paz em lares nos quais reinava a discórdia. Um fato desses ocorreu em ltu, na residência do tenente e ouvidor Fernando Paes de Barros, que não se entendia bem com sua esposa Dª Maria Jorge de A lmeida. O casa l recebeu Fre i Ga lvão na mesma casa em que, mais tarde, hospedou o Imperador D. Pedro 11. Reservaram para o religioso um quarto, mas curiosamente este o recusou, di zendo que desejava passar a noite em outro aposento. E apontou para o quarto do casal. Surpreend idos por aque la atitude insó lita, os donos ela ca sa lhe fi zeram a vontade. Na manhã seguinte, encontraram a cama intacta, pois o religioso não a usara. Mas desde esse momento, sem que soubessem expli car o porquê, cessaram comp letamente as desavenças entre os cônj uges. 18 Em ltu , um a senhora lhe pediu que rezasse por seu filho , pessoa colérica e de mau procedimento, que costumava ficar períodos prolongados afastado do la r.

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O Santo asseg uro u à infe li z q ue o filho logo retornaria completamente mudado, mas recomendou que nada fa lasse ao rapaz sobre o que haviam conversado. Ass im realmente aco nteceu: e le retornou radi ca lmente corrig ido. 19

"Esta fo i a origem dos milagrosos papelinhos, q ue, desde entâo, fo ram muito procurados pelos devotos de Frei Galvão, e até hoje o Mosteiro .fornece para as pessoas que têm fe na intercessão do Servo de Deus".

As milagrosas "pílulas ele Frei Galvão "

A imagem <le Santo A11to11io cio Mostefro ela L11z

Ca be a inda menc io na r, e mbora de passage m, as curas ex traordin ári as que, como era público e notó ri o, Fre i Ga lvão freqü e nte me nte o btinh a de Deus pa ra se us contemporâneos necessitados. Por vezes ele se valia das fa mosas " pílulas de Frei Galvão", que ensinou as freiras a faze r, e que até hoje, obtêm curas maravilhosas. Um fo lheto di stribuído pelas religiosas do Mosteiro da Luz narra a origem dessas pílulas prodigiosas: "Certo dia, Frei Galvão .foi procurado por um senhor muito aflito, porque sua m.ulher esta va ern trabalho de parto e em perigo de perder a vida. Frei Galvâo escreveu em três papelinhos o versículo do O.ficio da Santíssima Virgem: Post partum Virgo Jnviolata permansisti : Dei Geni tri x intercede pro nobi s (Depois do parto, ó Virgem, permanecestes intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós) . Deu-os ao homem, que por sua vez levou-os á esposa. Apenas a mulher ingeriu os papelinhos, que Frei Galvâo enrolara como uma pílula, a criança nasceu normalmente. "Caso idêntico deu-se com. umjovem que se estorcia com dores provocadas por cálculos visicais. Frei Galvâo f ez outras pílulas semelhantes e deu-as ao moço. Após ingerir os papelinhos, o j ovem expeliu os cálculos e f icou curado.

Merece reg istro, entre os prodíg ios atribuídos a F re i Ga lvão, o ocorrido com uma das image ns conservadas na ca pe la do Mosteiro da Luz, confo rme narrativa de Mari ste la: "Sobre as imagens da Igreja, há interessante tradiçâo a respeito da de Santo Antonio. Assirn como algurnas outras, fo i f eita pelas antigas lrmàs. A escultora .fora pouco .feliz quanto á posiçào do Menino Jesus que nào f icara voltado para o Santo e sim para a.fi·ente. Quemdo Frei Galvào a viu, achou melhor corrigir o de.feito, e para tanto bastou tomar a cabecinha do Menino Jesus e voltá-la para a direçào desejada; obedeceulhe a matéria insensível, e permaneceu a imagem como até hoje a vemos na igreja do Convento. "Não sabemo · quanto há de historicamente verdadeitv nesta ingênua tradiçào. Uma coisa chama-nos.fortemente a atençc7o: é a graciosíssima expressào do Menino Jesus, muito diferente do ar um tanto inexpressivo de Santo Antonio; diferença motivada, talvez, pelo vestig io da miraculosa arte do Servo de Deus ".20

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Co nvém a inda c ita r uma outra recordação de F re i Ga lvão, conservada com muita veneração pe los fi é is: a estampa mil ag rosa de Nossa Senh ora das B rotas. E m 1808, estando o Santo de passagem pelo va le do Ri o Pi ra í, no atual Estado do Para ná, no cumprimento de uma missão que lhe hav iam confi ado seus superi ores, hospedou-se em casa de Dª Ana Rosa Maria da Conceição, enquanto se dedicava à pregação e ao aposto lado com a população do local. Ao se despedir, deu a Dª Ana Rosa uma estampa de Nossa Senhora, muito simples, de l0x 16cm, assegura ndo que aquela estampa

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Estampa de Nossa Senhora de Brotas

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Rigor extremo no exame do milagre

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Santo Antonio do Mosteiro da Luz

A estampa milagrosa <le Nossa Se11hora

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Pílulas de Frei Galvão

era milagrosa. A mulher colou a estampa numa carto lina, escreveu por baixo "Lembrança de Frei Galvão " e colocou-a numa moldura de madeira. Ma is tarde, Dª Ana Rosa, sendo viúva, casou-se novamente, e na mudança de casa perdeu a prec iosa estampa. Passado mais alg um tempo, aco ntece u que a mulher atravessasse uma reg ião que sofrera gra nde incêndi o. Para sua surpresa, fo i reencontra r o quadro no meio da vegetação calcinada e de brotos novos de vegetação j á aparecendo. A moldura

estava queimada, mas a estampa fo ra prese rvada marav ilhosamente do fogo. A notícia do prod ígio espalhou-se, e a população passou a designar a estampa como N ossa Senhora das Brotas, em lembrança da fo rma como ela fo ra reencontrada, entTe os brotos novos de vegetação. Ainda hoj e e la é venerada no Sa ntuári o de N ossa Se nh ora das Brotas, no Municí pio de P ira í do Sul. O costume é ce lebra r sua festa no primeiro domingo depo is do N ata l, porque o qu adro fora prodi giosamente ree nco ntrado num di a 26 de dezembro. "Uma longa p rocissão de mais de cinco mil devotos sai a pé da igreja paroquial do Menino Deus e caminha ccmtando e rezando os três quilômetros até o San tuário, situado romântica e devotamente em meio ao verde de um bosque e á sombra de grandes pinheiros" escreveu F r. C larêncio N eotti O.F.M.21

Santo <le "hela apar ência, a,· ecli/icante e 110/Jrc" U ma vida tão ativa e um aposto lado tão fec undo só era m possíve is com in te nsa v ida interi or. Com efeito, Frei Galvão era um co nte mpl ativo qu e rezava muito e vi via absorto em Deus. (Continua à p. 36)

mil agre é uma inte rve nção extrao rdinária de Deus, no mundo visível , fora da ordem de toda a natureza criada. Deus pode, ev ide nte mente, fazer mil ag res de muitos tipos. Mas normalme nte, nos processos de beatificação e canoni zação, po r praxe só são admitidos exa mes de m ilagres de curas. O mil ag re de cura, quando autêntico, deve reunir quatro características: 1) deve ser um a cura instantânea, ou muito ráp ida; 2) deve ser perfeita; 3) deve ser du radou ra; 4) deve ser pret:ernat ural - o u seja, colocada numa es fera acima da natureza, não exp li cável pela c iência médi ca. Quando se tem notíci a de um suposto mil agre perfeitamente documentado, e le é subm etido a uma junta de c inco méd icos . Se os cinco reconhecem as quatro caracte rísticas ac ima, então o caso é submetido aos teólogos, depois aos Cardea is e Bispos e, por fim , ao Papa. N o processo ca nôni co para o reconh ec im ento do milagre, como nos processos de beatificação, atua, po r dever de ofíc io, o Promotor da Fé, popularmente conhec ido como "advogado do di abo" . Compete a e le aprese ntar todas as obj eções e dific uldades cab íve is, para que, no interesse da Ig reja, não seja reconhecido um milagre não autê ntico. Quando, após todo o ri goroso processo, o Papa po r fim reconhece a veracidade do mil agre, então poderá ser rea li zada a beatificação ou ca noni zação. Em tudo isso a Igreja procede com sum o cuidado.* Requi sito fund ame nta l para um milagre servir a um processo de beatificação ou ca noni zação é que não haj a dúvida de autori a. Em outras palavras, é preciso que fique inte iramente c laro que o mil agre fo i efetivamente praticado por intercessão daquela pessoa cuj o processo está sendo fe ito, e não por outro sa nto o u sa nta. Esse requi sito elimina, pre liminarme nte, a imensa ma iori a dos casos. De fato, compreende-se que, numa ho ra de afli ção, o doente reze para muitos sa ntos. Depois de obtida a graça, como saber a qual dos advogados ce lestes deve ser cred itada a cura ?

* O autor cio presente artigo teve um a int eressan te amostra desse cuidado quando ass istiu , em 1998, no Mosteiro da Luz, a um a breve conversa entre a Irm ã Cé li a B. Ca clorin , postul ado ra ela ca usa ele Fre i Ga lvão, e um a senhora cio interi or cio Paraná, que se di zia curada de cá ncc r graças ú intercessão el e Frei Ga lvão, e se prontificava a trazer os atestados méd icos co mprobatórios. A Irmã Cé li a, muilo húb il e expe ri ente, atendeu a mulh er co m cortes ia, ma s um tanto fr ia e apressa dam ente. Sem parecer estar dando muit a importância ao que ouv ia, lim itou-se a in dica r o endereço para o qua l a suposta miraculada dev ia enca minh ar os atestados méd icos, aco mpan hados elas radiogra fia s e demais documentos. A irm ã se co ntentou co m isso, e não se empenh ou em ped ir nome e endereço da mulh er, nem recomendou urgê ncia no envio. Depois que a mulher fo i embora , a Irm ã co mentou co m o au tor destas linha s: ··r::.1·.l'e be111 pode ser o 111ilagrão que tanto espera1110s para a canonização de Frei Calvâo. 111as eu nüo posso i11duzir ou sugestionar a 1111,lher "'. " Milagrão", na linguage m dos que trabalham em Roma junto ú Congregação para as Ca usas cios Sa ntos, é o milagre final , esperado para a cano ni zação. Nesse simpl es proced imento da Irm ã, pode o leitor ter um exemp lo concreto de co mo a Igreja procede nessas matéri as cle li caclas com prudên cia, eq uilíbri o e sabedori a.

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O milagre que determinou a canonização de Frei Galvão

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esde 1998, as espera nças da Postuladora da Causa de Canonização, Irmã Célia B. Cado rin, se concentraram no reconhecimento de um segundo milagre, o qual deveria necessariamente ocorrer após a data da beatificação. Um milagre anterior, por mais espetacu lar e comprovado que fosse, não serviria para determinar a canon ização. Foram mais 9 anos de esforços e trabalhos metódicos, sérios e bem documentados. A Irmã Cé lia dispunha de numerosos relatos de graças estupendas alcançadas pela intercessão de Frei Ga lvão e cu idadosamente cata logados pela Irmã C láudi a Hodecker, religiosa concepcionista do Mosteiro da Luz. Dessas, a Irmã Cé lia se lecionou, numa primeira fase, 80 relatos que pareciam reunir condições mais favoráveis para o reconhecimento canônico de seu caráter milagroso. Numa etapa posterior do trabalho, apenas quatro foram selecionados para exame mais rigoroso. São muito demorados, trabalhosos e custosos os procedimentos para exame dos casos, pois muitos peritos são chamados a opinar e, natw-almente, são remunerados. Há que proceder, pois, com muita prudência, só encam inhando casos que rea lmente apresentem possibilidades sérias de serem bem avaliados. Dos quatro enviados para Roma foi selecionado um, e foi esse que, após rigorosíssimo exame realizado pelos peritos médicos do Vaticano, mereceu ser considerado milagroso, e portanto determinou a canonização do Beato Antonio de Sant' Anna Galvão. O relato desse milagre, deixemos que o faça a Irmã Célia Cadorin . Transcrevemos o documento oficia l que ela divulgou , sob o título Síntese do milagre do Beato Frei Antonio de Sant 'Anna Galvão: "Trata-se do caso da Sra. Sandra Grossi de Almeida e de seu filho Enzo de Almeida Gallafassi , da cidade de São Paulo-SP, hoje residentes em Brasíli a-DF, Brasil. "Em 1993 e 1994, a Sra. Sandra sofeu três abortos espontâneos (um precoce e dois tardios), devido ao ' útero bicorne' com duas cavidades de dimensões muito pequenas e assimétricas. Com tal malforma ção - não corrigida cirurgicamente - era impossível levar a termo qualquer gravidez, pois o f eto não linha espaço suficiente para crescimento e forma ção. "Estava nesta situação, quando em maio de 1999 Sandra .ficou novamente grávida. Em agosto, a Dra.

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rios com uma doença das membranas hialinas classificada de 4° grau, o mais grave. Foi entubada, porém teve um quadro de evolução muito rápida, sendo extubada no dia 12 à tarde. Recebeu alta hospitalar no dia 19-12-99. " O êxito.favorável deste caso raro.foi atribuído à intercessão do Beato Frei Antonio de Sant 'Anna Galvão, que.foi desde o inicio e durante toda a gravidez invocado p elafàmilia com muita oração, e por Sandra, que além das novenas continuas que f ez, tomou tam.bém as ' pílulas de Frei Galvão ' com f é e certeza da ajuda do ' homem da paz e da caridade', ou seja, do que em pouco invocaremos como Santo. "Quanto ao caso, em 2004.foi realizadojunto à Cúria de São Paulo o processo diocesano, CL(ja validade jurídica .foi reconhecida em novembro do mesmo ano pela Congregação das Causas dos Santos. Os Peritos Médicos da mesma Congregação, na sessão do dia 18-1-06, aprovaram, por unanimidade, ofato como ' cientifi camente inexp licáve l no seu conjun to, segundo os atua is conhecimentos científicos'. O Congresso dos Teólogos reconheceu o caso como miraculoso no dia 13-7-06, o que a reunião plenária dos Cardeais e Bispos confirmou no dia 12-12-06. Finalmente, o Santo Padre Bento XVl, depois de conhecer o.fato, autorizou no dia 16-12-06

véra lucia Delascio Lopes, ginecologista de Sandra, .fez uma 'cerclagem cervical' preventiva para evitar um insucesso gestacional, pois a gravidez erajulgada, por ela e suas médicas assistentes, de altíssimo risco por dois motivos: a prematuridade e o .fàto de que úteros malformados são suscetíveis de sangramentos maiores. Sandra sabia que, no momento do parto, poderia ler uma hemorragia e morre,: "Apesar de o prognóstico médico ser de provável interrupção da gravidez ou de que esta chegasse, no máximo, ao quinto mês, a gestação evoluiu normalmente até a trigésima segunda semana. Por ser um caso de grandíssimo risco, Sandra .fez repouso absoluto de junho a novembro, quando foi internada na Maternidade Pro Matre Paulista, para acompanhamento diário mais seguro. "Foi decidido parlo cesáreo, no dia 11-12-99, pois exames comprovavam 'ruptura da bolsa' e 'oli goam ni o severo' . O parto não teve nenhuma complicação. A criança nasceu p esando 1.995 g e medindo 42 cm, mas apresentou problemas respira/Ó-

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a Congregação das Causas dos Santos a promulgar o Decreto, a respeito do milagre atribuído à intercesscio do Beato Frei Antonio de Sant 'Anna Galvão. "a) Ir. Cé lia B. Cadori n - Postuladora".

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Convém dizer aqui algo mais sobre os trabalhos da Irmã Célia Cadorin, sem cuj a dedicação e competência o processo de canoni zação de Santo Antonio de Sant' Anna Ga lvão não teria chegado a bom termo. Irmã Cé lia é catarinense, tem 80 a nos de idade e cerca de 60 como religiosa, na Congregação das lrmãzinhas da [maculada, fundada por Sa nta Paulina do Coração Agonizante de Jesus . Quando ado lescente, chegou a conhecer pessoalmente a Santa fundadora. De 1982 a 1989 trabalhou ativamente no processo dela , conseguindo levá- lo até à beatificação, realizada em 1989, e à canonização, em 1998. Em 1990, autori zada por suas superioras, Irmã Céli a passou a se dedicar ao caso de Frei Ga lvão, que conseguiu "desenca ntar" e levar a bom te rmo, com a beatificação em 1998, e agora, em 2007, com a canonização. No momento, Irmã Cé li a divide seu tempo entre Roma , onde tem funções na Congregação das Causas dos Santos, e o interior de Minas Gerais, onde está trabalhando em duas outras causas brasileiras: a de Dª Francisca de Paula de Jesus ( 18 10-1 895), a cé lebre Nhá Chica, de Baependi; e a do Padre Franci sco de Paula Victor ( 1827- 1905), que foi durante 53 anos vigário de Três Pontas, ambos de raça negra. As duas causas estão bem encamin hadas. Convém também recordar, por uma questão de justiça, o papel das religiosas do Convento da L uz, que, a lém das orações e sacrificios, arcaram - pouca gente sabe disso - com todas as despesas dos sucess ivos processos. Somente na última fase do processo de beatificação, foram gastos mai s ou menos 85 mil dólares - em viage ns, despesas com documentação, remuneração de técnicos e peritos. "O Mosteiro da luz pagou inteiramente as custas do processo. Tudo o que as irmãs do Mosteiro recebiam era destinado a pagar o processo. Elas podiam passar.fome, mas não tocavam no dinheiro recebido, o qual era todo destinado a essa.finalidade " - narrou Irmã Cé li a em setembro de 1998 .*

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Entre vi sta a Ca1olicis1110, sete mbro/ 1998. Os le itores que desej arem comunicar novas gra ças alcançadas por intercessão de Santo Anton io de Sant' Anna Ga lvão, ou que desejarem fa zer chegar a lguma ajuda ús re li giosas da Luz, podem dirig ir-se ao Mosteiro da Im aculada Conce ição da Lu z, Av. Tiradentes, nº 676 , CE P O1 102-000, São Pau lo-S P.

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Era muito orante; mesmo quando caminhava, ia reco lhido, med itativo. Tinha o costume de viajar sempre a pé, rec usa ndo, por espírito de mortifi cação e pobreza, montari as ou - o que era freqüente na época - lite iras ou cadeirinhas ca rregadas por escravos. Quando superior do Convento de São Paulo, teve que ir ao Rio de Janeiro participar do Capítulo provincial de sua Ordem. Embora já sexagenári o, fez a pé todo o percurso de ida e volta. Os habitan tes da Capital e de tantas outras loca lidades estavam habituados a ver o re li g ioso, com sua fi g ura a lta e nobre, inca nsave lmente percorrendo as distância s empoe iradas para , por todas as partes, leva r a palavra de De us. Frei Ga lvão era '.'fisicamente bem dotado", esc reveu Mari ste la , chamando a ate nção de todos "por sua bela aparên-

que afi rm ava a tradição ora l, quanto a sua elevada estatura . Caminhava sempre grave e recolhido, imerso em oração e em profundas meditações, até nesse ponto fa zendo um extraordinário aposto lado aos que o viam passa r:

- "Tinha um porte, um modo de/alar e de caminhar muito digno, nern lento, nem apressado; era um grande exemplo para todos" - recordava Sor Ana de São Franci sco. 23

E-mail do autor: armandosantos((_,Jca tolic ismo com br

cia, ar edificante e nobre ". 22 Era ho mem de estatura e levada e tinha ombros largos. Possuiu físico robu sto e ótima compl e ição física , conforme dec laro u nas fases preliminares de eu processo de beatifi cação a ex-escrava que o conh ecera já idoso. Uma das irm ãs de Frei Ga lvão, D" Ana Joaquina de França, ating iu a idade de 11 2 anos. Quando fo i ex umado, em 199 1, constatou- se que med ia aproximadam e nte 1,90111 de altura . Comprovou-se ass im o

Notas : 1. Edito ra Pctru s, São Paul o, 2007. 2. O ep isódi o é narrado po r Mari stcla ( Irmã Beatri z do Espírito Sa nto) cm se u li vro Frei Galvào /Ja11deim111e de Cristo ( Moste iro da Lu z, São Pa ulo , 2" edi ção, 1978, pp. 165- 166). É in teressa nt e notar que e la foi a úni ca testemunha oc ular que depôs na prime ira fa se do processo de bea tifi cação, rea li za da cm São Pa ul o cm 1938. Tinha ent ão a avançada idade de 126 anos, e co nse rvava perfeita lu c idez. 3. C fr . art igo ass in ado po r " Fr. B." in "Ec ho Sc raphi co", publica çiio me nsa l fran c isca na , Vozes, Petró po li s, julho de 19 17. Seg undo All cnfc ldcr S il va, o autor que se ass ina " Fr. B. " é Fre i Basí lio Rowc r, g rande hi storiador da O rdem Fra nciscana no Brasil - mas niio pudemos confirm ar essa afirmação. 4. O fa lo, narrado pelo S r. Anton io A lm eida de Q ue iroz Te les, foi repo rtado po r Ma ri stcla, op. c it. , pp . 166- 167. 5. C fr . Mari ste la, op. c it. , p. 167. 6. C fr. " Ec ho Scraphi co", núm ero cit ado. 7. C fr. Mari stc la, op. cit. , p. 157; e Sor Mirya rn (Madre O li va Maria de Jesus), Vida do Ve//erâvel ser-

CATO LICISMO

vo de Deus Frei A111011io de Sc1111 'A1111a Galvcio. !?eligioso Fm11cisca110 ,wtuml de Guarati11guelâ - 1739-1822, Typographia Cupolo, São Paul o, 2" edi ção amp liada, 1936, p. 69. 8. C fr . " Ec ho Sc raphi co", núm ero c itado. 9. C fr . So r Miryam , op . c it. , pp. 11 6- 11 7 e Mari ste la , op. c it. , p. 146. Esse fato fo i narra do a Madre O li va Mari a de Jesus pe lo Arcebi spo D. Duarte Leopo ldo e S il va , que o o uvira de seu avô, co ntemporâneo do Santo. 1O. fr . So r M iryam , op. c it. , pp . 1 18- 1 19 e Mari ste la, op. c it. , p. 147. 1·1. C fr. "Echo Sc raphi co", núm ero c itado. 12. Seio Paulo: Vetera e/ Nova - Frei A111011io de Sa 11/ A 1111 a Galvtio , in " Anais do Museu Pauli sta", t. X III , 1949, pp. 146- 148. 13. O p. cit. , p. 150. 14. fr . Congrcga ti o de Cau sis Sa ncto rum , Sa11cti

Pauli i11 /Jrasilia Ca11011i=atio11is Servi Dei F,: A111011ii a Saneia /1 11110 Galvtio (A 11/011io Galvcio de Fra nça) 0.F.M. Disc. Fu11da toris Mouasterii Somru111 Co11ceplio11istmw11 (!?ecol/1i111e1110 da lu z) (! 739 - 18 22) - Posilio S uper Vi la, Virtutilms e/ Fama Sauctilatis, vo l. 1, parte li , p. 37. Trata-se de depoimento do Cônego Ma-

nuc l Me ireles Fre ire, na prime ira fase do Processo de Beat ificação de Fre i Ga lvão. O depoente o o uviu de seu pai . 15. C fr . Mari stc la, o p. cit. , 1 . 159. 16. C fr. Positio ... , vo l. 1, parte li , pp. 60-61. 17. C fr. Manoe l E. Altcnfe lder Silva, /Jrasileiros heroes da Fé, Esco las Profi ssio naes Sa les ianas, São Pau lo, 1928, p. 283. 18. Cfr. Fr. Adalberto Ort:m ann , Frei A111011io de

Sa11/ A 1111a Galvão, o .filh o de G11arati11g1.1 e1á, 11as 1,·adições de/a 111í!ias paulistas, in " Rev ista do Arq ui vo Muni c ipa l" , São Paul o , vo l. LXXX IV, 1942, pp. 75-76. 19. C fr . A ltenfc lder Sil va , o p. c it. , p. 284. 20. Op. cit. , p. 136. 2 1. A Virge111 111ilag,vsa doada por Frei Ga!vcio, in "L'Osscrvato rc Romano", edi ção em português, 10- 10- 1998. 22. O p. c it. , p. 33. 23. C fr . Posilio .. ., vo l. 1, parte li , p. 62. So r Ana de São Francisco ( 1845 - 1925) não chegou a conhecer pessoalmente o Santo , mas conviveu lo nga me nte co m re li g iosa s co nte mporâ neas de le e tra nsmitiu , para as novas gerações de re li giosas, muitas in fo rm ações prec iosas acerca do Fu ndador do moste iro.

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11 PUNIO C O RRÊA DE OLIVEIRA

O Convento da Luz e sua atmosfera espiritual sutil e envolvente (Contin uação da p. 2)

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ntra-se no templo. E tudo é sorriso. Aq uele sorriso leve, nobre e superiormente sério que constitui um dos encantos de nossa arte co lonia l. Alta cúpula, proporções graciosas, altares e im agens che ias de mimo e dignidade. A atenção se fixa, por fim, no presb itério. Do alto do retábulo, uma imagem da ]maculada Conceição, na penumbra (foto 1), faz descer de seu nicho • sucessivos e ininterruptos eflúvios de meiguice materna, condescendênc ia j e esperança de socorro. .5 Um pouco aquém um tabernáculo, ._,5 de linhas imponentes como se fora um j palácio luisquatorzeano (foto 2). No chão, uma láp ide de mármore assinala dormir ali seu repouso final Frei Antonio de Sant' Anna Ga lvão, o franciscano fundador da Casa (foto 3). Como elogio póstumo, só estas pa lavras simples e supremas: "Animam

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suam in. manibus suis semper tenens, placide obdormivit in. Domino die 23 decembris. Anno 1822". Ter sempre em mãos a própria alma. para a governar continuamente! ... Que elogio! Quanto isto vale mais do que dirigir um aviã.o superpotente, um país inteiro, ou até um banco (uso aqui a escala de va lores característica de certa mentalidade supermoderna). A memória de Frei Ga lvão resiste à poeira desses 150 anos. Continuamente por ali passam pessoas de todas as idades e classes sociais, pedindo graças de toda ordem. E são atendidas. Daqui a 150 anos, quem freqüentará as sepulturas dos homens superpotentes, para quem sobem hoje tantos aplausos e tantas petições ... nem sempre atendidas? Enquanto os olhos estão postos no sacrá ri o, onde - segundo indica uma lamparina rubra como se fosse um rubi -

CATOLICISMO

está realmente presente o Rei dos Reis e Senhor dos Exércitos, e o espírito vagueia por temas desta índole, ouvese inesperadamente, a certas horas do dia, um conjunto de vozes femininas, de uma pureza que os anos não fanam, a recitarem, em rectus tonus , sa lmos, antífonas e lições. Só então se percebe que, nos fundos da Igreja, uma imensa tre liça ocu lta a olhares profanos esposas de Cristo (foto 4), cujas faces uma rigorosa clausu ra impede de serem vistas. Ali passam, há mais de 150 anos, sucessivas gerações de freiras concepcion istas, apartadas das coisas do mundo, mas voltadas à oração e à expiação, para que Deus perdoe e regenere este mesmo mundo. Do grau desse distanciamento das coisas terrenas, um simples fato - verdadeiro floretti - pode dar adequada idéia. Contou-me certa vez o grande Arcebispo paulista, D. Duarte Leopo ldo, o caso de uma religiosa que entrara em clausura, em remotos tempos em que São Paulo ainda não conhecia estradas de ferro. Quando então apareceram os primeiros trens, seus apitos, rasgando os ares pacatos da urbe de então, chegavam aos ouvidos das religiosas . Como podia entretanto vê-los a velha freira , já que a clausura lhe proibia olhar pelas janelas? Comovido pela observância da religiosa, D. Duarte lhe deu licença para, por uma vez, uma só vez, postar-se à janela quando passasse um comboio. Mas a freira pediu licença para recusar a regalia. Queria morrer sem ver o trem, para com esta mortificação sofrer ainda mais pelos pecados do mundo. Não tardou muito que - "animam suam in man.ibus suis semper tenens" - , partisse para contemplar a glória celeste, ao lado do Fundador, Frei Antonio de Sant' Anna Galvão. •

HICJACET

JUS SAN

Ao

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não só perseveraram, mas começaram a faze r aposto lado por sua conta. Quando faleceu Mu tesa l em 1884, subiu ao trono seu filho Muanga li , de 18 anos. Este não tinha o senso político do pai e era dado às práticas homossex uais, utili za ndo para suas torpes ações os pajens da co rte. Apesar disso, Muanga pediu qu e voltassem ao reino os missionários , aos quais tinha adm irado em sua infâ ncia. Eles o fi zeram omente doi s anos depois, tendo a alegria de encontra r um núcleo de aproximadamente duzentos conversos entre rapazes e moça s do palácio real , os " rezado res", como eram chamados.

Em 1885, o re i Mu anga ficou muito irritado com as repree nsões que José Ihe faz ia co nsta ntemente, por ca usa da vida viciosa e atos contra a natureza por ele praticados.

Prosseguem intimillaçi">cs, seguidas de mal'tfrios

O proto-mártir de Ugall(/a: São José Mu/msa

Os Mártires de Uganda D urante toda sua existência a Igreja gerou mártires que, com seu sangue, pregaram sua fé em Jesus Cristo. Os 22 mártires de Uganda, no século XIX, foram vítimas do ódio homossexual ', PUNIO M ARIA SOLIMEO

N

Mons . Léon Livinhac e o Pe . Ludovic Girault, dos Padres Brancos, junto a 14 ugandeses convertidos em 1890

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CATOLIC ISMO

o século XlX, Buganda era um re ino independente ao norte do Lago Vitória, no ce ntro da África. Ele se tornaria depois uma das quatro províncias do protetorado inglês de Uganda. Monarquia hereditária de tipo africano, seu monarca tinha direito de vida e morte sobre seus súditos. Governo organ izado, o que era raro naquele continente, Buganda surpreendeu os europeus . Cerca de três mil pessoas viviam no conjunto do palácio real, incluindo 400 pajens encarregados dos oficios mais diversos ligados ao monarca. Tais pajens eram esco lhi dos pe los chefes locais entre os mais inteligentes e bem apessoados meninos de 12

anos do reino, e quando ati ngiam os 20 anos de id ade passavam para a guarda pessoal do rei . A elite de Buganda tinha assim, à testa, esses jovens formados no palácio real. Os primeiros missionários católicos chegaram ao reino em 1878, os "Missionários da África" ou "Padres Brancos" franceses, sendo cortesmente recebidos pelo rei, Mutesa I, como o foram também protestantes e muçulmanos. Os "Padres Brancos" abriram um orfanato que se tornou o núcleo da futura cristandade, mas ficaram desapontados com o fraco interesse do povo. Também os órfãos se mostraram muito arredios e difíceis de educar. De modo que, em 1882, os missionários tiveram que se retirar do país. Deixaram, entretanto, alguns conversos que

José Mukasa, de 26 anos, um cios conve1tidos ao cato licismo, era um dos braços direitos de Muanga. De temperamento tra nqüil o, merece ra cio rei Mutesa o ape lido ele Ba/ikuddembe, ou "homem de paz". Ele estava à testa cios pajens do rei, e depois que se converteu ao catoli cismo o defendia contra a tara do monarca. Passou também a invectivar o rei por sua ações antinatura is, mostrando-lhe como as Sagradas Escrituras condenam e se vício infa me. Por exemplo, com o Levítico, 18, 22, que diz: "Não re a1 roximarás dum homem como se foss e mulhe1; porque é uma abominação ". mai s adiante, no versículo 29, acrescenta: "Todo aquele que cometer algum I destas abominações, perecerá do 111 io do seu povo ". São Paulo afirma que infe lizes com esse vício, "corno não procuraram a Deus, Deus abandonou-os a um sentimento depravado, para quejizessem.o que não convém" (R 111. 1, 28). E dec lara peremptoriamcntc que "nem os efem.inados, nem o· sodomita.~, nem os ladrões, nem o.· avarentos, nem os que se dão á embriaguez, nem os ma/dizentes, nem os roubadores possuirão o reino de Deus" (T or. 6, 1O). José Mukasa lembrava também que Sodoma e Gomorra tinham sido de truí las por causa da prática desse vício in fame .

suas cinzas com as de José, para que ele não fosse mais reco nhec ido; e assim , segund o imaginava o rei , não pudesse falar co ntra ele no tribunal divino.

O primeiro mini stro, o bruxo Katikiro, que detestava os cristãos, declaro u ao rei que José devia morrer, pois era líder dessa Reli gião que levava os jovens a desobedecer à autoridade. Muanga concordou e mandou executar José no dia 15 ele novembro de 1885. No momento da execução, José pediu que in fo rm assem ao rei que "eu o perdôo por matar-me; mas ele precisa mudar de vida. Do contrário, eu o acusarei diante do tribunal de Deus ". Ao lhe ser tra nsmitida a mensa ge m, Muan ga, temeroso , mand ou matar um se rvo e mi stura r

Em maio do ano seguinte, Muanga tentou seduzir Muafa. Este era um dos jovens pajens que se recusou ao gravíssimo pecado da prática homossex ual, dizendo que seu corpo era templo cio Espírito Santo. Muanga soube que orapaz estava sendo catequizado por outro pajem, Denis Sebuggwawo, ele 17 anos, recém-batizado. Mandou-o vir à sua presença e o interrogou sobre o que estava ensina ndo a Muafa. Denis respondeu corajosamente que lhe ensinava a única Religião verdadei ra. Enfurecido, Muanga matou-o com uma lançada no pescoço. São Denis foi, assim , o segundo má1tir de Buganda. Durante a noite que se segu iu ao martírio, Ca rl os Luanga, qu e tinha ficado encarregado dos pajens cri stãos desde a morte de José, viu que as coisas tomava m um rumo mui to perigoso e resolveu batiza r quatro pajens ainda catec úmenos - inclu sive Ki zito, de apenas 13 anos - e recomendarlhes persevera nça na fé. No dia seguinte, Muanga se reuniu com seu conselho e foi decidido exterminar de vez aqueles "fanáticos", que não obedec iam mais ao rei. Muanga chamou os 100 carrascos rea is, convocou todos os pajens para comparecer à sua presença, e disse-lhes: uos que rezam, vão para aquele lado. Os que nào rezam, fiquem aqui junto a mim ". Carl os Luanga levantou-se, tomou Kizito pela mão e fo i se co loca r no loca l indi cado para os "rezadores". Segu iram- no mais doze, todos com menos ele 25 anos de idade. Muanga perguntou- lhes se eles pretendiam permanecer cristãos. Todos responderam corajosamente que sim , e foram condenados à morte . O re i mandou vir também um soldado que se tinha tornado cató li co, Tiago Buzabaliawo ,

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' oferecendo-lhe o perdão se apostatasse. Tiago recusou-se te rminantemente, e fo i engrossar o cortejo dos confesso res da fé. Fo i também condenado um chefe tribal, André Kagwa, que tinha convertido toda sua fa mília e muitos conhecidos; e Matias Kalemba, juiz suplente num tribunal ele província, que primeiro se tinha tornado muçulmano, depois ang licano, convertendose finalmente para a verdadeira Re ligião.

te ve que enfrentar a pressão cio pai, qu e in sis ti a e m qu e apostatasse. Como Mubaga se mantivesse firm e na fé, o pai mandou dar-lhe violenta pancada na nuca para matá-lo antes de pô-lo na fogueira. Sem prantos nem gritos, mas rezando em alta voz, os mártires en-

1'1•ém(Jiiilidade ante a 1Jc1·specU11a <lo mal'LÍl'io A execução seri a em Namungongo, a 60 km ele di stânc ia. Em cada e ncru zilhada era imo lado um cri stão aos deuses loca is. Os condenados passa ram pe rto d a casa d os " Pa dres Brancos". O Pe. Lourdel, que tinha bati zado a vári os deles, fi cou pas mo di ante da tranqüilidade e a legri a com que se cliri g ia m ao loca l do s uplí c io , in c lu s iv e o m e nin o Ki z ito. André Kogwo Q ua nd o o sacerd o te e rg ue u sua mão para dar-lhes a absolvição, Ti ago Buza bali awo ergueu tregaram suas almas a Deus, di zens ua s mãos ma ni etadas apontando do aos seus carrascos: "Vocês podem matar nosso corpo, mas não nossa pa ra o cé u, como que a di zer que lá al,na, que a Deus pertence ". esperava o sacerdote. Os carrascos fi caram perplexos C hegados ao loca l ela imo lação, com a atitude tra nqüil a e alegre dos os pri sione iros fo ram atados fo rtemá1tires fre nte à mo1te, comentando mente, di vididos em g rupos e tra nentre si: "Nós.Já matamos muita genca dos e m ca ba nas , a marrados a te, mas a nenhum como estes, que postes. Os mais ve lhos ele cada grunão gemem nem chormn, nem dizem po encoraj ava m os ma is novos a más palavras. Tudo o que ouvimos é perseverarem . Ass im pe rm aneceurn suave murrnúrio de preces. Eles ram durante uma seman a, até que rezam até rnorrer ". uma g iga ntesca fog uei ra terminou de se r montada. E ntreta nto, para Ca rl os LuanEm 3 de junho, di a da Ascenga fo ra preparada morte a inda mais te rríve l: ser assado vivo a fogo lensão , os paj ens fo ram de itados de to ' Um dos paj en cató li cos, dos costas em este iras de ca niço seco, três que por motivos ignorados focom as mãos amarradas, e co locaram po upados , dec la ro u qu e um dos na fog ue ira. Um dos pajens, Mubaga Tuzincios ca rrascos separo u Carl os Lude, de 17 anos, filho do carrasco-mor, anga cios outros, di zendo: "Ele será

CATOLICISMO

minha vítima ". Carlos fo i deitado numa pira em que o fogo fo i mantido bem baixo para o ir que imando lentamente. O fogo porém consumiu-lhe as pernas se m toca r no resto cio corpo. O último mártir fo i um pajem ele nome João Mari a, decapitado no di a 27 de j a neiro ele 1887. N o total fo ram 22 mártires, e este acontec imento teve grande repercussão no mundo inteiro.

Sangue dos mál'tires: sememe de 11,wos catâlicos São Pio X introduziu a causa de beatificação dos servos de Deus Ca rl os Lwanga , Mati as Kalemba e companheiros. Bento XV os beatificou a 6 de junho ele 1920. E Paulo VI os canonizo u em 18 de outubro de 1964. Co mo se mpre , o sa ng ue dos má rtires foi se me nte el e c ri stãos. Q uando os " Padres Brancos" fo ram ex pul sos ci o pa ís, os cató li cos continuaram se u tra ba lh o de in strução e eva nge li z ação , tra du z ind o para isso o catec ismo em s ua lín gua nativa. Mesmo sem sace rd otes , liturg ia e sacra me ntos , essa Ig rej a acéfa la pe rm a nece u viva e c resce u e m Uga nd a . De modo qu e, qu a nd o os mi ss io nári os vo lta ra m a pó s a m o rte d e Muanga, enco ntra ram quinhentos c ri stãos e mil ca tecúme nos esperando por e les. Hoj e seu número em Uga nda é el e ma is de um mi lhão ele fi é is.* • E-ma il do aulor: pmso limeo@cato lic ismo com br

• Obras consultadas : - Pc. José Lc il c, ..1. , San/os de Cada Dia , Ed ito ri a l A. O ., Braga, 1987 , to mo li. - htt p://w w w. churc h fo ru m .o rg . n,x/santora l/.l uni o/0306. htm . - htlp :// ww w.c a th o li c. o rg/ sa i nt s/ sa int. php?sa int_ id=35 .

1 (

Contradições do laicismo N a tentativa de calar os católicos contrários ao aborto, tem sido alegado que o Estado laico não pode levar em conta argumentos de índole religiosa. O que está por detrás dessa manobra? CID

A LE NCASTRO

or oca ·ião ela visita do Papa Bento XVI ao Bras il , em ma io úl timo, o Pres idente Lul a dec laro u que o Estado bras il e iro é laico. Mas, naque le contex to, parecia estar s ubj acente à dec laração uma o utra co isa. O u sej a, em matéria de mo ra l, o B rasil não precisa seguir os Dez Mandamentos da Le i ele Deus, e po rtanto uma le i liberando o aborto pode ser pro mul gada sem problemas. De fato, o Pontífi ce acabara de condenar mai s uma vez o aborto e de levantar o espinhoso probl ema da excomunhão para quem o pra ti ca. E se é verdade que, da boca para fo ra , os laic istas di zem não se incomodar em ser excomungados, na verdade temem e treme m diante dessa poss ibilidade. O ass un to é ca ndente e nos dá a oportunidade de faze r algumas considerações a respe ito das contradições do Estado la ico.

Um Esta<lo la ico contrário

à religião

Q ua ndo o tado é laico, não está na coerênc ia de seus prin c ípi o to mar posição em questões reli g iosas, nem para apoi á-l as nem para co mbatê- las. Deveria dar ampla liberdade a quem qui sesse mani fes tar-se nesse ca mpo. Se ass im é, por que tanto med o de que os cató licos defendam a doutrina da Igrej a a fa vo r ela v ida desde a concepção? Por que procurar nega r-lhes sistematica mente o dire ito de opinar, sob pretexto ele que se trata ele uma opini ão relig iosa? N a lóg ica d Estado laico, deveri a ser permi tido a cada um ex primir-se como quisesse e apresentar s uas opiniões do ponto de vista cató li co, ateu ou :filosófi co, o u a inda soc io lógico, psico lóg ico, arlí t ico ou o que fosse . Mas o Estado la ico, ta l como vem send o interpretado por correntes nco-a téias contemporâneas, não é indife rente à reli g ião, na ver !ade ele é contrári o à reli g ião. Se us sequazes não o di zem exprc ame nte, mas todos os seus pro nunc iamentos e atos ca minham nesse sentido . Se um ate u pode defender o aborto - di zendo, por exempl o, que e trata apenas ele um probl ema de saúde da mulher por que um relig ioso não pode criti car a matança de inocentes? O u erá que, por de trás do rótulo de la ic ismo, na verdade o que te mos ão de fensores fe rrenhos el e uma anti-mo ra l, em função ela qua l o aborto é um passo necessário para demo lir a mora l?

Cumpre lembrar que os Dez Mandamentos, comuni cados a Mo isés no Mo nte Sina i, não são apenas relig iosos. Eles constituem um compêndi o da Lei Natural , impressa no coração de todos os homens, e todos estão obrigados a segui-l os . Transgredir o Mandamentos é ir contra a própri a retidão da natureza humana . Foram, a liás, ratifi cados po r Nosso Se11hor: "Não

julgueis que vim abolir a lei ou os prof etas. Não vim para os abolü; mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo: passarão o céu e a terra, antes que desapareça um j ota, um traço da lei" (Mt 5, 18). Po r que então adotar a lguns Mandamentos e rej eitar o utros? Por que a lei c ivil deve proibir o assass inato do adulto, mas de ve permitir o da criança no se io materno? Por que não se eleve roubar, mas se pode impunemente cometer adultério? Se o aborto pode ser aprovado pe la le i civil , por que não o assass inato do adulto? Vamos pôr em votação se os assass inos devem ser punidos ou libertados? Por mais que os la ic istas neo-ateus procurem ve lar suas verdadeiras intenções, e las vão afl orando com clareza cada vez mai or. • E- mail do auto r: cida lcncastro@ca tolic ismo.co m.br

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Uma utopia socialista desmascarada

Agrária, que está andando aos soluços, servindo de pretexto para invasões e subvenções e não produA revista "Time" ' comenta em artigo de Tim zindo nada, a não ser coletivização Macgirk que o mais antigo kibutz de terras e "favelas rurais". de Israel abandonou seus ideais João Pedro Stédile, do MST, socialistas para seguir os princípi que parece mudar de rumo a cada os da propriedade privada. O oportunidade que se apresenta, kibutz se tornara um anacronismo disse que o movimento será obrigaenferrujado . do a mudar radicalmente as formas O kibutz, ideal socialista igualide pressão: "Agora o nosso inimigo tário, na verdade nunca conseguiu aumentou. Não é mais o fazendeiimpor a igualdade tão decantada ro, o pecuarista atrasado", mas as em prosa e verso. A sociedade grandes empresas lig adas a israelense, desde o início, soube biocombustíveis. valorizar a criatividade e a livre As invasões de fazendas vão iniciativa mais que o socialismo. prosseguir, por uma mera questão Os Kibutzin sempre eram citade "sobrevivência" do MST: dos como exemplo de coletivização "Se o inimigo é mais forte, temos socialista e de Reforma Agrária, de aumentar a nossa organização. mas também eles não deram certo. Aumentar o nosso número de tanques (Stédile não perde a oportunidade para comparações Planta e arranca! militares), e não aumentar a João Pedro Stédile, do MST Seria para rir, se não fosse radicalidade do discurso". trágico. A loucura ideológica do MST chegou a este Enquanto isso, José Rainha faz um papel diferencúmulo! te. Quer auxílio do governo para colaborar, e diz que Relata a "Folha de S. Paulo": "Integrantes do já está preparando 1 O mil sem-terras do Pontal do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Paranapanema para plantar pinhão manso, planta Terra) arrancaram ontem mudas de eucalipto plantaescolhida para gerar o "biodiesel sem-terra". A das por 14 famílias em assentamento do próprio implantação da lavoura custará 50 milhões. Durante movimento, em Pinheiro Machado (a 362 km de os três primeiros anos os sem -terra receberão um Porto Alegre). As famílias que plantaram eucalipto salário mínimo garantido pelo governo. aderiram ao Programa Poupança Florestal, da VCP Quem se lembra da fracassada Cooperativa de (Votorantim Celulose e Papel)". Teodoro Sampaio fundada pelo mesmo José Rainha, A liberação deste tipo de plantio ainda está em com acusações de desvio de dinheiro? Seu passado análise pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização "empresarial" não recomenda .. . e Reforma Agrária), cujo dirigismo é radical. Há 20 dias, o Incra no Rio Grande do Sul notificou os assentados que assinaram contrato com a empresa, Índios X índios por não ter sido avisado sobre as negociações. A Na Amazônia, índios tenharin descobriram pena prevista: perda dos lotes - pura e simplesminério em sua reserva, e querem explorá-lo. mente. O fato deu origem a uma disputa com outra A direção do MST determinou que as mudas etnia, a dos mura-pirahã, que vivem também na fossem arrancadas, com base na notificação do reserva. Três funcionários da Fundação Nacional Incra e também por não concordar com o cultivo de de Saúde foram mantidos reféns, pois os tenharins eucalipto nos assentamentos. querem a presença de membros da Funasa para Completo absurdo . Quem pode levar a sério essa expulsar os mura-pirahã. As enormes reservas Reforma Agrária? indígenas no Brasil são muito ricas . Imaginem nossos leitores o custo da cobiça, quando os indígenas perceberem isso, o que mais Sem-terra X sem-terra cedo ou mais tarde irá acontecer . Tanto mais que Reunidos em Curitiba, movimentos de trabalhaatualmente não lhes estão sendo mais ensinados a dores rurais sem -terra condenaram o incentivo à moral católica e os 1 O Mandamentos da Lei de produção de biocombustíveis. Aproveitaram para Deus! atacar o presidente Lula pela lentidão da Reforma Teremos uma guerra civil indígena? Haja flechas!

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CATOLICISMO

Para entender índios X índios Os movimentos indígenas não se confundem com os outros movimentos ditos sociais, embora façam frente comum em defesa da coletivi zação das terras e outras bandeiras socialistas. Os conflitos indígenas obedecem à direção, influência e controle do CIMI (Conselho lndigenista Missionário), ala radical da "esquerda católica", que atua junto às tribos com seu exército de "missionários" e "missionárias", apoiado por inúmeras ONGs e outros movimentos políticos, todos ditos sociais. Catolicismo, já em seu número 639 (março/2004), denunciou a ação desses neomissionários, sob o título "Religiosos condenam nossos índios à barbárie". Mostra o artigo a suprema crueldade que representa não permitir o progresso a nossos índios , confinando-os em reservas, num regime tribal, tendo como conseqüência que eles continuem imersos no atraso e na barbárie de seus antepassados. Sobretudo é inconcebível não evangelizá-los, evitando que eles tenham abertas diante de si as portas da Religião católica. Esse o desejo de agitadores esquerdistas e neomissionários progressistas .

707

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não"

O parecer técnico do lbama sobre o impacto ambiental na construção de duas hidrelétricas sobre o rio M adeira - conhecido como 707 "n ão" - é um primor de sócio-ambientalismo e reflete o radicalismo do aparelhamento ideológico de órgãos da atual administração do País. Atrás de 707 "n ão" , escondem-se observações antológicas e disparatadas. O parecer brinda e ofende a inteligência dos brasileiros com an áli s s sobre o problema penitenciário da região, versa sobre o Tratado de Tordesilhas, sobre o garimpo nas margens do rio Madeira, sobre a questão das famíli as desa lojadas e sugere que sejam feitos estudos de impacto ambiental também na Bolívia e no Peru, países por onde passa o rio. Cobra soluções completas para tais problemas entre outros. Ao tomar conhecim ento do veto, o presidente Lula encerrou a reunião para poder "esfriar a cabeça" ...

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te, apesar de educado na corte rea l, não hes ito u em sofrer o ma rtírio pela fé de C risto na persegui ção dos á ra bes" (do Ma rtiro lógio Ro ma no).

6 São Nol'bcrto, Bispo e Conrcssor

1 Sant,o Inácio, /\nacol'ela + Es pa nh a, séc. XI. "Fe ito ab ade de Onha, o nde se acabava de adota r a observâ nc ia c luniace nse, de u novo impulso ao mo naqui smo" (do M a rti rológio Ro ma no) .

Primeira Sexta-feira do mês

2 São PloUno, Bispo, e Companlleil'OS, Mártires

+ Al e manha, 11 34. De fa míli a apa re ntada aos imperadores , passo u a ju ve ntud e "como c idadão de Babilô ni a, escravo do praze r e pris io ne iro de se us ca pri c hos". U m ra io, que quase o fulmin o u, levou-o à conversão. Depo is de dedi car-se à pregação, fun do u os Cô negos Regul a res Pre mo nstrale nses. Ele ito bi spo de Magde burgo, fo i um exempl o de ve rdadeiro pasto r de almas.

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re pe tidos co mbates sob [ os imperadores ro manos] M arco Auré li o A nto nin o e L úc io Vero estão d esc ri tos num a ca rta qu e a Igrej a de Lyo n e nvio u às a uto ridades da Ásia e da Frígia" (do M a rtiro lógio Ro ma no).

SOLI :NID/\Ot DO CORPO 1 S/\NCUt 01 CRISTO

Primeiro Sábado do mês

3 Domingo da SanLíssima Trindade Os Mártil'eS de Uga nda (Vide p . 40)

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1 :

1 :

1 :

1 :

Siio Guilllcr·mc de Yol'k, Bispo e Conrcssol'

+ Inglate rra, 11 54. Sobrinho do re i Santo Estêvão, muito cedo to rn o u-se tesoure iro da igreja de York, e em segui da seu a rcebi spo. Ca luni ado, fo i afastado do cargo . Depo is de sete anos de humilhações, fo i rea bilita do pe la Sa nta Sé. Mui tos mil agres fo ram o perad os em se u túmulo, inc lusive três ressurre ições.

Sant,a CloUlcte, Viúva

+ Tours (França), 545. Sendo esposa de Clóvis, re i dos fra ncos, suas orações e exemplos levaram o marido à conversão. Vi úva, ao ver que seus netos seriam assassinados pe los próprios pais (filh os da Santa) para os impedir de reinar, retirou-se para Tours, o nde se entregou à oração e penitê ncia pela conversão dos filhos.

5 São Sancho, Máttir

+ Espa nha, 85 1. " Adolescen-

nheiro de São Paul o na e va nge li zação . Este o c ha ma de A pósto lo, e mbora não fosse e le um dos doze.

9 Bcat,o José de /\ ncl1iew + 1597 . Apóstolo do B ras il.

10 São Gct,úlio e Companheiros, M6rUres

+ Séc. III . "Va rão de gra nde nobreza e c ultura, pa i de sete bem-aventu rados má rtires tidos de s ua esposa Santa S inforosa ; e também ma rtíri o de se us co mp a nh e iros Ce rea l, A m â nc io e Prim it ivo" (d o M a rti ro lóg io R o ma no) .

16 este ano: Imaculado Coração de Maria

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17

São Leão 111 , Papa e Conrcssol'

Sant,os Manu •I , Sabei e Ismael, Mártires

+ Roma, 8 16 . "A q ue m De us

+ Ca lccdôni a, 362 . "Embai-

restituiu mil agrosa me nte os o lhos que os ímpi os hav ia m a rra ncado, e a líng ua que haviam cortado" (do Ma rtiro lóg io) . Coroo u Ca rl os M ag no imperado r na Basíli ca Vaticana, na no ite de N a ta l de 800, o que levo u à fund ação do Sacro Im pério R oma no A lemão.

xado rc cio re i da Pérs ia para negoc iar a paz co m Julia no, o Apó lata, o imperado r qui s obri gá- lo ao c ul to dos ídolos; como rcc u a ·sem co m grande con tânc ia, ma ndo u passálos alio de espada" (do Ma rti rológ io R ma no) .

Sa nw /\nt,ônio ele Lisboa ou Pádua, Conl"CSSOI'

+ 123 1. Sa nto mui to po pul a r,

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quintes ·ênc ia cio cri stia ni smo, o co mpê ndi o e s um á ri o de toda a relig ião" .

+ Chipre, séc . L F iel compa-

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+ Lyon, 177. "Seu s fo rtes e 1

11 Sfio Ba l'llil l)é. /\pósLo lo

nasceu e m Lisboa , o nde se fez agostini ano e de po is fra nc isca no. N a Itália, São F ra nc isco encarrego u-o da pregação e o chamava de "seu B isp o", por sua erudição. Cogno minado " Ma rte lo dos he reges" .

·14 Sfio McLúdio ele ConsLanLinopla , Bispo e Conrcsso l' + Consta ntino pla, 847. fta li ano , "estudou e m Consta nti nopla, o nde a braço u a v ida mon ástica . To rn o u- se a b ad e , e mais tarde patria rca . Fez triunfa r defi ni tiva mente, co m o apo io de Ro ma, o cul to das sa ntas image ns, instituindo a 'Festa da O rtodoxia' , ce lebrada anua lme nte desde então" (d o Mart iro lóg io R o m a no M o nástico).

15 S/\GR/\00 CORAÇÃO D~: .rnsus Escreveu o Ca rdea l Pi e: "O c ul to ao Sagrado Coração é a

'ª

São Gregór·io Barba rigo , Bispo e Conrcssor

+ ltál ia, 1697. De fa mí lia patríci a de Ve neza , to rno u- se Bi s po d e Pád ua e C ardea l, dedi cando o m lhor de suas ativ idades ao semin ário episcop al, q ue tn ns formo u num dos me lhor s da Itál ia. N e le é g ua rdacl reve r ntcmente o coração do anto.

H)

Samos

e r·vósio e· Pl'ot.ásio,

M61'1.ir·cs + Mil ão, ·é ·. 111. O pri me iro 0111 pontas de fo i aço ita cl chumbo até ·1 morte; e o seg undo, d po is de flage lado, fo i dego lacl . 'a nto Ambrós io d e cob riu seu s corp os e m 386. De Mi Fío seu culto expa ncl iu-s · até as Gá lias, o nde vá ri as i 1 rej as lhes fo ra m dedi cadas.

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s ido massacrados, Ada lberto volto u à A le manha, o nde fo i desig nado bi spo da nova sede epi scopal de M agdeburgo, na Saxônia.

21 São Luís Gonzaga, Confessor

+ Ro m a, 159 1. D e fa míli a prin cipesca, aos 17 a nos in g ressou na Compa nhi a de Jesus. De pureza a ngé li ca, mo rreu aos 24 anos como mártir da ca ridade, v ítima de uma ep ide mia co ntra ída ao ass istir enfe rm os. É pa tro no da j uve ntude.

22 São Paulino de ola , Bispo e Conl'cssor

+ 43 1. Pagão, de no bilíss ima fa mília, ainda j ovem foi prefeito de R om a e senado r, casando-se com uma c ri stã . Ao converte r-se, ele acordo co m a esposa, re nunc io u a tudo e fez-se sacerdote.

23 São ,José Cafasso

+Turim (Itá lia), 1860. Contemporâneo, conterrâneo e mestre de São João Bosco, fo rmo u o clero pie mo ntês nos bons princípios de São Francisco de Sales e Santo Afonso ele L igório.

24 NaUvidade de São João BaUsta

26 São Vil'gílio, Bispo e Má 1tir + T re nto, 405 . N asc ido e m Tre nto, fo i educado em Atenas. E leito bispo ele s ua c idade natal, " tudo fez para extirpa r os últimos ves tíg ios ele id o lat ri a. Po r esse m otivo , hom e ns ferozes e bá rba ros aba tera m-no com uma raj ada de ped ras" ( do M arti ro lógio Ro mano).

27 Nossa Scnhol'a do Perpétuo SOCOl'l'O Segundo a tradição, essa pintura fo i levada de Creta para Ro ma p o r um negoc ia nte e perma neceu na ig rej a ele São M ate us até 18 12, indo depois para uma cape la dos agostinia nos. Em 1866, o Gera l dos R edentori stas obteve de P io IX a custódi a da imagem , di vulga ndo-a então por toda parte. Tornou-se uma elas esta mpas de Nossa Senhora mais popula res em todo o mundo .

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Intenções para a Santa Missa em junho Será ce lebrada pe lo Revmo. Pa d re Dav id Franc isqu in i, nas segu intes intenções: • Em lo uvor de Santo A nton io de Sa nt'Anna Ga lvão, primeiro sa nto ca no nizodo nascido no Brasi l, pedindo que ele interceda ju nto a Deus para que nosso País se ja inteirame nte cató lico e fiel à sua vocação, retorn ando às vias da C ivil ização Cristã. • Que o Sagrado Coração de Jesus, cujo festa se comemora neste mês, derrame graças e bênçãos especiais sobre todos nossos colaboradores e suas respectivas fam íli as .

São Plutarco e Companlleil'OS, Má1tircs + Egito, 202. Ass istind o às aulas do célebre O rígenes, em A lexandri a, fo ra m po r e le convertidos à fé católica, e nfre nta ndo po r isso o ma rtírio nas perseguições do impe rador Severo.

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Por te r sido purificado ai nda no ventre mate rn o pelas palavras da Santíssima V irgem, é o único santo, alé m da Mãe de De us, de q uem se comemora o nasc ime nto.

Comemoração de São Pedro e São Paulo, Apóst,olos

30 São Marcial, Bispo e Confessor·

Sa nt.o /\dalhc rto (IC Mllg(ld)ut•go, Bispo (\ Conl'essol'

25

+ França, séc. IJI. Um dos pri-

São Máximo de Turim , Bispo e Confesso!'

+ A le m a nh a , 98 1. Env iado

+ Itáli a, séc. V. Ce le bé rri mo

pe lo Im pera lor Otão, o Gra nde, como c hefe de um g rupo de mi ss io nári os que fo ram evange li zar s e )avos. Tendo todos se us ompanhe iros

pe la do utrin a e s a nt id ad e, seus di sc ursos revela m ciência e virtude. C hega m a ser comparados aos de Sto. Agostinho.

me iros a a nuncia r a ve rdadeira Re lig ião nas ce rcani as de L imoges, F rança, o nde é vene rado com seus do is sacerdo tes A lpinia no e A ustriclinia no. A vida dos três fo i po ntilhada ele extrao rdiná ri os milag res .

Intenções para a Santa Missa em julho • Pedindo a Nossa Senh ora do Carmo q ue frustre as a rti culações dos adversários da Igreja Cotólica, que tramam para q ue se aprovem leis descrimina lizo ndo a abo minável prática do aborto no Brasil. Tam bém para que Ela não perm ita a a prova ção em n ossa Pá t r ia de quo isq uer o ut ra s leis que fac il item práticas contrári as à Lei de Deus, como o "casame nto" ho mossexua l e a eutanásia .


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IV Congresso Mundial das Famílias 3.400 pessoas de 60 países participaram do congresso, realizado neste ano em Varsóvia (Polônia), de 11 a 1:3 de maio. Os três últi1nos ocorreran1 em Praga (1997), Genebra (1999) e Cidade do México (2004). LEONARDO PRZYBYSZ E SiAWOMIR SKIBA

Va rsóvia - Entre as delegações do IV

Congresso Mundia l das Fa mílias , marcara m fo rte presença gru pos das TFPs da Po lô ni a, Estados Uni dos , Fra nça , Alemanha e Itáli a. Entre os patroc inadores da importante reuni ão in te rn ac ional em defesa da fa míli a tradi cio nal, destaca mos a TFP norte-a meri ca na e a Associação Pe. Piotr Skarga, sedi ada em Cracóv ia. CATO LI C I SM O

"A .fàmília, primavera para a Europa e o mundo" fo i o lema do Congresso neste ano, considerado o ma ior evento in te rn ac iona l pró-famí lia , que co nto u com 3.400 participa ntes - em sua ma iori a líderes que atuam em defesa da in stitui ção fa mili ar em d ive rsos países. O evento teve luga r no Palácio da Cultura e Ciência, na cap ital polonesa. Dura nte os encontros, todas as aten-

ções est ive ram muito voltadas para a trág ica situação de mográfica da Europa, sendo essa a preocupação mais generalizada entre os participantes. O Prof. Fra nço is Géra rd Du mont, demógrafo fra ncês da Sorbonne, advertiu que, caso a Europa não aumente a taxa de natalidade, em breve ela se defro ntará com uma grave crise econômi ca e cu ltura l. Essa é a tri ste conseqüência da li -

111 itação de fi Ihos por casa l. Acre centou ele que a cri se demográfica na Europa se caracte ri za pelo aum ento cio número ele pessoas idosas e pe la diminui ção ela popul ação jovem. Há 50 ano· a pe rcentage m ele pcs ·oa ac im a el e 60 anos era de 15%; hoj e atin ge 22%. A Europa é hoje o co ntin ente onde se observa a maior fa lta de repos ição ele geraçõe . /\ pop ul ação diminui a cada ano. Essa tendência co meçou a ser observada jf1 no ano 60, sobretudo a partir da in fa usta /? volução da Sorbonne ele maio ele 6 . O I rofc so r am e ri ca no Phillip Lo ng man observo u qu e esse invern o demográ fi co ameaça também os Estados Unid o . • professo r russo Anate i ij A nto nov afirm o u qu e a fa míli a, na Rúss ia, 6 destru ída atualmente como o fo i no períod co mun ista, e que a suposta po líti ca r>ró-natalidade do pres idente Putin 6 mito e mentira. A conseqüência ele ta l po lí tica con siste, entre outras co isas, no fo i ) de que 76% elas fa míli as estão se desfaz ·ndo, e a duração médi a de um casa menl o é ele apenas nove anos. De cada qualro casamentos, três se desfaze m hoj ' cm di a na Rú ss ia. O ex - r>resid e nte d a Asse mbl é ia Legislati va polonesa, Marek Jurek, asseverou qu é necessá ri o a vida ser garantida r>clas constituições, desde a co ncepção ai a morte na tural , não somente na Po lôni fl mas no mundo inteiro. O bi sr>o polonês D. Stani slaw Stefanek cli ss' 1u ' co nstituem ataques à fa míli a 1u o só a propagação cio di vó rc io e el a uni o ·s liv res, mas também a dú vi da cri ado sob re a própri a defini ção de casa mcnl o • de seu sentido. Essa tencl ên ·ia 1•va muitos po líti cos a to lerar mani~ ·slnçoes de mov im entos homossex uais, 111 ·smo não se ndo e les fa voráveis ao hom ossex ua li smo, o qu e representa um n posição qu e se opõe ao própri o bom senso. Entr • ou tros, também fi zera m uso da palav rn: Roman G iertych, mini stro da Edu caçt o e vice-prim e iro mini stro da Polô ni 11 ; l~ll en Sauerbrey, ass istente do sec rcl{1rio de Es tado norte-ameri cano para />0111,/uçcio, Rejitgiados e Imigrantes; ln ·s • Slesere, membro do Parl amento da L •t f)ll ia; Christine ele Vollmer, presid e nl · da Alia nça Latino-americana

para a Fam ília; Allan arl son, secretári o in ternac ional cio Congresso Mundia l das Famílias; Katarzy na Maze la, dirige nte do co mitê orga ni zador e vi ce-presidente do Fórum das Mulheres Polonesas; Pat Fagan, pesqui sador da Heritage Foundation; Bill Sa unclers, cio Conselho de D irei tos Humanos do Fa mily Research Cou ncil; Pe. Thomas E uteneuer, pres idente do Human L!fe l nternational; Yuri Mantill a, do Focus on the Fam ily. Entre outros temas, também se criticou: a age nda do movimento homosse-

xual, que propugna o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo; o aborto; a pornografi a e seu efeito deletéri o em relação à fa míli a; os desagregadores efe itos psicológicos que programas televi sivos exercem sobre a fa mília; as políti cas sociali stas destru tivas do princípi o da propri edade pri va da e da li vre ini ciati va . Debate u- se a inda a luta demog ráfi ca empreendida em di versos países incenti va ndo o índi ce de nasc imentos, Os participantes do co ngresso sugeriram so luçõe pos itivas para vári os desses probl emas. •

Aspectos de vários dos stands do congresso

Ação internacional pró-família Congresso Mu,ulial das Famílias é uma rede in ternac ional que reúne organi zações pró-fa míli a, pesqui sadores e líderes, tendo como finalidade restaurar a fa míli a natural co mo unidade soc ial fundamental e semente da soc iedade civil. Fo i fundado em 1997 em Rockfo rd (llin ois - EUA), por All an Ca rl son, pres idente do Howard Center fo r Family, Religion & Society.

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As famosas Highlands (terras altas) escocesas

Castelo de Edimburgo

tóri a escocesa . Res idênc ia real , o Castelo d e tirlin g ass istiu , de ntro de suas mura lh as, ao ba ti smo, à coroação e à mort e de diversos re is da Escóc ia . Num páti o nco ntra-sc uma es tátu a do Re i Robe rt Bru ce , sex to d esce nd e nte de David 1. Robert Bruce entrou na H istória como o rei que conqui sto u a independênc ia de cu país . Depois de visitar 111 lcnfínnen, na s Terras Altas, e lasg w - que, a par de sua impo rtância hi stóri ca, constitui hoj e em dia influente ccntr univcr itá ri o os jove ns po lo ncs s rc t rn aram a se u país. Um a semana de ex ·ur ão contemplando ma rav ilh as qu e a ivili zação C ri stã edifi co u na Escó ·ia . • E-ma i l do autor:

N um intercâmbio cultural promovido pelo Instituto de Cultura Pe. Piotr Skarga, da Polônia, juntamente com a TFP do Reino Unido, estudantes visitaram cidades e monumentos históricos da Escócia n ENRtQUE

l.ARA

dimburgo, G lenfínnen nas Terras Altas, G lasgow, Palácio de Holyrood , Castelos de Edimburgo, de Stirling, todos loca is onde se deram fatos de importância dec isiva na hi stó ri a da Escóc ia, fo ram va li osos para a formaçã.o c ultural de jove ns poloneses. Contributo exce lente presto u-lhes Philip Moran , diretor da TFP no Reino Unido, que os guiou , dando-lhes expli cações e esclarec imentos sobre os lugares vi sitados. Um de les, talvez um dos mais famosos, foi o Palácio de Holyrood , c ujo nome ang li cizado provém de Haly Ruid, Santa Cruz. Construído em 11 28 pelo Rei

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CATOLICISMO

David I, Holyrood, um dos ma is belos castelos de todo o Reino Unido, era a res idência dos soberanos escoceses. Ali viveu , na segunda metade do sécu lo XVI, a bela e infe li z Rainha Maria Stuart, da Escóc ia, legítima herdeira do trono ing lês e cató lica . Presa posteriormente na Torre de Londres durante 18 anos, fo i decapitada por ordem de Isabe l l , protestante, filha ilegítima de Henrique Ylll. Do Palácio de Holyrood os estudantes poloneses dirigiram-se pela Royal Mile ao astelo de Edimburgo, construído no alto de uma rocha. A Royal Mile é uma pitoresca rua de pedra que atravessa todo o centrn hi stórico da capital do país e conduz até à e planada do astelo de Edimburgo, onde anualmente se rea li za o Edinbwgh

Ca ste lo de Stirling

Militwy Tattoo , tradicional desfile militar de grande esplendor. A hi stória do Caste lo de Edimburgo remonta ao início do sécu lo VIL Sobre a rocha os escoceses haviam construído a fo rtaleza de Din Eidyn, conq ui stada em 638 pelos anglos, que lhe dera m o atua l nome de Ed imburgo. Ne le morreu , em fin s do século Xl , Santa Margarida, Rainha da Escócia. A parte mais antiga do Castelo é hoj e a capela construída em sua memória, no início do século XJ l. No centro da Escóc ia, ed ifi cado também sobre uma alta rocha e dominando a passagem do rio Forth, encontra-se o Caste lo de Stirling. Praça forte atacada e sitiada pelo menos por 16 vezes, junto a ela travaram-se batalhas dec isivas na hi s-

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A MBI E NT ES C O ST UM ES C IVILI Z A ÇÕES

1,

emos nestas ilustrações, à esquerda e acima, habitações populares. É

V gente do povo que mora em tais casas.

Habitações populares fradicionais

As construções transmitem a sensação de solidez, dão a impressão de que protegem contra as intempéries. Dentro delas o homem sente-se na intimidade, a léguas de di stância da rua, afastado dos outros, com a possibilidade ele estar só e ele ser ele mesmo, um pouco plenamente ele mesmo, no aconchego da fa mília ou numa solidão completa aos olhos de Deus. Que sensação agradável ex perimenta o homem, à maneira européia, quando chega o verão: vasos com gerânios vermelhos, cortininhas, e cio lado de dentro uma pessoa ca lma lendo um livro, uma senhora faze ndo crochê ou tri cô e conversa ndo com o netinho sentado no chão. É a vicia tra nqüila de outrora, cheia de paz. Entreta nto, mais fun cional cio que a elas multidões acotovelando-se nos ônibus. Cidades pequenas, onde todos andam a pé para qualquer lugar, onde ninguém está com pressa ou correndo; todos vivem e respiram tranqüil amente. Fo i em cidades des e tipo que se fo rmaram os povos euro peus sa udáve is, que engendra ra m a maior civili zação ele todos os tempos.

Aconchego da família e solidão aos olhos de Deus

■ PLI NI O C ORRÊA DE ÜLIVEIRA

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Na ilustração ao lado, numa pequena cidade burguesa medi eva l italiana, vemos uma casa sumamente aconchega nte. Que agradável, por exemplo, num pôr-do-sol de um dia fresco, permanecer nesse terrac inho circundado de fl ores e rezar, ler ou faze r uma gra nde co isa, que é contempl ar. Quando a pessoa tem a alma cheia de gra ndes pensa mentos e ele verdade ira fé, não fazer nada não é fl anar; não é vegetar como um bobo, mas é deixar a memóri a fa lar, fazer desfil ar as recordações, ir pensa ndo ao sabor do tempo e das associações de imagens. É ir contemplando. Foi junto à janela ele uma hospedagem em Óstia, na [tá li a, que anto Agostinho e Santa Mônica, conversando agradave lmente, tivera m um êxtase: o fa moso êxtase descri to nas Confissões do grande Doutor ela Igreja. Quem poderi a ter êxtase num arranha-céu contemporâ neo? Deus pode tudo, até fa zer com que num edi fíc io desses alguém entre cm estado mí stico. Mas é prec iso reconhecer que o arranha-céu não aj uda em nada para alguém entrar em êxtase. •

Exce rtos da co nferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em 10 de fevereiro de 1974. Sem revisão do autor.



.J

A matança de inocentes em nossos ·tempos

S

e qu iserm os bu sca r as causas cios males 1ue hoj e afli gem a humani dade, não seri a difícil encontrá- las, ao menos em parte, na grande matança ele inocentes, ele que nosso século é teatro. Houve sécu los que conheceram verdadeiras matanças ele in ocentes. É o caso lo extermíni o, por ordem ele Herodes, ela s cri anças entre as quais se pudesse porventura encontra r o Criador. Nosso séc ul o conheceu um mal mais atroz. Já não é o so ld ado cru el que invade o lar, arran ca ao co lo materno a cri inocente e, fe rind o-a, fere a mãe

UMÁRI

PUNI O CORRÊA DE O LIVEIRA

com um a seta mora l mil vez s mai s -ruel do que o glá li o de aço. qu ' hoj • s • vê é o ego ísmo ermin ando no pní pl'io coração materno, levando a 1ml • u d ·:-: • j ar estanca r, co m o ·on ·urso tlu ·i n ·i11, a própria fo nt e da v id a. /\ ·s p11d11 foi substitu í la I ela ci ~ncia, ' o soltl udo pl' lll mãe, que não ap nas li mina 11 vidt1, I1111s a ev ita. Pouca s co i sas I od ' 111 111 ' I' • • ·r 1110 graves e tão pesados cas ti •os d · 1k1 1:,, quanto a matança de inocent ' S ·ujo s1 111 gue brada ao Céu pedindo vi n 'íl ll Çll. M as esta sini stra verdade t •111 I' ·v ' I'

so lumin oso, · para , 1' que desejo chaIn11r 11 111•n ·1 o d • 111 ' us leitores . S • 1 ·us promete tantos e tais cas ti •os p11l'11 os que oprim em inju stamente 11s ni11 nças, que reco mpensas e que in du l , 11 ·ia s nuo enco ntra rão junto a Ele os qu • ns protegem? Se Ele sabe punir ·om nwo i n xorável os qu e mata m os in o · •nt cs, não saberá premi ar co m mis •ri · m lia as mãos que lhes levam ali 111 ·ntos, l ' l'csa, agasa lho e remédio? • 'l'11'\'li11, ,·x trn ídos do arti go de Plín io Corrêa de ()II Vl' lt11 , " l ,vg iomí rio", 11° 4 14, 18-8- 1940.

,Julho de 2007

Nº G7H

4

Ci\ 1nA DO DumTm~

5

PAGINA MA1~1ANA

7

LmTlll~i\ EsPIRITLJAL

8

CommsPONDl~:NCI;\

1O

A

14

INTERNACIONAi,

18

INl-'C)l~M/\TIVO RtJRAI,

2 1.

ENTREVISTA

25

Pon Qtm NossA S1•:N110Ri\ c1101~i\

26

Ci\PA

38

VmAs DE Si\N'l'OS

41

D1•:STA()U1•:

45

D1sc1~RNINDO

46

SANTOS E FES'l'J\S DO MF.S

48

AçAo CoNTRA-Rl~vor,ucroNÁRI/\

52

AMm1w1·..:s, CosnJMES, C1v11,1zi\çfms

Nossa Senhora, Mãe de todas as mães Devoção ao anjo da guarda e aos santos

P Al,i\Vl~A DO SA<:mmcrn:

Rússia atual, análoga à antiga URSS

Bastidores da Guerrn das Mal vinas

O lobby intemacional da "pena de morte" ao nascituro

Putin e a ameaça do novo comunismo

Os santos márlire::; de Gorkum (Holanda)

Genocídio stalinista da Ucrânia Esquerda manipula nossos índios

Vitrajs de Chartres: beleza aliada à limcionalidacle

Nossa Capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo.

./\ I OI I IM )

JULHO 2007


Quando as mães têm Nossa Senhora como modelo

Caro le itor,

Diretor: Paulo Co rrêa de Brito Filho

Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 311 6

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E-mail: epbp@ uol. com.br Home Page: http://www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Julho de 2007: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avu lso:

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

Muitas vezes o sucesso de um plano p rv rso consiste e m oc ultar as táticas e mpregadas para se obter o fim des jado. Foi o que, por muito tempo, os ativi stas pró-aborto fizeram. Eles não costum am revelar publicamente as táticas qu utilizam. Servindo-se de subterfúgios jurídicos e truques ele linguagem, atuam dissimuladamente para impor o aborto sem chocar a opini ão pública - que, se alertada, poderia despertar e reagir - , e para fac ilitar as manobras junto a govern antes na aprovação de projetos lega lizando a prática abortiva. Os ativi stas mais experi entes ensin am suas táticas apenas a outros parceiros, para que estes possam atuar mais eficazmente. Entretanto, acabou vindo a púb li co um documento que torna patente as artimanhas ap li cadas pelos promotores cio aborto: num congresso realizado na Argentina, uma ativ ista colombiana deixou cair a máscara. Expôs e la a estratégia que empregou na Co lômbia, a fim ele ser obtid a a lega li zação do aborto. Sua exposição teve o objetivo de ensi nar os demais congressistas a atuarem no mesmo sentid o em seus respectivos países. Assim sendo, co m a matéria ele capa desta edição, Catolicismo oferece a seus leitores, em primeira mão, um estudo de nosso colaborador Alfredo MacHale, no qual são anali sadas em profundidade as táticas cio lobby internacional pró-aborto. Do mes mo modo como os lobbystas cio aborto estudam co mo melhor pôr em prática o. métodos para atingir seus objetivos, aqueles que lutam para fazer cessa r o assass inato ele nascituros elevem também estudá-los, para melhor os denunciar e combater. E assim desmascarar a existência desse lobby abortista que, financiado por organizações internacionais, age em nosso País para co nseguir a aprovação de le is que descriminalizem o aborto totalmente, ou do modo mai s amplo po ível. Tais lobbystas se organizam; adestram-se intensivamente; co nstituem ONGs para promover a causa abortista; agem coordenaclamente para abafar as possíveis reações. Nós, que desejamos imitar a Nosso Senhor Jesus Cristo, também não nos organ izaremos para melhor defender seus divinos ens inamentos? Não nos adestraremos para defender a moral católica, que condena qualquer tipo de aborto? Não promoveremos reações contra esse universal conluio anti católico? Sem dúvida elevemos fazê-lo. Essa é a finalidade da presente matéria de capa. Diante disso, atuemos com todas nossas forças para impedir a matan ça de inocentes. Nesta intenção, rogando o auxílio da Sagrada F·rn1ília, desejo a todos os prezados leitores um proveitoso estudo de e imr,orlantc tema. Em Jesu e Maria,

~ P,nilo ('mr 11 d,· 1111111 111 11 111 1)1111 11 Ili p:H1l olui1 oc111·

1t u l1 1 1~11111 11111111

C onstitui poderosa ajuda, para se ter uma correta devoção marial, o poder beneficiar-se de uma formação familiar psicologicamente adequada a isso, procurando as mães assemelharem-se a Maria Santíssima n VAL01 s GR1N sTE 1Ns

E

nquanto dava uma au la de catec ismo, deparei-me com um séri o e comp licado problema da vida moderna. Explicava aos meus ouvintes - um grupo ele jovens em torno ele 17 anos - a grav id ade do pecado cometido por Ca im contra Abel. Examinei com eles não só o pecado de in veja, e o fato ele Ca im oferecer a Deus frutos secundári os e não os melhores, mas concretamente o crime ele assassinar o próprio irmão. Para minha surpresa, não os sensibilizava a circunstância de que o assassinato, em si grav íss im o, revestia-se de uma grav idade ainda maior sendo um fratricídio. Concordara m em que todo assass in ato é ruim, mas não lhes impressionava em particular o fato ele ter sido praticado por um irmão . Nesse momento veio- me a idé ia de perguntar quantos deles tinham irmãos. A maiori a tinha some nte um , gera lmente uma irmã, ou não tinha ne nhum . O u sej a, a muitos deles fa ltava o ponto de referência elementar para me lhor ente nde r o problema. Aquela convivênc ia varoni I entre irmãos, a confi ança rec íproca, a união de esforços, a certeza ele apo io mú tuo, eles não tinham. Conseqüentemente, fa ltavam a eles pressupostos para entender certas matérias. A lgum leitor poderá ac har exagerado levanta r esse problema, e argumentar que sempre na História houve filhos únicos, e a eles não falto u a capacidade de sentir o u entender o que é um irmão. É verdade que sempre houve fi lhos únicos, mas as famílias geralmente eram numerosas, ou até numerosíssi mas. Os que não tinham irmãos, certamente tinham primos, ou e ntão amigos que tinham irmãos, e com isso não lhes fa ltavam os modelos em que se basear para entender o

signifi cado de um irm ão. Mas hoje, em fa míli as modernas co m um ou poucos filhos, virou um a regra muito genera li zada a fa lta ele irmãos , e até a fa lta de primos. Na alma cios jovens a quem e u procurava in struir, fa ltava um eleme nto para ap rec iar o que sig nifica em profu ndidade esse fato co ncreto, que é a lguém e liminar vio lentamente um ser tão próximo como um irmão.

Mãe: i11s11bstilllfrcl missão M as o problema não parou aí. Imediatamente me veio à mente uma outra hipótese: Será que eles e ntendem corretamente o que signifi ca ser Nossa Senhora nossa mãe? Será que expressões como doçura materna, bondade ele mãe, solic itude maternal ou desvelo materno têm para eles o mesmo sentido que para outras gerações? Obviamente, toda precaução é pouca, quando se trata ele tema tão dei icado. Perguntei-lhes: Q uando vocês estiveram doentes, quem fo i a pessoa do sexo feminino que mais se esforçou por tratá-los melhor? Muitos respondiam que fora a mãe, outros mencionavam a irmã, uma enfermeira, uma avó ou até uma vizinha. Outra pergunta: Quando choraram a última vez, quem foi a pessoa que mais procurou consolá-los? As respostas fora m as mesmas, só que aparec iam também uma amiga ou uma colega de au la. Mais uma pergunta: Quando tiveram um problema que não queriam contar a seu pai, a quem o contaram? De modo geral, a proporção foi a mesma: metade recorria à mãe, e os outros a outra pessoa.

Família JlOJ'JJlalmc11tc COllStilllída Depois, ao longo do tempo, nas conversas individua is que ocasiona lmente se apresentavam, indaguei cli eretamente sobre o que pensavam seus pais de tal ou qual problema. As respos-

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tas eram boas por um lado, mas por outro deixaram-me com uma sensação de profunda melancolia, ao constatar que a atual geração, por assim dizer, conhece pouco o que é uma família normal na sua plenitude. Alguns tinham pais separados, divorciados, ou nem conheceram o pai. A mãe tinha que ser a fi gura que impunha a di sciplina, e ao mesmo tempo a que representava a mi sericórdi a . Outros tinham parentes a lta me nte ex ige ntes, que freqüentemente os obrigavam a estudar, e estudar muito, afi rmando que, após a morte deles, o jovem teria que se arranjar sozinho no mundo. Outros viam pouco seus pais, pois as condições da vida moderna exigiam-lhes trabalhar muito, e às vezes em horários nada fa vorecedores ao convívio familiar. Os pais de alguns pareciam preferir que eles não crescessem, e que fossem sempre meninões. A outros, os pais exageravam na proteção, a ponto de nem deixá-los sair com amigos. Em todos os casos pesavam sobre as famílias as condições desfavoráveis da vida moderna nas grandes cidades. Uns pelos outros, é como se a palavra mãe perdesse algo do significado que tinha para as gerações anteriores. A falta de uma Civilização Cristã, na qual as ex igências da vida sejam adequadas à Religião e à moral (não só à economia e ao prazer) produz também no santuári o do lar os seus frutos amargos.

A Mãe de todas as mães

por e les. Por pouco que fosse o tempo di sponíve l para ded icar a seus filhos, estes notavam o carinho, e o comentava m. Sob certo ponto de vista, a dedicação materna ajuda na fo rmação re ligiosa dos filh os, pois para eles a idéia de que Nossa Senhora é nossa mãe, que a cada mo mento nos protege e cuida de nós, o enche de conso lação. No fundo , a concepção que aque les jovens tinham de Nossa Senhora dependi a muito da idéia que faz iam da própria mãe. Daí a séri a responsabilidade que têm as mães em sere m virtuosas, pois, entre outras co isas, estarão co locando a cada dia, a cada minuto, na cabeça de seus filh os, o pontos de referênc ia a partir dos quais e les vão entender depo is as verdades da nossa Re li gião. E não é só na cabeça dos filhos, pois mui tas vezes elas são também os mode los admirados por o utros jovens o u cri anças que co m e las tomam contato. Pode ser que e las mes mas não notem, ou que jamais alguém mencione para elas esse fato, mas diante de Deus isso te m um valor enorme. Fica aq ui este ponto de meditação para todas as mães. Na medida e m que elas se esforça m para ser como que um refl exo de Nossa Senhora, fazem um apostolado da ma ior importância. E a Virgem Santíssima, M ãe de todas as mães, saberá premiar tão excelente esforço. •

Devoção ao anjo da guarda e aos santos E m edições anteriores, tratamos da importância da devoção à Santíssima Virgem. Nesta, transcrevemos da obra de Fr. Wallenstein* algumas considerações sobre a devoção ao anjo da guarda e aos santos

"

E- mail cio autor: valcli sg rin s1eln s@catoli cis111 o.co111 .br

Por outro lado, a graça ele De us atua nas almas para contrabalançar tais efeitos. Há mães que, apesar de tere m necessidade de tra balhar longas horas fo ra de casa, ou cuidar e las sozinhas de sua prole, nem por isso lhes fa lta a dedicação, a entrega, o desvelo pe los filhos. São mães que se sacrifica m

- C A T O L I C ISMO

avemos de venerar e in vocar devota me nte o santo anj o da guarda porque: l. ele é um eminente prínc ipe da corte celeste; 2. e le nos foi designado por Deus como nosso companheiro, protetor e guia. Lembra-te sempre de sua presença, e nunca faças à vista dele o que não ousari as fazer à vista de tua mãe. E m todos os perigos corporais e espirituais, invoca-o e segue suas inspirações. Não te esqueças de que também o teu semelhante tem o seu anjo custódio. Saúda também a este anjo muitas vezes, e regula o teu procedimento com o próximo de conformidade com essa verdade.

Devoção aos santos

Tronos angélicos

Havemos de venerar també m os sa ntos, porque: 1. são amigos prediletos de Deus; 2. são modelos proeminentes da perfe ição; 3. são poderosos e pressurosos intercessores. A mais excelente devoção aos santos consiste, também neste caso, em lhes imitar as virtudes. Há entretanto, na vida dos santos, certos exercícios que mais são para admi rar do que para imitar. As vi das dos santos constituem ótima leitura espi ritual. Lendo-as, devemos ter em vista sobretudo nossa edificação e o afervora mento na prática das virtudes. Uma devoção muito espec ial ele vemos ter a São José, ao santo de nosso no me, ao de nossa paróqui a, enfim , àq ue les santos que se distinguiram nas virtudes que mais nos fa ltam". •

* Fr. A ntônio Wall enstein , O.F. M ., Ccueci.1·1110 da Petfeiçcio Cristci, Editora Vozes, Petrópoli s, 1956, Ili edição.

JULHO 2007 -


"Bandefrante de Cristo " Estou muito admirada com a revista desse mês [junho], principalmente com os textos sobre o nosso novo Santo Frei Galvão e sobre o Convento da Luz. Também me sensibilizaram muitíssimo as lembranças contadas pelos dois parentes do grande "Bandeirante de Cristo", nosso "embaixador" junto de Deus. (M.S.G. -

SP)

Jovens católicos

Rogai por 11ós! B] Como sou testemunha de um

acontecimento que se passou com uma senhora, minha conhecida há muitos anos, pego "carona" na publicação da revista Catolicismo sobre Santo Antonio de Sant' Anna Galvão para contar um fato. Essa senhora, após vários exames, pois sentia fortes dores estomacais, recebeu de seu médico o diagnóstico: úlcera. Mas, apesar do kit de remédios que tomava todos os dias, as dores não terminaram. Ela tinha perdido a esperança de melhorar, e deixou de tomar os remédios. Um dia sua filha levou-lhe os comprimidos receitados pelo médico e insistiu que ela os tomasse. Mas a senhora recusou, dizendo que de nada adiantavam. Mais tarde a filha retornou ao quarto da mãe, que gemia de dores, e disse-lhe: - Se a senhora acredita mesmo em Deus, tome esta pílula. A senhora tomou, deixou de sentir qualquer dor e perguntou, chorando de alegria: - O que você me deu para tomar? - Uma pílula de Frei Galvão! Aquela senhora nunca mais sentiu as dores que a atormentavam. Frei Galvão: Rogai por nós!

-CATOLICISMO

(B.F.Q. -

SP)

B] Acabo de ler a reportagem "O acolhimento a S.S. Bento XVI no Brasil", e fiquei muito satisfeito com a sensibilidade do autor [Santiago Fernandez] do registro desse evento. Estive presente nas três ocasiões em que os fiéis acorreram ao Papa, enquanto esteve na capital paulista: a acolhida no mosteiro de São Bento, o encontro no Pacaembu e a missa de canonização no Campo de Marte. De fato, foi muito confortante conhecer outros jovens católicos disposto a defender valores afins com o ensino da Igreja. Ressaltaria que os momentos mais significativos dessa visita de S. S. o Papa Bento XVI não foram captados pelo jornalismo, dado a natureza particular de tais momentos: os encontros privados de cada um dos que acolheram o Papa, encontros nas lanchonetes, no metrô, nas hospedagens, nas ruas, encontros nos quais não se falava de outra coisa senão do apoio de todo às palavras "inoportunas" do Bispo de Roma. Impressionou-me o número daqueles que, em uma madrugada com temperatura de apenas 1O graus, dormiam na grama do Campo de Marte - muitos protegidos apenas pelas próprias faixas com mensagens festivas, que traziam do encontro no Pacaembu - ou se mantinham despertos em vigília, rezando e entoando cânticos até o amanhecer. Foi impossível passar incólume ao encontro com o S.S. o Papa Bento XVI! Impossível confundir tai s mo-

mentos como uma lembrança meramente curiosa, como propuseram alguns veículos de com uni cação. Os que viveram de perto a experiência, sem dúvida tiveram um reencontro com a fé, com a Igreja, com Deus, com o carisma do Papa Bento, tão ultraj ado pela contemporane idade, mas que se revelou um a potência evange li zadora. Todos queriam ouvi- lo. Uma experiência pessoal que gostaria de compartil har: durante minha estadia em São Paulo, pude conhecer um grupo de jovens vindos do Pernambuco - terra do progressista Dom Helder Câmara - que me concederam a oportunidade de participar, pela primeira vez, de uma missa celebrada em latim por um padre que tem o indulto do bispo da arquidiocese de Olinda e Recife para tais celebrações. Atualmente o padre que tem tal indulto promove um curso de liturgia para seus paroquianos, mas da liturgia da missa em latim. Não tenho notícia de eventos semelhantes no nordeste. Mais uma vez, parabéns pela reportagem de Catolicismo. Que Nos a Senhora Auxiliadora lhe seja sempre favorável! (W.M.- MA)

Avenida elástica ... B] Por fim a denúncia feita por Catolicismo , anos atrás, agora sai também num grande jornal diário, a "Fo1ha de S. Paulo" . Seu próprio ombudsman reconheceu que foi um "chute" o número estratosférico de 3 milhões e meio na "parada homossexual" na Av. Paulista. Um exagero adoidado. Parabenizo essa revista pela coragem e pelo pioneirismo. Aludo a um artigo que vocês pu blicaram [vide Catolicismo , Julho/ 2005, "Dupla fraude: dois milhões (!) de homossexuais"] comprovando matematicamente - portanto, ind i scuti vel mente qu a A v. Paulista não pode conter, 1 j ito nenhum, número tã cxorhitunt · de pessoas, como a c ifru " in ·had a"

divulgada pelos orga ni zadores da "parada homossexual". Naquela " parada" [em junho 2005] publicou-se que seriam 2 milhões ! Nesta última [junho deste ano], que seriam 3 milhões e meio! Desse jeito, no ano que vem os números vão engordar ai nd a mais. Mas também a nossa avenida teria que engordar muitíssimo ... E nos próximos anos? Que números ainda mais "obesos" publicarão os orga ni zadores do evento? A Prefei tura de São Paulo terá muito trabalho para dilataJ (a largar e alongar) a Av . Paulista para conter, na próxima "parada", 5 milhões , depois 7 milhões, 10 milhões ... O papel aceita qualquer número , mas a Av . Paulista não é sanfo na. Nem com um " minhocão" sobre a pista da Paulista caberia número tão exagerado. Gostei muito daquele trabalhodesmentido que vocês fizeram , e apresentei-o a meus alunos. Até hoje, nenhum deles o refutou . Não sei se alguém procurou refutar o artigo de Catolicismo. Acho que não, porque tudo ficou muito bem comprovado, inclusive pelas inúmeras fotos que vocês tiraram , para não deixar nenhuma dúvida. Por exemplo, pormenorizadamente comprovado com aquelas fotos que revelavam a densidade máxima na "parada", e ainda quem ali fazia parte dela e quem apenas fazia parte do número de curiosos. Aliás, havia muito mais curiosos do que participantes. Parabéns! Vocês realmente conseguiram desmentir os números fraudulentos, e agora o desmentido está confirmado. Para quem não leu , e se desejarem publicar, tran screvo a aludida notícia da "Fol ha de S. Paulo", de 17 de junho de 2007, e também mensagem publicada no "Pai nel do Leitor" do mesmo jornal, no dia 12 de junho de 2007. Começo por esta mensagem de um leitor. "A Av. Paulista tem 2.800 metros de comprimento por 48 de largura. Portanto, 134.400 m2 . Admitindo que cada m2 comporte a presença de até 6 pessoas, temos que ela comporta a

presença de no máximo 806.400 pessoas. Estou cansado de ouvir que a Parada Homossexual , a Marcha para Jesus e outras manifestações reuni ram 2 ou 3 milhões de pessoas na avenida. A imprensa em geral e esta Folha em particular prec isam ser mai s criteriosas. Parem de chutar números: peguem uma ca lcu ladora e façam as contas. - Adelpho Ubaldo Longo, São Paulo, SP". *

*

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Agora, trechos do artigo da "Folha" (17 de junho de 2007), de autoria do próprio ombudsm.an do jornal, Mário Magalhães, com o título: "A volta do chutômetro": " A estimativa de multidões exige rigor, preconiza o Manual da Redação: "Em evento importante, usar método científico de medição do local, com assessoria do Datafolha". O jornal desafiou o bom senso ao sustentar, na última segunda, que a parada homossexual mobilizou na capital paulista o equ ivalente a 50 atos como o do auge dos caras-pintadas . Junto a urna fotografia mostrando um mar de gente, a primeira página an unciou: "Parada homossexual em São Paulo tem público recorde". Complemento: "Segundo cálcul os dos organizadores, o evento reuniu 3,5 milhões de participantes". O Folha deu o crédito para a organ ização, mas aceitou a conta, ao confirmar o "recorde". Cotidiano abraçou o número: "Parada homossexual cresce; diversão e problemas, também". Por que cresceu? Porque em 2006 a avaliação "oficial" foi de 3 milhões. Leitores apontaram a inconsistência. Na terça, o Painel do Leitor publicou carta de Adelpho Ubaldo Lon go. Ele considerou a extensão e a largura da av. Paulista, com se is indivíduos por metro quadrado. Resultado: presença máxima de 806.400 pessoas . Não havia aquela concentração na Paulista. E, na verdade, a parada to-

mou também a rua da Conso lação. Para a Folha, ela e estendeu por 3,2 km. Mas não há como afiançar os 3,5 milhões . Os promotores falam em somar o público circul ante e o do entorno do trajeto, mas não empregam método científico. É compreensíve l que eles batalhem por seus números . O errado é a Folha adotá-los. O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, confirma as conc lusões do leitor. Sobre o público total, ele diz: "Só poderia afi rmar com certeza se tivesse aplicado o nosso método". As medições do Datafolha foram feitas de 1985 a 2000. A Redação lembra que cred itou aos organizadores a projeção. Diz que o testemunho de repórteres e a comparação de fotos "parecem dar razão a todos que afirmam que o evento de 2007 foi o maior". Ou seja: di spensou o procedimento determinado pelo Manual. Por que a Folha o abandonou? Responde a Redação: "Por que os custos de medição são muito altos. [... ] Tal investimento só se justifica quando a precisão da estimativa se mostrar indispensável para a avali ação da importância jornalística de determinado evento". Poi s era o caso da parada, de repercussão mundial. O jornal deveria resgatar o Datafolha para medir multidões. Em um texto de 1989, a Folha chamou cá lculos alheios de "chutômetro". Hoje pode assegurar que não divulga chutes?" (A.E.F. -

SP)

Nota da redação: Além do artigo de Catolicismo acima mencionado, vide também matéria publicada em nossa edição de novembro/2004, Passeata de um milhão e meio?! - Desinflando um balão publicitário. Ambos artigos - que não foram refutados - estão disponíveis em nosso site: www.catolicismo.com.br, na seção "Edições Anteriores".

JULH02007-


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1111

Pergunta - Por ocasião da canonização de Frei Galvão, num almoço de família surgiu o tema das graças que recebemos através dos santos. Um dos presentes comentou que nossas promessas a Deus e aos santos tinham um certo caráter interesseiro, do tipo do ut des. Essa censt1ra é merecida? Devemos cessar de pedir graças aos santos, para que nosso culto a eles seja perfeito e desinteressado?

Resposta - De modo algum! Ass im como um pai ou uma mãe se compraz em ate nder, tanto quanto podem, os pedidos dos filhos, Deus també m se compraz e é glorificado em conceder-nos graças que Lhe pedimos pela intercessão dos santo , pois assim se ressalta nossa humildade e confiança. Há uma certa mentalidade rigorista condenável, que não leva em conta a fragilidade humana e exige do homem um comportame nto de uma perfeição tal que ele não está em condi ções de alcançar, pois fo i concebido e nasceu com o pecado original. Cada um de nós sabe, por ex pe ri ê ncia própria, qu e a todo momento nos sucedem imprevi stos e necessidades de toda ordem, que superam as nossas forças. Então apelamos para Deus diretamente, ou por meio de Nossa Senhora e dos santos. Em nossa aflição prometemos, por exemp Io , uma pere gr inação a Aparecida, dar esmola para uma obra de caridade, ou simplesmente acender uma vela diante da imagem do santo de nossa devoção.

CATOLICISMO

Isto não é um mal , é de si um bem, porque nos aproxima dos santos, de Nossa Senhora, e portanto de De us. Através da provação, Deus no s chama até Ele e se compraz em nos atender misericordio amente. "Eu vos

digo: Pedi e dar-se-vos-á ; buscai e achareis; batei, e abrir-se- vos-á" (Lc 11, 9). Está tudo dito! É claro que seria mais perfeito se nos aproximásse mos de Deus por puro amor. E então poderíamos dizer a E le, como Santa Teresa de Jesus:

"Ainda que não houvesse Inferno, eu te temeria; ainda que não houvesse Céu, eu te amaria". Mas esta perfeição

Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

- para a qual todos somos c hamados - na práti ca, só poucos alcançam.

Reação dia11te <la provação que 110s atinge A maioria de nós geme na imperfeição, na qual afu ndaríamos inevitavelmente, se Deus não nos chamasse a Si por meio das provações que nos manda ou permite que nos atinjam. Nessas horas se vê quem é verdadeiramente fiel e temente a Deus. Diante da provação, quem tem um coração mau se revolta e blasfema contra Deus. Quem tem verdadeiro amor a Ele diz - como está escrito no livro da Imitação de Cristo, ins-

pirado no Livro de Tobias (3, 23)-: Sit nomen tuum., Domine, benedictum in. saecula. Seja o teu nome, Senhor, bendito por todos os séculos, porque quiseste que esta tentação e tribulação se abatesse sobre mim! Deveria ser um a es péc ie de reação espontânea, de nossa parte, dizer essa jacul ató ri a sempre que urna provação ou uma s imples co ntrari edade nos surpreendesse: Seja o teu

nome, Senhor, bendito agora e sempre, e por todos os séculos (Ps. 112) . Ao contrário do frade agosti niano Lutero, que no meio de suas tentações contra a fé tinha ímpetos de

Exemplo típico de falta de bom senso foram os fariseus, cujo "rigorismo" os conduziu aos comportamentos mais ridículos . Farisaico, até hoje significo hipócrita. Por isso foram eles increpodos pelo Divino Salvador, que os chamava de "sepulcros caiados de branco"

dizer, como se lê na sua vida, referindo-se a Deus: em vez de benedicite [bendizei], maledicite [maldizei]. Portanto, recorrer aos sa ntos e a Nossa Senhora em nossas necessidades materi ais ou esp irituai s, para que intercedam por nós junto a Deus, é um ato virtuoso e lauclabilíssimo, que só merece aplauso, embora haja outros estágios ma is a ltos ele perfeição, em que a união ela alma com Deus é um a co ntínu a oração. Reprová- lo e ri a incidir na mentaliclacle cens uráve l cio rigori smo, de que falamos no início .

MeJJlalida<les distorcidas: rigorismo e laxismo Convém ex plicar melhor essa que tão do rigorismo. No sa lm o 11 8, versículo 4, dirigindo -se a Deus, o sa lmi sta di z: "Tu mandasti

mandata lua cuslodiri ni,nis ", isto é: " Vós mand astes, Senhor, que vossos mandamen-

tos fossem cumpridos à ris-

ca". C umprir à ri sca significa cumprir rigorosamente . Rigorosamente, porém, não significa desprezar as regras do bom sen o, uma vez que o cumprimento destas também faz parte dos Mandamentos de Deus. Toda a Sagrada Escritura inculca proceder com sabedori a e prudência, o que inclui ter bom senso em todas as ações. São as virtudes e dons do Divino Espírito Santo. Exemplo típico de falta de bom senso foram os fariseus, cujo " rigorismo" os conduziu aos comportamentos mais ridículos. Farisaico, até hoje significa hipócrita. Por isso foram e les inc repados pelo Divino Salvador, que os chamava de

"sepulcros caiados de branco" (Mt 23, 27), isto é, limpos por fo ra e podres por dentro. Daí os diversos confrontos que tiveram com Nosso Senhor, dos quais o mais esdrúxulo e obstinado talvez tenha sido a perseguição tenaz por ter Ele cura-

do um cego de nascença e m dia de sábado. Diante do milagre estupendo, o empedernimento do coração! E tudo isto por um mal entendido rigor no respeito ao mandamento cio descanso sabatino. Esq uematiza ndo um pouco a questão, pode-se dizer que há dois tipos de mentali dad es distorcidas: un s propende m ao rigori smo; outros ao lax is mo, isto é, à re lativização de todos os preceitos e regras. No campo protestante, o luteranismo representou o veio lax ista, enqua nto a posição ri go ri sta foi ass umid a por Calvino ( 1509- 1564). No campo católico, o calvini smo deitou ramificações através das doutrinas de Jansênio (15851638), bispo de Ypres, na Holanda. O jansenismo foi uma das heres ias mais perniciosas da História da Ig rej a. In fecto u grande parcela de bispos, sacerdotes e le igos na França e e m o.utros países ela Cristan-

clade . E le induzia os fi éis ao desordenado ri gori smo, mui to bem ex presso num exemplo c lás. ico: M ere Angélique, abadessa do co nv e nto de Port-Royal, dizia que antes de receber a comunhão era preciso um ano de preparação, na oração e penitência. O resul tado co nc re to era o afastamento ci os fiéis ela sag rada comunh ão. Ni sso desfechava o rigorismo j a nse ni sta. Que diabólica astúc ia ! A he res ia projetou-se no. sécul o · XVIll e XIX, e só f"o i debelada definitivamente quando o grande São Pio X, no iníc io do sécul o XX, publicou o decreto sobre a comunhão freq üente. Quando se diz definitivamente, não se quer dizer completamente. Laivos dessa heresia ainda hoje podem persistir e se manifestar, a seu modo, em opiniões como a relatada pelo missivista, na consulta que aq ui atendemos. • E-mai l do autor: co nc~o joselui z@catolicismo.co m.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE

\ Visita da rainha Elisabeth li comove os EUA

Esquerda perde na Espanha em 11 clima de guerra civil"

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soberana ing lesa vi sito u os EUA rodeada de ca lorosas man ifestações de simpatia dos cidadãos da ma ior potência mundial. Na cerimônia de recepção na Casa Branca, depois de cometer uma gafe, o presidente George W. Bush voltou-se para a ra inha e acabou sa indo-se an imadamente do episód io, poi s "ela ,ne lançou um. olhar de mãe para filho", como confidenciou depois. Ocorre que, nos regimes de governo tradiciona is corno a monarqu ia britânica, o espírito fami liar modela o relacionamento e torna-o mais fác i I e ameno - o contrári o do tratamento dos regimes impessoais, igualitários e revolucionários. •

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d ireita ve nce u as últimas e le ições municipais na Espan ha. A vitória prenuncia o resultado das próxim as e leições naciona is. A polarização do país ati ngiu um paroxis mo , excitada em boa parte pe las bruta is medidas antifam il iares e anticristãs do governo soc ia li sta. Políticos fa lam que a Espanha vive "um clim.a de guerra civil, que tivemos há 70 anos ", e que o líder soc iali sta "Zapatero busca a lembrança sectária da Guerra Civil". É só na Espanha que as esq uerdas estão atiçando atritos c ivis que podem vir a ter grandes proporções? Líderes populi stas como o corone l Hugo Chávez ou o pres idente Evo Morales não estão tentando empurrar a América do Sul numa deplorável senda análoga? •

Milhão e meio de italianos dizem não ao 11casamento" homossexual

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m milhão e meio de italianos protestaram em Roma diante da Basílica de São João de Latrão contra o projeto social ista de "casamento" homossexual, disfarçado de contrato civil , mais conhec ido pela sigla DICO. G rupos homossexua is, esquerdistas, verdes e pró-direitos humanos fizeram sua contra-mani festação na Piazza Navona, também em Roma. Só compareceram a ela 15 mil pessoas, segundo os orga ni zadores, o que constitui hi stórica derrota moral. Na Itália, fo i-se o tempo em que os católicos não ousavam sair às praças para defender sua fé e ficavam entocados corno em catacu mbas nas suas casas, observou a agênc ia "Corri spondenza Romana" . •

Ataque cibernético russo paralisa Estônia e mobiliza NATO

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Rússia desfechou massivo ciberataque contra a Estônia. Foi uma represáli a contra a pequena nação báltica, porque nela foi desmontado o monu mento ao soldado soviético, símbolo da invasão e opressão russo-sov iética. A onda de ataq ues via Internet durou 20 dias e congelou os servidores do governo, partidos políticos, jornais, bancos e empresas. O ciberataque de um país contra outro era urna possibilidade avaliada corno pesadelo, agora se tornou realidade. A NATO envio u seus melhores especia li stas em ciberterrorismo para aj udar os estoni anos. A Estônia diz que a maioria dos ataques veio de computadores do Kremlin . Alguns dos programas invasores traziam propaganda russa. •

CATOLICISMO

Relatório do IPCC é contraditório e carece de provas Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) publicou afi na l seu relatório. Cientistas verifi caram que o IPCC espalhou muitos exageros , imposturas e contrad ições. Com base nesse relatório, certa mídi a, ecologistas exa ltados e " inocentes-úte is" ex igem privações incompatíveis com o progre soe a c ivi lização. O pretexto é evitar conseq üências apocalípticas - até agora não comprovadas seriamente - do aq uec imento globa l. No documento ofic ial do IPCC, a comunidade c ientífica constatou fa lta de provas, de números indisc utívei s, de infor mações e pesquisas atuali zadas; e abundânc ia de dados conflitantes. O IPCC não é um órgão c ientífico, mas sim político, que alberga militantes esquerdistas à procura de nova bandeira para destruir a c ivili zação ocidental. •

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Venenos chineses em alimentos1 remédios e creme dental

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elo menos 365 pessoas, sobretudo crianças, morreram em oito envenenamentos coletivos no Panamá, por causa de um prod uto tóxico de origem chinesa. Exportado a "preço de banana" e com rótulo fa lsificado na fábrica, e le fo i mi sturado em remédios produzidos no Oc idente. No Panamá, o governo distribui 260.000 vidros de antigripal mortífero. Também houve intoxicações em massa na Argenti na, Índia, Nigéria , Haiti e Bangladesh. A fon te do produto venenos foi a Taixing Gly ce rin e Factory, "fábrica modelo " c hin esa, informou "Thc New York Tim s". Nos EUA foi detectado veneno em alimentos, rações para an imais e dentifrícios importados da China. A contrn fuç , o de produtos da China é escandalosa, mas a notíc ia d · r •111 d ios e alimentos venenosos é mais recente, apres ntundo 1naior grav idade, pois é de caráter criminos . •

Príncipe Harry não teme ir combater no Iraque

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príncipe rea l inglês Harry não ü·á co mbater no Iraque, por decisão do Estado-Maior do Exército. O general Richard Dannat alegou que seria perigoso demais. Quem não tinha medo do perigo era o príncipe, que fico u "extremamente desapontado por não poder ir lutar no Iraque" ao lado de seus soldados. Os nobres, desde sempre, pagam um " imposto de sangue" arri scando a vida nas primei ras fileiras do combate. Numerosos prínc ipes reais, ou de grandes linhagens nobres, deram a vida nos campos de batalha por seus países. Por isso suas memórias são cultuadas com veneração até hoje. •

Aquecimento global: pretexto para redução da humanidade

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cologistas rad icais, estimulados pelo fa lso mito do aquecimento global, postulam drástica redução da população mundial. O ecologista Paul Watson, presidente do Sea Shepherd Conservation Society, qualificou os ho mens de "vírus", de "AIDS da terra" . Pediu também que as fa míli as numerosas sejam indiciadas por "eco-crime". Para e le, a popu lação mundial deve baixar a menos de 1 bilhão, com pessoas vivendo num estado primitivo e m co munid ades me nores de "20.000 pessoas separadas por áreas selvagens". Algo muito parecido às utópicas tribos idealizadas pelo progressismo triba li sta, que há anos subverte o Brasil. Contribuiria també m para diminuir a humanidade a recente proposta de Frei Betto, de liberali zar o aborto. •

Mártires do comunismo na Coréia rumo aos altares

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agência vaticana "AsiaNews" noticiou o próximo início do processo de beatificação de 36 monges beneditinos martirizados em cárceres e campos de trabalho forçado do regime comunista na Coréia do Norte. Eles preferiram morrer a renunciar à fé católica, entre 1949 e 1952. No cativeiro, eles administravam os sacramentos, pregavam e mantinham alta a esperança dos demais prisioneiros. O grupo de mártires foi liderado pelo Bispo-Abade Bonifácio Sauer e pelo Pe . Benedito Kim . Até o presente, a perseguição comunista norte-coreana vitimou por volta de 300 mil cristãos . O comunismo julga que ganha, massacrando os católicos. Entretanto, os mártires triunfam no Céu, de onde intercedem ativamente para o triunfo da Igreja e da Civilização Cristã .

Escravidão a Nossa Senhora, segundo São Luís Grignion Tratado da verdadeira devoção a Nossa Senhora, em que São Luís Maria Grignion de Montfort, admirável missionário francês do século XVIII, ensina a escravidão voluntária à Santíssima Virgem, foi calorosamente recomendado aos sacerdotes pelo Cardeal Ivan Dias, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, em Dublin, Irlanda . O purpurado mostrou que a "escravidão de amor" não degrada, mas enobrece. Referindo-se à Medalha Milagrosa, acrescentou que Nossa Senhora "espezinhou o demônio não somente porque é a Mãe de Deus, mas por causa da sua humildade, que é o golpe com o qual calcou aos pés o obstinado orgulho de Lúcifer". Essa "escravidão de amor" torna o escravo de Nossa Senhora um instrumento que desconcerta o inferno e o esmaga pelo poder da Virgem .

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Para onde ruma a Rússia de Putin? Com o enriquecimento, devido sobretudo ao gás e ao petróleo, a atual

Rússia de Putin vai assemelhando-se à antiga URSS, com o retorno da KGB e do totalitarismo característico dos regimes comunistas 1 1 RENATO M URTA DE VACON CELOS

queda do Muro de Berlim em 1989 e o poste ri or desabame nto da estrutura g igantesca e o pressora da anti ga Uni ão das Repúblicas Soc iali stas Sovi éticas (U RSS) de ixaram pate nte aos o lhos do mundo o tre mendo g rau de descontentamento na opini ão públi ca das nações subjugadas pe lo Kremlin . Pôde-se

C ATOLI C ISMO

então constatar o índ ice espantoso de pobreza mate ri al e de mi séri a moral a que as popul ações do Leste havi a m sido redu z idas por mais de c inqi.ienta anos de reg ime co muni sta. A partir de e ntão, os pa íses que recobra ram s ua inde pe nd ê nc ia rea li za ram prog ressos ve rti g inosos, como a Estô ni a, a Letô nia e a Litu âni a. Progressos materi a is, pro po rc io nados pe lo restabe leci-

me nto da li vre inic iati va e da propri edade pri vada, pe la devo lução tota l o u parc ia l de bens confi scados pe los co mu ni stas e pe lo intercâ mbi o econô mi co ·0111 os pa íses da Europa Ocidental. Pro 1 r •ssos espiritu ais e culturais, ad vin dos da libe rd ade re li g iosa, d o rim d o pat rulha mento ideo lógico e do !'al o d · a popul ação poder reunir-s' li vr ' llll'lll l'. 1novime ntar-se, etc .

Nababescas l'ortw,as em mãos ela ai1tiga nomcnldatma No âmbito interno da Rúss ia foi preciso, no campo econômico, que ex-comuni stas fi zessem concessões ao mercado livre. Com as imensas reservas de gás natural e de petróleo, a privati zação do moroso e esclerosado parque industrial - confiad o às mãos de anti gos me mbros da nomenk/atura ou ele pessoas por e la apadrinhadas, bem entendido - proporcionou um boorn econômico sem precedentes. No espaço ele uma década, à maneira de cogumelos, surgiram magnatas que, dentro em pouco, poderão rivalizar com as maiores fortunas da Terra, como a de Bill Gates e a do xeque ele Bahrein. Moscou tornou-se uma cidade ele preços absurdamente elevados, onde os shopping centers de grande luxo se multiplicam, enquanto nas ruas o número ele limusines, Mercedes e BMWs supera fac ilmente o ele qua lquer grande cidade alemã. Hoje a Rú ssia é o maior produtor ele petróleo e de gás natural cio mundo. De norte a sul, de leste a oeste, a E uropa inte ira depende, para aquecer suas casas, cio gás fo rn ec ido pe lo ma mute estatal Gazprom, uma fonte inesgotáve l ele divi sas para o país. Por outro lado, graças ao alto preço do petróleo, a Rú sia conseguiu saldar suas g igantescas dívidas e vem ac umul ando fa bul osas reservas ele ouro e divi sas. A o sa lutar baque psicológico produzido pe la ruína do império soviéti co, cuj o poderi o era em boa parte baseado em mi rage ns propaga ndi stícas , sucede ago ra , na o pini ão públi ca, a euforia pela rea l impo rtânc ia que o país ve m adquirindo no pa norama internacio nal. Ademais ele rica, a Rúss ia ele Putin estari a recuperando seu anti go poder militar, di spo ndo de um arsena l de armas completame nte moderni zado, a julgar pe las afirm ações cio pres ide nte ru sso. M as o fa ntas ma cio comuni smo va i reto rnando. Rece ntemente o parlamento ru sso aprovou a resta uração no exército dos símbo los da antiga U ni ão Sov iéti ca. O hino sovi éti co é cada vez mais cantado nas repartições púb li cas. Tudo isso contri bui para faze r renascer o sonho da grandeza imperia l, com uma no va Rú ss ia qu e prete nde ocupar lugar ele primeiro pl ano e exercer pape l

dec isivo na determinação cios rumos cios acontec imentos mundi a is. O o rgulho nac io na l, li sonjeado po r riqueza e poderi o crescentes, fun c io na como uma espéc ie de ersatz ou anestés ico para a fa lta de liberdade de pensa mento e de expressão que, essa sim , não foi restabe lec ida. Fato é que a imprensa se e nco ntra ma is amordaçada do que mmca com a criação, e m março último, de uma superagênc ia central ele controle de

todos os me ios de co municação social , inc luindo a internet. E nquanto isso, j ornali stas que ousam criti car abertamente o regime são acossados, pe rseguidos e assass inad os. 2

P11ti11, ex-olicial ela J(GB 110 comando da Rússia Grande i mpu lsion aclor e artífice da nova Rúss ia é, se m dúvida, o atu al preside nte Putin . Um home m que, no dizer

A Europa inteira depende, para aquecer suas casas, do gás fornecido pelo mamute estatal Gazprom

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O comunismo começa de novo a mostrar suas garras nas ruas de Moscou

de Yladmir Feodorovski, sabe falar à alma ru ssa que tem sede ele grandeza. Um I íder que vai tirando seu país el a pretensa humilhação e rebaixamento em que se encontrava, colocando-o em alto pedestal. Mas, ao mes mo tempo, um homem igualmente enigmático, mi sterioso, impenetráve l. Talvez se lh e possa ap licar o famoso dito de Churchill a respeito da Rúss ia: "Um segredo envolto num mistério dentro de um enigma ". Ex-ofic ial ela KGB , com sua fis ionom ia pétrea, lutador de karatê na juventude, e durante anos espião na Alemanha Oriental, Putin está à testa ele um aparato baseado em boa parte nos mecanisrnos de poder e de influência da antiga KGB. 3 E dispõe também de muito dinheiro. A Gazprom, estatal cio gás e uma das maiores companhias cio mundo, vem sendo acusada de enriquecer apani guados do Kremlin. E possivelmente entrará no mes mo es qu ema a Russian Technologies, mega-empresa cuj o decreto de fund ação deve ser assin ado em breve por Putin, urna fusão de três empresas: Rosoboronexport, que monopoli za a ex portação de armas; Avtovaz, maior fáb ri ca d e carros do país; VSMPOAvisma , maior produtor de titânio do mundo; além de outras de menor porte. 4

O /'ator me<lo e o fator simpatia Poderoso, respa ldado dentro de seu país e não precisando prestar contas a ninguém,5 Putin pode agora, na esfera CATOLICISMO

internacional, manejar corno bem entende o binômio medo-simpatia como meio de pressão. E o faz ele modo perfeito. No mês passado, deu provas de sua maestria explorando esses dois fato res. O fator medo: Ameaçando in stalar mísseis nucleares apontados contra objetivos na Europa oc idental , como retali ação ao plano cios EUA ele construir na Repú blica Tcheca e na Polônia um escudo antirníss il. 6 Isso fez reviver o clima, praticamente desaparec ido, da guerra ji-ia. Aludiu adernai ao fato de que os arsenais el a antiga URSS estariam não apenas intactos, mas também moderni -

zados. Tais declarações, com indi sfarçável tom ele ameaça, repercutiram mal, sobretudo na Europa. Tanto mais que e las se deram pouco depois de a Rú ss ia haver feito o lança mento-teste de um míssil de múltipl as ogivas, no fim ele maio. Por detrás el a má sca ra de imp assibilidade, viu-se o rictus cio ditador impl acável. O fato r simpatia: Abafando o impacto desfavorável e diminuindo o tremendo desapontamento que suas palavra provocaram , Putin agiu em duas frentes. Primeiro, em entrev ista à revi sta alemã " Der Spiegel", procurou apresentar-se como vítima, como um conselheiro não escutado por seus parceiros e como autêntico representante dos princípios democráticos. Reportando-se ao dito de seu grande amigo, o ex-chanceler socialista alemão Gerharcl Schroeder, que o qualificou de democrata perfeito, Putin di z modestamente de si mesmo: "É claro que sou urn. dernocrata absolutam.ente verdadeiro. A tragédia é que estou sozinho. Não existem no mundo outros democratas deste tipo". Portanto, um incompreendido cavaleiro da democracia, o último do gênero sobre a face da Terra ...

* * * Depois, para grande surpresa geral, durante a conferê ncia do 08, reali zada há po ucas se manas no ba ln eá ri o ele Heili gendarnm (A lemanha), apresentou ao pres idente Bush a proposta ele a Rúss ia montar conjuntamente co m os Estados Unidos um esc ud o antimíssil no Azerbaijão, contra eventuais ataques de países considerados piratas, como a Coréia do Norte e o Irã. Tomado de surpresa, Bush declarou que achava a proposta interessante, e que iria estudá-la cuidadosamente. A surpresa não é só de Bush. Realmente, por essa ninguém esperava. A Putin restam oito meses no poder. No pouco tempo de que di spõe, ond e estará ele querendo chega r com suas ameaças apoca lípticas e suas propostas aliciadoras, com seus acessos ele fa ·eia fero ce e extern ando amáve is orri sos? Quando se resolverá este "seg ,·,cfo en volto num mistério dentro de 11111 enil{rna " ? O tempo no- lo dirá. • E-mai I do aut or:

nrel[nw al.( tol..)!v:.aafilSC;J;O!JJn~ IQs.fill..lal.Jmi.li ' •l '1lln,~· orn ,I1r

Entrevista com Alexander Stralcov-Karwacki, diretor da Associação Cultural Polonica-Lithuanica e presidente da Liga Monarchica Magni Ducati Lithuaniae, com sede em Minsk, na Bielorússia

ciente em relação a Putin . A impressão que se tem é que Lukaschenko encontra-se entre a Cita da oposição ocidental e libera l e o Caribde ela proteção russa; mai s exatamente, ela anti ga KGB , com cuj o apoio ele tomou o poder em 1994, e o manteve em 1996, por ocas ião da tentativa ele impeachm.ent. Lukaschenko iso lou a opos ição numa sa la clinica mente limpa, por ass im dizer, e se opôs ele modo jeitoso à Rúss ia. Porém , são limitadas as suas possibilidades ele manobras políticas, e uma eventu al abertura para o Ocidente reve la-se bastante improvável.

Catolicismo - As recentes declarações de Putin a respeito do plano do s EUA de instalar um escudo antinuclear na República Tcheca e na Polônia foram consideradas por muitos, no Ocidente, como próprias de um clima de guerra fria. Que grau de importância deve-se atribuir às ameaças do presidente russo? Catolicismo - Neste ano comemoramAlexander Stralcov - Os deste mperos verbai s ele Putin mostram apenas o desejo se os 90 anos das aparições de Nossa Seda Rú ss ia de se liv ra r ela vergonhosa denhora em Fátima, nas quais Ela pronunciou graves palavras sobre a Rússia. pendência do Ocidente, em concreto cios Como foram recebidas tais palavras da Estados Unidos. Porém, já vai longe o tempo em que a Rúss ia agia como grande poMãe de Deus em seu país? Os católicos tência mundial. Ela enfre nta hoje em di a tiveram conhecimento das admoestações séri os problemas em di versas ele suas regicelestes? Alexander Stralcov - As apari ções de ões. Contudo, permanece em condições de Fátim a são bem conhec idas cios cató li cos manter em xeq ue os países vizinhos. lsso acontece não apenas em virtude ele ua poel a Bie lorú ss ia . Os sacerd otes inform am Alexander Stralcov-Karwa cki lítica, mas também por causa ela ajuda dos seus fi éis regularmente sobre as revelações de Fátima, sem dúvida alguma as mais importantes revepaíses europeus, totalme nte indiferentes à situ ação ela lações mari ana s cios últimos séculos ela Históri a ela JgrePolônia e cios Países Bálticos. Em todo o caso, a recente ja. Ex istem inúmeras paróquias que trazem o nome de encenação de força de Putin não passa de uma fraca cóNossa Senhora de Fátim a. Por exempl o, a ele Schumilin a, pia elas cliatribes de Kruschev na O NU . na diocese de Witebsk, a de Leltschyzy e Baranawitschy, na diocese de Pinsk. Os fiéis se interessam prolundamenle Catolicismo - Como o Sr. descreve a situação polítipor descrições pormenori zadas elas aparições e novos ca atual de seu país, a Bielorússia? Há perspectivas comentári os que aparecem. O probl ema principal conele uma abertura próxima do regime ele Lukaschenko? siste na fa lta ele uma clara ex pli cação a res peito ela terAlexander Stralcov - Nos últimos meses, a ceira parte do segredo ela Mensagem de Fátima. Mas esBielorússia deu alguns passos rumo à independência ecoperamos que, pe la graça de Deus, em breve possamos ter nômica face à Rú ssia. E ntretanto, a questão que se põe é uma resposta para nossas perplexidades. se verdadeiramente Lukaschenko pode tornar-se incle penNotas: 1. Ex istem hoje ma is ele 100.000 ru ssos com fortuna superi or a um milhão de dól ares. 2. A Rú ss ia é considerada atualmente o terceiro país mai s peri goso cio mundo para o exercício cio j ornalismo. Nos últimos tempos foram assassin ados 14 j orn ali stas. O caso mai s famo so deu-se no fim cio ano passado, com o assass inal o da jorn ali sta A na Po litkovi skaj a. Em seu li vro A RIÍssia de Pu1in, ela hav ia denunciado com destemor o aparelh o ditatori al de que se se rve o governo russo para domin ar e repri mir qualquer forma ele opos ição. Tend o sobrevi v ido a uma tentativa de envenenamento, fo i execuiacla com rajadas ele metralhadora no elevador do prédio onde mora va. 3. No li vro Ro111a11ce do Expresso Orie111e, Vladmir Feodorovsk i, antigo dipl omata e jornali sta ru sso, afi rma que a KGB voltou ao poder na era Putin. Em entrevi sta ao jornal " O Globo", afirma Feodo rov ski : "Os serviços secre1os seio

111arca111es 11a Rússia. O pais é dirigido hoje como 11111.filme de James Bond. 1-/á 20 pessoas que ratearam a l?1íssia e111re si, dirigem o petróleo, o gás, as armas. Meu próximo livro, previsto para 01.1111bro deste a110, deve se i111itular O fanta sma ele Stalin ou O retorno ela KGB. Prete11dofalar do serviço secreto, da arte do envenenamento, da Rússia atual e do retomo de Stali11 ". 4. Stani slav Belkov i sky, diretor cio l11stit11to Na cional de Estratégia - um " tanque de pensamento " ru sso -

d ec l ara a ess e respeit o:

"Estamos assistindo a 11111a rediviseio de propriedade. Escapc111do do controle do go verno. está se11do criado 11111 aparelho de gesteio bas1c111te opaco, cuja principal tarefa consiste e111 fa zer chegar o di11heiro nos esca11inhos e 11as meios corretas ". De acordo com es pec iali stas, a lei torn a a nova empresa especia lm ent e opaca, po rque não a obr iga a mostrar H maior parte ele suas co ntas.

5. Em novembro cio an o passado morreu em L ondres o anti go ofic ial da KGB , refu giado na In glaterra, A lexander L itvinenko. M ediante métod o típi co el a KGB , fo i envenenado co111 po lônio 2 1O, material alt ament e radioativo. An tes ele morrer, denunciou Putin como man dante do crim e. A polícia in glesa desco briu provas qu e in c ri111in a111 o ag ente A l ex ei Lugovoy e pediu sua ex tradição. O governo ele Putin negou envolvim ento no caso e recusou ex trad it ar o agent e. 6. Entrev i stado pel o "C orri ere dell a Sera " (ele Mil ão), o presidente ru sso assevera: "Se o al-

cance nuclear americano se espalhar pelo território europeu, teremos de reposicionar os alvos 110 co11ti11e11te". Outros pontos ele atrito atuai s entre as dua s potência s são as críticas dos EUA à au sê ncia ele democracia no int erior ela Rú ssia e o apoio a111 eri cano à independência ele Kosovo em relação à Sérvia.

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Congresso do MST prepara radical revolução socialista no País

para ele! Caminha sempre para a esquerda com ar de moderação. Aliás, o Movimento dos Sem Terra (MST) não queria saber nem da lembrança de presidentes, mesmo que fosse Juscelino Kubitschek, o fundador de Brasília . Seu busto foi recoberto pelos Sem Terra por um pano vermelho, pintado com a cara de Che Guevara.

Na Praça dos Três Poderes, acusação arrogante Na Praça dos Três Poderes, uma faixa dizia: Acusamos os três poderes de impedir a Reforma Agrária. Militantes com punhos cerrados, à maneira comunista, manifestavam -se. Trata -se de uma opção guerrilheira para o Brasil, a ser desencadeada caso não haja uma rea ção à altura por parte da população .

Não escondem que a luta é pelo socialismo As faixas não escondem que a verdadeira luta é pelo socialismo. O sonho da Reforma Agrária acabou, segundo Stédile.

A organização Segundo o MST, o 5 ° Congresso Nacional dos Sem Terra, realizado em Brasília, teve a presença de 17.500 participantes de 24 estados do Brasil, 181 convidados internacionais representando 21 organizações camponesas de 31 países e representantes de diversos movimentos e entidades. Sobre a organização logística, comentou o jornal "O Estado de S. Paulo" em editorial: "O grau de organização estrutural e a eficiência dos serviços de intendência desse movimento são de causar inveja a qualquer instituição militar - especialmente em se tratando de uma entidade ilegal, porque não registrada, não prestante nem obediente ao ordenamento jurídico nacional". Os dados são impressionantes: grandes barracas transformadas em dormitório, 140 cozinhas, 50 caminhões-pipa, 20 caixas d'água de mil litros e 200 banheiros químicos . Foi montada até uma escola para as 1 .500 crianças, com 500 professores do MST. Toda essa organização estava dividida em "brigadas" (os termos militares são constantemente usados pelo MST). Uma pergunta se impõe: de onde saíram as verbas para esse aparatoso congresso? Por que a mídia não levantou tal questão?

CATOLIC ISMO

Presença de Lula vetada e busto de JK vilipendiado Lula quis aparecer . Mandou consultar. Foi vetada sua presença. Ficou mal para a presidência. O presidente querer ir ao congresso de uma entidade ilegal, além disso receber a recusa arrogante dos Sem Terra, que não lhe autorizaram o acesso. Mas, se ficou mal para a presidência, não parece ter ficado mal para Lula pessoalmen te. Pois ele saiu prestigiado aos olhos da opinião pública como centrista e moderado . Nada melhor

Monge beneditino dá estranha bênção ao congresso Quem conta é o próprio MST em seu site: "Em sua fala, [o monge beneditino da esquerda católica Marcelo Barros] propôs que a 'mãe Terra' abençoasse os participantes do congresso, ao mesmo tempo em que criticou o capitalismo vigente no mundo, que provoca o individualismo e a transformação da terra em mercadoria. 'Se nós resistirmos a todos os decretos de exploração, se nós resistirmos a todos os decretos de opressão, é porque nós temos uma missão de liberdade"'. ~ É a esquerda católica, ~ sempre na posiç ão mais radical.

Uma Reforma Agrária ainda mais radical No primeiro dia do congresso, o líder do movimento adm itiu que o modelo de Reforma Agrária defendido há mais de duas décadas pelo MST está esgotado : "Aquela Reforma Agrária com que o MST sonhou durante anos não existe mais. Se ficarmos só na pauta da terra, seremos derrotados. [. ..) Os assentamentos espalhados pelo País também caíram em desgraça". Décadas de luta anti-agrorreformista de Plínio Corrêa de Oliveira estão produzindo seus efeitos. O Brasil não quer a Reforma Agrária. Mas não pense o leitor que Stédile caiu na realidade. O que ele deseja é uma Reforma Agrária aind a mais radicalmente confiscatória e socialista. De fato, ele lamenta que essa reforma dos seus sonhos ainda não se realizou. Senão, vejamos a seguir as conclusões do 5° Congresso. Misturando os temas , de modo a confundir o leitor e ocultar a meta de implantar no Brasil o regime comunista de ditadura do proletariado, a carta do MST é um dos documentos mais radicais aparecidos nos últimos tempos no País. Na página seguinte, transcrevemos na íntegra o incendiário panfleto a fim de que nossos leitores formem uma idéia de para onde querem levar nossa Pátria.

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CARTA DO 5° CONGRESSO NACIONAL DO MST "Nós, 17 .500 trabalhadoras e trabalhadores rurais Sem Terra de 24 estados do Brasil, 181 convidados interna cionais representando 21 organizações camponesas de 31 países e amigos e amigas de diversos movimentos e entidades , estivemos reunidos em Brasília entre os dias 11 e 15 de junho de 2007, no 5° Congresso Nacional do MST, para discutirmos e analisarmos os problemas de nossa sociedade e buscarmos apontar alternativas. Nos comprometemos a seguir ajudando na organização do povo, para que lute por seus direitos e contra a desigualdade e as injustiças sociais . Por isso, assumimos os seguintes compromissos: 1 . Articular com todos os setores sociais e suas formas de organização, para construir um projeto popular que enfrente o neoliberalismo, o imperialismo e as causas estruturais dos problemas que afetam o povo brasi leiro . 2. Defender os nossos direitos contra qualquer políti ca que tente retirar direitos já conquistados . 3. Lutar contra as privatizações do patrimônio público, a transposição do Rio São Francisco, e pela reestatização das empresas públicas que foram privatizadas . 4. Lutar para que todos os latifúndios sejam desapropriados, e prioritariamente as propriedades do capital estrangeiro e dos bancos. 5 . Lutar contra as derrubadas e queimadas de flores tas nativas para expansão do latifúndio . Exigir dos governos ações contundentes para coibir essas práticas criminosas ao meio ambiente. Combater o uso dos agrotóxicos e a monocultura em larga escala da soja, cana-de-açúcar, eucalipto, etc. 6. Combater as empresas transnacionais que querem controlar as sementes, a produção e o comércio agrícola brasileiro, como a Monsanto, Syngenta, Cargill, Bunge, ADM, Nestlé, Basf, Bayer, Aracruz, Stora Enso, entre outras. Impedir que continuem explorando nossa natureza, nossa força de trabalho e nosso País. 7. Exigir o fim imediato do trabalho escravo, a superexploração do trabalho e a punição dos seus responsáveis. Todos os latifúndios que utilizam qualquer forma de trabalho escravo devem ser expropriados, sem nenhuma indenização, como prevê o Projeto de Lei já aprovado no Senado. 8. Lutar contra toda forma de violência no campo, bem como a criminalização dos movimentos sociais. Exigir punição dos assassinos - mandantes e executores dos lutadores e lutadoras pela Reforma Agrária, que permanecem impunes e com processos parados no Poder Judiciário . 9. Lutar por um limite máximo do tamanho da propriedade da terra. Pela demarcação de todas as terras indígenas e dos remanescentes quilombolas. A terra é um bem da natureza e deve estar condicionada aos interesses do povo .

CATOLICISMO

1O. Lutar para que a produção dos agrocombustíveis esteja sob o controle dos camponeses e trabalhadores rurais, como parte da policultura, com preservação do meio ambiente e buscando a soberania energética de cada região. 11 . Defender as sementes nativas e crioulas . Lutar contra as sementes transgênicas. Difundir as práticas de agro-ecologia e técnicas agrícolas em equilíbrio com o meio ambiente. Os assentamentos e comunidades ru rais devem produzir prioritariamente alimentos sem agrotóxicos para o mercado interno. 12 . Defender todas as nascentes, fontes e reservatórios de água doce. A água é um bem da natureza e pertence à humanidade. Não pode ser propriedade privada de nenhuma empresa . 13. Preservar as matas e promover o plantio de árvores nativas e frutíferas em todas as áreas dos assentamentos e comunidades rurais, contribuindo para preservação ambiental e na luta contra o aquecimento global. 14. Lutar para que a classe trabalhadora tenha acesso ao ensino fundamental, escola de nível médio e a universidade pública, gratuita e de qualidade . 15 . Desenvolver diferentes formas de campanhas e programas para eliminar o analfabetismo no meio rural e na cidade, com uma orientação pedagógica transformadora . 16. Lutar para que cada assentamento ou comunidade do interior tenha seus próprios meios de comunicação popular, como por exemplo, rádios comunitárias e livres. Lutar pela democratização de todos os meios de comunicação da sociedade, contribuindo para a formação da consciência política e a valorização da cultura do povo. 17. Fortalecer a articulação dos movimentos sociais do campo na Via Campesina Brasil, em todos os Estados e regiões . Construir, com todos os movimentos sociais a assembléia popular nos municípios, regiões e estados. 18. Contribuir na construção de todos os mecanismos possíveis de integração popular latino-americana, através da ALBA - Alternativa Bolivariana dos Povos das Américas. Exercer a solidariedade internacional com os povos que sofrem as agressões do império, especialmente agora, com o povo de CUBA, HAITI, IRAQUE e PALES TINA. Conclamamos o povo brasil eiro para que se organize e lute por uma sociedade justa e igualitária, que somente será possível com a mobilização de todo o povo . As grandes transformações são sempre obra do povo organizado. E, nós do MST, nos comprometemos a jamais esmorecer e lutar sempre" . REFORMA AGRÁRIA: Por Justiça Social e Soberania Popular! Brasília, 15 de junho de 2007 Os negritos são da nossa redação

Guerra das Malvinas 25 anos depois C atoHcismo entrevista o Dr. Carlos Federico Ibarguren - um dos fundadores da TFP Argentina e seu vice-presidente até janeiro de 1998 - sobre o confronto entre Argentina e Inglaterra, eclodido há um quarto de século

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e passagem por São Paulo, visitou - nos o amigo e companheiro de ideal, Dr. Carlos Federico lbarguren, cuja admiração pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, por sua vida e sua obra, levou-o nos anos 60, jun tamente com outros jovens rioplatenses, a fundar a Sociedad Argentina de Defensa de la Tradición , Familia y Propiedad . Passou então a estreitar vínculos pessoais com o líder católico brasileiro, tornando-se um de seus discípulos e dedicando sua vida inteiramente à Contra-Revolução. Transcorridos 25 anos da Guerra das Malvinas - eclodida 8. no dia 2 de abril de 1982 e en - ~ cerrada em 14 de junho do mes - ~ mo ano - , parece-nos oportuno analisar, com a perspectiva do tempo e a imparcialidade que ele proporciona, o real significado daquela conflagração. Como nos observa o Dr. lbarguren, ela esteve a ponto de mudar radicalmente o curso da história não só da A rgentina , mas talvez do continente latino -americano e, por reflexo, do mundo. Nosso entrevistado e a TFP argentina ti veram então árdua e decisiva participação nesses acontecimentos , para o que pediram conselhos ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira (vide Catolicismo, maio/1982), por sua larga experiência nas lides do pensamento contra - revolucionário na América Latina. Rece beram igualmente apoio de diversas TFPs, que

em todo o mundo viam então com enorme preocupação os rumos que tomavam aqueles confrontos entre tropas argentinas e britânicas . Sobretudo porque estava envolvida na manobra a URSS, com o objetivo de comunistizar as na ções do nosso continente.

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'í1 URSS estat1a em prol'umla crise e tellta va suas últimas maJ10/Jras J)ara r esolvê-la; buscava sair do impasse conquistai1do J)aíses da América Latina "

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Catolicismo - Dr. lbarguren, como o Sr. analisa, neste 25º aniversário da Guerra das Malvinas, a importância, os resultados e as lições que dela se podem tirar? D,: Jbarguren - U ma das coisas, entre mui tas outras, que aprendi ele Plínio Corrêa ele Oli veira, fo i anali sar os acontec imentos grandes, médi os e peq uenos na perspecti va ela luta entre a Revolução e a Contra-Revolução, segundo os princípios expostos em seu livro Revolução e Contra- Re volução. I sto me leva a recordar o contexto em que vivíamos em 1982, ano cios conflitos ele que nos ocupamos, o que é indispensá vel para entendê- los. Era a co njuntura ci o que se denominou Guerra Fria, um embate de antagoni smo tota l entre o bl oco comuni sta, sob a hegemonia ela Rú s ia sov iéti ca, e o oc idental, ob a égide cios Estados U nidos . O co muni smo estato latra ainda não hav ia entrado no estado ele colapso em que imergiu depois. Estava em pro fun da cri se intern a, é verd ade, e tentava suas úl timas manobras para resolvê- la; buscava sa ir ci o impasse, co nqui stando países ela Am éri ca L atina. Se o

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consegui sse, certamente sa iri a da gigantesca difi culdade na qual se debatia, pois teria recursos e influências para tentar subjugar o Ocidente e conqui star o mundo. Catolicismo - Conquistar países na América Latina, mesmo sendo ela constituída de povos maciçamente católicos?

Dr. lharguren - Exatamente, pois o continente católico por excelência deveria, por isso mesmo, ser o de maior resistência ao co muni smo. Nessa encru zilhada, a América Latina representou um papel importantíss imo, que aind a não se ressa ltou suficientemente. E ele já se podia notar antes da Guerra das Malvinas. Catolicismo - O Sr. poderia exemplificar, para melhor elucidação de tal conjuntura?

D,: lbarguren - Na América Latina deram-se importantes lances da Guerra Fria, co locand o reai s obstácul os ao domínio comu ni sta. Foram ep isód ios de guerra psicológica, nos quais teve destacada atuação o Dr. Plínio, devido à sua enorme influência e atuação no Bras il , com repercussão em outras nações ibero-americanas. O conflito anglo-argentino fo i, sob certo aspecto, o último ep isód io importante da Guerra Fria. Co m efe ito, o mai or continente cató li co vira cair vários países na esfera de influência do comuni smo, CATOLICISMO

"O maior co11ti11ente católico vira cair 11aíses na esfera ele influência cio comunismo, gmças à aliança espúria entre o comtmismo e a CSQUCl'da católica ,,

graças à aliança espúri a e contraditóri a entre o comuni smo e a esquerda católica - autênti ca esquerda e nada católica. Assim, Cuba, Chile, Bolívia, Peru e Nica rágua ca íram , enq uanto outros países estivera m a pique de se prec ipitar nomesmo infortúnio. O co muni smo havi a fracassado na sua tentativa de conquistar o mundo pela sua ideo log ia, por sua fo rma de vida, por seu ód io a Deus, à Igreja e à cri ação. Em determinado momento, julgou que poderia fazê-lo a partir da América Lati na, caso aparecesse aos olhos da popul ação católi ca, não co mo inimi go da Igreja e de sua doutrina, mas como aliado e reali zador das promessas de Nosso Senhor Jesus Cri sto. Entretanto, para isso necess itava ali ar-se co m setores influentes do catolicismo e infiltrar-se nas organi zações católicas, através da adesão de sacerdotes e teólogos que, adulterando a doutrin a cató li ca, corrompessem as consc iências dos fiéis para levá- los a aderir à doutrina marxista, revestida de aparências de catoli cismo. Essa manobra de guerra psicológica, que teve ampl a apli cação em nossos países, . eri a coroada de êx ito, se não fosse m as denúncias de Dr. Plínio e de diversas TFPs. Nesse sentido, entre mui tas ações, cabe lembrar a memorável Mensagem ao Papa Paulo VI pedindo medidas contra a infil tração comuni sta na Igreja, subscrita por mais de dois milhões de brasil eiros, argentinos, chil enos e uruguaios. Outro lance foi a luminosa e oportuna Declaração de Resistência(*) à Ostpolitik vaticana em relação aos regimes comuni stas. Nesse contexto internac ional se situa a Guerra das Malvinas. Ou seja, a proximidade do fim da Guerra Fria e o bloco soviético em cri se. O co muni smo não estava obtendo o êx ito esperado, de conqui star o continente co m a co laboração da esquerda católica, mas ao mesmo tempo se apresentava co rno suficientemente poderoso e ca paz de ameaçar o Ocidente. Catolicismo - Como se relaciona tal contexto com a Guerra das Malvinas?

D,: /barguren - A Rú ss ia tentou aproveitar-se da ocas ião para cavalgar o conflito, deslocandopara seus interesses. No fund o, como costuma suceder na História, a diplomacia soviética procurou estabelecer do is conflitos sobrepostos: um, visível e evidente; outro, ca mufl ado, difícil de perceber, mais universal, mais grave e transcendente, que se serve do primeiro como pr lcxlo, mas que tende a dominá-lo e absorvê-lo ·om pl etamente. Um aspecto era o que todos viam : o an ' lo argentino de rec uperar urna parte ele seu Lcrrit óri o,

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conqui stado no sécu lo XIX pelos ingleses. À ocu- As Ilhas Malvinas formam um arquipélago pação milit a r das Ilh as Ma lvin as - Ilh as no Atlântico Sul, distanFa lkland , co mo são denominadas pe lo Rein o do aproximadamente Unido - se co ntrapôs uma firme reação béli ca 600 km dos costas aringlesa, res ultand o daí uma renhida confl agração gentinos. Atualmente sob domíarmada. Mas outro aspec to era a tentativa ru ssonio inglês, sâo chama sov iética, que via na Guerra das Malvinas ocados Folklonds. sião para transformar um conflito parcial numa confl agração internac ional. Isso lhe permitiria in trod uzir-se fraudulentame nte no cont in e nte , co m apo io popular, desmobilizando a natural prevenção cios católi cos diante do comu ni smo. Necess ita nd o de urge nte apoio militar para quebrar a ofe nsiva inglesa, e em situação de desespero, a Argentina receberi a de mãos abertas a "cleOCSANO ATLANT I CO sinteressacla" ajuda soviéti ca. Sabe mos que os sov iét icos , quando e ntrava m e m a lg um território, depois não saía m. E não era só isso. Entrando a Rú ss ia com o seu po"Na época tivemos derio nuclear, naq uele mome nto em que a In gla- inclícios concretos terra hav ia trazido para o Atlântico Sul subm ari - e 11eeme11tes nos atômicos, tal guerra poderia fac ilmente de<las prntensões genera r em con flito term onuc lea r. A Guerra das russas cm nosso Malvinas transformar-se-ia ass im em guerra mun- continente, mas dial, com ep icentro na América Latina. E aq ui a hoje eles estão URSS pretendia impl antar-se, tirando proveito da com11ro11a<los e confl agração mundi al. clevi<lamcntc

<loc11111e11taclos"

identificar os alvos britânicos, enquanto subm arinos sov iéticos manter-se- iam na expectativa, nos limi tes das águas argentinas, pondo em evidência a rap idez co m que tal aj uda poderia chegar. A fim de fac ilitar essa intromi ssão ru ssa, as esq uerdas argentin as - inc lu sive os terroristas ,nontoneros, que enfrentava m à mão armada o governo militar - co meçaram a apo iá- la. Fidel Castro, corno ele própri o confesso u, ofereceu tropas cubanas para ajudar o governo militar, tendo também co nc lamado à for mação de contingentes internac ionais urna coa li zão latino-america na - que fossem lutar contra os ingleses. Sugeriu ainda aos argentinos que não se rendessem, mas organi zassem uma guerri lha. Tratava-se, para o com us u R ni s mo, de " vietnarni za r " a América Latina. O j orn al "O Estado de S. Paulo" publicou co m destaque recentemente, em 12 de novembro de 2006, sensacionais documentos secretos que foram liberados, relativos à Guerra das Malvinas. Neles revela-se que "o governo brasileiro monitorou corn preocupação a ajuda rnilitar soviética prestada à Argentina em 1982 ". Os referidos documentos fa lam de abastec imento de armas e de urâni o enriquecido à Argentina e assinalam a "intranqiiilidade das autoridades brasileiras com a aproximação da Argentina com os países de regime co-

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Catolicismo - Havia indícios palpáveis dessas pretensões russas? Ou era apenas uma hipótese razoável, uma lucubração a partir dos presumíveis interesses dos soviéticos?

D,: lbarguren - Na época hav ia indíc ios concretos e veementes, e hoje eles estão comprovado. e devidamente documentados. Diversos si ntomas permitiam então deduzir que o conflito adq uiriri a uma envergad ura maior do que a aparente, que não se circun screv ia às relações angloargentin as. Pelo contrári o, co m a infiltração russa o curso da História poderia ser alterado. De um lado, fo ram notó ri as e freqüentes na Argentina as visitas do emba ixador russo à Chance lari a durante o conflito. O serviço secreto russo passou a atuar intensamente em Bueno Aires. De outro lado, jornais de Caracas e Montevidéu informara m que a superi orid ade militar inglesa poderia ob ri gar os argentinos a so licitar ajuda à URSS. Melhor dito, a aceitá- la, porque já tinha sido oferec ida pela emba ixada ru ssa. Moscou di sponibili zou seu sistema de radares espac iais para

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texto de aj udar- nos a reco nqui star as Malvinas, esco ndi am o interesse nada ge ne roso de s ubju ga r a Arge ntin a; e, te nd o um a base em nossa Pátria, subju ga r a Amé ri ca do Sul inte ira, inclu ídas as Malvin as, co loca nd o-a sob domínio da URSS. Ou , se não o co nseg ui sse m, pod eri a m e voluir para tran sformar nosso te rritório em epi centro de um a possível III Guerra Mundial , c ujas conseqüênc ias seriam imprev isíveis. Como os indíci os ass ina laram na é poca, e ulte ri ores doc ume ntos o de monstraram , a aceitação dessa aj uda ru sso-sov iéti ca aca rretaria uma radical mudança no c urso da Hi stó ria.

Ecologismo, AIDS, aborto e antinatalidade dos pelo HIV. "Os dados mostram que,

entre 1983 e 2006, dos 7.937 reg istros de testes positivos para HIV coletados na cidade, a maior proporção de casos .ficou entre homossexuais e bissexuais. Em 2006, por exemplo, 37% dos registros foram de hornossexuais, e 18% de bissexuais, segundo o trabalho .finalizado no mês passado. Em 2005, a proporção era de 34% e 19%, respecti vamente. Quando somados os dados de homossexuais e bissexuais de 2006, a proporção alcança 54%".

Catolicismo - Qual foi a atuação concreta que os Srs. desenvolveram?

Dr. lbarguren -

A TFP arge ntina, nesse quadro de ameaças - prati ca mente de beco-sem-sa ída e de feb ril e ntus iasmo patri ótico - , atuou para fazer nossos conterrâ neos e o mundo inte iro ouvir s ua voz sere na, carregada de fé e de amor à pátri a. Co locou o problema em seus ve rdade iros termos, perguntando aos argentinos: "Se nos

atrevem.os a e11frentar a Ing laterra por arnor às Malvinas, não nos atreveremos a recusar assolicitações da Rússia corn.unista por arnor de Deus ?". ,nunista ou próximos politicamente da União Soviética, especialmente por causa do abastecimento de armas, disponibilidade de bases aéreas e entrega de urânio enriquecido". Em l984, a impre nsa britânica reve lou que o preside nte líbi o Khadafi hav ia abastecido secretamente a Argentina com armas, inc luindo 120 mísse is sov iéticos Sam-7. O peri ódico pauli sta complementou info rmando que essas eram armas sov iéticas, que os russos tentavam di sfarçar por meio do fo rnecimento através de outros países como a Líbia. Como se vê, a situação era sumamente grave, e as previ sões e suspeitas não eram exageradas. Importava agir para impedir uma catástrofe de irreparávei s conseqüências. Catolicismo - A TFP argentina tinha possibilidade de atuar nessa perigosa e difícil circunstância?

D,: lbarguren - Realmente não era nada fác il , numa nação em guerra e infl amada pelo leg ítimo patrioti smo vo ltad o à recuperação de um a parte de seu território, fazer a opi ni ão pública ver e compreender essa manobra soviética, então oc ulta. Ma nobra sutil de inimigos que se apresentavam como amigos, oferece ndo-nos ajuda "ge ne rosa" numa situ ação comprometida; mas que, em profundidade e em segredo, sob preCATOLICISMO

"Se 110s atreve-

mos a enli'entar a Inglaterra por amor às Malvinas, não nos aue11eremos a recusar as solicitações da Rússia comu11ista po,· amor de Deus?"

Tratava- se de um manifesto publi cado em importantes jornais de Buenos Aires e reprodu zido pelas TFPs autônomas e coirmãs nas princi pai s cap itai s do mundo, inc lusive Londres e W ashington. Nele ex plicava-se o perigo que signifi cava para a sob revivência da Argentina, como nação cató li ca e so berana, uma a li ança com a Rússi a. Se esta interviesse do lado arge ntino, é quase certo que os EUA colocar-se-iam do lado ing lês, desencadeando ass im o jogo de ali anças intern ac ionais. Nesse caso, as Malvinas poderi am ter provocado a III Guerra Mundial. E a Argentina ter-se- ia vi sto obrigada a combater do lado do bloco soviético ! Em São Paulo, Dr. Plinio e nvio u nossa dec laração ao pres idente do Brasil , na época o Gen. João Bapti sta Figue iredo, e ao mini stro das Relações Exteriores, o chanceler Saraiva Guerreiro, bem co mo publicou artigos na impren sa questionando a oportunidade da operação militar argentina. Estou certo de que esse conjunto de intervenções co ntribuiu dec is ivamente para deter o curso que os acontec imentos teriam em prol da União Soviética, que parec ia fata l. • Nota :

* A mencio nada Declaração de l?esis1ência,

sob o I flui o A polüica de dis1e11süo do Valicano co111 os govem os co11111 nistas - Para a TFP: omilir-se? ou resislir ?, foi publi cuda em 57 jornais de 11 países, ao longo do ano de 1974.

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jornalista americano John Berl au, a uto r do liv ro Ecoioucos: o

ambientalismo é perigoso para sua saúde, vem apontando os exageros da ecologia e da propaga nda que dela se faz. Um repórter lhe perguntou qual a razão de ter escrito seu li vro. Eis a resposta:

"A tristeza que senti ao observar a destruição e o sofrimento causados pelo furacão Katrina em Nova Orleans em. 2005. Fiquei chocado ao saber que, por causa dos ambientalistas, o governo foi impedido de construir barragens que poderiam ter controlado um pouco o .fluxo de água e diminuído o impacto sobre a cidade. O movimento defende algumas causas erradas, e o resultado para a vida hum.ana é pior do que os riscos ecológicos alegados" ("Folha de S. Paulo", 27-5-07).

Ape. ar di sso, a prefe itura de São Paulo privileg io u a propaga nda homossex ua l, permitindo que fi zessem s ua parada na Av . Paulista, c uj o acesso é negado para manifestações imilares de utras organ izações. Mai s a inda, o investime nto do gove rno muni c ipal na parad a totali zo u R$ 400 milhões ("O Estado de S. Paulo", 9 e l l-6-07).

O nascituro sem "Direitos humanos" É esca nda loso qu e um a conhecida ONG , a Anistia Internacional, que se jacta de ser defensora dos "direitos hu manos", esteja faze nd o campan ha pe la

São Paulo envelhece

Partículas de HIV, vírus que causa a AIDS

Como conseq üê nci a do uso de antico ncepci o na is, es terili zação, abortos e outras práti cas a ntinata lidade, a população de jove ns decresce no estado de São Paulo. Em J 980 , a fa ixa de pauli stas com menos de 30 anos era quase o dobro da so ma do resto d a popul ação . Pesqui sa rea lizada pe la Fundação Si stema Estadua l de A náli se de Dados (Seade) mostra que, em 2006, o número de homens e mulhe res com idade e ntre O a 29 anos e ra prati ca mente ig ual ao resta nte da população. Nos ú ltimos 26 anos, a taxa de nata lidade caiu pe la metade, e a idade média da população aumentou 62% ("O Estado de S. Paulo", 8-6-07). •

Como cavalga a AIDS Al gum a ca mpanhas contra a AIDS , e m lugar de ajudar a debe lar a ep idem ia, mais contribuem para que ela se espalhe. É o caso, por exemplo, das que combate m a castidade. Outro fator é a propaganda que se faz do homossexua li mo. A prefe itura de São Paulo divul gou levantamento sobre notificações de infecção pelo víru s da AIDS , e os resultados apo nta m grande pro porção de homossex uai s co ntam ina-

desc rimina li zação do abo rto. O Ca rdea l Renato Martino, pres ide nte do Pontifíc io Conselho para a Ju sti ça e a Paz, da Santa Sé, ac usou a Ani sti a de "trair sua nússão" e disse que "católicos deven·1. retirar seu apoio" a esse grupo internac ional ("O Estado de S. Paulo", 14-6-07) .

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T ornou-se notória ultimamente a convergência de forças internacionais visando impor o crime do aborto na totalidade dos países, utilizando todos os meios possíveis para alcançar o seu funesto objetivo: a completa liberação do assassinato de inocentes.

I , A LFREDO M AC H ALE

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ofensiva para impl antar lega lmente o aborto no mund o inteiro adquiriu for ça a partir de 1973, quando a Corte Suprema dos Es tados U nido sentenciou, no caso Roe x Wade, qu e a penali zação desse crim e f eria a Constitui ção ameri cana por violar o di rei to à privacidade das mães qu e qui sessem abortar. A aprovação do aborto pela referi da Corte co nstituiu um pecado que clama ao Céu por vinga nça, e quer r justifi cálo co m argumentos de " priv acidade" é um a burl a feita a Deus. Ao Estado cumpre prevenir, inibir e reprimir os assass inatos , nun ca autori zá- los. Tanto mai s quando eles são perpetrados co ntra víti mas inocentes e indefesas, por ini ciati va daqueles mes mos que lhes deram a v ida! Desde aquela sentença - verdadeiramente de morte, de uma cru eldade sem para lelo, que provocou a execução sumári a e impune de milhões de nascituros - o aborto vem sendo a1 licado nos EUA, com a agravante de que independe dos meses ele gestação j á tran scorri dos. O u sej a, é aplicável ta mbém no caso de bebês em vésperas ele nascer, portan to com a pleni tude dos sentidos, sendo submetidos a so frimentos inenarráveis. Antes disso a ofensiva abortistajá ex istia, mas se man ifestava ubstancialmente através de sua prática ilegal e clandestina, portanto limitada. Após essa decisão nefasta, dezenas de países fora m se perfi !ando na li sta macabra dos imitadores de Herodes. Mais uma vergonhosa contradição

de nossa época, que se caracteri za pelo horror ao sofrimento e incontáveis pessoas não poupam esforços para ev itá- lo.

11 o/'c11siva assassina eslemlc-sc il Ew·o1Ja Nos anos seguintes, a despenali zação do aborto estendeu-se aos mai s importantes países europeus, hoj e integrad os à Uni ão Europé ia (UE) , a qual vem lu tando para im plantá- lo em todas as nações que a compõem, e também naq uelas sobre as quai s exerce alguma fo rm a de influência. Muitas vezes a lega li zação do aborto de in íc io limi ta -se a certos casos, fi ca ndo para uma segund a etapa sua aceitação mai s geral. Q uando isso sucede, as mes mas fo rças que intervi eram para abrir a primeira brecha empenham-se em ampliá- la cada vez mai s, até obterem a I ibera li zação e a impuni dade compl etas, as qu ais no rm alm ente não demoram mu ito tempo em se produzir. Esse processo co meço u em países protestantes, para depois ating ir os cató li cos, e afetou as nações mais dese nvo l v idas antes de alca nça r as subdesenvo lvi das . Ass im , um a um os países europeus fora m-se so mando a esse autênti co genocídi o programado ele nasc itu ros, send o Portuga l o ma is rece nte em fazê- lo. A inda há res istê nc ias em algum as nações que a União Européia não está conseguiu dobrar, e às qu ais ela não poupa ameaças e pressões para obter que também capitul em. Entre elas está a Polôni a. As ameaças estendem-se ainda a países extrínsecos ao bloco, sob a fo rm a

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de sanções econô mi cas, comerc ia is, mi gratóri as ou outras, caso não adotem o sini stro códi go de Herodes. Mai s. Co ntinuam e nte es tão send o e laboradas novas versões do Dire ito e m seus diversos ramos (Pena l, C ivil , ínternac iona l, etc .), segundo as quai s não só o aborto é permitido, mas constitui deli to que os médi cos, hospita is e c línicas se recusem a prati cá- lo . A persegui ção este nde-se ass im às co nsc iênc ias.

Obstáculos "' imJJlantação do abol'to em nível mune/ia/ Não obstante, o pano rama mundial para os aborti stas não é nada fa vorável , po is não cessa de crescer a reação da opini ão públi ca norte-ameri cana - e de outras nações - contra a imensidade do massac re perpetrado todos os anos contra os nasc ituros. Tal reação significa até ago ra que, em mais da metade dos EUA , o aborto está sendo progress ivamente difi c ultado. E a própria sentença de l 97 3, que dec larou conforme à Constituição do país o aborto em qu ase todas as s uas fo rm as, está e m via de ser s ubmetida a uma revi são. A isso deve-se ac rescentar que as forças conservadoras daque le pa ís aume ntaram muito seu poder, de modo a impor aos po líti cos liberai s e amorai s muitos retrocessos que há três décadas eram simples me nte inconcebíve is. Ao mes mo te mpo, e m muitas nações européias, nas quais a lega lidade do aborto foi estabe lec ida há vári as décadas, vão se produ z indo reações vigorosas, po is

tornam-se patentes as con seqüênc ias nefastas que a despenalização desse crime vem causando no Ve lho Mundo. Essa reatividade produ z-se, em grande parte, porque o aborto contribui para manter muito baixa, ou até negativa, a taxa do aumento demográfico, em virtude da qual a Europa vai se "deseuropeizando" em favor de popul ações oriundas de outros países, de modo especial muçulmanos. E mbora tal razão sej a e m grande parte prag mática, por não se re laci onar proxi mamente co m princípi os, ao menos é mani fes tação de um pouco ma is de bom senso numa c ivili zação e m que este encontra-se muito redu zido e, e m certos setores, até mes mo ausente por compl eto.

J>oclel'osas f'ol'ças empenham-se pal'a impor o aborto 110 mmJ<lo As fo rças que trama m a impos ição mundi al do aborto adotam co mo regra quase geral : a) di ss imul ar ao máx imo que seus esforços são vo ltados diretamente para esse obj etivo; b) apresentar-se com freqüênc ia como aquilo que não são, para produ zir des in fo rmação, torna ndo ass im mais fác il a obtenção de sua meta. P o r e xe mpl o, poucos conhecem o e norme trabalho que a desco mun al máquina aborti ta desenvolve no Brasil nesse sentido, e quanto ela penetro u nas in stânc ias estratég icas da po líti ca go vernamental, atuando para esse obj eti vo contra a opini ão da grande ma io ri a do povo brasile iro, que é contrária à legali zação e à prática do aborto. Me nor aind a é o número dos que ea-

tão cabalme nte informados sobre as organi zações que e laboraram ta l estratégia e rea lizam e controlam esse trabalho, todas e las com sedes no exteri or, de o nde dec ide m o que será implantado no Brasil , nas Amé ri cas e no mundo. Em s uma, as pessoas rea lme nte decisivas não aparecem, e as que o faze m estão longe de ser as ma is importantes.

A recle mundial Católicas ()CIO Direito de Decidir' - CJ)D E ncabeçada pela entidade norte-a meri cana Catholics f or a Free Choice (Cató1icas por uma livre escolha), a CDD segue a refe rida tática de apresentação enganosa. Tal e ntidade, de cató lica só tem o nome, escolhido evidentemente para confundir, ter mais influência na sociedade e produ zir a sensação de que na Igrej a há uma corrente aborti sta, de modo que os cató licos pareçam divididos. Sua verdade ira meta é a implantação definiti va e irreversível do aborto em todo o mundo e em todas as circunstânc ias. E m sua pág ina da internet, apresentam -se co mo um "g rupo ec umê ni co", com co laboradores de dive rsas re li g iões, ma. sem víncul o co m e las. Sua dirigente máx im a, F rances Ki ssling, é uma e xfre ira qu e a band o no u o co nv e nto e m 1974 e não professa ne nhuma re li gião. São sig nifi cativas, a esse res pe ito, suas palavra : "Saí porqu e não acreditava. Lembro-me de algumas conversas que ti ve com. outras irmãs e postulantes sobre controle da na/. alidade, di vórcio e segundo casa,nento. Eu não cria no que

Fra ces Kissling, dirigente de Cat olics for a Free Choice

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CATOLICISMO

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a Igrej a ensinava sobre essas coisas. A idé ia de ser uma representante da Igrej a constitucional, ao mesmo tempo em que discrepava dessas posições, não tinha sentido para núm. Eu não concorda va corn os ensinamentos da Ig rej a l... ]. E assim, quando deixei o con vento, pa rei de ir à ig rej a. Pode-se dizer que a partir desse ponto eu não era mais calólica caiva. Mas eu mesma, parl.icu.la rmente, não me considera va rn.ais uma católica". Posterio rmente, quando ingressou na CDD para um cargo diretivo, julgou conveniente reincorporar-. ·e à [greja, obviamente por razões táticas, e só dos lábios para fora, declarando: "Quando disse que vol!ei à Igreja, nunca voltei nos antigos termos. Voltei à Igreja como agente da transformação social, voltei à igreja da mulher" (sic).

Atuação ele ONGS e poelerosas l'tmclações JJ1·6-aborto A CDD é fin anciada - juntame nte co m uma miríade de outras ONG s que atuam no mundo inte iro para o mesmo fim - por uma impress iona nte rede de poderosas fundações pri vadas, constitui das e impul sionadas pe los ma iores potentados norte-america nos. E tes de fi ne m as estratégias, escolhem e remuneram os cúmpli ces e no rm a lm ente não aparecem para o público, pe lo menos a pro pós ito do aborto. Obviamente, essas fundações - entre as qu ais estão a Ford, a Rockef eller e a BL!ffe/. - são as vozes decisivas, porque as ONGs aborti sta tanto podem prosperar como decair e desaparecer em questão de semanas, conforme obtenham ou não daque las os donativos para a sua atuação. O gro so das info rmações sobre Católicas pelo Direito de Decidir - CDD está contido numa entrevista de mais de sete horas de du ração, concedida em 2002 por Frances Ki ling, a qual pode ser vista na pág inahttp://www.smith.edu/1 ibraries/1 ibs/ ssc/prh/transcri pts/ki ss ling-trans.htm 1. A e ntidade é internacional , com sede e m Was hingto n, e co labora com a promoção do aborto nos EUA , e m todos os países da América Latina e na Uni ão Européia. Está ini c iando sua ex pansão pe la Áfri ca, não escondendo o desej o de in te rvir també m na Ás ia, es pec ialme nte devid o ao e no rme co ntingente popul ac ion al ali exi stente.

O re lato da própria e ntid ade de ixa transparecer a ex istênc ia de uma ime nsa máquina destin ada a impul sio nar o aborto e m níve l mundi a l, a qual se move po r uma ideolog ia totalm e nte difere nte da que os seus agentes dec laram . São essas fund ações internac io nai s que traça m há vári as décadas as estratégias e fin anc iam os trabalhos a serem rea li zados pe las organi zações locai s. So mente estas últimas tê m alguma vi sibilidade, e limitada a um muito redu zido públi co. Para a maioria da população, tais organizações nem sequer aparecem, apesar de haver vári as centenas de las no Bras iI e milhares no exterior, disseminadas por todo o mundo numa rede estrategica mente coesa e coordenada. Para o grande público inclusive para muitos políticos e responsáveis pelo destino das nações - a pres-

são pela legali zação do aborto se apresenta co mo um fe nômeno natural , suposto efe ito inevitáve l do desenvo lvimento da Hi stória, da expansão das comuni cações ou das mudanças po líticas, contra as quai s pouco ou nada pode ser feito. Contudo, por trás dos bastidores tudo está meticulosamente pl anejado. Em fin s dos anos 70, Frances Ki ssling to rnou -se pres id ente da C DD, até então ex istente quase só no minalmente. Pode-se constatar a í o poder elas fund ações que financi a m a ex pansão do aborto, po is a C DD era e ntão a me nor entre as o rgani zações com esse fim , mas j á contav a com um orça me nto anual de 250 mil dó lares, que desde então não pa rou de crescer. Este fora obtido inic ialmente das mes mas fundações, que algun s anos antes haviam finan c iado a e ntrada da ln-

Cartaz no centro de São Paulo

a

rt o

As

1 eres decidem A oc1edade respeita Estado garante

i 8/09 Dia de luta pela desc iri aliz ~ão do aborto na América ~a i Ca ibe Jornadas pelo Direito ao Abor oLegal e 1 :

SeguroRedeFeminista de Saúde/ SP efiliadas

Marcha Mundial de Mulheres Associa~ão·da Parada do Orgulho GUBT/SP Centro Dandara de Promotoras Leaaii Ponularei


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A batalha vara clen·uba,· a "objeção de c011sciência"

ternational Plann.ed Parenthood Federa tion - IPPF (Vide quadro ao lado) e do ln.ternational Pregnancy Advisory Se rvices - IPA S na montagem das redes de clíni cas de aborto. Entid ades, ali ás, com as quai s Ki ss lin g j á hav ia traba lh ado (Vide quadro à p. 33). De acordo com reportagem publicada pelo " The N ew Y ork Times" em 2 de fevereiro de 2007, "o orçamento !anual I da seção norte-arnericana da CDD é

de três milhões de dólares, sendo amplamente .f,nanciado por fu ndações bem conhecidas, entre as qua is a Fundação Ford" (cfr. Backin g Abortion Ri ghts whil e Keepin g the Fa i th: < http :// n yt im es.com/2007 /0 2 / 27 /u s / choice. html ?pagewanted=2& r= 1>. A fili al mex icana da CDD conta com um orça mento anual de um milhão de dólares. A brasileira, com orça mento bem próx imo disso, é a maior depois da mex icana, e fo i fundada nos anos 90 graças à intervenção da Fundação MacA rthur. Sua sede pauli stana situa-se no 6° andar de um prédio pertencente aos pad res carmelitas de São Pau lo, sendo que nesse mesmo prédio, no 5° andar, a CNBB tem a sede ele sua Regional Su l- 1. Frances Ki ss ling perm aneceu fora da l greja por mais de 15 anos , de 1963 a 1979, quando se incorporou ~1 CDD . Para justificar esse pseudo-retorn o, diz que se considera "uma pessoa espiritual ". No que ela crê? Responde que "esta vida tem um. sentido ", e ela está aq ui "para fa zer algum.a coisa ", tem obri gação de fazer alguma co isa. Isto, segundo ela, é uma crença, porque a vida poderi a ser total mente sem sentido. Em 1999 a CDD organi zou a ca mpanha mundial "See Change" (mudança da Sé), por ocasião do debate relacionado com o aborto, vi sando destruir a influência da Santa Sé na ONU. Exigia que a ONU deixasse de reconhecer o Vaticano como estado independente e o rebaixasse ao status de uma mera ONG, como a CDD. A ca mpanh a co ntou com o apo io de milh ões de dó lares prov eni entes da s fundações Ford, flewlett-Packard, Bu.ff'et e outras. Te rmin ou dois anos depois quando, apesar de todo o dinheiro empregado, a A ssembléia Gera l da ONU confirm ou o status da Sa nta Sé como membro pleno .

CATOLICISMO

A IPPF tornou- se hoje a maior promotora de abortos na América e no mundo. Na foto, manifestação pró-aborto em Bogotá, Colômbia.

A Federação Internacional de Paternidade Planificada

A

IPP F é um a organi zação multin ac ional, fu nd ada por mov imentos

Atua l mente a CD D - juntamente outras entidades aborti stas - pressiona a União Européia para que revogue várias concordatas entre alguns países cios que a constituem e a Santa Sé, bem como para que seja ex tinto na Europa o direito à obj eção ele consciênci a, cios médicos que se recusam a reali zar abortos. O que a CDD deseja é impl antar o aborto em todo o mundo, di tatori almente e ele modo irreversível. Segundo Kissling, enquanto os movimentos se limi tarem a lega li zá- lo, nenhum a conqui sta será definitiva. Ele só será irreversivelmente estabelec ido quando, além de se mudar a legislação, forem derrubadas as obj eções morai s em relação a ele. "O argwnen.to dos bispos - acrescenta - cifirm.a que o aborto é um. as-

sassinato, que abortar é mata,; e que a vida começa na concepção. Mas esta perspectiva católica é o lugar adequado para se com.eçar o trabalho [abortista],

porque a posição católica é a mais desenvolvida.. Assim, caso se consiga refutar a posição católica, ter-se-á refutado todas as demais. Nenhum dos outros g rupos religiosos realmente tem. declarações tão bem definidas sobre a personalidade, sobre quando a vida tem inicio, sobre f etos, etc. Assim, caso se derrube a posição católica, se ganha". Daí a im portância que os aborti stas dão ao combate contra a I greja Católi ca.

Pressão sobrc os Estaclos baseacla em confel'ê11cias m,mcliais De acordo com as suas própri as palavras, a CDD procura aprofundar o debate no que se refere à in terru pção voluntária ela grav idez, "ampliando a discussão nos

seus aspectos éticos, médicos e legais, e lutando pela de.spenalização e legalização do aborto". Al ém cio mais, ex ige do Estado o cumprimento cios compromissos assumidos nas conferências mundiais organi zadas pelas N ações Un idas no Ca iro (J994) e em Pequim ( 1995), ass im como a

implementação de programas ele educação sex ual segundo a perspectiva cios "direi-

tos sexuais e reprodutivos ". A C DD afirma participar, com o movimento elas mulheres, "das atividade.,· da

Campanha pela De.spenalização do Aborto na América Latina e no Caribe, no dia 28 de setembro, porque consideramos que o estado deve garantir o direito que as mulheres têrn, de decidir sobre seu cmpo, sua sexualidade e sua reprodução. A tradição teológica cristã permite recorrer à própria co11Sciên.cia para tornar decisões éticas e exercer o sag rado direi/o de decidit: Por isso apoiamos a luta pela despenalização e legalização do aborto". A CDD também apóia a "Marcha do Orgulho CLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuai.s· e Tran.sgên.eros), que se realiza todos os anos ern diversas cidades do país, ern cornemoração ao Dia do Orgulh o GLBT", pois defende "a vivência li vre, pra zenteira e responsável da sexualida de, além de c!firmar a possibilidade da li vre orienlação sexual ".

''Assim, caso se consiga refutar a posição católica, ter-se-á refutado todas as demais. Nenhum dos outros grupos religiosos realmente tem declarações tão bem definidas sobre a personalidade, sobre quando a vida tem início, sobre fetos, etc. Assim, caso se derrube a posição católica, se ganha", afirma militante abortista. Daí o combate dos pró-aborto contra a Igreja Católica .

femini stas em Londres e Bomba im na década de 50, para promover o aborto em todo o mundo. Utili za um nome diferente da rea li dade, pois o público entende por planificação fa mili ar o co ntro le ela nata liclacle, e não o aborto. M as é a este que a organização se ded ica . A fili al norte-ameri ca na da l PPF detém uma rede que abarca 20% ele todas as clínicas abortistas ci os Estados Unidos e é a maior promotora ela matança ele nascituros nesse país. Sua página na intern et contém abundante propaganda cio aborto, e in forma que deseja transformar em seguros os 19 mi lhões ele abortos inseguros anuais que afi rm a haver no mundo - o que, em muitíss imos casos, signifi ca também lega lizá- los e aumentar seu número. Para isso atua em 189 países - ou seja, em todo o mundo - , 29 cios quais nas Améri cas: portanto, no continente ameri cano inteiro. Até 1973, ano ela sentença ela Suprema Corte no caso Roe x W acle, a IPPF só trabalhava na propaganda pela lega li zação ela prática, mas não queria entrar diretamente no negóc io elas clíni cas "para não ser estigmatizada" pelo público . Mas, segundo Fra nces Ki ss lin g, as fundações que fi nanc iam as atividades ela lPPF ob ri garam-na a entra r diretamente na estruturação e gerênc ia ela próp ri a prática cio aborto, torn ando-se hoj e a maior promotora ele abortos na América e no mundo. Com freqüência, as fili ais ela TPPF nos di versos países adotam nomes que pouco ou nada condizem com a realidade ele suas atividades e propósitos, indicando tão-só a aparência que desej am ostentar: Associação para a Pmteção da Farnília, Instituto de Paternidade Responsável ou Sociedade Civil de Bern.-estar Familiar, por exemplo. M as, ao se anali sar os seus trabalhos, conclui-se que na realidade o substancia l ele sua ação é executar abortos.

JULHO2007 -


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Segundo William A. Donohue, presidente da Catholic Leaguefor Religious anel Civil Righls (http ://www .catholicleague.org/cffc.htm), Frances Kissling afirma que passou 20 anos procurando um governo que ela pudesse tentar derrubar sem cair na prisão, e que finalmente o encontrou na Igreja Católica. E acrescenta que os representantes cio Vaticano falsificaram, distorceram e mentiram sobre o que as mulheres desejam. Assim, Donohue conclui : "A CDD é _ji-eqiienlemenle descri/a como a maior organização católica a f a vor da li vre escolha, o que é duplam.ente falso : não é católica e não é uma organização. Foi aberram.ente denunciada, tanto pelo Vaticano como pelos bispos norte-americanos, como uma .fi'aude; e não /em membros ".

Esforços intensivos J)ara imJ)lanta,· o aborto na Amél'ica Latina De vido às reações contra o aborto, que ultimamente vêm despo ntando e m muitas nações, os ativistas co ntra a vicia e a nata lidade temem que se produza em futuro próximo uma verdade ira onda de medidas de pe nali zação do aborto, e quere m e vitá-la de todos os modos, poi s pode ri a estimul ar um fe nô me no mundi a l no mesmo sentido. Aum entam e ntão, tai s ativ istas, as pressões e maquinações sobre os países ela América Latina, África e Ásia para que impl ante m o quanto antes o aborto, e dentro cio possível se produza uma onda a favor de le. Tentando, ass im , diminuir a crescente onda anti -abortista. Em todo caso, o problema não é de fáci l solução para os promotores do aborto , so bretudo na Amé ri ca La tina, por ma is que te nha m cúmplices, colabo radores e " inocentes úteis" e m muitos setores. Isso porque a op ini ão cató li ca cio continente é totalmente contrári a à legali zação desse crime, a po nto ele tornar imprati cáve l obter sua aprovação como le i, ta nto mediante trâmites legislativos quanto através ele plebi sc itos. Com efeito, nos poucos casos e m que foram propostos plebiscitos sobre a matéria, como no Brasil , os próprios aborti stas expressaram sua opos ição, porque quase com certeza o perderiam. Analogamente, a hipótese de aprová-lo por lei também é esquivada, uma vez que os parCATOLICISMO

lamentares que votassem a favor, muito provave lmente não seriam reeleitos. Para reso lve r esse impasse, os aborti stas tivera m que elaborar uma estratég ia muito mai s complexa e enganosa, ape lando para pressões cios me ios ele comunicação e para sentenças amorais ele certos organi smos judicia is.

Mistilicações gmsseiras para conhmdfr a OJJinião JJlÍblica A prim e ira medida tomada pe los abortistas fo i preparar e pôr em c ircul ação uma série ele so fismas, mi sti fi cações e slogans para confund ir e enganar setores da opinião pública, sobretudo os mai s modestos. Assim , até nos acordos internacionais co meça ra m a se r usadas ex pressões como "anticoncepção de emergência", "direitos sexuais e reprodutivos ", "direitos básicos da mulher", "maternidade segura", "se rviços obstétricos de emergência ", etc., as qu ais correspo ndem a conceitos que ele a lgum modo inc lue m o aborto, sem que muitos se dêem conta do seu real significado. É fre qüe nte os aborti stas a legarem que as mulhe res estariam sendo cliscri-

minadas e m a lgun s países, porque as que se s ubmetem ao aborto corre m o ri sco ele prisão por cometerem um crime, enquanto para os home ns não ex iste nenhum tratamento ele sa úde que ig nifique esse peri go. Pod er-se-á dizer que tal sofi sma é tosco, porque o aborto é o assass inato cio filho antes de nascer, e não um tratamento de sa úde. Mas o fato concreto é que já ex iste m sente nças judiciais que se baseara m em raciocínios desse jaez. Outra fa lsidade amiúde repetida é que os bebês ai nda não nasc idos fazem parte cio corpo das respectivas mães, e que o dire ito que estas têm sobre seus corpos fac ultar- lhes- ia praticar o aborto quando qui sessem. É um argumento sem o me no r va lo r, mas te m servido ele base em sente nças judicia is para se obter a impunidade desse crime. Outro sofisma muito utili zado afirma que, sendo o direito à vida o ma is básico ele todos os dire itos, eleve ser garantido por lei, o que é ev ide nte mente certo . Mas distorce m a sua ap li cação, quando ac rescentam que um alto número de mortes de mulheres se produ z por causa cios abortos c landestinos, pratica-

cios em condições inseg uras e insalubres . Isso, no parecer dos aborti stas, tornaria ob ri gatório despena li zar o aborto para garantir a impunidade dessas mulheres, que assim não correriam o risco ele sere m presas nem de morrerem. Além do mais, é us ual que os termos utili zados pelos burocratas internacionais promotores cio aborto - "direitos humanos", por exe mpl o - , não te nh am ace pções defi nidas nem fixas, mas seja m totalmente evolutivas, segundo " pal avras de ordem" que eles vão fo rmul ando. De tal modo que, com o passar cio tempo, os aco rdos firmados entre países são re in terpretados segundo os significados novos postos em vigo r pe la propaga nd a. Produz-se ass im uma confu são jurídica e m cuja sombra os governos cios países sig natários desses acordos são pressionados para implantar políticas abortistas que de fato nunca ace itara m. Um caso notório se dá co m os chamados "direitos sexuais e reprodutivos " at ribuídos às mulhe res, entre os quai s co m freqüê nc ia se menciona o s uposto direito delas de se submeterem ao aborto. Cada vez que a expressão é incluída num acordo internac io na l, os países s ignatá rios dão margem a que no fu turo lhes sej a cobrada pelos bu rocratas ela ONU a implantação do abo rto. Isso se baseia num pressuposto c laramente hedoni sta, segundo o qual a vida sex ua l estari a destinada ao prazer das partes, co m exc lusão ele qualquer fim superi or, co mo o re lac io nado com a vida da família e a procriação ela prole.

Pressão intemacional sobrn os J)aíses: ate11ta,lu ,:) soberania Nos últim os anos, Argentina, Bolívia, Bras il , C hil e, Colômbia, Costa Rica, Eq uador, E I Sa lvador, G uatemala, Irlanda , Pe ru , Pol ô ni a, e Venezue la, e ntre o utros países, fo ra m press ionados de di versos modos pe los órgãos da ONU para: a) modificar uas le is, introdu zindo nelas o abo rto; b) aumentar o número de casos em que este é permitido; c) tomar medidas que o fac ilitasse m. T udo isso,

O Intemational Pregnancy Advisory Service - IPAS

º

Serviço lntern_a ci?nal de Aconselhamento na Gravidez __con~eçou apenas co mo um 111st1tuto no rte-a mericano que tinha essa hnaliclacle, embora j á promovesse a prática do aborto, tal corno o lPPF. O IPAS tampouco queria entra r no negócio da fundação e gerênc ia ele clínicas abortistas, por julgá-lo comprometedor. No entanto, segundo Kissling, a mesmas fundações que obrigaram a IPPF a criar e gerenciar a maior rede de clínicas de aborto cios EU A, pressionaram o JPAS a fazer o mesmo em re lação aos países subdesenvolvidos, onde o aborto era - e em certos casos continua sendo - ilegal. Assim , o IPAS om ite em seu próprio nome a questão cio aborto, sem dizer que o "conselho" que dá com mais freqüência às mulheres gráv idas é ele submeter-se a ele. E m suma, é um nome inócuo ocultando uma realidade iníqua. Com efei to, na sua página ela internet, o IPAS afirma que trabalhou durante três décadas para incrementar a capacidade elas mulheres ele exercer seus direitos sex uais e reprod utivos, reduzindo as mortes e lesões causadas pelo aborto inseguro. Os programas g lobai s e locais incluem treinamento, investigação, advocacia, distribuição de equipes para cuidar da saúde reprodutiva e ela difusão ele informaçõe . Atualmente o IPAS, com a conivência de autoridades da saúde, ad mini stra cursos ele técnicas abortivas para mais ele mil novos médicos por ano no Brasil. A descu lpa é que tais cursos são para capacitar os méd icos a realizar abortos em casos de estupro. A lei penal bras ileira proíbe o abo rto, ad mitindo não sua legalidade, mas sua impuni biliclade em dua hi pótese: o aborto terapêutico e o aborto em vi rtude do estupro (artigo 128 cio Cód igo Penal). Mas, na verdade, o que o IPAS Seminário pró - aborto, visa é formar no País quadros imensos para proque tem como um dos promotores o IPAS mover o aborto em todas as c ircunstâncias. Por exemplo, em janeiro de 2007 o IPAS deu um curso sobre técn icas de abo rto na Ma/ernidade Ana Braga, de Manaus. Em fevereiro, cursos análogos foram ministrados no Hospital Fernando de Magalhães, cio Rio ele Janeiro; na Malernidade Moura Tapajós, ele Manaus; na Santa Casa ele Sobral (CE); em Palmas (TO); em São Paulo; no Hospital da UNIC de C uiabá; na Santa Casa ele Goiâni a e em outros hospitais dessa cidade. Em março foi a vez do Hospilal Universitário de Santa Maria (RS ). Para abril estavam previstos dois cursos no lnstilulo de Perina!ologia da Bahia; e para maio, na Secretari a Estad ual da Saúde de Boa Vista, em Roraima. Os cursos do fPAS - indicados na sua página http://www.ipas.org.br/agencla.html - são anunciados publicamente e com antecedência há mais ele dez anos, desde o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, e ninguém nunca tomou nenhuma providência a respeito cio assunto, ta nto na classe médica quanto fora dela.

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se mpre sob a alegação de que as mulheres estari am sendo perseguidas pe lo fa to de nesses países a le i proibir e castigar o assassinato dos filhos por nasce r. As táti cas aborti stas vão mai s além, no sentido de fo rçar a interpretação dos tratados inte rnacionais. Alega m que alg un s destes impli c itame nte a provari am o aborto, e ex igem que as le is dos países o a prove m e m fo rma ex plíc ita e ampl a, o que constitui c la ro ate ntado às soberani as nacio na is. Para isso os aborti stas orga ni za m o adestrame nto inte nsivo dos ativi stas próaborto e m uni versidades ade ptas da sua prática, com vistas a uma ação mais incisiva, coorde nada, g lobal e do min ante. E faze m re latóri os lega is junto aos órgãos da O NU contra os países que rejeitam o abo rto, de modo que os co mitês desta ini c ie m pressões para que reforme m suas le is. T ambém impul sio nam uma séri e de ONGs aborti stas, muito artic ul adas e solidári as e ntre si, para que exerçam internamente pressões e de nunciem no ex terior supostas vi olações dos direitos das mulheres quanto ao aborto, pelo fa to de julgarem insufic ie ntes os casos em que e le é admitido. Desse modo, cresce sem cessar a pressão sobre os governos para que impl antem o aborto de fo rma definitiva. E muitos regimes de esquerda não desejam outra coisa, esperando ape nas o rnomen-

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CATOLICISMO

to adequado para fazê- lo, sem despertar maio res reações das populações. Essas O NGs às vezes parecem di screpar e ntre si em certos po ntos, dando urn a fa lsa irn pre são de plu ra li s mo. Mas, na rea lidade, e las c umprem pa pe l a ná logo ao cios di versos in strume ntos ele urna o rquestra, ao executarem, na dive rsidade das notas, a mes ma peça mu sical. Com efe ito, e nqua nto umas pro movem o aborto corno ex pressão do fe mini s mo radi ca l, o utras o quere m para limita r muito o aumento de mográfico. Contudo, e las As reações católicas anti -aborto são numerosas . Na foto, campanha de fiéis da Nicarágua .

se assoc iam nos mo me ntos-c have, pa ra ava nçar cada vez mais rumo à im punidade compl eta cio genocídi o abortista. De iníc io as pressões eram diri gidas contra os governos e parl ame ntos, para que im pul sio nasse m le is de a borto. M as ultim ame nte vo ltara m-se també m aos mais altos tribuna is de Ju stiça, no senti do de obter que usem de todo o seu pode r para impor os c rité rios abo rti stas, rein terpretando as le is vi gentes segundo essa orie ntação, de ixa ndo de lado numerosos princípi os jurídicos, textos legais, e le me ntos de jurisprudê nc ia reco nhec ida e, sobretudo, considerações mora is.

Aprovação <lo aborto 11a Colômbia: paradigma de má l'é E ntre os casos recentes, o mais protube rante ocorre u há um ano na Colômbi a, onde a Corte Constitucio nal sentenciou que os a rti gos do Códi go Penal que proíbe m o a borto seri am in apli cáveis, segundo a Constitui ção cio país, apesar de esta também o proibir. Que ra zões inv ocou ta l Corte para semelhante aberração? O s mes mos sofi s mas utili zados pe los a bo rti stas. E m síntese: que os tratados internac ionais prevalecem sobre as le is nacionais; que o critério permane nte dos o rgani smos ela ONU é a fa vor do "dire ito ao aborto"; e qu e, portanto, as norm as legais contra este deveri am ser sup ressas.

Para isso, ajudara m as no tóri as e grade de tal conferê nc ia não fo i apenas desves incoerênc ia da Constituição colomcreve r as táti cas e mpregadas para conbi ana e o fa to de que, por ma is a bsurdas seguir a a pro vação do aborto na Co lô mbi a, mas e nsin ar a todos os ativi stas os e noc ivas que sej am as sentenças ela Cormétodos utili zados, a fim ele que e les os te Constituc io nal, vê m e las sendo aceiap lique m e m seus res pectivos países. tas há ma is de uma década . Com o tempo, soube-se que a demandante era uma ativista in ternacional do aborto, a advogada colombiA ativista internacional do aborto, ana Mónica Roa. Depois de se prepaMónica Roa, advogado colombiano rar por longo tempo e m antros favoráveis à "matança cios inocentes", preocupou-se em exa minar a li sta dos juízes dos di versos tribunais, para escolher aquele que tivesse magistrados mais afin s com as suas pretensões, e ali apresentou o seu pedido de nãoaplicação das leis anti-abortistas. Mais ainda. Confesso u que, antes de apresenta r seu pedi do, ela e seus sequazes "penetraram nas bibliotecas dos magistrados", ou sej a, e nvi a ra m- lh es a bun da ntes doc ume ntos de do utrina j ur íd ica a favo r do a borto, para que, caso e les qui sessem fazer consul tas sobre o caso, e nco ntrasse m publi cações fa voráve is, qu ase nunca contrári as . Entreta nto, é óbvio qu e vári os desses magistrados já se hav iam previ a me nte comp ro meti do a a prov ar o aborto. Ta nto é ass im qu e, alguns meses antes ele a demanda a borti sta Dessa extensa confe rê nc ia - inti tuser apresentada, a mes ma ati vista hav ia introduzido outra, no mesmo sentido, que lada Diferentes estratég ias para o acesso ao aborto legal, seguro e graluilo fo ra recusada por víc ios de fo rma. A Corte, contudo, indi cou à dema nda nte corno tran sc revemos algun s excertos: e la deveri a fo rmul ar um novo ped ido "Utili za mos três estratég ias fun dapara que fosse ace ito. O que e la fez, conme ntà is. A prime ira consiste numa museguindo o res ul tado que lhe hav ia sid o dança no de bate pe lo a borto. A seg unda, pro metido. numa mudança no fó rum e m que se estabelece o de bate. A terceira, numa mu Sm1Jl'CCl1(/C11tc l'CVClação: da nça jun to àqueles q ue estão partic ipanuma co11spil'açãu abortista do do debate. O que fi zemos primeiramente fo i esNo Congresso inte rnacional sobre aborto, direi/os, su~jetividade e podei; tudar os te rm os desenvo lvidos no de barea li zado em Buenos Aires e m agos to de te. Fizemos um estudo nos arqui vos de 2006, a ati vista pró-abo rto es pec ia lmenimprensa desde o a no de 1973, para ve r como os meios de comunicação cobri te e ntrosada nesses me ios, a me ncionaa m a questão do a bo rto. Constatamos que da Móni ca Roa, em sua confe rênc ia de ixo u "cair a máscara". Ela acabou reveo debate sempre era de ordem moral e la ndo as estra tég ias utili zad as pa ra se re li g iosa . Assim , dec idimos muda r rad iobte r a a provação do aborto na Co lô mca lmente o rumo do debate. Trata mos o bi a, e nganando a op ini ão pública e cona bo rto se mpre co mo um problema de saúde pública, de direitos humanos e de seguindo tra nsform ar em le i o qu e até eqüidade de gênero. então era cons iderado crime. A fin a lida-

Essa foi a ma ne ira para mud armos os rumos do de bate . l sso tinh a muitas impli cações práti cas. Um a de las, po r exempl o, se cl ava qu ando os j orn a l is tas me pedi am e ntrev istas. E u di z ia: Vocês

podem pergunta,; mas não podern. rn.e coloca r para discutir corn um. sacerdote, com algum. representante da Igreja Calólica, porque o deba te que quero é um debate j urídico, e não um debale rr,oral ou religioso. Se a Igrej a Ca tólica quise r arg umentar contra, está pe,fe ito, m.as deve-se discutir como as 'Ca tólicas pelo Direito de Decidir '. /-lá represenlan.tes delas na Colômbia, süo elas que criticam a posição oficial da Igrej a. Se vocês querern falar de rno ral sob re o aborto, disculam com as 'Católicas pelo Direito de Decidir '. Tragam represen/antes da Ig rej a Católica, mas tragarn. também representantes de ou/ ras religiões, para ver que posições elas têrn.fi·ente ao aborto. Se vocês quise rem discutir sobre a ação que apresentei na Co rte, têm que tra zer-rn.e w n advogado constitucionalista. A seg und a es tra tég ia fo i um a muda nça de in stânc ia. Tinham a presentado a ntes c inco ou seis projetos ele le i no Co ngresso ela Re públi ca, e todos f racassa ram. Hav iam fracassado claramente po rque, a pesar de a Colô mbia ser um Estado le igo, a Igreja Cató li ca co ntinu a tendo muito pode r dentro do contexto colo mbiano. À medida que o processo avançou, e ncontrei-me com muitos po lít icos, que me di ziam estar muito conte ntes em que o te ma estivesse na Corte Consti tuc iona l. Se esti vesse na alçada deles, a Ig rej a Cató li ca iri a às po pul ações que elegem esses po líticos, e nos do mingos fari a sermões contra e les, q ue ass im perderi am os votos. Diz iam isso com tri steza e ve rgo nha, mas de mane ira mui to rea li sta. Por isso e les a po iavam q ue o tema fosse à Corte. Na Co lômbia temos um sistema consti tucional que fac ilita bastante esse processo, porque qualquer cidadão pode apresentar uma ação de inconsti tuc ionalidade diretamente à Corte Constitucional. Fin a lme nte, uma referê ncia à mudan-

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e as mulheres co mo vítimas, apresentança dos autores. Obviamenu;, como o dedo " um caso ele alto impacto" sentime nbate era orig inalmente re li g ioso, as prital para mover a opini ão pública. me iras pessoas que os j orn a li stas iam Nessa situação, se algum católico noentrev istar, quando havia algum debate tório esgrimisse razões religiosas ou moou alguma notícia, era um representante rais para recusar a medida, por esta signida Igreja Católi ca. Era a fonte principal ficar a morte de bebês, as promotoras depara os j orn ali stas. viam dizer que o modo de resolver esse Conseguim os que isso fosse mudaaspecto ela questão seria uma po lêm ica do, di versifi cando e democratizando os entre católicos anti-abortistas e católicos autores . Obviamente, quando fa lamos de aborti stas (!), como as assim chamadas aborto como um tema ele saúde pública, "Católicas pelo Direito de Decidir". os es pec iali stas e m saúde públi ca tê m Entretanto, esse grupo é minúscul o e co isas importantes para dizer: os médiinsignifi cante. Sua notori edade provém cos, os grupos feministas , ainda que tetão-só da incoerênc ia e extravagâ ncia do nham posições iguais às da lgreja. Neste nome. Já mostramo acima as inescrucaso, adote i uma pos ição moderada, pedia simples mente a despenalização cio aborto nos casos extremos. Em seguida todos os grupos ele mulheres fe mini stas saíram dizendo que o que se necessitava era a despenalização tota l. Isto me poss ibilitou sed uzir o setor da popu lação que estava no me io dos doi s extremos, e depois sed uzir a maioria ela soc iedade. Eu agia junto à parte po líti ca; junto às Católicas pelo Direito de Decidi,; criticava a Igreja, o que me aj udava a manter o eixo do debate; as feministas organi zadas faziam passeatas e manifestações e m lu ga res públi cos; os unive rsitári os o rga ni zava m debates acadê mi cos; os co muni cadores socia is escrev iam e mantinham os ed itori ais. Cada qual apo iava o processo naq uil o que sab ia fazer. Os médicos especia listas e m ma lfo rmações fa lavam ele malfo rmações ele fetos. Uma multiplicação ele autores, e cada qual falando e fazendo o que sabia. Essas foram em gera l as estratégias ma is impo rtantes para se co nsegui r a ap rovação cio abo rto". pulasas táti cas que ele aplica, e que é uma Para os abortistas, é imlispe11farsa ele auto- intitul ar-se católico, pois sá,1el alastar o problema moral nada tem de cató li co. Não só por ser abortista, mas também porque muitas de O aspecto fundamental ela estratégia é, se afasta ram da Religião suas dirigentes de um lado, imped ir que a polêmica se siou nunca a tiveram . É condu zido por uma tue no terreno religioso e moral, pois cerfrei ra, hoje abortista confessa e ag iextamente eles seriam derrotados, como semfavor do aborto tadora internacional a pre sucedeu; e, ele outro lado, apresentar sem restrições. como vítimas as mulheres que não podem A opini ão pública, contudo, não sabe abortar. disso . Julga que esse grupo rep resenta Móni ca Roa ac rescentou que é preum setor dentro da Igreja, e que cumpre c iso mostrar o abo rto como mero "prodialogar co m e le, pois é um efeito do blerna de saúde pública", de "direitos in terno entre cató li cos. Para desacordo hwnanos" e ele "eqüidade de gênero"; CATOLICISMO

se entender a inda me lhor o que é esse grupo, veja-se a seguinte notícia a respeito ele sua ligação com o movimento ho mossex ua l: "Um dos destaques [na parada ho mossex ua l I será a participa-

ção. Em 1987 e la ad mitiu não ter sido violentada, e que o pai ela cri ança era um homem que e la conhecia. O re lato ele sua violação constituía, pois, uma me ntira. Há a lgun s anos McCorvey se converteu ao catolicismo, e agora dedica-se a promover a defesa cios não- nasc.iclos. Em re lação às men tiras que as abortistas usaram no caso dela, McCorvey expli ca: "As duas advogadas disseram-

ção de um grupo de católicas. F'orm.ada basicamente por lésbicas, a ONG 'Católicas Pelo Direito de Decidir' estará em. três trios elétricos. 'Nossa intenção é desconstruir o discurso .fundamentalista de alguns religiosos', C(/trmou a presidente do grupo, Valéria Melk" ("O Estado de S. Paulo", 6-6-07). A polêmica entre católicos não chega, pois, a ter importância alguma para a aceitação o u recusa do abo rto, e às vezes ne m seque r se rea li za. Contudo, essa manobra permite criar obstác ul os à in tervenção da Igreja no debate, e ass im favo recer os abo rti stas. Por fa lta de esc lareci mento, a tática surtiu efeito. Muitos anti-abortistas, inclusive o próprio presidente Lula, terminaram repetindo mecânica e ingenuamente o disparate de qualificar o aborto como mero "problema de saúde pública". E prescindindo elas considerações mora is que, no entanto, são compartilhadas pela imensa maiori a da população brasileira. No caso da Co lômbia, o ep iscopado teve uma reação de aparente desconcerto: alguns prelados reag iram energ icamente, mas foram desa utorados por colegas que não queriam polêmica; outros fa laram de excomunhão para os aborti stas, mas nenhum deles chegou a fo rmulá- la; outros ainda convocaram manifestações improv isadas, que res ul taram em fracasso; e a maioria fi cou ca lada e para lisacla, como se, de antemão, desse a batalha por perdida. Assim, se em a lgo coincidiram entre s i os pastores , fo i em co nsentir que a polêmica se estabe lecesse só no aspecto jurídico, e não no reli g ioso e moral. Com isso perderam quase toda a força dos argumentos e muito ela influência mobili zadora sobre a população cató lica. Para isso co laboraram evide nte me nte e leme ntos da impre nsa con luiados com os mesmos ativistas. Cada vez que tratavam do tema, apresentavam dois lados: um orga ni zado e frontal, a favo r do aborto; outro desorientado e om isso, que simplesmente pedia que o aborto fosse recusado, mas omitindo os argumentos

me que seria bom. que as mulheres pudessem. escolher entre ter o bebê ou não; eu então pensava o mesmo". Também Norma McCorvey arrependeu - se de ter sido a causa da aplicação do aborto nos E.U.A., em 1973. Hoje atua vigorosamente apoiando o movimento pró -vida .

mais fortes e deci sivos, que são os de conteúdo moral.

Rotação lamentá vel 11a moralidacle pública É verdade que a lei de abo rto aprovada na Co lômbia refere-se a uns poucos casos concretos: grav idez decorrente de violação, malformação do feto e risco ele vida para a mãe. Mas os que apresentaram o pedido , já anunc iaram que em breve solic itarão à mes ma Corte Constitucional a apli cação ele idênticos critéri os para outras situações, sendo grande o risco ele ser atendida. O fato é que, em questão ele semanas, as sondagens mostraram uma mudança ele opini ão: de profundamente contrária em re lação ao abo rto, passou à de res ignação com a infame sentença a favor ele sua implantação. Foi uma dura li ção para os católicos co lombi anos e dos demais países do co ntinente: nunca esquecer nem om itir as razões fundadas na fé, para a defesa da moral. Silenciar essas razões eq uiva le a re nunciar voluntariamente a um a vitória segura e suje ita rse a um a séri e de derrotas nos ponto mais vitais que estão em debate. Não obstante, se os abortistas conseguirem impingir à gra nde maiori a cios países esse d bate vesgo, q ue não considera as razões morais, lançarão um a no va "mora l" tota lmente relativi sta, baseada na " ideologia do gênero", na aceitação das piores aberrações sex uais e na recusa de toda e qualquer discriminação . Exceto, é claro, em relação àq ueles que o usarem opor-se a eles. Nesse sentido, numerosos ativi stas cio

aborto consideram sua vitória incompleta enquanto não ti verem obtido a sua i mplantação nas le is, e ta mbém que a op ini ão pública tenha aceitado como verdadei ros todos os sofismas usados para essa ap rovação, renunc iando totalmente a uma emenda de rumos.

l7mu<les notórias 11a obtenção ele sentenças abortistas Sabe-se que, em muitos casos, as demandas judici ais ele mulheres que desejam abortar, e que para isso obtêm a reinterpretação ela le i, são baseadas em notó rias fra udes. Alegam, por exempl o, ter sofrido violações, que depois se reve lam fa lsas. Porém, isso aco ntece muito mais ta rde, q uando a aprovação do aborto já fora rea li zada. Fo i este o caso ele Norma McCorvey, mais conhecida como Jane Roe, no decurso da j á menc io nada causa judic ia l Roe x Wade, que serviu em 1973 para lega li zar o aborto nos Estados Unidos. E la posteriormente confesso u a fraude, arrependeu-se e afi rmou que, se as mulheres soubessem a verdade sobre o aborto, j ama is se submeteri am a ele. No início cios anos 70 ela declarou ter sido violentada, ficando grávida. As advogadas Sarah Weclcl ington e Linda Coffee necessitavam de uma "cliente" para atacar a lei que hav ia cem anos proibia o aborto voluntário. Elas convenceram-na a requerer o abo,to, em vez ele trami tar a adoção de seu bebê. O processo chegou à Suprema Corte, que em 1973 legalizou o abo,to nos 50 estados da federação noite-americana. Durante o processo, o bebê de McCorvey nasceu e foi conced ido em ado-

deve ser cons iderado o fato de e la ter trabal haclo num a c líni ca abo rti sta desde 199 1, vendo as a ltas somas de dinheiro que iam para os bolsos dos médicos e o desprezo que os adv ogados abo rtistas demonstravam pela med ic ina . Tudo isso a decepcionou profundamente.

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São desse naipe as artiman has utili zadas pelos abo rti stas para converter o c rim e e m le i: se m o me no r esc rúpul o em espezi nhar os ma is importantes princíp ios morais e jurídicos ; desprezando as co nvi cções c ri stãs ela pop ul ação; zo mbando dos direitos ma is e lementares; e tramando um processo ele degradação sup rema para toda a soc iedade, que desfechará num a perseguição implacável a todos os que se oponham ao aborto. Até o nde chegará esse processo? Depende cios próprios católicos, que elevem resistir e se faze r ouvi r pelas multidões, ao mesmo tempo ávidas e desconcertadas. Ávidas ele lutar co ntra tão vasta conspi ração para espezinhar princípios sagrados, e desconcertadas com as tão freqüentes omi ssões daqueles que deveriam defendê-los, inclusive dentro do c lero. A Divina Prov idê nc ia protegerá, in spirará e ale ntará os cató li cos fi é is a resistir e a lutar ele forma legal, mas com va lentia e intra nsigência, na defesa da fé e ela moral verdadeiras. Se cumprirmos desse modo o nosso dever de católicos, com a ajuda incomparável da Santíssima Virgem, a Santa Igreja terá uma vitória como poucas houve ao longo ele sua g lo ri osa históri a já duas vezes mil ena r. • E-mai I para o autor: 111achale@catolicis111o.co111 .br

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modelos da vida cristã. Sobressaía entre eles sobretudo seu j ovem superi or, Frei Nicolau Pik, homem piedoso e de pulso forte, que dirigia seus subalternos com doce firmeza e determin ação. Sua fa míli a era da cidade e, na iminência da invasão calvinista, pressionoupara que deixasse Gorkum e procurasse as ilo em outra cidade. M as Frei Nicolau não queria ouvir falar dis o: abandonar seus frades à própria sorte, fugindo ele só do peri go? Entreta nto, para ev itar o perigo de profanações, recolheu os vasos sagrados e as relíquias dos santos na cidadela, por ser o loca l mai s seguro.

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Pl'otestantes traem sua cida<le

Os santos Mártires de Gorlrnm Vítimas do ódio protestante E sses 19 heróis de Jesus Cristo sofreram terrível martírio, porque não negaram a presença real na Santíssima Eucaristia e obedeciam ao Papa como chefe da santa Igreja ■ PLINI O M ARIA SOLIMEO

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epois que Lutero rompeu com a Igreja, sua rev_olução religiosa fot contam 1n and o toda a Europa como uma erisipe la. Surgiram então outros " reformadores" , como Ca lvino, que tiveram maior ou menor sucesso em suas revoltas. Embora pregassem o " li vre exame", às vezes eles se co mbatiam entre si , procurando os de uma corrente co nvencer os de outras da superiorid ade da "s ua verdade". N o ano de 157 1, houve na Holanda uma luta entre luteranos e ca lvinistas, tornando-se vitoriosos os segundos. Nesse mes mo ano, os ca l vinistas rea lizaram na cidade de Embden seu primeiro sínodo no país, que então pertencia à cató li ca Espa nha.

CATOLICISMO

No dia 1° de abril daquele ano, parte dessa se ita - a dos " men di gos do mar", formada por ex- marinheiros ou ex-pi ratas - conqui stou as cidades de Bri el e Vli ss ingen, ameaçando Gorkum também na H olanda. Gorkum era uma pequena cidade de seis a sete mil habitantes, às margens do ri o Mosa, dedicada à agricu ltura e ao comérc io. Se bem que aproxim adamente 60% de seus hab itantes fosse m católi cos, parte deles não era praticante, e temia-se que, pressionada em seus haveres, abandonasse a verd ade ira fé para não perder bens materiai s. O centro do catolicismo na cidade era o convento dos capuchinhos. Estes eram pouco numerosos, mas o ardor de seu zelo e a pureza de sua vida mul tiplicava m sua influência, tornando-os

Os protestantes de Gorku m indi caram para seus correli gionários os pontos fracos da cidade. E no di a 25 de julho, subindo o ri o Mosa, 13 nav ios com 150 ca lv ini stas " mendi gos do mar" dominara m a cidade praticamente sem esforço. Os religiosos, al guns ecles iásticos e um gru po mais determ inado de católi cos refu giara m-se na cidadela, na esperança de que chegasse o reforço que o governador, Gaspa r Turco, hav ia ped ido para enfrentar os protestantes. Entrementes, o prefeito da cidade, por ordem cios assa ltantes, fez soar os sinos para reunir os habitantes na grande praça. Propôs então a todos jur.u· ód io aos espanh ó i s e ao Duque de A lba, e fidelidade ao duque Gu ilherme ele N assa u (1ícler dos protestantes ho landeses revo ltosos) e aos "santos Evange lh os ", -- exp ressão dúbia, para ainda não falar em apostas ia. Os " mendi gos do mar" pu sera m cerco então à cidadela. Esta não tin ha condi ções para resisti r por muito tempo, por fa l ta ele víveres e muni ção.

Pior ai nda, hav ia somente uma vin tena de defensores hábeis, pois grande parte dos refugiados era composta de mulheres e crianças, ou de reli giosos não afeitos às arm as. O cerco foi se fechando. Os defensores tiveram que abandonar uma primeira muralha para refugiar-se na segund a, por fim na terceira e última. Nessa iminência, alguns cios defensores jogaram suas arm as e passaram-se para o inimigo. A s mulheres, chorando, pressionaram o governador para que entregasse a cidadela, a fim de evitar o pior. Gaspar Turco pediu uma trégua para parl amentar. As condições impostas pelos protestantes foram duras: eles se propunham a não fazer nenhum mal aos que se encontravam na cidadela, leigos ou eclesiásticos, e a deixá-los livres. A única condição era que torn arse- ia propriedade dos assaltantes tudo o que lhes pertencesse.

Os <lel'e11sores p1·e11aram-se para o pior Apesar disso, os ecles iásticos e os religiosos que se encontrava m na cidadela, temendo o pior, confessara mse uns aos outros e aos leigos . O Pe.

Quando fora m abertas as portas da cid adela, os defensores fi cara m chocados ao ver quantos cató licos engrossavam as fil eiras ci os hereges. L ogo que entraram , os ca lvinistas se lançaram sobre as vítimas , gritando: "Mos-

Irai-nos vossos esconderijos, porque ludo o que tendes nos pertence". E as agarrav am, rev irando seus bolsos, arrancando- lhes a roupa co m brutalidade e violência. A garanti a dada por eles não passou de pura fi cção. Cada um tinha como ponto de honra riv ali za rse no modo de maltratar os pri sionei ros, que denominava m "defensores cio papismo e cio despotismo espanhol", porcos e outros epítetos que uma pena ca tó li ca não pode reprod uzir. A ira deles ca iu em determin ado momento so bre Teodoro Brommer, que estava com seu filho e era um cios princ ipais ca mpeões da fé cató li ca. Ape sar ci o prometido, os hereges o enforca ram num a praça públi ca de Gorkum.

Começa a " 11ia c,·ucis" dos religiosos

E nfim, todos os leigos, depoi s de terem pago grosso resgate, fo ram libertos. M as não os eclesiás-~ . - ti cos e rei ig iosos. Estes C O R.C H VM. . f oram pos tos na pri são :E :::-:=- .. junto aos outros presos. ... ,,,.. Como não tinham comi do nada desde a véspera e era um a sexta-fe i ra, os hereges lhes ofereceram uma refeição de suculenta carne para os ver romper a abst in ênci a. Eles preferiram acrescentar a seus sofrimentos físicos e morai s, além da abstinência, também o j ejum. Os protesta ntes, que souberam que o Pe. Nicolau Pi k hav ia levado conNi co lau Pik, que hav ia levado consisigo o Santíssimo Sacramento, apontago o Santíss imo Sacramento para não ram- lhe uma pistola ao peito e pergunser profa nado pelos ca l vini sta s, deu taram: "Onde está o Deus que você se a com unh ão a todos, preparando-se fabrica no altar? Você, que do púlpito para os acontecimentos. ensinava tantas besteiras aos irnbecis,

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o que diz agora, que tem esta pistola Consuma-se o martfrio Ao todo fora m 19 mártires de dos 19 heróis ao peito?". Esse confesso r da fé resJesus C ri sto que deram s ua vida pondeu resolutamen te: "Eu creio em F inalme nte, na madrugada de 9 pela verdadeira fé naquele dia, sentudo o que crê e ensina a Igreja Cade julho de 1572, à uma hora da do dez capuchinhos, seis padres setólica, Apostólica, Romana, e em manh ã, fizeram levantar todos os c ulares, dois premonstratenses e prisioneiros e os levaram para um particular na presença real de meu um agostini a no . ed ifíc io aba ndo nado. Percebendo Deus nas espécies sacramentais". Logo que morre u o último, os Os interrogatórios, as torprotestantes atirara m-se soturas, os maus tratos aos pribre e les selvage mente, corsione iros fora m diários, até tando a um o nariz, a outro a que os mandm-ain p,u-a a ciorelha o u a mão, a o utro até dade de La Bri lle para sere m as partes pudendas do corpo. julgados. Lá presidia os heDepois desfilaram pela c idareges o conde de Marck, inide levando esse sini stro tromigo de morte cios católicos, fé u na po nta da lança. Alguns e que hav ia jurado não deic hegaram mes mo a retirar xar escapar ne nhum ecles idos cadá veres a go rdura , ástico que lhe caísse às mãos. para vendê-la a fábricas de Dizia que jurara vingar os ungüe ntos. condes de Horn e de Egmont, No mes mo dia, um dos justiçados pe la Espanha por princip a is cató li cos de sua revolta. Gorkum, com risco de vida, Outros dois ec les iásticos foi ter com as autoridades proe dois religiosos premonstratestantes, ped indo os corpos tenses, os Pes. Adriano Becan cios mártires p,u-a dar-Lhes see Tiago Lacop, juntaram-se p u Itu ra cristã. Os hereges aos pri sioneiros ele Gorkum. apressaram-se então a enterráOs protestantes tinham los em duas fossas comuns. O esperança de fazer apostatar esc rito r Es tiu s narro u e m Conde de Ma rck, inimigo de morte dos católicos especialmente um jovem re1603: "É lá que repousam em ligioso capuchinho ele 18 anos, muique sua hora chegara, esses he ró is terra estrangeira, em meio aos inito simples. Perguntaram-lhe se ainde C risto deram-se mais uma vez a migos da Igreja, até que Deus, apada ac red itava e m todas as bobagens absolvi ção e esperaram o martírio. ziguado por seus méritos e preces, dos papistas. Ele responde u: "Eu Por um requinte de crueldade e dê a paz a esses países belgas tão creio exatamente em tudo o que crê só para humilhá-los, embora os foslongamente perturbados, e inspire a o padre superior". sem enfo rcar, fizeram todos se clesseus servidores a vontade de recoPerguntaram ao Pe. Leonardo piJ para serem sentenciados. Vendo lher esses restos sagrados para darpo r que cria na auto ridade cio Papa. o horror da morte que o esperava, um lhes as honras devidas ".* • E le res pondeu que co ns iderava jovem noviço fraquejou e apostatou. E-mail cio autor: esse ponto a pedra a ngul ar da fé M ais tarde teria a graça da reconverpmsolimeo @cato li cismo.com.br católica, e não compreendi a como são e narraria os horrores a que asNotas: os protestantes podiam criticar essa sistiu nessa noite. Mas infelizmente * Les Petits Bollancli stes, Vies eles Saints, crença, pois diziam que a fé era li não fo i o único a fraquejar. Um ouBloucl et Barrai, Pari s, 1882, tomo Vlll , vre. Segundo eles, cada um tinha o tro religioso, Guilherme, ao chegar p. 2 18. direito de e nco ntrar na Bíblia o que seu turno de morrer, gritou que reOutras obras consultadas: o Es pírito Santo lh e in spirasse. nunciava ao Papa e a tudo que qui- P. ALBERS, The Catholic Encyc/opedia, E ntão, se o Espírito Santo in spirassessem, mas que lhe poupassem a Volum e VI, Copyr ight © 1909 by se alguém a descobrir nela a privida. Esse infe liz cai u depois em tanRob ert App leto n Co mpan y, On lin e Eclition, Copy ri ght © 2003 by Kevin mazia e a infa libilidade de Pedro e tos excessos que, apenas dois meses Kni ght. seus sucessores, a que título podidepois do martírio de seus irmãos, - Dr. Edua rdo Maria Vilarrasa, La Leyencl a am eles condenar isso? Ficou sem pereceu também numa forca, perdenele Oro, L. Gonzá lez y Compaília - Ediresposta. tores, Barcelona, 1897, tomo Ili. do a coroa da glória eterna ...

CATO LI C ISMO

Ucrânia: vítima da tirania stalinista N um país de tradição cristã, o povo ucraniano sofreu verdadeiro genocídio perpetrado por Stalin. Nos anos 1932-33 pereceram aproximadamente 8 milhões de camponeses. ■ J OSÉ N ARCI SO BARBOSA SOARES

Lisboa - Numa ensolarada tarde de março, recebe u-me para uma conversa o Sr. Rostyslav Tronenko - em ba ix ador da Ucrânia em Portugal desde janeiro ele 2006 - na sede da embaixada, um palacete do elegante bairro do Restelo, em Lisboa. Conhecera-o eu casualme nte na embaixada da Itália, meses antes, no dia da festa nacional transalpina, junto com a

s imp át ica emba ixat ri z Da. Fabiana M e lisse ela Costa Tronenko, c uritiba na com quem se casara quando exercia funções de ministro-conselheiro ela e mbaixada de seu país em Bras íli a. Católico, licenciado em Línguas Modernas pela Universidade Estatal de Kiev, tem mestrndo na Academia Diplomática e e m Relações Internacionais. Além do português, fala fluentemente vários idiomas. No Brasil, onde é grande a com unidade de imigrantes ucranianos, e emPortugal, com

grande imigração recente (70 mil legalizados, 60 mil não legali zados), o cargo de em baixador ganha espec ial re levância. Com apenas 45 anos, o Sr. Tronenko já pode exibir um consistente curríc ulo diplomático, tendo servido junto a organizações internacionais, como a OSCE (Organi zação para a Segurança e Cooperação na Europa). Daquele nosso rápido encontro, fi cara combinada uma conversa sobre a Ucrânia e os problemas que o país vem enfrentan-

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Com a queda cio czar Ni colau II, a Ucrânia ex perimentou uma independência efêmera (1917-1921). Quando o império austro-húngaro caiu em 19 18, com o fim ela Primeira Guerra Mundial , os bolchev istas já tinham tomado o poder na Rúss ia, e em 1922 derrotaram o exército nacional ucra niano. A Ucrânia foi integrada à força na União Soviética. Dez anos depoi s sobr eveio a Grande Fome

RÚSSIA

(Colodomor) .

Colapso <la URSS: aspiração de liberdade x intel'l'crência russa

ROMÉNIA

Mapa da Ucrânia

cio depois ela independência conqui stada em agosto ele 199 1, ratificada plebi sc itariamente em dezembro cio mesmo ano por mais ele 90% ela popu lação. Nossa conversa versou sobre diversos assuntos, sendo o tema principal o genocíd i o perp etrado co ntra o pov o ucrani ano em 1932-33, pela barbár ie sta lini sta. Nessa ocas ião pereceram entre 7 e 9 milhões ele camponeses - fato sini stro conhecido como Holodomor ou Colodornor i"Grancle Fomel- Sobre essa atrocidade, o Sr. Tronenko disparou sem pestanejar: "Fo i uma re!aliaçc7o brutal do homo sov ieticus a/eu, sem família e

pre timosa ele Kerensky) e os 75 anos cio genocídio ucrani ano, acontecimentos estes prev istos, direta ou indiretamente, naquelas aparições. Faremos ele início um recuo hi stóri co, a fim ele aprox imar o leitor ela rea li dade geopolítica, hi stóri ca e cultural daquele grande e longínquo país ela Europa, em parte j á exposto em Catolicismo (ed i ção el e janeiro/2005) por Dom Efra im , Epa rca para os cató li cos ucra ni anos no Brasil.

conlra a propriedade privada, para submeter a Ucrânia com a morte indiscrirninada de camponeses, base social da nossa nação".

A U crâni a está situada no centro geográfico ela Europa. A oeste faz fronteira com a Polôni a e Es lováqui a; a sudoeste, co m a Hun gri a, M o ld áv i a e Romêni a; ao norte e a nord este com a Bielorússia e Rú ss ia; e ao sul é banhada pelos mares Negro e Azov. Com mais ele 600 mil km2, o território ucraniano possui planícies e fl orestas atravessadas pelos montes Cárpatos, a oeste, e pelas montanhas ela Crim éia, ao sul. Com 48 milhões ele habitantes, é o quinto país mai s popu loso ela Europa; é integrado por l l O grupos étni cos , se ndo os ucranianos a maioria (37 milhões). M as há que reg istrar importantes minorias ele ru ssos, pol oneses, húngaros, bielo-ru ssos, búlgaros, gregos, tártaros, moldavos e ele várias outras nacionalidades. É anterior à era cri stã a impl antação ele vários núcleos agrícolas no território ela atual Ucrâni a. Da fusão cios es lavos com os guerreiros citas, antepassados cios

A análi se e compreensão desse drama é tanto mais importante no momento atual, quando ass istimos a muitas tentativas ele se fazer esq uecer os crimes cio comuni smo, tendo em vista a sobrev ivência ela utopia socia li sta depois ela poeira levantada pela queda cio Muro de Berlim em 1989, e cio estrep itoso colapso ela União Sov iética em 199 1. Tal análise é um imperativo ele consciênc ia para Catolicismo, que desde sua ftmclação não hesitou, contra ventos e marés, estar sempre na linha ele frente no combate aos totalitarismos que ensangüentaram o século XX. Ademais, neste ano ele 2007 ce lebram-se, cheios ele esperança, os 90 anos elas aparições ele Fátima. Celebramse também o horror ela tomada cio poder pelos bolchev istas na Rússia (com a ajuda

CATOLICISMO

Situação geogl'álica, histú1·h1 conllll'ba<la e hel'Óica

São Vladimir, o Grande, oficializou o cristianismo na Ucrânia, em 988

sármatas, cri ou-se o poderoso reino cios Bosporos. Os gregos, vindos cio M ed iterrâneo, penetrara m no M ar N egro, fundaram várias cidades e transmitiram sua civili zação, co mbatendo a hegemoni a ele Roma. Ki ev, a capital , embora sej a in certa a data ele sua fundação, aparece nos primeiros documentos por volta cio séc ulo V. Dois séc ul os depois, j á era o centro ele um vasto império que ia cio mar Negro ao Bá ltico, chegando até ao rio Volga. Nasc ia então o principado de Ki ev. São Vl ad imir, o Grande, ofic iali zou em 988 o cri stiani smo na Ucrânia. Depoi s ele guerra s com povos vizinhos, as tradições ucranianas se manti veram. Já no sécul o XV Kiev ficou sob contro le político-militar cio principado ela Lituânia juntamente com outras terras, mas gozou cio estatuto ele cidade li vre. Após um período conturbado por lutas sangrentas, no século XVTI a Ucrânia começou a entrar na esfera ele influência cio impéri o ru sso por meio cio Tratado de Pereiaslav. O insucesso elas ações ele autonomi a ucrani ana ocasionou exped ições punitivas por parte cios czares russos e a subseqüente partilha territorial. A zona oe te ela Ucrânia fo i colocada sob o domínio cios Habsburgos. Entretanto, a iclenticlacle cu ltural, hi stóri ca e política ucrani ana não sucumbiu a tais vicissitudes.

Co m a queda cio Muro de Berlim e a des integração da URSS, as repúbli cas anexadas à fo rça clamaram por independência. A Ucrâni a não constituiu exceção. Foi ass im que a Rada (parl amento ucra ni ano) ap rovou, a ] 6 de junho de 1990, o Ato de Soberania, que co nsisti u no primeiro passo para a restauração ela independência. Realizaram- e eleições, sendo eleito Leonicl Kravchuk, um excomuni sta " rec iclado" ( 199 1- 1994). Seguiu -se, por do is mandatos, Leonicl Kuchma ( 1994-2004) , também ele um " rec iclado" das ho tes cio anti go Partido Co muni sta. O primeiro-ministro desse período fo i V iktor Yu schenko, que veio a desempen har importante papel na Revolução Laranja ele 2004. Esta revolução levou às ru as milhares ele pessoas contra o. rcsullaclos fra udulentos cio segundo turno elas eleições ele 2004. Em

2005, Yu schenko foi eleito pres idente, seguindo uma linha reformi sta e cl aramente pró-ocidental. N a seq üência elas eleições legis lativas ele 2006, os resultados foram adversos para Yuschenko. Seu segundo partido, Nossa Ucrânia, obteve o 3° lugar. O " Bloco" da Sra. Timochenko ficou em 2°, e em primeiro o pró-ru sso Partido das Regiões, coligado com os partidos co muni sta e soc iali sta, este conquistou maior número de assentos no Parlamento, tornando-se Viktor Yanukovitch o primeiro-ministro. É difícil aquilatar hoj e a verdadeira dimensão da meta morfose operada pelo comuni smo no leste ela Europa, quer nos países que foram satélites ela URSS, quer nas repúblicas anexadas ao império czari sta. A Ucrânia, por um lado, vem dando passos na privati zação ela terra, e está em fase ele conclusão a transferência ela propriedade agrária para pessoas singul ares e coletivas ele direito privado; abriu negociações bil atera is com a União E uropéia e a OMC (Organi zação Mundi al cio Comércio); atribui grande importância às relações com a NATO para uma futura adesão; ajudou a cri ar uma organi zação ele cooperação e desenvolvimento próoc idental co m outros países, co nhec ida como GUAM (Geórgia, Ucrânia, Azerbaijão e M oldáv ia). Por outro lado, ex iste um a disputa no estilo braço-de-ferro entre o Pres idente Yuschenko, pró-oci-

dental, e o primeiro-mini stro pró-ru sso Yanukovitch, seduzido pela " deriva totalitária" de Putin. É difícil prever o desfecho dessa cri se.

Celefro da Europa transformado em território <le genocídio Com a documentação que o embai xador Tronenko me forneceu sobre o Colodomor (Grande Fome), vamos tentar enquadrar nesse co ntex to o dram a brut al qu e se abate u so bre o povo ucrani ano, ele form a a torn á- lo compreensível aos leitores. Corria o outono ele J93 1. A fome começou artifi cialmente, como instrumento ele terror político manejado pelo tirano Stalin, o qual se utilizou principalmente cios seguintes ex ped ientes: l ) confi sco elas co lheitas e elas reserva s alimentares dos camponeses ucranianos, recorrendo a todo o tipo de vi olênci as e abusos, colocando em grave ri sco ·ua sobrev ivênc ia; 2) repressão a qualquer forma ele res istência (depo rta ção de populações, detenção em campos de concentração e fu zil amentos); 3) fechamento elas fronteiras ela Ucrânia pela polícia, imped in do que os camponeses procurassem ali mentos na Rússia e em outras reg iões, ou os transportassem para a Ucrânia; 4) proibição ela venda de passagens ele trem, instalação ele barreiras poli ciai s nas estações ferroviárias e nas estradas que levavam às cidades. Centenas ele milhares

Viktor Yuschenko (dir.), que veio a desempenhar importante papel na Revolução Laran;a de 2004 (esq .).Esta revolução levou às ruas milhares de pessoas contra os resultadas fraudulentos do segundo turno das eleições de 2004

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de famintos fora m ass im obri gados a regressar às alde ias, morre ndo de fo me; 5) re vogação dos dire itos de auto nomi a cul tural , lin g üísti ca e po líti c a d a nação ucrani ana, inc luindo as comunidades que vivi am nas outras regiões da União Soviética; 6) repressão da e lite cultural e po lítica (escri to res, sacerdotes, diri gentes po líti cos, arti stas, etc.), sob a ac usação de nac io nali smo. O objetivo dos déspotas de Moscou era não só quebrar a resistência dos agricultores à coleti vização agrícola, como também eliminar a alegada conspi ração nacionalista que pretendia separar a Ucrânia do restante da União Soviética. Com seus 30 milhões de hectares de excelentes terras aráveis, a Ucrânia era o celeiro da Europa. Nas mãos de ArtlllCIII fllllRI/IIOlldOIIOf Stalin, tornou-se instrumento de tortura e morte ! Em 7 de agosto de 1932, os títeres de M oscou aprovara m o decreto Sob re a proteção da pro-

Os culpados não são os índios A manipulação dos silvícolas é uma exploração inaceitável, que não favorece o processo de civilização e, pelo contrário, congela-os na selvageria n Cio ALEN CASTRO

stá em marcha um grande esforço elas esquerdas no Brasil - e pecialmente a esquerda católica - para subverj ter a ordem social e acabar de vez com os restos de C ivilização C ri stã. Nesse esforço, ocupa pape l de realce a in strumenta lização dos índ ios . Ne m é prec i o que sej am índi os autênticos, basta tere m alg umas gota de sa ngue tu piniquim , tabaj ara, ti cuna, xavante, tere na ou qu alq uer outro. A rigor, nem é preciso te r sangue indígena, ba ta que se faça m passar como tais. O importante é que se preste m à subversão.

E11acut1on IIV IIUIIOER: IR u11ra1na

1932-33

priedade das empresas do Estado, kolkhozes e cooperativas e o ref orço da p ropriedade social

Exemplos atuais

(soc iali sta), e m que estava pre vi sto o fu zil amento e o confisco dos bens. Os camponeses e ram condenados à mo rte, sem julgamento ou inquérito, por tentar salvar-se apanhando espi gas nos campos. Os resultados, e m fin s de 1933, fi caram pate ntes: e ntre 7 e 9 milh ões de mortos, talvez o mai or genocídi o da Hi stóri a.

Reconhecimento do Golodomor por vários países Al g un s go ve rn os estran ge iros, a pesa r de te re m co nhec ime nto da fo me através de seus e mbaixadores, não apresentaram qualquer protesto ao governo soviético conduzido por Sta lin. Além di sso, e m setembro de 1934 a URSS foi admitida na Sociedade das Nações ! Dura nte mais de 50 anos, a di ás pora ucrani ana procurou di vulga r a verdade sobre o Golodomor. Com esse objetivo, apoiou a investi gação rea li zada por di versas e ntidades acadê micas, tais como

a Comissão do Cong resso dos Estados Unidos da América, pres idida pe lo hi storiador James M ace ( 1988), e a Comissão Internacional de Inquérito da Fome CATOLICISMO

Acima, fotos da fome que assolou a Ucrânia em 1932. O genocídio de milhões de ucranianos é denominado Go/odomor.

de 1932-1933 na Ucrân ia, dirig ida pelo jurista Jocob Sunclberg (1990) . P o r p ro posta d o pres id e nte Yu sche nko, a 28 ele no ve mbro de 2006 a Rada (Parlame nto) da Ucrâni a reconheceu ofici almente o Golodomor como ato ele genocídio contra o povo ucrani ano. Na 58ª Sessão da Assembléia Geral el as N ações Unidas foi elabo rada uma declaração apo iada por 63 países, incluindo no dic ionário políti co inte rnacional o termo Golodomor, confirmando ass im o reconhec imento da tragédi a nacio nal do povo ucrani a no.

Os parlamentos de dez países (EUA, Canadá, Estô ni a, Argentina, Au strá lia, Itá li a , Hun g ria , Litu â nia , Geó rg ia e Po lô ni a) j á reconheceram que o Golodomor fo i um ato ele genocídio. N o gove rno Lula ela Sil va, idealizador do esdrúxulo programa Fome Zero, a solid a ri edad e e m re lação ao po vo uc ra ni a no, v ítim a d e ge nocídio pe la Grande Fome, teve ... apoio zero ! • E- mai I para o autor: catoli ci smo@catoli c jsmo.co m.br

Vej amos alguns exe mplos dessa mov imentação indígena: • Índi o da tribo tupinambá de Oli vença, em Ilhéus (BA), fi zeram refén duas fu ncionári as da Fun asa (Fundação Nacional de Saúde). Re ivind icam melhori as no ate ndimento à saúde nas 22 comu nidades da etni a tupinambá ("Folha de S . Paulo", 4-6-07). • Cerca ele J 00 índios tupinambás ela Aldeia Tucum ocuparam a sede da Funasa em Ilhéus (Idem, 5-6-07). • Índios guaj ajaras ameaçam derrubar as duas torres de transmi são da E letronorte locali zadas dentro da reserva Cana Brava, região central do Maranhão. Chegaram a derrubar um dos cabos de sustentação de uma das torre . "A gente vai derrubar e tocar fogo nelas", ameaçou Zé M urry, cacique ela a ldeia Cana Brava. As duas torres faze m a transmissão de energia da hidrelétrica de Tucuruí (PA) para a capital do Maranhão. Armados com instrumentos cortantes e espingardas, os mais de cem índios ocuparam a BR-226. Esta é a segunda vez que os índio ocupam a rodovia ("O Estado de S . Paulo", 7 e 8-6-07). • Um gru po de 300 índi os caiovás e tere nas inv adiu ontem a sede da F und ação N acio nal cio Í ndi o (Fun ai) em Campo G ra nde (MS ) (Idem , 295-07 ). • Uma estranha aliança entre índios ela e tnia te mbé e inv asores de s uas terras transformo u onte m em reféns cinco pes-

soas na c id ade de Capitão Poço, reg ião no rd este do Pará (]de m, 25-5-07). • Se is índi os truma i, do Parque Nac io na l cio Xingu, foram presos e m Mato Grosso na Operação Maping uari, ela Po lícia Federa l. Os índios integrariam q uadrilha que extra iu made ira ilegalmente no valor de R$ 28, J 6 milhões (Idem, 235-07 ). • Se is meses depo is de te rem bl oqueado a Rodovi a Tran samazô nica (BR-230) co mo forma de protesto para obter mais ve rbas do governo federa l, índios tenharin s, no sul do Amazonas, continu am cobra ndo pedág ios de motoristas na altu ra do km 145 (Ide m, 19-5-07).

A nova missiologia <lo C/Ml Nessa sarabancl a, o carro-chefe é o CIMI (Conselho lndi genista Missio nário), órgão da CNBB . A pretexto de preservar a cultu ra ind ígena, lança contra as in stitui ções os índi os que a isso se prestam. Os indíge nas que não se submete m à o ri e ntação dessa nova miss io log ia - contrári a à cios g randes mi ss io nári os de o utrora, como o Be m-aventurado Anchi eta e ta ntos outros - não são bem vistos pelos ec les iás ti cos ou le igos do C IML É o caso, po r exempl o, dos índi os de Roraim a, que defende m a perman ênc ia dos bran cos nas reservas ele lá e se dão mui to be m com e les. Na verdade, quem defende os índios não são os me mbros da esquerda católica, mas sim aque les que desej am convertê- los à verdade ira fé e ajudá- los a se integrar na c ivili zação. Co mo luc idame nte apo ntava o Prof. P líni o Corrêa de Oli ve ira, o que está havendo "é um perigo real para os índi-

os, mas menos para eles do que para os civilizados. É, em. última análise, uma investida de eclesiásticos contra a Igrej a. E de civilizados contra a civilização. O que é o pobre índio, em tudo isto? Mais uma vez, um pomo de discórdia, de lutas entre civilizados" (Plíni o Corrêa ele Olive ira, Tribalismo Indígena, idea l comuna-missionário para o Brasil no século XXI, Edi tora Vera C ru z Ltcla., São Paul o, 1977). • E-ma il do autor: cid alencastro@cato licis1110.co111 .br

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restauração re ligiosa da Itália antes do Concílio de Trento.

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1 Santo /\a rão, Levita + Pal estina, 1250 a.C. Irm ão de Moi sés, foi seu porta-voz junto ao Faraó , quando das tentativas de libertar o povo hebreu do cativeiro no Egito.

2 Santo Oton de Bamberg, Bispo e Confessor + Alemanha, 1139. "Na época da querela entre a Igreja e o Império, por sua correção e lealdade, soube servir sem choques a corte imperial e a Sé Apostólica. Pregou o Evangelho aos povos da Pomerânia e da Germânia do Norte" (do Martirológio Monástico).

3 São 'l\rn1é, /\póstolo + Índia, Séc. l. Segundo a tradição, pregou o Evangelho na Armênia, Média, Pérsia e Índia, onde foi martirizado. Por seu apostolado e s ua morte, confessou a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, da qual , por momentos, duvidara.

4 Santa Isabel de Portugal. Viúva + Estremoz, 1336. Espanhola de origem, Rainha de Portugal , distinguiu-se pe la ilimitada ca ridade para com os necess itados.

5 Santo Antônio Maria Zaccaria, Confessor + Milão, 1539. Fundador da Congregação dos Clérigos R eg ulares de São Paulo , " Barnabitas", dedicou-se à

Santa Maria Goretli, Virgem e Mártir + Ferriere di Conca (Itáli a), 1902. Esta menina de 12 anos incompletos preferiu morrer cruelmente a perde r sua pureza virginal. Primeira Sexta-feira do mês

7 São Panteno, Con rcssor + Alexandria, séc. II. " Varão apostólico repleto de sabedoria, tão grande era seu zelo e amor pela palavra de Deus, que, abrasado de fé e piedade, saiu a pregar o Evangelho de Cristo aos povos que habitavam os mais remotos confins do Oriente" (do M artirológio Romano). Primeiro Sábado do mês

8 São Procópio, Mártir + Palestina, séc. IV. Primeira vítima da perseguição de Di ocleciano, segundo o hi stori ador Eusébio, "e ra originário de Jerusalém e vivia como asceta. Foi decapitado após ter conf essado valorosamente sua f é" (do Martirológ io Mon ás tico).

9 Os Santos Mártires de Gorkum (Vide p. 38)

10 Sete Irmãos Már'Lir•es + Roma, séc. II. Estes sete irmãos - Januário, Felipe, Félix, Silvano, Alexandre, Vital e Marcial - exortados por s ua mãe Santa Felicidade, enfre ntara m o martírio sob o imperador Antonino.

11 São Bento, /\bacle + Montecassino (Itália), 547. Patriarca dos monges do Oci -

dente, patrono da Europa. Seus monges reconstruíram , por meio do Cristianismo, aquele continente arrasado pe los bárbaros. São Gregório afirma dele que "estava cheio

do espírito de todos os justos", e Boss uet o chama de "síntese perf eita do Cristianismo".

12 Santos Narbor e Félix, Mártires + Itália, séc. IV. Estes doi s irmãos de origem africana, soldados , sofreram vários tormentos sob Maximiano, sendo por fim dego lados.

13 São Silas, Confessor + Macedônia, séc. 1. Foi des ignado pelos Apóstolos para acompanhar São Paulo e São B arnabé em suas pregações aos gentios. "Cheio da graça de Deus, exerceu f ervorosamente o ministério da pregação" (do Martirológ io) .

14 Siío Camilo de Lellis, Confessor

15 São Boaventura, Bispo e Doutor da Igreja + Lyon (França), 1274. Discípulo de São Francisco de Assis, di stinguiu-se por s ua sabedoria e piedade. Seus escritos, cheios de unção sobrenatural , lhe valeram o título de Doutor Seráj1co.

16 NOSSA SENI IORA DO C/\RMO Festa prescrita a toda a Igreja em 1726 por Bento XII, te m por fim agradecer a Nossa Se nhora as extraordinárias graças que concedeu à Orde m do Carmo e a todos os que, usando o escapulário, se confessam seus devotos servos.

·17 Beato Inácio de /\zeveelo e 3H Companheiros, Mártires do Brasil + 1570. Estes 40 Mártires do Brasil foram vítimas de piratas heré ticos protestantes , quando a caminho de nossa Pátria, que vinham evangelizar.

18 Santa Sinl"orosa e fi1l1os, Mártires + Itáli a, séc. III. Esposa do mártir São Getúlio, morreu também pela fé católica juntamente com seus sete filhos , Crescêncio, Juli ão, Nemésio, Primitivo, Justino, Estácio e Eugênio.

19 Sa nto /\ mbrósio /\ utpert, Corrressor + França, séc. VlIT. "Oficial da corte de Pepino, o Breve, foi preceptor do fúturo Imperador Carlos Magno, entrando logo depois para a Abadia de São Vicente, no Ducado de Benevento. Autor rnuito apreciado na Idade Média, escreveu vários comen tários à. Sagrada Escritura e várias obras litúrgicas e hagiográjtcas" (do Martiroló io Monástico).

20 Santo 11:lias, Proreta Séc. JX a. . Dos mais extraordinários p rsonagcns do Antigo Testam ' nto, "consumia-se de zelo p ,10 Senho,; Deus dos Exércilos ". Foi an·ebatado aos Céus num ·arro de fogo, devendo voltar no fim dos tempos para lularcont.rao Anticristo. É considerado um dos fundadores do armclo.

21 São l.0111·<·r1<,:o <IP IM ndisi , (;(Jrll'( \8SOI'

e 1)0111.0r· da Igreja

22 Santn Mmin Madalena, P<·11i1cn te + séc. 1. "Porque muito amou, muito lh e foi perdoado " .

Acompanhou o Divino Mestre até a Cruz e foi a primeira a ter conhecime nto da Ressurreição. Antiga tradiç ão diz que morreu no sul da França.

23 Sa nta Brígida ela Suécia, Viúva + Roma, 1373. Da famflia real da Suécia, casou-se com o príncipe da Nerícia. Este, após o nascimento de oito filhos, entrou para a Ordem cisterciense e a esposa retirou-se com a filha Santa Catarina para Roma, onde faleceu. Grande mística, teve muitas revelações, pelo que é chamada a profetisa do Novo Testamento.

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mártires, que padeceram sob Déc io e Valeriano os mais diversos tormentos. A um dos mártires, "levemente atado a

uma alcatifa de.flores, chegouse uma desavergonhada prostituta para o provocar à. luxúria. Ele, porém, cortou com os dentes a própria língua e cuspiu-a no rosto da sedutora", sendo depoi s martirizado (do Martirológio Romano).

29 Santa Marta, Virgem + Séc. I. Irm ã de Lázaro e Maria Madalena, foi honrada várias vezes com a visita de Nosso Se nhor. Representa a vida ativa e Maria a contemplativa. É considerada padroeira das donas de casa.

São Charbel Makllluf, Confessor

25 São Tiago Maior, Apóstolo, Má rtir + Séc. I. Irmão de São João, foi um dos três Apóstolos presentes na Transfiguração e na Agonia do Ho1to. Pregou na Judéia, Samaria e Espanha. Seu sepulcro em Compostela foi um dos mais famosos da Idade Média. Patrono e Protetor da Espanha.

30 Santa ,lulita , Mártir + Ásia Menor, 305. Rica viúva de Cesaréia, tendo sido despojada de toda sua fortuna por um dos principais da cidade, por meios fraudulentos, resolveu processá-lo. Intimada, durante o processo, a sacrificar aos ídolos para obter a resti tuição de seus be ns, preferiu perdê-los, e à vida temporal, para ganhar a eterna.

26

31

Santos Joaqu im e Ana, pais da Santíssima Virgem + Séc. 1. Descendentes de rei s e pontífi ces, s ua maior glória ve m de terem s ido pai s da Virgem Maria e avós do Verbo de Deu s Humanado.

Sa nto lnl1cio ele Loyo la, Con fessor + Roma, 1556. "Tudo para a maior glória de Deus" foi o lema deste santo que, segundo o Papa Gregório XV, "tinha a alma maior que o mundo". Para com bater a pseudoReforma protestante e propulsionar a Contra-Reforma, fun dou a Companhia de Jes us . Seus Exercícios Espirituais , esc ritos po r in s piração d e Nossa Senhora, levaram mui tas almas à perfeição .

27 São Celestino 1, Papa e Confessor + Roma, 432. Romano de nascença, foi atraído a Milão pela santidade de Santo Ambrósio. Eleito Papa, combateu as heresias de Nestório e de Pelágio.

Nota:

28 Santos Mártires da Tebaicla + Egito, séc. UI. Numerosos

Os Sant os aos quai s já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas se us nomes enunciados, sem nota biográfica.

Intenções para a Santa Missa em julho Será celebrada pelo Revmo. Padre David Froncisquini, nas se guintes intenções: • Pedindo a Nossa Senhora do Carmo que frustre as articu lações dos adversários da Igreja Católica, que tramam para que se aprovem leis descriminalizando a abominável prática do aborto no Brasil. Também para que Ela não permita a aprovação em nossa Pátria de qua isq uer outras leis que facil item práticas contrários à Lei de Deus, como o "casamento" homossexua l e o eutanásia.

Intenções para a Santa Missa em agosto • Em honra à festividade ce lebrada pela Santa Igreja no dia 15 de agosto: a gloriosa Assu nção de Nossa Senhora aos Céus em corpo e alma. Nesse dia, em que se come mora uma dos mais a ntigos festas marianas, pediremos à Virgem Santíssima que maternalmente abençoe os lares e as famílias de todos nossos leitores e colaboradores.


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Fátima: 1917 - 2007

archa pela Vida eFam"

N a comemoração dos 90 anos da primeira aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria, cerca de 600 mil devotos acorreram ao Santuário de Fátima em Portugal m C ARLOS

EouARDo Sc HAFFER

Correspondente - Austria

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LEONARDO PRZYBYSZ

Varsóvia - Com a participação ele 4.000 pessoas , entre as quai s oito deputados e o mini stro da Ed ucação ela Polônia, rea li zou-se e m Varsóv ia, no dia 20 de maio último, a seg unda Marcha pela Vida e Família, por ini c iativa da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga e a F undação Pro. Co ntribuiu ponderavelmente para o esplendor e eficác ia ela manifestação a parti c ipação ele re presentantes de orga ni zações anti-abortistas de vári os países, entre e les membros ela TFP norte-americana portando seus símbolos, dirigentes ela associação fra ncesa Droit de Naitre (D ireito ele Na cer) e ele outros movimentos provenientes cio C hil e, Alemanha e Biolorússia, qu e desenvolvem ca mpanhas e m defesa da famíli a em seus próprios países. Numa at mosfera ele muito entu sias mo e convicção na defesa da in stituição familiar, base ela C ivili zação C ri stã, a mul tidão - na qual se destacavam muitas famílias numerosas - percorreu diversas avenidas ela capita l polo nesa, tendo iniciado a manifestação diante ela Assembléia Nac io nal e encerrado com um ato na Praça do Mercado Cidade Nova. • E- mai l cio autor: leo nardoprzybysz @catoli cismo.co m.br

CATOLICISMO

este 90º aniversário da apari ção da Sa ntíss ima Virge m aos três pasto rinhos portugueses, Lúcia, Francisco e Jacinta , estive e m Fátima aco mpanh ado ele alguns ami gos, co mo repr es e n la nte d a e ntid ade Aktion Ôsterreich braucht Ma rien.s fli(f'e (A Áustria necess ita ela ajuda de M aria). N os a mi ssão co ns istiu e m leva r, e m nom e cio s part ic ipantes ela e ntid ade, agraclecime nLos e súpli cas, s imbo li zado s na s peq ue nas velas que cada um de les nos ti nha e nviad o pelo corre io, para s r m acesas aos pés da image m d e N ossa Sen ho ra de Fátima. Co mo milhares d ' partic ipantes e nviaram s uas velinhas, todas e las fo ra m fundida s e m quatro 0 ran des c írios . Aproximamo-nos de Fátima no dia 13 de maio p ' ia manhã. Todos os acessos estavam Lolal menle congestionados desde a madrugada . De Lodas as direções afluíam milhares d ' p 'regri nos em direção ao Santuário. Qu an do c hega mos, a g ra nd e esplanad a j{t 'stava quase lotada, e ele todos os lados ·onti nuava m a chegm· torrentes de pessoas; eram adultos, jovens, cri anças e idosos, fa mílias inte iras, grupos relig iosos ou de leigos das mais variadas nacionalidnd 'S. Em todos transparecia um espírito d ' mui ta fé e esperança nas promessas d ' Nossa Senhora. Enquanl o ag ua rela vam o iníc io elas cerim ô nias, os devotos tranquilam ente reza vam o lcrço, ind ividualme nte ou em grupos, mas cm voz baix a, respe itando as demai s pr senças na multid ão . Im press io no u-me que, em nenhum mo mento, houv · · ·rto tipo de mani fes tação ele e ntu ia smo " roqueiro", que se ve m to rnando l'r' JLiente em a lgum as festas re li-

g iosas modernas. Era muito grand e o número de pessoas que faziam penitê nc ia, percorrendo de j oelhos o ca minh o que vai desde o fundo da praça até a capelinha das aparições, totali zando cerca de J 80 metros. Na proc issão, que transladava a im agem de Nossa Senhora da capelinha elas aparições ao altar monumental armado nas escadarias do Santuário, as mú sicas era m as tradi c ionais, como " A treze ele

mai o" e "Nossa Senhora, Ra inha de Portuga l", cantadas por todos com verdadeiro entu siasmo. Por volta elas 23:00 h, depoi s da grande procissão de ve las - um espetáculo e mpolga nte - , oferecemos os círios a N ossa Se nhora colocando-as diante de s ua imagem loca li zada junto à capelinha elas aparições, e e m seguida no local onde arderam todos as ve las. • E- mai l cio autor: cschafTer @catol icisrno.corn .br

JULHO2007 -


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a In fâ ncia e a Família, Ainars Bastiks, aos professores ela Universidade ela Letôni a, tendo sido en tr gues também exemplares para diversas bibliot cas cio país. Foi igualmente envi a lo a todos os eurodeputados da Letôni a no Purlamento Europeu. No ·am1 o ec les iás tico , o livro foi lo iado por todos os bispos, que o receberam p ssoa lmente. Foram e nviados xe mplares a todos os sacerdotes e seminari stas do país. A Rádio Vati cana, na sua ed ição e m língua letã, comentou o livro, o qual foi colocado na íntegra no site cio Centro de h1forrnações Ca1ólico: http ://www.cat h o li c. lv/ ma in.php ?parent= l 332.

Marclw /)ela Família Kmlel ,uiisu 11ic•nt1lm111s ir ,wstiitit'S 11ret "

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Ainda no mes mo sentid o de ação contra-revolucion ária na capital da Letônia, em defesa da moral católica e da mora lidade pública, jovens cooperadores de TFPs da Europa participaram da Marcha pela Família nas ruas centrais de Ri ga, no dia 26 ele maio. O Sr. Slawomir Skiba, do Instituto de Cu /lura Pe. Piotr Skarga, diri g iu -se aos participantes do evento, conclamando-os a seguirem fi e lmente o e nsin a mento tradicional da Ig reja, o que foi transmitido pela te lev isão para todo o país. • E-mai l para o ;1utor: cat oi ici srn o @catol ici s111 0.co 111 . br

D. Janis Pujats, Cardeal-Arcebispo de Riga

Em defesa da moral católica Atividades contra-revolucionárias em Riga (capital da Letônia) em defesa dos princípios da moral católica: lançamento de livro contra pretensões de movimentos homossexuais e passeata contra o aborto. g ENRIQ UE LARA

ançada na Letônia uma nova edil ção do livro da TFP norte-ameri.J cana Em defesa de uma lei suprema - Por que é necessário rejeitar o 'ca-

samento' de pessoas do mesmo sexo e enfrentar o movimento homossexual. Traduzido para a língua letã, o livro expõe inquestionáveis argumentos científicos, teológicos e morais contra a pretensão do movimento homossexual de equiparar o pseudo-casamento homossexual ao casamento verdadeiro entre um homem e uma mulher. A obra mostra que a Santa Igreja conclama os católicos a repudiar tal prática antinatural, condena-

CATOLICISMO

da explicitamente nas Sagradas Escrituras. O livro do Génesis narra o imenso castigo inflig ido por Deus às cidades de Sodoma e Gomorra, devido aos pecados contra a natureza. No Levítico, numa legislação que adm itia a pena de morte, a condenação é clara: "Aquele que pecar com um homem, como se ele fosse uma mulher, ambos cometem uma coisa execranda, sejam punidos de morte; o seu sangue caia sobre eles" (20, 13). A versão letã da obra da TFP norteamericana começou a ser divulgada no dia 24 de maio último, primeiramente na cúria da Igreja Católica de Riga. O Cardeal-Ai·cebispo dessa capital, Janis Pujats, ao apresentar a nova versão, afirmou: "Este livro

é de muita atualidade, sobretudo quando

os homossexuais, com muito interesse e insistência, querem ver sua 'orientação sexual' - segundo expressão deles - aceita como coisa normal, garantida e defendida por leis". No ato, o Sr. Piotr Kucharski, representante do Instituto de Cultura Pe. Piotr Skarga, mostrou a necessidade de defender a moral católica e relatou as sadias reações que têm surgido, sobretudo na Europa do Leste, na luta pela família tradicional contra as pressões indevidas da União Européia no campo moral. O livro foi distribuído a todos os parlamentares daquele país báltico, a todos os vereadores de sua capital, ao ministro para JULHO2007 -


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UMARI

PLI NI O C ORRÊA DE ÜLIVEIRA

Revolução ecológica, comunismo metamorfoseado uma conferência em 12-7 -92 - por ocasião da EC0 -92, evento muito propagandeado, transcorrido no Rio de Janeiro - , o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira prog nosticou que o objetivo igualitário da revolução eco lógica era o mesmo da revolução comunista. Foi um prognóstico surpreendente, que hoje se confirma ao ana lisar os disparates da atual "onda ecológ ica". Abaixo, excertos daquela magistral conferênc ia.

N

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" Na EC0-92, c ienti stas disseram que a Terra estava ameaçada grave mente nas suas co ndi ções ele atender à sobrevivência cios homens. Isso porqu e, seg undo eles, o modo co mo os homens têm exercido o domínio sobre a Terra é próprio a depreciar o planeta. O qu e resultari a numa catástrofe, numa es péc ie ele fim ele mundo. Afirmaram eles que é prec iso uma mud ança radica l no nosso es tilo ele v icia e adotar o modo ele vicia i ndígena - uma vicia tribal, co mo modelo do comportamento human o pera nte a Terra - porque estaríamos clestru i ndo o planeta. bntre tanto , o utras sumidad es ci o mundo científi co, que estudara m profundam ' nte os I roblemas eco lóg icos, prol •s taram con tra isso e provaram cientifi ·urn ·nt c que a hipótese catastrofista não ·ra verdadeira .

nera is, vegetai s e animai s) roram ·rill clos para servir o homem. Mas li R ·volução (conrorm a co ne pção d •l'inid a no livro Revofu çüo e 0111 m -Re\l(i/11 çiio) é contrária a todas as sup ·rioridad 'S , li todas as desiguald ades; logo , a toda s as autoridad es. A Revo lu ção •nós ti ca ' igualitári a qui s derrubar a autoridade ec les iásti ca por meio do prot es tantismo ; a autorid ade ci v il , por meio da Revo lução Fra ncesa; e, com o co munismo, destruir as des igualdades eco nô mi cas e sociais. Atualmente pretend em impl antar o estág io último dessa Revo lução. Ass im, nasce uma clesco nl"iança ele que a eco logia - como apresentada na EC0-92 é o co muni smo meta morfoseado. N ão estará o co muni smo passa nd o por uma transform ação, que será a últi -

111 a R •vo lu ção? Uma Revolução que colo ·a o homem a serv iço de algo inferi or a ·le, portanto contrária à ordem hi erárqui ca estabe lec id a por Deus na Criação. Àq ueles que di ze m que o co muni smo morreu, a resposta é: "Aqui está a nova ca ra cio co munismo! " . •

A revolução ecológico-igualitária quer fazer do homem um ser inferior às outras criaturas deixando assim de ser o rei do Universo

Agosto de 2007

2

Excmnos

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CARTA DO DnmTOR

5

PAGINA MARIANA

7

Ll•:l'l'URA ESPIRITUAi,

8

COIUU:SPONO~:NCIA

Nº 680

Sadia reação popular na Colômbia

Nossa Senhorn ele Mylapore (Ínclia) Sobre a e;-âstência cio interno

1O

A

PAI .AVIM oo SAc1,:1mo·n:

12

A

REAUDADI~ CONCISAMIWl'E

14

INTERNACIONAi,

18

INPORMATIVO RURAL

21

ENTREVISTA

26

CAPA

34

DES'l'A()lJE

36

VIDAS DE SANTOS

39

PoR Qm: NossA S1~N110RA c1m1M

40

ESPl.l•:NDOIU:S DA CmS'l'ANOADI<:

44

D1sc1mN1N1>0

46

SANTOS E FESTAS DO M1~:s

48

AçÃo CoN'IUA-R1,:vowc:mNÁRIA

52

AMBmNTl~s, CosTUM1<:s, C1v11,1zAçü..:s

Colômbia sofre pressão internacional para cecler

A questão ecológica nos seus cleviclos termos

Ecologia saclia X ecologia frauclulenta e alannista Áustria: Trajes ele hoje e ele outrora São Maximiliano Maria Kolbe

Exposição Biederrneier

Dois tipos ele populariclacle: lbrjacla e autêntica

A saperioriclacle cio belo sobre o "gostoso"

Nossa Capa : Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo.

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S' •undo o Génesis, o homem é o rei do U ni verso, criado por D us I ara o homem. s se res d' natureza infori or (mi -

- C A T O I I IM

AGOSTO 2007


ilis 1523 Caro leitor, Esta ed ição traz corno matéri a de ca pa o momentoso assunto da eco logia, que tem sido motivo para muitas di storções, ensejando as mais absurdas propostas. Corno esclarece nosso co laborador P dro Luí. Amara nte, "a ecologia é

um reuno da biologia que cuida das relações recíprocas entre os organismos vivos e os ambientes circunstantes, bem como das conseqüências de tais relações, especialrnente com vistas a limitar ou eliminar seus aspectos nocivos".

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Reg istrado na DRT/OF sob o nº 311 6 Administração:

Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-01 O São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:

Tel (0xx1 1) 3333-6716 Fax (0xx11) 333 1-6851 Correspondência:

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Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol.com.br Home Page: http://www.catoli cismo.com .br

Contudo, de algum tempo a sta parte, ela passou a ter urna conotação bastante diversa, sendo d sv irtuacla de seus obj etivos. É o que demon stra o recente livro Ma vérité sur la planete (ed. Plon, Fayard, 2007), do escritor francês C laude All egre, membro das academias ele ciências da França, stados Unidos e Í ndia, bem corno da Royal Soc iety britânica, ex-professor cio Instituto Un iversitário da França e ex-mini stro da Educação cio governo soc iali sta de L ionel Jospin. Apesar ele provir de arraiai el a esquerd a, o Prof. All egre afirma que não pode deixar de se opor ao que ele denomina seita verde - ou seja, à ecologia tal corno vem sendo entendida por certos setores. Tal ecologia, co m seus "gurus" e dogmas, di stanciou-se essenci almente de urna sã ecologia, para se co locar contra o próprio homem e o progresso da civilização. O autor mostra ainda que tai s setores ecológicos querem no fundo a volta do homem às cavernas. Cumpre lembrar aq ui , por im perioso dever de justiça, que há exatamente 30 anos o Prof. Plinio Corrêa de O li ve ira alertava a opinião pública para o peri go constituído por certas correntes católi co-progressistas que pregavam as mesmas idéias agora desposadas pelos ecologistas mais radi ca is. Fê- lo através do li vro Tribalismo indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI (Ed. Vera Cru z, São Paulo, 1977), cuj a leitura muito recomendamos. Ainda sobre o mesmo assunto o leitor encontrará na presente edição urna penetrante e esclarecedora entrevi sta do Dr. Ernil son França de Queiroz, engenheiro agrônomo e pesqui sador da E rnbrapa, cujo domínio ela matéria torna suas declarações um oportuno e denso objeto de análi se. Desejo a todos uma profícua leitura cio ca ndente tema.

Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

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106,00 150,00 280,00 460,00 10,00

Em Jesus e Mari a,

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .

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Sóno dia do .Juízo Final saberemos até que ponto a conversão de vários países e o batismo de milhares de pessoas dependeu das graças recebidas através de um santo rezando diante dessa imagem mariana 1

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ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Agosto de 2007:

Nossa Senhora de Mylapore

Ili

VALDIS GRINSTEINS

e mbro- me bem de um dia quente, como muitos outros na Venezue la, em qu e um am igo aca bara de me emprestar um li vro sobre a vida de São Franci co Xav ier. Eu lia muito naq uela época, mas não especialmente literatura reli giosa. O livro me atraía mais como um relato de viagen do que como leitura espiritual. A certa allura, o autor dedicava várias páginas ao milagre operado pelo santo, de ressuscitar uma pessoa na Índia. As páginas iam se sucedendo, e o autor ia contando muitos outros milagres, entre eles várias ressurreições . Q uase no fim do li vro, ded icava apenas uma linha para contar que o santo ressusc itara mais uma pessoa no Japão. Foi justame nte isto que me e ntusias mou. Puxa! O biografado era tão santo, que o próprio

biógrafo ac hava cansativo contar todos os milagres que ele realizou! E este era simplesme nte uma ressurreição ! D e lá para cá, me u entusias mo por São Franc isco Xavi er só tem a ume ntado. Tive oportunidade de conhecer pessoas dos países por e le e vangeli zados, e posso agora medir quanto e le prati cava a diplomac ia, a coragem, e quanto conhec imento possuía da a lma humana, das psico log ias dos povos. Ir de Portuga l até a Índi a no século XVI, j á era algo digno de e log io e adm iração. Mas lançar-se ao desconhec ido naquelas frágeis embarcações, visitando o que hoje é a Indo nésia, o Japão, etc. , isso merece apl auso . Mai s ai nda, ter convertido e batizado tanta gente nesses locai s, a ponto de que hav ia di as e m qu e e le bati zava a lde ias inteiras, sendo que à no ite não consegui a mover os braços, tal e ra o ca nsaço - isso já é d igno de ve neração. Até hoje se discute quantas pessoas e le bati-

AGOSTO 20 0 7 ~


zou pelas próprias mãos, mas em nenhuma hipótese a cifra é inferi or a centenas de milhares. E isto em apenas 10 anos de apostolado, de 1542 a 1552. E le é considerado, e com razão, o mai s importante mi ssionári o desde os 12 Apóstolos. Basta di zer que é o padroeiro elas mi ssões católicas. Mas é prec iso reconhecer que houve um momento em que o rumo hi stórico fi cou indeciso, e ele poderia ser hoj e conhecido apenas como o apóstolo da Índia, e não ele toda a longínqu a Ásia.

outros povos poderia depender a conversão de toda uma área de civili zação. Porém, que ce1teza podia ter ele de que lá o receberiam tão bem como em Myl apore? Não seria uma perda ele tempo deixar o apostolado na Índia? Além disso, "quem muito inicia pouco termina" , diz o refrão. Mas ele precisava também considerar que, na Índia, poucas pessoas ele classe alta se convertiam, sendo que a conver ão cios dirigentes de países como o Japão poderi a levar à conversão do país inteiro. Como solucionar esse impasse?

No sul <la Ín<lia

A imagem <le Mylapore

Para quem examina o mapa, a Índia apresenta a fo rma ele um triângulo com um a ponta para baixo. A c id ade de Mylapore situ a-se nessa ponta infe ri or, ao lado do Golfo de Bengala. E São Francisco Xavier, após pregar em Goa, ca pi ta l da Índia po rt ug uesa, fo i mi ss ionar Mylapore. Seu aposto lado fo i muito frutuoso, pois justamente ali se encontra va o túmulo do Apóstolo São Tomé. Desde a época em que São Tomé pregou, no sécu lo I, restavam pessoas que conservaram seus ensinamentos. No mundo, há três basílicas construídas em local onde se enco ntrou o corpo de um Apóstolo: São Pedro el e Ro ma, São Tiago em Compostela e a Basílica de São Tomé em Chennai, na Índia. Hoje Myl apore faz parte de Chennai, anti gamente conhecida como Mad ras. A cidade era já conhec ida na Anti guidade, contendo numerosos templos pagãos. O própri o Marco Polo refere-se a ela como altamente supersticiosa. Assim, por exempl o, sua população considerava azarentas certas horas do dia, durante as quais nenhuma atividade normal era realizada. Em Chennai encontra-se a basílica neogótica que contém o corpo de São Tomé. Ele foi martiri zado no ano 52, numa colina fora da cidade, e seu corpo trasladado para esse local. Os ensin amentos de São Tomé se havi am mantido, e parte da população local ace itou rapidamente a doutrina ensinada por São Francisco Xavier. O apostolado dele expandi u-se por vários povoados da costa. Haviam chegado aos ouvidos do santo relatos de comerciantes que viajavam pelos países do outro lado do Golfo de Bengala. Lá se encontravam não só as ilhas ela Indonésia, mas terras longínquas com culturas importantes, como a China e o Japão. E surgia a dúvida: deveria ele continuar seu apostolado na Índia, ou seria melhor iniciar a evangeli zação desses outros povos? A resposta não era simples. Por um lado, é de bom senso continuar algo que já está funcionando. Por outro, da conversão daqueles

-CATOLICISMO

Para reso lver dilema tão compli cado, São Francisco Xavier decidiu rezar muito a Nossa Senhora. Uma imagem dela tinh a s id o levad a pe lo Padre Gaspar Coelho ao túmulo de São Tomé em 1543. E a imagem é de macieira, de un , 80 cm de altu ra, representando Nossa Senhora entada num trono e rezando. É a mais antiga imagem ele Nossa Senhora na Índia ori ental. São Francisco Xav ier chegava a passar noites inteiras rezando diante da imagem. Narra a tradição que ele era maltratado pelos demônios; o que não espa nta, sabe nd o-se quanta glóri a ele Deus e quanto apostolado estava m em jogo. Era a própria hi stória ela Igreja que poderia mudar. Várias vezes ouviram o santo exc lamar: "Minha gloriosa e doce Senhora, não vireis ajudar-me ?". Quatro longos meses passou São Franc isco Xavier rezando diante ela imagem. Afi nal, iluminado pela graça ele Deus, ele tomou a decisão de partir, a fim de conq ui star mais terras para a Virgem Santíssima. Graças a essa cleci , ão, milhares de pessoas fo ram batizadas em outras terras, muitos nobres e dirigentes ele vári os países tornaram-se cató li cos, e começou a conversão ele muitas nações para a verdadeira fé. A imagem de Nossa Senhora de Myl apore é conhec ida na índi a, mas fo ra poucos dela têm notícia. Em muitos sentido, , é um símbolo da fo rma ele atuar ela graça, pois muitas cois% grandi osas nascem em locais discretos, onde ninguém sus1 cita que algo assim esteja para ser clecicliclo. Muitos p vos dependeram elas orações fe itas diante dessa imagem para ·o mcçarem a trilhar o caminho rumo à Cri standade. O aposto lado que lá se ini ciou precisa ser co mpl 'lado, e devemos pedir a Nossa Senhora que isso se rca li :,,, \ poi s aqueles povos elevem tornar-se inteiramente alóli ·os, p11r:i maior glóri a cio Reino prometido por Ela cm l•á1i111 u. •

O infemo existe - I S obretudo em nossa época, tão afastada das verdades eternas, há uma necessidade fundamental de se pregar sobre a existência do inferno, cuja simples lembrança sempre proporcionou numerosas conversões iz a Sagrada Escritura que é preciso pensar sempre nos novíssimos do homem (as últimas coisas que nos acontecerão: morte, juízo, céu e inferno) para não pecar eternamente, isto é, para não sermos condenados. A literatura cató lica a esse respeito é abundante, sobretudo no que diz respeito ao inferno . Apresentamos nesta seção textos do Servo de Deus André Beltrami, um dos primeiros salesianos de Dom Bosco . Depois de uma introdução doutrinária, passaremos aos exemplos, que nos tocam mais diretamente.

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"Não há verdade tão inculcada na Sagrada Escritura co mo a ela ex istência cio infe rn o. Escritores in sp irados falam dele co ntinu amente, para que os homens, horrorizados com as penas que ali se sofrem, abandonem o vício e se dêem à prática ela virtude. [... ] Para não multipli ca rmos as citações, deixaremos o Antigo Testamento e viremos logo ao Eva ngelho, para ouvir a palavra ele Jesus Cristo, que por bem 15 vezes proclama esse lugar de tormentos. E, para causar em nós um temor salutar e dar-nos uma idéia ju ta do inferno , E le o chamafogo inextinguível, trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes, lugar de tormentos, fornalha de fogo, geena de fogo. [.. .l Falando dos escândalos, o nosso bendito Salvador, de ordinário cheio de doçura e mansidão, assume um tom terrível e ameaça de condenação eterna: 'Ai do mundo por causa dos escândalos! Porque é necessário que sucedan·, escândalos; mas ai daquele hom.em pelo qual vern o escândalo! Se a tua mão te escandaliza,; corta-a;

melhor te é entrar na vida maneta do que, tendo duas m.ãos, ir para o i,~f'erno, para o fogo inextinguível, onde o seu verme não morre e o fogo não se apaga' (Me 9, 42 e ss). *

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Santo Tomás explica que esse verme que não morre é o remorso da consciência, que para sempre há de atormentar o condenado no inferno; remorso pelo grande bem que perdeu, ele que tinha tantos meios de se salvar. [... ] Eis como Jesus Cri sto, prevendo os assaltos que os incrédulos e libertinos dariam ao dogma cio infe rno, o proclama continuamente no Evangelho. [.. .] Deus imprimiu em nosso coração noções imutáveis de justiça e a idéia de um prêmio à virtude, de um castigo ao vício. [.. .] Da negação do castigo e do prêmio na outra vida, seguir-se- ia que Deus não ex iste; ou, se ex iste, não cuida dos ho mens. E não haveria nenhuma di fere nça entre virtude e vício, entre justiça e injustiça. Morre um ladrão carregado de delitos, e morre um inocente que durante a vicia praticou a virtude e fez bem ao próximo . Quereis que tenham a mesma sorte? Morre São Paulo E remita no deserto, depois de ter vivido quase um século no jejum, na penitência e louvando e servindo a Deus. E morre Nero, depois ele ter co metido toda espécie ele crueldades. Quereis que tenham igual sorte? Portanto, a própria razão e o bom senso nos falam de um lugar onde serão castigadas as transgressões da Lei divina". • Pe. And ré Beltrami, O t1(/'e mo existe, em Lei turas Catól icas ele Dom Bosco, Escola . Industri al Dom Bosco, Niterói, 1945.

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aborti stas. Desde j á confio à inte rcessão de Mari a Santíssima o sucesso d a iniciativa dos senhores . E nvie i cópias do arti go para várias pessoas ami gas, mas desejo encome ndar exemplares do Catolicismo para divulgar um ass un to de tama nha impo rtânc ia . Peço e n v ia r-me dez exemplares pelo correio. Gostari a de pode r a mpliar mais esta divulgação, mas é o que posso fazer no mome nto. Desde j á agradec ida, e rogando as bê nçãos de Nossa Senhora para todos o co laborado res desta excele nte re vista, des peço-me. (Z.L.C. - SP)

Limites ela Justiça Divina Monumental e irresponclível 18] Estou e nviando cópia de e- ma i 1

transm itido ao S r. A lfredo MacHa le, e c umprime nto a equipe de Catolicismo por mai s este brilhante esforço e m favo r de nossa Fé. Receba efus iv os cu mprime ntos pe lo seu monume nta l e irres pondíve l e nsa io contra o aborto, publicado e m Catolicismo. Alé m de ser um pecado, o aborto é um c rime, um assassíni o pe rpetrado por que m ma is deveri a proteger o filho - os pais - e nqua nto este se e ncontra no luga r mai s sag rado - o vent re da mãe. Que Nossa M ãe Sa ntíssima o recompense mui to. (E.J.T. - PR)

Jnternaci011al do aborw Recebi o exempla r de Catolicis-

mo Uu lho/2007) que tem como assu nto de capa o impo rtantíss imo estudo do Sr. Alfredo MacHa le, A Internacional do aborto. Di ante desta matéria essenc ia l pa ra nós cató li cos que defendemos a vida humana desde a sua concepção, e nvi o me us agradec ime ntos po r co loca re m nas nossas mãos tão impo rta nte estudo . Q ue esta a rm a poderosa possa servir d e a li me nto para os católi cos e consiga provocar reações cada vez ma is e ntu sias ma d as e dete rmin adas d os a nti -

-CATOLICISMO

brionárias ... para utilização na cura de certas e nfe rmidad es . Com isso, os aborti stas acabam nos dando um argume nto contra e les próprios . Eles dão uma prova de que se trata de células vivas, pois, se fossem mortas, não teri am o menor interesse. Portanto, desde a concepção, qualquer tentativa de esta ncar a vida humana é um crime, como o é um assassinato, passível de ser e nquadrado nas le is vigentes. O aborto é, sem dúvida alguma, uma nova " matança de inocentes". Pior, evide nte me nte, que aquela ordenada pe lo re i Herodes, uma vez que o inocente não é liquidado pe los soldados daque le ímpi o re i, mas no ve ntre mate rno, com o consenti mcnto da própria progenitora. (P.M.T.R. - RJ)

Lênin, Stalin, P11U11

18] Parabeni zamos pe la intré pida luta

e mpree ndida pe los senhores contra a libe ração do aborto no Brasil , crime contra a vida que fere o princ ípio da leg ítima d efesa e co nstitui pecado imenso aos o lhos de De us. Os representantes legis lativos prec isam a brir os olhos para a ve rdade de que a maioria do povo bras il e iro rejeita catego ri came nte o a borto. Esperamos deles uma atitude coere nte co m esse ime nso e le itorado para vetar uma le i fruto do desejo de mino ri as individua listas que c hama m a s i o dire ito do próprio corpo . E a inda nos ass ustamos com av iões q ue cae m, epidemi as que surgem e g ue rra. que não acaba m. Deu s te m paci ê nc ia, mas te m limites para sua Ju stiça ! (W.N.V.J. - SP)

Matança de inoce11tes 18] O abortistas não tê m a rgumentos para defender a interrupção da vida de um a c ri a nça e m gestação . Por quê? Porque nen hum argume nto é vá lido para se justificar um crime. O "argumento" de les é procurar de modo fra udulento " provar" que o feto não é um ser, como se fosse um me ro conglo merado de células mortas, e que portanto pode ser extirpado e jogado no lixo. Mas, ao mesmo tempo, e les de monslrnrn e no rme interesse nas células em-

qu e esse e ra o modo de ag ir do s lobbystas do aborto, mas não tínhamos as revelações que vocês nos proporc io naram co m a maté ri a princ ipa l deste mês (julho) . As táticas que e les usa m estão agora escancaradas. No mome nto prec isa mos es palhar essa de núnc ia co m o obje tivo de impedir o ava nço de ta is lobbystas. Estes estão mobili zados para impedir a vida, e com polpudo finan c iamento inte rnac ional; nós - com o u sem fin a nc iame nto - te mos ta mbé m qu e nos mobili za r para defende r a vida criada por De us, e que some nte Ele tem o dire ito de tirar. (S.M.E. - BA)

llospital não é patíbulo 18] O médico tem a missão de salvar vidas, e não de eliminá-las. Se ele reali za o aborto, de médico transforma-se e m carrasco a executar aq ue les bebês q ue e le deveria sa lvar. Carrascos também aque les que o auxiliare m em execução tão nefanda. São auxiliares que também condenam à pena de morte um inocente e ajudam o médico-carrasco. O hospital -maternidade, lugar construído para salvar vidas, transformado em campo de concentração e de execução de bebês. É a mo nstruosidade de nossos tempos, infe li zes e c ru éis. N ão há adj etivo que possa qua lificar adequadamente tamanha aberração. Bem como a monstruosidade que significa, em qualquer país, quando um ministério da saúde torna-se ministério da morte. (R.B.N.R. - CE)

Denúncia do lobby pró-aborto Co ns idero a d e nún c ia feita po r Catolicismo, com a edi ção da rev ista de julho, um a d as ma is impo rtantes: a d e núncia do lobby inte rn ac ion a l pró-aborto. Uma de núnc ia im1 o rlantíss ima, que prec isamos fazer r pe rc utir in te nsa me nte. Ve mos qu ' < ass im mes mo qu e os d r nsor ·~ da morte agem para imp dir no vas vidas e m inco nLáv is lar 's. Sab íamos

~ Na época da Guerra das M a lvinas, eu não tinha noção do grande peri go que significou a ajuda da URSS à Argentina, para primeiro abocanhar aquela nação e depo is a nossa ... A entrevi sta com o a rge ntino Ca rl os Feder ico [barg uren abri u-me os o lhos para esse perigo. Durante aq ue la g uerra, não tinha fi cado preocupado com isso, pois não con hecia o que se passava nos bastidores. Be m sabemos que o sistema de "ajuda" sov iético a um país é para nele e ntrar. Também sabe mos que a URSS, depoi s que e ntra, não ·e retira nunca ma is. É uma "colaboração" a troca de domínio tota l. Falo e m URSS e não e m Rússia, porque igualme nte bem sabemos que só mudaram de nome, mas o conte údo é o mesmo desde Lê nin e Stalin, e hoje com Putin . Esses três nome não ão a.penas iguais na rima ... Basta ver o artigo da pág ina 14 ("Para o nde ruma a Rússia de Putin?", Catolicismo, julho/2007). De coração, agradeço- lhes pelas informações com que nos presente iam. (D.S.R. - RS)

Luta contra o laicismo 18] Gostei muito do seu artigo (de Cid A le nca.stro) intitul ado "Contrad ições do laic ismo". Um país que se orgulha de ser laico, sem reli g ião, merece passar pe lo que o Bras iI está passan-

do. A dor e o sofrim e nto corri gem! Veja o exemplo de Israe l, " Povo de De us". "É verdade que toda corre-

ção parece, de momento, anles molivo de pesar que ele aleg ria. Mais /arde, porém., granjeia aos que por ela se exercitaram o ,nelhor.fi·uto de justiça e ele paz" (Hb 12, 11 ). Quando a lg ué m di z que é a fav or do abo rto, é porque j á não possui o mínimo sentime nto de amor ao próximo, à fam íli a, à humanidade e a s i mes mo. O abo rto não é questão de "saúde pública", a corrupção s im . O go ve rno la ico dev e combater a corrupção e luta r pela vida. Apoiar a prá tica do aborto e da e utanás ia demo nstra co mo a humanidade a ind a e. tá lo nge de ating ir a pe rfe ição pregada por Jes us C ri s to: " Porlanto,

sede pe1f ei1os, assim como vosso Pai celeste é pe1fe i10" (Mt 5,48). Mas devemos dar a mão à pa lmató ri a. O Se nhor já o uviu e m al g uma Mi ssa um padre prega r contra o aborto, contra o estado lai co, contra o pecado? Quanto a mim, e u res pond o: Não me le mbro de te r o uvido tal ho milia. A Ig reja, que é Sa nta, porque Jesus Cristo é a Cabeça, te m que e ns inar a Verdade, po rque e la libe rta. Infe li z me nte, nas hom ili as os padres te mem ofende r os fi é is, e mesmo pessoas de dive rsas re li g iões. Por isso, as suas pregações não convencem , pior ainda, não converte m ning ué m . Fazer o quê? Vamos continu a r rezando para que o Dono d a messe nos e nvie santos e va le ntes operários, que defendam o re ba nho de C ri sto. Um abraço. Continue na luta. (H.S. -SP)

a cabeça é tomada por milhares de inutilidades corrique iras ... e nfim, o que eu gosta.ria de di zer é que me lembre i de uma pass a ge m da Bíbli a, e m LEVÍTICO, 19-28: "Não fareis inci-

são em. vossa carne por um. m.orto, nem .fareis figura alguma no vosso corpo ". Aprove ito a oportunidade para uma bre ve me nsagem ao Excelentíssi mo Dr. Paulo Brito. Entre o utras coisas admiráveis, está a cultu ra japonesa, em alg uns dete rminados a pectos, no meu e nte nd e r. A ss im , fiquei feliz em re lembrar comentários do saudoso Dr. Plínio na contracapa da referida revi sta, na coluna AMBIENTES , COSTUMES , C IVILIZ AÇÕES, a res peito do CASTELO DA GRAÇA BRANCA. Ponho-me a imaginar o que diri a Dr. Plínio se to rnasse conhecimento da ex istência de obras como as retratadas nas fotos que ora e nvi o em anexo (vári as foto g rafias d e um co njunto habitacional moderno no Japão), que representam, na verdade, uma FA VELA JAPONES A. É o fim, não é mesmo? Respe itosamente. (N.A.T.G.P. - PR)

Conteúclo católico 18] Parabé ns pe lo maravilhoso s ite www.catoli c is rn o .co m.br. É de um profund o conte údo cató lico. Quero ma ndar um abraço espec ia l ao Cônego José Lu iz Vill ac, e m cujos a rti gos e nco ntro o que há de mai s belo do Catolicismo. Um abraço, e muito obrigado. Paz em Cristo Jesus e Sua Santíss ima M ãe, porque é somente Neles que a e ncontram os. (H.S. -MG)

'l'alllagens e "moclel'nismo" Revere ndíssimo Cônego Villac. Pe rmita- me tomar um pouco de seu precioso tempo, com o ri sco de parecer supérfluo ou peda nte acrescentando uma idé ia que me ocorreu ao ler sua coluna - A PALAVRA DO SACERDOTE - na página 10 de Catolicismo. Tratava a questão de um pai indagando sobre tatuagens. Há tempos estou para escrever, mas o tempo passa e

Sempl'e 110 bom combate 121 M e us parabé ns pe lo inte nso labo r apostó lico com o trabalho divulgado por essa revi sta cató lica. Que Maria Santíss im a os abençoe se mpre no bom combate ao paga ni smo mode rno. Como di sse o Apósto lo d as Gentes, São Paulo: "Todos os deuses dos

pagãos são demônios ". (A.Q.R. -

RJ)

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g Cônego JOSÉ LUI Z VILLAC

Pe1·gunta - Caro Cônego: Sabemos que é licito trabalhar honestamente e procurar a riqueza, para se ter conforto e tranqüilidade, possuindo bens materiais como boa casa, aparelhos eletrônicos, carro bom, condições para fazer viagens, etc. Em resumo: conforto. Mas sempre rezando, procurando lutar para não cometer nenhum pecado mortal, comungando e confessando, adquirindo a indulgência plenária, rezando o terço, ouvindo palestras católicas, sempre buscando o conhecimento ele Deus, ajudando o próximo e fazendo caridade sempre que possível. Pode-se adquirir a santidade possuindo riquezas? Ou a salvação fica mais difícil, pois poderiam aumentar as tentações advindas da posse de dinheiro e dos bens com ele adquiridos? Acredito que muitos tenham esta dúvida. E ela tem me atormentado! Um cordial abraço.

Resposta -

De há muito o mundo vem sendo bombardeado po r pe nsadores revoluciomfrios qu e inc ul ca m ser a nossa sociedade visceral mente injusta, onde un s tê m tudo, e aos o utros é negado até o necessário para viver. É o que cha ma m de " injustiça institucio nali zada", isto é, uma sociedade que reproduz auto mati ca me nte a injustiça, ele modo que os que tê m vão tendo cada vez mais, e os que não têm vão sendo espoliados do po uco que têm, sem ne nhuma possibili dade de escapar a esse meca-

CATOLICISMO

ni smo "diabólico". E esse meca nismo fun c iona, di zem os pe nsadores revolucioná rios, até mesmo sem que muitos se aperceba m, de forma que os be nefic iários do s istema - os "opressores" - são inju stos mes mo se m o perceberem . Como ta mbé m não o pe rcebe m as vítimas desse processo - os "oprimidos" . Daí o trabalho de "conscientização" necessário para que "opressores" e "oprimidos" se dêem conta desse meca n is mo injusto e o interrompam. Os "op resso res", abrindo mão do que adquiri ram " inju s ta m e nte"; e os "oprimidos", tomando à fo rça - até armados, se necessári o for - o que lhes foi subtraído também " injusta mente". Depo is de cerca de 200 a nos de "consc ie nti zação", é compreensíve l que essa teoria - c ujo e rro em seguida mostrare mos - tenha impressionado muitas a lm as, c riando ne las dúvidas e até escrúpulos que as ato rme nte m, como ao mi ssivi sta que nos consulta.

Doutrina ma,~Y.ista Como fac ilme nte se pe rcebe, essa é a do utrina ma rxista, do a le mão Karl M a rx ( L8 18- 1883), publicada e m co-autori a co m E ngels, expli c itada no ma ni festo do Parti do Comuni sta e m 1848. Poré m, conte mpora neame nte o u a ntes de le, o utros defendi a m as mesmas idé ia , como Pro uclho n (1809- 1865) , a uto r da cé le bre frase: "A proprieda-

de, eis o roubo" . Co m a to mada do poder pe lo co muni smo na Rú ss ia, e m J917, essa teoria fo i levada à prática e ali a plicada durante mais de 70 a nos. O resultado fo i astuta me nte escamoteado, mas hoj e se sabe:

fr aca sso to ta l, à c u sta d a opressão cio po vo russo e de vá ri as outras nações s ubjugadas, com muito sangue de rramado. M as os nababos do pode r comuni sta acumulavam o uro nos seus pa lác ios e desfrutav a m suas ilhas, mansões e ia tes no M a r Negro. Atrae nte mode lo pa ra outros "defensor es d os o primid os" .. . Um sistema que constituiu "a

vergonha de nosso tempo" , como o c lass ifi cou um docu me nto da Congregação para a Do utrin a da Fé, e ntão pres idid a pelo Ca rdea l Joseph Ratz inger, hoj e Papa Bento XVI. Ad e ma is da op ressão das almas, qu e é, dentre os ma les, incompara ve lme nte o ma io r! N ão o bstante, essa teori a não se restrin g iu aos a mbie ntes espec ifi ca m e nte a te us, mas se introdu z iu s ubre pticiamente nos me ios católicos influe nciados pela corre nte progressista. Representante saliente dessa corre nte fo i D. Hélder Câmara, durante muitos anos secretário-geral da CNBB, bispo auxili a r cio Ri o de Janeiro, e mais tarde arcebi spo de Olinda e Recife. Conhecido como Arcebispo Ve rme U10, teve atuação destacada dura nte o Concílio Vaticano 11 e fo i elemento ativo da "conscientização" a que nos referimos. Foi ele quem c unhou e difundiu no Brasil a expressão " inju stiça instituc ionali zada".

es pontâ neo porque não te m o utra alte rn ativa para sa ir da mi séri a. A c ulpa de se tornar c riminoso não é de le, mas da soc iedade qu e o exc lui dos be nefícios que dev iam ser de todos. Ele não recebe a educação necessári a pa ra adqui rir uma fo rmação profi ssiona l que lhe permita disputar um e mprego ho nesto. A única vi a aberta para e le seria a do c ri me. Nesta concepção, a c ul pa cio ba nditi s mo não é de le, mas cios que açambarcam todas as be nesses da sociedade. A solução - sempre seg undo tais a po logistas - seria instituir uma sociedade estritamente ig ua litá ri a, e m q ue tod os tivessem ig ual acesso aos se rvi ços ele e du cação, saúde, transpo rte, aos ai ime ntos e me rcado ri as produzidos,

e tc. E nfim , uma soc ied ade inte ira me nte soc ia li zada vale di ze r, socia li sta - co mo C ub a, po r exempl o ... o u a Ve nezuela cios sonhos do coronel Hugo C hávez. Ora, a doutrina católi ca é o co ntrá ri o di sso. É uma in cong ruê ncia fa lar e m "socialismo cristão" o u "socialismo católico". O Papa Pio X[ conde no u ta is ex pressões ao a firmar, na E ncíc li ca QuadragesimoAnno, que socia li smo e cato lic is mo "são Lermos

cont raditórios ". N a E nc íc li ca Re rum Novarum , o Papa Leão XlH é mui to cl a ro quando di z: "É irn.possível que na sociedade civil Lodos sejatn elevados ao rnesmo nível. É, sem dúvida, isto o que desejam os socialistas, mas contra a natureza Lodos os e.sforçus süo vãos. Foi ela realmente, que esta-

beleceu entre os homens diferenças tão multíplices como profundas; di:ferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saúde, de fo rça: diferenças necessárias, de onde nasce espontaneamente a des igualdade das condi ções. Esta desigualdade, por outro lado, reverte em proveito de todos, tanto da sociedade como dos indivíduos; porque a vida social requer urn organisrno muito variado e fun ções m.uito diversas; e o que leva precisam.ente os hom.ens a partilharem estasfunções é, principalmente, a diferença de suas respectivas condições ".

Utopia igualitária fracassada "Já vimos esse filme antes", segundo a ex pressão hoje em voga. Como lembramos acima,

essa teo ri a serviu de diretriz, durante mais de 70 anos, para as repúblicas soc iali stas soviéticas, e deu no que deu. Vamos tentar impl a ntá- la ago ra na América cio Sul ? - De us nos livre disso ! O leito r pode fi car com a consciê ncia tra nqüila. A teoria ela " inju sti ça institu cio na1izacl a" é fund a me nta lm e nte fa lsa, o que não s ig nifica passa r um atestado de ju s ti ça ili bacia para os e xageros cio sistema capi ta li sta. Embora o siste ma ele propriedade pri vada e livre inic iativa seja justo e m seus princípios fund ame ntais, e le pode sofrer as pe rturbações ine re ntes a uma soc iedade m ate ri a li s ta e pagani zada como a de hoje, e m que os Dez M anda me ntos da Lei ele De us são conc ulcaclos, e os princípi os da doutrina cató li ca es pez inhados. Nestas con-

dições, não haverá siste ma algum - soc ial , po lítico ou econô mi co - que funcione seg undo os ditames da justiça. Que cada um procure no seu â mbito pessoa l e fa mili ar, com a indis pe nsável ajuda da graça , o bse rv a r os Dez M a nd a me ntos; e, co m todo e mpe nho , procure apoia r os que lutam po r s ua fec und a impl a ntação na sociedade e m ge ra l. Es ta rá ass im e m paz com s ua consc iê ncia, apesar dos esbravej a me ntos e insul tos dos partid ári os da assim c hamada teori a da " injusti ça in s titu c io nali za da". Qu e a Virgem de Guadalupe, Padroe ira da Amé ri ca Latina , e a Senhora ela Conceição Aparec ida, Ra inha e Padroeira do Brasil, protej a m nosso conti ne nte e nossa Pátri a ! • E-ma i I cio aut or:

Proudhon : ',ó. propriedade, eis o roubo "

Banditismo urbano Outra ma nifestação da teo ria da " inju sti ça in stituciona li za d a" é a a pol og ia d o banditi smo urba no. A lega-se que o po bre, sendo uma vítima do meca ni smo da " inju stiça in -titucionali zada", e ntra na vi a cio c rime organi zado o u

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A REALIDADE CONCISAMENTE Não há seriedade nas 11 cotas raciais''

Dia da Liberdade de Impostos"

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faz sucesso

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asolina a R$ 1,25, carro zero-q uil ômetro 40% mais barato, cesta básica co m 28 ite ns por R$ 68,50: não ocorre u isso num mundo de sonho, mas no "Dia da Liberdade de Impostos" promovido pelo comérc io de Novo Hamburgo (RS). Os lojistas ofereceram os produtos pelo seu preço sem impostos. O protesto incluiu uma Cam inhada da Consciênc ia Tributária contra o excesso de tributos no País. Em Belo Horizonte, dois postos venderam a gaso lina por R$ 1,42, se m imposto, num o utro protesto promovido pe la Câ mara de Dirigentes Lojistas contra o ab uso tributário. As filas de carros ating iam até dez quarteirões desde a mad ru gada. •

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té para inte lectuai s brasil eiros de esq uerd a, os projetos de le i que cri am cotas raciais não têm propósi to. Segundo e les, as cotas in sta lam legalme nte o racismo no Brasil sob pretexto de combatê- lo. O livro Divisões Perigosas: Políticas Raciais no Brasil Contemporâneo, recé m-lançado, reúne artigos de hi storiadores, antropólogos, geneticistas e educadores abertamente contrários a tais projetos, que tramitam no Congresso sob os auspícios da Secretaria Especial de Promoção de Políticas da Igua ldade Rac ia l. Entretanto o movimento pelas cotas segue e m frente, pois não visa corri gir nada, mas in sta lar a luta de c lasses e de raças em nosso tão sofrido Brasil. •

Eleitorado conservador dá vitória a candidato em Buenos Aires

Deputados revoltam-se contra excomunhão por defesa do aborto

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ezo ito deputados democratas ameri canos, que se identificam co mo cató li cos, censurara m S.S. Bento XVI porque este lembrou que políticos responsávei s por leis aborti stas podem ser excom un gados. Os deputados repudi ara m també m o fato de que a Igreja lhes ilegue a comunhão por promoverem o abo rto. Embora eles possam te ntar prejudicar a Igreja , não podem mudar no rm as di sc iplinares ex igidas pela moral e o Direito natural e divino. Mons. Arthur J. Serratelli (foto), bispo de Paterson, New J ersey, co nfirm o u que os político s que propugnam o abo rto não estão em condi ções de receber dignamente a Sagrada E ucari stia, que não lhes deve ser dada. •

Gobelins: instituição aristocratizante festeia 400 anos

CATOLICISMO

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produtor ele ci ne ma Pat Do ll arcl (foto) trocou Ho llywood pela frente de batalha e m Ramacl i (Jraque). "Eu estava assis-

tindo ao noticiário, e achei que a mJdia americana não estava contando uma lústória honesta, então resolvi ir ao Iraque para .fi.lmar e mostrar a realidade", expli cou o c in easta . E le produziu um a sé ri e el e docume ntári os intitulada Young Americans (Jovens Americanos). E nquanto isso, a mídi a e certo tipo de deputados cios EUA promov e m film es inv e rídi cos e antipa tri ót icos cio c in easta pró-C uba Mi c hae l M oore. Para Dollard, a míd ia ame rica na funciona como um "Mini stéri o ele Propaganda" cio Partido Democrata, ele orientação mais esq uerdi sta que o Republicano. •

UE prepara tratado para ladear aspiração popular

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presentando-se como ca ndidato de direita e conservador, o e ngenhei ro Maurício Macri fo i e leito prefeito de B uenos Aires. E le supe rou por larga margem (6 1% x 39%) o ca ndidato do populista presidente Kirchner. O res ultado sinali zo u um provável rumo das ele ições presi denciais deste ano . O cand id ato kirchnerista perdeu também na Província de T ie rra dei Fuego. O singul ar é que as sondagens dão ao preside nte Kirchner níveis ele popularidade entre 60 e 70% . As urnas mostraram que essas cifras não correspondem à realidade. A Argentina - ali ás, como o Brasil - não tinha um ca ndi dato que representasse o sentime nto conservador. Macri exp lorou esse vazio, e o blefe da esquerda ficou ev ide nte. •

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célebre Manufacture eles Gobelins de Paris festeja 400 ano , produzindo tapeçarias adm iráveis (foto). Neste an iversário, ela expõe excepc iona lmente algumas das s uas mais belas peças tecidas com fios de o u ro e prata. A Manufacture eles Gobelins nasceu sob o rei Henrique IV, no sécu lo XVI. E m l937 e la uniu- e ao Ostel du Roy, que desde o sécul o XIII fazia móveis para os servidores do rei. Hoje a in tituição fornece as mai s req uintadas peças de decoração pa ra os grandes órgãos públicos. A ex istência de instituições de espírito aristocratizante, como a Manufaclure eles Gobelins, é um saudável vestígio da França monárquico-aristocrática de séculos atrás, ainda vivo na atual França igua litári a nasc ida ela Revo lução Francesa. •

Cineasta americano iulga que a mídia não é honesta

Mode los macabros na São Paulo

Fashion Week

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São Paulo Fashion Week tocou o mais fun -

do cio poço ela extravagânc ia, cio mau gosto, ela pe rver ão e ela imoralidade com uma coleção de modelos masculinos macabros concebidos pelo e ti li sta Alexandre Herchcovitch . As roupas remetiam ao grupo rock satanista Kiss, da década de 80. A aparê nc ia era deliberadamente agressiva, a mú ica le mb rava marcha fúnebre, a cor dominante era a preta e os modelos portavam até instrumentos saci m·1soqu istas. A coleção fo i ovacionada pela platé ia. Essa apresentação representa prova caba l e r ·pu gnante de tendências satani stas n mundo mod ·rno. •

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ev ido à rec usa genera li zada elas popul ações à Constitui ção Européia, os dirigentes ela União Européia combin ara m uma reforma cio tipo passa-moleque, para ludibri ar a população. Em Bruxelas, aprovaram a redação de um novo texto que apenas " maquia a idéia ele Constituição". A finalidade elas alterações, segundo a agê nc ia EuroNews, é ocul tar aos cidadãos o fato ele estar sendo criado um Estado federa l europe u. Para o diário parisiense " Le Monde", o importante é que o novo tratado pareça sufic ientemente diferente ela re pudiada Co nstituição E uropéia, "para justificar o abandono da rar!ficação via referendum". Ou seja, para fu gir ela vontade popular, que em teoria é proclamada soberana ! •

Homeschooler vence concurso escolar nacional nos EUA

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va n M. O'Dorney (foto), de 13 anos, ganhou o dificílimo concurso anual Scripps National Spel/ing Bee. Ne le, os alunos elevem soletrar sem erro as palavras ditas por um locutor. O prêmio inclui 37 .000 dólares à vista e 5.000 dólares em bônus esco lare , e ntre outros be nefíc ios. A nov idade é que Evan é um homeschooler: estudou em casa sob orientação ela mãe, segundo informou o "Los Angeles Times". A le i nos EUA permite o horneschooling. Este sistema escolar tem mais de um milhão de a lunos, com altos índices de sucesso. Os pai preferem ens inar seus filhos em casa, indi vidua lme nte ou em g rupos, em vez ele expô- los aos riscos da droga, violência, promiscuidade sexual, e também do baixíssimo ap rendizado ele escolas públicas ou até privadas. •

Maomé: nome mais dado a recém-nascidos na Grã-Bretanha

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o Reino Unido, o segundo nome mais atribuído às crianças em 2006 foi Maomé, do fundador do Islã, e espera-se que neste ano se torne o primeiro, informou o diário londrino "The Times" . Maomé superou nomes tipicamente ingleses, como Thomas ou Oliver. A razão é óbvia : as famílias maometanas têm muito mais filhos que as inglesas, e mostram maior coerência com as falsas crenças introduzidas por Maomé. Os muçulmanos correspondem a 3 % da população britânica e estão em rápida expansão, pois atingem uma taxa de nascimento três vezes superior à dos nãoislâmicos.

Bolívia quer substituir o Corpus CJ1risti por (esta pagã

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a Bolívia, o Movimento ao Socialismo (MAS), do presidente Evo Morales, apresentou projeto de lei para substituir a comemoração de Corpus Christi pelo "ano novo aymara", de caráter pagão . O absurdo argumento usado é que a festividade católica é a "menos importante do ano", enquanto na realidade "adoramos o sol que nos beneficia, traz-nos calor e forço e não pede nodo". O texto foi apresentado em 21 de junho, solstício de inverno, em "agradecimento ao sol e à Pachomoma (Mãe Terra) ", explicou Hilário Calisaya, deputado do MAS. Eis um sintoma do populismo esquerdista, que visa varrer o catolicismo e retornar ao primitivismo e à barbárie pagã anterior à evangelização católica e ao processo civilizatório das Américas . Evidentemente, a primeira a perder com isso é o população de origem indígena.

AGOSTO 2007 -


INTERNACIONAL

Na Colômbia: Intensa pressão esquerdista internacional e sadia reação da opinião pública .Ante a impossibilidade de a guerrilha colombiana obter uma vitória militar, desencadeou-se poderosa pressão internacional, que tenta neutralizar a reação antiguerrilheira do país e produzir o derrotismo

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Sarkozy cumprimenta a filha de lngrid Betancourt. Esta aparece na foto da direita, extraída de filmagem realizada nas selvas colombianas, onde ela se encontra seqüestrada pela guerrilha

,nadas Re vo lucionárias da Co lômbia (FARC), grupo narcogue rri lhe iro que há anos ve m afli g indo a nação. Órgãos da impre nsa pe rg unta ram ao pres id e nte Uribe se e le havi a q ue ti o nado Sarkozy so bre os mo ti vos de s uas a pressadas so li c itações . " Preferi a confiança à curiosidade", respo nd eu o co lo mbi a no, a legando a ind a "razões de Estado". A partir de e ntão, a so li c itação do c hefe de Estado francês fi co u parecendo ex igênc ia. Uribe estava numa pos ição de-. fensiva . Como reag iri a?

A manobra cio "chanceler " das fiil.RC Lu1s Gu1LLERMO ARROYAVE

ico las Sa rkozy ass umiu a pres idê nc ia na França em 16 de maio úl tim o. No mes mo di a, à ta rde, viaj o u para a Ale manh a a fim de se e nco ntrar co m a chancele r An ge la M erke l. Desej ava destra var as re lações francoa le mãs e aca bar com o maras mo po líti co ex is te nte na Uni ão E uropé ia . O ri tmo frenético do mandatári o francês ass usto u. M as aquil o era só o co meço. Surpreende u ma is um a vez te lefonando, no d ia seg uinte , para Álvaro U ribe, pres ide nte da Co lômbia. Suge riu vá ri as med id as ao co lega co lo mbi ano , e ntre as q ua is a libe rtação de R odri go G rand a, o "c hance le r" das Forças Ar-

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C ATOLICISMO

Rodri go G randa fo i libertad o. E mui tos o utro guerrilhe iros, l 11 no tota l. O prime iro e ma is es pe tac ul ar res ultado esperado pe lo pres idente francês a seu gesto surpreendente era a libertação da fra nco-co lo mbi a na l ng rid Be tanco urt, ca ndid ata preside nc ia l nas e le ições de 2002, e que fo ra seqüestrada naque le ano pe las FARC. Espera até hoje e m vão a libe rtação, e parece qu e co ntinuará a aguardar. .. O dito "c hancele r" das FARC passo u a viver na sede da Confe rência Epi scopa l Co lo mbi a na . Ali dec larou -se, co m descaramento, um seqüestrado do Estado, como se fosse possível co mpara r as co ndi ções inumana s d os re fé ns d as FARC co m o tratamento que recebe na

sede dos bi s pos da Co lô mbi a. Aprove itou ainda sua libertação para tentar vi ra r o j ogo, co locando as FARC sob lu z favoráve l. Declarou repetidame nte que, se fosse assass in o, d e linqü e nte o u narcotrafi cante, não teri a s ido libertado; e que a França, co m seu pedido, tinha concedido às FARC reconhec ime nto político internac io nal. E m outras pa lavras, as FARC não seri am organização criminosa, mas um gru po que mereceria tratamento seme lhante ao di spensado a um Estado soberano ! M erecem ser ressa ltados outros aspectos da reação das FARC ao gesto uni lateral de Álvaro Uribe . E las não liber-

ta ra m ninguém. Pelo contrári o, seqüestraram o chefe da po líc ia do muni cípi o de Fl orida, no departa mento do Va lle, e ainda assassinaram friam ente 11 deputados que havi a m s ido ca pturad os e m 2002. Quase ning ué m duvida que fo i assass inato, e a es magadora mai ori a dos co lo mbi anos não acredita que tenha havido choque militar. Até o mo mento e m que escrevemos este arti go, os guerrilhe iros das FARC não entrega ram os 11 cadáveres dos políticos assass inados que estavam em , eu poder. Em outras palavras, a unilateral e g en e rosa a titud e go ve rn a me nt a l provocada, segundo parece, pe la pressão

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Nas ruas da cidade de Cali, cartazes em homenagem aos 11 deputados assassinados

/llflífll

AGOSTO 2007 -


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A te ntação fo i de desânimo, logo agora que injeções de estímul o e corage m seri am necessári as. Num combate, o pi or é a pe rda de confi a nça dos comandados e m re lação a seu chefe.

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O clamor da indignação popular tomou a s ruas das principais capitais do país

internacio na l, e não ape nas prove nie nte ele Pari s - te ve como resposta o recru desc imento ela vi o lê nc ia.

as pec to, po is fi co u num a pos ição de que m que r di a loga r, mas e ncontro u o interlocuto r fechado e irredutíve l.

Vigo,.osa rnação ela opinião pública

As cliversas perdas do /Jl'esidellte Uribe

No âmbito inte rno, elevou-se um rugido impress iona nte: o pote nte brado elas ru as, que re pe rc utiu no país inteiro. Em 5 de julho, mais de c inco milhões de manifesta ntes e nfurec idos ex igiram e m alta voz o fi m da violê nc ia, dos seqüestros, dos inqualifi cáveis crimes e da impuni dade das FA RC. Recla mara m a inda a li be rdade imedi ata dos mais de 2 mil colo mbi anos seq üestrados por essa o rgani zação te rrori sta, que a li a o crime a um programa re vo lucionári o radica l. Pro porc ionalme nte, se ri a co mo se no B ras il 22 milhões de pessoas desfil assem indi gnadas pe las ruas e praças das grandes c idades. O brad o to nitru a nte de " bas ta! " ecoou pelos va les, monLanh as, rua e praças do país ; sobretudo cl amou no inte ri or das consc iênc ias . De fa to, fo i mais uma demonstração, agora ma is cande nte, da inconfo rmidade po pular em re lação à guerrilha. Que j á vem de bom te mpo, po is decididame nte a Co lô mbi a não suporta as FA RC. O que ganhou Uribe com seu gesto de boa vo ntade? Talvez tenha me lhorado o seu prestíg io no ex teri or, mas não se sabe em que medida . E é de lá que estão partindo os tiros mais danosos co ntra e le . M a nifes tou dispos ição de di á logo, e recebe u como resposta uma estrepitosa bofetada das FARC; fo i hábi I neste

lnte rname nte, Uribe perde u muito: É claro que o exérc ito, que já sofre u o des falqu e de mui Los cios seus combatentes e m pro l da lei e da ordem, não se sentiu animado, qu ando seu comandante-em-chefe libe rtou inimigos encarniçados sem nada ex ig ir e m troca.

CATOLICISMO

1ª perda -

2ª perda - Se fora m libe rtados cri minosos c ulpados de graves de litos, não te ri am dire ito a semelha nte indul to outros de linqüe ntes hoje e ncarcerados por crimes muito menores? Eles rec lamara m. Se a libe rtação va le u para os mais c ul pados, não va le ri a ig ua lme nte pa ra os que tê m c ulpas me nores? C rimin osos co mun s e pessoas li ga d as ao narcotráfi co, mas com folh a corrida menos carregada, desejam recebe r tratame nto análogo. 3" perda - As chamadas fo rças para m i Iita res co metera m numerosos c ri mes, e mui tos de seus me mb ros es tão presos. Mas e ntre e les há pessoas que comete ram me nos delitos do que mui tos dos J l I gue rrilheiros liberados . A mi seri córdi a va le só para estes? Por que essa política que te m mão e não te m co nlramão? Por qu e "do is pesos e du as medi das"? E les ta mbé m qu e re m receber o mes mo tipo de tratame nto . 4ª perda - A sensação genera li zada nos setores mais sadi os e e né rg icos da Colô mbi a fo i a de que Uri be é sens íve l a pressões. Ele verga, se fo r muito press ionado . Com isso, verifi cou-se uma quebra de confi ança. Va le ri a a pe na troca r as c la ras e ponderáveis perdas in te rnas pe lo d iscutível ganho ex terno? Ko nrad Ade naue r, o presti g ioso c ha nce le r a le mão da reco nstrução de seu país após a Segund a G ue rra Mun d ial, te ri a uma resposta: A prime ira preocupação de um po líti co é co brir s ua própria área de influ ê nc ia ; depo is fa rá o resto, se der.

Agressão externa comra a Colômbia De fato , a ex temporânea int rvcnção de Nicolas Sarkozy só teve êx ilo rácil por não ser iso lada. Ex primi a o ansei o mais ou me nos generali zado de po líti cos no exteri or. Seu efeito fo i humilhar o pr 'sidcntc Uribe, não especialm ntc p lo 1u lc é,

mas sobretudo pe lo que, de mome nto, representa - o símbol o mais importante e vi sível da inconfo rmidade popular em face el a g ue rrilha narcocomuni sta. Por isso, Uribe está sendo agressivame nte tratado por muitos esquerdi stas que gozam de inegáve l influência na mídi a do mundo inteiro. Ele precisa ser abatido, para que sua causa fiqu e por terra. Entre tai s setores simpáticos à guerrilha, é necessário lembra r fo rças poderosas nos Estados Uni dos. Elas têm o vezo já a ntigo de agredir a migos e prestig iar inimi gos. São os paladinos da autode mo lição da Colômbi a. Exempl o mai s notório di sso foi a recusa do candidato derrotado à presidência norte-americana, A I Gore, hoje "garoto- propaga nda" da causa dos verdes, de participar de um fó rum em Miami , pelo fa to de a ele ter comparecido Álvaro Uribe. A esse propós ito, F rancisco Sa ntos, vice- pres idente da Colômbia, observou que a atitude de AI Gore constituiu uma afronta ao povo co lo mbi ano. E conc luiu : "Não se

pode brincar com. a dignidade nacional, corno ele f ez ". Os pastores ouvirão os justos clamores cio 110110? Estamo di ante de uma jogada po líti ca c láss ica. Ex iste um probl ema grave para o simpati zantes - dec larados ou di ss imul ados - das FA RC. Na Co lô mbi a conso lidou-se um ampl o e fo rte ses tor, bastante lúcido, que não está di sposto a cede r di ante da g uerrilha, e seu programa é extirpar do país as FARC. Como liquidar tal setor, se internamente e le está resistindo com galhardia aos ataques? Já começou a te ntativa de sua liquidação. O s golpes contra e le estão vindo, sobretudo do exteri or. E assim , tra balhase ago ra para c ri ar na opinião pública co lo mbi a na (em espec ia l, nos seus segmentos mais reativos) a impressão ele que e la está tota lmente isolada, de que sua causa não desperta nenhum a simpati a no mundo. E que, e m conseqüência, se e la qui ser estar e m sinto ni a com o que há de ma is mo de rn o e influe nte, prec isa ri a mud ar logo de pos ição . Se não, virá o os trac is mo , e a Colô mbia to rnar-se-á um a nação pá ri a no co ncerto mundi a l. Cede r a nte essa pressão constitui uma co lossal te ntação. Ta l campanha pró-guerrilhe iros a pre-

senta ataques arbitrários e fl ag rantemente injustos contra o presidente co lombiano; mas, na realidade, seu alvo principal é a parte mais reativa do país, seu setor mais conservador e cató lico, que deseja que a nação não rompa com seu passado de tradi ção cri stã. É necessário trucidar rapidame nte esse setor, po is ele tem obti do vitórias significativas. So bre essa parte sadia da opini ão pública colombiana, majoritariamente católica, deveri a incidir de form a especial a solicitude do c lero. O Epi scopado deve ria protegê- la e fortalecêla, segundo a frase da Sagrada Escritura: "Eu vi a aflição do meu povo. O clamor

dos filhos de Israel chegou até mim. e eu vi a sua aflição" (Ex. , 3, 7-9). Desejamos muito que a Hierarqui a católica o faça . Es perança vã? Só o futuro dirá.

O lançame11to de 11111 Hugo C/Jávez colombiano? Se não ho uver reação puj ante e consc ie nte, à altura da campanha internac iona l que se desencadeou contra o povo co lombiano, é de se te mer que, em po uco tempo, o ve neno da in segura nça penetre até nos setores rn a i_s e nérg icos.

Após a insegurança virá o desânimo; a seguir, o derrotis mo . É o que espre itam os pró-guerrilhe iros. Ning uém, com um mínimo de senso da rea lidade, julga q ue as próprias FARC ca lc ulem obter uma vitóri a militar ; mui to me nos, co nsegui r adesão da opini ão pública a seus princípios socialo-comu ni stas . Seus objetivos são outros, e o pri meiro de les está à vista. Co m o de rroti s mo, esta rão postas condi ções propíc ias para o lançame nto de urna candidatu ra pre iclenc ial de opos ição, provavelmente ligada ao Pólo Democrático, c ujo programa apresentar á seme lhanças com o de Rafael Corrêa do Equador e Hugo Chá vez da Venezue la . Financ iamento do exte rior, certamente não lhe faltará; arti manhas de toda ordem, também não. E então, se a candid atura do Pólo Democrático fo r vitori osa , ocorre rá o truc idamento do que a Colômbi a tem de melhor, e as FARC alcançarão estrondosa vitóri a. Di ante de tão grave perspectiva, a apatia e a indi fe re nça tornam-se crimi nosas. • E-mail para o autor: arroyave@catol icismo com br

AGOSTO 2007 -


INFORMATIVO RURAL

'I Quem julgará a "ide11ticlacle cultural"

Quilombolas, nova frente de conflitos e agitação

O

termo quilombo, que identificava um grupo fo rmado por escravos forag idos, teve o seu sig nificado adulterado pela esquerda, a fim de instrumentalizar para a luta de c lasses e racial o artigo 68 da Constitui ção Federal de 1988. Essa Constituição reconheceu o direito de propriedade definitiva aos remanescentes das comunidades de quilombos que estejam ocupando suas terras.

O que determina a Constituição Para regu lame ntar o di spos iti vo constitucional, o Executivo promulgou o Decreto 4887/03, determinando que os únicos critérios para reconhecimento da condi ção de quilombola, e para delimitar as áreas por e les ocupáveis, são na prática o da autodefinição e o da própria indicação. Ainda por determinação do decreto, a Fundação Cultural Palmares pode reco nh ecer co mo quilombo qualquer com unidade afro-descendente, ainda que não esteja ocupando as terras que pretende. A pseudo-fund amentação desse absurdo é a Convenção 169 ela Organi zação Internacio nal do Trabalho (OIT), que prevê o direito de autodeterminação dos povos indígenas e tribai s. Se essa lógica for levada a sério, os povos indígenas e tribais deverão constituir-se em estados independentes dentro do territóri o brasil e iro! Absurdo que nenhum bras il eiro sensato pode querer, poi s co nstitui um a potencial fonte de conflitos e provável discriminação rac ial por parte de negros e ind ígenas contra brancos.

Encrenca de proporções inimaginá veis Esse decreto 4.887 /03, segundo esCATOLICISMO

tudo apresentado pela CNA (Confederação Nacional da Agric ultura) e pela Abraf (Assoc iação Brasileira de Produto res de F lorestas Plantadas), poderá levar o Estado a destinar aos quilombolas até 21 milhões de hectares de terras em todo o País, área eq ui valente a cinco vezes a do Estado do Rio de Ja neiro. E is os números:

Pelo decreto, a Fundação Cultural Palmares ficou inc umbida de assistir e acompanhar o Ministério do Desenvol vimento Agrário e o JNCRA para ga rantir a identidade cultu ra l dos re manescentes das comunidades dos quilombos. Vejam bem o critério: identidade cultural cios autodefi nidos quilombolas. Uma avaliação - que tem sido sempre apressada e burocrática - tem autoridade para discernir essa qualidade indefi nida e discutível como critério de concessão. O Mini stéri o do Dese nv o lvime nto Agrário, através do INCRA - o confu-

O referido decreto criou ass im o absurdo conceito de autodefinição da própria com unidade. Co m a intensa mi sc igenação que houve no Bras il entre europeus, índios e africa nos, quase todo mundo pode se dizer um afro-descendente ou qui lombola. Como certifi car-se da verac idade dessas autodefi nições?

Comunidades Quilombolas Comunidades já certificadas ......................... ............ ... .... ......... 854 Comunidades com áreas já delimitadas pelo lncra .... .. ......... ..... 53 Total em ha das áreas já delimitadas ....... ............. ............. 326.167 Média de habitantes por comunidade .................................... 6.150 Número de famílias residentes nas comunidades ................. 3.866 Média da relação área/família em hectares .. ....... ..... .......... .. .... ... 74

Expansão Comunidades a serem reconhecidas .... .. ........... .. .......... ......... 3.000 Estimativa da área a ser demarcada em ha ............. ..... .21.000.000

lnStl'U11Je11talizando a Constituição A Co nstituição de 1988 mandou apenas que se reconhecesse o direito de propt·iedade das com unidades de qui lombos que estivessem oc upando suas te rras. Como f ica fac ilm e nte compree nsível, trata-se tão só de uma questão de regulamentação fundi ári a. O decreto extrapo lou comp letamente. Ou seja, quem se declara afro-descende nte passa a ter automaticamente direi tos adquiridos sobre terras a lhe ias, pela s imples dec laração de que e las te riam pertencido a seus antepassados.

Segundo reportagem pub li cada pela

BBC Brasil, o sambi . ta cari oca con hecido como "Neguinho da Beija-Flor", "que leva a cor da pele no nome artístico, é geneticamente mais europeu do que afi·icano, como indica uma análise de seu DNA feita a pedido da BBC Bra. il, corno parte do projeto Raízes Afro-brasileiras". 67, 1% de seus genes têm o ri g m na Eu ropa, e ape nas 3 1,5% na África. "Eu-

ropeu, eu ? Um negão desse?" - disse, aponl.ando para si mesmo num 10111 en1.re divertido e desconfiado. Está assim criada a confusão! Que m é afro-descendente neste País?

O presidente Lula ao lodo de Bartolomeu Florêncio, líder de seis comunidades quilombolos de Pernambuco

Outro cri tério que acompanha a autodefi n ição é a pró pria indicação :

"Para a medição e demarcação das terras, são levados em consideração critérios de territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades dos quilombo las". Como bem di z o jornalista Marcos de Sá Co rrêa, em co me ntário j ocoso mas rea l, "para todos os efeitos legais, qui-

tombola é quem se diz quilombola. E quilombo é tudo que o quilombola acha que é seu". E conclui: "Nenhum brasileiro precisa ir muito longe para enconl.rar wn quilombo na esquina de casa. Se algum.a coisa está acontecendo pela-primeiravez-na-história-deste-País, ou mesmo des1.e planeta, é que, 120 anos depois da Lei Áurea, o Brasil produz quilombo/as corno nunca" ("O Estado de S. Paulo, 4-7-07).

AGOSTO 2007 -


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ENTREVISTA .

Para o propl'ietário,

o que resta?

Quilombinhos reunidos em Brasília

so e apressado órgão, bem apare lhado pelo MST e pe la Pastoral da Terra - ficou com a incumbência da identificação, reconhec ime nto, delimitação, demarcação e titul ação das terras ocupadas. E prontificou-se a patrocinar a causa de perto de 3.000 comunidades auto-definid as quilombolas, integrando-as às 8.000 ass im cha madas "comunidades tradicionais", que re ivi nclicam cada uma um pedaço cio território nac iona l! No caso dos quilombolas, o INCRA age ex-ofíc io o u po r req uerime nto de qualquer interessado. Na prática, é a luta de raças instituc ionalizada. Os quilomboJas be nefic iados são obrigados a formar um a assoc iação, que

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é titul ada. Ou seja, coletivi smo agrário do tipo russo o u chinês. O título é coletivo e pró-indivi so, com obri gatoriedade de cláusula de ina lienabi lidade, imprescritibilidade e impenhorabi lidade. Tudo fica nas mãos do Estado. Os quilombolas passam a ter dü·eito coletivo à área delimitada e a todas as be nesses do governo, isto é, verbas, fi nanciamentos, bolsa-família, cestas básicas, etc. Basta que para isso saibam reivindicar e venham a fazer parte dos movimentos ditos sociais ou congêneres cio MST. E de fa to já estão sendo organizados pela esquerda. Exempl o é o Congresso dos quilombinhos, reali zado em Brasília entre 1° e 4 de julho, reunindo

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N osso entrevistado, Dr. Emilson França de Queiroz, coloca nos devidos termos o que ora se divulga sobre questões ambientais, que vêm sendo apresentadas com muitos exageros sobre suas conseqüências

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ma "avalanche" de notíci as relativas ao meio ambiente é difundida por certos tipos de ecólogos e ONGs ambientalistas. Estas foram constituídas, em parte, por pessoas que, com o desmoronamento do regime comunista, e na condição de "órfãs" do mesmo, servem-se da questão ecológica para sobreviverem. Por esse artifício, conseguem continuar sua pregação ideológica a favor do socialismo. Órgãos da grande mídia encarregaram-se de divulgar uma série de notícias alarmantes so- .g bre possíveis impactos do "aque~ cimento global" e da intensifica- Js ~ ção do "efeito de estufo", em decorrência de atividades humanas, ] sobre os ecossistemas planetários e sobre o próprio homem . A amplificação e as distorções de hipóteses, observações e resultados científicos sobre diversos temas ligados ao meio ambiente têm contribuído para difundir informações confusas e emocionais. Tudo isso vem provocando na população perplexidades e até pânico, deixando a opinião pública sem meios para distinguir o que é real e o que é mera fantasia. A fim de elucidar esse emaranhado, além da matéria de capa desta edição, Catolicismo - por meio de seu colaborador em Brasília, o jornalista Nelson Ramos Barretto - entrevistou o engenheiro agrônomo Dr. Emilson França de Queiroz. Formado pela

Universidade Rural do Rio de Janeiro, com Mestrado em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Doutorado também em Agronomia pela Universidade de São Paulo, é pesquisador da EMBRAPA. Enquanto Diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Brasília), foi representante do Brasil junto à Organização Mundial de Meteorologia (OMM), organismo governamental especializado da ONU, tendo participado do Conselho Executivo daquela organização, localizada em Genebra (Suíça) .

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CATOLICISMO

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Desmistificando as "aterrorizantes previsões" ecológicas

crianças de quilombos de todo o Brasil, que já começam a ser mobili zados politicamente a exempl o cios sem-terrinhas.

Para o legítimo propriet,1rio das terras resta "q ue ixar-se ao bispo" ou interpor um a ação direta de inconstitucionalidade (ADIN), ou então mover um demorado e custoso processo judicial. No final a Justiça deveria reconhecer a inconslilucionaliclacle cio decreto de L ul a. M as será que o fa ri a, di ante do problema socia l que estaria cri ando? Reconhec ida a inconstitucionalidade patente cio decreto, o que faze r com essa gente arreba nh ada para protestar? Para isso aí estão os defensores cio Direito Alternativo, para defendê-los apesa r da le i. A confu são e o fato consumado estão cri ados, quando não a revolução soc ial. Assim navega o País. Fora cios rumos cios princípios básicos do Direito Natural que regem a Civilização Cristã legacia por nossos mai ores, e escorrega ndo pelo tobogã da co letivização rumo ao socia li smo mais exacerbado. Mai s uma espada perigosíss ima sobre a cabeça cios proprietários rurais e um a ameaça para as áreas verdes do Estado, pois estas são também visadas. Já pensaram na Ilha de Marambaia ocupada por um desses quilombos? Pois há um que está chegando lá, oc upando quase 70% da área. •

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/Ji: Umi/.-;011:

"Existe 11111 ambientalismo ideologizado e emocional, que tem adotado posições cada vez mais radicais, at'astal1(/o-se insensatamente da racionalidade"

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Catolicismo - Do debate em voga sobre ecologia e meio ambiente, participam várias correntes. Como é que o Sr. distingue o ambientalismo sadio do ambientalismo malsão, ou seja, como separar o "joio do trigo"? D1: Emil.w n- Em toda ativid ade humana, há pes-

soas que atuam co rreta mente e outras que se desviam voluntária ou involuntariamente. Ex iste hoje um ambientali smo icleo logizado e emocional, que tem adotado posições cada vez mais rad ica is, afastando-se in sensatamente ela rac io na lid ade e das bases técnico-c ientíficas cio tema. Ta l ambi ental ismo chega quase às ra ias ela utopia, tornando-se criticável , pois , desse modo, dificilmente trará benefícios para a construção ele um ambiente planetário sadio. Há também um grupo ele ambi entali stas , AGOSTO 2007 -


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constituído por profissionais cios órgãos governamentais, da iniciativa privacla ·e de organizações nãogo vername ntai s, que se dedicam à tarefa de viabilizar a conc ili ação e ntre me io ambiente e outros objetivos das nações, sendo o mais evidente a conciliação com o desenvolvimento econômico e social. Finalmente, temos os cidadãos das mais diversas profissões e atividades humanas que, mes mo não exercendo funções diretamente li gadas ao me io ambiente, compreendem a necessidade de nos preocuparmos e agirmos para se obter um ambie nte mai s saudável em todo o mundo. Além disso, todos nós, profissionai s da área ou não, somos am bi entali stas no sentido de que devemos ad mirar as belezas da natureza cri ada por Deus para uso e proveito cio ho me m. C re io que este seria um ambi ental ismo sadio que, alé m de contribuir para a vicia material cio homem, é um instrumento para e levação da a lma a Deus, como muito be m formulou Santo Tomás de Aquino. Ou seja, o homem é mai s importante que o meio ambiente, e não o contrário, como parecem pensar os ambientalistas utóp icos. Catolicismo - O Sr. apontaria alguns cuidados para o uso da terra com esses exemplos de tecnologia conhecidos ao longo dos séculos, na exploração criteriosa dos recursos naturais? Dr. Emilson - Na atividade agropecuária, o princ ipal obj etivo é a produção de a lime ntos e, mais rece nte mente, a produção de e nergia. Para minimizar os impactos da ativ idade agropec uári a sobre o me io ambi ente, fora m desenvolvidos e ac umul ados ao longo cio tempo uma série de conheci me ntos e tecnologias. Principalmente na segund a metade cio sécul o XX, com o advento da mecani zação das operações agrícolas e a in sta lação da atividade agropecuária de grande escala em muitos países, os impactos se agravara m. Assim, um gra nde leq ue de políticas, estratég ias gove rn a mentais e tecnologias vem sendo ap li cado para garantir a sustentabilidade das atividades ag ropecuárias e fl orestais. E ntre estas podemos citar, a título de exemplo, algumas das mais conhecidas: 1) med idas de conservação do so lo e da ág ua ; 2) zo neame nto ecológico-econô mi co e m nível nacio na l e regional; 3) classificação das terras e planejamento de seu uso, procurando-se destinar as terras para o uso mais

CATOLICISMO

Um grande leque de políticas, estratégias governamentais e tecnologias vem sendo aplicado para garantir a sustentabilidade das atividades agropecuárias e floresta is

"O desmatamento deve ser co11troJado rigorosame11te. Qua11do praticado com critél'io, permite a utilização dos recursos naturais para a sobrevivência"

adequ ado e suste ntável; 4) criação de gra ndes áreas para exploração econô mica de fl orestas o u para preservação da fa un a e da bi odivers idade. Tais medidas, quando utili zadas sensata me nte e sem exageros, realmente podem reduzir o impacto do home m so bre o me io ambi ente, permitindo um a utili zação duradoura do mes mo. E ntre tanto, os a mbie nta li stas utóp icos, ad mitindo o mito da intocabiliclade da natureza, criti cam ta l utili zação dos rec ursos naturais, have nd o hoj e um a tendência muito clara para "crimina li za r" o desmatamento e a ex pa nsão das fro nteiras agrícolas. O desmatamento , constituindo um forte impacto sob re o me io ambi ente, rea lme nte deve ser controlado ri gorosa me nte. Quando praticado com c ritério e so b controle, como ocorre no caso de nossa agro pec uária , permite a utili zação cios rec ursos naturai s para a sobrevivênc ia do ho me m, o que sempre fo i considerado líc ito. Catolicismo - Está na ordem do dia a questão do impacto da construção das usinas hidrelétricas sobre o meio ambiente. Neste caso, o que seria uma ecologia sadia e uma utópica? Dr. Emilson - O Brasil tem muitas possibilidades de aproveita mento de quedas de ág ua para a geração de energ ia e létri ca. É uma das nossas maiores riquezas. A e nge nharia brasileira, talvez por isso mes mo, detém a lta co mpetência e tecno logia de ponta para a construção de hidre létricas, o que é reconhecido mundialmente. Por isso a matriz energética brasileira é uma das mai limpas do mundo. Ecologia sad ia está sendo a construção de nossas hidrelétricas, com os dev idos cuidados para reduzir os impactos sobre o me io a mbi ente, produzindo energia limpa, o que compensa plenamente os impactos causados. Utopia seria não adm itir nenhum impacto sobre a natureza para a construção de hidrelétricas, mes mo que isto signifique a paralisação de nosso desenvolvimento econômico e social. Tais propostas são baseadas no mito da intocabilidade da natureza, entre outros. Utopia seria também impedir a construção das hidrelétricas sem conseguir propor altern ativas viáveis, reais e igualme nte li mpas, que garantam energ ia para o nosso desenvolvimento. O homem pode e deve utili zar o recursos naturais em seu benefício, desde que e nsatamente e controladamente.

Catolicismo - Qual a real proporção que pode ser atribuída ao Brasil no aquecimento global e na intensificação do efeito de estufa? D,: Emilson - A contribuição cio Brasil para o aquec imento g lobal e para a inte nsificação do efe ito de estufa é muito peq uena, porque nossa matriz e nergética é muito limpa. E isto ocorre, principalmente, por doi s motivos: 1º) A Providência Divina nos favoreceu com a possibilidade de geração de e nergia e létri ca limpa; 2º) Co nseg uim os, há quase 50 anos, o perar a tecnologia de produção de álcoo l para utilização e m moto res a co mbu stão. H oj e, no Brasil, a quantidade de á lcoo l ad ic io nada à gaso lina chega aprox imadamente a 20% do consumo de combustíve is. Segundo dados cio Departamento ele Energ ia dos EUA , ca lc ul ados para todos os países do mundo, o Bras il emitiu um total an ual de 8 1.000.000 (o itenta e um milhões) de toneladas de C0 2 em 2003, o que corresponde ao vigésimo lugar no ranking in tern aciona l. Por outro lado, a em issão per capila também é uma elas mais baixas cio planeta, ou seja, ele 0,46 tone ladas por hab ita nte por ano. Entretanto os exageros e distorções na aprese ntação dos dados por certos órgãos da mídia brasileira, algumas vezes ace itando o papel de meras caixas de ressonânc ia da mídi a intern ac ional, produzem na população nac io na l a impressão ele que o Bras il é um cios vilões da intensificação do efe ito de estufa e do aq uec imento g loba l, o que não é verdade e não podemos aceita r. Catolicismo - O Sr. julga possível uma parceria com os EUA, Japão e outros países para ampliar a utilização do etanol e outros biocombustíveis? Dr. Emilson - Te nho certeza de que não só é possível, mas q ue pode ser um a grande so lu ção e real a lte rn ativa para uma gradual substituição do petróleo. Temos um superávit de rad iação so lar praticamente em todo o nosso te rritóri o, situado em região tropi ca l. Ou sej a, ao longo do ano, em sua maio r parte, nunca ocorre defic iê nc ia de radiação so lar. Possuímos a lé m di sso um imenso território bem servido ele água. Ass im , di spomos dos três elementos essenc iais para que a atividade agropec uári a seja exercida em grande esca la, tanto para a produção ele alimentos quanto para a de energia, como o álcoo l e

O s biocom bustíve is são alternativas re ais, limpas e de grande porte para substituição dos combustíveis fósseis

"A contl'ibuição do JJrasil para o aquecimento global e para a intensificação cio efeito de estuta é muito pequena, porque nossa matriz eiwrgética é muito limpa "

o biodiesel. Ao contrári o, os países do hemisféri o norte, situ ados em regiões temperadas e frias, sofrem deficiência de rad iação solar em gra nde parte do ano. Ao longo cios séculos, temos sido um gra nde fo rnecedor de alimentos para a Europa, EUA e, mai s recentemente, para a Ásia . Do mes mo modo que somos tradicionais fornecedores ele alimentos, ago ra poderemos - de modo real, eficiente e sustentáve l ao longo cio tempo - ser fo rnecedores ele energia, contida no á lcool e no biocliesel. Com a vantagem de que esses biocombustívei s são alternativas reais, limpas e de gran de porte para substituição dos combustíveis fósse is. Os EUA e o Japão são os primeiros a se interessarem por um a parceria com o Bras il neste sentido. Tal parceria também poderá ser praticada com outros países da Ásia, bem como da E uropa. E nte ndo que tal parceri a é a lta me nte co nve ni ente para nós e para e les, em razão ele atender à necessidade cada vez ma is clara de se te r a lte rn ativas limpas, reais e de grande porte para uma gradual substituição dos combustíveis fósseis. A parceri a com os países da África te rá caracterísli cas muito próprias e poderá se ini ciar com o desenvolvimento e a transferência ele tecno logia de produção cios biocombustíveis. É prec iso, entretanto, que fique c laro que não vemos os bi ocombustíveis como uma panacé ia, mas como uma fonte a lte rnativa e re leva nte ele energia e mai s uma oportunidade para o Brasil intensificar o seu desenvo lvi mento econô mi co e soc ial. Catolicismo - E o que pensa da crítica que fazem à produção de biocombustível, apontada como prejudicial à produção de alimentos? Dr. Emilson - Quan lo ocorre uma nova descoberta, é logo transformada e m tecnolog ia, que gera mudanças nos padrões humanos e, freqüe ntemente, muita ans iedade, discu ssões sobre suas conseqüências de caráter econômi co, soc ia l, ético e mora l. As tecno log ias que não conseguem melhorar o pad rão de be m-estar ela humani dade são, e m ge ra l, aba ndonadas. Em primeiro luga r, a utili zação do á lcoo l pelo Bras il e por o utros países não vai se expand ir de um a hora para o utra. Nós esta mos incorporando á lcool à gasolina há ap roximadamente 50 anos. Agora é que o consum o total ele combustíveis no Bras il at ing iu a proporção de 20% de biocombustíveis para

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80% de petró leo. O processo é gradual , porque, entre outros fatores, o álcool terá que c ustar ainda mais barato para que um número crescente de consumi dores aceite a substituição. Os biocombustíve is terão que competir economi camente com o petró leo. Por outro lado, mesmo com a ocorrênci a de um boo,n nac ional ou internacional de consumo de biocombu stíve is, es pera-se qu e grand e parte do mesmo poderá ser absorvida pe la efetiva e imediata capacidade de o Brasil destinar à produ ção da cana-de-açúcar dezenas ele milhões ele hectares ele terras ag ri cultáve is, as qu ais atu almente constituem pas tagens degrad adas. Com essas perspectivas es pera-se que um eve ntual impacto sobre os preços dos alimentos sej a ele pequena magnitude e, po rtanto, control áve l. Catolicismo - A cana vai se transformar numa monocultura? D1: Emilson - A c ultura da canade-açúcar, da soj a, do ca fé e outras j á são monocultu ras e m algumas áreas cio Brasil. As culturas da soj a e cio milho são monoculturas nos EUA . A questão da monocultura preci sa ser bem ente ndid a. Ela não é um a decisão to mada apenas pelo agri cultor, as pecto que não tem sido muito be m co locado na mídi a. A monocultura é conseqüência, em primeiro luga r, da ex istênc ia de g randes c idades como São Paul o, Ri o de Jane iro, Londres, Nova York, M oscou, Nova De li , Pequim , etc., que consomem enorm es qu antidades ele a limentos e não produ ze m o sufic iente para si mes mas . À medid a que essas c id ades iam se fo rmand o ao lo ngo cios sécul os, princ ipa lmente a partir da Re vo lução Indu strial , fora m ex ig ind o a limentos de regiões cada vez ma is di stantes. Se o lharm os essa evo lução hi stó ri ca, veremos que é da í que vêm as gra ndes co ncentrações d a produ ção de a limentos nos EUA , Europa, Ás ia e também no Brasil. Nessas áreas se estabe leceu uma re lação adequ ada entre as c ulturas agríco las e o me io ambi e nte fís ico e econô mi co , provocando o estabe lec imento elas monoculturas. Não há como atender à demanda dessas grandes concentrações urbanas, a não ser com a produção mecani zada em grande escala, completamente dife rente da produção que ocorri a na Europa medieval, constituída por pequenas cidades cli tribuíclas por um grande territóri o. Então era possível a um município ser

CATOLICISMO

O Brasil precisa destinar à produção da cana-de -açúcar dezenas de milhões de hectares de terras agricultáveis, as quais atualmente constituem pastagens degradadas

"Se não fosse o el'eito <le estufa natural, a temperatura anual da supertície terl'estre seria 33°C mais baixa. Nossa forma de , 1ida não seria /JOSSÍl'el".

muito mais auto-suficiente na produção cios próprios alimentos cio que os municípios das grandes cidades modern as. A monocultura apresenta alguns inconvenientes. Entretanto é uma necessidade em fun ção da di stribuição demográfica elas grandes cidades de hoje, completamente dife rentes dos tempos em que as cidades eram menores e mais auto-suficientes em termos de alimentos, como já fi cou dito. O principal inconveniente é que a monoc ultura é um agroecoss iste ma muito frágil em relação à ocorrência de doenças e pragas das culturas e em relação à vari abilidade natural cio c lima . E la é sustentada, em parte, pela adoção ele medidas operacionais e da form ação de sistemas nacionais e internacionais de controle e vigilância sanitári a vegetal e animal. Catolicismo - Sobre a questão do efeito de estufa, o Sr. poderia dar uma explicação ao alcance de um leigo? Em que consiste e o que tem de verdadeiro? D,: Emil.1·011 - Em prime iro luga r, e le é um fe nômeno natural conhec ido há bastante te mpo e fundamental para a forma s ele vida ex istentes na Terra. Seg und o estimativas confiáve is, se não fosse o e fe ito de estufa natural , a temperatura anual ela superfíc ie terrestre seria 33ºC ma is bai xa. Nossa fo rm a ele vicia não seri a poss ível. O efe ito de estufa é, portanto, um fe nômeno benéfi co, colocado pe la Sabedo ri a infinita cio C ri ado r, para que o ho mem possa habitar a Terra. E m concreto , o ef eito de esti!f'a é causado pe la presença de gases na atmosfera, princ ipalmente o vapor ele água, di óx ido de carbono (CO 2) , o metano (CH,), e a lguns outros, que têm a pro pri edade de deixa r passa r a radi ação solar, mas que "apri sionam" a radiação emitida pe la superfíc ie terrestre. Esses gases atuam como o vidro ele um a estufa: a radi ação so lar passa pe lo vidro sem sofrer muita inte rfe rênc ia e atinge a superfície da es tufa. Ao ating i-1.a, a radi ação so lar é absorvida. Depo is, a supe rfíc ie da estufa e mite uma o utra fo rma de radi ação, de o nda longa, que é a radiação te rrestre. Essa radi ação é e ntão parc ia lmente impedid a de atravessar o vidro ela estufa, sendo reemitida para o c hão da mesm a. Processo aná logo aco ntece na atmosfera, na qu a l os gases de efe ito de estufa, co mpo rtando-se de modo s imil ar ao vidro da estufa, de ix am passar a radi ação so lar e m direção à superfíc ie ci o pl aneta . Mas qu ando a radiação terrestre é emitida, os gases

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ele e fe ito ele estufa aprisionam parte desta radi ação e a e mite m de volta para a supe rfície terrestre . Essa radiação reemitida pela atmosfera constitui o efeito de esti1fá e res ulta nos 33ºC de aquecimento suplementar ele nosso pl aneta . Acontece que, a partir ela Revo lução Industrial , o homem te m emitido grande qu antidade de gases cio efeito de estufa, espec ialmente o CO 2 , oriundo ela queima cio carvão, cio petró leo ou cio gás natural , bem como ela fabri cação de cimento. Por outro lado, tem-se observado o aume nto ela concentração desses ga es na atmosfera, paral elame nte a um aumento gradu a l ela temperatura médi a anual cio planeta. D esses conceitos e observações surg iu a hipótese de que o homem esta ri a intens.ifica nclo o efeito ele estufa natural , com conseqüênci as mais ou menos graves para as atividades humana e para o meio ambiente. Catolicismo - Essa emissão é causada pela natureza e pelo homem em qual proporção? Dr. Emilson- Essas proporções eleve m ser vi stas com caute la em virtude das dificuldades ele estimálas com precisão. Estimamos que os fluxos ele carbono entre os oceanos e a atmosfera são ela ordem ele 100 bilhões ele toneladas ele carbono por ano. Os flux os ele carbono entre a vegetação, todos os seres . vivos, cios continentes e cios oceanos, bem como da atmosfera, são ele 120 bilhões ele toneladas ele carbono por ano. As emi ssões causadas pelas atividades humanas são da ordem ele 9 bilhões ele toneladas ele carbono por ano. Estaríamos, grosso ,nodo, com uma estimativa ele 229 bilhões de toneladas ele carbono para as emi ssões naturais e antropogênicas, somadas. Se admitirmos um erro ele 5% nessas estimativas, que pode ser considerado baixo, teríamos um erro total ele 10 bilhões ele tone ladas, o que seri a igua l ou ligeiramente superi or à quantidade ele gases que a atividade cio homem emite. Daí se pode ver que, apesar cios grandes valores absolutos, as emi ssões pro vocadas pelo homem são pequenas e m relação às emissões naturais ele carbono para a atmosfera. Catolicismo - Essas previsões constituem probabilidades sem muitas certezas? Dr. Emilso11 - A hipótese do aquecime nto global está fund amentada em três premi ssas bás icas: J) a séri e de te mpe ratura médi a g lo bal cio ar observ ada nos últimos 140 anos; 2) a observação sobre o a u-

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As emissões de C0 2 provocadas pelo homem são pequenas em relação às emissões dos oceanos

':1 lloresta amazô11ica não é o pulmão <lo mw1do. Os oceanos pela sua extensão <le 351 milhões de km 2 , e /JOI' trocar C0 2 com a atmosfera, é que são o pulmão do mull(/o".

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mento ela conce ntração ci o CO 2 na atmos fe ra ; 3) os resultados produz idos por mode los ele simul ação cio clima. H á cienti stas que, ana li sando as in certezas contidas e m cada um a dessas três pre mi ssas, e nte nde m qu e ainda não se justifi ca pensar qu e são as atividades humanas as res po nsá ve is prin cipa is pe lo aquec ime nto g loba l e inte nsificação do efe ito ele estu fa. D esse modo ele ve mos ter muita caute la e m adotar po líti cas e estra tég ias baseadas nessas incertezas, es pecia lmente naqu elas qu e res ultam e m g rav es impedimentos pa ra o nosso desenvo lvime nto eco nô mi co e soc ial. Catolicismo - Como fica a questão da Amazônia, considerada o "pulmão do mundo". O que há de real nisso? Dr. Emilson - Toda floresta, como qualquer ser vivo na sua fase ele crescimento, absorve e acumul a carbono. Isso porque a quantidade absorvida através ela fotossíntese é maior do que a emitida pela respiração. A fl oresta cresce, mas chega um determinado ponto em que está madura e sua emissão de carbono se iguala à cio carbono que e la absorve. Nesse aspecto, ela se torna um ser totalmente neutJo. Ass im também nós. E nquanto crescemos, acumulamos carbono. Quando chegamos à idade adulta, o que absorvemos é igual ao que emitimos - paramos e não crescemos mais. O mesmo sucede com qualquer ser vivo e também com qualquer fl oresta como a Amazônia. A fl oresta amazônica não é o " pulmão cio mundo". O " pulmão do mundo" são os oceanos. Pe la sua extensão ele 351 milhões ele quilômetros quadrados e pela sua capacidade ele continuamente trocar CO 2 com a atmosfera. De longe, são os oceanos que controlam a quantidade de CO 2 e também a de vapor ele água exi stentes na atmosfera . Catolicismo - Como controlam? Dr. Emilson - Pe la variação ele te mpe ratu ra . À me dida que a te mperatura aume nta, e les e mite m mai s CO 2 ; e à medida que a te mperatura diminui , e les ac umulam ma is C O 2 pela sua di ssolu ção na ág ua do mar. Isso aco ntece nesses 35 J milhões de km 2 ele superfície dos oceanos Não há propo rção com nenhuma fl oresta do mundo. Não só pela área elas fl o restas como també m pe lo fato de que , qu ando as fl o restas atingem sua maturidade, to rn am-se ne utras no sentido ele que a absorção se igua la à e mi ssão de CO 2• • AGOSTO 2007 -


R ecente livro de conhecido membro da Academia de Ciências da França denuncia: ecologistas constituem uma "seita" contrária ao progresso e ao próprio homem; aterrorizam o mundo com previsões catastróficas sem qualquer fundamento em dados científicos sérios. n

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PEDRO

Luís AMARANTE

ma ca mpanha mundi al dos meios de informação - e (de)form ação - da opini ão pública proc ura impor a moda da ecologia: é bonito gostar do " verde", viver como índio, consumir biodegradávei s e comer produtos naturai s. I sso é bom ou ruim ? O que tem a ver com a doutrina católi ca? A eco log ia é um ram o da biolog ia que cuid a das re lações rec íprocas entre os organi smos v i vos e os ambientes circunstantes, bem como das co nseqüências de ta is re lações, espec ialmente com vi stas a limitar ou elimin ar seus aspectos nocivos. Co isa em si exce lente. Deus cri ou a Terra com todos os elementos, os minera i , vegetais e animais. E nela colocou o homem e a mulher cri ados à sua imagem e se melhança para , e multiplica rem e dominá- la (c r. Gn L, 26 ss.). No paraíso terrestre rein ava a perfeita eco log ia, havend o harmonia total entre as cri aturas e os respectivos ambi entes . Expul sos do paraíso devido ao pecado ori ginal, Adão e Eva perderam algun s dons e tiveram de enfrentar na terra de exíli o a hosti I idade da própria natureza e de certos animai s. Mas nem por isso perderam a mi ssão de dominar a T erra. O que antes faz iam co m fac i I idade, agora dependerá do esforço. Nessa perspectiva, se o homem cu mprir o mandado divino na Terra - de si uma bela missão - , estará real iza ndo os desígn ios do Criador.

"Ohras do Se11ho1; he11dizei e exaltai-o etenwme11te" É assi m que se entende o amor que devemos mani festa r à cri ação, co mo consta do cântico dos três j ovens lançados na forn alha e mil agrosamente pou pados pelas chamas (Dan. 3, 52-90). Os anj os e espíritos celestes; o so l, a lu a e todos os astros do céu; as chu vas, orv alhos e ventos; o f ogo e o ca lor; os f ri os, fresco res e geadas, ge los e neves; as lu zes e as trevas, os relâmpagos e as nuvens; a terra, os montes, as co linas e tudo o que delas brota; os mares, as fo ntes e os ri os, e tudo o que nas águas se move; as aves do céu e os rebanhos de anim ais; e finalmente os filh os dos homens, dos mais simpl es aos mais sa ntos e in signes - todos glorifi cam o Criad or. N os dias atuais, também é bom que os homens cui dem do ambiente, protejam as espéc ies animais e vegeta is que lhes são necessári as para o bem do corpo e do espírito, e eliminem ou limitem as que lhes são noc ivas. Assim agi ndo, farão corn o o méd ico que combate tudo o que é contrário à vida e promove o que a favorece. Bem entendida, essa obra é civili zadora, sobretudo quando leva em conta primordialmente os bens do espírito. A fim de que essa noção não fique muito teóri ca , examinemos o exemplo da França, in egave lmente um país marav ilhoso, cios ma is c ivili zados do mundo. A li há mui ta ordem, fruto de séc ulos ele esforço humano sob o impul so cio espírito ele Cristo. Graças ao traba lho de mon ges, proprietá ri os e campo neses, AGOSTO 2007 -


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CLAUDE ALLEGRE de l'Académic dcs scicnce<,

PLO, F,nARD

pântanos foram dre nados e transformados em campos fé rte is. As fe ras nocivas, como o lobo, foram dominadas o u limitadas, preservando-se porém as fl o restas e os a nimais de caça. Por isso a França, país e minente me nte ag ríco la, possui hoje ma is fl orestas do que na ídade Média, com uma quantidade ex ube rante de animais de caça : cervos, veados, j avali s, le bres, coelhos, etc. Mas os franceses não c uidam apenas da produção para o corpo. Eles preservam també m as pai sagens. Apesar da lame ntáve l decadênc ia do espírito cri stão, e les ainda amam o be lo e a perfe ição . Su as casas e c idades são fl oridas, se us campos de tri go, cevada e col za parecem um j ardim. E les c uidam de seu patrimô ni o público co mo se fosse pessoa l. As ruas e estradas não são ape nas bem c uidadas (pe lo Poder Públi co), mas limpas (pe la educação do povo). Somente certos luga res devas tados pe lo turi smo e pe lo comé rcio foge m a essa regra . Cada região aprove ita ao máx imo o que produ z, e com isso elabora seus produtos regionai s, seus pratos típicos . Ass im se explica que uma região árida e pedregosa co mo o Pé ri gord-Que rcy sej a um paraíso da gastrono mia, onde se encontram trufas preciosas e se produ z o famoso f oie gras .

CATOLICISMO

E aqui se acentuam as dife re nças entre uma eco log ia sadia e a dos ecologistas modernos. A prime ira preserva, e nriquece e a primora a natureza co m vi stas a aprove itá- la. Estimul a o progresso das c ulturas, das raças, das espéc ies ani mais ou vegeta is. Por exempl o, preserva e me lhora os gan sos para extrair-lhes o deli c ioso patê de fígado (o f oie gras). O eco log is ta " ve rde", ao co ntrá ri o, fará uma ca mpanha pa ra proibir o f oie gras e tornará inútil a existê ncia do ga nso, cri ado por De us para servir de a lime nto ao home m. O prime iro ama a cri ação; o segundo a ode ia (pode r- e- ia di zer que indiretame nte ode ia a De us), que r esti o lar a natureza, voltar à barbá ri e, ao mi serabili smo das sociedades totalitárias ecomuni stas.

Ele concorda, como nós, que ex iste m hoje abu sos inconcebíve is em matéria de ag ressão à natureza: o ho me m polui a água, o ar, os solos, os produ tos que consome. M as Allegre não suporta o tom de catástrofe e de atraso que caracteri za o di scurso ecolog ista, contrário ao progresso , fa voráve l a um mundo de fru ga lidade o u seja, de mi séria. Ele se in surge contra o que chama de "eco- integri smo", que conduziri a a Europa à ruína e perpetuari a o subdesenvo lvimento do Terceiro Mundo. C laude Allegre e xpõe suas idéias num livro intitul ado " Ma vérité sur la planete" ( Pl o n- Fay ard , Pari s, 2007 ), publicado e ntre os do is turnos das últi mas e le ições pres ide nc iais fran cesas. Nessa obra ele dá vazão às suas dive rgênc ias co m o que chama ele "seita ve rde" - o mo vimento ecologista, ou " vereie", em sua vari antes. C ie nti sta ele nomeada, Allegre se ins urge contra a te ntativa cios verdes fe li z me nte fru stra - ele impor um no vo rumo à esquerda e m c ri se (nas recentes e le ições pres ide ncia is fran cesas, os candidatos verdes tive ram votação abaixo de 2%, apesar da gene rosa publi cidade com que foram fa vorec idos nos meios de comuni cação). A ofensiva eco logista reedita, segundo o c ie nti sta francês, a tese do C lube de Ro ma, que e m 1970 adotou em seu relató ri o o "Basta ao cresc ime nto !", do comi ssá ri o e u ro pe u S icco Man sho lt. A idé ia de frear o crescime nto para evitar a po lui ção e o esgota me nto elas fo ntes de maté ria-prima não vin gou, mas te nto u seri ame nte vári os governos, e ntre os qua is o fran cês, do soc ia li sta François Mitte rra nd.

Um cie11tista agredi<lo pela reali<lade

Pressões IJllblicitárias de ONGs - tCl'l'Ol'ÍSmO /JSicológico

C laude All egre, me mbro das academi as de c iê nc ias da França, dos Estados Unidos, da Índi a e da Ro yal Society britâ ni ca, ex- professo r do In stituto Unive rsitá ri o da França, ex- mini stro da Educação no governo soc ia li sta de Li one l Jospin , é um c ie nti sta ag redido pe la rea lid ade, o u me lho r, pe lo " beste irol " extre mame nte noc ivo dos eco logistas de pl a ntão .

O que mais causa indi gnação a C laude Allegre é a fa lta de fund ame nto c ientífico das tese~ miserabi li stas arvoradas em no me da ecologia, com o desperdíc io bili onário de ve rbas públi cas destinadas a obras inúte is o u irrea li záveis. É o caso da desamiantação ele 1090 ed ifíc ios escolares em Nova Y ork, dec idida cm 1989-90, a um custo ele 50 bi lhões ele dó lares (p. 39). No e nta nto, a posteri-

ori os especi ali stas são un ânimes e m afir-

Em po uco te mpo as armas estavam e m Ártico ou dos Alpes. Daí dedu zem que mar que tal operação, a lém de ex tremamãos de turbas diri g idas por revo luc iofaltará água no contine nte e ao mesmo mente pe ri gosa, foi de todo inúti 1! nários. Tais boatos ti ve ram papel impo rte mpo os mares subirão de nível, inuntantíss imo para des lanc har a re vo lução . Al go parec ido se passo u com o comdand o as c id ades lito râ neas. O s mai s plexo universitári o de Ju ss ieu, em Pari s, O e pi sódi o ficou conhec ido na Hi stó ria ousad os fi guram o futuro litoral com c ico mo " la grande peur" (o grande medo) . c uj a desamiantação fo i aprovada (mas não dades submersas . Po r exe mpl o, o Ri o de conc luída) pe lo ex-presidente C hirac, a A tática atual cios movimentos ecoloJane iro ... gistas ou "vereies" para impor seus objetium c usto que daria para cons truir se is Ora, como ex plica C laude Allegre, a novas unive rsidades. Se o projeto não fo r vos consiste em espalhar o terror a propósirealid ade é mai s compl exa. É ve rdade abandonado, engolirá outro bilhão de e uto ele supostos perigos ligados ao meioamque o gelo se derrete na Groenlândia, mas parndoxalmente a te mperaturos até 201 2. Ora, os estudos sobre os ri scos ele contaminara não sobe pro porc iona lme nção cio ami anto conc luíram que te. Esse territóri o, perte nce neles têm uma ação limi tada e te à Din a marca, possui esse não re presentam o peri go anunnome porque já fo i muito meciado pela pressão publicitári a nos fri o : G roe nl ândi a signifi das ONGs ecolog istas e cios ca "Te rra verde" ... políticos " verdes" (p. 42). També m é verdade que a E m suma, grupos de presca lota de gelo do Ártico dimi são li ga d os ao mo vim e nto nui , mas a ela Antártida pereco logista são ca pazes de obmanece firme ! Embora jorn ais ter ci os gove rnos, dos organi se re vi stas pre nunciassem o demos internac io nai e de grusaparec imento elas neves eterpos econômi cos verbas fa bu nas do Kilima njaro (África), losas e medidas transcende ne las aume nta ram! ta is, que pode m mudar o desA natureza é ele fato surtin o de muitos pa íses . Atua preende nte. Mas isso não imnessa direção a mili o ná ri a pede os ecolog istas de conti ONG C reenpeace. No Brasil , Grupos de pressão ligados ao movimento ecolog ista são capazes nu ar a pro por medidas confal a no mes mo sentido a c ria- de obter dos governos, dos o rganismos internacionais e de gru- tra tudo aquil o que jul ga m alção ele ime nsas reservas, sob pos econômicos verbas fab ulosas e medidas transcendentais, que te rar o clima: po r exe mpl o, os podem mudar o destino de muitos países pretexto ele proteger o meioama uto mó ve is e os av iões, c uja bie nte indígena, mas qu e poext in ção e les pro pu g n a m dem acobertar interesses escupa ra e vita r a e mi ssão do gás sos, até mes mo contrários à soca rbô ni co qu e aqu ece a atberani a nacio nal. mos fe ra .

1'crror ecológico e aqllecimento glohal Um fa to hi stórico de manipul ação das menta lidades a fim de conduzir a po pul ação rumo a o bjetivo bem de fini dos é um símil e do que ocorre co m o eco log is mo atual. No iníc io da Revo lução Francesa, seus mento res enviara m age ntes ao inte ri o r lo país, espalh ando boatos de que magotes ele bandido (les brigands) j á se a proxim ava m, e logo iri am ataca r aquela c idade ou vil arej o . Di ssemin aram ass im o pâni co entre as populações amedrontadas que, diri g idas por ag itadores bem a lestrados, fo ram incitadas a saquear os caste los e os arsenais.

Fenômenos que se suceclem JIOl'lllalmente, apes.:11' <lc alterados

biente, como o chamado "aquecimento global" e as mutações climáticas. Elaborações a udi ov is uais c ri adas em computador mostram co mo estão se de rrete ndo os gelos da G roe nl fü1di a, do pó lo

Cla ude Allegre demonstra em seu livro que as notícias sobre o aquecimento global têm muito pouco ou nenhum fund amento na ciência. Na realidade, há séculos o planeta passa no rm a lm e nte po r c ic los de aquecime ntos e resfri amentos que se sucedem. Certos exageros a respe ito cio aquecimento global são simplesmente ridículos. O propalado aume nto cio nível do mar, por exemplo, não corresponde à realidade, e também não acarreta as conseqüências que certos alarmi stas lhe atribuem. O cienti sta fran cês mostra igualmente AGOSTO 2007

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que a meteorologia é extremamente caprichosa. E que, embora o uso de computadores tenha feito progredir muito as previsões climáticas, estas ainda continuam muito limitadas. Ao contrário do catastrofis mo ecologista, um espírito reli gioso reconhecerá facilmente nas complexidades da mecânica celeste e do globo terrestre uma das mai s belas manifestações da sabedoria eterna do Criador.

"Gurus" e,r, ce11a - a11al'quia à vista Se o movimento ecológico conslit11i uma "seita", como afirma Claude Allegre, ela tem seus "gurns". Quem são eles? Sem negli genciar as várias correntes dessa disforme nebul osa eco log ista, Allegre focaliza três personagens, parodi ando o filme "três homens em confli!o ", em que os protagonistas se caracterizam respectivamente como bom, bruto e malfeitor. O bom rapaz ela ecologia é Nicolas Hulot, um repótter ecologista que ficou conhecido como apresentador cio programa el e televisão Ushuaia. Voltaremos a ele. O bruto é José Bové, ela " Via Ca mpes ina", ali ada cio MST brasile iro. Figura ridícul a no cenári o francês, esse sindica li sta es pertalh ão apresenta-se co m abundante bigodeira a fim ele parecer um Asterix da Gália anti ga. Ca ndidatouse à presidência ela Repúbli ca nas últimas e le ições e só alcançou 1,32% cios votos, apesar do enorme espaço que a mídi a lhe proporcionou. All egre destaca seu caráter puramente san hudo e destrutivo, class ifi ca ndo-o ele puro "fa rwest ecológico". Pela sistemática violência verbal ele Bové e seu desrespeito à lei, Allegre acha que o lugar dele é na prisão (pp. 65 ss.). Bové é na realidade um fóssil ele maio ele 68. Tornou-se conhec ido por depredar franquias cio McDonald's e destruir pl antações ele cereais OGM (organi smos geneticamente mocl ifi caclos, ou transgêni -

CATOLICISMO

cos). Sem dúvida pode-se discutir o bom ou mau gosto de um sanduíche McDonald's, mas até agora não se provou qualquer noc ividade nas plantações de OGM. Segundo Claude Allegre, os organismos geneticamente mod ifi cados pe lo homem ex istem há pelo menos cinco mil anos ! Esta é uma das "pérolas" que o autor selecionou cio mais autêntico besteiro! cios candidatos durante o debate eleitora l na França, publicados pela imprensa (pp. 151 -3). O malfeitor ela tri ologia é o exvi ce-pres idente dos Estados Unidos, AI Gore, que se aprove ita muito bem ela ecolog ia como fon te ele re nda . Segundo A ll eg re, "ca da co nferência lhe rende 200.000 dólares por hora, rnais Jrês passagens de avião em primeira classe. E seu film e, pelo menos 50 m.ilhões de dólares "! (p. 66). É de se notar que o movimento ecolog ista é constituído em grande parte por militantes de extrema esq uerda (Partido Com uni sta, Liga Revo lucionária Comuni sta, etc.), que adotara m o discurso ecolog ista para se disfarçarem, pois seu declínio eleitora l não pára ele acentuar-se. A luta dos "verdes" contra os OGM, por sua vez, apó ia-se na ignorância cio público e alimenta o medo. É arma política, já que suas ma nifestações contra a e nerg ia nuclear não convencem.

Publ icitaclo por tod os os meios de o autor. A conseqi.iência seria um regime de regressões científicas, econômicas e hucomuni cação, Hulot ameaçou o mundo políti co com a possibilidade de ca ndidamanas, com a imposição ditatorial de metar-se à pres idência ela Repúbli ca, caso didas de coerção incríveis no uso de veísua proposta de um "pacto ecológ ico" culos, sobretudo automóveis e aviões, caufosse recusada pelos outros candidatos. sando prejuízos incalculáveis, desempreAs so nd age ns, nem se mpre Igualdade entre o homem e confi áveis, chegaram a dar- lhe os animais, Kansas (EUA) de 8 a IO por cento das intenções de voto, o qu e é muito para um iniciante na política, e decisivo para prejudicar os candidatos em liça. Claude Allegre analisa detidamente o programa de Hu lot, co nsidera ndo-o cheio de boas inte nções ... das quais também está cheio o inferno! Retenh amos porém esta observação: a obra de Hulot "implica uma .filosofia que é exatamente a mesma do Clube de Roma dos anos 1970" : a de um "catastrofismo esc larec ido", com vistas a engajar os cidadãos numa estratégia de retrocesso do cresc imento e de vol ta à frugalidade . Tal programa volta as co tas ao progresso por considerálo um ri sco. Se adotado, ele conduziria a França à ruína, alerta

ANIMALS ARE MY FRIENDS AND I DON'TEATMY FRIENDS

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Os dez mandamentos da "seita verde"

O "pacto ecológico " e a von,, f.lS cavernas Mas o "guru" em asce nsão é mesmo Nico las Hulot. Pelo menos na França. Ele soube tirar proveito elas circun stâ nc ias durante a ca mpanh a presidencial, com uma encenação digna dos gra ndes atores da política. Primeiro publi co u " Pour un pac/e écologique ", apresentado em badalada conferê ncia de imprensa. Segundo Allegre, o livro-programa de Hul ot pretende ser para a eco log ia o que foi o Manifesto elo Partido Com uni sta para a ideo logia sov iética (p. 46).

GEORGE BERNARD SHAW

go em massa e carência de alimentos e de outros bens (pp. 48-54). Allegre insiste: "Não é a França do século XXI que prepara,nos, mas o retorno às cavernas". E resume: esse programa conduziria a formar uma França amedrontada, em regressão, burocrática, com controles sobre tudo, sob um regime autoritário, de co nte nção. Hu lot esc reve u: " Ponto final nas discussões". Allegre pergunta: " O ideal seria um regime eco-totalitário?" (p. 56). Ele acusa ainda os "verdes" de manterem um clima de ditadura e terrorismo intelectual permanente (pp. 69, 88). É incrível co mo um programa tão retrógrad o possa ter sido apresentado com poss ibi lidades de sucesso a um povo tão lúcido e inteli gente. Pois o "pacto ecológico" proposto por Hulot foi assinado pelos principais candidatos pres idenciais, inclusive pelo vencedor, Ni co las Sarkozy. A propós ito do refe rido "pacto", o Prof. C laud e A ll eg re e laboro u os "Dez mandamentos" ironi za ndo os adeptos da "seita verde" (v ide quadro embai xo).

Protesto antinuclear

A "seita verde", como vimos, tem seus "gurus" e sua doutrina. Eis os "dez mandamentos" dessa religião, segundo Claude Allegre (p. 65), com base no pacto ecológico de Nicolas Hulot: 1. Amarás a Natureza mais que o homem, seguramente. 2. Combaterás a energia nuclear sem cessar, continuamente. 3. Destruirás os OGM sem desferir golpes, obstinadamente. 4. Abominarás o efeito estufa sem compreender, evidentemente. 5. Doravante comerás legumes "bio", * unicamente. 6. Sacrificarás o cordeiro pelos lobos e ursos, ferozmente. 7. Ignorarás as imposições da economia, naturalmente. 8. Aquecer-te-ás com lenha acreditando fazer bem, simplesmente. 9. Combaterás o progresso técnico sem apego e constantemente. 1O. Venerarás o Planeta sem os Humanos, evidentemente. Claude Allegre ironiza ainda: "A decorar, obrigatório no exame!"

* Legumes "bio" são aqueles cultivados sem fertilizantes ou agrotóxicos.

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J Ahsul'dos que se estiolam e absul'<los que se propagam E ntretanto, essas teses ex te mporâneas não causa m surpresa a que m le u a profética obra Tribalismo indígena, ideal co1nuno-missionário para o Brasil no século XXI (Ed. Vera Cruz , São Paulo, 1977), pois correspondem perfeitamente ao que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ali denuncia. Com e fe ito, diz e le: "Enquanto há absurdos que, nas épocas de serenidade, se es1iolam e morrem precisam.enle porque são absurdos, há também absurdos que, especialmente nas épocas de crise, se propagam, adquirem influência, assolam e devas/am precisam.ente porque absurdos" (p. 47). Não se trata, portanto, de um perigo apenas para a França, mas também para o Brasil, onde êmulos do catastrofis mo eco log ista ex istem bem colocados no governo, sobretudo no mini stério dirigido por Marina da Silva. Já não temos muito dessa mentalidade totalitária para lisando nossa agricultura, a indústria automobilística, as estradas, os aeroportos e a construção de hidre létricas? Allegre nota muito bem como a "seita vereie" considera o homem essencialmente mau, egoísta e sem escrúpulos; logo, é preciso puni -lo severamente. Para os ecologistas, o paraíso terrestre é a fruga lidade, o tribalismo. Allegre conclui com uma frase significativa ele Marcel Gauchet: "O amor à natureza dissimula mal o ódio aos hornens ". E pergunta: Combatendo a indústria e a agric ultura, a energia atômica, o petróleo, o etano l, o carvão, as barragens, os OGM, o crescime nto ... de que viverá o mundo? Vo lta à taba? (pp. 60 ss.). - Sim, clec icliclamente, é a volta à selva, meta cio tribalismo. Uma concepção católica oposta à JJrogressista Lembremos o que diz o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na sua referida obra, comparando a concepção que tem a respeito do homem a doutrina católica trad icional em oposição à progressista, na qual se baseiam os eco logistas: CATOLICISMO

"Segundo a concepção católica tradicional, o homem tem. uma lendência para o egoísmo, porém. ele não é todo egoísrno. O egoísmo não é senão uma di~fornúdade ,nora/ dele. "O uso que o homernfaz de sua inteligência, de sua vontade e de sua sensibilidade para prover ao próprio bem individual, em. co11formidade corn a l ei de Deus e a ordem natural, não é condená-

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to ele 1975) e reprod uzidas no livro Tribalismo indígena: "Os índios já vivem as bem-avenluranças. Não conhecem. a propriedade privada, o lucro, a cornpetição. Possuern uma vida essencialmente cornunitária ern equilíbrio pe1:feilo com. a nalureza. Não são depredatórios, não aten/arn con /ra a ecolog ia". Pergunta a este propósito o Prof. Plini o Corrêa de Oliveira: "Mas o que

é urna sociedade humana sern propriedade privada, sem lucro e sem. competição, senão wna sociedade comunista?" (p. 53). Ademais, essa visão cio bon sauvage é falseada. Por exemp lo, é sabido que a prMica elas que imadas em nossa agric ultura proveio em grande parte dos costumes cios índios.

Eco-fü11clame11talismo: a natul'cza acima do pl'Ó/Jl'io homem

vel, mas virtuoso. É um corolário do fato de o homem ser inteligente e dotado de vontade - uma pessoa, pois, e não uma coisa - com um fim transcendente, e portanto dono de si mesmo. [... ] "Pelo contrário, na nova concepção [progress ista], que aqui se estuda, o homem não é visto como uma pessoa que tem uma finalidade imediata em. si mesmo, e outra transcendente em Deus. Mas como a peça em um todo. A peça vive para o todo. Destacada do todo, ela nada vale e, por assim dizet; nada é. Do todo lhe vem por inteiro a inspiração, o impulso, quase se diria, a vida" (p. 3 1). São típicas da "se ita eco lógica" as conclu sões da l" Assembléia Nacional ele Pastoral lndi geni sta, publicadas no "Boletim cio CIMI" (ano 4 , nº 22, julho-agos-

O ex-ministro da educação francês Luc Ferry, que estudou detidamente os fundamentos ela ecolog ia no sécul o XIX, con. idera que o pensamento teórico dessa corrente é essencialmente norte-americano e alemão. Ele distingue dua atitudes. A primeira, "ambi enta li sta", preocupa-se com o prejuízo que o homem causa ao ambiente, porque isso redunda e m prejuízo para o próprio home m. Preocupa-se com a natureza na medida em que interessa ao homem. A segunda é a que Ferry chama de "ecologia fundamentalista". E la considera a natureza mais importante que o homem. Daí falar-se em "direitos" dos animais e até das plantas, idéia que só se explica por uma noção panteísta cio mundo. C laude Allegre distingue essas duas atitudes com relação ao progresso e ao huma ni smo. "Os ambientalistas são hu-

manistas que aderem ao progresso, mas não ao produtivismo. Eles criticam o progresso e por vezes o humanismo, mas de dentro. Os eco-fundamentalistas são hostis ao progresso e ao humanismo. Suas críticas vêm defora" (p. 71). No ca mpo político, Allegre constata que os ecolog istas perdem audiência no mundo inteiro. Nas recentes eleições pre-

Conferência e

sidenciais francesas, seus candidatos não alcançaram 2% dos votos. Em todo caso, a incapacidade das esquerdas de conve ncer a opini ão pública leva muitos de seus militantes mais astutos a buscar seu futuro no mov imento ecologista. V~jamos o que diz Frei Betto a esse respeito: "A queslão do arnbiente criou um

nó porque alinge indistintamente todas as classes sociais e todos os países. Quern sabe o meio ambiente, para surpresa da velha esquerda, não será uma f erramenta de mudanças radicais no planeta?" (entrevista à "Folha de S. Paulo" ele I 1-62007). Também João Pedro Stéd il e, cio MST, já declarou que o movimento parti rá para a luta agro-ecológica, a fim ele ten-· tar obter por esse meio o que não tem conseguido através elas inv asões de terras . Quanto ao ex-frei Boff, há muito já se bandeou para as hostes ecológicas.

"Quanclo 11ão se sabe 11acla e prevê-se tudo" C laude Al legre crê que a força de impacto da "seita ecológica" res ide no " princípio ele preca ução", que lhe permite propor qualque r coisa, ele qu alqu er modo, a qualqu er momento. Esse princíp io na ceu em 1976, num relatório sobre a proteção do ambie nte, de auto ri a de Konrad von Moltke. Em 1986, o prin cípio foi adotado numa diretriz do governo ale mão, e em 1992, nas conclusões ela reuni ão de cúpu la do Rio ele Janeiro. Na convenção sobre a diversidade bio lógica, esse princíp io figura ass im: desde que seja " identificada" um a ameaça ao ambi ente, "a ausência de certeza

Kyoto, J

cien!(fica tota l não deve ser invocada corno razão para adiar as m.edidas que permiliriam. atenuar o perigo " (p. 74). Esse princípio foi retomado por outras convenções e acordos internacio nai s, estabe lecendo se mpre o grau ele proteção e m re lação à ava li ação c ie ntífi ca . Pouco a pouco, esta última desapareceu dos e nunciados. Hubert C uri en come nta a esse respeito: "A precaução leva a vi-

sar Ioda espécie de coisas que não podem ser demonstradas, mas que sc7o emocionalmenle evocadas. Faça você o que fo i; o que lhe pedem é que você esteja em condições de prevenir u11·1 aconlecimenlo que não é previsível, ,nas que não se pode dizer que não aconlecerá". O le itor entende u? É isso mesmo. É a ditadura da precaução, a qualquer preço, que leva os governos a dispensar fortunas para se precaver do imprevisível. Como iro ni za C laude Allegre, "quando não se sabe nada, prevê-se tudo" (p. 75). A ditadura intelectual catastrofista da "seita eco lóg ica" impõe-se igua lmente a propósito elas mudanças c lim áticas, do aq uecimento g loba l e ele outros te mas (pp. 78- J 05) . Confo rme j á ace namos ac ima, os "verdes" não hesita m em recorrer à fraude ou à impostura inte lectua l. Allegre demonstra que as recentes a lterações cl imáticas, por exemplo, não são únicas nem excepc iona is (p. 107). A rea li dade é muito mai s comp lexa do que cer tas interpretações ate rror izadoras. Como comentou o filósofo Dominique Lecourt, "é o catastrofismo tecnófobo e

seu subproduto, o jornalisrno de espanto! " (pp . 120- 167).

Protocolo ele Kyoto: a1m1e11to <lo <lesemprego No mesmo espírito foi redigido o protocolo de Kyoto, " um dos tratados internacio nais mais abs urdos", segu ndo o c ientista francês. Apesar de ter sido firmado por muitos países, ele nunca foi aplicado e nem poderá sê- lo. Seu c usto: 370 bilhões ele dólares. Ele acarretaria o desemprego de milhões de pessoas e tem uma meta impossível, na opinão de Allegre. Os Estados Unidos pularam fora, não assinaram. Mas os jornais continuam trombeteando a necessidade de se cu mprir esse acordo, que ninguém sabe no que consiste. O livro cio c ienti sta francês vai a contrapelo ela im e nsa máq uin a publi c itá ri a mundial. E apresenta igua lmente propostas pos itivas para uma eco logia que não sen'í inimiga cio progresso, mas motor de cresc ime nto. Ele preconiza, e ntre o utras medidas, o desenvolvimento cios OGM , que permitirão às plantas resi stir à falta de água (extremamente útil para o aproveitamento, por exemplo, elas te rras áridas do nosso Nordeste) e ev itar os agrotóxicos; a reconq ui sta da biocliversiclacle nos cu rsos ele ág ua e fl orestas; os carros híbrid os (os " fl ex" brasileiros já vão nesse sentido) ou e létricos.

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Pelo que fo i expos to, podemos conc luir que os eco log istas radicais dizem amar o planeta, mas odeia m os homens, cri ados por Deu s à s ua im agem e semelh ança. Logo, ode iam o própri o De us. • E- ma il o autor: ca1o li c is111o @ca1o l ic is1110.co m .br

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a.Ili


Dois mundos, · o de ontem e o de hoje

LI CARLOS EDUARDO SCHAFFE R Correspondente - Áu stri a

Ü s trajes podem refletir a compostura. Mas trajes extravagantes se encontram hoje, lamentavelmente, por todas as ruas e em qualquer lugar do mundo.

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CATOLIC ISMO

Kiirtnerstrasse, saindo cio Rin.g, conduz à Catedral ele Santo Estêvão. Anelando por essa ru a central ele Viena, enco ntrei num a li vra ri a um álbum sobre trajes típicos austríacos. Nele selec ionei a ilu stração ela págin a ao lado. Pouco adiante, parei di ante ele uma loja ele moela jovem, cuj a vitrine ex pu nh a os maneq uins que se vêem na foto ac ima. Dois qu ad ros a refl etirem dois mun dos - o ele ontem e o ele hoje. No prime iro, pinturas retratam pessoas cio povo com vestimentas típicas ele di versas regiõe da Áustri a. Homens e mulheres, aind a no viço da juventude, portam trajes característicos ele sua profissão. Fac ilmente se di stinguem a clonade-casa, a j ovem que leva frutos para casa, o caçador, o tocador de tuba, o vendedor ele pequenos objetos ele uti lidade

doméstica. Por fim , vê-se um a moça que, co m seu mi ssa l, diri ge-se à igreja. Recato no vestir, di gnidade no porte. Tudo neles refl ete puj ança ele personali clacle, onde nada é unifo rme; tudo mostra ori ginalidade e bom gosto, sem extravagâ ncia; tudo ex prime feli cidade de situação e bem estar de um a vicia de bons costumes, longe da ag itação elas grandes cidades hodi ernas. * * * A fo to ac ima é ele uma loja ele confecções cons iderada chie. Ne la vêem-se do is manequ ins com ro upas que, duran te o verão europeu, incontáveis ra pazes usa m des inibiclamente por toda parte, tanto nas cidades quanto nas pra ias. No manequim ela direita, com as ro upas interi ores aparecendo sob as ex teri ores, enco ntra-se a aversão à boa ordem das co isas. Enfim , trajes indecorosos e ordin ári os, impostos à ju ventude de hoje por uma moda imbec ili zante. A be leza desa parece u, sub stituíd a

pelo vul ga r e des le ixado. O des pudor ex pu lsou o recato. Da di gnid ade cristã não resta qualquer vestígio. Tudo tende à ex trav agâ ncia, à desordem e ao cl esbragado.

* * *

Bem J)ocleri a ser tachado ele malfe itor quem des pojasse de seus trajes típi cos os perso nagens do primeiro qu adro e os vesti sse com os and rajos cio segun do. E co m razão, po is estaria ex tinguin do do convívio humano os va lores cristãos que ameni za m a vici a nesta Terra: a beleza, o bom gosto, o recato e a digni dade. Até lá nos levam os ditames el a moel a. "Ó liberdade! Quantos crim.es se cometem em. leu. nome!" - bradou Mme. Ro lancl a ca minh o ela guilhotina na Revolução Francesa. Parafraseando-a, bem se poderia di zer: "Ó moda! Quantos desatinos se co metem em teu nome!" • E- mail do autor: cschaffer@ca toli cismo.com.br

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de s ua fund ação, mediante co memorações prin cipalme nte e m Roma. Grupos de exa ltados carbo nários des fil ava m pe las ru as el a C idad e Ete rn a, e mpunhando bande iras negras com a fi gura ele satanás em atitude ele esmagar São Mi gue l Arcanj o. Isso provoco u a ma is profund a indi gnação e m F re i Max imilia no que, e m co ntrapartida, f undo u co m seis ele seus condi scípul os um a associação, a Milícia da Imaculada, co m o fim ele "converter

pecadores, hereges e cismáticos, particularrnente franco-maçons, e trazer todos os horn.ens ao cunor de Maria lrnaculada".

São Maximiliano Maria Kolbe Mártir da caridade G rande devoto de Maria Imaculada e seu ardoroso apóstolo, Frei Maximiliano foi encarcerado pelos nazistas num campo de concentração, onde deu a vida para ajudar outros a bem morrer lil PU NIO M ARIA SOUMEO

S

ão Ma.x imili ano Ko lbe nasceu no di a 8 ele jane iro ele 1894 e m Zdun ska Wo la (Po lôni a) . Se us pa is, Júli o e M a ri a na Da bro ws ka, e ram po bres a rtesãos mas lídim os c ri s tãos, d evo tíss im os d a Virge m Mari a. No batismo recebe u o nome el e Ra imund o. Teve qu atro irmãos, do is fa lec idos muito novos. O pequ e no Raimundo era muito vivo e arteiro. Um dia em que a mãe o re preende u ma is veeme nte mente por alguma falta, resolveu mudar de vida. Contará de pois: "Nessa noite eu perguntei à Mãe de Deus o que seria de Igreja matriz, em Zdunska Wola, onde nasceu o Santo

CATOLICISMO

mün. Então Ela apareceu-me com duas coroas, uma branca, outra vermelha. Perguntou-me qual das duas eu esco-

lheria. A branca significava que eu deveria preservar a pureza; e a vennelha, que m.e tornaria mártú: Escolhi as duas. A partir de então, profunda mudança operou-se em minha vida". E m 1907 , e le e seu irm ão ma is ve lho, Francisco, e ntraram para o semin ári o me nor dos franc iscanos e m Lwow, onde recebe u o nome de M aximili ano . Foi de po is e nviado para o Co lég io Se ráftco Internacional, e m Ro ma, c ursando fil osofi a na Univer-

sidade Gregoriana. Ao e mitir os votos perpétuos e m 19 14, Max imilia no acrescentou ao seu o nome de M ari a.

Milícia da Imaculada: convertet' os pecadores No ano de 19 l 7, a maçonari a mundi a l ce le brava o segundo centená ri o

Em abri I ele 19 18 e le fo i ordenado, e no ano seguinte, co m um a bê nção ele Be nto XV pa ra a Milícia da Imaculada, vo lto u para a Po lô ni a. E m C ra có vi a lec io no u Hi s tó ri a Ecles iásti ca no seminári o maior cios fr a nc isca nos. E m j ane iro ele 1922, co m eço u a publi ca r o m e nsá ri o " Rycerz Ni e po kalanej" (Ca va le iro ela Imac ul ada). Era seu objetivo "ilumi-

nar a verdade e moslrar o verdadeiro canún.ho para a f elicidade". Nesse mes mo a no tra nsferiu -se para G roclno, o nde recebe u candid atos, na qu a lidade de irm ãos le igos, para se dedi care m à boa im pre nsa.

A gmndiosa obra Cidade de Maria E m 1927 o Príncipe João DruckoLubecki cedeu-lhe um terreno perto ele Varsóv ia, onde os frades co meçara m a construir o que seri a a Cidade da lm.acu /ada. Essa obra g iga ntesca, Frei M ax imil iano a levou avante sem dinhe iro, co nfi ando somente e m Nossa Se nhora : "Dinheiro ? Virá de um

pliacla para 225 mil nos do mingos e fe ri ados. No di a 8 ele deze mbro ele 1938, in ta lou na Cidade de Maria uma estação ele rádi o. Mas não parou aí. Em 1939, a referida "cidade" contaria com 762 habitantes, sendo 13 sacerdotes, 18 noviços, 527 irmãos leigos, 122 rapazes no seminário menor e 82 candidatos ao sacerdócio . Figuravam entre seus habitantes médi cos, cie nti stas, agri c ultores, mecânicos, alfaiates, construtores, impressores, jardine iros, cozinheiros, e mesmo um corpo ele bo mbeiros. Era inteiramente auto-suficiente. O be m que fez toda essa organi zação fo i enorme. Vi gári os ele todas as partes cio país constatara m intenso rea fervora me nto ela piedade na Po lôni a antes ela Segunda G ue rra Mundi a l, atribuída à literatu ra produ zida por Fre i Ko lbe. Um a ca mpanh a contra o a borto, e m 1938, pareceu despe rta r a co nsc iê nc ia ela nação . Ma is ele um milh ão ele pessoas a linha ram -se e ntão junto aos esta nda rtes de M ari a Imac ul ada. Fre i M ax imiliano fundou també m uma Cidade de Maria no Japão e pu bli cou o "Cavaleiro ela Im ac ulad a" na lín g ua do pa ís. Te nto u ig ualm e nte fundar o utra na Índi a, mas seus s uperiores chamaram-no ele vo lta à Po lôni a antes de pode r concreti zar seu pi a-

no . De volta ao se u país, continuo u s uas atividades na Cidade de Maria. Depois da segunda guerra mundia l, os bi spos ela Pol ônia e nvi aram carta ofi c ial à Sa nta Sé, afirmando que a re vi sta ele Fre i M a ximili a no Ko lbe havi a pre parado a nação po lonesa para suportar aquele conflito inte rnac iona l e sobrev iver aos seus horrores.

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ocupação 11azista No dia 13 de setembro ele 1939, a

Cidade de Maria foi ocupada pelos invasores ale mães, e a maior parte ele seus habitantes, entre e les Frei Max imili ano, fo ram clepo1tados para a Ale manha, sendo libertos no fim desse ano . Começo u então a orga ni zar abrigo para 3 mil refu giados de guerra. Os frades dividiam co m e les tudo o que possuía m. Na única edição do "Cavale iro da Im ac ul ada" que lhe foi pe rmitido publicar durante a ocupação ale mã, Frei Max imili a no a firm ou: " Ning uém no

mundo pode m.udar a verdade. O que podemos e devemos f azer é procurá/a e servi-la quando a tenham.os encontrado. O conflito real de hoj e é um coriflito interno. Mais além dos exércitos de ocupação e das hecatornbes dos campos de exterrn.inação, há dois inimigos irreconciliáveis n.o mais pro-

Barricadas em Varsóvia, durante a invasão alemã

,nodo ou de ou1 ro. Ma ria prove rá. Este é um. negócio d' Ela e de seu Fi1ho" . E não foi dece pc io nado . Nas novas in ta lações, a tirage m cio "Cava le iro da Im ac ul ada" passa ri a ele 5 mil exe mpl ares mensa is à impress ionante c ifra ele 750 mi 1. E m 1935, ini c iou ta mbé m a pu blicação ele um diári o cató li co, "O Pequeno Diá rio", com ti rage m ele J 37 mil exempl ares, am-

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fundo de cada alma: o bem e o ,nal, o pecado e o amo,: De que nos adiantam vitórias nos campos de batalha, se sornas derrotados no mais projúndo de nossas almas?" fsso provocou sua pri são, em fevere iro de l 941, sendo enviado ao cárcere de Pawiak, em Varsóvi a, onde sofreu inúmeras injúrias. O governador-substituto da pri são, Conrado Henlein , respondendo à pergunta de por qu e os alemães estavam extermin ando o clero polonês, fez diante dos bi spos poloneses esla afirmação: " Vocês, poloneses, têm esta mentalidade: a Igreja e a nação f ormam uma só coisa. Nós temos que acabar com isso. E é por essa razão que golpecunos uma vez a Igreja e outra vez o povo, para vos exterminar ". Em maio desse ano, Frei Maximiliano foi deportad o para o campo de concentração de Óswiec i m, c uj o co mandante Fritzscl1, sa udou sarcasticamente os recémchegados, dizendo: "Aviso-vos que viestes não para um sanatório, mas para urn campo de concentração alem,ão, do qual a única saída é o forno cremató rio ". Frei Maximili ano aproveitava todas as oportunidades para dar assistência reli giosa aos seus compatriotas. Di zia-lhes: "Tende co,1/iança na lrnaculada. Ela vos há de ajudar a perseverar".

CATOLICISMO

O ,1crclaclciro amor: <lar a 11i<la /JOI' seu amigo Em fin s de julho de 194 1, fu giu um pri sioneiro do bl oco em que estava Frei Max imilian o. Em puni ção, o comandante Fritzsch condenou à morte dez pri sioneiros. Um dos dez, Francisco Gajowni czek, começou a chorar desesperado: "Oh, minha pobre mulher; ,neus pobres filhos, eu não os vere:i mais!" Frei Max imilian o sa iu da formação.e se diri giu ao comandante do cam po, seguindo-se este diálogo: - O que você quer? - perguntou o alemão. - Quero morrer no lugar de wn dos condenados. - Por quê? - Porque sou solteiro, e este homem tem esposa e filhos. - Qual a sua profissão? - Sou padre católico. - Aprovado. Mas a razão dada por Frei Kolbe não era a única, ou talvez nem a principal que o levo u a esse ato heróico de caridade. Queria assistir na terrível morte os outros nove pri sioneiros. E foi o que fez . Ele caminhou para o "bunker da fome" entoando sua prece preferida: " Permiti que eu vos louve, ó Virgem Sagrada. [... ] Permiti que para Vós e só para Vós eu viva, trabalhe, soji·a, me sacr(fique e mor-

ra. Permiti que eu contribua, cada vez rnais e ainda muito mais, para a vossa exaltação". Na pri são subterrânea, onde faltava ar, alimento e ág ua, ouvi amse orações, câ nticos reli giosos, o rosário rec itado, o que contagiava os pri sioneiros das celas vi zinhas. Bruno Borgowiec, prisioneiro que servia de intérprete e auxili ar aos alemães , e que foi testemunha oc ular dessa terríve l agonia, declarou : "Eu tinha a impressão de estar numa igreja ". À med ida que os pri sioneiros se torn avam ma is fra cos, a oração passava a se r qu ase murmurada. Entreme ntes, um após outro iam morrendo , até que ficou só F re i Kolbe. Ele tinha um olhar vivo e penetrante, que seus verdugos não podiam suportar, de maneira que vociferavam: "Olha para o chão, não para nós". Quinze dias após seu internamento naquele bunker de horror, Frei Kolbe ainda conti nu ava vivo. Foi-lhe então aplicada uma inj eção de ác ido carbólico na veia, que o matou. Depois da g uerra , j o rn ais de todo o mundo trouxeram artigos sobre o "sa nto de nossos tempos", o "gigante na sa ntid ade". Biografi as foram esc ritas, e por toda parte houve testemunhos de curas obti das por sua intercessão. O que levou à sua beatificação em J 97 1 e s ub seqü e nte ca no ni zação e m 1982. • E-mai l cio aulor: )msolim eo

cato li cismo,com,br

Obras consultadas: -

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Frei Ju ve ntin o M loclozeni ec, Conheci o bem -aventnrado Maxi111iliano Maria Kolb e - exe mpl ar mimeog rafado no Jardim ela Imacul ada, Mi ssão Católica ele São Ma ximili ano Kolbe, Cidade Oc idental , Goiás, 1980, Pe. José L eite, S,J, , S. Maxi111ilian o Maria Kolbe, in Sa ntos de Cada Dia , Ed itori al A, 0,, Braga, 1994, voL I L

Evolucionismo, castidade, "amor livre" e aids Darwinismo - O Museu de Arte de São Paulo (MASP), locali zado em ponto privilegiado da capital paulista, teve a infe li z iniciativa de apresentar uma exposição referente a Darwin, o inventor do evolucioni smo, no momento em que as teorias darwinistas vêm endo fortemente contestadas. No estado americano de Kentucky, por exemplo, há até um sofisticado Museu da Criação. Segundo pesquisa da conceituada revista americana "Newsweek", praticamente metade da população americana não acred ita na evolução e adere ao criacionismo; e o fe nômeno vai ganhando corpo em diversos países. Não é uma posição apenas religiosa, mas também científica. A hi storiadora inglesa Janet Browne, da Universidade Harvard, afirmou em entrevista: "Ago ra, mais do que nunca talvez pela primeira vez - , criacionistas ortodoxos usam arg urnentos cient(ficos para alacar o trabalho de Darwin, questionando metodologias e reinterpretando evidências na tentativa de apresentar a história da Bíblia como algo cienl!ficamente comprovável" ("O Estado de S, Paulo", 24-6-07), Perseguição à castidade- A pressão ex istente no mundo moderno para que jovens de ambos os sexos não pratiquem a castidade é uma das coisas mai s vergonhosas. Apesar disso, o número de adolescentes que se propõem a ser castos até o casamento cresce em vários países. Da Inglaterra

nos vem agora a notícia de que diversas alunas ela escola Millais, em Horsham (a 65 km de Londres), resolveram usar o anel da castidade - um anel de ouro que simboliza a manutenção da virgindade até o matrimôni o. A escola proibiu esse anel, sob a ridícul a alegação de que o unifo rme proíbe o uso de jóias, Uma das meninas, Lyclia Playfoot, de 16 anos, vai ex igir na Justiça o direito de usar o anel, pois a proibição viola a liberdade reli giosa ("Folha de S. Paul o", 23-6-07).

Vírus da aids - Quem se benefi cia com a expansão dessa espécie de amor livre que vemos por aí, são os vírus da aids, O bi ólogo americano Robert Gal lo, ga nhador do Prêmio Nobel ele Medi cina por suas pesq ui sas relacionadas à aids, disse durante co ngresso em Frankfurt que a pesquisa da vacin a contra a doença "ainda demorará". O infectol og ista insistiu na necessidade de mais pesqui sa, "porque o vírus está desenvolvendo resistência" ("O Estad o de S. Paulo", 28-6-07).

Dr. Robert Gallo

Corrida tenebrosa - E por falar em amor livre, certas autoridades parecem empenhadas numa corrida para ver quem favorece mais a cri ação de condi ções para essa práti ca nefas ta. E nqu anto o Mini stério da Saúde dec idiu vender anticoncepcionais com desconto de 90% nas farm ác ias populares, o govern o de São Paulo passará a di stribuí-los gratui tamente em estações de metrô e de trens e em terminai s de ônibu s ("Folha de S. Paulo", 27-6-07 ).

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Como podemos notar, está em curso uma verdadeira persegui ção às boas reações que despontam na opini ão pública - o que representa um dos as pectos mais tenebrosos do mundo modern o. • AGOSTO 2007

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Uma época ~p~senTaàa nas coLe-ções Oe um p1tíncipe m BENoir

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BEMELMANS

N

a ex posição "B i eder meier na Casa dos L iechtenstein", mais ele 200 pinturas, aq ua·elas, obj etos diversos e porcelanas, do acervo das co leções do príncipe ele Liechtenstein, foram expostos em seu palácio de verão em Viena, retraçando um cios mais fec undos períodos ela hi stóri a ela arte na Áustria. Os anos co mpreendidos entre 18 15 e 1848 são hab itualmente designados como "a época Bieclermeier". * A primeira data marca o fim elas guerras napo leôni cas e o Congresso ele Viena ; a segunda é o ano das revo luções, que viu o fim da influência do príncipe ele M etterni ch e a ascensão ao trono de Francisco José. Esse período emerg ia das perturbações políti cas e das tragéd ias sa ngrentas, engendradas por Napoleão, para asp irações de ordem e ele prosperidade. A burgues ia voltava aos negóc ios, o comércio tomava novo impul so, a industrialização começava; e a nobreza, cansada cios troares guerreiros, achava delicioso adotar o modelo de vida tranqüil a e famili ar do comerciante médio. Todas as artes ela "época Biedermeier" lançam novidades marcadas por essa mentalidade pacífica e burguesa, bem como pelo co meço ela indu stri ali zação: a arqui tetura ele Jose ph Kornhiiusel em Viena e o aparecimento dos prédios de apartamentos; os móveis e decorações elas casas, já produzidos em série; as primeiras canções ele Schubert, que podiam ser tocadas ao piano sem requerer grandes conhecimentos ele música; a poesia e a literatura exa ltando a vicia sadia cio campo e o ideal doméstico; mas sobretudo a pintura que, saindo cios ateliês com Ferdinancl Georg Waldmüller, para reproduzir em plena luz as cenas da vida quotidiana e a observação atenta ela natureza, acrescenta-lhes a espontaneidade e o rea lismo ele pintores como Peter Fendi, Carl Schindler ou Fri eclrich von Amerlin g.

O interesse por essa época e por seus desenvolvi mentos posteri ores, até as vésperas ela primeira Guerra Mundi al, afirma-se cada vez mais em nossos dias. Por que essa apetência por algo cio sécul o XIX? Quai s são os traços dominantes da mentalidade de então - independente das circun stâncias concretas daquele momento - que ai nda nos tocam e nos fa lam? A contemp lação de alguns quadros da ex pos ição, que reproduzimos nesta seção, pode fo rn ecer um início ele resposta. Tomemos por exempl o a foto L Tableau de genre: Mai s do que o retrato ofic ial ele uma pessoa, a pintura de gênero retrata cenas da vicia cotidi ana. N o caso, o Retrato da prin cesa Maria Fran cisca von Liechtenstein na idade de dois anos mostra uma menina adormecida. Toca nte pelo realismo, tran sm ite uma sensação profunda. Frieclrich von Amerlin g captou a ce na no momento, pintando rap idam en te so bre cartão o so no da princesinha. Os rai os de lu z brincam com os cachos da menina, mudando- lhe as cores; eles modelam a fisionomia e faze m brilhar a brancura ela ca mi sola. Ela segura com um gesto firm e de seu braço sua boneca preferida, no momento em que esta - discreta malícia do pintor - parece ela mes ma imersa no sono, repetindo o estado ele sua pequena dona. Qual del as é a boneca, e quem está no braço da outra? Profundamente aclormec icla, a princesinh a é a im agem comovente ela in ocênc ia confi ante que entra na vicia, amacia por seus pais. Para além ela representação de uma pessoa, essa obra-prim a exprime um a realidade uni versa l. *

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IIIIIIII!]

CATOLICISMO

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O fato ele documentar a época Bieclerm eier em todas as suas facetas confe re à co leção cio príncipe de L iechtenstein uma riqu eza única, por tratar-se ele objetos da mai s alta qualidade, oriund os exclusivamente ele seus próprios fundos. Nenhuma outra coleção no mundo possuiu um tão ampl o e vari ado leq ue de obras desse período, indo da pintura monumental às miniaturas e aos esboços, além ele incluir porcelanas e móveis. Isso permi te ao visitante hod iern o captar em detalhe o conjunto cio espectro cultural engendrado naq uele período.

em Viena, a fa míliaLiechtenste in decorou-o inteiramente conforme o gosto de então. Muitas cores contr~stantes entre si, abundância de móve is e de formas variadas, bibelôs, quadros e porcelanas compõem o ambi ente rea lçado por um tapete ele grandes motivos fl ora is. Os brinquedos no centro da peça, pertencentes se m dúvida à crian ça retratada, fa lam ela vicia fa miliar e constituem a fo nte ela leve alegria que domina essa sa la, e que se transmite ao espectador que a co ntempla.

A expos ição apresenta uma , érie ele aq uarelas ele Rodolf von Alt reproduzindo cenas de interiores, cheios ele cores, documentando ele maneira quase fotográfica salas ele doi s pal ácios ela fam ília. Neste quadro aqui rep roduzido (foto 2) - O

escritório do Palácio Rasumofsky em Viena -

o

arti sta, que não esqueceu nen hum detalhe, nos faz penetrar na sa la e respirar o ar que entra pelas grandes j anelas abertas. Instal ada provi so ri amente no Pa lácio Rasumofsky durante a restauração de sua res idência principal

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No quadro ele Ferdin ancl Georg Waldmüller (foto 3), um camponês idoso, convalescente, sai de casa pela primeira vez depois de longa enfermidade, quando volta a primavera. Os raios de sol que o banham restabelecem-lhe as forças, que ele j á considerava perdidas; toda a família o envolve com alegri a, e sua velha esposa, que mal se vê, o sustenta por trás. Uma de suas netas lhe estende as primeiras fl ores que colheu nos prados.

Nessa pintura marav ilhosa, característica de W alclmüll er, o principal personagem é a luz, cap tada pelo pincel do me tre ao ar livre e depositada na tela em profusão. É ela que brinca sobre as cores vivas e profundas, sobretudo os vermelhos e os azui s, que rea lça os brancos. É ela que dá relevo às form as variadas, e é ela que parece ilumin ar os perso nagens do interi or. Cada gesto, cada fisionomia, cada detalhe alimenta m o prazer cio olhar, que não se cansa de contemplar longamente esta cena. A s cri anças, tão numerosas quanto os adu ltos, são animadas por essa alegria fresca e luminosa ela inocência. A legri a ele viver, alegri a ele viver em famíli a, alegria ele vi ver sob o olhar ela Providência uma vida trabalhosa mas honesta. Este quadro pode simboli zar também a alma que renasce para a vida sobrenatural , depoi s da noite ela enfermid ade.

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Rosas , de Ferdinand Georg W a ldmüll er (foto 4). A in te nsidade da lu z refl etida pe lo prateado dos vasos e o rea l ismo natural das fl ores dão vida e re levo a esta natureza morta. The foraging Hussar (Foto 5). Esta aq uare la de Carl Schindle r, O hussardo se abastecendo, é uma di screta sátira cômi ca da guerra, e m contras te com o estil o acadê mico ofic ial. O fogoso soldado e seu co mpanhe iro aca bava m de aterrori zar o ga linhe iro, e retiram-se e nvo ltos numa nuve m de poeira, ati ra ndo num monte ele pa lha. Di stingue m-se ao longe as silhuetas ele três so ldados, que ma l se vêe m, impotentes. Admiráve l pe lo mov imento e pela ri queza ele detalhes, esta aquare la fo i necessariamente pin tada de um só impul so, sem vo lta atrás poss ível e com c laros e m reserva (o pape l não está todo recoberto pe la pintura), o que reve la uma maestria incríve l do artista. O resul tado é que a cena é mais rica e mais agradável de se ver do que uma seqüênc ia c ine matográfica.

Erzherzog Karl mit seinem Stab in der Schlacht bei Aspern 1820 - Johann Peter Krafft (Foto 6). O Arquiduque Carlos e seu estado-maior na batalha de Aspern, pintado por Johan Peter Kra fft. O prínc ipe João I ele

Liechte nste in desempenh ou um papel primord ial na prime ira derrota ele Napo leão na bata lh a ele As pern , em 1809. E le é aq ui representado à d ire ita ci o arquiduque, irmão do imperado r Fra nc isco. A cava lari a sob seu comando inte rveio ele mane ira dec isiva na batalha . Uma elas conseq üênc ias dessa partici pação fo i asseg urar a sobera ni a do peque no Estado ci o Liechte nstein, desde as guerras napo leôni cas até nossos dias. • E-111ai I cio au1 or: henoi r @ca1 oli c is111 o.co m.br

* Bieder111eier: Popula r na A le111anha e Áu sl ria nos anos indi cados, o no me vem ele u111 1crsonagem fi c tício cio escritor ale111 ão Ludw i g Eichrocl t, que represc n1 ava a burgues ia ale111ã no começo cio sécul o X IX. Os 1116veis bieder111eier são simp les, robu stos e co nforráve i s, gera l ment e de 111 aclei-

ras c laras, e legan tes se m maiores prclc nsücs.

Créditos fotográficos: 1 - Reira/o da prin cesa Ma ria Fra ncisca von Liechte11s1ei11 na idade de do is anos ( 1836) - rri cdrich vo n A mer l i ng ( 1803 - 1887). 2 - O escrilório do Palácio Ra.1·1.11110,j.i·ky e111 Viena, 1842 - Ru clo lf von A lt

( 18 12 - 1842). 3 - O retorno a 1.11na nova vida ( 1852) - Fcrdin ancl Georg W ald111li l ler ( 1793 - 1865). 4 - Rosas ( 1843) - Fcrcli nand Gcorg Wa ld mlill er. 5 - O ln,ssa rdo se abastecendo ( 1840) - Ca rl Schin dler ( 182 1 - 1842).

E xposição "Biedermeier im haus Liechtenstein", L iechtenstein Museum , Fü1tstengasse 1, 1090 Viena. Aberto somente de 6ª fe ira a 2" fe ira, elas LOh às 17h, sem interrupção. Até o di a 20 de agosto de 2007.

Site in ternet: www.liechtenste inmuseum.at

6 - O A rq11iduque Ca rlos e seu estado -maior na ba1alha de Aspern - Johann Peter K ra flt ( 1780 - 1856).

CATOLICI SMO

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apo io de políticos conhec id os e recebeu verbas cio govern o; os homossexua is tiveram o privilégio descabido ele desfi lar na Av. Paulista, co isa que é negada aos demais grupos reli giosos ou civis. E qual foi o resultado? O máximo que conseguiram fo i um silêncio temeroso. Isso é popu larid ade? Se essas pessoas pudessem livremente di ze r o que pensa m, sem pressões nem ameaças, o qu e diriam? Nos tempos do absolutismo, na Europa , dizia-se que "o silêncio cios povos é a li ção dos reis" . Ou seja, não podendo manifestar-se, os povos faziam silêncio. O absoluti smo é hoje representado pela mídia, pelos chamados "d ireitos hum anos", pelas pressões co ntra a " discriminação", pelas ameaças judiciais e outras armas do gênero. Não podendo protestar co ntra o rea lce qu e se dá ao homossex uali smo, as pessoas fa ze m silêncio. Isso é popularidade?!

A verdadeira e a falsa popularidade E m contraposição à falsa popularidade das marchas homossexuais e pró-aborto, está a verdadeira popularidade dos costumes tradicionais, como o de homenagear o Santíssimo Sacramento "atapetando" as ruas , CID

ALEN CASTRO

o mês de junho, os j orn ais brasileiros esta mp ara m em grand es manchetes que a marcha dos homossex uais na av. Pauli sta, em São Paulo, contara co m três milhões e meio de parti cipantes (s ic). A inform ação, disseminada pela mídi a nac ional e internacional , era falsa. Um leitor da "Fo lha de S. Paul o", Adelpho Ubaldo Longo, considerou a extensão e a largura da Av. Pauli sta, com se is indivíduos por metro quadrado. Resultado: presença máx ima de 806.400 pessoas. Também o ombudsman daquele diári o constatou que "não há como afiançar os 3,5 milhões", e qualificou o número de "chutômetro". O própri o diretor do Da/afolha, M auro Paulino, confirmou que o número divulgado era absurdo. A redação da "Fo lha" teve que dar a mão à palmatóri a, e ex pli cou seu erro por ter adotado os números fornecidos pelos organi zadores da marcha. Disse que não fizera um cálcul o científico "po rque os custos de medição são m.uito altos" ("Folha de S. Paulo", 12 e 17-6-07). Ou seja, para não gastar dinheiro, aceitaram o.- números incri ve lmente exagerados dos próprios homossexuais. A desculpa é esfarrapada. N ão era necessário gastar muito dinheirn, sobretudo em se tratando de j orn alistas experi entes, para se dar conta de que 3,5 milhões na marcha era um número totalmente inverossímil. Não foi só a "Folha de S. Paulo" que caiu nesse absurdo. Números similares foram trombeteados por toda a mídia.

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Arte po1mlar autêntica

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estudo científico cuid adoso, Gilberto Mi - querd a vive em grande parte do mito de randa (Catolicismo , julho/2005) apo n- qu e suas reivindi cações são populares. tou: "no noticiário da mídia, os partici- Numa democracia, é preciso que ela aprepantes da passeata homossexual na Av. sente seus objetivos como fruto de asp iPaulista variam de 1,8 a 2,5 milhões. raçõe do povo. Obtido isso, pode até perComprovamos matema ti camente que seguir judicialmente, por " discriminação" isso é urn exage ro grosseiro e denuncia- e por violação dos "d ireitos humanos", os 1nos sua dup la.fimide. O número de par- que se opõem às práticas homossex uais, ticipantes do desfile situa-se entre 46.875 à matança de inocentes através do abore 66.560. Qualquer extrapolação desses to, e assi m por diante. Ora, o que não se pode afirm ar . obre limites pode ser qualificada de exagero tai · reivindicações é exatamente que elas ou .fi·aude ". E a tática vai se tornando hab itual para gozem de popularidade. tudo o que a esquerda quer prestigiar. Um silêncio que l'ala Veja-se ainda o caso do aborto. A camAs pessoas estão sob um a pressão panha pró-aborto "chuta" números extravagantes, para ver se consegue impress ionar monumental da propaganda favoráve l aos o público. H averi a I milhão de abortos clan- "d ireito " dos homossexuais; e tão amedestinos por ano no País, segundo dizem. drontadas pelas ameaças de perseguição A tática é ge11eraliza<la judicial contra quem se manifeste em senNão provam nada, mas "chutam". A que finalidades servem exageros tão tido oposto; a cobertura da mídi a vai além Mas essa falsa propaganda da marcha não vem de hoj e. .l á em 2005, num desvinculados da realidade? É que a es- de todo o razoáve l; a pas eata contou com

CATOLICISMO

Em se ntid o co ntrário, vejamos um pequeno fa to muito signifi cat ivo. N a cid ade ele Ca rdoso Moreira ( RJ ), fiéis que rreqi.ientam a igrej a do I mac ulado Co ração ele Maria, ori entada pelo Pe. David Franci sq uin i, resolveram "a tapetar" algum as ru as co m desenhos ecores, para om emorar a tradicional festividade de orpus Christi, como se vê nas foto. à direita. Eles o f°a7.em espontanea mente, com go:to, e fi ca riam muito magoados se fossem im1 edidos ele fazê- lo. É um ato de rei igião e cl arte que brota cio fundo das almas, sem lhantc a outros tantos que se fazem p lo Brasi l afora, e que indicam um desejo vir1uoso de homenagear a Jes us Sacramentado por meio ele figuras belamente coloridas. As pessoas não sofrem pressão para entrega r-se a esse lraba lh o, não se encontram am açaclas ele sanções nem ele processos s não o f"i zerem. Fazem porque querem , e porque ama m a Jes us e Maria . Assim é a pop ularid ade elas coisas autenti ca mente católicas, totalmente di ferente ela popul ar idade revo lu cionária. Popularidade verdade ira, não popul arid ade fa lsa. • E-mai l do autor:

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Nossa Senhora das Neves

Sa nla Clam, Virgem

6 Transl"iguração de Nosso Senhor Jesus Crislo

7 Sanlo Alberto ele Trápani , Conl'essor

1 Sa nlo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doulor da Igreja

+ Pagani, 1787. Fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, dedicada à pregação de missões populares.

2 São Pedr·o Julião Eyrnard, Conl'essor + França, 1868. F undador do Instituto do Santíss imo Sacramento para a adoração perpétua. Seus últimos anos foram cheios de sofrimentos.

3 São Dalmácio, Confessor + Constantin op la , séc. V. "Era mong e havia 48 anos quando, em 431 , saiu pela primeira vez de sua clausura, acompanhado de sua comunidade, para intervir no Concílio de Éfeso em favor dos bispos .fiéis, privados de sua liberdade pelos nestorianos" (do Martirilógio Romano-Monástico). Primeira Sexta-feira do mês

4 São João Maria Vianney, Cu1'a d'Ars, Confessor, Patrono dos Párocos + Ars, 1859. Sua fama de pregador e confessor atraía gente de todas as partes da França. Esmerou-se em combater os bailes imorais. São Pio X nomeou-o patrono de todos os párocos e pastores de almas.

Primeiro Sábado do mês

+ Itália, 1307. Carme lita, a eficácia de sua pregação e o poder dos milagres obtiveram inúmeras conversões, especialmente e ntre os judeus. Provincial de Messina, milagrosamente abasteceu a cidade de alimentos durante o cerco das tropas do Duque da Ca lábria.

8 São Domingos de Gusmão, Conl'essor + Bolonha, 1221. Cônego de Osma (Espanha), oriundo de nobre família . Ao se dirigir em peregrinação a Roma, viu o estrago que a heresia albigense fazia no su l da França. Ali ficou para pregar e defender a verdade, fundando a Ordem dos Pregadores.

9 Sanlo Osvaldo ele Nortúmbria, Conl'essor + Inglaterra, 642. Fugindo para a Escócia quando seu pai foi derrotado e morto, converteu-se ao Cristianismo. Com ajuda ce leste, derrotou os reis da Mércia e de Gales, reconquistando o reino da Nortúmbria, do qual foi rei.

10 São Loul'enço Diácono, Mártir + Roma, séc. III. Espan ho l de origem, foi o primeiro dos sete diáconos de Roma. O Papa São Sixto li confi ou-lhe a administração dos bens da Igreja. Negando-se a entregar ao prefeito da c idade esses bens, depois do martírio daquele Papa, fo i cruelmente assado a fogo lento numa grelha.

+ Assis, 1253. Digna êmula de seu conterrâneo e contemporâneo São Francisco, fundou a ordem segunda dos Franciscanos, conhecida pelo seu nome - as Clarissas - , dedicada à contemplação e ao cu ltivo da mais estTita pobreza.

12 Sa nla 1-:Iilária e Companheiras, Má rt ires + Alemanha, séc. III. Mãe de Santa Afra, depois do martfrio da filha foi apanhada por pagãos, quando rezava em sua sepultura. Estes atearam fogo às suas vestes, morrendo ela pela fé de Cristo com três criadas: Digna, Euprébia e Eunônia.

13 São Cassiano, Mártir + Itália, séc. III. Mestre-escola muito consciencioso no cumprimento do dever, por sua fé em Cristo foi condenado à morte. Seu juiz deu plena liberdade a seus al unos pagãos par·a fazerem com ele o que quisessem, até levá-lo à morte.

14 São Maximiliano Maria Kolbe, Márli r (Vide p. 36)

15 ASSUNÇAO DE NOSSA SENHORA

16 Sa nlo Eslêvão Rei, Confessor· + 1038. Duque da Hungria, convertido na adolescência por Santo Adalberto, de Praga, tornou-se o verdadeiro apóstolo de seu povo, levando-o à Fé de Jesus Cristo. Recebeu por isso a coroa real das mãos de Silvestre li.

17 Sanla Cima ele Monlefalco, Virgem + Itália, 1308. Entrou aos sete

anos ele idade para o convento da Santa Cruz, onde era superiora sua irmã, e logo demonstrou tanto fervor quanto as melhores nov iças. Falecendo sua irmã, fo i e leita por unan imidade para substituí-la , até sua morte aos 33 anos de idade.

grande batalhador contra os erros cio Modernismo - precursor do progressismo atual que o Pontífice qualificou como "síntese de todas as heresias".

22 Nossa Senhora Rainha

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23 Sa nta Rosa ele Lima, Virgem

+ Ásia Menor, éc. II. Eram irmãos e ta lhadores ele pedra. Quando terminaram ele edificar um templ pagão, foram convertidos juntamente com os proprietários daquele, Prócul o e Máximo, que os precederam no martírio.

Principal Padroeira ela América Latina + Peru, 16 17. Aos cinco anos fez voto de virgindade, vivendo em ex traordinárias penitências e mortificações, persegu ições diabólicas e comunicações divinas .

19

24

São João budes, Confessor

São Bartolomeu, ApóslOlo + Séc. L Segundo autores an-

extraordinário aos Sagrados Corações de Jesus e Maria,foi o primeiro a pensa,; e não sem inspiração divina, ern tributarlhes um culto litúrgico. Fundou o Instituto ele Jesus e Maria (Eudistas) e as Filha, ele Nossa Senhora da Caridade.

20 São Bernardo, Doulor da Igreja

27 Sa nla Mônica , Viú va

Sanlos l•'lorêncio e l ,auro, Má r'lir"S

+ França, 1680. Dele di s e São Pio X: "Ardendo corn um amor

urna síntese das tradições egípcia e agostiniana" (cio Maitirológio Romano-Monástico).

+ Óstia, 387. Suas orações obtiveram a conversão do mai·ido e, depois, cio filho Agostinho, destinado a ser um dos maiores luminar·es ela Igreja.

28 Sa nlo Agoslinho, Bispo, Conl'essor e Doulor ela Igreja + Hipona , 430. Dele disse Leão XIII: "É wn gênio vigo-

roso que, dominando todas as ciências humanas e divinas, combateu todos os erros de seu tempo".

29 Degolação ele São João Ba Usla

tigos, seu verdadeiro nome seria Natanael, ele quem Jesus disse: "Eis um verdadeiro israelita no qual não há dolo". Levou o Evangelho a vários países, inclu sive Pérsia, Índia, Arábia e Armênia, onde teria sido esfolado vivo.

Conforme narra o Evangelho, a sa nta intransigência cio Precurso r em conde nar a vida pecaminosa de Herodes fez com que este o mandasse dego lar.

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30

São Luís IX, Rei de Fmnça, Confessor + Tunísia, 1270. Foi modelo de

Sa nla Ma rgarida Warcl , Má rtir + Inglaterra, 1588. Da nobreza britânica, foi presa com seu criado irlandês João Roche. Foi-lhes oferecida a liberdade se pedissem perdão à ímpia E li sabeth e denunciassem o esconderijo ele um sacerdote cató li co. Tendo-se recusado a isso, foram enforcados e esquartejados em Tyburn.

+ França, l 153. O monge mais ilustre le seu sécu lo. Considerado como segundo fundado r da Ordem C istercie nse, pelo desenvolvimento que lhe deu, foi conselhe iro ele Papas e príncipes, pregou a Segunda Cruzada, combateu os hereges. É considerado último cios Padres da Igreja lati na.

estad ista e de administrador cristão. Empreendeu com grande fe rvor as duas últimas cruzadas, morrendo de peste na segunda. Devotíssimo ela Sagrada Paixão, fez construiJ afamosa Sainte Chapei/e, relicário de pedra e vitrais, para abrigar a coroa ele espinhos cio Salvador.

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31

21

São Cesáreo de Arles, Bispo e Confessor + França, 543. "Monge de Lérins, eleito mais tarde Bispo de Arles,.fez-se o advogado da população galo-romana junto aos jj-ancos e presidiu importantes concílios provinciais. Estimulou a instituição monástica, redigindo duas regras nas quais tenta

São Paulino de Tréveris, Bispo e Conl'essor

São Pio X, Papa e Confessor + 1914. O lema do seu pontificado era Restaurar tudo em Cristo. Foi o grande Papa da Eucar·istia e do atecismo, do Direito Canôn ico e do Canto Grego ri a no , reformad o r da Cú ri a Romana, e sobretudo o

+ Tréveris, 358. Defensor da fé no Concílio de Nicéia e grande pattidário ele Santo Atanásio, foi por isso exilado pelo imperador ariano Constâncio pai·a a Ásia Menor, onde morreu entre não católicos, vítima de sofrimentos e fad igas.

Intenções para a Santa Missa em agosto Será ce lebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes inten ções: • Em honra à gloriosa Assun ção de Nossa Se nhora aos Céus em corpo e o lmo , festividade celebrada pe la Santa Ig re ja no dia l 5 de agosto, uma das mais antigas festas marianas. Nesse dia, pediremos à Virgem Santíssima que maternalmente abençoe os lares e as famílias de todos nossos leitores e colaboradores.

Intenções para a Santa Missa em setembro • Rezaremos para que no Brasi l cresçam ainda muito mais as rea ções ao aborto. A "cultura da morte" - segundo expressão do Papa João Paulo li para classificar a prática desse massacre de inocentes - infe lizmente tem em nossa Pátria não poucos propugnadores, que in sistem em apresentar pro jetos para legal izar essa nefanda e homici da a ção, apesar da oposição da maioria da popu lação bras il eira. Que Nossa Senhora das Mercês converta tais propugnadores; ou en tão os isole, tornando sua atuação fracassada no solo pátrio batizado como Terra de Santa Cruz.

AG


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Comenioração de Corpus Christi

ATHERINE G OYARD

n Aríuo FAoRo

festa de Co rpus Christi é come morada pe los católicos no mundo in te iro, mas na Al emanha ela se reveste de especia l sole nidade. Fo i in stituída na Igrej a pe lo Papa Urbano IV, com a Bul a Transiturus de 11 de agosto de 1264, para ser cele brada na quinta-feira após a Festa da Sa ntíss ima Trindade, a qual ca i no domingo de po is de Pentecostes. O decreto papa l te ve pouca repercussão, porque o Po ntífi ce fa leceu e m seguid a. Mas a co me moração pro pago u-se po r a lg um as ig rej as, co mo na di ocese de Co lô ni a, na Al e manh a, o nde Corpus Christi era ce lebrada j á antes de 1270. A proc issão surg iu em Co lô ni a e difundiu -se primeiro na Ale manha, depo is na França e Itáli a. E m Roma é comemorada desde 1350.

* CATOLICISMO

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o 'tting ir a sua 8ª edi ção, a Fête de la M1t sique no cas te lo do Jaglu j á é um aco nl ci men to que atra i todos os anos, durant o mês de j unh o, os habita ntes das adj aeê n ·ias . Est a no a associação Avenir de la Culture organi zo u o evento co m a parti c ipação dos "Trompeles de Caça de Rambouillet". Ho uve també m um segundo pó lo de atração: um espetácul o 1, l'ul coaria, a cargo do Centro Le O Conc íli o de Trento (1 545- 1563) confirmo u essa festa, que na Al e manha to mo u um caráter _d e de mo nstração de fé no Sa ntíss im o Sacra me nto co ntra os protestantes, que nega m esse sac ram e nto e a prese nç a rea l. Des ta form a, Co rpus Christi to mo u um ca ráte r de puj a nte afirm ação do cato licismo, sobretudo nos lu gares ditos de di ás po ra , o nde os cató li cos são mino ri a. N este ano, a Sociedade Alernã de Defesa da Tradição, Família e Propriedade fo i convidada pelo pároco de São Martin - ig rej a que perte nce à cidade de Kêillebac h, no Estado do Sarre - para partic ipar da proc issão de Co,pus Christi. Atende ndo a esse pedido, a entidade envio u uma de legação de seus cooperadores, portando capas rubras e estandartes com o leão ro mpante, símbo los da assoc iação, o que acrescentou um espec ial brilho à sec ul ar fes ta cató li ca. • E-mail cio autor: atili ofaoro @cato licis111o.co111 .br

Faucon

So /0 !{ 1101.

Os espectadores compareceram em gra nde núme ro, ap sar de uma chuva incessante. Sob uma g rand t nda mo ntada para a c ircun stâ nc ia, os pr s 'nt cs se de li c ia ram co m os so ns penetrantes harmo niosos das trompas de caça. Depo is do concerto, qu ando a c huva amaino u, o es1 láculo de fal coari a desenvolveuse no gramado dos fu ndos do castelo, onde aves e tre inado r s xibiram suas habilidades . Estes do is aspectos do espetác ul o, tend o como fund o o bosque do caste lo do Jag lu , e voca ram , num a atmosfera ga udi osa, a festa de São Huberto, pad roe iro dos caçadores. A j ornada termino u à noite co m um cocktail. E-mai l para a au tora: cato licis111o@catolicis1110.co111 .br

AGOSTO 2007 -


Lousiana: Acampamento de Verão-2007 ■ FLÁVIO M ATIHARA

A cidade norte-americana de Norwood foi palco de um acampamento fora do comum: os participantes manifestaram extraordinária apetência por desafios inspirados na cavalaria medieval

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CATOLICISMO

A

TFP norte~americana patrocinou, de 27 d: junho a~ de julho , o Acarnpamento de Verao-2007 para Jovens - tambem denommado Apelo à Cavalaria, pe lo fato de ensinar aos jovens que a fe lic idade não se e ncontra nas drogas nem em outros víc ios, mas no idea li s mo e no c umprimento do dever. Este ano e le fo i rea lizado em Norwood , na Loui siana, e conto u com a participação de cerca de 40 rapazes de vários estados . A progra mação di ári a iniciava-se com o despertar ao som de ga itas escocesas e conclu ía com um cortejo e m que se rezava o santo Rosário. O evento fo i honrado com a presença de S. Excia. D . Robert Berggreen, bi spo de Baton Rouge. Além de pro porc ionar o inexcedível dom da santa Missa celebrada e m latim , atendeu os jovens em confissão. O te ma da confe rências girou em torno das lutas da Espanha católica, desde a Reconquista até os va loroso carlistas e a cru zada anti comunista de 1936. Os j ovens pudera m assim conhecer a vida de gra nde per o nagen , como Dom Pe layo, E l C id , São Fernando III e Isabe l a Cató li ca, como ta mbém a ge ta do in contáveis heróis anônimos que to mbaram vítimas das balas comunistas bradando Viva Cristo Rei!

Aspectos gerai s do aca mpamento

U m dos pontos a ltos da pro •ra maçfü> fo i a visita ao nav io Kidd, que se acha fu ndeado no Rio Miss iss ippi, a bordo cio qua l assistiram à l'o rm iclávcl queima d l'o lOS de artifício cm comemoração ao 4 de Julho, data ela inclc1 ' ndênc ia americana. Ao chcgarc 111 ao nav io cm fil a dup la, precedidos ele um a grande bande ira nac io na l e tocando gaitas ele fo le, 111u itos na mu ltidão se perguntava m: "Que111 seio estes, que se porta111 como gentis-homens ?" A resposta ve io imed iata: "Süo jove11.1· católicos, participantes do Aca mpa mento Ape lo à Cava lari a, que se realiza aqu i per/o". • E- m ai l d o auto r : fl a1am a1@ca 1o l icis 1110 .co 111 .br

AGOSTO 2007 -


A MBI E N TES C O ST UM ES C I V ILI ZAÇÕES

Decadência: a troca do belo pelo "gostoso" O belo encanta o espírito, o "gostoso" delicia o corpo ■ PUNIO C O RRÊA DE Ü LIVE IRA

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torn ou mais cômodo, mais acessível, e o prazer que se procurou nas co isas foi muito menos do belo do que do "gostoso". O belo encanta o espíri to, enquanto o "gostoso" deli cia o corpo. Das cadeiras elega ntes do estil o Luís XV[ para as poltronas modern as, que di ferença de beleza ! M as, em compensação, como o corpo se sente melhor, estirado sobre a li sura dessa poltrona e afagado pela fl exibilidade dessa alm ofada! São evoluções bem de acord o com o tipo moderno de habitação, em que por economia se deixa empobrec ida a sa la de visitas, mas o lu xo não conhece limites para a comodidade das cozinhas, das copas e dos banheiros ... Economi zar-se no sa lão de honra o qu e se va i gas tar no ba nh eiro! Dec repitude dos sa lões doura dos, · apogeu do banheiro - eis um tema para meditação ! •

Excerto de artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "Legionário", 13-5- 1945.


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PU NIO CQRRÊA DE Ü LIVEIRA

Qualidades da raça negra expressas na Bahia ande defensor da unidade en re todas as etnias que consti uem o povo brasi leiro, Plín io Corrêa de Ol iveira semp re combateu os movimentos esquerdistas que procuravam cria r riva lidades e divisões entre brancos, negros e índios, poi s elas servem ao propósito d e lan ç ar o País numa revoluç ão socia l, por meio da luta de classes e d e raç as . Em suas inúmeras pa lestras, o Prof . Plínio freqüentemente estimu lav a seus ouv intes ao c onvív io h armonioso entre tod as as raça s, elogiando as qu alid ades d e cad a um a delas. A título d e exe mplo , segu e trec ho de uma palestra re alizada em 14 de ju lho d e 1 984 , na qu al ele respond e a um a pergunta sobre o modo d e ser característi c o do ba iano .

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CATO U

Nº 681

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PAGINA MAmANA

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CommsPONDf.:NCIA

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ENTREVISTA

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Dr,:sT1\Qtm

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L..:1nJRA EsPIIUTlJAI,

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CAPA

36

VmAS DE SANTOS

Mariazell comemora 850 anos Mariazell, padroeira da Áustria

A conjuntura econômica atual

Encíclica Pascendi - 100 anos O caso da deportação dos pugilistas cubanos Sobre a existência do inJ'emo -

fl

Quilombolas: conflito racial orquestrado São Gregório Magno

39 V AmEDADEs Reis e rainhas povoam nosso quotidiano

*

"O modo de ser da Bahi a dá sabor ao Brasil inteiro. A Bahi a é como um tempero que a gente põe no prato, e o prato inteiro fi ca com o gosto do tempero. O tempero do Brasil é a Bahi a. Quando afirm amos que alguém é imaginati vo, diz mos que ele imagina coisas qu niío x isI · 111 . M as com o baiano não é ass im. 1 ·us p >S o ba iano numa moldura, numa Ba hi u qu ' ·0I-r spond ria à imaginação los outros, rnus qu • l{i a rca li ladc; deu ao t·tl ' nt o ht1iuno H ·apn ·idad • d ap rfciçoar ·1 13ahiu qu • EI ' 't'iou. 1 ' man -ira qu os baianos. n,uis suas bonitas ·onslruçõ s, 1, ai ,um 111odo ·0111pl •111 111 n oi ru do riador. Deus l'a'.I. ·0 111 as ·oisus d:i I111t I1 n•1,11 co mo um bo 111 pni pod · 1'111.l· r l'0III o l'i lh o: dá um ·ad ' 1"11 0 ·0 111 os tkSl' 11lios

uma po sia >u fa'.I. ' r um di s ·urso. li d ·scnvo l v u um a comcdori a muit o illl a •inosa: va tapá , sara i atei, ca ru ru , e tanta co isa ci o gênero. Entre os vári os lápi s ele cor que Deus pôs na ca i xa para co lorir a B ahi a, destaca-se um grosso e grande láp is ele cor preta : os negros ela Bahia. A Ba hi a não seri a ela mesma sem os negros. e um baiano se envergonhas e cios n 1 ros de lá, seri a um bobo. u acho que a raça negra possui certas quali dacl s qu os bra ncos niío têm. U ma ·cita form a de po sia, um a forma d a foto, uma ·apa ·id ad d • cl ' dicar-sc, que fa'.I. ci o n gro um l · 111 111 0 fun damcn lal do qu adro lradi cional na I ahi a, e que entro u co m al go I ara ·1 1 o ·s i a que a Ba hia tem". •

Setembro de 2007

impressos, mas sem cor, e dá os láp is ele cor para o filh o pintar. E ass im Deus fez com a Bahi a, que adquiriu todo um co lori do própri o: o céu tem um a cor mais vi va ; a água cio mar tem uma cintil ação espec ial; quanto às pa lmeiras ela praia ele A maralin a, tem-se a im pressão ele que um vento feéri co soprou sobre elas e todas se inclin ara m; as igrej as parecem conserva r d nl ro d •l;i s os sécul os passados. Par c • q u • Vi ·irn acabou ele fa zer um s rmfto; quv o:-, ll o landcscs aca bam d · s ' r ·x p1il so:-, dt· 111, qu ' os >rand's orador·s d11 1111 11 11 11 1 hum d ' i'a'.I. 'r um di sl' urso, t· qI I1• li ,,. , SOS dos •rn n tll'S pm·l11s litiill llil ',\' 111:1 Ili ouvir t· I11 Iod11s 11s t'M llll II ,., () po vo )ll ll t'l'l' •-.. 1111 l lillllllll 111111111 di sposto 11 t ' 11 1111 1· d1111 ~11 1, 11 II11pI1I \ 1 111

40

PoR Qt JE NossA SENIIOIM c1101M

42

D1sc1mN1NDO

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AçAo CoNTIM-REvo1,t1c10NÁmA

52

AMn11wn,:s, CosTUMES, C1v11,1zAçé>i-:s

Psicologia das multidões

A catedral de Rouen: convite à elevação do espírito

Nossa Capa : Mapa reprod uzido do boletim do Movimento Paz no Campo, São Mateus (ES), agosto de 2007. As áreas em vermelho, indicadas no mapa, seriam territórios qui lombolas.

SETEMBRO 2007 -


1•

Caro le ito r,

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Reg istrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-01 O São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (Oxx11) 3333-6716 Fax (Oxx 11) 3331-6851 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo· SP Impressão: Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. E-mail: epbp@uol. com .br Home Page: www.rovistac tollci mo.com .br

Sempre com a preocupação de ma nLc r nossos le it o res in fo rm ados sobre temas de inte resse para a causa cató li ca e a ivili zação risLã , ta nt o no Brasil como no ex te rior, Catolicismo trata e."te mês, e m .- ua maLé ri a d capa , de um g rav prohlcma: a políti ca bras ile ira a respeito dos quilombos. e não fo r bem s luc io nada , tal política "quil o mbo la" poderá contribuir decisivamenle para desviar nos~a Pátria do porvir g lo ri oso com que sonhava m Nó brega e Anchieta, e afi na l precipilá - la no caos e na anarquia - me ta final do comunismo. Com efeito, estamos a braços com uma c ri se, toda e la arti c ulada e artificial, desencadeada po r ações do Poder Público, da esquerda católica e de certas ONGs, e m to rno do que se conve nc iono u chamar os quilorn.bolas. Insere m-se nesta catego ri a qua isq ue r afrodc ccnde nte que, com base e m mera autodec laração junto à Fundação Palm.ares, afirmem que determinada terra está em loca l o utrora habitado por seus antepassados. A partir de tal declaração unil ateral, o governo inicia um processo de desapropriação da referida terra! Esse absurdo ex i. te, de de que fo i transformado em norma de ação pelo decreto 4887, do presidcnle Lula, de novembro de 2003. E não fi cou só no papel: está ·e ndo po to e m prática, deixando sobressa ltados legítimos proprietários rurai s e urba nos de diversos Estados. A lé m d séri o a i ntado ao direito de propri edade - asseg urado por dois ma ndamentos da Lei de Deus, " não ro uba rás" e " não cob içarás as co isas a lhe ias" - , o decreto apresenta o utra conseq üê nc ia terrível: ati çar a luta de raças e m um País que, ao contrá ri o de muitos o utros, soube soma r ha rmo nicamente as qualidades das diferentes raças, derivando daí um povo inte li gente, intuitivo, perspicaz e pacífico, graça à inspiração católica e à herança lu sa. Ao se inte nta r j ogar o negro contra o branco, o u vice-versa, está-se na verdade e nxerta ndo nesse corpo rob usto e va riegado, que é o Brasil cristão e multi -racia l, a erva daninha de um apartheid, com todas as conseqüênc ias desagregadoras que daí poderão advir. Pela apli cação do me nc io nado decreto, o govern o deverá res po nder diante de Deus e da Hi stó ri a. Não só pe las injustiças patrimoniais a que da rá lu ga r, como ta mbé m pe la chaga que abrirá no coração do Brasil. Diante de tão sombri o panorama, Catolicismo não poderia o mitir-se, confirmando sua atuação ao lo ngo das várias c ri es que ocorreram durante os 56 anos de ex istênc ia da revista. Por isso publica nesta edição matéria específica da lavra de seu competente colaborado r e jornalista respon sável, Nel son Ramos Ba rretto, conhecedor aprofundado do tema. Desejo a todos uma boa le itura.

ISSN 0102-8502 Preços da assinatura nnual para o m6s do Setombro do 2007: Comum : Coope rador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar vu lso :

íl$ 106,00 íl$ I' 0 ,00 R$ 280,00 A$ 4 0,00 11$ 10,00

Em Jesus e Ma ri a,

~ ~07 D IRETOR

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

U ma pequena cela de um monge, transformada em monumental basílica, é hoje o santuário mais visitado da Europa Central. Peregrinos recorrem à milagrosa imagem de Nossa Senhora desse santuário da Áustria. li C ARLOS EDUARDO SCHAFFER Correspondente - Áustria

o i no a no de 1 157 que o abade Otke r, do moste iro be neditino de São La mberto, e nvio u Magno, um de seus mo nges, para pregar num dos rincões de s ua vasta jurisdição. M ag no pre parou-se para a mi ssão. H a via ainda naque las lo ngínqu as pl agas muitos pagãos , ao lo ngo dos sombrios vales e ntre a ltas montanhas. M agno te mi a o desa mparo, uma vez e m mi ssão . Surgindo di ficuld ades, com qu em se aconselha ri a?. A que m ped iria socorro? Por isso le vou , com li cença supe rior, uma peque na imagem de Nossa Se nhora , talhada e m madeira de tília .

F

O milagre Aproximando- e o N atal, dirigiu-se Mag no a um povoado, o nde desejava pregar "aos que viviam em cego paganis1no" e dar també m assistência espiritu al aos cristãos . A aldeia fi cava mais lo nge do que e le pensava. Vi ajava o santo reli gioso vários di as, sem viva alma e ncontrar. Estaria perdido? O rumo que havi a tomado era correto? Seus ma ntime ntos c hegava m ao fim . Impossível retorna r ao po nto de partida, o nde deixara conhec idos. Não havi a estradas ne m caminhos batidos, naque le tempo. Numa senda pedregosa escurec ida pela floresta, íngreme subida estreita e pe ri gosa. Uma gra nde pedra , desprendida do a lto, barra va-

Mariazell - 850 anos '~ cela de Maria" lhe o ca minho. Impossíve l movê- la. M ag no não tinh a a quem pedir ajuda. Volto u-se e ntão fervorosamente a Nossa Senhora, através da peq uen a image m que le vava . Em oração, viu de re pe nte o grande bloco fender-se, deixando- lhe li vre a passage m. Nesse lugar, no pe nhasco de Sigismundberg, não muito longe de Mariazell , se encontra hoje uma cape la, c ham ada "Origem de M a ri azell".

"Cella Mariae" Uma vez e m se u destino, Mag no narrou a todo o acontecido. Curiosos, uns e o utros começam a se aproximar da imagem, que co nvida va à confi a nça. Aos poucos pedem graças, e são concedidas e m abundância. Multiplicam-se os fi éis. Magno coloca respeitosame nte a image m

sobre um tronco de árvore e começa a construir uma cela (termo que designa, nos moste iros e conventos, o peque no quarto dos re li g iosos), que serviri a ao mes mo tempo de cape la para sua Protetora e de ab ri go para e le. Nessa cela, ambos começa m a prodiga li zar be nefícios a que m pedia : e le dá assistência espiritual, conforme a o rde m recebida de seu superi or; Ela faz mil agres. Assim, a cela do mo nge, onde estava a pequena imagem, torno u-se procurada por crescente núm ero de fi é is. A " Cel la Mari ae", Mariaze/1 (Cela de Maria, em portug uês), deu nome ao lugar. Multidões passa ra m a visitá-lo. Uma igreja foi co nstruída por volta de 1200, oferecida pelo conde Henrique d e Mahre n e sua esposa, assim honrando a

SETEMBRO 2 0 0 7 -


À esquerdo ,

interior do basílica

Moriozell no sécu lo XIX

povos. O re i Luís da Hung ria, e m agradecime nto pe la magnífi ca vitó ri a sobre os turcos e m 1370, e mbelezou a cape la o rig in al. O s Habsburgos sempre ho nraram sua Patro na. E m ·1756, como parte das co me morações cios 600 a nos ele pe regrinações, a Impe ratri z M aria Teresa doou a mag nífi ca g rade ele prata, vista ainda hoje como um dos esple ndo res da basíli ca, e m to rno el a cape la. Nela estão as arm as e a coroa impe ri ais, be m co mo o e mble ma ela Hun gri a. São Bento e São La mbe rto são re presentados em grandes image ns postas sobre colunas, na parte e xte rna, jun to às image ns ele São José e cios pais de M ari a Sa ntíss ima, São Joaquim e Sa nta Ana. Da no breza ela Boêmi a e Hungri a, seus me mbros to mara m o bo rdão cio rome iro e para lá pa rtiram , aco mpa nhados ele g rande séqüito.

to pe lo ate ndime nto ex trao rdin á ri o cio p e did o, a casa co mp rad a rece be u o no me de "Casa da I mac ul ada" . Um ruidoso exo rc is mo, fe ito e m 1370, é le mbrado po r um quad ro posto na basílica e po r fi g uras sobre o po rta l principal. E le consta co mo sendo o prime iro gra nde mil agre . T rata va-se de uma mãe que, te ndo matado seu filh o, to rnara-se possessa.

Luta contra o comunismo

Túmulo do Cordeai Mindszenty

Ainda milagrns

mil ag rosa estátua a pós c ura de gra ve doença. Essa igreja tra nsformo u-se e m bas íli ca, que é o sa ntuá ri o ma is vi sitado ela E uro pa Central. Ne la se e ncontra, sob o altar principa l, aque le tro nco cortado po r M ag no, prime iro a lta r da image m .. E a peque na image m de Ma ri a, atraindo pe regrinos ele todas as nações q ue o utrora pertencera m ao Im pério A ustro-húngaro, te m hoje o título de Magna Mater

Austriae, Magna Domina Hungarorum, Alma Mater Gentium Slavorum (Grande M ãe da Áustri a, Ra inha cios Húngaros e Senho ra cios Po vos Es lavos).

A nobreza

Vitorio do rei Luís do Hungria sobre os turcos, em 1370

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CATOLI C ISMO

O utros nobres lá fo ram, como pereg rinos, ao lo ngo dos 850 anos ele sua hi tó ri a. Imperadores e re is, gene rai s e homens ele Estado lá pedi ram por uas necess idades pessoais e pe lo des ti no ele seus povos . Esta atitude contribuiu para o a ume nto dessa de voção, pois a nobreza, com sua mi ssão exempl a r, arrasta os

Não só o rações fora m ali atendidas, mas ta mbé m inúme ras c uras de doenças cio corpo e da a lma. N ão fa ltaram conve rsões. Na bas íli ca se vêem incontá ve is ex- votos, q uad ros re trata ndo mil ag res, presente fe itos ao a ntuá ri o e m agradec ime nto de favo res ex traordinários e de c uras obtidas pela inte rcessão da M ãe de De us. O livro " Mari aze ll ", de Lo lanthe Ha bwa nde r, na rra alg un s fatos impressio na ntes ali aco ntec idos. O Padre Anto n M ari a Schwartz, fun dado r da o rde m cios Calasa ntinos, recebe u a li uma graça notá ve l. Corri a o a no ele J907 qu a ndo e le fo i rezar junto à im age m mil agrosa, s upli ca ndo- lh e o ate nd ime nto de um gra nde anseio. Desej ava co mp ra r, e m Vi e na, um a casa a pro pri ada à s ua comunidade nasce nte, mas fa ltava m- lhe rec ursos . Termin a ndo a ce lebração de um a Mi ssa so le ne na hi stó ri ca ca pe la, fo i para a sacri sti a. Uma senho ra de gra nde di stin ção veio até e le, e di sse te r recebid o, e m oração junto à im age m, a in spiração de a ux ili ar os Ca lasa nti nos. "Como posso ajudálo? ", pe rg un to u ao Pe. Sc hwa rtz. Ao q ue e le res po ndeu: "A senhora ce rta-

Peregrinos chegam ao santuário

rn.ente não me pode ajudai; pois necessito nada menos que 150.000 Co roas". Ao qu e e la res po nde u: " Está bem. O senhor terá a quantia desejada!". E la ma nte ve a pro messa. Em agraclec ime n-

Santo Ano e Nosso Se nhora

Qua ndo o Pad re Petru s Pav li cek fun d o u a Cruzada do Rosário e da Reparação, pedindo a libertação da Áu stri a do ju go co mun is ta, fo i e m to rn o d e M ariaze ll que e le reagrupo u seus fi é is. Sua C ru zada teve um resultado inteirame nte milag roso. O s russos de ixara m o país pouco depo is, e m J954 (vide a rti go e m Catolicismo de maio/ 1998). O grande Cardea l Minclszenty , a rcebi spo prínc ipe e primaz ela Hungri a, pe rseguido pelo regime comuni sta e verdad eiro mártir ele nosso te mpo, desej o u ser e nterrado e m Mari azell , e de fa to te ve lá ua primeira sepultu ra, e m 1975 atual me nte muito vi sitada. Nestes te mpos de impi edade, o flu xo d os pe regrinos não é mais como nos tempos da mo narquia a ustro-húngara. Mas incontáve is são os que ainda para lá se diri gem a pé, so li tá ri os o u e m fa míli a. Há pe regrinações fe mininas, estuda ntis, ele motocic li stas, de dife re ntes pa róqui as, e muitas o utras. Até mes mo - o que fa z pa rte da confu são de nossos d ias uma mini stra soc ia li sta fo i a pé, paga ndo pro messa. Princ ipal santuári o da Euro pa Centra l, M a ri aze ll recebe a nua lme nte um milhão de visita ntes, peregri nos e m sua maio ri a. No próx im o di a 8 de sete mbro o papa B e nto XVI irá e m peregrin ação a Mari azell , e m come moração dos 850 anos do mil ag re. A atmosfera desse lugar sa nto, propíc ia ao contato com Nossa Senhora, é ce rtame nte d e vid a à influ ê nc ia dos be neditinos, consta nte através dos séculos, desde os dias ele sua fundação . No recolhi do silênc io, sente-se q ue a Senhora dos Corações te m mui to a di zer às a lm as. Cada um sente-se o lhado por Ela. E la nos vê, o uve, socorre. • E-mail do aut or: cschalTcr @catolicismo.co m.br

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las a ace itar o " mi serabili smo e o tribali smo". (S.V.S.D. -

Lorotas ecológicas [8J E u desconfi ava muito da publici-

dade enganosa espalhada pelos ecologistas de pl antão. Mas, como não tinh a fund amentação científi ca, me calava. Mes mo em casa, sobrinhos meus vinham com lorotas sobre o clima, aquecimento global, lançamento de dióxido de carbono na atmosfera, efeito estufa, mudanças climáti cas, etc., tudo sem pé nem cabeça, coisas difundidas em seus colégios. Eles di ziam essas coisas, mas eles mesmos não entendi am nada, apenas re peti am co mo papaga ios as patacoadas que di ziam seus professores. Mas, como eu também não entendia desse assunto, fi cava quieta, mesmo sabendo que o que eles repeti am não tinha lógica nenhuma. Agora, com as provas que publicaram no Catolicismo , já estou dando na cabeça deles, e eles é que estão se calando. Já experimentei fa lar para eles sobre o assunto de que não são as fl orestas o "pulmão do mundo", mas sim os oceanos, e também sobre fe nômenos que se sucedem naturalmente em ciclos. Chegou a minha vez de di zer as verdades contra essas fa lsidades dos movimentos " verdes". Vocês d izem bem: é pu ro " terrori smo" da "seita verde" para causar pânico nas pessoas, fazêlas mudar o padrão de vida e forçá-

-CATOLICISMO

RJ)

vos para não publi car a minha opi ni ão. Aguardo retorno, sim. (C.N. -RS)

Embustes da revolução

O mesmo vene110 c01mmista

[8J Impressionante como a revolução,

[81 Uma verdadeira revolução, detonada pelos ecolog istas destemperados, de fato está em curso nos nossos di as . Com que objetivo fi nal? T udo isso parece rumar para a destruição da própria sociedade bem instituída e conduzi-l a para um estado se lv agem. Tem muita razão o -Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, descobrindo que é o mes mo objetivo do sistema comuni sta que fa liu . A revolução ecológica contém o mes mo veneno da revolução comuni sta, só que agora "vendido" numa outra garrafa, com um novo rótul o. Não é mais uma garrafa vermelha de sangue, mas uma garrafinh a verdinha para atra ir os incautos. É a transformação do comunismo, e a nova cara surge desta vez na cor verde. Muito obrigado.

sustentada pela grande mídi a, mani pula as pessoas com suas impostações pseudo-científicas. Não fosse o alerta dos senhores, muitos outros iriam embarcar nessa canoa fu rada dos ecologistas com suas impostu ras. A aparência deles, tomando uma semelhança de bonzinhos, protetores carinhosos das árvores, dos animais, da natureza e m geral, é enganação. Na profundeza de tud o isso co meça a aparecer a finalidade dessa revolução: jogar o mundo numa anarquia. No meu ambi ente, nem posso dizer isso, po is serei co nsiderado um "bichopapão" nascido fora de época. (N.G.F. -

ES)

Nihil obstat ...

(LN.E. -SP)

[8J Achei IN-TO-LE-RÁ-VEL a pos-

tura do site, www.catolicismo.com.br, em relação aos problemas eco lógicos. Vocês estão errados. Sim, o pl aneta vai ser destruído sim , entendeu? Prec isamos levar uma vida mais fru gal e acabar com esse con sumi smo enl ouquec ido, acabar co m os automóveis, co m as indústri as, etc. Isso é que produz os elementos poluentes, que são as bombas atômicas com as qu ais estamos destruindo nosso pl aneta, e assassi nando a nós mesmos . As argumentações intolerantes dessa revi sta deveri am sumir do mapa junto com vocês todos. Estou mandando essa mensagem para me desabafar contra vocês, porque vocês não terão coragem de publicar a mi nha opini ão, oposta a essa reportagem sobre os problemas eco lógicos. Por que vocês não têm coragem de publi ca r essa minh a me nsage m? Têm medo? Qu ais são os obstác ul os que os impedem? Não são democráti cos? Então abra m espaço para todos, ou então co loquem seus moti -

Remando co11tra a c01rente Gostei muito da posição fo rte de Catolicismo contra a conspiração internacional dos ecologistas, promovida no mundo inteiro. Catolicismo vai contra toda a corrente. Não é a primeira vez que vocês agem assim, enfrentando a opinião da moda, e espero que possam fazê- lo ainda mui tas outras vezes. (V.M. -

PB)

aborto: imensa máquina para impor o genocídio de nascituros ao mundo in te iro " , es to u cada vez mais conv encida de que um a das principais e mais eficientes formas de lutar co ntra esta questão crucia l, nestes tempos de crise da sociedade contemporânea como um todo, é denunciála e expô-la, em todas as suas dimensões, pois esse lobby internacional que estão faze ndo a fa vor do extermínio de inocentes é contra o direito à vid a, contra a integridade física, moral e espiri tual da mulher, contra seres hum anos ind efesos, co ntra a fa míli a, a dignidade humana, a mora l, a consci ência, a éti ca, a fé e fu ndamentalmente contra Deus, pois a vida é uma dádiva deste ser supremo que nos cri ou. Minh as sinceras congratul ações por este artigo de capa publicado na revi sta Catolicismo , ex plicitando de fo rma profícua um assunto crucial, de fundam enta l importância e significado, em tempos de notóri a desvalori zação e descaso para com a vida humana na s ua integralid ade, a liad o também aos esforços intensivos de uma luta encetada, em tempos anteriores, contra a legalização do aborto, por este mes mo veícul o de comunicação. Que Deus os abençoe, o Divino Espírito Santo lhes conceda muita luz, e a Santíss ima Virgem proteja a todos para que nunca esmoreçam nesta corajosa luta contra a impunidade e a legali zação do assass in ato fri o, cruel, perverso de seres inocentes. (M.R.S.P. -

SP)

Ji'amília contra o aborto Mani festo meu apoio, de minha esposa e de minha fa míli a, a Catolicismo , na luta conlra o aborto em toda e qualquer condi ção. Sou professor e pai de 8 filhos. (C.R.O.C. -

MG)

Lobbystas <lo aborto [8J Após a leitu ra do edifica nl c e contundente artigo "A inter11acional do

"Internacional do aborto" [8J Li com muita atenção o Catolicismo de julho de 2007, especialmente o ótimo artigo de capa "A Internacional do aborto: imensa máquina para impor o genocídio de nascituros ao mundo inteiro " . Desejo parabenizar o autor, Sr. Alfredo MacHale, e esta revista que o reproduziu . O artigo serve de argumentação aos anti-abortistas e de alerta ao povo

de nosso país. Infeli zmente nós católicos somos "ingênuos" e sempre desculpamos os abortistas e congêneres, di zendo que "as pessoas são maJ inform adas, etc". Este trabalho publicado na revista chama atenção para o fato de que há uma orquestração mundial: há muitas "inteli gências" postas a serviço deste crime que cl ama aos Céus, e que não hesitam em utilizar todos os métodos para tornar o aborto uma prática comum e universal. Que os colaborad ores desta excelente revi sta continuem divulgando matéri as co mo es ta, e qu e isto traga muitos frutos. Que Nossa Senh ora nunca deixe de os abençoar e proteger. (L.C. -SP)

Alel'l;a co11tra o aborto

que é capaz de assumir nuances diversas dependendo das circunstâncias . E o que é pior: confundem muitas pessoas usando falsas "católi cas" como abortistas, como se fosse poss ível a conciliação entre o católico e tão grave pecado. É preciso reagir energicame nte contra essa má fi a criminosa. Que Nossa Senhora não permi ta no Bras il leis que autorizem crime tão horrendo ! Parabéns a Catolicismo pelo excelente e esclarecedor artigo. (E.M.F.S. -

Valioso apoio -

I

[8J Parabéns para a revi sta Catolicismo . Qu e Nossa Senhora os proteja pela luta incansável pela vida dos inoce ntes. Co ntem co m o me u apo io sempre.

(L.F. -

[8J Parabéns a toda a equipe de Ca-

tolicismo pela brilh ante abordagem contra o aborto. Foi particularmente escl arecedor verificar que a causa do aborto é, na verdade, instigada por grandes organi zações com pesados interesses fin anceiros. É muito útil sa ber que as supostas ONGs próaborto são organizações "de fac hada", co ntand o co m po uquíssimos militantes des interessados e praticamente sem membros voluntários. Fiquei tão indi gnado ao sabe r que a Orde m Ca rme lita alu ga suas salas para a ONG abortista "Católicas(?) pelo Direito de Dec idir", que mandei mensagens eletrônicas a vári as instâ ncias da Orde m Carm elita e à CNBB , sem contudo obter resposta. Oxalá a excelente matéri a publicada por Catolicismo sirva de alerta contra o grande mal do aborto que ameaça nosso país. (J.J.M. -

MG)

Estratégia diabólica [8J Impressionante a abordagem de Catolicismo mostrando a organização internacional para conseguir a legalização do aborto ! Vê-se que há uma estratégia di abóli ca direc ionada, e

SP)

Vc'llioso apoio -

MG)

II

[8J Mani fes to meu total apoio à cam-

panha contra o a borto, bem como às o utras ca mpanh as qu e em Vossas Senh orias estão e mpe nh ados neste momento. Obri gado pela oportunidade de me manifestar. (E.J.A. -

Valioso apoio -

SP)

Ili

[8J Sempre fui amigo da TFP e gosto

muito da Revista Catolicismo . Ela te m pos ição definid a e é muito combativa. Tenho uma assinatura e leio com muito gosto todos seus artigos. Sobre o combate à tentativa de implantar o ab0tto no Brasil, tenho a dizer que a grande maioria dos ab0ttos são frutos da promiscuidade, infelizmente tão pouco combatida pelas autoridades religiosas, e tão incentivada pelos meios de comunicação. Catolicismo é a revista mais clara que eu conheço e a melhor para esclarecer nossas dúvidas. É reaJrnente A REVISTA CATÓLICIA. Vamos juntos combater esta aberração. Contem comigo. (J.A.F.S. -

RS)

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11 Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - Algum tempo atrás, foi anunciada a publicação do Evangelho segundo Judas, uma tentativa de reabilitação do Apóstolo que traiu Jesus. Sendo um evangelho apócrifo, já condenado por Santo Irineu no século II, isso não perturba a fé de nenhum católico, porque todos percebem que se trata. de mais um lance da investida atéia contra a Igreja Católica. No entanto, tenho visto alguns católicos atrapalhados com o que se lê nos próprios evangelhos canomcos. Assim, São João diz no capítulo 13, versículo 18: "Não falo de todos vós; sei os que escolhi; porém é necessário que se cumpra o que diz a Escritura: O que come o pão comigo levantará o seu calcanhar contra mim". E São Mateus, no capítulo 26, versículo 24, completa: "O Filho do homem vai ser entregue, como está escrito dele, mas ai daquele homem, por quem será entregue o Filho do homem! Melhor fora a tal homem que não tivesse nascido ". Se a traição de Judas já estava prevista na Sagrada Escritura, ele estava a1)enas realizando um desígnio divino, estava cumprindo a Escritura. E portanto não pode ser condenado por isso. Ta l parece ser o argumento dos que querem rea bilitar Ju das. Como explicar isso'? Resposta -

A cxplicaçã s encontra no próprio evangelho de São João, logo no versículo seg uinte ao qu e o p rezado

CATOLI C ISMO

consule nte cita: "Desde agora vo-lo digo, antes que suceda, para que, quando suceder, creiais que sou eu [o Messias]" (Jo 13, 19). A Sagrada Escritura anuncia co m antecedê nc ia vários fa tos que have ri am ele suceder com Jesus C ri sto, para que os jude us, vend o ta is fa tos aco ntecerem, reconhecessem que Ele era o M essias. Apesar ele Jesus C ri sto ser uma pessoa absolutamente extraordinária -ao mesmo tempo Deus e homem, e que irradi ava um esplendor divino em torno de si, alé m de multipli car milagres portentosos - os olhos dos judeus em geral, e d os pró pri os Após to los e m particular, estavam tão fechados, tão opacos por suas pai xões, que era preci so dar-lhes sinais ta mbém extraordinári os para furar as camadas espessas que cobriam os seus olhos. N a ve rd ad e, po ré m , só de po is el e tere m recebido o Espírito Santo, no di a ele Pentecostes, os o lhos e os ouvi dos de les se abriram - abri ram-se as suas mentes e seus corações - para compreender o que tinham vi sto e ouvido. E ntão - e só então e nte nd e ra m todos os sin a is que lhes havi a m sido dados. É o que registram , cada um a seu modo, os qu atro e vange1hos ca nô ni cos, d e São M ate u , São M a rcos, São L uca e São João. Os evari gelhos apóc ri fos (não canô ni cos, e frequentemente fa lsos), proveni e ntes muitas vezes das seitas heréti·as ' 1nóst icas, ram j u. ta111 · nt ' uma t ' ntati va cio de mônio d ' lançar ar' ia n JS o lhos los l'i is, parn ·o nl'undi los ' p rturbar a sua f' . O di to ·v11 11ge l ho se , und o Ju das , h ' lll como alegado cva n , ' lho d '

Maria M adalena, que serviu de pasto para o fa mi gerado romance Código Da Vinci, podem ser colocados nessa categori a.

A pré-ciência c/ivina e o lfrre al'bitl'io A resposta ac im a, entretanto, reso lve apenas parte el a questão, po is de ixa de lado o princ ipal proble ma, que é o conhec imento que De us te m cios f útu ros contingentes. Só o enunc iado da questão terá ass ustado muito cios le itores: Futuros contingentes, o que é isso? E se o co nceito é cli fíc i1 ele compreende r, ma is a ind a o é, para o comum cios mortais, a so lução que para o probl e ma d á S a nto To más d e Aquino na Sum a Teo lóg ica, Pa rte Prime ira, ques tão 14, arti go 13. Fica aí a indi cação

pa ra os es píritos e ruditos. Co mo ele vo escre ver para o comum dos le itores, recorrere i mais adi ante a uma metáfora que os catequi stas católicos usa m com o fim de explicar, para o po vo simples, essa compli cada questão. Deus é onisciente, isto é, sabe desde toda a Eternidade to d as a s coi sas, prese ntes, pa sad as e futuras. Que Deus conheça as co isas presentes, não constitui ma ior proble ma, po is sendo onipresente, isto é, e tanclo presente em todas as partes, vê tudo que se passa. Inc lusive no interi or de nosa almas, e m nossas mentes e no ma is íntimo de nossos corações. Vê o que pensamos e qu ere mos de bo m, co mo também o maus pensame n-

tos e ma us desejos e m q ue te nh amos co nsentid o. E nos pre mi a ou castiga, respectivamente, por todos eles. Por isso deve mo co nser var sempre puros nossos corações e nossas mentes, pois não escapare mos do juízo de De us, favo rável o u desfavoráve l. Q ua nto às co isas passadas , De us as co nhece ta mbém, po is j á se rea li za ra m; e, ade ma is, rea li zara m-se na s ua p rese nça. O pro bl e ma co meça a se pô r co m re lação aos aco ntec im entos fut uros. Es qu e m at ica me nte, es tes se d ivid em em d uas ca tego ri a : a) os que dependem excl usiva mente de causas natu ra is, como, por exe mpl o, o movi mento dos astros; e, mais perto de nosso di a-a-di a, o te mpo atmo férico (pe lo me nos enquanto não afetado pela ati vidade humana, o que o colocaria na segunda categoria); b) os que de pe nde m da li vre atuação dos seres rac ionais, como os anj os e os homens. São estas últimas ações que constituem os menc ionados f uturos contingentes, isto é, que pode m rea li zar-se o u não, confo rme a deliberação, muitas vezes capri chosa, dos home ns (para simplifi car, de ixemos de lado a atuação, também livre, dos anj os). Quanto aos aco ntec imentos da ca tegori a "a", até os cienti stas estão, em certa medida, em condi ções de prevêlos. Qu anto ma is Deus, qu e tem uma Sabedoria in fin ita, e que conhece perfe itamente a natureza que cri ou, e q ue está submetida às le is por Ele mesmo estabe lecidas. O gra nde probl ema, portanto, é ex pli car como Deu co nhece os aco ntec im e ntos do tipo " b" qu e de pe nd e m

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Judas, ao trair o Divino Mestre, atuou movido por suas livres deliberações . Com isso, cumpriu o que prediziam os Escrituras, mos permaneceu o único e exclusivo responsável por seu nefando ato.

exc lusivamente do livre arbítri o dos ho mens. Ainda neste campo, é prec iso ter presente que um bom observador pode prever como se co mpo rta rá de terminad a criatu ra di ante de determinada s itu ação. Um p rofesso r po de pre ver qu e um a lun o se rá re provado, po rque não estuda ne m fa z as li ções de casa. Um méd ico pode pre ver qu e de te rmin ad o pac ie nte, incapaz de se abster do á lcool o u do fum o , morrer á el e uma cri se hepática ou de câncer. Qu anto ma i. De us, que conhece o fund o das mentes e dos corações, é capaz de pre ver como reag irá cada homem dia nte de determinadas circ unstânc ia . E assi m como a previsão cio professor não é a causa da repro vação cio a lun o, nem o

prog nóstico do médico a causa da morte do paciente, Deus não é causa de que os ho me ns procedam mal. A metáfo ra a qu e a ludi mos ac ima d á- nos a lg um a idé ia disso : im agin emos um o bservador co locado no alto de uma montanha, e m torno da qu al serpente ia um a rodovi a, de modo que e le está em condi ções de ver do is automó ve is qu e se mo ve m e m sentidos contrários numa pi sta úni ca, sem se verem um ao o utro. Notando que um dos motori stas se desloca numa ve loc idade imprudente e condu z o ve ícul o de modo afo ito, o observador está e m condi ções de prever que um ac idente fa ta lmente ocorrerá. Ass im , conhecendo o futuro, De us a nuncio u nas Escrituras determinados aco nte-

cimentos que autenticaria m a pessoa do Mess ias. Ao fazêlo, não e limino u o li vre arbítri o dos ho mens, que continu aram res ponsáve is pe los seus atos, como o o bservado r no alto do mo nte não interfe riu para que o ac idente se produzisse. E m o utras pala vras, o acidente ocorre u, não porque o observador previu , mas por culpa da imprudência do cond uto r do ve íc ul o , pe lo ma u uso do seu livre arbítri o. Da mes m a ma ne ira, Judas, ao tra ir o Divino M estre, atuo u mov ido po r suas li vres de liberações. Com isso, cumpriu o que predi z iam as Escrituras, mas permaneceu o úni co e exclusivo responsável por seu nefand o ato. • E-ma il do aut or:

cone1:oioseluiz@catolicis1110.co111. br

SETEMBRO 2007 -


A REALIDADE CONCISAMENTE .

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União Européia é nova União Soviética, afirma dissidente

A

Universidades francesas restauram pompa de formatura rustrados pela fa lta de sole nidade q ue impe ra nas uni ve rsidades fra ncesas a pós a re vo lução de Maio de 68, os alunos reivindicaram o re torno da pompa acadê m ica na formatura. Professores e m toga negra, estudantes usando fa ixa bo rd ada com o brasão da unive rs idade rfoto], medalhas e diplomas, d iscursos e cocktail vo ltara m e são aceitos com e ntusias mo. "Trata-se de valorizar os estudantes, de que-

União Européia (UE) está se transfo rmando numa Un ião Européia de Repúblicas Socialistas So viéticas (EUSSR),

escre veu o e x-d isside nte soviético Vladimir B ukovsky. Para e le, a U E está a ca minho ele ser um novo " império do mal" análogo à fa lida URSS . A s imi litude e ntre as d uas sobressa i nas te ntativas ele se aprova r sorrate irame nte um tratado constitucio nal q ue faria ela UE um Estado supranac io nal, desrespe itando a vo ntade ex pressa cios e uro pe us. Ac resce q ue a U E prom o ve ag ress iva me nte um a Revo lução Cultural anticatólica e antifa milia r rumo a uma imora lidade ofi cia l, talvez pio r que a vigente e m ple no sta li nismo. •

F

brar o anonimato das f aculdades, de recompensar o esforço", ex plicou Sy lvie Sarzana, po rta- voz da Un ive rs idade Pa ris-VI Pierre-et-Marie-Curi e. "Os estudantes estão f elizes", gara nte M ichel L ussau lt, pres idente da U ni ve rs idade de To urs e porta- voz da Co nfe rê nc ia cios Pres ide ntes de Un iversidade ela França. •

Desvendada escravidão oficial generalizada na China comunista

A

polícia chi nesa li be rtou 2 17 escravos de fábricas estatais, mas o núme ro rea l seri a mu ito maior. O s escravos foram surrados, padec ia m fom e, trabalhav a m semi -nu s e aco rre ntados, d ias a fi o, vi g iados po r g ua rdas e cacho rros [foto]. Os que te ntava m fu gir e ram mo rtos, e os cadá ve res a bando nados e m sacos plásticos num mo rro próx imo . O fi lho ele um alto func io nário comuni sta de Sha nxi foi respo nsa bi Iiza do e exec utado, po ré m essa exec ução visou maq uia r· a s ituação gene ra li zada na Chi na. O d iss ide nte chinês Han Do ngfang d isse à agê nc ia " As iaNe ws" que os fatos apu rados são a " po nta do iceberg". O s prod utos chineses à ve nda no Oc ide nte, incl us ive no Brasil, estão sa lpi cados co m o sang ue de mi lhões ele in fe li zes escravos da pio r d itad ura ela Hi stó ria. •

-

CATO LI C ISM O

Escolas de Nova York proíbem laptops nas aulas

1 "Bota

a culpa no aquecim~1~to gl~ba~", uivava o roqueiro na te la ela TV Argent111a, q ue trans m1 t1a o festi va l rock-ecológ ico m.undial Live Earth, promov ido e m 100 locais ele o ito pa íses pe lo guru elo ecologismo rad ical, o ex-vice-pres ide nte no rte-americano A I Gore. E nq uanto isso ocorria, os olhares cios espectado res esta va m fixos nas jane las. Uma nevada e xce pc io na l, e m me io a inte nsas o ndas po lares, c hego u até B ue nos Aires [foto], fe nô me no este q ue só aco ntecera e m 19 18! O país parou completamente. Crianças e adu ltos brincara m alegre me nte na ne ve, pouco se incomoda ndo com os slogans catastrofi stas e a fa nática pressão a respeito de um suposto e apocalíptico "aquecimento global". •

A

esco la s upe ri o r ele Li verpool ( No va Yo rk) ba ni u os la pto ps das aulas lfoto]. Eles não favo rec ia m os alunos, mas e rviam para que fu g issem elas tarefas, para troca r "d icas" nos exames, ver po rnografia e ataca r e letro ni ca me nte as e mp resas loca is. O utras escolas to mara m a m es m a dec isão.

"Após sete anos, não há, ao pé da letra, nenhurn.a indicação de que eles tenham um. impacto positivo na melhora dos alunos", disse M ark Lawson, pres ide nte do conselho esco lar de Liverpool. M a is de 30 pais de fa míli a a poiaram a decisão . Tais desastres escolares ocorre m po rq ue a tecnolog ia é pro movida po r fi lantro pos e po líticos sem conexão com a reali dade, registro u o "The Ne w Yo rk Times". •

Barbárie e anarquia em escolas paulistas

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m M aca t uba (S P ), qu a tro a lun os ap lica ram a co la

su.perbonder na cade ira da profe sora de B io logia, que

po r isso te ve a ro upa rasgada e so fre u graves escori ações. E m P iraju (SP), do is estuda ntes incendi ara m o carro da di re tora da esco la. Em Dracena (SP), uma serve nte de 67 anos te ve os doi braços q ue brados e fe rimentos nos o lhos, ao ser pi soteada pe los alunos. E m São Bernardo do Campo, ABC pa ulista, um menino decepo u o dedo ind icado r d uma professora e fe riu a vice-d ireto ra no rosto co m uma cab çada . Juni a de Vil he na, professo ra da PU C/ RJ , a tribu iu essa barbá rie à fa lta de tradi ções e valo res. Os pais roram Ti ados no fa lso princípio do "é proibido proibir ", a '<lrH ·ol hem amargos frutos . •

Nevada histórica ridiculariza ecologistas

Abolido o regime de enfiteuse, a calma abandonou Claraval

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laraval (MG) te m 4.500 hab ita ntes que, até há po uco, desfruta va m algo da tranq üili dade da Idade M éd ia. Casas, chácaras e o utras terre nos perte ncia m ao Mosteiro de Nossa Se nhora cio D ivino Espírito Santo. O q ue correspo nde ao imposto te rrito rial (IPTU) era pago com um d ia de traba lho - cerca de R$ 20,00 - dedicado à Abadia Territorial de Claraval. E m 1869, o casa l Franc isco Garc ia L o pes e Mari a Rita cio Espírito Sa nto doo u 40 a lq ueires para a Cape la do D ivi no Espírito Sa nto elas Canoas, e e m 1948 a área passo u para o reg ime de e nfite u e - siste ma típico da era medi e val. O novo Cód igo C ivil , contudo, e xtingui u tal s iste ma. Agora, aos sábados, uma advogada tenta resolver li tígios na praça centra l. A prefeitura acusa o bispo ele gananc ioso, por te ntar ve nder os lotes, e a diocese q uali fica a prefe itura de e leito re ira. Exting uiu-se assim esse vestíg io ele calma medie val, e os pesadelos mode rnos passaram a infe rn izar a vida dos habi tantes cio mu nicípio. •

"Máquina" para substituir as boas maneiras

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um estacio na me nto da capita l no rte-a me ricana fo i mo ntada a " máq uina para c ump rime ntar" [foto l Ela d ispe nsa aos passantes 150 saudações cio gênero "o Sr: é um bom motorista" o u "a Sra. escolheu um bom pe,f ume" . A lgo raro ele se o uvir numa c idade hod ie rn a , o nde costuma m pro li fe ra r a acrimô nia e até os in sultos. O artefato faz parte do Washington Proj ect fo r the Arts Site Project, informo u " ABC New s" . Constitui sig ni fi cativa a mostra ela fa lta de bom e nso do mu ndo mode rno. Afastando-se assustado rame nte das boas maneiras, do respe ito, cio bo m to m e ela doçura de trato, ca racte rísticas el a trad ição cató li ca, essa mesma mode rnidade e labora fa lsas soluções para tais ma les, as q uais re ve lam um artifi c iali mo mecânico e risíve l. •

Venezuela: anticatolicismo e socialização do país

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governo venezuelano anunciou a estatização do Hospital Coromoto na cidade de Maracaibo. Operários retiraram da entrada principal dessa casa de saúde o imagem de Nossa Senho ra de Coromoto [foto], padroeiro da nação, e fixaram uma faixa com um novo nome : Hospital Ernesto Che Guevara . Pressionado pela opinião pública , o regime chavisto foi obriga do a reinstalar a venerada imagem, exigindo porém que o pessoal médico siga " a linho socialista e revolucionário". Os médicos inconformados serão substituídos po r elementos governis tas ou oportunistas de esquerda . A demolição das estrutura s básicas de uma nação serve ao socialismo, pois afunda sua popula ção no desespero e na miséria , enquanto se tenta extin guir a devoção o Nossa Senhora .

CELAM dialoga com governo cubano Con se lho Epi scopal Latino -Ame ri cano (Ceiam) foi a Cuba, onde elegeu seu s novos dirigentes. No oca sião, os prelados receberam cartas de e sposas e mães de " presos de con sc iência" , descrevendo a dramática situ a çã o em que estes vivem nos cá rceres comunistas da Ilha . Ap esar di sso , o CELAM inaugurou um diálogo com o regime co st rista . Participaram do reu ni ã o cinco card e ai s, sete bi spos , o Núncio Apostólico em Cubo e a chefe m arxista do Escritório de A ssuntos Re ligiosos, Caridad Diego, al ém de ou tros quatro membros do cúpula do governo . Coridad Diego manifestou sua satisfação com o referido d iálogo (dr. " O Estado de S. Paulo", 13 -7 -07).

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SETEM BRO 2007 -


O Estado gasta muito e gasta mal Dr. Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de

São Paulo, aponta preocupantes questões referentes à política econômica do governo, atualmente inclinado a uma perigosa reestatização

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evido às perturbações no mercado imobiliário norte-americano, nova turbulência abalou o mundo, afetando o mercado financeiro no Brasil. Catolicismo não é uma revista de economia e finanças; entretanto crises do gênero, por vezes, acabam gerando outras crises, inclusive de ordem social e moral. Assim sendo, é muito oportuno ouvir um competente economista, para que exponha a nossos leitores seu pensamento principalmente sobre a atual conjuntura econômica do Brasil. O Dr. Ulisses Ruiz de Gamboa é economista e administrador (Universidad Gabriela Mistral, Santiago do Chile); mestre em economia (Pontificia Universidad Católica, Santiago do Chile) ; doutor em economia (Universidade de São Paulo); economista do Instituto Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo; consultor do Banco Mundial ; ex-consultor da Confederação da Indústria do Chile; e professor na FEA/USP. O cenário econômico no Brasil e no mundo será o mesmo, quando esta edição chegar às mãos dos leitores? A mencionada turbulência terá passado ou desfechado num desastre? Nosso País sofrerá outros abalos? Em que proporção, e causando que tipo de danos? "Quem viver verá" ... Em qualquer caso, pedimos ao leitor levar em consideração que esta entrevista nos foi concedida no início do mês de agosto. Mas ela traz também apreciações de ordem geral sobre a economia brasileira, que não se modificam no prazo de um mês.

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Catolicismo - Qual a sua opinião sobre as condições atuais da economia brasileira?

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CATOLICISMO

Dr. Ulisses - A economia brasileira apresenta uma maior solidez em vários indicadores macroeconômicos, em comparação com a de cinco anos atrás. Temo baixa inflação, superáv its comerciais recordes e reservas internacionais superiores a Li$ 150 bilhões. As perspectivas ele cresc ime nto ta mbém são maiores, ao redor ele 4,5% para este ano. Contudo, é bom lembrar que, apesar disso, o Bras il é um cios países emergentes ele menor crescimento, e deverá crescer menos que a economia mundial, a qual, segundo o FMI, se expandirá 5,2% durante este ano e o próximo. Além disso, os bons resultados macroeconômicos mostrados por nosso País dependem fundamentalmente do desempenho cio cenário internacional.

f)I: lflisses:

"1'emos um govc/'11O que gasta crcscc11tcmc11tc e gasta mal. Gastos com salário do f'l111cio11alismo e com políticas assistc11cialistas, ti/JO Bolsa-Família "

Catolicismo - O que "trava" um maior crescimento da economia brasileira? Dr. Ulisses - O cresc imento econômico de qualquer país depe nde bas icame nte el a qu antid ade ele investimento e m capital físico (aq ui sição ele máqui nas e equipame ntos), investimento e m capital humano (educação e capacitação) e do ava nço tecnológico. Todos esses fa tores necessitam ele fin anciamento, o que requer a e xi stência de um nível ele po upança bem maio r que aquele de que a econo mia brasileira é capaz. Temos um setor pri vado com baixíssima capacidade de po upança, pois, já contando com uma renda compro metida qu ase na totalidade com gastos ele consumo essencial, ainda eleve paga r uma carga tribu tá ri a próx ima a 40% da renda. Alé m disso, temos um governo que gasta crescenLe m nte e gasta " mal" , pois concentra a maior parle ele suas des pesas em gastos correntes, ba icamenle salários de servido res públicos, gastos com a prev idência e com políti cas ass istenciali stas, Lipo Bolsa-Pam ília. Ou seja, há despoupança públi ca, que s não é maior porque a arrecadação esLá se ex pandindo de for-

Catolicismo - Com relação à crise atual no mercado imobiliário norte-americano, quais serão os efeitos para a economia brasileira? D,: Ulisses - Em primeiro lugar, a economi a bras ileira encontra-se relativamente "blindada" para enfre ntar essa nova crise fin anceira, pois di spomos ele elevado nível ele reservas internacionais, o que contribui para redu zir de fo rma importante nossas necessidades atuais ele moeda eslrn ngeira. Por isso mesmo, essa turbulência tem se manifestado em nosso País de fo rma bem limitada, provoca ndo uma moderada elevação cio câmbio e algumas quedas nas cotações da BOV ESPA, e não um a cri se na balança ele pagamentos. Agora, está claro que, se essa cri se redundar em uma desaceleração ou até em uma recessão da economia norte-americana e mundial, aí sim o panorama ela economia brasileira se complica, porque já não poderemos realizar a "mágica" de crescer a partir cio consumo, sem provocar aume nto da infl ação. Contudo, essa crise financeira atual não parece estar afetando diretamente os bancos internac ionais, pois os bancos centrais têm injetado liquidez suficiente nos mercados para compensar a falta de fund os, e ela está circunscrita a um segmento de alto ri sco cio mercado imobili ári o norte-americano, que equivale a 20% do total.

ma contínua, o que permite manter algum superávit prim ário. Mas o resultado fin al é um défi c it, o que significa que o governo não está aproveitando o superávit primári o para red uzir o endi vidamento, que sempre fo i o obj etivo; se não o consegue, te rmina te ndo que " rolar" parte ela dívid a. O endividamento em relação ao PlB está caindo, fund amentalme nte de vido às reduções el a taxa SE LJ C, referência para a re muneração ele grande parte cios papéis públi cos. Resumindo tudo isso, poderíamos di zer que o atual governo está redi stri buindo o "bolo" antes que ele cresça. Sendo ass im , o crescime nto econômico atual, em vez de ser dete rminado pe lo aume nto da capacidade ele produção, está sendo impul sionado pelo consumo, o qu e pode provocar pressões inflacio nári as . Isso só não aco ntece porque, com o dólar barato, as importações tê m aumentado ele fo rma importante, o que termina colocando um "teto" natural à elevação dos preços inte rn os. Catolicismo - E o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)? Dr. Uli.1·.1·es - O PAC é ape nas um amálgama de projetos públi cos, cm sua maio ria já contemplados anteriormente, e projeto · privados que não passa m de intenções. O Governo ac redita que o seto r privado se entusias mará e investirá, ao perceber que o setor público reali zará importantes investimentos. Essa idéia é um equívoco po rque, por um lado, o Governo não possui grande capacidade ele investimento, como já vimos, alé m de ex istir grandes e ntraves burocráticos, que terminam atrasando considera velmente a reali zação ele uma séri e ele projetos. No qu e tange ao setor privado, sua dispos ição a in ves tir també m tende a ser afetada pelo marco regulatório, que sofre de grande incerteza devido à crescente indefini ção cio futuro elas agências reguladoras . Outro aspecto que aumenta a percepção ele ri sco po r parte cios empresári os privados é a di spos ição, mostrad a recente me nte pe lo Governo, ele reestati zar setores como a telefoni a fix a, a petroquími ca e a eletricidade, sem que ex ista m motivos palpáveis para tal. Não adi anta anunciar um " mega-pl ano" ele in ves time ntos, que depe nde de forma importante do setor privado, se o pró pri o Governo dá sinais de preferir que o Estado seja o principal motor da economia. Alé m de tudo isso, te mos um grande gargalo na infra-estrutura, que não é ca paz ele sustentar um crescimento acelerado da econo mi a sem e ntra r ele vez e m colapso, e m "apagões" aéreos, rodo vi ári os, ele energia elétrica, etc.

"O PAC é apenas

um amálgama de PI'Ojetos públicos, cm sua maioria já co11temp/ados a11tcrio1'me11te, e 11rojctos pl'Ívaclos que não /}assam de i11te11ções"

Catolicismo - E quanto ao grau de Investimento? Quando o Brasil alcançaria uma boa classificação no panorama internacional? D,: Ulisses - Sinceramente, ac ho que há uma obsessão injustificada por esse tema na economia brasileira, principalmente por parte das autoridades econômicas, em seu afã de legitimar sua política econô mi ca atual. Embora, como já disse anteriormente, o Brasil mostre atualme nte melhores indi cadores mac roeconômicos que no passado, as agências classificadoras também estão ate ntas aos proble mas pende ntes. Essas classificações de ri sco são reali zadas ele fo rma comparati va, e não absoluta, e aí o Bras il não se sai muito bem e m relação a outras economi as e mergentes - co mo a Rúss ia e o Méx ico, por exempl o - principalmente na questão fi sca l. Portanto, acho que essa classificação não será dada ao Brasil de fo rm a automática, e que isso também depe nderá ela situação ele liquidez externa. Se o impress io nantemente longo período ele auge econômi co mundial terminar, e com ele o excesso ele liqui dez, penso que os investido res exte rnos fi carão mais ex igentes ao avali ar os indicadores econô micos ele países emergentes como o Brasil. •

SETEMBRO 2007 -


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No dia 8 deste mês comemora-se o centenário da Encíclica Pascendi Dominici Gregis, "sobre as doutrinas dos modernistas", promulgada por São Pio X em 1907. Documento monumental que marcou o século XX, sem dúvida marcará também nossa época e repercutirá na história dos séculos futuros . Cem anos após o modernismo "síntese de todas as heresias" - ter sido fulminado pelo grande Papa, o movimento progressista, sucedâneo do modernismo e também infiltrado na Santa Igreja, inocula nos ambientes católicos veneno análogo - essencialmente , os mesmos erros combatidos energicamente pelo Santo Pontífice. Trata-se de uma atuação interna, em tudo semelhante a uma conspiração, que visa adaptar a Igreja e o povo fiel aos erros e ao espírito do mundo e da vida moderna. A história se repete ...

Por ocasião do cinqüentenário desse magistral documento pontifício, em 1957, Catolicismo publicou em suas edições de setembro, outubro e novembro, três amplas e importantes matérias de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira. Nelas o autor mostra que, em nossa luta contra os adversários internos e externos da Igreja, devemos agir firmemente como São Pio X. As três matérias encontram-se transcritas integralmente em nosso site - www.catolicismo .com .br - à disposição de todos. Nesta edição, oferecemos a nossos leitores alguns excertos, com pequenas adaptações e inserção de entretítulos. As frases citadas entre aspas são extraídas do texto da própria Encíclica (Pascendi Dominici Gregis, de 8 de setembro de 1907, publicada em francês no volume Ili dos Atos de Pio X, edição Bonne Presse, Paris).

Um fato histórico tão importante quanto a vitória de Lepanto "Rendemos ao imortal Pontífice Pio X nossa homenagem, cheia de gratidão, pelos benefícios que prestou à Santa Igreja, ferindo gravemente, com intrepidez angélica, este terrível inimigo da Religião Católica: o movimento modernista" n Pu N10

C o RRÊA DE O uvE 1RA

areceu-nos que nenhum modo de comemorar o aniversári o da Encícli ca Pascendi seri a melhor do que publi ca r um resumo da linha mestra do grande doc umento. [ ... ] Se São Pio X não tivesse fulmin ado a heres ia modernista, o mundo teri a entrado rapi damente em marcha para o pante ísmo e o ateísmo. E toda a ação comuni sta sobre a face da Terra não teri a enco ntrado di ante de si os enorm es obstáculos que encontrou. A condenação do modernismo foi, pois, um fato hi stóri co tão importante qu anto a vitóri a de Lepanto. E o Papa Pi o XII [ele-

CATOLICISMO

vando Pi o X à honra dos altares, em maio de ] 954] se torn ou credor do reconhecimento etern o dos homens, por lhes haver apresentado por modelo e dado por protetor um tão gra nde santo. [ ... ]

Amar o próximo, e o combater quando necessário "Odiai o erro, amai os que erram ", escreveu Santo Agostinho. Grande, sábia, admirável sentença. Entretanto, quantas aberrações, quantas traições, quantas capitulações vergonho. as se têm abusivamente cometido em nome dela! Há pessoas cândidas - ou covardes que im ag in am as idéias como entes dotados de ex istência física própria e autônoma, os qu ais se incubari am mi steri osa mente nas pessoas. Segundo elas, pode-se mover guerra às idéias sem atacar as pessoas, mais ou menos co mo se pode combater a doença infecc iosa sem atingir o doente, pois a guerra é tão so mente contra o bac ilo. Este modo de ver, infe li zmente mui to genera li zado em nossos di as, benefi cia largamente nossos adversá ri os , pois desa rma toda a nossa reação. A verd ade e o erro não são algo el e extTínseco ao espírito humano, como as li chas na gaveta ele um fichári o. A intelig~ncia, 1elo contrári o, tende a assimil ar e. lc aqu la, por um processo qu e tem sido merec ida e

freqüentemente comparado à digestão. Se alguém come pão ou carne, a digestão incorpora ao organismo uma parcela da substância desses alimentos, que fi ca m faze ndo parte da pessoa. Analogamente, se alguém aceita uma cloulTina, esta de tal maneira pode chegar a marcar sua personalidade, que se diria fi gurativamente que tal homem personifica aquela idéia. Como pretender destruir o pão j á digerido por uma pessoa, sem ferir esta última em sua carne? E como se pode atacar uma idéia sem atingir em certa medida quem a personifica, quem ipso f acto lhe dá vicia, atualidade e possibilidades de di fusão? Não. A sentença de Santo A gostinho é de sentido óbvio. Ela preceitua que desej emos a humilhação e a derrota cio erro, bem como a conversão e a salvação de quem erra. Ela recomenda que usemos, para com quem erra, de toda a suavidade possível. Ela não nos profüe de utilizar, contrn aquele que erra, uma justa severid ade, quando isto se torna necessári o para o bem da Jgrej a e a salvação das almas. Nesse sentido, não chega aquela sentença ao ponto de inutilizar no católico a capacidade de ação e de luta contra os autores cio erro ou do mal. Muito pelo contrár io, os santos so uberam sempre conciliar as duas obrigações fundamentai s e aparentemente contraditóri as, de amar o próximo e de o combater, quando a isto impele o zelo pela glória de Deus e pela salvação das almas. É di sto que nos deu admirável exempl o o Papa São Pi o X na E ncíclica Pascendi, contra o modernismo, com o monumento de objeti vidade e lucidez que é aquele imortal ato pontifício.

se houve nesta emergência, que consagram os ao assunto este arti go. Fazendo-o, chamamos a atenção para a oportunidade fl agrante do exempl o que apontamos . São Pi o X foi beatificado e mais tarde ca noni zado pelo Santo Padre Pi o XII. Qui s ele que seu antecessor servi sse de modelo para os homens, e não para os mortos que j azem na sepultu ra ou para as cri anças que ainda estão por nascer. Foi para isto que ele fez brilhar na honra dos altares esse grand e luzeiro. A gir como São Pi o X , eis o que nos recomenda com sua suprema autoridade o imortal Pontífice Pio XII. [ ...]

Por orgulho repelem toda sujeição

Os ,nodern.istas representam o sumo da obstin ação, e co m eles são inúteis as medidas brandas: "Esperávamos que os modernistas algum dia se emendassem. Por isto, de início, usamos em relação a eles medidas suaves , co mo se faz com filh os, e depois medi das severas ; por fim, e mui to a contragosto, empregamos repreensões públi cas . N ão ignorais, Veneráveis Irmãos, a esterilidade de N ossos esforços: eles curvam por momentos a cabeça , para a levantar nova mente com orgulho ainda maior" . Um a das raízes mais importantes deste lamentável estado de espírito, com efeito, é o orgulho: " O orgulho ! ele está, na doutrin a dos ,nodemistas , como em sua própri a casa; aí encontra ele por toda parDentíncia das táticas Cena do Apocalipse numa tapeçaria do castelo de Angers, te algum alimento, e se ex(França), século XIV. e da COllS/Jiração pand e então em todos os O orgulho é o pai de todas as heresias, e mormente o haveria mo<lernista de ser da heresia que contém em si o suco de todas as outras, seus aspectos. Orgulho, por isto é, o modernismo . Daí dizer São Pio X, dos modernistas, Enganar-se-i a quem sucerto, esta confi ança em si que "por orgulho repelem toda suieição". "Non serviam" pusesse que a Pascen.di foi mes mos, que os leva a se brado que o príncipe das trevas inspira a todos os seus sequa um mero doc umento doutrieri girem em regra universal. zes. Mas que São Miguel Arcanjo cobre com o hino triunfal de nári o. São Pio X não comsua eterna humildade : "Quis ut Deus?". Orgulho, essa vanglóri a que bateu apenas no campo das os apresenta a seus próprios idéias, mas, com admirável olhos como os úni cos cletenenergia e perspicácia, des mascarou os própri os fa utores do tores da sabedoria; que os leva a di zer, arroga ntes e repletos erro; e traçou o lamentável perfil moral do modernista, dede si mesmos: não somos como os outros homens; e que, para nunciou suas táticas e pôs a nu a vastidão de sua conspi ração. rea lmente não serem como os outros, os impele às mai s absurA Encíclica não menciona nomes, mas é riquíss ima em dados das novidades. Orgulho, o que os faz repelir toda sujeição e os sobre a personalidade cio modernista. Em outros doc umentos, leva a uma co ncili ação da autoridade co m a liberd ade. OrguSão Pi o X chegou aos nomes. Por exempl o, nos importantes lho, essa pretensão de reform ar o próximo, esquecendo-se de decretos em que foram nominal e pessoa lmente atingidos os si mes mos; essa absolu ta fa lta de consideração para com a principais chefes cio mov imento. autorid ade, inc lusive a autoridade suprema. Não, realmente, É para que nossos leitores possam medir em toda a sua nenhum ca minho há que condu za mais rápida e diretamente admirável extensão a severid ade co m que o Santo Pontífice ao 11·1.odernismo cio que o orgulho. Que nos dêem um leigo, ou

SETEMBRO 2007 -


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um sacerdote, que te nha perdido de vista o princípio fundamental da vida cri stã - a saber, que devemos renunciar a nós mesmos, se queremos seguir Jesus Cri sto - e que não te nha extirpado de seu coração o orgulho: esse le igo, esse sacerdote estará maduro para todos os erros cio modernismo. E is por que, Veneráveis Irm ãos, vosso prime iro dever é resistir a esses homens soberbos, e empregá- los em fun ções ínfimas e obscuras: que sejam postos tanto mais baixo qu anto mais a lto pretendam subir, e que seu próprio rebaixamento lhes tire a ocasião de faze r mal ". [ ... ]

Moclcl'nismo: mania de novi<Jacles

- "º""º" à traclição Nasc ida dessa curios idade malsã, a mani a das nov idades, o horror à tradição é uma das notas características cio modernismo. Por isto é que, pensando o Santo Papa Pio X nos modernistas - que qualifica, com palavras da Escritura, de "homens de linguagem perversa, clizeclores de nov idades e sedutores, vítimas do erro que arrastam os outros ao erro" - lamenta-se de que "cresceu estranhamente nestes últimos tempos o número cios inimigos da Cruz de Jesus Cristo que, com uma arte absoluta mente nova e soberanamente pérfida, se esforçam por anular as energias vitai s da Igreja, e até mesmo, se pudessem, por subverter inteiramente o reino de Jesus Cri sto". [... ] Os moderni stas, como tantos protestantes, odeiam a po mpa esplêndida cio culto cató li co. E is ua razão: "Do momento em que seu fim é todo esp iritua l, a autoridade religiosa se deve despoj ar de todo aq ue le aparato externo, de todo aqueles ornamentos pom posos, pe los qu ais ela como que se dá e m espetáculo". [ ... ] Percorrendo o quadro psico lóg ico qu e cio modernista pin ta São Pio X, fi ca-se ad mirado co m a franqueza de sua linguagem, co m a clareza, a energia e a precisão de seus conceitos. É bem de ver que, se outrem que não um Papa - e que Papa ! - ass im se ex primi sse, abriria fl anco a que os libera is, cujos mati zes são tão numerosos em nossa pop ulação, e infe li zmente ex istem até nos círculos cató licos, tivessem a impressão de que se está exagerando. [ ... ]

"Inimigos tanto mais temíveis quanto menos declarados "

É natura l que, mov idos po r sua feb re de nov idades, os modernistas também se te nha m lançado contra todas as boas tradições cri stãs. [ ... ] Acrescenta o Papa: "O que ex ige, principalmente, que fa lemos sem tardança, é que os artífices de erros não devem ser procurados hoje entre os inimigo declarados. Eles se ocultam - e ni sto está um título de apreensão e de angústia muito particular - no próprio seio e no coração da Igreja, inimigos tanto mais tem íveis quanto menos declarados. Falamos, veneráveis Irmãos, de grande número de católicos leigos - e, o que é mais deplorável, de pad res - que, sob o pretexto de amor à Igreja, absolutamente fa lhos de fil osofia e de teologia sérias, impregnados, pe lo contrário, até a medula cios ossos, de um veneno de erro haurido entre os próprios adversários da fé cató lica, se inculcam, com CATOLICISMO

desprezo de toda modéstia, como renovadores da Igreja. Esses tais, e m fa langes cerradas, dão audacioso assa lto a tudo quanto há de mais sagrado na obra de Jesus Cristo, sem respeitar sua própri a Pessoa, que tentam rebaixar, por uma temeridade sacrílega, até o nível da simples e pura humanidade. "Estes homens se espantarão de que os inscrevamos entre os inimi gos da [greja. Ninguém terá surpresa diante disso, com algum fund amento, quando - pondo de lado suas intenções, cujo julgamento está reservado a Deus - exam inar suas doutrinas e, em função delas, seu modo de fa lar e de agir. Inimigos da Jgreja, certamente eles o são; e ningué m se afasta da verdade dizendo que são cios pi ores. Não é de fora, com efeito - já o notamos mas é principalmente de dentro que os modernistas tramam a ruína da [greja; o perigo está hoje quase nas entra nhas mesmo e nas veias da fgreja: seus golpes são tanto mais seguros quanto e les sabem melhor onde lançá-los. I_ ••• I

/\ inoculação de "veneno" a/)resentado como "l'eméclio" Conforme a fundamental duplicidade de seu espírito, os modernistas têm toda uma tática especia l para disseminar os seus erros, clanclo-lhes aparência de verdades atraentes e simpáticas. Essa tática, São Pio X a descreveu ad miravelmente: "O que projetará maior luz ainda sobre essas doutrinas cios modernistas é sua conduta, que é inteiramente coerente com suas doutrinas. Ao ouvir os modernistas, ao ler os seus trabalhos, ter-se-ia a tentação de acreditar que eles caem em contradição consigo mesmo ·, que são oscilantes e indecisos. Longe disso: tudo é pesado, tudo é de ·ejaclo entre eles, mas à luz cio princípio de que a fé e a ciência são estranJias uma à outra. Tal passagem de seus trabalhos poderia ser assinada por um católico; voltai a página, e tereis a impressão de ler um racionalista. Escrevendo história, nenhuma menção faze m da clivinclacle de Jesus Cristo; subindo à cátedra sagrada, procl amam-na alto e bom som. Historiadores, desprezam os Pad res e os Concílios; catequistas, citam-nos com honra. Se prestardes atenção, há para eles duas exegeses inteiramente distintas: a exegese teológica e pastoral, a exegese científica e hi stórica. Do mesmo modo, em virtude desse princípio de que a ciência não depende da fé, sob nenhum ponto de vista, se eles dissertam sobre a fil osofia, a história, a crítica, ostentam de mil modos - não tendo horror de caminh,u- assim nas pegadas de Lutero - seu desprezo pe los ensinamentos católicos, pelos Santos Pad res, pelos Concílios universais, pelo Magistério eclesiástico; advertidos sobre esse ponto, lançam brados de protesto, que ixando-se amargamente de que se lhes viola a liberdade. Enfim , dado que a fé é subordinada à c iência, repreendem a Igreja abertamente e em toda ocasião - pelo fato de que Ela se obstina em não sujeitar e não acomodar seus dog mas às opiniões cios fi lósofos. Quanto a eles, depois de terem fe ito tábul a rasa da antiga teologia, esforçam-se por introd uzir uma outra, complaccnlc para com as divagações desses mesmos fil ósofos". [... ]

Com a a/)arência "católica ", co1·1·om11e1· os católicos Os modernistas agem dentro da Igreja co mo v rcl acl ci ra quinta co luna, pois, segundo é de toda evidênc ia, sua int enção

cons iste e m conservar o aspecto de católicos, para mais fac il mente clis eminar na · próprias fil eiras católicas a peçonha de seus erros. Infe li zmen te, como sempre aco ntece, ex iste uma terceira força para fac ilitar a ação dessa quinta co lun a. Essa te rceira força é fo rmada por aqueles cató licos, quiçá be m inte nc ionados, que, por um excess ivo desej o de co nc iliação, ou pe lo temor de parecere m atrasados, retrógrados o u reac io nári os, adotam e m sua linguage m, e m suas atitudes, e m toda a linha de sua condu ta, um a o ri e ntação que, se não é direta me nte modernista, facilita o deslizar perigoso cios es píritos para essa he res ia. Foi o que com muita finura observou o Santo Pontífice: "O que é muito estra nho é que cató licos, que sacerdotes, dos qua is queremos pensar que tais monstruos idades lhes faze m horror, se comportem e ntreta nto, na prática, co mo se as aprovassem plenamente; é muito estranho que católi cos, que sacerdotes, tributem tai s louvores, prestem ta is ho me nage ns aos corife us do erro, que se tem a impressão de que quere m honrar por esta for ma, não os homens em si mesmos, talvez não de todo indi gnos de alg um a consideração, mas os erros que tais homens abertamente professa m, e cios q uais se arvoraram e m ca mpeões". [... ]

Os moclernistas unem suas energias 11am al'l'uinar a fgl'eja Muito bem orga ni zados cio ponto de vista da propaganda, os modernistas se a li am no mundo inte iro, para o efe ito de difundir me lho r as suas doutrinas.

"Não se pode de ixar de sentir estranheza e surpresa di ante do valor que certos católicos lhe atribuem [à crítica rnodernista]. Para isto há duas causas: de um lado, a ali ança estre ita que fi zeram entre s i os hi stori adores e críticos da escola modernista, por c ima de todas as diversidades de nac ionalidade e de re ligião. De outro lado, a audácia sem limites desses mesmos ho mens: que um dentre e les abra seus lábios, e os outros apl audirão, a uma voz, elog iando o progresso que comunica à ciênc ia; se alguém te m a infe licidade de criticar uma ou outra de suas nov idades, por monstruosa que sej a, em fil eiras cerradas os modernistas investe m contra e le; que m nega suas doutri nas é tratado de ignorante, quem as adota e defende é e levado às nuve ns. Muitos que, iludidos com isto, se inclinam para os rnodernistas, recuariam de horror se o percebessem". Como tantas vezes acontece com os hereges, os modernistas têm um ardente espírito de proselitis mo: "Se, pelo menos, tivessem menos zelo e menos atividade e m propagar seus erros ! Mas ta l é neste partic ul ar seu ardor, tal sua pertinác ia no trabalho, que não se pode considerar sem tristeza como despendem, em arruinar a Igrej a, energ ias magníficas que seriam tão aproveitáveis se fosse m bem empregadas. Seus artifíc ios para iludir os espíritos são de duas mane iras: esforçar-se por afastar os obstáculos que lhes causam tra nstorno; depois procurar, com cuidado, pôr e m movimento, ativa e pacientemente, tudo que lhes possa ser útil". "O modernistas se apoderam das cátedras nos seminári os, nas univers idades, e as transformam e m cátedras de pestilênc ia. Di sfarçadas ta lvez, suas doutrin as são semeadas por e les do alto dos púlpitos sagrados; professam-nas abertame nSETEMBRO 2007 -


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te nos congressos; fazem-nas penetrar e as põem em voga nas instituições sociais. O fruto de tudo isto? Nosso coração se sente apertado ao ver absolutamente transviados tantos jovens que eram a esperança da Igreja, e que lhe prometiam tão bon s serviços. Outro espetáculo ainda Nos contrista: é que tantos outros católicos, não indo certamente tão longe, entretanto têm tomado o hábito, como se tivessem respirado um ar contaminado, de pensar, de falar e de escrever com mai s liberdade do que convém a católicos".

Perseguição encarniçada aos verdadeiros católicos "Os modernistas se empenham em minimalizar o Magistério eclesiástico e em lhe enfraquecer a autoridade, seja desnaturando sacrilegamente sua origem, seu caráter e seus direitos, seja reeditando contra ele, do modo mais livre do mundo, as calúnias dos adversários. Ao clã modernista se aplica o que Nosso Predecessor Leão XIII escrevia, com dor na alma: Afim de atrair o despreza e o ódio sobre a Esposa mística de Cristo, na qual está a verdadeira Luz, os filhos das trevas têm o hábito de Lhe atirar, à vista dos povos, uma calúnia pérfida {. .. ]. Depois disto, não há motivo para que alguém se espante se os modernistas perseguem com toda a sua malevolência, com toda a sua acrimônia, os católicos que lutam vigorosamente pela Igreja. Não há espécie de injúrias que não vomitem contra eles: a de serem ignorantes e obstinados é a preferida. Se se trata de adversário temível por sua erudição e vigor de espírito, os modernistas procuram reduzi-lo à impotência, organizando em torno· dele a conspiração do silêncio. Conduta tanto mais censurável quanto ao mesmo tempo, sem fim nem medida, esmagam sob seus elogios quem se coloca de seu lado. Quando aparece um trabalho, desde que por todos os poros se deixe notar nele o desejo das novidades, os modernistas o acolhem com aplausos e exclamações de admiração. Quanto mais um autor tiver mostrado audácia em atacar o venerável edifício da Antigüidade, em solapar a tradição e o Magi stério eclesiástico, tanto mais será tido por sábio. [...]

Fato de apa1'ência estrnnllíssima: o e1·1·0 dis/'arçado Com essas citações, concluímos a descrição do perfil moral do modernista e dos seus métodos de ação, segundo a Encíclica Pascen.di. Por esta forma, rendemos ao imortal Pontífice Pio X nossa homenagem, cheia de gratidão pelos benefícios que pre tou à Santa Igreja ferindo gravemente, com intrepidez angélica, este terrível inimigo da Religião Católica. Nossa insistência a este respeito foi motivada por uma circunstância especial. Hoje em dia, para o comum dos fi éis, mesmo para os de alguma cultura reli giosa, o erro só pode existir fora da Igreja. Em outros termos, o erro é adotado pelos que professam religiões falsa ou pelos que não profe sam nenhuma reli gião. Ele deve ser procurado e alvejado nas fileiras dos protestantes, dos espíritas, dos comuni tas. Mas haveria peri go, haveria falta de caridade, haveria temeridade, em procurá-lo nas hostes católicas. Nesta , pelo contrário, só a verdade poderia florescer. E a idéia de procurar algum erro de CATOLICISMO

doutrina em obras de escritores cató licos poderi a parecer, a esse público, singul ar, estranha, nasc id a ele suspicác ias infun dadas e antipati as pessoa is. Na reaJidacle, vimos como São Pio X nos mostra a ex istência, em seu tempo, de poderosa corrente de erros vi cejando no próprio seio da Santa Igreja, e não apenas nas seitas heréticas ou cismáticas, ou entre os racionaJistas. No tempo do Santo Papa, esta vasta coorte de católicos transviados estava intimamente ligada aos adversários externos da Religião, articulada de maneira a, protegida por uma falaciosa aparência de catolicidade, difundir o erro nas próprias fileiras católicas. Trabalho terrível de quinta coluna, que fazia com que o mal se apresentasse disfarçado sob o aspecto mais simpático e mais agradável. [... ] É esta uma constante dentro da vida da Igreja. Com efeito, não é raro que, aparecendo uma heresia, seus fautores procurem, quanto podem, tomar aparência de ortodoxos, permanecendo durante o maior tempo possível nas fileiras católicas para mais facilmente arrastar as almas. Em geral, é necessário um esforço terrível para que o erro seja apontado, caracterizado, reconhecido e expulso do redil. [... ]

Revivem nos modernistas o espírito e os métodos do jansenismo Como se sabe, a corrente jansenista que se difundiu por toda a Europa nos séculos XVII e XVIII, e em certa medida no século XIX, era, em essência, um calvinismo disfarçado. Seus partidários, homens muitas vezes insignes por sua erudição, tendo apoios e simpatias entre altos dignitários eclesiásticos, di spondo do apoio também de chefes de Estado e de políticos eminentes, exímios na arte de esconder a peçonha dos erros sob a aparência de austeridade, de zelo e de talento, conseguiram perturbar durante séculos inteiros a vida da Cristandade. Ocultando suas doutrinas heréticas sob uma linguagem agradável, atraíram a simpatia de pessoas que teriam horror a qualquer espécie de heresia. Foi necessária uma luta terrível para extirpar da Santa Igreja esse veneno tremendo . E, em conseqüência dessa luta, se debilitaram as forças católicas, se aniquilaram energias que poderiam ter sido utilizadas com admirável eficácia no combate ao racionalismo. Mais ainda, os partidários da doutrina ortodoxa, muitas vezes desacreditados pelas calúnias jansenistas, ficaram na impossibilidade de prestar à Igrej a todos os serviços que de outro modo lhe teriam podido prestar. [...]

A mesma tática: "lobos ocultos sob peles de ovell1as" Desta situação amarga participou a própria Santa Sé. Várias vezes os Romanos Pontífices den unciaram o erro. Mas sempre conseguiram os jansenistas, servidos por uma tática muito eficiente, fazer aceitar por numerosos fi éis a idéia de que essas condenaçõe não passavam de atitudes políticas tomadas sob a deplorável pressão de conjunturas humanas, e não eram atos de magistério movidos pelo puro zelo da causa de Deus. O que explicava que muitas pes oas duvidando dos verdadeiro Pastores da Igreja e deitando toda a sua confi ança nos lobos ocultos sob peles de ovelhas, e deixassem persua-

clir de que as disposições da Santa Sé a respeito do janseni smo não dev iam em consciência ser ace itas pelos católicos. A divisão que o jansenismo causou entre os fiéis, a di spersão de esforços, a confusão, favoreceram na realidade a Revolução Francesa. Outra poderia ter sido a reação dos católicos do século XVII, e particularmente do século XVIII, se permanecessem unidos na verdadeira doutrina ortodoxa: teriam combatido ele fre nte os erros monstruosos da Enciclopédi a, que se prepararam, se enunciara m, e depois foram difundidos por toda a E uropa . Tal não se deu. O enc iclopedi smo, encontrando nos próprios arra iai s católicos o terreno preparado pelos desvios do janseni smo, se propagou livremente. E daí nasceu o terrível cataclismo que foi a Revolução Francesa. Es te aspecto do quadro ideo lógico e político do século XVIII merece particular atenção. Costumam os historiadores afirmar simpl es mente que o enciclopedismo, servido por esc ritores eminentes, ele grande talento, conseguiu conquistar a Europa. Seria o caso de perguntar por que esta conquista não encontrou reação, ou por que a reação oposta à co nqui sta foi tão fraca, que praticamente não pôde ev itar o mal. A debilidade dessa reação fo i devida, em grande parte, à circun stância já apontada: a deso rd e m im e nsa introd uzid a nas fil e iras ca tó li cas pe lo jansen.isrno, o prejuízo causado à vitalidade da Igreja pela difu são, em seu seio, de uma heres ia tão perigosa.

Atualidade cio tema no início cio século XU O rnodernismo foi condenado no início do sécul o XX. A atua lidade do exe mpl o histórico que acabamos ele evocar, entretanto, ainda é gra nde. Nos documentos pontifícios, não é raro encontrarmos alusões patern almente tristes e severas a res peito de erros que circul am entre os fi éis. Esses erros podem renovar nas hostes cató licas todos os inconvenientes que produziram no começo deste séc ul o, sob a fo rma do rnodernismo; ou anteri ormente, sob a forma do jansenismo. Nós mesmos nos encontramos também nas vésperas ele um imenso cataclismo, a cuja iminência é inútil fechar os olhos. É evidente que a crise comunista, provocada no mundo inteiro não só pelas manobras de Moscou, como ainda, e principalmente,

pela lenta mas universal sociali zação do Ocidente, coloca a Civi lização Cristã na situação mais perigosa que ela jamais conheceu desde que o Edito de Milão deu liberdade à Igreja. Nessas condi ções, importa sobera namente que todos os cató licos, atentos à grande voz e ao grande exempl o do Papa Pio X, que Pio XII e levou à honra dos altares para nos servir de intercessor e de luz, sa ibam orientar-se quanto ao dever da hora presente. Este dever co nsis te, certamente, em combater os inimi gos externos da Igreja co m todo o zelo e co m todo o afã. Mas e le não pára aí. Também consiste em ter os olhos voltados para os problemas internos da Santa Igreja de Deus, com a convicção de que e les podem constituir embaraço dos maiores; e co m uma franca compreensão para com aq ueles que, de modo todo particul ar, se dedi cam à análise e à solução desses problemas.

O erro iJ1temo é sempl'e mais verigoso que o el'ro externo Quantas e quantas vezes, ao percorrerem os vários números desta fo lha, leitores houve que fi zera m a pergunta: por que combater erros existentes entre fiéis, quando há tantos outros a serem combatidos fora das fil eiras cató li cas, mais claros, e portanto mais peri gosos? A esta pergunta tão freqüente, a E ncícli ca ? ascendi oferece magnífica resposta: o erro interno é sempre mais perigoso que o erro externo, a divisão das forças é sempre mais perigosa que qualquer adversário. E para fazer cessar a divisão elas fo rças, o essencial é que todos lutem em torno de uma só bandeira. O essencial é que tenham todos a mes ma doutrina. O essencial é que a circul ação subreptícia do erro não divida os espíritos, não divida os corações, não divida as energias. O modo verdadeiro de realizar a uni ão entre os católicos não consiste em ca lar diante do erro que possa serpear dentro do redil. A tática acertada consiste em co mbater de frente tal erro, para que, unidos todos os cató licos em torno ele um mesmo idea l, sob a autoridade suprema e amorosa do Romano Pontífice, guiados pelos seus bi spos e legítimos pastores, possam manter acesa e finalmente vitoriosa a grande luta pelo triunfo da Igreja, da Civilização Cri stã, contra o materiali smo, o panteísmo, a irreligião, o soc iali smo, o comunismo e todas as formas da Revolução. • SETEMBRO 2007 -


Devolvidos às gaITas do regime comunista de Cuba A imediata deportação dos pugilistas cubanos, campeões mundiais do boxe: uma exigência de Fidel Castro, prontamente atendida pelo governo brasileiro. !!li PAULO ROBERTO CAMPOS

or que um brasile iro pode vi aj ar para qua lquer o utro pa ís, e de po is, segundo sua vo ntade, retornar ou não? Ta l pergunta ne m prec isa de resposta, que é óbvia, e o mesmo se dá e m qu a lque r o utra nação. Se rá rea l me nte assim "em qualquer outra nação"? Não, po is nos países do minados pe lo regime comuni sta isso não ocorre. C uba é um exemplo próx imo. A liberdade ele ir e vir é um dire ito hum a no bás ico, mas na ilh a ele Ficle l Castro e la não ex iste. E a razão é a mesma pela qua l, antes da derrubada cio Muro de Berlim , um alemão ori ental não tinha o dire ito ele ir e vir. Havia ordem ex pressa ele abrir fo go contra todos - ho me ns, mulheres ou cri anças - que tentassem

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CAT O LI C I SM O

escapar para o lado ocidental. É a " liberdade" oferec ida pe los comuni stas, mas que vigora apenas antes de ass umirem o poder. Depoi s ... E m C uba não há um simil ar Muro de Berlim , mas há um ca mpo minado ele águas e tubarões, que impede os c uba nos de sa ir d o " pa ra íso" el e Ficle l. M es mo ass im , centenas ele milhares de cubanos conhec idos co mo balseiros, em e mb a rcações fráge is e impro vi sadas, corre ndo ri sco ele naufrág io o u de sere m de vo rados pe los tuba rões ífo tos abaixo] j á te ntaram a sorte a fim ele vi ver be m lo nge daque le " paraíso". É lame ntá ve l qu e ex ista m s itu ações co mo essa, mas o ma is trág ico é que no B ras il a ind a há "a pósto los" ele ta l " paraíso". Uma situ ação rea lmente muito estra nha. E ntretanto, o que causou mais estranheza foi a atitude do gove rno bras ile iro

depo rtando os doi s pug ili stas cubanos que vie ram ao B ras il para as competi ções nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Também causou muita estranheza a ex trema efi các ia e ra pidez el a po líci a em locali zar, captu rar e remetêlos para "el comandante Fidel" - um gesto "muy amigo". Na tentati va ele torn ar me nos vergonhosa essa deportação, inventou-se uma hi stó ri a roca mbo lesca, que termin ava com os do is atletas pedindo para vo ltar a C uba. Não é preciso di zer que ningué m ac reditou.

Os <lois "trni<lores ele/ pueblo" - segumlo Fi<lel Apesa r cio ce rrado patrulha me nto no ve lho estil o el a KGB so viética - sobre a de legação dos despo rti stas c ubanos, no dia 22 de julho do is boxeado res

co nseg ui ra m a ba nd o na r a Vil a Pa nAm e ri can a no Ri o; o qu e não é raro aco ntecer por ocas ião el e vi age ns el e atl etas ele C uba, muitos dos qua is aprove itam a prime ira chance para escapar ela opres ão co muni sta. O s do is pu g ili stas - G uille rm o Ri go ncleaux Orti z, 26 a nos (cons iderado o me lh or boxeado r no mo me nto, bi ca mpeão mundi al e o límpico na ca tego ri a el e a mad o res peso-ga lo - até 54 kg) e Eri s la ncl y Lara, 24 a nos (ca mpeão mundi a l cios me io- médi os - até 69 kg) [fo tos acima] - desej aram levar um a vici a longe elas barbas e elas garras ele Ficle l Castro. Es te qu a lifico u a mbos fu g iti vos de

"traidores de i pueb /o" e "atletas mer-

cenários", dec retando que nunca ma is vo lta rão a sa ir de C uba. Que c rime e les co meteram ? Apenas pretendi am morar e atuar em um o utro pa ís. Uma pretensão mui to corrique ira e ntre atletas bras ile iro , que parte m para o utras nações com o objetivo ele receber me lhores sa lári os, etc.

"O Esta<lo bmsileiro a serviço ela polícia política <le Fie/e/" Apesar de os " deserto res", Ri gondeaux e Lara , tere m recebido vi sto de permanênc ia no B ras il por 90 di as, e les fo ram deportados para a ilha- pri são. O regime comunista de Havana obteve do go verno brasil eiro o que desejava. Foi

impressionante a " rapidez e efi các ia" da po líc ia nesse caso, co ntr a ri a nd o a legend ári a le nti dão be m conh ec id a no B ras i1. Só se compreende ta l presteza por uma enorme vontade em atender dili gente mente o absurdo pedido do "companhe iro F icle l". N esse se ntid o, E li o G as pa ri fo i taxati vo e m arti go publi cado na " Folh a ele S. Pa ul o" de 5-8-07 : " Lula co-

locou. o Estado brasileiro a serviço da polícia política de Fidel Castro. I_ •• • ] Pouco teria custado ter of erecido aos dois wn período de graça para que.fossem entrevistados por organismos da sociedade civil e por representantes da Comissão de Ju stiça e Paz da CNBB.

SETEMBRO 2007

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[ ... ] O argumento policial segundo o qual Rigondeaux e Lara êram estrangeiros que permanec iam ilegalmente no país é digno das meganhas comu nistas. Se a polícia-companheira está preocupada com imigrantes ilega is, pode encher um. estádio em horas, bastando-lhe varej ar alguns pontos do Rio e de São Paulo. O aparelho do Estado brasileiro de teve Rigondeaux e Lara a se rviço da repressão cubana, o resto é conversa fiada".

O infemo existe - II D epois da introdução do livro do Pe. Beltrami, * publicada na edição anterior, que expôs algumas considerações doutrinárias acerca do inferno, passaremos à transcrição de alguns exemplos

Só Deus sabe o que agora acontece,,á-com os "l'ugitivos" Para Lui z Felipe Lampre ia, ex-mi nistro das Relações Ex teri ores, "f oi um ato vergonhoso" (declaração a "O Estado de S . Pa ul o", 10-8- 07 ). O ex chanceler está entre os que não acreditam na versão dada pe la Po lícia Federal, de que os dois boxeadores voltaram para seu país porque assim o desej aram. Lampreia afirm ou: "Evidentemente eles

não queriam volta r, e fo ram mandados para aquela ditadura horrorosa pelo governo brasileiro. Deus sabe o que vão passar lá". A pri são dos esporti stas, campeões do mundo, mantidos incomunicáve is e deportados às pressas, não se justifica. Esse é o ente ndime nto do procurador regional da R e públi ca, Artur Gu e iros :

"Artur Cueiros estranhou a detenção e a posterior deportação dos pugilistas cubanos. Autor de uma tese de doutorado sobre presos estrangeiros no Brasil, Cueiros disse que, se os esportistas esta vam com o visto de permanência regularizado e não cometeram qualquer ilegalidade no país, teriam direito de permanecer no Brasil até o praza concedido, como prevê o Estatuto dos Estrangeiros (Lei 6.815/80)" ("O Globo", de 7-8-07).

"Razões de segurança" - frustrada uma deserção em massa M as o octogenário govern ante comuni sta te mia o pior. Fide l Castro foi informado - certamente pelos agentes secretos infiltrados na de legação cubana para vi giá- la diuturnamente - a respe ito de um plano de deserção em massa de seus atl etas. Provavelmente isso ocorreri a na madrugada de sábado, 28 CATOLICISMO

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Notícias recentes indicam que o avião para recolher os atletas foi enviado por Hugo Chávez, grande amigo de Fidel

de j ulho, um dia antes do encerramento dos j ogos olímpi cos. O comandan te cubano, alega ndo "razones de seguridad", orde nou o imediato retorno dos 230 integran tes da delegação do país comuni sta. F oi um a corre ri a inim aginável: malas feitas e m poucos minu tos ; bagagens e equipamentos jogados em dois caminhões; tumulto nos seis ônibu s que rumaram para o Aeroporto Inte rn ac io nal To m Jobim , o nd e os aguardava um avi ão fretado para o retorno. Notícias recentes indicam que o avião para recolher os atletas fo i envi ado por Hugo Chávez, grande a migo de Fidel. Sequer puderam esperar pela cerimô ni a de encerra mento dos j ogos. Alguns de les, obrigados a e mbarcar sem receber as meda lhas conqui stadas. O sonho da fuga em massa fo i frustrado.

On<le estavam os "del'ensores dos dirnitos humanos"? Nosso País, que sempre se caracteri zou pelo comos politi smo, da ndo bo m acolhimento a todos - infeli zmente, até para criminosos que aqui fi cam, na certeza de não serem deportados - , fi cou chocado co m a brutal deportação dos dois campeões mundi ais do boxe. Mas

també m chocado com a omissão de certas ONGs ligadas à esquerda católica e com os movimentos tidos como defensores dos direitos humanos. Estes sempre aparecem para defender direitos humanos de esquerdi stas, bandidos, terroristas e outros do gênero. M as na ocasião de praticar um gesto nobre, de defe nder os justos direitos dos pobres pugilistas, não vira m nada, não ouvi ra m nada, sumi ra m .. . Nessa "omissão", não há uma clara tentativa de ajudar a manter no poder o eterno dirigente caribenho e seus sequazes? De ajudá-l os a continuar escravizando o p o v o, co mo j á o fize ram po r intérminos 48 anos? Assim , resta a nossos irmãos cubanos agir e pedir à Divina Providência que apresse o di a em que Cuba - a antiga "Pérola das Antilhas", hoj e transformada num "inferno" - se vej a livre das garras marxistas . Por e nquanto, para sair do cárcere fidelcastrista, é mais fácil aventurarem-se pelos mares, correndo todos os riscos e enfrentando tubarões, que pedir asilo político no Brasil. Pobre e tri ste Cuba ! Pobre e triste Brasil! •

m dia uma alma santa meditava so bre o in fe rn o, e co nside rando a ete rnid ade dos suplícios - aque le terrível 11u11ca e o terríve l sempre - fico u bastante impressionada, porque não compreendi a como se pudesse conciliar essa severidade sem med ida com a bondade e outras perfe ições divinas. E di zia: - Senhor, eu me submeto aos vossos juízos, mas permiti-me: não sejais demasiado rigoroso. - Compreendes o que sej a o pe- " ,g cado? Pecar é dizer a Deus: não vos -li obedecerei; pouco se me dá vossa lei; rio-me ele vossas ameaças. - Vej o, Senhor, como o pecado ~ é um mo nstruoso ultraje à vossa cli - {, vina majestade. < - Pois be m, mede, se podes, a ~, grandeza desse ultraje. - Compreendo, Senhor, q ue esse ultraje é infinito, porque vai contra a ~ majestade infinita. ~ - Não se ex ige, então, um castigo infini to? Porém, como tal castigo não pode ser infini to quanto à in tensidade, sendo a cri atura limitada, requer a justiça que seja infini to ao menos quanto à duração: portanto, é a mesma justi ça div ina q ue ex ige o terrível sempre e o terrível 111111ca. Os próprios condenados serão obrigados, mau grado seu, a prestar ho me nagens a esta justi ça e exclamar e m me io aos tormentos: 'Sois j usto, Senho,; e retos os vossos j uízos ' (S I 11 8).

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M as, os incrédulos repli ca m: Deus é tão mi sericordi oso, que não castigará eterna mente um pecado mortal ó, o q ual às vezes du ra um instante. Que proporção há entre a breve duração ela culpa e a eternidade da pena? A isto respondemos que a misericórdia não é em nada contra-

riada pe la justiça, a qual ex ige sej a castigado etern amente o pecado ele uma pessoa que tenha morrido impenitente, visto que, de certo modo, o pecado de tal pessoa é eterno, porquanto a sua voluntária disposição presente, admitindo morrer no pecado, merece uma pena eterna. Até a justiça humana, imagem da justiça divin a, castiga por vezes a fa lta passageira com a pena, de certo modo eterna, que é o exílio perpétuo. De modo que, se o exilado vivesse sempre, para sempre seria banido da sua pátria. [... ] *

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Aco ntece u na Itá li a [um dos exe mplos que Mo ns. Ségur narra em seu livro sobre o Infe rno]: E m 1873, em Roma, alguns dias antes da Assunção, uma moça de má vida machucou uma das mãos e foi levada para o Hosp ital da Consolação. Ou porque o sangue estivesse mu.ito deteri orado, ou porque sobreviesse grave compli cação, a infe li z morreu naq uela noite. No mes mo in stante uma de suas companheiras, que não sabi a o que acontecera no hospi ta l, pôs-se a gritar desesperadamente, a tal ponto que acordou toda a vizinhança e pro vocou a intervenção ela polícia. A co mpanheira q ue morrera no hospi tal lhe aparecera envolvida e m chamas, e dissera: "Estou con-

denada, e se não queres condenar-te também, sai deste lugar ir!f'ame e volla a Deus". Nada consegui a acalmar a agitação da j ovem, que bem cedo abandonou aq uela casa, de ix ando todos atôni tos, espec ialmente depois de divulgada a notícia da morte da companheira no hospital". •

* Pe, And ré Bell ra mi , O htf'erno existe, i n Leitu ras Católicas de Dom Bosco , Escola ln duslri al Dom Bosco, Ni terói, 1945, pp. 22-23 .

SETEM BRO 2007 -


Ü que se esconde atrás da "questão quilombola"? Retirada do fundo do baú da história, ela emerge como nova ameaça ao direito de propriedade. Depois do MST, fracassado, vêm aí os quHombolas. Seu objetivo: a partir de uma luta fratricida, transformar o Brasil numa imensa Cuba.

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RAMOS BARREno

120 anos após a libertação dos escravos, os efe itos benfazejos da Le i Áurea vê m sendo ameaçados por um espesso e temíve l redemoinho que, se não fo r contido, poderá vitimar inúmeros bras il e iros. Os afro-descende ntes poderão ser atirados aos porões elas cooperativas geridas pelo Estado, o nde a recordação da bo ndosa e afáve l Princesa ]sabe i poderá ser substituída pela sanh a ag ress iva de Z umbi! Iro nia da Hi stó ri a? Gerad o a partir do decreto 4887, cio pres idente Lul a, ele no ve mb ro ele 2003, tal rede moinho já co meça a agitar mui tas reg iões cio Brasil , provocando divi são e conflito rac ial , ao mes mo te mpo e m que desfecha mais um golpe contra pro pri etári os de terras devid amente escrituradas e em ple na produção e contra o própri o dire ito de propriedade. Toda a questão g ira em to rno ele uma pa lavra até hoje po uco conhec ida - quilombola, para se referir ao remanescente el as co munid ades dos quilombos mas utili zada ago ra co m pesada carga s imbó li ca, indi ca nd o tratar-se de um a orquestração partida de me ntes picadas pela mosca da revo lução igualitária e manipul ada com o sini stro propós ito de convul sionar ainda mais nos. o campo, j á tão pe rturbado pe la co ntínu a ag itação do

MST. Ao insufl ar mais esta luta de classes entre irmãos brasile iros, seus protagoni stas não fa zem senão turbin.a r peri gosa-

me nte a fracassad a Re form a Ag rária, sem se incomodare m em atrope lar dire itos adquiridos e a própri a norma consti tuc ional. O que poderá facilme nte degenerar num a fonte de conflitos sem fim , de conseqüênc ias imprevi síve is .

U111 gramle mava <le cor 11egra, manchado <le vermelho Em março de 2007 , ao parti cipar em Brasília do Fórum Empresarial do Agrvn.egócio, promo vido pe la Confederação Nac io na l da Ag ri c ultura, fiqu e i pasmo co m os depoime ntos de peque nos propri etários rurai s de vári as reg iões, ameaçados ele desa propri ação por causa do novo fe nô meno dos quilombolas. Ali foi ex ibido um grande e luxuoso mapa do B ras il de cor negra , todo manchado de verme lho sugerindo sang ue, de marcan do de no rte a sul do País as terras de quilombolas passíve is de desapro pri ação. E ntre perpl exo e indi g nado, o audi tó ri o pôde co nstatar qu e uma extensão de apro xim adame nte 30 milhões de hectares de terra - área cin co a se is vezes s upe ri or à do Es tado do Ri o de Jan e iro - estava de limitada para se transforma r e m futuros asse nta menlos de quilornbolas, de todo e m todo se me lhantes aos asse nta me ntos da Refo rma Agrári a. Cada c irc un stante procurava seu muni c ípi o, e muitos e xc la mava m: "As terras de meu município estão cheias de quilombo/as! ". Vi sitei no último mês de maio São Mate us (ES), e no de junho Campos No vos (SC). Depo is fui ao Ri o de Jane iro pa ra co nhece r o utra rea l id ade: um SETEMBRO 2007 -


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l quil ombo e m ple na área urba na: a ig reja de São Franc isco da Prainha ! O que e ncontrei, como ve rá o le ito r, fo i muito ma is grave e estarrececlo r do que e u imag inava. Se rá que a escritu ra de uma pro priedade pe rde u o va lo r? Será que o registro ela mes ma num cartó rio de imó veis não re presenta mais ne nhuma garanti a para o proprietá rio? O dire ito ele propri edade te rá deix ado de e xi stir? Te rá aca bado a segurança jurídica do Bras il , e com ela o Estado de Direito?

Ate11tado à Constituição e ao <lireito <le 11roprieda<le Para me lho r compreensão cio ass un to, c umpre faze r um peque no hi stó ri co elas modifi cações leg islativas atine ntes

à ma téri a. A Constituinte ele 1988 qui s reconhecer a posse elas te rras aos re manescentes cios quilornbos, cla nclo-lhes títulos definitiv os ele prop riedade. Se ria, com efeito, o reconhecime nto ele posse j á e xi ste nte, ma nsa e pacífica. Assim di z a Constituição e m seu a rti go 68 cio Ato elas Di spos ições Constituc io nai s Tran sitó ri as - ADCT :

"Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estej am ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado ernitir-lhes os títulos respectivos". O texto consti tuc io na l é muito preciso. E m prime iro lugar se refere aos remanescentes das comunidades dos quilombos. Em seguida, qua lifica-os como Quilombolas são os moradores das comunidades formadas por escravos fugidos durante o tempo da escravidão, que subsistiram após a promulga ção da Lei Áurea

esta ndo ocupando suas te rras. Po r fim determina que o Estado reconhece a estes ass im qua lifi cados a condição ele propri e tá ri os, de ve ndo e mitir os títulos ele propriedade definitiv os. O ra, quilombo e ra " local escondido no ,nato onde se

abrigavam escra vos jitgidos" (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). São, po rta nto, morado res elas co munid ades fo rmadas por escra vos fu gidos dura nte o te mpo ela escravidão que subsistira m após a promulgação ela Le i Áurea . A ssim sendo, não se trata de qualque r descende nte dos escravos. Po r o utro lado, estabe lece como condição "que estejan,,. ocupando suas terras". Is to é, no caso cio a rti go 68 cio ADCT , o sig nificado ela e xpressão rema-

nescentes das comunidades dos quilombos sofre uma redução, uma vez que o di spos itivo conte mpl o u ape nas aqueles re ma nescentes "que estej am. ocupando suas terras" no mo me nto ela pro mulgação da Constituição ele 1988.

" Forarn excluídos, portanto, os antigos m.o radores dos quilombos e os seus descendentes que, em 5 de outubro de 1988, não mais ocupavam as terras que até a abolição da escravidão f ormavcun aquelas comunidades", di z com cla reza e propriedade o parecer ele C láudi o Te ixe ira da S ilva, Proc urado r ela Fazenda Nacio nal e Assessor Es pec ial da Subchefi a para Ass untos Jurídicos ela Casa C ivil da Presidênc ia da Re públi ca. Nesse pa recer, o Dr. Te ixe ira ela S ilva mostra que se trata de um usucapião s ing ul ar. Ale m di sso, é reconhecida a propriedade definitiva. O reconhec ime nto nada gera ele novo, é a conversão ela posse e m propriedade. A posse centenári a, qual ifi cacla, contínua e pacífica dos re manescentes elas comunidades cios quilombos sobre es as terras nas quais, na é poca imperi al, se localizavam aque les agrupame ntos fo rmados po r escravos fu g idos. Continua o parecer: "O termo propriedade definitiv a reforça o entendimenlo

pe1:fi.lhado, porquanto tem nítido sentido de consolidação de um. direito subjetivo preexistente. Expressa a idéia de certeza do direito de propriedade, afim de c01ierir aos remanescentes, seus titulares, segurançajurídica que antes não possuíam.". Na ex pressão fi na l - "devendo o Estado emitir-lhes os títulos respecti vos" CATO LICI SMO

- não cabe a desapropriação, mas tãosó a e mi ssão dos títul os ele pro pri edade, o u sej a, a conve rsão ela posse e m propri edade. É a e mi ssão ele títul os ele pro pri edade parti c ul a r aos remanescentes das comunidades ci os quilombos, e não às comunidades rernanescentes. Essa troca ele te rmos altera inte ira me nte o di spositivo consti tucio nal. O a rti go 17 e seu parág rafo úni co, cio Decreto 4887, contraria m a norma co nsti tuc io nal ao pre ve r a "outorga de título

coleti vo e pró-indiviso às comunidades" que "serão representadas por associa-

ções legalm.ente constituídas". O referido decre to c ria a fi g ura da propri edade co letiva. Ou sej a, in stitui tal fo rm a de pro pri edade para uma associação ele re manescentes elas comunidades cios quilombos. Qual a legitimidade e representatividade dessas associações, pa ra receber esse título ele propriedade? Essa é uma das causas do conflito, como vere mos na re po rtagem adi a nte.

AD/11 - Ação Direta <le l11co11stitucio11alidade O direito de propriedade constitui um dos fund ame nto da liberdade. O regime comunista, pelo contrário, ao abo lir o direito de propriedade, acaba eliminando a liberdade e impl antando uma terrível ditadura. Sob o siste ma de propriedade coletiva, os prete nsos re manescen-

tes ele quilombos fi carão à me rcê ele " I icl e ran ças" fo rm adas pe lo Inc ra e pe la Fundação Palmares. Seri a a impla ntação ele nova escravidão, ele mode lo estata l, sem ne nhum dire ito para come rc iali zar a te rra o u progredir. E se a lg um desses quilo mbolas qui ser sa ir, não te rá ne nhuma inde ni zação. Em fun ção das ino vações trazid as pe lo Decre to nº 4.887/2003, que "reg u-

lamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, de limitação, clernarcação e titulação elas terras ocupadas por rernanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constituciona is Transitórias", o Pa rtid o ela Frente Libera l (PFL) in gressou, e m 25/06/2004, com uma Ação Direta de Inconstituc io naliclacle (ADln) no Supre mo Tribuna l Fede ral (STF), contra o citado decreto. Essa ação a inda segue tra mita ndo. Decorridos quase três a nos, o STF, g ua rdião ela nossa Constitui ção, não se ma ni fes to u sobre tão re le vante questão.

São Mateus (E'S) em pé <le guerra! Com a agricultura mais diversificada cio Brasil e uma população que ultrapassa 100 mil habitantes, o município de São M ateus localiza-se ao norte do Estado cio Espírito Santo. Os produtores rurais encontram-se assustados e, não sem razão, cli s-

postos a lutar e m defesa de seus direitos ameaçados. Esse próspero município fo i praticamente todo ele conside rado como espaço ele quilombo/as, inclusive boa parte de sua área urbana. Segundo depoimentos colhidos, o lnera de morou quatro anos para fazer o levantamento e m São M ate us, te ndo concedido aos proprietá rios apenas 90 dias para a contestação. Atordoados, estes contratara m advogados e apresenta ram todas as escritu ras e docume ntos concernentes às suas propriedades, fo rmando verdadeiros clossiês. E sabe o leitor o que eles receberam como resposta? Um despac ho de duas linhas, indeferindo a contestação. A prevalecer ta l di spa rate, o B ras il de ix ará de ser mestiço para ser um país dividido po r raças. A luta de classes será condime ntada com uma prete nsa luta de raças. A propri edade não será mai s pa rti c ula r, mas triba l, isto é, co letiva o u comunitári a, para não di zer neocomuni sta . O tão promi ssor ag ro negóc io passará a constituir uma ma ldição e deve rá ser e li minado, po is ass im o desej a m certos seto res do gove rno, coadjuvados pel a esquerda católica, através ele políticas im ple me ntadas com esse o bje tivo. Estive a li e m 10 ele maio ele 2007. Na sede cio Sindicato Rural , os me mbros do Movirnento Paz no Campo acerta va m deta lhes para uma manifestação com cerca ele 400 agric ulto res, a fim de ale rta r a

Infiltração religiosa - Missa dos Quilombos

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ma corrente socio lógica ele c unho marxi sta ganhou mai s força e pene tração po pular qua ndo se infiltro u nos meios católicos, através da triste mente conhec ida Teologia da Libertação, faze ndo co m que a bo ndade fosse substituída pela " libertação dos o primidos" - po bres, negros e índi os - contra o branco colonizador e o pressor. U m eve nto marcante e simbólico dessa corre nte teológica foi a e ncenação, no Recife, ela Missa dos Quilombos, pela prime ira vez e m 22 ele nove mb ro ele 198 1, e depois repetid a em dive rsas ocas iões. Incita me nto ao ódio e à luta de classes e de raças te m ma rcado a a tuação ela esquerda católica através elas pastorais cio negro, da terra e dos índios, contrari ando o e nsin ame nto tradic io nal da [grej a e dos Pa pas, bem como a atuação brilhante e cleclicacla cios santos mi ssio nários evangeli zado res. O preside nte Lul a c rio u um a Secretaria com status ele ministé rio - a ela Ig ualdade R acial - q ue, a pesar do nome, fo me nta a difere nça racial e o sentime nto de ódi o. A ministra M atilde Ribe iro decl arou e m e ntrevi sta à BBC Brasil - reproduzida por vários j ornais - que "não é racismo quando o negro se insurge

contra um branco. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não estej a incitando isso" ("Vej a", 4-4-07).

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À esquerda, protesto dos produtores rurais, em São Mateus (ES) Embaixo, Edvaldo Permanhane, proprietário da Fazenda Vovô Délio, de 217 hectares. Hoje ele planta café, mamão, coco, maracujá, seringueira, banana, cacau e eucalipto .

Uma cidade que j á conta com mai s ele IOO mil habitantes vai, pelo vi sto, col ocar muita gente no olho ela rua. Edvalclo questiona: "Será que, depois

de ficar aqui me matando de trabalha,; virá depois o go verno e confiscar?". Ele acredita que o governo Lul a quer fa zer com as terras o mes mo que Collor fez com a poupança. Quase como num desabafo, ele di z:

"Nós não queremos a guerra não, queremos a paz. Nossa meta é a seguinte: def ender nossa propriedade. Há fa mílias instaladas aqui há séculos, e que são donas de terras. Agora, quem ficou na terra todo esse tempo, é porque tem vocação de produtor rural mesmo. Não é veranista não. E estão aí gerando emprego e renda para o município". O mais incrível é que basta alguém se auto-qualifi car como quilombola, e di zer que seus antepassados caminhavam lü, 15, 20 km para apanhar uma fruta silvestre, para que toda aquela área seja desapropriad a. Ali ás, lembra o decreto: " O

população sobre a vi ol ação do direito de propri edade, a partir da pretensa ex istência ele quilornbos em São M ateus. Foi lá que encontrei Edvalclo Perm anhane, presidente ela assoc iação, propri etári o da Fazenda Vo vô Délio, ele 2 17 hectares, adquirid a em 1998 . Hoj e ele pl anta café, mamão, coco, maracuj á, serin gueira, ba nana, cacau e euca lipto. Sua fazenda é modelo, com cerca de 350 mil pés ele mamão, cada um deles com um ponto ele irri gação por gotej amento. A fazenda é toda irri gada, empregando entre 250 e 300 fun cionári os registrados.

espaço para ele (quilom.bola) se desenvolver social, culturalmente... ". Portanto um negócio louco, que está ti rando a calma ele muita gente ele São M ateu .

Campos Novos (SC): município COl1Vlllsiomu/o pelo INCRA Dr. Ciril o Rupp, 65 anos, advogado e vice-prefeito ele Campos N ovos (SC), descende ele aleniães e se di z apaixonado pelo muni cípi o e pela harm oni a ele seu povo. Fo i logo dizendo: " Fui casado com

Surgimento cios quilombolas cm São Mateus Para Eclv alclo Permanhan e, em São M ateus a mi sc igenação é grande, todos vi ve m em harm oni a, e os casamentos entre negros e brancos são co muns. Qu a1ifi ca o proj eto ela Fundação Palrnares como um di sparate, "com essa ministra

Matilde procurando separar o povo ao f azer a desnúscigenação" . E le mes mo fa z a pergunta: "Como separar marido e rnulher que vivem bem e que têm.filhos neg ros ?". Observa que o Incra vem incentivando essa guerra através cio decreto 4.887, ao tentar regul amentar o arti go 68 el a Co nstituição federa l. O Incra, ao chegar nas co munidades negras, co mo aqui na co munidade São Jorge, chamou todos os moradores bra ncos e negros, e um f uncionári o lhes di s-

CATOLICI SM O

se: " Vocês vão receber 50 alqueires de terra por f amília". Hoj e, a conversa vem mudando. Líderes formados pelas ONGs nas comunidade , certamente instruídos pelo Incra, anelam espa lhando que não serão mai s 50 alqueires por famíli a, mas que a terra sa irá em nome ele uma associação. Exemplifica co m o caso de um f uncionári o seu, que é negro e possui dois hectares ele terra na co munid ade São Jorge. E le se candidatou para receber os 50 alqueires, mas não sabi a que, ao dar seu nome, torn ar-se- ia ipsofacto um quilombo/a. H oj e, esse seu empregado trabalha na Justi ça para retira r seu nome ela tal relação. A conclu são dele é que não quer mais ser quilombo/a!

Perm anhane tem em sua fazenda 16 fun cionári os que estão na li sta dos quilombo/as. U m deles, que é branco, está ansioso para ir ao INCRA , a fim de reti rar igualmente o seu nome, pois não quer tomar terra ele ninguém. Até mesmo os negros que possuem terra, por essa medida cio LN C RA irão perdê- la.

80% do 11w11icípio serão clcsa1Jropriaclos N o mapa elaborado pelo I NC RA, cerca de 80% do município ele São M ateus será atingido pela desapropri ação, só fi ca ndo de fora o balneá ri o e as áreas cios dois proj etos de a enta mentos da Reform a Agrári a. O resto - até boa parte el a cid ade - se encontra mapeado.

uma negra, tenho três.ftllws negros, embora eu seja quase puramente alemão, razão pela qual eu posso.falar com total isenção, pois não tenho p reconceito. Meus .filhos são homens bem fo rmados, tenho por eles uma verdadeira adoração. Este é o Br 1sil que nós queremos!". Com eloqu ência e didática, Dr. Ciri lo ex pli ca o confli to cri ado: "O proces-

so da Invernada dos Neg ros constitui verdadeira afi-or1ta ao Direito e à Justiça. Em 1877, Matheus Martins de Souza fe z testamento no qual de ixava para seus l l escravos, dos quais três j á alforriados, e os outros oito que deveriam ser af,fo rriados. Acontece que ele fe z um testamento com algumas cláusulas incompatíveis com o nosso Direito, de ixando as terras co111 a condição de inalienabi-

Culturas diversas se completam amistosamente num só povo

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m sua ':1~gistral ~obra P~oj ~to de Constituição a_ngustia o País, o Prof. Pl1111 0 Correa ele Oliveira alertou os const1tu111tes ele 1988 para a tendênci a ele separação elas culturas: " Culturas d!feren.tes podem servati s servancli s - conviver e completar-se am.istosarnente, a ponto

de constituir gradualmente um. só po vo, uma só nação. Foi o que se deu, por exemplo, e ern considerável medida, com a cultura romana, a qual conviveu com as culturas de outros povos sem lhes estancar a vida nem as características. E isto ainda muitos séculos depois de o Império Romano ter sumido na voragem da História. Ela permaneceu corno uma luz e um estímulo para todos os povos que pro vinham do Império por alguma continuidade étnica, cultural ou histórica, e até para povos que destruíram o Império e não obstante f oram irrigados, com o correr do tempo, pela influência latina da Igreja Católica. O exemplo mais característico de tal f ato quiçá sej a a exemplar .fidelidade dos povos germânicos à cultura latina. " Por fim , há que acrescentar que, em se tratando de um povo compactamente católi co como o bras il eiro, a presença da I grej a Católica nesse assunto não pode de nenhum modo ser subestimada. Desde suas ori gens, a Igrej a se tem mostrado admiravelmente exempl ar no equilíbri o de seu dupl o mov imento centrípeto (a confluência ele todos os povos para a Cá Lecl ra ele São Pedro, em Roma) e centrífugo (a ex pansão dessa influência por todo o universo).

"Esse equilíbrio, que deixa ver a sarllidade sobrenatural da Igrej a, conduz ao f ato de que ela atrai todos os povos a Jesus Cristo, Sa lvador e Redentor deles. E, de outro lado, que ela O leva a todos eles " (Projeto de Co11Stituição angustia o País, Ca tolicismo, Ed. Ex tra , SP, 1987, p. 172). Ou tro pensador respeitável, que mostrou a im portância cio negro na co nstrução ele nossa cullu ra, do nosso j eito de pensar, ele ag ir e de fa lar, foi G ilberto Frey re. Confo rme A li K amel (Não somos racistas , p. 17),

"Gilberto Freyre enalteceu a .figura do neg ro, dando a ela sua real dim.ensão, sua real importância. A nossa llliscigenação não é a nossa chaga, mas a nossa principal virtude" . A proc uradora Robcrta Fragoso M . Ka ufman - autora cio li vro Ações ajir111ativas: necessidade ou mito, estudio. a cio assun to - fa la cio "caldeamento dos portugueses com índias e escravas. A co,~junção de raças favoreceu afor111ação de um povo altamente 111iscigenado. Não é à toa, por exernplo, que a análise do DNA de Daiane dos Santos e do Neguinho da Beija-Flor 1110stra fo rre ascendência européia, 111aior até que qfi-icana ".

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se sentem inclusive il1feriorizados, pois o tratamento que está sendo dado aos legílimos proprietários, sem dúvida, é um tratamento desigual. Eles não têm acesso a crédito, pelo fa to de não terem. poder de pagamento. Por outro lado, o Banco do Brasil já vem. dando assistência aos quilombo/as, já tendo doado, afimdo perdido, o valor de 196 nú l reais para a aquisição de 32 vacas, uma para cada fa rnília que ali reside. A Caixa Econômica, lambérn a fundo perdido, construiu 66 unidades habilacionais, sendo algurnas na Invernada dos Negros, e ou Iras em. lugares que não 1êm absolutamente nada a ver com. a dita área quilombo/a, que qfinal nunca exisliu. Todos os ajiv-descendentes de lá es1ão recebendo ceslas básicas e dinheiro na rnedida em que precisam, co11/ig urando assim uma situação extremarnente complicada no local". tidade e impenhorabilidade, o que o nosso Direito não contempla". E prossegue: " Razão pela qual, ern 1928, um advogado, homem íntegro, começou a fazer a ação de usucapião, pois era manso e pac(fico que aqueles qfi"o-descendentes m.oravarn naquela região e ocupavarn aquelas terras, já decorrido o prazo prescricional para efeito de oblenção do usucapião. Em. 1942 saiu a sen/ença, mui/o bem pro/atada, com argumen/os j urídicos, e que prevalece até hoje. Ele explica que o advogado, na época, arcaria com. todas as despesas e riscos do processo, e por esse nw livo,ficaria com a metade da área para cobrir os custos. Quanto à ou/ra metade, ela f oi dividida em 32 quinhões, correspondendo ao número de herdeiros dos anligos escravos". "Isto aqui era um. verdadeúv ser/ão. Não havia es!radas. Tudo que saía daqui era por trilhas. Era um matão! Como a siluação continuava ainda muito dif,ci/, vários deles venderam as terras e f orarn para outras regiões. Como os que f icaram não linham meios de subsislência, conlinuaram.a /raba/har prestando serviços aos fazendeiros. Foi a partir de 1942 que começou o esvaziamento da comunidade da Invernada dos Negros, e eram enlão 32 os que de finham a posse daquelas terras. "Na década de 1950 surgiram as primeiras serrarias. À época, não havia impedimento nenhum do cor/e de madeira, e -

CATOLICISMO

Ioda ela foi vendida para as madeireiras. Chegamos a ler aqui cerca de 230 serrarias. Os qfi·o-descendentes, através de escritura pública, venderam os seus pinhais, obtendo alguns recursos. Mas nada, absolutamente nada, fo i !amado deles. "Era uma região inóspita. Nem sal chegava para fo rnecer ao gado, que /ern necessidade do sal para se desenvolve,: Para ir a Florianópolis de carro, demorava-se dois dias".

Nt111ca hot1ve qt1ilom1Jo aqt1i, exceto 11a co11ccpção cio JNCRA "A partir da década de 70, quando fo rarn inlroduzidos calcário e ou/ros insurnos ag rícolas, iniciou-se o desenvolvimento do município. "Tudo isso para deixar c/a,v que nunca houve quilombo aqui. Qualquer criança que hoj e tenha J5 anos sabe a definição de quilombo. Qualquer camponovense, exceçãofeila àqueles doutrinados pelo Incra, sabe que nunca houve quilombo ou quilombo/a em Campos Novos. São subs/anti vos que não eslão no vocabulário da população. Temos aqui gente corn mais de I00 anos de idade, moradores daqui. Eu cheguei a perguntar a um deles, o Sr: João, se teria ouvido f alar em quilombo ou quilombo/a. - O que é isso? O que é isso?, me pergun/ou ele. " Proprielários pobres, mas que sobreviven·1.sem. qualquer benesse do governo,

ONGs l'onwccm rcct1rsos para alimcntar clivisõcs "Com. efeito, esle processo está sendo conduzido de modo ,nuito ,nais ditalorial do que aquilo que presenciei na época dos militares". "Dois m.unicípios vizinhos serão durcunente castigados por este processo: Abdon Batista e Monle Cario. O prejuízo econômico que isso vai trazer será eslar-

recedor. A perda de mil empregos, em qualquer parte do planeta, é matéria para manchete dos principais jornais. Aqui, nwn pequeno município, vamos perder cinco m.il, e nern sequer constitui uma notícia. Por quê? A quem inleressa o co11flito?" . " Hoj e, lemos !rês Brasis: um de negro s, um de brancos e um de índios. ONGs internacionaisfornecem os recursos para alimentar as divisões entre nós. Se riam essas ONGs manipuladas por alguém que não tenha interesse em ver o desenvolvimento do País?". "Os Garipuna, por exemplo, são descendentes de escravos, e há muitos deles que estão em nossa associação, porque não consideram correto o que está acontecendo. Nunca ouviram fa lar em quilombo".

Quilombo em plc110 cenuo do Rio de Janeil'o! Abyssus abyssum invocat, um abi smo atrai outro abi smo, ensina um Salmo das Sagradas Escri turas, para significar que um erro origina outro erro . Assim , a nova versão de quilombos e quilombo/as , inici ada em terras produtivas de regiões remotas, atinge agora o centro de grandes cidades como o Rio de Janeiro . A Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, três vezes centerniria, fo i surpreendida pela notificação

A bondosa Princesa Isabel substituída por Zumbi, um escravocrata

A

s ONGs procuram mitifi car a história do Quilombo dos Palrnares, ap resenta ndo-o como um refúgio de liberdade do negro perseguido. A rea lidade hi stó rica, e ntretanto, difere bastante dessa criação mítica. Na verdade, o referido quilombo espalhava terror, mes mo entre muitos negros. José de Souza M artins denunc ia a mi stifi cação do Quilombo dos Palmares ao denunciar a ex istência ela escrav idão dentro del e: "Os escravos que se recusavam afitgir das fa zendas e ir para os quilombos eram capturados e converlidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniqiiidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que procederam os escravos negros do Brasil praticavam e praticam a escravidão ainda hoje, na Áfi·ica. Não raro capturavam seus iguais para vendê-los aos trqflcanles. Ainda o fazem. Não faz muito tempo, os bantos, do mesrno grupo lingüíslico de que procede Zumbi, foram denunciados na ONU por escravizare1n pigm.eus nos Ca,narões" (José de Souza Martins, Di visões Perigosas, p. 99). Faz parte da propaganda de certo movimentos negros exa ltar a fi gura de Zumbi como sendo o libertador dos escravos. Ora, a ascensão dele se deu após o assassinato do tio : "Depo is de fe itas as pa zes ern 1678, os negros m.ataram. o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o cornando -em-chefe do Quilombo" (Eclison Carneiro, O Quilombo dos Palmares, Ed itora C ivili zação Bras ile ira, 3" ed., Rio, 1966, p. 35). Carneiro confirma o governo despótico de Zumbi: "Nina Rodrigues esclarece que nos Palmares havia 'um gove rno cen/ral despólico' sernelhante aos da África na ocasião" (ide m, p. 4). Não hav ia liberdade para sair: "Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela 'severa j ustiça' do quilo,nbo " (idem, p. 27).

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Libertadora dos escravos, a Princesa Isabel era uma alma cristã e bon dosa que aceitou sacrificar o trono em troca da libertação dos escravos. Após ter ela assinado a Lei Áurea, o Barão de Cotegipe vaticinou: " Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono" . Um ano e meio depoi s, o golpe militar de Deodoro derrubava a M onarq uia. Ao seguir com sua família para o ex ílio, lembrando-se da profecia de Cotegipe, a Princesa dec laro u: "Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil " (http ://pt.wikipedia.org/ wiki/Princesa_Isabel). Segundo os atuais movimentos quilombo/as, essa harmoni a, a miscigenação e a bondade de trato do brasileiro devem acabar. Seria o conflito de raças ac rescentado à luta de classes marxista. Para isso, cumpre alterar a História: a bondosa Princesa Isabel, que acabou com a escrav idão pelas vias legais e com o sacrifício do próprio trono, deve ser substituída por Zumbi, o líder guerreiro negro, tirano e escravocrata.

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do Incra para "caracterizar os imóveis da comunidade remanescente dos quilombos da Pedra do Sal, na Travessa do Sereno, rua São Francisco da Prainha, Rua do Escorrega e Ádrio de São Francisco da Prainha, localizados no Bairro da Saúde, no Município do Rio de Janeiro" . Trata-se da parte anti ga da c idade. A capela de São Fra nc isco da Prainha é tombada pelo Patrimônio Hi stórico Naciona l. Entreta nto, naquele local tra nqüi lo está se processando mais uma arbitrariedade do Tnc ra. Este mesmo Incra, não contente em espalhar as fa mi geradas favelas rurais dos assentamentos de Reforma Agrária, investe agora contra o di re ito de propriedade na c idade, sob o pretexto de favorece r as chamadas com.unidades quilom.bolas.

A Ilha ele Marambaia: ONG e INCRA contra a Mal'inha Comenta o professor Denis Rosenfield: "A Ilha de Marambaia, no Rio de Janeiro, para quem não a conhece, é urna base dos fuzileiros navais. Um. local esplêndido. A União comprou-a por '95 contos de réis ' em 1905, e a tran~feriu para a Marinha em 1906. O seu título de propriedade remonta àfazenda do co-

Indústria de quilombos já tem 576 processos no Incra

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o ritmo e com a pressa com que se apli ca o decreto sobre os quilombos , a. meta ele 3. 100 comu ni dades quilombolas, que o Incra prevê in sta lar, logo estará concluída. Com um imenso desrespeito ao instituto ela propriedade privada, esfrangalhado , e com a constitui ção de "quilombos-favela", no esti lo assentamentos do MST. Os quilombo las passam a ser " protegidos" pelo governo e inc luídos nos programas sociais, à custa cios contribuintes. E e les já estão invad indo propriedades, como o MST . Isso nada tem a ver co m a verdadeira proteção ao negro, mas é um favoreci mento ela luta de raças.

Mapa do Brasil com o número de processos em cada Superintendência Regional do Incra (Fonte: Incra)

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Fernando César Cruz cios Santos, ela assoc iação Santo Elesbão (movimento ele negros cató li cos que defendem um Bras il cristão e harmonicamente multi-racial) apo nta no mapa, e laborado pela UnB, as supostas áreas passívei s de desapropriação que perte nceriam a remanescentes ele quilo mbos. Fernando Santos afirma que essas demarcações são comp leta me nte abs urdas e arbitrárias , que e las esfacelaria m a Nação de no rte a sul, provocando uma luta de raças. E que ex iste m movimentos esq ue rdi stas interessados em provocar um con fli to e ntre irmãos brasileiros, jogando o negro contra o branco, visando, em última aná lise, "cuba ni zar" o Brasil.

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CATO LI C ISMO

mendador Breves, tudo estando devidamente docum.entado. "Um grupo orientado por uma ONG (...1fomenta e reclama essa área como quilombola, tendo como respaldo o Decreto Presidencial 4.887. Habitam a ilha, alérn dos fu zileiros, 106 famílias, que vivem basicamente da pesca, de cesta básica, bolsaJamília e aposentadorias. Alé a intervenção dessa ONG não havia confli1os 'raciais ' na ilha. Aliás, sua população é completamente miscigenada, algo tipicamente brasileiro, segundo diversos m.atizes, vivendo em pequenas áreas costeiras. 1... .J "Ora, o que quer essa ONG, com o apoio da Fundação Palmares e do JNCRA? Nada menos que 16 milhões de metros quadrados para I 06 famílias, !ornando-as 'proprielárias 'de praticamente me/ade da ilha e de quase Ioda a sua baía. "Há todo um símbo lo aqui em jogo. Se a Ilha de Marcunbaiafor desapropriada, a mensagem passada é a seguinte: se nem as Forças Armadas resistern a nós, o caminho está aberto a novas ações que poden·,. reform.atar completarnente as relações de propriedade e, mesmo, partes inteiras do território nacional. Urn Irabalho prelimina,; nesse sentido, já.foi f eito pela Uni versidade de Brasília, que construiu um 'rnapa racial' brasileiro, que serve de orientação para as ações ·;; \J ditas quilombolas. Unidades da Federa~ 5 ...J ção seriam amputadas de uma parte conQueira Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, proteger a nossa siderável de seu território, não imporPátria, afastando dela tudo quanto seja motivo de desavença e discórdia tando a exislência de títulos de propriedade privados ou públicos, nem. a pró- gurança jurídica e o direito de proprieimpl antados, podemos recear com razão dade no Brasil. Isso prejudicará toda a pria exislência de cidades. Sabernos que pela paz soc ial cio Brasil. soc iedade, podendo romper o estado ele bastan·1 os crilérios arbitrários da autoCabe, pois, aos setores vivo ela nadireito e implantar uma guerra soc ial ele definição e da auto-alribuição para dar ção advertir e mesmo pressionar o Conconseq i.iênc ias i mprev isíveis. início a urna reivindicação desse tipo, g resso Naciona l e o Supre mo Tribun al não valendo os direitos de propriedade, Por enq uanto, as ONGs, o Governo Federa l para q ue seja desarmada essa federa l, o M ST, a CPT, a Pastoral cios por 1nais anligos e legais que sejam. bomba socia l manipulada por mãos ha" 'urge uma nova legalidade, a legaExc luídos não têm conseguido incitar as bilidosas, pois cio co ntrário o País podemassas nessa direção. O nosso povo é rá ser conduzido a uma luta fra tric ida. lidade do arbítrio, passando a legislar pacífico, amante da o rdem e cio direito sobre tudo. Es!amos entrando no terreQueira Nossa Senh o ra Aparecida , Rainha e Padroeira cio Brasil , proteger a no da exceção em nome de supostos cri- ele propriedade. Apenas grupos minoritári os es tão se nd o mob ili zados, com térios de raça, criando o apartheicl que nossa Pátria, afastando dela tudo quanto grande repercussão na mídi a e gozando seja motivo de desa ven ça e di scó rdi a, não f ez parle da História nacional" ("O Estado ele S. Paulo", 23 -7-07). ele impunidade ela parte cio governo, fapara que possamos progredir nas sendas vorecidos por financiamentos dos órgãos da C ivilização C ri stã e realizar assim os Luta fratl'icicla c11ll·e brasileiros: públicos e estata is. Os próprios negros grandes desígnios que a Divina ProviA quem apro11eita? vê m rechaçando, e m sua maioria , a lu ta dência depositou sobre nós. • Derrubar o si stema legal atra vés de ele raças . Mas, se todos esses instrume nE-mail úo auLor: nelso nbarretto@catoli cismo.com .br fraudes raciais importa em quebrar a setos leg islativos e governamentais fore m SETEMBRO 2007 -


São Gregório Magno, baluarte da Idade Média nascente D outor da Igreja, um dos maiores Papas da História, dirigiu a Barca de Pedro com rara habilidade e deu rumo à conturbada época em que viveu ■ PUNIO M ARIA SOLIMEO

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regório é certamente uma das mais notáveis .figuras da história eclesiástica. Exerceu em vários aspectos uma significativa influência na doutrina, organização e disciplina da Igreja Católica. A ele devemos olha,; para a explicação da situação religiosa da Idade Média; com efeito, niío se levando em conta seu trabalho, a evolução da fo rma da Cristandade ,nedieval seria quase inexplicável. Tanto quanto o moderno sistema católico é um legítimo desenvolvimento do catolicismo medieval, não sem razão Gregório deve também ser chamado seu pai. Quase todos os princípios diretivos do subseqüente Catolicismo são encontrados, pelo menos em gérmen, em Gregório Magno". 1

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CATOLICISMO

Ele "m.erece o glorioso título de Magno por todas as razões que podern elevar um. hornern acima de seus semelhantes: porque foi magno em. nobreza e por todas as qualidades que vêm do nascimento e dos ancestrais; magno nos privilégios da graça com que o Céu o cwnulou; magno nas m.aravilhas que Deus operou por seu intermédio; e magno pelas dignidades de Cardeal, de Legado, de Papa, para as quais a divina Providência e seus rnéritos o elevaram". 2

Esmerada e -vil'tuosa educação G regório nasceu em Ro ma no ano 540. Seu pai, Gordiano, e ra senador. Muito ri co, após o nasci mento do filho consagrou-se inte ira mente a Deus no serviço dos pobres. Sua mãe, S íl -

via, não era me nos ilu stre ne m menos virtuosa, e passou os últimos anos de sua vida e m conte mpl ação num pequeno oratóri o para o nde se retiro u. Além de sua mãe, duas de suas tias, Tars il a e Emíli a, fora m também e levadas à ho nra dos altares. Assim , seu primeiro biógrafo, João, o Diácono, fa la de sua ed ucação como sendo a de um santo e ntre santas. 3 Dotado de excepcional inte ligência e brilhante memória, Gregório aprendeu com fac ilidade as letras divina. e hum anas. É bem provável que te nha também estud ado Direito. São Gregório de Tours, que nos deixou a lgumas impressões sobre e le, diz que em gramática, retórica e dialética e le era tão hábil que, segundo voz corrente, não tinha igua l em toda Roma. Diz também que ele se entregou a Deus desde sua ju ven tude. E nqu anto seu pai fo i vivo, ~ Gregório tomou parte na vida do ~ Estado e chegou a ser prefeito de Roma. Com a morte daquele, re- ; solveu retirar-se do mundo e con- · sagrar- e a Deus. Isso deu-se pro- 'ô vavelmente e m 574. Co m s ua 2 grande fortuna, fun dou seis mos- o teiros na Sicília, além de um em Ro ma, e m e u palácio, com o nome de Santo André. Nele to- ~ 111ou o hábito religioso. Sua cari- •i dade para com os pobres era tão e grande, que foi premiada com ·~ • e.. vários milagres. E m 577 o papa Bento [ o nomeou cardea l-d iáco no o u regional. Os que estavam revestidos dessa dig nidade, sete ao todo, presidiam às sete reg iões principais de Ro ma para atender às s uas necessidades. Mais tarde o Papa Pelágio LI enviouo a Constantinopla, como legado e embaixador junto ao imperador Tibério. Sua mi ssão principal consistia em mover o imperador a pôr ordem na [táli a. Depois leseis anos de vida diplomática nessa cidade, G regóri o foi chamado a Roma, provavelmente e m 585, se nd o e ntão c le i to abade de Sa nto André. O moste iro ficou famoso com

seu enérg ico abade, podendo-se ler muita coisa ed ificante de le em seus Diálogos. Dedicava-se muito à formação de seus monges, e ex pli coulhes vários livros das Sagradas Escri turas, como o Pentateuco, o Livro dos Reis, os Profetas, o Livro dos Provérbios e o Cântico dos Cânticos. J11te1·11e11ção divina

elimina a peste No ano de 590, terríveis inundações seguidas de peste asso laram a C id ade Eterna , privando a Igreja de seu chefe, o Papa Pelágio. O c le ro, o povo e o Senado de Ro ma escolheram un anime mente para o Pontificado o diácono Gregório. E le não queri a aceitar, mas por fim acede u, desde qu e a indi cação fosse rat ifi cada

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co m seus religiosos, e das abadessas com s uas religiosas. Gregório portou nessa procissão um anti go quadro da Virgem, cuja autori a é atribuída a São Lucas . Segundo a tradição, por onde passava o quadro, o ar corrompido cedi a lugar ao são. Quando ele chegou nas proximidades do mausoléu de Adriano, de aco rdo com a mesma trad ição, ouviram-se coros angélicos que cantavam: "Rainha dos Céus, alegrai-vos,

aleluia; porque Aquele que merecestes porta,; aleluia; ressuscitou como disse, aleluia". O povo ajoelhou-se, cheio de devoção e alegria , e Gregório cantou: "Rogai por nós a Deus, aleluia ". No mesmo instante ele viu um anjo que e mbainhava a espada, para signifi ca r que o fl age lo cessara (quadro à esq.). A partir de então o mausoléu de Adriano passou a ser conhecido como Santo Ângelo. Quando chegou a resposta do imperador confirmando Gregóri o no cargo, este qui s fu gir, mas à força fo i o rde nado sacerdote e coroado Sumo Pontífice.

Capitão, rei, po11tílice, pai do fJOl'O

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pelo impe rado r. Ao mesmo te mpo escreveu a este, que e ra muito am igo eu, implorando que não ra tificasse a escolha. Mas seu irmão, então prefeito de Roma, interceptou a carta e enviou ao im perador outra, ena ltece ndo as qualidades de Gregório e pedindo a confirmação no cargo. E nquanto não vinha a resposta, Gregório assumiu interinamente o posto, dev ido ao estado de calam idade em que Roma se encontrava. Para fazer cessar o flagelo da peste, convocou procissões rogatórias gerais, durante três dia. , com a pre. ença de todos, inclusive a dos abades dos mosteiros da Cidade Eterna

Triste situ ação se ap resentava ao novo Papa. A Igreja estava e m deplorável estado, necessitando de mão firm e que a reformasse. Na África, imperava a heres ia donatista; na Espa nha, a ariana; na Ing laterra, a idolatria; e na Gália, a simon ia, os crimes de Fredegunda e os erros de Bruni Ida , rainha da Austrásia, na Gá li a. Na ltáli a, os lombardos, que era m arianos e rivais do poder imperi al, faz iam devastações. No Oriente, hav ia a arrogâ nc ia dos patriarcas de Constantin opla e a 1m1 vontade dos imperadores bi zanti nos que, não podendo defender nem govern ar a Itá li a, ficavam e nc iu mados por ver que os Papas cumpri a m esse papel. Enfim , em todas as fronteiras do Impéri o Romano, o ndas ele bárbaros ameaçavam acabar com o que restava de pé nesse mundo em transição.

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Do "rei do brilho" aos reis de Versalhes

gregoriano). A ele se eleve, por exemplo, o costume de cantar o Kyrie eleison na Missa, a introdução do Pai

Túmulo de São Gregório Magno

O novo Papa "lutava contra a peste, contra os tremores de terra, contra os bárbaros heréticos e contra os bárbaros idólatras, contra o paganismo morto e infecto mas insepulto, contra seu próprio corpo, consumido pelas e,~fermidades; e se pôde dizer que a alma de Gregório era a única inteiram.ente sã que existia em toda a humanidade". 4 Assim , com uma habilidade

prestar a Deus por essa decisão, no dia ele seu juízo parlic.:ular. O grande Papa com unicou a seu emba ixador em Co nsta ntin op la:

"Sei tolerar por muito tempo, mas, urna vez que resolva resistir; lanço-me com alegria em todos os perigos. Antes morrer que ver a Igreja do Apóstolo São Pedro degenerar em minhas mãos". Por s ua hum ild ade, Gregório foi o primeiro Papa que se c ha mo u "servo dos servos de Deus". Em sua boca, essa declaração não era mera figura de retóri ca.

e e ne rgia raras ele se multiplicava, tornando-se capitão, re i, pontífice, pai dos ro manos. Arregimentou tropas e pagou seu soldo, forneceu aos bárbaros as contribuições que ex iConsolicla a liturgia, g iam para não invadir Ro ma; alicodilica o canto sagrado mentou e consolou o povo. Obteve Gregório foi profícuo e m seus do rei dos lo mbardos uma trégua escritos, te ndo todos e les a lcançapara Roma e seu território. Com a do gra nde repercussão. Daí o títuajuda de Teodolinda, ra inh a dos lo que merecidamente recebeu de lombarclos, que e ra c ri stã e a miga Doutor da Igreja. Em seu Livro da fiel do Papa, conseguiu a conve rReg ra Pastoral, por exemplo, uma são de toda a nação lo mbarda cio de suas obras que mais influíra m arianismo para a fé católica. Livrou na Idade M édia, fornece ao cle ro depois o território pontifício ele toum a no rm a de vida. J á e m s uas dos os tiranetes que tinham surgiHomilias, dirige-se ao povo com do e m me io à anarq uia, dando iníum a s implic id ade comoved ora . cio ao poder temporal cios Papas. Em 592 o imperador bizantino, . Sua pal avra é tão em ine nteme nte com unicativa, tão viva, tão apropor um ed ito, proibiu seus soldapri ada, que a multidão a esc uta redos de abraçar a vici a mo nástica. 1igiosamente , às vezes com lágriImediatamente São Gregório escremas, o utras com aplausos. veu-lhe mostrando que, co m isso, De valor mais transcendental foe le fe ria as le is ele Deus e o direito ra m sua consolidação litúrg ica e a ele co nsc iê nc ia cios so ld ados. E codificação cio canto eclesiástico (até lembrou ao imperador M aurício as hoje o canto-chão leva o seu nome, co ntas terríveis que e le teria que

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Nosso a ntes ela fração ela hóstia, e dos aleluias nos ofícios divinos, mesmo fora do tempo pascal. Teve muito empenho em realizar as cerimô nias ele culto com muita pompa exterior, para instrução e edificação do povo. 5 Do ponto de vista ela liturgia, fo i um digno predecessor cio Papa São Pio V. São Gregório M ag no teve grande e mpe nho na conversão dos ing leses, de modo a me recer o título de Apóstolo ela Inglaterra. O Pontífice, mesmo antes ele ser e le ito Papa, hav ia passado por diversas c ri ses de saúde - gota e intestinos - que duraram meses inte iros. Já no fim de sua vida, escreveu:

"Há quase dois anos estou na carna, com grandes dores de gota, de modo que apenas nos dias de festa posso me levantar para celebrar. E logo, com a força da do,; m.e volto a deita,: [... ] Assim, morrendo cada dia, nunca acabo de morrer, e não é maravilha que eu, sendo tão grande pecador, Deus rne mantenha tanto tempo neste cárcere". O grande Papa fa leceu no dia 12 de março de 604, aos 60 anos de idade. • E- 111ai I do autor: J111so li111 eo

catoli cisrno.co rn .br

Notas: 1. F.H. Dudden, Grego ,y the Great, 1, p. v, in Th.e Catholic Encyclopedia, Volum.e VI, Copy ri g ht © 1909 by Rob ert Appl eton Cornpany , On lin e Ed iti o n Copy ri ght © 2003 by Kevin K ni ght. 2. Les Petits Boll andi stes, Vies eles Sain t.1·, Bloud et Barrai , Libraires-Éditeurs, Pari s, 1882, tomo 111 , p. 360. 3. G . ROGER HUDLESTON , Saint G rego ,y th.e Great, The Cath olic Encyclopedia. 4. Fr. Ju sto Perez de Urbe!, O.S.B. , A,io Cristic1110 , Ediciones Fax, Madrid , 1945 , tomo I, p. 488. 5. Cfr. Edelvi ves, E/ Santo de Cada Dia, Editorial Luís Vives, S.A ., Saragoça, 1947 , tomo li , p. 126.

n GREGóR10 V1vANco Lo rEs asso com freqüência pela pauli stana Praça Oswaldo Cruz, região centsaI da cidade, e ul timamente tenho ali notado apresença de um engraxate, que acrescenta a seu ofício uma inegável nota ele pitoresco. Junto a um canteiro coberto de vegetação, ele insta la todas as tardes a característica cadeira elevada para os fregueses, posiciona adequada mente sua ca ixa de engraxar e estende um pano, já enegrecido pelo uso, sobre o qual esparrama considerável número de sapatos, chinelos, botas e outros que tais, con10 a indicar u1n ~ trabalho afanoso que o aguarda. ~ Indiferente à ta l lei "cidade .g g

limpa" da Prefeitura, ele coloca um a núncio bem vi sível junto a " seus apetrechos: O Rei do Brilho ~ (foto 1), Em letra menor, acrescen- ~ ta que, alé m de engraxar, ele faz u qualquer coisa do ramo: pequenos consertos, pintar sapatos, etc. Cada vez que por ali passo, não deixo de olhar com atenção a cena, pois é uma nota de pitoresco autêntico que de cansa a mente do barulho infe rnal cios ônibu , carros e motos que aceleram 'em cessar, das lojas sofisticadas , elas moelas extravagantes cios passantes e da inauten ticidade ele certos mend igos que povoam a praça. O)

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"Reis" de todas as condições sociais Num desses dias, não me contive e parei para conversar um pouco com "Rei do Brilho". Ele se dignou dar-me aud iência, mo tranclo ser de temperamento afável, serv iça l, sem nada dessas revo lLas classistas que caracterizam o idea l peti sta de viver, estando con tente com sua "realeza". Até me passo u pela cabeça perg untar-lhe por que não se intitul ava "o presidente do brilho" , mas fe li zmenle me contive. Ele certamente não entenderia a pergunta, e me qualificaria de pedante. Refletindo c m meus botões, porém , lembrei-me ele que não é só na classe humilde que encontramos "reis", mas também nas dos endjnheiraclos, como é o caso cio "rei da soja", "rei cio aço" e outras "majestades" do gênero. E dei-me conta ele que a idéia de realeza

vincou fundo as almas ele pessoas ele todas as idades, raças e condições sociais, como sendo um paradigma de poder, ao mesmo tempo elevado e benfazejo, uma espécie ele imagem ele Deus na Terra. Contra essa idéia recôndita sopraram, ao longo dos últimos séculos, revoluções ele todo tipo, propaga ndas republicanas, atéias, laicas e tudo o mais que o leitor conhece. Mas, à maneira elas pirâ mides egípc ias que e nfrentam alta neiras as tempestades de areia e o impacto cios milênios, a image m ela rea leza se manteve nas me ntes humanas como sumame nte aprazível , acolhedora, nobre: ao mesmo tempo que ela participa cio que há ele mais sublime, curva-se reverente e bondosa para acariciar o último ele seus súd itos. Daí o fato ele que o prestígio de ser "rei" continua a estaclear-se com desembaraço diante cios homens do sécul o XX], independente do fato ele ter hav ido reis melhores e piores, alg un s sa ntos , o utros perversos , como tudo o que é humano.

Passeio pelo "universo ela r ealeza li'ancesa " Talvez isso exp liqu e o êx ito que obteve a exposição na Pinacoteca do Estado ele São Paulo , intitulada Imagens do Soberano (foto 2). Com acervo pertencente ao Palácio de Versalhes, constituiu a primeira mostra organi zada pelo Museu cio Palácio de Versalhes na América Latina. São pinturas, gravuras, tapeçarias e ta mbém algumas esculturas, num total ele 63 obras ela é poca cios grandes reis cio Antigo Regime francês: Luís XIV (o rei -so l), L uís XV (o bemamaclo) e Luís XVI (o simples). Além elas imagens cios soberanos, a mostra colocava em relevo representações ela s rainhas respectivas, sobretudo Mari a Antoni eta, cios filhos que não chegaram a reinar, enfim todo um ambiente altamente monárquico. Constituiu um passeio pelo "universo da realeza ji-ancesa" - como sa li e nta um fo lh eto explicativo - que os pauli sta nos tiveram o privilégio ele faze r, durante os dias e m que durou a exposição (ele 16 ele maio a 5 ele agosto). • E-mail do autor: gregori o @catolicismo.co m.br

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Paternidade desconhecida, miscelânea ecumênica, imagens profanadas, catástrofe neomissionária Filhos sem pai - Co mo decorrência do neopagani s mo moderno, não só decaiu enorme me nte o nascimento ele cri a nças, como também cresceu o contingente daquelas que, nasce nd o, não têm pai. Freqüentemente são fruto de re lações espú rias, por isso os pais não as reconhece m. Ne m os lobos fazem isso ! Só na capital paulista, há J23 .000 crianças e m c uja certidão não consta o no me do pai. Em todo o Estado, são 350.000 que precisam de reconhecimento. O fe nômeno vai to ma ndo proporção de ca la midade públi ca. Uma parceria se estabeleceu e ntre a Corregedori a, o Tribunal ele Justiça, a Secreta ri a ela Educação, a Defensoria Pública e a ARPEN (Associação cios Registradores Civ is da Pessoa Natural ) para tentar fazer com que toda c ri ança pa uli sta venha a contar com o nome cio pai no registro ele seu nascimento (cír. Coluna "Persona", "O Estado ele S. Paulo", 3-8-07)

Indigna mixórdia religiosa -

Na úl tima ed ição cios Jogos Pan-Americanos, no M aracanã, a pretexto de ecu me ni smo, a Re lig ião católica fo i reba ixada ao nível, po r exemp lo, cio espiri tismo. Foi in stituído dura nte aquele evento um chamado "Centro Ecumê nico", que se dividiu em quatro compartimentos: capela, sala de aco nselhamento, sala ele estar e sec retaria. O altar da capela não tinha símbolos re li g iosos fixos. Os representa ntes cios segme ntos convidados - católi co, evangéli co, espírita,j uclaico e muç ulma no - "levam seus respectivos apetrechos aos cultos. [... ] O padre Bruno

Bastos Lins, por exemplo, carrega o crucifixo e uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. [...] Já o representante espírita Palmira Costa dispõe de livros de Alem Kardec. [... ] Cada segmento possui wna hora de celebração m.ais meia de aconselhamento" (cfr. " O Estado ele S. Paulo", 28-7-07).

Horrível dessacralização - As imagens de Jesus , ele Mari a Santíssima e cios santos aj uda m os fiéis a e levarem s uas a lmas para Deus. E nesse sentido são alta mente sacrais. Agora, um mov imento dessacra li za nte procura desmerecer o valo r dessas imagens, av iltando-as à condi ção ele brinquedos infa nti s. A rede a mericana Wal-Mart, a mesma qu e a nel o u faze nd o propagand a do homossex ualismo, vai comercializar agora bonecos ele Jesus, Daniel, M oisés e outras figuras religiosas. Segundo a rede, o boneco de Jesus, o primeiro a ser lançado, terá 30 c m; o profeta Daniel terá 8 c m. Os brinquedos serão comerc iali zados para fazer frente aos bonecos hoje mais vendidos pela indústri a de brinquedos americana o Homem-Aranha e os Transform.e rs. Seg und o David Soc ha , fundador d a One2believe, empresa que fa brica esses brinquedos, e les serão "d ive rtidos" (cfr. " O Globo", 3 1-7-07). A no tícia coloca es e fato no quadro cio cresc imento ela vencia ele objetos c ri stãos, que está have ndo nos Estados Unidos. Ao que pa rece, pois, é uma tentativa ele desvirtuar um movi me nto bom com uma inic iativa injuri osa à Reli gião. Pobres índios - A política indi geni sta cios neomissionários e o utros está levando os pobres índios à catástrofe . Sem fa lar cio enorme pecado que é ev itar que e les aceda m à Fé católica, são obri gados a viver e m reservas, para " manter s ua c ultura". Com isso são imped idos ele se beneficiarem das vantage ns ela civili zação. Não conseguindo sobreviver por si sós, com as ervas e ma ndingas que lhes legaram seus a ntepassados, os índios se vêem na contingênc ia de depender totalmente elas esmolas cio governo. "Em Dourados (MS), índios guaranis e caiuás invadiram um posto da Funai na cidade ern protesto contra atraso na entrega de cestas básicas. Também. houve morte de wna criança indígena de 2 anos ontem em Dourados " ("Fo lha ele S. Paulo", 2-8-07). •

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De quebrantas e de anjos Ü s fenômenos de opinião pública são muito complexos; interpenetramse fatores naturais ligados à psicologia das multidões e fatores sobrenaturais. Analisá-los com prudência e bom senso é salutar. estrondo a vaia o atinge no peito e rasga ele alto a baixo o tule mágico que o recobri a. O rei está nu! Todos olham estupeonvid o o leitor a prestar atenção fatos , se m ac red itar no que aconteceu; num fenômeno de opini ão pública então uma segu nda, uma terceira ... uma pouco rea lçado, pouco comentado, exta vaia o impedem até de fazer a abermas que tem enorme influência, por ve- tura so lene cios Jogos. Tudo isso ocorreu zes decisiva, nos rumos cio povos e por- independente cio que digam as pesqui. as. tanto também nos rum os do Brasil. E le sa i co ntrari ado, cabi sba i xo, se m Inicio relatando um exemplo. O presi- conseguir exp li ca r para si mesmo o que dente Lula vinha pairando com faciliclacle aconteceu. A vaia atuou como a flecha sobre todas as dificuldades ele seu governo. certeira que buscou o ca lcanhar de AquiComo um planador ele mov imentos capri- les, o guerreiro grego até então com o chosos, não havia pedra que o atingisse; nem "corpo fechado", e o prostrou. mesmo os desca labros provenientes ele V eio depoi o trágico acidente com o membros ele seu governo ou ele seu partido av ião ela T AM, eguiclo cio noticiário fúnechegavam a macular sua aura. bre ele 199 mortos. O presidente teve alguAtenção ! Este não é um artigo sobre a ma culpa pelo desastre? Qual o alcance dessit1iação política, nem é uma análise da ad- sa culpa? T ais perguntas, muito pertinentes ministração federal. Por enquanto só estou quando vistas sob a ótica ela apuração cios dando um exemplo. Prossigamos nele. fatos, não dizem respeito ao presente arti Por mais que repórteres especializa- go. O que nos interessa aqui constatar é que dos, comentari stas famosos, fo rm adores os destroços lançados pela explosão cio de opinião e pensadores lança sem dar- av ião despedaçaram ainda mais aquele tule dos perfurantes e fl echas incendi ári as con- em torno ele Lula, que a vaia j á rompera. tra a inoperânc ia, os erros e os absurdos cio govern o, em alguma zona imponderável cio imag inári o e do pensa mento humanos Lula perman ecia incólume. Os fatos mais gritantes, os raciocínios mais bem feitos, a lóg ica mais implacável, a verdade mais ev idente não co nsegu iam perfurar esse tule, entretanto tão leve e esvoaçante, com que uma fada má parec ia cobrir a personalidade do presidente, a fim ele ela poder rir-se cio Brasil e cios brasileiros. CID ALEN CASTRO

O /'c11ôme110 se l'C/Jete Esse exemp lo, muito recente e muito ao alcance ele nossas vistas, levanta um problema de op ini ão pública , que por vezes se dá na hi stória dos povos ele modo tão in esperado quanto estrep itoso. Algo disso aconteceu co m Getúli o V argas, tido co mo um cios mais badalados populi sta s que o Brasil já conhece u, até o momento em que um a catarata de catástrofes desabou sobre sua cabeça. Perón, na Argentina, passou por processo se melhante. V emos por vezes ca ntores, artistas famosos, ecles iásticos que se precipitam cios píncaros ela fama para os porões da rejeição pública. Como ex plicar esse fenômeno, que em intensidades e graus diferentes pode ser observado ao longo de toda a História?

Eleme11tos 11aturnis N ão tenho a pretensão ele dar aq ui resposta cabal a tais perguntas, que ver am sobre ass unto extrema mente co mpl exo.

A vaia e o aci<lente De repente... O imprev isto imprevi sível aconteceu! Lula foi para a abertura dos Jogos Pan-Americanos -- um a festa, co mo ele próprio qualificou o evento. Mudança inesperada da opinião pública aconteceu também com Getúlio Vergas, Todos ali estava m co ntentes, deveriam tido como um dos mais badalados populistas que o Brasil já conheceu , aclamá-lo, e eis que, pelo contrári o, uma até o momento em que uma catarata de catástrofes desabou sobre sua cabeça

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CATOLICISMO

Levanto apenas alguns elementos que provavelmente farão parte ela resposta. H á algo ainda inclec ifraclo na psicologia humana, sobretudo na elas multidões, que prega surpresas. Certas revoltas como as ocorrida s na Revo lução Francesa ele 1789, certas apoteoses delirantes na Alemanha hitlerista, ou ainda certas inércias ante a ditadura sov iética, permanecem sem exp licação adequada. O entusiasmo, e também o ódio ou o torpor, são contagiantes e sujeitos a manifestações inesperadas. E m nível individu al, notamos que algun s homens manifestam certos pred icados da natureza, sem que tenhamos uma exp li cação inteiram ente convin cente ele porque isso ocorre neles e não em outros. A ssim, podemos encontrar num certo José o pressentimento, ou mes mo a premonição, referente a si mesmo ou ao curso cios acontecimentos, que outros não têm. Em outro ele nome Pedro, notamos que possui o dom ele acalmar, com sua imples presença, os temperamentos mai eri ça- ~ cios; enquanto João, pelo co ntrári o, os ; excita. H averi a ainda a tratar os fenôme- "li nos ligados à hipnose, à percepção ele fa- ~ tos à distância, etc. Tudo isso pertence ao domínio da psico logia; em alguns casos, ~ talvez, ela psiquiatria. ~

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Uma ação sobrenatural

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Sobrepondo-se a esse panorama natu- ~ ral, que a ciência pode alargar, temos ele :i t'!"":-,1,<,.. . . ....lá;=~considerar também as imensas e magní- :.: .· O s magos que deslumbravam o antigo Egito produziam . , · d · . 61rca ·f 1cc1s perspectivas que a outnna cat t e so rt·i · • t · t F · · . . encantamenos I eg1os ais, que ornavam o arao ,mune abre diante de nossos olhos marav ilhados. aos pedidos, increpações e ameaças de Moisés e Aarão E aqui encontramos - tanto cio lado cio mal , com os demônios, como cio lado Deus irou-se contra o povo hebreu por contempl ar um objeto artístico, encantado b m, e m os anjos - uma ação cons- suas prevaricações e o quis castigar, lan- se com um rac iocíni o bem feito, ou fortatante sobre os homens, quer considerados çou contra ele um or,'ícul o, pela boca cio lece sua po tura intelectual com um arindi vidu almente, quer formando conjun- Profeta: "Vou lançar serpenles contra vós, gumento novo, ass im também ab rir a tos, 1 ovos, nações. e víboras insensíveis aos encan /amentos, mente para essas rea lidades, superi ores ao Os magos que deslumbravam o anti - que vos rnordercio" (Jer. 8, 17). cog itar pedestre do dia-a-dia, enriquece go gi1 0 produziam enca ntamentos e sorHá ainda a considera r que, na prática, o senso ele observação, a capac iclacle ele tilég ios tai s, que tornavam o Faraó imune os aspec tos naturais e os sob renatu rais análi se; e empurra um pouco para diante aos p d id os , i ncrepações e ameaças ele muitas vezes convergem num mesmo ep i- as fronteiras do conhec imento humano. M oi s A arão. sód io, e nem sempre é fáci l distinguir um Uma pergunta final aind a cabe: podeDe outro lado, o anjo que gui ou Tobi- cio outro. se reconstituir o tule que fo i esgarçado ou as fo i qu 111 desfez o quebranto que enmes mo arrebentado? Também para essa volvia ara, rutura esposa ele Tobias, ex- É em·iquece<lora essa análise pergunta não tenho uma res posta cabal. pulsando o demônio que a tinha sob sua Alguém poderia perguntar: qual a ra- Não ouso dizer que seja impossíve l. De influência e aco rrentando-o no deserto. zão deste arti go, um a vez que ele não che- qualquer modo, entra pelos olhos que a É conh ecido o poder tenebroso que ga a nenhuma concl usão? A razão é sim- operação é difícil. • têm certos guru indianos de hipnotizar ples. Assim como o espírito humano se E- ma i l do au l or: ci dalencas1ro @ca1o l ic is1110.co111 .br serpe ntes. Mas el e outro lado, quando enriquece com ouvir uma b.ela mú sica ou

SETEMBRO 2007 -


curasse m na região, os anjos apareceram-lhe de novo e a levaram para o alto do monte Pellegrino, onde ela viveu na conte mpl ação e penitênc ia os J 6 anos que lhe restaram de vida.

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1 São Lobo, Bispo e Confessor

+ França, 625. Monge na famosa Abad ia de Lérins, sucedeu Santo Artêmio na sé episcopal de Sens. O Rei C lotário - devido às más informações de seu emi ssári o e do abade de São R emíg io, que desejava fi car com a sé de Sens - baniu o santo bispo para uma área ai nda pagã. São Lobo converteu o governador local e muitos proeminentes personagens à verdade ira fé, sendo então chamado de vo lta po r C lo tári o, j á melhor informado. Primeiro Sábado do mês

2 São Guilherme, Bispo e Confessor

+ Dinamarca, 1070. fo glês, capelão do Rei Canuto, fez com ele uma viagem à Dinamarca. Impress ionado com o lastimáve l estado de abandono dos pagãos , dec idiu e vangeli zá- los. E leito bispo de Roskilde, cens uro u e ne rgica me nte o R e i Sweyn por ter executado muitos homens sem julgam ento.

São Vitorino, Bispo e Mártir + Itáli a, séc. II. Bispo da c idade de Amiterno, por sua fi delidade a C ri sto fo i pendu rado de cabeça para baixo sobre águas mefíticas e sul furosas , e ntrega ndo s ua alm a a De us no terceiro dia.

6 São Magno, Conressor

+ França, séc. VIII. Discípulo de São Columbano, tinha um dom especia l para afas tar, co m seus bastões, predado res e paras itas do campo. Após s ua morte, vários desses bastões continuaram operando os mes mos prodíg ios.

7 Santa Regina de Alésia, Virgem e márLil' + Fra nça, séc. II. Filha de um pagão, fa lecendo sua mãe, fo i educada por uma cri stã. Expul sa de casa pe lo pa i qu ando este soube que e la era cri stã, fo i mo rar co m a mulhe r qu e a educa ra, tra balh a ndo como pasto ra. Recusou-se a casar com o prefeito ro mano, e por isso fo i apri sionada, to rtu rada e decapitada. Primeira Sexta-feira do mês

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São Cregól'io Magno, Papa , Confessor e DouLOr da Igreja

Nati vidade de Nossa Senhora

(Vide p. 36)

4 Sa nui Rosália, Virgem

+ Palermo, séc. XII. Era muito bela, e aos 14 anos a Santíssima Virgem recomendou-lhe que abandonasse o mundo, enviando dois anjos para guiá-la até uma gruta. Como os pais a pro-

Também: Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora da Vitória, Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora de Montesen-ate.

9 São Pedro Claver, Confessor

+ Cartagena (Colômbia), 1654. Apóstolo dos Negros, nasceu na

Espanha e paitiu pai·a a então Nova Granada, di zendo: "Que-

ro passar toda minha vida trabalhando pelas almas, salvá/as e morrer por elas". Foi o que fez por mais de 40 anos entre os negros, morrendo vítima de mo lésti a contraída ao atender empestados.

10 Santo Alberto, Bispo de Avranches

+ França, séc. Vlll. São Miguel Arcai1jo apareceu-lhe, pedindo a construção de um sant11ári o a e le dedicado no Monte Tombe, no litoral da Normandi a. Em 866, ta l sa ntuári o to rn ou-se uma abadia beneditina, afamosa Abadia de São Miguel, considerada uma das mara vilhas do Ocidente.

11 São Pafúncio, Confesso!' + Egito, séc. IV. "Monge, que se tornou Bispo da Tebaida e co,~fessou a Fé sob o Imperador Maxim.ino. As mutilações das quais f oi vítima de ram.lhe grande prestígio j unto aos Padres do Concílio de Nicéia " (do M artiro lóg io Romano - M onástico).

12 Sa ntíssimo Nome de Maria

14 Exa ltação ela Santa Cruz Festa que comemora a recuperação triunfal da verdade ira Cruz das mãos dos persas, em 630, pelo Imperador Heráclio, que a levou às costas de Tiberíades até o Calvário e a entregou ao PatTiai·ca de Jerusalém.

15 Nossa Senhora elas Dol'es Festa instituída por Pio Víl em J814, em substituição a duas outrns muito antigas, para re memorar as dores da o-Rcdentorn do gênero humano.

16 Sa nta l~(lite de Wil ton

+ Ing laterra, 984. Filha do Re i Edgar, da Ing laterra, fo i edu cad a na A badi a de Wilto n, onde ma is tarde sua mãe ta mbé m se fez re i igiosa. Professando aos 15 a nos , recusou várias a badi as e a torna r-se rainha, qu ando seu me io- irmão, Santo Edu ardo Mártir, fo i assassinado.

17 São l{0l)Cl'l,0 Belal'mino, Bispo, Conrcssol' e 1)0111.or ela Igreja + Roma, 162 1. Jesuíta, autor das admiráveis Controvérsias, obra ·111 que re futa os so-

Festa institu ída por Inocênc io XI para cele brar a libertação de Viena - que estava siti ada pe los turcos, em 1683 efetu ada po r João Sobieski, re i da Po lôni a.

fism as prol ·stantes. Foi Arcebi spo d ' '6 pua, Cardeal, consultor das principais Congregações Romanas e conselhe iro de vá ri os Papas.

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Suo ,los(: <h· Cupertino, Confessor

São .Ioão Crisóstomo, Bispo, Conressol' e Doutor ela Igreja

+ Armênia, 407. Um dos quatro grandes Doutores da Igreja Oriental , fo i bispo de Constai1ti nopla, nota bilizando-se por rai·a eloqüência, de onde seu no me Crisósto mo (B oca de Ouro). Perseguido e desterrado pela ImperatTiz Eudóx ia, ariana, morreu a caminho d exílio.

IH + ftáli a, 166 . . l~sse filho de S ão ha11 ·is ·o com pe nsava abun lant ·111 ·nt c cm inocência e simpli ·idad ' o que lhe faltava de do ns natura is. Chamava-se a si pr >prio Frei Asno.

19 Sant.él I•:n, ília Maria de Ro<lal., Vir·gem

+ França, 1852. De nobre fa-

míli a, ded icou-se a prepara r cri anças para a Prime ira Comunhão; e depois, com outras três companheiras, lançou os fund ame ntos das Irmãs da Sagrada Fa míli a, dedi cadas à educação da juve ntude. Durante 32 anos conheceu terríve is provações, crendo ter perdido a fé e a esperança, e que se achava condenada. Faleceu santamente, sendo canonizada por Pio XII e m 1950.

20 San to André Kim Taegon e Companheiros, Mártires da Coréia + Séc . XlX. Este sacerdote nativo sofre u o martírio, precede ndo ao de mi ss io nários franceses, entre os qua is do is bi s pos e muitos le igos convertidos por e les.

2·1 São Mateus, Apóstolo + Antioquia, Séc. T. Deixou sua mesa de aiTecadador de impostos em Cafarnaum, quando o Senho r, fi xa ndo-o, disse- lhe simples me nte: "Segue- me". Foi o primeiro que, por inspiração divina, escreveu o Evangelho. Segundo a trad ição, foi martirizado em Antioquia ou na Etiópia, onde teri a institu ído um convento de virgens.

24 Nossa Senhora das Mcrcês

25 São Clcofas. Discípul o de Cristo + Pa les tin a, séc. 1. "Morto pelos judeus na mesma casa onde preparara a ceia para o Senhor, porque havia prof essado suafé n'Ele (do Martiro lógio Romano).

26 Sa ntos Cipriano e ;1usLina , Mártires + Ni comédi a, séc. lY. "Cipriano, que era mago, f oi convertido pela graça sobrenaLural da virgem .JusLina, que ele Lenta ra em vão corrompe r através de seus sortilégios. Os dois sacrificaram a vida por Cristo" (do Martirológ io Romano - Monástico).

27 São Vicente ele Paulo, Confessor

+ Paris, 1660. Cognominado o grande Santo do grande século na F rança. Fundador dos Lazai·istas e das Irmãs de Cai·idade. Praticamente não houve atividade religiosa ou de caridade a que não estivesse ligado.

22 Santo ~:m erano, Bispo e Confessor

+ Séc. XVll. Vários re ligiosos

lizador da Baviera, seu nome permanece ligado ao da Abadia de K.le inehelfe ndorf.

23 Santo Aelanano, Abade e Confessor + Escóc ia, 704. "O maior dos sucessores de São Columbano na direção da Abadia de lona, na Escócia, exerceu benéfica influência sobre a Igrej a e a sociedade de seu tempo " (do Maitiro lógio Rom ano - Mo nás tico).

Será ce le brada pe lo Revmo. Padre Dav id Franc isqu ini , na s seguintes intenções: • Rezaremos para que no Brasi l cresçam ainda mu ito mais as reações ao aborto. A "cultura da morte" - segundo expressão do Papa João Paulo li para classificar a práfica desse massacre de inocenfes - infelizmenfe tem em nossa Pátria não poucos propugnadores, que insistem em apresentar projetos para legalizar essa nefanda e homicida ação, apesar da oposição da maioria da população brasi leira. Q ue Nossa Senhora das M ercês converta tais propugnadores; o u então os isole, !ornando sua afu ação fracassada no solo páfrio batiza do como Terra de Santa Cruz.

28 Bem-aventu ,·ados Mártires do ,lapão

+ Alemanha, séc. VIL Evange-

Intenções para a Santa Missa em setembro

agostinianos e seus catequistas, maitiri zados du ra nte a perseguição entre 16 17 e 1632.

29 Os três gloriosos J\l'canjos Miguel, Gabriel e I~arael

30 São Jerônimo, Doutor da Igreja

+ Palestina, 420 . Nascido na Dalmácia, foi o oráculo de seu tempo e temível polemista contrn os hereges. O Papa São Dâmaso confi ou-lhe a tarefa de traduzir a Bíblia para o latim.

Intenções para a Santa Missa em outubro • Ped indo a Nossa Se nh ora Aparec id a, Rainha e Padroeira do Bras il, cu ja festa secomemora nes te mês, que a um ente o fervor re li gioso de seu povo. Que o torne forte e reso luto no comba te a todo fipo de corrupção, sobretudo à corrupção mora l que tanto enfra quece as a lmas, deixa ndo as famíl ias vu lnerá veis à imora lidade.

SETE


"A militância católica

na sociedade temporal" P ela quarta vez, a histórica Cartuxa de Gaming acolheu participantes da TFP austríaca e de associações européias co-irmãs para a realização de uma semana de estudos contra-revolucionários ■ C ARLOS EDUARDO SCHAFFER Correspondente - Áustria

orria o ano de 312 d.C .. Doi s exércitos se posicionam às portas de Roma. Um deles, comandado por Marco Auré lio Maxêncio, percorre as Muralhas Aurelianas e toma posição ao longo das margens do Tibre, perto da Ponte Mílvia. O outro, tendo como general Valério Constantino, vem da Alemanha e ocupa o leito da Via Flamínia. Os dois contendores lu tam pelo título de Augusto cio Ocidente. Quando o di a se aproxima do ocaso, as tropas de Constantino v~em no céu um grande si na l luminoso, uma Cruz, junto a letras fla.mej antes: 'ln hoc signo vinces' (Com este sinal vencerás). Constantino manda co loca r o monograma de Cristo nos estandartes de suas legiões. No dia seguinte deu-se a batalha. E a Cruz triunfou. [... ] Sob este lema pode-se també m colocar a vida ele Plínio Corrêa ele O li veira, que entrou na Hi stória como o Cruzado do Século XX". Com esta remini scência hi stóri ca, o Prof. Roberto de Mattei abriu sua conferência no Con~resso de Verão, rea li zado na Cartuxa de Gaming (Áustria) e ntre 29 ele julho e 3 de agosto. Doze outras conferências, cuj o leitmotiv foi A militância católica na sociedade temporal, anal isara m a reação cató li ca contra os principais movimentos revo luc io nári os ao lo ngo da Hi stória. Concluíram com o exame do atua l combate - lega l e pac ífi co, mas efi caz e ardoroso - contra os inimigos da C ivi li zação Cri stã. Dos dias de estudo - co nsagrados a Nossa Senhora de Fátima, e m comemoração dos 90 anos da suas apari ções partic iparam 132 pessoas pro ve nie ntes ele 13 países: Ale manha, Áustria, Bielorússia, Brasi l, Co lô mbia, Eq uador, Estados Unidos, França, In g laterra, Irl a nda, Itáli a, Paraguai e Po lô ni a. Vinda cios Estados Unidos especia lm ente para a ocas ião, a imagem peregrina de Nossa Senh ora ele Fátima, que e m 1972 verteu milagrosamente lágrim as na c idade ele Nova Orleans , presidiu o programa de confe rências, círcul os ele estudos, cerimônias e excursões culturai s. Ela fo i o pólo ele irrad iação elas :iJ graças que se derramaram sobre os participantes. Vi

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CATOLICISMO

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Do m Rodolfo Laise, Bispo Emérito de San Lui s (Argentina), proporcionou assistência espiritual medi ante a ce lebração di ária da Mi ssa, a lém de suas homilias e do atendimento no confessionári o. Assistência tão necessári a a jovens que vivem numa sociedade conturbada como a deste início do século XXI. Acolitado por sacerdotes da Áustria e da Ale manha, Dom Laise fez luzi r, ante os o lhos admirativos cios presentes, o esplendor quase perdido da liturgia tradi c ional. Após a sessão inaug ura l, diri g ida po r Dr. Caio Vidi ga l Xa vi e r da Si lveira, pres ide nte el a Fede ração Pró-Europa Cristiana, o Príncipe Dom Luís ele Orleans e Bragança, chefe ela Casa Imperial do Brasi l e batalhador fervoroso pelos prin -

cípios da C ivili zação Cri stã, ab riu o cic lo de confe rênci as apresentando o panorama da Luta entre o bem. e o mal na

História. No círculos de estudo que se egui ram, os j ovens procuravam respostas às questõe. que surgem sobre tão e levado tema: "Quais são as leis universais que

explicam. o acontecer humano ? Pode-se discernir um .fio condutor nos acontecimentos históricos? Em. meio ao caos contemporâneo, traz.em essas leis resposla à pergunta de todo hornem sério: para onde vai a humanidade? Que papel tem cada povo na grande cena mundial ? Qual a parte de Deus e a de Satanás nos m.ovimentos sociais ?". Um dos lances mais marcantes dessa imensa lu ta foram as Cru zadas. O colabo rador de Catolicismo Valcli s G rin s-

te insü discorreu sobre As Cruzadas, um capítulo na Hislória da Igreja. O objetivo desse mov imento, ex pli cou, nunca fo i levar infié is, sob a ponta ele espada, à pi a batismal, mas gara ntir aos sacerdotes a possibilidade de cumprir o mandado ele Nosso Senhor Jesus Cristo, pregando a todos os povos, sob retudo àq ue les junto ao Santo Sepulcro; como também gara ntir libe rdade e segurança aos fiéis que, de todas as partes, acorriam à Palestina para venerar os lugares sa ntos pelos quais passou o Cordeiro de Deus. Quando Lutero lançou sua condenadas teses, no in íc io do sécul o XVI , terrível foi a confusão das mentes. Mathias von Gersdorff, estudi oso de a suntos alemães, figurou com rea li smo a "desco nstrução" da ig reja, intentada por Lutero. De mov imento re i ig ioso, o protestantisSETEMBRO 2007 -


mo se transformou rapidamente em mov imento po lítico, provocando revoltas e morticíni os. A reação cató lica foi notável. Na Áustria imperi al, os Habsb urgos não tiveram , de iníc io, a força necessária para conter a revolta luterana, porém mai s tarde tornaram -se gra ndes defensores do cato lici smo. São Pedro Canísio, jesuíta, fo i a a lma da Contra-Reforma e m territórios germânicos.

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O progra ma c ultural preencheu um dia de intensa atividade. A Áustria é terra de grandes abad ias, onde se respiram o fe rvor e a gra ndeza de outrora e não lhes falta espl endor. À intensa vida abac ial deve a Áustria , em larga medida, sua grandeza passada. Os participantes do Cong resso de Verão-2007 visitaram as abadi as de São Flori ano e Klosterne uburg. São Floriano tem ex istência desde o século IV. O grande ó rgão da abad ia tocou para os visitantes , acompanhado de trompete. Em Kl osterne uburg, os gui as deram lições de Hi stó ri a e do estil o de vida dos mo nges, sua vida de oração, seus trabalhos, sua influê nc ia po líti ca. Foi fund ada no início do séc. XII pe lo conde Leopoldo Ill, o Santo. A catedral gótica de Viena, com sua e levada torre, é um monume nto digno de ser visto quotidianamente. O palácio impe ri al, Hofburg, abriu seus espl endores a nossos visitantes. O dia em Viena terminou numa antiga adega conve ntua l subte rrânea, hoje cervej aria, o nde se servem pratos típicos.

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Mesmo a Santa Igreja, no que tem de humano, passa por everas c ri ses. Home ns chamados à santidade prevaricam: "Tenho conlra li que arrefeceste o teu primeiro amo1'. Lernbra-te, pois, donde caíste. Arrepende-te e torna às tuas prirneiras obras" (Apoca lipse 2, 4-5). Heres ias grassaram na Igreja desde os primeiros séc ul os . A luta contra e las foi ana li sada pelo Sr. Júli o Loredo na palestra sobre A núlitância da Igreja contra seus inimigos inlernos: as heresias.

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O Danúbio figurou na Semana de Estudos co mo uma pau·a antes das conferênc ias finais . Ele oferece um espetácul o favorável a um ordenado repouso. Percorrendo-o e m barco, des li za-se suave me nte entre vinhas, pomares, ruínas, igrejas e a ldeias. Tudo parece co mo singelas iluminuras. Ao pôr-do-sol a brisa arrefece, e também o buliçoso flu xo das idéias . A viagem ao longo do famoso ri o conduziu os participantes a um espetác ul o de fa lcoa ri a. Num a nti go caste lo, R ose nburg, encarapitado em alto penhasco, a vi são da caça com águi as e fa lcões não destoou dos estudos sobre a militância cató lica. Presente o espírito épico. Com grande utilidade, sobretudo para j ovens, tratou o Sr. José Antonio Ureta do Perjtl moral de um contra-revolucionário. O militante católi co começa travando um co mbate interi or contra si mesmo. Como se opor hoj e ao demônio, ao mundo e à carne?

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A militância da Igreja contra seus inimigos externos na sociedade temporal: o comunismo, confe rênc ia aprese ntada pelo advogado napo litano Giovanni Formicola, ilustrou as vi olências perpetrada pelos comuni stas contra cató licos espanhóis, antecedendo à eclosão da Guerra C ivil , em 1936, adequadamente qualificada de "Cru zada". Se a heró ica fibra espanhola não tivesse contido naq ue les anos o furor vermelho, bem mais terrível seria a hi stória do nosso sécul o.

O palácio imperial, Hofburg, abriu seus esplendores a nossos visitantes

A extensa visão até aq ui ap resentada, do combate católi co através da Hi stó ri a, compl eta-se co m a seguinte consideração: Alguém conduz esse co mbate. Esse Algué m é Mari a Santíssima. E la suscita seus soldados, in spira-os, sustenta-os na ação. A reflexão de que Nossa Senhora é o General da Hi stória, feita pelo pres ide nte da TFP francesa, S r. Benoí't Bemelmans, é própria à Teologia da Hi stóri a. Ela e leva a vista de todo combale nte e o e nche de confi ança. O S r. .John Horvath, vi ce-presidente da TFP norte-americana , deu resposta à indi spensável questão : O que significa A sessão de encerramento foi presidida pelo Duque Paul de Oldenburg

ser militanle católico, noventa anos após Fá1ima? Em 19 17, outro era o conceito do combate por idéias. E m Portugal, por exemplo, onde Nossa Senhora aparecia, o comunismo quase to mava o poder. Lisboa era declarada "capital atéia do mundo". Por outrn lado, o clero ai nda combatia o comuni smo. Hoje, nas universidades americanas, ao convidar os estudantes a rezar o terço ou a se opor à homossexualidade, encontra m os militantes da TFP apatia e distância em muitos. Inebriados pela internet e pelo telefone celular, desabituam-se dos argumentos lógicos, deixam-se levar pelos acontecimentos. Os que não encontram resposta a suas ansiedades refugiam-se no rock'n roll ou na droga. No entanto, numerosos são os que se deixam atrair por um modelo mora l bem defi nido, que os tire da quase irracionalidade em que vegetam. Muitos chegam até a militância. Um a li ção prática e m me io a tantas expos ições teóricas: as TFPs da Polônia e dos Es tad os Unidos mostrara m, co m audiov is ua is, a lg um as de suas campanhas junto ao público. Na Polônia , desfiles e confe rênc ias contra a homossex ua li dade. Nos Estados Unidos, a promoção de rosário rezados em público, de acordo co m o pedido de N ossa Senhora e m Fátima. A sessão de e ncerramento foi presidida pe lo Duque Paul de Oldenburg. Coube- lhe dar um a visão de conjunto dos di as de estudo. E uma conclusão, que é um co nvite à luta: O ini mi go desej a chegar a inim ag in áveis abo minações, e não dei xa rá e m paz aq ue les que se opõem à s ua marc ha ; tomemos pois as armas que a Ig reja, com sua ri ca tradi ção, nos põe ao a lca nce; e leja mos M a ri a co mo nosso ge ne ral , e com E la lance mo-nos juntos na luta, se mpre legal, pacífica, mas certeira e inca nsáve l. Também ao Duque coube, no j antar so le ne fin a l, juntamente co m o Príncipe Dom Luís e Dr. Ca io Vid iga l Xavier da Silveira, faze r a distribuição dos diplomas e das imagens de Nos a Senhora - le mbran ça deste Congresso de Verão 2007. • E-mai l elo au1or: cschaffcr @catolicismo.com .br

Espetáculo de falcoaria no antigo castelo de Rosenburg

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CATOLICISMO

SETEMBRO 2007 -


Marcha nacional pela vida G rupos anti-abortistas, do Distrito Federal, manifestaram-se em passeata, a fim de exigir do Congresso Nacional respeito à consciência católica do País, contrária ao abominável crime do aborto n

LÁZARO EvANDRo GARCIA

Brasília - "Brasil, Terra de Santa Cruz, de Nossa Senhora Aparecida, contra a rnatança dos inocentes" - fora m os di zeres ela fa ixa empunhada por membros ela Associaçêío dos Fundadores, q ue evocava a tradi-

■ RORY O' H ANLON

Sociedade Irlandesa pela Civilizaçêío Cristêí pro moveu um Acampamento de Verão, em julho último, inspirado em seme lh a ntes acampa me ntos o rga ni zad os por TFPs ou soc iedades afi ns da E uropa, especia lmente do Reino Unido, e dos Estados Unidos. O programa foi destinado a pais e filhos. Os pais ele algun s dos ado lescentes aj udaram na supervi são elas atividades. N a data cio 90º aniversári o ela terceira aparição ele Nossa Senhora em Fátima, J3 de julho ele 2007, teve iníc io o evento, rea li zado junto à bela abadia c isterciense cio Monte São José em Roscrea, no condado ele Tipperary. A programação desenrolou-se na casa cios hóspedes, no colégio e na cape la cios estudantes, bem como em algu ns anexos e nos muito bem c ui dados campos , todos pertencentes à mesma abad ia. Entre as mui tas atividades, destacam- e a ce lebração diária ela mi ssa, bênção do San tíssimo Sacramento, palestras, passeios cul turais a lugares hi stóricos, recitação do terço e jogos. M as os j ovens manifestaram espec ia l interesse pelas conferências sobre temas hi stóricos. Muitos pais exprimi ram sua satisfação por verem o quanto seus filhos tinham aprendido em ape nas uma semana. •

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E- mail para o autor: cato li c is111o @ca to li c is1110.co111.br

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CATOLICISMO

ção cató li ca para combater a ampli ação dos casos de aborto legali zado no Bras i1. Faz iam parte da Marcha Nacional em Defesa da Vida, que reuniu no dia 15 de agosto um público de seis a o ito mil pessoas, as q uais percorreram co m muita decisão o trajeto e ntre a Catedral de Brasíli a e o Congresso Nac iona l. A Marcha era liderada pelo Movimento Brasil Sem Aborto e ag rupava pessoas de sete estados, além cio Distrito Federal. Os participantes oste ntava m milhares de bandeirinhas com o veemente repúdi o dos brasi le iros ao aborto. A multidão repetia em alta voz slogans anti-aborti stas. As inúmeras fa ixas indi cavam os diversos grupos a li presentes. Um dos cartazes dizia: " Deputados: os Srs. prestarêío contas a Deus pelo seu voto". Fo i marcante a presença de grupos católi cos paroq ui ais de todo o Distrito Federa l. A Associaçêío dos Fundadores, fiel à sua luta sem tréguas contra todas as formas de desag regação da soc iedade, realçou co m suas faixas as ori gens cristãs do Brasil e a grav idade do pecado que significa a ap rovação do assassin ato de inocentes. Tendo saído ela Catedra l às 17 horas, a passeata fez uma pausa em frente ao Mini sté ri o ela Saúde, para extern ar seu repúd io às dec la rações pró-abo rto do ministro Jo sé Go mes Te mpo rão: "Aborto nêío ; desiste Temporão!" - bradaram os manifestantes. Por volta das l 8:20h, reuniram-se todos d iante do Congresso Nacio nal, onde a multi dão novame nte ev ide nciou sua total reje içã o ao aborto , ence rrando-s e e ntã o o evento. • E-m ail para o autor: cato lic ismo @catolici smo.com.br

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C OSTUMES C IV I Ll ZA Ç Õ E S

ifutebraf bt ~oom A glória de Deus, cantada pela flecha de um templo altaneiro ■ PU NIO C ORRÊA DE ÜUVE IRA

Roue n, a cidade onde Santa Joana d ' Are foi martirizada pelos ing leses, possui uma das catedrais góticas mais belas da França. Na ilustração da cated ral, o bserve seu e norme elan para o céu. A to rre vai se ade lgaçando, e dir-se- ia que a sua po nta vai se transformando e m céu. A tal ponto que não se sabe be m se a po nta é mais ar do que terra, mais luz do que pedra. D e mo nstra uma vo ntade de subir, refl e te uma e levação de alma. No prefácio da sua História de Santa Isabel de Hungria, Monta le mbert * conta um fato be m sig nificativo. Um mao me ta no, preso pe los c ru zados, recebe u li cença de vi aja r pe la E uropa. Conheceu catedra is medi evais, e pe rg unto u quem as construíra . M ostrara m- lhe o irm ão le igo de um conve nto, e explicara m- lhe:

" Esses são os homens que constroem tais monumentos". Ob e rvou então o is la mita: "Corno po-

dem homens tão humildes construir ed(fícios tão alti vos?" Essa pergunta inte ti za a alma cató lica: humilde qua nto a si mesma, mas insaciáve l de g lóri a pa ra De us. Nesse te mplo re lig ioso, a gló ri a de De us é ca ntada por uma fl echa que, simbolicame nte, atinge um píncaro mais a lto que todos os edi fíc ios . Símbo lo da Ig reja e da sociedade te mpora l cató lica. A Igrej a pai ra acima de tudo. E la e a C ri sta ndade canta m a glóri a de De us. •

*

Ca rl os Forbes Renato de M o ntal emb ert , co nde d · M o ntal ernbert , l i terato · po líti co francês, nasceu ·m L ondres em 18 1O e l'alccc u em Paris em 1870. h ·l'c do partido católi co libera l, autor ele in úmeras obras.



-

UMÁRI P1 INI

(

"Análise profética" do caos atual a edição extra de Catolicismo de outubro de 1987, veio a lume uma magistral obra de Plínio Corrêa de Oliveira: Projeto de Constituição angustia o País. * O livro alerta para os catastróficos males - entre outros, a desagregação da unidade nacional, a corrosão da família, a vulneração do direito de propriedade - que poderiam advir para o Brasil a partir da Constituinte de 1987 . Hoje o País encontra-se mergulhado nas catástrofes previstas. Para recordar o lançamento desse livro há exatos 30 anos, segue uma declaração do autor [trecho em itáli co /negrito], feita à imprensa em 1O de maio de 1994, lida no mesmo dia na Câmara Federal em discurso do deputado Lael Varela [trechos em corpo normal); e, três dias depois, transmitida pela "Voz do Brasil" :

N

" Qu eri a reg istrar nos Anais da Câmara os comentários feitos à imprensa, do grand e pensador brasil eiro, de fama nacional e internac ional , o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Pres idente ela TFP:

"Estranha tristeza de acertar: é o que sinto com o impasse da Revisão Constitucional. Em meu livro 'Projeto de Constituição angustia o País', editado em 1987, previ sem desejá-lo, é claro, o malogro da Constituição vigente. E o malogro veio, tornando indispensável a Revisão Constitucional. Por sua vez, a Revisão veio e encalhou num impasse. Esse impasse pode deixar aberta a porta pela qual tudo indica que entrará triw~fante o caos. Mas o triunfo do caos n.ão é verdadeiro triunfo. Ele é uma derrota. O triunfo da morte é a catástrofe do morto.

OuLubro de 2007

1Rf/1 DI Ü I IVI IR/\

O que aguarda para o Brasil tal 'triunjo'? Prefiro não afundar o olhar no tenebroso desse.fitturo, mas elevá-lo até o Céu, para pedir o auxílio de Maria Santíssima". "Senhor Pres idente, essa é uma análi se profética, a que eu me un o e coloco aos meus nobres colegas parlamentares para refl exão. Tenho dito". •

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EXCERTOS

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CARTA DO DIRl~'l'OR

5

PAGINA MARJANA

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Lm'l'URA EsPIRl'l'UJ\L

8

Co1umsPONDf~NCIJ\

10 A p Al~AVIM

12 A

Nº 682

Nossa Senhora e a santa resjgnação Sobre a existência do infemo - lfl

DO SACERDO'l'E

REJ\J ,IDADl~ CONCISAMENTE

14

NACIONAL

17

PoR ()UI•: NossA SENHOIM CHORA

18

INFORMATIVO RURAL

20

D1,:s'l'A()UE

22

ENTREVISTA

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CAP/\

O putencial agropecuário do Brasjj

*A

ín tegra desse li vro encontra-se di sponível no site: www .cato licismo.co m.br

Brasjj real, desconhecido do lulo-peUsmo

o paladúJO da luta anUcomunista

A gesta antimar,vsta de Plinio Col'l'êa ele onveira

36 F◄ EIRA

DO

L IVRO Catolicismo na ExpoCatólica

38

m:

SANTOS

VmAs

São João de Capjstrano

42 V AmEDJ\DES AJejjadinho - gênio da arte ba1roca brasileira

''P~OJETO DE ~NSTITUI ANGUSTIA'OPAís•

44

D1scm~NINDO

46

SANTOS E FESTAS Do Mf.:s

48 AçAo 52

Indevida interterência da ONU no Brasil

CoNTRA-REvm.ucmNÁRI/\

AMBmN·1·..:s, CosTUMt~s, C1v11.1:t.AÇÜES

Panorama europeu: lbrç:,a e delicadeza, pureza e esplendor Nossa Capa : Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo

OUTUBRO 2007 CATOLICISMO


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PÁGINA MARIANA

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Caro leitor,

"No ocaso das civilizações, a luz do sol projeta muito ao longe a _figura de tudo aquilo que permanece de pé" - tal foi o sugestivo e poético comentá ri o_que e nca ntou Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, e que me ficou gravado na me mó na, a propósito da fotografia de um bed uíno no deserto, montado em camelo, no ocaso de mais um dia e nsolarado. Sua silhueta projetada pela lu z do poente sobre as alvas are ias daquelas mi steriosas vastidões, aume ntara inúmeras vezes de tamanho. . . . . Alma profundame nte admirativa, Dr. Plinio - a c ujo duodécimo a111versan o de falecimento dedicamos maté ri as desta ed ição de Catolicismo - mal se dera conta de que, em sua ad miração por aq ue le come ntá rio, e le estava se auto-retratando. Sim, porque na deterioração do processo revolucionário, que _há cinco s~-c~l os ve m destruindo a Civilização Cristã - o qual ele não só denunciou, mas ef1c1e ntemente combateu - , a figura de Plini o Corrêa de Oliveira projeta-se como a de um g igante que permaneceu de pé, não num deserto do Orient~, mas c~ntra ve}1tos e ma rés da te mpestuosa Babilônia neopagã de nossa época, faze ndo JUS ao titul o de o Cruzado do século XX. Com efeito, fiel à tradição e aos princípios perenes da Santa Ig reja Cat?li ca Apostólica Ro mana, soube ele resistir à te ntação da modernidade neopagã di ante da qual tantos sucumbiram, o que lhe permitiu mais tarde escrever: "Quando

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração:

Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-01 O São Paulo • SP

ainda muito jovem, considerei enlevado as ruínas da Cristandade, a elas entreguei meu coração; voltei as costas ao meu futuro, e.fiz daquele passado carrega. do de bênçãos o meu porvir".

Serviço de Atendimento ao Assinante:

N ão se trata apenas de be las palavras, mas do atestado fiel de toda uma traJetória de lutas e m prol do ideal de restauração da C ri sta ndade. Assim sendo e olhando retrospectivamente os acontec imentos, podemos exclamar: Quanta água passou por debaixo da ponte! Com efeito, quanta coisa que parecia para sempre sepultada, hoje renasce; e quantas esperanç~s de um futuro católico, de plena restauração da C ivilização C ri stã, renascem hoJe em ta ntos corações, o lhos postos na Mensagem de Fátima! Se isso é assim, devemo- lo em muito larga medida à fie l persevera1~ça e ao inco mparável exemplo desse infatigáve l batalhador da boa causa, que fo i o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Sua vida de re nhida militância anticomunista reflete-se especialmente em duas seções desta edição - na matéria de capa e na entrevista refere ntes a uma si ni stra data reg istrada pela Hi. tória: 90 anos da Revoluçao bolchevista na Rússia, em outubro de 1917.

Tel (Oxx11) 3333-6716 Fax (Oxx11) 3331-6851 Correspondência:

Caixa Postal 4122 CEP 01064-970 São Paulo· SP Impressão:

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Desej o a todos uma boa le itura.

ISSN 0102-8502 Preço• da aBBlnatura anual

,-. o,,,._ ele Outubro ele 2007: R$ R$ R$ R$ R$

N ossa Senhora nos ensina como enfrentar aquilo que nos contraria, a aceitar resignadamente a vontade de Deus, sem perder o ânimo nem diminuir o amor a Ele

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Maria Santíssima, modelo de resignação

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CATOLICISMO Publ/caçlo menBIII da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.

P

ara ap li car ao e pi ·ód io da I creia do M e nino Jesu s no Templo uma fra se corriq ue ira, poderíamos di zer que "as coisas não podiam ser piore. ". Pareceri a que Lal frase e m nada é aplicá ve l à Sag rada Fa mília, mas e la ex pressa ele form a popular o que pe nsa mos quando as contradições e probl e mas se ac umul a m sobre nós . Não é só um fato que acontece, mas vários se sobre põem uns aos o utros ; e todos, po r ass im di zer, na direção e rrada. Todos ti vemos di as e m qu e tudo nos sa iu mal. Se temos um comp rom isso impo rta nte - por exemp lo, um e xame na

faculdade - , exatamente nesse dia o despertador não func iona, o ônibus passa antes ela hora, está chovendo, etc. Coi sas assim aco ntecem com todos os homens, podendo ser até com certa freq üê ncia. Por que De us permite di as assim ? Gera lmente é para nos ensinar que, não obsta nte o livre arbítri o que poss uímos até o fim da vida, não so mos inteirame nte independentes, e que apesar das aparênc ias não do minamos tudo ne m somos senhores absolutos de nossa vida. Esta é uma forma amorosa de Deus agir, a fim de vo lta rmo-nos para Ele e pedir aj uda.

A m11Uule ele /Jeus e a nossa Se ndo o home m uma criatu ra racio na l, para ele é coisa d ifícil a.c eitar o que é contrário ~, s ua vontade. Nossa sens ibili-

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dade faz com que deseje moi; algo com veemência, mas não é nossa vontade a rainha dos acontecimentos. Pelo contrário, no Pai Nosso rezamos todos os di as "sej a fe ita a vossa vontade assim na Terra como no Céu". E muitas vezes a vontade de Deus é uma, e a nossa outra. Até por motivos que pode m ser lícitos. Um pai pode que rer ganhar mais dinheiro para manter me lh o r s ua famíli a, mas Deus pode ter outro des ígnio, desejando para ele uma cruz cujas vantagens se mostrarão em certo momento. E é justame nte para nos educar nesta matéria que te mos a virtude da res ignação, ou seja, a capac idade de aceitar as adversidades da vida. Muitas pessoas são capazes de g ra nd es esforços, mas, quando chega a hora da resignação, suportam mal a contrariedade; e infelizmen- -~ te, muitas vezes, de fo rma j até re voltada. E m gera l, as ] pessoas que têm grande dinamjsmo, grande personalidade ou capacidade de liderança, se não tê m inteira submi ssão a Deus, encontram especial dificuldade em praticar esta virtude. Mas Nossa Senhora, que é um modelo de personalidade, de decisão e determinação, nos ensina como fazê-lo.

!

A perda do Menino Jesus A Sagrada Escritura nada fa la da vida de Nosso Senhor no período entre sua vo lta do Egito para Nazaré e o epi sódio da perda no Te mplo, e isso indica uma certa continuidade na sua santa vida. Não é que não reali zasse maravilhas, pois E le era Deus, mas indica que havia um comportamento que não variava. Certamente Ele era obediente, ajudava seus pais e os consolava. Como todos os anos, a Sagrada Família ia ao Te mplo de Jerusa lém para a celebração da Páscoa. Isso requeri a vári os di as, pois a di stância é de uns 105 quilômetros. Segundo o costume da época, os homens viajavam na fre nte e na retaguarda, para proteger a caravana; as mulheres, crianças e pessoas não aptas para a defesa vi ajavam no meio. Naquela época, a maioridade das pessoas era aos 20 anos. As pessoas entre 12 e 20 anos tinham um estatuto intermedi ári o e ntre cri ança e homem. Os jovens poderiam ir com os homens, na frente da caravana, ou com as mães no centro, de acordo com as necessidades. Jesus Cri sto, que tinha 12 anos, podia estar co m São José ou com sua Santíssima M ãe, ao vo ltar de Jerusalém. Cada um deles, na sua humildade, certame nte pensava que Ele estaria com o outro. Para São José, era evidente que o Menino Deus estari a com sua Mãe. Entretanto, para E la, faz ia sentido que o Menino Jesus, te ndo chegado a uma idade conveni ente, pudesse mostrar sua maturidade indo com seu pai. Ao c hega r ao po nto de desca nso, São José e Ma ri a Santíss ima constatam que Ele não estava na caravana. A surCATOLICISMO

presa deve ter sido atroz. Sabendo que E le era Deus, a primeira coisa e m que pensa.ri am: "Se Ele nos deixou, é porque não O merecemos". Suponho que a perplexidade deles tenha sido completa e inesperada. Por que não avisou? Por que não di sse que ia fi car? Se desejava rezar ou fazer algo, é óbvio que seus pais iri am concordar. Podemos bem imaginar que e ntrariam também dú vidas te rríveis. Sabi a m eles que Jesus Cri sto ia redimir o gê nero hum a no, mas não sabia m co mo ne m quando. As Sagradas Escrituras indicavam uma morte cruel. Será que Ele permitiu ser raptado e assass inado, para assim cumprir sua vocação? Será que E le, pelo contrári o, a ntes da Rede nção, não se isolaria num local deserto, e nunca mais voltariam a vê- lo? Será que ... No sentido mais literal da palavra, isso é uma contrariedade. Nada poderi a ir mais contra os desejos e espera nças da Sa nta Virgem. E foi nesse momento que E la nos mostrou como praticar a virtude da res ignação. Não fi cou sem fazer nada, não se revoltou, não caiu em prantos inúteis ou recriminações injustas . Ao encontra r seu filh o, Ela di z que o procura vam "aflitos" (São L ucas 2,48), o que se refere a eles mesmos, mas não form a um juízo sobre a ação rea li zada por Ele. E les havi am começado por procurá-lo junto aos seus parentes. M as, muito simbolicamente, lá não O encontraram , pois muitas vezes não encontramos De us onde mais desejaríamos que Ele estivesse. Depois de três dias de busca incessante, O encontraram no Te mplo, d iscutindo com os Doutores da Lei. Pareceria que, tendo encontrado o Menino Jesus, acabari am as contrariedades, e com i . o a poss ibili dade de praticar a virtude da resignação. Mas não. Quando perguntaram ao Menino Jesus por que fez isso, le respondeu com uma frase cheia de sabedori a, mas de d ifíc il interpretação: " Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" (São Lucas 2,49). Em seguida a Sagrada Escritura acrescenta que eles não compreenderam o que Ele lhes dissera. Ma aceitaram com amor. Poderiam eles fazer ainda outras perguntas e tentar obter maiores informações, mas não consta que o fi zessem. Certamente meditaram o fato, levantaram hipóteses, tiraram conclusões. Sobretudo, para nossa edificação, eles se resignaram a aceitar, sem compreender, a vontade de Deus. Tudo isso na tranqüilidade de consciência, sem perder a vontade e a constância. Aproveitemos tal fato a fim de pedir a Mari a Santíss ima sua ajuda para praticarmos essa tão importante vi rtude, especialmente nos di as de hoje, e m que o torvelinho do mundo moderno nos impõe um estilo de vida tão contrári o ao que desejaríamos. • E-rnail cio autor: va lcl isgri nsl in s " cu1oli ·lsrno.co rn .br

O infemo existe - III E m nossa edição anterior, transcrevemos alguns exemplos atestando a existência do inferno e mostrando que a misericórdia de Deus não é contrária à justiça. Segue outro exemplo do Pe. Beltrami

,,Diz

Santo Agostinho que o fogo da Terra, comparado com o do Inferno, parece um fogo pintado; e São Vicente Ferrer di z que, em confronto com aquele, o nosso fogo

é fri o. E mbora gastemos páginas e livros inteiros falando do Inferno, acumulando males sobre males, sofrimentos sobre sofrimentos, desgraças sobre desgraças; embora chamemos em nosso auxílio as fantasias fecundas dos poetas para idea.r penas atrozes e peçamos aos tiranos da História as tort uras que inventaram para seviciar as suas vítimas - apesar de tudo isso chegaremos à conclusão de que infinitamente maiores são os suplícios do Inferno. O seguinte fa to é referido pelo mes mo autor [M ons. de Ségur, em seu li vro sobre o Inferno]: Achava-se em Londres uma dama, que enviuvara aos 29 anos, era muito rica e muito amiga dos divertimentos mundanos. E ntre as pessoas elegantes que freqüentavam a sua casa, notava-se especialmente um moço cujas contínuas visitas a comprometiam não pouco, e cuja vida estava longe de ser edificante. Uma noite, a senhora lia não sei que romance para concili ar o sono. Ouvindo bater o relógio, apagou a luz e dispunha-se a deitar qu ando percebeu, com grande assombro, que uma luz estranha e páli da vinha da porta do salão contíguo e espalhavase pouco a pouco no quarto, aumentando sempre. Não sabendo o que era, do pasmo passou ao medo. Viu abrir-se lentame nte a porta do sa lão e entrar no quarto o jove m desregrado, o qual , antes que ela pudesse pronunciar palavra, aproximou-se, tomou-a pelo braço esquerdo, apertando- lhe fortemente o pulso, e com acento desesperado disse: - Existe o inferno! Foi tão grande o susto, que a senhora perde u os sentidos. Voltando a si, tocou nervosa mente a ca mpainha para chamar a cri ada, que a atendeu. Entrando no quarto, esta sentiu logo um cheiro de queimado. Chegando-se à ama, que com dificuldade arti cul ava umas palavras, pôde ver ao redor do pul so um a queimadura tão profunda, que a carne desaparecera e ficara à mostra o osso. Observou, além di sso, que da porta do salão até o leito, e do leito a essa porta, estava impressa a pegada de um home m, que tinha queimado o carpete de um lado ao outro. Por ordem da ama, abriu a porta do sa lão e notou que lá termi navam as pegadas do tapete.

São Vicente Ferrer d iz que, em confronto com o fogo do Inferno, o nosso é frio

No dia seguinte a desditosa senhora soube, com aq uele medo que bem se compreende, que alta noite o tal moço se e mbriagara des med idamente e, tra nsportado para casa, veio a morrer pouco depois. Ignoro se esta terrível lição tenha convertido a infe li z da ma. O que sei é que ela ainda vive; e para esconder aos olhares curiosos o sinal daquela sini stra queimadu ra, leva no pul so, à gui sa ele bracelete, um largo e nfe ite ele ouro, que não deixa ne m ele di a ne m de noite" . • Pe. And ré Beltram i, O h (/'em o existe, em Leituras Católi cas de D0111 Bosco, Esco la Industri al Do m Bosco, Niteró i, 1945.

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Questão quilombo/a ~

Somos de um a fa míli a que tem pequena propriedade j á cente nária , que está e m processo de reiv indicação por um a fa lsa Assoc iação de Quilombolas, e por isso estamos nos pondo a par ao máx imo sobre a evolução dessa que é, como afi rmou a R ev ista Catolicismo , um a E N CRENCA DE PROPORÇÕES INJM AGIN Á VEIS . Acreditamos qu e será muito difícil mudar o rumo do malfadado Decreto-Lei, sem que se consiga mudar esse eles-governo que aí está, o u pelo me nos todos seus membros que atua m na área. Essa situação - criação de fa zendas co letivas - a nosso ver, é o pior sintoma da com uni zação, e m processo de implantação e m nosso país que já fo i verdade iramente cató lico (ap li cação ips is lilleris ela ideo log ia Gra msc ia na). Va lh a-nos Deus Pai Toclop cleroso, p r intercessão ela Virgem de Fátima. /\111 m! (P.M .C.C. -

BA)

Privilégio só 1mm <I111/omhola O que me de ixa pa s mo ·0111 a questão clos "quilo111bolas" que nin guém ela esquerda protes ta ( ·0 111 0 fa ze m quando se trata da qu cs lão da

-CATOLICISMO

nobreza), di zendo que isto eq uivale a reconhecer e exaltar a he red itariedade, bem como a cles igua lclacle a partir do be rço (q uem é "quilombola " tem privilég ios , dos quai s o utros estão privados por não terem essa ventura) . A esquerd a que tanto esperne ia contra a segregação de minorias raciais - pretexto para provocar luta de classes - pratica a di scriminação contra a nobreza. É a incoerê ncia própria dos esque rdi stas: em tese prega m a igua ldade oc ia l, mas na prática re ivindicam todos os dire itos para os chamados "quilombolas" e marginaliza m a nobreza, ass im como margina li za m os leg ítim os propri etários rurai s. Esquerdi smo e incoerência são co isas que sempre anelam ele braços dados. Daria num bom casa mento ... até que a lógica os separe. Consegui rá? Cre io que não. Continuarão juntos até depoi s da morte. (F.1. - Roma)

cestinhos co m fr utinhas que os próprios negros mode lavam e m miniatura proporcional ao tama nho cio presépio. Este tinha que ser sempre gran de, para caber todos os enfe ites que eles traziam. Essas boas le mb ra nças, qu e me encheram o coração de sa udades, renascera m e m minh a mente le ndo a matéria sobre a questão elas qualidades da raça negra no País. Mas tam bé m fizeram nascer em mim um horror por essa fermentação que está surgindo no Brasi l para causar divi sões entre nós, brancos e negros. Tudo isso ele ex igir dire itos di sso ou daquil o não é espontâneo. É uma fe rmentação orga ni zada por gente muito ruim , que te m inte resses po líticos . Po líti cos peli stas que não têm consc iê nc ia, poi s estão faze ndo um grande mal à nossa Pátria, ro mpendo aque la bondade e conformid ade que ex isti a e atiça ndo a revo lta e ntre as raças . (M.A.S.N. -

MG)

Estima e11tI·c bra11cos e 1,cgros Q ue saudades eu ten ho cio convívio che i ele bem-qu erer e ntre brancos e negros, na fazenda de meu avô na zona ela mata ele Minas Gera is. Un s estimavam o o utros, un s ap rec iavam as qualidades cios outros. lsso ele revoltas, ele ex igências, não ex isti a. Os negros, sempre muito dedicados, tinham prazer e m servir e servi am alegre mente. Éram os todos fe lizes. Nas festas sempre estávamos juntos, e os pretos nunca de ixava m de ser convi dados para as co mil anças, ca ntori as e fog uetó ri os. Uns iam aos casamentos dos outros, aos bati zados, às mi ssas, semp re irm anados. Lembro-me ela mo ntagem cio presépio para o Natal. Bastava a gente co meçar a montálo, que não parava mais o e ntra-e-sai dos negrinhos trazendo coisas e ma is co isas para a montar o presépio. Cada um de les queri a presentear com algo para embe leza r a g ru ta do Me nino J ' Sus. ra traz ia m um as ped rinh as ·olo ridas qu ncontrava m no ri acho, pla111inhas, ·asinhas , a nim a izinh os ,

'/'emas (lit1eI·sos

1:81 A lgun s co mentá ri os: 1 - Concordo com o tex to cio Professo r P lini o sobre a Revolu ção Ecológ ica, e vou mai s a lé m: ex iste m muitos exageros ao se fa lar em ecolog ia, ex iste m aquel es q ue qu ere m tirar prove ito ela onda eco lóg ica. As ma is abs urdas afi rm ações têm sido fe itas sobre eco log ia, por ignorânc ia ele algun s e também para tirar pro veito. Deu fez o ho me m à sua imagem e se me lh a nça , e os seres inferiores elevem servir ao home m, e não o contrári o. Essa hi stória ele eco logia parece se r co isa el e com uni s ta s e hi pp ics. 2 - Sobre a e ntre vi sta: o Estado arrecada mui to através ele vári os impostos, como a CPMF, e gasta ma l. A lé m di sso o govern o está im pregnado de uma me ntali lacle socia lista, que acha que o Esta lo deve intervir na eco no mia . u rid f ·ul o! O nd ' ·slão as tai s entidades

ele direitos humanos, que não assimila m nada e não denun ciam o que está aco ntecendo na China? 4 - Sobre o artigo "Evolucionismo, castidade, amor livre e aids": Se no mundo vêm aumentando a criminalidade, o terrorismo e as guerras, isso se deve às teorias do evolucioni smo, ao amor livre e aos problemas que deles decorrem, poi s os homens estão cada vez mais afastados de Deus e não cumprem os seus Mandamentos. (P.A.D.F. -

RJ)

Elogio a São Pio X 121 Goste i muito da le itura e naltecendo aq ue le papa santo, Pio X, e os documentos da autoria de le. Escritos há 100 anos, mas atualíssi mos. A Igreja juntaria muito mais gente se fosse como anti gamente. Os maus padres modernizaram tudo e perderam quase tudo de re ligiosidade. Falo em "quase", para não judiar muito deles, mas daq ui a pouco, se continuar assim , não haverá mais nada ele religiosidade nas igrejas. Mas vamos continuar com a nossa espiritualidade, com a nossa fé, mesmo rezando em nossas casas. (N.A.V. -

PR)

PropagaJ1da e11gaJ1osa 121 Muito interessante o assunto sobre ecologia, abordado pela revista Catolicismo. Os ecologistas faze m um a imagem meio errada sobre o futuro do nosso planeta. Eu soube de algumas "ONGS" que trabalham no meu estado ; uma delas recebe u exorbitante quantia de dinheiro do governo para investir em seus "projetos em.favor da população e da natureza". Porém, eles enganaram muita gente incauta, isso só mostra o quanto esses movimentos são contra a soberania da nação e até cio Estado. Outro fato interessante sobre o tem a, e m uma revista c ie ntífica publicada no Brasil: até o fundador cio GREENPEACE é contra o próprio movimento do qual ele fez parte. Ele

mesmo afirma que nosso futuro não vai ser como os "ecologistas" estão dizendo. Precisamos agir contra esse tipo de movimento, que está fazendo propaganda e enganando muita gente. Agradeço o espaço. (T.C.-PA)

(/J1)tolerâ11cia de outrn leito,· 121 Fico pensando se o leitor C.N. (RS) - cuja cruta foi publicada na prute de "Correspondência" no número de setembro - convenceu-se da tolerância da revista Catolicismo com pessoas agressivas como ele. Afinal, intolerância é o que há de sobra no texto dele, no qual deseja que "sumam do mapa " as argumentações divergentes dos seus " profundíssimos" argumentos (?). O pior é que ele não se limita ao plano das idéias, mas investe até contra os seus autores ( "deveriam sumir do mapa junto com vocês todos"). Bem contraditório para quem cobra tolerância e democracia. Dev ia pô-las em prática ru1tes de apontru· o dedo em riste pru·a os outros. (E.G.S.A. -

CE)

Em tem/JO recorde 121 Os cubanos campeões olímpicos, posso garantir, não terão mais lugar no pódio. Eles perderam suas carreiras de sucesso internacional, graças àqueles que os entregaram, em tempo recorde, às feras fidelcastristas . Agora terão que "camelru·" duro. Até as " regalias" que tinham em Havana, e les pe rderam. "Regalias"? Quais? Segundo o padrão de vida e m Cuba, consistem em ter um cru-ro velho (desses que se encontram em montões nos cemitérios de automóveis em outros países) e um telefone fixo (desses que se precisa de muita sorte para conseguir linha). Perderam isso, mas sobretudo perderam a liberdade, seus passos são vigiados continuamente e são tratados como "traidores", graças à turma dos "defensores dos direitos

humanos", que apenas defendem os "direitos" dos "lamarcas" deste país. (T.V.H. -

SP)

Paraíso vermelho 121 Se Cuba fosse o " paraíso" tão gostoso - como é propugnado por frei Betto e por esquerdistas tupiniquins - por que os cubanos não querem ficar nesse " paraíso"? Por que impedi-los de morar em outro lugar? Eles estão num paraíso, numa prisão ou no inferno? Bom seria que os mencionados propugnadores fossem para aquele " paraíso", atraídos pelo "charme" de Fidel Castro, pois, com a saída deles, o Brasil seria mais parecido com um paraíso. (L.K.I. -

RJ)

Judas, rnsponsável pela traição 121 Na "Palavra do Sacerdote" sobre Judas, o traidor - enquanto o único e exclusivo responsável pelo ato nefando (Catolicismo, nº 681, setembro/ 2007) - como de costume o Reverendíssimo Cônego José Luiz Villac se superou em sabedoria e 01todoxia. Que Deus o recompense sempre. (H.S. -MG)

Cruzadas co11tm a apostasia 121 Reforma Agrária em moldes ideológicos, comandada pelo MST, atende ao processo internacionaJ do Foro São Paulo. Do jeito como anela a carruagem nestes dias, a penúria e fome dentro em pouco serão substituídas pelo extermínio de opositores dos que intentam a implantação da hegemonia socialista neste País. Que Deus nos ajude e mobilize os líderes cristãos para comandru· o basta e a reação aos que destroem nossa cultura cristã. Vide exposição na Universidade Federal da Paraíba, achincalhando as figuras de Jesus, Maria e os Santos Apóstolos. Precisamos de novas cruzadas contra a apostasia. (A.M. -PE)

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g Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC 1

Pergunta - Fazendo uma pesquisa na Internet sobre pecados de pensamento, descobri um artigo assinado pelo senhor, falando da gravidade desses pecados, que teriam o mesmo efeito dos que viessem a se transformar em atos, contanto que houvesse perfeita advertência do entendimento e pleno consentimento da vontade [no pensamento mau]. Para evitar tais pecados, o senhor falou, entre outras coisas, de exercícios espirituais. Gostaria de saber onde posso obter mais conheci mcn to sobre esses exercícios, e se o senhor poderia me adiantar alguns para que eu já pudesse praticá-los em minha vida e na luta contra o pecado. Resposta -

Nada pode ser mai s agradável ao coração de um sace rdote do que um co ns ul e nte qu e manifesta a firm e reso lu ção de pô r e m práti ca os exercícios espirituais recomendados pe la Santa Mad re Igreja para lutar contra o pecado. Assim, é com gos to que res pondo a essa perg unta . Na refe rida maté ri a, publicada nesta coluna em janeiro de 2006, foram mencionados alguns atos da vida espiritual de um cató li co, tai s co mo a devoção a Nossa Senhora, a fuga das ocasiões de pecado, a recepção dos Sacramentos, etc. M as o consulente deseja saber mai s especificamente sobre o que sejam os "exe rc íc ios es pirituai s" e como praticá- los. Ass im co mo se fa la e m exe rcícios físicos, tão reco-

111111m

CATOLICISMO

rias de Maria, de Santo Afon-

mendados pelos médicos para a saúde do corpo, analogamente existem também os exercícios espirituais para a saúde e progresso da alma. Queremos fal ar aqui apenas de dois deles, muito recomendados pelos bons autores até algum tempo atrás, e hoje bastante esquecidos e pouco mencionados nos sermões dominicais e até nas reuniões de associações religiosas católicas. Trata-se da meditação e da leitura espiritual. Comecemos por esta última.

Vidas de &111tos e livros de leitura espiritual Não é preciso ler toda a Bíblia para depois passa r a outros livros de leitura espi ritual. Muito recome ndáve l é, desde logo, ler as vid as de santos, cujos exe mplos no incitam a imitá- los, na medi da da inspiração da graça, ou seja, da atuação do Divin o Espírito Santo na a lm a. Foi assim que Santo Inác io reso lveu abandonar seus sonhos de feitos g loriosos na g ue rra e consagrar-se inte iramente ao serviço de Deu s. Foi também lendo a vida dos santo que ~ Santo Agostinho se animou a i empreender o caminho d a ~ santidade : "Se estes e estas u::

puderam, por que não eu ?". Não obstante todo o prestíg io de que gozou a nti gamente, a Imitação de Cristo tem uma lacuna - a bem di zer, incompreensível - que é a sua quase completa omissão de Nossa Senhora, citada apen as de passagem. Mas o le itor da Imitação de Cristo pode pree nche r esta lacuna com dois livros importantíssimos: o Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, de São Luís M a ri a Gri gnion de Montfort, e Gló-

so Maria de Ligório. Nestes dois livros encontrará uma síntese maravilhosa do que há de melhor sobre a devoção a Nossa Senhora, como meio indispensável à nossa salvação e santificação. Devemos ter uma devoção genérica aos santos, mas ta l devoção não nos obriga a ser especialmente devotos deste ou daquele santo em parti cular. Seremos mais devotos de um ou outro de les, segundo nossas leg ítima inclinações pessoais, nossas necessidades de mom e nto , a hi stó ria de nossa vida etc . Mas a devoção à Santíssima Virgem Maria, por uma admirabilíssima

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disposição divina, é necessária para todos, como Medianeira Universal de todas as graças. Também muito proveitosos são os livros que narram as g randes aparições mariai s dos séculos XIX e XX, principalmente da M edalha Milag ro sa ( 18 30) , La Salette (1846), Lourdes ( 1858) e Fáti ma (I 917). Natura lm e nte, es tamo s d a nd o a pe nas uma li sta e xemplificativa. Te nh a-se presente que as obras escritas por santos gozam de uma autoridade espec ial e merecem desde logo a nossa preferên-

EXERCITIA

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eia , pela ga rantia de sua ortodoxia. O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, varão de insigne virtude, costumava di zer que o melhor modo de conhecer a Nosso Senhor Jes us Cristo é vê-lo refletido na vida dos santos.

/lf. 1>. XI.VIII.

A Bíblia como leitura espil'iWal Como os protestantes costumam criticar os cató licos por não lerem a Bíblia, organizaram- e em certos meios eclesiás ti cos e le igos, sobretud o " prog ress istas", campa nhas para co loca r indi scr imi nadamente o texto sagrado nas mãos dos fiéis, sob o s logan Leia a Bíblia! Como se - máxime nesta época de ignorância reli g iosa genera li zada todos os fiéis estivessem e m condições de entender a Sagrada Escritura e tirar de la proveito para a sua formação e progresso espiritual. Nisso houve um otimi smo pouco rea li sta, a lé m de um e nfre ntame nto pouco esclarecido e pusilânime com os protestantes, que não de ix aram de ca ntar vitória: "Vejam como tínhamos razão [em nossas críticas]"' A Santa Igreja sempre foi muito mais prudente nesta matéri a. A recomendação que preva lecia era começar pelos Santos Evangelhos, em seguid a os Aros dos Apóstolos , muito mais fáceis de entender e proveitosos para a vida e ' piritual dos fi é is. É també m o meu co nse lh o para o consulente e os le itores de minha coluna em geral. Numa segunda etapa pode m-se ler as Epístolas dos Apóstolos , deixando p a ra ma is tarde a leit ur a do Apocalipse, cuja compreensão é mais complexa e ex ige

o acompanhamento de uma boa interpretação (ali ás, é um livro divin ame nte misterioso, cuj a revelação vem desafi ando até hoje os ma iores Doutores da Igreja, que dizer dos simples fié is !). Lido assim o Novo Te tamento, pode-se passar para o Antigo Testame nto, começando pe los c ha mados li vros sapienc iai s, isto é, segundo a e numeração do Concíli o de Trento, o livro de 16, os Sa lmos, os Provérbios, o Ecle-

siastes, o Cântico dos Cânticos, o Livro da Sabedoria e o Eclesiástico . Ficam para outra etapa o

Pentateuco (o Gênese, etc., ou seja, os c inco prime iro li vros do Anti go Testamento), os liv ros hi stóri cos, os didáticos e os livros proféticos. Além do proveito espi ri tual , a le itura da Sagrada Escritura é indulgenciada, isto é, quem o fizer com a ve neração dev ida à pa lavra divina e a modo de leitura espi ritual (portanto, não como um simples estudo), ganha uma in dulgê ncia parcial, qu e se tra nsform a em plenária (uma vez ao dia), se se estender ao

menos por meia ho ra. Co nstitui ri a grav íss ima lac una se omitísse mos que o Autor Primário de toda a Sagrada Escritura é o próprio Divino Espírito Sa nto, e que os hag iógrafos são autores meramente sec und á ri os, revelando o que lhes é in spirado.

Os exercícios espil'Ítuais de Santo /11ácio Fa lando, porém, de exercícios es piritu a is, um no me não pode absol utame nte ser o mitid o: Santo In ácio de Loyola, c ujo livro insp irado serve de base para os famosos "Retiros esp irituai s". É verdade que, co m a cri se progressista que afeta ex tensos a mbientes cató li cos, muitos retiros es piritu a is seg ue m hoje uma linha bem diferente. Razão a mais para desejarmos um reto rno ' à autênti ca esp iritu a lid ade de Sa nt o Inácio ele Loyola. Co nvé m, entretanto , esc larecer que o li vro escrito por Santo Inácio é um manual sintético para uso dos pregadore s, s upo nd o pois um desdobramento feito pelos mesmos pregadores. A lg un s

destes publicaram excelentes li vros com suas explanações e/ou comentários. É muito de se recear, porém, que e les não sejam hoje facilmente encontráveis nas editoras e livrarias católicas, de vido à crise progress ista j á me nc ionada. Um desses comentários, famoso e e log iável , é o do Pe. João Pedro Pinamonti , SJ. E co m Santo In ácio de Loyola c hega mos propria mente ao segundo te ma que nos propúnhamos tratar, isto é, as meditações. Pois são estas que co mpõe m o núc leo princ ipa l dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio. Como para uma ex pla nação ca ba l fa)ta-nos es paço, dizemos aqui apenas uma palavra: uma leitura espiritual bem feita tende naturalmente para uma m.editação, e mesmo para o fruto natural desta, qu e é a contemplação dos mi stérios divinos. Assim como Arquimedes dizia: "Dai-me uma alavanca e

um ponto de apoio, e eu levantarei o mundo", Santa Teresa de Jesus voa muito mais alto ao dizer: "Dai-me uma alma que

.fàça um quarto de hora de meditação todos os dias, e Deus de/a.fàrá um santo". Sobre isso trataremos, se D eus qui se r, no próximo mês .• E-mail do autor: conego jose lui z@catolicismo.corn .br

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A REALIDADE CONCISAMENTE Mochila à prova de balas para os filhos na escola

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Monte Saint-Michel recupera seu sublime isolamento

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re ias movediças e ma rés furiosa , que sobe m metros e em instantes engolem os arredores, cercam a abadia do mo nte Saint-Michel [foto] , França. Essa abadia-fo rtaleza foi odiada pe la Revolução Francesa, que a tran sformou e m vil pri são, espec ia lme nte para ec les iásticos. Além disso, foi construída uma ponte-barragem para forçar a sedime ntação de areia e lama, visa ndo unir a ilha à terra. De fato isso estava se verificando, mas o resultado causou horror. E a sa udade da grandeza sacra! dessa ilha-jóia medieval pe rmanecia bem viva na alma francesa. Afinal , o governo não res istiu à pressão e, segundo notícia do diári o pari sie nse " Le Monde", o rde no u a demolição de pontes e barrage ns, alé m de aplicar 200 milhões de eu.rvs para devo lver ao Monte - c ujo nome é homenagem ao Príncipe das Legiões Celestes, São Miguel Arcanj o - a sua altaneira e majestosa alteridade em re lação ao continente . •

população cubana diminuiu e m 2006, inrormou o di ário ofic ial "Gra nma" . Na raiz dessa redução demográfica estão a imora lidade ofic ia li zada pe lo co muni s mo, o aborto e a di stribuição gratuita de anti ·oncepcionais, a mi séria da popu lação redLizida a um suhnív I ele vida moral ' mal 'rial lfoto l simi lar ao dos 'S ·ravos da Anti güid ade pa ã. Por n , Fid •I 'astro pr ·f-rc atacar o Bra, il , a lega n lo romhudas i11v •rdad 'S sobre o agro negóc io ' o hio ·o mhu slív ·I: os cortadores de cana-de-açúcar no País tra ba lha riam como escravos, e o c ulti vo da ca na d ·str )i o meio-ambi ente ! •

CATOLICISMO

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spantados com a vi o:'ê n~ia nas escolas, pai s de família americ~111os adotaram uma mochila a prova de bal as !.foto], para que seus filhos as levem quando vão para a escol a, informou o " The Bos ton Channel". Em caso de violência, poderão usá-las como escudo protetor, explicou Joe Curran, inventor da mochil a junto com Mike Pelo nzi. E la foi testada e m laboratório e resiste até a balas de nove milímetros. Diante das ameaças que rondam as crianças nos institutos escolares, são lembradas com saudade as escolas das abadias medieva is, tão mai s seguras, estáveis, formativas e sólidas. •

egura nça, prédios durávei s, apli cação garantida, e ntorno saudáve l, harmo nia prédi os-natureza, be leza panorâmi ca, vizinhança sociáve l, loca l psico logicamente a prazível e proximidade de uma igrej a - são ite ns que se tornaram requi sitos de um bom condo mínio. Encontrá- los reunidos na justa proporção é co isa ra ra e dispendiosa. Uma empresa espan hola descobriu que todos e les estão presentes nas cidades e aldeias med ieva is. L a nço u e ntão o Co njunto Residencial Sopelrán, que será construído em Hita, G uada laj ara, e será co nc luído e m 2009 [foto] . Terá 325 casas, cuj as fac hadas reproduzem as con. truções de 1000 anos atrás. O inte rior terá todo o conforto hodi erno. O e mpreendime nto fo i saudado na Espanha como um triunfo ela imagi nação, na mes ma ocasião em que se esgotam idé ias a utê nti cas na á rea ela co nstrução . •

Brasil: ''paraíso" da narcoguerrilha

Inventam denúncia por "homofobia" contra bispo belga

Brasil tem-se tornado o " novo paraíso do narcotráfico", escreveu o jornal porte nho " La Nac ión", a propósito da dete nção em São Pa ul o do na rcot rafica nte colombiano Ju a n Carlos Ramírez Abadía [foto], acusado de mais de 300 assassinatos. Segundo odiári o a rgentino, o Brasil "converteu-se num refúgio para trajtcantes fugitivos e nu.ma base de operações para os envios de droga à Europa e Lavagem de dinheiro". Tal detenção deve servir de alerta para o governo e o povo de nosso País, levando-se em conta sobretudo o fato de sere m notórias as conexões do narcotráfico colombiano com a guerrilha marxista. •

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Putin reacende clima da Guerra Fria

Imoralidade e miséria vêm dizimando população cubana

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Cidade medieval no século XXI: novidade na Espanha

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Rúss ia voltou ao sistema sov iético de patrulhar, com bombarde iros, áreas locali zadas além das fronteiras do país. " 14 bombardeiros estratégicos decolaram de sete bases russas" , comemorou o chefe supremo da Rú ss ia, Vladimir Putin , em C he lyabinsk, durante exercício militar conjunto com forças da China e várias ex-repúblicas sovi éticas. "A partir de agora essas patrulhas serão rotina", acre centou. Jatos britânicos obrigaram dois bo mbardeiros russos Bear-H a dar meiavolta , após te rem invadido o ·spaço a r o da NATO ífotol , informou o Mini stério de Defesa ing lês. A 111 ·d ida russa aumento u as te nsões ntre o Kr mlin e o Ocidente. O retor110 do ·li111u d ' G11erra /•rio do O ·idcnt ' com a x- URSS d anos atrás par• · ' •star 1"ssur •indo •nlr ' os país ·s o ·id ntais a Rússia ele Putin . •

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egundo o di ário belga 'Le Soir', Dom Anclré-Mutien Léonard, bi spo de Namur, Bélgica, em e ntrevista para o semanário "Télé Moustique", afi rm ou que "a promoção da hornossexu.alidade, por meio de passeatas homossexuais, nos leva de volta à Antigüidade greco-romana. Glorifica r a homossexualidade é um retrocesso de vinte séculos". Esta constatação hi stórica foi um dos pretextos para um a de núncia diante da Justiça co ntra o pre lado. O ve rdade iro fundo é a nti - religioso. Dom Léonard declarou somente um fato evidente, con hecido pela hum anidade há mi lê ni os. Ou seja, que o "casa111e11to é, por defin ição, a união estável enlre u111 ho111e111 e uma mulher". •

Abolidos símbolos de autoridade na justiça britânica

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s juízes da.· ,varas cíve i~ da Inglaterra e do pais ele Ga les foram proi bido s ele usa r as trad ic io na is pe rucas brancas e capas verme lhas e do uradas [foto!, q ue datam do sécul o XV III. A exceção, por agora to lerada, será a dos juíze de distrito e elas Cortes Rea is. Os ju íze elas varas crimin ais não ace itara m a reforma, porq ue a peruca e a toga simbo li zam a uto ri dade e aj udam no acatamento aos julga me ntos. O q ue também ocorre no Brasil , pois nas sessões com jui z togado a co nduta de advogado. e partes , e até dos próprio s ma g istrados, favorece o acatamento das decisões da Justi ça. A posição iguali tária dos defe nsores cios chamados "di reitos humanos" não aprecia essa respeitabili dade, bem como o acatamento e a ap li cação cio Dire ito num c lima de cl ignid acle. Para tai s defensores, o bandido, na prática, é um a vítima ela soc iedade " injusta", e a autoridade pune essas " vítimas". •

Miraculosa imagem sai ilesa de terremoto no Peru

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teto afundou, a torre do sino e a torre central desabaram, a cúpula rachou, as imagens caíram no santuário de lca, no epicentro do terremoto que se registrou recentemente no Peru e ceifou centenas de vidas. Mas a imagem do "Senhor de Luren", que representa Nos so Senhor Jesus Cristo crucificado [foto], ficou intacta no seu lugar, em meio às ruínas no coração do drama, encorajando a todos. O povo não duvida de o fato ter sido um milagre. O Crucifixo é venerado desde o século XVI. O santuário sofreu sucessivas destruições e reconstruções por causa de incêndios e terremotos anteriores. Em todos os casos, a milagrosa e artística imagem permaneceu incólume. Símbolo do triunfo imorredouro da Cruz, atravessando impávida todos os acontecimentos da História, inclusive os mais catastróficos como esse devastador terremoto .

Crescimento recorde do catolicismo na África

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número dos católicos na África cresceu 6.708% em cem anos. Foi a maior expansão do catolicismo num só continente no decorrer de um século . Os dados são da Conferência Episcopal Ale mã. A Nigéria e a República Democrática do Congo batizam anualmente mais catecúmenos do que Itália, França, Espanha ou Polônia. Se essa tendência prosseguir, dentro de 25 anos a África terá mais católicos que a Europa. Esse número de conversões é fruto dos sofrimentos de tantos missionários europeus e do sangue derramado por incontáveis mártires das perseguições do paganismo e do islamismo. E, mais recentemente, do marxismo dominante naquele continente.

OUTUBRO 2007

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NACIONAL cendo bem os cicl os da natureza, produM as o Brasi l tem se proj etad o no ziram sempre e em abundância, o que não mundo pelo conjunto de nov idades que poderi a deixar de chamar a atenção. Sradescobriu e começa a aplicar no contexsil eiros e argentinos ass imil ara m suas to do agronegóc io. N o que se refere ao técnicas. M as, enqu anto a Argentin a conálcool, conseguimos dar a volta no ciclo seguia ótimos res ultados, o Brasil mardos combustíveis renováveis, produ zincava passo. do hoj e em torno de 20 bilhões de litros. A grande produção nac ional fi cava Enquanto o petró leo necess ita ser refi restrita às regiões de terras de maior fernado, o álcoo l vai direto para o tanque ti I idade, como o su I de Mi nas, partes do ~") 1 interior de São Paulo, norte e oeste do -~ 'Ç ~ \ Paraná, oeste de Santa Catarin a e partes ~ ~ .(_ do Rio Grande do Sul, enqu anto nossas ) ~ im ensas vastidões do cerrad o, em ,,--J razão do alto teor de acidez de suas ,f terras, j az iam inertes ou quase tan- \ to. Índi os, em seus costumes primi - ~ tivos, não titubeavam em atear fogo à vegetação do cerrado para faci litar a caça

Pujança da produção agropecuária baseada na livre iniciativa P ropriedade privada, agronegócio e muita pesquisa fazem com que a situação econômica do campo no Brasil venha mudando nas últimas décadas para muito melhor ■ H ÉLIO 8RAMBILLA

ui to se tem fa lad o so bre os biocombustíveis no Brasil e no mundo. Uns alegam que o pet:róleo deve ser substituído por combustíveis renováveis, enquanto outros levantam o espectro do aquecimento global. Quase todos apl audem iniciativas que ev item o efeito estufa - tão alardeado, mas ainda não

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CATOLICISMO

comprovado. E os políticos apressam-se em apresentar-se como "salvadores da pátria", quando não do "planeta Terra", como é o caso do presidente Lula. Para apresentar uma vi são equi librada do tema, façamos uma retrospectiva da agropecuária brasileira, relac ionandoª com a situação em outros países. Com efeito, a Hi stória registra os principais ciclos econômicos que o Brasil conheceu nos seus 500 anos. Até meados do sécul o

passado, o que produzíamos mal bastava para o consumo intern o, exceção do café e do açúcar. M as, de lá para cá, o País vem amadurecendo seu potencial produti vo através de estudos e aplicação de altas tecnologias, que já apontam para um futuro próspero nessa matéri a.

A pl'Odllção no século XIX A Europa o Estados U ni dos, com so los de predominância cálc ica e obedc-

dos animais em f uga; e depois, para atraílos pe la brotação verde. As chuvas de nosso verão tropi ca l foram erodindo, através dos sécul os, os nu tri entes do terreno devastado, empobrecendo aind a mais uma grande área de nosso território. Fe li zmente, na segunda metade do sécul o passado, com a aluação da Embrapa e da Ernaler, além de pesqui sas feitas pela ini ciati va pri vada, conseguimos o que se convencion ou chamar a " redenção do cerrado". Pitorescas fora m as pal av ra s de um direto r da Ernbrapa em Campo Grande (M S), que sugeriu uma mudança na carta de Pero Va z de Ca minha: "em se calcareando,

AMAZÔNIA

do carro. Além de eficiência na produção, temos preço competitivo. Contudo, é urgente tomar decisões e implementá-las em âmbito nacional e internacional , para dar maior segurança ao setor e fazê-lo deslanchar ainda mais. Entre outras providênci as, é urgente que o governo manifeste e efetive sua ' vontade política' para: 1) transform ar o álcool em commodity agrícola, com o objetivo de conseguir estabilidade nos preços intern acionais; 2) cri ar estoques reguladores para não faltar o produto no períod o da

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j , Area do cerrado em verde

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entressafra. Cumpre lembrar a grande in venção industrial brasileira que j á começa a ser exportada, ou seja, carros bicombustíveis, também chamados flex.

Atuação negativa da l'ctrobl'áS Otimismo à parte, os brasileiros devem lutar para qu e tai s dec isões sej am implementadas, pois grande parte do lobby da paquidérmica Petrobrás - mai s voltada a apoiar govern os do que a faci litar a vida do povo - tentará impedi-las. Não sem razão, o grande físico e professor José Walter Bautista Viciai, considerado a justo título o pai do proálcool, numa entrevista

tudo dá". Co m muito esfo r ço, pes qui sa e tecnologia, a situ ação vem mudando para melhor nestas últimas décadas. Além da correção do so lo e repos ição de nutri entes em olos degradados, descobriu-se o sistema do plantio direto , que vem concorrendo para um aumento considen:ivel da prod ução . Contudo, o que fo i obtido até o momento é ainda muito pouco em comparação co m o potencial.

A produção nacional Em term os mundi ais, o Brasil ocupa o primeiro lugar na prod ução de 28 % do café, 82% do suco de l aranja e 4 1% do açúcar. So mos o seg undo produtor de carn e de frango, álcoo l, tabaco, compl exo soj a, carne bovina (temos o maior rebanho do mundo) e frango. É nosso o terce iro posto em mi lho e carne suína.

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à "Folha de São Paulo" de 24-6-07, p. BIS, fu stigou a estatal: "O cérêbro da elite da Petrobrás não é.flex... ". Por puro preconceito comuno-ecológico, a estatal não aceita o biocombustíve l, alegando degradação do me io ambi ente. Fala até e m utili zação de mão-de-obra escrava, chegando ao cú mul o de defender que a ca na concorre com o arroz e o fe ij ão do pob re. Diga-se de passage m que, apesar ele nos cobrar um absurdo pe lo combu stíve l ve ndido, a Petrobrás ainda não ating iu a tão deca ntada autosufic iênc ia. Conforme denunciamos e m artigo nesta rev ista, e m março/2007 , a dita auto-sufic iênc ia foi utili zada ape nas como peça de propaganda para a e le ição presidencial. Se não fosse a produção de álcool, o défic it ela conta-petró leo seri a de alguns bilhões a mais .. . E m relação ao álcoo l carbu ra nte, está provado que: l ) temos preços altamente competitivos na produção; 2) e le é "ecologicamente co rreto", par a usa r o j argão dos ambi enta li stas; 3) temos te rras di sponíveis para ampli ar nossa produção - que j á responde por quase 30% cio co nsumo - até c hegarmos à autosuficiê nc ia. Quanto ao chamado biod iesel, o governo decretou que, a partir de 1° de janeiro de 2008, seja adicionado 2% de óleo vegetal transesterificado no óleo diesel ele petróleo; e, paulatinamente, ir aumentando a dosagem na mi stura. Pode-se temer que os cérebros do governo - já que não conseguem organizar uma sad ia política ele segurança, de educação, ele saúde, cio setor aéreo; enfim, da estrutura bás ica do País - dificilmente conduzirão com acerto uma política sobre o biocombustível. Um exemplo? Já começam a enveredar por um caminho totalmente errado, ao querer impor que 30% cios caroços oleaginosos sejam fo rnecidos pelos assentados ela Reforma Agrária. Parodiando o dito "daquele mato não sai coelho", podemos afirmar a priori que do mato dos assentamentos não sairá óleo ...

O potencial oleaginoso O Brasil produz em abundânc ia mui tas variedades de oleaginosas, entre e la a soj a, o milh o, o g irasso l, a palma (dendê), a cano la. Denlre as o leaginosas com maior potenc ial ele rend imento, des-

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CATOLICISMO

Caso tivéssemos políticas acertadas , o aproveitamento do nosso potencial oleaginoso poderia em breve substituir parte do óleo diesel pelo biodiesel

taca-se o pinhão- manso, que aprese nta recorde em prod utividade de amê ndoa. É uma planta perene, que não ex ige muitos investimentos em fertilidade cio solo. O plantio recupera solos degradados, devi do ao baixo índice de ataques ele pragas. A á rvore tem raízes profu ndas e a irri gação pode se r fe ita co m inte rv a los entre 20 e 30 dias, por goteja mento. E m méd ia, produz 5.000 qu il os de g rãos por hecta re, 1.650 litros ele ó leo por hectare. O ó leo transformado em biocl iesel po lui 80% menos que o diese l. Além dessas vantagens, o cu ltivo di spensa mecani zação, tornando-se um a ót im a fo nte de e mprego e renda fixa. Caso tivéssemos políticas acertadas e baseadas em pesquisas sérias, sobretudo isentas de demagogia ou ideologias esquerdistas, o aproveitamento do nosso potencial oleaginoso poderia em breve substituir pa rte cio ó leo diesel pelo biodiesel. Tanto para a produção cio álcool como para a do biocliesel, genericamente denom inados de biocombustíveis, nossas possibili dades são incomensuráveis, em para isso precisarmos derrubar uma só árvore da floresta amazônica. A plantação de cana ocupa hoje áeas outrora destinadas a pastagens, como também aco ntece co m os grãos, o café e a laranj a. Apesar disso, o nosso rebanho só vem aumentando. Substitui -se uma produção pela outra, mesmo crescendo sua produtividade. Também não ex iste o pe ri go ele a monocultura, centrada principalmente na produção dos derivados da cana de açúcar, comprometer a produção ele alimentos.

Apelo ao presi<lente Lula A ma l suced ida Reforma Agrária fo i responsáve l, só nos dois últimos governos, pelo gasto de aprox im adamente U$ 30 bi lhões para assenta r fa míli as em 68,6

milhões de hectares. Confo rme estudo cio esc rito r e j o rn a li sta Nelson Ramos Barretto em Reforrna Agrária - Mito e Realidade , os assenta mentos se tornaram autênticas fave las ru ra is, o nde os assentados vivem ele cestas básicas e cios subsíd ios dos prog ramas bolsa-famíl ia, va legás, luz para todos, etc. Ou seja, o governo extorqu e do co ntribuinte quase 40% do PrB e m carga fi sca l, e simpl esmente repassa parte desse dinheiro para o bolso de pessoas que se res ig nara m a viver às cu stas do Estado-patrão. Sou teste munh a oc ul a r elas asse rtiv as el e Barretto, pois, rodando 40 a 50 mil km por ano em constantes visitas a expos ições ag ropec uári as, posso afi rm ar que convi vo com a calam idade cios assentamentos espa lhados B rasil afora. A respeito desse ass unto, temos boa ocasião para fazer um apelo ao presidente L ul a: "/nterrornpa a Refonna Agrária e as desapropriações de terras particulares. Devolva as terras aos antigos proprietários, como, aliás, vem sendo.feito por tantos países que passarcun pela amarga experiência socialista da Refo nna Agrária. Veja que, se a metade dos 60 milhões de hectares - área total usada até agora pela Reforma Agrária - voltasse à iniciativa privada e fosse dedicada à produção de álcool, teríamos 30 nú/hões de hectares com. cana plantada, e produ ziriarnos mais 200 bilhões de litros de álcool/ano, o suficiente para suprir 35% de todo o consumo de gasolina dos Estados Unidos. Ademais, estaríamos criando 15 milhões de novos postos de lrabalho! ". Para concl uir, um recado para F idel Castro: "Veja como o biocornbustível gera riqueza e não fom e, ao contrário do que o 'comandante' apregoou durante seus longos anos de ditadura. Fome e miséria se encontrarn de fato em Cuba, corno tam bém nos assentamentos de Refo rma Agrária no Brasil. Os cortadores de cana do Brasil, que ele considera submetidos a /rabalho escravo, ganham. em média 800 reais por 1nês, ou seja, o mesmo que os cubanos 'livres ' durante o ano inleiro! ". •

Falência múltipla dos órgãos

O

títul o deste artigo é e mprestado de um j argão ela medi c ina, que ve m sendo vulga ri zado ultimamente. Descreve co m um rea li smo cru a situação desespe radora de certos doentes term inais, que nada mais tê m a es perar da vicia, a não ser talvez o mil ag re. É comum encontrar essa ex pressão nos obituários, como indicação ela causa mortis. Também a sociedade humana constitui um corpo. Muito mais complexo que o dos indivídu os, é certo, mas ne m por isso imune a mi séri as e vic issitud es de toda o rd em. Ass im é que, conte mplando o mundo atua l, tão di stante daqu e le idea l de civ ili zação católica que o utrora fez a g lória ela Igreja e ela sociedade tempora l, a imagem da falênc ia cios órgãos nos vem à mente. E com e la a pergunta: es ta re mos já bord ej a nd o aq ue les acontecimentos terríveis descritos por Nossa Senhora em Fátima? Bem sabemos que Ela previu os casti gos, mas também o triunfo ci o Imac ul ado Coração ele Maria, e que depo is "se rá dado ao mundo algwn tempo de paz ". M as enquanto tal triunfo não se dá, é de ver de todos os cató li cos reparar o Imaculado Coração ela Virge m Santíssima, a qua l chora sobre as calamidades presentes, como a me lhor das mães poderi a chorar sobre o fi lho sujeito à falência múltipl a dos órgãos. E a melhor reparação consiste em não dobrar os j oelh os diante do Baal moderno, mante ndo-se di stante de suas loucuras e indignand o-se com suas blasfêmi as, quando não as pudermos impedir.

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que não querem saber cios pais. O consolo é buscado nos cachorros. A mili onária americana Leona He lmsley (foto), morta recentemente aos 87 anos ele idade, transformou sua cadelinha Trouble numa das principais bene fic iári as de seu Leslamenlo. Trouble herdará 12 milhões de dólares e terá direito a ser enterrada, quando morrer, no mausoléu da famíl ia. Leona deixou doi s ele seus netos fora cio testamento (cfr. "Folha de S. Paulo", 30-8-07).

Amizade interesseira - Está agora e m oferta no mercado o personal.fi·iend, um espec iali sta e m amizade, que cobra po r hora para agir co mo ami go do c li ente , conversar e acompanhá-lo em vo ltinhas pelo sho pping ou pe lo ca lçadão. A taxa pode var ia r de R$ 50 a R$ 300 . Os personals.fi iends começaram no ramo há me nos ele um ano, descartam qu alque r proposta de cunho sex ua l e, segundo cli 0

Agoniza a instituição familiar- Pais que não se preocupam com os filhos e filhos

zem, estão com a age nda tomad a (cfr. "Folha de S. Paulo" , 26-8-07).

Violência com os mortos - O aumento el a viol ê ncia e a pro li feração ele ga ngues em Caracas (Venezue la) levaram as fun e rfaias loca is a estabe lecer regras para tentar conter atos violentos e festas barulhentas d urante os velórios. As restrições in c lu e m rec usa r cacl á veres co m mais ele três tiros, co mo também corpos ele motoboys. Há c inco anos na função, o agente funerário Figuera já teve uma pi sto la apontada para a cabeça e perdeu a conta elas vezes e m que o carro funerá ri o foi seq üestrado no traj eto até o cemitéri o. E m geral , o corpo é levado ao bairro o nd e a vít im a m orava, a prostíbulos, ou a inda para uma última ho menage m, co mo a brir o ca ix ão para j oga r rum, maco nha e outros objetos cios quais o defunto gostava (cfr. "Folha de S. Pau lo", 24-8-07). • OUTUBRO 2007

lf.alll


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l

INFORMATIVO RURAL Seja co mo fo r, é sin a l de fraqu eza do MST o fato de a CPT passa r a lide rar ocupações, po is com isso e la compromete a C NBB , que até agora se mantinha cautelosame nte na retag uard a.

Frei Anastácio, da CP'/' e <lo P'I; assume Incra de Alagoas

O MST e congêneres, à medida que se submetem à Via Campesina, vão variando de bandeira: invasões, agro-ecologia, etc.

Quem acre<lita em divergêI1cia e11tre MS1' e CP1'? Em cicli smo, é conhecido o jogo de equ ipe, no qual um corredor troca a pos ição com seu compa nhe iro, de ntro de uma estratég ia conjunta para ga nhare m a corrida. As lutas e ntre CPT (Comi ssão Pastoral da Terra, li gada à C NBB) e M ST ( Mov im e nto dos traba lh ado res rura is sem-te rra) não passam de jogo de equi pe. O objetivo comum é comuni stizar as terras no Brasil , ti ra ndo-as de propri etá rios legítimos para e ntregá- las a sem-terra, quase se mpre inco mpe te ntes. Recente me nte a CPT radicalizou o di scurso e lidera, e m a lg um as reg iões, in vasões de locais públicos e propriedades rura is. O M ST e congê neres, também . M as, à med id a que se s ubmete m cada dia mais ao jugo da Via Campesina - a multinacional da in vasão - vão variando de ba nde iras ao sabor das ocasiões: invasões, ag ro-eco log ia, destrui ção de laboratóri os de pesq ui sa agrícola o u faze ndas pe rte ncentes a e mpresas do agro negóc io, etc. Di zem que a CPT tem recebido menos dinheiro de e ntidades católicas e uropé ias, ao passo que a Via Campesina está com burras c he ias .. . M as, no que se refe re à id eo log ia, a nd am todos m a is unidos do que nunca.

CATO LICISMO

O novo supe rinte nde nte do INC RA na Pa raíba é Fre i A nastác io, um dos prin c ipais líde res da CPT, membro do PT e ca ndid ato de rrotado à Câ mara Federa l nas últimas e le ições. Anos atrás foi condenado por in vasão d e pro pri e dades. Nesse estado, cerca de 90% dos assentame ntos da Reforma Ag rá ri a estão sob contro le da CPT. Freiras e padres estão sempre à frente das ocupações. Co m a nomeação de F re i A nastác io para o Incra, q ue m sai ga nha ndo são os mov ime ntos ditos socia is ligados aos problemas da terra, re unidos na CPT (Com issão Pastoral da Terra), Artic ul ação do Sem i-Á rido e Pó lo S indica l da Borborema, que apoiaram a indi cação do re lig ioso para o cargo. F rei Anastácio não tinha o apoio do arcebispo de João Pessoa, Dom Aldo Pagotto, que opôs-se publi ca mente contra a ida do ex-cand idato para o cargo, sabe ndo de quem se tratava. Frei Anastácio d isse que sua nomeação fo i feita "com. rnuita responsabilida-

de, a partir do consenso de todas as representações políticas de apoio ao Governo Lula e do apoio de diversos setores da sociedade paraihana ", a exemplo de s indicatos do ca mpo e da cidade. Frei A nastácio dec larou a inda que vai se re unir com seg me ntos soc ia is o rga ni zados, representações políticas e o MST, para ped ir apo io à s ua gestão . Bem se vê a li gação íntima entre CPT, PT e go vern o , mesmo a CPT a la rdeando não ace ita r o que o governo está rea li zando pe la Reforma Agrária. Vem mui ta ·ag itação "cepeti sta" por aí.

CP1' quer e11w11dar a Constituição A C PT co ntinu a radica li za nd o se u d isc urso e lidera ndo in vasões de te rras. O ó rgão li gado à C NBB está e m campanha e m prol de um a e me nda constituc iona l que estabe leça um li mite máx imo à propri ed ade da terra no Bras i 1. Usando s loga ns como "uma medida de ju stiça:

acabar com 500 anos de lat!fú11dio" e " repartir a te rra para multiplica r o pão", num estil o be m ao gosto dos comuni stas e da esquerda católica, a e nti dade está promovendo inv asões para press io na r os parlame nta res e m a lg uns estados. Trata-se de introdu zir um in strume nto co nstituci o na l que viabilize e agili ze a Reforma Ag rária fracassada, fo me ntadora das fave las ru ra is. No arti go 186, e m que a Constitui ção defin e a fun ção soc ia l da propriedade, que rem in trod uzir um inc iso V , limita ndo o tam anho de todo latifúndio no Brasi I à área de, 110 máx imo, 35 módulos fiscais. Terras aci-

ma de 35 módulos fiscais seriam automaticamente incorporadas ao patrimônio público. Trata-se de uma ime nsa expropriação de te rras, co m paga me nto apenas das be nfe itorias, passa ndo para as mãos cio Estado tudo o qu e exceder aos ta is 35 módulos fi sca is. Para tra nsforma r o Brasi I numa nova C uba e num a num a ime nsa fave la rura l! O nde fi ca a justiça, na concepção desses re lig iosos? Não estarão propug nando o comuni smo para o Brasil , po r me io da Reforma Ag rá ri a? "Quom.odo obscura/um est aurum " ("Como se o bscureceu o ouro"), di z o Profeta Je re mias.

Mais uma do

Incra

A Com issão de Agric ul tura, Pecuári a, Abastec ime nto e Desenvo lvime nto Rural aprovou e m 5 de setembro o Projeto de Decreto Legis lativo 45/07, cios deputados Yalclir Colatto e Ed uard o Sciarra (DEM Valdir Colatt quer revogar norma prejudicial aos agricultores

PR), que revoga uma instrução normati va ele 2005 do [nstituto Nac iona l de Colon ização e Reforma Ag rária (Incra). Esta in strução do Incra modifica os crité ri os estabe lecidos para a ratificação das a lienações e concessões ele terras de volutas na fa ixa d e fro nte iras, pois estabelece como condição os índices de prod utivi dade. Uma propriedade só é conside rada produtiva se ating ir 80% de utili zação ela terra e 100% de eficiê nc ia na ex ploração, conforme os índices estabelecidos pelo go verno para cada tipo de atividade ou c ultura . Segundo Co latto, a lnstru ção No rmativa 27 /05 cio Inc ra "exorbitou do poder

de regulamentcu; pois introduziu no processo de ratificação índices de produtividade que são estranhos à matéria ern questcio, e que se aplicam tão-somente ao processo de desapropriaçcio para.fins de reforma ag rária ". Como se vê, a pre-

hectares e m 14 reserv as extrativi stas que o governo está implantando e m áreas ele cerrado. Loca li za m-se e m três estados, e lá serão fixadas 550 fa mílias re unidas e m assoc iações, onde es tá ta mbé m a Com issão Pasto ra l da Terra. O processo é cap ita neado pelo Mini sté ri o cio M e io Ambiente. É bom le mbrar que o C JMI (Conselho Jnclige ni sta Mi ss io ná ri o), no Doc ume nto Fin a l el e sua XVIJ Assembl é ia Geral terminada no dia 3 de agosto passado, co locou e ntre seus propós itos manter e amp li a r "os espaços territoriais dos povos indígenas, dos quilombolas, carnponeses e aqueles destinados à proteção ambiental ". Nessa asse mblé ia estiveram representa ntes ele toda Amé rica Latina e mo vime ntos soc ia is, e ntre os quais a o ni presente Via Campesina, a multinaciona l das invasões, qu e cada di a ma is se

ocupação cio Incra é arra nja r te rra barata para a Reforma Ag rária. Dev ido a essa norma do Inc ra, as ratificações se to rn a ra m "ve rdadeira pe-

reg rinação dos agricultores e111 repartições públicas, em busca de incomensurável volurne de papéis e documentos exigidos para a compro vação de que o cidadão brasileiro, agricultor e produ to ,; é rea /rnente o verdadeiro proprietário da sua gleba". Para ele, esses obstáculos burocrá-. ticos inviabilizam a regularização das terras na faixa de fronteiras e deixam os agricultores reféns dos funcionários do Incra. Colatto considera também que o órgão tem sido incapaz de e xaminar e da r prosseguime nto aos trâ mites burocráticos nos processos de ratificação. E nqua nto o proj eto ele le i faz seu c urso na le nta tramitação cio Cong resso, o Inc ra continua ap li cando sua instru ção normativa tranqüilame nte, sem o me nor res pe ito pe la propri ed ade pa rti c ul a r. O proje to será a na li sado a inda pe la Co mi ssão de Constituição e Ju stiça e ele Cidadania, a ntes de seguir para o ple ná ri o.

Sanha de coletiviwção de terras Co m a mesma sanh a com qu e se coletivi zam terras em assenta me ntos, terras quilombo/as e territó rios in díge nas (po is em todos e les e ntra a idé ia co letivista), ago ra c hegou a vez de 204 mil

infiltra e m todos os movime ntos po líti cos, ditos soc ia is. É oportuno le mbrarmos aqui um trecho de Leão XUT na Encíclica Rerum No-

varurn: "A teoria socialista da propriedade coletiva deve absolutamente repudiarse como prejudicial àqueles mesmos que se quer socorrer; contrária aos direitos naturais dos indivíduos, como desnaturando asfunções do Estado e perturbando a tranqüilidade pública. Fique pois bem assente que o primeiro fundamento a estabelecer para todos aqueles que querem. sinceramente o bem do povo é a inviolabilidade da propriedade particular". O governo, po r me io de le is, decretos, instruções normativas, etc. vem coletiviza ndo as terras do Pais e indisponibili zando boa paite cio território nac ional para a produção. E o que é pior, relativizando o conceito ele propriedade paiticular. •

Destinação das terras brasileiras Área total (mil ha) Tipo

Áreas disponíveis para exploração

%

220.000

25,9%

106.000 47.000 15.000 5 .000

12,5 % 5,5 % 1,8 % 0,6 %

393.000

46.3 %

Campo s naturais e pastage ns Áreas ine xploradas disponív e is para ag ric ultura Lavouras temporá ri as Lavouras pe rmane ntes Florestas c ultiv adas Total

Tipo Terra s d e volutas Unid ades de conservação Rese rvas indíg e nas Áreas d e assentamentos d e Refo rma Agrá ria Cidades, lagos, estra da s, pântanos Áreas já definida s como quilombolas (M a io 05) Total Tipo

Diversos usos TOTAL BRASIL

* Pre vi são para asse nta me ntos quilombolas

Áreas não disponíveis para exploração

%

110.745 114.983 105 .672

13% 13,50 % 12,40 %

68 .600 20.000

8, 10 % 2.40 %

4 20 .326

49 %

Outros

38.000

% 4,50 %

851 .000

100.00 %

2 1 .000

2.48 %

l

326 1

Fonte: lbam a; INCRA ; IBGE; FUNAI ; MAPA ; CNA ; Paz no Campo

OUTUBRO 2007 -


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O Brasil e os cegos 11 DOM BERTRAND DE ÜRLEAN S E BRAGANÇA

"A artificial popularidade de Lula, mantida à custa de uma fabulosa máquina de propaganda, regada generosamente a números de pesquisas e tratada com uma cuidadosa ausência de oposição, parece ter se esvaído, de um momento para o outro, como um encantamento que perde sua sedução"

O

Bras il vive uma conjuntura inesperada e que causa perplexidade . Fatores até co ntraditórios parecem conjugar-se, gerando situações ora confu sas, ora a uspic iosas, ora trágicas, ora reve ladoras. Dir- se- ia que uma mi ste ri osa mão revo lveu o tabule iro de xadrez da conjuntura po lítico-socia l brasile ira, de rrubando certas peças, trocando o utras de lugar, fa zendo com que umas perdessem seu sentido e outras se sentissem confusas e desnorteadas. Sou obrigado a concordar com o deputado Fe rna ndo Gabe ira - e m c uj os a ntípodas ideo lóg icos me e ncontro quando escreve u, há di as, na "Folha de S. Paulo" : "Há algo no ar além dos poucos aviões de carreira. É uma sensação de que o go verno, diante da crise, de ixou de fazer sentido, deixou de dizer coisa com coisa. As pessoas não acreditam ainda no que estão ouvindo" ("A bruxa na cabeça", 28-7-08, p. A2). Por que afinal o gove rno "deixou de fazer sentido"? E terá sido apenas o governo? Relembro aqui razões pertinentes, já exaustivamente apontadas: a generali zada incompetência; o aparelhamento do Estado pelo PT e pa.itidos aliados; um governo voltado pa.i·a a autolouvação e a pro-

CATOLICISMO

paganda; a submi ssão de todos os atos políticos a uma ideologia. Há entretanto, a meu ver, uma razão mais profunda, que observo pouco mencionada ou refe rida sem o devido destaque. Obcecados por uma ideologia utópica com tintas de fanatismo, Lula e seus col aboradores e conselheiros mais próx imos mui to fa lam do povo, mas pouco conhecem dele. O que se nota em suas convicções - melhor diria, em suas crenças - e modos ele atuar é um desconhecimento fundame nta l ela índole ele nossa gente. Inúmeros historiadores, soc ió logos e anali stas ele renome se debruçaram e escreveram sobre ela. Sirvo-me aqui elas palavras ele Plínio Corrêa ele Oliveira, um cios pensadores e homens ele ação que, a me u ver, com maior acuidade di scorreram a respeito dos traços de alma, dos sentimentos, ela mentalidade ele nosso povo: "O povo brasileiro se destacou, desde as origens, por seu caráter ameno, afetivo e cordato. Ademais, habituou-se ele a considerar com otimismo as várias crises econômicas por que tem passado. Ele co11fia em Deus ( "Deus é brasileiro", afirma um velho dito popular). [...] Com ''. jeitinho" (o ''. jeitinho" é uma instituição nacional), bonomia e paciência - julga a imensa maioria dos brasileiros - tudo se arranjará. O brasileiro é infenso à ansiedade. Detesta rixas. Cuida pacatamente de si e de sua família e considera com um olhar algum tanto desinteressado e cético a política e os políticos. [... ] Em comparação corn o imenso contingente populacional assim disposto, publicista.s·, políticos etc. representam uma minoria que por certo fa z ruído, pois está nos postos-chaves de onde o ruído se difunde sobre as multidões. Mas essas multidões constituem um povo que pouca atenção dá a tal ruído" (Sou Católico: Posso Ser contra a Refo rma Agrária ?", Vera C ruz, S. Paulo. 198 1, pp. 57, 58). Talvez por esse motivo, a tão simbóli ca va ia do M araca nã tenha deixado surpreso e desori entado o preside nte Lul a, e desconcertados seus assessores; talvez

por esse motivo, políticos peti stas e ali ados se te nh a m dedi cado a exerc íc ios a bstra tos e especul ativos sobre os moti vos da va ia, ao invés ele se vo ltai-e m pa.i·a o pa ís prof undo, que está mud ando ele modo irreve rs ível. A a rtifi c ia l po pul a ridade ele Lula , mantida à c usta ele uma fa bul osa máqui na de propaga nda, regada gene rosamente a números de pesqui sas e tratada com um a c uid adosa a usê nc ia de o pos ição, parece ter se es vaído, ele um mome nto para o outro, como um e ncantamento que pe rde sua sedução. O terríve l e trágico ac ide nte da TAM , di as de po is, teve o condão - que, paradoxalme nte, tê m certas tragédias - ele o pe rar um choque sa lutar nos que arrastavam indo le nte me nte sua in sati sfação. Num c la rão ele dor e de morte, aos o lhos ele grande parte cios bras ile iros se to rnara m pate ntes o descomunal desastre e a ime nsa tragédia hi stórica para a qu al o chamado lul o-peti smo a rrasta a Nação. Pela primeira vez, das camadas profundas da sociedade surgem manifestações de inconfor midade ativa, ele um descontentame nto que há muito germinava e só o lulopetismo pa.i·ec ia não levar em conta, em sua marcha utópica por cima do Brasil. Afin al, só isso explica reações absurdas como a Lri slemenle céle bre frase da ministra Marta Suplicy; o escárnio ela afirmação cio mini stro Guido Mantega; o sumiço do pres idente Lula ante uma tragédia sem no me; os gestos desqualificados de Ma.i·co Auré lio Garcia; a piadas presidenc iais e as ga.i·galhadas na posse do novo mini stro ela De fesa. Parecem não saber avaliar o desgaste profund o que o seu projeto de poder sofreu nas mentalidades. E o desgaste das mul tidões é um dos fe nômenos mais difíceis ele ser revertido. Afinal, não se caminha imp uneme nte ao arrepio de um povo, sobretudo quando sobre esse povo pai ram os desígnios e a proteção da Virgem Aparecida. M as , para o lulo-pe ti s mo, tudo se redu z a um a d is puta e le ito ra l, tud o é golpismo . O p ior cego é aque le que não quer ve r: e o Brasil está aí, aos o lhos de todos .. . me nos dos cegos. • (T ran sc rit o el a " Folha ele S. Paul o", 30-8-2007). Dom Bertrand ele Orl cans e Bragança, Prínc ipe Imperi al cio Brasil , é tetraneto cio I mpcraclor Dom Pedro 1.

A militância anticomunista

de Plinio Corrêa de Oliveira N arrada por um de seus discípulos, essa atuação é relembrada neste mês marcado por uma lúgubre memória: há 90 anos eclodia na Rússia a Revolução comunista.

N

este mês do nonagésimo aniversário da implanta ção do comunismo na Rússia, pareceu-nos oportuno entrevistar um dos mais eminentes discípulos do paladino da luta anticomunista no Brasil, que foi o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Assim, procuramos o Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira, pedindo-lhe que destacasse alguns aspectos da atuação daquele líder católico contra o marxismo. Formado em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Plínio Vidigal Xavier da Silveira acompanhou o Prof. Plínio desde 1949, quando entrou para a Politécnica. Em 1960 foi co-fundador, junto com o Prof. Plínio e outros discípulos deste, da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, na qual exerceu, durante quatro décadas, importantes cargos de direção.

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Catolicismo - Antes de entrar propriamente no tema de nossa entrevista - a destemida militância de Plínio Corrêa de Oliveira contra o comunismo -, pedimos-lhe sintetizar para nossos leitores algo da doutrina comunista. Dr. Plinio Xavier da Silveira - Trata-se de uma teoria diametralmente oposta à doutrina católica. O comunis mo, mais que uma teori a, é sobretudo uma ação revo lucionári a que se opõe ao pl ano de

D,:

f 1/i11io Xavier

<la Silvcil'a: "O C0/l1llllismo co11sidera a

Refonna Agrária O Íl1Stl'llll1elltO

mais elicaz para provocar revoluções, media11te a luta de classes, e assim assumir o Poder "

De us para a hum anid ade, vi sa ndo a pressar a derrocada da C ivili zação Cri stã. Te m em vi sta abo lir o direito ele propri edade, o qua l concede ao indivídu o leg ítimas libe rdades e m face ela coletividade e cria vínc ul os com a re lig ião, a tradi ção, o passado e a fa míli a . O co muni s mo desej a destruir esses vínc ul os e subjugar o indivíduo ao Estado totalitário . Prega o ate ísmo e m sua fó rmul a materi a li sta-di aléti ca, sendo radica lmente igualitá ri o. O comunis mo considera a Re forma Agrári a o instrumento mais efi caz para provoca r revo luções, medi ante a luta de c lasses, e por esse me io ass umir o Poder. E mbora apresente corno obj etivo o estabe lecimento da inte ira igua ldade e ntre todos os homens, sua meta fin al é a deformação cio home m e a construção ele uma nova humani dade até ia e materi ali sta. O que supõe a extinção el a Re li g ião cató li ca - que Lenine considerava "o ó pi o cio povo" . E m síntese, o co muni smo é uma se ita fil osófi ca que nega a ex istênc ia ele De us, os princípi os ela Reli gião ve rdadeira e da própria o rde m natural , e mpenha nd o-se e m ex ting uir a idé ia de um Ser cri ador ele todas as coisas. O home m, segundo a utopia comuni sta, não é urna criatura ele D e us, composta de corpo e alma, mas pura matéri a em evolução . Daí a vinc ul ação do comuni smo com o darwinismo. Catolicismo - O comunismo nega a existência de Deus. Entretanto, há seguidores da Teo-

OUTUBRO 2007 -


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/ogia da Libertação que pregam a possibilidade de um "comunismo cristão", uma espécie de socialismo aliado ao Evangelho. Dr. Plinio Xavier da Silveira - Exi ste uma total incompatibilidade entre a doutrina católica e a comunista. O Papa Pio XI afirm ou taxativamente: "Socia-

lismo religioso, socialismo calólico, são termos contradilórios termos que 'urram de se encontrarjuntos '. Ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista" (Encíc li ca QuadragesúnoA nno, 15-5- 193 1). Catolicismo - Sem sombra de dúvida, Plinio Corrêa de Oliveira foi principal líder na luta anticomunista. Nesse sentido, o que o Sr. poderia destacar? Dr. Plinio Xavier da Silveira - Certamente ele fo i o líder que, em todos os tempos, mais combateu o marxismo, enfrentando-o com desassombro não só no Brasil - nos momentos mais cruciais de nossa hi stória - , mas no mundo inteiro. Haveria nesse sentido tantas ativi dades dele a serem destacadas, que se fi ca sem saber por onde começar. .. Poderíamos fa lar de algumas campanhas, de pronunciamentos públicos, abaixo-ass inados, livros e artigos da autori a de Dr. Plínio, ou de importantes contatos que ele manteve com autoridades eclesiásticas, civis e militares ... Catolicismo - Como a matéria de capa desta edição narra alguns dos principais lances da luta do Prof. Plínio, talvez conviesse abordar alguns pontos concretos que não foram ali descritos. Por exemplo, o risco que o Brasil correu de ser dominado por um regime comunista, e o que fez o Prof. Plínio para evitá-lo. Dr. Plinio Xavier da Silveira - Foi na década de 1920 - quando ele tinha mais ou menos 15 anos - que Dr. Plíni o ouviu fa lar da ex istência de um Partido Comuni sta B rasile iro que re ivindicava a Reforma Agrári a. Precocemente, percebeu ele que se vi sava ass im transformar as propri edades rurai s do Brasil em realidades análogas aos kolkhozes fa zendas coletivas na Rússia comuni sta - , o que representaria a liquidação da classe ru ral e um golpe mortal no direito de propri edade. M as, como ele era ainda muito jovem, não pôde arti cul ar na época uma reação. Entretanto, ia pl anej ando o modo de fazê- la.

CATOLICISMO

Em 1933, indicado pela LEC, Dr. Plínio foi eleito deputado constituinte - o mais jovem e o mais votado do País

Isto se tornou realidade a partir do momento em que ingressou no movimento católico, em 1928, do qual logo se tornaria o líder inconteste em São Paulo; e, pouco depo is, o principal no B rasil. Por ocasião da derrubada do governo de Washington Lui z e sua substituição pela ditadu ra de Getúlio Vargas, em 1930, este pretendia eterni zar-se no Poder através da implantação de um governo populista. Naquele período, D r. Plíni o havi a s ugerido a fund ação da LEC (Liga Ele itoral Católi ca), a guai não fo i um partido político, mas sim um movimento político-católi co que represento u uma das grandes fo rças de oposição às pretensões despóticas de Getúli o Vargas. Este, para alcançar seus obj etivos, trabalhou para debilitar o enorme poder político e econômico de São Paulo, cuja reação não tardou em e mani festar através da Revo lução Constitucionali sta de 1932. O que obrigou Vargas a convocar uma Assembléia Constituin te em 1933. Nesse ano, indicado pela LEC, D r. Plíni o fo i eleito deputado constituinte - o mais jovem e com a ma io r v o tação de tod o o Pa ís. Oswaldo de Souza Aranha, importa nte articulador da revolução getuli sta e mini stro da Ju sti ça e da Faze nda no governo Getúlio Vargas, atestou: "Se

os católicos não se livessem congregado para inte1ferir nas eleições de 1933, o Brasil estaria hoje de.finitivamenle desviado para a esquerda". Como se vê, trata-se de um de poimento insuspe ito.

"01: Plinio foi o lfrler que, cm to<los os tempos, mais combateu o marxi smo, enfrentan<lo-o com desassombro, não só 110 Bl'asil m as 110 mun<IO ÍIJ teil'o"

Catolicismo - Inteiramente insuspeito, sem dúvida. Como ainda temos outras perguntas, sugiro que o Sr. nos fale algo do Prof. Plínio, nessa mesma linha de atuação, depois que ele fundou a TFP em 1960. Dr. Plinio Xavier da Silveira - Naque les anos maquinava-se nova tentativa de impl antação de um regime sóc io-econômico comuni sta no Bras i1, cujo governo era pres id ido pelo Sr. João Go ul art a partir do fin al de 196 1. Essa implantação se fari a ini c ialmente por me io de uma Reforma Agrária sociali sta e confi scatóri a. Dr. Plini o ini ciou então grande campanh a pelo País afora, em torno do li vro ReforrnaAgrária - Questão de Consciência. Obra que escreveu funda mentado na doutrina socia l cató lica, tendo dois bispos como co-auto res - D. Geraldo de Proença Sigaud, bispo de Jacarez in ho, e D . Antoni o de Castro Mayer, bispo de Campos

- e contava com idôneas análi ses estatísticas apresentadas por um eco nomi sta, também co-autor, Dr. L ui z Me ndo nça de Fre itas. So bre o te ma dessa obra, reali zara m-se inúmeras co nferências , campanhas de rua, entrevistas, debates, etc. Tudo para alertar a opini ão pública sobre o perigo ag ro-reformi sta comuno-jangui sta. Esse livro a lcançou um a tiragem excepciona l - qu atro edi ções e m po rtu g uês, co m 30 mil exempl ares, e seis em espanho l - e repercutiu de norte a sul do País. Inúmeras são as decl arações afirm ando qu e esse lance despertou a opini ão públi ca, que passou a reagir ideologica me nte contra os inte ntos co muni sti zantes do governo Go ul art. Mul tidões saíra m às ru as e m g randes manifes tações de protesto. D r. Plíni o e seus seg uidores não participaram das artic ul ações que levaram à queda de Ja ngo, mas contribu íram para a fo rm ação do clima psico lóg ico do qu al se ori g ino u a gigantesca reação contra aque le governo. Ta l reação contribuiu decisivamente para livrar o B ras il de ser subjugado por um regime comuni sta. O própri o pres idente Go ul art, em di sc urso no Auto mó vel C lube do Rio, vitupero u contra o que e le chamou de "minoria reacionária ao

convi cção. E uma das razões era porque o movi mento comuni sta, desde seu nascedouro e m meados do sécul o XIX, sempre re ivindi cou a supressão do dire ito de propriedade. O manifes to comuni sta publi cado e m J848 di z ia que a teori a comuni sta poderia ser resumida na frase: "abolição da p ropriedade privada". Reafirm ando a mes ma teori a, te mos aqui várias decl arações, mas le io apenas uma de "Che" Guevara: "A base das

reivindicações sociais que levantará o guerrilheiro será a mudança da estrutura da propriedade agrária. A bandeira da luta durante todo este tempo será a Reforma Agrária". E o própri o Lenine

"Apesar do fracasso da Retol'ma Agrária 110 Brasil e 1w mundo todo,

a esquerda católica - que <le católica só tem o nome - c011tim,a insistiJ1do em fazê-la "

m.eu governo" e "a ventureiros que se atreveran·1. a fa lar em. nom.e da Igreja ". Ta l decl aração fo i fe ita um dia antes de sua queda ... Cre io que a hi stóri a mais recente, os le ito res de Cato licismo j á a co nhece m ra zoa velme nte be m. Catolicismo - O Prof. Plinio estava convicto de que o regime comunista implantar-se-ia no Brasil se uma Reforma Agrária fosse efetuada. Por quê? Dr. Plinio Xavier da Silveira - S im , e le tinha essa

Em 1964, Plinio Corrêa de Oliveira fala no Rio de Janeiro sobre a Reforma Agrária

confesso u que a Revolução Co munista, para ating ir seu obj etivo, tinha abso luta necess idade de

"tirar dos latf/undiários suas f azendas e entregá-las ao povo trabalhador". Catolicismo - Também a ala progressista da Igreja, a esquerda católica, combate a propriedade privada e tudo faz em prol da implantação de uma radical Reforma Agrária no Brasil. Dr. Plínio Xavier da Silveira - Antes de trata r dessa questão, desej o esclarecer que o leitm.oti v da luta comuni sta, a lé m da Reform a Ag rári a, é ta mbém a Reforma Urbana e a Reform a E mpresaria l. T a is reform as são ig ua lme nte instrumentos para a luta de c lasses reco me nd ada por M arx, a fim de se in staurar a " ditadura do pro letari ado" . D epo is do confi sco da pro pri edade rural, viri a o confisco das propri edades urbanas e e mpresa ri ais. Apesar do estre pitoso fracasso da Reform a Agrári a no Brasil e no mundo todo, ta l esquerda - que de cató lica só te m o no me - continua insistindo em fa zê- la. Mas vej a a incoerência: os progressistas reivindi cam a abo lição da propriedade partic ular, mas quando se trata de te rras ind ígenas, mostram-se estranhamente defensores do dire ito de posse ... Poi s exi ge m todas as garantias da posse da terra para as co munidades indígenas, mes mo quando e las constitua m verdadeiros " latifúndi os improdutivos" . Mai s recentemente, no caso dos Quilombolas , pate nte ia-se a mes ma in coerênc ia. Catolicismo - Seguindo essa ordem de idéias, o Sr. poderia destacar mais alguns lances do Prof. Plínio para proteger o Brasil das investidas comunistas? Dr. Plinio Xavier da Silveira - Houve outros im porta ntes lances nessa linha. Como o livro A Igrej a

ante a escalada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos silenciosos, em 1976, com o qu a l e le denunc io u a crescente penetração do pensamento marxi sta nos ambientes cató licos.

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di stas. O li vro fazia essa denúncia e fo i e nviado a todos os constituintes. Numa campanha públi ca, que durou c inco meses, esgotara m-se as três ed ições da obra, co m 73 mil exe mpl ares vendi dos. Mes mo assi m, sem contar co m o apoio do grande público e medi ante um vergonhoso acordo com o chamado "Centrão", a esquerda conseguiu in serir na nova Constituição diversos artigos que favo rec iam uma como que " bo lchev ização" do Bras il.

També m obteve enorme repercussão - e conserva incontestáve l atua lidade - seu livro Tribalismo indígena, ideal com.uno-missionário para o Brasil no século XXI, publi cado e m 1977. Com essa obra, Dr. Plínio apo ntava o peri go de com uni stização do País por meio de um a nova manobra da esquerda, sobretudo da referida esquerda católica, que, em nome de uma mi ss io log ia tri bali sta, pregava o co letivismo marxista. Esse li vro fo i lançado há 30 anos, mas aborda um a questão muito e m voga: com o desmoronamento do regime co muni sta na ex-U RSS, a esquerda lançou a eco log ia, a pretexto do aq uecimento g lobal , etc., para pleitear um padrão de vida tribal. Além de vári os o utros liv ros contra a Reforma Agrári a, eu não poderia de ixar de mencionar a obra Projeto de Constituição angustia o País, de 1987 . Devido às te ntativas fracassadas de se impl a ntar um reg ime de esq ue rda no Brasil , procurou-se utili za r o utro me io: um a nova Co nstitui ção, na qual se introdu ziri a m di sposi tivos que favorecessem as re ivindi cações esq uerCATOLICISMO

Por iniciativa do TFP: Misso pelos vítimas do comuni smo, na catedral de São Paulo, 1967

"Devido às teJJtativas l'racassadas <le se implantar wn regime <le esquerda no Brasil, pl'OClll'Oll-Se utilizar outro meio: uma nova Constituição tendente à esquel'<la"

Catolicismo - O Sr. se referiu ao "desmoronamento do regime comunista na ex-URSS". Qual era a visão do Prof. Plinio sobre isso? Dr. Plinio Xavier da Silveim -Ele apreciava mui to a palavra alemã Weltanschauung, que signifi ca " visão de mundo". Em 1989, sua Weltanschauung a propósito daquele "desmoronamento" do Muro de Berlim, da Cortina de Ferro , da Glasnost e da Perestroika de Gorbatchev, etc. - fo i muito bem ex pli citada em muitos documentos. De dois deles , publicados e m diversos j o rn a is do Brasil e do Exteri or, recomendo muito especia lmente a leitura: o manifesto intitul ado Morreu o comunismo ? E o anticomunismo também? ( 1989); e o documento Comunisrno e anticornunismo na orla da última década deste núlênio " ( 1990). * A visão daqueles aco ntec imentos era muito clara para Dr. Plínio: o com uni smo não morreu, mas metamorfoseou-se. Naquela época, e le foi um dos raros ana li stas políticos que categoricamente negavam a " morte do comuni smo". Hoje, quase todo mundo lhe dá razão . O comuni smo ape nas fez uma " pl ás tica", colocou uma máscara sorri dente, este ndeu a mão aos inimi gos para enganar os incautos, mas continua com a mesma nefasta fin alidade, da qual trate i no iníc io. Mas a " máscara sorride nte" hoje em dia está ca indo, e de novo está aparecendo a carranca stalinista. Basta lembrar a atual Rús ia de Putin , com seu acelerado rearmamento, com a e liminação de opositores, com internações co mpulsórias e m " hospitais psiquiátricos" para ca la r os " reacionári os", co m intimidações policialescas no velho estilo KGB , com alianças restabelecidas com o mundo islâmico, e co m ameaças ao mundo ocidental e cristão, etc. Sem fa lar do recrudescimento das perseg ui ções aos cató licos na China vermelha e do movimentos guerrilheiros de cunho comunista que se alastram em todo o mundo, notadame nte em diversos países da Améri ca Latina. Contudo, o mais perigoso não é a "carranca" stalini sta, ditatorial e poli cialesca, mas im a fórmul a da "cara sorridente", que atinge com maior eficác ia a meta marx ista- le ninista. Esta "nova fórmula" , à qua l Dr. Plínio dedicava enorme aten-

ção, constitui a Revolução Cultural. Em me io a uma situação caótica, esta nova fórm ul a pretende faze r ava nçar os e rros do comunismo, sem causar sustos e "a nestes iando" a opini ão públi ca, para que esta não reaja. O próprio PT, çonfessadamente um partido de esq uerda, para não despeitar reações e obter algum resultado express ivo nas urnas, teve necess idade de ca muflar sua ideo logia marxista. Fazem parte da Revolução Cultural a di sseminação de moelas imora is e extravaga ntes, o iguali ta ri smo no trato, a disso lu ção ela famíli a, o abo rto, etc. Catolicismo - Para encerrar, o Sr. poderia dizer algo sobre os "erros do comunismo" impregnados na sociedade brasileira? Dr. Plinio Xavier da Silveira - A revelação de que

"a Rússia espalhará seus erros pelo mundo" fo i profeticamente anunciada pela Santíssima Virgem em Fátima, doi s me es antes da ec losão da Revolu ção Russa ele 1917. Como o Sr. me pede, podemos enumerar algun exemplos de "erros cio comuni smo", que vão se impregnando na sociedade brasileira: amor li vre, divórcio, concubinato, aborto, li mitação da nata lidade, educação sexual nas escolas, homossexuali smo, eutanás ia. Isso no campo reli gioso-moral. No terreno temporal, poderíamos c i-

Dr. Plínio junto à Imagem Peregrino de Nossa Senhora de Fátima, que chorou milagrosamente em Nova Orleans, EUA

"O próprio P1; para não despertar r eações e obter algum resultaclo exJJl'CSsi vo JWS lll'JWS, teve necessi<lade de camuflar sua ideologia ma,~Yista"

tar: leis sociali stas, Reforma Agrária e tentativas ele reformas urbana e empresarial, estatização da economia, sistema de co-gestão nas empresas, igualitari smo entre pai s e filhos, professores e alunos, patrões e empregados, etc. Tudo isso são "erros cio comunismo", espalhados com vistas a atingir a meta comunista, a qual não consiste apenas em impregnar alguns setores da sociedade, mas sim dominá-la por inteiro, tra nsformando-a numa sociedade sem classes, imoral, atéia e materialista. Em outras palavras, uma sociedade sem trad ição, sem família e sem propriedade. Por nove décadas a Rúss ia espa lhou seu erros pelo mundo. Tais erros foram combatidos destem idamente por Dr. Plínio, o que contribuiu fortemente para impedi r que o Brasil se transformasse num a imensa C uba. Contudo, a esquerda não perdeu suas esperanças de ating ir tal objetivo. Portanto, nossa mi ssão é continuar a luta de Dr. Plínio, alertando a opini ão pública, denunciando os perigos, tudo faze ndo para que em nosso País j amais preva leça o marxi smo. Aliás, esta era uma das principa is intenções pelas quai s Dr. Plíni o rezava. Rezemos e atue mos também nesta intenção. •

* Ambos manifestos enco nt ram - se di spo nívei s em nosso si te www .ca1 o l ic is111o.co 111 br

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N ove décadas após a Revolução de 1917 na Rússia, a utopia socialista, bafejada pela esquerda católica, aparenta dispor, como nunca, das rédeas governamentais em nosso País. Contudo, o Brasil profundo e autêntico rejeita tal utopia, em consonância com a luta e obra heróicas empreendidas por Plinio Corrêa de Oliveira. m Lu1s DuFAUR

1917-2007: de Lenin a Putin , os erros do comuni s mo espalhara m-se, ex plícita o u ca rnufl ada rne nte, em esca la universal ; do milagre do so l à gene rali zada anarquia hod ierna, tornaram -se tragica mente urgentes as advertências de Nossa Senhora e m Fátima; desde os prime iros so nhos de infância até sua atual projeção post-mortem, avultou-se a cruzada anticomunista de Plíni o Corrêa de Oliveira. Essas três transformações se entre laçaram nos últimos 90 anos . E hoje e las convergem num clímax, c ujo desenlace tudo indica que não pode tard ar. Retrocedamos no tempo, para melhor compreender o ass unto .

Em 1917: espírito 111011árquico x espírito republicano Em fin s de 19 17, Dr. P líni o completava nove a nos. Então, os estil os de vida oriundos da mo narqui a e os novos estil os republi canos opunham-se no conjunto das práticas sociais: por exempl o, no beij amão das senhoras, no modo de sentar-se, de conversar, de trajar-se, etc. Quando chegava um a carta da Princesa Isabel para Dona Gabriela Ribeiro dos Santos , avó de D r. Pl ínio , o cope iro a inda a apresentava, no fim do almoço, numa salva de prata. Dona Gabrie la então a li a em voz alta. Era m cartas de relac iona me nto social. Todos prestava m s uas homenage ns ao espírito monárquico, ain da late nte na República velha. Entretanto , pouco d e po is, co ntradito riam e nte O s estilos de vido oriundos da muitos ass umi a m pos ições igua litári as, monarquia e os novos estilos republicanos opunham -se, no consoantes com o espíri to re publi cano do- conjunto das prática s sociais min a nte. Naqu ele mesmo tempo, tragéd ias imensas devastavam a Euro pa. A primeira guerra mundi al estava e m c urso quando Nossa Senhora inic io u o ciclo de s uas a pari ções em Fátima , e o trono dos czares já hav ia sido derrubado. Em seguida a Revo lução comuni sta massacro u e m 19 17 a famí li a impe ri al e, qua l látego divino, ini ciou urn a séri e de leva ntes e g ue rra s revo luc io nári as, que ao lo ngo das décadas vitimara m ma is de cem milhões de pessoas.

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Intuição do clesastre que se avizil1hava O mundo aparecia, na mente infa ntil de Plinio, como um imenso transatlântico no qual os passageiros - ri cos e pobres, civis e ec les iásticos, bispos muitas vezes - viajavam a legres, uns na primeira classe, outros na econômica. Mas Plinio percebia que essa nave afastava-se do ca is da Civi lização C ristã. E refletia: "Que coisa impressionante! Está se preparando a demolição da Igreja. Uma revolução, uma perseguição geral está sendo articulada para urna certa época, e virá; virá tambérn urna catástrofe para a Igreja e para o mundo". E le ai nda não tinha co nhecimento da Mensagem de Fátima, mas já pensava em consonânc ia com e la. Aos domingos à tarde, costumava-se na época ir ao cinema, sendo raros então filmes imorais. Na obscuridade da sala, Plinio o lhava, anali sava e concluía: "Isto [o mundo moderno retratado por Hollywood] é enorme, isto é poderoso. Ai do dia ern que cair! Porque cairá! Cairá porque está levantado contra Deus! Haverá um dia em que vamos assistir a um dos terríveis embates de nossa época: o próprio comunismo vai se levantar contra os Estados Unidos e procurar esmagá-los, como os Estados Unidos esmagam hoje as monarquias européias. E se minha vida tiver uma duração normal, lutarei nesse em.bate. Lutarei pelo quê ? Pelo comunismo ? Jamais! Combaterei por Aquele que não tem aliado no mundo contemporâneo, Aquele que é esquecido, degredado, odiado, a caminho de ser cruci:ficado: Nosso Senhor Jesus Cristo, e de algum modo a Santa Igreja Católica Apostólica Romana". Impressões de infância, reflexões de menino. No entanto, quanto e las são decisivas na vida de um homem ! Máxime quando e le é fiel até ao heroísmo em suas convicções. Plinio Corrêa de Oliveira nascia para a vida. Nascia um cru zado contra o comuni smo, na época em que Nossa Senhora em Fátima alertava o mundo contra essa ameaça.

Plano /)ara salvar o Brasil e defender a Igreja Quando já moço fe ito, andava ele de bonde na cap ital paulista e viu um cartaz: Reforma Agrária; em seguida: Partido Comunista Brasileiro. Seu espírito teve um sobressa lto: "Aí está! Esse é o perigo!". Mediante estudos e reflexão, a li gação entre Reforma Agrária e comuni smo fo i se tornando cada vez mais clara em seu espírito. CATOLICISMO

Desde muito jovem, Plínio Corrêo de Oliveira percebeu o grande ameaço do comunismo contra o ordem cristã, ainda parcial mente atuante no Ocidente

Uma asp iração começou a se forma r na sua mente. Era preci o lutar para reerguer o Brasil, fazêlo ava nça r por um camin ho inteiramente oposto àq uele que levava ao com uni smo. O Brasil deveria pôr e m mov imento as incomensuráveis riquezas que a Providência depositou em seu so lo. As melhores fibras da alma brasileira deveriam harmoni zar- se para faze r surg ir um B rasil autêntico, de sonho. Mas não de um sonho quimérico, e sim de um sonh o nascido de sua vocação providencial. Naqueles anos, 98% dos brasileiros eram católicos. E le via que a população nacio nal, crescend o naturalmente, ocuparia um território co lossa l. Portanto, o País estava destinado a ser uma das maiores potências da Terra. Além do mais, junto co m o Brasil, a América espanho la, do ponto de vista religioso, obedecia ao mesmo Papa, estava unida aos cardeais e bispos. Formavam ass im um imenso bloco, destinado a exercer grande mi são n o sécul o XXI. O Brasil só será o que a Providência Divina dispôs em seus planos, pensava Plinio, se fo r cató lico deveras. Um catoli cismo de meias-tintas não resolveri a nada. Era preciso que o movimento cató lico influenciasse a fundo o Bra il , a fim ele que, na hora que a Provi dê ncia determinasse, o País apa recesse como um g igante católi co que altera os rumos do mundo, tendo a seu lado toda a América Latina. Sem que Plínio sequer o suspeitasse, esse plano converg ia maravilhosamente com aq uilo que Nossa Senhora viera prometer ao mundo na Cova da Iria em 19 17.

Anelo com/)aJ'tilhaclo /)ela mocidade católica E ra preciso ordem, disciplina, hierarquia, espírito sobrenatural levado até as últimas conseqüências, para transformar essa aspiração numa realidade. Era preciso, em suma, fazer a Contra-Revolução. Ou seja, aplicar todos os esforços para restaurar a C ivili zação Cristã, austera e hierárquica, especialmente nos pontos em que ela fo i mais vulnerada pelo igualitarismo e o neopaganismo revolucionários. Esse ane lo não era excl usivo dele. Germinava também no conjunto do cato li cismo bra ileiro. A mocidade cató li ca via a Igreja como uma c idadela cercada por inimigos, e aspi rava não ape nas a defe nder suas muralhas, ma a enxotar o adversári o. Crepitava ne la a idéia de de rrota r a Revo lução, na sua fo rma então mais atual: o comu ni mo.

E ntretanto, os espír itos que coma nd avam as grandes potências pensavam de modo diferente. A partir de posições até mesmo adversas, consideravam que, no futuro, o Brasil for mari a com a Améri ca Latina um bloco decisivo. Nesse sentido, compreende-se que a Rúss ia sov iét ica foca li zasse o Brasil como seu objetivo prioritário no Ocidente: "O Brasil é o maior alvo comunista no Hemisfério Ocidental",2 afirma um dos relatórios secretos da CIA recentemente abertos ao público.

Os jovens que pensavam assim identificaram em Plinio Corrêa de Oliveira a encarnação dessas aspirações e o líder que os conduziria à sua realização. Obviamente, uma ação de grande amplitude nessa direção dependia ela aprovação e do concurso ela Hierarquia católi ca. Esta agia naq ue le tempo com muito esmero na difusão da doutrina e dos sacramentos - sobretudo elas verdades concerne ntes à moral e à vida eterna - , mas não discernia bem a ação revo lucionária em campos não-eclesiásticos, como por exemplo a revolução indu stria l infiltrada e trabalhada pe la luta de classes marxista. Desta maneira, a Hierarquia católica e a Revolução travavam um combate comparável ao de um cao lho contra um homem com os dois o lhos normais. O movimento leigo liderado por Dr. Plinio veio preencher essa lac una nos meios católicos.

Infllll'ação comunista nos ambie11tes católicos

A luta anticomunista em "O Legionário" e na Ação Católica E m 1932, Dr. Plínio foi um dos in spiradores ela fundação ela Liga E leitoral Católi ca (LEC), tendo sido eleito por ela deputado - o mais jovem e mai s votado do Brasil - para a Assembléia Constitu inte de 1934. O sucesso da LEC marcou os rumos do País. "A LECfoi a organização extrapartidária que na história do Brasil exerceu a maior influência política eleitoral" 1 declarou Paulo Brossard , ex-m ini stro da Ju stiça e ministro apose ntado cio Supremo Tribunal Federa l. Em 1935, Dr. Plinio torno u-se diretor de "O Legionário" - até então pequena publicação paroquial , que ele logo transformou em prestig ioso hebdo madário - no qual fez entrar largamente temas do momento, in c lusive da po líti ca nac io nal e internacional , problemas c ulturais , filosóficos , teológicos, etc. " O Legionário" fo i um jornal militante, concebido para os ma is in teressados nos probl emas vivos da Igreja e da Civ ili zação Cristã. E m vista disso, travou acirradas polêmi ca com as correntes revolucionárias mais din âmi cas na época: o comuni smo, o fasc ismo e o nazismo. Essa luta revestiu-se de um caráter verdadeiramente profético. O Brasil de então estava pouco presente no cerne dos acontecimentos mundiai s, que se passavam no hem isfério norte, entre as potências européias, os Estados Unidos e a Rússia já soviética. De onde, em certos ambientes, a obra acalentada por Dr. Plínio poderia parecer fruto de uma ilusão juvenil.

Em 1935, Dr. Plínio tornou-se diretor de "O Legionório" - até então pequeno publica ção paroquial , que ele logo transformou em prestigio so hebdomodório

O comuni smo estava c iente do obstáculo representado pelo mov imento que Dr. Plinio liderava. Por isso quis destruí-lo. Devido às suas características, o mov imento cató lico só poderia cair se fosse desviado e dividido por dissensões internas. Começou e ntão um a infiltração das idéias revolucionárias na Ação Católica . Como? Lançando, como se fosse doutrina católi ca, uma espécie de luta de c lasses entre os le igos e o c lero. Para isso vieram da E uropa ativistas da esquerda católica de então, que aqui receberam apo io de alguns ecles iásticos e de figuras de prestígio no la icato cató lico. Sob seu influxo, nasceu o movim.ento liturg icista, que levava em seu bojo a tendência de transformar a Ação Católica numa grande força revoluci o nári a. Estas tendências novas propugnavam uma igualdade radical e ntre a Igreja docente (formada pela Hi erarquia) e a Igreja discente (formada pelos fiéis), bem como instalar a autogestão - self govenunent era o termo usado - sob o pretexto de ter recebido um "mandato" do Papa para isso. As idéias e os esti los revolucionários de tipo co muni sta deitaram raízes e m ambientes e entidades católicas. A Juventude Operária Católi ca, ramo da Ação Católi ca, engajou-se numa campanha contra os mais abastados e contra a propriedade privada, pleiteando a igualdade completa das classes sociais.

Muda o cel'ne ela batalha: o inimigo intenw Quando Dr. Plinio se deu conta de ta l infiltração, nat uralmente sofreu um impacto. Mas logo compreendeu que, para o Brasil poder cumprir sua vocação, urg ia enfrentar o inimigo que avançava sorrateirame nte. OUTUBRO 2007

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O fim do ostrac ismo veio alguns anos depois. A Santa Sé envi ou uma carta ele louvor ao li vro Em Defesa da Ação Católica, e os dois sacerd otes ami gos foram nomeados bi spos por S.S. Pi o XU . Com estes sinai s, a reputação estava salva e o prog ressism.o fi ca va inex plicável. Ao mes mo tempo, jovens começaram , em número crescente, a incorporar-se ao pequeno grupo que lhe restara. Em J 951 , Dr. Plíni o inspirou a f undação ela revi sta Catolicismo, para a qu al os anti gos co laboradores ele " O Leg ionári o" e jovens universitári os passaram a colaborar. Catolicismo mantém-se até hoj e, com mais ele 56 an os ele exi stência, como um baluarte que def ende na imprensa, pela co laboração ele fi éis di scípul os ele Dr. Plí ni o, seus elevados ideai s.

A esse respeito, fez o segui1Úe comentári o: "Os

meios católicos de então eram muito pode rosos, mas ingênuos". Por causa disso estavam a léguas de acbnitir que wn padre ou um bispo pudesse .fàvorecer essas más idéias. Era preciso que alguérn abrisse os olhos deles, dissesse não, e esti vesse disposto a sofrer as perseguições, as calúnias, as detrações que f ossem necessárias, a srr esmagado se f osse necessário, mas j ogar-se como um kamikaze contra os il1filtrantes ". 3 Com esse intuito, publi cou em 1943 o livro Em Def esa da Ação Católica. 4 Nele, a denún cia era pormenori zada e irrespondível. O Núncio no Brasil, D . B ento Aloi si Masell a, prefaci ou a obra. A infil tração fi cou descoberta e ex posta à lu z do sol.

Afastado da Ação Católica e ele "O Legionál'io"

Os banidos por amor à

Pouco depois, Dr. Plínio foi afastado da pres idência da A ção Católica paulista e, em 1947, da direção de " O L egiomiri o". Fi caram co m Dr. Plínio, unidos em seu exílio, al guns dos principai s redatores de " O L egionári o" e dois sacerdotes que, posteri ormente, seri am elevados à di gnidade epi scopal: Mons. Antonio de Castro M ayer e o Pe. Geraldo de Proença Sigaud.

E m 1960, junto com os remanescentes ele " O L egionári o" e ele vári os j ovens que a ele se so maram nos anos ele ostracismo, foj fund ada a Sociedade Brasileira de

"Naquele período de degringolada - confidenciou Dr. Plíni o eu repetia de mim para comigo uma frase da Sagrada Escritura: 'Alienus faclus sum in dom.um. Matri.1· mea ' (Eu me tornei um estranho na casa de minha mãe).5 Minha Mãe é a Igreja Católica". Era a Igrej a que o persegui a? Não, eram elementos humanos no seio da I grej a, trabalhando pela influência revolucionári a comuni sta. Qual foi o proveito do I i vro Ern Defesa da Ação Católica para a [grej a e o Bras il ? D enunciada em seu nascedouro, a conspiração comuna-progressista perdeu uma co isa impalpável, mas dec isiva: a chama revolucionária. Esse apaga mento do -fogo acabou sendo determin ante para que o Brasil não fosse incendi ado pelo comuni smo, co mo veremos . A persegui ção que so frera levou Dr. Plíni o a ter de se contentar com o emprego de professor secundário. O deputado mais jovem e mais votado cio Brasil , o ari stocrata autêntico, o líder aclamado por meio milhão ele pessoas no LV Co ngresso Eucarísti co ele 1942 em pl eno va le cio A nhangabaú, em São Paul o, fi cou reduzido a simples pro fessor ele escola públi ca.

CATOLICISMO

Igreja l'Oflam à luz du dia

Defesa da Tradição, Farnília e Propriedade - T F P, entid ade civil

Dr. Plinio desempenhou importante papel para frustrar o projeto de Reforma Agrária socialista e confiscatória do governo do presidente João Goulart

voltada para a salvaguarda dos pi lares bás icos da Civili zação Cri stã contra a ação cleletéria do soc iali smo e cio co munismo. A atuação de Dr. Plíni o, visando a grandeza futu ra cio Brasi I para melhor se rvir à I grej a, entrava numa nova fase. N aquele me. mo ano, publicou Reforma Agrária - Questão de Consciência (RA-QC), tendo como co-autores Dom Gera ldo ele Proença Sigaucl, bi spo ele .Jacarezinho (PR), Dom A ntoni o ele Castro Mayer, bi spo ele Campos (RJ ), e o economi sta Lui z M endonça ele Freitas. O li vro rapidamente se torn ou um best-sellet; desempenhando importante papel para fru trar o projeto de Reform a A grári a soc iali sta e confi scatóri a do governo do pre iclente João Goul art, e ta mbém a chamada revi são agrária do governador de São Paul o, Carvalho Pinto. Após a publi cação cio li vro, D. Si gaucl foi promovido pelo Papa João X XHI a Arcebi spo de D iamantina. Diante desse cenári o, os proprietári os ru rai s ag iram face à CNBB como se ass im rac ioc inassem: "Estes bispos pensam isto, mas outro, que

acaba de ser prom.ovido pelo Papa, pensa de 1naneira di versa. Logo, podemos pôr em dúvida o que os prelados da CNBB dizem " . Os agro-reformi stas não aprese ntaram nenhum a co ntes tação válida

àquela obra. E a classe rural , respaldada pelo I i vro, perm aneceu firm e em sua posição contra a Reforma A grári a.

a evidência dosfato.1· aponta, neste sentido, o Concílio Vaticano /1 como uma das maiores calamidades, se não a maior; da História da lf!, rej a. A partir dele penetrou na Igreja, em. proporções impensáveis, a '. fiunaça de Sa lanás ', que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível f orça de expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis almas, o Co rpo Místico de Cristo entrou no sinistro processo da como que autodemolição". 7

Viagem a Roma para acom11anhar o Concílio Vaticano 11 A T FP es tava no início ele sua ex istência qu ando fo i convocado o Co ncíli o V aticano l l. Dr. Plíni o vi aj ou co m algun s co laborad ores para Roma, onde montou um escritóri o a fim de prestar co laboração intelectu al aos bi spos ami gos. E m Roma, um conjunto ativo de teó logos e prelados prog ressistas preconi zava um a atitude de di stensão com o comuni smo. Por outro lado, grand e número de bi spos mantinha-se num a pos ição ele in diferença em face ela questão. Foram preparados então dois proj etos de resolu ções co ncili ares: um pedi a ao Concíli o a co ndenação do comuni smo, e fo i ass in ado por 2 13 padres con cili ares; outro propunha a S. S. Paul o VI que fi zesse a co nsagra ção ela Rú ss ia ao Imac ul ado Coração ele M ari a, de acord o co m a condi ções pedid a por N ossa Senhora em Fátima. Este últim o foi referenci ad o por 5 1O padr es co ncili ares de 78 países, qu ase um terço dos bi spos res idenciai s de todo o mun do. 6 O s do i s proj etos de reso luções, dev ido às numerosas adesões epi scopais ele que foram obj eto, parec iam ter boa chance ele ser em apr o vad os no pl enári o co nci I iar. Se isto tivesse aco ntec ido, o fl age lo co mu ni sta não teri a chegado ao auge de poder qu e atin giu pouco depois cio Concíli o. M as tais propostas colidi am fronta lmente com o cornuno-progressismo. O pedido de condenação cio comuni smo fo i mi steri osamente "ex trav iado" na máquin a burocráti ca conciliar, enquanto o ela consagração da Rúss ia ao Imaculado Coração de M ari a, entregue pessoa lm ente por D . Si ga ud a S.S. Paul o VI , nu nca foi submetido à votação. E m 1976 D r. Plínio pôde esc rever, se m nun ca ter sido contestado, que "o êxito dos êxitos alcan-

çado pelo cornuni.1·1110 pós-staliniano sorridente f oi o silêncio enigmático, desconce rtante, espantoso e apocalipticamenle trág ico do Concílio Vaticano /1 a respeito do comunismo. 1 ... ] É penoso diz.é-lo. Mas

O impussfrel acol'du entre a lgl'eja e o co11m11is1110

Dr. Plinio viajou com alguns colaboradores para Roma, onde montou um escritório, a fim de prestar colabora ção intelectual aos bispos amigos

Aind a em Roma, em co nversas com padres co ncili ares, Dr. Plínio di scerniu qu e o esquerdismo católico sonhava chegar a um acordo com o co muni smo em nível mundi al. O paradi gma desse acord o seri a o modus vivendi - ali ás altamente prejudi cial para a I grej a - que vi gorav a então na Polônia. Vi sando des montar essa falaciosa manobra, ele redi giu o ensa io A liberdade da Igreja no Estado comunista, no qual demonstra a imposs ibilidade de coex istência el a I grej a com um reg ime comuni sta. O livro circul ou largamente entre os padres concili ares e, por con dutos que desconhece mos, penetrou em países atrás da Co rtina de Ferro, chegando ao conh ec im ento de católi cos que res isti am brav amente à tentação ele colaborar com os marxistas. Ap arentemente, Dr. Plíni o voltou ele Roma co m as mãos vazias, poi s as boas ini c i ativ as para as quai s ele contribuíra havi am sido postas de lado. Entretanto, a real idade era bem diversa . Do outro lado ela Cortina de Ferro, a obra A liberdade da Igrej a no Estado cornunista obtivera signifi cativa repercussão, a tal ponto qu e obri gara Zbi gniew Czajkowski , um cios líderes ca tó li co- progress istas co nluiados co m o comuni smo polonês, a tentar refutá- lo nas páginas dos jorn ais " Ki erunki " e " Zycie i Mysl", pertencentes ao grupo co laboraci oni sta PAX. Dr. Plínio trepli cou a esses ataques pelas pág in as de Catolicismo. 8 O I i vro recebeu também carta ele elogio do Prefeito da Sagrad a Congregação dos Semin ári os e U niv ersidades, Cardea l Giu seppe Pi zzardo, com data de 2- 12- 1964, que o qualifi cou ele "eco .fide-

OUTUBRO 2007

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fes to e artigos a propós ito do te ma, be m como as di versas ca mpanhas que pro mo ve u, todas consignadas e m inúmeras obras, muitas de las de adversári os.9 Se hoj e o Brasil não é um imenso conglomerado de assentame ntos, tipo f avelas rurais, isso se de ve, e m larga medida, à atuação desse impertérrito defensor da propriedade privada e da C ivili zação Cri stã.

líssimo de todos os documentos do Supremo Magistério da Igrej a".

Insistência em ofensivas ag,·o-reJ'ormistas

A luta co ntra o ag ro-reformi smo soc ia li sta e confi scatório não cessou após março de 1964. Com efeito, logo depo is de e mpossado como preside nte da República, o marechal Cas te lo Branco apresentou um projeto de le i de Reforma Agrári a semeRelatórios da CIA destacam lhante ao de João Goulart: o Estatuto da Terra. unicidade da 1'FP Dr. Plini o fez então um estudo intitul ado " O E m ma io de 2007, a Agência Ce nt ral de ln direito de propriedade no proj eto de ernenda consf ormação dos EUA (CIA ) to rn ou públicos re latitucional nº 5/64 e no proj eto de Estatuto da Tertó ri os secre tos e labo rad os ra", ass in ado pelos quatro po r suas equipes para uso autores de RA-QC. No iníconfi de nc ia l das a ltas autoc io de nove mbro, e nvi o u-o ridades d aque le pa ís. Ne les a to dos os parlame nta res, e nco ntra-se um a cuid ad osa mostra ndo o caráter sociali sa ná li se do des li za me nto de ta e co nfi scatório d aqu e le setores cató li po nderáve is projeto. Mas a influê nci a do cos para a esqu e rd a e a sua Poder Executi vo foi co nsiallltar, coupe, as ln Srazll (1964) anct AraenUn• (1966), no esfo rço re pe rc ussão wUb wboa tUy are- io full a1re . ..a.t u to tM danser• deráve l, e o Estatuto da Terpo. . d by tbt a1tota and dui,.• ot lntvrnotlonal Co-unien. para impl a ntar o comuni sra foi aprov ado e m dezemTbe Re-•ctionarloa hlvc b••n able- to Hcruit a Ualtitd followinc aaonc youn1tr •a• aroupa but thb principal Bras il e na Améri ca mo no ■ trtoath lioe 1D tbelr itatunchtd poaltlona on tbebro de 1964. ypper ltvtb of tht bl•rl1"ch1 and thulr cOonectlone wlth tH IIOat COHHHtlvc S,OllUcal lnd ocan0111te •l••nte Latina. Em 24 desse mês, secunof tboir Their uJor 11Hlr.n•••• oYer the lonaer run, I• that whtl.e tbey atlll bne alU•• in tbe Curia A documentação coloca ao-• (tb• ot. tbe papal court aDCI otber 11.lsb dado pelo Diretório Nacional ottlciah: of tb• Cburcb 1n Jloa•>, th• uta curr•nl 1n the Cbffcb ia runninc a111net UI•• · ln rec:ent yHra the apa TFP co mo paradi g ma da da TFP, Dr. Plinio publicou posnt . .nta to kty in tbe Latin -'-'rican cburcMa baff lacluded ••ry t.ew, tf. any, Reactionarlea and thel.r res istênc ia cató li ca anticor■ Jlka -;r-• sndually b91QI tbiAHd by dtUb ""d incap,cit•em numerosos órgãos de imUon. muni sta face às crescentes prensa o "Manifesto ao povo Aaon1 th• proaJnent are auch Rrtzl 1 tan bbhop• u no.a Ant8nio de caatro -■ ,.r, or 11 tendências que tra balh avam brasileiro sobre a Reforma ~t!":;.•;:º ~ e;:~•!!t~:.'!f:s:o::~•~b1f!.!~•~ l~ro: wblcb r•J•cted all anpects ot •crartan reforaª" ••eoe1.111 para esquerdi zar o catoli cisAgrária", em que punha ao all ■ U. " and denoune d ,toc1-u,,. ª" trreconctl ■ ble wtth true Christhntty . Th~•~ two bhlhopa a re ln tho c urr(!nt re viva! o r th~ Ou~Utan Socie-ty Cor: the mo brasile iro e contine ntal. cance do públi co as razões Defense oi Tr:uJH loru;. famil)' and Prol)(l rty (TFP ), ._,n.lch was toundcd 1n SA'o Ptrulo, .in t he ln t c 194.011 , nnd rct<'civcs U 111 dos re lató ri os 10 destaca flnnnc lol s upport r rn111 bua tn~ aalM'!n l.nt«re ate d l n a \1ppreapelas quais o Estatuto da TerBlng rcror111lst lnrtuenCt>J:t ' ln th<- [lr1u:lliln Church . The lc-1tdt-r lil ot th c TJ>'P havo t ic1 wit h similar o rrcaniutlons as denúnc ias - largamente ra era nocivo ao País. Denoin Araentintt aod Ch ll c . At u .. e, Do• Jal•e dt Barros ca..ra, thw "K"\I C1u·dJ.u•l Arvhbl ■ hop ot lio d(t Ja'l u11ro, fe itas po r Dr. P lini o e a ..... to be cloecly idcntlUod wtth the vle•• ot the minava-o Janguismo sem JanR•actto11ai:1ea, particulal'l)' wlth the.ir fe•r• ot' CGmluniat tnfluence. ln the llat year or eo. howyer, he ba• bfoen TFP - de que as reformas go, e teve grande repercussão. •oaewbat l••• actJ.n ln uppoelnc •n1 of tht chances p'l'opoeed by lces radie• 1 ■ cabcn of tM Rramlllan topiacopacy. de estrutura sociali stas faz iNão houve nenhuma tenln Ar1•nUn1 two aa:lnt' Cardlaale, Antoolo CaHlano, Archb1•hOP ot Bu,•nos Alrvu, and lftcolla raaollno, Arcba m o j ogo de ec les iás ticos tativa de refutação ao manibillbop of Santa ro , fHqui:ntly bne bfton clmC!' to thc rad icais e pró-comunistas. O festo da TFP, e durante almesmo docume nto observa gum tempo a Reforma Agrá-19a ca pac idade da T FP para ri a fi cou praticame nte paramoti va r os j ovens contra o li sada. Depo is o regime mi esquerdismo católico. litar fez ex propriações com E ntre outras co nstatações, o re latório menc ioDocumento do CIA base no Estatuto da Terra, mas em número redu zinão pôde deixar na como fa to r debilitante da reação católica ao sodo e sem alarde. de reconhecer ciali smo o fa to de a Santa Sé não ma is nomear bi sNos governos subseqüentes, as ofensivas ag roo importante pos que continu assem na linha antico muni sta de reformi stas se acentuaram com a parti cipação atipapel dos TFPs seus antecessores. alertando contra o va da esquerda católica . Mas sempre encontrara m infiltração do comuEste fa tor deb ilitante, efeti va me nte, fo i iso lanDr. Plinio à sua frente, medi ante publicações funnismo nos meios ca do Dr. Plini o e seus seguido res. M as tal iso lame ndamentadas na doutrina tradi cio na l da l greja e e m tólicos do época to pôs e m re levo a sua gra ndeza de alma e a unic icampanhas públicas rea li zadas pe la T FP, opondo dade do seu pl ano e atu ação. Nesse contex to, fo iem esca la nac ional um obstác ul o à apli cação da se se fo rj ando uma auréo la de prestígio em torno Reforma Agrária confi scatóri a. da entid ade e de seu fund ador, dando ori gem ao Foram numerosos os lances de Dr. Plini o para " mito TFP". deter essa esca lada do soc iali smo agrári o: mani alo■•

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poa1tion ■

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T udo estava sendo preparado para o Brasil ser arrastado para o abi smo sociali sta, pela atuação e influê nc ia dos me ios cató li cos pró-co muni stas . Porém, a reação empreendid a por me io da denúnc ia inic ia l de Em. Defesa da Ação Católica, seguida anos depois por diversas campanhas das quais apresentamos apenas al guns exempl os mais signifi cati vos, e nfraquece u considera velmente a capac idade de proselitismo do esquerdismo católico. Assim , cada vez que tentava novo avanço revoluc ionári o, mais ia se descolando do públi co católico. Após décadas de desco lamento, a esquerda católica assemelha-se hoje a um a cobra cuja cabeça está com o qu e separada do co rpo, que não a acompanha em suas arre meti das revo luc io nárias .

Me11sagem contra o socialismo autogestionál'io francês

Campanhas contra a infiltração comunista na Ig1'eja

react:tonarte ■

pro■ i.nent

CATOLICISMO

Em <leL'esa <la família: campai1ha contra o <livól'cio Em l 966, Dr. Plini o co loco u a TFP em ca mpanha vi sando impedi r a apro vação de um novo Códi go C ivil que impl anta ria o divó rcio no Brasil. Em praças e logradouros públi cos, os j ovens propaga ndi stas co lheram mais de um milhão de ass in atu ras, apresentadas depo is ao presidente Caste lo Bra nco, que reti ro u do Congresso Nac io na l o proj eto do novo Códi go C ivil. Enquanto se de enrolava a campanha, a TFP foi a lvej ada po r um co muni cado hostil da C NBB. Dr. Plinio respondeu ao órgão episcopal com o mani fes to Respeitosa defesa em face de um comunicado da Veneranda Com.issão Central da Cor1/erência Nacional dos Bispos do Brasil - F'ilial convite ao diálogo. Nele mostrava que, golpeando a TFP em plena campanha contra o divórcio, a CNBB fe ri a o estandarte antidivorcista e aplainava o cami nho para a introdução do divórcio no País. O público leu e entendeu o teor d o manifes to da TFP. A CNBB sile nciou.

A ssoc iações co-irmãs d a T F P bras il e ira e a utô no mas co meçara m a se expa nd ir na América do Sul e na Euro pa. Em 1968, as di versas TFPs pro movera m abai xoass inado diri g ido a S.S . Paul o VI, pedindo medi das contra a infiltração comuni sta na Igrej a. Foram reco lhi das mai s de 2.000.000 de ass in aturas no B ras il , Argentin a, C hile e U rug uai. Em 1969, as T FPs empreendera m outra g rande campanha para denunciar a atuação do IDO-C e dos "gru pos proféticos", que visavam transformar inte ri o rme nte a Ig rej a de aco rd o com o c rité ri o marxista da desalienação, o u sej a, libertar-se de toda superioridade. E m 1982, Dr. Plinio escreve u a obra As CEBs... das quais muito se j a/a, pouco se conhece - A TFP as descreve como são, 11 em co laboração com do is me mbros da TFP, os irmãos G ustavo e L ui z Sérg io So limeo. O li vro mostra que ditas Comunidades de base fo rmavam redes de "célul as" a serviço de uma re vo lução oprada pela Teologia da Libertação, a qual vi sava implantar um regime de tipo cubano ou soviéti co. Largamente difundido pe las caravanas da TFP, o liv ro representou um fo rte go lpe contra essa manobra comuno- progress ista.

Em 1968, os diversos TFPs promoveram abaixoossinodo, com 2 milhões de assinaturas, dirigido a S.S. Paulo VI, pedindo medidos contra o infiltração comunista no Igreja

Em 198 1, após ser ele ito pres ide nte da Fra nça, o socia1ista Franço is Mitterrand tento u aplicar nova fó rmula de comuni sti zação: o socialismo autogesti o nári o . Trata va-se de manobra para impor nova fo rma de marxismo, ainda mais ousada, em seu processo históri co de reali zação . Co m esse intuito, o oc iali smo internac io na l ex pl o ra va a influ ê nc ia cul tura l universa l da França. O artifício contava com poderosas simpati as na esquerda católica. Dr. Plinio escreveu então a fa mosa mensagem in titul ada O socialisrno autogestionário: em vista do com.unismo, barreira ou cabeça de ponte?, 12 da qual fora m publicados 33,5 milhões de exe mplares e m órgãos da imprensa de 49 países. Mitte rra nd não teve co ndições de apli car seu progra ma de soc ia li smo autoges ti o ná ri o. Dessa mane ira, se meou o desconcerto entre seus seguidores e in stalou uma cri se no PS francês, a qual desde então não fez senão aumentar.

Últimos livl'os <lo i11compará1 1el lfrlel' e pe11sadol' católico Em 1987/88, o Bra il ass istiu angusti ado ao trabalho efetuado pe la Constituinte, que aca bou por ap rova r a Ca rta Mag na q ue r ege hoj e o País. Dr. Plinio redi g iu na ocas ião o livro "Proj eto de Constituição angustia o País ", 13 no qua l previu e denunc iou um conjunto de males, que hoje infe lizmente se abatera m sobre o B ras il. Em seu último livro - Nobreza e elites tradiOUTUBRO 2007

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correntes ideo lógicas que tanto o combatera m socialo-com uni sta e cató lica ele esquerda - atuaram para obter o amordaça mento da entidade por vias judiciárias, num processo ainda pendente ele julga mento no Superior Tribunal de Justi ça.

cionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Palriciado e à Nobreza romana 14 - , publicado em 1992, Dr. Plinio ap resentou mag istral comentári o sobre ensinamentos pontifícios a respei to cio papel ela nobreza e das genuín as e lites tradic io nais para guia e mode lo ele seus respectivos países.

"Mito TFP": apelo de OI: Pli11io pl'ese11te em IJOSSOS dias

O mito ela tl'ilogia tmdição, fümília e propriedade No desenrolar ele sua épica batalha dirigindo a TFP ao longo ele quase quatro décadas, Dr. Plínio visou . empre a concretização de seu plano originário: afastar cio Brasil a atuação deletéria sociali sta e comunista, que corró i a sociedade civil e se infiltrou na fgreja. Neutrnlizando essa ação, influiu para conduzir a Terra ele Santa Cru z a ser um gigante do sécul o XXI. Gigante pelo bom aprove itamento ele seus infindáveis recursos, mas que poderá sê-lo cada vez mais pela intensificação ela fé católica, apostólica e romana. Para atingir esse objetivo, e le falou ao Brasil com as palavras adeq uadas às circunstâncias, tanto na liderança ela Congregações Marianas e ela Ação Católica como da TFP. Ao longo de sete décadas de militância católica, encontrou respeito e admiração em incontáveis brasileiros, até mes mo entre muitos que não compartilham suas idéias. Em numerosos outros, encontrou uma receptividade análoga à de tantos congregados marianos que o elegeram como Iíder nos anos 30 e 40. Suscitou assim um fe nômeno muito mais amplo e imponderável do que é capaz uma simples entidade civil : o " mito TFP". Este ainda perdura nas mentes cios brasileiros, apesar das viciss itudes pelas quais a entidade vem passando nestes últimos anos. Nas fibras mais profundas da a lma desses inúmeros brasil eiros, o idea l exp li c itado pe la tdlogia tradição-família-propriedade tomou vicia própria, passou a ser uma categori a menta l, um estil o, um pólo de pensamento, uma possibilidade de futuro para cada brasil e iro. E essa possibilidade aparece como sendo cada vez menos rec usável, e m face cio desconcerto geral ocas ionado pe lo caos hod ie rno. Estrondos publi c itá ri os que teriam derrubado governos foram desfechados contra Dr. Plinio e sua obra. Não alca nçaram seu objeti vo. Após o seu falec imento e m 3 ele outubro ele 1995, as mesmas

CATOLICISMO

Dr. Plinio comentou no livro Nobreza e elites tradicionais análogas os ensinamentos pontifícios sobre o papel da nobreza e das elites como modelos para seus respectivos países

Paradoxo providencial: e nquanto a TFP el e Dr. Plínio era assim manietada, o " mito TFP" foi tomando uma dimensão insuspeitada. Para citar apenas dois exemplos: bastou um candidato à presidência ela República acenar para valores próximos a essa trilogia, na última campanha e lei tora l, que logo o sentimento geral o associou à TFP; e quando o atual prefeito ele São Paulo fechou duas casas ele má reputação, um freqüentado site de esquerda submeteu os le itores a uma enquete, perguntando em tom de. arcasmo se não fa ltava à Prefeitura "refundar a TFP - Tradição, Famí1ia, e Propriedade". E ntre outras opções, esta venceu com larga margem de votos. 15 A favor, contra, ou " mai s ou menos"; por simpaüa, antipatia o u pseudo-indiferença -- nos mai s variados ca mpos cio pensamento ou da atividade brasile ira, mes mo aq ue les em que normalmente a corre nte ele pensamento fund ada por Dr. Plinio não exerce influência, o " mi to TFP" passou a ser um pólo ele referência freqüente e quase necessário para qualquer um se definir. Dia após dia, o " mito TFP" ga nha novos patamares e reacende m-se su rpreendentemente lembranças de suas campan has, ele seus ímbolos e pronunci ame ntos. Exti nguir esse mito é algo tão impossíve l quanto ex trair um a parte ela mente ou cio cérebro de milhões de brasileiros. E esse " mito" não é, no f undo, senão a projeção ela fi gura de Plínio Corrêa ele O li veira. É o eco ele sua voz convidando - hoje como ontem - o Brasil a cu mprir s ua vocação histórica. Vocação essa que o com uno-progress ismo está e mpenhado mai s cio que nun ca e m desvirtuar.

90 a11os após F'átima e a Re11olução bolchevista Neste mês de outubro, cumpre m-se 90 anos ela Revolução bolchevista, que desencadeou em gran -

de esca la a expansão do comuni smo no mundo. C umpre m-se també m 90 anos da última apa rição ele Nossa Senhora aos três pastorinhos e m Fátima, onde Ela pediu que os Papas consagrasse m a Rú s ia ao se u Im ac ul ado Coração, segundo condições estabe lec idas po r E la. Caso contrário, essa nação espa lharia seus erros - isto é, o com uni smo - pelo mund o inteiro. Ped iu a ind a que os ho me ns cessa se m ele ofe nder a Nosso Senh or, e ac rescento u qu e, por fim , seu Imacu lado Coração triunfaria. Foi a i nela em outubro ele 19 l 7 que, para confirmar suas palavras, E la fez o so l g ira r milagrosame nte e ameaça r a Terra , ante 70.000 pe soas reunidas na Cova ela Iria. Foi-se cumprindo o que Nossa Senhora anu nc iou ... não fora m atendidos seus ped idos. E a Rússia, de fato, espa lhou seus erros por todo o orbe. No Bra il , tais erros infeccionaram muitos ambientes cató licos e todos o campos cio plano temporal: no indivídu , na família, na sociedade civil , na vida política, cul tural, etc.

O comtmismo ago11iza e a esqucnla católica não arl'asta fiéis E o antico muni smo? Os di scípulos autênticos ele Pli ni o rrêa ele Ol ive ira percorrem hoje um cam inho aná logo ao que trilhou seu mentor nos d ias obscuros cio se u ostracismo, nos anos 40 e 50. Certos, p r 111 , ele que sua mi ssão ele transf rmar o Bra il em gra nde potê nc ia católica há de se conc retiza r, pe la mi ericorcl iosa e triunfante intervenção ele No sa Senhora de Fátima . De outro lado, a queda cio Muro ele Berlim em 1989, e o clesvenclamento cio abismo ele miséri a materi al e m ral reinante nos países submetidos ao regime . ovi tico, estarreceu a humanidade e enfraqueceu a revo lução marx ista mundi al. Esta perdeu empuxo no Bra il e no mundo. E para o processo revolucionário mundial, a perda ele fo rça ele aceleração equiva le à . ua deterioração e posterior morte. No Brasil , o in significante PC cio B, incapaz ele impul ionar qua lquer tra nsformação revo luc ionári a de fundo , parece ter transferido a tarefa ao Partido dos Trabalhadores , nasc ido ela esquerda católica e bafejado por e la. Nesta hora c ruc ial, é notó ri o que o universo católi co brasile iro não faz causa comum co m o PT ne m com a esquerda ca tólica. As CEBs não têm

prese nça express iva no panorama brasileiro. Os

movimentos sociais do gênero MST e análogo , e mbora a mp a rados por organis mos li gado à CNBB , como a CPT e o CIMI, desanimam e perdem o rumo. O fracas ·o da Reforma Agrária socia1ista e co nfi scatóri a é patente, e m contraste com o êx ito cio agro negócio no Brasi l. Noventa ano depoi s ele Fátima e ela Revo lução bolchevista, talvez co mo nunca a utopia comuni sta aparenta dispor tanto das rédeas governamentais e m nosso País. Di sfa rçadas, no entanto, por meta morfoses e transformaçõe como, por exempl o, ocorre na Rú ss ia atua l subju gada por Putin e seus anti gos co mpanheiros da KGB. Mas quiçá também nunca o Brasil se desinteressou tanto dessa utop ia ma lsã. De outro lado, o " mito TFP" e a figura de Dr. Plínio c rescera m e m influênc ia. A Terra de Santa Cruz poderá a inda passar por mo mentos dificílim os. Mas a presença imponderável de Dr. Plínio e de seus autênticos discípulos nos permite confiar que as aspirações desse ho me m provide ncial realizar-se-ão em profunda consonânc ia com a promessa ele Nossa Senhora em Fátima: "Por fim, o ,neu Imaculado Cora-

ção triunfará!"

E-mai l do autor: lui sdufaur @catolicismo.com.br

Notas : 1. "Jo rnal de Minas•· (Be lo Hori zonte), 37-86. 2. CIA/IRSS, DDI/STAFFSTUDY. ESAU XXJI 1 - 63. "T'1e Si110-sovie1 S1rugg le in Cuba and t'1e La1i11 A111erica11 Co1111111111Ísl Moveme,11 ··. 1° novembro 1963 , hu p://www. fo ia .cia.gov /CPE/ES A U/esau-22 . pd f. 3. Pal estra pa ra sóc ios e cooperado res da TFP, em 2-7- 1988. 4. Artpress. São Paulo, 1998, 2' ed . 5. Pará fra se do sa lmo 68,9. 6. Cfr. Catolicismo nº 159. março 1964. 7. Plíni o Corrêa de Oli veira, Revolução e Conlra-Revolução, Artpress. 1998. p.166 ss. 8. C fr . Ca10/icismo nº 163. junho de 1964, e nº 170, feve reiro ele 1965. 9. Para uma visão co mpl eta elas ca mpanhas anti -agrorreformistas ele Dr. Plínio até 1988, recomendamos a le itu ra do livro Um l101ne111. uma obra. uma ges1a, Ediçõe Brasil de amanhã. São Paul o. 1988. 1O. C fr. Th e Commilled Chu rch a11d Cha11ge in Latin America, Refere nc e T it le: ESAU XLill/69 , IO-Sep-69, http:// www .fo ia.c ia.gov/C PE/ESAU/esa u-42.pdf, p. 19 e ss. 11 . Editora Vera Cruz, São Pau lo, 1982. 12. Ca10/icis1110 nº 373-374, j aneiro-fevere iro de 1982. 13. Carolicis1110, ed ição ex traordinária, outubro ele 1987. 14. Editora C ivi li zação . Porto, 1993, 327 p. 15. http://conversa-afiacla.ig.com.br/?cocls it=5 I&codparext=2053

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SANTOS E ANJOS

ExpoCatólica Catolicismo e Petrus Editora participaram de feira de publicações e artigos religiosos em agosto, na capital paulista

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1 H ELVÉCIO ALVES

atolicismo parti cipou da 5" edi ção da Exp0Ca1ólica, rea li zada na capital pauli sta no ExpoCenler Norte, de 16 a 19 de agosto. Co nsid erad a a prin c ipal feira da Am érica L atin a de publicações e arti gos

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reli giosos, a Exp0Ca1ólica atin giu neste ano recorde de públi co. 34.000 pessoas - na totali dade ca tólicos, com marcante presença de reli giosos - passaram pela feira, que contou co m 150 ex pos itores . O s propaga ndi stas de Catolicismo receberam em seu estande inúmera s v isitas de pessoas interessadas em adqui rir a rev ista ou fazer ass in atura, ass im co mo co mprar livros publi cados pela

Petrus Editora. A título de amostragem, segue uma das repercussões, narrad a por um dos propagandi stas: Um sacerd ote aproximou-se, di zendo que j á co nhec ia a revi sta Catolicismo e desej ava fazer uma ass in atura. - Quero assina,; porque esta, sim, é uma revista ccllólica que /em conteúdo. A maioria das oulras que eu conheço é puro "enchirnenlo de lingüiça", ou 1nelho1; revis/a lipo "ernpada-vazia". Enqu anto o sacerd ote fazia sua ass inatura, aprox imou-se um j ovem tendo na mão um dos li vros ex postos, e lhe perguntou:

- Padre, este seria um born livro que me aconselharia a comprar? - Ncio conheço esse li vro, mas se eslá aqui nesle eslande, é ótimo. Você pode comprá- lo de olhos f echados, que não se arrependerá. •

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JL ,US CRISTO

Na Capital Federal: 26ª Feira do Livro atolicismo também participou da 26" f eira do Livro de Brasília, entre os dias 3 1 ele agosto e 9 de setembro. Na ocas ião, di vul go u especialmente a ed ição ele setembro da revista , cuj a matéri a ele capa abo rda a preoc upa nte questão Quilombo/a.

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São João de Capistrano Intrépido pregador e cruzado G rande propulsor da vitória cristã sobre os maometanos em Belgrado, pacificou contendas, operou inúmeros milagres e foi inquisidor contra a seita herética dos Fraticelli m PuN 10

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Ruínas de um castelo próximo a Capistrano, cidade onde nasceu o Santo

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M ARIA SouMEO

oão nasce u no ano de 1385 em Capi strano, peque na cidade dos Abru zos no re in o d e N ápo les. Seu pai era um fid a lgo angev ino que ti nha ido para a reg ião na comi tiva do duque ele Anj ou, e lá se hav ia fi xado. Nada e sa be ela infância e adolescência de João, a não ser que estudou humani dades e m sua terra natal, indo depo is para Perúsia estudar direito civil e ca nôni co. Doutorou-se nestes com sucesso. Ass inalo u-se ta nto, por sua ho nestidade e pru dê nc ia e por seus costumes puros, que lhe fo i oferec ido um posto na magistratura na própria Perú sia. N aque les fe li zes tempos, ao contrári o ele hoje, a virtude era premi ada. Um dos princ ipa is pe rsona-

gens el a c idade lhe ofereceu a mão ele sua filh a úni ca. O que mais poderi a desej ar João? Tudo para e le eram fl ores e lo uvo res . M as essa fe li c idade sem nu vens não d urari a mui to, po is a Di vin a Prov idência tinha a ltos des ígnios em re lação ao jovem juri sta. Nesse tempo a orgulhosa Perúsia levantou-se em armas contra o rei Ladislau, ela Sicília. Na batalha que se seguiu , os pe ru ·inos fora m vitori osos. João, que tentara ser moderador entre as duas forças, teve sua atitude mal interpretada - fo i ac usado de fa vorecer o partido de Ladislau e de estar em comunicação com o exérc ito inimigo. Is o bastou para pô-lo no cárcere. Defendeuse brilhantemente, mas os homens eram surdos aos eus argumentos. Ele esperava que o rei Ladi slau se interessasse por sua sorte; ou que o fi zesse algum

dos mag istrados de Perú sia, que tão devotados tinham se mostrado antes. Mas ninguém se interessou por e le, que fi cou esquecido na pri são. Para ele, era a hora da Providência. N as longas e mo nótonas horas de recolhimento fo rçado, João começou a considerar a inconstânc ia da a mizade hum ana, o fa lac ioso das g lóri as deste mundo, e como não se podi a fi ar senão em Deus. A graça começou a trabalhar sua a lma. Aos poucos começou a pensar e m e ntregar-se a Deus. E De us sec und ava seus pl anos: nesse te mpo fa leceu sua jove m esposa, co m quem não ti vera filhos. Esse fa to dete rminou-o a romper radica l e totalme nte co m o mundo. Por sua orde m, seus bens fo ram vendidos e seu resgate pago, sendo ele posto em li berdade. Liquido u uas d ívidas e doou o resto de sua boa fo rtuna aos pobres . Diri giu-se depo is ao convento franciscano do Mo nte, perto de Perús ia, da estrita observânc ia, e pediu admi ssão. Tinha e le 30 anos de idade.

l/wni/J,ações para formal' um santo João vinha precedido da sua boa fa ma no mundo. O mestre de nov iços qui en tão experimentar sua vocação por me io das humilhações. Para começa r, fê-lo de fi lar pela c idade onde an tes triun fara, mo ntado num burri co, vesti do com um ve lho hábi to, tendo na cabeça uma mi tra ele pape l na qua l estavam e cri tos alguns pecados. Supo rtou co m espíri to sob re natura l não só essa hum ilhação, mas todas que De us Nos. o Senhor permitiu que sofre. se, a fim de fazê- lo ca minhar mais rapid amente no caminho da perfe ição. Por duas vezes fo i expulso do convento co mo in apto para a vida relig iosa, e po r duas vezes fo i readmitido. E nfim , r z a I rofi ssão reli g iosa e fo i orde nado sacerdote. Para ·ontrolar seus impul sos ardentes sua natureza viva, entregou-se com empenho à morti ficação, fl agelando-se du ra m nte, reduzindo as horas de sono para três por noite e alimentando-se uma

só vez por dia. Rezava diariamente inúmeras preces, entre elas o Ofíc io ele Nossa Senhora, o Ofício dos Mortos, os Sete Sa lmos Peni tenciais. Dedi cava-se com empenho à meditação das verdades eternas e à leitura espiritual. Durante a celebração do santo sacrifício da Mi ssa, chamava atenção sua profunda piedade. João de Capi stra no, co mo fi cou seu no me depo is da profissão relig iosa, fo i des ignado para traba lhar nos hospi ta is ela cidade e para a pregação.

Devoto de Nossa Se11hom e p1·odigioso /Jregaclor Os santos se atrae m entre si, ass im co mo aco ntece co m os ma us. Estreita amizade logo uniu Fre i João co m São Bernardino de Siena, cio qual se fez di scípul o. E quando se levantou uma ca mpanha de ca lúni as contra o mestre - por causa da reforma da Orde m, que levava a efeito, e da propagação da devoção ao no me de Jesus, que e mpreend ia - João de Capi stra no fo i a Ro ma defe ndê- lo di ante do Papa e da Corte ro mana. Fo i tal o brilho com que o fez, chamando sobre si a atenção da Santa Sé, que esta passou então a empregá- lo e m vári as missões di fíceis, tornando- lhe im possível entregar-se à vida retirada e conte mpl ativa que pretendi a. F re i João mante ve ta mbé m profunda a mi zade em relação a São Lourenço Justini ano, outro reform ador. Sua devoção para com a Virgem Mari a era terna e profunda. Quando pregava sobre Ela, o audi tório chorava de emoção. Certo di a em que aludiu num sermão às palavras do Apocalipse signum magnum apparuit in coelo (um sinal admirável apareceu no céu), os assistentes puderam contemplar brilhante estrela que apareceu sobre o auditório, lançando raios sobre a face do pregador. Em outra ocasião, fez parar no ar a chuva que prejudicava seu sermão e silenciarem os passarinhos que chilreavam mui to forte. Com ele repetiuse o milagre ocorrido com alguns out.ros santos: negando-se um barqueiro a

levá- lo à outra margem do rio Pó, atravessou-o a pé enxuto sobre seu manto, que lhe serviu ele barco. No fim de um sermão sobre as vaidades e perigos do mundo, em Áquila, as mulheres da cidade trouxeram seus ornamentos e os queimaram em grande fog ue ira na praça pública. O mesmo sucedeu em vários outros lugares. E m Praga, depois ele um sermão que fez sobre o Juízo Final, mais de cem jovens abraçaram a vida re ligiosa. Na Moravia, converteu quatro mil huss itas e deixou um li vro no qual refutava ponto por ponto a doutrina dessa seita herética. Também converteu bom número ele judeus.

l11quisido1; diplomata e ,·cl'ormaclor No fin a l do século XTH, surg ira na co marca ele An cona, na Jtá li a, um a se ita re li g iosa muito pe rni c iosa ele mo nges vaga bund os , qu ase to d os apóstatas, com o nome ele Fraticelli, que escandali zav am a Igrej a e a C ri standade. Apesar de condenada vári as vezes a seita, restos de la a inda ex istiam na Itália no tempo do santo. O papa Eugêni o LV nomeou então Frei João ele Capi stra no inquisido r co ntra a seita, para ex terminá- la de vez. Ele agiu com decisão e sucesso, logrando li vrar a Itáli a do fl agelo e confirmando que faz parte ela caridade combater o ma l. O pa pa Eugê ni o [V no meo u-o se u núnc io na S ic íli a e e nvi ado espec ial no Conc ílio de F lorença, para proc ura r estabe lecer a união entre gregos e latinos. Envi ou-o depois para afastar os duques de Bo lo nha e Mil ão de sua adesão ao antipapa Féli x V. Em mi ssão jun to ao re i da França, Carl os VII, dese mpenhou-se também F re i João a conte nto do Papa. Os sucessores do Po ntífice continuaram a servir-se dos bons ofíc ios do santo, que desse modo tornou-se enviado apostólico na Alemanh a, Boê mi a, Ca ríntia, Saxôni a, Morávi a, Polôni a e Hun gri a. Frei João de Capi stra no tinha uma graça parti cul ar para reco ncili ar inimi gos. Apaz ig uo u um a sedi ção e m Riete, ressusc itando um ho me m que

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tinha tido a cabeça partida em dois durante o tumulto . Reco nc ili o u também a c id ade de Áq uil a co m Afonso de Aragão, e vári as famíli as divididas entre si. Contrário a toda fo rm a de re laxamento, ao mes mo tempo trabalhava para a reforma de sua Ordem , da qual foi Geral duas vezes, vendo-se fl o rescer a disciplina e o fervor em todos os conventos por onde e le passava.

Na Batalha <lc Bclgra<lo, sa/,ra a Cl'istan<la<lc Pode-se dizer que a g rande mi ssão da vida de São .João Cap istrano foi a luta contra o te mível Maomé II. Este su ltão, te ndo se apoderado de Constanti nop la no ano de 1453, hav ia jurado hastear o estandarte otomano no Cap itó li o, de Roma , ameaçando ass im toda a C ri sta nd ade. Era necessá ri a um a reação imed iata e eficaz. O Papa Nicolau V convoco u e ntão um a C ru zada e nomeou São João de Cap istrano se u pregador e chefe re li g ioso. Por suas exortações cheias de fogo, animou os presentes a pegarem as armas contra os turcos, que ameaçavam o nome cri stão. Essa guerra, entretanto, foi ad iada dev i-

CATOLICISMO

do à morte do Papa Nicolau V. Subindo ao trono pontifíci o, Ca li xto TTI fez voto de empregar todas suas forças e até a última gota de seu sa ngue nessa guerra. Co mo todo ve rdade iro santo, João de Capistrano era também um combatente. Em 1455 , participou da Dieta que se rea li zava em Neustadt. Co m o fervor de suas pregações e dom de persuasão, conseguiu e le reunir um exército de quarenta mil homens, entre franceses, italianos, a lemães, boêmios, poloneses e húngaros. C hefiados por Lad islau, rei da Hungria, João Uniade, senhor da Transi lvânia, e George, príncipe da Rússia, tiveram que en frentar o exérc ito muito maior e mais bem armado dos muçulmanos, que cercava Belgrado. Co nta-se que, quando estava a cam inho de Belgrado, o santo fo i a le rtado por uma flecha caída do cé u, que revelava a vitória cristã. . O Céu queria aq ue la guerra santa. Nessa flecha estava escrito: "Nc7o lernas; 11·iw1farás sobre os lurcos pela virtude de meu Norne e da sc111 1a cruz, que tu portas ". Armado ass im com a cruz, João de Ca pi stra no a nimava a todos, aparecendo nos lugares e m que os cristãos pareciam fraquejar, ani-

mando-os em nome de Jesus Cristo. O exército cri stão, tomado por um fe rvor sobrenatural , avançou irres istive lmente contra as linhas islâmi cas, rompendo o cerco. Foi ta l o ímpeto, que o próprio Maomé fo i ferido, e seu exército desbaratado . A C ri standade estava salva. Diz-se que na batalha morrera m mai s de 40 mil turcos, sendo relativamente pequenas as perdas dos cristãos . Apesar de São João de Cap istrano estar sem pre no loca l mai s perigoso da bata lh a, não sofre u o mai leve arra nhão, o que fo i considerado como fato milagroso. Toda a C ri standade reconheceu que a vitória fora conced ida pe lo Céu, devido às orações e ação de prese nça do sa nto. Apenas três meses depois da vitória e le fa lec ia, em 1456, na Hungria, aos 71 anos de idade. Seu co rpo, que se livrara da barbárie dos turcos, foi vítima da impiedade dos luteranos. Esses ini migos da verdadeira fé, tomando a cidade, desente rraram seus restos mortais e os lan çaram no r io Danúbi o. Fe li zmente os cató li cos os reencontraram e leva ram para EIloc, perto de Viena, onde até hoje são venerados pelos fiéis , enquan to aguardam o dia da ressurreição final. • E- mai l cio autor: pm sol im eo@ca1 ol ic is1110.co m.br

Um simples decreto (4887/03) do presidente Lula rasga milhares de escrituras, no campo e na cidade. O legítimo proprietário lesado só pode discutir as benfeitorias. Ou seja, um confisco!

E você, como fica diante do problema? Se sua FAZENDA ou sua CASA for definida como área quilombo/a, como aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, em Porto Alegre e em São Mateus (ES), o que fará?

Obras consultadas: - L es Petil s Bo l lancli s1es, Vies des Sai/lls , Bloucl el Barrai , Pari s, 1882. 101110 12, pp. 564 e ss . - Pe. Joã o C ro isset S ..I ., Aiio Crisria110, Salu rnin o Cal leja, Maclricl , 190 1, tomo I V, pp. 260 e ss . - Pe. Pedro el e Ribacl e ne ir a, F/0 .1· Sa11 c ror11111. in Dr . Edua r do M . V i )arra sa, La Leye 11da d e O ro , L. Gon zález Y Cotnpaiíía - Editores, Ba rcelona, 1897. 101110 IV, pp. 180 e ss. - Pe. Simo n Martin. \fies des Sai11r s, l 111pri111 cri c de Madame Laguerre, Barle- Du c, 185 9, 101110 111 , 1417 e ss .

Encomende hoje mesmo o livro "A revolução quilombo/a". Depois do "cotismo", o "quilombismo!" O "cotismo" estabeleceu vagas universitárias obrigatórias para negros. Agora, o governo Lula lança um novo elemento de confusão no Brasil: o "quilombismo", que pretende tirar terras dos legítimos proprietários, e criar nelas fazendas coletivas de quilombo/as, controladas pelo Incra. E isso atinge o campo e a cidade.

Petrus Editora Ltda. Rua Javaés, 707 - Bairro Bom Retiro - São Paulo-SP- CEP 01130-010 Fone (11) 3331-4522 - Fax (11) 3331-5631 E-mail: petrus@livrariapetrus.com.br Visite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br


A alma brasileira Jil GREGÓRIO V IVANCO LO PES

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ale largamente a pena ! A ex posição "A leijadinho e seu tempo: Fé, Engenho e Arte" bem 11e rece. ser vi sta. Agrado u-me muito essa mostra da arte do Brasil autênti co. Apresentada no Rio e depo is em São Paulo, no Centro C ul tural do Banco do B rasil, ex põe obras do barroco mine iro ao som das músicas de e ntão. Logo na e ntrada, depare i-me com réplicas dos fa mosos profetas de Congonhas do Campo e uma comovente representação do C risto morto, a lembrar-nos po r seus padecime ntos que podere mos obter mi seri córdia. Di z bem o fo lheto ex plicati vo di stribuído aos vi sitantes : "A lei:}adinho é o retrato de um. Brasil devoto; um pais esculpido por seu povo".

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Tal é a vari edade de peças em exposição, que se hesita por onde co meçar: pelo m agnífico exemplar de São José de Botas, forte, maj estoso, com seu caj ado fl orido; por Nossa Senhora das Dores, com seu coração imacul ado atravessado por espadas de dor; pe los piedosos oratórios, que se sucedem em diversos fo rmatos e tamanhos. A sociedade temporal é igualme nte representada na exposição, pois se trata de uma época e m que a Reli gião não se separava da vida, a Igreja não se separava da sociedade, os homens não se separavam de Deus. A extração do ouro é lembrada em qu adros e também por peque nos lingotes do p recioso meta l, como aind a por numerosas moedas, dobrões, escudos, tão mais autê nticos e prestigiosos do que o nosso indigente papel-moeda, nossos frios cartões de crédito, nossas anônimas transferências on-line. Um ponto alto são as grandes fotografi as. Perfeitamente nítidas, num contraste claro-escuro de prime ira qu alid ade, e las mostra m peregrin ações aos santuári os mine iros, fes tas re li giosas, procissões e outras manifes tações de piedade, em que

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CATOLICISMO

Comovente representação do Cristo morto. Por seus padecimentos poderemos obter misericórdia.

salta aos o lhos o es pírito de fé. Para não fa lar da moralidade dos trajes, pois se trata das prime iras décadas do séc ul o XX, em que todas as mulheres aparecem com vestidos abaixo dos j oelhos, e os homens de pa letó e gravata. Mui to express iva é a maq uete da igreja de São Franc isco de As is, e m O uro Preto, com sua fachada ori ginalíssima, e ntre li sa e arredond ada. A nota de fund o - não expressa, mas imponderavelme nte presente em todas aque las esp lê ndi das obras - é a fu são do gêni o brasile iro com a catolicidade, fo rmand o uma só arte (autentica me nte bras ileira e profund amente católi ca), um só povo, um a só alma . *

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* Na entrada, réplica de um dos famosos profetas de Congonhas do Campo

Razão tinha - e quanta! - o soc iólogo Gilberto Freyre, qu ando escreveu em Casa-Grande & Senzala: "Essa solidariedade [religiosa] manteve-se entre nós

esplendidamente através de toda a nossa fo nnação colonial [... ], daí ser tão difícil, na verdade, separar o brasileiro do católico: o catolicisrnofoi realmente o cim.ento da nossa unidade". Houve depoi o fu ror laicista, que arrancou vio lentam ente da vida públiALEIJADINHo ca, da arte, da educação, dos costuE SEU TEMPO mes, a catolicidade. O resultado é um ,....._, B ras il que perdeu sua alma, sua auFé, engenho e arte tenticid ade, perde u seu gêni o. Ex iste retorno nesse trágico des~4 As vio trilhado pela naciona lidade? A re posta, para mim é clara: a Deus nada é impossível; sobretudo se, na per pectiva da M ensage m de Fátima, recorrermos à in terces ão da Virgem Santíssima. E u bem sei que algum cético, entre ri sos e mu xoxos, poderá me dizer : Q ual.. .! sua espera nça é vã. Não vê que a própria Igrej a pós-Vatica no II, trabalh ada pela autode mo li ção, não tem em vi sta recatoli cizar o Brasil! ? A ele respondo com o Prof. Plin io Corrêa de Oliveira: "Os céticos poderão sorrir, mas o sorriso dos céticos jamais conseguiu deter a marcha vitoriosa dos que têm Fé". •

Nossa Senhora das Dores, com seu coração imaculado atravessado por espadas de dor

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Grandes fotografias mostram peregrinações aos santuários mineiros

São José de Botas, forte, majestoso, com seu cajado florido

E-mail do autor: gregori o@catolicismo.com.br

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Sol, em Rora ima, cios plantadores ele ar- a G uia na. É de notar q ue prati ca mente

Espantoso N uma inusitada interferência em assuntos internos do Brasil, a ONU exige do governo que retire, com urgência, os não-índios da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, na fronteira com a Venezuela □· CID A LENCASTRO

:l ncontrei por acaso meu ex-colega Go rjão. De vez e m qu a ndo isso :J acontece, e me faz le mb ra r algumas di sc ussões ac irrad as qu e tivemos quando estudantes. Não vale a pena declinar aqui o nome inteiro de le, ma dou o traço mais ma.rcante de sua psicologia: gosta de apresentarse co mo esquerdi sta radi ca l. Qu ando o Partido Co muni sta Bras ileiro mudou de nome, ele passo u para o PC do B. Depois, achou essa ag remi ação insufic ientemente radical e aninhou-se no PT. Atu almente professa uma ecologia de po nta, como o ex-frei Boff. A única coisa que nele nunca vari ou fo i sua admiração incondicio na l pelos padres da Teologia da Libertação.

Sempre o trate i com c ivilidade. Assim , ao encontrá- lo na rua, fui logo di zendo, após os c umprime ntos de estilo . - Você viu , Go1jão? Há uma potê ncia internac iona l quere ndo impor ao B rasiI suas dec isões ... Antes que eu completasse minha frase, e le se to mou de brios e de cólera, e co meçou a voc iferar com um ardor que chamou a atenção até dos passa ntes, intrigados com tanta fú ri a: - M as é c laro ! Os Estados Unidos são ass im mes mo. Impe ri a li stas até a medul a do ossos . Esse Bush dev ia ser enfo rcado e m praça pública. Foram em vão meus esforços para in te rromper tal tempestade verba l e expli car meu pensamento. E le continuou a voc ifera r co m ímpeto tota l, ainda por algum

tempo. Quando afin al o fu racão amainou, pude prosseguir. - N ão, Go1jão. Você se engana. Quem está querendo impor ao Brasil suas dec isões não ão os Estados U nidos, é a ONU. Nunca vi, na minha j á longa vida, produ z ir-se de modo in sta ntâneo um a tão grande transform ação psico lóg ica co mo a que ocorreu e ntão co m o Go1jão. C heio de si, agress ivo e co lérico minutos antes, fi cou de repe nte pá lido, desco ncertado, inseguro; sua voz passou de toni truante a tímida e clulçurosa: - M as o q ue fez a ONU?!

Fatos que Gol'jão desconhecia E u então lhe contei que a ONU está ex ig indo do governo brasile iro a "retirada urgente" 1 da reserva Raposa Se rra do

roz que ali têm suas faze ndas; ex plique i q ue e les beneficiam enormemente a economi a daq ue le estado, a lé m ele gerar e mpregos para muitos índios. A cri ação ele sa reserva, fe ita sob os auspíc ios ela esquerda ca!ôlica, co ntinu a a ser maté ri a altam ente po lê mi ca. Foi levada a ca bo contra os interesses ela popul ação ele Rora ima e incl ui os municípios ele Pacarai ma e Uiramutã. Grande parte dos índ ios també m se opôs a essa medida. Na ocasião, os índios e os riz icultores co ntrários à demarcação ela reserva e m área contínua promoveram protestos, interceptaram estradas e chegaram a tomar corno re fé ns a lgun s padres. E les desejavam, 1 ara o bem lo estado e ele seus empregos, qu e fossem excl uídas da chamada "!erra indígena " as áreas produtivas, as estradas, as vil as, as sedes munic ipai s e as áreas ele expansão. Nada ma is natural! Houve di sc ursos c m Brasília cios senadores e deputados de Rora ima, e até o governador cio estado !'o i contra a de marcação contín ua. De nada adiantou . O governo federa l fo i infkxív l, o pr 'sidcntc Lula homologou a rese rva cm abril de 2005. São 1,7 milh ã d hcclar s, qu e faze m fronteira com a Ve nezue la d ' l lugo C hávcz e co m

metade cio Estado ele Roraim a está tomaela por reservas indígenas . O prob lema não ficou resolvid o. Os propri etári os das faze ndas, com gra nde apoio ela popul ação do estado, inclu sive ele boa parte cios índ ios, não e mi grou. A luta judicia l e os jogos ele infl uência prosseguem. O pres idente Lul a não ousou, até o momento, e mpregar o exérc ito para expul sar os arroze iros e do bra r os índ ios reca lc itra ntes . Ta lvez Le nh a pesado nessa dec isão a lembra nça de Canu los , em que toda uma pop ulação católi ca e monarqui sta res istiu brava mente aos so ldados. Não obsta nte, as pressões govern amenta is pe la saída do. não- índ ios continuam.

ONU au·opcla a soberania As coisas estava m nesse pé, quando o chamado Conse lho Ind ígena ele Rora im a (CIR) recorreu à ONU , com o fim ele obter a ex pul são cios não-índ ios ela reserva homologada por Lul a. Fo i então que a O NU dec idiu "exigir " - não ped ir, mas ex ig ir - que o governo brasi leiro promova a retirada cios não-índios, e o faça "com urgência ". Uma verclacle ira interve nção e m ass untos internos bras il eiros! U 111 atropelo ~1 sobera nia nacional. Quem é a ONU, para se intro meter dessa mane ira em nossos problemas? Rolx:rlo ll:1rro-.u/A llr

Sede do ONU, em Novo York

E o pi or é que o governo brasile iro rec lamou apenas cio fa to de a ONU ter considerado "urgente" a ação, e não protesto u co ntra a absurda intervenção e m ass untos internos cio B ras il. O ra, saber se é urgente o u não, é um a questão secundária no caso. O grave é a interve nção ela O NU ex ig indo cio Bras il que tome determin ada atitude numa questão nac ional. Depo is dessa indevida intromissão da O NU, o governo ameaçou utili zar a Políc ia Federa l para retirar os não-índi os e en frentar os índi os li gados à Sociedade

dos Índios Unidos do Norte de Roraima, so lidári os com os a.rrozeiros .2

Espantosa hiJJÓtese de Gol'jão Go1j ão - que ouviu toda essa ex pli cação lívid o e imóve l, quase se diria nocauteado - aco rdou por fim ele seu letargo, e num a te ntativa canhestra ele defender a ONU, exclamou: - Certamente não é intervenção, eleve ter havi do uma combinação prévia com o governo brasil eiro ... A ONU não fari a isso sozinh a ... - Eu não tinha pe nsado ni sso , Gorj ão, mas se sua hipótese fo r verdade ira, o fa to é espantoso ! Como é que o governo bras il e iro, ac ha ndo-se fraco para impor um a medid a arbitrári a e m Roraim a, va i pactuar com a ONU um a inte rve nção aqui dentro, pa ra fac ilitar um a to mada el e atitude trucul e nta contra os nãoíncli os? Aí é que Go1jão fi cou mes mo atordoado ! - Não, não .. . e u não qui s di zer isso ... eu me exprimi mal... desculpe ... mudemos ele ass unto ... Eu não tinha ne nhuma intenção ele atazanar o pobre Go1jão. De modo que aceite i logo a sugestão de le e mudei ele assun to. Fa lamos um tanto ele chuva e bom te mpo, e nos despedimos pouco depo is co m urbanid ade. Porém, a hipótese de le fi cou girando na minha cabeça ainda por a lgum tempo. Mas não, não pode ser. .. É espantoso demais para ser verdade. • E-mail do aul or: cidalencas1ro @cato li cismo com br

Notas:

1. " O Es1aclo de S. Paul o", 18-8-07 2. " Folha de S. Pa ul o", 28-8-07

CATOLICISMO

OUTUBRO 2007 - -


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São Benedito, o Preto, Conl'essor

Santos márLires franciscanos de Ceuta

+ Pal ermo, J589. Escravo li -

+ África, séc. XIIJ. Daniel, Sa-

berto, foi primeiro eremita e depo is irm ão le igo no conve nto fran c iscano de Palermo. Era tal s ua sa ntid ade, que foi e le ito Superior e depois Mestre de Nov iços, apesar ele ser o cozinhe iro e não saber ler ne m escrever.

muel, Ângelo, Leão, Nicolau e Hugolino, sacerdotes, e Dono, irmão leigo, foram a Ceuta pregar o Evangelho. Tendo refutado os erros de Mafoma, fora m aprisionados e cobertos ele opró- • brios e aço ites, antes ele receberem o martíri o pela es pada.

Santa Tcresinha do Menino ,Jesus, Virgem

Primeira sexta-feira do mês

+ Lisieux (França), 1897. A gran-

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de santa de nossos tempos entrou no Carmelo aos J5 anos. Desejando possuir todas as vocações para nelas glorificar a Deus, enconlTou no amor, conforme di z, a solução para seu problema. Sua doutrina espiritlial da " peq uena via" abriu as portas da perfeição para inúmeras almas. Foi declarada Doutora da Igreja.

Santa Fé, Vit'gem e MárLi,· + França , séc. III. Sofreu o

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SanLos Anjos da Guarda "Oh! Quão grande é a dignidade das almas para que Deus, desde nosso nascim.en.to, tenha comissionado a guarda de cada um. de nós a um de seus a11jos!" (São Jerônimo)

3 São Francisco de Borja, Confessor + Roma, 1572. Vice-Rei da Catalunha e Duque ele Gandia, renunciou às vaidades do mundo ao ver o cadáver em decomposição ela outrora belíssima rai nha Isabel. Enviu va ndo aos 40 anos, ingressou na Companhia de Jesus, ela qual fo i Superior Geral.

4 São Prancisco de Assis, Confessor + Assis (Itáli a), 1226. O Poverello ele Assis amo u tão apa ixonadamente o Salvador, que adquiriu seus estigmas e até uma se me lh a nça física com E le. Com São Domingos, fo i uma elas colunas da Igreja em seu tempo, renovando com seus heró icos exemplos os costumes, já tão decaídos naq uela época.

martírio em Agen, na França. Seu culto adquiriu muita popularidade quando um monge levou suas re líqui as para Conques, que fi cava no rote iro elas peregrinações a Composte la.

Primeiro sábado do mês

Nossa Senhora do Rosário Festa instituída por São Pio V e m ação ele graças pe la vitória obtid a e m Lepanto co ntra os maometanos, em 1571, atribuída à rec itação cio rosá ri o.

8 São Demétrio, MárLir + Ásia Me nor, séc. III. " Procônsu.l romano que, depois de converter muitos à f é de Cristo, foi trespassado de lanças por ordem do Impera.dor Max imiano" (ci o M a rtirol ógi o Ro mano).

9 Patriarca Abraão + Palestina, séc. XIX a.C. "Esperando contra toda esperança, obedeceu a Deus que o mandara deixar seu país, e mais tarde a sacrificar seu.filho Isaac, único he rde iro da p oste ridade prometida.. Te ve f é em Deus, que o declarou justo, e ele se tornou o pai de uma multidão de crentes" (do M artiro lóg io Ro mano - Monás tico) .

11 Santa Soledade Torres, Virgem + Espanha, 1887. Filha de peque nos comerciantes, começou a aj ucla r o sacerdote Mi g ue l Martínez na guarda cios doentes, e com ele fund ou as re ligiosas Servas ele Maria.

12 Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil

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pl ena mente sati sfeito nos mui tos trabalhos e doenças que suportou. Por seus admirávei s esc ritos, foi declarada Doutora ela l grej a.

uma e nferme ira capaz, inte li gente e pacie nte.

16

+ Ásia Menor, séc. TV. "Celebrado por seu discernimento; segundo ele, 'não havia nada mais d/flcil do que a oração, pois não há esforços que os demônios não fa çam para interromper este poderoso meio de os desarmar"' (do Martirol óg io Rom a no Monástico) .

Santa Margarida Maria J\lacoque, Virgem + Pa ray - lc - Mo ni a l (França), l690 . Re li g iosa vis ita ndin a, entregou- e desde cedo à conte mpl ação ela Pa ixão cio Redentor, recebendo ele Nosso Senhor Jes us ri sto a mensagem sobre a devoção ao Sagrado Coração e a incumbência de difundi-la pe lo mundo inte iro.

21 Santo Agatão Anacoreta, Confessor

22 São Donato, Bispo e Confessor

17

+ Itália, 875. Monge irlandês em

SanLo Inácio ele Antioquia, Bispo e MárLir + Séc. 11. Discípu lo cios Após-

peregrinação a Roma, passando por Fiésole foi aclamado bispo pelo povo da di ocese vacante. Foi pastor dessa região da Toscana durante 48 anos.

tolos e sue s~or ele São Pedro na Sé ele Anli oqui a. Com São Policarpo, foi o mais ilustre cios Padres Apostó lieos . Conduzido a Roma, fo i d ·vorado pe las feras no o li s ·u.

IH

23 São ,João de Capistrano, Confessor

cerdote Rogaciano, que para a gló ria do nosso tempo vos aponta o caminho pela valentia de sua fé"' (do Martirológio Romano Monástico).

27 São Gonçalo ele Lagos, Conl'essor + Portugal, 1422. Agos tiniano, notáve l por sua vida de jejum e pe nitência, recusou o título de doutor e o utras di stinções .

28 Santos Simão e ,Judas Tadeu, Apóstolos + Séc. I. São Jud as Tadeu era irmão de São Tiago Meno r, fi lhos de C leofas e Mari a, primos de Nosso Se nh or. Pregou o Evangelho na Judéia, Samaria, Síria e Mesopotâmia. São Sim ão, cogno min ado Cananeu, ou Zelador, era o ri g inári o da Galilé ia. Supõe-se que tenha pregado na Mauritâni a e outras regiões da África, diri gindo-se depoi s ao Oriente.

24

São Zenóbio, Mártir

+ França, 909. Conde ele Auril-

+ Séc. 1. M di co de Antioquia eo nv ·ri id o por S ã o Pa ul o, acompa nho u-o ·m vá rias viagens. /\ulor do 3° · vangelho e dos Atos dos /\ 1,óstolos.

Santo Antônio Maria Claret, Bispo e Confessor

+ Ásia Menor, séc. IV. Médi-

Iac, fundou em seu condado uma céle bre abadia, que se tornou parada obrigatória para os peregrinos a Compostela.

H)

São Justo, Bispo e Confessor + Egito, 382. " Bispo de Lião,

+ Arenas (lispan ha) , I 562. Foi

que defendeu a f é de Ni céia antes de se retirar para a Tebaida com São Via.tor, leitor de sua ig reja. Ambos morreram com intervalo de poucos meses, e seus corpos foram levados mais tarde de volta para Lião" (do Martiro lóg io Ro ma no Monástico).

admir/lv •I por suas mortificações p ·nil "nc ias. Re formad or dos franci s ·anos da Espa nh a, auxiliou · in e nt ivo u a nta Teresa na re form a do Ca rme lo, medi ant · conse lhos.

15 Santa Teresa de Ávila, Virgem, Reformadora + Alba (Espanha), I 582. Alma arde nte e e né rg ica, com São João da C ru z e mpreendeu a reforma do anne lo. "Soji·e r ou morrer ", foi o desejo que viu

20 Santa M:u·ia Bcrtila Boscrn·clin, Virgem + Trev iso ( ll á li a), 1922 . De humilde ori g ·m, · ntrou no Instituto de Sanla I oroté ia, onde sua rude aparênc ia levou a superi ora a colocá-la na cozinha. Tendo que ajudar na en for maria das crianças duranl e uma cri se de difte ria , mos trou-se

• Pedindo a Nossa Senhora Aparecido, Rainha e Padroeira do Bra sil , cuja festa se comemora neste mês, que aumente o fervor religioso de seu povo . Que o torne forte e resoluto no com bate a todo tipo de corrupção, sobretud o a corrupção mora l que tanto enfraq uece os a lmas, deixando as fa mílias vulneráveis à imora lidade.

29

São l ,ucm,, I•:vangclista

São Pccll'o <lc Alcft ntara, Pat.1'0110 <lo Bl'asil

Será ce lebra da pe lo Rev mo. Podre Dav id Fran c isq u i ni , nas se gu intes inten ções :

(Vide p. 38)

São Geraldo Abade, Confessor

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Intenções para a Santa Missa em outubro

+ Fo ntfro ide (Fra nça), L870 . Pregado r popular, fund o u a Congregação Mi ss io nár ia dos Filhos do Coração Imacu lado ele Maria. Foi arcebi spo de Santiago de C uba, confesso r e conselhe iro da Ra inha Isabel II, da Es panha.

25 Santo Antônio ele Sant'Anna Galvão, Confessor

co, tornou -se sacerd ote. "Na derradeira perseguição, exortava os outros ao ma rtírio (cio M arti ro lóg io Romano).

30 SanI.a Dorotóia Schwartz, Viú va + Al e ma nha, 1394. Filh a de ca mpo neses, casad a com um operári o, teve nove filh os. Com a morte do marido, levou vida rec lusa, sendo favo rec ida com êxtases, vi sões e revelações.

+ ão Paulo, 1822. Natural de G uaratinguetá (SP), franci scano, fo i fund ado r do Recolhi mento, M osteiro da Luz, e di ri giu-o até ua morte.

26 Santos Rogaciano e Felicíssimo, Mártires + África, séc. UI. "São Cipriano deu testemunho deles numa carta dirigida. aos cristãos perseguidos: 'Sigam em tudo o sa-

31 Santo J\f'onso Rodriguez + Palma de Mai orca (Espanha), 16 17 . Tendo pe rdido mulhe r, doi s filhos e a estabilidade econô mica aos 36 anos, bendi sse a mão que o feri a e entrou para a Co mpanhi a de Jesus co mo irm ão le igo . Trab a lha ndo na fun ção de porteiro durante 46 anos , tornou -se o rác ul o d e grandes e pequenos.

Intenções para a Santa Missa em novembro • Mi sso de Finad os, em sufrágio das almas do Purgatório, mu ito particu larmente pe las almas de nossos parentes já falecidos. • Tendo em vista a atuação de movimentos esquerdistas com o ob jetivo de provocar luta fra tricida entre brasil eiros de diferentes etnias, ro garemos a N ossa Se nhora do Meda lha Milag rosa - festi vidad e que se ce lebra no dia 27 de novembro - graças especiais para que nosso País, cristão e mu lti-racia l, conserve-se sempre harmonicamente unido.


Caravana manana na Romênia

Em Londres, campanha sobre Fátima

C om verdadeiro entusiasmo, centenas de milhares de fiéis romenos recepcionaram, em diversas cidades, a imagem de Nossa Senhora de Fátima da Associação Luci sull /Est

ma R1cHARD

1!11 V ALENTIN D ANCI U

Roma - Na este ira das co memorações do 90º ani versário das apari ções de Fátima, a assoc iação itali ana Luci sull 'Est conduziu uma image m de Nossa Senhora e m peregrinação à Ro mênia, no mês de junho. A e xe mpl o el e muito s o utros pa íses , ta mb é m a Romênia gemeu durante décadas sob a dominação sovi éti ca, te ndo co mo últim o títe re o tri ste me nte cé le bre Nicolau Ceausescu. O territóri o ro me no fo i, portanto, um cios imensos ca nte iros cio mundo onde o comuni s mo semeou seu s erros, vi sando erradi car para sempre a tradi ção, di zimar a famíli a e extinguir a propri edade. Deve ser motivo ele espec ial gáudio que o povo ro meno, após indi zíve is sofrim entos , estej a levando a sério as advertências feitas por Nossa Se nhora e m Fátim a. Fa la nesse sentido a apoteótica recepção concedida à imagem conduzida por Luci sull 'Est, a po nto ele a te lev isão loca l fal ar em um milhão ele pessoas que se perfil ara m d iante dela para rezar. Al é m el a capita l, Bu careste - o nde se re uniu uma multidão só co mparáve l à ela vi sita el e João Pa ul o II - , a pe reg rinação se es te nde u às c id ades el e Pl o iesti , Grec i, PopestiLeorcle ni , Pitesti e Sl a tina , se nd o esta últim a a terra nata l cio ditador Ceausesc u. N ão se sa bi a, e m todos esses lu ga res, o q ue era ma ior: se o inte nso ca lo r, ra ro na Ro mê ni a, o u o e ntu siasmo cios fi é is. O fervor vale mais do que o número, cio mesmo modo como a qualidade vale mais cio que a quantidade. Mas, quando eles se soMultidões fervorosas acompanharam a visita da Imagem Peregrina

CATOLICISMO

Acima, na catedral de Bucareste, gra nde demonstração de fé

À esq ., na cidade de Pitesti, a multidão aguardou por várias horas a che gada da image m d Nossa Senhora de Fátima

mam, o l' foito é ainda maior. O leitores qu d ·s •ja rcm ver alguns dos vídeos, fe itos por T Vs ro menas a respeito ela recepção , i,nagcm, basta que acessem o endereço •I 'lro nico da associação Luci su/1 'Est: ww w.lu ·isullcst. it/clett_news.php?icl= 1730 i>a rn os que por a lg um motivo não pud ·r ·m ter acesso aos vídeos, as fo togra fia s aqui estampadas dão uma idé ia elas 11111 l1 idücs que aco rre ram para ve nerar a ·x ·l' lsa Mãe de De us naque le país, prc libu11do assi m o dia e m que seu Re ino s ' cslahclecerá sobre toda a Te rra, c mo El a promete u e m Fátima no ano de 191 7. •

A. LvoN

o período de féri as do hemi sfério norte, dedi cados j ovens norte-a me rican os enfre ntaram as ruas ele Londres, durante um a vi age m de 15 di as à Ing laterra, e m campanha na qu al entregaram materi al re li gioso a tran seuntes apare nte mente ab orvidos por preocupações materiais. Provindos ela St Louis de Montfort Academy e do lnstitute Sedes Sapientiae - instituições de natureza educativa vinc ul adas à TFP norte-a mericana - os j ovens d istribuíram dezenas de milhares de fo lhetos sobre a mensagem de Nossa Senho ra de Fátima, em vários loca is importantes da capital britânica, co mo King's Cross, Oxford Circus, Sloane Square e a catedra l católica de Westmin ster. Os jove ns norte-americanos fi caram bem impressionados pe la cordialidade da maiori a dos londrinos . Notaram também grande número de muçulmanos anelando pelas ru as. O grupo de jove ns aprove itou a viage m para visitar vários loca is hi stóri cos: os re lac ionados com São Tomás Morus (ex-chanceler ing lês, martiri zado pelo protestanti smo porque não aceitou o divórc io na In glaterra), a Torre de Londres, o bairro d e C he lsea e o Ha mpl on Court. Às no ites, quando vo ltavam para o loca l de sua hospedage m, narravam os epi sódi o da campanha, toda e la orde ira e pac ífica, co mo soldados que compa rtilh am seus feitos após o combate . •

E- mail para o autor: ca1olicis111o @catoli cismo.co 111 .br

OUTUBRO 2007 -


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Catolicismo, uma revista mensal que, há 50 anos, auxilia a família a promover a boa formação para os filhos, hoje tão vulneráveis a todo tipo de corrupção moral.

A

publicação apresenta a seus leitores temas de caráter cultural, em seus mais diversos aspectos, e de atualidade, sob o prisma da doutrina católica . Oferece à sua família informações objetivas e sadia formação.

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JL AÇl\O J---0"----EM PElA TÊRRA DE SANTA CRUZ T CONTRA O EXTERMÍNIO DE INOCENTES

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JOÃO PAULO DE CAMARGO

correu no dia 18 de agosto em ltu, cidade do interi or pauli sta, uma passeata contra o aborto. E vento organi zado pelas paróqu ias da cidade, contou co m a pa rticipação ele diversos gru pos, entre os quais Ação Jovem Pela Terra de Santa Cruz - movimenlo que segue o pensamento e as orientações legadas pelo líder católi co Prof Plí nio Corrêa ele O li veira . A manifes tação, co m aprox im adamente 1000 pessoas, percorreu ru as cenLra is ela cidade bradando slogans e ostentando fa ixas conLra o aborto. Encerro u-se junto à M at ri z el e Nossa Se nh ora d a Ca ndelári a, que abriga um ci os mai im portantes acerv os ela arte barroca do estado ele São Paul o, com peças orn amentadas em ouro e imponente altar ele co lun as sa lomôni cas. Co m certeza, ela é um cios pontos ele referência que justifi ca m o título da cid ade como a Roma Brasileira. • E- m ai l pa ra o aut or: cato l icis 111 o @calo l ic is111o.co111 .br

CATO LICI SM O

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A MBIENTES C OSTUMES C IVILIZAÇÕES

■ PUNIO C O RRÊA DE OLIVEIRA

A

natureza ex posta nesta fo tografi a é bem di versa da nossa e retra ta bem o panorama europeu. No centro, o mo nte lembra um a J irâ mide. N ão construíd a po r algum faraó, mas fo rm ada por g iga ntescos mov imentos da cro ta terrestre em épo·as imemori ais. jogo de luz presente nesse panomuito bo nito: um a rama euro peu luminos idade leitosa, 1 rateada e di screta. A lu z se refl ete nas águas, co1110 que trazen lo para junto do ho mem todos os espl endores do pi co in acess ível. A água corre compacta, caud alosa, serena e fríg i la.

Todo o panoram a é composto de alturas. As própri as árvores parecem píncaros vegetais, que tendem a subir e se co mparar co m o píncaro minera l. Elas são grac iosas, leves, aptas a compensar o que a mo ntanh a apresenta de mac iço. A luz brilhante e radiosa propi c ia a conte111plação ; a obscuridade da vegetação convida a um outro gênero de contempl ação: reco lhida e séri a. As água. que co rrem indi ca m o passa r co ntínu o de to das a co i sas t rrena . L embra a frase: "Sic /ransil gloria 111undi " (Ass i111 passa m as g lória s do mun lo) . A s gra ndezas desta Terra escoam co mo as águas. ó D ' US é etern o. O riad o r, simbo li zado p ' lo

monte que nunca muda, sendo s ·111 pre o mesmo. O ri o da Hi stóri a pw,s11 , vão-se os ho mens. D eus, po r 111 , 11 0 mais alto de sua g lóri a d ' sua 111 1, continua intacto . Eis aí u111a v ·rdad •i ra li ção de reli gião, d harmonia d ' vir tud es: deli cadeza e força, 1 ur '1/,a · r · co lhim ento, es pl en lo r e s..1h ·dori 11 , tud o reunido neste pa noram a. E ntretanto, é a natur za d ·I •iI 11w l e habitáve l pel ho m m. · ·rt a111(· 111 1• não haverá 1u 111 não gosta ss · d · 1111 1 rar num c hal próx im o :1 tul n·II III io Bc 111 a , asnlh:itlo, :1prl·c i:11Hlo l'ss11 1111 Iur '1.n l'rí •id11 , 111 IIs s1111d11 v1· l, 1· 111111111 do-s' dos l'r11I11 s 1• d11, 1·11 11 ·1w, d1• l11 Pr6ti ·o · lw lo . l i II ill' ll'/11 11111d 1 ,11 1 pr6ti ·o . •

Exce rtos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 1O de feverei ro de 1974. Sem r vi

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lUI 1,



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i llNI

ORRÊA DE ÜLIVEIRA

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Excmnos

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CARTA DO Dm1•:'l'OR

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PÁGINA MAmANA

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L1-:1nJ1~A Es1•m1nJAI,

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CoRlmSPONDf.:NCIA

/

E impossível cristianizar sem civilizar est mês completa m-se 30 anos em que Catolicismo, na ed icão de novembro/dezembro de 1977, publicou, em primeira mao, o livro Tnba!tsmo Indígena, ideal comuna-missionário para o Brasil no século XXI, de Plínio Corrêa de Oliveira . Além de desmascarar a corrente "atualizada" de missionários progressistas e adeptos do estruturalismo - que critica a ação missionári tradicional da Igreja C t li ,n e o mundo c ivil d autor expõe a n da .

N

rec ho ulo desse e at ingiu mp lares, em ed ições.

CATOLICISMO

"Os preceitos da ord ·111 1111(111·11 1s · • p1 l 11 1·111 nos dez Man damentos ela L i d • 1 ·us ( ·1'1 •. , '1111to ' I\Hll , s, S11111a Teológica, Ja. ll a ., q. 100, 1111 . .l · 11 ). rn , a ohs ·rv 11l·l11 d11 on l •111 , ·111 qualquer es fera do uni v ·rso, 11 l'01Hl i • u 11 o st'> para a conservação desta, co mo p:ir11 Hl\11 p1'0/t1'-. , o, o q11 · sobretudo verdad eiro para os seres vi vrn, , l' 11 ud s ,•s1wrl:t1111 ·ntc para o homem. 1)11 d • ·011' ' qu • 11 Le i de Deus é o fundamento da grande:,,,11 l ' do 1) •111 - ·star le todos os povos (cfr. Santo A gosti nho, 11,p s i. 1 \H ui. /\d Marcellinwn, cap. II, n. 15). C'ri stiuni za r e ci vili zar são, pois, termos ·or'l" latos. É imposs v ·I cri stianizar seriamente sem civili:,,,ar. 0111 0, rec ipro·11111 ntc, é imp ossíve l descristianizar s · 111 d ·so rd enar, embrutecer e impelir de volta rumo à barbári e. Ser mi ss iorüíri o, no Brasil é principalmente levar o Eva nge lho aos índi os. É levar-Ih s também os meios sobrenatura is para que, pela prática dos d •:,,, M andamentos da Le i d • 1 l' US, alca ncem seu fim · · lcs l t•, i'i persuadi- los de qu • s • lih ·11 1•111 das super ti çõ s • dos rni, 111 mes bárbaros q11 • os l'Nl'I , i za m em sua 111 ik1111 l ' 1111 1• 11 1 estag ,n ·,o. H111 ,·1 111 ~1•qlll 111111 é civili:,,,ií los, 11IW i11 ,~I, Ili 1 1111111111!1 1 pr >pl'Ío 1111 11111111 Ili 11 I 111 11i :t,11do • 1 l vi11 11 11l11 11111 •11 d11 Sl ' llljlll ' 1111 11 ·111 1 Il i li 1 1 l i I l ' ÍII d1 • 1111 1111\ 1d.id1 11111•11•(' 111111 1 !1 • ◄ 1 1 I', li 111d1111 l'lll'l'I I v11 d1 1111111 111111lii11d11dl' •stag1111!111 , 1 q1111I dt•s,k IL' lllpos imemoria is lhe tolhe todas as pos11111d11d1 dl' 1l'lo progresso. p1 l'M 111 undo-se ao índ io, está o missionário d · .1 ·sus Cri s11 > 1111 d11t·ito de lhe dizer: cogn.oscetis verito/<•111. 1•/ veritas /1/11 1m/Jit ,,os - conhecereis a verdade, e a wrdnd · vos liberl11r11 " (Jo. 8, 32). •

As pseudo-aparições Sobre a existência do inf'emo - IV

10 A

PALAVR1\ DO SAcmmoTE

12 A

R1•:A1,mAm~ CoNCISAMEN'l'I~

14

NACIONAi,

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INTERNACIONAi,

19

ENTREVISTA

A danosa tendência à reestatização Os "devotos" de Che Guevara

Questão quilombola: Juta racial fratâcida

22

INFOl~MATIVO RllRAL.

24

D1sc1-:1~NINDO

26

CAPA

38

VmAs m: SANTOS

41

PoR orn•: NossA S1,:N1101M c110RA

42

VA1mmA1>1<:s

44

SANTOS E F1,:sTAs DO M1~:s

46

AçÃo CoNTIM-R1,:vow<:10NÁmA

52

AMm1wn:s, CosT1 1M1•:s, C1v11 .1zAçõ..:s

A anti-educação do Ministério da Educação

América Latina convulsionada pela esquerda A celebração em honra de todos os santos

O grotesco exposto na Av. Paulista

Sublime ruptura de São Francisco com seu pai

Nossa Capa : Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo

Em São Paulo: bonecos extravagantes NOVEMBRO 2007 -


;

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PÁGINA MARIANA

Ao longo de c inco séculos, a América Latin a talv z nun a t nha passado por situação tão grave co mo e m nossos dias. Os gérmens vêm de longe. A partir do mo mento 111 que d caiu a mag nífica ri st· - o t rr n civili zação medi eval - concretização hi stórica da C ivilizaçã estava propício para que as forças da desordem começa sem a implantar na uropa cristã, e a partir dela em todo o Ocidente, uma Revo lução que procura de itar por terra a benéfica obra da Igreja católica. Tais forças exploraram, para esse efeito, duas paixões humanas - o orgulho e a sensualidade - que lhes serviram de alavanca para abrir as portas da fortaleza da Idade Média, a fim de derrubá-la através de sucessivas etapas, conforme descreve Plínio Corrêa de Oliveira em sua magistral obra Revolução e Contra-Revolução. Fo i na fase ini cial desse processo revolucionário que os denodados conqui stadores da Península Ibérica aq ui vieram ter, para dilatar a Fé e o Império, e também movidos por justos interesses materiais, subordin ados aos de ordem espiritual. Por uma c ircun stância providencial, o continente americano tornava-se assim filho da Igreja, no momento em que nações do Velho Mundo iam e afastando dela, subtraindo-se ao seu regaço materno para aderir m à here ia protestante. Graças a portugueses e espanhóis, bloc latin do co ntinente americano pode hoje o rgulhar-se de constituir o conjunt d nações com a maior população cató1ica do orbe. Seri a de e tranhar que aque la m sma Revoluçã - que manipulou as referida pai xõe , g rando ao I ngo I sua hi st ria pr testanti mo, a Revo lução Frane a e o comuni 111 - r ss ass istir de braços cru zados à eles oberta e floração d Novo Mundo. Tant mai s que este, evangeli zado por heróicos mi sionários, desci seu primó rdi os t rnara- e cató li co. Ass im , re iteradas vezes tentou a Revolução arrebatar o novo territóri o, pelo me nos em parte, ao grêmio da Igreja, bastando para tanto mencionar as invasões francesa e holandesa de sécul os passados em nossa Pátria, realizadas por exército protesta ntes. Mas seus esforços fora m em vão. O processo revolucionário às vezes recua, para depois mais seguramente avançar. Mas, quando o avanço se lhe torna muito incerto - e a recusa das populações em lhe aceitar seus postulados demolidores fa lam nesse sentido - , ele reage como uma hidra desesperada. É o que parece estar sucedendo agora, pois a Revolução nunca deitou tanto e mpenho para implantar nos diversos países da América Latina uma soc iedade segundo as máximas do socialo-comunismo, diametralmente opostas à C ivili zação Cristã. É o que vem analisado com penetração no presente artigo de capa, do competente articuli sta Alfredo Mac Hale, cuja co laboração te mo o prazer de oferecer à . apreciação de nossos leitores.

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Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida . E-mail: catolicismo @terra .com .br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Novembro de 2007:

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Em Jesu e Maria,

9:~7 D IRETOR

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA .

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Ondas de falsas . . apançoes mananas

Caro le itor,

Paulo Corrêa de Brito Filho

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paulobrito @catolicismo.com.br

N esta seção temos reproduzido aparições de Nossa Senhora, todas comprovadas e aprovadas pela Santa Igreja. Entretanto precisamos saber discernir as verdadeiras das pseudo-aparições. ■ V ALDIS G RINSTEINS

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em havido casos, na bimil enar hi stória da Igrej a Católica, de fa lsas apari ções da Santíssima Virgem que se ac umulam umas sobre as outras, numa montanha impressionante de invenções e incoerências. As guerras, com toda sua seq üênc ia de mortes, fo me, doenças, etc., criam muitas vezes um c lim a psicológico pelo qual todo refú gio aparentemente sobrenatural é considerado bemvindo, sem a dev ida prudênc ia. O mes mo acontece com outras tragédias. Por vezes, mes mo sem guerras ne m tragédias, ba ta certas cond ições psicológicas se juntarem, e regiões inte iras ou setores consideráve is da população tornam-se propensos a acreditar qualquer co isa que pareça ter um selo divino. Dado o pecado original e a mi séria humana, nesse ambiente psicológico excitado acontece às vezes que supostas aparições marianas começam a se produzir em série, umas cavalgando as outras, numa espéc ie de co mpetição para ver quem di z o mais extravagante, mais sonoro, mais original. Muitas vezes o incoerente e estranho não é o que "diz" a Virgem, mas sim detalhes da for ma, local, duração ou repetição das aparições.

Uma típica J'alsa aparição Exemp lifiq uemos co m três re latos extra ídos do livro Enquête sur les apparitions de La Vierge, de lves Chiron. O primeiro e deu no fina l do século XIX . A França acabara de perder uma guerra para a Alemanha, e duas de suas provínci as próximas à fronteira foram incorporadas ao recém-criado Império Alemão. Numa delas, na cidadezinha de Neubois, traumatizada pelos acontecimentos, quatro meni nas de 7 a l 1 anos di sseram ter visto a Virgem no monte Frankenburg. Uma afi rmo u ter visto uma dama branca; outra, a mes ma dama, mas com um so ld ado ao lado; as outras duas se referiram à dama co m vários sold ados. No depoime nto de uma menina, a dama branca tinha na mão uma espada, e co m e la go lpeava os so ldados; e estes, como por acaso, usavam o capacete pontiagudo característico do exérc ito ale mão; depoi s a dama a vanço u rumo à me nina, qu e sai u

correndo es pantada. Dias de pois, outras du as me ninas di ssera m ter visto uma dama avançando rumo a e las, que fugiram es pavoridas. Nos cinco anos seguintes, multiplicaram-se em ritmo crescente os rel atos de diversas aparições deste gênero, todas em localidades muito próx imas . 48 cri anças , 8 ado lescentes e 3 1 homens ou mulheres de Neubois afi rmaram ter visto a dama. Além deles, outras 60 pessoas da vizinhança disseram o mesmo . Uma de las chegou a dizer que viu a aparição I 53 vezes! Nada menos que 147 pessoas alegara m tê- la visto. Para complicar a situação, as novas autoridades ale mãs eram claramente anticatólicas, chegando a proibir a ida ao monte Frankenburg. O bi spo loca l se viu obrigado a prodígios de diplomac ia para não parecer favo rável aos anticatólicos, mas ao mesmo tempo não acreditava em apari ções c larame nte contraditórias e nada verossímeis. Não podendo ele mesmo condenar as aparições por meio de uma co missão regular, o fez através de condenações lançadas pelos párocos locais. Como toda mentira, as aparições cansam e se desinflam sozinhas. Bem ao cona:ário das verdadeiras aparições mariais, que, com o tempo, atraem cada vez mais pessoas. As falsas suscitam a curiosidade no momento, depois as pessoas se desinteressam com a mesma velocidade com que se interessaram. No final restou um núcleo mínimo de "crentes", cujos descendentes até hoje defendem as supostas aparições.

A pseudo-apal'ição de Ezquioga Outro exe mplo do mes mo teor fo ram as apari ções de Ezquioga, na Espanha, no século XX. O país tinha vivido a queda da monarqui a em abril de 1931 e a vitória eleitoral da esquerda em 28 de junho, e já no dia 30 de junho se deu a primeira pseudo-aparição. A vitória da esquerda prometia a perseguição violenta à Igreja, que de fato veio com milhares de mártires, dos quais centenas foram canonizados ou beatificados. Nesse ambiente de perseguição iminente, começaram as supostas aparições a pulular. Primeiro fora m duas crianças de 11 e 7 anos, que di sseram ter visto a Virgem sobre uma árvore. Afirmaram tê-la visto quatro dias seguidos, sendo que no último compareceram cerca de 500 pessoas ao local da aparição. Aqui começam a se

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da o mes mo padrão se repetiu e se multipli ·aram os videntes. Em numerosas loca lidades alegou-se apari ção simi lar, tod as p rto uma da outra. São mcnsa, ns di v rsas, mas sempre cio mes mo "\ n ro " virá um grande casti go". O bi s1o lo ·ai , s b 111 que ainda não tenha ·ond nado ofi cialmente as aparições, tem advertido o povo a respeito delas. Um problema geralmente s põe para o cató li co diante desse tipo de pseudo-aparições, e é o mesmo que tinham os bispos concernidos nos casos multiplicar os videntes, que chegaram relatados. Por um lado, não devem eles a ser em torn o de 150, todos de locacolaborar com os ateus e outros que a l idades muito próximas. Nesse am priori negam a possibilidade ele aparibiente exa ltado não fa ltou um a suposções, de que venha um castigo pelos ta estigmati zada, que se revelaria fal pecados dos homens, e que há muita sa. As mensagens eram todas do gênecessidade ele mais oração e mais penero "vem um grande cast igo", às nitência. Mas o católico não pode tamquai s se mi sturavam revelações mais bém acreditar em aparições nas quais concretas , tipo " ta l c idad e se r á carecem o bom senso, a coerência, uma destruída pela guerra" . finalida le cl,u·a, e em que se apresenPara a autor idade rei igiosa loca l, tam bizarros personagens em busca de o mesmo prob lema. O s comuni stas notori edade. · tinham ex ·il ado o bispo , qu e mora- Ezquioga, Espanha : uma das vária s Num momento ass im , mais do pseudo-videntes e o público va na Fran ça perto de sua di ocese . qu nun ca, elevemos pedir a Nossa Não acreditava nas apar ições, mas ao mes mo tempo não Se nhora a virtude ela pruclên ·ia, p la qu al saibamos navegar queria parecer um ali ado dos co muni stas , qu e po r prin cípi o entre esses dois erros qu e podem afetar seriam ente nossa vida negam todo o mund o sobrenatu ra l. om firm eza e deli caesp iritual. Peça mos a Ela o li sce rnim ento necessá ri o para deza ele tomou medid as, interrogou não darmos argumentos a nenhum os supostos vid entes , anali so u os fados do is lados, mantendo a firm eza tos. Ao fin al, di ante dos di sparates doutrinária que dev e caracter izar e contradi ções cviclcnlcs, pediu a l otodo cató li co. E sempre podemos redos os vi sionári os qu e se retrataspetir, àq ueles que nos incitam a tose m. Estes se nega ram, por isso o mar um a posição imediata e preci do ss i ê f o i env i ad o a Ro m a. Em pitada diante dos fatos, que faremos 1934 R ma co ndenou as supos tas como se mpre fizeram os bons catóapari çõ s. licos, ou seja, es perar com confi ança e paci ência o juízo da Igreja, MesDisccl'llil' o que é falso tra de Sabedori a. E la sempre saberá e o vcl'dadciro indicar para seus filhos o caminho Não pense mos que este tipo de correto rumo ao Céu. fatos só acontec ia anti gamente, e que É preci so por fim con siderar que hoj e, co m a lei visão, a intern et e as fa lsas apari ções mui tas vezes videmais ava nços téc ni cos eles não sam criar um clima de descréd ito que ex istem. Pelo co ntrári o, num ambi prejudique as verdadeiras. As sim , cnt d co nfu são reli giosa e de cri se apari ções ev identemente verdadeiras, na l gr ja eles se multipli ca m . Por co mo as de Fátima, Lourd es, L a exemplo, tomemos uma s ri c d apaSa lette, da Medalha Milagrosa, pori çõc na Irlanda cm 1985 . omcçou dem ficar at in gidas po r um c lim a com um a "apari ção" da Virgem a uma "aparicioni sta" despropositado. • menina de 17 anos m M l lcra y. Três di as depoi s, du as cri anças de 11 e 12 Lugar da s fal sa s apan çoes chamada s E-mai 1 cio autor: vuldiscrins1eios@catoIlei smo.com. br anos di seram tê- la vi sto. Em segui - de Melleray, na Irlanda

-CATOLICISMO

O inferno existe - IV C oncluímos nesta edição a série sobre o inferno, baseada no Pe. Beltrami, apresentando um terrível exemplo permitido por Deus para edificação dos fiéis, o qual mostra a severidade do justo juízo de Deus

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e consul tardes a História, vereis co mo freqüentes vezes Deus permitiu , em todos os tempos, viesse alguém dizer-nos da ex istência das verd ades que Ele revelou . Doutores da impiedade omitem o estudo cios fatos e sentenciam cio alto ele suas cátedras que nunca ninguém levantou a cabeça da sepul tura para nos di zer que existe algo depois da morte. [ ... I Na vida de São Bruno, fundador cios Cartu xos, lê-se a ressurrei ção momentânea de um personagem para atestar, diante ele muita gente, a própria condenação. Pari s e toda a França fi caram horrori zadas com esse acontecimento. Foi então que B run o, temendo os juízos divinos, retirou-se para a Ca rtuxa, a fim de leva r v ici a austeríssima.

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onde o santo Jó roga a Deus que lhe faça conhecer suas culpas, o cadáver levantou a cabeça do féretro e, com voz lastimosa, exclamou: Por justo juízo de Deus, sou acusado. Dito isto, tornou a repousar a cabeça como dantes. Apodero u-se cios assistentes um terror gera l, e resolveram deixar para o outro dia os fun era is. Neste dia foi muito maior a concorrência. Recomeçou-se o Ofíc io, e, ao chegar às mesmas palavras, tornou o cadáver a erguer a cabeça e a exclamar, com voz es forçada e mai s lastimosa: Por jus/o

juíza de Deus, eslou julgado. Subiu de ponto o pasmo e o espanto. Reso lveram di fer ir a inumação para o terceiro dia. Neste fo i imenso o concurso. Deu -se início ao Ofíc io, como nos precedentes. Quando se can tavam as mes mas pa lavras, levantou o defunto a cabeça e, em voz horrível e espantosa, exclamou: Não careço de ora-

Morreu Raimundo Diocres, doutor ções: por jus/o j uízo de Deus, eslou da Sorbonne, homem conceituaclí simo condenado ao fogo e/erno . pela sua vasta ciência, não menos que É fáci l compreender a impressão por uma aparência de virtude. D epoi s que faria nos ân imos um acontecimende três dias o seu corpo, revestido elas to tão extraordin ári o. Achava-se Bruinsígni as doutorais, foi transportado sono presente a este espetáculo. Tão forlenemente para ser sepu ltado. Acompatemente se emocionou com ele que, renhavam-no o colégio dos profe sores, tirand o-se horrorizado, resolveu dei xar grande número de mestTes e clero. quanto tinha e isolar-se em algum esAs exéqu ias celebraram-se na ca- Bruno, temendo os juízos divinos, pantoso deserto, para ali passar a vicia tedral , revestida de luto, entre lu zes e fundou a Cartuxa, a fim entregue unicamente aos ri gores da muitas inscrições que lembrava m a de levar vida austerís simo mortificação e ela peni tência" . • insigne ciência e as virtudes do ilustre extin to. M as quando o coro dos cantores chegou ao trecho do Pc. A nd ré Bcltrami , O 11(/emo existe, cm Leituras Católi cas ele Dom Bosco, Escola Indu strial Dom Bosco, N iterói, 1945, pp. 43 e ss . Ofício Responde mihi: quantas habeo iniquitates et peccata, NOVEMBRO 2007 -


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Paladino a11ticomuJ1ista ~

Os senhores são uns abençoados, por compartilhar com tantos leitores esses textos abordando, depois de 90 anos da revolução comunista na URSS , a cruzada chefiada por Plínio Corrêa de Oliveira contra os bolcheviques. Pensei muito e não encontrei nenhuma out:ra figura que tenha se destacado mais do que ele no combate anticomunista. De fato, o combate dele foi incomparável. Pena que só agora me caiu a fi cha e dou-me conta disso, porque teria sido para nlim uma muito grata satisfação poder servi-lo nesse combate, pre tar-lhe alguma ajuda, ainda que modesta, nessa tarefa que imagino ter s id o muito in com preendida . Deus abe nçoe ete rnam e nte o paladino anticomunista no Céu e os seus discípul os aq ui na Terra. (A.N.R.V. -

PB)

Um /i'idel brasileiro? t8] O que seria de nós, se a se ita comunista tivesse dominado nossa Pátria e m 64? A pergunta desdobra-se numa outra: O que seri a de nós, e não fosse a atuação anticomu ni ta do Prof. Plini o? Sem es a atuação con tra o s erro s do comuni s mo (po r exemp lo, barrando a Reforma Agrá-

CATO LICISMO

ria do governo Goulart) , o Brasil seguramente teria sido dominado pelo comunismo. Estaríamos sendo tiranizados por algum F idel Ca tro brasileiro (com ou sem barbas) . E ta.ríamos jazendo na misé ria e sem li berdade para a prática reli giosa. Podemos adaptar ao Prof. Plínio aq uela célebre frase de Winston Churchil: "Nunca tantos deveram ta nto a tão poucos" (esses " poucos" e ra m os pilotos in g leses que res istira m ao ataque das forças naz istas). No nosso caso, a adaptação seria "Nunca tantos devera m tanto a um só brasileiro" . Termino com o me u agradecimento a e se brasileiro e àqueles que dão continuidade à sua tão meritória atuação, a fim de que "em nosso País jamais preva leça o marxismo", conforme a inte nção pela qual o Prof. Plínio rezava. (M.U.N- RJ)

elevado e a genialidade de suas palavra . Realmente palavras antológicas, qu deveriam estar na mente e nos corações ele todos nossos políticos. Se asim f sse ... como o Brasil seria diferente, como Leri a outra ordem de grandeza . (Q.T.H. -

DF)

O ódio comunista [81 Concordo com o autor [do arti go

de capa da edição de outubro/07] : o. comunistas querem mai s é ver o circo pegar fogo e ver o homem se revoltar co ntra Deus e contra os símbolos do cri stiani smo. (P.A.D.F. -

RJ)

Clareza 1B] Agradeço a clareza dos temas bem como a apresentação dos mesmos.

(Irmã Nair)

Providellcial t8] Foi realme nte providencial que, no auge do processo revo lucionário anunciado por Nos a Senhora de Fátima, o Dr. Plínio Corrêa de Oliveira fundasse com seus am igo a TFP, para obri gar a Revo lução à de rrota e a recuo. (C.C. -SP)

Salltos ensinamentos IBl A matérias desta revista estão total me nte el e acordo com os santos e ns inamentos. om elas, os Srs. tocam nos a alma quando se lê alguma matéria, ou melhor, alguma mediLação publi cada. Agradeço aos Srs. por tão aita graça de podermos ler esta magnífica rev ista. (R.R.O. -

Palavrns ai1tol6gicas IBl Imaginava que o grande pensador brasileiro, o saudo o Prof. Plínio, não me sm-preenderia mais com uas análises proféticas, poi tive a feli z oportunidade de ler várias dela e as pude comprovar na re pecLivas efetivações. No entanto, fiquei ainela mais surpreso ao ler e reler (e guardarei, para reler outras vezes) ua análise obre os possíveis male. que poderi am advir para nosso Paí com a malfadada Constituição Republicana de 1987 (lamentavelmente encabeçada pelo soi-disant "Senhor Constituinte", o senhor Ulysses Guimarães) . Surpreendeu-me não apenas o aceitado cio vaticínio, mas o modo

MG)

Bal1ia IBl A análi se sobre as "qualidades da raça negra expressas na Bahia " [setembro/07] confirma o grande conhecimento que o Dr. Plínio poss uía do "Brasil profundo"! Conhecimento e a mor - qualidades que faze m tanta fa lta a certos líderes atuais ... (E.J.T. -

Lisboa. Já lhe tinha mandado por correio dois exemplares de Catolicismo , de julho último, com a matéria sobre o ge nocídio perpetrado por Stalin contra o povo ucraniano . Juntei mai s o livro e o CD que a associação italiana Luci Sull'Est tinha editado sobre o martírio dos católicos no país dele. E le me telefonou imedi atamente e agradeceu-me efusivamente, reiterando o convite para não deixar de estar na recepção que a embaixada ia oferecer. De fato, lá estava uma boa qua ntidade de embaixadores de outros países acreditados em Portugal, pessoas da sociedade civil de Lisboa e funcionários da embaixada ucraniana. A nossa conversa foi agradável, e ele deixou-me uma boa impressão. À saída do hotel estava um padre ucraniano, que eu j á cumprimentara durante a recepção, o qu al me di sse que o embaixador lhe tinha informado que uma revista Catolicismo publicara uma matéria sobre o "golodomor" (grande fome) , o período em que milhões de camponeses morreram vítimas das atrocid ades ordenadas por Stalin. (J.N.S. -

Portugal)

Catolicismo 110 Co11gresso Naciollal IBl Imagino que lhes chegou um discurso do deputado Lael Varella a favor da posição dos Srs. da Revista Catolicismo Uulho/07). Foi feito no Congresso Nacional, no dia 15 de agosto. Ele toma o posicionamento da revista contra o "lobby internacional pró-aborto", e pediu que a matéria de Catolicismo a esse respeito fosse transcrita nos Anais do Congresso. Se i o não chegou ao conheci mento dos srs., vejam o texto que envio-lhes anexo. (B.Q.E. -

MG)

PR)

Catolicismo sobre Ucrâllia IBl Estive co m o e mbai xado r da Ucrâni a numa recepção que a embaixada ofereceu no Hotel Marriott, e m

Trechos do discurso do Dep. Lael Varella, aci ma mencionado: "Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje, 15 de agosto, dia em que se comemora a festa de Nossa Senhora da Assunção, teremos aq ui

na capital federal a Marcha Nacional em Defesa da Vida, com apoio e participação de várias entidades reli giosas e civis. Com efeito, a Marcha terá início às 16 horas, em frente à Catedral , e às 16h30 se deslocará em di reção ao Congresso Nacional. Sr. Presidente, essa marcha e outras manifestações que vêm ocorrendo por todo o Brasil refletem a preocupação de nossa população cristã contra esse lobby internacional próaborto, que conta com polpudas verbas, além de grande apoio publicitário. Tenhamos presente que, por muito tempo, ativi stas pró-aborto ocultaram suas táticas para mais bem conseguir seu nefando objetivo. Um observador, porém, pode perceber ora um subterfúgio jurídico, ora um truque de linguagem, ora um sofisma para e mbair lentame nte a opinião pública, evitando a todo custo um choque, pois, se alertada, ela poderia despertar e reagir. Assim, este aparelho internacion al está a serviço de quem? Maquina junto a go ve rnantes para a aprovação de proj etos legalizando o aborto. [... ] Uma ativista colombi ana deixou cair a máscara. Expôs ela a tática e os meios que empregou em seu país, a fim de se conseguir a lega li zação do aborto . Sua exposição teve como objetivo ensinar os demais a atuarem no mesmo sentido em seus respecti vos países. [... ] Nesse sentido, a revista Catolicismo publicou matéria inédita, da lavra de Alfredo MacHale, na qual são analisadas e m profundidade as táticas do lobby pró-aborto. Do mesmo modo como os lobbystas do aborto estudam como melhor pôr e m prática os métodos para atingir seus objetivos, aq ueles que lutam para faze r cessar o assassinato de nascituros devem também estudá-los, para melhor os denunciar e os combater. Tai s lobbystas se orga ni zam; adestram-se intensivamente; constituem ONGs para promover a causa abortista; agem coorde nada.me nte para abafar as possíveis reações .

Diante desse verdadeiro lobby, cabe a pergunta: Aqueles que desejamo imitar a Nosso Senhor Jesus Cristo, também não nos organi zaremos para melhor defe nd e r seus divinos ensinamentos? Não nos adestrare mos para defender a moral católi ca, que condena qu alquer tipo de aborto? Não promoveremos reações contra esse universa l conluio anticatólico? Sr. Presidente, sem dúvida devemos atuar com todas nossas forças para impedir a matança de inocentes. Nesta intenção, rogando o auxíli o da Sagrada Família e de Nossa Senhora da Assunção, esperamos livrar o Brasil desse pecado mo nstruoso. Peço portanto a transcrição para os Anais dessa Casa da importante matéri a da revi sta Catolicismo".

Zumbi IBl Muito boa a re portagem dos quilombolas [setembro/07]. Só tenho uma dúvida: onde os senhores acharam a pe qui a sobre Zumbi, dizendo que o mesmo escravizava os próprios negros? Nunca li algo ass im , poderi am me arranj ar as fo ntes sobre isto? Que Nossa Senhora os proteja. (L.R.P. -

SP)

Nota da Redação: Esse caráter tirânico e escravocrata do Zumbi é pouco conhecido e até escondido do público em geral. Faz parte dessa campanha para criar uma luta de raças no Brasil , e m que tentam substituir a figura da princesa Isabel pelo Zumbi . Entretanto, a escravidão praticada no Quilombo dos Palmares é bem conhecida pelos hi storiadores. As fontes principais estão citadas na edição de Catolicismo de setembro/ 2007: - Edi son Carneiro, O Quilombo dos Palmares, Editora C ivili zação Brasi leira, 3ª ecl., Rio, l966. - José de Souza Martins, Divisões Perigosas, Ed. Civ ili zação Brasileira, Rio, 2007. - Nina Rodri gues , Os Africanos no Brasil, citado por Ed ison Carneiro.

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■ Cônego JOSÉ LUIZ YILLAC

Pergunta - ... Para evitar tais pecados [de pensamento, cuja gravidade tinha sido objeto de coluna anterior], o senhor falou, entre outras coisas, de exercícios espirituais. Gostaria de saber onde posso obter mais conhecimento sobre esses exercícios, e se o senhor poderia me adiantar alguns para que eu já pudesse praticá-los em minha vida e luta contra o pecado. Resposta - A essa pergunta demos um início de resposta no mês passado, tratando do tema da leitura espiritual, que constitui uma etapa prévia para a meditação, da qual prometemos tratar hoje. É interessante observar como a graça toca as almas dos leitores, encaminhando-as muitas vezes, sem que o percebam - para o reto caminho da salvação, e até mesmo da perfeição. Terá sido provavelmente o que se deu com o autor desta pergunta, o qual, tocado por uma graça do Espírito Santo, foi direto ao ponto: quero conhecer esses exercícios espirituais e pô-los em prática, para lutar contra o pecado e assim salvar a minha alma. O livro dos "Exercícios espil'Í.tuais" A definição que Santo Inácio de Loyola dá de exercícios espirituais é precisamente essa. Logo na primeira frase de seu célebre livro sobre o tema - escrito, segundo se crê, por inspiração de Nossa Senhora - o grande fundador da Companhia de Jesus assim se exprime: "Por este nome de Exercícios espirituais se entende todo modo de examinar a consciênCATOLICISMO

eia, de meditar, de orar vocal ou mentalmente, e de outras operações espirituais, como adiante se dirá. Porque, assim como o passear, caminhar e correr são exercícios corporcús, da mesma maneira todo modo de preparar e dispor a alma para extirpar de si todas as afeições desordenadas, e, depois de extirpadas, buscar e encontrar a vontade divina sobre a [ reta] disposição de sua vida, para a salvação da alma, chamam-se Exercícios espirituais" (Anotação primeira). Como se vê, a finalidade dos exercícios espirituais é extirpar de si as afeições (apegos) desordenadas que levam ao pecado, mistificam a visão que o homem faz de si mesmo e o impedem de ver qual é a vontade de Deus a seu respeito. Ora, Deus, em sua eterna presciência e providência, tem um desígnio específico para cada um de nós, e o conhecimento desse desígnio é indispensável para darmos à nossa vida a orientação querida por Deus, e assim salvarmos a nossa alma. Entre os diversos exercícios espirituais que Santo Inácio enumera estão a oração vocal ou mental, a meditação e o exame de consciência. De outras "operações espirituais" ele tratará adiante, em seu livro. Das /'acuidades do homem às .verdades da lê Aqui nos ocuparemos tãosó da meditação. Para que o leitor entenda desde logo do que se trata, podemos partir do significado comum da palavra, como está nos dicionários da língua portuguesa: uma aplicação raciocinada da mente para compreender determinado assunto. No caso, o assun-

to é uma verdade da nossa fé. O objetivo é aprofundar o nosso conhecimento dessa verdade, com vistas a amá-la e pôla em prática. Assim, na meditação combinam-se as três faculdades do homem: a inteligência, a vontade e a sensibilidade. A inteligência que perscruta a verdade, a vontade que adere com amor a ela, e a sensibilidade que conforma todos os nossos sentimentos à verdade que se desvendou a nossos olhos. Para meditar urna verdade da fé, é obviamente preciso ter um conhecimento pelo menos genérico da verdade a ser meditada; o que, hoje em dia, com

a ignorância religiosa que afeta gra ndes parcelas de fiéis, não é uma ob ervação banal. Foi por isso que, em nossa co1una do mês passado, recomendamos ao leitor (talvez para ele fosse supérfluo) que começasse por fazer uma leitura espiritual metódica, a fim de adquirir um mínimo de cultura religiosa que servisse de base para o exercício posterior da meditação. De qualquer modo, mesmo nos bons tempos em que os fiéis tinham um conhecimento mínimo da Religião - obtido nas aulas de Catecismo, nos se rmões dominicais, nas homilia s por ocasião das

os em que os fiéis tinham u da Religião , obtido nos sermõe

grandes festas da Igreja, etc., - o exercício da meditação não dispensava um bom livro, com textos sobre os quais a mente irá se aplicar de modo adequado. Para este efeito, as diversas escolas espirituais beneditina, dominicana, franciscana, carmelitana, inaciana, salesiana e muitas outra - adotavam métodos próprios, de acordo com os feitios de espírito dos respectivos fundadores. Entretanto, tais métodos têm um fundo comum, que a seguir apresentaremos ao leitor. Colocar-se na presença de Deus No tumulto da vida de hoje, com o corre-corre da luta pela vida, de um lado, e o bombardeio das informações (rádio, imprensa, TV, internet), de outro lado, é indispensável que a alma se distancie de todo esse ruído, pondo-se na presença de Deus desde o começo da meditação. Deus está em toda parte, Deus me vê, me conhece, me ama: esta verdade fundamental deve presidir a minha meditação. Aliás, aí está um tema que pode tomar toda a minha meditação, todas as minhas meditações! ... Deus me vê foi esta a divisa que São Marcelino Champagnat deixou para a congregação dos Irmãos Maristas, que fundou, os quais a colocavam em todas as salas de aula e corredores de seus colégios. Postos assim na presença de Deus, de Nossa Senhora, do nosso Anjo da Guarda, reza-se uma Ave-Maria pedindo a intercessão d'Ela para que o divino Espírito Santo nos ilumine em nossa medi tação. Toma-se então o texto

escolhido para a meditação e entra-se nela. Resolução de co1Tigi1· o que estiver el'l'ado Como seria de esperar, um modelo fácil que podemos tomar em nossa meditação é precisamente o de Nossa Senhora. Depois de descrever o nasc imento de Jesus em

Belém, a adoração dos pastores e o coro dos anjos que cantavam a glória de Deus no mai s alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade, São Lucas acrescenta: "Maria autem conservabat omnia verba haec, conferens in corde suo" (Lc 2, 19). O que significa "conservar todas estas palavras, conferindo-as em seu coração", senão med itar sobre elas, amá-las e conformar tod a a sua vicia a elas? Sem dúvida, em Nossa Senhora não havia afeições desordenadas a combater, poi s estava isenta do pecado original, e portanto de toda in c linação ao pecado. Não é o nosso caso, mas a finalidade precípua dos exercícios espirituais indicada por Santo Inácio, que é a conformação com a vontade divina, é a lgo a que Ela constantemente se aplicou. Por is so,

podemos tomá-La como modelo perfeito. Conferindo, pois, as verdades da fé umas com as outras, verificamos durante a meditação como está a nossa conduta em relação a elas e tomamos a resolução de corrigir o que estiver errado, pedindo a Deus, por meio de Nossa Senhora, a graça de pôr em prática tal resolução. "Tout est grâce", exclamou Santa Teresinha! Aí está, muito resumida e esquematicamente, como se faz uma meditação. Espero que estas linhas gera is ajudem os leitores a encetar esse caminho que, bem percorrido, nos conduz à salvação e santificação de nossa alma. "Não há jesuíta sem Meditação", dizia Santo Inácio. Não há fervor sem meditação, dizemos nós. • E-mail do autor: conc!,:o josc lui1.@catolicismo.com.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE

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Marcas ligadas à nobreza são as preferidas pelos paulistas

Onda anti-China cresce nos Estados Unidos

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as me lhores li stas de presentes de casa mento, em São Paulo, escolhe m-se em gera l as marcas li gadas às cortes européias. Em matéri a ele prataria, a preferida é a francesa Christofle (foto), que desde 1830 fornece para os mais prestigiosos caste los europeus. Em matéri a ele cri stai s, sobressai a Baccarat, que desde 1764 fab rica na França "o cristal da realeza". Também são muito procurados os cri stai s checos ela Maser, casa "preferida da rainha Vitória" du rante o auge cio poder imperial ing lês. Esses tronos, cortes e a requintada vida de castelo - salvo ho nro sas exceções - não ex is tem no sécul o XXI. Entreta nto, o seu modelo ele vicia, profundame nte embeb ido ele tradições cató licas, impressiona até nossos dias. •

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Pirataria 11 chinesa atinge carros de luxo

pós os remédios envenenados, rações danosas para animais, produtos de higiene peçonhentos, alimentos estragados, pneus avariados, bateri as para celul ares ex plosivas, brinquedos malfe itos e peri gosos para as cri anças, chegaram os "berços assass inos" chineses, que desmontam e prende m o bebê, levando-o a morrer sufocado (foto dir.). Devido a tal defeito, três bebês fal eceram nos EUA. As autoridades a me ri ca nas mandaram reco lher I milhão desses berços, comercializados pela e mpresa Simplicity for Children. A indi gnação contra os produtos chineses está tão grande naque le país, que nos supermercados proliferam as etiquetas China Free (prod uto livre de componentes chineses) (foto esq.). •

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o Sa lão Internac ional do Automóvel de Frankfurt apareceram relu zentes veículos de fab ricação da C hina comuni sta, que são vul gares plágios de mode los a lemães Mercedes Benz e BMW, além da j aponesa Toyota. "Nós não gostamos nem. um pouco", di sse o presidente da BMW, Norbert Re ithofer. E ntre os mode los chineses está o utilitário esportivo CEO (foto), fa bri cado pela e mpresa Shuanghuan, que plag ia o X5 da BMW; e o UFO , da Zheijang Jonway, "clone" do RAV 4 ela Toyota . O minicarro chinês Noble, da Shuanghuan, au sente em Frankfurt, imita o Smart ForTwo, fa bricado pela Mercedes Benz. Assim , a C hina dá um fe roz e il egal " troco" às empresas estrangeiras que investem no país. •

Terrorismo recua no Iraque, mas certa mídia ignora

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Partido Democrata ame ri cano sofreu sucess ivas derrotas no Legislativo, ao tentar opor-se ao esfo rço ele g uerra el e seu país no Iraq ue. Aprox imando-se as e le ições presidenc ia is, os pré-ca ndidatos daqu e le partido não o usam prometer uma ret irada ele tropas cio Iraque, temerosos ele perder a e leição. A retomada de confiança dos americanos na guerra é reforçada pe los sucessos a lcançados no Iraque. O Exérc ito americano obteve adesão de grupos triba is iraq uianos, fartos de atentados terrori stas. E sas milícias conhecem me lhor o terreno e estão provocando sério estrago nas fil eiras terroristas. Entretanto, o verdadeiro fato r que poderia fazer os EUA perder a guerra continu a in tacto e ati vo: o macro-capita li smo pub lic itário, que di torce o notic iário no Oc idente para levar os EUA a uma cap itul ação ou a uma saída desastrosa do Iraq ue. •

CATO LICISMO

Maior barragem chinesa à beira da catástrofe

Ex-militante das FARC denuncia despotismo da guerrilha

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anja Nijme ijer, guerrilhe ira ho landesa, fu giu das FA RC, às quai s aderira anos atrás. Em seu diário, publicado pe lo jornal co lombian o "EI Tiempo", descreveu a espantosa tirania e a imora lidade que re inam na organização guerrilheira. Tanja ca iu no conto das ONG s pseudo-humanitári as, que atuam na reg ião amazônica para, no fundo, faze rem subversão. Ela acabo u entrando nas FA RC através cio "te rritório desmilitarizado", criado por anterio r governo colombi ano, e descreve a mi séri a, a arb itrariedade brutal dos chefes comuni stas, a dureza das penas di sc iplinares que sofrem os guerrilheiros, inclusive estrangeiros. Odiári o de Tanja revelou aspectos patéticos elas FA RC sobre os quai s órgãos da mídi a silenciam. •

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super-barragem chin sa das Três Ga rga ntas (foto) é "um desastre de engenharia " e pode levar a um a "catástrofe", reco nh ece u a agê nci a de notíc ias oficial X inhua. Age ntes d o Partido Co muni sta a lertaram a pop ul ação da ime nsa reg ião do rio Yangtsé da ameaça de tragédi a. O av iso só se ex plica porqu e o peri go é ime nso e inquestionáve l, do co ntrári o esses age ntes poderiam perder a própria vida . Os morros que rodeiam o lago arti ficial desa baram e m 9 1 lu gares, numa exten são de 36 quilômetros, engolindo a população ribeirinha e pescadores. As barre iras gerara m ondas de até 50 metros de altura. O governo pretendia que a barragem fosse um símbol o do poderi o econômico chinês. De fa to, está sendo símbo lo, mas com sin al negativo ... •

Atentados vêm abalando a unidade da Espanha monarquia, ~orma de governo tradicional na hi stóriada Es~anha, vem sendo lerozmente atacada por uma onda de marn festaçoes republicanas e separatistas. Co meçou em Barcelona, numa mani festação e m que 300 estudantes queim aram fotos do rei Juan Carl os e enforcara m um boneco representando o soberano espanho l (foto). Manifes tações do gênero repetiram-se e m outras c idades. Em Mad ri , degeneraram em entrec hoques com monarqui stas. O desrespeito seri a irrele vante se tais ma nifestações não e nvo lvessem a co laboração do governo socia li sta. O prime iro-m ini stro Zapatero não esconde sua ave rsão pela monarqui a, mas houve numerosas manifestações de apoio a essa forma de governo. A di sputa pode rachar o país e encerrar o período hi stórico vi vicio por e le até agora. •

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Patriarca de Moscou quer suprimir apostolado católico

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patriarca cismático de Moscou, Alexis 11, visitou Paris. É ele bem conhecido por sua militância na polícia secreta soviética (ex-KGB), tendo denunciado a esse órgão repressivo vários sacerdotes de sua própria confissão religiosa . Alexis li vem cobrindo de impropérios os católicos que fazem apostolado na Rússia, especialmente os que difundem a mensagem de Fátima . Em sua viagem à França, Alexis li disfarçou seus intuitos anticatólicos sob falsas aparências de ecumenismo, alegando luta contra inimigos comuns e apoio a causas simpáticas, como a defesa da vida. Na prática, fez mero jogo para ex1g1r, em troca da distensão, a extinção do apostolado católico em seu país. Para isto, conta ele com a colaboração do regime ditatorial do presidente Putin e de poderosas amizades nos meios progressistas católicos, também estes inimigos de Fátima e avessos à con versão da Rússia.

Santuário de Nossa Senhora na Índia atrai multidões

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proximadamente 1,5 milhão de pessoas peregrinaram ao santuário de Tuticorin (2 .700 km ao sul de Nova Delhi), para venerar a imagem de Nossa Senhora das Neves. Ela foi levada em procissão num carro dourado de 21 metros, decorado com pedras semipreciosas . Os peregrinos jogavam pétalas de rosa e jasmim no veículo. A procissão demorou cinco horas para percorrer três quilômetros. A romaria foi tão importante, que o correio hindu emitiu selos comemorativos . Essa antiga devoção popular parece ter-se acentuado depois que, em 2004, as ondas do terrível tsunami detiveram - se às portas daquele santuário, poupando os fiéis que rezavam em seu interior.

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NACIONAL

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. ocupa ram o aero porto de Santa C ru z, para conter os protestos dos opositores de E vo M ora les, eram compostas promí scuame nte por soldados bo livianos e venezue lanos. E, num a ingerência inaudita, C hávez ameaçou, caso M orales sej a d e rrub a d o o u a ssass in a d o, qu e a Ve nezue la fará ela Bo lívi a não um Vietnã das idéias, mas um Vietnã das metra lhadoras, um Vietnã ela g uerra.

Extingufr a propl'iedacle pPivada

A Vale, o socialismo e a propriedade privada P ara se compreender com maior facilidade a realidade político-social no Brasil, convém considerá-la à luz do contexto sul-americano. Neste, o papel de Chávez e outros. ■ PUNI O VI DIGAL XAVIER DA S ILVE IRA

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pres ide nte ve nez ue la no Hu go C há vez comanda, há j á bom tem po, um processo po lítico no seu país rumo a um Estado autoritário e à im plantação de um regime sociali sta. A atuação da diplomacia venezue lana te m sid o de a be rto inte rve nc io ni s mo, acompanh ada de uma esca lad a arma-

CATOLICISMO

menti sta sem precedentes na região (a respe ito, vide matéri a ele capa desta edição). No Equ ad o r, o pres id e nte Rafael Correa jamais escondeu s ua admiração por Hugo Chávez, e a influê nc ia deste último é aberta no processo po lítico do país. O preside nte equatori ano te m enfrentado os me ios de comunicação e pretende criar uma TV pública, que se tormu·á um órgão de propaganda ofi c ia l. A

Venez ue la ele C há vez "emp resto u" os c inco milhões de dó lares para a compra de equipame ntos de ta l TV pública, dando assim ao "chavi smo" importante me io ele di fusão no país. A Bo lívi a é tratada pe lo ca udil ho venezuelano como verdade iro protetorado. Bo lív ia e Venezue la firm aram acordo militar que permite a H ugo Chávez manter bases mili ta res e tropas na Bolívi a. Nas úl timas semanas, as tropas que

A ideologia política que rege a criação desses Estados bolivarianos é o "soc ialismo do século XXI", como o tem proclamado o presidente venezuelano. Na verdade, o revi ver do pesadelo ideológico que trou xe a massificação, a servidão e a fo me aos países comunistas. N esse sentido, o pres id e nte ve nezuelano afi rmou estar di sposto a servir-se d a atua l reform a co nstitu c io na l para d es mo nta r progress ivam ente o conce ito de pro priedade privada, a qu al não cabe em sua revo lução socia lista. À vi sta di sso, são ta mbé m co mpreensíve is as diversas medi das estati stas adotadas pe los gove rnos da Venezue la, da Bo lívia e cio Equador.

PaPtido cios 1'rabalhadoms l'etoma o socialismo Ainda que de modo não perceptível de imedi ato, todo este quadro projeta s ua so mbra sobre a rea lidade brasile ira. No recente Congresso cio PT, este vo ltou a adotar como meta ex plíc ita o socialismo. Foi o terceiro congresso reali zado pela sig la em sua hi stória, e, como constatou a imprensa, amplamente influenc iado pelo Planalto. Além ele anunc iar seu apo io a uma Constituinte para a reforma po lítica, o PT decidiu e mpreender uma reaprox imação com os ditos " movimentos sociais", entre os quais se destaca o MST; e ta mbé m, com apoio ele ampla maiori a cios delegados presentes, uniJ·- e à campanha cio ple bi sc ito pe la reestatização da Vale do Rio Doce. Com partic ipação dec isiva ela esquerda católica, ta l plebi sc ito ( na verdade, uma mera co leta de ass inaturas) em favor da reestatização ela Vale do Rio Doce

tem um sentido simbó lico. Para a esquerda católica, os " movimentos sociais" e ampl os setores do PT, a Vale do Rio Doce

curso poucas vezes confe re com a prática. Na realidade, era para va ler mesmo !

forças po li c ia is co ntra os " atos ate ntatórios" do MST. Mas o MST, va le ndo-se sempre cio clima de gritante impunidade que cerca s ua a tu ação il egal, decidiu mobilizar mulheres, crianças e idosos de acampamentos instalados em fazendas invadi das, e voltou a ocupar a linha férrea da companhi a, e m outro trecho, instalando aca mpamento e m c ima dos trilhos, e m desrespe ito à orde m judic ial. Enquanto a Vale do Rio Doce tentava convencer o governo do Pará e o Mini stéri o da Ju stiça a cumprire m a ordem judicial, a governadora Ana Júlia (do PT) afirm ava a colaboradores próximos que seu princ ipal objetivo não era o cumpri mento da ordem judic ial, mas obri gar a Vale do Rio Doce a negociar com o MST. Ou sej a, desrespeito aberto à o rde m judici a l, promovido pe la govern adora. A visibilidade da empresa, sua importânc ia para a economia do País, e o prejuízo no exte rior à imagem do Brasil, fruto do desrespe ito à le i, e xi g iri am do pres ide nte Lula medidas enérgicas e um pronun c ia me nto c laro . M as Lula se manteve inerte e e m silêncio ... Por fim , "cede ndo à pressão", o governo decidiu negociar co m o MST. Ou sej a, sempre o trato pri vileg iado d ado aos "co mpa nhe iros" qu e vio lam a le i e afrontam a Ju sti ça.

MS1' empreende ações ilegais contra a Vale

Um caminho pel'igoso mas coel'ente

Os organizadores de ta l plebi sc ito, tendo o MST na linha ele frente, decidiram , em função do que qua lificaram de sucesso cio referido plebi sc ito, começar a atuar contra a Vale, num a séri e de ações ilegais. E esse M ST de ações ilegais é o que continua a recebe r trato privilegiado da parte do governo L ul a, inclu sive elevadas somas ele ve rbas públicas. N um a das ações, alg un s militantes oc u pa ra m os trilh os d a fe rro vi a d e Caraj ás, pe la qu a l c ircul a m tre ns que tra ns po rta m di aria mente 250 mil to nelad as de min éri os, co mbu stíve l para abastece r 20 munic ípi os do sudeste do Pará e cerca ele 1.300 passageiros. A Vale obteve, na Ju stiça Federal, proteção de

Não é difícil constatar que o MST vai , cada vez ma is, enveredando por ações pró pri as a um a g ue rrilha , qu e bu sca inviabili zar a pro pri edade privada. De o utro lado, as faze ndas ocupadas pe lo movimento, tantas vezes subvencionadas por dinhe iro público, longe de se destinarem à produção agrícola, servem como base de apo io para os ataques de caráter para militar cio movimento. É peri goso o ca minho que vai tomando a rea lidade po líti ca profunda no Brasil , mas muito coerente com a " revolução socia li sta cio século XXI" anunc iada por Hugo C hávez. •

tornou-se um incômodo símbolo cio ê xi to ela propriedade privada, a qua l deve ser extinta gradativame nte na revolução soc ia lista cio século XXI. Para evitar sustos, o presidente Lula recorreu, uma vez mais, a um a ele suas a rm as po líti cas m a is efi cazes - a duplicidade. Disse que tal apoio cio JYf à campanha pela reestatização da Vale "não era para valer". É estranho que um partido adote e m um evento da re levânc ia de um congresso naciona l uma medida que "não é para valer". M as, como se verá, os fatos logo vieram mais uma vez demonstrar que, no governo peti sta, o cli s-

E-mai l cio autor: plini oxav ier @cato licismo.com.br

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D. Tomás Balduíno (esq.) viajou com uma comitiva do MST até a aldeia de La Higuera, na Bolívia, onde morreu o guerrilheiro

Che Guevara encobria seus propósitos e feitos

assassinos sob um manto irenista de bonomia e espontaneidade. Tal duplicidade é explorada e imitada por seus continuadores eclesiásticos e civis. Lu1s DuFAUR

m jove m cubano de 15 anos escreveu contra Fidel Castro e m plena re volução cuban a, e só por isso fo i condenado à morte. A mãe, no desespe ro , "conseguiu uma audiência com Che Guevara e lhe implorou que deixasse seu/ilho vive,: Era uma sexta~f'eira, e a execução estava previs/a para segunda. Quando Che pergunlou o nome do rapaz, a mãe acredilou ler conseguido salvar a vida do.filho. C he girou a cabe-

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CATOLICISMO

ça e, dirigindo-se a seus soldados, grilou: 'Fuzilem o.filho desta senhora hoje mesmo, para que ela não tenha que esperar até seg unda~ f'eira "'. 1 Esta cena crue l é uma entre outras consig nadas em li vros-denúnc ia sobre o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, no 40º anivers,'írio de sua ing lóri a morte. A sanha sa nguinária do subversivo co muni sta não é co ntestada ne m por seus seg uidores, e deveria susc itar portanto repul sa uni versal. Porém, a respe ito dessa fi gura feroz há um certo mi stério, poi s sua imagem facinorosa está em ca mi se-

tas e souvenirs, usadas até por pessoas que nem sabem bem quem ele foi , e que não partilham seu ódio contra a soc iedade. Fo lhea ndo a co leção de Catolicismo, e ncontre i num artigo da lavra do Prof. Plini o Corrêa de Olive ira a fundame ntação psicológ ica para se entender essa atitude contraditóri a: "As imagens do Che apresentam-no com os cabelos que parecem não ser de há muito nem corlados nem lavados, um bigode ralo e esfiapado, cujas extrem.idade s acaban·1 por se unir a um a barbicha de conlornos incertos. Formando ludo para o rosto uma só moldura de desalinho e deso rdem, causa repulsa inslinli va, mas visa despertar uma impressão de naturalidade e despretensc7o, levada ao extremo.

"O olhar - de uma luminosidade incomum - e o sorriso procuram dar uma certa idéia de bonomia e qf'abilidade um pouco místi ca. Es te hom em dulçuroso é wn dos suportes do reg ime do 'paredón ', onde tantas vítimas têm sido cruelmente imoladas". 2 "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás", 3 é a frase famosa atr ibuída ao Che, qu e postula essa dupli c idade no jogo de personalidade.

A "Igreja do Clw " Esse e nga nado r aspecto místi codul çuroso do chaca l comuni sta está por trás da midi atização de sua malfadada image m. Exp li ca também o estil o hoje a lotado por muitos dos seus sequazes brasile iros e latino-a meri ca nos, que se apresentam menos assa nhados no referente ao sa ngue. Mas, esperta me nte, cul -

tivam a " mística espontânea e afável" do Che, para encobrir seus verdadeiros propós itos. Não usam ma is uniform e de g ue rrilhe iro, aparam as barbas, a lg uns vestem-se até com capricho. Os tempos o ex igem. Até podem usar batina, c/ergyman, parame ntos litúrg icos o u anel episcopal , quando convém. Formam uma confraria es pec ial na esqu erda latin oamericana, qu e um jornali sta carioca definiu como "Igreja do Che". 4 Dessa " Igrej a" pa rticipa D . Tomás Balduíno, expoente da CPT (Co mi ssão Pa stora l da Terra) , es péc ie de longa manus da CNBB que promove a agitação agrária. Ele viajou com uma comiti va do MST até a a lde ia de La Higuera, na Bolívia, onde morreu o guerrilhe iro e m 9- 10- 1967. Ali os militantes mai s "de votos" 5 e mais radi ca is das esq uerdas latino-americanas co memoraram sua mo rte no 2º Encontro Mundial Che Guevara. Também estão na "Ig rej a do C he" inúmeros a lto-falantes de igrejas e confess io ná ri os, tran sformados e m in stru mentos das reformas ele estruturas e de re ivin li cação dos e nganosos "direitos" de min ori as " marg inali zadas" . Na reali dade, ateia-se fogo no Brasil, semea ndo

pote nciais guerrilhas rura is e urban as e m que se e nfrente m c lasses soc iai s, raças e grupos culturais, como o Che sonhou nos seus de lírios subversivos. Não res ide no utopi smo clul çuroso e "es pontâneo" o mai o r dos triunfos da "Igreja do Che" nos nossos di as? Não é es te o mai s vene noso e flúvio que o chefe comunista legou para a revo lução lati no-americana?

Senado Federal J'csteja o Che Um ex-companhe iro de guerrilha do Che, Darie l Jimé nez Al arcón, narrou que na hora dos fu zilame ntos "Chc subia num muro e, deitado de costas, observava as execuções enquanlo fumava um cliaru!o ". 6 Não leva ndo e m conta essa sini stra rea lidade, o plenário do Senado brasile iro organi zou uma sessão especial e m homenagem a Che Guevara, em 23 de outubro últim o. O req uerimento foi apresentado pe lo senador José Nery (PSOL, PA), di zendo tratar-se de "uma das.figu ras mais marcantes da hislória da hu manidade". O ofício propõe le mbrar "a adm iráve l história de vida de C he Guevara. j .. .] É um dever deste Senado da República do Brasil, certamente inNOVEMBRO 2007

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Questão quilombola, luta de raças entre irmãos brasileiros U ma verdadeira bomba social está sendo montada para provocar conflitos raciais. Uma luta fratricida começa a agitar diversas regiões do Brasil, ameaçando a paz e o direito de propriedade.

teressado em reafirmar seu reconhecimento aos valores representados por Che Guevara". 7 Quais valores representou Che Guevara? "O ódio intransigente ao inimigo que impulsiona o ser humano para além de suas limitações naturais e o converte em uma efetiva, violenta, seletiva e fria máquina de matar". 8 A sessão do Senado Federal em homenagem à memóri a do fac ínora guerrilheiro marxi sta começou com o hino comuni sta "Hasta siempre Comandante" 9 . O mesmo senador José Nery (PSOL-PA) afi rmou que ela serviu para "honrar a

memória do comandante no momento em que setores reacionários da imprensa fi zeram ataques contra sua história". 10 A seguir, diversos oradores desencadearam ataq ues contra os órgãos da imprensa nacional , que relembraram frases e fatos hi stóricos que comprovam o aspecto sanguinário do subversivo comunista. O senador João Pedro (PT-AC) verberou o que e le qualificou de "uma

tentativa de desconstituir e desqualificar a luta da esquerda na América Latina e no Brasil. Não podemos concordar e temos que repudiar a postura da revista [Veja] ". A censura moral ficou perfeitamente invertida: quem denuncia o delito é objeto de repúdio! Seguindo essa lógica, o senador qualificou o exército boliviano de "criminoso", por ter e liminado CATOLICISMO

o subversivo estrangeiro. No mesmo sentido se exprimiram contra a imprensa os senadores que fizeram uso da palavra. 11

tica sentimental-dulçurosa da "Igreja do

"Estou na selva cubana, vivo e sedento de sa ng ue" , 12 escreve u Che

sua "Igreja" se estende pe lo Brasil, atingindo até o Senado Federal, apesar de o País profundo e autênti co reje itar esse clinossáurico marxismo sanguinário. •

Guevara. Está na lógica dessas palavras que a se na d ora Manu e l a D' Ávila (PCdoB-RS) tenha exaltado em Guevara

"a rebeldia com causa, a luta por uma sociedade com justiça social". 13 A "justiça social" tão propalada pelo clero pro-

gressista, no qual milita alegremente D. Tomás Balduíno. Para os católicos de esquerda não espanta seq uer a blasfema expressão do g uerrilheiro: "Sou todo o

contrário de um Cristo". 14

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Casos de corrupção no Senado Federal estão no foco da mídia. A corrupção explica tudo? Há pior corrupção do que o comunismo? Não haverá infiltração das idéias comuni stas? Por que a mídia não foca li za e analisa co nve nie nte me nte isso?

" Fuzilamos e seguiremos fuzilando enquanto for necessário " . 15 Palavras de morte análogas a estas de Guevara surge m por vezes dos arraiais do MST e outros "movimentos soc iais", bafejados pela CNBB. Mas elas não causam reação proporcionada, pois a esquerda católica e seus companheiros de ave nturas socialo-comunistas sabem se disfarçar com a mís-

Che". É assim que a sombra do chacal e de

E- mai l do autor: lui sdufaur@cato li c ismo.com.br

Notas: 1. "BB C Brasil ", 7-10-07 , http://www.bbc.eo. uk/ portug uese/ re p o r t e rbb c/s t o r y /2007 / 1O/ 07 1005_che_despota_cg. shtml 2. Catolicismo, nº 12 1, j ane iro de 196 1. 3. http ://es.wikiq uote.org/w i ki/Che_Guevara 4. Ancelm o Gó is, "O G lobo", 11 - 10-07. 5. "Folh a de S. Paul o", 10- 10-07. 6. "BBC", icl. ibid. 7. Portal Leg is lati vo do Se nad o Federa l, http:/ /1 eg i s. s e n ado.gov. br/p I s /proda se n/ PRODASEN.LAYOUT_ MATE_ DETALHE. S HOW_ INTEGRAL?t= 10840. 8. C he G uevara, " Mensagem aos povos cio mundo" , Tri continental, ma io de 1967, http:// www.am e ric as - fr. co m/h i s to i re/ p e u p lesmonde. html 9. www.verme lho.org. br/base.as p?texto=27 l 9 I 10 . "O G lobo", http ://g 1. g lobo .co m/Noti c ias/ Po l itica/0,,M UL 155455-560 1,00.html 11 . Jcl. ibicl. 12. C he G uevara, Memórias , 28 de j aneiro ele 1957 , http :/ /foro .uni v is io n.co m/un i v is io n/board/ print?boarcl. id=cuba&message.icl=36842&page = 1&fo rm at=page 13. "O G lobo", icl. ib id. 14. http ://www.a ve r dadesu focada . co mi inclex. php?option=com_content&task=v iew&id =678&Itemid=34 15. Che G uevara, Di scurso na Assemblé ia Gera l ela ONU, em 11 - 12- 1964, http://www.ameri cas-fr. co m/hi stoire/guevara-onu .html

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liezer Nardoto, 52 anos, historiador e autor de várias obras, é um inconformado com as frau des históricas . Amante da rica cultura popular de São Mateus (ES), ocupa lugar de destaque no mundo cultural da cidade . É curador de seus três museus e ardoroso defensor do município, cujo passado é carregado de tradições, além de ter um presente cheio de realizações, com uma agricultura não só desenvolvida, mas a mais diversificada do País. Nardoto não admite q ue se crie uma divisão no meio do povo através dessa pol ítica de promoção do racis mo. Em entrevista para Catolicismo e para o recent e livro A Revolução Quilombola, de autoria de nosso colaborador, o jornali sta Nels on Ramos Barretto, Nardoto descreve pormeno-rizadamente os absurdos do processo de desapropriação, a começar pela notificaçã o do INCRA, que inverte os direitos sobre as propriedades locais ao declarar que as mesmas estão dentro do território dos quilombo/as, escritura das em nome de 'x', 'y' e 'z' , e dando 90 dias para os legítimos proprietários se defenderem daquela acusação totalmente carente de fundamentação jurídica, histórica e antropológica.

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/Vanlolo:

"Em 2003, apare-

ce um decreto [4887, de 110vemb1·0 <le 2003] do preside11te Lula, no qual se dá um sentido di/'cre11te aos termos quilombo e c1uilombola "

Catolicismo - O INCRA apresenta algum estudo, alguma base histórica para justificar a destinação de terras a quilombo/as? S,: Nardoto - Na verd ade, a gente não pode dizer que numa cidade onde houve escrav id ão não tenha hav ido quilombo; porque, quando fugia algum escravo e se juntava com outros também fu gidos, era natural que procurassem um refúgio e meios ele sobrev ivênc ia. Nos lu gares do B ras il onde houve escrav idão, houv e quilombo. Nós não contestamos isso. Compreende-se que, sendo pobres, os negros não tivessem dinheiro para escritu rar as terras onde se estabe lec iam. O que contestamos é a lei que trata do direito sobre o território demarcado, poi s o que a Constitui ção garantiu foi que o governo fi zesse a escritura para eles. Só que, ao invés de fa zer isso, o governo inventou que o território era para os remanescentes de esc ravos que residi am no local. Em 2003, apa rece um decreto cio pres idente Lula, no qual se dá um sentido diferente aos termos quilombo e qui-

lombo/a. Catolicismo - Há meios de definir o que seria ou não terra de quilombos? Sr. Nardoto - Em primeiro lugar, a pessoa pode se autodefinir como quilombola . Até aí, também não há grande problema. Em seguida, o decreto diz que o território de uma comunidade remanescente é o território em que ele faz a sua reprodução física , soc ial, econômica e cultural. Então, ni sso aí, o limi -

NOVEMBRO 2007 -


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teu s ! Nestas altu ras e u me perg unto : Para onde leva rão a população da c idade?

te é o mundo! O limite pode estar na cabeça dos ideali zadores do mapa, feito e m Brasília, que demarca o que é considerado te rritório quilombo /a. Definiram o que é terra quilombo/a e apenas apresentam como " prova" os remanescentes de quilombolas. Estes terão de mostrar, por exemplo, que ali fo i enterrada a avó; lá, outro antepassado ia catar cambucá e araçá; acolá, outro ia pesca r e caçar. Mas isso todo mundo fazia, o índio també m faz ia, portanto não e ra uma exc lus ivid ade dos negros. Na medida em que são ampliados tais territórios, encontramos algumas peças raras; como o fato de a sede do município de São Mateus fazer parte do te rritório quilombo/a. Catolicismo - Isso atinge também os imóveis urbanos? Sr. Nardo/o - Houve uma pessoa da Fundação Palmares o u do INCRA que parti c ipo u de um prog rama na rádio de maior audi ê nc ia de São Mate us, e o re pórte r lhe pergu ntou: " Vo cês colocaram aqui no mapa o bairro litorâneo de Eldorado, que Jaz parte da comunidade São Jorge. O que vocês vão Jaze r com as pessoas que moram lá?". Sabe qu al fo i a res posta? "Não há problema nenhum. A comunidade São Jorge vai se reunir e decidir quem fi ca e quem sai!". Mas agora apa rece no mapa que é toda a c idade de São Ma-

CATOLICISMO

Protesto dos produtores rurais de São Mateus (ES) contra as ameaças dos quilombo/os

"O /Jrasil litorâneo está cm pé de guerra, po,·que daqui ninguém vai sair - isso já /alo categoricamente - , ninguém sai de sua p1·opricdade, só 1no1'to "

Catolicismo - Quem está por trás disso? Sr. Nardoto - Os neg ros daqui não sabiam di sso; a li ás, a maio ri a ainda não sabe. E agora? Com es te go verno, vamos dec re tar que o branco não pode mai s gostar da negra, o negro també m não pode gos tar da branca. Não dá para e nte nde r. Afi na l, quem está por trás di sso? Com efeito, di zem que a população mais pobre cio Bras il é composta pelos negros e pardos. Nós devemos nos esforçar para que os negros progrid a m o mais rapid amente possíve l de ntro de nosso contex to soc ial. Mas, ao isolar os negros num te rritório, será melhor ou pior? E quem deu permi ssão para o IN CRA e o Mini stério ela Igualdade Racial separare m territó ri os de ntro da federação brasil e ira? Se tomarmos o mapa cios quilombos no Brasil , veremos que a faixa litorânea toda está de marcad a para se tornar te rri tório quilombo/a, como se esti vesse esface lando a Nação . Ali ás, será a liquidação do Brasil. As ONGs que trabalham nessas questões, na verdade querem que o Brasi l pegue fogo . Ora, o Brasil litorâneo está todo e m pé ele guerra, porque daqui ningué m vai sai r - e isso e u já falo categori came nte - , ningué m sa i de sua propriedade, só morto. Os proprietários rurai s aqu i j á deram esse recado, e quando os propri etários urbanos souberem, duvido que alg uém saia também. O certo é que, num clima ele confusão, torna-se muito fác il a tomada da Amazônia. Catolicismo - Os assentamentos ficam de tora? É estranho que as terras tomadas para assentamentos nunca tenham sido ocupadas por quilombo/as. Sr. Nardoto - Po r qu e não foram de marcados como quilombos territórios cio MST? De fato, os assentamentos ele Reform a Ag rári a fi caram caprichosa mente de fora . Onde ex iste assentamento, e les desv iaram a de marcação ... Poder-se-ia perguntar: Ex isti a negro nesta te rra? Sim , existia. Só hav ia negros? Não. E por que esta terra tem ele pertencer só aos negros? Quem di sse que o negro quer esta terra para ele? Catolicismo - Não há como comprovar? Sr. Nardo/o - O trabalho elas ONGs, fun cio nando como limpa-trilhos para o INCRA, consiste em di zer para os afro-descendentes que todas aquelas terras foram tomadas ele seus antepassados, colocando uma premissa que não ex iste. Na época el a escrav idão, as fazendas só se estabe lec iam às margens cios rios, poi s o sertão estava tomado por fl o restas. Os índios vivi am nas selvas. Os botocuclos foram cm-

purraclos pelos bandeirantes ele Minas Gerais para as matas ele São Mateus e cio Mucuri . Inclusive, os últimos massacres de índios aq ui são do início do século XX. Temos uma família aqui - os Barbosa, a maior família cio município - que tem todas as suas terras demarcadas como sendo de quilombolas. O patriarca ela família, Manoel Barbosa, português, c hegou aq ui em 1850 e se casou com uma índia de nome Ayú . Com e la teve dois filhos que se casaram na família Barcelos. E foi este português quem desbravou aq uelas terras. Se fizermos um estudo antropológico, vere mos que a índia era igualme nte proprietária das terras. Sendo ass im, ela tem muito mais direito, dentro desta lógica, cio que os negros, pois estava lá hav ia muito mais tempo. Portanto, os descende ntes daquela índia têm muito mai s direito de fi car ali cio que os negros. Agora chega o INCRA e notifica os herdeiros daquela índia e daquele português, de que e nco ntrou dentro ele um território quilombola terras escri turadas em nome deles. Uma maluquice! Onde está o re lató ri o técnico e antropológico? E a objetividade hi stórica? Se o governo que r fazer justiça soc ial e m relação aos negros que não têm eletricidade, não têm nada pl antado, por que não planta para eles? Todo mundo vai concordar, vamos dar um empurrão: planta lá meio alqueire de café, meio de pimenta. Um proprietário em São Mateus, com dois alqueires de terra, vem faturando cerca de cem mil reais por ano. Então o governo que vá lá e prepare doi s alqueires para cada um , não 50 alqueires para cada fam íli a. A fazer como pretendem, vai se destruir a agricultura mais divers ificada do Brasil.

"Não dá pam entendei' o que está por trás dos quilombolas. Será que o Mil1istério da Promoção da Igualdade Racial está p1·omo1rc11do o racismo?"

Nosso entrevistado fala com pequenos fazendeiros da região, agitada artificialmente

mil habitantes, que apresenta a agricultura mais diversificada do País, e que vai abastecer o Brasil de combu stíveis ... O que é o Brasil diante do mundo? É o país da mi sc igenação, o país que não tem rancores, que não briga, que não quer guerra. Eu pergunto: a cultura do nosso negro hoje é a cultura brasileira? Na minha condição de descende nte de italianos, não me passa pela cabeça formar com outros ítalo-brasileiros uma nova Itáli a, como não me passa pela cabeça imaginar que se faça aqui uma nova África. Catolicismo - O que está por trás dessa idéia dos territórios quilombo/as? Sr. Nardo/o - Não dá para entender o que está por trás dessa idéia . Será que o Ministério ela Promoção da Igualdade Racia l está promovendo o racismo? Se alguém, por isso, me chamar de racista, e u tenho a história desde 1894, para mostrar o quanto minha famíl ia trabalhou com os negros. Duvido que tais "promotores de igualdade" Lenham algo a mostrar nesse sentido. Não ad mito que alguém me chame de racista, tenho muitos amigos negros. Talvez São Mateus seja uma das cidades mais brasileiras, pois tem a cor do Brasil, ne m negra ne m branca, mas mestiça. •

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Catolicismo - É uma pseudo-justiça social, pois baseada em arbitrariedades. O mapa quilombo/a, por exemplo, não tem base histórica. Sr. Nardo/o - Ao visitar a Comissão de Agricultura, um deputado veio nos atender, apressando-se e m nos di zer que no dia seguinte se encontraria conosco na CNA, onde teríamos oportunidade de fa lar. Como ele pretendia não nos receber, perguntamos se conhecia o mapa que demarcava os territórios dos quilombo/as, e puxando-o da pasta mostrei -o a ele. O deputado ficou apavorado e chamou um colega para ver. Assim foram chegando vários, e cada qual procurava seus respectivos estados para ver o que estava acontecendo. A surpresa foi geral, e começaram a perguntar onde poderiam encontrar um mapa daque le ... Esta foi a grande surpresa nossa: no Congresso Nacional ninguém sabia de nada ... Quatro pequenos ag ric ultores de São Mateus, saímos para ir a Brasília a fim de pedir socorro, e ninguém sabia de nada! Trata-se de um município com mais de 100 NOVEMBRO 2007

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INFORMATIVO RURAL

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CP'/' e o Congresso do MS'J' O MST nasce u na CPT (Co mi ssão Pastora l da Terra), um a pastora l da CNBB . E hoj e continuam ambos mais concordes cio que nunca no e nfre ntame nto da orde m e da le i no País, dentro ele um proj eto revo luc ionário soc iali sta. Vejamos o que dizem diri gentes ela CPT sobre o Congresso, de orientação com uni sta, rea li zado pelo M ST: "Minha impressão é que o MST dem.onstrou sua capacidade de mobilização, organização, disciplina e arliculaçüo que possibilitou um Congresso não s6 representativo, mas que revelou as grandes causas que o MST tem encam- J pado em suas lutas por forma ção, edu- ~ cação, acesso aos programas e políticas las esquerdas e m Porto Alegre, uma inpúblicas, articulação política nacional vasão na estação experime ntal ela Mone latino-americana " (Declaração de Dirsanto, que pesquisava sementes transgêceu Fumagalli , ela coorde nação nac ional ni cas no sul. Nas últimas e le ições presiela CPT). denc iais francesas , Bové apresentou -se "O M ST mais uma vez deu uma decomo candidato e obteve a in significanmonstração de organização e de discite c ifra ele 1,32% cios votos, apesar cio plina no seu V Congresso. S6 esquecem. ge neroso destaque conced ido pe la imque na história do Brasil e da América prensa esq ue rdi sta. Latina nunca coube uma Reforma Ag ráVejam entreta nto a con fi ssão: "Corno ria clássica. Aqui a luta pela terra sema CPT /ambérn a/uajunlo aos movirnenlos pre teve seu caráter revolucionário" sociais do campo e a ou/ras paslorais e (Dec laração ele Isidoro Revers, da coordenação do Projeto da CPT "Impactos faz parte da Via Campesina Brasil, desempenhamos nesse momento um papel cio Hiclro e Agronegócio"). à frente do Coletivo de Jovens da Via, onde "Estou convencido de que o Congresrepresentantes dos movimentos liga<los a so do MSTfoi, internamente, uma valioela se reúnem para ampliar as suas ações, sa oxigenação do Movimento. E, exteratuações e formação" ("Pastoral ela Ternamente, foi um claro sinal do ascenso ra" - junho a setembro ele 2007). (sic) e da articulação da nossa sociedade civil brasileira no enfi·entamento do

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modelo neoliberal, especialmente do 'necrocombustível"' (Dec laração ele Dom Tomás Ba lcluíno, conselheiro permanente ela CPT) .

Cl'1' e a Via Campesina Está cada dia mais presente na organi zação dos movimentos soc ia is no Brasil a chamada Via Campesina, uma espécie de multinacional da invasão, sucursa l da inter nac io na l da desordem no País. E la fico u mais conhecida após o desordeiro Bové ter cap itaneado, du rante um cios Fórun s Soc iais rea li zado pe-

CATO LICI SMO

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visadas e desempregadas periferias elas gra ndes cidades. Vão assim tentando confu ndir até pessoas ele bem, que ficam sem saber co mo distinguir o que é bom ou mau e m suas re ivindicações. É ass im que vão esses movimentos disseminando seus venenos, desfralda-

cios e m inúmeras bandeiras que se sucedem umas às o utras, rumo a uma soc iedade soc ia li sta 1ue os diri gentes sabem irrea li zável; mas que querem implantadas, mesmo que sej a com o uso ela força, à moela ele D. Tomás Ba lcluín o, Ficle l Castro, Pol Pot, Che G uevara, Mao, Sta1in ou mesmo Hu go Chávez. No último Grito dos Excluídos, convocado pe la CNBB e rea li zado em São Paulo, após a Mi ssa ce lebrada na Catedral ela Sé os manifestantes promoveram um arremedo ele pleb iscito contra a privatização ela C ia. Val e cio Rio Doce (cartaz ao lado). Reivin dicavam ainda trabalho, terra, moradia, paz, justiça, saúde, cidada ni a, ética, educação e soberani a. No me io cios manifestantes podia-se ler um a fa ixa : "Nem papas, nem juízes, as mulheres decidem" - ex ig indo a 1i beração cio abo rto . U ma rre ira, representante cio Conse lho lndigeni sta Miss ionário (CIMl), justificou: "Nüo é a

posição da Igreja, mas não há como evilar esse lipo de manf/estaçüo ". No entanto, poucos dias antes, as portas ela catedral ele São Paulo hav iam sido fec hadas para que não e ntrassem os participantes ele um mov imento contrári o às mazelas cio atual governo ...

Sabotagem e sulnrersão

MS'I; Via Campesina e CNIJB

De tal mane ira estão juntos MST e Via Campesina, que a cada di a é maior a influência desta sobre aq uele na orga ni zação e na atuação . E ntre as utop ias descartadas, vai ficando para trás a chamada " luta por um. pedaço de terra para nela instalar a famíl ia e viver numa ferra sem males". A utop ia soc iali sta é cada d ia mais d ifundi da numa linguagem cheia ele exageras, de lan1entos sobre a esperança de um mundo " idíl ico", mas que não se cumpre, com a qual envo lvem as desa-

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O MST tentou parai isa r trens ela Vale, levando in segura nça para a operação cios mes mos . Pela quarta vez neste ano, índi os guajajaras derrubaram to rres ele tra nsmi ssão e létrica. E m ma io, manifestantes co mandados pe la Via Campesina, pe lo MST e pelo Movimento dos A fin gidos por Barragens (MAB) invad iram as instalações ele co ntrole ela Us ina ele Tucuruí. No Rio Grande cio S ul , três colunas cio MST marcham para ocupar uma faze nda (Coq ueiros), invacl i_cla pe la 9" vez .

E ex iste o perigo imine nte ele co nfro nto co m proprietários ru ra is. O MST declarou que desta vez "va i ou racha" ! No dia 8 ele outubro, sem-terras coordenados por quatro movimentos d itos soc iais, e ntre os quais a CPT, ocuparam a Usina Salgado, a ma ior cio Estado ele Pe rn a mbu co, um a ela s dez maiores produtoras ele álcoo l. Só sa íram depois que o INC RA prometeu ava li ar se a e mpresa c umpre suafúnção social plena. A e mpresa, uma elas ma is produtivas cio Estado, pode ser atingida por um perigoso precedente: a desapropriação ele uma propri edade produtiva. É assim que ve m procedendo o IN CRA : ao arre pi o ela lei, e na marra! Trezentos asse ntados do oeste cio Pará inte rditaram a Transamazônica perto ele Alta mi ra (PA), sob o pretexto ele protestar contra a interdi ção, pe lo Mini stério Púb li co cio Pará, ele 99 assentame ntos irregul a res cio IN C RA , que estava m se m li ce nça ambi enta l. Tudo isso re prese nta a desorde m contra a Lei. Ésabotagem e sub ve rsão, esco ndidas sob o manto ele re ivindicações socia is. Pronunciamento el a Federação da Ag ri c ultura e Pecuári a cio Pará, e m denúncia aos poderes co nstituídos e à população paraense, ap li case ao Bras il co mo um todo: "Não há dúvida de que, sob o manto de supostos princípios de j ustiça social e em. defesa de uma refo rma agrária pretendida, que se implante ao arrepio da lei e da ordem, está em curso no Brasil

uma revolução que visa implantar um socialismo autoritário, que está sendo susten!ada por recursos públicos e travestida por dezenas de movimentos que, embora se proclamem sociais, são, de fa lo, células políticas de uma estrutura m.uito bem organizada que obj etiva de1nolir a democracia e instaurar um Es!ado gigante, cerceador da li vre iniciativa " . • NOVEMBRO 2007 -


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Ensino marxista nas escolas /

E próprio da educação comunicar valores espirituais e morais que formem retamente o caráter e a personalidade do indivíduo; o contrário disso está sendo feito pelo MEC e seus livros marxistas n Cio

ALENCASTRO

empre admirei os pensamentos fo rmulados com inte ligência e brilho. Entre eles, por exemplo, certos di tos franceses, che ios de espírito, corusca ntes co mo pedras prec iosas, que ao mesmo tempo desvendam realidades evidentes mas difíceis de formul ar. C ito apenas este do escritor Edmond Rostand : "O

sol, sem o qual as coisas não seriam senão o que elas são". Mais vale a educação que a inteligência Estando presente certa vez numa roda, fui surpreendido pe la afirmação do Prof. Plínio Corrêa de Olive ira, de que a educação va le mais do que a in teli gênci a. Vindo de tão in signe mestre, aceitei de pronto esse pensame nto e o incorporei ao meu patrimônio inte lectua l. Mas foi só depois, com o tempo e com a ex periênc ia trazida pelos estudos, que pude medir a

realidade densa e deleitável que se e ncerra nessa luminosa afirmação. Ele entendia a educação, é claro, não apenas no sentido corrique iro do modo como a pessoa cumprimenta os conhecidos quando os encontra, e não lhes diz palavras que os deixem mal-à-vontade. Esse é o résdo-chão da educação. Ele empregava o termo educação no seu sentido mais amplo e mais elevado, que implica um processo de formação das mentalidades, dos hábitos, de comunicação de uma cultura. Nesse se ntido supe rio r, a educação está ligada à existê ncia de todo um contexto social que fo rma as pessoas de acordo com certos princípios, certos valores espiritu ais e morais, certos costumes, certas regras que não apenas se aprendem. Os mais j ovens as recebem como que por os mose dos mais antigos, pelo convívi o, nas conversas, pelos mil impo nderáveis enfim da vida em sociedade. Educação e tradição, nesse contexto, são termos corre latos e comple mentares.

U ma criança muito inte ligente, vi vendo num a mbi e nte c ultura lme nte pobre como seri a uma tribo primiti va, tem mui to me nos poss ibilid ade de desenvo lver suas espec ifi cidades e de influe nc iar os outros, do que uma outra de inte li gência comum que vivesse num ambiente estuante de personalidade e de cultu ra, como fo i a corte de Luís XIV. Inteligência pode manifestar-se de improvi so em qualquer um . A educação, pelo contrário, é fruto de um processo laborioso que por vezes demanda várias gerações. Por isso o igualitarismo revolucionário ode ia mais as desigualdades resultantes da educação do que as da inteligência.

A a11ti-educação do Mi11istério ela Eclucação Tais considerações confluem naturalmente para o nosso tema, que se refere mais propriamente a uma anti-educação. Ou seja, um conjunto de medidas que não visam esculpir o espú-ito humano como se esculpe o már-

more, para nele formar uma bela figura, mas sim deformar a alma humana de modo a desfigurá-la e torná-la monstruosa, nos conhecidos moldes cio socialo-marxismo. O jornali sta Ali Kame l denunc iou no jornal "O G lobo" ( 18-9-07) a ex istênc ia do li vro Nova História Crítica, distribuído gratui tamente pelo Ministéri o da Edu cação (MEC) a 750 mil a lunos da rede públi ca. Destinado à "formação" das cri anças da 8ª séri e, são de estarrecer as ba rba rid ades q ue conté m. Fala m por s i os trechos ci o c itado livro q ue A li Ka me l transcreve, e q ue reprod uzo a seguir.

Capitalismo criticado, maJ~Yismo elogiaclo

correspondido. Para muitos chineses, Mao é ainda um grande herói". Sobre a Revolu ção C ul tura l chinesa: "Fo i um a ex peri ê nc ia soc ia li sta muito ori gin a l. As novas pro postas era m di scutid as animada me nte. Gra ndes cartazes mu ra is, os dazibaos, abri am es paço para o povo ma ni fes ta r seus pe nsa me ntos e suas críticas. Ve lhos ad mini stradores fora m substituídos por ra pazes che ios de idéias novas. E m todos os cantos, se falava da lu ta contra os q uatro ve lhos: velhos háb itos, velha cultu ras, velh as idé ias , ve lhos costumes. [ ...] Milhões de j ovens fo rm avam a Guarda Verrnelha, mi litantes tota lme nte ded icados à lu ta pelas muda nças. [ .. .] Seus mili ta ntes in vadiam fáb ri cas, prefeituras e sedes do PC para pre nde r d irige ntes ' po li tica me nte esc lerosados'. [ .. .] A Guarda Vermelha o bri go u os bu roc ratas a desfil a r pe las ru as das c idades com cartazes pregados nas costas com dizeres do tipo : 'Fui um buroc rata ma is preoc upado co m o meu cargo do q ue co m o be m-estar do povo'. As pessoas ri am, j ogava m obje tos e até cuspi a m" .

Sobre o que é ho je o cap ita li smo: "As dec isões econôm icas são to madas pe la burg ues ia, qu e busca o lu cro pessoal. G randes difere nças soc ia is: a bu rg uesia recebe muito mais do que o proletari ado". Sobre o ideal marxista: "Terras, minas e e mpresas pertencem à coletividade. As decisões econômicas são tomadas democraticamente pelo povo trabalhador, visando o bem-estar social. Os produtores são os própri os consumidores, por isso tudo é feito com honestidade para agraciar à (sic) toda a Comunismo soviético, população. Não há mais ricos, e as di feren- um so11/Jo para 11ós ças sociais são peq uenas" . Sobre a Revo lução C ubana e o paredão: "A reforma ag rári a, o confisco cios Mao 1'se-1'tmg bens de e mpresas norte-a meri canas e o fa cínor a promovido a h erói fuz il amento de torturadores do exérc ito Sobre Mao Tse-tun g: "Foi um grande de Ful gê nc io Ba ti sta tivera m inegáve l estad ista e comandante mili tar. Escreveu apoio popul ar" . li vros sobre po lítica, fi losofia e economia. So bre os mot ivos da derrocada da Amou in úmeras mulheres e por e las fo i U RSS: "É claro que a popul ação sov ié-

ti ca não estava passa ndo fo me. O desenvolvime nto econô mico e a boa di stribui ção de renda garantiam o lar e o j a ntar para cada c idadão. Não e xi sti a infl ação ne m dese mprego. Todo ensin o era gratui to e muitos filhos de operários e campo neses consegui am c ursar as me lho res fac uldades. [ .. .] Medic in a gratuita, alu gue l qu e custa va o preço de três maços de c igarro, grandes cid ades se m cri anças abando nadas ne m fa ve las ... Para nós, cio Terceiro Mundo, quase um sonho, não é verdade?".

A educação que o atual governo IJl'Opicia Kamel come nta por fi m: "Esses são apenas a lguns poucos exemplos. Há muito ma is. De que fo rma nossas c ri anças poderão saber que Mao foi um assass ino fr io de multidões? Q ue a Revolução Cultural fo i uma das maiores insanidades que o mundo presenc iou, levando à morte de milhões? Que Cuba é responsáve l pe los seus fracassos, e que o paredão levou à morte, em julga me ntos sumários, não tortu rado res, mas milhares de opo nentes do novo regime? E que a URSS não desabou por sentimentos de inveja, mas porque o socia li smo real, uma ditadu ra que es maga o indi víduo, provou-se não um sonho, mas apenas um pesadelo? Nossas cri anças estão sendo enganadas, a cabeça delas vem sendo tra ba lhada, e o efeito disso será sentido e m poucos anos. É isso o que desej a o MEC?". • E-ma i I do autor: ciclalencas1ro @catolicis1110.co111

Mao Tse-Tung e q revolução comunista chinesa

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C ATOLICISMO

NOVEMBRO 2007 -

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As forças marxistas que precipitaram

os países do Leste Europeu - e diversos outros - na miséria comunista procuram agora fazer o mesmo na América Latina. Com o desaparecimento político de Fidel Castro, perfilam-se os possíveis candidatos à sua sucessão. Terá êxito a tentativa de implantação dos sinistros desígnios da Revolução russa de 1917 em algum país do nosso continente? a ALFREDO M Ac HALE

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ai-se ace ntuando a esqu ercli zação do conjunto da América Latina, em especial de a lgumas das suas nações. ísso, é preciso deixar c laro, não ocorre por terem as respectivas populações esco lhido tal cam inho, mas dev ido a uma séri e de manobras de op ini ão pública - nas quais tanto a esq uerda quanto a suposta direita têm colaborado por onde a Améri ca Latina é arrastada para o soc ia li smo, o populismo e a luta de c lasses e de raças, rumo a um co letivismo totalitário sem disfarces. Esse fato se verifica quase duas décadas após o esface lame nto do bloco sov iético - derrubado por um g iga ntesco desco ntentame nto de suas populações

- deixando a tirania castro-com uni sta qu ase so litári a na América, enquanto nos de mais países se disseminavam as efêmeras ilu sões da g loba li zação, cio desen vo lvimento acelerado e da prosperidade. Em dado momento, com Putin, o sovietismo ru sso começou a ressurg ir elas c in zas e montar um regime cada vez mais ab usivo, ameaçador e hostil em relação ao Ocidente, revelando desígnios totalitários, co letivi stas e expansioni stas de alca nce mundial. Enquanto isso, na América Latina, os desgastados e nauseabundos slogans de Fide l Castro são s ubstituíd os pelas arengas a lti ssonantes, prepotentes e vulgares ele Hu go C hávez. Este entraíneur ele massas, para a lém do aspecto folclórico, dá mostras de um destemperado ód io soc ial como há décadas não se vê. No tocante à fo rma, lembra a jactância primári a e repul siv a dos tiranos e caudilhos caribenh os ele outrora; e quanto ao fun do, o pape l sini stro de Lenin.

A escalada de CJ,ávez nuno ao pocle1· total na Ve,wzuela Faz pouco menos de um a década, Hugo C hávez, após a aventura golpi sta de 1992 e alguns anos de prisão - co ncluídos co m um generoso e prematuro indulto conced ido pelo presidente Rafae l Caldera - ensaio u a via ele itora l em 1998. Centrou e ntão seus ataq ues contra a corrupção política e eco nôm ica reinanAos poucos Fidel Castro sai de cena, deixando seu papel poro Chávez

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te, tanto dos govern os da Social Democracia quanto da Democrácia Cristã, com os qu ais o establislunent loca l se mpre havia sido totalmente conivente. I sto lhe valeu a vitória, porque todos os comprometidos nesse sistema tinham caído em total desprestígio. Em fin s de 1999, apenas ini ciou Chávez seu mandato, desabou sobre o país - à maneira de símbolo palpável da hecatombe po líti co-soc ial que sua ascensão iria opera r nas instituições venezuelanas - um verd ade iro dilúvi o premonitóri o, co m chuv as torrenc iais nunca vistas, que ce ifaram a vida de nada menos que 52 mil pessoas. Através de sucessivas etapas, Chávez se pôs a campo para ampliar seu poder, até dominar praticamente o país sem contrapeso. Primeiro desenhou e fez aprovar em 1999 uma nova Constituição - profundamente socialista, ma ainda não coletiv ista - impondo seu controle de forma progress iva, não só sobre os demais Poderes do Estado, mas também sobre os organi smos autônomos mais importantes. Entre outros órgãos, Chávez dominou o que control a as eleições, o que fiscaliza a ad mini stração pública, os que mobilizam as massas orquestradas pelo governo, os que neutralizam o sindicalismo independente e os reguladores da vida econômica. Ao mes-

mo tempo, começou a submeter os meios de comunicação. Tudo isso sem que houvesse na popul ação uma fermentação esquerd ista parti cul armente intensa, a qual, não obstante, ia sendo preparada. Em outros termos, o combate ao regime político-partidário precedente serviu de pretexto para que Chávez aglutinasse em torno de si grande parte da Ve-

O regime chavista subvenciona a infortunada Cuba, com uma torrente contínua de petróleo a preços baixíssimos

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nezuela. A fim de culti var essa parte, favorecer o seu cresc imento e neutrali zar os opositores, passou a emitir continuamente, através do rád io e da televisão, discursos intermináveis e ameaçadores.

para impul sionar iniciativas destinadas a obter popularid ade para C hávez em outras latitudes; e também para estimular os mov imentos populi stas, de modo a integrá- los numa só onda de esquerdi smo continental. Hugo Chávez, nos arroubos de sua mega lomania - a qual levou um de seus mentores, o sacerdote j esuíta Jesús María Aguirre, a declarar que por vezes precisava convencê- lo de que não era D eus - chegou a lançar um plano espac ial e um programa de ampla produção cinematográfi ca; e a planejar, nas proximidades de Caracas, um monumento a Simón Bolívar, maior e colocado mais alto que o Cristo R edentor da Baía da Guanabara. E mandou também constru ir, próximo da l ocalid ade ond e nasce u, um imenso entreposto açucareiro, orgulho de seu govern o, o qual fi cou inacabado devido às roubalheiras do batalhão de engenhari a militar que o exec utava, acarretando inclusive a demissão de um mi ni stro. Tudo para simboli zar a revo lução co m a qual deseja incendi ar todo o continente.

É óbvi o que Chávez dilapidará desse modo - em tempo recorde e de maneira ostentosa e inútil - a imensa riqu eza venezuelana, ultrapassando assim os danos provocados pelos govern os social istóides de 30 anos atrás com a torrente de dinheiro gerada pelo boom petrolífero da época. A corrupção e inépc ia deixou desse passado amarga recordação. Embora o petróleo suba de preço sem cessar, outro tanto sucede com os respectivos custos de produção. O que é difícil de evitar, devido a essa indú stri a esta r altamente penetrada pelo sectari smo chavista, com evidente prej uízo das equipes técnicas. Ass im, é muito provável que se produzam, a méd io prazo, dificuldades fin anceiras de gra nde vulto. Um sintoma da preca ri edade ex istente deu-se recentemente, quando Chávez anunciou fo rtes med id as de contro le ca mbi al. O fato ocas ionou a triplicação do preço rea l do dólar em relação à cotação ofi cial, apesa r do imenso flu xo de divi sas produzido pelo petró leo, pois a popul ação nota que a Venezuela está se aproxim and o do abi smo, e muitos j á co-

Chá,rez assume o papel do mol'ibundo J, iclel Castro Ao mesmo tempo começam a se manifesta r a ami zade e co laboração do novo presidente venezuelano com F idel Castro, consubsta nciadas pela penetração no país de dezenas de milhares de pseudoméd icos c ub anos, suposta mente para atender - mas obviamente para " conscienti zar" e ag itar - os setores mais pobres. Enq uanto isso, forças policiais e militares de Havana também ingressava m para contami nar a fo rças venezue lanas . Como compen ação dessa "aj uda" de Cuba, o Estado venezuelano começa a subvencionar a mi séri a institucionali zada ex istente na infortun ada Tlha, com uma torrente contínua de petróleo a preços baixíssimos, a fim de oxigenar o regime comunista e atenuar um pouco a ruín a na qual se encontra a população cubana. Grad ualmente, no entanto, as subvenções in ternacionais baseadas nos recursos obtidos da exploração do petróleo venezuelano foram se estendendo a outros países. Em algun s casos, para fina nc iar projetos faraôn icos - vários dos quais talvez nunca se concreti zem - , outros

Embora o preço do petróleo suba sem cessar, o apoio generoso de Chávez para os candidatos de esquerda no continente acabará levando a Venezuela a uma precária situação econômica

meça m a sair do país, para escaparem da comuni stização . Atualmente Chávez decide, de modo teatral e simpli sta, como a Venezuela haverá de atirar pela j anela seus rec ursos: vend endo co mbu stív el por baixo preço nas periferias de Boston ou de Londres; construindo gasodutos ou vias transcontinentais; comprando armamentos militares desproporcionados; fornece ndo arsenais para as polícias ou exércitos de governos que ele trata de submeter; distribuindo mac iça mente armas ao populacho que o apó ia; ou simpl esmente pagando ag itadores mercenári os, que env ia a vári os países da América.

GolJJe frustrado permite a consolidação de Chá11ez Quando este esquema j á hav ia começado a delinear-se, teve início uma eloqüente oposição em um setor de opini ão públi ca venez uelana que, se m ser maj oritári o, poderia a méd io prazo ter-se transformado no núc leo de uma res istência muito efi caz, não fosse a invari áve l co laboração de quintas-colunas e inocentes-úteis. Em 200 1, aco nteceu o que é cláss ico na mutação de reg imes supostamente democráticos para claramente ditatoriais: um a intentona fru strada de go lpe. Jmprovi sada , e co m participantes suspeitos de favorecer o reg ime que di ziam comba ter, res ultou no inevitável: rotundo, imediato e grotesco fracasso. Servi u somente para que Chávez se conso lid asse no poder, do mes mo modo como o fiasco da in vasão da Baía dos Porcos só serviu para Fidel Castro tornar-se defini ti va mente fo rte na desditada Cuba. A partir de então as co isas tornaramse muito mais füce is para C hávez. As sim, ele conseguiu sufoca r as greves dos operá ri os do petróleo, desmontar sua resistê nc ia e reprimir os líderes que se op unh am a seu governo. Formou hordas de agressores para intimid ar nas ru as os manifestantes da opos ição . E depois - graças a fraudes, que só não foram notadas pelos órgãos de contro le eleitora l dominados pelos seus seq uazes - derrotou-a no chamado referendo revogatório e em algum as eleições, em parte porque a oposição teve a "b rilh ante" id éia de reco mend ar a abstenção.

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À esquerda, protestos em Corocas contra o encerramento de atividades da Ródio Corocas TV. À direita, seguidores de Chóvez promovem contínuos e violentos conflitos com opositores do regime socialista venezuelano .

Confirmando o dito francês : "La droite

toujours ga uche, la ga uche toujours adroite" (a direita sempre faze ndo as coisas de modo errado, a esquerda sempre destra). Os ditado res costumam remunera r seus cúmplices com dinheiro fi scal e com bens confi scados a seus opositores. Do mes mo modo Chávez dil apida hoj e os imensos recursos do Estado para sed uzir não só indivíduos, mas também massas enorm es, transformando-as em hord as de seq uazes. Ele as arrasta a um frenesi de festas de arrabalde, qu ando se sentem poderosas, e as embriaga com ex ibições de ód io revolucionário quando se supõem em perigo. Assim ele atrai e depoi s compra cúmplices para as hostes boi ivari anas, ao mesmo tempo que amedronta os possíveis obj etantes para que se resignem à continuidade do regime.

Da violência dos incidentes de rua ao perigo <la guerra ci vil N esse esq uema, as hordas ele milícias chavi stas e bolivarianas, entremeadas co m poli ciais, ag itadores e delinqüentes com uns, vão fo rm ando um a massa de manobra que intimida, persegue e ataca

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os grupos opos itores. E o fazem com a garantia de que os meios de comuni cação afin s com o reg ime apresentem depoi s versões dos fatos que o favoreçam. Tai s versões serão depoi s reco nhec idas pelos órgãos judiciai s e poli ciais como válidas e verídi cas. Quanto às versões ou quei xas dos poucos meios independentes, ou são jul gadas tendenciosas ou sim plesmente não são ouvidas. E m suma, é o clássico esquema de conso lidação cios reg imes comuni stas . Chávez persegue assim os meios de comunicação opos itores. Ta l fo i o caso ela Rádio Caracas TV, que teve a licença ele transmissão ca ncelada e os equipamentos confiscados, para serem depoi s entregues a uma nova emi ssora fundada pelo .governo para fazer sua propaganda. Mas esta não teve êx ito: apesar ela exclusivi dade na difusão de vários programas, a audiência caiu de 30% para 5%. Entretanto, com tal precedente, outros canais privados optaram por se submeter ao regime, para não serem fechados. Apesar do sectari smo e cio fa nati smo do governo, sua ação tem muito de carnava lesco. De certa fo rm a sucede o mesmo com a opos ição, não obstante os for-

tes temores em face dos peri gos que a rodeiam, pois a esquerd a se torna dia a dia mais brutal. Ambos os setores têm muito dinheiro para gastar, além di sso o otimi smo é o último a morrer, aplaca ndo parcialmente o ódio soc ial. Entretanto o país ca minha para uma cri se econômi ca sem precedentes . Quando ela ocorrer, não se pode ca lcul ar a dimensão do ódio que arrebentará, talvez sem precedentes na América, po is o povo venezuelano se acostumou, mai s que qualquer outro, ao gozo ilimitado da vida. Chávez j á vai se preparando para esse dia. Ass im, adq uiriu ele ela Rúss ia 100 mil sofi sticados fu zis Kalashn.ikov, que di stribuiu às suas turbas sob o grotesco pretex to de que haveria um peri go de inv asão de forças norte-a meri ca nas . Como se isto fosse pouco, j á pl aneja a in stalação de uma fábr ica desses fu zis na própria Venezuela. Com o mesmo obj etivo ele adestra os di ferentes corpos poli ciais venezuelanos, conhec idos pe la sua brutalidade e corrupção legendária. Dispõe de incontáveis instrutores cubanos, que j á se apresentam como todo-poderosos , e da penetração no país de guerri lheiros co lomb ianos e ele outras nac io-

nalidacles. Tudo isso se funde num flui do soc ial altamente fe rmentado e exp losivo, o que visivelmente é ca lculado pe lo reg ime chav ista. Se isto condu zirá ou não a uma guerra civil , não se pode ainda prever. Entre outras razões, porque depende de sa ber se as Forças Armadas manter-se-ão uni das. Chávez te m envid ado os maiores esforços para sedu zir tanto os altos comandos quanto a ba ixa oficial idade e a própri a tropa. Mas seus esfo rços em in stituir as milícias popu lares, os novos corpos de polícia e um esqu ema repressivo - inc lusive contra os que simpl es mente não são entus iastas ele seu reg ime - é algo que não pode deixar de inqu ietar os militares verdadeira mente patriotas que ainda ex istam.

promover políticos populistas ou esq uerdi stas para que ascendam ao poder. As sim , co ntra as norm as mais elementares de convivênc ia entre povos c ivil izaclos, interferiu em todas as eleições importantes havidas ultim amente no hemi sféri o, ofendendo de modo especial o M éx ico, o Peru e a República Domini cana. As sedi a sem cessar os pres identes argentin o e brasileiro, para que adiram às suas ini ciativas, e dominou litera lmente os da B olívia, Eq uador e Nicarágua. Chávez afro ntou inúmeras vezes o presidente B ush, procurando ag lutin ar contra ele toda uma ofensiva co ntinental. Empenhou-se em ali anças co m todos os inimi gos dos Estados Unidos, de Putin aos x iitas irani anos, e fez o mesmo em relação aos guerrilh eiros marxistas da Co lômbia. Enqu anto C hávez opera assim no âmb ito temporal , no campo reli gioso ele não se abstém ele afronta, injúria soez, ca lúni a gratuita, cles tampatóri o vul gar e irreverente em relação aos bi spos venezuelanos e estrangeiros, mostrando que também prepara um a ofensiva contra a Igreja e o conjunto das forças cató li cas. Não se pode esquecer que ele con ta com vários assessores ecl es iásticos, em geral adeptos elas correntes marxistas da teolog ia da liberação. Talvez prec isa mente por ca usa di sto ... Com esse fundo de qu adro, Chávez acaba ele lan çar um proj eto de reform a ela Constituição, que ele mes mo mandou

faze r no iníc io ele se u governo , e que então qualificou como a melhor Carta Fund amental cio hemi sféri o. Para esse fim , convocou um referendo para dezembro próx imo, pois agora decl ara simp lesmente que ela foi " a obra de alguns infiltrados" . O tex to proposto pode ser qualificado co mo uma síntese das piores aberra ções do último séc ulo. Al gumas ele caráter autogestionário, outras - mai s numerosas - de índole estatizante, tota li tária e mess iâni ca, claram ente in spiradas nas brutalidades da Co nstituição cubana, mas por vezes indo mai s longe que estas. Bem anali sados, muitas delas sim pl es mente mostram qu e um sa rgento go lpi sta convert id o em ca udilh o não pode ser um constituinte aceitável. Se for aprovado, esse texto dará azo aos mai ores abu sos, os quai s certamente se rão apresentados pelo regime como fruto ela exi gênci a popular. Basta di zer que o proj eto estabe lece nove fo rm as de propri edade: públi ca, soc ial , soc ial direta, soc ial indireta, comunal , cid adã, co letiva, mista e privada. Mas só para esta última, quando se tratar dos meios de produção, é que se diz que o. bens devem ser " legitimamente adquiridos". Legitimidade que, como é óbvi o, terá ele ser reconhecida pelo Estado chav ista. Ou sej a, a propriedade pri vada, única dessas form as de propriedade cuj a garantia é essencial para a práti ca da ju stiça, é a que es tá sendo mai s

Foi escancarado o apóio de Chóvez à candidatura presidencial de Daniel Ortega, na Nicarógua

Chá,rez deseja uma explosão conlinenléll Para C hávcz, a exp losão da Venezuela não basta; pe l vi sto, ela deve ser ao menos continenta l. Para isso ele se move sem cessar, ora procurando arra star, meio a contragosto, govern antes soc iali stas de vári as outra nações da Améri ca L atin a, ora i ntervi nclo de modo provocado r em suas políti cas internas, na te ntat iva de

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grav emente debilitada. Correspondendo, ali ás, às dec larações de Chávez, de que seu propósito é acabar com a propriedade privada de modo gradual. H á no proj eto coisas realmente grotescas. Por exemplo: estabelece que uma futura lei mudará o nome de Caracas, capital do país, para "Cuna de Bo fívar e Reina del Guaraira Repano " (B erço de B olívar e Rainha de Guaraira Repano); afirma que o Estado deve assegurar " a

maior soma de estabilidade política e social e a maior soma de .felicidade possível"; estabelece que o Poder Público se di stribui territorialmente em Poder Popular, Poder Municipal, Poder Estadual e Poder N ac ional ; que, "corn relação ao

conteúdo das .fitnções que exerce, o Po-

Oferecendo um sacrifício aos deuses indígenas, Evo Morales inicia seu governo na Bolívia ...

der Público se organiza em Leg islativo, Executivo, Judiciário, Cidadão e Eleitoral "; e fi xa a j ornada máxima permitida de trabalho em somente 6 horas!

A /Jolívia ,·eduzi<la a um co11junw amorfo <le u·ibos? Se tal é o paladino da ofensiva soc iali sta, não surpreenderá ver como são seus sequ azes . O prim e iro e mai s inco ndici onal é E v o M o r al es, qu e luta para acender em sua pátri a um co nflito racial generali zado, tran sfo rm ando a popul ação autócto ne em vin gado ra de suas mi séri as, com prejuízo de todos os outros setores. De fato, M oral es não se importa se nessa aventura possa m naufragar a paz social, a soberani a e a unidade nac ional , bem como o própri o sustento da maiori a dos habitantes, em espec ial desses mes mos indígenas que ele lidera . Al entado pelo alto índi ce de votos que o alçaram ao poder, M orales não fez senão ati çar a rebeli ão dos setores dotados de poucos recursos e nenhuma instrução contra todos os que possuam cer-

ta quantidade de bens e al guma cultura, co mo se esses atributos tivessem sido conqui stados em detrimento dos supostos carentes, quando na realidade é preci samente o inver o, poi · a mi séria em que vivem foi causada por eles próprios. Com efeito, o problema fundamental da Bolívia, e que os setores de esquerda se negam com pertinácia a reconhecer, é que há mais de meio século as elites nacionais - com exceção da ori ginária do setor ocidental do país, que se desenvolveu nesse período - foram perseguidas de modo implacável, somente pelo fato de ter mais cultura e uma situação econômica mais fol gada, que em todo o caso era proporcionada ao que era o país. Com isso, grande parte do setor pensante da B olívi a vive acossada por políticos e agitadores que promovem a luta de classes e arrastam os setores populares e indígenas à violênci a, atiçando-os com a idéia de que é injusto um sistema de vida no qual o sustento de cada um depende de modo substancial de seu próprio trabalho, e que os assalariados e tej am de algum modo submetidos aos patrões.

Uma socie<lade igualitária é um corpo sem ca beça Essa concepção absurda sustenta, no fund o, que na sociedade não deve haver

... pouco depois, começam as agitações e confrontos em todo o país

cabeças que pensa m e mandam, porqu e a des igualdade em si mesma seri a totalmente inju sta. Como conseq üência, as propri edades ag ríco las e pecm'íri as do Altipl ano foram confi scadas e estão hoj e virtualmente abandonadas ou em condi ções de estanca mento e deteri oração lamentáveis. Constituem exceção somente as pro priedade· ru ra is da reg ião oc idental, organi zadas, pujantes e altamenc te produti vas. A produção de alimentos está muito aqu ém das necess id ades , a economi a nac ional está perpetuamente estagnada, o número de pessoas sem trabalho ou com fun ções indignas é realmente enorme. O descontentamento soc ial não expl ode de modo brutal, sobretudo porque há uma gra nde apatia no mundo indígena, que com freqüência prefere vegetar em sil êncio em vez de envolver-se em man ifes taç -cs vio lentas. O que pretende a ta l respeito o govern o M or~tles? Simp les mente reeditar, na pl aníc ies ocidentais, os inju stos e desastrados co nfi scos rea li zados na zona do Altipl ano nos anos 50, bem como repeti - los nesta última. Em seguida, instituir regimes de propriedade coletiva ou estata l de ex pl oração autoges ti onári a, rece ita infa l ível I ara produ zir mi sé ri a generali zada e defini tiva, da qual algun s

proc urarão sem sucesso escapar por meio de certos ofíc ios manuais ou de comérc ios de pequena monta. Entretanto, quando se estabelece por princípi o uma crôni ca acefali a na sociedade, ora esta se dei xa levar por uma propaga nda, ora por outra; às vezes por uma promessa vazia, outras pela esperan ça contrári a. Todas elas tri stemente efi cazes para enga nar, desviar, conf undir e abater o povo, tanto mais quan to mai s simpli stas, errad as e pa sionai s forem.

Assembléia Constituinte, fra casso evi<lc11te não 1·cc011heci<lo Tend o M ora les reso l v ido co nvocar uma Assembléia N aci onal a fim de elaborar um a nova Ca rta - obv iamente para ampli ar os seus poderes - , cumpre em pri meiro lugar considerar que o setor ma is bai xo el a soc iedade, ele modo especial o indígena, ignora o que é uma Consti tui ção e desconhece os princípios que ela eleve contempl ar. Jsto porque seus horizontes mentais não inclu em qu ase nada além da própria subsistência, alguns cul ti vos que podem contribuir para um miúdo bem-estar, algo ele pequeno comércio muito elementar, al ém ci os intermin áveis conflitos ele subúrbi o, região ou tribo, cm que muitos desse setor vivem de modo contínu o.

Nessas condições, tendo expirado os prazos previ amente estabelec idos para que a Constitui ção estivesse redi gida e pudesse ser submetida à votação, não há um único arti go dela que tenha sido aprovado. Simpl es mente porqu e, devido à demagogia imperante e ao clim a psicoideo lóg ico co nseqüente, foram exc luídas ela A sse mbléia as pessoas com credenciais verd adeiras para esse importante papel, ele sorte que quase ninguém tem argumentos verd adeiramente válid os em qualquer sentido, que os demai s reconheçam como válidos. A isso se somam as rivalid ades regionais, não só entre a zo na ori ental e o Altip lano, mas também entre as diversas regiões deste últim o, ri validades que tiveram ori ge m há vá ria s gerações, ao longo elas quais vieram se acentuando. Essas co ntrovérsias - tanto mais enfáticas e apaixonadas quanto mai s sec undári os são os as pectos a que se referem - do minam as atenções do país, de modo a habitu á- lo em parte ao caos, em parte a ansiar por que esse caos termin e el e vez . Res ignando-se também a que esse fim não sej a tão próxim o, e sobretudo a que possa não ser muito pacífico.

Um governo que sú tem 1'11mo para <lcmoJil• Essa f alta ele rumo não se dá só na A ssembléia Constituinte, mas também no Poder Executivo e nas forças que dele participam. Estas podem ser comparad os a um barco à deriva, com vári os setores di sputando o timão e ignorando as norm as mais básicas da navegação. Se isso é peri goso em alto mar, o é também no lago T iticaca. A bordo de um avi ão cedido por Chávez, M oral es vi aj a continuamente à Venezuela, à Argentina e ao Bras il em busca el e con se lhos e ori entação, além de reco rrer a inco ntáveis emi ssári os, telefonemas e outras form as de comuni cação com os govern antes esquerdi stas ci o co ntinente. E m parte ele desco nf ia do qu e está ouvindo ele seus círculos mais próx imo , e não sabe se estes co metem erros; em parte ele não sabe em que outras pessoas ou grupos pode confi ar sem perd er o apoio de seus partid ári os atu ais; e em parte quer apoio extern o para certas medidas, quando dec ide tomá- las. Daí essa contínua itinerância. NOVEMBRO 2007

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a.Ili


Entretanto, co mo os conselhe iros que Evo encontra diferem muito entre si, a po líti ca daí resultante é totalmente incoerente e mutável. E quando não o é, corre o ri sco de ser espec ialme nte ruinosa, porque o norm al é que os assessores in ternos e externos só coincidam nos cri térios ma is de mo lido res e incendi ários.

Os líderes naturais substiwiclos por desqualilicados Por ter rejeitado seus líderes naturais e orgânicos, o país, sem saber, optou por seguir os ele me ntos mais desq ualifi cados. Estes se enfrentam mutu amente mov idos por interesses pessoais e espúrios, ou por palavras ele ordem revolucio nári as - para supl antar os líderes contra os quais se rebelaram. Isto obviamente compromete a fundo a unidade nacional, pois, uma vez que toda a parte pujante, estável e organ izada ela nação está em um setor, e em outro toda a parte estagnada, instável e anárquica, é utópico esperar que as vítimas aceitem tais imposições e consintam, por assim dizer, em sua própria morte. Além do mais, eles têm toda a razão para resistir. Até o momento, o fato r que permitiu um resíd uo ele coesão à Bolívia fo i a esperança que ainda tem a sua parte dinâmica, ele adquirir certa auto nom ia. Eq ui valeria esta a uma probabilidade ele subsistir, uma vez que sua submi ssão às fo rças coletivi stas que amiúde dominam o Altiplano sig nifi caria, no me lh o r dos casos, enl anguescer de forma indefin ida na mesma prostração em q ue este se e ncontra. Contudo, essa parcela da população vai ao mesmo tempo se preparando para a pior elas hipóteses, isto é, a ele ser rep rimida com violência. Em face dela, alg un s setores não pequenos poderão crer que é o caso ele responder do mesmo modo, o q ue pode desfechar num a verdadeira g ue rra, à qual Hugo C hávez - como e le própri o há pouco declaro u - não estaria alhe io.

O que sel'ia da Bolívia

sem a unidade nacional A que ficaria reduzida a Bo lívia, caso se produza uma secessão de sua parte

ori ental, cansada ele ser hostili zada por governos que não faze m senão opor obstáculos a seu progresso, e que aprec iariam vê- la afund ar-se no marasmo do resto ela nação? É provável que o país se transformasse numa região povoada intensamente por indígenas red uzidos a um sumo primitivismo, subjugada por legiões guerrilhe iro-terroristas cubano-venezue lanas; ou então por uma internac iona l subvers iv a que a li se in sta le, para transformar a reg ião em seu teatro ele operações a partir cio qual possa atacar as nações vizinhas . As expectativas para a Bolívia não são portanto alvissareiras, pois a obsessão ela esq uerda insta lada no governo é a de esmagar as e lites de Santa Cru z de la Sierra e das zonas próximas. Para obter isso, ela considera muito oportuno que Hugo Chávez lhe proporcione armas, dinheiro, treinamento bélico e organ ização da repressão, sem que Evo Morales dê mostras de ser capaz de uma política mais de acordo com a moral, o direito e a civ ilização. À medida q ue passam os meses, o governo popular-indigenista se desgasta, pois as expectativas das massas por e le seduz idas eram totalmente imed iatistas, sendo ev ide nte que a situação do país em nada melhorou em aprox im adamente dois anos de caos genera li zado. Assi m, os protestos vão por vezes cedendo lugar à apatia característica ele boa parte dos indígenas do Altip lano, no meio dos quais esc utam-se freqüentes inc itações revolucionárias a favor da vio lênc ia. Nessas ocasiões , elementos esq uerdistas, ta nto bolivianos como estrangeiros - Chávez e Ahmadinejad, presidente do Irã, e ntre outros - press io nam para rad ica li zar o processo, sem atinarem para o fato de que ta lvez os efeitos finais dessa pressão possam vir a ser tota lme nte contrários a seus desejos, porque a vio. lênc ia ag ress iva dos soc ia li stas pode detonar a resposta dos pacíficos , deflagrando assim o confl ito gera l. Os pres ide ntes supostamente mais moderados das nações vizinhas, como os da Argentin a, Bras il e C hile, não exerceram sobre Mora les qualquer influênc ia q ue dê esperança de mudança de

Rafael Correo (à esq . no foto), fazendo eco às atitudes de Hugo Chávez, insinuo que reprimirá drasticamente os críticos e amordaçará os opositores

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CATO LICI SM O

rumo. Pelo contrári o, amiúde o alentaram a continu ar na vanguarda dos desatinos e prepotências, in clusive à custa ele prejuízos para os interesses nacionais que e les deveriam tutelar. Recentemente, por ocas ião do 40º anive rsário da morte de C he G uevara, ocorrida em território boliviano, Morales - seguindo o exemplo de C há vez re nde u- lhe exa ltad a ho me nagem, sem sequer mencio nar os militares boli vianos que caíram nesse combate em cumpri mento do dever. Produziu notório desagrado nos altos comandos, pois e logiava um criminoso inimi go da nação e impli c itame nte censura va aq ue les que a defe nderam contra o in vasor.

O Equa</01· <le Rafael Correa: nas sellllas <le E1'0 Morales? O Equado r é a nação que mais recentemente se somou ao desvario esq uerdi sta. Prime iro, ao dar a presidência a Rafae l Correa; depois, ao tolerar a vio lência com que este atacou e destituiu, com apo io da polícia, um grupo nume roso de parlamentares da opos ição; por fim , ao

e leger seguidores seus como membros da Assembléia Constituinte, a fim de torná-la instrume nto revo lucionári o de inspiração chavista. Como é óbvio, tal Assembléia - na qual Correa dispõe de um apoio sem co ntrapeso, graças ao emprego de recursos econôm icos do Estado durante o processo e leitoral - tem uma alta probabilidade de reeditar o fiasco de sua ho mônima bolivi ana, ou de elaborar, em meio a debates caóticos, uma Carta verdade irame nte nefasta. Antes de a Assembléia iniciar seus trabalhos, Correa j á está ex igi ndo que todos o congres i tas renunciem a seus cargos, para que uma "com issão" designada por ele os substit ua de modo provisório, enq uanto durar a Constituinte, o que obviamente ultrapassa os limites de suas fac uldades . Como se isso fosse pouco, pressiona e ameaça a Corte Suprema e o conjunto dos partidos po líti cos com exceção dos que o apóiam - porque não se submetem a seus desígnios. Os primeiros meses do governo de Correa j á estiveram salpicados por inci-

dentes desse tipo com os demais Poderes, em espec ial com o Legislativo, tendo e le usado med idas nada ortodoxas, algumas francamente violentas. Também lançou re iterados ataques e provocações aos meios de comunicação, faze ndo eco às atitudes de Hugo C há vez - nas quais obv iamente se insp ira - , o que insinua que reprimirá drasticamente as críticas e amordaçará os opositores. Além do mais, em atitude simbólica, Correa fez questão de que a Constituinte se reuni sse em uma pequena localidade inte ri orana chamada Montecristi, berço do ex-pre idente E loy Alfaro, um revoluc ioná ri o profundamente a nticató li co que morreu linchado pelo povo e m 1912, e com o qual Correa se identifi ca, o que augura ainda ma is conflitos.

se a reconhecer a vitória de seu rival e tentou sabotar de todas as formas o novo pres ide nte, procurando instaurar um governo parale lo. Mas cometeu tai s desatinos, que no fundo ajudou a conso lidálo. Passado isso, o programa do novo governo - cooperação com os Estados Unidos, respe ito à iniciativ a privada e limites ao es tatismo - começou a ser aplicado e a tranqüilidade foi sendo restaurada, co m satisfação qu ase geral e co m López Obrador cada vez mai s reduzido ao silêncio. Alan Garcia é muito mais conhec ido cio público sul -americano, por te r sido pres idente do Peru de 1985 a 1990. Um

México e Pel'll, sa'1ros pela /JI'epotê11cia chavista O México e o Peru ta mbé m passara m por e le ições pres ide nc ia is e parlamentares há pouco ma is de um ano, tendo Hugo C hávez feito de tudo para que saíssem vitoriosos os respectivos ca ndidatos de esqu erda radical, Andrés Manuel López Obrador e Ollanta Humala, este últi mo de linh a id eo lóg ica qua e idê ntica à de seu mentor venezuelano. Cont ud o, para o bem ele tais países, a prepotência e vulgaridade dessas intervenções, bem co mo de seu desafiante tom marxista, levou os respectivos eleitorados a entender que a vitória desses cand id atos abriri a as portas à influê nc ia chavista. Assim , os despropósitos de Hugo Chávez tiveram efeitos opostos aos pretendidos por e le, vencendo no México Felipe Ca lderón, e no Peru Alan Garcia, ambos por pequena margem de votos. Calderón é de orientação centri sta. Em um país co mo o Méx ico, que foi dominado pela esq uerda laica mais radical dura nte a maior parte cio século XX, isso co nstitui conside rável melhora. López Obrador - dir-se- ia que inspirado em Hugo C hávez - negouNOVEMBRO 2007 -


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governo, aliás, de ingrata memória, tanto e m seu país como fora dele, pelo seu ânimo estatizante e indulgênc ia para com os movimentos terroristas, pelas inic iativas confiscatórias e pelo caos eco nômi co. Na verdade, esse passado de Alan Garcia fo i o grande obstáculo à sua eleição, mas a opin ião pública peruana, di fere ntemente dos anos 80, estava agora fa rta da esq ue rd a, de modo que Alan Garc ia, convertido e m centrista, final mente fo i ele ito. Seu governo, até o momento, foi o contrário do anterior, não só enquanto relativamente respeitoso da econom ia de mercado, defensor da orde m pública e críti co à agitação da extre ma esq uerda, como também com uma atitude política internac iona l ponderada e serena. Graças a isso, o Peru - apesar das manobras da esque rda, que in cluem a "ex igênc ia" ele Ollanta Humala ele que se convoque uma Constitu inte, o que não teria base legal e caotizaria o país - continua se recuperando da longa cri se que viveu , sendo exemp lo de como, simplesmente com bom senso, se podem reso lver muitos dos males presentes.

Colômbia: do <lesale11to à pujança Uma recuperação ainda mais notável, nos últimos cinco anos, fo i a ela Colômbia, a partir da eleição ele Álvaro Uribe à Presidência. A guerrilha marxista fo i relegada a seus redutos na selva e obrigada a praticamente cessar seus crimes, enquanto o combate do Estado ao narcotráfico, pela primeira vez em muitos anos, foi constante. Mas isso não significa que o país não continue a defrontar com grandes peri gos. Em todo caso, a inegável pujança nacional significou um notório progresso, ficando muito nítido o contraste entre o atual clima de ânimo e o desalento que predominou durante 20 a.nos. Incontáveis colombianos que haviam deixado o país, a.gora regressam. Também se inverteu o itinerário de muitas famíl ias que tinh am abando nado as regiões remotas o nde viviam, para irem morar nas periferias das grandes cidades. Incontáveis municípios, antes dominados por algu m ra mo do crime organ izado, foram send o pacificados e voltaram à normalidade. CATOLIC ISMO

Os êxitos alcançados nos cinco anos de governo de Uribe, na Colômbia, concorrem para que sua popularidade se mantenha entre as mais altas do continente

Até a asce nsão de U ribe, as vias de transporte ela Colômbia eram altame nte perigosas, porque os grupos terroristas costumava m interceptá- las com freqüência , para seq üestrar, assa ltar e assassinar os que ne las transitavam. Hoje, pode-se viajar com toda tranqüilidade por quase todo o país. Este progride co mo há muito não o faz ia, simpl esmente porque agora a le i é apli cada e o Estado respeita e faz respeitar a propri edade privada. Tudo isso concorre para que a popularidade do presidente Uribe se mantenha e ntre as ma.is altas do continente. E ntre tanto, essa s ituação não é do ag rado ela esquerda, que se sente muito prejudicada pelo contraste e ntre a Colômbia e os viz inhos. Por esse motivo, o governo colombiano é difamado e pressionado sem cessar, para que entre e m negoc iações com o terrorismo, supostamente a fim ele que este liberte as pesso·as que mantém seq üestradas. Mas isso não passa ele um álibi , fe ito para que se rei ni cie um período ele contemporização com o crime guerrilhe iro e este vo lte a ser tolerado e a gozar de impu nid ade. C uri osamente, no exerc ício dessas pressões convergem com H ugo C hávez várias nações e uropé ias, em especia l a França e a Espanha, bem como a própria Uni ão E uropéia. O mandatário venezuelano, que já protegeu os guerrilhe iros

colomb ianos durante qu ase uma década, ele fo rma discreta mas efetiva, agora parece querer transformar-se numa espéc ie ele árbitro pl enipote nc iári o, extremame nte parcial , para estabe lecer as concessões que as partes - governo e guerrilha - elevem faze r; ou seja, que elite quais são as vantagens que a guerrilha deve exig ir e de fato obter. C há vez ofereceu-se para med iar, sem ter sido so l ic itaclo, o conflito das FARC com o governo. Mas sabe-se que os refer idos guerrilheiros não desejam pac ificação, ne m o governo parece disposto a lhes faze r as funestas co ncessões leonin as que a lmej am. É óbv io que, para a Colômbia, ceder a tais pressões eq uiva leria a voltar a ca ir nos males que a prostraram dura nte 20 anos; a que os guerrilhe iros se tornem insac iáveis; e a que C hávez ofic ialize sua ingerência. na vicia co lombiana, com efeitos que não podem de ixar de ser fun estos. E ntre outras razões, porq ue C hávez obteria as apa rências de um a lidera nça contine ntal.

A.l'ge11ti11a, Brasil e Chile re11u11ciam ;;', sua i11/111ência Um panorama lati no-americano de mui ta crise e graves peri gos, como o elas situações até aqui descritas, poderia norma lme nte encontrar solução a partir da

influênci a de nações de ma ior peso ce sem cessar e tende a se tornar endêmide ma is esta bilidade e ma.is apego ao ca; o modo sistemático como se deteriora Direito - na vida desta parte do contia família e diminui o respeito à moral; tonente. Durante muitos anos este papel foi lerância manifesta com a agitação e a vioexercido pelo c hamado ABC - Argenlência praticadas pela esquerda radical; fratina, Brasil e C hile - , que ass umiu ati gilização progress iva elas instituições jutudes de alta transcendência, co m efe itos benfazejos em várias ocasiões. Assim , até há pouco mais de uma década a Argentina era reconhec ida na América Latina como o país em cuja população penetrou mais intensa e homogeneame nte o influx o da ci vilização e da c ultu ra, marcando, sob esse aspecto, um rumo para o progresso de todo o continente. O Brasil, durante longo te mpo, foi a própria imagem da nação grande e aco lhedora, cordial e benévola, em inente mente propensa, por sua influência, a faci litar a resolução e preve nção ele confl itos, com vi stas à formação ele um grande conjunto de inspiração cri stã. E o C hil e era visto como um país que, tendo chegado a se r o mai s politica mente conturbado e economica mente prostrado - em especial pelo soc ia li smo marxista nos a nos 70 - , so ube sac udir esse jugo nefasto, sobreporse a seus efeitos e chegar a ser, nos anos 90, o ma is ordenado e I róspero, to mando certa van guarda na recuperação desta parte da América. Es. as três nações, elas quais se esperava um papel benfaze- Nossa Senhora de Guadalupe nos ilumine e obtenha jo, encontrnm-se hoje afetadas que a tradição e a índole católica da América Latina seja preservada e atinja seu auge a fundo por crises de cred ibilidade de s us governos, de ori gem não dic iais e desprestígio sistemático elas Formuito diversa cio que foi descrito acima: ças Armadas, apesar do papel vital que esfreqüente · e graves casos de corrupção adtas muitas vezes cumprirnm ; impunidade ministrativa, que muitas vezes ficam imcios ataques à propriedade privada; e uma punes; cresc ntcs obstác ulos que os respost:tu·a internacional de mal velada conipectivo governos colocam ou permitem vênci a com a desestabili zação, ansiada por que sejam postos à empresa privada e ao Fidel Castro e praticada por Hugo Chávez investimento e trangeiro; grave incapacie seus seguidores. dade - quando não falta ele vontade Em suma, també m é patente, nessas para combater a delinqüência., a qual crestrês nações, que a América Latina está

sendo açoitada por um vendaval ele agitação esquerd ista prestes a se transformar em furacão, com intensidades difere ntes nos diversos países, mas com um dinami smo ele conjunto, tendo em vista os governos que se apresentam como moderados prestam ele fato seu apo io àq ue les que estão no pólo mais extremo e radical. Na verdade e les deveriam fazer o inverso, isto é, dar ouvido aos ane los elas respectivas popu lações e influenc iar para que a orde m jurídica seja mantida, ele modo que o progresso geral alivie as carências da população. Longe de assegurar o progresso geral, os governos supostamente moderados acabam pactuando com os mais radicais. Assim, a situação crítica cios países conturbados pela agitação social é um indício precursor do que pode suceder com o conjunto elas nações latino-americanas no dia ele amanh ã, sendo claro que, caso esse fe nômeno se gene ra li ze, será muito ma is difícil reverter a situação do que se ela fosse de dimensões simplesmente locais. Eis a alternati va na qual se debate a América Latina: a vocação imensa de levar à plenitude a hera nça cristã, patente e m todos os po vos que a compõem, e para a qual estes se se ntem chamados, em contraste co m o perigo enorme de ser envolvida por um furacão revo lu c io nário anti católi co, que seria um a verdadeira hecato mbe e m todos os sentidos. Que a Santíssima Virgem, Rainha e Padroeira de cada uma dessas nações de modo espec ial sob a invocação de Nossa Senhora de G uadalupe, padroeira do continente-, ilumine e dê forças a todos os fiéis para ora r, vigiar e lutar dentro da le i, a fim de que a índole católi ca seja preservada e levada ao auge· • E-mail para o autor : machale@carolicismoco m.br

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Todos os Santos A Santa Igreja instituiu esta festa, na qual são comemorados juntos todos os santos, mesmo os não-canonizados, para que possamos invocá-los e pedir o seu auxílio nas agruras desta vida ■ PUNIO M ARIA SOUMEO

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A festa de Todos os Santos abarca a todos os que estão no Céu, sem excluir nenhum

CATOLICISMO

ntre todas as come morações que a Igreja católica in stituiu para o ano litúrgico, em reverência aos bem-aventurados que gozam ela glória eterna, a mais solene e de mai or devoção é a que se celebra no dia Jº de novembro, em honra de todos os santos, porque é a festa que abarca a todos os santos que estão no Céu, sem excluir nenhum . A Igreja militante se encomenda a eles, invoca-os e chama em seu favo r toda aquela admirável companhia da corte celestial. Nos primeiro tempos do Cristianismo, costumava-se celebrar no próprio local de seu martíri o o aniversário ela morte daqueles que tinham morrido por Jesus Cristo. No quarto século, no Ori-

ente, dioceses vi zinhas começaram a intercambiar festas, transferir relíqui as, clivicli -las, e a unir-se numa festa comum, como se comprova por um convite que São Basílio de Cesaréia (379) enviou aos bispos da província cio Pontus. Pelo fato de muitos mártires terem sofrido o martírio no mesmo dia, estabeleceu-se uma comemoração conjunta de vários deles.

Origem da comemoração em ho11ra de todos os santos Na perseguição de Diocleciano o número de mártires foi tão grande, que não se podia in stituir para cada um deles uma fes ta particu lar. M as, como a Igrej a queria que todo mártir fosse venerado, apontou um di a comum para todos. O primeiro traço di sso, encontramos no ano 359, em Edessa,

que ce lebrava no dia 13 de maio a "memó ria dos mártires de todo o mundo". Vemos também uma menção dessa comemoração num sermão de Santo Efrém (373) e numa homili a de São João C ri sóstomo (407). E m 4 11 , o ca le ndário siríaco já assina lava também uma "Comemoração dos Confesso res", no sexto di a da Se mana da Páscoa. No Ocidente, embora os Sacramentá.rios dos séculos V e Vl t:ragam muitas missas em honra cios santos má.Jtires, não havia dia fi xo para sua celebração. Foi no dia 13 de maio de 61 O, no século seguinte, que o Papa Bonifácio .IV, ao fazer exorcizar, purificar e benzer o antigo Panteão romano - que fora dedicado "a todos os deuses do Império" - dedi cou-o a Nossa Senhora e a todos os mártires, pelo que passou a chamar-se Sancta Maria ad Martyres; e depois, Nossa Senhora da Roton.da, por causa de sua forma circular. Para lá mandou levar muitos ossos de má.Jtires que havia nos vários cemitérios e catacumbas de Roma. A pattir de então, todos os anos, no di a dessa dedicação, havia uma celebração em honra ele todos os má.Jtires que ali se veneravam. Por volta do ano 731, o Papa Gregório III consagrou , na igreja de São Pedro, uma capela e m honra de todos os santos, e desde então celebrava-se na Ci dade Eterna uma comemoração em seu louvor. O Papa Gregório IV, em 837, estendeu essa festa à França; e a partir de então, a toda a [grej a. Em 1480, o Papa Sixto IV concede u uma oitava à festa, o que a tornou a ind a ma is cé lebre e m todo o mundo, chegando a ser uma das principais da ri standacle.

A Igreja Mi/Jta11te homenageando a 'l'riw1l'a11te Por que uma resta para todos os santos? A anta Igreja quis, por essa festa, ho nrar também os santos que não tê m uma comemoração particu -

lar durante o ano, seja porque são pouco conhec idos ou porque se faz menção de seus nomes apenas no dia de seu triunfo para o Céu . Seu número, inco ntáve l, impede que tenham um cu lto di stinto e separado. " Certamente não era justo deixar sem honra esses admiráveis heróis do cristian.is-

,no que serviram.fielmente a Deus durante sua vida mortal e em.pregam cont.inuam.ente suas preces no Céu para nos obter perdão de nossos pecados, e graças poderosas para chegarmos à felicidade de que j á gozam." . 1 Era, pois, necessária uma festa que fosse uma homenagem de toda a [greja Milita nte a toda a Ig reja T riun fa nte. Pe lo qu e j á di z ia São Becla, o Venerável , no séc ul o VIII: "Hoj e, di.letíssimos, celebramos na alegria e em uma só f esta a solenidade de Todos os San.tos, cuja sociedade f az que o Céu estremeça de gozo, cujo patrocínio alegra a Terra, cujos triw1fos são a coroa da lgreja". 2 Outra razão, proveniente do Ordo Romano, é a de dar opo1tunidade a to-

dos os fié is, eclesiásticos ou leigos, ele repat·at· por um novo fervor as negligências com que celebraram as festas particulru·es desses santos. Poder-se-ia ainda acrescentat· que, louvando todos os santos numa só comemoração, vi samos atrair para nós a proteção e a intercessão de todos eles e conseguir assim favores especiais que, pelos nossos muitos pecados, não alcançamos. Pode- se acrescentar també m que a Ig rej a Militante quer, por uma festa reunindo todos os Santos, interessá- los em sua defesa e proteção, e como que incentivá-los a juntar sua intercessão para obter-lh e favo res ex traordinários. Era o que dizia na Coleta da mi ssa desse dia: "Onipotente e sempre eterno Deus, que nos concedeste venerar os méritos de todos teus Santos em uma mesma f estividade: nós te suplicamos que, multiplicados os intercesso res, nos concedas a ansiada abundância de tua propiciação". 3 Por fim , na instituição desta festa dedicada a todos os Santos num só dia, a Igreja propôs aos fi éis que desejassem a fe licidade inestimável e a glória a que foram elevados, as riquezas e as delícias de que gozam na mansão dos bem-aventurados, como descreve admiravelmente São João no Apocalipse: "Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu de junto de Deus, adornada como uma esposa ataviada para o seu esposo. Ouvi. uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis o tabernáculo de Deus com os homens; habitará com eles, eles serão o seu povo e o mesmo Deus-cometes será o seu Deus; enxugar-lhes-á todas as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto, nem clam0t; nem mais dor, porque tudo islo passou" (Ap 2J, 2-4). E "a cidade [Jerusalém celeste] não tem necessidade de sol, nem de lua, que a iluminem, porque a claridade de Deus a ilumina, e a sua lâmpada é o Cordeiro. As nações cam.inharão à sua luz e os reis da Terra lhe trarão sua glória e a sua honra. As suas

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portas nüo se f echarüo no fim de cadá dia, porque ali nüo haverá noite. Levar-lhe-üo a glória e a honra das nações. Nüo entrará nela coisa alguma contaminada, nem quem cometa abominaçüo ou mentira, mas somente aqueles que estüo inscritos no livro da vida do Cordeiro"(Ap 21, 23-27).

Os santos e as bem-aventuranças Os santos de De us são aqueles heróis de Jesus C risto que, alcançando uma vitória sobre o de mônio, o mundo e a carne, e praticando as virt11des em grau heróico, alcançaram a eterna be m-aventurança. Por isso o Evangelho da missa própri a é o das bem-aventuranças, como para mostrar- nos qual é o caminho que devemos seguir para fazer- lhes companhia na eterna glória:

" Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino do Céu; Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirüo a Terra; Bem-aventurados os que choram, porque serüo consolados; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serüo saciados; Bem-a venturados os que usam de misericórdia, porque alcançarüo misericórdia; Bem-aventurados os puros de coraçüo, porque verüo a Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguiçüo por amor da j ustiça, porque deles é o reino do Céu".

O que fazer para participardessa fe licíssima gló ri a na Je ru salé m Celeste? Te mos os M anda mentos, a doutrina da Igreja e os exemplos cios santos. Uns, como Santa Maria Goretti, alcançaram a coroa eterna pelo seu amo r e defesa da virgindade; e outros, como Santa Maria Madale na, pelo seu profundo arrependime nto e penitê ncia. Um g rande número, como Santa Inês, alcançou a palma do martíri o pelo seu abrasado amor de Deus; o utros, como Santa Catarina ele Sie na, confessando o se u santo N o me dia nte cios home ns. Nenhuma pessoa humana c hegou à e te rna felicidad e senão pela vi a da Cruz, e praticando as virtudes cio Divino Mestre, da humil dade, ela paciê ncia, ela combatividade, ma ns idão, castidade, abrasado amor ele Deus e cio próx imo e ód io ao mal e ao pecado. Todos e les brilha m no Céu, ele uma lu z participada da luz cio próprio De us. M as no Céu os santos ele D e us, a pesar da uni fo rmidade do amor que os abrasa, resp landecem com difere ntes lu zes, ele aco rdo com a virtude com que mais brilharam na Terra. Ass im as vi u o Apósto lo Virgem ta mbé m em seu profético li vro do Apocalipse: As a lmas virgens "cantavam como que um cân-

tico novo ... e ninguém podia cantar esse cântico senüo [.. .] aqueles que nüo foram contaminados com mulheres, porque süo virg ens. Estes seguem o Cordeiro para onde quer que ele vá" (Ap. 14, 3-4).

Por outro lado, os mártires "que estüo revestidos de vestes brancas [ ... ] süo aque les que vieram da grande tribulaçüo, e lavaram as suas vestes e as alvejaram no scmgue do Co rdeiro" (A p. 7, 13-14). Já "aqueles que tiverem sido doutos resplandecerüo como a luz do firmam ento; e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça luzirüo como as estrelas por toda a eternidade", di z o profeta (Dan 12, 3), o que se ap lica aos antigos Padres ela Ig rej a e aos Doutores, e também a todos os que e nsina m aos o utros a ve rdade ira doutrina católica. Concl uindo : "O cântico novo

das virgens, a branca estola dos mártires e o esplendor de .firmamento dos doutores süo, na límpida sinalizaçüo dos textos sagrados, os dados característicos que dignificam, de maneira singular, as três formas de eleitos e os individuam vivamente aos olhos admirados dos outros" .4 • E-mai l ci o aulor: pmsol imeo@calol icismo.com .br

Notas: 1. Les Peti ts Boll and istes, Vie.1· eles Sainls, Bloucl et Barrai , Pari s, 1882, tomo X III , p. 94. 2. Apud Frei Ju sto Perez ele Urbe!, O.S.B., A,io Cristiano, Ecl iciones Fax , Madrid, 1945, tomo IV, p. 247. 3. Do m Pr ós pero G uérange r, El Afio Liturgico, Editor ial A ldecoa, Burgos, 1956, tomo V, p. 7 11 . 4. Pe. Gugli elm o Lui gi Ross i, Pa radi.1·0, apucl Gustavo A ntônio Solimeo e Lui z Sérgio Solim eo, O Céu, Esperança de n.o.1·.1·a.1· Alm.a s, Artpress, SP, 2004, p. 11 6.

Outras obras consultadas: - Fr. Ju sto Perez ele Urbe!, 0.S .B., Ano Cristiano, Ecliciones Fax, M adrid, 1945, tomo IV, La .fies/a de Todos los Sa ntos. - Pe. José Leite, S.J ., Santos de Cada Dia , Editorial A .O., Braga, 1987, tomo III ,

Todos os Santos. - Pe. Pedro de Ribadaneira, La Fies/a de Todos los San/os, Fios Sanctorum , apud Dr. Edu ardo M . Vil arrasa, La Leyenda de Oro , to m o IV, L . Go nzá l ez y Co rnpafiía, Barcelona, 1897.

Convivendo com o demônio

A

pretexto de divertimento, a juve ntude vai sendo la nçada em práti cas diabólicas, e os j ovens acostuma ndo-se a situações e m que o demôni o impera, por vezes a pretexto de extravagânc ias . Anali e m -se os im pressiona ntes trechos que extraímos da impre nsa:

Show diabólico - "Uma multidão ting iu a Fundiçüo Prog resso ele preto no show ele Marilyn Manson. Cabelos desfiados, maquiagem carregada, coturnos, corre ntes e c intos com espinhos metálicos completava m o visual punk do público, ag lomerado na porta da casa de shows. Era m os góticos. " N a fila do gargarejo, D ia na Miranda e Luana Quité ri a contavam que vi eram de Bras íli a. E las tinham comprado ing resso há doi s meses e chegaram à porta da Fundiçüo às o ito da manhã. [ ... ] 'Queremos ir ao inferno com ele ', dizia Diana. Fa la ndo no di abo, [... ] eis q ue o de mô-. ni o ad e n tra o pa lco co m um a faca aco pl ada ao microfone. Faz caretas, põe a lín g ua para fora, esperneia no c hão. "Em me io ao c li ma soturno que tomava co nta do lu ga r, Rafae l Fa le iros, sósia de M a n o n, tinha seus 15 minutos de fa ma. De te rn o , cabelo verm elh o e c hapé u, e le atraía curiosos . 'Adoro quan-

do ele canta que as virgens süo vendidas em quantidades', repetia. "Ao lado, Oswa ldo Henrique desfilava com uma má cara le hospital presa à boca e uma rede no braço fazendo as vezes ele luva. 'É para entrar no clirna teatral de Mans on ', dizi a. O trad utor Anderson Elias [apresentou-se] de sobretudo, cartola e unhas pintadas de preto. Jefferson Guedes apostou no 'estilo cyber ', com uma lanterna presa ao pulso sobre as luvas de couro e máscara ele gás no rosto.

"'Esse é o casal mais lindo da galera', apo ntava uma j ovem e m d ireção a

CATOLICISMO

Marilyn Manson no palco com uma faca acoplada ao microfone "Os Rolling Stones queriam fincar o pé no lado oposto do céu"

Julian a Lis ita e Marcelo Ga lli cio. Moradores de Sa nta Te resa, e les j á são conhec idos nas festas góticas e m luga res como o Garage e a Bunker. De no ite e les usam capas e maquiagens pretas, a lé m de a né is ele caveira" ("O G lo bo", 27-9-07).

O diabo é mais quente -

E m artigo intitul ado "S impatia pe lo diabo", a arti c ulista Martha M edeiros conta: "Os Rolling Stones botcU·am a palavra sympathy na roda quando g ravara m Sympathy for the devi/ (S im patia pelo de mônio). Os Stones queri a m finc ar o pé no lado oposto do céu. E u, becttlemaníaca de vota, nesse aspecto rezo com a turma do Mick Jagger: também acho o diabo mais quente. " Assim como não há paraíso que não sej a um pouco monótono, não há inferno que não seja um pouco excita nte. Ou muito excita nte. O di abo tenta, o diabo incomoda, o diabo perturba, o diabo veste P rada. Os bon zinhos são ótimos, mas tê m um g ua rd a-ro upa ne utro de ma is" ("O G lobo", 6-5-07). • NOVEMBRO 2007

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r I GREGóR1O V 1vANco LOPES

ive um pesadelo. Mas foi diferente desses que nos assaltam à noire, enquanto dormimos. Eu estava acordado, e bem acordado. Andando pela Av. Paulista, em São Paulo, de repente depareime com diversas figuras humanas grotescas. Quasímodo, o monstruoso corcunda da catedral de Notre Dame imaginado por Victor Hugo, ganharia um concurso de beleza perto delas. Pareciam ter saído dos túmulos para aterrorizar os passantes. Em frente ao edifício do Sesc, formavam uma longa fila, que chegava a dobrar a esquina próxima, da rua Leôncrio de Carvalho, à espera do momento de poder entrar naquele prédio. Para mim, foi um susto. Tà,n;~bém, assim de chofire ... Quem poderia esperar! Passado o primeiro impacto, logo me dei conta de que se tratava de bonecos em tamanho natural. Modelados em papel, gesso, cola e cünento, ficariam ali, imóveis como frankensteins paralíticos, durante algum tempo. Tranqüilizado, cheguei mais perto e olhei. Vistos sob certos ângulos, os bonecos parecriam falar e move,r-se. Tinham expressão, dir-se-ia que possuíam vida.

Habituado a refletir sobre as coisas e os fatos, como aprendi na boa e sã escola cio Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira, logo me pus o problema: pode a arte estar a serviço do grotesco? Enquanto eu caminhava, ruminando esse pensamento, encontrei um amigo, a quem expus minha perplexidade. Ele lembrou que na Idade Média, auge da Civilização Cristã, pintores e escultores não se pejavam em representar demônios, precitos e o próprio inferno em seus quadros e catedrais. É verdade - retruquei - mas nessa época o feio , e mesmo o horrendo, eram figurados enquanto manifestações das idéias de mal e de errado. Eram exibidos para serem execrados, nunca admirados. A atte, em seu verdadeiro e nobre sentido, é a expressão do belo. Nossa conversa foi longa, divagando sobre a função ela arte que é representar o belo. Mas não quero aqui reproduzi-la inteira, pois tenho em vista deixar espaço para as fotos dos bonecos, com o objetivo didático de apresentar ao leitor obras que constituem o contrário ele manifestações da verdadeira arte. • E-mnil do m1lor:

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CATOLICISMO

NOVEMBRO 2007

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Ião, seu ideal de episcopado fo i realizado plenamente em sua arq uidiocese, mediante as reformas do Concílio de Trento contrárias aos protestantes. Faleceu aos 46 anos, sendo considerado uma das figuras exponenciais da Contra-Reforma.

5 Santa Sílvia, Viúva

1

+ Roma, 594. Da mais alta aris-

Comemoração ele Lodos os Santos

tocracia romana, mãe do grande Papa São Gregório Magno, a ele secundava em suas boas obras e necessidades domésticas.

[neste ano, transferida para o dia 4] (Vide p. 36)

2 Comemoração dos Fiéis Defuntos Aos que visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos, concede-se indulgência plenária aplicável só às almas do Purgatório, diariamente, do dia 1º ao dia 8. Para ganhar a indulgência é necessário preencher as condições costumeiras, isto é, confessar-se e comungar durante esse período, e rezar nas intenções do Papa. Com essas mesmas condições pode-se ganhar uma indulgência plenária só aplicável às almas do Purgatóri o, visitando-se no dia 1° qualquer igreja ou oratório público ou semipúblico e rezando-se o Credo e o Pai Nosso. Primeira sexta-feira do mês

3 Santos Valentim e Hilário, Mártires + Itália, séc. ill. Sacerdote o pri-

6

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São Leão Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja

Santo /\ lberLo Magno , Bispo e Doutor ela Igreja

+ Roma, 461. Governando a Igre-

+ Colôn ia (Alemanha), 1280.

ja por 21 anos durante a invasão dos bárbaros, lutou contra os hereges eutiquianos e donatistas, deteve o huno Átila às portas de Roma, defendeu intrepidamente os direitos da Sé Apostólica, incrementou e deu novo esplendor às cerimônias litúrgicas. Por isso tudo recebeu da posteridade o título de "Magno".

Pouco dotado para o estudo, mas grande devoto de Maria, cl'Ela recebeu a ciência que lhe valeu de seus contemporâneos o título de Doutor universal. Bispo de Ratisbona, pregador ele urna cruzada nos países ele língua alemã, grande teólogo e filósofo, mestre ele Santo Tomás de Aquino, escreveu muitas obras ele grande valor, pelo que foi proclamado Doutor da Igreja por Pio XI.

11 São Menas, Mártir

lia Novgorod, Alexis, após a morte de seus pais, deu sua herança aos pobres, tornando-se eremita em Khutyn, às margens do Rio Volga. Sua santidade atraiu-l he muitos discípulos. Organizou a vida monástica, tomando o nome de Barlaam. Seu túmulo tornou-se lugar de peregrinação.

+ Egito, 295. Soldado cristão sí-

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rio, foi para o deserto fazer penitência. Tendo conhecimento dos festejos em honra aos imperadores do Oriente e Ocidente, foi ao teatro onde estava reunida a multidão, para fustigar a idolatria e o paganismo. Mereceu com isso os mais terríveis suplícios e a coroa do martírio.

Santa Gertrudes, a Grande, Virgem

7 São Flol'êncio de Estrasburgo, Bispo e Confessor + França, 693. Sacerdote irlan dês que se tornou eremita na Alsácia. Curou a filha cega e muda do rei Dagoberto, que o fez Bispo de Estrasburgo.

8 São Vilealdo, Bispo e Conl'essor

4

Dedicação da Basílica ele São João de Latrão

anos, depois Arcebispo de Mi-

10

+ Rússia, 1193. Da nobre famí-

+ Alemanha, 789. Inglês de origem, "desenvolveu grande atividade missionária em meio aos frisões e saxões, sobretudo na região entre os rios Wesser e Elba, aonde fora enviado por São Bonifácio" (do Marti-

+ Milão, 1584. Cardeal aos 21

a derramar o sangue em terras cio Islã, pregado numa cruz, visando o resgate dos cativos.

São Barlaam de KhuLyn, Conl'essor

meiro, e diácono o segundo, "por causa de sua fé em Cristo foram atirados ao Tibre com uma pedra ao pescoço. Salvos milagrosarnente por um Anjo, foram então degolados. Assim alcançaram a coroa do martírio" (do Martirológio Romano). Primeiro sábado do mês

São Carlos BOl'romeu, Bispo e Conl'essor

to cristão, e consagrada por São Silvestre em 324.

rológio Romano - Monástico).

9 Catedral dos Bispos de Roma, foi das primeiras basílicas dedicadas por Constantino ao cul-

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+ Helfta (A lemanha) , 1303. Entrou para o mosteiro aos cinco a nos de idade. Foi discípula ele Santa Matilde, com quem escreveu várias obras místicas, e é considerada uma elas maiores místicas ela Idade Média. Teve revelações cio Sagrado Coração ele Jesus.

São Livínio, Bispo e Mártir

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+ Bélgica, séc. VII. Originário da Inglaterra, fo i ordenado por Santo Agostinho de Cantuária e enviado à Bélgica como apóstolo. Depois de converter muitos à fé de Cristo, foi martirizado pelos pagãos.

gioso da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria das Mercês

25 Festa ele Nosso Senhor Jesus Cristo Rei

26 São Silvestre Abade, Confessor + Itália, 1267. Eremita, fundou

21 Apresentação de Nossa Senhora Esta tradição, segundo a qual os pais da Santíssima Virgem a ofereceram ao Templo para ser educada entre as virgens, foi recolhida por São João Damasceno.

12 mosteiros nos quais instituiu a regra beneditina em sua pureza, dando assim origem à Ordem de São Silvestre.

27 Nossa Senhora da Medalha Milagrosa

28

22

+ Ásia Menor, séc. 1. Discípu-

+ França, 453. Bispo ele Orle-

+ Romà, Séc. III. Uma das mais veneradas mártires da Igreja prim itiv a, Cecília tinha feito voto de castidade quando o pai a casou com Valeriano, a quem ela converteu junto com o cunhado Tibúrcio. Os três sofreram o martírio pela fé, sendo o corpo da mártir reencontrado em 822 e transferido para a igreja de que é titular, no Trastevere, em Roma. É honrada como a padroeira dos músicos.

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São Serapião, Mártir + África, 1240. O primeiro reli-

trono inglês aos 15 anos, governou com sabedoria e prudência de ancião. Protegeu pobres, órfãos e viúvas, sendo um pai para seus súditos. Tendo pagãos dinamarqueses invadido o país, decapitaram-no por não querer apostatar.

de pai maometano e mãe cristã, foi denunciada pelo próprio irmão aos mouros que dominavam a cidade. Fugindo, encontrou-se com Maria, outra jovem cristã perseguida. Resolveram então ir diretamente ao governador muçulmano confessar sua fé. Confortadas por Santo Eulógio, também prisioneiro, receberam o martírio.

Sa nta Cecília, Virgem e Mártir

São Nicola u 1, Papa e Confessor

14

+ Inglaterra, 870. Subindo ao

+ Espanha, 85 l. Flora, nascida

Santo Aniano, Bispo e Confessor

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personalidade brilhante, garantiu a liberdade da Igreja em face aos dois imperadores então no poder: Miguel, no Oriente; e Lotário, no Ocidente" (do Martirológio RomanoMonástico).

20 Santo Edmundo, Mártir

24 Santas Flora e Mal'ia, Virgens e Mártires

São SósLenes, Mártir

ans, ajudou a defender a cidade contra a inv asão de Áti la, obtendo para isso o auxílio do genera l romano Aecius, que repeliu o inimigo. Famoso por seus milagres.

+ Roma, 867. "Dotado de uma

va. O mesmo fizeram com o Pe. Afonso Rodríguez. O Pe. Juan dei Castillo tinha sido martirizado anteriormente, na missão de Pirapó. Relataram os próprios índios que, depois de despedaçarem o corpo do Pe. Roque, dele saiu uma voz increpando-os pelo martírio e por terem ultrajado uma imagem da Mãe ele Deus.

Deelicação elas Basílicas de São Pedro e São Paulo, Apóstolos

19 Santos Roque Gonzalez e Companheiros, Mártires + Rio Grande do Sul , 1628. Missionáriosje uítas que evangeli zaram a região das Missões. Na de Caaró (RS) , quando o Pe. Roque term in ava a Missa, índios sublevados pelo pajé partiram-lhe a cabeça com a ela-

23 São Clemente I, Papa e Mártir + Roma, 97. Terceiro sucessor de São Pedro, escreveu uma carta aos Coríntios, considerada documento fundamental na defesa do primado universal do Bispo de Roma.

Intenções para a Santa Missa em novembro Seró ce lebrada pe lo Revmo. Padre David Franc isqu in i, nas seguintes intenções: • Missa de Fin ados, em sufrógio das a lmas do Purgatório, mu ito part icu larmente pe las a lmas de nossos parentes jó falec idos. • Tendo em vista a atuação de movimentos esquerdistas com o objetivo de provocar luta fratricida entre brasi leiros de diferentes etnias, rogaremos a Nossa Senhora da Meda lha Milagrosa - festiv idade que se ce lebra no dia 27 de novembro - graças especia is para que nosso País, cristã o e multi-racial, conserve-se sempre harmonicamente unido.

lo de São Paulo, que o menciona em uma de suas epístolas.

29 São Saturnino, Bispo e Mártir + França, séc. III. Um dos sete missionários enviados para evangelizar as Gálias, foi bispo de Toulouse, onde exerceu grande apostolado até ser preso pelos pagãos no capitólio local, do alto do qual o precipitaram ao solo.

30 Santo André, Apóstolo e Mártir + Séc. 1. Irmão de São Pedro, fo i dos primeiros discípulos de Jesus. Pregou o Evangelho na Ásia Menor e nos Bálcãs, onde foi cruc ificado numa cruz em X (Cruz de Santo André). É o patrono elas vocações .

Intenções para a Santa Missa em dezembro • Pelos méritos infinitos do nascimento de nosso Divino Redentor e pelas graças especialmente dispensadas ao mundo pela Imacu lada Conce ição da Bemaventura Virgem Maria, sup licando- Lhes que concedam aos leitores de Catolicismo e às suas respect ivas famí lias, bem como a todos aqueles que nos apoiaram ao longo deste ano, um Santo Natal e abundantes graças para o Ano Novo.

NOVE


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não tem mais inimigos a enfre ntar! - e afastando-se gradativamente da Religião . Neste quadro preocupante, a Lituâni a, outrora Terra ele Mari a, prec isa hoje, e com urgência, da ajuda de Nossa Senhora. Antes, sob a opressão co muni sta, havi a sadias res istências aos "erros da Rú ss ia", denunciados por Nossa Senhora em Fá tima. Hoj e, na liberdade, esses "erros" reto rnam, algun s sob di sfa rces, pela porta oc idental. Os di scípul os d Plín io Corrêa de Oli veira, poré m, não se esq ueceram ela Lituân ia. Desde 1993, todos os anos uma caravana in ternac ional percorre o país co m um a imagem ele Nossa Senhora de Fátima. Visitam autori dades civis e ec lesiá ti cas, co mpa recem às esco las, hos pitais e conventos, parti cipam ele man ifestações cívi cas e m praças públicas, d iri ge m-se a sa ntuár ios mari anos em longas proc issões a pé e abordam pessoas ele to las as idades e classes sociais.

Homenagem em Siluva

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t.E

Imagem Peregrina Internacional de Nossa Senhora de Fátima visita a Lituânia N este ano, em que se comemoram os 90 anos das aparições em Fátima, membros das TFPs dos Estados Unidos, Alemanha, Itália e Polônia percorreram em caravana aquele país báltico Ili RENATO M URTA DE VASCONCELOS

libertação da Lituâni a das garras russas em 1990, depois de cinco décadas sob o jugo comuni sta, deu-se num momento em que a mastodôntica estrutu ra da URSS perdi a sua estabilidade e ameaçava desconjuntar-se. Os países de além-Cortina de Ferro queriam recobrar sua liberdade. Porém, o que poderi a conseguir um país pequeno, de pouco mais de trê milhões de habitantes, ocupado militarmente por um vi zinho gigante? CATOLICISMO

A única voz que se fez então ouvir no Oc idente em prol da Lituâni a fo i a das TFPs, sob orientação do Prof. Plínio Corrêa ele Oli veira, com seu abaixo-ass inado de 5.300.000 ass inaturas co letadas em 26 países. Desde o des moro namento fin al cio colosso sov iético escoara m-se quase duas décadas. À pesada opressão bolchevista, à impl acável perseguição religiosa, seguiuse novo perigo: à sorrelfa, sem barulho, vão entrando na Li tuânia, pelas portas abertas ela Comunidade Européia, algumas das pi ores mazelas ele que sofre o Oc idente, tais como a droga, o hedoni smo, a pornografi a. Na busca desenfreada do prazer, a juventude dos países do Leste europeu vai se desfibrando -

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Neste ano, em que se comemora o nonagésimo aniversári o elas aparições ele Fátima, a caravana - co mposta el e membros das TFPs cios Estados Unidos, Aleman ha, Itá li a e Po lôni a, bem co mo de ami gos argentinos, chilenos e bi elo- ru ssos - contou com a presença da própri a Imagem Peregrina [n ternacional de Nossa Senhora ele Fát ima , qu e em 1972 c horou e m Nova Orl ea ns. Po r sua expressão fi sionôm ica, essa imagem toca as alm as ele modo marav ilhoso em todo o mundo. De 24 a 30 de agosto, os carava nistas vi sitaram as di oceses de Kaunas, Siauli ai, Panevezys e Telsiai, sempre ca lorosa mente recebidos, sobretudo por aq ueles li tuanos que se recordam da va liosa ajuda que as TFPs lhes prestaram num momento ele suprema angústia e incerteza. A mensagem ele Fátima - hoje mais atual do que nunca - esteve no centro das palavras que os caravanistas dirigiam ao público, chamando a atenção para este fato extraordinário: ao longo da História, em particular no Antigo Testamento, Deus enviou pro fetas para admoestar o povo, corrigi-lo e trazê-lo de volta ao bom caminho. No século XX, porém, Ele enviou sua própria Mãe para falar aos homens, alertando-os quanto aos terrívei castigos atraídos pelo estado de calamidade moral em que o mundo se encontra; mas também para dirigir-lhes palavras ele esp rança e ele vitória, entre as quais esta se destaca: " Porjim meu Imaculado Coração triu11fará" . •

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Lituânia

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Peregrinação em Siluva

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A Revolução Quilombola,

um livro-denúncia A obra A Revolução Quilombola, de Nelson Ramos Barretto, jornalista colaborador de Catolicismo, foi lançada em três municípios que vêm se destacando no mundo do agronegócio: Uberaba, Londrina e Bagé ,.. ..............

ATíuo

FAORO

urpresa, preocupação e perplexidade. Tais foram os sentimentos dominantes no público mineiro, paranaense e gaúcho ante a grave denúnci a - exposta na obra recentemente lançada, A Revolução Quilombola - de iminente conflito racial, além da constituição de mais uma cabeça-de-ponte para o confisco de propriedades particulares no Brasil. * O primeiro lançamento desse livro deu -se por ocas ião da presti gio sa Expoinel 2007 (Exposição Internacional do Nelore, em Uberaba - MG, em sua 36ª edição), realizada entre 20 e 30 de setembro p.p. no Parque Fernando Costa. Os produtores rurais estavam realmente preocupados com o grave perigo que representa o confisco quilombola. Com o título Decreto do presidente Lula incita guerra racial, o jornalista Nelson Barretto concedeu entrevista ao "J rnal de Uberaba", onde alerta: "Depois de conseguir fa zer uma miscigenação de ra ças , o Brasil co m eça a vivenciar uma revolução silenciosa que pode resultar em uma guerra racial respaldada por medida governamental". Logo aba ixo da entrev i ta , vem e tampado o manife to Campo e cidade em perigo - Decreto de Lula rasga as escrituras e açula guerra racial. Também sob re a que tão quilombo/a, Barretto gravou em Uberaba entrevi ta para o conhecido Canal do Boi, levada ao ar no dia 12 de outubro, fe ta de No -

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sa Senhora Aparecida. A larga audiênc.ia que teve o programa em todo o Brasil fico u demonstrada pelo grande número de telefonemas de telespectadores, interessados não apenas em adquirir o li vro, •mas em participar da campan ha promovida por Paz no Campo , associação que vem patrocinando campanhas contra as invasões do MST.

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E m Lo ndrina (PR) , o livro foi lançad durante o 2º Rural Tecnoshow , realizado de 1° a 7 de outubro pela Sociedade Rural do Paraná, em parceria com a

~tri;\'Tstêtõõ''"Jamal de Uberaba''

de hoje. Outr tema correlato foi exposto pela coord na.d ra la ONG Recovê, Roseli Mari a Rui z, c m tema Índios e produtores vítimas de pol{ticas irresponsáveis, além da pai stra do diretor jurídico da Soc iedade I Norte Pioneiro, Pedro Pavoni Net , s brc as pectos legais da questão ind ígena. Dentro des e cont xto, foi distribuído a todos os pre ent um mani fes to, publicado naquele dia na "P lha de Londrina", so bre o tema do I i vr A Revolução Quilombola: Campo ·idade em perigo - Decreto de Lula rasga as escriluras e açula guerra racial. Na asião, foram entregues exemplares do li vr a s conferencistas, tendo o tema geracl vários aprutes, com as devidas e proced ntes explicações do Prof. Hilário Rosa obr a ameaça e o absurdo do confisco quilomb la.

Realizou -se a 95ª Expofeira em Bagé, cidade gaúcha que é foco vivo de tradições regionais, pólo de pensamento nacional e sede de uma das mais antigas exposições agropecuárias, com a melhor mostra de animais rústicos do País. Entre remates, "paleteadas" de cavalos crioulo e mostras de campeões das raças inglesas Hereford, Braford e Jersey, foi igualmente lançado no dia 9 de outubro o liv ro-denúncia A Revolução Quilombo/a , de Nel son Barretto. Nes e mesmo dia o autor concedeu entrevistas às rádios "Difusora" e "C ultu ra", bem como aos jornais bageenses, "Minuano" e "Correio". Conhecido do público rurali sta gaúcho, Barretto já apresentou em feiras anteriores outros doi s trabalhos : Reforma Agrária: o mito e a realidade; e Traba-

lho Escravo - Nova arma contra a propriedade privada. Após a sessão de lançamento, o tema motivou uma animada roda de conversa entre os produtores rurais e o autor. Causou viva impressão a apresentação do mapa elaborado pela Universidade de Brasília com os municípios atingidos pela demarcação de territóri os quilombolas . Pelo mapa, só no município de Bagé existe m três áreas passívei s de desapropriação, qu e pertenceriam a supo stos re man esce ntes de quilombos.• E- mail para o autor: at i I iofa oro@cat oli cismo.com.br

* Para informações compl ementares, vi site o blog : http://li vro-quil ornbo la.b logspot.com

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Secretaria Estadu al da Agr icultu ra e Abastecimento (SEAB)/Emater-PR. O evento tecno-c ientífi co, com mais de dois mil participantes, contou com 59 palestras vo ltadas para a cadei a do agronegócio, mini stradas por profissionais, em sua maioria pesqui.sadores de in stitui ções e catedráticos de faculdades e uni versidades brasileiras. Dentre os temas ali tratados, o Prof. Hilário Rosa di scorreu sobre a Questão indígena e as ameaças ao direito de propriedade , apontando a realidade caótica da que tão indígena no Brasil nos dias

Fórum da Agricultura em Chapecó Conco mitante com a 40ª Exposiçcio-Feira Agropecuária de Chapecó, a maior do estado de Santa Catarina, reali zou-se o l ° Fórum Parlamentar da Agri cultura para di scutir temas candentes: agronegócio, questões ambi entais, indígenas e trabalhi stas, invasões do MST e de quilombo/as . Mais de 400 líderes ru rais, autoridades e políticos participaram do evento. Na foto, como representante da campanha Paz no Campo, Hélio Brambilla (esquerda) entrega ao Se nador Neuto de Couto, Presidente da Comissão da Agri cultura do Senado, um exemplar do livro A Revolução Quilombola.

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Estudàntes repudiam presença do presidente iraniano nos EUA A Columbia University abriu as portas para um inimigo declarado dos Estados Unidos, o presidente do Irã. Milhares de universitários e a TFP norte-americana protestaram veementemente ■ FRACISCO

J.

SAIDL

uma decisão controvertida, o reitor da Universi dade Columbia, em Nova York, Lee C. Bollinger, convidou o pres id e nte do Irã, Moh a med Ahmadinejad, para uma conferência naque le estabelecimento de ensino superior. Se estivésse mos nos tempos da gue rra do Vietnã, Ahmadinejad teria sido recebido por agitadores pacifistas e anti-americanos e teria saído coberto de prestígio pe la mídia. Porém, ocorre u o contrário. Os estudantes foram em massa protestar contra a presença de um ini migo declarado dos Estados Unidos, o que gerou repercussão inte rnacional. Devido às reações da juventude americana, o próprio reitor, que teve a infe li z idéia de fazer o convite, mudou ele posição e o tratou de "ditador cruel e mesquinho". Ahmadinejacl não rec uou e repetiu seus costumeiros desaforos. A Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) protestou veementemente, levando ao público diversas ponderações num co muni cado distribuído na entrada daquela famosa Universidade. Do comunicado destaco um trecho: "Só o fato de

nossos soldados estarem sendo mortos no Iraque e Afeganistão por terroristas que recebem arm.as e munições do Irã, seria SL(/tciente para negar este convite ao presidente iraniano. Contudo, há uma razão mais importante para opor-se a esta conferência: suas palavras não ficarão co11finadas às paredes desta Universidade. Elas ecoarão pelo mundo, a mídia internacional se incum.birá de ddundi-las. Também a poderosa máquina de propaganda iraniana mostrará ao mundo que o presidente iraniano tem voz numa famosa universidade americana. Dentro do próprio Irã o evento servirá eftcazrnente para desmoralizar e silenciar a reação democ-rática contra o regime. [. .. ] Nosso amor pelos Estados Unidos, o senso de honra e o sacrifício heróico de nossos soldados, lutando no Iraque e Afeganistão, não nos pedem senão rejeição e protesto categóricos" . • E- mai l pa ra o autor: cato l ic ismo

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A MBIENTES C OSTUMES C IVlllZAÇÕES

~ renúnda áe ~ão :f:rancúco áe ?b~ O procedimento da impiedade diante da fidelidade ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA

foto é do famoso afresco pintado por Giotto,* reprod uz indo um célebre epi sód io da vida de São Francisco de Assis. E le, em sua mocidade, fo i um homem puro, mas mundano. Em determinado momento, decidiu mudar de vida e voltar-se exc lusivamente para N osso Senhor. Tocado pela graça, compreendeu que dele era ped ido a prática de uma pobreza muito mai s radical do que Deus inspirara a outros santos. Separou-se então de todos os haveres que recebera do pai. Este, indi gnado, conduziu-o diante do bispo de Assis, protestando contra a v ida que o filho pretendi a levar. Dec larou então "que não o receberia mais como filho, se ele continuasse naquele gênero de vida". São Francisco, em protesto contra esse ato de tirania do pai, desfez-se das próprias roupa , ed is e: "Agora, mais do que nunca, pos-

so dizer 'Pai meu que esJais no Céu, porque j á não sou 111aisfilho de Pedro Bernardone". E m seguida, devolveu as roupas ao progenitor.

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Na cena des a ruptura, pode-se observar São Franc isco ele A si. com uma simples túni ca; e - auge do reali smo - o bi spo scgura n lo a ves tim enta para que o santo não fica. se comp letamente des nudo ; atrá do prelado , vêem- e fi guras do clero. Do outro lado e tá Pedro Bcrnardonc. Apr senta a opulênc ia de traje e o estil o de comerciante bem estabelec ido. tá no cume ela situação cios outros burgueses pre-

sentes no quadro: todos homens muito bem ves tid os , habitu ados ao conforto . A pintura representa os dois contendores, dois partidos. Analisemos a r ação de cada um dele.. A I grej a - tempos felizes! - tomava o partid o da virtude. O bispo é solidári o ao sa nto, a atitude dos ·I ri gos é recolhida, compung ida, compenetrnda, de qu m r ' 1/.11 e acompanha devotamente uma ação nobre e bela. E qual é a posição do partido comerc ial da idad ' (k Assis? É a atitude dos indi fe rentes. O persona • · 111 que está segurando Pedro Bernardone toma conhc ·im ·111 0 do que se passa, mas não move os lábios, não diz uma p:1111 vra. N ão protesta nem aplaude. Obser vem-se os mais próx imos de Bcrnardon •: 11111, meio horrori zado, faz um comentário; ou tro os tenta noto ri a indiferença. Com o lhar vago, outro recusa-se a 101111 11· conhec imento dessa "abo minação". A Ordem franciscana e tá na iminênc ia d s ' r l'u11d11 da; e a campanha de silêncio j á começou, o indi l'·r •111 is11111 teve iníc io ... Contra o silênc io, o bra lo de ão 11r:111t·iM·o de A ss is, o lhando para o Céu, sem se inco modar rw 11 o~ homens. O afresco revela muito bem o proccdim · 1110 d:i i111pit· dade diante da fidelidade ! •

* Esse afresco, pintado pe lo ,·,•kh1l' 111IÍ \ III 111111111111 t 11111111 di Bondo n · ( 12 6 7 1 117). l' ll rn11 l1 11 1· 1111 1111 111111 ili ão Frn n ·isco, 11 11 ri dmil' dl' /\ s~ is lll 1ilt111

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 29 de junho de 1970. S m r vi

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to ao Presépio, uma meditação de N atai


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UMÁRI

PuN10 C o RRÊA DE OuvE1RA

A salvação do mundo por meio das preces de Maria Santíssima

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odos os teólogos são acordes em afi rmar que, se a salvação raiou para o mundo na época do imperador Augusto, devemo-lo às preces onipotentes de Maria, que conseguiu antecipar o dia do nascimento do Messias. Ninguém pode dizer quantos anos ou quantos séculos teria ainda demorado a Redenção, sem as preces de Maria. A reorganização do mundo não veio daqueles que, no tempo de Augusto, se ag itavam nas praças pública ou nos conciliábulos políticos. E la veio da oração humilde e confiante da Virgem Maria, inteiramente ignorada por seus contemporâneos e vivendo urna x istência contemplativa e solitária , no I equ no r canto onde a Providência a fez n·1sc ' r. Sem desmerecer por pouco que seja a vida ativa, é preciso notar qu foi por meio da oração e da co ntempl ação que se antecipou o momento da R denção. E os benefícios que o gênio de Augusto, o tino de todos os grandes políticos, de todos os grandes generai s, financista s e admin istradores de seu tempo não puderam dar ao mundo, Deus os di spensou por meio de Maria Santíssima. Quem mais beneficiou o mundo não foi qu m mais estudou , nem quem mais a •iu , mas quem mais e melhor soube orar (" I, ·g ionúrio", 25- 12- 1938). •

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Dcicmh1·0 de 2007

Nº 684

2

Excmnos

5

PAGINA MAmANA

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L1,:1Tu1u EsPIIUTUAI . Considerações

Nossa Senhora ela Clareira

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PAl,AVl?A DO SACl-:RDO'l'E

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22

VIDAS DE SANTOS

26

CAPA

34

CONTO rn,: Ni\'m1.

40

Comm10 NATAI.INO

sobre a oração - 1

"Tropa cio E'lile": causas ele sua repercussão Argentina: abslenção nas eleições

Ameaça cio funclamenlalismo islâmico à Europa São Dâmaso, Papa

Nalal: consiclcrações sobre "paz" o "glófia " /\

ár vore cio Natal cio Senhor d'A uvrigny Cartas para o DiFino Inf'anlc

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43 V ARll<:DADES

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o Nalal ()UC af'ugcnla llcmOnius

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A(;Ao CoN'mA-R..:vowcmNA1?1A

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Cosn 1M1•:s, C1v11.1zl\<_,:fü,:s

A família imperial aust,·íaca na época cio Mal'ia '/'cresa (século XVfl!)

Nossa Capa: A Adoração dos Reis M agos - Gerard David, séc. XVI. M etropolitan Mu se um de Nova York

Na Áustria, o "Correio do Menino Jesus"

DEZEMBRO 2007 -


Nossa Senhora de Langenberg Caro leitor, A cada Natal de que nos aproximamos, experimentamos por vezes a sensação paradoxal ele que progressivamente dele nos di stanciamos... I sso porque, de al gum tempo a esta parte, o espírito natalino vai desaparecendo do mundo moderno, imerso no culto elas coisas materiai s, enquanto a proclamação angélica "glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na Terra aos homens de boa vontade" vai se tornando um idea l cada vez mai s etéreo. Hoje, só o que importa para muita gente é desfrutar a paz a todo cu sto, ainda que em detrimento dos princípios mais sagrados: o dinheiro, ele qual quer modo e ainda que este sej a escuso; e a saúde acima de tudo, gerando cuidados com o o cio nível de co lestero l, amiúde maiores que a preocupação com o destino eterno ela própri a alma. Em suma, o conhecimento, o amor e o serviço ele D eus, ra zão ele nossa ex istência, foram substituídos por doi s ídolos desta era d fal sa paz: bios e mamon. (saúde e dinheiro). Infeli zm ente, lev ados co nscie nte ou incon sci entem ente pelo multissecul ar processo revo lucio nário que corrói a Cristandade desde o século XV, a generalid ade cios homens parti cipa em grau maior ou menor desse es tado ele e. pírilo. O que os leva a vegetar na "austera, apagada e vil tristeza", ele que fal ava amõcs, cm vez ele arremeter, como filho s de D eus, às alturas cio firm am nlo, das co isas mais elevadas, do sobrenatural , ela co ntempl ação e ela ·ição dele d correntes. Tal é a principal razão cio atoleiro moral em qu s enco nlra a hum anidade, do qual ela nem sequer tem meios de sair, se não I va nt ar as vistas. Ajud a a d svcn i lhar-s I ss cslaelo ele espírito mórbido a espl êndida meditação qu n sla e.li ·ão of' r ccmos a nossos leitores. Trata-se ela reedição I um b líss imo arti io pub licado há 48 anos nas páginas ele Catolicismo . Escr v u-o ai 1 u 111 qu ·, posso asseverá- lo, nunca parti cipou elese eslaclo d espírito inspirado por hios e m a 111 0 11 . Pelo co ntrário, o Prof. Plíni o Corrêa lc li v ira passou sua vida im pugnando-o e empenhando-se em elevar as almas a Deus. Certo ele que o caro I ilor 111 ' chrá razão , aprov ilo o ns j para desej ar-lhe e à ua ex ma. famíli a um anlo N ata l, cum ul ado de graças sp ciais do Divino Infante.

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E m Jesus e M ari a, ISSN 0102-ar.02 Preços da assinatura anual para o mlls cio Dozombro do 2007:

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E ssa imagem da Virgem Santíssima, também invocada como Nossa Senhora da Clareira, encontra-se no centro de um belo bosque, atraindo muitos devotos e dispensando abundantes graças 11

V ALD IS GRINSTEINS

T

ive rece ntemente a oportunidade de parti c ipar da program ação ele estudos fe ita na sede ele f orm ação ele T FPs da Europa e associações co- irmãs, na loca l idade francesa el e Creutzwalcl. Ela fi ca a apenas 800 metros da f ronteira alemã, o que ex pli ca o no me tão tipi ca mente germ âni co; e tem o nome ele Notre Dame de la Clairiere, bem tipica mente fran cês. Num a tarde de sábado, após as reuni ões de form ação dos j ovens, dec idimos vi sitar uma imagem ele N ossa Senhora que se encontra no meio el a fl oresta vi zinha. Num a peregrin ação anteri or, essa im age m ele bom tamanho (tem mais ele 1,5 mele altura) estava um tanto deteri orada pelo passar cio tempo. M as agora estava totalmente restaurada, e foi isto que me chamou a atenção. Hav ia sido fe ita uma boa restauração, mas só ela imagem, não cio resto ci o parqu e. Se fosse ele todo o parqu e, nada haveri a ele ex traordin ári o, mas o fa to ele benefi ciar apenas a imagem indicava que ainda ex iste em relação a ela alguma devoção. O que me alegrava espec_ialmente, após ver ele perto a descri stian ização dessa zona ela Europa, onde são freqüentes no domi ngo as ig rej as fec hadas, por falta ele sacerdotes para atendê- las ou mesmo por falta ele interesse nos fi éis. Se bem que a imagem estej a num parque - os europeus são muito propensos ao contato com a natureza - não deixa ele ser verdade qu e ainda há uma certa devoção a ela. Co m freqüência vêe m-se pessoas passar diante ela im agem e ali rezar a Nossa Senh ora ; outra s dei xam flo res; outras simpl esmente fica m se ntadas nos ba ncos cio local. Há ainda uma ou outra placa agradecendo um favor recebido. Co mo exp li ca r que as pessoas não vão rezar à Virge m Sa ntíss ima numa igrej a mais acessível, mas tomam o traba lho de ca min har para isso até um a imagem no meio ela flo resta? igualmente me deixa sem ex pli cação razoáve l o fato de j ovens, que raramente vão à M issa, participarem da proc issão anual que se rea li za na segunda-feira ele Pentecostes . M ed itando tudo isto, fui à cidadezinha de Fa lck, à qual a im agem pertence, para tenta r tirar a limpo a sua hi stória. A igrej a estava f echada, ninguém res pondi a na casa paroq ui al. Mas fui mui to cord ialme nte atendido na prefe itura loca l, onde algun s fun c ionári os e um poli cial prese nte ra pida mente me co nsegui ram a so li citada documentação sobre a imagem.

Não uma, mas nfrias histórias A primeira constatação fo i qu e a imagem co nhec ida por nós como No/re Dame de la Cla.iriere (N ossa Senhora ela C lareira) tem o nome o fi cial de Nossa Senhora ele Langenberg. Provavelmente os dois nomes são usados simultanea mente, se ndo um da loca lidade, e o outro pe lo fato de esta r numa c lareira cio bosque. São três os relatos disponíveis sobre a imagem. O primeiro diz que o guarda fl orestal François Wilhelm, no ano ele 1864, teri a se perdi do no meio el a fl oresta, dev ido a fo rte névoa; e conseg uiu encontra r o ca minho depo is ele ter fe ito a N ossa Senhora a promessa ele coloca r no loca l uma imagem cl 'E la. O seg undo di z que a Virgem teri a aparec ido ao guard a, junto

DEZEMBRO 20 0 7 -


Igreja do cidadezinha d e Folck

Considerações sobre a oração - I D ada a suma importância da oração na vida do católico, passaremos a transcrever nesta seção alguns trechos escolhidos do livro A vida cspÍI'itual. Segue um tópico explicando no que consiste orar.

com São Hubert (padroeiro dos caçadores), e pedido que ele col ocasse sua im agem na flo resta. A pl aca ex istente na entrada do parque tem este segundo relato impres o, para inform ação dos vi sitantes . M as não co nsta nenhum doc um ento canôni co regul ar, ou in vestigação de parte do bi po local na época, sendo que em meados do sécul o XIX esse tipo de acontecimento era sempre ri gorosamente anali sado. O terceiro relato, que não descarta os outros dois, di z que os sacerd otes redentori stas da loca li dade de Teterchen tinham o hábito de rezar na fl oresta, e pedi ram ao chefe dos guard as fl orestais, Lointi er, que ali colocasse uma imagem. E sse Sr. Lointier, conhec ido pel a sua piedade, encomendou uma imagem em pedra, que fo i solenemente co locada no mei o da floresta no di a 1 l de novembro de 1866, em presença de cerca de 30 sacerdotes e 1.800 fi éis. N a base da imagem, colocaram um documento com os nomes do pároco, dos guardas fl oresta is e dos conservadores da imagem. Este documento, danifi cado pela água, encontra-se na prefeitura de Fa lck, tendo sido retirado quando da restauração da imagem, no verão de 2007. A veneração popul ar fez com que uma procissão sej a reali zada todos os anos até o local, costume pi edoso que j á tem mai s de um éculo.

Os caminhos <lc Nossa Senhora R f'l eti ndo sobre a devoção a N o sa Senhora através dessa imagem, par ce-me qu mu ito ajuda fato de ela estar na so li dã , no m io cl um li n lo bosque. Na vicia moei rna, com correri as contínuas, pr 'O ·upaçõ 'S ·on slant 'S, a 1 itaç( s onse ·utivas, pouco tempo nos r·sta param ·ditar, ou parn simpl 'S m ' nl · fi car jun to a uma imagem d ' Nossa S ·nhora . Por m, para ·h ·gar até essa imagem, não se pode usar auto1116v ' i, 11 • • ·ss ,rio CATOLICISMO

percorrer a pé um bom trecho. O caminhante, chegando um tanto cansado, tem também este moti vo para perm anecer ali: não é possível chegar às pressas e voltar correndo. Pode-se di zer que a Virgem aproveita esse instante de tranqüilidade para transmitir suas graças, para fazer pensar em coisas mais altas. A lém disso, o habitual é que a pessoa permaneça sozinha com a imagem, fica nd a ·ensação de que N ossa Senhora está ali só para atendê- la, e que tem todo o tempo disponível para dedicar a ela. Depenei ó de nós estarmos e permanecermos com E la. A mbientes assim podem er encontrados em mui tos locais, mas N sa enhora serv e-se também desse · i mponderáve is naturais para ajudar nossa religiosidade. Uma parte importante da oração consiste justamente em prestar atenção no que se di z ou no que ·e pede. No meio ela correri a urbana, ou com a atenção posta em outras coisas, difi cil mente faremos uma oração bem feita. O própri o fato de se sai r do contexto, achar-se no meio de um bosque sem ninguém que perturbe, sentir-se protegido pela Virgem Santíssi ma, presente por suas graças na imagem, faz que ela seja naturalmente atraente. A isto se soma um fato misteri oso, do qual não é poss ível ter inform ação concreta: o motivo pelo qual a Virgem desej a dar ma is especialmente certas graças a quem reza num local, e não em outro. Q uais os moti vos de altíssim a sabedori a que há nessas di spos ições divinas? U m di a saberemos. Em todo caso, a graça atra i numerosas pessoas a esse local, e i sso é o que importa. Peçamos que N ossa . ·nhora nos mostre os lugare. onde prefe rentement cl ·s ·ja r · · ·b ' r este ou aq uele noss ped ido. Em sua sab dori u, !:la rnnh ·e' melhor o qu ·onv 111 para nós • paru nosso pní i111 0 • I'.

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oração é, para o homem, a ori gem de todo bem. Daí se infere que saber ora r, dar à oração o dev ido apreço, entregar-nos à sua práti ca com ze lo e fervo r é, para o te mpo como para a eterni dade, um tesouro de va lor inestimável. Orar é tudo o que há de mais simp les, e a primeira razão disso é a própria necess idade que temos da oração. Para orar, não é mi ster talento excepcional, eloqí.iência, di nheiro nem recomendação ele espéc ie alguma. Até a devoção sensível não é necessári a; a doçura, a consolação, são coisas acessóri as e não dependem de nós . Se Deus no- las der, elevemos recebê- las com reconhecimento, porq uanto torn am a oração ma is agraciável. Orar, não obstante a aridez, é sempre ora r. Consolados ou não, cumpre fazê- lo. Para isso, basta o conhecimento ele Deus e de nós mes mos, saber o que Ele é e o que somos nós, como infi ni ta é sua bondade e quão profund a a nossa miséri a. Para ora r, uma ún ica co isa é necessá ri a: a fé, instruída pelo catec ismo. As palavras serão ditadas pelas nossas próprias necess idades . Poucas idéias (q uanto menos numerosas, melhor será), alguns desejos, e fin almente umas pa lavras saídas do coração - porque, se assim não for, não há oração propri amente dita - , eis tudo o que é preciso. Haverá, por acaso, um homem que não tenha um só pensamento, um único desej o? Pois bem, é apenas disso que precisamos p,u-a empreender o nobre trabalho ela oração. A graça, Deus no- la dá, ele bom grado, a todos e a cada um em particul ar. Por conseguinte, orar é simplesmente.fá /ar com Deus. É conversar com Ele mediante a adoração, o louvor, a súp li ca. J ... J D ura nte a oração, o nos o proceder eleve ser idêntico ao que temos relativa mente a um ami go íntimo e querid o. A ele confi amos com sincerid ade o que nos va i na alma: dissabores ou alegrias, esperanças e receios. Dele recebemos conse lhos e avi sos, auxílio e co nfo rto. Com ele clec icl imos os mais importantes negócios, singelamente e qua. e sempre sem que a sensibil idade se mani fes te ele form a alguma. E i to não obsta a que tudo sej a tra tado séri a e lea lmente. É ass im que, na oração, elevemos ser para com D eus. Q uanto mai or for a nossa simpli cidade, tanto melhor será : demos largas ao coração. Se mu itas vezes a oração nos parece penosa e difícil , é culpa nossa. É porque não sabemos como nos portar, e fazemos

dela uma idéia errônea. M anifestemos a Deus os sentimentos ele nossa alma; diga mos as coisas ta is como se apresentam, e a oração será sempre prove itosa. Todo caminho leva a Roma, diz o adág io, e tod a idéia ab re o seu cam inho para chegar a Deus. Só saberemos orar quando o fi zermos simp les mente. Que nos adianta d iri g ir ao Senh or disc ursos subli mes ou torn eados? Se acontecer que nenhuma idéia nos venha à mente, tenhamos a simp licidade de expor essa mes ma nos. a indigência. É isto ainda orar, glorificar a D eus e expressamente advogar a nossa ca usa. • Pc. Maurício Mesc hl c r. S.J .. A vido espiri111al, Editora Vo zes Li111 i1 ad a, Pe tró po lis, 1960, pp. 11 e ss.

DEZEM BRO 2007 -


o que C há vez fez com aque la rede de televisão venezuelana. (P.E.S.N. -

RJ)

Nosso co11ti11e11te castigado

Por que 11ão te calas? BJ M e morável o trabalho que o escritor Alfredo Mac Hale nos presenteou. O fa ntas ma de Fide l paira sobre as cabeças de alguns presidentes da América Latina. Alguns j á estão e nsaiando posturas fidelianas para, dentro em breve, substituir o ditador cubano, que está com o pé na cova. O que mais está se aproximando do mode lo encarnado em Fide l Castro é o Tenente Corone l Hugo C há vez. Mas este levou um a tomatada d aque las, qu ando o Rei Juan Carlos da Espanha, num belo gesto que marcou a Históri a (uma calorosa salva de palmas ao Rei !), valentemente mandou Chávez calar a boca. Tal gesto ecoará por muito tempo, e por muito tempo o Tenente Corone l o amargará e procurará vingar-se. Ele se crê rei do petró leo e acha que pode menosprezar qualquer Rei autêntico. Mas no memorável dia I O de novembro, na cap ita l do C hil e, C hávez levou na cara o tomate que merec ia, e que todo mundo dotado de um pingo de bom gosto esperava há mui to tempo. Mas não basta ficar no bom gosto, precisa mos mandar ca lar a boca sempre que alguém apareça assum indo posturas a la Fide l Castro. Se não fizermos isso urgentemente, nós é que teremos nossas bocas amordaçadas. Fo i

-CATOLICISMO

BJ O papel de Hugo Chávez, rodeado de a lg un s de seus cachorrinhos, é de ser a vara que açoita os restinhos de orde m em nosso continente. Aug uramos que essa vara que castiga sirva ao me nos para interrompe r o so no de muitos de nossos co nc idadãos. Aqui no Brasil, a extensão dessa vara chav ista é a organi zação, nada soc ial e sim terrorista, do MST. Sobretudo auguramos que nossos irmãos da Venezue la possam dar um basta àq ue la pavorosa e vergonhosa situação, antes que sej a tarde demais. Do contrário, aquela nação será dominada por um dos mai s desumanos regimes co muni stas, e poderá contamin ar os países vizinhos. Se isso acontecer, todos os G uevaras sa irão de suas tocas para tomar postos nos escalões dos governos. (B.J.A. -

MG)

profund amente a vida e os fe itos de São Francisco de Assis. Apaixonei-me pela hi stória da vida deste santo, muitas vezes ignorada por nós católicos. O seu exemplo de vida e atitude é modelo para todos aq ueles que se retira m para adorar o Senhor. E São Francisco é uma profunda inspiração para todos o que anseiam por essa experiênc ia. (R.C.C. -

SP)

Aclmil'ação cega e al11ci11acla BJ Desde minha infâ ncia, nunca co nsegui a entender como a meninada era levada a um a ad miração cega e a lu c in ada pe lo g uer rilh e iro C he G uevara. Mas hoj e compreendo que fo i uma jogada de marke ting, para la nça r com a im age m de heró i um uje ito que nada tinha de heroís mo. De fato e le foi um chaca l, um covarde. Isso, hoje eu compree ndo, mas não consigo entender é co mo bi spos e parl am ntares agem para desente rrar o chaca l e homenageá-lo. É muita burrice para ser burr ice. Acho qu e ex iste a lgum plano mefistoféli co e m tai homenagens. (J.F.S. -

BA)

Ratoeira socialista [g] Fiquei muito engrandecido estudan-

A ovelha e o lobo

do o assunto da situação pela qual passa a América Latina. Comecei a ler superficialmente o artigo principal da revista, sem dar-me conta da importância do assunto, mas logo percebi que se tratava de uma análi se política do mais alto gabarito. Terminei a leitura lucrando muito com o que aprendi , e fiz algumas anotações para uma palestra na ADESG sobre a situação tão grave que estamos presenciando. Nunca tinha lido algo tão brilhante, com tanta penetração e abarcativo do conjunto dessas nações vizinhas que caíram na ratoeirn soc iali sta.

BJ Impres s i nou -me, entre tantas coisas contadas na revi sta Catolicismo e m homena ge m ao Dr. P lí nio Corrêa de O li ve ira, a preocupação dele e m re lação ao que resultaria do Concílio Vaticano li . Uma preocupação grande a ta l I onto q ue o levou a Rom a para acompanhar passo-a-passo aquele on cíli o. Apesar das advertências, o trág ico Concíl io aca bou por não c ndcnar o maior perigo para a Igreja, que era o com unismo. Muitos bi spo preferiram lava r as mãos, outros sil enciaram o perigo, e muitos incenti varam os acordos entre a Igreja e o comun ismo. No aco rdo entre a ovelha e o lobo, quem saiu ganhan do? Ac ho que um dos casti gos por esse sini stro acordo é a maldição do prog ress ismo.

(D.J .D. -

MG)

A re11ú11cia de S. Frn11cisco 181 De uns tempos prá cá, surgi u-me um profundo desejo de conhecer mai s

(A.G.J. -

SP)

Socorro à sociedade

Vicia de Sa11tos

BJ Gostei muito da ex pressão "fa lênc ia múltipl a dos ó rgãos" [da seção "Por que Nossa Senhora chora?", de outubro/07], apli cada à sociedade humana atual. Somente são capazes de faze r algo de bom, e socorrer essa soc ieda d e, aq ue les que at ua lm e nte vêe m que e la passa por uma falência múltipl a dos órgãos. Não é pessimismo não, é reali smo.

BI Acho que essa revista é um excele nte exempl ar que anal isa os fa tos basea ndo-se na fé católica. No final da revi sta encontra m-se as hi stórias sobre as vidas dos sa ntos, sobre e las e u queria sugerir darem ainda mais detalhes.

(J.A.H. -

BA)

Resignação marial [gJ "Mari a Santíss ima modelo de resignação" - Q ue reportagem linda, co nc isa , real [Catolicismo , o utubro de 2007]. Sua sabedori a nos impul siona à reflexão. Onde encontrar " resignação", senão em Maria? Parabéns por textos tão lindos. Adorei, fiqu ei muito fe li z. Agradeço imensame nte a ajuda. Como é bom te rmos co nhecimento cada vez melhor de nossa doutrina. Descobri muitas co isas novas. Faço atualm e nte um curso de Teo log ia, sempre tive muita vontade de o fazer - ao contrário dos que me tentaram desanimar - e estou amando, estou aume ntando minha fé. Muito obri gada, muito obri gada mesmo. A paz de Jesus e o amor de Mari a estejam sempre convosco. A propósito: a mo o site do Catolicismo.

(1. F.C. -

SP)

Resignaçiío marial - JJ BJ Pa rabéns pela maté ri a (Maria Santíssirna, modelo de resignação , de Valdi s G rinste in s) , isso nos ajuda a te r Maria co mo nosso modelo de res ig nação , a termos paciência co m determinadas s ituações que surgem na nossa cam inhada, seja qual fo r no matrim ô nio , na co munid ade ec lesial, no trabal ho. Enfim , co m certeza só faz enriquecer para o nosso dia-a-dia. Obri gada . (1.M.A. -

DF)

(P.H.H. -

'têm aquela guerra mais silenciosa, psico lóg ica' . O blogueiro dorn Bertrand de Orleans e Bragança, tetraneto de dom Pedro l°, acha que 'se formam na internet correntes de opinião que qjudam a definir o quadro ideológico da nação'". (S.C.S. -

SP)

MG

Caso pmcligioso Dom Bert/'al1(1 BJ Co m muita satisfação li no site da rev ista Cotolicismo a página "O Brasil e os cegos", de autoria do Sr. Dom Bertrand de Orleans e B raga nça. Concordo 100% com o Príncipe Imperi a l do Bras il em sua afirm ação de que a popularidade do presidente Lula é artific ial. Os j orna is publicam estatísticas fa lando que o pres idente co nta com altos índi ces de popularidade. Mas a gente, que te m muito relacionamento nas ruas, no comérc io e entre famílias, pergunta por aí sobre o governo Lula, e todos discordam dele. Para não parecer exagerado, digo que 90% das pessoas, com as quais faço as minhas estatísti cas, revelam um a grande impopularidade do pres idente Lula. Está praticamente todo mundo co m quem mantenho contato contrá ri o à política "deste gove rn o". Como exp licar os altos índices de popularidade publi cados pe los jorna is? Eles é que precisam explicar se tais estatísticas foram co mpradas ou não. Ainda sobre o Príncipe, procure i no Goog le o seu no me, e e ncontre i que e le tem um blog; estou vi sitando-o freqüentemente. A notíc ia que encontrei sobre ele era do articuli sta Uirá Mac hado, publicada na "Folha de São Paulo" do di a 11 de novembro, com o título " B logs políticos e ncenam nova G ue rra Fri a" . No final da notícia, tratando sobre a distância q ue há entre blogueiros, dizia:

" Pref eito do Rio, Cesa r Maia (DEM) diz que 'a 'distância ajuda a expressão rnuito mais livre'. Para o ex-ministro José Dirceu, polêmica é característica de blogs, que também

BI Meu sobrinho é portador de uma doença degenerativa, há dois anos ele não anda nem fala, mas é extremamente católico. Segundo a medici na ele não tem mais cura, no entanto ele já provou ser um intercessor. Num dia de desespero, entrei num santuário e ouvi o dizer-me para mandar rezar uma mi ssa para Nossa Senhora da Libertação todos os dias 9 de cada mê . Nenhum padre havia escutado falar nessa devoção mari ana. Pela Internet, achei no site www.catolicismo.com.br a Nossa Senhora à qu al meu anjinho pediu que rezasse. E u acred ito em milagres, esse é um deles (Refere-se ao artigo que se encontra disponível no site citado, na ed ição de novembro de 1995, na seção "Página Mari ana", inti tul ado Nossa Senhora da Boa Libertação). (M.H.S.S. -

RS)

Oração e ação BI Se ninguém tomar um a atitude co ncreta neste País, c re io que nem orações ajudarão, qu a ndo for tarde demais. Ou se perde a vergonh a de parecer grosse iro e rude, agindo enquanto é tempo e tomando as medi das necessárias contra essa gente asquerosa e se m limites, ou iremos todos lamentar por não se ter e mpregado a necessári a atitude firme, que é a úni ca lin guagem que essa gente entende. (R.F.S. -

RS)

Belo trabalho BJ Pa rabé ns, vocês fazem um belo trabalho em nome de Jesus. (1.N.F. -

MG)

DEZEMBRO 2 0 0 7 -


r, Pergunta - Muito obrigado pelo respeito e empenho que tiveram em me responder com tão bons argumentos [matéria desta coluna em novembro de 2006]. Como havia dito no e-mail anteri01; sou alguém que procura formar opiniões, não sou protestante, me preocupo em entender o que creio. Creio no Senhor e Salvador Jesus Cristo, pois através d 'Ele encontrei a vida eterna. Algo (1ue não me convenceu na sua explicação foi ter dito que Nossa Senhora também foi ressurrecta e assunta aos Céus, já que nem a Bíblia, nem as cartas dos Padres da Igreja, como Tertuliano e outros bispos primitivos, nem apócrifos, nem documentos ou artefatos históricos apontam para tal acontecimento. Não há também nenhum fato ou indício, até mesmo da Igreja primitiva, de que as almas dos cristãos recebessem algum privilégio divino, como: onisciência, onipresença. Para mim, mais parece uma invenção religiosa medieval do que uma regra de fé a seguir. É difícil entender que Deus compartilhe a glória que é d 'Ele. Deus, em momento algum, permite que outro seja louvado como operador de milagres, pois em Coríntios Paulo afirma que todos os dons são operados pelo Espírito de Deus. E em Hebreus diz: "Porque d 'Ele, por Ele, para Ele são todas as coisas, para louvor de sua glória". Caridosamente lleço respostas. Poucas pessoas que se dizem religiosas estão preocupadas em esclarecer ao próximo as suas dúvidas, como as têm feito. Obrigado!

CATOLICISMO

RcStl0sta - Não há por que não reconhecer a sinceridade e a retid ão desta a lm a qu e caridosamente nos pede uma res posta. Fá-lo-emos com gosto, tanto mai s que há tempos vimos discernindo, nas perguntas que nos mand am, uma lacuna de raciocíni o que fi ca patente neste e- mail. E a lacuna está numa compreensão deficiente cio qu e sej a a Santa Igreja fund ada por Jesus Cri sto, a respeito ela qual Ele mes mo disse a São Pedro : "E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja ; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos Céus; e tudo que ligares sobre a Terra, será ligado também nos Céus; e tudo que desatares sobre a Terra, se rá desatado também nos Céus" (Mt 16, 18- 19). Subindo, pois, aos Céus, depois ele sua Morte e Ressurreição, Jesu s Cristo deixou estabe lec ida na Terra a sua Igreja, e co m poderes ta is que, tudo que São Pedro ligasse na Terra, seria ligado nos Céus, e tudo que ele desatasse na Terra, seria desatado nos Céus. Obviamente, esse poder passaria também aos sucessores leg ítimos de São Pedro no gove rn o da Ig reja, pois do contrário esta se desfari a após a morte de São Pedro. Por isso, Nosso Senhor Jes us Cri sto acrescentou que as portas do inferno não prevaleceri am contra ela, o que signi fica um a promessa de pereni dade até o fim do mundo. Promessa, ali ás, exp li citamente declarada na úl tima fra se do evangelho de São Mateus: "E eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos" (Mt 28, 20).

Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

Portanto, essa ass istência de Jes us Cri sto à sua [greja "t.odos os dias, até à consumação dos séculos" - que se exerce através da ação cio Espírito Sa nto nas almas, e mai s especifica mente na dos legítimos Pastores da Igreja, e mais espec ifi ca mente aind a do Soberano Pontífice - garante que a Igreja seja i1m111e de todo erro no seu Mag istéri o infalív e l, que vai se exp li c itando coerente me nte consigo mesmo, ao longo dos sécul os. Lacuna: ig110ra1· a lgl'eja instituída pol' Cl'isto

Assim, ao estudar qualquer ponto da doutrina católica, não podemos de cada vez partir do zero, ignorando todo esse desenvolvimento orgânico e coerente da doutrina, sob a inspiração do Divino Espírito Santo, que vai explicitando novas verdades já contidas na pregação dos Apóstolos e dos seus sucessores, bem como nas Sagradas Escrituras. Essa pregação apostólica, que se perpetua pelo magistério continuado da [greja, é o que se chama Tradição. Ass im, os três pilares sobre os quais se fundamenta a doutrina católica são: as Sagradas Escrituras, a Tradição e o Magistério vivo da Igreja. As duas primeiras constituem fon tes da Revelação divin a, e o Magistério é fiel depositário e intérprete da doutrina. O esq uec im e nto d e , te tríplice fundamento da doutri na católica é a lacun a que temos detectado em mais de um a pergunta qu e nos tem s ido enca minh ada, e que a ex posi ção cio presente leitor de ixa be m clara. Para e le, a doutrina da ress urreição e Assunção ele Nossa Senhora

"mais parece uma invenção religiosa m.edieva l do que uma regra de f é a seguir". Apenas um rápido esclarecimento sobre a idéia equi vocada do missivi sta sobre a onisciência e onipresença do sa ntos, doutrina essa que a Ig rej a nun ca e nsin ou. Para ex plicar a medi ação dos sa ntos em nosso favor, não é prec iso recorrer a esses dons que competem só a Deus mas simples mente ao dom da visão beatíjfra, conforme explicamos em nossa matéri a de Jesus Cristo deixou estabeleci da na Terra a sua Igreja , e com poderes tais que, tudo que São Pedro ligasse na Terra , seria ligado nos Céus, e tudo que ele desatasse na Terra, seria desatado nos Céus.

nove mbro de 2006. Em poucas palavras, os santos no Céu vêem em Deus nossas perorações, e intercedem junto a Ele em nos. o favo r: não precisa m estar em todos os pontos ela Terra para ouvir as orações que lhes fazemos. Quanto à Assunção ele Nossa Sen hora, é uma doutri na baseada na Tradição e longamente amad urec id a ao longo dos sécul os pelo ensino ela Igreja e a reflexão dos teó logos, e só foi definida como Dogrna de Fé em 1950 pe lo Papa Pio xn. Não fo i nenhuma "in venção religiosa medieval" , como parece supor o missivista. E a partir de e ntão, foi realmente im posta à Igreja como "uma regra defé a seguir", não sendo mais lícito a nenhum católico deixar de professa r essa doutrina, sob pena de se exclui r por si mesmo ela lgreja. Com efe ito, basta negar conscientemente qualquer dogma ela fé para q ue uma pessoa deixe ele poder proc lamar-se católica. Pois recusar obedi ência à [greja significa negar o próprio Cristo, que a estabe leceu na Terra como in sti tui ção necessá ri a para nos encam inhar até o Céu . Ensinamentos so/Jre <logmas e 11cl'dades ele /'é

A posição do verdadeiro católico é, portanto, de fi I ial acatamento a todos os e nsinamentos que a Igreja propõe como dogmas ou verdades da fé. Se alguma coisa não compreendemos, temos todo o direito de procurar explicações à a ltura de nosso gra u de cultu ra, como faz o mi ss ivista. Mas semp re supondo a submi ssão prévia ao que a Igreja definiu co mo tal.

No caso concreto da Assunção, há um ponto fáci l de exp li car e ele entender. Admi tido o dogma da [m acul ada Co nce ição, proc lamado um séc ul o antes por P io IX ( 1854), é fác il concluir que, te nd o sido Nossa Sen hora preservada da co rrupção do pecado ori ginal, não se compreenderia que ela fic asse sujeita à corrupção do sepulcro. Daí os teó logo se referirem com umente ao ponto fin al ela vida de Nos a Sen hora nesta Ter ra co mo um a s impl es Dormitio (Dormi ção), segui da da sua Assunção em corpo e alma ao Céu. Ali ás, ao definir o Dogma ela Assunção, Pio Xlf não defi niu em que cons ist iu prec isame nte essa Dormitio, deixando em aberto aos teó logos a discussão do ass unto. Vê-se assim o cuidado da Igreja em não precipitar as conclusões, enquanto o Espírito Santo não susc itar entre os teó logos de boa orientação o consenso em relação a determinado ponto da do utrina. Mas a partir do momento em que esse consenso se estabelece, ou e ntão quando um a opin ião se firma co mo verdadeira, a Igreja, com o poder que Jesus Cristo lhe co nferiu de atar e desatar na Terra, fá. lo so lenemente, dec larando-o dogma defé, contando com a adesão filia l e amorosa dos fi éis católicos. Se o consenso já é bastante geral, a ponto de tornar-se temeridade negá-lo, a Igreja passa a considerar ta l ponto de doutrina como verdade de fé, aguardando o momento oport un o para dec I a rá- lo dogma defé. É essa posição ele doc ili dade prév ia em face do Mag isté ri o da Ig reja qu e re-

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-· Tendo sido Nossa Senhora preservada da corrupção do pecado original , não se compreenderia que ela ficasse sujeita à corrup ção do sepulcro . Daí os teólogos se referirem comumente ao ponto final da vida de Nossa Senhora nesta Terra como uma simples Dormitio (Dormição)

comend o ao co nsul ente, garantind o- lhe que tal posição o fa rá encontrar com mai s fac i1idade, na Sagrada Escritura ou nos bons teólogos, os textos que confirmam a doutrin a j i:'í in corporada pela Santa Igreja no seu co rpo do utrinal. Uma última observação que pode se r úti l ao missiv ista: Deus se compraz na g lor ificação de se us anj os e sa ntos, e sobretud o da criatu-

ra que E le esco lh e u de sde toda a eterni dade para ser a Mãe Sa ntíss im a do Verbo Encarnado. Todo louvor que se lhes dê, em nada ofusca a glóri a dev ida exclu sivamen te a Deus, porque Ele está in finitame nte ac im a de q ua lquer ele suas criaturas, que cantarão o seu louvor por toda a eternidade.• E-mail cio auLor: cone~o josel ui z@carolicismo.com.br

DEZEMBRO 2007 -


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A REALIDADE CONCISAMENTE Venezuela: clientes marcados como gado

400.000 anglicanos pedem ingresso na lgreia Católica

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a Ve nez ue la do "soc ia li s mo do séc ulo XXI", faltam alimentos básicos como feijão, açúca r, frango , ó leo, le ite em pó, arroz, grãos, massa e ovos (foto). Hugo Chávez reforçou os controles e mandou que na entrada dos

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or volta de 400.000 anglicanos de 12 países solicitru·am o ingresso na Igreja Católica. Eles estão horrori zados com a degringolada moral de sua confissão religiosa, especialmente com a ordenação de mulheres (foto) e a sagração de "bispos" homossexuais. Os líderes anglicanos que chefiam o grupo e ntregaram pedido formal à Congregação para a Doutrina da Fé. A notícia mostra até que ponto a verdade católica ai nda é capaz de atrair multidões imersas na heresia e em e rros, apesar da crise e do "processo de autodemolição" que vê m abalando a Santa Igreja. •

mercados populares, conhecidos como Mercal, os c li e ntes sejam marcados com um número na mão - isto mesmo, marcados como se faz com gado. Os consumidores compram algum produto e são marcados com tinta indelével. O pretexto é evitar que comprem em dois Mercal mais do que a ração diária fixada pelo governo. Chávez prometeu as "filas da dignidade", mas estas, na maioria compostas por idosos e mulheres, podem durar seis horas. O Mercal, por vezes, fecha arbitrariamente, informou odiário "El Universal" de Caracas. Sistema análogo ao de C uba, c ujas filas velhas de me io século servem de modelo a essas filas venezuelanas da " indignidade". •

Suíça: vitória histórica da direita mais conservadora

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as últimas eleições nacionais, a Suíça reelegeu a União Democrática do Ce ntro (UDC), pattido tido como ele extrema-direita. A UDC cresceu para 29% (26,7% em 2003), superando largamente os outros partidos. O Pattido Sociali sta caiu de 23,3 % e m 2001 para 19,5%, seu pior resultado desde os anos 80. A UDC centra li zo u sua campanha na luta contra a inseg urança e a imigração ilegal (foto), e també m se opõe ao ingresso da Suíça na União Européia. Foi a maior votação obtida por um partido suíço desde a implantação do sufrágio uni versal, segundo o diário "Le Monde" de Paris. Porém, como o resultado co ntrariou dogmas ela esque rda, o macrocapitali smo publicitário trato u com me nosprezo a manifestação da vontade popular desse país de tradições multisseculares. Para preservá-las, os suíços não temeram enfrentru· a onda revolucionária da esquerda nas eleições. •

CATOLICISMO

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· Bush alerta para perigo de 3ª guerra mundial

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111 entrevista co letiva na Casa Branca, o presidente norte-americano Geo rge W. Bush (foto) ale rtou para o ri sco ele uma 3ª guerra mundial. A origem cio risco, segundo e le, está na escalada do Irã para obter armas nucleares. O Irã parece dis posto a fa zer tudo para obtê- las, e conta para isso com o respa ldo da Rússia. O presidente Putin tentou atrair o pres idente americano, dizendo que a situação internacional atua l le mbra a da "cri se dos mísseis de C uba", quando o mundo esteve à beira de uma guerra atô mica. Putin exi giu que os EUA renuncie m a construir um escudo antimísseis na E uropa Oriental - perto da fronteira russa. Mas os EUA considera m indi spensável tal escudo e não renunc iam a construí-lo. •

lgreia da Idade Média é trasladada de uma cidade para outra

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52ª Bie nal de Ve neza de Arte Moderna outorgou . e u prêmio máx imo a uma obra blasfema do argentino León Ferrari. Em Buenos Aires, a mostra das obras deste "artista" a nti c ri stão foi in terditada pela Justiça, após muitas manifestações católicas de repúdio. Um segundo jui z a liberou, mas seus promotores preferiram fec há- la ante do prazo. O prê mio de Veneza fo i concedido a uma dessas obras blasfematórias e injuriosas, que escarnecem da "Civili zação Ocide nta l e C ri stã" com "críticas à Igrej a", segundo o diário "La Nación". A arte moderna e a contemporânea apenas sobrevivem dev ido ao estímulo de governos e da mídia, poi s a opinião púb li ca não se sente atraída por e la, rejeitando suas formas hediondas. •

igrejinha medieval de Heuersdo1f, aldeia da Saxôn ia (Alemanha), foi transportada íntegra para a localidade vizinha de Borna, a 12 quilômetros de distância (foto). A descoberta de uma importante jazida sob Heuersdorf tornou inviável residir no local. A população aceitou mudar de cidade, mas fez questão de salvar a cape la de es tilo românico construída há mais de 750 anos - a mais antiga da Saxônia. O templo de 1.000 toneladas foi tras ladado co mpl e to , so bre imensa plataforma de concreto e aço, puxada por caminhões à velocidade "de passo humano", sobre um calçamento especialmente concebido. A operação envolveu 200 funcionários e c ustou milhões de euros. O a mor à tradição prevaleceu, e a técnica se pôs a servi ço de uma pequena jóia da Idade Méd ia. •

Pastor queima imagens históricas das Missões

Vinhedos de Lavaux: obra-prima da tradição familiar suíça

Repudiado em Buenos Aires, premiado em Veneza

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m São Borj a (RS), o pastor da Igreja Universa l, Fábio G uimarães da Si lva Pereira, não teve uma idé ia mai s sacrílega e absurda do que queim ar, em ato público, duas imagens católicas que pertencem à história mi ssionária riograndense e estão cadastradas no Instituto Históric e Artístico Nacional (lphan). Ele obtivera as imagens prometendo a cura de um câncer a um dos fiéi s depos itários, o qual fa leceu. O pa tor responde ago ra por c rime contra o patrimônio hi stórico. Uma das imagens era do Senhor M orto, e outra de São Pedro. Lutero, pai do protestanti smo, pregou o ódio às imagens sacras. Sacrilég ios desse tipo foram praticados durante a Re volução Francesa e a Revolução Com uni sta, quedestruíram e fecharam inúmeras igrejas. •

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s terraços-vinhedos do Lavau x, no lago Léman (Suíça), atraem a atenção mundial pelo entranhado amor com que são defendidos pelas famílias proprietárias. Elas enfrentam a concorrênc ia estrangeira, as novas modas, c ustos e até dificuldades na sucessão fam iliar. Os sinos soaram como nos dias de casame nto e festas, quando os terraços-vinhedos foram reconhecidos como patrimônio mundi al pela Unesco. São mantidos há muitas gerações por famílias tradicionais, que residem em belas casas da região. Seus fund adores "aprenderam a fa zer vinho no olho". A atual geração é diplomada até em informát ica, mas ne la a boa saudade da terra é maior. Espec iali zou-se e m viticultura, elevou o níve l e valor da prod ução e perpetua a secular tradição fam iliar. •

Bispo cat:ólico assassinado pela polícia comunista chinesa

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ons. José Han Díngxíang, bispo de Handan (China), foi morto numa dependência policial comunista . Segundo informou o jornal vaticano "L'Osservatore Romano", negaramlhe as exéquias e até os sacramentos, e os agentes cremaram e sepultaram às pressas as cinzas do bispo anticomunista . Ele morreu incitando os católicos a rezarem mais o Rosário. O prelado passou mais de 35 anos em campos de concentração e diversas prisões, acusado de "atividades con tra-revolucionárias". Enquanto prelados, sacerdotes e fiéis genuínamente católicos continuam sofrendo sanguinária perseguição na China vermelha, os ardilosos eclesiásticos da Igreja Pa triótica chinesa manifestam uma falsa fidelidade a Roma, visando, no fun do, sujeitar os simples fiéis ao regime comunista que persegue e martiriza a Igreja.

Beatificação de brasileiros, quase silenciada pela mídia

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lbertina Berkenbrock foi beatificada em Tubarão (SC), em 20 de outubro . A nova beata nasceu nessa cidade em 1919. Aos 12 anos, reagiu heroicamente a uma tentativo de estupro, e morreu como mártir da castidade. Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia, mas os grandes jornais brasileiros silenciaram quase totalmente o fato. Em Frederico Westpholen (RS), ante 20 mil fiéis, foram beatificados o padre espanhol Manuel Gómes Gonzáles e o coroinha Adílio Daronch, fuzilados em ódio à fé por uma coluna de revolucionários anticlericais, em 1924. Tampouco o imprensa nacional concedeu destaque proporcionado ao evento. O exemplo dos novos beatos é muito oportuno nestes dias, em que o ódio anticatólico é crescente e o ofensiva da imoralidade atinge patamares ameaçadores.

DEZEMBRO 2007 -


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Fisionomia mol'al do País

"Consulte, Presidente, consulte" Ü filme Tropa de Elite surpreendeu muitos pela grande repercussão que alcançou; entretanto, para se entender o sentido profundo dessa repercussão, é preciso relacioná-la com várias outras realidades. !1 CID ALENCASTRO

ão basta di zer que o brasile iro desej a ver bandido na cadeia. Isso é verdade, mas não sufic iente para med ir todo o alcance do fenô me no que surge, inesperado, por detrás elas repercussões de Tropa de Elite. Estamos tocando num assunto ela maior importânc ia para

se e ntender o B rasil ele hoje, e tentaremos ap resentá- lo conveni ente mente. Um ami go fez- me um relato do filme, mas não interessa aq ui a análi se ela trama o u cios cenári os, de seus possíveis defeitos o u qua lid ades, ne m da s inte nções ele seu diretor. Nossa ate nção in c ide sobre outro po nto: a reação ela op ini ão pública, que encontro u nessa proj eção cine matográfica a possibilidade de um desabafo há muito co ntido, e como que provindo cio fund o de sa nidade ela natureza huma na. Para e nte nder o que se passou, convém que o ass unto do filme seja re lacionado com a Reforma Agrári a, o desarmame nto, o MST, as drogas, os impostos ex torsivos e o aborto. Isto não é uma biague, é uma realidade, mas vamos por partes.

Rcl'orma Agrál'ia Para nos situ armos be m no te ma, é prec iso retrocede r ao ano ele 1985, iníc io da abe rtura de mocráti ca, quando o então Pres id e nte José Sarn ey reso lve u ap li car e m gra nde estilo a trucul enta le i ele Reform a Agrári a (Estatuto da Terra) , aprovada durante o reg ime militar. Pa ra esse fim , um m ini stro farfa lh ante ( Ne lson Ribe iro), indi cado para o cargo nada me nos do que pe la C NBB , e laborou um Plano N ac io na l el e Refo rm a Ag rá ria (PNRA) de caráter ni tida me nte soc ia li sta, como a li ás o era também o Estatuto

da Terra. Desmitificand o a o nda criada pe la

esquerda católica, pe lo go vern o e pe la mídia, o Prof. P líni o Corrêa de O live ira, e m e ntrevi sta a um a ....,,,,~ -.... importante televi são de B ras íli a, afirmo u que a Refo rm a Agrári a seri a um desastre para a ag ri c ul tura nacio-

CATO LICISMO

nal, co nstituindo um passo para o comu ni smo, e a lé m d isso não era desej ada pe lo po vo bras il e iro . E desafiou: façam u m pl ebi scito para conhecer a verdade ira posição do povo brasi le iro. [mpress io no u muito a ê nfase com que e le apresentou s ua proposta: "Co nsu lte, Presidente, consu lt e o povo brasileiro! " (http :// br.y o utu be.co m/w a tch ? v= i3IQyqW4kWs). Passados ma is de 20 anos desses fato , está patente qu e a Reforma Agrária só vem produz ind o "fa ve li zação " do campo, é um in strumento de grupos soc iali stas que visam impor sua ideo logia, e sobretudo não é de ejada pe lo povo brasil e iro .

inju sti ça, na qua l teriam s ido co locados ro, apo io governa me ntal, cargos públicos pe los abastados. Entreta nto, contra esse e tudo o mais. mito levanta-se uma onda popular de horAl guém j á penso u qua l seria o resul ro r e desag rado, qu e atinge de che io o tado de um pl e bi sc ito para saber se os tudo que reluz é ouro, nem tudo que ba- MST, a C PT e congêneres. A ta l ponto que brasile iros estão conte ntes ou não com a lança cai". Entenda-se: nem tudo que é j á não se fa zem mais pesqui sas para sa- atual carga de impostos? Mas a carga tri aprese ntado como re ivindi cação popular, but,'íria c resce se m cessar. é de fato desej ado pe lo povo. Não raro Mm e . Ro la nd , a revo lu c io ná ri a el e são interesses ideo lógicos ou outros, que 1789 a 1792, guilhotinada e m 1793, exse esco ndem sob a capa ele re ivindi cações c lamou ao s ubir ao cadafa lso: " Liberdapopul ares ! de, liberdade, quantos crimes se cometem Da mes ma forma, está aos o lhos de em. teu nome! ". Pod eríamos parafraseátodos a imensa pressão que vem sendo la: "Povo, ó povo, quantas i,7:justiças se exercida para aprovação de le is que favofa zern em. teu nome! ". reça m o aborto, o "casa me nto" ho mosseUm <lcsabato xua l, o consumo de drogas. Ora, pe los prin c ípios da democ racia, seri a no rm a l C hegados a este ponto, estamos e m consultar o povo para saber se e le que r a co ndi ções de abo rdar a questão co locada aprovação de le is que tende m a mudar de no iníc io cio artigo, referente ao film e Tromodo tão g rave a fi sio no mi a .m o ra l do pa de Elite. Segu ndo o meu am igo que Paí . Por que não co nvocam ta l pl ebi sc iass istiu ao filme, este tem aspectos muito to? Tudo indica que te mem um a derrota inconvenie ntes, como um escac hoar conarrasadora , co mo a que ocorre u na tentatínu o de palavras de baixo ca lão e a lg utiva ele desarmamento elas pessoas de bem. mas cenas que ofende m o pudor. Mas não é prec iso ter assistido à proA caricatura e a ,·calicladc jeção para dar-se conta de que não fora m A res pe ito ele todos esses te mas, é esses as pectos do film e que marcara m a impo rta nte considerar a diferença fundafundo o público que o ass istiu . O que promenta l e ntre as autê nti cas asp irações do vocou manifes tações e ntu siást icas fo i o povo e a cari catura que de las faz uma certa fato ele que os band idos são tidos como propaga nda a servi ço ele interesses vári ba ndidos, e de ve m se r combat id os e nos. Só ass im estaremos aptos a comprequanto tais. end er os di as que esta mos vive ndo. Essa idéia sim ples e prime ira , quase Se ri a uma g rande to li ce defe nde r a se diria inocente, de que os bandidos detese de que a população bras il eira estaria ve m ser perseguidos e punidos, ve m sendesengaj ada cio processo univ ersa l de Redo soterrada nas a lm as pe lo entulho da vo lu ção, q ue arrasta toda a hum anidade. propaga nda unil ateral cios dire itos hum aMas trata-se aqui ele outra co isa: denun nos, da esqu erd a, de certas ONGs. Tal c iar a pressão mo nume ntal co m que se idé ia encontro u, de repente, um condu to procura força r o povo a ace itar le is, situ de res piração no film e. E, ao que parece, ações, costumes que visam debi litar tenos bras il e iros reso lveram respirar a pl edê nc ias profundas, que e le ai nela consernos pu I mões. va como fruto longínqu o da C ivilização Um desabafo se me lhante ao que leC ri stã ou de um a certa retidão natural. vou a pop ulação a se pronunc iar, em granTendênc ias essas que, forta lec id as pe la díss ima maioria, contra o desarmamento graça d ivina ou por e la susc itadas, podem " dos ho mens ho nestos. cri ar, em diversos pontos, obstác ulos pon- ~ Ta l é o fio condutor que li ga te mas tão deráveis ao segui mento cio processo re- j diferentes e ntre s i, como Refo rma Agrávoluci o nário. ri a, desarmamento, MST, drogas, impostos, aborto e outros mai s. A respeito de Injustiças cm 110mc cio povo cada um de les ressoam as palavras veeTambém as invasões ele propriedades ber o que os brasil e iros de tod as as clas- me ntes do Prof. Plínio Corrêa de O li ve irurai s e urbanas costumam se r apresenta- ses socia is acham das invasões, poi s e m ra: "Consulte, Presidente, consulte ". • das como re ivind icações populares. Po is número crescente nossos patrícios vinham os pobres, grande mai o ri a ela população, se declarando tota lme nte co ntrários a e las . E- mail do aut or: e ida Iencas t ro @ca to i ici s 111 0 .com. br não ag i.i e ntariam ma is essa s itu ação de No e ntanto, para o MST não fa lta dinhei Daqui tiramos uma lição importante, que poderi a ser ex pressa na letra ele uma das mú sicas dos carnavais antigos: "Nem

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D EZEMBRO 2007 -


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INTERNACIONAL

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Ü abismo entre a Argentina real e a Argentina da mídia e dos políticos patenteou-se na recente eleição presidencial, com aspectos trágicos e até cômicos a

Lu1s DuFAUR

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a e leição presidencial a rge ntina, um mesário que não queria exercer sua fun ção e ntrou na fil a de e le ito res, tentando votar despercebido. Porém , tendo sido reconhec ido, empree nd e u um a fu ga e foi perseguido pela polícia. Por fim fo i a lcançado e teve que cu mprir sua tarefa . Este episód io cô mi co fo i um dos tantos sinto mas da aversão com que o e le itorado a rge ntin o e ncaro u a e le ição. Como resultado, no dia 10 do presente mês vai ocorre r o in só lito fato de um marido, Néstor Kirchner, passar a fa ixa pres id enc ia l à s ua mulh er, a se n adora C ri stin a Fern á ndez de Kirchner.

CATO LICISMO

Ganhou o pmtesto-abstenção <los argentinos A Co nstitui ção arge ntina admite a reeleição, e Néstor Kirchner pod ia tentála, mas ne m o usou. Será que os "astronôm icos" índices de popularidade que lhe atribuíam as enquêtes (por volta de 60% ) eram tão autê nticos quanto os ín dices ofic iai s da inflação, universa lme nte tido como fa lseados? O vazio de idé ias, o esbanjamento ele itoreiro de verbas públicas, a inexpressividade e dispersão da oposição e a torcida midiática pelo casal Kirchner afastaram psicologicamente a opinião pública argentina d e um a e le ição que lh e soa va inautê ntica. A abstenção - a maior desde que ex iste o sufrágio universa l no país - fo i

de 28, 19 %, segundo o Mini stério do Interior.1 O número dos votos em branco aume nto u m a is de 500% e m relação à última e leição pres ide nc ia l. Se os a usentes e votos e m branco contassem , o vencedor teria s ido o S1: Ninguém!

Desordens eleitorais - uma artimanha? A retração dos e leitores deu azo a episódios obscuros . Na capital federal - a mais influente c ircunscri ção e le itoral - só 12% dos mes{u-ios convocados confirmaram prese nç a . Dos 17 .751 tel eg ra ma s convocatórios, 15.249 (85,90%) ~ ram "recusados", ou os destinatários " não foram encontrados" pe lo corre io . Dos 2.502 encontrados, l.092 pediram dispe nsa à Justiça E le ito ra l. 2 Esta descomunal abste nção

1 levou a Corte Suprema a preencher as vagas com fun c ionários públicos. Ainda assim, a políc ia obrigou a exercer a função de mesários os primeiros votantes que apareceram nos locai s de votação. Tal malogro do corre io re-estati zado levantou suspeitas de mais uma artimanha do governo para colocar mesári os (responsáveis pe lo cô mputo da s urn as) a gos to d o casa l Kirc hne r. O diái o po rte nho " La Nac ió n" reg istrou testemunhos indi g nados de e le itores que a firm a m ter visto caravanas de vans d o gove rn o leva nd o magotes de populares de um loca l de voto a o utro, o nde votavam a legre me nte. 3 A desorganização das mesas foi inau dita. Um j o rn a li sta fa lo u de ''. jornada repleta de trapalhadas", e nqua nto mui tos inte rn a utas jul gavam que, co m tan tas irreg ul aridades, em qualque r pa ís séri o a e le ição te ria s ido a nul ada. 4

com os E UA ; me lhorar as linhas de comé rci o com o Bras il , que seu marido vi nha rompendo unilatera lme nte; to mar distância de Hugo C hávez; favorecer o ma ltratad o e mpresariado argentino; e adotar os c ritérios americanos para medir os índices econô mi cos. E m maté ria de família, os candidatos viáveis se declararam co ntra a descriminalização do abo rto. Sobre o "casa me nto" ho mossex ua l, re pe tiram que só há casame nto e ntre um ho mem e uma mulher. Apenas o terceiro colocado postulou um estatuto es pec ia l para os "casa is" ho mos sex uai s. Todos e les se di ssera m co ntrári os à despena li zação do consumo de drogas. E escl areceram que não mudari a m as le is ex istentes nessas maté ri as .5 A nov a pres ide nte prometeu também ameni za r as estremec idas re lações com a Ig reja Cató lica.

Mídia brasileira não r elatou objetivamente o </IIC suce<leu

continua muito forte

Grande parte da mídia bras ile ira não acentuou adeq uadamente esta onda sísmi ca de ave rsão ao carnava l po líti co midiático. No máx imo, e m me io a uma enxurrada de in for mações supérfluas, acidentais, obsessivame nte econo mi c istas, tendenciosas ou enfadonhas, menc ionou o fato de que milhões não votaram . Essa mesma mídia difundiu a idé ia de que a Argentina ava nça decididamente nas pegad as do ditador-em-gestação, o ve nezue lano Hugo Chávez. Essa foca lização poderia ser verdadeira, caso se reduzisse a Argentina ao rest:rito círculo de políticos, sindicalistas, jornalistas, esportistas e mode los que e nchem as telas da TV e as páginas dos jornais. Mas seria g rosseira di storção aplicá- la ao que pensa e q ue r a maioria dos argentinos. O ple ito e leitoral que ana li samos apre e ntou disso mais uma prova cabal.

O conse1'11adorismo argentino Posta a a mbi g üidade visceral do nac io na li s mo pero ni sta ve ncedor, é arriscado afi rmar que e le c umprirá essas promessas co m sentido conservado r, e até pode-se be m temer o co ntrário.

Mas, co nside rada a pe rspi cácia d os políticos para di sce rnir tudo o que lhes tira votos, pode-se conc luir co m certeza que, e m setores majoritá ri os d a opinião pública Argentina, continu a forte a adesão ~l propriedade priv ada e à família, co m a conseqü e nte recusa do soc ialismo, do aborto, do "casa me nto" ho mossex ual e da libe ração das drogas . T ão forte, que os políticos não se atrevera m a contraditá-la na hora de pedir votos, e mbo ra se sa iba que, uma vez ve ncedores, freqüe nte me nte agem de outro modo. Em poucas pa lavras, esta e le ição revelo u que no país vi zinho o conservadorismo é profundo. A nação é muito reticente quanto ao esquerdi smo. Mas o macro-capitali smo publicitári o continua apresentandonos a c iranda po lítico-midiática e o jet-set esquerdista e imora l como sendo a Arge ntina real. • E- mai l uo aut or: l uiscl ufaur @cato li cis111o.co111 br

Notas : 1. h ttp ://www. res u1taclo s2 007. gov.ar/ pag i,ws/ l~ top. htm . 2. "La Nación", 24- 10-07. 3. ·'La Nación'·. 29- 10-07. 4. lei. , ibicl. 5. " La Nación", 23- 10-07.

Políticos obriga<los a se rc11e/a1'em muito mais direitistas Em maté ria de propriedade privada, ne nhum dos cand id atos com c ha nces o usou propor claramente refo rm as de estrutura soc ia l is tas e confi scatórias, s imilares à Reforma Agrária brasileira. A ca ndid ata ve ncedora até ace no u com medidas sensatas: reco mpo r as re lações

A novo presidente de Argentino observo fotos de Che Guevara

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Corrupção moral e satanismo

"A resposta apropriada ao Islã é a tradição, não o laicismo" A respeito da inclusão da Turquia na União Européia, o Prof. Massimo de

Mídia dixit -

O leitor terá notado, ulti mamente, que a mídi a tem reservado o term o corrupção apenas para desvios de cond uta envol vendo dinheiro. Chama a atenção que não mais são consideradas corrupção as imoralidades que di zem respeito a pecados contra a castidade. A não ser que haja utili zação da violência ou abuso de menores, tudo parece ter-se tornado permitido nessa matéri a. É como se a mídi a tiv esse si do in vestida de um poder divino para revogar o sexto e o nono Mandamentos da Lei de D eus, que proíbem "pecar co ntra a castidade" e "desej ar a mulher do próximo" .

Caso sintomático - Tudo se faz por om issão. Tome-se o caso recente cios escâ ndalos que cercaram o presidente do Senado, Renan Ca lhei ros . D ese nterraram- se as fa lcatru as a ele atribuíd as, verdadeiras ou falsas, mas o fato de ele ter mantido uma concubina, com a qual inclusive teve uma filha, foi tratado quase como um caso pitoresco, sem maiores conseq üênc ias. E essa mesma mulher, aproveitandose da situação de notoriedade a que fo i alçada pela propaganda, não se pejou de posar desnuda para uma revista pornográfica. Nenhum noticiário a criticou por isso, a não ser do ponto de vista da exp loração política. Sobre o aspecto moral , não houve comentári os desfavoráveis. Vampirismo e satanismo -

Sob pretexto de brincadeira, o ajud ante-gera l lsic] Vandeir Máximo da Si l va (27 anos) ali ciava ado lescentes de classe méd ia e alta em Pres idente Prudente (SP), prometendo tran sformá- los em vampiros . Quatro pais, desconfiados de comportamentos estranhos de seus filhos, acusaram o ali ciador - que teri a se apresentado co mo Yl ad Hacamia - de esta r

CATO LICISMO

dentes can in os para torná- los pontiagudos, conform e constataram os exa mes da arcada dentária feitos no IML. Ademais, na casa dos pa is de Si lva a polícia ap ree ndeu revista s, anotações, desenhos e fotos de li teraturas sob re vamp iri smo e satani smo. Entre o materi al há fotos de bonecos de bebês com ch ifres e olhos vermelhos. "O ma/erial

apreendido denola que, di;ferenlem.enle do que ele disse, não é um iniciante na organização. Eslá nisso há mui/o lempo e age com.o dou trinador", afirmou o delegado que acompan ha o caso do líder da com unidade A11jos Rebeldes (Cfr. " Folha de S. Pau lo", 9- 1J-07). Bem sabemos que os anjos que se rebelaram contra os planos de Deus são os demôn io que foram arremessados ao inferno ... •

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constituindo uma seita satâ ni ca, e que ele mordi a o pescoço dos adeptos para beber sangue. Segundo o delegado Grav ina, os adolescentes envolvidos no caso são "emos" (um a tribo urbana que aprec ia música pesada, usa trajes pretos e franja s sobre os olhos). Si l va nega a denúncia, di zendo que era apenas uma comu nidade de am igos fo rm ada no Orkut (site de relacionamento s na Internet); que tudo não passava de brincadeira de RPG (ro le playing game - jogo de interpretação de papéis). Indagado pelo delegado sobre qual era seu personagem no j ogo, Silva respondeu: "Dimitri, um demônio salvador

da Terra, que fe z pacto com Deus para protegê-la" ...

O fato é que o acusado é líder de uma co munid ade virtua l denom in ada A11jos Rebeldes; no Orkul, ele se define como "gótico, vampirista e sa/anista"; já tinha seduzido 17 joven s para sua "com unidade"; reunia-os em cemitérios; usava lentes de co ntato vermelhas; li xava os

Lconardis retoma e adapta a pergunta que Plinio Corrêa de Oliveira fez a propósito do socialismo e do comunismo: a Turquia seria para a Europa uma barreira contra o fundamentalismo islâmico? Ou seria uma cabeçadc-ponte do ls]ã?

M

assimo de Leonardis é Diretor do Departamento de Ciências Políticas e Catedrático de História da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão {Itália), bem como coordenador das discipl inas históricas como Master in lnternational Affairs do Instituto de Estudos de Política Internaciona l de Milão, em colaboração com o Instituto Diplomático do Ministério das Relações Exteriores. Ao longo de suas atividades acadêmicas, lecionou na British Academy {Wolfson Fellow, 1979); na University of Southern California {Visiting Fellow to United Kingdom Program, 1985); na NATO {I ndividual Research Fellow, 1993-1994); no So/zburg Seminar {Fellow, 1999) e no Centro Militar de Estudos Estratégicos {Diretor de Pesquisa, 1999-2000).

Prol: Massimo <le l,C(Jlléll'(lis:

''As violências *

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Por ocasião de sua visita ao Papa Bento XVI, o presidente da República de Chipre, Tassos Papadopoulos, insistiu na denúnci a de profanações e saq ues nos edifícios de culto cristão que ocorrem na parte setentrional da ilha, ocupada pelo exército turco. Na Turquia - república "laica", cuja Constituição reconhece a igualdade dos cidadãos "sem distinção de opinião e religi ão" - os

contra os cristãos projetam sombra gravíssima sobrn a autenticidacle ,la 'laici<la,le' do Estado turco, e sobre

a existê11cia de ,lois lslãs"

muçulmanos são mais de 99%, e as discriminações são de fato favorecidas por leis inadequadas, que deixam sem solução o reconhecimento das minorias . C om base no Tratado de Lausanne (1923), o Estado considera "confissões aceitas" somente as comunidades greco-ortodoxa, armênio e hebraica, assim mesmo com restrições em matéria de propriedade, educação e co nstr ução de lugares de cu lto . Outras confissões re ligiosas, entre as quais a Igreja Católica, até hoje não podem existir oficialmente. O Prof. Massimo de Leonardis gentilmente aceitou o convite para uma entrevista a fim de expor seu ponto de vista sobre a admissão da Turquia como membro da União Européia. *

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Catolicismo - O que o Sr. pensa das humilhações sofridas pelos cristãos cipriotas, denunciadas pelo presidente Papadopoulos? Prof: Massimo de l eouardis - Desde 1974, uma parte de Ch ipre - hoj e país membro da U nião Européia - foi ocupada pela Turqu ia, que fec hou seus portos e aeroportos a navios e av iões cipri otas . As violências contra os cri stãos projetam uma so mbra gravíssima sobre a autenticidade da " laicidade" cio Estado turco, e mais amp lamente sobre a realidade

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da ex istência de doi s l slãs: um "europeu" e " moderado", e outro funcl amentali'sta. Outro exemplo express i vo: o arcebi spo ele Saraj evo denunciou, em vária s ocasiões, a islami zação forçada elas áreas ela Bósnia onde dominam os muçulmanos.

Catolicismo - Pode-se afirmar que existe liberdade religiosa na Turquia? Pn~f: Ma.u imo de /Jeouardis - Em Constantinopla - atu al Istambul - os muçulmanos constituíam, em 19 14, 49% ela população; em fins cios anos 20 eram 65 %, e atualmente são 99,99% . O quase desa parec imento dos cristãos e cios hebreus revela a verdadeira natureza do Estado turco, bem descrita pelo Padre Cervellera, diretor ela agência ele notícias AsiaNews: "O governo turco [... ] sernpre manteve uma postura tolerante em relação ao Islã, enquanto reserva tratamento rígido aos cristãos, que até hoje são punidos com a privação de reconhecimento jurídico, proibição de proselitismo e a impossibilidade de educar os próprios.filhos. Os cristãos vivem numa situação de inferioridade. O tipo de laicidade da Turquia é apenas aparente, porque nega as liberdades religiosas, conculca os direitos dos cristãos e, ao mesmo ternpo, é conivente com os muçulmanos ". A situação cios cristãos não melhorou cm nada com a passagem ela Turquia cios ca lifas e dos sultões para a Turquia republicana e laica, estabelec ida após a T Guerra Mundial por Mustafá Kemal. Catolicismo - O ingresso da Turquia na União Européia poderá favorecer o diálogo entre o Cristianismo e o Islamismo?

"A siwação cios cristãos não melhorou cm nada com a /JaSsagcm da Turquia dos califas para a Turquia 1·cpublicana e laica, após a / Guerra Mundial"

No mapa, em branco, a Turquia

l'n~f: Ma.u imo de Leouardis - Somente se a Uni ão Européia fi zesse cio respeito à li berdade reli giosa um cios pontos card eais ele suas negoc iações . Acontece que isso não vem ocorrendo. Pelo contrário, o Parlamento europeu, ao aprovar o início elas negociações para o ingresso ela Turquia, rejeitou uma emenda que ex igia ele An ca ra o reconhec imento jurídi co elas igrejas cri stãs e a supressão cio Departamento ele Relações Reli giosas, o órgão ele Estado que controla o culto e impede a construção ele novas igrejas. Por outro lado, uma sondagem cio Cer111a11 Marshall Fund mos tra que apenas 1,8% cios turcos co ncordam com a tese ele que o ingresso da Turquia na União Européia seri a desej áve l pelo fato ele que viria " reforçar o Islã moderado como urn modelo no inundo muçulm.ano". Aliás, a sondagem press upõe que o povos árabes que se libertaram do domínio otomano iri am aceitar a Turquia como modelo, o que prec isari a ser demon strado ... N essas condi ções, a pergunta fundam ental é: Na esperança ele ev itar o "choque ele ci vili zações" em curso, vale a pena introduzir na Uni ão Européia um grand e país co mo a Turquia, cuja população, em 2030, representaria 17% dos c idadãos ele uma União Européia com a identidade cri stã ainda mai s cnfraqucc icla, e na qual os muçulm anos co nstituiri am bem mai s ele 10% cio s habitantes , se m co ntar os imi grantes irregulares? Cabe aqui amesma pergunta qu e Plíni o Corrêa ele Oliveira leva ntou a propós ito ci o soc iali smo e do comunismo: a Turquia seria para a Europa uma barreira co ntra o fundam entali smo i slâmi co? Ou um a cabcça-cl eponte cio Islã?

Catolicismo - Quais seriam as conseqüências no âmbito político, social e econômico da presença turca na União Européia? l'roJ: Massimo de Leonardis - A Turquia não co nsegue controlar nem suas própri as fro nteiras: homens e mercad ori as entram e saem I i vremente cio país. A metade da economi a turca é in forma l, e há décadas o Estado renunciou a reco lher os impostos e a exercer qualquer form a ele controle em mui tas zonas rurai s. Os d ireitos civi s e políti cos enco ntram - se muito l o nge ela média européia. A União Europé ia im portaria posteriores massas de imi grantes turcos, e co m eles uma séri e ele probl emas em todos os campos. Catolicismo - Quais deveriam ser as relações da Turquia com a Europa? Pn~J: Ma.1·si1110 tle Leonartlis - A Turquia poderia aderir a uma Europa "light ", ou sej a, a uma zon a ele li vre co mércio ou pouco mai s, goza ndo de um statu.1· privilegiado no âmbito ela " Po líti ca Européia ele

CATOLICISMO

Vi zinhança", cri ada em 2003, sobre uma base ele rec iproc iclacle e ele mútuo interesse. [sso acarretaria probl emas que dei xo aos econom istas avaliar. Porém, a sua entrada na União Européia apresenta obstá cul os intran ·ponívei ·. Em 1856 , o Império Otom ano foi admitido a

Cena de rua, em Ancara, capital turca

"pa rticipar das vantagens do direito público e do concerto europeu ". Hoj e, porém, vivemos num sistema intern ac ion al muito diferente: não se trata mai s el e um si stema ele eq uilíbri o entre Estados plenam ente sobera nos, mas ele urna entid ade supranacional - a Un ião Européia - que di spõe ele um a políti ca extern a e ele seg urança com um , e ele o utros meca ni smos ele integração em diversos ca mpos. Para aderir à União Europé ia é preciso compartilh ar muito mais que um interesse diplomáti co temporári o ditado pela políti ca de equilíbrio, co mo era no sécul o XIX. Ora, a Europa e a Turqu ia não parti lham um patrimônio de civi li zação, como foi afirmado mais de uma vez pelo então cardeal Ratzinger, por exemplo na entrevista ao "Figaro Magazi ne" ele 13 agosto 2004: "A Europa é u111 continente

cultural, e não geog ráfico. É a sua cultura que lh e dá uma identidade comum. As raízes quefor111ara111 e pe rmitira111 a fo nnação deste co11ti11ente são as do Cristianismo. r... ] Nesse sentido. a Turquia sempre representou, 110 curso da história, 1.1111 outro continente". De res to, uma recente sondagem in forma que 45 % ela população turca se opõem ao ingresso na Uni ão Européia, enquanto 70% desejam que as ne-

''A rnsposta ao Islã é a trn<lição, 11ão o laicismo. A ameaça islâmica aJJJ'CSellta uma clupla face: o tCl'l'Ol'iSmo e um clcsalio de i<lcntidaclc fortíssimo ".

gociações com a União Européia sejam interrompidas caso ela venha a ex igir o reconhecimento ele Chipre.

Catolicismo - Por que a Europa deve levar em conta suas raízes crístãs? Pn4: Ma.1·si1110 de /,emwrdi.1· - O fator religioso tornou -se muito importante na política internacional. Todas as grandes reli giões procuram reafirmar sua iclenticlacle. A [greja Católica está só agora sa indo cio processo de auto-demolição posteri or ao Concílio Vaticano U. A resposta apropriada ao Islã é a tradi ção, não o laicismo. Até os mai s perspicazes defensores cio laic ismo perceberam que o interesse nacional e o europeu ex igem o reforço ela iclenticlacle cristã, porque a ameaça islâm ica apresenta urna dupl a face: o terrori smo e um desafio ele identidade fortíssimo. Lembro-me das palavras proféti cas cio Cardeal Biffi : "Não podemos construir uma casa toda aberta. Primeiro se constroem as paredes, depo is se ab rem as portas. Esta Europa não tem futuro. Ou a alma cristã despertará, ou a Europa será islâmica, porque os muçulmanos chegam aqui com sua intransigência de princípios, apenas para corifrontarse com o 'proibido proibir' ". O Império Romano, a Respublica Cristã medieval , o Império austro-húngaro, até os Estados Un idos com o seu melting pot, puderam integrar etnias e culturas diversas, poi s tinham uma iclenticlacle muito forte. Mas uma Un ião Européia privada ele suas raízes cri stãs não poderá jamais fazê- lo. •

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Libério a lança r um a náte ma co ntra Santo Atanásio, cam peão da ortodoxia contra a heresia ariana. Nada conseguindo, ex ilou o Sumo Pontífice no Oriente. São Dâmaso deu a conhecer toda sua adesão a Libério, e obrigo u-se publicamente, com o clero de Ro ma, a não receber outro Papa e nquanto ele vivesse. Fez mais: acompa nhou o Pontífice ao exílio, e com e le esteve até que Libério, julga ndo que Dâmaso seri a ma is útil à Igreja e m Roma, ordenou-lhe voltar à Cidade Eterna.

"Doutor virgem <la Igreja vil'gem"

São Dâmaso Papa Baluarte da Igreja primitiva P apa em uma época muito conturbada, lutou contra restos de paganismo, heresias e indisciplina. Restaurou e embelezou as catacumbas e construiu igrejas. , J PU NIO M ARIA SOLIME O

U

m c idadão espanhol , Antonio, estabe leceu-se e m Roma co m sua esposa, um filho e uma fi lha. Uma inscri ção na basílica ele São Lourenço in Dâmaso, na C idade Eterna, diz que, depois de certo te mpo de vida com um co m s ua esposa, com co nse ntim e nto dela, separara m-se. Ele recebeu as o rdens sacras, e lhe fo i designada a paróqu ia de São Lourenço. Seu filho Dâmaso, nasc ido na Espanha em 305, segu iu a carreira ec les iástica. Laurência, mãe de Dâmaso, São Dãmaso acompanhou o Papa Libério (esq .) ao exílio e depois foi seu sucessor

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CATOLICISMO

vivia ainda quando ele foi e levado ao só li o pontifício em 366. Como s ua filha Ire ne, e la se co nsagrara a Deus. A pureza de costumes do jovem Dâmaso e sua rara erudição atraíramlhe a geral estima cios bons. Por isso foi recebendo responsabil idades, até ser no meado para o alto cargo ele arced iago pelo papa Libério. Isso punha e m suas mãos a administração de boa parle ela Igreja, com todas as suas obri gações. Os contemporâneos afi rmam que Dâmaso era homem de gra nde virtude e in teli gê ncia c ultivada, bem vi to pela aristocrac ia romana. Entretanto o Imperador Constâncio, tendo aderido à heresia ariana, começou a oprimir a igreja com eu despoti smo teocrático, querendo forçar o Papa

Pontífice, ante a fé e confiança do homem, fez-lhe um sinal-da-cruz nos o lhos, dizendo: "Tua f é te salve". O e nfermo recuperou instantaneamente a vista. Diante do milagre, toda a cidade de Roma pôs-se de seu lado. Entretanto, o antipapa e seus principais sequazes lançaram mão de toda sorte de calúnias para denegrir São Dâmaso, inclu sive a de adú ltero. O Pontífice convocou um sínodo em Roma com a participação de 44 bispos, no qual se justificou tão satisfatoriamente, que o Imperador confirmou sua e le ição e exilou o antipapa e seus principais colaboradores.

Mais tarde o próprio Papa L ibério voltou també m a Roma, falecendo pouco depois. Dâmaso fo i e le ito em seu lugar para a Sé Apostó lica. Uma facção, formada por sacerdotes e diáconos chefiada por Urs in o e L up o, não aceitou essa e le ição. Arrebanhando um popul acho de vagabundos e coc he iros, cong re garam -se na ig reja de Santa Maria ~ in Trastevere . Subornand o Paulo, bispo ele Tívoli , levaram- no

!, J

a ordenar sacerdote e ao n1es n10 ·;;°§ te mpo sagra r Urs ino como bis- :.-:-. > pode Roma. Enq uanto isso, São x -~ Dâmaso era ac lam ado pela mai - ~ o ri a cios fi é is e cio cle ro romano, 0 e sagrado na bas íli ca de São Lo u- ;;:~ 1 renço in Lucina. .§ Para ev itar conflitos, São Dâ- -~ ~ maso qui s re nunc iar, mas supli - ~ cara m- lhe que não abandonasse a Igreja naquela e mergência . O antipapa Ursino formou um partido poderoso, s ufic ie nte para provocar uma sed ição e tumulto violento, e m que morreram 137 de seus parti dários no e nfre nlame nto com os defensores do Papa verdade iro. Dâmaso foi responsab ili zado pe los des mandos e mo rtes ocorridos na luta. N arra a legenda que um milagre o confirmou no posto: sai ndo São Dâmaso um dia ela basílica do Vaticano, um cego conhecido começou a rogar-lhe em alta voz: "Santo Padre, curai-me". O

São Jerônimo (acima) , o g rande Doutor ela Ig reja, afirma : "Dâmaso foi w11 arauto da fé, oráculo da ciência sagrada, e doutor virgem da Igreja virgem ". Esta última expressão tem o propósito ele inocentar o Pontífice da calúnia acima.

Santa intransigência contra a heresia A é poca e m que São Dâmaso foi e le ito para o sólio pontifício foi uma das mais conturbadas da Igreja. Havia muitos cismas, e as heresias brotavam

de um dia para outro como cogume los, provocando por toda pa rte discussões teológ icas aca loradas e arbitrnrieclades imperiais . Discutia-se livreme nte sobre a natureza, a pessoa ou a vontade ele Cristo, originando novos erros. Até em Roma, as diversas seitas se combatiam com e ncarniçamento. Assim, além do funesto a riani s mo que dividia a Ig reja e o Império, São Dâmaso teve que e nfre ntar os ci smas dos sabe li a nos, e unomianos, macedoni a nos, fotinianos , luc iferianos e apolinaristas. O cisma cios luc iferianos provinha cio nome ele seu chefe, o bispo Lúcifer, de Cag li ari, que nunca estava conforme com os atos ele miseri có rdia ela Sa nta Madre I g rej a . Nem como legado pontifício e le quis aprovar que Santo Atanásio, no Concíli o ele Alexandria (362), concedesse a aria nos verdadeiramente arrepe ndidos a reinteg ração e m suas funções re li g iosas. Acabou por separar-se de Roma, com um punhado ele exa ltados, e fundar uma ig reja independente, deixando em Roma um bispo ri val de Dâmaso, que causou não poucos transtornos ao Papa. Outro proble ma que e le teve de reso lve r foi o de um c is ma e m Antioquia, onde doi s bi spos d isputavam a mes ma Sé, cada um exercendo seu e pi scopado sobre a parte ela popu lação que lhe e ra adieta . Co mo os do is eram ig ual me nte reco mend á vei s, Dâmaso confirmou ambos na diocese, determi nando que deve ri am go ve rnar s imul taneamente até que, à morte de um , o o utro fi casse único detentor cio cargo. Caso me nos gra ve foi o de Máximo , o C ínico, que chegou a Constantinopla não se sabe ele onde, fin g indo mo dos finos , piedade oca e afetado desdém elas coisas do mundo. De início ganhou a confiança ele São Gregó rio Naz ianzeno, que o e log iou e d efendeu publ icarnente. Este sa nto , que não havia consentido em ser reconhec ido ofic ia lmente como bispo de

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Constantinopla enquanto não fosse confirmado no cargo, o exercia interinamente com aplauso geral. Mas a sé era considerada vacante. Máx imo apoderou-se de la, fez-se sagrar frau dulentamente, e pôs-se a caminho de Tessalônica, para que o imperador Teodósio o reconhecesse como legítimo bi spo da capital do Império do Oriente. O imperador comunicou o fato a São Dâmaso, que excomungou o intruso e procedeu à e leição canôÍ1 ica de São Gregório, matando assim na rai z o cisma incipiente. E m doi s sínodos roma nos (368 e 369), São Dâ maso condenou os hereges apolinari stas e macedoni anos; també m e nviou legados ao Conc ílio de Constantinopla (38 1), que condenou mais uma vez a heres ia ariana. No sínodo romano de 369 (ou 370), fo i excomungado o bi spo ariano de Mil ão, Auxê nc io, que entretanto, por favor imperial , permaneceu e m sua diocese até o ano de sua morte, e m 374, qu ando o substitu iu Sa nto Ambrós io. No me io dessas confusões teológ icas e doutrin árias, São Dâmaso foi o homem de cri tério reto que servi a de pauta para os verdade iros cató li cos. São Jerônimo participou do Concílio de Roma, convocado por São Dâmaso em 374. O Papa conhecia o profundo saber e capacidade do solitário de Belém, e o tomou como secretário. Encarregou-o de responder, em seu nome, às consultas que recebia; encarregou-o também de mui tos outros trabalhos para o bem da fgreja. Entre essas tarefas empreend idas por São Je rô nim o, me rece menção a rev isão do Novo Testamento, de conformidade com o ori ginal grego, como também a confecção do Saltério. Atua lmente se atTibu i a São Dâmaso o catálogo das Sagradas Escrituras, tido antes como sendo de São Gelásio, e que fo i composto no mencionado Concílio romano por influência de São Jerônimo.

CATOLICISMO

Combate aos 1·ema11esce11tes cio paganismo Quando São Dâmaso subiu ao sólio pontifíc io, hav ia no Império importantes restos de pagani smo, principalmente entre a ari stocracia. Ao lado das bas ílicas romanas que se ergui am, hav ia templos pagãos em que se oferec iam contínuos sacrifícios. Na própria sala de deliberações do Senado conservava-se ainda, desde o reinado de Augusto, o famoso al tar da Vitória, um dos símbolos do pagani smo. Por influência do Papa, o Imperador Graciano, sincero católico, ordenou sua demolição. Os senadores pagãos apelara m ao Imperador para que o altar fosse restaurado, mas os senadores católicos protestaram junto a São Dâmaso, cuja influência ev itou a restauração. E m 382, por influência do Papa, o im perador Grac iano havia privado as vesta is de seus privil égios, o que fez perecer o fa lso culto à deusa do lar. Co m a morte de G rac iano, os pagãos voltaram à carga para obter a restauração do a ltar da Vi tória. São Dâmaso encarregou San to Ambrós io de defender a pos ição cató lica. Com sua e loqüênc ia e autoridade, este obteve do Imperador Va le ntinian o fT a confirm ação da medida.

edito "De Fide Caíholica", que proclamava como religião do Estado Romano a que li nha sido pregada por São Pedro aos romanos, e da qual Dâmaso era a suprema cabeça. O desenvo lvimento do papado nessa é poca , principa lm e nte no Ocid e nte , tro ux e- lh e muito de grandeza exterio r. Sua ex trema devoção pelos santos márti res levouo a faze r vá ri as reformas nas catacumbas, como um siste ma de drenage m para ev itar que a ág ua estag nada ou das enche ntes danifi casse os corpos dos mártires ne las enterrados. Também as e mbe lezou com mármores e artísti cos epitáfi os, compostos por e le mes mo. Dâmaso co mpôs vári as "epigrarn mata ", ou bre ves notícias sobre os mártires, e a lgun s hinos. Foi també m São Dâmaso q ue in stituiu o ca nto freqüente do Alelui a, que antes era pró pri o do tem po pasca l. Estabe leceu a inda no rmas para se cantar os salm os, e assin alou as horas cio dia e da no ite em que se deve ria canta r o ofício divino nas ig rejas e moste iros. São Dâmaso fa leceu no d ia I O ele dezembro ele 382. • E-mail do autor: pm soli meo @cato li cismo.com .br

Obras consultadas:

Pl'imazia e l'ol'talecimento

ela Sé <le Pe<lro São Dâmaso fo i dos primeiros Papas a afirmar energicamente, por palavras e atos, a primazia universal da Igreja romana. Essa supremacia ela Sé de Pedro foi favo recida por atos e ed itos imperiais. Entre os pronunciamentos pontifícios está o que afirma que a supremacia ecles iástica da Igreja está baseada, não nos decretos dos concílios, mas nas próprias palavras de Jesus C ri sto em Mateus, 16, 18 ( "Tu és Pedrv, e sobre esla pedra edificarei minha Igreja " ). No ano de 380, também por inspiração sua, o imperador Teodósio emitiu o famoso

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- Thoma s .1 . Sa hah an , T hc Ca l ho l i c Encyc lopecl ia, Vo lum e I V, C D Ro m, On li ne Ecliti on Co py ri gh1 © 2003 by K ev in K night - L es Peli l s Bo ll ancli sLcs, Vi es des Sainl s, 13 loud el Barra i , Pari s, 1882, 101110 X I V, pp. 197 e ss. - Fr. Ju sto Perez el e Urbe!, O.S.B .. Aílo Cri slian o, Eclic iones Fax, Macl ri , 1945, 101110 IV, pp. 5 16 e ss. - C lerva l, Sa int Da111ase ler, D ictionn aire el e T héologic C athol ique, Lc1ouzcy eL A né, Éd it eurs, Pa ri s, 19 11 , 10 111 0 1V, co ls. 28 e ss. - Ecle l v i ves, EI Sa nto el e Cada Dia, Editoria l Lu is Vives, S.A., Sa ragoça, 1949, 101110 V I, pp. 4 13 e ss. - João C ro isset. Aílo Cri stiano, Saturnin o Call ej a, Maclri, 190 1, 101110 I V, pp . 8 11

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proxima-se o Natal - época de z e de paz - deste ano marcao profundamente por crises que poderão arrastar o mundo a uma época de trevas e de guerras. Para fundamentar essa sombria perspectiva, basta recordar a matéria de capa da edição anterior de Catolicismo, que analisa a situação político-ideológica da América Latina. Para esta edição natalina, escolhemos como tema de capa um artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, no qual tece considerações a propósito do tão belo quanto conhecido canto angélico descrito por São Lucas - "Glória a Deus no mais

alto dos Céus, e pazna Terra aos homens de boa vontade!". Entretanto, inúmeros são aqueles que somente preocupam-se com a "paz na Terra", sem se incomodar com o "Glória a Deus no mais alto dos Céus". Bem sabemos que os homens foram criados para a glória de Deus. Nos dias atuais, estão eles mais voltados para essa suma finalidade sobrenatural? Ou dão mais valor aos prazeres da vida terrena? A essas questões o Prof. Plinio responde magistralmente no artigo que segue, publicado originalmente em nossa edição do Natal de 1

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O ilustre autor do artigo redigiu-o há 48 anos, período em que o comunismo - através da União Soviética, de países a ela subjugados e de partidos comunistas no Ocidente - atuava no Mundo Livre, especialmente mediante ações subversivas no plano político-social. Após a queda do Muro de Berlim e da Cortina de Ferro, o comunismo - no dizer do próprio Prof. Plinio - sofreu uma metamorfose, continuando porém sua ação deletéria sob a forma de Revolução Cultural. Aplica-se, assim, a esta tudo o que o autor afirma no artigo sobre o comunismo.

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ona a D eus no m<tts z,. . a l to dos C'eus, e paz na terra aos homens <le boa vontade!" (Lc 2, 14). É impossível a qu alque r católi co meditar sobre o Sa nto Na ta l se m q ue lhe ve nham à mente - e, quase d iríamos, aos ouvidos - as palav ras harm o ni osas e iluminad as com que os anjos, ca nta ndo, anunciara m aos homens a grande nova do advento do Sa lvador. Ass im , é a propós ito dessas palavras que fa remos junto ao presépi o, aos pés do M e nino-Deus e be m unidos a Mari a Sa ntíssima, nossa med itação ele N atal. "Glória". Como os antigos compreendiam o signifi cado deste vocábul o, quantos valores morais reful gentes e arrebatadores via m nele ! Foi para conq ui stá- la, que tantos reis dil atara m seus do míni os, tantos exércitos e nfre ntaram a mo rte, tantos sábi os se entregara m aos ma is árduos estudos, tantos desbravado res se e mbrenharam pe las so lidões mais temíveis, tantos poetas fi zeram suas produções ma is altas, tantos mú sicos arrancaram do fundo de si mes mos as suas notas ma is vibra ntes, e tantos ho mens ele negóc ios se atirara m aos mais ingentes tra ba lhos. Sim, porque até na riqueza se procurava, não só um fator ele fartura, conforto e segurança, mas ta mbém de poder, de prestígio e m uma palavra, ele glória.

Pessoas Que aceiTam QualQue1t içnomínia paRa "vive,z. em paz" O que se insinua é precisamente essa cosmovi são: a sociedade humana teri a por único fim só lido, pa lpáve l, autêntico, pro move r uma vida farta e aprazível. Todas as questões re li g iosas, fil osó fi cas , artísticas, etc. não te ri am senão uma importânc ia sec undári a, o u mesmo não teri am importânc ia nenhum a. Se, po is, o mundo está dividido, o importante na divi são não seria a divergênc ia ideológica, mas a contradição dos in teresses econô mi cos. No plano das vantage ns materi ais, o que mais importa é evitar um a guerra . E isto ainda que o mundo se res igne impli c ita mente a uma bo lchevi zação gradual. Ass im - para as pessoas de espírito estre ito - o que o Ocide nte deve acima ele tudo preservar é o tra nqüil o convívio entre os povos. A paz deve ser alcançada a todo preço, porque a restauração dos danos de uma guerra não te m preço. Que isto traga uma vida ele ig no míni a, pouco importa. Sere mos escravos do Estado onipotente, perdidos e m uma imensa massa de anô nimos, desfigurados por uma "cultura" que visa e limin ar as personalidades e padro niza r os homens, que nega a mora l, a ex istênc ia da a lma e a de um Deus justo e mi sericordioso. Pouco im po rta, pe lo me nos teremos ev itado para nós e nossos filh os as devastações e as privações da guerra. A in fâ mi a é um preço bem pago para obvi ar ta ntos males. E po r isto mais vale cessar toda polê mi ca com o co muni smo .

O Muro de Berlim, muro do ignomínia. O Ocidente suportou por décadas essa barreira levantado pelo comunismo no coração do Alemanha .

De Que vale a ç;lóRia? Em Que senTiào ela enç,Ranàece a alma? ''Glória". Como os antigos compreend iam o

M as que e lementos se continham nessa noção de glória? Alguns era m inerentes à pessoa: alta mentalidade, virtude insigne, prática de ações relevantes. O utros estavam ligados ao que hoj e se chama opinião pública. A glória, vi ta deste ângulo, seria o reconhecimento notório, largo, altissonante, dos emine ntes predi cados de alguém. De que vale a glória? Em que sentido o desejo de glória engrandece a alm a? Pode-se responder facilmente à pergunta, comparando um home n1 ávido de glória co m ou tro que coloca todos os seus anelos em bens de natureza diferente: dormir muitas e longas noites em cama macia, nutrir-se com regalo e abund ância, sentir-se a salvo de riscos e incertezas, viver sem luta nem esforço, imerso em diversões e p razeres, etc. Não há dúvida de que os bens materia is fora m criados para nosso uso, e que, na justa medida e com os devidos conformes, pode o homem apetecer estes bens. Mas se os erigir em valores supremos da existência, o que se dirá dele? Que é um esp.írito baixo, egoístico, estreito . Em uma palavra, que pertence à categoria daqueles que a Escritura Sagrada marca com u m estigma significativo: têm por deus o seu próprio ventre (cfr. Fil. 3, 19). Espíritos que só compreendem o que importa ao corpo, que ignora m todos os verdadeiros bens ela alma, e que, se pudessem, fa riam as estrelas caírem do céu e se tra nsformarem em batatas, como escreveu Claudel.

significado deste vocábulo, quantos valores morais refulgentes e arrebatadores viam nele! Foi poro conquistá - lo, que tontos reis dilataram seus domínios, tontos exércitos enfrentaram a morte.

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A remação àe se vi veR num. m.unào sem. 9LóRia

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Ora, que se faça o possível para evitar a guerra, empregando todos os recursos da dipl o macia, inclu sive e nco ntro de cúpula, nenhum coração cristão negará a isto seu ardente assentimento. Mas o que de nenhum modo se pode admitir é que, para chegar a tal resultado, se des~je uma desmobilização geral dos espíritos em relação ao perigo comunista, e ass im se dê ocasião ao comuni smo para promover a penetração ideológica fácil e eficiente de seus erros no orbe inteiro. Ni sto reside entretanto, para milhões de almas, a tentação suprema a que ficaram ex postas, por viverem em um mundo para o qual a pal avra "g lória" já não tem quase s ign ificado. Ela a inda existe nos dicionários, emprega-se um pouco na linguagem corrente - há, por exemplo, no Rio de Janeiro um Outeiro da Glória, um Bairro da Glória, um Hotel Glória, há gente que fuma charutos Glória de Cuba - mas quase se diria que, fora desse gênero de aplicações, o vocábulo está morto. E, com o desuso dessa palavra, vão também desaparecendo outras que lhe são correlatas: honra, prestígio, decoro ...

E, a este respe ito, há talvez uma confusão a de. fazer. Deus criou o universo para sua g lória extrínseca. Assim, toda as criaturas irracionais tendem inteiramente para a glorificação ele Deus. E o homem, dotado ele inteligênci a e livre arbítrio, tem obrigação de e mpregar para o mesmo fim as potências ele sua alma e todo o seu ser. O seu fim último não consiste em viver gostosa, farta e despreocupadamente, mas em dar glória a Deus. Ora, o homem alca nça isto dispondo todos os seus atos interiores e exteriores de maneira a reconhecer e proclamar sempre as perfeições infinitas e o soberano poder do Criador. Criado à imagem de Deus, ele lhe dá g lória procurando imitálo, tanto quanto possível à sua natureza de mera criatura. E a sim o próprio exercício do amor de Deus, à medida que nos vai assemelhando a Ele, também nos torna participantes de sua g lória. É o que explica o imenso respeito que os antos sempre despertaram, mesmo nos que os odiavam e perseguiam. Uma simples cozinheira como a Beata Ana Maria Taigi, ao andar pelas ruas de Roma, impress ionava os transeuntes por sua respeitab.ilidade. Em todas as aparições de Nossa Senhora, Ela se manifesta sumamente materna, amável e condescendente, mas ao mesmo tempo inexprimivelmente digna, respeitável, refulgente de régia majestade. Quanto a Nosso Senhor, fonte de toda santidade, que dizer? Tão condescendente, que c hegou a lavar os pés aos Apóstolos! Mas tão infini-

As 9p..anàes Lições Que o Sanw Natal nos àá Seria interessante ler um jornal de há cem anos, para ver o papel que tinham nas relações humanas - entre pessoas, famílias , grupos sociais ou naçõe - esses valores. Hoje, abra-se um jornal, e ver-se-á que o mais das vezes os homens se aliam ou se guerreiam por motivos bem outros: exportações, importações, divisas camb iais, tarifas e coi a congêneres. Ora, diante desse mundo que hipertrofiou até o delírio a importância cio que conduz à vida material farta, larga e segura, Nosso Senho r nos dá , por ocas ião do Santo Natal, uma dupla lição ela maior oportunidade. Consideremos a Sagrada Família do ponto ele vista da boa instalação na vicia. Uma dinastia que perdeu o trono e a riqueza tem em São José um rebento que vive na pobreza. A Santíssima Virgem aceita essa situação com uma paz perfeita. Ambos se empenham em manter uma existência ordenada e composta nessa pobreza, poré m suas mentes estão cheias, não de planos ele ascensão econômica, de conforto e prazeres, mas de cogitações referentes a Deus Nosso Senhor. Para seu Fi lho, a Sagrada Família apresenta uma gruta para primeira morada, e uma manjedoura por berço. Mas o Filho é o próprio Verbo Encarnado, para cujo nascimento a noite se ilumina, o Céu se abre e os Anjos cantam, e a Quem dos confins da Terra vêm Reis cheios de sabedoria oferecer ouro, incenso e mirra ... Quanta pobreza, e quanta glória! G lória verdadeira, porque não é "cotação" junto aos homens meramente utilitários e farisaicos de Jerusalém, que apreciam os outros segundo a medida de suas riquezas, mas uma glória que é como o reflexo ela única verdadeira g lória: a de Deus no mais alto dos Céus. Costuma-se dizer que a pobreza da Sagrada Família em Belém nos ensin a o desprendimento dos bens da terra, e isto é mil vezes verdade. Convém acrescentar, contudo, que há a lém disto no Santo Natal um alto e lúcido ensinamento sobre o valor dos bens do Céu e o do bens morais, que são na Terra como a figura do bens celestes.

* Para seu Filho, o Sagrado Família apresento uma gruta poro primeiro morado, e uma manjedou ra por berço. Mos o Filho é o próprio Verbo Encornado, poro cujo nascimento o noite se ilumino , o Céu se obre e os anjos contam, e o Quem dos confins do Terra vêm Reis cheios de sabedoria oferecer ouro, incenso e mirra ...

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tamente majestoso, que uma palavra sua prostrou de rosto em terra todos os soldados que vinham prendê-lo (cfr. Jo 18, 6)!

A ôii;niôaôe- ôe- roôo poôe-rz

- rze-~Le-xo ôa maje-sraôe- ôivina Ora, Jesus Cristo é nosso modelo. Os santo , que eximiamente O imitaram, o são també m. E ass.im todo verdade iro católico deve tender a uma alta respe itabilidade, a uma gravidade, a uma firmeza, a uma e levação que o deve di stinguir da vulgaridade, da sordície, da extravagância de tudo quanto cai sob o domínio de Satanás. E aí não se trata só de um esplendor decorrente do exercíc io da virtude. Todo poder vem de Deus (cfr. Rom. 13, 1), o do rei como o do nobre, do pai, do patrão ou do professor. E de a lgum modo o detentor de um cargo de ve ser enquanto tal, para os seus súd itos, como que uma imagem de Deus. Há uma dignidade intrín seca de lodo poder, que é um refl exo da maj estade divina. Assim, numa soc iedade cristã, o dete ntor de qualquer situ ação de relevo eleve respeitar-se a si pró prio em razão dessa situação. E deve tran sfundir esse respeito nos que com e le tratam. Dessa ma neira, a soc iedade te mporal cristã é toda ela refulgente da glória ele Deus. Ela a canta a seu modo, como também a ca nta co m acento · inefáveis a soc iedade espiritual, que é a Santa Igrej a Católica Apostólica Romana. E aqui na Terra a vida cio homem é um prenúncio daquele cântico ele glória que e ntoará no Céu pelos sécu los sem fi rn .

De-se-jo ôa pRóprzia i;Ló1üa, paRa Que- De-us se-ja 9LoRi~icaôo Mas, dirá a lguém, não será orgulho esse amor de cada qual. à sua própria glória? Bem entendidas as co isas, não e mil vezes não . Se alguém ama a sua glória, e não a de Deus, nisto há orgulho. Se alguém a ma a sua própria glória, não porque ela é um reflexo ela glória ele Deus, mas apenas porque é um meio de obter homenagens, exercer domínio sobre os outros e dirigir a seu talante o curso dos fatos, nisto há orgulho. Mas se um home m deseja merecer o respeito do próximo só para que nisto seja Deus glorificado, mostra grandeza de alma e verdadeira humildade. Bem sabe mos que muitas vezes um orgulho sutil pode iludir urna pessoa, dando-lhe a impressão de que é por amor de Deus que procura um a glória que, de fato, só deseja por amor ele si. Para obviar a esse risco, infeli zmente muito e muito real, é preciso rezar, freqüentar os sacramentos, meditar, mortificar-se, praticar exames ele consciênc.ia rigorosos, sujeitar-se à d ireção espiritual. O remédio está no emprego desses meios eficacíssimos, e nunca em negar um princípio em si mesmo muito verdadeiro.

O Re-spe-iro

e- o amorz não se- e-xcLue-m

E a bondade? Não consiste ela em que a gente se "democratize", se nivele com os que estão de baixo, para atrair seu amor? U m dos erros mais funestos ele nosso tempo está em imaginar

que o re pe ito e o amor se excluem, e que um rei, um pai, um professor será ta nto mais amado quanto menos for respeitado. Ora, a verdade está no contrário. A alta respeitabilidade, sempre que esteja embebida num verdadeiro amor de Deus, só pode atrair a estima e a confi ança dos homens retos. E quando isto não se dá, não é porqu e a respeitabilidade é muito alta, mas porque não tem seu fund amento no amor ele Deus. A solução não está em rebaixar, mas em sobrenaturalizar. A di gnidade verdadeiramente sobre naturali zada. e abaixa em se rebaixar. A dig nidade egoística e vaidosa não quer e não sabe condescender conservando-se ínteg ra. Quando ela se sente forte, rebaixa os outros. Q uando se sente fraca, por medo rebaixa-se a si mesma.

A paz verdade iro só existe entre os homens de boa vontade, que procuram de todo o coração a glória de Deus. E por isto o mensagem de Notai ligo uma coisa à outro : "Glória a Deus no mais alto dos Céus, e na Terra paz aos homens de boa vontade!" (Lc 2, 14).

Ve-RÔaÔe-i1<-a paz naQue-Le-s Que- p1<-ocu1<-am a 9Ló1üa ôe- De-us Imag ine-se, pois, uma sociedade temporal toda impregnada dessa alta, maj estosa e forte nobreza, reflexo da sublimidade de Deus. Uma sociedade em que tanta elevação estivesse indi ssoluve lme nte li gada a urna imensa bondade, de tal maneira que, quanto mais crescessem a força e a majestade, tanto mais cresceriam a comi seração e a bondade. Que suavidade, que doçura - e m uma palavra, que ordem! Que ordem, sim .. . e quanta paz. Pois o que é a paz, senão a tranqi.iilidade na ordem? (cfr. Santo Agostinho, De Civitate Dei, XIX, cap. 13). A estagnação no erro e no mal, a concórdia com os soldados ele Satanás, a aparente conciliação e ntre a luz e as trevas, por isto mesmo que conferem c idadania ao mal, só trazem deso rdem e geram uma tranqüilidade que é a caricatura da verdadeira paz. A paz verdade ira só existe entre os ho mens de boa vontade, que procura m de todo o coração a gló ri a ele Deus. E por isto a mensagem ele Natal liga uma coisa à outra:

"Glória a Deus no mais alto dos Céus, e na Terra paz aos homens de boa vontade!" (Lc 2, 14 )· •

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uvrigny é o no me de uma alde ia perdi da nos confin s das Arde nas, numa reg ião isolada e bravi a junto da fro nte ira co m a Bélg ica. Esse pequeno reca nto da França, be rço natal de todos os ceste iros, afas tado das grandes vi as de co muni cação, manteve-se po r muito te mpo atrasado em re lação ao resto do país. No princ ípio da Revo lução Fran cesa, Auvri g ny era uma a ldeia de c inqüe nta casas, a pouca di stânci a de uma vasta casa conhec ida como "caste-

CATOLICISMO

lo", habitada por um bom fi da lgo provinc iano, solteirão, muito agradáve l no trato e muito afáve l. Desde tempos ime mori ais a alde ia e o caste lo mantinham entre si as me lhores re lações. O conde de Auvrig ny era caridoso, os ca mponeses mostravam-se dedi cados. À menor dificuldade recorri am ao senho r, que se encarregava de resolver ami gave lmente as questões entre e les e se mostrava sempre di sposto a intervir nos desagui sados com a admi nis-

tração das Ág uas e Florestas o u co m os guardas do senhor duque de Orl ean s. Se m pôr íim àquele bom entendimento, os aco ntec imentos da Revolução esfri aram um pouco as re lações e ntre os aldeães e o senhor. As gazetas francesas não chegava m a Auvrig ny, é certo. Ali ás, te ri a m e ncontrado a i i tão reduz id o número de le itores, que a sua influênc ia seri a quase nul a. No entanto, os "es píritos fortes" agitavam-se. Sempre havia contatos com a vil a de Nouvi o ns, e mes-

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adj unto, que se chamava Birou. O co nde estendeu- lhes a mão, que apertaram com certo embaraço. Conhecia-os a ambos de longa data. Gérarcl , camponês quase analfabeto, não era mau. Birou , pelo co ntrário, era inv ejoso , parlapatão e pretensioso. Sabia ler mais * * * ou menos a " letra de f orm a", e essa superioridade granj eava-lhe enorme presN a época das eleições, tinham vindo tígio aos olhos dos conterrâneos. Consede Laon uns senhores de largos cinturões, g uira ser admitido no c lube dos empenachados como trombeteiros, Embora apenas de formo remoto e vogo , o aldeia jacobinos de Gui se, e acabava até que pregavam aos camponeses boqui· rríveis oconteci de se fazer ass inante de uma folha abertos os benefícios da igualdade e a ntos em Paris revo lucionária, que lá ia decifrando felicidade da independência. Diziam mal-mal, sem perceber patavina. Era mais: que todos os nobres eram fa lsos ele que dava ord ens na comuna; fora como Judas e cruéis como o Barba ele, igualmente, que consegu ira inAzul ; mas os camponeses de Auvri gny cu lcar no espírito dos conterrâneos só conheciam um, que sempre lhes a idéia de que a sua di gnidade de parecera franco e generoso, de maneihomen s livres não lh es permitia ra que os discursos dos jacobinos de manter relações com "o expl orador Laon não fizeram efeito por ali . cios pobres", que era o conde. DeveQuanto ao co nde, nada mudara se di zer entre parênteses que Birou nos seus hábitos. Como era sensato tratava o melhor poss ível esse mese inteli gente, absteve-se de emi grar. mo senhor, pois era naturalmente Não tendo nenhum direito sen horia l obsequ ioso, e pensava com prudêna perder, não mostrou qualquer desc ia que não se podia prever " qu e peito quando ela aboli ção ci os privi vo lta levariam as coisas" ... lég ios. E ao ver que pouco a pouco

mo com Yervins, onde acabava de ser in stalado o tribunal da cori1arca. Embora apenas de forma remota e vaga, a al deia mantinha-se informada do que ia acontecendo em Pari s.

po eirenta s ga rrafas de vinho o u cabacinhas ele aguardente velha. Era uma festa que alegrava toda a gente doi s meses antes, e que dava que fala r depoi s até à Páscoa. Ora, nesse ano desgraçado pela Revolução o conde entendera que não havi a de renunciar à ca rid osa tradi ção, embora percebesse muito bem que, havia tempos, a des inteli gência entre ocas-

os aldeães, que sempre tratara como amigos, por desconfian ça ou por org ulh o se desa bituavam de v ir consultá- lo, fez-se de desentendido e continuou como antes, vi vendo à maneira de filósofo que nada espera de ninguém, e que a op ini ão alheia pouco afeta.

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Estava -se no inverno de 1793, na véspera ele Natal , e o conde de Auvri gny, fi el a um velho costum e da reg ião, mandara armar no vestíbulo do cas telo um magnífi co pinheiro cortado no seu parque e enfeitado de luzinhas, fitas, brin quedos e gulodi ces, alegremente pendu rados nos ramos escuros. Era tradição as crian ças ela aldeia virem todos os anos, aco mpanhadas pelos pais, fazer a co lheita daqu elas maravilha s; em seg uida o co nde mandava di stribuir uma sucul enta merenda de bolos e doces. Os cestos das mães, que tinham vindo vazios, regressavam tran sbordando de provi sões e de roupas confortáveis. Até os homens encontravam, na algibeira dos capotes,

CATOLICISMO

telo e a aldeia se ia cavando mais fundo. Nesse dia lembrara-se até de arranjar um lindo presépio, onde se vi a a imagem de ce ra do Men in o Deus, d eitado nas palhinhas, numa gruta de corti ça co locada à so mbra da árv ore ele N atal, sob os grossos ramos que uma nuvem de farinha parec ia cobrir de neve. O velho fidal go, que gostava de diri gir pessoalmente estes arranj os natalinos, dava o últim os retoques na sua obra quando ouviu baterem à porta do ca telo. Imaginando que a impac iênci a ele al gum dos seus convidados o trazia antes da hora, apressava-se a acender as últi mas velas quando o cri ado introduzi u, em vez do bando de crianças que ele esperava, o regedor da aldeia, Géra rcl, e o seu

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Gérard e Birou apresentaram-se, poi s, ao conde ele Auvri gny, muito surpreendido com a in esperada v isita. Birou lançou à árvore de Natal um olhar bastante escarninh o, mas co nteve-se . Gérard cumprimentou co m acanhamento. Como o nobre lhes agradecesse por terem vindo antes de todos os conterrâneos, o regedor balbuciou: - Oh! ... Não é bem por isso que nós .. . Pois não, Birou ?... - N ão, não - replicou Birou, com um ri sinho alvar. - Não é isso que nos tra z aqui. O conde convidou-os a entrar no escritóri o e a expor o motivo da vi sita, declarando-se pronto a escutá- los, enquanto não chegassem os convidados; mas Birou cortou de repente: - Bom! ... Para sermos fran cos, cidadão, os seus convidados não vêm. - Co mo?! ... Por quê? - Lamento, lamento muito - apressou-se a acrescenta r B irou . - O cida-

dão Gérarcl que diga a pena que tenho, mas eles pensaram ... acharam ... - O quê? Acharam o quê? - Qu e as c ircun stân c ias não lhes permitiam , como patriotas, participar em certos atos manchados ele espírito aristocrático. Era uma frase de gazeta revo lucionária. O conde mordeu os lábios. - Ora, diga-me cá, Birou: acha que o que era bom há algun s anos pode hoj e ser mau? - Não, cl aro ... O que eu queria di zer. .. - A menos que a moral tenha mudado, como receio, será que temos o direi to de criti car hoj e o que aprovávamos ontem? N ão se sentindo à altura de manter a di sc ussão naquele tom, Birou esquivouse e replicou com um dos argumentos que ouvira repetir no clube de Guise, e que ap licava a torto e a li rei to, se m lhe compreender o alcance: - D ei xemo-nos ele di scussões, c idadão: se a gente não vem aqui desfilar di ante da sua árvore, é porque essa manifestação pueri l revolta a razão e ofende a igualdade! - Quando ti ver tempo, Sr. Birou respondeu o aristoc rata - há ele expli car- me p r que a imagem de uma criança deitada nas palh inhas do presépio fere

os seus sentimentos igualitários. Mas é melhor fi carmos por aqui . Tornaremos a fa lar ela minha árv ore ele Natal quando os tempos forem menos co nfusos e as pessoas menos tolas. O xa lá este repúdio ele um velho costume, ele que os vossos pai s tanto gostavam , não venha a trazervos infeli cidade ... E, co mo a des pedir os vi sitantes, acrescentou: - Não tinham mais nenhuma comu ni cação a fazer-me? - Perd ão - di sse Gérarcl - eu vi nha co nsultá-lo sobre uma coisa muito delicada. Birou, que fa la bem, mas fa la

demais, não me deu tempo para pergun tar. E o regedor explicou que, nos seus três anos de fun ções, fora se desembaraçando a contento da tarefa. Lembrou que muitas vezes, no princípio, vi era pedir conselho ao conde. Depoi s se esforçara por val er-se do seu bom senso e elas luzes do povo da comuna, mas daquela vez o caso era grave, tão grave que ele não vira remédi o senão vir esc larecer- se junto cio " homem mai s in struído da região". É que ele recebera na antevéspera, por intermédio do comissário do Co mitê de Salvação Pública, intimação para organizar o mais depressa possível a li sta dos suspeitos da com una ele Auvri gny. - O ra - continuou - por mais que pux e pela cabeça, não sei o que é um suspeito. O Birou também não sa be. Consu ltei o Hav ard , o D esqu es ne, o Jendell e e o Renclon, as melhores cabeças da aldeia, e nenhum deles ouviu fa lar de suspeito. É palavra que não conhecemos. Então ti rei- me ci os meus afazeres e vim perguntar ao cidadão se sabe o que é. O conde encarou rapidamente os seus interl ocutores. Vendo que não havia neles sombra ele malíc ia, e que o seu embaraço era rea l, vol veu co m toda a seri edade: - De fato, suspeito é um a ex pressão nova, que eu também nunca tinha ouvido até há pouco tempo ... Mas a que se destina essa I ista que os senhores têm de organizar? - A ss im que esteja esc rita, tenho ele

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a mandar diretamente ao Co mitê de Sa lvação Pública , que, co mo diz aq ui na carta , "tornará imediatarnente medidas

adequadas". - Oh' Oh! A co isa é urgente, na verdade... Pois muito bem, meu bom Gérard , o que o Co mitê lhe pede é simples: quer apenas saber os nomes de lodos aq ueles qu e nes ta comun a se têm di stin guido desde o começo da Revolução, pelo seu patrioti smo e pelo seu ód io ao anti go regime. Co mo notasse que B irou era todo ouvidos, o conde acrescentou neg li gentemente: - É provável que a Co nvenção quei ra di stribuir cargos e pensões. Suspe itos, em linguagem o fi cial, quer dizer aqueles que são suscetíveis de receber um a recompensa nac ional. - Era o que eu pensava - observou Birou. - N ão me surpreende, B irou. Como você me di zia no outro di a, "a Repúbli-

ca abateu a hidra do f anatismo e triun fou sobre todos os seus inimigos". Por conseguinte, só lhe resta agora pensar nos am igos e, como vêem, não os esquece ... Só tenho uma mágoa: é não poder fi gurar nessa li sta de honra. - Ora '·· · - in sinu ou Géra rd , magnânim o. - Se tem tanto empenho ni sso ...

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CATOLICISMO

que grita ''.fo ra com ele!" quando eu atravesso a aldeia. Esse é dos bons. E o Rendon, que me· apanha os faisões que pode, a pretexto de que os coutos j á acabaram. Aí tem você outro fervoroso partidário do novo reg ime. O lhe, o Jendell e, que derrub ou a cru z do ce mitéri o. O Desquesne, que nos trata a todos por tu e não tira o chapéu, porque acha que a boa educação é inimi ga da liberdad e. Aí tem uma boa quantidade deles, que têm dado garantias ao novo regime. Géra rd ia escrevendo os nomes que o conde citava . Quando acabou, levantou a cabeça com ar satisfeito e arri scou: - E se eu pusesse também o meu nome? - Não o aconse lho, Gé rard - respondeu o conde. - Tem de ass in ar a li sta como regedor da comuna, por isso é mais conven iente não se indicar a si própri o. Embora um pouco desconso lado por não f i gurar na li sta dos suspe itos, o - N ão ' D e m aneira nenhum a! O regedor de A uvri gny mand ou-a nessa m eu no me de ari stocrata só podia mes ma noite ao Co mitê de Sa l vação Púprejudi cá- los perante o Comitê. E além blica. Na aldeia espalhara-se a notícia do di sso nada fi z para merecer fi gura r ao acontec imento. Birou não pudera ca larlado daqueles que, como vocês, se batese, gabara-se ele que em breve os senhoram pe la liberd ade. res desse com itê o chamari am a Pari s O regedor parecia imensa mente atrapara lhe conceder um a reco mpensa palh ado: talvez dinheiro, ou um bom lugar, acom - Então, como há de ser? N a tal li spanhado de uma coroa cív ica. Por isso ta de suspeitos (diacho de nome !) vou j á não fa ltou quem o in vejasse quando, cerpl antar o Birou ... ta manhã, a casa do adj unto foi invad ida - Excelente idéia! Ponha-o logo no pela guard a de Nouvi ons, sob o comaninício ... Então, então - acrescentou o agente do Comitê de Segurando de um conde, volta ndo-se para Birou, que esB irou para uma ça Ge ral. Fez subir boçava um protesto afetado - deixe-se berlind a, em cuj as portas se di stingu ia de modéstia. É mais do que ju sto. O lhe, de mui to raspado, o escuainda, apesar Gérard , sente-se a essa mesa e escreva: do de arm as com as fl ores-de-! is el a casa Lista do s Suspei tos da Co mun a de de Orlea ns. Jendelle e os outros foram Auvri gny ... também levados , e nessa noite, à ce ia, O camponês, co m a pena apertada nos Gérard não pôde con ter um suspiro ao dedos grossos, traçava em ca racteres di zer para a mulher: enorm es as palav ra s que ia soletra ndo a - Se o conde me tivesse dei xado meia-voz. E ap licava-se tanto, que tinha fazer o que eu queri a, também eu iri a com a testa p rl ada de suor e a ponta da líneles a estas horas, a caminho de Pari s... gua entre os dentes. Finalmente, lá conÉ para aprenderes a não co nfi ar seguiu levar a empresa a bom term o. nos conselhos de um ari stocrata ! - Pronto! Cá está o títu lo. Agora os Gérard, amuado, não tornou a pôr os no mes: Birou primeiro ; depoi s, quem pés no castelo. O conde, por seu lado, mai s há de ser? N ão posso pôr só um .. . ta mbém nunca ia à aldeia. Mas um dia É um a mi séria . que teve de ir ao f erreiro, estranhou o - C laro - ap rovou o co nde. Até aspecto deserto e sil enc ioso das rua s. parec ia qu e estava a regatear. - Mas Vendo um velhote, que o saud ava à moda olhe lá, ainda há pouco ci tou o Hava rd ,

anti ga, perguntou- lhe o que significava aquil o. - Ah , se nhor conde! Já não há homens válidos na aldeia. Como o senhor sabe, o governo mandou ped ir os nomes dos que hav iam de receber recompensas, e o regedor indi cou cinco, que fora m logo chamados a Paris. M as os outros, quan do viram aquilo, nunca mai s sossegaram , insistindo para serem pro postos, e o Sr. Géra rd teve de redi g ir segund a li sta dos suspeitos de Auvri gny, onde meteu quase todo mundo. Nem sequer res istiu à tentação de lá se in screver também. De maneira qu e um di a veio aí a bri gada toda de Verv in s com um g rand e carro , o nd e empilh ara m os nossos homens. Há seis semanas que para lá fora m, todos a rir e a ca ntar, mas o tal lu gar que lhes deram deve ser de muito trabalho, porqu e ainda não houve nem um que desse notíci as ...

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ses, não tendo outros recursos senão a ge neros idad e do se nh o r, voltaram a chamá- lo "senhor conde" e respeitavamlhe os fa isões . Ele, por seu lado, conti nuava a não dar mostras de surpresa ante as sucess ivas reviravoltas que o espírito da popul ação ia sofrendo a seu respeito. Notou-se apenas que, ao aprox imarse o invern o, fez várias viagens a Paris. O motivo dessas pereg rinações tornouE no costeio do Conde, os notais sempre , foram como todos os

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E fo i as im que o conde de Auvri gny, ari stocrata da gema, se desembaraçou de vizinhos d sagradáveis e viveu soss gad no seu castelo durante tod o período do Terror, enqu anto os se us camponeses , co m mais alguns dez mil , tão peri gosos e tão c ulpados como eles, enchi am as cadeias de Pari s. Quando veio o Termidor, o fid algo foz Lu do o que pôd e para obter a liberdade cios presos. M as nesse período era m ta ntas as injustiças a reparar, que os meses iam passando e ele nada consegui a. Tran . formara-se no pai adotivo da aldeia, onde só restavam ve lhos, mulheres e cri ança . Tinha empre a mesa posta e a boi. a aberta para aq uela pobre gente, que não dava um pas o sem o consul tar, e que o considerava a sua providência. Auvri gny vo ltara aos velh os tempos de antes de 1789, quando a aldeia e o cas telo confraterni za vam. Os ca mpone-

se claro quando, algun s dias antes do fim do ano de 1794, começara m a chegar a Auvri gny, de orelha murcha, um a um, os suspeitos que dali tinham partido tão glori osos alguns meses antes. M ostravam -se muito reservados quanto aos pormenores da sua aventura, de que ai iás não percebiam grande co isa. Mas não pou pavam louvores ao co nde, que dera provas de um zelo infati gável para os tirar ela cadeia. Por isso houve grande aflu xo de gente no castelo, naquela vés pera de N ata l. O conde, no entanto, não fi zera co nvites.

A costumada árv ore de N atal, ainda mais carregada de surpresas cio que habitualmente, fora armada apenas, ao que parecia, para sua sati sfação pessoa l. Estava ali a aldeia em peso, respeitosa, cheia ele gratidão. E co mo o regedor Gérard se conservav a modestamente atrás do povo, o fidal go foi buscá- lo pela mão e o trouxe para perto. - Ah , senhor co nde! Se eu lhe tivesse dado ouvidos! M es mo assim o senhor se mpre nos pregou um a destas li ções ! .. . - E não fi cou zangado, Gérard ? - Nada, senhor conde. Se eu naquela altura tivesse sabido de fato o que era um suspeito, o que eu ia pôr na li sta era o senhor, e só o senh or. Teri a fe ito essa asneira. Quando penso ni sso, até sinto calafri os. - Por quê? - É que eu bem vi como as co isas se passara m! O senhor conde, se lá tivesse ido, nunca mais voltaria. M as, naqu ela confusão, não li gara m nenhum a importância a nós, camponeses . Só o Birou ... - O Birou?... - O senhor conde sabe ... aq uele "espírito forte" ... E le tanto fez, tanto protestou, alegando que tinha direito a uma reco mpensa e exi gind o um cargo, que resolveram recompensá- lo, e foi incorporado na 12ª Bri gada. A gora é cabo no Reg imento de Caçadores de Gevaud an. Como se enco ntravam ambos junto do presépio ilumin ado, Gérard , apontando ao fidal go os rostos ex tasiados das cri anças, que passavam de mão em mão os brinquedos tirados da árvore, acrescentou: - Olhe, se nhor conde, esto u certo de que o Birou daria as divisas todas para estar aq ui esta noite conosco .. .

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* Tex to extraído da obra

Lendas de Na ral. do au tor francês G. Lenôtre, traduzida para o portu g uês pe la editora Verbo, Li sboa . 1966.

D EZEMBRO 2007

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CORREIO NATALINO

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O "Correio do Menino Jesus" rn

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os bon s tempos, quando se falava de Natal para uma criança ed ucada em uma família cató lica, uma imed iata associação de idéias lhe vinha à cabeça. Ela sentia a atmosfera de Natal começar já várias semanas antes da magna comemoração. Parecia que a natureza ia se tornando cada dia mais bela, o ar mais puro, os pássaros mais alegres, o sol mais brilhante, o céu à noite mais deslumbrante, as pessoas predispostas a um relacionamento mais ameno. Enfim, ludo ia gradualmente se transformando num ambiente de paz, de pureza, de doçura, de alegria serena e de uma grande expectativa: o dia da maior festa do ano - o nascimento de Jesus - se aproximava. A criança e ncantava-se com o presépio, com a árvo re de Nata l, com a "estrela de Belém", com os chumaços de algodão imitando neve, com as músicas nata linas - entre as quai s

destacava-se o "Noite Feliz", tradução brasileira da famosa "Stille Nacht, heilige Nacht". A Missa na paróquia, espec ialme nte festiva e envo lta nüm ar de júbilo sobrenatura l, fazia evidentemente parte das comemorações e ficava profundamente gravada na memória. Em lugar não mui to secu ndário, vinha também a expectativa da saborosa ceia ele Natal , preparada com esmero pela mãe, ajudada, quando era o caso, pelas filhas mais velhas ou alguma tia solteirona.

De onde vinha o presente? E os presentes? Aqui as associações de idéias divergiam muito ele criança para criança, segundo os costumes de cada região, as o ri gens da família, o meio social onde viviam, e CATOLICISMO

CARLOS EDuARoo Sc1-1AFFER Correspondente - Áustria

outros fatores mais. Para a maioria das cri anças, era o Papai Noel que os trazia; para o utras, São Nicolau; para outras ainda, seri a o próprio Menino Jesus. A expectativa dos presentes era grande. Como comu ni car seus desejos ao portador dos presentes? Algumas crianças eram aco nselhadas a escrever uma cartinha, que o pai se encarregaria de fazer chegar ao destinatário. Mas como? Eis um segredo que não era reve lado ...

/\ solução austríaca Na Áustria o problema do env io da carta foi resolvido de maneira muito do agrado das crianças. Numa pequenina aldeia da província "A lta Áustri a" (Ober Ôslerreich) , chamada Christkindldo~l (A ldeia do Menino Jesus), fo i criado um posto de correio ao qual foi dado também o nome de Christkindl Postamt (Agência de Correio do Menino Jesus). As crianças hoje podem escrever ao Menino Jesus, endereçando a carta a este correio. E poderão receber resposta ... Esta hi stória começa no fim do séc ul o XVII.

Ferdinand Sertl, então regente da bandinha dos bombeiros da cidade de Steyr, sofria de epi leps ia. Católico de profunda fé e piedade, tinha confiança na oração e esperava ser c urado. Para poder rezar com mais recolhimento, por volta de 1695 comprou uma imagem do Menino Jesus, de cera. Foi ao bosque de Unterhimmel (Sob o Céu), a uma certa distância da cidade, cavou um pequeno oratório em uma grande árvore, e lá colocou a imagenzinha, diante da qual rezava com freqüência para pedir sua cura. Tendo efetivamente recebido a graça pedida, espal hou-se rapidamente a notícia, e logo começaram as peregrinações e novos milagres. Em 1699 foi construída em torno daquela árvore uma capela

1 de madeira. Em 1702, Dom Anselmo, prior da abad ia beneditina de Garsten, situada nas proximjdades, tendo em vista o sempre crescente número de peregrinos, deu inic io à construção da atual igreja, que foi consagrada em l 709 (2). No altar principal podese ver a imagenzinha original do Menino Jesus (1 ), incorporada de maneira muito artística à própria árvore onde Ferdinand Sertl havia originalmente colocado o Divino Infa nte. No alto da porta principal, uma inscrição: NOL/TE PECCA RE IN PUERUM (3) - Gen. 42, 22 ("Não pequeis contra o Menino"), frase que, em nossos dias, pode ter um sentido muito mais grave do que na época em que fo i gravada, pois no Menino Jesus estão especialmente representadas todas as crianças inocentes, especialmente as ameaçadas pelo aborto. Em torno do santuári o foi aparecendo um peq ueno casario, chamando Christkindldorf (Aldeia do Menininho Jesus) . No mundo alemão, somente os austríacos têm esta for ma espec ial de diminutivo muito carinhoso, que se fo rma acrescentado um " 1" ou " ri " no fim da palavra "Kind" (menin o ou criança); no caso, e transforma em Kindl (menininho).

"Col'J'eio do Menino Jesus" Em 1946, depois da II Guerra Mundial , quando a Áu stria estava oc upada pe los exércitos aliados, um soldado ameri -

Essa agê nc ia de corre io só funciona a partir cio primeiro domin go do Advento até a festa dos Reis Magos, no dia 6 de janeiro. E la praticamente não distribui correspondê ncia, poi s são muito poucos os morado res da região. Recebe cartas de cri anças e responde àq uelas que pedem resposta (5). Mas não são só as cri anças que querem receber uma mi ss iva vinda do "Corre io do Menino Jesus" ... E ntre os ad ultos isto é també m muito aprec iado. E por isso, durante o tempo em qu e este corre io fi ca aberto, além dos ônibus de turi stas, ele peregrinos e dos próprios austríacos que lá vão para postar seus cartões de Nata l, o correio recebe também, dos mais distantes lugares do mundo, volumes com cartas já endereçadas, e que devem ser seladas com selos relativos a Christkindl, carimbadas com um carimbo espec ia l a cada ano, e assi m exped idas. Informações a respeito podem ser obtidas em in g lês em http://www.c hri stkindl.at/eng li sh/ i nformation/i n formation _serv ice. php É de ad ultos que provém grande parte das cartas processadas. Também os filatelistas ap rec ia m muito os se los ele Christkindl co m o respectivo carimbo, po is somente lá podese obtê- los, e em período muito restrito. No ano passado, os auxiliares do correio responderam 7.000 cartas de c ri anças.

/\ Alemanha segue o exemplo A idéia difundiu -se também pela Alemanha,

cano sugeriu ao correio austríaco que utili zasse, para fin s filaté li cos, im agens ela pitoresca a lde ia e respec tiva igreja co mo tem a de selos nata linos . As cartas e nviadas daquele local recebiam o carimbo da agê nc ia Un.terhimrnel e ntão existente. A ini ciativa leve tanto sucesso que, em 1950, o correio criou uma agência especial chamada Christkindl Postam/ (4) (Agênc ia de Corre io do Meni ninho Jesus), que começou a funcionar nas dependê ncias da casa paroquial, tendo já no primeiro ano atingido um volume ele 42.000 cartas. O número ele missivas, desde então, não pára de crescer. Em 2006 foram postadas cerca de dois milhões de cartas .

o nd e sete c id ades têm serv iços se me lh a ntes: Himmelstadt (Cidade Celeste), Himmelpfort (Portaria do Céu) , f-/immelpf'orten (Portarias do Céu) , Himmelsthür (Porta cio Céu), Engelskirchen (Igrejas dos Anjos), Nikolausdorf (A ldeia Nicolau), Sankt Nikolaus (São Ni co lau). An ualmente e las enviam aprox imadamente meio milhão de cartas.

Presentes, grnças, conlidê11cias Em Himmelstadt, onde a senhora Rose ma.rie Schotte e mais um as seis pessoas se encarregam voluntariamante dos trabalhos, no ano passado foram processadas mais de 55.000 cartas, sendo a maioria de crianças. Espec ialmente para a rev ista Catolicismo , e la contou o DEZEMBRO 2007

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seg uinte: há vári os tipos de cartas. Um as apenas pedem os presentes que as cri anças desej am receber : um a bo neca, um brin quedo qu alquer, um film e que possa m ver em casa, etc. O utras pedem que o M enin o Jes us conceda favo res esp iri tuais ou materi ais para quem as escreveu ou para os que lh e são próx im os : para que os pa is separados vo ltem a viver jun tos e não bri guem mais; para qu e o pai enco ntre um emprego; para que um avô sej a curado de sua doença, e mui tas outras coisas desse gê nero. O utras ainda não pedem nada para os mi ss ivi stas nem para outras pessoas, mas num a espéc ie de intimid ade muito in oce nte com o M enin o Jes us, apenas relata m as alegri as e sofrim entos que ti vera m du ra nte o ano.

Escl'em l)ai·a mim ... Como em geral as cartas vêm de cri anças que ainda nem sabem escrever, a cali grafi a é de alguém que escreveu por elas - pai, mãe, avó, etc. - e gera lmente dei xou que a criança autenticasse a ca rta com alguma co isa desenh ada por ela mes ma, à gui sa de ass inatura . Receber uma resposta do "Co rreio do Menino Jesus" ou da "Cidade Celeste" é para a cri ança algo marav ilhoso, que co mpleta de maneira mui to espec ial aquele amb iente que ela

Ol'igem cio Pal)a i Noel A ori ge m hi stó ri ca do Papai N oe l o torn a ainda menos marav ilhoso. Ele provém do Santa Claus ameri ca no, cri ado em 188 1 para o j orn al " f-larper '.1· Weekly" pe lo cartuni sta ele ori gem al emã T homas N ast. Nasl esteve durante toda sua vi cia bastante li gado a meios revo lucionári os anti ca tó li cos ela segun da metade cio séc ul o XlX. Estudou pintu ra com T heoclor Kaufma nn, quando refu giado nos EUA dev ido à revo lução anarq ui sta ele 1848 na Europa . Foi correspondente de guerra das tropas do revo luc ionári o G iu seppe Gari ba lcli durante a uni ficação itali ana. Para cri ar o Sa nta Claus ele se in sp iro u em um a figura de sua terra nata l , o Pa lat inaclo, chamada "Be lzeni cke l" (6). Esse personagem v inha ameaçar e bate r nas cri anças co m um a va ra ele marm elo, em virtude elas co isas mal f eitas po r elas, um a espéc ie ele anti-São Ni co lau. Se a cri ança fosse mui to ruim , ele a meti a em um saco e a levava embora, ass im di ziam os pais. Com o tempo o perso nagem fo i evo lui ndo, até que no início cios anos 30 a Coca Cola (7) o utili zo u mui to na propaganda ela bebida, e o vul ga rizou na fo rma com que hoj e o con hecemos. Seri a ele se desej ar que, no Bras i 1, as fa míli as ca tóli cas vo ltassem a difundir

Aspecto pouco lembrado do Natal ■ GREGÓRIO Vi VANCO LOPES

A

fosta de Natal é a co memoração do nascimento ele nosso Sa lvador em Be lém. É a alegri a pela vinda do M enino Jesus à Terra. É a Redenção que se inicia. É o gáudio de M ari a Sa ntíss ima. A cada ano, por ocas ião dessa magna data, graças espec iais desce m sobre os homens. São graças de suavidade, de bem -estar esp iri tual, de uma feli cidade intensa e ca lma. Quanto mais uma sociedade está penetrada pela influência da C ivili zação Cristã, mais essas graças se faze m sentir; quanto mais ela estiver pagani zada, mai s as almas tendem a rej eitá- las, e então elas parecem refu giar-se nos poucos que perm anecem fi éis ao sentido autêntico cio N atal.

estudarão com term os apropri ados e precisos tais ass untos, e isto é necessári o. O povo, porém, in spi rado pelo Es pírito Santo e guiado pelo amor de D eus, os alcança muitas vezes através ele um mi sto ele entendimento e f antas ia, que deve estar sempre submi sso ao olh;u· matern o e vigil ante da Santa l grej a. Tradu zimos a seg uir algumas lendas natalinas antigas ela França e da Inglaterra.

S01'tilégios l)enlem o 11ocle1· "No Limousin, França, percorrendo os campos, encontra-se a crença de que os male.f{cios, os sortilég ios e todas as obras do espírito do mal perdem seu pode r na noite de Natal; e que é pernútido chegar até os tesouros mais escondidos, pois a vigilância dos monstros - ou dos seres prelernaturais que os guardam torna-se nula, ou seu poder suspenso". 3

1'oque ele sino exorcístico

Shakesl)eare reco,·cla uma /ell(/a

"O momento em que o M ali gno fi nalmente fi ca redu zido à impotência é o cio tilintar cio primeiro toque da meianoite ele Natal" .'

"Dizem que, sempre na época em que é celebrado o Nalal de nosso Salvador, o pássaro da aurora canta durante Ioda a noite; e então, nenhum espírito ,nau ousa vagar pelo espaço; as noites não trazem malefícios, os planetas não exercern rná ú1fluência, nenhum encantamento consegue atraú; nenhum a bruxa tem o poder de f azer mal: tão abençoado é esse tempo, e teto sagrado!". 4 •

A rai n , cio clemô11io

O Natal a/'ugcnta os demônios

sente ir-se fo rm ando em torn o dela, à med ida que se aproxi ma o grande d ia ele Nata l. A idéia ele que é o M enino Jes us ou São Ni co lau - e não o artifi c ial Pa pai N oe l - q uem env ia os prese ntes, to rn a menos clecepc ionante o mome nto em que a cri ança descobre que Papai N oe l não ex iste, pois fac il mente se pode exp li ca r que era um a maneira de d izer q ue fo i Deus q uem to rn ou poss ível aos pais atender os pedidos dos filh os . O qu e é verdade. Já o Papai Noel não é um membro da corte celeste, nem seq uer ex iste. Q uando chega o momento da verdade, fica ma is di fíc il dar um a exp li cação razoável, e isto pode ca usar uma certa decepção e desconfi ança em relação aos pais.

CATO LI C ISM O

a idéia de que é o Menino Jes us ou São Nicolau (8) quem atende os ped idos das cri anças.

o biS/JO (/C Myra São N icol au fo i bispo de Myra, na atua l Turq ui a as iática, Lendo vi vido aprox i madamente entre os anos 280 e 350. Herdeiro de uma grande fortu na, empregou-a em aj udar os necessitados. Desse fato nasceu com o tempo o háb ito ele as crianças pedirem a ele seus presentes ele Nata l. Ele fo i espec ial mente popul ari zado no mundo alemão, de onde provêm vár ios cios aspectos que caracteri zam nos so Natal. * E-mai l cio autor: cschalTcr @catolicismoco m.br

M as há um aspecto cio N atal que tem sido pouco lembrado ao longo dos últimos tempos: é o falo ele que as graças natalinas afugentam o demônio e seus malefícios. A Civilização ri stã sempre o entendeu assim, e numerosas lendas, cheias ele beleza e ingenu idade, retratam tal realidade. Isto não signifi ca que tais lendas elevam ser tomadas ao pé ela letra em todos os seus I or menores, mas não se pode negar que, freqü entemente, elas são portadora s d v rdades profu ndas. A o acrescent;u· poes ia e imaginação a certos acontec imentos natali nos, o povo miúdo ele Deus con egue exprimir uma rea lidade espiritual mais alta, que de outro modo lhe seri a di fíc il ma ni fe tar. Os teólogos

"Um. an tigo co nto de Nata l nos apresenta uma descrição fo rte e ingênua da raiva do demônio pela vinda do Messias: '"Eu me enraiveço'. O demônio, certamente, Dentro de seu coração se enraivece, Porque Deus vem presentemente Salvar os f ilhos de Adão E de Eva, de Eva, de Eva! Ele reinava absolutamente Sem nos dar trég ua, Mas esse santo acontecimento Livra os.filhos de Adão E de Eva, de Eva, de Eva! Cantemos o Natal altamente, Saiamos de nosso pesadelo, Bendigamos a salvação De todos os.ftlhos de Adão E de Eva, de Eva, de Eva". 2

E-mail do autor: i:rei;or jo@cntoJicismo.com.br

Notas: 1. http://www.j oyeux- noel.com 2. Bíbli a cios Natais, p. 33. 3. M . G., ele la Société archéo lugi4ue du L im ousin . 4. Shakespea re, Hamlet, alo 1, cena l.

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Süo Basílio como grande defensor da divindade do Verbo e111 fá ce do arianismo" (do M artiro-

+ Ásia M enor, séc. lll. "Mulher do Bem-aventurado Adriano, que por 111uito tempo assistiu uns santos mártires encarcerados e111 Nicomédia, sob o i111perado r Diocleciano. Depois de consumado o martírio de todos, mudou-se para Constantinopla, onde descansou em Deus" (do M artirol ógio Romano).

Primeiro Sábado do mês

2 São Nuno. Bispo e Conressol'

+ Síria, séc. Ili . Famoso pregador, converteu a pecadora Pelágia, que fora por curiosidade ouvir um de seus sermões. Ela deulhe sua fortuna, que ele distribuiu aos pobres. Encam inhou a penitente para uma gruta perto de Jerusa lém, a fim de que fizesse penitência pelos seus pecados.

3 Sfio l•'l'érncisco Xavier', Conl'CSS0I' + Sancião, 1552. Di scípulo de Santo l nácio de Loyola, é o apóstolo da Índia e do Japão, tendo seu zelo alcança lo M álaca e as Malucas. Fa leceu aos 46 anos de idade, às costas da China, que pretendia evangelizar. São Pio X declarou-o patrono especial da obra da Propagação da Fé e das Missões catóficas.

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suportar, membros da sinagoga alegaram que ele bl asfemava, e o lapidaram.

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São ,João Roberto, M{i r'L il'

Santas Vi rgens, Márti res

+ Friburgo, 1597 . Discípulo de

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+ Inglaterra, l6 I O. Natural cio

+ África, 480. Estas muitas vir-

Sfio Ma rtin l10, Bispo e Conl'cssor

País de Gales, converteu-se ao cato li cismo na França e ord enou-se sacerdote na Espanha, onde entrou para a Ordem de São Bento, indo depois para a Inglaterra sustentar os católicos e I and est i nos. Reco nh ec i cio como padre católico, e não querendo prestar o juramento de supremacia do rei sobre a Igrej a, foi martiri zado.

gens consagradas a Deus, quando da invasão do norte da Áfri ca pelos vândalos ari anos de Huneri co, "defenderam a hon-

Sa nto ln ác io, no tabili zo u-se pela efi cácia com que combateu, pela pal av ra e escritos, a heres ia protestante, espec ial mente en tre os povos de língua alemã. Graças a ele, a Renânia e a Á ustri a permaneceram católica s.

São ,lofio, /\pústolo e l'.:va ngelista

+ Portu ga l, 579 . Originário da

Santa Nati:í lia. Viúva

lhe dera o rei C lóvis, uma abadia que se torn ou fa mosa.

São Peclro Ca 11ísio, Conl'essor e Doutor ela Igreja

lógio Romano - M onásti co).

1

grande São Gregório fez o seu panegírico no funeral.

Hungria , foi em peregrinação ao túmul o de seu homôn im o, em Tours, fixando-se depois como missionário num mosteiro perto de Braga. Bispo dessa cidade, presidiu seus dois pri meiros concíli os.

6 Sfio Nicolau, Bispo e Confessor

+ Mira, 324. Bispo de Mira, na Ás ia M enor. De eminente cari dade, foi desterrado pelo imperado r Licínio. Derrotado este por Constantino, vo ltou à sua diocese, onde operou estupendos milagres. No Concíli o de Ni céia, foi dos mai s ardorosos adversários do arianismo.

7 Santo Ambrósio, Bispo, Confesso!' e Doutor' da Igreja

+ Milão, 397 . Governador de Milão e depois bispo, cansei hei ro ele imperado res e cio Papa, teve papel dec i sivo na conversão de Santo Agostinho.

Primeira sexta-feira cio mês

8 Imaculada Conceiçã o ela Bem-aventurncla Virgem Maria Festa instituída pelo Bem aventurad o Pio IX em seguida à promulgação desse dogma, há 150 anos, co m base nos Evangelh os e coroando tradi çõe s muito antigas a respeito.

11 São Tl'asfio, Má rt ir' + Roma, séc. IH. "Com seus bens, sustenta va os cristüos que trabalhavam nas ter111as, os que se extenuavam em outras obras públicas e os que gemiam em calabouços. Preso por ordem de Diocleciano, recebeu a coroa do martírio jun10 com outros dois, que se cham.ava111 Ponciano e Prelextato" (do Martirol ógio Romano).

12 ossa Senhol'a ele Cuaclalu pe. Padroeira ela Am érica Latina

13 Sa nta l ,uzia, Virgem e M{i rt ir + Siracusa, séc . IV. Consagrando a Cr isto sua virg in lacle e ren uncia ndo em favo r cios pobres seu rico patrimônio , fo i degolada à espada. É invocada nas doenças dos olhos.

14 São .loão ela Cruz , Con fessor e Douto r' ela Igreja

+ Ubecla, 159 1. Co-reformador,

9

São Mclécio, Bispo e Con l'essor

+ Ásia Menor, 372. Irmã de São

+ Ásia Menor, séc. IV. "Homem de grande experiência e vasta cultura, foi cognominado por seus companheiros de mocidade 'o 111el da Ática ', sendo considerado por San.to Atanásio e

Cesário e do grande São Gregório Nazianzeno, Doutor ela Igreja. Seu pai também se chamava Gregóri o Nazianzeno e foi sa nto. Sua mãe, Sa nta Nona, foi exe mpl ar mãe de família. O

Santa Col'gônia. Viúva

com Santa Teresa, do ramo masculino ela Ordem cio Carmo. Poucos penetraram mais a fundo nos arcanos ela vicia interi or.

15 São Mcsm in , Conl'essol' + França, séc. VI. Construiu perto ele Orl eans, num terreno que

ra da Igreja de risto ern meio a atrozes torturas" (cio M arti ro lógio Romano - M onástico).

17

22

+ Turquia, 408 . Ca ada aos 18

Sfio l•'laviano, M{irti r + Roma, séc. IV. Antigo pre-

anos com o prefeito ela capital do [mpério , enviuvou menos de dois anos depois. m ·ua gran de fort1111a fundou um hospital e um orfan at .

feito de Roma, esposo de Santa Dafrosa, pai ele Santas Bibiana e Demétria, todas mártires, também mereceu dar sua vida pela fé de Jesus Cristo.

Sa nta Olímpia , Viúva

18

23

São l<'l {1vio, Confessor

Santa Maria Margarirla Durrost ele La jemmerais, Vi úva + Canadá, 177 J. Seu pai era um

+ França, s c. VI. Italiano vendido como escravo, seu dono casou -o com oulra escrava e o fez administrador de seus bens. O patrão deu-lhe a liberclacle juntamente e m sua esposa. De comum acordo, ela foi viver num convento e ele fez-se sacerdote.

19 Santo /\ 11ast.i:ício 1, Papa

+ Roma, 404. "Roma, como disseSãoJerô11i1110, 11ão mereciatêlo por muito te111po, para que a cabeça do 1111.111d o não fosse decepada ,,11 vida de tal bispo. Com efeito, pouco depois de sua morte, Romafoi lomada e saqueada pelos i odos" (do Martirológio R mano) .

nobre francês , chefe das tropas ela colônia, falecido quando ela tinha sete anos. Mãe de seis fi lhos, o esposo dissipou toda a fortuna fam ili ar, deixando-a na mi séria ao morrer. Com aj uda alheia, pôde montar um pequeno armazém, conseguindo paga r as dívidas , ed ucar os filhos e ainda entregar-se à caridade, no que foi aj udada por outras viúvas, dando início à Congre-

gaçüo das Irmãs da Ca ridade, ou lrm.ãs cinzas, devido à cor do hábito.

do por sua virgindade representou a humanidade ao receber, junto à C ru z, N ossa Senhora como M ãe. Foi o Evangelista por excelência da divindade de Cri sto. Perseguido pelo imperador Domiciano, foi levado a Roma e mergulhado num tacho ele azeite fervente, ele onde saiu rejuvenescido. Foi então deportado para a ilha ele Patmos, onde escreveu o Apocalipse. Tendo morrido seu perseguidor, voltou a Éfeso, escrevendo então, a pedido dos fiéi s, seu Evangelho e três epístolas, para refutar as heresias que negavam a divindade ele Nosso Senhor e pregar o amor entre os cri stãos.

28 Sa ntos Inocentes, Mártires + séc . J. Podem ser invocados

+ França, 1029. Abad e de Saint-Wandrille, governou esse mos teiro durante 23 anos, dando os maiores exemplos de todas as virtudes monásticas .

30

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25

+ (E panha), 1073. Guardador de

Natal ele Nosso Senhor ,Jesus Cristo

26 Santo l1:stêvão, Protomfü•tir + Jerusalém, séc. l. Um cios sete primeiros diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. Segundo os Atos cios Apóstolos,

"fazia prodígios e grandes sinais entre o povo". N ão podendo isso

Será ce lebrado pelo Revmo. Podre David Fron c isquini, nos segu intes intenções : • Pe los méritos infinitos do nascimento de nosso Divino Redentor e os gra ças espec ialm ente dispensados ao mundo pelo Imaculado Conceição do Bem-aventurado Virg em Maria, suplicando que concedam aos leitores de Catolicismo e às suas respectivos famílias, bem como o to dos aqueles que nos apoiaram ao longo deste ano, um Sa nto Notai e abundantes gra ças poro o Ano Novo .

29 Sfio Gcralclo ele SaintWa nelrille, Mártir

Sagl'ada f'amília. ,lesus, Maria e ,José

São Dorni11gos ele Silos. Corrl'cssor

Intenções para a Santa Missa em dezembro

espec ialmente contra o perigo represe ntado por leg i sl ações que permitem o aborto

24 Vigíl ia cio Nata l de Nosso Scnl1or ,Jesus Cristo

ovelhas na inl'ância, fo i chamado pela Pr vidênc.;ia a restaurar a abad ia de ilos, arruinada espiritual e materialmente pelas guerras árabes. Emp nhou-se também na libertação cios cri stãos cativos enlJ·e s 111 uro . Foi dotado do dom ele 111 i lagres, e as futuras mã s invo am para terem bom parto.

+ Éfeso, séc. 1. O Discípulo ama-

[Este ano, nesta data]

31 São Sil vestl'C 1, Papa e Conl'essor

+ Roma, 335 . Foi dos primeiros santos não m{utires que recebeu culto público. Sob seu pontificado a Igreja começou a sair elas catacumbas e a conslJ·uir basílicas magníficas. [niciou a séri e ele Papas-reis, como fundador dos Estados Pontifícios.

Intenções para a Santa Missa em janeiro • Pelo união e santifi cação de todos os famílias católicos em torno do Sag rado Família. Supli cando à Santo Mãe de Deus (festi vidade comemorado no dia 1° de jane iro), pe los méritos do Epifania do Senhor (dia 2), copiosos graças paro todos os leitores. O ue todos se jam providencialmente ampara dos, o fi m de enfrentarem com energia e coragem os d ifi culdades que possam suceder ao longo d e 2008, d e modo particular os que provêm de perseg uições revo lucionár io s aos bo ns costum es.


Robert Ritchie, direto~ da campanha A América discorreu sobre a imPa rtância desta campanha

Necessita de Fátima ,

Estados Unidos: recitação em público do Rosário D ois grandes eventos promovidos pela TFP norte-americana para celebrar o 90º aniversário de Fátima: Encontro Nacional de Correspondentes da TFP e rally para recitação do Rosário em 2.200 localidades do país. l!!I FRAN CISCO

A

J.

SAIDL

s muda nças ocorri das no mundo ao longo dos noventa a nos que nos separa m das apa rições de Fátima fora m assombrosas, e de modo gera l se deram e m senti do dia metra lme nte oposto aos pedidos ali fe itos em 19 17 por Nossa Sen hora. Um o lha r sobre o o rbe, nesta perspectiva, fo i o tema do mai s recente En-

~

CATOLIC I SMO

contra de Correspondentes da TFP Americana, que te ve lugar no mês de o utubro, com mai s de 250 correspondentes, a mi gos e membros da e ntidade. Reali zado na Pensi lv ânia, o evento serviu também como ponto de e ncontro de muitos dos coordenado res das ma ni fes tações q ue ocorre ri am no sábado seg uin te, 13 de outubro, e m mais de 2.200 local idades de todo o país, para a rec itação púb li ca do Rosár io. Na ocasião, Robert Ritchie, dire tor da campa nha A

América Necessita de Fátima , discorreu sobre a importância desta campanha. O Encontro de Correspondentes foi honrado pela presença de S.A.I.R. Dom Bertrand de O rl eans e Braga nça, Prínci pe Imperia l do Bras il, que se d irigiu aos presentes dura nte o a lmoço de domingo . Entre os vários oradores, cabe destacar o Prof. Roberto de Mattei, a utor do li vro Plínio Co rrêa de Oliveira, o Cru zado do Século XX, que veio de Roma para a ocas ião.

A conr•rê nc ia fina l co ube ao Dr. Eduardo de Barros Brotero, discípulo e es treit co laborador do Prof. Plínio Corrêa de live ira, a q ue m coadjuvo u na funda ção da TFP bras ileira em 1960, e c uj o. passos continua a seguir no combate à Revo lução e na fide lid ade aos princípios imul áveis da Santa Igrej a Católica Apostólica Romana.

2 .200 ma11ll'cstações para a recitação /JIÍ/Jlica do Rosár'io E m todos os 50 Estados norte-america nos, e m ru a. , praças, gra ndes cru zame ntos de avenidas, e até e m f re nte a

c línicas de abo rto, católicos reuniram-se no dia 13 de o utubro - data co memorativa dos 90 anos da última apari ção de Nossa Senhora de Fátima, selada com o prodigioso " milag re do so l" - para rec itar o san to Rosário. Simultaneamente, e m Fátima (Portuga l), uma dupla de cooperadores da TFP a mericana depositava, na cape la das aparições, 2.200 rosas re prese nta nd o os 2.200 g rupos que e m todos os quadrantes dos Estados Unidos se re uni am no mesmo dia e na mesma hora, pa ra externar a sua fé católica. Ca lc ul a-se que a proxim ad a me nte

DEZEMBRO 2007 -


100 111 i I norte-americanos prestaram naquele dia homenagem pública a N ossa Senhora. N o coração de Nova York, em Man hatta n, o Rosário foi rezado por mais de 500 cató li cos em frente Rockefeller Cen.ter. Em Washington, fizeram - no no Lafayette Park, próximo à Casa Branca. Nos Estados de M ai ne, Mi ssouri , Texas e Indian a, os atos se deram em frente aos respectivos Capitólios. O número de participantes em Harrisburg chegou a 300, e em Sacrarnenlo a 600. Digno de .nota foi o fato de o Rosário ter sido rezado também em Hollywood, no Boulevard Walk of Farne. Em Fo rt Wayne , Indiana, o bispo John Michael D ' Arcy esteve presente para encorajar o evento. Participantes de todas as classes, raças e idades manifestaram gra nde alegria em professar publicamente sua fé, com aq uele ato comemorativo.

*

*

Alemanha: Feira do Livro de Franldurt N este evento - reputado internacionalmente por ser a maior feira de exposições de livros, multimídia e comunicação do mundo a participação da AssoCÍação Alemã pró-Civilização Cristã 111 RENATO Mu RTA 1x VASCO NCE LOS

e 10 a 14 J, oulu bro reali zou-se c m Frankfu1t a célebre Buch messe (Feira cio L i vro). Visitaram- na · 'r ·11 tl c 250.000 pessoas, elas quai s 10.000 j orn ali slas, bem como mai s de 1.000 :iulor •s do mundo inteiro. A Feim rio /,ivro de Frankfúrt vem sendo rcali zt1tln unualrnente há 59 anos , e se rev lu u1n pont o de encontro privi legiado d ' aut or •s e editores , de vendedore. e hi hl iot • ·..'íri os, de professores , estudanl 'S • 1 •it or •s cm geral.

*

Procurado pela reportagem de Catolicismo, o Sr. Robert Ritchie, coordenador desse portentoso evento, respondeu às seguintes indagações : Catolicismo - Corno se ex plica que nos Es tado s Unidos, onde as pessoas parecem vi ver num paraíso material , com lodo conforto e aparentemente esquec idas de D eus, o resultado tenha sido tão surpreendente? Robert Ritchie - Para nós, também foi surpreendente. An alisando o fenômeno mais atenlarnente, a realidade nos mostra que há urna " fome de Deus". As pessoas vêem que a degradação mora l e outros fatores de desagregação ele nossa ci vili zação seguem num rilrno galopanlc, e que somente a Provid ênc ia Divin a, po r inlercess ão da Sanlíssima Virgem, poderá nos oferecer a solução. Em Fálirna Ela previu esta grande cri se, mas aponlou a solução: Ela quer de nós oração e pcnilência. orno oração, sobretudo a recitação cio sanlo Rosári o, uma arm a pod ero síss i ma . Nes ta ca mpanh a estamos promovendo sua recitação cm lugares públicos, para rnani fe tar publicamente nossa devoção e dar bom exemplo. Catolicismo - O Sr. vê poss ibilida lc ele tal ação se estender a outros países? Robert Ritchie - Certamente. Não

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CATOLIC ISMO

A De111sd1 1• Vereinigung fiir eine Chris1/ic/1e K11l111 r DVCK (Associação Alemci /Jr(í-Ci11ili-: , 11ç<io Cristã ) marcou sua prescn ·u ·0111 11111 stand no qual se

é tão difícil ele se efetuar. E m outros países j á se fez, tai s corno Índia , Ca nadá, A ustráli a, Escóc ia, lrlancla e Al emanha. A M ensagem da Santíss im a Virge m é válid a I ara o mundo inteiro. • E- mai I para o autor :

podiam ' ll '(llll rn r obras de suas várias ca mpanhas. S11111rl 111 uito concorrido, teve a honra d ' s ·r visitado por diversas personalicl ·,d 'S , c11t1'l' as qu ais se destacam Dom B rtn111 d d ' Orlcans e Bragança, Príncipe lmpt 1'Íll l do Brasil , e o D uque Paul von ) ld ·11hu r •, trineto cio último imperador ui ·111110, Guilherme II. A DVCI torn ou se co nhec ida em toda a AI 'l111111h 11 por suas ca mpanhas, que clesp rl:1111 vi vo i nt eresse nacional. Uma dela s, a /) (' 11 /,1·(' /t/and brau cht Mariens Ili(/<', di v11l g,1 a mensagem ele Fátima e a d 'V<H; .io H N ossa Se nhora . Outra i n i · ial i vu SOS Leben (SOS Vida) - co 111hul <il·11 otladarnente, desde 199 1, um a l ·i q11l', •mbora qu alifi cando o aborto <k· ik •:li , perm ite a sua prática. Out1" 1 •rn11dl' campan ha levada a cabo pela I VCI Ki11der in Gefahr (Crianças cm p ·ri •o), qu ' alerta sobretudo os pai s I ara u ·r ·s ·ente e desenfreada imora l ida 1, nu míd ia, cujos efe i-

tos sobre jovens e crianças mostra-se devastador. As dezenas de livros j á publicados e expostos na Feira do Livro de Frankfurt pela DVCK têm seu fundamento doutrinário no pen samento do .Prof. Plínio

Corrêa de Oliveira, cuj as obras foram apresentadas em traduçõe s para o alemão. • E-mail do au tor : ren a1ovascon cc los@ ca l oi ic ismo.com. br

DEZEMBRO 2007 -


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Polônia: Congresso Conservador e defesa da economia de mercado A tividades da Associação de Defesa da Cultura Cristã Pe. Piotr Skarga, que segue a linha de pensamento do fundador da TFP brasileira, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira 111 LEONARDO PRZYBYSZ

sacerd ote jesuíta Pe. Pi otr Skarga foi no século XVI um dos baluartes da I grej a na luta contra a pseudoreform a protestante. Fa lec ido em odor de sa ntidade em 1612, na cidade de Cracó via, torn ou-se um dos padroeiros cios contra-revoluci onári os pol oneses. A A ssociação de Def esa da Cultura Cristã Pe. Piotr Skarga, com sede em Varsóvi a e Cracó vi a, é composta por

º

católi cos leigos. Fundada há menos ele um a década, j á teve intensa presença públi ca nos debates ele temas que interessam à C ivili zação Cri stã, como a tentati va ele introdu zir na leg islação pol onesa o pseudo-casamento homossex ual. Por inici ativa da Associação Padre Piotr Skarga, e com grande afluência ele públi co, rea li zou-se no di a J3 ele outubro em Cracó vi a o 4º Congresso Conservador. Co mo nos anos anteri ores, acorreram convid ados ele vári os pontos ci o país e ci o ex teri or. N este ano o evento te ve lugar no belo auditóri o Florianka, da Academi a ele M úsica ele Cracóvi a.

"A nova esquerda e a ameaça para a civilização cristã ", f o i o tem a d o c o nh ec id o co nferenc i sta Dr. Dami an Leszczenski , ela Universidade ele Wroclaw. O primeiro orador foi o Príncipe Imperial ci o Brasil , Dom Bertra nd ele Orl ean s e Bragança, que abord ou "O conceito

cristão de autoridade ". O Sr. José Antonio Ureta desenvolveu tema ele muita atualidade: "As atuais perseg uições religiosa.1· à lu z. da Mensagern de Fátúna ", mostrando que tais persegui ções foram previstas por N ossa Senhora nas revelações ele Fátima. N este quadro se inserem também leis antinaturai s impostas pela União Européia, no que di z res peito ao aborto, eutan ásia e homossexuali smo, cujas vi olações são punidas com pri são. Por últim o fal ou o Presidente ela Associação Piotr Skarga , Sr. Sl awomir Ol ejni czak, sobre "A descristianizaçc7o do inundo moderno ", com base nos princípios desenv olvidos na obra ele Plíni o Correa ele Oliveira, Revolução e Contra-revolução. A segund a edição em polonês dessa ex traordin ári a obra foi apresentada ao públi co durante esse 4º Congresso Conservador. O evento fo i encerrado C0lll um belo concerto ele lllúsica cláss ica - colll peças ele Bach, Haenclel, M ozart e Purcel - , ao qu al se seg uiu um so lene e anilll ado j antar no salão italiano do convento ela Ordelll Fran ciscana, ci o sécul o XIII.

l)cfesa da cco110mia de mc,·caclo Num paí que h,'í pouco lllenos ele duas décadas se encontrava sob o ju go cio reg illle comuni sta, nulll sistema ele econollli a estatal e ele propriedade co letiv a, des pertam grande interesse obras sobre a eco nolllia el e mercado. A ssilll, no quadro ele suas atividades culturai s, a Associação de Def esa da Cultura Cristã Pe. PiolJ· Skarga convidou o Dr. Aclolpho Lindenberg, arquiteto brasileiro ele renollle internacional e autor do li vro A economia de mercado na sociedade cristã, a proferir duas conferências, em Varsóvi a e Cracóvi a, desenvol vendo a tese central de sua obra, j á publicada em português, inglês, espanhol e polonês. A edi ção polonesa velll sendo largamente difundida pela referida assoc iação. No di a 18 de outubro, D r. Ad olpho Lindenberg fal ou para um públi co se lec ionado, no auditóri o ci o Hotel Stary, situado a llleia quadra ci o f?ynek, a bela praça ci o anti go mercado de Cracó vi a, cuj a f oto ilu stra a edi ção polonesa de A economia

de mercado na sociedade cristã. No dia seguinte, D r. A dolph o diri giu suas palav ras a cerca de 120 pessoas que lotavalll o grand e auditóri o do Hotel Bristol, ao lad o cio palác io presidencial, na parte anti ga da capital polonesa. Entre os presentes encontrava lll -se sacerd otes, políticos e lllilitares. Concl uindo sua ex pos ição, o conferencista respondeu a nulllerosas perguntas , não apenas sobre o te lll a de sua p,tlestra, lllas ta lllbélll sobre problelllaS latino-a meri canos da atualid ade, como o pape l da Teolog ia da Libertação na ag itação agro-reformi sta no Bras il e a ascensão de chefes de Estado esquerdistas em vá ri os países el a A méri ca cio Sul. No fin al, concede u entrev ista aos j orn ali stas poloneses . • E- mai l do autor: lconardoprzybysz@calolici smo.com.br

C ATO LI C ISM O

D EZEM BRO 2007

D11111


A MBIENTES C OSTUMES C IVILIZA ÇÕES

■ PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA

rr!},/,osdm ,epre.se""' a famfl; , ;mpe,•;, 1aawfaca "' época da ;mpe..at,fa M,,.;,

O fardo do luxo para o bem do povo

* Pinlura de Martin va n Mcy1·ns, n:prcscn1anclo a l'amfl ia ela i111pcra1riz Mari a T·rcsa ( 17 17 1780), da ""asa d' Áustria , casada co 111 l .'n 111 ·isco 1 ( 1708 1765) da 'usu de Lorena.

Teresa (sécu lo XVIII) , em traj es da vid a de corte. * O traje do imperador é todo dourado. Ele está sentado numa poltrona de um veludo purpúreo, encimada co m a coroa imperial. Note-se a posição de seus braços, do corpo, das pern as, dos pés, todo ele numa posição elegante, leve, mas ele um homem habitu ado a dominar, e a fazê-lo sem esforço. A imperatriz ocupa uma posição mai s sa liente no quadro, porque ela era propriamente a herdeira da casa d' Áu stria. Ele era o imperador-consorte. É di gna de nota a grand e pompa e a atitude nobre de Mari a Teresa, co m a cabeça levantada e séria, de uma soberana habituad a a ·omandar multidões . O menino, vestido como capitãoz inho, está portando uma espada. Todos os nobres usavam espada naquela época, e ele a ·sume a atitude ele um homenzinho. Não é o h ' !'cieiro ela coroa . O arquiduque herdeiro, José TT, está b m no meio da estrela localizada no solo. As princesas, grac iosas, ap resentam-se em grandes tra j es de veludo, com brocados, bord ados, num terraço do palácio. Pode-se perguntar o que representam no qu ad ro os doi s cachorrinh os brincando. O sécul o XVIII não conceb ia ma nifestação de grand eza se m um supl emento ele graça . Ent prec iso que houvesse um co mplemento ele leveza, 1 ara u grand eza verdadeiramente manifestar-se . E o qu e há d · muito nobre, de muito elevado nas pessoas, compensa-s • com o divertimento cios cachorrinh os. Fica insinu ado qu · es as pe soa tão poderosas, tão importantes e tão nobr •s, são capazes ele compree nder os aspectos miúdo. da vid 11, os aspectos requintadamente graciosos. Constatamos ni sso um pouco ela douceur de vivr1' (do çura de v iver) de Viena. Devemos imaginar a íamfli:i i111 perial passan lo pelas ru as ela capital , em esp ledornsns ('1 11 ruagens, mas em consonância co m es. e estilo gral· ioMi dl• v icia. E o povo gostava da família imperial. Era u11I po vo que ainda praticava a virtude cri stã da ad111in1<; no. S11 IH 11 admirar humildemente, desin teressada mente, uma co isa que não era para ·I ·• 1111~ qI11• refl eti a a glóri a ele Deus e engrandecia o gênero humano. Era um patrim ôni o crnI11I I11 d11 popul ação.

*

*

E m suas memóri as, Luís XIV comenta o peso que a nobreza suporta va : "/\

11ul>11 · 11

tem de agüentar o fardo do luxo para o bem do povo". E le assim ex I rim ' o '!HI ' (' llo dr que é um bem para a população a nobreza agüentar o farelo cio lu xo, parn pl'()d11111 1· 1 lenclor. Assim como uma grande desgraça, reca indo numa pessoa , d ·v • tor1111r ~l ' II 1 veis a ela todos os homens, pela . olid ari ecla le humana, um rand' ·st:ido d(· 1·spl1·11d111 e de f'clicidad , reca indo sobre algun s, é igualmenl b -nf'az ·jo puru todos. E islo q111 · 11 homem revo lucionári o de hoj não admite e não s ' nl ' mui s. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 25 de junho de 1970. S m r vi i cio 111 11 0 1,


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