Catolicismo 2010, Números 709 a 720

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UMARI

PUNIO CORRÊA DE ÜLIVE IRA

A Sagrada Família

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iz o Evangelho que o Menino Jesus "crescia em sabedo ria, em idade e em graça diante de Deus e dos homens" (Lc 2, 52). Sinal de que no Homem-Deus ainda hav ia o que crescer. De qualquer natureza que fosse esse crescimento, era um cresc imento da perfe ição para a lgo qu e e ra a ind a mai s perfe itíss imo. Qu a nto a Nossa Se nh ora: um ta l acúmu lo de perfeições cri adas, que um Papa chegou a decl arar que d 'Ela se pode di zer tudo em matéria de e logio, desde que não se lhe atribua a divindade. Foi concebida sem pecado original e confirmada e m graça a partir do p rimeiro instante do seu ser; não podia pecar, não podi a cair na mais leve fa lta, porque estava garantida por Deus contra isso. Não tendo defeito. , também E la crescia constante mente em virtude. Ao lado do Menino Jesus e de Nossa Senhora estava São José. É difícil elogiar qu alqu e r ho me m, qu alqu e r gra ndeza terrena, depois de considerar a grandeza de São José. O homem casto, virginal por exce lê ncia, descende nte de Da vi . São Pedro Juli ão Eymard diz que São José era o chefe da Casa de Davi , o pretendente legítimo ao trono de Israel, o mesmo trono que fora ocupado e derrubado por falsos reis, enquanto Israel era dividido e, por º fim , dominado pelos romanos. ] São José era um varão perfe ito, mo- .g delado pelo Espírito Santo para ter proporção com Nossa Senhora. Pode-se ima- ~ ginar a que píncaro, a que altura São José ~ deve ter chegado para estar em propor- 0 ção com Nossa Senhora ! É sumamente pro vável que també m ele te nha sido confirmado e m gra ·a. E n1 1 o pod • Sl' di l'.l'I' qu ', na humilde casa de Nazaré, a todo momento que s passnva, 11q11 ·lns tn·s pl'ssoas cresciam em graça e santid ade diante de Deus dos ho111 •11s" . •

,Jnneirn de 201 O Nº 709

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Ex<:1mTos

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PAGINA MAm!\NA

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I~r•:rrunA EsP1mTuA1,

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CORRESl'ONDÍ~NCIA

Padroeira dos injustamente condenados Por que estudar a Religião?- VIII

J O A P!\1,AVR!\ no SAc1,:1moT1•:

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RRAl,IDAOI-: CONCIS/\l\illWl'I•:

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G!\s'l'RONol\111\

18

EN·1·m-:v1sTA

Arte culinária

"Mudanças climáticas" e a mÍdia alarmista

22 D1,:s·1'A()UE Catecismo Contra o Aborto 24

l~SPl,l•:NDOlmS DA c,~IS'l';\NDAl>E

26

CAP\

Retrospecto de 2009

3fi

VnHs

m:

SANTOS

39 Pon Qrn,: NossA

São Raimundo de Penhaforte S1<:Nnon \ CnonA?

Graciosidade

40

D1sc1,:nN1N1>0

42

SANTOS E (l ..:sT\S no M1~:s

44 AçAo

As respigadeiras

CoN'l'ltA-Rt<:H)l,lJCIONAm,\

52 Al\mm~Tl•:s, CosnJl\mS, C1v11.1z wfrns O famoso cardeal de Richelieu Sagrada Famllla (Catedral de Quito, quml r) Nossa Capa :

Excertos da conferência de Plini o Corrêa de Oli ve ira cm 2- 11-92.

CATOLICISMO

Frase de Plínio Corrêa de Oliveira em conferência pronunciada em 3-6-94.

JANEIRO 2010 -


Caro leitor,

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornsllsts Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-01 O São Paulo - SP Serviço de Atendimento so Assinante: Tel (Oxx11) 3333-6716 Fax (Oxx11) 3331 -6851 CorrespondiJncls: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo· SP Impressão: Prol Editora Gráfica Lida. E-ms/1: catolicismo@terra.com.br Home Psge: www.catolicismo.com .br

Não somente as criaturas, individualmente considerada , devem conhecer, amar e servir a Deus, mas o mesmo incumbe às soc iedades e às nações . E assim como convém, ao cabo de um ano, meditar sobre nossa atitude neste particular, é necessário também analisar como se portaram, no decurso de 2009, as sociedades e as nações. Tal é o escopo da resenha apresentada em nossa matéria de capa, que já se tornou uma tradição nas edições de janeiro. Contrariamente ao que muitos são levados a crer - influenciados pelo mito da soberania popular, em função do qual o noticiário de muitos órgãos de imprensa é veiculado - Deus não se move em função das maiorias nem dos sucessos materiais. Ele distribui suas graças por pura bondade, mas também em virtude do grau de respeito e acatamento dos homens aos divinos preceitos. Esta regra é de ouro: os indivíduos e as nações só crescerão verdadeiramente em abed ria e santidade na medida em que progredirem no amor de Deus, e decairão sempre que dele se afastarem. Como Deus não está indiferentemente pre ente em t das as r li i s, a perfeita observância dos homens a seus sábio e imutáveis nsin am nt os s p de ser alcançada pela adesão amorosa à Santa Igreja at li a Ap stóli ·a Rornanu, mãe e mestra da verdade. Tal é a condição para . u esso na or ani za · i o d ' toda rdem terrena e a posterior aquisição da bem-aventurança celeste. Estabelecidas es as balizas, fica mais fáci I ao I itor aq uil ata r s a humuni dade de fato progrediu durante o ano que pa s u ou se, pelo contrári o, r ·gr ·diu . Para tal , os Evangelhos ferecem e mo símil e a parábola do filho pr di ,o. Chegamos a um par xismo ele absurdo e ele pecado, univ rsulm nt · promovi do, exacerbado e impo to por alguns indivíduos e organizaç es, ·01110 ta mbém por insti tuições e políticas oficiais ou semi-oficiai . Situaçã stH 1u • nos leva por vezes a confundir as infelizes vítimas com os responsáv •is por •ssu imensa máquina de perdição e suas péssimas realizações. A más in ·linu ·1 s dns vítimas são por eles exacerbadas, conduzindo-as para fins pecaminosos ou m •smc criminosos. Os fautores de tal máquina agem como alguém que tudo •rn pr · •nd 'SS para evitar que o filho pródigo - imagem adequada d hom '111 ·0111 ·inpor9ne - , exausto com tantas decepções, pudesse um dia r tornar no u ·on ·h • o da casa paterna. Tal propensão de retorno, entretanto, par do ano findo. A todos nossos leitores, desejo graças muito •sp · ·iais pura suas ati vidades neste novo ano.

Nossa Senhora das Três Mãos P adroeira dos injustamente acusados e condenados. Devoção mais conhecida na Estônia, teve sua origem com a restituição miraculosa da mão de São João Damasceno. n VAL01s GR1NSTE1Ns

ISSN 0102-8502 Preços ds ssslnsturs snusl

para o miJs de Janeiro de 2010: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

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Em J ·sus e Maria,

9 ~7 DIR ETOR

pau lobrito@cato licismo.com.br

CATOLICISMO Publicação mensal ds Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.

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stava eu caminhando por uma rua contígua às antigas muralhas medievais de Tallinn, norte da Estônia, quando me chamou a atenção uma tabuleta ali afixada. Continha ela uma cruz, uma pequena abertura para o correio e uma inscrição em quatro línguas, que dizia: "Igreja da Bem-a venturada Virgem das Três Mãos. Ela é a protetora do inocente que foi condenado injustamente, e contra o qual um pecado foi co-

metido. Você pode relatar seu problema e colocar a carta nesta abertura. Um sacerdote vai rezar para que seu problema seja solucionado". Minha surpresa foi dupla: Em primeiro lugar, mencionava uma igreja que eu nem conseguia ver; a outra, uma devoção surpreendente, de conhecida por mim. Quanto à igreja, fiquei sabendo depois que o local onde se encontrava a tabuleta era a parede lateral duma igreja católica dos ucranianos de rito bizantino. Essa igreja foi supressa por Stalin, e os

fiéis perseguidos injustamente, com milhares de martírios. Os que não morreram aprenderam a so breviv er nas catacumbas, e só puderam sair à luz do dia após a derrubada da União Soviética. Possuíam lá aquela igreja, que externamente nin gué m percebi a. O templo religioso é decorado com numerosas pinturas, uma das quai s dedicada justamente à Virgem das Três Mãos, padroeira dos acusados e condenados injustamente. E por que era Ela a padroeira dos injustiçados? JANEIRO 2 0 1 0 -


A recupcrnção <la mão <lcccpa<la Para entender a hi stória, é necessário ir bem longe dessa igrejinha da capital da Estônia. Ela começa em Damasco, capital da Sfria, no século VIII. Lá vivia São João Damasceno (o nome lhe fo i atribuído exatamente por ser de Damasco). Nesse tempo, todo o leste da Europa e o Oriente M édio estavam sob a influência do Império Bizantino, ainda católico. O imperador Leão III professava idéias e1w das sobre o culto das imagens - nisso ele se assemelhava a ce1tos protestantes modernos - e insistia em destruir todas elas. Imaginava obedecer assim o mandato bíblico de não fazer imagens. Mas o que a Bíblia proíbe é fazer imagens para as adorar. O próprio Deus ordena em vári as partes da Sagrada Escritura, pelo contrário, que se façam imagens. Normalmente, nessas regiões elas não eram estátuas, mas ícones, ou seja, pinturas. E o imperador edito u um decreto o rdenando a de truição de todos os ícone . Ora, São João Da masce no, que era conselhe iro cató li co do ca li fa muçulmano de Damasco, escreveu uma série de três tratados apo logéti cos contra os adversári os das sagradas image ns. Ne les redu zia a pó o fa lsos argumentos apresentados pe lo im perador, q ue orde nava a destrui ção das im age ns. O sobe rano fi cou furi osíss imo ao saber que a lguém se opusera à sua auto ridade. Da masco fi cava fo ra cio impéri o, não podendo e le, po rta nto, mand a r p re nd e r São J oão Damasce no. Dec idiu e ntão vingar-se. Como o erro é irmão da mentira, o imperador recorreu a uma fa lsifi cação: pago u a um falsificador para imitar a letra do santo numa carta a e le dirig ida. Essa fa lsa mi ss iva me ncionava os pontos fracos d a defesa das mu ralhas ele Damasco, acrescentando estar oferecendo e sa info rm ação ao imperador para ajudá- lo a capturar a c idade. Depo is di sso, o soberano bi zantino conseguiu um modo de faze r a carta chegar às mãos do califa ele Damasco. Indi gnado ao to mar conh ec imento cio CATOLICISMO

ao seu antigo posto de conselhe iro. M as São João tinha outros planos muito mais altos, e decidiu tornar-se monge no mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém. Antes de partir, vendeu todos os seus bens, e com eles comprou prata, com a qual mandou esculpir a mão em posição ele súplica e agradecimento. olocou-a na parte inferior de um ícone ela Santa ViJgem, que e le venerava, o qu al passo u desde então a er conhecido como

Por que estudar a Religião? - VIII N o capítu1o VU da obra ora transcrita nesta seção, o autor* mostra quanto se é infeliz sem Religião, sendo esta Lambé1n vital para a sociedade; ainda neste capítulo expõe o que é propriamente Religião

Virgem das Três Mãos.

conteúdo ela mi ss iva, o califa recusou-se a cr er na in ocê nc ia d e S ão Jo ão Damasceno. Não só demitiu -o cio conselho, mas ainda ordenou que fosse decepada a mão q ue tinha e cri to a carta, e que essa mão fosse ostentada num local be m vi síve l da c idade, para que todos tomassem conhecimento do que ocorri a com os tra idores, mes mo que fosse m íntim os cio califa. Al gun s di as depo is, o rdeno u que devolvessem a mão para São João, a fim de que e le se lemb rasse sempre ela tra ição que co metera. São João Da masce no pediu insist nte me nte à antíss im a Vir 111 q ue Ih devo lves.'e o uso d sua mã , pois sab ia ser s ua vo açã screver vigorosa mente m defc, a ela Igreja cat li ca. Adormeceu, e ao aco rda r ouviu um a voz fe mini na que lhe di zia: "Estás curado, podes volta r a utiliza r tua mão!". Percebe u então que Nossa Senhora o tinha sa nado, e no vamente podi a usar as duas mãos.

Ol'igem das "tr ês mãos" Como bem se pode supor, a notíc ia correu pela cidade. Q uando to mou dela conhecimento, o califa ordenou que levassem São João à sua presença. Ao verificar que de fato voltara-lhe a mão, entendeu que fora enganado, e ofereceu ao santo retornar

C o nh ece nd o a hi stó ria d a image m, bem co mo das perseguiçõe s sofrid as p e los ca tó lico s uc rani anos, é fác il e ntender o motivo de sua igreja ter como padroeira a Virgem Santíssima com essa inv ocação. Ela simboli za perfeitamente não só a injustiça e a vio lência sofrid as, ma também o triunfo inesperado e glorioso. É especia lmente tocante o fa to de aqueles cató licos, tão inju stamente perseguidos, desej are m rezar por todos os que se encontram na mes ma situação. Pois hoje em dia, qu ando estadeiam impunemente tanto. ví ios na s iedade, não é de admirar que se a umulern as inju stiças. Não estou me r r rindo aos xagero apregoados como inj usliças por I magogo da esquerda, mas sim aos abusos e vio lências so rri dos por p 'ssoas in ccntcs dos rim ·s a ' lns ulribuídos. Pior ainda, muilas v z. ·s os ·rim 'S de qu são a usadas consti lu '111 na v ·rdacle ato. heróico . Por 'X rn plo, p 'Ssoas acusada de obstrução duj usliça, quando ua intenção é evitar um aborto, ou seja, um assassinato. Ou então, pais d família que deseja m ev itar a pervers'io le seu fil hos, e são caluniados e 'I usados como tira nos. Mu itas vezes não estará a nosso a lcance ev itar tais perseguições inju stas e até violentas. Mas sempre é poss ível agir corno nossos irmãos ucrani anos e rezar à Virgem das Três Mãos, para que proteja que m fo i injustamente ac usado e faça um d ia respl andecer - até po r me io de um mil ag re, se fo r necessári o - a inocênc ia caluni ada e vilipencli ada. • E-mail do autor : valdisgrinsteins@catolicismo.com.br

eli gião é o conjunto dos deveres do homem para com Deus. O home m deve a seu Criador a homenage m ele suas diversas faculdades. Deve empregar sua inteligência em conhecêLo, sua vontade em observar suas le is, seu coração e seu corpo em honrá-Lo com um culto conveniente. Tal é a razão íntima destes três elementos essenciais de toda Reli gião. A Re ligião não é uma ciê nc ia puramente teóri ca. Não bas ta reconhecer a grandeza de Deus e os laços que nos unem a Ele. Deve haver, ela parte cio homem, um a homenage m rea l de adoração, ele respeito e de amor para com Deus: esse é o culto. Sem o cul to público, Deus não recebe a devida honra, e os homens não compreendem a importânc ia ela Re ligião. Poderá o homem negar-Lhe as homenagens públicas e solenes que rende a seus representantes na Terra? Não, o culto público é necessário. As cerimônias dão aos homens uma elevada idé ia da majestade divina; estimulam e despertam a pied ade debilitada ou adormecida, e simboliza m nossos deveres para com Deus e para com nossos seme lhantes . Para isso são necessários sacerdotes, isto é, presbíteros eleitos por Deus entre os homens para velar pelo exercício do culto. O sacerdote instrui , dirige, admoesta e pres ide os aco ntec ime ntos mais impo rta ntes da v icia. É e le qu e m, e m nome de todos, oferece o sacrifíc io, ato mai s importante do cul to. Se há uma fa lsa relig ião que prescinda dos sacerdotes, é segura mente a protestante, posto que o sacerdote é desnecessário quando não há altar, e quando a

cada cri stão é fac ultado interpretar a Bíblia à sua maneira. Os protestantes têm seus mini stros que, mesmo desprovidos de todo mandato e auto ridade, comentam o Evangelho. Podeis passa r se m Re i ig ião, co mo pode is passar sem Céu. M as se não vais ao Céu, tendes que ir ao inferno, não há meio termo. Ao Céu vão os fié is servidores de Deus, e ao infe rno os que se negam a serv i- Lo. O serviço ele Deus consiste na prática da Re li gião . Podeis protes ta r qu a nto vos a p raza, m as não lograreis mudar os ete rnos decretos de Deus, vosso C ri ador e Se nhor. Ass im como o ho mem eleve a Deus uma porção de espaço, que L he consagra edifica ndo te mpl os, também Lhe de ve urna porção do seu te mpo, que L he dá consagrando ao culto alguns di as de festa. Se não houvesse do mingo, o home m olvidari a que há um Céu eterno que devemos alcançar, uma alma que elevemos salvar, um in ferno que eleve mos evitar...

O domin go traz coordenadas outras vantagens: I) É necessário para o corpo humano, porque sem um dia de repouso por semana este se abateria logo. 2) É necessário para a fa mília, cujos membros não podem reunir-se mais que esse d ia para gozar as vantagens e as doçuras da vicia. 3) É necessário à felicidade social , porque a Igreja é a única escola da fraternidade, da concórdia e da união de cl asses. Conclusão: A Reli gião é boa e necessária para todos. Ela nos ensina a conhecer, amar e servir a Deus, que é o Deus de todos. E la asseg ura a sa lvação de nossa alma, que é o obj etivo de todos. E la nos condu z ao Céu, que é a pátri a ele todos. E posto que no universo cri ado para o gênero humano o homem ocupa sempre o prime iro lugar, deve e le ser também o prime iro na práti ca da Re li gião. • * Tradu çã o de trechos do livro La Religión Demostrada, do Padre P.A. Hillaire, Editorial Difusión, Buenos Aires, 8" edição, 1956, pp. 90 e ss.

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Jornalismo católico [81 Agradeço-lhes pelo trabalho feito para nós durante este ano, e desejo-lhes boas festas e um 2010 muito abençoado nas atividades pelo jornalismo católico de verdade. Confessolhes que go tei dos 12 números da revista deste 2009, mas a de que mais gostei (também minha esposa) foi esta recente de Natal. Parabéns! (W.D.D. -

PR)

Ajuda angélica [81 Neste Natal, queria expressar meu muito obrigado aos amigos, mas não sei como. Desse jeito - ou melhor, sem jeito - peço aos anjos que façam isso por mim, e que lhes ajudem nessa luta tão bonita. (C.E.V. -

Uma preciosa opinião

ES)

(R.N.I. -

[81 Considero um presente de Natal

Ânimo na Juta

o exemplar da revista deste mês [dezembro], que já li de fio a pavio. Com o objetivo de pesquisa para se saber qual o tema que mais interessa ao leitor, questionaram-me a respeito. Não sei qual tema eleger, pois, sob certo aspecto, fico mais antenado nas questões religio as (como os artigos sobre o Natal , as questõe respondidas pelo Monsenhor José Luiz Villac, s artigo sobre Nossa Senhora e . santos e a polêmica sobre o crucifix s na Itália). Mas, por outro lado, dou muita importância às questões políticas (neste mês, posso citar o artigo sobre o Muro de Berlim). Também quero ficar bem informado nos assuntos que atingem a família (cito a entrevista com Dom José Cardoso Sobrinho); igualmente nos assuntos que atingem nossos filhos, muito influenciados pela TV libertina. Quero também acompanhar coisas relacionadas com a arte e a cultura em geral. Aí vai então minha singela opinião, com meus votos de Feliz Natal e próspero Ano Novo, pedindo a Jesus e sua Santa Mãe que abençoem os colaboradores da revista Catolicismo, para que possam nos presentear todos os meses por muitos e muitos anos.

[81 A leitura da revista que tem a capa

(A.G.N. -

CATOLICISMO

os editores desta revista que mais nos ajudam. E ajudam mesmo! Para não falar das anteriores, esta de dezembro está uma maravilha! Que beleza! E quanta beleza nos mostram de nossa Igreja Católica! Coisas que eu desconhecia, nem imaginava que aprenderia na minha idade, e já aposentado. Vocês têm o dom de Deus de mostrar os ensinamentos sem meias verdades, e mostrá-los com beleza. É como um bom presente que vem numa bela embalagem. Sim, quero renovar minha assinatura em janeiro. Um ano depois , penso: esta revista não sai mais de minha casa. E as outras ... são dispensáveis. Não deixarei ele assinar também as outras, mas, nestes casos sim, será mais para ajudar.

SP)

com q presépio foi de um grande reconforto. Animou-me a continuar de pé em minha caminhada, apesar dos obstáculos que tenho encontrado. Peço suas orações. (J.R.B. -

MG)

"Cristofobla"

181 Ainda bem qu cau , u muita in di gnaçã a I r ibi çã cl crucif"ixos na ltália. Estava tem ros de que, com a política de se aceitar tudo, os católicos acabas em por aceitar inclusive esta tão esdrúxula proibição. Vá ver nos países islâmicos se eles são tolerantes com os católicos e com nossas imagens de Cristo crucificado. Vá ver se eles tolerariam que se proibisse o uso da meia-lua. Mas, graças a Deus, houvé muita indignação do povo católico. Se não houvesse, os anticatólicos proibiriam também outros símbolos cristãos, depois de proibi rem a cruz. (B.D.H. -

CE)

Beleza da doutrina católica [81 Quando fiz a assinatura da revis-

ta Catolicismo, pensei: vai ser mais uma revista católica na minha casa, mas vou assinar para ajudar. Mas são

RJ)

A Palavra do Sacerdote [81 Monsenhor José Luiz. Louvado seja Nosso Senhor Jesu Cristo! Escrevo para externar o quanto sou grata a Deus por sua pa lavra . Sua coluna é sempre minha primeira leitura ao receb r a r vi , ta. Um santo e abençoado Natal para o senhor e toda a quipe de Catolicismo! (V.P. - ES)

Palanque eleitoral [81 A violência se alastrou em todo o mundo, mas aqui no Brasil já passou do limites. Nossos governantes ainda não tomaram a atitude mais drástica que deveriam tomar. O Lula ainda não saiu do palanque, e a maioria dos seus ministros rezam pela cartilha do PT e só pensam em política eleitoreira. (G.Z. -

SC)

Nem em Cuba ... [81 O senhor coronel Chávez, depois de controlar quase tudo, agora controla até o banho dos venezuelanos (não pode passar de 3 minutos: um para se molhar, um para se ensaboar e um para enxaguar). O ensebado presidente da antigamente rica Venezuela, hoje na miséria, tem toda ra-

zão. Afinal, os venezuelanos não têm mais motivos para cantar no banheiro e em nenhum outro lugar. (I.C.S. -

RJ)

Proibição de crucJnxos [81 Baseado no artigo da revista Catolicismo [na edição de dezembro, com o título Tribunal europeu proíbe crucifixos, e Itália se insurge], o deputado Lael Varella destacou a preocupante questão da proibição de crucifixos, pronunciando um discurso na Câmara dos Deputados no dia 9 de dezembro. Depois das palavras contidas nos trechos que transcrevo abaixo,* o deputado expôs a argumentação tecida no mencionado artigo. Ele termina fazendo a advertência: "Não ousem repetir entre nós [brasileiros] atitudes parecidas, pois nossa cordura e nosso bom senso cederão lugar ao ditado de darmos um boi para não entrar na briga e uma boiada para não sairmos dela". (B.M. -

DF)

* "Um laicismo radical vai percorrendo o mundo, ao querer abolir os crucifixos e símbolos religiosos das escolas, tribunais e repartições públicas. Esse espírito perseguidor e anticristão chegou à Itália e vem suscitando fortes e justas reações populares. Se isso ocorre agora no berço da Cristandade, não tardará a surgir por sua vez no Brasil. "Segundo artigo de Marcelo Dufaur, da revista Catolicismo, a Itália reagiu.firmemente contra sentença do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, de Estrasburgo, segundo a qual a presença de crucifixos nas salas de aula constitui violação da liberdade dos pais de educar seus filhos segundo suas convicções, e violação da liberdade religiosa dos alunos. "Como revide à absurda sentença, de norte a sul da Itália, prefeituras e particulares começaram a instalar mais crucifixos em escolas e locais públicos. Em Varesotto, em resposta à proibição de Estrasburgo, um empreiteiro instalou em sua granja um cru-

zeiro de seis metros de altura. A indignação espraiou-se também por inúmeros ambientes católicos do exterior. "A decisão anticristã coincide inteiramente com o espírito e as finalidades do processo de unificação da Europa. Com efeito, o referido Tribunal julga com base na Convenção Européia dos Direitos Humanos, inspirada na filosofia da famigerada Declaração dos Direitos Humanos da Revolução Francesa, que guilhotinou milhares de pessoas. "Os povos europeus vêm acompanhando o processo unificador com displicência, no mais das vezes ponderando apenas suas vantagens materiais, Não se convenceram, porém, da filosofia e objetivos últimos que o inspiram. Aliás, nem tomaram conhecimento pormenorizado da existência dessa filosofia, e jamais lhes foram explicados com clareza tais objetivos".

Nota da redação: A respeito do artigo Antecipando o Inferno, publicado em nossa edição de dezembro, recebemos do Sr. Gerhard Erich Boehme uma longa missiva, na qual discorre sobre os males do mundo moderno que afetam a juventude e apresenta várias sugestões de ordem religiosa, sociológica, etc. Agradecemos o interesse, e na impossibilidade de reproduzi-la na íntegra, salientamos o seguinte trecho: "O artigo publicado na revista Catolicismo nos traz uma realidade preocupante, a qual venho denunciando há muito tempo, que decorre da perda de valores, principalmente os judaico-cristãos, descaso com as causas da criminalidade, falta de compromisso com a educação fundamental e falta de políticas públicas. [. .. ] Uma das causas também é a falta de compromisso com a educação e a evangelização, ocasionada por padres e pastores optando por fazer política e proselitismo político ".

Manufatura dos Gobelins [81 Li recentemente no site de vocês [www .catolicismo.com .br] e achei

muito interessante a matéria sobre o fim de Gobelins, e fico muito triste por saber que uma secular fábrica de arte têxtil esteja passando por essa situação de despejo e extinção. Sabemos que é uma técnica pouco conhecida, a tapeçaria, mas faz parte da história da humanidade, é patrimônio mundial e não somente francês ... Fica aqui a opinião de quem luta no Brasil pelo estudo e preservação da tapeçaria desde o início de 2008, com a fundação da Associação Brasileira de Arte Têxtil (ABATêxtil). (N.R. -

SP)

Valores da cristandade

181 A revista online está cada dia melhor! Com certeza tem contribuído muito para o resgate dos luminosos valores da cristandade! Muito Obrigado pelo ótimo conteúdo que disponibilizam! Que Nossa Senhora os abençoe e interceda sempre por este apostolado. Abraços! (L.H.M.S. -

MG)

Carta do Dil'etor [81 Admiro muito a Carta do Diretor, pois revela uma cultura e uma fé depositada em Jesus Cristo e em Nossa Senhora, Ao longo dos anos, tenho aproveitado muito com a leitura da revista Catolicismo. (M.R.C.S. -

PI)

Carta ao Diretor - 2 [81 Com gratidão dirijo-me ao Sr. para cumprimentá-lo e pedir a intercessão de Nossa Senhora em sua vida e na gestão da bela revista que o Sr. dirige, a qual coleciono com muito apreço desde vários anos. (J.F.B.P. -

Lima, Peru)

Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

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Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - Alguns santos deixaram como herança métodos eficazes para a oração. Qual é o método mais efetivo para se adotar como paradigma de uma vida santa?

Resposta - As aimas criadas por De us são pass ív e is de uma variedade imensa. Um a a lm a di fere da outra co mo uma estrela di fe re da outra em luminosidade: "Stella a stella d!fl'ert in claritate ", co mo diz o Apóstolo São Paulo (1 Cor. 15,41). O melhor método para alca nçar a santidade é o que mais se adapta a cada alma em concreto, com suas apetências e idioss incras ias, suas qualidades e suas lac un as. Ad emais, é preciso levar e m conta as dific uldades indi viduais a enfre ntar, bem como as di fe renças das épocas e m que cada pessoa teve ou te m que viver. Não obstante essa diversidade, assim como os membros de uma mesma fa mília se parecem, há um "parentesco" de almas que explica a ex istência de "escola espiri tuais", suscitadas pela Providência de aco rdo co m as apetências dos diversos tipo de menta lidades, bem como ada ptadas à va ri edade ci os tempos e lugares. Pe nse mos na é poca das catac umbas, e m que os primeiros cri stãos tinha m que provar a sua fi delidade a Cri sto pela ex pos ição ao martíri o, ao mesmo tempo que dev iam cumprir o preceito do Senhor de "pregar o Evangelho a toda criatura " (Me 16, 15), e ass im impl antar o cristi ani smo na sociedade pagã do tempo. Resultado este que conseCATOLICISMO

guiram afin al em 313, com o fa moso edito de Constantino que deu liberdade à Igreja e praticamente baniu o pagani smo, reduzido a um resto. Li vre das perseguições, a l greja pôde dedicar-se mai s amplamente à explicitação ela doutrina de Jes us C ri sto, o que, como contrapartida, deu azo a que o de mônio suscitasse perniciosas heresias, combatidas energicamente pelos grandes Doutores e Padres da Igreja e conde nadas por numerosos concíli os. Claro está que não podemos narrar aqui , nem mesmo muito sumariamente, as diversas etapas da História da Igrej a. Menciona mos esses pri me iros la nces a pe nas pa ra

mo trar como a espiritualidade dos cri stãos está condicionada, entre outros fato res, pelo co ntexto hi stórico, ta nto da sociedade espiritual, que é a Ig rej a, co mo el a soc ied ade temporal, constituída pela di versas nações em que os homens se agrupam. Ass im, ao leitor que nos pede a indicação de métodos eficazes de oração e um paradigma para levar uma vida santa, respondemos desde já que qualquer das escolas espir ituais que surgiram ao longo dos te mpos , sendo aco lhid as na Igreja como OJtodoxas (isto é, conformes à doutrina do Evange lh o) e consideradas aptas para conduzir a al mas à santidade, servem também para os

fiéis dos nossos dias e podem ser adaptadas para se enfre ntar as condições particularmente adver as da sociedade descristianizada em que vivemos.

Neopaga11ismo: nova ei·a de pel'seguições São as voltas da Históri a! Depois de atingir um máx imo de esplendor e de influência na Idade Médi a - não o máx imo poss ível, mas mes mo assim um auge grandi oso-, a Santa Igreja foi perde ndo influência ao longo dos tempos, atacada de fo ra por in imi gos cada vez mais audazes e corroída por dentro por heresias sutis. Não fa ltaram santos que opu eram uma tenaz e gloriosa re i tê ncia ao avanço do inimi go. Porém, a análi se histórica parece mostrar q ue ainda não estava no desí ni os ela Pr vidência conced r à I reja raças de triunfo pi no, ma, apena. "graça de o ·aso" - quão va liosas q u reta rdavam o processo rev lucionário sem derrotá-lo omp letamente. Dir-se- ia que a P rovidênc ia permi tia aos ho mens - por não querere m seriamente co nverte r-se re va lar até ver diante de s i o vulto completo dos horrores e m que a humanidade pode ca ir quando se levanta contra Deus. Não obstante, tem-se a im pressão de que essa abominação está c hegand o a se u vórtice em nossos di as. Vórtice esse, por sua vez, prefi -

A espiritualidade dos cristãos está condicionada, entre outros fatores, pelo contexto histórico, tanto da sociedade espiritual, que é a Igreja, como da sociedade temporal

gurati vo da abomin ação das abominações que se dará no fim do mundo, confor me está descrito no livro do Apocalipse. Que estejamos chegando ao auge de abominação, se vê no fa to de que os princípi os do Evangelho são espezinhados por toda pait e: os paitidários do aborto e da eutanásia tornamse cada vez mais insistentes e audaciosos, em que pese a rejeição da maiori a da opinião pública e a corajosa atuação dos movimentos contrários à prática abo1tiva; a noção tradicional da família vai sendo corroída nas mental idades, nos costumes e na legislação; já há projetos de lei contra o qu e se convencionou qualificai· pejorativamente de homofobia, etc. Cria-se assim uma situação em que vai sendo proibido ser católico ou, pelo menos, manifes tá-lo de públ ico. É uma nova era de perseguições aos c1i stãos que se de enha no horizonte em grande patte do Ocidente, além de já ser uma realidade em vários países do Oriente, onde a caça aos cristãos lembra a era das cata-cumbas ... Para essa etapa crucial em qu e esta mo s ade ntra ndo, cabe-nos indicai· uma esp iritualidade apro pri ada, e é assim que interpretamos o pedido do mi ssivista.

Sacrnlização

de

uma sociedade dessacrnliza da Como é de conhecimento geral, e o Sumo Pontífice atual não tem deixado de assin alar e m pronunciamentos importantes, vive mos hoje numa sociedade secularizada. Este é um termo técnico para signifi car que tudo quanto se refe re a Deus e a uma vida futura, na eternidade, vai sendo

O ideal católico de uma sociedade sacralizada, em que tudo, absolutamente tudo é referido a Deus, que criou o universo à sua imagem e semelhanliª·

siste maticamente banido da sociedade em que vivemos - a única co isa que importa é a vi da do presente século, e não a cios séculos futuros, a vida além da morte. Sociedade secularizada é, portanto, uma ex pressão téc ni ca , asséptica, para des ignar um fato monstruoso, qual seja a rejeição de qualquer impregnação da idéia de De us na vida social, fa mili ar e par ticul ar. Ela se opõe fro nta lmente à idéia católica de uma sociedade sacralizada, e m que tudo, ab olutamente tudo é referido a Deu , que criou o universo à sua imagem e semelhança. Da í também que um embate entre e sas duas concepções é abso lu tamente inevitável.

N ão te m, porta nto , nenhum sentido indicar para um cató li co de nossos dias um manual de espiritualidade que ignore esta realidade profu nda. Feli zmente, estamos em condições de recomendar ao leitor uma obra, lançada há cerca de um ano, que atende precisamente a esta necess idade. Trata-se do li vro A inocência prim.eva e a contemplação sacra/ do universo, no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira (Edição do Instituto Pli nio Corrêa de Oliveira, Artpress , São Paulo, 2008, 320 pp.). Como o li vro defi ne, a inocênc ia pri meva - apesar do pecado original - é o estado de harmoni a com que a alma saiu das mãos de Deus.

Infelizmente, na imensa maiori a dos casos, esse estado de harmoni a se perde ao longo da vida pelos pecados cometidos, mas é possível recuperar a graça divina pelo sacramento da Penitê ncia e Confissão, como também reabrir a alma para Deus mediante a contemplação sacra) do unive rso. E m que isto consiste? Ao criar o universo, Deus não pode ria deixa r de imprimir nele alguma imagem e semelhança de Si mesmo (cfr. Sap. 2,23). Assim, até num grão de areia pode mos ver algum vestígio, ainda que mínimo, do Criador. Máx ime no home m, do qual diz ex pressamente a Sagrada Escritura que fo i fe ito à seme lh ança de De us (Gen. 1,26). Segundo o livro que estamos recomendando, a vida do home m nesta Terra consiste precisamente em buscar esses vestíg ios, im agens e semelhanças de Deus presentes em todos os seres por Ele criados, e dilatar sua alma nessa contempl ação. Nisso co nsiste a contemplação sacra/ do universo, que tem dois efei tos imedi atos: constitui um "método de oração eficaz" e um " paradigma de uma vida santa", como o leitor queri a; e prepara um grupo de almas fe rvo rosas, c uj a mente alcandorada e m Deus fura a espessa camada de asfalto que o secul arismo estendeu sobre o uni verso inteiro, impedindo os homens de ver o caráter sacra! de todas as obras de Deu . Peço a Nossa Se nhora, Rainha sacra l do Universo, que conceda essa insigne graça ao distinto missivista. • E-mail do autor:

monsenhorjoseluiz@catolicismocom.br JANEIRO 2010 -


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A REALIDADE CONCISAMENTE Fetos reconhecem e memorizam a voz dos pais

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Hermes atravessa as crises com tradi~ão e bom gosto

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casa Hermes [foto], fundada há 172 anos pela familia de artesãos que ainda hoje a dirige, é uma empresa de luxo que atravessa galhardamente as turbulências das crises econômicas. Embora lucrando menos, ela mantém as tradições de um artesanato de alta qualidade. Hermes forma seus artesãos: tinha 300 em 1989, agora são 2 mil, e a demanda é tão grande que os clientes podem ter que esperar dois anos. Os preços são elevados, porém "se as pessoas compram uma bolsa Hermes, sabem que durará 40 anos", explica o administrador Patrick Thomas. É uma conseqüência da qualidade arte anal, do bom gosto e da tradição impressa em modelos perenes, e indica claramente que as pessoas preferem produtos de qualidade. A ações da empresa são negociadas a preços astronômicos, mas "a família não está cogitando vender". A tradição não tem preço. •

ma criança com 30 semanas de gestação pode memorizar. É o que constataram cientistas do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Centro Médico da Universidade de Maastricht e do Centro Médico São Radboud, da Holanda. O trabalho analisou 100 grávidas com boa saúde, e o resultado final concluiu: "Crianças com 34 semanas são capazes de guardar a informação e recuperá-la poucas semanas depois". Em 2003, psicólogos e obstetras da Universidade de Queen (Canadá) constataram que a atividade cardíaca dos feto aumenta quando ouvem a voz da mãe, mas diminui quando ouvem uma voz desconhecida. O feto reconhece a voz do pai. Se ele fala perto do nascituro depois de nascer, este a reconhecerá. O fato evidenciaria no feto a capacidade "de prestar atenção, memorizar e apreender" afirmou Barbara Kisilevsky, coordenadora da pesquisa. Randall K. O'Bannon, diretor de educação e pesquisa do National Right to Life Educational Trust Fund, sustentou que "os não-nascidos são membros da.família humana com surpreendentes capacidades, como a de memorizar, já contidas nelas no momento da concepção". Torna-se assim cada vez mais evidente, inclusive do ponto de vista cientítico, que o aborto provocado é um assassinato. •

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CATOLICISMO

"Foi

Religião ambientalista substitui velho comunismo

inventada uma nova religião: o ambientalismo" - afirmou lan Plimer no "Independent Week1y", semanário do sul da Austrália. E acrescentou que essa pseudo-religião preenche o vazio aberto pela crise do socialismo: "É uma religião fundamentalista, que pratica o culto da natureza. Tem seus sumos sacerdotes como Al Gore, e seus livros santos como os relatórios do IPCC. Como muitos adeptos religiosos, poucos deles leram alguma vez de ponta a ponta e entenderam o que dizem esses livros sagrados. Ela [a religião do ambientalismo] seduz, anunciando calamidades apocalípticas se não mudarmos de caminho. Seu credo é repetido interminamente, e uma nova linguagem.foi inventada. São silenciados a lógica e os dados que a contradizem ou provocam dúvidas. E os heréticos são destruídos com métodos inquisitoriais". •

Acadêmicos pleiteiam retirar Oscar de AI Gore

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ois membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood pediram que seja retirado de AI Gore [foto] o prêmio Oscar concedido pelo documentário Uma verdade inconveniente, de 2007. Roger L. Simon e Lionel Chetwynd sentiram clima favorável para desafiar Hollywood, após a revelação de fraudes científicas na Universidade de East Anglia (Inglaterra) visando provar a tese do "aquecimento global de origem humana". Para os acadêmicos, o filme está fundamentado em erros sobre o clima. O documentário foi proibido nas escolas pela Corte Suprema da Inglaterra, porque contém pelo menos 11 erros graves que prejudicam os alunos. Segundo o Prof. José Carlos Azevedo, ex-reitor da Universidade Nacional de Brasília, os erros crassos chegariam a 35. •

Diretora de 11clínica da morte" renuncia após ver aborto

Reduto de islâmicos alemães e suecos no Paquistão ropas paquistanesas encontraram no país uma "aldeia de combatentes da guerra santa", de nacionalidade alemã. A aldeia está sob o controle de Al-Qaeda, e o ministério de Relações Exteriores da Alemanha estava negociando a libertação de "Adrian M", que aderiu ao Islã e se tornou chefe do recrutamento de combatentes alemães para a "guerra santa" islâmica. Nascido em Kessenich, subúrbio de Berlim, recebeu treinamento militar no exército alemão durante três anos. Segundo Khalid Khawaja, oficial paquistanês, também estão lutando na "guerra santa" suecos, fanáticos islâmicos "conversos": "Os sujeitos mais engajados vêm da Europa. Eles fazem tudo pelo Islã". Vendo europeus transformarem-se em ferozes inimigos do mundo ex-cristão, os maometanos consideram próximo o dia em que tomarão conta da Europa. •

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Harmonioso convívio entre príncipes e povo em Sigmaringen pequena cidade alemã de Sigmaringen aconchega-se ao majestoso castelo dos Hohenzollern [foto], que se ergue no alto do morro. Os cerca de 17 .mil habitantes tratam "seu" príncipe de "Alteza Sereníssima", num ambiente de respeito mútuo. "O príncipe é como um pai", diz o engenheiro Manfred Niederdraeing, que manifesta restrições aos nobres, mas acha que "têm uma enorme vantagem: eles pensam em gerações, e não em período de eleição". Ute KornAmann, jornalista local do "Schwabischen Zeitung", afirma: "Não se pode conceber Sigmaringen sem príncipe, ele simplesmente pertence a ela". Na hora em que os políticos de todo naipe decepcionam, muitos sentem saudade do papel social e político da nobreza. •

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bby Johnson [foto], diretora da clínica de aborto da Planned Parenthood no Texas (EUA), renunciou após certificar-se do assassinato de uma criança no seio materno, por meio de aborto, quando assistia um vídeo elaborado com ultrassom: "Quando vi, só pensei que não podia.fazer mais isso. Eu não queria carregar essa culpa no coração. Passei por uma conversão espiritual". A ex-diretora aderiu à associação pró-vida Coalition for Life. Shawn Carney, diretor do grupo, declarou: "Isto é de longe a coisa mais incrível que aconteceu à 'Coalitionfor Life' em toda sua história ... graças a Deus!". David Bereit, diretor nacional da campanha 40 Days for Life, afirmou que a conversão de Abby "demonstra a importância das orações e de uma presença ativa diante das clínicas de aborto". A Planned Parenthood está fechando clínicas, por falta de "clientes" e dinheiro, sobretudo onde há campanhas como 40 Days for Life. •

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Católicos crucificados no Sudão andos de guerrilheiros incursionam nas regiões cristãs do Sudão e crucificam católicos. Um deles foi cravado numa árvore e mutilado, outros seis foram pregados em madeiros, jogados no chão e mortos. Os cadáveres foram recuperados perto da aldeia de Nzara. Os guerrilheiros irromperam durante uma novena na igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ezo, sul do país, profanaram a hóstia consagrada e o altar, e invadiram o prédio anexo, escravizando 17 pessoas, na maioria jovens. O ataque ocorreu na última festa da Assunção de Nossa Senhora. "Os atacantes claramente queriam fazer mal ao povo, porque sabiam que ele estava rezando, disseram as testemunhas". Atacados por todos os lados, os católicos perseveram e se multiplicam, com o auxílio da graça divina. Rezemos por eles.

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Enterro de bispo resistente ao comunismo na China

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ma multidão de mais de 20 mil católicos compareceu às exéquias de Mons. Tiago Lin Xili [foto], bispo "clandestino" (resistente ao comunismo) de Wenzhou. O cortejo demorou duas horas e meia para chegar ao cemitério e foi precedido por uma foto do prelado , de dois metros de altura, recoberta de flores . Os comunistas tentaram em vão impedir que o corpo de Mons. Lin Xili fosse revestido com as insígnias episcopais, e proibiram toda foto que o apresentasse com mitra e cruz pastoral. O comunismo entende a importância de banir esses símbolos. O bispo passou seus últimos anos condenado a trabalhos forçados , e depois em prisão domiciliar. Seu martírio reforçou a coesão dos 120 mil fiéis da diocese. Mais de mil policiais exerceram vigilância ostensiva desses atos , mas não ousaram intervir.

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GASTRONOMIA

Alimentos aprimorados, uma receita para a caridade e

NELSON R1sE1Ro F RAGELLI

Francisco de Sales di zia que as refeições favo recem a condescendênc ia que nós cristãos devemos ter un s com os outros.

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ornou-se comum ouvir, até mesmo em família, a segui nte exclamação: "Cozinha?! É coisa do passado! Foi-se o tempo das manhãs trabalhosas junto ao fogão, preparando pratos rebuscados. A simplificação se impõe, os minutos são preciosos". Propagou-se a idéia de que o esmero das refeições, a seleção de receitas, a busca dos ingredientes, e ainda mais a preparação dos pratos, são desvelos inúteis. Essa opinião é prejudicial a todos, não toma em consideração que a boa cozi nha denota a dedicação e o afeto indispensáveis para manter a união da família. Pais e filhos se consideram estimados ao notar o cuidado no preparo dos pratos. As refeições criam um ambi ente capaz de influenci ar as relações pessoais, e São

CATOLICISMO

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A mesa é um fiel espelho no qual se reflete o carinho da esposa e mãe. Um de meus amigos, Pedro Luiz, casou-se tarde, já próximo dos 40 anos. Enq uanto so lteiro, residia com a mãe, e ela lhe preparava o lanche a ser servido no escritóri o onde trabalhava. A cada dia ele tinha sanduíches diferentes , bem amanteigados, consumidos com sucos de frutas frescas . Ela mesma fazia biscoitos ou bolos para a sobremesa do filho. Da garrafa térmica, os colegas senti am o odor de bom café. Copo, xícara e talheres acomodados numa caixinha de couro, tudo envo lto num grande guard anapo de linho branco, imacu lado, que lhe servia de toalha de mesa. Nenhum co lega tinha algo semelhante. Eles comiam seus sanduíches e mbrulhados

em papel comum e tomavam café em copos plásticos, mas viam com delícias Pedro Luiz tomar sua rápida refeição. Entretanto, a partir de certo dia Pedro Luiz passou a retirar de um saco plástico sanduíches comprados num supermercado. Como sobremesa, um tablete de chocolate. Seu café passou a ser o da máquina do escritório. E assi m se passaram três, cinco dias , com Pedro Luiz ca lado mastigando sua vulgar merenda. Lá pelo quinto dia, um dos colegas lhe perguntou: "Pedro, o que aconteceu? Você se casou?". Não, ainda não. A mãe passava dez dias no hospital, em cura de reumatismo. Eis como uma simples refeição porta uma mensagem. De atenção ou de desafeto. Os colegas de Pedro Luiz a perceberam, e exp licitaram uma triste realidade atual: freqüentemente certas esposas, mesmo diligentes, negligenciam os cuidados com a mesa.

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Enganam-se os que acbam que a Igreja, para evitar a gu la, tomou o partido do jejum e da abstinência como regra geral da sociedade. Justos e necessários nos tempos e condições próprios a ele destinados, desde os primeiros séculos a Igreja favoreceu, no entanto, a elaboração de receitas como fator de aprimoramento dos povos. O cristiani smo beneficiou todas as artes. Sob sua influência a arq uitetura atingiu, com o gótico, esplendores nunca vistos pelo mundo anti go. A pintura com o Beato Fra Angélico, e a música com o canto gregoriano, chegaram às mais altas expressões do sublime. Assim também se deu com a arte culinária, que teve seu grande desenvolvimento nos mosteiros e abadias.

Os beneditinos da abadia de Cluny (foto acima) , na Borgonha, tomaram a si o dever de criar receitas para o preparo de peixes, ovos e verduras (absti nham-se de carne) . A cada

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dia era servido no grande refeitório dos monges um menu diferente, o que os obrigou a refletir sobre sabores e possibilidades alimentares, saindo assim do primitivismo em que se encontrava a culinária pagã. De Cluny datam os primeiros livros de receita, destinados à educação dos povos ainda impregnados de barbárie. Ao penetrar os segredos gustativos da Criação, os monges sabiam que seus bons pratos, ao agradar o corpo, suscitariam virtudes da alma. Tinham em vista os deleites do maná, dado milagrosamente aos judeus no deserto, quando se dirigiam à Terra Prometida. Especulavam sobre a excelência do vinho oferecido por Nosso Senhor Jesus Cristo nas bodas de Caná: Deus não manifestava assim o desejo de que os homens também procurassem refinados sabores? Não despeitariam assim nas almas movimentos virtuosos, análogos às sensações gustativas do paladar. "Deus estabeleceu misteriosas e admiráveis relações entre certas formas, cores, sons, peifumes, sabores e certos estados de alma. As artes podem influenciar de modo intenso as mentalidades". Este pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira, em Revolução e Contra-Revolução, foi por ele repetido e desenvolvido em inúmeras conferências e na intimidade com seus amigos.

Na Idade Média - época por excelência católica - havia nas abadias o costume dos grandes banquetes. Soberanos e monges (estes, em grande parte, vinham da nobreza) repartiam assim dons de Deus elaborados pelo bom gosto. A sacralidade dos ritos das refeições levava à união espiritual, apaziguando os ânimos e diminuindo as querelas. Os monges elaboravam delícias por dever de caridade, e com elas uma etiqueta, e com a etiqueta a elevação dos costumes. A conversa e a cortesia se aperfeiçoavam. Formavam-se gradualmente nesse convívio os ritos da sociedade civil, que fizeram da Europa um modelo de civilização. Não é essa a mais alta finalidade da refeição? Os grandes abades de Cluny Santo Odon, Santo Odilon, São Mayeul - tiveram grandes cozinheiros. Santo Tomás de Aquino era apreciador de bons pratos e os consumi a com entusiasmo. S ão Gregório VII prezava receitas aprimoradas. São Pio V tinha um cozinheiro de renome, B artolomeo Scappi, que deixou receitas culinárias em conceituado livro. Quase todas as heresias, sob pretexto de opor-se à gula e promover a austeridade, combateram a qualidade de pratos "aos quais a Igreja dera uma alma". Lutero, embora notório glutão, foi dos mais demolidores nesse sentido.

Em sua excelente obra Gastronomiefrançaise, Jean-Robert Conta-se que um francês, afeiçoado à mesa, perguntou a um Pitte mostra como "a tendência sensual de Lutero não impeamigo se ele desejava comer algo. Este lhe respondeu: "Não, diu a Reforma Protestante - e ainda mais a calvinista - de não tenho fome". Ao que o francês replicou: "Mas você s6 come optar pela austeridade. Para compreendê-lo, é necessário quando tem fome?". A concepção de muitos franceses, segundo relacionar a atitude moral dos protestantes com a negação a qual o bom prato alimenta sobretudo o convívio das almas, tem feita do Sacramento da Confissão, que os obriga a viver em muito de verdadeira. Com o fast food as formas de respeito pela sobressalto, mantendo seus adeptos em constante indignidade do próximo tendem a desaparecer. quietação". É surpreendente, embora verossímil, Embora pareça paradoxal, aqueles que, sem Fast food pois a inquietação causada pela recusa do Sanecessidade, preferem este tipo de refeição pocramento da Confissão, e conseqüentemendem cometer o pecado atribuído aos glutões, te a falta da certeza quanto ao perdão, leva que ao comer pensam apenas em satisfao protestante a procurar uma falsa austezer apetências do corpo. Com o fast food, ridade, renunciando a um prazer não só comete-se o pecado dos glutões sem ter lícito mas necessário à elevação espiricomido. tual, tal como uma boa mesa. Certa vez, uma família de minhas No filme Afesta de Babette, premiarelações recebia um velho e caro amido em Cannes em 1987, encontra-se um go vindo de longe, e a quem há muito exemplo simbólico dos males causados não via. Esse amigo tinha especial prepelo protestantismo à culinária cristã - e ferência por pato com ameixas, e com este em conseqüência, ao convívio social. prato a família o aguardou. Momentos anA evolução dessa atitude pessimista dos tes da refeição, alguém teve um sobressalto: protestantes resultou em nossos dias na comida "Estamos na Quaresma, tempo de abstinência! ". enlatada ou em pó, na proliferação dos MacDonalds Inquieto, sem outra comida para oferecer dignamente ao e no fast food. O preparo dos pratos deixa de ter em vista as amigo, o chefe de família consultou um cônego da catedral. almas e o convívio humano, tornando-se alimentação em masConstatado o engano, e tendo em vista as circunstâncias, ressa. Abandona-se o forno e o fogão e adota-se a linha de monpondeu o velho sacerdote com toda segurança: "Sirvam o pato. tagem alimentícia, à moda das grandes fábricas. É um tipo A caridade passa, neste caso, adiante do sacrijlcio. A penide alimentação que representa o triunfo da matéria sobre o tência deve ser feita por cada um, mas não imposta a outros". espírito. A boa cozinha e a mesa dignamente servida são preceitos de caridade cristã. • * * * E-ma il do autor: nelsonfragelli @catolic ismo .com.br

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Terrorismo climático Emtorno das ditas "mudanças climáticas", cienListas e a mídia alarmista exageram e repetem incessantemente teses sobre os "perigos que an1eaçam o planeta"; entretanto, estes vêem sendo desmentidos crnn base cien tífica

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s hipóteses mais alarmistas em torno do aquecimento global vêm sendo levantadas aqui , lá e acolá, como recentemente na COP 15, em Copenhague (Dinamarca) , de modo a inquietar profundamente os espíritos. A respeito delas Catolicismo tem procurado prevenir seus leitores, oferecendo a apreciação de renomados cientistas que, fundamentados em estudos sérios, contestam essa visão patrocinada pela própria ONU. Não deixa de chamar a aten ção que tais cientistas , pelo simples fato de esclarecerem o verdadeiro alcance da ação humana nas mudanças climáticas, passaram a ter seus nomes e os resultados das suas pesquisas boicotados, especialmente na divulgação da mídia quando aborda o assunto . Entretanto cresce a cada dia, na Europa como nos Estados Unidos, o número dos que se contrapõem aos alarmistas do clima. Sobre este importante assunto, Catolicismo entrevistou o professor Luiz Carlos Baldicero Molion, formado em Física pela USP, com doutorado em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (EUA) e pós-doutorado na Inglaterra. Ex-diretor e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) , o Prof. Molion leciona atualmente na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió, onde também dirige o Instituto de Ciências Atmosféricas (ICAT). CATOLIC I SMO

Pl'ol: Molion: "Simulações com moe/elos ele clima 11ão passam de me1'0S exercícios acadêmicos, 11ão se pl'esta11do à ÍOl'mulação de políticas adequaelas para o desenvolvime11to"

Catolicismo - O Sr. concorda com as conclusões propagadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), de um aquecimento global causado pela ação humana? ProJ: Molion - O IPCC (órgão vinculado à ONU) não comprova que o aquecimento global seja produzido pelo homem . Nos estudos já realizados sobre a variabilidade do c lima, o aq uecimento global se encontra dentro dos limites da variab ilidade natural. É impossível, com o conhecimento atual sobre o clima, identificar e comprovar o possível aquecimento antropogênico. Na minha versão ma i. nova do aquecimento, ana li so três argumentos básicos: J) As séries de temperatura média g loba l não são representativas . Nos últimos anos, o núme ró de estações c limato métricas viu- e drasticamente reduzido - por vo lta de 14 mil no final da década de J960, para menos de l .000 hoje - pelo Goddard lnstitutefor Space Studies (Dr. James Hansen), NASA. A maior parte das e tações de. ativadas se encontrava na zona rural. As loca li zadas nas cidades sofrem o efeito da urbanização, o chamado "efeito ilha de calor" , que produz certa tendência de aquecimento. 2) O aumento ela concentração ele CO 2 não se correlaciona com aume nto ele te mperatura. Após o térm ino ela II Guerra Mundial, o consumo de petróleo se acelerou, no entanto a temperatura média g loba l diminuiu. Em eras passadas - como os interg laciais, ele 130 mil , 250 mil e 360 mil anos atrás as temperaturas estiveram mais elevadas que as atu-

ais, e mbora com concentrações de CO 2 inferi ores. Portanto, não é o CO 2 que aumenta a temperatura do ar, e sim o contrári o: o aumento ela temperatura provoca aumento da concentração de CO 2 , principa lmente devido ao aq uecimento cios oceanos. 3) Finalmente, os modelos de clima utilizados para as "projeções" da temperatura média global nos próximos 100 anos ainda são incipien- _ tes, não representam a complexidade e as interações cios processos físicos que determinam o clima . Os cenários utilizados pelo lPCC são hipotéticos, e muito provavelmente não virão a se concretizar, pois os oceanos, ao se resfriar, passarão a absorver mais CO 2 • Ou sej a, as simulações com modelos de clima não passa m de meros exercícios acadêmicos, não se prestando à formulação de políticas adequadas para o desenvolvimento da sociedade.

Prof: Molion - Dois liv ros: The Chilling Stars, a New Theory of Clima/e Change, de Henrik Svensmark e Nigel Ca lder; e The Unstoppable Global Warm.in g - Every 1.500 Years, de Fred Singer e Dennis A very. Outros artigos podem ser encontrados na li sta de referências bibliográficas dos meus artigos publicados . Fato digno de nota é que nos últimos dois mil anos reconhecidamente houve, no período med ieval entre os anos 800- 1200, um aq uecimento g lobal maior que o atua l, o chamado "Ótimo C limático Medieval". Esse aquecimento permitiu que os nórdicos (vikings) coloni zassem o norte do Canadá e o sul da Groenlândia (Terra Verde), hoje coberta de gelo. E as concentrações de CO2 eram infer iores a 280 ppmv (partículas por volume) na época, de acordo com as estimativas.

Catolicismo - O que realmente vem acontecendo com a temperatura da Terra? Por exemplo, como o derretimento das calotas polares pode ser explicado? Prof. Molion - Não se pode negar que a temperatura g loba l aumentou nos últimos l 00 anos, porém isso aconteceu por processos naturais, e não antróp icos (provocados pela ação do homem sobre a vegetação). O ge lo cio Ártico já derreteu entre 1920- 1945, quando o ho mem lançava menos de 10% do carb ono que lança hoje na atmosfera . A cobertura de gelo em 2009 já foi maior que a de 2007, após esse inverno severo do hemisfério norte (América do Norte, S ibé ri a e C hina). A permanência do gelo depende do transporte ele ca lor fe ito pelas correntes marítimas - a corrente (q uente) de Kuro hio, no Pacífico (Japão), e a corrente (quente) do Golfo do Méx ico, no Atlântico. Esta última, quando mais ativa como no período 1995-2007, transporta mais calor para o Ártico e derrete o gelo flutu ante. Ao derreter, o gelo não eleva o níve l do mar, pois já des loca o volume que vai ocupar quando fundir. Esse transporte de ca lor é em parte contro lado por um ciclo lunar de 18,66 anos, que esteve em seu máximo em 2005-2006. Estudos indicaram que o gelo continental em ci ma da Groenlândia permanece lá desde a última era glacial, há mais de 15 mil anos. O gelo da Antártica (Pólo Sul), por sua vez, continuou a crescer nos últimos 60-70 anos.

Catolicismo - Como o Sr. avalia a cobertura da ímprensa brasileira e internacional em relação às alardeadas mudanças climáticas e outras questões ambientaís com as quais a sociedade moderna se depara? Prof. Molio11 - Infelizmente, a impre nsa nacional e estrangeira dá ênfase exagerada ao aq uecimento antropogênico do clima. Em particular a nossa mídia, televisionada e escrita, apenas repete o que vem de fora, sem fazer críticas. Talvez isso ocorra por falta de con hecimento e des interesse dos jornalistas pelo tema, ou por interesses dos co ntro ladores desses veículos de comuni cação. A mídia vem anestesiando, impondo aos cidadãos comuns o que se convencionou chamar de "lavagem cerebral", ficando a impressão de que o homem é responsável pela mudança do clima - o seu grande vilão. Como veículo de informação, a mídia deveria ser neutra, ouvi1· opiniões contrárias e tentar apenas relatar o conhecimento científico comprovado e suas limitações. Isso já acon teceu antes. No i11ício dos anos l940, dizia-se que o mundo estava 'fervendo e estava sufocante" com o aquecimento natural ocorrido entre 19251946. No início dos anos 1970, ao contrário, dizia-se que estávamos à beira ele uma nova era glacial, devido ao resfriamento global que oco1Teu entre 1947-[976. Em adição, como argumento de que o clima está mudando, exploram os eventos meteorológicos catastrófi cos que ocorrem. Eventos severos sempre ocorreram no passado, muito antes de o CO2 chegar a essa concentração. A maior seca no nordeste do Brasil ocorreu em 1877- 1879, durante a qual, segund o Euclides da Cunha em Os Sertões, meio milhão de nordestinos

Catolicismo - Que outros estudos desqualificam o consenso dos cientistas vinculados à ONU? Que livros e autores o Sr. recomendaria?

"Nos últimos dois mil a11os, reco11hecidamente homre, 110 pc11oelo medieval c11tre os anos

800- 1200, llm aqllecime11to global maior que o atual"

JANEIRO 2010 -


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mo rre ram. As três maiores che ias e m M anaus ocorreram e m 1953, 1976 e 1922, qu ando o Pac ífico estava fri o . A che ia recorde de 2009 també m ocorre u com o Pacífico fri o e co m a "te mperatura médi a global " e m declíni o, constatação fe ita com dados de satélites nos últimos 10 anos . O furacão mais mo1tífero nos Estados U njdos ocorreu e m 1900 e m Galveston, no Texas, ceifando a vida de mais de 10 mil pessoas. Nessa época, a densidade populacional era seis vezes menor que a de hoje. É preciso não confundir intensidade dos fe nôme nos meteorológicos com vulnerabilidade da sociedade, que aumenta com o crescime nto populacional. Ade mais; a sociedade tende a se ag lomerar em grandes cidades, torna ndo mais catastTófi co atu almente um fenô meno com a mesma inte nsidade de outro que ho uve no passado. O home m não tem capac idade de mudar o clima global, mas sim de modifi car seu entorno, seu próprio ambie nte.

Catolicismo - O Sr. crê na idéia de que a aplicação do Protocolo de Kyoto produz efeitos no clima da Terra? E quanto ao Protocolo de Montreal, que obrigou os 191 países signatários a extinguirem o CFC (clorofluorcarbono) e outras substâncias destruidoras de ozônio? Prof. Molion - Sob o ponto ele vi sta ele efeito e tufa e ele aquecime nto global , o Protocolo de Kyoto é inútil , ass im como o serão qua isque r tentativas ele redu zir as concentrações ele carbono na atmosfera para "combater o efeito estufa". Nele é pro posta um a redução ele 5,2% elas e mjssões, comparadas aos níve is cios anos 1990. Estamos faland o ele cerca ele 0,3 bilhões ele toneladas de carbono por ano (GtC/a). Para se ter um a idéia, estima-se qu e os flux os naturais e ntre os oceanos, solos e vegetação some m cerca de 200 G tC/a. O grau de imprec isão adm itido nessas estimati vas, pe rfeita me nte ace itáve l, é de 20% . Isso re presenta um total de 40 GtC/a para c ima ou para baixo (80 GtC/a), 13 vezes mais do qu e o ho me m coloca na atmosfera e 270 vezes a redu ção pro posta po r Kyoto . Catolicismo - Atualmente não se fala mais da camada de ozônio. O que ocorreu? Prof Molion - Com a mjnha idade e conh ecime nto des a área, já vi ocorrer num passado próxi mo algo muito seme lha nte, utili za ndo exata me nte a mes ma " receita" : a e liminação dos compostos de cloroflu o rcarbo no-CFCs (Protocolo de Mo ntrea l), sob a alegação de des truíre m a camada de ozôni o. E m minha o pinião, fo i um a gra nde fa rsa, um

CATOLICISMO

O sol está iniciando um novo mínimo do ciclo de 90 anos, e estará com atividade baixa nos próximos 22anos

"Como veículo de informação, a mídia deveria ser neutl'a, ouvir opiniões co11tr árias e tentar apenas r el atar o conlleciJnento científico comprovado"

gra nde golpe eco nô mico para que as indústri as dete ntoras ele pate ntes dos substitutos - que tê m suas matri zes no G7 , e lá pagam impostos sobre seus lucros - expl orassem os países e m desenvo lvime nto, pa rticul arm e nte os tropi cais (B ras il, Índia ... ) que precisa m de refri geração a baixo c usto. Sabe-se que a concentração de ozônio depende da atividade so lar, mais especificame nte da produção de radi ação ul trav ioleta (UY). Ou sej a, o ozônio não fil tra a UV , e sim a UV é consumida, retirada do flu xo solar para a form ação do ozô ni o. O sol tem um ciclo de 90 anos. Esteve num mínjmo desseciclo nas primeiras duas décadas do séc ul o XX e apresentou um máximo em 1957/58, Ano Geofísi co Internaci onal, quando a rede de merução das concentrações ele ozônio se expandiu e os dados de ozôni o passaram a ser amplamente coletados e disseminados. A partir dos anos 1960 a ati v idade solar (UV) começou a diminuir, e a camada de ozôni o te ve suas concentrações redu zidas paul atina me nte. O so l está inic iando um novo mínimo cio c ic lo de 90 anos, e estará com atividade baixa no. próx imos 22 a nos, até po r vo lta de 2035 . N esse pe ríodo a camada ele ozôni o atin girá se u valo res míni mos desde q ue começo u a ser mo nito rada. FCs j á fora m praticame nte M a ·, co mo o e limi na los, e a ex ploração econômi ca j á fo i res lvida, nã se fa la mais sobre o ass unto . Em princípio, sol só vo lta rá a um máximo, seme lha nte ao cios a nos 1960, po r vo lta cio a no 2050. aí, possive lme nte, é que a camada de ozôni o venha atin gir os mes mos níveis dos anos 1950/60 . O aqu ec ime nto g lo bal a ntropogênico seg ue a mesm a " receita" que eli mino u os CFCs. Esses gases estáv is, não tóx icos e não-corros ivos, tinha m um te rrível "defeito" : não pagavam mais direitos de propri edade (" ro ya lties"). Hoje se vê clara me nte qu e m fora m os be nefi ciados por tal fa lcatru a. Os do aquec ime nto g lo bal a ntropogênico a inda não são ó bvio , mas a H istó ri a d irá !

Catolicismo - O que pode ser feito para o meio ambiente? Prof. Molion - Usar os M ecani s mos de Dese nv o.1vime nto L impo (MDL): atividades huma nas q ue redu za m a po luição (no te: po luição, e não CO2 !) do ar, das águas e cios so los, re fl o res tame nto ele áreas degradadas . São med idas sempre muito be m-vindas, e devem ser apo iadas. É im porta nte nã confundir conse rvação a mbie nta l com mu danças c li máticas. Aqueça o u esfrie, te mos de con e rvar o ambie nte. Catolicismo -

A elevada concentração na

atmosfera de C0 2 e outros gases que supostamente causam o efeito estufa não interferem na saúde humana? Pn~J: Molio11 - O princ ipal gás ele efeito estufa, se é que esse efeito existe, é o vapor cl 'água (água na form a de gás) . E m alg uns lugares e ocasiões sua concentração c hega a ser 100 vezes supe ri o r à do CO 2 • Este, por sua vez, é um gás natural , é o gás ela vicia. Na hipótese, altam ente improváve l, de eliminarmos o CO 2 da atmosfera, a vida cessari a na Terra. O home m e os outros animai s alimentam-se das plantas. Eles não produzem os alime ntos que co nsome m. São as plantas qu e o fazem , por meio da fotossíntese , abso rve ndo CO 2 e produzindo amidos, aç úc a res e fibras . Outros gases, como metano e óxidos de nitrogênio, estão presentes e m co ncentrações muito baixas, que não causam proble mas. Fala-se muito que o aume nto da temperatura global provocaria ipso f acto uma proliferação do número de doenças que dependem de mosquitos como vetores (febre amarela, malária, dengue, por exemplo). Convém le mbrar que a malári a matou milhares de pessoas na Sibéri a nos anos 1920, um período muito fri o, e que j á foi encontrado Aedes aegypti vivendo a-15ºC (abaixo de zero) . Esses m osquitos continuam matando seres humanos e j á sobreviveram a climas mais quentes e mais fri os. Portanto, o problema seri a mais de saneamento bás ico do que de clima. Entretanto, todo esforço que se fi zer para diminuir a poluição do ar, águas e solos será muito benéfico para a human idade. A propósito, as concentrações de metan o se estabili zaram nos últimos 20 anos, e mbora continue m a se expa ndir as ativi dades agropecuárias, como o ri zic ultura e pec uári a rumin a nte. Catolicismo - Essa questão do metano está sendo muito falada. A pressão ambientalista aponta a pecuária e o desmatamento como os principais vilões no Brasil. Nossa agroindústria seria uma das piores intoxicadoras do planeta com C0 2 • Qual a base científica para tais afirmações, no que diz respeito à emissão de metano pelo gado ruminante? Em um filme de ambientalistas holandeses, estes chegam a apresentar o desenho de um boi poluindo mais que quatro veículos ... Prof Molion - O metano é resultante da ferme ntação anaeróbia da matéri a orgânica (vegetal e animal). Arrozais, anjmais ruminantes e cupins são produtores de metano. Também o são as áreas com vegetação alagadas peri odicamente (como os milhares de hecta res das várzeas amazônicas). Entretanto, apesar de as áre-

Orizicu/tura: cultivo de arroz em lavouras

"As concentra-

ções de metano se estabilizaram nos últimos 20 anos, embora as atividades agropecuárias, como orizicultura e pecuária, continuem a se expandir"

as cultivadas com arroz tere m aume ntado e os ruminantes estarem crescendo à taxa de 17 milhões de animais por a no (o Brasil j á passou de 200 mjlhões de cabeças), a conce ntração de metano se estabiljzou, segundo as medições da rede da NOAA (Administração Nac io nal de Oceanos e Atmosfera, irmã da NASA, USA), e tem mostrado taxas anuais negativas (ou seja, decréscimo de concentração). Ninguém sabe o porquê disso, nem mes mo o maior especialista e m metano, Aslam Khalil , da Universidade Estadual de Portland (EUA). Os nossos ri zicultores e pecua ri stas pode m, portanto, respirar ali viados, pois não têm culpa alguma. Em minha opinião, o metano chegou à concentração de saturação nas condições de te mperatura e pressão atmosféri ca atuais. O metano adicional Uá que as fo ntes continuam aume ntando) que vem sendo lançado na atmosfera está sendo absorvido, muito provavelme nte pelos oceanos. Mais uma evidência de que as ati vidades humanas não alteram nem a concentração atmosférica dos chamados gases de efeito estufa nem o cljma (ou temperatura) do planeta. Ao contrário, sua concentração é dependente da temperatura. Como o planeta vem esfri ando, e haverá um resfri amento global nos próximos 20 anos, as concentrações desses gases vão ruminuir. Começou com o metano e chegará a vez do CO2 • Mas isso é negado na palhaçada e m Copenhague, por ocasião da reunião da COP 15.

Catolicismo - O Sr. gostaria de fazer algumas considerações finais? Prof. Molio11 - O home m não tem condições ele mudar o clima global, mas grande capacidade de modificar/destruir seu a mbiente local. A Terra se compõe de 7 L% de oceanos e 29% de continentes. A metade desses 29% é constituída de gelo (geleiras) e areia (desertos), enquanto 7 a 8% do restante encontram-se cobertos com fl orestas nativas e plantadas. O home m manjpula, então, ce rca de 7% da superfície global, não pode ndo portanto destruir o mundo. Os oceanos, juntamente com a atividade solar, são os principais controladores do clima global. Mas existe m outros co ntrolado res ex te rnos, como aerossóis vulcânicos, e possivelmente raios cósmicos galácticos, que podem interferir na cobe1tura de nuvens. E m resumo, o clima da Te rra não é resultante apenas do efeito estu fa o u do CO 2 e sua concentração. Ele é produto de tudo aquil o que ocorre no unive rso e interage com o nosso pl a neta. Como fo i dito, a conservação ambie ntal inde pe nde de muda nças climáticas e é necessá ri a para a sobre vivê ncia da humanidade. • JANEIRO 2010 -


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l

DESTA UE

Acendendo a luz na penumbra do auditório n

D AN IEL

F. S.

M ARTINS

S

exta-Feira. O Teatro Municipal abre suas portas a partir das sete da noite, para mais um clássico. O público chega, lota o auditório. Começa a peça. Até aí, nada mais corriqueiro. Depois de 15 minutos a peça, presumivelmente interessante, já atraía a atenção dos espectadores. Nesse momento, uma turma de bate-carteiras começa seu 'trabalho' . O que fazer? Um dos assistentes percebe o golpe dos trombadinhas e pensa em uma saída: se a principal arma dos bandidinhos é a luz apagada, nada mais sensato do que acendê-la; alguém logo perceberá o golpe, e dará o alarme salvador. Imerso no con-e-corre e no caos moderno, o Brasil vai assistindo aos acontecimentos, muitas vezes sentado. A luz está apagada. Os bate-carteiras, os bate-tranqüilidade e os bate-moralidade começam a agir. É o que estão fazendo certos ativistas do lobby internacional do abo1to. Sua arma? Deixar a luz apagada. Ou seja, tomar cuidado para não despertar a consciência da esmagadora maioria da população. De acordo com os resultados de pesquisa do DataFolha, ela é contrária ao assassinato de inoPe. David Francisquini centes. E se for despertada, se levantará contra a liberalização do aborto, e nenhum projeto de lei nesse sentido poderá ser aprovado . O que é preciso fazer então? Acender a luz! Esse é o objetivo do recentíssimo livro do Pe. David Francisquini, Catecismo Contra o Aborto. Assessorado por uma comissão de médicos e jmistas, o ilustre sacerdote trata de todos os pontos que os abo1tistas nos querem fazer esquecer. É só um livro ... mas está se revelando capaz de apertar o interruptor do auditório na penumbra. A boa notícia é que a primeira edição já se esgotou, e a segunda acaba de ser lançada. O livro já recebeu aplausos de duas ilustres figuras do episcopado. Primeiramente, do Núncio Apostólico do Brasil, Dom CATOLICISMO

DOM JOSÉ CARDOSO SOBRINHO Av. Ru i Barbosa , 409 - Graças CEP 52011 -040 - Recife - PE Fone : (81) 3222 .6536 Fax: (81) 3421 .3158

Goiana (PE)

Revmo. Pe. DAVID

FRANCISQUINI,

Parabenlzo-o

pela

CATECISMO CONTRA O ABORTO se unam

oportun{sslma

publ/cação do 1/vro

e espero que multas outras

vozes

.à sua para proclamar com coragem que a Lei de Deus está

acima de qualquer lei humana. lêncio

16 de novembro de 1009

É extremamente

preocupante

o si-

de tantas pessoas - principalmente dos que exercem autoridade

pÚbl/ca -

diante desta

tragédia

que continua a acontecer, cada ano,

no mundo Inteiro: a ellmlnação da vida de aproximadamente mi/hões de seres humanos Inocentes e

cinquenta

Indefensos. O sltênclo pode ser

Interpretado coma aceitação tácita e pode constituir cumplicidade

na

prática do aborto. Os cidadãos honestos não podem colaborar - através

Quem desejar adquirir o livro, veja as informações na p6gina 51

seu voto democrático -

colaborando para conferir

de car-

gos pÚbl/cos a candidatos que defendem o aborta, o divórcio e outras violações

da Lei de Deus. Tais candidatos não podem representar os

tóllcos ou cristãos

Lorenzo Baldisseri. E também do arcebispo emérito de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho (vide carta ao lado). No caso da menina de nove anos, grávida de gêmeos, que foi pressionada por certas ONGs a abortar as crianças, Dom José expôs de modo claro e corajoso a posição da Igreja e do Direito Canônico. Por isso foi alvo de uma verdadeira perseguição publicitária e da incompreensão de certos eclesiásticos. Per eguição publicitária por quê? Porque o ilustre prelado estava acendendo uma luz! E ela prejudicava os objetivos sinistros da causa abortista. Fazia-se então necessário encobrir essa luminosidade. Não adiantou a manobra, e as repercussões a favor da atitude do destemido arcebispo, inclusive de eclesiásticos, só cresceram com o tempo. Assim, para a alegria dos leitores e desgosto dos abmtistas, várias luzes estão se acendendo. Rezemos para que elas não feneçam, e para que o abo1to - morcego sinistro a esvoaçar por esse imenso "auditório" que é o Brasil - fuja espavorido. •

nesta tragédia

ca-

ou qualquer cidadão honesto.

Entre tantos documentos oficiais da nossa Santa Igreja, recordemos o que diz

o CATECISMO DA IGREJA CA TÔLICA,

texto

oficial assinado pelo Papa João Paulo li: "A vida humana dever ser respeitada e protegida de maneira absoluta

a partir do momento da concep-

ção. Desde o primeiro momento de sua existência,

o ser humano

deve

ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito lnvlo(óvel de todo ser Inocente

,à vida ••• (n. 1170).

Prezado Pe David, reiterando-lhe minhas felicitações, apresento-lhe minhas fraternas saudações. 1

J~

~ "-<-rC,,,....,

S,, ~

4.

Dom José Cardoso Sobrinho

JANEIRO 2010 -


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"

FELIPE BARANDIARÁN

N

a pitoresca localidade rural de Courrieres, no norte da França, as tarefas da ceifa terminaram. Os homens do campo carregam os últimos fardos de trigo em suas carretas e queimam algumas sobras. Os aldeões estão agora autorizados, de acordo com o costume popular, a recolher o que sobrou da colheita: a respiga. A tarefa é realizada por mulheres e crianças: algumas vão por necessidade, outras quase por divertimento. O guarda-florestal ali está para assegurar a boa ordem, enquanto fuma distraidamente seu cachimbo. Veste jaqueta azul e chapéu bicorne, com sabre à cintura. A vara e o bracelete que ostenta são insígnias de sua autoridade. Em primeiro plano destaca-se uma jovem mãe. A dignidade do seu porte reflete a virtude de uma vida cheia de esforços: simplicidade, força de alma, paz interior, aceitação serena de sua condição, na presença de Deus. Na vila, o campanário da igreja aponta para o Céu e o som de seus sinos cobre de bênçãos os campos, enquanto marca as horas que passam. •

As respigadeiras

E-mai I para o autor:

cato lic ismo@cato li cism o.co 111 .br

Les glaneuses (As respigadeiras), 1854, de Jules Breton (1827-1906). O pintor retrata neste quadro sua vila natal de Courrieres, situa.da no departamento de Pas-de-Calais. Seu pai trabalhava como capataz de uma propriedade agrícola, e sua mãe faleceu quando ele tinha quatro anos. Foi educado no respeito à tradição e aos costumes de sua terra, que soube transmitir à posteridade em magníficos quadros. Aos 15 anos conheceu o pintor Félix Vigne. Impressionado pelo talento do jovem Jules, ele convenceu sua família a que lhe permitisse estudar na Academia de Belas Artes de Gand, na vizinha Bélgica, onde Vigne era professor. 16 anos mais tarde Jules casar-seia com Elodie, filha de Félix, convertendo-a em um de seus modelos favoritos. O sucesso de Les glaneuses projetou a carreira do artista, despertando grande interesse entre os colecionadores americanos. Os trabalhos de Jules Breton o consagraram como pintor da vida rural, refletindo um mundo poético e romântico, carregado de tradições.

CATOLICISMO

JAN EIRO 2010 -


CAPA

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il Emvez do conhecido adágio "vox po-

puli, vox Dei", a versão "vox populi, vox diaboli" exprimiu o espanto de agentes

revolucionários face às reações da opinião pública em 2009 n

Lu1s DuFAUR

O

a no 200 9 a pe nas se ini c iava quando o vôo l549 da U.S. Airways, recém-saído do Aeroporto La Guardia, perto de Nova York, por pouco não sofreu uma catástrofe. Num gesto de suma destreza, o comand ante Chesley B . Sullenberger pousou sobre o ri o Hudson. De uniforme impecável, num fri o gélido, ele supervi sionou metic ulosa mente a e vacuação dos passageiros, só abandonando a aeronave após certificarse de que todos havia m sido resgatados. Os EUA saudaram-no como herói. Cinco di as depois, em Washington , alguém te ntari a fazer decolar uma máquina inco mparave lme nte maior, com mais de 300 milhões de pessoas a bordo. Era Barack Hussein Oba ma, no co mando da primeira potê ncia econômico-mi li tar mundial em pl ena turbulência fi nanceira . Acl amado pela mídia como "salvador" e " profeta" de uma nova ordem mundi al, as tubas da esquerda alçaramno aos cornos da lu a. Já no primeiro di a, no salão oval da Casa B ra nca (sua cabi ne de comando), tiro u o paletó 1 e arregaçou as mangas. Uma estra nheza invadiu o espírito de grande número de norteamericanos, que não viram nisso o sinal de um pres idente confiável.

O l1asco Obama

À estranheza sucederam-se o silêncio, o desp restígio, a crítica, o abandono, a opos ição e a decadência. Nunca um presidente tão prestig iado pela mídi a caiu tanto, tão profun damente, em tão pouco te mpo. No fi nal do ano, até seus mais entusiastas apoiadores constatavam o fi as-

co. A sim, em outub ro, nos próprios jornais que o enalteciam, apareciam matérias com títulos do seguinte tipo: "Obamaji-ustra expectativas e deixa de cumprir boa parte de promessas"; 2 ou então : "Muitos esquerdistas estão Ji-ustrados com. Obama ", 3 co mo dizia Ho llis Felkel, preside nte do Felkel Group de comunicação política. É comum ler-se, nas análises de um ano de governo do " messias" das esquerdas, apreciações do gênero: "Não há consenso sobre o rumo que o presidente eleve tomar"; "Enormes resistências no Congresso"; "Decepções acumuladas "; "Mais clesc01iorto na opinião pública do que simpatia pelo governo"; "Descontentamento insuflou onda surpreendente ele mani;/estações contra o governo, patrocinadas por grupos conservadores"; "Insatisfação pela reforma do sistema da saúde". 4 O alerta máximo soou em novembro, quando os candidatos a governador nos estados de Virgínia e de Ne w Jersey, apoiados diretamente por Obama, sofreram históricos reveses. Tanto mais quanto New Jersey foi sempre fe udo político do partido governista.

Crise econômica Obama aplicou trilhões de dólares para escorar a economia americana durante a crise; assumiu os passivos de bancos e das duas maiores cooperativas de crédito; forçou a "estati zação" da General Motors, símbolo do poder industri al ameri cano. Mas seus planos pareceram "pouco claros". Houve bancos e empresas que recusaram ou devolveram seus "auxílios". JANEIRO 201 O -


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Na Europa, os governos endividaram-se para segurar bancos e empresas. A mídia trombeteou o fim do liberali smo econômico e o retorno "salvador" do estatismo. O primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown foi saudado como portador da velha fórmula socia li sta, enquanto Obama era considerado o coveiro da "era conservadora". 5 Após meses de turbulência, contudo, nenhuma das profecias do catastrofismo anticapitalista se cumpriu. Pelo contrário, uma forte tendência antisocialista havia tomado conta dos EUA e até da Europa. O trabalhismo inglês descia ao terceiro lugar na preferência dos eleitores na Grã Bretanha e se preparava para a pior derrota eleitoral de sua história. Os problemas econômicos de fundo não foram resolvidos, mas apenas protelados. Em muitos casos, a dívida "podre" das instituições bancárias - o cerne da crise - foi transferida para os Estados. Pelo fim do ano, a incógnita era se estes seriam capazes de honrar seus compromissos. Embora circunscrita, a concordata do fundo Dubai World, em novembro, espalhou interrogações sobre qual Estado seria o próximo insolvente.

suas funções. No âmbito fami liar, enquanto um primo-irmão do presidente era preso por porte de maconha e resistência à a.utoridade,7 uma tia queniana de Obama, imigrante ilegal nos EUA, desobedecia à ordem da Justiça de abandonar o país. 8

"Nova ética" de Obama: coleção de escândalos

Rebaixamento internacional <los EVA

Obama prometeu uma "nova ética" no governo, a qual estaria nos antípodas dos vícios atribuídos à administração de George W. Bush. Em certo sentido a cumpriu, mas de modo inesperado: Vári os de seus assessores caíram nos primeiros dias; o ex-senador Tom Daschle, proposto para secretário de Saúde, foi apanhado em sonegação fiscal; 6 três outros designa.dos cometeram o mesmo delito; e ainda ma.is três foram desmascarados como lobbistas de empresas militares e bancos, o que Obama prometera banir da Casa Branca; Van fones, conselheiro em política ambiental, demitiuse após ato grosseiros no exercício de

O primeiro ato de governo foi simbólico e ideológico: Obama cassou decisões presidenciais anteriores sobre a manutenção da base militar de Guantánamo como prisão de terroristas islâmicos. A mídia comemorou, no ano que findou a bancada democrata não removeu o arcabouço legal que alicerça tal prisão. Em sua primeira viagem à Europa, Obama propôs em Praga a admissão da Turquia na União Européia; 9 e na Turquia, prometeu remodelar as relações com o mundo islâmico, conflitantes desde o 11 de setembro de 2001. 10 O presidente americano eliminou restrições à ditadura castrista, faci litou vi-

CATOLICISMO

sitas e remessas de recursos a Cuba. Fidel Castro retribuiu com cálidos elogios pessoais ao presidente, e bofetadas nos EUA. 11 Obama também cancelou o escudo contra eventuais mísseis do Irã e da Rússia e não aludiu ao tema da violação dos direitos humanos na China, por ocasião de sua viagem àquele país. E le foi incensado pela mídia, mas rebaixou os EUA. A bajulação a Obama passou da conta, com a outorga do Prêmio Nobel da Paz. 12 Ninguém soube dizer o que ele fizera para merecê-lo. Para o presidente Lula, "o prêmio está em boas mãos". 13

Socialização do sistema de saúde A socialização da medicina, menina dos olhos do presidente Obama, transformou-se em guerra id eológica. Cartazes, panfletos, clips, charges, passeatas nas ruas, exibiram frases como: "Obama socialista"; "Obama comunista". O projeto de reforma da saúde foi acusado de "diabólico" e de criar os chamados "painéis da morte", ao propor que se decida quais doentes terminais e idosos devem conti nuar a ter ou não cobertura médica. Isso ocasionou a doentes e não-doentes um verdadeiro pavor. Para acalmá-los, os congressistas democratas, de concerto com Obama, tentaram defender o projeto em reuniões públicas. Nelas encontraram idosos agastados, cartazes incendiá.rios, agressões verbais e intervenções policiais.

"Revolução sexual" acelerada 110s EVA Desde o início, Obama favoreceu o aborto e levantou a proibição de financiamento público a ONGs, clínicas e órgãos da ONU que promovem o massacre dos inocentes; anulou anteriores decisões presidenciais que bloqueavam fundos federais para experiênci as com embriões humanos; e multiplicou ao longo do ano os estímu los ao "casamento" homossexual.

Atendendo às aspirações mais caras do progressismo católico e contundindo as tendências conservadoras, a ofensiva de Obama tornou o conflito inevitável. Este ocorreu antes do previsto, por ocasião do convite da Universidade Católica Notre Dame ao presidente, para conceder-lhe o título de doutor honoris causa . Invocando o ativismo abortista de Obama, católicos pediram ao reitor - sacerdote católico - o cancelamento do ato. Cerca de 80 bispos deploraram de público o convite. Estranhamente, porém, Obama sentiu-se apo iado pela cúp ul a da Conferência Episcopal americana, por gestos encorajadores do Núncio Apostólico e do jornal "L'Osservatore Romano". No dia da visita, três mil estudantes pró-vida manifestaram-se contra o presidente, e algu ns deles foram presos. Obama levou seu título, mas obteve uma "vitória de Pirro" que precipitou o decréscimo de sua popularidade. Em setembro rea li zou- se em Washington uma imensa manifestação de protesto contra o aumento dos impostos e dos controle federais, na data patriótica do Tea party. As críticas dos setores conservadores foram acaloradas. A rede Fox News sai u na frente com os ataques. A Casa Branca revidou "declarando-lhe guerra", ao que a rede replicou apresentando um mapa de seu prédio se nd o assediado por tanques. Glenn Beck, popular âncora da mencionada rede, bateu continuamente na tecla de que o "presidente é um radical revolucionário comunista". 14 Sob a presidência de Obama, a oposicionista Fox News tornou-se a TV nos EUA de maior audiência, enquanto a esquerdista "CNN caiu para o último lugar entre os canais de notícia". 15

Paralelamente ao obamismo, rebelião progressista na Igreja O movimento esquerdista impulsionado pela eleição de Obama foi acom-

panhado por uma onda de revolta nos meios católicos. O teólogo heterodoxo suíço Hans Kung, 16 eclesiásticos prog ressistas e políticos de esquerda incitaram os fiéis à desobediência e a exigir a renúncia de S.S. Bento XVI. Pretexto para tal onda foi o levantamento da excomu-

nhão de um bispo lefebvrista, que fizera declarações contrárias à existência de um holocausto dos judeus na Alemanha hitlerista. Kung acusou a Igreja de agir como "seita" 17 e acenou com um "cisma". Em fevereiro, o episcopado austríaco somou-se à contestação das CEBs do país a pretexto da indicação do Pe. Gerhard Maria Wagner para bispo auxiliar de Linz. Este declarara que o furacão Katrina, que assolou o sul dos EUA, havia sido um castigo de Deus, devido ao homossexualismo que grassava em Nova Orleans, e que Harry Potter inicia as crianças no satanismo. 18 O Pe. Wagner desistiu de ser sagrado bispo. 19 Pouco depois, mais de 30 sacerdotes de Linz

publicaram carta confessando que viviam amancebados e tin ham filhos, mas continuavam a exercer imperturbavelmente o múnus paroquial. Um deles passou a celebrar a missa fantasiado de Harry Potter. O cardeal de Viena levou ao Vaticano um a petição contra o ce1ibato eclesiástico,2° e acol heu no museu da catedra l obras blasfemas representando a Última Ceia como uma orgia homossexual, na qual Nosso Senhor Jes us Cristo e os Apóstolos apareciam despidos. Na própria catedral foi instalada uma imagem grosseira e obscena em memória dos marxistas mortos em campos de concentração na II Guerra Mundial. Por fim, o mesmo cardeal desautorizou o protesto dos cató licos a favor da vida, no 30º ano de funcionamento da primeira clínica abortista da capital austríaca. Em 2009, cardeais polemizaram com cardea is, bispos com bispos, e conferênc ias episcopais com suas congêneres. Num caso paradigmático, o cardea l Cormac MurphyO'Connor, primaz da Inglaterra, proibiu o arcebispo Raymond Burke, prefeito da Signatura Apostólica (equivalente a um Supremo Tribunal de Justiça) de rezar a Missa segundo o rito do Concílio de Trento na catedral de Westminster,21 e opôs-se, segundo a imprensa, à recepção de blocos de anglicanos na Igreja Católica. Tais anglicanos só foram aco lhidos após sua renúncia por limite de idade. Nas Américas, os episcopados peruano e mexicano env iaram um protesto à Conferência Episcopal canadense em virtude do financiamento de ONGs abortistas por parte do instituto de ajuda episcopal Development & Peace. 22 O episcopado canadense recusou a acusação, mas diversos órgãos de imprensa católicos dos EUA difundiram provas concludentes do mau procedimento de Development & Peace. JANEIRO 2010 -


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Em Recite, Arcebispo conde11a destemidamente o abo1·to Na capital pernambucana, uma menina estuprada sofreu um aborto de gêmeos num hospital dessa cidade. O então arcebispo recifense, D . José Cardoso Sobrinho, advertira previamente os fautores do crime, de que eles incorreriam em excomunhão automática previ sta pelo Código de Direito Canônico, caso praticassem o aborto. Porém estes chamaram sobre si a penalidade, e o prelado deu a conhecer pela imprensa o di sposto pelo Direito Canônico. Figuras da esquerda política atacaram o prelado. Os ministros da Saúde (José Gomes Temporão) e do Meio Ambiente (Carlos Mine) "repudiaram

Cúria de Recife respondeu co m nota firme e serena, ressaltando o correto proceder canônico do arceb ispo e soli citando a publi cação da resposta no jornal vaticano. Este não acolheu tal refutação. Finalmente a Congregação para a Doutrina da Fé e mitiu nota reconhecendo a

a atitude da Igreja Católica". 23 O presidente Lula lamentou

"pro.fimdamente que um bispo da Igreja Católica tenha um comportamento conservador como este", acrescentando que nesse homicídio "a medicina está mais correta que a Igreja " 24 ( como se o aborto fosse um ato médico neces sário!). Órgãos da imprensa internaci onal - como a BBC, "New York Times", "Fox News", "El País", e até "Karachi News" do Paquistão - noticiaram o caso. O cardeal Giovanni Battista Re, presidente da Comissão Pontifíc ia para a Amé rica L atina , e Mons. Gianfranco Grieco, chefe do Conselho Pontifício para a Família, apoiaram o arcebispo. Porém, destacados eclesiásticos voltaram-se contra a conduta impecável do prelado. Assim o fi zeram o bispo auxili ar do Rio de Janeiro, D . Antônio Augusto Dias Dua rte,25 e o jornal "La Croix", porta-voz oficioso do episcopado francês. 26 A cúpula permanente da CNBB "desautorizau iniciati-

va do bispo sobre excomunhão ".

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O arcebispo Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, criticou a atitude do arcebispo de Recife, com um arrazoado sentimental publicado nas páginas do quotidiano vaticano " L ' Os servatore Romano". 28 A CATOLICISMO

total correção da pos ição do arcebispo bras ile iro.29 Pela sua destemida atitude, o arcebispo rec ifense recebeu ela Hwnan Li,fe lnternational o prêmio Ca rdeal Von Galen, entregue em cerimô ni a realizada no maior auditóri o ela capita l pernambucana, lotado por ad mirado res cio prelado e manifesta ntes contrári os ao aborto.

Revolta devido à condenação papal do presel'vativo No iníc io cio ano, mais um a ofensiva ela imoralidade fo i desfechada contra S.S. Bento XVI, por ter ele reafi rmado, e m viagem à Africa, que a Aids "não pode

ser derrotada com a distribuição de preservati vos ".30 A agência da ONU para a

Aids e os governos europeus capitanearam os protestos, com o aplauso ele órgãos cio macro-capitali smo publicitário e ela esquerda católica. O parl ame nto belga aprovou reso lução contra as "declarações inaceitáveis" do Pontífice. 31 E m sentido contrário, os episcopados africanos não só apoiaram, mas reforçaram as declarações do Sumo Pontífi ce, como sendo as mais apropriadas para a realid ad e afri ca na. Durante essa ofensiva, agitadores ecologi stas , homossex uai s, comunistas e católicos de esque rda tentaram distribuir preservativos na saída das Missas na catedral de Paris, sendo repelidos por grupos de jove ns e fiéis que freqüe ntavam Notre Dame .32 A 9 de feverei ro, em Udine (ltá l ia), faleceu Eluana Englaro, condenada à cruel morte de inanição por decisão judicial. 33 A luta para sa lvá- la engajou os defenso res da vida contra os propagandistas da euta násia; ambos grupos se digladiaram até nas mai s altas esferas do governo itali ano. E m abril, o Parlamento Europeu aprovou uma " resolução" procurand o obriga r a Igrej a Cató lica a cele brar "casamentos" homossex uais .34 Por sua vez, o Tribunal Europeu de Direto Humanos puniu Portugal por ter pro ibido o ingresso em suas ág ua do "Ba rco da Morte", que atrai "cli entes" para realizar abortos ilegais em águas internacionais. 35

Leigos em oposição ao progressismo católico Ao longo do ano aflorou com força in uspeitada um fe nômeno que há anos se vinha gestando em camadas profundas da op ini ão públi ca. Jovens que se inc linam para as práticas tradicionais da vida católi ca - adoração do Santíssimo Sacramento, rec itação do terço, peregrinações, procura de indulgênc ias, seminários e conventos observantes, etc. e suas formas culturai s corre latas, como o aprend izad o do latim ou o canto gregoriano. E mbora universal, o fenômeno

é mais visível nos EUA. 36 Sintoma inesperado dessa mudança de tendências deu-se quando o agnóstico e anticatóli co " The New York Times", para comentar o 40º aniversário do Novus Ordo Missae, escolheu um apologista el a Mi ssa " tradicional ". E na Semana Santa, cerca de 150 mil adultos ingressara m oficialmente na Igreja Católica nos EUA. 37 Em novembro, um a Constituição Apostó li ca de S.S. Bento XVI fixou os critérios para a admissão de setores inte iros de anglicano na Igreja Católica. 38 Há anos e les batiam à porta da verdadeira Igrej a, e eram tão numerosos que, segundo o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, tornou-se imperioso aco lhê-los. A esses anglicanos repug na a nomeação de mulheres para o acerdócio e de " bi spos" homossexuais. Especula-se que alguns nulhões deles em mais de 40 países incluindo até mil "sacerdotes", e quiçá 50 " bi spos" ang licanos - poderiam se converter ao catolicismo. Tai s conversões desagradara m profundamente os ambientes progressistas católi cos, pelas suas impl icações antiecumênicas. Para e les, o in gresso mac iço de ang li ca nos conservadores anti-homossex uais, anti-femini stas e partidári os das fórmulas litúrg icas tradicionai s prejudicaria o que denominam

igreja pós-conciliar. Cr11cillxo nas escolas, abo1·to, homossex ualismo

O Tribunal Europeu de Direitos Humanos proibiu o crucifi xo nas salas de aul a. N a Itália surgiram reações indignadas. De norte a sul do país, prefe ituras e particul ares instalaram mais crucifixos em escolas e locais públicos. "Nenhuma

corte européia ideologizada vai apagar nossa identidade", protestou a ministra de Educação. Para o ministro Roberto Calderoli, "a corte européia pisoteou

nossos direitos, nossa cultura e nossos valores, [. .. ] os cruc(f,xos permanecerão nas paredes de nossas salas de aula".

Também no Brasil, a tentativa de banir cruc ifixos e símbolos reli g iosos susc ito u polêmicas. A juíza M aria Lúc ia. Lencastre Ursaia , ela 3ª Vara Cível Federal de São Paulo, recusou liminanne nte pedido da Procurado ri a da República para retirá-los dos prédios da União em

e ficou mais ou menos assente que tal desfile dificilmente voltaria a ocorrer na central avenida Paulista.4 1 Caso revelador da mudança de tendências aconteceu em São Bernardo do Campo (SP): Uma aluna vestida de modo provocativo foi vaiada na Uniban (Univers idade Bande irantes), no ABC. Na. época. de maio de 68 , o caso teria provocado uma revolta libertária. Agora, foram autoridades, órgãos da mídia. e até eclesiásticos que defenderam a aluna escandalosa, enquanto a massa dos estudantes dessa universidade optou pela compostura e a moralidad e. Manifestação comuno-feminista em favor da aluna foi vaiada por uma concentração espontânea de alunos dez vezes mais numerosos. 42

"Vox pop11Ji, vox diaboli"?

todo o Estado. 39 O caso aind a será julgado. Na Espanha, 1,2 milh ão de pessoas manifestaram-se na ruas de Madri contra um projeto de lei ele aborto ultra-permissivo, proposto pelo partido socialista.40 Nos EUA, diversos pl ebi scitos banira m as le is de "casamento" homossexua l, mes mo e m estados considerados progressistas como a Cali fórnia e o Maine. A parada homossexual anual de São Paulo não cresceu em número de participantes. Habitual mente fa lava-se em inverossímeis milhões. Mas e la ass umiu um desmoralizante tom po líti co, e muitos parceiros afastaram-se do evento. As desordens, bebedeiras, uso de drogas e pancadarias foram foca li zados pela imprensa,

Em novembro, 57,5 % do eleitorado suíço baniram mediante plebiscito a construção de mina.retes. 43 Chancela.rias e até o episcopado suíço deploraram a expressão da vontade popular helvética. Julgaram-na antiecumênica e anti- dialogante face ao Islã;44 o qual, entretanto, está cada vez mai s agressivo e insolente. O neo-adágio vox populi, vox diaboli, em lugar do ditado católico vox populi, vox Dei, foi usado por um assinante do diário parisiense "Le Monde", 45 a propósito desse plebiscito. Ele revelou o pânico dos dirigentes europeus de consultar o eleitorado sobre a Constituição Européia, renomeada Tratado de Lisboa. Em outubro, a União Européia forçou a Irlanda a corrigir seu NÃO a esse tratado. Para conseguir esse intento, fez concessões e m matéria de aborto e família - que logo se verifica.riam pouco consistentes - e também usou a tática. das intimidações. A Conferência Episcopal irlandesa. pesou tristemente nesse sentido, ao pregar que "um católi-

co pode, sem reservas e em boa consciência, votar SIM ao Tratado de Lisboa", 46 aliás visceralmente anticristão.47

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O medo da vox diaboli foi reforçado pela arrasadora vitória con.s ervadora nas eleições ao Parlamento Europeu. 48 Adireita obteve larga maiori a; a "extrernadireita" e os soberanistas cresceram vertiginosamente; e consolidou-se o "des-

crédito da esquerda como solução".

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te produtiva de Mato Grosso do Sul, visando repetir o radical esvaziamento efetuado em Roraima. Acobertado por órgãos públicos e financiado pelo governo, o MST não cessou sua interminável série de violências, invasões, desmandos e estripulias ao lon-

Na crise econômica, a opini ão pública européia não se voltou para o estatismo, mas verificou-se o contrário: "A di-

reita conseguiu transmitir a imagem de ejkiência para tirar a Europa da crise global, enquanto a esquerda emp errou", observou o dirigente socialista espanhol M a nu e l Valls. 50 E o líder sociali sta Vincent Peillon observou, a respeito do Partido Socialista Francês, que "da base até a cúpula a árvore está seca". Claude Bartolone, seu secretário para relações internacionais, constatou que "os eleitores não nos

julgam nem úteis nem simpáticos". E Laurent Bouvet, professor da Universidade de Nice, completou: " O PS entrou em

agonia". 51 Nas eleições gerais alemãs, os sociali stas registraram "seu

pior resultado desde a 2ª Guerra", caindo fora do governo. 52 Também nas últimas eleições os soc iali stas portugueses perderam a maioria no Parlamento.s3

Rese1'vas indígenas e MST Pondo trágico fim ao longo martírio moral dos brasile iros que conquistaram para a produção importantes áreas de Roraima, incluídas na Reserva Raposa/Serra do Sol, o Supremo Tribunal Federal dispôs que "a saída de arrozeiros da reserva deve ser imediata". 54 O acórdão admitia mitigações, mas o fato é que o direito foi extinto em urna parcela do território nacional. Grupos ideológicos e comuno-missionários corno o CIMI e ONGs estrangeiras, manipulando urna minoria de índios, tornaram-se os verdadeiros "donos" de uma parte do País. Após Roraima, o indigenismo comuno-progressista quer abocanhar área muito mais populosa e altarnenCATOLICISMO

go de 2009. Fato paradigmático deu- e em outubro, quando emessetistas depredaram em São Paulo a fazenda Santo Henrique, pertencente à Cutrale. A policia filmou tratores derrubando 7.000 pés de laranjas por puro vandalismo e interceptou um caminhão carregado de materiais roubados da fazenda. 55 A criminosa façanha foi justificada pela Comissão Pastoral da Terra órgão da CNBB.56 Enquanto os proprietários rurais e a civilização eram vítimas de uma guerra, os assentamentos da Reforma Agrária transformavam-se em improdutivas fa velas rurais. O Ibope confirmou em outubro que "72,3% das famílias assenta-

das não conseguem gerar nenhum tipo de renda " . Desse conjunto, 37% não es-

tão produzindo nada; 10,7% não conseguem o suficiente para garantir o próprio abastecimento; e 24,6% produzem somente o necessário para se alirnentar.57

Honduras: Davi derruba o Golias esquerdista Em 28 de junho, decisão da Suprema Corte de Justiça de Honduras destituiu o presidente José Manuel Zelaya.58 Ele tornara-se instrumento do presidente venezuelano Chá vez, e enquanto tal violou a Constituição do país, convocando um plebiscito para instalar o "socialismo bolivari ano" em Honduras. Um furacão de pressões abateu-se sobre aquela pequena nação resistente ao chav ismo pró-comunista. A OEA , a ONU, a União Européia , os EUA exigiram o retorno de Zelaya. O Brasil interveio desde o início "para reverter o golpe", 59 enquanto Hugo Chávez - que e julgava "o vencedor em Honduras" 60 - ditava rumo ao presidentes populi tas lati no-americanos. E m Hond uras, a repul sa popular da comunização tentada por Zelaya foi constatada pela Co nferê ncia Episcopal 61 do país. O próprio CELAM hav ia divulgado estudo sobre a conjura chavista para escravizar o continente. Porém, no caso hondurenho, a democrac ia, a lei , os direitos humanos e a própria razão pareciam não valer. Após muitas insolências e inabilidades, Chávez ficou constrangido ao silêncio. A Casa Branca dividiu-se, e por fim reconheceu um novo governo antiZelaya, e leito em votação concorrida e pacífica, agendada muito antes da deposição de Zelaya. Honduras sai u da crise vitoriosa e ufana, enquanto a ofensiva lulo-chavi sta sofreu vergonhosa derrota.

Lula, ambíguo ou esquerdista declarado? Durante o pior da crise econômica, o presidente Lula procurou montar uma espécie de luta de classes internacional,

de pobres "de cor" contra ri cos "brancos". Atribuiu a crise à irracionalidade de "gente branca e de olhos azuis". A seguir pôs a culpa nos yuppies, 62 e a solução num Estado forte.63 Esses e outros propósitos de fundo marxi sta causaram admiração no pres idente Obama: "Esse é o cara" , afirmou ele.64 Entre contundida e angusti ada, a popul ação brasileira aco mpa nhou o e ngaj a me nto presidencial na cri se de Honduras, a linhado desde o início ao ditador venezuelano que comandou du as importantes te ntativas de Zelaya voltar ao poder, ambas fracassa d as. Por fim, Zelay a " materializou-se" sorrateira mente na e mbaixad a do Bras i I e m Tegucigalpa, transform ando-a num quartel de campanh a junto com 300 seg uidores . O fato ale rtou o Brasil , poi ao longo de seus doi s ma nd atos o presidente Lula havi a apare ntad o urn a imagem de moderado. Porém, ao abrir para Zelaya as portas d a e mb ai xada brasi leira e m Honduras, ele revelou sua verdade ira po ição esquerdi sta. A manobra fo i qualificada de "irresponsável e tola " pelo representante dos EUA na OEA. 65 Lula convidou também o presidente irani an Mahmoud Ahmadinejad a vi sitar o Brasil , aprovou seu ameaçador plano nuclear e alinhou o Pa ís numa frente comum contra os EUA. Especulou-se muito sobre um eventu al terceiro mandato do pres idente. Afastada (ao que parece) e sa hipótese, a "sucessão" a pontou para a ministra Dilrna Rousseff. Porém, a popul aridade atribuída pelos institutos de pesquisa ao presidente no fim de 2009 não se refletiu na mini stra. Alcançou certa repercussão a idéia de urna candidatura "verde", encarnada pela ecologista M ari na Silva. O ex-frade e teólogo da libertação Leonardo Boff prometeu a essa candidata o apoio das CEBs e da esquerda católica, habitualme nte engajad as com o PT.66 M as a opi ni ão pública brasil eira fez o vazio em relação a essas e o utras pro-

postas , ev idenciando-se assim o a lheamento dos representados e m relação a seus representantes, tão característico da políti ca nacion al.

A degriJ1go/ada de Cuba A evolução da imagem do presidente

banos e fazer com que eles produ zam algum alimento. A s finanças cubanas estão em virtual default. Sem produção agríco la nem divisas, o governo reduz iu a importação de ali mentos em mai s de dois terços. Os 24 mil "comedores obreros", espécie de bandejões que serviam almoço a 3,5 milhões de cubanos, fec haram as portas. Nos hospitai s, os doentes não têm sequer lençóis e ág ua, e os funcionários do aeroporto de Havana pedem esmola aos turi stas. 68

Na Arge11ti11a, declínio dos Kirclmers E nqu anto Ho nduras ba nia Zelaya, a Argentina disse " não" à prepotência do casal Kirchner. Este "obteve seu pior re-

sultado eleitoral desde que chegou ao poder ", perdendo o

brasileiro foi seme lhante à operada em Cuba. No início do ano, falava-se que na era de Raúl Castro o regime amoleceria e abri.ria espaços para a liberdade econômica. Porém, na seg und a metade do ano, Cuba voltou a estadear sua imagem radical da era soviética: violência repressiva,67 prisão de dissidentes, além de miséria, pois nem sequer são atendidas as magérrimas cotas de alimentos e produtos de higiene básicos dos cartões de racionamento, ou as "bolsas" do governo. A infraestrutura cubana cai de podre. Além de ter investido na reforma do porto cubano de M arie ), o governo brasileiro, grande impul sio nado r de favelas rurais, quer utili zar seu know-how para tentar desfavelizar os assentamentos cu-

controle do Congresso e a maioria nos distritos eleitorais importantes do pa ís. Houve maciças manifestações contra tributos confiscatórios da produção agrícola, e os índices de popularid ade da pres idente desceram a níveis quase risívei s. A máquina estatal foi usada e abusada para deformar os resultados das urnas e forçar leis que perpetuassem o ki.rchnerismo. Entretanto, foi tão profunda a degringolada esquerdista, que após a derrota eleitoral a presidente desapareceu, vítima de crise de nervos , enquanto seu marido renunciava à pre idência do prutido. No vizinho Uruguai, o ex-guerrilheiro José Mujica venceu as eleições presidenciais com a fórmula " moderada" de seu antecessor Tabaré Vázquez. E m seguida, esforçou-se para aproxirnru·-se de Chávez, mas tomando o cuidado de moderai· a própria imagem pru·a consumo interno.

Venezuela al'unda 11a miséria marxista A Venezuela continuou abrindo as vias que, e m velocidades diversas, per-

correm os demais populismos socializantes latinoarnericanos. Chávez tabelou os preços dos alimentos e estatizou sua co-

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mercialização. Conseqüência: vão desaparecendo das lojas. Também nacionalizou bancos e setores completos da economia - a inflação disparou e o desemprego cresceu mais de 10%. Chávez mandou o exército ocupar os portos e instalações de mais de 60 empresas do setor petrolífero, do ferro e da cerâmica. O sistema de saúde degringolou , os apagões viraram rotina e falta água potável na capital. Chá vez convocou então a população a tomar banho de no máximo três minutos, a usar lanterna para ir ao banheiro à noite, cortar o ar condicionado e cessa r todo "desperdício", porque este não é autêntico "comunismo" .69 "É uma política comunista, que busca controlar todos os meios de produção", di sse Eduardo Gómez, pres idente da Confederação Venezuelana de Industriais.70 Nem C hávez nem seus amigos negam a acusação. O profeta do "socialismo do século XXI" prendeu e expropriou oposicionistas e dissidentes, instalou patrulhas ideológicas, restringiu a venda de livros "de di1·eita", ocupou pela força prefeituras, cujos mandatários haviam sido esco lhidos pelos opositores, criou "Milícias Nacionais Bolivarianas profunda mente revolucionárias, anti-imperialistas, socialistas e populares". Invadiu , estrangulou ou fechou TVs, 240 rádios e jornais opo icionistas. A Venezuela virou central de distribuição do narcotráfico, além de refúgio para as FARC, que na Colômbia ficaram reduzidas a uma guerri lha residual. Comprou armamentos russos e aliou-se, em matéria nuclear, à Rússia e ao Irã. Cada vez mais contestado internamente, instigou atritos nas fronteiras com a Colômbia e anunciou uma iminente guerra que serviria de pretexto para enrijecer a ditadura.

Asce11são da Chi11a Durante a crise mundial, a China comunista explorou o caráter ditatorial de sua economia e manipulou suas reservas parajugulareconomias mais fracas. LanCATOLICISMO

çou um tsunami de investimentos e compras visando fo ntes de matérias primas na América Latina. "Invadiu" a África com vultosos investimentos, preparando um a futura hegemonia econômica planetária. 71Disseminou maquiavélicos boatos, semeando a desconfi ança no dólar

Pequim ta mbém testou a reatividade militar cios EUA, provocando incidentes navais no Mar da China, e acobertou a Coréia do Norte em suas contínuas provocações com míssei s co ntra os EUA e o Japão. A fragilidade da ditadura soc ial ista patenteou-se no 60º ani ver ário da revo lução maoísta. 72 E m 1° de outubro, milhares ele so ldados e civis desfilaram no estilo ditatorial co nsagrado por H itle r e Sta lin . Mas o peq uineses não podiam sequer assomar às janelas; os hotéis foram "req ui sitados pelo Estado" ou esvaz iados; as atrações turísticas fora m inte rdi tadas e proi bi u-se até emp in ar pipas o u vender facas de cozinha. Duzentos mil policiais e um milhão de "vigil antes volu ntári os" patrulhavam as ruas, além de tanques, para ev itar protestos e calar os disside ntes. A população dev ia denunciar "pessoas ou atos suspeitos". 13

Co11elusão 2009 encerrou-se e m meio a uma balbúrdia universa l, com governantes reunidos em Copenhague numa conferência fracassada, pretendendo insensatamente planejar uma '« Juta contra as mudanças do clima". Desceuse a um grau de caos que pouco antes parecia inverossímil. Como será 2010, ano que promete ser ainda menos tranqüilo que 2009? A pergunta remete a resposta nas palavras do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, pronunciada em conferência de 3-6-94. "As gerações futuras só acreditarão até onde se chegou, se encon trarem os fatos reg istrados por escrito. Então os homens de fé louvarão a Deus Nosso Senhor e sua San-

tíssima Mãe, compreendendo o sentido profundo da História e da vitória que será operada, em conformidade com a promessa de Nossa Senhora em Fátima. A Providência pode tirar das almas que reagiram contra o vagalhão comuno-pro-

gressista um povo novo, com um. espírito e uma mentalidade novos. Esse espírito só poderá ser o de Maria, como nos ensina São Luís Grignion. de Montfort. "Nada se arranjará enquanto o Espírito San.to, a rogos de Nossa Senhora, não mandar sua graça regeneradora. E as coisas serão criadas, isto é, restauradas como se fossem novas. Será a hora do Reino de Maria, em que Deus tributará à Mãe d'Ele uma glória sem igual. Ele restaurará esse numdo convulsionado e o dará a Nossa Senhora, dizendo: 'Tomai conta disto que é vosso. Eis os vossos.f,lhos '. E depois dirá aos homens: 'Eis vossa Mãe, vivei no Reino de Maria"'. • E-ma il cio aut or: 1uisdu f'aur @cato lic ismo .com .br

Ol'iellte Médio

e sugerindo um novo valor ele intercâ mbio, em cuja composição a hina desempenharia papel-chave. Porém, a fragi li dade do regime marxista acentuou- e. Os milhões de desempregados gerados pela cri e se tra nsformaram em massa prestes a gerar distúrbios. Choque étnico de grandes proporções no Xinjiang, es magados pelo exército, ressusc itaram o fa ntasma da desagregação separatista. O regime redobrou o esquema de repressão sobre os milhões de operários que abandonaram as fábricas paralisadas e voltaram aos campos sem saber manusear uma enxada. A "grande muralha" cibernética da censura à Internet foi inten sificada.

Malgrado certo ares de tragicomédia, a escalada da tensão Irã-1 rael pode a todo mome nto fazer explodir o mundo. Após as eleições gera is irani ana, no mês ele jun ho, grosse iramente fraudadas, seguiramse a mani festações popu lares nas ruas, que abalaram o regime dos aiato lás e foram sufocadas pela violência da Guarda Revolucionária islâmica. O governo reconheceu fraudes em 50 cid ades e a ex istê ncia de 3 mi lhões de votos a mai s, mantendo contudo os resultados e os "eleitos" .74 A imposição cios falsos resu ltados degradou profundamente a imagem de Mahmoud Ahmadinejacl,75 cuj as am izades extra- islâmicas ficaram red uzidas à América Latina, Rússia e Coréia do Norte. O presidente Obama reag iu com sua habitual moleza face aos inimigos cios EUA, e nqu anto o pre iclente Lu la se engajou ativamente em favor ele Ahmadinejad, contra o "p rotesto de quem perde u" e estava se ndo espancado nas ruas. 76

Notas: 1. "O Globo" , Ri o, 30-0 1-09. 2. "O Es tado de S. Paul o" (OESP), 1810-09. 3. OESP, 18- 10-09. 4. " Va lor Eco nô mi co", . Paulo , 27, 28 e 29- 11 -2009. 5. "Fo lh a de S. Paul o" (FS P), 1º -3-09. 6. OESP, 4-2-09. 7. FSP, 1°-2-09. 8. OESP, 5-2-09. 9. OESP, 6-4-09. 10. OESP, 7-4-09. 11. OESP, 14-4-09. 12. OESP, 10- 10-09. 13. OESP, 10- 10-09. 14. OESP, 15- 10-09. 15. FSP, 27- 10-09. 16. FSP On lin e, 3 1- 1-09. 17. " Le Mo nde", Paris , 25-2-09. 18. B log Rorate Coe li, 16-2-09. 19. FSP, 3-3-09. 20. ASCA , 17-6-09. 2 1. "The Tcleg raph", 17-2-09. 22. AC!, 12-6-09. 23 . UOL Notícias, 5-3-09. 24. FSP, 7-3-09. 25. "O Globo", 12-3-09. 26. "O G lobo", 10-3-09.

27. OESP, 13-3-09. 28. "L'Osservatore Romano", 15-3-09. 29. www.chi esa, 10-7-09. 30. FSP, 18-3-09. 3 1. ACI, 3-4-08. 32. "Le Monde", 22-3-09. 33 . FSP, 10-2-09. 34. LifeSiteNews.com, 14-4-09. 35. AC I, 13-4-09. 36. cfr. The Detroit News, 13-3-09. 37. Zenit , 2-4-09. 38. "El Mundo", 20- 10-09. 39. OES P, 2 1-8-09. 40. OESP, 18- 10-09. 41. OESP. 16-6-09. 42. FSP. 10-1 1-09. 43. "Le Monde"', 29- 11 -09. 44. Zen it , 30-1 1-09. 45. "Le Monde", 30- 1 1-09. 46. Zenit , 17-9-09. 47. Zen it, 5- 10-09 . 48. OESP, 8-6-09.

49. OES P, 9-6-09. 50. FSP, 8-6-09. 5 1. "Le Mo nde", 13-7-09. 52. OESP, 28-9-09. 53. FSP, 29-9-09. 54. OESP, 20-3-09. 55 . OESP, 7- 10-09. 56. FS P, 8- 10-09. 57 . OESP, 14- 10-09. 58 . FSP, 29-6-09. 59. OESP, 29-6-09. 60. OES P, 1°-7-09. 6 1. AICA, 6-7-09. 62. "O Gl obo", 29-3-09. 63 . OESP, 29-3-09. 64. OESP, 3-4-09. 65. OESP, 29-9-09. 66. Ad itai, 25-8-09. 67. OESP, 23- 11 -09 . 68. OESP, 23-1 1-09. 69. Yahoo Notícias , 4- 11 -09. 70. FSP, 4-3 -09. 71. "O Globo", 2-8-09. 72. FSP, 30-9-09. 73. "O G lobo", 29-9-09 . 74. "O G lobo", 23-6-09. 75. OES P, 15-6-09. 76. OESP, 16-6-09.

JANEIRO 2010 -


Doutor em Direito canônico e civil

São Raimundo de Penhaforte Grande canonista e moralista P regou a cruzada contra os mouros e compôs uma Suma de casos de consciência, que exerceu sobre o Direito Canônico e a moral influência durável através dos séculos n PuN10

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M ARIA

So uMEo

aimundo nasceu por volta de 1176 no ca telo de Penhaforte, próximo de Villafranca del Panadés, na Catalunha, Espanha. Seus pais, ricos e nobres, descendiam do antigos condes de Barcelona. Eram também aparentados com a casa real de Aragão. Fez seus estudos na escola da catedral de Barcelona e formou-se depoi s em letras, com tal êxito que o bispo o convidou para nela lecionar retórica e lógica. Tinh a então 20 anos. Desapegado de qu alquer interesse

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CATOLICISMO

humano, ensi nava gratuitamente, dando a todos o exemplo de suas virtudes. Em 1210 fo i estudar Direito civ il e ecles iástico na famosa universidade de Bolonha, na Itália. Fez a viagem a pé, pedindo esmolas pelo caminho . Ao passar por Briançon, na França, presenciou um estupendo mil agre operado por Nossa Senhora de Delbeza. Um jovem fora assaltado por ladrões, que lhe furaram os ol hos e cortaram as mãos. A Virgem restituiulhe mãos e olhos. O relato autêntico desse fato passou para a História narrado pelo próprio São Raimundo.

Estudando com diligência, auxiliado por boa inteligênci a e feliz memória, doutorou-se com brilho em 1216. Foi então escolhido, por aclamação, para ensin ar na própria universidade, onde os alunos eram sobretudo nobres e letrados. Ensinou com êxito durante dois anos, não exigindo nenhuma remuneração. Entretanto, o senado da cidade concedeu-lhe um soldo anual, que utilizava para auxiliar os párocos pobres e os necessitados em geral. Um fato novo veio mudar totalmente o rumo de sua vida. Em 1218 o bispo de Barcelona, Berenguer de Palou, no desejo de obter para sua diocese algun frades da nova ordem dos dominicanos, foi à Itália para encontrar-se com São Domingos de Gusmão. Pas ando por Bolonha, ouviu os maiores elogios a Raimundo, e quis tê-lo como professor do seminário que ia fundar. Depois de muita insistência - algun autores dizem mesmo que o Papa interveio no assunto - ele aceitou. Em Barcelona recebeu um canonicato e foi elevado à dignidade de arcediago da cated ral. he io de zelo pela casa de Deus, aproveitava todas as ocasiões para aumentar o decoro da catedral e a majestade do culto divino. As novas e maiore rendas permitiram-lhe também socorrer co m mais liberalidade os pobres, a quem chamava "meus credores". Muito devoto do mistério da Anunciação, obteve do bispo e do capítulo da catedral que passassem a festejar com maior solenidade essa festa. Deixou para isso parte de sua renda. Desejoso de levar vida mais recolhida e penitente, pediu admissão nos domini canos em 1222, apenas oito meses depois que São Domingos falecera. Ia completar 47 anos de idade, mas começou o noviciado com o fe rvor do mais jovem postulante.

por voto, a redimü- os cativos em poder dos mouros. Assim surgi u, no dia 10 de agosto de 1223, a Ordem de Nossa Senhora das Mercês para a Redenção dos Cativos. São Raimundo redigiu o corpo de prescrições e regras para a nova Ordem, inspi radas na regrados dominicanos . Mais tarde, em fevereiro de 1235 , foi ele também quem obteve do Papa Gregório IX a aprovação defi nitiva da Ordem.

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Prngador de c1·uzada, confessor do Papa, inquisi<lor

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Jaime 1, rei de Aragão (1239-1276)

Co-funda<lor da Ordem de Na. Sra. das Mercês São Raimundo pediu ao seu superior que lhe impusesse severa penitência, a fim de expiar a vã complacência que supunha haver tido quando catedrático em Bolonha. Tendo em vista a grande capacidade econhecimento que o noviço possuía do Direito e dos cânones , o superior mandou-o escrever uma Suma de casos de consciência para que, por ela, se orientassem os confessores da Ordem. O Papa Clemente VIII afirmou que esse trabalho de São Raimundo era "tão útil aos penitentes quanto necessário aos confessores". Foi o primeiro escrito no gênero, tendo alcançado grande difusão. Segundo a tradição, nessa época Nos a Senhora apareceu em sonhos, na mesma noite, a São Raimundo, a seu dirigido São Pedro Nola co, e ao rei Jaime I, inspirando-lhes o desejo de fundar uma ordem religiosa e militar cujos mem bros se obrigassem,

No ano de 1229 o cardeal João Helgrin d' Abbeville, legado da Santa Sé na Espanha, foi encatTegado de uma tríplice missão: pregar a cruzada contra os mouros; declarar nulo o casamento de Jaime de Aragão com Eleonora de Castela; e fazer a visita canônica das igrejas, pondo em vigor, onde necessário, os decretos do concílio de Latrão. O cardeal associou a si São Rai mundo de Penhaforte, que percorreu as cidades da região a fim de preparai· o povo para receber o legado. Pregava a indulgência da cruzada, ouvia confissões e dispunha com prudência o corações, de maneira que, chegando o legado, encontrasse já os ânimos muito bem dispostos para as novas medidas. Finda a missão, o cardeal d ' Abbeville, ao dar ao Papa conta de sua missão, ressaltou a preciosa ajuda de São Raimundo, a quem cobriu de elogios. Gregório IX encat-regou então o santo de pregar nas províncias de Arles e Narbona em favor da expedição do rei Jaime de Aragão contra os mouros. No ano seguinte o Papa chamou-o à corte pontifícia, esco lh endo-o seu confessor, capelão e pe nitenciário. Nessa qualidade o santo redigiu grande número de documentos para o Soberano Pontífice. Como confessor, impunha ao Papa, como penitência, despachar com misericórdia e brevidade as causas dos pobres que acud iam à corte pontifícia e não tinham protetor. Tomou ainda parte ativa na introdução da Inquisição em Aragão e deu

JAN EIRO 2010 -


seu parecer sobre o procedimento a seguir em re lação aos hereges da provínc ia de Tarragona. Vaga ndo a sé dessa cidade, Gregório IX nomeou-o seu bi spo. São Raimundo protestou tanto e chegou a adoecer tão gravemente, que o Papa revogou a no meação, pe lo te mor de perdê-lo.

Se as pressões aumentarem ...

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Ordena a coleção das Decretales O trabalho inte lectual ma is importante que se deve a São Raimundo de Penhaforte na corte pontifícia foi o de ordenar e editar a nova coleção das Decretales (os vários decretos e dec isões pontifíc ias regulando pontos da di sciplina eclesiástica e c ivil ), destinada a substituir as várias ex iste ntes, que estavam em profunda desordem e confu são. O sa nto tra balhou du ra nte quatro anos nessa tarefa. Gregório IX, medi ante bu la de 5 de setembro de 1234, env iou a nova co leção às univ ersid ad es de Paris e Bolonha, em caráter oficial. E m 1237, Gregório IX encarregou-o de abso lver o rei Jaime de A ragão d a e xcomunhão e m que havi a incorrido, devido ao atentado cometido, através de seus age ntes, contra o bi spo ele ito de Saragoça. O santo exerceu as funções de penitenciário até 1237 ou começo de 1238. Tendo então adoec ido gravemente, os médicos aco nselhara m-lhe os ares da pátria. No capítulo geral dos domini canos realizado em Bolo nha, apesar de ausente, foi e le ito por unanimidade para s ubstituir o gera l Jordão de Saxe, fa lecido num naufrág io. Tendo que aceitar o cargo por obediência, promo veu nova redação das constitui ções da Orde m, que fora m aprovadas e m 1239 no capítulo geral de Pari s. E m 1240 de mitiu -se do genera lato dev ido à idade e pouca saú-

Túmulo de São Raimundo na catedral de Barcelona

de, e voltou para seu conve nto de Barcelona. Mas lá não permaneceu in ati vo. Pro moveu uma campanha de apostolado e m relação aos jude us e mo uros da E spanh a e da Áfri ca , e traba lh ou com sucesso para a repressão da heres ia na Espanha. Foi também por ini ciativa sua que se abriu em Múrc ia uma escola de hebreu, para fac ili tar o mi ni stéri o apostólico com os j udeus. A tradi ção conservo u um fato milagroso ocorrido com São Raimundo nessa época. O re i Ja ime I -- q ue tinh a o sa nto e m gra nde con ideração , e freqüentemente recorria ao seu ministério e co nselhos - levou-o consigo numa viage m à ilha de M all orca. Levou també m oc ul ta me nte um a mulh e r co m q ue m mantinh a relações ilíc itas. Ao descobrir o fa to, pediu ao re i q ue desped isse a mulher, caso contrári o ele se retiraria. O soberano pro meteu atendê-lo, mas não cumpriu a pro messa. Para impedir o santo de deixar a ilha, ordenou a

todos os portos que não o aceitassem a bordo. São Raimundo estendeu então seu ma nto sobre as águas, e nesse barco im prov isad atra vessou o braço do M ed ite rrâ neo até Barcelo na. São Ra imun do de Pe nhafo rte morre u no d ia 6 de janeiro de 1275, j á nonage nári o, sendo canoni zado em 160 1. • E-mail do aut or: prn so l irn co@catolicisrno.com.br

Notas: Obras co nsul tadas: - A. Teetaert, Ray1110nd de Pe11yqf'o r1 , in

Diclionnaire de 71,éofogie Ca1holiq11e, Letouzey et A né, Éditeurs, Pari s, 1903, Tomo X III , cols. 1806 e ss. - Les Petit s Boll andistes, Sa inl Ray111ond de Pe1111qfor1, in Vies des Saints, B loucl eL Barrai , L i braires-Écli teur s, Pa ri s, 1882, tomo 1, pp. 576 e ss. - Eclelvives, San Rai11111ndo de Peiiaforl, in EI San to ele Ca da Dia, Edit orial Lu is V ives, S.A ., Saragoça, 1946, torn o 1, pp. 23 1 e SS. - Fr. Justo Perez el e Urbe!, O .S.B. , San

Pedro No/asco y Sa n Rain11111do de Peiiafort , in Aíi o Cri stiano, Ecli ciones Fax, Madri , 1945, tomo 1, pp. 197 e ss.

esde ~006 tra mi ta no Congresso Nac iona l um projeto de le i (PLC 122/2006) , de uma deputada peli sta, que vi a pu nir quem d isc riminar os homossexu ais. É importa nte notar qu e a re pul sa co ntra os pecados de homossexua li smo continua a ex istir na maiori a da popul ação, não só no Brasil , mas pelo mundo afora. Ta lvez por isso o intuito de crimin alizar todos aq ueles que, de um modo ou de outro, externe m essa repul sa, va i adq uirindo características ditatoria is. Tais características vão se mani festando, cá e lá, pela ação de po líticos, a lguns juízes e principa lmente pela propaganda avassaladora que a m ídia faz do ho mossexualismo. Até um ape li do foi excogitado para carimbar q uem não concorde com essa política imoral: ho mofóbi co.

dos entrevistados são contra qualquer tentativa f utura dos lobistas homossexuais nesse sentido " ("Life Site News", 9l 1-09). 6 - "Há apenas alguns meses, o casamento gay parecia que estava em um. caminho inexorável para aprovação [no Estado de Nova York]. Mas o proj eto de lei para legalizar o casamento homossexual em Nova York j i·acassou surpreendentemente na quarta-feira. Em Nova Jersey, os democratas desistiram de agendar um. proj eto de lei para a votação, acreditando que não têm mais apoio" ("New York Times", 2- 12-09).

Vejamos algw1s exemplos e/esse descompasso:

Não se iluda m os fa utores do homossexualismo. De momento, as reações ainda são passivas. O desagrado é profun do, mas pouco mani festa ti vo. Consultado, o homem de bom se nso di z não, e fica ni sso . Mas à medida que a pressão em pro l do homossex ua lismo aumentar, ela te nde a produ zir crispações, confo rme o caso reje ições mais vi gorosas, e poderá trazer à tona reações inesperadas, até aqui contidas, qu e não se sabe até onde podem chegar. Quando os f ilhos de Nossa Se nhora se derem conta das lág rimas que Ela verte por causa desses pecados, talvez e les as que iram repara r. •

1 - "As ·011.sultas populares realizadas junto com. as eleições fo ram mais uma demonstração do descompasso entre o voto do povo e as decisões das assembléias legislati vas. No Maine (Estados Unidos ), os eleitores revogaram a lei que permitia o casarnento gay, aprovada há seis meses pelo Legislativo estadual - exatamente como acontecera na Califórnia em novembro de 2008. {... ] Em outros 31 estados, as consultas populares [tambérnj negaram esse direito a parceiros do mesmo sexo. Entidades gays gastaram US$ 4 milhões na campanha no Maine " ("O G lob ", 5- 11-09). 2 - A parada ho mo sexual em Copacabana em nove mbro último fo i prestig iada pe l mini stro do govern o L ul a, Carl os Mine, pelo governador do Rio, Sérgio Cabra l, pelo prefe ito do Ri o, Eduardo Paes, e ua mulher, Cristi ne Paes, e pe la atriz Letícia Spill er. "Os organizadores esperavam reunir 1,5 milhão de pessoas, mas segundo cálculos da Polícia Milita,; apenas 200 mil acompanharam a Parada" (Portal do Estadão, 1- l 1-09). Co-patrocinado ra des a Parada, a prefe itura aumentará a verba dos R$ 100 mil deste ano para R$ 800 mil , em 2010 (" O Globo", 2- 11 -09). 3 - O Pará será o primeiro estado a garantir aos presos ho mossexuais, em todos os seus presíd ios, o di reito de receber vi itas ín timas de seus parce iros ("O G lobo", 12- l 1-09). 4 - Do is ind ivíduos "júndaram a Igreja Cristã Contemporânea, hoj e corn três sedes e mais de 500 seguidores. A denominação tem como objetivo acolher o público gay que, segundo eles, não se sentia bem em outras igrejas " ("Fo lha de S. Paulo", 9- 1 1-09) . 5 - " U111a pesquisa realizada pelo jornal Los Angeles Times e pela Universidade do Sul da Califó rnia mostra que a maioria dos californ ianos não quer mudar a proibição no estado do 'casamento ' de pessoas do mesmo sexo. Quase 60%

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CATOLICISMO JANEIRO2010 -


!I

DISCERNINDO

crevo para o leitor uma pequena obra-prima de descrição, feita por uma senhora francesa. Com seus fil hos, aos quais ela chama pitore camente "meu bando", ela visitava a cidade de Bastia, na Córsega: "Ontem, no labirinto das ruas de Bastia, eu acompanhava meu.bando, quando minha filha maior f ez esse pequeno gesto de acertar uma alça de seu vestido, com ar displicente. Ti.ve o tempo justo de acompanhar o fim desse movimento. Ela é uma bela menina de nove anos, ainda mais bela quando vista pelos olhos de sua mãe, evidentemente. Mas possui, disso estou certa, uma qualidade inegável: a graça essa elegância que faz com que seu coque se desmanche empre pe,feitamente, que suas roupas ainda muito pequenas caiam com perfe ição, e que em todas as circunstâncias ela conserve um chique infantil único. Não me canso de apreciá-la evoluir, constantemente atônita e maravilhada de

ter podido contribuir, apesar de mim mesma, a tanta delicadeza". O blog onde se encontra essa descrição (Pensées de Ronde) é aberto a comentários. Eis algun s deles: "São esses ínfi mos detalhes que revelam a elegância, a graça das pessoas !" "Sim , é bem isso a graça, ela se manifes ta por vezes em pequenas coisas um gesto, um olhar, uma mecha de cabelos, um sorriso .. ." "Ela tem efetivamente, e mesmo de costas, aq uilo que não se compra: a elegância da atitude. E às vezes eu penso que seria preciso di zer isso a algumas ... " "A graça é a beleza interior que a gente vê no exterior" .

Um dom 11atllral a ser bem cultivado A graça, neste sentido em que a estamos tomando, é um dom natural. Pode-

Maria Stuart rainha da Escócia

se tê-la ou não. Entretanto esse dom pode ser cultivado, e com isso preservado e até aumentado, eventualmente adquiri do, por uma educação esmerada. Tal é o apanágio da nobreza. E ntre outros valores, é próprio da classe nobre praticar aquele tipo de ascese pela qual a graça sobressai, encanta e atrai. Daí certas soberanas serem famosas por sua graça, co mo a Rainha Mari a Antonieta da França, Maria Stuart da Escóc ia e a Imperatri z Elisabeth (Sissi) da Áustria. Por ser um bem superior ligado à aima, mais excelente do que a beleza física, a graça hoje vai sendo desprezada, substituída por características mais próximas da animalidade, como a sensualidade. • E-mail ci o autor : eicl alcncastro@ca1olicisrn o.com .br

Imperatriz Elisabeth (Sissi), da Áustria Maria Antonieta rainha da França

Graça e nobreza A A graça sobrenatural é

um apanágio dos santos; e a graça natural o é da nobreza; mas ambas podem ser muito difundidas na sociedade

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CATOLICI SMO

11 Cio ALENCASTRO

graça, entendida em seu sentido sobrenatural, comunica à alma uma beleza excelsa que a torna agradável a Deus, pois é uma participação criada na vida di vina. Essa beleza sobrenatural tem seu símile na mera natureza humana, de modo que a palavra graça, compreendida em sentido apenas natural, indica uma particular delicadeza da pessoa, que se reflete em mil imponderáveis de sua personalidade e de seu modo de agir. Nessa acepção, o dicionário Houaiss define graça como sendo "elegância e leveza deformas, do porte e/ou dos movimentos; graciosidade". Não se confunde com a beleza fís ica, é mais espiritualizada, e portanto mais elevada do que esta.

Uma beleza interior que

se vê no exterior Às vezes, uma narração bem feita pode dar melhor o sentido de uma palavra do que a fria definição de um dicionário. TransJANEIRO2010 -


São Raimunclo ele Pcnllafmtc (Vide p. 36)

7 São CanuLO Lavard, mártir

+ Dinamarca, 11 3 1. Filho do

1 SANTA MARJA, MÃI~ DI~ DEUS (anliga mcnLc, Circuncisão) Primeira Sexta-feira do mês.

2

re i d a Din a marca, c hamad o Lavarei (ou o Senhor) por seus compatriotas, favoreceu a ati vidade miss ionári a de São Vicelino. Foi duqu e da Jutl ândi a e recebeu do imperador do Sacro Império Rom ano Alemão o título de rei, o que provocou a ira do soberano da Dinamarca, e por essa razão foi assass inado por seus primos.

8

São Mad1l'io de Alexandria, Anaco rcla

SanLo Apolinário, Bispo

+ Egito, 394. Jovem ainda, fu-

+ Frígia, l 79. Sua fa ma em re-

g iu para o deserto, onde passou mais de 60 anos em j ejuns, penitências, orações e luta contra o demônio.

futar a he res ias valeu-lhe o cognome de o Apologeta.

Primeiro Sábado do mês.

5 São João Neumann, Confessor + Filadélfia, 1860. Natural da Boêmia, foi para os Estados Unidos como mi ss ionári o dos imi gra ntes de líng ua a le mã. Nomeado por Pio IX bispo de Filadélfia, promoveu a educação católica das crianças, fundou uma congregação religiosa fe minina com essa fin alidade e levou outras da Europa.

6 l~PW/\ 1/\ 00 Sl•:N I IOR. OU SANTOS Rl•:IS

São Sabas, Bispo e Confessor têvão I, fund ador ela dinastia e do Estado independente da Sérvia, aos 17 anos retirou-se para um mosteiro do Monte Athos. Seu pai seguiu-o depois de abdicar o trono. Juntos fundaram um moste iro para os sérvios.

meado por São Vitaliano para a Sé de Cantuária, suplicou ao Papa que nomeasse São Teodoro em seu lugar, dispondo-se a secundá-lo nos trabalhos mi ssionári os.

grandes abades de Cluny, cujo papel fo i primordi al na Idade Médi a. A ele se deve a introdução da festa de Finados; e para co ntrol ar o es pírito extre mame nte be li coso do tempo, a Trégua de Deus, que proibia atos de hostilidade ou pilhagem da quarta-feira à tarde à segunda-feira de manhã.

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Sa nlo /\cl riano Abade, Confessor + Cantuári a, 710. Italiano, no-

+ Cluny, França, 1048. Um dos

Toledo, Gumercindo fo i designado para uma paróquia perto de Córdoba. Abderramám II, que dominav a a c idade, promul gara uma le i pela qual qualquer muçulmano podia mata r um cristão que atacasse Maomé. Tend o Gume rcindo ido àquela cidade acompanhado do monge Servideo, muçulmanos os denunc iaram como cristãos , decapitando-os por ódio à fé.

+ Bul gári a, 1237. Fi lho de Es-

~l 4

13 SanLos Gumercindo e Ser vicleo, Mártires + Córdoba, 852. Ori ginári o de

9

SanLíssimo Nome de ,lesus

Sanlo Odilon, Abade

po e alma à conversão dos infiéis e pecadores, à in strução infa ntil , bem como ao c uidado dos doentes, anciãos e pobres.

10 BATI SMO DE NOSSO SENI IOR ,JESUS CRISTO

11 São Teodósio o CcnobiLa, Confessor

+ Palestina, 529. Retirando-se para o deserto perto de Belém para viver e m recolhimento , sua fama de santidade atraiulhe inúmeros discípulos. Construiu três hospitais. Com São Sabas, 1uto u valorosamente contra a heresia monofis ista, sendo por isso desterrado pelo imperador bizantino.

12 Santo /\nLônio Maria Pucci, Confessor

+ Vi aregg io, Itáli a, 1892. D a Congregação dos Servos de Mari a, santificou-se como pároco de um porto pesqueiro e de veraneio. Dedicou-se de cor-

15 São Paulo Eremita, Confessor + Eg ito, 342. O primeiro e mais famoso dos eremitas, órfão aos J 4 anos . Aos 20 anos, durante a persegui ção do imperador romano pagão D écio , fugiu para uma gruta no deserto. Milagrosamente, um corvo trazialhe um pão a cada dia.

16 São Bernardo e companlleiros, Mártires + Marrocos, 1302. E nviados por São Francisco de Assis para converter os mouro de Sevilha, expu lsos desta cidade, dirigiram-se São Bernardo e quatro outros re li giosos franciscanos para o Marrocos como capelães de mercenários cristãos cio exército marroquino . Como pregavam ao povo e recusava m-se a cessar suas prédicas, o sultão decepou-lhes a cabeça com sua própria cimitarra.

17 São Sabino, Bispo e Confessor + Piace nza, 420. Amigo el e Santo Ambrósio, participou ele vários conc ílios e fo i enviado pelo Papa São Dâma. o ao Ori e nte, por ocasiã.o dos di stúrbi os provocados pe los arianos em Antioquia.

IH São l ,cobarclo Recluso, Confessor

+ Fra nça, 593. Depoi s de consagrar-se ao cs t udo , passo u seus ben s ao irmão e foi viver na co ntemp lação pe rto de Tours , sob a direção de São Gregório, bispo de a cidade.

IH São CanuLo 1~ ·i , Con fessor + Dinaman:a, 1086. Filho i legítimo cio R · i Swcy n da Dinamarca, sobrin ho de seu homônimo que conqui stou a lnglaLerra , s ubiu ao trono a pós a morte ele seu irmão. Vítima ele uma re be li ão , anulo fu g iu para a ilh a de Fun ·m, onde se preparou para a morte . Fo i assass in ado pelos r ·bclcles e nquanto orava aos pcs do altar.

20 São Sebaslião, M{lr1,ir + Roma, 288. Centuri ão da guarda pretoriana do imperador romano pagão Diocleciano, sust · ntava com zelo apostó lico os confessores ela fé e os mártires. Denunciado, fo i trespassado com fl echas; curado mi lagro amcntc, foi açoitado até a mo1te. Tornouse um cios santos mais popu lares em toda a fgreja.

21 BcaLo ,loão Balisla Turpin de Cormier e Cotn pélnhciros, Má rtires + França, 1794. Pároco ele Lavai , com sua con ·tâ ncia e valo r c n ·orajou outros 13 sace rdotes a nfo prestarem o cismáti co j uram ·n to co nstitu cional imposto p ·la Revo lução Francesa, in ·itou-os à pac iênc ia e pe rscv ·ranc;a. Inti mados outra vez a pr ·stur o juramento, todos se r' ·u s:u·um . sendo con-

clenaclos à guilhoti na pelo tribunal revolucionário.

27 São Vilaliano, Papa e Confessor

22

+ Roma, 672. Sucessor ele Eu-

São VicenLe Pallolli, Conl'cssor· + Roma, 1850. Doutor e m Te-

gê nio I no sólio pontifíci o, enviou à Ing late rra São Teodoro de Tarso para a sé de Cantuári a, e Santo Adria no como abade ele Santo Agostinho.

o log ia , fa moso co nfessor e exorc ista, seu programa fo i o de levar os cató licos a partici par intensa mente cio traba lho apostólico. Para isso fu ndou a Sociedade do Apostolado Católico.

2~J Santa Emerenciana, Virgem e Márlir + Roma, 304. De acordo com o Martirológ io Romano, Emerenciana era irmã de le ite ele Sa nta In ês. Após o martírio desta, fo i rezar junto à sua tumba. Ainda catecúmena, receb u o batismo de sa ngue ao se r morta pelos pagãos ali mesmo, a pedradas.

24 São Francisco de Sales, Bispo , Confessor e Doutor da Igreja + Annecy, 1622. Bi spo ele Geneb ra , an imado ele profundo amo r de Deus e das a lmas, dotado de bondade e suavidade excepc ionais no trato , sóli la cultura e oito lox ia, fundador e di re tor .de incontávei s a lmas que guiou com passo firme no ca minho ela perfe ição.

25 Conversão de São Paulo Apóstolo Após ca ir cio cava lo e conve rter-se, o perseguidor cios cristãos tornou -se Apósto lo. Instruído pelo próp ri o Cristo Jesus, fo i um ci os mai s ardo rosos proc lamado res cio cristiani sm .

?(, Sa 11La Paula , Viúva

+ Palestina, 404. Matrona romana da mais alta aristocracia, ed ificava Roma com seu marido pela vi rtude. Tendo fa lecido seu esposo, fo i convencida por Santa Marcela, tamb m viúva, a entregar-se totalmente a Deus.

28 Sanlo Tomás de /\q uino, Confessor e Doutor da Igreja + Fossa Nuova, 1274. O maior teó logo da Igrej a foi, aos c inco anos, confi ado aos monges bened itin os de M o nte Cassino, e ntrando depois para a Ordem Dominicana, da qual é, com o fundador São Domingos, a maior g ló ri a. Co m razão foi cognom inado Doutor Angélico, por sua pureza de vida e e levação ele doutrina, que transcende a pura inte ligênc ia humana.

29 São Sulpício Severo, Bispo e Confessor + F rança, 59 1. São Gregório ele To urs refere-se a e le com mui to respeito, elogiando suas virtudes. Foi nomeado para a é de Bourges em luga r ele candi datos simo níacos .

Intenções para a Santa Missa em janeiro Se rá ce lebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, na s seg uintes intenções: • Pe los assinantes, leitores e benfeitores de Ca tolicismo, a fim de q ue suas famílias, neste novo ano que se inicia , se iam espec ia lmente protegidas pela Sagrada Família, paro serem preservodos do pecado, da violê ncia, do desemprego e das drogas, que co nstituem grande perigo sobretud o para os mais jovens.

~JO Santa Balildc, Viúva + França , 680. Ing lesa ele nascimento e levada para a França, por sua virtude e prudência encan tou C lóv is II, que a fez sua es posa. Mãe de três reis C lotá ri o m, C hil deri co II e Thie rry Jll - tornou-se regente após a morte cio esposo, governando o reino com rara habi liclade.

31 São João Bosco, Confessor + Turim, 1888. Exerceu enorme influência no campo reli gioso e social, tendo fundado a Sociedade Salesiana e o Instituto elas Filhas de Maria Auxi li adora. "O êxito dessa obra só pode explicar-se pela vida sobrenatural e santidade de seu fundador ", como afirmou São Pio X.

Intenções para a Santa Missa em fevereiro • Supli cando a Nossa Senhora de Lo urd es pe la saúde de todos os leitores de Cato li cismo. Face às co ntínua s e sempre cresce ntes ameaças à instituição da famí lia por exemp lo, com a nova le i do divórcio - , pe dindo a Ela tamb é m pe la saúde esp iritua l dos fam ílios brasileiros, a fim d e que se man tenhom ca da vez mais fié is à moral católica.

JA


tes e nas consciências até se converterem em verdadeiros clássicos, cuja importânc ia cresce com o tempo.

Maitre à tJenser da llirnita italiana A esta última categoria pertence, sem dúvid a alguma, a obra-me tra do grande pensador católico brasileiro Plinio Corrêa de O li veira - Revolução e Contra-Revolução (R-CR). Já na época de sua publicação, em 1959, o então decano do Sagrado o légio dos Cardeais, S . Ema. Eugenia Tisserant, comentara: "Esta obra é da mais alta importância para os tempos em que vivemos ". Hoje, meio século mais tarde, podemos di zer que esta importâ ncia não fez senão aumentar. Com 30 edições cm oito línguas, Revolução e Contra-Revolução é, sem dúvida a lguma, um dos livros mais importantes de nossos tempos . Concretamente na Itá lia, a repercussão dessa obra a coloca com uma das que mais têm influído em vastos setores da opinião I úb li a nac iona l: "O que existe hoje de catolicismo tradicional 11a Itália é da escola brasileira de Corrêa de Oliveira " , escreveu cm 1996 o conhecido teólogo e jornalista Pe. Gianni Bag t Bozzo . Já e m 1993, o diário romano "II Tempo" qualifi cara Dr. Plinio como "um dos maí'tres à penser da direita italiana ". Mais recentemente, o site do presti gioso lst.ituto tori ·o per l 'Jdentità Nazionale, de Roma, registrou :

"Revoluçcio , ontra- Revolução tem sido o livro de cabeceira, o livro de rejT ,.x:ão e o guia para a ação de várias gerações de católicos italianos" .

Nova edição italiana de Revolução e Contra-Revolução

Uma pesquisa nos sites italianos da Internet mostra mais de 10.000 menções ao líder brasile iro. A e le são dedicados diversos sites, blogs e grupos Facebook. É comum ver seu nome citado em j ornai s e revi stas. Suas obras são estudadas em universidades e em seminários. E não podemos esquecer que na Itáli a se publicou em 1996, a prime ira bi ografia dele, escrita pelo Prof. Roberto de Mattei: Il crociato dei secolo XX, Plinio Corrêa de Oliveira.

Revolução e Contra-Revolução 11a Itália A hi stória da R-CR na Itáli a começa em 1964, com a primeira edição traduzida por Giovanni Cantoni e publicada por Dell 'Albero, de Turim. Em 1973, a segunda edição italiana fo i editada por Cristianità, de Pi ace nza, órgão de Alleanza Cattolica, fundada por Cantoni. Em 1977, em vista de uma nova edição do li vro, G iovanni Cantoni pediu ao Dr. Plinio, com quem mantinha estre itos contatos de amizade, algun s comentários para atuali zar a obra. O autor preferiu escrever a Parte III, sob o título Vinte anos depois, analisando os novos panoramas que se abri am, sobretudo a partir da revolução da Sorbonne e m 1968. Em 1992, Dr. Plinio acrescentou ao li vro algumas notas e um posfácio . Em 1998, para comemorar os 90 anos do nasc imento de Plinio Corrêa de Oliveira, a Associazione Luci sull'Est, de Roma, publicou a quarta edição italian a co m um e nsaio introdutório sobre a gênese do pensamento do autor, amplamente difundida pelo correio em todo o país. E chegamos assim a 2009, ano do c inqüente nário da obra, que agora sai à luz em nova edição preparada por Giovanni Cantoni e publicada pela Sugarco, de Mil ão (foto na página anterior). Contém a obra original na sua íntegra, uma série de escritos do próprio Dr. Plini o que desenvo lvem as teses do livro, além dos prólogos às diversas ed ições e outros textos atinentes.

Brilhante congresso no Augustinianum

E m congresso no auditório do Pontifício Instituto Auguslinianum, homenagem a Plinio Corrêa de Oliveira por ocasião do cinqüentenário de sua magna obra.

Juuo LoREDO

Roma - De acordo com os antigos romanos, habent suafata libelli (os li vros tê m o seu destino): alguns saem da tipografia e vão diretamente para o lixo, não interessam a ningué m; outros, insuflados por potentes propagandas midiáticas, convertem-se logo em best-sellers, para serem esquecidos logo que a propaga nda desliga suas tubas. São poucos os livros que, sem nenhum suporte da propaganda, conseguem penetrar nas men-

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CATOLICISMO

A edição italiana comemorativa do ci nqi.ientenário de Revolução e Contra-Revolução foi lançada em 2 1 de novembro último, num congresso realizado e m Roma no auditório do Pontifício Instituto Augustinianum, ao lado da Praça São Pedro. Organizado pela Associazione Tradizione Famiglia Proprietà - TFP e por Alleanza Cattolica, o e ncontro contou com centenas de participantes. Presentes na prime ira fi le ira fi g uravam S. Exa. D . Athanasius Schneider, bispo auxi li ar de Karaganda (Cazaquistão), e S . Exa. D . Juan Rodolfo Laise, bi spo emérito de San Luis (Argentina) [foto 1]. Parti c ipa ra m ta mbé m monsenhores e muitos sacerdotes. Chamava a atenção a jovem idade destes últimos, prova de que precisamente nas novas gerações a Tradição encontra seus ma iores entusiastas. O congresso comportou duas sessões: a prime ira fo i presidida por S.A.I.R. Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil [foto 2] ; a segunda, por Dr. Caio Xavier da Si lveira, presidente de Pro Europa Christiana. Apresentaram os oradores, respectivamente , Sr. Ju an Miguel M ontes, da TFP italiana, e Dr. Atti lio Tamburrini, de Alleanza Cat.tolica. JAN EIRO2010 -


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,\lkan'LA C.uolita

O Sr. Montes [foto 3] , a propósito da capa do livro com a imagem de Nossa Senhora do Apocalipse, esclareceu que este símbolo evoca a eterna inimi zade e ntre Maria Santíssima e o demônio, entre os filhos da Virgem e os filhos das trevas, descrita no Gênesis, e a luta entre a Revolução e a Contra-Revolução, um desenvolvimento dessa luta milenar em nossos dias. Exprimi ndo-se em francês, o Príncipe Dom Bertrand lembrou os estreitos vínculos que uniam a Família Imperial brasileira com a fam ília de Dr. Plínio, espec ialmente a íntima amizade deste com seu pai, o Príncipe Dom Pedro Henrique, autor do prólogo à primeira edição francesa: " Uma grande afinidade ideológica unia meu pai a Plinio Corrêa de Oliveira, e assim aderiu à escola de pensamento e de ação por ele fundada".

Beleza da Cristandade x vulgm'idade cio moclenw O primeiro orador, Prof. Massimo Introvigne [foto 4], é vicediretor de Alleanza Cattolica, presidente do CESNUR (Centro Studi sulle Nuove Religioni), sociólogo, historiador, escritor de fama internacional, autor do recente livro Una battaglia nella notte: Plinio Corrêa de Oliveira e la crisi nella Chiesa ne/ seco/o XX (Sugarco, Milão, 2008) e animador do dinâmico grupo Facebook Amici di Plinio Corrêa de Oliveira. Com o título " Revolução e Contra-Revolução no contexto brasileiro de 1959 -A beleza da Cristandade contra a vu lgaridade do moderno", o Prof. Introvigne passou em revista a luta de Dr. Plinio contra as tendências revolucionárias da época, especialmente o populismo e o integralismo. Aparentemente opostas, estas correntes estavam mancomunadas pela adoração da modernidade igualitária, contra a qual Dr. Plínio opunha o ideal de restauração da civ ilização cristã. Na linha de uma série de recentes pronunciamentos do Papa Bento XVI, o orador apresentou a beleza da cristandade como uma de suas características essenciais, ou seja, sua capacidade de refletir, como num espelho, as perfeições de Deus: "A beleza da Cristandade é o coração de Revolução e ContraRevolução, um coração que palpit.a pela Igreja, pela Cristandade, palpita por cada militante contra-revolucionário que

CATOLICISMO

queira combater o bom combate sob a bandeira de Cristo Rei e de Maria Rainha". Logo após, enquanto diretor da TFP italiana e chefe de redação da revista Tradizion.e Famiglia Proprietà, de Roma, desenvolvi o tema "Revolução e Contra-Revolução, sínte e de um a vida": Assim como a causa é sempre superior ao efeito, a obra intelectual de Plínio Corrêa de Oliveira, mesmo grande e importante, não esgota a grandeza da sua vocação. Mais do que uma síntese de seu pen sa mento, a R-CR é uma síntese da própria vida de Dr. Plinio, uma síntese do ideal ao qual e le se dedicou . Após ter expli cado como esse idea l não nasceu da leitura de livros teóricos , mas da própria luta contra a Revolução desde a mais tenra idade, destaquei como o núc.leo de se idea l é a fé católi ca. O próprio autor homenageado in istia sempre: "Eu ncio quero ser senão filho da San.ta Igreja, membro da Igreja e obediente à Igreja. Esta é a minha definição! ". Em Revoluçcio e Contra -Re voluçcio, todos os elementos que encontramos são traços da vida de Plínio Corrêa de Oliveira. Por exemplo, o seu espírito militante. "Eu estou habi/uado a lutar desde quando era menino", afirmou ele numa entrevista em 1990. Mas o que mai s disting ue o ilustre pensador e home m de ação brasileiro é, certamente, a sua firme esperança no triunfo do Coração Imacu lado de Maria. "Quem somos nós ?" - perguntava Dr. Plinio num artigo de 1946. E respondia em segu ida: "Somosfilhos e seremos heróis da confiança, os paladinos desta virtude! Quanto mais os acontecimentos parecerem desmentir a voz da graça que nos di z 'vencereis', tanto mais acreditaremos na vitória de Maria!".

Como nasceu a Revolução e Contra-Revolução Durante uma breve pausa, os participantes puderam adquirir obras do Prof. Plíni o expostas no hall de entrada do Augustinianum. Na segunda sessão, presidida por Dr. Caio Xavier da Si lveira [foto 5], narrou ele episódios do dias em que nasceu a R-CR, ao fim dos quais comentou: "Saindo de seu escritório, Dr. Plinio estava literalmente radiante de f elicidade. Em. 40 anos de conví-

vio estreito ·0111 ele, nunca o vi tão contente. Ele me disse que o ci nqüentenário da obra-mestra de Plínio Corrêa de Oliveira. estava mui/o sati.\/eito, porque tinha conseguido explicitar a sín~ua ~al~stra, sob o título "Revolução e Contra-Revolução , eco tese pe~feita de seu pensamento no que diz respeito ao problema f1del 1ssuno do Supremo Magistério da Igreja", lembrou a carda Revoluçcio e da Contra-Revoluçcio". ta que o prefeito e o secretário da Sagrada Congregação dos O primeiro orador dessa sessão foi o Prof. Mauro Ronco [foto Seminári os e Universidades , cardeais Giuseppe Pizzardo e 6], de Al/ea11za a/fo/ica, ex-membro do Consiglio Superiore Dino Staffa dirigiram ao autor em 1963, qualificando outro della N!agistmt11m e aluai presidente da Ordem dos Advogados seu li vro, "A liberdade da Igreja no Estado comunista", ele de Tunm. Desenv lveu um tema profundo e importante: "O Di"eco fidelíssimo do Supremo Magistério da Igreja". O orador reito e as instituiçõ ·s m Revolução e Contra-Revolução". Afirafirmou que este juízo pode-se aplicar a toda a obra intelectumando que "este tema está no centiv da obra magistral Revolual do célebre pensador brasileiro, em particular a Revolução e ção e Contra-Revol11çc7o ", explicou o conceito da legitimidade Con.tra -Revoluçcio: " O termo 'eco' lembra - ou melhor trade um poder temporal , e po1t anto de uma ordem social. Na ótica duz - a palavra 'catechismo ', do grego 'catecheo ', que sigdo homenageado, a única verdadeira legitimidade é aq uela em nifica 'fazer eco' ou 'refletir um som', de onde 'ensinar oralque se torna efetiva a r ai za ele Nosso Sen hor Jesus Cristo: "A mente'. Daqui vem a 'catech.esis', ou seja, o ensino da doutricivilização cristã, que reconhece a realeza também social de na cristã. Por extensão, significa também o livro que contém Nosso Senhor Jesus Cri.1·10, é a única orestes ensinamentos. Portanto, 'eco dem legítima, porque ordena todos os . fidelíssimo do Supremo Magistério da atos da jus/iça em torno ao r •conheciIgreja', aplicado a Revolução e Conmento do d ireito d'Aquele - Filho tra-Revolução, quer dizer 'catecismo Unigênito de Deus - que não só nos deu fidedigno do Supremo Magistério da o ato d • se t; mas através da sua Igreja'. Eis o verdadeiro alcance da Encamaçcio, Paixão, Morte e R •.1·s11rreiobra-mestra de Plinio Corrêa de Olição readq11iri11 para nós a p lenitude do veira". nosso ser à imagem e seme/han('a de $:,eNU Catt-<>IICllnt Deus". Não é outro o fundamento do Allean1.a Cattolica * * * verdadeiro Direito. Nu ma época m que triunfa a noção positivista do direito O congresso encerrou-se com uma ou seja, a id ia de que o direito emana Missa solene, celebrada em rito romado Estado o u do povo, sem nen hum fun no antigo (São Pio V) por D. Athanasius damento numa ordem moral superior Schneider na igreja de Santa Mônica, é necessário pro ·lumar que o direito, e na Piazza dei Santo Ofício, ao lado do portanto a legiti 111idt1dc das instituições, Vaticano. Em sua homilia, o bispo autem o seu fundam •111 0 na Lei natural e xi I iar de Karaganda destacou a divina. centralidade da devoção a Nossa SenhoE ncerrou o con 1 r •sso o Sr. G iovanni ra, não só na vida espiritual , mas tamCantoni [foto 7], fund ador e Reggente bém no apostolado. • Nazion.ale de All<'1111 z11 Cattolica , a E-mai l para o au lor: quem se deve a ma 1 11 l'i ·a ed ição para

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c;llolicismo @catolicismo.çom.br

JANEIRO2010 -


Um emblemático guerrilheiro

tupamaro da década de 70 governará o . . Uruguai nos proximos cinco anos /

"O movimento tupamaro não foi senão um show com pólvora e sangue, mediante o qual o imperialismo soviético tentou conquistar a República Oriental do Uruguai" Plinio Corrêa de Oliveira m FERNANDO M oNTABONE

xtravagância de nossos tempos. Nas recentes eleições, a maioria dos uruguaios escolheu para a primeira maoistratura da nação um personagem de todo singular, tanto p~lo curriculum vitae como pelo peculiar modo de viver, vestir, falar: chama-se José Pepe Mujica, um homem beneficiado pela generosa e unilateral anistia concedida ao terrori smo, após penar 14 anos na pri são. Um líder do mai s radical movimento terrorista de guerrilha urbana - o MLNTupamaros - que assolou o Uruguai nas décadas de 60 e 70. Além de causar inúmeras vítimas, esse movimento guerrilheiro esteve a poucos passos de institucionali zar e perpetuar indefin id amente no Uruguai e em Cuba, com reflexos em todo o Continente, a violação da Lei divina e do Direito natural. Extravagante, di zemos, poi s os que viveram aqueles dias amargos sabem que um sangrento show clérico-tupamaro punha em xeque as instituições uruguai as; que uma notável reação popul ar impedia as institu ições de capitularem completamente; que a agressão terrorista se realizava mancomunadamente no terreno reli gioso, psicológico e físico; que uma integridade moral de base, poucas vezes vista, impô a reação conservadora das Forças Armadas. E as mesmas pessoas que viveram aqueles dias amargos nunca podiam sequer conceber que, quatro décadas depois, os unanimemente execrados de então chegassem à presidência do Uru-

~ CATOLIC ISMO

guai. Pior do que isso, que em grande número de casos eles contribuíssem para isso com os seus próprios votos ...

Que imensa mudança! Não menos inaudito era imaginar a suspeição, a desconfiança e a perseguição a que se veriam sujeitos, a_lgumas dé:adas depois, aqueles mesmos que, apoiados pela imensa maioria do Uruguai , realizaram essa benemérita gesta de salvação nacional, impedindo assim que uma ditadura marxista cléricotupamara se assenhoreasse do país. Dois presidentes da República daquela época estão presos. Que desconcertante mudança: os que estavam no cume encontram-se no chão; os que se encontravam nos cárceres estão hoje no governo! Como pôde isto acontecer, e com tanta naturalidade, sem sustos nem sobressaltos, num ambiente de confraternização que se diria geral? Quem resolve esta charada? Antes das eleições, Tradición y Acción por un Uruguay Auténtico, Cristiano y Fuerte, entidade que recolhe os ideais e a gloriosa herança de Tradición, Familia y Propiedad, publicou um manifesto de página inteira em "EI País", principal jornal do Uruguai, chamando a atenção para este enigma. Ao mesmo tempo, advertia os uruguaios com a frase da famosa esfi nge, colocando a alternativa: "Tu me decifras ou te devoro". Realmente, ou entendemos em profundidade o que está sucedendo, ou seremos devorados pelos acontecimentos. No referido comunicado, intitulado O bem do URUGUAI, as próximas eleições e o futuro da América Latina, advertiase que "uma disputa eleitoral aparente camufla e desvia a controvérsia real, induz o eleitor ao engano e coloca o país em gra ve risco de precipitar-se, sem o saber; no caos do socialismo chavista do século XXI" . Seguindo o esquema tomista de ver; julgar e agir, nele se mostrava o antecedente imedi ato desse resultado eleitoral, inaudito na perspectiva dos anos 70, quando a esquerda unida, ostensivamente

dissociada dos tupamaros, não atingia 18% do eleitorado, ao exemplos as posturas eleitorais dos candidatos, que se caracteripasso que hoje, encabeçada por um tupamaro histórico, ultrazavam por um jogo de "espelhos e de miragens políticas e religipassa 50%. Mas sem renegar seu passado, sem mudar de nome osas, nos quais se dissimula o que se é e se aparenta o que não se - e aí está uma das chaves do enigma - esse tupamaro se é; moderados no que diz.em, mas radical um, tímido e condesmetamorfo eia. Já não ameaça nem cendente outro naquilo que calam e esincita ao seqüestro, ao roubo, ao ascondem; ambos omissos nas questões EL BIEN DEL URUGUAY sassinato. Longe estão os dias dos cárcandentes mais importantes do momen1\ LAS PRÓXIMAS ELECCIONES ceres do povo, dos julgamentos, das to". E incluíam como tais "questões can/ Y EL FUTU RO DE AMÉHICA LATINA \(,o,__ " dl.,\I.. 1, 1.c1...ce• sentenças e dos aceitos de conta "podentes", entre outras, o "casamento" ho""-t,,.,._';/ •n•10Av•l•hto:u.. yçut...,••'••••wny,.,...,,,••11vd•P1'"''"k'"•• _,....,,,•..,, ....!E5..:... mossex uai, o aborto, o divórcio, o pulare ". Não mais se ouve o estamdesfazimento da família, das instituições pido das bombas nem se vêem as mee do próprio Estado. E os apresenta tralhadoras . Não há medo de invasões como concordes em elidir a questão rede cidades nem ele que se tome e exerça o Poder p las armas. Metamorfose ligiosa, outrora tão candente no Uruguai. sintetizada n . tcs ditos eleitorais de Era duro denunciá-lo, mas o bem Mujica: "Digo adeus à minha velha comum exigia fazer notar que, "acomconduta políti ·a; O modelo sueco ou panhando este mesmo jogo de espelhar o cf.a Nova Ze/{lndia? - Tiro o chapéu; o contrário, confundir em vez de distino exemplo a seguir é Lula. Grande guir e esclarecer; a autoridade eclesiástica aparece no quadro político- eleiLula! Unindo os diferentes!" Os tupamaros chegam hoje ao potoral como a que nas suas declarações der, estendendo a mão à força polítise mostra menos sutil e mais radical em ca não propriam nte adversária, mas propiciar a (des)ordem igualitária, que antes alternativa. Ao comemorar seu é a meta última do comunismo, assim triunfo, e contrariando sua imagem como o desmantelamento elo princípio histórica de inc itar ao ódio de classes da propriedade privada". "Abençoane à divisão dos uruguaios, Mujica dido" este jogo de espelhos deformadores, antecipando inclusive o discurso concirigiu-se precisamente aos " compatriliador do presidente eleito ao qual fizeotas que têm tristeza e que são irmãos mos menção, "dava a entender que as de nosso sangue". elevando a voz, proclamou: "Nem ven ·idos nem venduas opções não só se equiparam, mas se combinam e complementam; chama cedores. Apenas elegemos um governo, que não é dono ela verdade, que a não confrontá-las, mas a nos enriqueprecisa de todos. Devernos escutar em cermos com a outra opção, procurando primeiro lugar aqueles que não conseus pontos positivos; [!] declara que cordam conosco, porque terão suas Fac-símile da publicação cumpre não canonizar uma opção e razões e são uma parte ela realidademonizar a outra". Não só isso. "Ao de". Manifestou ainda seu "reconhecimento aos homens que tra/ar de problemas tão essenciais de moral social, como o são representaram o Partido Nacional, o Partido Colorado, o Paros atinentes à família, ao aborto, às uniões aberrantes, o episcotido Independente, todos compatriotas". pado uruguaio se manifesta como a instituição mais ostensiva e Esta metamorfose não é exclu iva da esquerda tupamara. reiteradamente laica; faz questão de sublinhar que não são teMais. Ela teria ·ido impossível se hoje não tivesse ocorrido mas ele religião, de filosofia ou de sociologia; ou seja, as autoritambém, paralelamente, entre seus adversários de ontem, transdades eclesiásticas são as que põem ostensivamente ele lado Deus formando-os em altern ativa e comp lemen to. Está efetivamene sua divina Lei; exilam-No do debate, como se nada tivesse que te havendo uma evolução doutri nária e temperamental recíver e nada houvesse ensinado, estabelecido, mandado ou proibiproca em todo o e pectro po lítico urugu aio. Seguindo uma do a respeito; como se fosse um obstáculo ao entendimento entre tendência universal , este di minui distância , lima diferenças, os homens; como se fosse possível construir uma civilização e dissimula identidades, esconde os anseios e as convicções mais uma paz verdadeiras quando se marginaliza e contraria frontalautênticas das pessoa .. Em conseqüênc ia, vai transforma ndo mente o Criador; Sustentador e Providência do homem e da soeia arena política num campo de engano e de mentira no qual se edade. Resumindo: 'Deus, o grande excluído', em vez da linda exi la a verdade, desnaturando o regime de designação das auexpressão francesa: 'Deus o primeiro servido"'. toridades , fr ustrando de modo perigoso os cidadãos, termiMudança de tática da Revolução nando por divorciar a sociedade do Estado. O manifesto de Tradición y Acción, após transcrever o enigDenúncia de Tradlcl6n y Acclón ma mitológico da esfinge - um monstro com rosto feminino, Em seu pronunciamento, Tradición y Acción descrevia com corpo de leão e asas de pássaro, pronto a devorai· todo aquele u ...

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JANEIRO2010 -


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De autoria do Pe. David Francisquini, o livro é profundo, mas de fácil leitura, e todos os brasileiros deveriam adquiri-lo. Um livro completo para todos os que querem defender o sagrado direito de nascer! Uma bomba na luta contra o aborto!

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EDITORIAL

,Por Dios! :a c:ap:i cid:aJ d e :a1on1bro.rse :a nte cuc st ion co de lvlj: hcrcs humanos, no dcberfa sorprendernos. Pt>ro 1~ viria ('onfirm:a , p:110 :a p,so, que un ho mlm =e~ un h o mbrc y no cl d los de l:11 p urei.a y de

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1).: poSk ck.· ~11:1 rsti m:ld:t CQr!O de< 15 de ~ tcmbru corrcn1c, com o qu:il t.TI Viit•mc o li \ ro inlitulOOO "Cat« i:smo concrn \> Aho110", de nulori n do l'OOrc l)J\id Fr:inci. 1uini. J\ y,md1."ÇO•lhc a g...~11ilc1..a do cu\'io e pambc11i1.0 o seu :mlor, Padre l);ivid que p(k: 11115 m:'los do po1·0 um ~ubsidio válido pam :t llcf~ e a pm moçAo UU , ·ido.

t:om minh.'l bc nçilo,

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l'ríndpc lknr.111d de Orlc:uu e Dmgrin,~ l'Muen1hu - SI'

l:i rndo n:al id:u l. Ayer el d iario F.I P:i. ii;: r uhl ie6. un :wi10 supuu l:lmc nlc 4:0 nl r:i, lndo, ele una orgm ,izncilm que slempre

np:trcce un:-i s emn n:1 an tes dt L-1s clt<'t'ionf'6 o crnin do lmy 11uc prep:ar:a r las co ndiciones pa m la detcs· tab, liwci 6n de la d enux: raci:i . Nos r c re:rl m os a la o rga ní1..ac1ó n , 5Ctnidnnde:i.lina,

qut- se denomina "Tradici6n y Acci6n, por un Uru • Kuay Aul l' nllco rls rl:i no y Fu er tc". J::n esa p3gin a c-n.mplrl :1, patp o por b solidaridad de EJ Pa ís, co~~~~u~ !...~L~~c_og~r. el ~ ns~ml_e!'I~ ~~ Pli ~io Co•

O diário comunista, La República , publicou virulento editorial contra o manifesto de Tradición y Acción

que não adivi nhe seus prognósticos termina dando a chave para se resolver o e nigma e não ser devorado. Com efeito, na sua magna obra Revo lução e Contra-Revolução, Plínio Corrêa de Oliveira ensin a que "a Revolução é um processo em tran~formação contínua ". E este processo sofreu uma imensa transformação em conseqüência da surpreendente derrubada do capita li smo de Estado e das d itaduras do proletariado: a Revo lução, sem mudar de alma, mudou de rosto. Numa fo rmidável antev isão dos nossos dias, com 30 anos de antecedência o pe nsador cató li co brasileiro parece descrever o tupamaro Mujica, e nquanto candidato e como presidente eleito, ao afirmar: "O com.unismo coloca u.ma más-

cara risonha, de polêmico torna-se dialogante, simula estar mudando de mentalidade e de atitude, abre-se a toda espécie de colaborações com os adversários que antes tentava esmagar com a violência [... ], deixa de ameaçar e agredir, passa a sorrir e pedir... " Mas, com esta metamorfose, o comuni smo não se des me nte, antes pe lo contrário: "Longe dislo, usa o sorriso ape-

CATOLICISMO

Tradición y Acción mandou celebrar uma Missa pedindo a proteção divina para o país

nas como arma de agressão e de guerra, e não extingue a violência, mas a transfere do campo de operações, do físico e palpável para as atuações psicol6gicas impalpáveis. [... ] Trata-se de uma verdadeira guerra de conquista psicol6gica, sim, mas total-, tendo por objetivo o homem todo, e todos os homens em todos os países". Prestemos a s im ate nção, antes que sej a de masi adame nte tarde, às proféti cas, sáb ias e oportunas adve rtê nci as de um varão católico que consagrou sua vicia à defesa da c ivili zação cristã e ela Ig reja, e ao qual uma e o utra tanto ele ve m. Este é o grande probl ema ela hora atual. Por acaso não é isto també m - para nos atermos apenas ao nosso país - o que vimos no prime iro gove rno da Frente Ampl a? Com as pec uli aridades pró pri a., não é isso o que presenc iamos atualme nte e veremos desenvolve r- se, na dup la recentemente e le ita Mujica-A. tori pa ra pres ide nte e vice-p res ide nte ela Re pública? Devemos, poi s, esta r pre ve nidos e vig il antes, não admitindo como rea lidade um a s imp les mirage m estra tég ica el e mode ração e conve rgência. D e fato e em profundid ade, esta a pe rfe içoa e torna mai s devastadora a ag ressão e m marcha contra as in stituições e costumes cio Urug uai e do Oc ide nte. É forçoso compreender que há um novo modo de procede r ela Re volução: Dissimular o que se é, aparentar o que não se é. Falsidade

Carta do Núncio Apostólico sobre o livro esta que faz com que as institui ções percam sua base de suste ntação e sua razão de ser, começando a g irar no vazio. Corrói-se assim de modo im perceptível - e por isso mai s peri goso e fata l - não some nte todo o s i tema in stitu c ional cio país, mas a própria estrutura me ntal cios a tores soc ia is e do pró prio indivíduo, cada di a m ai . apá ti co e desinteressado da co isa públi ca. Esta mos d ia nte de uma profunda erosão do Estado de Direito, feita a partir ele dentro. Não seria di fe re nte se ela est ivesse c ie ntifi ca mente prog ra m ada para nos condu zir ora pela mão dire ita, ora pe la esquerda, e m meio à apatia genera li zada rumo à meta ana rco-caótica sonh ada pelos mentores do comunismo. Que a Virgem Santíssima dos Trinta e Três, Padroeira do Uruguai, nos dê graças superabund antes para compreender quão importante é, neste momento, discernir a nova estratégia da Revolução, muito mais do que ava liar o triunfo desta ou daq uela alternativa e leitoral. E nesse conve ncimento, acolhamo-nos sob sua materna proteção, certos de que fora de De us não há salvação soc ial nem individual. Se o homem não respeita a Deus, não há razão para que respeite o utro homem . E le resvala insensive lme nte para o estado selvagem: homo

homini lupus. • E- mail pa ra o autor: cato lic is mo @catolicismo.com.br

<15. E .'>l! "N"11•1il~ fvr iud . • - Desde cruc n mulher ~da Jl'd11 •ie." t.'Stig,US in:c!n gnhidn,c/:1Jó é m1lc dc 11

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CSCofba. liliminnrft cri1111ç11 . '~~a villu, mlo lhe cul,c ~ IOdoumn..,'ri..1runiinocc - u~ Jndi1~rxn1icaro ru '"?ª's • ~u~ e mc.lefbi.1. 0 <X'no SS:lss:ina. n1.ah1-la. êmcaso:IS a cnaoça 'Of'Oou...sc indcsc~ remover 1>lo, obter a Adoção ~ · buscnrauxf/io, con.:.ada. -e não

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Quando começa a vida huma a? isso n e~ Se,!>elo coorr.lrio, c,;.=:;teológiC(\q e momis O que dizer do aborto em ca o de lll.ti5i &adia~ d18_'1ificn nos Próprios o ll~:o~Jll(}ccriá-lo, rilório. No pc/u prá1ic:1de urn a1~ª~1 pane ,1>1insse ao Sll.."io da ~m.C'Stur>mct.,, a 18,ft"ja ~ir' e meestupro? «lucnr o lill P.uníha, se 11$im o dcsc. "'que ela - Por que razão devemos ser ontra IO. Jas.-.:.P<lnlCriorc 2 o aborto em todos os casos . ª CAso ~ •·

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Por que o aborto é um pecad;~o~ - - - -~~==:-~ z-~-== = ~ = ~29::::~ _j gravíssimo? ■ , f - Quais os métodos de aborto? 1!J ■ - Quais são as seqüelas físicas, morais e psicológicas que a prática do aborto deixa na mãe? -

Frete gratuito

Petrus Editora Ltda. Rua Javaés, 707 - Bairro Bom Retiro - São Paulo-SP - CEPO 1130-01 O Fone ( 11 ) 3331 -4522 - Fax (1 J) 333 1-5631 E-mail: petrus@ livrariapetrus.com .br Visite nosso site na internet: www.livrariapetru s.com.br


Armand-Jean du Plessis, Cardeal de Richelieu ( 1585 - 1642) , duque e político francês , primeiro-ministro de Luís XJII (de 1628 a 1642); foi arq uiteto do abso luti smo na França e da 1iderança francesa na Europa. Consagrado Bispo de Luçon em 1607, fo i orador do cl e ro nos Estados Gerais de J 6 14, passando a fazer parte do conselho da regente Mari a de Mé dicis por volta de 16 16. Tornou -se cardeal e m 1622. Fundador da Academia Francesa. Pintura de Philippe de Champaigne ( 1635), Nati onal Gallery, Londres.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Sem revi são do autor.



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CoRRA 1,1.

UMÁRI

O 11v1tRA

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Amor sem limites à Cátedra de São Pedro A Igreja comemora no dia 22 de fevereiro a festa da Cátedra de São Pedro. A propósito de tão memorável data, segue a transcrição de um comentário do Prof. Plinio, em conferência de 17-1-1966.

Estátua d São P dro na Praça d São Pedro, no Vaticano

/

E

por um desígnio soberano de Deus que a cidade de Roma fo i esco lhi da para ser a cidade do Papa. Era uma cidade estratégica, onde o benefício da sa lvação podia tornar-se mais geralmente conhecido. Daí vem a celebra ção da Cátedra, que se trata de venerar. Posta no ponto nev rálgico e no c nLro d inlh1 ·n ·ia do mundo, a Cátedra " inoculou" a regeneração cal li ca , a v r la I ira 1' , • di ss ·mi nou a [greja. Quando se fala de Cátedra de ão Pedro , alud • s' 11ntu ri d111v11ll' 110 111o w l qu • constitui essa cá tedra. Na I reja d , ão P •(Iro li 1111111 r H·dn, d1• IH·o11 '.l.1•, k l111 por B ernini . D nlro n on1ra-s • o p ·qu ·no 1ro110 d1• 1111d1·in 1 q111· Silo l 11•d10 '" 11 v 11·111 Roma, qu ai hoj • s • ·011s ·1·v11 p11rn v '1H'111 ·110 do,s I i1-i s. • imholi ·um ·nl l', · 11 ·drn 1•111hrn pod1·r. 11 L 1i111lc,: 111, P11p1ulo, Po11t1lil 11d11 lk ·ord a li ·011l inuid11d1· d ·ss11 i11 stil1 ii 1;11o 1111111tid11 por t1111tus lirn111•11 ~. 1111 d1l 1ll' 11 il·s, qu • u 1 111 o ·up111lo. I , ·111hr11 o s11pn•1110 / ov1•11 H> d11 S11 11t 11 l)' l'l' j11 ( '11 t11lh 11, /\postol i ·u, Ro111111111 , 1·111h1·1111 ·11h •c,:11 dn 1 •r ·j11 . S · 11s vi ·iss itud ·s !111111111111~ p111lt 11 1d11 1 lhe brilho 11 111ior ou 1>1 ·111,r, mt 111 mdt -Ili d· tr ·vos, ·ssn • 1t1•dru 1• sc 111p11• 11111 11111 E o supr ·,no •ov ·r110 da 1 •r •ju li suu 'ub \ :n, qu · sohr ·t11do d 'Vl' s1•1 11 11111111 q11,111do s • 11 11111 a 1 1 r •ja. Portant >, nosso amor à an ta I r eja atóli ·a, /\post >li ·11, 1{011 11 11 111 qu • um amor absoluLam nt e sem li mil s a ·ima d • tod11 11N ·oi sas da Terra - deve incidir especialmente sobr • o Pup11do 1· a áLedra de São Pedro, qualquer qu seja o s u < ·11p11 11ll', Prn que esse é Pedro - a quem foram dadas as ·liuv ·s drn11 111 li1 ,. 1 q111•111 prateada (símbolos cio poder cspirilual ' t •mpornl ) nós, em espírito, osculamos os p s, ·01110 · pressão de homenagem e de acl são, porqu • t·111 relação à Cátedra de São P dro nosso 111111 11, nossa obediência e v nera ·ão t1 hsol11l 11 11 w,1 1c• ·sp • ·i11 l11 11•1111• não têm limites. Eis qu ' conveniente acentuar sohn• 11 <'111c·d1 1 de • São Pedro. •

ele 2010

Nº 710

2

Excmn-os

4

C/\RT/\ oo Dmt-:ToR

5

Li-:n·u1v\ EsP11m'l1A1, Por que estudar a Religião? - IX

6

D1sc1,:RN1Nno Sta. Bernadette comenta castigo divino

8

CommsPONDí-;NCI/\

1O A

PAl,/\VRA

12 A

Rt-:Al ,IO/\l)E CON(;lSAMl•:NTE

no SAcmmcrn:

14 N/\c10NA1, Na época da Capitania de Pernambuco 1 7 F.NTruw1sTA Novas ameaças à propriedade e à livre iniciativa

20 Moo/\ Blue jeans: uma síntese histórica

24 Esru:Nnom~s nA

C1us·1'/\NOADJ~

Calvário na Normandia

26 CAPA Nossa Senhora do Bom Sucesso (400 anos)

36 VmAs m: SANTos São João da Mata 39

Pcm QuE

40

Mús1cA

Nossl\ S..:N1101u C110R/\?

Em música ... uma revolução sub-reptícia

42 D1,:STAQUE Elefantes numa vingança divina? 44 VAmEnAn1,:s Ronneburg: castelo do apogeu medieval

46 SANTOS E Fi-:s·1'/\s

DO M1~s

48 AçAo CoN·nu-R1i:voi.t1cmNÁmA

A Cát dr d S o P , ro

52 AMBmN·n:s, CosTUM1~s, C1vn,1zAçf>1,:s Modo de ser italiano: entre o sonho e a realidade

FEVEREIRO 201 O


Por que estudar a Religião? - IX Caro leitor,

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornallsta Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Admlnlstraçilo: Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-01 O São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (Oxx11) 3333-6716 Fax (Oxx11) 3331-6851 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Lida. E-mal/: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br

O demônio não co tuma agir abertamente nos acontecimento . Mesmo porque, sendo repulsivo, prefere esconder-se para não assustar, e se vale de homens para tentar incessantemente destruir a obra de Deus, quer por más açõe individuais, quer de grupos, ou então pelo fomento de revoluções . O Criador, embora podendo conce ler liberdade de ação ao maligno, suscita em todos os tempos alma e instituiçõe para a consecução dos desígnios divinos. Exemplo dis o ão o antos e sua grandes obras; ou simples religiosos e fiéis, desconhecido dos homens, mas cujo abrasado amor de Deus os torna verdadeiros contrap sos na balança da misericórdia e da justiça divina. Uns e outro são atores centrais da História. Nessa categoria de "heróis anônimos", só conhecidos d us, se incluem por certo as religiosas fiéis a Jesus Cristo, em todo mundo. Entre elas, salientamos nesta edição aquelas que, ao I n o d s anos e dos séculos, pertenceram ao Convento das Irmã on p ·ioni ta de Quito, no Equador, marcado desde o seu nascedour por uma e treita ligação com Nossa Senhora, que se declarou ua Abac.l ·ssa efetiva. Para medirmos bem o que isso significa, basta diz r 1u a Abadessa é a Rainha do Céu e da Terra, Aquela cuj fiai rTl ·r • · u a maternidade divina, realizando sozinha uma obra in a ·ss v I n lodos os habitantes do mundo enquanto este existir. Por ocasião dos 400 anos da prim ir't apari ·, o d Nossa nhora do Bom Sucesso a Madre Mariana d .1 sus Torr ·s - oc rrida em 2 de fevereiro de 1610 - Catolicismo l •c.li ·u sua matéri a de capa a esse tema, cuja importância cr s : vi sta los trágico acontecimentos que estamos vivendo. N ssa S ·nhora do Bom Sucesso aponta para a solução dos me mos. A todos, desejo um a b a 1·itu ra.

ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual

Em Jesus e Maria,

para o mês de Fevereiro de 2010: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

R$ R$ R$ R$ R$

120,00 180,00 310,00 510,00 11,00

9:~ 07 DIRETOR

paulobrito@catolicismo · 1111 ,111

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

Ü que é propriamente "Religião"? -

foi o tema abordado na edição anterior; nesta o autor* explica que só pode haver uma única religião verdadeira

ssim como não há mais que um só Deus, não há mais que uma só verdadeira maneira de honrá-lo; e esta religião obriga a todos os homens que a conhecem. Não pode existir mais que uma só religião verdadeira, pois a religião é o conjunto de nossos deveres para com Deus, e estes deveres são os mesmos para todos os homens. Em verdade, estes deveres nascem das relações existentes entre a natureza de Deus e a natureza do homem. Mas, como a natureza de Deus é uma, e a natureza humana é a mesma em todos os homens, é evidente que os deveres têm que ser os mesmos para todos. Por conseguinte, a verdadeira religião é una, e não pode ser múltipla. As formas sensívei s do culto podem variar; a essência do culto, não.

A religião natural O homem, por meio da inteligência que recebeu, chega a convencer-se com certeza de que Deus é seu criador, seu Benfeitor e seu Senhor. Deste conhecimento, que se faz patente à razão do homem, resulta para ele o dever de praticar uma religião. A religião assim estabelecida pelo fato da criação do homem se chama religião natural, porque resulta das relações necessárias do homem com Deus. Pode-se dizer que Deus é o autor dessa religião, porque Ele é o autor da razão e da vontade do homem, nas quais têm sua fonte os princípios e sentimentos religiosos. Assim, a religião existe por direito natural, e sua falta é ao mesmo tempo um crime contra a natureza e uma rebelião contra Deus.

A religião revelada Deus ama tanto o homem, sua criatura privilegiada, que desejou estabelecer com ele relações mais íntimas, sobrenaturais e divinas, chamá-lo a um fim sobrenatural, que não é outra coisa senão a visão intuitiva do mesmo Deus no Céu. Esta religião sobrenatural é a Religião católica. Todos os homens estão obrigados a aceitar a religião revelada, a crer em seus dogmas, a cumprir seus preceitos e a praticar seu culto. Podemos conhecer a religião revelada por Deus mediante sinais certos e infalíveis, e os principais dentre eles são os milagres e as profecias. O milagre é um fato sensível que suspende as leis ordinárias da natureza, supera sua força e só pode ser produzido por uma intervenção especial de Deus, como a ressurreição de um morto, a cura de um cego de nascença.

A profecia é a predição certa de um acontecimento futuro, cujo conhecimento não pode deduzir-se das causas naturais. Tais são, por exemplo, o nascimento de um homem determinado, e os atos deste homem, anunciados muitos séculos antes. Mas o que o racionalismo rechaça na religião revelada são os mistérios. Esta palavra serve de arma para combater a revelação, e ao mesmo tempo de pretexto para não admiti-la. Afirma que a fé nos mistérios não é racional. Os mistérios da religião são verdades ocultas em Deus, que a razão humana não pode conhecer se Ele não as revela; e que, mesmo reveladas, o homem não as pode compreender. Tais são os mistérios da Santíssima Trindade, da Encarnação, da Eucaristia. • * Tradução de trechos do livro La Religi611 Demostrada, do Padre P.A. Hillaire, Editorial Diíusión, Buenos Aires, 8ª edição, 1956, pp. 121 e ss.

FEVEREIRO 2 0 1 0 -


DISCERNINDO

.

Santa Bemadette e a guerra franco-prussiana 1 1 CID ALEN CASTRO

Napoleão Ili (esq.) o dia em que foi derrotado pelo exército alemão comandado por Bismarck (dir.)

O

utubro de 1870. A guerra franco-prussiana caminha para o fim, já com a derrota e pri são de Napoleão III. A aproximação dos prussianos coloca a cidade de Nevers em estado de alerta. A autoridade militar instala canhões nos jardins e nos terraços do convento das Irmãs da Caridade, onde vive Santa Bernadette, a vidente de Lourdes. "Na noite de 24 de outubro - conta Madre E leonora Cassagnes, secretári a-geral da Congregação - deu-se no céu um f enômeno estranho. Todo o horizonte estava em brasa. Dirse-ia um mar de sangue". O fenômeno durou das 19 às 21 horas, e causou enorme impressão. Bernadette comentou então: "Apesar disso, eles não se converterão " (René Laurentin, Bernadette vous parle, P. Lethielleux, Paris, 1977). Quem seri am "eles"? Os prussianos? Os franceses? Ambos? O mundo todo? A se entender essa lamentação de Santa Bernadette à luz das posteriores aparições de Nossa Senhora em Fátima, a necessidade da conversão universal é a interpretação que parece mais adequada. Em carta de novembro do mesmo ano, ela escreve: "Dize m que o inimi go se aproxima de Nevers. Eu não teria nenhum gosto em ver os prussianos, mas não os temo: Deus está por toda parte, mesmo e m meio aos prussianos. Lembr me de que, sendo muito pequena, depoi s de um sermão d pároco, ouvi pessoas que di ziam : - Bah! Ele faz o seu ofício. Eu creio que os pruss ia nos também fazem o seu fí ·i >". Por volta de 9 de dezembro, quando os pruss ianos j, s' encontravam nos limi tes do departame nto de Ni vr , ·uja ·apitai é Nevers, o cavaleiro Gougenot des Mou ss aux a interroga:

-CATOLICISMO

- Os pm.1·sio110.1· es/Üo às portas. Eles não vos inspiram rnedo ? - Nc7o. - Não há, pois, 11ada a temer ? - Eu não temo senão os maus católicos. - Não temeis mais nada ? - Não, nada. Os acontecimentos trágicos para a França prosseguiram . Parecia que os demônios da revolução de 1789 estavam de volta. A resistência aos prussianos degenerara na consliluiçrn ele um poder de fato, de caráter comuno-anarqu ista, conh ' ·ido como a

Jardins do convento das Irmãs da Caridade, onde viveu Santa Bernadette, a vidente de Lourdes

Comuna, que se instalou em março de 187 l e se entregou a toda espécie de atrocidades. A França, primogênita da Igreja, país da doçura, do brilho social e do equilíbrio, pagava agora por seus crimes contra a Igreja e a Monarquia. A Irmã Madeleine Bournaix, expli cavelmente ass ustada com os acontecimentos , procura a confidente da Santíssima Virgem, Bernadette, sua companheira de convento. Assim ela narra o encontro: "Em maio de 1871, durante a Comuna, tendo eu sabido que as Tulherias haviam sido queimadas, apressei-me em ir contar-lhe [a Bernadette] o que acontecia. Ela me respondeu muito tranqüilamente: - Não vos inquieteis. Elas precisam ser branqueadas, e o bom Deus passa sobre elas seu grande pincel ". Essa intuição sobrenatural (ou , quem sabe, revelação) de que as atrocidades revolucionárias constituíam um castigo divino reaparece em carta que Bernadette escreveu anos depois (1875), a propós ito de chuvas torrenciais e inundações que então ating iram o sul da França, produzindo grande destruição e mortandade: "O bom Deus nos castiga, mas sempre como Pai. As ruas de Paris foram regadas pelo sangue de um grande número de vítimas, e isto não foi suficiente para tocar os corações, endurecidos no mal. Foi necessário que as ruas do sul fossem. também lavadas, e que elas também. livessem suas vítirn.as ".

*

*

*

Tai s reflexões de Santa Bernadette encontram seu eco nos comentários que Plínio Corrêa de Oliveira fez a propósito das aparições de Fátima: "Os pecados da humanidade se tornarcun de um. peso insuportável na balança da justiça divina. Esta a causa recôndita de todas as misérias e desordens contemporâneas. Os pecados atraem a justa cólera de Deus. Os castigos mais terríveis ameaçam pois a humanidade. Para qu e não sobrevenham, é preciso que os hom.ens se convertam " (Catolicismo , maio/1953). • E-mail do autor: cid alcncastro @catol ici smo.com.br

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Só uma graça regeneradora Penso que no Brasil os piores "vagalhões das esquerdas" são as cambadas do MST. Mas com este governo que aí está não temos como freá-las, pois elas são até alimentadas por ele e com o dinheiro dos anti-emessetistas. Realmente, só uma graça muito forte do Espírito Santo poderá arranjar nosso Brasil agitado e sofrido. (A.S.P. -

MS)

Afastamento da Casa paterna

t8J Feita minha leitura do artigo so-

Davi X Golias [8] Escrevo-lhe - infelizmente com atraso, para variar... - a fim de enviar-lhes os cumprimentos de Feliz Ano Bom e também para dizer que gostei muito do artigo resenhando as principais ocorrências do ano passado. Ajudou-me muito, para numa só leitura repassar todas as ocorrências importantes de 2009. Queira Deus que neste novo ano apareçam novos "Davis", como Honduras, para derrubar os novos "Golias" , como Chávez e os presidentes que adoram essa criatura que parece ter saído do inferno para queimar nossas constituições e implantar ditaduras na América do Sul. Deus salve 2010 desses novos "Golias" ! Ah ... e também de seus comparsas! No fim do ano passado, mais um para a "coleção" dos comparsas de Chávez: o Zé Mujica, o "emblemático guerrilhei- · ro tupamaro". Quem sabe Deus nos manda, ainda neste novo ano, um "Davi" que consiga vencer esses "Golias" com um vibrante "Por que no te callas?!", mas que os calem DEFINITIVAMENTE!

-CATOLICISMO

(A.E.J. -

MG)

bre os "365 dias em revista", somando e subtraindo, o balanço é que de fato o mundo, em 2009, mai s se afastou do que se aproximou de Deus. É o que dizem do filho pródigo: ele afastou- e ainda mais do caminho de volta para o pai. O mundo, nos 365 dias de 2009, desceu ainda mais a rampa que leva à perdição. Rezemos ao Pai para que tenha misericórdia de seu "filho pródigo": o mundo pecador e corrupto. Sendo as próprias autoridades (o que o Padre Antonio Vieira chama de "ladrões de maior calibre") responsáveis pelo fato de o mundo inteiro rumar para a perdição. I1ustrando isso, encaminho-lhe um trecho de um e-mail que recebi com uma citação de Vieira no sermão, conhecido como "Sermão do Bom Ladrão". O Sr. pode copiá-lo e enviá-lo para nossas autoridades, pois é do famoso sacerdote jesuíta, e foi pregado na Igreja da Mi sericórdia em Lisboa ( 1655): "Dessas mesmas ladroíces, que tu vês e consentes, hei de fazer um espelho em que te vejas; e quando vires que és tão réu de todos esses furtos, como os mesmos ladrões, porque os não impedes, e mais que os mesmos ladrões, porque tens obrigação jurada de os impedir, então conhecerás que tanto, e mais

justamente que a e les, te condeno ao inferno. Neste mundo argüirei a tua consciência, como agora a estou argüindo; e no outro mundo condenarei a tua alma ao inferno como se verá no dia do Juízo". (A.P.P. -

PE)

As viúvas do comunismo [8] Achei muito curiosa a seguinte

notícia publicada nesta revista [janeiro/2010] : Religião ambientalista substitui velho comunismo. E gostaria de comentá-la, para deixar no site de vocês. Para dizer a verdade, estamos mesmo assistindo ao nascimento de uma religião universal com seguidores em todas as camada da população, favorecida pela ignorância ou pela manipulação que fazem os meios de comunicação, pregando-a dia e noite. Os castigos "divinos" para eles não existem, mas há os castigos naturai s, as catástrofes apocalípticas que os "sacerdotes" da religi ão chamada ambientalismo ficam profetizando a fim de atrair seus "fiéis" ingênuos, crédulos em quimeras absurdas, embora não acreditem em Deus verdade cognoscível pela razão. É mais fácil acreditar em Deus do que acreditar nas previsões desses comuna-ambientalista . Vocês estão certo em alertar tais "fiéis" do ambientalisrno, eles passaram a seguir aque le mesmos indivíduos que no passado pregavam a doutrina comunista; mas que agora, devido ao fato de o comunismo ter caído de podre na URSS e nas nações satélites, pregam a doutrina ambientalista para se atingir o mesmo objetivo. Explico melhor. Tendo falido o comunismo, tais indivíduos criaram essa nova religião, para não fi car m como que "desempregados" e continuarem propugnando fim da sociedade cristãmente or aniz.ada. Esses novos "religios s" ap 'nas trocaram a cor do hábito ant ·s vermelho do comunismo, a •on, w rde

do ambientalismo. Esses "religiosos verdes" espalham o pânico quanto ao fantasioso "aquecimento global", para que os ingênuos adotem a nova "religião" que eles criaram. A revista está de parabéns, publicando notícias desse gênero, assim como a entrevista do Prof. Molion ["Terrorismo climático"], que comentarei depois que fizer uma releitura para assimilar melhor aquelas informações, que são importantes. (H.M.M. -

SE)

Aquecimento e impostura

temperaturas altíssimas como atualmente. Portanto essas variações nada têm a ver com o crescimento econômico e industrial, com emissões de CO,, efeitos-estufa e quejandos. Em períodos de menor emissão de CO, foram registradas altas temperaturas ... E agora, que estamos num período de maior emissão de CO, na Europa, o velho Continente está mergulhado no gelo, com os europeus torcendo por um bem-vindo "aquecimentozinho global". Os participantes da cúpula do clima em Copenhague entraram numa fria ... (D.G.X. -

GO)

[8] Muito boa a entrevista do brilhan-

te Molion, meu conhecido e amigo. Sobretudo interessantes suas respostas sobre o alarmismo que faz a nossa mídia em torno das não comprovadas "mudanças climáticas", apenas repercutindo notícias da mídia estrangeira. Nossa mídia deveria contar com cientistas sérios que analisassem as notícias que chegam do exterior, e só publicasse aquilo que de fato tivesse credibilidade. Dessa maneira, a mídia não ficaria assustando sem razão o povo brasileiro, já tão angustiado com tantos problemas internos. Confirmando as teses do Molion, li um estudo da pesquisadora espanhola María Angeles Bárcena (do Comitê Científico Espanhol para a Pesquisa na Antártica), comprovando que há registros de câmbios climáticos mesmo anteriores à Idade Média. Por exemplo, aconteceram inundaçõe e variações na temperatura da Terra semelhantes às que acontecem atualmente. Isto devido à posição do sol que, variando normalmente, provoca movimentos repentinos em nosso planeta. Fenômeno natural, onde não entra em nada a interferência humana. Também na era medieval foram regi stradas temperaturas muito baixas, além do normal, e

Mantimento espiritual [8] De-li-ci-o-sís-si-ma a matéria sobre gastronomia. Só senti uma coisa: fome. Ela aumentou minha fome por esses assuntos. Mas há uma solução: ofereçam-nos mais desses alimentos, publiquem outras matérias sobre isso. Temos necessidade de nos alimentar não só do arroz com feijão de cada dia, mas também com alimentos que nos remetam para coisas superiores, que transportem nossos espíritos ao alto. (D.F.D.C. -

SP)

Democracia ou demagogia? [8] Os marxistas repetem à exaustão a palavra democracia. Eles usam de meios pretensamente democráticos para obter a instauração de verdadeiras ditaduras populares. Aliás, isto dá a chave para compreender o que vem sucedendo: usar o conceito de democracia para promover o totalitarismo. Quando eles falam em democratizar nossas instituições, significa partidarizá-las. Quando eles dizem que é preciso democratizar a terra, na verdade querem implantar o fracassado coletivismo agrário. Quando Chávez revoga a concessão de 240 estações de rádio, está calando a imprensa, mas diz promover a democratização dos .

meios de comunicação. A propósito, a Alemanha comunista chamava-se República Democrática Alemã. Devemos entender que é da índole do comunismo enganar, mentir, camuflar. Por isso a democracia exige eterna vigilância. (J.N.K. -

RS)

Política eleltoreira [8] O que disse o missivista Zanon, de Brusque ["Palanque eleitoral", seção Correspondência, edição de janeiro/2010] nada mais é que a pura expressão da verdade. Lula ainda não saiu do palanque, e seus ministros só pensam em política eleitoreira. Faltando ainda acrescentar mais falhas que passam despercebidas aos brasileiros, que não têm bom discernimento político. Grande parte dos brasileiros ainda não perceberam para onde os petistas tentam perigosamente de sv iar o nosso País. Procurem saber mais sobre Cuba, por intermédio de uma fonte séria, e tirem suas próprias conclusões. (B.A.P. -

SP)

Um antigolpe [8] Concordo inteiramente com os senhores quando são taxativos ao afirmar que em Honduras não houve golpe, mas sim um ato previsto na Constituição daquele país para se evitar o golpe planejado por Zelaya. Eu diria, uma farsa planejada por Chávez, com apoio do chancelar brasileiro, Celso Amorim, para eternizar no poder o "companheiro" Zelaya. (C.F.D. -

RJ)

Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endere«jos que figuram na página 4 desta edi~ão.

FEVEREIRO 201

O-


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ll Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - Gostaria que me explicasse por que a revis ta apresenta em sua capa [edição de dezembro/ 2009) uma foto de presépio que vai contra a história real: Jesus nasceu pobre numa simples gruta ou estábulo. A capa da revista, com os personagens em vestimentas chiquérrimas, inclusive Maria apresentada como uma rainha (eu sei que ela é rainha), mas não é assim que a Bíblia fala. A Bíblia fala que eram pobres, São José um carpinteiro. Esse modo de a revista católica representar o presépio não contraria a Bíblia? Poderia me explicar isso que eu não estou entendendo?

Resposta - A cena que Catolicismo apresenta em s ua capa do mês de dezembro não é propriamente da gruta ou estábulo de Belém, mas da Adoração dos Reis Magos, que se deu algum tempo depois, em uma casa na mesma cidade, para onde a Sagrada Família já se tinha transladado, conforme se lê no Evangelho de São Mateus (cfr. cap. 2,11). Mas isto não impo1ta em nenhuma crítica à redação da pergunta do missivi sta, posto que nossos presépios, por justificável simplificação, fundem tradicionalmente as duas cenas. Até poderia ele ter acrescentado, ao po1te real de Nossa Senhora e à riqueza de suas vestes, o átrio apalaciado da casa onde São José instalara a Sagrada Família, segundo a pintura de Jan Gossaert (Mabuse), do sécuJo XVI, com que Catolicismo ilustrou sua edição de Natal

CATOLICISMO

[foto abaixo]. Evidentemente não haveria nenhuma casa apalaciada desse tipo na Belém do Ano I de nossa era. Trata-se de explicar por que os artistas procediam assim, distanciando-se da parvidade de recursos que a narrativa evangélica nos descreve. Convém ponderar, isto sim, que São José tinha uma profissão digna, que lhe permitia garantir com sobriedade o sustento da Sagrada Família. Pobre, sim, no sentido que hoje muitos dão à palavra; porém , não um miserável, embora o Filho de Deus, em sua carreira apostólica, tenha depois optado pela mais extrema pobreza, não tendo sequer onde reclinar sua cabeça (cfr. Mt 8,20). Mas aqui já entram outras considerações, que nos afastariam da resposta que nos pede o leitor.Atenhamo-nos, pois, à sua pergunta.

Olhos incapazes de ve1· o sobl'enatural Quantas, dentre as pessoas que conviveram com Nosso Senhor e Nossa Senhora, tiveram olhos para discernir quem eram eles? Jesus Cristo era conhecido como o filho do carpinteiro, e sua Santí sima Mãe era tratada como uma mãe entre as outras: "Porventura não é este o filho do carpinteiro ? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos [primos] Tiago e José e Simão e Judas ? E suas irmãs [primas] não vivem todas entre nós ? Donde vem, pois, a este todas estas coisas? E escandalizavam-se dele" (Mt 13,55-57). E chegou a ser tido por louco, a ponto de congregarem sua família para dissuadi-1 o de continuar pregando suas doutrinas e a vida que levava (cfr. Me 3,21). Assim, até seus ma.is próximos não conseguiram discernir n'Ele uma pessoa fora do comum.

Por que se dava isso? Sem dúvida, Nosso Senhor velava no dia-a-dia todo o resplendor que uma vez manifestou na montanha da Transfiguração, e que deixou Pedro , Tiago e João maravilhados. Estes não poderiam ter discernido isso antes? É verdade que eles seguiram a Cristo, vendo nele o Messias, e São Pedro fez aquela confissão célebre, inspirada pelo Espírito Santo: "Tu és o Cristo, o Filho de D eus vivo" (Mt l 6, 16). Mas se tivessem olhos para ver habitualmente o sobrenatural - e, mais do que tudo, o divino - todo o seu trato com Nosso Senhor teria sido muito mais elevado! Ora, esse é um fenômeno que afeta, com intensidades diferentes, a imensíssima maioria dos filhos de Eva. Com uma peculiaridade: os maus costumam ter uma capacidade de discernimento do bem maior do que os bons. E m outras palavras, por terem aderido ao mal, os mau s logo detectam, de um lado, quem é como eles; de outro lado, quem não é como eles; e odeiam o bem que há nos bons. Observou-o São João Bosco. Dizia ele que num colégio , quando entrava um menino mau, no mesmo dia, ou ao mais tardar no dia seguinte, já tinha ele se juntado com algum outro aluno rui m que havia no colégio. Nos bons, há como qu e escamas nos olho qu fr ·qüenternente provocam uma falta de perspicá ·ia pum v •r o mal no maus, h •111 ·0111 di rni nuem sua ·apn ·idn(il' de ver o bem nos ho11s . A Sagrndn Bíhlin n•1 istra alguns ·usos l' n· pdo 11 11i s.

Foi por uma graça especial do Divino Espírito Santo que o profeta Simeão se dirigiu ao Templo no dia da Apresentação de Nosso Senhor. Tomando-o então dos braços de Nossa Senhora, fez a sua bela profecia sobre a acolhida que o Messias teria entre os seus conterrâneos: seria um sinal de contradição, posto para a ruína e ressurreição de muitos em Israel, e uma espada de dor atravessaria a alma de sua Mãe, a fim de que se revelassem os pensamentos ocultos dos corações (cfr. Lc 2, 34-35). Também a profetisa Ana soube discernir naquele Menino o Messias que ela, já octogenária, aguardara desde a juventude (cfr. Lc 2,36-38). Mais tarde, São João Batista., negando que fosse ele próprio o Messias, declarou solenemente que não era digno de desatar a sandália de seus pés (cfr. Mt 3, 11; Lc 3,16).

A arte cristã ajuda a superar nossa cegueira Voltando à cena do presépio, hoje sabemos que aquele Menino era o Verbo de Deus feito homem, e sua Mãe a Rainha do Universo. Mas se estivéssemos lá, teríamos sabido ver com nossos olhos o que a fé hoje nos ensina? Provavelmente muitos de nós não os reconheceríamos, e pensaríamos tratar-se de pessoas comuns. Assim, a arte cristã através dos séculos, para romper essa nossa cegueira, nos apresenta os aspectos sobrenaturais da cena, que nossos olhos envidraçados não saberiam ver. Desse modo, quadros como o que Catolicismo publicou não estão, no fundo, contra o relato bíblico; pelo

contrário, eles nos apresentam aquilo que a cena tem de mais profundo, e portanto de mais real. Não há com isso perigo de esquecermos que São José, Nossa Senhora e o Menino Jesus - embora descendentes de família real - eram pobres e não figuravam então entre os grandes deste mundo. Mas eles eram muito mais do que isso: eram grandes aos olhos de Deus.

Lição para a nossa vida espiritual Cabe uma aplicação para a nossa vida espiritual. É bem conhecido o caso de Santa Teresinha do Menino Jesus, que no leito de morte ouviu o comentário de duas freiras que conversavam na

cozinha: "Na nota em que nossa Madre comunicará aos demais Carmelos a morte da Irmã Teresa, o que ela ressaltará de sua vida? Ela nunca fe z nada que merecesse ser destacado! ... " Quer dizer, essas freiras conviveram durante alguns anos com a Irmã Teresa do Menino Jesus (ela morreu antes de completar 25 anos), e nada notaram da santidade dela. Entretanto, São Pio X declarou que a considerava a maior santa dos tempos modernos. E João Paulo II, em 1997, concedeu-lhe o título de Doutora da Igreja. Não pode acontecer também conosco, que tenhamos vivido ou estejamos vivendo ao lado de uma grande alma, e não tenhamos sabido avaliar

ou não estejamos sabendo notar a santidade dessa alma? É tema para um profundo exame de consciência. Que escamas obscurecem a nossa visão sobrenatural? Que podemos fazer para eliminaressas escamas? Permita-se-nos mais uma vez citar o livro, já recomendado em nossa coluna do mês de janeiro, intitulado Inocência primeva e contemplação sacral do universo no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira. Nele o leitor encontrará indicados os exercícios para subir de uma visão terrena que não vai além do que os olhos da carne nos apresentam, para urna visão superior, transcendente da realidade, que remete tudo para Deus. Pois todo o universo foi criado por Deus à sua semelhança, e o homem à sua imagem e semelhança. Se soubermos, em nossa vida diária, praticar a contemplação sacral do universo, procurando em todas as criaturas s ua imagem ou semelhança com Deus, não acontecerá de vivermos ao lado de uma Santa Teresinha e nos perguntarmos, diante do seu leito de morte, o que terá ela praticado de transcendente e digno de ser registrado para a posteridade. Assim, fazem bem as revistas católicas que, através dos grandes mestres da pintura, nos apresentam o que a cena do Natal teve de mais transcendente: isto é, que o Filho de Deus se fez homem e habitou entre nós; e que houve uma criatura privilegiadíssima através da qual se operou esse Milagre dos Milagres, e a quem Deus constituiu como Rainha do Céu e da Terra! • E-mail do autor: monsenhorjoseluiz@catolicismo.com.br FEVEREIRO 2010 -


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A REALIDADE CONCISAMENTE

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Mãe e bebê mortos ressuscitam num 11 milagre de Natal"

N Castelos interpretam anseios profundos dos alemães

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Alemanha, há 90 anos, não é governada por monarquia. Entretanto, os antigos castelos da nobreza suscitam um sagrado maravilhamento, observou o diário "Die Welt". O que está no fundo desse interesse popular por castelos que não têm mais utilidade? O castelo pertence à época feudal, à sociedade de classes, à forma monárquica de Estado. Para o mencionado jornal, o castelo aparece, para o homem de pensamento prosaico e economicista do século XXI, como o contrário do mundo da aceleração e da globalização. No castelo, o tempo parece ter parado. Nele o país encarna o orgulho de sua história, de seu esplendor e de sua identidade. As pessoas sentem o desejo de aute nticidade, não o que se convencionou chamar de contos da carochinha. Por isso os alemães procuram os velhos castelos, encravados na história e na alma popular como no topo de um rochedo . •

a noite de Natal, Tracy Hermanstorfer e seu bebê [foto] foram declarados mortos pelos médicos do Memorial Hospital em Colorado Springs, EUA. A morte ocorreu durante os trabalhos de parto. Os médicos fizeram uma cesariana para salvar a criança, mas esta nasceu morta. Mike, o pai, embalou o cadáver do filho enquanto os médicos tentavam, em sucesso, ressuscitar a mãe. Tudo parecia perdido, até que o bebê deu sinais de vida. Como que em sintonia, a mãe voltou a respirar. A ginecóloga Stephanie Martin explicou que Tracy "estava morta, não havia batimento cardíaco nem pressão arterial, não respirava mais. Ela tinha uma cor cinza como a da blusa. Não conseguimos encontrar nada que explique como isso aconteceu". O pai atribui o fato "à mão de Deus". O ocorrido, além da intervenção sobrenatural, ressa lta o misterioso vínculo entre as vidas da mãe e do filho . E . ublinha o caráter antinatural do aborto provocado, em qu a mãe participa no assassinato de seu próprio filho . •

Ex-líder das FARC denuncia esquerda católica e ONGs

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ex-segundo chefe da Frente nº 5 das FARC, Daniel Sierra Martinez, congnominado "Sarnir" [à direita na foto], denunciou a cumplicidade de ONGs "pacifistas", instituições eclesiásticas e mídia com a guerrilha. Segundo "Sarnir", a cidade colombiana de San José de Apartado , era "protegida" por um a "comunidade de paz", que agia seg und o um plano da diocese católica local. A associação Justicia y Paz participava do plano junto com as ONGs Amnesty International e Brigadas de Paz Internacional. Justicia y Paz mantinha estreitas relações com a guerrilha, desde tempos remotos, e auxiliava as FARC, apresentando o governo colombiano como violador dos direitos humanos. "Samir" enviava membros das FARC para atuarem como "testemunhas", que depunham segundo a conveniência desses grupos. Ainda hoje, "comunidades de paz" continuam seu trabalho de "quinta coluna" em favor da subversão marxista-leninista no país. •

CATOLICISMO

Crian~as torturadas pela magia negra no Brasil

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opinião pública fi ou h adu om a de c bcrta de mais dois casos estarrcc el r s lc mag ia neg ra. Duas criancinhas tiveram seus ' rp s crivados ele agulhas [foto]. Em Ibotirama (BA) , pa Ira to de um garoto ele el i an s nfes ou ter-lhe cravado O agulhas em órgãos vitais, com a cumplicidade de duas mulheres, n ticiou "A Tarde", de Salvador. 111 ão Vicente Férrer, Maranhão , uma criança de dois anos foi encontrada com sete agulhas no abdômen, cravadas em rituai s de magia negra, segundo disse a mãe. As crianças estão sendo operadas para a extração das agulhas. O abandono da fé católica parece a alguns "facilitar" a vida. Na realidade cri a desordens e frustrações profundas, que levam as pes·n1 is · 11 11das, soas a invocar o demônio, o qual imp como ne tes sinistros casos. •

Cidades lituanas entronizam Jesus Cristo como Rei

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pequena cidade de Salcininkai, na Lituânia, entronizou "Jesus Cristo como rei de nossa cidade, e declarou solenemente que Ele é seu soberano e protetor" [foto]. As palavras são do prefeito da cidade, Zdzislav Palevic. "Durante este período difícil, quando a crise atinge todo o mundo, o papel de Jesus é importante não apenas para a vida das pessoas, mas também para a vida política e cultural", proclama o ato de entronização, aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores local. Salcininkai imitou Vilnius, a capital, primeira cidade do país a entronizar Cristo como Rei da cidade. A pequena nação lituana, que sofreu a opressão da tirania soviética, é agora hostilizada pela União Européia em virtude de sua catolicidade e de sua resistência a leis imorais, como a do chamado "casamento" homossexual. •

Suprema Corte italiana esvazia decisões de tratados europeus

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Suprema Corte Constitucional da Itália julgou que "carecem de legitimidade" as decisões da Corte Européia para os Direitos Humanos que colidem com o ordenamento constitucional italiano. A sentença Nº 311 saiu pouco depois que esse último tribunal determinou que os crucifixos devem ser removidos das salas de aula italianas. A decisão também diminui a força da Constituição Européia, que entrou em vigor sob o disfarce de "Tratado de Lisboa". O acórdão pode criar jurisprudência para julgamentos análogos que tramitam em outros países, como a Irlanda, onde os tribunais superiores devem decidir entre as leis nacionais e as decisões de órgãos da União Européia ou do Conselho da Europa. •

Dados climáticos russos são fraudados

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elatórios da Rússia confirmam que os cientistas envolvidos no escândalo do Climagate trabalhavam com dados sabidamente distorcidos sobre o clima russo. O Instituto de Análises Econômicas de Moscou publicou relatório mostrando que os dados das estações russas não sustentam a teoria do aquecimento global antropogênico [foto]. Nos relatórios apresentados pelo IPCC para favorecer a existência <l:e um "aq uecimento global", mais de 40% do território russo foi excluído do cálculo. Segundo o IEA, os relatórios do IPCC constituem, em seu todo, uma panela furada. Estaríamos assim diante de um sistema de deturpações em série, comentou a propósito Richard North, do The Bruges Goup. •

Presépio pró-islâmico escandaliza Suíça I)or ocasião do Natal, foi montado um I "presépio" rodeado de minaretes islâmicos na igreja do Sagrado Coração de Bellinzona, Suíça [foto]. Essa manifestação blasfematória contra uma das mais sagradas festas do catolicismo era um soez protesto pelo fato de a maioria dos suíços ter aprovado, através de plebiscito, a reforma da Constituição proibindo os minaretes. O pároco, Pe. Callisto Caldelari, justificou o infame "presépio" sob o pretexto de arte: "O fato de o presépio com minaretes encontrar-se numa igreja franciscana só reforça a mensagem de paz e diálogo". Os muçulmanos consideram estes reprováveis gestos de diálogo como sinais de capitulação, e em conseqüência recrudescem as perseguições contra os cristãos.

Vazio religioso dos festejos natalinos estimula suicídios

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a capital do Peru, durante o período de Natal o número de suicídios aumenta 35% em relação ao resto do ano. Para "li Corriere della Sera" de Milão, a ostentação de uma falsa alegria natalina, comercializada e neopagã, aguça a dor pela ausência dos imponderáveis sobrenaturais e morais do Natal católico. Por isso as comemorações natalinas modernas dissimulam, sob aparência luminosa estonteante, um frustrante vazio no fundo do qual crepitam o desespero e a tentação de suicídio. O jornal milanês conclui que a ausência do sobrenatural nesses Natais sem fé ecoa como o cântico Dies irae - hino litúrgico que evoca o Juízo Final, durante o qual serão julgados também os pecados do neopaganismo hodierno.

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História "saborosa" da Capitania de Pernambuco

de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE e coordenadora do Projeto Resgate, 75% dos documentos são inéditos.

Centralização muito matizada

P esquisadores resgatam fatos históricos do período colonial: qualquer. morador poderia dirigir-se à Coroa portuguesa; a figura emblemática de Santo Antonio; papel saliente das ordens religiosas - eis alguns dos temas que emergem de 34 mil documentos analisados. li PLINIO VI DIGAL XAVIER DA SILVEIRA

a Capitania de Pernambuco, durante o Brasil colônia, "ouvidores, donatários, loco-tenentes, advogados, procuradores, governadores e mesmo o homem do povo, através de seus procuradores e, principalmente, dos escrivães, tiveram voz, ainda que nem sempre voto. [ ... ] A qualquer morador era dada a liberdade de se corresponder e reivindicar o que julgava ser seu direito frente à Coroa. [... ] Apesar da aceitação de uma relação de vassalagem junto ao monarca, os colonos de Pernambuco não abdicaram de fazer valer os seus direitos". Essas informações, tão contrárias ao que muitas vezes se ensina nas escolas em nosso País, estão no livro Fontes repatriadas, das historiadoras Socorro Ferraz, Vera Lúcia Costa Acioli e Virgínia Maria Almoêdo de Assis. 1

Gravura apresentando a cidade de Olinda na época da Colônia

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,, Capitania de Pernambuco

Pesquisadores da Univer idade Federal de Pernambuco (UFPE) resgataram no Arquivo Hi stórico Ultramarino de Portugal nada menos que 34 mil documentos da então Capitania de Pernambuco. Segundo Socorro Ferraz, diretora do Centro

Os primeiros estudos já realizados a partir do material questionam o poder absolutista da metrópole portuguesa, mostrando que desde a época das capitanias, redes de autoridade locais foram se estabelecendo regionalmente com bastante força. Cartas do acervo mostram, até mesmo, negociações feitas diretamente por escravos com autoridades centrais. Na documentação há cartas de cativos pedindo interferência de autoridades em questões pessoais. Durante muito tempo a historiografia oficial atestava que a relação portuguesa com o Brasil era só de domínio. Mas, pelo que os documentos mostram, nem a centralização do poder de Portugal era tão intensa nem o poder do monarca era tão absoluto. A pesquisadora destaca que, a partir do momento em que os governantes eram nomeados pela Co-

roa, começavam a se relacionar diretamente com a população, transformando-se em agentes de negociação; é o caso também dos ouvidores, juízes, desembargadores, câmaras municipais, dos chamados "homens bons" (na realidade, gente rica). "As redes de poder passam a ser construídas sem se limitar ao absolutismo régio. E esse é o fo co da nova historiografia" destaca Virgínia Almoêdo, coordenadora do Departamento de História da UFPE (cfr. reportagem Segredos da Colônia, de Letícia Lins, in "O Globo", 711-09).

Santo Antonio vence o quilombo dos Palmares No episódio a seguir narrado, o pitoresco se une à fé, pois ao mesmo tempo que se glorifica Santo Antonio e se dão provas de confiança na força de sua intercessão nas lides militares, presta-se uma pequena aj uda ao convento dos frades franciscanos: "Chama igualmente a atenção o conteúdo da Ordem Régia, datada de Lisboa de 30 de abril de 1717, enviada ao provedor da Fazenda da Capitania de Pernambuco, referindo-se à Consultora do Conselho Ultramarino sobre a petição 'do glorioso Santo Antonio', na qual se alega que 'tendo muita quantidade de anos de serviço não cobrava mais que a praça de soldado'. Seguindo o parecer do Conselho, o monarca resolve elevar a patente do santo de soldado para tenente com vencimentos de vinte e sete tostões por mês, soldo considerado justo 'para um soldado tão glorioso'. "Com efeito, Santo Antonio ocupou al" guns postos militares no Recife: foi soldado no antigo Forte do Buraco, promovido ~ a tenente pela decisão supracitada, o que o E rendia aos frades franciscanos soldos, se~ ·s gundo notícias diversas, até o século XIX. o •; "Também em Igarassu, em 1754, a Câ...i mara pedia ao Conselho Ultramarino para que Santo Antonio recebesse o título de vereador perpétuo com as devidas propinas. Para um santo com tantos méritos e folha de serviços prestados, não é de se estranhar que em 1685 o então governador da Capitania de Pernambuco tenha baixado uma ordem para que o santo fosse tomar parte na guerra contra os Palmares, uma vez que recebia pagamento para isso, o que assim aconteceu. A imagem do santo acompanhou os soldados, só regressando terminada a destruição do conhecido quilombo ".2

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Males do laicismo moderno Santo Antonio foi vereador em lgarassu até 2008 - informa Letícia Lins - e só foi removido do cargo (e do salário) por pressão do Ministério Público, em aras ao laicismo. Ele recebia um salário-mínimo mensal, que era revertido para um convento com seu nome, que atende ainda hoje 300 crianças. CATOLICISMO

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ENTREVISTA A iniciativa de destituí-lo do posto despertou muita polêmica. Os vereadores se recusavam a revogar uma tradição herdada do Império. Para não entrar em conflito com o Ministério Público, decidiram custear o salário do santo, rateando as contribuições a partir do próprio bolso. "Não podemos sepultar uma tradição que foi criada pelo próprio rei de Portugal", justificou o presidente da Câmara Municipal em 2008, Waldemir Nunes.

Mulheres na administração Sem nada do feminismo revolucionário moderno, mulheres assumiam com naturalidade cargos de administração, conforme narra Fontes repatriadas: "Identificar o papel das mulheres na administração da Capitania é uma questão que ainda está por merecer estudos mais aprofundados. Cabe aqui notar o exemplo de Brites de Albuquerque, mulher do primeiro donatário, que como se sabe assumiu o governo de Pernambuco nas ausências do marido e filhos. Muitas vezes depara-se com mulheres proprietárias de ofícios públicos, o que abre um leque de possibilidades para o estudo do próprio papel assumido por mulheres na administração pública do Brasil colonial".

Bom senso no corte das árvores Sem os exageros, absurdos e desvios doutrinários, tantas vezes presentes no moderno ecologismo, o bom senso se manifestava no manejo do corte de árvores. Nesse sentido, é significativo o texto a seguir: "A respeito do corte das madeiras, Filipe III, em longo e minucioso regimento de 12 de dezembro de 1605, determinou que, nos referidos cortes, se tivesse 'muito tento à conservação de árvores ' para que tornassem a brotar, 'deixando-lhes varas, e troncos com que o possam fa ze,; e os que o contrário fizerem serão castigados'. Também no regimento em relação à Bahia, em 1609, foram exigidos dos governadores cuidado e proteção às madeiras em geral e, principalmente, às destinadas aos engenhos. Foi também criado o cargo de Juiz Conservador das Matas".

As ordens religiosas, uma bênção para o Brasil "Não se pode deixar de apresentar em grandes linhas no que consistiram as Ordens religiosas regulares para essa sociedade [colonial], e em especial as quatro que formaram por assim dizer, 'a coluna vertebral' do aparelho eclesiástico no Brasil: a Companhia de Jesus e as Ordens de São Francisco, de São Bento e do Carmo. [. .. JSaem seus membros a catequizar indígenas, assistir a população colonial, fundar e manter entidades educacionais, celebrar serviços religiosos nas terras senhoriais, vilas e povoados, criar e manter seminários, destacando-se neste ponto os colégios fundados pelos jesuítas. "Oratorianos, Mercedários e Capuchinhos igualmente exerceram influência em alguns setores da sociedade. "Ainda sobre as ordens religiosas que atuaram em Pernambuco vale salientar o papel que elas desempenharam no ensino público, assunto tão pouco comentado nos livros de História. Dos beneditinos deve-se dizer que foram eles os funCATOLICISMO

dadores da Faculdade de Direito de Olinda, primeiro estabelecimento de ensino superior do Brasil. Também criaram a Escola de Agricultura e veterinária, hoje Universidade Federal Rural de Pernambuco".

Fim do direito de propriedade e da livre iniciativa?

Em Olinda, esboço de universidade moderna O bispo de Pernambuco, D. José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho, "foi talvez o primeiro brasileiro a sonhar para Olinda e os seus montes um futuro tranqüilo de cidade universitária. Ele fez do velho colégio dos Jesuítas um esboço de uma universidade moderna, desenvolvendo o ensino secundário em ensino superior. Olinda seria uma espécie de Coimbra (Gilberto Freire)". Como ganhariam os atuais alunos, caso os professores de História se ativessem à verdade dos fatos e deixassem de ser subserv ientes às interpretações marxistas e imorais que tantas vezes pervadem o ensino no Brasil de nossos dias!

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O Plano de Direitos Ifumanos do governo Lula prepara no campo uma

coletivização sem precedentes, um engessamento da produção, a destruição do agronegócio e do instituto da propriedade privada

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Poder-se-ia perguntar: que relação têm os fatos narrados com a situação do Brasil de hoje, para serem inseridos nesta seção de política nacional ? Sintetizando, ba ta o leitor ter presente as atuais e absurdas demarcações de terras para quilombolas e indígenas; e as expropriações do INCRA, destinadas a contemplar invasores do MST e formar assentamentos de uma Reforma Agrária socialista e confiscatória, cujo fracasso é notório. Comparando essa situação com a descrita nos documentos supra-citados, o contraste é pungente. Estamos assistindo à construção de um novo e infeliz Brasil, desligado de suas gloriosas tradições cristãs. Além das distorções histórica inseridas nos atuais livros escolares, tenta-se impor à nossa Pátria estruturas marxistas. A Terra de Santa Cruz não merece tal castigo! • E-mail do autor: i;>(in ioxav ier@catolicismo.com.br

Notas : 1. O livro pode ser cons ul tado, em grande parte, na Intern et: http :// books.google.com.br/books?id =OZqQuBChgowC&printsec=frontcover#v= onepage&q=&f=false 2. A respeito do quilombo dos Palmares e de seu chefe mais conhecido, Zumbi, uma reportagem da revista Veja ( 19- 11 -08) esclarece: "A figura de Zwn bi que passou à posteridade é idealizada. Ao longo do século XX, princi-

palmente nos anos 60 e 70, sob influência do pensamento marxista, Palmares foi retratada por muitos historiadores como uma sociedade igualitária, com uso livre da terra e poder de decisão compartilhado entre os habitantes dos povoados. Uma série de pesquisas elaboradas nos últimos anos mostra que a história de Zumbi e do quilombo dos Palmares e11.l'i11ada nos livros didáticos tem muitas distorções. [... ] "Os novos estudos sobre Palmares concluem que o quilombo, ,l'it11ado onde hoje é o estado de Alagoas, não era um para(so de libe1rl11d1•, 11(70 lutava contra o sistema de escra vidão nem era tão isolado do ,\'fl<'il'lltule colonial quanto se pensava. O retrato que emerge de Z11111/Ji o til' 11111 ,ri guerreiro que, como muitos [(deres africanos do século XVII, t/11/111 11111 siquito de escravos para uso próprio. 'É uma mistiji {IÇ{/o tllz,•r 11111• hovlo igualdade em Palmares', afirmo o historiador Ro11a/tlo \litl11ft1,1·, 1mift•,1•,1·or da Universidade Federal Fluminense e autor do Dll'im111rl11 t/11 llm,1'11 <"11/11nial. 'Zumbi e os grandes generais do quilombo /11/(IV//III 1·1111/m 11 1•,1·1·nwl dão de si próprios, mas também. possu({l/11 e,1'C/'(IV(),\'', ,·1111111ltrto ".

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o dia 21 de dezembro de 2009, quando todas as atenções se voltavam para as comemorações do Natal e da passagem de ano, o presidente Lula assinava - sem ler, segundo declarou -, acompanhado por 21 ministros, o decreto 7037/2009 , que aprova o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). As primeiras notícias a respeito davam conta de que esse decreto, pelo menos em grande parte de seu conteúdo, abre caminho para uma revisão unilateral da Lei da Anistia e põe na berlinda os militares que participaram da Revolução de 1964. Porém uma leitura mais atenta do decreto, sobretudo de seu anexo , deixa ver uma realidade assustadora. Trata-se de um plano que, em seu conjunto, visa à demolição de princípios básicos de nossa civilização ocidental e cristã. O decreto chegou a ser qualificado de golpe branco ou revisão da Constituição, e alguns o denominam Constituição do Lula! Qual o alcance que esse assustador ato do Executivo pode ter na produção agrícola nacional? Para responder a esta e outras perguntas, é preciso começar por conhecer a real situação do campo brasileiro . Catolicismo entrevistou um profundo conhecedor do assunto, o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, trineto de Dom Pedro 11, bisneto da Princesa Isabel, Príncipe Imperial

do Brasil. Como Príncipe católico, ele cumpre sua missão histórica de zelar pelas instituições cristãs de nossa Pátria, junto com seu irmão Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil , ao qual segue na linha de sucessão. Dom Bertrand percorre anualmente dezenas de cidades brasileiras, participando de eventos , fazendo conferências, dando entrevistas. Na qualidade de coordenador nacional do Movimento Paz no Campo, vem atuando no setor agropecuário do País, especialmente na defesa da propriedade privada e da livre iniciativa - princípios fundamentais da civilização cristã.

Dom Bertrand: "Há 30 anos, Dr. Plinio previu a questão indígena. Uma corrente missionária mostrava-se contrária à catequização e à civilização <los índios "

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Catolicismo - Como pode ser definida a missão do Movimento Paz no Campo?

Dom Bertrand - O movimento tem por missão, em primeiro lugar, denunciar o conúbio das esquerdas contra a propriedade no campo, sobretudo da esquerda católica - CPT (Comissão Pastoral da Terra), CIMI (Conselho lndigenista Missionário), CEBs (Comunidades Ec lesiais de Base) - com movimentos ditos sociais, como o MST e congêneres, quilombolas, indigenistas, ambientalistas e inumeráveis ONGs que seguem essa orientação. Em segu ndo lugar, procura tornar patente à opinião pública nacional - que se revela majoritariamente centrista e conservadora - quais são os métodos e FEVEREIRO 201 O -


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atualizada' é extremamente ciosa da propriedade coletiva das tribos de índios"; "Vivendo em regime comunitário, os índios não precisam da Igreja". Estas e muitíssimas outras frases evidenciam as coincidências entre situações de hoje e as do livro, no entanto editado há mais de 30 anos. As duas edições da obra esgotaram-se rapidamente. A atual reedição vem acompanhada de uma segunda parte, de autoria dos jornalistas Nelson Ramos Barretto e Paulo Henrique Chaves, que analisa a atualidade da ameaça indígena.

metas dos inimigos da agropecuária e do agronegócio. Em terceiro lugar, sugere coalizões com as forças vivas da Nação que reconhecem, em seus respectivos âmbitos de atuação, que o atual problema do campo é fundamentalmente ideológico. Pois o que está em jogo é a tentativa esquerdista de golpear a propriedade privada e a livre iniciativa no País e implantar um regime socialista. Ou seja, uma utopia repleta de "sonhos" irrealizáveis, apresentados pelos detentores do poder à opinião pública como benévolos, mas que se revelam sanguinários, antinaturais e destruidores de todo valor civi li zatório, especialmente da civilização cristã. Os soc ialistas, mesmo quando não utilizam métodos terroristas, governam com mão-de-ferro. Em toda nossa atuação, seguimos a senda do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que iniciou há mai s de 50 anos esta batalha monumental, pacífica e legal em que hoje continuamos envolvidos, dando prosseguimento ao seu denodado esforço contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória. Catolicismo - A referência ao Prof. Plínio faznos lembrar que a reedição do livro Tribalismo Indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil do século XXI, mereceu do ministro Marco Aurélio Mello, em seu voto no STF contrário à demarcação contínua das terras da Raposa Serra do Sol, o qualificativo de profético. Dom Bertrand poderia explicar melhor por que essa obra é considerada profética? Dom Bertrand - É impressionante o fato de que, há mais de 30 anos, Dr. Plínio tenha previsto o estado atual da questão indígena. Ele denunciou que uma corrente missionária mostrava-se contrária à catequização e à civilização dos índios. Para essa corrente, os silvícolas deveriam manter o primitivismo de seus antepassados, considerando-os o tipo humano ideal para o terceiro milênio. O Bem-aventurado Anchieta e o Pe. Manoel da Nóbrega passaram a ser objeto de pesadas críticas. Para exemplificar o caráter profético do livro, transcrevo dele como exemplo esta frase: "A ques-

tão indígena é a espoleta de uma crise agrária no País". Sabe-se hoje comprovadame nte que as demarcações de terras ditas indígenas e a expu lsão de milhares de famílias, sobretudo de pequenos agricultores, são obtidas por meio de laudos falsos ou pelo menos duvidosos. E por aí entendemos até onde vai o viés ideológico com que se provocam crises reais com agentes artificiais. Tanto mais que o prazo é exíguo para contestar as "fábricas de índios" autodeclarados, ou então a nova inve nção dos antropólogos da Funai - os "povos ressurgidos" , nascidos nas cinzas de suas utopias. Outras importantes citações : "A 'missiologia CATOLICISMO

Uma "espada de Dâmocles", paira sobre a cabeça do agricultor brasileiro

'ítpareJJ,aram a máquina estatal, e a partil' de postos decisivos destilam decrntos e portal'ias conua a propriedade privacla e a livre iniciativa"

Catolicismo - Dom Bertrand tem falado multo sobre as ameaças que, como "espada de Dâmocles", pairam sobre a cabeça do agricultor. Poderia explicitar tais ameaças? Dom Bertrand - A política do atual Governo Federal golpeia fortemente o agronegócio, responsável entretanto por quase 40% de nosso PIB . Dominados por idéias socialistas e comunistas, os bem remunerados funcionários do Estado aparelharam a máquina estatal. E a partir desses postos decisivos desti lam em decretos, portarias e outros expedientes administrativos toda sua aversão contra a propriedade privada e a livre iniciativa. Na nossa atuação em vasússima área do território nacional, constatamos várias ameaças aos proprietários rurais e aos empreendedores do agronegócio: ameaça do MST e da Reforma Agrária socialista e confiscatória; ameaça dos movimentos induzidos de negros e quilombolas; ameaças ambientalistas ; ameaça de novos índices inatingíveis de produtividade agrícola; a mea a decorrente das mentiras relativas ao chamado "trabalho e cravo" ; ameaça de substituição d ag roncgócio pela "agricultura fami liar". O produtor rural e tá deixa ndo de existir no campo, enquanto as terras recebem destinações que enge sam u impedem a produção. Mais de 70% do território nacional já não pode se utilizado para a produção agropecuária! Nos mov imento Paz no Campo lançou nos dois últi mos anos várias obras, cujas edições somam 25 mil exe mplares, combatendo em todas essas frentes e denunciando a conjuração em curso. A revista Catolicismo nos tem dado ampla cobertura, apresentado abrangente análise dessas obras e da situação cio campo. Catolicismo - Como o produtor rural pode enfrentar tantas ameaças? Dom Bertrand - O produtor rural é verdadcinun cnte um herói. Ele tem que produzir, e o faz 0 111 muita competência, mesmo tendo que enfrontHr as inl ·mpéries, os entraves de financiamento, as dificuldud •s da venda, os problemas do mercado, tudo 11volv ndo ulividades de alto risco. Em tr ca, qu 1• r · h ·? Pelo

ministro do Meio Ambiente, Carlos Mine, é Catolicismo - O recém-promulgaLivros divulgados por injuriado como "vigarista"; pelo ministro do do Decreto 7037/2009, que aprova o Desenvolvimento Agrário, é qualificado de PAZ NO CAMPO e recomendaPlano Nacional de Direitos Humanos "senhor feudal"; é amaldiçoado pelo bispo dos por Dom Bertrand (PNDH-3), pode agravar essa situaDom Tomás Balduino da CPT; suas proprição? Tribalismo Indígena, ideal edades são freqüentemente invadidas pelo Dom Bertrand - Certamente. Cito apecomuno-missionário para o BraMST ou movimentos congêneres, com nas um exemplo. Hoje, caso uma prosil no século XXI, de Plínio Corrêa toda a conhecida violência desses organispriedade sej a invadida , o proprietário de Oliveira, com adendo de Nelson mos que, com toda impunidade, passam pode pedir a reintegração de posse, que Ramos Barretto e Paulo Henrique por cima das leis; ele pode ser expulso de geralmente é conced ida. M as com o tal Chaves suas terras, quando pessoas que se autoplano, para a reintegração de posse par• Pastoral da Terra e MST incendeclaram "quilombolas" afirmam gratuiticiparão os movimentos sociais a fim deiam o País, de Gregório Vivanco tamente que ali viviam seus antepassados; de analisar os "direitos humanos" envolLopes se tiver sorte, e suas terras escaparem desvidos, e o juiz fic ará sujeito à decisão • Reforma Agrária, o mito e a realise cerco, poderão acabar sitiados em meio dessa audiência. É fácil imaginar como dade, de Nelson Ramos Barreto a reservas de terras de tribos indígenas rescrescerão o número de invasões e a de• Trabalho Escravo, nova arma surgidas; se sobreviver a tudo isso, terá que sordem no campo! contra a propriedade privada, de enfrentar as leis ambientais (perto de 16 Esse decreto, a revi sta VEJA de 13 de Nelson Ramos Barretto mil disposições, segundo o ministro Reijaneiro de 2010 (nº 2147) denomina "coi• A Revolução Quilombo/a, guerra nhold Stephanes da Agricultura); é forçasa de maluco", e afirma que "ao longo de racial, confisco agrário e urbano, do a cuidar de sua reserva legal, proteger 73 páginas eivadas de vociferações ideocoletivismo, de Nelson Ramos e replantar as matas ciliares, resguardar as lógicas e ataques ao neoliberalismo e ao Barretto e Paulo Henrique Chaves áreas de proteção ambiental, sob pena de agronegócio, [ .. . } extingue o direito de • Agropecuária, atividade de alto receber do Ibama pesadíssimas multas; é propriedade. E emula o sistema chavisrisco, de Nelson Ramos Barretto obrigado a fazer o georreferenciamento ta " de consultas populares. Será para isso e Paulo Henrique Chaves para o recadastramento de terras; etc, etc. que o governo está reaparelhando o triOs absurdos não param aí! Há também dente do diabo - Ibama, Incra e Funai Essas obras podem ser adquiridas o ri sco de ser tachado de escravagista, - , dobrando o número de funcionários? pelo telefone (11) 3667-1587, devido ao mito do trabalho análogo ao Parece uma conjuração em marcha! e também pelos sites do escra vo, e ver seu nome incluído numa www.paznocampo.org.br, " lista suj a" do Mini stério do Trabalho, ou www.livrariapetrus.com Catolicismo - Como podem os leitel: (11) 3331 -4522 podendo ter sua terra confiscada para fin s tores de Catolicismo tomar conhecide Reforma Agrária. mento das atividades de Paz no CamUma enxurrada de di sposições trabapo? lhi stas, atos declaratórios, circu lares, convenções, Dom Bertrand - Usamos largamente a internet com dec retos, instruções normativas, leis complemeno site www.paznocampo.org.br. Tenho meu blog http:/ tares, medidas provi sórias, normas regulamentado/www.paznocampo.org.br/Blog/Blog db.asp. Recoras, notas técnicas , ordens de serviços, portarias, mendo ainda os blogs http ://gpsdoagronegocio . resoluções administrativas , resoluções normativas, blogspot.com e " Verde, nova cor do comunismo": h!tp;L resoluções recomendadas - tudo isso bem ao es/ecologia-clima-aguecimento.blogspot.com. Em todos tilo totalitário ou ditatorial, regulamentando tudo estes espaços da Internet os leitores de Catolicismo "O produtor rural sem nenhuma ligação com a realidade do nosso podem acompanhar o dia-a-dia de nossa luta. Dispoé verdadeiramencampo, onde as relações se desenvolvem com camos também do Boletim Eletrônico Sem medo da Verte um herói. racterísticas pessoais e familiares, e não de acordo dade, atualmente com 30.000 destinatários, para o qual Ele tem que com a ideologia socialista. os interessados podem cadastrar-se no nosso site. Ele produzir, e o faz A Constituição de 1988 estabeleceu ainda os Ínapresenta uma análise mais profunda de toda essa situcom muita comdices de Produtividade para o campo, outorgando ação, difunde e promove nossas campanhas e transpetência, mesmo ao Executivo um cheque em branco: o de revisar creve as denúncias que a todo momento recebemos de tendo que enfrenesses índices de tempos em tempos. Doi s absurdos: proprietários rurais. tar enormes primeiro a instituição desses índices; e segundo o Nossas campanhas são ainda difundidas por cadificuldades" deixá-los ao bel-prazer do Executivo. Quem não conravanas de estudantes que percorrem o País ; em enseguir cumprir as exigências do índice terá sua terra trevistas a rádios, jornais, revistas e TVs; participadeclarada improdutiva e passível de desapropriação. ção em cerca de 50 eventos agropecuários por ano, Sobre todas essas ameaças, recomendo a leitura com ampla distribuição de folhetos de esclarecimendas obras ed itadas por Paz no Campo (vide quadro to. Também mantemos contatos com autoridades e acima) . produtores rurai s em todo o Brasil. •

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MODA

1 tência de uma linha direta entre a queda da Bastilha e o blue j eans. Que linha direta é esta entre um acontecimento político tão antigo e um modo atual de vestir? Os revolucionários franceses, ao derrubar a Bastilha, proclamavam entre outros erros a igualdade tota l entre os homens: "Lib erté, égalité, fraternité". Visto que o blue j eans tornou-se um uniforme, "um modo igualitário de vestir", Akst viu logo que linha é essa.

Breve história do blue jeans Ü rigem operária; modo igualitário de vestir; quebra de tradições; e tendência à proletarização: características dessa "calça americana" que vai se transfarmando no uniforme tribal da sociedade pós-moderna.

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NELSON R1BE 1Ro FRAGELLI

As "calças azuis": origem no ambiente operário O blue jeans surgiu no mundo operário. Jakob W. Davis, trabalhador nas minas de Comstock, em Nevada (Estados Unidos), é reconhecido como o criador das "calças azuis rebitadas", no fim dos anos 60 do século XIX. Ele criou uma roupa resistente usando o mesmo tecido das tendas de acampamento, com um tipo de costura aparente utilizada então para selas e arreios. O operá.rio das minas era freqüentemente rústico, sem religião, admitindo poucos princípios morais. Colado ao corpo, revelando formas anatômicas, o blue jeans teve desde o início uma expressão de força do trabalho e de juventude sexualmente ativa. A revolução sexual, portanto, estava presente em suas formas. A partir de 1935 a propaganda passou a apresentar também mulheres vestidas com blue j eans. Acima, Jakob W. Davis, trabalhador nas minas de Comstock, em Nevada (Estados Unidos), reconhecido como o criador das "calças azuis rebitadas", no fim dos anos 60 do século XIX

Anna Schober é doutora em Filosofia, escreve sobre História da Arte e vive em Viena. Publicou recentemente os resultados de sua investigação sobre as calças azuis, num volume intitulado Vorn. Leben in Sto.ffen und Bildern [Vida, tecidos e modelos]. Surpreendeu-a a constatação de que a história dessa calça é a de um imenso esforço publicitário para impor uma moda: o blue j eans. O processo da difusão das calças azuis se confunde com a história das técnicas de propaganda religiosa e ideológica, através de programas radiofônicos, filmes, revistas, painéis publicitários. Num desses painéis, de 1946, aparece Marilyn Monroe vestindo blue jeans, já com o ventre à mostra - moda que só se fixaria 50 anos mais tarde. O esforço da propaganda obteve resultado. A calça com rebites deixou o mundo do trabalho e tornou-se símbolo de grupos sociais. Nenhuma outra peça indumentária foi, no século XX , tão propalada; a tal ponto que, em certo momento, ela se tornou um dos símbolo do século.

Para o blue jeans não há diferença de idade, nem de nacionalidade, nem de sexo ...

jornalista George F. Will, do "Washigton Post", publicou em 16 de abril de 2009 o artigo Demon denim [O demônio do blue jeans]. Analisa a influência exercida pelo blue jeans sobre quem o usa; e também sobre quem a ele se conforma, mesmo sem usá-lo. George Will cita uma recente colaboração do escritor norte-americano Daniel Akst, publicada pelo "Wall Street Journal", segundo o qual o blue jeans é sinal da profunda contradição de um aspecto da sociedade ocidental, sobretudo da burguesia: "Como é possível que a burguesia se vista de um modo que não representa o que ela é? Esse modo igualitário de vestir representa para os norte-americanos, ora o uniforme infantil da nação, ora os paramentos sacerdotais dos sequazes do catecismo democrático que prega a igualdade entre todos". Demon denim mostra o efeito nivelador e igualitário do j eans. E Daniel Akst, com a clarividência habitual de sociólogos norte-americanos, termina afirmando, de modo admirável, a exis-

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Tendências contrnditó1'ias despe1'tadas pelo blue jeans Qual o efeito psicológico causado pelo blue jeans? Que tendências desperta? Cria ele um ambiente revolucionário? Pesquisas de opinião revelam que as duas primeiras tendências despertadas por essa roupa são: vontade de ser igual a todos e de sumir na massa, tornando-se imperceptível, portanto sendo "como todo mundo". Entretanto, se esse traje dá a quem o usa a sensação de imperceptibilidade, contraditoriamente causa impressão de notoriedade, ao realçar as formas do corpo. Inicialmente, durante a fase de lançamento, o blue jeans atraiu os espíritos apaixonados por inovações, em razão da ruptura com o gosto dominante, com a formalidade e com a tradição. Vesti-lo, importava numa crítica radical à sociedade vigente. Imperceptibilidade e proeminência, eis a misteriosa contradição suscitada por essa calça. Ela parece procla-

moda dos blu

te pelas formas do traje ; e as almas são influenciadas muito mais pelos princípios vivos, contidos nos ambientes e nas modas, do que pelas teorias filosóficas expostas nos tratados. Segundo Anna Schober, o símbolo atua particularmente na vida quotidiana, impregnando os espíritos com o princípio simbolizado. E a idéia que a calça suscita é a proletária, e de um mundo em contradição consigo mesmo. Ela habitua assim as mentalidades ao igualitarismo de sabor marxista e ao absurdo próprio do comunismo. Os trajes exprimiram infalivelmente, através dos tempos, a mentalidade de quem os criou e usou. A disseminação das "calças americanas" revela um prodigioso processo de despersonalização dos povos. O blue jeans tornou-se um uniforme. Setores inteiros da sociedade passam a se padronizar, levados inicialmente pela rebeldia contra a mediocridade do mundo burguês. De início imposto como a indumentária da era industrial, passou em seguida a evocar o gosto juvenil pela liberdade absoluta. Hoje, sua atração totêrnica se exerce sobre todas as idades e o transforma aos poucos no uniforme tribal da sociedade pós-moderna. • E-mail do autor: nelsonfragc ll i @catoli cismo.com.br

mar: "Queres ser diferente? Padroniza-te". Ao lado destes dois estímulos psicológicos há um terceiro: e la evoca uma "simpática" proletarização da sociedade. Esse efeito de proletarização requintou-se mais tarde nos modelos sucessivos apresentados pelos fabricantes, primeiramente desbotados e depois rasgados e esfarrapados.

Blue jeans: rumo ao uni/'orme tribal da sociedade O modo de trajar, diz Plinio Corrêa de Oliveira, denota uma preferência por certos princípios expressos sim boi icamen-

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Calvário na Normandia " w.

GABRIEL DA StLVA

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despontar do dia, a luz matutina banha com suavidade os campos verdejantes da Normandia. Na penumbra de casas seculares que se aninham na colina, o vilarejo começa a despertar ao som do humilde campanário da velha igreja. A beleza e imponência do edifício tem proporção com a fé dos habitantes. Almas devotas ali vão para rezar. Antes de voltar à casa, alguns curvam-se com piedade aos pés do artístico cruzeiro de pedra. A cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, a lembrança de seus sofrimentos no calvário e a prece confiante na misericórdia divina ocupam lugar de relevo na vida desses aldeões, nos quais as asperezas da vida não esmoreceram a fé. Tal piedade tem um prêmio: todos voltam para suas casas com a paz de alma, a serenidade, a felicidade tranqüila e inalterável da confiança no socorro da Providência. Calvaire en Normandie, do pintor Pierre Justin Ouvrié (1806-1879), é o títu lo deste quadro rico em evocações de urna era de fé. • E- mail do autor: w-gabriel @cato li c ismo.com. br

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Há400 anos Nossa Senhora ~areceu a uma reflgíosa eg,anho(a no mosteiro das conaycionistas em Quito (Equador), e ordenou que se corfeccionasse uma imagem sua sob as invocações do títu(o, yrefetízou imyressionantes acontecimentosyara os sécu(osfuturos, inc(usíve o nosso

n CARLOS ANTONIO

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HoFMEISTER Pou

Coronel do Exército de Cavalaria e Estado-Maior (R)

ossa Senhora apareceu em 2 de fevereiro de 1610 a Madre Mariana de Jesus Torres, espanhola da alta nobreza, uma das oito fundadoras do mosteiro das concepcionistas de Quito, para ordenar-lhe a confecção de uma imagem a Ela dedicada. Estamos, portanto, no ano do IV centenário dessa aparição. A milagrosa imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso venerase no Monasterio Real de La Limpia Concepción, em Quito, primeiro convento de monjas contemplativas da América do Sul, fundado em 1577 sob os auspícios do rei de Espanha Filipe II. Neste artigo serão apresentadas as importantes relações que a devocão a essa imagem tem com os dias atuais. No quadro da página 29, a apreciação de Plinio Corrêa de Oliveira sobre ela, a ordem do universo e a civilização cristã.

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ituemo-nos no ano de 1556. Matronas da cidade de Quito, devotas de Maria Imaculada (o dogma só viria a ser proclamado em 1854), desejosas de ter em sua cidade um mosteiro de religiosas concepcionistas, pediram a Filipe II a fundação naquela colônia de um mosteiro consagrado à Imaculada Conceição. O rei enviou, para atender a tão excelente pedido, um grupo de religiosas fundadoras, tendo à testa a Rvda. Madre Maria de Jesus Talvada, descendente de nobre e antiga casa da Galícia, e também a sobrinha desta, a cândida menina Mariana. A par de sua candura, era Mariana notável por sua rara formosura de alma e de corpo. Grande devota do Santíssimo Sacramento, dotada do dom da profecia, conheceu as inumeráveis dificuldades e

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mundo criminoso. Estes castigos são para o século XX ". Viu então três espadas, cada uma com uma legenda: Castigarei a heresia; Castigarei a blasfêmia; Castigarei a impureza. 2 A Santíssima Virgem prosseguiu: "Queres, minhafilha, sacrificar-te por este povo? ". Madre Mariana respondeu: "Minha vontade está pronta". As espadas cravaram-se em seu coração, e ela caiu morta pela violência da dor. 3 Morreu verdadeiramente Madre Mariana, e foi apresentada ao juízo de Deus: o Padre Eterno regozijou-se por tê-la criado; o Filho Divino, por tê-la redimido e tomado por esposa; e o Espírito Santo, por tê- la santificado.

sofrimentos pelos quais passariam as religiosas; e, uma vez fundado o mosteiro, o ódio e as perseguições do demônio contra a comunidade ao longo dos séculos. Teve ainda conhecimento de que o mosteiro duraria até o fim do mundo, e que nele haveria sempre uma alma santa, em todos os tempos. Foilhe também revelado que a Rainha dos Céus comunicar-se-ia com ela por meio de aparições. A 13 de janeiro de 1577, fundava-se o mosteiro. Mariana não pôde professar na ocasião, por ter apenas 13 anos. Iniciou seu noviciado e professou aos 15, com o nome de Mariana de Jesus. A vida de Madre Mariana de Jesus Torres é um portento de santidade. Mantinha profunda intimidade com seu anjo da guarda, e sua devoção dominante era a Jesus Sacramentado. Êxtases, visões e revelações alternavam-se com terríveis perseguições, não só do demônio como também de religiosas relapsas.

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Mapa antigo da cidade de Quito. No círculo, o mosteiro da Conceição.

Ceito dia ocorreu com suas irmãs de hábito algo muito grave. Madre Mariana sofreu em silêncio e recorreu a Nosso Senhor, comunicando-Lhe seus tormentos. O Divino Redentor apareceu-lhe e disse: - Quando te desposei, experimentei com cuidado tua vontade. - Senhor - respondeu Madre Mariana - minha vontade está pronta, mas a carne é fraca. Ao que Nosso Senhor acrescentou: - Não te faltará fortaleza, assim como não falta nada à alma que Me pede. 1 Nesse momento, viu ela Jesus Cristo no Gólgota, quando Ele começava a agonizar. Aterrorizada, exclamou: "Senhor, sou eu a culpada, castiga-me e poupa teu povo!". Apareceu-lhe então a Santíssima Virgem, que lhe disse: "Não és tu a culpada, mas o

ÉJáci( entender a_parricu(ar devoção de Dr. P(inio, autor de Revo/Ítçtio e Contrn-Rew/Ítçtio, a Nossa Senhora do Bom Sucesso. Com efeito, em suas qparições, Nossa Senhora _previu a enorme crise dejé e mora( de nossos áias e_prometeu eJ'ecia(_proteção a quem a E(a recorresse soG a invocação do Bom Sucesso. Ora, tendo de tomado como idea( de vida comGater a mufossecu(ar crise revo(ucionária que asso(a a civi{ização atua{, _para isso organizou e áirigiu uma reação verdadeiramente_prefética. Jamais duvidou da vitória dessa reação,_pois sua eJ'erança estava inteiramente_posta na meáiação universa( d'Aquda que esmagou a caGeça da myente.Não havia invocação nem atriGuto autêntico da Santíssima Virgem que deixasse de deJ7ertar nde o mais noGre entusiasmo, man!festado de modo veemente ou áiscreto, conforme as circunstâncias, mas sem_pre rdacionado com a ordem hierárquica do universo, do qua( Nossa Senhora é a Rainha. Não seria incorreto áizer que estejoi o_ponto mais característico da sua vida de_piedade. Para P(inio Corrêa de O(iveira, as imagens de Nossa Senhora do Bom Sucesso e da Vhyen Blt!ncn que se venera em To(edo (EJ7anha) são as que mais correJ'ondem à idéia que deJazia de Nossa Senhora, ta( como E(a se encontra em seu trono no Céu.Sua Jornada de traGa(hos, e_princjpa(mente de 6~tas, estenáia-se até as três horas da manhã, quando jazia a oração da noite, _para a qua( convidava os que com de estivessem na ocasião: a(gumas_preces, o óscu(o de várias refíquias de santos canonizados, e conduía rezando três vezes a Jacu(atória Mnier n Bo1to Successu, áiante de um quadro d' E(a. O(hava-o com ináizíve( ternura e se deJJeáia de todos.

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Estava no Céu a alma de Madre Mariana, enquanto na Terra se elevavam orações fervorosas por sua vida. Nosso Senhor, querendo atender a essas súpli ca , fez Madre Mariana ver como as orações por sua vida subiam ao tro no de Deus. Apresentoulhe duas coroas - uma de glória imortal, e a outra cercada de espi nhos - enquanto lhe dizia: "Esposa minha, escolhe uma destas coroas". E a fazia entender que, com a coroa de glória, ficaria no Céu, ao passo que com a outra voltaria a padecer no mundo. Madre Mariana pedi u que a Divina Majestade esco lhesse, e não ela. Nosso Senhor respondeu: "Não. Quando te tomei por esposa, provei tua vontade, e agora faço o mesmo". 4 Madre Mariana teve então conhecimento do futu ro do mosteiro, das monj as que se salvari am e das que se condenariam; das imensas calamidades do éc. XX, durante o qual choveria fogo do Céu, consumindo os homens e purifica ndo a Terra; das almas daq uele mosteiro, as quais, por sua santidade, aplacariam a cólera divina. Voltou-se então para Nossa Senhora e pediu que Ela mesma governasse o mosteiro; e aceitou retorn ar à Terra, tendo então escolhido, humilde e res ignada, a coroa de espinhos. Regressava à vida, com seus 20 anos de idade.

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vida de Madre Mariana de Jesus Torres, a quem Nossa Senhora do Bo m Sucesso apareceu, fo i escrita com ad mirável unção por F rei Manoel de Sousa Pera ira, na segund a metade do séc. XVIII, baseando-se no Cuadernón, 5 que ele pôde consul tar. Este Cuadernón fo i posteriormente escondi do, em loca l e data desconheci dos, a fi m de preservá- lo das persegui ções re li giosas pelas qu ais viri a a passar o Equ ador nos séculos XIX e XX. No livro A Vida Admirável da Rvda. Madre Mariana de Jesus Torres", de 264 pág inas, no qual se baseiam es tas linhas, Frei Manoe l re lata ponnenori zadamente as três mortes e duas ressurreições de M adre Mariana, sua atu ação co mo re li giosa modelar, seus sofrimentos e lutas, os estigmas de Nosso Senhor Jesus Cri sto (os quais ela recebeu aos 25 anos) e outros fatos extraordinári os de sua adm irável vida mística. Seu corpo incorrupto, que assim se co nserva desde sua derradeira morte em

CATO LI CISMO

16 de janeiro de 1635, em capela de seu mosteiro, confirma alguns desses fa tos. Neste artigo, limitar-nos-emos a abordar mais extensamente a aparição de Nossa Senhora para lhe ordenar a confecção de sua imagem, e como esta foi realizada; ocupar-nos-emos também das revelações que Madre Mariana recebeu da Santíssima Virgem, com referência particular aos dias em que vivemos. No ano de 1610, rezava insistentemente Madre Mariana à primeira hora da madrugada, prostrada ao solo no coro, pelas necessidades de seu mosteiro, da colônia espanhola da América e da Igreja, quando notou a presença de uma Senhora de extraordinária fo rmosura, sustentando no braço esquerdo um Menino belo como a aurora. Emocionada, a religiosa perguntou: - Quem sois, linda Senhora, e que desejais de mim, que sou só uma sofrida monja? - Sou Maria do Bom Sucesso, a Rainha dos Céus e da Terra. Porque me invocaste com terno afeto, venho do Céu consolar teu aflito coração. Tuas orações, lágrimas e penitênci as são muito agradáveis a nosso Pai Celestial. Na mão direita, tenho o báculo que vês, pois quero governar este meu mosteiro como Priora e Mãe. Satanás quer destruir esta obra de Deus, mas não o conseguirá, porque Eu sou a Rai nha das Vitórias e a Mãe do Bom Sucesso, sob cuj a invocação quero fazer prodíg ios em todos os séculos. É vontade de meu Filho Santíssimo que mandes confeccionar uma imagem, tal como me vês, e que a coloques no trono da abadessa. Na minha mão direita porás o báculo e as chaves da clausura, em sinal de minha propriedade e autoridade. Em minha mão esquerda porás meu Divino Filho. Eu mesma governarei este meu Mosteiro. 6 - Senhora - ponderou a religiosa - como realizar tudo isso, se até desconheço Vossa estatura? - Dá-me o cordão fra nciscano que trazes à cintura. A Santíssima Virgem o tomou e colocou uma de suas extremidades na mão de seu Divino Filho, que o apl icou à cabeça da Mãe, indicando a Madre Mariana que, com a outra ponta, tocasse seus pés. O cordão milagrosamente se esticou, até alcançar a estatura exata da Santíssima Virgem.

- Aqui tens, minhafilha, a medida de tua Mãe do Céu. Meu servo Francisco del Castilho, a quem explicarás minhas f eições e minha postura, talhará minha imagem, pois tem reta consciência e observa religiosamente os mandamentos de Deus e da Igreja. De tua parte, ajuda-o com orações e humildes sofrimentos".7 Francisco dei Castillo preparou-se com peni tências, para tão alto encargo: confesso u-se, comungou, e no di a 15 de setembro de 1610 iniciou a confecção da imagem. Quando faltavam apenas os retoques finais, certo de que a imagem, embora satisfatória, nem de longe representava o que Madre Mariana havia visto, resolveu não só fazer mais penitência, mas saiu de viagem em busca das melhores tintas para concluir o trabalho. De regresso, surpreendeu-se ao encontrar já concl uída a imagem. Di ante do bispo, fez juramento escrito para testemunhar que a imagem não era obra sua, e que a

havi a encontrado, ao voltar, com uma forma muito diferente da que havia deixado, seis dias antes. Madre Mariana de Jesus descreve assim os acontecimentos: rezava às três horas da madrugada do dia 16 de janeiro de 16 11 , no coro, onde estava a imagem que ia sendo esculpida por Francisco dei Castillo, quando viu os arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael, os quais se apresentavam di ante do trono da Rainha dos Céus. São Miguel, saudando-a, disse: "Ave Maria, Filha de Deus Padre"; São Gabriel acrescentou: "Ave Maria, Mãe de Deus Filho"; e São Rafael concluiu : "Maria Santíssima, Esposa puríssima do Espírito Santo". Nesse momento apareceu São Francisco de Assis, e se uniu aos três arcanjos. Seguidos da milícia celeste, acercaram-se da imagem semi-acabada, transformandoª e refazendo-a, dando-lhe uma beleza inigualável que mão humana jamais poderia conferir. A Virgem estava totalmente iluminada, como se estivesse no me io do sol. Do alto, a Santíssima T rindade olhava 1comprazida o que acontec ia, e os anjos entoavam suas melodias. No meio de todas essas alegrias, a Rainha do Céu penetrou pessoalmente na imagem, como raios de so l que se in troduzem em um cristal. Como que tomando vida, tornou-se resplandecente, e com celestial melodia cantou o Magnificat. Os anjos entoaram o hino Salve Sancta Parens (Ave, ó Santa Progenitora). Essa foi a origem da mil agrosa imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso. 8

~ at1"aM'Í:,ttritJ.J 1'1J111JÍ(@.1 la ffi"m 0a11fÍJ.1ima adre Mariana recebeu grande número de revelações, nas quais Nossa Senhora profetizou acontecimentos do sécul o XX e vários que já se realizaram. Convido o leitor a tomar conhecimento de alguns, dentre muitos. Talvez para algum leitor, habituado às precisões matemáticas de hoje (aliás, de si elogiáveis), seja útil mostrar antes a conexão entre o que Nossa Senhora diz sobre o século XX e o que se passa em 2010. Com efeito, cada séc ulo se define mais pelo desenrolar dos aconteci mentos relevantes que nele se verificam do que pelos dois zeros que caracteri-

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m aparição de 16 de janeiro de 1599, Nossa Senhora disse a Madre Mariana: "A pátria em que vives deixará de ser colônia e será república livre; então, chamar-se-á Equador e necessitará de almas heróicas para sustentar-se no meio de temtas calamidades, públicas e privadas ". Previsão cumprida 200 anos depois. Nessa mesma aparição, a Santíssima Virgem afirmou: "No séc. XIX haverá um presidente verdadeiramente católico, varão de caráter, a quem Deus dará a palma do martírio, na mesma praça onde está este meu convento. Ele consagrará a República ao Divino Coração de meu Filho Santíssimo, e esta consagração sustentará a Religião católica nos anos posteriores, os quais serão amargos para a Igreja" . Com efeito, em 25 de março de 1874, Gabriel Garcia Moreno tornou o Equador a primeira nação da América consagrada ao Sagrado Coração de Jesus. E no ano seguinte, a 6 de agosto, entregou sua alma a Deus, assassinado pelos inimigos da fé, na mesma praça em que está situado o mosteiro. Antes de expirar, escreveu no solo, com o próprio sangue: Dios no muere. 11

Gabriel Garcia Moreno, presidente do Equador, assassinado devido à sua destemida posição católica antiliberal

zam o ano como múltiplo de cem. Assim, os historiadores situam a Revolução Francesa como acontecimento do século XVIII, ao passo que ela se prolongou, com sua difusão por Napoleão Bonaparte, até o Congresso de Viena em 1815; e só consideram concluído o séc. XIX com o fim da Belle Époque e o início da I Guerra Mundial, em 1914. Isto porque a conceituação mais adequada de um século reside no significado profundo que ele tem na arquitetonia da História. Outro exemplo: quando Paulo Vl9 e João Paulo 11 10 tratam, com clareza e precisão, da tragédia ocorrida na Santa Igreja depois do Concílio Vaticano II, referem-se evidentemente a um fenômeno do séc. XX, tragédia que se prolonga e se desdobra até nossos dias.

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~ n { t~J:1"'~ /Hg .1u-J t7 inÍCi.tJ tÍtJ f,ri".!!ft7 dtt. &nttt. .fr!Jtt.'., m aparição de 2 de fevereiro de 1634, Nossa Senhora do Bom Sucesso entregou o Menino Jesus a Madre Mariana. Em seus braços, Ele revelou-lhe a proclamação do Dogma da Imaculada Conceição, quando "meu Vigário" (o Papa) estiver cativo; e o dogma da Assunção, depois de o mundo sair de um banho de sangue. O que se ve1ificou, respectivamente, em 1854, no pontificado do Bem-aventurado Pio IX, e após a II Guerra Mundial, em 1950. Em 8 de dezembro de 1634, a Rainha do Céu e da Terra indicou a Madre Mariana que sua invocação de Bom Sucesso iria ser a sustentação e guarda da fé, face à total com1pção do séc. XX. Ela predisse que, "nesses tempos de calamidade, quase não haverá inocência infantil[... ], a atmosfera estará saturada de impureza, a qual, como um mar imundo, correrá pelas ruas, praças e lugares públicos com uma liberdade assam-

brasa, de maneira que quase não se encontrarão no mundo almas virgens[.. .]. Quanta dor sinto ao te manifestar que haverá muitos e enormes sacrilégios públicos e também ocultos, profanações da Sagrada Eucaristia. [... ] Meu Filho Santíssimo será lançado ao solo e pisoteado por pés imundos. [... ] O Sacramento da ordem sacerdotal será ridicularizado, oprimido e desprezado, porque nesse sacramento se oprime e denigre a Igreja de Deus e a Deus mesmo, representado em seus sacerdotes. [... ] O Sacramento do matrimônio, que simboliza a união de Cristo com a Igreja, será atacado e profanado em toda a extensão da palavra [.. .]. Impor-se-ão leis iníquas, com o objetivo de o extinguir,facilitando a todos viverem mal". 12 Dramaticamente essas profecias indicam o que ocorre em nossos dias em relação aos sacrilégios, ao sacerdócio e àquilo que seria então inacreditável: a legalização de uniões de indivíduos do mesmo sexo, como se elas fossem casamento. E Nossa Senhora do Bom Sucesso acrescentou: "Quando tudo parecer perdido, será o início do triunfo da Santa Igreja. O pequeno número de almas que guardarão o tesouro da fé e das virtudes sofrerá um cruel e indizível padecer, a par de um prolongado martírio[... ], haverá uma guerra formidável e espantosa, na qual correrá sangue de nacionais e estrangeiros, de sacerdotes e de religiosas. Essa noite será terrível, pois parecerá ao homem o triurifo da maldade. Será chegada, então, a hora em que Eu de maneira assombrosa destronarei o soberbo e maldito Satanás, pondo-o abaixo de meus pés e sepultando-o no abismo infernal. Deixarei por fim livres, a Igreja e a pátria, de sua cruel tirania[. .. ]. Ora com insistência, pedindo a nosso Pai Celeste que se compadeça e ponha termo, o quanto antes, a tempos tão nefastos, enviando à Santa Igreja o prelado (do latim, "praelatus" - aquele que vai à frente), que deverá restaurar o espírito de seus sacerdotes. A esse filho meu muito querido amamos, meu Filho Santíssimo e Eu, com amor de predileção, pois o dotaremos de uma capacidade rara, de humildade de coração, de docilidade às divinas inspirações, de fortaleza para defender os direitos da Igreja e de um coração terno e compassivo, para que, qual outro Cristo, atenda o grande e o pequeno, sem desprezar o mais desafortunado que lhe peça luz e conselho em suas dúvidas e amarguras[. .. }. Em sua mão será posta a balança do Santuário, para

que tudo se faça com peso e medida, e Deus seja glorificado ".13

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m outra ocasião, revelando a mesma situação com ênfase diferente, Nossa Senhora do Bom Sucesso diz: "Tempos.funestos sobrevirão, nos quais, cegando na própria claridade, aqueles que queriam defender em justiça os direitos da Igreja, sem temor servil nem respeito humano, darão a mão aos inimigos da Igreja, para fazer o que estes quiserem. Mas ai do erro do sábio - o que governa a Igreja -, do Pastor do redil que meu Filho Santíssimo confiou a seus cuidados. Mas quando aparecerem triunfantes e quando a autoridade abusar de seu poder, cometendo injustiças e oprimindo os débeis, próxima está sua ruína. Cairão por terra

Imagem de Santa Beatriz da Silva, existente no mosteiro das concepcionistas de Quito, fundadora da gloriosa Ordem da Imaculada Conceição

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estatelados. E, alegre e triunfante, qual terna menina, ressurgirá a Igreja e adormecerá brandamente, embalada em mãos do hábil coração maternal de meu filho eleito e muito querido daqueles tempos, ao qual, se dócil prestar ouvido às inspirações da graça - sendo uma delas a leitura das grandes misericórdias que meu Filho Santíssimo e Eu temos usado contigo -, enchê-lo-emos de graças e dons muito particulares, fá-lo-emos grande na Terra e muito maior no Céu, onde lhe temos reservado um assento muito precioso, porque, sem temor dos homens, combateu pela verdade e defendeu, impertérrito, os direitos de sua Igreja, pelo que bem o poderão chamar mártir". 14 As profecias de Nossa Senhora à Madre Mariana de Jesus Torres impressionam, quer pela clareza com que predisse acontecimentos já realizados, quer pela exatidão com que descreve a imensa crise de nossos dias. E são inteiramente afins com as mensagens de Nossa Senhora em Fátima e em La Salette.

Ela é sempre Rainha. Em Nossa Senhora das Dores, por exemplo, pois só uma rainha sofre daquela forma e com tamanha intensidade. A nota dominante dessa invocação, porém, convida à compaixão e à compunção. Nossa Senhora do Bom Sucesso apresenta-se-nos como rainha em toda sua grandeza. Como toda rainha, também é mãe, com toda sua maternalidade e ternura. Conforme o pensamento de Dr. Plínio, toda mulher é rainha, na medida em que é mãe e esposa. Se isto é verdadeiro, por mais modesto que seja o lar, como será então quando se trata da Rainha do Céu e da Terra!

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0011.Jk&tt(ôd.JJntW eus colocou no centro, e como razão de ser de toda a criação, a realeza de Nosso Senhor, e juntamente a de Nossa Senhora. Assim o esclarece a concepcionista Madre Maria de Ágreda em sua célebre obra Cidade Mística de Deus: "Em Cristo e em Maria estiveram previstas todas as demais obras, e por causa deles, de acordo com o nosso modo de falar, o Altíssimo sentiu-se mais empenhado a criar o restante das criaturas". 15 Confirmando esta tese, basta o leitor considerar que Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus verdadeiro e verdadeiro Homem; é uma só Pessoa, com as naturezas humana e divina; e Nossa Senhora, mera ctiatura, é Mãe de Deus. À luz da fé, portanto, não se podem conceber píncaros mais altos que o do Homem-Deus e o de sua Mãe Santíssima. Píncaros estes para os quais converge necessatiamente toda a criação, que encontra neles seu centro e sua razão de ser. Plinio Corrêa de Oliveira relacionava a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso com a idéia que tinha de Nossa Senhora no Céu. Via ele nessa imagem algo que o remetia ao cume da ordem do universo: majestade, misericórdia, poder, beleza, justiça, bondade, pureza e superioridade incomparáveis, só

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Foto superior: procissão das religiosas no claustro. Embaixo, sua oraCjão diante do Santíssimo Sacramento no coro do mosteiro.

Acima, corpos incorruptos de algumas fundadoras. Abaixo, Soror Mariana pouco antes de sua morte.

transcendidas, de modo infinito, por Deus. Disto se tem melhor idéia considerando-se que, conforme explicitou Dr. Plinio, a ordem católica - a civilização cristã - é "austera e hierárquica, fundamentalmente sacra[, anti-igualitária e antiliberal". 16 Austera, porque exige o cumprimento dos dez Mandamentos da Lei de Deus, como condição de perfeição. Hierárquica, porque tudo quanto existe é desigual: Deus, infinitamente superior e supremo Legislador; e as criaturas - anjos, homens e seres irracionais todas insondavelmente desiguais entre si. Essas desigualdades criadas por Deus não são aterradoras e monstruosas, mas sim proporcionadas à natureza, ao bem estar, ao progresso de cada ser e adequadas à ordenação geral do universo, na qual o mais alto é, a um ou outro título, causa, modelo e mestre do inferior. 17 Nessa escala hierárquica, tudo se reporta a Deus, infinitamente nobre, sublime e elevado. Nisto está o âmago da religiosidade.

Se assim é a ordem do universo - hierárquica, harmônica e austera - é compreensível que a humildade inclina ao amor às superioridades; portanto, à autoridade e à obediência. E o orgulho conduz ao ódio a toda desi gualdade e à revolta contra toda lei, divina ou humana. Tal ódio, igualitário e subversivo, é o fator mais dinâmico da imensa crise moral que assola o mundo atual. Crise igualitária de revolta e permissivismo moral desenfreado. Em Nossa Senhora do Bom Sucesso coexistem harmonicamente a representação tanto da suprema majestade quanto da bondade materna criadas, e de uma virginalidade e castidade inigual áveis - daí ser essa devoção particularmente indicada contra o espírito revolucionário de nossos dias . Espírito neopagão, de índole comunista, socialista e anárquica, característica esta que se patenteou na revolução da Sorbonne, de maio de 1968. Sobre tudo isso paira a realeza de Nossa Senhora, presente em qualquer de suas invocações, pois

Para concluir, nada poderia ser mais eloqüente do que valermo-nos das palavras da própria Senhora do Bom Sucesso, dirigidas à Madre Mariana de Jesus Torres: "Eu sou poderosa para aplacar a Justiça Divina e alcançar piedade e perdão para toda alma pecadora que a mim recorra com coração contrito, porque sou a Mãe de Misericórdia, e há em mim bondade e amor". 18 • E-mai l para o autor: celpoli@cato(icismo.com br

Notas: 1. Cfr. Frei Manoel de Souza Peraira, Vida Admirável da Rda. Madre Mari ana de Jesus Torres, vol. 1, Arlpress , Papéis e artes gráficas LTD, 1983, São Paulo, p. 17. 2. Op. cit., p. 18. 3. Idem , ibidem. 4. Idem, p. 19. 5. Texto original redi gido por Madre Mariana relatando as aparições e revelações de Nossa Senhora. 6. Frei Manoel de Souza Pera ira, op. cit. , vol. l , p. 49. 7. Op. cit. , vol. I[, p. 17. 8. Op. cit., vol. [[, p. 38-55. 9. Discursos de 7-12-1968 e 29-6-1972. 1O. Discurso de 7-2- 1981. 11. Op. cit. , vol. 1, p. 67. 12. Cfr. op. cit., vol. li , p. 6. 13. Idem, vol. li, p. 136. 14. Idem, vol. JI , p. 98. 15. Maria de Agreda, Cidade Mistica de Deus, Livro I, cap. II, nº 134. 16. Revolução e Contra-Revoluçtio, parte II, cap II, 1, Artpress, edição comemorativa dos 50 anos da publicação , p. 73. 17. Cfr. Plíni o Con-êa de Oliveira, A justiça está nas desigualdade.1· cristt7s , "Jornal da Tarde", S. Paulo, 9-6-79. 18. Frei Manoel de Sou za Pera ira, op. cit., vol. 1, p. 160.

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Voto de casti<lade aos dez anos São João da Mata é originário de Faucon, peq ue na cidade da Provença, na França, filh o cio barão Eufêmio da Mata e de Marta, descendente de uma das maiores fa mílias da região. Nasceu no di a 23 de junho, véspera da festa de São João Batista no ano de 1160, recebendo o nome cio precursor. Pouco ante de ele nascer, sua mãe rezava fervorosame nte a Deu s pedindo um feliz parto, quando lhe apareceu a Santíss ima Virgem, revelando-lhe que o menino que trazia no seio seria um ass inal ado redentor cios cativos. A influência que essa mãe profundamente cristã teve so•~ bre seu fi lho foi grande. Tendo apenas dez anos de idade, João fez voto de casti- .s dade. O barão, entretanto, apesar de muito religioso, tinha i grande e pera nça no futuro ~ desse filh o mui to bem dotado ~ para o estudo. Queria que es- j tudasse humanidades e fizes- i 1 . se uma boa carreira no mun- ,g do. Para isso mudou-se para Marselha, onde João fez seus ] primeiros estudos , indo de- j poi s para Aix , também na Pro- s ~ vença, célebre então por seus ~ bon s professores. ~ Cursou depois a sagrada õ teologia na célebre universidade de Paris, onde ligo u-se e m estreita amizade com um jove m professor itali ano, João Lotário, a quem predi sse que se tornaria Papa. Certa vez em que tinh a de sustentar uma tese difícil e complicada, resolveu as dific uldades teológicas co m tal desenvoltura e precisão, que seus mestre fi caram pasmos de admiração. Doutorando-se em teolog ia, recebeu as ordens sacras. Quando o bispo lhe impunh a as mãos no momento de sua ordenação sacerdotal, viu -se uma coluna de fogo repousa r sobre sua

cabeça. Todos compreenderam que a Providênci a Divina tinha grandes desígnios para o jovem sacerdote.

Deus indica em êxtase sua missão Quando São João da Mata celebrava a primeira missa - em presença do bi spo de Pari s, dos abades de

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São João da Mata

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Fundador da Ordem da Santíssima Trindade

A Providência suscitou este santo fundador dos trinitários no final do século XII, para romper as cadeias dos cativos cristãos em terras muçulmanas n

A A Ordem e a Regra dos Trinitários foi aprovada pelo Papa Inocêncio Ili

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CATOLICISMO

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Igreja comemora no mês de janeiro o grande São Raimundo de Penhaforte, cofundador de uma ordem religiosa dedicada à redenção dos cativos. E neste mês aprese nta-nos São João da Mata, outro grande santo que fund ara antes outra ordem religiosa com a mesma finalidade. Vivia-se então na época heróica das cruzadas. Na Espanha e no Ori ente os cristãos lutava m sem cessar contra os inimigos da cruz, e muitos caíam vivos em seu poder. Além dis-

so, os piratas mouros infestavam as costas do Medi terrâneo, capturando navios e atacando pequenas cidades do litoral, para levar como escravos toda pessoa válida que e ncontravam . Em Túnis, no Marrocos, em Trípoli, no Egito e na Síria os calabouços e os porões das casas particulares estavam repletos de cristãos que, amontoados, maltratados, mal vestidos e pior alimentados, corriam grande perigo espiritual. Era preciso faze r algo para aliviar essa terrível tragédia. Foi o que realizaram São João da Mata e São Féli x de Valois fundando a Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos.

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São Vítor, de Santa Genoveva e de gra nde público - entrou em êxtase e viu sobre o altar um anjo vestido co m um há bito branco, com uma cruz encarnada e azul no peito, tendo a seu lado dois cativos com gestos suplicantes. Compreendeu que deveria fundar uma ordem religiosa para redimir os cativos da tirania dos sarracenos, e depois o bispo D. Maurício de Sully, a quem contou a visão, também assim o interpretou . O bi spo o incentivou a ir a Roma apresentar seu pedido ao Pai comum dos fi é is.

Mas antes São João da Mata quis preparar-se para essa grande mi ssão, no isolamento e na meditação. Movido por um impulso interior, foi para as montanhas da diocese de Meaux, onde encontrou um solitário, São Félix de Valois, vivendo na oração e penitência. Também este havia ouvido uma voz interior, que o convidava a deixar a solidão e a procurar socorrer os desgraçados cativos dos mouros. Conferindo um com o outro esse chamado sobrenatural, resolveram dedicar-se à oração, à espera de algum sinal que o confirmasse. Essa espera durou três anos. Num dia em que estavam entregues à oração, viram um cervo branco que tinha entre os chifres uma cruz, com as mesmas cores do hábito do anjo que aparecera a São João da Mata. Viram nisso o sinal esperado, e partiram para Roma a fim de apresentar ao Papa seu plano. Nes se meio tempo for a eleito o novo Pontífice, Inocêncio III, que não era senão o padre João Lotário, antigo professor em Paris, com apenas 36 anos de idade. O Soberano Pontífice submeteu ao exame do Sacro Colégio esse projeto, ao qu al deu muita importância. Também qui s interessar a piedade dos fiéis por essa obra de salvação, pedindo orações especiais. Com o mesmo fim , foi celebrar a santa Missa na basílica de Latrão. Diz a tradição que, na hora da consagração, Inocêncio III teve a mesma visão do anjo com os doi s cativos, que tivera São João da Mata, o que o fez decidir-se pela aprovação da ordem. O próprio Papa impôs o hábito branco aos dois santos, nascendo assim a Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos. Desse modo, mesmo antes que as constituições fossem escritas, a obra de São João da Mata e de São Félix de Valois foi reconhecida

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como uma das grandes instituições da Igreja. O Sumo Pontífice encarregou o bispo de Paris e o abade de São Vítor de escreverem as constituições da nova ordem. Além da redenção dos cativos, os trinitárias deveriam dedicar-se também aos mais desprovidos e ao cuidado dos doentes.

C011/,ecido como o "Apóstolo da Dalmácia" Curiosa mente , os primeiros membros a sere m admitidos na nova ordem religiosa não foram franceses, mas os ingleses Roger Dees e João, o Inglês, e um escocês, Guilherme Scot, antigos condiscípulos de João da Mata. São João da Mata desejava ser dos primeiros a atravessar o mar para resgatar cristãos, mas o Papa, temendo que ele fosse vítima de seu zelo, deu-lhe outra missão, com perda para toda a ordem: fazer retornar a paz nas igrejas da Dalmácia e da Sérvia. Em virtude di sso, ele ficou conhecido como apóstolo da Dalmácia. Entrementes Guilherme Scot e João, o Inglês, voltaram do Marrocos, trazendo os primeiros 186 escravos resgatados. São João da Mata, para dispor de auxili ares que coletassem asesmolas e o auxiliassem nos trabalhos de retaguarda., fundou a Confraria da Santíssima Trindade, constituída por leigos. Quando a ordem cresceu o suficiente, o santo quis socorrer também os cristãos itali anos aprisionados em Túnis e Trípoli. Acompanhado de alguns dos seus, partiu para Túnis, onde pôde observar que, sendo a cidade mais pobre que as do Marrocos , seus habitantes eram ainda mais se lvagens e primitivos, o que redundava em serem muito mais cruéis e des umanos para com os cristãos.

Monumento aos Trinitários na Ponte Carlos, em Praga

Vendo o zelo com que o santo incitava os cristãos a morrer antes que abandonar a fé, os sarracenos procuraram vingar-se dele. Certo dia, quando o encontraram só, caíram sobre ele com porretes, deixando-o estendido no chão esvaindose no próprio sangue. Mas Deus conservou milagrosamente sua vida, e ele entregou-se então com novo ardor a.o apostolado.

Abençoa o futuro São Fernando Ili, o Santo O santo ouviu então outro apelo: o da Espanha, cujo território em grande parte estava em poder dos muçulmanos, com os mesmos problemas que nos outros lugares, e para lá foi. Dom Alonso, rei de Castela, apresentou-lhe então sua família, pedindo que a abençoasse. Vendo o infante de sete anos de idade, predisse que ele estava destinado a expulsar os mouros de quase toda a Espanha. Foi o que sucede u, poi s o menino não era senão o futuro Fernando III, o Santo, que não perdeu ne nhuma batalha contra os mouros. Em outra viagem a Túnis, os muçulmanos duplicaram o resgate que haviam antes combinado pelos prisioneiros. No momento em que estavam embarcados para voltar à Eu-

ropa, os infiéis invadiram o navio, quebrando e rompendo tudo, inclusive remos e velas. São João da Mata pôs então seu manto como vela, e erguendo seu crucifixo, suplicou à Estrela do Mar que lhes fosse propícia. Uma multidão entusiasmada viu chegar a embarcação no porto de Óstia, sem maiores problemas. Nessa ocasião chegou a Roma D. Rodrigo, bispo de Toledo, com a missão de obter reforços para auxiliar os cristãos comanda.dos pelo rei Dom Alonso, contra nova investida dos mouros. São João da Mata escolheu seus mais corajosos súditos para assistirem os solda.dos da cruz. No memorável dia 16 de julho de 1210, os dois exércitos se encontraram na planície de Tolosa. Os cristãos, como leões, lançaram-se sobre os mouros, obtendo estupenda vitória. Mas foi preciso depois cuidar dos mortos e feridos, e dessa tarefa encarregou-se a caridade de São João da Mata. Coroado de glória, São João da Mata faleceu no dia 17 de dezembro de 1213, tendo antes a alegria de ver seus filhos espirituais penetrarem na Ásia com os intrépidos cruzados de Jerusalém. • E-mail do autor: mso limeo

e o li is, 10 . ·0111 .br

Pecado contra a sabedoria "Disse Deus ao rei Salomão: Pedeme o que desejas, que eu te darei. [. .. ] Salomão respondeu: Dignai-vos conceder-me a sabedoria e a inteligência" (II Crônicas, 1, 7-10). E Deus muito se alegrou com esse pedido do rei, porque a sabedoria é um dom excelso entre todos. Por essa mesma razão, um dos pecados que mais degrada o homem e faz Nossa Senhora chorar é o pecado contra a sabedoria. Ele torna o homem insensato, faz com que perca o rumo das coisas e se extravie em caminhos sem eira nem beira. Leva-o a uma espécie de loucura. Não àquela loucura orgânica, que pode ser constatada medicamente, mas a um desvario da alma pelo qual ficam totalmente transtornadas as noções de ordem, hierarquia, bem e mal, verdade e erro. Padecem dessa insensatez, por exemplo, os ecologistas de certo tipo, que invertem a ordem das coisas a ponto de colocar a vida animal acima de tudo, atropelando inclusive as conveniências humanas. Proíbem a caça e chegam a vituperar quem se defende do ataque de um bicho. Como se os animais não se comessem uns aos outros! O resultado é que a própria natureza se vinga. Considere, leitor, estas notícias:

Obras consultadas: -

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Fr. Justo Perez de Urbel , O.S.B., San Juan de Mata Y San Félix de Valais, in Aiío Cristiano, Ediciones Fax, Madri, 1945 , tomo I, pp. 256 e ss. Les Petits Bollandistes, Saint Jean de Matha , in Vi e des Saints , Bloud et Barrai , Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo II , pp. 387 e ss. Pe. Pedro de Ribadeneira, San Juan de Mata, in Dr. Eduardo Maria Vilarrasa, la leyenda de Oro, L. Gonzalez y Compaií ia - Editores, Barcelona, 1896, tomo I, p. 407. Edelvives, San Ju an de Mata, in El Santo de Cada Dia, Editoria l Luis Vives, S.A. , Saragoça, 1946, tomo I, pp. 393 e ss. Michael M. O ' Kane, St. Felix of Valois, in The Ca th o li c E ncyc lope dia , www.NewAdvent.org

Camelos na Austrálla Na Austrália, os camelos tornaram-se um problema de grandes proporções: "Consomem 80% dos alimentos disponíveis no deserto, e cada um deles pode ingerir até 200 litros de água em 3 minutos". São 700 mil camelos, e continuam proliferando. Suzanne Medway, diretora executiva do Wildlife Preservation [Preservação da Vida Selvagem] da Austrália, disse que "reduzir a população de camelos é uma necessidade, pois eles danificam o meio ambiente, são muito agressivos e destroem os tanques de água ". Só re tou ao governo a alterna.tiva de diminuir seu número à bala. O método consiste em atirar nos camelos a partir de helicópteros voando a baixa altitude ("EI Tiempo", Bogotá, 27-09-09).

Serpentes em Mlaml Serpente da maiores do mundo, do tipo píton, realizam uma verdadeira invasão na Flórida (EUA). Uma delas, de cer-

CATOLICISMO

ca de três metros de comprimento, escapou da jaula numa casa de campo de Oxford, noroeste de Orlando (Flórida.), e estrangulou a filha de dois a.nos dos donos da casa. Foi a gota d'água. Ante o gravíssimo problema de segurança ocasionado por esses ofídios, as autoridades do sul do estado lhes declararam guerra, e vai começar a caça às serpentes. A reprodução delas é rápida, e se calcula que uns 150 mil exemplares já habitam a ampla zona pantanosa. que rodeia Mia mi. Lagos e parques naturais da Flórida, desde Okechobee até Everglades, estão infestados de serpentes. "É só questão de tempo que uma destas serpentes ataque um visitante dos Everglades ", disse no Congresso americano o senador de mocrata pela Flórida, Bill Nel son. Ele inclusive levou para a sessão a pele de um exemplar de quase seis metros, dessas que comem praticamente de tudo, até cervos e crocodilos adultos ("EI País" , Madri , 20-7- 09).

Javalis em Bel'lim O aumento excessivo no número de javalis e m Berlim levou a prefeitura da antiga capital alemã a permitir a caça desses anima.is. "No ano passado foram caçados três mil javalis na cidade, sendo que mais de 500 foram mortos em pleno centro", disse a representante do departamento de caça da prefeitura de Berlim, Sabine Kopetzki. Calcula-se que existam mai s de 10 mil javali s andando livre mente pela cidade. Nos últimos anos, esses animais provocaram estragos em jardins, parques e praças, e até acidentes de trânsito, além de causar pânico em alguns moradores. Em novembro de 2008, um caça.dor experiente morreu e m decorrência de ferimentos provocados por um javali , em bosques nos arredores da capital alemã ("BBC Brasi l", 104-09).

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Em vista de tais notícias, é oportuno le mbrar o que diz um salmo: "Aquele, porém, que mora nos Céus, se ri; o Senhor zomba deles" (Ps 2,4). • FEVEREIRO 2010 -


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MÚSICA

Uma revolução musical, mas silenciosa n CA10 V101GAL XAv1ER

DA S1LvE1RA

á revoluções que chocam e provocam reações: a Revolução Francesa, a russa ou a de maio de 68. Outras são assimiladas sem que ninguém perceba. Dentre estas últimas, uma revolução sorrateira ataca a música erudita sem que as pessoas notem: a moda aparentemente simpática de tocar um instrumento "como se tocava no tempo de Bach". Nas capas dos CDs encontra-se freqüentemente, para cativar o comprador, a frase "tocado com instrumentos da época".

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O que llá por trás? O movimento impropriamente chamado "baroque " surgiu no início dos anos 70. Desenvolvendo-se simultaneamente com o movimento hippie, contaminouse com a moda das viagens e a mania de buscar outros "valores". Os baroqueux (denominação pejorativa lançada contra os partidários dessa corrente na França) são, em todo caso, filhos da revolução de maio de 1968. 1 Como prova disso, o próprio "Le Monde" comenta que, num dos encontros preferidos dos baroqueux - o Festival de Saiotes, no sudoeste da França - há "dois cantores e um maestro que chegam de bicicleta para o concerto, é só em Saintes que se vê isso. Um festival no qual, em vez dos tradicionais broches, distribuem-se preservativos - só mesmo entre os baroqueux pode-se fa zer isso sem causar espécie". 2 Escola revolucionária? Em sua origem, é um movimento de rebelião, de libertação, segundo Alain Corneau. A facção baroqueuse CATOLICISMO

toma-se um verdadeiro partido político musical, conforme a avaliação de Ivan Alexandre, um dos corifeus dos . . baroqueux. Uma coffente de pensamento, acrescenta ele, está metamorfoseando a nossa vida artística, a ponto de mudar a fisionomia e o uso da arte. Pronunciam-se os nomes de seus fundadores - Nikolas Harnoncourt-, Gustav Leonhardt do mesmo modo como outros diziam Maximilien de Robespierre, Danton ou SaintJust". 3 Eis por que os anti baroqueux se alarmam: "A música erudita do Ocidente sofreu, no fim do século XX, a mais grave crise moral que ela jamais conheceu. Ela está ameaçada tanto na sua identidade quanto na sua legitimidade, e mais cedo ou mais tarde na sua própria existência". l

Fu11dame11tos dessa revolução Ivan Alexandre é formal: os baroqueux constituem um "movimento baseado no questionamento do progresso na arte ".4 A música pode ser acessoriamente bela, mas o imp01tante é que seja verdadeira, diz ele concordando com Nikolas Harnoncourt, cuja divisa é: "A verdade antes que a beleza".5 Já não se trata de uma questão de estética, mas de ética. A arte não é, pois, a expressão de um ideal estético pelas obras do homem, nem um modo de expressão da beleza. Para os baroqueux, "consiste não em seduzir; persuadir; produzir emoção, mas antes em surpreender; desestabilizar; não para buscar o 'belo ', mas sim o 'verdadeiro ', segundo as diretrizes de Nikolas Harnoncourt. Ele só e seus afilhados é que conhecem os critérios dessa 'verdade' ". Por trás dos "sons de outrora" - dos instrumentos ditos de época, que os baroqueu.x promovem - escondem-se na realidade um fraseado e uma articulação dos instrumentos, sobretudo os de corda, compostos de horríveis "miados de gato" ou "choramingos". A feiúra tomou conta do poder! A prova? Há baroqueu.x que tocam instrumentos modernos, mas os at:rozes "miados de gato" estão presentes. Conclusão: instrumentos de época = mentira; timbres de época = mentira. "Miados de gato", esta sim, é a verdade. Outra prova? Os baroqueux vão muito além do barroco, invadiram o período

clássico - Mozart e Haydn, o século XIX , Schubert e Mahler. Hoje tocam até mesmo ... Stravinsky! Com instrumentos "de época"? Ora! Com os mesmos "miados de gato" de instrumentos modernos, isso sim! Mas as músicas que eles executam são belas, pode-se objetar. É evidente, trata-se de Vivaldi, Bach! Elas podem acessoriamente ser belas. Mesmo se interpretadas por baroqueux, a partitura será sempre a de um Vivaldi. Bela, portanto, a partitura! Paul Hindemith (1895-1963) foi quem, com alguma antecipação, viu com clareza: "Às execuções musicais - em geral irrepreensíveis historicamente, mas pobres em expressão - é preferível uma reconstituição errônea historicamente, mas que seja musicalmente viva " .6 MlserabJJJsmo na arte musical Na verdade, os baroqueux são os eco-

logistas da música. Contra o progresso, eles querem uma música frugal, ascética, "adaptada à época". Falso! A Orquestra de Mannheim, fonte batismal da música clássica, contava com mais de 80 músicos. No entanto, os baroqueux abominam as orquestras sinfônicas, os grandes corais. Existem até os que, nas pegadas de Joshua Rifkin, não executam uma Paixão de Bach senão com um artista por partitura, tanto na orquestra como no coro! Assemelham-se aos espartanos! O objetivo é o "verdadeiro", e o "verdadeiro" encontra-se no despojamento mais completo. Quanto mais despojado, mais "puro". Miserabilista? A palavra de ordem é ser primitivo. O momento preciso em que os instrumentos atingiram sua perfeição é quando foram inventados, dizem eles. Todos os progressos posteriores devem, pois, ser banidos. Isso faz parte integrante do que denominam "princípio da autenticidade". Conseqüência: Fora com a clarineta, que se volte à clarineta pastoril! Fora com a flauta transversal , retorne-se à flauta doce! Que se elimine o piano, volte-se ao cravo, ao virginal e às espinetas!

Fora com os trompetes , cornos e trompas com registros (invenção do século XIX), regresse-se aos instrumentos de metal ditos naturais, todos soando terrivelmente desafinados, mas "naturais", "originais"! Fora com todos os instrumentos do século XIX! Em suma: Fora com o progresso! Filhos de maio de 68, os baroqueux têm incansavelmente como objetivo contestar os modelos estabelecidos e derrocá-los. Para isso eles se põem em estado de permanente agitação, a ponto de tomarem esta uma de suas características. É preciso tocar de modo acelerado, vivace, alegre, até brusco; é necessário surpreender, perturbar. É então que surge o inimigo número um dos baroqueux: a metafísica, por eles proscrita. É por isso que, se fosse preciso uma só palavra para caracterizá-los, poder-se-ia dizer que são superexcitados. Um exemplo? Comparem-se as tradicionais Quatro Estações executadas pelo T Musici e a versão do baroqueux Fábio Biondi. Para o seu conjunto Europa Galante , o Outono de Vivaldi é um devastador dilúvio-terremoto ornado com "miados de gato". Aonde foi parar a doce musicalidade do T Musici? Os baroqueux votam uma animosidade particular ao que é transcendente. A música é reduzida a um ludus, urna diversão, um contínuo divertimento. Toda visão religiosa é banida, toda dimensão transcendente expulsa. Jed Wentz, flautista baroqueux do Musica Antica Koln, pragueja de modo ultra-eloqüente contra "os flautistas que tratam Bach com um respeito que toca ao temor religioso e a uma abordagem reverencial de sua música". Em poucas palavras, é todo um programa. • E- mail para o autor: catolicismo.com.br

À esquerda o conjunto musical I Musici e a capa da versão das Quatro Estações de Vivaldi interpretada por eles

Notas: I - Cfr. " Le Monde", Paris, 13-7-93. 2 - Idem, ibidem . 3 - Idem, 21 -9-95. 4 - Le Guide de la musique baroque. 5 - Ivan Alexandre, Diapason, janeirn-09. 6 - " Le Monde" , 1-8-93.

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DESTA UE

Elefantes atacam em Orissa, exatamente um ano . apos as persegu1çoes /

A impressionante notícia que aqui transcrevemos é de fonte segura, ou seja, do site da Arquidiocese de Colombo (capital de Sri Lanka, antiga Ceilão, ao sul da Índia) , assinada pelo Padre Sunil de Silva (Secretário do arcebispo de Colombo): http://www.archdioceseofcolombo.com/news.php?id=851 Os acontecimentos relatados passaram-se no estado de Orissa (Índia oriental), e parecem indicar uma ação da Providência Divina que lembra certos prodígios narrados no Antigo Testamento, como as pragas do Egito. Terá ,sido um acontecimento isolado? Ou fatos semelhantes ocorrem também em outros países onde atualmente há perseguição aos cristãos, como na África, na China, Coréia do Norte, Vietnã, Arábia Saudita? E como agirá a Providência em relação a este Ocidente pós-cristão, em que a perseguição não é declarada, mas se faz presente por toda parte nas leis, nos costumes, nas sentenças judiciais? A propósito, é oportuno lembrar significativo trecho da Sagrada Escritura, em que Deus, como justo vingador, aniquila seus adversários: "Chegou o dia do Senhor Javé dos exércitos, dia da

sua reserva. Os moradores dizem que os elefantes atacam suas áreas em manadas, causando grande destruição. Ganhando impul so, eles invadiram outras casas de não-cristãos, demolindo jardins e escolhend o as casas d~s perseguidores, deixando intocados os lares cri stãos. Estes ataques estranhos se espalharam, e de acordo com um relatório, os elefantes j á destruíram mais de 700 casas em 30 aldeias e mataram cinco pessoas. Ninguém nesta área tinha visto ou sequer imaginado a possibilidade de surgir uma manada de elefantes selvagens como estes. Não se trata de elefantes normais, eles parecem estar cumprindo uma missão. Primeiro entram numa vila elefantes menores, que parecem coletar dados sobre a comunidade. E m seguida se juntam ao rebanho maior, e logo depois os elefantes maiores concluem o trabalho.

O funcionário do mini stério da Índia afirm ou: "Achamos que isto pode ter algo a ver com uma vingança do sangue dos mártires". De fa to, o temor de Deus caiu sobre a população local, que os tem chamado de elefantes cristãos. Com pouca ajuda proveniente do governo, os moradores parti ram para o bloqueio de estradas . Os elefantes destruíram plantações e casas selec ionadas, mas os funcionários também parecem impotentes. Não há habüat permanente de elefantes em Sundm·garh . Eles vêm de Bihar, Chhattisgarh e Jharkhand, onde seus habitats encolheram . Mas não se sabe ao certo como e por que esses elefantes atingiram Orissa. 09- 12-2009 Pe. Sunil de Silva Secretário do Arcebi spo de Colombo

À direita, uma das aldeias onde a passagem dos elefantes deixou suas marcas

vingança em que arruinará seus inimigos. Devorará a espada até fartar-se, abeberando-se de sangue" (Jeremias, 46, 10).

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m julho de 2008, uma severa perseguição aos cristãos irrompeu no estado indiano de Orissa [B ahi a de Bengala, parte oriental da Índia)]. Uma freira de 22 anos de idade foi queimada até a morte quando multidões enfurecidas incendi aram um orfa nato em Khuntpali , vila no distrito de Barhgarh. Outra fre ira fo i es tuprada por um grupo e m Kandhamal, multidões atacaram igrejas, queimaram veículos, casas de cristãos fora m destruídas, e o Pe. Chellen Thomas, di retor do centro de pastoral que fo i destruído por uma bomba, escapou por pouco, depois que uma multidão hindu quase lhe ateou fogo. Como res ultado fi nal, mais de 500 cristãos mortos, e milhares de outros feridos e desabri gados após suas casas serem reduzidas a cinzas. Recentemente, um fato estranho e dramático ocorreu em Orissa, que tem levado muitas pessoas a falar e pensar. Nos últimos meses, manadas de elefantes selvagens começaram a atacar as aldeias onde residem alguns dos piores perseguidores dos cristãos durante os tumul tos . Em uma aldeia da qual os cristãos tiveram de fu gir em agosto do ano passado para salvar suas vidas, enquanto suas casas eram destruídas pelos desordeiros, uma manada de elefantes surgiu da fl oresta vizinha em julho de 2009, no mesmo di a e hora do ataque. CATOLICISMO

Fotos de ataques contra os cristãos em Orissa em 2008

Os elefantes atacaram primeiro uma máquina tri turadora de propriedade de um importante líder do movimento de perseguição. Em seguida passaram a destruir sua casa e faze nda. Centenas de moradores fo ram obrigados a se refugiar em acampamentos no estado indi ano de Orissa, após repetidos ataques por uma manada de elefantes. No distrito de Kandhamal, sete pessoas foram mortas, e várias outras fe ridas nas últimas semanas, em ataques de uma manada de 12 ou 13 elefantes. Krishen Kumar, chefe do di strito, declarou que mais de 2.500 habitantes de 45 vilas fo ram atingidos pelos ataques. Informou que o rebanho viajou urna di stância de aproximadamente 300 km até Kandhamal, antes de penetrar numa cidade do di strito. Não fo i esclarecido, no entanto, por que essa manada de elefantes migrou da reserva Lakheri, em um distrito vizinh o. Espec iali stas em animais selvagens acamparam no local dos ataques, tentando descobrir por que os elefantes saíram da

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Ao longo dos séculos Ronneburg passou por todo tipo de vicissitudes e transformações: foi sede de governo comunal, sofreu incêndios, teve partes demolidas e outras construídas, serviu como praça forte, como refúgio dos camponeses das redondezas durante ataques inimigos, e até como prisão de bandidos, guardando entretanto as marcas indelévei s de sua origem.

■ GREGÓRIO VIVANCO LOPES

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erminado um simpós~o reali ~ado n_o castelo de Lowenstern, na s1mpát1ca localidade de Kleinheubach, na Baviera, dirigia-me com alguns ami gos para Viena, quando um deles manifestou o desej o de fazermos um desv io a fim de conhecer o castelo Ronneburg (foto 1), não longe da fronte ira com a Áustria. Foi aí que pude dar-me conta do que é um autêntico castelo medieval. Diferentemente dos castelos renascentistas Fontainebleau , Chenonceau, mes mo Versa illes e tantos outros - que à pri meira vista nos encantam pe la beleza , arte e bom gosto, o impacto produzido na sensibilidade por Ronne burg é de austeridade, luta, grandeza trágica e subli midade. Já a acolhida foi impactante. Por detrás das altivas muralhas, um homem que

CATOLICISMO

varria o extenso pátio foi logo dizendo, em tom um tanto ríspido, que não era dia de vi sita - o castelo recebe turi stas em di as aprazados, qu ando então se fazem apresentações no estilo medieval. Porém, quando lhe dissemos que éramos brasile iros, e que não teríamos outra oportunidade de co nh ecer o caste lo, e le se distendeu e aca bou por nos mostrar todas as dependênc ias com muita cordi alidade. O fato de não haver turistas foi uma c ircun stâ nc ia altame nte favorável para podermos sentir mais autenti ca men. te a alma do castelo. Sim, Ronneburg tem alma, porque a alma da Idade Média ainda se faz presente ali .

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Em Ronneburg percebem-se as características potentes do apogeu medieval (séc. XIII) como que latej ando de vitalidade. Os as pectos estuantes de energia, fortaleza e vida que se vislumbram nes-

nho da vigilância e da prontidão de espírito que era prec iso ter para viver naquela época, a um tempo terrível e sublime. A con trução do castelo deu-se antes do ano 1231 , numa colina escarpada, durante o reinado de Gerlach II, da dinastia dos Staufen. É eles a época a "grande adega de vinhos". A base da portentosa torre de pedra (foto 3), com o calabouço, data da metade do século XID. Os habitantes da regiões circunvizinhas - Budingen, Selbold e Eckartshau en - tinham a seu cargo, cada uma, manter partes do castelo, mas possuía~1 também o direito de nele se refugiar, em caso de perigo.

se caste lo, a seu modo um sím bolo da Cristandade de outrora, prod uzem um frêmito de a legria e entu iasmo. Ronneburg é uma portentosa amostra da luta contra os fatores adversos, que a civili zação cristã teve que vencer e superar para realizar-se . O castelo ainda evoca os combates contra as incursões inimigas, pobreza dos meios, dificuldade das co nstruções e da sobrevivênc ia numa natureza árdua; também a subli midade das almas penetradas por uma fé que move as montanhas, com a inocênc ia de uma criança e a determinação de um g uerreiro. As muralhas do castelo com suas seteiras (foto 2) dão testemu-

vezes maior que a altura da torre. O nível da água encontra-se a 12 metros no fundo do poço. Fizemos a experiência: da borda do poço, jogamos uma pedrinha e demorou um bom tempo para ouvirmos seu choque com a água. Lá está todo o aparelhamento de cordas, sarilho e balde adequados para retirar a água (foto 4). As dependências reservadas à família do castelão são naturalmente mai s cuidadas , e j á indicam sintomas da civilização requintada que então nascia. Mas a cozinha originária, com sua rusticidade e seu enorme pitoresco, ainda permanece (foto 5). As janelas gradeadas (foto 6) põem em evidência a preocupação com a defesa do castelo, tão necessária naqueles tempos de perigos e de lutas, de fé e de heroísmo. A beleza que sobressa i e m Ronneburg não é a da arte, mas sim a das a i-

Um dos problemas que os construtores tiveram de enfrentar era o de abastecer de água o castelo. Para isso foi petfurado um poço, que até hoje lá se encontra, com cerca de 100 metros de profundidade, três

mas fortes e piedosas que produziram o apogeu da Idade M édia, época que mereceu do Papa Leão XIII o magnífico elogio: "Tempo houve em que a filoso-

fia do Evangelho governava os Estados, [. .. ] a influência da sabedoria cristã e sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas a categorias e todas as relações da soe iedade ". • E-mail do autor: gregori o@catolicisrn o.co rn .br

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levavam Santo Heriberto, bispo de Colônia, a consultá-la em todas as suas dificuldades.

Primeira Sexta-feira do mês.

6 São Guarino, Bispo e Confessor

1. Santo Henrique Morse, Mártir + Inglaterra, 1535. Estudante em Londres , fugiu para a França para tornar-se católico, ordenando-se sacerdote em Roma. De volta a seu país como missionário, foi preso com o Pe. João Robinson, que o recebeu como jesuíta, fazendo ele seu noviciado durante os três anos de cativeiro. Exilado, retornou à Inglaterra, e sob um pseudônimo obteve muitas conversões. Preso e exilado mais uma vez, ainda retornou à sua pátria, tendo sido preso,julgado e esquartejado por ódio à fé.

2 APRESENTAÇÃO DO ME lNO JESUS NO TEMPLO E PURIFICAÇÃO DE NOSSA SENHORA (Nossa Senhora das Candeias ou Candelária)

3 São Brás, Bispo e Mártir

4 Santo André Corsini , Bispo e Confessor + Fi ésole, 1373 . Convertido pela lágrimas da mãe (como Santo Agostinho , o famoso Doutor da Igreja), tornou-se grande pregador carme lita, depois bi spo de Fiésole. Sua caridade pará com os pobres, sobretudo os envergonhados, foi extrema .

5 Santa Aclelaide de BelJich, Virgem + Alemanha, 1015 . Fundou e governou os mosteiros de Bellich e de Santa Maria, em Colônia. Sua virtude e prudência

+ Bolonha, 1159. Cônego agostiniano da Santa Cruz, renomado por sua santidade, fugiu pela janela do convento quando quiseram fazê-lo bispo de Mortária. Tendo passado 40 anos no convento de Mortária, em edificante observância religiosa, o Papa obrigou-o a aceitar o arcebispado de Palestrina, com o chapéu cardinalício.

Primeiro Sábado do mês.

decapitada em ódio à fé sob o imperador Diocleciano.

1.1 NOSSA SENI-IORA DE LO URDES ( 1858) São Gregório li , Papa e Confessor + Roma, 731. Acompanhou o Papa Constantino I a Constantinopla para combater o Concílio de Trullo, que declarara a independência do Patriarca de Constantinopla em relação ao Papa. Sucedendo a Constantino I no sólio pontifício, combateu heresias, reformou costumes, convocou concílios, mandou reconstruir grande parte das muralhas de Roma.

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1.2

Lucas, o Jovem ou o Taumaturgo , Confessor

São Bento de Aniane Abade, Confessor

+ Grécia, 946. Só aos 18 anos a mãe permitiu-lhe ir viver como eremita num monte perto de Corinto. Começou então a atrair multidões. Devido aos inúmeros milagres que operava, ficou conhecido como o Taumaturgo.

+ Alemanha, 821. Abandonou a corte de Carlos Magno, tornando-se monge beneditino. O imperador Luís, o piedoso, filho de Carlos Magno, construiu para ele um mosteiro em Cornelimunster, para assim conservá-lo junto a si, confiando-lhe a inspeção de todos os mostei ros do império. A este santo deve-se principalmente a redação dos cânones para a reforma dos monges no Concílio de Aix-la-Chape ll e, e m 817 . É conhecido como o restaurador do monaqui smo no Ocidente e como um segundo Bento.

8 São João da MaLa (Vide p. 36)

9 São Nicéforo, Mártir + Antioquia, 260. Leigo, teve uma desavença com um sacerdote, Sabrício. Embora procurasse várias vezes obter dele o perdão, este sempre o recusou, mesmo na hora do martíri . Tal atitude fez com que abrfcio fraquejasse, e logo ap slatasse apesar da.· admoestações de Nicéforo. Nicéforo então declarou-se cristão e morreu em seu lugar.

10 Santa Escolástica, Virgem Santa SoLera , Virgem e Mártir + Roma, 304. Parente de Santo Ambrósio, Bispo de Milão e Doutor da Igreja. Ainda jovem, havia feito voto de virgindade; para melhor preservá-la, recusou qualquer adorno que pudesse ressaltar-lhe a beleza. Foi

1.3

Roma, o que lhe causou perseguição e agressões físicas por patte de confrades relaxado .

1.5 São Cláudio la Colombiere + Paray-le-Monial, 1682. Confessor e diretor espiritual de Santa Margarida Maria Alacoque, foi o apóstolo do Sagrado Coração de Jesus.

1.6 Sanlo Onésimo Bispo, MárLir + Roma, séc. 1. Escravo de Filemão, depois de roubar seu amo, fugiu para Roma, ond e encontrou São Paulo na prisão. O Apóstolo, depois de convertê-lo, mandou-o de volta a Filemão, pedindo a este que nã.o o recebesse como escravo, mas como um irmão (cfr. Col. 4, 79). Segundo São Jerônimo , Onésimo tornou-se pregador do Evangelho e bispo de Éfeso, sendo lapidado em Roma.

17 QUARTA-FEIRA DE CI ZAS SeLe Santos F'undadores cios ServiLas, confessores + Florença, séc. XIII. Estes comerciantes florentinos tudo deixaram para seguir a Cristo, fundando para isso a Ordem dos Servos de Maria. Foram tão unidos em vida, que são comemorados juntos depois de sua morte.

18

Santa Catarina de Ricci, Virgem

São Simão, Bispo e Mártir + Jeru s além, 107 . Filho de

+ Itália, 1590. Esta extraordinária santa entrou aos 12 anos no convento das dominicanas em Prato, aos 13 foi nomeada mestra de noviças, depois superiora; e aos 30, priora vitalícia.

Maria Cleofas e primo de Nosso Senhor, sucedeu a Santiago Menor na sé de Jerusalém. Avisado sobrenatural mente da destruição da cidade, saiu com os cristãos para Pela, às margens do Jordão, voltando para estabelecer-se nas ruínas da cidade santa destruída. Foi martirizado sob o imperador Trajano.

1.4 São ,João BaLisLa da Conceição, Confessor + Córdoba, 1613. Ingressando na Ordem dos Trinitários, constatou com tristeza que suas regras primitivas estavam em decadência. Por isso fundou uma casa de Descalços Refornwdos em Yaldepefías, com aprovação de

19 São Beato de Liébana, Conf ·ssor + Espanha, 798 . Quando o bispo de Toledo começou a pregar abertamente a heresia nes-

toriana, o monge Beato do mosteiro de Liébana, e seu amigo o sacerdote Etério, depois bispo de Osma, saíram a campo para atacar o prelado pela palavra e por escritos.

20 Santo Euquério, Bispo e Confessor + Orleans, 743. Logo após ser nomeado bispo de Orleans, condenou abertamente Carlos Marte! por seu costume de apoderar-se dos bens da Igreja para suas guerras . Foi por isso exilado para Colônia, Liege, e finalmente para o mosteiro de Saint-Trond, onde terminou santamente seus dias.

21 São Pedro Damião, Bispo e Doutor da Igreja + Ravena, 1072. Entrou na Ordem dos Camaldulenses. Nomeado cardeal-bispo de Óstia, a contra-gosto e sob pena de excomunhão . Deixou mais de 158 cartas, 60 opúsculos, várias vidas de santos e admiráveis sermões. Sofria muito de insônia e de terríveis dores de cabeça, endo por isso invocado contra esses males.

22 Cáledra de São Pedro Festej ar a cadeira de São Pedro é venerar, na pessoa dele, os de (g nios providenciais de Deus, que o e colheu para chefe dos Ap st los e primeiro pastor de sua Igreja.

23 São Sereno, o Jarclineiro, Mártir +Alemanha, 307. Jardineiro "vivia na solidão, santificando seu trabalho manual co,n orações e penitências, até ser preso e decapitado por causa de sua f é" (do Martirológio Romano).

24 São Montano e Companheiros. Mártires + Cartago, 259. Estes sete discípulos de São Cipriano, quase todos sacerdotes, foram aprisionados um ano após seu mes-

tre, torturados e decapitados por ódio à fé sob o procurador romano Solon.

25 São Cesário Nazianzeno, Confessor + Constantinopla, 369. Irmão do grande São Gregório Nazianzeno, tornou-se médico da corte imperial de Juliano , o Apóstata, que tentou pervertêlo. Por isso renunciou à sua função e afastou-se da corte, para a qual foi reconduzido pelo novo imperador.

26 São Vítor de Areis, Confessor + França, 610. Dedicou-se ao ministério sacerdotal por algum tempo, mas logo retirou-se para um lugar ermo a fim de entregar-se à contemplação, jejum e penitência. Sua fama de milagres logo atraiu-lhe visitantes ilustres, entre os quais o rei .

27 São Leandro, Bispo e Confessor + Sevilha, 596. Irmão de Santo Isidoro, "encarregado da formação do rei dos visigodos arianos, trouxe de volta toda a Igreja da Espanha para a verdade e unidade católicas " (do Martirológio Romano).

28 Santo Osvaldo, Bispo + Worcester (Inglaterra), 992 . Monge beneditino, indicado para a diocese de Worcester pelo rei Edgar por recomendação de São Dustan. Como bispo, auxiliou este santo e Sat1to Ethelwold a reavivar a Religião católica na Inglaterra, encorajou a vida monástica e escolar. Fundou o mosteiro de Westbury-on-Trym e a Abadia de Ramsey, em Huntingdonshire. Nomeado também bispo de York, ocupou ao mesmo tempo as duas dioceses, a pedido de seus diocesanos. Nota : Os Santos aos quai s já fi zemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica .

Intenções para a Santa Missa em fevereiro Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções: • Suplicando a Nossa Senhora de Lourdes pela saúde de todos os leitores de Catolicismo. Face às contínuas e sempre crescentes ameaças à instituição da família por exemplo, com a nova lei do divórcio - , pedindo a Ela pela saúde espiritua l das famílias brasileiras, a fim de que se mantenham cada vez mais fiéis à moral católica.

Intenções para a Santa Missa em março • Pelos méritos da Anunciação do anjo e da Encarnação do Verbo no seio puríssimo da Virgem Maria festa celebrada no dia 25 de março - , que Nosso Senhor Jesus Cristo conceda abundantes graças para a boa formação moral e religiosa das crianças . Também pedindo a São José, protetor da Sagrada Família, que auxilie particularmente as famílias dos leitores de Catolicismo.

FEVE


O Duque Paul de Oldenburg, responsável pelo bureau de Brnxelas, dirigiu-se aos 150 representantes da sociedade belga e européia presentes ao evento, e em seguida introduziu a conferência do Prof. Robe1to de Mattei, destacando-o como autor cio livro Plinio Corrêa de Oliveira, o Cruzado do Século XX, a melhor biografia do inspirador elas associações de defesa da Tradição, Família e Propriedade e das associações imilares, federadas em PróEuropa Cristã. *

Fotos: Atílio Faoro e Feli pe dei Campo

Referendo sobre a admissão da Turquia na União Européia A admissão da Turquia na União Européia, assunto que polariza a opinião pública, toma novo rumo com a proposta de um referendo, discutida e aplaudida na sessão inaugural do bureau bruxelense da Federação Pró-Europa Cristã

n JosÉ

ANTON IO U RETA

om a presença de 150 representantes da sociedade belga e européia em geral, foi inaugurado em Bruxelas, no dia 8 de dezembro, o bureau de representação da Federação Pró-Europa Cristã, entidade que tem como objetivo reunir diferentes associações européias que se dedicam ao ideal comum de defesa dos valores espirituais autênticos que constituem a base da civilização cristã na Europa. CATOLICISMO

Abrindo a sessão, o presidente do movimento Europa Cristã, o advogado Caio Xavier da Silveira, indicou que a in talação do bureau nas proximidades das instituições da União Européia permitirá que se sirvam dele e com ele colaborem todos aqueles que promovem os me mos valores, "cada qual levando seu ponto de vista específtco e preservando os respectivos métodos ". Essa colaboração parece tanto mai s necessária porquanto os valores cristãos serão particularmente prejudicados pela implementação do Tratado de Lisboa e da Carta dos direitos fundamentais da União Européia.

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Diante de alguns deputados europeus e líderes ele op ini ão pertencentes a destacados mov imento , Roberto ele Mattei - professor ele Hi t ria Moderna na Universidade de Cassi no, diretor da rev ista Radiei Cristiane, vicc-pre idente do Centro Nacional de Pesquisas da Itália e também autor do livro A Turquia na Europa: beneficio ou catástrofe? - indic u aos presentes ser necessária a rea li zação de um referendo para se decidir sobre a nlrada da Turquia na União Européia. O ilu stre orador [ i pa rticularmente aplaudido quando ind ag u o porquê da exclu são da opinião públ i a !essa dec isão, explicando que "sua voz íela opinião públi ca] seria crítica em relação à classe política que dirige a sorte dos povos do Ocidente". Negamos que a entrada da Turquia na União Européia possa representar um benefício para a Europa. Pensamos, pelo contrário, que introduzir 90 milhões de turcos na estrutura política e social européia constituiria uma catástrofe irremediável para o continente". Segundo ele Mattei, a respon. abilicladc por essa catástrofe recai sobre uma Eur pa que renunciou ao seu papel e negou suas raízes. O caminho inverso passa pela rec uperação dos valores não negociáveis - o. princípios da ordem natural e cristã sobre os quai nossa civilização se funda.

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A sessão fo i completada por um coquetel, propiciando encontros, reencontros e contatos entre políticos europeus, dirigentes de movimentos e militantes defensores dos valores cristãos da Europa. • E-mai l do autor: j.ureta@catolicismo com br

FEVEREIRO 201 O

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pas". O resultado foi um coro contínuo ele buzinadas apoiando a iniciativa. Na ocasião foram distribuídos fo lhetos intitul ados "Um apelo à gratidão. Quem agradecerá aos nossos heróis ?" (Vide resumo no quadro abaixo). O mes mo comunicado foi publicado no principal jornal ela c idade de Co lumbu s, onde está situ ada a academia. Diante dos portõe ele entrada de Fort Benning realizava-se outra manifestação (fotos à direita), entretanto com objetivos bem cliver os. Rotul ando-se como pacifistas, os mani festa ntes pediam o fec hamento ela Western Hemisphere lnstitutefor Security Coope ration (a nt riorrnente chamada de Escola das Américas). Na realidade, pou o lhes importava a defesa da sociedade ocidental e cristã, ram partidários da Teologia da Libertação que aplicavam as té ni as aprendidas nas caitilhas mai·x istas. Posters de Che Guevara viam-se por toda parte. Fato extremamenl lamentável: o contingente dos mani festantes sq ue rdi stas ra constituído predominante mente por religiosos e relig i sas , alg un s vestidos com seus hábitos. Mui tos deles de avançada idade, tei mavam em levar ava nte seus propósitos revo luc i nári .. A frustração desses militantes esquerdistas era notóri a, de vido à dificuldade e m ali ciar novos adeptos entre a juv nlucl . O c lima re inante era me lancó lico, de fim -de-~ sta. Tivemo conhec imento ele que esse protesto deve ser transferido I ara Washington, no próximo ano, pois em Columbu. o fuluro não lhes é promi ssor. • ll- nrnil lo autor: catoli cis 111 o@cato licis111o.com.br

R FRANCISCO JOSÉ SAIDL

a última semana de novembro, 13 voluntários da TFP norte-ameri cana partiram para uma importante campanha no e taclo da Geórgia - no extremo sul do país, a quase mil milhas ela sede central da entidade, na Pensilvânia - com o objetivo de prestar homenagem aos herói s americanos. Naquele estado suli sta está localizada a Academia Militar de Infantaria de Fort Benning. Nas proximidades da famosa academia, os jovens da TFP portaram fa ixas com os di zeres: "Ufanamo-nos de nossos heróis militares. Queira Deus abençoá-los e protegê-los "; "Buzine a favor de nossas tro-

CATOLICISMO

FEVEREIRO 201 O -


O gênio artístico da Itália: riqueza e diversidade ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA

~ a se compreendes o espfrito ilaUano, é necessário ter em vista que ele comporta duas vias: uma consiste em imaginar um mundo como poderia ser - o dos sonhos; outra, a realidade concreta, dentro da qual os italianos ingressam com muito senso dessa realidade. O senso da arte e o senso do comércio formam na Bel/a Penisola uma composição em que não se sabe bem qual é o vencedor. Depois de ter dado uma tacada na indústria, o peninsular cantarola. Depois examina se o bolso está cheio e se empenha em novos negócios! Há um duplo movimento de vivacidade, que não é o velho estilo imperial romano. Analisando a canção italiana, a arte italiana, elas manifestam uma forma especial de leveza, muito particular. Enquanto o espanhol parece dar saltos para atingir o Céu, a índole italiana, marcada a fundo pela Renascença, parece ascender para atingir o ápice do que seria o Céu na Terra. A vida alegre, a bonomia, a brincadeira, a fraternidade, a graça e arte para ornar tudo, para tornar esta vida a mais agradável possível - única no seu gênero - não corresponde ao espírito espanhol nem ao português. O que produziu tal concepção? A matriz de todas as artes do Ocidente! Tudo que surgiu da Renascença até nossos dias se inspirou na Itália. Constatamos a marca italiana presente no mundo inteiro. A Itália conseguiu sem grandes batalhas - nunca se interessou muito pelo gênero - , sem formar um grande império como o antigo império romano, a influência artística, muito mais pujante que o influxo artístico do império romano. E o império cultural italiano é muito maior do que foi o império cultural romano. A Itália é uma grande nação, com expressão enorme na história do mundo, e influência toda especial na história da Igreja. A Igreja foi fundada para ter a sua sede em Roma. E esta sede é como um chafariz da influência italiana no universo. As riquezas e diversidades do gênio italiano são tão extraordinárias, que é impossível contê-las apenas numa conferência. •

,,

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 21 de fevereiro de 1981. Sem revisão do autor.



PuN10 C oRRÊA 1 1

11v11RA

Março de 2010

"Direitos humanos" só para esquerdistas?

4

CAR'I'/\ DO DtRE'l'OR

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Nº 711

NossA SENHOR/\ CnoRA?

PAJ.,AVRA

Centen6rlo de Jacinta de F6tlma

no SAc1mnoT..:

A RRAI..mADE CoNUSAM1w1·v.

l 2 PNDH-3 Um Programa radicalmente anticristão 16

INTtmNACIONAt.,

Obama: após um ano, o fim da "lua de mel"

18

Crn\U-:MoRAÇÃO

Jacinta de Fátima (1910 - 2010)

23

EN'fRtWJS'l'A

26

CAPA

34 VmAs

e

ertos burgueses (grandes, médi os ou pequenos) são dotados de uma psico log ia pec uli ar. Profund amente egoístas, pouco se incomodam com o bem. comum espiritual ou temporal. Contudo, há um tema - um só - que, fora do circuito de sua ido latri a por si mes mos, os interessa. São os "direitos humanos". - Menos mal - comentará alguém -, pois ao menos nisto não são egoístas. ntretanto, é exatamente isso o que ponho em dúv ida. 0111 efeito, se eles tivessem um a noATOU CISMO

ção cl ara e coerente dos "dir •i1 os 11111111 nos", mereceri am apl ausos por s1· d1•dl carem à sua defesa. Pr ·is11 mrnl · 111• 111 matéri a, no enta nto, a alil11dt· d\'11• d1 •i xa perplexo o obs rvudor, p11I ~ o llt1•, interessa m os "dir · it os 111111 1111 111 " d11 que lutam pela subv ·rs110, 1wli11·1111111111 mo, pelo ca s. u11 111 0 111,~ d1 11•1111 d 1 vítimas d ssas tr s 1'11111111 ~ 1111 ~'1 1111 d1• revo luçã , cl ·s s11o 1'1111 , p1111111111111111•1 hostis. Quando ui •111•111 11111111, 111 p11 1•11i_11 dei s, a d ·l' •su dos 1111•1111• d11 11•vo li11, 111

. 11111!1 , 11111111111 1• 11 ,11·11 , dlll'l'S,a lraenles. , 'i•, 111' l11 1111111 11111, d1•111111 denunc ia vio1 111'111 p1 11lll 1111 1 rn111rnosudversári os da 111111d1 1 l11 1 1 d1111·voluc,:ão soc ial, mosl1 1111 l' /'l,111,11 '. l 111 111111111110s: Que "direitos humanos" 1111 1 '/ Al111ul , o que significa humano 1111111 1 h•,'l Aplica-se o conceito só ao l'S q111 1tlt, 111? E é por isso que só os sq, 11·1 d1 111, 1 111 "direitos humanos"? • ( l'll'l' ho l!Xlraíclo ele artigo pub licado 11 11 S. !'nulo", cm 28-2- 1978)

Legislação ambiental prejudica os produtores

Agonia de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras m: SANTOS

São João de Deus

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D1scF.RNJNDO

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NACJONAI.

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INFORMATIVO RURAi,

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AçAo CoN'l'RA-RE\1OL,UCJONÁRlA

52

Haiti: significado espiritual do terremoto

Encolhimento dos Fóruns Sociais

Mf:s

AMnmN't'ES, CosnJMEs, C1v1uzAçfms

O castelo de Consuegra, em Toledo (Espanha)

Nossa Capa: Ora~ão no Horto - Mestre de São Severino St. Severin, séc. XVI, Alte Pinakothek, Munich (Alemanha)

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MARÇO 2010


Perseguição aos cristãos

Caro leitor,

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Admlnlstraçl o: Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130·01 O São Paulo • SP Serviço de Atendimento 110 Assinante: Tel (Oxx11) 3333-6716 Fax (Oxx11) 3331 -6851 CorrespondiJncla: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo· SP Impressão: Prol E.ditora Gráfica Lida. E-mail: catollcismo@terra.com .br Home Page: www .catolicismo.com .br

A Semana Santa é ocasião não só apropriada, mas obrigatória para os católicos se recolherem e meditarem sobre os mistérios da nossa Redenção. A segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que veio à Terra e se encarnou por obra do Espírito Santo no seio puríssimo da Virgem Maria, padece e se deixa crucificar para a nossa eterna salvação! Quanto isso é infinitamente mais importante do que o crescimento do PIB ou um campeonato de futebol! E como é possível entender que se cuide cada vez menos desse acontecimento pinacular e transcendental na História da humanidade, para se preocupar com o meramente terreno e transitório? Durante a agonia no Horto das Oliveiras, Nosso Senhor previu os sofrimentos da Paixão e os que Lhe seriam infligidos pela ingratidão dos homens até o fim do mundo. E tal foi sua dor, que um anjo teve de vir para confortáLo. O que Lhe provocava maior sofrimento? Por certo o pecado, fr uto d toda desordem tanto no plano individual quanto co letivo. B n sso alvador onhecia de antemão como os homens reag iri am a s u sublim h I austo. onde sua pergunta lanc inante: "Quce utilitos i11 sm1f.1 11l11e 111eo'I" u • ulilidad houve no meu anguc?). Ele, n ntanl , di sp fH• a ti ·rrain -lo ui a últimn rotn , ll sabi a que sua M~ antíss ima, n ssu · - r d ntoru, o ns nti a n ss ' ho lo ·u uslo, p is compr cndi a qu d I d p ndiu a sa lvaç· d mund , ssu rn n vontade de Deus. N ssc pa ss inaugural d sua dol ro a Pa ixão, portant o, N ss cnhor padeceu p r todos nós. Com ua on i.sciência divina, conhecia também qu m dHdo 1110111 nto histó.ri.co seria decretado na Terra de Santa ruz o Ili Progm,11 1 Na cional de Direitos Humanos - objeto de análise na pres nl di çt o - rtidi almente oposto aos Mandamentos divinos e à Lei natural. so fr ·u wmb m por essa ofensa. Na medida em que esse sombrio Programa for p slo ' 111 x cu , o pelos sucessivos governos, equivalerá a uma tentativa d clc il"Hr I r t rra n Brasil a obra da Redenção e os vestígios ainda exi tent s la 'iv ili zaçto ·ris tã cm nossos dias . A matéria de capa desta edição, comemorativa ela muna anta, foi antecipada para o mês de março, uma vez que a Scxla-f'citu anta correrá logo no início de abril. Desejo a todos uma boa leitura.

ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual parsomi!sdeMarço de2010: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

R$ 120,00 R$ 180,00 R$ 310,00 R$ 510,00 R$ 11 ,00

m Jesus e Maria,

~~7 DIRETOR

uaulobrito @catolicismo.com.br

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.

U

ltimamente tem aumentado muito o ódio a nosso Divino Salvador. Em diversas nações, basta alguém se dizer cristão para ficar suj eito a uma perseguição atroz. A organização Renew Ame rica publicou em janeiro, no seu site, uma reportagem intitulada O silencioso holocausto de mártires cristãos - uma advertência do que está por vir?. Para que os leitores sintam a gravidade do problema, e também para que rezem na intenção desses mártires a fim de eles persistirem na fidelidade à fé, seguem alguns trechos. "Está havendo um holocausto silencioso de mártires cristãos em todo o mundo. Enquanto se relatam, por vezes, fatos individuais de assassinato e mutilação, o padrão geral de violência é ignorado pela mídia, pelas Nações Unidas e pela mai oria dos governos nacionais. Os autores das atrocidades pertencem essencialmente a dois grupos: os governos islâmicos fundamenta li stas e os controlados pelos comunistas. Queima de várias igrejas na Malásia; mortes de cristãos coptas a tiros, após a missa da meia-noite, quando saíam das igrejas; batidas policiais na Arábia Saudita, contra os grupos de oração privada. Todos os ataques tiveram o mesmo resultado: morte e destruição. Na Arábia Saudita, nenhuma igreja cristã é permitida. A polícia religiosa do país está sempre em estado de alerta em relação às atividades não-muçulmanas, incluindo grupos privados de oração, leituras da Bíblia. No Egito, assassinato de sete cristãos coptas e uma tentativa de matar o bispo copta da área; estupros, seqüestros, conversões forçadas ao Islamismo. Perseguição de muçulmanos a cristãos estão documentadas na Nigéria e na Indonésia. Ataques implacáveis contra cristãos levaram 400.000 a 500.000 cristãos iraquianos a fugir do país, e muitos dos restantes são refugiados internos, cidadãos deslocados em sua própria nação, com medo de retornar às suas casas. Fanáticos hindus também têm causado sofrimento grave e permanente aos cristãos na Índia, atacando o clero, religiosas, fiéis e igrejas. *

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Politicamente inspirada, a opressão dos cristãos continua como uma característica constante do mundo comunista, apesar das 'reformas' . Os líderes comunistas do Vietnã deram ordem a cerca de 1.000 policiais para destruírem um grande e centenário crucifixo num cemitério. Alguns fiéis protestaram e foram agredi-

dos. Dois deles foram levados para um hospital, onde lhes foi negado tratamento. O pároco e os membros da congregação paroquial tomaram as vítimas com ferimentos graves e as levaram para outro hospital. No vizinho Laos, funcionários do governo comunista acusam o Cristianismo de ser uma 'religião estrangeira que deve ser abominada'; e ameaçaram grupos de cristãos com a morte, caso persistam em suas crenças. Na China, a Igreja Católica não oficial, que não aderiu ao comunismo, vive sob constante ameaça de ataques. Paroquianos, sacerdotes e bispos convivem com a possibilidade - e por vezes com a realidade assustadora - de serem detidos, sujeitos a interrogatórios prolongados e prisão. Membros de igrejas protestantes enfrentam destino semelhante. Na neomarxista Venezuela, o virtual ditador Hugo Chávez acusou a Igreja Católica de ser um 'tumor' na sociedade venezuelana. Em Cuba e na Nicarágua, a tensão persiste entre a Igreja e o Estado comunista. Bispos católicos estão enfrentando lutas semel hantes no Equador e na Bolívia, onde clones de Chávez tentam substituir a fé cristã pela doutrina do Partido Comunista, ou então miná-la com apelos às religiões 'tradicionais' (pré-colombianas), cujos líderes cooperam com o governo marxista. A perseguição de militantes islâmicos e comunistas às populações cristãs vulneráveis é um aviso a propósito das coisas que estão por vir para o resto da humanidade" . *

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No Brasil, essa perseguição ainda não adquiriu um caráter abertamente sanguinário, mas vai crescendo através de leis, sentenças judiciais e atos do Executivo. •

MARÇ02010-


da. Já estou muito grata, mas ficaria mais ainda. (M.R.I. -

MG )

Ver para crer

BJ Sinto-me feliz por esses milagres narrados, pois nem todos conseguem ter fé sem ver. Ao mesmo tempo, agradeço muito a Deus por conceder esses milagres e ter piedade das pessoas incrédulas, assim como teve de São Tomé. (R.S.S.G. -

SP)

A Palavra do Sacerdote

BJ Adorei as informações, pois não conhecia a verdadeira história da Virgem, fiquei encantada.

BJ Quero apenas agradecer a resposta que o Monsenhor José Luiz Villac prontamente deu à minha pergunta sobre o modo de representar os presépio . Fiquei muito admirado com a sabedoria da re p ta, qu me esclar ceu inteirament e d m cl muit licaz. Além

Cavalo de Tróia B] Tenho muita consideração pelas re-

ligiosas que vivem recolhidas em conventos, particularmente pelas freira concepcionistas. Uma vida de muita humildade, privação e sacrifício. De modo que minha consideração aumentou , lendo a reportagem que a rev i ta difunde neste mês [fevereiro], que trata também das concepcionistas do mo teiro em Quito, no Equador. Provavelmente são santas as religiosas concepcionistas que faleceram naquele mosteiro e estão com seus corpos incorruptos até hoje. Isto é um privilégio que Deus concede a almas muito eleitas. (A.G.K. -

RJ)

Uma grande padroeira

BJ Não sabia que exatamente no dia do meu aniversário (2 de fevereiro) fosse o dia de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Já tinha ouvido falar d'Ela, mas não tinha nenhuma idéia de que ua história fosse tão bonita, bem como sua imagem. Agora vou rezar mais à minha padroeira e vou me co1ocar so b a guarda d 'E la . Estou pesquisando mais sobre as profecias que Ela fez e sobre a Madre Mariana de Jesus. Se vocês puderem me enviar subsídios, ficaria muito agradeci-

-CATOLICISMO

(V.LO. -SP)

A verdadeira llistól'ia

(S.C. -PE)

Virgens concepcionistas

Bíblia, como no caso de Moisés com as pragas do Egito, etc. Está fazendo falta uns elefantes desses, guiados pela mão de Deus até Brasília, para "passearem" nos jardins de certos palácios que lá existem, e depois darem uma entradinha para conhecerem por dentro e fazerem seus moradores criarem juízo. Afinal, caldo de galinha, juízo e elefantes, só podem fazer bem . Estes fazem bem, ainda quando fazem mal aos maus.

Bl Achei brilhante a entrevista com o Príncipe. Ele falou como uma pe. s a direita, sobre pessoas ele esquerda que tencionam eliminar dir it ele propri edade no Brasil. Falou como um Príncipe de dir ita sobr um " Pr rama" de esquerda, um "Programa" com leis torta ·: n vo "Programa Nacional de Direitos Human s", que o governo deu de "presente" para todos o brasi leiros no Natal . Que presente de grego, hein?! Esses governantes que estão aí, quando se metem a fazer leis contrárias às leis de Deus, dão com os burros n 'água. Aliás, até acho que li nesta mesma revista que mostrava isso, quando se tratou que as leis dos homens contrárias às leis de Deus ficam sem validade. Ainda bem! Segundo minha opinião, os Dez Mandamentos são, acima de tudo, as leis da direita, e as leis que não estão em harmonia com os Mandamentos são leis da esquerda, e ponto! (J.D.D.B. -

BA)

Fato que lembra a Bíblia

BJ Fiquei muito impressionada com os elefantes lá na Índia, que atacaram as casas daqueles perseguidore dos católicos. Eu imaginava que essas coisas de Deus utilizando animai para castigar os povos pecadores eram coisas do passado, e só historiados na

para amar muis a J ,r ~a at li a e me entre rar mnis ao ri 1dor, que fez maravi Ihw; para admirarrn s n Universo. Fav r trnnsmitir ao Monsenhor José Luiz o meu a · nto e pedir orações p la mi . (G. T.D. - RS)

de a se estatelar. Se acontecer o contrário, por mais que o presidente-ditador continue fazendo todas as loucuras, ele irá se perpetuando como um caudilho que ninguém consegue segurar. Um exemplo dessas loucuras é o que ele fez colocando no mesmo nível dos militares os milicianos chavistas. Seria o mesmo que colocar os subversivos do MST no mesmo nível dos nossos beneméritos militares. Pelo que acompanhei, outro grande trabalho de esclarecimento do público, feito pela revista, foi o de mover as pessoas a opinarem contra a continuidade de Zelaya acampado na embaixada brasileira. Fato lamentável de nossa diplomacia, que maculou a história do ltamaraty. Zelaya teve que pegar seu chapéu, pintar o seu bigode e mandar-se, não por desejo do governo brasileiro, mas sim por disposição do povo brasileiro que não aceitava aquele acampamento do extravagante fanfarrão, pau mandado de Chávez. O governo brasileiro, de mau grado, acabou tendo que acatar o desejo popular, e pelas eleições realizadas na máxima lisura em Honduras. (LA. -PI)

Venezucllzaçlio

BJ Parabéns p lo trnbalho que faze m, mostrando s ri s · s qu corremos se o governo brasil ir c ntinuar dando trela ao d sp ti ·o pr ·sid nte venezuelano. Prec isa m s mostrar isso ao Brail inteiro pr vo ·ar uma grande reação. e houv r pr testo c ntra essa políti ca malu a d mant r amizade com H u háv z, p d r mos fazer uma açã salutar para impedir o contág i do cân er havi sta em nosso ontinente. O Brasil tem um papel fundamental para ev itar o pior. Alguns colegas cli cordam de mim, dizendo que não depende de nós, mas tudo do governo . E minha posição é clara no sentido de que, sim, depende de nós . O governo tem que dançar a música que a maioria dos brasileiros tocar. Se a ditadura j á implantada na Venezuela não receber apoio do Brasil, ela ten-

Ad muitos annos

BJ Não conhecia o site da revista Catolicismo. Achei excelente! Desejo vida longa a esse meio de evangelização. Deus abençoe a todos que fazem o catolicismo ser uma realidade. (M.L -

CE)

Blue jeans X elegância Foi ótimo e muito corajoso a revista publicar a verdadeira história do blue j eans. Acho essa vestimenta muito cafajeste, mas é o que existe no mercado para nos vestir no dia-adia de trabalho e de passeio. É mesmo uma espécie de uniforme para todo mundo de todo o planeta, não importa a idade nem o sexo, nem a origem social. Até o Obama! Ó presidente, o seu jeans não combina bem com o Sr., e muito menos com o seu

cargo! Agora vou evitar comprar esse tipo de roupa, e estou desejando que também meus filhos não comprem mais. Eles já viram as fotos e alguns trechos do Nelson Ribeiro Fragelli, e não gostaram, "torceram o nariz", mas acho que com o tempo eles vão amadurecer e perceber que o blue jeans é cafajeste, e vão procurar calças mais elegantes. (J.H.N. -

SC)

Arte cuJJnária B] Escrevo esta mensagem para lhe

dar os parabéns pelo seu brilhante artigo ["Alimentos aprimorados, uma receita para a caridade", de Nelson Ribeiro Fragelli] publicado na revista Catolicismo de janeiro. Para mim , serviu como incentivo para me dedicar mais à culinária, pois percebi a importância do aprimoramento desta arte. O primeiro prato realizado após a leitura foi um bacalhau com coentros, tendo meu marido gostado tanto, que em uma semana já o fiz duas vezes. Espero que venha à minha casa brevemente, para experimentá-lo. (J.S. - DF)

Apostolado do Sagrado Coração Bl Senhor Paulo Corrêa de Brito Filho, juntamente com todos que fazem parte desta publicação Catolicismo , fiquei eternamente encantada com tudo na revista. Fiquei muito feliz em receber também a edição mais antiga sobre o Sagrado Coração de Jesus. Estou muito agradecida por fazer parte do grupo da família do Sagrado Coração de Jesus, um apostolado que nunca acabará. (V.L.S.S. -

SP)

"Casamento" homossexual

centivam muitas vezes o homossexualismo, e de vá.rias formas essa prática é divulgada, o que podemos e devemos repudiar. A família que Deus quer é formada por homem , mulher e filhos, e não por homem e homem, ou outra combinação bizarra. Devemos rezar pela conversão dos pecadores. (R.J. -

PR)

Poder divino

BJ Em sua infinita misericórdia, Deus se mostra tão pequeno e ao mesmo tempo tão grandioso. Como Deus é belo e poderoso! A cada dia me apaixono mais por Ele. Só Ele é capaz de mudar nossas vidas com um gesto tão simples e maravilhoso, através de Maria Santíssima. (T.V. -

MS)

lnlinita misericórdia

BJ Como é esplêndido saber que a misericórdia do Senhor é tamanha a ponto de nos fazer chegar ao Céu! Eu não conhecia a história de Santa Margarida de Cortona, e somente por pesquisar no site de vocês, gostei de saber da vida dela, dos limites próprios ao ser humano e também dos " impossíveis" que convêm às criaturas de um Deus onipotente. Rogai por nós, Santa Margarida de Cortona, para que sejamos dignos de Cristo! (T.G.-AM)

Fracasso de Obama

BJ Parabéns!De vez em quando dou uma olhada no site www.catolicismo.com.br, mesmo eu não sendo católico, e vejo que vocês sempre escrevem artigos bastante equilibrados. Achei também muito bom o artigo sobre a surpreendente condução da política nos EUA (J.B.M.F. -

CE)

B] Claro que existem inúmeras ou-

tras preocupações que perturbam a Igreja em nossos dias, mas essa de inversão de valores em nossa sociedade é muito nociva, e responderemos a Deus por isso [seção "Por que Nossa Senhora chora", fev/10). A mídia hoje, e muitos movimentos, in-

Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

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Pergunta - Li numa notícia que no ano 2010 completam-se 50 anos do anticoncepcional, acrescentando que essa pílula foi uma grande descoberta, um grande progresso da humanidade, e que com ela o mundo entrou numa nova era para a mulher e para os países controlarem a natalidade. Como a notícia não disse nada sobre os aspectos éticos e morais do anticoncepcional, pergunto se o Senhor poderia tratar desses aspectos da "pílula do século XX". Estou querendo aproveitar esta data (o cinqüentenário) para esclarecer muitas pessoas participantes de um encontro de casais na minha paróquia.

Resposta - O missivista pede que tratemos dos "aspectos éticos e morais do anticoncepcional ". Este é precisamente o âmbito desta seção. Incluiremos apenas alguns acenos para os aspectos médicos, intimamente re1acionados com os aspectos éticos e morais do anticoncepcional, mas fundamentalmente nos ateremos a estes últimos.

Ética e moral: a mesma coisa? É comum fazer-se a distinção entre ética e moral, se bem que ambas as palavras, do ponto de vista estritamente semântico, signifiquem a mesma coisa. Ética vem do grego ethos, e moral deriva do latim mos, amba con-espondendo à mesma palavra em p01tuguês, isto é, costume. Pottanto, ética ou moral é a ciência que trata dos -CATOLICISMO

costumes ou, mais precisamente, das regras do compmtamento humano nas diversas esferas em que este se desenvolve individual, familiar e social. Entretanto, convencionouse hoje em dia reservar a palavra ética para a ciência do procedimento humano do ponto de vista da Lei natural , enquanto a moral o analisa do ponto de vista religioso, isto é, no nosso caso concreto, dos princípios da doutrina católica. Em todo caso, poder-se-ia falar também em moral protestante, calvinista,jansenista, etc, e fazer a crítica delas do ponto de vista da moral autêntica derivada dos Mandamentos da Lei de Deus, isto é, a moral católica.

O que é a Lei 11at111·al? Na natur za xistcm s ' r s inanimados ser s animados, i to é, d taclos u nã d alma (em latim, anima), que com unica vida. Sere inanimados (portanto, sem vida) são os minerais - uma pedra, por exemplo. Os seres animados cobrem uma gama que vai des-

Monsenhor JOSÉ LUI Z VILLAC

de os vegetais (com alma meramente vegetativa), pa a pelos animais (com alma sensitiva, que inclui funções vegetativas), até o homem , dotado este de urna alma espiritual que exerce funções vegetativas, sensitivas e também intelectivas (cfr. Santo Tomás de Aquino, Contra Gentiles, L.2, Cap. 58), e que por ser espírito não se destrói com a mmte. O homem é por isso po1tador de um destino eterno. Assim, ensina a fé católica que, no fim dos tempos, a alma se reunirá ao corpo, na ressurreição do último dia. Cada um dos seres criados - minerais, vegetais, animai e humanos - tem a sua natu reza pr pria, proc d ' ·onform la. ada s 'r s' •u' a 1 i la sua IHllUr 'ZH, ' n 'SS s ' ntido amplo s' pod · ria di zer qu' há uma lei natural para cada tipo ou espé ie d ser. En treta nto , com h mem tem uma dignidade qu o coloca acima de todo o uni verso criado (não estamos falando dos anjos), devido a qu · somente ele é dotado d uma

alma espiritual, reserva-se normalmente a expressão Lei natural para designar as leis que regem o ser humano. O que tem a ver toda essa digressão sobre a Lei natural com o tema proposto pelo consulente? É que, sem uma compreensão profunda do que seja a Lei natural , não se compreenderá a solução da questão. Entendamos bem, portanto : Assim como seria ridículo querer impedir um cachorro de ladrar, ao ver um gato andando por cima do muro (está na natureza d ca h rro proced r as. im), é um absurdo total faz r I is u criar artifí·ios qu' ·ontrariem a Lei nalurnl , r ·, ·dora cio comporta111 ·1110 humano. Es1a111os pois no aproximando do l 'ma proposto: o que diz a L •i natural obre o uso da p lulu unli concepcional?

pensável ajuda de um ao outro, que ambos aprimoram o próprio ser e atingem a plena realização de si mesmos. Desse modo, da finalidade primordial da transmissão da vida se destaca outra finalidade do casamento, que é o auxílio mútuo para a plena realização de cada cônjuge como ser humano (Note-se bem que estamos analisando aqui a questão no plano da Lei natural, e portanto prescindindo do auxílio da graça divina, da qual depois falaremos) . A união do homem e da mulher no casamento é tão elevada, e ao mesmo tempo tão profunda, que Nosso Senhor Jesus Cristo usou uma expressão forte para descrevê-la: "Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e os dois serão uma s6 carne. E assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto não separe o homem o que Deus uniu " (Me 10, 7-10). Nesta citação, a referência a Deus não coloca, por si só, a questão no plano exclusivamente sobrenatural, pois vale também para a Lei natural, uma vez que a noção de Deus como Criador do homem e da mulher é plenamente acessível pela razão natural. E sendo da Lei

/\ ,·uzüo de ser cio ('mm11w11io e ela família A família existe para a tm11s111 issão da vida, por isso 'la s' ·onslitui pela união de um ho111 ·me uma mulher. Por 111 , difcrcntem nte do que a ·onl ·c ' com s animais irra·ionuis, essa união deve serestável e por toda a vida, para garantir a adequada criação e e lucação dos filhos a fim de que cada um deles vá, por sua vez, constituir outra família , dando continuidade à espécie humana. Assim procedendo , os cônjuges realizam a mi ssão para a qual foi in titufdo o casamento, e na reali zação dessa missão alcançam a felicidade possível nesta Terra. Isto não significa aus ncia de percalços e s frim ·ntos, mas é vencendo-os, ·0111 n indis-

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natural, vale para todo ser humano, seja ele católico ou pagão, ou adepto de qualquer outra religião.

A conde11ação do antlconcepcional O ato conjugal tem portanto dois efeitos: um efeito procriador e um efeito unitivo entre marido e mulher. Estes dois efeitos são inseparáveis pela própria natureza, e o homem não pode desvincular um do outro. De onde se segue que é "de excluir toda ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação" (Encíclica Human.ae vitae, de Paulo VI, 25-7-1968, nº 14). Como se vê, nesta exclusão estão abrangidos todos os processos que impeçam a procriação: esterilização direta, quer perpétua quer temporátia, tanto do homem como da mulher; o uso de preservativos; e, por fim, os anticoncepcionais. A Igreja tem poder de sustentar esse ensinamento, pois além de transmitir a doutrina que recebeu de seu Divino

Fundador, é também guarda tutelar da Lei natural.

Liceidade do recurso aos pel'Íodos infecundos Não obstante, ensina a já citada encíclica Humanae Vitae que, se "existem motivos sérios para distanciar os nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais imanentes às funções geradoras, para usar do matrimônio s6 nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar" (nº 16). Sem dúvida, a questão envolve aspectos muito variados e complexos, que é impossível esgotar numa resposta que tem de ser necessariamente breve. Mas três palavras adicionais não podem aqui faltar. A primeira, lembrando que a questão do anticoncepcional costuma ser tratada como se seu uso estivesse isento de complicações médicas, cuja gravidade ou freqüência ainda não estão definitivamente estabelecidas.

Mas seria preciso estar atento a elas. A segunda, que as pílulas anticoncepcionais se distribuem, em tese, em duas categorias: umas são anovulat_órias, isto é, impedem a ovulação e, portanto, a fecundação do óvulo que inexiste, frustrando desse modo a finalidade do ato procriativo (equiparamse, neste sentido, aos preservativos); outras são diretamente abortivas, seja impedindo a nidação do embrião já formado, seja provocando a contração uterina, em ambos os casos com a conseqüente expulsão do embrião do organismo. Neste caso implicam uma ação criminosa como o aborto, ou seja, o assassinato de um ser humano já concebido. Na prática, a classificação aqui apresentada é esquemática, e seria um bom tema para os médicos católicos desdobrarem. A terceira e mais importante observação: Uma vez que Nosso Senhor elevou o casamento à condição de sacramento, forneceu aos cônjuges meios de santificação no matrimônio, com graças especiais para atingirem suas finalidades específicas. Isto acrescenta , portanto, uma maior gravidade na violação dos objetivos essenciais do matrimônio. Ficam aí umas linhas gerais para o missivista aprofundar, nos documentos do supremo Magistério da Igreja, abundantemente citados na Humanae Vitae. Que Nossa Senhora, Sede da Sabedoria, o guie nesse estudo, a fim de orientar os casais segundo os princípios salutares da Santa Madre Igreja. • E-mail do autor:

monsenhoJjoseluiz@catolicisrno,corn.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE

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Muitas horas diante da TV encurtam a vida

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ssistir demais à TV encurta a vida das pessoas, revelou estudo de especialistas austral ia.nos publicado em "Circula.tion", revista online da. Associação Americana do Coração dos EUA. Em média, cada hora diária diante da TV aumenta em 18% a mortalidade por doenças cardiovasculares, e em 11 % a mortalidade por outras cau as. O estudo acompanhou 8800 pessoas maiores de 25 anos durante seis anos e meio. •

Avatar: promoCjão do radicalismo ecologista anticristão

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e acordo com os come ntários da agência católica AC/Prensa, o filme Avatar promove ladi namente o ecologismo como religião. Sugere também que é necessariamente " mau" quem não professa o radicalismo anticristão de tipo Nova Era e não pratica o cu lto panteísta da " mãe terra", ou Gaia. Os personagens "bons" do filme (ou "Na'vi " ) são humanóides com rabo, que se conectam com os animais, e seus ritos copiam festivais hippies dos anos 70 . Reproduzem os cu ltos à natureza, pregados pelo ecologismo radical e pelo missionarismo comuno-progressista. A agência afirma ainda que o fi lme representa o "dogma" oficial de Hollywood de uma religião em Deus e sem moral. O ardiloso método para veicular uma reli gião panteísta anticri stã foi denunciado em vária publicaçõe. . O site Moviefone afirma que Avatar reproduz, num cenário diverso, a mensagem de que o homem é mau e destrói a natureza, veiculada no filme Uma verdade inconveniente, de AI Gore, hoje desprestigiado. Numerosas cenas têm sign ificado político anticapitali sta, antimilitar e de ódio aos EUA. •

No Alaska, escultura de gelo de AI Gore

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m Fairbanks, Alaska, dois empresários erigiram uma escultura de gelo de duas toneladas, ironizando o ativista do "aquecimento global" AI Gore [foto]. A escultura expele um jato de vapor, enquanto caixas de som reproduzem excertos de declarações do ativista sobre "mudança climática". A montagem suscita a hilaridade dos passantes. Os dois empresários desejavam que Gore participasse de um debate sobre o "aquecimento global" em Fairba.nks, mas ele sente pânico em participar de mesa-redonda com alguém que seja crítico de suas posições. Não podendo no entanto esquivar-se a uma intimação do Congresso americano, compareceu e incorreu em graves e vergonhosas contradições. •

CATOLICISMO

Tribunais islâmicos clandestinos na Europa

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polícia espanhola desvendou o funcionamento de tribunais islâmicos clandestinos, que aplicam a sharia (lei islâmica não-escrita, que contém forte violação às leis ocidentais). Descoberto um desses tribunais em Tarragona (Espanha), apó julgar uma mulher, sete imigrantes muçulmano foram presos, indicia-dos p r cárcere privad o, tentativa de h mi ídio as ociação ilícita. A sharia inclui pena de morte, aplicada a cristãos ou a muçu lmano. que mantenham ceita. relações, por exemplo por meio de casamentos c m p ssoa que não sejam da religião de Maomé. Também na rã-Bretanha, a lei secreta maometana é aplicada até pela Ju tiça ingle a, para resolver pequenas causas. A penet:raçã muçulmana na Europa vai instalando estados maometanos ubtcrrâne · dentro de estados outrora cristãos. •

Ucrânia: Nuremberg internacional para iulgar o comunismo Tribunal de Apelação ele Kiev (Ucrânia) entendeu haver matéria para inculpar os líderes do regime soviético por crime de genocídio, e deu início à instalação de um tribunal que deve julgar os crime do comunismo no país. O novo tribunal vai se pautar pela Carta do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg de 1946, que julgou os crimes do nazismo. O presidente ucraniano pretende contatar os países do Leste Europeu para instituir um tribunal internacional mais abrangente. Os líderes russos, herdeiros da velha ditadura sov iética, não pretendem aderir à proposta. Poderiam aderir alguns dos países que sofreram a opres ão comunista, e nesta hipótese seriam levados a esse tribunal os responsáveis por crimes comunistas praticados, por exemplo, na América Latina. Porém, a iniciativa poderá ser abortada pelo presidente eleito Victor Ianukovich, ex -membro da nomenklatura pró-russa. •

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Nobel da Paz: Lula está se unindo a governos criminosos

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iraniana Shirin Ebadi [foto] , Prêmio Nobel da Paz, advertiu que "Lula não deveria se unir a governos criminosos", referindo-se ao estreitamento de relações entre o governo lulista e a tirania fundamentalista dos aiatolás, representada pelo presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Referindo-se à violenta repressão aos protestos contra as fraudes eleitorais na última eleição presidencial iraniana, e à condenação à morte de dois jovens iranianos que participaram dos protestos, indagou: "Será que Lula não vê o que está acontecendo nas ruas de Teerã? Como pode fazer amizade com um governo que mata seus jovens e estudantes, sua gente?". •

Miséria cubana tornou-se indisfarCjável

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miséria de Cuba a.tingiu dimensões abismática.s. A rede de água e esgotos não recebe manutenção há meio século. No aeroporto de Havana, telas ainda exibem clips de propaganda da companhia aérea AirComet, falida há anos, pois não há quem desligue o vetusto a.núncio. Mais da metade da água potável não chega ao destino, devido à decrepitude da rede pública. O governo afirma consertar 18.000 vazamentos por mês, mas a situação é " insustentável", confessou o próprio diário oficial "Granma". As estradas estão intransitáveis, mas a produção local de asfalto é de apenas um milhão de toneladas, insuficiente para uma demanda de 19 milhões. 94% dos trilhos e das locomotivas estão inutilizáveis. A produção de coco em 2009 foi 80% menor que a de 1990. "Em Cuba perdemos até o costume de trabalhar", comentam os frustrados habitantes da ilha-prisão. Eis algumas das mazelas inevitáveis do comunismo, agora faceira.mente rebatizado como "socialismo do século XXI'' por Chávez, outro ditador a caminho do colapso. •

Paleontólogo desmitifica o 11 retorno à natureza" paleontólogo americano Pete. r Ward [foto] qualificou de muito perigosa a miragem ambientalista que apresenta a natureza de modo idílico. Para ele, é irreal o apelo de um "retorno" do homem à natureza, adotando o primitivismo. Esse mito, que fascinou os "iluminados" cujas teorias prepararam o Terror na Revolução Francesa, foi atualizado pela teoria panteísta de Gaia, não menos fantasiosa que a d~ bom selvagem de Rou sseau. No Brasil, ele alimenta o sonho do comuno-tribalismo que inspira ONGs, CIMI e CPT. Segundo Ward, "a civilização pré-industrial dos sonhos ambientalistas resultaria, muito rapidamente, em fome global. Afome acarretaria guerras.[ .. . ] A mãe natureza não cuidará de nós eternamente, se apenas voltarmos ao seu seio. A natureza se comporta como Medéia, a mãe impiedosa que, na mitologia grega, mata os próprios filhos " . •

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Heróica resistência dos católicos na China

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m mais um ato público de fé e resistência ao regime comunista, 5.000 católicos chineses desafiaram a neve, o intenso frio (30ºC abaixo de zero) e a polícia, para dar digna sepultura a Mons. Leo Yao Liang, bispo coadjutor de Xiwanzi que passara 30 anos na prisão, por recusar a Associação Patriótica (igreja cismática submissa ao regime marxista). Desde 2006 a polícia manteve-o seqüestrado por causa do mesmo "crime". As autoridades comunistas proibiram que ele fosse tratado como bispo, mas no momento da sepultura os fiéis inseriram clandestinamente as insígnias episcopais no caixão. AsiaNews lamentou que os fiéis não recebessem nenhuma mensagem de condolências do Vaticano, e que o jornal vaticano "L'Osservatore Romano" não publicasse em tempo uma necrologia do heróico mártir.

Zapatistas tornam-se islamitas para atacar o capitalismo

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o estado de Chiapas (México), antigos seguidores da Teologia da Libertação e da revolução zapatista estão aderindo ao maometanismo. Improvisadas mesquitas aparecem em áreas rurais [foto], e os neófitos acreditam no islamismo como a alternativa ao capitalismo, que procuravam. A colaboração entre o fun damentalismo islâmico e os "socialismos do século XXI" é intensa, e sempre houve transferência de pessoas e recursos entre o movimento comunista em decadência e o islamismo fundamentalista em ascensão. O governo mexicano teme que entre os neófitos funcione uma extensão da AI-Qaeda.

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Sob a máscara dos Direitos Humanos, uma nova religião sem Deus ■ LEO DANIELE

T eve ampla repercussão o lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) pelo governo Lula. Nesta edição, Catolicismo destaca sucintamente o que a iniciativa contém de diretamente anticristão. Sem dizê-lo, caracteriza-se como a religião do homem, em substituição à religião de Deus. Traz consigo uma nova moral e um novo "decálogo", que são os imaginários ou distorcidos direitos humanos.

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m substituição aos Dez Mandamentos da Lei de Deus, teremos agora que pautar nossas ações pelos "direitos" das prostitutas, dos homossexuais, das feministas, dos vadios, dos invasores de terras e de prédios, das "culturas" primitivas, dos revoltados de todo gênero. Não estamos inventando nada. Diz o Presidente Lula: "Tenho reiterado que um momento muito importante de nosso mandato foi a realização da l° Conferência Nacional de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, em 2008, marco histórico na caminhada para construirmos um país sem qualquer tipo de intolerância homofóbica". E o texto do PNDH-3 é ainda mai claro, pois recomenda: apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo; promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por casais homoafetivos; reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com base na desconstrução da heteronormatividade. Que significa a rebuscada expressão "desconstrução da heteronormatividade"? Desconstrução é a desmontagem, a decomposição de um conceito, portanto sua negação. Trata-se de abandonar o conceito de "heteronormatividade". Pois, para o PNDH-3, é preciso deixar de considerar a diferença dos sexos no matrimônio (heterossexualidade) como normativa dentro de uma sociedade. A "desconstrução da heteronormatividade" corresponde a negar o conceito natural de que um casal é ~ constituído por um homem e uma mulher, 5 passando a ser normal haver "casais" de dois homens ou duas mulheres. z Não se trata apenas de aceitar que exis- ~

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CATOLICISMO

tam, mas considerá-los normais. O PNDH3 não é apenas tolerante para quem pratica - digamos que por fraqueza - um ato homossexual, mas quer que ele seja considerado normal como qualquer outro. Ou seja, não basta haver tolerância legal para a homossexualidade, todos devem considerá-la normal como tomar um copo d'água. E vai-se trabalhar com verbas oficiais para que a homossexualidade ou a heterossexualidade sejam consideradas mera questão de escolha. O pseudo-direito à depravação é um direito humano? É o que parece resultar dessa concepção, segundo a qual seria considerado "excludente", por exemplo, o Apóstolo São Paulo, que na Epístola aos Romanos censura com veemência os atos contrários à natureza (cap. 1); e também o seria a majestosa galeria dos santos e Papas, que os condena desde a Antiguidade até a Encíclica Deus Caritas Est, de Bento XVI. É bem o contrário, portanto, o que

ensina a doutrina católica. Ela avalia a homossexualidade como um pecado que "brada ao Céu e clama a Deus por vingança".

Outra investida contrn a moralidade pública As prostitutas, chamadas eufemisticamente de "profissionais do sexo", terão sua ocupação regulamentada. O Prof. lves Gandra Martins, em entrevista publicada pela UOL, colocou os pingos nos ii: "Isso não é profissão; os verdadeiros direitos humanos consistiriam em tirar essas moças do que elas estão fazendo e dar profissões dignas a elas". O PNDH-3, pelo contrário, propõe "realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os estereótipos relativos às profissionais do sexo". Educativas? Este palavreado arrevesado encobre uma infâmia. Deve-se "educar" a todos, inclusive as crianças, para que aceitem com normalidade a prostituição

tanto masculina quanto feminina. É uma fábrica de meretrício, mesmo infantil, que fica assim liberada. E o mesmo Programa recomenda descriminalizar o aborto, "considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos". Desde quando a autonomia de decidir sobre o próprio corpo dá direito a matar alguém, como ocorre no caso com o filho já concebido? Ademais, o Programa fala em "implementar mecanismos de monitoramento dos serviços de atendimento ao aborto legalmente autorizado, garantindo seu cumprimento e facilidade de acesso". Fica subentendido que nem o médico, nem as enfermeiras, nem ninguém poderá alegar objeção de consciência para não matar a criança que está por nascer. É monstruoso. Esse dispositivo do PNDH-3 levou a Regional Sul-1 da CNBB a qualificar o Presidente Lula de um novo Herodes, aquele que mandou matar os santos inocentes. 1-•

O inimigo número um da família

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Em entrevista à SBT, em 29-10-1992, Plinio Corrêa de Oliveira expõe sobre o homossexualismo os seguintes princípios, que se aplicam ao tema presente: "Uma vez que a relação homossexual é estéril por definição, compreende-se bem que ela destrói a família, e que portanto ela é o contrário da família, é o inimigo número um da família. O ato sexual existe na ordem natural das coisas para a fecundidade da família, e através da fecundidade da família para a expansão do gênero humano. O preceito de Deus Nosso Senhor aos homens, enquanto eles se encontrarem na Terra, é 'multiplicaivos e enchei a Terra'. É preciso portanto fazer isto, e por todas as maneiras não impedir a fecundidade da relação sexual, que só se exerce legitimamente no matrimônio. Ora, para a homossexualidade não existe matrimônio, e sobretudo não pode existir fecundidade. O resultado é que isso é completamente contrário à ordem natural das coisas, portanto contrário à família. O homossexualismo foi durante séculos objeto de uma verdadeira aversão da parte das gerações que se sucederam. E isso não por um capricho, não por um modismo qualquer, mas em virtude dos princípios doutrinários que eu acabo de enunciar, e que são os da doutrina católica, apostólica e romana, desde os tempos em que a fé impregnava profundamente toda a vida social, e portanto também a vida familiar, com a suavidade e o esplendor dos seus valores. É compreensível que aquilo que é oposto à fé fosse visto com rejeição, e portanto que também a homossexualidade fosse vista com rejeição. Para calcular bem a energia dessa rejeição, deve-se tomar em consideração que, segundo a doutrina católica, a homossexualidade é um pecado qualificado entre os poucos que bradam ao Céu e clamam a Deus por vingança".

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Investida contra a liberdade da igreja O PNDH-3 propõe "desenvolver mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União", e recomenda "o respeito à laicidade pelos Poderes Judiciário e Legislativo, e Ministério Público, bem como dos órgãos estatais, estaduais, municipais e distritais". Laicidade parece ter aqui o significado de ateísmo. O Estado laico seria ateu e não toleraria qualquer símbo lo religioso em seus estabelecimentos. É uma inquisição laica (ou atéia) contra os crucifixos e as imagens de santos.

Negado o ensinamento da Igreja sobre as desigualdades Propõe o Programa a "afirmação da diversidade para a construção de uma sociedade igualitária". Mas acontece que toda diversidade que não seja fruto do caos tende para o estabelecimento de uma hierarquia. E é bom que seja assim. Com efeito, São Pio X condensou o ensinamento de Leão XIII afirmando que no corpo social deve haver "príncipes e vassalos, patrões e proletários, ricos e pobres, sábios e ignorantes, nobres e plebeus". 1 Os utopi stas, porém, imaginam que mediante a divisão igualitária dos bens cessariam, antes de tudo, as mais variadas formas de pobreza que hoje existem. O que não é verdade. A propósito, merece menção a significativa frase de Plínio Corrêa de Oliveira: "O católico, contemplando devotamente a Sagrada Família, não pode deixar de ter a alma e o coração transidos de emoção ante a excelsa dignidade que aprouve a Deus fa zer reluzir no lar operário constituído por Jesus, Maria e José". 2 O PNDH-3 propõe "instrumentos de avanço" para a "redução das desigualdades sociais concretizadas por meio de ações de transferência de renda, incentivo à economia solidá ria e ao cooperativismo, à expansão da reforma agrária". Não explica no que consistem tais açõe . Será a bolsa família? O fracassado fome zero? Participação obrigatória nos lucros, além dos salários? Outras medidas de caráter socialista? Dei-

CATOLICISMO

xam assim no vago, mas se conseguirem estabelecer futuramente o socialismo, seus agentes poderão dizer: "Estava tudo previsto no PNDH-3"! Ademais, é indisfarçável a antipatia do Programa em relação à propriedade privada, que no entanto é fundamentada em dois Mandamentos da Lei de Deus: o 7º, não roubarás ; e o 10º, não cobiçarás as coisas alheias. Atualmente, se a propriedade urbana ou rural for invadida por e querdistas ou arruaceiros, cabe ao Poder Judiciário restabelecer a ordem imediatamente por meio de uma liminar. Mas para o Programa é obrigatório haver um diálogo prévio com os envolvidos, "com apresença do Ministério Público, do poder público local, órgãos públicos especializados e Polícia Militar ". Ou seja, o que normalmente seria uma ação de polícia, submissa ao discernimento de um magistrado, passaria a ser uma assembléia tumultuada, com a presença de meiomundo (com palavras de ordem), ocasião ideal para muito discurso e não pouca demagogia. É fácil prever quais seriam os resultados. Os cubanos e venezuelanos já os conhecem ...

Repercussões no ambiente católico Diante do volumoso e demolidor Programa, a repercussão foi variada nos meios católicos. Em folheto intitulado Presente de Natal do presidente Lula, a Comissão Regional em Defesa da Vida, do Regional Sul-1 da CNBB , chama o Presidente de novo Herodes - o rei que ordenou a matança dos santos inocentes - numa alusão à recomendação de aborto. Além disso, reunidos no Rio de Janei ro, 67 prelados católicos assinaram um manifesto que, em última análise, condena o PNDH-3 como um todo, destacando alguns pontos atentatórios à moral e à propriedade privada. Rejeitam "propostas que banalizam a vida, descaracterizam a instituição familiar do matrimônio, cerceiam a liberdade de expressão na imprensa, reduzem as garantias jurídicas da propriedade privada, limitam o exer {cio do poder judiciário, como ainda correm o perigo de reacender conflitos sociais já pac(fi.cados com a lei da anistia". Como

signatários, um cardeal e 66 arcebispos e bispos. Em sentido contrário, a atitude de D. Dimas Lara Barbosa, secretário geral da CNBB, até o momento foi de confusa tolerância. Diante das dezenas de páginas do Programa, recheadas de dispositivos anticristãos, o prelado só tomou uma atitude clara em relação ao aborto, contentando-se entretanto, ao que parece, com promessas um tanto vagas e futuríveis do ministro Paulo Vannuchi, segundo o qual "as alterações ocorrerão após discussões com a própria CNBB e as organizações que participaram do processo de elaboração do programa, tais como o Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos ". Surpreendentemente, "segundo D. Dimas, a CNBB tem concordância de 80% dos pontos tratados no programa"! 3 Em nota oficial, a CNBB e declarou "contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União" ( ite da CNBB). E ficou somente ni to. A ONG " atólicas pelo Direito de Decidir" - que apenas utiliza o glorioso nome de "católicas" para confundir os fiéi . e solapar a doutrina da Igreja sa iu em apoio à descriminalização do aborto e à união de pessoas do mesmo exo. A esse respeito, escreve a jornalista Narlla Sales: "Se as senhoras católias pelo direito de decidir são tão certas de que é legítimo abortar e partir para uma ação tão agressiva contra a doutrina católica, por que ainda se dizem católicas?" Uma suspeita causa especial apreensão: seriam "bois de piranha" o aborto e a ameaça de revogação da Lei de Anistia, para desviar as atenções dos outros inúmeros e gravíssimos pontos censuráveis do PNDH-3? (A conhecida expresão "boi de piranha" refere-se ao co tume dos criadores de gado, quando há necessidade de uma boiada atraves ar um rio onde haja piranhas, e colherem um boi doente ou fraco para ervir de isca. O criador perde o boi, mas o res-

tante do rebanho atravessa ileso em outra parte do rio). Se assim for, provavelmente recuará o governo nessas duas matérias, propiciando que católicos e militares incautos, derrotados em todo o imenso restante do programa, distendamse achando que venceram. Não nos deixemos enganar a respeito dessa conspiração contra o que resta de civilização cristã no Brasil. O PNDH3 é uma hidra de sete cabeças, e todas elas têm de ser anuladas.

Temos de responder aos apelos dos povos do mundo. Que esta se converta num instrumento de unificação da luta pelos povos para salvar o planeta ". Todos os povos, portanto, inclusive o brasileiro, que é vizinho e por diversos fatores tornou-se uma presa prioritária das esquerdas. Essa convocação da 5ª Internacional ocorreu em 19 de novembro, e o PNDH3 de Lula foi apresentado um mês depois. Registremos as datas, e nos !em-

Conclusão Uma bomba atômica de efeito retardado é o que parece ser o PNDH-3, lançado às vésperas do Natal pelo Presidente Lula. Por que de efeito retardado? Ao que tudo indica, não se destina a ser colocado em execução imediatamente, neste ano eleitoral, por ser um espantalho para os votantes. Os políticos da equipe do Planalto bem o sabem. Mas o Programa permanece para uso dos próximos chefes do Executivo, a partir de 2011, embrulhado como presente sob a forma de um decreto presidencial assinado por Lula. Caberá ao futuro presidente desembrulhar a bomba, para tentar fazê-la explodir sobre as cabeças dos brasileiros. Deve-se portanto encarar o assunto com seriedade a partir de agora, e o quanto antes, pois as cartas já estão sobre a mesa, e algumas medidas podem começar a ser tomadas pelo governo imediatamente, independentemente de lei ou reforma constitucional. Será exagerado qualificar um Programa de direitos humanos de bomba atômica? Não, não há exagero algum. Em suas cerca de 80 pági nas, das quais compendiamos apenas pequenos textos, o PNDH-3 tem suficiente potencial para, se aplicado, mudar completamente a face do Brasil autêntico e transformá-lo, de País cristão e livre, em uma república do gênero da cubana ou venezuelana. O déspota da Venezuela, aliás, propôs em 19 de novembro passado a organização da 5ª Internacional Socialista, durante a sessão inaugural do I Congresso Extraordinário do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que se iniciou em Caracas e se prolongará até abril de 2010: "Atrevo-me a convocar a 5ª Internacional para retomar a 1~ a 2~ a 3ª e a 4ª [. .. ].

bremos do que significou para a Igreja o lançamento das anteriores Internacionais Comunistas. Aos incontáveis mártires de então, e também aos de hoje, peçamos que nos ajudem nesta contingência.

quem o reconhece, ao ressaltar o caráter "i nédito" e radical do projeto, falando de "universalidade, indivisibilidade e interdependência ", e de "combate às desigualdades". No que propugna, vai muito além do chavismo venezuelano. Mas está inteiramente de acordo com a Teologia da Libertação. O PNDH-3, em suas quase 80 páginas, põe em cheque a Igreja Católica. Inve ste contra a família e a moralidade do povo, de forma agressiva. Estimula a luta de classes, de grupos e de raças. Intenta desmoralizar o Judiciário e o sistema de segurança pública. Vai contra a propriedade privada, estabelecida por dois Mandamentos. Procura deitar a garra totalitária nos meios de comunicação social. Conduz ao caos a produção econômica, hostilizando sua ponta de lança, que no momento é a agricultura e a pecuária em grande escala. Coloca a Nação debaixo de um tacão totalitário, sob a vigilância de conselhos populares (soviets), onipresentes e de atribuições indefinidas. Assim, pode-se dizer sem exagero que a aplicação integral desse plano anticristão representaria a sovietização do País. Já com aceno para o desmembramento futuro da sociedade brasileira em pequenos grupos de tipo indígena ou quilombola, fruto de uma mentalidade comuno-indigenista inteiramente ao estilo do CIMI (Conselho lndigenista Missionário) e da Teologia da Libertação. O BRASIL ESTÁ EM PERIGO. É para evitar à nossa Pátria tal catástrofe que, em espírito de concórdia e de cooperação, apresentamos estas linhas à consideração dos leitores, implorando a decisiva e materna intercessão de Nossa Senhora Aparecida, gloriosa Rainha do Brasil, para que desvie do País tão sinistras perspectivas. • E-mail para o aut or:

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Forçado a resumir muitíssimo, sinto-me na obrigação de acrescentar que nunca, em toda sua História, o Brasil foi ameaçado com violência tão grave como este PNDH-3, quer por sua radicalidade anticristã, quer pela sua universalidade. É o próprio Presidente Lula da Silva

leoda niele@catolicismo.co m.br Notas:

1. Motu proprio Findai/a prima, de 18 de dezembro de 1903. item lII - Coleção Documentos Pontifícios, Vozes. Petrópolis, 1959, 3' ed., vol. 38. p. 23. 2. Projeto de Constituição angustia o País, Ed. Vera Cruz, S. Paulo, 1987, p. 169. 3. "Correio Brazi liense, 2-2- 10.

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O moonwalk de Obama M chael Jackson criou o moonwalk - passo em que finge avançar, retrocedendo. Obama ao mesmo tempo radicaliza e parece recuar. Mas os EUA clamam por um freio, e o mundo apavora-se à beira do abismo. 11

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CATOLICISMO

Lu1s DuFAUR

arack Hussein Obama comemorou seu primeiro ano na presidência americana, anunciando que não cumpriria uma de suas mais caras promessas: fechar a prisão de Guantánamo, onde 50 terroristas da maior periculosidade permanecerão por tempo indefinido. Dentre os demais, 20 dos liberados já estão reintegrados nas atividades terroristas, informou o Pentágono. Outros guerrilheiros anticristãos serão julgados em território americano em meio a um imbroglio jurídico-processual. ONGs, que se apresentam como defensoras dos direitos humanos, apontam contradições nos procedimentos, na esperança de libertar ainda bom número deles .

B

"Terremoto" em Massachusetts Se o descumprimento dessa promessa foi danoso para Obama, houve ainda pior: a cadeira de senador por Massachusetts, ocupada pela farm1ia Kennedy desde 1953, foi conquistada com folga por Scott Brown, senador estadual oposicionista. Com isso Obama perdeu a "super-maioria" (60 membros) no Senado, fato que virtualmente sepultou sua socializante reforma da saúde. "Não vejo os votos para aprovála" sem mudanças substanciais, disse Nancy Pelosi, líder democrata na Câmara dos Representantes. 1 E Obama já havia feito concessões demasiadas, no entender de seus seguidores .. . A derrota de Massachusetts representa algo de portentoso. Inimaginável poucas semanas antes, fez tremer o solo sob os pés dos representantes democratas. Se foi perdida com tanta facilidade aquela cadeira, símbolo e farol do Partido Democrata, nenhum membro desse partido pode estar certo de não perder a sua de modo mais terrível e mais rápido, em qualquer outra circunscrição eleitoral, se continuar nas pegadas do presidente. Uma semana depois, Obama tentou cortar o excessivo déficit público; mas nem seus correligionários no Senado o apoiaram, e a proposta não passou. Não foi pânico infundado o que abalou os democratas. A farm1ia Kennedy ocupou a cadeira senatorial por Massachusetts durante 57 anos, sendo 10 com o ex-presidente John e 47 com seu irmão Edward, recentemente falecido, que era o mentor intelectual da polêmica reforma da saúde fracassada durante o governo Clinton, e agora à beira do colapso na gestão Obama.

Em carta póstuma ao atual presidente, Edward referiu-se à reforma nestes termos: "Foi a causa da minha vida". 2 O desastre eleitoral deveu-se precisamente a ela. O republicano vencedor, Scott Brown, não dera ao eleitorado conservador sinais categóricos sobre o seu programa. A única certeza em que insistiu durante a campanha foi a de barrar a detestada reforma socialista. Apesar de não ser obrigatório o voto nos EUA, o eleitorado de Massachusetts acorreu às urnas em número extraordinário, sob intenso frio e neve, para eleger o candidato que fizera tal promessa, como se comparecesse a um plebiscito anti-Obama e anti-reforma socialista. No estado-baluarte dos liberais (centro-esquerda), onde o atual presidente vencera com 26 pontos de vantagem, seu candidato perdeu agora por sete pontos. Se Obama caiu fragorosamente em Massachusetts, deve pôr as barTea Party: protestos bas de molho se alguém lhe contar contra a o veredicto de um esperto político soclallst mineiro: "Prefiro cair com Minas do que cair em Minas" ...

Desprezo da realidade do pais "Em pouquíssimos meses a realidade se impôs. [. .. ] Os Estados Unidos continuam a ser o que sempre foram, tanto interna como externamente", observou editorial da "Folha de S. Paulo". 3 De fato, os EUA acham-se tão polarizados como antes da eleição de Obama, ou até mais. A primeira convenção nacional do movimento Tea Party ("Festa do chá" - alusão ao gesto que iniciou o processo de independência dos EUA) foi um marco histórico nessa polarização. "Tea Party prega contra- revolução nos EUA " , foi o título dado pela "Folha de S. Paulo" (6-2-10), e no mesmo dia "O Estado de S. Paulo" intitulou "Onda conservadora anti-Obama abala política americana ". Essa crescente polarização "fura os olhos", e vem sendo apontada nas páginas de Catolicismo há anos. Por que não a perceberam antes as esquerdas americanas? O que as impele a pisar no acelerador, na hora em que o país clama por pisar no freio? A administração Obama parece não se incomodar com essa evidência. 72 horas após a Waterloo de Massachusetts, o presidente voltou suas baterias contra Wall Street, as instituições financeiras e os salários e bônus de seus dirigentes. Desviou as atenções da derrota eleitoral, valendo-se de frases e expressões que agradariam não apenas populismo de esquerda, mas também ao da direita, que é avesso ao macro-capitalismo. Pôs o dedo em riste contra os grandes bancos, exigindo-lhes que se desmembrem e limitem suas dimensões.

A iniciativa soou como apelo de sabor estatizante e como um mau augúrio. Para o reputado "Financial Times", Obama começou um "flerte perigoso com o populismo " e propôs uma "virada radical ", que reincide nos velhos erros dirigistas aplicando uma "regulação brutal". 4

/J1vestida co11tra a "banca" No Fórum Econômico Mundial de Davos, Charles Dallara, diretor-geral do Instituto de jznanças Internacionais, qualificou de "molecagem" 5 a retórica presidencial, já apelidada "guerra contra a banca" de Obama. "Guerra" aberta, numa hora que exige máxima cautela e circunspecção ... Em Davos, Keneth Rogoff, ex-economista-chefe do FMI, prenunciou que "nos próximos anos, veremos alguns defaults" de países europeus. Grandes estados americanos, como a Califórnia, beiram o mesmo precipício, acrescentou um empresário americano mencionado pelo jornal "Valor". 6 Abalará a medula do capitalismo financeiro privado a convergência de liberais pró-socialistas com o populismo anti-capitalista, articulada pelo presidente? Em qualquer caso, produziu maior insegurança na delicada situação econômica mundial , já tão imprevisível. As fragilizadas bolsas, de modo geral, desabaram. O modo de proceder da administração Obama espanta: precipita-se utopicamente, colidindo com a realidade, e ao invés de aproveitar a lição, joga-se em outra direção para incorrer em nova imprudência . A maiori a do público propugna pelo freio, mas seus seguidores censuram o presidente por aparentar moderação. Essa marcha tresloucada vai criando um clima propício para tornar realidade propostas reacionárias, antes inverossímeis. Dizem que Michael Jackson certa vez caiu enquanto dançava o moonwalk, e quebrou o nariz. Um acidente que teve fácil conserto, mas se Obama continuar contrariando o país, poderá ocasionar crises imprevisíveis, muito difíceis de serem consertadas. Numerosas vozes far-se-ão então ouvir, exigindo contas aos obamistas moderados, radicais ou populistas. • E-mail do autor: lui sdufa ur @cato li cismo.com.br

Notas: 1. "O Estado de S. Paulo", 22-0 l- 1O. 2. http://www 1.folha.uol .com.br/folha/mundo/ult94u62 l 843.shtml 3. 2l/O l / LO. 4. Cfr. "Valor", S. Paulo, 22/23/24- l- LO_ 5. "Folha de S. Paulo", 28-1- 10. 6. "Valor", 28- 1- lO.

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Beata Jacinta de Fátima Centenário de nascimento Por seu ardente desejo de reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria, a vidente Jacinta de Fátima correspondeu ao sentido medular .da mais profética das aparições marianas. Comemorando o centenário do seu nascimento, invoquemos a sua poderosa intercessão. m ToMÁs

AGOSTINHO

A

CoRRÊA

o criar cada alma, Deus lhe designa uma missão específica que ela deverá cumprir, ajudada pelagraça. Algumas - a maioria? a minoria? (a Igreja não se pronunciou a respeito) atuam em sentido contrário à própria missão, e ao fim da vida, se chegaram até o pecado mortal e não se arrependem, são condenadas ao inferno. Muitas outras ficam a meio caminho, e após a morte, no Purgatório, deverão purificarse da incorrespondência às graças recebidas, antes de serem levadas para o Céu. Ao que tudo indica, apenas uma minoria corresponde plenamente à graça, depois de uma luta que não exclui as debilidades decorrentes do pecado original: são os santos, que são logo levados para o Paraíso celeste, podendo até passar algum tempo no Purgatório, para se purificarem dos últimos vestígios de pecado. A Igreja os apresenta como modelos e intercessores dos que estão in via - isto é, neste mundo - labutando por encontrar seu caminho para o Céu; ou, ao contrário, procurando subtrair-se ao chamado de Deus , fugindo d 'Ele ou, pior ainda, levantando-se soberbamente contra Ele e tentando arrastar consigo outras almas para o inferno. O Criador não aparece a cada homem CATOLIC ISMO

para indicar-lhe sua missão, salvo casos excepcionais como o de São Paulo, derrubando-o do cavalo no caminho de Damasco. Para a grande maioria dos homens, Deus indica a respectiva missão pelos acontecimentos da vida, seus gostos, inclinações e apetências boas, inspirações recebidas, de tal forma que a alma atenta aos movimentos bons da graça no seu interior, ou aos fatos que lhe sucedem, encaminha-se mais ou menos conscientemente para o fim que Deus lhe designou (ou, pelo contrário, recusa essa vocação e dela se afasta). Analisada à luz destas considerações de índole teológica, a vida da beata Jacinta Marto - cujo centenário de nascimento celebramos no dia 11 deste mês de março - é exemplo da alma que despertou para a sua vocação, não só por ter visto Nossa Senhora, mas também pela compreensão do sentido medular da mensagem de Fátima: a necessidade de rezar pela conversão dos pecadores e oferecer reparação pelos seus pecados, que ofendem a Deus e ferem o Coração Imaculado de Maria. Ela compreendeu que, como os pecados estão continuamente crescendo em número e gravidade, e se essa penitência não for feita, desabarão sobre a humanidade os tremendos castigos anunciados por Nos-

sa Senhora no chamado "segredo de Fátima". Alguns fatos da vida de Jacinta mostrarão ao leitor como ela levou a sério essa advertência, compenetrou-se de sua missão e imolou-se pela conversão dos pecadores.

Firmeza de Jacinta propiciou a continuidade das aparições Como se sabe, a mãe de Lúcia não acreditava na realidade das aparições . Queria obrigá-la a desmentir que tivesse visto Nossa Senhora, não poupando para isso (como contou depois a própria Irmã Lúcia) "carinhos, ameaças, nem mesmo o cabo da vassoura" (/ Memória , p. 32 - ver Bibliografia no fim do artigo). Levou-a ao prior da freguesia de Fátima, o qual, mantendo uma atitude de reserva, interrogou-a com amenidade, mas ao fim levantou a hipótese de que poderia "se r um engano do demônio" (li Memória, p. 68). A hipótese desencadeou compreensível tormenta na alma de Lúcia, que começou a hesitar sobre a conveniência de se apresentar de novo no local das aparições. Ao manifestar a seus primos a dúvida em que se debatia, Jacinta logo a desfez com uma encantadora lógica infantil : "Não é o demônio, não! O de-

mônio dizem que é muito feio e que está debaixo da terra, no inferno; e aquela Senhora é tão bonita, e nós vimo-la subir ao Céu"(/! Memória, p. 68). Isso apaziguou um tanto a alma de Lúcia, mas a dúvida persistia. Esmoreceu nela o entusiasmo inicial pela prática do sacrifício e da mortificação. Assim, na véspera da terceira aparição (13 de julho de 1917) resolveu não voltar mais à Cova da Iria (local das aparições). Chamou então Jacinta e Francisco, e informou-os de sua resolução. Eles responderam: "Nós

vamos. Aquela Senhora mandou-nos lá ir" (II Memória, p. 69). E Jacinta pôs-se a chorar, por Lúcia não querer ir. No dia seguinte, Lúcia sentiu-se de repente impelida a ir, por uma força superior à qual não resistiu. Pôs-se a caminho, passando antes pela casa dos pri mos. Encontrou-os no quarto, de joelhos ao pé da cama, a chorar. - "Então, vocês não vão?- perguntou Lúcia.

- Sem ti, não nos atrevemos a ir. Anda, vem! - Já cá vou" - respondeu Lúcia (cfr. /1 Memória, p. 70). E puseram-se alegres a caminho ... Já na aparição de 13 de junho, algo semelhante ocorrera: Lúcia fraquejava diante dos "afagos" da mãe, e a firmeza de Jacinta e Francisco vencera as relutâncias da vidente mais velha das aparições.

Seriedade e lógica em tfrar as conseqiiê11cias Antes das aparições de Nossa Senhora, os três videntes tinham a recomendação dos pais de rezar o terço, mas "despachavam" a oração de mane ira mai s rápida, para irem logo brincar: pronunciavam apenas as primeiras pal avras, Padre-Nosso (como se di zia então o que hoje corresponde ao Pai-Nosso) e AveMaria. No dia seguinte à primeira aparição, depois de soltar as ovelhas na Cova da Iria, Jacinta sentou-se pensativa numa pedra. Lúcia disse:

- "Jacinta, anda a brincar. - Hoje não quero brincar. - Por que não queres brincar? - Porque estou a pensar. Aquela Senhora nos disse para rezarmos o ter-

ço e fazermos sacrifícios pela conversão dos pecadores. Agora, quando rezarmos o terço, temos que rezar a Ave-Maria e o Padre-Nosso inteiros. E os sacrifícios, como os havemos de fa zer?" (/ Memória, pp. 29-30). Fora Jacinta a primeira a compreender que essa não era uma maneira séria de rezar o terço, e tirou logo a conseqüênci a. Foi também a primeira a procurar os meios de fazer sacrifícios: a primeira idéia que lhe ocorreu foi distribuir a merenda do almoço para umas crianças de uma localidade próxima, chamada Moita, que esmolavam nas aldeias vizinhas. Ao vê-las, Jacinta disse: "Demos

a nossa merenda àqueles pobrezinhos, pela conversão dos pecadores" (/ Memória, p. 31). E correu a levá-la. Felizes, as referidas crianças pobres procuravam encontrar os videntes e passaram a es perá- los pelo caminho. E Jacinta, logo que as via, corria a levarlhes tudo que não lhe fizesse falta. Naturalmente, no fim da tarde sentiam fome. Conta a Irmã Lúcia: "Havia

ali algumas azinheiras e carvalhos. A bolota estava ainda bastante verde, no entanto disse-lhe [à Jacinta] que podíamos comer dela. O Francisco subiu numa MARÇO2010 -


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bebessem as ovelhas, e fui levar a infusa à dona" (/ Memória, pp. 31-32). Os exemplos poderiam ser multiplicados, porque tinham adquirido o costume de, de vez em quando, oferecer a Deus o sacrifício de passar nove dias ou até um mês sem beber.

Foto dos três pequeno pastores logo após a que tiveram do lnfern

Uma corda áspera ao modo de cilício Na aparição de agosto - realizada dias depois do dia 13, pois nesse dia haviam sido raptados pelo administrador de Ourém, que lhes quis arrancar à força o segredo - a Santíssima Virgem recomendou-lhes de novo a prática da mortificação: "Rezai, rezai muito e fazei sa-

crifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas" (II Memória, p. 75).

azinheira para encher os bolsos, mas a Jacinta lembrou-se de que podíamos comer das dos carvalhos, para fazer o sacrifício de comer a amarga. E lá saboreamos, naquela tarde, aquele 'delicioso' manjar. A Jacinta tomou este por um dos seus sacrifícios habituais. Colhia as bolotas dos carvalhos ou a azeitona das oliveiras. Um dia eu disse-lhe: - Jacinta, não comas isso, que amarga muito. - Pois é por amargar que como, para converter os pecadores" (l Memória, p. 31). Outro sacrifício foi o da sede. Um dia, a mãe de Lúcia mandou-a levar o rebanho numa pastagem muito distante, que uma amiga lhe havia oferecido. Era um dia escaldante de verão. Lá chegados, a sede fazia-se sentir. A narração é da Irmã Lúcia:

"A princípio oferecíamos o sacrifício com generosidade, pela conversão dos pecadores, mas, passada a hora do meio-dia, não se resistia. Propus então CATOLICISMO

aos meus companheiros ir a um lugar que ficava perto, pedir um pouco d' água. Aceitaram a proposta, e lá fui bater à porta de uma velhinha que, ao dar-me uma infusa com água, me deu também um bocado de pão, que aceitei com reconhecimento e corri a distribuir com meus companheiros. Em seguida, dei a infusa ao Francisco e disse que bebesse. - Não quero beber - respondeu. - Por quê? - Quero sofrer pela conversão dos pecadores. - Bebe tu, Jacinta. - Também quero oferecer o sacrifício pelos pecadores. Deitei então a água na concavidade de uma pedra, para que a

Passados alguns dias, caminhando os videntes com suas ovelhas, Lúcia deparou com um pedaço de corda de uma carroça. Pegando-a, a brincar, atou-a num braço e logo notou que a corda a magoava. Disse então aos primos: "Olhem, isto faz doer; podíamos atá-la à cinta e oferecer a Deus este sacrifício" (II Memória, p. 75). Todos aceitaram a idéia, e retalhando a corda em três pedaços, passaram a usá-la de dia e de noite. A aspereza da corda, apertada demasiadamente, fazia-os sofrer horrivelmente. Jacinta deixava às vezes cair algumas lágrimas, pelo incômodo que sentia. Lúcia dizia-lhe para tirar a corda, mas ela respondia: "Não. Quero oferecer

este sacrifício a Nosso Senhor, em reparação e pela conversão dos pecadores" (li Memória, p. 75). Por esta resposta, pode-se ver até que ponto Jacinta estava imbuída do espírito de reparação. Por isso, na aparição de setembro, Nossa Senhora lhes disse: "Deus está contente

com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o dia" (II Memória, p. 77).

Noutra ocasião, Jacinta deparou com umas urtigas, com as quais se picou. Logo advertiu os companheiros:

"Olhem, olhem outra coisa com que nos podemos mortificar!" (cfr. II Memória,

Assim, por exemplo, numa tarde de agosto de 1917, estando os videntes sentados nos rochedos do outeiro do Cabeço - onde, no ano anterior, um Anjo lhes aparecera - Jacinta pôs-se subitamente a rezar a oração que o Anjo lhes ensinara, e depois de um profundo silêncio disse à prima: "Não vês tanta estrada, tan-

p. 75-76). Desde então adotaram o costume de dar, de vez em quando, alguns golpes com as urtigas nas pernas, para oferecerem a Deus mais este sacrifício. tos caminhos e campos cheios de gente Estes exemplos edificavam os católia chorar com fome e não têm nada para cos que liam as Memórias da Irmã Lúcia, comer? E o Santo Padre numa igreja onde estão narrados. No mundo hedonista de hoje, em que os ho.1 mens colocam o prazer (lícito ou Jacinta (sentada) e ilícito) como bem supremo, que sua prima Lúcia efeito eles causam? A idéia de reparação dos pecados pelo sofrimento, em certos casos levado até o holocausto de si mesmo, lhes escapa completamente. Talvez algum deles diga: "Não pensei que

o fanatismo religioso chegasse a esse ponto". Por isso, já São Paulo advertia: "Nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios" (1 Cor. 1,23).

Compenetração do castigo que paira sobre o mundo A impressão que o segredo de Fátima causou sobre a pequena Jacinta foi tão grande que a Irmã Lúcia, diante do pedido do bispo de Leiria para que pusesse por escrito tudo mais de que se lembrasse da vida de sua prima, tomou isso como um sinal do Céu de que era chegado o momento de revelar as duas primeiras partes do segredo. Pois não lhe era possível narrar certos fatos sem mencionar a grande impressão que o segredo provocou na alma de Jacinta. Em primeiro lugar a visão do inferno, que explica o zelo dela pela salvação das almas, como os fatos até aqui narrados demonstram de sobejo. Ademais, o castigo de guerras e perseguições à Santa Igreja, que Nossa Senhora anuncia se os homens não cessarem de ofender a Deus. Esse fundo de quadro está presente em várias visões particulares que Jacinta teve, e que denotam o fundo de suas cogitações.

diante do Imaculado Coração de Maria a rezar? E tanta gente a rezar com ele?" (III Memória, p. 110). A Irmã Lúcia acrescenta: "Passados alguns dias, perguntou-me: - Posso dizer que vi o Santo Padre e toda aquela gente? - Não. Não vês que isso faz parte do segredo?! Que por aí logo se descobria? - Está bem. Então não digo nada" (III Memória, p. 110). Um dia, em casa de Jacinta, Lúcia encontrou-a muito pensativa e interrogou-a:

- "Jacinta, que estás a pensar? - Na guerra que há de vir. Há de morrer tanta gente! E vai quase toda para o inferno! Hão de ser arrasadas muitas casas e mortos muitos padres. Olha, eu vou para o Céu; e tu, quando vires de noite essa luz que aquela Senhora disse que vem antes, foge para lá também" (III Memória, p. 110).

Jacinta recomendou fldelidade a Lúcia A compreensão profunda da Mensagem de Fátima vê-se em todos os pensamentos expressos por Jacinta. Como se sabe, na primeira aparição Nossa Senhora tinha dito que a levaria logo para o Céu. Mais tarde, em aparições particulares, disse-lhe que seria transferida para Lisboa e lá morreria sozinha; mas que não temesse, porque a própria Mãe de Deus estaria com ela, como de fato aconteceu. Os livros que tratam de Fátima descrevem os fatos com pormenores. Destaquemos um. Pouco antes de ir para o hospital, lembrando-se de que Lúcia fraquejara em vários momentos, Jacinta disse a ela: "Já me falta

pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando for para dizeres isso, não te escondas, dize a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria, que lhas peçam a Ela, que o Coração de Jesus quer que, a seu lado, se venere o Coração Imaculado de Maria. Que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria, que Deus lha entregou a Ela. Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e afazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!" (Ill Memória, p. 112).

Poderosa Jntercessora diante de Nossa Senhora Tanto ardor de devoção ao Imaculado Coração de Maria, que queimava dentro de seu peito, nos faz compreender que era procurada já em vida para obter graMARÇO2010 -


ças especiais de Nossa Senhora. Narra Lúcia: "Encontrou-nos, um dia, uma pobre mulher e, chorando, ajoelhou-se diante de Jacinta, a pedir-lhe que obtivesse de Nossa Senhora a cura de uma terrível doença. A Jacinta, ao ver de joelhos diante de si uma mulher, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trêmulas para a levantar. Mas vendo que não era capaz, ajoelhou-se também e rewu com a mulher três Ave-Marias; depois pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la. E não deixou mais de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum iempo, tornou a aparecer para agradecer a Nossa Senhora a sua cura" (/ Memória, p. 40). Um outro caso, dentre muitos, também narrado por Lúcia: "Uma tia minha, casada na Fátima, de nome Vitória, tinha um filho que era um verdadeiro pródigo. Não sei por quê, havia tempo que tinha abandonado a casa paterna, sem se saber que era.feito dele. Aflita, minha tia veio um dia a Aljustrel, para eu pedir a Nossa Senhora por aquele seu filho. Não me encontrando, fez o pedido à Jacinta. Esta prometeu pedir por ele. Passados alguns dias, apareceu em casa a pedir perdão aos pais, e depois foi a Aljustrel contar a sua desventurada sorte. Depois (contava ele) de haver gastado tudo que tinha roubado, andou vário tempo por lá, feito vadio, até que foi metido na cadeia de Torres Novas. Algum tempo depois de ali estar, conseguiu uma noite escapar-se e meteu-se por entre montes e pinhais desconhecidos. Julgando-se completamente perdido, entre o susto de ser apanhado e a escuridão da noite cerrada e tempestuosa, encontrou-se com o único recurso da oração. Caiu de joelhos e começou a rezar. Passados alguns minutos, afirmava ele, apareceu-lhe a Jacinta, pegou-lhe pela mão e o conduziu à estrada de macadame que vem do Alqueidão ao Reguengo, fazendo-lhe sinal que continuasse por ali. Quando amanheceu, achou-se a caminho de Boieiros, reconheceu o ponto onde estava e, comovido, dirigiu-se à casa dos pais. Ora bem, ele afirmava que a Jacinta lhe tinha aparecido, que a tinha reconhecido perfeitamente. Eu perguntei a Jacinta se era verdade ela lá ter ido com -

CATOLICISMO

ele. Respondeu-me que não, que nem sabia onde eram esses pinhais e montes onde ele se perdeu. - Eu só rezei e pedi muito a Nossa Senhora por ele, com pena da tia Vitó ria. - Como foi então isso? - Não sei, sabe-o Deus" (IV Memória, pp. 175-1 76). Podemos imagi nar perfeitamente que um anj o tomou a figu ra de Jacinta, para indicar ao beneficiado a intercessora de sua salvação! Se tal é o poder de intercessão de Jacinta junto a Nossa Senhora, os devotos de Fátima podem valer-se dela em suas necessidades materiais e espirituais, acrescentando no fi m de sua oração a jaculatória: Beata Jacinta Marto, rogai por nós! Mas ela se identificou de tal maneira com a Mensagem de Fátima, que seria melhor

invocá-la, como a chama o Pe. Fernando Leite SJ, como Beata Jacinta de Fátima. Parece-nos que, neste ano do centenário do seu nascimento, seria esta uma homenagem que agradaria a Nossa Senhora. Julgue a Santa Igreja esta despretensiosa sugestão ! •

Agropecuária ameaçada pela legislação ambiental

E-ma i I para o autor: catolicismo@catolic is mo.co m.br

Bibliografia:

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Memórias da Irmã Lúcia, compi lação do Pe. Luís Kondor SVD, Vice-Postu lação- Fátima, 6" Ed., 1990. Cônego José Ga lamba de Ol iveira, Jacinta, Gráfica de Leiria, 7" Ed., 1976. Padre Joaquín María Alonso CMF, Doctrina y espiritualidad dei Mensaje de Fátima, Cap.

VI II, Jacinta , la víctima de la reparación cordimariana , Arias Montano Editores, 1990, -

pp. 131- 147. Padre Fernando Leite SJ, Jac inta de Fátima, Ed itorial A.O ., Braga, 5' Ed., 1999.

Ü deputado federal Valdir Colatto critica a absurda legislação ambiental do governo da União e o decreto que estabelece o Programa NaCÍonal de Direitos I-Iumanos-3, por não terem respaldo legal

S

obranceira às crises , a agropecuária vem há décadas alavancando o desenvolvimento nacional, lastreada no direito de propriedade privada, na livre iniciativa e no espírito empreendedor dos nossos produtores rurais . Além de garantir alimentação aos habitantes das cidades cada vez mais povoadas, de criar empregos e renda para milhões de brasileiros, ainda garante superávit na balança comercial para pagar nossa dívida externa. De uns tempos para cá a atividade rural passou a ser seriamente ameaçada por pol íticas e leis cada vez mais socializantes, que buscam engessar o campo brasileiro e disseminam por toda parte verdadeiras favelas rurais. Uma das muitas ameaças que pairam sobre a agropecuária encontra-se na absurda legislação ambiental do governo. Para esclarecer os leitores de Catolicismo sobre o assunto, nosso co rrespondente em Brasília, Sr. Nelson Ramos Barretto, entrevistou o deputado fede ral Valdir Colatto (PMDB/SC) , presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária , um dos autore s do novo projeto de Cód igo Ambiental , que altera a legislação existente sobre o assunto. O deputado Colatto provém da próspera região agrícola de Chapecó, no oeste catarinense. Em seu terceiro mandato, já apresentou vários projetos em defesa do direito de propriedade, sobretudo contra decretos abusivos, como demarcações de terras para falsos quilombolas e

indígenas. Agrônomo, ele tem como sua marca registrada esta divisa: Você já comeu hoje? Agradeça a um agricultor.

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Catolicismo - Por que o Sr. quer alterar a legislação ambiental? Deputatlo Colatto -A razão da alte-

J)cpulaclo Colatto:

"Essa MP contém 67 restrições à uti/Jzação produtiva da terrn, mas nw1ca f oi votada pel o Congresso, o que nos faz entendei' como sendo uma ilegalidade"

ração é de ordem legal. Como deputado, tenho obrigação de zelar pela legislação brasi leira a fim de que seja cumprida, sobretudo no que se refere à Constitu ição. Quando não se respeita a Constituição, nada de sério e durável pode ser feito em qualquer atividade pública, seja ela de ordem ambiental, fu ndiária ou de outra natureza. A legislação é bem clara na Constitu ição de 1988: a União, os estados e os municípios devem legislar concorrentemente - isto é, ao mesmo tempo - sobre a questão ambiental, a pesca, a fauna, a conservação da natureza, a do meio-ambiente e poluição. Catolicismo - Parece haver lógica nessa participação dos estados e dos municípios na legislação, pois num país com a dimensão do nosso, não se pode pensar numa lei que valha igualmente para os estados do sul e sudeste como para os situados na nossa Amazônia ...

Deputado Colatto - Isso mesmo! A Constituição define que, na legislação concorrente, a União estabeleça apenas as normas gerais, deixando aos estados e municípios as matérias específicas. Infelizmente, não é isso que vem acontecendo. A Un ião, não se contenta ndo com as normas gerais, invadiu e encamM ARÇ0 2010 -


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Deputado Colatto -

Se colocarmos o quadro dos biornas, só as reservas legais mais as APPs somam 48% do território brasileiro. Na verdade, isso representa uma estatização dessas áreas. Se levarmos em consideração as áreas indígenas, de quilombolas, de sem-terra, parques e áreas de proteção, nós temos 71 % do território brasileiro engessados pelo Estado, porque essas áreas pertencem ao governo federal. Não são dos índios, não são dos sem-terra, não são dos quilombolas. Só restam 29% de área para a agricultura, a pecuária, as cidades e as estradas. Isso equivalerá à estagnação da economia brasileira.

pou a parte específica dos estados e municípios. Foi assim que a União legislou sobre as florestas, particularmente com a Medida Provisória 6.166 de 2001, que equivale a um novo Código F lorestal. Essa MP contém 67 restrições à utilização produtiva da terra. Mas ela nunca foi votada pelo Congresso Nacional, o que nos faz entender como sendo uma ilegalidade. Santa Catarina foi o estado pioneiro que comprou essa discussão, ao afirmar que não cabe à União legislar sobre normas específicas. Catolicismo - Além da ilegalidade apontada pelo Sr., que outros inconvenientes existem na MP 6.166, nesse novo Código Florestal? Deputado Colatto - Para se ter uma idéia, num país com dimensões continentais como o nosso, temos mais de 16.000 normas ambientais! Isso constitui um absurdo. Afinal, temos muitos brasis, com acentuadas diferenças climáticas, de solo, de topografia, de atividade econômica, e ainda com usos e costumes diferentes. Por isso mesmo, ela contém muitos inconvenientes que vêm inviabilizando não apenas o meu estado, mas todas as unidades da Federação. Se esse Código Florestal for aplicado em Santa Catarina, 80% do estado ficarão engessados para a atividade agropecuária, pois se enquadrarão nas áreas de preservação permanente, as propaladas APPs. Catolicismo - A briga comprada pelos catarinenses parece ter chegado a bom termo para o seu estado. Que solução os Srs. encontraram para a elaboração do Código Ambiental Catarinense, e que resultados práticos ele vem produzindo junto aos agropecuaristas? Deputado Colatto - Para enfrentar o problema criado por esta espécie de usurpação por parte da União, fomos buscar na própria legislação federal a parte que competia aos estados legislarem. A partir daí, fizemos o nosso Código Ambiental, que levou em conta a ciência e a técnica, além do bom senso. Com assistência técnica, pode-se fazer a preservação do ambiente e conti nuar produzindo. Foi desse modo que revertemos a situação anterior, e hoje, graças a Deus, 80% do estado de Santa Catarina estão viabilizados para as atividades agropecuárias. Atente-se apenas para uma entre as muitas incoerências do processo da lei federal vigente. No sul do Brasil, 80% das áreas podem ser exploradas, fora as montanhosas ou matas ciliares. Pergunto: qual a ciência que entrou para estabelecer tal critério? Hoje podem ser 80% da área de Santa Catarina, mas de um momento para outro poderão passar para 20% ... Catolicismo - Caso a voragem estatizante continue, que conseqüências poderão advir para o País?

CATOLICISMO

Catolicismo este impasse?

E qual saída o Sr. aponta para

A ocupação desordenada ocorreu na época em que não havia energia elétrica nem tecnologia. Mas hoje podemos usar tecnologias, por exemplo, para não jogar os dejetos num rio. Devemos buscar a ciência para planejar tais ocupações, mas sempre respeitando as áreas consolidadas, pois não podemos sair por aí derrubando cidades pelo fato de as mesmas se encontrarem a menos de 30 metros das margens de um rio. Não vamos derrubar indústrias estabelecidas nem deixaremos de produzir alimentos em decorrência disso. O projeto de Código Ambiental Brasileiro, que pretendemos fazer, visa à regularização sensata das terras e do seu respectivo meio ambiente nas cidades e nos campos.

do presidente da República sobre Direitos Humanos não escolheu o caminho certo. Pois prevê que, quando ocorrer uma invasão rural ou urbana, será necessária uma audiência pública com a participação dos envolvidos no conflito, antes de o juiz dar a sentença de reintegração de posse. Isso, para mim, é algo muito temerário. Desse jeito, a pessoa não terá seu carro de volta em caso de assalto e roubo_; não terá seu apartamento, no caso de uma invasão; nem outros bens violentados serão restituídos antes de uma audiênc ia pública. Mas o fato é que se trata de uma propriedade, não importa qual seja o bem, e o governo tem obrigação de garantir esse patrimônio individual dentro da sociedade. Sem tal garantia, estaremos no fundo do poço.

Catolicismo - Por que a mídia em geral, as ONGs, certos políticos, quando se referem ao meio ambiente, parecem focar apenas o meio ambiente rural? Deputado Colatto - Acontece que a le i atual se restringe ao Código Florestal. E o novo código trata da água, do solo, do ar, da floresta e dos animais. A tudo isso nós devemos acrescentar os homens! É o viés que induz as pessoas a pensar que os problemas se encontram apenas no meio rural. Contudo, se tomarmos as cidades do Brasil ou qualquer atividade humana, tocaremos no meio ambiente. São Paulo, por exemplo, antes de se tornar cidade, não era uma floresta? Foi tirada a floresta da Serra do Mar, da mata atlântica, e implantada uma cidade que é enorme fonte de poluição. Ninguém fa la da poluição do rio Tietê. Em geral, a água chega mais limpa na cidade do que quando sai. Ela volta para o campo, e o campo a purifica novamente. Ao passar por outra cidade, recebe nova carga de poluição, e assim por diante. E isso nós precisamos martelar, no sentido de indicar os principais focos de poluição, e não ir culpando sem mais os homens do campo.

Catolicismo - O Sr. acha que esse programa dos direitos humanos vai passar no Congresso? Deputado Colatto - Esse decreto não tem respaldo legal. Decreto é um ato do Presidente da República normatizando uma lei. Esse aí, estranhamente, não passa de uma "intenção". Ele precisa de uma lei aprovada pelo Congresso para que tenha validade legal. Alimento a esperança de que, ao chegar às nossas Casas legislativas, tenhamos a coragem de vetá-lo, para garantir uma sociedade livre e independente, com a vigência plena do direito de propriedade.

Deputado Colatto -

Em primeiro lugar, precisamos planejar a ocupação de nosso território, pois de desordem, basta a que já existe! Para isso, necessitamos com urgência fazer um pacto federativo descentralizado. A União estabelecerá as normas gerais, os conceitos, os princípios e as diretrizes. Os estados farão seus regulamentos específicos. Tomemos, para ilustrar, o conceito de "topo de morro". Tal conceito deverá necessariamente levar em conta a realidade de cada estado. No Amazonas o conceito pode alcançar 500 m;'já em Santa Catarina ou Minas Gerais, poderia ati ngir até 1.500 m de altitude.

A Medida Provisória

6.166 de 2001, que equivale a um novo Código Florestal, con-

tém 67 restrições à utilização produtiva da terra.

"Para enfrentar o problema criado pela usmpação por parte da União, tomos buscar na legislação a parte que competia aos estados e municípios legislarem "

Catolicismo - De acordo com tal planejamento, seria possível aproveitar regiões de cultivo antigas, que nunca prejudicaram o melo ambiente? Deputado Colatto - Exatamente. A partir das norm,as gerais, sempre técnicas e científicas, podemos considerar para efeito de uma legislação específica até mesmo cada propriedade rural. Pois em cada propriedade a realidade pode mudar. O objetivo será respeitar as áreas consolidadas. Não podemos trabalhar com base num Código Florestal mal pensado, mal elaborado, uma vez que não obedeceu a nenhum critério técnico. Na verdade, um diletantismo. Isso não é razão para se mudar tudo, para satisfazer o capricho de alguns "inventores" de leis. Catolicismo - Esse código florestal nacional vem ·sendo respeitado pela população brasileira? Como resolver a delicada questão? Deputado Colatto - Como ele não foi elaborado para a nossa realidade, não está sendo respeitado. Analisemos o caso das ocupações territoriais urbanas. Elas foram feitas sem nenhum planejamento. Morros que não podiam ser ocupados foram loteados, e hoje são habitados. A população avançou sobre as matas ciliares, em áreas sensíveis, em solos não apropriados, tudo ao seu bel-prazer.

Catolicismo - O governo lançou no final de 2009, por decreto, o Programa Nacional dos Direitos Humanos-3, que mexe profundamente no direito de propriedade no campo. O que Sr. tem a dizer sobre isso? Deputado Colatto - Considero que existem dois assuntos que o Brasil precisa resolver urgentemente. O primeiro deles é a questão fundiária, a fim de garantir o direito de propriedade e a segurança jurídica. Se não resolvermos essas duas questões, quem no Brasil terá garantia para fazer investimentos, ou seja, de aportar recursos para o setor produtivo? Isso ocorrerá apenas quando houver garantia plena do direito de propriedade e segurança jurídica. Ao debilitar o direito à propriedade, o decreto

Existem dois assuntos que o Brasil precisa resolver urgentemente. O primeiro deles é a questão fundiária, a fim de garantir o direito de propriedade e a segurança jurídica.

"O decreto sobre direitos humanos não tem respaldo legal. Tenho a esperança de que, ao chegar às nossas Casas l egislativas, tenhamos a corngem de vetá-lo "

Catolicismo - Para encerrar, o Sr. gostaria de fazer alguma observação para os leitores de Catolicismo? Deputado Colatto - Essa questão do direito de propriedade é algo de que o católico não pode abrir mão, como também do direito de expressão e do direito de ir e vir. Igualmente da defesa da vida e da família. Em recente declaração a propósito do referido decreto sobre os direitos humanos, a CNBB reafirmou nossa posição em defesa da vida e da família, contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao direito de adoção de crianças por casais homo-afetivos. Rejeitou também a criação de mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União, pois considerou tal medida intol.e rante, pretendendo ignorar nossas raízes históricas. A declaração da CNBB explicita: "Há propos-

tas que banalizam a vida, descaracterizam a instituição familiar do matrimônio, cerceiam a liberdade de expressão na imprensa, reduzem as garantias jurídicas da propriedade privada, limitam o exercício do poder judiciário, como ainda correm o perigo de reacender conflitos sociais já pacificados com a lei da anistia. Estas propostas constituem, portanto, ameaça à própria paz social". • MARÇO2010 -


No Horto das O(iveiras, Nosso Senlior sefreu, rezou e venceu So(icitado a comentar a Paixão e Mol'te de Nosso Senhor Jesus Cristo nas yroximiáades da Semana Santa, em coeferência de 31 áe março de 1984 o Pref. P(inio Corrêa de Q(iveira atendeu oyedido, aGordanáo também oyeríodo queyrecedeu a Paixão e o que se seguiu à Ressun-eição. Preferiu exyor maisyormenorizadamente a Oração eAgonia de Nosso Senhor no Horto das Q(iveiras, ~isódio da Paixão que mais o imyressionava, yois, cor_iforme exyncou em diversas ocasiões, a(i o Divino Redentor venceu uma 6ata(ha na qua( estavam contidas todas as demais que haveria de travar até a Crucjfixão e Morte no afro do Ca(vário. No Horto, Nosso Senhor _"gemeu, considerando os sefrimentosyefos quaisyassaria, so(uçou, rezou e venceu". A seguir, o texto da cor_iferência extraído de gravação em jita magnética, sem revisão do autor. A redação de Cato{icismo '!Penas inseriu entretítu(os e ad'!J?tou a nnguagemja(ada à escrita.


g PUNI0 CORRÊA DE OLIVEIRA

fl

o seu conjunto, o Rosário nos estimula a meditar os

principais fatos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. São distribuídos em três grupos: os gozosos, os dolorosos e os gloriosos.

Fatos gozosos Os fatos gozosos são aqueles que deram, no sentido mais nobre da palavra, razão para gáudio aos Corações Sacratíssimos de Nosso Senhor e de Nossa Senhora. Podemos imaginar esse gáudio, calculando a alegria ocasionada pela Anunciação do anjo à Santíssima Virgem e a Encarnação do Verbo no seu seio puríssimo. Mas também podemos avaliá-lo na alegria que manifestou a Virgem na visita a Santa Isabel. Saudada por sua prima, Ela canta o Magnificat - o maior cântico de alegria e de vitória de toda a História! Depois, as alegrias do Natal, o nascimento do Menino Jesus. Notamos um pouco dessas alegrias pensando em nossos Natais, nas emoções que sentimos quando nos aproximamos de um presépio e osculamos os pés da imagem do Divino Infante. E podemos imaginar o que Ela teria sentido no Natal por excelência, que foi o de seu Divino Filho. Em seguida, contemplando a Apresentação no Templo, podemos perceber a alegria com que o Menino Jesus se comunicou aos homens, de tal maneira que o profeta Simeão cantou a glória de Nosso Senhor e profetizou o que Ele se tornaria. O Divino Infante, na aparência sem entender, no entanto compreendendo tudo e inspirando aquele cântico! Vêm, na seqüência, a perda e o encontro do Menino Jesus no Templo, por Nossa Senhora e São José. Enquanto discutia com os Doutores da Lei, Ele há de ter sentido tristeza por exj por sua mãe e seu pai adotivo à provação por ter desaparecido. o:i Seus pais O procuraram e não O encontravam. Mas, quando lig os viu entrar no Templo, teve a alegria de consolá-los e de pôr o:i fim ao seu sofrimento. Que alegria! .IJ ª Esses são os fatos que correspondem aos cinco mistérios gozosos do Rosário.

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Fatos gloriosos Como tratarei mais longamente da Agonia de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras, passemos dos mistérios gozosos para os gloriosos, os quais, muito mais do que a simples alegria, representam a glória.

A Ressurreição é o primeiro mistério glorioso. Imagine-se a alma santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, que tinha descido ao Limbo para libertar todas as almas dos justos que estavam à espera daquele momento, a fim de irem para o Céu. Chega depois o momento glorioso da Ascensão de Nosso Senhor aos Céus. Aquele Corpo Santíssimo, imobilizado por ataduras e coberto de ungüentos com que se cobriam os que tinham deixado o número dos vivos, de repente começa aresplandecer de glória. Dá-se a Ascensão ao Céu. Na Terra ficam os homens, mas a glória d'Ele cobre tudo. Depois, enquanto Nossa Senhora reza recolhida e extasiada no Cenáculo, os Apóstolos olham para Ela e percebem muito mais a sua semelhança com Nosso Senhor. De repente o Espírito Santo desce, e baixa uma chama sobre a cabeça venerável da Rainha do Céu e da Terra. Essa chama divide-se em doze, e paira também sobre as cabeças dos Apóstolos. Todos, transportados pelo Espírito Santo, transformam-se em outros homens, e logo depois começam a pregar. Eles parecem "ébrios" do Espírito Santo, de tal maneira ficaram entusiasmados. A glória resplandece. Vem a ocasião da Assunção de Nossa Senhora aos Céus, e pode-se imaginar os anjos cantando e formando uma verdadeira glorificação em torno d'Ela, levando-A à morada eterna da alegria, da glória, da felicidade insondável e sem alteração. Essa felicidade aumentou quando Nossa Senhora entrou no Céu. Ela, a Medianeira de todas as graças, é coroada pelas três Pessoas da Santíssima Trindade: pelo Padre Eterno, como Sua Filha diletíssima; por Nosso Senhor Jesus Cristo, como sua Mãe admirabilíssima; e pelo Espírito Santo, como sua Esposa fidelíssima.

Fatos dolorosos Esses dois períodos correspondem a dois altos píncaros: um cheio de suavidade, doçura e discreta resplandecência dos prazeres de alma íntimos e serenos; e o outro, das grandes e régias glórias. Entre esses dois píncaros, um vale profundo - o vale da dor! No fundo desse vale, no que ele tem de mais cheio de trevas e de sangue, ergue-se uma montanha. Geograficamente pequena, mas dela se poderia dizer que é o mais alto monte da Terra: o Calvário! Nesse monte, uma Cruz. Junto à Cruz, de pé, heróica, Nossa Senhora que chora. Cravado na Cruz com dores inenarráveis, com sofrimentos maiores do que todos os homens poderiam imaginar, o Homem-Deus que expira: "Eli, Eli, lamma sabacthani" (Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?). E depois o "Consummatum est" (Tudo está consumado). Ele entrega o seu Espírito. A Virgem Santíssima em lágrimas. As santas mulheres, ao pé da Cruz, em convulsões de tristeza - uma santa e ordenada tristeza que as dilacerava. O Apóstolo virgem, São João Evangelista, entregue pouco antes a Nossa Senhora como filho, sente aquela punhalada no fundo de sua alma e pensa em socorrê-la. Mas quem poderia consolar devidamente Aquela que viu morrer um Filho como Aquele? Tudo é dor, são os mistérios dolorosos: a Oração e Agonia de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras; sua flagelação; sua coroação de espinhos; Ele carregando a Cruz até o Calvário; MARÇO2010 -


por fim, crucificado e morto. São os cinco episódios marcantes da Paixão do Divino Redentor. Parece-me preferível cingirmo-nos a um só desses episódios, e tratarei do primeiro, que sob certo ponto de vista contém todos os outros.

A Oração e Agonia de Nosso Senhor no llorto Oração em que Horto? O das Oliveiras. Que agonia? Agonia é uma palavra proveniente do grego, que significa luta, e aqui se trata da que Nosso Senhor teve no Horto. Que luta foi essa? E o que aconteceu com Ele, a tal ponto que suou sangue? A Igreja, que tem todos os seus desvelos e sabe fazer tudo com as perfeições possíveis e excogitáveis por nós nesta Terra, celebra no dia anterior à Sexta-feira Santa a instituição da Sagrada Eucaristia. A Quinta-feira Santa foi o dia em que Judas saiu à noite para vender Nosso Senhor Jesus Cristo. Os Apóstolos portaram-se com certa tibieza durante a Santa Ceia, na qual entretanto Ele fez maravilhas como a de instituir a Sagrada Eucaristia: consagrou o pão e o distribuiu aos Apóstolos; consagrou o vinho e também o distribuiu. Retirou-se depois da Ceia, triste pelo que acontecera num ambiente que não cmrespondia ao que Ele desejava, mas ao mesmo tempo alegre porque a sua obra tinha se consumado na constituição da Igreja. Dirigiu-se juntamente com os Apóstolos para o Horto das Oliveiras, a fim de rezar. Relembrando esses fatos da Quinta-feira Santa, a Igreja faz uma celebração impregnada de tristeza. Os paramentos são festivos, mas diversos pormenores indicam uma grande tristeza q1:1e se inicia. Terminada a Missa, as Sagradas Espécies são levadas para um tabernáculo de madeira colocado no alto do Monumento, representando o sepulcro de Nosso Senhor, cercado por arranjos florais e velas. No Monumento, adora-se a Nosso Senhor realmente presente, mas colocado num tabernáculo que lembra a sepultura, onde permanece até a celebração da Páscoa. As sombras da mo1te começam a cercá-lo.

"Que utllldade há no meu sangue?" Chegando Nosso Senhor ao Horto das Oliveiras, disse aos Apóstolos que desejava rezar. Ficou só, e os Apóstolos reuniram-se mais adiante. Começa então a "Oratio in Horto Domini Nostri Jesu Christi" (Oração de Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto), e com ela a Agonia, a luta de Nosso Redentor. Ele sabia que Judas, o traidor, O estava vendendo. Tinha conhecimento de que os judeus e os esbirros dos romanos viriam prendê-Lo. Sabia que começava sua Paixão, com todos os aspectos morais e fisicos que adviriam - todas as ingratidões, todas as maldades, todas as injúrias, todas as friezas, todas as perversidades que se cometeriam contra Ele. Media as dores que sua Mãe sentiria com tudo isso. Sentia compaixão das santas mulheres, que sofriam tanto com seu drama. Também padecia considerando todos os pecados de todos os homens ao longo da História da humanidade, que abusariam do holocausto que Ele faria para obter-lhes a Redenção. Nessas considerações, enuncia uma queixa que consta na Escritura Sagrada: "Quae utilitas in sanguine meo?" (Que utilidade houve no meu sangue?). Ao considerar a enorme quantidade de pessoas que pecam,

que O ultrajam, que O calcam aos pés, brota a pergunta pungente: por que sofrer por tais pessoas? Quantos se perderão? Por que essa ingratidão? E seu olhar profético desvenda no inferno todos os pecadores empedernidos, ardendo por uma eternidade inteira porque não quiseram amá-Lo.

"Meu Pai, se for possível, afaste-se de mim este cállce" Mas ao mesmo tempo que discerne tudo que seu Corpo Sagrado sofrerá, aceita tudo para redimir os pecados da humanidade: Se é esse o preço da Redenção, que Eu sofra tudo isso. Mas o Homem-Deus, perfeitíssimo também em sua natureza humana, começou a sentir uma espécie de pavor à medida que tudo ia se desenrolando aos seus olhos. A Sagrada Escritµra atesta que Ele começou a sentir pavor, tédio e angústia ( "Et coepit pavere et taedere et maestus esse" - cfr. Me 14, 33; Mt 26,37). A maré montante dessa tristeza foi subindo, mas sua deliberação era firme: fará a vontade do Padre Eterno. E de seus lábios santíssimos brotou como uma flor esta oração de uma doçtira insondável: "Meu Pai, Meu Pai, se for possível, afaste-se de mim este cálice (esta dor); mas se não for possível, seja feita a vossa vontade, e não a minha ". Deus não é onipotente? Se para Deus tudo é possível, por que dizer "se for possível"? Encontramo-nos diante de um mistério. Por sua natureza divina Ele era Deus, e podia tudo perfeitamente; entretanto, em sua alma humana, pelo pavor do que adviria, fez o pedido: "Se possível, afaste-se de mim este cálice, mas seja feita a vossa vontade". Uma súplica como a de quem diz: "Se não for possível, mesmo diante da enormidade do sofrimento, eu vou enfrentá-lo". Apareceu então um anjo e lhe deu de beber um cálice com algo que O consolou, e lhe deu forças extraordinárias de alma e de corpo. Então Ele recompôs-se inteiramente, pronto para enfrentar o sacrifício. Note-se a natureza dessa provação e a força de tal consolação: um varão - o Homem-Deus - sofreu tanto que suou sangue. A medicina explica a razão desse suor: em certas tensões muito fortes, os capilares arrebentam e o sangue transpõe a pele, o que revela um estado de aflição extrema. Ele já começava no Horto a verter o sangue redentor, e foi consolado pelo anjo para ir ao encontro do supremo sacrifício na Cruz.

"Uma lwra não pudestes vigiar comigo" Ainda no Horto, Ele carrega uma dor a mais. Procurou os Apóstolos, para ter uma consolação naquela dolorosa hora, mas encontrou-os dormindo, e se queixou: "Uma hora não pudestes vigiar comigo!". Ou seja, os Apóstolos encontravam-se num pavoroso estado de tibieza e indiferença. Dormiam naquela hora de agonia - hora que todos os santos da Igreja contemplaram e contemplarão com veneração até o fim do mundo. Os Apóstolos dormiam, e o Divino Mestre permaneceu só naquela luta. Chegou o momento em que os esbirros aproximaram-se para prendê-Lo. Nosso Senhor levanta-se altaneiro e vai ao encontro da turba. Aparece Judas, o asqueroso, e com seu hálito fétido dá o beijo da traição. Cena bem representada em famosa pintura de Giotto, na qual Judas aparece com olhar hesitante, sujo, osculando o Homem-Deus. MARÇO2010 -


Atrás do traidor estão os soldados romanos, que indagam quem era Jesus de Nazaré. Nosso Senhor enfrenta-os, e diz: "Ego sum!" (Sou Eu!). Mas afirmou isso com tanta grandeza e tanta força, que todos caíram com o rosto por terra. De pé, como um guerreiro que ganhou uma batalha, Ele vai ao encontro dos acontecimentos da Paixão.

Luta contra si mesmo, uma batalha que não cessa Jamais Na luta que travou no Horto, Ele vencera a primeira fase do sofrimento para obter a Redenção do gênero humano. Essa é a parte da batalha que corresponde, na vida espiritual, à luta contra si mesmo. Caso ela não seja vencida, não se conseguirá vencer nenhuma das outras. Cabe aqui um comentário aplicado a nós: esta é, de fato, a primeira batalha, mas deve ser sustentada durante toda a vida, e se prolonga até o momento em que nossa alma se separa do corpo. A Igreja nos ensina que essa batalha não cessa jamais: é a batalha do homem contra si mesmo, suas más inclinações, seus defeitos frutos do pecado original. Nenhum homem é verdadeiro batalhador se não vence a si próprio, se não vence as tentações que o arrastam para praticar o pecado. O homem pode ganhar uma guerra, mas se perde a batalha de sua vida, é um comediante, e não um batalhador! Entretanto, que diferença entre a batalha de Nosso Senhor Jesus Cristo e a nossa! No interior d'Ele travava-se uma batalha de perfeições. Mas dentro de nós, quanta infidelidade, quanta sujeira, quanta imperfeição, quanta raiz profunda de pecado, quantas abominações que se levantam como um formigueiro constante, tentando dominar nossa alma! Contra tudo isso, é preciso lutar sem trégua. É a primeira batalha, porque é prévia e está na raiz de todas as outras que vamos travar todos os dias ao longo da vida, e mesmo em todos os momentos. Batalhando contra nós mesmos, ou seja, perseverando, melhorando, santificando-nos.

Considerar de frente o sofrimento Estando claro que esta é a primeira batalha, pode-se fazer a pergunta: Como é que ela deve ser travada? A resposta, Nosso Senhor a deu no Horto das Oliveiras: Nunca fugir, nunca deixar de olhar o sofrimento que se nos apresenta. Se fugir, o homem estará com meia batalha perdida. Se não encarar o sofrimento agora, não o enfrentará amanhã. Numa guerra, o soldado sai de sua trincheira e vai de fuzil em punho atacar o adversário. Se avança sem a coragem de olhar para o inimigo (porque, se o encarar, perderia a coragem), em breve jogará o fuzil no chão e fugirá. Só terá coragem de ir em frente se tiver a coragem de olhar para a frente. Da mesma forma, em nossa vida nunca devemos fechar os olhos para as provações que surgem em nossos caminhos. Quando elas aparecerem, por mais duras que sejam, é necessário vêlas de frente e por inteiro. Mas, para enfrentá-las, é preciso recorrer à proteção da Santíssima Mãe de Deus e nossa. Assim, para cumprir os Mandamentos divinos - vencendo a batalha para manter a castidade, batalha contra o amorpróprio, contra o orgulho, contra a vaidade, etc. - devemos

medir o combate árduo que isso representa. Não podemos fechar os olhos para as dificuldades. Pode-se ter medo ao considerar quão dura será a batalha, mas para vencê-la, sigamos o exemplo que Nosso Senhor nos deu no Horto: Não fechou os olhos, viu tudo de frente. Teve medo, na perspectiva do que iria acontecer, mas o que fez? Pediu humildemente que, se fosse possível, se afastasse d'Ele aquele sofrimento. Mas ofereceu o que aconteceria, e que se fizesse a vontade do Pai. Pediu forças, recebeu-as e venceu!

Nosso Senhor era Vítima Inocente, nós somos vítimas culpadas Nosso Divino Redentor levanta-se como um gigante, como um sol! E se para nós é sumamente aflitivo pensar n'Ele sozinho, gemendo em sua agonia no Horto, e não ter a coragem de velar com Ele, é necessário não esquecer que cada um de nós esteve naquele momento presente no pensamento d'Ele. Durante a agonia no Horto, como que desfilou na sua mente cada um dos homens. Portanto, também cada um de nós. Ele nos teve presentes em espírito, e nossos defeitos O fizeram sofrer. Coisa terrível da qual não nos devemos esquecer, e que nos incita a rezar: "Miserere mei Deus, secundum magnam misericordiam tuam!" (Meu Deus, tende compaixão de mim, pela vossa grande misericórdia!). Essa compaixão, nós a devemos pedir em vista da quota de sofrimento que causamos em Nosso Senhor naquela noite no Horto. Tornamos a tristeza d'Ele ainda mais triste, tornamos a agonia d'Ele ainda mais dolorosa, não O ajudamos a carregar aquele fardo. Ó Mãe de Misericórdia, obtende-nos o perdão! Fizemos com que Ele sofresse ainda mais, por isso merecemos sofrer. Somos vítimas culpadas, enquanto Ele foi a Vítima inocente que sofreu por nós.

Devemos responder como Nosso Senhor: Ego sum! Se nos sentirmos fracos diante da perspectiva do sofrimento, não nos surpreendamos, porque representa uma batalha superior à força de qualquer homem. Mas peçamos forças a Nossa Senhora, pois Ela deseja que reconheçamos nossa incapacidade, e pela intercessão d'Ela conseguiremos tudo. Tenhamos coragem, e vamos em frente nessa batalha, por mais terrível que ela seja! Mais dia, menos dia, nos levantaremos como Nosso Senhor se levantou, foi ao encontro do perigo e venceu. Se o perigo nos perguntar "És tu quem procuro?", devemos responder como Nosso Senhor: "Ego sumi"

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Poder-se-ia objetar: o inimigo não vai cair de face em terra com a nossa resposta. Eu digo: lembre-se dos mártires da Antiguidade. Eles disseram "Ego sum", e também o mundo pagão não caiu por terra diante deles. Os imperadores romanos davam risada; a coorte de palhaços e bandidos que os cercavam também ria; a arena inteira divertia-se enquanto os mártires eram devorados pelas feras. Realmente, eles morreram sem assistir à queda do mundo pagão. Mas o Império Romano ruiu, séculos depois caiu com a face no chão diante da Cruz. A Cruz venceu! • MARÇO2010 -


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São João de Deus, modelo de verdadeira caridade U ma pessoa simples, quando tem verdadeiro amor a Deus, pode realizar grandes feitos, e mesmo atingir elevada santidade D PLINIO M ARIA SOLIMEO

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Montemor o Novo, onde nasceu o santo

CATOLICISMO

oão Cidade nasceu em Montemor o Novo, na província de Évora (Portugal). Seus pais eram tão humildes, que sua história não lhes registrou o nome. Quando tinha oito anos, ouviu um espanhol elogiar as belezas das igrejas e palácios de sua terra natal. Desejou vê-las com os próprios olhos, e seguiu o estrangeiro até chegar à cidade de Oropesa, em Castela. Só então deuse conta de que estava só no mundo, e que não sabia o caminho de volta. Sentando-se à beira da estrada, pôs-se a chorar, e depois a rezar o terço. Ague-

la que é o Auxílio dos Cristãos não se fez omissa. Passou então por ali um lavrador bem instalado na vida, que o aceitou como pastor.

Entre soldado e pastor, 11ão encontra sua vocação João Cidade cresceu e tornou-se um robusto rapaz, sempre no humilde ofício de pastor. Aos 22 anos, obedecendo à voz da graça que lhe dizia ter nascido para algo de grande, resolveu tentar fortuna como soldado. E quando o Conde de Oropesa arrebanhava recrutas para combater os franceses em Fuenterrabia, inscreveu-se para ir com eles.

A vida licenciosa dos acampamentos acabou exercendo má influência sobre ele, que aos poucos foi deixando as devoções; e debilitando-se sua vontade, sucumbiu às tentações. Advieram também outros perigos, como quando montou numa égua que saiu em carreira desabalada rumo ao campo inimigo. Como João a quisesse refrear, próximo ao campo francês ela o lançou fora da sela, sobre as pedras do caminho. Com medo de tornarse prisioneiro, implorou ardentemente o auxílio da Rainha do Céu. Nossa Senhora apareceu-lhe, edisse que aquela desgraça ocorrera porque ele já não rezava. Entretanto ele não se emendou, e surgiu um perigo ainda maior. Por ser ele muito honesto, o capitão da guarnição lhe confiou os despojos recolhidos do inimigo, para depois distribuí-los entre os soldados. Mas alguns deles o roubaram. O capitão ficou tão indignado, que o mandou enforcar, e ele recorreu de novo à Mãe de Deus. Passando um cavaleiro pelo local, suplicou ao capitão que comutasse a pena por desterro do campo de batalha. O antigo pastor voltou então para Oropesa e para seu antigo ofício. Após alguns anos, no desejo de defender a fé contra o Islã, João Cidade alistou-se entre os que acompanharam o imperador Carlos V a combater o turco Solimão, que ameaçava invadir Viena. No dia 19 de setembro de 1525 o mouro sitiou a capital austríaca, mas foi tal o ardor com que os católicos defenderam a cidade, que Solimão abandonou a empresa, ordenando antes como represália a morte de dois mil prisioneiros. Na volta, João Cidade visitou o sepulcro de São Tiago, em Compostela, e dedicou-se novamente ao pastoreio. Mas a voz interior não o deixava ficar naquela vida pacífica de pastor, e resolveu então ir para a África, para defender a fé contra os mouros. Conta a tradição que em Gibraltar ele começou a vender livros e estampas piedosas. Certo

dia encontrou no caminho um formoso Menino, vestido de farrapos, que lhe disse: "João de Deus, Granada será tua cruz". E desapareceu. O antigo pastor contava 40 anos quando voltou para a Espanha, estabelecendo-se em Granada com uma pequena livraria de obras e objetos piedosos.

São João de Ávila pregava numa igreja da cidade sobre São Sebastião. Ouvindo-o, ficou tão tocado que prorrompeu em soluços, gritando: "Misericórdia! Misericórdia!" . E batia no peito, arrancava os cabelos e a barba, de tal maneira que algumas pessoas, julgando-o louco, o levaram para o manicômio da cidade. Na época, um dos tratamentos para os loucos era espancá-los sem piedade, segundo o dito: "O louco, com a dor, torna-se cordato". Para sofrer por Nosso Senhor, ele nada dizia. Isso prosseguiu até que São João de Ávila tomou conhecimento do que ocorria, e foi em seu socorro. Com intuição profética, convenceu-o a dedicar-se ao serviço do próximo, e João Cidade então encontrou finalmente sua vocação.

"A mim fazes todo o bem que /'azes aos pobres" Em novembro de 1537, alugou uma casa em Granada. Com esmolas comprou leitos, e saiu em busca de pobres e doentes. Os que não podiam andar, levava-os nos ombros. Nascia assim o pequeno hospital que seria o berço da Ordem dos Irmãos Hospitalares de São João de Deus. Aquele humilde pastor, abrasado pela caridade, tornava-se assim um verdadeiro organizador e precursor de todos os métodos de beneficência modernos. Se cuidava dos corpos, era para fazer bem às almas. "Há quanto tempo não te confessas?" - perguntava aos seus pobres. E mostrava-lhes que muitas vezes os males do corpo são decorrência dos males da alma. Lavava os enfermos, curava suas feridas, consolava-os, alimentava-os. E diariamente, depois do entardecer, saía com um cesto de vime às costas e dois caldeirões pendurados nos ombros, a pedir esmolas para seus doentes. "Irmãos, fazei bem a vós mesmos" - gritava pelas ruas, mostrando que quem dá ao pobre empresta a Deus. Para praticar também a obediência, foi submeter-se ao arcebispo, o qual lhe deu apoio e proteção, e fez com que passasse a usar o sobrenome de Deus, que lhe havia dado o Menino Jesus. Como ele estava sempre vestido de farrapos, porque dava ao primeiro pobre mais necessitado que ele a roupa que usava, o arcebispo deu-lhe um hábito como o dos religiosos, proibindo-o de dá-lo a quem quer que fosse. Um homem que vivia à custa de mulheres de má vida afeiçoou-se ao santo, e dava-lhe muitas esmolas para seus pobres. Por um movimento da graça, e impressionado com tanta santidade e bom exemplo, rompeu aquela cadeia maldita. Pôs-se sob a direção do santo, para auxiliá-lo no cuidado dos pobres, e tornou-se seu primeiro discípulo.

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Quando outros discípulos surgiram, passaram a usar o mesmo hábito que ele. Mas o santo não pensava em fazer-se religioso nem em fundar uma ordem religiosa, o que ocorreu somente seis anos depois de seu falecimento. Os milagres começaram a suceder-se. Certo dia em que se atrasou muito na coleta das esmolas, passou o horário de tratar dos enfermos e de limpar a casa. Quando voltou, encontrou tudo feito. Perguntou aos doentes quem o tinha substituído, mas responderam-lhe que fora ele mesmo. Disse-lhes então: "Muito vos ama Deus, irmãos, pois manda os anjos para que vos sirvam". Em outra ocasião encontrou na rua um pobre tão pálido e macilento, que parecia prestes a dar o último suspiro, e carregou-o para o hospital. Quando quis lavar-lhe os pés, viu neles chagas formosas e resplandecentes. Era Jesus Cristo, que lhe disse: "João, a mim fazes todo o bem que fazes aos pobres".

Não nlantropla, mas verdadeira caridade

era a casa própria dos pobres e peregrinos sem pousada. Tudo isso ele fazia com o desígnio de, através dos corpos, salvar as almas. Aqui cabe uma ponderação de D. Guéranger, abade da célebre abadia de Solesmes, na França. Como o "primeiro e maior mandamento nos leva a amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos por amor a Deus, praticamente desapareceu a verdadeira caridade, pois o que se faz pelos pobres em nossos dias resulta de razões meramente naturais, e não do amor de Deus. A caridade foi assim substituída pela filantropia: "Afilantropia, em nome da qual se pretende apartar-se do Pai comum e socorrer aos semelhantes apenas em nome da humanidade, é uma ilusão do orgulho, sem nenhum resultado. Não há possibilidade nem duração de união entre os homens, se estão separados de Deus, que criou a todos e quer atraí-los todos a Si. Servir à humanidade como tal, é fazer dela um deus. E os resultados têm demonstrado que os inimigos da caridade não têm sabido remediar as misérias do homem, nesta vida, melhor que os discípulos de Jesus Cristo, que só nele puseram os motivos e o entusiasmo para consagrar-se a assistir seus irmãos".* Isso explica inteiramente a caridade sobrenatural de São João de Deus. 11

A caridade de São João de Deus não tinha limites. Obteve a conversão de mulheres de má vida e recolheu-as numa casa, para fazerem penitência; socorria os pobres envergonhados, isto é, ricos que tinham caído na miséria; levava conforto moral e material para os preVitima da caridade sos; socorria os operários desematé no Jeito de morte pregados, os estudantes sem recurSempre pedindo esmolas para sos, e até os mosteiros necessitados; sua obra cada vez maior, São João comparecia às casas de donzelas de Deus foi a Valladolid, onde se pobres, viúvas desamparadas, donas de casa necessitadas, e a todas · encontrava a farru1ia real. Apresentaram-no então ao príncipe herdeilevava o sustento necessário; busro, futuro Filipe II. Caindo de joecava dote para casar donzelas, amlhos diante dele, disse São João: parava as órfãs em risco de perde"Senhor, a todos costumo chamar rem sua virtude; socorria os pobres irmãos; mas a vós, que sereis meu que tinham algum pleito para derei e senhor natural, não sei como fender o que era seu, e os soldados chamar". Respondeu D. Filipe: com soldo atrasado. Seu hospital

CATOLICISMO

"Chamai-me como quiserdes, irmão". Ao que retrucou o santo: "Pois eu vos chamo meu bom príncipe, e bom príncipe vos faça Deus no reinar, e bom fim vos dê para que vos salveis". Com isso conquistou a afeição e muitos auxílios do grande Filipe II. Chegando aos 56 anos de idade, estava gasto pelas penitências e pelos trabalhos, e teve que recolherse ao pobre leito no hospital. Mas ouvindo dizer que o rio que passa por Granada trazia em seu leito muita madeira, levantou-se a fim de recolhê-la para seus pobres. Estava nessa faina, quando viu um dos ajudantes do hospital ser levado pelas águas. Mergulhou para tentar salválo, mas não o conseguiu pegar. Com febre alta, foi levado para o hospital. Dona Ana Osório, grande dama local, vendo-o tão falto de assistência e de conforto, obteve do arcebispo uma ordem para que fosse levado para sua casa. Apesar do esmerado tratamento que aí recebeu, faleceu no dia 8 de março de 1550. •

A lição do crucifixo E m meio à devastação e à dor produzidas pelo terrível terremoto no Haiti, um. crucifixo eleva-se altaneiro e solitário, como a dizer àquele povo sofredor: "Vinde a mim, vós todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mt 11, 28) 1!1

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E-mail do autor: pmso lim eo @cato licismo.com .br

rês homens passam numa motocicleta. Apenas um deles olha para a imagem do Salvador crucificado. Quantos haitianos, tão duramente atingidos em seus corpos, seus bens e suas almas, terão elevado seus corações e suas preces para Aquele que pode aliviá-los? Quantos latino-americanos? Quantos habitantes deste mundo o terão feito? Quem preservou da destruição aquele crucifixo, como símbolo de sua onipotência e de sua misericórdia, não poderia ter preservado toda a nação? Que desígnios insondáveis há por detrás de acontecimentos tão trágicos?

Notas:

O slgnlncado espiritual do terremoto

* Dom Próspero Guéranger, San Juan de Dios, em E! Ano Litúrgico, Editorial Aldecoa, Burgos, 1956, tomo II, p. 833.

Outras obras consultadas: -F.M.Rudge, St. John o/God, The Catholic Encyclopedia, Online Edition, Copyright © 2003 by Kevin Knight: www.NewAdvent.org - Edelvives, San Juan de Dios, em El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1947, tomo II, pp. 81 e ss. - Fr. Justo Perez de Urbe!, O.S.B., San Juan de Dios, Ediciones Fax, Madri, 1945, tomo I, pp. 443 e ss. - Pe. Pedro Ribadeneira, San Juan de Dios, em Dr. Eduardo Maria Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Compafiia, Barcelona, 1896, tomo I, pp. 537 e ss. - Les Petits Bollandistes, Saint Jean de Dieu, em Vies des Saints, Bloud et Barrai, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo III, pp. 274 e ss.

O terremoto no Haiti marcou profundamente o imaginário do mundo todo. Muitos começaram a se perguntar se a mão de Deus não dava assim um primeiro sinal de catástrofes ainda maiores que estariam por vir, dado que os homens se obstinam em não atender aos reiterados apelos à conversão feitos em Fátima, La Salette e Lourdes. A mídia pôs em evidência os aspectos materiais da catástrofe, realmente terríveis. Mas escapou quase sempre às análises jornalísticas o significado espiritual de tão graves acontecimentos, aparecendo apenas aqui e ali em algumas declarações. Seria totalmente fora de propósito dogmatizar sobre o assunto, mas igualmente o seria ignorar essas advertências para o fato de que os pecados da humanidade podem ser causa de tão grandes males. Por que obstinar-se em não considerar esse aspecto no caso do Haiti?

Equilíbrio na Sagrada Escritura Hoje em dia, uma corrente de cientistas e publicistas divulga o conceito de que a ação humana está na origem de catástrofes climáticas, que se avolumam para desabar futuramente sobre o planeta.

Embora carentes de provas conclusivas, além de contestadas por conceituados conhecedores do assunto, essas previsões vêm sendo fortemente respaldadas por governos e pela mídia, quase como se fossem um dogma de fé. Com base em tais elucubrações, chega-se ao extremo de programar medidas drásticas para aviltar o padrão de vida das pessoas: aumento de impostos, restrições alimentares, diminuição do conforto e aceitação do miserabilismo. No entanto, quando se trata de indagar sobre o papel dos pecados dos homens - estes muito reais, e nada hipotéticos - , nas grandes catástrofes que estamos presenciando, descarta-se a ação divina reparadora. Deus é posto à margem, como se fosse indiferente à sua própria glória e às suas próprias leis: nada vê, nada ouve e nada faz. A Sagrada Escritura nos ensina o equilíbrio perfeito que se deve ter nessas ocasiões: "Consideremos que esses tormentos são menos graves que nossos pecados, e que esses flageMARÇ02010 -


los com que o Senhor nos castiga como escravos foram-nos mandados para a nossa emenda, e não para a nossa perdição" (Judite 8,27). É nessa perspectiva que se tornam dignos de consideração os depoimentos daqueles que atribuem a um castigo divino a enormidade da catástrofe. Sem querer tomá-los como incontrastáveis, entretanto é certo que fazem parte do quadro geral, e a esse título reproduzimos aqui alguns deles.

"Deus está zangado com o mundo"

De Papa Doe a Jean Bertrand Arlstlde

"A mulher chorava fora das ruínas da catedral de Notre Dame de Port-au-Prince: 'Veja o que Deus pode fazer!'. Muitos pediam a Deus uma explicação para essa catástrofe que visitou o Haiti. Dezenas de milhares de pessoas foram passar as noites nas ruas, cantando hinos e proclamando o Evangelho. Dudu Orelian, cujo irmão e sobrinho foram mortos, dizia do lado de fora da catedral: 'Deus está zangado com o mundo"'. 4

"O que aconteceu é um sinal de Deus"

"... de tanto mexer com macumba ... "

"Disse o Padre Eric Toussaint, na missa celebrada [em frente à catedral devastada] no primeiro domingo depois do terremoto: 'O que aconteceu é a vontade de Deus. Estamos nas mãos de [)eus agora. O que aconteceu é um sinal de Deus, dizendo-nos que devemos reconhecer o seu poder, temos de nos reinventar'". 1

O cônsul geral do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine, apareceu no programa SBT Brasil. Sem saber que estava sendo gravado pela equipe da repórter Elaine Cortez, o cônsul diz a um interlocutor: "A desgraça de lá está sendo uma boa pra gente aqui ficar conhecido. Acho que, de tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo ... O africano em si tem maldição".5 O cônsul depois pediu desculpas por ter feito essa declaração, que inclui uma alusão racista. Mas permanece de pé o fato de que muitos haitianos recorrem a ritos semelhantes à macumba.

"No poder desde 1957 [até 1971], Papa Docfez do Vodu a religião oficial do país e afirmou ser ele próprio o Baron Samedi, o espírito da religião da morte. "Ele freqüentemente usava cartola e fraque, e mandava trazer para seu palácio, em Port-au-Prince, os crânios das vítimas que mandava matar. Coletava o sangue dos prisioneiros que haviam sido torturados e mortos e o vendia por US$ 22 o litro, para grupos de saúde dos EUA. "Certa vez, ordenou a matança de todos os cães negros no país, depois que um inimigo político espalhou o boato de que se havia transformado num deles". Em 199 L foi eleito para a presidência o padre marxista Jean Bertrand Aristide, que deu um golpe de Estado e foi deposto. "Aristide voltou ao poder em 1994, apenas para fugir de novo depois de ameaças de que seria morto, cortado e comido. Desde então, apesar da presença de uma ineficaz força de paz da ONU, as quadrilhas continuam a causar estragos e morte em todo o país, onde os túmulos novos são guardados para evitar que os corpos sejam roubados para rituais vodu. "Os maisfamosos assassinos se reúnem no Cannibal Gang, um grupo de sádicos outrora liderados por um ex-prisioneiro com aspirações políticas, o qual se suicidou com um tiro no olho e teve seu coração cortado em pedaços, em 2004. Sua gangue ainda existe, matando pessoas inocentes e, segundo se alega, comendo seus órgãos ". 6

"Não é a Igreja que deveria dizer algo?" "Haitianos profundamente religiosos vêem a mão de Deus na destruição de proporções bíblicas que visitou seu país. Líderes religiosos disseram no domingo que o terremoto é a prova de que Deus quer mudar as coisas. Exatamente a mudança que Ele quer depende da fé. Alguns cristãos dizem que é um sinal de que os haitianos devem aprofundar a sua fé. Richard Morse, um renomado músico haitiano-americano, cuja mãe era cantora e reverenciada sacerdotisa vodu, 2 disse que a destruição de todas as igrejas católicas importantes na capital, incluindo a catedral, também era um sinal. Ele exclamou: 'Quando há toda essa corrupção em curso, de quem é o papel de falar na sociedade? Não é a Igreja que deveria dizer algo?'". 3

Visão falseada de católicos, de tipo sincrntista "Os sacerdotes vodu do Haiti estão se opondo ao enterro em massa dos corpos, pois consideram a medida imprópria para lidar com as dezenas de milhares de mortos do terremoto, e levaram sua queixa ao presidente René Préval. "Lançar os mortos em valas escavadas às pressas, sem ritos adequados, é visto como profanação em um país onde muitos acreditam em zumbis - corpos mortos trazidos de volta à vida por forças sobrenaturais, que poderiam perseguir os vivos". Com uma visão fa lseada, de tipo sincretista, "mais da metade dos nove milhões de haitianos praticam o Vodu, uma religião com raízes em África. Cerca de 80% são católicos, mas não vêem nenhum conflito entre os dois". 1

Cemitérios e cruzes são utilizados nos cerimoniais do vodu no Haiti

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CATOLICISMO

"Governo dedicado a Satanás"? Declarações do missionário protestante Tom Barret, em artigo de 3-11-2004, lidas com as devidas cautelas, lançam alguma luz para se compreender a situação atual: "'O Haiti é

o único país no mundo cujo governo é dedicado a Satanás. Espíritos demoníacos foram consultados para decisões políticas que modelaram a história do país'. Assim falou o reverendo Doug Anderson, que cresceu no Haiti com pais missionários, e serviu lá como missionário até 1990. Os líderes do Haiti não fazem nenhuma tentativa de esconder a sua fidelidade a Satanás. É um governo do diabo, pelo diabo, e para o diabo. "É um fato histórico bem documentado que o povo do Haiti foi dedicado a Satanás, 200 anos atrás. Em 14 de agosto de 1791, um grupo de sacerdotes houngans (vodu), liderado por um ex-escravo houngan chamado Boukman, fizeram um pacto com o diabo num lugar chamado Bois-Caiman. Os presentes prometeram exterminar todos os franceses brancos na ilha. Eles sacrificaram um porco preto, em um ritual vodu em que centenas de escravos bebiam-lhe o sangue. Neste ritual, Boukman pediu a Satanás sua ajuda para libertar o Haiti dos franceses. Em troca, os sacerdotes vodu ofereceram o país a Satanás por 200 anos, jurando servi-lo. Em l º de Janeiro de 1804, o povo do Haiti nasceu, e assim começou uma nova tirania demoníaca. "Na época do pacto, o Haiti era a mais rica colônia da França, conhecida como a Pérola das Antilhas por sua beleza singular. Mas logo se tornou uma das nações mais pobres e ignorantes do mundo. "O Vodu é baseado numa mistura de espiritismo africano e bruxaria. Dependendo da fonte de pesquisa, entre 75 e 90 por cento dos haitianos praticam o Vodu. Isto pode parecer falso, dado o fato de que o país é predominantemente católico. Mas, como seus antepassados africanos, os praticantes de Vodu não têm nenhum problema em abraçar várias religiões. Vão para a Igreja Católica no domingo e participam de cerimônias do vodu no fundo da floresta em outros momentos. "Em 8 de abril de 2003, o presidente Jean-Bertrand Aristide [que voltara ao poder pela terceira vez, em 2001] aprovou o Vodu como religião oficialmente reconhecida no Haiti e usou todos os dispositivos a seu dispor para promovê-lo. Nesse dia pagou todas as estações de rádio para tocarem só música vodu o dia inteiro. Ele trouxe 400 sacerdotes vodu da África Ocidental, o berço da religião do mal, para a promover. "Um casal de missionários que dirigem um orfanato e uma escola para 400 crianças no Haiti enviou um relatório para os seus apoiantes no verão passado. Nele se lê que um bebê foi roubado do hospital de St. Marc a fim de ser sacrificado para apaziguar os deuses vodu, no chamado dia especial de celebração. MARÇ02010 -


"Por 206 anos, Bois-Caimanfoi um lugar muito sagrado, um lugar alto, no qual só podem entrar curandeiros durante as cerimônias vodu. Por 206 anos, eles têm se reunido ali a cada 14 de agosto para fa zer sacrifícios a Satanás". 8 O relato informa ainda que, por uma ação dos cristãos, o local atualmente está "dessacralizado" e qualquer um pode ir lá.

"Disseram ao demônio: 'serviremos a você"' Na mesma linha, o evangélico americano Pat Robertson (foi candidato às primárias republicanas para a eleição presidencial de 1988), que anima um programa de TV, lançou uma polêmica nos Estados Unidos ao afirmar que o terremoto que arrasou Porto Príncipe seria conseqüência de um 'pacto com o diabo', selado pelos haitianos há dois séculos para se livrar dos franceses : "Eles se reuniram e disseram ao demônio: 'Serviremos a você se nos livrar dos fran ceses'. A história é verdadeira. E o diabo respondeu: 'Está certo ', relatou Pat Robertson. 'Desde então, eles são vítimas de uma série de maldições', afirmou o evangélico ".9 • E-mail do autor: cicla lencastro@cato lic ismo.com.br

Notas : 1. http://www.foxnews.com/story/0,2933,583206, 00 .html ?loomia_ ow=t0 : s0 :a4:g4 :r 1:c0 . OOOOOO:b0:z5. 2. Segundo os dicionários Michaelis e Aulete, Vodu é "Culto de origem africana, que tem analogias com a nossa macumba e é praticado nas Antilhas". 3. http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/ article/2010/01/17/AR201001170232l.html. 4. http://articles.latimes.com/2010/jan/ 16/world/lafg-haiti-church l 6-201 0jan 16. 5. http://br.noticias.yahoo.com:80/s/t 5012010/48/ manchetes-consul-haiti-sao-paulo-di z.html. 6. http://www.dailymail.eo.uk/news/article-t243016/ ANDREW-M ALONE -Rape-mu rder-vodu island-damned.html. 7 . http ://www.reuters.c om/arti c le/idUSTRE 60G2DF20100117. 8. http://www.americandaily.com/article/95. 9. http://www.google.com/hostednews/afp/article/ ALeqM5 gkDL_HHu Lsh2w33DmbS 3 Ad ETUIAQ.

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CATOLICISMO

São Luiz do Paraitinga, debaixo das águas No âmbito brasileiro, as enchentes que arrasaram a pequena cidade de São Luiz do Paraitinga, no estado de São Paulo, tiveram efeito análogo ao desastre na capital do Haiti: a maior parte da população viu a mão de Deus na tragédia. Fala por si o relato que reproduzimos abaixo: "Para grande parte dos moradores, há apenas um único motivo para o que aconteceu: um castigo de Deus. "Ao andar pelas ruas da católica Paraitinga, cidade de cerca de 11 mil habitantes destruída pela força das águas na virada do ano, há sempre um morador para explicar que Deus decidiu punir a cidade porque ela teria se transformado numa espécie de Sodoma e Gomorra. "Assim como as cidades bíblicas perdidas no pecado, e também destruídas por decisão divina, São Luiz do Paraitinga teria abandonado os ensinamentos de Deus e se perdido em festas mundanas. A queda da igreja matriz deixou claro para eles o recado. 'Vai mais gente à Festa do Saci do que à Festa do Divino, que é a festa do padroeiro', diz a cozinheira Bruna Aparecida da Silva, 23. 'É um castigo. Deus tá vendo tudo isso', emenda a colega de profissão, Benedita Arlete. "A Festa do Saci é uma espécie de micareta realizada na cidade no final de outubro. A grande atração de Paraitinga é, porém, seu carnaval, que chega a reunir em suas apertadas ruas 60 mil pessoas por dia. "'Tem que fazer festa para Deus, não para o outro lado. Saci é do outro lado, da esquerda, não é não?' - explica o agricultor João Rangel dos Santos, 67, que perdeu um filho em soterramento na noite da enchente. 'Isso é para as pessoas acordarem e voltarem a pensar em Deus', diz a dona de casa Rita de Cássia Cezar Ramalho, 45, vizinha da família dos Santos, no bairro Bom Retiro. "O engenheiro Jairo Borriello, participante do grupo de reconstrução da cidade, e que acredita na versão técnica para o desastre, diz que coincidências reforçam a versão religiosa. Uma delas é uma casa ter sido destruída pelas águas, e apenas uma parede, a única com crucifixo pregado, ter resistido. 'Que as imagens de santo estão sendo encontradas de pé, isso é fato, e ajuda a aumentar esse sentimento', afirmou. "Por fim, ainda há o rumor, ouvido pela Folha dezenas de vezes, de uma 'premonição': o padre Osmar, de Lagoinha (cidade vizinha), teria previsto o desastre, afirmado que as águas chegariam à matriz, e que não haveria carnaval neste ano" (Extraído da "Folha de S. Paulo", 17-110, do enviado especial Rogério Pagnan).

Fóruns sociais desembocam no vazio ■ PUNIO V IDIGAL XAVIER DA SILVEIRA

E

m fins de janeiro, realizaram-se os programados Fóruns Sociais Mundiais. No Rio Grande do Sul foram seis fóruns, um deles em Porto Alegre, os demais em outras cidades. Ante a incapacidade de realizar um grande e aparatoso evento, essa divisão é de fato um sinal de fraqueza. Do Fórum de Porto Alegre falou-se um pouco; dos demais, é como se não tivessem existido. Não contente com apenas esses encontros fragmentados, o governo Lula resolveu acrescentar mais um, em Salvador, que ficou conhecido como Fórum chapa branca, para o qual foram convidados diversos chefes de Estado. Diferentemente do fórum porto-alegrense, que abrigou os participantes em barracas, o da capital baiana ocupou confortáveis hotéis.

Porto Alegre Durante os debates, a que conclusões se chegou em Porto Alegre? Aparentemente, a nenhuma. Ou melhor, dividiram-se em duas correntes, cujo único ponto em comum foi constatar amargamente que as esquerdas estão em declínio. A divisão se deu em torno do calendário eleitoral: deve a esquerda sair a campo para apoiar um partido (no caso, o PT), ou deve permanecer distante das eleições? Em 2001 e 2002, nas primeiras edições do FSM, o clima era outro: "Os novos contestatários querem, também eles, uma globalização, mas de tipo anárquico-tribal, na qual, em última instância, sejam dissolvidas todas as nações e abolidas as autoridades, fa vorecendo assim o surgimento de pequenas comunidades autogestionárias, totalmente igualitárias ". 1 Dessa meta chibante inicial, decaíram agora para uma briga interna, a fim de definir se fazem ou não campanha para Dilma Rousseff! É cair muito ... "Cerca de 7 mil pessoas estiveram no Ginásio do Gigantinho para ouvir Lula. Muitos participantes, contudo, não esperaram o presidente terminar o discurso e deixaram o ginásio. [... ] O presidente reencontrou um Fórum Social Mundial sem o brilho de antes. Ainda assim, não perdeu a oportunidade de fazer campanha para os ministros Dilma Rousseff e Tarso Genro". 2 Para o jornalista Fernando de Barros e Silva, "o evento se tornou coisa de profissionais. [... ] São parasitas do Estado que adoram ressuscitar o fantasma neoliberal diante de platéias embasbacadas para manter viva a sua boquinha ".3 "A reunião [final] na zona portuária da capital gaúcha, começou com mais de 500 pessoas e terminou com menos da metade desse público. A tradicional passeata final, que iria do Gasômetro até a Assembléia Legislativa, foi cancelada por falta de manifestantes" .4

Salvador Também em Salvador o evento terminou no vazio, "sem a realização do que seria seu ponto alto: o encontro de 15 presidentes, entre eles Lula; mas nenhum chefe de Estado convidado compareceu. O número de participantes também foi menor do que o esperado. Dos 30 mil previstos, estima-se que 1O mil tenham participado".5 "O que se viu sábado em Porto Alegre e domingo em Salvador foi o melancólico encerramento de uma reunião que, com o tempo, se tornou irrelevante - tão desimportante que os participantes não tiveram energia para realizar a simbólica final nem para redigir um documento com as 'conclusões' do Fórum, se é que chegaram a alguma " .6

A crise da esquerda Mas a que se deve esse fracasso? Não à falta de dinheiro, pois aí estão os governos de esquerda para sustentar os fóruns . Não à falta de propaganda, pois a mídia não lhes faltou. O problema fundamental foi visualizado desde o início: "Foi traçada a meta de tentar resolver a 'crise de ideologias das esquerdas"'.7 Nesse sentido, o manda-chuva do MST (o ex-seminarista João Pedro Stédile) criticou a "profusão de 'movimentos e idéias difusas ' na esquerda latino-americana " 8 e admitiu ainda "que os movimentos têm perdido sua capacidade de mobilização". 9 Melancolicamente, esse mesmo líder dos invasores constatou: "Nos anos 70 e 80, bastava ocupar terras e se conseguia apoios que resultavam em pressão política. Hoje, a ocupação de terra não soma aliados. [... ] Estamos buscando novas alternativas para fazer aliados". 10 O problema fundamental das esquerdas atuais continua o mesmo da extinta União Soviética: têm muito dinheiro, galgaram o poder político, mas suas utopias não convencem a opinião pública, que delas se distancia. • E-mail do autor: plinioxavier@catolicismo.com.br

Notas: 1. Gregorio Vivanco Lopes e José Antonio Ureta, A pretexto do combate à globalização, renasce a luta de classes, Ed. Cruz de Cristo, S. Paulo, 2002. 2. "O Estado de S. Paulo", 27-1-10. 3. "Folha de S. Paulo", 2-2-10. 4. "O Estado de S. Paulo", 2-2- 10. 5. Idem, 1°-2-10. 6. Idem, 2-2-1 O. 7. "Agência Efe", 25-1-10. 8. "Folha de S. Paulo", 25-1-10. 9. "O Globo", Rio de Janeiro, 26-1-10. 10. Entrevista a "Zero Hora", Porto Alegre, 27-1-10.

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INFORMATIVO RURAL Bolívia importa tecnologia brasileira de "favelas rurais" O governo de Evo Morales está interessado em importar o modelo brasileiro de Reforma Agrária, especialmente no que diz respeito a: D Fiscalização da função social da propriedade para obter terras; D Normas constitucionais para desapropriação de áreas improdutivas; D Georreferenciamento; D Produção de alimentos em pequenas propriedades. Evo e Lula têm as mesmas idéias a respeito, e o governo brasileiro tem procurado cada vez mais estabelecer contatos com países do Mercosul na área de Reforma Agrária. Mas em matéria de agricultura, convenhamos, o Brasil tem tecnologias muito melhores do que a criação de "favelas rurais", disponíveis para passar a nossos irmãos bolivianos!

Cúpula do clima: pecuária acusada sem provas A 15ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP 15, em Copenhague) mostrou-se vazia de realidade e cheia de golpes de propaganda, ideologia e "religião". "Religião", sim, que é cheia de "dogmas" e ojerizas contra a civilização ocidental, mas cega para os dados verdadeiros da natureza. Até não muito tempo atrás, o vilão nº 1 nacional era o desmatamento. O ecologismo ideologizado não cessou de atacá-lo, mas "a pecuária começa agora a se tornar uma grande vilã" da emissão de CO 2 e do aquecimento global. É o que afirma Marcelo Galdos, do CENA (Centro de Energia Nuclear na Agricultura), instituição ligada à USP. E o desmatamento ficou reduzido à condição de um subproduto, no cômputo dos efeitos "aquecedores" da pecuária. O ataque concentra-se assim contra o agronegócio. O ministério do Meio Ambiente ignora o peso real da agropecuária nas emissões brasileiras. Em apresentação feita ao presidente Lula, para tentar alinhavar uma proposta para a reunião do clima em Copenhague, as emissões de CO 2 da agropecuária foram consideradas estáveis no período que vai de 1994 a 2010. Provas, portanto, não existem. Ficou assim impossível estabelecer CATOLICISMO

meta realista para redução das emissões da pecuária e da agricultura, que não fosse mero "chute" e pudesse ser apresentada na cúpula do clima. Porém, política esquerdista é outra coisa ...

A "vilã" cana-de-açúcar produz quase o PIB do Uruguai A produção de cana-de-açúcar, quase sempre apontada por nossa esquerda tupiniquim como urna das vilãs do agronegócio, apresenta números impressionantes no que se refere à economia e ao meio-ambiente. No mapa acima está definida a produção da cana por região, em milhões de toneladas, safra 20092010.

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da indenização, o Brasil deve publicar a sentença em veículos da grande imprensa do País.

Exposição em Paris homenageia MST A pretexto de comemorar os 25 anos de existência do MST, a Via Campesina e ONGs estrangeiras promovem em Paris uma exposição que retrata a vida dos acampamentos de sem-terra no Brasil. Instalada na praça Joachim Bellay, no centro de Paris, é composta por doi s barracos de lona preta, em que são exibidas fotos de Sebastião Salgado e réplica de uma escola do MST - com direito a projeções de filmes e debates. Os barracos foram montados pela Via Campesina e as ONGs Freres des Hommes e Centro de Pesquisa e de Informação para o Desenvolvimento-CRJD (Cfr. site do MST). Uma pergunta que se impõe: Quem pagou a conta dessa propaganda enganosa?

Intensa atividade internacional do MST No Brasil, o aspecto lobo mau do MST já é por todos conhecido e não engana mais ninguém . No exterior, entretanto, faz pose de bonzinho, vestindo pele de cordeiro e apelando para organismos internacionais. Nesse sentido, notícia sintomática foi publicada na colun a Painel, da Folha de S. Paulo (611 -09): "Depois da OIT, o MSTformalizou ontem denúncia na OEA reclamando ser criminalizado no Brasil. Os sem-terra, que recentemente foram acusados de depredar uma fazenda da Cutrale, se queixam de perseguição do Judiciário e da CP! instalada no Congresso". No dia 10 de novembro, o mesmo diário noticiou que a OEA condenou o Brasil a pagar uma indeni zação de 500 mil dólares pela morte de semterra envolvido em choque com a polícia numa reintegração de posse. Além

Índios ameaçam a usina de Belo Monte com "rio de sangue" Índios das margen s do rio Xingu ameaçaram fazer correr um "rio de sangue", se não for interrompido o projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Em carta divulgada pelo Canse-

,I_ lho lndigenista Missionário (CIMI), da CNBB, escrevem: "O rio Xingu pode se transformar em um rio de sangue, que o Brasil e o mundo estejam cientes com o que possa acontecer no futuro se os governantes não respeitarem o nossos direitos". Mais um item na escalada de ameaças e violências perpetradas por sem-terra, índios e quilombolas, fruto da funesta ação do CIMI, da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e do tridente do diabo (INCRA, FUNAI e fBAMA), que semeiam a luta classe e de raças no campo.

"Boi Pirata " embargou 50 mil hectarns e maltratou animais O Ibama conc luiu a operação Boi Pirata-2 na Amazônia, com um saldo de 50 mil hectares de terras embargadas e emissão de mais de 100 autos de infração, além de prender jornalistas e maltratar animais. Alegação? Na área crescem florestas que provavelmente são públicas, mas alega-se que foram invadidas. Um dos alvos da operação foi a área conhecida como Novo Progresso, no Pará. Segundo Márcio Ast:rini, do Greenpeace (o que estari a fazendo lá essa ONG?!), "o governo federal precisa tornar sua presença permanente". Mais essa - uma ONG estrangeira ditando o que governo brasileiro deve fazer!. .. Uma equipe de jornalismo da TV Bandeirantes (São Paulo) foi presa durante a operação. Além do maltrato de animai s - tran portados por mais de 3 mil km sem comer nem beber - o lhama e a Força Nacional de Segurança que escolta o gado são acusados ele abusos contra faze ndeiros e jornalistas. Os responsáveis pela operação só liberaram os jornali stas após tomarem a máquina fotográfica e apagarem todas as imagens registradas. Um fazendeiro acusa o lhama de não apenas levar o gado, mas também cavalos e equipame ntos. Declarou ele: "Eu não tenho como viver; nem como pagar as minhas contas". O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais também denuncia os atos abusivos do lhama: "O desrespeito é muito grande. Eles chegaram a queimar com gasolina os sacos de arroz dos colonos, furar panelas à bala, rasgar os sacos de açúca1: Eles fazem. um absurdo ".

O setor sucro-energético apresenta

os seguintes números D Empregos com carteira assinada no Brasil: 1,28 milhão; D Cada emprego direto gera dois indiretos; D PIB: US$ 28 bilhões, quase o PIB do Uruguai, que é de US$ 32 bi -

lhões; □

50% do açúcar comerciali zado no mundo;

D O etanol diminuiu 10% da emissão de gases de efeito estufa no Brasil

entre 1990 e 2006. Co nsiderados só os setores de transporte e geração de energia elétrica, o etanol, como combustível, proporcionou a redução de 22 % das emissões, com previsão de 43 % até 2020; D De 2005 a 2009, a redução de emissões pel.o uso do etanol brasileiro

representou 60% ele todos os créditos de carbono gerados pelo Mecanismo ele Desenvolvimento Limpo no mundo; D A cana é plantada em 25 estados, 1042 municípios, e oferece 1,28

milhão de empregos. Já o petróleo, explorado em 24 estados, só benefic ia 176 municípios e gera 73.075 empregos. Outra mentira soez das esquerdas é que a produção de cana-de-açúcar invadiria a Amazônia. O mapa abajxo mostra a produção da cana no Brasil, em sua maior parte bem longe da Amazônia brasileira.

Fonte: Boletim /11Jorma1ivo da FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) nº 1075 , 16 a 22 de novembro de 2009

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terro, tendo sucedido a este no Papado.

5 Santo Adriano, Mártir + Palestina, 308. Sabendo que

1 Santo Albino, Bispo e Confessor + Angers (França), 550. De no-

os cristãos eram perseguidos em Cesaréia, para lá se dirigiu a fim de prestar-lhes auxílio. Preso, foi açoitado e depois lançado aos leões, que correram para ele submissos. Teve então a cabeça decepada. Primeira Sexta-feira do mês

bre estirpe, foi eleito bispo de Angers já sexagenário; combateu vigorosamente, sob risco de vida, o imoral costume desenhores semibárbaros se casarem incestuosamente com irmãs ou filhas. Convocou o Concílio de Orleans, que estabeleceu penas severas contra esse abuso. Muitos milagres lhe são atribuídos.

cristão, tendo confessado ser discípulo de Jesus crucificado, foi condenado a correr na frente de um carro tendo seus pés atravessados por cravos". Primeiro Sábado do mês

2

7

Santa Inês da Boêmia, Viúva + 1282. Filha de reis, casada aos 13 anos com o príncipe da Silésia, ingressou no mosteiro cisterciense para terminar sua formação. Falecendo seu marido, resolveu entregar-se toda a Deus, fundando um asilo destinado aos pobres e um sodalício - a Ordem dos Cruciferos ou da Stella Rubra - para deles cuidar. Fundou também o Mosteiro das Irmãs Pobres, ou Damianitas, no qual professou e governou por 47 anos.

3 Santos Marino e Astét'io, Mártires + Palestina, 262. "Marino ia ser promovido a centurião, quando foi denunciado como cristão por um rival. Obrigado a escolhe,; preferiu a palma do martírio às honras militares. O senador romano Astério, que havia assistido ao seu suplício, foi condenado à morte por haver-lhe recolhido o corpo" (do Martirológio Romano).

4

6 São Conon, Mártir + Galiléia, 251. "Jardineiro

Santo Esterwin Abade, Confessor

+ Inglaterra, 686. Deixou a corte de Nortúmbria pelo claustro de Wearmouth, sob a direção de São Bento Biscop, seu parente. Como abade, foi modelo de piedade, prudência e amor à penitência.

8 São João de Deus, Confessor (Vide p. 36)

9 São Gt'egório de Nissa, Bispo e Confessor

11

16 Santa Eus bia de llamage, Vir'gcm + França, 680. Aos oito anos foi

+ Alexandria, 638. Nascido em Damasco, viveu 20 anos como eremita, para depois "ser colocado à frente da igreja de Jerusalém, que viu ser destruída pelos sarracenos" (do Martirológio Romano).

12

J

+ 417. "Estendeu a solicitude da

+ Séc. I. " Homem bom e jus-

Igreja Romana ao Oriente, defendendo São João Crisóstomo quando de sua expulsão da sé de Constantinopla. Na África, apoiou Santo Agostinho contra a heresia donatista. Na Itália, teve que enfrentar a invasão dos visigodos" chefiados por Alarico (Do Martirológio Romano).

to ", esteve presente na Crucifixão, conseguindo uma licença para sepultar Nosso Senhor. Segundo a Tradição, juntou-se depois aos discípulos de Jesu s e foi apóstolo fervoroso.

13 Santos Rodrigo e Salomão, Mártires + Córdoba, 857. Rodrigo, muçulmano convertido ao catolicismo, era sacerdote. Apaziguando uma disputa doméstica, seu irmão islamita denunciou-o ao califa. Na prisão encontrou Salomão, outro cristão preso por motivo análogo. Ambos foram decapitados por não quererem apostatar.

Santa FlorenLina, Virgem + Cartagena, 633. Irmã de três

tres presbíteros de Roma que seguiram São Cornélio ao des-

do Concílio de Nicéia contra os arianos. Venerado pelo impera-

17 São Jos de Al'imatéia, Confessor

Basílio e seu amigo São Gregório Nazianzeno a tríade dos Luminares da Capadócia, caracterizados desta forma: "Basílio, o braço que atua; Nazianzeno, a boca que fala; Nissa, a cabeça que pensa". Seus escritos figuram entre os que mais contribuíram para extirpar o arianismo nas regiões católicas onde vigoravam os ritos orientais.

+ Roma, 254. Foi um dos ilus-

viver com a avó, Santa Gertrudes, então abadessa de Hamage. Após a morte desta, foi eleita em seu lugar, apesar de ter somente l 2 anos.

Santo Inocêncio I, Papa e Confessor

14

10

padeiro, trocava o forno pelos livros, formando-se na Universidade de Viena. Fez-se redentorista em Roma , onde foi ordenado.

São Sot'rônio, Bispo

+ 400. Fo1ma com seu irmão São

São Macário de Jerusalém, Bispo e Confessor + 335. Foi um dos signatários

São Lúcio I Papa, Mártir

dor Constantino e sua mãe Santa Helena, com ela descobriu vários dos instrumentos da Paixão de Nosso Senhor, inclusive a verdadeira Cruz.

dos homens mais notáveis da Espanha - São Leandro de Sevilha; São Fulgêncio, o Pai dos pobres, bispo de Ecija; e Santo Isidoro, sucessor do irmão na sé de Sevilha - era também tia do mártir Santo Hermenegildo. Tomou o hábito beneditino. Auxiliada pelos irmãos, fundou 40 mosteiros, onde viviam mais de mil religiosas.

15 São Clemente Maria 1-lofbauer, Confessor + Viena, 1820. Aprendiz de

18 Santo Alexandre de ,Jerusalém, Bispo e Mártir + Cesaréia, 250. Discípulo de São Clemente de Alexandria, foi eleito bi spo na Capadócia. Dirigindo-se e m peregrinação a Jeru al é m, escolheram-no para bispo dessa cidade. Narra Eusébio que, "coroado de cabelos brancos, deu testemunho da sua f é nos pretórios e morreu coberto de grilhões numa prisão de Cesaréia " .

19 São José, esposo da Santíssima Virgem, Patrono da Igreja Un1vc1·sal e da Boa Mo1·tc Para se ter idéia da grandeza de São José, considere-se ape nas que foi digno esposo da Rainha dos Céus e pai adotivo de Jesus.

20 São WuHrano, Bispo e Confessor + Fran ça , 703. Foi nomeado para a sé de Sens enquanto seu titular, Santo Amatus , estava ainda vivo. M as resignou o cargo para ir evangelizar os frísios, empenhando-se em que estes cessassem de praticar sacrifícios humanos.

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Mártires de Alexandria

Santo I labib, Mártir

+ 339. Esses cristãos, que co-

+ Edessa (Iraque), 322. Diáco-

memoravam com Santo Atanásio a Sexta-Feira Santa na sé de Alexandria, foram massacrados pelos arianos e pagãos.

no, exercia a pregação no campo, sendo por isso perseguido. Escondeu-se e posteriormente apresentou-se ao prefeito da cidade, que o mandou queimar vivo. Antes de morrer, foi beijar sua mãe, que assistia ao suplício.

22 São Zacarias, Papa e Confessor + 752. Grego de origem, "por sua forte personalidade, soube impor-se junto a vários soberanos lombardos, francos e bizantinos. Em Roma, restaurou diversas igrejas e fe z grande número de fundações em favor dos pobres e peregrinos" (do Martirológio Romano).

23 São ,José Oriol, Confessor + Barcelona, 1702. De origem humilde, com o auxílio de alguns sacerdotes conseguiu ordenar-se e doutorar-se em Teologia . Grande pregador com o dom da profecia, era muito procurado para a direção das almas, e m virtude de suas luzes sobrenaturais.

24 Santa I lildelita , Virgem + Inglaterra, 524. Não havendo ainda conventos na Inglaterra, essa princesa atravessou o canal da Mancha, tornando-se religiosa na França. Voltou então à sua pátria, onde organizou a vida monástica em Barking.

25 Anunciação do Anjo e Encamação do Verbo Acontecimento transcendental da História: o Verbo de Deus encarnou no seio puríssimo de Maria.

28 DOMINGO DE RAMOS Triunfal entrada de Cristo Jesus em Jerusalém, poucos dias antes de sua Paixão e Morte.

29 SanLO Eustásio, Abade e Confessor

+ França, 625. Discípulo e sucessor do grande apóstolo da Irlanda, São Columbano, na abadia de Luxeuil (França). Sobrinho de São Mieto, bispo de Langres, deu novo brilho a essa abadia, na qual viviam 600 monges. Nela estabeleceu o coro perpétuo, de dia e de noite, com os monges sucedendose continuamente uns aos outros nos louvores a Deus.

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• Pelos méritos da Anunciação do an jo e da Encarnação do Verbo no seio puríssimo da Virgem Maria - festa celebrada no dia 25 de março - , que Nosso Sen hor Jesus Cristo con ceda abundantes graças para a boa forma ção moral e religiosa das cri anças. Pedindo a São José, protetor da Sagrada Família, que auxilie particularmente as famílias dos leitores de Catolicismo . Tam bém em reparação a Nosso Senhor ofendido pela devassidão e imora lidade praticadas no Carnaval.

+ Palestina, 649. Após brilhantes estudos, retirou-se ao deserto do Monte Sinai, onde inicialmente viveu isolado. Correndo a fama de sua santidade e saber, muitas pessoas passaram a procurá-lo em busca de conselho. Tornou-se o mais popular escritor ascético de seu tempo, devido à sua Escada do Paraíso, verdadeira súmula de espiritualidade monástica, que lhe valeu também o cognome de Clímaco, do grego clymax, que significa escada.

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+ Veneza, 1411. Alemão de ori-

São Teodoro e Companheir•os, Mártires

gem, estabeleceu-se como comerciante em Veneza. Bem sucedido, doava seu lucro aos camaldulenses, no convento dos quais morava como hóspede-leigo. Foi assassinado por ladrões que assaltaram o mosteiro.

tãos vindos do Oriente sofreram o martírio, provavelmente sob o imperador romano pagão Diocleciano.

Será celebrada pelo Revmo . Padre Dav id Francisquini, nas seguintes intenções :

Sáo ,João Clímaco, Abade e Conressot·

São Daniel, Mártir

+ Líbia, séc . IV. Esses 43 cris-

Intenções para a Santa Missa em março

Intenções para a Santa Missa em abril • Em razão dos méritos infinitos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, rogando a concessão das graças de que os leitores de Catolicismo mais necessitam. • Na Missa, haverá um memento especial pelas pessoas que mais sofrem em razão do terremoto que castigou o Haiti, bem como pelos brasileiros mais atingidos pelos desastres provoca dos por chuvas avassaladoras, como ocorreu em Angra dos Reis e São Luís do Para itinga.

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ireito, da Associação dos invocação de um arcanjo, o esclarecendo a opinião


Muitos amigos e participantes da Campanha Nascer é um Direito, da Associação dos Fundadores, puderam acompanhar quase diariamente os passos das três caravanas pelo blog http:/ /nascereumdireito.blogspot.com . Foi importantíssima a ajuda que esses amigos nos prestaram, fundamental para concretizarmos as caravanas. Aproveitamos aqui a op01tunidade para agradecer-lhes, e convidamos os leitores a se cadastrarem no site www.nascereumdireito.org.br, a fim de acompanhar outros lances desta luta. Como não podia deixar de ser, houve também manifestações isoladas e furibundas de repúdio. Todas elas, no entanto, vazias de qualquer fundamento, apenas repetindo slogans inventados pelos abortistas, como: "Aborto é questão de saúde pública!"; "Vocês não têm nada que se meter nisso"; "O Estado é laico ". Quando os jovens respondiam com argumentos e serenidade, o slogan murchava, e amarfanhados saíam os contestadores. Como importante veículo de divulgação, os caravanistas utilizaram o livro Catecismo Contra o Aborto, do Padre David Francisquini , e diversos folhetos explicativos, que encontraram excelente aceitação por parte do público. Esta nova cruzada ganhou atualidade ainda mais premente devido à publicação, no apagar das luzes de 2009, do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Entre várias outras aberrações, ele procura escancarar as portas do Brasil à prática do aborto. Esse Programa representou para nós um alerta: devemos ficar vigilantes e intensificar nossa ação. Se lutarmos, dentro da Lei de Deus e dos homens, Nossa Senhora nos dará a vitória. Agradecemos aos três gloriosos arcanjos o sucesso das três caravanas, que equivaleu a uma verdadeira batalha da cruzada contra o aborto. E rogamos a eles que nos ajudem nos próximos lances desse combate, que já estão em preparação. Contamos também com as orações, a participação e a aj uda de todos os que se opõem ao "massacre dos inocentes". • E-mail para os autores: cntolicismo@catolicismo.com br

Sólida formação para estudantes em férias D urante uma semana, jovens reuniram-se na capital paulista para estudar temas de caráter cultural e religioso ■ HEITOR AB DALLA BucHAUL

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ntre o dias 25 e 29 de janeiro, realizou-se em São Paulo o / Ciclo de Estudos, na sede do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira. Além de estudantes brasileiros de várias procedências, participaram do programa convidados do Chile e Peru. Sob o enfoque da Cavalaria, diversas palestras remeteram para a heróica e combativa era medieval, mas também para questões bem atuais, do cotidiano. Dentre estas, a afinidade existente entre Internet e tribalismo, comprovando como vários meios de comunicação modernos vão aos poucos substituindo a con ci ência individual por outra de caráter massificador e tribal. Além de analisar a crise do mundo hodierno, antídotos para ela foram sugeridos, e propostas algumas formas de combatêla. Destaca-se nesse conjunto a necessidade de analisar as coisas, os fatos e os ambientes com espírito sobrenatural, indispensável para um apostolado fecundo, conforme expresso por D. Chautard em sua obra A Alma de Todo Apostolado. Foi também indicada como de fundamental importância a devoção mariana, segundo a doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfo rt em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. As palestras eram intercaladas com círculos de estudos, nos quais o participantes debatiam e aprofundavam os assuntos sob orientação do coordenador do ciclo, Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho, ou de um dos conferencistas. Diariamente era recitado o terço em conjunto.

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Durante o Ciclo de Estudos foram exibidos audiovisuais interessantes e instru tivos , como os que apresentaram belíssimas imagens da Sainte Chapelle parisiense e da Cavalaria medieval. O documentário A história Soviética pôs em realce, através de filmagens e gravuras de época, as grandes atrocidades cometidas nos países submetidos à tirania

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CATOLICISMO

bolchevista. Distensivas visitas culturais a lugares históricos, religiosos e pitorescos da cidade de São Paulo complementaram e enriqueceram o programa. Ao encerrar o evento, o coordenador exortou os participantes à aplicação prática dos conhecimentos adquiridos durante aqueles dias. E insistiu na certeza de que o espfrito de Cavalaria não morreu, pois seu âmago é a disposição para a luta, travada nos dias atuais principalmente nos campos psicológico e intelectual. Na sessão de ence1nmento foram distribuídos como lembrança exemplares da obra A Inocência Primeva e a contemplação Sacra/ do Universo, no pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira. Este livro predispõe e instrui o leitor a contemplar as maravilhas do universo criado por Deus, e com isso fortalecer sua própria vida espiritual. • E- mail para o au1or:catolicismo@cmolicjs1110.com .br MARÇO 201 O

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Na37ª Marcha Anual

pela Vida, um apelo à

insistência. Gigantesca manifestação na ampla avenida que conduz ao Capitólio. E a grande núdia no Brasil "nada viu".

Washington: 300.000 manifestante contra o b rto

n FRANosco JosÉ SA10L "Um apelo à insistência" - foi o título do folheto que a TFP norte-americana distribuiu por ocasião da 37ª Marcha Anual pela Vida, realizada na capital americana no dia 22 de janeiro (Na página ao lado, a tradução de excertos do folheto). Desde aquele fatídico 22 de janeiro de 1973, quando a Suprema Corte do país decidiu em favor do direito de abortar, 50 milhões de nascituros foram sacrificados. Esta cifra aumenta na proporção de 1,3 milhão ao ano. Como nas ocasiões anteriores, a TFP americana marcou sua presença entre os cerca de 300 mil participantes, com seus estandartes e seus cooperadores portando as conhecidas capas rubras com o leão rompante dourado, acompanhados pela fanfarra que tocou hinos religiosos e patrióticos. Dada a importância de que se tem revestido essa Marcha , pela oitava vez o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, participou ativamente da gigantesca manifestação. O propósito do governo Obama, de incluir o financiamento do morticínio dos nascituros em sua polêmica reforma da saúde, despertou um clamor geral e contribuiu para engrossar as file iras próvida. • E-mnil pnru

"Um apelo à insistência" 1 or ocas ião da 37ª Marcha Anual pela Vida, a Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade se une novamente às leg iões de americanos anti -aborti stas de toda a nação. Para os que têm pa rticipado dest e importa nte co mbate, a pa lavra " novamente" é dolorosa. A cada ano protestamos, esperando que não haja outro "novamente". E a cada ano o continu ado massacre de inocentes torna este " novame nte" ainda mais necessário. Por que insistimos? Porque nosso amor a Deus e nossas consciências não nos permitem agir de maneira diversa. Entretanto, insi stimos porque o outro lado também ins iste com veemência. [... ] Ex iste claramente algo muito maior, não se trata ape nas dos "direilo.1· reprodulivos da mulher". Há uma ideo logi a por trás dessa in sistê ncia. Devemos compreender que o aborto é a colun a necessária da revolução sexual que abalou o país nos anos 60, e foi assim que de vastou a l"amíli a desde e ntão . [... ] É por isso que os promotores do aborto são tão radi ca lmente in sistentes. E les percebem que toda limitação cio aborto, mesmo e m suas expressões mais terríve is , é um a afirmação de que algum tipo de mora lidade ex iste para limitar sua bu sca dese nfreada ela "felicidade". Não pode haver dúvida. O verdadeiro alvo do lobby pró-aborto é a moralidade - a do cristiani smo, que tem por base o direito natural. [... ] Neste e nti do, a TFP americana sente-se orgulhosa de ter ajudado a coordenar a recitação do Rosári o e m 4.337 lugares públicos em outubro do ano passado, seguindo as adve rtências feitas em Fátima, como uma solução para pôr fim ao aborto e tantos outros mal es morais.

mttor:

cntolicjsmo@coJ\llicismo com,br CATO LI C ISM O MARÇO2010 -


Fortaleza dé "'Go~a m PuN10

~ oto docasrelodeCoosuegra [Toledo - Espanha], o fotógrafo soube valorizar muito bem o edifício, focalizando-o isolado no alto. A impressão que causa é dupla: ao mesmo tempo que parece um brinquedinho, também ressalta a fortaleza como um tremendo meio de defesa. Por um lado, parece pequeno dentro desse imenso panorama, mas de outro é colossal, se comparado com as dimensões de um homem. É

CoRRÊA DE OuvE1RA

constituído de um feixe de torres, deixando transparecer claramente o aspecto heróico. Qual a vantagem da torre? Se duzentos homens atacam a muralha, podem fazer um esforço conjunto em toda sua extensão. Entretanto, em relação à torre só é possível um esforço individual, pois quem está atacando de um lado não pode ser auxmado pelo que está do outro lado, o que torna a defesa muito mais eficaz. Se levarmos em consideração que o defensor no alto da torre está protegido contra pedras, chumbo derretido, água fervendo, setas, etc, e que o agressor está vulnerável a tudo isso, percebe-se como é difícil a tomada da torre. Compreende-se então como as torres "olham" com desdém para as elevações de terreno, impávidas diante do assalto dos adversários que pretenderiam atacá-las. Na fortaleza, pequenos estandartes se mostram aqui, lá e acolá. Poderíamos imaginar, nesse ambiente, um admirável cortejo de cavaleiros que partem para uma cruzada. Como seria belo isso! •



UMÁRI

PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA

/\hl'ildc2010

Nº712

"Cristo morreu e ressuscitou"

A

Santa Igrej a serve-se das alegri as vibra ntes e castíss im as da Páscoa para faze r brilhar aos nossos olhos - mesmo nas tri stezas da situação contemporânea - a ce1teza triunfal de que Deus é o supremo Senhor de todas as coisas; de que Cri sto é o Rei da glória, que venceu a morte e esmagou o demônio; de que a sua Igreja é rainha de imensa majestade, capaz de se reerguer de todos os escombros, di ssipar todas as trevas e brilhar com o mais luzidi o triunfo, no momento preciso em que parecia aguardá-la a mais terrível, a mais irremedi ável das derrotas. Qu and o Nosso Senh or J es us C ri sto mo rre u , fo i se la d a s ua se pultur a , guarnecida co m soldados, e julgaram que estava tudo terminado. Em sua impi edade, negavam que Nosso Senh or fosse Filho de Deus, que fosse capaz de destruir a prisão sepulcra l em que j azia, e que sobretudo fosse capaz de passar da morte à vida. Ora, tudo isto se deu. Nosso Senhor ress usc itou sem qua lquer auxíli o hum ano, e sob seu império a pesada pedra da sepultu ra des locou-se como uma nuvem. E E le ressurgiu . Ass im també m a Igreja imorta l pode ser aparente mente aba ndo nada, e nxovalhada, perseguida. Pode j azer, derrotada na aparê nc ia, sob o peso sepulcra l das mais pesadas provações. E la te m e m si mesma uma fo rça interior e sobre natural, que lhe vem de Deus, e que lhe assegura uma vitóri a tanto mais esplê ndida quanto mais inesperada e completa. Essa a grande li ção, o grande conso lo para os homens retos que amam ac ima de tudo a Igrej a de Deus: Cri sto morreu e ress usc itou. A Igrej a imortal ressurge de suas provações, g lori osa como Cri sto, na radiosa aurora de sua Ressurre ição. •

4

CAR'l'A DO D11mTOR

5

PArnNA MAmANA

7

J. . 1~1TtJRA

Nossa Senhora, exemplo aristocráUco

EsPnm·uAr.

Por que estudar a Religião? - X

'ílquecimento global" e suas fraudes

14

IN·n:1INAC10NA1.

16

EN'rmw1sTA

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EsPt,ENDORF.s DA CR1s·1'ANDAm:

22

VmAs rn~ SANTOS

26

CAPA

38

SANTOS ..: Ji'1,;sTAs DO Mf.:s

40

DES'l'.t\QUE

Padre David Francisqulni

46 AçÃo

52

Um catecismo para combater o aborto Engenho de Uruaé (PE)

Santo Estanislau de Cracóvia

Revolução digital e neotribalismo

Manifesto da TFP norte-americana

CoN'mA-R1~vow<:10NÁRlA

AMm1~NTES, Cos·mMF:s, C1v11.,1z.Açfms

São Bernardino de Siena, imerso numa atmosfera transcendental.

"O Leg ionári o", nº 660, 1-4- 1945.

CATO LICISMO ABRIL2010 -


Influência aristocratizante de Nossa Senhora

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"Redenção do homem pela técnica" - eis a suprema utopia revolucionária! Em coerência com essa utopia, muito são os que se julgam não meros redimidos, mas co-redentores, pelo manuseio irrestrito, sem reservas e como que absoluto da técnica, em especial da info rmática e cibernética, interagindo com ela e através dela como se fosse uma panacéia capaz de resolver todos os problemas. Mas o fundo da questão que no ocupa é outro. Não se trata do uso ou não dos elementos que a técnica nos proporciona, nem seq uer do bom ou mau uso que deles podemos fazer; interessa-nos aqui e clarecer que pensam as correntes mais avançadas da filosofia - particularmente a filo, ofiu da linguagem e da comunicação, bem como as correntes estruturalistas - sobr aqu ilo que a técnica tem de mais vanguardeiro, como a Internet, e de como elas imaginam a organi zação da sociedade humana a partir de sua larga difusão. O problema central que se coloca para tai correntes é o seguinte: não basta mudar as instituições e as estruturas da ociedade, se IH se muda a mentalidade das pessoas. Foi o que em vão o comunismo tentou faz r. Após o fracasso da União Soviética, as c 1-r ntes de vanguarda da esquerda aspiram a mudar o homem através da Revoluçcio ultural, naquilo que ele tem de mais recôndito: sua mentalidade e seu mod de ser. íst obtido, poderão conduzilo ao termo último do própri o eo muni s m , qu é um a soc ied ade tribal , autogestionária e ecológica, sem leis, fam íli a ou propriedade. Tal soc iedade seria decorrência do desfazimento da civili zação moderna globalizada, inclusive com ações genocidas no estilo das que ocorreram n amboja através do Khmer Rouge. Contudo, o mai s novo neste panorama é o papel que tais vanguardi stas da Revolução atribuem à Internet para rea li zarem essa transformação. Ela é considerada possante instrumento de mudança nos modos de ser e de agir das pessoas, levando à constituição e proliferaçã de verdadeiras tribos urbanas em vastos setores da sociedade modern a. Ou seja, a meta última do comunismo estaria, segundo eles, emergindo da próprias ntranhas da sociedade consumista através da Internet! Iluminados pela fé, tem s plena convicção de que a única Redenção verdadeira é a que nos veio dos pad cimentos do Filho de Deus, nascido das entranhas puríssimas de Maria. E ntretanto, julgamos altamente esclarecedor e formativo colocar ao alcance de nosso leitores a matéria de capa da presente edição, revelando o tipo de "redençã " da humanidade que propugnam e esperam as correntes revolucionária mai s extremadas. Desejo a todos uma boa leitura.

ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Abril de 2010:

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Em Jesus e Maria,

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CATOLICIS MO Publ/c11ç/Jo mensal da Editora

PADlf

LCHIOR DE PONTES L TOA.

A cortesia é até hoje reconhecida como uma das características

próprias à nobreza. Lendo o Evangelho sobre a Anunciação, nota-se com que delicadeza sobrenatural Deus propõe a Maria ser a Mãe do Messias. □ VALDIS GRIN STE INS

A

ristocracia?! Nobreza?! Mas essas não são situações contrárias à humildade? Não refletem arrogância e vaidade, contrárias à caridade com os pobres? Como pode alguém sustentar, como sugere o título, que Maria Santíssima se parece com essas pessoas que freqüentam as escandalosas revistas dos endinheirados? Terá endoidecido o articulista? Bem poderiam ser essas as primeiras reações de muitíssimas pessoas hoje, o que não é de estranhar, tendo em vista a completa confusão de conceitos em que nos submerge uma mídia manipuladora. Para entender bem o título, comece~ mos por dizer que a palavra aristocracia vem do grego arist6s, ou seja, os melhores. Aqui já começarão muitos a se tranqüilizar, pois é inegável que a Santa Virgem se encontra nessa categoria. Não só era uma das melhores, mas era a melhor. E isto a muitos títulos evidentes. Por exemplo: a melhor das mães, a mais pura das virgens, a mais piedosa de todos os seres humanos.

Unidade fwidamental e11tre verdade, belo e bem Ensina-nos a doutrina católica que Ela não só praticou todas as virtudes em grau heróico, o que corresponde à definição de santidade, mas praticou-a num grau inimitável. Seja porque foi concebida sem o pecado original, seja por sua adesão ardorosa a todas as graças, Ela atingiu um patamar do qual é até difícil fazer-se uma idéia.

«:

Ora, acontece que na alma as virtudes se apóiam umas nas outras, da mesma forma como num prédio os materiais de construção se apóiam uns nos outros.

Basta que numa parte a construção seja defeituosa, para que todo o edifício esteja comprometido. É por isso que o demônio procura nos tentar em pontos es-

ABRIL2010-


pecíficos, pois sabe bem que, ruindo uma parte, o resto virá abaixo depois. Devido a esta forma como está construída a santidade, não podemos ser altamente virtuosos só em certos pontos, e em outros defeituosos ou ao menos deficientes. Uma certa proporção entre uma paite e outra é requerida. Por quê? Porque há uma unidade fundamental entre a verdade, o bem e o belo, pela qual uma alma, aderindo a toda a verdade, por exemplo, não pode gostar do feio. Mesmo que fosse uma alma simples, não instruída, nela todas as tendências boas se revoltariam contra o feio. Não quer isto dizer que todo santo é necessai:iamente um aitista consumado, pois, dado o pecado original, nossa inteligência pode se confundir. Atirmainos, isto sim, que além de ce1to limite a contradição seria clamorosa, e um santo não pode ser contraditório. Pecai·ia contra a lógica, pois não pode haver duas verdades que se combatain.

Perfeitíssima em todas as coisas e no mais alto grau Posta esta base teórica, entendemos facilmente que a Santíssima Virgem não poderia ser perfeita em matéria doutrinária e f<llha em matérias como o gosto artístico. Mais ainda, como n'Ela a verdade se encontrava num estado de perfeição insondável, necessariamente tudo o que é belo ou bom devia também se apresentai· num estado de perfeição insuperável. Pai·a exemplificar, é impossível imaginar que Nossa Senhora não tivesse o melhor dos gostos na hora de decorai· uma sala. Nela a harmonia, a ordem, a gradação das cores, o senso das proporções - numa palavra, tudo aquilo que há de melhor na alma - contribuía pai·a que o efeito fosse o que mais dava glória a Deus. Mas tais pe1feições não se aplicam só à nossa parte espiritual, pois também o corpo tem que ape1feiçoar-se como a alma. Não que devamos ser atletas ou adeptos fervorosos de ginásticas e exercícios físicos, e sim que as atitudes de nosso corpo devem também refletir a perfeição pai·a a qual Deus o criou. É impossível imaginai· um ai1to que ama a Deus e gosta ao mesmo tempo de andar com a roupa suja. Neste sentido, a túnica de São Francisco que se expõe na cidade de Assis é um modelo maravilhoso de pobreza, porém levada CATOLIC ISMO

com limpeza e dignidade. Do mesmo modo, é inconcebível que as roupas de Nossa Senhora, embora pobres, não fossem do melhor gosto e limpíssimas. É claro que Ela se vestia de acordo com os padrões artísticos (de propósito não me refiro a "moda") da época em que viveu, pois o plano divino prevê que façamos paite de uma sociedade. Continuando nesta série de raciocínios, vemos que logicamente Nossa Senhora era também perfeitíssima nos costumes à mesa, no modo de se sentai· numa cadeira. Também não podemos imaginála sem estai· perfeitamente penteada ou sendo descuidada com urna visita. Tudo isto faz parte dos nossos deveres para com o próximo, por meio dos quais procuramos para eles aquilo que lhes seja mais agradável até nos mínimos detalhes: agradável à vista, ao tato, ao paladar. Seria errado pensai· que, na sua pobreza, a Virgem não preparasse boas refeições, como lhe correspondia ao ser senhora de sua casa. Pobreza não quer dizer sujeira nem desleixo. É apenas a falta de meios materiais, não a rejeição deles.

Aristocracia, desejo de educar e dar bom exemplo Todas essas atitudes educacionais de que falamos - boas maneiras, boa apresentação, boa conversa - cai·acterizavam a ai·istocracia numa civilização cri tã. Eram os modelos de seus vizinhos e ubordinados, eram por definição os melhores, aqueles que melhor sabiam dar glória a Deus com a atitudes de eus corpos. Caminhavain com mais elegância, vestiam-se com mais gosto, utilizavam vocabulário mais e colhido e em vulgai·idad s chocantes, decoravam a casa com mais estilo. E se surgisse a nece sidade, sacrificavain- e em defesa do bem comum. A abundância de meios materiais era uma forma de apoio à sua missão, mas não a essência dela. Por isso mesmo, nada há de comum entre o verdadeiro aristocrata e um endinheirado imoral, membro do jetset, desses que abundam em reprováveis revistas. A verdadeira aristocracia nos ensina a sermos melhores, e não a nos mostrarmos orgulhosos e envaidecidos de ganhos materiais. A realeza autêntica educa a todos os que a adrnirain, e os move na direção da santidade. A verdadeira ai·isto-

cracia, e mais ainda a verdadeira realeza, devem ter por isso exemplai: devoção a Maria Santíssima. Com exemplificação e linguagem pessoais, o que expus são conceitos que eram evidentes quando predominava a civilização cristã. E podem ser encontrados em bons livros. Tenho em mãos, por exemplo, o livro Courtoisie chrétienne et dignité humaine (Cortesia cristã e dignidade humana) , de Roger Dupuis, S.J. e Paul Celier. Transcrevo algumas frases significativas: "A cortesia é até hoje reconhecida como uma das características próprias à nobreza. Lendo o Evangelho sobre a Anunciação, nota-se com que delicadeza sobrenatural Deus pmpõe a Maria ser a Mãe do Messias. E a fine za de Maria corresponde pe1feitamente à delicadeza divina. Pois a verdadeira humildade não é aquela que se abaixa, mas a que obedece. Naquele mesmo ato sublime, Maria toma conhecimento do favor sobrenatural concedido a sua prima, Santa Isabel. Seu primeiro movimento consiste em ir visitála. Mais tarde, quando seu Divino Filho disse de si mesmo 'sou manso e humilde d ·oração', revelava a influência de sua Mãe. Jesus quis ter em Maria um modelo pe,j'eito de cortesia". Falta ainda um ponto nesta escala de virtudes: o desinteresse pessoal, pelo qual faze mos as coisas não porque são melhores pai·a nós mesmos, mas porque dão mais glória a Deus. Se amamos a verdadeira hierarquia, entendemos isto facilmente, e sabemos dar verdadeiro valor ao desejo de aperfeiçoar espiritual e corporalmente nosso próximo. Querer ser aristocrata - ou seja, dos melhores - equivale a querer educar e dai· bom exemplo aos outros, desinteressando-se de confortos pai·a si mesmo. Nossa Senhora deseja ai·dentemente a máxima glória de Deus, e atende pressurosamente todo pedido que vai nesta direção. Peçamos pois por todos aqueles que têm na sociedade o dever de ser os melhores, os aristocratas, para que não se deixem rebaixai· e contribuam com sua influência benéfica para o bem de todos. • E- ma il do auto r: valdisi.:rinsteins @catolic ismo.com.br

Por que estudar a Religião? - X N a edição de fevereiro desta seção, publicamos um texto sobre a razão de haver uma só Religião verdadeira. Na presente, do mesmo autor,* transcrevemos a razão pela qual há mistérios na natureza e na Religião. o âmbito da natureza há grande número de coisas ocultas, cuja existência é muito certa, mas que os homens não podem compreender, porque a inteligência humana é imperfeita. A razão, como o olho, tem limites além dos quais não consegue ver. Mais ainda: como nem todas as inteligências têm a mesma capacidade, resulta que há verdades compreendidas por uns, mas que permanecem ocultas para outros, que nelas crêem sem cornpreendêlas. Só Deus, inteligência infinita, vê claramente todas as coisas, e unicamente para Ele não há mistérios. O mistério encontra-se em toda parte na criação. O homem , por sábio que seja, não compreende tudo de todas as coisas, cuja essência lhe é impenetrável. O que são a matéria, a atração, a luz, o calor, a eletricidade? Mistérios. O que é a vida? Como um grão de trigo produz uma espiga, e uma semente pequena transforma-se em sangue, nervos e ossos? Como a vontade tem domínio sobre os órgãos? Corno a palavra comunica as idéias?

Não é de surpreel1(/er que a Religião te11ha seus mistérios Seria mais surpreendente se a Religião não tivesse mistérios. A Religião tem por autor e objeto a Deus, Ser infi nito. Mas , como o infinito é inabarcável para toda inteligência criada e limitada, não deve surpreender-nos que haja mistérios na Religião. Por isso é razoável crer nos mistérios da Religi ão, posto que é Deus, a verdade por essência, que nola revelou . Se é razoável que uma criança, fundada na palavra de seu pai, creia em coisas que não compreende; que um ignorante aceite, fundado na palavra dos sá-

bios, as verdades científicas a que sua inteligênci a não alcança - não é muito mais razoável crer nos mistérios revelados por Deus, que jamais pode enganai·se e enganar-nos? Deus nos revela mistérios, primeiro para pedir-nos a humilde submissão de nosso espírito pela fé, como nos solicita a de nosso coração pelo amor, e a de nossa vontade pela submissão a suas leis. Já comprovamos as seguintes verdades: 1 - Existe um Deus eterno, criador e soberano Senhor de todas as coisas. A razão e a consciência proclamam irresistivelmente a existência deste Ser supremo e infinitamente perfeito. Para os católicos, a este testemunho junta-se o da Revel ação, que é mais seguro ainda, porque é divino. Deus se manifestou, falou, fez milagres; 2 - Deus, com sua providência, cuida

de suas criaturas, paiticulai·mente do homem, seu filho predileto; 3 - O homem, composto de corpo e alma espiritual, livre, imortal, foi criado por Deus para que O conheça, O ame e O sirva nesta vida, e O goze na vida futura. Tem, por conseguinte, deveres que cumprir para com seu Criador e Pai; 4 - Toda religião encerra um dogma, uma moral e um culto. É impossível ao homem viver como ser animal, sem render a Deus este tríplice culto; 5 - Só pode haver uma Religi ão verdadeira, porque a verdade é uma só e rechaça o erro. Logo, só pode haver uma Religião boa, porque só é bom o que é verdadeiro. E Deus não pode ser honrado pelo erro e pela mentira. •

* Tradução

de trec ho s do livro La Religión Demosrrada, do Padre P.A. Hill a ire, Editorial Difusión, Buenos Aires, 8" edição, 1956, pp. 140 e ss.

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portante: Sem Deus, não somos nada e não podemos fazer absolutamente nada. Agora, se pomos toda nossa confiança n'Ele, sem nenhuma dúvida, Ele com certeza nos dará "peixes em quantidade". (E.M. -AM)

Programa hipócrita

"Ego sum" 121 Também eu, das meditações que prefiro fazer, gosto mai s de pensar em Jesus Cristo no Horto das Oliveiras. No filme "A Paixão de Cristo", este episódio é apresentado com realce impressionante. Na Semana Santa, vou aproveitar muito o arrazoado feito pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira sobre a Paixão de Jesus Cristo. "Que utilidade há no meu sangue?". Esta pergunta me causou um grande arrepio .. . Ma temos que enfrentá-la, se queremos mesmo seguir o passos do Salvador. Temos que sempre dizer "Ego sum" (Sou eu), ao enfrentarmos os inimigos da Igreja, como Cristo enfrentou os seus inimigos. (E.C.N. -

PE)

Mãe de Jesus e nossa mãe 121 Louvo a Deus por agora ter mais este meio de informação tão precioso. Rogo à Mãe que Jesus nos entregou na Cruz, verdadeira Mãe que está sempre junto a seus filhos , mesmo daqueles que lhe dão as costas: Roga i por mim , por minha família e por toda a humanidade. (S.J.S. -

MG)

Pesca milagrosa t8] Os textos de Catolicismo realmente nos ensinam uma coisa muito im-

ATOLICISM O

121 "Direitos humanos" na boca de ex-terroristas é uma das maiores hipocrisias que tenho visto nestes dias de bazófia política. Que moral têm partidários do sanguinário Fidel Castro, para falar em "direitos humanos"? A não ser que esses "direitos" não valham para aqueles que discordem do partido ora no poder. Para esses cidadãos partidários do regime cubano, "humanos" são apenas os "companheiros" ou os "camaradas"? Os outros não são "humanos"? Realmente o Brasil corre perigo, e muito grave, caso esse Programa do lulopetismo seja aplicado em nossa Pátria. Jesus e Maria intercedam por nós! (W.A.Q. - BA)

No flm da

ma

121 Sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos, tenho a seguinte opinião: um governo que obtém para seu país a 88ª colocação em âmbito mundial, no índice de desenvolvimento educacional, não tem direito de falar em "direitos humanos". Ele não respeita o mínimo dos "direitos humanos" que merecem crianças e jovens brasileiros a terem bons professores e colégios com boa educação. É uma vergonha! Sim, nossa colocação em 88º lugar, segundo o recente relatório da UNESCO sobre educação no mundo, é uma ferida vergonhosa. O Brasil encontra-se abaixo de nações como o Equador, o Paraguai e a Bolívia! Falta dinheiro? Este não é o nosso problema. A verdade é que nosso dinheiro é largamente dilapidado para pagar os mensaleiros da vida. Concluo: não me venham falar de "direitos humanos" enquanto continuarmos na rabeira dos países no quesito educação. Este governo não

está fazendo jus a seu lema "Brasil, um País de todos ", mas de fato parece adotar outro lema: "Brasil, um País de tolos!". (M.G. V. -

SP)

Ortodoxia católica 121 O melhor esclarecimento sobre os anticoncepcionais, acabo de reler. Sim, fiz uma releitura para assimilar todo eu conteúdo. Parabén s ao Mons. José Luiz por esse esclarecimento ímpar publicado na revista Catolicismo , cuja leitura causou-me enorme sa ti sfação. Em minha opinião, tudo dentro da mais perfeita conformidade com a verdadeira Religião católica. (G.J.A. -

RJ)

Jac/J1ta ele Fátima 121 Você co nseg uiram tocar meu coração. Fiquei apegada à Jacinta, e rogo a ela para que se apegue a mim. Quero estar bem pertinho dela no Céu. Qu candura de menina! Como ela é séri a nas co isas de Deus! Menina honrad a é isto, o resto é conver. a fi ada. Ela tornou-se uma santa de minha preferência! Eu não sabia que o corpo dela está incorrupto até hoje. Tanta candura, que Deus a premi ou , não permitindo que se u corpinh se desfizesse, virando pó. Maravilha! (M.I.E. -

CE)

Menina santa 121 Não sei como qualificar essa excelente revista Catolicismo, sei que é santa e louvável, digna e incomparável, é única! Tenho muito material sobre Nossa Senhora de Fátima, as aparições aos três pastorinhos, textos divulgados pela Irmã Lúcia, falecida há poucos anos, tenho já reservadas as velas a serem usadas nos três dias de escuridão, e penso muito nas crianças que estarão vivas nesses dias da "grande tribulaç ão" . Agradeço o retrato da santa menina Jacinta; ela reflete no olhar muita tristeza, muita compreensão do que sabe e do gravíssimo futuro que está

por vir. Mas Nossa Senhora alertounos: "Por fim, meu Coração vencerá". Oremos! (D.H.S.G. -

SP)

Obra apostólica 121 Comunico minha mudança de endereço para correspondência e aproveito a oportunidade para elogiar o magnífico trabalho de evangelização que é feito por meio da revista Catolicismo. Obra apostólica alicerçada na reta e sã doutrina católica, sempre fiel à Tradição e ao Magistério da Santa Mãe Igreja, como a reportagem que li na última edição de fevereiro sobre Nossa Senhora do Bom Sucesso e suas aparições. Veio muito a calhar, pois poucas foram as notícias e reportagens no Brasil sobre o IV Centenário deste grande Sinal Mariano. Congratulações ao coronel Carlos Antonio Hofmeister Poli pelo tocante e precioso texto sobre a Mãe do Bom Sucesso. Quero ainda destacar a presença de Mons. José Luiz Villac no prestigioso corpo de redatores como outro privilégio para nós, leitores de Catolicismo. Sua ortodoxia e clareza de pensamento são qualidades que me inspiram em meu percurso vocacional, e creio que não só a mim, que no futuro serei, com a graça de Deus, presbítero da Santa Igreja, mas a todos os católicos que lêem Catolicismo. Os textos de Mons. Villac são sempre grande fonte de inspiração e conhecimento. Enfim, parabéns a toda a competente equipe que faz Catolicismo. (J.D.R.F. -

MA)

qual me inspirou a escrever no final desta minha carta: " Quando tudo parecer perdido, será o início do triunfo da Santa Igreja ". O comunismo ateu, que se implantou na Rússia a partir de 1917, tirou a paz da Terra, foi o maior mal, o maior desastre que já aconteceu até hoje, e que matou maior número de pessoas depois do aborto. O comunismo, embora de forma aparente tenha sido morto em 1989, com a queda do Muro de Berlim, com a "glasnost" e a "perestroika" na Rússia de Gorbatchev, verdade é que ainda contitma espalhando seu tirânico e odioso regime. Ele ressurge, e até no Brasil isso é visível. Quando em Fátima Nossa Senhora pediu para consagrar a Rússia ao seu Coração Imaculado, queria evitar que o comunismo tomasse conta do mundo. Como isso não foi feito, este sistema opressivo e cruel é que será implantado como base do governo mundial que está próximo. Mas o verdadeiro cântico de vitória será dos filhos de Deus. Então, "Quando tudo parecer perdido, será o início do triunfo da Santa Igreja". (J.N.K. -

RS)

Santos exemplos 121 É muito tocante a gente ter conhecimento de atos tão maravilhosos na vida e ter conhecimentos desses fatos (cfr. artigo Nossa Senhora das Três Mãos), que são exemplos de virtudes e sofrimentos, de fé. Parabéns pelo artigo. (M.N.R.A.S. -

SP)

"Triunfo da Santa lgrnja"

Amar sem limites a Igreja

121 Preliminarmente, agradeço meu texto publicado nessa prestigiosa revista católica na edição de fevereiro de 2010. As matérias estampadas nesta luminosa revista sempre me impulsionaram a tirar cópias para remeter a certas per onalidades. Catolicismo , apesar do caos revolucionário vigente, sempre nos transmite uma mensagem de fé e esperança, como a matéria de capa da edição de fevereiro, a

121 Antes de mais, dou os parabéns pelo vosso site e pelas publicações. São elas, sem dúvida, cheias de valores que nos mostram a verdade da Igreja, mas também do mundo em que vivemos. Ao ler o texto Amor sem limites à Cátedra de São Pedro (Plinio Corrêa de Oliveira, edição de fevereiro de 2010), não tenho outras palavras senão para afirmar que devemos amar sempre o Papa. Tenho

uma ligação muito forte corri este dia (da Cátedra de São Pedro), que nem prefiro dizer o motivo ... Amar sempre a Igreja e ajudar para que Ela seja cada vez mais santa, e que os seus membros também sejam sempre santos. Tenho (apenas) 25 anos, mas gostaria de poder receber vossa revista em Portugal, como também poder colaborar com vocês na divulgação das vossas revistas anteriores. Creio que seria uma boa forma de dar a conhecer o vosso bom nome a outros jovens e pessoas da minha zona, muito católica, mas com alguma ignorância religiosa. Onde vivo, existem duas seitas e uma igreja que se diz cristã ... Esses grupos tornam a fé dos católicos mais fraca e menos consciente. Creio ser urgente acabar com a ignorância e lutar para salvar nossa Religião, nossos valores, nossa tradição e nossos costumes, de forma inteligente, séria e respeitando sempre nossos adversários. Infelizmente, é uma realidade de nossos dias: vermos pessoas que se dizem católicas, mas que na realidade necess itam de muita ajuda espiritual, não compreendendo as verdades da fé e da doutrina. Vemos cada vez mais pessoas a praticar bruxarias (seitas satânicas). É preciso rezar e lutar. Vocês podem fazer muito para acabar com estas práticas satânicas e acabar com a ignorância religiosa. Afirmo que seitas, que se dizem cristãs, são verdadeiramente seitas satânicas. Espero, com isto, poder receber uma resposta breve, e podem contar com a minha ajuda. Sem outro assunto, despeço-me. Abraço para todos e muita paz no Senhor. (O.R.T. -

Lisboa, Portugal)

ABRIL2010-


■ Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - Sr. Cônego: Tenho 22 anos e sou católica apostólica romana, mas decidi, há alguns anos, fazer duas tatuagens: uma com o escrito Papai Mamãe Amor para Toda Vida; e outra que é uma flor com quatro borboletas em volta. Li seu artigo publicado no site Catolicismo (maio 2007), e percebi que sua abordagem se focou em especial nas tatuagens que simbolizam outras religiões e seitas. Visto que sou crismada e tenho interesse de, em breve, casar-me na conformidade do [sacramento do] matrimônio, gostaria de saber se, por ter estas tatuagens, sou indigna de comungar, de receber a palavra de Cristo nas missas e reuniões.

Resposta - Realmente não vejo nenhum sentido mau nas inscrições que a prezada consulente mandou gravar, e que são mais bem inocentes. Portanto, de si elas absolutamente não impedem que vá comungar, assistir à Missa e participar de reuniões católicas. A consulente pode, pois, desse ponto de vista - isto é, do significado das inscrições - ficar tranqüila. A j ovem missivista me permitirá, entretanto, lembrar que na referida matéria de maio de 2007, além do significado do desenho das tatuagens, havia outro ponto capit III, sobre o qual também incidi ram meus comentários: 11 pr •d isposição que elas cons1i 111 ·m para a aceitação dos rnstumcs tribais pelo homem d1 nossos di as . Com efeito, < /\T LIC ISMO

como ali mostrei, há toda uma corrente ideológica que propugna como ideal o retorno dos homens ao estágio tribal de "civilização", apresentando-o como modelo e solução para os problemas da sociedade moderna. Nesta perspectiva, a atual moda das tatuagens não é tão inocente quanto poderia parecer: sua aceitação diminui nas pessoas a distância em relação ao estado primitivo em que viviam os índios do tempo do descobrimento, e ainda hoje vivem os que não foram cristianizados e civilizados. Aí está um grave inconveniente das tatuagens, mesmo com desenhos inocentes ou inócuos. O que não implica em afirmar que, quem as fez, cometeu um pecado que a afaste dos sacramentos e da vida da Igreja. Mas mostra o cuidado que devemos ter ao seguir os ditames da moda. Sobre isto direi uma palavra mais abaixo. Como tenho recebido várias perguntas sobre a legitimidade das tatuagens, aproveito a oportunidade para tratar de outros aspectos que complementam a matéria que escrevi em maio de 2007, para a qual remeto os interessados (ver link abaixo): www.catolicismo.com.br/ ma teria/ma teria . cfm? 1Dmat=4F48668D-3048 560B - 1 C 11 DF84DE44 l 760&mes=Maio2007.

Lugar do corpo em que são feitas as tatuagens Um amigo de São Paulo me contou que viu um jovem ciclista pedalando na rua, vestido com bermudas, de modo que se lhe via bem a barriga da perna, e nela a tatuagem do nome de Jesus em letras bem

grande di postas na vertical, da cova do joelho para baixo. Ora, o mínimo que se pode dizer é que esse não é um lugar digno para gravar o nome sacrossanto de Je us! Além do de enho ou dizeres da tatuagem, há pois a considerar o lugar do corpo em que é gravada. Quem faz uma tatuagem, na maioria dos casos pretende obviamente mostrá-la. Problema tanto mais delicado quando se trata de pessoa do sexo feminino. O mesmo amigo de São Paulo me disse que uma vez viu de longe uma mulher de meia idade, parada num ponto de ônibus, que parecia levar nas costas um xale de renda muito trabalhada. Chegando mais perto, verificou que não era nenhum xale, mas o desenho de

uma tatuagem que tomava toda a parte superior das costas. O vestido começava mais abaixo ... Ora, a modéstia cristã reprova esse tipo de traje, que deixa o torso nu; neste caso, um pouco disfarçado pelos arabescos da tatuagem. A sim, o problema teórico de uma tatuagem de desenho inocente se complica quando ele é gravado numa parte do corpo que uma jovem nã eleve exibir. Tanto mais quanto os co tumes liberais de nossos dias vão ampliando a exibição do corpo at'é limites ab olutame nte intoleráveis pela moral católica. orno esses maus costumes ão possantemente disseminados por programas de

TV e outros meios de comunicação, com a ausência quase completa da pregação em sentido contrário por parte de sacerdotes católicos, não é de estranhar que muitas jovens considerem normal esse modo de trajar, e até que fiquem surpresas com o que está sendo afirmado aqui. Cumpro minha obrigação, perante Deus e perante a Igreja, de alertá-las. Não entro em pormenores, porque o dito é suficiente: Qui vis intellegere, intellegat - Quem quiser entender, entenda.

E se o intuito é claramente religioso? Três consulentes são bem explícitos nesse ponto: um quer gravar a medalha de São Bento no lado interno do braço; outro pergunta se poderia fazê-lo com a imagem do Sagrado Coração de Jesus (não diz onde); um terceiro é ainda mais genérico: "Se alguém utiliza uma tatuagem para adorar e louvar ao Deus verdadeiro, e não aos falsos deuses, teria algum problema?" Desde que o faça com a discrição e o respeito devido, num local digno do corpo, de si não poderia ser censurado, muito embora pareça-me um tanto"original", para não dizer indiscreto. Acrescento uma condição, implícita no que expliquei acima: que não seja por modismo, para "estar na moda". Pois a moda costuma ser revolucionária, isto é, contrária à ordem querida por Deus para os homens nesta Terra. Uma sugestão: já que se deseja fazer uma tatuagem para honrar Nosso Senhor, Nossa Senhora ou algum Santo, por que não usar uma me-

dalha deles? Além de não correr o risco de causar uma infecção (sempre possível com tatuagens), as medalhas atraem graças e bênçãos a seus portadores.

Jamais seguir uma moda revolucionária Seria ingênuo pensar que forças revolucionárias por vezes tão díspares, e que convergem para instaurar no mundo um estado de coisas diametralmente oposto à boa ordem querida por Deus, o façam sem uma direção única que as oriente para esse

fim. O pensador brasileiro Prof. Plinio Corrêa de Oliveira mostrou-o com toda clareza no seu livro Revolução e Contra-Revolução , que mais de uma vez temos citado aqui. Ora, o controle das modas é um dos meios mais eficazes de que as forças revolucionárias lançam mão para arrastar astutamente os homens nessa direção. Portanto, devemos ter uma atenção meticulosa posta nesses mecanismos revolucionários de ação, a fim de nos opormos a eles e não seguindo levianamente a onda da maioria só porque é maioria.

A quantidade de tatuagens monstruosas que se multiplicam diante de nossos olhos mostra bem que elas são estimuladas num sentido revolucionário. Bem fará aquele que se opuser a esse intuito, mesmo que seja simplesmente evitando fazer uma tatuagem de sentido inocente e até religioso. Atuar contra a corrente, neste caso, normalmente será mais agradável a Deus do que essa homenagem "de si legítima", mas guiada pelo modismo. • E-mail do autor:

monsenhorjoseluiz@catolicismo com br ABRIL 2010

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A REALIDADE CONCISAMENTE 11Troca de casais11 : prostituição dissimulada

Ugandenses apóiam proieto que pune o homossexualismo

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m mais um sintoma de degenerescência moral da sociedade neopagã de nossos dias, funciona em São Paulo uma casa que promove troca de casais ("Folha de S. Paulo", 21-2-10), prática imoral que se propagou durante a explosão do hippismo nos anos 70. Segundo o testemunho unânime de pessoas do bairro, trata-se da prática cínica de prostituição. Os vizinhos não têm sossego, devido ao barulho constante. "A partir das 20h o quarteirão inteiro vive em função da prostituição", reclama o engenheiro Walter Furlan. Após festas inqualificáveis, a casa de "troca de casais" foi apedrejada pel_os vizinhos. •

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Portugueses dizem não a 11casamento11 homossexual ilhares de portugueses participaram de manifestação em Lisboa contra o "casamento" entre homossexuais, medida anticristã aprovada pelo parlamento, respaldada pela esquerda marxista parlamentar e garantida pela inação de autoridades eclesiásticas. Os manifestantes agiram em defesa da fallll1ia e pediram um referendo a respeito dessas uniões amaldiçoadas por Deus. A iniciativa, entretanto, tem poucas probabilidades de prosperar no parlamento, pois este já se recusou .a considerar um imenso abaixo-assinado nesse sentido. Porém, o protesto fica valendo diante de Deu e da História. •

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Esquema repressivo de Chávez é montado por cubanos

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ami.:ro Valdés Menéndez [foto], o cubano nomeado pelo ditador Chávez como "czar do apagão", para tentar a recuperação da falida rede elétrica venezuelana, na realidade é um dos fundadore da polícia política cubana, conhecida como "G-2" e monta.da no moldes da KGB soviética. O "comandante Ramiro" é ministro de Informática e Telecomunicações na ilha e se encarrega da censura das comunicaçõe e da Internet. "Não dá para entender como o ministro de um país onde os apagões são crônicos contribuirá para a solução do problema na Venezuela", comentou o Prof. Omar Noria, da Universidade Simón Bolíva.r. O diário "El Universal", de aracas, informou: "A chegada de Valdés servirá na realidade para reforçar o aparato repressivo. [. .. ] Ele seria a pessoa certa para garantir, do ponto de vista repressivo, a estabilidade do governo chavista ". •

Nova Constituição da República Dominicana proíbe aborto Internet e celulares geram patologias psiquiátricas

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a Coréia do Sul, um casal viciado em Internet deixou sua filha de três meses morrer, por desidratação e desnutrição, devido a falta de cuidados. Enquanto isso acontecia, o casal passava o dia no cybercafé, era fanático do jogo online Prius [foto] e - pasmem! - "criava" uma "filha virtual" no cybercafé. Em outro cybercafé da cidade de Kwangju, um jovem de 24 anos morreu após passar 86 horas ininterruptas diante do videogame. Especialistas incluem fatos como esses no crescente número de patologias psiquiátricas ligadas à Internet, que se somam às decon-entes do uso excessivo de celulares por pessoas que interrompem o relacionamento normal com os vizinhos, preferindo manl r contatos eletrônicos longínquos. •

< ATO LIC ISMO

rojeto de lei contra os homossexuais, que tramita no parlamento de Campala (Uganda) [foto] , prevê até pena de morte para o "homossexualismo agravado", como a "violação" praticada por homossexuais e o "homossexualismo pedófilo". Uma passeata de dezenas de milhares de pessoas em Jinja apoiou esse projeto de lei. Os paiticipantes ca.n-egavam cartazes com os dizeres: "Não à sodomia, sim à família"; "Dizemos não aos homossexuais, o homossexualismo dev e ser abolido". Previsivelmente, alguns governos ocidentais e organizações que militam pelo que entendem como "direitos humanos" condenai·am o projeto e ameaçaram impor sanções a Uganda, caso seja aprovado. No entanto a votação parlamentar segue a tramitação democrática, e os ugandenses parecem dispostos a defender corajosamente sua posição em prol da moral e da Lei natural. •

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nova Constituição da República Dominicana, que penaliza o aborto e "defende a vida desde a concepção até a morte natural", entrou em vigor neste ano. Foi objeto de um debate de quase sete meses no parlamento, devido aos ataques dos abortistas à Constituinte. Mas os defensores da vida - militantemente contrários ao massacre dos inocentes e aos novos Herodes - souberam afirmar suas posições com inteligência e coragem. O artigo 37 da constituição inclui este tópico: "O direito à vida é inviolável desde a concepção até a morte". Se a decisão tivesse sido favorável aos abortistas, a notícia provavelmente teria sido publicada com grandes manchetes em todo o mundo. Mas, como se trata de um país que adota em sua constituição a enérgica proibição do massacre de inocentes, grandes órgãos da mídia e da Internet preferiram calar-se e ignorar os fatos. •

Terço desvia bala e salva seu portador

J

osé Alberto Pérez Restrepo, candi dato à reeleição do governo de Guaviare (Colômbia), foi objeto de um atentado das FARC na localidade de Tres Rejas, no qual morreram quatro policiais e a escolta e dois civis . Os narcoguerrilheiros montaram uma emboscada com explosivos, jogaram gasolina e fizeram explodir os carros , queimando os policiais. Pérez Restrepo atribui sua salvação ao terço que levava ao pescoço, pois uma bala foi desviada por ele , evitando sua morte ou, pelo menos, graves ferimentos.

Policial no lugar do atentado

Futuro do Brasil sob o PNDH-31 previsível na atitude de Lula

China: enfrentamento católico à perseguição comunista

preso político cubano Orlando Zapata morreu durante greve de fome, feita para atrair a atenção sobre a violação sistemática dos direitos humanos na ilha-prisão. Reina Tamayo, mãe de Zapata, considerou seu filho vítima de um "assassinato premeditado": "Ele foi vítima de tortura em todas as prisões. [.. . ] Digo que é tortura, porque no último espancamento disseram 'vamos acabar com esse negro '. Já estava marcado nas costas, quebrou a cabeça e teve de ser operado. Assassinaram meu filho. Que assumam a responsabilidade diante do mundo". Porém, o presidente Lula, que estava em Cuba na ocasião, não quis atender ao apelo dos dissidentes cubanos em favor de Zapata, e se fez fotografar sorridente junto a Raul Castro [foto]. De retorno ao Brasil, comparou os dissidentes políticos cubanos a criminosos comuns, e recomendou-lhes obedecer à justiça revolucionária marxista. "Lula conseguiu superar o ditador Raúl Castro em matéria de cinismo e escárnio" - comentou um matutino paulista. Poder-se-ia acrescentai· que a razão mais profunda de sua atitude é a afinidade socialista com os Castros. Os brasileiros têm assim um a.ntegosto amai·go do "império dos Direitos Humanos", que o PNDH-3 aprovado por Lula pretende instaurar no Brasil. •

Padre Giovanni Battista Lua foi preso pela polícia chinesa na diocese de Mindong (Fujian), junto com seis outros sacerdotes jovens, pelo "crime" de organizar um acampamento para 300 estudantes universitários pertencentes à Igreja Católica - dita "clandestina", porque não obedece à cismática "Igreja Patriótica", que é uma caricatura criada pelo Partido Comunista. A polícia invadiu o acampamento e ordenou seu fechamento, mas os sacerdotes recusaram-se a obedecer. Os religiosos deram liberdade para os estudantes voltarem às suas casas, mas só 20 deles o fizeram. A polícia ficou impressionada, e na ocasião não ousou prender ninguém. Por fim, em março o Pe. Lua foi encarcerado num "hotel" (prisão dissimulada) de Fuan. Ele havia declarado estar "pronto para ir à prisão", e que estava "orgulhoso de ser um sacerdote católico, desejoso de professar a fé até com os atos". E acrescentou: "Serei feliz se puder servir de testemunha de Cristo e imitar o exemplo de tantos santos mártires".

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ABRIL2010 -


INTERNACIONAL

. Mito que desmorona ...

O "aquecimento global", uma fraude global

Mas em fins do ano passado descobriu-se que os dados ela CRU eram manipulados. Esse instituto já havia sido interpelado pelo Competitive Enterprise Institute, dos EUA, por ter destruído suspeitamente seus registros originais de temperaturas, sob a alegação de "falta de espaço". Pouco depois, hackers conseguiram extrair milhares de arquivos (sobretudo e-mails) dos computadores da CRU, nos quais seus principais cientistas jactavam-se de ter forjado informações falsas para "demonstrar" que o mundo está aquecendo. Rapidamente essas mensagens passaram a circular na Internet. A conspiração ficou patente, o escândalo saltou para a imprensa, e a Universidade ele East Anglia teve que admitir a autenticidade desses arquivos comprometedores. Tudo isso aconteceu poucos dias antes da Conferência das Nações Unidas sobre mudança climática em Copenhague, em dezembro de 2009. Com a desqualificação dos relatórios alarmistas sobre o aquecimento - que constituíam o eixo de suas deliberações - o imponente fórum com 25 mil assistentes foi a pique. De seu estrepitoso fiasco só se resgatou um tênue compromisso de limitação de emissões de carbono por parte de algumas nações. O que equivale a nada! Phil Jones, diretor do CRU e principal responsável pela farsa climática, foi deposto de seu cargo após ter admitido ser o

Atualmente desacreditados, tidos com.o "terroristas climáticos", os ambientalistas falam cada vez menos em "aquecimento global", expressão que vai sendo substituída por "mudanças climáticas"... 11 ALEJANDRO EZCURRA NAóN

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eve caindo em Miami; granizo sem precedentes na Arábia Saudita; congelamento do Mar Báltico; a nevada mais forte, em quase um século, em Moscou; e a maior da história de Washington (100 cm - um metro! - de neve); a França varrida por um vendaval gelado, com ventos de até 150 km poi: hora; e a Inglaterra paralisada por onda de frio, gelo e neve ... Na China como no México que registrou as temperaturas mais baixas dos últimos 124 anos-, na Europa e até nos países da África saariana, como a Argélia, as temperaturas despencaram a níveis sem precedentes : -18 ºC na Espanha, -20ºC na Alemanha e na Holanda, -23 ºC na Áustria, -41 ºC na Noruega, deixando trágico saldo de centenas de mortos, energia cortada, caos no transporte aéreo, terrestre e fluvial. Assim começou o ano de 201 O no hemisfério norte. Mais modestamente, no hemisfério sul, nos dois últimos invernos nevou em Buenos Aires, o que não sucedia há mais de 80 anos. O que significa tudo isso? O que aconteceu com o tão propalado "aquecimento global"? Que há uma anomalia climática, é indiscutível, e os rigores do último inverno boreal o demonstram. Mas sucede curiosamente que políticos e cientistas vinculados à esquerda como o ex-vice-presidente e candidato democrata derrotado à pre idência dos EUA, Al Gore - entregam-se há alguns anos a uma espécie de terrorismo climático unilateral. Segundo eles, o mu ndo sofre um processo de "aquecimento global antropogênico" (gerado pelo homem), devido à excessiva ·mi ssão de gases contaminadores da atmosfera. ATO LI CISMO

Apóia essa versão uma montanha de dados assustadores, fornecidos sobretudo pelo "Painel Inter-governamental sobre Mudanças Climáticas" (IPCC) das Nações Unidas e o Climate Research Unit (CRU), da Universidade ele East Anglia, na Inglaterra, um dos centros de investigação mais empenhados em demonstrar a existência de tal fenômeno. Os dirigentes políticos máximo mundiais repetiam servilmente as advertências alarmistas cio CRU, propaladas por gigantesca ofens.iva publicitária. E Al Gore foi apresentado como uma espécie de alvador da humanida-

conservador inglês, lorde Christopher Monckton, chegou a exigir a dissolução das Nações Unidas .. . Em resumo, este foi o incrível itinerário - do apogeu midiático ao estrepitoso fracasso - do mito cio aquecimento global, que passará para a História como a maior fraude científica. Nasce então a pergunta: o que havia por detrás dessa gigantesca manobra em escala mundial? Qual a intenção de seus promotores?

Guerra psicológica e ecologia

Como é do conhecimento ele muitos dos nossos leitores, a Revolução anticristã tem por meta a anarquia (ausência ele governo e de Estado), forma extrema de comunismo, que é a mais oposta ao ideal católico de sociedade. Mas para chegar a esse extremo é necessário desmantelar toda a atual estrutura organizativa do mundo. Tarefa nada fácil, e a única forma de alcançar esse objetivo seria levar os homens a desejar tal desmantelamento. Assim, desde os tempos dos hippies e da revolução da Sorbonne em maio de 1968, procw-a-se propagar ·a idéia de que nossa civilização tornou-se inviável. Para esse objetivo contribui poderosamente o terrorismo ambiental, exagerando problemas reais do mundo industrializado tais como a hipertrofia das megalópoles contemporâneas, para concluir que elevemos deixar a vida civilizada e migrar para um estilo de vida simples, miserabilista e neotribal- único "naA cidade de Washington cober- tural", segundo os "terroristas ta pela neve- no início do ano ambientais", e que não geraria nenhum tipo de contaminação, entre outras vantagens. Ou seja, para enfrentar o atual desequilíbrio social, os agentes da Revolução propõem saltar HEATS '""º ..,..,.,..,.. arming Fr para um desequilíbrio oposto, e evidentemente muitíssimo pior. A divulgação do mito de um "aquecimento global", supostamente provocado pelas emissões ele CO,, constitui gigantesca manobra de guerra psicológica revolucionária, encetada para se avançar na direção do miserabilismo neotribal. Em extremos aberrantes, alguns cientistas chegaram ao ponto de propor redução drástica da população mundial a uma terça parte ela atual, servindo-se do argumento simplório e falso de que cada ser humano, ao respirar, emitiria demasiado CO,, envenenando a atmosfera ... Devemos alegrar-nos pelo fato de que, com o desmascaramento da fraude, o mito do "aqueciautor dos e-mails, qualificados por ele ele "espantosos". Declamento global" e com ele a utopia revolucionária - recerou que, ao ser descoberto, "pensou em suicidar-se " . A isso beu um duro golpe. Mas estejamos atentos, porque outros seguiu-se a renúncia do secretário executivo da Convenção ela mitos-pesadelo, outras fraudes inspiradas pelo demônio, "pai ONU sobre mudança climática, o notório "aquecimentófilo" da mentira" (Jn 8, 44), não tardarão em substituí-los. • holandês Yvo ele Boer. E não era para menos: o abalo ocasionado por essa fraude - denominada "climagate", por associação E- mail do autor: ezcurra@cato licismo.com. br com o Watergate - foi de tal monta, que o conhecido colunista

CONVENIENT ARRES GAT~

AI Gore (dir.) e os cientistas favoráveis à farsa do aquecimento global foram alvo de chacota em jornais

de, culminando com a concessão do Prêmio Nobel da Paz de 2007. Seu filme An Inconvenient Truth (Uma Verdade Inconveniente) ganhou o prêmio da Academia de Hollywood como o melhor documentário, e seu áudio do mesmo filme obteve o Grammy de melhor vocalização.

ABRIL 2009

a.Ili


Catecismo anti-aborto, instrumento católico de luta ideológica Com a finalidade de solidificar nos fiéis a convicção e a argumentação

contra o aborto, o Revmo. Pe. David Francisquini lançou uma obra no formato de perguntas e respostas, que vem tendo excelente acolhida

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o momento em que os abortistas revelam seu vulto ameaçador, com o objetivo de implantar o aborto sem limites no Brasil , alguns se perguntam : Por que tanta radical idade? Será mesmo pelas alegadas questões de "saúde pública"? Como explicar que haja tanta coincidência de características nos movimentos a favor da morte de inocentes? Estarão esses movimentos ligados entre si , lutando em conjunto pelos mesmos objetivos desumanos? Diante da inquietação de numerosos espíritos, Catolicismo entrevistou o Revmo . Padre David Francisquini , autor do recente livro CATECISMO CONTRA O ABORTO - Por que devo defender a vida humana (Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda., São Paulo, 2009) . O autor exerce seu múnus sacerdotal em Cardoso Moreira (RJ) , na igreja do Imaculado Coração de Maria. É entusiasta do livro Revolução e Contra-Revolução, de Plínio Corrêa de Oliveira, e sempre propagou os ideais defemdidos por esse líder e pensador católico. Seu fecundo apostolado sacerdotal vem se caracterizando pelo zelo em pregar os princípios perenes da autêntica doutrina católica.

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Catolicismo - Por que V. Revma. escreveu o llvro contra o aborto em forma de catecismo? /'1·. /Ja 11itl Fmncisquini - Exercendo meu múnus ATO LIC ISMO

Pe. Dm1icl

Fra11cisqui11i: "Estou convicto de que o livro em forma de perguntas e respostas constitui instrume11to de Juta ideológica nas mãos daqueles que vão combater o aborto"

sacerdotal numa cidade do inte1ior do Estado do Rio de Janeiro, há tempos vinha pensando num trabalho de esclarecimento do grande público acerca do risco cada vez mais iminente da implantação do aborto no Brasil. Queria fazer algo para somar e multiplicar forças com outros tantos batalhadores antiabortistas. Como as idéias maléficas dos abortistas vão envenenando as consciências das pessoas, o bom antídoto terá de er idéias verdadeiras e sãs. Portanto, com idéia apoiadas na fé , na razão e na ciência, devemos combater o aborto e suas causas. Sempre em contacto com públicos muito nu merosos por esse Brasil afora, pude perceber que a grande maioria do nosso povo é contrária ao aborto, o que é confirmado pelas pesquisas de opinião mais recentes. Contudo, diante da avalanche midiática dos abortistas, temo que esta mesma maioria veja abalada sua convicção por falta de argumentos lastreados numa base firme como a doutri na católica, a Lei natural e a própria ciência. E o catecismo é o sistema clássico do ensino elementar da doutrina católica, daí ter eu usado essa forma. Estou convicto de que o Livro formulado em perguntas e respostas constitui instrumento de luta ideológica ideal nas mãos dos brasileiros que repudia m o aborto.

Catolicismo - Pedimos a V. Revma. que explique a nossos leitores por que o aborto constitui um pecado grave, segundo a doutrina católica. Pe. Davi<l Fra11cisq11i11i - O aborto viola grave-

mente o 5º Mandamento da Lei de Deus: Não matarás . Por isso é considerado pecado mortal gravíssimo. Por que mortal? Porque ele "mata" a alma daquele que o praticou, isto é, priva-o da graça de Deus e o torna digno do inferno. Isso é doutrina mais que definida pela Igreja. A propósito, tenho entre meus documentos uma declaração em que João Paulo II afirma sobre o aborto: "Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os bispos[. .. }, declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constituiu sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente[. .. }. Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão e proclamada pela Igreja" (Encíclica Evangelium vitae, 25/03/1995, nº 63).

Catolicismo - Que punição a Igreja prescreve àqueles que praticarem o aborto? Pe. David Francisquini - Como a sociedade civil, também a sociedade das almas tem as suas instruções muito claras, consubstanciadas no Código de Direito Canônico. No cânon 1398, pode-se ler: "Quem provoca o aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae ". O significado disso é que o fiel que provoca o aborto, ou a ele se submete consciente e voluntariamente, está automaticamente fora da Igreja e excluído dos seus sacramentos, não sendo necessário para isso uma sentença específica da autoridade eclesiástica. Caso se arrependa e queira reconciliar-se com a Igreja, para obter a absolvição terá de recorrer ao bispo diocesano ou a algum sacerdote investido de poderes especiais. Catolicismo - A palavra excomunhão causa arrepio a muitos, chegando mesmo a ser "excomungada" pela mídia anticatólica. Seria possível deixar bem claro esta questão para nossos leitores, já que V. Revma. acaba de citar um artigo do Código de Direito Canônico tratando da excomunhão? Pe. David Francisquini - A excomunhão latae sententiae, isto é, automática, ati nge todos aqueles que, com pleno conhecimento e deliberação, intervêm em processo que resulta num aborto. Exemplifica ndo: o marido ou o pai da criança, que ameace a mulher obrigando-a a submeter-se a essa prática pecaminosa; o médico, a enfermeira ou a parteira; e

ainda todos aqueles que concorrem para que o aborto seja levado a cabo. Pode acontecer de a mãe não incorrer na pena de excomu nhão. Por exemplo, caso ela se enquadre nas circunstâncias atenuantes do cânon 1324, § l , incisos 1º, 3º e 5º, a saber: Posse apenas parcial do uso da razão; forte ímpeto de paixão (não volu ntariamente fome ntada); ou coação por medo grave. Aproveito para citar mais um documento papal, ainda de João Paulo II: "A responsabilidade cai ainda sobre os legis ladores que promoveram ou aprovaram leis abortivas, sobre os administradores das estruturas clínicas onde se praticam os abortos, na medida em que sua execução deles dependa. Uma responsabilidade geral, mas não menos grave, cabe a todos a9ueles que favorecerem a difusão de uma mentalidade de permissivismo sexual e de menosprezo pela maternidade [. .. }. Não se pode subestimar, enfim, a vasta rede de cumplicidades, nela incluindo instituições internacionais, fundações e associações que se batem sistematicamente pela legalização e difusão do aborto no mundo" (encíclica Evangelium vitae, de 1995, nº 59).

'j<l excomunhão latae sententiae atinge todos aqueles que, com pleno conhecimento e deliberação, intervêm em processo que resulta num aborto"

Catolicismo - V. Revma. poderia explicar esta faceta da Santa Igreja, de tratar com tanto desvelo a vida de um nascituro, e ao mesmo tempo execrar com tanta severidade aos que atentam contra ela? Pe. David Fra11cisquini - Vou tentar responder com palavras da Sagrada Escritura. Com efeito, Deus disse ao Profeta Jeremias: "Antes que saísses do seio materno, Eu te consagrei" (Jer. 1,4). E o Profeta Isaías exclamou: "Yavé me chamou desde antes do meu nascimento, desde o seio de minha mãe me chamou por meu nome" (Is. 49,1). Ou seja, Deus conhece pelo nome cada homem que vem a este mundo, e lhe designa uma missão que só a ele cabe desempenhar na sociedade. Como o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, sendo o Criador perfeitíssimo, a cada homem cabe represe ntar uma determi nada perfeição divina, e nenhum outro o conseguirá como ele. Daí decorre que uma mãe, ao praticar o aborto, age como se apagasse uma estrela que nunca mais brilhará neste mundo. Catolicismo - As seqüelas físicas e psicológicas provocadas pelo aborto constituem outro ponto importante de seu livro. Poderia citar algumas dessas seqüelas? ABRIL 2010 -


sociedade, pela prática de um ato nobre e meritório, e sobretudo aos olhos de Deus.

Pe. David Francísquini - As conseqüencias orgânicas mais comuns são: hemorragia, lesão e infecção; perfuração do útero ou do intestino; predisposição para abortos espontâneos, nascimentos prematuros, câncer de seio, gravidez ectópica (fora do útero). Entre as de caráter psicológico, existe a síndrome pós-aborto, que inclui crises de angústia, perda de auto-estima, letargia, misantropia, depressão, e acima de tudo remorsos ! Aproveito para advertir que os problemas emocionais não atingem apenas a mãe, mas também o pai, que com freqüência fica traumatizado ao tomar conhecimento do aborto de seu filho ; sobretudo se a lei não lhe garante poder algum para proteger a vida de seu filho que vai nascer, e que é abortado voluntariamente pela mãe. Pelo que tenho estudado, isso vem ocorrendo com certa freqüência nos países onde o aborto é permitido.

Catolicismo - Pe. David, no caso de risco de morte da mãe, ainda assim não se pode abortar a criança para salvar a vida da mãe? Pe. David Francisquini - Não! Assim como não se pode matar a mãe para salvar a criança, não se pode eliminar a criança para salvar a mãe. Ademais, com os avanços da ciência médica em nossos dias, esses casos praticamente deixaram de existir. A medicina tem hoje recursos de sobra para salvar mãe e filho, e portanto deve fazer tudo o que for possível para isso.

Catolicismo - As pessoas favoráveis ao aborto não têm conhecimento disso? Ou têm, e fazem de conta que não sabem? Pe. David Francísquini - Infelizmente, estou certo de que elas sabem. Mas tal é a sua determinação em promover o aborto, que só se referem aos riscos do aborto clandestino, não mencionando a eqUel as orgânicas, psicológicas e morai s a que me referi. Catolicismo - Por que a doutrina da Igreja obriga a mãe a dar seqüência a uma gravidez resultante de estupro ou incesto? Pe. David Francísquini - Este é um assunto delicado. Mas a Igreja, que é Mãe e Mestra da verdade, não se omite nem recua em tratar das questões morais intrincadas. Na verdade, matar uma criança indefesa representa um crime maior que o próprio estupro ou incesto, por mais horrívei s e monstruosos que estes sejam. Se o estuprador não é condenado à morte, por que o seria a criança inocente? Caso a associação da imagem do filho resultante de um estupro venha a produzir um trauma irremovível, ai nda há para a mãe o recurso de entregar o bebê a pessoas ou instituições que possam adotálo. Por exemplo, foi isso que a Igreja sempre recomendou e recomenda às freiras que são vítimas de e tupro durante as guerras. A Igrej a permite tamb6m que a fre ira volte ao seio da família, se assim o desejar, para criar e educar o filho . Em ca o algum será legítimo matar quem não teve culpa de ser gerado. O que deve ser lembrado à 1m e é que, ao optar pelo aborto, não escapará à síndr me pós-aborto, com os problemas físicos, psico1 ,icos e morais já referidos. Se, pelo contrário, ela d • ·ide ter o filho e cri á-lo, isso a eleva e dignifica uos próprios olhos e diante da parte mais sadia da

Apesar da condenação da Igreja, movimentos que se dizem católicos pressionam a favor da mudança das leis civis

"Não é apenas a mãe que sofre problemas emocionais [devido ao aborto], mas também o pai, que nca traumatizado ao tomar conhecime11to do aborto"

Catolicismo - É comum ouvir em muitos ambientes a afirmação de que o aborto é uma questão de saúde pública, na qual a religião não deve se intrometer. Como contra-argumentar? Pe. David Fra11cisquini - Essa alegação simplista é muito martelada pelos defensores do aborto, mas de fato consiste apenas numa manobra tática deles para tentarem evitar a questão moral. Procuram assim excluir da discussão esta que é a parte mais candente e essencial do problema, porque sabem que suas teses são ética e moralmente insustentáveis, e por isso rejeitadas pela maioria da opinião pública. De fato, queiram eles ou não queiram, a Igreja tem o direito, e também o dever, de se manifestar nos aspectos morais desse assunto, que é uma área específica da Igreja. Catolicismo - Fala-se multo atualmente em ética, e pouco de moral. Há uma diferença substancial entre um termo e outro, ou representam a mesma coisa? Pe. David Fra11ci.1·qui11i - Na verdade, ética e moral são expre s cs correlatas. Ética vem do grego (ethos), e moral vem do latim (mos), e ambas significam a me ma coi a, isto é, costume. Entretanto, convencionou- e estabelecer no meios acadêmicos uma diferença entre ela . A ética seria o estudo das leis que regem o compo1tamento humano - isto é, seus costumes - que se deduzem lógica e racionalmente da natureza das coisas, isto é, da Lei natural. A moral acrescenta aos elementos da Lei natural os dados fornecidos pela Revelação. Como Deus é ao mesmo tempo autor da natureza e da Revelação, existe concordância entre ambas, de maneira que não há nem pode haver oposição entre ética e moral católica. Catolicismo - Como refutar a afirmação de que o Estado leigo no qual vivemos deve ser neutro e legislar para todos, e não só para os cristãos? Pe. David Fra11císquini - O chamado Estado leigo afirma não professar religião alguma. Não obstante, professa uma ideologia que postula uma vida social

imensa maioria dispõe de meios, inclusive pacíficos e inteiramente legais, para conseguir que a voz do Divino Mestre nunca seja recusada ou omitida. "Cada aborto constitui um assassinato. À medida que a impunidade legal venha a favorecer no Brasil que o aborto se introduza em nossos costumes, ocorrerá um número infinitamente crescente de assassinatos. "Tudo isso abre como que um rio de pecados a bradarem aos Céus clamando por vingança. Esta expressão enérgica está até nos catecismos. "No plano social, os efeitos do aborto são claros. De um lado, a ausência de frutos nas chamadas uniões livres só pode concorrer para multiplicá-las. De outro lado, os vínculos do matrimônio são debilitados pelo aborto. Com efeito, quanto mais numerosos os filhos , tanto mais se robustecem os vínculos afetivos e morais entre os pais. "Tudo isso redunda em mais um fator de debilitação do matrimônio e da família, e portanto de toda a sociedade brasileira" (Cfr. entrevista concedida a Edição Mineira, Belo Horizonte, nº 45, 5-1-1983).

e pública desvinculada de qualquer fator religioso, uma espécie de confessionalidade agnóstica ou laicista. Isso equivaleria a dizer mais ou menos o seguinte: "Como você tem a sua religião, não a imponha a mim. Mas eu, que sou agnóstico ou ateu, posso impor a minha a você. Podemos divergir, mas quem tem razão sou eu! Eu tenho a mente livre, ela não está acorrentada por dogmas religiosos ". Como se pode ver, esse laicismo proclamado hoje - mesmo quando se apresenta sob o nome Estado de Direito, dito democrático e pluralista - tem mão, mas não tem contramão. Nele somente os ateus e agnósticos têm o direito de falar e modelar as leis segundo seus princípios. Catolicismo - Daí se deve concluir que o juízo da moral católica sobre o aborto é válido para toda a sociedade? Pe. David Frallcisquilli - Quando o católico defende as leis divinas, não está impondo arbitrariamente sua crença pessoal. Ele proclama que a justiça, a verdade, o caráter sagrado da vida humana devem ser reconhecidos e respeitados por todos, mesmo os não católicos. Negar que os católico tenham o direito de defender publicamente suas convicções, corresponde a afirmar que a liberdade rei igiosa apregoada pelos laicistas não vale para os católicos. Quanto ao aborto, ele constitui crime não só para os fiéis católicos, mas para todos os homens em qualquer lugar do mundo. Isso em decorrência da Lei natural, pois ninguém tem o direito de praticar um crime, mesmo que tenha deformado individualmente sua opinião a ponto de achar que não se trata de crime. Os princípios da Lei natural são acessíveis à razão humana, e portanto se impõem a todos, independentemente de suas crenças reUgiosas. Catolicismo - Desde a Renascença o mundo vem assistindo à rejeição dos preceitos morais da Igreja. Podemos dizer que hoje atingimos um clímax dessa rejeição. O que pode advir desse abandono da Lei moral? Pe. David Francisquini - Vou dar uma resposta com base no ensino do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, inspirador da revista Catolicismo . Ele explicou que a Igreja Católica, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo como Mestra da moral, não pode ser excluída de nenhum assunto de natureza moral, pois significaria excluir o próprio Jes us Cristo. Transcrevo as palavras do Prof. Plinio:

"O direito da Igreja de Jesus Cristo de ser ouvida não lhe vem da maioria, mas do próprio Jesus Cristo, o qual foi igualmente Mestre quando a multidão O glorificava cantando 'Hosana ao filho de Davi', como quando ululava 'crucifica-O'. "A negação do Divino Mestre obviamente é ainda mais censurável em um país católico, no qual a

Nas fileiras católicas, a reação contra o aborto tem crescido em muitos países

"Negar que os católicos tenham o direito de defender publicamente suas convicções, corresponde a a/Jrma1· que a liberdade religiosa não vaie para eles"

Catolicismo - V. Revma. tomou conhecimento da pregação do aborto contida no Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) do governo do Presidente Lula? Pe. David Fra11cisqui11i - Sim. E a razão ali apresentada para defender o aborto é que a mulher tem autonomia para decidir sobre seu próprio corpo. Ora, desde quando a autonomia de decidir sobre o próprio corpo dá direito a matar alguém, como por exemplo o filho já concebido? Esse dispositivo do PNDH-3 levou a Regional Sul-1 da CNBB a qualificar o Presidente Lula de um novo Herodes, aquele que mandou matar os santos inocentes. Temeroso da repercussão negativa junto à população brasileira, o governo esboçou um recuo nesse ponto, mas, que eu saiba, nada fez de concreto para retirar do PNDH-3 essa abominação. Catolicismo - Para concluir, pedimos que nos diga algo sobre a repercussão que vem alcançando sua obra. Pe. David Francisquini - Dou um fato concreto: Em pouco tempo esgotou-se a primeira edição do livro, e a segunda já está no final. Além disso, merece menção a carta de aprovação que me foi enviada por S. Exa. o Núncio Apostólico do Brasil , Dom Lorenzo Baldisseri; e também a expressiva carta que recebi de Dom José Cardoso Sobrinho, Arcebispo Emérito de Recife e Olinda, que se tornou ainda mais conhecido no âmbito nacional e internacional por sua destemida tomada de posição contra o aborto, e seu oportuno alerta sobre as conseqüências canônicas do assassinato de inocentes. • ABRIL 201 O

ATO LI CISMO

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Um eco do Brasil de outrora, o Brasil real e profundo !J HÉLIO VIANA

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stas fotografias mostram um engenho de açúcar de Pernambuco da primeira metade do século XVIII, mais precisamente o Engenho de Uruaé, próximo à cidade de Goiana. No primeiro plano vê-se a casa-grande, louçã e graciosa na sua simplicidade, enriquecida pela aconchegante varanda guarnecida de arcos, cujas molduras pintadas de ocre repetem em curva o mesmo motivo contido nas três janelas com floreiras, ao alto. Ao lado, esguia e acolhedora, tendo bem no alto a cruz, a capela de Nossa Senhora da Piedade. As três janelas-balcão e o campanário à esquerda, no mesmo nível , apresentam uma agradável idéia de proporção. O azul das janelas e das portas contrasta com a singeleza da caiação. Emoldura o conjunto uma vegetação luxuriante e variegada, que contribui para atenuar as ardências da temperatura, e cujo profundo verdor contrasta com o céu azul parcialmente coberto por espessas nuvens.

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No ambiente transparecem a fé, o equilíbrio e a alegria temperante de uma época ainda profundamente marcada pela civilização cristã, cujo cotidiano era robustecido por grande estabilidade. Tempos saudosos de antanho, onde a árdua faina diária era suavizada pelo sobrenatural, representado aí pela capela, cuja presença lembra continuan1ente aos homens que tudo quanto eles façam deve ter em vista o seu fim último, que é o Céu. Podemos imaginar como seria, por exemplo, o toque do sino à hora do Angelus do meio-dia e das seis da tarde, ou ainda quando, em alguns domingos, convocava todos para a Missa matinal: o padre, de batina, que chegava cumprimentando e abençoando patrões e empregados em trajes endomingados; e que em seguida, paramentado a rigor, dava início à celebração da Missa tradicional em latim. Findo o Santo Sacrifício, alegria geral. Todos conversavam animadamente. Os adultos saudavam-se e sugeriam às crianças que se apresentassem ao vigário para receber sua bênção e um eventual santinho. Depois .elas se dirigiam aos patrões, que as abençoavam e lhes prodigalizavam afagos e presentinhos. Até o momento em que todos se dispersavam, pois o vigário estava sendo convocado a passar à sala de jantar, onde o esperava suculento café acompanhado de biscoitos, bolos e doces caseiros em profusão. • E-maíl do autor:

CATOLICISMO

hcHoyíana@catolícísmo.com.br

ABRIL2010 -


univer id ade de Paris, onde estudou direi.to canônico e teologia.

de todas as partes da Polônia para consultá-lo sobre problemas de consciência ou canônicos. Com fé profunda, esmerada prudência e sólida erudição, tornou-se muito conhecido. Não é de admirar que, quando D. Lamberto faleceu, todos rei , nobres, clero e povo - o escolhessem para sucedê-lo. Recusou-se peremptoriamente a aceitar o cargo, sendo necessária uma ordem formal do Papa Alexandre II para que cedesse. Foi sagrado no ano de 1072, aos 42 anos de idade. A partir de então dedicouse com energia à reforma da Igreja, tão desejada pelo Sumo Pontífice, exigindo que seu clero tivesse vida edificante e agradável a Deus, não só para servir de modelo, mas sobretudo para oferecer, com mãos puras, o santo sacrifício da Missa. Ele começava por dar o exemplo da piedade mais profunda e ab negação mais completa. .Todos os anos vi sitava as diversas partes de sua diocese, corrigindo abusos, promovendo o santo sacramento do crisma, reconciliando inimigos e casais separados. Elaborou uma li sta dos pobres e viúvas de sua diocese, para melhor poder socorrê-los.

Empreende a verdadeira reforma da Igreja

Sem virtude, mas valente, o rei torna-se <léspota

Quando voltou à sua pátria, tornara-se herdeiro de boa fortuna pela morte dos pais. Vendeu tudo, revertendo o dinheiro em favor dos pobres, e foi ordenado sacerdote pelo bispo de Cracóvia, Lamberto Zula, que o fez cônego da sua catedral. Como pregador, logo adquiriu fama, sendo também muito procurado como diretor de consciência. Sua reputação tornou-se tão grande, que muitos eclesiásticos e leigos vinham

No ano de 105 8, tinha subido Boleslau II ao trono ducal da Polônia, cuja capital era então Cracóvia. Era um príncipe ambicioso e valente. Dizem os historiadores que ningué m era mais atrevido no combate, mais ágil e destro no manejo da lança e da espada, mais sofrido no campo de batalha. Por isso foi vitorioso tanto nas planícies da Hungria quanto nas estepes russas e pântanos da Pomerânia. Tornou-se tão forte, que separou-se do Sacro Império Romano Alemão. E no Natal

Santo Estanislau de Cracóvia Padroeiro da Polônia Grande defensor da moral católica, excomungou o rei devasso e tirano por suas iniqüidades, sendo assassinado por ele aos pés do altar •

E

PUNI O M ARIA SOLIMEO

tani lau na ceu em Sézépanow, pequena cidade da Polônia perto de Cracóvia, no dia 26 de julho de 1030. Seu pai, Wielislas, era dos principais senhores do país; e sua mãe, Bogna, pertencia também a ilustre familia. Ambos eram muüo piedosos e esmoleres, o que influenciou muito beneficamente o caráter do fiJho, já de si propenso à virtude. Bem dotado para os estudos, Estanislau cursou primeiro a universidade de Gnesen, então a mais famosa, e depois a mundialmente célebre

de 1076, colocou a coroa real em sua cabeça. O país tornou-se então refúgio seguro para outros príncipes caídos em desgraça, como Bela da Hungria,

presença do rei, começou a pregar as verdades da moral católica e a defender os direitos da justiça e da virtude. Falou dos juízos de Deus, da perda das almas, dos castigos eternos, da continência, da santidade do matrimônio e dos direitos de súditos e vassalos em qualquer reino. Isso atingia diretamente o rei, que respondeu irado, com uma série de injúrias e insultos, chamando o prelado de hipócrita e soberbo. Foi o início de uma batalha sem quartel entre o bispo e o rei, que só terminaria com o assassinato do bispo.

"Não te é lícito, 6 rei, teres a mulher de outro"

Jaromir da Boêmia e Isaslao da Rússia, que aí encontraram amparo e apoio. Sem virtude sólida, o sucesso subiu à cabeça de Boleslau, fazendo-o tão soberbo e libidinoso quanto os legendários reis orientais da história antiga. Seu palácio transformou-se num harém. Como um vício atrai outro, tornou-se déspota, perseguindo não só a nobreza, mas também o povo. Num paroxismo de sensualidade, chegou ao vício infame da sodomia. Tornou- se tão temível, que ninguém tinha coragem de levantar a voz contra ele. Ou quase ninguém, pois Estanislau, bispo da capital do reino, não conhecia temores. Numa assembléia plenária do clero e nobres, na

Um fato foi além de todas as medidas despóticas de Boleslau. Um de seus vassalos, Miécislas, era casado com uma mulher notável por sua virtude e beleza. Passava mesmo como sendo a mulher mai s bela do reino . Boleslau a mandou seqüestrar e levar para seu palácio. Esse ato escandaloso e imoral revoltou toda a nobreza, que se dirigiu ao arcebispo de Gnesen , então primaz, e aos outros bispos do reino, pedindolhes que fossem falar ao déspota e mostrar-lhe a iniqüidade de sua ação. Mas os prelados temeram irritar o monarca, e se mostraram muito lenientes. A nobreza se vingou deles, publicando por toda parte que eram mercenários, e que tinham muito menos em conta a causa de Deus do que sua própria fortuna e ambição. Não foi des se número Santo Estanislau. Com voz respeitosa, mas firme, ele disse a Boleslau o que outrora São João Batista dissera ao rei Herodes: "Não te é permitido tomá-la por mulher! " (Mt 14,4). Censurou também o soberano por suas desordens, e alertou-o de que, se não se corrigisse, expunha-se às censuras da Igreja. Arrogante, Boleslau insultou novamente o bispo, dizendo com grosseria:

CATOLIC ISMO ABRIL2010 -


"Quando se fala assim de maneira tão pouco conveniente a um rei, dever-se-ia ser guardador de porcos". A guerra entrn os dois chegava ao auge. Não encontrando na vida privada do prelado nada que o desabonasse, Boleslau recorreu à calúnia, chamando-o de usurpador do bem alheio. Era uma alusão ao seguinte fato: o bispo tinha comprado um terreno em Piot:rawin, de um certo Pedro, e havia pago o preço em presença de testemunhas, confiando na boa-fé das mesmas. Como naquele tempo a palavra dada tinha força de lei, ele não se importou em ter um recibo de quitação. Acontece que Pedro faleceu. Boleslau procurou então os sobrinhos e herdeiro , pedindo-lhes que reclamassem novamente o pagamento, pois ele, rei, faria calar as testemunhas. Santo Estanislau teve de comparecer a um julgamento presidido pelo rei, com vários juízes, diante das testemunhas intimidadas que não quiseram declarar-se em seu favor. Vendo que não podia contar com os homens, pediu a Deus que fosse sua testemunha. Inspirado pelo Céu, pediu aos juízes um prazo de três dias, findo o qual traria como testemunha o próprio vendedor, Pedro. Ora, este havia falecido

CATO LICISMO

três anos antes. Por isso, como zombaria, os juízes aceitaram. Nos dois dias seguintes o santo jejuou e celebrou a santa Missa, pedindo a Nosso Senhor que defendesse sua causa. No terceiro, depois de celebrar, foi ao cemitério revestido com os trajes episcopais, escoltado por seus clérigos e muitos fiéis. Pediu que abrissem o túmulo de Pedro, e tocou seus restos mortais com o báculo. Imediatamente o corpo do falecido se recompôs, e Santo Estanislau pôde ir com oressuscitado ao tribunal, e diante dos presentes aterrorizados, comprovou a inocência cio santo.

arredores da cidade, quando ouviu o tropel de gente de guerra, mas não interrompeu o santo sacrifício. Era Boleslau, que vinha acompanhado de seus soldados para vingar-se. Mandou que alguns deles entrassem na igreja e matassem o celebrante, mas os soldados não ousaram levantar a mão contra seu pastor. Então o próprio rei entrou no santuário e desferiu violento golpe na cabeça de Estanislau, em seguida trespassou-lhe o coração, cortou-lhe o nariz e desfigurou o rosto. Mandou cortar depois o corpo em quatro partes e espalhar pela cidade. Alguns fiéis , desobedecendo à ordem do rei, reuniram os restos mutilados do mártir e os enterraram em frente da igreja de São Miguel. Mais tarde seus restos mortais foram transferidos para a catedral. O grande pontífice São Gregório VII, ao saber do horrendo crime, pôs em interdito o reino ela Polônia, excomungou e depôs o rei, que acabou abdicando. O santo mártir foi canonizado em 1253 pelo papa Inocêncio IV. É ele um dos padroeiros da Polônia, venerado sobretudo em Cracóvia, sua cidade episcopal. • E-mail do aut r: pmsoJimeo @cntolicismo.co m.br

Martil'izado aos pés do altar Ollde celebrava

Obras consultadas:

Como o m narca prosseguisse com s uas iniqüidacles, Santo Estanislau excomungou-o publicamente e interditou-lhe a entrada na catedral. Mas Boleslau continuou a assi tir ao divino sacrifício, sem se importar com a excomunhão. O bispo então ordenou ao clero que interrompesse a missa tão logo o rei entrasse no recinto sagrado. O rei jurou vingança. No dia 8 de maio de 1079, Santo Estanislau celebrava a santa Missa na igreja de São Miguel, nos

- Les Petits Boll andi stes, Sai/li Sumis/as, évêque de Cra.co vie, Martyr, in Yi es des Sa ints, Bloud et Barrai , Pari s, 1882, to mo V, pp. 385 e ss. - Frei Justo Perez de Urbel , O.S .B. , San Estanislao de Cracóvia , in Ano Cristiano, Edi ciones Fax, Madri , 1945 , tomo II, pp. 304 e ss. - Pe. José Leite, S.J., Santo Estanislau, Mártir, in Santos de Cada Di a, Edições A.O. , Braga, 1993, tomo I , pp. 457 -458 . - Fra ncis Mershman , Saint Stanilaus of Cracow , in The Catholic Encyc lopedia, Online Ed ition Copyri ght © 2003 by Kevin Knight, www.newadvent org. - Juan Bautista Weiss, História Universal , Tipografi a La Educació n, Barcelona, 1927, vol. V, pp. 544-545.


C om a era digital globalizada, uma revolução cultural vai operando profundas mudanças de mentalidade, levando à retribalização do homem por meio de transformações psicológicas, sociais e religiosas r,

JOSÉ ANTONIO U RETA

fl or mais paradoxal que possa pare,-

cer, estudiosos estão analisando o paralelo existente entre as redes de contatos sociais online e as sociedades tribais. Nada havendo de mais distante da vida tribal primitiva do que as tecnologias avançadas que permitem o relacionamento de pessoas através da Internet, que semelhança haveria e~tre uma tribo da Amazônia, por exemplo, e os usuários do Facebook, Twitter ou Second Life? Em dezembro de 2007, o "The New York Times" noticiou que os estudiosos vêem no "bate-papo coletivo", na troca de mensagens instantâneas e na procura de novos amigos nas redes sociais da Internet o ressurgimento de antigos modelos de comunicação oral, laços diretos, intimidade e relacionamentos horizontais característicos de uma tribo. 1 A crescente popularidade de sites de relacionamento social online é mero modismo? Ou se trata de profunda mudança social descortinando novos horizontes para o futuro? Se assim for, como se enquadra este fenômeno no panorama atual de uma revolução cultural de cunho tribalista? Antes de analisar essas questões, devemos lembrar que a expressão revolução cultural surgiu durante a revolução comunista chinesa, na época de Mao Tsétung, mas foi utilizada também no Ocidente para designar a revolução da Sorbonne de maio de 1968. Apesar de esta última ter sido derrotada no plano político, suas conseqüências culturais, especialmente no campo das tendências, usos

e costumes, difundiram-se largamente em todo o mundo. No livro Revolução e Contra-Revolução,2 após descrever as três Revoluções a protestante, a francesa e a comunista Plínio Corrêa de Oliveira afirma que o mundo vai sendo impelido para uma Quarta Revolução, que apresenta como características essenciais a autogestão e o tribalismo. Assim sendo, as características da revolução cultural são muito afins, quando não idênticas, às da Quarta Revolução, temas ambos que têm sido objeto de diversos artigos em Catolicismo .

Impasse revolucionário conduz à mudança de tática Houve na década de 60 uma mudança radical no processo revolucionário. Segundo a teoria marxista "ortodoxa", prevalente nos círculos revolucionários daquela época, a ditadura do proletariado e a abolição da propriedade privada deveriam produzir um homem novo , o qual supostamente seria capaz de viver livremente no "paraíso" comunista. Mas a utopia não vingou, pois tal tipo humano não emergiu da experiência comunista na União Soviética e nos seus países satélites; pelo contrário, resultou em estrondoso fracasso, patenteando-se a continuidade do homem velho, avesso àquele regime antinatural. Alentados pela rebelião estudantil da Sorbonne, de maio de 68, numerosos líderes marxistas decidiram pôr em marcha uma revolução cultural que operasse profunda mudança nas mentalidades e nos ABRIL2010 -


modos de ser das pessoas, pré-requisito para qualquer tentativa bem sucedida de uma mudança sócio-econô11Uca de caráter coletivista. Dessa revolução cultural nasceria o homem novo, que demoliria as est.ruturas hierárquicas e individualistas da sociedade burguesa, substituindo-as por um paraíso anárquico de liberdade e igualdade totais, que a nomenklatura soviética não conseguira implantar.

volução entre os jovens se faziam sentir de modo particular pela extravagância no trajar, pela crescente tendência ao nudismo, pela informalidade das maneiras, pela idolatria da natureza e da ecologia, pela hipertrofia dos sentidos e da imaginação e a simultânea atrofia da razão na

Meta além do sistema comunista: o coletivismo tribal Qual seria o novo paradigma de uma sociedade revolucionária, caso a Revolução decidisse abrir mão das mudanças estruturais sócio-econômicas para se ater ao campo estritamente cultural? A resposta é a sociedade tribal, com a qual haviam sonhado as correntes radicais da antropologia moderna, como por exemplo o estruturalismo. Os defensores dessas novas teorias alegam que a vida tribal é a síntese da liberdade individual, do coletivismo consensual e da igualdade. E admitem que os indivíduos se dissolveriam na personalidade coletiva da tribo, deixando de lado os velhos padrões de reflexão individual, vontade e sensibilidade. Como este processo de auto-identificação com a tribo só é praticável dentro da estrutura de pequenos grupos de pessoas, essa Quarta Revolução exige o desmembramento da sociedade em pequenas comunidades rurais . Seria o fim das grandes cidades, dos complexos industriais e, de modo geral, das gigantescas infra-estruturas de hoje. Tudo semelhante à já mencionada revolução cultural de Mao Tsé-tung na China e à expulsão dos habitantes das cidades para os campos pelo movimento comunista guerrilheiro Khmer Rouge no Camboja.

Efeitos da "rnvolução digital" 11as gerações Jovens Segundo Plínio Corrêa de Oliveira, os sinais precursores dessa Quarta ReCATOLICISMO

ma sob um prisma oposto e aplaudam tais mudanças, descrevem os mesmos fenômenos apontados trinta anos atrás por Plínio Con'êa de Oliveira. Vale então a pena estudar - tanto quanto possível nos limites de um artigo - o que esses pensadores e acadê11Ucos estão dizendo sobre o tribalismo cibernético, com a ressalva de que eles dão às evoluções sociais um caráter inelutável, resultado de uma espécie de determinismo tecnológico que reduz a zero a liberdade humana, o que um católico não pode jamais aceitar. Pelo contrário, o pensador católico brasileiro destacava em sua obra a primazia que têm as paixões desordenadas nas mudanças sociais e no progresso da Revolução.

"O homem tribal pa,·ticipava do Jnconscie11te coletivo"

assim chamada civilização da imagem. Sem mencionar a tendência para um estilo de vida errante, comum entre os hippies da geração da flor. A revolução digital estava dando então seus primeiros passos no relativo isolamento das universidade , nos órgãos governamentais e no mundo dos negócios. Os computadores pessoais e a Internet estão agora disponíveis em nível universal, e a revolução digital atingiu todas as camadas da população. Se ela tivesse chegado alguns anos antes, seus efeitos sobre as gerações mais jovens certamente teriam sido mencionados em Revolução e Contra-Revolução como um sintoma da Quarta Revolução. Hoje, muitos ideólogos revolucionários radicais, embora encarem o proble-

O primeiro a falar do efeito "tribal" dos novos meios de comunicação foi Marshall McLuhan, o guru canaden e da mídia e comunicação modernas, e talvez o teórico mais citado nesse campo. Para ele, qualquer meio de comunicação é uma extensão virtual de nossos sentido s e mentes (do mesmo modo co mo a prótese de um braço é uma extensão física do corpo). Daí ua conhecida sentença: "O me io é a mensagem" 3 veiculando a idéia de que as sociedades se moldam mais pela natureza das mídias com as quais os homens se comunicam, do que pelo conteúdo da própria comunicação. Assim, a cultura oral da sociedade primitiva percebia o mundo através dos cinco sentidos - audição, olfato, tato, visão e paladar, com ceita primazia da audição e por esta razão era dependente do equilíbrio harmônico de todos esses sentidos humanos. Porém, a cultura escrita originada pelo alfabeto fonético teria desestabilizado esse equilíbrio senso1ial do homem tribal, gerando uma total supremacia da visão. Sempre de acordo com McLuhan, isso teria causado um tremendo impacto sobre a cultura e a sociedade:

"Por sua dependência da palavra falada para obter informações, os homens [primitivos] aglutinavam-se numa rede tribal. E como a palavra falada é mais carregada de emoção que a escrita - transmitindo, através da entonação, emoções ricas tais como raiva, alegria, do,; medo - o homem tribal era mais espontâneo e temperamentalmente volúvel. O homem tribal áudio-táctil partilhava do inconsciente coletivo, vivia num mundo mágico, englobante, modelado pelo mito e pelo ritual, cujos valores eram divinos e inquestionáveis, enquanto o homem alfabetizado ou visual criou um ambiente fortemente fragmentado, individualista, explícito, lógico, especia lizado e sem emoções. [.. .} O homem todo se tornou fragmentado; o alfabeto despedaçou o círculo encantado e a mágica reboante do mundo tribal, explodindo a humanidade em um aglomerado de unidades ou 'indivíduos' especializados e psiquicamente empobrecidos, funcionando em um mundo de tempo linear e de espaço euclidiano". 4

de, imergindo-o em um fluxo mundial de informações: "O mundo do individualismo, da privacidade, do conhecimento fragmentado ou 'aplicado', de 'pontos de vista' e objetivos especializados, está sendo substituído pela consciência universal de

Uma nova cultura: a oralidade primál'ia com a alfabetização

O homem model'no retorna a um sistema tl'ibal Ainda segundo McLuhan, esse primeiro empobrecim nto da vida imaginativa, emocional e sensorial do homem tribal, causado pela alfabetização, ter-seia intensificado mais tarde pela aparição da imprensa, que modelou e transformou todo o ambiente psicológico e social da civilização ocidental, tendo sido a responsável pela Revolução Industrial e pelo conceito cartesiano do universo. Entretanto, a aparição dos meio de comunicação elétricos (telégrafo, rádio, cinema, telefone, televisão e computadores) teria dado origem a ambientes e culturas antagônicos à sociedade mecânica, cartesiana, decorrente da imprensa. Essa nova mídia, pelo seu caráter interativo, teria libertado o homem de seu isolamento e remodelado sua sensibilida-

"Toda a orientação da geração mais jovem caminha para uma volta ao nativo, como vemos refletido em seus costumes, música, cabelos longos e comportamento sexual. Nossa geração adolescente já está se transformando num clã de selva.[... ] Vemos, por exemplo, adespreocupação com a qual os jovens convivem sexualmente, sem o menor escrúpulo, ou ainda como entre os hippies, em casamentos comunais. Isto é completamente tribal ". Ele infelizmente está certo no que descreve. Mas o que surpreende em McLuhan é sua apologia da cultura tribal e a ausência de uma condenação formal da evolução da sociedade rumo a uma nova forma de tribalismo.

um mundo modelado como um mosaico, no qual o espaço e o tempo ficaram superados graças à televisão, aos jatos e aos computadores - um mundo simultâneo, 'imediatista', no qual tudo é consoante com tudo. [... ] Após séculos de sensibilidades dissociadas, a consciência moderna voltou a ser universal e abrangente, na medida em que toda a família humana ficou colada a uma única membrana universal".5 O interessante é que McLuhan denomina essa evolução "processo de retribalização". E impressiona o fato de que, para provar sua tese, ele se refere aos mesmos fenômenos geracionais descritos por Plinio Corrêa de Oliveira em Revolução e Contra-Revolução, que é muito anterior:

Um dos discípulos de McLuhan foi o sacerdote jesuíta Walter Ong, professor no Departamento de Inglês da Universidade Saint Louis, onde McLuhan lecionou por sete anos. Embora o Padre Ong discorde das teorias do determinismo mecânico de McLuhan, concorda inteiramente com sua análise do impacto da alfabetização na cultura humana e demonstra o mesmo fascínio pela riqueza da comunicação oral do homem primitivo. Em seu ensaio Literacy anel Orality in Our Times (A alfabetização e a oralidade em nossos dias), ele afirma que, enquanto "todo ser humano que não seja física ou psicologicamente deficiente aprende inevitavelmente a falar, [... ] a escrita é completa e irremediavelmente artificial". 6 Embora essencial para a realização do potencial humano total, e particularmente para o desenvolvimento do pensamento lógico, a escrita "era desconhecida de culturas orais primárias, onde o pensamento é primorosamente elaborado, não em linearidade analítica, mas em estilo parabólico, através de 'rapsodização ', ou seja, costurando uma colcha ABRIL2010 -


de retalhos de provérbios, antíteses, epítetos e outros 'lugares-comuns' ou loci ". Segundo o Padre Ong, "a passagem de um mundo inteiramente oral e natural para o mundo artificial da escrita é desnorteante e aterrorizante", pois "na comunicação oral direta o ouvinte não precisa de muitas conexões 'lógicas'. Isto porque a situação concreta provê o contexto completo, tornando a articulação, e por conseguinte a abstração, supérflua em muitos aspectos". Em contraposição, nas culturas alfabetizadas "o escritor não tem diante de si pessoas vivas que o ajudem, pelas suas reações, a explicitar seu pensamento. Não há 'feedback'. Não há ouvintes fazendo cara de satisfeitos ou perplexos. Este é um mundo desesperado, um mundo aterrorizante, so litário , um mundo despovoado, o oposto do mundo da interlocução natural, oral-auditiva". É por esta razão que "pessoas alfabetizadas têm problemas em compreender as culluras orais, precisamente porque em uma cultura altamente alfabetizada a experiência da oralidade primária - ou algo semelhante à oralidade primária - provavelmente se limitará à experiência do mundo da criança. Daí pessoas provenientes de culturas altamente alfabetizadas[ ... ] tenderem a considerar o conjunto das populações 'nativas' - ou seja, orais como 'infantis ' ". Contudo, uma espécie de " redenção" desse mundo de alfabetização aterrorizante e artificial teria vindo com o aparecimento do rádio e da TV, porque mai s uma vez as pessoas começaram a ouvir e a assistir, em vez de simplesmente ler. Segundo o Padre Ong, isto induziu a uma "o ralidade secundária ", a uma nova cultura que de alguma maneira combina a oralidade primária com a alfabetização. E, uma vez que a consciência humana evolui, uma nova consciência pode portanto emergir através de uma síntese entre nosso "eu" físico e o "eu " virtual que criamos no mundo da cibernética. O que

comunicações eletrônicas estimulam está levando a consciência humana a uma nova era que eu chamaria de 'o ralidade eletrônica'. Uma era que ostenta assombrosas similitudes com as culturas tribais da Antiguidade, e que forjam uma nova mística de participação comunitária, mediante o emprego de uma linguagem particularmente emocional, embora integrada com formas objetivamente racionais. [ ... ] "A conectividade está fa cilitando a capacidade de recriar uma 'mega-ágora comunicacional ', onde todos podemos [ ... ] nos sentir parte de algo grande que nos une ao outro, à outra parte de nós mesmos. Empolga-nos e fanati za -nos acessar a 'Net ', porque estar conectados é estar ligados com algo que vai muito além dos 'euzinhos' finitos e limitados que conformam nosso ego; em torno da Internet há algo de natureza cabalmente religiosa, estou convencido disso; algo que nos religa, que nos une à consciência do mundo. Desde que ela se tornou 'a Net', qualquer que seja o nível em que essa consciência se encontre, ali permanece remos sempre conectados". 7 Derrlck de Kerckhove

reforçaria ainda mais o primeiro benefício da oralidade secundária, ou seja, o fato de que "a comunicação oral une as pessoas em grupos". Embora o Padre Ong não empregue a palavra "retribalização ", este conceito parece estar presente em seu modo de

Nativos digitais e rntribalização conceber os grupos reunidos pela comunicação oral.

Cultura tl'ibal primitiva e linguagem emocional da "Net" Andrés Schu schny, físico e economista argentino, discípulo do Padre Ong, atualizou o pensamento de seu mestre para nossa era di gital. Funcionário do Cepa! (órgão das Nações Unidas parn a América Latina), o Sr. Schuschny leciona na Universidade de Santiago e é autor do ensaio Humanismo e conectividade: A evolução da consciência em um mundo enredado. No artigo intitulado Oralidade Eletrônica: Um tribalismo civilizado e consciente, ele escreve: "Tentando repensar a perspectiva de Ong, a clara transformação que as

do l,omem e da sociedade Mai ainda que o Padre Ong - professor de Estudos de Inglês, e não de Comunicações - , o verdadeiro discípu lo de Marshall McLuhan é o Prof. Derrick De Kerckhove, diretor do programa McLuhan de Cultura e Tecnologia na Universidade de Toronto. Como prolongamento do pensame nto de McLuhan, ele cunhou a expressão nativos digitais para se referir à geração nasc ida com a Net como a conhece mos hoje. De acordo com o Prof. De Kerckhove, "os nativos digitais são indivíduos abertos: pertencem à fase histórica das comunidades de redes sociais; põem gratuitamente sua experiência a serviço de todos, através de seus blogs, myspace,

facebook, ning; têm um senso inato da Web 2.0; não têm problema algum com a tecnologia; e utilizam indistintamente e de maneira convergente todas as ferramentas da multimídia". 8 Numa entrevista com Kevin Kelly, editor de "Wired" (revista de computação muito popular, de tendência libertária), o Prof. De Kerckhove discorre sobre os efeitos dos computadores e da Internet sobre os nativos digitais: "A Web é um novo tipo de linguagem. Em um mundo tribal, o cosmos tem presença. Está vivo. A tribo compartilha esta enorme realidade orgânica. No momento em que as pessoas começaram a controlar a linguagem pelo alfabeto, elas internalizaram o controle e esvaziaram o cosmos de sua presença sobrenatural. [ ... ] Mais tarde, quando o rádio, o telégrafo, o telefone e a televisão chegaram, elas 'retribalizaram ' todas as coisas exteriorizando-as, enchendo novamente o cosmos - uma idéia que McLuhan discerniu muito bem. [... ] No mundo do rádio, a agenda do controle, da linguagem, é a agenda de um só indivíduo - um grande homem, um ditador, um Hitler, um Mussolini, um Khomeini - enquanto que a agenda da Web é a de um cacique tribal: a linguagem é compartilhada, e não imposta ". 9 Como se depreende dessas citações, tais estudiosos não ó interpretam favoravelmente essa evo lução rumo à retribalização do home m e da soc iedade, como a vêem à man eira de um a vo lta sadia a um estado primitivo idílico, em que os homens se dissolvem em grupos e assim se conectam ao co mo . Para eles, o inimigo é o indivíduo, visto como um ser fechado em si mesmo pelo poder de sua razão. O cerne desse e tudos parece consistir em saber como suas ciências poderiam ajudar a estraçalhar esses egos supostamente encasulados, para que pudessem ser reconectados ao mundo e ajudar na construção de uma sociedade coletivista.

Desafio aos trndicio11ais métodos de considerar a identidade Quanto aos nativos digitais (jovens usuários de computadores), tal "reconexão" pode ser obtida, segundo esses autores, faze ndo-os passear aleatoriamente entre suas múltiplas personalidades

virtuai . É o que pensa a Dra. Sherry Turkle, professora de Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia no Programa Ciência, Tecnologia e Sociedade do Instituto de Tecnologia de Massachu setts (MIT), fundadora e atual diretora do projeto Tecnologia e Personalidade, um centro de pesquisa e reflexão sobre a interação entre as pessoas e as máquinas. É interessante ver como ela se apresenta na introdução de seu mais recente livro A Vida na Tela: A Identidade na Era da Internet, com um artigo eloqüentemente intitulado " Who Am We?" ("Quem sou nós"; note-se: "nós" e não "eu", como seria a forma correta): "Há muitas Sherry Turkles. Há a 'Sherry francesa', que estudou pós-estruturalismo em Paris nos anos 60. Há

a Profª Turkle cientista social, com especialização em antropologia, psicologia da personalidade e sociologia. Há a Dra. Turkle psicóloga. Há a Sherry Turkle escritora. Há a Sherry professora, que tem monitorado alunos do MIT há quase 20 anos. E há a exploradora do cyberespaço, a mulher que pode se conectar como se fosse homem, ou como outra mulher, ou simplesmente como S.T.". 10 Não se pense que , ao se apresentar assim ao leitor e descrever suas diversas atividades, a referida professora procura apenas autopromoção. De fato ela está preparando o terreno para expor sua tese - agora correntemente aceita - de que a identidade na Internet é fluida. Na realidade, ela se especializou em entrevistar pessoas sobre suas experiências com computadores e Internet, e co1etou uma série de preciosas observações sobre o efeito que exercem sobre adultos, adolescentes e crianças. Segundo a Profª TurkJe, "a Mi crosoft é uma companhia cuja estética, expressa em seu sistema operacional, está modelando nosso estilo de pensamento". Isso porque os utilizadores de Windows (literalmente "janelas") navegam entre as diferentes telas dos distintos programas abertos no computador, como alguém que vai olhando sucessivamente através de várias janelas. Em uma entrevista a "The New York Times", ela explica no que consiste essa remodelagem do pensamento: " Quando as pessoas estão online, tendem a expressar diferentes aspectos de si mesmas em diferentes situações. Um homem de negócios pode chamarse em uma comunidade virtual 'Armaniboy' [insinuando um tipo humano clássico, elegante], e noutra 'Motorcycleman' [projetando um jovem prá-frente, aventureiro]. As pessoas começam a se mover fluidamente entre suas várias personagens, e têm uma experiência que as encoraja a questionar as noções tradicionais sobre a identidade. Encontram ABRIL2010

CATO LICISMO

a.Ili


maneiras de conceber um 'eu' sadio, não como algo singular e único, mas tendo muitos aspectos. As pessoas acabam vendo a si próprias como a soma de suas diversas presenças nas janelas que abrem nas telas de seus monitores. E o computador serve como uma metáfora para pensar a respeito da própria identidade: a metáfora técnica de rodar pelas janelas do computador tornou-se um modo de conceber as relações entre os vários aspectos do próprio 'eu'". 11 Mais tarde, em depoimento à revista "Brainstorms", ela reforça assim seu ponto de vista: "Crescemos acostumados a conceber nossas mentes de maneira unitária. [... ] Acredito que a experiência do cyberspace, a experiência de brincarmos de vários 'eus' em vários contextos virtuais talvez até ao mesmo tempo e em múltiplas janelas - é a concretização de um outro conceito de identidade, não como algo unitário, mas múltiplo. Segundo esta visão, nós nos movem.os entre vários estados, entre vários aspectos do nosso 'eu '. Nosso senso de identidade é uma espécie de ilusão [... ] que podem.os afirmar, porque aprendemos a nos mover fluidamente entre os vários estados de nossa personalidade". 12

Papel das comunidades vil'tuais rumo a um govel'no univel'sal Às pessoas que objetaram que tal fluidez entre personalidades seria uma forma de esquizofrenia psicótica, a Profª Turkle, em entrevista à "Technology Review", replicou que "as pessoas que sofrem distúrbios de personalidade múltipla têm identidades fragmentadas, onde as diferentes peças estão separadas umas das outras por um muro", enquanto "no caso de pessoas que assumem personagens online, estas têm consciência das vidas que criaram. na tela. Estão representando diferentes aspectos de si mesmas e têm noção do modo pelo qual se CATOLICISMO

movem fluidamente entre elas. [. .. ] As pessoas acabam vendo a si próprias como a soma de sua presença distribuída em todas as janelas que abrem na tela. A metáfora técnica de rodar pelas janelas do computador tornou-se uma metáfora para pensar na relação entre os

E

vários aspectos da própria identidade". 13 Nesses vários aspectos da própria identidade, a pessoa real e sua vida real são apenas um de muitos eus virtuais, segundo a Profª Turkle. Em seu livro, ela descreve um jovem, brilhante estudante universitário, para o qual a vida real (VR, como ele a chama) não goza de · nenhum status especial. É apenas uma outra janela, entre as várias em que ele representa um papel em diferentes comunidades virtuais. Ele chegou mesmo a dizer que a vida real geralmente não é a sua janela favorita ... Apesar desse grave sintoma de fuga psicótica da realidade, a Profª Turkle conclui que as experiências na Internet desafiam "os conceitos tradicionais de

personalidade sadia como algo unitário" e "encorajam-nos a procurar e a descobrir uma maneira nova de nos referir à identidade individual como algo múltiplo, e à saúde psicológica não em termos de construção de um unum, mas de negociação do vário". 14 Cumpre enfatizar a importância deste questionamento acadêmico da personalidade individual. Com efeito, como foi dito no início deste artigo, o fracasso de todas as experiências coletivistas do passado reside no fato de que, enquanto as estruturas sócio-econômicas da sociedade se tornaram coletivas, seus membros permaneceram indivíduo s "particulares", apesar da ditadura do proletariado e da posse coletiva da propriedade. A mudança em direção à Quarta Revolução consistiu precisamente em tentar primeiro "coletivizar" o próprio indivíduo, para que ele pudesse de bom grado aceitar um modo de vida coletivo em uma estrutura sócio-econômica comunista. Para que esta revolução tenha êxito, a nova bastilha a ser demolida é a soberania da pessoa sobre si mesma, isto é, a unidade e identidade do eu, do mesmo modo como a soberania nacional é o principal obstáculo para a construção de um governo mundial ou República Universal. E o meio mais efetivo de subjugar o eu é fracionálo nas pseudo-identid ades múltiplas e fluidas daqueles que gostam de navegar indiscriminadamente nas janelas dos computadores.

Com a ciben1ética, sul'ge uma nova estl'utura social Compreende-se então a ênfase do cientista cibernético e filósofo Pierre Lévy ao afirmar que "a pessoa individualizada não é senão uma articulação intermediária e passageira; é apenas uma ilusão", 15 e que a Net é a estrutura técnica que favorece o surgimento de uma inteligência coletiva. 16

Já em 1951 , o matemático e fundador da ciência da Cibernética, Norbert Wiener, em seu livro O uso humano de seres humanos: a cibernética e a sociedade, declarou que "estar vivo significa participar de um contínuo fluxo de influências vindas do mundo externo, e de ações que incidem sobre o mundo externo, um fluxo no qual nós representamos apenas um momento transitório". 11 Por isso, Nicholas Negroponte, que além de fundador do Laboratório de Mídia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da revista "Wired" foi conselheiro do presidente François Mitterrand, considera que "o verdadeiro valor de uma rede tem menos a ver com a informação e mais com a comunidade. As auto-estradas da informação[. .. ] estão criando um tecido social global totalmente novo". 18 O que poderia ser este novo tecido soc ial global, senão aquele sonhado por Marx, Engels e os demais pais do comunismo? Se isto for verdade, então é relevante o fato de que entrevistas com usuários da Internet 111J!J mostrem de modo consistente !/1111 .. o,1 J que, embora muitos a usem de 1118111 §1vez em quando para pesquisa, ,mll, comércio eletrônico, acesso a bases de dados online ou para assistir vídeos online, os aplicativos mais comuns continuam endo o IRC (Salas de Bate-papo, via Internet) e outros aplicativos de teleconferências - MUDs (domínios com múltiplos usuários), grupos de notícias Usenet e li tas eletrônicas de mailing - que permitem aos usuários socializarem-se com outros. O que a maioria das pessoas busca na Internet é a "comunidade", "virtual" ou não .

Vivei' em casa uma vida análoga à vida selvagem Como usuária da Internet e anti ga gerente de marketing da ICQ, a Srta. Ayelet Noff reconhece: "As comzmidades da Web 2.0 são para 116s hoje o que as comunidades tribais ou de aldeia eram para nossos ancestrais. Elas re-

presentam um lugar onde podemos fazer novas conexões, compartilhar detalhes de nossas vidas e discutir t6picos que nos interessam". 19 Note-se que não se trata de uma adolescente viciada em jogos com múltiplos jogadores na Net, mas de uma mulher de

negócios bem suced ida, com mestrado e bacharelado em Política na Universidade de Tel Aviv. Ela prossegue: "Hoje as conexões se baseiam em elementos pessoais mais profundos, como peculiaridades, hábitos, idéias e hobbies. Devido às nossas diferenças nesses elementos, nem todas as tribos terão bom relacionamento umas com as outras, como no passado. Cada um de nós escolherá a(s) tribo(s) onde sentir-se-á mais 'em casa ', com pessoas com as quais mais sintoniza, e engajarse-á naquela comunidade ". 20 Vê-se por aí a extensão e a profundidade desse fenômeno. Ele não se limita a joven marginalizados que vivem estilos de vida alternativos na selva cinzenta de blocos de condomínios populares das grandes cidades, mas se caracteriza

como um fenômeno social de grande escala. O sociólogo francês Michel Maffesol i, professor da Universidade Sorbonne de Paris e editor da revista "Société", analisa há muito tempo o fenômeno da retribalização. Seu principal campo de pesquisa são os laços sociais e a , formação da comunidade e do imaginário coletivo em nosso mundo pós-moderno. Em 1988, publicou o livro Le Temps des tribus (O tempo das tribos), no qual analisa a crise do individualismo e o aparecimento de tendências tribais, comunitárias e nômades nas gerações mais novas. Segundo ele, "o tribalismo em todos os domínios será o f enômeno predominante nas próximas décadas". 21 Avançará em dois eixos principais: nos aspectos "arcaicos" e "juvenis" e na sua " dimensão comunitária", como resultado da saturação da identidade; e do individualismo, que é sua manifestação. Em relação ao novo "arcaísmo juvenil", Maffesoli descreve a atual subversão interna da alma humana e prevê como resultado positivo a tirania das paixões humanas mais baixas sobre a razão e a vontade: "Depois do predomínio de uma razão mecânica e predizível, de uma razão instrumental e estritamente utilitária, estamos assistindo à volta do 'princípio do Eros', do emotivo, do compartilhar as paixões. Podemos caracterizar a pós-modernidade como o retorno exacerbado do 'arcaísmo '. [. .. ] Podemos notar esse impulso vital nas efervescências musicais, [. .. ] na anomia sexual, na volta à natureza, no ambiente de ecologismo, na exacerbação do pêlo, da pele; [. .. ] numa palavra, em tudo aquilo que lembra o animal no humano. O enselvajamento da vida! Eis o paradoxo da pós-modernidade, que traz para o cenário a origem, a fonte, o primitivo e o bárbaro. [. .. ] O 'bafo da selva'[. .. ] toma força e vigor nas selvas de pedra que são nossas cidades, mas também nas clareiras das florestas quando, de modo paroxístico nos festivais ABRIL2010 -


rock, as 'tribos technos' chafurdam-se, em êxtase, na lama de que fomos formados. Aqui tocamos o cerne do pós-tribalismo moderno: a identificação primária, primordial, com aquilo que no homem se aproxima do húmus". 22

Os totens das sociedades pós-modernas Quanto à sua dimensão "comunitária", o tribalismo, segundo Maffesoli, "é também a passagem do indivíduo de identidade estável, e exercendo funções em grupos organizados, para a pessoa de identificações múltiplas, fa zendo papéis efêmeros em tribos afetivas. Isto equivale a uma participação mágica numa realidade pré-individual, ou então ao fato de que não se vive senão no contexto do inconsciente coletivo ". 23 Numa entrevista concedida em Módena no verão de 2008, durante o Festival Internacional de Filosofia, Michel Maffesoli expressou seu pensamento a respeito do impacto das novas tecnologias sobre este fenômeno: " O Google, os festivais techno, a Second Life, o YouTube: o conjunto destes totens[. ..] nos mostra mudanças aparentemente simples em nossa sociedade contemporânea, mas na realidade muito profundas. Uma sociedade não mais forjada pela razão, mas por um imaginário coletivo nutrido de mitos. Tribos musicais, salas de bate-papo, reality shows, códigos estéticos, tatuagens, todos eles descrevem uma profunda mudança. Nos Tempos Modernos, o prog resso e a racionalidade tentaram canalizar a violência, mas hoje em dia estão ressurgindo novos sentimentos tribais, irracionais, que poderíamos definir como bárbaros". Por outro lado, para Maffesoli , "nas sociedades pós-modernas a comunicação torna-se comunhão", porque a mídia di gital se transformou no "elemento sagrado em cujo redor as comunidades se fundem e vibram como uma só. Resu-

mindo, a mídia digital tornou-se o elemento estruturalizador do viver-juntos pós-moderno". 24

A interação do coletivismo tribal no cyberspace Por mais radicais que essas teorias

pareçam, elas não se restringem aos círculos internos de uns poucos lunáticos. O Prof. Federico Casalegno, pesquisador no Laboratório de Mídia do MIT, é um dos discípulos de Maffesoli. Atualmente ele dirige o Laboratório de Experiência Móvel do MIT e é diretor associado do Laboratório de Design do mesmo Instituto. No artigo intitulado Entre · tribalismo e comunidades; configurações sociais emergentes no cyberspace, Casalegno faz uma distinção entre comunidades cyber e tribos cyber: as comunidades cyber são formadas por indivíduos autônomos que têm deveres e objetivos a alcançar, enquanto as tribos são formadas por pessoas que carregam máscaras e representam vários papéis dentro de agrupamentos heterogêneos.

Falando das tribos cyber, Casalegno afirma que "nas redes do cyberspace assistimos à manifestação de formas de sociabilidade em que predomina a ênfase, [. .. ] bem longe de uma lógica mecanicista e calculada: a emoção e a espontaneidade tornaram-se parâmetros obrigatórios do 'estar junto'". 25 Por isso, as tribos urbanas criadas pelas redes sociais da Internet ou através dos torpedos dos telefones celulares estão "estruturadas mais pelos fluxos permanentes de comunicação do que pela própria comunicação". Diz Casalegno: "Estamos enfrentando o fenômeno da tribe-cast [transmissão intra-tribo, por oposição à do rádio, broadcast] : um fluxo denso de troca de informações com nosso pequeno círculo". 26 Como Maffesoli, o Prof. Casalegno salienta a natureza lúdica da passagem do paradigma da comunidade para um modelo tribal, onde o interesse próprio é deixado de lado e a posse coletiva torna-se a regra. Este compartilhar lúdico e desinteressado que se dá na Web penetrou até mesmo o setor mercantil dos bens e serviços. Casalegno exemplifica com a criação do Linux pelo jovem técnico em computação Linus Torvalds, que escreveu um sistema operacional de aproximadamente 20 mil linhas e o colocou na Internet como um código aberto a todos, a fim de possibilitar comunicação e melhorias. Quem possui o know-how necessário pode participar do processo coletivo de criação deste software aberto e gratuito.27 Segundo o Prof. Casalegno e outros estudiosos, essa partilha desinteressada, oposta ao espírito de lucro, é o paradigma do tribalismo cibernético.

Empresas "tribais" numa era de consumismo Isso não impede que algumas pessoas já estejam tirando vantagens financeiras desse fenômeno. Por exemplo, o guru norte-americano de marketing Seth Godin, antigo vice-presidente da Yahoo, encarregado das atividades de mala direta da fir-

ma e autor best-seller de livros comerciais. Seu último livro -As tribos: Nós precisamos que você nos lidere - tem um capítulo de autoria de Michel Maffesoli, e insiste na idéia de que "um grupo precisa apenas de duas coisas para ser uma tribo: um interesse comum e um meio de comunicação ". Salienta ainda que "a Internet eliminou a geografia ". Segundo Godin, "isso significa que as tribos existentes são maiores, e que agora há mais tribos - pequenas tribos influentes, tribos horizantais e verticais - e tribos que não poderiam jamais ter existido antes. [... ] Há literalmente mil maneiras de coordenar e de conectar grupos de pessoas, que não existiam na geração anterior". 28 Outros homens de negócio de sucesso estão tirando vantagem da popularidade deste novo conceito de marketing para estreitar ainda mais os laços com seus clientes. O sueco Elia Morling, dono da Tribaling (companhia consultora e site de Internet), ensina às empresas como se tornarem tribais. Ele escreveu recentemente em seu site que "as tribos são a última moda, graças à popularização da teoria de Maffesoli f eita por Seth Godin ", na qu al mostra como as pessoas hoje, "ao invés de desarraigar-se, estão rec riando raízes através das tribos; e, ao fazerem isso, apóiam-se menos nas estruturas já existentes, tais como as instituições e classes sociais ".29 Os marqueteiros não são eruditos que moram em torres de marfim e conduzem uma pesquisa bizarra para provar alguma loucura científica. Eles têm os pés no chão e uma percepção vivamente atilada para reconhecer a mínima mudança no desenrolar das modas dos consumidores. Se o conceito de "tribalização" se tornou moda até mesmo em seus círculos, i to quer dizer que eles notaram um forte movimento social naquela direção. Portanto, ao falarmos da presente retribal ização da sociedade através de redes sociais digitais enquanto parte de um a revolução cultural rumo às metas

últimas da Quarta Revolução - magistralmente descrita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em Revolução e ContraRevolução - não aludimos a fantasmas, mas a algo de muito real e sério, com profundas implicações psicológicas, sociais e religiosas.

Função da Web na formação de uma nova mística religiosa Propositalmente, deixei para o fim a análi se do aspecto religioso dessa revolução. Com efeito, na Parte III de Revolução e Contra-Revolução, esse aspecto é apresentado como uma tentativa de quebrar a estrutura hierárquica e rígida da Igreja católica, visando transformála num tecido cartilaginoso de pequenas comunidades "proféticas', envolvidas nas experiências intensas e pseudo-místicas do pentecostalismo, semelhantes ao totemismo transpsicológico e parapsicológico das tribos primitivas. Assim, Dr. Plinio pergunta se por detrás da Quarta Revolução - na qual a magia é apresentada como uma forma de conhecimento - não se {)Ode perceber

o enganoso e sinistro canto de sereia com o qual Satanás atrai aqueles que negaram Jesus Cristo e a Santa Igreja. E o presente artigo estaria incompleto, caso omitisse este aspecto pseudo-místico do processo de despersonalização e da assim chamada reconexão com o cosmos, que a Web supostamente atingiria se o wishful thinking dos estudiosos que citei pudesse tornar-se realidade. Eis um eloqüente trecho de uma entrevista de Marshall McLuhan, o guru da mídia já citado: "O homem tribal estava profundamente imerso numa consciência coletiva integral que trascendia os limites convencionais do tempo e do espaço. Da mesma maneira, a nova sociedade será uma integração mítica, um mundo reverberante, similar à velha câmara de ressonância tribal, no qual a magia viverá novamente: um mundo de percepção extra-sensorial. O atual interesse da juventude pela astrologia, pela clarividência e pelo oculto não é pura coincidência... "Desta forma, o computador detém a promessa de um estado de compreensão universal e de unidade, engendrado tecnologicamente; um estado de absorção no logos, que poderia unir a humanidade em uma s6 família e criar uma eternidade de harmonia e paz coletivas. Esta é a verdadeira utilidade do computador: não é despachar produtos ou resolver problemas técnicos, mas acelerar o processo de descoberta e orquestrar ambientes e energias terrestres; e, eventualmente, até galácticas. A integração psíquica comunitária, que finalmente se tornou possível graças à mídia eletrônica, poderia criar a consciência universal prevista por Dante, quando antecipou que os homens continuariam a ser meros cacos quebrados enquanto não fossem unificados em uma consciência inclusiva. Em termos cristãos, isto é simplesmente uma nova interpretação do corpo místico de Cristo; pois Cristo, afinal de contas, é a extensão última do homem". 3º

CATOLICISMO ABRIL2010 -


Apesar dessa alusão final ao Corpo Místico de Cristo, cunhada em termos que lembram "O Cristo Total" de Teilhard de Chardin, esse texto de Marshall McLuhan nada tem de cristão, menos ainda de católico. Deus Nosso Senhor não padece de distúrbios de personalidade; quando Moisés pediu-Lhe que dissesse Seu Nome, Ele respondeu: "Eu sou Aquele que é", e não "Eu sou Aqueles que somos". Tampouco nós, suas criaturas, somos fragmentos partidos, lutando para nos unirmos a uma consciência inclusiva. Como membros do Corpo Místico de Cristo, nossos eus não estão absorvidos na divindade, mas antes aperfeiçoados pela vida sobrenatural da graça santificante que, de acordo com a teologia católica, não muda nossa substância, mas é um acidente acrescentado à nossa natureza. Pela visão beatífica, contemplaCATOLICISMO

pectiva cristã, mas na perspectiva monista, panteísta, do antigo gnosticismo e do esoterismo da Nova Era. O monismo é a doutrina filosófica que afirma que, sob a diversidade das aparências, o conjunto do universo é uma só substância, pelo que tudo quanto vemos ao nosso redor é um mero aspecto ou parte dessa "realidade única". O monismo leva naturalmente ao panteísmo (em grego: pan, tudo), que é a crença que identifica o universo com Deus (em grego: theos), afirmando que Ele é apenas o princípio último do cosmos, chamando-o freqüentemente de "consciência universal" (note-se que é justamente essa expressão que vários dos acadêmicos citados usam para referir-se ao último estágio da revolução digital). Por detrás dos erros do monismo e do panteísmo que permeiam estes textos, o que aparece é a mais radical forma de orgulho humano e de igualitarismo metafísico, os quais, segundo afirma o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em Revolução e Contra-Revolução, culminam na tentativa de colocar Deus e os homens no mesmo plano e atribuir ao homem propriedades divinas. No Jardim do Paraíso, a Serpente tentou nossos primeiros pais a comerem o fruto proibido para se tornarem semelhantes a Deus. Em nossos dias, a mesma Serpente, através da Quarta Revolução e de seus promotores, apresenta a mesma tentação à nossa geração, com a diferença de que o fruto proibido tornouremos a Deus face a face eternamente. se digital. Mas esta felicidade sem fim pressupõe Entretanto, Satanás continua o mesdois seres se entreolhando e a participamo assassino e pai da mentira (Jo 8: 44). ção da criatura na felicidade eterna do Criador, e não o desaparecimento da pri- · Por trás das conquistas técnicas da era meira numa fusão final em um único ser. da informação, o que ele está propondo ao homem contemporâneo é mudar sua Em nossa vida terrena, a Cristandapersonalidade e voltar ao estado tribal de não modela nativos digitais vibrando primitivo, no qual desapareçam sua imacomo um só homem em uma comunidagem e semelhança com Deus. de amalgamada (nem tampouco os buRejeitemos esta suprema tentação, . rocratas racionalistas, individualistas e com as próprias palavras de Deus à Serfrios da era industrial), mas caracteres pente: Ipsa conteret caput tuum! Ela (a fortes e estuantes de vida, bem inseridos em sociedades patriarcais estreitamente Mulher, Maria Santíssima) esmagará tua cabeça, ou seja, todos os truques diabóligadas, como no sistema feudal e nas licos e "maravilhas" da engenharia socicorporações de ofício da Idade Média. al e tecnológica com os quais o demônio Na era digital, Satanás repete a luta para destruir o plano de Deus para a promessa feita a Adão e Eva criação. • Os excertos dos vários cientistas aqui E- mail do aut or: j ure Ja@catolicismo.com.br citados são compreensíveis, não na pers-

Notas: 1. C fr. ALEX WRIG HT, "Fri ending, Ancicnt or O therw ise", New York Times, D ece mbe r 2, 2007. 2. Artpress Indú stri a G ráfi ca e E ditora Ltda., ão Paul o, 2009. 3. Essa é a tradução mais d ivul gada de sua sentença "T he méd iu m, not the co nte nt , is th e message" (O meio, e não o conteúdo, é a mensagem), que li teralmente é mais completa. 4 . Cfr. M a rsh a ll M cL uh a n , http ://www. nex t nature .net/?p= l 025 5. Ide m, ibi d. 6 . C fr . http:// www.ade.org/b u l le ti n/ n0 5 8/ 05800 1.htm 7. C fr. http ://hum ani s moyconecti vid ad . word press.co m/2008/03/07 /oralidad/ 8. http ://e-so u t h . bl og. le m o n de. fr /catego ry/ webtec h/ 9. http://www.w ired.co m/w ired/a rc hi ve/4 .10/ dekerckhove_pr.h tml 1O. http :// www.w ired.co m/w ired/a rc hi ve/4. 01 / turkl e. html 11. C fr. ln Kathi e Hafn er, "At Heart of a Cyber-

study, the Hum an Essence", New York T imes, 18 de Junh o de 1998, h ttp: // we b .mi t.ed u/ stu rkl e/www/nytim es. html 12. http://www.we ll .co m/- hlr/texts/mindtomind/ tu rk leintJ .html 13. http://www.po l-it. o rg/ita l/turkleeng. htm 14. http://www.well .co m/- hlr/texts/mindtomincl/ tu rkle int 1.html 15. fr. P. Lévy, World phil osophie , p. 201. 16. lde m, ibidem, pp. 47 e 90. 17. N . Negro ponte, Being Digital (J 995), p. L83. 18. N. Wiener, Cibemetica e soc ietà ( 195 1), p. 269. L9 . http ://www.b londe2dot0 .com.bl og/2007/06/ l 4/wh y-we-sho ul d-care-abo ut-web-20/ 20. Idem, ibid en. 2 1. http ://cons tru ctif.fr/A rti cle_28_44_3 13/Le_ tribal is me_ postmodern e. html 22. Ide m, ibide n. 23. Ide m, ibide n. 24 . htlp ://e- o uth .bl og. lemo nd .fr/ca tegory/web tec h 25 . http://w ww.cea1 -sorbo nn e .o rg/n ode. php ? id=97 &e lementid =94

26. Atlas de comm1111icatio11 ora/e - Une carte de la communication et de ses jlux, F. Casalegno, M. S usani , R. Tagli abu e, http ://www.cairn.info/ revue-s ic ietes-2003- 1-page-89.htm 27. O Windows domina o mercado de computadores pessoais e desktop (cerca de 90%) e cerca de 66% do total de servidores vendidos (não necessari amente usados) e m 2007 . Esse quadro pode mudar, com a cre cente penetração cio Ubwuu (um a variante do Linux) no mercado de co mputadores pessoais. Em novembro de 2007 , linu.x o perava 85% dos ma i potentes computadores do mundo, comparados aos apenas 1,4% o perados por Windows. E m fevere iro ele 200 8, Linux operava 5 em cada IO dos provedores de Interne t confiáveis, comparados ao 2,0% do Windo ws. 28. Seth Godin , Tribes: we need you to lead us, p. 2,6. 29. http://tribaling. typepad.com/my _ weblog/2009/ 02/tribes .html 30. C fr. M arsh all M cLuh a n, http ://www.n ext nature. net/?p= 1025

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do, foi para Roma, onde "escreveu uma história da Igreja desde a Paixão do Senhor até seu tempo " (do Martirológio). Dele diz São Jerônimo: "Muito próximo do tempo dos Apóstolos, foi imitador de suas virtudes e vida, bem como de sua maneira de falar ".

8 São Dionísio, Bispo

1 QUJNTA-FFIRA SANTA Instituição da Eucari stia e do Sacerdócio.

2 SEXTA-FEIRA SANTA Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jejum e abstinência. Primeira sexta-feira do mês.

+ Corinto, 180. "Devido à ciência e à graça de que foi dotado, ilustrou o povo não somente da sua cidade e província, mas também bispos" (Do Martirológio).

SÁBADO SANTO Jesus Cristo no sepulcro e a soledade de Nossa Senhora. Primeiro sábado do mês.

4 PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO "Cristo ressuscitou; ressuscitou verdadeiramente, Alleluia!"

5 Santa ,Juliana de Comillon, Virgem + França, 1258. Religiosa agostini ana, grande devota da Eucaristia. Deus comunicou-lhe o desejo de ter uma festa dedicada ao Corpo de Cristo. Perseguida em sua própria comunidade, teve que de terrar-se eis vezes até sua morte.

6 Os 120 Mártires da Pérsia + 344. Entre estes cristãos presos po r ódio à fé contam-se nove virgens consagradas e inúmeros clérigos. Depoi s de eis meses de prisão nas piores condições, foram todos degolados enquanto pronunciavam o nome de Jesus.

7 Santo Hegesipo, Confessor + Roma, 180. Judeu converti-

13 Santo Hermenegildo, Mártir + Sevilha, 586. Filho do Rei Leovigildo da Espanha visigótica, ariano, foi convertido à ortodoxia por sua esposa Indegunda. Deserdado pelo pai por não querer abjurar a fé católica, foi decapitado. Três anos após seu martírio, toda a nação visigótica retornou à fé católica.

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9 Santa Valdetrudes, Viúva

+ Bélgica, 688. "Mãe de famí-

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mentas foi decapitado, e assim mereceu ser batizado em. seu próprio sangue" (do Martirológio) .

lia cristã, depois de ter criado seus quatro fi lhos, todos honrados como santos, abraçou uma vida de oração e solidão. Juntando-se a ela outras mulheres, originou-se o mosteiro em torno do qual formou-se a cidade de Mons" (do M artirológio).

10 Santo Ezequiel, Prol"eta + Palestina, séc. VI a.C. "Levado cativo para a Babilônia alguns anos antes da queda de Jerusalém, aí exerceu a maior parte de seu ministério profético. Como sacerdote, mostrou grande zelo pelo Templo e pela Lei. Como Profeta, centrou sua pregaçcio sobre a renovaçcio interior do coraçcio" (do Mar-

Santa l~ dwina de Schiedam, Virgem

+ Holanda, 1433 . Como vítima expiatória, foi atingida por quase todas as moléstias imagináveis em meio à extrema mi séria, por mais de 20 anos. Tinha constantes visões de Nosso Senhor, do Paraíso, do Purgatório e do Inferno.

15 Santas Balissa e Anastácia, Mártires + Roma, 66. Ilustres matronas romanas discípulas de São Pedro e São Paulo, sofreram cruel martírio por terem recolhido as relíquias do Príncipe dos Apóstolos para dar-lhes sepultura.

16 São Benedito José Labre, Con fessor + Roma, 1783. Mendigo volun-

Domingo da divina Misericórdia

tário, peregrinava entre os mais célebres santuários da Europa, sofrendo humilhações e maus tratos. Ao falecer em Roma, as crianças espontaneamente saíram gritando pelas ruas: "Faleceu o santo".

Santo Estanislau de Cracóvia (Vide p. 38)

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tirológio).

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12 São Vítor de Braga, Mártir

+ 306. "Ainda catecúmeno, recusou-se a adorar os ídolos e confessou Cristo Jesus, Filho do Deus Vivo. Após muitos tor-

Santos Elias e Isidoro, Mártires

+ Córdoba, 856. O primeiro sacerdote, e o segundo monge, ''foram condenados à morte ao confessarem. sua fé cristã diante do Islamismo" (do Martirológio) .

18 São Lascriano, Bispo e Confessor + Irlanda, 639. Monge, foi a Roma, sendo ordenado por São Gregório Magno . Tendo viajado para a Irlanda, lá apoiou a liturgia romana e sua data para a fixação da Páscoa. Consagrado bispo e legado papal para a Irlanda, conso lidou essas reformas.

19 Santa Ema, Viúva + Alemanha, 1045. Filha do re i dos saxões que, depois de 32 campanhas, foi vencido por Carlos Magno e se converteu. A Santa casou-se com o Conde de Ludgero. Enviuvando ainda moça, dedicou-se à educação do filho único e a obras de misericórdia, falecendo num mosteiro por ela fundado e m Bremen.

20 São Tcótimo, Bispo e Confessor + Ásia Menor, séc. V. "Nascido pagão, tornou-se especialmente célebre por seus conhecimentos de filosofia grega, dando realce a esta ciência por um.a rigorosa prática do cristianismo. Mais tarde tornou-se bispo de Cítia" (do Martirológio).

21 São Simão Barsabeu, Bispo e Mártir + Selêucia, 341. Aprisionado e torturado por ter-se recusado a adorar o sol durante a perseguição de Sapor II, da Pérsia, foi obrigado a assistir à decapitação de uma centena de cristãos antes de ser ele também martirizado.

22 São Leónidas, Mártir + Alexandria, 204. Retórico, filósofo e professor de renome em Alexandria, pai do célebre Orígenes. Este tinha 17 anos quando Leónidas foi preso, e o incentivou a enfrentar o martírio. Uma rica cri stã socorreu

depois a viúva e os sete filhos do mártir, cujos bens haviam sido confiscados.

23 São Geraldo de Temi, Bispo e Confessor

+ França, 994 . Cônego da catedral de Col ô nia nomeado bispo de Toul , diocese que governou durante 3 1 anos. Notável pregad or, transformou sua Sé episcopal num centro de saber, trazendo monges da Irlanda e da Grécia. Fundou mosteiros, ed ificou igrejas e um hospital.

24 São Gregório de Elvira, Bispo e Confessor + Espanha, séc . IV. Famoso pelo zelo apostólico, ciência eminente, santidade e inflexibilidade de princípios, nunca qui s pactuar com os hereges arianos. Desvendava seus artifícios, desarmando suas invectivas, não recuando nem mesmo diante das ameaças do rei, que era ariano.

25 São Marcos Evangelista, Bispo e MárLir Santo l lermínio Abade, Con fessor + Bélgica, séc. VIII. "Sua sabedoria maravilhou Santo Ursmério, que induziu seus monges a escolhê-lo como seu sucessor à.frente do Mosteiro de Lobbe ·, destinado a tornar-se um dos centros intelectuais mais intensos da Bélgica" (do M artirológio).

26 Nossa S nhora cio Bom Conselho ele G 'nazzano Quadro trasladado miraculosamente pelos anj os, da Albânia invadida pe los mu ç ulm anos para cidade de Genazzano, nas proximidades de Roma, no éc. XV. Essa pintura tornou-se famosa pelos milagres que di ante dela se alcançaram.

27 São Teodoro, Conl"essor + Egito, 368. "Discípulo de

São Pacômio, 'cheio da graça de Cristo e ardente pela ação do Espírito Santo, mostrava-se hábil em reconciliar os irmãos divididos'. Também.foi chamado a acompanhar seu sucessor, São Horsiésio, em seu governo e em sua catequese" (do Martirológio) .

28 São Luís Maria Grignion de MonLfort, Confessor São Pedro Maria Chanel , MárLir + Oceania, 1841. Sacerdote da Sociedade de Maria, foi enviado como primeiro missionário à ilha Futuna, na Oceania. Inicialmente bem rece bido pelo chefe dos indígenas, percebeu depois que os conselheiros deste lhe votavam antipatia. Foi por eles morto a pauladas enquanto rezava.

29 SanLa Catarina de Siena, Virgem São Wilfricto o Jovem, · Bispo e Confessor

+ Inglaterra, 744. Um dos cinco prelados de exímia santidade, a respeito dos quais São Beda diz terem sido educados na Abadia de Whithy. O santo colocou-se a serviço de São João de Beverly, sucedendo-lhe na 1 sé de York. Grande pregador, pai dos pobres, resignou à sua diocese a fim de prepararse para a morte na Abadia de Ripo.

30 SanLos Mariano e Tiago, Mártires + Numídia (África), 259 . "A vida da graça era tão intensa nestas testemunhas de Deus, que fizeram vários outros mártires pelo exemplo de sua fé" (do Martirológio).

Nota : Os Sa ntos aos quai s já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqu i apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

Intenções para a Santa Missa em abril Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções : • Em razão dos méritos infinitos do Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, rogando a concessão das graças de que os leitores de Catolicismo mais necessitam. • Na Misso, haverá um memento especial pelas pessoas que mais sofrem em razão dos terremotos que castigaram o Haiti e o Chile, bem como pelos brasileiros mois atingidos pelos desastres provocados por chuvas ovossaladoras, como ocorreram em Angra dos Reis e São Luís do Paraitinga .

Intenções para a Santa Missa em maio • Neste 93° aniversário da l O aparição de Nosso Senhora aos três pastorinhos de Fátima , Missa em seu louvor e suplicando-lhes o plena correspondência do hu manidade à Mensagem que Ela veio trazer oo mundo em 1917.


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DESTA lJE

Conferência de Ação Política Conservadora N os Estados Unidos, milhares de militantes conservadores participam do evento e se opõem à admissão de homossexuais nas Forças Armadas, tema candente também no Brasil. r, FRANCISCO J OSÉ

R

Por que devemos nos opor à agenda homossexual para as Forças Armadas

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SAIDL

ealizou-se entre os dias 18 e 20 de fevereiro, na capital americana, a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) - o maior evento conservador nos Estados Unidos, com a patticipação aproximada de 10 mil intelectuais, políticos, representantes de organizações, estudantes e ativistas. Sua relevância se traduz pela qualidade e número de patticipantes, pelos discursos, temas e debates, bem como pelos panfletos com tomadas de posição, que na ocasião são veiculados. Intervindo corajosamente na discussão sobre a aceitação ou não de homossexuais nas Forças Armadas, Ryan Sorba, da Young Americans for Freedom, sali entou que o moralmente errado não pode transformar-se em direito civil. Por sua vez, John Ritchie, diretor da Ação Estudantil da TFP americana, afirmou: "O vício homossexual está fundamentalmente em desacordo com princípios conservadores tradicionais. Ele viola a Lei natural e o senso comum". Numa clara crítica à participação do GOProud (um movimento próhomossexual) no CPAC deste ano, Ritchie declai·ou: "O CPAC afirma ser 'uma grande tenda' para o movimento conservador, mas neste ano essa tenda tem uma grande goteira". A atuação da TFP americana foi marcante. Nas salas e corredores do Marriott Wardman Park Hotel, onde se realizava a CPAC, voluntários da entidade distribuíram aos patticipantes quatro mil exemplares do manifesto Para manter limpa nossa honra! Por que devemos nos opor à agenda homossexual para as Forças Armadas. E poucos dias depois, em 23 de fevereiro, publicaria o mesmo manifesto no "Washington Times", que transcrevemos nas próximas páginas. No stand da TFP americana fo i também exposto o livro An American Knight: The Life of Colonel John W Ripley, de Norman Fulkerson. A obra narra a história de um dos maiores heróis de guerra americanos, famoso por sua atuação durante a Guerra do Vietnã, especialmente pelos riscos que correu para destruir a ponte de Dong Ha, impedindo o avanço de 30 mil soldados e 200 tanques comunistas . A principal razão da divulgação do livro naquele local deveu-se à fir me oposição do Coronel Ripley à entrada de homossexuais nas Forças Armadas, sustentada por ele no Congresso americano. Foi ainda digna de nota a enquete feita por voluntários da TFP, com amostragens significativas da opinião do público presente (os resultados encontram-se no quadro ao lado) . •

PARA MANTER LIMPA NOSSA HONRA!

1. Permanência de homossexuais na classe militar - Contrários à entrada de homossexuais declarados na classe militar........................ 69% - Favoráveis à revogação da política denominada "não pergunte-não diga" ...... 19% - Indecisos ............................ .......... .............. 12 %

2. Emenda constitucional - Apóiam uma emenda constitucional para proteger o matrimônio como sendo a união entre um homem e uma mulher .. ................... 70% - Opõem-se à idéia de uma emenda constitucional. ............... .. ................. 23% - Indecisos ...................................................... 7 %

3. Importância dos valores morais - Consideram a moral muito importante para a causa conservadora ........ ....... ......... .. .. .68% - Consideram os problemas fiscais e econômicos mais importantes do que os valores morai .................... .. ..... ................ J9% - Consideram que só o problema econômico interessa ........................................ 8% - Outros e indecisos ..................... ... ..... ............ 5%

4. Presença do GOProud no CPAC - Contrários ....... .......... ...... ................. ...... .46% - Favoráveis .............................................. 32% - Indecisos ........... ..... ... ....... ....................... 22%

5. Crise econômica x crise moral - A crise econômica está relacionada com o declínio geral dos valores morais ... ..... 64% - A crise econômica não tem relação com o declínio dos valores morais ................. 23% - Indecisos ..................................................... 13%

nquanto os Estados Unidos enfrentam duas guerras e uma fragilidade econômica, outro perigo desponta no horizonte, ameaçando a honra e a integridade da mais importante de nossas instituições: as Força Armadas. No seu discurso sobre o Estado da União, de 27 de janeiro de 2010, o presidente Obama prometeu trabalhar com o ongresso e os militares para derrubar a atual lei que exclui os homossexuais das Forças Armadas. 1

Uma revolução mornl Tal iniciativa não pode ser considerada isoladamente. Para e entender inteiramente seu significado, cumpre vêla à luz de décadas de um movimento homossexual empenhado m erradicar os próprios fundamentos da nossa moralidad . Assim, o ativista homossexual Paul Varnell, escrev nd no "Chicago Free Press", afirmou: "O movimento homossexual não é um movimento de direitos civis, mas uma revolução moral com o objetivo de mudar a visão das pessoas sobre o homossexualismo ".2 Realmente, os líderes do movimento compreendem perfeitam nte significado de suprimir a proibição militar ao h m ssexualismo. Assim, Thomas Stoddard, exdiretor exe utivo de Lambda Legal, admitiu: "Esta não é uma lu.ta sobre os militares. Esta é uma luta de cada lésbica e ho11·1.ossexual americano por seu lugar na sociedade". 3 D me mo modo, o Human Rights Campaign - o maior grup nacional pelos direitos dos homossexuais - planeja gastar mais de dois milhões de dólares numa campanha de lobby para influenciar os legisladores, cujos votos serão neces ários para derrubar a presente lei. 4 Esses ativistas mpreendem que nosso Exército é um poderoso sfrnb I na mente dos americanos. William Kristol estava cert quando se referiu a ele como "uma grande instituição arnericana que mantém afé dos cidadãos". 5 Assim, se os h mossexuais forem admitidos, tal fato repercutiria em todas as instituições nacionais. Essa é uma das muita razões pelas quais cumpre defender o nosso Exército, cuja eficiência e honra seria sacrificada por ideólogos no altat· de uma licenciosidade infrene, num momento em que a segw·ança nacional e global repousa sobre sua bem-sucedida campanha contra o ten-orismo. Exacerbando este perigo, muitos comentaristas obscurecem a questão, papaga iando os sofismas do movimento homossexual. Importa a im examinar de perto

alguns dos principais argumentos utilizados para apoiar a anulação do banimento.

Os homossexuais têm o direito de servir? Um sofisma sustenta que os homossexuais têm o direito de servir nas nossas Forças Armadas. Propugnadores desta idéia rotulam freqüentemente de discriminatória a presente lei, comparando o levantamento de sua proibição com a ordem executiva de 1948 do presidente Truman eliminando a segregação racial nas Forças Armadas da nação. Contudo, tais alegações não têm base. Primeiratnente, não há "direito" constitucional pai·a servir nas Forças Armadas, nem poderia haver tal direito. Devido ao seu objetivo de luta, o Exército é uma organização necessariamente discriminatória, que recusa o engajamento com base na idade, altura, enfermidade física, e muitas outras causas. De modo similar, violações da moralidade, como a mentira e o adultério, podem ·resultar em corte marcial. Ademais, não há comparação possível entre a eliminação da segregação racial no Exército pelo presidente Truman e o levantamento da proibição de homossexuais nas nossas Forças Armadas. Compo11amento homossexual é uma questão moral, não racial. É uma escolha pessoal de estilo de vida. O antigo Chefe do Estado-Maior, general Colin Powell, afirmou-o, 6 dizendo: "Cor da pele é uma característica benigna e neutra do ponto de vista do comportamento. A orientação sexual é talvez a mais profunda das características do comportamento humano. A comparação entre as duas é um argumento cômodo, mas inválido". 7 Inclusive a presente lei não é baseada no que os homossexuais alegam ser, mas no que eles fazem.

A presença de homossexuais declarados prejudicaria a coesão da tropa? Outro argumento afirma que a presença de homossexuais declarados não seria prejudicial à coesão da tropa. Seus propugnadores dizem que tal coesão não foi afetada na Inglaterra, no Canadá e em outros lugares onde se permitiu o engajamento de homossexuais. Antes de tudo, cumpre notar que esses países não são os Estados Unidos. Nem o Canadá nem a Inglaterra têm os nossos compromissos ou as nossas capacidades, 8 possuindo ambos uma visão do homossexualismo marcadamente mai s liberal. Na verdade, muitos membros do Partido Conservador britânico, inclusive seu lí-

E-mail do autor: catolicismo@catolicismo.com.br

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der David Cameron, aprovam a adoção por homossexuhomossexuais os levaria a ser considerados mais um 1isco ais e as uniões entre pessoas do mesmo sexo. 9 do que uma vantagem para a sobrevivência da tropa. Como apontou o coronel Ronald Rey, o crescente ínNos Estados Unidos as coisas são diferentes, sobretudo nas nossas bases, como escreveu o Coronel-Aviadice de doenças não deve ser subestimado: "Apesar de dor David Bedey: "É fato inegável que as comunidades os homossexuais representarem menos de 2% do total da militares são bastiões de valores tradicionais". 1º população americana, uma compilação de recentes estudos sobre a saúde mostra que eles respondem por 80% Importa considerá-lo, porquanto os valores participados são necessários à coesão da tropa, de acordo com o das mais graves doenças sexualmente transmitidas". 15 comandante do Instituto de Pesquisa do Exército, William Esse crescente índice da doença levou alguns a se reDarryl Henderson: "Atitudes comuns, valores e convicferirem ao estilo de vida homossexual como um estilo de ções entre membros de uma morte. A inclusão de tal estropa promovem a coesão. tilo nas nossas Forças ArAlguns observadores susmadas é realmente uma proA Associação Médica Católica tentam que as similaridades posta perigosa. refuta o mito de que Tendo-se presentes esde atitudes contribuem para a homossexualidade é genética a coesão do grupo, mais do ses fatores, é simplesmente que qualquer outro fator inimpossível sugerir que o "Diversos pesquisadores procuraram encondividual ". 11 engajamento de homossetrar a causa biológica para a atração por pessoa xuais confessos não prej uPermitir o engajamento do mesmo sexo. A mídia promoveu a idéia de que de homossexuais quebraria dique a coesão da tropa. A um "gene gay" já foi descoberto, mas apesar de lei em vigor e diversos ofitambém a confiança da troreiteradas tentativas, nenhum dos tão alardeados estudos foi cientificamente comprovado. Vários pa, base necessária à coesão. ciais corroboram tal afirmaautores examinaram cuidadosamente esses esO herói da guerra do Vietnã, ção. Entre eles está o genetudos e se deram conta de que os mesmos não coronel John Ripley, expliral Norman Schwarzkopf, somente não provam a base genética para a atraco u-o num depoimento que afirmou: "Em meus ção pelo mesmo sexo, mas que os relatos nem sequer contêm tais alegações. prestado em 4 de maio de anos de serviço militar, tes"Se a atração por uma pessoa do mesmo sexo 1993, na House Armed temunhei o fato de que a fosse determinada geneticamente , então seria de Services Committee: "Ninintrodução de homossexuse esperar que gêmeos idênticos fossem idêntiguém pode confiar num líais declarados dentro de cos nas suas atrações sexuais. Há diversos relatórios sobre gêmeos idênticos que entretanto não uma pequena tropa polarider, nem pode um líder consão idênticos nas suas atrações sexuais". za imediatamente aquela fiar num subordinado, no unidade e destrói a sua coqual perceba a existência de Fonte: Homosexuali ty and Hope (Catholic Medi cal esão, tão importante para a sentimentos homossexuais Association, 2000), p. 2. Ver também Gerard J. M. van prestes a aflorar à superfísua sobrevivência em temden Aardweg, The Battle for Normality (San Francisco, lgnatius Press, 1997), p. 25. po de guerra". 16 cie. Não faz nenhuma dife Por fim, a lei em vigor, rença se a pessoa reprimir aprovada por maioria à protais sentimentos. Isso torna a confiança virtua lmente va de veto em ambas as Caimpossível". 12 sas de um Congresso conduzido por democratas, declaO bom senso reforça o afirmado pelo coronel Ripley. ra: "As forças armadas devem manter políticas de pessoal que excluam pessoas cuja presença poderia criar Como estabelece a lei em vigor, a sociedade castrense é um risco inaceitável para os altos níveis de moral das necessariamente "caracterizada por intimidade forçada, forças armadas, da boa ordem e disciplina e da coesão com pequena ou inexistente privacidade". 13 Por isso ela da unidade, que constituem a essência da capacidade produz altos índices de stress. O efeito de se adicionar a militar". 17 isso a tensão sexual é inimaginável. Talvez tenha sido porisso que os dois mais famosos grupos de veteranos Em tempo de guerra, podemos permitir os Veterans of Foreign Wars e American Legion, cujos a perda de soldados capazes? membros somados ultrapassam quatro milhões - se ma1 4 Opositores da presente lei também reclamam que não nifestaram contra a anulação do banimento. podemos permitir a expulsão de nenhum soldado treinaEm tempo de guerra os homens estão também continudo durante nossos atuais engajamentos militares. Nesta amente em contacto com o sangue um do outro. Por isso o linha, a mídia afirma com freqüência que mais de 300 bem documentado crescimento de índices de doenças de

especialistas em idiomas, incl uídos mais de 50 fl uentes em árabe, foram dispensados de suas funções durante a vigência da atual lei. Essas reivindicações baseiam-se em informações exageradas e infundadas. No seu depoimento diante da House Armed Service Committee, Elaine Donelly, presidente e fundadora do Centerfor Military Readiness, notou que 9.501 homossexuais foram dispensados do nosso Exército ao longo de J 1 anos (1993-2004), uma média anual de 864.18 Embora i o possa parecer muito, é relativamente pouco se comparado com o número de soldados demitidos por outras razões. Por exemplo, 36.513 pessoas engajadas foram removidas durante o mesmo período por exce. so de peso, 26.446 por se terem engravidado, e outras 20.527 por paternidade, enquanto cerca de 60.000 foram excluíd as por uso de droga. 19 Se devêssemos interromper a dispensa de homossexuais de nossas Forças Armadas, como continuar dispensando aqueles cuja única fen sa é ter um enorme apetite? Além do mais, se con- r cordarmos em baixar os critérios em benefício da quantidade, qual será o próximo parâmetro? A alegação de que 300 "especialistas" em idioma e mai s de 50 "fluentes" tradutores de árabe foram demitidos d nosso exérc ito por homossex ualidade baseia-se em um studo de 2005 do Government Accountability Ojfi ·e ( AO) . p ntretanto, o documento do GAO afirma claram ntc: "Relativamente poucos destes funcionários individuais possuíam graus ele proficiência lingüística em audição, escrita ou fala pelos quais estivessem acima do nível 1n dio das escalas de proficiência em línguas do DOD ". Entr s 54 "fluentes" tradutores de árabe, somente 20 haviam sido aprovados, nenhum deles com nível de fl uência acima do médio. E desses "especialistas" em língua que foram dispensados, 59% ti nham servido por mais ou menos dois anos e meio. 20 Devemos considerar ainda a perda de mão-de-obra resu ltante d levantamento da proibição. Há provas convincentes d ' que e sas perdas pesariam muito mais do que o núm rode homossexuais demitidos na vigência da lei atual. Numa e11qu ,te de 2008 do Military Times, aproximadamente I O¾ dos entrevi stados disseram que "não se reapresentaria111 ou não estenderiam" seu engajamento caso a proibiç· o aos homossexuais fosse suspensa, enquanto outros 14 ¾ declararam que "iriam avaliar a possibilidade d • nflo ,\·, reapresentarem ou não prorrogarem" sua carreira mil itar. 21 Como observou a Sra. Donnelly, se considerarmos que esses númer s representam as opiniões de todas as forças ativa e de res rva, o levantamento da proibição poderia re ultar numa perda de 228.600 a 527.000 soldados

(dependendo da decisão final daqueles que consideram a possibil idade de encerrar suas carreiras). Esses números são impressionantes, tomando-se em linha de conta a existência de cerca de 200.000 marines em serviço.22 Analogamente, uma pesquisa de 2006 do Zogby mostrou que, dos engajados nos últimos 14 anos, 10% provavelmente sequer teriam se apresentado, caso existissem em serviço homossexuais declarados. Outros 13% ficaram indecisos. 23 Portanto, se estamos preocupados com a di min uição de nossas fileiras neste momento crítico, devemos manter, e não suspender, a proibição de homossexuais nas Forças Armadas.

Mais de 1. 100 oflciais de al ta patente apói am o banimento Além de todos os argumentos práticos que apresentamos a favor da atual lei, há uma voz da experiência que fala mais alto que a nossa. É a de nossos líderes militares, cujos anos de serviços nos mais altos níveis de comando lhes outorgaram a sabedoria para entender a questão em todas as suas implicações. Eis por que o Congresso deveria considerar uma declaração assinada por I. 152 oficiais de alta patente da reserva, urgindo aos congressistas e ao presidente Obama que mantenham a proibição de homossexuais no Exérc ito.24 A declaração é tão urgente quanto inequívoca, e inclui a segui nte passagem: "Nossa experÚncia passada de líderes militares nos deixa muito preocupados sobre o impacto que o levantamento [da proibição] causaria sobre a moral, disciplina, coesão da tropa, e em toda a prontidão militar. Julgamos que a colocação desse fardo [... ] minaria o recrutamento e a retenção, impactaria a liderança em todos os escalões[ .. . ] e finalmente quebraria as forças armadas, totalmente constituídas de voluntários. Em se tratando de matéria de segurança nacional, urgimos-lhes apoiar a lei de 1993, relativa aos homossexuais no exército (Seção 654, Título 10), e a se oporem a qualquer esforço legislativo, judicial ou administrativo para revogar ou invalidar a lei".25 Os signatários desta mensagem incluem 51 oficiais de quatro estrelas, a mais alta patente da nação em tempos de paz.

E para manter limpa nossa honra ... Esses argumentos práticos são úteis, mas não constituem o elemento mais importante da questão. O fu lcro do assunto toca numa realidade mais alta, na qua l está concernida a própria identidade do soldado americano. Para ter êxito, o mi litar deve incorporar dois valores aparentemente incompatíveis. De um lado, deve pôr em prática os mais altos princípios morais de disciplina, valor e

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integridade, e simultaneamente inculcar o desejo de destruir o adversário. De fato, a mera existência do militar proclama que o mal existe, e que às vezes deve ser confro ntado. Ele representa a força da verdade e a integridade, e é um símbolo daquele tipo de bem que desafia o mal com destemor. Assim, um militar de sucesso deve operar numa atmosfera na qual o bem e o mal são claramente definidos e não há lugar para o relativismo. O soldado também personifica o sacrifício de si mesmo. Como escreveu o grande pensador católico Plínio Corrêa de Oliveira, a profissão militar proclama ·"a existência de valores superiores à própria vida, pelos quais se deve estar disposto a morrer". 26 São esses valores de integridade, abnegação e força que projetam o soldado numa ordem superior de coisas. Numa palavra, eles lhe conferem uma honra de tal modo identificada com o arquétipo do soldado americano, que a nossa mais alta condecoração militar é chamada Medalha de Honra. Entretanto, o vício homossexual representa o oposto da honra militar. Ele viola a lei natural , sintetiza o desencadeamento das paixões humanas desregradas, mina a autodisciplina, e tem sido definido pelo Magistério da Igreja Católica em numerosas ocasiões como "intrinsecamente mau". 27 Eis por que, para avançar, o movimento homossexual deve eliminar as distinções entre virtude e vício, verdade e erro, bem e mal. Se este vício for imposto às nossas Forças Armadas, trará necessariamente consigo este espírito relativista. Por sua vez, tal mentalidade minaria a postura de consciência direta e reta, tão necessária aos militares. 28 Ela mancharia a honra de todos aqueles que servem e enfraqueceria na sociedade a noção da incompatibilidade entre bem e mal, tão bem representada pelas nossas Forças Armadas. Compreendemos a essa luz por que os ideólogos homossexuais teimosamente insistem em efetivar esta transformação dentro do nosso exército. Entretanto, ela também nos dá poderosos motivos para resistir aos seus planos. Devemos urgir ao Congresso que impeça toda e qualquer tentativa de derrubar a atual lei e insistir na sua contínua aplicação. O coronel Ripley compreendeu bem os perigos de se abandonar nossa atual lei. É a razão pela qual ele terminou seu depoimento de 1993 na House Armed Services Committee instando o Congresso a manter o banimento de homossexuais no serviço militar, com as seguintes expressivas palavras: "Eu vos imploro, como americano e como fuzileiro naval que lutou por seu país e ama seu Regimento e sua pátria mais do que a própria vida, a

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não nos meter nesta emboscada da qual jamais poderemos nos recuperar ".29 Em seu nome, deveríamos buscar encorajamento na letra do Hino dos Marines, aplicáveis a todos os ramos de nossas Forças Armadas, no momento em que estas se defrontam com este perigoso problema: "Travamos as batalhas de nossa nação No ar, na terra e no mar; Lutando, primeiro, pelo direito e pela liberdade E para manter limpa nossa honra ... "

The American Society for the Defense of Tradition, Family and Property 11 de fevereiro de 2010 Fe~ta de Nossa Senhora de Lourdes

Notas: l .http://www.tfp.org/slideshow/slideshow/qto-keep-our-honor-cleanq-whywe - mu s t-oppose-the-ho mosex u a 1-agend a-for-the- mi Ii ta ry. h tm 1 • _ftnre fl#_ ftnrefl. Embora essa lei (US Code, títu lo 10, subtítulo G, Seção 645) seja conhecida erroneamente como " Don't ask, don ' t tell" (Não pergunte, não diga), de fato ela proíbe a todos os homossexua is o serviço mi litar. "Don't ask, don't tell" é apenas uma política da era C li nton , que nunca foi incluída na lei. Foi declarada ilegal e m 1996 por decisão judicial do Quarto Tribunal de Ape lação. Cf. http ://c mr link .o rg/ HMi litary.asp?doclD= 103. 2. Paul Varnell , "Defend ing Our Morality," Chicago Free Press, Aug. 16, 2000, http://www.indegayforum .org/news/show/27088. html. Para se ente nder quão antinaturais são os atos ho mossexuais, basta considerar a complementaridade psicológica e fís ica entre os dois sexos. 3.http://www.tfp .org/slideshow/slideshow/qto-keep-our-honor-cleanq-whywe-must-oppose-the-homosex u al-agenda-for- th e - mi I itary. html • _ftnref3#_ftn ref3. Jeffrey Schmalz, "Gay Groups Regrouping For War on Military Ban ," The New York Times, Feb. 7, 1993, http:// www.nytimes.com/ 1993/02/07 / us/gay-groups-regrou pi ng-for-war-onmi litary-ban.htm l ?pagewa nted=all. 4. Cra ig Wh itlock and Ed O' Keefe, "On lssue of Gays in Military, Pentagon Wi ll Make Recommendations to Congress," The Washington Post, Jan. 29, 201O, http://www.washi ngtonpost.com/wp-dyn/content/article/201 O/ O1/28/AR2010012803728_2. html. 5. William Kristol , The Weekly Srandard, Vo l. 15, No. 20, Feb. 8, 2010, http ://www. week ly standard .com/ a rticles/do n % E2 %80%99 t- messsuccess. 6. A infeliz mudança de posição do General Powell sobre a admissão dos homossexuais nas Forças Armadas deve-se ao q ue ele denominou mu dança de atitudes do público sobre a homossexualidade, e não ao te ma de discriminação. Cf. Kare n De Young, "Colin Powell Now Says Gays Should Be Able to Serve Openl y in Military," The Washington Posr, Feb. 4, 201 O, http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/ 20 10/02/03/AR20 10020302292. htm l?hpid=morehead lines. 7. Mackubi n Thomas Owens, "The Case Against Gays in the Military," The Wall Streer Journal, Feb. 2, 2010, http://online.wsj .com/article/ SB 1000l424052748703389004575033601528093416.html. 8. Como observaram James Lindsay, Jerome Johnson, E.O. "Buck" Shuler Jr. and Joseph J. Went: "As Forças Armadas dos EUA são modelos para os nossos aliados militares e inveja para os nossos adversários - não o

contrário". "Gays and the Mi litary: A Bad Fit," Th e Washingron Posl, Apr. 15, 2009, http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/ 2009/04/ l4/ AR2009041402704.html. 9. f. J oanna Bog le , "Co nse rvativ e Britain? I Don't Think So," MercarorNer , Jan. 28, 20 10, http://www.mercatornet.com/articles/view/ co nservati ve_ britain_ i_dont_think_so/. A lso: Hilary White, "U.K.'s o nse rva ti ve Leader Pledges Full Support for Gay Agenda," LifeSireNews.com, Feb. 8, 2010, htlp://www. lifesitenews.com/ldn/2010/ feb/ 10020805. html. 10. Colo ne l David F. Bedey, US Army, Ret. , "Exclusive: Repeal of ' Don 't Ask, Don't Tel1': A Clear and Present Danger," Family Securiry Ma//ers, J a n. 27, 201 O, http://www. fam il ysec uritymatters.org/publ ications/ id .5363/pub_deta il .asp. 11. Wi lli am Darry l Henderson, Cohesion The Human Element in Combat (Washington , DC : National Defense University Press, 1985) p. 75 . 12. Norman Fulkerson , An Am.erican Knight (Spring Grove, Penn.: T he American Soc iety for the Defense of Tradition, Fami ly and Property, 2009) p. 124 and Appe ndi x II. 13. US Code Title 10. Subtitle G, Section 645: Policy Concern ing Homosex ua lity in thc Arm ed Forces , hup://web.mit.edu/committees/rotc/ code. html. 14 . " Yetera n Groups Resist ' Don't Ask' Repea l," The Washington Times, Feb. 4, 20 1O, hll p://washington times .com/news/20 10/feb/04/veteransg ro ups- rap-push-to-end- mi litary-gay-ban/. 15. o lonc l R nal d D. R ay, USMCR, Gays: ln or out? (Washington: Brusscy's ( U ), l 993) p.46. Embora esse estudo sej a de 1993, suas conc lus cs silo admitidas pela FDA, que não ace ita homossex uais como doado res ele sang ue. A FDA justifica essa política no seu website em: htt p ://www. fd a .gov /bi o lo gics b Iood v acci nes/ b lood b Ioodprod ucts/ qu stion s11bou tb lood/ucm 108 186.htm. 16. M •lissu l lcn ly, "Schwarzkopf: ' A 2nd-Class Force' If Gay Ban Ends," 1'/11• Lo., Angeles 7Ymes, Mar. 12, 1993, http://articles.latimes.com/199305- 12/n ws/mn -34392_ 1_armed-force?pg=2. 17. S ode Tl tl c 10, S ubt it le G, Section 645. "Policy Co ncerni ng Homos xua lit y in the Anned Forces." (Our emphasis.) 18. As cstutísti cus da Sra. Donne lly foram compil adas em um roteiro que c lu usou durnn1 seu depoimento. Roteiro disponível online em: http:// cmrl i nk.o r·g/ MRN tes/Ho mosexualDischarges 100 107 .pdf. 19. lbid . 20. Unit d Stul s ovcrn ment Accou ntabi lity Office,pp. 16 - 2 1, http:// www.gno.gov/11 w.itcms/d05299.pdf. 2 1. O "Mil/rr,ry 1Y1111•s" rea lizou em 2009 u·ma o utra enquete sobre apresença de ho r11oss1:xun is nas Forças Armadas, mas não perguntou como os a li s wd os reagiriam a um ca nce lamento da proibição. Cf. http:// www. 111 i Iiw,·y t l 111 s .com/wc btoo ls/fi les/Survey%20questionna ire .pdf. 22. E lai ne, Donn ll y, " 1 li on Gays in the Mi li tary Perturbs Palm Center," CMRlink .01·11, J nn . 14, 2009 , http://cmrlink.org/HM il itary.asp?doc ID=342. 23. Elaine Donn ll y, " PM Pol cmi c for Gays in the Mili tary," Human Evenrs, Jan. 15, 2008 , ht1 p://www. humaneve nts.com/article.php?id=27504. 24. See: h1tp://www.1l11g11ndgcncralofficersfor1hemi litary.com/. 25. O texto compl ·10 ·strt disponível em: http://cmrl ink.org/CMRDocuments/ F lagOfficersLcu rP T S-033 109.pdf. Uma lista de todos os signatários pode ser e ncont r·udo rn : http ://cmrlink.org/CMRDoc uments/FGOMSigList%28I 087 %29-03'.I I09.pdf. 26. Plí nio Correu d O li v •lr·u, Revo/111ion and Counter-Revolution (York, Penn.: The Amerl cu n Soc iety for thc Defense of Tradition , Family and Property, 2008) p. 70. T11111h 111 di sp nível on line em:Jmp://www.tfp.org/ revolution-ancl-coun1 1'-1' •vo lut ion .html. 27 . Cf. TFP Commi tt cc 0 11 Arn1.:ric11n lssues, D~f'ending a Higher Law: Why

We Must Resisr Sa111e-.,·ex "Marriage" a11d rhe Hom.osexual Movement (York, Pe nn.: The Am l'i 1111 So ·i ty for the Defense ofTraditio n, Family and Property, 2004), csp<.: l11 lly Part Ili. 28 . Corrêa de Oliveira , Uevo/111/011 r111d 01111ter-Revolutio11, p. 70. 29. O depoimento com11I to do oroncl Rip lcy pode ser encon trado no Apênd ice II de "A11 A111r•l'icr111 K11igh1", de Nonnan Fulkerson, e o nline em: http://www.tfp .org/tf'p-ho rno/fi ghting- for-o ur-c ulture/statement-ofcol-john-w-rlpley-bcfor -Ih ·- hou s -annccl -services-committee. html.

Nossa posição é doutrinária e impessoal The American Society for the Defense of Tradition, Family and Property Ao escrever este documento, não temos qualquer intenção de difamar ou menosprezar quem quer que seja. Não nos move o ódio pessoal contra qualquer pessoa. Opondo-nos inteleciualmente a indivíduos ou organizações que promovem a agenda homossexual, nosso único objetivo é a defesa das nossas valorosas Forças Armadas, da família e dos preciosos restos da civilização cristã. Como católicos praticantes, compadecemo-nos e rezamos por aqueles que lutam contra a incessante e violenta tentação do pecado homossexual. Rezamos pelos que caem em tal pecado devido à fraqueza humana, para que Deus os assista com sua graça. Estamos conscientes da enorme diferença existente entre, de um lado, indivíduos que lutam contra a sua fraqueza e procuram superá-la, e de outro, os que t ransformam seu pecado ·em razão de orgulho, procurando impor tal estilo de vida à sociedade como um todo, em flagrante oposição à moral cristã tradicional e à lei natural. Entretanto, rezamos por eles também. Rezamos também pelos juízes, legisladores e funcionários do governo que de um ou outro modo tomam iniciativas em favor do homossexualismo. Não julgamos suas intenções , disposições interiores ou motivações pessoais. Rejeitamos toda e qualquer violência. Exercemos tãosomente nossa liberdade de filhos de Deus (Rom . 8,21) e nossos direitos constitucionais de livre expressão, incluindo a manifestação franca, ufana e sem respeito humano de nossa fé católica. Opomos argumentos contra argumentos. Aos argumentos favoráveis ao "casamento" entre pessoas do mesmo sexo respondemos com argumentos baseados na reta razão , na lei natural e na Revelação divina. *

O uso indiscriminado da palavra homossexual e de seus sinônimos gerou grande confusão no público. Muitas vezes não é claro se ela se refere somente a uma pessoa com atração por alguém do mesmo sexo, ou a um indivíduo que pratica atos homossexuais. Tal confusão favorece a agenda homossexual. Não podemos equiparar pessoas com atração pelo mesmo sexo, mas que res istem e são castas, com as que se engajam na conduta homossexual. Trata-se de duas real idades morais distintas e essencialmente diferentes. Assim, empregamos a palavra homossexual para nos referirmos somente aos que praticam atos homossexuais e, por conseguinte, merecem reprovação moral.

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importância de se entender a decadência do mundo 111 demo em todos os sentidos - nas leis, na cultura, nos costumes, etc. - a fim de propiciar um I t mada de posição frente ao problema. Pois, para lutar conscien temente contra os erros do m u nd 111 demo, deve-se primeiramente conhecêlo. bem. Um onferencista tratou do processo de vulga ri zação que aparece em todos os aspectos da vida d hoje - do design dos carros ao uso de c lulares, roupas, propagandas, etc. Duas conferências versaram sobre o significado da virtude da pureza, segundo a doutrina da Jgreja Católica, com exemplos históricos de santos e almas de escol que foram exemplos de prática da castidade. Para obter eficácia na luta contra-revolucionária, é preciso ter devoção à Santíssima Virgem e freqüentar os Sacramentos. Foi este o tema de outra conferência. No período da tarde, cavalgadas e jogos fizeram parte do programa, proporcionando momentos de lazer; e no entardecer, quando conia uma bri sa agradável, os jovens reuniam-se para conver as e para rezar em pequenos ~rupos. Audiovisuais e peças teatrais compuseram p fim do dia, preparando os participantes para o merecido repouso.

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E sse pujante movimento promoveu um encontro de estudos contra-revolucionários entre jovens de diversas localidades brasileiras, em tradicional fazenda no estado do Rio de Janeiro li GABRIEL M. ZEYMER

ma fazenda colonial do séc. XVIII, em Campos dos Goytacazes (RJ), foi gentilmente cedida por sua proprietária, Da. lvette Miranda dos Guaranys, para ser palco de mais um encontro da Ação Jovem pela Terra de Santa Cruz. O evento realizou-se durante os dias de carnaval, e contou com a participação de 41 jovens de cinco estados da Federação e do Distrito Federal. Foram dias de estudos, manifestações culturais, pro)resso e piritual e também lazer. A parte da manhã era dedicada às reuniões. O eixo central dos estudos foi a CATO LICISMO

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Uma visita inesperada causou a todos grande alegria. A imagem milagrosa de No sa Senhora de Fátima, peregrina internacional, e teve na fazenda durante uma noite. Foi recebida.em cortejo com tochas, desde o portão da propriedade até a sede. À medida que ela passava, era saudada com fogos de artifício. Tendo sido entronizada no salão principal, cantou-se uma hora do oficio em sua honra. Uma vigília de oraçõe , com os participantes se revezando, só terminou com a despedida da Peregrina ~s 8 horas da manhã. *

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Participantes do evento, tendo ao centro a milagrosa imagem

Flagrante de uma das conferências

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No último dia, jogos de estilo medieval seguidos por um banquete à luz da tochas. E encen-ou-se o evento com um qiscurso, conclamanclo os jovens a lutar pelos ideais da civilização cristã em suas respectivas cidades, seja contra a aprovaçã de leis iníquas como a do aborto, seja pelo empenho cada vez maior na defesa da familia tradicional e da virtudes católicas. Após o discurso, uma feérica queima de fogos foi o epílogo desse abençoado encontro da Ação Jovem pela Terra de Santa Cruz. • E-mail para o autor: catolicismo@cn101içjsmo.com.br

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XI Simpósio de estudos da Associação dos Fundadores ■ LEONARDO JUNQUEIRA FONSECA MOURÃO

urante o último carnaval, a Associação dos Fundadores organizou na cidade de Toledo (PR), com apoio da Associação Cristo Rei, um simpósio para 40 jovens, em sua maioria universitários, sobre candentes temas da atualidade. Situada na costa oeste do estado do Paraná, próximo à Foz do Iguaçu, a pujante cidade de Toledo, fundada em 1954, conta hoje com 200 mil habitantes. É um importante centro de desenvolvimento agroindustrial, concentrando cooperativas e empresas do ramo, graças às férteis terras da região que a tornam uma das principais produtoras de grãos do Paraná. A Associação Cristo Rei foi organizada por jovens católicos fervorosos, inspirados na doutrina tradicional da Igreja e no livro "Revolução e ContraRevolução", de Plinio Corrêa de Oliveira. Conta com estudantes universitários, além de alguns profissionais liberais e fazendeiros. Recentemente seus membros empreenderam uma vitoriosa campanha de abaixo-assinado contra uma imoralíssima cartilha de ensino para o nível primário, cuja implantação estava sendo tentada nas escolas do município pelo Ministério da Educação. O texto dessa cartilha agride frontalmente a moral católica e a própria Lei Natural. Presidido por uma réplica da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, o simpósio iniciou-se com palestra do Sr. Hélio Brambilla, apresentando um retrospecto dos principais acontecimentos que marcaram 2009. Também merecem especial destaque as exposições sobre os seguintes temas: • Processo da Reforma Agrária socialista e confiscatória no Brasil; • Fracassada e vergonhosa tentativa do governo brasileiro de manter Manuel Zelaya na presidência de Honduras; • O inqualificável Programa Nacional de Direitos Humanos-3 do governo Lula; • A atual situação venezuelana de descalabro, tendente à cubanização. O simpósio foi encerrado com a Santa Missa. No sermão, o celebrante apontou os malefícios do carnaval, enquanto festa neopagã daqueles que se apegam aos prazeres sensuais e efêmeros deste mundo. • E-mail para o autor: catolicismo@catolicismo.com.br

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G rupo de jovens católicos se reuniu

para estudar, com invulgar seriedade de espírito, assuntos importantes para o futuro do Brasil e d.o mundo

IV Simpósio de amigos e coITespondentes da Associação dos Fundadores C om a augusta presença da imagem peregrina internacional de Nossa Senhora de Fátima, realizou-se nos d.ias d.o último carnaval mais um encontro promovido pela entidade

Nas fotos abaixo, aspectos do auditório ■ EDsoN CARLOS DE OuvE1RA

o / i Giulio Hotel de São José dos Campos (SP), de 14 11 16 d fevereiro, ocorreu o IV Simpósio de Corres/JO//t/1'11/es da Associação dos Fundadores (fotos 1, 2 e 4 na p. 50), q11 contou com a participação de 170 pessoas de várias regi< s do Brasil, em busca de uma dedicação maior à luta contra-r ·voludonária. Sob II pn•sid ncia de Dr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira, que abriu or, lrnbalhos, importantes conferências de cultura, informnç1 o · 11 ·1 o deram o tom no evento: O pr 11 ·lp · 1 . Bertrand de Orleans e Bragança discorreu sobre as u1lvid11dcs da campanha Paz no Campo (foto ao lado); Jos /\111 11 io Urcta analisou com profundidade o Programa Nacio110/ dos f)ireitos Humanos-3,. cuja aplicação levaria à comu11i s1lz11c; o do Brasil; Luis I ur 1111· ·xpôs alguns dos mais expressivos episódios da vida d· l'lli ilo ( 'orrêa de Oliveira. Oi lsson ( h1 'l' lmin narrou o histórico pranto da imperatriz austríaca M111 i11 '1\.• rl'Za, quando solicitou auxílio dos nobres húngaros p11rn u til•l'l•sa do Império, e ressaltou que a comovente súplica imp , i li NllSl' Ílou um brado uníssono: "Lutemos pelo imperador,,'""' /l/11 rio Tereza!" . Quando f1 •J: 1111 111 1111t1logia dessa súplica e dessas lágrimas com a súp li · 1 d1 NosNa Senhora em Fátima e as lágrimas que a sua imu 1 rn1 pt I t•p1 inu verteu em Nova Orleans no ano de 1972, deixou 110 111 11 1wg11inte pergunta: Qual será a nossa atitude perunl • o pr 1111 0 de nossa Rainha? Pouco d pois, 1111111 f'l liz surpresa marcou o evento. A própria imag m (ll'H'~" 11 111 dl' Nos. a Senhora de Fátima chegou ao recinto, conHIVlllldo II todos com sua entrada solene. Expressiva, maternal · n i11, pl'llllltncceu até a manhã seguinte, presidindo o simp sio. 1 111w1ll' Ioda a noite houve vigília de orações junto a la, • 110 d111 Sl •uint ~ i trasladada para a cidade de Campos, no norl\' 1111111 1m ns \ onde jovens católicos de vários estados rcaliz11v11111 11111 l' r ·ulo de estudos (vide p. 46). Prosseguindo suu p r i •lin u; 11, uni s de retornar aos Estados Unidos,

a imagem visitou o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, na capital paulista, onde permaneceu alguns dias, sendo ocasião de abundantes graças (fotos 3 e 5 nas pp. 50 e 51). O encerramento do simpósio ficou a cargo de Dr. Eduardo de Barros Brotero, que tratou da herança espiritual e intelectual transmitida por Plinio Corrêa de Oliveira. Na impossibilidade de aqui transcrever os diversos depoimentos colhidos nos dias do evento, citaremos apenas o de um jovem de Jundiaí: " O Simpósio foi para mim um encontro surpreendente, que abriu meus horizontes. Na vida espiritual, abriu-os devido à esplendorosa visita da sagrada imagem de Na. Sra. de Fátima, e ao conhecer toda a dedicação e confiança que Dr. Plínio teve para com Ela, dando-nos exemplos de vida e de luta pela Santa Igreja Católica. No campo político e social, abriu-os com a explanação dos temas Reforma Agrária e direitos humanos" . • E- mail para o aulor: ca1olicjs111o@catolicismo.co111.br

ABRIL2010 -


CATO LICISMO


São Bernardino de Siena n PuN10 C o RRÊA oE OuvE1RA

Grandeza e seriedade de um homem imerso numa atmosfera transcendental

E

ste quadro bem retrata um grande pregador santo, que popu larizou a devoção ao Santíssimo Nome de Jesus: São Bernardino de Siena. Ele reun ia em torno de si multidões imensas, em enormes praças. Quando falava, a multidão ia se deslocando conforme a direção do vento, para ouv ir melhor suas palavras. Em seu rosto nota-se a seriedade, a compenetração de um homem revestido de uma missão divina: dizer verdades duríssimas a seus contemporâneos. Sua fisionomia é a de quem está cumprindo essa missão, e se os assistentes não o ouvirem, as brasas estarão sendo acumuladas sobre suas cabeças. Sua alma é povoada de convicções a respeito da transcendentalidade e da perfeição infinita de Deus. Seu olhar é de fogo, não há clima para conversar com ele sobre bagatelas. Neste quadro o artista soube representar bem a grandeza e seriedade de um homem que está todo imerso numa atmosfera transcendental. •

SÃo BERNARDI NO DE SmNA ( 1380- 1444)

Nasc ido num a das ma is ilu stres fa míli as da Repúbli ca de S ie na. Após termin ar o estudo de Fil osofi a, aplicou-se ao do Direito c ivil e canônico e das Sagradas Escrituras. Aos 17 anos entrou para a Confrari a dos Di scípulos de Nossa Se nhora, e depois para a Orde m dos Franc isca nos o bserva ntes, no convento solitário de Colombiere, a algumas milhas de S iena . Venerado por seus irmãos de hábito, estes o e legeram , c ni 1438, Vigário Geral de todos os conventos d a observâ nci n. Nesse cargo, restabe leceu a observânc ia e m muitos conv<:n tos e mandou construir outros, à maiori a dos quais deu o nonll' de Santa Maria de Jesus. Grande pregador, seus senrn es lo ram ocasião para inúmeras conversões e mil agres. R ·sti1Ul11 a saúde a doentes , curou leprosos. Foi o inic iador do ·11110 m1 dulc íss imo Nome de Jesus. O Impe rador alemão S iglsn11111do tinha por e le tanta ve neração, que desejou que o scgulsNl' 11 Roma para ass istir às cerimôni as de sua corouç o, t• 111 14 \ \. Entre outras obras, escreveu os tratados da R1•/111lfl11 ('1'1,1·1,1, do Evangelho Eterno, ela Vida de Jesus Cri.1'111 , do C'11111/mt1• Espiritual, além de Meditações e Sem,rJes.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Sem revis o do utor.



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, PU NIO CORRÊA D~

Verdadeira devoção N o dia em que tivermos legiões de pessoas verdadeiramente devotas do Coração Imaculado de Maria, o Coração de Jesus reinará sobre o mundo inteiro 'A

UMARI

ÜI IVI IRA

Mniodc2010

2

Exc..:R·ros

4

CARTA

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PAwNA MARIANA

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LmTURA

8

CORIU:SPONDl~:NCIA

Nº71~~

oo D11u:TOR

Nossa Senhora da Guarda

EsP11u·1·uAt, Por que estudar a Religião? - XI

10 A

PAl,AVRA DO SAcmmcn1,:

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REAl,mAm: CoNc1sA1'-mNT1~

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EN·nmv1sTA

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NAc:mNAI,

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CA1•A

Rússia: desagregação moral e social

parecendo em Fátima, Nossa Senhora

di sse textu almente aos pastorinh os que um a intensa devoção ao Co ração Imacul ado de M aria seri a o meio de salvação do mundo co ntemporâneo, e mil agres se m conta têm atestado a autenticidade ela mensagem celeste. Não nos resta senão conformarmo- nos ao ditame que dela decorre. Se essa é a sa lvação do mundo, e se queremos sa lvar o mundo, apregoemos este que é o meio provi dencial para sua salvação. No di a em que tivermos legiões de pessoas v erd adeiramente devotas do Co ração Imacul ado de M ari a, o Coração de Jesus reinará sobre o mundo inteiro, pois essas du as devoções não se podem separar. A devoção a Mari a Santíss ima é a atmosfera própria da devoção a N osso Senhor. A devoção a Nossa Senhora gera como fruto necessári o o amor sem reservas a Nosso Se nho r Jes us C ri sto. No di a em que o mundo in teiro vol tar a Jes us por M ari a, o . mundo estará salvo. Para todas as almas aposLóli cas, portanto, é de primordi al importância o cullo ao Imaculado Coração de M ari a. Temos fa lado constantemente em 'verdadeira d voção '. Com efeito, não nos bastam as devoções ex Lern as, fo rm ais, convencionais. • preciso que a devoção seja esc larec ida, inteli g nt e, sensala, fec unda. E la deve res ult ar d ' p rsuasõcs firm es, gerar reso luções duráV ' is" ("L 'g ionári o", 30-7- 1944). •

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A "tarrafa soviética" no Brasil

A investida anticatólica universal

26 D..:sTAQtm A inocência e Santa Bemadette 38

VmAs

rn~ SANTOS Santo André Bobola

42 V Alm-:DAl)l<;S Vencendo as agruras da VÍda

43 Pon Qtm 44

NossA S1,:N110RA CnoRA

SANTOS a,; FESTAS

no Mf~s

Sta. Bernadette: grande inocência

46 AçAo CoN'1w,-R1,;v01.t 1ctoNA1uA 52 /\Mn11wn:s, Cosn11,u:s, C1v11,1:t.Aç(n:s Bossuet: estabilidade e força do orador sacro

Nossa Capa: Símbolos papais na Basílica de São João de Latrão, em Roma

MAIO2010 -


Caro le itor,

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-01 O São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (Oxx11) 3333-6716 Fax (Oxx11) 3331 -6851 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Lida. E-mail: catolicismo @terra.com .br Home Page: www .catolicismo.com .br ISSN 0102-8502

A Igreja Católica está sob fogo cerrado de seus inimigos. Ela é vítima de uma ofensiva que, com exceção das perseguições cruentas como a sofrida pe los pri me iros cri stãos, só encontra precedente na perseguição revolucionária arrostada com indomável ene rgia pe lo grande e imortal Pontífice Beato Pio IX, na segunda metade do sécul o X[X. Ontem como hoj e o inimi go é o mesmo, muda apenas o pretexto. O grito de guerra "é proibido proibir" - máx ima de cunho anarqui sta, que os atuais adversários da Igrej a arvoram para atacá-la intern a e externamente na sua hierarqui a e na sua doutrina - não é senão o desenvo lvime nto até o paroxi smo do pensamento revolucionário . E como a permi ssividade total é o auge do li berali smo mais sanhudo, compreende-se que a atua l ofensiva contra a Cáted ra de Pedro tenda a se tornar ainda ma is virulenta que a do século XIX, podendo transformar-se numa das maiores da hi stória duas vezes milenar da Santa Igreja. Aos fiéi s católicos incumbe portanto, mais do que nunca, cerrar fil e iras em torno da Igreja e do Papado. Não é outro o sentido da carta que o !llstituto Plinio Corrêa de Oliveira - cujo inesq uecível patrono foi devoto incondi c iona l e entusias mado de uma e de outro - enviou a Sua Santidade o Papa B nto XVI. Catolicismo , a lém de re produzi -la integra lmente nesta ed ição (p. 18 ss.), se associa a e la plenamente. li<

1 ara si · m ·s, 111:iriuno por nciu, so li ·ilo lumb 111 li 111 •11ç· o do leitor para ulra mal rin : Noss-1 S ·nhorn · o ino · n ·iu , (p. <i • ss. ). Fa lar d ·sscs dois te ma, '< mo f'a l11r d · n •v' 'd· pur 'Zll , d · lranspur n ·in ·d· 1 ,uu ·ri stalina que brota no mai s ull o ·uin ' du montanha, d' tal rnod, M11ri11 ' ino •'°l n ·ia s. o fi guras corre latas. Mas, tamb m, folar d · gládi o ' d · lula . Inocênc ia , n si.a a · pção, nã so m 111 a p ·rf' •ic,·ao d · ·uj a posse goza a a lma apó o Batismo ; está li gada à vir1ud · da sn b dori u, ·uJo p ·ti ·stal e po nto ele partida é a inocênc ia bati sma l que o ·ri sl,o d ·v ' d ·s •nvolv •r ao lo ngo da vida, ele modo a di spor tudo e m fun ção d seu fim último . () que supõe verdadeiro sacrifíc io. A Santíss ima Virge m tran s mite lumin osas f'u •ulh as le sua inocê nc ia arquetípica a seus fi é is devotos. o q u tran s lu z nn alm a cri stali na de Santa Bernaclette Soubirous, confo rme exemplifi ·a dita mal ri a co m base em textos de seu biógrafo. Desejo a todos uma boa le itura.

Preços da assinatura anual para o mês de Maio de 2010: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

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120,00 180,00 310,00 510,00 11 ,00

m Jes us e Maria,

9:~7 DIR ETOR

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .

Nossa Senhora da Guarda e o Primeiro Mandamento

li<

paulobrito @catolic ismo.com.br

E xemplo de como devemos nos preocupar mais com o que Deus quer de nós, e menos com o que dizem os outros. O que importa é a obediência a Deus, e não a opinião dos homens. 11 VALDIS GRINSTEINS

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ra o di a 29 ele agosto de 1487. E Benedetto Pareto foi, co mo ele costume, tra balhar desde cedo no mo nte F igogna, perto ela cidade italiana de Gênova. Este era um dos montes chamados de guarda, porque naque les remotos te mpos a praga da piratar ia muçulmana era considerável; e para as pessoas terem tempo de fug ir, e as defesas sere m preparadas, vigias faz iam a guarda no alto de pontos estratégicos. Benedetto era pasto r e costumava levar suas ove lhas para pas tare m nessas

paragens. Sua esposa levava- lhe o almoço por vo lta elas 10 h da ma nhã, e esta era normalmente a úni ca interrupção na sua rotina. Mas nesse dia ele viu aproximar-se uma bela senhora, qu e se apresentou como a Mãe ele Jesus. Prime iramente fo i necessário que Ela o tranqüilizasse, pois ele se impress io nara muito ao vê-la. Em seguida a senhora pediulhe que construísse uma cape la nesse local, be m no alto cio mo nte. Benedetto estranhou, po is os pasto res eram uma classe po bre, e ele não era exceção. Po r isso objetou: - Mas eu sou muito pobre, e para construir neste monte a lto e deserto será

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preciso tanto dinheiro, que duvido que o co nsiga. A rigor, sua observação seri a válida se ele devesse contar só com suas própri as forças. Mas Nossa Senhora lhe respondeu: - Não tenhas medo. Serás muito ajudado. Tocado pela graça, Benedetto correu à sua casa para contar à fa míli a o que acabava de lhe acontecer. Mas as reações da fa mília não foram as que ele talvez esperasse. Espec ialmente cética e sarcástica, sua esposa lhe di z: - Até hoje todos te co nsideravam urna pessoa simples, mas ele hoje em di ante vão te considerar um tosco ou compl etamente louco. E ela se empenhou tanto em que ele nada fi zesse ou dissesse, que afin al ele dec idiu seguir esse mau conselho. No di a seguinte, ao voltar novamente ao trabaJho, decidiu recolher alguns fi gos. Quando subiu na árvore, o ramo no qual se apoiava quebrou-se, e ele caiu por terra. As fe rid as eram sérias, e poderi am até mesmo provocar-lhe a mo1te. Levado para casa, ficou alguns dias ele cama. Nessa situação, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente. Com bondade materna, repreendeuo suavemente por sua atitude. Pediu-lhe novamente que construísse uma capela, e curou suas feridas. Agora Benedetto não teve mais dúvidas. Não pergun tou a nin gu 111 , nem qui s saber o que os o utros pe nsava m. Imedi atamente percorreu as loca lidades vizinhas, contando o acontec ido e ped indo ajuda para co nstruir a capela. E de fato , o que Nossa Senh ora lhe di ssera aconteceu. Ele fo i muito ajudado, e em pouco te mpo termin ou de co nstruir a capela no alto cio monte Figogna. Essa cape la ori g in al era pequena, ele fo rm a retangular e com teto de made ira, e hoje se enco ntra inc luída numa edificação posterior, que a envolve totalmente. A notícia da aparição percorreu a região, e as pe soas começaram a fazer peregrinações ao local. Dezenas de anos depois, já em 1530, foi decidida a construção ele um santuário para acolher os peregrinos, cada vez mais numerosos. A nobre família Ghersi contribuiu largamente para que o santuário fosse edificado. O prédio que hoje embeleza o local data do final do C ATOLICISMO

Por que estudar a Religião? - XI Ex votos lembram inúmeras grac;as recebidas

sécul o XIX, quando além das edificações religiosas foi também erguido um alojamento para peregrinos. O Papa Bento XV, que era natural ela cidade de Gênova, concedeu em 1915 à igreja a condi ção de basílica. Fez também construir nos jardins do Vaticano uma capelinha dedicada a Nossa Senhora da Guarda. Mais recentemente , o Papa Be nto XVI vi sitou aqu e la basílica. Preoc11par-se com De11s e não com os home11s Cham a a ate nção nesse epi sódi o a ca pacid ade qu e a lgum as pessoas têm para influenci;u· outras, tanto para o bem qu anto para o mal. Benedetto a teve para o be m, qu and o fac ilmente co nve nce u outros a que o ajudassem a construir a cape la pedida por No sa Senh ora. Para o mal, a teve sua fa míli a, qu r nclo impedi -lo le atender o I e lid o ela Virgem Sa ntíss im a. Deus qui s que vivêssemos cm so ·i dacle, por is o as opini ões cios outros têm importânc ia pa ra nós , e no rm alm · 111 ' devemos nos preocupar cm manl ·r um a boa reputação diante el as outras p ·ssoas. Ma a importância ela opini ã alh iu mo pode ser des medid a nem co nlrari ar os desígnio de Deus. Muití sim mais importam a obediência que d vemos a D us e a opini ão que Deus tem el e nós. Quando há urna clara mani fcs taçã de um desejo divino, elevemos renunciar à preocupação com o que di zem os outros. Benedetto, mesmo tendo visto a antfssima Virgem, e estando totalmente seguro do pedi do d'Ela, deixou-se influenc iar pelo que poderi am vir a di zer ou pensar os outros. Isto é claramente urna subversão da hierarqui a das coisas, po is mes mo todos os homens juntos não valem nem ele longe o que vale Nossa Senhora . Além

do mais, ele se deixou influenci;u· por urna conjectu ra ou possibilidade, não por uma certeza. Nossa Senhora tinha afirmado a ele que seri a muito ajudado, mas ele prefe riu crer cm quem sugeriu que ele seri a ridicul ari zado.

O amor <lc Deus acima de tll(/o e de to<los Por outro lado, é interessa nte notar a fo rm a el e a tu a r el e Nossa c nh o ra . Benecletto recebeu um casti go, mas logo em seguida este fo i atenu ado por nova apari ção e po r um a cura miracul osa e matern al, dad que a r jciçã cio pedido não fora ini c iativa d ,1', mas resultante da má influência r •c ·bida. É b m ss a a form a de atu ar da Santíss ima Vir , ' m qu , como mãe amorosa, nos l ·m bra sempre nossos deveres para om 1 ·us. Pois aqui se tratava de amar a D us u ·ima I tudo - neste caso concr •10, a ·ima da boa ou má f,u11a que even1unl111 ·111 ' o pastor poderia auferir. Certas p ·ssous pensam que o pecado contra o Prin1 •iro Mandamento é algo um tanto teóriw, e que basta ter um ou outro impulso do ·oração, um sentimentozinho ele vez em quando, para cu mprir esse mandamento. Não bem assim, pois o amor a Deus acima ele tudo significa especialmente amálo mais do que aos nossos interesses e nossas vantagens. Peçamos então a Nossa Senhora da Guarda que nos ensine a cumprir bem este manda mento, o mais importante e fund amental de todos; pois, se o cumprirmos dili gentemente, produziremos frutos extraord inário.· . Como Benedetto, cuja decisão de atender o pedido de Nossa Senhora levou-o a conseguir rapidamente o apoio e os materi ais de que precisava. • E-mail cio autor: valcl isgrinsteins@catolicismo.com.br

N a edição anterior, tratamos nesta seção dos mistérios da natureza e da religião; a seguir transcrevc1nos um trecho do mesmo autor* sobre a fundação da Igreja Cató1ica. Reli gião Católi ca é a religião fund ada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Os católicos reconhecem Jes us de Nazaré, filh o da Virgem Mari a, como o Messias esperado por todos os povos, e O adoram como o Filho de Deus feito homem. Jesus Cristo estabeleceu na Judéia a Religião cri stã, há 20 séculos, e a fez estender por seus Apóstolos em todas as partes do globo. Rea li zou em sua pessoa todas as profec ias cio Antigo Testamento relativas a:

1 - Origem do Mess ias; 2 - Época ele sua chegada; 3 - As diversas circunstâncias ele sua vida. Jesus Cri sto é, pois, o Mess ias, o Enviado de Deus para fund ar a Religião nova que deveri a suceder à reli gião mosaica. Ora, urna religião estabelecida por um Enviado de Deus é necessari amente uma reli gião di vina. Logo, a Re ligião fund ada por Jesus Cri sto é di vina. Conhecemos a vida de Nosso Senhor Jes us Cristo particul;u·rnente pelos Evangelhos. Chamam-se Evangelhos os quatro livros onde se narram a vida, os mil agres e as principais palavras de Jesus Cri sto. São autores dos Evange lhos os Apóstolos São Mateus e São João e dois di scípulos: São Marcos, di scípulo de São Pedro, e São Lucas, discípulo ele São Paul o. Os três primeiros evangeli stas - São Mateus, São Marcos e São Lucas - escreveram seus Evangelhos do ano 40 ao ano 70 da era cri stã; São João, em fin s cio pri me iro século. As testemunhas: os evangelistas Os Evangelhos são os li vros hi stóricos mai s autori zados, mais íntegros, mais verídicos de todos. Estamos, por conseguinte, tão certos dos mil agres de Jesus Cri sto co mo de seus ensinamentos. As testemunhas que os narram os viram, e estas testemunhas não se enganam. Suas narrações chegaram até nossos dias com toda integridade. A Reli gião cató lica não di fe re, em sua essência, da religião primitiva de nossos primeiros pai s nem da reli gião mosaica, posto que tem os mes mos dogmas, a mesma moral e o mes mo culto essenciais. Essas três reli giões têm o mes mo autor: Deus; o mes mo fim sobrenatu ral para o homem: o Céu; os mes mos meios para chegar a ele: a graça. As três apóiam-se sobre o mesmo Reden-

tor, enquanto esperado ou nascido. Jesus Cristo é sempre o fun damento da verdadeira Religião. A sa lvação nunca fo i possível senão por Ele e por seus méritos. •

*

Tradu ção de trec hos do li vro La Religi6n Demosrrada, cio Padre P.A. Hillairc, Editori al D ifusión, Bu enos Aires, 8" ed ição, 1956, pp. 183 - 184.

MAl02010-


nada, apesar de super-conectada com as redes sociais, mas virtuais. Parabéns pelo artigo muito importante e inteligente! (M.E.H. -

SP)

Claro e objetivo

Perigos cibernéticos 181 Eu mesmo tenho que pedir perdão a Deus por me ter encantado demais com a Internet. Só no ano passado é que me caiu a ficha, bati na cabeça (agora tenho que bater no peito) e pense i: "Gente, como esse negócio nos

alicia e nos desencaminha do rumo das coisas verdadeiramente boas que Deus nos proporciona". Não consegui deixar de usar a net para informação e pesquisas, mas agora estou muito mais cauto. Por isso, quando li a capa da revista, fui dü·eto ler o artigo. Ele deu-me muitos e mbasa me ntos para as minhas desconfianças com o assunto de informát ica. Com esses embasamentos estou mais preparado para alertar meus parentes e am igos. Já tenho feito alertas, e não é fácil convencer, mas conversando as pessoas vão ficando desconfiadas e acabam percebendo um pouco os perigos de sermos levados ao mau caminho. Gostei muito das exp licações do artigo sobre mudanças culturais nas mentalidades . F ico com pena dessa meninada que já nasceu mexendo com computadores, disputando games, etc. A garotada dificilmente consegu irá viver sem isso, que vicia como se fosse um narcótico, podendo até causar problemas psíquicos e deixá- la alie-

-CATOLICISMO

181 Aproveitei esses di as chuvosos p ara ler o excelente livrinho Catecismo Contra o Aborto, do Pe. David Francisquini. Ganhei o o pú sc ul o como presente de um amigo pró-vida no ano passado, mas estava com tantas coisas para ler, que o coloquei " na fil a". De u para começar ontem e terminar hoj e. O livro, em fo rmato de perguntas e respostas, é recorhendáve l por ser claro, objetivo e apresentar lin g uage m s impl es , a bo rd a nd o todos os aspectos re lac io nado s à agenda abo rti sta, desde os aspectos morais e re li giosos até as estratégias d as in s titui ç õe s qu e pro movem o a b o rto . Aos qu e traba lh a m na cateq uese de jovens e ad ultos, vale a pena indicar a le itu ra. (T.M.F. -

BA)

Questão <le ho11rn 181 Estou distribuindo para ex-colegas (mas não ex-amigos) da caserna o texto Para manter limpa nossa honra! Por que devemos nos opor à agen-

da homossexual para as Forças Armadas" - publicado nos Estados Unidos, e que os senhores traduzü·am sobre os problemas da admissão de h omossexuais nos quadros militares . Problemas que defrontam as admiráveis Forças Armadas norte-americanas, mas aq ui entre nossas tropas ta mbé m. Isso para nós é uma questão de honra, mas vai nos trazer muita dor de cabeça. Contudo, não podemos cruzar os braços di ante das dificul dades. Estas fo ra m fe itas para serem vencidas . Vamo à luta! (J .A.B.N. -

RS)

J11c11vel ... , mas foi dito! 181 Sobre a notícia que vocês estamparam com o título Futuro do Brasil

sob o PNDH-3, previsível na atitude de Lula, come ntando a declaração da

pobre mãe do Zapata [preso políli ·o cubano, que morreu d v ido a um u greve de fome, num cios dias cm qu ' o preside nte Lula vi::;itava s irm üosdita.dores da desditada uba 1, ' n aminho-lhes alguns ditos. Como tenh o pouco tempo para le r o va, tíssim o noticiário diário, costumo tomar conhecimento apenas de notícias c urtas e anotar frases. Para quem tem pouco te mpo, elas "economi zam" nosso te mpo e faze m o "resu mo da ópera" (geral mente "ó peras-bufas" , em se tratan lo de nosso [des]governo). E ntão, a respei to, va i aq ui a " pérola" que aiu los lábios de nosso pres idente:

abraça-se com Kaddaji. Com Fidel, então, Lula chega a rev irar os olhinhos de tanta alegria. Uma ditadura, o governo mais embolorado da América, uma relíquia do século passado, com os irmãos Castro perdidos em devaneios antiimperialistas. Tudo tão antigo. Como é também antigo o desresiJeito do governo de Cuba aos direitos humanos, como são antigas as prisões cubanas, como é antigo o hábito de amordaçar qualquer tentativa de liberdade de expressão, sej a uma blogue ira [ a cubana Yoa ni Sánchez] ou um ativista de direitos humanos".

"A greve de fom e não pode ser um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em SP entrarem em greve de fome e pedirem liberdade" . Não parece crível que alguém ,

Teria outras frases, mas para não contradizer o que escrevi sobre o gosto por notícias curtas ... arremato esta com uma frase do Vargas Llosa, que dispe nsa apresentações: "Quando se

com um mínimo de di scernimento, possa querer colocar " no me mo saco" presos políticos torturados pe lo regime comunista cubano, com bandidos que cornet~ram crim s comuns aq ui no Brasil. Se tal fosse verdade, pergunto, urna vez que " perguntar não ofende": Lula e Dilma não se cons ideram "ex-presos polític s"? E e ntão, como fica a compara ã.o com "bandidos"? Sobre isso, mai s a lg umas frases que anotei, e gosl'o de partilhá-las com os ami gos, para nã li ca rc m apenas "jazendo cm paz." ntrc a · fo lhas de me us ca I rnos. /\ próx im a frase é um a res posta •ndcr çacla a Lu la, fei ta por Manuel ucsta Morúa, d iri gente da orgt1niz.ação social-democrata de disside ntes cubanos, Arco Progressis-

ta: "U111 grande líder não vira as cosias para violações de direitos huma1,os ·orno as que atualmente soji·emos em Cuba". C uesta Morúa poderi a ter comp letado sua frase: "Esta não vamos perdoar". A jornalista carioca Lúcia Hipólito di sse o que e u gostaria de comentar: "Lula nunca teve problemas de

relacionamento com ditadores. Da África, do Oriente Médio, da Ásia, da América. Elogia o presidente do Irã,

trata do exterio,; o presidente Lula se despe de suas vestimentas democrá ti cas e abraça o comandante Chávez, Evo Morales, o comandante Ortega, ou sej a, com a escória da América Latina, e não tem o menor escrúpulo em. abrir as portas diplomáticas e econômicas do Brasil aos sátrapas teocráticos integ ristas do Irã". (O.V. -

MG)

Na escuridão, wn luzeil'o 181 Aprove ito o envio desta carta para ped ir-lhe o seg uinte : não me de ixe sem a revista Catolicismo! Ela é para mim um luzeiro em meio à escuridão de nossa situação preocupante quanto ao desgoverno federal que ternos. Não fosse essa revista, eu j á estaria desanimada, sem rumo! (D.H.S.G. -

SP)

1'el'l'o1'.ismo climático 181 Desta vez, transcrevo-lhes outro discurso do deputado Lael Varella (DEMMG). Nele o deputado tece encômios à revi sta Catolicismo por estar alertando a opinião pública contra o "alarmi smo climático" em torno de um discutível, mas muito propalado, "aquecimento global" que seria produzido pelas atividades humanas. Lael Va.rella,

após seu discmso pronunciado no dia 3 de abril, pediu a transcrição nos Anais do Congresso da entrevista concedida a Catolicismo pelo Prof. Luiz Carlos Baldicero Molion, publicada na edição de janeiro deste ano, o que pode ser conferido no site da Câmara dos Deputados: http://www.camara.gov.br (8.M. -DF)

Nota da redação: Seguem excertos do referido discurso: "Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vimos assistindo a um verdadeiro terrorismo climático por parte da mídia. Com efeito, em torno das propaladas mudanças c limáticas, cientistas e mídia alarmista vêm exagerando e martelando teses sobre os perigos que ameaçam o planeta. Entretanto, tais perigos vê m sendo todos desmentidos pelos cientistas ajuizados. Hipóteses alarmistas são levantadas em todos os qu adrantes, co mo recente mente na COP-15, em Copenhag ue, Dinamarca, de modo a inquietar profundamente os espíritos. A propósito, várias publicações idôneas vêm procurando preven ir seus leitores, ao oferecer a apreciação de renomados c ienti stas que, fund amentados e m estudos sérios, contestam a visão patroci nada pela ONU. Não de ixa de chamar a ate nção que ta.is c ientistas, pelo simples fato de esclarecerem o verdadeiro alcance da ação humana nas mudanças climáticas, passaram a ter os seus nomes e os resultados das suas pesquisas boicotados, especialmente no tocante à divulgação na mídia. Mas cresce a cada dia na Europa e nos Estados Unidos o número dos que se contrapõe m a esses verdadeiros terroristas climáticos. Sobre tal assunto, a revista Catolicismo e ntrev isto u o Prof. Luiz Carlos B a ldicero M o lion, formado em Física pela USP, com doutorado em Meteorologia pela Universidade de Wi sconsin (EUA) e pós-doutora-

do na Inglaterra. Ex-diretor e pesq uisador do Instituto Nacional de Pesqui sas Espaciais - INPE , o Prof. Molion leciona atualmente na Universid ade Federal de Alagoas, e m Maceió, onde també m dirige o Jnstitu to de Ciências Atmo sfé ric as ICAT. Sr. Presidente, peço a transcri ção nos Anais ela Casa dessa importante e reveladora entrevista do Prof. Luiz Carlos Baldicero M olion à revi sta

Catolicismo" . Retifica11do 181 Somente hoje tive acesso ao Catolicismo que trata do artigo sobre o último Simpósio dos Correspondentes e Simpatizantes da Associação dos

Fundadores. Na realidade trata-se do VI Simpósio, e não do IV conforme sa iu no artigo. Peço faze r uma retificação no próximo número da revista. (A.T. -

RJ)

Engen/10 de Uruaé 181 Senhor Redator: Li com especia l interesse a matéria do mês de março, re lativa ao Engenho ele Uruaé [Um

eco do Brasil de outrora, o Brasil real e profundo], de autoria do Sr. Hé lio Viana. Gostaria de acrescentar que o referido Engenho - verdadeira re líquia do ciclo da cana-de-açúcar e uma das mai s lídimas expressões arquitetô nicas da época - é motivo de orgulho para nós, perna mbu canos, pe lo fa to de ter sido o berço dos ancestrais paternos do grande bata lhador e líde r católico Prof. Plínio Corrêa de Olive ira, alma de Catolicismo , a cujos fa mili ares ainda hoje pertence. (F.S.F. -

PE)

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Monsenhor JOSÉ LUIZ VIU.AC

Pergunta - Agradeceria que me esclarecesse o versículo 3 do capítulo 13 da primeira Epístola aos Coríntios, do grande São Paulo: "Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!". Como entender que na distribuição de todos os meus bens em sustento dos pobres ... não existe caridade'?

Resposta - Os comentaristas da Sagrada Escritura realmente observam que essa frase soa um pouco estranha, à primeira vista , ta nto mai s qu anto o a mor de De u. e o amo r do próximo são dua s manifestações da mesma caridade. São Mateus narra que um doutor da lei, a mando do fa ri seus para tentá-lo, perguntou a Jesus: "Mestre, qual é o grande mandamento da lei? Jes us diss e- Lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu espírito. Este é o máximo e primeiro mandamento. E o segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Des tes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas" (Mt 22, 36-40). Co mo, po is, São Paulo parece separar uma forma de caridade (amor de De us) da outra (a mo r do próximo)? A exa ltação da caridade, que se encontra no referido capítu lo 13 da primeira Epístola aos Coríntios, é considerada uma das mais belas pá-

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CATOLICISMO

g inas da Sagrada Escritura, não só por se u conteúdo, como também por sua forma literária. Ao falar da caridade, São Paulo por assim di zer se empolga com o tema e dá vazão à sua eloqüência, multiplicando os contrastes para levar seus ouvintes aos mais a ltos pára mos possíve is do amor de Deus, nesta Terra. Interpretam alguns que ele evoca uma situação irreal que seria a hipotética separação entre o amor do próximo e o amor de Deus - para mostrar quanto este último é superior ao outro. Isto é, se fosse possível praticar os mais insignes atos de desprendimento de si mesmo e de amor ao próx imo, sem possuir amor d Deus, i. to de nada valeria!

A hipótese que o Apóstolo levanta - separação entre o amor ao próximo e o amor de Deus - seria irreal, segundo essa interpretação, pois não passaria de um recurso oratório para mostrar aos destinatários de sua carta quanto devem crescer no amor de Deus para que cresça ao mesmo tempo seu amor ao próximo. Ass im dizem alguns comentari stas. Este caso nos mostra como é uma utopia pretender que cada fiel chegará sozinho a interpretar adequadamente a Sagrada Escritura sem a ajuda dos estudiosos, que se dedicam a estudá- la e analisá-la para explicar as incontáveis passag ns que estão a ·ima da capacidad ele com preensão dos simpl es

fiéis. Daí o fenomenal equívoco de Lutero, de declarar que cada fiel está em condições de interpretar por si mesmo a palavra de Deus constante das Escrituras. Isso nos leva a entender também quão sábia é a Igreja em formar longamente os pregadores, antes de autorizá-los a explicá-las para o povo comum.

Uma Jnre1pretação atllal Não obstante, precisaríamos ter chegado aos séculos XX e XXI para ver com cl areza uma outra hipótese: Não estari a São Paulo falando prec i. amente d pessoa que depõem s ua fo rtun a e até sua vida para s correr os pobres, e entretanto estão destituídas de caridade, isto é, do amor e da graça de Deus? A mera fila ntropia, que ajuda os pobres sem ser por amor de Deus, pode constituir um ato humanamente louvável, mas não é caridade . É possível que muitos, ao verem a terrível situação de tantos miseráveis que perambulam por nossas cidades, sem condições mínimas de subsistê ncia, se tenham condoído dessa situação e decidido fazer algo para resolvê-la. Alguns podem ser levados a abandonar tudo e dedicar sua vida para socorrê-los. Muitos se inscrevem nas incontáveis in stituiçõe s caritativas da Igreja, para fazê-lo. Outros, porém, em vez de seguir as sábias e oportunas diretrizes da Igreja - que em nenhum momento rejeitaram o princípio d a propriedade privada e a existência de uma legítima e proporcionada desigua ldade entre as classes

sociai s - deixaram- e seduzir pelos princípios marxi stas, que levam ao ódio social e à luta de classes, cujo desfecho é o desmoroname nto de toda a sociedade. O colapso do comuni s mo e m 1989 é um a comprovação histórica desse desfecho macabro. O que foi o comunismo senão isso? O que é o miserabili smo cubano senão isso? O miserabilismo que o presidente Hugo Chávez vai instalando na Venezuela? E tantos outros que, aqui mesmo na América Latina, dão indicações inequívocas de quererem seguir o mesmo caminho? Olhando para dentro d a Ig reja, pode-se perguntar: o que mov e os partidários da Teologia da Libertação de inequívoca in spiração marxista, senão um amor mal-entendido aos pobres, que pretende instalar um regime sóc i o-econômico igualitário, contrário à existência de elites (campo social) e à proprie-

da.de _privada (campo econômico), que leva a miséria ao campo e às c idades? E assim vemos hoj e um certo número de pessoas, até com dipl o ma unive rsitário, que abandonam tudo e saem Bras il afora arregimentando autênticos ou falsos desvali dos, a fim de lançá-los a tomar à fo rça o que pertence aos outros, invadindo propriedades rurais, praticand o ne las toda espéc ie de tropelias, inclusive contra trabalhadores pacíficos que a li ganha m o s uste nto de suas fa míli as. Dado significativo: nunca se ouve dizer que estes se associem aos invasores ! Como pensar que os que se deixaram tomar por esse espírito de revolta e de agressão tenham em seus corações a caridade de Cristo? Eles não seguem o ensinamento de São Paulo, que, logo em seguida ao texto c itado pelo miss ivi sta, entoa o seu célebre hino à caridade:

"A caridade é paciente, é benffica; a caridade não é invejosa, não é temerária; não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não.folga com a injustiça, mas.folga com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. "A caridade nunca há de acabar {nem mesmo no Céu); mas as profecias passarão, e as línguas cessarão, e a ciência será abolida. [. .. ) Agora, pois, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; porém a maior delas é a caridade " (1 Cor l 3, 4-8 e 13). Di ante de fatos históricos inegáveis, aí está uma ap licação bem atua l da prime ira Epísto la de São Paulo aos Coríntios, que hoje podemos fazer. • E-mail do autor: monscnhor'oseluiz catolicismo.com. r

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A REALIDADE CONCISAMENTE

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Espanha: exemplar 11opção preferencial pelos nobres"

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a Espanha nasceu a fundação Marquesa de Balboa Anciãos Solitários Empobrecidos. Como informa o diário "El País" (4-2-2010), ela visa "atender e cuidar dos pobres envergonhados e anciãos solitários que decaíram de sua posição social, preferentemente as pessoas que tiveram uma boa posição, com precedência às pessoas da condição social que teve a extinta Sra. Marquesa de Balboa, e que precisam de ajuda mas não se atrevem a solicitá-la ou não a conseguem". A direção da Fundação coube a Leticia de Borbón de Rojas, Condessa de Torrellano, e Oliva de Borbón y Rueda, Marquesa de Villamantilla de Perales. A iniciativa atende à "opção preferencial pelos nobres", simétrica e complementar à "opção preferencial pelos pobres ", ambas estimuladas pela caridade católica, como realçou Plinio Corrêa de Oliveira no li vro Nobre za e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana. •

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Violência e drogas em escolas públicas

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s imagens de santos despedaçadas num altar da escola estadual Benício Dantas, e m Maceió, são símbolo do drama dos professores agredidos devido à difusão de drogas entre os alunos. A depredação de escolas públicas se espraia pelas cidades brasileiras. Para o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o aumento do consumo de crack pesou decisivamente nessa si nistra balança. No SUS, o crack é a segunda maior causa de atendimentos especializados em álcool e drogas, só perdendo para a bebida, explicou Pedro Gabriel Delgado, coordenador do Programa de Saúde Mental do Ministério da Saúde. O vício da droga atinge jovens ricos e pobres. "Essa droga foi a forma mais inteligente que o diabo inventou para acabar com a humanidade. E está conseguindo", comentou uma vítima. •

Na França, 11alarmistas climóticos" não convencem

Caça à raposa volta com força na Inglaterra

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sociali mo inglês tudo fez para interditar a aristocrática caça à raposa. Porém, parece que nada mudou na Inglaterra. Aristocratas e populares vestindo as tradicionais roupas para a ocasião saem aos milhares, segundo o multi ssecular rito, após terem introduzido inteligentes adaptações. 1, cam os trompetes, saem as matilhas, damas e cavaleirns esporeiam os cavalos de raça. Apenas não perseguem uma raposa (proibido pela lei), mas um cachotTo que leva um pano com essência de cheiro cio animal. O fato deixou furiosas as esquerdas, pois a dor ecologista pela raposa era mero pretexto. A famosa caçada é sobretudo uma manifestação coletiva de brilho e harmonia social , de culto coletivo de valores de nobreza e beleza, que as esquerdas querem abolir. •

CATOLICISMO

Terra entrou em mini-era glacial"

600 pesquisadores, que acreditam ser o "aquecimento global" obra humana, pediram ao sLado francês punição para dois cientistas que denunciam essa teoria como impostura. ã cl laude Allegre, climató l go e ex - mini stro de Educação, e Vincent Courtillot [foto], diretor do Instituto de Física do Globo, que publicaram livros e proferiram conferência de grande aceitação na opini ão pública. Magoados pelas denúncias de A llegre e Courtillot, os "alarmistas" pedem que o governo os obrigue a se retratarem. Para o público francês , o pedido dos 600 pesquisadores soa como retorno à "era das trevas". Através do diário parisiense "Le Figaro", Courti llot respondeu que em ciência as questões não se decidem pelo voto democrático, mas pelo valor dos dados e teorias, e convidou os 600 a apresentarem argumentos convincentes para a ciência e para o público. •

Terra ingressou numa mini-era de gelo, que poderá durar entre 60 e 80 anos e diminuirá a temperatura global em 0,2ºC, segundo relatório do Instituto de Geofísica da Uni versidade Nac ional Autônoma de Méx ico (UNAM). O pesquisador Víctor Manuel Velasco exp licou que o fenôme no é causado pela diminu ição da atividade solar, que vem sendo registrada há anos. E acrescentou que, já em 20 LO, partes do planeta entraram nessa "mini-era de gelo", e "as ondas de nevascas históricas que estão ocorrendo no mundo são amostras disso". O fenôme no, aliás, é bem conhecido pelos cientistas sérios. Porém, como fere o mito cio "aquecimento global ", a mídia e os ativistas alarmistas menosprezavam-no e o ocultavam ao grande público. •

China expande redes de espionagem social

Milagres de São Miguel na guerra contra islâmicos

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m Mariaj (Afeganistão), o jornalista Michael M. Phillips olhava com pasmo o capacete do cabo Andrew Koenig [foto], perfurado por tiro de um fanático islâmico. O cabo Christopher Ahrens revelou-lhe então ter sido alvejado por duas balas em seu capacete no Afeganistão, e três no Iraque. Mostrou orifícios de entrada e saída dos projéteis. E depois, mostrando o interior forrado com uma grande imagem de São Miguel Arcanjo esmagando a cabeça de Lúcifer, acrescentou com um sorriso : "Eu não preciso de sorte". Milagres e proteções extraordinárias não só aconteceram aos santos e cruzados, mas acontecem também àqueles que com confiança lutam pela boa causa em nossos dias.

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a região chinesa da Mongólia interior, a polícia reconheceu ter recrutado 12.093 cidadãos, de um total de 400.000 habitantes, para trabalharem como espiões a serv iço cio regime. O delegado Liu X ingchen disse à agência oficial socialista Xinhua que a prioridade é colher informações para denunciar "elementos não-harmoniosos" - leia-se: não submissos à ditadura marxista. Sabia-se da extensão espantosa da rede de espionagem soc ial do regime, mas nunca se teve um depoimento oficial tão comprobatório. Segundo o delegado Liu, cada membro do sistema de repressão está obrigado a recrutar 20 informantes. E se alguém recusar o "convite", pode entrar na lista negra dos "suspeitos". •

Putin quer moeda comum e retorno do império soviético

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URSS está sendo gradualmente reconstituída por Vladimi r Putin. Deu-se um grande passo nesse rumo com o anúncio feito pelo ministro Igor Shuvalov, de que a Rússia quer criar uma moeda comum para países como Cazaquistão, Bielorrú ss ia e Ucrânia. O projeto faria retrocederesses países aos tempos soviéticos. Putin está prestes a incluir nessa economia unificada a Ucrâ ni a, presidida por Victor Yanukovych, de tendência prórussa. O primeiro-mi nistro russo pretenderia enfrentar a primazia do dólar e do euro nas transações mundiais. Porém, do ponto de vista econômico, a pretensão é risível. A única coisa que fica patente nesse plano é a animosidade anti-ocidental e o empen ho em subjugar os países ex-membros da URSS. •

Doutrina católica referente à sexualidade

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ovo estudo publicado por Archives of Pediatric & Adolescent Medicine aponta que encorajar os jovens a evitar a prática sexual antes do casamento é o método mais efetivo para evitar as calamitosas conseqüências da atividade sexual prematura. O estudo acompanhou 662 estudantes afro-americanos de escolas urbanas divididos em grupos. Após dois anos, o grupo educado para a abstinência mostrou os melhores níveis de moralidade e saúde. O grupo instruído no chamado "sexo seguro", porém , caiu em maus costumes numa proporção ainda maior do que o grupo que não recebeu formação alguma. Tais estudos comprovam a sabedoria da posição católica tradicional, que prega a abstinência sexual antes do casamento.

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pessoas idosas, o que causa diminui ção do dinami smo social e defi nha me nto do desej o de desenvolvi me nto econômico. Alé m di sso, o baixo nível de higie ne e o alcooli smo provocam redução da pe rspectiva ele vicia. A média de vida na Rú ss ia é de 65 anos, ig ual à da Índia; e a dos homens é de 58 anos, como a do Paqui stão. Segundo um re lató ri o da rev ista médi ca "Lancet", ele 1991 , mais da me tade das mortes na Rússia, de pessoas entre l4 e 54 anos, era causada pelo alcooli smo.

A Rússia .da. era pos-soviet1ca /

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R evelações de um arguto viajante, que analisou a situação reinante na exUnião Soviética. O país é assolado por impressionante processo de decadência e desagregação moral, social e econômica, fruto do comunismo.

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Catolicismo - A atual situação da Rússia é pouco conhecida no Brasil, pois a imprensa costuma silenciar o assunto. Mas o pouco que chega ao nosso conhecimento parece indicar que, em conseqüência dos 70 anos de regime comunista, a Rússia está sofrendo um processo de desagregação. Sob o aspecto moral, a situação seria catastrófica: número assustador de divórcios, promiscuidade sexual, taxas muito acentuadas de alcoolismo e uso de drogas, virtual desaparecimento da instituição da família, aumento impressionante da pandemia da AIDS, do número de abortos, etc. O Sr. confirma a objetividade dessa visão? Sr. Slawomir - A situação na Rússia, após 20 a nos da queda do Muro de Berlim, mostra qu e a experi ê nc ia comunista de 70 anos foi um fi asco. Não só isso, mas ta mbé m ocas io no u enorme devastação no país, condu zindo-o a um a fase de pré-agoni a. O comunis mo é assoc iado com freqüê ncia ao ateísmo ideológico, ao siste ma político totali tá ri o e à mi.séria eco nô mica. M a é preci so ainda le mbrar que esse sistema leva a famíli a à degradação, minando o seu papel soc ial e de educadora. Combate a religião e a famíli a, o que dá orige m a dep lo ráve is conseqüências morais, psicológ icas e sociais. Permito-me alguns exemplos. A fac ilidade na concessão do divórcio pelas autoridades administrativas, a pedido do casal (o tri bunal decide só em caso de fa lta de acordo entre os cônjuges, e quando não se sabe o que fazer com os filh os), conduziu à situação atua l em

Sr. Slawomir Olejniczak, 42 anos, presidente da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga e da Fundação com o mesmo nome, visitou recentemente o Brasil, tomando contato com o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira. Sediadas em Cracóvia, segunda cidade da Polônia, as entidades que ele preside defendem os três princípios básicos da civili zação cristã - a tradição, a família e a propriedade - e exercem em seu país importante atuação para libertá-lo das seqüelas nele deixadas pelo tirânico regime comunista, que jugulou a Polônia durante décadas. Desenvolvem também ação contra a nova tira- =~_ I nia, representada pelas imposi- 8 ções da União Européia às na- ::i ~ ....___________.......;,_.,. .._ _ .....,_ _.._ __, ções-membros no sentido de que aceitem os erros modernos, como as uniões homossexuais, contrários à doutrina e tradição católicas. O Sr. Slawomir acedeu amavelmente ao convite para conceder uma entrevista sobre sua recente visita à Rússia, e descreveu a trágica situação em que se encontra aquele país, visão pouco difundida no Brasil. Profundo conhecedor da situação pós-comunista na Polônia, o entrevistado graduouse em Filosofia pela Universidade Jagiellon de Cracóvia . Para a entrevista, recebeu a reportagem de nossa revista na sede do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, na capital paulista . CATOLICISMO

81: Slawomfr: "Na Rússia, de cada 100 casamentos, 70 se <lesfazem. A instabili<lade do matrimônio é causa<la pela falta de prh1cípios religiosos e morais"

que, de cada 100 casamentos, 70 se desfazem. A instabilidade do matrimônio é causada pela fa lta de princípios religiosos e morais, e em particular pelo alcoolismo e a devassidão sex ual. Vale a pena chamar a atenção para o fato de que, pelas estatísticas, cada russo toma anualmente 18 litros de álcool puro, o que ultrapassa duas vezes o limite reconhecido pela Organi zação Mundial da Saúde como perigoso para a saúde e a vida. O desregramento moral e os narcóticos conduzem à ex pansão do vírus HJV, que contamina cerca de 2% da população.

Mais da metade das mortes na Rússia, de pessoas entre 14 e 54 anos, é causada pelo alcoolismo.

Catolicismo - O Sr. conhece os dados sobre a média anual de abortos por mulher russa? Sr. Slawomir - A Rú ss ia fo i o primeiro país do mundo a legali zar o aborto. Aprovado e m 1920 pelo govern o comuni sta, esse método ele controle ele nasc ime ntos ex pandiu-se ta nto, que 80% elas mulheres ru ssas rea lizam de dois a 20 abortos. Assim, a médi a é ele seis abortos po r mulhe r. Catolicismo - Outro tema preocupante é o envelhecimento da população. Qual o número de russos que falecem por ano? E quantos nascem? Sr. Slawomir - A desmoralização da sociedade, a destrui ção da instituição da fa mília e o aborto causara m dep loráveis conseqüê nci as de mográfic as. Em 1990 a po pulação russa era de 148 mi lhões. Atualme nte é de 140 milhões, e cá lcul os demográficos indicam que esse número va i cair para 100 milhões no ano 2050. A tendê nci a atual mos tra que, a cada ano, morre m 700 mil russos a mai s do que os nascime ntos. Po r exemplo, e m 2006: para 1.479.000 nasc ime ntos, ocorreram 2. 167 .000 mortes. Uma co nseq üê nc ia desse desequilíbri o é o e nve lhecime nto da popul ação, ou sej a, um aumento percentua l de

"A desmoralização da sociedade causou deploráveis conseqüências demográlJcas. Em 1990 a população era de 148 milhões. AtualmeIJte é de 140 milhões"

Catolicismo - Depois de décadas de regime oficialmente ateu , qual a porcentagem dos russos que aderem à igreja conhecida como greco-cismática, majoritária no país? Quais as confissões religiosas reconhecidas oficialmente pelo atual governo? Sr. Slawomir - Qualque r decl aração so bre re novação espiritual e relig iosa na Rú ss ia precisa ser considerada como mera suposição, poi s ape nas 2% dos russos são praticantes da relig ião dita ortodoxa. Alé m do mais, apesar da abo lição ofi cial cio ate ísmo, a re li gião continua a ser controlada pe lo Estado. O dire ito ru sso só reconh ece quatro confissões: a chamada "ortodoxa", a judaica, a muç ulmana e a budi sta. Todas as outras, inclusive o catolici smo, são tra tadas como seitas, e e nco ntram para sua atuação numerosos obstáculos por parte das auto rid ades . Como exemplo, pode-se indicar a escandalosa expulsão do bi spo católico Jerzy Mazur, que o impossibili tou de continuar seu trabalho pastoral na diocese ela Sibéria Oriental. Catolicismo - Há algum desnível considerável entre a situação da população de Moscou e a do restante do país? Membros da antiga nomenklatura comunista continuam usufruindo os antigos privilégios e controlando o poder político, social e econômico? Sr. Slawomir - Após a queda da União Soviética ocorreu a mudança cio regime, o u seja, a tran sformação do regime comuni sta numa "democracia" no campo po lítico, e e m " me rcado livre" no â mbito ela economia. Na rea liclacle, foi um a metamorfose do mo nolítico bloco cios aparatchiks [funcionários o u agentes] comuni sta e m muitos organismos políticos e econômi cos. A nomenklatura transformou -se e m nova oligarquia, cuj os representantes são me mbros de dive rsos partidos políti cos e diri gem várias e mpresas privadas ou estatais. Graças a isso, os anti gos com unistas não perde ram o poder e a influê nc ia, ao mes mo tempo que ca usam no Ocidente a impressão de que vigora no país uma liberdade econômica e plurali smo político. Sobretudo e m Mosco u e São Pe te rsburgo ag lomeram-se esses grupos privileg iados, c uj o nível ele vida co ntrasta drasti ca-

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mente com a miséria que se expande nas províncias russas. Sabe-se, por exemplo, que Moscou é acidade no mundo onde mai s se vendem automóveis de luxo, como Bentley, Rolls Royce, etc. Catolicismo - Com a morte (ao menos aparente) do regime comunista, há alguma regulamentação legal a respeito da vida rural e urbana? Algo do princípio da livre iniciativa foi restabelecido no país? Sr. Slawomir - Foram introduzidas mudanças lega is quanto à possibi lidade de adquirir terras e imóveis como sendo propriedades privadas, mas com numerosas limitações. Em primeiro lugar, são restrições legais que, por exemplo, concedem aos governos locais o direito de preferência para comp ra de terras. Só quando não se encontra um comprador coletivo é que essas terras enlram para o mercado livre. Além disso, os estrangeiros não têm direito à compra de terras, o que freia significativamente os investimentos do exterior. Há ainda limitações econômjcas, porque a única camada social rica em condições de comprar imóveis e terras do Estado russo é justamente a antiga nomenklatura. Foram também privatizadas grande parte das empresas estatais, mas seus proprietários são sobretudo representantes do regime anti go. Graças a tai s regul amentações, parece que o princípio da livre empresa fo i de alguma maneira restabelecido, mas ao mesmo tempo ficou ele reservado para benefício da oligarquia pós-comuni sta. Quanto à vida do russo médio, a situação mudou pouco. E le continua a cultivar uma extensão agrícola ou ocupar um apartamento, dos quai s não é proprietário. A aqui sição desses bens não passa de um sonho. Catolicismo - Com o colapso demográfico, verifica-se alguma imigração de outros povos para habitar territórios imensos, como o da Sibéria? Sr. Slawomir - O aumento da cri se demográfica e a desmoralização social acarretam uma conseqüência: a Rússia encontra dificuldades cada vez maiores para controlar seu imenso território. Já neste ano e no próximo, o país não terá número suficiente de recrutas (necessita de l milhão) para manter o exército. Igualmente diminui em aprox imadamente um mi lhão o número de pessoas aptas para o trabalho. Isso causa migração interna da Sibéria para a parte européia da Rússia. E o fraco controle ex istente no Extremo Oriente russo transforma-o em alvo apetecível para imigrantes il ega is vindos da China, os quais reve lam muito mais iniciativa do que os habitantes daq uelas reg iões. Alcançou grande repercussão o plano das autoridades de Wladiwostok, de arrendar metade dessa cidade aos chineses. Natural-

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CATOLICISMO

Cidades abandonadas deixam espac;o para a ameac;a de a China ir conquistando aos poucos esses territórios

"Houve mna metan101fose do monolítico bloco cios aparatchiks comunistas em muitos organismos políticos. A nomenklatm·a transformou-se em 110va oligarquia"

mente o Krem lin não concordou, mas tal fato mostra que, em conseqüênci a de sua situação demográfica , a Sibéria vai entra ndo cada vez mais na órbita de influência chinesa. Tal processo pode, no fim , ameaçar a integridade territorial da Rú ssia e resul tar na conquista desses territórios pela China. Catolicismo - Sendo a economia russa baseada em recursos naturais, como petróleo e gás, está sendo incrementada a importação de gêneros alimentícios e produtos industriais? Sr. Slawomir - Após 70 anos de comuni smo, a economia do país encontra-se em estado catastrófi co. Apesar das medidas que supostamente deveri am favorecer a iniciativa do livre mercado, a ituação não mudou para melhor. A indústria ru sa, criada na época da Uni ão Soviética, é tota lmente ineficaz. E a ag ricultura, em sua maior parte baseada ainda no sistema dos kolkhozes, não produ z quantidade suficiente de alimentos para o país. D nde fato ele a Rússia ser obrigada a importar produtos industriais e agrícolas de outro I afscs cm tr ca da venda de matéria prima, em spec ial d gás e petróleo. Inclui r o país no grupo hamad BRIC (que indica as novas potênc ias econômi cas emergentes: Brasil , Rússia, Índia e hina) parece exagero gro seiro. Pois não é sen. ato fa lar de potência econômica quando a economia é baseada unicamente na exportação de matéri a prima, enquanto os índices de cresci mento econôm ico alternam-se com violentas quedas, que atingem até 10%. Além di sso, os fato res demográfico. de que fa lei privam a Rúss ia do dinamj smo econômjco que os demais países do BRIC revelam. Resumjndo os úl timos 100 anos da Rússia, podemos concluir: a tentativa de introduzir a utopia comunista não trouxe o prometido e luminoso futuro para a popu lação; bem ao contrário, impeliu o país na senda do declíruo, cuja chance de reverter já se perdeu. •

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LEO

D AN IELE

tarrafa é uma rede de pesca ci rcu lar, de ma lha fi na, com pesos na periferia e um cordel no centro, pelo qual é puxada. É usada manualmente, no lagos e no mar, e serve para pegar os peixes que di straidamente passam pelo lugar, "pe nsando" em o utra coisa. Na ua periferia a rede circular é guarnecida, de espaço e m espaço, de pequenos cilindros de chumbo ou "chumbadas" . Quando a tarrafa é jogada, cada chum bada vai numa direção, ampli ando o campo de pesca . Quanto mais aberto, melhor, e a perfeição é quando os chumbinhos estão bem longe uns dos outros. Tarrafas grandes podem ter a roda (perímetro) de 12 a 20 metros e o peso de 5 a 6 quilos. O cordel fino existente na parte superior d a tarrafa (o "olho") tem o nome de fieira. Lançada a tarrafa, depois de uma breve espera pu xa-se tudo por meio da fieira, e os despreocupados peixinhos são apa nhados, depois vendidos e devorados. M as o título deste artigo relaciona a tarrafa com o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3. O que tem a ver uma coisa com a outra? Muito, e provavel mente o leitor já o percebeu. Os pesos de chumbo também estão no PNDH, para lançálo em diver as direções : intervenção no Judiciário, no Exército, na Polícia, na mídia, na Reli gião, na educação, na família,

na depravação, na agricultu ra, nas cidades, no meio ambiente ... Direções be m diferentes umas das outras, mas ... o PNDH3 é muito completo. Tem tudo quanto a esquerda pode querer, numa primeira fase. Quando os "peixes" estiverem bem dentro da rede, puxa-se a fieira ... E nós brasileiros, vítimas do PNDH-3, estaremos prisioneiros em mais um país sociali sta na América Lati na e no mundo! Cada peso de chumbo da tarrafa corresponde a um soviete, apresentado como conselho popular o u comi ssão de estudos. Nada mai s " inocente" do que uma comissão de estudos ou um conselho popul ar, mas isso é exatamente o que se entende por

soviete. O PNDH fala deles (dos conselhos popul ares e das co mi ssões de estudos, evidentemente) a todo momento, em suas 80 páginas. Parecem autônomos e independentes, cada um diferente dos demais. Mas ainda chegará o momento de dizer "todo poder aos sovietes" (Lênin), e então, com um puxão na fieira, estará feito o serviço. Nós, os diversos tipos de "peixe", teremos sido apanhados na rede sov iética. A meta estará atingida. Já aconteceu na Históri a. Na Rússia, onde os sovietes foram criados em 1905, somente foram implantados como fo rça dominante muitos anos depois. Será o Brasil imune a isso? Em conclusão: Ver e denunciar cada chumbinho soviético é bom. Ver e denunciar toda a tarrafa soviética é melhor. E reagir vigorosamente contra ela é ainda melhor. E indispensável. • E-mail para o autor: leodaniele@catolicismo.corn .br

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C atolicismo apresenta a seus leitores um documento que, além de oportuno, é de transcendental importância e candente atualidade. Trata-se de um abaixo-assinado dirigido a Bento XVI, elaborado pelo Instituto Plínio Corrêa de Oliveira. É de conhecimento geral a campanha sincronizada de âmbito internacional, com apoio maciço de meios de comunicação, que visa a desmoralização do Papado na pessoa de Bento XVI e, em última análise, a destruição da própria Igreja Católica. A propósito do abuso sexual de crianças, praticado por certo número de sacerdotes e religiosos indignos, os promotores do virulento estrondo publicitário vêm empregando métodos inomináveis de propaganda revolucionária , como trazer à tona fatos antigos e martelar notícias já publicadas anteriormente, para manter o tema nos "holofotes" da mídia, além de lançar acusações baseadas em ampliações descabidas e simplificações estatísticas. Exemplo significativo dessas distorções propositadas é o que ocorre na Alemanha, onde existem 21 O mil denúncias de abusos sexuais havidos desde 1995. Destas, 94 estavam vinculadas a padres, portanto 0,044% do total. E as demais denúncias, que representam 99,956% do total? O exemplo torna patente o caráter seletivo e anticatólico dessa difusão do escândalo. A nosso ver, uma investida anticatólica universal como a atual só encontra um precedente na História: a dos revolucionários italianos que ocuparam os Estados Pontifícios no século XIX e invadiram Roma, reduzindo o Beato Pio IX virtualmente à situação de prisioneiro no Vaticano. Vão nesse sentido as notícias de que se pensa indiciar Bento XVI em tribunal norte-americano. Vozes ameaçadoras se levantam também na Inglaterra contra o Sumo Pontífice (que deverá visitar esse país proximamente) , tendo em vista submetê-lo a processo segundo leis civis - negando por conseguinte sua imunidade como Chefe de um Estado soberano -, para requerer sua detenção. Catolicismo, fiel à tradição de empenhadamente defender a Santa Igreja e a civilização cristã - que lhe foi legada por seu inspirador, o pensador e líder católico Plinio Corrêa de Oliveira - atinge seus mais elevados objetivos ao publicar esse importantíssimo documento.

A direção

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Ubi Petrus, ibi et Ecclesia Preito filial de solidariedade a Sua Santidade Bento XVI

A Sua Santidade Bento XVI Cidade do Vaticano

Beatíssimo Padre,

Nós, abaixo-assinados, católicos brasileiros, de joelhos diante de vossa sagrada Pessoa, vimos apresentar a Vossa Santidade nossa profunda e sincera solidariedade diante das vis calúnias e torpe ataques de que tem sido vítima nestas últimas semanas. Com uma hipocrisia que tem poucos antecedentes na História, os mesmos intelectuais, líderes políticos e órgãos de imprensa e televi ão que destroem sistematicamente a inocência das nossas crianças e adolescentes - pela difusão incessante da pornografia e a promoção de uma cultura na qual "é proibido proibir" - hoje rasgam as vestes diante do abuso sexual de crianças, praticado por certo número de sacerdotes e religiosos indignos. Pior ainda: tais correntes ditas "avançadas" ousam culpar por esses abuso ignóbeis a própria Igreja, a qual, pela sua incessante pregação da moral eva ngélica, não somente ergueu o mundo pagão do lodaçal de uma corrupção moral desbragada, mas, ao longo de vinte éculo , foi o baluarte da virtude da pureza! Que autoridade intelectual e moral têm tais agre ores, para exigirem a abolição do celibato eclesiástico - eles que gl ri ficam a promiscuidade sexual desde a mais tenra idade; eles que distribuem preservativos a crianças, incitando-as a prati carem o "sexo seguro"; que corrompem almas inocentes com suas "aulas de educação sexual" pautadas por uma visão hedonista e dissoluta da sexualidade; e que promovem as relações homossexuai s, a ponto de desejarem abaixar a idade legal de consentimento para as mesmas? Os abusos sexuais cometidos por sacerdotes e religio os são, em sua imensa maioria, casos de homossexualidade com adolescentes, ou seja, precisamente atos que esses mesmos intelectuais, líderes políticos e órgãos de imprensa favorecem. Eles são os mesmos que agora atacam a Igreja e a vossa Sagrada Pessoa. , Santo Padre, os brasileiros somos um povo intuitivo, que sabe ler no fundo dos corações: não nos deixamos iludir pelas falácias do crescente estrondo publicitário que, na pessoa do Papa, na verdade procura derrubar o estandarte que ele empu-

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que têm maior probabilidade estatística de vir a abusar sexualmente de adolescentes ou de meninos. Promotores da atual campanha de calúnias são também aqueles que não se conformam com o fato de que Vossa Santidade, quando ainda Cardeal-Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, denunciou o comunismo como "a vergonha de nosso tempo" e condenou a Teologia de Libertação de inspiração marxista, que grassava nos meios católicos, e em relação à qual, em data recente, Vossa Santidade reiterou posição contrária, no discurso aos Prelados dos Regionais Sul 3 e Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em visita ad limina apostolorum. Santo Padre: nós, católicos brasileiros, sabemos ler, nas entrelinhas dos jornais, o significado mais profundo do debate em curso. E, fiéis aos ensinamentos perenes da Santa Igreja, aderimos de todo coração aos "valores não negociáveis" promovidos por Vossa Santidade, ou seja: • a inviolabilidade da vida humana desde a concepção até a morte natural ; • a sacralidade da família fundada sobre o matrimônio indissolúvel entre um homem e uma mulher; • o direito dos pais de educar os filhos e inculcar-lhes os princípios morais e religiosos verdadeiros.

nha; ou seja, a bandeira imaculada dos ensinamentos morais d' Aquele que é, para a humanidade inteira, "o Cami nho, a Verdade e a Vida". Os promotores des a ofensiva publicitária querem evitar que nossos contemporâne s, de iludido · das falaciosas promessa de felicidade atéia alardeada pelos arautos da "modernidade", pre tem ouvido ao ensinamento tradicional da Igreja, incluind vo as oporlunas denúncias da "ditadura do relativi sm " que, cm nome da idolatria do homem, visa eliminar qualqu r freio à liberdade, legalizando o aborto e a eutanásia, favor ccndo as relações pré-matrimoniais, o divórcio e o pseudo-casamento homossexual. Os fomentadores dos ataques contra Vossa Santidade desejam, na realidade, silenciar vossa voz, porque ela se ergue para defender as raízes cristãs da civilização ocidental e para pleitear o direito da Igreja Católica de intervir no debate público a respeito das grandes questões culturais e sociais contemporâneas, à luz do Evangelho. O que contraria os planos daqueles que, em nome do laicismo do Estado, querem até eliminar dos lugares públicos o mais sagrado símbolo religioso - o crucifixo, que nos recorda o padecimento e a morte de nosso Divino Redentor. Os disseminadores da fal as acusações de que Vossa Santidade teria acobertado - em Munique ou na Cúria romana - os que praticaram abusos contra crianças são, paradoxalmente, aqueles mesmos que se indignaram com vossa Instrução de 2005 proibindo o acesso aos seminários de candidatos com arraigada tendência homossexual , ou seja, os candidatos

Ao manifestarmos nosso total repúdio à ignóbil campanha de calúnias contra vossa sagrada Pessoa, e ao expressar-vos nossa solidariedade, não somos movidos apenas pelo sentimento filial que anima os fiéis católicos ao ver o doce Vigário de Cristo na Terra atacado pelas hostes do mal. Sabemos bem que Ubi Petrus, ibi et Ecclesia (onde está Pedro, aí também está a Igreja). Por isso, queremos fazer ao mesmo tempo um ato de fé na Igreja Católica e, em particular, naqueles ensinamentos perenes de seu Magistério, que a "ditadura do relativismo" deseja ver eliminados da nossa legislação e de nossas vidas. Santidade, no meio da borrasca, os corações de milhões de brasileiros acompanhar-vos-ão em vossa corajosa defesa dos direitos de Deus e dos "valores não negociáveis", com suas preces, com seu fervor filial e com a energia que lhes vem do sacramento da Confirmação, que os transformou em autênticos soldados de Cristo. Bem sabemos, Santidade - e é com dor que o dizemos que neste momento em que a Igreja deveria enfrentar firme e coesa a tempe tade que se anuncia, ela se vê entretanto enfraquecida em seu elemento humano pela ação de correntes que nela se esgueiraram, e que levaram às impre sionantes lamentações de Vosso Predecessor Paulo VI, quando disse que "a fumaça de Satanás" havia penetrado no Templo de

Deus, referindo-se ainda a um misterioso processo de "autodemolição" , em curso após o último Concílio. Mas tal situação, longe de produzir desânimo, torna ainda mais cogente que cerrem fileiras em torno da Cátedra de Pedro aqueles que desejam de toda alma permanecer fiéis aos ensinamentos evangélicos. Entre estes, humildemente nos incluímos, seguindo o exemplo do grande e saudoso líder cató lico brasileiro do século XX, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Dentro de algumas semanas, por ocasião do décimo aniversário da beatificação de Jacinta, e no ano em que se comemora o centenário do seu nascimento, Vossa Santidade pisará o solo de nossa Mãe Pátria, o querido Portugal, onde Nossa Senhora falou em português aos três pastorinhos de Fátima. Lembraremos então a visão profética que a mesma Jacinta teve no último período de sua curta existência, e que tanto a fez sofrer: "Eu vi o Santo Padre numa casa muito grande, de joelhos diante de uma mesa, com as mãos no rosto a chorar; fora da casa estava muita gente, e uns atiravam-lhe pedras, outros rogavam-lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feias. Coitadinho do Santo Padre, temos que pedir muito por ele!" Estará chegando essa hora? A pergunta se põe, e por isso, com os mesmos sentimentos de Jacinta, pedimos à pequena vidente e a Nossa Senhora de Fátima que intercedam junto a Nosso Senhor Jesus Cristo e obtenham para Vossa Santidade assinaladas graças de discernimento e fortaleza, com as quais possa dirigir a Barca de Pedro com mão segura, em meio ao "tsunami" publicitário mediante o qual pretendem afundá-la. Esforço vão, porque sabemos que no final, conforme a promessa indefectível de Nosso Senhor, "portae inferi non praevalebunt" (as portas do inferno não prevalecerão contra ela). Dirigindo a Deus essa prece do mais fundo do coração, depositamos aos pés de Vossa Santidade nossas mais respeitosas e filiais homenagens.


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Reflexões sobre os escândalos de abuso sexual na Europa C om o presente estrondo publicitário da mídia sobre os escândalos de abuso sexual na Europa, convém refletir sobre o que está sucedendo e como os católicos devem reagir , Luiz

SÉRGIO SouMEO

e

omecemos por afirm ar do modo mais peremptório que não há nada de mais hediondo do que o abu so sexual de uma crian ça inoce nte. Ningué m fo i mais severo a esse respeito do que Nosso Senhor Jesus Cristo: "Se alguém fi zer cair em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho, e o lançassem no fundo do mar" (Mt, 18, 6). Assim, nin guém deve ter maior indignação e severidade contra esse tipo de abuso do que o cató licos. Essa iridi gnação cresce de ponto quando o responsável é algué m qu e, por suas ordens sagradas ou votos reli giosos, estabeleceu um vínculo especial com o Sa lvador e ass umiu um compromis o especia l, pelo qual passou a simboli zar de algum modo os e nsi namentos e a moral do Divino Mestre.

Um crime J1edion<lo Por essa razão, tais escândalos que têm sacudido a Igreja são considerados pelos católicos não somente como uma ofensa criminosa, mas também como um pecado hediondo. Não devemos tampouco nos esq uecer de que, alé m do crime de abuso, há ai nda o fato de que esses ato foram tolerados por algumas autoridades eclesiásticas, ou mes mo acobertados por elas. A lg un s do s padres criminosos foram CATOLICISMO

transferidos de uma paróquia ou escola para outra, às vezes voltando a cometer os mes mos atos abomináveis. À vi sta desses fatos, todas as partes concernidas devem ser censuradas e punidas, mas não a instituição - a Igreja - estabelecida santa e hierárquica pelo seu Fundador.

Segundo ato da mesma peça teatral ? . A semelhança do presente estro ndo publi citári o com a crise americana de 2002 nos leva a perguntar se os atu ais esforços - espec ialmente aqueles te ntando envo lver o Papa - não apontam para uma assoc iação de facto entre jornali stas de esquerda e dissidentes cató li cos, numa tentativa de mudar o tipo de governo da Igreja de hie rárquico para democrático. As táticas utilizadas são tão semelhantes, que parecem o segundo ato da mesma peça de teatro . De nenhum modo essa possível assoc iação diminui a gravidade dos pecados cometidos ou a santa indi gnação que se deve ter ante tais escândalos. E ntretanto, ela explica algun s as pectos de uma verdadeira campanha mundial, que veicu la as mesmas sugestões e pressões para mudar a Igreja, a fim de que Ela se confo rme com a " moral" do mundo paganizado. O principal órgão da mídia européia à frente do recente estrondo publicitári o é a rev ista semana l a lemã "Der Spiegel" . Na sua ed ição internacional on-line em ing lês (8-2- IO), podemos ler o artigo intitulado Vergonha e medo: Por dentro do

escândalo de abuso sexual católico da Alemanha, assinado pelo corpo editorial da rev ista. Ao mesmo tempo que descreve com chocantes pormenores algun s casos de abuso, fica clara nesse artigo a pos ição anticatólica e anticlerical de seus autores: apresenta a Igreja co mo uma instituição ultrapassada, portadora de uma moral repressiva; atribui à pos ição dela sobre o homossex uali smo e o celibato, bem como à sua estrutura hierárquica, a causa dos escândalos de pedofilia; cita como espec ialistas teólogos dissidentes como Hans Ki.ing e Eugen Drewermann; e, para opinar sobre o modelo de Igreja que querem ver imposto, refere-se a grupos marginai s como Nós Somos Igreja. O artigo critica a "reivindicação da Igreja Católica de ser uma autoridade moral superior". Para "Der Spiegel", os escândalos sexuais são frutos da " moralidade sex ual reprimida imposta de cima" pela Igreja. O ex-teólogo católico Hans Ki.ing dá sua opinião : "Se você é forçado, em virtude de sua profissão, a viver uma vida sem uma mulher e filhos, há um grande risco de que a integração saudável da sexualidade venha a falhcu; o que pode conduzi,; por exemplo, a atos de ped~filia ". O ex-padre Eugen Drewermann acha errada "uma Igreja com uma estrutura repressiva nas áreas emocionais e relativas ao amor". Outro "perito" de "Der Spiegel" é Wunibald Mi.i ll er, apresentado como teólogo e psicoterapeuta, o qual defende o homossex ualismo e um "eroti smo mísMAlO2010 -


tico"; sustenta que "a experiência da dor e do sofrimento pode nos conduzir a Deus, mas também o podem o erotismo e a paixão sexual "; não vê nenhum problema nas relações sexuais, de qualquer tipo que sejam, mas somente em "um homossexualismo imaturo que tornaria certos padres suscetíveis a serem atraídos por jovens".' Finalmente, o movimento dissidente Nós Somos Igreja reprova "um problema estrutural no qual uma estrita moralidade sexual e um sistema autoritário combinam para formar uma mistura perigosa" .2

Ecos por toda a Eurnpa O artigo de "Der Spiegel", que tem obtido repercussão em publicações por toda a Europa, repete os mesmos argumentos que circularam nos Estados Uni dos em 2002, atacando a moral e as estruturas de governo da Igrej a; e, em alguns casos, citando os mesmos "peritos". Um desses ecos de "Der Spiegel" é Peter Popham, articulista religioso do jornal inglês "The lndependent" (15-310). Utilizando o linguajar progress ista, ele apresenta uma longa crônica sobre os escândalos sex uais clericais e defende uma Igreja " modernizada". Sua linguagem é tão violenta, que vai ao extremo de qualificar o Papa de "ex-nazista". O jornal italiano "Corriere della Sera" ()6-3-10) fez notar que "o movimento progressista [católico] 'Igreja de Iniciativa a partir da Base' pediu diretamente a renúncia de Bento XVI". Citou também o movimento dissidente Nós Somos Igreja. Simon Sturdee, da Agência France Press (17-3- IO), afirma que ''figuras conspícuas da Igreja na Alemanha[... ] pedem a revisão do celibato eclesiástico". Um blogueiro reli gioso inglês muito lido, que usa o pseudônimo "A rcebi. po Crammer" (16-3-10), analisou a extensão do estrondo publicitário mundi al e levantou a pergunta: "O Papa Bento XVI está para renunciar?". Introduzindo os links à sua longa lista de artigos, acrescenta: "Bem, ele está sob uma pequena pressão".

Cobertura esca11dalosa Essa cobertura jornalística, embora

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ampla, não trata das questões centrais. Em vez de deixar claro que os crimes hediondos cometidos e seus acobertamentos vão contra os ensinamentos e as estruturas da Igreja, esses pretensos jornalistas-teólogos alegam que tais ensinamentos e estruturas são a causa dos crimes; ao invés de mostrar como a sexualidade desbragada é parte do problema, apresentam o fim da "repressão sexual" como parte da solução. Mencionemos ainda um a curiosa comparação. De 1995 até o presente, houve na Alemanha 210 mil casos registrados de abusos sexuais com menores. Destes, somente 94 envolveram o clero, ou sej a, a ínfima porcentagem de 0,044% do total. Somos levado a perguntar por que "Der Spiegel" e tantas outras publicações só falam de escândalos sexuais do clero, como se este fosse a única ou a principal origem do abu so sexu al de menores. 3 Ante tais incoerências, a pergunta que se põe é se o atu al estrondo publicitário internacional sobre os escândalos sex uai s de clérigos visa o bem da Igreja e dos fiéis; ou se, pelo contrário, está sendo promovida novamente amesma agenda usada em 2002 nos Estados Unidos, visando reformar a instituição da Igreja - como ela é hoje, como sempre foi e não pode mudar, uma vez que foi assim estabelecida por Nosso Senhor Jesus Cristo .

O Espírito de Deus não está no sensacionalismo A Comissão de Estudos da TFP norte-a merican a j á havia denunciado em 2002 a existência de uma estranha li gação entre a mídia esquerdi ta e católi co diss identes, em seu livro Arrostei outras tempestades - Uma resposta aos escôndctlos e reformas demo ráticas que ameaçam a Igreja Católica. E e livro mo tra como tal aliança se aproveita da tragédia do abusos sexuais para tentar transformar a estrutura da Igreja em algo contrário às suas tradições e aos desejos de seu Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo. Fazemos notar que o Papa Bento XVI, na sua Carta Pastoral aos Católicos da Irlanda, sem mencionar a mídia de esquerda ou os di ssidentes católicos,

trata da questão de modo sereno e sobrenatural , tão contrário ao tom de "escândalo-difamatório" da mídi a e dos di ssidentes. Deus não se encontra na agitação nem no sensacionalismo (Cf. 1 Reis, 19,11 -13).

Castigar dando esperança A carta do Papa fu stiga tanto os padres infiéis como os bi spos tolerantes responsáveis pelos escândalos. Usa uma linguagem forte para qualificar suas ações e apóia as sanções canônicas e civis contra eles. Mas ao mesmo tempo não os abandona, e insiste no poder do arrependimento e da penitência unidos aos sofrimentos de Jesus Cristo, uma vez que não existe pecado sem perdão. A carta enfatiza a necessidade do retorno à fé, à verdadeira vida de piedade, à devoção à Santíssima Virgem e ao Santíssimo Sacramento, bem como um maior amor à Igreja. Não é rompendo com a Igreja, ou sonhando com uma que seja diferente da fundada pelo Divino Salvador, que podemos sair da crise. Bento XVI aconselha a todos os católicos: "Ao enfrentardes os desafios do momento, peço que vos lembreis da 'rocha da qual fostes talhados " ' (Is 51,1 ). Os católicos devem se lembrar da fé dos nossos pais e de tudo quanto a Igreja fez: a conversão dos pagão. e dos bárbaros , a criação de instituições como os hospi tais e as univers idades, o cuidado dos pobres ...

A Igreja "arrostou outras tempestades" im , a Igreja "arrostou outras tempestade ". Em meio à crise atual, devemo seguir o conselho de São Paul o: "Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio" (Efésios, 6,11). • Notas:

1. Cf. http://www.sp iege l.d e/ inte rn atio na l/ germany/0 , 15 18,676497-5,00.html 2. http://www.spiegel .deli n terna ti ona 1/germa ny / 0,151 8,druck-676497,00.html. 3. Luigi Accattoli , Perché solo la Chiesa ammette i propri peccati? http://www.li bera l. it/medi a/ 340307 /09 _ 03 _ 1i beral _ 1O. pd f ; ~ www la i g les iae nlapre ns a .c om/ 20 10/0 3/ op e rac i %C3 %B 3 n Ii mpiez a -d e- be nec it oxv i.html.

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A inocência é um privilégio infantil? É um estado vedado aos adultos? Trata-se de simplesmente não pecar por insuficiência de idade ou de condições? Um estado meramente negativo, que consiste apenas em não fazer algo errado? O exemplo de Bernadette Soubirous - a santa a quem Nossa Senhora apareceu em Lourdes - é altamente esclarecedor de todas essas dúvidas.

li] GREGÓRIO V IVANCO LOPES

P

ara homenagear a Virgem Santíssima, neste mês de maio que lhe é especialmente dedicado, é oportuno aprofundar o tema da inócência. Nossa Senhora é a criatura inocente no mais alto grau possível. Imaculada desde o primeiro instante de seu ser, ela é a protetora de todas as inocências e restauradora daquelas que se perderam, aproximando-as da fonte infinita de toda inocência, que é Nosso Senhor Jesus Cristo. A inocência é um tema dos mais altos e mais delicados, e também dos mais belos dentre os que abordam o relacionamento da alma com Deus e a própria situação da alma diante de si mesma. O Profeta Davi exclama:

"Então foi em vão que conservei o coração puro, e na inocência lavei as minhas mãos ? [. ..} Reflito para compreender tal problema, muito penosa me pareceu esta tarefa até o momento em que entrei no vosso santuário. [. .. ] Vós me tomastes pela mão. Vossos desígnios conduzir-me-ão, e por fim na glória me acolhereis" (Ps 72, 13-24).

Idéia superior de inocência O objeto do nosso interesse não é aqui o sentido corrente de inocência, que se identifica com a fase inicial da vida - a inocência infantil, tão bela e digna de

admiração, tão frágil que nos inclinamos a protegê-la. Este é um sentido legítimo, muito verdadeirn, mas insuficiente se nos limitarmos a ele e não o aprofundarmos. Outro sentido corrente de inocência, já referente ao adulto, tem conotação algum tanto judiciária. É inocente aquele que não cometeu delito ou não pecou. Em juízo ele será absolvido, e diante dos homens pode andar de cabeça erguida. Este é o aspecto por assim dizer "negativo" da inocência: é inocente quem não praticou o mal. Mas ambos esses sentidos estão vinculados a uma idéia superior de inocência, que os abrange e os transcende, e corresponde a uma peifeição da alma humana tal como deve ter brilhado em Adão e Eva antes do pecado original. Nós a encontramos resplandecente na alma imaculada de Maria Santíssima e, acima de toda possibilidade de descrição humana, na alma de Nosso Senhor Jesus Cristo, unida hipostaticamente à divindade.

A explicitação de Plil1io Con·êa de Oliveira Vem a propósito levantar aqui algumas perguntas: Em relação a nós, marcados pela herança terrível do pecado original, é possível falar-se em inocência? Como é a alma do inocente? Pode-se nunca perder a inocência? Uma vez perdida, pode-se recupe-

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rá-la? No todo ou em parte? QuaJ o papel da graça sobrenatural para manter o inocente na sua inocência, ou para reconduzir a ela aquele que a maculou pelos caminhos da vida? Esse tema, tão fundamental para quem quiser conhecer-se a si mesmo e suas rel ações com Deus, foi tratado com o descortino de um doutor da Igreja e a elevação de um santo por Plinio Corrêa de Oliveira. O que ele explicitou a respeito é, na realidade, reflexo de sua vida. Não nos deixou sobre o assunto uma obra acabada, mas uma primeira compilação dos seus ensinamentos foi realizada por seus discípulos e publicada no livro A inocência primeva e a contemplação sacra/ do Universo, 1 cuja leitura e meditação recomendamos.

Objetivo deste artigo Reproduzindo trechos escolhidos da citada obra, pretendemos ajudar o leitor a compreender e apreciar aquele tipo de santidade, imensamente elevado, que é característico da alma inocente. Em seguida exemplificamos com a santidade de Bernadette Soubirous, tal como vem descrita por seu conhecido biógrafo Pe. René Laurentin. 2 Não abordaremos as aparições de Lourdes, os milagres operados na gruta de Massabielle, nem a vida da vidente. Embora sejam sedutores esses temas, nosso objetivo é fornecer ao leitor um exemplo concreto de inocência levada até a santidade. Após apresentar muito sumariamente alguns traços característicos da inocência, mediante a análise de Plínio Corrêa de Oliveira nesse livro, o exemplo de Santa Bernadette nos auxilia a entender a utilidade e o elevado alcance da matéria.

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A partir daqui , este artigo se divide em duas partes bem distintas . Na primeira são transcritos trechos sobre a inocência primeva, conforme expostos em conferências de Plinio Corrêa de Oliveira para seus amigos e discípulos, transcritos na mencionada obra sem posterior revisão do autor. Na segunda, textos em que o Pe. Laurentin descreve o tipo de santidade de Santa Bernadette. Em ambos, só acrescentamos os entretítulos. -

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I - Trechos do livro A inocência primeva e a contemplação sacral do universo no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira O poeta Casimiro de Abreu, em soneto célebre, exalta as saudades "da aurora de minha vida, de minha infância querida que os anos não trazem mais". É difícil encontrar quem não sinta saudades dessa época de sua vida, uma espécie de nostalgia do nosso tempo de meninos, um tanto parecida com a de um paraíso perdido. Ninguém tem saudades dos seus 20 anos como do seu tempo de criança. Por que essas saudades? A boa criança é movida pela sensação de que a vida dá certo, e de que vale a pena viver porque a vida é algo grande. Embora tenha sofrimentos, tudo no final tem sua explicação, e esta é verdadeira. Resulta daí aquela espécie de otimismo que caracteriza a infância. Cheia de esperança, a criança crê com facilidade no que lhe contam e é toda voltada para entregar-se, para servir, para admirar.

e o erro, entre o bem e o mal. Depois este senso pode ir-se embotando ao longo da vida, perdendo o seu brilho e a sua acuidade.

O estado virginal da alma O estado virginal da alma da criança coloca no raciocínio dela uma espécie de retidão e de certeza natural. Suas certe-

Criança boa não é criança boba Criança boa nada tem a ver com criança boba. Por ser muito pura e ter muita candura, ela recusa o mal sempre que este aparece. Torna-se contestatária em relação ao mal. Não crê na descrença. Se alguém lhe diz que Deus não existe, neste a criança não crê. No fundo, a criança tem um senso virginal de distinção entre a verdade Cheia de esperan~a , a crian~a crê com facilidade no que lhe contam e é toda voltada para entregar-se, para servir, para admirar

zas primeiras se refletem, por exemplo, na candura com que abraça a mãe, quando se defronta com um perigo. Certezas não resultantes de um raciocínio lógico, que poderia ser o seguinte: Eu sou fraco; a minha mãe é mais forte do que eu; logo, preciso do apoio dela. Trata-se de uma naturalidade ai nda não reflexiva. Es a falta de reflexão não é culpável, poi s a reflexão não lhe é necessária para decidir apoiar-se na mãe. Resulta isso da clareza na posse dos primeiros dados da realidade, que di pensa um exame ponderado. O raciocínio é fluentíssimo, limpidíssimo. Tão fluente, tão límpido, que a questão do método nem se põe. É uma espécie de transparência.

Noção implícita e luminosa da existência de Deus Quando a mãe diz que existe Deus, a criança aceita naturalmente, e intimamente se alegra ao constatar: "A h! O tal

algo que explica tudo é Deus! É verdade!". Não precisou estudar as cinco provas da existência de Deus, expostas por Santo Tomás. Mais tarde, quando vier a tomar delas conhecimento, será como algo que já conhecia, mas que faltava apenas explicitar. A criança tem, num desdobramento da inocência, noção implícita da existência de· Deus. Uma noção escachoante, tremenda, lumino a. Quando se diz a ela que Jesus Cristo veio ao mundo, nascendo como o Menino Jesus, ela acredita no Menino Jesus. Tudo isso vai conferindo tão bem com o que está em sua mente, que não lhe ocorre perguntar, por exemplo, por que o Menino Jesus nasceu, e se há provas desse fato . Julga natural que Ele tenha nascido, tanto assim que não precisa de provas.

Te11dência ao maravillwso e o papel da lógica E ta ordem primeira traz consigo a noção de que tal coisa é bela, é boa, e se

deve fazer deste ou daquele modo. Daí a tendência da criança a ver de modo maravilhoso aquilo que vê. Ela procura ver, nas coisas concretas, em que elas conferem com a matriz que ela tem na alma. E essa matriz é para ela perfeita. Como a coisa concreta não é perfeita, a criança procura vê-la pelos seus melhores lados, por uma necessidade de espírito inteiramente lógica. O que não é perfeito, no momento não interessa a ela. Não se trata aqui de sonho nem de um subjetivi smo errôneo, mas de um operar inteiramente legítimo , lógico, existente na mentalidade infantil. Resulta disso uma espécie de felicidade paradisíaca, que vem da idéia de estar posta num paraíso inocente onde tudo parece perfeito. Nessa primeira etapa, a perfeição parece co-idêntica com a inocência: o pai é perfeito, a mãe é perfeita, o bercinho ou a caminha são perfeitos, o brinquedo é perfeito, a florzinha que colhe no jarMAIO2010 -


Não se trata apenas de não praticar o mal, mas sobretudo de aderir fortemente à harmonia do Verdadeiro, do Bom e do Belo

ci sari a ser espec ial mente estudado no terreno filosófi co, e depois no terre no teológico.

A inocência é uma l'o1'll1a de aliança com Deus

dim é perfeita. A cri ança tem uma certeza e uma fo rça de lóg ica que é uma das maiores j óias do espírito, o contrário do ego ísmo pútrido que caracteri za o idoso desabu sado. Essa fo rça e es a energia da lógica produzem ass im um borbotão de certezas iniciais, que pode m faze r co m que a alma, se fo r fiel a isso, sej a cheia de lu z e dotada de certeza durante toda a vi cia, e também com energia e capacidade para se sentir fe li z, apesar das tribul ações.

O vazio contemporâ11eo Este modo de ser da inocência infa nti I não se dá com todas as crianças exatamente como aqui descrito. No século XX fez sua entrada na Hi stóri a o vazi o contemporâneo, que não tem fe ito senão agravar-se. Mas alguma coisa ainda existe. Por causa das graças cio bati smo, a infâ ncia é um apogeu. Foi de c ri anças assim que Nosso Senhor di sse: "Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino dos céus" (Me I0,14). E depois afi rmou que quem não fosse ass im não entraria no para íso. Ou sej a, só vão para lá os que conservam a alma nesse estado CATOLICISMO

primaveril e a aprimoram até o fim de seus di as. Trata-se po rtanto de saber se a vida cio ho me m cresce depois até a ancianiclade, de apogeu em apogeu, ou se tem "des-apogeus" ... Esta é a noção de inocência primeva, que nos enche de entusias mo pelas coi sas que de fa to merecem admiração. E nos enche também de felic idade.

Carnctcl'lzação da Inocência Q ue é a in ocênc ia? Um pri vil ég i in fa ntil ? Um estado v dado a s ad ultos? É sirnpl es rnent não pe a r, por fa lta de idade ou de concli çõ s? Um es1ado meramente negativo, q ue c ns isle apenas em não faze r algo? Nocente é aquilo ou aquele que causa dano, que pratica o mal. ntã podese pe rg untar: in oce nte seri a ape nas o n.ão-n.ocen.te, ass im como inco lor signi fi ca apenas não ter cor? A acepção mera mente etimológ ica é essa. Mas há urna inocência plena, que vai além cio merame nte não-nocente, vai alé m de não praticar o ma l. Inocente é o ho me m de qu a lqu er id ade que ade re àqu e le es tado de espírito prim evo de

equilíbri o e de temperança co m q ue o homem foi cri ado, e por isso conservase aberto a todas as fo rm a de retidão, de marav ilhoso. A inocência é a harmonia de todas as co isas o u de todas as potências da alma entre si. Por causa dessa harmo ni a, a alma tem a noção fác il e imediata das coisas como elas devem ser, e p rtant do mode lo ideal ele todas as co isas. sse conceito de inocência, portanto, vai muito além da acepção corrente (h pa lavra. Não se trata apenas de não prali car o mal, mas sobretudo de aderir forte mente à harmoni a do Verdadeiro, do Bom e do Belo. Q uando se c hega num lu gar o nde nu nca ou quase que nunca esteve o homem, por exempl o, tem-se a sensação de q ue aq uil o está como que saindo das mãos de De us. Às vezes te m-se a impressão de que certos as pectos da natureza são ass im. A posição de alma do inocente é como a de algué m que, por ass im dizer, acabasse de sair das mãos de De us. Aque la inocência é qu ase a inocência da mão de De us. Há aí um estado, um teor de relações da alma com Deus, que pre-

A posse da inocência importa em ter uma noção prirneva (ou primeira) cri stalina da perfeição ori ginária de todas as coisas. Naturalmente, é mais lúcida e m uns, menos lúcida em outros, de acordo co m a graça e com a natureza. Numa criança, é geralmente uma noção não consciente. Toda a biografi a da pessoa é a modelagem a partir dessa prime ira im age m recebida na in fâ ncia, desenvo lvida ao longo da exi stência até chegar à imagem fina l. E ntre uma imagem e a outra transcorre a vida de cada pessoa. É possíve l que esta noção primeva tenha existido e m alto grau em todos. E m alg uns, e m grau altíss imo. Há uma lucidez infa ntil q ue a maturidade pode ·levar depois à ple nitude. Exi tindo no homem uma ordem fundame ntal, é- lhe imposs ível admitir a desordem como condição norma l e fund amental do uni verso, a não ser à maneira de um desastre colatera l e limitado. Vem daí a cri ança ficar verm elha quando é repreendida, di zendo-se que o q ue ela fez é feio. Para educá- la, dizer que faze r algo "é feio" é mais cogente do que dizer que "é errado". E isto é muito significativo.· A inocênc ia é, portanto, uma fo rma de a li ança com Deus, que todas as almas tiveram em sua pr imeira infância. Há aí algo do gênero da fa mosa cena de Deus anda ndo com Adão no Paraíso. É um a graça dos primó rdi os, em q ue o Criador se agrada conversando co m sua criatu ra, o Autor com sua obra. Napoleão reconhece que o dia mais fe li z de sua vida fo i o da prime ira comunh ão. Ele, qu e se coroou e m NotreDame ! - não é di zer po uco. É um testemunho e loqüe nte. E Chateaubriand, co m sua pena de grande escritor, di z algo semelhante.

cilidade dá o que possui . Tem um senso de admi ração muito grande em relação aos mais velhos, procura vê-l os sob os me lhore as pectos e se encanta com esses aspectos. Num a criancinha de três ou quatro anos, uma das coisas que melhor caracteri za a inocência - no que ela tem de mais profundo, mais ele mentar e mai. virginal, por assim dizer - é certa forma de calma. Nessa idade, quando ainda não está subjugada pela influência maléfi ca da TV, a criança é calma, e de

maneira geral não se apega nervosamente a nada. A calma é parte integrante ela inocência. Determinadas s ituações pode m toinar quase inevitáve l a sensibilidade efervescer. Mas a efe rvescência, pelo impéri o da vontade, deve ser reduzida estritamente aos seus primeiros borbulhares. E m outros termos, há algumas coisas que, confo rme as circunstâncias, o indivíduo não consegue vencer, porque não é natural que vença. Sem e mbargo disso, e le conserva a vitóri a sobre a agi-

A calma é par te integrn11te <la inocência Uma boa criança tem uma fo rma de abertu ra de alm a que a torna muito pouco interesseira. É meiga, afável, com fa-

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fura vem a nta~ão: o mundo das belezas e das certezas originárias é apresentado como algo de muito alto, muito longínquo e pouco útil

tação em todo o limite em que é humano conservá-la. Ex iste inclusive um modo de ter apreensão e um modo de irar-se, pelo qual a pessoa não perde e m nada o governo de si. Isto também pode chamarse ca lma. Não se trata de di stensão ou relaxamento, ma de um estado de alma pelo qu al todo o temperamento, todos os instintos, toda a sensibilidade reagem de modo inteiramente pro porcionado àquilo que o homem tem diante de si. Nesse sentido, a calma faz parte da inocência. Tendo em vista o tema da felicidade, convém lembrar que a calma é o maior prazer da vida. Quem não compreendeu isto, não compreendeu nada - não sabe viver. Nosso Senhor Jesus Cristo é figura comunicativa da calma por excelência. Em todos os sentidos e gradações possívei da palavra, Ele é a calma o tempo inteiro. O Sudário de Turim comunica calma.

Diante do mal, a inocência é combativa O natu ral para uma cri ança é crescer com os outros meninos e rapazes. O instinto e a sociabilidade pede m isso. Ele tem que sondar e tomar gosto do que a eles interessa, e o mundo dos pássaros e das borboletas fica para trás. Nessa altura, se a criança é realmente inocente, aparece uma provação que ape nas se esboçava na fase anterior: entram o mal, o sofrimento, a fidelidade pe nosa, a reação ao que a agride, a luta, a batalha. Se a inocência se manté m, toma ouCATOLICISMO

tro caráter. A criança passa a encarar o mundo das almas, que ainda não conhecia. Adquire também a noção do horrível, que tinha muito vagamente, e que pode tornar-se a sombra de sua vida. O combate acaba se transformando num dos pólos da vida, fora do qual a inocência não é inocência. É um grande enriquecimento, e forma uma como que segunda inocência por cima da primeira. Segunda e m todos os sentidos, porque muito mais conscie nte, muito mais conhecida, muito mais desejada. E sobretudo porque ela é esclarecida pela contradição. Ela se fecha como uma fortaleza. De j ardim aberto, ela se fec ha em sua própria muralha. Mas ao mesmo te mpo ela também defi ne seu próprio eu: "Não vou ser como os outros. E u sou eu. Custe o que custar, serei eu, permanecerei eu. Não sou os outros, e lutarei com os outros se for preciso". É um a maturação da alma, em todos os sentidos da palavra. Mas é també m a aqui sição de nova dimensão da .inocênci a.

1'entação do inocente Mas, como aconteceu com Adão e Eva no Paraíso TetTestre - ai de nós ! - em determinada altura vem a tentação: o mundo das belezas e das ce1tezas originárias é apresentado como algo de muito alto, muito longínquo e pouco útil. Precisa ser afastado. Nasce lentamente na criança a tendência de ir deixando de lado a inocência.

Pensa ela, difusamente: "Essas coisas são fantasia; são irreais, e não devem ser tomadas em consideração". É um pensamento de efeito trucidante ! A pobre mãe e o pobre pai, se forem católicos, talvez ensinem a criança a rezar a Ave-Maria - o que é coisa preciosa! - mas só isso pode não ser suficiente. Pois o senso da orde m, característico da inocê ncia, está em uma esfera que requer um trabalho especial, não bastando os cuidados comuns. Antes de ser tentada, a criança pode ter amado o bem com exclusivismo, ou seja, rejeitando o que se opõe a esse bem. Se isto ocorreu, ela está armada quando começa a te ntação. Se ela o amou sem exclusivi smo, mas por diletantismo, está desarm ada. Muitas vezes ela se define a propósito do bem na sua relação mais originária com ele. Difusamente, à maneira de um pensamento infantil , põe-se a questão: "Você atualmente tem a aprovação dos outros. Mas você consente e m ser diferente deles, se necessário? E m ficar inteirame nte isolado? E m penetrar no risco e na aventura de uma vida que não se parece com a de ninguém, e que parece ser inferior à dos outros?". Vem depois a vida no colégio, que freqüe ntemente é um rio que corre e m sentido contrário à inocência. E então, com muita freqüência, a tentação se apresenta de maneira mais explícita ou menos, e o menino pensa: "Tudo isto é espuma. São bolhas de sabão! Veja o outro lado, o valor e a grandeza das co isas materiais: aqui estão o prestígio, a riqueza, a fama; mais ad iante está a beleza física, com todas as for mas de prazer. Veja a vida de louco que você vai levar! Você vai ser um faquir, um anacoreta, um eremita, vai correr atrás de uma quimera ...". É a tentação de Fausto [personagem legendário que vendeu sua alma ao demônio em troca de vantagens na vida terrena, tema de um poema de Goethe] que se apresenta em termos infa ntis. Algo de semelhante pode se passar na cabeça de alguém que tenha conservado a inocência até a idade madu ra.

A inocência do adulto "Espírito inocente! ". Essa expressão não raro produz um movimento de pre-

venção: É um ingênuo! Um espírito infa ntil! Um homem f ora da realidade! A resposta é: Não necessariamente! O verdadeiro espírito inocente não é assim. A inocência não é privilégio da infâ ncia, e pode prolongar-se até o fim da vida. Pois todos os homens tê m, no fundo do espírito, o padrão, os modelos ideais de todas as coisa . E se não cometeram infidelidades revo lucionárias, contra a orde m estabelecida por Deus na Criação, são capazes de encontrar e m si esses modelos ideai . Feito isto, não é tão difícil alcançar a harmonia interna da alm a, que caracteriza a in ocência. À medida que o home m vai se tornando ad ulto, começa a pensar e m sua biografia, no que ele quer, no que vai ser, no que va i fazer. Esse horizonte novo lhe dá uma idéia arquitetônica de si e do tempo que vai correr diante de si, e a nova perspectiva tende a dissociá-lo dos pássaros e das borboletas da infância. Vem então a idéia de que as imagens ela inocência eram fa ntasia, urna vez que para nada servem: "A realidade é saber se você vai ser ou não um grande profissional. Porta nto, viva para isso. Abandone ou amorteça todas as anteriores cogi tações, inclu ive suas batalhas ela juventude . Era m sonhos da infânc ia". E vem a obsessão: ser advogado próspero, comerciante rico, engenheiro bem colocado, médico de boa c lientela, jornali sta ilustre ou prestigiado profes or. Ele se compara com os colegas: "Os elementos da sua geração vão ga lga nd o em marcha cade nciada a monta nh a do tempo. E você? Ocupa a pos ição adequ ada?". É a crise da maturidade: a inteligência j á está mais madura, e o pas arinhos da inocência - exprima mo-110 ass im podem cantar para nós urn a canção nova. A vitória, na crise da maturidade, já leva o home m a pensar muito mais na outra vida. Ne sa cri se, qual o papel da inocência? la é então como a fl echa ela Catedra l de Notre-Dame, aponta ndo para cima.

O hwcc11te é sagaz Por um jogo ele afinidades, o inocente procura fora de si aquilo que combina com s u cs Laclo interno. Assim, ele vai

buscar o bom, o verdadeiro, o belo. E em relação ao mau, ao errado e ao feio, tem uma rejeição como que instintiva, simétri ca à atração que sente pelo bem, pela verdade e pela beleza. Por esse lado, ele pode ser um críti co severo, no que dá mostras de sagacidade. Portanto, o espírito verdadeiramente inocente não é um ingênuo e não se de ixa levar pelas aparências. As sirenes de alarme da sua alma

das as idades. Há na inocência, portanto, uma luz de ouro que não se transforma em treva para entrar na treva, mas rasga a escuridão. A conseqüência é que o verdadeiro espírito inocente é combativo, ao contrário do adocicado, irrea li sta, sonhador. Ele chega ao ápice da inocência dardejando o mal, entra em choque com ele e rec usa-o totalmente. A matriz de tudo quanto é nobreza está nesse fundo da alma humana, que a torna capaz de amar tudo, e até a si mesma, por amor de Deus; de destacar-se desse amor animalesco que o homem te m por si mesmo, que é a matriz de toda vulgaridade, de toda baixeza de alma, de toda torpeza. Não se deve amar a Deus porque E le nos dará o êxito, mas sim porque E le é Deus! Essa posição inteiramente desinteressada não deve pedir nenhuma forma de recompensa.

A ilwcência na Idade Média

são sens íveis, disparam com facilidade. Se alguém tiver verdade ira inocência, não será fácil enganá-lo. Para se ser muito sagaz, não é preciso ter o temperamento oblíquo. Por ter amor ao bem, o inocente co mpreende como é a sinuosidade do mal; sem inalar nada de sinuoso em sua alma, percebe de longe a serpente c hegar, e sabe corno desfec har o golpe fatal nela. Sem percorrer os ca minhos sinuosos, ele está alerta quando o sinu oso chega: "Ah, eu te conheço e sei bem de onde vens! Conheço-te bem, não porque simpatizei contigo, ma porque te detestei" . Esta deve ser a sagacid ade cio inocente de to-

A inocência já foi o valor característico de alguma era histórica? Sim. A própria Hi stóri a registra e se fato. A Idade Médi a foi a era em que os homens mais conservaram este espírito de infâ ncia, e não poucos historiadores o confü mam. Os medievais eram corajosos, leais, honrados, piedosos. Tinham fé. Porém cri am com este espírito inocente, que nada tem de comum com o que hoje se vê, mesmo entre muitos dos que crêem. Por exempl o, São Luís IX, Rei da Fra nça. Na cru zada, todo revestido de uma armadura de ouro, era mais alto que qualquer homem do seu exército. Quando chegou ao lugar da batalha, saltou do navio para dentro das águas do Mediterrâneo e entrou pela praia adentro, cheio de entusiasmo. Um rei que salta de seu nav io e é o primeiro no desembarque ! E qu e dizer da inocência de Santo Tomás de Aquino? Ele acreditou inteiramente na lógica, corno na fé, e obteve a perfeita conciliação entre a lógica e a fé . E voou nos horizontes do raciocínio, com a pureza de um Serafim. A lógica dele é tão pura quanto é puro o azul, o vermelho, ou o dourado dos vitrais de urna catedral. Nele, os conceitos de pureza, de sublimidade e de radicalidade se unem. Dois grandes: um rei e um luminar MAIO2010 -


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da teologia e da filosofi a. Isto vale também para os pequenos? Sim, pode-se admirar a inocência até de um simples copista medieval. Na Idade Média, esse ideali smo inocente impregnava todas as classes sociais, Um autor inglês escreveu: "Os.fiéis se atrelavam às carrocinhas que transportavam pedras e as puxavam desde as pedreiras até a catedral. Seu entusiasmo se espalhou por todo o país, Homens e mulheres vinham de muito longe, carregados de pesados pacotes de provisões para os trabalhadores: vinho, óleo e trigo. Senhores e damas nobres puxavam as carrocinhas como todos os outros, A disciplina era perfeita, e o silêncio profundo. Todos os corações estavam unidos, e cada qual perdoava a seus inimigos" (Kenneth Cl ark, Civilisation, in Painton Cowen, Rases Medievales, Seuil , Pari s 1979, p. 13),

A /Jwcêncla , pedra de ângulo dos séculos futuros A inocência não é um estado de alma passivo, resignado, inerte. Pelo contrário, é ativo, atuante, empreendedor. A inocência está sempre à procura de algo. De algo que é cheio de luz, de paz, de ordenação, de concatenação e de força, mas cheio de tranqüilidade. Este algo tem a capacidade de tudo mover sem mover-se a si próprio. Tem muito de inefável, de divino, de interior e de secreto. Ela tem de ser, portanto, a luz e a glória, -

CATOLICISMO

ta em vossas mãos. De tudo quanto me destes, não perdi nada. Vós me fizestes frutificar tudo quanto me destes. Mas houve algumas coisas que me fo ram dadas nos meus primórdios, e que nunca mais tive, mas preciso recuperar". Quando alguém chega aos primeiros albores da razão, Deus de algum modo lhe manifesta como quer ser visto, conhecido e adorado. É bem provável que, quando ele esteja para morrer, Deus de alguma forma se manifes te novamente a ele naquela fo rma primeva, que é o modo pelo qu al a pessoa é mais atraída por Deus Nosso Senhor. Estabelece-se uma espécie de arco voltaico entre o momento em que a pessoa nasceu e o momento em que vai dar o último suspi ro. E aquela imagem especial de Deus novamente se apresenta, atraindo a pessoa e convio marco fundamental e a pedra de ângu- dando-a para o Céu. Ao longo de toda a vida, há instantes lo dos séculos futuros. Tem de iluminar de rememoração da imagem primeira e a humanidade inteira, inspirar os sistemas filosóficos, as instituições e os cos- de preparação para a imagem última. A pessoa assi m preparada, tendo aproveitumes; tem de despertar as escolas de arte tado a imagem primeira da inocência e e, muito mais do que isso, inspi rar os recebendo a imagem última, pode dizer: santos e dar à Igreja novos e mais ruti"Oh meu Deus, eu vos adoro, e vos adolantes dias de glóri a. ro assim!" Então Deus colhe essa alma e Será o reflexo do olhar, do sorriso e a leva para o Céu, porque ela é semeda majestade de Nossa Senhora, que se lhante à imagem que Ele lhe tin ha dado tornará visível no Reino de Maria, segundo a previsão de São Luís Maria Grigni- com a inocência primeva. on de Montfort. Deve-se cr escer em llwcêncla ao longo de toda a vida Arco voltaico entre a Imagem primeira da Inocência e a última Na Cated ral de Estrasburgo, a cada Se um homem soube, durante toda a vida, crescer não só em experiência, mas em penetração de espírito, em bom senso, em sabedoria, sua mente adqui rirá na velhice um esplendor e uma nobreza que transluzirá em sua face e será a verdadeira beleza de seus últimos anos. Seu fís ico poderá sugerir a lemb rança da morte que se aproxima, mas em compen_sação sua alma terá lampejos da imortalidade. Quinqu agenários, sexagenários, poderiam pensar: "Como é bela a j uventude! Tenho saudades da minha inocência, daquela candura de alma, daquele frescor! Não quero morrer sem ter readqui rido as qualidades de minha infância, de maneira que, quando me apresente diante de Nossa Senhora, eu possa di zer: Minha Mãe, minha vida inteira está pos-

quarto de hora se apresenta um dos quatro autômatos, no alto do monu mental e célebre relógio. Passam diante da morte um menino, um jovem, um homem na força dos anos e um velho. Anjos se movem. Um deles toca uma espécie de gongo e outro inverte a posição de sua ampulheta, para significar que termi nou um tempo e começa outro. De alguma maneira, em nossa vida, qu ando passamos de uma para outra idade, um gongo simbóli co também toca, uma ampulheta é virada para baixo. Algo muda. Mas a mudança significa uma ru ptura? Ou dever-se-ia pensar nu ma soma? U m velho pode ter algo da infâ ncia, da j uventude, da idade madura e da sua própria idade? Geralmente se considera que a infância é inocente, a juventude é ardorosa e

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idealista, a idade madura é ponderada e venal, e a velhice se arrasta. Entretanto, a inocência é algo que convém a todas as idades: deve-se crescer em inocência até a hora da morte. Quando o homem é fiel, as boas qualidades das várias idades se somam. Ele deve co nservar até a ve lhice todas as qu alidades da infâ nc ia: na ju ventude, deve ter as da infância; na idade madura, as da juventude e da infância; na velhice, um requinte mediante o qual possua todas as qualidades das idades anteriores. Quando morre, entrega sua alma a Deus com as riquezas de toda a vida. É muito mais boni to exalar o último suspiro ass im. A pessoa entrega-se a Deus como quem devolve o conjunto dos tesouros que d'Ele recebeu, implorando a misericórd ia div ina para o que não estiver completo. Assim deve ser a morte do varão cató lico. Portanto, nas várias idades devemos ter como press upostos os dons da idade anterior. I to nã significa que não de-

vemos amadurecer, mas sim que precisamos somar as perfeições próprias de cada idade, chegando à extrema idade co m o idealismo da infâ ncia e co m todas as características das idades anteri ores. Se alguém perdeu sua inocência primeva, trate de recuperá-la, e assim vai recuperar a felicidade possível nesta Terra.

Entrar no Céu como na casa paten1a Por vezes vem-nos o pensamento de que a entrada no Céu será como se fosse num país completamente estranho, onde não conhecemos ninguém. No fundo, fi camos um tanto apavorados .. . E pode-se ter ainda a impressão de que o julgamento não tem muita relação com nossa biografi a, mas com uma tabela de Dez Mandamentos que se deveriam ter praticado. Não nos parece que vamos rever pessoas muito conhecidas, mas ter contato com desconhecidos que nunca estiveram di ante de nós.

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A expressão talis vila, j inis ita ltal fo i a vida, ass im será o fimJ só se ex plica se considerarmos a vita como o existir da pessoa, ou seja, como o conjunto dos anelos e das aspi rações que teve, e das batalhas que travou. Na bi ografi a da pessoa, arquitetoni camente concebida por Deus, há um primeiro impulso, e tudo que se segue é disposto pela Prov idência na coerência desse primeiro impul so, para dirigi-lo a uma determinada orientação. Ass im sendo, toda a ex istência ten'l um signi ficado. [slo di fere da concepção com um sobre o que são o ex isti r de um homem, o Ju ízo Final e o julgamento de Deus. É algo completamente diverso, e é belíssimo. O mesmo sucederá também em relação a Nossa Senhora, Medianeira entre Deus e os homens. O sorri so e a fi sionomia d'Ela vão nos convidar a ver o aspecto de Deus que, desde o início de nossa vida, queri a que víssemos. Eis uma concepção lóg ica, e ao mes mo tempo atraente, suave, coerente e exaltante. Na hora da morte acaba o exílio, porque termina o lusco-fusco e se vai ter o grande encontro: o grande encontro com Aquele, com "A" maiúsculo, no lar paterno da alma. Com Aquele que é mais eu do que eu mesmo, e em cuj o convívio vou passar a viver e a ex istir por toda a eternidade. É a sensação de volta à casa paterna, depois de uma longa peregrinação. É a procura do semelhantíss imo a mim, mais eu do que eu mesmo. Terei então grande apaziguamento, grande serenidade e grande alegria por todo o se mpre, pois tere i enco ntrado Aquele que, de certa forma, comecei a procurar no primeiro momento de minha lucidez mental. É o momento supremo de minha vida: a morte ! E na hora da morte, num último ato de veneração e de enlevo, a alma se desprende do corpo e vai se unir ao Arquétipo [Deus], sentindo-se pequenina, alegre de se sentir pequenin a, de contemplar e admi rar des in teressada mente. Como uma cri ança que volta para os braços de sua mãe. Cumprir-se-á assim, para a alma inocente ou que recuperou a inocência primeva, a promessa divina: "Serei Eu mesmo a tua recompensa dernasiadamente grande" (Gen 15, 1). MAI02010 -


II -

Trechos do livro Bernadette vous parle

Com a de vida atenção, podem-se encontrar na vida dos santos exemplos de manutenção ou recuperação da inocência primeva. Uns por toda a vida, outros por períodos maiores ou meno res, todos lutaram para poder apresentar ao Criador, no fi m da existência te rrena, esse precioso patrimônio ampliado e enriquecido com a compreensão e prática do bom, do verdadeiro e do belo. Não fo i d!ferente com Santa Bernadette Soubirous, e isso é ressaltado magistralmente por seu maior biógrafo, o Pe. René Laurentin, nos textos que a seguir apresento à apreciação do leitor.

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CATOLI CISMO

A i11Jâ11cia de Be1'nadette Talvez o verdadeiro segredo de Bernadette seja simplesmente a sua simplicidade. Nada é mais escondido do que a tra nsparência. Tente mos pois decifra r e se mistério global.

A infância de Ben1a<lette O segredo de Bernadette é, primeiramente, o impenetrável silêncio sobre a sua infâ ncia. Ele cobre mais de um terço da sua vida, mas permanece praticamente em branco, como essas "terras desconhecidas" dos antigos mapas- mundi .

Porém, o pouco que conhecemos, a começar pelo silêncio mesmo de Bernadette, assemelha-se surpreendentemente ao que se desenvolveu em seguida, e qu e culminou no sofrimento e no despoj amento dos últimos di as. É-se tentado a achar que tudo já estava lá, na menina pobre de Lourdes, humildemente devotada a Deus no subdesenvolvimento e no sofrim ento, que eram seu quinhão. Não é senão uma hipótese, sem dúvida; mas ela traz tanta luz, que é difícil desv iar-se dela. Uma convicção se impõe: no limi ar das apari ções, tudo já estava em germe em Bernadette, o essencial estava pronto, a hi stória da graça que a acompanhava já havia chegado a uma primeira maturidade. Aliás, uma lei da ação de Deus é que o essencial do dom precede sua manifes tação. Assim, desde o início da Anunciação a Virgem Maria foi saudada, no momento em que ela saía da sombra, como a "cheia de graça". O que veio a seguir foi o desabrochar da graça que longa e obscuramente o Senhor tinha enraizado nela. Certos traços da infâ ncia de Bernadette manifes tam esta luz de antes das apari ções: - Quando o bom Deus permite que aconteça, a gente não se queixa. - Quando nada se deseja, tem-se o que é necessário. Do mesmo modo em relação ao rosári o que e la pega instintiva mente no bolso de seu avental, no limi ar das aparições. Era já o instrumento de sua pobre prece, tornada reflexo; era já o sinal de uma presença na hora em que surgiu para ela, naquele oco sombrio [da gruta de Massabiell e], a Dama rodeada de sol. Em resumo, tudo já estava lá, mais ou menos claramente, nesse momento em qu e Bernadette e ntra na História: pobreza, oração, peni tência, uma certa pre ença habitual da Virgem Maria na comunhão dos santos. A partir daí, te mse a sensação de que o resto não fo i senão uma explicitação de se dom anterior e fundamental. A seq üência da vida de Bernadette - aquilo que nós chamamos a zona clara, que inclui a graça das aparições - seri a um desenvolvimento de seus obscuros in ícios. Di zer qu e desde cedo tudo es tava dado, não significa um a constatação ba-

No centro, sentada, Santa Bernadette já freira

nal: ela recebeu gratui tamente o bati smo, que em certo sentido contém tudo. Certamente es e fator conta, mas nós nos referimos aq ui à santidade; dito de outro modo, ao de envolvimento vivido desse dom fund amental. Por que se mostra ele tão pu ro em Bern adette? um mistério da gratuidade, ma é ta mbém um mistéri o de uma res posta li vre, d um instinto q ue soube fi elmente corresponder ao essencial.

via. Encarrega-a não apenas de repetir as palavras da hu1nilde mensagem - a respeito das quais ela por vezes tropeça, notadamente aquelas que têm por objeto a fun dação da peregrinação - mas de testemunhar a graça que ela já vivia, irradiando-a através de todo o seu ser: pobreza, oração, penitência, fili al abandono à Virgem, e com Ela a Deus. É nesse sentido que Bernadette foi logo considerada a melhor prova da mensagem de Lourdes.

Crescimento <lc Bernadette 1w inocência

Bernadette r eligiosa

Bernadette não viveu tudo isso isola- · damente, deve mui to ao ambiente que a fo rmou. Recebeu de eu meio, um ambiente cristão, a fé e o batismo que são inseparáveis. [.. .] Mai preci amente, ela soube realizar de maneira excepcionalmente pura os modelos que lhe foram oferecidos em sua fa míli a pob re. 1... 1 Apesar de uma grande indigência de instrumentos verbais e intelectuais, Bernadette soube di scernir, recolher, viver de maneira excepcionalmente pu ra a graça dos pobres segundo o coração ele Deus. Assim, a menina estava apta a receber a austera mensagem de 18 de feverci rode 1858, que resumi a tão bem seu passado, ao mes mo tempo que anunciava o programa de sua carreira terrestre e pós-t 'rr strc: "Eu não prometo tornarte f eliz 11este mundo, mas no outro". A m ·nsa cm das aparições exprime e conl'i r111u aquilo que Bernadette já vi-

A vicia em Nevers [no convento das Irmãs ela Caridade] situa-se na mes ma linha. [... ] Aqui também, o verdadeiro segredo de Bernadette é sua transparência, é a simplicidade que a fez assumir tantas coi sas - umas por atração, outras por obediência - em cessar de ser ela mesma. Ela soube tirar partido das real idades humanas e ela exigência divina, das humilhações e ela veneração, da sua natureza própria e da obediência, da regra e do Evangelho. Seu segredo é a maneira pela qual ela soube viver as exigências dos homens e os impulsos do Espfrito Santo. Ela assumiu tudo isso com simplicidade e quotidianamente, no esquecimento de si mesma, num simples dom de si própria, tendo em vi sta a verticalidade para Deus e a hori zontalidade para os homens. Seu segredo é, por fi m, um segredo de paciência, de sofrimentos, de

esqueci mento de si mesma no amor de Deus escondido. Ass im Bern adette inventou - ou melhor, o Espírito Sa nto inventou ou manifes tou nela, com sua participação consciente, mas sem nada de refletido ou de explicitado - um tipo de santidade cri stã sem cintilação, sem obras, sem ciência, reduzida à rai z do Evangelho, ao amor que Deus dá e recebe. [... ] Há aqui uma mensagem que é preciso não deixar que se perca em nossa época de convul sões. [... ] Aquilo que ela ass im viveu chegou ao seu último desabrochar na provação e no silêncio, que se adensaram no termo de sua vida. É o tempo do despojamento, no qual ela toma, em Deus, a estatura de sua idade adulta. [... ] A santid ade de Bernadette parece ser anteri or à graça excepcional das aparições. Ela fo i para isso preparada na pobreza de sua infância, e as aparições a manifes taram ao mundo. Tratar-se-ia de uma santidade já pronta, sem desenvolvimento nem evolução? Seguramente não , mas trata-se de um desenvolvimento homogêneo, no qual o carisma patente expande e manifes ta o dom latente. A dific uldade está em atingir, para aquém dos escritos e das palavras que são tributários do meio cultural, a contribuição própri a de Bernadette para a espi ritu alidade, porque es te elemento original permanece implícito. Para manifestar este implícito, é-se tentado a aprox imar Bernadette de uma outra santa que se situ a na mesma linha, no mesmo filão de santidade, se ass im podemos nos exprimir: Santa Teresinha do Menino Jes us, que tinha seis anos e meio quando da morte de Bernadette. • E-ma il do autor: gregorio @cato li cismo.co m.br

Notas : 1. A inocência primeva e a contemplação sacra/ do universo no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira , Artpress, São Paulo, 2008. A obra foi lançada por ini ciativa do In stituto Plinio Corrêa de Oliveira , por ocas ião do centenário do nasc ime nto desse ins igne pensador e líder católico. Este li vro enco ntra-se d isponível no site: http ://www. p I in iocorreadeol ive ira .i nfo/L i vro da ln oce ncia/2008 _ I P _ 06 _ I _ Ca p _04_ A_lnocPrim_ple ni tude. ht m - _edn6#_ed n6 2. Re né La uren tin , Be rna detre vo us pa rl e, Lethi e lle ux, Paris, J 972.

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Santo André Bobola Vítima do ódio à Religião católica M artirizado pelos cismáticos com crueldade inaudita, seu corpo permaneceu incorrupto por 45 anos, trazendo as marcas das sevícias sofridas rn

A Janow: igreja no lugar do martírio do santo

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CATOLIC ISMO

PuN 10 MARIA

SouMEo

ndré Bobola nasceu no ano de 1592 no Palatinado de Sandomir, na Polônia, de fam11ia ilustre e religiosa. Desde pequeno notaram-se no menino os dons extraordinários com que Deus tinha cumulado sua alma. Fez seus estudos no colégio jesuíta de sua cidade natal, e já era apontado pelos mestres como modelo para os outros estudantes. Com a idade de 21 anos, entrou para a Companhia de Jesus em Wilna. Fez profissão reli giosa, sendo depoi s

encarregado da educação da juventude em vários colégios jesuítas, conquistando os alunos por sua amabilidade e bondade. Era corpulento, mas de baixa estatura . Seu ar nobre, afável e piedoso atraía as pessoas. Com longa barba, excelente espírito, memóri a feliz e ex pressão acolhedora, ia direto aos corações. Era entretanto sua profunda conv icção o que mais atraía.

"A i de mim se não evangelizar" No dia 2 de junho de 1630, fez sua profissão solene e tornou-se superior da residência dos jesuítas em Bo-

bruisk. Nesse tempo pôde revel ar sua ardente caridade durante uma epidemia que di zi mou a Lituânia. E só não foi vítima dela porque Deus Nosso Senhor o reservava para outro martírio mais heróico. Demitiu-se em J636 do cargo de superior, para dedicar-se exclusivamente às mi ssões. Seu campo de ação foi sobretudo o reino da Lituânia, que ele percorreu por inteiro em suas caminhadas apostólicas . Por esse tempo os cossacos da Ucrânia, os russos e os tártaros devastavam a Polônia, e a fé católica e ra objeto dos ataques simultâneos de protestantes e cismáticos. Os jesuítas, em particular, era m os mais odiados. Muitos foram ex pulsos de suas casas e levados em cativeiro. Era uma época muito difícil para o apostolado, entretanto o intrépido Pe. Bobola não se detinha di ante dessas difi c uldades . Ele podia dizer como São Pau lo: "Ai de mim se não evangelizar". Seu apostolado era fec undo. Janow, um a das ·idades ma is cultas da Lituâni a, contava com apenas dois católicos quando ele começou a evangeli zá- la. Seu trabalho foi tão abençoado que, à sua morte, praticamente toda a cidade tinha voltado à verdadeira fé. Mesmo os fiéis da Igreja Ortodoxa russa, cismática, não podi am res istir à sua pregação, e se convertiam em grande número à verdadeira Igrej a.

"Cão Jesuíta! Cão papista! Feiticeil'O! " Os sacerdotes cismáticos, não podendo segurar esses fiéis em sua fileiras, voltavam contra o missionário todo seu ódio. E davam dinheiro a de classificados para atacarem-no com injúrias e maus tratos. Como isso não adiantass , icl 'aiizaram outro método ainda mai s •rossciro ele prejudicar o Pe. Bobola : arr ·hanharam meninos ele rua e os indus1riuram tão bem, que eles esperavunt o miss ionário sair de sua resi-

ciência e o acompanhavam depois, atirando-lhe os objetos mais vis, em meio a tremenda algazarra. Se o santo ia visitar um enfermo, esperavam-no do lado de fora, gritando contra ele os mais injuriosos epítetos. O mesmo faziam quando ele ia pregar. E assim procuravam tornar sua vida impossível. Mas o Santo permanecia impassível diante de tanta injúria, mostrando mesmo para com esses moleques uma bondade, uma paz de coração, um de-

Vitral representando o martírio de Santo André Bobola

sejo de fa zer-lhes bem, que teria convertido pedras em filhos de Abraão. Mas os sacerdotes cismáticos o tinham previsto, e acautelavam os me ninos contra esse "feitiço". Assim, quando o sacerdote procurava dirigir-lhes a palavra, afa tavam-se gritando: " Cão j esuíta! Cão papista! ladrão de almas! Feiticeiro! Feiticeiro!". E ntretanto, vendo que nada disso conseguia impedi -lo de continuar seu apostolado avassalador, determinaram tirar-lhe a vida. Para isso chamaram em seu auxílio os cossacos, que haviam invadido a Polônia. Foi então que os jesuítas, e entre eles o Pe. Bobola, retiraram-se para Janow, onde poderiam ser mais útei s aos católicos perseguidos. Mas não tardou a aparecer nessa cidade um des-

tacamento de cossacos, a quem os cismáticos tinham informado o paradeiro do missionário.

Martírio movido pelo ódio à Religião católica No dia 16 de maio de 1657, véspera da Ascensão de Nosso Senhor, Santo André Bobola estava na pequena cidade de Perezdyle, onde fora pregar em preparação para a festa do dia seguinte. À notícia da aproximação dos cossacos, os fiéis pressionaram o santo para que fugisse. Dois dos cossacos alcançaram-no, despiram-no , amarraram-no a uma árvore e o moeram de golpes. Era o começo de uma série inaudita de tormentos, que só o ódio religioso pode suscitar. Sobre esse tremendo martírio, a Sagrada Congregação cios Ritos afirmou ser "talvez o martírio mais cruel que jamais se submeteu ao exame desta Sagrada Congregação". Levado para os chefes, estes quiseram de todos os modos obter a apostasia do campeão ele Jesus Cristo. Como nada conseguissem, ataram-no a um poste e o flage laram impiedosame nte durante largo tempo. Em seguida aplicaram-lhe em redor da cabeça dois galhos de um arbusto e os apertaram por meio ele torções e contorções, provocando- lhe dores atrozes. Arrancaram-lhe e ntão a pele das mãos, deixando-as em carne viva. Mas não pararam aí. Ligaram-no às selas de dois cavaleiros e o obrigaram a segui-los até Janow. Como ele não andava com a velocidade desejada pelos cossacos, estes lhe deram vários golpes, recebendo ele nesta ocasião duas profundas feridas nos braços. À entrada de Janow havia uma pequena casa destinada ao matadouro público. Ali levaram o santo, amarraram-no a um banco, e com tochas foram-lhe queimando a fogo lento os lados e o peito. Lembrando-se ele que a vítima era sacerdote católico, corta-

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Em maio, presenteie sua mãe com um livro que homenageia a mais perfeita e maior de todas as Mães! "Este livro é um precioso florilégio em louvor de Nossa Senhora. Nele encontramos devoções, invocações e inúmeros títulos da Mãe de Deus. Ilustrações belíssimas e artísticas perpassam suas páginas cheias de ladainhas e orações modernas e antigas. Quem já amava Nossa Senhora, passará a apreciar e valorizar ainda mais aquela que exclamou: Eis que doravante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada!

ram-lhe a pele da cabeça no local da tonsura eclesiástica, deixando os ossos do crânio a descoberto. As mãos que tinham recebido a unção sagrada, e às quais já haviam arrancado a pele, foram ainda mais mutiladas. Coitaram-lhe as falanges de ambos os polegares, que serviam para a Consagração, e também o indicador da mão direita, desligando os músculos da mão esquerda para arrancarem os dedos juntamente com a pele. Virando-lhe o corpo, tiraram a pele das costas e de uma parte dos braços e lançaram palha de cevada moída sobre a carne viva. Afiaram depois esti letes de madeira e meteram-nos debaixo das unhas dos artelhos e dos dedos. A exemplo de Nosso Senhor em sua Paixão, tudo isso era entremeado com pancadas e bofetadas tão fortes, que fizeram saltar vários dentes, inchando-lhe enormemente a face. Um requinte ainda era necessário: a língua, que tanto pregara, ne- . cessitava ser arrancada. Por isso, depois de lhe vazarem um olho, de cortar-lhe o nariz e de lhe rasgarem os lábios, abriram a garganta e arrancaram-lhe toda a língua. Depois tomaram um estilete e o espetaram no coração. Como o corpo martirizado ainda se contorcia, diziam rin-

do: "Como dança esse polaco!". Finalmente deram-lhe dois golpes de misericórdia.

Ódio anti-cat6lico rn110vado pelos comunistas Diz-se que nesse momento uma luz sobrenatural apareceu sobre Janow, e os cossacos fugiram a toda brida. Os católicos o enterraram no colégio dos jesuítas de Pinsk. Anos mais tarde os cos acos da Ucrânia voltaram a invadir a Lituânia meridional. No co légio de Pinsk, os jesuítas temeram por sua sorte. O superior se perguntava a qual santo recorrer nessa emergência, e na noite de 19 de abril de 1702 apareceu-lhe um religioso com o hábito jesuíta, que lhe disse: "Tendes necessidade de um protetorjunto a Deus. Por que não vos dirigis a mim ? Sou André Bobo/a, morto em ódio à f é pelos cossacos. Procurai meu corpo, eu serei o defensor do colégio". Encontraram então o túmulo do mártir num canto da igreja do colégio, onde permanecia no esquecimento. Após 45 anos da mo1te, seu corpo estava incorrupto, coberto com os mil ferimentos do rnartfrio, nos quais se via ainda o sangue fresco. A carne permanecia branda e fie-

xível. Foi assim, por esse milagre estupendo, que a Providência quis tornar conhecidos muitos dos detalhes do martfrio desse grande defensor da fé. Em seu processo de beatificação, é dito que foi ele mesmo o verdadeiro postulador de sua causa. Santo André Bobola foi beatificado pelo Bem-aventurado Pio IX. Mas seu "martírio" post-mortem não cessara ainda. Quando os bolchevistas dominaram a Polônia, arrebataram violentamente as suas relíquias e as levaram para Moscou. Foi só depois de muita e demoradas negociações que a Santa Sé conseguiu-as de volta, em 2 de novembro de 1923. Pio XI o canon izou solenemente em 1938, e mais tarde ele se tornou protetor da nobre nação polonesa. • -maiI cio autor: pm solimeo @ca toljc ismo.com.br

Obras consu ltadas: - F.M. Rudge, Sr. A11drew Bobo/a, in The Cathol ic Encyclopedia, On line Edition Copyright © 2003 by Kev in Kni ght, www.NewAdvent.org. - Les Petits Bollandistes , Sainr André Bobo/a, Marryr, in Yies eles Saints, Bloucl et Barrai, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo V, pp. 602 e ss. - Pe. José Leite, S.J., Sa11to André Bobo/a, Mártir; in Santos de Cada Dia, Editoria l A.O., Braga, 1987, tomo U, pp. 82 e ss.

O livro que Rita Sá Freire escreveu e compilou com tanto carinho será, por certo, o vademecum de todos aqueles privilegiados que aínam e veneram a Filha de Sião, a Eva do Novo Testamento". Padre Swnuel Ferreira do Carmo, SVD

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CATOLICISMO


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Na adversidade, determinação e naturalidade L GREGÓRIO V1VANCO LOPES

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m algum lugar, situado ao que parece nas zonas geladas da Ásia central, uma mulher com seu bebê enfrenta destemidamente o frio intenso, com temperaturas que caem bem abaixo de zero. Seus olhos um tanto amendoados indicam origem mongol. No mesmo sentido fala a fisionomia da criança, nesta foto impactante. A desolação terrível do inverno se manifesta na perspectiva sem fim do campo nevado, de uma brancura estéri l e gelada , ainda acentuada pela vegetação rasteira e raquítica que teima em medrar. Os trajes da mãe e do filho são próprios a resguardá-los do frio intenso, mas os

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dela, ademais, são coloridos e belos, assim como o lenço que Lhe cobre a cabeça. O pitoresco fica por conta dos ani mais, mansos e dóceis , usados para o transporte da carga e eventualmente das pe. soas. A expre são do rosto da matriarca é firme e ofredora, habituada a tudo afrontar com determinação. Ela não tem pena de si, nem está pensando em queixar-se pela sua vida dura. Foi formada para a luta pela sobrevivência, contra as dificuldades da vida, as intempéries, e julga natural que seja assim. Seu bebê, ela já o cria nessa perspectiva, pois ao mesmo tempo que o agasalha fortemente como defesa contra o frio intenso, coloca-o sobre a superfície gelada para que se habitue a sofrer e a lutar.

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O que faz com que tamanha adversidade seja tomada com tanta naturalidade e determinação? Em uma conferência pronunciada em Buenos Aires (6-111964), Plinio Corrêa de Oliveira enuncia os princípios pelos quais se responde a tal questão. "Ha um princípio que esta em toda a natureza, e que se relaciona com todos os seres vivos. É o princípio da correlação entre as necessidades de um ser vivo e os meios que tem para satisfazê-las. "Tome-se, por exemplo, um passara. Ele é leve, por isto pode voar; e quando voa,foge dos seus inimigos; se tem fome, dispõe do bico com que pega os alimentos e se nutre; esta sujeito ao frio, mas é dotado de penas para proteger seu organismo contra o frio. Ha uma correlação natural, em todo ser vivo, entre sua anatomia e fisiologia e as suas necessidades. · "Esta correlação existe também no homem, que é um ser dotado de inteligência e vontade. Portanto, de algum modo é incomparavelmente superior aos animais. Não só possui os instintos que caracterizam os animais, porém sabe o que lhe convém; e tem ainda uma vontade, que o impulsiona afazer isso que lhe convém. Então é natural que o homem aplique sua própria inteligência e sua vontade para - pelo emprego desses recursos e de seu corpo, que esta a serviço de sua inteligência e de sua vontade - satisfazer as suas necessidades pessoais".*

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Como se vê, é na própria natureza que se baseia essa busca de plenitude humana. Não obstante isso, é certo que a Religião católica, autenticamente entendida e fie lmente praticada, tende a conduzir os homens mais facilmente ao desenvolvimento superabundante de suas aptidões intelectivas e morais já nesta Terra, além de gerar cidadãos para o Céu. • E- mail do autor: gregorio @catolicisrno.corn .br

* http://www.pliniocorreadeol iveira.info/DJS%20%20 1.964 1l06_Aliberdadedal greja8A ires.htrn

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Ultimas restos de civilização cristã

U

ma me nsagem que circu lou pela Internet chamou a atenção. Trata- e de um depoimento que descreve alguns hábitos familiares de outrora, ainda perfumados pelo que restava el e c ivili zação cristã, e hoj e des aparecidos , submer os que fo ram pela enxu rrada do pagani smo moderno. Fala-nos das vi sitas que as famílias se faziam entre si , e que constituíam um costume ainda na década de 1950. Não se trata de fato especificamente reli gioso. As visitas eram um pequeno acontecimento da vida social , sobretudo das classes média e ope rária. Mas vinham impregnadas daquele prazer inocente da fa mília católica, como resto ainda vivo ela civilização cri stã outrora pujante, cujo desaparec imento faz Nossa Senhora chorar. O texto fa la por i, e limitamo-nos a transcrevê- lo parcialmente. *

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Sou do tempo cm que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mand ando a gente caprichar no banho, porque a família toda iria vi sitar algu m conhec ido . Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite. E os donos da casa r cebiam alegres a visita: ' Vamos nos assentar, gente! Que surpresa agradável! ' A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre, e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irm ãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na pared e, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro, casa sin gela e acolhedora. A nossa também era assim. Também eram ass im as vi sitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras, que era també m costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo be nfazejo, algué m lá da cozin ha, geralmente uma elas filhas , di zia: G ntc, vem aqui pra dentro, que o café está na mesa. Tratava-se de um a metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte:. pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite ... tudo sobre a mesa. Pra que tel evisão? Pra que rua ? Pra qu e droga? A vida estava ali , no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperan-

ça .. . Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam ... era a vida transbordando simplicidade, alegri a e amizade .. . Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esq uina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquec ido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa . A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos ... até que sumissem no horizonte da noite. O tempo passou, e me forme i em so lidão . Para isso tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua, e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa, e as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anôn imos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais ass ustados que assustadores. Casas trancadas. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a le mbrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da mante iga, dos biscoitos, do leite ... * •

* José Antônio Oli veira de Resende, professor de Práti ca de Ensino de Língua Portu guesa, do Departamento de Letra s, Artes e Cu ltu ra da Universidade Federal ern São João d'El-Rey (MG).

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grão-mestre. Doou toda sua fortuna aos pobres, dedicando-se a seu servi ço.

ca no de Florença, contra os autores do c isma grego.

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Santos Abades de Cluny, Confessores

São Mariano e Companheiros, Mártires + Numídi a (hoje Argélia) , séc.

1 São ,losé Operário , Esposo da Santíssima Virgem Primeiro Sábado do mês.

2 Santo Atanásio, Bispo, Conl'eSSOL' e Doutor da Igreja

+ Al exa ndri a (Egito), 37 3. Gra nde defensor da fé contra os arianos, ex ilado c inco vezes por imperadores favoráve is aos heresiarcas, suportou toda sorte de calúnias de seus inimigos.

3 São Juvenal , Bispo, Con[essor + Itália, 376. Médico no Oriente, emigrou para Narni , na Itália, de onde foi nomeado bispo pelo Papa São Dâmaso. Salvou sua sé da destruição por paite dos ligurianos, obtendo do Céu uma tormenta que os afogou.

4 Santos João JIoughton e Companheiros, Mártires + Lond res, 1535 . João, Roberto Lawrence e Agostinho Webter, cartu xos, e Ricardo Reyno ld , por se terem recusado a ace itar o Ato de Supremacia (q ue impunha o lúbrico rei He nrique Vlll como cabeça da Igreja na Inglaterra), foram arrastados pelas ruas com a maior ·elvageria, enforcados e esquartejados, e m vi1:tude de sua fide li dade à Igreja Católica.

5 Santa JutLa von Sangerhausen, Viúva + Alemanha, 1260. Natural da T ur íngia , e nviuv a ndo muito cedo, mudou -se para a Prússia, fe udo dos Cavaleiros Teutônieos, dos qu a is seu irm ão era

III. Le ito r na comunidade de C ircé, fo i preso juntamente com muitos outros cristãos durante a persegui ção de Valeri ano. Foram alinhados na vertente de uma colina e decapitados.

7 Beata Gisela, Viúva + Ale ma nha, 1060. "Irmã de Santo Henrique, Imperador da Alem.anha, e esposa de Santo Estêvão, rei da Hungria. Viú va, entrou para o mosteiro de Niederburg, do qual tomou-se Abadessa" (do Martirológio). Primeira Sexta-feira do mês.

8 São Pedro ele Tarantésia , Bispo e Confessor + França, J 174. Entrou para o mosteiro cisterciense de Bonnevaux. Seu pai e dois irmãos seguiram-no nesta decisão. Nomeado arcebispo de Tarantésia, reformo u a disciplina eclesiástica, substituiu o clero corrupto de sua catedral por cônegos regulares e desapareceu, para tornar-se irmão leigo em um convento na Suíça. Encontrado, teve que reassumir suas funções.

9 São Nicolau Albcrnti , Confessor + Bo lo nh a, 1443. " artuxo, ordenado bispo de Bolonha, foi nomeado Nún cio Apostólico do Papa Martinho V. Trabalhou com. su ·esso para restabelecer a paz entre a França e a Inglaterra" (do Martirológio).

10 Santo Antonino de Florença , Bispo e Confessor + 1459. Antô ni o, conh ec id o pelo dimin uti vo por causa de sua estatura, tornou-se célebre por sua doutrina e obras. Defe ndeu o Papado no Concílio de Basiléia, e a sã doutrina católi -

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ceu e m ua c idade ep iscopal ao voltar do Conc íli o de Nicé ia. Os búl garos obtivera m suas relíquias, transportando-as para a c idade ele Prc bo, que tomou então o no me de Aquili.

+ Séc ul os X a XII . Santos Odon, Majolo, Odilon , Hugo e Pedro, o Venerável. "A elevada autoridade moral de Cluny, que esses abades colocaram a serviço da Igreja e da paz civil do século X ao X II, explica-se pela irradiação de suas personalidades, pela estabilidade de seus mandatos, isenta de toda ingerência secular, e por sua fidelidade a nada prefe rir à Obra de Deus" (do Martirológio Romano-Monástico).

12 Santo Epifânio, Bispo e Confessor + C hipre, 403. Judeu da Palestina convertido, viveu em sua vila natal como monge durante 30 anos, qu ando foi nomeado bi spo de Chipre. Grande polemi sta, "s ua erudição e amor pela ortodoxia levararn-no a denunc iar várias doutrinas maculadas pela heresia" (do Martirológio).

13 Aniversário da Primeira Aparição de ossa Senhora cm Fátima

14 São Matias, Apóstolo e M{1rtir São Michel ele Garicoits + França, 1863. Francês, denominado no seminário "o novo São Luís Gonzaga". Como pároco, reformou espiritualmente seus fiéis. Professor de seminário, fez progredir na piedade professo res e al unos. Filho fidelíssimo da Igreja, combateu tenazmente a heresia janseni sta. Fundou a Sociedade dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.

16 J\SCl<:NSÃO DI~ NOSSO SENI 101~ ,11,:sus CRISTO Santo /\ nclré Bobola (Vide p. 8)

17 São Bruno (IC Wiirzburg, Bispo e Confessor + Áustria , 1045 . Filho cio Duque da Cai·ínlia e da ondessa Matilde, tornou-se bispo de Würzburg. nstruiu várias igrejas e a catedral. ·rudilo escritor, por indicaçã d imperador Conrado □ foi promovido à sé de Milão. Fal ccu na Áustria.

IH Santo ,::rico l{ei, Mártir + Su éc ia, 1150 . Promoveu a evangeli zaçã los finlandeses, ainda pagã s. Suas "Leis de Érico" muito favorc · 'Wm a Igreja e as mulheres, tratudas até então como escravas. roi mrutirizado pelo pretendente dinamarquês ao trono da Suécia, quand acabava ele assistir à M issu.

19 São Ivo, Conl'csso1· + França, l 303. Saccrcl te, padroeiro dos advogados, stud u Direito e Teologia e m Pari s e Orleans. Transformou o so lar que recebera dos pais em hospital, as ilo para velhos e crianças aba ndonadas. Lá estabe lc cu também seu escritório para atender consu ltas dos pobre e dos desamparados, não havendo advogado ele mai s re nome ne m pessoa mais estimada em toda a Bretanha, da qual se tornou um dos santos mais populai·es.

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bardos, caso a Gália [atual França] não fizesse penitência. Quemdo efetivamente os lombardos chegaram, dedicou-se a converter grande núm.ero de invasores àfé e aos costumes cristãos" (do Martirológio).

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Santa Rita de Cássia , Viúva Santa Júlia, Virgem e Mártir + Córsega, séc. VII. "Jovem cris-

São Júlio, Mártir + Bul gári a, séc. IV. Veterano

tã africana, aprisionada pelos muçulmanos durante uma invasão,foi crucificada na Córsega, da qual tomou-se a padroeira celeste" (do Martirológio).

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São Justo ele Urgel, Bispo e Confessor

ossa Scnllora Auxiliadora São Vicente de Lérins, Confessor + França, 445 . Jovem gaul ês, abandonou a caLTeira militar para tornar-se monge em Lérins. Ordenado sacerdote, "ficou célebre na história da Teologia por sua doutrina sobre a Tradição, em que afirma que a inteligência da f é e a formula ção dogmática devem progredir na Igreja com o tempo, mas exclusivamente no mesmo sentido e na mesma crença" (do Marti rológio), e que são verdadeiras aquelas doutrinas que assim foram consideradas "sempre, em toda parte, e por todos os fiéis".

25 São Gregório VII , Papa e Confesso,· Santa Maria Maclalena ele Pazzi, Virgem + Florença, 1607. Carmelita aos 16 anos, "ofereceu sua vida pela renovação espiritual da Igreja. Abençoada com graças místicas, deu o melhor de si mesma na fidelidade quotidiana aos três votos de sua profissão religiosa"

15 Santo Aquiles, Bispo e Confessor

21

São QuadraLO, Confessor

Santo l lospício, Confessor + França, séc. Vl "Havia predi-

+ Atenas, séc. II . " Discípulo dos Apóstolos que, na perseguição de Adriano, por sua f é

sa, na Grécia, ficou cé le bre pe lo dom dos milagres. Fa le-

das legiões roma nas, às quais tinha servido por 26 anos. Estand o e m se rviço num a das fronteiras do império, foi condenado à morte com dois companheiros na perseguição de Di oclec iano, por ter-se recusado a sacrificar aos ídolos.

DOMINGO DE PENTECOSTES

São Bernardino ele Siena, Confessor

+ Gréc ia, 330. Bi spo de Lari s-

e atividade reuniu sua Igreja at.ingida pelo terror e dispersão, e apresentou ao imperador uma útil apologia da religião cristã, digna da doutrina que ele havia recebido dos Apóstolos" (do Martirológio).

(cio Maitirológio),

+ Es panha, séc . VI. Um dos qu atro irmãos que são considerados por Santo Isidoro de Sevilha varões ilustres, dentre os qu e floresceram na Espanha visigó ti ca. Escreveu diversas obras e portou-se como pas tor vigilante e caritativo na sé de Urge!, para onde fora elevado.

Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes inten ções : • Neste 93° aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos de Fátima, Missa em seu louvor e suplicando-lhes a plena correspo ndê ncia da humanidade à Mensagem que Ela veio trazer ao mundo em 1917.

29 São Máximo ele Tréveris, Bispo e Confessor

+ França, 349. Sucedeu a Santo Ag ríc io como bi spo dessa e ntão c idade impe ri al, distingu indo-se po r seu zelo e fortaleza. Acolheu Santo Atan ás io ex ilado por sua ortodoxia e participou do Concílio de Milão, no qual os arianos foram condenados . Mo rre u na F ra nça, para onde fora devido à perseg uição desses mes mos arianos.

Intenções para a Santa Missa em junho • Em lo uvor da instituição do Papado e em reparação devido aos vio le ntos ataques que muitos setores da míd ia otua lmente desfe rem, visa ndo aba lar a Cátedra de Pedro e diminuir a influ ênc ia da Sa nta Igreja na sociedade.

30 DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

31 VISITAÇÃO DE NOSSA SJt:NI !ORA A SANTA lSABEL (antigamente Nossa Senh ora Rai nha).

26

to uma próxima invasão dos lom-

Intenções para a Santa Missa em maio

Nota: Os Santos aos quai s já fize mos referê nc ia e m Ca lend.írios anteriores têm aqui apenas seus nomes enunc iados, se m nota biográfi ca.

• Sup li ca ndo ao Sagrado Coração de Jesus (festa comemorada pela Igre ja no dia 11 de junho) e ao Imacu lado Coração de Maria (neste ano, sua festividade é celebrada no dia 12 de junho) graças e bênçãos especiais para todos nossos colaboradores e suas respectivas famílias .


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ln'.lilul n Pllnto Co tt õo rfo Ollvalrn WlndoW!i Internai íx 11lnrn1 •

Vigorosa campanha do

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INSTITUTO PLINI0 C0RRÊA DE OLIVEIRA D enuncia o fundamentalismo ateu, um espectro que ameaça o Brasil m nome de uma ideologia que nega Deus e diviniza o homem, o fundamentalismo ateu quer acabar com qualj quer vestígio de Religião e de moral no Estado e na sociedade moderna. Deformando o verdadeiro conceito de d ireitos humanos, e le quer destronar Deus. Repudia seus Mandamentos, fazendo do próprio homem, através dos caprichos da liberdade hu mana, o supremo juiz do bem e do mal, do justo e do injusto, do louvável e do repreensível. Não reconhecendo a ordem posta por Deus no Universo e na natureza humana, o fundamentali smo ateu advoga: ► Morticínio das crianças no seio materno, em nome de um suposto direito das mulheres a dispor de seu corpo, o que lhes permitiria gozar li vremente da sexualidade; ► Legitimação da prostituição como meio honesto de ganhar a vida; ► Equ iparação das uniões homossexuais à in stituição sagrada da fam íli a, pretendendo até entregar crianças inocentes para serem adotadas por homossexuais; ► Invasão das propriedades, para satisfazer a cobiça de pessoas que se recusam a ganhar o pão com o suor de seus rostos; ► Proteção dos criminosos e limitação dos meios de ação das forças policiais. Mais a ind a, por se r incapaz de aniqui lar q ua lquer renasc imento re ligioso nas novas gerações, o fund amentalismo ateu quer eliminar dos lugares públicos todo símbolo religioso, para que os cidadãos se esq ueçam de Deus e não agradeçam tudo que a Ele devem .

In strumentalizando a Lei e a Justiça, e ameaçando com pesadas sanções penais e multas em países nos quai s o utrora predominava o espírito cristão, o fund amentali smo ateu já tem conseguido: ► Obrigar os hospitais católicos a praticar abo rtos (Colômb ia) e forçar as fac uldades de medicina de universidades cató licas a ensinar como se fazem os abortos (Espanha); ► Obri gar os farmacê uti cos a vender pílulas abortivas (França);

CATOLICISMO

Participe desta grande campanha www.ipco.org.br Catolicismo convida seus leitores, preocupados com a tentativa de conduzir o País rumo a uma radical sovietização, a participar da importante campanha promovida pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira contra o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Lançado pelo governo Lula nas vésperas do último Natal, esse programa, caso venha a ser aprovado, acarretará a impl antação no País de uma implacável perseguição religiosa, sob pretexto de "direitos humanos" como Catolicismo demonstrou em matéria publicada em sua edição de março passado. Acessando o site em epígrafe, clique na figura das mãos segurando o terço, o que lhe possibilitará enviar seu "cartão amarelo" a todos os senadores e deputados federais, manifestru1do sua preocupação quanto aos graves riscos de o Brasil ser "cubanizado" mediante a implantação do socialista e anticristão PNDH-3. Não deixe para amanhã! Remeta o quanto antes seu brado de alerta aos parlamentares em Brasília. É muito fáci l e rápido.

""""-'do

► Forçar os l'u ncionários municipais cristãos a "celebrar" cerimônias d casamento entre homossexuais (]nglaterra); ► Sanc ionar juízes por terem tomado medidas de precaução para sa lvaguardar o melhor interesse de cria nças que estão se nd o adotad as por pseudo-casais homossex ua is (Espanha); ► Condenar p nal mente fotóg rafos por recusarem-se a film ar festas ele casam nto homossex ua l (Estados Unidos) e multar igrejas por não ulu ra rem sa lões· paroquiai s para a reali zação de tais festas (Estados Unidos); ► Obrigar e co las cató li cas ou de outras confissões cristãs a dar au las de edu ação sexual, nas quais se ensi na que o aborto e a homossexualich1d são opções legítimas (inglaterra); ► Mandar retirar os ·n1 ·ili xos das escolas públicas (Itália). Para punir os "culpados", os legisladores e juízes a legam um deturpado conceito ele direitos humanos que - em no me da "não discriminação", ela " li bertação da mulher" ou da " proteção das minorias marginali zadas" - admite como legítimos alg uns comportamentos outrora penalizados por contrariarem a Lei de Deus. Em outras palavras, esse falso conceito ateu de direitos

Humanos (PNDH-3), recentemente lançado pelo pres idente Luiz Inácio Lula da Silva e seu secretári o para os Direitos Humanos, Sr. Paulo Yannuchi , faz nosso País entrar de cheio

nesse conflito entre o fundamentalismo ateu e a religião. Senão, vejamos:

1

No plano re li gioso, o (PNDH-3) visa "instituir m.ecanism.os que assegurem o livre exercício das diversas práticas religiosas ", ass im como "desenvolver mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União", descon hecendo as raízes católicas da História e da imensa maioria da população brasileira, e abrindo as portas escancaradamente para a bruxaria e o satanismo.

2

Desrespeitando o direito à vida do nasc ituro, o PNDH-3 tem como um cios seus objetivos prioritários "apoiar a aprova-

ção do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos ".

3

humanos está se transfo1·mando no único "dogma" aceito pela sociedade moderna. Se os nsinamentos de uma reli -

Visando expressamente descon struir a célu la fam iliar tradicio nal, e ignorando o direito das crianças de nascer e ser educadas no seio de uma família normal, o PNDH-3 visa:

g ião e ntram em choque com esse "dogma", ela passa a ser considerada ipsofacto uma ameaça à ordem pública e ao regime democrático. O Bras il - que é o maior país católico do mundo - tinha sido até aqui poupado desses conflitos reli giosos em que, cada vez mais, vão sendo envolvidos os cristãos da E uropa e dos Estados Unidos. Porém o Programa Nacional de Direitos

"apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo"; "promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por casais homoqf'etivos "; e "reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com base na desconstrução da heteronormatividade ". MAIO2010 -


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:::::::::.- -_-_-_-_-_-_-_-----::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::_-------------4-~~-----------~-------------------------------------_J O PNDH-3 golpeia o direito de propriedade

cana-de-açúca,; soja, e sobre o manejo florestal, a grande pecuária, mineraçcio, 1urismo e pesca", assim como ''.fortalecer políticas públicas le apoio ao extrativismo e ao manejo florestal comunitário ambientalmente sustentáveis".

9

O Programa visa igualmente desme mbra r o Brasil, outorgando enorm autonomia às populações indígenas sob pretexto de "assegurar a integridade das terras indígenas para proteger e promover o modo de vida dos povos indígenas", e de "ga rantir d •marcação, homologação, regularização e desintrusão das ferras indígenas, ern harmonia com os projetos de futuro de cada povo indígena, assegurando se u etnodese11 vo/11i111en10 e sua autonomia produtiva".

1O

4 Equiparando o vício a uma profissão honesta (e desconhecendo que, na maioria dos casos, as prostitutas são escravas de redes de tráfico), o PNDH-3 visa: "garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profissionais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão "; e "realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os estereótipos relativos às proftssionais do sexo ".

5

Numa clara opção soc ializante, o PNDH-3 propõe "políticas públicas de redução das desigualdades sociais concretizadas por meio de ações de transferência de renda, incentivo à economia solidária e ao cooperativismo, à expansão da reforma agrária, ao fomento da aquicultura, da pesca e do extrativismo e da promoção do turismo sustentável ".

6

Em claro ataque à propriedade privada, o PNDH-3 declara desejar "fortalecer a reforma agrária com prioridade à

CATOLICISMO

implementação e recuperação de assentamentos [. .. ] e regulamentação da desapropriação de áreas pelo descumprimento da.função social plena".

7

Golpeando o direito de propriedade, o PNDH-3 privilegia, para resolver os conflitos originados pelas invasões ilegítimas de terras e prédios urbanos, não a aplicação das decisões liminares de justiça, mas a "mediação como ato inicial das demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva com os envolvidos[. .. ] como medida preliminar à avaliação da concessão de medidas liminares".

8

Baseado num dogmatismo ecologista sem fundamento na ciência, e que cria obstáculo ao desenvolvimento econôm ico, o PNDH-3 visa "fomentar o debate sobre a expansão de plantios de monoculturas que geram impacto no meio ambiente e na cultura dos povos e comunidades tradicionais, !ais como eucalipto,

lgualm nte, em lugar de favorecer a integração dos silvícolas n·:i vi la nacional e fazê-los beneficiários do progresso, o PNDH-3 mant m o. objetivos do PNDH-2, que já declarava vi ar segr gá-los nu m regime de apartheid, implementando "políticas de prol •çcio e promoção dos direitos das sociedades indígenas , em subs lil uição a políticas assimilacionistas e assistencialislas ".

11

O viés tota litári o tran s parece na pro po sta de "implemen.l ,,. o bservatório da Justiça Brasileira, em parceri(I com a sociedade civil " e "estimular e a111plior experiências voltadas para a solução de cmi/7itos por meio da mediação comuni!ária e dos Centros de Referência em Direi/os l/11111anos".

12

Mesmo a polícia deve ficar sob controle, pois o PNDH-3 pr põe "a criação, com marco Normativo próprio, de ouvidorias de polícia autônomas e indep •ndentes, comandadas por ouvidores com ,nane/ato e escolhidÓs com participação da sociedade civil, com poder de requisição de documenlos e livre acesso às unidades policiais". Aquilo que em outros países está sendo feito de maneira son-ateira e diver ificada, mudando primeiro uma lei a respeito le um tema, depois dando uma sentença arbitrária a respeito de outro, mai s tarde assinando um tratado internacional a respeito de um terceiro as. unto, no Brasil pretende-se fazê-lo ele uma vez só e abarcando ele modo unificado todas as áreas da atividade humana. Julgando talvez o Brasil um país demasiado conservador, o fund amentalismo ateu decidiu aparentemente proporcionar-lhe uma " t ' rapia de choque" com o Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos . Por ·ss ' mecani smo totalitário, está se abrindo em nossa Pátria uma das maiores perseguições religiosas da História . '1H10 a maior, porque suas vítimas não serão apenas o seguidor 'S d 'S la ou daquela religião, mas todos os brasileiros que, sob qu alqu ·r as pecto que seja, querem respeitar a Lei de Deus, os ditam ·s da justiça natural e sua própri a consciência . Face a ssa :1111 ·aça, a sagrada Hierarquia, que deve perpe-

tuar os ensinamentos que recebe u e m depósito do Divino Mestre, também não pode deixar de evangeli zar o nosso povo a esse respeito sem trair sua mi ssão. Não pode, portanto, ev itar esse choque com o fundamentalismo ateu e com as estruturas do poder político que o sustentem, nem com aqueles conglomerados da mídi a que ditam o "c redo" ateu, individu ali sta e hedonista imperante na sociedade contemporânea. De nós, bras ileiros, de pe nderá o res ultado desse e ntrechoque: • Se nos omitirmos, permitindo que o PNDH-3 seja implementado, os católicos passarão a ser perseguidos, ou pelo menos considerados "cidadãos de segunda classe", que vivem pachorrentame nte num mund o co mpletam e nte paganizado; • Se resistirmos, estaremos escrevendo mai s uma página de glória na hi stória de nossa Pátria e na hi stória da Igreja. •

Sirvam-nos de alento nessa conjuntura as luminosas palavras que proferiu o Beato Papa Pio IX quando os revolucionários italianos no século XIX ocuparam os Estados Pontifícios, invadiram Roma e deixaram o Sumo Pontífice virtualmente prisioneiro no Vaticano: "A maldade dos homens, excitada pelos demônios, elevou Jesus Cristo sobre o Gólgota, cravado numa cruz: mas foi precisamente sobre a cruz que Jesus Cristo estabeleceu sua Igreja, completando a obra de salvação do mundo. A quilo não foi uma derrota, mas a primeira vitória. Foi lá que a graça triunfante começou sua obra. "A partir daí, as oposições e as lutas não deram quartel à Igrej a, mas cada luta marcou um triunfo. Porque aquele sangue que correu por todos os lados, inundando e regando sobretudo o solo de Roma, em lugar de extenuar a Igreja, deu-lhe uma nova força. E longe de eliminar seus discípulos, apenas conseguiu multiplicá-los . O que permitiu chamar esse sangue de seme n christianorum, semente de novos cristãos! "Hoj e, não se fa z mais a guerra a uma parte apenas da Igreja, ou a apenas um artigo de sua fé, ou a um de seus dogmas. É à Igreja Católica que~ guerra é declarada. É contra a incredulidade, contra o ateísmo, o materialismo que a Igreja deve lutar. "Mas a Igreja de Jesus Cristo, construída sobre a pedra, não será jamais abalada, qualquer que seja a violência da tempestade. Ela tem como garantia a própria palavra desse Deus que disse: Portae inferi non praevalebunt -As portas do inferno não prevalecerão contra ela".

MAI02010 -


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Marcha contra o aborto e o PNDH-3 N a capital paulista, a marcha percorreu diversas ruas centrais e dirigiu-se à. Praça da Sé, onde vários oradores fizeram conclamações à multidão •

PAULO RO BERTO C AMPOS

. ACONTRA OABOl\l\\ l l'llllll . 3 UM PLANO CONlRA AfAMlllA t AVlBI

NASCER l UI•~~ ,.n1nu~uKDlDORllDRGJI lClSSl: w,u••1

rgani zada pelo Comitê Estadual

do Mo vimento Nacional em Def esa da Vida - Brasil sem Abo rto (São Paul o), no di a 20 de abril a 4" Mar-

cha em Defesa da Vida reuniu aprox imadamente 8 mil mani fes tantes. A partir da Câmara Municipal, percorreu vári as ru as até a Praça da Sé, l oca l d a concentraçao e onde estava montado o palanque. Durante o percurso, os anti -aborti stas fi zeram desfil ar grande número de fa ixas e cartazes contra o aborto (fotos 12-3-9) e bradara m sl oga ns co mo este:

" Homens de Brasília / Prestem atenção! / Quem libera o abo rto / O meu voto não tem não! " . Muitos dos mani fes tantes usavam camisetas com dizeres anti-aborto (fotos 7-8). N a praça da Sé, o ato público fo i aberto pela Ora . M arília de Castro (foto 5), coordenadora estadual do mo vimento. Di versos líderes anti -aborti stas revezaram-se no pal anqu e, conc l am ando os presentes à luta contra a impl antação do aborto no Bras il. Al ém de alertar para o peri go da aprovação do projeto de lei nº 1. 135/9 1 (que permite o aborto até mesmo no 9º mês), muitos oradores foca li zaram a questão do direito humano fun damental (o di reito à vida), numa cl ara alusão ao D ecreto 7037/2009, assin ado pelo presidente Lul a e seus mini stros no

CATOLICISMO

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V AM.\\~ UU.\:.'\.\.~~0 /1t. E§!iA \.\:.\ Pt!.~'Fll\.§'iil\\\~. C1'.MINHO ~'t.e>c:..._,"i:.c:.~~"i:.~"-'-

, . s-00 José - Gu~,~~<:)'!>\"<>~

Poroqu,a

di a 2 1 de dezembro úl timo - o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3 ). N esse " paco te" disfo rm e, repleto de norma s desum anas, o go vern o procura abater umas ri c ele valores morais, disfarça ndo sua açã o deletéri a sob o rótul o de direitos hu ma n s: desagrega a in stitui ção fam i I iar (por exempl o, in stitu ind o o "casam nto" homosse xual e defe nden I a prost itui ção); go lpeia a fun do o direi to d ' pr pri edade; proíbe o direito d ost ntar símbo los reli giosos em estab 1 ·im ntos públi cos , etc. Di reitos hum anos são n le negados a apenas um ser hum an o: o nascitu ro. Este, segund os si 1 1rn tários do decreto, não tem sequ ·r o cl ir ito I nascer, podendo ser arra n ·:ido do ve ntre materno e j ogado no sa ·o d ' li xo . Na foto 1, a fa ixa do mov im 111 0 Nas ·,,. é um Direito - uma campanha clu Associação dos Fundadores - v in ·ul a dir ' lamente o P NDH-3 ao abo rto. N 111 o l'ort • ·ulor daquele último dia de verão al'u • •11t ou os ma nifestantes antiaborti stas, q11 • p ' rm aneccra m até o fim do ato paru 11110 d ·i xar ele ouv ir nenhum dos racl or 'S. O últ i,110 deles fo i Ray mond de ouza (folo 6) , d ir ' l or ela Human Life lntemationa/ puni país 'S de língua po rtu g uesa, q ue v ·io dos Estados U ni dos espec ialmente pani purt i ·i par ela marcha. E le afirm ou que, por o ·asião ci o encontro do presidente L ul a ·om o pres idente Obama, pactos fora m firm ados, não para defender a fa mília - o qu ' s •ri a apromas para pri ado a chefes de E stado im1 !ementar o aborto cm I aís 'S do terceiro mu ndo. O mes mo fez. a . '-r ' tári a el e ~slad o am eri ca n o , ra . ll i l l ary lint on , quando de sua reccnt via, m ao Hrasi l, trata ndo do "controle dr, 11010 /irlru/1'" nesses países. O Sr. Raymond de Souza diri giu contu1Hk 11 I\' mensage m a Lul a: "Senlw r

~E A

AMÃ.e -() tÀ:bo~to é 1111 CRIME ABOMINAVEL,

T IVESSE

VERGONHA DA HUIIANfDUe-

Prl'sir/1•1111•, o f{{JVe rno ex iste para proleli/'111 1·1111,um, para proteger a vida d l' 111 dn .1 os cidadãos, e n ã o para as.1·11.1·.1i11 ,1 los por meio do aborto". E

f!,N 11

t ·r111 i111 111 h1 11da11do com toda a mul tidão ali p1 1• 111h "(/111 , do is, !rês, / quatro,

ci,wo , 1111/, / 11r,1 solvar nossas crianças, 11 llmsi/!" •

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MAI02010 -


Excertos da conferência prpferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Sem revisão do autor.



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P1 INI

M

CORRCA DE ÜUVEIRA

Junho de 2010

A Igreja nada deve temer

2

Exc,mTos

4

Ci\RT/\

5

PAGINA MAmANA

no

7 Lm·,·rnM 8

Nº 714

Dnm'l'OR

Devoção a Na. Sra. de Taggia (Itália)

EsP11urnAL

Por que estudar a Religião? - XIH

Comu:SPONDÍ<:NClA

1 0 . A p ALAVRA 12 A

DO SACERDO'l'E

REAt,IDADE CoNc1sAM1~NTE

Ambientalistas e "engessamento" da produção

14

NACION/\I,

17

ENT1uw1s·1'A

21

GASTRONOMIA

24

INl•'Ol~MATJVO RUl~I.

26

CAPA

PNDH-3: um decreto que propugna nova religião

38

VmAs

m:

O Irã, seu passado e a trágica situação atual Culinária e elevação cultural

SAN'l'Os

São Ladislau, rei da Hungria

42 V ARmD/\DES Praça do Tertre: representações discrepantes 44

SANTOS E li'EsTAs Do

46 AçAo

52

Mf.:s

CoN'l'RA-R1,:vowc10NÁRIA

AlVmmNTES, Cosn1i\1Rs. C1v1uzAÇÕES

Povo espanhol: heroísmo, holocausto e alegria de viver

Nossa Capa: O Colosso (o Pânico) - Francisco de Goya (séc. XVIII), Museu do Prado, Madri.

CATOLIC ISMO

Junho2010 -


Caro leitor,

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DR'r/DF sob o nº 3116 Administração:

Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-01 O São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:

Tel (Oxx11) 3333-6716 Fax (Oxx11) 3331 -6851 Correspondência: 1

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Prol Editora Gráfica Lida. E-mail: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br

Talvez se possa dizer que o Brasil, em toda sua história, jamais correu risco maior do que nos dias atuais. No passado, perigos muito sérios ameaçaram o caráter católico da grande maioria de seu povo, a unidade e a integridade de seu território-continente, etc. Na atualidade, porém, a ameaça é multiforme, abrangendo praticamente todos os setores da vida nacional. Seu nome? Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), já abordado em duas importantes matérias que publicamos: um penetrante artigo de nosso colaborador Leo Daniele, na edição de março, ~ uma reportagem sobre a campanha do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, em maio. O tema é de tal relevância, que o retomamos em profundidade no presente número, no artigo de capa intitulado É obrigação dos católicos resistir ao PNDH-3. Nele fazemos um retrospecto histórico da temática, ressaltando as várias frentes contra a quai visa investir o decreto nº 7037 assinado pelo presidente Lula: a fé, a doutrina católica, a moral e os bons costumes; a fanu1ia, a propriedad privada; o Poder Judiciário, as polícias, etc. Esse artigo já e tava escrito, quando o governo apresentou algumas modificações pontuais a t xto do Programa, como um "recuo" diante da forte reaçã qu a v rsã origi nal provocou em múltiplos segmentos da sociedad . Assim, a re centamos um esclarecimento demonstrando que, apesar das p u a upre. sões feitas na versão original - algumas alterações de palavras, ampliações de prazos e generalizações, que na realidade são mudanças de superfície e cosméticas - a nova redação continua rejeitável 111 a anterior. A essência demolidora do decreto permanece. ~m face dessa trágica situação, que futuro nos aguarda? A resposta depenei rá ela nossa reação, que não deve ser como a do avestruz, que fecha os olh e enfia a cabeça na areia. Pelo contrário, devemos ver o perigo de fr nte, de modo claro e em toda a sua extensão;julgar o que ele representa, de modo objetivo, possante e inequívoco; e em conseqüência agir, esclarecendo e alertando os nossos ambientes, ajudando a criar uma verdadeira cruzada de idéias, diante da qual esse funesto Programa não prevalecerá. O mal só é vitorioso quando os bons estão desarticulados, confusos e estagnados. Desejo a todos uma proveitosa leitura.

ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual pars o mês de Junho de 2010:

Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

R$ R$ R$ R$ R$

120,00 180,00 310,00 510,00 11,00

Em Jesus e Maria,

9:~7 DIR ETOR

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.

au lobrito@ca li ·i~mo, '\1111 ,hr

U ma história coroada de milagres e manifestações do amor misericordioso da Imaculada Conceição para com seus devotos e todos que necessitam de especial proteção !t:11 VALDIS GRINSTEINS

O

bem-aventurado Papa Pio IX demonstrou ter entendido perfeitamente as características fundamentais da Revolução gnóstica e igualitária que há mais de cinco séculos corrói a civilização cristã, e cujos vícios propulsores são o orgulho e a sensualidade. Para combater essa terrível Revolução, decidiu proclamar dois dogmas : o da Imaculada Conceição e o da Infalibilidade Pontifícia, que se opõem especificamente àqueles vícios. Contra a invasão da sensualidade, que já na época se fazia sentir, definiu o

dogma da Imaculada Conceição, ou seja, proclamou so lenemente como verdade que Nossa Senhora não foi mac ulada pelo pecado original. Eis a negação mai s rotunda da vida centrada na sensualidade e no desejo de gozar a existência. Pelo dogma da Infalibilidade Pontifícia, o Concílio Vaticano I, presidido pelo bemaventurado Pio IX, definiu que o Papa, em determinadas condições e circunstâncias então especificadas, não pode en-ar ou propor aos fiéis uma doutrina errônea. Este dogma traz como conseqüência a negação absoluta da idéia de que todos os homens são iguais, e que o Papa seria um indivíduo como todos os demais ..

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A história da proclamação desses dogmas mostra que em torno deles travou-se uma verdadeira batalha diplomática, doutrinária, histórica, e algumas vezes até política. Os verdadeiros católicos se punham ao lado do Papa, e desejavam que fossem proclamados logo que possível; os revolucionários e seus cúmplices procuravam evitar por todos os meios a proclamação. Na época, a fidelidade doutrinária dos católicos era muitíssimo mais séria do que hoje, e ser acusado de heresia acarretava problemas de peso. Daí os opositores desses dogmas anti-revolucionários procurarem retardar sua definição solene, argumentando que, embora fosse verdadeira a doutrina de que eles tratam , não era o momento oportuno para proclamá-la como dogma. Argumento inconsistente, que tem sido muito repetido contra vários outros assuntos de interesse da Igreja ... O dogma da Imaculada Conceição foi proclamado em dezembro de 1854. Imediatamente os bons católicos rejubilaramse e decidiram comemorá-lo de diversas maneiras. Quanto a seus opositores e aos maus católicos que não desejavam a proclamação, foram obrigados a calar-se diante do fato consumado, pois o argumento da não opo1tunidade fora por água abaixo.

O milagre e seu 1·eco11hecimento o11cial Aí se inicia a história da imagem de Nossa Senhora de Taggia. A localidade italiana de Taggia situase perto da fronteira com a França, e na época dependia do bispado de Ventimiglia. O bispo local, Dom Lorenzo Biale, havia decidido que em toda a diocese se celebraria ele modo solene a proc lamação do dogma, com oito dia consecuti vos de orações. No dia 11 de março de 1855, último dia das orações, encontrava-se numeroso público na igreja local: pessoas de todas as idades, homens e mulheres, abastados e pobres, sacerdotes e leigos. Em certo momento a imagem de Nossa Senhora começou a mover os olhos, observando atenta e misericordiosamente as pessoas presentes. Não é de surpreender que nos dias

-CATOLICISMO

cultas ou num momento de paroxismo emocional, poderiam eles alegar alguma manipulação. Mas os fatos deram-se diante de um público numeroso, muito variado, incl uinclo até céticos que não tinham nenhuma predisposição para atestar milagres. Uma vez terminada a investigação, no dia 31 de maio ele 1855, a atas foram enviadas ao Vaticano para verificação. Passou-se mais ele um ano até serem aprovadas, tendo sido finalmente autorizada a solene coroação da imagem de Taggia, o que aconteceu no dia 1º de junho de 1856.

"Esses olhos misericordiosos a nós volvei" seguintes, alimentada pelo temperamento vivaz italiano, a curiosidade tenha atraído para a igreja numerosas pessoas que ·não haviam presenciado o fato, para ver a imagem que tinha movido os olhos. Para surpresa, espanto ou admiração de muitos, o fato repetiu-se em 12, 17 e 18 de março. As testemunhas foram numerosíssimas e das mais variadas condições, tornando-se impossível esconder o acontecimento. Obviamente, isso incomodou enormemente os revolucionários e alegrou os católicos. O pároco local, no dia 20 de março, informou oficialmente o bispo Dom Stefano Semeria sobre o acontecido. Este imediatamente deslocou-se até o local. Vendo a multidão ele testemunhas, de ·idiu formar uma comi são ofi cial d in quérito, in talad a no dia 26 le março, apenas duas semanas ap pr li gios acontec iment . A co mi ssrn traba lh ou dois m . es, int rr anelo t do tipo de pe. soas s bre corrid . Já s anli g s r manos adota vam a n rma jurídica J\ucli ,tur et altera pars (seja ouvida também a utra parte). E a Igreja, mãe de sabedoria, empe p nnite que os adversários ou opositore po sam expressar seus pontos ele vi sta. Até hoje, ao analisar um milagre ou a vicia de alguém considerado santo, são ouvidas pessoas que tenham objeções. Mas, neste caso, as objeções habituais dos opositores não tinham fundamento na realidade. Se as testemunhas fossem só crianças, ou pessoas in-

Todos estes fatos ocorreram antes das aparições de Nossa Senhora de Lourdes, em fevereiro de 1858, quando Ela disse a Santa Bernadette: "Eu sou a Imaculada Conceição". Por assim dizer, Lourdes foi o selo oficial de aprovação do Céu à proclamação do dogma contra-revolucionário da Imaculada Conceição. Alguém poderia perguntar: por que Nossa Senhora apena m veu os olhos, mas não fa lou? Os olhos são uma das partes mai s n bres d orpo, e também da mais import'ant:e.. om um simples olhar, podem , di zer muitas coisas que nem s mpr possív I dec larar. Um olhar mi seri · rclioso de Nos ·a Senhora sobr uma multidão de seus filhos, na 1ual h, p ss a boas e más, jovens e an i, s, ui tos e incultos, diz muito mais qu t do um sermão. Na Salve Rainha, r za mo "esses olhos misericordiosos a nós volvei ", justamente como reconhecimento de que, diante das nossas súplicas, certamente Nossa Senhora vai atuar, não permanecerá indiferente a nós . Rezemos, pois, pedindo à Virgem Santíssima por todos aqueles qu e , submersos neste mundo revolucionário, necessitam do seu olhar protetor. Podemos fazê-lo especialmente no dia 13 de junho deste ano de 2010, quando a basílica de Nossa Senhora de Taggia será declarada santuário diocesan . • E-mail do autor:

valdi!ill,ÓQhlcin

Q

Por que estudar a Religião? - XII N esta seção, em maio último, o autor* tratou do nascimento da Igreja Católica; na presente edição ele mostra a superioridade da Religião fundada por Jesus Cristo

A

perfeição da Religião cristã está em que:

1º. Jesus Cristo explicou melhor nela as verdades já conhecidas nas precedentes. 2º. Revelou novos mistérios. 3º. Interpretou com maior clareza as leis morais. 4°. Estabeleceu os sacramentos, fontes eficazes de graça. 5°. Aboliu as cerimônias figurativas do culto mosaico. 6º. Substituiu os sacrifícios antigos, de pouco valor, pelo santo Sacrifício da Missa, de valor infinito. 7°. Reuniu em sociedade visível os que praticavam sua religião, com uma autoridade infalível para instruir os homens, governá-los e administrar-lhes os sacramentos. 8°. Tornou-se obrigatória para todo o gênero humano a Religião cristã, católica, apostólica, romana.

Conclusão: "Comparada com as outras religiões e com todos os sistemas filosóficos, seja enquanto doutrina, seja enquanto influência exercida sobre a humanidade, o cristianismo é inigualável. Nenhuma contradição na doutrina, nenhum erro, nenhuma mancha; pelo contrário, unidade e harmonia, que são o selo da verdade. Em sua ação sobre o mundo nada achamos de daninho, e sim uma influência salutar, duradoura e profunda. É a única religião que responde peifeitamente a todas as inteligências e a todas as aspirações legítimas da natureza humana. E como o espírito humano jamais produziu ou poderá produzir algo semelhante, concluímos que o cristianismo é a revelação de Deus" (Moulin). •

* Tradu ção

de trechos do livro La Religión Demostrada, do Padre P.A. Hillaire, Editorial Difusión, Buenos Aires, 8" edição, 1956, pp. 185- 186.

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A Santa Igreja é vítima 1:8] Li as notícias sobre casos de pedofilia entre clérigos. Que pena que estas coisas tenham ocorrido! É importante que haja punição! É importante que se fale, que e divul gue e que . e denuncie, mas também que se tomem as providência necessári as. Entretanto, é lógico, sem as malícias da mídi a. Mas não deixa de ser uma ferida muito grande na Igreja. Que o Espírito Santo ilumine o Papa para lidar com estes problemas! Que o povo não se revolte! Que também o clero seja iluminado pelo Espírito Santo e tenha forças para evitar tai s escândalos! Onde há humanos há erros, e por isto também na Igreja pode haver erros praticados por seus membros. Mas é preciso lembrar que, além da parte humana da Igreja, há a parte divina, pois Ela é o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. (C.V. -

MG)

A Igreja é Santa 1:8] Que tristeza essas notícias veiculadas na mídia sobre pedofilia. Corno católica, sinto muito, dói muito, mas apesar de tudo o que tem acontecido, embora choque bastante, temos que confiar na palavra de Deus. Parece o final dos tempos, com tudo isso que está

-CATOLICISMO

acontecendo. O inimigo de Deu. , como não pode atingi-Lo, ataca suas criaturas, os seres humanos. Se um padre cai, qualquer um está sujeito a cair. Vejo alguns idiotas criticando a instituição Igreja Católica, mas temos que separar o indivíduo da instituição. A CPI da pedofilia encontrou pedófilos em todas as camadas sociais e entidades, inclusive dentro das próprias famfüas, encontrou pastores protestantes, jornalistas, políticos,juízes, etc. Falam que com o casamento dos padres acabariam esses casos, mas isso não iria acabar. Enquanto houver padres preocupados somente em organizar mate1ialmente as igrejas, sem espiritualidade, coisas assim continuarão a acontecer. Por 25 anos freqüentei uma diocese e participei de urna reunião de liturgia, que parecia reunião de uma empresa. Não foi -invocado o Espírito Santo, foi aquela coisa fria, sem vida. Precisamos rezar e oferecer os sofrimento pela conversão e pela cura dos coraçõe . Sem i so, não haverá mud ança nenhuma. Que Deus tenha pieda I lc todos nó, ! (R.T. - RO)

C011so11âucla 1:8] on rei cm gênero, número e grau com a op ini , o do diretor em sua carta publicada na edição de maio [defendend a Igreja e falando de Nossa Senhora e da inocência] (P.A.F. -

RJ)

Saudades da ilwcência 1:8] Que leitu ra cativante e útil para ajudar a educar os filhos, para conserválos na inocência sem ingenuidade. Pena que os meus já estão crescidos, e só agora tive a opmtunidade de ler esses en inamentos do escritor Plínio CoITêa de Oliveira sobre o estudo da inocência. Mas indicarei a outros pais e mães que têm ainda seus filhos pequenos, e aos meus filhos quando eles tiverem os seus. Quando chega a época da freqi.ientação de colégios, e com a aproximação de más companhias, esse problema é muito difícil. Debocham da pureza do menino e da menina. Com isso empu1rnm nossas crianças para a

impureza. Para evitar isso, go taria de ter podido educar meus filhos em casa, mas a lei obriga a colocá-los em colégios. É uma graça muito grande continuar na inocência. As mães percebem essa mudanças, percebem os apertos de alma que pas am seus filhos numa certa idade, mas ficamos em saber corno ajudá-los a vencer. Peço à únaculada que nos dê e se "espírito de inocência" tão rico, que nos eleva a outros estágios mais altos nesse mundo horrível de vulgaridades. Gostei muito da explicação mostrando que a inocência não é coisa só para crianças, mas também da juventude, da idade adulta e também das pessoas mais idosas, como escreveu o escritor Corrêa de Oliveira, e que nisto consi tia a felicidade. Também gostei muito de te trecho do artigo: " O poeta Casimiro de Abreu, em soneto célebre, e.xalta as saudades 'da aurora de minha vida, de minha infância querida que os anos não trazem mais '. É difícil encontrar quem não sinta saudades dessa época de sua vida, uma espécie de nostalgia do nosso tempo de meninos, um tanto parecida com a de um paraíso perdido. Ninguém sente sa udades dos seus 20 anos como do seu tempo de criança. Por que essas saudades?". Quando li esse trecho, lembrei que uma vez recebi um impresso dos senhores com uma oração dirigida a Nossa Senhora, que falava das saudades do tempo de infância inocente, desse "paraíso perdido" pelo pecado e do arrependimento do Rei Davi. Gostaria de receber novamente essa oração, pois não sei aonde foi parar o impresso (era uma espécie de "santinho" que, se não me engano, tinha uma pintura de Nossa Senhora no verso). Se for possível atender-me, fico desde já muito agradecida e rezarei pelos senhores. (M.A.L.C. - PR)

Nota da redação: Eis a oração à qual parecer l'crirse a rnissivista. Foi co mposta em 1968 pelo Prof. Plinio orr"u de liveira, para recitação privada:

ORAÇÃO DA RESTAURAÇÃO Há momentos, minha Mãe, em que minha alma se sente, no que tem de mais fundo, tocada por uma saudade indizível. Tenho saudades da época em que eu vos amava e Vós me amáveis, na atmosfera primaveril de minha vida espiritual. Tenho saudades de Vós, Senhora, e do paraíso que punha em mim a grande comunicação que tinha convosco. Não tendes também Vós, Senhora, saudades desse tempo? Não tendes saudades da bondade que havia naquele filho que fui? Vinde, pois, ó a melhor de todas as mães, e por amor ao que desabrochava em mim , restaurai-me. Recomponde em mim o amor a Vós, e fazei de mim a plena realização daquele filho sem mancha que eu teria sido, se não fosse tanta miséria. Dai-me, ó Mãe, um coração arrependido e humilhado, e fazei luzir novamente aos meus olhos aquilo que, pelo esplendor de vossa graça, eu começara a amar tanto e tanto . Lembrai-vos, Senhora, deste Davi e de toda a doçura que nele púnheis. Assim seja.

Sinistra ameaça i:gJ Meus sinceros e profundos agradecimentos pelo seu claro e valioso artigo [de Leo Daniele] sobre a máscara dos tão propalados "direitos humanos". Comparto plenamente com suas lúcidas denúncias sobre a sinistra ameaça do PNDH-3 .. Cordialmente.

(C.P.C.M. -

Colômbia)

Decreto aherrnnte 1:8] Brilhante a sua abordagem [no artigo de Leo Daniele, A tarrafa e o PNDH-3] pois, em poucas palavras, desnuda essa verdadeira aberração do mal, um dossiê nojento e cruel que ameaça a sociedade brasileira. As mensagens subliminares sentem-se envergonhadas com tamanha investida e desfaçatez, contra a inteligência, a ética e a moral do povo brasileiro. O nosso presidente, sub-produto do re-

gime militar e capitalista, com sua verve insolente e espúria, descaracteriza o cenário político, em seu delírio de ser um grande estadista. De um verdadeiro líder emana naturalmente elegância, classe e sabedoria. Que a nossa Igreja Católica Apostólica Romana possa conscientizar os seus fiéis e, quem sabe, num futuro não tão distante, surja um novo emissário do amor e da esperança. (M.F. -SP)

Entusiasmo e decepção? 1:8] Li urna edição da revista Catolicismo que foi deixada na Igreja que freqüento, e gostei muito de grande parte do conteúdo. Sempre existiram pobres e ricos neste mundo e sempre existirão, como afirmou mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Não obstante, no passado aristocrático do Brasil, pobres e ricos tinham dignidade, e a pessoa, mesmo pobre, preocupava-se em apresentar-se de forma digna e ter um comportamento polido. Falta de instrução não era sinônimo de falta de educação. Infelizmenté, com a perda dos valores aristocráticos surgiu uma turba enfurecida, que torna não somente a vida dos outros pior, mas também a própria. Entretanto, não pude deixar de surpreender-me com a matéria Ugandenses apóiam projeto que pune o homossexualismo, e que sugere até a pena de morte para homossexuais. Vocês acreditam mesmo que o país de ldi Amin Dada é exemplo para os brasileiros? São posicionamentos assim descontrolados que fomentam a perda dos valores aristocráticos e da cortesia, que tanto fazem falta ao Brasil contemporâneo. Na História, os países comunistas e islâmicos sempre foram os cruéis com a população homossexual. (C.P. -

RJ)

Nota da redação: Agradecemos as referências elogiosas à nossa revista, e esperamos que ela continue a contar com sua benevolência.

Quanto à matéria sobre Uganda, lembramos que noticiar não é sugerir. Ademais, não acreditamos que Uganda seja exemplo para o Brasil, nem nunca dissemos ou insinuamos isso. Entretanto, como felizmente o missivista se apresenta como uma pessoa católica, devemos lembrar qual é a doutrina da Igreja a respeito das práticas homossexuais: 1 - Em 1993, o Papa João Paulo II publicou sua encíclica " Veritatis Splendor", na qual afirma: "Ao ensinar a existência de atos intrinsecamente maus, a Igreja cinge-se à doutrina da Sagrada Escritura. O apóstolo Paulo afirma categoricamente: 'Não vos enganeis: Nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem maldizentes, nem os que se dão à embriaguez, nem salteadores possuirão o Reino de Deus'" (1 Cor. 6, 9-10)" (N° 81). 2 - Em 1994, a Santa Sé publicou o Catecismo da Igreja Católica, o qual reafirmou a doutrina expressa em documentos precedentes. O Catecismo ensina claramente que os atos homossexuais são antinaturais, estando entre os "pecados gravemente contrários à castidade" (Nº 2396). 3 - Em 31 de julho de 2003, em outro documento recordando a doutrina católica sobre moral sexual, a Santa Sé condena as propostas de legalização do "casamento" entre pessoas do mesmo sexo e as chamadas "uniões civis". Publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé, o documento Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais foi assinado pelo então prefeito da Congregação, Cardeal Joseph Ratzinger, atualmente Papa Bento XVI. Sempre à sua disposição, agradecemos seu interesse. Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

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Ei1 Monsenhor JOSÉ LU IZ VILLAC

Pergunta - Diante do fato de que ter relação sexual antes do casamento é pecado mortal, gostaria de saber se, mesmo não conhecendo na época sequer o que era um pecado mortal - eu tinha então menos de 16 anos - cometi tal tipo de pecado. Acredito que etJ jamais teria ofendido a Deus se soubesse disso. Ainda quando novo (entre 9 e 15 anos), tínhamos brincadeiras nada sadias entre vizinhos. Por curiosidade, inexperiência juvenil e falta de noção do pecado mortal, buscávamos nessas brincadeiras sensações sexuais uns com os outros. Que tipo de pecado isso configura? É claro que hoje me arrependo, mas tenho certeza de que, na época, se tivesse sido advertido dessa gravidade para com Deus, jamais teria participado. Isso me afasta da comunhão? Da mesma forma, gostaria de saber se em pecado venial pode-se comungar.

Resposta - Comecemos pelo mais fácil de explicar: o pecado venial não impede a comunhão. Inclusive ao rezarmos, antes da comunhão, o ato de contrição ou o Confiteor ("Eu, pecador, me confesso a Deus ..."), com verdadeiro arrependimento de nossos pecados, essa oração já apaga, pelo menos parcialmente, os pecados veniais. E depois a comunhão, sendo bem feita, completa a purificação de nossa alma. A questão do pecado mortal já é mais complexa. Para

que haja pecado mortal, são necessárias duas condições: a) que se tenha pleno conhecimento da gravidade do ato pecaminoso que se está praticando; b) que se dê pleno consentimento da vontade a esse ato. Se não há pleno conhecimento ou pleno consentimento, não há pecado mortal. Por exemplo, um ato praticado durante a vigília do sono - portanto, num estado de semi-torpor - não será normalmente pecado mortal, pois o torpor afeta as duas condições mencionadas.

Como se perde a inocência batismal O consulente alega o desconhecimento que tinha da gravidade dos atos que praticou quando menor de idade, e declara seu firme propósito de agir sempre de acordo com os Mandamentos da Lei de Deus e de jamais ofender a Deus com um pecado mortal. Excelente disposição de alma, que Deus - jusússimo e amoro íssimo - levará na devida conta. Mas cumpre analisar e m mai cuidado fato de mui tas pes oas hoje em di a, culposamente ignorantes e levianas, manterem rel.açõe sexuais antes do casamento, como se se tratasse de um procedimento normal, legítimo, que em nada fere a lei moral. Tanto é assim que vão se multiplicando até os casos de jovens que têm a intenção de constituir uma família legítima, mas passam a viver maritalmente antes do casamento, tomando freqüentemente o cuidado de evitar filhos antes da união legal e sacramental perante a Igreja. Essa situação é gravemente pecaminosa, e as pessoas em tal caso vivem em estado de contínuo

pecado mortal. Tanto mais se, para evitar filhos, fazem uso de anticoncepcionais ou outros procedimentos condenados pela moral católica, que agravam ainda mais tal pecado.

Como se chegou a tal situação? Aqui entra a questão da perda da inocência batismal. Muitas vezes o processo começa na educação recebida na família. Não há mais a preocupação dos próprios pais de

preservar a inocência das crianças. Princípios freudianos, condenados severamente pela Igreja, recomendam que se lhes permita tudo, que não se lhes recuse nada, porque alegam - qualquer inibição, máxime um castigo físico, ainda que moderado e proporcional, prejudica o desenvolvimento psíquico e social da criança. A mesma orientação é adotada na escola, a partir dos primeiros estágios da escola

maternal até os últimos degraus do ensino fundamental. Com o ensino religioso infelizmente em franca decadência, e ademais, muitas vezes em inteira consonância com esses princípios freudianos, o resultado é que, no despertar da puberdade, meninos e meninas se sintam inteiramente desinibidos diante dos apelos do instinto sexual. Daí a "surpresa" do consulente quando tomou conhecimento de que tal tipo de comportamento constitui pecado mortal. Isto dito, a formação das crianças desse modo absolutamente oposto ao ensinamento tradicional da Igreja pode constituir uma atenuante para os adolescentes que foram vítimas desse processo. Atenuante, entretanto, que não elimina de todo a responsabilidade pessoal, porque os restos da inocência batismal e mesmo da retidão natural, que subsistem no adolescente a partir do despertar da razão, seriam suficientes para que ele se retraísse e resistisse a essa reprovável corrente pedagógica, que contraria de maneira tão escandalosa os princípios da moral natural e da moral católica. Sem dúvida, os efeitos deletérios do pecado original incitam à prática da pedagogia freudiana, mas as graças do Espírito Santo recebidas no Batismo e na Confirmação fortemente atuam, e um embate espiritual se desencadeia no interior da alma. E se ela for inteiramente fiel, manterá preservada sua inocência batismal, apesar de todos os fatores contrários. Quanto aos não batizados, têm eles inscrita em suas almas a lei natural, como ensina o Apóstolo: "O que se pode conhecer de Deus, eles [os pa-

gãos] o lêem em si mesmos, pois Deus lho revelou com evidência. Desde a criação do mundo, as pe,feições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar" (Rom. 1, 19-20). Portanto, o consulente pode estar simplificando os dados do problema ao afirmar que, na época de minoridade, nem sequer sabia que tais comportamentos configuravam um pecado mortal. Quem corresponde perfeitamente às graças recebidas no Batismo, foge com horror dos apelos desregrados da sexualidade nascente. Esta afirmação vale, em particular, para as "brincadeiras nada sadias" - como ele as chama - que tinha com as crianças da vizinhança, e máxime para as relações sexuais pré-matrimoniais. De qualquer modo, a aplicação da desastrosa pedagogia freudiana, desde a mais tenra idade, pode constituir uma atenuante que se permite levar em conta na avaliação da gravidade dos pecados cometidos. E sobretudo a sadia reação que demonstrou, ao lhe serem ensinados os princípios da moral católica, indica que a graça do Espírito Santo, pelos rogos de Nossa Senhora, triunfou em sua alma. Magnificat!

Arrepender-se dos pecados restaura a inocência Se Deus abomina o pecador impenitente, ao pecador arrependido Ele acolhe amorosamente com graças especiais para a restauração da inocência perdida. O caminho de volta para Deus começa com a graça do arrependi-

mento, que o leva ao confessionário aos pés de um sacerdote legítimo e imbuído da seriedade e santidade de seu ministério. O perdão que este confere ao penitente, em nome de Jesus Cristo, restaura a inocência de sua alma. O

penitente sai do confessionário com a alma aliviada, leve como uma pluma, pronto a ser movido pelo sopro da graça para os mais altos páramos da santidade. Assim seja. • E-mail do autor:

monsenhorjoselµjz@catolicjsmo.com.br JUNHO 2010

CATOLICISMO

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A REALIDADE CONCISAMENTE

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Em Bangladesh, desmentido ao alarmismo ambientalista

AeromoCja antiabortista devolve foto dedicada pelo rei espanhol

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angladesh jogou mais uma "pá de cal" sobre as desprestigiadas previsões alarmistas do IPCC. Segundo o diário parisiense "Le Monde", o IPCC previa que, em decorrência do "aquecimento global", em 2050 o mar inundaria 17 % do país, e 20 milhões de habitantes deveriam emigrar do litoral. Agora, estudo financiado pelo Banco Asiático de Desenvolvimento constatou a omissão de um dado básico: os rios que descem do Himalaia depositam um bilhão de toneladas de sedimentos por ano, elevando o nível das terras inundáveis. O indiano Rajendra Pachauri, chefe do IPCC, tentou minimizar o estudo, mas acabou reconhecendo que o relatório do IPCC terá que ser modificado em mais esse ponto. •

Histórica vitória direitista na Hungria

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s direitas obtiveram esmagadora vitória nas eleições legislativas na Hungria. Após o segundo turno, o partido de centro-direita Fidesz [foto] ganhou mais de dois terços das cadeiras do Parlamento, e a extrema-direita antiUnião Européia conquistou 47 lugares. O Partido Socialista - "maquiagem" do antigo Partido Comunista, até agora no poder - ficou com apenas 59 deputados. Para o "Le Monde", tratou-se de uma "revolução conservadora de alcance inédito". O partido de centro-direita pode agora apagar os restos de comunismo que ficaram na constituição húngara, desde que aja com sabedoria - virtude cada vez mais rara na Europa laicizada. •

A

aeromoça da empresa aérea Iberia, María Belén López Delgado, devolveu ao rei espanhol Juan Carlos I a foto que o monarca lhe dedicara numa viagem. Em carta, Mai-ia Belén explicou que mandava de volta o presente, "com não pouca dor e muita decepção ", porque seu lai· não poderia estar presidido pela foto de um monarca, supostamente católico, que aprovou a nova lei de aborto, por ela qualificada de "lei assassina". A corajosa carta serve como advertência também pai·a outras personalidades civis e eclesiásticas que fazem concessões a violações morais da Revolução Cultural, como é o caso do aborto. •

Vulcão islandês silencia arrogância ambientalista

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té há pouco, ONGs ambientalistas e certa mídia alarmista trombeteavam que o homem é responsável pelas "mudanças climáticas", e que é possível determinar o clima dos séculos futuros por meio de acordos internacionais e planificações planetárias de caráter socialista. Após a explosão do vulcão islandês Eyjafjallajokull, que paralisou o tráfego aéreo na Europa com graves repercussões no mundo todo, o alarmismo ecologista mudou a linguagem: "A primeira lição a tirar é a humildade. Eis-nos postos de volta no nosso lugar ", reconheceu editorial do "Le Monde". A propósito do assunto, o filósofo Bernard-Henry Levy aludiu à "ilimitada arrogdncia do homem ", colocada em ridículo pela "fúria do vulcão". •

Células de bebê abortado: matéria para creme facial

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ausou horr~r a revelaçã~ d_e que o creme an_6-rugas _Neocutis, fabricado na Smça e comercializado nos EUA, e produzido com pele de fetos abortados. A venda do creme foi proibida na Europa, mas pode ser comprado facilmente via Internet. Frédéric Koehn, represenante de Neocutis, tentou justificai·-se afirmando que a produção começou com um feto abortado, cujas células passaram a ser reproduzidas em laboratório. Mas prossegue intensa a execração da opinião pública. •

Cardeal reza missa por Fidel, mas não por dissidente dissidente político cubano Guillermo Farifías, que faz greve de fome há mais de dois meses, reprovou o fato de o arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega, ter celebrado uma missa quando adoeceu o ditador comunista Fidel Castro, mas não rezou nenhuma missa pelo dissidente Orlando Zapata, falecido na ilha durante a visita do presidente Lula. O Cardeal assumiu posição análoga à do presidente brasileiro e pediu ao dissidente abandonar a greve de fome , que prejudica a imagem internacional da Cuba comunista. Farifías respondeu que agora é momento "não de conciliar, mas de se colocar a favor das vítimas ou de vitimá-las".

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Paramilitares iranianos na Venezuela chavista

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e acordo com relatório do Pentágono para o Congresso americano, terroristas iranianos das Qods, milícias paramilitares iranianas, estão sendo tran feridos em cre cente número para a Venezuela, com a finalidade de expandir a rede de choque islamita na América do Sul. O Pentágono prevê a possibilidade das Qods auxiliarem as combalidas FARC e outros movimento de agitação no continente, e até planejar ataques. É claro que a pre ença de tais milícias terroristas repre entam perigo para outras nações do continente, inclusive o Brasil. •

Russos confundem seus soldados com os nazistas

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cidade russa de Perm imprimiu calendários para comemorar a vitória do Exército Vermelho na II Gue1rn Mundial. Entretanto, as fotos utilizadas são de soldados nazistas do Terceiro Reich. A editora escusou-se, afirmando por meio de entrevista televisiva de Svetlana Somova: "Somos jovens, e não sabemos reconhecer os soldados fascistas". De fato, soldados soviéticos e nazistas iniciaram a II Guerra Mundi al como aliados. Seus uniformes tinham muitas semelhanças, como também suas doutrinas. •

Dissidente político cubano Guillermo Farinas

Crescem manifestações de satanismo na Grã-Bretanha

Reieitada no Canadá a lei da eutanásia

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parlamento canadense recusou por 228 votos contra 59 o projeto de lei de eutanásia, conhecido como Bill C-384. Entretanto, o diretor executivo da Coalizão para a Prevenção da Eutanásia, Alex Schadenberg, alertou para o fato de que "sempre há necessidade de vigildncia no tema da eutan6sia [. .. ]. Eles vão tentar outro projeto no próximo Parlamento. Nosso objetivo é estarmos prontos para a próxima batalha". De fato, a Revolução Cultural tem aspectos de guerra rei igiosa voltada contra a vida, a fami1ia e a moral católica, e retoma inces antemente suas ofensivas. •

Marinha de guerra chinesa espalha inquietaCjão

A

marinha de guerra da China está expandindo sua presença em mares estratégicos, desafiando a presença da mai-inha americana. A China comunista alega tratai·-se de medidas de defesa, porém na prática está se instalando em águas altamente conflitivas, como as do Golfo Pérsico. Tais medidas pouco têm a ver com defesa, mas sim com um plano de expansão e hegemonia planetária. O almirante Robert F. Willard, chefe do comando naval americano no Pacífico, declarou ante o Congresso dos EUA que as atuais iniciativas navais chinesas atingiram um patamar "muito alarmante", e que "parecem concebidas para desafiar nossa liberdade de ação na região ". •

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s denúncias de aparecimento de fantasmas, monstros e espíritos malignos vêm aumentando há 25 anos na Grã-Bretanha. Para Lionel Fanthorpe, maior autoridade inglesa em fatos inexplicados, no século XXI os britânicos se voltam para bruxas, adivinhos, cursos de magia negra, curandeiros, etc. Enquanto o laicismo vai coarctando a liberdade da Igreja Católica, os espíritos infernais ganham liberdade para agir junto à população britânica a fim de afastá-la cada vez mais de Jesus Cristo.

CATOLICISMO JUNHO 201 O

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Produtores de alimentos X

ambientalistas radicais

neta, mas em detrimento de todos os brasi leiros, que representa cerca de 3% da população mundial. Impedir a redução controlada de uma parte da vegetação nativa e exigir a complementação da reserva legal podem ter efeito danoso na produção de alimentos. 2 - A produção de alimentos deve fazer-se em volume e preços acessíveis, de modo a beneficiar a população nacional, proporcionando níveis decentes de alimentação principalmente aos mais necessitados.

70% do valor do boi fica com o Estado (através de Impostos diretos e indiretos), com os frigoríficos e mercados varejistas

Carne: alimento mais barato do mundo a NELSON RAMos BARREno E PAuLo HENR1ouE CHAVES

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m sã consciência - e até mesmo por educação - ninguém pode ser contrário à preservação do meio ambiente. Discordar dos exageros na sua defesa, isso sim, pode e deve ser feito, e até com veemência. Para se aplicar dispositivos legais justos nessa questão, fazse necessário, além de muito bom senso, uma abrangente análise de todos os setores envolvidos pelas normas reguladoras. Mas não é essa a política que vimos assistindo no Brasil , onde pululam os radicalismos com aplicações de pesadas penalidades para uma única infração, muitas vezes em julgamento. Criam-se leis com prazos impossíveis de serem cumprid s, como a Instrução Normativa nº 001 , de 29 d fcv re iro de 2008, que deu origem a tantas punições. O mesmo se pode dizer do Decreto 6.5 14/08, qu impô a todo o agricultores brasileiros multas diárias om valore confiscatórios, por falta de averbação de re erva lega l. Ademais, com exigências impraticáveis sobre as APP (Áreas de Preservação Permanente), o que ipso facto colocou 90% dos produtores rurais na ilegalidade. A prorrogação do prazo para os agricultores se adequarem ao Código Flore tal, feita pelo Decreto 7.029, de 10/12/2009, não passou de expediente político na tentativa de ganhar tempo e rrutigar as pressões contrárias e coerentes, mas deixando reféns da lei o atingidos.

Princípio de sustentabilidade Tais medidas parecem radicadas em uma política ideológica e preconceituosa, pois é inconcebíve l que elas não levem em consideração o princípio de su tentabi I idade, formado pela combinação de três fatore : a) eficiência econômica; b) responsabilidade ambiental; e) equilíbri ocial. No E tado de Direito, antes de se aprovarem as leis, toma-se imperi sa a discu ão exaustiva entre os segmentos envolvidos. No caso e pecífico, a classe dos produtores rurais é a mais concernida, no entanto ela é a que de maneira contumaz vem sendo mantida mais afastada das decisões. De acordo com tal princípio, e observando estritamente o que mais impo1ta à sociedade brasileira, devem ser considerados os seguintes aspectos: 1 - A obrigação legal de reservas de vegetação nativa, inclusive com a retroatividade para as propriedades que ainda não as possuem, irão formar pequenas ilhas de vegetação. Se este item for analisado com base no princípio da sustentabilidade, conclui-se que ele apresenta resultados práticos muito duvidosos, podendo mesmo acarretar mais danos que benefícios. Exige demais do proprietário rural, sob o pretexto, aliás pífio, de combater o duvidoso e hipotético aquecimento do planeta. Além de tratar-se de aventura baseada numa hipótese discutível, os produtores rurais terão de arcar com o custo total dessa aventura. Supõe- e e tar favorecendo o pia-

Há provas abundantes de que as vegeta~ões cultivadas produzem saldo positivo superior ao das vegeta~ões nativas, na rela~ão de oxigênio (0 2) sobre gás carbônico (CO 2 ) e metano (CH 4 ), os temidos "gases do efeito estufa".

O exemplo do setor agropecuário é esclarecedor. Na pecuária de corte, o produtor rural recebe menos de 30% do valor da carne bovina pago pelo consurrudor nos açougues, além disso nada lhe pagam pelo couro, cabeça, miúdos e sebo do gado abatido. Ou seja, mais de 70% do valor do boi fica com o Estado (através de impostos diretos e indiretos), com os frigoríficos e mercados varejistas (Cfr. estudo realizado pela Acrimat). Se considerarmos seu valor nutritivo, a carne seria talvez o alimento mais barato do mundo, caso o consumidor brasileiro pagasse o que recebe o produtor, ou seja, R$ 2,70 por quilo, em vez de R$ 10,00. Vale considerar ainda os bilhões de dólares anuais que entram no Brasil com as exportações dos excedentes agropecuários.

O mito dos gases Há provas abundantes de que as vegetações cultivadas produzem saldo positivo superior ao das vegetações nativas, na relação de oxigênio (0 2) sobre gás carbônico (CO 2) e metano (CH 4), os temidos "gases do efeito estufa". Já se provou igualmente que as áreas desmatadas e plantadas da mata atlântica não tiveram influência sobre o clima, por exemplo, no regime de chuvas. As terras não virnram desertos, tornaram-se antes uma das maiores áreas produtoras do mundo. Nessa perspectiva, os desmatadores em novas regiões do País podem ter errado, mas muitos deles sem a intenção de fazê-lo, como por exemplo nos casos decorrentes da terceirização dos serviços de desmates, sem contar inúmeros outros induzidos por leis injustas . Exemplo característico foi a Medida Provisória que se tornou lei em 2001, ampliando as áreas de reservas na Amazônia de 50% para 80%, e de 20% para 35% nas áreas de ceffado, o que obrigou à recuperação de grandes área desmatadas em todo o País. A grande maioria dos desmatamentos fora feita de acordo com as leis da época, e agora tais áreas produzem alimentos ou são florestas plantadas.

Produzir alimentos é crime? Como obrigar os produtores a cumprir as leis ambientais de hoje, sem garantias de que amanhã eles poderão estar novamente fora-da-lei e correndo o risco de receber mais penalidades , como vem acontecendo? Em décadas passadas, o governo federal dava incentivo a agricultores e pecuaristas para desmata:r florestas, áreas de cerrado e várzeas, para a produção de alimentos, com a intenção de transformar o Brasil num dos celeiros do mundo, como já o é. -

CATOLICISMO

Poderá ocorrer num futuro próximo, com o aumento populacional brasileiro e mundial, que a situação se reve1ta e se dê novamente preferência à produção de alimentos. Se isso ocorrer, os "vigaristas" e "crirrunosos" de hoje (os agricultores) seriam reabilitados e enaltecidos, e os atuais defensores radica.is do meio ambiente tornar-se-iam réus, responsabilizados e cobrados pelos excessos do passado.

Autos de infração aplicados indevidamente Devemos ainda considerar que muitos autos de infração ambientais são aplicados indevida.mente. Eis alguns exemplos:

1 - Em entrevista ao "Financial Times", Daniel Nepstad, do Centro de pesquisas Woods Hole dos Estados Unidos, afirma que a utilização das imagens de satélite produzidas pelo INPE para medir o nível de desmatamento da floresta pode provocar uma "nova onda de anarquia". Nepstad declarou que as imagens são imprecisas, e só deveriam servir como base para a verificação in loco do desmatamento em si: "Definir medidas do governo com base em dados incertos é simplesmente um erro". 2 - Duplicidades de autos de infração feitas por fiscais diferentes para a mesma infração. 3 - Multas com valores absurdos e de épocas diferentes, e mesmo impagáveis, enquanto outras são lavradas com base em fotos não só de satélites, mas feitas até de avião. 4 - Multas lavradas com vistorias feitas anteriormente, ou mesmo contestadas, mostrando o agricultor que naquela propriedade não houve queimada, mas sim na propriedade vizinha . 5 - Multas pela falta de reserva legal, embora tal reserva exista em outra área da propriedade. JUNHO2010 -


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1/. Parece até que as autoridades estão mais preocupadas - e com pres~a desmesurada - em colocar na desgraça os produtores rurais do que em corrigir possíveis danos ambientais.

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ENTREVISTA

O Irã, seu passado e sua situação atual crnregada de ameaças D eclarações reveladoras e judiciosas de um ex-ministro iraniano nos apresentam o rico passado recente de sua nação e apontam os perigos iminentes a que ela está sujeita nos dias de hoje

Multas e mais multas... Com efeito, torna-se impossível para o produtor rural continuar se defendendo de tantas penalidades diante de certos órgãos estatais, que medem a produtividade de seus fiscais pelo número de multas aplicadas. São multas que não acabam mais! A continuar esse sistema, será estabelecido o caos em nossos campos, já duramente conturbados. Além de fazer justiça aos agropecuaristas - eles prestam ~rande serviço ao País - seri a coerente colocar os possíveis rnfratores ambientais (possíveis, pois ainda não foram julgados) novamente dentro da lei, e para isso há três caminhos: ■

Acelerar o julgamento dos processos admini strativos, que são julgados pelos próprios órgãos estatais aplicadores das pena lidades. ■ Acelerar a obtenção da LAU (Licença Ambiental Ún ica) emitida pelas secretarias dos e tados da federação. ■ E por fim , acelerar os processo jurídicos.

A malícia elas p e11allclacles Como esses proces os demoram ano ou até décadas para serem julgados, os produtores rurais suspeito de se enc ntrarem em situação irregular conti nuarão penalizados durante todo o períod~ de espera, como no caso das multas e do embargo de propnedades, respondendo a processos e irnpos ibilitados de obter financ iamento. Cumpre ressaltar que tai s penalidades são registradas e identificadas pelo CPF do proprietário, e portanto não atingem somente a área dentro da propriedade que teria sofrido danos ambientais, mas sim todas as outras eventuais propriedades e empresas que o autuado possua no território nac ional. Devi do à longa demora nos julgamentos, ele deixará de produzir, pois continuará a ser tratado como fora-da-lei. Todos esses suspeitos de cu lpabilidade querem ser reintegrados . -

CATOLICISMO

Além do mais, é obrigação do Estado lhes conceder este direito, principalmente tendo-se em vista que quase todas as penalidades lhes foram impostas antes mesmo de eles serem julgados. Parece até que as autoridades estão mais preocupadas - e com pressa desmesurada - em colocar na desgraça os produtores rurais do que em corrigir possíveis danos ambientais.

Medidas prejudiciais ao Brasil Corno as penalidades baseiam-se em autos de infração muitos deles lavrados indevidamente, e ainda não julgados administrativa e judicialmente - deveri am elas ser uspensas até o final dos julgamento . Ou me. m canceladas, até que sejam definidas regra claras e l g icas obre o assunto, principalmente a mai severas aplicadas na região amazônica. Com efe ito, tais medidas ·eriam mai s úteis ao País do que as puniçõe . A exempl da an i tia política, seria uma anistia admini trativa para o bem de todos os brasileiros. Uma vez feitas leis c er nte , duradouras, justas e aceitas pelas lideranças rurais que lutam pela alimentação farta e barata para a popul a ã bras ileira, todos poderão começar vida nova.

{,; vc,·c/ade que o Estado nunca e1'J'a? e o infratores erraram, o Estado brasileiro também errou. E não pouco! Há confusas e constantes mudanças das leis amb ientai , além de disparatados critérios usados pelos órgão estatais que fiscalizam e penalizam, e isso gera o desrespeito à propriedade privada, com severas e excess ivas penalidades para uma mesma infração, além de impor aos produtores rurais todo o ônus decorrente da observância des"as leis. Não é preciso ser profeta para concluir que tai . medidas resultarão, a médio prazo, em uma estagnação u dim inuição da produção agropecuária. • E-mail para os autores: ca

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Prof. Houchang Nahavandi, ex-ministro do Xá Reza Pahlevi (ex-soberano do Irã), fez seu curso universitário na França e retornou a Paris durante seu exílio como professor de Geopolítica. Recebeu dois prêmios da Academia Francesa por seus escritos e tornouse membro correspondente da Academia de Ciências morais e políticas - uma das cinco academias do lnstitut de France. Foi condecorado Grande Cruz da Ordem Imperial Houmayoun pelo Xá e Comendador da Ordem da Coroa da Bélgica. Filho de um industrial estabelecido no norte do Irã (região próxima ao mar Cáspio) , realizou seus estudos de Direito e Ciências Econômicas na Faculdade de Direito de Paris. De volta ao Irã em 1958, lecionou Economia Política, desenvolvimento e relações internacionais na Universidade de Teerã. Traduziu para o iraniano livros de economistas famosos. No governo do Xá Reza Pahlevi (19191980), o Prof. Nahavandi foi Ministro do Desenvolvimento entre 1964 e 1968. Exerceu a reitoria das universidades de Shiraz (19641968) e de Teerã (1971 - 1977). Em 1978, assumiu as funções de ministro de Ciências e do Ensino Superior. Condenado à morte pelo regime dos aiatolás (dirigido pelo aiatolá Khomeini , chefe máximo da revolução que derrubou o governo do Xá e dominou o país) , sua cabeça foi colocada a prêmio, porém conseguiu fugir para a Fran-

ça passando pelo Curdistão, onde tinha alguns parentes , pois sua mãe era curda. O Irã e o Brasil são dois mundos completamente diversos, mas circunstâncias políticas da atualidade os têm aproximado. Esta entrevista exclusiva, que o Prof. Nahavandi concedeu a Catolicismo por meio de nosso correspondente na França, Sr. Marcelo Dufaur, possibilita aos nossos leitores conhecer melhor aquela nação, envolta num clima de tirania e mistério.

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Catolicismo - O Sr. poderia sintetizar a situação da antiga Pérsia e como se chegou até o Irã dos aiatolás?

Prol: llouchang Nallavandi:

"O regime atual do Irã é contrário às nossas tradições, cultura e hist6l'ia, da mesma forma que o regime comunista o foi e111 l'elação à Rríssia "

Prof: Nahavandi - O Irã não se confunde com esse que é governado pelos aiatolás (verdadeiros ou fa lsos), governo que é um enxerto e não vi ngará, ainda que perdure alguns anos. O regime atual é contrário às nossas tradições, cultura e história, da mesma forma que o regime comunista o foi em relação à Rússia; mas com a diferença de que, devido à cegueira do Ocidente, muitos países têm sua cu lpa na revolução islâmica. O império do Irã - ou império persa, como se costuma dizer no mundo ocidental - nasceu no século VI a.C., fundado por Ciro, o Grande, que unificou sem violência, e no respeito de cada nação, os reinos persa, elamita (cuj a capital era Suze), meda, mais Mesopotâmia e Lídia (na Ásia Menor). JUNHO 201 O

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nastias: a dos Aquemênidas, de 550 a 330 a.C.; a dos Partas, de 250 a.e. até 224 d.C.; e a dos Sassânidas, de 224 a 650, quando se deu a conquista árabe. 31 anos após a queda da monarquia, uma imensa nostalgia por nosso passado tem nascido e paira atualmente no Irã. Especialmente entre os jovens, que nem sequer a conheceram: é o mito da Idade de Ouro. Esta nostalgia será suficiente para restaurarmos a monarquia, quando os iranianos terão a possibilidade e liberdade de escolher um novo regime e elaborar uma nova constituição? É difícil dizer. Mas penso que, voltando o Irã a ser iraniano, o chefe de Estado deveria ser o símbolo da unidade nacional e dententor de um poder moderador, e não um chefe do executivo, seja ele presidente ou monarca. Catolicismo - Tendo sido conselheiro do Xá, qual o caminho que o levou a ser um dos seus colaboradores? Pessoalmente, como era Reza Pahlevi? Guarda lembranças dele e de sua família?

O Xó Reza Pahlevl

O Irã foi islamizado no século VII pela força e com uma violência inédita. Contudo, ao contrário de muitos outros países conquistado pelo árabes, o Irã soube e pôde preservar sua cultura nacional, sobretudo sua língua persa. A emancipação po lítica começou doi s séculos mais tarde. Apesar dos grandes dramas que viveu, o Irã sempre permaneceu iraniano. A revolução khomeinista é a última de suas tragédias, que o país superará mais cedo do que pensamos. · Catolicismo - Ao longo dessa história milenar, qual foi o papel da monarquia? O Sr. julga que caberia uma restauração do Trono do Pavão?

Prof. Nahavamli - A monarquia tem sido o único regime que o Irã conheceu, apesar de muitas dinastias sucederam-se ou coexistirem. Entre a fundação do império e a invasão árabe, o Irã conheceu só três di-

CATOLICISMO

"Guardo uma lembranc;a emocionada do monarca. Era homem de uma grande cortesia, culto, poliglota, que amava seu país"

"Se o Xá não tivesse saído do Irã, Khomeini não teria entrado no país. Grande pai'te da população e até do clero o teria sustentado. Faltou-lhe fil'meza".

Prof Nahavandi - Ao longo dos últimos anos do reinado do Xá, muitas vezes dei-lhe meus pareceres - que de fato foram pouco seguidos. Nos últimos meses de seu governo, quando ele ia se tornando cada vez mais isolado e abandonado, estive freqüentemente a seu lado. E fui visitá-lo depois, em seu exílio forçado . Era o mínimo que eu podia fazer. Creio que o regime iraniano foi, com o Xá Mohamed Reza, aquilo que poderíamos chamar de meritocracia. Sou descendente de uma família da burguesia do norte do Irã, um tanto politizada. Minha carreira foi tipicamente clássica: universidade (depois de terminar meus estudos na França), gabinete do primeiro ministro, missão junto ao Mercado Comum, ministro aos 31 anos (um dos mai s jovens do Irã no início do século XX); de volta à universidade, professor e reitor das duas maiores universidades do país Shiraz e Teerã. Este período durou cerca de 20 anos (1958 - 1979), durante o qual nunca deixei de ensinar e publicar livro . Guardo uma lembrança emocionada do monarca. Era homem de uma grande cortesia, culto, poli glota, que amava seu país. Nas grandes ocasiões, em face dos reis e presidentes do mundo inteiro, ficávamos orgulhosos da figura do Xá e ufanos de ser iranianos. Lamento imensamente que, no final , ele tenha praticado muitas tergiversações e se tenha dei xado conduzir. Isto custou-lhe um preço muito alto, e ainda mais para o Irã. Se ele não tivesse saído do Irã, Khomeini não teria ousado entrar no país - e este mesmo o reconheceu. O exército não teria sido decapitado, grande parte da população e até do clero o teria sustentado. No fim , faltou-lhe firmeza esclarecida.

Catolicismo - O Xá casou-se primeiro com a princesa Fawzieh, filha do rei do Egito, que não se sentia à vontade na corte de Teerã; depois, com Soraya Esfandiari, filha do embaixador do Irã na Alemanha, com a qual não teve herdeiro; finalmente com Farah Diba, da qual nasceram o príncipe herdeiro e mais três filhos. O Sr. as conheceu? Elas exerceram influência sobre o Xá e tiveram algum papel político? Prof Na/zavandi - O primeiro casamento com a princesa Fawzieh do Egito foi arranjado, um tanto no estilo Ancien Régime da França. O segundo foi por amor. E o terceiro foi um casamento de conveniência. Quando criança, e depoi s quando adolescente, estive com a rainha Fawzieh. Nunca tive a ocasião de encontrar a imperatriz Soraya, pois eu ainda era estudante na França (1950 a 1958). Entretanto, conheci e convivi bastante com a Shahbanou Farah. Mulher aberta, inteligente, mas de esquerda. Ao longo dos últimos meses do reinado, ela desempenhou um papel político importante. Não era a favor de uma atitude firme frente às arruaças (ela própria reconheceu isso mais tarde). Penso que ela se enganou.

as para a população iraniana dessa revolução, fruto de uma ingerência estrangeira nos assuntos de seu país?

"Digo com a maior lwnestidade: o antigo rngime tinha seus defeitos e pontos fracos. O atual regime só tem defeitos e pontos fracos. Mas o Irã será restaurado ".

Prof. Nahavmuli - Digo com a mai or honestida.de: o antigo regime tinha seus defeitos e pontos fracos. O atua l regime só tem defeitos e pontos fracos. Segundo as organizações internac ionais e os centros ele prev isão mais judiciosos, se não fosse essa revolução devastadora, o Irã estari a atualmente no nível da Espanha, seria uma das dez principais potências mundiais. Hoje, em que estado ele se encontra? É triste reconhecer.. . Mas o país conseguirá vencer os desatinos do atual governo. Não tenho dúvidas sobre este ponto: o Irã verdadeiro será restaurado, e o parêntese será fechado.

Com a queda do Xá, o aiatolá Khomeini (foto) liderou uma revoluc;ão que ainda hoje marca a política iraniana

Catolicismo - Qual sua avaliação sobre o perigo para o Oriente Médio, caso o Irã atinja a condição de potência nuclear? Ahmadinejad representa um perigo para seu povo e para o mundo?

Catolicismo - Que outras pessoas das cercanias do monarca tiveram influência nos acontecimentos que levaram à sua queda?

Prof Nahava11di - Sua irmã gêmea, a princesa Achraf, era muito impopular. Uma impopularidade que não favoreceu a causa da monarqui a. Catolicismo - No livro de sua autoria Khomeini na França - Revelações, o Sr. denuncia o papel dos EUA e a cumplicidade da França na queda da monarquia e na sua substituição pelo regime dos aiatolás. Quais foram, de fato, os interesses em jogo? Prof Nahava11di - Nos últimos anos do reinado, Washington, Paris e Londres não sustentavam mais nem a pessoa do Xá nem as ambições do Irã, que consideravam "desmesuradas". Documentos oficiais americanos provam que a partir de 1974 os EUA preparavam a queda do Xá. Em outras palavras, a admini stração Carter passou aos atos. Paris seguiu esse movimento, na ilusão de que exerceria nessa operação um papel no plano mundial. Engendrouse assim o monstro Frankenstein que, uma vez li bertado, voltou-se contra seu criador. Outros falarão do complexo de Édipo de Khomeini. Por esse erro o Ocidente paga caro, pois a decolagem do islamismo radical, que ameaça o mundo, teve seu início naquela data. Infelizmente o duplo jogo continua, como outrora ocorreu com Stalin e Hitler. Catolicismo -

Quais foram as conseqüênci-

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GASTRONOMIA

Refinamento na culinária Ü

ambiente de certos restaurantes, a apreciação fina e temperante da arte culinária, as bebidas de qualidade, tudo isso tem relação com o florescimento das elites sociais e a elevação cultural das classes menos abastadas n MARcos Luiz GARCIA

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a um bom restaurante, não necessariamente caro, é próprio ao homem que aprecia bons pratos da culinária. Compreende-se, pois a c ulinária é uma autêntica arte . Um prato bem elaborado, com acerto na harmo ni a de seus elementos e precisão no tempo de

Prof Nahavamli - Certamente . Os esforços do atual regime iraniano para adquirir armas de destruição maciça são insensatos e perigosos . O Irã enquanto tal não tem nenhum inimigo externo. A URSS desapareceu, o Iraque e Israel também não representam inimigos para o Irã; e haveria mesmo, eu acred ito, uma convergência histórica e geoestratégica objetiva entre o Irã e Israel. Teerã quer também "sua bomba" para tornar inexpugnável o poder de seu regime, e assim desempenhar seu papel subversivo na região e alhures. Só para exemplificar, quem é que financia, enquadra e dirige de fato o Hanias palestino; os Hezbollahs Libaneses; as rn.ilícias iraquianas; a união dos tribunais islâmicos na Somália e os homens de Hékmatyar (uma facção da insurreição afegã)? Teerã. O regime islãmico imagi na que, com "a bomoa", ficará protegido. Isto posto, o uso da força para impedi-lo seria um erro, e militarmente a agressão seria um fiasco, que politicamente reforçaria o regime. Eu me pergunto até se isto não é o desejo de gente como Ahmadinejad. O regime poderia evoluir, e mesmo mudar internamente, pela atuação dos próprios iranianos, com o apoio dos irani anos da diáspora. É preciso ajudálos politicamente. Catolicismo -

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Hugo Chávez tem favorecido

CATOLICISMO

Hugo Chávez (dir.) e Ahmadinejad (esq.) cada vez mais próximos. Uma perigosa situa~ão para a América Latina

"Com eleito, não vejo qual o benefício real e dul'ável que uma nação imensa como o Brasil poderia tirar de uma aliança com o islamismo subversivo".

preparação, pode justificar algum sacrifíc io pecuniário para ser degustado. Na classificação dos restaurantes fra nceses, fe ita por g uias especializados, há restaurantes que justificam uma pausa no caminho; o utros justificam um desvio de rota para se chegar até eles; e algun s, até uma viagem. E ntra-se num restaurante para restau-

rai· as fo rças, conforme o nome indica. Poucos freqüentadores, no e nta nto, têm claro que a restauração é também, e sobretudo, de caráter espiritual. Basta observar a fisionomia alegre das pessoas quando saem de um bom restaurante. Nestas minhas considerações, tenho sempre em vista o apreciado r equilibrado e temperante, c uj as potências de seu ser são bem estruturadas - a razão ilumina sua vontade, e esta tem domínio sob re s ua se nsibilid ade. Pessoas em c uj o espírito pre valecem, muito bem combinadas, a capacidade admirativa e o senso das medidas.

O paf}el do ambiente e da cu/inál'ia A restauração do espírito começa com as características do a mbiente, no qual as pessoas se deixam e nvo lver. Quando se resolve ir a um restaurante, pensa-se num prato específico ou no

uma aproximação diplomática, política e comercial entre o Irã e a América Latina. Não representa isso o risco de espalhar para a região um conflito que nos envolveria, e no qual não haveria nenhum benefício? Prof. Nahavandi - Hugo Chávez está bem isolado no mundo diplomático e contestado no interior de seu próprio país. Ele procura aliar-se a países, por assim dizer, "contestatários". Apesar de não ser tão extremado quanto Chávez, o presidente Lula da Silva adotou uma atitude incompreensível. Não será o efeito de um certo discurso "terceiromundista", fundame ntado numa análise equivocada da situação iraniana? É bem provável. Com efeito, não vejo qual o benefício real e durável que uma nação imensa como o Brasil poderia tirar de uma aliança com o is lainismo subversivo. Catolicismo - Os brasileiros podem contribuir para a normalização da situação interna do Irã? Quais seriam os meios? Prof Nahavandi - O Brasil tem um papel cada vez mais importante nos ass untos mundiais . É capi tal o apoio político, moral e midiático deste país para uma evolução positiva da situação irani ana, de modo que os iranianos possam tornar-se senhores de seu próprio destino. Espero que esta entrevista possa contribuir em algo para isso. • JUNHO2010 -


tipo de refe ições que e le serve. Mas ao mes mo tempo influi na dec isão o ambi e nte que lá se vai encontrar. E pareceme não errar, ao afirm ar que as pratele iras com as garrafas de bebidas têm pape l primordi al para influenc iar o gastrônomo. Refiro- me aos destilados e aos fe rme ntados. Refri gera ntes mass ifi cados es Lão fora di sso - es pec ialm e nte a Coca-Cola - por sere m compatíve is com outra categoria muito infe ri o r de "comedouros", deno minada f ast .food. Como é agradáve l admirnr aque le conjunto de garrafas per onalizadas, com rótulos evocativos de belas tradições, contendo líquidos finamente elaborados durante períodos de tempo cuidadosamente observados, a partir de elementos criati vos, com cores as mai s sugesti vas para combinar co m seus a ro mas e sabores. Cog nac, whi sky, g in , po ire, vodka, ag ua rd e nle velha , etc., são títulos dessa elite líquida. Te m-se a im pressão de qu e cada garrafa conté m o segredo de um conteúdo exclusivo, com personalidade própri a, uma tracl i ção própria, um per-

fum e pró prio. E m outras palavras, cada garrafa parece afirm ar: "Eu levo dentro de mim um tesouro único, por isso sou eu mesma, sou diferente das outras; levo comigo minha própria história, que me confere o direito de me expor nesta prateleira, af in nando que sou digna de apreciadores realmente credenciados, capazes de compreender quantos valores eu carrego". Nessa nobre corte, há ainda a refinada categori a dos li cores. Freqüente mente suas garrafa parecem portadoras de lu zes co loridas, tão densas que só permite m serem saboreadas em doses bastante comedidas. Chartreuse, Benedictine, Mozart, Amaretto di Sa rono ... A li sta é longa. O mais inte ressante é que as garrafas não se opõem entre si, mas con stituem um conjunto harmônico . Ass im consideradas as coi sas, a estante acaba trazendo ao es pírito a analogia com um órgão de tubos, com suas múl tiplas harmonias sonoras, ora predo minando os ons ag udos, ora os graves, ora os fortes, o ra os delicados. Essa impressão parece mais intensa e profunda quando se trata de garrafas de vinho ou champagne . Ao analisarmos a garrafa de um bo m vinho, te mo a impressão de que, preenchida com a resultante de uvas de cepas secul ares, ela veio

ao mundo de uma cave profunda, envolta e m pe numbra, sil enciosa, fresca. Ali, durante um prolongado período, o seu conteúdo foi se aprimorando, mais ou me nos como um monge que, num cl austro isol ado ci o mundo, no recolhimento e na elevação cio espírito, santifica sua alma antes de subir ao Céu. Um ari stocrata, ou mes mo um apreciador, saberá encontrar num bom vinho a expressão ele valores morai s e metafísicos. Se ama a Deu , descobrirá reflexos do Cri ador na bebida e compreenderá por que o primeiro milagre de Nosso Senh or, em Can á, foi tran sformar seis talhas de ág ua no mais exce lente vinho que se possa imaginar. Mai s ainda, e le o degustará compreendendo po r que o vinho foi escolhido para ser tra nsubstanciado no preciosí simo sangue de Jesus Cri sto, pela Con sag ração efetuada na Santa Mi ssa. Já o burg uês, quando é voltado apenas para os as pectos materiai s elas co isas, saberá que se trata de algo que possui valores, comprará e até pagará caro a sua aquisição, mas terá menos fac ilidade para alçar-se às regiões freqüe ntadas pelas "águi as do espírito". E ncanta ainda nos vinh o a mus icalidade cios no mes: Quinta do Vale Meão, Bourgog ne Co uven t, Marqués de Arviza .. .

Apreciação tempemnte e a glutonaria Algum sociali sta ou comunista bem típicos - igualitários por defini ção, mas freqüentemente donos de po lpudas carteiras e vivendo nababescame nte - encharcar-se-á ele tanto beber um bom Romanée, por exemplo, pouco se importando com os valores espirituais que aquela requintada bebida oferece. Afi nal, ele odeia valores que falam de elevação ele espírito; quer o prazer bruto, destemperado, glutão e vulgar; não saboreia verdadeiramente o vinho, quase se diria que o violenta. Os limite deste artigo impede mme de abordar outro mun do maravilhoso - o dos copos, taças e cálices de cri stal própri os a cada tipo de bebida. É um outro " teclado" de harmoni as, de ntro des a esfera harmonicamente hi erárqui ca e che ia de valores.

Degustação de bons 11i11l10s eleva também a alma Agrada sobre mane ira saber que há atualmente um número crescente de degustadores de vinhos, interessados em res-

CATOLICISMO

susc itar os valores tradicionais dessas maravilhas. Indiretamente estão eles reconhecendo o quanto valem as fa mílias tradicionais, sem as quais seriam prati camente impossíveis maravilhas desse gênero. Pode resultar isso numa admiração pelo espírito ari stocráti co, tornando possíve l a compreensão desses valores suti s próprios às pessoas bem educadas. E podem mesmo dar-se conta de que é necess~íria uma sociedade co m elites e tradição autênticas, harmoni camente desigual, em que o povo simples é c ulturalmente e levado pela ex istência de pessoas dotadas de rea is qualidades de educação. O cont.rário disso é um igualitarismo social, nivelado e antinatural , sem harmoni a e sem valores do espírito, mass ificado. E m sua fa mosa obra Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, explica Plíni o Corrêa de Oliveira que uma renovada ari stocracia, que se inspi re nos altos valores mo rais e espiritu ais, é o de que o Brasil mais necess ita. • E- mail para ao autor: marcosi.arcia@catolic ismo .com.br

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dos poços na cidade. Resultado: foi preciso contratar wn serviço de caminhões-pipa para abastecer de água potável os 3000 habitantes da zana rural de Caetité. A Prefeitura, paupérrima, já gastou 170000 reais nisso. Agora, a "Comissão Nacional de Energia Nuclear ", órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia, responsável pelas medições oficiais, foi até Caetité e descobriu que a radioatividade das águas é menor do que a de estâncias turísticas como Poços de Caldas e Araxá (MG), Águas de Lindóia (SP) e Guarapari (ES). Ou seja: não fa z nenhum mal à saúde. Mesmo assim, o povo segue sem água". Vale ainda lembrar que essas ONGs são estrangeiras. Dei xar que elas atuem dessa forma, equivale a renunciarmos em parte à nossa soberania. Até onde chegará essa loucura? ONGs estrangeiras atuam livremente no nosso País. Equivale a renunciarmos em parte à nossa soberania. Até onde chegará essa loucura?

Para "engessar" o agronegócio Como exemplo das inúmeras interferências de ONGs estrangeiras em nosso País, uma elas mais poderosas delas, a WWF, fechou um acordo com o Banco do Brasil. Ela tem um "Programa das Águas", e nosso Banco estatal exigirá que todos os empréstimos para crédito rural tenham um selo WWF assegurando que o credor não degrada o meio-ambiente no uso das águas. Outro exemplo: O Greenpeace passou a monitorar os três maiores frigoríficos no Brasil - "JBS Friboi", "Marfrig" e "Minerva" - para certificar que os bois que eles compram para abate não vêm de áreas desmatadas. Conhecido por suas ações propaga nclísticas espetaculosas, o Greenpeace nem sempre se atém à realidade dos fatos. A propósito, a revista "Veja" (7-4-10) conta o seguinte: " No.fim de 2008, o Greenpeacefez uma gritaria danada na Bahia, para denunciar uma situação que parecia aterradora: todo o lençol freático de Caetité único município do País onde há uma mina de urânio - estaria contaminado por radiação. O governador Jacques Wagner (PT) encampou a denúncia e, em. dezembro, o "Instituto de Gestão das Águas e Clima da Bahia" interditou boa parte CATOLICISMO

"Abril vermellw" x "Abl'il verde" A algazarra midiática produzida por ONGs, índios e até por um premiado diretor de cinema, em torno da construção da Usina de Belo-Monte, andou mais quente do que o abril vermelho dos sem-terra. Estes começaram anunciando que cometeriam os crimes de sempre: "Vamos romper cercas, ocupar propriedades e montar acampamentos na área rural, fazer caminhadas e ocupar prédios públicos na área urbana ". Mas as coisas não caminharam muito exatamente de acordo com o anunciado: os ligados a José Rainha estão mai s preocupados em formar comitês pró-Dilma; para muitos, a dificuldade está em arregimentar militantes; outros alegam o ano eleitoral... O certo é que, mai s uma vez, o abril verm.elho desandou para um desbotado cor-de-rosa. Isso no que se refere à área da baderna, pois no campo opo to, o do que se dedi cam ao progresso e ao bem do Brasil, o resultados são mais uma vez animadores. No Encontro dos Produtores e em outros grandes eventos promovidos pela CNA e pelas associações rurais em todo o País, impressionou a portento a nova safra recorde de grãos, servindo de resposta à baderna declarada dos sem terra. É a eficácia contra a ineficiência, a salvação da produção agrícola do País contra a proliferação de "favelas rurais". Quanto aos sem terra, o que queriam mesmo eram mais benesses do governo, empre de mão aberta para concedê-las. Mal haviam iniciado as invasões, correram para o gabinete cio ministro do Planejamento e o do presidente do INCRA, levando uma pauta ele reivi ndicações ...

E os índios xavantes ficaram encantados ... Catolicismo tem denunciado inúmeras vezes a suprema crueldade realizada contra nossos índios, ao confiná-los em reservas num regime tribal. Não lhes permitem o acesso ao progresso, relegando-os a permanecer imersos no atraso e na barbárie de seus antepassados. E sobretudo não permitem que sejam evangeli zados, impedindo que tenham abertas diante de si a portas da Religião católica e da civilização cristã. Esse tem ido o desejo de agitadores esquerdistas, neomissionários progre sistas e antropólogos da FUNAI. Assim podem mais facilmente dominá-los e colocá-los a serviço da luta contra os fazendeiros e o agronegócio, para coletivizar o campo brasi l iro. Mas isso não corresponde sequer ao desejo cios próprios in-

dígenas. Um fato curioso ilustra essa situação. O suplemento "Casa", do jornal "O Estado de São Paulo" (4 a 10 de abril de 2010), a propósito do lançamento de um livro de fotos do Palácio das Laranjeiras, comenta a vida na belle époque carioca e narra o seguinte fato pitoresco. O Palácio foi construído por Eduardo Guinle no início do século XX, em te1i-as que tinham sido de Da. Carlota Joaquina. Os Guinle, de origem e hábitos franceses, e que se tornaram no Rio de Janeiro grandes empresários, iniciaram fortuna vendendo artigos europeus na rua da Quitanda, onde mantinham a loja Aux Tuileries. Eduardo decorou a casa com muito bom gosto e luxo, e lá morou com sua família até 1946, quando o presidente Dutra a comprou para receber visitantes estrangeiros . Durante o regime militai', foi a residência dos presidentes no Rio, tornando-se depois residência oficial do governador cio estado. Leonel Brizola, durante seu governo, aí recebeu uma delegação de índios xavantes, que se encantaram com o que viam . Pobres índios, a quem se proíbe o acesso a uma vida civilizada que de fato lhes agrada, e que caminham para uma segregação forçada atrás de uma "cortina de ferro" ideológica!

mil hectares - foi instalado em Bocaiúva (norte de Minas) nas terras férteis da usina de açúcar e álcool Malvina. Com a fertilidade das terras e água por perto - rio Jequitaí e uma barragem - as 766 famílias ali assentadas poderiam produzir alimentos para a redução da fome. Pelo menos era isso que propagava o alardeado sociólogo Herbert ele Souza - o Betinho, que dá nome ao assentamento. Mas a realidade hoje é bem outra. Boa parte das famílias enfrenta péssimas condições ele moradia e saneamento e não tem recursos para plantar. Se não plantam ... "Já ouvi um exsuperintendente do INCRA em Minas dizer que o nosso assentamento seria modelo para o País. Mas estamos longe disso", afirma Roberto de Souza, presidente da Associação. Ele foi obrigado a sair de lá "para não passar fome", segundo sua mulher. A prefeitura do município precisa mandar caminhõespipa com água para muitos dos assentados. Apesar do rio Jequitaí, barragem, etc ... Limitados pela burocracia socialista, os assentados enfrentam dificuldades de toda ordem. José dos Reis Santos, que mora com a mulher e dois netos num tugúrio coberto de capim e lona plástica, com paredes de varas, afirma: "A gente é obrigado a viver assim mesmo. Não tem outro jeito. Temos aqui duas vaquinhas de leite, que ajudam no sustento da gente. Não sobra dinheiro para nada". Enquanto isso, o envelhecido, fracassado e desprestigiado comunismo insiste na Reforma Agrária. No malfadado PNDH-3, consta mais um golpe contra a propriedade da terra. Visa implantar algo como urna estatal Terrabrás , para abrir a luta de classes entre brasileiros honestos que trabalham, produzem e pagam seus impostos, e ele outro lado os invasores manipulados pelo MST. • Nem as águas do rio Jequitaí evitaram o fracasso de produc;ão do assentamento do MST

Em Minas Gerais, asse11ta<los colhem miséria e <lesolação A realidade não muda os mitos que socialistas e comunistas inveterados têm na cabeça como dogmas. Os arautos da Reforma Agrária - tema mais que surrado do mundo comunista que ruiu - insistem em aplicá-la no Brasil, apesar de fracasso após fracasso. Lembra o "Estado de Minas" (10-5-10) que, em 1998, o assentamento de Reforma Agrária Betinho - a maior área "reformada" de Minas e uma das maiores do Brasil, com 24,2 JUNHO2010 -


A omissão significa

conivência com a perseguição religiosa anunciada

n

ESPECIAL DA REDAÇÃO DE

CATOLICISMO

O

3° Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), decretado pelo presidente Lula em 21 de dezembro últi mo, continua a ser objeto das mais sombrias preocupações da popul ação brasil eira. Constitui ele o gérmen de uma perseguição reli giosa sem precedentes na hi stóri a pátri a. Catolicismo já tem alertado para o problema: em sua edi ção de março, com o arti go de nosso colaborador Leo Daniele (Sob a máscara dos direitos humanos, uma nova religião sem Deus); em maio, noticiando a Vigorosa Campanha do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, que denuncia o fundamentali smo ateu inserido no PNDH-3, um espectro que ameaça o Bras il. ·Muitas reações de diversos setores da opini ão pública levaram o mini stro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi tido como o principal responsável pela elaboração do calhamaço (76 páginas em corpo 11) - a anunciar um recuo em alguns pontos circunscritos. Mas esse recuo, até o momento em que escrevemos, não se efetivou. Além disso, ao que tudo indica, as modifi cações não passarão de med idas pontuais destinadas a "esfriar" as reações, mantendo embora todo o veneno da cobra. É da máxima importância para o católico, portanto, manter-se alerta e combativo, e isso nos leva a voltar ao tema nesta ed ição, publicando este estudo altamente escl arecedor e de mais profundidade. Tendo em vi sta uma maior i nfo rmação dos leitores sobre ass unto tão candente, a redação de Catolicismo preparou este estudo, insp irado na fa rta doc umentação contida no site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Nele se encontram elementos suficientes para o católico zeloso acompanhar o desenrolar da ameaça que paira sobre os bras ileiros, a concretizar- se neste governo ou num próx imo. E o nosso objetivo último: defender-nos. Como poderá ser essa autodefesa? Sugerimos algumas vias: Negar qualquer apoio ou colaboração às medidas preconi zadas pelo PNDH-3; alertar parentes, amigos e co legas sobre as graves conseqüências do projeto para o Brasil e os brasileiros ; participar em movimento de opinião públi ca contrári o à apli cação dessas medidas. A mobili zação ideal seria aquela capaz de levar o governo a concretizar a aspiração enunciada pelo jornali sta Rolf Kuntz: "Melhor queimar o decreto" .2 1

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1 . A nova religião do PNDH-3 No final de 2009 - às vésperas do Natal, festa cristã por excelência - o governo lançou o decreto mais anticristão de que tenhamos notícia na história do Brasil. O fato soou como um roufenho toque de clarim, a anunciar uma investida sem precedentes contra a Religião católica e todos aqueles que, de alguma forma, procuram orientar suas vidas e sua conduta moral pelos Mandamentos da Lei de Deus. Referimo-nos ao decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que instituiu o 3° Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). 3 O fato aí está em toda sua crueza e realidade: o PNDH-3 é um espectro assustador que - se materializado em leis, normas, regulamentos - implica necessariamente numa perseguição religiosa sem precedentes na história do Brasil. De onde a necessidade, também neste caso, de "apontá-lo, denunciá-lo, combatê-lo, disputar-lhe passo a passo o terreno, erguer contra ele toda uma cruz.ada de idéias e de atos", conforme propõe a bela e cadenciada frase de Plínio Corrêa de Oliveira. 4 Na realidade, o PNDH-3 se afirma, sem dizê-lo, como uma nova religião. Sim, a religião do homem em substituição à rebgião de Deus, exigindo de seus adeptos submissão total. Uma religião laica que traz consigo nova moral, pois determina que devemos agora pautar nossas ações pelos direitos das prostitutas, dos homossexuais, das feministas, dos vadios, dos invasores de terras e prédios, das "culturas" primitivas, dos revoltados de todo gênero, em substituição aos Dez Mandamentos da Lei de Deus. O ponto de referência para tudo quanto o homem pensa ou faz passa a ser os tais "direitos humanos", e por eles será julgado. Dessa forma, o Estado - que se considera laico (não-religioso), e permite que todas a religiões co-existam em seu território decide criar novos valores morai , novas formas de viver, pensar e agir, que têm precedência não apena sobre todas as religiões, mas também sobre a nossa história cultural e no a própria identidade como nação cristã.

2. Exemplos recentes de perseguição religiosa A perseguição religiosa não é um fenômeno novo na Hi stória. Estão na memória de todos as atrocidades ainda recentes praticadas contra os cristãos pelo nazismo e pelo comunismo na Europa. Há também as terríveis perseguições movidas hoje em dia pelos hinduístas, em Orissa e outras localidades da Índia; e na China, onde o governo comunista instituiu uma chamada "Igreja Católica Patriótica", que procura suplantar a verdadeira Igreja Católica e persegue seus membros fiéis. Como exemplo recente e próximo, no Fórum Social realizado em Belém do Pará, em 29-1-09, o presidente da Bolívia deixou clara sua intenção de acabar com a Igreja Católica: "Evo Morales disse que é possível substituir a Igreja Católica por outra. [... ] Morales disse 'outro mundo é possível, eu quero dizerlhes outra f é, outra religião, outra Igreja também é possível'". 5 CATOLICISMO

A afinidade entre os dois sistemas - o comunista e o nazista - ficou evidenciada pelo célebre Pado Ribbentrop-Molotov, que Hitler e Stalin celebraram em 1939

3. A História esclarece os fatos No Ocidente cristã , a partir cio Renascimento (século XIV), a per eguição r li giosa veio tomando um novo aspecto cm muitas 1 . uas manifesta ·ões. O movimento renascentista trouxe c nsi o o l lumani smo, que exaltava o homem e sutil111 nt s opunha ~ ·onccpção cri tã ele vida que perfumou a ldaclc M dia. D us fo i destronado na sociedade e no coração das p •ssO ' tS. Ocupou eu lu gar o homem, inchado de orgulho com sua ci6ncia, sua arte, suas realizações. A partir ela Revolução Francesa (século XVIII) o Estado se afirma laico. Organiza-se em nome da "neutralidade religiosa" e ela promoção da igualdade e liberdade entre os homens . Pela primeira vez na História ela humanidade, uma assembléia revolucionária proclama os Direitos do Homem e do Cidadão. Como uma ele sua conseqüências imediatas, a Constituição Civil do Clero criava uma espécie de igreja nacional, separada de Roma, e lançava feroz perseguição contra os católicos fiéis. A aplicação grad ual dos princípios da Revolução Francesa produziria no século XIX o socialismo utópico e o comunismo marxista, que no século seguinte conduziriam à sangrenta revolução bolchevista russa. "A Revolução Francesa foi o triunfo do igualitarismo em dois campos. No campo religioso, sob a

forma do ateísm.o, especiosamente rotulado de laicismo. E na e~f era política, pela falsa máxima de que toda a desigualdade é uma injustiça, toda autoridade um perigo, e a liberdade o bem supremo. O Comunismo é a transposição destas máximas para o campo social e econômico". 6 Os países comun istas, ao mesmo tempo que proclamavam a liberdade reli giosa, lançavam uma perseguição sem precedentes a todos que se di sessem católicos. O "nacional socialismo" de Hitler e seu · equazes não fo i senão uma variante desse processo, não meno. monstruo a. A afinidade entre os dois sistemas - o comunista e o nazi ta - ficou evidenciada pelo célebre Pacto Ribbentrop-Molotov, que Hitler e Stalin celebraram em 1939. Na realiclacle, ao erigirem a "laicidade", a "liberdade" e a "igualdade" revolucionárias em valores supremos do Estado ele Direito e do convívio so ial , os Estados não se tornaram religiosamente neutros. Pelo c ntrário, adotaram como religião oficial o ateísmo, cujo dogma fundamental é o culto do homem.

4. Os direitos humanos, hoje Tratados internacionaj s, legislações nacionais, decisões de justiça (internacionais e nacionai s) e programas de governo dizem proclamar e defender nos dias atuais os direitos humanos, mas entre tais direitos incluem a aceitação ele crimes e

aberrações que entram em choque frontal com os ditames da justiça natural e os ensinamentos da doutrina católica. É o caso, por exemplo, do aborto, que institui a matança dos inocentes; do chamado "casamento" homossexual, que mina as bases da família; e ela aceitação, como sendo " naturais", ele todo tipo ele desvios sexuais. 7 O mais doloroso talvez é que essa mesma mentalidade conseguiu esgueirar-se largamente em vastos círculos católicos, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II, funcionando como uma quinta coluna a favor da Revolução no interior do templo sagrado. A Religião Católica, que promove a moral conforme a Lei natural, passa a ser considerada como "fundamentali sta" e como uma ameaça para a democracia, por negar valor jurídico aos tratados, leis e decisões de justiça iníquos, baseados numa concepção atéia cios direitos humanos. Exige-se dela, contrariando os próprios princípios democráticos, que fique acantonada nas sacristias e não tente influenciar o debate público. Se prevalecer na ordem jurídica nacional e internacional esse dogmatismo ateu, sob pretexto de direitos humanos, gerará uma das maiores perseguições religiosas da História, senão a maior, porque suas vítimas não serão apenas os segu idores desta ou daquela religião, mas todos os homens que, sob qualquer aspecto que seja, querem respeitar a Lei de Deus, os ditames ela justiça natural e sua própria consciência. Ora de modo mais exp lícito, ora menos, esta ameaça pervade todo o PNDH-3. Seu caráter abarcativo e constritivo faz dele o mais radical dos programas de "direitos humanos" revolucionários e anticristãos de que se tem notícia.

5. Os autênticos direitos humanos Qual é o sentido original, autêntico, de direitos humanos? Explica Plínio Corrêa de Oliveira: "Estes direitos [humanos] vêm ao homem do próprio fato de serem homens. A lei f eita pelo Estado simplesmente se limita a proclamar estes direitos, não os cria nem os institui. A este conjunto de direitos, que cada criatura humana tem pelo própriofato de ser humana, se chama Direito Natural. [... ]Porque se chama a estes direitos de 'naturais'? Porque vêm da natureza das coisas. Mas quem é o autor da natureza? Deus. Logo, estes direitos vêm de Deus, se exprimem pela própria natureza e constituem a ordem fundamental pela qual Deus quer reger o mundo. A própria razão natural demonstra a existência destes direitos" .8 O Magistério da Igrej a não tem deixado de denunciar o viés totalitário que as democracias modernas vão adotando, na medida em que atribuem a maiorias parlamentares o direi to de fixar arbitrariamente os princípios e valores fundamentais da ordem jurídica e social, sem levar em nenhuma conta os direitos de Deus e as exigências da ordem natural. Em discurso pronunciado nos Estados Unidos, Bento XVI afirmou: "A democracia só poderá florescer, como os vossos pais fundadores compreenderam, se os líderes políticos e as pessoas por eles representadas forem orientados pela verdade e recorrerem à sabedoria derivada de um princípio moral JUNHO2010 -


firme nas decisões relativas à vida e ao futuro da nação. [. .. ] Desta forma, as gerações vindouras poderão viver num mundo em que a verdade, a liberdade e ajustiça consigamflorescer, um mundo onde a dignidade e os direitos concedidos por Deus a cada homem, mulher e criança sejam valorizados, protegidos e eficazmente promovidos". 9 Já antes dele, João Paulo II escrevera: "Uma democracia sem valores converte-se facilmente num totalitarismo aberto ou dissimulado, como a História demonstra". 10

e previdenciários de profissionais do sexo por meio da regulamentaçcio de sua projisscio" e "realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os estereótipos relativos às profissionais do sexo".

6. Origem do PNDH-3

Corno bem sali entou o conhecido Prof. Ives Gandra Martins, em entrevista à Rede Bandeirantes de Televisão, "isso ncio é profissão; [trabalhar pe los] verdadeiros direitos huma-

com rejeiçcio, e que portanto a homossexualidade fosse vista com rejeiçcio. 14 Equiparando o vício a uma profi ssão honesta (e ignorando que, na maioria dos casos, as prostitutas são escravas de redes de tráfico), o PNDH-3 visa "garantir os direitos trabalhistas

nos seria tirar essas moças do que elas esteio fazendo e dar profissões dignas a elas". 15

O PNDH-3 é o resumo das propostas formuladas durante a

11" Conferência Nacional de Direitos Humanos , convocada por ocasião do 60° aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da ONU, e realizada em Brasília entre os dias 15 e 18 de dezembro de 2008. Assim , quando o PNDH-3 estipu la que é preciso "instituir

8. O PNDH-3 e a reforma agrária coletivista Numa clara opção socializante, o PNDH-3 propõe "políticas públicas de redução das desigualdades sociais concretizadas por meio de ações de transferência de renda, incentivo à economia solidária e ao cooperativismo, à expanscio da reforma agrária, ao fomento da aquicultura, da pesca e do extrativismo e da promoçcio do turismo sustentável".

mecanismos que assegurem o livre exercício das diversas práticas religiosas, assegurando a proteção do espaço físico e coibindo manifestações de intolerância religiosa", deve entender-se que as práticas re ligiosas especia lmente protegidas são aquelas designadas pelo texto da conferência, ou seja, as

"práticas religiosas de matriz africana, ameríndias, afroameríndias, a Bruxaria Tradicional, Wicca e suas vertentes, assegurando seu livre exercício ". 11 Não é ocioso lembrar que Wicca é uma pseudo-religião neopagã que cultua o "deus cornífero". 12 O PNDH-3 não só abrange a quase totalidade das reivindicações mais extremas dos movimentos revo lucionários, mas apresenta-as ligadas entre si e interdependentes, formando uma espantosa unidade. Os incêndios que cada reivindicação dessas representa não podem ser encarados portanto como incêndios parciais, trata-se de um incêndio total, que não pode ser combatido com intervenções circunscritas. Não basta combater isoladamente o caráter abortista do documento, ou e ntão os entraves que e le coloca ao agro negóc io, ou a campanha feita contra a polícia, ou o ódio aos símbo los religiosos. Tudo isso é bom , mas não basta. É preciso ir às cavernas do pensamento que gerou o PNDH-3, e lá desentocar o demônio que lhe dá força e empuxo. Usando um linguajar típico, o PNDH-3 apresenta a si próprio como um "canal estratégico capaz de produzir uma sociedade igualitária", por meio da "qfirmação. da diversidade". Este é um ponto central do PNDH-3, inteiramente de acordo com o que vem sendo propug nado nos fó runs . oc iais que a esquerda rea li za periodicamente. De fato , após o desabamento do comunismo soviético, com sua estrutura ideológica monolítica e impositiva, a revo lução igualitári a se metamorfoseou: "igualdade na diversidade" passou a ser a palavra de ordem. Os atores dessa "diversidade" seriam os " marginali zados" da soc iedade atual, e nessa categoria e les inc luem prostitutas, lésbicas, homossexuai s, bissexuais e transexua is; os povos CATOLICISMO

indígenas, populações negras e quilombolas, cigano , moradores de rua; e até as mulhere e os imigrantes.

7. Em face da Religião e dos costumes O PNDl-l -3 visa "desenvolver m.ecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União ". ria poi s proibido ostentar crucifixos nos tribunais e repartições governamentais, quartéis, escolas públias, etc. Assim, so brepondo-se às raízes católicas da históri a 1 átria e da imen sa maioria da população brasileira, abrir-seiam as p rtas e cancaradamente para a bruxaria e o satanismo, como ficou dito ac im a. De o utro lado, atentando contra o direito do nascituro à vida, o PNDH-3 tem como um dos seus objetivos prioritários

"apoiar a aprovaçüo do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos ". Subvertendo toda a boa norma moral e jurídica, a "autonomi a de dec idir" sobre o próprio corpo passa a dar direito à mu lher de matar, nesse caso aplicado ao próprio filho já concebido. Esse dispositivo do PNDH-3 levou a Comissão e m Defesa da Vida do Regional Sul-1 da CNBB a qualifi car o presidente Lula de um " novo Herodes", aquele que mandou matar os santos inoce ntes. 13

Visando expressamente desconstruir a célul a familiar tradicional , e desconhecendo o direito das cri anças de nascer e ser educada no seio de urna família normal, o PNDH-3 visa

"apoiar projelo de lei que disponha sobre a unicio civil entre pessoas do n-1esmo sexo", "pmmover ações voltadas à garantia do direito de adoçüo por casais homoafetivos" e "reconhecer e incluir nos sistemas de ú1formaçüo do serviço público todas as co11figurações fàmiliares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com base na desconstruçüo da heteronormatividade". Em entrevista à SBT, Plínio Corrêa de Oliveira expôs sobre o homossexua li smo os segu intes princípio , que se ap licam a e ses incisos do PNDH-3 como lu va na mão:

"Uma vez que a relaçcio homossexual é estéril por definiçcio, compreende-se bem que ela destrói a família, e que portanto ela é o contrário da família, é o inimigo número um da família. [. ..J "O homossexualismo foi duran /e séculos objeto de uma verdadeira aversão da parte das gerações que se sucederam. E isso não por um capricho, ncio por um modismo qualquer, mas em virtude dos princípios da doutrina católica, apostólica e romana, desde os tempos em que afé impregnava profundamente, com a suavidade e o esplendor dos seus valo:-es, toda a vida social, e portanto também a vida familiar. E compreensível que aquilo que é oposto à f é fosse visto

Que se tenha e m vista reduzir as desigualdades sociais, quando elas são exageradas e indignas da condição humana, é um? aspiração legítima e neces ária. Por exemplo, era perfei tamente legítimo procurar reduzir as diferenças que ex istiam na União Soviética entre as ·regalias da Nomenklatura e o restante do povo, reduzido a uma espécie de escravidão aviltante. O mesmo se diga das atuais condições da Cuba comunista, onde grassa a mi séria na população enquanto um punhado de privilegiados se mantém agarrados ao poder, como a ostra à sua concha. As desigualdades sociais, entretanto, quando proporcionadas e harmônicas, são uma condição de justiça e do bom funcionamento da sociedade. Em clara a nimos idade contra a propriedade privada, o PNDH-3 propõe "fortalecer a reforma agrária com priorida-

de à implementaçcio e recuperação de assentamentos [. .. } e regulamentaçüo da desapropriaçcio de áreas pelo descumprimento dafunçüo social plena". É de conhecime nto gera l que a reforma agrária de índo le co nfi scatóri a tem sido utilizada pelos governos soc iali stas como medida básica para desestruturar a organização do campo, demolindo as classe intermediárias entre o Estado e o simples agricultor, para assim impor mais facilmente o coletivismo. Exemplo hi stórico muito conhecido é a desastrosa reforma agrária aplicada na Ucrânia pela ditadura stalinista, que levou milhões de camponeses a morrere m de fome . Nos dias atuais, exemplo não menos frisante é o do Zimbábue, onde a reforma agrária extin guiu a produção e reduziu o país à mais negra miséria. Tentativa seme lhante vem sendo feita no Brasil há décadas, por meio de uma legislação draconiana e sobretudo pela ação violenta do MST e congêneres, respaldada pelo Governo

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Federal, pela esquerda católica e por ONGs estrangeiras. Os resultados só não foram ma is desastrosos devido à pequena parcela de direito de propriedade e livre iniciativa que ainda vigoram no País.

em parceria com a sociedade civil" e "estimular e ampliar experiências voltadas para a solução de conflitos por meio da mediação comunitária ". Que "observatório" será esse? A julgar pelo espírito do PNDH-3, parece tratar-se de mais um elemento de pressão sobre o Judiciário, para amesquinhá-lo em face de um Poder Executivo totalitário ele tipo chavista. Quanto à elita "mediação comunitária", quem a exercerá? A comunidade, é claro. Mas ele que comunidade se trata? Evidentemente, elas associações de sem-teto, MST, Via Campesina, Cimi. São verdadeiros sovietes, 17 que se apresentam como comunitários mas são dirigidos com mão de ferro por detrás. Mesmo a polícia deve ficar sob controle desses órgãos coletivos. O PNDH-3 propõe "a criação, com marco Normativo próprio, de ouvidorias de polícia autônomas e independentes, comandadas por ouvidores com mandato e escolhidos com participação da sociedade civil, com poder de requisição de documentos e livre acesso às unidades policiais". As ouvidorias deverão ter independência, mas o programa nada fala de como fazer para as polícias conservarem a sua independência diante desse controle externo. É uma cami sa de força colocada na ação policial. Não faltarão ONGs esq uerdi stas de todo tipo , desejosas de controlar a polícia, dificultando sua ação e facilitando a dos bandidos; penetrando com empáfia nas delegaci as e quartéis; requisitando laudos e abrindo arquivos, como se fossem juízes; ameaçando os policiais com proce sos e transformando criminosos em vítiil1as.

9. Função social da propriedade O direito de propriedade é respaldado por dois Mandamentos da Lei de Deus: "Não roubarás"; "Não cobiçarás as coisas alheias". Mas os agro-reformistas de todos os matizes, em especial os da esquerda católica, procuram remover esse obstáculo às reformas sociais esquerdistas b,:andindo uma vaga e mal definida "função social da propriedade". Este é um tema recorrente da propaganda agro-reformista. Segundo Plinio Corrêa de Oliveira, "o polêmico tema das reformas é introduzido precisamente por uma afirmação condicionada à função social, expressão-talismã que costumam invocar, a propósito ou fora de propósito, quantos desejam reduzir o direito de propriedade a mero rótulo sem maior significado. [. .. } "Ora, não é lícito restringir um direito certo (o de propriedade) com base em um fato incerto (a necessidade das reformas agrária, urbana e empresarial). De onde não se poder alegar a função social da propriedade como justificativa para qualquer delas, no Brasil. "O esquerdismo, tão cioso de promover o cumprimento dafu.nção social da propriedade, parece não tomar na menor consideração a função social do trabalho, que também a tem. O que constitui um traço a mais, revelador da propensão do esquerdismo, menos para promover a função social de todos os direitos - inclusive do direito à vida - do que para usar da função social da propriedade como pinça para a todo propósito beliscar ou, conforme o caso, mutilar o direito de propriedade e a iniciativa individual". 16 Para reaver direitos transgredidos pelas invasões ilegíti mas de propriedades rurais e urbanas, os proprietários podem ainda contar com a ação da Ju stiça por meio de liminares de reintegração de posse, caso consigam que elas sejam cumpridas. Mas o PNDH-3 cuidou de remover esse obstáculo, antepondo à aplicação das decisões liminares da Justiça a "mediação como ato inicial das demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva com os envolvidos [. .. ] como medida preliminar à avaliação da concessão de medidas limin.ares ". Trata-se, pois, da criação de um "Poder". de mediação, de certo modo superior ao Judici ário, o qual fica assim esvaziado de suas funções. Em outros termos, deve-se ouvir os invasores e o invadido em condições iguais, através de uma "audiência coletiva ", antes de se pedir uma manifestação do Poder Judiciário. Mas o Judiciário é exatamente o órgão que tem por função definir qual lei se aplica à disputa, e com isso evitar conflitos e injustiças, garantindo a almejada "paz social". Para o PNDH-3 , a propriedade privada parece um empecilho; o proprietário, um malfeitor; liminar de reintegração de posse, uma excrescência do sistema capitalista. CATOLICISMO

O agronegócio, confirmado amplamente pelas estatísticas como o principal responsável pelo superávit da balança comercial brasileira, não poderia escapar às iras dos autores do PNDH-3. Baseados num dogmatismo ecologista, sem fundamento na ciência e obstáculo pertinaz ao desenvolvimento econômico, propõem "fomentar o debate sobre a expansão de plantios de monoculturas que geram impacto no meio ambiente e na cultura dos povos e comunidades tradicionais, tais como eucalipto, cana-de-açúca,; soja, e sobre o manejo florestal, a grande pecuária, mineração, turismo e pesca", assim como "fortalecer políticas públicas de apoio ao extrativisrno e ao manejo florestal comunitário ambientalmente sustentáveis ". Convém ter presente que um crescente número de cientistas de renome vem contestando que haja participação humana ponderável nos chamados " impactos ambientais", sobretudo no que se refere às monoculturas citadas. Arcando já com uma legislação ambiental crescentemente draconiana, o agronegócio tem diante de si mai s esta ameaça sovietizante.

proteger e promover o modo de vida dos povos indígenas" e de "garantir demarcação, homologação, regularização e desintrusão das terras indígenas, em harmonia com os projetos de futuro de cada povo indígena, assegurando seu etnodesenvolvimento e sua autonomia produtiva ". Ora, a grandeza do Brasil lhe adveio em boa medida do fato de recusar esses apartheids raciais e procurar integrar numa grande nação brasileira europeus, africanos, asiáticos e autóctones. A constituição de territórios "autônomos", onde a maioria dos brasileiros não pode entrar, só favorece os separatismos, as rivalidades, os ódios, sem falar no fato de que facilmente pode atiçar a cobiça de outros povos. Em lugar de favorecer a integração dos silvícolas na vida nacional e fazê-los beneficiários do progresso, o PNDH-3 os segrega. É a mesma posição do CIMI e da esquerda católica em geral, que abd icara m de converter os índios a Jesu s Cristo para deixá-los entregues aos costumes e às religiões pagãs ele seus ancestrais.

1O. Um Brasil desmembrado

11 . Poder Judiciário e polícias

O Programa parece ter em vista desmembrar o Brasil, ou torgando enorme autonomia às populações indígenas sob pretexto de "assegurar a integridade das terras indígenas para

O viés totalitário cio Programa transparece também na proposta ele "implementar o Observatório da Justiça Brasileira,

na mira do PNDH-3

12. Perseguições religiosas à vista Uma certa mentalidade, que invadiu o Ocidente com a euforia do progresso, trouxe em seu bojo uma espécie de anestésico das consciências, por onde a idéia de perseguição religiosa parece ter saído do horizonte mental das pessoas. Os ventos otimistas que passaram a soprar na Igrej a após o Concílio Vaticano II encarregaram-se de agravar essa mentalidade entre os católicos. Se alguém afirmasse que as atuais campanhas pelos direitos humanos podem desembocar numa violenta perseguição aos que defendem os princípios da Cristandade, muitos ingênuos julgariam isso impossível, mera lucubração de mentes doentias. Mas, a correrem as coisas como desejam os fautores do PNDH-3 (e para isso eles estão trabalhando com afinco), em muitas situações os católicos serão colocados contra a parede, forçados a escolher entre desrespeitar a lei ou violar a própria consciência. Para acordar as mentes adormecidas e recolocá-las na linha ela militância católica, que foi sempre o apanágio da Santa Igreja, nada mais atual e necessário do que um choque de realidade. Tanto mais que, afora uma sempre possível e sempre desejada intervenção extraordinária da Providência Divina, como a prevista em Fátima, o único meio eficaz de evitar a perseguição religiosa, ou ao menos de mitigar-lhe os efeitos, é JUNHO2010 -


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prevenir-se contra ela e lutar para impedi- la. E o melhor para isso é encarar de frente os fatos. Então, vamos a eles: 1 - Em nome dos "di reitos da mulher ao próprio corpo", força-se por toda parte a aprovação de leis de aborto, que matam os inocentes no próprio seio de suas mães. Em seguida, procura-se obrigar enfermeiras e médicos católicos a agir contra sua consciência, sob pena de lançá-los na miséria e talvez na cadeia. 2 - Para garantir o "direito de não sofrer", condenam-se velhos e doentes à morte pela eutanásia, obrigando terceiros a "ajudá- los" . 3 - Em nome dos "direitos das minorias", vão sendo espoliados legítimos proprietários para beneficiar falsos sem-terra, sem-teto, índios e quilombolas. 4 - Os "direitos humanos" vão dando guarida a todas as aberrações sexuais. Ao mesmo tempo se obriga os catól icos - nas fábricas, nos escritórios, muitas vezes em seus próprios lares - a conviver com indivíduos que ostensivamente as praticam, sob péna de processos e perseguições sem fim. Impedindo-os até de tomarem posição contrária à prática do homossexualismo, sob pena de serem condenados por discriminação sexual. 5 - Os pais são obrigados por lei a colocar os filhos em escolas que lhes ensinam toda espécie de perversões, com o pretexto de "educação sexual". 6 - Sob acusação de fundamentalismo, e alegando "direito à liberdade religiosa" sustentada por um ecumenismo sincretista, vai sendo impedida a proclamação ufana da verdade católica, bem como a expressão de sua incompatibilidade com o mal e com o erro, nos lugares mesmo onde essa verdade há pouco reinava. Tudo isso são indícios, por vezes o começo, da tempestade que está se armando contra os católicos fiéi s.

13. O dever de católicos leigos, face ao PNDH-3 Ao longo de toda sua história, o Brasil nunca foi ameaçado com algo como o PNDH-3. Pelo andar da carruagem, estamos caminhando para um novo conflito religioso corno o que ocorreu no Brasil durante o Império, ao insurgir-se o governo contra a Igreja na pessoa de D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira, Bispo de Olinda, pelo fato de o prelado combater o maçonismo das confrarias religiosas em sua diocese. Quer pela radicalidade dos seus princípios revolucionários , quer pela universalidade dos campos de ativ idade humana que abrange, o PNDH-3 irá muito além das perseguições religiosas que houve no passado, se colocado em prática. O que seus autores pretendem é pura e simplesmente arrancar todo e qualquer vestígio de influência católica no Brasil. Se pudessem, arrancariam até a imagem do Cristo no Corcovado e o Cruzeiro do Sul no alto do céu. O PNDH-3 foi idealizado, a seu modo, segundo urna concepção religiosa da vida. Trata-se de uma religião laica, em

Notas:

que o homem usurpou o lugar de Deus. Mas não um homem qualquer, e sim o homem entregue a todas as suas paixões e vícios. Por isso, qualquer resistência só será eficaz se partir, também ela, de uma perspectiva exp licitamente reli giosa, em nome da Lei de Deus, da Lei natural e dos imperativos da justiça que obrigam a dar a cada qual o que é seu. É preciso, pois, denunciar o PNDH-3 nos diferentes níveis em que ele se apresenta, mas sobretudo em seu conjunto, nas conseqüências que dele decorrem e no espírito que o anima. Os católicos não podemos manter-nos em um sono despreocupado, como se a ameaça não existisse. Existe a ameaça, como vimos mostrando, e a melhor atitude é reagir antes que ela se torne realidade. Se não reagirmos agora, quando ainda é tempo, poderemos ser co nstrangidos a colaborar com o aborto; a receber na residência "casais" homossexuai s; a "aj udar" na matança de velhos e doentes; a coonestar as invasões de propriedade; a distribuir compu lsoriamente os bens aos moradores de rua; a ceder um quarto de casa para um vi ciado em drogas e alugar outro para que uma prostituta ali exerça sua "profissão" ; a co locar os filhos nas escolas onde se ensinem todas essas abominações, sob rótulo de "direitos humanos", etc. Enquanto católicos leigos, usando da liberdade de ação que nos é concedida pelo Direito Canônico - e, ao menos por

enquanto, também pelo Direito Civil - não podemos e não queremos dobrar os joelhos diante desse novo ídolo de nossas sociedade fal samente democráticas: o homem divinizado que se atribui o poder de fixar a seu capricho os direitos que quer gozar nesta quadra histórica, mesmo quando tais "direitos" se afastam dos Mandamentos da Lei de Deus e a eles se opõem.

14. Nossas forças e as do adversário Que condições temos para entrar nessa luta contra adversário tão poderoso? Primeiramente, se no Brasil os católicos verdadeiramente se unirem e se empenharem, sem covardia nem moleza, não há vitória que não possamos alcançar em favor do bem e da verdade. Mas sobretudo há outra força, que nos vem da graça de Deus. E no a confiança está posta na intercessão de Nossa Senhora, de quem a Igreja faz este tão belo elogio: Gaude Maria Virgo, cunctas haereses sola interemisti in universo mundo (Alegra-te, Virgem Maria, sozinha destruístes as heresias no mundo inteiro). E é Ela que, sob a invocação de Aparecida, reina sobre o Brasil como sua Padroeira. •

1. " De aconlo com Vannuchi, j á é decisão do governo alterar três ações programáticas, de um total de 521, do PNDH-3. Serão retirados o apoio a projeto de lei que descriminalize o alJorto e o impedimento à ostentação de s(mbolos religiosos, tais como crucifzxos nas paredes de prédios públicos. Além disso, será alterada a p,vposta de mediaçüo de conflitos agrários, retirando a exigência de audiência prévia com. os envolvidos antes de decisões judiciais como a reimegraçüo de posse" ("Agência Bras il", 16-3- 10). " O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria. Especial de Direitos Hu manos, assumiu hoj e no Senado o compromisso de alterar os pontos polêmicos do terceiro Plano Nacional de Direitos Human os PNDH-3 e enviar um novo texto ao Congresso até maio" (" Porta l Yahoo", 8-4- 10). 2. Arti go publicado em "O Estado de S. Paulo", 1.8-3 -1 O. 3. A íntegra do PNDH-3 pode ser consultada e m: http://portal.mj.gov.br/sedh/ pndh3/pndh 3. pdf. 4 . Via Sacra , in revi sta Catolicismo, março/195 1. 5. http://www.hoybo li via.com/Notic ia .php? [dEdicion=273&Jc1S ecc ion= l 5&ldNoticia= 10546. 6. Revolução e Contra-Revolução, 4" edi ção em português, Artpress, São Paulo, 1998. 7. A respeito do ho mossexua li smo , João Paulo [[ afirm o u: "Não é moralmente admissível a aprovação jurfdica. da prática homossexual ", po is trata-se de "comportamentos desviados que não süo conformes ao plano de Deus" (Discurso de 20-1 - 1994). E o Catecismo da Igreja Católica, promul gado em 1992, e nsina: "Apoiando-se na Sag rada Escritura, que os apresenta co,no depra vações graves, a Tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade süo intrinsecamente desordenados. Eles são contrários à lei natural " (nº 2357). 8. Constituição e Direito Natural, in " Legi onári o" , nº 779, 13-7- 1947. 9. Discurso na Casa Branca em 16-4-08 . 1O. E ncícli ca Centesimus Annus, de lº-5- 199 1. 11. http://www.mp .ro .gov.br/c/clocume nt_ library/get_ fi le?p_ l_ id= 11 11 6 &fo lderld= J l 332&n ame=DLFE-36019.pdf 12. "A prática wiccana mais comum cultua duas di vindades, A Deusa e O Deus, algumas vezes chamados de Grande Mãe e Deus Cornífero, do latim: 'o que porta com os' ": http://pt.wiki pedia. org/wiki/Wi cca. 13. Portal UOL, 22- 1- 1O. No total , os pronunciamentos dos bispos da C NBB sobre o PNDH-3 têm se mostrado confu sos, numa matéria em que a clareza é indispensáve l para a orientação dos fi éis. Reunidos no Rio de Janeiro, 67 pre lados católicos ass inaram um manifesto que, em última análise, condena o PNDH-3 como um todo, destacando, entre outros, pontos atentatórios à moral e à propriedade privada ("Portal UOL", 7-2- 10). Assume posição contrária D. Dimas Lara Barbosa, secretário geral da CNBB. Diante das dezenas de páginas cio Programa , recheadas ele dispositivos anticristãos, o prelado só tomou uma atitude cl ara em relação ao aborto, contentando-se entretanto, ao que parece, com promessas um tanto vagas e futurívei s do mini stro Paulo Yannuchi. Surpreendentemente, "segundo D. Dimas, a CNBB tem co11co1·dância de 80% dos pontos tratados no programa. 'O problema fo i colocar outros pontos que não são consenso, mas expressam pontos de vi sta de alguns setores da sociedade'" ("Portal Terra", 2-2- 1O). Em nota oficial de 151- 10, a presidência da CNBB tomou uma pos ição dialogante: "A CNBB tem, ao longo de sua história, se manifestado sobre vários temas contidos no atual Programa Nacional de Direitos Humanos. Nele há elementos de consenso que podem e devem. ser implementados imediatamell/e. Emretanto, ele contém elementos de dissenso que requerem tempo para o exercício do diálogo, sem. o qual lllio se constmirá a sonhada. dem.ocracia participativa, onde os direitos sejam respeitados e os deveres observados. A CNBB reafirma sua posiçüo, muitas vezes 111anifesrada, em defesa da vida e dafamília, e contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas elo mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de 'mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União ', pois considera que tal medida i111olerante pretende ignorar nossas raízes históricas" (site da CNBB). 14 . Entrevi sta de 29- 10- 1992 15. http ://www.vi a fan zine.jo r.br/site_ vf/ pag/2/dire itos_humanos.htm 16. Baldeaçcio ideológica inadvertida e diálogo, Edi tora Vera Cruz, São Paulo, 1965 , 5· ecl ., pp. 49 e ss. 17. "So vi etes" eram conselhos de operários ou de mi litares comuni stas, durante a revo lu ção ru ssa de 1917.

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Esclarecimentos sobre recentes ·mudanças introduzidas no PNDH-3 O artigo de capa desta edição sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) já estava no prelo, quando um novo decreto do presidente Lula 1 introduziu modificações no texto do Programa. Não julgamos necessário refazer o artigo em questão, mas apenas analisar essas poucas alterações, as quais são pontuais, não modificando nele nem a essência nem o espírito. Algumas delas são cosméticas, e não afastam as ameaças que a versão original encerrava; outras limitam-se a atenuar o texto; dos 521 itens, somente dois foram revogados, e as modificações atingiram apenas outros 7. O novo decreto mantém intactos a Apresentação assinada pelo presidente Lula, o Prefácio assinado pelo ministro Vannuchi e as diversas introduções a cada bloco de temas. Permaneceram intactas sobretudo a ideologia e as diretrizes gerais, como por exemplo as que submetem o Brasil ao governo de conselhos (sovietes) ditos populares. Não foram alterados pontos que degradam a família, como os que qualificam como "configurações familiares" as uniões de "lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais ", nem a instituição de direitos trabalhistas para as prostitutas. Também passaram incólumes os itens que visam coarctar o Judiciário e a Polícia; os que tendem a desmembrar o Brasil, multiplicando indefinidamente as reservas indígenas e quilombolas; os que propugnam por uma reforma agrária de tipo socialista, etc. Passemos a examinar o que foi alterado.

Análise das mudanças 1. Foi revogado o item que visava "impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União". A revogação é saudável, mas periférica dentro do conjunto anticristão que constitui o PNDH-3. Também foi revogado o dispositivo que tinha em vista criar "um ranking nacional deveículos de comunicação" que violassem os direitos humanos. O tal ranking é algo acessório. Com ele ou sem ele, pouco muda se houver uma lei que obrigue a mídia a seguir os tais "direitos humanos ", como se propugna em outro item.

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2. O apoio à descriminalização do aborto, tendo em vista "a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos", foi substituído, passando o aborto a ser considerado "tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos serviços de saúde". De fato, nada muda, pois a mulher que se apresente no posto de saúde, querendo abortar, deve ser atendida em nome da "saúde pública ". Nesse sentido, depoimento insuspeito é o de D. Dimas Lara, secretário-geral da CNBB . Embora contrário ao aborto, ele tem manifestado simpatias pelo conjunto do PNDH-3, e declarou: "O aborto não foi excluído de maneira incisiva. Quando diz que é problema de saúde pública, o que isso quer dizer? [. .. ] Se for apenas outra forma de justificar o aborto, nada muda ". 2 3. Foi substituída "a utilização da mediação como ato inicial das demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva com os envolvidos, [... ] como medida preliminar à avaliação da concessão de medidas liminares". O novo texto mantém "a utilização da mediação" e passa a priorizar "a oitiva do INCRA" e outros nessa mediação. Apenas não diz que ela deva ser o "ato inicial das demandas" nem "medida preliminar" à concessão de liminares. Quando, pois, deve ser realizada essa "mediação"? Nada impede, pelo texto, que seja exigida Jogo que houver a invasão da propriedade, mesmo antes de o proprietário-vítima ter tempo de pedir a reintegração. Ademais, para que essa mediação? Não é competente o Poder Judiciário para resolver o impasse? Nesse sentido, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura, "classificou as mudanças feitas no capítulo que trata da violência no campo como 'uma maquiagem '. O texto acabou com a audiência coletiva que estava prevista antes de uma decisão judicial sobre reintegração de posse de terras invadidas. 'Não muda nada. Saiu a audiência e entrou a mediação. Não tem que ter intermediário em decisão judicial. Não se pode abrir mão do direito de propriedade e do direito de segurança pública', disse Kátia. Mediação vai obri-

gar o produtor rural a negociar com aqueles que 'criminosamente invadem sua propriedade. É um desvirtuamento, um novo delírio do governo. Os produtores invadidos não podem negociar o indisponível. O texto reescrito por Paulo Vannuchi continua sendo, portanto, um amontoado de sandices', afirmou Kátia Abreu". 3 4. No item que propõe um "marco legal estabelecendo o respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão", foi retirada a parte final em que se ameaçava os órgãos da mídia com penalidades administrativas, multas, cassação de acordos, etc. Ou seja, saíram as ameaças e ficou o "marco legal". Se vier a ser aprovado esse "marco legal", as penalidades poderão ser aplicadas independentemente das ameaças antes formuladas. Houve alguma mudança? 5. O item que determinava "sinalizar locais públicos que serviram à repressão ditatorial", e onde foram ocultados corpos de perseguidos políticos, mudou para "tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos" e promover "a localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos". Não se fala mais em "repressão ditatorial" nem em "perseguidos políticos". A virulência verbal do texto fica assim excluída. Mas, na realidade, se um governo esquerdista quiser interpretar o novo texto na linha do anterior, encontra nele todo o necessário para fazê-lo. 6. O PNDH-3 visava, na educação básica e superior, "desenvolver programas e ações educativas, inclusive a produção de material didático-pedagógico sobre o regime de 1964-1985 e sobre a resistência popular à repressão ". Na nova redação, o objeto dos tais "p rog ramas e ações educativas" - que eram o "regime de 1964-1985" e a "resistência popular à repressão" - passou a ser "graves violações dos direitos humanos" ocorridas no período de 18-9-1946 até a data de promulgação da Constituição. Assim, ampliou-se o período abrangido e tornou-se genérico o objeto que antes era específico. Nada impede que uma comissão, adrede constituída pela esquerda para desenvolver esses programas, utilize o caráter genérico da nova redação para direcionar suas ações contra quem considerar especialmente suspeito de violações.

7. Mudou o item que propunha uma lei para alterar, nos logradouros e prédios públicos, os "nomes de pessoas que praticaram crimes de lesa-humanidade". Agora não se fala mais em "lei", mas sim em "fomentar debates e divulgar informações" no sentido de que esses logradouros e prédios "não recebam nomes de pessoas identificadas reconhecidamente como torturadores". Aqui a alteração foi mais significativa, pois também não pede mais a substituição dos nomes dados no passado, mas apenas os que venham a ser propostos no futmo. Mas seu alcance é apenas simbólico. 8. Quanto ao item que determinava "acompanhar e monitorar a tramitação judicial dos processos de responsabilização civil ou criminal sobre casos que envolvam atos relativos ao regime de 1964-1985 ", a nova redação não inclui mais os processos criminais, mantendo apenas os civis. Também não se refere mais a "atos relativos ao regime de 1964-1985", mas sim a "violações dos direitos humanos" praticadas no período de 18-91946 até a data de promulgação da Constituição. Mais uma vez, é tornar genérico o que antes era específico.

A luta continua As modificações havidas, ainda que mínimas, devem-se a uma sadia reação de numerosos setores da opinião pública brasi leira, temerosos e insatisfeitos com os rumos tenebrosos para o quais pretende conduzir-nos o PNDH-3. Entre os que lutarnm contra essas ameaças, temos a grata satisfação de incluir as anteriores análises divulgadas por Catolicismo, e também o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira , que lançou pela Internet uma campanha de grande repercussão (www.ipco.org.br). Segundo o ministro Paulo Vannuchi, "tivemos de mudar o PNDH por conta da discussão entre o Brasil das tradições e aquele das novas idéias, entre o velho e o novo". 4 Viva, pois, o Brasil das tradições, pois o monstro representado pelo PNDH-3 deitou um pouco de sangue! Continuemos a luta, para que ele recue definitivamente. Notas:

1. Trata-se do decreto nº 7.l77, de 12-5-20 10, cuj a íntegra pode ser consultada em: http://www.i n. gov. br/imprensa/v isuali za/ index.jsp?jornal= l &pagina=5&data= 13/05/201 O 2. "O Globo", l4-5- l0. 3. Idem, ibidem. 4. Idem, 15-5-10.

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São Ladislau, rei da Hungria

.!

P ríncipe de vida exemplar, rigoroso contra toda injustiça, cariLaLivo, pacienLe e fervoroso, modelo de como se pode praticar a virtude heróica no trono e., PuN10

A

nar a paz de Cristo. Para progresso e herdeiro . Corno já ocorrera na Polôesplendor da verdadeira Reli gião, denia, logo a corte admirou as virtudes dicou-se a reformar as igrejas deteride Ladislau, jovem casto, sóbrio, humilde, afável com todos e de extrema oradas e a construir novas. Entre elas caridade para com os pobres. edificou a célebre basílica de Nossa Ocorreu então que ao rei André Senhora de Waradin , que se tornou nasceu um filho, Salomão, revoganmagnífico monumento de piedade do ele o ato pelo qual havi a designamariana e de louvor à Virgem Mãe do Bela como seu sucessor. Bela não de Deus, de quem era fiel devoto. aceitou a medid a e levantou -se em Notável por sua bondade, justiça armas contra o irmão. André, ferido e caridade, Ladislau constituiu-se o no combate, faleceu pouco depois, e Bela proclamou-se rei. Isso chocou muito a Ladislau, não só por ter sido seu pai responsável direto pela morte do tio, ma também porque julgava que o direito à ucessão pertencia a Salomão. Qu ando seu pai faleceu, trabalhou para que Salomão o sucedes e, o que ocorreu. No trono, Salomão mostrouse cruel e anguinário, sendo deposto por Geisa, irmão de Ladislau, que foi proclamado rei. Mas Geisa faleceu ape nas três anos depois, sem sucessor direto . Os prelados, a nobreza e os magistrados das principais cidades da ~ Hungria, por unanimidade, esco- !l. lheram- no para sucedê-lo, mas ~ ele não queria aceitar a coroa em detrimento de Salomão, ainda } vivo, por considerá-lo legítimo < fe==--..,;!::!:~~ herdeiro do trono. Entretanto os ;e húngaro. m traram-lhe que a "' Cenas da coroação do Santo sucessão no país não era hereditária, mas e letiva, pelo que ti nham direito de escolher aquele que sustentáculo dos órfãos, dos infelizes julgassem mai apto para governar. e de todos os aflitos. Mostrava em Diante di so ele concordou, mas não seus julgamentos tanta suav idade e quis ser coroado ne m usar diadema desejo de ajudar, que era olhado mais enquanto Salomão vivesse. como um pai que acomodava as diferenças dos filhos do que corno juiz. Reina11do por Nosso Em seu palácio não se ouviam imSe11ho1' Jesus Cristo precações, blasfêmi as nem palavras Esse prín c ipe verdadeiramente desonestas. Os jejuns eclesiásticos eram cristão qui fazer Jesus Cristo reinar observados rigoro arnente. Cada um em seus e tados. Sua primeira provi- procurava ser tão exímio em seu comdência foi restituir à Religião seu priportamento, que se diria terem alcanmitivo esp le ndor, trabalhando tamçado a peifeição de um palácio real. bém para extinguir os últimos restos Ladislau convocou e presidiu uma de pagani mo no país e fazer nele reiassembléia entre os prelados e a no-

M ARIA

SouMEO

Idade Média, tempo em que a fi losofia do Evangelho governava os povos, deu frutos de santidade maiores do que em qualquer outra época. Para só falar no campo civil, vemos grandes santos desde o cimo da escala soc ial até o mais baixo dela: imperadores, reis, duques e até pastores e empregadas domésticas. São Ladislau, rei da Hungria, pertence ao número dos que praticaram no trono a virtude em grau heróico, sendo modelo para seus súditos e para

os fiéis em geral. Era filho do rei Bela e neto de um primo-irmão do rei Santo Estêvão, da Hungria. Nasceu em 1041 na Polônia, onde se hav ia refugiado seu pai para fugir das violências de Pedro, o Germânico, sucessor de Santo Estêvão. Sua mãe, filha do duque Mesco, deu profunda formação religiosa a ele e a seu irmão Geisa. Morto Pedro, o Germânico, subiu ao trono da Hun gria André, irm ão mais velho de Bela e tio de Ladi slau. Chamou-os novamente à corte, deu a Bela o título de duque e quis que seus doi s sobrinhos fossem criados em seu palácio, à sua vi sta, pois não tinha

ª

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breza, submetendo à sua deliberação urna série de ordenações de acordo com as peculiaridades de seu povo e a Le i Divina. Tais ordenações foram muito eficazes, mas o exemplo do rei era ainda mais cogente do que qualquer lei para manter os súditos em seus deveres e na exemplaridade de vida. Ele so mente ordenava aquilo que era o primeiro a cumprir, e sendo o mai s fiel cumpridor dos mandamentos de Deus e da Igreja, tornou-se uma lei viva, que indicava a cada um o próprio dever.

Propõe-se a abdicar em lavor do primo Ladis lau fez de tudo para conqui tar para Deus seu primo Salomão. Concedeu-lhe um a pensão principesca para que vi vesse de acordo com seu nascimento, e enviou várias vezes altos prelados e homens de Estado para tentar aplacá-lo. Ofereceu mesmo deixar-lhe o trono, se ele mudasse de vida. Salomão respo ndeu a isso com traições e ameaças à vida do santo, chegando a conjurar-se com os hunos para atacar o país. Derrotado, foi preso numa praça forte . Mas não por muito tempo. Quando Ladislau quis trasladar os restos de Santo Estêvão para um lugar mais digno e mandou exumá-los, os operários não conseguiam abrir o túmulo, por mais que tentassem. Uma santa religiosa declarou então ao rei que, segundo manifestação divina, a causa daquela dificuldade era a sua excessiva severidade contra Salomão, que desgostara grandemente ao Senhor. Ele acatou com humilde simplicidade a determinação divina e mandou libertar o prisioneiro, devolvendo-lhe todos os seus bens. Salomão empenhou-se depois em várias guerras contra príncipes vizinhos, foi derrotado e forçado a fu gir para uma espessa floresta, da qual não reapareceu. Hi stori adores di zem que,

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Para jovens de todas as idades ... no isolamento, ele finalmente se arrependeu de seus desmandos. E, para fazer penitência, passou vários anos como solitário na floresta, onde morreu santamente, sendo enterrado em Póla, cidade da Ístria. Esse feliz resultado seria devido em grande parte às orações de São Ladislau, que não deixava de rezar por ele.

Libertar a Terra Santa do islamismo O que sobretudo almejava esse destemido rei era conduzir um exército contra os infiéis, para retomar a Terra Santa. Assim, quando o bem-aventurado papa Urbano II pregou a Cruzada, quis ser dos

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Valente na batall1a, magnâ11imo na vitóJ'ia

Embora fosse de índole pacífica, e talvez por causa di sso, Ladislau teve que fazer face a vários inimigos que tentavam despojá-lo de seu trono. Procurava resolver os litígios por meios pacíficos, mas quando estes não surtiam efeito, saía destemidamente à frente de suas tropas. Assim, venceu os poloneses, tomando-lhes de passagem Cracóvia, sua capital; expulsou os bárbaros da Dalmácia e os hunos, que assolavam a Hungria, obrigando-os a pedir paz. Conquisto u também parte da Bulgária e da Rússia. De estatma elevada e majestosa, nas guerras ele era o primeiro a cavalo. À testa do exército, cumpria as funções do mais intrépido capitão e bravo soldado. Naqueles tempos cavalheirescos, para poupar vidas humanas, ele desafiava os generais dos exércitos inimigos para combates singulares, nos quais saía sempre vencedor. Antes de empreender qualquer expedição, ordenava orações públicas e três dias de jejum para o bom êxito da empresa. De sua parte, preparava-se também com o jejum e a recepção dos sacramentos, para que o Senhor dos Exércitos lhe fosse propício. Era tão valente no campo de batalha quanto magnânimo na vitória.

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transe de morte, entregou sua bela alma a Deus no dia 30 de julho de 1095. Não houve na Hungria monarca mais pranteado que ele. Todos consideravam os 18 anos de seu reinado como uma bênção do Céu. Durante três dias a nação inteira levou luto pelo seu rei, privando-se de qualquer entretenimento. Os restos mortais foram levados em cortejo para a igreja de Nossa Senhora. Segundo os cronistas, foi mais um triunfo do que uma pompa fúnebre. Foram tantos os milagres realizados por sua intercessão, que o Papa Celestino III o elevou à honra dos altares no ano de 1192. O culto a São Ladislau é muito popular na Hungria, onde é chamado São Lalo. É o patrono de grande número de igrej as, e se u nome é dado aos recém-nascidos com muita freqüência, tanto lá quanto na Polônia. Costuma ser representado a cavalo, com um sabre numa das mãos e o terço na outra, pois era este o modo como comandava as batalhas. •

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Representação da morte e enterro de São Ladislau

primeiros soldados da cruz. E quando os reis da França, Espanha e Inglaterra - que também fariam parte da expedição - pediram a Ladislau que chefiasse a armada, aceitou muito contente e se preparou para a tarefa. Mas os planos de Deus eram outros. Houve uma insurreição entre os boêmios, e ele foi forçado a pacificá-los. Caiu gravemente enfermo, e soube que seus dias estavam contados. Tendo recebido com fé e alegria todos os socorros que a Santa Mãe Igreja tem para seus filhos em

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Obras consultadas: - Pe. Juan Croisset, S.J ., San Ladislao, Rey de Hungria, inA,io Cristiano, Saturnino Calleja, Madri, 190 1, tomo II, pp. 963 e ss. - Les Petits Bollandistes, Saint Ladislas, roi de Hon.grie, in Vies des Sainrs, Bloud et Barrai, Paris , 1882, tomo Vil, pp. 395 e ss. - Edelvives, San Ladislao /, in El Somo de Cada Dia, E ditorial Luis Vives, Saragoça, 1947, tomo Ill, pp. 583 e ss. - Michael Bihl , St. Ladislaus , in The Carholic Encyclopedia , Online Edition Copyright © 2003 by Kevin Knight, www.NewAdvent.org. - Pe. Pedro de Ribadeneira, San. Ladislao /, Rey de Hungria, in Fios Sancrorum, apud Dr. Eduardo Maria Vilanasa, La Leyendade O,v, L. Gonzalez y Cia., Barcelona, 1896, tomo Il, p. 519.

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Três representações e uma extravagancia A

■ G REGORIO V IVANCO LOPES

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onvido o le itor a um passeio pela Place du Tertre, em Paris, através das ilustrações desta página. Juntos, poderemos tirar conclusões surpreendentes. Começo por traduzir "tertre ", que e m fra ncês signi fica colina, outeiro. O belo Outeiro da Glória, no Rio, seria um "te rtre". N osso passeio é, pois, pela parisiense Praça do Outeiro. De onde lhe vem esse nome? A Place du Tertre, junto à fa mosa Basílica do Sagrado Coração, situa-se a 130 metros de altitude em Montmartre, o bairro mais elevado de Paris, e dos mais antigos. Na Place du Tertre reúnem-se habitualmente pintores e caricaturistas com suas barracas, oferecendo seus préstimos artísticos e vendendo suas o bras aos turi stas, que em grande número para lá aflu e m. Ela j á fo i defi nida como "um grande ateliê a céu aberto". É uma fe ira de arte ao vivo. Como em Paris tudo é belo - exceção fe ita, é cl aro, das obras implantadas especialmente a parti r do governo sociali sta de Mitterrand - a Place du Te rtre também é bela. A primeira das ilustrações reproduz um ângulo feliz da praça, em que aparece ao fu ndo a cúpul a da Basílica do Sagrado · Coração (foto 1). Vêem-se as barracas dos artistas e seus clientes, os edifíc ios que reservam seu andar térreo para prósperos cafés e restaurantes, um grande número de pessoas movendo-se com a vivacidade calma que caracteriza o europeu. A segunda fo to é tirada ao anoitecer (foto 2). O número de pessoas naturalmente é me nor, mas a praça ganha em sole nidade e valores impo nderáve is. U ma certa feeria de luzes e cores se faz presente, na qual predominam o verme-

lho das barracas e, no céu, o azul anil tendendo ao escuro. À medida que a noite avança, a basílica se torna mais misteriosa, adquirindo algo de celeste e transcendente. Tem-se a impressão de que as obras dos artistas da praça, embora perdendo em nitidez, ganham em inspiração. A terceira ilustração é um quadro impressionista (foto 3). O autor não se preocupou tanto em pintar os detalhes, mas em transmitir o ambiente. Mais se adivinham do que se vêem as pessoas nas calçadas, em torno de mesas, para tomar um lanche ou uma refeição. A cena põe em realce a atividade artística, característica da praça, que aqui se afirma intensa. A cúpula da bas íl ica a tudo preside, mas discreta e de longe. Agora, um tombo: a qua rta ilustração ! (foto 4) Trata-se, aqui também, da Place du Tertre? Sim, pelo menos esse é o nome que o autor deu ao seu quadro. M as se ele o chamasse Versalhes pela tarde, o u As cavalariças do rei Artur, ou lhe desse qualquer outra denominação, dava na mes ma, pois é impossível adivinhar o que ele tentou representar. Assim é a arte moderna! Comparada à realidade mostrada nas fotos, ou à q ue foi elaborada pela arte verdadeira, ela é um aleij ão irreconhecível. Pois bem, esse quadro consta de um àle ntado catálogo de propaganda que um a migo de Catolicismo nos envi o u da França: La Gazette Drouot (26-2-2010), revista periódica de vendas em leil ão. Trata-se de um quadro a óleo, de 73 x 92 cm, tendo como autor Gen-Paul (18951975); o valor estimado para ofertas é entre 60 mil e 70 mil euros .. . Valor exorbitante para um quadro tão caótico, para não dizer grotesco ... • E-mail do autor: 1,1re11orio@catolicjsmo.com.br

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pelos Apóstolos, é nomeado logo depois de Santo Estêvão, o protomáttir. "Afamado por seus mi-

lagres e prodígios, converteu a Samaria à fé de Cristo, batizou o eunuco de Candace, a rainha da Etiópia, e finalmente terminou seus dias na Cesaréia" (Do

11 SAGRADO CORAÇÃO OE JESUS

12 lmacuJado Coração de Maria [neste ano]

Martirológio Romano).

7

1 Santo Inácio, Anacoreta + Espanha, séc. XI. "Feito abade de Onha, onde se acabava de adotar a observância cluniacense, deu novo impulso ao monaquismo" (do Martirológio Romano).

2 São Potino, Bispo, e Companheiros, · Mártires

+ Lion, 177. "Seus fortes e repetidos combates sob [os imperadores romanos] Marco Aurélio, Antonino e Lúcio Vero, estão descritos numa carta que a Igreja de Lion enviou às autoridades da Ásia e da Frígia" (do Martirológio Romano).

3 SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DI!. NOSSO SENHOR ,IESUS CRISTO

4 São Francisco Caracciolo, Confessor + Agnone (Itália), 1608. De nobre família napolitana, fundador da Congregação dos Clérigos Regulares Menores. Tinha o dom de profecia, sendo favorecido com êxtases.

Primeira Sexta-Feira do mês

5 São Sancho, Máttir + Espanha, .S5 l. "Adolescente,

apesar de educado na corte real, não hesitou em sofrer o martírio pela f é de Cristo na perseguição dos árabes" (do Martirológio Romano).

Primeiro Sábado do mês

6 São Felipe, Conl'essor + Palestina, séc. II. Um dos sete primeiros diáconos ordenados

Santo Antonio Maria Gianelli, Bispo e Conressor + Itália, 1846. Fundador das Filhas de Maria Santíssima do Horto, dos Missionários de Santo Afonso de Ligório e dos Oblatos de Santo Afonso. Foi Bispo de Bobbio, notável pelo seu zelo apostólico e caridade para com suas ovelhas.

8 São Guilherme de York, Bispo e Confessor + Inglaterra, 1154. Sobrinho do rei Santo Estêvão, muito cedo tomou-se tesoureiro da igreja de York, e em seguida seu arcebispo. Caluniado, foi afastado do cargo. Depois de sete anos de humilhações, foi reabilitado pela Santa Sé. Muitos milagres foram operados em seu túmulo, inclusive três ressurreições.

9 Beato José de Anchieta, Apóstolo do Brasil São Columba Abade, Confessor + Escócia, 597 . "Natureza aris-

tocrática, brilhante em suas palavras, grandioso em seus conselhos, cheio de amor para com todos, repleto até o fundo de seu coração da serenidade e da alegria do Espírito Santo" (do Martirológio Romano - Monástico).

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13 Santo Antônio de Lisboa ou Pádua, Confessor São Peregrino , Bispo e Mártir + Itália, séc. VI. Bispo na região dos Abruzzos, sofreu perseguições por ter proclamado a divindade de Cristo, sendo afogado pelos longobardos no rio Atemo.

14 São Metódio ele Constantinopla, Bispo e Conressor + Constantinopla, 847. Italiano,

"estudou em Constantinopla, onde abraçou a vida monástica. Tornou-se abade, e mais tarde Patriarca. Fez triunfar definitivamente, com o apoio de Roma, o culto das santas imagens, instituindo a 'Festa da Ortodoxia', celebrada anualmente desde então " (do Martirológio Romano - Monástico).

15 Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento , Virgem + Espanha, 1865. Viscondessa de Jorbalán, recebeu formação religiosa e literária, sobressaindo desde cedo pela devoção à Eucaristia. Fundou o Instituto das Religiosas Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade, dedicado à adoração eucarística e ao ensino. Dirigida de Santo Antonio Maria Claret, exerceu benéfica influência na corte espanhola devido à sua amizade com a rainha Isabel II.

São Getúlio e Companheiros, Mártires

16

+ Séc. III. "Varão de grande

Santa Ludgarcla, Virgem

nobreza e cultura, pai de sete bem-aventurados mártires tidos de sua esposa Santa Sinforosa; também foram mártires seus companheiros Cereal, Amâncio e Primitivo" (do Mar-

+ Bélgica, 1246. "Monja cis-

tirológio Romano) .

terciense de Aywieres, na diocese de Namur,foi cumulada de graças místicas por Jesus Cristo, que a instruiu no mistério do seu Sagrado Coração, a única luz na cegueira do seu

fim de vida" (do M artirológio Romano - Monástico).

17 Santos Manuel, Sabei e Ismael, Mártires + Calcedônia, 362 . "Embaixadores do rei da Pérsia para negociar a paz com Juliano, o Apóstata. O imperado r quis obrigá-los ao culro do s (dolos; como recusasse,n com grande constância, mandou passá-los a fio de espada" (do Martirológio Romano).

IH São Gregó,·io fü1rbarigo, Bispo Confessor + Itália, 1697 . D família patrícia de Veneza, l rn u-se bispo de Pádua e cardea l, dedicando o melhor de uas aLividades ao seminário epi sc pai , que transformou num dos melhores da Itália. Nele é guardado reverentemente o cora , do anto.

10 Santos Gcrwísio e Prolásio, IÚr'l,irc•s +Milão, é . Ili. primeiro foi açoitado c m pont a · de chumbo até a m rl ' ; e o segundo, depois de fla gelncl , foi degolado . Santo Ambr sio de cobriu seus c rpo s ' m 386. De Milão seu cullO ·xpand iu-se até as Gálias, ond · vári as igrejas lhes foram d di <.:adas.

20 Santo <1:1lhl'l'I0 de Ma~clchur~o. Bispo e Conf1•ssor + Alemanha, 981 . Imperador

Valêncio, visitava as igrejas não arianas disfarçado como soldado, para confirmá-las na fé. Voltando do exílio após a morte de Valêncio, foi assassinado por uma mulher ariana por causa de sua fé católica.

22 Santo Albano, Má1tir

+ Inglaterra, 304. Destacado habitante de Verulamium (hoje Santo Albano), escondeu em sua casa um sacerdote durante a perseguição de Diocleciano. Convertido pelo ministro de Deus, ficou tão tocado pela doutrina católica que !Tocou de vestes com ele, sendo preso em seu lugar. Negando-se a oferecer incenso aos ídolo , foi açoitado, cruelmente torturado, e finalmente teve a cabeça decepada.

23

27 ossa Senhora cio Perpétuo Socorro Segundo a tradição, essa pintura foi levada de Creta para Roma por um negociante, permanecendo na igreja de São Mateus até 1812 e seguindo depois para uma capela dos agostinianos. Em 1866 o geral dos Redentoristas obteve de Pio IX a custódia da imagem, divulgando-a então por toda parte, e ela tornou-se uma das estampas de Nossa Senhora mais populares em todo o mundo.

São Ladislau, Rei ela Hungria (Vide p. 38)

28 São Plutarco e Compru1heiros, Mártires

+ Roma, séc. III. Tendo feito

+ Egito, 202. Assistindo às aulas do célebre Orígenes, em Alexandria, foram por ele convertidos à fé católica, enfrentando por isso o martírio nas perseguições de Severo.

voto de virgindade, foi aprisionada e martirizada sob o imperador Valeriano. Seu corpo foi trasladado para a Sicília, onde seu túmu lo é afamado pelos muitos milagres ali operados.

24 atividad de São João Batista Por ter sido purificado ainda no ventre matemo pelas palavras da Santíssima Virgem, é o único santo, além da Mãe de Deus, de quem se comemora o nascimento.

25 São Máximo de Turim, Bispo e Confessor + Itália, séc. V. Muito célebre pela doutrina e santidade, seus discursos revelam sua ciência e virtude, sendo quase tão importantes quanto os de Santo Agos tinho.

21

São Vigílio, Bispo e Mártir

+ Síria, 378. Ex i lacl para a Trácia pelo impcrad r aria n

(do Martirológio Romano) .

Santa Agripina, Virgem e Mártir

Otão, o Granel ·, nviou- como chefe de um grupo d ' mi ssionários par·a evang ·lizur os eslavos. Tendo todo s 'us ·ompunheiros sido massacnidos, voltou à A lemanha, onde foi d •signado bispo da nova s d • •pi swpal de Magdeburgo, na . ux ni a.

São Luís <:0111.a~u . Confessor· Santo l~usrhlo, Bispo • Mürtir

zes e bárbaros abateram-no com uma rajada de pedras "

26 + Tre nto , 405 . Nascido em Trento, foi educado em Atenas. Eleito bispo de sua cidade na-

tal, "tudo fez para extirpar os últimos vestígios de idolatria. Por esse motivo, homensfero-

29 Comemoração ele São Pedro e São Paulo, Apóstolos. Santa Ema, iúva + A lemanha, 1045. Parente do Imperador Santo Henrique, foi educada na corte pela imperatriz Santa Cunegundes. Casouse com Guilherme de Friesach e teve dois filhos, os quais foram assassinados. Transido de dor, Guilherme foi em peregrinação a Roma, falecendo no caminho de volta. Sua viúva santificou-se, dedicando-se a Deus e a obras de caridade.

30 São Marcial, Bispo e Confessor + França, séc. III. Um dos primeiros a anunciar a verdadeira Religião nas cercanias de Limoges, França, onde é venerado com seus dois sacerdotes Alpiniano e Austricliniano. A vida dos três foi pontilhada de extraordinários milagres.

Intenções para a Santa Missa em junho Será ce lebrada pe lo Revmo . Padre Dovid Francisquini, nas seguintes intenções: • Em louvor da instituição do Papado e em reparação devido aos vio lentos ataques que muitos setores da mídia otualmente desferem, visando abalar a Cátedra de Pedro e diminuir a influência da Santa Igreja na sociedade. • Sup li cando ao So grado Coração de Jesus (festa comemorada pela Igreja no dia 11 de junho) e ao Imaculado Coração de Maria (neste ano, sua festividade é celebrado no dia 12 de junho) groças e bênçãos especiais para todos nossos colaboradores e suas respectivas famílias .

Intenções para a Santa Missa em julho • Pedindo a Nossa Senhora do Carmo que frustre as articulações dos adversários da Igre ja Católica, que tramam suo aniquilação, e não permita a aprovação de leis iníquas e anticristãs em nosso País, como as que prevê o decreto instituindo o PNDH -3, cujas propostas são contrárias à Lei Divina e à Lei natural.


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m grande silêncio toma conta da galeria, onde centenas de peregrinos caminham calmamente. Durante cerca de trinta minutos - ou algumas horas, em certos dias esses peregrinos aguardam o momento de passar diante daquela que é, certamente, a maior relíquia da Cristandade: o Santo Sudário, o lençol que envolveu o corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo após a Crucifixão, até sua gloriosa Ressurreição. No último dia 30 de abril, após assistir a uma conferência organizada pela associação italiana Luci sull'Est, pude visitar esse inigualável tesouro de nossa fé. A conferência foi realizada por vários expositores, com a presença de quase 500 pessoas. Na abertura usaram da palavra Dom Juan Rodolfo Laise (bi spo emérito de San Luis, Argentina) e o Sr. Julio Loredo (presidente da TFP italiana). Em seguida, proferiu sua palestra a Prof'. Emanuela Marianelli, especialista no estudo científico do Sudário. O bombeiro Mario Trematore, que resgatou o Sudário durante o incêndio ocorrido na catedral de Turim (Itália) em abril de 1997, contou alguns fatos até então desconhecidos daquele CATOLICISMO

público. Destaca-se a lembrança que ele conserva do momento em que, rompendo o vidro de proteção, alcançou o grande relicário que guardava o Santo Sudário. Nesse instante, como que amparado por anjos, ele pôde carregar aquele enorme relicário e levá-lo para fora da catedral, sem sentir seus pés tocarem o chão nem mesmo o peso daquela preciosa caixa. Para ele foi um milagre, que marcou sua vida. Sua corajosa ação gerou admirações no mundo inteiro, e também ódios inexplicáveis. Contou ele que foi agredido em duas ocasiões por pessoas desconhecidas, pelo fato de ter salvo das chamas

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a preciosa relíquia (para conhecer detalhes do acontecimento, vide Catolicismo, edições de novembro/97 e abril/2007, que reproduzem entrevistas com o próprio bombeiro).

A importância da sagrada relíquia O Santo Sudário não é exposto com freqüência. Está muito bem guardado em um relicário precioso, na bela catedral de Turim. Em ocasiões especiais a Igreja o coloca em exposição, para que pessoas do mundo todo possam venerar essa relíquia deixada pelo próprio Deus aos homens, a fim de confirmá-los na fé. Narra a Sagrada Escritura sobre o Sudário: "Chega, então, também Simão Pedro [. .. ] e entrou no sepulcro; vê os panos de linho por terra e o sudário, que cobrira a cabeça de Jesus. O sudário não estava com os panos de linho no chão, mas dobrado em um lugar à parte " (Jo 20, 6-8). Dobrado, e não jogado ao chão, mostrando a importância dessa relíquia que testemunhou o maior milagre da nossa fé: a Ressurreição do homem-Deus, operada por Ele mesmo. São Paulo põe em realce a importância da Ressurreição, com as seguintes palavras: "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossafé" (1 Cor 15, 14). Durante sua vida, Nosso Senhor operou diversos milagres, inclusive ressuscitando mortos, como seu amigo Lázaro (Jo 11 , 43). Muitos santos também operaram milagres como esses, e com isso glorificaram o poder de Deus sobre a vida e a morte. Todavia, jamais um homem seria capaz de ressuscitar a si mesmo, se não fosse Deus. A esse respeito, afirmou Nosso Senhor sobre sua vida: "Tenho o poder de entregá-la e o poder de retomá-la" (Jo 10, 18).

O milagre reservado ao "século da ciência" O Sudário de Turim é mais do que uma relíquia, é um milagre permanente. Um milagre reservado especialmente aos homens de nossa época, em que a ciência buscou explicar a origem da vida, porém relegando a Religião a uma posição secundária. En sina Santo Tomás de Aquino que a razão e a fé andam juntas, pois Deus é o criador de ambas. Quando bem orientadas, tanto a Religião quanto a ciência levam-nos ao conhecimento de Deus. Durante dezenove séculos, a imagem do Sudário permaneceu gravada no tecido de forma inexplicável. O seu verdadeiro significado só foi descoberto com o advento da técnica fotográfica. A partir daí, passou por centenas de testes científicos, alguns deles realizados pela Agência Espacial NorteAmericana (NASA). O primeiro fato científico inexplicável sobre o Sudário ocorreu depois que se inventou a máquina fotográfica. Até o final do século XIX a relíquia era venerada, devido às manchas de sangue e ao semblante que marcou o tecido. Um semblante que deu origem a diversas imagens de Nosso Senhor ao longo dos séculos. A fé do povo católico nunca se arrefeceu a esse respeito, sempre crendo firmemente. Mas um fato novo se deu quando Secundo Pia, um advogado italiano, fotografou a relíquia. No dia 28 de maio de 1898, quando se encontrava na sala escura fazendo a revelação, surCATOLICISMO

preendeu-se ao ver no negativo fotográfico um semblante muito mais nítido e majestoso do que aquele venerado pelos cristãos nos séculos passados. Antes escondida dos olhares humanos, a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo aparecia agora com grande nitidez. Uma imagem majestosa e serena, de alguém que possuía o completo domínio sobre si mesmo. Catolicismo já descreveu essas descobertas científicas em diversos artigos (vide, por exemplo, edição de junho/98), e não nos cabe neste curto espaço tratar de todas elas, inclusive das circunstâncias estranhas que cercaram o teste do carbono14, já descartado pelos cientistas que se especializaram no tema. Depois de tantos testes e descobertas surpreendentes, não resta dúvida de que Deus, em sua infinita misericórdia e sabedoria, deixou reservada aos homens de nossa época, tão confiantes na técnica e na ciência, a revelação exuberante de uma relíquia capaz de desconcertar o mais cético dos ateus. O Santo Sudário, além de ser uma relíquia, é uma "pedra de escândalo" para a modernidade em que vivemos e um convite constante à conversão e ao sofrimento amparado pela fé.

Sofl'imento, recusado pela maioria dos homens São raros os seres humanos que compreendem a grandeza do sofrimento. Plinio Corrêa de Oliveira costumava dizer: "Trabalhar, muitos trabalham; rezar, alguns poucos rezam; sofrer, ninguém quer". Os casamentos, por exemplo, atualmente não duram, porque os cônjuges não querem sofrer. Busca-se apenas o prazer da vida, evitam-se os filhos, abandonam-se os pais (que também não souberam sofrer pelos filhos) , e cada qual não atura os defeitos do outro. E o mundo moderno, que foge do sofrimento, torna-se um lugar de dor e solidão. No Santo Sudário, o sofrimento é patente. Um sofrimento cheio de grandeza e majestade, sereno e perfeito, em que a dor é sofrida sem pena de si e repleta de amor de Deus. A face estampada no Sudário é uma face da dor. Não urna dor qualquer, mas a do Filho de Deus morto pelos pecados dos homens. Nesse sentido, ele não é "apenas" um milagre específico para a época em que vivemos, mas também o remédio do qual nosso século tanto necessita. Assim, poderíamos perguntar: neste mundo, quanta dor existe porque os homens não querem sofrer? O sofrimento, suportado por amor a Deus, torna-se leve e suave ( "Meu jugo é suave e o meu fardo é leve" - Mt l 1, 30), enquanto a recusa do sofrimento torna-se um fardo insuportável. Para um católico, a verdadeira felicidade passa pela porta do sofrimento. Afirmou o Divino Mestre no Evangelho: "Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me" (Me 8,34).

Deus nos transforma pelo so/J'ime11to Dada a natureza humana decaída, o sofrimento é o caminho normal para transformar o homem, que nasceu no pecado, em homem ressuscitado pela graça. Um católico não foge do sofrimento, mas oscula-o como Nosso Senhor osculou a Cruz quando a recebeu dos algozes romanos. Não se trata de

sofrimento doentio, mas de um padecimento que é fruto do amor. Se um bloco de mármore pudesse sentir e pensar, reclamaria pela dor suportada quando um grande artista se utiliza dele para esculpir uma obra de arte. Todavia, após esse "sofrimento" ele poderia olhar para si mesmo e dizer: "Valeu a pena! Como fiquei formoso! " Deus nos transforma em Cristo, para que possamos dizer como São Paulo: "Já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim" (Gal. 2, 20).

As maiores alegrias resultam do sofl'i-

mento No alto da Cruz, tendo cumprido sua missão e redimido o gênero humano, Nosso Senhor alcançou o auge da felicidade. Ele tinha completado tudo que foi chamado a realizar, e podia dizer: "Consummatum est!" (Tudo está consumado, Jo 19,30). Deus, que poderia ter dado uma simples gota de seu sangue para operar a Redenção, desejou dar tudo, absolutamente tudo. Não há área de atividade humana em que a alegria de realizar algo não esteja na proporção de sua dificuldade. No que diz respeito à virtude, o mesmo se dá com a alegria de ter cumprido o dever, amando e sendo amado por Deus. A felicidade só é alcançada quando o homem, que tem um desejo crescente de felicidade, encontra para saciá-lo o Ser infinito, que é Deus.

A Mater Dolomsa Junto à santa Cruz Nessa visita ao Santo Sudário, não poderia faltar Aquela que esteve sempre ao lado de eu Filho, e que a Igreja tão apropriadamente chama "Mãe sofredora". Ela, que permitiu a morte de seu divino Filho pelos pecados dos homens, sofreu com Ele e por Ele, por homens indiferentes ou cúmplices da crucifixão, aos quais Ele havia feito apenas o bem. Era o momento central da história da humanidade, quando morria o Filho de Deus naquele auge de sofrimento, depois de se ter entregue pelos homens mui.to mais do que qualquer um poderia imaginar. Seu corpo envolto no Sudário foi depositado nos braço de sua Mãe, e depois no sepulcro, e após dois mil ano~ esse mesmo Sudário nos lembra a Paixão, Mort e Ressurreição do Salvador da humanidade. Convida-nos a amar o sofrimento ao lado da Virgem Santíssima, e a não temer: "Não temer porque estou aos pés de Nossa Senhora, junto da qual se reagruparao sempre, e sempre mais uma vez, para novas vilórias, os verdadeiros seguidores da vossa Igrej(I " (Plinio Corrêa de Oliveira, Via Sacra, in Catolici.\·1110, março/1951). •

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Marcha das Damas de Blanco em Miami: Uma esperança para Cuba? li

MIGUEL DA C OSTA C ARVALHO VI DIGAL

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esde 2003 , um movimento de mulheres de várias idades, denominado Damas de Bianca, organi za-se para pedir a libertação de seus filhos, maridos, parentes e amigos dos cárceres da ilha-prisão, promovendo protestos pacíficos nas ruas de Havana. O movimento originou-se como resposta da sofrida sociedade cubana às prisões e m massa ocorridas na primavera de 2003. A partir de então o mundo passou por várias mudanças, mas a perseguição religiosa e política e m Cuba prosseguiu . No lugar de F ide l, o irm ão ditador Raul Castro mantém na prisão numerosos cida-

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CATOLIC ISM O

dãos que reiv ind icam o bás ico dire ito de ir e vir. O apoio internacional às Damas de Blanco a um e ntou depo is que mo rreu na pri são o diss ide nte cubano Orlando Zapata. Após 85 dias de greve de fo me, e le suc umbiu no mesmo di a em que o preside nte brasile iro, em vi si ta a Cuba, negou-se a interceder em seu favor. Miami, a cidade onde mais vive m cubanos xil ados, não podi a fi car indifer nt a essa e no rme pressão internacional que vai mo bilizando, em di v rsos países, marchas e protestos o nt ra o ti râni co reg ime castri sta. No dia 25 de março, uma ma ni fes taçfío r uniu aprox im adamente 200 mi I pessoas vestidas de bra nco, para pr star solidariedade às legítimas r ivindicações das Damas de Blanco. 1 a mesma forma que o Pres ide nt Lul a ig norou o pedido pessoa l m favor de O r la nd o Zapata, esta manifestação fo i completame nt i 1 11orada pela mídia brasile ira . Parti ip11rnn1 da passeata o prefe ito e o bispo d · Mia mi , dep utados fed rai s · políti cos da região, além de a rti stas l'amosos internaciona lme nt e, ·0 1110 a pri ncipa l organi zadora da 111ur ·ha, Gloria Estefan, nascida m l lavana de fam íl ia atualment r f'u •i udn do regi me comuni sta. Band irns • cnrtazcs ele cidadãos de outros p:i s ·s ·!amavam pela li be rdade d· ( 'uh:i . l J111 dos destaq ues fo i a pr s ·11<; 11 da imagem ele Nossa Se nh o ra d · ll1íti111 a pereg rina, condu zid a p · lo •nipo dos Cubanos Desterrado.,· 11111a das mais infl ue ntes o r 1111 i,1,1H_:1 l'S d· disside ntes c ubanos r ·sidl·1111·s l'lll Miam i. Sergio de Pa,1,, d in·tm da entidade, esta va e ntu sias11 111do t·om a manifestação : " Nr o r•,1·111•rr11 •11 V<'r tcio cedo um a ma/'C/1(/ rll',1'.1'11 ,1· r·11111le11a Ca l/e

Ocho de Mi/1111i. /;',1•1wm que a Virgem de Fr1ti111// 11r11f1 '.i" Cuha e li berte não .1·0 " ·'' 11risio111'fros políli- 1''ô!, cos, mas tor/(I 1111,1-.1·r1 //{/frio do jugo > co,nunisto ", • E-mail paru o

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ES Movirnentação, vitalidade, heroís1no e holocausto

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Espanha é a nação da movimentação. da agilidade, do espírito jocoso que cutuca, critica, caustica e combate, conservando sempre uma certa alegri a de ser ela mesma; inclu s ive no .m o me nto e m que se di spõe a faze r os ma io res holocaustos. Nunca poderei me esquecer da fotografi a de um espanhol sendo fuzil ado . Não era desse tipo de europeu corpulento, mas de estatu ra baixa, sem ser miúdo, com a idade de 40 para 50 anos, barbicha, pele ligeiramente morena e olhando de frente para o pelotão de execução. Enci mava a fo to o letreiro: Nosostros hemos hecho un. pacto con la muerte! Via-se que ele sentia a dignidade de morrer e experimentava a alegria de viver, mesmo na hora da morte. Ele morria conte nte !

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O chi ste e o provérbio espanhol, a graça e a dança espanholas mani fes tam uma efervescência que é a vitalidade latina apresentada sob certo ângulo. Enquanto Portugal é todo doce - embora saibamos que o português não vende fi ado .. . - a Espanha é toda heróica. Com uma ressalva: conheci algun s espanhóis muito bons políticos. Doi s ou três deles, dos melhores políti cos que conheci em minha vida. Heroísmo, sim , mas de repente emerge uma "raposa" ... É prec iso to ma r cuidado com esses que fazem como serpente o que os outros faze m como dançarinos ou como toureiros. Mas esses "tipo raposa" são poucos, são exceções no povo espanhol. •

De cima para baixo:

- Castellers, pirâmide humana, tradição de vórias regiões da Espanha - São Fernando Ili grande herói da Reconquista espanhola - "Rejoneo" ou tourada a cavalo

Excertos da conferência proferida pelo : rol. Plínio Corrêa de Oliveira em 21 de fevereiro 1981 . Sem revisão do utor.



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UMARI

t. 1 PUN IO C ORRÊA DE OLIVEIRA

Sacralização da Cavalaria

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o dia 31 deste mês, a Santa Igreja celebra a festa de Santo Inácio de Loyola . Em memória dessa significativa data, reproduzimos a seguir um comentário de Plinio Corrêa de Oliveira (em conferência proferida em 30- 7-66) sobre o fundador dos jesuítas, em especial sobre o aspecto militar de sua obra, a Companhia de Jesus.

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"Sa nto Inácio de Loyola desejou fundar uma cava laria que se opu sesse à degradação da Cavalaria, como esta se e ncontrava e m sua época no sécul o XVI. Ele desejou a restauração da idé ia de luta pelo Rei Sagrado contra o herege, seu adversári o. Era a volta da sacra li zação da Cavalari a. Essa fo i a idé ia de Santo Inác io: uma arg ui sublimação da Cava lari a. Por isso e le concebeu sua ordem reli g iosa em termos militares. Ou seja, uma Companhia (que naq uele tempo queria di zer exército), um exérc ito de Jes us, no qual o chefe era um general - o Gera l, que manda em tudo e opera como um genera l, com uma hierarquia militar e com um a obed iênc ia militar. O estilo de ação de seu aposto lado era militante, combativo e guerreiro. Daí vermos que a Companlúa de Jesus fo i muito g uerre ira e muito guerreada , e viveu como uma verdadeira Ordem de Cava laria". •

ATOU

I MO

llulho de 201 O Nº 715

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Excmnos

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CAR'l'A oo Dnmnm.

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PÁGINA MAmANA

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L1•Tl'URA EsrmnuA1,

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CommsroNDtNCIA

AuxíHo dos Cristãos (Austrália) Por que estudar a ReHgião? - XIII

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PAI ,AVRA DO SA<:rm.DOTE

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REAl,IDAnr◄: CONCISAMENTE

Safra agropecuária e segurança nacional

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NACIONAi,

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INTERNACIONAJ,

20

ENTm-:v1s·m

24 Po,~

China: péssimas condições-de trabalho

Venezuela e a medicina cubana

Desmentindo o "aquecimento global"

OlJR NossA SJ<:NIIORA CmmA?

Venezuela "cubanizada"

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D1-:s·11wt 11,:

26

CAPA

38

VmAs D..: SANTOS

Há meio século nascia a TFP São Boaventura

41 VA1mmAD1•:s Mensagem de Fátima 42 EJ>1sórnos ll1sTú1ucos A conversão de Clóvis 46

SANTOS E Ft-:S'IJ\S

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oo Mf.:s

CoNTRA-R1,:vm,t1c:10NÁmA

52 Al\mnw1·Es, CosnJM1~s, C1v11,1zAçõ1,:s Horto das Oliveiras - lugm' sagrado

Julho2010 -


Caro leitor,

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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

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Um amigo disse- me que recentemente foi abordado por uma autoridade num restaurante, a qual , após re-{j rir-se às ameaças que atualmente espreitavam nosso País, desabafou: "Se no Brasil ainda existe Estado de Direito, nós o devemos à Tradição, Família e Propriedade. Parabéns!". Mesmo depois de receber a explicação de praxe, de que, por decisão judicial ai nda pendente de recurso n uperior Tribunal de Justiça, a direção da TFP enco ntra-se atua lme nte na mãos de di ssidentes, a mencio nada autoridade repetiu o dito, desta vez para ser ouvido pelos circunstantes. O que importa ressaltar é que tal repercus ão - como tantas outras que freqüe ntemente nos chegam de várias regiõe cio Brasi l - atesta o quanto a obra fundada há meio século por Plinio Corrêa de Oliveira, coadjuvado por alguns colaboradores, calou fundo na alma cios brasileiros, que vêem nela o reflexo ele quanto eles almejam. Para ilustrar a gênese dessa verdadeira gesta que tem sido a atuação da TFP, Catolicismo reproduz como matéria de capa desta edição - a propósito do cinqi.ientenário da fundação da TFP em 26 de julho de 1960 artigos escritos pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para a "Folha de S. Paulo", nos quais ele próprio a descreve em pormenores, com eloqüência e erudi ção. Por uma ação misteriosa da graça, a imagem dessa entidade continua a influenciar profundamente os corações brasileiros, fazendo-o admirar os "ideais que nunca morreram" naqueles que por ua co rência c conduta invariáveis nunca esmoreceram na defesa da tri logia Tra li ão, Família e Propriedade. Nesta edição, estamos também esta.be l c nclo nova seção intitulada Episódios Históricos, que apr sentará bimes tralm nt' htos relevantes da História Universal. Alicerçada m r n macios historiadores, terá como principal objetivo contribuir para o enri JU cim 'nto ultural de no sos diletos leitores. A todo , desejo um a b a leitura.

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E m Jesus e Mari a,

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .

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Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos, padroeira da Austrália C omemorada no dia 24 de maio, a festividade foi introduzida organicamente naquele país da Oceania, o continente mais novo do mundo

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n VAL01s GR1N sr E1Ns

catolicismo.com. br

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em sempre a padroeira de um país resulta de uma aparição de Nossa Senhora. Muitos países de fato devem a uma aparição a escolha da sua pa-

droeira - Guadalupe, El Quinche, Coromoto, etc - e se poderia ter a impressão de que é sempre assim. Mesmo o patrocínio de Nossa Senhora Aparecida se deve a uma aparição, não da Virge m Santíssima em pessoa, mas de sua imagem. Há também países onde houve aparições, mas a padroeira é outra. Portugal é o caso mais notório, pois a terra onde apareceu Nossa Senhora de Fátima tem como padroeira Nossa Senhora da Conceição de Vila Vi çosa. Outro exemplo é a França, que teve ao longo da Hi stória aparições importantes de Nossa Senhora - como La Salette e Lourdes, entre muitas outras - mas o Papa Pio XI proclamou Nossa Senhora da Assunção

como padroeira principal. Isto se deve a que a escolha da padroeira depende também das circun stâncias hi stóricas especiais de cada país. A padroeira da Austrália, Nossa Senhora Auxíl io dos Cristãos, pareceria não ter nenhuma relação com esse país. De fato , em J 57 J a esquadra católica venceu os turco na batalha de Lepanto, e o Papa São Pio V mandou incluir na Ladainha Lauretana a invocação Auxílio dos Cristãos. Mas nessa época a Austrália era completamente desconhecida dos cri stãos europe us. Somente e m 1606 um navegante holandês parou poucos dias na zona norte do país, e depois segui u seu ca minho. De onde e ntão vem o fato de JULH02010-


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Nossa Senhora ter sido escolhida como padroeira sob essa invocação?

Um pouco de história Na Inglaterra existia uma velha prática de depmtar os presos para as colônias. Havia muitos tenitórios para povoar, e os presos, além de trabalhar nesses locais, depois de liberados costumavam aí permanecer. Habitualmente eram enviados para os Estados Unidos, que na época era a colônia mais próxima. Quando a Inglaterra reconheceu a independência dos Estados Unidos, em 1783, teve que pensar em outro local para onde enviar os prisioneiros. Foi assim que surgiu a idéia de enviá-los para a Austrália, e já em 1788 ali chegava o primeiro grupo deles. Ainda hoje, com tanta facilidade de transpmte aéreo, a Austrália é um lugar "muito distante" para se ir morar. Podemos então imaginar o que isso representava naquela época, em que a viagem a paitir de Londres levava uns seis meses, caso as tormentas, os ciclones ou os piratas não impedissem os emigrantes de atingir aq uele remoto território ... Quando se menciona que prisioneiros eram enviados para lá, imediatamente pensamos em bandidos sanguinários, dos quais a Inglaterra queria se ver livre. Mas não era bem assim. Naquela época os católicos, especialmente irlandeses, que se opunham às arbitrariedades dos protestantes, eram com muitíssima faci lidade condenados ao desterro. Em 1798 houve na Irlanda uma rebelião contra o domínio dos protestantes ingleses. Por isso, muitos irlandeses foram encaminhados à Austrália. As rebe liões irlandesas apresentavam sempre um fundo relig ioso de luta de católicos contra protestantes, e as autoridades austra lianas exe rci am uma vi gilânci a espec ial para evitar manifestações católi cas, que costumavam ter uma nota de oposição ao Estado. Em vista disso não hav ia ini cialm e nte sacerdo tes na Austrália; e mes mo depoi s de alg un s deles terem sido enviados para lá " por cumplicidade" na rebelião, não podiam exercer publi came nte seu mini stério. Foi some nte e m 1820 que oficialmente se pôde começar a celebrar o culto católico CATOLICISMO

de forma regular e pública no país. Em todos os anos anteriores, os católicos na Austrália se ma ntiveram fié is graças à recitação do Rosário, oração em q ue também pediam a No sa Senhora que, de alguma forma, os libertasse.

maio, a festa de Nossa Senhora Au xfli dos Cristãos. Os ingleses, que hav iam esta.d nlre os principais inimigos ele Napoleão, fi zeram na Au strália muita propaga nda los malefícios praticados pelo déspota cm ·ua perseguição contra o Papa. Assim os católi cos, que acompanhavam os acontecimentos, tomaram conhec imento da libertação do Sumo Pontífice. A nova festa instituída tinha para a pequena comunidade católica australi ana um simbolismo muito tocante. Por isso, passou a ser por ela especialmcnt celebrada. Não é estranhável, p rtanto, que em J 844, quando se pôde r unir a primeira assembléia de bispos ·a t li os, sco lhe ·e m e les N ssa cnhora /\uxfli do Cri tãos com pad r eira d país, pois a invocação já era c lebrada anteriormente.

lgrn/a, guan/1 , <la Ol'ganJcJ<la<fo

Catedral de Santa Maria, e m Sidney. N e la se encontra a padroeira da Austrólla.

A vinculação deles co m a invo ·aç:o de Nossa Senhora Auxílio cios ri stH)S encontra então seu iníci . Pois no ·0 111 , _ ço do século XIX o Papa Pio VII torno use prisioneiro do revolucionári imperador Napoleão 1. Já o Papa anterior, Pi VI , havia fa lec ido pri si nc iro d Bonaparte, e podia-se sup r qu o nov Pontífice també m vies e a m rrcr s 111 alcançar a liberdade. Afina l, depo is de seis anos, as derrota militares forçaram o corso a conceder liberd ade ao Papa, tendo Pio VII voltado para Roma, entrando na cidade no dia 24 de mai o de 18 14 . Quando ainda pri sioneiro, ele tinha fei to a promessa de, se libertado, in taurar urna festa em honra de No a Senhora. E decidiu então que fosse celebrada em toda a Igreja, exatame nte no di a 24 de

A hi st ri n d 'como fo i e colhida a padroeira da Austrália fac il ita compreender o spfrit o da Igrej a no relacionamento ·0111 s 'LI S filhos. Mal acostumados •stamos hoje cm dia com a pra x d · 1 0v ' rnant s imporem seus c n · ' itos • pr ·conceitos de forma totalm ' 111 • mbitrc1·ia s bre a maioria das pop11l uç( 'S, mu itas vezes completam ·11t ' div rsos cio que elas desejam. •sp rito du l >re:ja é b m diferente de tal m ' nt a lidnd '. É possível que os bispos auslraliunos pr rerissem ter como padroeira a 111 ' Sma la Inglaterra, para manifestar sua li 1 uç o com a mãe-pátria; também, sendo o princ ipal deles um beneditino, talvez eles pr f' ris"em escolher uma devoção mariana vinculada àquela ordem. Ao invés disso, os prelados simplesmente se conformaram 111 seguLr a devoção que já havia deitado raízes no povo católico, pelos fatos acima narrados. Nada havendo contra a fé e a moral, os pastores da Igreja aceitai·am aquilo que os fiéis preferiram, pois discerniram ni sto um sinal da Divina Providência. E assim, católicos austra li anos continuam hoje cultuando Nossa Senhora sob a invocação que lhes recorda os difíceis tempos em que deviam perseverar sozinhos à espera do auxílio divino. • E-mail do autor: valdisi.:rinsteins@catolicismo.com.br

Por que estudar a Religião? -

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N a edição anterior (maio/2010), nesta mesma seção o autor* 1nostrou a superioridade da Religião fundada por Jesus Cristo, e agora prossegue enumerando as razões que nos levam ao catolicismo omos e permaneceremos católicos, porque o catolicismo se impõe à nossa razão pelo encadeamento de cinco verdades irrefutáveis:

1 - Todo homem razoável deve crer em Deus, Criador do mundo. 2 - Todo homem razoável deve crer na imortalidade da alma, destinada a glorificar a seu Criador. 3 - Todo homem que crê em Deus e na imortalidade da alma deve praticar a Religião ex igida e imposta por Deus.

4 -A Religião imposta por Deus é a Religião cristã. Logo, todo homem que crê em Deus deve ser cristão . 5 - A Religião cristã só se encontra na Igrej a Católica. Logo, todo cristão deve ser católico. Por conseguinte, todo homem razoável deve ser católico. Nosso Senhor Jesus Cristo veio à Terra para salvar todos os home ns de todos os tempos e de todos os países. Não qui s permanecer na Terra de maneira visível, mas por outro lado era necessário que sua

Religião se conservasse e se propagasse por todos os povos, através dos séculos, até o fim cio mundo. Que meio escolheu para conservar, propagar e fazer praticar sua Religião? A Igreja. Esta é a sociedade reiigiosa estabelecida por Jesus Cristo para conduzir os homens à salvação eterna, mediante a prática da Religião católica. • * Tradução de trecho s do li vro La Relig i6 11 Demostrada, do Padre P.A . Hillai re, Editori al Difu sión, Buenos A ires, 8" ed ição, 1956, pp.

524 e ss.

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PNDH-3: perseguição à Igreja [21 Parabéns pel as publicações que a

revi sta Catolicismo faz. Não podemos deixar que a Igreja seja destruída. Agradeço-lhes por nos transmitir a fé e a esperança e m Cristo nosso Salvador. Muitos brasileiros in satisfe itos acreditaram no governo atual. E is no que deu: está aí às nossas portas uma " nova re li gião" se m D e us . Esse PNDH-3 é uma ameaça grave para a fa míli as cristãs do País. (A.C. - SP)

Co11seqiiê11clas do PNDll-3 No início deste mês ljunho l, tão especial à piedade católica, pois celebramos a Festa do Sagrado Coração de Jesus, escrevo-lhe a fim de parabenizálo e a toda a equipe de Catolicismo pelos relevantes serviços prestados à causa da civilização cristã, e para pedir-lhe a a uto ri zação para repro du zir num livreto, de autoria deste irmão que lhe escreve, a matéria "Vigorosa campanha do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira " (Catolicismo nº 713, pp. 46-49, pois bem expõe as conseqüências do malévolo PNDH-3 para o Brasil. (F.V.L. -

SP)

Programa infame Ve nh o por meio des ta mi ss iv a manifestar meu contentamento com a

-CATOLICISMO

matéria que acabei de ler. Dela tomei conhecimento através da revista Catolicismo . Trata de texto que fala do perigo que está às po1tas de acontecer, se todos nós, povo brasileiro, não no mobilizarmos o mais rápido que pudermos. Podemos e teremos que buscar meios para que esse conhecimento chegue ao alcance dos demais cidadãos brasileiros das mai s diversas formas. Sabemos que vivemos em um País onde nem todas as pessoas buscam o conhecimento do que realmente de grave acontece no País. Precisamos mostrar o que está desapercebido, através de reuniões em associações de bairros, movimentos de igrejas, pastorai s comunitárias entre outros movimentos. É certo que encontraremos muito s empecilhos, poi s muitos desinformados, mal informados, defendem a idéia decadente desse Programa Nacional de Direitos Humanos. Uma infâmia que desejam transformar em lei. Mas não tenhamos medo, Deus mesmo vai à nossa frente e nos dará a vitória que já é d 'Ele mesmo. Vamo agir como instrumento. útei nas mãos d 'Ele para o bem de todos. (E.T.S. -

RJ)

Silêncio <los bons Feita a leitura do arti go, fica a con stata çã do q ua nto prec isamos nos informar sobre os acontecimentos, as razões pelas quai s chegamos a este estado de coisas na soc iedade, na Igreja e na família. Pois be m: não desanimemos, porque a verdade nos liberta. Mas por que a força do mal parece mai s forte que a do bem? Por que o silêncio dos que acreditam no Bem? Respondam-me, por favor. (M.O. -SP)

Estrondo publicitário [21 No dia 12 de maio, o deputado

federal Lael Va.rell a (DEM-MG) pronunciou um discurso, fund amentad em matéria publicada na revista Catolicismo (edi ção de maio/20 1O: Ignóbil estrondo publicitário ·011/ro a Igreja Católica), que ora e nvi o-Ih ·s pedindo a possível tra nsc ri ção · 111

suas páginas, assim como o fo i nos Anais do Congresso. (B.M. -

DF)

Trechos do referido discurso: "O Brasil cri stão é a maior nação católica da Terra e, portanto, não pode ficar indiferente à ca mpanha de desmorali zação do Papado e ela Igreja Católica, Apostólica, Romana. Com efeito, ambas as instituições vêm sendo alvo de fogo cerrado por pa.ite de seus inimigos de sempre, vítimas de uma ofensiva que, exceção feita às perseguições cruentas sofridas pelos primeiros cristãos, só encontra precedente nos ataques revolucionários enfrentados por Pio IX na segunda metade do século XIX, por oca ·ião da invasão dos Estados Pontifícios. Circulam notícias de que se pen sa indiciar Bento X VI em um tribunal norte-a meri ca no. Ta mbé m de que na Inglaterra - que o Sumo Pontífi ce deverá visitar proximame nte 1uer m s ubmetê-lo a um processo segundo leis civi s, nega ndo-lhe sua imunid ade como Chefe ele stado soberano para requere r ua cl tenção. Ontem como hoj , o ini mi go parece ser o me mo, ap nas m outro pretexto. O grito d u rra que os arre mete no mom 111 0 u máx ima ele cunho anarquista: proib ido proibir, paroxi smo do p ·nsamento revolucionário. como a p •rmissividade total é o a u , ti o lib erali s mo mai s sanhudo, ·ompr ' ·nele-se que a atual ofensiva ·on1r11 tt Cátedra de Pedro tenda a s' lorn ar ainda mais virulenta qu · u ti o scculo XIX, podendo transl"or111 ur-sc numa das maiores da hi sl riu du as vezes milenar da Igreja fund ml:i por Jes us Cristo. Enqu anto bras ileiros e católicos, pr ·isumos cerrar fileiras em torno da 1,r •j u • do Papado. Não é outro o sentid o du carta que o Instituto Plinio 'orr8o de Oliveira - cujo inesquet' v I patrono fo i devoto incondi ciotlil l · entus ias mado de uma e d outrn enviou a Sua Santidade o Papa U ·n to XVI.

A revista Catolicismo , e m sua edição de maio, além de reproduzi-la integralme nte, convida todos os católicos a se assoc iarem a ela. Sr. Presidente, ao pedir o registro do referido documento nos Anais desta Casa, julgo estar desagravando ao mes mo tem po a Deus e aos brasileiros, faze ndo eco ao oportuno e importante brado de inconfo rmidade às ofensas cometidas contra o Criador e contra a Nação brasileira. Ademais, tal brado, disso estou convicto, é o brado de nosso povo. A propósito do abuso sex ual de crianças, praticado por certo número de sacerdotes e religiosos indignos, os promotores do virulento estrondo publicitário vêm empregando métodos inomináveis de propaganda revolucionári a, como trazer à tona fatos a ntigo s e ma rtel ar notíc ias já publicadas ante riormente, para manter o te ma nos holofotes da mídi a, além de lançar acusações baseadas em ampliações descabidas e s implificações estatísticas . Exemplo s ig nific a tivo d essa distorções propositadas é o que ocorre na Alemanha, onde ex istem 210 mil denúncias de abusos sex uais havidos desde 1995. Destas, 94 estavam vinculadas a padres, portanto 0,044% do total. E as de mais denúncias, que represe ntam 99 ,956 % do total ? O exemplo torna patente o caráter seletivo e anticatólico dessa difu são do escândalo. Sr. Presidente, quero cumprimentar a revista Catolicismo que, fiel à tradição de empenhadan1ente defender a Santa Igreja e a civilização cristã no Brasil - legado de seu inspirador, o pensador e líder católico Plínio Corrêa de Oliveira - atinge seus mais eleva.dos objetivos ao publicar esse importantíssimo documento, que vem a seguir". [transcreve o documento].

Coisas do nosso Brasil [21 Acuso o recebimento do exemplar

de Catolicismo em meu novo endereço. Agradeço-lhes muito o envio. Talvez por causa da distância do Maranhão,

os meus exemplares sempre costumam demorar, e desta vez pensei que não viesse mai s, pois a demora foi além da costumeira. Coisas do nosso Brasi1!Até o correio, antes excelente em seus serviços, está cada di a mai s fa lha ndo . Peço-lhes desculpa se já enviaram um outro exemplar, pois faz poucos dias enviei-lhes um e-mail dizendo que ainda não havia recebido a edição de abril. Agradeço-lhes a publicação de meu email anterior na sessão "Correspondênci a" da revista, e renovo meus parabéns a toda a excelente equipe de Catolicismo. Com meus melhores cumprimentos e minhas orações. (J.D.R.F. -

MA)

Sinais maravilhosos [21 Real mente, falta em nós este espírito sobrenatural, pois nos acomodamos no presente e não damos chance de conhecer como foi m::u-avilhoso o passado, e como o dedinho de Deus faz maravilhas em projetar nos homens de fé esta beleza enviada pelos anjos. (E.L.C. -

MG)

Mensagens marianas [21 E u, como católica, acredito muito em todas as mensagens que todos os dias eu estou lendo. Porque tudo que Nossa Senhora está fazendo é para nos alertar quanto aos problemas que estão acontecendo no mundo. Infe lizmente, muitas pessoas acham que tudo é mentira. M as, que podemos faze r? Quando e las acordare m pma a realidade, poderá ser muito tarde. Cada um tem que buscar sua salvação individual, por isso quero receber sempre mensagens de vocês. (V.S.S. -

SP)

Pela salvação do mundo [21 "Eis que está próximo o fim dos tempos". Quantas vezes vamos à igreja assistir à Santa Missa e ouvimos esta tão pequena e ao mesmo tempo tão fo1te frase dos Evangelhos. Eis que, depois da m01te de Irmã Lúcia, toda a humanidade deve permanecer atenta com as próprias ações; e nós, católicos, filhos diletos de Maria, anunciar o nome de

DEUS a todos os continentes. Se nós, mensageiros do PAI, não fizermos a nossa paite, nada adianta.i·á fazer, a não ser rezai· pela salvação de toda a humanidade. Temo por aquilo que pode acontecer; mas, como disse Nossa Senhora: "Apenas aqueles que forem justos serão salvos". Não sei como estou aos olhos de DEUS, mas mesmo assim devemos rezai· incessantemente pai·a a salvação do mundo. (M.D.S. -

MG)

União com Deus [21 Peço-lhes o grande favor de me informai· a melhor maneira de pagar minha assinatura da revista Catolicismo. A revista é uma forma de nos ligai·mo a Deus, e nos faz quase tanta falta como a missa e as várias orações diárias. (J.F.O. -

Portugal)

Restauração cat6lica [21 Estive navegando pelo site e aproveitando muito os a.itigos ali publicados. É urgente a restauração de uma sociedade verdadeirai11ente católica, com seus valores, costumes e leis. Penso que o apostolado da revi sta Catolicismo também trabalha para isto, e por isso merece nosso apoio. Gostaria pois de receber em casa a revista mensal, por isso desejo fazer a assinatura. (R.M. -SP)

Desagregação atual [21 Amigos, estive vendo as edições anteriores da Catolicismo. Na edição do mês de janeiro de 1991 , aitigo que se intitula As crises do mundo moderno jimdem-se numa só: a crise do homem, a.firma que a desagregação é tão pronunciada que se pode supor não estai· longe o momento da Providência. Parece que o a.itigo foi escrito nos dias de hoje, muito atual o assunto. Que a paz de JESUS reine em vossos corações! (R.T. -

AO)

Cartas, fax ou e-mails: · enviar aos enderecjos que figuram na página 4 desta edição.

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11 Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - Estou com medo de tudo isso que vai acontecer! A profecia de Fátima fala em castigos do Céu. É verdade que terei que ficar dentro de casa quando tudo estiver acontecendo? Não poderei sair lá fora quando Jesus estiver castigando as pessoas?

Resposta - Que a humanidade está afastada de Deus e provocando a cólera divina com toda espécie de maus costumes, vícios e pecados, qualquer pessoa na qual reste um pouco de senso de moralidade e religiosidade o percebe. Alguns, movidos pela graça que atua em seus corações, dão um passo adiante e concluem que tudo isso clama por uma intervenção extraordinária da Providência para restaurar todas as coisas segundo os princípios do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Uma intervenção extraordinári a da Prov idência Divina se faz muitas vezes por meio de um castigo, e no caso do mundo moderno várias profecias o anunciam, em parti cular as de Nossa Se nhora em Fátima. É claro que se trata de profecias partic ul ares , que não obrigam à fé. Fátima, poré m, recebeu da Igrej a todas as aprovações possíveis, e seria temerário negá-la. Segundo o modo de proceder habitual da Providência, e sa profecias são condicionadas à correspondência dos homens. Isto é, se os homens se arrependerem de seus pecados e fizere m penitê nc ia, afastarão de si o castigo. Do contrári o, ele desabará sobre a humanidade pecadora. A missivi sta se manifesta CATOLICISMO

assustada com tal perspectiva e pede esc la rec imentos sobre como proceder nas circunstâncias concretas em que se der o casti go.

A glól'ia de Deus acima de todas as coisas A primeira consideração a fazer é que devemos colocar a glória de Deus acima de todas as coisas. É claro que o instinto de conservação, que o próprio Deus co locou e m nós, leva-nos a querer salvar a própria vida. Mas o homem deve compreender que, se houve castigo, ele foi necessário para dar glória a Deus, e assim fazendo, conquistar a felicidade eterna no Céu. É esse pensamento que levava os mártires dos primórdios do Cristianismo a entregare m a própria vida para permanecerem fiéis. E assim procederam os mártires de todas as épocas da Igreja. Ora, a profeci a de Fátima anuncia uma nova era de perseguição em nossos dias, declara ndo textu alme nte qu e "os bons serão martirizados" (cfr. seg und o seg redo). Na nossa ingenuidade e fa lsa segura nça, poderíamos pe nsar que esse martírio se dari a somente entre os povos pagãos. O martírio seria, pois, para os outros .. . Cegueira total de nossa parte! Não estamos vendo serem descri sti ani zadas aceleradamente as nossas nações, que outrora eram de fato cri stãs? Faz tempo que o laicismo de Estado vem sendo preconizado, e já querem nos tirar até o direito de falarmos como cri ·tãos ... O que é o Plano Nacional de Direitos Humanos, que o governo brasileiro quer implantar, senão uma "overdose de prece itos anticristãos", co mo a rev ista Catolicismo

anunciou corajosamente no artigo de capa da edição de junho? A perspectiva do mrutúio não é só para os cri stãos chineses que ainda vivem num regime comunista, mas é pru·a nós mesmos, que vivemo no excristianíssimo Brasil. Prepru·emo-nos ... É claro que ainda nos resta um pedaço de chão para lutar, dentro dos marco legais de um Estado de direito ainda não inteiramente abolid o. Façam o- lo co m tod o o e mpenho, enquanto ainda nos resta esse pedaço de chão !

Como se desencadeal'á o castigo prnvisto? Como em geral nas profecias, a de Fátima não fornece detalhes porme norizados do castigo que se desencaderu·á (se os homens não fizerem a penitência devida, é sempre bom lembrar). Sabemos que "a Rússia espalhará seus erros pelo mundo " (segundo segredo), ma muitos pensaram que depois do colapso do comunismo esse perigo havi a passado. Hoj e ve mos que o comuni smo se esg ueira ass ustadora me nte em vários países do mundo, inclu sive em nossa América Latin a . Ora, o comuni s mo tra nsform ou o laic ismo de Estado em ateísmo de Estado. Só que, enquanto a palavra ateísmo ainda a susta um pouco, a palavra laicismo passa des p e rceb id a. Mas o laici mo, levado à ua. últimas con. eqüê nc ias, desemboca no ateísmo. D ia nte de e pa norama carregado de densas nu vens, pode er que se confi gure m os ce nários que a missivista coloca em sua pergun ta, e dos quais falam algumas profecias, aliás nem sempre autenti-

cadas pela Igreja: não sair de casa e não se envolver e m conflitos de rua "quando Jesus estiver castigando as pessoas", como ela se exprime . É lícito tomar tais cautelas, se melh a ntes às qu e Jes u Cristo mes mo anun ciou no E v ange lh o de São M ate us (cap. 24, vv. 15-2 1): "Quando, pois, virdes a abominação da deso lação, que fo i predita pelo profeta Daniel, posta no lugar santo - o que ler entenda - então os que se acham na Judéia fuj am para os montes; e o que se acha sobre o telhado, não desça para tomar coisa alguma de sua casa; e o que está no campo não volte a tomar a túnica. [. .. ] Porque então será g rande a t rib ulação, como nunca foi desde o princípio do mundo até agora, nem jamais será ".

Castigos vividos na al egl'ia do tl'iunfo que viní Segundo os intérpretes da Sagrada Escritura, as profeci as de Nosso Senhor sobre o fi m do mundo se superpõe m às diversas viciss itudes pelas quai passará a Igreja e a humani dade ao longo dos séculos. É lícito, portanto, aplicála às viciss itudes e m que se e ncontra a huma nid ade de nossos d ias, às qu ais porão fim os acontecimentos previstos em Fátima. Leiamos o que di z São Lucas no capítulo 21 , vv. 28-33 de seu Evangelho: " Quando co meça rem , pois, a cumprir-se estas coisas, olhai e levantai as vossas cabeças, porque está próxima a vossa redenção. Ediss e- lhes esta compara ção : Vede a fig ueira e todas as árvo res. Quando começam a

desabrochar, conheceis que está perto o estio. Assim também, quando virdes que acontecem estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus. Em verdade vos digo que não passará esta geração, sem que todas estas coisas se cumpram. Passará o Céu e a Terra, mas as minhas palavras não passarão " . É com palavras análogas que termina o segundo Segredo de Fátima: "Porfim, o meu Imaculado Coração triunfará". Palavras estas que, interpretadas à luz da visão profética de São Luís Maria Grignion de Montfort, indicam o início de uma nova era para a Igreja e a humanidade, marcada por um domínio especialíssimo do Imaculado Coração de Maria sobre as almas, que o mesmo santo denomina Reino de Maria : " Ut adveniat Regnum tuum, adveniat Regnum Mariae" (Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, nº 217) . Portanto , os castigos devem ser vividos na alegria do triunfo que virá. Em sua recente visita a Portugal, o Papa Bento XVI augurou: "Possam os sete anos que nos separam do centenário das aparições apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade" . Por isso, à nossa missivista dirigimos estas p alavras de alento: Tende confiança na Virgem, pois a Ela se podem aplicar as palavras do salmista: "Muitos são os flagelos dopecador, aquele porém que espera em Nossa Senhora será cercado de misericórdia" (Cfr. Salmo 31 , 10). •

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E-mail do autor: monsenhorjoseJuiz@catoJicismo,com.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE

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Extermínio de católicos na Coréia do Norte

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urante a guerra da Coréia (1950-1953) os comunistas massacraram missionários, religiosos e simples fiéis [foto]; e o delegado apostólico, Mons. Patrick James Byrne, foi internado num campo de concentração, onde faleceu. Ninguém conhece o destino dos bispos católicos da Coréia do Norte. O Anuário Pontifício considera-os como "dispersos". Para o regime comunista, são "desconhecidos". Desde os anos 80, funcionário algum fornece qualquer informação sobre eles. Nos anos 50, 30% dos habitantes da capital Pyongyang professavam a fé católica; no resto do país, os católicos eram apena. 1% da população. Oficialmente, não há atualmente nem clero nem culto. Se fiéis forem descobertos durante a celebração de uma Missa, podem ser presos, torturados e condenados à pena capital. Na Coréia do Sul, num regime de liberdade, os católicos já superaram 10% da população. •

Moral deformada em aulas de religião na Espanha

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ados da Fundação Santa Maria apontam que 45% dos jovens que assistem a aulas de Religião católica nas escolas espanholas (72% dos alunos espanhóis) consideram o aborto justificado, e 26% o julgam "indiferente" . Quase a metade defende a eutanásia, e apenas 21 % a rejeitam. "A homossexualidade não tem problema" para 60%, e só 20% pensam o contrário. As espantosas cifras não surpreenderam os especialistas que há décadas acompanham a deformação progressista do ensino da moral católica em livros e cursos catequéticos, muitos deles aprovados pelas respectivas dioceses. •

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Utopia aproxima economia européia do abismo crise econômica européia abala o mundo todo. Enquanto a Grécia beira a falência, a Hungria admitiu encontrar-se em situação análoga, tendo o seu anterior governo socialista falsificado os números da economia nacional. Espanha, Portugal, Irlanda, Itália - seguidas a certa distância pela Grã-Bretanha - também têm enormes desequil fbrios orçamentários e fortíssimos endividamentos estatais e privados. Vozes prudentes propuseram que saíssem da área do euro os países em crise, como doentes que são hospitalizados. Porém a França resistiu à proposta para defender a utopia de uma Europa unida, germe de uma futura República Universal. Em governos do Velho Mundo, essa utopia empurra a economia para crises e desabamentos até agora inimagináveis. •

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Bispo da Tur9uia assassinado segundo ritual corânico presidente da onferência Episc pai Turca, Dom Luigi Padovese [foto], :foi apunhalado em sua casa e depois degolado por eu motori ta muçulmano. Os vizinhos testemunharam o sacrílego crime e ouviram os pedidos de ajuda do prelado, como também o brado do fanático homicida, que declarou agir "por revelação divina": "Matei o grande satanás! Alá é grande!". O homicídio teve as características de um "sacrifício ritual contra o mal" , ensinado pelo Corão para matar porcos e eliminar cristãos. As tentativas do governo turco e da diplomacia vaticana para esvaziar o delito de conteúdo religioso não convenceram. O fundamentalistas islâmicos desejam de fato a extinção radical do cristianismo. •

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Jovens impedem homossexuais de profanar catedral 120 militantes homossexuais, cantando a Internacional (hino comunista), bradando slogans anarquistas e blasfêmias, pretendiam manifestarse em frente à catedral de Lyon (França) por meio de um ato de provocação denominado "kiss-in". A ofensa aos católicos e ao povo de Lyon fazia parte do "Dia mundial contra a homofobia". No entanto, uma centena de jovens católicos ocupou previamente a praça da catedral, rezando o terço e bradando: "Basta de catolicofobia! Saint-Jean [a catedral] é nossa!" . A polícia de choque protegia os homossexuais, enquanto os jovens católicos ajoelharam-se e rezaram o terço para não serem expulsos [foto]. Resistiram aos gases e espancamentos, e três horas depois, quando os extremistas do "kiss do ódio anticristão" tinham desaparecido das redondezas, deixaram a praça após uma e plêndida vitória moral. •

CATOLICISMO

Anulação de sentença contra crucifixos nas escolas

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Grande atração: festas medievais na França

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egundo a "Livraria da Folha" (2-6-10), a França abriu a temporada das festas medievais, onde se revivem os mercados europeus da "Idade da Fé". Em Provins [foto], a Idade Média marcou as fachadas das casas, praças, prédios públicos, ruas e a muralha que cerca a cidade. Nos dias de festa, têm inspiração medieval as roupas, penteados, utensílios; e carroças com cavalos em trote desfilam sobre as pedras do calçamento tipicamente medieval. Para o jornal, "perder-se em meio a esse mundo desconhecido é altamente recomendável". No caos contemporâneo, inúmeros viajantes procuram uma luz ordenativa, fascinados por manifestações de uma era em que "a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam todas as categorias e todas as relações da sociedade civil", segundo o ensinamento do Papa Leão XIII. •

Ilhas do Pacífico desmentem alarmismo climático

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?s últimos ~nos, o_ecologismo c~tastrofista insisti~ em que algumas ilhas da M1cronésia desaparecenam do mapa devido à elevação do nível do mar, causada pelo "aquecimento global". No entanto, estudo publicado na revista "Global and Planetary Change" sobre 27 ilhas de Tuvalu, Kiribati [foto] e daMicronésia aponta que elas estão crescendo, e não afundando como se dizia. As ilhas sobem de nível como conseqüência do acúmulo de corais e sedimentos. Arthur Webb, da South Pacific Applied Geoscience Commission, explicou: "Os atóis são compostos de material que foi vivo, então temos um crescimento contínuo". Outras ilhas acumulam sedimentos marítimos que as fazem crescer. O furacão Bebe, que atingiu Tuvalu em 1972, depositou 140 hectares de detritos na ilha principal, aumentando sua área em 10%. •

ez países integrantes do Conselho da Europa solidarizaram-se com a Itália - país que fora condenado a retirar crucifixos das salas de aula e prédios públicos - e se declararam parte no processo, ao lado do governo italiano. 37 professores de Direito desses 11 países pediram ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos a anulação dessa decisão. Se prevalecer o absurdo critério desse Tribunal, seriam atingidas bandeiras nacionais como as da Suíça, Inglaterra e países escandinavos, que ostentam a cruz. Eric Rassbach, diretor nacional de litígios do Fundo Becket para a Liberdade Religiosa, explicou que "em vez de anunciar uma cruzada contra a religião, a Corte deveria procurar que religião e governo ajam em diálogo harmonioso".

Prelado lembra o inferno para diminuir escândalos morais

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ons. Charles Scicluna, promotor da Congregação para a Doutrina da Fé, disse ser melhor morrer do que abusar de crianças, porque '~ perdição eterna será mais terrível". Falando para seminaristas romanos, lembrou o ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Quem escandalizar um destes pequeninos que acreditam em mim, melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho ao pescoço e ser lançado ao fundo do mar'' (Mt 18, 6). A meditação sobre o inferno foi recomendada por Nosso Senhor para evitar a condenação eterna, porém uma falsa visão da Religião empenha-se em omiti-la. Chega a pregar que o inferno não existe; ou então, se existe, está vazio . Os péssimos resultados dessa omissão sistemática tornaram-se patentes na esfera eclesiástica e na sociedade civil.

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Agronegócio e o lado errado do binóculo

res do campo, têm seu lugar o comércio, a indústria e os serviços. Os 38 milhões de empregos do campo, somados aos 4 milhões de proprietários, constituem um universo de 42 milhões de brasileiros produzindo, comprando e vendendo através da rede comercial, que por sua vez faz girar toda a roda da economia, além de aportar divisas. Nossa defesa da propriedade privada e de seu corolário, a livre iniciativa, encontra um eco dentro desse contexto em que o homem tira de si e da natureza tudo de que precisa para viver. Como ser inteligente, ele procura prover-se para o futuro incerto, pois quanto mais estiver ancorado em terra firme, mais segurança terá para levar a cabo seus empreendimentos.

As cifras do agronegócio no Brasil são robustas. Apesar de entraves burocráticos e dificuldades de toda ordem, ano a ano os recordes de produção são superados. Contrariamente aos interesses nacionais, vêm sendo favorecidos certos movimentos ditos sociais, que continuam ameaçando e podem pôr tudo a perder m HÉuo

BRAMBILLA

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e numa cidade de 300_mil habitantes o MST conseguisse arrastar 30% da população para um evento favorável à Reforma Agrária, com certeza a notícia do fato seria estampada nas primeiras páginas dos nossos grandes periódicos, e até mesmo no exterior. De fato , um terço da população de Maringá-PR - cidade que leva o título de capital ecológica do Brasil, por ter o maior índice de arborização por habitante - acorreu pre surosa e ufana a um grande evento. Ma não e tratava de agitação esquerdista, e sim da recente exposição agropecuária, algo que fica nos antípodas do MST. E o leitor intere ado terá de procurar muito, e de ej a encontrar na imprensa alguma referência a essa grandiosa promoção do agronegócio. Essa simples comparação nos leva a considerar no mínimo muito estranho tanto destaque a ações esquálidas como as do MST, enquanto se ignoram eventos dez tão grande porte e importância como os do agronegócio. Fica-se com a impressão de que as equipes jornalísticas encarregadas de selecionar e elaborar as notícias para divulgação usam dois tipos de instrumentos óticos : uma luneta telescópica para ampliar as ações criminosas do MST, apresentando-as distorcidamente como reivindicações sociais; e um binóculo para as ações do agrone-

CATOLICISMO

gócio - mas com o binóculo usado do lado errado, resultando em imagem de tamanho reduzido ou, em muitos casos, sem sequer visualizá-la. Eis aí um novo tipo de instrumento ótico de deformação ideológica da imagem, conhecido como patrulha ideolótica, que reduz, amplia ou exclui as imagens a seu bel-prazer, e também as deforma quando seja conveniente.

Exuberantes manifestações do agronegócio Além de apresentar as menores taxas de criminalidade, Maringá exibe um dos dez maiores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País. E levou para

a sua exposição agropecuária cerca de 100 mil pessoas, no dia 10 de maio último. Como ocorre nesse tipo de eventos, houve atrações para todos os gostos e idades: parque de diversões, feira de artesanato e feira da indústria, com máquinas, equipamentos, veículos, genética de alto quilate, leilões de primeira linha e belas provas eqüestres. Feiras, exposições agropecuárias e os assim chamados agrishows refletem a pujança do nosso agronegócio. O recente show rural de Cascavel, também no Paraná, recebeu a visita de 180.000 produtores em busca de nova tecnologias, consagrandose mai uma vez ne te gênero como amaior feira da América Latina.

Agrlshows existem atualmente por todo o território nac~onal

Uma questão de segurança nacional As exposições de Campo Grande, Uberaba , Ribeirão Preto, Londrina, U muarama e Goiânia bateram recorde de público e negócios. Enquanto se desenvolvem esses eventos, o agropecuarista brasileiro prepara mais uma grande safra agrícola, fruto de seu engenho e arte.

Falsa solução para um problema inexistente Quando o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira publicou há 50 anos o livro Reforma Agrária - Questão de Consciência, denunciou a Reforma Agrária, com base na doutrina social católica e em dados estatísticos abundantes e inquestionáveis, como falsa solução para um problema inexistente. Inexistente já naquela época, pois o Brasil rural produzia comida abundante e de boa qualidade. Daí em diante desenvolveu ainda mais sua produção, e de modo tão extraordinário, que chega hoje a preocupar concorrentes tradicionais do exterior. Pari passu aos recordes que se renovam a cada ano, empecilhos surgiram no caminho de nossos dedicados agropecuaristas. O mais recente deles encontra-se no Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), uma verdadeira ameaça para o produtor rural que tiver sua propriedade invadida. A vigorar o que propõe o PNDH3, o agropecuarista não poderá recorrer diretamente ao Judiciário para obter a rein-

tegração de posse, mas terá de submeterse a uma "mediação", na qual será "priorizada a oitiva do INCRA, institutos de terras estaduais, Ministério Público e outros órgãos públicos especializados". Isso significa que terá de entrar em incômodas e desgastantes negociações com os invasores do MST, CPT, CIMI, CIR e congêneres. Em termos mais claros, os invasores e o invadido serão ouvidos em condições iguais, não se dando o devido valor à intervenção do Judiciário, e sim à do INCRA, que habitualmente tem sido o sustentáculo dos invasores de terras. O Poder Judiciário fica assim relegado a não se sabe bem que papel, pois cria-se uma mediação autônoma em relação a ele, que se torna diminuído e esvaziado de grande parte das suas funções.

Alcance de nossa agropecuária A cadeia agropecuária do Brasil, hoje rotulada de agronegócio, se inicia a partir do momento em que o agricultor coloca a semente na terra; e no caso da pecuária, quando nasce um bezerrinho. Sob o impulso da natureza, criada e assistida por Deus e secundada pela ação do homem, tal processo se desenvolve, e ao final de seu ciclo terá movimentado quase 40% da economia nacional e mantido 38 milhões de empregos. Paralelamente a esses empreendedo-

Falamos de segurança. O bom senso e a razão mostram ser imperativo tratarmos a agropecuária como uma questão de segurança nacional, caso contrário poderíamos nos transformar num país análogo a uma nação subsaariana. Segurança, no caso, significa defender e desenvolver nossas instituições, para que sejam seguras e proporcionem segurança a todos os cidadãos. Tanto mais importante essa segurança quando se considera que nosso País conquista a cada dia novas posições no ranking internacional. Seguindo o caminho trilhado por nossos maiores, o Brasil adulto vai ocupando o espaço que lhe cabe no concerto das nações, com a conseqüente responsabilidade que advém da maioridade. Com efeito, postas as nossas vastidões e o nosso clima - e ancorados de modo especial no empreendedorismo rural - constituímos a oitava economia do mundo.

"Não se mata a gallnha dos ovos de ouro" Não sem razão, e com a fina capacidade de observação francesa, o insuspeito jornal de esquerda "Le Monde", como que passando um recado ao governo brasileiro, comentou em meados de 2009: "Lula compreendeu rapidamente que cometeria um erro grosseiro dando as costas ao poderoso setor do agrone-g6cio. Mesmo em nome da justiça social e do JULHO2010 -


A safra de assucar ■ É este

o calculo feito com, as melhores informações da producção naciónal do assucar, durante o ánno de 1909: Local Sac(as Pernambuco 1.700.000 Alagôas 700.000 Sergipe 500.000 Campos 450.000 Bahia · ., •· 350.000 •s• Parahyb~s_ ~iO, ~- . ~.p ~~rt~ ,. ,:1,º•Q9.R Total 3.7~91000 A ser assim, a, safra pr~ente pro'rnette ser muito m"ior que a 'tfo anno passa<lo. -1

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Colheita de cana-de-açúcar

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Há um século no Correio do Povo Pesquisa e edição: EDUARDO LEONARD! 1 eduleonardl@correlodopovo.com.br

acesso à terra ... Não se mata a galinha dos ovos de ouro". Nesses últimos meses, por todo o Brasil ouvi repetida a expressão "São Pedro ajudou bastante". Na linguagem coloquial dos ruralistas, isto significa que as chuvas foram abundantes, o que quase sempre concorre para o bom desempenho das atividades agropecu árias. Como conseqüência, esta será a maior safra de grãos da nossa história, e a próxima deverá superá-la. Com tal desempenho, o Brasil pa sou a ocupar o segundo lugar no ranking de exportação mundial de alimentos. Pouco a pouco, também a carne vai retomando os espaços perdidos com a crise mundial. Todavia, com razão alguém poderia objetar que o álcool consumido pelos automóveis está muito caro. E este fato nos leva a fazer uma análise mais detida sobre o açúcar e o álcool.

Noticia do "Correio do Povo", há um século ... O jornal "Correio do Povo", de Porto Alegre, em sua edição de 11-2-2010, noticiou na coluna "Há um século", sob o título A safra de açúcar: "É este o cálculo feito com as melhores informações

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CATOLICISMO

da produção nacional do açúcar, durante o ano de 1909 [portanto, um século atrás]: Pernambuco= 1.700.000 sacas; Alagoas= 700.000; Sergipe= 500.000"; seguem-se outros dados , totalizando 3.750.000 sacas. Esse total de sacas representa cerca de 225.000 toneladas de açúcar (cabe explicar que os estados do centro-sul não apareciam como produtores). Jáem 1959 - ou eja, cinqüenta anos depoi s - saltamo para 3.350 .000 toneladas. Em 2009, fechamo a afra com 34.000.000 de toneladas. 1 so repre enta nada menos que 25 % da produção mundial, com aumento de 150 vezes em um éculo.

Imitando Dom Quixote no alto do seu Rocinante Os dados acima se referem apenas à produção de açúcar, mas tem-se que considerar ainda o álcool. O Brasil, que em alguma medida resistiu e vem resistindo às investidas agro-reformistas, ainda há poucos anos produzia álcool quase só para uso medicinal e doméstico - além de cachaça, que é altamente tributada. O empenho de nossos empreendedores rurais fez com que a presente safra girasse em torno de 27 bilhões de litros, e a esti-

mativa para a safra ora em curso é de 30 bilhões. Por que isso aconteceu? Com a queda das safras de concorrentes como a Índia, por exemplo, o preço internacional do açúcar subiu muito. Mas nossas usinas são bivalentes, podem direcionar a produção para o álcool ou para o açúcar. Quando os preços do açúcar estavam muito favoráveis, o Brasil produziu quase 5 milhões de toneladas a mais, em detrimento da produção do álcool. No início do ano, em Campinas, o presidente Lula deblaterou contra os produtores de açúcar ("Folha de S. Paulo", 23-1-10) e cobrou "seriedade" dos produtores: "Quando o álcool está em um bom preço, [... ] é empresário na área de energia "; mas "quando é o açúcar que está [com bom preço], você volta a ser empresário do setor de agricultura" , argumentou o preclaro Presidente. Haveria propósito na crítica, se o governo e a sua Petrobrás tivessem feito a sua parte. Como não a fizeram , a deblateração mais se assemelha à de um Dom Quixote no alto do seu Rocinante, a espadachinar contra "moinhos de vento" ... Bautista Vida!, considerado um dos pais do Proálcool, costuma chamar a atenção em suas palestras, com a sua peculiar verve baiana: "É pena que a cabeça dos dirigentes da Petrobrás não seja flex" . Agarrados com o ostras ao casco do navio, eles não querem dar espaço ao álcool. Porém, desej ando-se ou não, o álcool vai ocupando seu espaço no mercado.

"Bate na cangalha, que o bUJT O entende" O governo (co m sua onipresente Pe trobr ás) se mpre tem um olhar enviesado para os produtores rurais, e quer que as usinas arquem com as despesas de estocagem do produto para a entres afra . Mas isso não é obrigação delas, e sim da Petrobrás, que possui o monopólio dos combustíveis. Se grande foi o volume da cana não colhida em 2008 (30 milhões de toneladas), na safra de 2009/10 chegou a 60 milhões de toneladas em razão do excesso de chuvas . Perda equivalente a toda a safra do Nordeste, embora algumas usinas não tenham parado de moer, apesar

do custo muito alto decorrente de excesso de água no caldo. Faltando álcool para o consumo sempre crescente , os preços subiram, a Petrobrás teve de diminuir o álcool que se mistura na gasolina, e com isto a megaestatal viu-se ob1igada a importar dois milhões de ball'is de gasolina a um custo de US$ 140 milhões. A Ução deixada ficou muito clara. Governo/Petrobrás devem aprender que o setor alcooleiro é fundamental para o equilfürio das contas da estatal e da balança comercial. Desde 2005 fora anunciada a autosuficiência do petróleo, o que até serviu como mote da campanha para reeleição do presidente Lula. Mas o que pouco se fala é que tal meta só foi alcançada no ano passado. E vale lembrar que o esforço dos produtores de álcool conseguiu substituir mais de 50% da gasolina, com produção atual de 500 mil barris/dia (equivalentes) prontos para o tanque. Já a Petrobrás produz dois milhões de barris de petróleo bruto por dia, que precisa passar depois por todo o processo de refinamento. No caso de faltarem meios para a colheita, o Exército Nacional, que sempre tem respondido ao chamado da Nação, não se recusaria a colocar seus batalhões de Engenharia e Construção para dar uma "mãozinha", se for convocado a fim de salvar a produção de cana; e assim poderemos produzir mais 3 bilhões de litros de etanol, que garantiriam o estoque de tran si ção para a entressafra. O cu tos seriam devidamente compensados. Meu pai, um desbravador do norte do Paraná, tinha um burro de tração, forte mas voluntarioso, que atendia às necessidades domésticas antes do primeiro jeep e do primeiro trator da família. Quando o burro ficava um tanto "manhoso", meu pai nos di zia: "Bate na cangalha, que o burro entende ". Com efeito, bastava um estalar do chicote para o burro retomar o trote. Quer-me parecer que o procedimento dos produtores tenha sido um recado semelhante ao governo pela sua política, pois no ano anterior as usinas foram obrigadas a "entregar" álcool a R$ 0,50

o litro, uma vez que não dispunham de caixa para cobrir suas despesas. A situação foi tão deplorável, que deixaram de ser colhidas cerca de 30 milhões de toneladas de cana (Cfr. artigo Safra do ano passado, publicado nesta revista - edição dejulho/2009, pp. 14-16). Agora são os produtores de álcool que batem na "cangalha". Veremos se Brasília vai entender...

Brasil sem Reforma Agrária e Cuba agro-reformada Vale aqui fazermos uma comparação. Enquanto nossa produção cresce numa velocidade vertiginosa, a de Cuba - o

ocasião em que se tornou o maior exportador de açúcar do mundo. Após 50 anos de ditadura comunista e da aplicação da famigerada Reforma Agrária, a produção caiu para 1,2 milhões de toneladas. Bem comparando, só o nosso grupo COSAN, na safra de 2009, produziu mais que o dobro de cuba: 3.276.245 toneladas, sem contar os 2 bilhões de litros de álcool. A infeliz Cuba caiu sob o tacão comunista em 1959, e desde então sua antiga capacidade de produção só fez decrescer. Mas o Brasil caminhou e progrediu, sob as bênçãos da Providência Divina, graças ao que ainda lhe resta de propriedade privada e livre iniciativa. Num clima de liberdade civil e econômica, foi esse o resultado, mas é importante indagarmos agora qual teria sido ele se seguíssemos caminho semelhante ao de Cuba, como nos era proposto naquela época pela esquerda. E ainda há recalcitrantes obsoletos que nos querem impor esse nefasto caminho ...

De onde vem o dinheiro de nossas reservas? SeQundo o iomal oficial 11Granma11, de Cuba, a atual safra aCjucareira é a pior da ilha caribenha dos últimos 105 anos

país-modelo de nossos agro-reformistas - naufraga constantemente a olhos vistos . Segundo o jornal oficial "Granma", a atual safra açucareira é a pior dos últimos 105 anos. A superfície de cultivo caiu de 2 milhões de hectares para 750 mil , e mais de 100 mil postos de trabalho foram eliminados. No ano anterior à sujeição de Cuba ao comunismo de Fidel Castro, a safra tinha atingido 5,6 milhões de toneladas,

Num balanço geral, convém lembrar ainda que "a agricultura e pecuária foram responsáveis por 42 % das exportações brasileiras em 2009" ("Sobe e Desce da Semana", 24-2-10). O balanço final da década deverá também cumprir as estimativas prognosticadas pelos analistas e atingir os 400 bilhões de superávit. O presidente Lula costuma propagar que o Brasil pagou sua dívida com o FMI, e que tem mais de US$ 200 bilhões de reservas. Mas se esquece de dizer de onde veio o dinheiro para isso. Aí está a informação omitida: em boa parte, das sobras das exportações do agronegócio.

Dividas contraídas pelo governo federal Outro ponto que o presidente evita mencionar é o custo das suas políticas sociais. Dados oficiais do CODIV (Coordenação Geral de Controle da Dívida Pública) mostram a evolução da dívida do Brasil. Em janeiro de 1995, fim do governo JULHO2010 -


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INTERNACIONAL

Na China, onda de suicídios considerados suspeitos

que a meta do governo é manter o câmbio livre. Perguntamos: o câmbio é realmente "livre", quando uma enxurrada de dólares especulativos entra a cada dia no mercado?

Quanto à sltuac;ão de descalabro das rodovias, um caminhoneiro carioca expressou-a com um dito • plrltuoso e eloqüente: "Meu site: www.pedaglo.com.buracosl".

"Meu site: www.pedaglo.com.buracos!"

Collor/ltamar, a dívida pública estava em R$ 31,668 bilhões. Quando Fernando Henrique Cardoso passou o governo para Lula, em dezembro de 2002, já alcançava R$ 557,205 bilhões. O atual governo quase triplicou a dívida, elevando-a para R$ 1.580 bilhões (Cfr. "O Estado de S. Paulo", 21-5-10). Para o economista Felipe Salto, da Consultoria Tendências ("O Estado de S. Paulo", 18-5-10), a projeção é que no final de 2010 atingirá R$ 2 trilhões e 200 bilhões. Será esta a "herança bendita" de Lula para o novo presidente e para as gerações futuras? Herança ou presente de grego?

Liquidação da classe média rural Nem tudo são rosas no setor rural. Há muitos espinhos pelo meio, se quisermos ver e tocar a realidade total. Afinal, não podemos proceder como os avestruzes, que para fugir do perigo metem a cabeça na areia. Nesse sentido, Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), afirmou na feira de Londrina e no Agrishow de Ribeirão Preto que o governo não está dando a devida atenção ao esfacelamento da classe média rural. Segundo ele, através de crédito subsidiado do Pronaf e outras "políticas sociais", os pequenos produtores acabam sendo atendidos pelo governo; e o deputado Valdir CATOLICISMO

Colatto informa que apenas os gastos com a Reforma Agrária representam R$ 80 bilhões. Com péssimo resultado, pois os assentamentos se transformam logo em autênticas favelas rurais. Quanto aos grandes produtores, conseguem manter mais ou menos equilibrada a situação, porque ganham em escala e exportam. Mas a classe média rural, sustentáculo da produção agócola primária, vem sendo destroçada. Não consegue arcar com os juros altíssimos, os encargos sociais, os insumos caros, os custos de transporte, o achatamento dos preços de seus produtos pela desvalorização do dólar. Conseqüência: endividamento crescente e abandono da atividade.

Agropecuária e a política cambial A política cambial é uma verdadeira faca de dois gumes, que funciona também em prejuízo do produtor rural. O governo oferece títulos da dívida pública a juros muito acima do mercado internacional, o que atrai especuladores que os compram e injetam bilhões de dólares no nosso mercado. Com isso a cotação do dólar baixa, prejudicando o agronegócio e a cadeia produtiva que exporta. E a projeção para a balança comercial vem se tornando aterradora. Os ministros de Lula têm reafirmado

Os portos e aeroportos, como é notório, se encontram em péssimas condições. Quanto à situação de descalabro das rodovias, um carninhoneiro carioca expressouª com um dito espirituoso e eloqüente: "Meu site: www.pedagio.com.buracos!". Ou seja, nas rodovias construídas com o nosso dinheiro, e depois arrendadas, pagase um pedágio extorsivo, enquanto nas rodovias públicas os buracos constituem uma calamidade. Para se ter uma idéia, um produtor de soja do Mato Grosso recebe R$ 24,00 por uma saca do produto, mas gasta R$ 12,00 para levá-la ao porto de Paranaguá. O custo é maior que o do transporte de Paranaguá ao Extremo Oriente (China ou Japão). Cabe relembrar outros espantalhos, estes de caráter ideológico, que vêm tirando o sono dos nossos empreendedores agropecuaristas: ameaça do MST, ameaça quilombola, ameaça indígena, ameaça dos ambientalistas, ameaça dos índices de produtividade ...

Ação efetiva em ano eleitoral Tudo nos leva a considerar que, postas as condições como existem hoje, o principal pilar da estabilidade econômica do Brasil e a própria segurança nacional pa sam pelo agronegócio. É de se desejar que a imprensa passe a transmitir uma visão não distorcida da realidade brasileira, contribuindo assim para que governo e opinião pública compreendam a realidade nacional e orientem as ações no sentido de favorecer o que representa o interesse real da nossa Pátria. Como estamos em ano eleitoral, os produtores devem também pressionar os candidatos a cargos públicos, para que assumam um compromisso sério de enfrentar e romper esses gargalos e ameaças que comprometem o nosso futuro. Caso contrário, não se deve oferecer-lhes o apoio da classe, sobretudo na hora do voto. • E-mai l do autor: hrambilla @catolicismo.com.br

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ma onda de suicídios na fábrica da Foxconn, empresa de Taiwan instalada em Shenzen, sul da China, causou pânico entre seus dirigentes. Notícia da BBC esclarece que 16 suicídios já foram reconhecidos. 1 A Foxconn produz aparelhos para as firmas Apple, Dell, HP, Nokia e Sony . Emprega cerca de 800 mil pessoas, com salário inicial de 900 yuans (equivale a R$ 242,00). Para apaziguar as críticas, recentemente aumentou os salários em 30% e acenou com mais 70% até o fim do ano. O presidente da empresa, Terry Gou, prometeu instalar redes em todos os dormitórios e prédios do imenso complexo, para segurar os empregados que tentem jogar-se pelas janelas. O problema é o regime de trabalho na fábrica, similar ao de toda a China. Os operários estão submetidos a extenuantes jornadas de trabalho num parque industrial isolado, que lhes fornece dormitórios para garantir máxima produtividade. São controlados e punidos por uma polícia interna, suspeita de ter induzido o suicídio de muitos. Segundo o diário argentino "La Nación", 2 o pai do jovem suicida Ma Xiangqian, de 19 anos, julga que seu filho faleceu em circunstâncias misteriosas, e esclareceu: "Só pedimos a verdade, nem sequer uma compensação". O mesmo jornal informa que os operários do complexo de Longhua reagiram irados quando adireção da empresa pediu que assinassem imediatamente uma carta, contendo uma cláusula pela qual só receberiam o mínimo legal por acidentes fora do local de trabalho. Gou, presidente da empresa, pediu desculpas e disse que retiraria a proposta. Empregados denunciam que agentes internos de segurança espancam os operários, e em alguns dos casos teriam jogado

a vítima pela janela. O diário australiano 'Toe Age" 3 noticiou o caso do operário Sun Danyong, acusado pela segurança interna de roubar um iPhone. O corpo dele apareceu depois, como sendo um suicida. Por ocasião do "suicídio" de Sun Danyong, a empresa deplorou o uso de "métodos inadequados de interrogatório". 4 A onda de suicídios incomoda a indústria, que se instala com capitais e tecnologias ocidentais e explora a mãode-obra escrava fornecida pelo governo comunista chinês. Aumentam os apelos de ativistas para um boicote mundial aos produtos chineses, como os últimos aparelhos iPhone da Apple produzidos em condições injustas .

Apple e Dell declararam estar dispostas a investigar as denúncias sobre as más condições de trabalho nas fábricas chinesas que montam seus produtos. A declaração visa sobretudo tranqüilizar a imprensa e os consumidores ocidentais. Há muitos anos o regime de exploração de mão-de-obra escrava vinha sendo denunciado no Ocidente, porém só agora começa a incomodar os capitalistas ocidentais beneficiados. • E- mail do autor: cato licismo @catolicismo.co m.br Notas: 1. BBC, 28-5-1 O. 2. "La Nación", 26-5-10. 3. "TheAge", 13-5-10. 4. "The Mail" , 22-7-09.

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Aquecimento global, tema falseado por alarmistas P rofessor da Universidade de Brasília (UnB) apresenta sólida argumentação contra a tese de um atual aquecimento global do planeta, tão alardeada por cientistas, políticos e órgãos da mídia

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livro Aquecimento Global: ciência ou religião? lançado em Brasília no final de 2009 pelo Prof. Gustavo Baptista - é um desafio ao "dogma" do aquecimento global provocado pelo homem e um convite ao debate científico. Com muitas ilustrações e gráficos, mostra que o clima planetário segue uma dinâmica natural , com alternância de ciclos de resfriamento e aquecimento, sem interferência da ação humana. Com muitos argumentos científicos, e com ironia própria a acrescentar um pouco de sal à polêmica, o Prof. Gustavo Macedo de Mello Baptista esclarece como as oscilações naturais da atividade solar, dos oceanos, dos vulcões e de outros elementos naturais interferem no comportamento da temperatura global. Catolicismo já entrevistou sobre o assunto outros cientistas, como o Prof. Luiz Carlos Molion , o saudoso Prof. José Carlos Azevedo e o Dr. Emilson França de Queiroz, que contestam o propalado aquecimento global, veiculado sem base científica suficiente por políticos e certa mídia, e até por certo número de cientistas, os quais exageram e distorcem o papel da ação humana, criando um verdadeiro "terrorismo climático". Desta forma, procuramos informar nossos leitores com opiniões abalizadas divergentes da posição de organismos da ONU ou da mídia em geral. Voltamos ao tema nesta edição com uma entrevista do Prof. Gustavo Baptista, realizada CATOLICISMO

pelo nosso correspondente na capital federal, Sr. Nelson Ramos Barretto. O entrevistado, além de autor do mencionado livro, é professor Adjunto I do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB). Possui graduação em bacharelado em Geografia pela UnB (1994), mestrado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos (1997) e doutorado em Geologia pela mesma universidade (2001 ). Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Sensoriamento Remoto e em Avaliação de Riscos e Impactos Ambientais. li<

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"As discussões ambientais viraram dogmas de fé, e quem contrariar as ecoverdades será condenado. Nova inquisição, a do aquecimento global"

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Catolicismo - Com a queda do Muro de Berlim e o aparente desaparecimento do comunismo, não terão migrado para o movimento ambientalista os marxistas que se sentiram órfãos, a fim de continuar sua luta Inglória? De vermelhos, não se metamorfosearam em verdes?

Pn~f. Baptista - É exatamente o que aconteceu, e surgiu uma classe que eu não consigo engolir: os indivíduos bio-desagradáveis; ou eco-xiitas, como preferir. As discussões ambientais viraram dogmas de fé , e quem contrariar as eco-verdades será condenado à fogueira. Se bem que a nova inquisição, a do aquecimento global , não possa enviar ninguém para a fogueira, porque lenha e o nosso corpo são feitos de carbono, e queimá-los liberará gases que vão incrementar o aquecimento global...

Catolicismo - O bio-etanol é um tipo de tecnologia alternativa em relação aos combustíveis fósseis. Seria uma solução inteligente, não pelas emissões que produz, mas por ser uma fonte de energia renovável? Prof: Baptista - Com certeza. Conheço um projeto de biocombustíveis baseados em oleaginosas, que está sendo implantado no alto oeste potiguar e visa mitigar a pobreza, sendo financiado pela JICA. As famílias vão plantar o girassol, processar o óleo em uma cooperativa, e há um acordo com a Petrobrás para a compra do óleo. Ou seja, você insere os indivíduos numa cadeia produtiva fechada, que gera riqueza, minimiza a pobreza e dá dignidade aos participantes. Acho fantástico.

Não se discute ciência com essas pessoas. Quando me procuram e me perguntam se sou ambientalista, digo que sou um profissional de meio ambiente, e que não discuto os temas movido pela paixão, mas pela razão. Só o conhecimento nos liberta. Catolicismo - Os cientistas céticos quanto à doutrina do aquecimento global, e que rejeitam termos em voga como "mudanças climáticas", "créditos de carbono" etc, sofrem algum boicote pelos defensores daquela doutrina? Como os trabalhos desses não são publicados, certamente há casos de opositores que os acusam de não terem produção científica representativa. Prof: Baptista - Gostaria de fazer uma pequena correção. Acredito em mudanças climáticas, sim, e que estamos entrando numa nova fase de resfriamento global, devido à baixa atividade solar observada até agora no ciclo 24 e prevista pelos ciclos de Gleisberg, além da nova fase fria da oscilação decadal do Pacífico. O que eu não acredito é que o homem seja o responsável pelo clima global. Localmente, é outra história! E já orientei diversos trabalhos sobre geração de créditos de carbono, pois existe um mercado estabelecido e podese ganhar dinheiro com isso. Não acredito nos motivos que levaram ao estabelecimento desse mercado, mas ele existe, e então vamos ver como lucrar com ele. Com relação às acusações de boicote, tenho um exemplo, mas não darei nomes aos bois. Há algum tempo, uma ex-aluna minha no mestrado, que não concordava com minhas idéias, foi assistir a uma palestra de um dos medalhões do IPCC no Brasil e perguntou a ele o que achava dos chamados céticos. Ele disse que nós éramos inexpressivos em termos de produção científica. Mas é claro, pois se você não concorda com a moda, fica fora dela. Aliás, ele aparece tanto na televisão, que daqui a pouco vai estar fazendo propaganda de sandálias no intervalo da novela ... Isso me lembra AI Gore, que disse em entrevista no programa 60 Minutes, da rede norte-americana CBS, em 30 de março de 2008: "Não acredito que sejam muitas... Essas pessoas estão em uma minúscula, tão minúscula minoria agora. São quase como as que acreditam que o pouso na Lua ocorreu em uma fazenda no Arizona, ou como as que acreditam que a Terra é plana " . Assim se trata gente séria como se fossem idiotas.

"Quando me perguntam se sou ambientalista, digo que sou um pronssional de meio ambiente, e que não discuto os temas movido pela paixão, mas pela razão"

Catolicismo - A energia nuclear, cujo retorno se propõe em países como o Brasil, pode ser considerada uma fonte menos poluidora que os combustíveis fósseis, apesar dos graves inconvenientes originados pelo lixo atômico? Prol Baptista - Você tocou no ponto mais absurdo que a neurose do aquecimento global antropogênico (causado pelo homem) gerou: o retorno à energia atômica. O Brasil sempre foi visto com bons olhos por ter fontes de energia renováveis, e por utilizar hidrelétricas na geração de energia. Considerar viável a energia nuclear, é no mínimo complicado, devido aos resíduos gerados . Não podemos nos esquecer dos estragos que causou a uma região inteira na cidade de Goiânia uma bomba de césio 137 abandonada numa clínica. E Chernobyl é um exemplo clássico. Para mim, adotar essa política é andar para trás . Catolicismo - De modo geral, as fontes de energia ditas alternativas são mais caras que as fontes baseadas em combustíveis fósseis? Prof: Baptista - No último capítulo do meu livro Aquecimento Global: ciência ou religião? (Editora Hinterlândia, 2009, 188 pp), faço uma consideração a esse respeito, quando digo que "as soluções encontradas para minimizar os efeitos do aquecimento global apóiam-se conceitualmente numa corrente chamada de modernização ecológica, que se baseia na internalização das preocupações com questões ambientais por parte de instituições políticas, que visam conciliá-las com o crescimento econômico. Isso é possível por meio da adoção de tecnologias ditas 'limpas' ". Mas elas normalmente são caras e inacessíveis JULHO2010

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i aos pobres. Uma coisa é a Alemanha reunificada adotar tecnologias ambientalmente corretas, outra coisa é Moçambique adotá-las. Além disso, as tais fontes alternativas são pouco eficientes, e não suprem as demandas como as baseadas em combustíveis fósseis. Assisti a um documentário do Channel 4 britânico, que mostrava na zona interiorana africana um hospital que tinha recebido de uma ONG ambientalista um gerador fotovoltaico de energia solar. E as pessoas viviam um impasse: ou ligavam a geladeira ou acendiam a luz, pois a energia gerada era insuficiente para as duas coisas. Isso é cruel. Uma coisa é optar por produtos ambientalmente corretos e poder pagar mais caro por eles, outra coisa é empurrarem soluções tecnológicas caras que não resolvem o seu problema. Catolicismo - A propaganda que se faz a favor de fontes de energia limpa e o empenho no combate a fontes proven lentes de combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás, não terão razões políticas e econômicas por detrás? Quais seriam elas?

Prof Baptista - Tudo tem algo subjetivo! O primeiro aspecto que gostaria de salientar é que, se o controle da emissão de CO 2 se exerce por meio dos combustíveis fósseis, por aí se controla o mundo, pois em tudo vemos combustíveis fósseis. Não considero que a razão seja impor novas formas de "energia limpa", mas isso acabou sendo a alternativa proposta. Parece teoria de conspiração, mas se você pensar que no mundo surgem países como os BRIC, que se destacam dentre as nações em desenvolvimento - com o Brasil divulgando o pré- ai como o eu segundo descobrimento, a Rú ssia reestatizando seu parque petrolífero, a Índia com um grande desenvolvimento tecnológico à base de carvão e petróleo, e a China crescendo a mais de 10% ao ano - controlar a emissão é uma forma de manter o status quo. Você acha que os americanos e os europeus aceitariam calmamente perder sua posição de destaque no mundo? Ainda mais para essas nações emergentes, que estão querendo morder fatias cada vez maiores do bolo? Quem foi que disponibilizou recursos vultosos para se comprovar que os combustíveis fósseis aumentam os gases de efeito estufa? Quem promoveu a maior retirada de um produto do mercado, como foi o caso dos CFCs? CATOLICISMO

"Muita coisa começou a ser questionada ap6s os escândalos de divulgação das manipulações de resultados pelos pesquisadores da Universidade de East-Anglla"

Catolicismo - As agências de gerenciamento de recursos não procuram Impingir como verdade uma maqulagem na teoria do aquecimento global? Prof Baptista - Na verdade, muita coisa começou

a ser questionada após os escândalos de divulgação das manipulações de resultados pelos pesquisadores da Universidade de East-Anglia. Os espaços conseguidos pelos chamados céticos começaram a se ampliar. Vocês mesmos do Catolicismo já entrevistaram o finado Prof. Azevedo, a quem tive a oportunidade de enviar meu último livro, e de ter sua aprovação para o meu texto; e o caro Prof. Molion, um dos precursores no Brasil dessa corrente de pensamento. Mas hoje ainda é necessário colocar nas pesquisas a serem publicadas algumas palavras-chave, para ter aprovação. Eu consigo pesquisar, porque falo de seqüestro de carbono, mas meu interesse é na espacialização da fase clara da fotossíntese por imagens de satélite, e não pela remoção de carbono e os impactos sobre o aquecimento global. Catolicismo - Em entrevista para uma edição de Catolicismo (janeiro deste ano), o Prof. Mollon afirmou que o homem não tem condições de mudar o clima global, e que os oceanos, juntamente com a atividade solar, são os principais controladores do clima global. O Sr. poderia fazer algum comentário sobre esse tema?

Prof. Baptista - Eu concordo com Molion, pois esses são os principais motores do clima global. Eu incluiria a importância dos vulcões, pois quando ocorrem as erupções, a quantidade de material que bloqueia a entrada de radiação solar tem sua parcela no clima global. O vulcão do monte Pinatubo, nas Filipinas, foi responsável por uma redução de 0,5ºC na temperatura global durante três anos. Comparativamente, o aquecimento dos últimos 100 anos foi da ordem de 0,7ºC. A revista "Time" de 31 - 1- 1977 apresentou como título de capa "O grande congelamento", referindose a outro momento de transição entre períodos de resfriamento e aquecimento.

A mesma revista, em 3-4-2006, mudou o enfoque de 1977, com reportagem sobre o aquecimento global sob o título: "Fiquem preocupados. Muito preocupados".

Recentemente, a erupção do vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia, foi responsável pelo caos no sistema aéreo europeu, mas também pela primavera mais fria e chuvosa dos últimos anos em Portugal. Por aí se vê que eles têm sua parcela de responsabilidade no clima global. Catolicismo - A mídia e os lelgos no assunto freqüentemente confundem CLIMA e TEMPO. O Sr. poderia precisar os dois conceitos e estabelecer a distinção entre eles? Prof Baptista - Tempo é o estado momentâneo da

atmosfera numa dada localidade. Ele é altamente variável. Compareci em maio a um seminário de Geografia Física em Portugal, e no dia em que chegamos, pela manhã estava muito frio; logo em seguida, próximo ao almoço, começou a chover; depois estiou e esquentou; e no fim do dia voltaram o frio e a garoa. Em um único dia experimentamos diversos estados da atmosfera (tempo), e ainda essa chuva atípica como resultado do vulcão Eyjajjallajoekull. Dessa parte da ciência, tratam os meteorologistas. Já o clima é definido como a média dos elementos climáticos (temperatura, chuva, ventos, radiação solar, etc) durante um período de pelo menos 30 anos. Diz ele respeito portanto a uma série histórica, e os responsáveis por essa área somos nós, os geógrafos. Tenho um conhecido que estudou no seu doutorado, durante dois anos, o comportamento hídrico de uma encosta na Escócia. Ele teve uma sorte danada, pois o primeiro ano foi o mais seco da década, e o seguinte o mais chuvoso. Para ele entender como se comporta a água nessa encosta, nada melhor do que os extremos, mas ele não pôde caracterizar o clima daquela encosta com dois anos apenas. Resumindo: tempo é o estado momentâneo da atmosfera; e o clima, uma série histórica de pelo menos 30 anos.

"O vulcão Plnatubo foi responsável por redução de 0,5ºC na temperatura global durante três anos. O aquecimento dos últimos 100 anos: 0,7'C"

Vulcão Pinatubo, nas Filipinas

penso, embaso com argumentos o que estou expondo. Em minhas aulas é muito comum, quando toco no tema do aquecimento global, que estudantes exponham seu descontentamento com o assunto; eu os respeito, pois são suas convicções. Na reunião da SBPC este ano, em Natal, haverá um debate meu com o Prof. Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, que apóia a linha do IPCC. Aceitei, pois respeito-o como pesquisador. Apesar de não conhecer pessoalmente o Prof. Artaxo, tenho certeza de que, se ele pensa de modo diferente da minha posição, devem ser legítimos seus argumentos, e ele acredita neles. Em segundo lugar porque discuto idéias, e não dogmas. Pode ser que ele me apresente argumentos que me façam pensar sob outros pontos de vista. A ciência evolui assim. O mais emocionante na história da ciência é como os conceitos vão evoluindo e como as idéias vão avançando. Imagine se Galileu e tantos outros não tivessem contrariado a maneira de pensar de suas épocas. Estaríamos bem mais atrasados. Com certeza! •

Catolicismo - A difusão da doutrina do aquecimento global é sempre feita com base em acusações e ameaças. Será Isso uma estratégia calculada, uma vez que é mais fácil manipular as pessoas Influenciadas pelo medo? Poderia dar exemplos concretos da aplicação dessa estratégia?

Prof Baptista - O medo é sempre a melhor forma de se impor algo. Quando queremos que os estudantes aceitem nossos pensamentos, é mais prático coibir com ameaças qualquer manifestação. De certa forma isso tende a ser mais confortável, pois os questionamentos podem colocar contra a parede os defensores de uma posição, principalmente se eles não estão seguros de suas convicções ou ainda não estudaram direito aquele ponto. Eu penso de forma diferente. Não tento convencer as pessoas de que estou certo, mas mostro como

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Médicos cubanos fogem da Venezuela

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INACREDITAVEL!

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hegou-nos às mãos um livro de 142 páginas. Pequeno quanto ao tamanho, mas seu conteúdo é imenso quanto à impiedade, à blasfêmia e à linguagem pornográfica desbragada. Sob o título Aventuras provisórias, o autor Cristovão Tezza apresenta em forma de romance uma trama de atos praticados por pessoas imorais, num clima sórdido. As páginas de uma publicação católica não são lugar para exibir abominações como as contidas nesse inqualificável manual de deformação moral, pois sua linguagem é de nível torpe, e os palavrões de baixo calão não são raros. Chega-se ao extremo de lançar um palavrão contra Deus, que atinge também sua Mãe Santíssima, e qualifi-

CATOLICISMO

car o Criador de demônio, num trecho em que se conjugam virulentamente blasfêmia, impiedade e imoralidade. Alguém poderia pensar: O livro é mais uma amostra da pseudo-literatura moderna, que infelizmente prolifera no País ... Mas é necessário fazer duas observações que agravam enormemente o fato : 1. Na capa há um logotipo sob o qual se lê: Governo do Estado - Santa Catarina - Secretaria de Estado da Educação. E no frontispício do volume que compulsamos, abaixo do título da obra há um carimbo com o nome da Escola de Educação Básica de uma cidade do interior daquele estado. Assim, tudo in-

dica que tal obra inqualificável foi distribuída a escolas da rede estadual de ensino. 2. Na quarta capa, mais um dado causa espanto: transcrevem-se comentários elogiosos do livro feitos por três diários, dois deles bastante conhecidos, um dos quais de grande tiragem e de circulação nacional. Pobres e desventuradas infância e juventude, que recebem nas aulas de estabelecimentos oficiais de ensino - em vez de sadio alimento para seus espíritos - veneno potente que mata as almas em seus primeiros albores ! Diante desse caso tenebroso compreende-se o pranto da Mãe de Deus. •

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árias dezenas de milhares de cubanos ocupam posições estratégicas no exército, nos controles da fronteira e na administração do estado "bolivariano" de Hugo Chávez. Oficialmente há 15.000 médicos cubanos trabalhando no país vizinho, porém seu número real poderia atingir 30.000. Estão engajados no programa de saúde denominado Barrio Adentro, concebido em 2003 por Fidel Castro para salvar a declinante popularidade de Hugo Chávez. Moram em grupos de quatro, em cubículos de 30 metros quadrados, único espaço de que dispõem para dormir, cozinhar, tomar banho e se entreter. Um dos quatro costuma ser um informante ou agente do sistema repressivo castrista. Todos os médicos devem voltar para "casa" antes das 18 horas. Para dar uma "voltinha", devem pedir licença com semanas de antecipação, mediante documento no qual justificam o destino e a duração de sua movimentação. Todos estão proibidos de entrar em contato com oposicionistas ou jornalistas, e dependem da Sociedade Venezuelana de Medicina Bolivariana. Apesar dessas penosas condições, os médicos preferem ir para a Venezuela, pois encontram aí uma possibilidade de fugir da ditadura castrista, passar para a Colômbia e depois para os EUA. Por isso aguardam até um ano nas listas de voluntários para viajar a Caracas. Segundo revelou o quotidiano "El País", de Madri (24-5-10), mais de 1.500 desses médicos emigraram para os EUA ou países vizinhos. Conseguiram furar o controle do serviço secreto castrista, e seus nomes constam em uma lista elaborada pela referida entidade médica.

Chóvez lança nova campanha de saúde, com a colaboração "ideológica" de cubanos

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"Quando algum médico foge, o governo finge que foram trasladados", explica um dos membros da Sociedade Venezuelana de Medicina Bolivariana, que pediu para não ser identificado. Em 12 de abril de 2010 o Ministério do Poder Popular para a Saúde, órgão do governo venezuelano, inaugurou uma placa dedicada a 68 médicos cubanos falecidos na Venezuela nos sete anos de vigência do programa Barrio Adentro. Segundo a versão oficial, foram vitimados por doenças, acidentes ou pelo crime organizado. Entretanto, fundadas suspeitas envolvem esse exagerado número de mortes. Tal é a vida de pesadelo resultante da simbiose entre a ditadura castrista e a quase-ditadura de Hugo Chávez. É para uma situação como essa que tentam nos arrastar os "companheiros" e "hermanos" desses líderes socialistas aboletados na direção de diversos países latino-americanos. • E-mail do autor: lui sdufaur@catoJicismo .com.br

Médica cubana atende paciente em Caracas

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Há 50 anos nascia a TFP, a mais influente organização católica anticomunista do Ocidente Ili

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os primórdios de 1960, respiravase no mundo uma aliciante atmosfera de otimismo. Na passagem daquele ano, num brinde em Nova York, o primeiro-ministro soviético Nikita Kruschev - o mesmo que tinha iniciado o processo de "desestalinização" da Rússia - indicou que a União Soviética poderia desarmar-se unilateralmente, caso não conseguisse chegar a um acordo com o Ocidente. Apenas dois dias depois, a Orquestra Sinfônica Estatal de Moscou tornou-se o primeiro conjunto musical soviético a apresentar-se nos Estados Unidos. Na Europa Ocidental, o Plano Marshall de reconstrução e de modernização do sistema produtivo alcançava seus plenos frutos, augurando um crescimento econômico sustentado e a estabilidade financeira. Em 19 de janeiro, os Estados Unidos e o Japão assinaram um tratado de cooperação mútua e de segurança, que encerra o capítulo asiático da Segunda Guerra Mundial. Dois meses mais tarde, o chanceler alemão Konrad Adenauer e o primeiro-ministro israelense Ben Gurion encontraram-se pela primeira vez em Nova York para discutir as relações germano-israelenses, encerrando o passado nazista da Alemanha. Os Estados Unidos, manifestamente o pólo psicológico do mundo, encontravam-se no fim da era do baby boom, o espetacular crescimento demográfico iniciado logo após a vitória no conflito mundial. Na história da humanidade, talvez nenhuma outra geração tenha vindo ao mundo e crescido com maior saúde e riqueza. A perspectiva de um progresso

ilimitado da humanidade era garantida por descobrimentos científicos e técnicos até então insuspeitados. O sorriso distendido e comunicativo de John Kennedy (vencedor das eleições presidenciais do fim do ano), aliado ao charme de sua esposa Jacqueline, exprime a sensação de a humanidade estar se aproximando do happy end tão característico dos filmes de Hollywood, que inundavam as salas de projeção do mundo desenvolvido. Toda a vida cultural respirava confiança e otimismo. O cineasta italiano Federico Fellini obteve no fes tival de Cannes a palma de ouro com seu filme A Dolce Vita, cujas cenas lúbricas e o próprio título resumem todas as esperanças de gozo hedonista da humanidade. O cantor Elvis Presley, terminado seu serviço militar, retomava sua meteórica carreira artística, impondo o ritmo desenfreado do rock-and-roll. Com base na nova lei sobre a moralidade, uma corte criminal de Londres sentenciou que a obra O amante de Lady Chatterley, de D.H. Lawrence, não é obscena. A aprovação da primeira pílula anticoncepcional pela agência americana de alimentos e drogas, em junho de 1960, derrubou a última barreira material à revolução sexual em gestação. Nos estaleiros de Saint-Nazaire, na França, foi lançado o France, maior transatlântico de luxo jamais construído. O casamento da princesa Margareth com um plebeu simbolizava a abertura da mais tradicional das instituições civis do Ocidente - a monarquia britânica para a democratização dos códigos soei-

ABEL DE ÜUVEIRA C AMPOS

ais e dos costumes, mediante a qual almeja-se maior simplicidade e espontaneidade da vida. Em nosso País, a inauguração de Brasília simbolizava o projetar-se de todo o continente sul-americano nas vias da urbanização, do desenvolvimentismo e da modernidade, dando as costas a seu passado rural e ao caráter um tanto conservador de sua vida institucional. No plano religioso, entre 24 e 31 de janeiro, João XXIII, que já tinha anunciado no ano anterior a convocação do Concílio Vaticano II, presidiu o primeiro sínodo diocesano de Roma, o qual já visava adaptar as formas acidentais e secundárias da disciplina eclesiástica às circunstâncias da vida moderna, num ambiente de gaudium et spes (alegria e esperança). Provavelmente para não quebrar a atmosfera reinante, o Vaticano anunciou, apenas dois dias depois, que o Terceiro Segredo de Fátima não seria revelado no ano de 1960, contrariamente ao que se esperava e em conformidade com o pedido da Irmã Lúcia. *

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O otimismo do ambiente se estendia, entretanto, muito além do permitido por uma análise objetiva da realidade. De fato, apesar da recente distensão "kruscheviana", a oposição ideológica entre capitalismo e comunismo e a confrontação político-militar entre os Estados Unidos e a Rússia, cerne da assim chamada guerra fria, caminhavam paradoxalmente para o ápice. E o espectro da ameaça nuclear patenteou-se pelo sucesJULHO 2010 -


so, no mesmo ano de 1960, do primeiro ensaio francês nessa área, possibilitando a entrada de mais um país no clube dos detentores da bomba atômica. Em maio, fracassou em Paris uma reunião de cúpula entre Kruschev e Eisenhower, pelo fato de ter sido abatido em território soviético um avião espião U-2 americano, e capturado seu piloto Gary Powers. Isso não foi senão um prenúncio da construção do Muro de Berlim e da intervenção americana no Vietnã, as quais se concretizariam no ano seguinte. O caráter imperialista da União Soviética foi confirmado pela inusitada reação de Kruschev numa reunião da ONU, batendo o próprio sapato na mesa para manifestar sua oposição ao discurso do delegado filipino, que denunciava o domínio russo na Europa Oriental. O começo da retirada francesa da Argélia - aprovada maciçamente pelo povo francês em janeiro de 1960 num referendo convocado pelo General de Gaulle - selou o fim dos impérios coloniais das grandes potências européias na África, revertendo em benefício de líderes e movimentos nacionalistas locais formados e financiados por Moscou. Nas colônias lusas, Portugal enfrentava guerrilhas sangrentas sustentadas pela Rússia e pela China. Na América Latina, Fidel Castro tirava a máscara após a tomada do poder em Cuba, no ano anterior. Milhares de opositores eram fuzilados no paredón, e a polícia cubana disparava contra manifestantes anticomunistas que protestavam diante de uma exposição soviética em Havana. Durante o ano de 1960, Fidel organizou os temidos Comitês de Defesa da Revolução. A Reforma Agrária socialista, iniciada no ano anterior, culminou com o confisco de toda propriedade privada. Em outubro, o "líder máximo" chegou de braços dados com Kruschev para a reunião da Assembléia Geral das Nações Unidas. Número crescente de "barbudos" começou a sonhar com uma revolução armada e preparar-se para atividades subversivas. Mais importante ainda, a vitó-

CATOLICISMO

ria comunista em Cuba fortaleceu e radicalizou os partidos comunistas e seus aliados da esquerda em todos os países latino-americanos, o que impeliu os governos burgueses a favorecer reformas de estrutura socializantes. O pretexto era que, se elas não fos sem realizadas, o comunismo tornar-se-ia uma força dominante nas classes populares, e que tais reformas seriam impostas de modo ainda mais radical e violento.

Amplo setor do clero adotou o programa de reformas de estrutura, particularmente da Reforma Agrária, sob a fal a alegação de que elas iriam reduzir as desigualdades sociais e eliminar a pobreza.

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Essa era a atmosfera contraditória de otimismo e apreensão que se depreendia do panorama mundial e latino-americano no início dessa década, semelhante ao que ocorre num dia radioso, mas com nuvens negras ocupando grande parte da cúpula celeste. Nesse mesmo ano de 1960 houve também um acontecimento discreto, que não gerou nenhuma publicidade. Mas,

caso tivesse sido divulgado, teria sido julgado irrelevante pelos contemporâneos, especialmente pela mídia. No entanto, olhado retrospectivamente, esse pequeno ato reveste-se de importância decisiva na evolução desse imenso quadro de confrontação ideológica entre comunismo e anticomunismo. Que evento foi esse? A fundação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fami1ia e Propriedade no dia 26 de julho de 1960. Plinio Corrêa de Oliveira, coadjuvado por alguns de seus colaboradores, lançava então a semente da tão conhecida TFP, destinada a exercer decisivo papel na luta anticomunista, e que por isso tem sido tão louvada por alguns e criticada por outros. Por que tal fato teve importância decisiva? Porque nessa confrontação ideológica entre a União Soviética e o Ocidente, fulcro da guerra fria, o fiel da balança encontrava-se na América Latina. Essa condição de fiel da balança é fácil de entender, pois a passagem do grande bloco latino-americano para a órbita comunista seria também decisiva. Poderia fornecer à União Soviética recursos imensos para prolongar a sobrevida de sua economia fracassada, mas sobretudo alterando o equilíbrio político nos países da Europa ocidental. Na Itália, na França e em outros paíes o eleitorado dos partidos comunista e de seus "companheiros de viagem" aproximava-se perigosamente de alcançar a maioria. E a oposição burguesa ao comunismo teria sofrido um choqu e psicológico monumental, caso a América Latina se tornasse socialista. Este continente jovem, situado no próprio quintal dos Estados Unidos, estaria assim indicando que o vento do futuro soprava realmente nessa direção, e que não adiantaria opor-se a ele. O velho Tio Sam ficaria isolado, numa inútil resistência ao rolo compressor da dominação comunista. Ora, o resultado dessa confrontação comunismo-anticomunismo na América Latina dependia acima de tudo da atitude que as populações católicas tomassem. O comunismo era conhecidamente

ateu e perseguidor da Igreja do Silêncio; e se a chamada esquerda católica conseguisse vencer as resistências psicológicas do povo latino-americano, a América Latina toda se inclinaria inevitavelmente para o bloco soviético. Caso contrário, ainda que aos trancos e barrancos, ela permaneceria aliada das democracias capitalistas do Ocidente, notada.mente dos Estados Unidos. Foi precisamente nessa luta interna nos meios católicos que a TFP brasileira e suas co-irmãs dos outros países latinoamericanos exerceram um papel de primeira plana. Representando o pólo de pensamento católico anticomunista, e radicadas no canal estratégico por onde a ofensiva comunista para a conquista do mundo teria necessariamente que passar, a TFP brasileira e suas congêneres tornaram-se um dos fatores mais influentes e decisivos da evolução religiosa, cultural e política do Ocidente nas últimas décadas. Uma força de elite, proporcionalmente pequena se comparada com movimentos de massa, que passou a fustigar incessantemente o inimigo e pôde presenciar sua evolução desde o apogeu mundial deste até o colapso final.

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Catolicismo não poderia deixar passar o cinqüentenário da fundação da TFP sem consagrar ao acontecimento matéria especial. Esta é destinada à pré-história da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fam(lia e Propriedade porque, como diz o Padre Bernardes na sua Nova Floresta , Nemo repentefit summus (ninguém fica muito ilustre de repente). Ninguém melhor situado para explicar como nasceu a TFP do que seu próprio fundador, o saudoso Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Em janeiro e fevereiro de 1969 ele apresentou esse histórico numa série de artigos para a "Folha de S. Paulo", que hoje transcrevemos no seu conjunto. De modo sintético, descrevem eles o panorama do Brasil católico nas décadas de 1930 e 40 e as lutas que o autor e seus discípulos desenvolveram contra o progressismo católico nascente, culminando no livro

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira diante da catedral de São Paulo com sócios e cooperadores da TFP, após a Missa celebrada pelas vítimas do comunismo, em novembro de 1973

Em Defesa da Ação Católica, que foi seguido de longo ostracismo ao qual foram eles submetidos. A importância que Plínio Corrêa de Oliveira dava à TFP e à gesta por ela realizada, ele a exprimiu no seu testamento. Depois de agradecer a Nossa Senhora pelos maiores dons recebidos de suas mãos - a fé católica, a escravidão mariana praticada segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort, e a formação moral e religiosa que lhe deu sua mãe, Da. Lucília-, ele declara solenemente: "Tenho a consciência do dever cumprido, pelo fato de ter fundado e dirigido minha gloriosa e querida TFP. Osculo em espírito o estandarte desta, que se encontra na Sala do Reino de Maria. São

tais os vínculos de alma que tenho com cada um dos sócios e cooperadores da TFP brasileira, como das demais TFPs, que me é impossível mencionar aqui especialmente alguém para lhe exprimir meu afeto. Peço que Nossa Senhora os abençoe a todos e a cada um. Depois da morte, espero junto a Ela rezar por todos, ajudando-os assim de modo mais efica z do que na vida terrena " . Na expectativa desse auxíli o ce leste, apresento a séri e de arti gos do Prof. Plinio sobre a pré- hi stóri a da TFP hoje cinqüenten ária, mas lame ntave lmente em mãos de di ss identes, por decisão judicial provi sória da qu al pe nde recurso no Superior Tribunal de J usti ça, em Brasíli a. JULH02010 -


Luz, água ou lenha? Plínio Corrêa de Oliveira Transcrito da "Folha de S. Paulo", 22-1-1969

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ntre as entidades mais em foco n? Brasil atual e_stá, sem dúvida, a TFP. O grande numero de publicações votadas pela imprensa à TFP é índice robusto dessa notoriedade. Mas, considerado em si, esse índice é algum tanto discutível. Há muitas associações e pessoas sobre as quais a imprensa, o rádio e a televisão discorrem copiosamente. Sem embargo, fala-se um pouco delas, e acabou-se. Se os grandes meios de publicidade se calam, elas entram no mais inteiro esquecimento. Com a TFP, dá-se o contrário. Mesmo fora de nossos períodos de campanha, há largos setores do público em que se discute com freqüência a seu respeito. E mais extensos ainda são os setores nos quais, embora não se fale tão amiúde dela, as atenções são continuamente sensíveis a qualquer gesto, atitude ou pronunciamento procedente de nossas fileiras, que provocam logo críticas ou aplausos. Isto sim, é notoriedade. E da mais genuína. Não confundo notoriedade com simpatia. Seríamos tolos , os da TFP, se ignorássemos que suscitamos, a par de aplausos entusiásticos que nos comovem, críticas acerbíssimas que nem de longe nos desalentam. Afirmo simplesmente que não há brasileiro de cultura ou índice de politização elementar que não tenha ouvido falar da TFP. Minha afirmação não vai além.

As pessoas que discutem sobre a TFP fazem, a respeito de nossa entidade, uma apreciação certa? Penso que nem sempre. Veio-me então a idéia de escrever sobre a matéria. Fá-lo-ei do modo mais sintético, para atender aos cânones jornalísticos. Que utilidade haverá nas informações que darei? Serão recebidas como luz a esclarecer aspectos da controvérsia? Como água a extinguir as ardências da disputa? Ou como lenha a acender ainda mais a polêmica? Não sei. O que sei é que - segundo proclamou o grande Bossuet - a verdade pede fundamentalmente uma coisa para ser julgada: é ser ouvida. Público numeroso, vivaz, atualizado e influente das Folhas, ouve-me.

A fundação da TFP em 1960 A Sociedade Brasileira de Def esa da Tradição, Família e Propriedade - TFP é uma entidade cívica legalmente registrada em São Paulo no ano de 1960. Seus sócios formam em cada Estado uma seção, tendo à frente um diretório seccional. As seções se dividem em subseções, constituídas pelos sócios residentes numa mesma cidade e dirigidas por um diretório subseccional. As seções são coordenadas por dois órgãos de jurisdição em todo o país: o Conselho Nacional, com o encargo das atividades sociais nos

seus aspectos culturais e cívicos; e a Diretoria Administrativa e Financeira Nacional, cujo campo de ação é definido pelo próprio título. A TFP conta com a cooperação de numerosos militantes, que se constituem em núcleos juridicamente extrínsecos à Sociedade. Seções e subseções da TFP ou núcleos de militantes da Tradição, Família e Propriedade existem em quarenta cidades. O número total de sócios e militantes caminha para 1.500. A TFP tem por fim combater a maré montante do socialismo e do comunismo, dois sistemas que reputamos afins entre si, como a tuberculose simples o é com a tuberculose galopante. Ambos esses sistemas repousam sobre a mesma base filosófica errônea, da qual deduzem toda uma série de máximas culturais, sociais e econômicas. Não pode, pois, haver combate sério contra eles se não incluir o contra-ataque filo sófico, com suas respectivas implicações nos vários campos do pensamento humano. Assim, a TFP - entre os diversos modos necessários que há para combater o comunismo - se dedica primordialmente à ação ideológica. Para tal, prestigia ela numerosas obras doutrinárias escritas por sócios ou amigos. O sistema de difusão dessas obras consiste na venda em logradouros públicos, por grupo s de jovens, à sombra - ou melhor, à luz - do tão característico estandarte rubro com o leão rompante.

Grandes campanhas da TFP Além da difusão de obras, a TFP promove cursos gratuitos sobre assuntos cívico-culturais, para formação e recrutamento de sócios e militantes. Tanto as obras quanto os cursos se destinam, como já disse, a combater a filosofia materialista e evolucionista, bem como a sociologia, a economia e a cultura que desta decorrem. Entretanto, na peleja não basta demolir. É preciso preservar e construir. Com base na filosofia de Santo Tomás de Aquino e nas encíclicas, a TFP põe em realce os grandes valores positivos da ordem natural, e especialmente três destes valores, que são a tradição, a farru1ia e a propriedade. Daí o nome da entidade. A ação em prol desses valores não se faz apenas no campo doutrinário . A TFP tem combatido os projetos de lei, os fatos, os costumes que atentam contra esses três valores, procurando impedir avanços com os quais o esquerdismo só tem a lucrar. Partindo da persuasão de que nosso povo - um dos mais intuitivos e inteligentes da Terra - tem em sua alma

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CATOLICISMO

profundas raízes de fidelidade à civilização cristã, essa luta se tem feito por meio de triunfais apelos à opinião pública. E , apesar de muitos nos chamarem de anacrônicos, o público sempre nos disse SIM. Nossas quatro grandes campanhas foram: a) Em 1961-1963, promovida propriamente pelo grupo de amigos que deu origem à TFP, uma larga atuação de protesto contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória do Sr. João Goulart: abaixo-assinado de 27 mil agricultores ao Congresso; quatro edições de Reforma Agrária Questão de Consciência, em dezenove meses; mensagens de aplauso de senadores, governadores, deputados federais e estaduais , e centenas de prefeitos, câmaras municipais e entidades de classe; b) Em 1964, interpelação à Ação Católica de Belo Horizonte, para que expusesse seus argumentos contrários à nossa posição sobre a Reforma Agrária. Subscrita por duzentas mil assinaturas. Silêncio da Ação Católica ; c) Em 1966, abaixo-assinado contra o projeto de código civil divorcista. Um milhão de assinaturas em cinqüenta dias . Retirada do projeto pelo governo; d) Em 1968, abaixo-assinado pedindo a Paulo VI medidas contra a infiltração socialista e comunista em meios católicos (foto na p. 30). Em dois meses, 1.600.368 assinaturas. O abaixo-assinado será entregue em breve a Sua Santidade. 1

"Luz, água ou lenha"? A par dessa atividade ideológica, a TFP promove obras sociais, isto é, pensões e restaurantes para estudantes, comerciários e operários, sem fito de lucro, bem como consultórios e ambulatórios médicos gratuitos. Para a realização dessas atividades, a TFP tem sedes em que há ao mesmo tempo locais para reunião, palestras, cursos e bibliotecas. Cada sede tem o padrão médio do bairro em que está. Entre sedes e pensões, só em São Paulo a TFP tem 21. A média das idades (dos sócios e dos militantes) dá preponderância aos jovens. O mais idoso dentre nós tem 61 anos, um ano mais do que eu. Em nossas sedes convivem na maior harmonia, e sem de nenhum modo se confundir, pessoas das mais variadas camadas sociais e profissões. Luz, água ou lenha? Responda o meu caro leitor. Em todo caso, a realidade é a que ele acaba de ler. Nota: 1. O abaixo assinado foi entregue ao Vaticano em 7 de novembro de 1969, como noticiamos em Catolicismo (n.0 229, janeiro/1970).

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Como ruiu a pirâmide de Quéops? Plinio Corrêa de Oliveira Transcrito da "Folha de S. Paulo", 8-2-1969

diante. Em arte, quanto mais extravagante, tanto mais "moderno". Noutra ordem de idéias, o socialista "moderado" se considera moderno em face do anti-socialista. O socialista de extrema esquerda se gaba de moderno diante do "moderado". E o comunista se considera arquimoderno, isto é, despreza como fósseis os socialistas de todas as gamas anteriores . E assim poderíamos multiplicar os exemplos. Em última análise, "moderno" é, neste sentido, algo cuja plenitude, cujo nec plus ultra está no delírio e no comunismo. Assim, se a Igreja deve ajustar-se a este segundo sentido de modernidade, renuncia implicitamente a ser Ela mesma.

Corrosão do princípio de autoridade

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uponho que a grande maioria dos leitores só por volta de 1964 se deu conta, clara e categoricamente, de que existe uma crise na Igreja. Esse foi o ano em que figuras do clero e do laicato católico assumiram, em face da situação criada pelo então Presidente João Goulart, uma atitude diametralmente oposta à que seria de esperar. De lá para cá, os sintomas dessa infeliz crise de tal maneira se fizeram agudos e característicos, que tornaram patente tratar-se não apenas de uma cri e, mas de uma crise imensa, vertiginosa, apocalíptica. Muito pensam - e com razão - que seja talvez a maior delas; maior, por exemplo, que a do arianismo ou a do protestantismo. Diante de tal cataclis mo, que por certo mataria a Igreja se E la fosse mortal, a pergunta vem, espontânea: como puderam as coisas chegar tão rapidamente a esse estado? Esta pergunta, importante por si mesma, cresce ainda em alcance se, em conformidade com nosso artigo anterior, lembrarmos as mil inter-relações que a presente cri. e religiosa tem, forçosamente, com a crises de outra índole que no momento devastam o País. Vamos, pois, à resposta. Imagine o leitor que les e na imprensa a notícia espantosa de que sem terremoto algum - a pirâmide de Quéops trincou , e uma grande parte dela foi ao chão. Ao lado, um despacho telegráfico informaria que as causas do desastre começaram em 1964. Seria legítimo pôr em dúvida a informação. Pois então um edifício que resistiu durante milêni os a todas as intempéries poderia ser trincado e derrubado - sem cataclismo - por uma causa que atuasse só durante cinco anos? É improvável. A mesma observação de bom senso poderia ser feita a propósito da Santa Igreja de Deus, edifício todo espiritual, todo sobrenatural , imortal por desígnio e promessa de Deus

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CATOLIC ISMO

e, pois, incomparavelmente mais sólido que a pirâmide de Quéops. Com as imperfeições inerentes a toda comparação entre a Igreja e o que é terreno, penso que o símile é, todavia, ilustrativo. Assim se vê, com efeito, quão explicável é que, no Brasil, o incêndio na Igreja tenha começado muito antes de 1964. Na realidade - e não há que espantar - começou ele a deitar seus primeiros fogachos por volta de 1940.

Crise na Igreja e a "modernidade" Procedente de vários focos localizados na Europa, incubou-se por etapas em setores religiosos do Brasil, desde aproximadamente 193 7 até 1943, uma mentalidade dominada por uma obsessão: resolver o conflito entre a Igreja e o século mediante uma capitulação completa, isto é, por uma reinterpretação da doutrina da Igreja, uma reforma de suas leis, sua liturgia, seu modo de ser, que a ajustasse totalmente com o que é moderno. A palavra "moderno" é viscosa. De um lado tem ela um sentido bom. Assim, quando se fala da astronomia moderna, indica-se o acervo dos conhecimentos do passado acrescidos e retificados pelo imenso tesouro de aquisições devidas à investigação contemporânea. Todo esse cabedal resulta do impulso vindo das gerações anteriores, o qual nos trouxe ao ápice presente, e com nosso esforço ruma para ápices sempre mais altos. Uma tal modernidade só pode ser bem vista pela Igreja. E, nesta perspectiva, a atualização de alguns tantos aspectos secundários e contingentes da vida da Igreja pode ser um bem. Mas a palavra "moderno" tem também outro sentido, e este é péssimo. Segundo tal sentido, a moça de mini-saia é mais moderna que a de saia de comprimento normal. A seminua seria mais moderna que a de mini-saia, e assim por

Bramindo por uma ambígua modernização - propondo de cambulhada coisas excelentes, coisas discutíveis e coisas péssimas, e fazendo em geral das excelentes e das discutíveis pretexto para as péssimas - esse espírito de falsa modernidade começou a se manifestar em alguns movimentos de si excelentes. Como estou narrando fatos em extremo complexos nos estreitos limites de um artigo, limito-me a apontar o que havia de germinativamente péssimo em doi s desses movimentos, que entre 1937 e 1943 deitaram raízes no Brasil: a -Ação Católica: Tendência a solapar o princípio de autoridade, tornando os leigos virtualmente independentes do clero; freqüentação habitual de locais que todos os moralistas reprovavam, sob pretexto de ali levar "o Cristo"; negação da desigualdade harmônica entre as classes sociais; favorecimento da luta de classes. b - Movimento litúrgico : Tendência a solapar o princípio de autoridade, identificando e nivelando, de algum modo, o sacerdote celebrante com os fiéis; subestima das

formas de piedade católicas mais hostilizadas pelos teólogos não católicos, especialmente os modernos - devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à Eucaristia extra missam, a Nossa Senhora, aos santos, às imagens sagradas, à espiritualidade de Santo Inácio de Loyola e de Santo Afonso de Ligório, à Via Sacra, ao Rosário, etc. c - Em ambos os movimentos : Subestima da ascese, do sacrifício, do combate às paixões desordenadas, por meio da vontade humana fortalecida pela graça. Deixo de lado a apreciação de certos fenômenos concomitantes, tais como o maritainismo, para me ater só a estes. Analise agora o leitor tudo quanto hoje o desola em tantos meios católicos. Verá que quase sempre é o auge das tendê ncias que acabo de enumerar.

Em Defesa da Ação Católica Mas, perguntar-me-á alguém, não é isto uma fantasia? Como provar que problemas tais já causavam preocupação em tão remotas eras? Não estava tudo tranqüilo na Igreja entre 1937 e 1943? Precisamente em 1943 foi publicado em São Paulo (Eclitora Ave Maiia) um livro intitulado Em Defesa da Ação Católica. Trazia um prefácio honroso do então Núncio Apostólico no Brasil , hoje Cardeal Aloisi Masella, e denunciava exatamente o que aqui está afirmado. Seu autor era então Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo, e é também o autor deste artigo. Esse livro, cuja difusão nas cúpulas católicas foi enorme, constituiu uma bomba de que o grande público pouco soube, mas que nos meios católicos repercutiu intensissimamente. Em sua difusão se empenharam a fundo os atuais veteranos do Conselho Nacional da TFP. Estamos assim na pré-história da TFP.

A falsa modernidade que penetrou na Igreja mostra, na foto da direita, exemplo dos péssimos frutos dela nos dias de hoje

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Kamil<aze Plínio Corrêa de Oliveira Transcrito da "Folha de S. Paulo", 15-2-1969

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e que maneira se processou, pari passu com a germinação do progressismo, a formação do núcleo de batalhadores que mais tarde daria origem à TFP? Quais eram os componentes desse núcleo? Que situação tinham no meio católico? Quais suas esperanças e suas lutas primeiras? Para responder a estas perguntas, ainda que em traços muito largos, é necessário evocar as condições de vida da Igreja no período 1937-1943. Naqueles anos havia uma grande e luminosa realidade, que se chamava movimento católico. Nessa designação genérica se compreendia o conjunto formado, de norte a sul do País, pelas associações religiosas. É claro que neste, como em todos os vastos conjuntos, havia certa heterogeneidade. Assim, a par de entidades inertes, esclerosadas pelo tempo ou abortadas por fatores vários, havia outras de uma vitalidade incontestável, e algumas até de uma pujança extraordinária. Entre estas últimas refulgiam as congregações maria-

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nas. O movimento mariano, que começara a se expandir no peóodo de 1925 a 1930, chegava então ao seu apogeu. Prestara ele à Igreja o incomparável serviço de - num país como o nosso, em que a religião só era praticada pelo sexo feminino e por uma minoria de homens de idade madura - atrair para a vida de piedade e para o apostolado legiões inteiras de jovens de todas as classes sociais. Todo esse mundo de associações novas e antigas - pois, pela quantidade, se tratava de um mundo - caminhava para a frente unido filialmente a um clero no qual eram numerosas as personalidades de valor e prestígio, e a um episcopado coeso e profundamente venerado. A força do movimento católico se provara em mil conjunturas. Assim, em 1933, o mais jovem dos candidatos à Constituinte Federal foi ao mesmo tempo o mais votado do País. Tinha 24 anos, e obteve 24 mil votos (o necessário para se eleger era 12 mil). Tal votação, deveu-a ele exclusivamente ao apoio das entidades católicas de São Paulo. O

pelos germes progressistas, que descrevi no artigo de quartafeira última. Desde os primórdios da crise o "Legionário" foi sutilmente atacado, pois era o porta-voz de uma mentalidade que a urdidura progressista queria extirpar, para a substituir pela que hoje aí se vê. Desde os primórdios também, em nossas reuniões de redação, notamos Promessa de um fecundo porvir que o mal vinha espalhado com suma arte, lábia e cópia de prosélitos. Era preEncerrada minha atuação no cenário leciso dar, em meio à desprevenção gegislativo, continuei a militar, como o fazia li/ti Of:llli.~ /\ D/\ ral, um brado de alarma que acordasse desde 1928, nas fileiras marianas. Foi-me a atenção de todos. Assim, foi com o /1(:/lff t:ill'tiUt:I\ então confiada a direção do "Legionário", inteiro apoio de Mons. Mayer e do Pe. órgão da Congregação Mariana de Santa ,..u,, • '"••..ck> iou,o Sigaud que publiquei o livro-bomba O AU-IT:> 11 1.01~1 "1/WU A Cecília. No quadro redatorial desse semaEm Defesa da Ação Católica. Era um nário formou-se gradualmente um grupo gesto de kamikaze: ou estouraria o prode amigos, todos congregados como eu, gressismo, ou estouraóamos nós. que nos dedicamos de corpo e alma ao Estouramos nós. Nos meios católijornalismo católico. cos, o livro suscitou aplausos de uns, a O "Legionário" não se destinava irritação furibunda de outros, e uma esao grande público, mas tão somente tranheza profunda na imensa maioria. a esse imenso meio, algum tanto feA noite densa de um ostracismo chado, que era o movimento católipesado, completo, intérmino, baixou co. Dentro desse meio se estendia, sobre aqueles meus amigos que continuaram fiéis ao livro. de norte a ui do País, sua influência de representante do O esquecimento e olvido nos envolveram, quando ainda pensamento das forças mais jovens e dinâmicas. estávamos na flor da idade: era este o sacrifício previsto e Realçava ainda essa influência a situação pessoal de meus consentido. A aurora, como veremos, só voltou a raiar em colaboradore e a minha no movimento católico - fazía1947. mos parte da direção das entidades Mas o progressismo nascente remais marcantes da juventude católica cebeu com o livro um golpe de que de São Paulo, isto é, da cidadela mariaté hoje não se refez. É que a imensa ana por excelência. A par de outros comaioria a quem a denúncia do livro laboradores de valor pouco comum, causou estranheza ficou entretanto de dois jovens e já famosos professores sobreaviso contra o progressismo de seminário atuavam no "Legionánascente, e não se deixou embair por rio". Um deles era Mons. Antônio de ele. Se o progressismo não passa Castro Mayer, nosso assistente eclesihoje, no Brasil católico, de uma alástico. E o outro era o Pe. Geraldo de gazarra infernal promovida por uma Proença Sigaud, SVD, assíduo colabominoria influente e de grande coberrador. Mons. Mayer foi vigário-geral tura publicitária, se a massa católica para a Ação Católica; e o Pe. Sigaud, dele está arredia, deve-se isto, em assistente eclesiástico da JIC e da JEC, grande parte, ao brado de alarma preao mesmo tempo em que eu era presicoce do Em Defesa da Ação Católidente da Junta Arquidiocesana da Ação ca. O sacrifício do kamikaze valeu o Católica. muito que custou. Nuvens , dissensões: Sim, o "Legionário" as encontrou, mas peque* * * nas. Provinham de leitores fascistizantes, irritados com a campanha sem tréguas que o "Legionário" movia contra o Nada é mais difícil do que escrever sobre a história renazismo e o fascismo. cente. Claro está que, na reação contra o progressismo, Tudo prometia, pois, um porvir de trabalhos fecundos e haveria também outros nomes e outros feitos a mencionar. pacíficos. Lembro, porém, que não pretendi fazer aqui a pré-hi stória Livro-bomba: Em Defesa da Ação Católica do progressismo, mas a da TFP. Assim, cinjo-me ao que diz respeito a esta. Foi precisamente aí que estourou a tragédia provocada teste surpreendeu e impressionou tanto, que a partir desse momento a Liga Eleitoral Católica passou a ser reputada uma das maiores potências do País. Hoje, transcorridos mais de 35 anos, é com alegria e gratidão para com Nossa Senhora que o eleito de 1933 lembra estes fatos para os leitores da "Folha de S. Paulo".

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Nasce a 'I'FP Plinio Corrêa de Oliveira Transcrito da "Folha de S. Paulo", 22-2-1969

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osso período catacumba! durou quatro anos; mas esO Pe. Sigaud, durante o vendaval, fora mandado como mistes traziam constantemente consigo os tristes sintosionário à longínqua Espanha. Voltaria então? Sim, voltamas de um estado definitivo e sem remédio. ria. E nossa alegria subiu ao céu como um hino. Uma estreImagine o leitor um pugilo de líderes já sem liderados, la se acendia, a brilhar na noite de nosso exílio, sobre os um grupo que já cumpriu sua missão, sobreviveu a ela e destroços de nosso naufrágio! fica sobrando. Esta a nossa situação quando o mais velho Contra toda a expectativa, outra alegria nos esperava no de nós tinha 40 anos; e o mais jovem, 25 ! ano seguinte. Ao chegar eu à nossa catacumba, numa noite Resolvemos continuar unidos, em uma vigília de oração de março de 1948, um amigo me esperava à porta, efervese análise dos acontecimentos até quando Deus quisesse. cente de júbilo. O cônego Mayer - que durante a tormenta Alugamos uma pequena sede na rua Martim Francisco, e passara do alto cargo de Vigário Geral da Arquidiocese para ali nos reunimos todas as noites, sem exceção. Recordação, vigário do distante, e aliás tão simpático Belenzinho - acasem amargura nem orgulho, das glórias bava de nos comunicar sua nomeação da imolação dos dias idos; análise solícipara bispo-coadjutor de Campos. É inúta e entristecida da deterioração discreta e til dizer com que exultação fomos no ,ai&implacável da situação religiosa; estudos mesmo instante felicitá-lo. doutrinários em comum; convívio frateril\, A sucessão dos fatos tinha um signo e cordial. Assim, a Providência colos1aum ,,. o, swo nificado iniludível. Essas duas nomea" cava as condições ideais para nos unir. SUA SANTITÀ ções, uma em seguida à outra, valiam Veio daí um tal enrijamento de nossa copor um testemunho de confiança de Pio hotdcrc rir, esão no pensar, no sentir e no agir, como fUII ,tdlo d P'dOft JH'''"º'" lt•t111f1110 ,otri ro . XII, que envolvia obviamente a atuação 111,.u do,.o 4Nt,,t1, nl ,,uc,/pUo "t,11 t1,/01 da -'Çdo Cotl/1t11~. • f• JNhtb tua ,t "t11h,r111 ,,11g111ti. ,rc. ,.,."'· mais seria difícil imaginar. Escondida em anterior de ambos os sacerdotes .. . .Slncfffu , ... 'ª""'' Nbt. fl!Od At'ltOIIUl C"llllolk•" · ,t terra, a semente germinava. cz~nuu ,, dtlrnd Utl, fia opot. Essas duas surpresas não foram as a,p1,,,t ,11,hu"'odl lutr.src,llld OPO~lolalu . , ..uo. ''"' /ontattt •ttw• prr,endl ti ,,01•c.\l • i,11110 ~-ola ,1 lobo,c A nosso lado organizava-se a solimaiores. Exatamente um ano depois, um ho dlrllu "'•hrucorlt t,uclu ,1 Jaavll p1iri,o ri pnc. •ol•II• ff111,.,: IIH' •1,trm 111 •",.C('f111111 ll~I "J10HOUCM111 Olntdittfontnt 1t 1p,r!U dariedade preciosa e discreta de um pureligioso muito amigo, cujo nome não INl•J~e .... ,-, Hlt'•vot1tl• Pf'I• p•o/0,or gilo de moças que conosco lutara na ouso declinar sem consultá-lo (e ele está Ação Católica contra o progressismo de viagem), me entregou uma corresnascente, e também se retirara conosco pondência vinda do Vaticano para mim . para o ostracismo. Era uma carta oficial em latim, assiE ainda assim a morte ceifou três lunada por Mons. João Batista Montini, tadores nessas fileiras tão escassas de que dirigia então a Secretaria de Estado membros. O primeiro foi o delicado, o inda Santa Sé. Eis seu texto em português: trépido, o nobre filho de Nossa Senhora, nosso inesquecível José Gustavo de Souza Queiroz. Lembro também com respeiPalácio do Vaticano, 26 de fevereiro de 1949. to e saudades a personalidade ardorosa, mas ao mesmo tempo silenciosa e suave, de uma militante da JOC (Juventude OpePreclaro Senhor: rária Católica), Da. Angélica Ruiz. E o vulto batalhador e tão Levado por tua dedicação e piedade filial, oferedistinto desse chefe de fann1ia modelar, desse cirurgião exíceste ao Santo Padre o livro "Em Defesa da Ação Camio que toda Santos admirou, desse ·professor universitário tólica", em cujo trabalho revelaste aprimorado cuidasaliente, desse pai dos pobres que foi Antônio Ablas Filho. do e aturada diligência. Sua Santidade regozija-se contigo porque explanaste Uma estrela brllhou na noite de exillo e defendeste com penetração e clareza a Ação CatóliAinda me lembro de um dia de janeiro de 1947, em que ca, da qual possuis um conhecimento completo, e à qual noticiei a meus amigos que, segundo uma rádio-emissora, tens em grande apreço, de tal modo que se tornou claro Pio XII nomeara bispo de Jacarezinho o Pe. Sigaud. Como?! para todos quão importante é estudar e promover tal O quê?! Nossa alegria era grande, mas a dúvida ainda maior. forma auxiliar do apostolado hierárquico.

O Augusto Pont{.fice, de todo o coração, fa z votos que deste teu trabalho resultem ricos e sazonados frutos, e colhas não pequenas nem poucas consolações. E como penhor de que assim seja, te concede a Bênção Apostólica. Desta vez, tudo se tornava cristalino. Pio XII louvava e recomendava o livro do kamikaze.

Tradição, Famílla e Propriedade Dir-se-ia que, com estes três fatos, a situação voltava a ser para nós o que era antes de 1943. Engano. No que diz respeito aos ex-redatores do "Legionário", ela ficou inalterada. Surpreendente contradição dos fatos, sobre a qual é cedo para falar. Mas um acontecimento sobreveio mais ou menos paralelamente a essas vitórias, que marcaria a fundo nosso futuro. O Pe. W. Mariaux S.J. fundara, no Colégio São Luís, uma congregação mariana brilhante. Destinado o notável jesuíta para a Europa, por seus superiores, parte dos congregados nos procurou, solicitando ingresso em nosso grupo. Eram cerca de 15 elementos jovens, de inteligência e capacidade de ação invulgares. Cono co constituíram eles uma só equipe, para a qual o valoroso D. Mayer abria as colunas do grande mensário de cultura Catolicismo , que fundou em 1951. Esse mensário levantou de novo o pendão da luta contra o progressismo.

De significação igualmente primordial foi a publicação por D. Mayer, em 1953, da Pastoral sobre Problemas do Apostolado Moderno, que também estigmatizava o progressismo. Foi ela, em seguida, editada na Itália, na França, na Espanha, no Canadá e na Argentina. Nossas fileiras se iam engrossando. Um jovem professor secundário, recrutador magnífico, começou a nos trazer anualmente uma rica safra de valorosos amigos, filhos da emigração, italianos, sírios, japoneses, espanhóis, alemães, etc. Como as circunstâncias do País iam mudando, nosso interesse ia se ampliando cada vez mais para o campo social. Escrevi então, em 1959, um ensaio expondo nossas teses essenciais na matéria. Intitulou-se Revolução e Contra-Revolução. O trabalho teve oito edições: duas em português, uma em francês, uma em italiano e quatro em espanhol. Estava criado o campo para se desprender de todos esses antecedentes uma ação de natureza diversa, isto é, tipicamente cívica e temporal. Em 1960 se constituía a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, para junto da qual afluíram todos os amigos que o idealismo, a desventura, a fidelidade e as recentes alegrias tão intimamente haviam fundido em uma só alma. + Nos quatro artigos, os entretftulos foram inseridos pel a redação de Ca-

tolicismo. A obra-mestra de Plinio Corrêa de Oliveira

- Revolução e Contra-Revolução - alcançou várias edições no Brasil e no exterior

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cava com uma facilidade extraordinária, e ele pôde, antes de se consagrar ao Senhor na vida religiosa, percorrer o círculo de conhecimentos ensinados nessa época, aprofundá-los e se tornar assim capaz de exercer sem atraso os empregos que lhe quisessem confiar". 1 Estudou nas mais célebres universidades da Itália, não perdeu sua inocência nem deixou de progredir sempre na virtude.

Em Paris, aluno do "Dr. Irrefutável"

São Boaventura O Doutor Seráfico C oluna da teologia e filosofia católicas, sucedeu São Francisco de Assis na direção da Ordem dos Frades Menores, incentivou as cruzadas e foi grande amigo de Santo Tomás de Aquino li

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PUNIO MARIA SOLIMEO

oão de Fidenza nasceu em 1221 na pequena cidade de Bagnoregio, na Toscana. Seus pais eram nobres, ricos e autênticos católicos. Aos quatro anos de idade foi acometido por grave doença. Sua mãe rezou a Francisco de Assis - que ainda vivia, e já era considerado por muitos como santo - e prometeu que, se por sua intercessão o menino sarasse, ela o consagraria à Ordem Franciscana. O menino sarou. Alguns meses depois o Poverello de Assis visitou Bag-

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noregio, e foi-lhe apresentado o menino milagrosamente salvo por sua intercessão. Francisco pôs as mãos sobre sua cabeça, e assumido pelo espírito divino, anteviu toda sua grandeza futura. Exclamou então: "O buona ventura!". Desta efusiva exclamação adquiriu o menino o nome de Boaventura, que tanta glória deu à Igreja. Predestinado desde o berço para tornar-se um grande defensor da Igreja e sustentáculo da Ordem Franciscana, ele foi conatural com a virtude e os estudos: "Seus progressos foram tão rápidos, que seus mestres ficavam pasmos; sua inteligência tudo abar-

Aos 17 anos, quis cumprir o voto materno e pediu admissão nos franciscanos. Pouco depois de sua profissão religiosa, vendo seus superiores o talento extraordinário que ele tinha para os estudos , enviaram-no para continuá-lo na Universidade de Paris, a mais renomada do mundo católico. Lá teve como professor o também franciscano Alexandre de Hales, que brilhava na Cidade Luz com o título de Doutor Irrefutável. O venerando mestre o recebeu como um dom do Céu. Dele costumava dizer: "Este é um verdadeiro israelita em quem Adão parece ncio ter pecado". Durante três anos Boaventura estudou sob a direção de e grande mestre, e depois o substituiu no ensino. Dedicava seus momentos livres ao cuidado dos d entes. Quando subia à cátedra para c mentar as Sagradas Escrituras ou expor os segredos da teologia, seus uvintes se perguntavam, cheio de admiração, de onde tinha ele tirad tanta erudição e clareza, poi em nada parecia o religioso dedicado ao uidado dos doentes. Desse mod , "Boaventura passou sem interrupçc1o, e com o mais prodigioso resultado, das sinuosidades da filosofia às excelsitudes e profundidades da teologia, rainha das ciências. Logo viu-se apto para resolver com exata precisão as mais intrincadas dificuldades, pelo que ressoaram em sua honra os aplausos e louvores de toda a Universidade. As luzes de seu

estudo serviam para fazê-lo avançar com maior rapidez e segurança pelas sendas da virtude e para aproximá-lo mais de Deus". 2 Dele diziam que "em sua linguagem não há arrogância, nem ironia, nem espírito de contradição. Procede sempre com circunspeção, fala com suavidade, discute medindo suas palavras e quase pedindo perdão". 3

Dols luminares da Igreja se encontram Por aquele tempo chegou também a Paris o dominicano Tomás de Aquino, para terminar seus estudos, e os dois santos se uniram na mais íntima amizade. Tendo recebido a ordenação sacerdotal por obediência, Boaventura tremia de santo temor e respeito toda vez que celebrava o Santo Sacrifício. E lamentava: "Como há hoje infelizes padres, descuidados de sua salvação, que comem o corpo de Jesus Cristo no altar como se fosse a carne dos mais vis animais, e que, cobertos e imundos de abominações, não enrubescem de tocar com suas mãos infames, de beijar com seus lábios impuros o Filho de Deus, o Filho único da Virgem Maria! Sim, ouso dizer que se Deus tem por agradável o sacrifício de tais homens, Ele é mentiroso, e se fa z companheiro dos pecadores". 4 Essa reverência pelo santo sacrifício do Altar levou-o, convencido de sua profunda indignidade, a abster-se de celebrá-lo durante algum tempo. Até que um dia, assistindo à santa Missa enquanto meditava na Paixão de Cristo, uma parte da Hóstia consagrada desprendeu-se das mãos do sacerdote e veio pousar em seus lábios. Compreendeu então que deveria continuar celebrando, e que Deus supriria sua pretensa falta de virtude.

Seus melhores llvros: o Crucltlxo Ensinando nas escolas da Ordem, sua fama logo ultrapassou esses estreitos limites. E quando João de la

Rochelle deixou em 1254 sua cátedra na Sorbonne, Boaventura foi designado para sucedê-lo com apenas 30 anos de idade. Certo dia Frei Tomás foi visitá-lo e perguntou em que livros apoiava sua sublime doutrina. Frei Boaventura mostrou-lhe alguns livros, mas, apontando para o Crucifixo sobre sua mesa, disse: "Esta é a fonte de minha doutrina; destas sagradas chagas jorram minhas luzes". Tal era a sublimidade dessa doutrina, que lhe garantiu o título de Doutor Seráfico, pois "tinha uma facilidade prodigiosa, uma natureza poética, eloqüência sublime e comunicativa, e aquele anelo que leva a habitar no alto e a olhar o sol face a face. Era um temperamento agostiniano e platônico, no qual havia elevação, variedade, amplidão, engenho, entusiasmo e espontaneidade nos vôos da alma" .5 Como Tomás de Aquino, Boaventura granjeou toda a confiança do rei São Luís IX, que o convidava amiúde à sua mesa e o admitia em seus conselhos. A pedido do rei, mitigou as regras das clarissas para as jovens da corte que quisessem consagrar-se a Deus.

Campanha de calúnia. Geral da Ordem Frei Tomás e Frei Boaventura brilhavam na Universidade (ambos receberam o doutorado no mesmo dia) . Isso levou alguns professores, sacerdotes seculares cheios de inveja, a levantar uma campanha difamatória contra as ordens mendicantes. A doutrina aristotélica ensinada por Santo Tomás parecia novidade, e o líder dos descontentes, Guilherme do Santo Amor, saiu em guerra contra as "inovações". Os franciscanos e dominicanos encarregaram Tomás de Aquino e Boaventura de sua defesa. Um curso ministrado por Boaventura para refutar os erros de Guilherme, além do livro De perfectione evangélica - uma apologia apaixonante do estado de perfeição - conseguiram desmascarar a

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I· .VARIEDADES

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hipocrisia dos difamadores, ocasionando sua condenação. No capítulo geral dos franciscanos, reunido em fevereiro de 1257 no convento de Araceli, em Roma, o geral João de Parma demitiu-se, sendo Frei Boaventura eleito por unanimidade para substituí-lo. Durante 18 anos ele exerceu esse cargo com extremos de prudência e sabedoria, procurando fortalecer os bons no seu primitivo fervor pela força do ~ exemplo, com doçura, § misericórdia e força, -8 além de impelir os tíbios ::;~ e relaxados a reafervora~ rem-se e a observar em ~ toda sua integridade as regras da Ordem.

funda. Jamais deixava passar ocasião de louvar a digna Mãe de Deus. Todo seu amor reflete-se em sua obra Espelho da Virgem, em que descreve com maestria e unção as graças, virtudes e privilégios de Maria Santíssima. Com-

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"Deixemos um santo escrever a vida de outro"

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No capítulo geral da j Ordem Franciscana, de ~ outubro de 1257, Frei il Boaventura recebeu a in- j cumbência de escrever a biografia de São Francisco de Assis. Para isso foi ao Monte Alverne, onde o Poverello havia recebido os estigmas, a fim de prepararse para a tarefa pela oração e recolhimento. Quando voltou a Paris, Frei Tomás foi visitá-lo e encontrou-o de joelhos, elevado no ar, ainda com a pena na mão, e sobre a mesa os papéis em que escrevia a vida do fundador. Cheio de respeito e admiração, o Doutor Angélico disse aos que o acompanhavam: "Dei~ xemos um santo escrever a vida de outro". Tomás de Aquino se antecipava assim ao juízo da Igreja, reconhecendo a santidade de seu amigo ainda em vida deste. A devoção de Frei Boaventura pela Virgem Maria foi terna e pro-

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pôs também em sua honra um Pequeno Of{cio que, como diz São Luís Grignion de Montfort, "não se pode ler sem enternecimento". São Boaventura convocou um capítulo geral da Ordem, em Assis, para estudar os interesses gerais da Igreja. Nele ordenou aos pregadores franciscanos que pregassem por toda parte a devoção ao Angelus recitado à tarde, para honrar mais especialmente a Santíssima Virgem. Essa prática difundiu-se tão rapidamente pelo mundo cristão, que os Papas a favoreceram depois com inúmeras indulgências. Um dos temas mais importantes desse capítulo foi a cruzada. O geral falou dos sofrimentos da Cristandade, mostrando as calamidades a que a Religião de Jesus Cristo estava exposta.

E incentivou seus frades a pregarem com zelo infatigável uma cruzada contra os infiéis.

Bispo e Cardeal da Santa Igreja À morte de Clemente IV, em 1268, verificou-se profunda indecisão no colégio cardinalício para a escolha de seu sucessor, de modo que a Igreja ficou acéfala por quase três anos. Foi quando Boaventura procurou os cardeais e levou-os a se inclinarem para a eleição de Teobaldo Visconti, eleito com o nome de Gregório X. Este o nomeou depois bispo de Albano e cardeal da Santa Igreja. Gregório X convocou em 1274 um concílio na cidade de Lyon (França), para estudar uma forma de união entre a igreja grega e a latina e reformar os costumes. Os dois grandes teólogos, Tomás de Aquino e Boaventura, foram especialmente convocados pelo Papa para es e concílio. O primeiro faleceu a caminho. O segundo, depois de ter brilhado nas primeiras sessões, foi acometido por súbita doença, que o levou ao túmulo no dia 15 de julho desse mesmo ano, aos 53 anos deidade. • E-ma il do autor: pmsol imeo @cato lic ismo .co m.br

Notas : 1. Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barrai, Paris, 1882, tomo VIII, p. 296. 2. Edelvives, El Santo de cada dia , Editorial Lui s Vives, Saragoça, 1948, tomo IV, p. 142. 3. Fr. Ju sto Perez de Urbe!, O.S.B., Ano Cristiano, Ediciones Fax, Madrid, 1945, tomo III, p. 101. 4. Les Petits Bollandistes, op. c it. , p. 302. 5. Fr. Justo Perez de Urbel, O.S .B., op. c it., pp. 101 - 102.

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ssim como a estrela de Belém pai: rou nos céus do paganismo antigo para indicar aos Reis Magos onde se achava a salvação, assim também a mensagem de Fátima paira sobre o neopaganismo moderno, mostrando aos homens de todos os povos e nações os rumos que deverão tomar os acontecimentos humanos até o triunfo final do Imaculado Coração de Maria. Em sua recente viagem a Fátima, na homilia que pronunciou em 13 de maio durante a Missa celebrada para 500 mil pessoas na Esplanada do Santuário, Bento XVI teve estas palavras que repercutiram mundialmente: "Possam os sete anos que nos separam do centenário das aparições apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade ". Eis o triunfo que devemos desejar com todas as veras da alma.

Mas, ao predizer o triunfo da Virgem, a Mensagem de Fátima nos mostra que ele será alcançado depois de grandes sofrimentos e provações, afastando assim todo e qualquer otimismo estúpido, como o de certas pessoas que acham que a vida é fácil e a vitória se alcança sem esforço. A fé nos mantém na certeza de que o Imaculado Coração da Virgem Santíssima vai triunfar. Quem triunfará com Ele? A fé e a lógica se unem, nesta incontestável re posta: Aqueles que nas horas amargas permanecerem fiéis; os que não dobrarem o joelho diante das máximas do neopaganismo moderno; os que preferirem a dor às alegrias vãs, a luta à acomodação fácil, a fé ao invés da adoração aos ídolos de horror e maldição que se sucedem no palco deste século. Palavras ilustram, mas é o exemplo que arrasta, por isso reproduzo para o leitor a narração de um fato admirável, feita por Irmã Emmanuel. Eu a recebi de uma leitora entusiasta de Catolicismo, que a transcreveu da revista Crusade (maio/junho de

2004) da TFP americana. Refere-se a uma pequena cidade dos Bálcans, que durante a dominação comunista resistiu galhardamente à onda de imoralidade propagada pelos corifeus do ateísmo. "Em nossa cidade croata de 13.000 habitantes, nunca houve divórcio. Como explicar isso? O comunismo está à nossa volta, e as pessoas sofrem cruelmente com as perseguições diárias que enfrentam. Em Herzegovina a cruz representa o maior dos amores, e o crucifixo é o tesouro de cada lar. Quando dois católicos se casam, lhes é dito: 'Vocês acharam sua cruz. É uma cruz para ser amada, para ser carregada, uma cruz para não ser atirada de lado, mas para ser estimada com carinho'. Durante a cerimônia, a noiva e o noivo juntam suas mãos, segurando o crucifixo, e depois osculam, não um ao outro, mas a cruz. Caso um queira abandonar o outro, não poderá fazê-lo sem abandonar Jesus Crucificado. O crucifixo é o ponto central do lar". • E-mai l do autor: gregori o @catolic ismo.com.br

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A·conversão de Clóvis, rei dos francos Ü utra poderia ter sido a História, caso Clóvis não se tivesse convertido à fé católica, num acontecimentomarco da constitui.ção do reino franco e do nascimento da civilização européia

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urante os primeiros séculos da Era Cristã, aos olhos de muitos a civilização romana, cujas instituições ainda eram tributárias do paganismo antigo, parecia ter atingido um patamar definitivo, no qual a humanidade deveria fixar-se. Seus pensadores o afirmavam, e boa parte do gênero humano dividia com eles tal convicção. Não imaginavam outra organização dos poderes públicos, outra constituição da família, um princípio de classificação social diferente, outra forma de repartição das riquezas, outra interpretação do belo. Por mais tacanha que hoje nos possa parecer tal concepção, ela entretanto tinha cidadania no império dos césares. Impregnados de tal convicção, as pessoas fechavam os olhos para o atuante germe de corrupção que levaria essa civilização à ruína: o fundo de podridão moral, que já se havia instalado e se tornava cada vez mais patente. Desejo desenfreado de prazeres, diminuição da natalidade daí decorrente, sobrecarga de impostos sobre a classe rural - foram fatores decisivos, aliados a muitos outros, que enfraqueceram as fibras do império. Somados e articulados, esses fatores acabaram por abrir de par em par as comportas para as invasões bárbaras: 1 Em 406, grande onda de investidas, numa ação conjunta de diversos povos; em 451 , os hunos chefiados pelo temível Átila, cognominado "o flagelo de Deus", varrem novamente a Europa; em 476, por fim, havendo ruído todas as resistências, o último imperador romano do Ocidente, Rômulo Augusto, foi destituído por Odoacro, rei dos hérulos. A Providência Divina atuava por detrás dos acontecimentos visíveis, e a queda do império abria caminho para uma nova civilização gerada pela inspiração e pelo trabalho benéfico da Igreja Católica. Nessa época, a Igreja já havia adquirido grande influência. O imperador Constantino lhe outorgara a liberdade em 313, pelo Edito de Milão; e seu filho Constâncio II, 40 anos depois, havia declarado ilegais todos os ritos pagãos. Restabelecidos tais ritos por Juliano, o Apóstata, coube ao imperador Joviano fazer com que o império retornasse ao cristianismo. Após as devastações produzidas pelas invasões bárbaras, só a Igreja permanecia de pé, como ponto de referência e de apoio, qual rochedo em face das tempestades.

Primórdios da formação do reino franco Dentre os povos vizinhos do Império Romano por ocasião da derrocada deste, e que foram aos poucos se apropriando de seus domínios, encontravam-se os francos,2 mescla de grupos diversos de origem germânica, provenientes dos Países Baixos. No ano de 481 , os francos salianos ou sálios (uma das tribos francas), situados a oeste do Reno com sede na cidade de Tournai, reconheceram como seu rei o jovem Clóvis (ou Luís, como hoje seria chamado), de 15 anos de idade, mas já maduro, exibindo como símbolo de seu poder uma longa cabeleira loira. Seu pai Childerico descendia de Meroveu, personagem um tanto desconhecido que emprestou seu nome à dinastia. Clóvis foi conquistando as outras tribos francas , tornando-se rei de um povo enérgico, aguerrido, mas já sedentário e afeito ao trabalho do campo; era um povo ainda pagão como seu novo soberano, em meio a tantos outros bárbaros, estes pervertidos pela heresia ariana. Aproveitando o potencial guerreiro de seu povo, e vendo diante de si enormes espaços sem dono, Clóvis avançou em direção ao sul, ocupando o que restava da Gália romana. Já os visigodos tinham se apoderado do sudoeste da Gália, e os burgúndios da parte sudeste. No centro-norte CATOLICISMO

governava Syagrius, sucessor do último administrador do império romano. Não detinha nenhum título de legitimidade, pois já nada restava da estrutura do governo imperial.

Cl6vis e Clotilde: matrimônio providencial Os francos resolveram avançar sobre Soissons, a capital do território de Syagrius, dominando-o como também a todo o pretenso reino deste, após alguns poucos enfrentamentos. Syagrius refugiou-se junto aos visigodos, sendo depois entregue a Clóvis, que o fez decapitar secretamente. Soissons, cidade ainda impregnada pelo esplendor do império, tornou-se capital dos francos. Clóvis pas ou a dominar toda a parte norte da Gália, limitada pelo rio Sena. Seu prestígio atravessou rapidamente as fronteiras do território franco. Aos 25 anos casou-se com Clotilde, filh a de um dos reis burgúndi os, cristã como sua mãe, famosa por sua beleza e por suas virtudes. Apesar das resistências da princesa, motivadas pelo temor de unir-se a um pagão, o matrimôni o celebrou-se em 492, após alguns bispos a convencerem da grande utilidade daquela união para o futu ro da fé católica na Europa. Clotilde procurava por todos os modos a conversão de seu real esposo, e conseg uiu deste autorização para que seu primeiro filho fosse batizado. Pl anejou uma fes ta repleta de solenidades, para impressionar o esposo, ma o herdeiro morreu pouco depois. Clóvis estava conve ncido de que uma conversão significaria um rebaixamento, uma diminuição das forças do r ino, além do perigo de distanciamento em relação a seu próprio povo.

Uma conversão muda os rumos da llist6ria No ano de 496, o reino de Clóvis estava na iminência de sofrer uma Santa Clotilde suplica a inva ão por parte do alamanos, povo germânico que no passado havia-se unido aos francos Clóvis que se converta contra o Impéri o R mano. Tendo já enfrentado os francos ripuários, 3 e sendo por eles repeliao cristianismo 4 dos na batalha de To lbiac, os alamanos voltaram à carga, ameaçando desta vez também os francos salianos chefiados por Clóvis. Os exércitos ri vais se enfre ntavam nos campos de Toul, e a fama dos guerreiros francos não fazia senão aumentar a bravura do alamanos. O exército de Clóvi s, após lutas ferozes, tendia a recuar; e a debandada era iminente. Num relance, Clóvis viu passarem diante de si todos os horrores de urn a eventual derrota e os desastres da fuga. A invocação do, seus deuses fora em vão. Lembrou-se então do Deu de Clotilde, e lhe veio à mente a figura de Jesus Cristo, cheio de bondade e de doç ura, Aquele que era, segundo sua esposa, "o vencedor da ,norte e o príncipe dos séculos .futuros ". Em seu • f,,,.,, ·, desespero, banhado em lágrimas, lançou um brado: "JeOUITA!NE \ sus Cristo, tu que és, segundo Clotilde, o Filho do Deus .,.... , ,.~~- (B ............. \ vivo, socorre-me em minha angústia; se tu me concedes A T LANT I QU[ , t ,/ 11,AIW', r'. a vitória, cPrei em ti e me f arei batizar". •r,1.n Assim narra Godefroy Kurth o desfecho da batalha: "Esse grito representa o próprio povo no momento mais solene de sua existência. É um pacto proposto a Cristo pelo povo f ran ·o, e que Ele ratifica. Pois, tão logo Clóvis •··•--- _,._,.,,.. . ·-~\>:;,,_ \ o tinha pronun iado, a sorte do combate inverte-se brus~ ROYAUME ~E~~;jcj -.1.. __.:.:.,c---'"-'-'-'-""-'-'-'-"-''"""-- camente. Os soldados de Clóvis retomam a coragem. A batalha se r stal elece, o exército f ranco volta à carga, os Mapa do Reino dos Francos alamanos se ·urvam, seu rei sucumbe na refrega. Eles depõem as armas, e no próprio campo da durante o governo de Clóvis batalha pedem clemência ao rei dos francos. Este os trata com doçura e generosidade, e conten5 tando-se com suo submissão, põe .fim à guerra".

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Plinlo Maria Sollmeo

Marco do nascimento da c/v/J/zação medieval Pode-se bem comparar tal fato ao ocorrido com o imperador Constantino na batalha de Ponte Mílvia: este fechou os anais do mundo pagão antigo, o de Clóvis abriu os anais do mundo cristão medieval. O destino do povo franco, e com ele o da Europa cristã, começa aí a ser traçado. Aquele rei pagão, que começava apenas a expandir seus domínios, num mesmo movimento estende seus braços ao Deus Salvador e desloca o centro de gravidade da História: cria a primeira nação católica e atrai parn suas mãos o báculo da civilização, abandonado por Roma. A conversão de Clóvis não foi, certamente, um ato improvisado, pois nada de grande se faz de repente. É certo que, ao redor de Clóvis, tudo colaborava para conduzi-lo a isso: a ação benéfica e constante de sua esposa, as orações e esforços apostólicos dos bispos e missionários (entre todos, os do grande São Remígio), a crescente adesão à fé verdadeira por parte de seus súditos galo-romanos e até bárbaros. Sua consciência ficou, por assim dizer, sitiada. Faltava porém a adesão de sua vontade, que somente poderia provir de um ato livre e espontâneo seu. Ele teria podido - a exemplo de outros bárbaros ilustres, como Gondebaldo, rei dos burgúndios; ou Teodorico, rei dos ostrogodos ~ - permanecer surdo a tantos apelos e recusar-se a tomar a decisão ·Í transcendental. A grandeza de seu ato vem de ter aberto sua alma, ~ na plenitude de sua liberdade, para a ação da graça que o chamava ~ a uma tão grande elevação. ; A vitória de Clóvis teve como efeito direto o desfazimento do ü perigo alamano. Tendo sido por séculos o terror do império, e de- ~ pois se tornado terror dos francos, esse povo passou a inspirar apeo nas sentimentos de piedade aos vizinhos. E o rei dos francos , com ~ seu ato de clemência, inaugurou sua entrada na família majestosa ~ dos reis cristãos. Historicamente, essa vitória e a conseqüente con- ~ versão do rei franco abre caminho para a constituição da civili za- ~ "'~ ção medieval. Concluamos com G. Kurth: "De onde vem a grandeza históri- ~ ca do povo franco ? Vem inteiramente do fato de a vontade transcendente criadora do mundo moderno [leia-se medieval] tê-lo escolhido. Na aurora desse mundo ele foi chamado, e atendeu ao apelo. Com uma alegre confiança, deu sua mão à Igreja Católica, foi seu discípulo e mais tarde seu enérgico defenso,; e recebeu d'Ela a chama da vida, para portá-la através das nações". 6 •

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Santa Maria Madalena -A força do perdão

de São Bento

A. de França Andrade Santa Maria Madalenu, a p1:rn<lora do Evangc1 o, da qual J us Cristo expulsou sete demônios e que d pois, sinc r,um·nLt• rnnvcrtida e alçada à mais el vadu sant1da1k. brilhou como exemplo de penitênciu. dr amor de Deus e de devotamento em reluçllo II Nosso S..:nhor Jesus Cristo.

Pl/nlo Maria Sol/meo Depois de sua conversão, Santo Inácio de Loyola teve contínua familiaridade com a Santíssima Trindade, com a Virgem Maria e com os anjos. Conheça a vida desse santo extraordinário.

Vida e Milagres Papa São Gregório Magno São Bento faleceu no ano de 547. Durante a vida, construiu mosteiros, curou doentes, ressuscitou mortos, enfrentou tiranos e fundou a Ordem Beneditina. Sua biografia, escrita por uni quase contemporâneo seu, o Papa São Gregório Magno, ainda hoje encanta e edifica.

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Santo Inácio de Loyola - O Guerreiro de Cristo

Promessa de salvação

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1. "Bárbaros: nome dado pelos romanos a todos os que não participavam da civilização greco- romana" (Petit Larousse ele l'Histoire de France, 2009). 2. Nome escolhido pelo próprio povo, e que equiva le em francês afiers et !,ardis (a lti v se ousados). 3. Ramo do povo franco que habitava a margem direita do ri o Reno, e cuja ca pital era a cidade de Colôni a. 4 . A batalha de Tolbiac passou para a Hi tória como sendo aquela em que e deu a conversão de Clóv is. Entretanto, segundo Goclefroy Kurth, hi storiador bel ga e grande autoridade na matéria, o certo é atribuir tal título à batalha vencida poucos dias antes pelos ripuários, govern ados pelo rei Sigeberto. O respon sável des sa fa lsa atribui ção teria sid o um hi storiógrafo do século XVJ, que baseou sua preferência em meras conj ecturas subj etivas. 5. Godefroy Kurth, Clovis - Ed iti ons ele la Seine, 1996, p. 286. 6. Op. cit, p. XX.

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CATOLICISMO


1 Santo /\a rão, Levita + Palestina, 1250 a.C. Irmão de Moisés, foi seu porta-voz junto ao faraó, quando das tentativas de libertar o povo hebreu do cativeiro no Egito. Foi declarado por Moisés, por ordem de Deus, o primeiro e Supremo Sacerdote da Ordem levítica.

2 Santo Oton de Bambcrg, Bispo e Confessor + Alemanha, 1139. "Na época da querela entre a Igreja e o Império, por sua correção e lealdade soube servir sem choques a corte imperial e a Sé Apostólica. Pregou o Evangelho aos povos da Pomerânia e da Germânia do Norte" (do Martirológio Romano-Monástico). Primeira Sexta-Feira do mês.

3 São Tomé, Apóstolo Primeiro Sábado do mês.

4 Sa nta Isa bel, Rainha ele Port uga l, Viúva.

5 Sa nta Gocloleva, Mártir da l'itleliclaelc conjugal + Holanda, 1070. Todo o amor e consideração aparentados pelo marido antes do casamento passaram, por insti gação da mãe deste, a ódio e maus tratos. Para manter a paz doméstica e obter a conversão de seus perseguidores, reso lveu sofrer tudo pacientemente, com espírito sobrenatural. Foi mandada enforcar pelo marido que, para não se comprometer, pretextou uma viagem. Depois, moído de remorsos, confessou o crime e foi expiar seu pecado num convento.

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Sa nta Maria GoreW, Virgem e Márti r. São Rôrnulo ele l<'i ésolc, Bispo e méirt ir

São Bento Abacle, Confessor

+ Itáli a, séc. II. "Discípulo do

Santos Na rbor e l<'élix, Má rtires

Bem.-aventurado Apóstolo Pedro, foi enviado pelo mesmo a pregar o Evangelho, anunciando a Cristo em muitos lugares da Itália", antes de derramar seu sangue pela fé (do Martiro lógio Romano).

12 + Itália, séc. IV. Estes doi s soldados irmãos, de origem africana, sofreram vários tormentos sob Maximi ano, sendo por fim degolados.

18 Santa Sinforosa e fil hos. Má rt ires + Itá li a, séc.

[l] . Es posa do mártir São Getú li o, morreu també m pela fé católica juntame nte co m seu se te filh os, Crescênc io, Juli ão, Ne mésio, Primitivo, Ju stin o, stác io e Eugênio.

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Sa nto Ambrósio /\utperl , Conressor

7

São Silas, Confessor'

São Pantcno, Confessor

+ França, séc. Vm . "Ofi cial da

+ Macedônia, séc. 1. Foi desig-

+ Alexandri a, séc. II. " Varão

na do pe los Apó stolos para aco mpanhar São Paulo e São Barnabé em suas pregações aos gentios. "Cheio da graça de Deus, exerceu f ervorosamente o ministério da pregação" (do Martirológio).

corte de Pepino, o Breve. Foi preceptor do futuro imperador Carlos Magno, entrando logo depois para a abadia de São Vicente, no du ado de Benevento. Autor muito apreciado na Idade Média, escreveu vários comentários da Sagrada Escritura e várias obras litúrgicas e hagiográficas " ( lo Martirológio Roman -M nástico).

apostólico, repleto de sabedoria, tão grande era seu zelo e amor pela palavra de Deus que, abrasado de fé e piedade, saiu apregar o Evangelho de Cristo aos povos que habitavam os mais remotos confins do Oriente" (do Martiro lógio Romano).

8 São Procópio. Mártir• + Palestina, séc. IV. Primeira vítima da perseguição do imperador romano pagão Diocleciano. Segundo o historiador E usébio, "era originário de Jerusalém e vivia como asceta. Sua cultura p,vfana era fra ca, mas a palavra de Deus era sua força. Foi decapitado após ter confessado valorosamente sua fé " (do Martirológio Romano-Monástico).

9 Santa Paulina do Cor·ação /\goniiante de ,Jesus. Sa ntos Má rt ires ele Gor·cum + Ho landa, 1572. Esses dezenove cató li cos foram presos quand os calvinistas tomaram a c idade, e enforcados por defenderem a autoridade da Igreja Católi ca e a presença rea l de No o Senhor no Santíssim o Sacramento.

10 Sete Irmãos Má rt ires + Roma, séc. II. Sete irmãos Januá rio, Felipe, Féli x, Silvano, Alexandre, Vital e Marc ia l - enfre ntara m o martíri o sob o imperador Antonino, exortados por sua mãe, Santa Felicidade .

14 São l léraclas, Bispo e Confessor· + Egito, séc. III. Estudou na Escola de Alexandria, to rnando-se depois bispo dessa c idade. Sua grande fama atraía à sua sé ep iscopal muitos e ruditos que vinham para conhecê- lo.

15 São BoavenLur·a, Conrcssor e Doutor· ela Igreja (Vide p. 38)

16 Nossa Senhora cio Ca rmo Festa prescrita a toda a Igreja em 1726 por Bento XII. Tem por fim agradecer a Nossa Senhora as extraordinárias graças que concedeu à Ordem do Carmo e a todos os seus servos que usam o escapulário, o qual preserva as almas do infe rno e as livra do Purgatório medi ante certas condições.

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20 Santo 11:lins, Pr·orcta. Sarno /\ trl'élio, Bispo e Conl'CSS0I'

+ Cartago, 430. orno bispo de Cartago, govern ava a Igreja da África, que contava com cerca de 500 bispos, aj udado e aconselhado por Santo Ago. tinho.

so e condenado à morte como pad re c landestino, juntamente com São Philip Evans. Canonizados entre os 40 Mártires da Inglaterra e País ele Gales.

23 Santa Bdgicla, Virgem. São ,loão Cassia no, Co nfessor + França, 432. Provençal, fezse monge em Be lém e depois viveu 15 ano como eremita no Egito. Ordenado sacerdote, fixou-se em Marselha, onde fundou div e rsos moste iros, nos quais implantou o ascetismo e a espiritualid ade dos monges cio Egito.

24 São Clwrbel Maklouf, Confessor. São ,João Boste, Mártir + Inglaterra, 1594. Tendo estudado em Oxford , converteu-se ao catolic i mo em J 576, indo para a França, onde foi ordenado. Designado para as mi ssões inglesas, esteve atendendo os cató.licos res identes ao norte da Ing laterra. Tendo sído descoberto, foi enforcado e esqu a rtej ado, morrendo ass im g loriosamente pe la fé católi ca.

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São Tiago Maior, Apósto lo

São Lourenço de Brinclisi , Conrcssor e Doutor ela Igreja + Lisboa, 16 19. Re ligioso ca-

+ Séc. L Irmão ele São João, fo i

puchi nho italiano , pregou du rante 20 anos na Itá lia e Alemanha, endo um cios mais temíveis adve rsários cio protestanti smo e m ua época. Hábil dipl o mata, foi e ncarrega do pelo Papa de delicadas mis ões, fa lecendo nesse exercíc io em Portu ga l. De ixou várias obras ele controvérsia e exegese.

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Bea to Inácio de /\zeveelo e 39 Companheiros, Mártires do Brasil. Santa Marcelina, Virgem

Santa Ma l'iu Madalena, Pcnil.<'ntc. São ,João l ,loycl , Mártil'

+ Mil ão, séc. IV. Irmã de San-

+ Inglaterra, 1679 . Natural do

to Ambrósio, recebeu o véu elas virgens da mão do Papa Libério, na Basílica de São Pedro, e m 353.

País de Gales, estudou cm Guent e Valladolicl, onde foi ordenado. Voltou a seu país 1n1ra dar a sistência aos católi os, mas foi prc-

um cios três Apóstolos presentes na Transfiguração e na Agonia do Horto. Prego u na Judéia, Samaria e Espanha. Seu sepulcro e m Compostela foi um dos mais fa mosos da Idade Média. Patrono e protetor da Espan ha, é con hec id o co mo Santiago Mata mouros.

26 São ,Joaquim e Sa111.il /\na, pais de Ma r·ia Sa ntíssima. São ,Jacinto, Míí r·l,il'

+ Itáli a, séc . II. "Lançado primeiro no fogo, e depois num.a torrente, saiu incólum.e. Sob o imperador Trajano, terminou sua vida ao fio da espada. A matrona Júlia sepultou-lhe o corpo em sua quinta perto de Roma" (ci o Martiro lógio Romano) .

27 São Celestino 1, Papa e Conrcssor + Roma, 432. Romano de nascença, foi atraído a Milão pela santidade de Santo Ambrósio. Eleito Papa, combateu as heresias ele Nestório e Pelágio, convocando para isso o Concílio de Éfeso, que proclamou a maternidade divina de Nossa Senhora.

28 Sa ntos Má rt ires ela Tebaicla

+ Egito, séc. III. Mártires que padeceram sob Décio e Valeriano, suportando os mais diversos torme ntos. A um dos mártires, "brandamente ligado a uma alcatifa de f lores, chegou-se uma desavergonhada prostituta para o provocar à luxúria. Ele, porém, cortou com os dentes a própria língua e cuspiu-a no rosto da sedutora", sendo depois martirizado (do Martirológio Romano).

29 São Lobo, Bispo e Conressor

+ França, 478. Bispo de Troyes,

Intenções para a Santa Missa em julho Será ce lebrada pe lo Revmo . Padre Da vid Fran cisqu ini , nas seguintes intenções: • Pedindo a Nossa Senhora do Carmo que frustre as articulações dos adversários da Igreja Católica, que tramom sua aniquilação, e não permita a aprovação de lei s iníquas e anticristãs em nosso País, como as previstas no decreto instituindo o PNDH -3, cujas propostas são contrárias à Lei Divina e à Lei natural.

esteve na Ing laterra com São Germano combatendo o pelagian ismo. De volta a seu país, fo i retido como refém por Átila, o bárbaro rei cios hunos, exercendo sobre ele benéfica influência.

30 Sa nta Julita, Márti r + Ásia Menor, 305. Rica viúva de Cesaréia, tendo sido despojada de toda sua fottuna, por meios fraudulentos, por um dos pri ncipais da cidade, resolveu processá-lo. Intimada du rante o processo a sacrificar aos ídolos, para obter a restituição de seus bens, preferiu perdê-los, e à vida temporal, para ganhar a eterna.

31 Sa nto lniicio ele l ,oyola, Confessor. São l<áhio, Márt ir + Ásia Menor, séc. III. Sold ado, recusou-se a levar as insígnias do governador provincial , porque nelas fig uravam símbolos pagãos. Pre o, declarou-se cristão, sendo por isso condenado à morte.

Intenções para a Santa Missa em agosto • Em honra à festivida de celebrada pela Santa Igre ja no dia 15 de agosto: a glorioso As sunção de Nossa Senhora aos Céus em corpo e alma . Nesse dia, em que se comemora uma das mais antigas festas marianas, pediremos à Virgem Santíssima que maternalmente abençoe os lares e as famílias de todos nossos leitores e colaborado res.


Conferência sobre

mudança climática e,

H EITOR A BDALLA B ucHAUL

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m Bruxelas, na sede da Federação Pró Europa Cristã, reali zouse n·o di a 13 de a bril últim o esc larecedora co nferência sobre o tão debatido tema da mudança climática. O confe rencista, Stéphane Buffe taut, é deputado no Parlamento Europeu e foi admini strador adjun to de Versalhes durante 13 anos. Jurista e especiali sta em direito ambi enta l, atu almente presid e o observatório do desenvolvimento sustentável do comitê econômico e soc ial europeu. Os aspectos relacionados com o clima e suas variações naturais fora m abordados detalhadamente, e ressaltada a constante manipulação ideológica a que são submetidos por órgãos da mídi a em âmbito universal, procurando responsabilizar o homem e suas atividades por todos os males mundiais. E a pseudo-solução que sugerem é uma vida simples e primitiva - o mi serabilismo. A partir dessa impostação, todos compreenderam melhor a intenção dos chamados eco-terroristas e seu engajamento para a instauração de uma "nova ordem mundial", à maneira da "nova religião" que praticam - um culto à natureza, esquecendo-se de que Deus delegou ao homem, rei da criação, o domínio da natureza. O conferencista abordou muito bem a fracassada Co11ferência de Copenhague e os interesses conflitantes entre os diversos países que dela partic iparam. Apesar desse fracasso, o di sc urso da Comissão Euro péia não mudou, continuando a afirm ar que seu objeti vo é "promover um acordo sólido e juridicamente contratado sobre a m.udança climática, nas Nações Unidas". O Sr. Buffetaut conclu iu afirm ando: "Defi'ontam-se duas concepções de eco-

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CATOLICISMO

deno u o favorecimento do aborto pelo regime marxi sta, afirm and o que ainda hoje milhares de cri anças são assassinadas por essa criminosa práti ca em seu país. Anna Zaborska alertou também para o prejuízo que significa a fo rte presença do poder estatal no Ocidente, ressaltando a importância da fa mília como célula-mater da sociedade, bem como a extrema necess id ade cl engajamento na luta para impedir que , ejam aniquilados os mais altos valores da instituição familiar, • E-mail para o autor: Cilt l1Ji ·ism o@cato lici smo.com. br

O Duque Paul de Oldenburg apresenta o conferencista Stéphane Buffetaut, , jurista e especialista em direito ambiental, e deputado no Parlamento Europeu

logia: uma voltada para o homem, e outra sem o homem, Prof undamente malthusian.a, esta última tem como exemplo extremo certas seitas de deep ecology americanas, ciijos membros se esterilizam a f im de não perpetuar o gênero humano - o qual, segundo os sectários, polui a natureza 'deificada' pelo neopanteísmo contemporâneo". Após essas e clarecedoras palavras, houve calorosa participação dos ass istentes, predomin ando j ovens, intelectuais e personalidades da política e cultura eu. ropéias. *

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Aind a na sede da Fede ração Pró Europa Cristã, realizou-se no di a 11 de maio importante conferência da deputada es lovaca junto ao Parlamento Europe u, Ann a Zabo rska, qu e pres id e o intergrupo Família, proteção da infância e solida riedade entre as gerações. O

tema da expos ição foi: "Família cristã: modelo ultrapassado ou trampolim para a regeneração da Europa? ". Tendo vivido na Eslováquia du rante o jugo co muni sta, a confere ncista con-

Veneração à túnica inconsútil de Nosso Senhor O festivo repicar dos sinos e o majestoso som do órgão anunciavam um grande acontecimento na bela cidade de Trier, na Alemanha. Assim como Turim tem o privilégio de guardar o Santo Sudário (lençol que envolveu o corpo do Senhor morto) , Trier venera a túnica que vestiu Nosso Senhor em vida. Era o dia 17 de abril, numa semana de romaria promovida pela diocese local com o intuito de venerar a túnica inconsútil de Nosso Senhor,* que se encontra num relicário da grandiosa catedral em estilo românico, cuja origem é uma igreja construída pelo imperador Constantino sobre um antigo palácio de sua mãe, a imperatriz Santa Helena. Nesse dia foi celebrada Missa pontifical em rito tridentino - segundo o Motu Proprio Summorum Pontificum - na igreja de São Paulino, em cuja cripta são veneradas relíquias dos soldados mártires da Legião Tebana. Foi a primeira Missa pontifical celebrada na diocese desde a reforma litúrgica, sendo celebrante o abade M. Josef Volberg OCSO, da abadia trapista de Mariawald, comunidade monástica que há três anos adotou oficialmente o rito de São Pio V Em pomposa cerimônia, desde a procissão de entrada participaram diversos membros da Federação Pró Europa Cristã especialmente convidados, que ocuparam lugares reservados no presbitério. À tarde houve prqcissão, na qual os fiéis entoaram cânticos tradicionais e puderam fazer suas preces junto à tão venerável relíquia. * Entre os séculos Ili e IV, Trier sedi ou o Império Romano. Quando Santa Hele na voltou de sua peregrinação à Terra Sa nta, deixou a Sagrada Túni.c a na igreja construída por Constantino, seu filho. A cidade fi cou igualmente fa mosa por seus numerosos mártires , durante o período das perseguições de Di oc leciano. Conta-se que, em certa época, o rio Mosela ficou vermelho por tanto sangue cristão que nele foi vertido. Em Trier também repousa o corpo de São Matias, eleito pelos Apósto los para substituir o traidor Judas no Colég io Apostólico. Na históri a da di ocese co ntam-se mai s de 20 bi spos canonizados.

No dia 5 ele junho, a Federação Pró Europa Cristã participou da comemoração cio dia do padroeiro da Alemanha, São Bonifácio, na bela e sacra! cidade de Altottingen. Vários de seus membros ocuparam lugar de h nra na procissão e na suntuosa Missa pontifical celebrada na Basíl i ·a de Santa Ana pelo bispo !-Ians, d • Liechtenstein. Ao final , os m ·mbros da Federação receberam ·un 1primcntos dos presentes p ·lo traba lho que desenvolvem na Eu ropa 'tn defesa de uma autêntica ·ivil izução cristã.

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Em defesa da família, marcha contra o aborto em Varsóvia

Frente Universitária e Estudantil Lepanto li DANIEL M ARTINS

111 LEONARDO PRZYBYSZ

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om a participação de mais de 6.000 pessoas, realizou-se no dia 30 de maio nas ruas centrais da Varsóvia, por iniciativa da Associação pela

Cultura Cristã Padre Piotr Skarga, a V Marcha pela Vida e pela Família. Acorreram também muitas organizações antiaborto provenientes de cidades do interior da Polônia, com jovens portando cartazes contra o "casamento" homossexual. Partici param da marcha delegações da TFP dos Estados Unidos e de outras organi zações como Acção Família (Portugal), Droit de Naítre (França), Ação SOS Leben (Alemanha), Associação dos Fundadores (Brasil). Entre o presentes, dois candidatos à presidência da Polônia, de putados e vários relig iosos . Slawom ir Olejniczak, presidente da Associação Pe. Piotr Skarga, ressaltou em di scurso aos presentes: "Não tenha-

mos a ilusão de que a Polônia perdurará como nação, se o Estado continuar com sua ação de solapamento desse verdadeiro fundamento da sociedade, que é a família, atualmente ameaçada pela cultura da morte, que é o aborto". "Sex-educação é depravação!" fo i um dos slogans mais repetidos pela multidão, opondo-se à famigerada educação sex ual nas escolas, inclusive para crianças a partir de seis anos. Em nome dos participantes da marcha, foi encaminhada uma carta aos cand idatos à presidência do país, pedindo que se definam em relação a um projeto de le i anti-família, q ue acabaria por privar a famí li a da sua auto nom ia e independência, que no entanto são necessár ias à missão que lhe é própria na sociedade. • E-mail do autor : leonardoprzybysz@catol ic ismo.com.br

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CATOLIC ISMO

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romiscuidade sexual, gangues, tribos, hip-hop e congêneres atraem realmente a juventude moderna? resposta será sim se considerarmos que, de fato, muitos jovens se deixam levar pelos meios de com unicação e pela propaganda m geral , que continuamente os conv idam para a promiscuidacl sex ual , as ga ngues, as tribos, hip-hop, etc. São arrastados p la corr ·ntcza do mundo moderno. Mas a r spos la dcv ser não quando verificamos que, se convidados para altos i lea is, mu itos jovens se sentem profundamente motivados e reje itam as e nganosas atrações que lhes são oferec idas. E o número desses jovens cresce. Assim, ao multiplicarmos convites aos jovens para o verdadeiro heroís mo e para a luta por ideais aute nticamente cri srn. s, gra nde parte deles, q ue por falta de opção se deixam atra ir pelos modernos desvarios, tenderão a seguir esse chamado mai s alto. A prova disso são as várias ·programações que grupos como a Frent , Universitária e Estudantil Lepanto promovem para jovens. No fer iado de Corpus Christi, entre os dias 3 e 6 ele junho, ocorreu mai s um acampamento no entorno de Bras íli a, para a formação de jovens. E a programação? Um misto salutar ele estudo, oração e lazer, num ambiente de e levação moral. As reuniões de estudos trataram de temas como: o Programa Nacional de Direitos Humanos e os casli gos previstos por Nossa cnhora e m Fátima; hi stória das quatro revo luções - protestantismo , Revol ução Francesa, com uni s mo e triba li smo; a doutrina ca l li ca sobre os anjos; as mara vilh as do anto S udário de Turim ; /\ndrca Hofer e a resistência tirolesa a Napo leão; a importância da devoção a Nossa Sen hora. Como le itor pode constatar, 11 m rico pa norama religioso, histórico e d utrinário. Na hora do lazer, o famoso e concorrido paintball; passeio à cacho ira ; jo •os de tipo med ieval à lu z de tochas, e ntre outros. Oraçõ ·s? ( 'omo todos sabemos, depois cios sacra mentos e la é a princ ipul l'onl 'das graças, sem as qua is não se pode cumprir duravelm ' 111 • lodos os mandamentos ela Lei de Deus. E as g raças nos sto 'Olll't·d idas por meio de Nossa Senhora. Assim, diariament r · ·ilot1 Sl' o terç , que em uma das noites fo i rezado sole nem ' lll l' 11111 11 rnrl •jo à luz de toc has, acompanhando a im agem de Noss11 SL•11horn de Pátima. No do11iin po, o l'nccrramento com um delicioso carneüo assado inll'il'O 110 mkl L'. Se V0l' l jovL•111, l alvú:t. se sinta atraído por algum item desse prog rarnn v111 i11do, li s · d •seja participa r, e ntre em co ntacto conosco p11r11 11 pl'11tl11r sua in ·lu são na próxima progra mação qu e h o u v r t•111 ,~ 11 11 n •p ii)o . Nosso e - mail para esse efeito: le Ja1 o(ol [ ' )llllllO , ·0111 ,hr. •

Com programa a nálogo, e nos mes mos dias, reali zouse um acampamento muito animado em Itapecerica da Serra (SP).

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á um princípio que a piedade cató lica admite corno certo: quando em algum lugar ocorreu algo de muito sagrado, de certo modo aquele loca l fi ca també m sa-

grado, Um exemplo supremo: o Ho1to das Oliveiras, o lugar sagrado onde se passou a Agoni a de Nosso Senhor Jesus Cristo. Lugar da luta d 'Ele diante da perspectiva da morte e de tudo quanto se sucede u; local o nde E le esteve, sofreu e derramou o primeiro Sangue da Pa ixão. Esses fatos tornaram sagrado aque le lugar. Nesse local abençoado, quem ali se encontra poderá receber muitas graças, pelas quais se é levado ao amor de Deus, ao arrependimento, à compunção, à piedade e à compaixão para com o Cordeiro de Deus, que a.li sofreu para nossa sal vação. Ne se sentido , o lugar por excelência é o Santo Sepulcro, po is recebeu o corpo de Nosso Senhor, e ali Ele ressusc itou, Basta isto para se entende r tudo. Tais lugares são particularmente dignos de reverência. Daí o fa to de se guardar deles, à maneira de re líquia, alguma porção de terra, po is trata-se da terra em que há do is mil anos pou. ou a planta dos pés cio Homem-Deus. Estando nesses lugares, não é po sível a pessoa não se prosternar e reverenciar. Também tornam-se sagrados os locais onde se passaram os grandes fatos históricos, os grandes atos de coragem, de virtude, de renúnc ia, de grandeza de horizontes da hi stóri a da Crista ndade. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 11 de janeiro 1989. Sem revisão do autor.


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ASSUNÇAO O triunfo de Nossa Senhora /

E dogma de fé a Assunção de Nossa Senhora aos Céus em corpo e alma - festa que a Santa Igreja celebra no dia 15 deste mês. A proclamação desse dogma connrmou a devoção já praticada desde os primeiros séculos. A propósito dessa data, transcrevemos comenLárjo do Prof. Plínio proferido em palestra de 14-8-1965

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CARTA no D11mT01I

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LmTuRA EsP11m·uA1, Poc que estudar a Religião - flnal

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C0tumSPOND1~:NCIA

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12 A

DO SACERJ)OTI~

REAl,IDADE CoNetSAMENT1•:

14 EN·1·mw1sTA O Santo Sudárjo de Twim

18 VARmnArn~s Quebrando a barrefra jdeológjca no ollato 19 PoR Qm•: NossA

A

re spe i to da Assunção de Nossa Sen hora aos Céus não existem descrições, e o que se pode fazer é imaginá-la, fazendo uma recomposição de lugar. Por exemplo, os Apóstolos ajoelhados em terra e reza ndo, com a expressão en levada de personagens de Fra Angélico, enquanto no Céu a recebem os anjos em coortes magníficas, num espetácu lo absolutamente in comparável. A g lória de Nosso Senhor Jesus Cristo transfigurado, comunicando-se a Nossa Senhora , faz com que E la vá se tornando cada vez mais majestosa e mais matern a. Assim começa o triunfo de Nossa Senhora no Céu. Al go que pode nos revel ar alguma sem lhança d ·ss ' esp lendor ã os triunfos que os homens preparavam puni receber seus grandes bata lhadores. Por ex mp lo, puru 11s tropas f'rancesas que venceram os ai mã s 1111 'li •rr11 dt· 19 14- 18, desfilando sob o Are do Triunl'o. l i 111horn i11 l'•rior, o lriunf'o preparado para 11 ·A1 ll111r, 110s s q11 • os ro11111 h slados Unidos; e também nos I r •par.ivam para :cus n rais v ·n · ·dor ·s. ' ompr"nd mos que Nosso S •nhor J ·sus ( '1isto, 111 l'ini111m ·nl • mai s , n ros , l •v • 1•r pr •111i11do Noss1 1, '\' 11hora ·0 111 um triunl'o in 0111 nsuruv ·1111 ·nlt· 11111im, '1'11d1, o q11 • h(i d · 111:ii s •lorioso ' 1riu111'ul 1 •r, · •1·111111l'11l t• h1 i lh11do 1H1 11Hu11 ·111 0 d11 A ssun ·1 o de Noss11 :·k11ho111 .

< AIOI I( l~MO

Uma apmição da Virgem na Polônia

20

SENHORA CnoRA?

INFORMATJVO Rt JRAI,

24 EsP1.1<:No01ms

DA · CR1S'l'ANDAJ>1•~

Abadja de Melk (Áustria)

A Contra-Revolução em marcha

26

CAPA

44

VmAs DE

48

SANTOS E Ft•:STAS no

50

AÇÃO CONTR/\-Rl~VOl.lJCIONJ\IU/\

SANTos São Roque

M í~s

52 AMRmNT1~s, Cosnwms, C1V11.,1zAçfH•:s São Pio X - o tâunfo eterno da Igreja

Nossa Capa: Aspecto da March for Life, realizada em Washington, mar~o de 2009

AGOSTO 2010 -


PÁGINA MARIANA

,

Visões de Nossa Senhora e as suas consequenc1as •• A

Caro leitor,

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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 311 6 Administração:

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vida fo i prata; tudo quanto sofri fo i ouro ''.

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Prol Editora Gráfi ca Lida. E-mail: catolicismo@ terra .com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Agosto de 201 O:

Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

Nos presentes dia s de avassa lador materi ali smo, a maiori a de nossos contemporâneos im agina que, para se medir a envergadura de alguém, basta tomar a somatóri a de suas reali zações. Em parte isso é verdade. Entretanto, o valor de um homem não se mede sobretudo pelo que ele faz; mede-se, antes, pelo que ele é. Isso porque o ser é mais im portante e mais nobre do que o fa zer. A ordem exata de valores, ali ás, se coloca neste senti do decrescente: ser, pensar, dizer e fazer. Subindo nessa escala, nconlra mos no topo aq uil o que mais arrepi o ca usa ao homem rnat ri 'ili sla e s nsual: sr~/i·er. Pois o soírimcnto repugna à nossa natureza degradada pcl pecado ori in fl l, up sar d a I ningu 111 poder subtra ir-se neste va le de lágrimas. /\ qu •sn o, portanl o, não slá ap ·nas cm so f'r r, mas cm aceitar com resignaç, o e amor o so f'rimenl o. x mplo por xce l<: ncia disso f'oi Nosso ' nhor J sus risto. b l teria podido resgatar o gênero hum ano ap nas com urn a 1 ota de s u pr ·ciosfss imo sa n ue na ircuncisão, entretanto qui s derramá-lo at a última gota para nos salva r, 111 li ante todo o sofrimento da Paixão. E ao tomar a cruz, oscul ou-a amorosam ' nl '. Ao lado de Nosso Senhor estava sua Mãe Sa ntíss im.a, co-redcnl ora do r'\ nero humano. Por sua alta compreensão dos planos de D us, Ela accil ou qu ' o ri ador descarregasse obre o seu divino Filho todo o peso daqueles sofrim ' nl os. 0111 os qu ais seri a comprada a salvação do gênero humano, pois, considerada a >rn viclade infi nita do pecado, só um Ser infi ni to seri a capaz de apagá-lo. Cristianus alter Christus - o cristão é outro Cristo. Pod ' mos r 'P '1i-lo com ainda maior razão se acrescentarmos, co m São Luís Maria ri , ni on d ' Mon1 íort, qu e a condição de devoto e escravo de Nossa Senhora conh " urnu s · 111 •lh ança maior com Nosso Senhor, uma vez que as virtud s dda , an1 fss i1 11 u Vir , ' 111 passam a hab itar aquela alma privilegiada. Não tenho o menor receio de afirmar que uma d 'ssas alm ns 1'< i Plín io orrêa de Oliveira; nem de atestar, em uníssono co m os 111 ' us i111í n1 •ros u111i gos d luta, que o seu traço mais característi co durante toda u vid a f'oi a 11tT il :1<.; t10 nmorosa dos sofrimentos. A tal ponto que ele u ava e ta analo 1 iu: "'!)1do r111n11to pensei e./iz na

R$ 120,00 R$ 180,00 R$ 310,00 R$ 510,00 R$ 11 ,00

Que o prezado leitor tenha esta persp cli vu 110 l •r, 1111 rn 111:ri a de capa desta edição, a impressionante epopéia levada a ·abo por ui ' li m q11 · p ·rcorrcu todos os degraus da aludida escala, até fi xa r-se naq u ' I · (1l ti111 0 s •111 o q11 al não há grandes obras. Iniciada por Plinio Co rrêa d liv ·iru 110 Brusil , hoj · •las' ·xpande pelo mundo através de assoc iações qu atu a111 •111 di v ·rsos p11 ís ·s, inspiradas cm seu exempl o ímpar de contra-r v lu io n(t rio.

A todos, desejo urn a boa I it ura. E m Jcsu e Maria,

9:~7 D IRETOR

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .

paulobrito@catolicismo.com.br

Ü homem adquire características daquilo que admira. E, à medida que conhece 1nelhor o que admira, 1nais se acentua o desejo de tornar-se semelhante ao que adn1irou.

' ! V ALDIS GRINSTEINS

I

m. aginemos um artista que res ide no

interi or do Brasil. Ele ouve fa lar das marav.ilhas artísticas que apresentam as cidades da Europa - por exempl o, Roma. Ami gos seus descrevem a igreja de São Pedro, a Fo ntana de Trevi ou a igreja do Gesü. Ele procura fotog rafias desses locais, e fi ca encantado. Nada o atrai mais do qu e viaj ar a Rom a e ver com seus próprios olhos todas essas maravilhas, a fi m de dedi car-se de modo crescente à arte. As proporções, os contrastes, a ilum inação que muda durante o dia, etc - são fatos que podem serdesc ri to s, mas nada é me lh o r do qu e prese nciá- los. A visão co ncreta, nes te caso, é algo que tende a proporcionar plenitude do con hecimento. O mes mo acontece com pessoas às quais é descri ta a maravilhosa natureza bras il eira. Ouvem falar das cataratas do Iguaç u, podem ver fo tografias ou film es, ouvir descriçõ s delas, mas nada os confirm a tanto na adm iração dessa natureza como vi sitar pes, oalmente aquelas quedas d'água. O ribombo da impressionante massa líquida que e precipita no abismo, o aroma e as cores da natureza que a rodeia, efe itos como o arcos-íris qu ase permanentes - ver e sentir tudo isso é incomparável. E com grande freqüência o tu rista que lá esteve volta a seu país transfo rmado em propagandista do local. Se isto acontece freq üentemente na vida quotidiana, com quanto mais razão acontece na vida espi ritual. Sendo a patte espir itual do homem superior à paite material, tudo o que move o espírito tem con-

a

seqüências mais profundas e duráveis no nosso ser. Ver algo, entendê-lo mais, nos modificará de forma mais radical. Podem nos falai· da beleza de um ato de caridade, mas nada nos moverá mais a ser caritativos do que presenciar um ato desses. A Polô1lia 110 seu século de oul'o

Foi justamente uma aparição de Nossa Se nhora ao Bem-aventurado Stani slao Kazimierczyk que o levou a se aperfeiçoar mais do que ai1tes. Trata-se de uma aparição pouco conhecida, mas as suas conseqüências estenderam-se muito além do que se poderia pensar. Vejai11os como se deu.

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LEITURA ESPIRITUAl.l' . ,,' ., ,

O público bras ileiro presumive lmente desconhece o fa to de a Polôni a ter tido no sécul o XV o seu século de ouro. Em geral, o século de ouro de um país não se refere apenas aos as pectos materiais ou econômicos, mas sobretudo ao espiritual, pois brilh am nele vários e le me ntos, entre os quais a santidade. M e nc io ne mos doi s exe mpl os. N a Espanha cio século XVI, além da grande riqueza materi al prove nie nte cio descobrimento e conqui sta da Améri ca, numerosos santos se conheciam e se respeitava m : São Fra nc isco de Bo rj a, Sa nto Al onso de Orozco, São Francisco Xavier, Santa Teresa de Jesus, São João d ' Ávil a, etc. Outro exe mpl o é o do Pe ru no mesmo século XVI, onde, simultaneamente à grande riqueza materi al proveni ente das minas de ouro e prata, havia c inco santos co nviv e nd o na mes ma c id ade de Lima: São To ríbi o de M ongro vejo, Santa Rosa de Lim a, São M artinho de Porres, São Fra ncisco Solano e São João Mac ias . No sécul o de ouro da Polô ni a, as suas fro nteiras iam cio Mar Báltico ao Mar Negro, e ela era a mura lha que protegia a Europa dos ataques dos tártaros, russos, às vezes dos turcos, etc. Havi a grande riqueza, que se pode observar até hoje nas ig rej as e co nstruções e m c idades como Cracóvi a, que era então a capital. Mas sobretudo havi a uma brilhante vicia espiritual, e conviviam ao mesmo te mpo vári os santos e be m-aventurados. Só e m C racó via, pode mos me nci o na r nessa

-CATOLICISMO

época: São João de Kety , professor da Unive rsidade; São Sim ão de Lipnica; Bem-aventurado Miguel Giedroyc; Bemaventurado Isaías Boner; Servo de Deus Swi e tos la w Mil czac y ; e Stani sl ao Kazimierczik (a ser canoni zado no próximo di a 17 de outubro), a que m apareceu Nossa Senhora .

A ação de presença de Nossa Senhora Ele era um sacerdote da Ordem dos Canô ni cos Reg ul ares Laterane nses, os qu ais possue m uma magnífica basíli ca góti ca e m Kazimierz, hoje um a atração turísti ca da cidade de Cracó vi a. Nessa basílica viveu e morreu Stanislao, que era doutor em Teolog ia e Filosofia e fi cou co nhec ido por sua devoção à Sagrada E ucari stia. E ra muito devoto do seu pad roe iro , o sa nto bi spo Es ta ni s la u de Cracóvi a, martiri zado vários écul os antes pe la sua firmeza na defesa da moral católica ( vide Catolicismo abri 1/2010). Costum ava ir da bas ílica até o loca l onde ocorrera o martíri o, que fi ca próximo. Numa dessas visitas, teve ele uma vi são cio sa nto bi spo, que lhe apareceu ao lado da Virgem com o Menino Jesus nos braços. Não consta que tivessem dito algo ao Be m-a ve nturado Sta ni slao Kaz irni erczik, mas a tradição registra o aumento da sua devoção e o seu aperfeiçoamento espiritu al posterior. Ele mantinha contato com todos os outros santos que moravam na cidade, e també m com m1111erosas pessoas virtuo-

sas que costumam buscar a co mpanhi a dos mais perfe itos. E ocorreu qu o seu bo m exe mpl o contagiava numerosa p ssoas. Foi uma espéc ie de efeito e m cadeia: aperfeiçoando-se um , co nve nceu e incentivo u outros a seguir o mes mo caminho . Ao morrer, numerosas pessoas fo ra m ao túmul o de le na bas íli ca de Corpus Christi, e só no primeiro ano após o fa lecimento fo ram registrados 176 milagres. Al guém poderi a fi car perpl exo di ante cio fa to de poss ive lme nte Nossa Senhora nada ter dito a ele. Mas são várias as apari ções na hi stória da Igreja em que tal te m sucedido. Pois não é prec iso que Nossa Senhora fa le, basta sua presença para faze r sentir tudo o que Ela é. Exempl o be m conhecido é o da aparição que le vo u à conv e rsão do jude u Afon so Rati sbona, em Roma . E le própri o re lata que "Nossa Senhora nada disse, mas eu entendi tudo". A pl aca co locada na igreja da aparição registra que da li ele .-e levanto u cri stão. Outras pessoas pode ri am fi ca r c hocadas pelo fa to de ele não ter nada escri to a respeito. M as também há na hi sL ria ela Ig rej a vári os e xe mpl o. de pessoas cuj as aparições ou vi sõe de N ssa Senhora se deram para seu I rov iLo espiritua l. Tornara m-se úteis para mui tos outros, pelo fa to de eles I r pri os se lere m aperfeiçoado, ma. não f'( i r !alado o 1ue a Virgem lhes li ss . 1 or 'X ' mp lo, Nossa Se nhora apareceu v1 ri as v z s a anto Anto nio M,u·ia lar L, mas c m s u di ári o consta ape nas uma frase 0111 nlanclo o fa to, sem da r n nhu m d ta lhe. De ve mo. Le r m ·o nla q ue Nossa Senhora c uida d ·ada um de nós nos dá aquilo de qu mais n cess it amos, espec ialme nte para nossa vicia espiritual, mas também pa ra a vicia te mporal. No ca, o concreto, la sab ia q ue aparecendo ao Be m-av nluraclo Sta ni lao Kazi mierczik e le to rnar-se- ia melhor, e o efeito dessa m lho ra acabaria influenciando toda a idade, e mes mo todo o paí . Q ue no s irva esta a pa ri ção co rn o medi tação, para de nossa parte e mpenharmo-nos e m me lhorar. Nossa Senhora não de ixará que se perca esse esforço, p,u·a a maior g lóri a de Deus. • E-mail do autor: valdisgrinsteins@catolicismocom.br

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Por que estudar a Religião? -XIV E sta ma Léria é a última da série e1n epígrafe, na qual o auLor, * após ter mostrado que Lodo homem razoável deve ser católico, conclui que s01nente há uma Igreja verdadeira.

Três sociedades re ligiosas se di zem cri stãs : a - A Igrej a Católica, a mais antiga e mais difundida ; b - As igrejas grega e ru ssa, separadas há séculos da Igrej a Cató lica; c - As confissões reli giosas protestantes, separadas da [greja Católica no século XVI e subdivididas em inumeráveis seitas. Pois be m, só uma Ig reja pode ser a verdadeira Igreja ele Jesus Cri sto, porque Ele não fund ou mai s que uma. Esta Igreja de Cri sto é a Igreja Cató lica.

1" prova - A verdadeira Ig reja de Jesus Cristo é aq uela na qual se encontra o legítimo sucessor de Pedro, porque foi a Pedro que Jesus deu as chaves cio Céu, e a que m colocou co rno Pastor supremo de seus corde iro e ele suas ovelhas. E o legítimo suce sor ele Pedro é o Bispo ele Roma. Logo .. . 2" prova - Cri sto, para a conservação e difusão de sua doutrina, que é a base de toda re li gião, instituiu uma autoridade viva, infaJíve l e perpétua: "Eu estarei convosco até a consumação dos séculos". Esta autoridade viva, infa líve l e perpétua não pode e ncontrar-se senão nos sucessores de Pedro e dos Apóstolos. 3ª prova - A Igrej a fundada por Jesus Cri sto deve ser una, santa, católica e apostólica. Estas são as qu atro notas di stintivas ela verdade ira Igreja. Estas notas o u s in ais e vid e nte me nte traçado no Eva ngelh o, in seridos no Símbolo dos Apóstolos e no de Nicéia, correspondem exatamente à Igreja Católica, e só a ela.

Co11c/usão A Igreja Romana é, pois, a única verdadeira Igreja de Jesus Cristo, porque Cri sto não fundou mais que uma Igreja, como também não ensinou mai s que uma doutrina, nem insti tuiu mais que um chefe. Nenhuma das soc i.edacles re li giosas sep,u·adas de la possui unidade ele doutrina e de governo; nenhuma produz santo , cuj a santid ade seja confirmada por milagres; ne nhuma se remonta até Jesus

Cri sto; e nenhuma te m po r superi ores legítimos os sucessores cios Apóstolos. Estas sociedades re li giosas nem sequer têm a pretensão ele possuir em seu seio o legítimo sucessor de Pedro, cabeça e centro de toda a Igreja. Por conseguinte, não são a Igrej a de Jes us Cri sto. •

* Tradução ele u·echos do li vro LL, Religión Demostrada, do Padre P.A. Hillaire, Ecli1orial Difusión, Buenos A ires, 8" edição, 1956, pp. 525 e ss.

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arruaças nos me ios urbanos e nos meios rurai s. (A.G.J. -

SP)

11P: 50 anos <la l'tmdação Cinqi.ientenário da TFP! Qu anta hj stória, quanto bom combate pelo Brasil, pela Igrej a Católica, por nos o supremo Criador. Mas Lambém quanta calúni a as forças ocu ltas publicaram contra a TFP. Mas ela não recuou, pelo contrário, desafiou as calúnias. (M.P.P.K. -

PR)

Um homem <le Juta

Bons l'rutos 121 Acompanho a TFP desde o te mpo em que morava na Vila Buarque e m São Paulo, e m J 976, e às vezes (pelo menos um a vez por semana) passava pe la rua Martim Francisco e rezava no oratório de Nossa Senhora sempre fl orido. Rezava pela minha famíli a e ta mbém pe los rapazes da TFP, para qu e eles pudesse m continu ar dando o bom exempl o do idea li smo a tanto j ovens que viviam sem ideal a lgum , procurando somente a fe lic idade pessoa l. Foi com imensa a legria que, lendo nas pág inas da Catolicismo a gênese da fund ação da TFP pe lo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, pude entender me lhor a árvore carregada de fruto a be nçoados co nh ece nd o me lho r a raiz: o passado hi stórico da · o rga ni zação católica anti comuni ta. Parabéns a todos pelo traba lho por nossa Pátria. (A.e.o. - SP)

Bal'rcira ao comunismo 121 Rea lmente de vemos muito à Tradi ção, Família e Propri ed ade . N ão fosse a atuação de la aq ui , o Brasil estaria muito redu z ido, até parali sado devido à eventual impl a ntação de um sistema govern a me ntal a inda ma is soc ia li sta. E m uma palavra, os movimentos co muni stas, tipo MST, estari am " pintando e bordando" com suas

- CATOLIC ISMO

121 Admirei muito o Plínio e a TFP, porque e le fo i um ho mem que sem cessar lutou nas trincheiras ideológ icas que impediram o ava nço do comuni smo no Brasil. (D.M.N.O. -

ES)

O terror pós-revoJucio11á1'iO Sou de 1945. Quando me entendi por gente, lá pelos 14-15 anos, acompanhei a revolução de Sierra Maestra de 1958, e o que ocorreu depois disso. Àquela época, não se dispu nha de dinheiro para comprar telefone, nem rádio, televisão. E nem havia televisão, a gente era da área rural , muito pobre. Mas meu pai tinha o capricho de comprar revi stas como " O Cruzeiro", "Manchete", jornal "Correio do Estado", outro da época, que não me lembro bem cio nome (acho que "Jornal cio Comércio"); e quando recebia as visitas de um sargento cio Exército com sua fa míli a, traz ia m- me " Se leçõe do Reader' s Digest", que relatava em pormenores a atrocidades ocorrida cm Cuba e a fracassada (que pena!) invasão da Baía do Porcos. Até a crise dos mísseis, que por pouco não eles ncacleou uma hecatombe nuclear no mundo. Está tudo registrado, tudo clirciLi nho, nos jornais da época. Le mbro também as mazelas do Bri zola, que Linha uma paixão inconcli c io nal por F idel Castro. Até o eles nl ac da crise dos mísseis, quando cli s a um jornal da época: " ... e retirou o apoio empedernido que dava a Fidel Castro ". Mas, segundo outro · re latos, recebeu dez

milhões de dó lares para fomentar a revolução comunista no Brasil (à mo la de "che" Guevara na Bolívia), cios qu·1 is apenas uns dois milhões e quinhentos mil chegaram às mãos cios revolucioná.rios (quais seriam? Será que eram os do Araguaia? Essa informação eu não obtive). Com o restante, preferiu comprar faze ndas no Uruguai. Por tal razão o "faraó" cubano não mencionava o se u no me sem antes proferir "el ratón ". Ficava empolgado quando vinham n tíc ias como esta: " ... milhares d , ·ubanos, arnigos dos Estados Unidos, quefogem do regirne de Fidel Castrv, •s1ão chegando à F/6rida. O presidente Eisenlwwer lib ,rou urn rnilhão de dólares para 111itigar o esto lo mais premente desses pobr,s r ~fi.t giados, dos quais a maioria esteio se111 e111prego. Muitos deles, ami ,os si11cem s dos Estados Unidos, estão atirados à própria sorte". E vejo que essa situw;ão I erdura até hoje. Ba ta lembra r o 1u ' aco nteceu com os recentes movim ·nLos de greve de fome, cios quais p lo menos um dele Fidcl man lou •nc.: •rr;u· numa pri são lacracla, para morr ·r de fome e sede. E aind a h{i , · nt · d •f' •n l •ndo esse tira no, cultuan lo · l'a;,, ·n lo a a1 ologia cio band ido " ·h •" ,u ·vara. 0 111 0 há bras ileiros b stas. Tinham qu e logiar aqueles 1u · tiraram os in vas ,rcs comuni stas d s us país ·s. i:: o que dizer dos outros país ·s ·omuni slas que acompanh i d stl • qu · upr ·nd i a ler, e que acont c' ai hoj · ! Prec isamos esclarecer lhor os nossos compatriotas. (W.L.S. -

MS)

.. ,,:vlsó<llos llist6ricos" H A rev ista sempre nos surpreende co m boas novas. Agora Catolicismo nos oíerece mais uma boa surpre a: as pág in as " E pi sódios Hi tór icos". Ag uardo a nsiosa me nte pelos novos epi sódios , revivendo o passado bendito da civili zação. Gosto muito de relembrar esse passado, esquecido m muitas cadeiras ... (M.D.P. -

BA)

A Cavalai'ia medieval A presente é para fe li c itá-los pe-

los excele ntes arti gos que sempre publicam na prestig iosa revi sta Catolicismo, com uma tão acertada direção. Ad e mai s quero so lic ita r- lh es qu e, quando seja poss íve l, publiquem artigos so bre as Orde ns de Cava laria que existiram na ldade Média e o que sucede u com elas, qua l fo i a verdade ira ca usa de seu declíni o ou desaparec imento, apesar de todo o poder e influênc ia que chegaram a ter. Consciente dos extraord inários escritores e co luni stas dessa notáve l re vi sta, creio que poderão nos ilustrar de uma mane ira magnífica. (M.A.N.Z. -

Equador)

Eco-alarmismo 121 Parabéns pela maté ria [Entrevista sobre pseudo-aquec imento g lobal]. N ada co mo ouvir a verdade, po is é e la que nos liberta das armadilhas do demô ni o . (B.M.P. -

SP)

Mw1<lo modemo X família Le ndo seus escritos, lembrei-me da minha infâ ncia e parte da ado lescência. Em Lodas as férias , vi sitávamos pare ntes na zona rura l, lá ficávamos rodeados da natureza e nunca im aginávamos que um dia, como hoje, poderíamos sentir tanta fa lta e saudades daquela época, que j amai s volta rá, não esquecendo do ma is importante: do quanto a fa mília era ma is fa míli a. lmagino que me e ntende no que quero di zer com isso. Acho que hoj e a famíli a está muito desvalorizada , filh os não respeitam seus pais, e está have ndo um a inversão de valores. Em razão di sso , o mundo está cada vez ma is delurpado. E nfim , restam-nos as lem bran ças daq uelas épocas e reza r muito . Vou conti nuar luta ndo pe la minh a fa mília enq uanto tive r força , poi s não é fácil , e o mundo moderno é muito contra a fa míli a. (KV -

mou: "E as portas do inferno não prevalecerão contra Ela". É uma promessa que nos deixa seguros, pois foi enunciada por Cristo. Sei que, mesmo com todas essas perseguições, nossa Igreja é forte e resistirá até o fim. (M.J.S. -

SP)

Pa<lrn Pio Que matéria mai s des lumbran te, marav ilhosa como tudo sobre nosso anjo protetor, que foi o Padre Pio. Deus o amou prime iro, depoi s no-lo de u de presente, e m seguida o qui s novam e nte e o levo u . E por se u amor a cada um de nós, _clevolveu-o como santo e com o seu corpo intacto. Somos privilegiados por essa aben çoada maravilha . Gloria a Deu s ! (K.T.E. -

MG)

Assim seja! 121 Desejando-lhes a Paz de Cristo e o Amor de Maria, dou-lhes meus parabéns pelo site www.catolicismo.com.br e peço que o Senhor Deus Altíssimo os abençoe abundantemente! (C.A.A. -

RJ)

"Flor da Paixão " Conheci Santa Gemma Galgani no ano passado, quando no dia 2 de o utubro reso lvi pesqui sar sobre anj os da guarda e li a hi stóri a dela no site desta revista. Comp re i uma biografia e me apaixonei por ela! É uma santi nha muito linda e maravilhosa! E u a a mo muito e creio muito na sua intercessão. Ela é um exemplo muito rico ci o amor de Deus e da mística da Paixão de Nosso Senhor, é a Flor da Pa ixão, e ntregou-se inte irame nte à vontade de Je us. Santa Gemma Galgani, ensinai-nos a amar em meio ao sofrimento, e a sermos verdadeiros adoradores de Jesus ! Roga i a Deu s por nós, minha santinha ! (A.C.N.C. -

como sendo um guerre iro, um soldado de Deus, faz-me perceber que não devemos desistir de esperar dias melhores. Devemos lutar junto com e le e junto de todos os sa ntos arcanjos. (D.W. -

RJ)

Ordem dos Servos de Maria 121 Lendo a hi stória cios Sete Santos Fundadores da 0SM , ac hei-a muito interessante, e me fez atualizar a vida dos Servitas. Faço parte da 0SSM (Fraternidade São Pereg rino Laziosi) aqui no Convento dos Servos de Maria, em São José dos Campos. (E.B. -

SP)

Luz sempre acesa 121 Fica difícil encontrar palavras para fazer comentários sobre textos qu e contêm tão grande sensibilidade. Sinceros agradecimentos e votos de muita luz, ou melhor, que esta luz se mantenha sempre acesa. (R.M. -

RJ)

Tesouro sem preço 121 O Santo Sudário, para nós cristãos, principalmente para cató licos, é um tesouro tão valioso, que não há dinheiro no mundo que pague por essa preciosidade. É o tecido que envolveu o corpo de Jesus, Fi lho de Deus. Tecido que sobrevive até os dias de hoje. Quantas vezes certos cientistas tentara m provar que o Santo Sudário era uma fraude, porém em vão rea lizaram suas pe quisas. Cada vez mais tem-se provado sua veracidade. Para nós católicos, isso desperta justificável orgulho em possuir essa re líquia em nosso meio. Que bom seria se todo os católicos pudessem ir até Turim só para tocar nesse tecido de linho, que envolveu o corpo de Cristo. Que bênção ! (M.J.S. -

SP)

SP)

DF)

Promessa de Nosso Senho1'

São Miguel Arcanjo

121 Jesus disse a Pedro: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a ,ninha Igreja". E completando, Ele ainda afir-

Te nh o muita d evoção a São Miguel Arcanjo, e le me ajuda a ser forte. Sempre que me le mbro dele,

Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endere~os que figuram na página 4 desta edição.

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Monsenhor JOSÉ LUI Z VILLAC

Pergunta 1 - Estou muito triste porque descobri que vivo em pecado mortal, pois meu marido é divorciado há muitos anos, vivemos juntos também há muitos anos. Temos uma filha e vivemos em paz. Somos católicos, mas infelizmente não podemos casar na Igreja. Somos pessoas de bem, mas estamos em situação de pecado. E agora, o que fazer? Considero minha família algo sagrado ... porque vivemos unidos e cremos em Deus, sim! ...

Resposta - O mundo ele nossos dias infe li zmente abandonou os costumes católicos, ele fo rma que casos como a senhora relata tornara m-se comuns. Ora, o manda mento ele Nosso Senhor Jesus C ri sto é claro: "Não separe o homem aquilo que Deus uniu" (Mt 19,6). Nestas condições, a senh ora não pode unir-se e m matrimônio ao home m co m o qu al tem uma fi lha, uma vez que ele é casado e separado da mulher legítima. Im põe-se, entretanto, uma pergun ta prévi a: era este senhor casado no reli gioso ou só no chamado casa mento civil, o qual, perante Deus, não é casa me nto? Trata ndo-se desta segunda hi pótese, o seu mari do permanece so lte iro, pode ndo contrair um verdadeiro matrimô nio .. . cató lico! De qualquer modo, am bos têm o de ver de cri ar a filh a q ue gerara m e dar-lhe um a formação c ri stã. O fato ele vivere m em harmoni a fac ilita o c ump rim e nto desse de ver, poré m não leg itima o matrimôni o perante Deus e a l greCATOLICISMO

j a. A senhora pergunta: o que fazer? Se ambos forem solte iros - confo rme ex plicado acima - casem-se na Igrej a e tudo estará resolvido. Se não forem solte iros, co nfi g ura-se realme nte um estado ele pecado, para o qual se trata ele encontrar uma so lução.

Recuperação <lo estado de graça Para recuperarem ambos o estado ele graça, a solução radical é a imediata dissolução dessa união inválida, fica ndo um cios cônjuges com a filh a e o outro retirando-se para outra casa, prestando de fo ra os auxílios necessários para a criação e educação ela c r~a nça. Esta situação pode, entretanto, apresentar inconvenientes graves ele várias ordens, que tornem in viável a di ssolução completa e imediata ela união. Um deles, não pequeno, é o tra uma que a disso lução provocari a na cri ança. Pode haver, portanto, circunstâncias concretas em que

seja tolerada uma solução meno · traumática, que consistiria e m co ntinu are m a vive r na mesma casa, porém não só em leitos como em quartos separados, como irmão e irmã, sem fazer uso cios direitos que só o matrimônio confere. Ademais, deve ria m esc rupul osa me nte evitar ele se apresentar em público cómo casados; e, na medida do conveniente e cio possível, tornar público no círculo ele suas relações o reconhecimento ele seu grave erro, sua emenda de vida e as providências que tomaram. Levadas e m conta essas providê nc ias, um sace rdo te poderi a - salvo me lhor ju ízo - conceder-lhes, em caráte r abso luta me nte parti c ul ar, a absolvição no sacramento el a Confi ssão, e ass im a senhora recupe rari a a graça de Deus. E isto j á consti tuiri a um alívio para a sua alma. E ntretanto, muitas pessoas os conhecem há tempos, e vendo que habitam a mesma casa, continu ari a m considerando-os como marido e mu-

lhe r. Seria portanto para e les causa el e escâ nd alo, vê- los aprese nta r-se publica me nte para comungar. Essa a razão pela qual a Igreja proíbe, para os casais nessas condi ções, o acesso aos sacrame ntos e m geral, e ao sacramento da E ucari stia e m particul ar. Ev identemente, a solução proposta - ele uma separação ele fa to sob o mesmo teto supõe um a fi rme determinação ele se ma ntere m ambos nos estritos limites ac ima clescritos1 o que certamente não será fác il. Po r o nde se vê a precari edade ele tal so lu ção. M as, co m a g raça ele Deus, se rá poss ív e l a nel a r, sem desfa lec im e nto , no estre ito caminh o ci os M a ncl·ime ntos ela Lei ele De us. Peça a Nossa Senhora do Bo m Conse lh q ue a aj ude a e ncontrar os me ios ele cumprir co m esse prog rama el e ser iedade a usteridade el e vicia, e ass im alca nçar a sa lvação etern a de sua a lma.

O chamado casame civil, não " ê casq_mento perante Deus •.

Pergunta 2 - Estou me separando de minha esposa. O processo está correndo na Justiça, e já está em fase final. Casei-me com esta esposa somente no civil. Tivemos filhos deste relacionamento. Separamos-nos judicialmente e voltamos a nos unir, e agora estamos nos separando outra vez. Hoje estou morando com uma nova companheira, com a qual pretendo me casar. Pergunto ao Sr. Padre: posso me casar na Igreja, sendo que fui casado somente no civil? O que devo fazer para poder comungar nas missas antes de me casar na Igreja? Aguardo resposta urgente. Grato.

Nenhuma união conjugal será duradoura sem um verdadeiro desejo de suportar as d.lfi,uldai:les e sofrimentos que todo convivio tlcarreta

Resposta - Do ponto de vista das leis ela Igreja, o casamento d vil não é verdade iro casamento para cônjuges católicos, portanto a uni ão assim estabe lecida não é indi ssolúve l. O senhor está livre e desimpedido para casar-se na I grej a. Porém, se o senhor já está convivendo com outra pessoa, colocou-se nova mente em situação irregular - e pecaminosa - perante a lei MoraJ e as leis da Igreja. O senhor precisa interromper e. sa convivência, para obter a abso lvição no sacramento da Confissão e casar-se no religioso. P ara caracterizar a interrupção do co nvívio, seria preciso que um dos dois fosse morar em outra casa. O que será tanto mais fácil porqu anto o processo civil está em fase final, como o senhor info rma, o que lhe permitiri a regul a ri za r e m bre ve, e ao mes mo te mpo, sua situ ação

perante a Igrej a e as leis civis. Nada justifi ca que conti nuem sob o mes mo teto. Assim, o seu louvável desej o ele casar-se na Igrej a logo se efetivari a. O casame11to 11ão será estável sem sacrifício Permita- me, e ntre ta nto, dar-lhe um conselho cio ponto ele vista espirituaJ. Se o senhor conseguiu um a vez reatar o convívio - muito embora pecaminoso - com a primeira mulhe r, com a qu al ligou-se pelo casamento civil , isto indica um esforço seu ou de ambos para restabelecer a união, possivelmente em vista cio bem dos filhos. É pena que não tenha dado certo, pois em segui da o senhor poderia regulari zar a sit1iação perante a Igreja. Cabe aqui um exa me ele consciênc ia sério de sua parte - diante de Deus, que vê

até o íntimo cios corações para apurar se e ventualmente ho uve alguma culpa sua por essa nova separação. Se houve, o senhor ele ve pedir perdão a Deus po r essa eve ntual culpa e acusá- la em confissão. De qualque r modo é preciso, em vista cio casamento reli gioso que o senhor agora quer contrair, compenetrar-se de q ue nenhuma uni ão conjuga l será durad o ura sem um verdadeiro desej o de suportar as dificuldades e sofrimentos q ue todo convívio acarreta. Daqui a pouco o senhor será tentado pe lo de môni o, o pai da me ntira, a separar- se ela nova mulher. Para te r um espíri to de desapego e sacrifício, é preciso rezar continu ame nte a De us e freqüentar os sacramentos ela Santa Igrej a. Recomendo espec ialme nte a de voção a Nossa Senh ora, Mãe de Misericórdia e Au xi-

li adora dos Cristãos. A reza cio Terço em fa míli a seri a um a manifes tação excele nte dessa de voção e uma fo nte ele graças para mante r a união do casal. Com estas di sposições de alma, o senhor pode encarar a poss ibilidade ele um matri môni o re li gi oso firm e monogâmi co e indi sso lúvel. Não poderá esquecer, e ntretanto, as o brigações morais d eco rre ntes da prim ei ra uni ão, sobretudo e m relação às du as c riaturas que o senhor gero u, e por cuj o destino continua respon sá vel. Elas não estão riscadas ele sua vicia ! Ne nhum ato humano é inconseqüe nte, e por suas conseqüê nc ias cada um responderá pera nte o Supremo Juiz, Jesus Cri sto, no di a cio Juízo Fina l! • E-mai l do autor: monsenhorjoseluiz@catolicismo.com.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE

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Busto de Stalin nos EUA causa indignação

França pune ecologistas que atrapalharem caçadas

rn Gori (terra natal de Stalin), os conterrâneos do ditador comunista Stalin suprimiram sua estátua. Mas no memorial dos caídos no desembarque da Normandia na II Guerra Mundial (em Bedford, EUA), foi erigido um busto desse assassino de milhões. O fato ocorreu entre muitos protestos. O presidente do memorial, William Mclntosh , fingiu ignorar que Stalin injciou a guerra corno aliado dos nazistas e só mudou de lado quando Hitler, seu cúmplice ideológico e político, atacou a Rúss ia. Para Richard Purnphrey, escultor do provocativo busto, não colocar Stalin junto a outros líderes seria como não pintar Judas na Última Ce ia. Ele omitiu dizer que Judas é sempre representado com urna nota de execração, mas no absurdo busto Stalin é homenageado corno um respeitável líder mundial. Uma petição corre na Internet, pedindo a retirada da ofensiva estátua. •

xlremi.'las ecologistas hostili za m há anos as caçadas praticadas legalmente por milhões de franceses. Di ante da irritação popular, o governo emitiu decreto punindo a "obstrução de um ato de caça". Os ativistas das "associações de defesa dos animais " publicaram protestos de caráter ideológico contra essa justa medida, que pune com multa ele 1.500 euros toda tentativa de impedir o desenvolvimento de uma partida de caça. Pierre de Boisguilbe1t, da Federação

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Nacional dos Caçadores (FNC), expljcou: "Tínhamos chegado à absurda situação em que comandos encapuzados interrompiam violentamente as caçadas. E cada vez que registrávam.os a ocorrência, nenhu1na providência era tomada". A norma francesa é um bom

propagadas por organismos oficia is da ONU e de Brasília, por ONG s e ativi stas como o senador norte-a mericano AI Gore. •

exemplo para o Ibama. Terá ele o bom senso de imitá-la? •

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Dança infernal sobre a carótida energética da Europa presidente bielo-ru sso Alex andre Lukashenko cortou o fluxo de gás russo para a Europa, após um confuso atri to com Moscou. Quem ofreu o impacto foi a União E uropéia, destinatári a final desse gás. D e modo també m não claro, os dois litigante restauraram o fluxo do gás vi ta l. Logo a seguir o Kre mlin humilhou o pres idente da Bie lo-rú ss ia, acusando-o de "pérfido ditador". O virulento ataq ue marcou ma is um retorno às velhas práticas soviéticas. o rno se tudo fosse encenação, os pres identes russo bi c io-russo abraçaramse na capital do Kazaqui srno, onde ass inaram novo código alfandegário que ubmeterá esses países ao controle de Moscou . Ne, e epi ód io, o Kremlin fez sentir o fio da navalha que manté m na car tida energética da E uropa. •

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Bebês nascem com senso do bem e do mal

aul Bloom, professor de psicologia da Universidad de Yale (EUA), sua esposa Karen Wynn e Kiley Hamlin , do Laboratório de Cognição Infantil dessa Universidade, estudara m a capacidade de avaliação moral do bebê de 6 a 1O meses. E concluíram que nes a idade eles j á diferenc iam o per onagern bom do ruim, manifestando atração pe lo primeiro e recusa pelo segundo. A equipe descreveu as experiências em recente livro, concl uindo que os bebês não são indiferentes, mas tendem a sorrir e bater palmas diante de coisas boas e belas, e franzem a testa e viram a cabeça diante das coisas más e feias . Para a equipe, os homens nascem com um senso visceral que discerne instintivamente o bem do ma l. Ou seja, a moral não é produto de um condicionamento ambiental, cu ltural, social ou religioso, como apregoam os arautos da Revolução Cultural, mas decorre da natureza humana. •

CATOLICISMO

Eco-terroristas atacam na cidade de São Paulo Fre nte de Libertação d a Terra (FLT) efetivou um atentado pioneiro no Brasil. Os eco-extremistas re ivindicaram a autoria do incêndi o na concess ionária de veícul os ele lu xo Land Rover, na capita l pauli sta. Em carta que circulou por blogs e li stas de e-mail, expli caram que "o alvo foi escolhido" por serem "a utomóveis

altamente danosos ao meio-ambiente. [. .. ] Da m.esma rnaneira que esses carros queimaram., outros carros, casas, canúnhões e estabelecimentos que dan4icam e exploram a terra e os animais também queimarão". Os eco-terrori stas inspiram-se nas idéias largamente

Alegria dos reféns resgatados pelo exército na Colômbia ídeo liberado pe lo exé rcito colombian o mostra cenas do resgate de quatro ofi ciais e subofLcia is que passaram 12 anos em cruel cativeiro das FARC. Podem-se ver as longas correntes com que os desumanos guerrilheiros marxi stas impedi am os reféns de tentar a fuga. A heróica operação militar desgostou muito os "grupos humanitários", os adeptos da Teologia da Libertação e os "hermanos socialislas" da guerrilha marxista na América Latina, notadamente em Caracas, Havana e Brasília. Segundo comunicações dos sedicioso., interceptadas pela Força Armadas colombianas, o chefe das FA RC, Jorge Bricefío, ordenou fu zilar cerca de 40 guerrilheiros que eram carcereiros dos prisioneiros liberados. É com este tipo de subversivos que grupos de "d ireitos humanos" civis e eclesiásticos julgam ser possível um diálogo humanitário e incero ! •

Invasão digital danifica mentes e cérebros

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ma cena cada vez mai s comum : amigos sentados face a face no restaurante prefe rido; um casal tomando café; ra pazes e moças na sorveteria; cri anças no jardim ou no pátio - e entre todos eles reina s ilêncio e falta comunicação. O que estão fazendo? Comunicando-se com o planeta por via dig ital! Isso é apresentado por muitos como progresso e libertação das limitações hu manas. Porém, egundo c ienti stas consultados pe lo "The N ew York Times", o malabari smo constante entre e-mails, celulares, redes sociais e outros recursos di gitai s da ni fica me ntes e cérebros. O estímu lo ince sante vicia: a vítima fica colada no apare lho, sente tédi o e ansiedade sem ele. Em milhões de pessoas, esse vício causa danos à criatividade e à capac idade de reflexão, gerando probl emas profi ss ionais e fam ili ares. •

Pároco belga transl'orma igreja em mesquita

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Union des Nations de l 'Europe Chrétienne denunciou que o Pe . Henry Rémy, 89 anos, pároco de Gilly (Bélgica) , transforma sua igreja em mesquita todas as sextas-feiras, dia considerado "sagrado" pelos muçulmanos: O muezim convoca os islâmicos do alto do campanário; a pregação corânica é feita em árabe, e todos os símbolos e imagens católicas são cobertos , pois para os maometanos elas são "representações idolátricas". O bispo Guy Harpigny diz que não pode fazer nada, e o pároco defende falsamente que as duas religiões "rezam ao mesmo deus, só que de modo diferente". O catolicismo belga foi imensamente deformado pela esquerda católica, passando pela deturpação originada da Ação Católica e da crise pós-conciliar. Agora abre as igrejas, esvaziadas de clero e de fiéis, a inimigos que querem erradicar toda influência de Jesus Cristo no país.

Perseguição desmente "distensão" do comunismo chinês única igreja católica em Ordos (Mongólia Interior) foi demolida pela polícia chinesa. O pároco, Pe. Gao Em, foi preso juntamente com Yang Yizhi, líder católico leigo. O crime sacrílego foi praticado à meia-noite. Os fiéis erigiram um cruzeiro de cinco metros de altura no local e montam guarda para impedir o saque das ruínas. Poucos dias depois, o Pe. Zhang Shulai e a religiosa Wei Yanhui , da "Igreja clandestina" (fiel a Roma), foram mortos a facadas em Wuhai, na mesma província. Os fiéis deploram o fato e não entendem por que a diplomacia vaticana mantém uma política de coexistência com a tirania comunista, enquanto esta intensifica aviolência contra os católicos fiéis ao Papa.

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A imagem completa de um homem cruelmente crucificado A prodigiosa história do Santo Sudário de Turim e as provas de sua autenticidade. Importantes informações de uma grande especialista, a Profa. Emanuela Marinelli.

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om a segurança de quem conhece em detalhes toda a história do Santo Sudário, bem como as provas de sua autenticidade obtidas em rigorosas análises científicas, a Dra. Emanuela Marinelli responde às questões levantadas pelo Sr. Julio Loredo, correspondente de Catolicismo na Itália. E a conclusão inescapável é que a imagem impressa na sagrada relíquia - que atualmente se encontra exposta em Turim, para veneração dos fiéis do mundo inteiro - corresponde à imagem completa de um homem crucificado, estritamente de acordo com as narrativas dos Evangelhos sobre a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Emanuela Marinelli é graduada em ciências naturais e geológicas, com habilitação para lecionar Matemática, Ciências Naturais, Química e Geografia. Trabalhou como contratada pelo Instituto de Estudo de Mineralogia da Universidade de Roma em 1974 e 1975. Leciona desde 1976 em escolas públicas, e a partir de 1981 ensina Geografia física, política, econômica e turística no Instituto Profissional para Serviços Comerciais e Turísticos Júlio Verne, de Roma . Também lecionou iconografia, iconologia e simbologia cristã na Universidade Assunção, de Orvieto. Entre 1977 e 1985, tornou-se membro do Centro Romano de Sindonologia. Nesse centro, freqüentou o curso bienal de estudos do Sudário sobre a Paixão de Cristo, tornando-se CATOLICISMO

l'l'ofü. Mal'i11el/l:

"Em 1578, J:,'.ma1111c/c Ji'ililJerto u-ar,sf'criu o Su<lál'ÍO para 1'uriin a llm <le alJreviar a viagem <le São Cal'los Bol'l'omeu, que <lesejava venerá-lo para cumprir um voto "

depois professora dos referidos cursos. Após ter participado de um subseqüente curso bienal de catequese ministrado pelo Vicariato de Roma, este lhe outorgou em 1987 o diploma de catequista especializada em Catequese da Paixão. Como professora, participou em 1987 do primeiro curso de Sindonologia, realizado em Roma pelo Santuário de Nossa Senhora do Divino Amor. Entre 1988 e 1992, promoveu cursos de aperfeiçoamento para professores de Religião da diocese de Roma, sobre os tópicos relativos ao Sudário, tendo feito o mesmo em outras dioceses da Itália. A partir de 1977, profere conferências em diversas regiões da Itália e no exterior, escreve artigos em jornais e revistas, e participa de programas de rádio e televisão. Participou dos congressos sobre o Sudário realizados em Turim (1978) , Bolonha (1981 ), Trani (1984), Siracusa (1987) , Paris (1989) , Cagliari (1990) , Roma (1993) , Nice (1997) , Turim (1998), Richmond (1999), Rio de Janeiro (1999) , Orvieto (2000) , Dallas (2001 ), Paris (2002), Rio de Janeiro (2002) e Dallas (2005) . Em 1990, em colaboração com Ora zio Petrosillo, escreveu para a Editora Rizzoli o livro La Sindone - Un enigma alfa prova dei/a scienza, traduzido para o inglês, francês, espanhol e polonês. Em 1996, para a Editora S. Paolo, o livro La Sindone, un immagine "impossibile", traduzido para o português e o polonês. Em 1997, para a Editora S. Paolo e em colaboração com

Maurizio Marinelli, elaborou os textos para o CDRom Sindone viva, além de trabalhar para a sua realização. Escreveu em 1998 para a Editora Rizzofi, em colaboração com Orazio Petrosillo, o livro La Sindone - Storia di un enigma, edição atualizada daquela publicada em 1990; e para a Editora S. Paolo, em colaboração com Maurizio Marinelli, o livro Cosa vuoi sapere sul/a Sindone?. Em colaboração com Giulio Fanti, escreveu em 1999 o livro Cento prove sulfa Sindone - Un giudizio probabilistico sul/'autenticità. Em 2002, redigiu para a Editora Delta 3, em colaboração com Maurizio Marinelli, a obra La Sindone - Un incontro con i/ misterio. E em 2003, para a Editora Progetto Editaria/e e em colaboração com Giulio Fanti , o livro La Sindone rinnovata - Misteri e certezze. Ela figura entre os promotores do movimento Col/egamento pro Sindone e da revista bimestral homônima, agora na internet, iniciativas para as quais trabalhou ativamente desde o início. *

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Catolicismo - O Santo Sudário é considerado a relíquia mais importante e a mais rica prova documental dos sofrimentos da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, e até de sua Ressurreição. Foi possível reconstituir seu itinerário do sepulcro de Jesus até Turim? Profa. Marine/li - No sécul o II, ex istia em Edessa (atual Urfa, na T urqui a) uma image m es pecial da face de Jes us e m tecido. N a Doutrina de Acidai", provave lmente cio Apó ·to lo Judas Tadeu (uma co mposição siríaca que remonta ao fim do século IV), lêse que Abga r V Uka ma (o Negro), re i ele Edessa na época de C ri sto, estava doe nte. Abga r enviou então seu arquivi sta e pinto r Hann an a Edessa, o qual vo ltou dessa c idade com uma cópi a da imagem ele Cristo, pintada por e le, com uma carta que continha uma promessa de Jesus asseg ura ndo a incolumidade da c idade. No século VI, foi descobe rta essa image m da face ele Jes us e m tecido (acheropila, ou sej a, que não fo i fe ita por mãos humanas), dita Mandylion (lenço) . Em 944, após inte n o assédi o, os biza ntinos arrebatara m o Mandylion da auto ridade islâmica do sultanato árabe de Eclessa, e no di a 15 de agosto a re líqui a chegou a Con stantinopl a.

O rei Abgar recebe o Mandylion

"Outros indícios <la ol'igem <lo Sudário: pólen <le origem mé<liooriental e a presença <le um tipo <le cal'IJonato <le cálcio similar ao e11co11tra,Jo em Jerusalém "

Numerosas testemunhas e descrições re lacionam o Mandylion com o Sudário, e com toda probabili dade e le era o próprio Sudári o dobrado de outra maneira, permitindo que se vi sse somente a fa ce. Em 1204, Roberto ele C lary , croni sta da IV Cruzada, em sua obra A conquista de Constantinopla, reg istra que logo após a queda ele Constantin opla em mãos do cruzados ocidentais ( 14 ele abril de 1204), um Sudário era expo to toda sexta-feira na igreja ele Santa Maria de Bl ac he rn ae; e que sobre aque la te la a fi gura de C ri sto era c larame nte vi s íve l. E ac rescenta: "Mas ninguém sabe o que terá acontecido com o Lençol depois de conquistada a cidade". Em 1205, Teodoro Angelo-Comneno, irmão de Mi gue l I, dés pota ele Epiro e sobrinho ele Isaac n, imperad or ele Bi zâncio quando cio assédi o ela c idade pe la C ru zada latina, afirma que o Sudári o se encontrou em Atenas. Em 1208, Po ns de la Roche doou ao arcebispo ele Besa nçon, D. Amadeu ele Tramelay, o Sudári o que seu filh o O tho n ele la R oche, duque latino ele Ate nas, lhe havi a enviado ele Constantinopla. Em 131 4, os T empl ári os (orde m ele cava lari a de cruzados) foram condenados co mo hereges, sob a acusação ele prati car um c ulto secreto a uma face que parece ter sido re produ zida cio Sudári o. Um deles chamava-se Geo ffroy de C harny . Em 1356, Geoffroy ele Charny , cavale iro c ru zado homônimo do precedente, arre bato u o Sudári o dos cônegos ele Lirey, loca lidade próx ima de Troyes, na França. A preciosa tela permaneceu em sua posse pe lo menos três anos. Sua es posa, Jeanne ele Yergy, é bi sneta de Otho n de la Roche. E m 1453, Marga rid a de C harny , descendente de Geoffroy , cedeu-o a Ana de Lu signano, mulher do duqu e Ludovi co ele Sabó ia, que passou a cu stocliálo em Chambéry . Em 1532, a urna ele macieira revestida de prata, que guard ava o Sudári o na Santa Cape la cio castelo cios Sabó ia, teve um cios lados arrebentado, sofrendo a re líquia danos notáve is. Em 1578, E manuele Filiberto transferiu o Sudári o para Turim a fim de abre vi ar a vi age m ele São Carl os Borrome u, que desej ava venerá-lo para cumprir um voto. Este é o itinerári o conhec ido cio Sa nto Sudári o .

Catolicismo - Quais são as características do tecido do Sudário? Profa. Marinelli - É um grande lenço l de linho marcado pe lo te mpo. A manu fa tura rudimentar cio

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pesos de osso ponti agudo); a coroação ele espinhos, fato de todo insó li to; o carregamento do patíbulo, que é a trave hori zontal ela cru z; a suspensão numa cru z co m os cravos em vez da cord a, que era o uso mais comum ; a ausência ele quebra de ossos; a ferid a ao lado, infl ig ida após a morte, com efu são ele sangue e lin fa; a ausência de lavagem cio ca dáver (dev ida à morte violenta e a um sepul tamento apressado); o envol vimento do corpo em lençol precioso e a deposição num a tumba própri a.

tecido, a torção cios fios em Z (em sentido horári o), a textura em diagonal 3 por 1, a presença de traços de algodão egípcio antiqüíssimo, a ausência de traços de fibra animal - tudo isso torna verossímil a ori gem do tecido na área sírio-palestina cio primeiro século. Outros indícios importantes de autenti cidade: grande abu ndânci a ele pólen ele ori gem médi o-ori ental , de aloé e mirra; presença de um tipo de carbonato ele cá lcio (aragonite) similar ao encontrado nas grutas de Jeru salém; uma costura latera l idêntica à ex istente nos tec idos hebraicos do séc. I proveni entes ele M asacla, um loca l vi zinho do Mar M orto. Franco Testore, professor de tecnologia têxtil do Politécnico de Turim, sublinh a que esse tipo de tex tura j á era bem conhec ido no Egito em 3400 a.C. E Pietro Sav io, arquiv ista do arqui vo secreto do V ati ca no, publicou em 1973 as fotografias das guarni ções em espinha ele peixe das duas cruzes fun erári as encontradas na necrópole ele Antinoe (A lto Egito, in ício do século II). M echthi lei Flury-Lemberg, es pec iali sta em tec idos, nota que nos tecidos judaicos descobertos em M asacla (atualmente no Estado ele I srae l) é documentada, no período compreen lido entre 40 a.C. e a queda de M asada em 74 d.C, uma especial tipolog ia ela bord a igual àq uela presente no Sudário. A lém di s· , a costura longitudina l que une o tecido cio Sudári o à linha latera l assemelhase a fragmentos de tecido das c itadas descobertas de M asacla.

Catolicismo - Como esses sinais se conservaram impressos no Santo Sudário? Profa. Marinelli - N o Sudário foi envol vi-

Catolicismo - Quaís são os principaís sinais da Paixão de Crísto presentes no Santo Sudário, da Agonía no Horto das Oliveiras até à Morte? Profa. Marinelli - O Sudário é a imagem completa, fronta l e dorsa l ele um homem cruelmente cru cifi cado. Seu corpo apresenta numerosas feridas, tendo-se comprovado tratar-se de sa ngue humano. Portanto, a relíqu ia envolveu certamente o cadáver de um homem flage lado, coroado ele esp inhos, crucifi cado com cravos, tran spassado ao lado por uma lança. T udo o que se observ a no Sudário apresenta uma perfeita co in cidência com os rel atos dos quatro Evangelhos sobre a Paixão ele Cristo, mesmo no toca nte aos pormenores " personalizados" cio suplício: a fl agelação co mo pena independente, muito intensa, como um prelúdio da cru cifi xão ( 120 golpes em vez cios ordin ári os 2 1, com um instrum ento composto ele três cord as, algumas municias co m do is

CATOLICISMO

'í1 rclíquia CII VOlveu ccl'tame11w o cadáver <le um homem llage/ado, coroado <le espi11hos, cmcilica<lo com cra vos, transpassado 110 lado por uma la11ça"

do o cadáver de um homem com o sangue j á coagul ado, mas o ó leo perfumado com o qual o lençol estava embeb ido di sso lveu parcialmente o coágulo. Do aspecto elas nódoa , produzidas por uma sucess iva dissolução parcial da cros ta, se deduz que o corpo esteve em contato com o Sudário somente por volta de 36 horas, que é o tempo exato que se deduz do Evan gelho para a perm anência ele Jesus na sepultura: o corpo fo i co locado no sepul cro ao entardecer da exta- fcira; após 36 horas, até a aurora do dia clcpoi cio sábado, o Sudário foi encont rado vaz io. E as marcas ele sangue que s observam no Sudário não têm sinal de 111 vimcn to, nem mesmo nas extremidades. contato entre o corpo e o lençol cessou, sem que tivesse havido movimento cio tec ido. As marcas d sa ngue e linfa presentes são irr produzíveis por meios artific iais. Tratase de sangue coagu lado sobre a pele ele um homem ferido , e novamente disso lvido pelo contato com o tecido úmiclo. A lém cio sangue, no Sudári o está a imagem do corpo que nele foi envolto. Tal imagem, devido à degradação por des idratação e oxidação das fibras superficiais do linho, é comparável a um negativo fotog ráfico. É super ficial, detalhada, tridimensional, térmica e quimica mente estável. É resi stente at:é à água, não é composta ele pigmento, é privada ele direção e não foi provocada pelo simples conta to do corpo com o lenço l: com o contato, o tecido toca ou não toca, não há meio termo. Pelo contrário, no Sudário existe uma imagem na qua l certamente não houve contato. Seus claro-esc uros são proporcionais às diversas distâncias ex istentes entre o corpo e o tecido nos vários pontos de prega. Pode-se, pois, levantar a hi pótese de um efeito à distância ele tipo radiante.

Sob as marcas ele sangue não existe imagem cio corpo: o sangue, depos itando-se prim eiramente sobre o tec ido, velou a camada debaixo cio mesmo, enqu anto sucess ivamente se formava a imagem. O grande mi stéri o desse lenço l é, pois, a imagem humana. Não é fo rmada por pi gmentos ou outra substância apli cada sobre o tecido. N ão é devida a substância líquid a. É um amarelecimento extremamente superfi cial dos fios semelhantes, que se ox idaram e desidrataram . Um fe nômeno idêntico ao provocado pela luz sobre um velho j ornal abandonado ao chão. Entretanto, não se trata de um amarelec imento difuso, mas loca lizado onde estava o corpo, ele modo a formar o seu negativo ; com um claroescuro que permi te recon truir no computador a forma tTicl imensional ele corpo igual, sem as deformações qu e seri am normai s em se tratando de uma imagem pl ana como a que se observ a no l enço l. A imagem form ou-se depoi s de o sangue ter passado cio corpo para o tecido, portanto após as 36 horas ele contato, pois é certo que a imagem origi nou-se ci o cadáver. Quaisquer manipul ações suce sivas do lenço l teriam tido o efeito de danificar as marcas de sangue, qu e são centenas de centenas.

Catolicismo - Como pôde um cadáver projetar sua imagem sobre o lençol, como se tivesse emitido um raio de luz? Profa. Marine/li - Um grupo de fís icos chegou a uma resposta próx ima da que atende tal interrogação . Junto ao EN EA (Instituição para as novas tecnologias, a energia e o am.biente) de Frasca ti (Roma), alguns tec idos ele linho foram submeti dos à irradi ação com um laser excúner, aparelho que emite uma radiação ultrav io leta de alta intensidade. Os físicos foram ass im obtendo um amarelec imento que, confrontado com a imagem cio Sudário, mostra interessante analogias e confirma a poss ibi lidade de a imagem ter sido causada por uma irradiação ultrav ioleta direcional. Quem crê na RessuJTeição de Cri sto não tem dificuldade em admitir que uma irradiação de luz possa ter acompanhado aquele acontecimento ext:raordjnário, posto que no Evangelho lê-se que Jesus se transfigurou no M onte Tabor, tornando-se luminoso.

Catolicismo - Que tipo de sangue se encontra no Sudário? Existe prova de que o sangue seja de Nosso Senhor Jesus Cristo? Foi possível confrontá-lo com o sangue dos vários milagres eucarísticos? Profa. Marinelli - Trata-se de sangue humano do grupo AB, que pela análi se de DNA resulta ser mu ito antigo. O grupo AB é o menos comum , encontrase somente em cerca de 5% cios indi víduos . Não há uma prova atestando que o sa ngue do

"Do aspecto das 11ó<loas se deduz que o COl'pO esteve em colltato com o Sudál'io somente por volta de 36 hol'as: o tempo de p el'manência de Jesus 110 sepulcl'o "

Sudári o pertença a Jesus, mas é interessante o confronto desse sangue com os estudos aná logos reali zados a respeito do milagre eucarísti co de Lanciano (Chi eti), o úni co estudado em laboratório. N o século VIII, na peq uena igreja de São Legonzi ano, em L anciano, um monge bas ili ano fo i assa ltado pela dúvida sobre a presença rea l de Cristo nas espécies eucarísticas. Durante a ce lebração ela Mi ssa, no momento da Consagração, a hósti a tornou-se carn e e o vi nho transformou-se em sangue, que se coagulou em cinco glóbul os irregulares e diversos pela forma e grandeza. Das pesqu isas reali zadas em 1970 por Odoarclo L inoli, livre-docente em anatomia, histolog ia patológica, química e microscopia clínica na U niversidade de Siena, comp rovou-se que a carn e surgida por ocasi ão do mil agre de Lanciano é verdadeiro tec ido miocárcli co de um coração humano, e o sangue é autêntico sangue humano do grupo AB. Uma coincidência muito signi ficati va. • N o ta: Para apro fundam en tos ela m atér i a: MAR INEL LI,

Eman uela - O Sudá rio, uma inwge,n "impossível" Pau lus, São Paul o, 1998. Ver também: Emanuela M arinei li em www.s inclone. info.

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Investindo no mau cheiro n GREG0R10 V1vANco LOPES

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uem não se sente agradado ao inalar o perfume de uma rosa ou a fragrância de um lírio? O cheiro inconfundível de um churrasco ou de um prato temperado com ervas aromáticas, ou ainda o boúquet de um vinho de boa qualidade, quanta atração exercem sobre nós? Em se ntido contrário , o mau cheiro repele; dependendo da intensidade, pode provocar náuseas. Daí o gesto simbólico, muito conhecido, de se tapar o nari z quando um assunto repe lente é exposto durante uma conversa. São reações naturais, que fazem parte da boa ordenação das coisas, pois o que é desagradável ao olfato ou ao paladar tem uma afinidade profunda com o feio, o mal e o erro. Daí Plínio Corrêa de Oliveira afirmar: "Como Deus estabeleceu misteriosas e admiráveis relações entre certas formas, cores, sons, pe,fumes e sabores e certos estados de alma, é claro que por estes meios se pode influenciar a .fúndo as mentalidades" (Revolução e Cont ra-Revolução, 4" edição, Artpress, São Paulo, 1998).

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Nessa perspectiva, é rejeitável a propaganda que vem sendo feita em torn o das atividades de um a escandinava de nome Sissel Tolaas, apresentada como "especialista em aromas e artista dos cheiros", ou então "teórica do odor e missionária do aram.a ". Nasc ida na Noruega, Sissel dedicase a pesquisar odores e os produ z artificialmente em seu laboratório de Berlim, tanto perfumes como maus cheiros. Colec iona um arquivo de cerca de 6.700 cheiros diferentes e treina seu nariz (e o de outros) para deixar de lado a noção de que os odores podem ser bons ou ru-

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ins. Segundo ela, "para o artista do odor, é preciso se libertar da idéia de cheiro bom ou ruim". Há anos ela vem "investindo no futuro ". Ataca o que considera idéias préconcebidas das crianças em relação aos cheiros bons e ruins: "Eu levo as crianças para bairros movimentados, onde o cheiro é bastante irritante, e as crianças fzcam desvairadas". Em seguida reproduz esses mesmos cheiros em seu laboratório e expõe novamente a eles as mes-

mas crianças. No primeiro dia elas não gostam, mas lentamente se acostumam. No quinto dia, aprenderam a gostar daquel e odor que antes lhes era estranho. Tomada por um re lativi smo assustador, afi rma: "Não nascemos para gostar ou não das coisas. [. .. ] Todo cheiro acontece num conte.xto emocional, e você precisa ter uma e.xperiência para reagir ao cheiro".

Si sse l rea li za instalações de arte, trabalha com universidades em projetos de pesq ui sa e utiliza comercialmente sua atividade. Expôs nove tipos de cheiro de suor no Centro Artístico MIT, dos Estados Un idos. Em um show na Fundação Cartier, em Paris, simulou o cheiro da cidade, tendo para isso trabalhado durante seis meses com pe1fumistas para capturar com precisão o odor de fezes de cão, onipresente na Rive Gauche; de cinzeiros transbordando; e do fedor sulfuroso do sangue de um matadouro. Numa festa, borrifou sua roupa com che iro de suor: "Para muitas pessoas da.festa, eu estava fedendo. Todas as mulheres e.xclamavam : Ohhh!". Gosta de citar Napo leão, numa carta a Josefina. Estando a centenas de quilômetros de Paris, ele escreveu: "Chega rei em três dias. Não se lave". Al gum tempo atrás o cinemas bras i le iro projetara m um filme intitul ado "O cheiro do ralo", em que um permanente e fedorento cheiro de ral o fa z parte la trama . Assim vão se habituando a pessoas a o nviver orn o mau cheiro. Ass im se vai quebrando mais uma barreira, e ta de caráter psico lógico, entre as muitas barreiras ideológicas j á demolidas. O mau cheiro é um dos tormentos do infern o. Narra Dante A lighi eri, na Divina Comédia, que ao chegar com o poeta à be ira do sétimo círculo do Inferno, "o ar denso e fedorento que emanava do abismo nos afastou de sua borda" (Inferno, canto XI). Nesta nossa sociedade em que figuras horrendas e disformes nos são apresentadas como aite, e ruídos cacofônicos corno música, só faltava o mau cheiro pai·a tornála uma antecârnai·a do inferno. • E-ma il do aut o r: gregori o@catolicismo.com.br Fo ntes: Following Her Nose, in "Der Spiegel " online, 29-6- 1O; Th e Swea / Hog, in " New York Times", 27-8-06

Estaremos presenciando a morte da modéstia?

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ob o título acima, a revista americana "Catholique Online" publica artigo de Jennifer Hartline, católica combativa, esposa e dona-de-ca a, mãe de três filhos preciosos. A senhora Hartline faz uma descrição das modas femininas atuais, que dispensa comentários e deixa claro por que Nossa Senhora chora. Traduzimos abaixo tópicos desse importante artigo. *

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"Estou de luto pela morte da modéstia, doente por ver mulheres 'se exibindo' onde quer que eu vá. Isso é tão inevitável quanto lamentável. Entristece-me a s01te dos homens de hoje - pelo menos dos que procuram agir como cavalheiros. Mal podem eles erguer os olhos acima de seus sapatos, sem serem confrontados com mulheres seminuas. Mais do que falta de consideração, isso é irresponsável, desrespeitoso; e se você qui ser saber mais, provavelmente pecami noso. Mulheres expõem suas prendas em roupa colantes e curtas, que exibem mais do que escondem, mas se mostram ofendidas quando não são prestigiadas pelas suas habilidades e inteligência. Vendem-se como objeto sexual, mas e mostram chocadas quando tratadas como tal. E não se enga nem, moças, quando vocês andain por aí com a metade dos seios para fora da blusa, ou com sutiãs estreitos e pequenos, com blusas sem a prute de trás, com mini-saias, jeans apertados e saltos altos - vocês e tão e oferecendo como objeto sexual, queiram ou não. [...] Já é péssimo que a moda fe minina adulta esteja voltada para aspectos sex uais, mas o mais lamentável é que isso se tenha estendido às mocinha . É chocante ver o que se tornou aceitável na moda das jovens. Não se passa um dia sem que eu veja meninas vestidas com roupas que expõem os ombros e os braços, além do umbigo. Roupas que, na minha infância, não me teria sido permitido usar sequer ao sair do banheiro. É doloroso e triste constatai· que os pais e mães de hoje

não protegem a inocência de suas filhas e sua pureza, vestindo-as com modéstia. As meninas estão aprendendo, em idade ainda muito jovem, que nada há de errado em que seu corpo seja publicamente objeto de consumo, e que sua auto-estima e auto-imagem sejam baseadas na sua capacidade de atração sexual. Desde tenra idade as sementes da promiscuidade são plantadas, e a partir delas crescem a prática sexual entre não casados, doenças sexualmente transmi ssíveis, idéias aberrantes sobre sexo, gravidez indesejada, conceitos mórbidos sobre o corpo, relacionamentos destrutivos, corações partidos; e, o pior de tudo, bebês mortos por aborto. Retrocedendo passo a passo, pode-se ver que tudo começa com a falta de modéstia ... Tive recentemente uma troca de e-mails com o presidente de uma empresa de roupas infantis, depois de ficar chocada com o que vi no seu catálogo na internet, onde um maiô pru·a meninas (abaixo de três anos de idade) consistia em apenas dois pedacinho s de tecido imitando joaninh as, presos aos ombros por fios. Muito adequado para exibicionistas do nudismo. Estamos vivendo numa cultura saturada de sexo e perversões sexuais. Basta um pouco de bom senso para perceber que nossas filhas não devem ficar seminuas em público, mesmo se tiverem apenas dois anos de idade. Um maiô como esse é o sonho de um pedófilo, coisa que não me parece difícil de entender. A educação de nossas crianças pru·a a abstinência fará reviver com êxito na juventude feminina a modéstia no vestir. Ensinando à menina que seu corpo é sagrado e deve ser tratado com respeito, mostrando-lhe como fazer isso através das roupas que ela veste, será muito menos provável ela tornai·-se vítima da impureza. Vistam-se com dignidade, meninas, e mostrem a si mesmas o respeito que vocês merecem. Quem é cavalheiro compreenderá sua conduta".* •

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http://www.catho li c.org/national/national_story .php?id=35399

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INFORMATIVO RURAL Faltam sementes e mudas para reserva legal Quem adverte é o auditor fiscal Dr. Carlos A. Arantes: "Tenho acompanhado o andamento das discussões sobre Reserva Legal e mudança no Código Florestal (que deveria se chamar Código Ambiental), e com espanto percebo que a maioria das pessoas envolvidas no fato não tem nenhuma noção do que estão fazendo, nem na questão técnica quanto na questão logística. Veja esse novo decreto assinado pelo Presidente Lula, dispondo mudas e sementes de graça aos proprietários com área abaixo de 150 hectares, para recompor suas reservas legais, além de financiamentos em condições especiais em bancos oficiais. Será que alguém nesse governo tem a idéia de quantos imóveis com áreas inferiores a 150 hectares não possuem Reserva Legal e necessitam recompô-la, e qual a metragem que isso envolve? Com certeza não. Recente matéria no Suplemento Agrícola de 'O Estado de São Paulo' apontou o problema logístico da falta de mudas e sementes, mas além disso inexiste mão-de-obra qualificada para o replantio de toda a área de Reserva Legal exigida".

FAO e OCDE: Brasil será o maior proclutor agrícola do mundo O Brasil terá a maior produção agrícola do mundo na próxi ma década. É o que prevê o relatório anual Perspectivas Agrícolas 2010-2019, publicado no mês de junho pela FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação e pela OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O relatório não diz, mas deve-se reconhecer o papel decisivo da iniciativa particular. Apesar de perseguido pela ameaça da Reforma Agrária,

da expropriação para constituição de reserva indígenas e de pseudo-quilombos, por um assim chamado e nunca definido "trabalho escravo" e por 16.000 normas ambientalistas , o agricultor sobrevive e consegue safra a cada ano maiore . Tratase da área econômica mais per eguida neste País.

P,·oteger floresta 110 Brasil é bom parn ... a agricultura dos EUA Foi publicado nos Estados Unidos um estudo intitulado Fazendas aqui, florestas lá. A autoria é da ONG Avoid Deflorestation Partners. Afirma que os agricultores nos Estados Unidos podem ganhar 270 bilhões de dólares até 2030, com a redução do desmatamento nos trópicos. O argumento é que a maior proteção à floresta prejudicará a produção de carne, soja, dendê e madeira em países como o Brasil. Esse fato levaria a um aumento dos preços e à abertura de um buraco na oferta, que seria preenchido pelos Estados Uni dos. Quem viver, verá!

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É proibido falar sobre índices de produtividade O governo desistiu momentaneamente de falar sobre aumento dos índices de produtividade. Trata-se de recuo tático. Segundo o jornal "O Xingu", "a forte resistência da bancada ruralista e a rejeição unânime de parlamentares do PMDB foram decisivos para o recuo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva", que é francamente favorável à medida, bem como de seu ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. Este chegou a afirmar que o aumento dos índices seria um meio de facilitar a obtenção de terras para a Reforma Agrária, e mais baratas (as terras que não atingirem os novos índices ficam passíveis de desapropriação para esse fim). Ou seja, seria um instrumento a mais para forçar as desapropriações. Os novos índices obrigariam produtores rurais a elevar a produção rural, mesmo em anos de crise, para cumprir requisitos de utilização da terra (GUT) e a eficiência da exploração (GEE). É preciso não esquecer que o aumento dos índices de produtividade foi incluído entre as 521 ações programáticas do tristemente famoso PNDH-3 - Programa Nacional de Direitos Humanos (Decreto-lei 7037 de 21 de dezembro de 2009). Por se tratar de um dispositivo previsto na Constituição, não depende de aprovação pelo Congresso Nacional para ser implantado, como dependem outras ações do PNDH-3. Quando os tais índices foram discutidos na Constituinte, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira alertou o meio rural, mostran-

do que aprová-los seria passar um cheque em branco ao governo para agir contra os produtores rurais. Não foi ouvido. Ali ainda era possível evitar essa medida socialista que hoje inferniza a vida rural brasileira (Cfr. "O Xingu", junho/2010). Receita Federal X Judiciário, na questão do ITR O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que qualquer área de reserva legal, por ser destinada à preservação, não precisa de reconhecimento formal prévio para obter isenção do ITR - Imposto Territorial Rural. A Receita Federal do Brasil não pode aplicar o ITR à área de reserva legal, a pretexto de a mesma não estar averbada à margem do registro do imóvel. Ora, a Receita Federal não está levando em consideração a isenção da área de preservação permanente e de reserva legal na apuração do ITR (de acordo com o artigo 104 da Lei 8.171, de 1991), e passou a entender que só se exclui da apuração do ITR a área de reserva legal devidamente averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel. Ou seja, age ao arrepio do texto legal e do Judiciário. A averbação é mera formalidade destinada a dar publicidade à reserva legal do imóvel, conforme parecer dos advogados Jorge Moisés Júnior e Paulo Henrique dos Mares Guia em matéria publicada no jornal "Valor" de 13 de julho de 2010.

Ibama provoca confusão nos portos de Sa11tos e Paranaguá São enormes os problemas da falta de infraestrutura que afligem o agronegócio. Entre essas mazelas está a falta de portos e a deficiência no funcionamento da maioria dos existentes, sempre questionados por não cumprimento de exigências ambientalistas. O Ibama, como órgão aparelhado que é, age reativamente e por motivos mais políticos e ideológicos do que técnicos. No início do mês de julho, interditou e multou em R$ 10 milhões o porto de Santos, o maior do País. O absurdo foi tão grande, que mobilizou a cúpula do governo em Brasília. A Casa Civil da Presidência da República cobrou explicações da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que acionou o presidente do lbama, Abelardo Bayma Azevedo. A pressão funcionou. Três horas depois, a multa e a interdição foram suspensas e o presidente do lbama saiu-se com a seguinte desculpa: "Foi ação de fiscais do porto de Santos, interessados em criar embaraços para a direção". Mas aproveitou para anunciar a interdição dos portos de Paranaguá e Antonina ... Assim que a interdição foi confirmada, a Federação da Agricultura do Paraná - FAEP alertou para os prejuízos diretos , que seriam de 40 a 50 mil dólares por navio em dia de CATOLICISMO

paralisação. Naquele momento havia 13 navios no cais e outros 45 ao largo. Isto sem considerar o prejuízo dos caminhoneiros e a formação de filas enormes de caminhões na entrada do porto. Ao fecharmos esta edição, não havia ainda solução para o problema, a não ser a mordaça colocada nos funcionários do lbama pelo presidente da entidade: assinou ele um memorando proibindo os servidores de dar entrevistas, participar de workshops e proferir palestras sem autorização prévia (Cfr. "O Estado de S. Paulo", 13/14-7-10). Casa e museu de Chico Mendes são /'echados A família de Chico Mendes decidiu fechar em Xapmi (AC) o Centro de Memória de Chico Mendes e a casa onde o seringueiro e sindicalista morou. Segundo a viúva, Ilzama.r Mendes, a fanu1ia e o instituto responsável não conseguem manter os locais por falta de dinheiro. Até o ano passado, o instituto recebia verbas do governo do Acre para realizar cursos e manter a casa e o museu, que não cobravam ingressos. Em três anos foram repassados R$ 685 mil. Segundo o governo, o convênio foi encerrado porque o instituto não prestou contas dos recursos. Em outubro passado, o Ministério Público do Acre denunciou o Instituto Chico Mendes por uso irregular da verba. A viúva nega as acusações de uso irregular do dinheiro (Cfr. "Folha de S. Paulo", 14-7-10; e "Manchetes Socioambientais"). • AGOSTO 2010 -


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E-mail do autor: csdrnflt.,r(a>catnlic1s111cu;p111.b1

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No círculo, Plinio Corrêa de Oliveira participa em 1970 do desfile no Viaduto do Chá, em São Paulo, na abertura da campanha pelo Natal dos Pobres

No cinqüentenário da 'fF'P brasileira, uma resenha do combate contra-revolucionário, decisivo para a llistória do Brasil e do mundo r Lm

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m 26 de julho de 1960 - há 50 anos, portanto - Plinio Corrêa de Oliveira fundava a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade -TFP, coadjuvado por alguns amigos. Em matéria de capa da edição anterior, foi resumida a pré-história da entidade, exposta em quatro artigos do seu fundador publicados na "Folha de S. Paulo". Na presente edição, cabe-nos resumir alguns dos lances mais significativos efetuados pela TFP brasileira, por associações co-irmãs e autônomas de diversos países e por outras entidades contra-revolucionárias que reúnem discípulos de Plinio Corrêa de Oliveira no Brasil e no exterior. Parte dessa história já foi consignada no livro Um homem,

uma obra, uma gesta - Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira (Artpress, São Paulo, 1989), que apresenta um elenco completo das atividades das TFPs e entidades congêneres até o fim de 1988. Encontra-se também resurnida na biografia do fundador da TFP - de autoria do Prof. Roberto de Mattei, vice-presidente do Centro Naciona l de Pesquisas da Itália - que tem o título Plinio Corrêa de Oliveira: O Cruzado do Século XX (Editora Civi li zação, Porto, 1997). Efetivamente, não há nenhum exagero em rotular como cruzada a obra empreendida pelo fundador da TFP brasileira, inspirador também das demais TFP e outras entidades contra-revolucionárias. Cruzada que, em muitos aspectos, modificou fundamentalmente a trajetória do século XX e está exercendo influência decisiva nos rumos incertos deste limiar do novo milênio. A razão dessa influência internacional da obra de Pl inio Corrêa de Oliveira foi por ele próprio explicada, em texto que redigiu e enviou para ser lido no congresso do lnternational Policy Forum , realizado em abril de l 985 em Dali as, Texas. Sob o títu lo A importância do fator religioso nos rumos de um bloco-chave de países: a América Latina, ele defendeu a

D ANIELE

tese de que a América Latina tem, no mundo de hoje, peso muito maior do que era então imaginado por considerável número de europeus e norte-americanos, "ainda influenciados por clichês e hábitos mentais desatualizados", podendo-se afirmar "ser o

bloco latino-americano destinado a constituir a grande potência de projeção mundial, a emergir nos albores do século XXI" . Indiscutível tornou-se hoje essa tese d iante da relevância do Brasi l e de países do bloco latino-americano, reconhecida em todos os foros internacionais. Depoi de fazer notar que os temas religiosos têm na América do Sul uma importância consideravelmente maior do que em outras partes do mundo, Dr. Plínio concl uía: " O futuro da

América do Sul se está decidindo, no momento atual, em função do debate dentro da Igreja . Se a maioria católica pender, em nome da fé, para o igualitarismo teológico e sócio-econômico, a América do Sul será comunista. Se ela resistir a tal igualitarismo em nome da.fé, será contrária ao comunismo". Ora, todos os anal is tas sérios reconhecem que outro teria sido o resultado da Guerra Fria e da história do mundo, caso a América Latina se tivesse tornado comunista e satélite de Moscou . Nesse "canal estratégico" da ofensiva comunista que através da Teologia da Libertação pretendia obter o apoio das massas cató licas latino-americanas para o soc ialismo - Pl inio Corrêa de Oliveira co locou sua "esquadra ligeira". A partir daí, por meio de uma incessante ação ideológica, ofereceu tenaz resistência à ofensiva dos corifeus da esquerda católica instalados em a ltas pos ições de poder e influência na Igreja Católica latino-americana, subtraindo-lhes o ind ispensável apoio popu lar. O colapso da União Soviética, seguido da interesseira abertura ao mercado feita pela econom ia do opressor regime comunista chinês, tornou patente diante do mundo o fracasso do regime sócio-econôm ico comunista.

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lucionárias cresceu muito com o correr dos anos, e merecem Metamorfose do comunismo especial atenção as suas campanhas de difusão da Mensagem por meio da "revolução cultural" de Fátima. Já existiam na fase de luta mais especificamente Na Prute m do seu ensaio Revolução e Contra-Revolução, anticomunista - o que era natural, uma vez que Nossa Seredigida em 1975, Plínio CotTêa de Oliveira havia prenunciado nhora falou dos "erros da Rússia" que se espalhariam pelo que, apesru· desse fracasso do comunismo, o Ocidente e o mundo mundo inteiro. Mas a difusão que a entidade faz da Mensanão se desintoxicariam do veneno deixado nas entranhas da socigem de Fátima tomou um vulto ainda maior, acompanhando edade pelos princípios da Revolução comunista anticristã. O mais simetricamente a metamorfose gritante sintoma de concretização da Revolução, que colocou em dessa previsão foi que, depois da surdina suas reivindicações sóqueda do Muro de Berlim, nem cio-econômicas e passou a ensequer se discutiu seriamente a fatizar as questões culturais e realização de uma "Nuremberg sociais, intimamente conexas do comunismo". Bastou então às com a Religião. correntes de esquerda metamorOutro destaque merece ser foseru· seu programa através da feito para as campanhas de direvolução cultural, pru·a em nome fusão fundamentadas na moral da ecologia e dos direitos humareligiosa - contrárias ao abornos visar objetivos ainda mais to e ao "casamento" homosseradicais que os do velho comuxual, entre outras que visam nismo marxista. Amostra próxirevigorar a fibra religiosa do ma e eloqüente dessa mudança povo, para que ele reaja de made tática, no Brasil, é o conteúdo neira conseqüente em defesa do Terceiro Programa Nacional dos valores inerentes à Lei dide Direitos Humanos, analisado vina, situados no centro das atunesta revista em junho último. ais controvérsias. Bento XVI os Abriu-se assim, nos primórqualificou adequadamente de dios da década final do século "valores não negociáveis". passado, uma nova fase na epoAfirma o Prof. Roberto de péia das TFPs e entidades conMattei, em sua referida biogratra-revolucionárias: a denúncia "a trilogia Tradição, fia, que dessa metamorfose revolucioFamília e Propriedade, mais do nária prevista por Plínio Corrêa que designar as associações de Oliveira e o combate à ofenfundadas e inspiradas por Plisiva - ainda mais perigosa nio Corrêa de Oliveira, resume dessa "nova esquerda". Com a sua concepção do mundo, a efeito, o programa que essa qual reflete, por sua vez, os funmetamorfose desenvolve deifidamentos da doutrina social da ca a liberdade individual e imIg reja", que são o oposto do põe um relativismo radical, que ideal comunista. nega o cru·áter sagrado da vida humana, do matrimônio, da faAs campa11J1as de rua mília, etc, recusando à Igreja qualquer influência nos assuntos Um aspecto que caracterizou de maneira inconfundível as públicos. TFPs é a surpreendente novidade de seus métodos de ação. Toda nova fase da Revolução é ao mesmo tempo herdeira Para quebrar a barreira do silêncio imposta pela mídia, atine matricida da fase anterior, e na passagem do velho plano gindo as im diretamente o público, Plinio Corrêa de Oliveira para o novo há uma situação intermediária, em que ambos o concebeu grandes campanhas de rua, em que os membros da planos correm paralelos, sendo um em processo ascensional e TFP pudessem atrair a atenção dos transeuntes. Em 30 de março o outro em declínio. Como se verá mais adiante, dependendo de 1965, bem no centro de São Paulo, apareceram pela prida situação específica do avanço revolucionário em cada área meira vez no conhecido Viaduto do Chá os grandes estandru·de civilização e em cada país, a ação contra-revolucionária tes rubros com o leão rompante, complementados em 1969 tem continuado primordialmente no campo sócio-econômico pelas capas vermelhas. Ambos destinados a produzir sobre a (como na primeira fase); ou tem, ela também, evoluído para opinião pública "um choque vivificante e salutar, que simbocontrapor-se aos temas da "revolução cultural". liza a contra-ofensiva do Bem", compõem o que um jornalista Mensagem de Fátima e moral católica descreveu como "o charme grandioso da TFP". Outro meio espetacular de propaganda, concebido por Dr. Um setor de atividades das TFPs e entidades contra-revoCATOLICISMO

Plinio, são as chamadas "caravanas": grupos de jovens que viajam de cidade em cidade, fazendo campanha de rua, visitando personalidades locais, falando nas emissoras de rádio e TV. Desenvolvem um apostolado "itinerante" até nas áreas mais afastadas do País.

Desenvolvimento do assw1to Não cabendo no breve espaço de rutigo um relato circunstanciado das inúmeras campanhas empreendidas pela TFP brasileira e outras associações contra-revolucionárias inspiradas nos mesmos princípios - isoladamente ou em conjunto com suas co-irmãs de outros países - , nos cingiremos ao elenco dos episódios especialmente marcantes dessa epopéia, iniciada há meio século. Para evitru· contínuas mudanças de tema, agrupamos o relato em diferentes partes, cada uma delas apresentando um esboço da tru·efa realizada a partir de 1960 numa área específica. Mas o leitor deve ter presente, na leitura de cada prute, que a TFP estava simu ltaneamente agindo nas outras áreas. Não podemos deixru· de mencionar a transcendência do fato ocorrido no dia 3 de outubro de 1995, quando Deus chamou esse filho de No sa Senhora que foi Plínio Corrêa de Oliveira, privando seus discípulos de suas luzes, seu entusiasmo comunicativo e sua paterna benevolência. Convém igualmente lembrru· outro fato, ao qual se fez referê ncia na matéria da edição anterior: dissidentes iniciru·am em 1997 um processo pelo qual, por decisão judicial provisória, a TFP brasileira pa sou em abril de 2004 para as suas mãos. De tal decisão pende recurso no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília. As menções à TFP nas primeiras quatro partes deste artigo se referem , pois, à TFP brasileira antes daquela data, salvo se especificada a TFP de algum outro país. Essas duas circunstâncias - o falecimento do fundador e a dissidência - não arrefeceram, porém, o ânimo resoluto dos discípulos de Plínio Corrêa de Oliveira, que não somente prosseguiram a luta nos moldes definidos por seu inesquecível mestre, pessoalmente e em novas associações que criaram, mas a ampliaram para novas áreas, notadamente as nações católicas do ex-bloco soviético. E ap licam também seus métodos de ação nas imensas possibilidades abertas pela Internet e pelas novas tecnologias da informação. Não se esquecem, por certo, de recorrer continuamente à poderosa intercessão do seu fundador, que do Céu continua a lutar e orientar os di scípulos, obtendo para sua cruzada os insignes favores da Santíssima Virgem. É o que transparecerá no relato que segue.

1- A épica luta contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória Desde os primórdios de sua existência, a TFP esteve na estacada contra os sucessivos projetos de Reforma Agrária socialista e confiscatória, e mais tarde contra a agitação rural promovida pelo MST sob o bafejo da Pastoral da Terra.

Em 10 de novembro de 1960, um grande manifesto na primeira página dos mais importantes jornais do Brasil anunciava o lançamento da obra Reforma Agrária, Questão de Consciência, que Plinio Corrêa de Oliveira escreveu, tendo como co-autores D. Antonio de Castro Mayer e D. Geraldo de Proença Sigaud, bispos de Campos e de Jacarezinho respectivamente, e o economista Luiz Mendonça de Freitas, que se encarregou dos aspectos econômicos. O livro tornou-se logo um "caso nacional". No dizer de um analista estrangeiro, provocou "um impacto não somente no Brasil, mas em toda a imprensa internacional", assim como "fortes reações no seio do episcopado brasileiro", notadamente de D. Hélder Câmara, então secretário geral da CNBB . Graças ao livro e às ações que se lhe seguiram, a opinião pública brasileira não acompanhou a orientação esquerdizante de influente setor do Episcopado. Uma reação populru· culminou posteriormente na derrocada do presidente João Goulart, em que a TFP não participou nem dos planos nem dos fatos. Mas analistas brasileiros e americanos são concordes em afirmar que "na preparação doutrinária do movimento" teve "um papel decisivo" o "livro-bandeira contra a reforma agrária", . difundido pela TFP.

O Estatuto da 1'erm Em 30 de novembro de 1964 o marechal Castelo Branco sancionou a lei denominada Estatuto da Terra, que obedecia ao mesmo estilo e espírito da Reforma Agrária de Goulart. A TFP publicou então o Manifesto ao povo brasileiro sobre a Reforma Agrária, observando que "com o apoio das bancadas janguistas, os representantes das correntes que depuseram Jango fi zeram, através da aprovação da emenda constitucional e do Estatuto da Terra, a 'reforma' que Jango queria". Devido principalmente à oposição vigorosa e infatigável da TFP, o Estatuto da Terra teve apenas uma aplicação lenta e limitada. Em novembro de 1977 a TFP lançou a obra Tribalismo Indígena, ideal com.uno-missionário para o Brasil do século XXI, na qual Plínio Corrêa de Oliveira denuncia os neomissionários que desejam a demolição da ordem presente para substituí-la pela vida tribal. Tais missionários se servem de uma idílica imagem do indígena afim de apresentá-lo como modelo para o homem do século XXI. O livro explica as origens doutrinárias dos atuais conflitos indígenas e da desapropriação de vastos territórios dedicados à agricultura, para a criação de imensas reservas indígenas improdutivas. Vendo a Reforma Agrária retru·dada, a Assembléia Geral da CNBB lançou, em fevereiro de 1980, um documento intitulado Igreja e problemas da terra, em favor da coletivização do campo. A essa iniciativa a TFP respondeu com Sou católico: posso ser contra a Reforma Agrária ?, livro escrito por Plínio Corrêa de Oliveira e pelo economista Carlos Patrício del Campo. Mostra o contraste existente entre o Magistério tradicional da Igreja e o documento da CNBB , denunciando sua clara concepção socialista e mru·xista. Quando o governo Sarney, em outubro de 1985, quis promulgar o Primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária, a TFP publicou um maniAGOSTO2010 -


outras medidas socializantes se agravariam consideravelmente, caso o projeto fosse aprovado naqueles termos, a TFP publicou em 1987 a obra Projeto de Constituição Angustia o País, em que Plínio Corrêa de Oliveira propunha urna solução de bom senso: que a Carta Magna se limitasse provisoriamente a regulamentar as matérias consensuais sobre a organização política, deixando a regulamentação das controvertidas matérias de natureza sócio-econômica - e muito particularmente a questão da Reforma Agrária - para um complemento posterior. O fundamento para a proposta era a notória falta de representatividade da Assembléia para inscrever na nova Constituição o pensamento autêntico da Nação em matéria sócio-econômica. Se hoje milhares de proprietários vivem num clima de insegurança e pânico quanto aos seus direitos, isto se deve a que tal proposta não foi convenientemente acolhida. Na mesma ocasião, Plinio Corrêa de Oliveira editou e distribuiu aos constituintes de 1988 uma mensagem sob o título Reforma Agrária, Reforma Urbana, Reforma Empresarial - O Brasil em

festo e um novo livro dos mesmos autores, sob o título A propriedade privada e a livre iniciativa no tufão agro-reformista. Ao iniciarem-se as invasões e ocupações de terras, a TFP se opôs, difundindo pareceres de dois ilustres juristas sobre o direito de reagir até à mão armada a tais invasões, que a lei brasileira garante ao proprietário. Em 1986, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira divulgou urna atualização de panoramas sobre esse candente terna, com a obra No Brasil, a Reforma Agrária leva a miséria ao campo e à cidade. No ano seguinte, sendo a Reforma Agrária o grande divisor de águas nas controvérsias ideológicas da Assembléia Constituinte, .a TFP entrou uma vez mais em cena com o livro Reforma Agrária: 'terra prometida ',favela rural ou 'kolkhozes'?, do advogado Atilio Guilherme Faoro, sócio da entidade.

Obrn esclarecedora sobre a nova Constituição U rn projeto de nova Carta Magna achava-se em discussão na Assembléia Constituinte. Antecipando que a Reforma Agrária socialista e confiscatória e

NSlll ANGUSTÍA O PAíS' -

PROPOE

CONSTITUIÇÃO pOLÍ

AGORA COM PLEBIS

TRES ANO~ CONSTITUICÃD SOCIO·ECON

jogo, expondo as 18 atividades que realizou junto a eles em defesa dos princípios básicos da civilização cristã, pelos quais pede respeito. A Constituição de 1988 incluiu dispositivos relativos à Reforma Agrária (artigos 184 a 191) que precisavam ser regulamentados. O Congresso Nacional o fez em 1992, mediante a lei nº 8.629, sobre a qual a TFP reagiu através de artigo na edição de maio de 1993 de Catolicismo, em que Atílio Faoro denunciava: a lei fixara um conceito absurdo de produtividade; transformara a "função social" da propriedade em malha de que ninguém e capa; e exigira do produtor rural requisitoscoringas, que tornariam "a vida do proprietário um inferno: conflitos e tensões sociais no imóvel; necessidades básicas dos que trabalham a terra; normas de segurança no trabalho; equilíbrio ecológico da propriedade; saúde e qualidade de vida das comunidades vizinhas; vocação natural da terra, etc". Essa lei produziu mal -estar em largos setores brasileiros. Para acelerar sua aplicação, a partir da década de 1990 o fulcro da luta agroreformista passou a ser o MST e a invasões de terra. Em sua edição de ago to de 1998, Catolicismo publicou importante matéria em que o colaborador da TFP Gregorio Vivanco Lope a inalava a impunid ade de que gozavam as atividades violenta do movimento, assim como seu desprestígio, e alertava para sua estratég ia revolucionária, resumida num dos pontos do Documento Básico do MST: "As ocupações e outras formas massivas de luta pela terra vão educando as massas para a necessidade da tomada do poder e da implantação de um novo sistema econômico: o socialism.o!".

Duas pinças de uma tenaz atingem proprietários mrais A partir de então, a Reforma Agrária passou a atuar como uma tenaz cujas pinça apertam os proprietários rurais. Uma das pinças é ilegal, insolente, ameaçadora, violenta, destruidora, e goteja sangue: o movimento de inva ões. A outra é esterilizada, legal, pacífica, mas não menos opressora: a aplicação da legislação agro-reformista, socialjsta e confiscatória. Ante as perspectivas ruinosas que se apresentavam para o Brasil agrícola, fruto da instabilidade no campo e da ameaça de desapropriação, 1.128.966 brasileiros firmaram em agosto de 1992 um abaixo-assinado da TFP, pedindo um plebiscito nacional so-

CATOLICISMO

bre a Reforma Agrária. O povo queria o plebiscito, mas este não foi realizado. E a Reforma Agrária continuou sua marcha inexorável rumo à demolição da propriedade rural. Com a ascensão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a nomeação de vários representantes da esquerda católica próximos do MST para cargos decisivos do governo, a situação agravou-se e vários projetos de radicalização da Reforma Agrária começaram a ser discutidos . Em março de 2003 a TFP divulgou um comunicado ao povo brasileiro - Cavalgando a Reforma Agrária, a 'esquerda católica ' ameaça o Brasil criticando particularmente declarações do então presidente da CNBB, Dom Jayme Chemello, a favor das invasões de terra. No dia 1º de agosto de 2003 a TFP saiu às ruas para difundir o documento Alerta da TFP-ReformaAgrária e violência unidas contra o Brasil, denunciando o clima de instabilidade gerado pela inércia do governo federal em relação ao MST e pelo prosseguimento de uma Reforma Agrária altamente lesiva ao País, em especial ao meio rural. Em 3 de outubro do mesmo ano, novamente em campanha pública nas ruas de São Paulo, a TFP distribuiu o documento Marcha progressiva do Brasil rumo ao socialismo, com decisivo apoio da 'esquerda católica'. Denunciava a revolução social de inspiração socialista promovida pelo então ministro-chefe da Casa Civil, Sr. José Dirceu, baseada num vasto programa de invasões de terra, desrespeito das ordens judiciais de reintegração de posse e ocupação sistemática da máquina do Estado por militantes radicais do Partido dos Trabalhadores. Em abril de 2004 , como já foi dito anteriormente, a TFP brasileira passou a ser controlada por dissidentes. Impedidos de continuar reunidos em torno da TFP, os discípulos fiéis a Plinio Corrêa de Oliveira, liderados pelos fundadores da entidade, se agruparam então na Associação dos Fun dadores. Nessa condição, redigiram e difundiram amplamente o documento Angustiado e filial apelo a S.S. João Paulo 11 - O Brasil pacífico e laborioso vos suplica: Livrai nosso País da ação maléfica da esquerda católica. Denuncia aquilo que aos olhos de todos se patenteia: os conflitos no campo resultam da atuação de uma minoria de religiosos e leigos católicos adeptos da Teologia da Libertação, que contam com a omissão - quando não com o apoio ostensivo - de prelados nos mais altos postos da hierarquia eclesiástica brasileira. O apelo é baseado em farta documentação apresentada no

nova arma contra a propriedade privada

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livro A Pastoral da Terra e o MST incendeiam o Brasil, do advogado Gregorio Vivanco Lopes. Este primeiro lance de uma série de trabalhos da coleção Em Defesa do Agronegócio denuncia a ação da esquerda católica, aliada do MST, com a descrição do papel nela desempenhado pela Comissão Pastoral da Terra , pelo Conselho lndigenista Missionário e pelo que restou das Comunidades Eclesiais de Base. Trata-se de três organismos ligados à CNBB, vinculação tanto mais incompreensível quando se considera que as atividades do MST constituem para o Brasil uma ameaça de revolução social, e mesmo de guerrilha, dadas suas conexões, várias vezes denunciadas, com as FARC colombianas.

Paz 110 Campo e a defesa da agropecuária No segundo livro da coleção - Trabalho escravo, nova arma contra a propriedade privada - o jornalista Nelson Ramos Barretto denuncia a ameaça que representa para o campo a Proposta de Emenda Constitucional 438/01, que prevê a desapropriação, sem nenhuma indenização, de terra ou imóveis urbanos, assim como de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência da exploração do assim chamado trabalho escravo. Mostra ainda o conceito fluido de "trabalho escravo" que serve de base para essa ameça. Difundido

em feiras rurais e nos meios políticos de Brasília, o livro alcançou ampla repercussão, tornando-se um fator decisivo para que tal ameaça de confisco não se tenha ainda concretizado. Da mesma coleção é a obra Reforma Agrária, o mito e a realidade, para cuja elaboração o autor Nelson Ramos Barretto visitou 60 assentamentos da Reforma Agrária, muitos dos quais tidos como "modelos". Apresentou a realidade agrária através de depoimentos dos próprios assentados, desmitificando a Reforma Agrária e evidenciando seu absoluto fracasso. Reunidos já na Associação dos Fundadores, os discípulos fiéis de Plínio Corrêa de Oliveira constataram a ampla confirmação das advertências que ele fizera em 1977, no livro Tribalismo Indígena, ideal comuna-missionário para o Brasil do Século XXI, e publicaram em 2009 uma nova edição da obra, acrescida de uma atualização feita pelos Srs. Paulo Henrique Chaves e Nelson Ramos Barretto - Tribalismo Indígena, 30 anos depois: Ofensiva radical para lograr a fragmentação social e política da Nação . Essa atualização denuncia as políticas desastradas do governo federal no sentido de agravar a quebra da antiga harmonia social do Brasil cristão e provocar artificial e danosa divisão racial de nossa sociedade em brancos, negros e índios. Para dar maior amplitude às campanhas em defesa do direito de propriedade privada e da livre iniciativa, a Associação dos Fundadores criou o movimento Paz no Campo, confiando sua direção ao Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança. Um dos mais ativos defensores do mundo rural e do sucesso da agropecuária brasileira, o Príncipe desenvolve suas atividades através de conferências, entrevistas na televisão e no rádio, artigos de imprensa e contatos nacionais e internacionais.

rand de Orleans e Bragan a Canal do Boi (esq.) e é e a a Lavras (MG)

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li - Da primeira campanha contra o divórcio à atuação contra o Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos Após o histórico das campanhas da TFP e da Associação dos Fundadores em defesa da propriedade privada, resumiremos suas principais atividades em prol da família e de instituições conexas, como também do direito à vida desde a concepção até a morte natural. Tramitava em 1966 na Câmara Federal, encaminhado pelo governo militar, projeto de novo Código Civil que incluía em seus dispositivos uma virtual implantação do divórcio. Ao mesmo tempo a agitação divorcista alastrava-se por toda parte, enquanto o Episcopado, salvo raras exceções, mantinha-se num mutismo desconcertante. Coube então à TFP salvar a indissolubilidade conjugal ameaçada. No dia 2 de junho de 1966 saiu a TFP às ruas, nas principais cidades do País e em muitas de importância menor, coletando as inaturas para um Apelo aos altos poderes civis e eclesiásticos em prol da família brasileira no projeto de Código Civil. Esse texto foi também publicado sucessivamente em 38 órgãos de imprensa. No 11 º di a da campanha, quando o abaixo-assinado já atingia 500 mil assinaturas, deu-se a primeira vitória antidivorcista: o projeto foi retirado para reexame, pelo governo federal. Mas nes e mesmo dia os deputados Nelson Carneiro e José Maria Ribeiro reapresentaram junto à Câmara, como projeto de sua própria iniciativa, os dispositivos relativos ao divórcio existente no projeto de código que o presidente da República havia mandado retirar. Veio então a lume o manifesto A TFP e a investida divorcista, datado de 25 de junho, no qual a entidade comunicava o prosseguimento de sua campanha, em vista da permanência da ameaça. Em 50 dias, 1.042.359 brasileiros de 142 cidades haviam aderido ao Apelo. No dia 12 de agosto a TFP comemorou a vitória, realizando uma caminhada ele seu sócios e cooperadore no Viaduto do Chá, em São Paulo. Em 1975 , nova investida divorcista abalou o País. O senador Nelson Carneiro e os deputados Rubem Dourado e Airton Rios apresentaram respectivamente no Senado e na Câmara novos projetos d lei divorcistas. A vitória do divórcio era dada como certa pelo meios de comunicação social, quando D. Antonio de Ca tro Mayer, então bispo de Campos (RJ), lançou uma Carta Pastoral pelo casamento indissolúvel. A TFP pôs-se a campo para difundi -la nas ruas das principais cidades do País, e duas dições num total de 100 mil exemplares escoaram-se em um mês de campanha. Concomitantemente, nos debates sobre tais projetos a TFP foi objeto de diversas referência e m di scur os de parlamentares que ocuparam a tribuna. Finalmente, e m sessão das mais concorridas e agitadas do Congre o Nacional naquela legislatura, as emendas divorcistas foram rejeitadas. Foi somente em 1977 que ocorreu a última e infelizmente vitoriosa investida divorcista no Brasil, por meio de um projeto de emenda constitucional.

A TFP reagiu a essa investida, alertando os antidivorcistas para algum imprevisto que pudesse dar a vitória ao divórcio. Na "Folha de S. Paulo", a publicação do documento intitulado Na iminência das votações divorcistas deixava clara essa hipótese. Por causa das férias do meio do ano, parecia provável que o projeto fosse rejeitado por falta de quorum para as votações. Entretanto, quase à última hora, congressistas divorcistas afluíram inesperadamente dos quatro cantos do País, consumando a vitória do divórcio por 226 votos contra 159. Em três artigos posteriores para a "Folha de S. Paulo", o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira mostrou que a imprevidência da CNBB foi a maior responsável pela catástrofe, o que foi reconhecido alguns anos depois pelo Cardeal D. Eugênio Sales, que declarou: "Se a Igreja no Brasil tivesse luta-do como o cardeal Motta, o divórcio não teria sido aprovado" ("0 Globo", 21-9-82).

Atuação co11tra o aborto Após duas iniciativas anti-abortistas da TFP em 1972 e 1977, o tema do aborto voltou à baila somente em 1991, pela introdução do Projeto de Lei 20/91 dos deputados Eduardo Jorge (PT/SP) e Sandra Starling (PT/MG), o qual ficou parado durante cinco anos. Quando ele foi sorrateiramente reativado, numa tentativa de fazê-lo aprovar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a campanha O Amanhã de Nossos Filhos, da TFP, publicou o manifesto Alerta à Nação, contendo dez mil petições contra o aborto. À referida comissão a TFP encaminhou o texto desse manifesto, além de exemplares do livro Aborto: 50 perguntas e 50 respostas em defesa da vida inocente, publicado pela entidade, e ainda pareceres de 21 juristas, desembargadores e juízes, apontando a inconstitucionalidade do referido projeto. Pressentindo a derrota, a relatora do projeto pediu adiamento da votação. No decurso de 1997, o PL 20/91 foi novamente colocado na pauta das discussões da Comissão e do Plenário. Uma comitiva da TFP entregou ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça 62.500 assinaturas contra os projetos abortistas. Na iminência da votação final, a ser realizada no plenário da Câmara, a campanha O Amanhã de Nossos Filhos pediu a milhares de participantes que enviassem aos respectivos deputados o apelo Não repita o ato de Herodes, solicitando a rejeição dessa nova investida contra o 5° Mandamento da Lei de Deus. Durante o ano de 2005, acrescido de relatório da deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), o projeto abortista nº 1135/91 foi colocado na pauta de votação da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos deputados. A Associação dos Fundadores promoveu uma mobilização da opinião pública nacional contra esse abominável projeto, e as caixas de e-mails dos deputados membros da comissão ficaram lotadas com quase 70.000 mensagens enviadas de todos os quadrantes do Brasil. Diante da pressão popular, os deputados resolveram marcar audiências públicas para, recolhendo a opinião de autoridades no assunto, melhor fundamentar suas posições. A cada nova votação na comissão, aumentava o número de anti-abortistas na assistência, o que foi logo percebido pela relatora, a deputada Jandira Feghali, que retirou o projeto de pauta a fim de mudar de estratégia. AGOSTO2010 -


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Ação junto a parlame11tares e caravanas anti-abortistas

Na sessão de 19 de janeiro de 1999 ele foi finalmente retirado da pauta por sua autora.

Um artigo especial consagrado ao aborto e à análise do projeto em discussão, publicado em Catolicismo em abril de 2006, foi distribuído a todos os parlamentares e depositado por colaboradores da Associação dos Fundadores sobre as mesas dos membros da Comissão de Seguridade Social e Família, no dia da votação. Após cinco horas de acaloradas discussões, deputados pró-aborto tentaram todos os artifícios possíveis para protelar a votação por mais sessões. Não o conseguindo, e prevendo uma derrota, eles se retiraram enfurecidos do recinto. O projeto foi votado e rejeitado por unanimidade: 33 deputados presentes, 33 votos contra, nenhum voto a favor e nenhuma abstenção! Dois meses depois, o projeto foi novamente rejeitado na referida Comissão, desta vez por 57 votos contra 4. Aproveitando as férias de verão, a Associação dos Fundadores organizou em janeiro de 2009 duas caravanas de jovens para fazer a difusão do Catecismo contra o Aborto - Por que devo defender a vida humana, do Revmo. Padre David Francisquini (fotos abaixo) . Com excelente acolhida, esgotaramse em pouco tempo duas edições.

O PNDH-3 e a ameaça de perseguição religiosa

A batallw contra o "casamento" llomossexual Após a aprovação do divórcio, a segunda frente aberta contra a família consistiu na crescente reivindicação do pseudocasamento homossexual. A primeira iniciativa nesse sentido ocorreu em 1995, com o projeto de lei 1151/95 da deputada petista Marta Suplicy. Em 1998, quando o referido projeto entrou na pauta parlamentar, iniciativas da TFP - primeiro em comissões técnicas, posteriormente no plenário - impediram sua aprovação.

Em São Paulo foi criada uma nova entidade, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, com o fito de perpetuar a memória do fundador da TFP, e de, juntamente com outras associações congêneres, dar continuidade à sua obra contra-revolucionária. O governo do presidente Lula da Silva, em dezembro de 2009, apresentou uma verdadeira bomba atômica de efeito retardado. Visa instaurar a religião do homem em substituição à Religião de Deus, por meio de uma nova moral decorrente de um novo "decálogo", tudo isso previsto no Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). A essa ofensiva respondeu o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira por meio de importante campanha através da Internet, intitulada: "PNDH-3 - Sob pretexto de Direitos Humanos, a escalada da perseguição religiosa " . Ela ainda está em curso, e até a data de fechamento desta edição já tinha enviado 836.303 "cartões amarelos" a todos os senadores e deputados federais, manifestando preocupação ante os graves riscos decorrentes das mudanças constitucionais e legislativas propiciadas pelo PNDH-3. Os leitores podem acompanhar o andamento da campanha, e também participar dela ativamente, através do site www.ipco.org.br Para dar ainda maior visibilidade à iniciativa, 36 jovens voluntários do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira iniciaram em 13 de julho último a Caravana Terra de Santa Cruz, destinada a alertar a população nas vias públicas sobre o significado do conjunto das propostas anticristãs do PNDH-3, e ao mesmo tempo obter assinaturas em cartões amarelos de advertência, a serem enviados aos parlamentares.

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escapar, Herodes ordenou a MATANÇA DOS INOCENTES. Se você estivesse vivo no tempo dele, não tentaria impedir? O ABORTO É A NOVA MATANÇA / DOS INOCENTES!

DIGA NÃO AO ABORTO!

Ili - Denúncia profética das grandes manobras da Revolução Em sua obra-prima Revolução e Co·ntra-Revolução, Plínio Corrêa de Oliveira explica que o verdadeiro problema para os contra-revolucionári os não consiste tanto em desvendar a identidade do fautores da Revolução, mas em mostrar toda a sua natureza perversa revelar suas manobras. Ajudado por seu profundo conheciment da História, e por agudo senso psicológico para perceber os rumo. la opinião pública, ele formou uma escola ele pensamento e de a ã especializada em acompanhar o processo revolucionário e em denunciar seus principais planos. O Padre Anastasio Gutiérrez, eminente canonista ela Ordem Claretiana e consultor de diversos clicastérios cio Vaticano, afirmou que Revolução e on.Jra-Revolução "é uma obra profética no melhor sentido da palavra ". O mesmo se pode dizer de muitas das denúncias feita por Plínio Corrêa de Oliveira. Exporemos a seguir um sumári o elas principais dentre elas.

Omissão do princípio da pl'Opl'iedacle privada e manobra cio "cliálogo" A partir ela morte de Stalin e ascensão ele Nikita Kruschev ao poder supremo na Rússia, a atitude dos governos comuni stas em suas relações com a Igreja Católica e com todas as outras religiões evoluiu da perseguição aberta - que fracassara em seus

CATOLICISMO

objetivos - para uma tolerância limitada e dialogante, que permitia uma restrita liberdade ele culto e ele paJavra. Tal manobra influenci ou importantes autoridades ela Igreja, as quais passaram a sugerir que seria lícito aos católicos ace.itar um acordo com o regime comunista, ainda que isso implicasse o silêncio dos pastores a respeito do instituto da propriedade pri vacla. Percebendo as vantagens que o comunismo tiraria desse silêncio, Plinio Corrêa ele Oliveira publicou em Catolicismo (edição ele agosto ele 1963) o estudo intitulado A Liberdade da Igreja no Estado Comunista. Demonstra ele forma inequívoca a deformação que causaria às almas, dificultando sua salvação eterna, um modus vivendi com o comunismo que impli casse renúncia à defesa do direito de propriedade pri vacla sancion ado pelos 7° e 10º Mandamentos ela Lei de Deus. lsto porque a ordem temporal exerce profunda ação - formadora ou deformadora - sobre povos e indivíduos. Portanto, a Igreja não pode renunci ar a sacralizar essa ordem (a consecratio mundi, conforme ensi nou o Papa Pio XII), nem mesmo sob o pretexto de finalidades "espirituais". Trad uzido para vários idiomas, o livro alcançou numerosas edições em todo o mundo. Foi publicado integralmente no quotidiano romano "II Tempo", em 4 ele janeiro ele 1964, e distribuído aos 2.200 participantes cio Concílio Vaticano II, e também aos 450 jornalistas ele todo o mundo presentes em AGOSTO2010 -


rê nc ia e ma io r libe rdade de expressão) e perestroika (reconstrução econô mica baseada na autogestão e maio r a uto no mi a elas e mpresas estata is) . E m junho de 1985, publicou no Oc ide nte o livro Perestroika: Novo Pensamento para nosso país e para o inundo, no qua l reconhec ia desej ar um "socialismo de

f ace humana". G orbachev a lmejava um a evo lução seme lha nte e m todas as nações o pri m idas pela U RSS e nos o utros pa íses da E uropa do L este. Mas de fro nto u-se co m uma resistê nc ia patri ótica cios po vos desejoso. ele obter a ple na indepe ndê nc ia, espec ia l me nte nos pa íses bá lticos. Assim , e m março ele 1990 , um governo e le ito de mocrati camente na Lituâni a decl arou a independência cio pa ís e m re lação à União Sov iética.

A g1·amle campanJ,a iJ1tenwcio11al pr6-libertação da Lituânia Nessa eventua li dade, o Prof. Plini o Corrêa ele O li veira preparou um a ba ixo-ass in ado de apo io à inde pendênc ia ela peque na e he ró ica nação bá ltica, dirig ido ao líder sov iético. Aderiram a T FP bra. ileira e de mais assoc iaçõe congêne res, ini c ia ndo-se o traba lho e m 3 1 de ma io ele 1990 (foto abaixo). E m 130 di as ele ca mpa nha, fo ra m re unid as em 26 pa íses 5.2 18. 520 ass in aturas, fi g urand o po r a nos consecutivos no Guiness Book <4' Records como o ma io r aba ixo-assinado da Hi stó ri a. O s mi cro fil mes elas ass in atu ras fo ram entreg ues com g rande so le nidade na sede do P a rlam e nto litu a no, no di a 4 ele dezemb ro le 1990. uma cópi a dos mesmos, a lg un s di as ma is ta rde, no pró pri o Kre m lin . Ro ma. A re pe rc ussão que o bte ve ultra passo u a Co rtina de

Fe rro. O Cardea l G iuseppe Pi zzardo, Prefeito da Sagrada Cong regação para os Seminári os e Unive rs idades, e M o ns. Dino Staffa (poste rio rme nte cardeal), secre tário do mesmo dicastéri o, escre veram uma carta de a pro vação à o bra, deseja ndo "a

m.ais larga di,fúsão ao denso opú. n tlo, que é um eco .fidelíssi1no dos Documentos do supremo Magistério da Igreja". Pe rcebe ndo q ue o uso fa lseado de expressões como coexistência pacífica e diálogo faz ia parte de novo artifíc io de guerra psicológica re vo luc io nária contra a Igreja e o Oc ide nte, o Prof. Plínio Corrêa de Olive ira escreve u o e nsaio Baldeação ideológica inadvertida e diálogo, publi cado e m prime ira mão po r Catolicismo (nº' 178/1 79, de nove mbro/dezembro de 1965). Do is a nos mais tarde, ap ós uma vi sita ao C hile, o direto r da T F P bras ileira Fábio Vidi gal Xa vie r da .Silve ira publi cou Frei, el Kerensky chileno, livro to rn ado profé tico e m 19 70, qua ndo se c umpriu a pre vi são ne le fe ita três a nos a ntes, de que a po líti ca esque rdi sta do pres ide nte de mocrata c ri s tão Edua rd o Fre i pre pa rava a asce nsão ele um governo marxista, o que sucede u com a subida ao poder de Sa lvado r Alle nde .

Mensagem intenwcional contra o socialismo autogestionál'Ío E m dezembro ele 198 1, Plínio Corrêa de Olive ira publicou um a me nsagem diri g id a às nações oc ide nta is, intitul ada O

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CATOLICISMO

Um mês não havia decorrido q ua ndo, e m I Oele j a ne iro de 199 1, Go rbac hev la nçou à Litu âni a um ultima to. D o is di as de po is, age ntes da KGB e elas Forças Armadas sovié ticas toma ram a to rre ela te le vi são e m Vilniu s, capita l do país. Na vi o lê nc ia que se seguiu , pereceram 14 c ivis, fica ndo graveme nte fe ridos ma is de 600 lituanos. Poré m , ale ntado pe lo a po io recebido do exte rio r através da TFP, o po vo litu ano não cede u. Di a nte da pressão litua na e inte rnacio na l, M oscou se viu o bri gada a reti rar suas garras ela nação cató lica bá ltica, ocupada ti ra ni ca me nte dura nte me io século. Este fo i o togue de fi nados ela Uni ão So vi ética. Em sete mb ro de 2006, por ocas ião das come mo rações cio J 5° anive rsári o da decl aração uni latera l de inde pendênc ia, o S r. Vikto ras Munteanas, preside nte do Parl a me nto litua no, e m ag radecime nto pe la decis iva ajuda das TFP s, convido u o Dr. Ca io Xa vi er da Silve ira, dire to r d o Conselho Cons ulti vo de

Associações de Defesa da Tradição, Família e Propriedade da Europa, para di sc ursar du rante a sessão come morati va no Pa rl ame nto, e m Vilnius.

O papel da nobreza e <las elites análogas Em seu de rrade iro livro Nobreza e elil.es tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII, publi cado e m l 993, Plínio Corrêa ele Olive ira mostro u que a índo le cio processo re vo lu c io ná ri o é essenc ia lme nte destrutiva, e qu e esse processo iria pro mo ver um a confusão geral e m m e io a a meaças de catástrofes imine ntes , que sem e mba rgo se desfari a m no a r antes de se precipi tare m sobre o mundo. Ass im , po r exempl o, a mi g ração

socialismo autogeslionário em vista do comunismo: barreira ou cabeça-de-ponte? T ra tava-se de um a de núnc ia do programa de socia li s mo autogesti o ná ri o do recém-ele ito pres ide nte fra ncês François Mitte rra nd , de mo nstrando er e le ma is radi ca l que o socia lis mo centra lizado r vi ge nte no im péri o sovié ti co. Com efeito, in spi rado na Re vo lução da Sorbo nne ele J 968, esse prog ra ma visava à desagregação da oc iedade e m corpúscul os autô no mos através de um a tra nsformação das fa míli as, da esco la e de toda a vida soc ia l, tra nsto rna ndo a vida pri vada de cada indivíduo. A mensagem ocupou e is pági nas dos princ ipais jorna is do mundo inteiro. Sua publicação em 14 idio mas se inic iou no dia 9 de dezembro de 198 1 no "Washingto n Post" e no "Frank.furter Allgeme ine Zeitung". 187 órgãos de imprensa de 53 países (inclusive, resumjdamente, e m "Seleções de Reader's Digest") a publicaram , a lcançando um tota l de 34.767.900 e xe mplares.

IMPERIALISMO soVlÉl

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IVAR DA INDfPfNDENCIA ALII UTO · INTfTULA T qA

A "glasnost " e a "per estroil<a " soviéticas O efeito desse hi stórico texto d ifundido e m todo o mundo consistiu e m que a esque rda revolucio nári a fi cou sem proposta alternati va ao fracassado "socia li s mo real", que já dava claros s ina is de decomposição atrás da Cortina de Ferro e acabari a desabando, como um caste lo de cartas, me nos de JO anos depo is. De fato, ascendendo à condi ção de secretário gera l do Partido Co muni sta da Uni ão Sov iéti ca e m ma io de 1985, Mi kha il Go rbac hev inic io u logo de po is a po lítica de glasnost (trans pa-

AGOSTO2010 -


.--i:IliYiãJfllil --

1! Londres eMadr,

denuncmm:

Trama secreta para revolucionar a Ire a

ca. Ambos os organismos visavam tra nsformar a Igreja Católica numa igreja no va, atéia, dessacralizada, desmitificada,

lho para os Assuntos Públicos do Vaticano, após a qual ele decl arou que os católicos " viviam.felizes" sob o regime castiista.

igua li tária e posta a serviço do comunismo. De posse dessa valiosa documentação, o Prof. Plini o Corrêa de Olive ira fez em cinco artigos na "Folha de S. P aulo" uma primeira de núnc ia dos do is organi smos; e Catolicismo publicou edição especial, contendo a tradução dos do is documentos-bo mba seguida de uma anál ise do fund ador da TFP. O mesmo fizeram em seus respecti vos órgãos de difusão as TFPs de no ve países. N o Brasil , a denúnc ia não se cingiu à publicação das aludidas matéri as. Estreando s uas capas rubras, membros da TFP percorreram a ruas de 5 14 cidades de 20 estados, vendendo em 70 dias 165 mil exemplares do referido número de Catolicismo . Com as ed ições das outras TFPs, esse tra balho alcançou o impres ionante to tal de 256 mil exemplares .

Ante os sucessos que o comunismo v inha auferindo em decorrência da détente vaticana - um dos quais era o de tornar incompreensíveis aos olhos do público os católicos que qui sessem continuar a lhe opor resistência - , as TFPs julgaram imperioso publicar um documento que expli casse a justeza de suas posições anticomunistas. Datado de 8 de abril de 1974, ele veio à luz com o títul o A política de distensão do

Manifesto de r esistência à ostpolitik vaticana E m 1969 o chanceler alemão Willy Brandt iniciou sua ostpolitik, ou seja, a política de aproximação com o bloco comunista

de hordas es lavas inteiras do Leste para o Ocidente, ou então de massas maometanas avançando do Sul para o Norte. Ante a perspectiva desse extremo declínio da sociedade, o autor prop unha como antído to a volta ao modelo humano representado pelas "elites tradic ionais" . Sendo estas fi éis à sua própria mi ssão hi stórica, poderiam fazer renascer o impulso ao contínuo aperfeiçoamento, que caracterizara a Idade M édia e deveria ser a fo rça- motriz de uma c ivili zação cristã renovada.

IV - A pungente e filial denúncia do processo de "autodemolição" na Igreja O prime iro grande lance dessa denúnc ia ocorreu em 1968. U m sacerdote belga residente no Brasil - Q Pe. Joseph Comblin , professo r no Instituto Teológico da Arquidi ocese de Rec ife - escreveu um documento reservado que transpi rou na imprensa. Para e liminar as estrutu ras sociais v igentes, preconi zava a revolução na Igrej a, a subversão no País, a derrubada do governo, a dissolução das Forças Armadas, a instituição de uma di tadura socialista fé rrea e o estabelecimento de tribunais de exceção. A TFP bras ileira reagi u a esse programa, fazendo publicar em 16 órgãos de imprensa uma Reverente e .filial Mensagem a Paulo VI, na qual pedia respeitosamente medidas eficazes contra

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CATOLICISMO

a infiltração esquerdista nos meios católicos. Ademais, a partir de 17 de julho de 1968 lançou por todo o Brasil uma campanha de coleta de assinaturas em favor do texto da men. agem , a qual recebeu, em menos de dois meses, o apoio de J.600.368 brasileiros de 229 cidades de 2 1 unidade da Federação. Concomitantemente, ante prob lema. análogos que aconteciam em seus países, 266.5 12 argentinos, 121.210 chilenos e 37 .111 uruguaios aderiram à me n agem, em cam panhas similares promov idas pe.la re pectivas TFPs . A revista "Time", em sua ed ição de 23-8-68, reconhece "a facilidade com que a TFP coletou as assinaturas", a qual, segundo ela, "reflete o fato de que a maioria dos latino-americanos

soviético. Para le lamente, a d iplo mac ia da Santa Sé e ncetava a sua própria ostpolitik, em decorrê ncia da qua l fo i sacrificado o heróico ca rdeal húngaro Stefan Mindszenty, perseguido pelos comunistas , q ue se refu giara na embaixada americana de Budapest; e gerou atrito com o cardeal Josyf Slipyj , arcebispomaior do u rani anos, que passara muitos anos nas prisões sov iéticas. E ntretanto, a gota que fez transbordar o copo fo i a cordi al visita a Cuba de Mons. Agostino Casaroli , secretário do Canse-

Nas ruas de São Paul em 1982, a TFP alert Base (CEBs)

Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitirse? ou resistir?. Através desse documento, os me mbros das diversas TFPs e entidades irmãs externavam sua obediência irrestrita à Igrej a e ao Papado, nos termos preceituados pelo Direito Canônico, mas se declaravam em estado de resistência à ostpolitik de Paulo VI. Externando ao Papa respeitosamente sua pos.ição, o documento declarava: "Mandai-nos o

que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe". 34 j ornais brasile iros e 27 de outros oito países publ icaram o documento. A Santa Sé guardou silê nc io, pois essa resistência res pe itosa e firme baseava-se no mesmo espírito com que São Paulo "resistiu em f ace" a São Pedro (cfr. Gal. 2, 11 ).

De11úncia e campanha contra as Comw1idades Eclesiais de Base A mais poderosa expressão da Teologia da Libertação , no fim da década de 70, eram sem dú vida as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) . Consideradas então como a grande potênc ia emergente no cenário político-reli g ioso do B rasil , e las

e de numerosas cidades do Pais, ontra as Comunidades Eclesiais de

aprova ou pelo menos tolera o conservadorismo católico". Lamentavelmente, o Vaticano fo i insensível ao sentime nto autê ntico do povo latino-americano , tendo recebido com fr ieza e desconcertante silêncio a entrega das petições.

Campanha contra o IDO-C e os grupos pl'oféticos Em 1969, chegaram ao serviço de documentação da TFP dois estudos publicados respectiva mente nas revistas "Approaches", de Londres, e "Ecclesia", de M adrid . O primeiro deles denunciava o IDO-C, organismo com ramificações internacionais sediado em R oma, que englobava importantes edi toras e publicações católicas e controlava seções re ligiosas de jornais de influência no mundo inte iro. O segundo estudo revelava a ex istência de pequenos grupos inc rustados na Igrej a - os grupos proféticos - que integravam a chamada corrente prof étiAGOSTO 2010 -


Participac;ão assinalada da TFP americana na Marcha Pro Life

propugnavam e m nome do Evangelho a luta de classes e t:ransfo rmações sociais de cunho marxi sta. Jul gando seu dever denunci á- las, a TFP o fez através do liv ro As CEBs, das quais muito se fala , mas pouco se conhece - A TFP as descreve como são. Publicado em agosto ele 1982, e imed iatamente difundido e m todo o País, o estudo continha uma primeira parte red igida por Plini o Corrêa de Olive ira, na qual apresentava as metas das CEBs e mostrava que a CNBB ia assumindo no Brasil a fun ção ele quinto poder, servindo-se das CEBs co mo instrumento. Seguia-se uma análise da gênese, organi zação, do utrina e ação elas CEBs, redi gida pe los irmãos Gu tavo Antonio e Luís Sérgio Solimeo com base em copiosa documentação. A obra torna patente o caráter s ubversivo elas Comunidades Eclesiais de Base, que promoviam in va ões de propriedades urbanas e rurai s, sublevações nas fáb ricas, intimidações e agitações ele todo gênero, com a finalidade ele derrubar o regime político-social vi gente no País. A campanh a de divulgação cio livro, inic iada nos último dias ele agosto ele 1982, estendeu-se rapi dame nte para 1.5 1O c idades de todos os estados ela Federação. Em pouco mais ele um ano, seis ed ições sucess ivas somaram 72 mil exemplare .

V - A irradiação internacional da TFP: Brasil, exportador de ideologia Sendo universa l a Revo lução, era natural qu e Revolução e -

CATOLICISMO

Contra -Revolução, a obra- prima de Plínio Corrêa de Olive ira, repercutisse largamente para alé m elas fronteiras do Brasil , e que seus leito res mai s e ntusiastas quisessem servir-se cio bom exempl o apresentado pe la assoc iação que e le cri ara e m nossa Pátria, para erguer barreiras ao processo revoluc io nári o e promover a Contra-Revolução em seus respectivos países. No fim da década ele 70, o eco da ação da TFP brasil e ira j á havi a se difundido por toda a Amé ri ca Lati na, e desta se irradiava cada vez mais para os Estados Un idos e a E uropa. Co mo fruto da publicação inte rn ac iona l da me nsagem que denunc io u o socia li smo autoge tio nário de Mitte rrand , g rupos loca is nascera m ta mbé m na Á rri ca do Su l, Austrá li a, F ilipin as e Índia. N este c inqüe ntenário ele fu nd ação ela prime ira TFP, 39 assoc iações inspir·~das no exemplo e na ação de Plinio Corrêa ele Olive ira atu am d nod aclamente em 23 países e m prol do. ideai s da Tradição, Famíli a e Propriedade. Elaborar um elenco das atividades de cada uma das assoc iações, obri garia a estender o número ele pág ina desta edi ção muito além cio que seria razoável. Por isso resumire mo apenas certos lances de a lgum as delas que, e m seus respectivos países , atuam in spiradas no combate contra- revo lucio nário de Plinio Corrêa de Olive ira.

'l'FP 11orte-america11a Nos Estados Unidos, a pujante American Society for Lhe Defense of Tradition, Family and Property tem promovido nos últim os anos qu atro cam panhas perma ne ntes, al g umas das

qua is co m lan · s l'rcqüe ntes e com grande reperc ussão junto ao público. 1. Campanha America Needs Fatima - Prete nde ganhar para Nossa c nhora coração cios americanos, pro move ndo a devoção ao s u Imaculado Coração e divul gando através de livros, folh elos p ·I a [nternet a Mensagem de Fátima. Duas atividades d 'SSa -:.i mpanha são partic·ularme nte dignas ele menção: a) A ini ·iali va Nossa Sen hora em cada lar promove a peregrinação d ' r pli 'as da imagem mil agrosa de Nossa Senhora ele I•{1 1ima nas res idências das fa míli as, com a recitação do te rço, apr 'S ·nta ·, o ele audiovis ua l e pa lestras . Ma is ele 10.000 lares já roram vis itados por duplas de cooperado res ela TFP, inc lu siv' no Alaska . b) A inic iali va O Terço nos Logradouros públicos (Public Square Rosary) 1 ·v ' iní ·io '111 2007, por ocasião do 90° aniversário da última apariç;ío na ova ela Iria. Trata-se ele uma campanha de recitação simull fi n ' a <.lo Santo Rosário e m milhares ele logradouros públi ·os, '( m u f'inaliclacle ele ressaltar que a Religião não deve li ca r ·onli nac.la nas sacri stias, mas pa1ticipar plename nte e com 10 lo dir ·i Lo dos grandes debates públicos. No dia 13 de outubro d 2007 houv' 2. 107 manifestações; em 2008 subiu para 3.500; e no ano passa lo foram 4.337 os locais onde se rea lizaram tais reci1 açõ ·s públicas do Rosário, cob1indo todos os estados ela União e mesmo o a na lá. 2. Campa nh a A Igreja prevalecerá, ini c iada c m 2006 Opõe-se às investidas de líder s anti cal lic s, que prete ndem reformar os cód igos p nais estaduai s n se ntido de ampli ar

retroativamente os prazos ele ap resentação de que ixa-crime e m casos lame ntáveis de abuso ele cri ança por parte do c lero. Esses intentos procuram levar a Igrej a Cató li ca à fa lênc ia, apresentando casos oco rridos há 30 ou 40 anos, em c ircunstâncias e m que o suposto réu é às vezes j á falecido e a Igreja fica sem meios ele se defender adeq uadame nte. Em tod os os estados o nde tais projetos ele le i têm si do apresentados, a TFP publi cou na impre nsa local longo manifesto expli cando que não é justo os inocentes (os cató licos que financiam a Igreja) pagare m pe los culpados (os ac usados reais ou fi ctíc ios). 3. A Ca mpanha Cruzada pelo Casamento Tradicional Opõe-se às inic iati vas leg islativas e judici árias para impo r o pseudo-casamento homossexual. Vários manifestos têm sido publi cados na imprensa diária em momentos dec isivos (refere ndos populares, votos nas assemblé ias legislativas estadua is, vésperas ele grandes decisões cios tribunais), apresentando a do utrina cató li ca a respe ito da homossex ualidade e o ponto ele vi sta da ma iori a ela popul ação a mericana . Também nesse se ntido fo i publicado o magnífi co livro Defending A Higher

Law . A campanha tem incluído, nestes últimos anos, a organização ele "carava nas" na Ca lifó rni a, Flórida, Nova York, Maine e Rhode [sland para di stribuir o fo lheto Dez razões por que o "casamento" homossexual é inaceitável e deve ser combatido. Tal ação fo i dec isiva para a de rrota elas propostas homossex uais nos respectivos referendos o u votações Ieg is lati vas. Mais recente mente, a ca mpanha tem-se oposto à inclu são AGOSTO2010 -


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anu al cuj o número de participantes aume nta cada vez mais. E m ma io último partic iparam seis mil pessoas. Para oferecer boa formação contra-re voluc io nária aos seus simpati zantes, a assoc iação publica o mensárioPo/onia Christiana, com uma ti rage m ele 20 mil exe mpl ares.

Iniciativas em outros países europeus

de homossex uais nas Forças Armadas, que o governo Obama prete nde permi tir medi ante a derrogação ele le i específica que os exclui . Fo i publi cado o manifes to Mantenhamos nossa honra limpa: Por que devemos nos opor à agenda homosse.xual para as Forças Armadas. 4. Uma elas mais freqüe ntes atividades da TFP americana consiste em defender a honra ele Deus, ele Nosso Senhor Jesus Cri sto, ele Nossa Se nhora e ela Igreja Cató li ca, cada vez que suas fi guras são vilipencliadas publica mente através ele blasfê mi as que se faze m sob pre texto de liberdade artísti ca. Alé m ele algumas grandes ca mpanhas - por exemplo, contra os fil mes A Última Tentação de Cristo, Ave Maria, Código da Vinci e a peça ele teatro Co rpus Ch.risti - , a TFP americana denuncia regul armente as blasfêmias que chegam ao seu conhec ime nto. Uma das ma is vitoriosas nos últimos tempos fo i de pro testos, vi a e- ma il , contra uma ca ricatura publicada pe lo j orn al fra ncês "Le Monde". Provocou ta l aflux o de mensagens (500 por hora !), que por várias horas bloqueou o site cio jorn al. E m lo ngo arti go, a o mbuclsman do j ornal reconhece que "o tremendo poder do lobby católico americano f oi mobilizado" pe la campanha America Needs Fatima. 5. Convém ainda mencionar a participação marcante ela TFP americana durante vários anos na grandiosa Marcha anti-aborti sta ProL!fe, que há 37 anos se reali za em Washington . A importânc ia e o número ele participantes dessa marcha foi crescendo de modo notáve l, po is atualmente centenas de milhares de pessoas associaram-se ao evento. Elas são provenientes de vári os estados norte-ameri canos e diversos países do exterior.

CATOLICISMO

Iniciativas na Polônia Fundada e m 1999 na Po lô ni a, a Associação pela Cultura Cristci Padre Piotr· Skarga é uma elas mais novas TFPs europé ias . M as j á conta co m 30 pessoas dedicadas ao trabalho quotidia no e mai s ele 200.000 simpati zantes e ade rentes . Sua prime ira grande campanha foi Mensagem de Fátima, esperança para a Polônia, que conseguiu divulgar ma is de 800 mil exemplares cio livro Fátima - Mensagem de tragédia ou esperança?, ele Antoni o Augusto Borelli Machado. Na esfera político-soc ial, está e ngajada e m temas po lêmicos como a defesa das c ri a nças contra as depravações decorrentes da educação sex ua l e contra a legali zação de uni ões ho mossex uais. Sobre este últim o ass unto, em 2005 e la mo bili zou se us simpati za ntes, co rrespo nde ntes e doado res, que e nviaram ao Parlame nto ma is ele 120 mil cartões de protesto, co nseguindo barrar um proj eto de le i apresentado no Senado. Co mo resultado das campanhas, o número ele pessoas contrári as ao "casamento" ho mossexual na Polônia cre. ceu de 73% e m 2003 para 87% em 2008. A entidade promove u uma mudança na Consti tui ção, vi sando introduzir uma c láusul a que garante o direito à vida desde a concepção até a morte natural. No ano de 2007, j unta me nte com outros grupos anti-abo rti stas, fo i obtido o apo io ele 60% dos congressistas, quase co mpleta ndo os dois terços dos votos exigidos para mudar a Carta M ag na. Para a defesa da vida e ela famíli a, a co- irmã po lonesa das TFPs europé ias começou a pro mover e m Varsóvia a Marcha da Vida e da Família, evento

E m outra: partes da Europa, a lgumas inic iativas merecem especial menção. Itália a mpanha Luci sull'Est, fund ada logo após o co lapso cio comunismo. Su a fin alidade é contribuir no trabalho ele recri ti ani zação ela Rúss ia e da E uro pa cio Leste, pela difusão da Me n agem de Fátima e a di stribuição e m várias líng uas de centenas de milhares de cópias de livros re li g iosos. A campanha ta mbém pro move no verão euro peu "caravanas da esperança", nas qu ais uma im agem ele Nossa Senho ra ele Fátima é levada às reg iões ma is afastadas. Devido à descri stiani zação el as nações do Ve lh o Continente, a a soc iação lançou a ca mpanha A Itália precisa de Fátima, organizando a peregrinação ele imagens ele Nossa Senhora nos lares. Mai s ele três milhões ele pessoas tê m partic ipado desses eve ntos. Em colaboração e 111 a Fundação Lepanto, ela edita a rev ista Radice Cristiana , com c irculação mensa l de 18.000 exempl ares. França - A TFP francesa está empenhada na defesa elas de voçõe. trad ic io nais. Sua campanha A França precisa de Nossa Senhora já d ivul gou mais ele seis milhões de exe mplares ela Meda lh a Mi lag rosa nos lares. Para agir mais eficazmente na área . ocia l, pro moveu a cri ação de du as e ntidades autô no mas , com as 1ua is co labora ativa mente: Avenir de la Culture , qu lu la contra a degradação mora l e cultu ra l ela te levi são, tend o já co nseguido extinguir alguns programas particul arme nt chocantes, por me io do envi o ele quase um milhão de cartões d protes to à cadeia que os d ivulgava; Droit de Naitre , qu lula contra o aborto e teve a honra de ser processada sem sue ss pe lo pode r exec utivo, quand o o prime iro-mini stro era o socia lista Lionel Jospin , por co locar e ntraves aos chamados " pro •ramas de saúde do governo". Alemanha - A Associação Alemã pró Civilização Cristã está na I o nla de lança na defesa da fa míli a e contra as ofensivas cio lobby pró-homossexual, bem como na lu ta contra o aborto, atrav s de sua campanha SOS Leben (SOS Vicia). Áustria - A ca mpanha A Áustria precisa da ajuda de Maria não ap nas li vulga matéri a re ligiosa, mas també m promove o · va i r ' s da sociedade tradi c io nal e o pape l das e lites. Ca mpanh as simil ares são rea li zadas ta mbém pe las associações loca is da Espanha, Grã Bretanha , Irlanda e Lituânia . Com a fin a lidade de pro mover seus idea is e m níve l europeu e agir c m I afscs o nde ainda não ex iste TFP local, o conjunto das T Ps associações afin s ela Euro pa se ag rupou na Fédération Pro Europa Christiana. Nestes di as, a Federação está lutando ar lorosa mente contra nova le i de ampli ação do a bo rto no Luxe mburgo. Pa ra esse o bj e ti vo c ri o u o sit e www .sos vita.org. a fi m de e nviar cartões de protesto ao Parlame nto cio Grão-Ducado. A Federação ab riu recente mente um bureau ele represen-

tação e m Bru xelas, para atuar diretamente junto às institui ções ela União Européia, responsáve is por ma is ele 80 % dos novos in strumentos legais que regul am a vida dos e uropeus. A inauguração da sede, em dezembro passado, contou com a presença de numerosos políti cos, ativi stas de associações a mi gas operando e m Bruxelas, be m como ele personalidades ela nobreza e da vida socia l da capita l belga . Essas inic iativas não representam senão amostras da influ ência crescente que a lcança m os ideais de Plíni o Corrêa de Oliveira nos mais vari ados quadrantes do mundo, a partir da seme nte que e le há c inqüe nta anos pl antou em terra bras ile ira . Pe la prime ira vez em sua hi stóri a, nossa Pátria passo u a ser exportadora ... de ideologia.

Conclusão

"Filii ejus surrexerunt et beatissimam praedicaverunt" Nossa Senhora foi a luz que no rteou toda a vida e atuação de Plínio Corrêa de Oliveira. Ela o é também para seus di scípul os, nesses 50 anos ele luta desde a fund ação ela TFP bras ile ira. Se a causa profund a ela Revo lução é um a cri se moral , a princ ipa l fo rça da Contra-Revo lu ção não pode deixar ele ser Aque la por c ujas mãos passam para os homens todas as graças ele Deus Pai, todos os mé ritos el e De us Filho e todos os dons cio di vino Espírito Santo. Aque la que, alé m cio mais, tem um a pl ena e efetiva realeza sobre toda a Cri ação, porta nto també m sobre o de môni o e seus assecl as, princ ipais agentes ela Revo lução. Po r isso, a vitóri a da C ri standade sobre a Re vo lução sobrevirá unica mente qu and o o Imac ul ado Coração de Mari a re in ar nas almas, como Ela promete u e m Fátim a em l9 J7 . Da ime nsa o bra reali zada por Plíni o Corrêa ele Oliveira e pelos di scípulos que lhe perm aneceram fié is nesse meio século, se pode di zer aquil o que ca nta uma antífo na cio Ofício ele Nossa Senhora: "Filii ejus surre.xerunt et beatissimam praedicaverunt " (Seus filhos e leva ntaram e a proc lamaram BemA ve nturacla). Que Nossa Se nhora e o saudoso Dr. Plíni o continue m a abençoa r e fa vorecer essa obra contra-revo luc ionári a e a condu za m até seu fim úl timo: a impla ntação nesta Terra de uma paz verdadeira, que é a paz de Cri sto no Re ino ele Cri sto, a paz ele Mari a no Re in o de Maria. "Que os céticos irredutíveis sorriam diante de todas essas perspectivas, nada de mais previsível, em vista de sua fa lta de fé. Mas a TFP não se dirige a tais céticos, e sim aos corações retos", escreveu Plini o Corrêa de Oliveira. É portanto a esses le itores de Catolicismo que o presente re lato é oferecido, como pre ito de home nagem ao fund ado r ela TF P e Àque la que inspi rou sua cruzada. • E-ma il cio autor: leocla niele@catolicismo.com.br

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cidade. Entretanto, de há muito vinha meditando o con e lho evangélico: "Se queres ser pe~feilo, vai, vende teus bens, dá-os aos p obres, e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-me" (Mt 19, 21). E ele queri a ser perfeito, por isso vendeu tudo o q ue conseguiu e distribuiu o produto ao. pobres. Deixou a seu tio paterno a administração do que restou, cedendo- lhe também o direito de suce:são.

dade, aband ona ndo furtiv amente a c idade .

Na Ci<lade b'terna Diri giu -se e ntão para Cesena, na Lombardi a, ao saber que a cidade fora também ating ida pela peste. Prodigali za ndo aos fl age lados os mes mos cuidados, conseguiu de belar a peste.

Atendendo HS vítimas

São Roque, modelo de caridade e confiança P atrono dos que sofrem pestes e reridas incuráveis, suas virtudes e milagres são caracterísLicos da época rncdicval, na qual florescia profunda fé hl

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Relíquia do santo

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CATOLICISMO

PU NIO M ARIA SO LIMEO

o fin a l do sécul o X lfl e in íc io do XIV a c idad de Montpe lI ier, hoj e francesa, pertenc ia ao re ino de Ma ll orca , da casa rea l de Aragão. O ov rnael r da c idade, João, c uj a sposa Lib ri a era ta mbé m de ilustr famíli a, gozav a ele todo o prestígio cio ca rgo e ele boa fo rtuna. M as não tinham filh os. Com mui ta fé , importun aram os Céus para obtê- los, e fo ra m o uvi dos . Roque, o me nin o que lhes nasceu, trazia impressa no peito uma cruz verme lha, sinal ele sua preelesti nação.

Busca da perfeição Herde iro ele uma fa míli a que dera ao co nselho ela c idade vári os me mbros, Roq ue era ele natu ral bondoso, afáve l e cordato, co nquistando fac il mente o corações. Amando a De u sobre todas as coisas, é natural que tivesse também cari dade extre ma para co m o pró ximo, e os pobres eram seus preferidos. Socorrê- los, a mpar á- los , faze r-lhes bem era sua ma ior alegri a, po is ne les via o Di vino Sa lvado r. Roque perdeu o pai aos 19 anos, e a mãe quase em seguida. Único herde iro da considerável fo1t una da fa mília, herdava també m o cargo de governador da

Com traj e ele peregrino e um bastão na mão, Roq ue partiu com destin o a Ro ma, para vi ita r os lu gares sa ntos e dec idir seu futuro. Anda nd o se mpre a pé, e alime ntando-se co m o que rece bi a de es mo la, c heg o u a Aqu a pe nel e nt , nos Es tados Pontifíc io . Ali grassava a peste, cau anel gra nel s danos espec ia lme nt e ntre os pobres . Inspirado por Deus, clet ve-se na cidade com o d s jo ele assistir os e mpestados. Pa ra i so diri g iu-se ao hospita l local. O adm i ni straclor, ve ndo-o tão j ovem e de licado, mo tro u-lhe os inconve ni entes cio ofíc io, inc lusive a probabilidade de co ntág io. Roq ue insistiu , acabando por ser aceit o. Percorrendo as salas onde estavam os empe tados, lavava-lhes as feridas, faz ia-lhe o le ito e prestava-lhes os serviços mais repugnantes. Suas pa lavras tinham a virtude de inundar de alegria aque las almas tão provadas, devolvendo-lhes a esperança da salvação neste mundo e principalmente no outrn. Fazia sobre a. chagas o sina l da cruz, curando mil agrosamente a muitos. Vi sitava as casas onde hav ia pessoas atingidas I e la peste, e ali desempe1-.hava o mesmo papel , com igual sucesso. Logo c rr ·u p la c idade a notícia de que um "anjo" 1inha desc ido cio Céu para socorrer os fl ag · lael s. Todos queriam vê- lo, tocá-lo, t ·r alguma coisa sua. N ão pr c uran lo sua gló ria, mas a de De us, Roque ru >iu dessa popu lari-

o nde atuava, o contágio desaparecia. Vi a m- se d oe ntes no esta d o m a is desesperador vo ltar à vid a, tão logo e le lhes fazia o sinal da cruz. Os empestados arrastavam-se até os locais onde o santo iria passar, para vêlo, tocá-lo e receber a cura prodigiosa que se obtinha com sua presença. Os próprios cardeais da Santa Madre Igreja procuravam-no para que, traçando sobre e les o sinal da nossa salvação, fossem preservados do contágio da temível peste. Passad o o surto el a doença, pe rman ece u e le a ind a e m R oma durante três a nos, pedin do es mo las nas portas cios palác ios parn le vá- las aos tugúri os, vi sitando as basflicas e indo de hospita l e m hos pita l para le var o alívi o a todos que gemiam no lei.to de do r. Pe rcorre u depois as c idades a.tingid as pe la peste na ca mpanh a rom ana, prodi gali zando os mes mos cuidado e ope rando os mesmos prodíg ios.

Vítima da carida<le

Um afresco na catedra l local registra essa benéfica passage m do apósto lo ela caridade. Chegando a Roma, constato u qu e a peste a atin g ira da man eira ma is inexorável. A c idade pareci a deserta, todos teme ndo sa ir às ruas de vido ao ri. co cio contágio. O medo e o egoísmo endurec iam os corações, e ape nas a lg uns gene rosos c idadãos e mag istrados dedi cava m-se a atender os atingidos pe lo ma l. Os doentes e m e tacio termina l eram postos nas ruas pelos pró prio pare ntes , e nã.o ha vi a que m de les cui dasse. À vi ta de e lúgubre espetác ulo, R oque pô - e imed iatamente ao trabalho, determin ado a morrer, se necessári o fosse. Sua carid ade heróica não recua va d iante de nenhu m obstác u lo ou perigo, por mais terrível que fosse. O mal cli minuía por toda parte

Chegando a Placênc ia, fo i logo ao hospital, onde atendeu os doentes. Mas teve que ir para o leito. Em sonho aparecera-lhe um anjo do Senhor, que lhe disse: "Servo bom e fiel, até agora suportaste grandes trabalhos por am.o r do Deus todo poderoso. É agora necessário que sofi·as também os m.esmos males, para que padeças um pouco o muito que [Jesus] sofreu por ti ". Roque acordou ardendo em fe bre, sentindo na coxa esquerda uma dor tão vio lenta que era quase insuportável: fora atingido pela peste ! Sofri a ta nto, qu e gritava ele dor. Para não atrapalhar os outros doentes, ar ras tou-se até uma fl o resta vizinha, apo iado num bastão. Al ém da fe bre a ltíssima, devorava-o uma sede insaciável, o que o fe z suplicar a Deus o soco rro naque le tra n e . N o mes mo in stante surg iu uma fo nte, quase a seus pés, na qual ele pôde sac iar a sede, lavar suas feridas e refrescar-se.

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Relicário com o corpo do santo

Faltava-lhe o que comer, mas a isso teria aos olhos de Deus. ResolPro vidência velava por e le. Havi a vido a vencer-se a si mesmo, Gotardo perto do local umas casas de ca maceitou jubiloso o conselho. po, nas quais se hav iam refu giado Qu a nd o os co nh ecid os de habitantes da cidade para escapar Gotardo o viram na cidade vestido do flagelo. Numa de las, no momendaquele modo e pedindo e mola, fito e m que o pro pri etári o se punha caram estupefatos. Uns riam-lhe na à mesa, um de seus cães de caça cara, outros lhe viravam o rosto, de pegou um pão na boca e sa iu em modo que no fim da jornada só tinha di sparada. Isso ocorre u nos di as conseguido de esmola dois pãeziseguintes. Intri gado, o seu do no nhos. E ass im fo i até que Deus, nos G o ta rd o seg uiu -o, desco brind o seus desígnios insondáveis, curou Roque (a que m o cão levava o ali o santo, inspira ndo- lhe também o me nto) este ndido no so lo, numa desej o de voltar para sua cid ade cabana abandonada. O santo pediunatal. Partiu depois de ver Gotardo lhe que permanecesse lo nge, para instalado numa cabana co mo erenão ser contagiado. mita. E le també m vendera todos os Gotardo voltou para casa, mas seus be ns e di stribuíra o produto a sucessão de fa tos não lhe saía da aos pobres, determinado a procucabeça. Chegou à conclu são de que rar a perfe ição. A res pe ito desse seu cão era mais caridoso que ele, Gotardo tão generoso, muitos afirpois socorria o doente, enquanto ele mam que morreu também e m odor nada faz ia. Iluminado pela graça, de santidade, e mbora se ignore a voltou à cabana, dizendo a Roque data de sua morte. que estava determinado a fi car ali Rejeitado pelos seus e a dele cuidar até que sarasse ou morresse. Ve ndo ni sso a mão de Qu a nd o Roqu e c hego u a Deus, o santo assentiu . M o ntpe lli e r, a cid ade es tava e m Entretanto o cão não mais volg uerra. Vestido pobre mente como tou, e agora eram duas bocas a ali- · es ta va, e não que re nd o info rmar mentar, pois Gotardo estava determique m realmente era, fo i tido co mo nado a não voltar para casa. O que espi ão. Por orde m do governador faze r? Roque sugeriu-lhe então um da c idade eu próprio tio, que ato heróico: pegasse seu manto de não o reconheceu, tão mudado esperegrino e fosse à c idade pedir pão tava pe la doença e pri vações - fo i de esmola para a sobrevivê ncia de condenado à prisão perpétua. Perambos, mostrando- lhe o valor que maneceu numa enxovi a po r cinco

CATOLICISMO

anos, acrescentando aos natu ra is sofrimentos outros que a penitência e a piedade lhe sugeri am. No fim desse tempo, entregou a Deus sua be la a lma, puri ficad a e embelezada pe la caridade, no dia 16 de agosto de 1327, com apenas 32 anos de idade. Ao re movere m seus restos mortais, os carcere iros descobriram a cruz e m seu pe ito, por meio da qual fo i re ve lada sua ide ntid ade. Fo i extremo o pesar do govern ador, ao saber que daque le modo tão ignomini oso morrera quem tinha o seu mesmo sangue, e que tão generosamente lhe de ra o cargo que ocupava. Preparou-lhe os mais honrosos fun erai s. A fa ma das virtudes desse santo ingular ultrapassaram as fro nteiras da França, espalhando-se por toda a Euro pa. Passo u a ser invocado como o patro no contra a peste e as feridas incuráve is. Narra-se que dura nte o Concíli o de Co nsta nça (nove mbro de 1414 a abril de 141 8, na Alemanha) uma te rríve l e pide mi a a meaçava interro mper os trabalhos da magna assemblé ia. Po r sugestão d um de se us me mb ro , qu e de u como exemplo o que e faz ia na Fra nça, fora m prescri tas rogativas e jej un s e m ho nra do en tão venerável Roque. Um a imagem sua percorre u as ruas da cida le, e quase imediatamente ces o u a epidemi a. • E- ma il do autor: pmso limeo@catoli c ismo.com.br

Obras consultadas: - Les Peti ts Boll a ndi stes, Vies eles Saints, Bloud et Ba rrai, Paris, 1882, tomo IX, pp. 645 ss. - Fr. Ju sto Perez de Urbe!, O.S. B ., Aíio Cristia no , to mo Ili , Ed ic io nes Fax , Mad ri , 1945, pp. 369 ss. - Ede lvives, E/ Santo de Cada Dia, Ed itori al Lui s Vi ves. Sa ragoça, 1948. to mo IV , pp. 473 ss. - Gregory Clearly, Saint Roch, The Catho lic Encyc loped ia, O nlin e ve rs io n , www. newadvent. com.

' Sinto que a missão vai começar 1... SanDe nenhum santo suímos tantos dados biô os históricos quanto de Santo Ago linho. A história dele é a história da I ~a m sua época, e igualmente a história do Império Romano do Ocidente, que eh gava ao fim. Por isso é muito paradigmático o fato de ele morrer no momento em que os bárbaros havi am invadido as províncias romanas do Norte da África, e faziam o cerco à sua cidade que, pouco depois de sua morte, fo i destruída por eles. Uma era se encerrava; não porém a obra desse grande Doutor da lgreja, que continua sempre percn . (1 96 pp.,14x21cm , ilustrado)

ta Teresinha profetizou que realizaria do Céu a sua missão, e que mandaria uma chuva de rosas. E assim foi: ela operou muitos milagres depois de sua morte, e hoje é amada por milhões de devotos no mundo inteiro. (96 pp., 28 ilustradas, 13,5x21cm)

São Pio X foi um Papa surpreendente. Logo que foi eleito, em 1903, começou seu pontificado nomeando Cardeal e Secretário de Estado um jovem eclesiástico que nem sequer era italiano... Foi assim que Mons. Rafael Merry dei Vai setornou o braço direito e o mais íntimo colaborador do Papa. Muitos anos depois, Merry dei Vai relatou a experiência inesquecível que representou, para ele, o convívio assíduo com um santo. (128 pp., 11,5x17cm, ilustrado)

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7 Santo Alberto de Trápani, Confessor + Itáli a, 1307. Carmelita, a e fi -

Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja

2 São Pedro Julião Eymard, Confessor + França, J868. Fundador do Institu to do Santíssimo Sacramento para a adoração perpét11a, seus últimos anos foram repletos de sofrimentos. Di zia a Nosso Senhor: "Eis-m.e aqui, Senho1; no

Jardim das Oliveiras; humilhaime, despojai-me; dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça".

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cácia de sua pregação e o pode r d os mil ag res o bti ve ra m inúmeras conve rsões, es pecialme nte e ntre os jude us. Provincial de M essina, abas teceu milagrosa me nte a c idade de alimentos durante o cerco das tropas do Duque da Calábri a.

Primeiro Sábado do mês.

8 São Domingos de Gusmão, Confessor.

9 Santo Osvaldo de Nortúmbria, Confessor + Ing laterra, 642. Fugindo para a Escócia qu a ndo seu pai foi derrotado e mo rto, conv erte use ao cri sti anis mo. Com ajuda ce les te, de rro to u os re is d a Mércia e de Gales, reconq ui sta ndo o reino da No rtúmbri a, do qu al se torn o u re i.

São Dalmácio, Confessor + Constantino pla, séc. V. "Era monge havia 48 anos, em 431, quando saiu pela primeira vez de sua clausura, acompanhado de sua com.unidade, para intervir no Concílio de Éfeso em favo r dos bispos ftéis, privc1Clos de sua liberdade pelos nesto rianos" (do Cale nd á ri o

10 Santo Hugo de Montagu, Confessor + F ra nça, 11 35 . M o nge d e C luny, fo i e leito Abade de São Germ ano de Au xerre, e de po is bi spo dessa c idade. Notá vel por seu zelo e fé, fa vo receu a nascente Orde m de C iste r.

Ro ma no-Mo nástico)

4 São João Maria Vianney, Cura d'Ars, Confessor, Patrono dos párocos + Ars, 1859. Sua fa ma ele pregador e confes. or atraía gente de todas as pa rtes da Fra nça. São Pio X no meou-o patro no de todos os párocos e pasto res de almas.

11 Santa Clara de Assis, Virgem.

12 Santa I lilária e Companheiras, Mát'Lires + A le ma nh a (atua l), séc . III.

DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE SANTA MARIA MAIOR Nossa Senhora das Neves

Mãe de Santa Afra, fo i apa nhada po r pagãos depo is do ma rtíri o da filh a, q uand o rezava e m s ua sepultura. Es tes atea ra m fogo às suas vestes, mo rre ndo e la pela fé de C ri sto com três cri adas: Dig na, E upré bi a e E unô ni a.

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1:-J

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo

São Cassiano, Mártir

Primeira Sexta-feira do mês.

+ Itália, séc. III. M estre-esco la

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muito conscie ncioso no c umprime nto do dever, po r sua fé em C ri sto fo i conde nado à mo rte. O juiz de u ple na liberd ade aos se us a lun os pagãos pa ra fazere m com e le o que quisesse m, até le vá- lo à mo rte.

14 Santo Eusébio, Confessor

+ Rom a, séc. IV. Por sua fi delidade à o rtodoxia cató li ca, foi preso e m um qu arto de sua própria casa pelo he ré tico impe rad o r Co ns tâ nc.io . Sete meses d e po is, re nd e u se u es pírito. Uma igrej a que fund ara no Esqui línio recebe u seu no me .

15 ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA Festa maria na de muito antiga tradição, a Ass un ção da M ãe de D e us foi so le ne me nte proclamada como dogma po r Pio XII, e m 1950.

16 São Roque

19 São João Eudcs, Conf'essor Santo Ezequiel Moreno Dias, Bispo Confessor + Es pa nh a, 1906. Miss io ná ri o agostini a no , passou l5 a nos e va nge liza nd o as Filipinas, depois a Colô mbi a, onde fo i e levado a vi gá ri o apostó li co de Casana re, e clc1o is a bis po de Pasto.

·17 Santa Clara de Montefalco, Virgem + Itáli a, 1308. Entrou aos sete a nos de idade para o conve nto da Sanla C ru z, o nd e era s uperi ora sua irm ã, e logo de mo nstro u tanto fe rvor qu anto as melhores noviças. De e le vad íssimo gra u de reco lhime nto, foi agrac iada po r inúmeras apari ções de Nosso Se nh o r e da Virge m Santíssi ma. Falecendo sua irmã, foi eleita po r un animidade para substituí-la, oc upa ndo o cargo até a sua mo rte aos 33 anos.

18 Santos Florêncio e Lauro, Mártires + Ásia M enor, séc. II. E ra m irm ãos e ta lh ado res de ped ra. Qua nd o te rmin ara m de edifi car um te mplo pagão pa ra P róc ul o e M áx imo, fora m co nvertidos junta mente com os do is p ro prie tári os, q ue os precederam no ma rtíri o.

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São Saniucl , Profeta do Antigo 'lti:-;tmnento

São Bartolomeu, Apóstolo Trezentos Mártires de Cartago

Judé ia, séc. X I a . . "Amado

+ Áfr ica, séc . IV. Esse conjun-

'O

por Deus, / ... / I rnfeta do Senhor, estabel •ceu .1·11a realeza e julgo u a as.l'e111bl ,;a segundo a lei de Deus. /\11/es rio lempo do sono etern o, 11i11i 11é111 se levantou para o arn.1·or " (Do Mmti rol ógio Ro mano - Monástico). '}

São Pio X, Papa e Confessm· São Pr·ivaw, Bispo e Mf\r•t,lr· + França, séc. m. fio i aprisio-

(Vide p. 44 )

vo to de v irg ind ade, vive nci o e ntre extraordiná ri as penitências e mo rtifi cações, p erseg ui ções di a bó li cas e co muni cações di vinas. Tinha freqü e ntes co lóqui os co m seu a nj o d a guard a e com a M ãe de De us, e fo i a primeira santa e le vada à ho nra dos altares no No vo Contine nte.

nado durante a invasão dos alama nos. Ao tentare m qu ele os ajudasse a e ntrar num cast ' lo fo rte o nde estavam seus di ocesanos, nego u-se, be m com a oferecer sacri fíc ios aos ído los. M o rre u e m virtude dos ma us tra tos .

22 NOSSA SENIIORA RAINHA (a nti ga me nte: Imacul ado Coração de M a ri a)

Santo l lipólito, Bíspo e Mártir + ltá lia, séc. 111 . Célebre po r sua e rudi ção , "por causa de s ua brilhante co1!/Üsão de fé, sob o imperador Ale.xa11dre,foi precipitado de mãos e pés atados, dentro de u111a tova profunda cheia de água, onde alcançou a palm.a do martfrio " (do Martirológio Ro mano). 1

,

SanLo Rosn de Lima, Pacll'Ooir•n cln /\1116,·i('a La Li IIU + 16 17 . Aos c in ·o anos fez

to de he róis de Cristo é ta mbé m conhecido por "Massa Cândida", porqu e fo ram precipitados numa fossa c heia de cal, po r se rec usare m a ado rar os ído los.

25 São Luís, Rei ele França, Confessor + Tunísia, 1270. Fo i modelo de es tadis ta e de admini s trado r c ristão. Empreend eu duas cru zadas , morre nd o na segund a, atacado pela pes te. Devo tíss im o d a sag rad a P a ixão, fez construir a fa mosa Sainte Ch.apelle, ve rd ade iro re li cário de pedra e vitrais, pa ra abri gar a coroa de es pinhos cio Salvado r.

26 São Cesáreo ele Arles, B.ispo e Conressor + França, 543. "Monge de Lérin s, eleito m.ais tarde bispo de Arles. Fe z- se o advogado da população galo- romana junto aosfran os, presidiu importantes concílios provinciais e estim.ulou a instituição monástica, redigindo duas regras nas quais tenta wna síntese das tradições e ,íp ·ia e agostiniana" (do M a rtiro lóg io Ro m a no M o nás ti co).

27 Nossa Senhora dos Pra1.er s U m cios seus santuári os ma is fa mosos é o dos M o ntes G uararapes, e m Pern a mbu co, local onde se travo u a batalha mirac ul osa e decisiva dos bras il e iros contra os hereges calvini s-

tas, na qu a.l estes fora m defini tiva me nte de rrotados.

28 Santo Agostinho, Bispo, Confessor e Doutor ela Igreja

+ Hipo na, 430. D ele di sse Leão XIII: "É um gênio vigo roso que, dominando todas as ciências humanas e di vinas, combateu todos os erros de seu ternpo ". M orreu qu a ndo os vând alos punha m cerco à s ua sede epi sco pal, a c idade de Hipona no norte da Á fr ica.

29 Degolação de São João Batista + Pa les tin a, séc. I. Confo rm e narra o Eva ngelho, a santa intra ns igênc ia do Prec ursor e m conde nar a vida peca minosa de Herodes fez co m qu e es te o mandasse dego lar, cede ndo às maquin ações vinga tivas de s ua co nc ubin a .

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Intenções para a Santa Missa em julho Se rá ce le brad o pe lo Rev m o. Padre Dav id Fra nc isquini , nas seg uintes inte nções : • Em ho nra à festividade cele brada pe la Santa lgre ia no d ia 15 de agosto: a g lo ri osa Assu nção de Nossa Senh ora aos Céus e m corpo e a lma. Nesse dia, e m que se co me mo ra uma das mais a ntigas festas marian a s, pedire mos à Virgem Santíssima que mate rna lme nte abe nçoe os lares e as famílias de todos nossos le ito res e colabo rad o res.

Santa Margar·ida Warcl, Mártir + Inglate rra, 1588. Da nobreza britâni ca, foi presa com se u serve nte irlandês João Roche, po r ter ajudado a fu ga do Pe . Ri cardo Watso n. Foi-lhes oferec ida a liberd ade, se pedi ssem perd ão à ímpi a Isabel I e de nunciassem o esconde rij o cio sacerdote . Recusando-se a isso, fora m e nfo rcados e esqu artej ados e m Ty burn.

~H São Paulino ele Tréveris, Bispo e Confessor + Tré ve ri s, 358. Defensor ela fé no Concíli o de Nicéia e gran de pa rtid á ri o ele Santo Ata nás io, fo i po r isso ex il ado pelo imperador aria no Constâ ncio para a Ásia Me no r, o nde mo rre u e ntre não ca tólicos, vítima de sofri me ntos e fadi gas.

Nota: Os santos aos qu ais já fi zemos ref erênc ia ern ca lendári os anteri ores têm aq ui apenas seus nomes enunciados, sem nota bi ográfi ca.

Intenções para a Santa Missa em agosto • Reza re mos pa ra q ue no Brasil cresça m a inda muito ma is as reações ao a bo rto, essa verdade ira "cultu ra da mo rte", como o Papa João Pa ulo li defin iu o mo rti cíni o de inocentes no ve ntre mate rn o. Infe li zme nte, nossa Pá tri a te m não po ucos defe nsores dessa açõo nefand a e homicida , qu e insistem e m a presentar pro ietos para li be rá-l a inte irame nte, a pesar da oposição da gra nd e ma io ri a da população brasil eiro. Q ue Nossa Senhora das Me rcês os converta, o u e ntão faça fracassar a sua a tuação no solo pátrio batiza do como Te rra de Sa nta Cruz.

AG


Dom Bertrand proferiu ai nda duas palestras alusivas à comemoração do c inqüentenário de Reforma Agrária - Questão de consciência, que foi um prime iro e poderoso a lerta contra a Reforma Agrária socia li sta e confiscatóri a, a partir do seu la nça me nto e m 1960. N a c id ade de Cardoso M oreira [foto à direita] , abordou temas da atualidade no auclit ri o anexo à igreja do Imaculado Coração de Mari a, cujo vi gário, o Revmo. Pe. David Francisquin i, ressa ltou a fi g ura de um cios seus paroquian s - o Sr. Ferna ndo Bianch i cios G uaranis, representado no ato pe la viúva, Dona lvete Miran la dos Guarani s - o qual fo i um dos primeiros ar agir I ublicamente contra a Reforma Agrária no norte numinense. O evento naqu la região teve ainda um signi ficado espe ia l, pelo fato de que na década de 80, q uando houv rancle crise no setor da cana ele açúcar e fa l ' 11 ·ia d usi nas, o MST lançou seu projeto de um "110110 pontal do Paranapanema no norte .fiumi11e11se ". Algumas áreas foram invad idas, e numa d ' las estiveram dirigentes cio M ST e també m o pr 's id nte Lu la. João Pedro Stécli le, principal líd ' r d ssc mov imento de ideologia marxista, dec larou IHI ocasião à revista "Caros Am igos" que rum mu ito simbóli cas aquelas ocupações, pois a li "e ra o berço da conservadora Tradição, Fa,11/lirr e Propriedade". •

51ª ExpoAgro em Campos-RJ A Associação dos Fundadores participou da exposição agropecuária, que figura entre as maiores do Brasil, disLribuindo milhares de ilnpressos em defesa do direito de propriedade

1~ 11 111i l do aut or: brn mbi lla @catolicismo.com. br ,.] H ÉLIO BRAMBILLA

A

través de sua campanha Pa~ no Campo,.ª Ass:ociação dos Fundadores part1c1pou da ma io r feira agropec uári a do estado cio Ri o de Janeiro, em Campos cios Goytacazes, de 29 de junho a 4 de julho. Vári os outdoors [foto ao lado] convidaram a po pul ação a vi sitar o estancle na ExpoAgro, que foi um cios mai s concorridos. Os vi sitantes recebiam impressos e m defesa do d ire ito de propriedade e do agronegóc io, hoje ameaçados por certos movi me ntos d itos "soc iais", que na realidade são organizações políticas e ideológicas. Participou cio evento o príncipe Dom Bertrand de Orlean s e Bragança, que dirige a campanha Paz no Campo. Sua presença repercutiu na imprensa e população ca mpi stas, atraindo para o evento fi g uras representativas da sociedade loca l, como o pres idente da fundação ru ra l de Campos, Dr. Luiz Carlos Aguiar, sobretudo por estar associada às comemorações do c inqiiente nário do livro Reforma Agrária - Questão de consciência. No estande do movimento Paz no Campo , o príncipe imperi al destaco u o papel hi stórico desse li vro, "que representou. verdadeiro brado profético. Seus autores previram a tragédia que representaria a Reforma Agrária no Brasil, a qual nos dias de hoje produziu. oitenta milhões de hectares de autênticas fave las rurai s " .

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CATOLIC ISMO

Dom Bertra d sendo entrevistado por uma rádio local

Vienhª Participar d

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ascomemo d0 1 raçoes dos 50 an ançamento do livr . o, com a presença do Príncrpe Dom Bertrand de Orleans B e ragança

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Sábado, dia 3 de Julho na E,xpoagro 16 horas - Estande Paz no Campo

AGOSTO2010 -


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SAO PIO X A irradiação de um santo ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA

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arece que esta foto foi tirada num dia de calor tórrido em Roma, pois o ambiente está do ensolarado, com o cupolone da Basílica de São Pedro inundado de sol. São Pio X aparenta estar com os olhos ligeiramente retraídos, por causa do excesso de luz. A palmeira parece meio cansada de tanto tomar sol. Di stintíssima, ela ostenta boa proporção entre as fo lhas, e é como um esguicho vegetal magnífico, mas calmo. Ela não se move, causando a impressão de ter atingido a plenitude da vitalidade. Face ao restante da vegetação, ela está como a cúpula para o conjunto do quadro. Nesses dias de muito calor, todas as coi sas e m que o sol incide adquirem certa estabilidade. Imagem da própria estabilidade e do domínio desse Papa santo, porque dá a impressão de que ele é eterno. A cúpula causa essa impressão de estabilidade. Representa o triunfo eterno da Igreja e do Papado, como que dizendo: Ninguém me remove, eu sou uma cúpula eterna! São Pio X parece ter em si toda estabilidade, firmeza e força do cupolone e da palmeira. Firmemente impl antado . obre os pé , a cabeça erguida sobre o tronco ereto, o o lhar sereno mas fo rte. Poder-se-ia anotar nesta foto do Sumo Pontífice o que o romanos inscrev iam sob certas colunas: Sua mole stat (está em pé por si mesma). E le possui uma fo rça sobrenatural que não é dele, mas com a qual parece reduzir a nada o cupolone, a palmeira, o sol e tudo que está e m torno, mas ordenando o conjunto, tal é a sua segurança. Um santo que possui as virtudes teologais e cardeais, praticando-as e m grau heróico. O Papa representa uma nota de alvura dentro do escuro da capa, que ele porta de modo e pecialmente belo. Uma alvura que combina com o branco do cabelo e das sobrancelhas. É um sa nto no esplendor prateado de suas cãs. Ele segura os dois lados da capa como um ho mem que domina os acontecimentos. Segura e domina, como segurou e clomi11011 a heresia do modernismo. Ele irradia algo de sobrenatural , que fund am nt a un111 interpretação a todo o restante do quadro. É a irradi ação de um sa nto. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 26 de novembro de 1983. Sem revis o do utor.


Nยบ 717 - Setembro 2010 - Ano LX

1

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UMARI

1! PUNIO CORRÊA DE ÜLIVEIRA

Proclamar com ufania a glória da Cruz

SETEMBRO de 2()'10

2

Exet~1nos

4

CAR'l'A Do DmETOR

5

IN'l'lmNACIONAL

8

Cmm.1•:SPONDl~:NCIA

Nº 717

Colômbia: entre Uribe

10 A

PALAVRA

12 A

R1~At,1DA.DE CoNcrsMuwm

e Santos

DO SAcmmon~

14 SANTO SuoÁmo Comovente exposição em Curitiba 1 7 EP1s(m10s H1s·1·ú1ucos O batismo de Clóvis

N

a festa da Exaltação da Santa Cruz, a honra de Nosso Senhor Jesus Cristo é re ivindicada pe la Igreja. Por isso os católi cos tomaram a cruz como sinal de honra, símbo lo de tudo quanto há de mai s sagrado e de ma is santo. Como conseq üênc ia, temos as manifestações características dos tempos de fé : a cru z colocada no alto das coroas, como sinal di stintivo cios mais nobres ; nos brasõe elas fam íli as de alta ari stocrac ia; e como insígni a das condecorações. Tudo comprova ndo que o católi co celebra a Exaltação da Santa C ru z a fim ele g lorif"icá- la, em repúdio à humilhação sofrida por Nosso cnhor co m a c ru c ifix ão , e a ss im reviciar ·om ufania cava lheiresca e sobre natura l. Tomar a cruz de Nosso Senhor Jesus ri to e g lorificá- la; procl amar a g lóri a ela cruz com ufania; esmagar as humilhações que o adve rsário proc ura impingir contra e la - da í ve m a palavra "exaltar", isto é, levantar be m alto aq ui lo que estava humilhado. É a g lorificação da cruz ele Nosso Senhor. • Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de O li vei ra em 29 de setembro de 1965. Sem revisão do autor.

-CATOLICISMO

19

ENTREVISTA

22

PNDH-3

26

CAPA

Timor-Leste - mstórico e situação atual Campanha contra programa governamental

Cruz - desprezada, ultrajada, glorifí.cada

38 V IDAS 01,:

SANTOS

Santa Catarina de Gênova

41

POR QUE NOSSA St~NIIOR/\ CHORA?

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01,:sTAQUE

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SANTOS E FESTAS

48 Aç,\.o

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1ao Congresso Mundial sobre Aids oo M ~:s

CoN'tUA-REvor,uc10NÁRIA

A i\1BIEN'l'J<:S, COS'l'lll\-U:S, Cl\111 ,IZAÇÕl<:S

Fbrtaleza de Monte Alegre: coragem altaneira

Nossa Capa:

Com este sinal vencerás! - Antes da batalha de Ponte Mílvia (312), o imperador Constantino viu no céu uma cruz luminosa com esse d ístico.

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Em Viena, congresso sobre aids SETEMBRO 2010 -


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INTERNACIONAL

Caro leitor,

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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

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Em 14 de setembro de 335, Santa Helena, mll do imp rador romano Constantino, descobriu em Jerusalém a Santa ruz, na qu al Jesus Cristo morreu para redimir os pecados da humanidade. A partir d ntão foi exaltado publicamente esse instrumento infamante de suplicio, torn ando-o um símbolo sagrado para a Santa Igreja até a consumação dos sécul os. A liturgia católica escolheu o mesmo dia 14 de setembro para comemorar aquela transcendental descoberta, estabelecendo a festa da Exaltação da Santa Cruz. Em vista do glorioso significado dessa comemoração, a matéria de capa desta edição oferece elementos da Sagrada Escritura para se meditar a vida de nosso divino Redentor, particularmente sua Paixão, Morte e Ressurreição, com alguns elementos sobre a expansão universal da Igreja Católica, prevista especialmente pelos Profetas Isaías e Malaqui as como fruto abençoado do Sacrifício do Calvário. O artigo nos apresenta a impressionante constatação de que al gun Profetas , como Isaías e Davi, expõem com minúcias diversos aspectos dos indizíveis sofrimentos do Salvador, como se deles tivessem sido testemunhas oculares. E o lamento lancinante do Profeta Miquéias, que a liturgia católica transformou nos Impropérios da Sexta-Feira Santa, também demonstra uma aguda percepção do sofrimento de alma que o alvado r teria ao ser recusado e traído pelo seu povo: "Povo meu, qu , t fi z, ou em que te contristei? Responde-me" (Miquéias 6, 3). Em sua Paixão e Morte, Nosso Senhor pad u para r d imir o, que o atormentaram em sua vid a terrena, e igualm nt lodos s hom ns, inclusive de épocas futuras, além d a umul ar rn ritos pa r·t a vil ria da sua Igreja nas vi cis itudes 1u se abat ri am sobr · ' h . Porl'in to, m seus padecimentos e, lava incluída a profunda -ris por qu ' passa a I rcj ·1 na época atual, à qu al Paul o VI s r f' riu ·il'irrn and o t ' r a s nsação de que "por alguma .fissura t ,nha ,,,, rodo o Ji111wro cl<• Sata11âs 110 ten-1.plo de Deus". Para nós ·at li ·os, ss' um 1·ma puu , ·nl · d ' meditação: o Redentor previu e sofr u m sua I ai xfü a paixLO du Sanla lgrej 'l, que é o seu Corpo Místico. is um sul stan ·ioso t ·ni u apr ·s ·ntaclo para reflexão de nossos prezado ' 1 ito r s a partir do sfmb< lo b ndilo em q ue se transformou a Cruz salvífica do R d nlor. Desejo a lodos um a prov ilo, a leitura.

ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Setembro de 2010:

Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

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Em Jesus e Maria,

9:~ 7 ÜIRETOR

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.

paulobrito@catolicismo.com.br

Juan Manuel Santos, dir., novo pres idente da Colômbi a, se reune com Chávez no prim eiro encontro de ambos após a posse do co lombi ano

Colômbia

Novo governo, nova orientação? Se pesquisas de opinião fossem certeiras, o novo presidente colombiano

seria Mocl<us, e não Santos. Terá este a firmeza de seu antecessor Uribe, no combate ao narco-terrorismo marxisLa? Ou abandonará a luLa? , g Lu1 s G u 1LLERMO A RROYAVE

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A

lvaro Uribe (foto à direita) terminou seu governo odiado pelas esquerdas, mas com altíssima popularidade: mai s de 70% de aprovação. Na história recente da Colômbia, nunca um presidente foi tão querido por seu povo. A fórmul a com que Uribe governou é considerada, pelas correntes dominantes na mídia e na universidade, como atalho certo para a impopularidade mais calamitosa. Entretanto, foi a caminho para seu sucesso. Uribe não apenas saiu consagrado pelo colombianos, mas ainda elegeu seu sucessor em vitória esmagadora. Sua fórmula realista pode assim ser resumida: bom senso, energia e franqueza. O ex-presidente chamou o crime de crime, a guerrilha de guerrilha, o narcotráfico de narcotráfico, o seqüestro de seqüestro, o roubo de roubo, a narco-guerrilha de narco-g uerrilh a. Não viu nos líde res guerrilheiros os propalados ideali stas que sonham com o bem futuro do homem. Viu-os como são: praga atual e peri go fatal para o futu ro da Colômbia. Qualificou-os como revolucionários comunistas, peri gosos, amorais e inescrupulosos. SETEMBRO 2009 -


Lúcido, reagiu com energia às provocações, reprimiu sem contemplação o narcotráfico e não perdeu um segundo com negociações utópi cas - a nte-sala do desastre - como as que fizeram os preside ntes Be li sario Be ta nc ur e Andrés Pastrana. Com essa política, esses dois mandatários só haviam piorado a situação da imensa maiori a ordeira ela população. Daí o prestígio de Álv aro Uribe.

Alé m de desbaratar um po nto-chave de di reção das FARC, a documentação apree ndida no co mputador do compcu1ero Raul Reyes fo i muito re veladora e comprometedora. Pôs a nu c umplicidades e conivê ncias co m o cri me, a droga e o terror, além de apoios de fo rças ditas progressistas estabelecidas em governos da Améri ca Latin a. Depois deu-se a espetacular operação de resgate, que libertou numerosos reféns da guerrilha, entre os qu ais a ex-candidata a presidente Ingrid Beta ncourt. O me ntor desses dois go lpes co ntra a guerrilha fo i Juan Manuel Sa ntos. Com isso ele crede nciou-se ainda mais para as pirar à sucessão ele Álvaro Uribe, sendo escolhido candidato presidencial.

Uribe não fez concessões. Venceu, mas ficou isolado Vejamos alguns dados. Em 2002, quando Uribe assumiu o poder, as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) controlavam 25% do país. Hoje estão acuadas, têm apoio de míseros 2% ela população, e o Estado pode impor os termos da negociação. De 2003 a 2009, o número ele seqüestros despencou 88%, e o número ele homicídios caiu pela metade. Em Bogotá, o número de assassinatos corresponde a 20% cios que ocorrem na vizinha Caracas, a capital de Chá.vez. Nesse período ele oito anos, mais ele 50 mil co lombiano. abandonaram a ilegalidade ela gu rrilha e dos paramilitares, e fo ra m reintroduzidos pacificamente na vida civil. De fato, o ex-pres ide nte ga nhou a parada. I nfligiu derrotas espetac ul ares aos narco-guerrilheiros e ao comércio ele drogas, venceu nas selvas, nas cidades e nas me ntes dos colombi anos. Mas desagradou o bloco esquerdista na América cio Sul, que se articul ou para torná-lo o grande solitário. Obtendo no próprio país e e m ampl os círculos do mundo inteiro um incontrastável apoio moral, foi segregado na vizinhança por motivos ideológicos. E m razão das suas virtudes, e não de seus defeitos ou erros, pois os que conhecem os fa tos sabem ser inju sta a discriminação que sofreu. Numa América do Sul acossada por governos de esquerda - Ve nezuela, Argenti na, Eq uador, Brasil, Uruguai, Bo lívia, Paraguai e Chil e (até há pouco), os q uais nun ca esco nd era m seu di sta nciame nto e m relação a ele - estabeleceu aliança co m os Estados U nidos. Do anti-ameri canismo do. vizinh os sul -americanos era ass im ele esperar a rec usa em apoiar o governo co lombiano em sua lu ta contra a narco-gue rrilha. Essa co ntrastante pos ição cl ara mente de direita dei-

-CATOLICISMO

Sendo ministro da Defesa , Santos dirigiu dois dos principais lances contra a guerrilha comunista na Colômbia: as operações "Fénix" e "Xeque"

Reféns das Farc berados pefo exército colombiano na audaciosa operação ªXequen

xou portanto o governo da Colômbi a isolado na América do Sul.

ColltiJmará Santos na trilha de Uribe? Os oito anos de governo Uri bc já stão e ntreg ues ao h isto ri aclo r s, ' o quadriênio do novo pres ident Ju an Manu el Santos começo u m 7 ele a >os to passado. A nova admini stração ini ·ia-s envolta na esperança, mas o t mor pelo desconhec ido j á ·obra sua cola. O novo I res id nt r pres nta, e cons id e ra rm os s ua posição no gove rn o Uribe, a ontinui clade daqui lo que mais odi ava m as esq uerdas: repressão dec idida ao nar o-terrori smo marxista. Fo i em

pari r s1 onsável por essa política, e de cert o modo tornou-se símbolo dela. J u·1n Manuel Sa ntos fez parte do grupo d l"uncladores do Partido Social de Uni la I Naciona l, criado para apoiar a 1olfLica uri bista. De julho de 2006 a maio de 2009 , fo i mini stro da Defesa cio governo. Sob sua responsabilidade direta o orreram os mais espetaculares go lpe contra o terrori smo das FARC: a Operação Fênix, em 1º de março de 2008; e a Operação Jaque (Xeque), e m 2 de j ul ho ele 2008. A Operação Fênix fo i um at·iq u ful mina nte a um acampament o da 1 1·rrilha localizado no Equador, a dois quil ômetros da fro nte ira co m a 'o i mhia.

Institutos de pesquisas, os grandes dermta<los ... Nas pesqui sas iniciais ela campanha eleitoral ( 1º turno, 30 de maio; 2º turno, 20 de junho), o candidato de Uribe saiu disparado à frente. Mas logo depois o candidato verde, Antanas Mocku s (foto abaixo) , subi a como um fog uete e ameaçava superar Santos. Era isso que info rmavam os institutos credenciados, co rno se pode ver no resumo que se segue: E m 25 de ma rço, pesqui sa lpsos: 39% para Sa ntos, 9% para M ocku s. Em 7 de abril , pesq ui sa CNC: 37% para Sa ntos, 22% para Mockus. Em 27 de abril , pesqui sa Gallup: 32% para Santos, 34% para Mockus. E m 7 de maio, pesquisa Datexo: 25,2% para Santos, 37,7% para Mockus. D izia-se até que M ocku s poderi a vencer no 1º turno. Para o segundo turno, o insti tuto CNC gara nti a 50% para Mockus e 44% para Santos . Mas os resu ltados fo ram muito diferentes. 1° turno: Santos 46,67%; Mockus 21,51 %. O institutos de pesqui sa haviam errado escandalosamente, e m prejuízo do candidato Sa ntos . No segundo turno, os res ul tados fora m ainda mais marcantes: Santos 69, 13%; Mockus 27,47%. Mas os institutos de pesqui sa já estavam menos parciais, e as porcentagens divulgadas foram mais próximas da realidade.

Em'edo de wn Li/me vellw e deteriorado Po uco a ntes do fim do ma nd ato, Uribe de nunciou qu e as FARC manti-

nham 1.500 guerrilheiros na Venezuela. Hugo Chá.vez reagiu indi gnado. As tensões subiram a um clima de pré-guerra, que todos percebe ram como um show midiático de Chá.vez. Logo depois da posse, teve lugar a espalhafatosa reunião dos preside ntes da Ve nezuela e Co lômbia, Chá.vez e Sa ntos . O ve nez uela no c hego u "e mbandeirado", vestindo uma blusa co m ascores da Ve nezuela. Houve muitos ri sos, amabilidades, restabelec ime nto de relações, mas ne m um a pala vra sobre os 1. 500 membros das FARC abri gados na Ve nezuela. O tema espinhoso fo i jogado para debaixo cio tapete .. . Logo depois, no di a 12 de agosto, um carro- bomba explodiu e m Bogotá, perto da emi ssora Ca racol Rádio . Até o mome nto em que escre ve mos, não fo i possível identif icar os responsáve is pelo ato. O mini stro ela Defesa levanto u a suspeita ele ter sido um atentado das FARC. O utros suspeitam que os autores esteja m ligados ele alguma fo rma aos paramili tares, qu e na Co lô mbi a muitas vezes descambaram para o mundo do crime. O pres idente Santos co ndenou o atentado, mas não apontou cul pados. A reação de Santos, nesses dois fa tos tão importantes cio início ele seu mandato, causou perplex idade e m gra nde parte dos co lombi anos. A oposição e a mídi a e m gera l afi rm a m a lv oroçadas qu e o novo go ve rn o elimi nará a polari zação ideológica deixada por Uribe. E qualifica m a equi pe do novo governo como de tec nocratas e apolíti ca.

Qu ando algué m se refere a tec nocratas, normalmente se pensa numa equipe efi ciente, racional, co m boa formação acadêmica, que não atua movida por e moções. Em resumo, efici ente. Também eram efi cientes os mini stros de Uribe, tanto que repu seram o país nos trilhos. Mas a ê nfase não era posta na efi c iência, e sim no trabalho sério e m prol de urna sociedade e urna nação. Punha-se em prática uma luta contra a ideologia socialista, baseada naquilo que se qu alifi ca como civili zação oc ide ntal e cristã, a qual estava ameaçada por uma concepção diametralme nte oposta. Mas o que agora parece deixar-se de lado é a defesa da civilização cristã. E a falsa esperança em que isso se baseia é que, co m essa nova proposta, se diminu am ód ios, incom-preensões e res istências. Já assistimos a esse filme no B rasil , na Argentina, na Bolívi a, no Chil e de Pinochet em sua fase fin al. Podería mos e nc he r pág in as co m no mes dessas sum idades tecnocratas e apolíticas. O fil me é velho, e basta nte deteriorado ... Essa pseudo-so lução, quando aplicada, só fa voreceu a esquerda. Como decorrência dela, a opini ão conservadora te nd e a aco modar-se, deso rgani za-se, deixa de lado até o mínimo de vigilância e prontid ão necessárias. E logo co meçam a ser criadas as condições para a aceitação de uma proposta aliciante de esquerda, utópica, com to ns di tos de mocráti cos e libertários. Qu al a garantia que a Co lômbi a, com o novo governo, trilhará um caminh o di fe re nte? Os prime iros passos de Sa ntos, logo após a re uni ão com Chávez no norte do país, já começam a provocar saudades da firm eza de Uribe ... Prossegue no panora ma o que é inevi tável: Go ve rn os el e C há. vez, E vo M ora les, Co rrea, as FARC, etc. - a grande co ligação das fo rças esquerdi stas, de seus " inocentes úteis" e "co rnpan he iros el e vi age m" - são da d os inamovíveis. Os colombi anos desco nfi am deles. Cabe a Santos demonstrar que a promessa que fez de continuidade das principais políticas do anterior governo constitui uma realidade ou uma miragem. Aguarde mos para ver. • E-mail para o auto r: catolic ismo @terra.co m.br

SETEMBRO 2009 -


rabéns, e vamos em frente nesta caminhada. De us nos dará a vitória! (LN.E. -SP)

Santo Sudá1'io de 1'urlm [8J Gostei muito da aula sobre o Santo Sudário que, por meio da revista, recebi da Profa. Emanuela Marinelli. Vou ver se con igo comprar algum livro del a para me aprofundar no conhecime nto da históri a do Sudário, que considero como uma fotografia do milagre que Jesus deixou na Terra para nos confirmar na fé.

(A.A.J. -

Bons frutos [8J Ótima a reportagem so bre o

cinqüentenário da TFP bras il e ira. Para mim ficou muito claro quão numerosos e bons são os frutos que e la "exportou" para o mundo inteiro, até para os Estados Unidos. Só lamento o fato de não ter conh ecido o Dr. Plínio, apesar de morar aq ui em São Paulo e de ter visto (não me le mbro e m que ano, mas acho q ue fo i no início da década de 90) uma mani fes tação da TFP no centro da cidade. (J.1.C.G. -

SP)

Via crucis [8J Gostaria de dizer que fo i com enorme felicidade que recebi a rev ista deste mês [agosto) e pude verificar que, enquanto os erros da Revolução anticristã vão dominando pessoas de todas as classes soc iais, também os benefícios da Contra- revolução verdadeiramente cató li ca c rescem. Esta avança, num percurso cheio de sofrimentos, é claro, mas sabemos que é por esses caminhos repletos de "espinhos" que se chega à vitória . Basta-nos lembrar o exempl o máx imo: nosso Divino Salvador, com sua cru z às costas, venceu o mundo ! As iniciativas contra a Revolução também passam pelo "caminho da cru z" para se obter abençoados êxitos. Pa-

-CATOLICISMO

Sobre ele é preciso alertar nossos c 111 patriotas, não podemos aceitá-lo de forma alguma, ne m "maquiado". O contrário seria negar nossa fé. Rea lmente o PNDH representa uma espécie de "mandamentos" de uma nova religião que se pretende impor ao País em substituição da Religião católica. A revista resumiu-o muito bem ao dize r qu e o PNDH representa uma "overdose de preceitos anticristãos". Eles querem nos sile nciar , mas não v1;tmos calar enquanto não cancelarem esse pérfido "Programa".

MG)

(P.E.N. -

SC)

Leltll1'a Jndispe11sável

Persevem11ça 11a

[8J Escrevo- lhes apenas para pedir que não parem as publicações das transcrições com ensina me ntos de nossa santa Re li gião. Refiro- me às páginas cham adas "Leitura Espiritual", pois elas ão importa ntes para nossa vida es piritual , mata m nossa fo me e edc pelo e ns inamento dos bon s princípios. Esses são raros e di fíce is de serem encontrados nas publicações, tipo "banca de jornal". Por favor, continuem com essas páginas, que são de le itura indi spensável e m nossa família.

[8J É com muita satisfação que elogio a redação da rev ista Catolicismo pelas be las mensagens e artigos. Permite aos le itores a oportunidade de re fl etir sobre os líderes políticos mundiai s e obretudo a manutenção da fé cristã, que é, a meu ver, única verdadeira, pois segue os ensinamentos e os princípios de Jesus Cristo. Um excelente trabalho para todos os redatores.

(M.A.A.P. -

RJ)

Mensagem às famílias [8J Muito boa mesmo a mensagem do Monsenhor José Luiz Villac às fa míli as. As pal avras dele nos confortam e aj udam a superar a dificuldades da vida famjJi ar q ue todos têm, particularmente quanto aos filhos. Transmitam a ele nossos agradecimentos, com um pedido de uma bênção e orações para o nosso lar.

(G.M.0. -

MS)

PNDJl-3 [8J O que principalmente pretende o

governo com o "Progra ma Nacional de Direitos Humanos"? Penso que, frente a tal "Programa", nós católicos brasileiros não podemos capitular ou ficar indife rentes. Nesse caso, "lavar as mãos" é trair os fundamentos cristãos de nossa Pátria e nossas tradições.

(S.T. -SP)

Catedrais frnncesas [8J Que matéria tão lind a sobre as

igrej as fra ncesas ! Eu amo a França e todas as antiguidades fra ncesas, principalm e nte as cated rais. Parabéns ! F iqu e m co m Jesus e Maria Santíssi ma. (M.E.S. -

BA)

1'iro contrn a família [8J O Senado da República aprovou, no último dia 7 de julho, projeto de e me nda constitucional de autoria do dep utado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) , que pe rmite o divórc io (consensual o u litigioso) imediatame nte após a separação; sua promulgação teve lugar no dia 14. De acordo com a redação do dispositivo constitucional anterior à emenda (parágrafo 6, art. 226), o divórcio só poderi a ser pleiteado depois de um ano de separação judicial ou dois de separação de fato. Os argume ntos favorá-

veis à eme nda, e ntre os quais o do relator da maté ria na Comissão de Con stit ui ção e Ju stiça, se nador Demóste nes Torres (DEM-GO), dizem respeito ao desgaste mental a que ficavam suje itos os cônjuges j á separados, ao fato de que seriam poucos os casais que se reconciliam depois da separação, e à redução de despesa com gastos processuais. Em contrapartida, ousamos chamar a atenção para: l - É consenso entre os publicistas que o princípio bás ico de um regime verdadeiramente de mocrático repousa na soberani a popular, por meio da qual se obterá uma autêntica representação das correntes de opinião; 2 - Não fugiremos à rea lidade, antes pelo contrário, se afirmarmos ser a grande maio1ia do povo brasilei ro possuidor de valores eminentemente cristãos e conservadores, o que importa em dizer que o brasile iro com um é, po r tradição e temperamento, homem pacato e ordeiro; preza a família, o trabalho e a religião; é, poderíamos dizer tranqüilamente, contra o aborto, o "casame nto" homossexual e a legalização das drogas; 3 - A Constituição Federal, no dizer expresso de seu preâmbulo, foi promulgada" ob a proteção de Deus"; o art. 226, caput, considera a fa míli a "a base da sociedade", além de lhe garantir "especial proteção do Estado"; 4 - Os argumentos favorávei s à referida emenda são, a be m da verdade, ridículos em cotejo com a gravidade do problema. Senão vejamos: o desgaste mental a que ficavam suje itos os cônj uges j á separados é ó bvio, o que já funcionava como e le me nto inibidor; ainda que numa escala de cem, a reco ncili ação de um único casal no decorrer da separação judicial ou da separação de fato j á ba s ta ri a para per ma necer intocável a redação primitiva do parágrafo 6 do art. 226; valores pecuni ários passam ao largo dos valores fundamentai s da soc iedade brasi lei ra, qual sej am a famíli a, a Igreja ou a propriedade; num improváve l pedido de concordata da eco no mia

nac ion a l, nin g ué m cogitaria na estatização dos meios de produção ou da privatização das igrejas de Ouro Preto; 5 - É consenso entre os filósofos, de Platão a Edmund Burke, de Santo T omás de Aquino a Maquiavel , de Aristóteles a Montesquieu, ser a prudência a principal virtude do estarusta; 6 - Facilitar o divórcio é banaJjzar a institujção familiar, da qual depende em larga medida o bem da Pátria; a par da imprudência e inconstitucionalidade da emenda, a russolução do casamento civil é nada mais que o egoísmo erigido em déspota; e, nos termos em que foi adotada, a emenda é, realmente, dar um tiro de mjsericórdia na família brasileira e, pois, na própria idéia de nacionalidade. (J.L.S.F. -

MA)

Graça recebida [8J Fui agraciada por Nossa Senhora da Cabeça. Sofria de forte dor de cabeça, tomava remédios fortes, mas nada resolvia, já havi a pedido a todos os santos, mas nada reso lvi a. Certa noite, o desespero era muito gra nde. Então, sem saber se havia sonhado ou se realmente tinha vi sto a im agem de uma santa seg urando uma cabeça, di sse: "Nossa Senhora da Cabeça, se a Senhora existir mesmo, tirai essa dor, pois não agüento mais". Ni sso, dormi . Quando acordei, não sentia mais nenhuma dor. Hoje não to mo re médi os, ag radeço todos os di as pela graça e tenho em minha casa duas imagens d'Ela. Quando alguém comenta que tem dor de cabeça, conto o mil agre que me fo i concedido por meio dessa invocação.

(V. V.S. -

SP)

Ódio à doutrina cat6lica [8J Acabo de ler, na co luna POR QUE NOSSA SENHORA C HORA, artigo intitulado INACREDITÁVEL, publicado na página 24 da ed ição de julho de 2010 de Catolicismo, a respeito da publicidade e da destinação de obra do autor Cristóvão Tezza, denominada Aventuras provisórias. Fazse necessári a uma retrospectiva: o

autor é nasc ido no estado de Santa Catarina, tendo vindo criança para Curitiba. Daí, talvez, a razão de ter s ido (duvidosamente) pres tigiado pelo nosso vizinho estado com a (infeliz) publicação e difu são da obra. Fui colega de sala dele, nos tumultuados finais dos anos 60, no Colégio Estadual do P araná. Pessoalmente, sempre o tive na conta de um colega brilhante e intelectu almente privilegiado. Entretanto, nosso relacionamento se deteriorou irremediavelmente, passando o colega a exteriorizar o lado furibundo e radicalmente ateu de sua person alidade, destilando um ódio inigualável contra tudo e todos que pudessem representar a doutrin a católica. Tanto na época como até hoje, nunca foi de meu feitio achar que violência física fosse a resposta para as questões da vida. O que se pode dizer de tal pessoa hoje em dia é que seu viver, não obstante estar coberto de glórias e prêmios literários esporádicos, é acompanhado de amarguras, vazios e frustrações irreprimíveis. (J.A.T.G.P. -

PR)

Fim da modéstia? [8J Concordo plenamente com o arti go "Estaremos presenciando a morte da modéstia?". Infelizmente, parece que nos dias atuais o certo é considerado errado, e vice-versa. Os valores qu e deveria m ser inerentes à alma humana viraram grandes desconhecidos de muitos que elegeram a libertinagem como companheira constante. Muitos, iludidos, primeiro querem conhecer o externo, deixando o que verdadeiramente vai no interior de cada um . M as espero e m Deus para que um dia mude tudo isso.

(C.P. -SP)

Cartas, fax ou e-mails: enviar aos ende~os que figuram na página 4 desta edição.

SETEMBRO 2 0 1 0 -


n Monsen hor JOSÉ Pergunta - No Evangelho de São Mateus, lemos sobre a fuga da Sagrada Família para o Egito, logo após a partida dos Reis Magos. Mas isso não fecha com a cronologia dos fatos, porque Jesus foi circuncidado ao oitavo dia e apresentado ao templo com 40 dias de vida. Uma viagem ao Egito em um jumento levaria meses, portanto Jesus não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo, a não ser que se prevalecesse de sua condição divina. Gostaria muito que me explicassem a cronologia desses fatos.

Resposta - A Santa Igreja festeja a chegada do Reis Magos tradicionalmente no dia 6 de janeiro, e em certos lugares (como no Brasil) no domingo eguinte. A circuncisão do Senhor é comemorada no dia J O ele janeiro, e a festa dos Santos Inocentes cuja matança também ocorreu após a partida dos Reis Magos - é colocada no dia 28 de dezembro. Por que essa discrepância na cronologia das comemorações em relação à ordem cios fatos? - É a pergunta do leitor. A resposta é muito simples: o ciclo litúrgico da Igreja é distribuído ao longo de um ano, e convinha agrupar os fatos relativos ao nascimento de Nosso Senhor num conjunto único- Natal, Santos Inocentes, Circuncisão, Reis Magos, Apresentação no Templo e Purificação de Nossa Senhora. Não significa que os fatos todos se passaram cronologicamente nessa ordem, nem que os intervalos entre os fa-

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CATOLICISMO

tos tenham sido os mesmos que há entre as festas. Em seguida virá no ciclo litúrgico o período da Quaresma, que se inicia na Quarta-feira de Cinzas e culmina com a Semana da Paixão, tradicionalmente chamada de Semana Santa. Com a gloriosa Ressurreição do Senhor no domingo de Páscoa, tem início o peóodo Pascal, que abrange a Ascensão do Senhor e se estende até a festa de Pentecostes, quando se deu a descida do Divino Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos. Depois de Pentecostes seguese o tempo comum cio cic lo litúrgico, no qual são rememorados o principais fatos que ocorreram durante os três ,mos ela pregação de Jesus Cristo. São 24 ou 28 domingos, conforme as semanas disponíveis, até o reinício do ciclo litúrgico com o Advento, que compreende as quatro semanas preparatórias para a festa do Natal, fixada no clia 25 de dezembro. O ciclo litúrgico tem, por-

LUIZ YILLAC

tanto, um caráter esquemático que acomoda a cronologia dos fatos às conveniências desse esquema, aliás muito didáti co e sapiencial. Uma vez que o leitor coloca em foco a vi sita dos Reis Magos e a fuga para o Egito, convém dizer uma palavra sobre a respectiva cronologia.

A narrativa de São Mateus Para melhor co mpree nsão, tran sc revo o trecho em qu e São Ma.teu narra os acontecimentos: "Tendo, pois, nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns Magos chegaram do Oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está o Rei dos Judeus, que acaba de nascer? Porque nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo. E, ouvindo isto, o rei Herodes turbou-se, e toda Jerusalém com ele. E convocando todos os príncipes elos sacerdotes e os escribas do

povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles disseram-lhe: Em Belém de Judá. [... ] Então Herodes, tendo chamado se retamente os Magos, inquiriu deles cuidadosamente há quanto tempo lhes tinha aparecido a estrela ; e, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem ace rca do menino, e, quando o encontra rdes, comunica imo, a fim de que também eu o vá adorar. E eles, tendo ouvido as palavras do rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que, chegando sobre onde estava o menino, parou. Vendo (novamente) a estrela, ficaram possuídos de grandíssima alegria. E, entrando na casa, encontraram o menino com Maria , sua Mãe, e prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, ofereceram presentes:

ouro, incenso e mirra. E tendo recebido aviso em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para o seu país. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e lhe disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise; porque Herodes vai procurar o menino para o matar. E ele, levantando-se de noite, tomou o menino e sua mãe e retirouse para o Egito. [... ] Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e seus arredores, da idade de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos" (Mt 2, 1-16). Como se vê por esta minuciosa descrição, a caravana dos Reis Magos não encontrou a Sagrada Família ainda na gruta de Belém, mas já instalada numa casa nessa

cidade. Segundo a inquirição de Herodes, um bom tempo depois - cerca de um ano e meio, segundo pensam os intérpretes - tendo em vista que o rei-facínora mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo. Assim , quando a Santa Igreja coloca a festa dos Reis Magos no ciclo natalino, o faz por conveniências litúrgicas, como acima explicado, sem nenhuma intenção de fixar uma cronologia dos fatos. Já a apresentação do Menino Jesus é colocada no dia 2 de fevereiro, observados os 40 dias de preceito . Como se vê, tudo muito ponderado e sapiencial por parte da Igreja.

Sa11tos Reis Magos Quem eram os Reis Magos? Quem leu com atenção o texto de São Mateus, acima transcrito, terá notado que ele não atribui aos Magos a condição de reis. Menos ainda a de santos. Quem eram eles, afinal?

Segundo investigações feitas por estucliosos, ocupavamse das ciências naturais, meclicina e estudo dos astros, que então não se distinguia muito da astrologia e aclivinhação. Na ordem concreta da sociedade de então, tinham o duplo caráter de sacerdotes e sábios, com grande influência no conselho dos reis. Corresponderiam, portanto, a uma espécie de elite ou nobreza do reino. Por seus contactos com colônias judaicas da Pérsia, Caldéia e Arábia, de onde se crê que provinham, tomaram conhecimento elas promessas messiânicas dos judeus. Não se pode deixar de pensar que receberam uma luz da graça muito viva, ao identificarem com a estrela do Rei dos Judeus a estrela que lhes apareceu. E o fato de terem desde logo movimentado o seu séqüito para irem adorar o Messias, que acabava de nascer, mostra uma correspondência à graça própria de verdadeiros santos. A traclição católica dos

séculos seguintes lhes atribuiu essa condição, e pode-se ver nesse reconhecimento um coletivo movimento de alma dos fiéis, por inspiração do Espfrito Santo que guia a Igreja. Da1ia uma demonstração de espírito excessivamente rigoroso quem quisesse eliminar o título de Santos Reis Magos, que o senso católico consagrou e a iconografia religiosa difundiu ao longo dos séculos. Podemos imaginar que, chegando ao Céu, encont:ra.remos junto ao trono de Jesus Cristo e de sua Mãe Santíssima aqueles que, com tanta presteza e sacrifício, se movimentaram aqui na Terra para ir adorar o Filho de Deus recém-nascido, levando-Lhe os presentes proféticos de ouro, incenso e múrn: o ouro da realeza do Rei do Universo; o incenso da divindade do Verbo de Deus Encarnado ; e a mirra dos sofrimentos do Redentor do gênero humano. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br

SETEMBRO 2010

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. A REALIDADE CONCISAMENTE

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Castelo medieval em pleno século XXI

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o fu ndo de uma floresta no centro da França, uma incomum experiência arquitetônica: em pleno século XXI, diversos especialistas e arqueólogos acompanham de perto a edificação de um castelo 100% medieval. Aguarda-se para breve a conclusão do castelo, construído com técnicas medievais e sem concessão a instrumentos modernos. Nos bosq ues, lenhadores abatem as árvores que serão empregadas na construção; o ci mento é desconhecido; mestres-pedreiros talham as pedras ; o aço sai das forjas; e até as roupas dos operários provêm dos ateliês próprios. As torres do castelo de Guédelon, na Borgonha, já superaram os 15 metros de altura, e o mais singular é o entusiasmo ela legião de artesãos e operári os voluntários, que desejam escapar da camisa de força da modernidade. •

Arcebispo espanhol pede oposição frontal à lei de aborto

Coréia do Norte: seleção punida por perder a Copa

Condenar satanista assassino é 11 discriminação religiosa 11 ?

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seleção ela Coréia do Norte foi vítima de uma sessão de crítica .ideológica em massa no Palácio da Cultura dos Trabalhadores, em Pyongyang. Seu "crime" consistiu em não ganhar a Copa do Mundo, "traindo" o chefe comunista Kim II Sung. Segundo informou a "Radio Free Asia", durante seis horas os jogadores foram vilipendiados por mais ele 400 atletas escolhidos pelo regime. O diretor técnico foi banido do Partido dos Trabalhadores - em conseqüência, perde o direito a benefícios alimentares - e condenado a trabalhos forçados. Teme-se por sua vida. Ele também foi acusado de "trair o general Kim Jong Un ", filho e sucessor do todo-poderoso ditador Kim Jong U. Segundo comentaristas, Kim Jong Un ordenou o esquema de jogo, o que causou a perda de todas as partidas. A multidão teleguiada, entretanto, comemorou as "realizações" do filho do ditador na Copa. •

S

egundo o diário "Le Journal ele Québec", o americano Irving Davis, condenado por violação sexual e assassinato de uma adolescente de 15 anos, obteve que sua pena de morte fosse suspensa, e seu processo inteiramente revi sto. O "argumento" aceito pela Vara Penal de El Paso (Texas) alega que o júri atuou por "discriminação religiosa", pois o assass ino era satanista e agiu de acordo com sua "igreja". Em conseqüência, teria sido desrespeitada sua "liberdade religiosa", sendo "discriminado" injustamente. Na lógica do satanismo, o maior "discriminado" é Satanás, privado de todo convívio com Deus e sua corte celeste, enxotado para o inferno pelo "discriminador" máx imo, São M iguel Arcanjo. Se ele não foss anj o, seri a acusado ele ag ir contra os "direitos humanos", mas de fato ag iu e age co ntra os "d ireitos diabólicos". •

G

randes grijfes de Nova York reeditaram para o verão modelos de 1910, 1949 e 1957: a Eddie Bauer relançou jaquetas de 1950 para pil otos e alpini stas; a L. L. Bean vende roupas para caça modelo 1914; grandes casas vasculham seus arquivos, procurando modelos cláss icos que atendam às exigências dos consumidores e aumentem as vencias . "Quando as pessoas estão insatisfeitas com o presente, começam a apreciar o passado ou sentir nostalgia dele", di sse Ni gel Holli s, anali sta-chefe da firma de pesquisas Millward Brown. "Algo importante ocorre no mercado e na mentalidade dos consumidores dos EVA, e leva as pessoas a aderir às marcas que remetem ao passado", di sse Neil S. Fiske, executivo-chefe da Eddie Bauer. •

CATOLICISMO

Violências islâmicas contra os católicos no Paquistão andos de fanáticos islâmicos semeiam o terror e a morte nos bairros cristãos de Faisalabad, no Paquistão. "Grupos incontroláveis devastaram estradas e lojas, atiraram, destruíram, saquearam e incendiaram", declarou o Pe . Pascal Paulus OP, pároco da Igreja do Santo Rosário. Em julho, os jovens católicos Rashid e Sajid Emmanuel foram falsamente acusados de "blasfêmia" contra o Corão e aprisionados. A Justiça os inocentou e liberou, mas foram barbaramente assassinados na saída do tribunal. De nada adiantou o "diálogo inter-religioso" com os líderes muçulmanos, reconheceu o Pe . Aftab James Paul, ch efe da Comissão para o Diálogo da diocese. No mundo islâmico, esse "diálogo" é visto como um sinal de debilidade dos católicos, fato que os encoraja a praticar novas violências.

B Proíbem-se touradas e deseia-se banir o Pálio de Siena

Modelos clássicos: última moda em Nova York

arcebispo de Burgos, D. Francisco Gil Hellín [foto], ressaltou em carta pastoral que não existe o direito de matar um inocente. Portanto, não existe a obrigação de obedecer à nova lei espanhola liberando o aborto. "Digamo-lo com total clareza: essa lei não é lei, embora se apresente assim. Não o é, porque ninguém tem direito a eliminar um inocente . Por isso, ela não obriga ". Conclamou os espanhóis a impedir a tirania, porque a reta razão não admite o aborto como um direito ; e refutou a "falácia que consiste em atribuir a políticos, juízes ou cidadãos um direito que eles não têm. E ninguém tem direito a legislar em favor da morte de um inocente". Deve haver, isso sim, "uma oposição frontal e sem restrições".

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Parlamento ela atalunha (Espanha) interdi tou as touradas na r gião, ai ganclo o "bem-estar dos animais". Era uma ex igênc ia cios ambientalistas radicais, apoiada por uma campanha in ternacional de míd ia, ONGs e até ela U ni ão Européia. Na linha da proibição catalã, a ministra cio Turi smo da Itáli a, Mi chela Brambi lla, propôs abolir a corrida de cavalos do Pálio de Siena, alegando que animais saem machucado.· e ·ão sacrificados. Essa popul aríssima corrida, que se iniciou no sécu lo XII, passa a imagem ele uma Itáli a pouco ami ga dos ani mais, segundo alega a ministra. A esse propósito, o Pe. Rubén Tejedor, do Seminário Menor da di ocese de Os ma-Soria (Espa nh a), de nuncio u a hipocri sia ci os ambientalistas: fingem amor sentimental pelos animais, mas promovem leis abortistas condenando à cruel mort milhares e até milhões de nascituros. •

Palmadas nos filhos 1 não pode; pancadas na família, pode!

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eg und o pesqu isa Data.folha, a maiori a dos brasil eiros j á levou palmadinhas dos pa is, mas apesar di sso é contra o projeto de lei federal que proíbe pa lmadas, beliscões e casti gos físicos em crianças. Dos 10.905 entrev istados, 54% são contra o proj eto, 36% a fa vor, 6% indiferentes e 4% não sabem opinar. O projeto segue a linha do Programa Nacional de Direi/os Humanos (PNDH-3). Os brasileiros rejeitam a invasão do Estado na área privada do lar, pois o Poder Público passaria a interferir em aspectos míni mos da vida familiar. "Tomeipoucas palmadas, e fo ram bem dadas. Na hora, senti que era um castigo. Agora só tenho razões para dizer quão certa minha mãe estava", afirma José Gregori , de 80 anos, li gado a organi smos defensores de "direitos humanos". Para o radica lismo do PNDH-3, no entanto, nenhum argumento baseado no bom senso tem valor. Em nome dos "direitos humanos", não pode haver a maternal ou paternal palmad inha; mas o Estado - este, sim - pode invadir o âmbito da fa míli a, dando-lhe pancadas muito injustas por meio de intromissões absurdas ... •

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O Batismo de Clóvis Um marco na História ' GUI LHERME FÉ LIX DE SO USA M ARTINS

N o artigo anterior historimnos a conversão de Clóvis, rei dos francos. Prosseguindo na análise desse episódio, VCl'CffiOS a sua int'luência providencial sobre o desenvolvimento da civilização oci-

dental e cristã.

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pro messa feita por C lóv is a N osso Senhor Jes us Cristo nos campos de Toul - "Se me concederes a vitória, crerei em ti e m.e fa rei batizar" - precisava ser cumprida. Clóv is estava disso consciente, e logo após dispersar s ua tropa chamou um monge que viv ia naquela região, a quem chamava m Vaast, e o encarregou de lhe ensinar a doutrina, que tinha já por verdadeira. O santo ho mem atende u ao pedido do soberano, confirmando seus ensinamentos com um retumbante milagre : a c ura de um cego d urante o percurso do séqüito real de Cló vi s até a cidade de Re ims. C hegando Clóv is a Re ims, sua esposa Santa C lotilde pro videnc iou que o grande São Remígio concl uísse a catequese. Ou vindo a narração das atrocidades cometidas contra nosso Redentor e m sua Paixão, C lóvi s exclamou, num tran sporte de santa ira: "Ah, se eu estivesse lá com meus franco s! ". Ta l alma não necess itava de maiores provas, e o bi spo limitou-se a ensinar-lhe as verdades fund amenta is da Fé. Restavam a inda obstác ulos não pequenos a ve ncer. O povo fra nco venerava em Clóvi s não emente o filho de seus reis, mas também o descendente de suas divindades. Quebrando tais vínculos "sagrados", não deveri a o mo narca te mer uma diminuição de sua autoridade? Q uanto a isso, e le estava seguro de que sua fé não d iminuiria sua asce ndê ncia sobre o po vo. Ou tro ponto deteve ainda sua refl exão. Ele tinha junto de si uma guarda pessoal , os antrustions , ligados à sua pessoa por juramento e obrigados ao devotamento mais absoluto. E ntre e les e o re i tudo era comu m, e como conseqüênc ia seu Deus deveria ser també m o de les. Ace itari am abjurar os falsos deuses que ado ravam? O Espírito Santo condu zia os aco ntecimentos , e os antrustions, instados a se pro nunciar, proclamaram em alta voz que aceitava m abando nar seus de uses mortais e reconhecer por Se nhor ao Deus eterno pregado por São Re mígio. Fugindo à regra ordinári a, que estabe lecia fosse o batismo mini strado na Páscoa; fi xouse a Festa de Nata l do ano 496 como o dia da cerimôni a. Não convinha prolo ngar por mais te mpo o catecumenato do soberano e de seu séqüi to . Fo i escolhida para a solenidade a catedral de Re ims, sede de São Remíg io. Pelos convites envi ados a todos os bispos dos terri tó ri os vizinhos, a notícia d ifu ndiu-se por toda a Gáli a, enchendo de alegria os corações cri stãos , e de te mor os reinos que j aziam na heresia ariana.

A esplen<lorosa cerimônia na cate<lrnl <le Rei111s O batismo ele C lóv is é um epi sód io de suma im portâ ncia para a hi stóri a da c ivili zação cri stã, e revela ele mane ira impressionante o pape l da Igreja na construção da Idade Média a partir de maté ri a-prima tão primi tiva como os bárbaros da época. Foi descri to em seus pormenores por São Gregório de Tours, prime iro biógrafo de Clóv is :

"Chegando ao linúar do batistério, onde os bispos reun idos para a circunstância tinham se postado para se j untar ao cortejo, foi o rei que, tomando por primeiro a palavra, pediu a São Remígio que lhe co,~f'e risse o batismo. Respondeu-lhe o prelado: 'Inclina humildemente tua fronte, Sicambro. Adora o que queimaste e queima o que adoraste '.[...] "Em seguida, tendo entrado na piscina batismal, recebeu a tripla imersão sacramental em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ao sair do batistério, administrou-se-lhe ainda o sacramento da confirmação, segundo o uso vigente nos batismos de adultos. Aos personagens principescos aplicou-se o mesmo procedimento ". 1 SETEMBRO 201 O

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Após essa cerimôni a, dar-se-ia a sagração do rei . Nessa ocasião, teve lugar um prodígio: surgiu uma pomba trazendo no bi co uma ampo la com ó leo, com o qual Clóvis foi sagrado.

Glória para a lgrnja, um marco histórico Nascia assim a nação fra ncesa para a vida da graça, tornando-se filha primogênita da verdade ira Igreja. E esta, após longos períodos de prova, vi a-se novamente em co ndições de faze r ouvir sua voz. Com efeito, após as invasões bárbaras e a ruína do Império Romano do Ocidente, dois inimigos seus dividiam entre si a influência e o poder: de um lado, os imperadores de Bizâncio (de religião cambiante), de outro os monarcas arianos. A fé católica parecia estar destinada a ser perpetuan1ente uma religião de vencidos, uma doutrina de escravos. Dir-se-ia que estava condenada a desaparecer, para entregar o mundo a esses dois fu nestos agentes de destruição. A notícia do bati smo de Clóvis ressoou por toda a Europa. Por modestas que aparentemente tenham sido suas proporções, teve todas as característica de uma contra-revolução hi stóri ca. Foi como se a mão da Pro vidênc ia tivesse saído de entre as nuvens para mudar bruscamente a marcha da História, afastando-a da direção e m que ia e preparando-lhe novos caminhos de glóri a.

Papel dos homens providenciais Miraculosamente uma pomba traz no bico a Santa Ampola, que é recebida por São Rem ígio

É verdade bem conhecida que De us atua na Hi stóri a, em geral, por meio de causas segundas. Nos epi sódios da conversão do rei franco, cabe destacar a atuação de dois personagens, entre tantos outros que com seus esforços e orações prepararam o ambiente para que ela aco ntecesse. O prim e iro personage m, e o que ma is se ali e nta, é São Remígio, bi spo de Reims, Desde a coroação de C lóvi s como rei da pequena tribo dos fra ncos sálios, ve mo-lo de pendendo seus esforços apostóli cos para atrair ao reba nho de Cristo aque la ovelha nascida fora de seu redi 1. O pa i de C lóv is, C hilderico, fo ra j á atraícl pelo santo homem; como di z G. Kurth , "a beleza da Religião católica, cuj as pompas e benefícios os rodeavam la s bárba ro ] por todos os lados, de há muito j á tinhaferido sua imaginação e enternecido seus corações " .2 Não chegara , e ntretanto, a tornar-se cri stão, e mba ído qu e estava o povo fra nco pelo mitos pagãos. Mui tos anos depo is, pôde o prela lo c lher os frutos de seu ze lo, de rra mando sobre a fro nte cio rei cios fra ncos , com suas própri as mãos, a água puri ficadora do batismo. O outro personagem é também suces or dos Apóstolos: o bi spo Santo Avito, da c idade de Vie nne .3 Vivendo e m meio aos burgúndios, povo que aderi ra à heresia ariana, o santo te ve pape l importa ntíssi mo nas tratati vas do ca a mento de Santa Clotilde - princesa burg úndia - com C lóvis. Graças a seus conselhos, Clotilde pôde vencer seus fu ndados receios e abraçar a mi ssão que a Providência di vin a lhe designava. Co m a notícia da conversão e do batismo de C lóv is, Santo Avito viu seus esforços coroados. Numa visão profética, divi sou ao longe toda a grandeza da civili zação medieval que daí surgiria. O árduo trabalho até então reali zado, os santos apóstolos não o vi am senão corno o começo de uma longa gesta. Essa mesma gesta que a Históri a consagrou sob o títul o de Gesta Dei per Francos. •

Notas: 1. Kurth, Godefroy. Clovis. Ed. Succes Du Livre, Pari s: 1996, p. 308-3 11. 2. Ku rth , Godefroy. Los Origenes de Lt, Civilización. Moderna . EMECÉ Ed itores, Buenos Ai res: J 948. p. 269

3. Cidade francesa loca li zada atualme nte no De partamento de Jsere, ho mônima da capi tal austríaca.

CATOLICISMO

Trágica situação do Timor-Leste L íder de uma comunidade de timorenses revela que, tendo aquela antiga colônia portuguesa passado por uma ocupação da Indonésia e um regime comunista, a situação ainda é dramática

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riunda do Timor-Leste e atualmente residente em Melbourne (Austrália), Da. Lídia Gonçalves Soares é líder da Comunidade Timorense no estado australiano de Victoria. Teve que deixar sua terra natal quando esta foi invadida e ocupada pela Indonésia em 1975. Da. Lídia trabalhou no Canadá e depois em Portugal, na embaixada da Austrália, o que facilitou sua transferência para Melbourne, onde continua atuando em prol de sua pátria. O colaborador de Catolicismo José Antonio Ureta, de passagem pela Austrália, manteve contato com Da. Lídia Soares e obteve esta entrevista, muito importante para melhor se entender a atual situação daquela antiga colônia portuguesa.

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primas. Vou visitá-los em Dili quando vi ajo em missão, mas ta mbém percorro muito o interior e constato a pobreza do povo miúdo. Catolicismo - O Brasil e o TimorLeste, apesar da distância oceânica que os separa, têm muito em comum, pois ambos foram colonizados por Portugal , tendo recebido dele o imenso dom da fé católica. A Sra. poderia dizer algo sobre o papel que a Igreja Católica desempenhou na história do Timor?

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Catolicismo - A Sra. poderia narrar aos leitores de Catolicismo suas origens timorenses?

Da. Lídia Soares - Minha fa mília é originária da parte ocidental do Timor, de urna aldeia nas montanhas. Estudei com as freiras dominicanas e vivi com as canossianas. Eu morava nas montanhas e cursei a escola primária da dominicanas. Depois freqüentei o Liceu em D il.i , a capita l, onde fi quei aloj ada no colégio canossiano. Entre os timorenses não há diferenças étnica , apenas dife renças cultu rais e lingüísticas. As principais línguas são o tetum., o mambae e o kemak, que é o meu idioma nati vo. O português é a principal língua oficial, sendo fa lado por aprox imadamente 25 % da população. Catolicismo - A Sra. volta com freqüência ao Timor-Leste?

Da. Lídia Soares - Sim. Já fa leceram meus pais, mas lá res idem todos os meus tios, tias, primos e

Entre os timorenses, as diferenças são pequenas. Eles diferenciam-se pelo dialeto e usam trajes típicos

J)a. Uclia Soares: "P,·ecisá vamos nos 11nir 011tn1 vez em tonw claq11ilo q11e nos é comum, especialmente a nossa J'é católica, a nossa nação e as nossas tradições"

Da. Lídia Soares - O T imor fo i descoberto mais pelos dominicanos do que propriamente pelos pmtugueses. Foi a igreja que esteve mais vinculada à educação do povo, uma vez que o governo de Pmtuga1 estava mais voltado para a atividade administrativa. As primeiras notícias sobre as conversões em Timor remontam ao apostolado exercido por um frade da Ordem de São Domingos, que teria batizado 5 mil pessoas em J556. O padre jesuíta Baltazar Dias registra em 1559 que a população de Timor era a melhor daquela região, porque "a nenhuma cousa adoram, nem têm ídolos, e fazem tudo quanto lhes dizem os portugueses". No século XVIll fl oresceu o período áureo da presença dos dominicanos em Timor, sobretudo quanto ao as pecto social e à defesa das populações. Em 1875 o Papa Pio IX anexou as missões ele Timor à diocese de Macau. Em J920 chegaram os padres salesianos para auxiliar o trabalho de educação do povo. Somente em 1940 as missões ele Timor foram erigidas em diocese, com sede em Dili. Atualmente, 95 % da população do Timor-Leste é católica. Catolicismo - Que trabalho a Sra. desenvolve atualmente? Da. Udia Soares - Em 2001 , o Timor aJcançou a independência graças à coragem e determinação do

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po vo. Em Me lbourne, a comunidade timorense estava um tanto dividida, devido a di fe renças ideológicas. Julguei então que nós, como timorenses e responsáveis por um país independente , precisávamos nos unir outra vez e m to rno daquilo que nos é comum , es pecialmente a nossa fé cató lica, a nossa nação e as nossas tradições. Esse é meu principal objetivo nas atividades exerc idas pela Comunidade Timorense-Australiana de Vitória, da qual sou secretári a-executiva.

to ofereceu a estátua do Cristo-Rei que se encontra em Dili , e também construiu uma grande igreja, que passou a ser a catedral. Porém, a maioria do povo fazia uma resistência subterTânea. Havia entre os jovens vários grupos clandestinos, que lutavam contra a ocupação. Em 1999, sob pressão da ONU, a Indonésia consentiu em convocar um referendo sobre o futuro de Timor-Leste. O resultado apresentou uma clara maioria de 78,5% a favor da independência.

Catolicismo - Após a indepenCatolicismo - Na época em que dência, a FRETILIN ganhou as se deu a retirada dos portugueeleições e passou a dominar o ses, com a guerra civil e a invaprimeiro parlamento e o primeisão do Timor-Leste pela Indonéro governo. Isso foi bom para o Enclave católico num sia, como a Sra. viveu tais aconTimor-Leste? tecimentos? Da. Lídia Soares - Muitos timorenarquipélago maciçamente Da. Lídia. Soares - Na época da Reses ide ntifi ca va m erroneame nte a muçulmano volução dos Cravos em Po1tugal, consFRETILIN como sendo o único partava que estavam no Timor do is matido pró-independência. Isso deu forNo sudeste asiático, o Timor-Leste possui um jores provenientes da metrópole, e que ça a seus membros e fez com que se território de 18 mil km 2 . Tem fronteira terrestre com eram comunistas. Se estes exerciam insentissem senhores da situação, capaa Indonésia, e marítima com a Austrália, através flu ência no governo português, nós, zes de impor sua vontade. Em 2005, do Mar de Timor, ao sul. Sua capital, Dili, situa-se como colônia, não tínhamos chance, seus chefes começaram a desafiar a na costa norte . Igrej a e fa voreceram que o Timo rnão é? O país fi cou dividido: de um O Timor era considerado "território luso de lado havia um movimento de orientaLeste manti vesse relações com a Chialém-mar" . Com a malfadada "Revolução dos ção marxista, a Frente Revolucioná ria na comunista e com Cuba. Vieran1 Cravos", em 1974, foi abandonado pelo novo do Timor-Leste Independente (FRETImuitos cubanos ao pa ís, di zendo-se governo marxista de Lisboa , deixando espaço LIN); e do outro lado a União Demomédicos, mas não se sabe e de fa to para que o poder na ex-colônia fosse disputado crática Timorense (UDT), que desej aeram. A tal ponto que o povo te m por movimentos autonomistas. va continuar vinculado a Po1t ugal e medo de ir ao Hospital Central, eviTomando o poder um desses movimentos de inspiração marxista, a Frente Revolucionária do preparar gradu al mente o país para a intando ser tratado pelos " médicos" cuTimor-Leste Independente (FRETILIN) , proclamou dependência. banos. Vieram também de Cuba proa independência da Ilha. Mas a Indonésia, maior E m agosto de l 975, após uma brefessores, que estão em todo o país. Nas país muçulmano do mundo, invadiu o Timor apenas ve coligação dos dois movimentos, a eleições gerais de 2007, a FRETILIN nove dias depois. UDT, em nenhuma preparação, tenobteve apena 29% dos votos, enquanEm setembro de 1999, com o referendo realitou assumir o poder, o que foi responto os quatro pattidos de oposição sozado no Timor-Leste, 78,5% da população optou dido pela FRETILIN com um contramados obtiveram mai de 54%. Esses pela independência em relação à Indonésia. quatro partidos formaram então a Aligolpe. Esses fatos vieram a desencadear uma guerra civil à qual a admicmça da Maioria Parlam entar e o gonistração portuguesa não conseguiu se verno de coal izão, que atualmente diopor, abandonando a ilha. Em 28 de novembro, a FRErige os destinos do T imor-Leste. TILIN tomou o poder, declaro u a independência ele Timor-Leste e fo rmou as Forças A rmadas de LibertaCatolicismo - Quais os principais desafios que çcio de Timor-Leste Independente (FALINTIL). Nove o atual governo enfrenta? dias depois da declaração de independência, a IndonéDa. Lítlia Soares - Do ponto de vista das instituisia in vadiu nosso país. ções, o maior desafio é o combate à corrupção. Se ndo um govern o de coalizão, é di fíc il controlar o comCatolicismo - A Indonésia - país com maiportame nto dos mini stros, porque cada partido procura favorecer seus me mb ros. Do ponto de vi sta do or população muçulmana do mundo - perseguiu os católicos durante a ocupação do povo, o desafi o mais importante é a sati sfação de Timor-Leste? necessidades e lementares e a constru ção de infraDa. Lídia Soares - Durante a ocupação indonésia estrutu ras bás icas. Em 20 12 haverá novas e le ições houve liberdade religiosa. O falecido presidente Suharparlame ntares, mas é difíc il preve r o que vai acon-

tecer, porque as pessoas estão insati sfeitas com a corrupção do mundo po lítico. Catolicismo -Qual o papel desempenhado pela comunidade internacional, pelos organismos internacionais e por ONGs no Timor-Leste? Da. Lídia Soares - Ta lvez o único papel positivo seja a manutenção da paz. Mas entre esses organi smos há também muita corrupção. Certas organi zações inte rn acio nais vão lá ape nas para estare m à frente de projetos e recebe re m dinheiro em seus países de origem . O Timor precisa é de pessoas que tenham interesse sincero e m ajudar os timorenses, como di z o ditado português: "Dar ao timorense um anzal, e dep ois ensiná-lo a pescar".

"A FRETILIN começou a desaliar a lgl'eja e a tel' rnlações com a Cllil1a comunista e com Cuba; vieram muitos cubanos dizendo-se médicos "

no Timor-Leste, e também de reconciliação. Mas a Igreja tem que falar conforme o que vê. Na época da ocupação, denunciava as injustiças praticadas pelos indonésios. No tempo da FRETILIN, levantou-se contra as injustiças que ela praticava. E agora reage cont:ra as medidas erradas do atu al governo. Catolicismo - O governo atual ataca a Igreja? Da. Lídia Soares - Não ! E le não pode se dar a esse luxo, porque se atacar a Igrej a, simplesmente va i abaixo. Isso não impede que fa ça sabotagem por trás, mas não fro ntalmente. É por isso que a Igrej a é vista como ameaça po r aquelas orga ni zações internacionais de que fa le i, po is ela atua como uma barreira contra imoralidades e injusti ças .

Timor-Leste

CATOLICISMO

Catolicismo - E do ponto de vista moral, a ação dessas ONGs é positiva? Da. Lídia Soares - O T imo r-L este tem uma população de mais de um milhão de habitantes, e é um dos pa íses de maior c rescimento demográfico, com uma taxa de aprox imadamen te 4 % ao ano. Isso é bo m, porq ue o Timor deve crescer mais, não só para recompor o número dos que morreram du rante as g ue rras, mas també m para ajudar a economia e a segurança de nossa pátria. P orém, por causa da pobreza que ainda existe, isso serve de pretexto para se aplicar os program as de "planificação famili ar" patrocinados pela ONU , que obrigam a população a reduzir o número de filh os. Eles di zem que a planificação fa mi li at· é necessária para a redução da pobreza. O que eq ui vale a di zer que a redução da pobreza consiste na eli mi nação dos pobres, não é? A pior das ONGs é a Maty Stopes lnternational (o ramo inglês da lnterna tional Planned Parenthood Federation, maior associação eugenista e pró-aborto do mundo), que promove a distribuição maciça de preservati vos, interfere na vida ele fa míli a, favorece a esterili zação das mulheres , a prática do aborto, etc. Dois anos atrás, o Patfamento votou majoritat·iamente contra o aborto, a não ser em casos excepcionais (quando há perigo para a vida e a saúde da mãe, o que deve ser certifi cado por dois médicos). Mas os médicos timorenses não ass inam, só o fazem os cubanos. Quando não conseguem um médico para ass inar, praticam um aborto ilegal. A lgr j a Católica é contra a atual lei. Além de ser o assass ínio ele um inocente, basta abrir um pouquinho a porta para exceções, para que o aborto se generali ze. Mas, nesse com bate contra a "cultura da morte", ela se encontra sozinha! Catolicismo - Qual o papel desempenhado pela Igreja Católica na atual situação e na vida do país? Da. Lídia Soares - Avalio que a Igreja Católica exerce um papel de preservação da identidade cri stã

'it.firmar que a planificação familiar é necessária para a redução da pobreza, equivale a dizei' que a 1'edução da pobreza consiste na eliminação dos pobres"

Catolicismo - O que poderiam fazer o Brasil e os brasileiros, especialmente os católicos, para ajudar o Timor-Leste? Da. Lídia Soares - No so país é como uma fo lha em branco, que ainda não foi escrita. E os brasileiros são os nossos irmãos mais ve lhos, filh os de Portugal como nós . O Brasil talvez pudesse ajudar mandando profi ssiona is que possam dar seu tempo e seu talento para a reconstrução. Se o Timor for bem organi zado, há de ser um país no qual não vai fa ltat· nada, tendo em vista suas riquezas naturai s e valores culturais. Atualmente há brasileiros ensinando a língua portuguesa, mas o problema - eu devo di zê-lo, co m tri steza - é que e les vão para lá sobretudo por pertencerem à confissão protestante, e para faze rem proseliti smo. Ora, os timorenses são católicos e precisam da presença de católicos que entendam seu comportamento. Os protestantes aterrori zam as pessoas, di zendo que os católicos são idólatras porque cultuam Nossa Senhora e os santos. E começam a contar suas hi stórias. Isso faz nascer conflitos, porque o povo acredita em Deus e crê que ex iste uma só Igrej a verdadeira. E quando chegam protestantes, o povo destró i as casas que eles construíram para fazer as suas pregações. A população sabe que Maria é a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Deus podi a ter enviado Jesus ao mundo sem Mari a, mas dec idiu fazê- lo através de Maria. Digam o que disserem, Ela fo i, é e será sempre "bendita entre todas as mulheres". Catolicismo - Uma última pergunta. No TimorLeste tem-se muita devoção a Nossa Senhora? Da. Lídia Soares - Sim! Nossa Senhora de Fátima é muitíssimo conhec ida e amada no Timor. É a principal devoção do país, e os timore nses fa ze m promessas para ir até Fátima. Há também Nossa Senhora ele Aitara, com um santuári o situado no primeiro lugar onde os padres j esuítas e as fre iras canossianas se estabeleceram, e que é o princ ipal ce ntro de peregrinação na ilha. •

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para as qua is se di rigem os caravani stas e m ko mbis o u veíc ulos equi va le ntes. Formados tipi camente e m farpa dia nte de um gra nde esta nd arte do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira (IPCO), todos rezam em praça pública uma Ave-M aria e cantam o conhec ido hin o Viva a Mãe de Deus e Nossa, em home nage m a Nossa Senhora Aparecida. Começa m e m seguida a abordar os tra nseuntes, neste caso explicando-lhes sintetica me nte o obj etivo da campanha e co nvida ndo-os a assina r um cartão amarelo de ad vertênc ia, a ser remetido aos deputados e senadores pedindo que rej eite m os absurdos contidos no PNDH3. B astava ao in teressado anotar no cartão o seu nome, o e- mail e a cidade, pois a re messa fi cari a a cargo do IPCO. As pes oas que não possuíam e-mail anotavam o RG ou o CIC. A gra nde maioria dos transeuntes parava, escutava a explicação e ass in ava, sem pe dir ou tros esc larec ime ntos . Havi a ta mbém outras manifes tações, das quais tratare i adiante. R elato a lg um as atitud es ma is comuns:

Campanha Terra de Santa Cruz: 36 jovens contra 500 ameaças O lnsUtulo Plinio Corrêa de O/iveka promoveu a Caravana 1(,irra de Santa Cruz, durante a qual 36 jovens voluntários alertaram a população brasileira contra os rnais de 500 inales do PNDI 1-3 D

DANIEL M ARTINS

S

em exagero, o novo Prog rama Na-

ciona l de Direitos Humanos

(PNDH-3), impl antado-se no País, poderá "enterrar" os Dez Ma ndamentos. Lega li zação do aborto e do "casa mento" ho mossex ua l; dire itos trabalhi stas

CATOLICISMO

para as prostitu tas; enfraquec imento da políc ia e do judic iári o; solapamento das garanti as à pro priedade pri vada - estes são alguns dos pontos incluídos no in íquo Prog rama. Caso esses pecados sej am ofi c ia li zados, o B rasil deixará de ser a Terra de Santa Cruz - glori oso nome que recebeu nos seus prim órdi os. G lori-

oso no me que 36 jovens escolheram para uma caravana de féri as, du ra nte a qual se e mpe nh ara m num esforço públi co para impedir tão grande catástrofe.

Como se dese1nrolveu a campaill,a Como no rma geral, a campanha reali za-se na parte mais centra l das cidades,

■ Nos ca lçadões, sempre há mu ita loja de comércio. Muitos lojistas, depoi de assinar o cartão, pedi am cartõe e m branco para que seus colegas do ba lcão e também os clientes pude e m ass inar. Outros pedia m que nós mesmos entrásse mos na loja ecoletásse mos as ass inaturas. Vendedores ambul ante to mavam também iniciativas emelhantes. ■ Com freq üência repetia-se um fa to curi so. Q uando o cara vanista abordava um pequeno grupo de tra nseuntes e exp licava o o bjeti vo d a campanha, geralmente uma parte do g rupo to mava logo a inic iativa de as in ar, e nqu anto a o utra parte demonstrava aparente desinteresse. Porém era mui to com um a insistência dos que aderi ram para que os outros ta mbé m as inassem. Caso extre mo fo i o de uma j ovem que, vendo sua ami ga não q uerer as inar dev ido à pressa, repreendeu-a, numa alu ão ao tema do aborto: "Não seja assassina, assinai". Só e ntão a amiga entendeu que a campanha era também contra o aborto, e assinou.

Estandarte e faixas usados na caravana

O

estandarte do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira fo i confeccionado tendo como inspiração os go,~f'alons he rá ldicos, e m que as fa míli as de outrora ex punh am seus símbo los e brasões em preciosos tecidos e os utilizava m e m fes tas e sole nidades públi cas. Em tec ido de cor do urada, conté m uma pintura do Prof. Plíni o Corrêa de Oli veira, e m perfi l, ci rcundado pe lo no me do In stituto po r extenso. Exalta assim a fig ura daque le que representa um símbo lo na luta em defesa da Civili zação C ristã. Havia um a dific uldade prática a ser venc ida, e foi objeto de exaustivo estudo du ra nte a preparação da ca mpanha: Como os caravani stas poderiam ser identificados, no burbu rinho de c idades modernas? Como seriam eles reconhecidos pe lo público como sendo participantes da ca mpanha? Várias propostas fora m levantadas, e a que me lhor se adaptou à final idade fo i uma faixa inspirada nas "becas de graduaci6n", usadas durante a colação de grau por várias universidades do exterior, sobretudo na Espanha. Um belo exemplar, de cor verde, pode ser vi sto em u o po r um admiráve l co ra l na Hungri a (http:// www.youtube.com/watch?v= l 9dU_q6lmGM) Há dessas becas mu itas variantes, e a do IPCO é uma fa ixa de 11 cm de largura por dois metros de comprimento, na mes ma cor do e ta nd arte. As fa ixas são fixa d as nos o mbros, pendendo uma parte delas para as costas; a parte central pende no peito, fo rmando em conjun to co m as extrem idades que pende m nas costas um M - para lembrar a proteção da Santíssima Virgem M ari a. Essa fa ixa revelou-se muito apropri ada, pois os transeuntes facilmente distinguiam os jovens que coletavam assinaturas, e vários d iziam já tê- la v isto na internet. Era fác il loca lizála, mes mo a grande distânc ia, por sua cor dourada, e fazia um belo conjunto com os estandartes do Instituto Plinio Co rrêa de Oliveira.

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■ Sobre o malfadado "casamento" homossexual e a perseguição religiosa que o PNDH-3 visa mover contra quem discordar da promoção ao homossexualismo, as atitudes eram sintomáticas. Algumas pessoas receavam assinar, pois conhecem a pressão exercida por meios de comunicação e outros, que deliberaram atr ibuir a condição de " preconceituosos" e " homofóbicos" a todos os q ue se opõem às práticas homossexuais. Porém, quando o caravanista lhes explicava que não se trata de nada pessoal, mas sim de uma campanha para impedir que o Estado legali ze ou favoreça publicamente o vício, muitas delas concordavam em assinar. ■ É des necessári o ressa ltar a enorme repulsa do público à legalização da prostituição e à in vasão de propriedades, ambos pontos importantes do PNDH-3.

Não foi

ulll

Jnar de rosas

Lendo o sucinto relato acima, pode o leitor imaginar que tudo correu fa voravelmente, sem nenhum contratempo nem manifes tações contrárias. Durante o planejamento da campanha, este fo i sempre um aspecto debatido, e tudo isso era de esperar. Mas ocorreu muito menos do que o esperado. Surgiram esparsa mente algun s que insultava m os caravanistas,

proferindo palavrões e desrespeitando nossa ini c iativa. Di z a Esc ritu ra q ue stultorum numerus infin itus est (o número dos estultos é infinito). Vou relatar alguns desses poucos casos de agressões verbais e manifes tações contrári as, para o leitor avali ar o nível dos opositores. Em Piracicaba, certa mulher acercouse de nós e começou a gritar: " Vou convocar todas as f eministas da cidade para virem aqui " - e saiu gritando insultos. Uma senhora que durante esse epi sódio estava assinando, observou: "Essa mulher [favorável ao aborto] não sabe o que é uma mãe. Ela que volte aqui; eu vou mostrar para ela!". Em Uberaba, outra mulher gritou: " Vocês são preconceituosos!" . Calmamente, o caravanista retrucou: "Mas por que todo esse preconceito contra nós?". Confundida, ela saiu resmungando. Figurava na explicação dos cartões amarelos que o PNDH-3 pretende implantar no Brasil o iníquo "casamento" homossex ual e a adoção de cri anças por casais homossexuais. Vendo isso, alguns ativistas do movimento homossexual não se continham, e também nos dirigiam insultos. Em Campinas, Bauru , Sorocaba e Ribeirão Preto eles no ameaçaram, dizendo que iam "chamar todos os homossexuais da cidade" para atrapalhar a campanha. Pe lo jeito , eram poucos, pois não apareceram .. .

admirativo - "Dr. Plinio combateu tudo o que não presta: aborto, comunismo, reforma agrária, homossexualismo" um respeitável cidadão aproximou-se de cinco seus conhecidos e exortou-os a que assinassem. Uma observação que se repetiu em duas cidades: "Sou contra vocês .. . mas admiro a ousadia de fa zerem publicamente essa denúncia. Não é todo mundo que tem essa coragem, não!".

Determinação de continuar

Em Ribeirão Preto, quando fazíamos a campanha no principal calçadão da cidade, uma ativista se aproximou, declarando-se "transex ual". Procuro u o encarregado da campanha e começou a censurar-nos. Não contente com isso, ameaçou: " Vou chama r toda a bicharada

[sic!] da cidade, e vamos f azer uma revolução aqui!". Pouco depois, começaram a chegar ativistas do movimento homossexual com folhetos, cartazes e adesivos. Passaram a investir contra as pessoas que recebiam os cartões amarelos, tentando impedi-las de assinar. Escandalizados com o fanatismo dos homossexuais, muitos tran seuntes ass inavam com mais dec isão, e alguns até discutiam com eles, chamando-os de anarquistas e proclamando o no so direito de nos manifestarmos. Es es ati vistas se desmoralizaram e mostraram o c tado de contradição em que atuam: pregam a tolerância para com o vício, mas promovem intolerância religiosa contra os que se lhes opõem.*

Repercussões na mídia Vário órgãos de imprensa, vendo a rnovimentaçã da caravana, procuravamnos para entrev i tas e fo tos. Em ltu , o "Jornal da idade" e a "Rádio Convenção" no entrevistaram. Em Limeira, a "TV Mi x". Em Ribeirão Preto, os dois principais jornais: "A C idade" e "Gazeta". "O Di ário de S. Paulo" reproduziu em seu site matéri a do cotidiano "Diário", de Jundiaí. Em Batatais, a "TV EduCATOLICISMO

cadora" também publicou matéria sobre o assunto. Em Pirassununga, o jornal "O Movi mento" estampou fo tos e matéria em suas versões impressa e eletrônica. Não relacionamos aqui as inúmeras matérias reproduzidas em sites e blogs, poi esgotari am de longe o espaço di sponível. A UOL apresentou na seção "Fotos do Dia", em 22 de julho, fotografia de nossa campanha em Ribeirão Preto, focaliza ndo três dos ativistas homossex uais gri tando protestos. Os caravanistas ficaram favoravelmente impressionados ao constatar que o nome do saudoso Prof. Plínio e suas atividades em prol de um Brasil autenti camente cristão são conhecidos por toda parte. Alguns exemplos característicos ocorreram em Uberlândi a (MG), quando um m édi co acer cou -se de um caravani sta, fixou o olhar no estandarte dourado do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e exclamou: "Se tivéssemos dez Plinios, o Brasil seria outro!"; em Campinas (SP), onde uma senhora voltou-se para uma amiga e comentou: "Quando eu vi que era do Plinio, j á f ui logo assinando"; em Catandu va (SP), depois de ass in ar e emitir um co me ntário

O res ultado alcançado alegrou a todos os caravanistas . Antes da caravana, tínhamos conseguido enviar, através do site www.ipco.org. br, 630 mil cartões amarelos. Após 20 di as de caravana, o total subiu para 1.190.250 cartões ! Mais do que isso, percebemos que a população está começando a ficar alerta contra esse decreto iníquo; e começa também a adquirir a confiança de que, se lutarmos, a vitória será dos que querem um Brasil cristão, apesar dos obstáculos. Sati sfeitos com a acolhida da sanior pars da população, pudemos comprovar o quanto os brasileiros estão desinforma.dos sobre o PNDH-3, o que nos conduziu à decisão de não parar. Numa primeira ação pós-campanh a, todos levaram cartões amarelos para suas respectivas cidades, a fim de continuar a campanha em âmbito pessoal, de pequenos gmpos e pela Internet. Esta ação já pode ser acompanhada pelo site www.ipco.org. br, onde todos os interessados podem também agir a fim de impedir os males do PNDH-3. A isso o leitor está convidado. Melhor dizendo - permita-nos a ousadia - convocado! Pois não se pode ser indiferente a que se instituam no País crimes como o abmt o, abominações como o "casamento homossexual", demolições como a das garantias ao direito de propriedade e as ma.is de 500 outras propostas repudiáveis do PNDH-3. • E-mail para o autor: catoli cismo @terra.com br

Nota :

* O leitor pode ver um dos clips da campanha em Ri beirão Preto , acessando o YouTube ou o GloriaTVe coloca ndo o segui nte título: Perseguição Religiosa em Ri bei rão Preto-SP. Veja também todos os vídeos pu blicados da Caravana Te rra d e Sa nt a Cru z em: htt p:// www.youtube.com/ i nstitutopco

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A cruz, que antes de Cristo era um estigma de infâmia, foi exaltada no Calvário. Hoje se procura desprezar e até abolir este sagrado sinal de nossa fé, que se tornou um magnífico símbolo do cristianismo, absolutamente inseparável de Nosso Senhor Jesus Cristo. n

A

PuN10 M ARIA SouMEO

fes ta da Exaltação da Santa Cruz, que se comemora neste mês de setemb ro, fo i in stituída originari amente para lembrar a descoberta do Sagrado Lenho por Santa Helena, mãe do imperador Constantino, e a dedicação de duas basílicas construídas por ele, uma no Calvário e outra no Santo Sepulcro. Essa dedi cação se deu no di a 14 de setembro de 335. Mais tarde - no ano de 629 - a comemoração tomou mais sentido com a restituição da Santa Cru z pelos persas, que a haviam furtado. O i mperador Heráclio, que os venceu, resgatou-a e a levou às costas de Tiberíades

até Jerusalé m, onde a entregou ao patri arca Zacarias.

"Quando f'or levantado, atrairei todos a mim " Depois da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cri sto, não é mais possível separá-Lo de sua Cruz. Antes objeto de repulsa e infâ mia, pois destinada aos cri minosos mais abj etos, tornou-se e la o mais augusto símbo lo de nossa fé, merecedora mes mo de adoração litúrgica. Co mo diz São Paulo: "Quanto a mim, não pretendo, j amais, gloriar-m.e, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cris-

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Tal intento de ateização da vida pública, como j á se tratou nesta revista (Ver matérias sobre o novo Programa Nacional de Direitos Humanos-PNDH-3), caracteriza-se por uma verdadeira perseguição ideológico-religiosa que, a prosseguir, poderá chegar a projetos estapafúrdios como a demolição do Cristo Redentor no Corcovado. Nem as burlas dos apóstatas, nem as casuísticas dos hereges, nem o desprezo dos pagãos ou agnósticos, nem os novos "Julianos" com seus nefandos projetos anticristãos conseguiram até hoje apagar esse sagrado símbolo de nossa fé. Bossuet, o grande pregador francês cio século XVII, pergunta: " O que é a cruz, senão o resumo do Evangelho, todo o Evangelho em um só signo, em uma só letra ? Por que não a havemos de oscular? Por que não nos prostraremos diante dela? Eu não sei mais pregar senão a Jesus, e a Jesus crucificado, dizia São Paulo. Isto é, tudo o que eu sei, é abreviado e peifeitamen.te expresso nessa letra da cruz. Todos os sentimentos de piedade se despertam ao vê-la. Ela é um memorial, posto que é o glorioso troféu da mais insigne vitória que jamais se ganhou". 1

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to" (Gal 6, 14). A Liturgia, no postomunio da missa da Exaltação da Santa Cruz, implora: "Protegei-nos, Senhor nosso Deus, e tendo-nos dado a alegria de nos gloriarmos de vossa santa Cruz, fa zei que sejamos sempre por ela defendidos". A festa da Exaltação da San.ta Cruz representa mais um triunfo de Nosso Senhor, q ue com sua Paixão venceu a morte e o mundo. E le próprio afi rmou: " Quando for levantado da terra [na Cruz], atrairei todos a mim" (Jo 12, 32), porque "assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também tem de ser levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que n'Ele crer tenha a vida eterna " (Jo 3, 14). Desde os primeiros tempos da Igreja os cri stãos passaram a pôr a c ruz e m suas casas , a traçá-la em suas testas e trazê-la -

CATOLICISMO

ao pescoço, o que levo u o imperador roman Juliano, o Apóstata (361-363), a diz r-lhe : " Vós vos tornais ridículos ao adorar esse vil madeiro, ao fa zer esse signo em vossa carne, ao pô-lo nas portas de vossas casas ".

Per seguição religiosa, ódio a Nosso Senhor Jesus Cristo O ódio anti cristão de Juli ano parece reviver na investida anti católica ora em curso em alguns países, inclusive no Brasil, que em nome de uma estranha concepção de "Estado laico" propõe a proibição de crucifixo em lugares públicos. De fato, percebe-se em tais projetos a mão perseguidora de um verdadeiro "Estado anticristão", que visa impor aos povos princípios ateus, em substituição aos princípios religiosos.

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A festa da Exaltação da Santa Cruz, no dia 14 deste mês, oferece-nos ocasião para meditar a vida de nosso divino Redentor principalme nte sua Paixão e Morte como a previram os profetas. Alguns deles, como Isaías e Davi, relatam antecipadamente, com minúcias de detalhes, aspectos pungentes dos divinos sofrimentos, como se os tive sem presenciado. Não é possível Ler o conjunto dessas previsões - e só elas já são uma prova da divindade de Nosso Senhor - sem profunda emoção e gratidão para co m nosso divino Salvador por tudo quanto Ele sofreu e padeceu por nós.

Jesus Cristo previsto pelo Antigo Testamento A vind a do Messias - Salvador e Redentor do gênero humano - foi predita no Antigo Testamento de várias maneiras, a começar pelo Gênesis. Porém , é "o Evangelho que lhes dá [às profecias] todo seu valor, iluminando-as com a

sagem, faz idêntica aplicação (Atos 3, 2). O mesmo ocorre com o diácono Santo Estevão (Atos 7, 37), e igualmente um dos Apóstolos: "Filipe encontra Natanael e diz-lhe: 'Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei e que os profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré,filho de José "' (Jo 1, 45). E ntretanto, o que confere total segurança a essa interpretação é o fato de o própri o Nosso Senhor aplicá- la a si, ao falar aos discípulos de Emaús: "E, começando por Moisés, percorrendo todos os prof etas, explicava-

luz de Cristo; nele, todos os traços se acusam e se unem; ele é o Filho de Deus, Deus forte, nascido desde toda a eternidade, sentado à direita do Pai, do mesmo modo que é o rei de Israel, o redentor do povo, o servidor de Javé. Assim, como os Padres gostam de constatar, Ele interpreta, por sua manifestação, as profecias até então mal conhecidas". 2 Algumas dessas profecias foram lembradas pelo próprio Nosso Senhor ou pelos eva ngeli stas co mo referi ndo-se à sua Pessoa. Como e te artigo se destina aos simples fiéis, e não aos e ruditos, ci tamos somente as profec ias que se referem mai s diretamente a Nosso Senhor e cuja aplicação foi feita pela maioria dos comentadores das Sagradas Escrituras. Assim, deixamos de lado outras cuja interpretação ex ige mais conhecimentos teológicos e das Escrituras.

lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras" (Lc 24, 27).

Um pouco mai s tarde, encontramos as palavras do profeta Natan ao rei Davi, que se referem imedi atamente ao seu filho Salomão, mas que os comentadores aplicam também ao futuro Messias : "Quando teus dias se acabarem e tiveres ido juntar-te a teus pais, levantarei

tua posteridade após ti, num de teus filhos, e firmarei seu reino. É ele que me construirá uma casa e firmarei seu trono para sempre. Serei para ele um pai, e ele será para mim um filho " (1 Cron. 17, J 1- 13). As palavras ''. firmarei seu trono para sempre " não podem, evidentemente, referir-se a Salomão.

"Entre a tua <lescen<lê110ia e a dela" No primeiro livro da Bíblia, vemos a maldição que Deus Lançou sobre o demô nio, presente na serpente: "Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te.ferirá a cabeça e tu ferirás o seu calcanhar" (Gen 3, 15). 3 Afirma o Pe. M ato Soares: "A tradição individualizará na descendência da mulher o Messias, Jesus Cristo; e na mulha, sua Mãe, Maria, única criatura que, por privilégio especial de Deus, permaneceu imune do pecado, imaculada".4 Ainda no mesmo li vro lemos que, na bênção toda especial dada a Judá por Jacó, encontra-se uma primeira me nção do te mpo em que deveria aparecer o Messias: "Não se apartará o cetro de Judá, nem o bastão de comando dentre seus pés, até que venha aquele a quem

pertence por direito, e a quem devem obediência os povos " (Gen 49, 10). No período patri arcal , Deus diz a Moisés: "O Senha,; teu Deus, te suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele que devereis ouvir. [. .. ]

Pôr-lhe-ei minhas palavras na boca, e ele lhes fará conhecer as minhas or- g dens " (Dt 18, 15- 18). Os comentadores 8, das Escrituras vêem nesta passagem uma predição do futuro Salvador. Nisso seguem São Pedro que, citando essa pas-

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A Sagra todo sem

a nascer o Me

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"1'u és meu fllho, J,oje eu te gerei"

dade é vosso cetro real. Amais a justiça e detestais o mal, pelo que o Senhor,

vosso Deus, vos ungiu com óleo de aleE ncontram-se no livro dos Salmos gria, preferindo- vos aos vossos compamuitas referências a Nosso Senhor. O nheiros" (Heb 1, 9). salmo 109, por exemplo, diz: "Eis o oráculo do Senhor que se dirige a meu se"O espfrito do Se11/101' nhor: Assenta-te à minha direita, até repousa sobre mim " que eu fa ça de teus inimigos o escabelo Com belíssimas palavras, o Livro da de teus pés. O Senhor estenderá desde Sabedoria descreve Nosso Senhor Jesus Sião teu cetro poderoso: Dominarás, Cri sto como a Sabedori a Eterna e Encardisse ele, até no meio de teus inimigos. nada: "Tudo que está escondido e tu.do No dia de teu nascimento, já possuis a que está aparente eu conheço: porque f oi realeza no esplendor da santidade; sea sabedoria, criadora de todas as coimelhante ao .o rvalho, eu te gerei antes sas, que mo ensinou.. Há nela, com efeida aurora " (1 -3). As palavras: "eu te to, um. espírito inteligente, santo, único, gerei antes da aurora" afirmam a fili amúltiplo, sutil, mó vel, penetrante, puro, ção divina de Nosso Senhor Jesus C risclaro, inofensivo, inclinado ao bem., aguto. E le mes mo ap lica esse salmo a si: do, li vre, ben f fico, benévolo, estável, "Como então, prosseguiu Jesus, Davi, seguro, livre de inquietação, que pode f alando sob inspiração do Espírito, chatudo, que cuida de tu.do, que penetra em. ma-o Senha,; dizendo: 'O Senhor disse todos os espíritos, os inteligentes, os a meu Senhor: Senta-te à minha direita, puros, os mais sutis. Mais ág il que todo até que eu ponha teus inimigos por eso movimento é a Sabedoria., ela atravescabelo dos teus pés?'. Se, pois, Davi o sa e penetra tudo, graças à sua pureza. chama Senhor, como é ele seu f ilho?" Ela é um sopro do poder de Deus, uma (Mt 22, 43-45). irradiação límpida da glória do TodoSão numerosas as profecias de Isapoderoso; assim. mancha nenhuma pode ías sobre a vinda do futu ro Rede ntor. insinuar-se nela. É ela uma efusão da Por exe mplo: "Elevai com.força a voz, luz eterna, um espelho sem mancha da para anunciar a boa nova a Jerusalém. atividade de Deus, e uma imagem de sua Elevai a voz sem rece io, dizei às cidades de Judá: Eis vo sso D e us! Eis o bondade. Embo ra única, tudo pode ; imutável em si mesma, renova todas as Senhor D eus que vem com poder, escoisas. Ela se derrama de geração em tendendo os braços soberaname nte. geração nas almas santas e fo rma os Eis com ele o preço de sua vitória; fa zamigos e os intérpretes de Deus, porque se preceder pelos f rutos de sua conDeus somente ama quem. vive com asaquista" (40, 9-10). bedoria! É ela, com efeito, mais bela que Um pouco adiante, acrescenta: "Eu, o sol e ultrapassa o conjunto dos astros. o Senhor, chamei-te realmente, eu te ela se sobreleva, porCornparada à luz, segurei pela mão, eu te form ei e desigque à luz sucede a noite, enquanto que, nei para ser a aliança com os povos, a contra a Sabedoria, o mal não prevctleluz das nações " (42, 6). ce" (Sb 7, 2 1 e s ). São Paulo assim paO sa lmo 2,7 confirma a di.vindade de rafraseia essa belíss ima descrição: "EsNosso Senhor: "Disse-me o Senhor: Tu plendor da glória (de Deus) e imagem és meu filho, eu hoje te gerei ". Comentando este texto em sua epístola aos he- do seu ser, sustenta o universo com. o poder da sua palavra. Depois de ter rebreus (1, 5), São Paulo o aplica a Nosso alizado a purificação dos pecados, está Senhor: "Pois a quem dentre os anjos sentado à direita da Majestade no mais disse Deus alguma vez: Tu és meu Fialto dos céus, tão superior aos anjos lho; eu hoje te gerei? ". O Apóstolo apli ca também a Cristo quanto excede o deles o nome que hera profec ia fe ita por Deus a Dav i: "Eu dou " (Heb 1, 3-4). Essa descrição prova insofismavelmente que Nosso Senhor é serei para ele um pai e ele será para verdadeiramente o Filho de Deus. mim um filho " (II Sam 7, 14). Corno Nosso Senhor, comentando o texto de ta mbé m o versíc ul o 7 do sa lm o 44 : "Vosso trono, ó Deus, é ete rno, de eqüi- Isaías (6 1, 1-2)- "O espírito do Senhor

CATOLICISMO

Com este sinal vencerás!

repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção; enviou-me a

levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção, e aos prisioneiros a liberdade; proclamar um ano de graças da parte do Senha,; e um dia de vingança de nosso Deus; consolar todos os afli tos" - aplica-o também a si, segundo São Lucas (4 , 17-19 e 21): "Ele começou. a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este

Um sinal aparece no céu a Constantino

oráculo que vós acabais de ouvir ". O Livro do Eclesiástico também identifica a divina Sabedori a com o Filho de Deus: "Saí da boca do Altíssimo; nasci antes de toda criatura " (24, 5); "Habi-

tei nos lugares mais altos: meu trono está nu.ma coluna de nuvens" (ld . 7); "Desde o início, antes de todos os séculos, ele me criou, e não deixarei de existir até o fim dos séculos; e exerci as mi-

nhas funções diante dele na casa santa" (ld. 14). O mesmo diz o livro dos Provérbi os, fa lando da divina Sabedori a: "O Senhor me criou, como primícia de suas obras, desde o princípio, antes do começo da terra. Desde a eternidade fui formada , antes de suas obras dos tem.pos antigos" (8, 22-23). O profeta Daniel também predi sse a vinda do Messias: "Vi um se,; semelhante ao filho do homem, vir sobre as nu.-

vens do céu.: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de qu.emfoi conduzido. A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviramno . Seu dom ínio será eterno; nunca cessará, e o seu reino jamais será destruído " (7, 13- 14). O profeta Miquéias, embora de manei ra indireta, afirm a também a divindade de Jesus Cri sto: "Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a majestade do nome tio Senhor, seu D eus. Os seus viverão em segurança, porque ele será exaltado até os confins da terra " (5, 3). Para São Mateus (4, 14- 16), Nosso Senhor é essa lu z que iluminou as trevas, profeti zada por Isaías: "O povo que

andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam. uma região tenebrosa resplandeceu. u.ma lu.z " (Is 9, 1). O profeta Oséias fa la da certeza da

Como Deus prometera, Constantino vence seus inimigos na batalha da Ponte Mílvia

P ode-se considerar que a instituição da fes ta da Exaltação da Santa Cruz teve sen início com a mirac~l o_sa conversão de Constantino I (273-337), o imperador romano que deu liberdade de culto aos cn staos. Embora pagão, Constantino, filho do imperador ro mano Constâncio Cloro adm irava os cri stãos. Deus serviu-s~ da batalha d~t Ponte Mílvia, em 28 de outubro de 312 (pintura 'abaixo), para afastá-lo do culto dos 1dolos e aproximá- lo da verdadeira Religião. O ex_ército inimigo, _comandado pelo imperador romano pagão Maxêncio, era incomparavelmente supen or: 160.000 mtl homens a pé mais 18.000 a cavalo, contra 40.000 homens chefiados por Constantino. Seu adversário invocou a magia a fim de ganhar a batalha, mas Constantino invocou "o Deus dos cri stãos" - que vagamente conhecia como o "Criador do Céu e da Terra" - para a batalha decisiva que se avizinhava. Deus ouviu sua súpli ca e operou um prodigioso sinal quando este marchava com o seu exército. Desceu do céu, do lado onde estava o sol, uma cru z luminosa que trazia esta in scrição: ln hoc signo vinces (com este sinal vencerás). Ele e seu exército fora m testemunhas do mil agroso fe nômeno ' que deixou a todos admi rados. Mas Constantino não compreendia o que significava aq uele "sinal" (a cruz), e por isso o Criador dignou-se esclarecê- lo co m uma revelação. Apareceu-lhe durante a noite Jes us Cristo, trazendo na mão urna cruz igual à que ele tinha vi sto no dia precedente, e ordenou-lhe que fizesse um estandarte com o mes mo sinal, que lhe serviri a de segura defesa contra seus inimi boos em tempo de guerra. Constantino executou Jogo o que lhe tinha sido ordenado, e deu ao estandarte o nome de lábaro. Consistia em urna lança revestida de ouro, atravessada em certa altura por urna haste de madeira, fo rmando o conjunto uma cruz. Da parte superior, aci ma dos braços, pendia uma coroa respl andecente de ouro e ricas jóias, no centro da qual ressaltava o monogra ma de Cristo, fo rmado pelas duas letras gregas iniciais deste nome. De cada braço da cruz pendi a um pano de púrpu ra, bordado com ouro e pedras preciosas. Esse troféu da cruz tornou-se o estandarte imperial. Deste modo os romanos, que até então haviam usado um estandarte denominado Labaru.m, coberto de imagens de falsas divindades, tornaram por bandeira a cruz de Jesus Cri sto. Substituindo nele as imagens do paganismo pelo nome de Cristo, Constantino afastou seus soldados de um culto ímpio e levou-os, sem esforço, a adorar o verdadeiro Deus. Já tinha havido uma batalha em Susa, e outra mais importante na vasta planície que se estende entre Rívoli e Turim, nas quais Constantino fo i o vencedor. Co m pouca res istência, apoderou-se de Mi lão, Bréscia e outras cidades que se entregaram à sua clemência, de modo que sem graves contratempos pudera avançar até as portas de Roma. Contando co m a proteção do Céu, Constantino dirigiu-se animosamente à fre nte de seu exército, para o lugar onde estavam aca mpadas as tro pas de Maxêncio. Nessa ocas ião, travou-se um du ro combate, mas por fi m declarou-se a vitória em fa vor de Constantino. Maxêncio, ao ver mortos e di spersados os seus soldados, procuro u fu gir para salvar-se; porém, ao passar sobre a ponte Mílvi a, ca iu com seu cavalo no Tibre, morrendo afogado. Os r~manos, vendo-se li vres daquele ti rano, receberam com júbilo o vencedor. Constantino, ao entrar na cidade, de u graças a Deus pela vitória alcançada; e ordenou que a cruz, penhor da proteção do Céu, atravessa se Roma e fosse arvorada no Capitó li o para anunciar ao mundo o triunfo de um Deus cruc ificado . Com a cruz adornou também o seu diadema, e proibiu desde então que a cru z servi sse de sup lício aos malfe itores.

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vinda do Messias: "Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra" (6, 3).

"Farei nascer de Davi um rebento" O profeta Jeremias prediz mais claramente o futuro Salvador como sendo da raça de Davi : "E nesses dias e nesses tempos farei nascer de Davi um rebento justo que exercerá o direito e a eqüidade na terra. Naqueles dias e naqueles tempos viverá Jerusalém em segurança e será chamada Javé-nossa-justiça " (33, 15-16). Em outra passagem acrescenta: "Dias virão - oráculo do Senhor - em CATOLICISMO

que/arei brotar de Davi um rebento justo que será rei e governará com sabedoria e exercerá na terra o direito e a eqüidade" (23, 5). Ele será um bem-amado de Deus e a Ele terá ace so: " Um dentre eles será o chef e, e do meio deles sairá seu soberano. Mandarei buscá-lo, e perante mim terá acesso, porque ne;,hum homem se arriscaria a aproximar-se de mim - oráculo do Senhor" (30, 21).

"Voz que clama 110 deserto " São João Batista, o Precursor, foi profetizado por Isaías, que diz : "Uma voz exclama: Abri no deserto um caminho para o Senhor, traçai reta na estepe uma pista para nosso Deus. Que todo vale

seja aterrado, que toda montanha e colina sejam abaixadas: que os cimos sejam aplainados, que as escarpas sejam niveladas! Então a glória do Senhor manifestar-se-á; todas as criaturas juntas apreciarão o esplendor, porque a boca do Senhor o prometeu " (40, 3-5). A aplicação desse texto ao Precursor é confirmada por São Marcos (1, 2). O profeta Malaquias também previu a vinda do Precursor e do Salvador: "Vou mandar o meu mensageiro para preparar o meu caminho" (3, 1), o que é confirmado por São Lucas no seu Evangelho (7, 27, 1) como referindo-se a São João Batista. O próprio Nosso Senhor (Mt 11, 10) aplica o texto a si e ao Batista. Na continuação do versículo acima, Malaquias fala mais especificamente da vinda de Nosso Senhor, e apresenta também alguns de seus predicados: "E imediatamente virá ao seu templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem - diz o Senhor dos exércitos. Quem estará seguro no dia de sua vinda? Quem poderá resistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do fundidor, como a lixívia dos lavadeiros. Sentar-se-á para fundir e purificar a prata; purificará os filhos de Levi e os refinará, como se refinam o ouro e a prata; então eles serão para o Senhor aqueles que apresentarão as ofertas como convém" (3 , 1-4). São Marcos, no início do seu Evange lho ( 1, 3), ap l.ica ao Precursor e ao Redentor tanto a passagem acima como a de Isaías (40, 3). O profeta Malaquias declara que o Messias que virá é o escolhido, o ungido de Deus: "O Senhor chamou-me desde meu nascimento; ainda no seio de minha mãe, ele pronunciou meu nome. Tornou minha boca semelhante a uma espada afiada, cobriu-me com a sombra de sua mão. Fez de mim uma flecha penetrante, guardou-me na sua aljava. E disse-me: Tu és meu servo (Israel), em quem me rejubilarei. E eu dizia a mim mesmo: Foi em vão que padeci, foi em vão que gastei minhas forças. Todavia, meu direito estava nas mãos do Senhor; e no meu Deus estava depositada a minha recompensa. E agora o Senhor fala, ele que me formou desde meu nascimento para ser seu Servo, para trazer-

lhe de volta Jacó e reunir-lhe Israel (porque o Senhor f ez-me esta honra, e meu Deus tornou-se minha força). Disse-me: Não basta que sejas meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel; vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins do mundo " (49, 1 a 6). E mais adiante: "Eis que meu Servo prosperará, crescerá, elevar-se-á, será exaltado " (52, 13); "Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixouse colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados " (53, 12).

co de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor" (11, 1-2). Ele acrescenta: "Seu império será grande e a paz sem fim sobre o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre" (9, 6-7) . O profeta confirma também que o Messias seria da casa de Davi: "O trono se consolidará pela bondade; nele sentará constantemente, na casa de Davi, um juiz amante do direito e zeloso dajustiça " (16, 5). Em outra passagem Isaías põe nova ênfase na divindade do futuro Messias,

chamando-o Deu s Forte e Pai eterno : "Porque um menino nos nasceu, um/ilho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz " (9, 5). Quer dizer, aquele que ele chama de Emanuel, ou Deus conosco, é ta mbém o Deus forte , o Príncipe da Paz. Ou seja, Nosso Senhor Jesus Cristo. O "Evangelista do Antigo Testamento" expõe mai s algun s traços do futuro Messias: "Sua alegria se encontrará no temor ao Senhor. Ele não julgará pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir dizer; mas julgará osfrac'os com eqüidade, fará justiça aos pobres da terra, ferirá o homem impetuoso com uma sen-

De Belém sairá para mim aquele que é c/1ama,10 a governai· É o profeta Miquéias quem indica o lugar do na cimento do "Esperado das Nações": "Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel" (5, l). São Mateu s (2, 6) cita este versículo de Miquéias, confirmando referir- se ao local do nasc imento de Nosso Senhor. Miquéias, no versículo seguinte do mesmo capítulo, faze ndo alusão a Isaías (VII, 14), diz a respeito de Nossa Senhora: "Por isso (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz" .

"Uma v/r.e1em co11ceberá

e dará à luz "

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Isaías foi o profeta que predisse com mais preci são e detalhes a vinda -~ do Salvador e sua Paixão. Por isso é ü; chamado o "Evangelista do Antigo Testamento". Refere-se à Virgem-Mãe: "Por isso, o próprio Senhor vos dará ~ um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho , e o chamará Emanuel, Deus Conosco " (7 , J 4 ). São Mateu s (J, 22) , conrirma que esse tex- i ~ to se refere a Nosso Se nhor: "Tudo isto ~ aconteceu para que se cumprisse o que ·5.g o Senhor falou pelo profeta " - e cita 1 a passagem me ncionada. Em outra pa agem o profeta Isaías alude também ao nascimento do Messi- ~ ~ as prometido: "Um broto sairá do tron- se

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Egito, de onde voltará - como predisse o profeta Oséias - quando Herodes tiver falecido: "Do Egito chamei meu filho" ( Ll , 1). Mai s tarde, em sua pregação, o divino Pastor apascenta suas ovelhas: "E vós,

minhas ovelhas, vós sois homens, o rebanho que apascento. E eu, eu sou o vosso Deus - oráculo do Senhor Javé", como di z o profeta Ezequiel (34, 31). Alé m de seus divinos ensinamentos, Nosso Senhor fez muitos milagres em sua vida pública: "Eu, o Senhor, cha-

mei-te realmente, eu te segurei pela mão, eu te formei e designei para ser a aliança com os povos, a luz das nações; para abrir os olhos aos cegos, para tirar do cárcere os prisioneiros, e da prisão aqueles que vivem nas trevas " (Is 42, 6-7). "Surdos, ouvi, cegos, olhai e vede! " (Id. 18). Apesar disso, E le será motivo de escânda lo para os judeus: "Ele será a pe-

dra de escândalo e a pedra de tropeço para as duas casas de Israel, o laço e a cilada para os habitantes de Jerusalém" (Is 8, 14).

"O teu rei vem a ti mo11tado 11um jumento "

tença de sua boca, e com o sopro dos seus lábios fará morrer o ímpio; [. ..] aterra estará cheia de ciência do Senho,; assim como as águas recobrem o fitndo do mar" (l l , 3 e 9). E le afirma que o futuro Messias é o nosso Re i: "Teu Deus reina!" (52, 7), e é o Salvador ou "Braço Santo" de Deus: " O Senhor descobre seu braço santo aos olhares das nações, e todos os confin s tia terra verão o triunfo de nosso Deus" (ld. LO). É também o Redentor: "Teu Redentor é o Santo de Israel: chama-se o Deus de toda a terra " (54, 5).

fá-la- ei correr sobre a terra árida, derramarei meu espírito sobre tua posteridade, e minha bênção sobre teus rebentos. Crescerão como a vegetação irrigada, corno os álarnos à beira dos arroios" (44, 3-4). "Ele dominará de um ao outro mat; desde o grande rio até os confins da terra " (Sl 71 , 8).

Seu reinado será cheio das bênçãos do Senhor: "Até que sobre nós se derrame o

rá-lo, hão de servi-lo todas as nações " (SI 71 , 11 ). I aías fa la também deles, dizendo: "Virão todos de Sabá, trazendo ouro e incenso , e publicando os louvores do Senhor" (60, 6).

espírito do alto, então o deserto se mudará em vergel, e o vergel tomará o aspecto de uma floresta" (32, 15). Com a vinda do Messias, tudo será mudado: "Porque derramarei água sobre o solo sequioso, -

CATOLICISMO

"Todos os rnis J1ão de a,Jorá-Io" A adoração dos Santos Reis fo i também, de certo modo, prevista por Davi , que afirma: "Todos os reis hão de ado-

M as o infa nte Menino terá que fugir da sanha de Herodes. Irá para a terra do

Considere mos agora as profecias sobre a Paixão e M orte de N osso Senho r Jesus C ri sto. São os Salmos e o profeta Isaías que no- las descrevem com palavras cada qua l mais bela e da mais pungente poesia. O escribas, os fari seus e os prínc ipe dos sacerd otes urdi a m uma trama para conde nar Jesus : "Erguem-se, jun-

tos, os reis da terra, e os príncipes se unem para conspirar contra o Senhor e contra seu Cristo " (S I 2, 2). Entretanto, entrando em Jerusalém no Do m.ingo de Ramos, o divino Redentor foi aclam ado, co mo prev ira Jeremias:

"Exulta de alegria, .filha de Sião, solta gritos de j úbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de umajumenta " (9, 9).

posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada ", nos di z Isaías (53, 10). Desse modo, "ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens e intercedendo pelos culpados " (Id. 12). J á na noite da Qu.inta-feira Santa, Judas trai, entregando o Salvador a seus inimigos: "Até o próprio amigo em que

eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra mim o calcanhar ", diz Davi (SI 40, 10). Judas vendeu o Justo: "Eu disse- lhes: Dai-me o meu salário, se o julgais bem, ou então retende-o! Eles pagaram-me apenas trinta moedas de prata pelo meu salário" (Zc 11 , 12). Caia so bre o ma ldito a desgraça:

"Seja devastada a sua morada, não haja quem habite em suas tendas " (SI 68, 26), e "sejam abreviados os seus dias, tome outro o seu lugar" ( 108, 8). São Pedro

nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades ; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignouse; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. Por um iníquo julgamento foi arrebatado . Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo ?" (Id . 4-8).

que te fiz, ou em que te contristei ? Responde-me " (6, 3). Os lmpro/,érios cons-

O profeta Jeremias, quando persegui-

tituem uma rememoração dos inúmeros

do, é também prefigura de Nosso Senhor:

"E eu, qual manso cordeiro conduzido à matança, ignorava as maquinações tramadas contra mim: destruamos a árvore em seu vigor. Arranquemo-la da terra dos vivos, e que seu nome caia no esquecimento " (11, 19).

"Povo me11, que te fiz, em que te co11trlstei?"

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A liturgia da Sexta-Feira Santa põe nos láb ios do Redentor a doce lamentação dos Impropérios, tirados das pa lavras do profeta Miqué ias: "Povo meu,

"Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta" (Jer 9, 9)

faz a aplicação des tes doi s versículos ao traidor (Atos 1, 16 ss). Diante de seus algozes, N osso Senhor entrega- ·e como vítima, di sposto a sofrer todos os desprezos , todas as ignomínias: "Aos que me feriam, apresentei

as espáduas, e as faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos ultrajes e dos escarros " (Ts 1, 6). "Eis o que diz o Senhor, o Redentor, o Santo de Israel, ao objeto de desprew dos homens e de horror das nações, ao escravo dos tiranos" (Is 49, 7). Flagelado, coroado de espinhos, Nosso Se nhor "tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana " (Is 52, 14). Apresentado por Pilatos à ralé, no Ecce Homo: " Era desprezado, era a

escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos ; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele" (Is 53, 3)

"Foi casUga<lo 11or IIOSSOS crimes"

"Tomou sobc·c si os pecados dos J10mc11s"

E o profeta contin ua mo trando que o Cordeiro ele Deu s tu lo sofreu para no remir: "Em verdacf,, ele tomou sobre si nossas enfermilla.de.~, e carregou os

"Mas aprouve ao Senhor esmagálo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacr(f'ício expiatório, terá uma

nossos sofrimentos : , nós o reputávamos como um. castigadoJerido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por SETEMBRO 2010 -


me que se contorce: "Eu, porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe" (21, 7) . "Desde a planta dos pés até o alto da cabeça, não há nele coisa sã. Tudo é uma ferida, uma contusão, uma chaga viva, que não foi nem curada, nem ligada, nem suavizada com óleo", acrescenta o profeta Isaías ( 1, 6). Isaías fa la també m da hum ilhação do Salvador ao ser crucificado entre ladrões:

" Foi-lhe dada sepultura ao lado defacínoras, e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca tenha havido mentira" (53 , 9- LJ ). O L ivro da Sabedoria traz algumas elas imprecações cios fariseus ao Divino C rucificado: "Se ojusto éjilho de Deus,

Deus o defenderá, e o tirará das ,nãos dos seus adversários. Provemo-lo por ultrajes e torturas, a jim de conhecer a sua doçura e esta rm.os cientes de sua paciência. Condenemo-lo a uma morte infame. Porque, conforme ele, Deus deve intervir" (2, 18-20). No momento ele expirar, o Redentor exclama: Pai, "em vossas mãos entrego meu espírito" (S I 30 , 60). benefícios de Deus ao povo eleito, e de suas contínuas ingratidões. Por exemplo:

" Fiz-te sair do Egito, li vrei-te da escravidão" (5, 4) , e por isso preparaste urna cruz ao teu Sa lvador. "Eu que te havia plantado de vides escolhidas, todas de boa cepa; corno te transformaste em sarmentos bastardos de uma videira estranha ?" - diz o profeta Jere mias (2, 2L).

"1'raspassaram 111i11has mãos e meus pés" No Salmo 2 1, o rei-profeta Davi também descreve com pungente liri smo alguns dos sofrimentos do Salvado r no alto da cru z, principalme nte seu abandono:

"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes ? E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos?" (21 , 2). Nesse aba ndo no, a nimais furiosos, que simboli zam seus carrascos, prec ipi tam-se sobre Ele: " Cercam-me tou-

ros numerosos, rodeiam-me touros de Basã; contra mim eles abrem suas fauces, corno o leão que ruge e arrebata". Retalhado pe lo flagelo e moído ao peso

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CATOLIC ISMO

da cruz: " Derramo-me corno água, to-

dos os meus ossos se desconjuntam ; meu coração tornou-se corno cera, e derretese nas minhas entranhas " ( J3-J5). Enfim, ei-Lo pregado à cruz: "Traspassaram minhas mãos e meus pés: poderia contar todos os meus ossos " ( J 7-

Resswreição e expansão da Igreja Mas, como di z São Paul o, entregando-se à morte o Mess ias de veria ressuscitar: "Se Cristo não ressuscitou, é vã a

nossa pregação, e também é vã a vossa fé " (I Cor J5, 14). É o que faz ele certo

L8). O profeta Zacarias també m predi sse as c hagas elas mãos cio Redentor :

modo o real profeta dizer a Nosso Senhor: " Porque vós não abandonareis

"Que ferimentos são esses em tuas mãos ? São ferimentos que recebi na casa de meus amigos, responderá ele"

minha alma na habitação dos mortos, nem permitireis que vosso Santo conheça a corrupção " (S I 15, LO). Pe lo con-

( L3, 6). Urna sede avassa ladora O devora:

trário, E le ressusc itou cios mortos e subiu aos céus por sua força e poder. Pe lo que o sa lmi sta exclama com jubilo: "Le-

"Minha garganta está seca qual barro cozido , pega-se no paladar a minha lín·gua: vós me reduzistes ao pó da morte" (S I 2 1, 16). Para o dessedentar, dão-L he por irrisão fel e vinagre: "Puseram fel

no meu alimento, na minha sede deramme vinagre para beber" (68, 22). Enquanto isso seus verdugos "repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica" (21 , L9). No a lto da cruz, sob a ação da dor atroz, o divino Salvador é como um ver-

vantai, ó portas, os vossos batentes! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da glória! Quem é este Rei da glória ? É o Senhor forte e poderoso, o Senhor JJoderoso na batalha. Levctntai, ó portas, os vossos batentes! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da glória! Quem é este Rei da glória? É o Senhor dos exércitos! É ele o Rei da glória " (S I 23, 7- 1O). Ressu scitado, o Mess ias começa seu

apostolado entre as nações por meio ele sua Igreja: "Eis meu Servo que eu am-

dos; louvarão o Senhor aqueles que o procuram: Vivam para sempre os nossos corações. Hão de se lembrar do Senhor e a ele se converter todos os povos da terra ; e diante dele se prostrarão todas as famílias das nações, porque a realeza pertence ao Senhor, e ele impera sobre as nações. Todos os que dormem no seio da terra o adorarão; diante dele se prostrarão os que retornam ao pó. Para ele viverá a minha alma, há de servi-lo minha descendência. Ela falará do Senhor às gerações futura s e proclamará sua justiça ao povo que vai nascer - eis o que fez o Senhor" (27 a 3 J). 5 •

paro, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar sobre ele meu espírito, para que leve às nações a verdadeira religião . Ele não grita, nunca eleva a voz, não clama nas ruas. Não quebrará o caniço rachado, não extinguirá a mecha que ainda fumega . Anunciará com toda a franqueza a verdadeira religião ; não desanimará, nem desfalece rá, até que tenha estabelecido a verdadeira religião sobre a terra, e até que as ilhas desejem seus ensinamentos " (Is 42, 1-4). São Mateus fala desta profec ia como c umprida por Nosso Senhor Jesus Cristo ( 12, 17 ss). Depoi ele ter anunci ado a vinda cio Messias, dis e o profeta Malaquias: "E

E-ma il cio autor: p111so li 111co @cato li cis mo.co rn .br

imediatamente virá ao seu templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais ", 1e "sentar-se-á para fundir e purificar a prata; purificará os filhos de Levi e os refinará, como se refinam o ouro e a prata; então eles serão para o Senhor aqueles que apresentarão as ofertas como convém. E a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora" (3 , 1-3-4). Muitos

Notas : 1. Apucl Fr. Ju sto Perez ele Urbe!, O.S.B., Afio Cristiano, Ecliciones Fax, Maclri, 1945, tomo lll, p. 6 14. 2. J. Lebreton , Les origines du dogme de la Trinité, 4'. Ecl., Pru-is, 19 19, p. 124, in A. Thouvenin, verbete J és us Christe, Dictionnaire ele Théo logie Catho lique, Librairie Letouzey et Ané, Paris, 1924, tomo Vlll , cols. 1110 e ss. 3. Utilizamos para os textos bíblicos a Bíblia Boa Nova online. Os negritos são nossos. 4. Pe. Matos Soares, Bíblia Sagrada, Ed ições Pa ulin as, São Paulo, 1980, p. 28, nota aos versículos 14 e 15 cio Gênesis. 5. Outras obras consultadas: - Walte r Drum, The lncarnation, The Catho li c Encyc lopeclia, CD-rom ecl ition. - P.J . Morr isroe, lmprope ria , The Catho li c Encyc lopecl ia, CD-rom eclition. - L . W . Geclcle s, Messiah, The Cathol ic Encyclopeclia, CD-rom ecli tion. - W a lt er Drum , Psalms, The Catho li c Encyclopeclia, CD-rom eclition.

"E virei para reunir os homens de todas as na~ões e de todas as línguas; todos virão e verão minha glória" (Is 66, 18)

afirma m qu e o profeta neste último trecho se re fere à Santa Missa. O mesmo profeta acrescenta, nesse sentido : "Do

nascente ao poente, meu nome é grande entre as nações e em todo lugar se oferecem ao meu nome o incenso, sacrifícios e oblações puras. Sim, grande é o meu. no111 , entre as nações - diz o Senhor dos exér itos" ( 1, 1 L) . A isso se pode ac rcsccnLar o que di z o profeta Isaías: "Eu os ·011du zirei ao meu monte

santo e os ·1,1111,t!arei de alegria na minha casa de oração; seus holocaustos e sacrifícios serão aceitos sobre meu altar, po is minha casa chamar-se-á Casa de Orações para todos os povos " (56, 7).

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Outra passa rn de lsaía parece re- ,g feri r -se à universalidade da lgreja: "E .g V)

virei para reunir os homens de todas as nações e de todas a.~ línguas ; rodos virão e verão 111i11ha glória " (66, 18). ~ E nfim Davi , na última parte do sa lmo 21, traça os resultados glo riosos ela hu1nilhação e dos so fri111 ntos do Messias : "Os pobres comerão e serão sacia-

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Santa Catarina de Gênova O poder incomensurável da graça de Deus F avorecida por uma das mais cxLraordinárias operações de Deus na alma humana, sua vonLade como que se transformou na vontade do Criador □ PLINIO M ARIA SOLIMEO

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célebre família F ieschi, de Gênova, deu à Igreja dois Papas, nove cardeais e dois arcebispos, e à pátria muitos magistrados e aguerridos capitães. Santa Catarin a nasceu dessa fa mília no ano de 1447. Seus pai s eram fervoro os católicos e a educaram no santo temor de Deus. Desde pequena Catarina foi objeto de copiosas bênçãos do Céu, entre estas a de receber aos oito a nos de idade um dom particular de oração e união com Deus. Aos 12, começou a renunciar inteiramente à sua vontade

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CATOLICISMO

para ó fazer a do Divino Redentor, e consagrou-se com afin co às coisas espirituais , meditando continuamente na sa ntíss ima Paixão de Nosso Senhor. Quis consagrar-se a Deus num claustro, quando tinha 13 anos, mas não foi admitida devido à idade insuficiente. Nessa época, Gênova era teatro de sangrentas guerras entre gue/fos (partidários do poder temporal dos Papas) e gibelinos (defendiam o poder do Imperador). O duque de Milão, aproveitando-se do estado anárq uico de Gênova, apoderou-se da cidade. Com o estabe lecime nto da paz e da tran-

qüilidade, as desavenças entre as famíli as rivais foram também se acalmando. Duas fa mílias nessas condições eram a dos Fieschi e a dos Adorno. Para cimentar urna reconciliação entre elas, foi concertado o casamento de Catarina Fieschi, então com 16 anos, com Julião Adorno. Corno em tudo via a mão de Deus, Catarina aceitou essa situação tão contrária aos seus desejos. O casamento não foi fe liz, poi s Julião era de temperamento colérico, volúvel e extravagante. Ao contrário de Catarina, amava as pompas e vaidades do século, o luxo, os prazeres. Com isso, concebeu verdade ira aversão à esposa, despreza ndo-a e ultrajando-a de muito modos. Agravava essa situação o fato de ser ele um jogador contum az, que dilapidava no jogo não só sua fortuna, mas também o dote de Catarina. Aos poucos a famíli a fo i ca indo na pobreza. Ape ar de tudo, Catarina era-lhe int iramente submi ssa e procurava, pela paciê ncia e virtude, conqui ·tá-lo para Deus. Desa mparada humaname nte, parecia que Deu s Nosso Senhor deixara a p br atarina entregue à sua pró pri as rle pelo espaço de cinco anos. s parente , vendo-a tão maltratada e provada, in sistiram com e la 1nra di trair-se e retomar a vida so ial, o que a levou a trocar visit as ·om senhoras de sua categori a rreqüentar diversões e festa8 d' s u círculo, tudo com muit a mo l ·ração. Mas essas iniciativas, ao in v <s de saciar seu coração, comuni ·a va m-lhe espantoso vazio, situ a ·1 o 1u durou outros cinco ano .

Deus JJWStm (fllliO gra11dc é ~,w homladc Foi e nlfío qu ' sua irm ã monja aconselhou-a a ·onsullar o con fessor de seu conv nt o, hom m piedoso e experiente na vida ·spiritual. No dia de São Bento do fino d 1473, ao 26

anos, ela procurou aquele sacerdote; e narrou depoi s que, tão logo se pôs de joe lhos no confessionário, ''foi obj eto de uma das mais extraordinárias operações de Deus na alma humana, de que tenhamos notícia. O resultado foi um maravilhoso estado de alma que durou até sua morte. Nesse estado ela recebeu admiráveis revelações, às quais às vezes se referiu aos que a rodeavam, e que estão sobretudo incorporadas em suas duas

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Tratado sobre o Purgatório, edição em inglês

celebradas obras - os Diálogos da Alma e cio Corpo e o Tratado sobre o Purgató rio " . 1 Um de seus biógrafos assim descreve essa graça: "O Senhor dignouse iluminar sua mente com um raio tão claro e penetrante de sua divina luz, e acender em seu coração uma chama tão ardente de seu divino amor, que ela viu em um momento, e conheceu com muita clareza, quão grande é a bondade de Deus, que merece infi-

nito amor; além disso, viu quão grande é a malícia e perversidade do pecado e da ofensa a Deus, quaisquer que sejam, mesmo ligeiros e veniais". 2 Nesse momento Catarina sentiu excitar-se em seµ coração uma contrição muito viva por seus pecados; e um amor tão grande a Deus, que colocou-a fora de si. Exclamava: "Amor meu, nunca mais hei de ofender-te! ". Essa chama ardente consumia seu coração e a levava a um desejo insaciável da santa comunhão. Por isso obteve a graça, raríssima para aquele tempo, de poder comungar diariamente. Sentia-se tão fortificada com o pão do anjos, que chegava a passar os 40 di as da Quaresma e os do Advento sem tomar outro alimento além de um copo de água mi sturada com vi nagre e sal. Para que seu corpo e sentidos estivessem sujeitos e obedientes ao divino amor que a consumia, praticava extremas austeridades. Mal dormia sobre uma enxerga, tendo um pedaço ele madeira como travesseiro. Disciplinava-se até o sangue, usava cilícios, e proibiu sua língua de proferir qualquer palavra inútil. Rezava diariamente, de joe lhos, dw·ante sete a oito horas. Nosso Senhor Jesus Cristo lhe apareceu com sua cruz, red uzido ao último estado de sofrimento e irrisão. Imprimiu-se tão profundamente na sua alma a imagem sofredora do Rede ntor, que ela chorava freqüentemente ao considerar a monstruosa ingratidão dos homens depois do inestimável benefício da Redenção.

Pela fervornsa oração, converte o mal'ido À força ele orações, pac1encia e submissão, Catarina conseguiu converter o marido, que concordou em viver com ela como irmão e secundar suas boas obras. Mudaram-se em 1482 para urna casa contígua a um hospital, no qu al ambos cuidavam dos enfer-

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Corpo incorrupto de Santa Catarina na catedral de Gênova

mos. iulião entrou para a Ordem Terceira de São Francisco, e depoi s de penosa enfermidade, tendo recebido todos os socorros da Santa Madre Igreja, entregou sua alma a Deus em 1497. Catarina viveu ainda 13 anos, que empregou em orações e obras de mi sericórdia. Para isso entrou numa associação religiosa, a Sociedade da Misericórdia, constituída pelos mais distintos habitantes da cidade e por oito damas escolhidas entre as mais nobres e ricas de Gênova, com o fim de socorrer os pobres. Catarina ficou encarregada de distribuir as esmolas que a associação angariava. Socorria de preferência os leprosos ou portadores de úlceras gang re nosas, e procurava-lhes habitação, cama, roupa e alimento. Muitas vezes ia às suas casas para lhes prestar os mai humildes ofícios. À força de ato heróicos, conseguiu dominar a repugnância natural a essa hedionda ruína do corpo humano, de maneira a poder cuidar pessoalmente das chagas mais repugnantes. Sua dedicação inspirou aos admini stradores do grande hospital Pammatone, de Gênova, entregarlhe a administração. Catarina dele se ocupou o resto de sua vida. Essa atividade, porém, em nada a impe-

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dia de manter seu coração constantemente unido a Deus. Nove anos antes de sua morte, foi atacada por uma doença que durou até seu último suspiro. Os melhores médicos da Itália, sendo homens de fé, declararam que a enfermidade não tinha causa natural, que sua origem era sobrenatural , e que não havia remédio para ela. Freqüentemente deixava-a a dois passos da mo1te, sofrendo convulsões que a levavam a soltar gritos de dor e faziam tremer os que a viam.

Autora de um tratado sobre o Purgatório As duas obras de grande valor teológico que Catarina deixou foram escritas por obediência a seu confessor. Contêm doutrina muito profund a e inteiramente conforme às verdades de fé. No eus Diálogos da Al,na e do Corpo, descreve o e fe ito · pode roso do amor divino em uma alma e a doce e . uave alegria que freq üe nte mente o aco mpanha m. T ão constante era o seu contacto com as almas do Purgatório, que seu escrito sobre esse lugar de expiação lhe valeu o título de Doutora do Purgatório. Faleceu em Gênova co m 63 anos, a 15 de setembro de 151 O.

Seu corpo foi sepultado na capela do hospital , onde permaneceu 18 meses. Descobriram então um fi lete de água que passava sob a pared e cio local e m qu e es tava o túmulo. Este foi aberto, e o caixão e ncontrado em condição deplorável. Entretanto, o corpo estava perfeitamente in corrupto . Nos anos 1551, 1593 e 1642 o sarcófago foi sucessivamente removido para outros lugares. Em 1694, ainda incorrupto, foi colocado num escrínio de prata ornado de cristais, sob o altar-mor da igreja eri gida em sua honra no bairro de Portaria, e m Gênova, a fim de ser vi sto e venerado por todos. O corpo incorrupto de Catarina foi examinado cuidadosamente por peritos em 1837 e 1960. O médi co-chefe desta última eq uipe afirmou: "A conservação é verdadeiramente excepcional e surpreendente, e merece um.a análise da causa . A su rpresa dos fiéis é justificada quando atribuem. a isso uma causa sobrenatural ". 3 • E-mai I para o autor: cato licismo @1erra.co 111 .br

Notas: 1. F. M . Capes, Saint Catherine of Genoa , in The Catholi c ncyc lopedi a, On lin e Editi on opy ri ghl © 2003 by Kevin Knight, www .N cwA cl venl. org 2. Edelvivcs, Santa Catalina de Genova, in EI Sanl de ada Dia, Editorial Luis Vives, S.A ., Sa ragoça, 1955, tomo V ,

p. 153. 3. Joa n Ca rro ll C ru z, Saint Catherine of Ge noa , in Th e ln corr upti bles, Tan Books anel Publi shers, lnc., Rockford, USA, 1977, p. 160.

Outras obras consultadas: - Les Petits Bollancli sles, Sa inte Cathérine Fieschi de Gênes, Veuve, in Vies des Sa ints, B loucl et Barrai , Pari s, 1882, tomo XI, pp. 103 e ss. - Pe. Ju an C roi sse t, Santa Catalina de Genova , in Afio Cri sti ano, Saturnin o Ca lleja, Maclri , 190 1, tomo Ili , pp. 828 e ss. - Pe. José Leite, S.J ., Santa Cata rina de Gênova , in Sa ntos ele Cada Dia, Editorial A.O. , Braga, 1987, pp. 78 e ss.

Da Europa cristã à blasfêmia diabólica

A

E uro pa, ou é cristã ou não é E uropa. Nascida no seio da Igreja Católi ca após as invasões bárbara que devastaram o Impéri o Romano, deram-lhe vida e forma grandes santo , im peradores e re is. São Bento, São Columbano, Carlos M ag no, São Luís IX e tantos outros form aram a alma cios povos uropeus. A mútua colaboração entre Igreja e Estado fez a gra ndeza el a Europa. A uni ão ci os poderes espiritual e te mpora l foi comemorada numa expos ição c m Ro ma, no fa moso Palácio Veneza, de 8 de outubro ele 2009 a 3 l de j aneiro ele 201 O. Sob o título O Poder e a Graça - Os santos padroeiros da Europa , apresento u mais d cem obras ele arti stas famosos, provenientes dos maiores museus da E uropa, proporcionando "uma verdadeira viagem no 1e111po, na cultura e na história social e política do Ocidente". P as sa ndo- se "na fronL eira que liga fé e beleza, visível e invisível, espiritual e temporal " , os mapas med ievai s, as pinturas sacras, as coroas prec iosa s, os manu scr itos com iluminuras, tudo punh a e m re le vo a hi stória católica cios povos europeu s, as co nversões, as pe rsegu içõe , os bat ismos, as batalha . O Co rre io ita liano la nço u na oca s ião um se lo co me mo rativo co m os santos padro ·iros da Europa: São Bento, Sa ntos C iri lo e Metód io, anl u Brígida el a Suécia, Santa Catarina ele Siena e Santa Ter sa B •n ·dita ela C ruz (foto acima) . Este é um passado luminoso, qu ' mui tos adm ira m e ve neram. *

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Nosso Senhor dilacerado por três abutres, obra de um tal Giuseppe Colin, abre a exposição, que bem merece o qualificativo de diabólica. Um dos abutres, assentado sobre o braço dire ito do Crucificado, procura comer-lhe o olho esquerdo. Outro ceva-se na chaga do lad o. E um terceiro parece digerir um pedaço ela carne sagrada, enquanto rasga com suas garras o braço esquerdo. Ao fundo, envolta numa escuridão tétrica, aparece a igreja de São Pedro, no Vaticano (foto abaixo). A exposição foi inaugurada po r Dom Pasquale Jacoboni , encarregado do Departamento de Arte e Fé do Pontifício Conselho para a Cultura, do Vatica no, e teve o patrocínio da Pontifícia Accademia dei Virtuosi al Pantheon, da Santa Sé. Contra a figura sagrada do Sal.vador, lança-se agora o demônio, como a externar seu ódio pela mag nífica civili zação cató lica que Ele gerou. •

*

No e ntanto, ·uda dia mai s se procura apagar esse passado glorioso, e por isso il Virgem chora. Exemplo característico é "uma exposic< o 11w 11strtwsa com aprovação da Pontifkia Academia dos lirti.1·tas, 1/0 Pantheon ", apresentada no Museu Crocetti , cm Rom :1, c m j unho últi mo ("Fides et Forma": http:/ /ficlesetform a.blo •spot. ·om/20 10/06/un a- mostra-mostruosaco l-pl acet-dcl la.ht m 1).

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Graves contradições do movimento homossexual No1s< Congresso Mundial sobre a aids, em Viena, maciça presença 1

de organizações homossexuais, ausência de personalidades políticas e crescente distanciamento do público !] CARLOS EDUARDO SCHAFFER

Correspondente - Áustria

Viena -

O grande baile (Life Ball) na praça di ante da prefeitura de Viena, no sábado 1.7 de julho, marcou a abertu ra do 18º Congresso-AIDS. De le participaram o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, o bilionário Bill Gates, a vistosa princesa Mette-Marit, esposa do príncipe herdeiro da Noruega, a atri z Whoo-

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pi Goldberg (ganhadora do Oscar) e Auma Obama, meia-irmã cio pres idente Barack Obama, além ele cozinheiros e modi stas ele renome, cienti stas premi ados e outras personalidades - em suma, gente que não está à procura ele votos. Ausentes os políticos europeus. O pro palado ativ ista ho mossex ual Gery Keszler organi za anualmente o Life Ball. Trata-se de um espetácul o espalhafatoso destinado a angari ar recursos con-

tra a aids, mas que sobretudo difunde os estil os homossexuais. Os dias anteriores ao evento fora m de muito so l em Viena, mas o serviço meteorológico anunciara temporal para a hora cio baile. Os organi zadores, sem se importar com a previsão, não tomaram medid as para a eventualidade de chuva. E ela caiu vio lenta, com ventos e trovões. Todo aquele aparato de personalidades desapareceu, buscando re-

fú gio. Sob maquiagens escorridas e penteados que se desfaziam, e n. opavam-se trajes dispendi osos. O fat nem sequer mereceri a ser narrado, se nã fo e simbólico do estado psicológico dos participantes cio congresso-aid : de clém da previsão e menosprezo da di sciplin a. No di a seguinte iniciou- se o congresso. Presentes 25 mil es pec ia li stas em aids, ati vistas do movimento homos exual, aidéticos, militantes de esquerda. O lema do congresso - Direitos aqui e j á - é revelador da trípli ce vantagem visada pelos ativi stas: identificar o aidético como vítima ma rginalizada; tratamento mai eficaz contra o v írus da aids; e sobretudo ma is dinheiro. Na fa lta de verbas para combater a ai ds, o movimento homossex ual reiv indica vantagens em nome dos direitos humanos. Para esse

fim, cria-se propos italmente uma confusão entre aidéticos e homossex uais.

Direitos humanos, o último dos argumentos Gery Keszler e Anni e Lenn ox pu xaram um grupelho de fo li ões, composto obretudo de ativi stas homossexuais vindos de vári os países, autodenomin ado Marcha pelos Direitos Humanos. Keszler foi orador ao fin al da marcha: "Estigmatizar e discriminar infri nge os direitos humanos", foi seu tema. Falou tam bém Lennox, ex-cantora pop num conjun to inglês, que deixou a contestação política para defender os interesse de andrógin os. Bateu na mes ma tecla: "Enquanto não fa larmos de direitos humanos, o combate à aids não terá sucesso".

Por que falam os ativistas em estigma da aids? Levantamentos realizados entre homossexuais aidéticos revelam a repugnância geral pela doença, até entre os próprios infectados. Uma vez contaminados, se ainda jovens, a grande maiori a ev ita declará-l a aos pais e até mesmo aos irmãos. E stud o rece nte me nte rea li zado pela OGNA-HIV (associação médica austríaca para tratamento de aidéticos) mostra que apenas 33% dos recém-infectados falam ela doença aos irmãos, 25% à mãe e 16% ao pai. Mas o segredo inconfessado e o receio de contaminar a familia causam isolamento. E m que momento revelar o mal? Como fazê-lo? Em algum dia, simplesmente dizer eu sou aidético? O drama que sofrem é doloroso. Os colegas de trabalho, por exemplo, feita a revelação, passam a evitá-lo. Esse sil êncio e essa separação complicam a situação psíquica do enfermo. Para 25% dos contagiados, a pior tortma é a suspeita dos outros que ai nda não conhecem seu estado. Entretanto a tragédia avança. A doença vai se faze ndo notar, ora no rosto, na perda de peso, no cansaço, ora na autosegregação, no comportamento taciturno e timorato. Quase impossível fazer novas ami zades. Certos médicos temem os infectados, po is o ri sco de contágio é grande se os consultórios não estão inteiramente equipados. Sentindo-se outra pessoa, a vítim a se auto-esti g matiza. Mui tas se retiram ela soc iedade. Ademais, como grande número de aidéti cos são homossex uais, sentem-se excluídos da soc iedade na qual perdu ra esta fo rm a de bo m senso que inclui a práti ca ho mossex ual entre os pecados SETEMBRO 2010 -


que bradam aos Céus e clamam a Deus por vingança. A este comportamento, o movimento homossex ual qualifica de discriminação ou homofobia. Exprimindo o consenso do Congresso, Keszler e Lennox referem-se a essa rejeição como um estigma que deve desaparecer, pois infringiria os direitos humanos. E alguns ativistas, che ios de ódio, já começam a exigir repressão contra os que não reconhecem à homossexualidade todos os direitos sociais.

Grupos de risco,

expressão proibida Segundo os congressistas reunidos em Viena, não se deve mais falar em grupos de risco, entre os quais indubitavelmente se incluem os homossexuais. A expressão é agora tachada de discriminatória, devendo ser substituída por comportamento arriscado - aplicável aos que não usam meios para prevenir o contágio em relações sexua is. Mas esses meios são claramente insuficientes e incômodos, e as pessoas dominadas pelo vício passam a abandoná- los. "Os homens que mantêm relações com outros homens incorrem em alto risco de infecção, mas desdenham esse risco ", declara Isabell Eibl, responsável do serv iço de prevenção contra aid em Viena ("Die Presse", 13-7-10). Posição desarrazoada, mas existente, é o desbragamento sexual amortecer o medo da aids e aumentar o desejo das relações arriscadas. E le conduz ao desregramento da razão, e neste caso ambos atentam contra a natureza. Descido o último degrau do vício, chega-se ao abismo da morte. Esse comportamento já tinha sido apontado por Peter-Philipp Schmitt em "FAZ" (1 -12-08): "Um número crescente de homossexuais não vê perigo na aids. Mas, quando infeccionados, se vêem excluídos do convívio, até mesmo outros homossexuais os excluem ". Confessa um homossexual: "Costumo não revelar logo meu problema, pois quero primeiram.ente ser tratado corno um ser humano, e depois como aidético ". As pessoas em geral lamentam o estado em que caiu o aidético, e o movimento homossexual costuma exp lorar esta triste circun stânc ia para induzir a -

CATOLIC ISMO

opinião pública à compaixão não só pelos aidéticos em geral, mas pelos homossexuais em particular. Assim faze ndo, tentam explorar em benefício próprio a boa vontade pública, ainda largamente impregnada da caridade cristã. A compaixão é um nobre sentimento, que leva a aj udar o próximo a livrarse do mal em que ca iu. Mas compactuar com a homossexualidade, ou mesmo tomar uma posição de indiferença em relação a ela, não cabe na verdadeira compaixão. Muito menos se poderia entender como compaixão a concessão às reivindicações do movimento homossexual, o qual considera a homossexualidade um direito humano. Seria compaixão, isto sim, ajudar um homossexual a livrarse de sua tendência, ou ao menos a evitar a prática de atos homossexuais.

Smprnendente omissão da verdadeira solução Em nenhum momento da realização do congresso a imprensa divulgou notícias que tratassem da contenção sexual como meio eficaz de ev itar a aids. Mes·mo da parte de autoridades ec lesiásticas, não houve pronunciamentos nesse sentido - ou se os houve, foram de pouco relevo. Faltaram vozes recordando que o corpo humano é templo do Espírito Santo e não pode ser conspurcado. Podemos imaginar o furor que a alusão a isso provocaria nos participantes do congresso, mas é certo que seria bem recebida pela maioria da população.

Graves contradições do movimento homossexual Ativistas dos direitos humanos aliamse aos homossexuais, mal disfarçando suas intenções de expandir a homossexualidade usando recursos destinados ao combate contra a aids. Certas medidas de proteção de pessoas sadias em contacto com aidéticos são tachadas de discriminação. Por exemplo, eles se opõem a testes preventivos nas prisões, onde o índice de contaminação é elevado. Falando sobre medidas profiláticas nas prisões, afirma Manfred Nowak, diretor do Instituto Boltzmann para os direitos humanos em Viena: "Não, a saúde pública não tem precedência sobre o princípio da discriminação" ("Die Presse", 24-7-10). É também qualificada de discriminatória a proibição de certos países à entrada em seu território de estrangeiro aidéticos. Discriminatória é considerada ainda a obrigação do aidético de revelar seu mal ao ser acolhido num posto de saúde ou hospital. Mas se são discriminatórias estas medidas de bom-senso, visando a restlingir a propagação da doença, de que servem as organizações anti-aids? Outra contradição gritante: essas organizações pedem sempre mai s verbas para multiplicar livros, fo lhetos e centros de informação da juve ntude sobre relações sexua is. Mas a informação dos jovens nessa maté ria é habitualme nte feita ele modo a incitar à prática sexual precoce, o que resulta em expor os joven s à doe nça. O uso de drogas é tido como grande responsável pela propagação da aids. A verdade é um pouco diferente: não é tanto a droga que dissemina o mal, mas sim que, por desordem psíquica, homossexuais procuram a droga. Mesmo assim, o congresso propôs maior liberdade para o uso e o tráfico ele drogas . Não querem q ue sejam considerados crime, e propõem que a venda seja regularizada, como sucede com o álcool e o fumo .

Viver com a infecção até a morte Descoberta há 28 anos, a aids pode hoje não levar rapidamente à morte pelo menos nos países ricos. Mas na África, na Rússia e na Ásia Centra l, esse mal vem faze ndo devastações. Se hoje pode não matar logo, aqueles

Poucas esperanç,as de trat,ame11to

Mão de um doente de aids na África

que a contra ·111 vivem com ela em que condições? ~1id ti ·o pas a a viver em isolamento so ·ial , s •não imediatamente, ao menos depois d ' alguns anos. Os amigos tendem a ahundoná-lo, e outros aidéticos também . /\ 1'0111 lia, sabendo que ele optou por um comport am ·nto rui noso, não quer sacrificar-s · por sua incúria. Alguns •111' •rn1os tomam até 28 comprimidos 110 diu . 1 ·pois ele alguns anos, andam 0111 difi ·uldad · ou usa m cadeira de rodas. A toul ·t · f •ita por enfermei ros, que Ih ·s npl icum injeções e friccionam a pcl ' r ·ssl'quida pe lo excesso de medicam ·ntos. Mos comum encontrar enfermeiros qu ' t ·mcin tratá- los, devido ao m cio d11 rn11tu111in a ão, e sobretudo dentistas r ·rnsum ·Iicntes a idéticos. Evita- e a 11101 tt• im •cli uta, mas o paciente viv m ·studo 111 lrbiclo, à custa de remédios ·uro s, /\ s v ·rba s to rn am-se cada vez mai s i11 suri ·i ·nt s.

"Dinheitv para a vida ", gritavam os ativistas homossexuais no congresso. Clinton tomou a palavra na abettma, referiu-se à situação financeira precária cio movimento anti-aids, e sustentou que os governos não elevem invocar a crise mundial como pretexto para não contribuir. Dirigindo-se aos 25 mil congressistas, a maioria participando com auxílio de verbas governamentais, acenou com esta constatação de fundo emocional: "Muitos países dão muito dinheiro para que muitas pessoas com muitos aviões possam participar de muitos congressos ". Grande número de especialistas presentes manifestava poucas esperanças: aumenta no mundo o número de infectados, e não se tem ao alcance da vi sta uma vacina cont:1·a a aids. O pessimismo domina o meio científico. Cbnton acenou ainda para a necessidade de cont:1·olar os gastos de infraestrutw·a das associações anti-aids.

A opinião pública toma distância Cresce o temor em re lação à aids, donde uma a.versão crescente ela população à homossex ualidade, tida como principal fator da sua expansão. A princesa Mette-Marit mencionou o cansaço crescente da opinião pública sobre o tema aids-homossexualidade. Foi provavel-

mente este o motivo de se tentar retirar do Life Ball, neste ano, a conotação predominantemente homossexual. Cresce o número de novas infecções entre jovens, mas nenhum esforço se faz no sentido de coibir a devastadora prática sexual entre eles, ninguém quer pagar pelas conseqüências da devassidão. Os ativistas insistiam: Dinheiro para a vida. Reivindicam a adoção de um imposto sobre transações fi nanceiras. A sugestão de se procurar donativos privados foi recebida com geral ceticismo. Quem destinará fundos para encobrir males de grupos de risco, que comodamente se entregam a relações arriscadas? Muitos países vêm congelando suas doações, out:1·os as diminuem. Isso explica a ausência dos políticos neste congresso. O "dogma" ela liberdade sex ual tende a levar as pessoas, evidentemente, à fa lta de interesse e de empenho da vontade para se coibir ou se prevenir. Cada um acha que a ele o mal não atacará. Uma vez infectado, tem dificuldade em tomar os medicamentos, cuja prescrição é severa, exigindo dele uma grande disciplina que ele já demonstrou não ter. Além disso, logo que notam os primeiros resultados da terapia, recaem na vida desregrada sem prevenções. Os ativistas homossexuais no congresso não o usaram utili zar sua arma psicológica preferida contra a população: a palavra homofobia. Ela visa inibir o bom senso dos que, em razão de princípios morais ou outros, recusam a homossexualidade. O movimento está dominado pela insegurança. Seus adeptos parecem preferir conqu istar a compaixão a combater os opositores. Mesmo os políticos, seus maiores aliados, agora tomam distância, por receio de perder votos. Até hoje a aids matou 25 milhões de pessoas, e 60 milhões são portadores. Espera-se uma nova onda de contaminações da qual não se pode duvidar, tendo em vista as condições de indisciplina corporal dos grupos de risco. " É preciso não desistir, manter a esperança, vamos continuar" - diziam certo congressistas a.o partir. Entretanto, na grande sala cio congresso, o estado psicológico era de a.batimento. • E-mai I do autor: catol icismo@ terra. com.br

SETEMBRO 2010 -


receram-lhe de novo e a levaram para o alto do monte Pellegrino, onde viveu na contemplação e penitência durante os 16 anos que lhe restaram de vida. A descoberta de suas relíquias em 1624 foi ocasião de muitos milagres. Ela é a padroeira de Palermo. Primeiro Sábado do mês.

1 São Lobo, Bispo e Confessor

+ França, 625. Monge na famosa abadia de Lérins, sucedeu Santo Artêmio na sé episcopal de Sens. O rei Clotário - devido às más informações de seu emissário e do abade de São Remígio, que desejava ficar com a sé de Sens - baniu o santo bispo para uma área ainda pagã. São Lobo converteu à verdadeira fé o governador local e muitos personagens proeminentes, sendo depois chamado de volta por Clotário, já melhor informado.

2 São Guilherme, Bispo e Confessor

+ Dinamarca, 1070. Inglês, capelão do rei Canuto, fez com ele uma viagem à Dinamarca. Impressionado com o lastimável estado de abandono dos pagãos, decidiu evangelizá-los. Eleito bispo de Roskilde, censurou energicamente o rei Sweyn por ter executado muitos homens sem julgamento. Mais tarde o soberano confessou publicamente esse pecado e tornou-se amigo do santo.

3 São Gregól'io Magno, Papa, Confessor e Doutor ela Igreja Primeira Sexta-feira do mês.

4

5 São Vitorino, Bispo e Mártir + Itália, séc. II. Bispo da cidade de Amiterno, por sua fidelidade a Cristo foi pendurado de cabeça para baixo sobre águas mefíticas e sulfurosas, entregando sua alma a Deus no terceiro dia.

6 São Magno, Confessor

+ Armênia, séc. IV. "Visitava muitas vezes no cárcere os [futuros] quarenta mártires. Por ordem do prefeito Lísias, foi então erguido ao ar com uma pedra aos pés, moído de pancadas e lanhado de açoites. Nesses tormentos entregou sua alma a Deus " (MR).

10 Santo AJberto, Bispo de Avra nches + França, séc. VIII. São Miguel Arcanjo apareceu-lhe, pedindo a construção de um santuário a ele dedicado no Monte Tombe, no litoral da Normandia. Em 866, o santuário tornou-se a famosa abadia beneditina de São Miguel, considerada uma das maravilhas do Ocidente.

+ França, séc. VIII. Discípulo

11

de São Columbano, tinha um dom especial para afastar predadores e parasitas do campo com o seu bastão . Após sua morte, vários desses bastões continuaram operando os mesmos prodígios.

São Pafúncio, Confessor'

7

+ Egito, séc. IV. "Monge, que se tornou bispo da Tebaida e confessou a fé sob o Imperador Maximino. As mutilações das quais foi vítima deram-lhe grande prestígio junto aos Padres do Concílio de Nicéia"

12

+ França, séc. II. Filha de um

Santíssimo Nome ele Maria

pagão, foi educada por uma cristã quando faleceu sua mãe. Expulsa de casa pelo pai , quando este soube que ela era cristã, foi morar com a mulher que a educara, trabalhando como pastora. Como se recusou a casar com o prefeito romano, foi aprisionada, torturada e decapitada. Na Borgonha, desde o século V há uma basílica sobre o seu sarcófago, com os dizeres "Aqui César venceu a Gália; aqui uma virgem venceu César".

Essa festa foi instituída pelo Papa Inocênci o XI para celebrar a libertação de Viena sitiada pelos turcos, em 1683 - efetuada por João Sobieski, rei da Polônia. Na manhã da batalha, o rei polonês se colocou, bem como todo seu exército, sob a proteção de Maria Santíssima. Assistiu à Santa Missa, durante a qual permaneceu rezando com os braço em cruz. Ao sair da igreja, Sobie ki ordenou o ataque . Os turcos fugiram cheios de terror e abandonaram tudo, inclusive o grande estandarte de Maomé, que o vitorioso rei católico e nvi ou depoi s ao Soberano Pontífice como homenagem a M aria.

8

+ Palermo, séc. XII. Era muito

NaLivielaele ele Nossa Senhora Neste mesmo dia: Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora das Vitórias, Nossa Senhora de Nazaré e No ssa Senhora de Monteserrate.

Eugênia, virgem. Depois de renunciar à dignidade de prefeito do Egito, recebeu a graça do batismo. Enquanto fazia oração, foi degolado por ordem do prefeito Terêncio, seu sucessor" (MR).

da menor das manifestações divinas nas criaturas.

19 Santa Emília Maria ele Roelat, Virgem + França, 1852. De nobre fa-

da região do M osela, Mosa e Reno inferior, na Alemanha, governou a sé de Colônia.

mília, dedicou-se a preparar crianças para a Primeira Comunhão, e depois, com outras três companheiras, lançou os fundamentos das Irmãs da Sagrada Família, dedicadas à educação da juventude. Sofreu terríveis tentações contra as virtudes cardeais durante 32 anos. Faleceu santamente, sendo canonizada por Pio XII em 1950.

15

20

14 Exaltação da Santa Crnz (Vide p. 26)

São Materno , Mártir + Alemanha, séc. IV. Apóstolo

Nossa Senhor·a elas Dores

l(j Santa l•:dite ele Wilton

Santo André Kim Taegon e Companheiros, Mártires da Coréia + Séc. XIX. Este sacerdote na-

+ Inglaterra, 984. Fi lha do rei Edgar, da Inglat erra, fo i educada na abadia ele Wilton, onde mais tarde . ua mãe tam bém se fez religiosa. Professando aos 15 anos, recusou a direção ele várias abadias, e também atornar-se rainha quando seu meioirmão, Santo Eduardo Mártir, foi a sassinado .

tivo sofreu o martírio, precedendo aos missionários franceses, entre os quais dois bispos e muitos leigos convertidos por eles, em meados do século

17

Santa Catarina de Gênova

XIX.

13 São Felipe, MárLit' + Egito, séc. III. "Pai de Santa

São Roberto Belarm ino, Bispo, Confessor e Dou1,01· dn Igreja. São P ·clro de Al'bués, M{trLir + Espanha, 1485 . Apontado por Torquemada para in qui s idor provincial em Aragão, foi morto a punhaladas por "cristãos novos" Uudeus pseudo-convertidos ao cristianismo), quando rezava na catedral de São Salvador.

'18 São José de CuperLino, Confessor + Itália, 1663. Esse filho de São Francisc compensava abundantem cnlc e m inocência e simplicidade o que lhe faltava de dons natu rais. Pouco dotado de tal ·nt os, cha mava-se a si próprio Frei Asno. Mas seu amor a D ·us era Lão intenso, que entra vn ·m êxtase à vista

26 Santos Cipriano e JusLina. Mártires + Nicomédia, séc. IV. "Cipriano, que era mago, foi convertido pela graça sobrenatural da virgem Justina, que ele tentara em vão corromper através de seus sortilégios. Os dois sacrificaram a vida por Cristo" (MRM).

27 São Vicente de Paulo, Confessor. São Caio, Bispo e Mártir + Séc. I. Discípulo de São Barnabé Apóstolo, foi morto na perseguição de Nero.

28 Bem-aventurados Mártires do Japão + Séc. XVII. Vários religiosos agostinianos e seus catequistas foram martirizados durante a perseguição entre 1617 e 1632.

29 21

São Mateus, Apóstolo

22

(MRM).

Sa nta Regina ele /\lésia, Virgem e Má rtir

Santa Rosália, Virgem bela. Aos 14 anos a Santíssima Virgem recomendou-lhe que deixasse o mundo, e enviou dois anjos para guiá-la até uma gruta . Como os pais a procurassem na região, os anjos apa-

9 São Severiano, Márti r

(Vide p. 38)

23 SanLo Adanano, Abade e Conl'essor + Escócia, 704. "O maior dos sucessores de São Columbano na direção da Abadia de lona, na Escócia, exerceu ben1fica influência sobre a Igreja e a sociedade de seu tempo" (MRM).

24 ossa Senhora das Mercês.

25 São Cleoras, Discípulo ele Cristo

Gloriosos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. São Ciríaco, E:remita + Palestina, séc. IV. "Recebeu aos 18 anos o hábito monástico das mãos de Santo Eutímio, e depois se apresentou a São Gerásimo às margens do Jordão. Sempre buscando a solidão, para evitar seus admiradores e os perigos do mundo, fixou-se na !aura (mosl eiro) de Suca, onde morreu 40 anos mais tarde" (MRM).

30 São ,Jerônimo. Doutor ela Igreja. São Gregório, o lluminaelol' + Armênia, 300. Evangelizador e organizador da Igreja na Armênia.

+ Palestina, séc. I. "Morto pelos judeus na mesma casa onde preparara a ce ia para o Senhor, porque havia professado sua fé. Para gloriosa recordação, teve ali mesmo sua sepultura" (MR).

Notas: - Santos j á apresentados em calendários anteriores são apenas men cionados, sem nota biográfica, - MR - Martiroló g io Rom a no; MRM - Martirológio RomanoMonástico.

Intenções para a Santa Missa em setembro Se rá ce lebrada pelo Revmo . Padre David Francisqu ini, nas seguintes intenções: • Rezaremos para que no Brasi l cresçam ainda muito mais as reações ao aborto, essa verdadeira "cu ltura da morte", como o Papa João Paulo li defin iu o morticínio de inocentes no ventre materno. Infelizmente, nossa Pátria tem não poucos defensores dessa ação nefanda e homicida, que insistem em apresentar projetos para liberá-la inteiramente, apesar da oposição da grande maioria da popu lação brasi leira. Que Nossa Senhora das Mercês os converta, ou então faça fracassar a sua atu ação no solo pátrio batizado como Terra de Santa Cruz.

Intenções para a Santa Missa em outubro • Pedindo a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasi l, cuja festa se comemora neste mês, que proteja especialmente o País nas dificuldades presentes e aumente o fervor religioso de seu povo. Que o torne forte e resoluto no combate a todo tipo de corrupção, sobretudo a corrupção mora l que tanto enfraquece as almas, deixando as famílias vulneráveis à imoralidade.


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PERU Lançamento de obra sobre

Plinio Corrêa de Oliveira EI ALEJANDRO EZCURRA NAóN

A

publicação da biografia do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - O Cruzado do século XX, obra do destacado historiador italiano Prof. Roberto de Mattei - constituiu brilhante acontecimento cultural e social em Lima, no Peru. Contando já com várias edições em italiano, inglês, francês, português, alemão e polonês, esta é a primeira edição em castelhano, iniciativa de Tradición y Acción por un Peru Mayor, entidade co nstituída por discípulos de Plínio Corrêa de Oliveira. A edição vem enriquecida por urna carta de encôrnio de Dom Giuseppe Pittau S.J., ex-reitor da Universidade Gregoriana de Roma, atual bispo titular de Castro di Sardegna e secretário emérito da Congregação para a Educação Católica. Inclui também o prefácio do Cardeal Alfons Maria Stickler SDB [vide trechos no quadro na página ao lado]. A apresentação da obra em Lima realizou-se no dia 22 de julho na sede da Associação Santo Tomás de Aquino, copatrocinadora do evento, também formada por discípulos do líder católico brasileiro. Convidado de honrn para esse lançamento , o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, evocou a personalidade de Plínio Corrêa de Oliveira como modelo para nossa época, por ser homem de eli te com sólidas convicções católicas. CATOLICISMO

Doi dias d 'pois, o livro foi apresentada ao gra11d · p1íblico no auditório da XV Feira lnter11ocio11af do Livro, um dos maiores even tos ·ult urais da capital peruana. Para um públi ·o de 200 assistentes, o Príncipe Dom B ' rt rund destacou a figura do Prof. Plinio ·omo católico militante, ressaltando o n · ·ri o e m que enfrentou os principais adv ·rsários da Igreja no século XX. Ao l'i1111I du sessão, após acaloro~ sa aco lhida d us suas pal avras, Dom Bertrand auto •r111'ou numerosos exemplares da obra no stoncf da Associação Santo Tomás d ' A1111i110 r •pleto de visitantes. Várias 11ot ·ius na im prensa de Lima, tanto da apr ·s ·111 0 ·iode El Cruzado del Sigla XX qu:1111 0 dn visita do Príncipe Imperi al do Brusil, firmaram a expectativa de qu ' n olw11 rnntribu irá significativament puru lo1·11 ur cada vez mais conhecida e ad111irud11 no Peru a figura do líder cat li ·o hrusil ' iro. A visita d ' Dom B 'rtrand culminou com um ban 1u t • •111 sua homenagem no Clube Na ·ionuf o 111uis prestigioso clube socia l d tod11 u /\111 rica hispânica que congregou li 111rns r ·prcsentativas da sociedade lin, ·nha • vád m membros da antiga "Nobr'1/,u d · lndi ns" hispano-peruana. • E- mai l para o uu1 or:

·a1ul kl

Coragem e grande visão "A preciosa obra 'O Cruzado do Século XX ' [ ... ] descreve profundamente e de modo muito atraente a figura do eminente líder católico e homem de ação. Com coragem e grande visão, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu com sucesso a Igreja e o Papado contra os totalitarismos do século e contra certas tendências que tentaram destruir os valores cristãos". Dom Giuseppe Pittau SJ

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Confirmação da fecundidade da Igreja "Com a coerência de sua vida de autêntico católico, Plinio Corrêa de Oliveira nos oferece uma confirmação da fecundidade da Igreja. Para os verdadeiros católicos através da História, as dificuldades dos tempos são, de fato , ocasião para medir suas forças na afirmação da perenidade dos princípios cristãos. Foi o que fez o eminente pensador brasileiro, na era dos totalitarismos de todo gênero e cor, mantendo alta e inamovível sua fideli dade ao Magistério e às instituições da Igreja". Cardenal Alfons M. Stikler SDB

Ul(> 11>J,•rra.com.br

SETEMBRO 2010 -


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■ Evolucioni smo - Seus erros e mentiras (acompanh ado de audiovi sual co m pro vas científicas); ■ Sag rado oração de Jes us - Hi stó ri co, me nsagem e devoção (aco mpa nhado de audi ovi sual); ■ O c ha mado à Cava lari a - Resultado lóg ico de uma seman a de aca mpa mento.

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To rne ios no esti lo medieval, seguidos ele animado e lauto banquete la111 b m cm estilo medie val, co nstituíram a última parte do I ro rama . À rec itação so lene do santo Rosário na capela, ante a bela imagem de Nossa Senhora de Fátima e co m o Sa ntíss imo Sac ra me nl o xpo slo, seg uiu -se a t rad ic io na l bê nção ci o Santíss imo, q u~ e ncerrou sole nemente o Chamado à Cavalaria. Foram di as de mu ito estudo, formação, alegri a e sadi o e ntretenim nlo, d 'Sped indo-se os participantes com o desejo de re viver no próx imo a no esses agradáve is dias de convívio harmoni oso . • crra.co m.br

IRLANDA

Acampamento de verão/201 O 11 RoRY O'H ANLON

A

Sociedade Irlandesa para uma Civilização Cristã reali zou de 4 a 11 de julho seu acampamento anual, denomin ado Cal/ to Chivalry (Chamado à Cavalaria- Acampamento de verão para pais e filhos). O local esco lhido foi a bela abadi a cistercience de Mount St. Joseph in Roscrea, no condado de Tipperary, da qual foram usados a casa de hóspedes e os terrenos. As atividades constaram de missa diária, reuniões de fo rmação sobre temas c ulturais, hi stóricos, religiosos e cívicos, diversos j ogos, vi sitas a lugares hi stóricos, proj eção de filmes e audio vi suais, animadas conversas, música, recitação do terCATOLICISMO

ço diariamente. Houve ta mbém uma vi sita à igreja abacial e aos principais pontos do interior do moste iro, gui ada pelo próprio abade. Alg un s te mas desenvolvidos durante o aca mpamento: ■

As Cruzadas - A mais bela aventura do mundo; Devoção a Nossa Se nhora - Sua importância em no sos di as; ■ O significado da vida - P ara Sir William Wallace, a verdade ira liberdade; ■ A Cavalaria em nossos dias; ■ Os anjos - A batalha continua; ■ Arte - Como form ar a nossa imagem sobre um anj o; ■ O Cruzado do século XX ; ■

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OSTUMES ' IVIIIZAÇOE

gem altaneira e coerência ■ PuN10 C oRRÊA oE OuvE1RA


Nยบ 718 - Outubro 201o - Ano LX

DO .. 09.RALDo D&. PRj,!~~~"&~~ DOM ANTONIO 09. CA~~ ~ A i ~ PLIMIO CORRt-.

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LUIZ MIEi.NDONร A Dli. 1'R&.IT"S

OIJESTIODE Colec;lo Tradlc;lo, Famllla, P1


PU NI O C O RRÊA DE OLIVE IRA

OUTl.JBRO de 2010

Ameaças para o Brasil: Reformas socialistas

E

m meio ao conjunto de cri ses que atualmente f ustigam a N ação, abre co ntraste lumino so nossa situ ação agropecuári a, em franco progresso em seus aspectos essenciais, de sorte a constituir hoj e, segundo o consenso nacional, a co luna- mestra e a salvaguard a honrada e fo rte da economia nac ional. I sto faz compreender quanto é de se temer que uma Reforma Agrária radical, inspirada toda ela em cogitações preponderantemente ideológicas, e não em considerações concretas e práticas que tenham em vi sta a realidade dos servi ços e das necessidades da agropecuária e do País, reforme nossa estrutura agro1ecuária (deforme, seri a o termo exato) com o ri sco de fi car abatido assim

o baluarte qu resta da prosperidade nacional, e portanto o baluarte econômico mais vá lido cio próprio Bras il. Com efeit o, a Reforma A grári a surpreende por ser toda ' la concebida e r cli gi la co m as cos tas voltadas para a rea l idad • hi st ri ca mais recente e ao mes mo tempo mais flagranl . 'on fere ao Esla lo atribui ções com amplidão típica ele um:t dil adura stalini sta, ou mais ou menos tanto, tornando-o d ·1 ·ntor ele poderes absolutos para pôr e dispor, segun lo o arh Iri o d' seus mai s altos órgãos, dos bens e da situ ação p 'sso11 l d ' lo cios os agri cultores e pecuaristas do País. • Excertos do artigo de Plínio Corrêa de Oli veira 111 '0 111/i!'i.111111,

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Peru: hino dedicado a Nossa Senhora

DO SAc1moo·1·E

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14 PNDll-3 Fórum debate o novo Programa Nacional 18

INTERNAc10NA1,

Exilados cubanos denunciam manobra

21 V AIURDA1ms Imperatriz Zita da Áustria

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Cinqüentenário de obra anti-agro-reformista

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SANTOS,,: FESTAS Do

Livro que marcou profundamente o Brasil Santo Inácio de Antioquia

Biografia de São Luís Grignion de Montfort Igreja de São Francisco

ETlmNA O cárcere de São Pedro

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AMm1w1·1-:s, Cos·m1Vms,

C1vn.1zAçõEs

Basílica de São Marcos em Veneza (Itália)

Nossa Capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo. A foto é de Plinio Corrêa de Oliveira à época do lançamento de RA-QC.

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Córcere de São Pedro e São Paulo OLJTUBRO2010 -


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CATOLICISMO Publlcaçlo mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTOA.

Catolicismo comemora neste mês de outubro outro grande lance de sua trajetória: a cobertura dada há 50 anos ao lançamento de uma obra que marcou profundamente o Brasil, e cujos efeitos se fazem sentir ainda em nossos dias: Reforma Agrária - Questão de Consciência. Em meio às agitações socialo-comunistas que tumultuavam o País no fim da década de 50, em setembro de 1959 despertou a atenção do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira uma pequena notícia de jornal sobre a aplicação da Reforma Agrária. Lendo-a em Poços de Caldas, onde se encontrava na companhia de alguns amigos, decidiu elaborar uma obra que se opusesse à referida reforma, de cunho nitidamente socialista. Iniciava-se assim a réplica contra-revolucionária ao socialismo agrário. E ta cresceria de vulto pela adesão de dois insignes bispos, que então e d ta avam por suas posições conservadoras - D. Geraldo de Proença Sigaud e D. Ant nio de Castro Mayer, que se tornaram co-autores da parte doutrinária, fi ca ndo aspecto econômico a cargo do competente economi ta Lui z M nd nça de Fr itas. O prestígio e a condição episcopal de que estavam in vestid conferiu ao livro toda a autoridade religiosa de que este preci ava para denunciar a Reforma A rária, porquanto um dos seus aspecto. mai relevantes consistia em re sa ltar uma verdadeira questão de consciência para o católicos. Pois os dois prelad s sust ntavam que o confisco de terras pelo E tado, mediante uma lei socia li stu anticristã, viola dois mandamentos da Lei de Deus: "Não furtarás " "Nt o •obl ·urás as coisa alheia ". Em pouco. me es e. coaram-se quatro edições da obra, qu s tru11 slo111 wu m autêntico best-seller, totalizando o impressionante númer d O mil x n1 pl11r s. Para uma obra especializada, tratou-se de um enorme êxito. Desde então até os presentes dias a Reforma Agrári a p ·rd u . u fmp to, pussando a ser vista com merecida desconfiança pela p pul a , o brasil ira. l loj m dia, qualquer pessoa de cultura mediana sabe que, em t d s s pa( cs ond in iciativas análogas foram aplicadas, o fracasso foi mar ant . m nenhumu x ' l • o, e em alguns países as conseqüências foram mesm trá i as. Ba ta ver a nil s I la e a fome inerentes aos países onde imperou o regim omunista. Qual teria sido a marcha histórica do Bra il , s n· tivesse havido o ll vr Reforma Agrária - Questão de Consciência? difícil avaliar, ma tulv 'I. 111 o fosse diversa da infeliz Cuba, que implantou a R t rma Agrária logo após u vilória da revolução castrista. Portanto, é com júbilo que Catolicismo . ass ia, em seu artigo d ·11p11, a essa justa comemoração do cinqüentenári d Ref orma Agrária - Qut•,1·1 o de Consciência. Desejo a todos uma boa leitura.

m Jesus e Maria,

9:~7 DIRETOR

paulohiit

catolicismo.com. r

Alegria dos

Céus Com este título é designado

o primeiro cântico dedicado a Nossa Senhora na América Latina, um sinal de predileção d'Ela para com nosso Continente n

A

SANTIAGO FERNÁNDEZ

s primeiras palavras que uma criança pronuncia são colhidas com avidez pela família, como sinal do que ela virá a ser. Com similar objetivo, é interessante voltarmonos para os primeiros vagidos daquela realidade nova, hoje mais conhecida como América Latina, filha da conquista e evangelização do Novo Continente. Essa indagação adquire especial interesse num momento em que nela cresce a confusão geral e pesadas ameaças tomam corpo no seu horizonte, tornando difícil discernir para onde ela ruma. O primeiro cântico que brotou da América recémevangelizada leva o nome de Hanaq Pachaq . Soa um pouco estranho para brasileiros, e significa Reino dos Céus ou Alegria dos Céus na língua incaica, o quéchua, e destinava-se a ser entoado nas procissões de entrada na igreja.

Essa primeira composição polifônica do Novo Mundo é um dos mais antigos cânticos dedicados a Nossa Senhora, revelando uma acentuada predileção da Mãe de Deus por aquele que os Papas qualificaram, desde os seus primórdios, "o continente da esperança". O autor foi provavelmente um indígena que ficou anônimo para os homens, não para Deus e para Nossa Senhora.

História de "Alegria dos Céus" O hino foi composto provavelmente por volta de 1610. O missionário franciscano frei Juan Pérez de Bocanegra efetuou a notação musical no fim de um "Ritual formulário", por ele redigido, publicado em Lima em 1631. O texto do Hanaq Pachaq foi recuperado pelos padres jesuítas de Urcos, Peru, especialistas no quéchua litúrgico antigo. O manuscrito original é conservado em La Paz, Bolívia, na biblioteca da universidade de San Andrés.

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• quês de Alcafiices. O título foi conservado por seus suces ores até os presentes dias.

O local que 110s reservaste nos Céus No Hanaq Pachaq, os fiéis perguntam à Mãe de Deus qual é o lugar que seu Filho reserva aos mortais no Reino dos Céus. Os versos iniciais, os mai cantados, são dirigidos a Nossa Senhora: Ó alegria do Céu, Reverenciar-te-ei por todo o sempre, Árvore florida que nos dás o Fruto Sagrado, esperança da Humanidade, fortaleza que me sustenta quando estou a ponto de cair.

Frei Bocanegra foi pároco de Andahuaylillas , em Quispicanchi, ao sul de Cuzco, Peru. Ampliou a igreja da localidade e a embelezou, a ponto de ser qualificada de "Capela Sistina dos Andes" (foto acima). A paróquia situa-se di011.ACIO NE S ante do morro Qoriorqo 11PL L (morro de ouro), na região i=$Êi4MM#~ das famosas minas de ouro. Por volta de 1610, o missioj#-#Pfi-t-i$JiU ,y'""'""11,-CKIU''1•.t.liu,. ,u, Ai ,H•IIUAt nário mandou construir nela dois órgãos, que ainda se conservam, sendo os mais TENOR . antigos das Américas. Tudo indica que naquela capela esse hino carregado de mistério foi cantado pela primeira vez. Ele é doce, profundo, revelador da capacidade dos indígenas de estabelecer uma relação filial muito intensa com Nossa Senhora.

n

Miscige11ação e nobilitação Além do "Ritual formulário" que contém o Hanaq Pachaq, Frei Bocanegra escreveu a primeira gramática fonética hispanoquéchua. Foi também cônego magistral da catedral de Cuzco e administrador dos imensos bens do marquesado de Santiago de Oropesa, cujo título nobílíárquico fora criado pelo rei Felipe III de Espanha para a descendência real incaica pela linha feminina de Maria de Loyola e Coya-Inca. Santiago de Oropesa foi um dos grandes senhorios plenos da América. O pai da primeira marquesa de Oropesa, Martín García Ófíez de Loyola, era sobrinho-neto de Santo Inácio e governador do Chile. Ele se casou com a princesa incaica Beatriz Clara Coya, da família do último imperador incaico Tupac Amaru. A única descendente dessa união foi Maria de Loyola e CoyaInca, que se casou com Juan Enríquez de Borja, filho do marCATOLICISMO

Considera minha veneração, minha reverência e meu pranto. Ó Tu, mão guiadora de Deus, Mãe de Deus, Amancaicito * que desabrochas em tenras e brancas asas, faz este teu filho conhecer o local que lhe tens reservado no Reino dos Céus.

DIVEII.SAS.

* Amancaicito: Flor andi na, parecida com o lírio branco.

Al.TO,

1, e& uu1o n r-r-t-t-f@

Alguma tentativa de tipo ologi ta ou comuno-mi sion ári a procuraram dar ao Han aq Pachaq uma l tra indigenista pagã. Ma sforços para esclarecer seu BA X , conteúdo original permitiram desvendar esta jóia da d voção a Nossa Senhora m nosso continente. Esperamos que ss s ja um sinal alentador para nosZ1 l sos conturbados dias. H ~ , do Partitura original México à Patagônia, r voluções de conteúdo socialista ou comunista, decididamente apoiadas pela esquerda atóllca, tentam precipitar nossos países latino-americanos nas tr vas do marxismo e do tribalismo comuno-missionário. Pela intercessão de Nossa Senhora, dessa convulsi o as três Américas sairão purificadas, voltadas para o cumpri111 nto de sua missão providencial de peça fundamental nn instauração do Reino de Maria, previsto pela Mãe de us m Fátima. • H•~t,•cll.,«11tli(,.,a,•h•UUMf1n, ••,d,,k ......

. .. MtCIWIIAI IIIU (•lll •P , •• • •• •,. .. . fh ,u l du,,u ,

Começa discussão sobre comando da organização católica TFP O julgamento que vai decidir sobre o controle da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) começou com vantagem para os fundadores da entidade. O ministro João Otávio de Noronha, relator do caso na Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deu voto favorável à pretensão do grupo de fundadores , que disputa o comando da TFP com uma ala dissidente majoritária. Após o voto do relator, o julgamento foi interrompido por pedido de vista do ministro Luís Felipe Salomão. Ainda não há data prevista para que a questão seja retomada. Criada nos anos 60 sob a liderança de Plínio Corrêa de Oliveira, a TFP teve destacada atuação na propaganda contra o comunismo durante o regime militar. Após a morte do líder, em 1995, passou a viver disputas internas que culminaram na chegada ao poder de um grupo que se opunha à diretoria, dominada até então pelos sócios-fundadores - os únicos que detinham poder de voto, segundo o estatuto original da entidade. Os dissidentes - ligados a outra organização católica tradicionalista, a Arautos do Evangelho - entraram na Justiça, em 1997, pedindo a declaração de nulidade do estatuto da TFP, para que o direito de voto fosse estendido a não fundadores . Perderam na primeira instância, mas ganharam no Tribunal de Justiça de São Paulo, em 2001. O processo se arrastou de recurso em recurso, até que, em 2003, os dissidentes obtiveram da Justiça a execução provisória da decisão que lhes era favorável. Com o apoio de associados mais jovens, a ala dissidente promoveu alterações estatutárias e conseguiu dominar a TFP. Os antigos dirigentes recorreram ao STJ. Além do uso do nome e dos símbolos da TFP, a disputa envolve o controle das contribuições financeiras que ela recebe de seus colaboradores.

Nulidade Segundo o ministro João Otávio de Noronha, todo o processo - com mais de 7.400 páginas, sem contar os 24 volumes de apensos - poderia ser anulado, porque a controvérsia atinge interesses pessoais dos fundadores e eles não foram citados desde o início, só entrando na ação mais tarde, como assistentes litisconsorciais - as partes, até então, eram apenas a TFP, pessoa jurídica, e o grupo dissidente. No entanto, o relator afirmou que deixaria de declarar a nulidade do processo porque isso iria prejudicar a parte que, no mérito, segundo seu entendimento, é a que tem razão. Após discorrer por três horas sobre as questões jurídicas levantadas, inclusive sobre a liberdade de organização, o ministro concluiu que "o direito de voto não é direito essencial dos associados, de modo que é possível atribuí-lo a apenas uma ou algumas categorias de associados". A interferência dos poderes públicos na economia interna das associações de fins ideológicos", continuou o ministro, "deve ser o mais restrita possível. Não vejo razão jurídica para negarlhes a liberdade de estipular os direitos e deveres de associados na forma que melhor atenda aos fins ideológicos que perseguem, facultando ao estatuto estabelecer vantagens especiais para alguns dos seus membros e mesmo classe ou classes de associados sem direito a voto."

Nota :

- Os dados históricos do artigo foram tirados de "De villancicos, tono humanos y zarzuelas", http://gonzalolorza.blogspot.com/2009/09/honoq-p11dtnql 631.html - Um vídeo do mencionado hino encontra-se disponível no site dcHIII I vista: www .catolicismo.com.br

Coordenadoria de Editoria e Imprensa Extraído da " Sala de Notfcias " do site do Superior Tribunal de Justiça (STJ) [referente à seção de 14-9-2010 da 4ª Turma de Direito Privado] http-//www stj iºY br/portal stj/pubHcacao/eniíDe wsp?tmp area-398&tmp texto-99039

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O-


lhas que a revista mostrou sobre a glória da Cruz. Desprezada neste nosso mundo, mas o indispensável meio para a salvação deste mundo perdido. É o símbolo desprezado, mas é o símbolo do triunfo do Crucificado, o símbolo da vitória da Igreja Católica Apostólica Romana. (A.G.- BA)

ln hoc signo vlnces!

Exaltação da Santa Cruz 181 A Cruz de Cristo é o que realmente precisamos exaltar, mas é o que mais se rejeita. Para tirar o Brasil deste estado de corrupção, é preciso abraçar a Santa Cruz, mas dela todos querem fugir, como o demônio que dela foge. (M.M.J. -

(T.J.N. -

181 Uma constatação a mais em minhas convicções: nossos livros (pelo menos no Brasil) censuram fatos importantes da História Universal, como este da batalha [da Ponte Mílvia] vencida com a promessa de Cristo: "COM ESTE SINAL VENCERÁS!". Uma vitória que foi um marco dos mais importantes na história do cristianismo. Os professores o ignoram; se conhecem, passam ao largo; e quando tratam deste grande episódio, apenas fazem uma referenciazinha ligeira e passam por cima de grandes acontecimentos, deixando os alunos sem uma noção da verdadeira história do Ocidente cristão.

RJ)

(V.R.I.N. -

PI)

Ave Crux, Spcs Unlca

Brasll -

181 Fiquei muito impressionado como tudo que aconteceu na vida de Jesus Cristo fora previsto pelos profetas no Antigo Testamento, sobretudo sua morte na Cruz. O conjunto publicado das profecias tem o poder de tirar qualquer dúvida a respeito da divindade do Homem crucificado no Calvário, e que ressurgiu dos mortos três dias depois. "Ave Cruz, única esperança de salvação", assim termina meu livro de orações, após esta passagem: "O Salvador pende da Cruz diante de ti porque se tornou obediente até à morte, e morte de Cruz". Parabéns pela publicação!

181 E pero que no Brasil aconteça o mesmo que aconteceu com o resultado das eleições na Colômbia: antes da abertura das urnas, a expectativa da vitória da esquerda (como indicavam todos os institutos de pesquisas); abertas as urnas, vitória da direita (contrariando os tais institutos). Estes deveriam fazer o mea culpa, mas não sei se o fizeram ou mudaram de assunto, para não assumir a vergonha da vergonhosa "previsão". Que Deus proteja o Brasil, mas para isso Ele quer que os brasileiros acordem, para não caírem nos laços armados aqui pelos similares de lá: as FARC colombianas ...

(J.A.S. -

ES)

Símbolo da vitória 181 Sabemos que a Cruz é tudo para nós, foi por meio da Cruz de Cristo no Calvário que recebemos a salvação. Mas não conhecia essas maravi-

-CATOLICISMO

Colômbia

(O.T.W. -

da mostra aqui em Minas, seria um grande favor avisar-me. Gostei muito da reportagem do Carlos Eduardo. Ah, favor também me avisar quando a Caravana Terra de Santa Cruz passar por BH, pois, dependendo dos dias, eu poderia ajudar na iniciativa, pedindo assinaturas de meus conterrâneos contra o estúpido Plano Nacional de Direitos Humanos.

"O Homem do Sudário" 181 Pena que terminou a mostra do Santo Sudário em Curitiba, e também não sei se poderia ir lá. Se souberem

(M.I.S.B.M. -

PB)

Vlgllâncla

181 Acorda, humanidade! Os sinais dos fins dos tempos estão aí: o nosso "excelentíssimo" governo está formando uma nação atéia. Vamos ficar atentos aos sinais. A nova era está entrando, e os jovens estão cegos por coisas mundanas. (M.A.S.-MG)

Timor

181 O Brasil poderia ajudar o TimorLeste, pois têm a mesma língua e cultura. Mas essa ajuda deve reforçar o catolicismo dos timorenses, e não visar a "esquerdização" daquele pequeno país, o que poderia ocorrer nos governos atuais. (S.B.V.C. -

SP)

181 As matérias publicadas pela revista, bem como fotos de maravilhas, são um refrigério para nossas almas, tão cheias de tédio provocado pela maldade disseminada por esta "civilização", que cultua os "des-valores" morais e esquece a beleza "das coisas do alto".

MG)

Acorda, BrasJl!

Brasll -

"Coisas do alto"

RJ)

lntercessora Junto a Deus 181 Maria, a amada Mãe de Jesus, pode sim manifestar-se onde, quando e a quem quiser, por obra e graça do Espírito Santo. Ela fala ao coração de todos os povos, das mais diversas línguas. Isso não é lindo? Bem próprio a uma Mãe! E em nome de Jesus, Ela avança, Ela abre caminhos e portas para o homem chegar até Deus. (E.M.S. -

MG)

Não há como duvidar 181 Concernente à entrevista com a Profa. Marinelli ("A imagem completa de um homem cruelmente crucificado"), só tenho a dizer: Eu acredito! Não há como duvidar da autenticidade do Santo Sudário. Mesmo não sendo católico, deixo registrado que eu acredito. (J.M. -

RJ)

181 Vejo esse bombardeio de atos anticristãos, que propõe o Programa Nacional de Direitos Humanos-3, como uma ação dos inimigos do cristianismo. Eles querem desacreditar o Evangelho. Reconheço até que há muitos lobos entranhados no meio do rebanho de Deus para melhor destruílo, promovendo perseguições às coisas divinas. Devemos estar atentos contra eles. (J.C. -

RJ)

Agonia da modéstia 181 Quero agradecer pelo excelente trabalho dos senhores, e dizer que gostei muito do artigo sobre a modéstia [Por que Nossa Senhora chora, agosto/2010]. Realmente ela está morrendo. Rezo todos os dias a Nossa Senhora, pedindo sua intercessão para mudar isso, e para que abençoe a todos vocês. (M.I.R.R. -

RJ)

O Céu tão perto de nós 181 É gratificante conhecer as aparições de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos. Lendo sobre a beatificação de Jacinta e Francisco, a gente fica emocionada com a presença do Céu tão perto de nós. É motivo para agradecermos sempre a Deus. (M.L.F.B. -

MG)

Paz Interior ~ Devo confessar que estou vivendo dias de atribulações. Encontrei este site por acaso, navegando pelo Google. Ler e ouvir palavras que nos confortam, realmente nos faz medi-

tar, e isso traz uma paz interior que reforça a certeza: nossa luta e nossa fé não são vãs. Obrigada! (M.A.G. -

TO)

"Uma verdadeira graça" 181 Antes de tudo, queria felicitá-los pelos últimos exemplares de Catolicismo. Realmente estão excelentes! Fiquei encantada com o número comemorativo do aniversário da fundação da amada TFP. Uma verdadeira graça! (TG -

Buenos Aires)

Entregulsmo 181 O presidente Lula já deu provas suficientes de sua incompetência para o cargo que ocupa. Aliás, já há muito não comporta existência legal o partido pelo qual chegou à suprema magistratura da nação, dadas as suas ligações com grupos criminosos tais como o MST e as FARC. Não é por acaso que os povos, como se diz, têm os governantes que merecem. Que o diga o povo brasileiro, que sufragou o Sr. Lula não uma vez, mas duas. Uma dentre muitas ilustra perfeitamente a natureza de seu governo: o novo acordo entre Brasil e Paraguai sobre a hidrelétrica de ltaipu, em 25 de julho último. Acordo flagrantemente comprometedor da soberania nacional. Apenas a título de informação: a postura do governo de D. Pedro II e do Exército Imperial antes, durante e depois da Guerra do Paraguai constitui um dos mais significativos exemplos de consciência cristã e patriótica da história de qualquer povo, em qualquer época. Em todo o caso, o jurista Paulo Brossard - especialista em responsabilidade política do presidente da República no Brasil, autor de notável monografia sobre a matéria - já assinalou, em artigo no "Zero Hora", que "ao oferecer o que ofereceu a D. Lugo, o presidente Luiz Inácio pretendeu doar o que lhe não pertence, mas ao Brasil, e pretendeu dispor de cláusulas de um Tratado que, ratificado e promulgado, passou

a fazer parte do direito positivo nacional, que o presidente não pode revogar a seu arbítrio; configura o que se chama 'crime de responsabilidade'" ("A cartola mágica", 27/06/ 2009). Isto é que é entreguismo! (J.L.S.F. -

MA)

Princesa Isabel 181 Adorei o artigo "Princesa Isabel, marcante personagem na História do Brasil", no site da revista Catolicismo. Quanta beleza na história dessa heroína nacional, quanta benevolência. Interesso-me tanto por sua história e a de seus familiares, que um dia (se Deus quiser e permitir) quero conhecer a cidade de Petrópolis e sentir a emoção de estar na cidade dessa mulher maravilhosa. (P.G.-SP)

Virgem do Pilar 181 Em 1981, quando íamos para a igreja de Nossa Senhora do Pilar no município de Curuçambaba-Cametá (PA), para celebrar sua festividade, nós nos deslocávamos de lancha. Na travessia, meu pai caiu da lancha no rio Tocantins, mas ninguém viu. Alguns minutos após seu desaparecimento, sentimos sua falta. O sargento salva-vidas retornou e perguntou a um pescador próximo se ele havia visto um homem cair no rio. O pescador indicou onde o homem tinha caído. O sargento mergulhou no local e encontrou meu pai no fundo do rio, trouxe-o à superfície, colocou-o na lancha e levou-o até a cidade mais próxima (Igarapé Mirim). No hospital, fizeram uma sangria e meu pai se recuperou. Eu me emociono quando me lembro dessa graça de Nossa Senhora do Pilar. (C.A.T.S. -

PA)

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n Monsenhor JOSÉ Pergunta - O que quer dizer, na Salve Rainha, a invocação "a vós brada-

mos, os degredados filhos de Eva"?

Resposta - Para melhor compreender a expressão "degredados filhos de Eva", é conveniente reler o que está nos capítulos 2 e 3 do Gênesis, que narram a criação do homem e a sua queda, cedendo à tentação da serpente e comendo do fruto proibido. Resumiremos os dados principais, transcrevendo alguns trechos desse primeiro livro das Sagradas Escrituras:

"O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e insuflou no seu rosto um sopro de vida, e o homem tornou-se alma vivente. Ora, o Senhor Deus tinha plantado, desde o princ{pio, um paraíso de delfcias, no qual pôs o homem que tinha formado. E o Senhor Deus tinha produzido da terra toda a casta de árvores formosas à vista, e de frutos doces para comer; e a árvore da vida no meio do paraíso, e a árvore da ciência do bem e do mal. [... JTomou, pois, o Senhor Deus o homem e colocou-o no paraíso de delícias, para que o cultivasse e guardasse. E deu-lhe este preceito, dizendo: Come de todas as árvores do paraíso, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque, em qualquer dia que comeres dele, morrerás indubitavelmente" (Gen. 2, 7-15). A queda, o castigo e a expulsão do Paraíso Segue-se a descrição da criação de Eva a partir de uma costela de Adão. Em seguida CATOLICISMO

vem a tentação da serpente e a queda do homem:

LUIZ VILLAC

dominará. E disse a Adão: Porque deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que eu te tinha ordenado que não comesses, a terra será maldita por tua causa; tirarás dela o sustento com trabalhos penosos todos os dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra, de que foste tomado; porque és pó, e em pó te hás de tornar" (Gen. 3, 16-19).

"Mas a serpente era o mais astuto de todos os animais da terra que o Senhor Deus tinha feito. E ela disse à mulher: Por que vos mandou Deus que não comêsseis de todas árvores do paraíso? Respondeu-lhe a mulher: Nós comemos do fruto das árvores que estão no paraíso, mas do fruto da árvore que está no meio do paraíso Deus nos mandou que não comêssemos, e nem a tocássemos, não suceda que morramos. Porém a serpente disse à mulher: Vós Por desobediência, o degredo de Adão e Eva de nenhum modo morrereis. Mas Deus sabe que, em qual"Fez também o Senhor quer dia que comerdes dele, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal. "Viu, pois, a mulher que [o fruto] da árvore era bom para comer, e formoso aos olhos, e de aspecto agradável; e tirou o fruto dela e comeu; e deu a seu marido, que também comeu. E os olhos de ambos se abriram; e tendo conhecido que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram para si cinturas. E, tendo ouvido a voz do Senhor Deus, que passeava pelo paraíso à hora da brisa, depois do meio-dia, Adão e sua mu- ~ lher esconderam-se da face " do Senhor Deus no meio das árvores do paraíso" (Gen. 3, .g 1-8). ~

j

"

Como se fosse possível esconder-se da face de Deus! ~ Deus interpela Adão, que cul- ~ pa Eva. E Eva culpa a serpente. E depois de amaldiçoar a ~ serpente, Deus diz a Eva:

"Multiplicarei os teus tra- i balhos, [especialmente os de J teus partos. Darás à luz com •~ dor os filhos, e estarás sob o poder de teu marido, e ele te s,;

! -r

o caminho da árvore da vida" Deus a Adão e sua mulher umas túnicas de peles e os vestiu. E disse: Eis que Adão se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal; agora, pois, [expulsemo-lodo paraíso], para que não suceda que ele estenda a sua mão e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. E o Senhor Deus lançou-o fora do paraíso de delícias, para que cultivasse a terra, de que tinha sido tomado. E expulsou Adão, e pôs diante do paraíso de delícias Querubins brandindo uma espada de fogo, para guardar

(Gen. 3, 21-24). Portanto Deus tinha criado o homem para deixá-lo num paraíso de delícias. Esse lugar seria a sua pátria nesta Terra. Tendo ele pecado, Deus expulsou-o desse paraíso, condenando-o a comer o pão com o suor do seu rosto, sujeitando-o a toda espécie de males, e por fim à morte. Como filhos de Adão e Eva, esta é a nossa situação atual: fomos desterrados da pátria que Deus tinha criado para nós, e vivemos numa terra de exílio. Esta passagem da pátria autêntica, cheia de delícias, para uma terra estranha e adversa, é o que se chama degredo, desterro ou exílio. Somos, pois, os "degredados fi-

lhos de Eva " . A Salve Rainha é uma oração composta originalmente em latim, onde se usa no trecho em questão a palavra exsules, que se traduziria perfeitamente por exilados. No tempo em que a oração foi traduzida para o português, seria mais comum do que hoje o uso da palavra degredo, e portanto todos a compreendiam facilmente . De qualquer modo, o sign ificado é o mesmo: exílio ou desterro , isto é, a expulsão da pátria como castigo de um crime grave, como grave foi a desobediência de Adão e Eva à ordem dada por Deus. Naturalmente pode dar-se também o exílio voluntário, quando alguém foge do país por receio de ser perseguido por razões políticas ou de outro gênero. Foi o que ocorreu com a Sagrada Família, que se exilou no Egito para fugir da perseguição de Herodes. No caso de Adão e Eva, po-

rém, não se tratou de um exílio voluntário.

ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria Uma piedosa legenda atribui as palavras finais da Salve Rainha - o clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria - a São Bernardo de Claraval, que as teria pronunciado na Catedral de Spira por ocasião de uma solenidade no dia 25 de dezembro de 1146, na presença do imperador Conrado m. A Salve Rainha é comumente atribuída, toda inteira, ao mesmo S. Bernardo, mas disso não se pode ter certeza, pois algum tempo antes de São Bernardo a oração já era conhecida. Mais importante do que descobrir sua autoria é rezá-la com freqüência, para que a Santa Mãe de Deus esteja sempre presente, fazendo companhia a nós, que somos "os degredados filhos de Eva". Máxime em nossos dias, em que esta terra de exílio vai se tornando cada vez mais adversa

aos filhos da Santa Igreja, e já se esboçam planos de perseguição aos verdadeiros católicos em todo o mundo, como está previsto no Segredo de Fátima. Mesmo em nosso católico Brasil (ou já se pode falar de excatólico Brasil?), cujo Plano

Nacional de Direitos Humanos, assinado pelo Presidente Lula, contém medidas de verdadeira perseguição religiosa. Precisamos resistir e lutar, por todos os meios lícitos, contra o que pretendem esses inimigos da Igreja. Mas, não nos iludamos, pode chegar o momento em que todos os que queiramos permanecer fiéis a Nosso Senhor Jesus Cristo sejamos confinados nos calabouços dos novos Coliseus, que vão se construindo nas nações celeremente secularizadas e atéias de nossos dias. Precisamos estar preparados para enfrentar então o martírio. E desde.já, aflitos mas confiantes, devemos levantar os olhos para a Vrrgem Mãe de Deus e bradar em alta voz:

Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva! A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas! Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E depois deste destell'o, mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria. E devemos insistir sempre:

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo!

* * * O sacerdote que assina as linhas acima é portador de uma sacratíssima relíquia que, devidamente autenticada e lacrada, contém uma gota do leite que - ó admirável privilégio! - a Mãe do Divino Infante deixou cair sobre a língua de seu diletíssimo Bernardo, enquanto este cantava o Salve Rainha! • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br

OUTUBRO 2010 -


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A REALIDADE CONCISAMENTE Atentado contra estátua de Hernán Cortés

E

m Medellín (Badajoz, na Espanha), grosseiro atentado atingiu com tinta vermelha a estátua de Hernán Cortés, conquistador do México. Segundo o diário "ABC" de Madri, os autores foram influenciados pelo plano "Memória Histórica", do Partido Socialista espanhol (PSOE), que vilipendia o passado católico da Espanha e alega que a estátua é "uma representação fascista" de Hernán Cortés pisando a cabeça de um índio. Na verdade, sob os pés do conquistador estão representados altares e ídolos astecas satânicos que o herói destruiu. A embaixada mexicana respondeu nobremente, afirmando que o "México é um país orgulhoso de sua dupla herança indígena e espanhola. Quem realiza esse ataque nega o pai ou a mãe" dos mexicanos. •

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Lourdes: alarme de bomba e o poder de Nossa Senhora

erca de 30.000 peregrinos foram retirados em caráter de emergência do santuário de Lourdes, na festa da Assunção, após falso alarme de bomba. Em locais marcados por falsas religiões ou pela imoralidade, como em Meca ou na Lave Parade de Berlim, circunstâncias análogas geram pânicos in-acionais, acatTetando dezenas e até centenas de mortes. Mas a evacuação ocorreu em perfeita calma, não sendo registrados incidentes ou feridos, pois um dos imponderáveis cru·acterísticos de Lourdes é a calma sobrenatural. O episódio evidencia quanto o espírito das trevas e seus asseclas sentem-se prejudicados com a devoção a Nossa Senhora de Lourdes, e mostra também a proteção da Virgem Imaculada sobre o local de sua aparição, tornando infrutíferas as insídias do mal. •

Parceiro homossexual morre na festa do 11casamento"

Invasão de perceveios por causa do ecologismo

a cidade balneária ru·gentina de Mar dei Plata, durante a própria "festa de casamento" e em presença de dezenas de convidados, um dos contraentes do ptimeiro "casamento" homossexual da cidade m01Teu enquanto dançava. Na Argentina, essa união antinatural e contrária à Lei de Deus é qualificada oficialmente como "matrimônio igualitário", e várias autoridades haviam anunciado que, por razões religiosas, não registrariam nem presidiriam um "casamento" desse tipo. •

emblemático Empire State Building, de Nova York, foi invadido pelos percevejos. Os turistas que visitam o prédio usam termos como "repugnante" e "nojento". Outros arranha-céus foram também invadidos: Time Warner Center (sede da CNN), lojas Hollister, empresas, cinemas e teatros, além da sede da promotoria federal do Brooklyn. Julgase que 10% das casas particulru·es foram atingidas pela praga, e 800.000 nova-iorquinos estariam dormindo com percevejos em seus lençóis. Fato semelhante ocon-e em São Francisco, Ohio e Texas. Os percevejos estavam quase extintos, até o momento em que campanha ambientalista conseguiu banir o único inseticida eficaz - o DDT e derivados. Agora os EUA sofrem as conseqüências dessa absurda exigência ecológica. •

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Cérebros exaustos pelo uso da informática

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s cérebros têm cada vez menos tempo para repouso e são danificados pelo uso intensivo de equipamentos digitais. Cientistas afirmam que as pessoas procuram remédio para o tédio na invasão digital, mas esta impede que elas aprendam melhor, memorizem a informação e criem novas idéias. Mru·c Berman, neurocientista da Universidade de Michigan, afirma: "As pessoas acham que estão refrescando suas mentes, mas na realidade estão fatigando a si próprias". A consulta ansiosa do celular provoca dano neurológico, sobretudo quando feita nas horas em que a pessoa deveria distender-se. O usuário acredita ganhar tempo, mas está negando a seu sistema nervoso um indispensável momento de recuperação. Os pesquisadores julgam que dessa forma ficam anulados os benefícios das novas tecnologias. •

Marines opõem-se a homossexuais em seus dormitórios

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causa do falso alarme de bomba

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CATOLICISMO

esmagadora maioria dos marines (fuzileiros navai que constituem a mais prestigiosa força do exército americano) opõe-se à idéia de pattilhar os dormitórios com homossexuais ou lésbicas, disse o comandante supremo dessa corporação, general James Conway. A declaração complicou ainda mais a tramitação no Congresso americano de projeto do presidente Obama concedendo plena igualdade aos homossexuais nas forças armadas. Atualmente, numa atitude de tolerância, eles são admitidos quando não se declaram homossexuais, mas são expulsos caso se tomem notórios. Os defensores do homossexualismo querem que el p ssam ser admitidos sem restrições, mas os conservador s temem que isso traga a desmoralização, a perda da c csã e da força de impacto das forças armadas. •

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Homicídios e populismo socialista aumentam na América

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pesar dos massacres causados por "homens-bomba", Bagdá é mais segura do que Caracas, capital da Venezuela socialista "bolivariana". Iraque e Venezuela têm quase a mesma população, mas em 2009 houve no Iraque 4.644 homicídios, enquanto na Venezuela foram mais de 16.000, sendo 90% deles não apurados. O Brasil é outro caso gravíssimo, pois o índice de assassinatos, próximo do da Venezuela, é quase o dobro do mexicano: 25 a cada 100.000 habitantes, contra 14 a cada 100.000 no México. O aumento da violência está ligado ao crescimento do populismo socialista, inimigo da propriedade privada e das desigualdades sociais justas e proporcionais. •

Etiqueta e protocolo tranqüilizam as crianças

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Alvear Palace Hotel de Buenos Aires inaugurou um curso intensivo de etiqueta, protocolo e boa educação para 30 crianças de 8 a 13 anos. Elas se sentam adequadamente em mesas com louça de porcelana, copos de cristal e talheres de prata. Assistem a palestras de comportamento em sociedade, enquanto garçons de luvas brancas servem água, sucos e delicados sanduíches. A professora Karina Vilella ensina como uma pessoa educada deve pegar os talheres, cumprimentar, dizer "por favor", agradecer, ser pontual, etc. As crianças aprendem a montar uma "mesa inglesa" e uma "mesa francesa" e o modo de distribuir nelas os convidados. Surpreende ver as crianças quietas e obedientes no ambiente aristocrático do Hotel Alvear, onde elas "estão num lugar onde se respira elegância, e acabam se comportando de acordo com o que vêem a seu redor". É bem o contrário que acontece em ambientes vulgares, como certos locais ultramodernos que geram mal-estar, favorecem a má conduta e deformam as almas de crianças e adultos. •

Ator católico recusa exibir-se em cenas de sexo ator católico Neal McDonough recusou-se a participar de cenas de sexo explícito na cadeia de TV ABC , dos EUA. Casado e pai de três filhos, perdeu um milhão de dólares porque deseja manter seus princípios, mas tornou-se produtor e protagonista de uma série sobre a história de um policial que deixou o uniforme para tornar-se sacerdote. O fato revela quanto a imoralidade é fruto de propaganda, que exerce contínua pressão através de programas televisivos e de outros instrumentos midiáticos .

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Passeata convoca: "Voltem-se novamente para Deus" ma multidão concentrou-se em Washington - as versões variam entre 300.000 e mais de um milhão de pessoas - atraída pela idéia de os EUA "voltarem-se novamente para Deus". A convocação para o evento foi iniciativa do movimento Tea Party. Glenn Beck, âncora televisivo e principal orador, declarou que o país "marchou nas trevas durante tempo demais". Apontou o presidente Obama como advogado da "teologia da libertação", que pensa em termos de "oprimidos contra opressores", "ricos contra pobres" e "negros contra brancos". A multidão qualificou Obama como "socialista" e exigiu mais moral, menos impostos e menos dirigismo . Procurando atuar em sentido contrário, um pastor protestante esquerdista, com pequeno número de adeptos e figuras do governo, só conseguiu realizar uma inexpressiva passeata.

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OUTUBRO 2010 -


Ü ameaçador e subversivo PNDH-3, inspirado nas "constiFÓRUM

As ameaças do Programa Nacional dos Direit continuam!

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propugna o ateísmo e a negação de valores morais. Concorrido fórum em São Paulo conclui que, se for aplicado esse infame plano do governo Lula, o caos poderá dominar o País. Ili HÉLIO DIAS VIANA

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o dia 26 de agosto, mais de 300 pessoas lotaram o auditório do Golden Tulip Hotel, próximo da Avenida Paulista, para somar seus esforços aos dos patrocinadores do Painel sobre o III Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3). O evento foi promovido pela coalizão de três organizações, o Instituto

Fórum desqualifica o III Programa Nacional dos Direitos Humanos -

CATOLICISMO

Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Plinio Corrêa de Oliveira, o Instituto Millenium e a campanha Pela Legítima Defesa. Além disso, contou com o apoio de 14 outras associações. A presidência coube ao renomado engenheiro Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira. Abrilhantouº a presença do Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e do sobrinho deste, o Príncipe Dom Gabriel de Orleans e Bragança. Como moderador do Painel, o Dr. Mário Navarro da Costa, diretor do Bureau de Washington da American Society for the Defense of Tradition, Family and Property (TFP), explicou inicialmente a importância decisiva que tiveram as coalizões para o alçamento do movimento conservador norte-americano ao incontestável prestígio de nossos dias, incitando os presentes a atuar no mesmo sentido no Brasil. O Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, saudou os presentes com breves palavras e declarou aberta a sessão.

"Não há nada a salvar-se deste plano" A brilhante exposição do primeiro orador, o conhecido jurista Prof. Ives Gandra da Silva Martins, foi acompanhada por todos com o mais vivo interesse. Discorreu sobre as inconstitucionalidades do PNDH-3, apontando para um cenário "apocalíptico" se ele entrar em vigor no Brasil. Segundo ele, o PNDH-3 inspira-se na mesma linha-mestra das "constituições bolivarianas" da Venezuela, Bolívia e Equador. Em outros termos, extingue o equilíbrio atualmente existente entre Legislativo, Executivo e Judiciário, sendo que a balança penderá fortemente a favor do Executivo. Mas destacou uma importante característica: o poder fica nas mãos de pequenos conselhos "comunitários" (leia-se "sovietes") vinculados à Secretaria de Direitos Humanos (leiase "soviete supremo"), como na Rússia comunista. Este é um caminho para a instalação da ditadura em moldes socialistas, como ocorreu em Cuba. Finalizando a exposição, afirmou: "Não há nada a salvar-se deste plano". OUTUBRO 2010 -


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PNDH-3: o "monstrengo Jurídico" Em seguida falou o deputado federal Jairo Paes de Lira, coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, corajoso defensor dos valores morais e da família, que vem se notabilizando por tenaz oposição ao aborto e ao dito "casamento" homossexual, bem como por suas atitudes em prol dos direitos do cidadão honesto à autodefesa. Qualificou o PNDH-3 de "monstrengo jurídico", ressaltando que não passa de uma carta revolucionária e totalitária a fim de controlar a sociedade brasileira. Declarou-se admirado ao ver o Estado propor um Programa que propugna a "desconfigmação" da fanu1ia, promove a chacina de inocentes indefesos por meio do ab01to e

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vos de sua tese, e foi enfático ao afirmar que ele "distorce conceitos e inverte valores", proporcionando privilégios escusos para baderneiros e "camaradas" e perseguindo a virtude e o mérito.

Confronto entre o Brasil de superfície e o Brasil real Deveria pronunciar a última conferência o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, cujo comparecimento foi impedido por uma contusão muscular. Substituiu-o o perspicaz analista político José Carlos Sepúlveda da Fonseca, destacando certas características do Brasil verdadeiro - o Brasil cristão, real e profundo, tão diverso de sua caricatura ostentada pe-

O jurista Prof. lves Gandra da Silva Martins

eca fala repr Bertrand

apóia a "desconstrução da heteronormatividade ", ou seja, as distinções entre o feminino e o masculino, que não serão levadas mais em conta nem mesmo nas cartilhas escolares. Cada um, seja homem ou mulher, poderá "escolher o que quiser". E concluiu que o destino deste absurdo Programa deve ser a lata de lixo.

O PNDH-3 "distorce conceitos e ilnrerte valores" Como terceiro conferencista, o dinâmico presidente do Instituto Millenium , Dr. Paulo Uebel, discorreu sobre o caráter socializante do PNDH-3. Enriqueceu a exposição com gráficos demonstratiCATOLICISMO

Deputado federal Jairo Paes de Lira, coronel reforma do da Polícia M ilitar de São Paulo

las correntes de esquerda. Expôs sinteticamente a doutrina social da Igreja sobre os fundamentos da livre iniciativa, do direito de propriedade e do princípio de subsidiariedade, em franca oposição ao estipulado no PNDH-3. Após afirmar que a tarefa de governar não é principalmente administrar, mas sim orientar, cuidar e prover, mostrou que a mentalidade comunista, da qual provém o ataque à livre iniciativa e à propriedade privada, está presente no Programa do governo Lula. Além disso, sustenta-o uma mentalidade atéia, que pretende substituir Deus pelo "deus" Estado. Dessa mentalidade comunista provém o ataque à propriedade rural a fim de implantar a Reforma Agrária e extinguir a propriedade privada. Tão aclamada pelo atual governo, ela "só tem promovido miséria e favelas rurais". Encerrou com as seguintes considerações: "O Prof Plinio Corrêa de Oliveira sempre afirmou em seus escritos que há dois tipos de Brasil: o Brasil de superfície e o Brasil real. O Brasil real, aqui tão bem representado, vai acordando de seu letargo. Este Fórum traz uma nota de esperança: Se o Brasil real se levantar e der um brado de alerta, grandes possibilidades há de que o PNDH-3 seja derrotado". • E-mail para o autor: cato lic ismo @terra.com.br

OUTUBRO 2010 -


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INTERNACIONAL

tabaco - outrora grandes matérias-primas de exportação caíram a níveis inferiores aos de várias décadas atrás. Cuba sobrevivia com a receita do turismo europeu e americano, porém a crise econômica afastou os turistas. Hugo Chávez completava o raquítico orçamento com petróleo, mas a socializada Venezuela também não consegue alimentar seus cidadãos, e depende dos envios que o pres idente Lula prometeu para que o ditador venezuelano consiga manter-se no poder. O Brasil fornecia milhões de dólares em investimentos de infra-estrutura, mas os especi ali stas brasileirns em Reforma Agrária não ensinaram nada que os cubanos não conhecessem à perfeição: não trabalhar, não colher, não produzir e não comer'... Fidel Castro saiu de sua reclusão hospitalar para dizer a "The Atlantic" (foto à direita) , revista da esquerda americana: "O modelo cubano já não fun ciona nem para nós" .2 A surpresa foi grande, e o "líder máximo" esboçou um desmentido nada convincente. Pouco depois Raul Castro anunciou a demissão de 500.000 funcionários públicos no decurso de seis meses, mas não esclareceu como poderão manter-se depois di sso os ex-funcionários públicos, quando se sabe que é praticamente inexistente a iniciativa privada que poderia admiti-los.

Raúl Cast1"9 cumprimenta o cardeal Jaime Ortega no, arcebispo de Havana (d,r.), e D. Dlonislo Garcia, arcebispo de Santiago de Cuba

Apoio do episcopado cubano à manutenção do regime castrista

A ajuda dos EUA e da União Européia é questão de vida ou morte para o regime. Mas este não quer renunciar à utopia comunista. Como fazer então?

Denúncia dos exilados Uma velha fórmula foi tentada: Havana exilou presos políticos em troca do fim de embargos econômicos, além do envio de produtos de sobrevivência - coisa absolutamente decisiva. Quem seria o avalista da permuta de presos por alimentos? O cardeal Jaime Ortega Alamino, arcebispo de Havana e presidente da Conferência Episcopal Cubana, preenchia as condições indispensáveis para isso: o regime confia nele, e sua figura de alto representante da Igreja Católica tornava a operação deglutível pela opinião pública ocidental. Foi assim que o cardeal Ortega esteve no centro das combinações. Porém, aconteceu algo inesperado: os exilados denunciaram o comércio humario de que se sentiam objeto; declararam publicamente que o fim do bloqueio só serviria para perpetuar a ditadura comunista; imploraram aos EUA e à UE para não levantá-lo e, pelo contrário, serem bem mais exigentes com a ditadura castrista. 3 "Peço à União Européia que não abandone a posição comum. [... ] Não pode ser abandonada, porque

Chegada dos exilados cubanos à Espanha

D issidentes cubanos denunciam colaboração da Hierarquia católica do país e de líderes populistas latino-americanos com a ditadura e pedem ao Ocidente mais rigor contra o regime marxista rn Lu1s DuFAUR RIVIITAINCUINTIIIO I oot&CTORIOl j OiRliCHOI HIAIIAHOl

"Ratos e baratas, água a cada três dias, comida podre, autoflagelação e excrementos pelo chão" - esse foi o ambiente que os ex-presos políticos de Cuba, agora exilados na Espanha, enfrentaram durante sete anos nos presídios da ilha. "Éramos totalmente saudáveis, mas saímos de lá cheios de problemas " , declarou Júlio César Rodríguez. 1 O estado das prisões é um indicador da miséria que o socialismo impôs. A economia "solidária" e "participativa" já nem sustenta o sistema de racionamento de alimentos e produtos de higiene. Os comedores (restaurantes) públicos deixaram de fornecer 3,5 milhões de parcos almoços por dia para funcionários do Partido Comunista. A Reforma Agrária há muito privou a ilha de alimentos suficientes. As colheitas de açúcar e -

CATOLICISMO

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OUTUBRO 20 09 -


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1 Cuba não deu sinais de mudança", afirmou o dissidente Normando Hernández ante o Parlamento Europeu. 4 As corajosas vítimas do comunismo denunciaram também a cumplicidade de líderes populistas latino-americanos com o esquema de repressão e morte que impera na ilha. Em particular, o dissidente Omar Rodríguez verberou a conduta do presidente Lula: "Quando ocorreu a tragédia com Orlando Zapata [dissidente morto em greve de fome pouco antes de Lula chegar a Cuba], o presidente brasileiro apertava as mãos de Fidel e Raul Castro. Ele não intercedeu, não fez nada para salvar a vida de Orlando Zapata. Isso significa que ele se aliou ao crime, e não à justiça". 5

Carta a Bento XW A dramaticidade das denúncias atingiu um ápice quando os dissidentes enviaram carta a Bento XVI denunciando a cooperação do episcopado cubano com a cruel ditadura castrista. Assinada por 165 deles (a maioria reside ainda em Cuba) e entregue à Nunciatura Apostólica em Havana, a carta afirma respeitosamente: "Não estamos de acordo com a atitude da hierarquia eclesiástica cubana em sua intervenção quanto aos presos políticos, ela é lamentável e de fato vergonhosa". Informa ao Santo Padre que "a situação de repressão, hostilização e detenções arbitrárias recrudesceu", e como exemplo aponta que o regime proibiu "Reina Luisa Tamayo Dánger, mãe do assassinado Orlando Zapata" de assistir à missa; e que "a hierarquia eclesiástica dessa província foi visitá-la para pedir que fizesse precisamente o que o governo desejava". Prossegue a carta: "Respeitamos a solicitude da Igreja para que cesse o 'bloqueio', mas, por que ela não pede também publicamente que cesse o embargo que a ditadura aplica pela tirania a todo o povo cubano? Ele permanece há mais de 50 anos, e inclui as liberdades que a Igreja poderia desfrutar". As vítimas do comunismo concluem com um premente apelo ao Pontífice: "Poderíamos fazer nesta epístola uma longa lista de pedidas, mas só um é o mais importante: que ·cesse o apoio político que concedem os representantes de Deus ante os católicos cubanos àqueles que agiram durante meio século como comissários de Satanás na Terra ".6 \

Esquerda cat6lica cúmpllce O Conselho Arquidiocesano de Leigos de Havana respondeu logo a esse apelo, num suplemento digital da revista "Espacio Laical". 7 Trata-se de uma revista toda voltada para o "diálogo" com o regime comunista. O bloqueio marxista da Internet e da imprensa escrita em Cuba parece não atingi-la, e ela reagiu de modo nada dialogante contra os signatários da carta ao Papa. O órgão arquidiocesano qualificou a carta de "grosseira simplificação da realidade cubana", e acusou-a de obedecer à "política do ódio" que separa "bons e maus", e de ter sido redigida fora de Cuba para servir de "combustível para deslegitimar o atual processo" de cooperação entre o regime marxista e o episcopado. Tal posição não poderia atender melhor às conveniências da ditadura. Esta precisava de uma condenação aos dissidentes oriunda de ambientes católicos, e para isso prestou-se subCATOLIC ISMO

missamente o órgão arquidiocesano de Havana. Contudo, é inegável que a algazarra midiática sobre a cooperação IgrejaEstado em Cuba recebeu uma ducha de água fria. O cardeal Ortega saiu do noticiário e Fidel Castro passou a tratar de outros assuntos colaterais a essa polêmica crucial. Até o momento da conclusão deste artigo, não se tinha notícia de uma resposta da Santa Sé aos aflitos signatários da carta.

VARIEDADES

Zita, a últiIJla imperatriz da Austria

Uma nova utopia? A importância simbólica de Cuba supera suas dimensões geográficas. Na fantasia das esquerdas brasileiras e latinoamericanas em geral, Cuba faz as vezes de posto avançado de uma utopia para a qual rumam as inclinações socialistas do PT e as tendências profundas da esquerda católica, como as representadas pela Teologia da Libertação. Uma degringolada, ou mesmo uma transformação controlada do comunismo cubano com a introdução de alguns elementos capitalistas, deixará sem "pólo ideológico" tais esquerdas. Isso seria um golpe duríssimo para elas, que enfrentam sérias resistências no continente e já amargaram significativos reveses nos últimos anos. Basta mencionar o frustrado golpe de Zelaya em Honduras, as sucessivas derrotas das FARC, as vitórias eleitorais da direita na Colômbia e a derrota do socialismo no Chile. Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa estão cada vez mais silenciosos. No sentido oposto, o Peru progride e se inclina para a direita, liberando a economia dos empecilhos representados por leis socialistas. Neste delicado contexto, um editorial de "O Globo", com o título Acelera-se o relógio da ruína cubana, acena com a possibilidade de que "décadas acumuladas de repressão podem explodir de uma hora a outra, levando a um banho de sangue, se as forças de segurança continuarem fiéis aos irmãos Castro". 8 O jornal observa o óbvio: caso isso aconteça, terá chegado a hora dos EUA. E a opinião pública norte-americana - acrescentamos nós - não só se inclina para a direita, mas vê crescer internamente uma poderosa extrema direita sob o rótulo Tea Party. O que restará então para as esquerdas? Muito curiosamente, esta pergunta me veio à mente enquanto folheava o caderno "Gazeta Russa", que surpreendentemente o jornal "O Estado de S. Paulo" começou a publicar - uma publicação que visa familiarizar o leitor brasileiro com os rumos adotados pela ex-URSS, agora governada com mão de ferro por uma cúpula formada na escola da sinistra KGB dos tempos do marxismo-leninismo... •

Notas: 1. "Folha de S. Paulo", 16-7-10. 2. http://www.theatlantic.com/international/archive/20 I0/09/fidel-cubanmodel-doesnt-even-work-for-us-anyinore/62602/. 3. "El Mundo", Madri, 13-9-10. 4. Id., ibid. 5. http://veja.abril .corn.br/noticia/iriternacional/em-coletiva-dissidentes-dizem-que-havia-ratos-em-suas-celas-e-voltam-a-criticar-lula. 6.http://blogsdecuba.impela.net/2010/08/carta-abierta-al-papa-benedicto-xvi-3/. 7. http://www.espaciolaical.org/contens/esp/sd_l l 0.pdf. 8. "O Globo", Rio, 15-9-10.

■ GREGORIO VIVANCO LOPES

Em

seus tempos de gló,ia, a Áustria produziu grandes coisas para a civilização cristã. Entre elas, uma seqüência de imperatrizes e arquiduquesas admiráveis que, cada uma a seu modo, marcaram a fundo a história da Europa. A grande Maria Tereza encarnou como ninguém a elevação de vistas da dinastia dos Habsburgos e a grandeza da Áustria católica. Imperatriz Zita Sua filha Maria Antonieta, transplantada para a França, foi uma rainha de sonho até o momento de se tornar rainha-mártir. A tal ponto que a simples menção de seu nome, ainda hoje, incomoda a fundo os revolucionários do mundo todo, que só falam dela para caluniá-la ou para apontar-lhe defeitos. A imperatriz Elizabeth (Sissi), esposa do imperador Francisco José, foi modelo inigualável de elegância e distinção aristocráticas. O império austríaco foi retalhado após a Primeira Grande Guerra, e retirou-se da História. Poderíamos dizer que morreu, porém o fez de acordo com a expr~ssão francesa mourir en beauté, pois aquilo que é muito elevado, ao morrer, habitualmente o faz de modo belo. Nessa morte en beauté, o império austríaco produziu àinda uma grande imperatriz: Zita de Bourbon Parma (18921989), esposa do último imperador Carlos de Habsburgo, com o qual se casara em 1911 quando este era ainda apenas arquiduque. As bodas esplendorosas ocorreram no castelo de Schwarzau, perto de Viena, presididas por um legado do Papa. Originária do ducado de Parma, descendente das famílias reais de Portugal, Espanha e França, Zita assimilou inteiramente sua condição de imperatriz da Áustria, que teve de assumir após a morte do longevo imperador Francisco José em 1916. Foi coroada também rainha da Hungria e da Boêmia. Na ilustração, a vemos numa esplêndida carruagem na capital da Hungria, cingindo a coroa imperial. Nos degraus, seu filho primogênito, arquiduque Otto. Seu reinado foi curto. A 12 de novembro de 1918, como conseqüência da guerra, a república foi proclamada na Áustria, e em março de 1919 a família imperial teve seus bens confiscados. Foi forçada ao exílio na Suíça e em seguida na ilha da Madeira, pois os novos donos do poder temiam o prestígio dos monarcas junto ao povo. Nesse local de exílio, Carlos

Imperatriz Zita e o Arquiduque Otto em Budapeste - óleo sobre tela do pintor húngaro Gyula Eder (1875-1945)

de Habsburgo morreu em 1922, deixando a imperatriz viúva com oito filhos. Demonstrando uma dignidade extraordinária, ela passou a vestir-se de negro, e assim permaneceu nos 67 anos que sobreviveu ao marido, sempre cuidando da educação dos filhos. Só em 1982 o governo republicano permitiu que ela voltasse à Áustria. Então, após assistir à Missa na Catedral de Santo Estêvão, uma multidão incalculável aglomerou-se para aclamá-la. Quando de sua morte, teve um funeral de verdadeira imperatriz, recebendo.em Viena o consagrador tributo de um povo que soube avaliar sua dignidade no infortúnio. Seis cavalos negros puxavam o precioso coche encimado com a águia imperial e a coroa, que em presença de descendentes de todas as monarquias européias, além de Marrocos, Jordânia e Egito, conduziu seus restos mortais ao Panteão dos Habsburgos. • E-mail para o autor: calo licis111o @terra.co m.br

AGOSTO2010 -


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Reforma Agrária, instrumento para impor a utopia coletivista e igualitária Ü livro Reforma Agrária -

pois ele a apresentou a D. Geraldo de Proença Sigaud, bispo de Jacarezinho, e D. Antonio de Castro Mayer, bispo de Campos. Estes aprovaram com algumas poucas observações, entre as quais alguns comentários acrescentados por D. Sigaud. Por ocasião de um Congresso Eucarístico em Curitiba, o Prof. Plinio convidou os dois bispos a assinarem o livro como co-autores e, num hotel daquela cidade, eles revisaram toda a obra. O Prof. Plínio desejava demonstrar que o projeto era inaceitável também do ponto de vista econômico, pois a estrutura agrária então existente satisfazia com muita eficiência as necessidades da produção agropecuária. O economista Luiz Mendonça de Freitas, então Secretário do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo, foi convidado e aquiesceu em redigir uma parte econômica para o livro.

Questão de Consciência, com argumen-

tação persuasiva baseada no Magistério pontifício e em grandes autores católicos, foi uma barreira eficaz e indispensável para a defesa do direito de propriedade e da livre iniciativa no País

Catolicismo - Qual a razão da expressão "questão de consciência" no título do livro?

D

iscípulo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira desde o início dos anos 50, Dr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira coadjuvou-o em 1960 na fundação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), na qual exerceu por mais de quatro décadas relevantes cargos de direção, especialmente no comando de diversas campanhas organizadas pela entidade em momentos críticos para o País. Uma das mais importantes foi a difusão de Reforma Agrária Questão de Consciência, livro cuja tese central afirma ser o direito de propriedade de ordem natural, não podendo o Estado eliminá-lo nem golpeá-lo a seu bel prazer. Nos primórdios dos anos 60, no governo João Goulart, tentou-se impelir o Brasil rumo a um sistema sócio-econômico de cunho marxista, por meio de uma Reforma Agrária socialista e confiscatória. Nos termos em que estava sendo proposta, a Reforma Agrária significaria um autêntico roubo, violando gravemente dois mandamentos do Decálogo: "Não roubar" e "Não cobiçar as coisas alheias". Para impedir tal intento, a TFP promoveu em todo o País debates públicos, conferências, entrevistas, campanhas de rua difundindo o referido livro-denúncia. Em razão do cinqüentenário desse livro, CATOLICISMO

Dr. Plinio Xavier - Como ele visava sobretudo denunciar a transgressão de inarredáveis preceitos da moral católica, presente no projeto socialista, a idéia era levantar a questão de consciência que se colocaria para todos os católicos no Brasil, em especial para as autoridades eclesiásticas, que deveriam denunciar e recusar o projeto. Por isso optou-se pelo título Reforma Agrária - Questão de Consciência (RA-QC).

que criou um caso nacional com repercussão internacional , Catolicismo solicitou uma entrevista sobre o tema ao Dr. Plinio Xavier, que é formado em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e exerceu durante décadas o cargo de diretor da Construtora Adolpho Lindenberg.

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Catolicismo - O que o Sr. poderia dizer aos leitores de Catollclsmo a respeito das origens da Reforma Agrária no Brasil?

IJI: l'Jinio Xavier: "Como conhecia a orientação socialista do governo Carvalllo Pinto, Dr. Plinio comentou que tel'.Íamos obrigação de denunciar o projeto de Revi-

são Agrária"

Dr. Plinio Xavier - No início da década de 50, o secretário geral da CNBB, D. Helder Câmara, redigiu uma circular aos membros do episcopado brasileiro, anexando uma minuta de carta pastoral coletiva dos bi spos do Brasil a respeito da Reforma Agrária. Es e texto feria substancialmente o direito de propri edade e continh a características claramente soci alizantes. O então bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, remeteu aos membros do episcopado brasileiro uma carta ressaltando esse caráter oci alista. Muitos prelados manifestaram, empre em caráter particular e reservado, seu apoio às posiçõe do bispo de Campos, e em vista disso o projeto de pa torai coletiva da CNBB não fo i ad iante. Internamente, os

membros do "Grupo do Catolicismo" se referiam a tal documento de D. Helder como a "pastoral natimorta". Catolicismo - Como e quando surgiu a idéia do livro Reforma Agrária - Questão de Consciência?

Dr. Plinio Xavier - Na Semana da Pátria de 1959 (ano em que Fidel Castro tomou o poder em Cuba), Dr. Plinio estava passando os dias feriados em Poços de Caldas (MG), em companhia de seus amigos mais próximos. Num desses dias, ele mostrou-nos uma notícia publicada em "O Estado de S. Paulo", então o maior jornal da capital paulista. Era o anúncio de que o governo do estado, chefiado pelo governador Carvalho Pinto, apresentaria à Assembléia Legislativa um projeto de Reforma Agrária, sob o nome de "Revisão Agrária". Como já se conhecia a orientação socialista do governo Carvalho Pinto, Dr. Plínio comentou que teríamos obrigação de denunciar esse projeto, depois de constatar o seu caráter confiscatório. O Prof. Plinio foi então para Santos (no litoral paulista) escrever a parte doutrinaria do livro. De-

D. Helder Câmara, na década de 50, redigiu uma circular aos membros do episcopado brasileiro, anexando uma minuta de carta pastoral coletiva dos bispos do Brasil a respeito da Reforma Agrária

"Alguns meses antes do lançamento de RA-QC, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira llavia fundado a TFP, com o objetivo de combater a socialização -do País"

Catolicismo TFP?

Qual a ligação do livro com a

Dr. Plillio Xavier - Alguns meses antes do lançamento de RA-QC, em julho de 1960, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira havia fundado com alguns amigos, entre os quais eu me encontrava, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição Família e Propriedade - TFP, com o objetivo de combater a socialização do País. Com o desenvolvimento da campanha de divulgação do livro, a TFP foi-se incumbindo aos poucos da tarefa, tornando-se assim muito conhecida como vinculada à difusão do pensamento anti-agrorreformista. O clero progressista e a imprensa esquerdista viram sempre a entidade com muito desagrado, pois de fato ela tornou-se a maior corrente do pensamento católico conservador existente no Brasil. Mesmo motivo, aliás, pelo qual era vista com simpatia por largos setores da opinião pública nacional. Catolicismo de RA-QC?

Quando se deu o lançamento

Dr. Plinio Xavier - Em outubro de 1960 a Editora Vera Cruz, então criada por alguns membros do chamado "Grupo do Plinio", lançou a primeira edição OUTUBRO2010 -


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da obra. A livraria Palácio do Livro, uma das maiores de São Paulo naquela época, encheu sua vitrine com exemplares do livro e encarregou-se de sua distribuição por todo o País. Em poucos dias o volume de vendas tornou-se extraordinário, e em alguns meses a tiragem chegava a 30 mil exemplares em quatro edições sucessivas. Teve também edições na Argentina, Espanha e Colômbia. Catolicismo - Em relação ao livro, como reagiram os proprietários rurais? Dr. Plínio Xavier - Os principais líderes dos fazendeiros - Clóvis Salles Santos da FARESP, Severo Fagundes Gomes da Associação Brasileira dos Criadores, Sálvio de Almeida Prado da Sociedade Rural Brasileira - e fazendeiros de grande destaque nos meios econômicos de São Paulo, como João Mellão e outros, mantiveram sucessivos encontros com os autores do livro. Até então desanimados ante as propostas do projeto de revisão agrária, eles ficaram profundamente impressionados com o seu caráter anticristão ressaltado no livro, como também

"Em poucos dias o volume de vendas do liv1·0 tornou-se extraordinário, e em alguns meses a tiragem cl1egava a 30 mil exemplares em quatro edições"

Os autores de Reforma Agrária - Questão de Consciência pronunciaram conferências sobre a tem6tica do livro em v6rias cidades do Pais. Embaixo, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira (2º à esq.) dirige-se à classe rural de Amparo (SP).

muito desapontados com o apoio de membros eminentes do episcopado. Catolicismo - O livro exerceu algum efeito sobre o projeto do governo Carvalho Pinto? Dr. Plinio Xavier - A Assembléia Legislativa de São Paulo, à qual incumbia discutir e aprovar (ou não) o projeto, era presidida na época pelo deputado Abreu Sodré, e uma bancada numerosa apoiava o governo Carvalho Pinto. A oposição mais significativa era constituída pela bancada do Partido Social Progressista, do ex-governador Adhemar de Barros. O presidente da Comissão de Economia da Assembléia, deputado Ciro Albuquerque, convidou os autores de RA-QC para exporem ao plenário do Legislativo Paulista as teses principais do livro. A sessão foi realizada com a presença de vários assessores da Secretaria da Agricultura, bem como de membros do "Grupo do Plínio". Enquanto os quatro autores do livro expunham suas posições, os deputados governistas e os assessores da Secretaria da Agricultura procuravam ressaltar que vários bispos,

inclusive o então cardeal-arcebispo D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, mostravam-se favoráveis ao projeto. Também quanto à parte técnica, o economista Luiz Mendonça · de Freitas encontrou opositores dentre os representantes enviados pela Secretaria da Agricultura. A deputada Conceição da Costa Neves, vice-presidente da Assembléia, teve especial destaque, mostrando-se fortemente favorável às teses do livro e contrária ao projeto de "Revisão Agrária". Catolicismo - Como reagiu o episcopado paulista? Dr. Plínio Xavier - Diante de toda a celeuma em torno do assunto, o episcopado paulista reuniu-se juntamente com D. Helder Câmara, secretário-geral da CNBB , e alguns prelados de outros estados. Uma emissora de TV mostrou D. Helder e mais quatro ou cinco bispos dos estados de São Paulo e do Espírito Santo, num enfático pronunciamento de apoio ao projeto de "Revisão Agrária". O programa televisivo chocou profundamente a opinião pública católica, já assustada com o aspecto socialista desse projeto, denunciado por RA-QC. Catolicismo - O projeto acabou sendo aprovado pela Assembléia Legislativa? Dr. Plínio Xavier - Impressionada pela argumentação do livro e assustada com a reação da opinião pública, a maioria governista apresentou um projeto substitutivo muito mais moderado, mas assim mesmo inaceitável pela opinião pública católica, que foi convertido em lei promulgada pelo governador Carvalho Pinto. O leitmotiv da campanha do então secretário da agricultura Coutinho Noguei- . ra, para a sucessão governamental, foi exatamente esse projeto. E o resu ltado dessas manobras manifestou-se nas urnas: Coutinho Nogueira, apoiado pelo governo Carvalho Pinto, foi relegado a um terceiro lugar nas eleições, tendo sido escolhido novamente governador a polêmica fig ura de Adhemar de Barros. Catolicismo -A TFP figurava entre os organizadores da Marcha da Família com Deus pela Liberdade em 1964, considerada a principal manifestação popular que concorreu para a queda do governo João Goulart? Dr. Plínio Xavier - A esse respeito o livro Um homem, uma Obra, uma Gesta, historiando a luta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, registra:

"Quando, a partir do dia 19 de março, as g randes e memoráveis Marchas da Família com Deus pela Liberdade começaram a atrair para as ruas imensas multidões, delas participaram com entusiasmo os elementos da TFP, alegres por terem dado -

CATOLICISMO

"A deputada Conceição da Costa Neves teve especial destaque, mostrandose favorável às teses do livro e contrária ao projeto de Revisão Agrária"

um peculiar contributo para a criação desse clima ideológico e psicológico que se traduziu em tais manifestações de patriótico inconformismo. Com o suceder das Marchas, ficava tão claro o sentir do povo brasileiro, que ninguém mais deteria o curso dos acontecimentos. "No derradeiro discurso [no dia 30 de março] televisionado (que antecedeu de um dia a sua queda), Goulart, exasperado, vituperou acerbamente aqueles que lutavam contra seus aliados, os 'católicos esquerdistas', e contra as 'reformas de base': 'O veto desta minoria reacionária ao meu governo [... ] fortaleceu-se quando afirmei que as Reformas de Base são um imperativo da hora em que vivemos. [... ] É demasiada a audácia desses aventureiros, de se atreverem a falar em nome da Igreja. Não me cabe, porém, combater essa usurpação, pois a Ação Católica de Minas e de São Paulo já tomou essa iniciativa '" ("O Globo" , 31-3-64, apud " Um homem, uma Obra, uma Gesta %% Homenagem das TFPs a Plínio Corrêa de Oliveira, Edições Brasil de Amanhã, São Paulo, p. 79). • O1,..JTUBRO 201 O -


D urante os governos dos presidentes Jânio Quadros e João Goulart, iniciou-se uma luta contra-revolucionária para impedir a implantação no Brasil da Reforma Agrária socialista e confiscatória. No cerne dessa luta, o livro Reforma Agrária - Questão de Consciência, cuja solidez doutrinária muitas personalidades reconhecem. Atualmente ainda persiste essa luta, suscitando um caloroso debate, que envolve essa "questão de consciência" em favor da propriedade privada. n JuAN GoNZALo LARRAIN CAMPBELL

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ão pretendemos no presente artigo fazer um histórico do livro Reforma Agrária - Questão de Consciência, tarefa já empreendida por outras publicações. 1 Com base em textos de autores alheios a grupos vinculados ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, muitos dos quais seus adversários ideológicos, mostraremos · a eficácia dessa obra na luta contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória no Brasil. Plinio Corrêa de Oliveira (foto) a escreveu em 1960, tendo como co-autores D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, D. Geraldo de Proença Sigaud, Bispo de Jacarezinho e depois Arcebispo de Diamantina, e o economista Luiz Mendonça de Freitas, responsável pela pmte econômica.

Ação Cat61Jca, Reforma Agrária e comunismo A implantação da Reforma Agrária

vem sendo tentada no Brasil desde os anos 40, impulsionada fundamentalmente pelo clero progressista auxiliado por leigos da mesma esquerda católica. Nesse sentido, o sacerdote progressista francês Charles Antoine, que mcirou no Brasil e escreveu vários livros sobre o País, afirma: "A primeira declaração em favor das reformas de base data de 1942. Este ano, no decurso de um. Congresso Eucarístico em Manaus, está em. questão a Reforma Agrária. A segunda é de 10 de setembro de 1950, quando o bispo de Campanha (MG), D. Inocêncio Engelke, publica um.a carta pastoral estridente sobre o mesmo assunto". 2 E o Pe. J. Oscar Beozzo, conhecido teólogo progressista, analisando um documento dos bispos brasileiros, declara: "Os bispos denunciam a raiz dos males no sistema capitalista e propõem, pela primeira vez num docum ento oficial da hierarquia ( em. OUTUBRO 2010 -


1962), a saída socialista como a solução para estes problemas". E cita mais adiante um parágrafo do próprio texto episcopal: "A classe dominada não tem outra saída para se libertar, senão através da longa e difícil caminhada já em curso em fa vor da propriedade social dos meios de produção" .3 Os desvios pré-progressistas da Ação Católica haviam sido energicamente combatidos por Plínio Corrêa de Oliveira em 1943, no seu livro Em Defesa da Ação Católica. A relação entre a Ação Católica, a Reforma Agrária e o comunismo fica clara na denúncia feita por D. Gregório Warmeling, então bispo de Joinville, quando se refere à ·luta travada nos meios católicos no início da década de 60: "A propósito de um gesto da Ação Católica de Belo Horizonte se dessolidarizando dos católicos - sobretudo as Congregações Marianas - que haviam se manifestado com o rosário nas mãos, contra a Reforma Agrária, afirma o bispo: 'Com a enorme maioria do povo nós nos colocamos ao lado da brava população de Belo Horizante e dos valentes membros · da Congregação Mariana contra a Ação Católica desta arquidiocese. É bem conhecido que as seções da A. C. estão infiltradas de comunistas'". Sua declaração foi transcrita no "Luzeiro Mariano" .4 Sendo a meta deste artigo demonstrar a eficaz influência da obra Reforma Agrária - Questão de Consciência (doravante designada pelas suas iniciais RAQC), não nos deteremos em mostrar a cumplicidade do progressismo católico com a Reforma Agrária socialista - aliás, bem conhecida dos nossos leitores limitando-nos a comprovar essa influência por meio de textos recolhidos entre centenas que temos em mãos.

Ampla repercussão de RA-QC na imprensa internacional A força detonadora de RA -QC é reconhecida por José González em sua obra Helder Câmara, el arzabispo rajo: "O livro despertou, naturalmente, muito ruído, não só no Brasil mas em toda a imprensa internacional. E provocou também uma forte reação no seio do episcopado brasileiro, sobretudo por parte da corrente moderada". 5 Os esquerdistas de todos os matizes

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CATOLICISMO

empenharam-se em apresentar a questão agrária como um assunto meramente econômico, procurando evitar assim as reações que somente as questões religiosas e de consciência suscitam. Os autores de RA-QC fizeram precisamente o contrário: deslocaram a discussão dos aspectos secundários, denunciando o caráter religioso da Reforma Agrária. Assim o reconhece Galeno Paranhos: "Em torno do assunto [da propriedade privada] principalmente depois da publicação da obra [... ] Reforma Agrária Questão de Consciência, tem surgido, através de apaixonada polêmica, uma campanha que parece deslocar o problema de seu eixo natural de combate à fome e ao pauperismo, como questão de sobrevivência da própria espécie, para o terreno da religião, sob a influência de uma como que idiossincrasia ideológica que o mesmo não comporta". 6 Com a lucidez própria do espírito francês, o Pe. Charles Antoine descreve o núcleo do problema: "Sob a autoridade de D. Sigaud, de D. Castro Mayer, de Plinio Corrêa de Oliveira e de Luiz Mendonça de Freitas, a TFP publica em 1960 um livro intitulado 'Reforma Agrária Questão de Consciência'. Como o título o indica, a tese é simples: é um assunto de consciência. individual e não de estruturas sociais; a violação do direito natural de propriedade coloca uma grave questão de moral. A presença de dois bispos e a argumentação baseada na Escritura e na Tradição constituem as garantias teológicas". 1 Thomas C. Bruneau constata o aceso debate provocado por RA-QC: "Quando a Comissão Central e vários outros grupos regionais de bispos se manifestaram a favor da Reforma Agrária e de outras mudanças estruturais, a TFP denunciou essa atitude como comunismo. De fato, publicaram um livro escrito por [cita os autores], intitulado Reforma Agrária - Questão de Consciência, condenando a medida apoiada pela CNBB. [... ] Seguiu-se um debate caloroso ". 8

Oposição do clero progressista e apoio de fazendeiros Marcelo Lúcio Ottoni de Castro afirma: "No episcopado, RA-QC recebeu apoio público dos bispos D. José MauOUTUBRO 2010 -


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rício da Rocha [. .. ] e D. Germano Vega Campón {... }. Mas o livro causou dissabores entre prelados. Se havia criado mais oposição do que apoio no episcopado, entre os proprietários rurais, como era de se esperar, o livro foi bem aceito. As f eiras agropecuárias constituíram-se um local privilegiado para a divulgação da obra. [... ] A partir de uma iniciativa de pecuaristas presentes em uma exposição agropecuária no Rio Grande do Sul, foi organizado um abaixo assinado de proprietários rurais em repúdio ao 'agro-reformismo socialista e confiscatório' e de apoio a RA-QC". 9 "A publicação de RA-QC contribuiu para aumentar o debate sobre a questão agrária, envolvendo principalmente os meios católicos, e forneceu argumentos para os opositores a qualquer reformulação fundiária no Brasil. O apoio dos proprietários rurais veio através de seus órgãos representativos, como a FARESP (Fe-

deração das Associações Rurais do Estado de São Paulo) e o CONCIAP (Conselho Superior das Classes Produtoras). Este último afirmava em um comunicado: 'Extraordinária, uma obra magnífica do mais alto patriotismo e da mais pura ciência econômica, que situa o problema em termos racionais e cristãos"'.'º

Êxito de um esclarecedor

best-seller Mais de dez anos depois das polêmicas em torno do livro, o sacerdote jesuíta Ulisse Alesio Floridi, de posição ideológica "neutra", afirma: "Publicaram um livro, Reforma Agrária - Questão de Consciência, que teve o êxito de um 'best-seller' e contribuiu para esclarecer as idéias sobre o debate em curso". 11 O escritor revolucionário Márcio Moreira Alves, referindo-se a um dos autores de RA-QC, escreve: "Não apenasfora um dos co-autores do livro-ban-

deira contra a Reforma Agrária, como organizara reuniões preparatórias em Belo Horizante e em São Paulo, aliciando apoio de diversos setores das classes comerciais e industriais" . 12 Tristão de Athayde, o leigo mais simbólico do novo esquerdismo católico, faz uma reveladora declaração: "O que não é possível é continuarmos a pensar que a Reforma Agrária é uma ponta de lança do comunismo ou uma questão de consciência". 13 O padre progressista Aloísio Guerra, movido por radical ódio revolucionário, . passa recibo do golpe causado pelo li vro: "Raríssimos seriam capazes de assinar tamanha maldade. Mas muitíssimos se conduzem como se fossem autores desse indigesto e terrível livro" . 14 E mais adiante acrescenta: "Não aceitamos a interpretação dos autores do nefando livro Reforma Agrária - Questão de Consciência". 15

"Bíblia <los latiful1(/iários e dos iJ1imigos <la Reforma Agrária " Vinte e seis anos depois de sua publicação, o livro ecoa na mente do sacerdote agro-reformista Antonio Vieira. Sem ocultar sua aversão, ele escreve: "Mas o livro constituiu a bíblia dos latifundiários e dos inimigos da Reforma Agrária, dos ultra conservadores, e para demagogia política de personalidades do estofo moral de Armando Falcão. Felizmente, o livro provocou dentro do episcopado e das forças mais atuantes da mentalidade católica e humanista do Brasil uma repulsa contra estas ovelhas negras do rebanho de Cristo (sic)". 16 Os autores de RA-QC bem poderiam exclamar: "A indignação da esquerda católica prova a eficácia de nossa ação!".

O sol que ilumina todo o livro são os documentos da Igreja Este artigo perderia em objetividade

se deixássemos de citar algumas manifestações de pessoas que viram com lucidez, sabendo elogiar com destemor a envergadura da luta ideológica suscitada pelo livro. No livro Em defesa, Mons. Francisco Sales Brasil, um dos polemistas mais inteligentes e brilhantes do Brasil daquele tempo, refere-se aos documentos oficiais da Igreja transcritos em RA-QC, e afirma: "Documentos que não se compõem de textos insulados ou frases de algibeira; compõem-se de um longo sistema, de um denso contexto - que, digase de passagem, é o sol que ilumina toda a paisagem, todo o sítio das idéias tão sociais e anti-socialistas de Reforma Agrária - Que tão de Consciência ". 17 Mais adiante, acrescenta: "Mas é um livro fertilíssimo. Tão fértil que já tem provocado na atmosfera da imprensa brasileira relâmpagos nervosíssimos e grossas trovoadas, algumas, de todo,

secas. Outras serão seguidas da chuva e do orvalho com que Deus costuma abençoar o grupo dos que lhe continuam fiéis, o qual, na comparação do Divino Agricultor, é aquele terreno bom que produz cento por um". 18 "Não me consta que os nossos fa zendeiros tenham encontrado, nas imprensas brasileiras dos últimos tempos, alguma defesa mais científica e mais vigorosa, mais de acordo com as leis da justiça e da caridade - para com eles e para com os trabalhadores - do que a que foi organizada pelos autores do livro RA-QC. Nesta hora em que a propriedade particular está sofrendo a mais cruel e a mais profunda perseguição conhecida da História ". 19

"O livro não teve adversál'io digno" Um valente sacerdote espanhol, Pe. Ricardo M. Cacho, defendeu RA-QC em

Coleta de assinaturas para o manifesto de apoio às teses de Reforma Agrária Questão de Consciência, em abril de 1964

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seu artigo Un problema, una ley, un libro: "Apesar de tudo isso, creio que o livro atingiu seu fim, {. .. ] mas desgraçadamente não teve adversário digno. Este livro, que suscitou uma guerra jornaUstica como não se tinha visto outra no Brasil, vai dizendo e provando a verdade desde o prindpio até ofim". 2º Em seguia ele denuncia a campanha de silêncio de que foi objeto o livro, quando os adversários se viram derrotados: "Queremos concluir este artigo informando que aquela incandescência da crítica, que vomitava fogo contra o livro nos primeiros meses,foi amainando[... ]. Conjuntamente com aquela chuva de insultos, safram nos primeiros tempos artigos favoráveis ao livro, e não poucos. Mas o maior contraste aparece agora quando a crítica, sem crítica, se cala. É um silêncio eloqüente. Se tinham razão, por que desanimaram em tão pouco tempo? Por que esses líderes estão sumidos em significativo silêncio, se o livro continua vendendo-se com o mesmo ritmo ao aparecer sua terceira edição? Por que o Sr. Gustavo Corção não contestou a refutaçiio que lhe fez o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira? Por que não se responde aos artigos que continuam sendo escritos por aqueles que tiveram tempo de ler o livro? Por que todo este silêncio?

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Os adversários em perigo recorrem ao refúgio". 2 1

minou por derrocar o regime comunist6ide de 'Jango' ". 23

Implantação das medidas socialistas tornou-se impossível

Plinio Corrêa de Oliveira e RA-QC

Nos Estados Unidos, uma lúcida avaliação da situação foi apresentada por David Allen White em sua obra The Mouth of the Lion (A boca do leão): "A TFP saiu a público em forte oposição ao movimento favorável à Reforma Agrária. Sua mais poderosa arma apareceu em forma de livro, concebido por Plinio e escrito com a assistência dos dois bispos e de um economista brasileiro. [... ] Recebeu o título de Reforma Agrária Questão de Consciência. [... ] A batalha subseqüente mostrou ao público as divisões na hierarquia da Igreja no Brasil. Muitos bispos apoiavam a Reforma Agrária, e o fa ziam com aberta simpatia para com o socialismo. [... ] O aparecimento na televisão também proporcionou uma bem visível plataforma de onde atacar RA -QC. A ruptura na hierarquia brasileira, umafenda na rocha da Igreja, podia ser vista pela primeira vez por milhares de brasileiros. Ao longo dos anos, a fenda haveria de se alargar a ponto de se tornar um abismo aberto. "Com o passar do tempo, a batalha tornou-se mais intensa e as divisões aumentaram. [... ] As medidas socialistas do presidente João Goulart tornaram-se mais pronunciadas e continuaram a ganhar amplo apoio de muitos bispos. As atividades da TFP também se tornaram mais públicas e mais difundidas. Ela foi às ruas para demonstrações públicas de patriotismo. [... ] "Plinio e os dois bispos continuaram a batalha nas páginas de Catolicismo e alhures. Seus esforços foram incessantes, e sua influência profunda. Eles haviam provocado tal reação em todo o País, que logo o movimento pela implantação das medidas socialistas tornou-se impossível ". 22 O escritor salvadorenho José René B. Ferrufino assim viu o papel do livro como freio para o comunismo no Brasil: "Publicaram um livro intitulado Reforma Agrária - Questão de Consciência, que praticamente foi a chispa do movimento anticomunista brasileiro que ter-

Além de dar seu aval doutrinário ao livro, D. Sigaud e D. Mayer desempenharam papel de destaque nas polêmi-

cas que se travaram pela imprensa e televisão durante a campanha de difusão de RA-QC. Não obstante, o idealizador e a alma da obra foi Plínio Corrêa de Oliveira. Assim, neste cinqüentená.rio do livrobandeira no combate ao agro-reformismo confiscatório, parece-nos justo finalizar com uma homenagem ao seu principal autor. Esta não é de nossa lavra, mas de Mons. Sales Brasil na sua já citada obra: "É também autor desta primeira parte [de RA-QC] o não menos erudito e não menos famoso Plinio Corrêa de Oliveira, simples congregado mariano, simples leigo, cuja ciência religiosa e ortodoxia - vivesse ele nos primórdios do cristianismo - talvez lhe conquis-

tassem, com os louros da combatividade impertérrita, o título de Santo Padre da Igreja" 24 • • E- mail para o a utor: catoli ·ismo

terra.

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br

Notas: 1. Veja-se, por exemplo, a obra Um homem, uma obra, uma gesta, Edições Brasil de Amanhã, 1988. 2. Pe. Charles Antoine, L'Église et te pouvoir au Brésil, Desclée de Brouwer, Paris, 1971, pp. 60-61. 3. Pe. José Oscar Beozzo, A Igreja do Brasil - de João XXJ/1 a João Paulo li, de Medellín a Santo Domingo, Vozes, Petrópolis, 1994, coleção Igreja do Brasil, p. 60. 4. Centro Pastoral Vergueiro, As relações IgrejaEstado no Brasil, 1964-1978, São Paulo, 1978, caderno de informações nº 2, fascículo 1, pp. 13- 14. 5. José Gonzáles, Helder Cllmara, e/ arzobispo rojo, ediciones G. P. , Barcelona, 1972, pp. 1121 13. 6. Galeno Paranhos, Reforma Agrária e planejamento , Alba, Rio de Janeiro, 1961, !' Ed., pp. 12- 13 . 7. Pe. Charles Antoine, op. cit. , pp. 58 e 60. 8. Thomas C. Bruneau, Catolicismo no Brasil em época de transição, Loyola, São Paulo, 1974, coleção Ternas Brasileiros (!BRADES), pp. 396-397. Tradução do original inglês. 9. Marcelo Lúcio Ottoni de Castro, Política e imaginação: um estudo sobre a TFP, Brasília, 1991 , pp. 85-88. 10. Marcelo Lúcio Ottoni de Castro, op. cit. , pp. 84-85. 1 l. Uli se Alesio Floridi , SJ., O radicalismo católico brasileiro, São Paulo, 1973 , Coleção Hora Presente, pp. 56-57. 12. Márcio Moreira Alves, O Cristo do povo, Sabiá, Rio de Janeiro, 1968, p. 271. 13. Alceu Amoroso Lima, A experiência reacionária, Tempo Brasileiro Ltda., Rio de Janeiro, 1968, Coleção Temas de todo tempo, vol. 14, p. 99. 14. Pe. Alofsio Guerra, A Igreja está com o povo?, Civilização Brasileira S. A., Rio de Janeiro, 1963, p. 31. 15. Pe. Aloísio Guerra, op. cit., pp. 55-56. 16. Pe. Antonio B. Vieira, A Igreja, o Estado e a questão social, Ed. Fortaleza, Fortaleza (CE), 1986, pp. 123-125. 17. Mons. Francisco de Sales Brasil, Em defesa , Salvador (BA), 1961, p. 243. 18. Mons. Francisco de Sales Bras il , op. cit., p. 244. 19. Mons. Francisco de Sales Brasil, op. cit., pp. 247-248. 20. Pe. Ricardo M. Cacho, Un problema, una ley, un libro . Religión y cultura, Madrid, 196 l, julho-outubro, 23-24. vol. Vil, p. 514. 21. Pe. Ricardo M. Cacho, op. cit., julho-outubro, 23-24, vol. VII, p. 544. 22. David Allen White, The Mouth of the Lion, Ed. Angelus Press, Kansas , 1993, pp. 80-84. 23. José René Baron Ferrufino, Penetraci6n comunista en El Salvador, Ahora S. A., E! Salvador, I 970, pp. 2 I 8-2 I 9. 24. Mons. Francisco de Sales Brasil, op. cit., p. 244.

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Antioquia, a "capital do Oriente"

Santo Inácio de Antioquia Heróico pastor, mártir destemido D iscípulo do Apóstolo São João, bispo de Antioquia, um dos primeiros e mais ilustres Padres da Igreja ■ PLINI O M ARIA SO LIMEO

egundo antiga tradição, Santo Inácio de Antioquia foi o menino que Nosso Senhor Jesus Ciisto abraçou quando disse: "Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas àquele que me enviou" (Me 9, 37) (gravura à esq.). Pertence igualmente à tradição ter sido ele, com seu amigo São Policarpo, discípulo do Apóstolo São João. Faltam-nos outros dados biográficos do santo. Felizmente, deixou ele

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CATOLICISMO

sete cartas, todas consideradas autênticas. Além da manifestação de seu zelo pelas almas, elas oferecem alguns dados sobre sua prisão. Junto com as cartas, chegou- nos dos tempos antigos um relato de seu martírio (The Martyrdom of Ignatius) , provavelmente escrito por Philo (um diácono de Tarso) e por Rheus Agathopus , um leigo sírio que acompanhara Santo Inácio em sua prisão até Roma. jvt:uitos historiadores o consideram autêntico, no entanto crêem ter havido nele várias interpolações. Tomaremos como base esse relato e as cartas cio santo. 1

Santo Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia - Jogo depois de São Pedro e Santo Evódio - sagrado diretamente por um dos Apóstolos, provavelmente o próprio São Pedro. Antioquia si tuava-se às margens do rio Orontes, localizada então na Síria, e corresponde hoje à moderna Antakya, na Turquia. Fora fundada em fins do século IV a.C. por Seleuco I, e Nicanor tornou-a capital ele seu império. Ocupa lugar de destaque na hi stória do cri stianismo. São Paulo pregou pela primeira vez numa sinagoga em Antioquia, e nela os seguidores de Jesu Cristo tornaram-seconhecidos como "cristãos" (At 11 :26). Era a terceira cidade do Império Romano, logo depois de Roma e Alexandria. Devido à sua situação e às relaçõe comerciais, era considerada a capital do Oriente.

Um pastor; líder preparado e atento Estava Santo Inácio ocupado em seus afazere episcopais quando o imperador romano Domiciano (81-96) - o primeiro a deificar-se, assumindo o título de "Senhor e Deus" apresentou -se como regenerador da moral e da religião (pagã) do império, apesar ele seus vício na vida privada. Como tal , empe nhou-se em "corta r pela rai z a religião dos

galileus ", então florescente em várias partes do império. "O bispo de Antioquia possuía em grau eminente todas as melhores qualidades do pastor ideal e do verdadeiro soldado de Cristo. Desse modo, quando a tormenta da perseguição de Domiciano eclodiu com fúria sobre os cristãos da Síria, encontrou seu fiel líder preparado e atento. Ele era incessante em sua vigilância, e incansável em seus esforços para inspirar esperança e fortalecer as mais fracas de suas ovelhas contra os terrores da perseguição" .2 Quando cessou essa tormenta com a morte de Domiciano, sobrevindo relativa paz, Santo Inácio procurou preparar seus fiéis para uma nova possível perseguição, dando-lhes o exemplo ele destemor e espírito sobrenatural com que deveriam enfrentála. Ressaltava que não há graça maior do que dar a vida por Cristo, que ofereceu sua vida por nós .

Eloqüência, coragem e martírio Ascendeu ao trono imperial Trajano (98-11 7), um dos mais hábeis imperadores romanos, que estendeu as fronteiras do Império para além das margens do Reno até às do Danúbio, promoveu o comércio e a indústria e fez grandes edificações para seus serviços administrativos. Apesar de tão vasta visão administrativa, esse im-

perador considerava o cristianismo como crime punível de morte. Ensoberbecido pela vitória contra os síncios e os dacianos, Trajano procurou obter também uma conquista religiosa no império. Para isso determinou que todos os cristãos deveriam unir-se aos pagãos na adoração dos deuses imperiais, e seriam perseguidos e levados à morte os que a isso se negassem. Entretanto, devido a um farisaísmo mal disfarçado, não admitia delações . E Tertuliano, famoso escritor eclesiástico que viveu entre os séculos II e ll, exclama a propósito dessas medidas: "Proíbe-se buscar os cristãos como sendo inocentes, mas se os condena como culpáveis. Perdoa-se e se castiga. Não é isso uma contradição palpável?". 3 Trajano visitava Antioquia quando seus editos foram publicados, e quis pô-los em execução imediatamente ali mesmo. Evidentemente a figura de Santo Inácio era a que mais se destacava entre os cristãos, e ele foi preso e levado à presença do imperador. Seu testemunho da fé diante de Trajano, de acordo com o relato, foi caracterizado por inspirada eloqüência, coragem sublime, e mesmo certa exultação. Mas isso não impressionou o imperador. Pelo contrário, este ordenou que o acorrentassem e o enviassem a Roma, para ser alimento das feras e um espetáculo para o povo.

"Vou lutando contra feras, por terra e por mar" É provável que o santo tenha embarcado em Selêucia, o porto mai s próximo de Antioquia. Em Esmirna, onde São Policarpo era bispo, cristãos de vá.rias comunidades da Ásia Menor foram saudá-lo. Entre eles estavam cristãos de Éfeso, Magnésia e Trales, que o foram confortar. Para cada uma dessas comunidades ele escreveu, confirmando-as na fé, exortando-as à obediência aos respectivos bispos e a evitarem qualquer contaminação com a heresia. Essas cartas revelam sua extrema caridade cristã, seu zelo apostólico e suas preocupações pastorais.

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Martírio de Santo Inácio

Em sua carta aos Romanos, escrita durante uma parada em Esmirna, o ínclito herói de Jesus Cristo diz: "Da Síria mesmo até Roma, vou lutando contra feras, por terra e por mar, de dia e de noite, encadeado entre dez leopardos, quer dizer, um bando de soldados que me custodiam, e que, mesmo quando recebem benefícios, mostram-se ainda piores. Entretanto, sou instruído por suas injúrias [para agir como um discípulo de Cristo]; 'contudo não sou por isso justificado' (1 Cr 4, 4). Possa eu gozar com as feras que estão preparadas para mim. E reza para que elas possam estar pressurosas em atirar-se contra mim, pois eu também procurarei atraí-las para que me devorem depressa, e para que não ajam comigo como com alguns a quem, por medo, não tocam". 4 Suplicou-lhes também que nada fizessem para evitar seu martírio. Em outra interrupção da viagem, em Troas, escreveu aos cristãos de Filadélfia e Esmirna e a São Policarpo.

"Eu sou o trigo de Deus, deixe-me ser moído" Tendo chegado a Roma, dizem

os autores do relato: "Encontramos os irmãos [na Cidade Eterna] cheios de temor e de alegria, regozijando-se de fato, porque foram julgados dignos de se encontrar com Teóforos [nome que Santo Inácio atribuía a si mesmo em suas cartas], mas também com temor, porque homem tão eminente estava sendo levado para a morte". 5 O santo confortou esses destemidos cristãos, exortando-os a permanecer fiéis à sua fé e ao amor fraterno. Ajoelhando-se com eles, suplicou ao Filho de Deus que protegesse suas igrejas e terminasse a cruenta perseguição. Mas foi interrompido por seus carcereiros e levado imediatamente para o anfiteatro, para ser devorado pelas feras. Quando os animais se precipitaram sobre o herói de Cristo, seu pensamento deve ter-se firmado no que ele escreveu em sua carta aos Romanos: "Eu sou o trigo de Deus, deixe-me ser triturado pelos dentes das feras selvagens, para que possa tornar-me um puro pão de Cristo.[... ] Que venham sobre mim o fogo e a cruz; a multidão de feras selvagens; o rompimento, a quebra e o deslocamento de meus ossos; que venham sobre mim o

decepamento de meus membros, a fragmentação de todo meu corpo, e todos os espantosos tormentos do demônio, contanto que eu chegue a Jesus Cristo". 6 Os autores do relato o concluem do seguinte modo: "Tendo sido testemunhas oculares dessas coisas, e tendo passado a noite inteira em casa derramando lágrimas, e tendo conjurado o Senhor, com os joelhos dobrados e muitas preces, para que Ele nos desse, a nós homens fracos, uma garantia arespeito desses fatos, ocorreu que, tendo caído numa breve sonolência, alguns de nós viram o bem-aventurado Inácio de repente, de pé junto a nós e abraçando-nos; enquanto que outros o contemplaram rezando por nós, e outros ainda o viram junto do Senhor, transudando suor, como se tivesse vindo naquele momento de um grande trabalho. Quando, desse modo, testemunhamos com grande alegria essas coisas, comparando nossas várias visões, cantamos louvores a Deus, o doador de todas as coisas". 1 O martírio de Santo Inácio de Antioquia, cuja festa se comemora no dia 17 deste mês, deu-se no 11 ° ano do reinado de Trajano, isto é, por volta do ano 110. •

O autor do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem,

retratado em excelente biografia L ançada em Portugal a mais completa biografia de São Luís Maria Grignion de Montfort, o grande apóstolo mariano. No Brasil, a distribuição e venda está a cargo da Petrus Editora*

E-ma il para o autor: ·ato li ismo n erra. ·om.br Notas:

1!11

J OSÉ NARCI SO BARBOSA SOARES

1. Utilizamos esses documentos contidos

no CD da organização americana New Advel!l (www.NewAdvent. org), Kevin Knight, 2007. 2. John B. O ' Co nn or, St. l gnatius of Antioch, The Catholic Encyclopedia, CD edition. 3. ln Fr. Ju sto Perez de Urbe! , O.S.B., Alio Cristiano, Ediciones Fax, Madri, 1945, tomo I, p. 211. 4. The Epistle of Ignatius to the Romans, cap. 5, New Advent CD. 5. Th.e Martyrdom of lgnatius, cap. 6, New Advent CD. 6. Epistle to the Romans, caps. 4 e 5, New Advent, CD. 7. The Martyrdom oflgnatius, cap. 7, id., lb.

Crucifixo ao peito, terço pendente a servir-lhe de cinto, saco a tiracolo, sandálias gastas por ásperas jornadas, batina remendada, velho chapéu de feltro - um homem fora do comum, São Luís Maria Grigrúon de Montfort, trilhava assim a passos rápidos os caminhos da França. O aparecimento do santo fora profetizado dois séculos antes por São .Vicente Fer-

rer, que previra a vinda de um homem de Deus, um "poderoso missionário". Ao grande apóstolo espanhol era dedicada a igreja em que foi batizado o pequeno Luís Maria em fevereiro de 1673. Nascera em Montfort-sur-Meu em 31 de janeiro daquele ano. Quando completou 12 anos, seus pais o enviaram para o colégio dos padres jesuítas de Rennes. E durante os estudos de Teologia e Filosofia, já no Colégio São Tomás Becket da mesma cidade, sua grande devoção a Maria Santíssima começou a desabrochar, transformando-o mais tarde num dos mais eminentes mariólogos da Igreja. Em 1695, entrou para o conhecido Seminário de Saint-Sulpice, em Paris, onde foi ordenado sacerdote em 1700.

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Por ordem do Papa Clemente XI, foi enviado como missionário apostólico para a Bretanha, região que percorreu nas suas missões, deixando marcas indeléveis. No entanto, apesar de aureolado pela santidade de vida, sua obra missionária enfrentou grandes resistências da parte de eclesiásticos imbuídos da heresia jansenista. Essa espécie de calvinismo infiltrado na Igreja conservava os aspectos exteriores do catolicismo, e assim iludia a muitos. Adotava um ascetismo que não procedia de verdadeiro amor pela virtude - enquanto caminho para a união com Deus - mas do temor desesperado de tipo calvinista, que imaginava um Deus sem misericórdia, o qual predestinava as pessoas ao inferno. Por tais razões, combatiam a devoção à Santíssima Virgem e à Eucaristia, provas potentes da misericórdia divina. Além do jansenismo, também o galicanismo ganhava força nos séculos XVII e XVIII. Manifestava-se por uma revolta contra a autoridade suprema do Papa, sem no entanto romper com ele. Os reis da França pressionaram alguns Papas, a fim de obterem a concessão de indicar os candidatos ao episcopado, faculdade que pertencia à jurisdição do Sumo Pontífice. Em vista dessa situação, muitos prelados indignos foram nomeados para importantes dioceses, tornando-se mais políticos do que religiosos.

Juntou-se a tudo isso o relaxamento do clero, que armou ciladas à figura excepcional de São Luís Grignion de Montfort e combateu duramente suas missões. Embora curta, sua vida foi prodigiosamente fecunda. Missionário, cimentou a fé católica nas províncias do Oeste da França, erguendo à sua passagem gigantescos calvários. Escritor e poeta, ocupa lugar de relevo na literatura religiosa. Teólogo, compôs livros de espiritualidade que se tornaram clássicos, entre os quais o célebre Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Místico, teve profunda vida interior em meio a uma atividade absorvente. Fundador, dirigiu e encorajou jovens congregações. Precursor, pregou contra o jansenismo predominante a comunhão freqüente, a devoção à Santíssima Virgem e ao Papado. Peregrino, percorreu as estradas da França com o crucifixo nas mãos, semeando sem descanso as Ave-Marias do seu rosário. Em sua vida marcada por pesadas cruzes, foram muitas as pedras atiradas contra ele. Não lhe era possível conciliar o mundo e Jesus Cristo, pois a sabedoria mundana é inimiga da sabedoria divina. Que seria do mundo se os Apóstolos não tivessem enfrentado os furores da Sinagoga, se São Paulo não tivesse empreendido as suas viagens apostólicas,

Colégio dos Jesuítas em Rennes, onde o lovem Luís Mar a freqüentou as aulas de Humanidades

Aconselhamos vivamente aos leitores de Cato/leismo a leitura desta excelente e completíssima biografia, preparada com esmero pela Livraria Clvllização Editora, Porto (201 O).

se São Pedro não tivesse tentado erigir a cruz no Capitólio? Esta sabedoria divina, que era loucura aos olhos dos pagãos, assim permanece em nossos dias. Mas como se mede a sabedoria? Pela prudência humana ou pelo movimento do espírito de Deus? Por isso mesmo, os meios que São Luís Maria empregava no seu apostolado podem surpreender, sobretudo num século que levava ao exagero o culto das conveniências. Aos 43 anos de idade, desaparecia prematuramente na França esse extraordinário missionário e apóstolo mariano. Faleceu ele em Saint-Laurent-sur-Sevre, a 28 de abril de 1716. Em 1888, Leão XIII o beatificou, e em 1947 Pio XII o canonizou. •

Frete grátis

O Autor: Louis Le Crom, missionário montfortiano francês, dedicou mais de dez anos redigindo a biografia. Consultou as melhores fontes, desdobrou-se na coleta de informações precisas e confiáveis, estudou todos os escritos do santo e de seus principais biógrafos. - ..,

E- mail para o autor: catolicismo@ terra.com.br

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■ HÉLIO VIANA

Afoto

apresenta uma vista noturna ~a igreja de São Francisco de Assis, de Ouro Preto, obra de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho . Considerada por muitos a obra-prima do genial escultor mineiro, sua construção teve início em 1766. O jogo de luzes, em contraste com o negrume da noite, causa a impressão de que o edifício acabou de descer do céu. Impressão sugerida por uma ousada verticalidade desse conjunto rijamente fixado no solo granítico, acentuada pela sua leveza aristocrática, forte, banhada por nota de superior pureza. As paredes brancas, enriquecidas pela obra de cantaria, convergem para a esplêndida porta principal, ponto monárquico do edifício, a partir da qual, como num jorro de chafariz, vaise em linha reta até a cruz no alto. Ladeiamna granadas pouco "ecumênicas" e duas torres elegantes e austeras, cujas pontas lembram capacetes prussianos. No meio do frontispício, um belo medalhão representa uma cena da vida do Doutor Seráfico, ao qual a igreja é consagrada. O aspecto noturno concorre ainda para firmar a idéia da real proteção que a Igreja Católica exerce sobre os seus filhos. Enquanto àquela hora a maioria deles talvez dttrma, a Igreja por eles vela, forte como um guerreiro e bondosa como a melhor das mães. Belíssimo exemplo de equilíbrio da Santa Igreja, que o Aleijadinho compreendeu tão bem e soube exímiamente representar: um edifício sagrado, belo e guerreiro, consagrado ao santo da mansidão e da pobreza! • E- mail do a utor: heli ovi ana @catolic ismo.com.br

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arqueóloga da superintendência para os bens arqueológicos de Roma. O ambiente é abafado. O teto muito baixo comunica uma sensação apavorante, reforçada pelas grades de ferro negro que ainda perduram. Nesse porão sem janelas, úmido e fétido, São Pedro converteu os carcereiros Processo e Martiniano, posteriormente mártires, e mais 47 prisioneiros. Não tendo água para batizá-los, fez brotar miraculosamente do chão uma fonte. O milagre mais conhecido do primeiro Papa, nessa legendária prisão, foi sua libertação por um anjo. As correntes que o prendiam são hoje veneradas como relíquias, na igreja próxima denominada San Pietro ai Vincoli (São Pedro acorrentado). *

O "cárcere de São Pedro" e o triunfo da Igreja R ecente restauração arqueológica em Roma apresenta revelações além de toda expectativa sobre São Pedro e a Antigujdade pagã 11 MARCELO Ü UFAUR

"cárcere Mamertino", ou "cárcere de São Pedro", foi a "prisão de Estado" do império romano pagão. Ali estiveram aprisionados reis e grandes potentados derrotados pelas legiões romanas, como Vercingetorix, chefe bárbaro da Gália (França); Jugurta, rei da Nul)1ídia; Pôncio, rei dos Sannitas; e muitos outros. Entretanto, ficou famosa por terem sido nela encarcerados no reinado de Nero os Apóstolos São Pedro e São Paulo. São Pedro, notadamente, ali operou milagres históricos, entre os quais a impressão do seu próprio rosto numa parede de pedra. Quando ele descia pela estreita escada, ainda hoje utilizada, foi brutalmente empurrado pelos algozes, chocando-se sua cabeça contra o muro. A pedra amoleceu miraculosamente, e parte do seu rosto nela ficou impresso, podendo ser visto e venerado nesse local.

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A fonte e a coluna após a recente restaurac;ão

A prisão era cavada numa camada de pedra vulcânica conhecida como 'tufo'. A escada que a ela conduzia era uma autêntica "descida aos infernos", pois do andar inferior habitualmente nunca mais se saía. Os prisioneiros morriam de frio , fome e doença; ou então, lançados a um fosso, eram destroçados. Naquele antro escuro, reis e chefes de Estado inimigos de Roma desapareciam, após serem exibidos como troféus. "Dessa maneira eram abandonados às potências dos infernos, tragados pela terra e cancelados da existência. Não existem outros exemplos comparáveis" - observa a Dra. Patrizia Fortini,

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Os arqueólogos retiraram diversos pisos modernos e renascentistas e deixaram aparente o chão da época em que São Pedro esteve na prisão. Foram revelados afrescos dos séculos XII e XIV inteiramente desconhecidos. Também foi po fvel localizar a comunicação que unia a prisão ao prédio do Senado, em frente ao "cárcere de São Pedro". Porém, ainda há mistérios a serem esclarecido . Um deles é a conexão entre a prisão e a sinistra Scalae Gemoniae - a escada que, saindo do Foro Romano, era per rrida pelos condenados à morte. Gemoniae provém do verbo "gemer". Naquela escalinata eram também expostos o adáveres dos condenados, que depois ram lançados no rio Tibre. O sini tr lugar compõe-se de dois andares com de enho vagamente circular, um sobre outro. O superior, ou "cárcere Mamertin " propriamente dito, foi cavado pel qu arto rei de Roma Anco Mareio (640- 1 a.C.). O andar inferior, dito Tullianw11 , teria sido construído por Servio Tulli , xto rei de Roma (578nde se encontra a fonte de 534 a.C.). São Pedro. Os trabalhos arqueológicos confirmaram tratar- e de verdadeiro mastá ligado a conduto nancial, que m nenhum. Segund a Dra. Fortini, a "fonte está ativa até hoje, e somente 0111 bombas consegue-se impedir que inunde todo o ambiente ". Também n andar inferior foram exumados restos de sacrifícios pag s d s séculos VI a III a.e ., provavelmente oferecidos pelo pri si n iros a seus falsos deuses, que não os tiraram da desgra a. Permaneceu usado como prisão até que, no ano 314, 1 apa ão Silvestre I (270-335) transformou-o em local de ult , mo título de San Pietro in Carcere. São Silvestre I f i pri meiro sucessor de São Pedro a cingir a

tiara, que também tornou-se símbolo da realeza dos Sumos Pontífices sobre a cidade de Roma e dos Estados Pontifícios, além da realeza espiritual.

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Entre os afrescos agora desvendados figura o de Cristo apoiando sua mão esquerda sobre o ombro de São Pedro, enquanto este, com expressão sorridente, levanta a mão direita para abençoar (foto acima). A imagem do Príncipe dos Apóstolos, que sorri triunfante em face da brutalidade pagã, jamais tinha sido vista em outros locais. A pintura também revela o comprazimento de Cristo, transmitindo seus poderes a Pedro e seus sucessores. A barba de São Pedro é representada como espuma branca, e suas vestimentas exibem cor ocre devido a uma degradação da cor azul original. Também se pode perceber nitidamente uma coroa, parte de um afresco representando a coroação de Nossa Senhora. Grande manto vermelho e outro pequeno lembram a Madonna delta Misericordia, o que atesta a existência dessa devoção à Santíssima Virgem já na época medieval. Em outras cenas, apesar da ação corrosiva do tempo, podem-se distinguir torres e muralhas da Roma medieval, inclusive da praça do Capitólio, provavelmente pintadas entre os anos 1100 e 1300. O fragmento mais antigo, que data dos séculos VIII e IX, encontra-se no Tullianum, representando a mão de Deus Pai sobre um retângulo branco. A mão que conduziu São Pedro e seus sucessores à vitória sobre a Roma pagã é a mesma que guia a marcha invicta da Igreja Católica contra todos os seus adversários até a consumação dos séculos. • E-mail do autor: catolicismo@catolicjsmo.com br

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Hesíquio, estudou sob a direção de São Mamerto, sendo sagrado bispo de Vallence por seu irmão Santo Avito, de Viena de França. Combateu tenazmente os arianos de sua diocese, restabelecendo nela a Religião católica.

6 1 Santa Teresinha do Menino Jesus, Virgem, Doutora da Igreja. São Romano, o menestrel , Confessor + Síria, 653. De origem judaica, tornou-se sacerdote em Constantinopla no tempo do Imperador Anastásio 1. Nossa Senhora apareceu-lhe, comunicando talento poético que se expressou por uma série de hinos em sua honra. Primeira Sexta-Feira do mês

2 Santos Anjos da Guarda. São Leodegário, Confessor + França, 680. "Filho de uma família da aristocracia franca, foi educado na corte de Clotário li. Tornando-se monge e depois bispo de Autun, sofreu inicialmente o exmo e depois a decapitação, por haver reprovado os grandes deste mundo por seus hábitos dissolutos e suas injustiças" (MRM). Primeiro Sábado do mês

3 Santos Veríssimo, Máxima e Júlia, Mártires + Portugal, séc. III. Martirizados durante a perseguição de Diocleciano. Nos séculos X e XI, só entre os rios Mondego e Minho, havia pelo menos sete igrejas a eles dedicadas.

Santa Fé, Virgem e Mártir + França, séc. III. Sofreu o martírio em Agen, na França. Seu culto adquiriu muita popularidade quando um monge Jevou suas relíquias para Conques, que ficava no roteiro das peregrinações a Compostela. Por esta razão seu culto difundiu-se pela Península Ibérica, e de lá para as Américas.

7 Nossa Senhora do Rosário Festa instituída por São Pio V em ação de graças pela vitória em Lepanto contra os maometanas, em 1571, atribuída à recitação do Rosário.

8 São Demétrio, Mártir + Ásia Menor, séc. III. "Procônsul romano que, depois de converter muitos à fé de Cristo, foi transpassado de lanças por ordem do imperador Maximiano" (MR).

9 Abraão , Patriarca + Palestina, séc. XIX a.C. "Esperando contra toda esperança, obedeceu a Deus, que o mandou deixar seu pa(s e mais tarde sacrificar seu filho Isaac, único herdeiro da posteridade prometida. Teve fé em Deus, que o declarou justo, e ele se tornou o pai de uma multidão de crentes" (MRM).

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São Francisco de Assis, Confessor

Santos Mártires Franciscanos de Ceuta + África, séc. XIII. Daniel, Samuel, Ângelo, Leão, Nicolau, Hugolino, sacerdotes; e Dono, irmão leigo. Tendo ido a Ceuta pregar o Evangelho, e tendo

5 Santo Apolinário , Bispo e Confessor + França, 520. Filho de Santo

refutado. os erros de Maomé, foram cobertos de opróbrios, açoites e prisão antes de receberem o martírio pela espada.

11 Santa Soledade Torres , Virge m + Espanha, 1887. Filha de pequenos comerciantes, começou a ajudar o sacerdote Miguel Martínez na guarda dos doentes, e com ele fundou as religiosas Servas de Maria.

12 Nossa Senhora da Conce ição Aparecida , Rainha e Padroeira do Brasil

13 São Ge raldo Abade, Confessor + França, 909. Conde de AurilJac, fundou em seu condado uma abadia, que se tornou célebre e parada obrigatória para os peregrinos a Compostela. Dela foi abade o grande Santo Odon, que depois se tornou abade de Cluny e escreveu a vida de São Geraldo.

14 São Ju s to, Bispo e Confessor + Egito, 382. "Bispo de Lião, que defendeu a fé de Nicéia antes de se retirar para a Tebaida com o leitor de sua igreja, São Viator. Ambos morreram com intervalo de poucos meses, e seus corpos foram levados mais tarde de volta para Lião" (MRM).

15 Santa Te resa de Ávila, Virgem , Re rormado ra . São Bruno de Quc rfut, Bis po e Mártir + Alemanha, 1009. Aparentado com a farm1ia imperial, entrou num mosteiro em Roma, e em Ravena se colocou sob a direção de São Romualdo. Enviado como bispo e apóstolo à Rutênia, foi preso pelos pagãos com 18 companheiros. Deceparam-lhes as mãos e os pés antes de os degolarem.

16 São Guilherme de Ma lavalle, Conressor + Itália, 1157. Natural da França, converteu-se depois de uma vida dissipada. Entregou-se à existência eremftica na Itália, onde viveu na contemplação e penitência.

17 Santo Inácio d Antioquia (Vide p. 34)

18 São Lucas , l•:vangclis ta . São Monon 11:r mita , Confessor + França, 630. Deixando sua Escócia natal para ir a Roma, encontrou na Bélgica o bispo de Maastricht São João, o Cardeiro. A conselho de te, fixou-se nos bosques de Saint-Hubert, nas Ardenas, onde foi assassinado por bandidos.

19 São Pccl1·0 do /\!câ ntara, Pat1·0110 do Brasil + Arenas (Espanha), 1562. Foi admirável por uas mortificações e penitência . Reformador dos franciscanos da spanha, auxiliou e incentiv u Santa Teresa na reforma do Carm lo. Quando ele faleceu, a Santa teve uma visão dele subindo a éu, enquanto dizia: "Bendita penitência, que me valeu tal r ompensa".

20 ani.n Morin BcrLila B0SClll'(llll , Virgem + Itália, 1922. humilde origem, entrou n Jn. tituto de Santa Dorotéia, on 1 sua rude aparência levou a su riora a colocá-la na cozinha. Tendo que ajudar na enfermoriu das crianças durante uma ri s d difteria, mostrou-se uma n~ rmeira capaz, inteligente pucicnte. Cuidou depoi d s soldad s feridos na Primeira u rra Mundial. Sempre humild s Jfeita, faleceu aos 34 an s.

21 Santo /\gal.uo /\n:1,•orct.a,

Con 1'< ·ssor· + Ásia Men r, sé . IV. "Ceie-

brado por seu discernimento. Segundo ele, 'não havia nada mais difícil do que a oração, pois não há esforços que os demônios não façam para interromper este poderoso meio de os desarmar'" (MRM).

numa carta dirigida aos cristãos perseguidos: 'Sigam em tudo o sacerdote Rogaciano, que para a glória do nosso tempo vos aponta o caminho pela valentia de sua fé"' (MRM) .

22

São Gonçalo de Lagos, Conressor + Portugal, 1422. Agostiniano, notável por sua vida de jejum e penitência, recusou o título de doutor e outras distinções.

São Donato, Bispo e Confessor + Itália, 875 . Monge irlandês, quando passava por Fiésole em peregrinação a Roma, foi aclamado bispo pelo povo da diocese vacante. Durante 48 anos foi pastor dessa região da Toscana, reerguendo-a após a invasão dos normandos.

23 Santos Servando e Germano, Mártires + Espanha, séc. IV. Convertidos do paganismo, tornaram-se apóstolos, o que lhes valeu a prisão e tortura. Libertados, tornaram a pregar com grande êxito, o que determinou serem novamente presos, torturados, e enfim decapitados por sua fé em Cristo.

24 Santo Antônio Maria Claret, Bispo e Confes s or. São Proclo, Bispo e Confes sor + Constantinopla, 446. Patriarca da capital do império do Oriente, foi influenciado por São João Crisóstomo e mostrou-se zeloso pela boa doutrina e pelo prestígio da autoridade da Roma Oriental. Combateu os nestorianos e outros hereges.

25 Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, Confessor + São Paulo, 1822. Natural de Guaratinguetá, franciscano, foi fundador do Recolhimento Mosteiro da Luz na capital paulista, que dirigiu até sua morte em odor de santidade.

26 Santos Rogaciano e Felicíssimo, Mártires + África, séc. III. "São Cipriano deu testemunho deles

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28 Santos Simão e Judas Tadeu , Apóstolos. São Firmiliano, Bispo e Confessor + Ásia Menor, 268. Ardoroso combatente da heresia dos donatistas. O historiador Eusébio o classifica como uma das figuras mais notáveis de seu tempo.

29 São Zenóbio, Mártir + Ásia Menor, séc. IV. Médico, tornou-se sacerdote. "Na derradeira perseguição, exortava os outros ao martírio. Por isso tornou-se também digno dessa graça" (MR).

Intenções para a Santa Missa em outubro Seró celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções : • Pedindo a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, cuja festa se comemora neste mês, que proteja especialmente o País nas dificuldades presentes e aumente o fervor religioso de seu povo. Que o torne forte e resoluto no combate a todo tipo de corrupção, sobretudo a corrupto moral que tanto en raduece as almas, deixano as famílias vulneróveis à imoralidade.

30 Santa Dorotéia Schwartz, Viúva + Alemanha, 1394. Filha de camponeses, casada com um operário, teve nove filhos. O mau gênio do marido a fazia sofrer. Após a morte deste, levou vida reclusa, sendo favorecida com êxtases, visões e revelações.

31 São Quintino, Mártir + França, 287. Filho de um senadar romano, foi como apóstolo à Gália com São Luciano. Foi martirizado no lugar que tomou o seu nome, tornandose célebre na França.

Notas: -

Santos já apresentados em calendários anteriores são apenas mencionados, sem nota biográfica. - MR - Martirológio Romano; MRM - Martirológio RomanoMonástico.

Intenções para a Santa Missa em novembro • Em sufrágio das aimas do Purgatório, a Missa de Finados será celebrada especialmente pelas almas de nossos parentes já falecidos . • Também rogaremos a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa - festividade que se celebra no dia 27 de novembro por graças especiais a fim de que nosso País seja fiel a seu passado católico; e pelos 33 mineiros que no Chile encontram-se numa situação aflitiva, enclausurados em uma mina de cobre e ouro a 688 metros de profundidade.

ou


demia de verão, foi visitada a parte medieval da cidade: Catedral de Notre Dame, Saiote Chapelle, Saint Germaindes-Pres, Saint Séverin. Seguiu-se a todo esse tour um cruzeiro em bateau mouche ao longo do rio Sena. O caráter anti-católico e antimonárquico da Revolução Francesa, além da sua ferocidade, suscitou fortíssima reação, cuja mais alta expressão foi a guerra da Vandéia. Por isso foi também incluída no programa uma visita a lugares vandeanos, iniciando-se por Saint Laurent-sur-Sevre. Aí estão sepultados os resto mortais de São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716), de cujo apo tolado nasceu mais tarde essa reação contra-revolucionária. Foram visitadas as 1ufnas do castelo em que o conde Henri d la Rochejacquelin reuniu o primeir núcleo que viria a constituir o Exércit atólico e Real. Visitaram ainda o lugares onde se deram as principais batalhas naquela região: Cholet, Ch millé, Mauléon, etc. A part u lt ural do programa teve ainda uma vi .ita a Trier, com o acompanhamento do r. B nno Hofschulte, também da TFP alemc . ..ssa antiga capital roma-

Academia de verão para jovens italianos e poloneses n Juuo

LOREDO

E

ntre os dias 3 e 11 de agosto, realizou-se na Vila Notre Dame de la Clairiere em Creutzwald, na Lorena (França) , a Academia de Verão de 2010, organizada pela Associação Tradição, Família e Propriedade da Itália, e com a participação de jovens italianos e poloneses. Seu tema: A Revolução Francesa, divisor de águas no proCATOLICISMO

cesso de descristianização do Ocidente, abordando desde suas raízes tendenciais e doutrinárias até os fatos sucedidos de 1787 a 1815. O Sr. Renato Vasconcelos, da TFP alemã, foi o expositor da parte doutrinária do evento. Ressaltou que a Revolução Francesa, longe de ser um movimento espontâneo, e menos ainda popular, foi na realidade o resultado de uma conspiração levada adiante por uma rede semi-secreta. Entre outras entidades, atuaram no processo as sociedades de pensamento, denuncia-

na da Gália belga, sede do imperador Constâncio Cloro, foi o ponto de partida de Constantino para o ataque a Roma, então ocupada pelo usurpador Maxêncio. Uma Missa no rito romano antigo foi celebrada pelo Pe. Klaus Georges na cripta da igreja de São Paulino, onde estão sepultados mártires das perseguições de Diocleciano, entre os quais muitos soldados da Legião Tebana.

A Academia concluiu-se no castelo de Jaglu, próximo de Chartres, com solene cerimônia de encerramento seguida de um jantar de gala. • E- mail para o autor: q 11o liçis111o@ terra.com.br

Nota: Mais fotos da Academia de Verão podem ser vistas no seguinte endereço: http: //www.atfp.it/medi ateca/foto .html ?func= viewcategory&catid=6.

Durbell r

das por Agustin Barruel em sua célebre obra Memórias para servir à história do jacobinismo. Documentando fartamente as suas teses, o expositor situou a Revolução Francesa como a segunda fase do processo revolucionário, de acordo com o que descreve o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em Revolução e Contra-Revolução. Numa visita guiada de dois dias a Paris, os participantes conheceram diversos locais que testemunharam episódios da Revolução Francesa: Palais Royal, Conciergerie, Bastilha, os cafés e clubes revolucionários. Particularmente comovente foi a visita ao cemitério de Picpus, onde estão sepultadas milhares de vítimas da terrificante Revolução, entre elas as carmelitas do mosteiro de Compiegne. Além desses locais de interesse histórico diretamente ligado ao tema da Aca-

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E ■ ROGER

l. VARGPS

ntre os dias 11 de julho e 15 de agosto, 13 caravanistas percorreram na Austrália um total de 6 mil quilômetros, sob a proteção de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos, padroeira do país. A programação foi intensa, consistindo em campanhas públicas para a distribuição de 50 mil folhetos sobre a mensagem de Fátima. Uma peregrinação ao santuário da bem-aventurada Mary MacK.illop marcou o início da caravana. Seguindo o costume local, foram percorridos os cinco quilômetros que separam do santuário a catedral metropolitana de Sydney - a Saint Mary 's Cathedral (catedral de Santa Maria). Esta bem-aventurada, cuja canonização no dia 17 de outubro a tornará a primeira santa australiana, foi co-fundadora das Irmãs de São José do Sagrado Coração. Representando as TFPs australiana, americana, polonesa e britânica, os jovens caravanistas portavam suas características capas rubras. Ergueram inicialmente os seus estandartes nas ruas da capital Sydney, prosseguindo numa dezena de outras cidades: Parramatta, Camberra, Melbourne, Geelong, Ballarat, Adelaide, New South Wales, Broken Hill, Dubbo e Newcastle. Em todas elas o público recebeu com simpatia os folhetos e apreciou admirado os estandartes atiri-rubros da TFP australiana. Foi organizado para os caravanistas um acampamento de fim-de-semana, que se iniciou com a recitação do rosário e procissão conduzindo uma cópia da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Durante o trajeto da Caravana, os jovens visitaram locais históricos em quatro estados australianos. • E-mail para o autor: catolicismo@ terra.co m.br

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CATOLICISMO

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t

l!'I JUAN C ARLOS V O ISEAU

O

rganizada pelas associações Fátima la Gran Esperanza e Fundación Argentina del Ma fíana, realizou-se no dia 7 de setembro no esplêndido Palácio Balcarce, de Buenos Aires, uma concorrida conferência sobre a missão das classes dirigentes ante o caos atual. O conhecido en saio R evolução e Contra-Revolução serviu de base ao conferenci sta, Sr. Alejandro Ezcurra Naón, para mostrar que o mundo vive hoje a confluência de du as eras históricas: a modernidade, em situação de ocaso; e a era de Maria, em gestação. Desde seus primórdios no século XV, a modernidade quis impor aos homens sucessivos mitos, cujo denominador comum era um "endeusamento" da razão CATOLICISMO

c·121 □1~1

r~21 A\·•

1

desvinculada du l'é. Mitos esses de caráter fil osófico, icl ológ ico, po líti co, etc, que no enlanl o se reve laram fal sos, estando hoj ·aducos. Seu co lapso provocou nos hom ' ns do século XXI uma sensação de va:,,.io inle lec tu a l e de caos interior, qu proj ·la seus efeitos sobre toda a vida da so ·i •dadc. Contudo, essa situação vai g ran lo uma crescente avidez por princípi os v •rdadeiros e absolutos, faze ndo co m qu • a fé ca tó li ca co mece a recuperar •rndualmente o primado que a modernidarfr, qu is cm vão lhe arrebatar. Apo iado ·m outra o bra de Plíni o Corrêa d Oliv •ira - Nobreza e Elites Tradicio11oi,1· /\11rílogas nas Alocuções de Pio XII oo l 1ntriciado e Nobreza Romana, de 199. o orador afirm ou ser este o momcnl o dl' as cliles reassumirem seu papel na sor il'dadc e impul sionarem um processo de n· •encração social de cunho católi co, qm· l'Vil e para a soci edade a tragédi a d · pr •t'ipitar-sc no caos. Um s ·I ·lo público, representativo da elite ar , •111i1 111, deu à exposição uma adesão calorosa. Mu itos alirmaram que a conferência p ·1'llliil 11 lhes desvendar com clareza o confuso horizonte atual, enquanto outros id ·,11 ili ·11ram as teses do conferencista co111 o q11l' eles mesmos pensavam, mas não ·011s1·1•11iarn expri mir. Manifes taram ai11d11 o dl'Sl'jo de serem convidados para novos l"o11 l1•rL·ncias, previstas para os próx imos 111 -.~1·s. Ao I r,1 11110 da sessão, vários adquiriram os li vms llll'llcionados, ass im como El Cru z{l(/u ili'! Sig/o XX, bi ografi a de Plinio 'o, r II dl' Oliveira recentemente publicatl11 1·111 1aslelhano, de autoria do professor 1111 ivl'f'Silário ita li ano Roberto de Mali ·i. • E- mai l

p1111111 11111111"

Na Polônia, Rosário contra "parada homossexual" ■ LEONARDO PRZYBYSZ

Por iniciativa da Cruzada de Jovens na Vida Pública, estudantes universitários poloneses vincul ados à A ssociação pela Cultura Cristã Padre PioJ,J· Ska rga e um grupo de católicos reuni ram-se para rezar o Rosá ri o no centro de Varsóvi a, em desagravo a Deus e à Santíssima Virgem. O alvo da iniciativa era a "parada homossexual", que se realizaria na capi tal polonesa, e fo i precedida pelo envi o de mi lhares de protestos à prefeita de Varsóvi a, contra a permissão concedida à escandalosa mani fes tação. Anunc iada com meses de antecedência, essa " parada homossexual" de âmbito europeu (euro- parada) era apresentada pela mídia como um acontecimento de importância sem precedentes, trombeteando que participariam mai s de 100 mil pessoas. Na realidade revelou-se um blef e, pois apenas conseguiu reunir cerca de mil participantes, muitos deles " im portados" de países vizinhos. Dian te de res ultado tão pífio, alguns jornais de grande circul ação nem sequer noli ciaram a "parada" em suas edi ções do dia seguinte. • E-mail para o autor: cato licismo@ terra.com.br

·111oli c ismo @rerra.com .br

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, OSTUMES

:, IV I LIZAÇÕE

"Igreja Católica é isto!

ó Igreja Católica!"



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UMÁRI

! l PLINIO C O RRÊA DE Ü LIVE IRA

NOVEMBRO de 2010

Nº 718

/

E erro imaginar que o indiferentismo é um traço distintivo do brasileiro

T

odos os povos fo ram cri ados por .Deus e para E le. E ne nhum fo i tão desfavorec ido pela divina munifi cência que seja incapaz de ve ncer, com o auxíli o da graça, até mes mo os piores e mai s graves defeitos morai s. A imagem de um Bras il irremediavelmente mole e sensual, de um Brasil defini tivamente preguiçoso e inepto, de um Brasil inseparável da modorra, do comodi smo, do espírito ele tra nsigência e de acomodação, é uma imagem que in sul ta o própri o Cri ador. O Brasil tem e m dose des igual esses defeitos, mas é uma bl asfêmi a supor que, com o auxíli o da graça, eles não possa m . er removidos. Pensar ass im é cair no materi al ismo ma is crasso e no ma is c rimin oso determini smo. Um exame mais atento da Hi stória do Brasil convenceu-me, por outro lado, ele que os fatos demonstram à saciedade a grandeza ele alma com que Deus dotou o brasileiro. Basta ler sobretudo nossa história relig iosa, para que se possa ver claramente que o brasilei.ro, quando se empolga por um ideal que dele se apodera inteiramente, é capaz de chegar aos mais extremos sacrifícios, aos mais árduos esforços, às mais absolutas privações. É erro imaginar que o indiferentismo é um traço distintivo cio brasileiro. Quando se deixa dominar por um ideal, ele se torna coerente e intransigente como os que mais o sejam. E nem é preciso mergulhar até um passado muito remoto, para se ter disso uma idéia exata. •

CATOLI CISMO

CARTA

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PArnNA MAmANA

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LmTURA EsP11uTuAL

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Cmuu~SPONDl~N<:tA

no

Dnu~TOR .

Virgem dos Milagres (Argentina) O sacramento do Matrimônio - I

1O A

PAI.AVRA no

12 A

REALIDADR CONCISAMENTE

SAcmmoTE

Eleições: sem representação o ''Brasil profundo"

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NAc10NA1,

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EN'rmw1sTA

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Er1sóo1os

Cotas raciais: desvio da vocação do País

H1s·rúmcos Consolidação do reino franco

25 PmI Qui,; NossA S1•~N11onA CuonA Vã pretensão: excluir o Criador do Universo

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CAPA

34

VmAs DE

SANTos São Martinho de Tours

3 7 OESTA()UJ•: Retorno da tiara pontiffcia

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D1sc1<:1IN1Nno

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SANTOS E l◄'r-:STJ\S DO

48

AÇÃO CONTRA-RtWOUJCION/\IUA

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AMBIENTl•'.S,

Exército napoleónico desbaratado na Rússia

Mf.:s

COSTUMES,

CtVll,lZAÇ(ms

Couraceiros: a força aliada à alegria e à gl.oria

Dom Vital Maria Gonc;alves de Oliveira, Bispo de Olinda (1844- 1878) Um bispo com a fibra de batalhador, de rara valentia,

Excertos do artigo Patriotism.o Autêntico ("Legionári o", nº 333, 29- 1- 1939)

4

representri~mi6.)>rcÍsiléil'o áutêntico

Nossa Capa: Cristo Juiz (detalhe) - Fra Angélico, séc. XV. Afresco, Capela de São Brizio, Duomo, Orvieto, Itália.

Derrota de Napoleão na Rússia · NOVEMBRO 2010 -


Caro leitor,

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA.

"Fiat lux - dissestes, ó Deus! E numa indescritível manifestação de vossa glória, a luz começou a brilhar. Sois o Deus vivo e verdadeiro, à vida e à verdade convém manifestar-se pela luz. Na vossa morte, entretanto, que espantosa inversão! Deus de luz, sois Vós que agora encheis a Terra de trevas: Tenebrre factre sunt!". Este trecho de pungente peroração do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira exprime, de um lado, a grandeza e magnificência de Deus tirando o Universo do nada. E de outro, as trevas com que este mesmo Universo foi coberto devido ao inenarrável crime de deicídio. As trevas, contudo, nunca conseguiram circundai· totalmente a luz. Sua presença maior ou menor na vida dos homen e dá em função do grau de correspondência deles à graça de Deus. Na Idade Média, por exemplo, quando e ta corre pondência foi grande, a luz de Nosso Senhor pervadiu os costumes, as lei s, as artes, as instituições. A sociedade medieval, muito bem descrita no livro Lumiere du Moyen Âge, da consagrada historiadora Régine Pernoud, mereceu do Papa Leão XIII um grande elogio: "Tempo houve em que a .filosofia do Evangelho governava os Estados". Enganar-se-ia contudo quem não entendesse que, embora com defeitos, ela só atingiu tal esplendor por ser uma sociedade teocêntrica. Em contrapartida de ter colocado Deus como centro e referência de tudo, recebeu o que Ele prometeu a quem o fizesse: o cêntuplo nesta Terra. Ora, de teocêntrica a sociedade tornou-se antropocêntrica na Renascença, pondo o homem no centro. Como fruto dessa mentalidade surgiu depois o protestantismo, e com ele o espírito de dúvida quanto aos dogmas da Igreja e ao primado do Papa. Na Revolução Francesa, apareceu o deísmo. E na revolução comunista de 1917, o ateísmo, completando o processo descrito magistralmente no livro Revolução e Contra-Revolução. Desse distanciamento do Criador, e contribuindo para ele, nasceram absurdas teorias sobre a origem do Universo - como a do seu surgimento espontâneo do nada - , apesar de a magnífica obra de Deus estar ao alcance de qualquer criança instmída pelo Catecismo. Sobre este atual e candente tema trata a matéria de capa da presente edição, elaborada pelo conceituado escritor Antonio Augusto Borelli Machado. Desejo a todos uma proveitosa leitura. Em Jesus e Maria,

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DIRETOR

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paulobrito@catolicismo.com.br

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PÁGINA MARIANA

Nossa Senhora dos Milagres de Santa Fé Sóatrai e perdura aquilo que

tem fundas raízes, não o que é promovido interesseiramente

r:1 VALDIS GRINSTEINS

N

a foto acima, aparecem jovens estudantes de escolas secundárias, com terno azul e gravata. Acompanhados por um regimento de soldados usando uniforme histórico, caminham pelas ruas centrais da cidade portando aos ombros um grande quadro de Nossa Senhora. Tudo indica que se trata de algo não moderno, apenas uma foto para matar saudades.' Mas se o leitor assim pensou, enganou-se rotundamente. Não só é recente a fotografia, como extremamente moderna, pois se trata da procissão de Nossa Senhora dos Milagres de Santa Fé, na Argentina, que se realiza todos os anos no mês de maio. A foto é de 2009, mas neste ano o cenário foi o mesmo. Esperamos que assim permaneça por muito tempo - e certamente perdurará se prevalecer o gosto dos fiéis, e não o de certos clérigos e autoridades "modernos", "atualizados". Para mais de um decepcionado modernista, que encara como pontos obrigatórios de referência os pseudo-valores da revolução hippie de maio de 68, a foto é uma surpreendente comprovação de que muitos jovens não seguem o que a imprensa apresenta e sugere como modelos. Bem ao contrário disso, eles se sentem atraídos pela tradição, palavra odiosa

para tantos dos envelhecidos e encarquilhados hippies de ontem, que a desejariam abolida. E a tradição - do latim tradere , ou seja, transmitir - tem como um de seus elementos essenciais a verdade. Aquilo que é falso morre com o tempo: um falso progresso se deteriora; uma falsa popularidade se dilui. Mas permanece o que é verdade, o que todos aplaudem e aceitam como verdade, apesar de problemas que SUijam ao longo do tempo. É o que nos mostra a história do quadro de Nossa Senhora dos Milagres.

Um milagre documentado que muitos viram Os habitantes da cidadezinha de Santa Fé, no interior da Argentina, discutiam freqüentemente no longínquo ano de 1636. O tema não podia ser mais pungente: era necessário trasladar a cidade para outro local. Escolhido aquele lugar em 1573 por Don Juan de Garay, para ser um porto intermediário entre os grandes portos de Buenos Aires e de Assunção, este no Paraguai, constatou-se depois que apresentava problemas: grandes inundações periódicas; outras vezes era a praga dos gafanhotos que destruía as colheitas; e havia também índios selvagens que assolavam os arredores. Nesse ambiente conturbado, o sacerdote jesuíta Pedro de Helgueta, num dia 9 de maio que parecia tão comum como os outros, terminou de rezar sua Missa diante do quadro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Pintado dois anos antes, com pouco mais de um metro de altura e outro tanto de largura, encontrava-se o quadro num altar lateral da Igreja do colé-

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O sacramento do Matrimônio - I N esta seção já tratamos de vários sacramentos. Na presente edição iniciamos uma série a respeito do Matrimônio visto sob o influxo do Espírito Santo, texto extraído de obra bem fundamentada.* Mais do que nunca, é de suma importância relembrar o valor desse sacramento tão debilitado nos dias atuais. Quadro que representa o momento do milagre

Capela onde se encontra o quadro milagroso

gio jesuíta. O sacerdote rezava diante dele quando percebeu algo curioso: a parte inferior parecia ter-se molhado. Aproximando-se, verificou que a parte superior estava totalmente seca, e a inferior totalmente molhada. A água, como se fosse um suor do quadro, não só o molhava, como também escorria para o altar e até o chão. As pessoas que estavam na igreja se aproximaram para ver o que acontecia, e numerosos foram os que pegaram algum pano ou algodão e começaram a recolher a água. Como se pode prever numa cidade pequena - especialmente naquela época em que a TV, o rádio ou a internet não desviavam a atenção das pessoas - uma notícia tão singular correu de boca em boca. Foram tocados os sinos, e todos corriam à igreja para confirmar a veracidade do que se dizia. Apareceram as autoridades. Entre elas, a que mais nos interessa é o escrivão do rei, Don Juan Lopez de l'ylendoza, que corresponderia hoje a um tabelião cujos docum~ntos têm caráter oficial. Além dele, o vigário e juiz eclesiástico Hernando Arias de Mansilla, maior autoridade eclesiástica da cidade; e também o Tenente de Governador e Justiça, Don Alonso Fernandez Montiel, maior autoridade civil. Tendo o fato acontecido numa igreja, correspondia ao vigário comprová-lo. Para isso ele subiu no altar a fim de tocar com a mão o quadro. Se o tal líquido fosse uma tapeação - algo oculto atrás do quadro - ele o perceberia. Pelo contrário, o fenômeno permaneceu quando ele pôs sua mão no quadro, e a água apenas mudava de direção. O pintor Juan_Cingolani pintou a cena do milagre, num quadro hoje famoso. 2 O fenômeno durou cerca de uma hora, e as autoridades assinaram uma ata que se conserva até hoje na igreja jesuíta. Poucos dias depois, um bispo de passagem pela cidade, ouvindo a história, realizou uma investigação e concluiu pela veracidade do milagre. O povo começou a utilizar os algodões e panos em que tinham recolhido o líquido, para pedir graças especiais. E elas foram concedidas abundantemente, fato igualmente registrado pelo escrivão do rei. Como conseqüência, o quadro que

representava a Imaculada Conceição passou a chamar-se Nossa Senhora dos Milagres.

llllcATouc1sMo

A história continua A cidade teve de ser trasladada para outro local a 80 km de distância, onde os jesuítas construíram nova escola e igreja, e nela colocaram o quadro de No a enhora. Com o fechamento da Companhia de Jesu , no éculo seguinte, severas leis proibiram absolutamente quai squer atos de culto na igreja, que teve de permanecer fechada durante 95 anos. O tempo seria mais do que suficiente para se esq uecer toda devoção à imagem, mas não foi o que a onteceu. Por insistentes pedidos dos fiéis, o quadro foi tirado da igreja e levado para a catedral. Retornou à capela quando a escola foi reaberta, e hoje o conjunto pertence a s padres jesuítas. Em J936, quando e completaram 300 anos do milagre, o Papa Pio XI aut ri z u a coroação canônica da imagem, que após a cerimônia f i c locada no altar-mor da Igreja. Lá ela se encontra, e é retirada todo os anos para a procissão. Quantos outr s acontecimentos históricos "inesquecíveis" já foram e quecid s, depois de temporariamente propalados pela mídia revolucionária da época. Para tristeza dos promotores do anti-valores de maio de 68, por exemplo, nenhum jovem ai à rua para comemorar a data dessa rebelião estudantil. Nenhuma procissão de jovens pelo centro da cidade para lembrá-lo . Mas aquilo que verdadeiramente tem raízes e tem tradiçõe de família, isso permanece. Para a procissão de Nossa Senhora dos Milagres, lá os jovens se encontram. Até os que se declaram incrédulos poderiam receber algum benefício e esclarecimento, vendo essa procissão, pois contra fatos não valem argumentos. • E- mail para o autor: catolicismo@ terra.com.br Notas: 1. http://www.ellitoral.com/index.php/diarios/2009/05/ 10/esce nario sy sociedad/SOCI-08.html 2. http://www.el Iitoral.com/index. php/diarios/2009/04/ 18/arteyletras/ARTE01 .htm l

A

ssustadoras são as estatísticas dos últimos decênios sobre o matrimônio. Quantos entrelaçam as mãos sem a bênção da Igreja! Como é grande e aterrador o número de divórcios! Quem pode medir a multidão das uniões infelizes e pecaminosas! O matrimônio é a raiz do gênero humano, do Estado e da Igreja. Não admira, pois, que o espírito maligno principie a sua obra de aniquilação exatamente pela raiz. Assim a humanidade ficará abalada, Estado e Igreja haverão de arcar com os vestígios dessa obra de aniquilação. Muitos casamentos são infelizes porque são contratados e feitos sem a assistência do divino Espírito Santo.

Amor conjugal no Espírito Santo Mas o que tem o Espírito Santo a ver com o matrimônio? Antes de tudo, é o Matrimônio um dos sete sacramentos, um canal de graças, e o Espírito Santo é o dispensador das graças merecidas por Cristo. Quando os noivos estão diante do altar, não se encontram somente no círculo de Jesus Sacramentado, mas também sob os raios da graça do divino Espírito Santo, que pelo sacramento do Matrimônio dá um brilho ainda maior às graças recebidas nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. É Ele quem lhes comunica as graças sacramentais próprias, em virtude das quais podem os esposos cumprir os deveres espinhosos do estado conjugal. . Não quer isto dizer que o Espírito Santo deva derramar a abundância das suas graças sobre todos os que se encaminham para o altar das núpcias. Não! Ele deve ser convidado, deve-se invocar instantemente a sua assistência. Sim, já deve ser invocado na escolha dos nubentes. Como pode o Espírito Santo descer com as suas graças repentinamente sobre duas pessoas que o espírito maligno ajuntou, e que foram vinculadas unicamente pela sensualidade? Não é de admirar que esse vínculo se parta em breve. • * Pe. Agostinho Kinscher, Ao Deus Desconhecido, Editora Mensageiro da Fé Ltda., Salvador, 1943, pp. 133 e ss.

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le período foi importante na história po1ítica da Nação, mas não tenho encontrado muito material. (G.A.P. -

DF)

P1'estígio de RA-QC Conhecia vagamente as teses do livro Reforma Agrária - Questão de Consciência, mas muito pouco da repercussão alcançada não só no Brasil, mas também no exterior. Impressionaram-me os comentários laudatórios de pessoas alheias ao movimento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, e até mesmo de adversários que confessaram a eficácia do livro. Parabéns pelo trabalho. (P.E.S.N. - RJ) (8J

Resistência ao comunismo

CongreSSQ benévolo ao PNDH-3

Acompanhando a seqüência da exposição no artigo principal da revista Catolicismo e na entrevista deste mês [outubro/2010], compreendi a importância da publicação, logo no inicio dos anos 60, do livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre a Reforma Agrária, para impedir o domínio do comunismo em nosso País. Sua ação certamente ajudou a evitar que os países vizinhos também caíssem sob domínio de um regime marxista. Repito o que um conhecido da TFP disse-me: se o Brasil fosse subjugado por um regime do tipo cubano, as outras nações da América Latina não resistiriam e tombariam como as peças de um dominó. O Brasil ficou de pé, em vista clis o as outras nações também não soçobraram. Graças à ação desencadeada pelo livro Reforma Agrária - Questão de Consciência. Louvado seja Deu e Nossa Senhora Aparecida, nossa santa Padroeira!

Neste grave momento, véspera de eleição presidencial, ante ameaça grave de o Congresso ser benévolo em relação ao Programa Nacional dos Direitos Humanos-3, vejo com esperança um lance à maneira de RA-QC. Talvez um número monográfico da revista Catolicismo EXPLICITANDO, explicando, mostrando no que vai dar tal PLANO, e divulgando quanto possível em caravanas o Catolicismo. Para fazer obra mais consistente e para o futuro, vejo como indispensável anexar um sumário de Doutrina Social da Igreja, no formato de CATECISMO SOCIAL, com S0)a 100 perguntas e respostas. Sabemo~ que o Catecismo tradicional não foi ate hoje acrescido do conteúdo de doutrina social, que se tem revelado fazer falta e prejudicar o apostolado leigo, que depende tanto da respectiva doutrina social, fundamento da Civi lização Cristã, obra específica desse apostolado leigo. Queira nossa Rainha e Padroeira, Nossa Senhora Aparecida, iluminar-nos nesta quadra. Obrigado.

(8J

(C.K.P. -

SC)

Questão de consciência Desejaria consultar os números da revista Cawlicismo no período de 19601964. Particularmente interessam-me as coberturas feitas pela revista a respeito das atividades promovidas em tomo do livro Reforma Agrária - Questão de Consciência. Acho que a questão agrária naque(8J

IIIElcATouosMo

(8J

(L.A.F.Z. -

DF)

PNDH-3, "bolivariano" Tenho gostado muito das matérias sobre o desqualificado Programa Nacional dos Direitos Humanos. Parabéns pelo sucesso no Fórum realizado em São Paulo! Aqui estou (8J

conscientizando as pessoas também sobre tal programa de governo que, como disse o Prof. lves Gandra, foi inspirado nas "constituições bolivarianas". Precisamos unir nossas forças, porque o outro lado, ou seja, os partidários de programa semelhante aos implantados na Venezuela por Hugo Chávez [não dorme]. Temos obrigação de mostrar que o Brasil não é a Venezuela, e não permitiremos que se chegue àquele ponto de descalabro, como alianças maléficas com o que tem de pior na Rússia, no Irã, na China e outros países. Há pessoas qu e fingem, dizendo que o PNDH é mero protocolo, mas farão de tudo para implantar no Brasil aquele programa horrível. O Brasil é sobretudo católico, e jamais poderá deixar de sê-lo. Mas depende de não ficarmos de braços cruzados, enquanto o outro lado age sem cessar. Deus nos ajude! (N.A.B. -AM)

Uma viagem ao século XJIII Acabo de escutar o hino peruano "Hanaq Pachaq", composto no século XVII em louvor a Nossa Senhora, do qual os Srs. indicaram o link no site www.catolicismo.com.br. Poucas vezes tive oportunidade de escutar algo tão melodioso. Impressiona as fibras mai s íntimas da alma e revela uma espiritualidade enorme. Foi realmente uma surpresa para mim uma composição religiosa desse calibre reali zada por indígenas peruanos. Vivo no Paraguai, país onde tenho tido oportunidade de inteirar-me do método de apostolado dos jesuítas, com o qual converteram os nativos guaranis nas famosas reduções indígenas. A principal motivação foi encantá-los com as verdades e maravilhas da Religião católica. Escutar esse hino sacro composto por outros nativos, e sentir-me eu mesmo encantado em meu interior por tal melodia, permitiu-me transportar-me ao passado e compreender melhor o que nossos antepassados indígenas sentiram quando os mistérios e esplendores da (8J

fé católica fascinaram suas almas simples, mas maravilháveis. Obrigado por essa viagem. (J.R.B. -

Assunção)

Degredo Lendo o trecho do Gênesis, que o Senhor [Mons. José Luiz Villac] cita em sua resposta (que achei super interessante) sobre a invocação "a vós bradamos, os degredados filhos de Eva" (da Salve Rainha), lembrei-me desta invocação comentada pelo Padre Vieira. Ele observa que somos "os degredados filhos de Eva", e não "os degredados filhos de Adão ", porque Adão foi criado na Terra, e depois Deus o introduziu no Paraíso terrestre. Portanto ele não foi degredado, pois (quando expulso do Paraíso) simplesmente retornou à sua terra natal... Então, no caso de Adão, não se poderia falar em "desterro", "degredo" ou "exílio", enquanto no caso de Eva, sim. Ela foi degredada, uma vez que fora criada dentro do Paraíso e depois expulsa para a Terra (que não era o lugar onde havia sido criada) em conseqüência do pecado cometido. Isto está registrado no Gênesis, que o Senhor comenta muito bem em sua resposta, ali ás como as demais publicadas na "Palavra do Sacerdote". Com muito proveito eu as leio todos os meses, não perco nenhuma. Continue assim, fortificando-nos com esse "alimento espiritual" de que tanto necessitamos. Deus lhe recompensará por tudo! (8J

(L.N.J. -

MG)

MSTeFARC (8J O MST é talvez o embrião de futuras forças armadas revolucionárias do Brasil (FARB), no mesmo estilo das FARC. Ensina a submissão achefes comunistas, táticas de guerrilha, mobilização, ocupação de pontoschave, pos s ui logística de abrangência nacional e agressividade suficiente para capitalizar mártires em suas colunas, graças a anos de doutrinação comunista, incluindo os filhos dos seus membros; movimenta

milhões em verbas de origem pública e privada (Ongs). (D. l. -

RJ)

Falta liderança (8J Gostaria de parabenizá-los pela defesa radical da civilização·cristã e de seus valores imortais, seja por militância nas ruas ou pela Internet. Meus sinceros abraços pela defesa da palavra de Deus e da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, onde repousa o Espírito Santo, liderada pelo Santo Padre, o Papa Bento XVI. Será que algum dia teremos, aqui no Brasil, um partido conservador de verdade? É simplesmente incrível que a maioria do povo brasileiro, cristão, católico e conservador, não tenha alguém que o represente realmente no cenário político nacional, ao menos com a força necessária. (A.D. -SP)

Lourdes (8J Falando com uma amiga sobre a notícia publicada na revista de outubro, do falso alarme de bomba no Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, ela externou uma opinião que achei muito válida: "A inda que fosse uma bomba mesmo, Nossa Senhora saberia como proteger seus filhos que aforam visitar". Achei muito verdadeira essa observação.

(N.N.G. -

PR)

"Voz que clama no deserto" A essa revista poderia ser at:tibuído o seguinte título: Voz que clama no deserto, pois seus artigos são muito interessantes e nos elucidam diversos assuntos. Pena que os políticos brasileiros não tenham o hábito de ler sobre preciosidades como essas. Se eles pautassem suas ações por tais escritos, com certeza teríamos um País melhor. (8J

(J.C.P. -

RO)

Mundo que afronta Deus É lamentável constatar como o mundo atual está movendo uma luta frontal contra Deus. Ações que os homens estão praticando - cli vórcios, eu(8J

tanásia, aborto, "casamento" homossexual - constituem clara confrontação com o Criador. Isso são situações que estão previstas desde muito tempo. Mas se os homens quiserem apoiar-se na Virgem Maria, poderiam mudar o curso da História. Rezemos nessa intenção. Poderemos ser protagonistas da salvação de muitas almas. Que nos proteja a Virgem de Guadalupe. (L.M. -SP)

Fascínio da graça (8J Estou fascinada por Nossa Senhora. Que história maravilhosa. Benditos os olhos que a viram, iluminados por Deus e escolhidos por Maria para transmitir seu recado de amor. (D.M. -SP)

Dragão comunista (8J Que a devoção a Deus e à amada Nossa Senhora floresça no coração de todos, e seja a causa da salvação do continente ibero-americano para a defesa em relação ao dragão comunista.

(B.C.C. -

RJ)

/J1tercessora Junto a Deus (8J Milagres por meio de Maria são uma prova de sua santidade, merecedora do respeito e amor que lhe devemos. E Ela só nos pede orações. Ave Maria, cheia de graça! (T.F. - RJ)

Connssão e Eucal'istia (8J Fico impressionada cada vez que leio a vida de grandes santos, e vejo o grande patrimônio de nossa Igreja. Por outro lado, fico triste, pois nos dias atuais certos padres deixam a desejar como exemplos de vida e quanto à administração de sacramentos que São João Maria Vianney tanto amava: a confissão e a santa Eucaristia, centro da devoção católica.

(D.T. -GO) Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

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■ Monsenhor JOSÉ LUIZ V!LLAC

Pergunta - Se possível, gostaria que me explicasse a respeito da Epístola de Santiago (5, 20), que diz: "Saiba que aquele que reconduzir [à verdade] um pecador, do erro do seu caminho, salvará a sua alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados".

Resposta - Os exegetas atribue m tradicionalmente esta epístola a Santiago o Menor, "irmão do Senhor", isto é, primo de Jesus (segundo o costume semítico de aplicar o termo irmão também aos primos e até a parentes mais long ínqu os) . Na Epístola aos Gálatas (1, 19), assim o designa São Paulo, que com ele esteve em Jerusalém, cidade da qual foi bispo Santiago o Menor. Este se di stingue de Santiago o Maior, irmão de São João Evangelista, ambos fil.ho de Zebedeu, os quais assistiram, junto com São Pedro, à Transfiguração do Senhor (cfr. Mt 17, 1-9; Me 9, 1-9). Santiago o Maior foi martiriz ado por Herodes Agripa por volta do ano 44 (cfr. Act 12, 2). Ao contrário das epístolas de São Paulo, dirigidas a igrejas ou destinatários particulares, a epístola de Santiago se dirige "às doze tribos da dispersão" ( l , l ). Devido a essa característica, no cânon - ou seja, catálogo oficial dos Livros - do Novo Testamento ela abre o conjunto das chamadas "epístolas católicas", em número de sete (além dessa de Santiago, as duas de São Pedro, as três de São João e a de São Judas). Santiago dirige-se a judeus convertidos do judaísmo CATOLICISMO

ao cristianismo, e que se encontravam em comunidades dispersas mas conservavam laços estreitos com a igreja de Jerusalém, de cujo bispo dependiam. "A epístola de Santiago, em seu conjunto, é um escrito composto de uma série de exortações morais variadas, conforme as necessidades de seus destinatários. [. .. ] O estilo é às vezes sentencioso, como o dos sábios de Israel; vivo, animado, dramático, como nos antigos profetas. Mas sua exposição conserva sempre um caráter claramente didático e manifesta numerosas semelhanças com as partes morais do Antigo Testamento. [. .. ] O autor procura transmitir aos seus leitores algo da catequese cristã que costumava dirigir de viva voz aos fiéis reunidos nas assembléias litúrgicas" (José Salguero OP, Bíblia comentada, BAC, 1965, vol. VII, pp. 12-13).

Mais adiante o autor prossegue: "Santiago visa em sua epístola umfim eminentemente prático, e por isso não expõe de modo sistemático as verdades da fé. Entretanto, sua epístola contém elementos doutrinários de suma importância para o dogma católico" (op. cit., p. 14). É diante desse quadro que devemos interpretar o versículo que o leitor nos propõe - primefro para a época em que foi escrito, depois para os nossos dias.

Os problemas da Igreja primitiva A pregação dos Apóstolos produziu a formação de comunidades cristãs, prirnefro constituídas por judeus que aceitaram Nosso Senhor Jesus Cristo como Messias, depois incluindo gentios convertidos. A conversão inicial vinha acompanhada de muitas graças que levavam o neófito a uma grande mudança de vida. Mas tal é

o peso dos maus hábitos adquiridos, que logo se introduzia em muitos a tibieza e decaía o fervor primitivo. Com isso a conversão não era completa, pois não se processavam inteiramente o rompimento com o estilo de vida anterior e a adequ ação da vida pessoal aos princípios do Evangelho. Ainda pior, ficava na pessoa uma mistura de mal e de bem urna espécie de sincretismo entre o cristianismo e o espírito do mundo. A finalidade da Epístola de Santiago é justamente eliminar das comunidades cristãs esse desvio do reto cam inho. Para melhor compreender isso, convém conhecer também o versículo anterior ao proposto pelo leitor: "Meus irmãos, se algum de vós se extraviar da verdade, e algum outro o converter, saiba que aquele que reconduzir [à verdade] um pecador, do erro de

seu caminho, salvará a sua alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados" (5, 1920). Santiago está falando, portanto, de cristãos que se extraviaram da verdade, e que outros tentam reconduzir ao bom caminho. O resultado será a salvação dessas almas que corriam o risco de se perder por toda a eternidade. Está claro, portanto, o sentido da parte inicial da frase. Resta explicar se os efeitos prometidos "salvará a sua alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados" - se aplicam só ao que foi reconduzido ao bom caminho, ou também àquele que trabalhou por sua conversão. Quanto ao primeiro efeito - a salvação da alma há numerosas passagens da Sagrada Escritura que permitem entender que se aplica também ao que trabalhou pela conversão do próximo. Assim, o profeta Ezequiel: "Se avisares o {mpio e ele não se converter de sua impiedade e do seu mau caminho, morrerá ele por certo na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua 1 alma" (Ez. 3, 19). E o profeta Daniel: "Os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça resplandece rão como as estrelas por toda a eternidade" (Dan. 12, 3). O mesmo diz São Paulo: "Persevera nestas coisas, porque fazendo isto, te salvarás a ti mesmo e àqueles que te ouvem" (I Tim. 4, 16). Quanto ao segundo efeito, fique desde logo entendido que "cobrir uma multidão de pecados " significa "fazêlos desaparece r diante d e Deus". Sobre isto, diz o livro dos Provérbios: "A caridade cobre todas as falta s" (Prov.

No mundo de nossos dias, o que se pretende é implantar uma sociedade sem Deus, sem a Igreja, sem Jesus Cristo

10, 12). Portanto, o apagamento dos pecados beneficia também àquele que pratica a caridade de reconduzir alguém do erro à verdade . E São Beda nos dá a razão disso: "Se, pois, é um grande benef{cio arrancar alguém da morte material, quanto maior é o mérito de livrá-lo da morte da alma e introduzi-lo vitorioso para sempre na pátria ce leste?" (Expositio super septem ep. catholicas, PL 93, 41 ss.).

O rompimento com o mundo, inimigo de Deus O problema-chave para não claudicar na vida cristã é o rompimento com o mundo. Por esta palavra se entende freqüentemente, no Novo Testamento, aquilo que na sociedade humana se opõe aos princípios que conduzem à pátria celeste. A advertência de Santiago em sua epístola é clara, e ademais expressa em termos fortes. Ele chama de adúlteros àqueles que, tendo-se uma vez entregues a Deus - que é o esposo legítimo de nossas almas - vol-

tam-lhe depois as costas, cometendo assim uma espécie de adultério. Diz ele: "Adúlteros, não sabeis que a amizade deste mundo é inimiga de Deus ? Portanto, todo aquele que quiser ser amigo deste século constitui-se inimigo de Deus" (Tg. 4, 4). Com a di sseminação do cristianismo, primeiro pela bacia do Mediterrâneo - Oriente Médio, Europa continental, norte da África - o mundo foi sendo pouco a pouco conquistado pela doutrina do Evangelho. Após a era das perseguições do Império Romano, o imperador Constantino deu liberdade à Igreja e esta se implantou como rainha das mentes e dos corações, converteu os bárbaros que invadiram a Europa e instituiu por toda parte uma pujante civilização cristã, que atingiu um auge na Idade Média. Veio porém o contragolpe do inimigo infernal - com o Humanismo e a Renascença, e mais tarde o Iluminismo que paulatinamente erodiu toda a Cristandade. Introduziu-se a laicidade do Estado,

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e depois o comunismo tentou impor o ateísmo mais completo numa sociedade contrária aos princípios mais elementares da Lei natural. No início desse processo revolucionário, o protestantismo já cindira a Cristandade com a ruptura com Roma, a quebra da unidade religiosa e as guerras de religião. No mundo de nossos dias, o que se pretende é implantar uma sociedade sem Deus, sem a Igreja, sem Jesus Cristo. O epílogo da Epístola de Santiago (5, 19-20), que o missivista nos pede para comentar, indica um programa de atuação para os católicos de nossos dias: reconduzir à verdade não apenas uma ou outra alma extraviada que esteja ao alcance de nossa atuação pessoal, mas o mundo todo, que se extraviou quase inteiramente de seu caminho. Para isso precisamos nos conhecer, nos relacionar, nos articular, a fim de lançar as forças assim reunidas contra os fautores desse ateísmo de Estado, que nos quer fazer dobrar os joelhos diante dos novos deuses do neopaganismo. O prêmio desse combate será a salvação de nossas almas, além de nossos pecados serem cobertos e apagados pela misericórdia divina. Porém, mais importante terá sido o fato de, por essa forma, termos cooperado para restaurar a civilização cristã, de acordo com os princípios do Evangelho e da ordem natural querida por Deu s. Tal desfecho é certo, pois em Fátima Nossa Senhora anunciou: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará". • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE Dirigismo extremado na União Européia

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irou crime na União Européia fabricar ou comercializar lâmpadas incandescentes de 75 volts. Os burocratas da UE querem impor a iluminação fluorescente até 2012. No entanto, para os europeus o brilho quente da lâmpada incandescente barata é superior à "luz de necrotério" fluorescente. Na Finlândia, os consumidores lotaram armários, garagens e sótãos com as lâmpadas proibidas, e os alemães compraram número suficiente para 20 anos. Também o governo Obama pretende banir as lâmpadas incandescentes. Na Nova Zelândia a opinião pública rechaçou análoga proibição totalitária. De cambulhada, derrubou o Partido Trabalhista que a impusera ... •

Na Rússia, escassez de trigo e receio de retorno à URSS

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povo russo acha que os tempos soviéticos da escassez de trigo estão de volta. Os preços no mercado negro duplicaram, e o Kremlin teme uma reação violenta do povo. Cidadãos giram pelos supermercados, trocando informações. O presidente Medvedev garantiu que o governo trabalha para reverter a situação, mas só parece ter reavivado a lembrança das desculpas esfarrapadas do regime comunista. A carência de trigo não é a causa profunda dos temores, o que os russos temem é a velha ditadura soviética reencarnada na atual cúpula política. •

Jornal inglês pergunta: China saqueia o Brasil?

Libertação de assassinos e estupradores na Alemanha

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Corte Européia de Direitos Humanos - a mesma que quis ·proibir os crucifixos nas salas de aula italianas condenou a prática alemã de "custódia de segurança" dos assassinos e estupradores mais perigosos. Embora esses delinqüentes tenham cumprido suas penas, a custódia visa proteger a população contra a conduta deles, que constitui ameaça como "bombas-relógio". Pela decisão, os criminosos devem ser liberados logo, sendo 1.685 deles em Berlim. A população alemã está amedrontada, e os parentes das vítimas revoltados. Para Gabriele Karl, cuja filha Stefanie foi assassinada por um maníaco sexual em 1996, o que há na Alemanha é um "lobby de defesa dos criminosos". •

Ministra polonesa defende exclusão de homossexuais

A

ministra polonesa da Igualda~e, El2;_bieta Ra~ziszews~~, declarou que as escolas católicas tem perfeitamente direito a expulsar professoras lésbicas, e com maior razão transexuais. Em debate na TVN, uma das maiores do país, Elzbieta polemizou com Krzysztof Smiszek, diretor da Sociedade Polonesa pela Antidiscriminação. A ministra observou que Smiszek tripudiou contra a Polônia, acusando-a de ser um país de atrasos em matéria de liberdades e tolerância. E assinalou que o CóElzbieta Radziszewska digo de Trabalho polonês autoriza as escolas católicas a licenciar ou recusar um candidato "cujos costumes não correspondem à ética desejada. Isso é assim, e não de outro modo". •

. . CATOLICISMO

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periódico britânico "The Guardian" indaga se a China é uma saqueadora do Brasil. A construção de um enorme complexo portuário e industrial no estado do Rio de Janeiro, apelidado "Estrada para a China", está na origem do comentário. Entre diversos empreendimentos chineses no Brasil, os investimentos no super-porto do Açu garantiriam à China o acesso a recursos naturais fundamentais de nossa Pátria. Na África a China expande-se rapidamente, e após garantir a presença, utiliza métodos extorsivos contra os países e contra o grande número de empregados que contrata. •

Diórios espanhóis denunciados por 11 proxenetismo"

T

odos os dias, grandes jornais espanhóis - o socialista "El País", o centrista "El Mundo", o monarquista "ABC", o regionalista catalão "La Vanguardia" - publicam páginas inteiras de anúncios para as formas mais perversas de prostituição. Protestos católicos, de organizações pró-vida e de conservadores denunciam esses ''jornais-proxenetas". A polícia desmantelou uma rede de proxenetismo que explorava 350 mulheres, procurando clientes por meio dessa propaganda na imprensa. A ONG de prostitutas Hetaira defende os jornais, que cinicamente "lavam as mãos" como Pilatos, afirmando: "Não é nosso dever dar lições de moral". •

Reação contra a parada homossexual em Belgrado

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parada homossexual transformou o centro de Belgrado (Sérvia) em campo de batalha, resultando em centenas de feridos além de 249 pessoas presas. O evento havia sido considerado como provocação e alvo de confronto provável, pois milhares de cidadãos, no dia anterior, tinham manifestado inconformidade com ele. O prefeito da cidade julgou-o imprudente, mas os homossexuais contavam com o apoio de representantes da União Européia e do ex-presidente Bill Clinton. A revolução homossexual não progride tanto pelo recrutamento de novos adeptos, e sim pelo estímulo e promoção de ambientes políticos e midiáticos, desejosos de mudar a mentalidade dos povos rumo a um permissivismo total. •

Matreirice de Chóvez reverte fracasso eleitoral

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as recentes eleições gerais legislativas da Venezuela, 51 % dos eleitores votaram contra os candidatos de Hugo Chávez, que obtiveram 46,4% dos votos. Abalado com o res~ltado das eleições, o caudilho socialista cancelou seu discurso "da vitória" na sacada do palácio presidencial, diante de adeptos desanimados e numericamente reduzidos. Mas Chávez distorceu matreiramente o mapa eleitoral a seu favor: os estados que reúnem a maioria dos eleitores (52%), e onde a oposição sempre foi majoritária, só puderam escolher 39% dos membros da Assembléia Nacional; e os estados dominados pelo chavismo elegeram os outros 61 %, embora só tenham 48% do eleitorado. Com esse artifício, a oposição ficou reduzida a 67 deputados (40% do total), e os partidários do caudilho socialista foram 98. •

Suécia: desmorona o socialismo nas eleições

Na tragédia, o Chile voltou-se para a Religião dramático e feliz resgate dos 33 mineiros chilenos, soterrados durante 70 dias, inspirou um movimento de religiosidade no povo chileno. Essa religiosidade parecia soterrada pelo ambiente hodierno de laicismo, imoralidade e igualitarismo. Porém, diante da ameaça de morte, os mineiros montaram um altar no refúgio que poderia ter sido seu túmulo; e, logo que puderam, pediram imagens religiosas. O exemplo repetiu-se em todo o país, e até o presidente chileno "instalou no palácio presidencial uma imagem de São Lourenço, padroeiro dos mineiros".

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Onda de profanações satanistas na França

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cada dois dias ocorre uma grave profanação de símbolos públicos católicos na França: cruzes derrubadas e pichadas com símbolos nazistas no santuário de Nossa Senhora em Saint-Loup; túmulos e capela do cemitério de HéninBeaumont vandalizados; estátuas arrancadas numa igreja de Valenciennes; candelabros escangalhados e Via Sacra do século XIII incendiada em Saint-Pierre de Pouan-les-Vallées-são alguns dos mais recentes exemplos. A escolha das datas para as profanações não se dá ao acaso: aniversário de Adolf Hitler; da fundação da igreja de Satanás nos EUA; Halloween; ano novo satanista; solstícios e equinócios (festas comemoradas pela Nova Era). Após homossexuais terem parodiado um "casamento" na catedral Notre-Dame de Paris, fundou-se o comitê lndignations, para denunciar essa onda de sacrilégios.

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as recentes eleições legislativas gerais, o Partido Social Democrata sueco sofreu sua pior derrota em quase um século. Hoje ele parece um partido "em ruínas", débil e sem futuro. A coalizão de centro-direita reelegeu-se pela primeira vez, e o partido dos Democratas da Suécia (SD), tido como extrema-direita, conquistou 20 cadeiras. O esquema vem se repetindo em quase toda a Europa, onde o eleitorado reclama por valores, família, moral, menos totalitarismo da UE, menos impostos, limites à "invasão islâmica" e liberdade de expressão. •

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pode mais falar em democracia representativa. A gravidade da situação cresce enormemente se considerarmos que todas as pesquisas de opinião sobre o estado da opinião pública apresentam a população brasileira como predominantemente conservadora.2 Disso tudo se depreende que a grande derrotada nesta eleição é a opinião pública, e não este ou aquele candidato. Conforme ensina o eminente mestre Plínio Corrêa de Oliveira, "a autenticidade do regime democrático repousa por inteiro sobre o caráter genu(no da representação. É isto óbvio. Pois, se a democracia é o governo do povo, ela só será autêntica se os detentores do Poder Público forem escolhidos e atuarem segundo os métodos, e tendo em vista as metas desejadas pelo povo. Se tal não se dá, o regime democrático não passa de uma vã aparência, quiçá de umafraude".3

A opinião pública se vinga Nessa situação anômala e absurda, os anseios da opinião pública foram totalmente preteridos em favor de candidatos que representavam, não a população brasileira, mas ideologias de esquerda ou extrema-esquerda. Diante disso uma virada surpreendente se operou, uma verdadeira vingança do povo brasileiro. Surgindo das entranhas da brasilidade politicamente pisoteada, como um rugido sai de uma terra abalada por um forte tremor, a opinião brasileira impôs aos candidatos e aos partidos a sua agenda. Afirmaram-se a religiosidade e o bom senso nacional, o sentido histórico de um povo que tem em suas tradições seu melhor tesouro. Daí veio sobre os candidatos a salutar pressão dos que rejeitam o aborto, o "casamento" homossexual, a adoção de crianças por "casais" formados de modo antinatural; e no centro de

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da derrota ou vitória

"Eu, pessoalmente, sou contra. Nao acredito que haj uma mulher

que não considere o aborto uma v- 1 n

Ante o fato de que os candidatos presidenciais eram todos de esquerda, o povo brasileiro se vingou e lhes impôs uma agenda conserv dora. Se o 1 enoreleito insistir em esquerdizar o País, sotterl\ me desgaste. ) l[J PU NIO V101GAL XAVIER DA SILVEI RA

s questões eleitorais dominaram o panorama nacional no último mês. Até aí nada de extraordinário, em vista do segundo turno da eleição em 31 de outubro. O que surpreendeu a muitos, isto sim, foi o fato de predominarem na campanha graves temas morais e religiosos, dos quais os candidatos não conseguiram se desvencilhar. Aborto, "casamento" homossexual, fa-

CATOLICISMO

mília, religião e o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) recheara_m os debates, contrariamente ao desejo de ambos os postulantes ao cargo máximo da República. Tem esse fenômeno grande importância e profundidade, e impõe-se uma análise do que ocorreu. Estamos escrevendo antes de conhecer o resultado da eleição do dia 31, mas o leitor verá, pelo que segue, que o aspecto mais profundo dos episódios deste pleito independe de o eleito ser A ou B.

S6 candidatos de esquel'da: a democracia em xeque Tudo começou quando ficaram definidos os candidatos do primeiro turno . Nessa ocasião, em di scurso na sede do ln tituo de Pesquisas Econômicas Aplicadas (lpea), o Presidente Lula comemorou: "Pela primeira vez não vamos ter um candidato de direita na campanha. Não é fa ntástico isso?". Segundo o presidente, antes os candidatos de esquerda e de centro-esquerda disputavam "contra os trogloditas da direita " . 1 Essa declaração do presidente não só é estapafúrdia, mas se reveste da maior gravidade, pois põe em xeque a própria autenticidade da democracia brasileira. De fato , se há uma parcela considerável da opinião pública que não é representada numa eleição presidencial, ela está sendo arbitrariamente discriminada pelos partidos políticos, e não se

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Fac-símiles das p6glnas 61 -62 e 66 da revista Veja de 13 de outubro de 201 O

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tudo o nefando Programa Nacional de Direitos Humanos do governo Lula, com sua investida contra a família, contra a moral, contra a propriedade, contra as legítimas liberdades. Não faltaram os que viram nessa situação o aspecto TFP existente na alma dos brasileiros. Os institutos de pesquisa ficaram desacreditados, pois trabalhavam sobre uma realidade falseada. Tornaram-se objeto de todo tipo de suspeitas. E os candidatos, forçados pela realidade e pelo interesse eleitoral imediato, tiveram de se adaptar, ainda que de modo totalmente artificial.

Exemplos extl'aídos a esmo O noticiário é caudaloso a esse respeito. Vejamos apenas algumas manifestações. • Ambos os candidatos participaram de cerimônias na basílica de Aparecida, mostrando-se artificialmente "devotos". • Atendendo aos anseios de seus fiéis, bispos e sacerdotes católicos expuseram claramente que não se pode votar em candidatos abortistas, ou que sejam favoráveis às aberrações homossexuais, ou que defendam o PNDH-3, ou que vilipendiem o direito de propriedade. Postura análoga foi patrocinada por pastores protestantes. • Ficou rachada de alto a baixo a unanimidade, ao menos de fachada, com que a CNBB costumava apresentar-se na defesa de teses "progressistas", desde os infaustos tempos de D. Helder Câmara. • A mídia ficou pasma ante o que estava ocorrendo: "Nem o mais visionário político do País imaginaria no in(cio da campanha que o tema central da disputa presidencial envolveria religião. O impressionante movimento dos eleitores cristãos, rej eitando qualquer candidatura que imaginem ser defensora do aborto, ainda precisará ser estudado e explorado por especialistas para ser compreendido. Mas a verdade é uma só: o segundo turno entre Dilma Rousseff e José Serra já está absolutamente dominado por essa discussão ".4

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• A sucessão foi seqüestrada pelo ativismo dos grupos mais conservadores de diferentes denominações cristãs". 5 • Desmorona a credibilidade dos institutos de pesquisa: "A popularidade de Lula foi superestimada pelos institutos de pesquisa. Se é exeqüível supor que o presidente é popular, é inimaginável que somente 4% da população achem ruim ou sofrível o governo. Ledo engano". 6

• "O apoio à proibição do aborto é o mais alto no Brasil desde 1993, quando o Data/olha começou a série histórica de perguntas sobre o tema".7

os temas, a chamada agenda religiosa. [... } Nenhum dos candidatos anteviu o afunilamento dos debates convergindo para um tema como o do aborto. 15

Desejará o novo governo enfrentar a opinião pública? De tudo isso se infere, por um lado, que a opinião pública brasileira saiu derrotada, pois não eram essas as eleições que ela queria, nem eram esses os seus candida-

E- mail para o autor:

ca10Jicismo@1erra.com.br

• "Petistas criticam reacionarismo nas eleições: Tarso Genro comparou os ataques com viés religioso a Dilma Rousseff ao período pré-golpe de 1964". 8 - "Biografia de Dilma na TV agora cita 'sólida formação religiosa'". 9 "Dilma promete a igrejas vetar teses históricas do PT". 10

Notas:

• A respeito do debate religioso nas eleições, Serra esclareceu: "Essa é uma questão que foi introduzida pelas pessoas, não pelos partidos nem pelos candidatos"."

• "A estridência com que o debate moral e religioso emergiu para o topo da agenda nessa eleição presidencial criou a sensação de aumento da influência das igrejas sobre o voto, e de que os candidatos - em especial Dilma - foram pegos de surpresa". 12 • Devido a essa situação inesperada, "nos últimos dias, Dilma deu a impressão de que esteve próxima de desmoronar. Do lado oposto, Serra[. .. } sem discurso sólido, o tucano mais parece um camaleão, ou um artista de circo". 13

• "Em entrevista à imprensa, a petista citou [... ]folhetos assinados pela Tradição, Família e Propriedade (TFP) em evento do PSDB como fontes da 'onda de boatos"'. 14 • "A pauta ideal de campanha não é a que partidos e candidatos estabelecem, mas a que o eleitor escolhe. Nesta eleição prevalece, até aqui, acima de todos

11111m

No fundo, o grande descaminho dos que manejam o processo eleitoral consistiu em ignorar a verdadeira índole do povo brasileiro. A esse propósito, convidamos o leitor a se deter no texto de Plinio Corrêa de Oliveira que publicamos no quadro ao lado, verdadeiro portento de lucidez e análise a respeito da sociedade brasileira. E agradeçamos a Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, pelo muito que Ela tem feito por nossa Pátria. É confiando n'Ela que vamos para a frente . •

tos, os quais lhe foram empurlados goela abaixo. Mas de outro lado ela saiu vitoliosa, impondo sua agenda aos candidatos, aos partidos, à mídia e à CNBB, que se viram obrigados a dançar segundo uma mú ica que ela escolheu. Algum espírito superficial dirá que de nada vale isso, pois uma vez empossado, o novo presidente tentará esquerdizar ainda mais o País. É provável, mas na medida em que quiser impingir ao Brasil a agenda única da esquerda, incluída aí a sua visão dos temas morais, levantará contra seu governo reações e oposições talvez até maiores que as do período eleitoral. Quererá ele enfrentar uma opinião pública esclarecida e reativa? Em que medida? Com que desgaste para a esquerda? Eis a questão.

1. O Estado de S. Paulo, 16-9-09. 2. Exemplos: a) 1999: pesquisa Juventude e Cidadania feita pelo Instituto Perseu Abramo, do PT, revela conservadorismo da juventude; b) 1999: ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) "revela um Brasil insuspeitado, conservador e moralista", revela "valores e atitudes extremamente conservadores em nossa classe média" (h ttp ://su m ari o-peri odicos .espm. br/ index. php/estudosespm/article/view/ 1367); c) 2006: pesquisa Perfil da Juventude Brasileira, feita pelo Instituto Cidadania, em parceria com o SEBRAE e o Instituto da Hospitalidade. Trata-se da maior e mais completa pesquisa já feita sobre a juventude brasileira: "O jovem reflete o meio social em que vive. Se os dados refletem que há conservadori smo , via de regra esse conservadorismo provém da sociedade", afirma Gustavo Venturi, cientista político e coordenador da pesquisa (http:// www2.fpa.org.br/pesquisa-revela-jovensse-preocupam-com-violencia-e-emprego); d) 2008: Site Labjor (Laboratório de Estudos Avançados em jornalismo), da UNICAMP. Pesquisas de opinião apontam dimensões do conse rvadorismo no Brasil (http :// www. labjor. unicamp. br/midiaciencia/ article.php3?id_article=532). 3. Projeto de Constituição Angustia o Pa(s. Editora Vera Cruz, São Paulo. 1988. 4. Marcelo de Moraes, in "O Estado de S. Paulo", 9- 10-10. 5. "O Estado de S. Paulo". 11-10-10. 6. Marco Antonio Villa. in "O Globo", 12-10-IO. 7. "Folha de S. Paulo". 11-10-10. 8. Idem, 14-10-10. 9. Idem. 13-10-10. 10. "O Estado de S. Paulo", 14-10-10. 11. Idem, 13-10-10. 12. Idem, Lourival Sant'Anna, I0-10-10. 13. Fernando de Barros e Silva, "Folha de S. Paulo", 11-10-10. 14. Portal da UOL, 11-10-10. 15. Ruy Fabiano no Blog do Noblat, 16-10-10.

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Cotas nas universidades: injustiça e divisão racial M estre em I-Iistória do Direito, o Prof. Ibsen Noronha mostra que a questão das cotas raciais poderá desviar o País de sua vocação, fracassando na tarefa de manter unidas as três raças que deram origem ao povo brasileiro

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debate sobre as cotas raciais nas universidades chegou ao Supremo Tribunal Federal, que em março deste ano convidou 30 especialistas para três dias de audiência pública. Dentre estes destacou-se o Professor lbsen Noronha, que expôs sua crítica bem fundamentada às cotas raciais nas universidades brasileiras. Baseou-se no conceito de Justiça adotado pelos juristas romanos, e que Santo Tomás de Aquino desenvolveu: Suum cuique tribuere, neminem lredere, ou seja, dar a cada um o seu e não lesar ninguém. Sobre esta importante questão, Catolicismo entrevistou o Prof . lbsen Noronha. Ele é Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra, com a tese intitulada Aspectos do Direito no Brasil Quinhentista - Consonâncias do espiritual e do temporal. Galardoada com o prêmio Doutor Guilherme Braga da Cruz como melhor tese jurídico-histórica, ela foi publicada em Portugal em forma de livro, pela editora Almedina. O Prof. lbsen ensinava História do Direito Brasileiro na UnB, em Brasília, ao tempo da audiência pública no STF. É professor de História do Direito no IESB, e de Filosofia do Direito na UDF. É também assistente da ViceReitoria da UNILEGIS do Senado Federal. Pro-

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feriu diversas palestras sobre temas histórico-jurídicos no Brasil, Portugal e França. Prepara doutoramento pela Universidade de Coimbra sobre a legislação relativa à escravidão na História do Brasil.

Prol'. /IJSCII NOl'Ollha:

"Vemos as ações legislativas do Império voltadas para a libertação de todos os que estivessem no Brasllnote-se: nascidos no Brasll ou na África!"

Catolicismo - Qual a primeira razão para ser contra o sistema de cotas nas universidades? Prof. Ibsen Noronha - É uma razão lógico-histórica. A grande riqueza do Brasil é o seu povo miscigenado, que possui virtudes dos povos da Europa, África e América. Criar uma divisão racial no Brasil é um crime histórico. Além disso, a universidade tem como fim primordial a transmissão do conhecimento e a pesquisa. Tentar transformá-la em meio de ascensão social é desvirtuar e empobrecer esta digníssima instituição criada na Idade Média. Catolicismo - Como um professor de Historia do Direito analisa a Imposição de cotas nas universidades para efeito de reparação histórica? Prof lbsen Noronha - Quando se fala em dívida histórica no Brasil, de chofre a escravidão se apresenta como referência para os raciocínios. Essa chaga social, de fato, faz parte da nossa História, não há como apagar. Podemos lamentar, mas fará sempre

parte da Hi stória do Brasil. E faz parte ainda hoje da História da África! Ela existe até hoje naquele sofrido continente. Artigo recente, publicado em quotidiano de grande circul ação, denuncia a escravidão em cinco países africanos, marcada por grilhões. 1 É indignante ! Reg istre-se: a ex istência hoje de escravidão na África é útil para rac iocinarmos hi sto ricamente ! A abolição da escrav idão no Brasil pode serestudada sob diversas perspectivas: religiosa, econômica, socio lógica, cultural e outras mais. Importa aq ui observá- la sob o prisma jurídico. Foi um processo - e a História deve ser vista sempre como processo - do qual a lente jurídico-hi stórica permite uma visão panorâmica. Desde a Independência até a Lei de 13 de maio de 1888, vemos as ações legislativas do Império do Brasil voltadas para a libertação de todos os que estivessem no Brasil - note-se: nascidos no Brasil ou na África! Sobre este tema, publiquei o arti go Processos Legislativo e Doutrinário de abolição da escravidão no Império do Brasil, com diversos e copi osos textos de le i anali sados que iniludivelme nte favorecem a compreensão do que se passo u. São fontes primárias, e evitam uma hi stória de egunda ou terceira mão ... Lembro, contudo, que nesse processo tivemos a chamada Lei do Ventre Livre, que tornou irremediável o fim do cativeiro no Bra. il. Estava presente nas ga leri as do Parlamento, quando da votação em 28 de setembro de 1871 , o emba ixado r nor- · te-americano James Rudolph Partridge. Aprovada a lei, numa reação a ute nticamente bra ileira, houve uma chuva de fl ores sobre o plenário. O embaixador procurou o presidente do Conselho para fe licitá- lo, e colhendo algumas fl ores, disse: "Vou mandar estas .flores ao meu país, para mostrar como aqui se f ez, deste ,nodo, uma lei que lá custou tanto sangue! " Catolicismo - Como a legislação brasileira influiu no início e na extinção da escravidão? Prof. lbseu Noronha - A escrav idão africana no Brasil surgiu na segunda metade do século XVI, porta nto, no Brasil-colôn ia. Os motivos da opção pela escrav idão africana são dos mais diversos. Aponto ao menos um, re lacionado especificamente co m a história do Direito Brasileiro. Havia a legislação de proteção ao índio contra o cativeiros injustos, que grassavam nos primórdios da nossa História, e ela foi de extrema importância para o início do tráfico africano. Ressalto que do período coloni al possuímos,

"Do pel'Íodo colonial possuímos vários casos de assimilação dos Ílldios 11a sociedade que 11ascia. Muitos fo1·am juízes e receberam títulos de nobreza "

O gabinete do Partido Conservador, liderado pelo visconde do Rio Branco, aprovou em 28 de setembro de 1871 a lei que libertava todos os filhos de escrava que nascessem desde então

documentados, vários casos de assimilação dos índios na sociedade que nascia. Mui tos foram juízes e chegaram a receber títulos de nobreza. 2 Quanto ao negro, também j á temos, documentada e estudada, a sua inserção como ho mens li vres na sociedade durante o período colo ni al. São os li bertos. Hoje está razoave lmente bem estudado o tema dos escravos forros. E les ingressaram na soc iedade. Muitos enriqueceram e ... possuíram escravos. Temos notícia também de africanos que ingressaram no clero, chegando alguns a alcançar a honra de bispos. Outros, por exemplo, alcançaram cargos importantes na magistratura - a chamada noblesse de robe .3 Catolicismo - Visto que se desconhecem vários aspectos da história da escravidão, poderia discorrer um pouco sobre o direito de propriedade dos escravos, e também sobre o direito que porventura possuíam de constituir família? Prof. lbsen Noronha - S im . Vejamos algun s as pectos de duas leis muito conhecidas, mas conhecidas apenas parcialmente. O gab inete do Partido Conservado r, liderado pelo Vi sconde do Rio Branco, apro vou em 28 de setembro de 187 1 a lei que libertava todos os filh os de escrava que nascessem desde então. A Lei nº 2.040 ficou conhec ida como Lei do Ventre Livre e servi u para estancar o aumento, pelo nasci mento, do núm ero de escravos no Bras il. Mas tinha alcance muito mais a mplo. O artigo 4°, por exempl o, di spunh a que era permitido ao escravo a fo rmação de um pecúlio com o que lhe proviesse de doações , legados e heranças; e com o que, por consentimento do senhor, obtivesse do seu trabalho e eco no mi as . A Caixa Econôm ica fo i criada por Dom Pedro II com o propósito de incentivar a poupança e conceder empréstimos sob penhor, com a garantia do gove rno imperial. Deste modo, a Caixa rapidamente passou a ser procurada pelas camadas sociais mais populares, incluindo os escravos, que podiam econo mi zar para suas cartas de alfo rri a. A Lei ta mbém prev ia a preservação da fam íli a unida. Proibia a venda ou transmissão de escravos com a separação dos cônjuges , sob pena de nulidade; e os filhos menores de doze anos não podiam ser separados do pai ou mãe. De fato, o Direito Canôn ico j á protegia a família li vremente fo rm ada pelos escravos. Interessante consultar as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, publicadas e m inícios do sécu lo XVlll, e já nos deparamos com o

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manto protetor da Igreja ao sacramento do Matrimônio e à família. O Império procurou amparar os idosos. A Lei dos Sexagenários, de 1885, libertou os escravos com mais de sessenta anos. Entretanto proibia a libertação, pelo fundo de emancipação, de escravo inválido considerado incapaz de qualquer serviço. Este deveria permanecer na companhi a do seu senhor e por ele amparado. Note-se que estes são dispositivos si lenciados na apresentação histórica dessa legislação relativa aos escravos no Brasil. Catolicismo - Essa é realmente uma história pouco conhecida da escravidão ... Prof lbsen Noronha - Os defensores das cotas ap resentam comumente duas proposições. Primeiro, que a desigualdade racial vigente hoje no Brasil tem fortes raízes históricas. Segundo, que as raízes do problema estão vinculadas ao escravismo. O perigo de tomar estas proposições como premi ssas de raciocínio válido e verdadeiro se manifesta nas conseqüências possíveis, porquanto se a causa das mazelas é a escravidão, como se afirma, a conseqüência é: compensemos com as cotas! Estamos perante falácias da causalid ade. Há rea l perigo de INJUSTIÇA ao se buscar a solução com a premissa vincada em tal causalidade. Por quê? Documentos históricos provam que desde o sécu lo XVI tivemos negros forros ou libertos no País. Em nossos dias, repito, já está relativamente bem estudada a condição do liberto, e podemos afirmar que muitos prosperaram econômica e socia lmente. O número de libertos aumentou sens ivelmente nos sécu los XVII, XVIII e XIX, a ponto de em 1888 - ano da célebre Lei assinada pela Princesa Isabel - contar o Império com apenas 5% da população como escravos. Estudos sérios apresentam a dinâmica natural dos libertos vinculada à miscigenação, e naturalmente à aquisição de escravos. Impressiona a cifra referente à cidade de Campos de Goytacazes ao final do século XVIII. Cerca de um terço dos senhores de escravos eram "de cor". E tal se dava também em regiões de muita escravaria, como Pernambuco e Bahia. Sobre o assunto a bibliografia é bastante alentada. Assim sendo, um descendente de escravocrata

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"Documentos provam que desde o século XVI tivemos negros forros ou libertos no País. Podemos aflrmar que muitos prosperaram econômica e socialmente"

poderá se beneficiar de uma vaga. Por outro lado, um descendente de imigração recente - italiano, polonês, alemão, japonês e até finlandês (pois o Brasil é tradicionalmente generoso na acolhida) seria lesado, preterido em conseqüência de um argumento falacioso, mal fundamentado na História. A não ser que os genealogistas (um tanto esquecidos e até desprezados depois de L789) sejam contratados em massa para as com issões que decidem acerca das cotas nas uni versidades, corremos assim o real perigo de cometer uma INJUSTIÇA baseada na dívida hi stórica (isso, aliás, provavelmente já terá acontecido). Ou seja, a dívida (se existisse) não estaria sendo paga, e pelo contrário estaríamos produzindo uma verdadeira e palpável dívida nos dias que correm! Catolicismo justiças?

Princesa Isabel

O número de libertos aumentou sensivelmente nos séculos XVII, XVIII e XIX, a ponto de em 1888 ano da célebre Lei assinada pela Princesa Isabel - contar o Império com apenas 5% da população como escravos

Quais são as in-

Prof lbsen Noronha - Trata-se de tomar posição em relação à compensação histórica a partir da dívida histórica, e isso certamente não é exercício acadêmjco. As posições, fruto de uma visão de mundo, se concretizam. Raciocinemos mais uma vez a partir de duas posições antagônicas, úteis para o nosso saudável desejo de anali sar o problema com seriedade. O antigo Reitor da UnB , ex-m ini stro da Educação e atual senador Cristóvão Buarque, afirmou admitir que as cotas prejud.i carão algun s brancos ao cederem os seus lugares a estudantes com nota inferior. Contudo considerou ser preciso cometer injustiças pontuai s para corrigir uma enorme injustiça hi stórica. Já o atual governador de São Pau lo Alberto Goldman , quando deputado, mani festou-se perplexo acerca da institui ção das cotas raciais. Seu neto, filho de um quatrocentão paulista - portanto, fruto de grande miscigenação - poderia ter acesso a esta vantagem, enquanto sua empregada, filha de ucraniano ca ada com filho de ucraniano, não poderia pleitear tal vantagem para o seu filho. Eis dois raciocínios bastante di stintos acerca do problema. Dar a cada um o seu, sem lesar ninguém! Em qual deles está mais evidente esta preocupação? Catolicismo - Além das injustiças, quais são as outras conseqüências? Prof lbsen Noronha - Um grande professor de Lógica da UnB, Doutor Nelson Gomes, afirmou que a política de cotas modifica a posição do Brasil, até

então reconhecido como País racialmente tolerante e integrador. Declarou também que, no futuro, a cesura representada pelas cotas pode trazer intolerância racial e outros problemas sérios. Este novo quadro é possível, pois os brasileiros têm agora na cor uma característica que lhes pode trazer vantagens ou desvantagens. Aonde tal processo conduzirá este País, no qual os grupos humanos se reorganizam segundo critérios a tal ponto duvidosos, apesar de tantos exemplos ruins4 fornecidos por outras sociedades? Ainda uma derradeira observação. É perfeitamente legítimo buscar na história de um País como o Brasil uma vocação. O fenômeno histórico permite tal ilação à luz da Filosofia da História ou da Teologia da Hi stória. Podemos observar que a harmonização dos povos que para aqu i vieram ao longo dos nossos cinco séculos de vida faz parte do pulchrum da nossa história. Os deslizes e contradições formam a exceção - e que povo não as teve? O Brasil prefere a harmonia à oposição e luta entre raças, e aqu i as culturas diversas se completam amistosamente em um só povo. A busca do equi líbri o e da harmoni a, notável ao longo de toda a nossa história, é a nossa grande riqueza e o nosso exemplo para o mundo, a nota especial que o Brasil deve fazer vibrar no concerto das nações. Sobre esta visão da história e vocação do Brasil, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua obra Projeto de Constituição Angustia o País,5 defende e alerta para a harmonização das etnias em oposição à luta de raças. Permita-me citar o texto: "Com essas palavras fica lembrado que no Brasil não existem apenas as etnias indígena e negra, mas que outras raças têm sido por vezes chamadas, outras vezes aceitas de braços abertos, pelo nosso

A busca do equilíbrio e da harmonia, notável ao longo de toda a nossa história, é a nossa grande riqueza e o nosso exemplo para o mundo, a nota especial que o Brasil deve fazer vibrar no concerto das nações

"O Brasil prefern a harmonia, e aqui as culturas diversas se completam amistosamente em um só povo. A busca do equilíbrio é a nossa gra11de riqueza"

País, para participarem do esforço de aproveitamento de todas as nossas riquezas. "Dentre as mais numerosas e mais marcadas por suas específicas características, notam-se as colônias japonesa e síria, que se têm destacado sobremaneira nesse afã. "Também importa marcar que - além dos portugueses, cuja descendência tem muito naturalmente a preponderância numérica, cultural e histórica na forma ção do povo brasileiro - outros povos europeus, ao aqui se estabelecerem, trou.xeram consigo as tradições, os hábitos, o idioma e os modos de pensar, de sentir e de viver das respectivas pátrias de origem". Não temo encerrar esta breve entrevista invocando a Divina Providência para que aja na História, não deixando o Brasil desviar-se da sua vocação, da sua missão de País luzeiro da civili zação cristã, dando a cada um o seu sem lesar ninguém! • Notas:

1. Cfr. "O Globo", 27-3-05, p. 34. lnteressa nte também é o artigo publicado em 10 de julho de 2003, no "Corri ere de ll a Sera", intitulado Os Neg ,vs pedem perdão pela escravidão. 2. À guisa de exemplo: Araribóia, índio do grupo tupi , da tr ibo dos temiminó s. O Rei Dom Sebastião cobriu Araribóia de honrarias. Recebeu o hábito de Cavaleiro da Ordem de Cristo e foi nomeado Capitão-mor. 3. Cabe referir a nomeação por Dom João V de um Procurador da Coroa em 173 1. Não se pode também esquecer de Henrique Dias, que recebeu o hábito de Cava leiro da Ordem de Cristo, sendo portanto nobilitado. Isto em meados do século XV II. 4. Prova eloqüente dos mau s resultados é apresentada quase exaustivamente no conhecido trabalho de Thomas Sowell , Ação Afirmativa ao Redor do Mundo - Estudo Empírico, Rio de Janeiro, 2004. 5. Plínio Corrêa de Oli veira, Projeto de Constituição Angustia o País, Ed. Vera Cruz, São Pau lo, 1987, pp. 172- 173.

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Expansão e consolidação do reino franco 1 GUILHERME FÉLIX DE SOUSA M ARTINS

Ü Reino Cristianíssimo, que chegará a seu auge com São Luís IX na Idade Média, e que produzirá altos frutos de refinamento social e cultural com Luís XIV no Ancien Régime, deu seus primeiros passos con1 a providencial conversão de Clóvis e a conquista de povos que jaziam na heresia ou no paganismo

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A

lg um leitor poderá pergun tar, ao se dar conta do tema do presente artigo, por que continuamos a dar espaço à históri a de C lóvi s. Afinal, seus próprios biógrafos são unânimes e m di zer que as fo ntes seguras sobre o personagem são escassas. Para que resgatá- lo da brumas da Hi stória? A resposta já fo i insinuada nos artigos anteri ores: toda a grandeza cri stã da Idade Média, e toda a civili zação que dela brotou, tiveram na conversão do povo franco seu marco inicial. Pela proteção temporal do novo convertido, a Igrej a, que até então era obj eto de desprezo por parte de muitos potentados, fo i alçada à pos ição que lhe cabia fre nte às nações, pode nd o assim estender com maior efi ciência o manto do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cri sto sobre os povos que j aziam na heres ia o u no paganismo. Vimos como os fra ncos de C lóvi s tornaram-se senho res do no rte da Gália, expul sando um pretenso herdeiro do império ro ma no e aniquil ando o poderio alamano. Agora era necessário faze r fre nte aos re inos o nde predominava o ari ani mo, situ ados mais ao sul.

As rnlações com o reino burgtímlio Os burgúndios - po vo no qual nascera C lotilde, esposa de C lóvi s - era m governados por dois reis, ti os dela. Uma rivalidade de interesses de va idades, entretanto, acabo u por levá-los às armas um co ntra o outro. Gondebaud, senho r da maior parte das te rras, possuía também o exército mais poderoso; e era ta mbém sustentác ulo e esperança da heresia ari ana, e mbora não desprezasse os conselhos do pre lados católi cos. Já Godegisil , católico como ua esposa, tinha me nos fo rça e prestígio. Com a ajuda de C lóv is, contudo, aca bou po r vencer Gondeba ud e to rnar-se se nhor absoluto dos burgúndi os. Não muito tempo depois, Gondebaud voltou à carga. C lóvi s, desta vez, resolveu prudente me nte não in tervir, e Godeg isil fo i de rrotado. O rei franco percebeu que ainda não havi a chegado o mo mento de anexar o reino burgúndio, e e le precisari a de um ali ado para faze r face a inimi gos mais terríveis.

Os visigodos e a batalha de Vouillé Enquanto isso, após o re inado de Eurico o reino visigodo tinha expa ndido largamente seus do míni os, e a~ ·· ~me lh ava-se a um verdade iro impé rio. Suas fro nteiras iam desde os Alpes até o estre it de G ibra ltar, e desde o rio Loire até o Medi terrâneo. Primogênitos do ari ani smo, os vi sigodos levavam ao mais alto gra u a paixão por essa heres ia, e tinham de ta l1maneira identificado sua nacio nalidade com ela, que a denominavam "a fé góti ca". Mais/,i inda, fi zeram da doutrina de A ri o um a espéc ie de re ligião germânica, e se esforçavam por comunicá-la a todo os povos de sua raça. Entrando na Gá li a, continuaram esse proseliti smo, dando- lhe um caráte r clara me nte anti-cató lico. Chegaram até o re ino dos bui·gúndi os, e é pro váve l que sua influê ncia tenha sido dec is iva para perverter aquele povo, já em grande parte convertido do paga ni smo. Por muito tempo, a persegui ção aos cri stãos fi éis restringiu-se à extra-ofi cialidade. Mas logo o rei vi sigodo dec idiu. intervir, decretando medidas para banir de seus terri tó ri os o clero católico. "As .fileiras do baixo clero se esvaziavam rapidamente e o culto católico fo i cessando em diversos luga res. As igrejas, abandonadas, caíam em ruínas; seus tetos afundavam, a vegetação invadia os santuários abertos a todos os ventos; o gado dormia nos vestíbulos dos locais santos, ou. vinha se alimentar da erva que crescia nos altares prof anados. As próprias vilas se viam invadidas por esse vazio da morte, e as populações, privadas de seus pastores e de seu culto, abandonavam-se ao desespero ". 1

Com a morte no ano 484 do re i visigodo Eurico, substituiu-o Alarico II . Um raio de esperança veio pousar sobre os cri stãos com a ascensão do re i fra nco Cl óvi s. Sua libertação lhes parec ia próxima. Percebe ndo o perigo que vinha do lado dos francos , Al arico II resolveu propor-lhes um acordo, mas outros olhos estavam postos nessas in trigas políticas do Ocidente. No seu intento de assegura r a antiga soberani a romana, Bi zâncio buscava agravar as dissensões entre os bárbaros. Para isso ofereceu secretamente apoio a Clóv is, garantindo que manteria ocupados os ostrogodos, povo irmão dos visigodos, que habitavam a península itálica. Te ndo j á do seu lado os burgúndios, e com a aliança agora dos bi zantinos, Clóvi s dec idiu agir rápido, e congregou seus exércitos para atacar o re ino vi sigodo. Teodorico o Grande, rei dos ostrogodos e patri arca dos demais re inos ari anos, percebeu o jogo que se armava e buscou por todos os modos atrapalhá- lo. Enviou embaixadas a vários rei , seus parentes, procurando ali anças. Proc urou o próprio Clóvi s, para di ssuadi-lo de seu intento. Tudo e m vão. " Não posso suportar, disse o rei.franco, que os arianos ocupem uma grande parte da Gália. Marchemos contra eles, e depois de tê-los vencido, submetamos seus territórios à nossa autoridade". 2 C lóvi s alimentava ass im o zelo de seus sold ados, apresentando- lhes a nova expedi ção como uma verdadeira cruzada contra a heresia ariana. Durante a marcha contra os vi sigodos, o exército teve de vencer vári os obstáculos, pois o inimigo tinha destruído todas as pontes e acessos que havia pelo caminho. Acampado às margens de um rio, e sem saber como cruzá- lo, C lóvi s pôs-se em oração. Eis que um cervo de eno rmes proporções entra no ri o sob os olhares de todos, atravessando-o a vau. Mostrou ass im o ca minho que devi am seguir. Al arico esperava-os nas prox imidades de Poitiers, numa planície com o nome de Youillé. Tinha em vão tentado convencer seu exército de que dev iam ag uardar os reforços de Teodorico. Agora, só lhe restava a alternativa do combate. O s fra ncos abri ra m a batalha lançando uma chuva de setas sobre os inimigos, que aguardavam o momento do combate corpo-a-corpo. Começou então uma luta sangrenta, que teri a se prolo ngado não fosse a morte brusca de um dos re is: "Corno nos encontros da era heróica, Clóvis e Alarico procu ravam-se desde o início da batalha, buscando decidir a guerra por um desses combates singulares nos quais os bárbaros viam o j uízo de Deus. Alarico caiu por terra, atingido por urn. golpe mortal". 3 Clóvi s foi então prosternar-se jun to à tumba de Santo Hil ário - bi spo de Poiti ers, intrépido confessor da fé contra os he reges arianos - para agradecer-lhe a vitóri a. E nquanto isso os burgúndios penetravam em Narbo nne, e o filho de Clóv is, comandando outra ala do exército, varri a as pro víncias orie ntais ao lo ngo das fro nteiras burgúndi as . Clóvi s conquistou assim o cetro da Aquitâ ni a.

Batalha de Vouillé

A anexação cios w ,·,·iu,,'ios ripuál'ios O centro de grav idade da Europa - antes e m Ra ve na, co m o rei dos ostrogodos tra nsferiu -se para Pari s, a nova capital dos francos. Os visigodos aind a puderam co nservar consigo a Provence, no litoral do Mediterrâneo, até que os filhos de C lóvi s termin assem as conquistas após a morte de seu pai. No retorno da ca mpa nha da Aquitânia, encerrada e m 507, Cló vi s recebeu a notícia de que o trono dos francos ripuári os - povo do qual mais tarde surgiri a a dinastia dos carolíngios - estava vacante. Era e le o herde iro mais próximo, talvez o úni co legítimo que ainda restava. Tendo poder sufic ie nte para se im por, e contando com a simpatia daq uele po vo irmão, fo i acl amado soberano dos ripuários. Todos os povos francos se encontra vam assim sob sua le i, a le i do Evangelh o.

Santo Hilório - bispo de Poitiers

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Bonecas que destroem a mocenc1a •

A

As pobres crianças presenteadas com tais bonecas estarão sujeitas a profunda deformação mental e moral. Acostumadas já na mais tenra infância a se sentirem co-naturais com o monstruoso e o diabólico, quantas propensões desenvolverão em si mesmas para o crime, para o horrendo e para o satanismo!? Tudo parece programado para pisotear e conspurcar a inocência infantil em sua raiz. Destruída essa inocência, não há desordem, não há mal, não há desvario que não se deva recear no futuro. A Virgem das virgens chora ao ver que tais abominações se maquinam contra as pobres crianças; chora também por ver mães que, ocupadas talvez com seus trabalhos e preocupações "modernos", deixam seus filhos displicentemente entregues a tais "brinquedos". *

Últimas realizações do rei dos ti·ancos Terminadas as conquistas, fazia-se necessário curar tantas feridas abertas por anos de lutas e saques. Foi convocado pelo rei o Concílio de Orléans no ano de 511, ao qual acorreram todos os bispos que viviam nos domínios francos . Os prelados que tinham aj udado Clóvis a lançar as bases de seu reino foram chamados a consolidá-lo, resolvendo diversas questões, desde o direito de asilo até a liturgia e o culto. A quaresma, que até aí durava cinqüenta dias, passou à duração que até hoje se conhece. Só restava agora ao rei preparar-se para morte. Tendo mandado construir um mosteiro, no qual desejava ser enterrado, não pôde nem mesmo ver o fim dos trabalhos, cujo encargo passou a sua esposa. Faleceu precocemente a 27 de novembi'o de 51 1, com 45 anos. A História reconhece, no pouco que sabe de ua car\·eira, sérios indícios ele uma vida purificada pelo Evangelho. Traço característico ele sua fisionomia parece ter sido precisamente o encontro, no mesmo homem, ele uma natureza inflexível e enérgica com a graça civi li zadora. Deixemos a conclusão à brilhante pena ele seu biógrafo, Godefroy Kurth: "Os pilotos a que a Providência Divina confia os destinos dos povos têm por obrigação fa zê-los chegar a bom porto; e à História cabe o dever de constatar como eles completaram seu itinerário. A fortuna do povo franco não periclitou nas mãos de Cl6vis: ele recebera um pequeno povo bárbaro, e deixou à posteridade uma grande nação cristã". 4 •

Notas:

E- mail para o autor: catolicismo@ terra.com.br

1. Kurth , Godefroy. C/ovis. Éditions de La Seine. França: 1996, p. 362. 2. Op. c it. , p. 386. 3. Op. cit. , p. 393. 4. Op. cit., p. 534.

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As cores dos vitrais da catedral de Saint Denis iluminam o gisante do valoroso rei Clóvis

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m conjunto de bonecas denominadas Living dead dolls: vampire_s set (Bonecas mortas-vivas: coleção vampiras), produ zidas pela empresa americana de brinquedos Mezco Toyz, situa-se na fronteira entre o monstruoso e o diabólico. Está sendo anu nciado pelo Blog de Brinquedo (http:// blogclebri nqueclo.com. br/category /horrór/) . Como se pode ver na ilustração, faltam os olhos nas órbitas ocu lares elas bonecas, o que produz uma sensação tétrica de vazio. Todas ostentam na boca manchas imitando sangue, como se tivessem acabado de chupar o sangue de alguma criança indefesa. A mais vistosa e fosforescente parece comprazer-se em que o branco de seu vestido seja manchado pelo angue que escorreu de sua boca, como a significar que a pureza infantil de nada vale, devendo ser conspurcada pela suje ira e pela monstruosidade. À esquerda, outra ostenta na testa uma cruz, que nesse conj unto adquire um sentido de escárnio. Usa ainda uma espécie de chapéu de bruxa, sob o qual escorrem duas braçadas de fios capilares brancos, formando ondulações estranhas. O boneco ao fundo mais parece um demônio a comandar o sabat. O conjunto se move num cemitério onde as tampas de vários túmulos acham- e abe1tas, parecendo indicar que as bonecas acabaram de sair de dentro deles. O ressequido e retorcido da vegetação sugere à imaginação formas horripiJantes, que acrescentam ainda mai s horror ao aspecto tenebroso do ambiente. O lúgubre da cena é acentuado por duas caveiras que ladeiam o título impresso: Living dead dolls (Bonecas moitas-vivas).

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O conjunto de bonecas da segunda ilustração, abaixo, não requer comentários. Basta dizer que a fe li cidade de brincar com bonecas desse tipo tende a desenvolver nas almas infantis propensões para a ordem, o belo e o bem. Nossa Senhora não precisará chorar por crianças assim, nem pelas mães que souberam escolher brinquedos verdadeiramente sadios e educativos para suas filhas. •

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Q uerem expulsar Deus do Universo. Vã tentativa. Sem o Criador de todas as coisas, absolutamente não se consegue explicar coisa alguma. Desejando viver sem Deus, o homem moderno pretende colocar-se em seu lugar e ser como que um deus. Entretanto, a verdadeira felicidade nesta Terra consiste em contemplar a imagem ou semelhança de Deus existente em todos os seres por Ele criados. □ A NTONIO AuGusm BoRELu M ACHADO

"Olhai os lírios do campo, como crescem: não trabalham nem fiam. Contudo digo-vos que nem Salomão em sua maior glória jamais se vestiu como um deles. Se pois Deus veste assim uma erva do campo, que hoj e existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca f é!" (Mt 6, 28-29). Esta li ção de Nosso Senhor Jesus Cri sto é um a obra- prima de poes ia, que os literatos não cessa m de utilizar para produzir efeitos da mais el evada expressão estéti ca. Além de bela em si mesma, contém ensinamentos de confi ança em Deus, relativos não só às penúrias materiais, mas também aos socorros espirituais que a todo momento necess itamos. De modo especial, aplica-se àqueles que tudo abandonaram para se entregar in teiramente ao serviço de Deus, seja na carreira eclesiástica ou na vida reli giosa consagrada, seja no campo específico do apostolado dos leigos: "Jnstaurare omrúa in Christo" (Restaurar todas as co isas em Cristo), segundo a fa mosa perícope de São Paulo (Ef 1, 10), que São Pi o X tomou como dístico de seu pon tifi cado. Assim , a frase "Olhai os lírios do campo!" salienta a dependência em que

todas as criaturas se encontram em reiação ao seu Cri ador, que di spôs as coisas de modo a que cada um a atinja o fim para o qual foi cri ada. Em outros termos, cada ser é fo rmado de tal modo que seus elementos con stitutivos já são ordenados em função desse fim , e sua f elicidade consiste em alcançar esse fim . É claro que só os seres dotados de alm a racional têm consciência plena dessa fe licidade. Os anima is irrac io na is se nte m ape nas o bem-estar resultante de todas as suas partes estarem e m ordem ao seu fim ; quando algo lhes falta, sofrem. Os vegetais não têm nenhuma consciência de seu ser, mas manifesta m a boa ordem neles reinante pe lo viço co m que respl andecem. Daí a beleza do líri o, para a qual Nosso Senhor chamou a atenção. Essa beleza nos remete ao Cri ador, que cri ou o homem à sua imagem e semelhança, e colocou em toda criatura um reflexo de sua perfeição divina (vide texto de São Boaventura na p. 33). A visão que se desprende destas considerações é a de um Universo todo ordenado, que tem sentido, significado e fin alidade . Se tirarmos Deus desse panorama, tudo fi ca sem sentido, e não há maior tormento para o homem do que NOVEMBRO 2010 -


ara a Primeira nhão as e anCjas conhecicatecism , as verdades riam de gula as vidas

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perceber que sua vida perdeu o sentido, a razão de ser.

As pl'imeil'as 110ções cio Catecismo Muitas vezes os gra ndes sábios não entendem o que, no entanto, era e n inado com simplicidade e concisão aos meninos e meninas que outrora se preparavam para a Primeira Comunhão. Considera-se hoje "atrasado" o velho sistema de perguntas e respostas, mas na verdade era muito pedagógico, pois ele incul cava na mente das crianças as verdades eternas que lhes serviriam de guia para o resto da vida. Não bastava decorar, e a explicação era feita concomitantemente, antes ou depois de os catecúmenos decorarem as respostas. Porém, decorando-as, fixava-se nas mentes e nos corações o que mais importava reter. Permitimo-no lembrar algumas dessas perguntas antes de tratar ela questão -

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que nos propusemos neste artigo. Ensina o Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã, aprovado pelos bispos ela província meridion al do Brasil, re unidos no santu ário ele Nossa Senhora Aparecida em 3 ele setembro de 1903 (Vozes, Petrópolis, 69" ed., 1951 ): -Q~m é Deus? - Deu s é um espírito per~ itíss imo, eLerno, criador d céu e ela terra. - Por que Deus é eterno? - Deu é eterno, porque sempre existiu, não teve princípio e não terá íim. - Por que Deus é criador? - Deus é criador, porque só ele criou e pode criar todas as coisas, e por ninguém foi criado. - Como criou Deus o mundo? - Deus criou o mundo com um simples ato ele sua vontade, e pode criar muitos outros mundos, porque é onipotente. - De que fez Deus o mundo? - Deus fez o mundo do nada.

Nestas cinco perguntas está explicado todo o enigma da existência do Universo. E le cabe na cabeça de uma criança, porém não na cabeça de muitos sábios. Assim, um cientista de renome mundial escreveu recentemente um livro para provar que não é preciso recorrer a Deu s para explicar a existência do Universo. E partiu precisamente da idéia do nada, afirmando que o nada produziu por si mesmo o Universo! Ao falarmos de cientistas, assustamos logo ele entrada muitos leitores, que e julgam - com razão, em grande número de casos - ignorantes em matéria de ciência. Mas tranqüilizem-se: a ciência avançou tanto no último século, que, salvo um pequeníssimo número de especiali stas, a grande maioria dos mortai s é mesmo ignorante dos grandes desenvolvimentos científicos. E o próprio autor deste artigo, embora tenha curso universitário, se coloca entre os que não conseguem acompanhar as novas teorias que em todo momento aparecem. Isto não o impede ele abordar a questão proposta, pois, apesar ela complexidade ela matéria, os estudos cios cientistas desfecham em apreciações da realidade que estão ao alcance de nossos olhos, ou apelam para princípios universais que mesmo uma criança pode perceber se estão certos ou errados. E é para pessoas de cultura comum, como a maioria cios leitores desta revista, que preparamos este arti go.

"Se quiserem, podem c/1ama1· 'Deus ' as leis da ciência" ... O físico in.glês Stephen Hawking "é um cie111ista de grande fama, conhecido por sua terrível desgraça, até pelo público que não se interessa por astrofísica. Mais de uma vezfoi visto na televisão com o seu pobre corpo devastado por uma doença degenerativa do sistema nervoso, que o obriga a andar numa cadeira de rodas e lhe permite comunicar-se apenas através de um sintonizador" (Stefano Zecchi no "II Gornale", ele Milão, 3/9/ 2010). O fato de nos condoermos com sua situação pessoal não implica em concordarmos com suas teses científicas. Hawking nem sempre foi tão radical quanto se revela no livro O projeto grandioso (The Granel Design) , recém-publi cado e m co-autoria com Leonard Mio-

dinov, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia). O jornal "Times", de Londres, apresentou dele largos extratos no início de setembro, antes que o volume chegasse às livrarias. No seu livro anterior, de 1988, intitulado Uma breve história do tempo, Hawking já se questionava sobre a compatibilidade entre um Deus criador e a compreensão científica do Universo, porém sem afümá-la nem negá- la: "Se o Universo é contido em si mesmo, sem borda ou fronteira, não teria começo ou fim: simplesmente seria. Neste caso, qual o lugar de um criador? ". E acrescentava: "Se descobrirmos uma teoria completa,filósofos, cientistas e o público leigo tomariam parte na discussão de por que o Universo e nós existimos. Se encontrarmos a resposta, seria o grande triunfo da razão humana, pois então conhece ríamos a mente de Deus" (apud Marcelo Gleiser, Hawking e Deus: rela-

ção íntima, "Folha ele S. Paulo", 12-82010, pág. A23). Mas no livro The Granel Design "a tese é radical: não há necessidade de um Deus para se compreender a formação do Universo e de nossa presença nesta Terra" - comenta Zecchi em seu artigo do "li Giornale". Hawking rejeita a teoria ele Isaac Newton segundo a qual o Universo não teria podido formar-se de modo espontâneo, mas teri a sido posto em movimento por Deus. Em junho deste ano, durante uma série televisiva cio Canal 4 ela Inglaterra, Hawking declarou não acreditar na existência ele um Deus pessoal: "A questão é: a forma pela qual o Universo teve origem resulta de uma escolha feita por Deus por razões que não podemos compreender, ou foi determinada pelas leis da ciência? Eu creio na segunda hipótese. Se quiserem, podem chamar 'Deus' as leis da ciência, mas não será um Deus pessoal com o qual [os

homens] poderiam se encontra,; e ao qual poderiam. apresentar pedidos" (apud Pietro Vernizzi, site ll Sussidiario, 3-9-2010). Seria uma forma peculiar de panteísmo, que não estaria propriamente no Universo, mas nas lei s ela ciência que o regem; e que, segundo ele pensa, préexistem em relação ao Universo e permitem que e le swja espontaneamente cio nad a. Hawking afirma: "A criação espontânea é a razão pela qual existe alguma coisa e não o nada, pela qual o Universo existe, pela qual nós existimos. Graças à lei da gravidade, o Universo pode criar-se e se cria do nada. É inútil, portanto, apelar para Deus como causa, para .fàzê-lo mover o céu e acionar a mola do mecanismo do Universo".

O "nada" <le onde tudo vem ... Em dois artigos na "Fo lha ele S. Paulo", o brasileiro Marcelo Gleiser, professor de Física teórica no Dartmouth College (Hanover, EUA), rebate as teses ele Hawking cio ponto ele vista científico. No artigo de 12 de setembro, já citado, ele indica a procedência dessas teses: "Hawking afirma que tem novos argumentos que colocam Deus para escanteio de vez. Será? "A idéia dele, que já circula desde os anos 70, vem do casamento da relatividade [de Einstein] e da mecânica quântica para explicar a origem do Universo, isto é, como tudo veio do nada. "Primeiro, usamos as propriedades atrativas da gravidade para mostrar que o cosmo é uma solução com energia zero (o 'nada' de onde tudo vem) das equações que descrevem sua evolução. "Segundo, como na mecânica quântica (que descreve elétrons, átomos etc.) tudo flutua, o Universo pode ser resultado de uma flutuação de energia nula a partir de um universo que 'contém' todos os universos possíveis, o multiverso". Gleiser comenta: "É lamentável que físicos como Hawking estejam divulgando teorias especulati vas como quase concluídas. A euforia na mídia é compreensível: o homem quer ser Deus. "O desafio das teorias a que Hawking se refere é justamente estabelecer qualquer traço de evidência observacional, até agora inexistente. Não sabemos nem mesNOVEMBRO 2010 -


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mo se essas teoriasfazem sentido. Certas noções, como a existência de um multiverso, não parecem. ser tesláveis". Ora, uma teoria c ientífica só pode ser aceita se forem apresentadas comprovações experime ntais. Por isso, conc lui Gleiser nesse artigo: "A existência de uma teoria ftnal é incompatível com o caráter empírico da física, baseado na coleta gradual de dados. Não vejo como poderemos ter certeza de qu.e uma teoria .final é mesmo final. Como nos mostra a história da ciência, surpresas ocorrem a toda hora. Talvez esteja na hora de Hawking deixar Deus ern paz ". Gleiser toca num ponto para o qua l acenamos aqui apenas de passagem: Sendo a inteligênc ia do homem limitada, por mais que avancem os estudos da física, jamais o homem chegará à compreensão final , última, da matéri a, do fe nô meno da vida, da alma espiritual; numa pa lavra, do Universo criado. Só a mente divina compreende tudo até o fim . Por mais que o homem progrida nos seus conhe-

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cimentos, desfechará sempre no mi stério, que lhe abrirá nova portas para a investigação, sem que jamais chegue à compreensão tota l e final. Com De us é diferente. Não só fo i capaz de criar este mundo, com todas as suas complex idades, como poderia criar muitos outros mundos, porque é on ipotente. Isso, que desconserta os sábios, as crianças ap rendem no Catec ismo ...

Nossa 1'erra não sel'Ía 11111 fenômeno raro 110 Universo Em sua recensão do livro de Hawking, Stefano Zecchi observa que ele ap resenta

uma segunda ordem de argumentos para tentar mostrar que não há nenhum intuito sapienc ial que postule a intervenção de um ser divino na existênc ia do Universo: " Hawking reco rda a descoberta, em. 1992, de um planeta que orbita uma estrela de modo sernelhante ao da Terra em tomo do Sol. Isto co,~firma, a seu juíza, que o caso terrestre não é único. Ora, considerando que é altamente provável que não só existam outros planetas seme1hantes à Terra, mas inclusive outros universos, Hawking se pergunta: se Deus tivesse querido criar o Universo com a.finalidade de criar o hornem, que sentido teria acrescentar todo o resto?". É precisamente a este tema que Marcelo G leiser consagra o segundo artigo que escreveu, sob o título "Quão rara é a vida?" ("Folha de S. Paulo", 19-9-20 10, pág. A23). Diz ele: "Outro argumento que Hawking usou é que o Universo é especialmente propício à vida, em particular à vida humana. Mais uma vez vejo a necessi-

e/ade de apresentar um ponto de vista contrário. Tudo o que sabemos sobre a evolução da vida na Tena aponta para a raridade dos seres vivos complexos. Es/arnos aqui não porque o Universo é propício à vida, müs apesar de sua hostilidade. "Note-se que, ao falarmos sobre vida, temos de distinguir entre vida primitiva (seres unicelulares) e vida com.plexa. Vida simples, bactérias de vários tipos e formas, deve mesmo ser abundante no Cosmos". Gleiser aceita, portanto, a existênc ia de sere. unice lul ares espa lh ados pelo Cosmos. Mas não há nenhum fato que comprove isso, posto que, como e le mesmo admite e é óbvio, "o único exemplo de vida que conhecemos" é aqu i na Terra. Em todo caso, e le prossegue: " Devemos lembrar que seres multicelulares são n·,ais.fi'ágeis, precisando de condições estáveis por longos períodos. Não é só ter água e a química correta. O planeia precisa ter uma órbita estável e tempera/uras que não variem. muito. Só temos as quat ro estações e temperaturas estáveis porque nossa Lua é pesada. Sua massa estabiliza a inclinação do eixo terreslre (a Terra é um pião inclinado de 23,5º), permitindo a existência de água líquida durante longos períodos. Sem a Lua, a vida complexa seria mui/o difteil. "A Terra tem também. dois 'caber/ores' que a protegem contra a radiação letal que ve111 do espaço: o seu campo mag~ nético e a camada de ozônio. Viver perto de uma eslrela não é moleza. Precisamos de seu cci!ot; mas ele vem com muitas outras coisas nada favoráve is à vida. "Que111 qfirma que o Universo é propicio à vida complexa deve dar wna passeada pelos 0111ros planetas e luas do nosso Sis1e111a olw: "Ade111ais, o p1ilo para a vida mullicelular in1elige11/e 1a111bérn foi um. acidente dos grandes. A vida não tem um plano que a leva à inleligência. A vida quer apenas estar bem adaplada ao seu ambiente. Os dinossaums e.xis1ira111 por 150 milhões de anos se111 co11s1ruir rádios ou aviões. Portanto, mes1110 q11e exisla vida.fora da Terra, a vida i111eli[?e111e será muito rara. Devemos celebrar nossa existência por sua raridade, e não por ser ordinária". Não de ixa de causar perp lex idade que uma me nte lão privi leg iada como a de

Hawking não tenha presente dados tão con hecidos como os que G le iser recorda. E nem mesmo se pergun ta como é que da matéria in an imada se passo u para os prime iros seres vivos un ice lulares, e daí todo o resto, até chegar à vicia rac ional. Não trataremos aq ui da explicação dada pela teoria de Darwin, pois nos desviaria desta temática. Os in teressados por esta questão podem ler o artigo de Lui s Dufaur, in titu lado Evolucionismo: Teoria sem fundamento científico - !?ej eição e ui/raje ao Criador, publicado nesta rev ista (N° 705 , sete mbro/2009) De q ua lquer modo , term in a aqu i a explanação de Gle iser, sem dúvida por deseja r permanecer no seu campo próprio ele c ienti sta e não ser ac usado de adentrar pela fi losofia e teologia. Mas nós, que não estamo adstritos ao campo das ciênci as naturais, podemos - e devemos - fazê- lo, posto que elas não esgotam a explicação do Universo.

f'inalidade <lo ho111e111: a co11temvlação sacra/ <lo Universo Após mencionar a pergunta de Hawking sobre por que Deus teria criado todo o Universo, se seu intuito fosse apenas colocar o homem num planeta adeq uado para a vida humana, Stefano Zecch i observ a judiciosamente: "Qua l o sentido, qual o sign(ficado do Universo, do homern ? A pesquisa cien.t(fica tenla (sem-

pre tentou) prender numa jaula esse.fastidioso, cienl/fi.camente inoportuno sign(ftcado [cio Universo] e jogar fora a chave. Mas enquanto existir o homem., essa jaula nunca poderá ser trancada, porque, enquanto existir o homem, que tem o lume da razão, ele não renunciará a perg untar-se sobre o signi;ficado da vida e da morte, do mal e da beleza". Aí está a resposta para a pergunta de Hawking: Deus não fez o mundo ape nas para atender às necess idades vegetativas e anima is do homem , mas para que e le, contem plando o Universo, conhecesse, amasse e serv isse o seu Criador, e nessa conte mplação sacral alcançasse o g rau de felicidade possível nesta Terra, prelúdi o ela fe licidade eterna no Céu. O le itor e ncontrará valiosíssimas considerações sobre o ass unto no livro A inocência primeva e a contemplação sacra/ do universo no pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira (Artpress, São Paulo, 2008, 320 pp.), c uja leitu ra recomendamos vivamente. É desse li vro que extra ímos o trecho de São Boaventura, à p. 33. É uma pena que este livro não esteja ainda publicado em inglês, para enviarmos um exemplar ao professor Stephen Hawking. Poderia ajudá-lo a resolver o problema criteriológico em que se debate, o qual é muito mai s grave que a doença neurológica atroz que o atormenta. Que Deus tenha pena de sua alma e de seu corpo ! E aq ui entra mais uma vez o papel da teologia, que soube compend iar os mais altos princípios em tórmulas lapidares, e as oferece às crianças a partir do despertar da razão. No Catecismo de preparação para a Primeira Comunhão, uma pergunta fun damental e uma resposta simples:

- Para que fim foi criado o homem? - O home m foi criado para conhecer, amar e servir a Deus neste mundo, e depo is gozá- lo para sempre no outro. Isto é, na vida etern a e bem-aventurada, vendo a Deus U no e Trino face a face, convivendo com os anj os e os santos; espec ialmente com aq ue la Virgem coroada de doze estre las, Maria Santíssim a, que junto ao supremo Sen hor Jesus Cristo - a Segunda Pessoa da Sa ntíssima Trindade - reinará com E le por todos os séculos sem fim. • E-mail pa ra o autor : cat.o lic ismo@ terra .com.br

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São Martinho, não encontrando nada para dar ao mendigo, cortou seu manto de lã ao meio e deu-lhe uma parte

São Martinho de Tours Baluarte da Igreja no século IV N uma época em que a Igreja apenas saíra das

catacumbas, a Providência Divina suscitou este santo para combater as heresias de seu tempo

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PUNIO M ARIA SOLIMEO

o ano 313 de nossa era, Constantino Magno dava liberdade à Igreja atólica, que saía assim das catacumbas para evangelizar o mundo, seguindo o mandado de Nosso Senhor Jesus Cristo aos Apóstolos. Três anos depois, nascia em Sabaria da Panônia (Hungria) , e m uma família pagã, um de seus mais ilustres filhos, São Martinho de Tours. Seu pai, um veterano tribuno militar, odiava mortalmente o cristianismo, afirmando que não podia ser verdadeira uma Religião

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que ensinava a amar os inimigos e a dar a outra face. Por razões de serv iço, a família mudou-se para Pavia, na ltália, onde Martinho fez seus primeiros estudos e conheceu ele perto a verdadeira Religião. A consideração das virtudes e exemplos dos cri stãos muito impre s ionou o me nino de apenas 10 anos de id ade. Ilumin ado pe la graça, ele consegu iu inscrever-se, sem conhec ime nto dos pais , no núm ero do s catecú menos . Aos [~ ,anos começou a so nh ar com uma vidà recolhida, na qual pudesse entregar-se inteiramente à co n-

templação e à busca da perfeição. Mas o pai de modo algum queria ouvir falar disso. Descontente com a influência que a Religião cristã estava exercendo sobre o filho, quis afastá-lo dela. Aproveitou-se de um edito imperial mandando que os filhos dos oficiais se alistassem no exército, para aí inscrever Martinho apesar de ele ter apenas 15 anos de idade. "Deus, que o destinava a ser mais tarde o modelo dos solitários, dos bispos e dos apóstolos, quis antes mostrar aos jovens militares, em sua pessoa, que a alma mais pura pode conservar-se intacta sob as armas; que uma fé sólida e piedosa se alia admiravelmente com a coragem do herói". 1 Os filhos dos tribunos eram logo nomeados ao que corresponde hoje à categoria de sub-oficiais . Nessa qualidade, Martinho recebeu um ordenança para atendê-lo. Praticava com ele a mais extrema caridade cristã, o que era inteiramente novo entre aqueles militares endurecidos pelo paganismo nos campos de batalha. Distribuía entre os pobres e necessitados quase todo seu soldo. O historiador Sulpício Severo, contemporâneo e biógrafo do santo, diz que ele soube, no exército, conciliar seus novos deveres com as aspirações de sua alma, levando uma vida de monge e de soldado - casta e sóbria, amável e valorosa.

O mem01·ável fato do manto dJvldJdo Martinho e tava no exército e era ainda catecúmeno, quando se deu o fato que é narrado em todas as suas biografias. Certo dia de inclemente inverno, estando as tropa aquarteladas em Amiens, aiu para dar uma batida nos arredores da cidade. Às suas po1tas foi abordado por um mendigo quase desnudo, tremendo de frio, que lhe pediu uma esmola. Não encontrando nada para dar-lhe, coitou eu manto de lã ao meio e lhe deu uma parte. Na noite seguinte, viu em sonhos anjos que cobriam a espádua de Nos-

so Senhor com a metade do manto dado por ele. O divino Salvador disse então: "Martinho, embora ainda catecúmeno, deu-me esta veste". Pouco depois, pela Páscoa do ano 339, recebeu finalmente o batismo, mas não conseguiu licença para deixar o exército. Dois anos depois os francos invadiram as Gálias, e o imperador do Ocidente, Constâncio, convocou seu exército às armas. Para conquistar o ânimo de seus soldados, quis ele mesmo dar-lhes uma certa quantia em dinheiro como incentivo para a batalha.

São Martinho representado na glória celestial

Quando chegou a vez de Martinho recebê-la, pediu ao imperador licença para deixar o exército e entrar no serviço de Deus. Irritado com o que julgava uma defecção às vésperas do combate, Constâncio chamou-o de covarde, querendo fugir por temor à batalha. Cheio de dignidade, ele respondeu : "Para que vejais que esse não é meu pensamento, amanhã eu me colocarei na primeira linha do combate, sem elmo nem couraça, protegido apenas pelo sinal da cruz, e assim romperei sem temor a linha do inimigo. Se voltar são e salvo, será somente pelo nome de Jesus, a quem desejo servir daqui para a frente".

Deus poupou-lhe essa manifestação de fé e coragem, levando os francos a pedirem a paz.

Discípulo de Santo HJJárJo de Poitlers Por esse tempo, Santo Hilário de Poitiers iluminava a Gália com a luz de sua ortodoxia e ciência. Como as virtudes se atraem, Martinho foi ter com o "Atanásio do Ocidente" - assim chamado por seu estrênuo combate ao arianismo - para tomar-se seu discípulo. O grande Doutor da Igreja reconheceu nele o mérito extraordinário, e quis comunicar-lhe as ordens sacras. Por humildade ele consentiu em receber somente a última delas, a do exorcistado, que bastava para ligálo à sé de Poitiers. Pouco depois Martinho resolveu voltar a sua pátria, a fim de tentar converter seus idosos pais. Sua mãe havia outrora secundado suas boas disposições para a virtude, e teve a dita de converter-se à verdadeira fé católica. O pai, no entanto, obstinou-se em seu ódio ao cristianismo e permaneceu pagão. Nesse meio tempo Santo Hilário tinha sido exilado para Milão. Martinho foi ter com ele, mas o bispo ariano Ma:xêncio o expulsou da cidade. Resolveu retirar-se então para uma inóspita ilha, a Insula Gallinaria, perto de Gênova, onde viveu alguns anos em recolhimento e contemplação. Quando Santo Hilário voltou para Poitiers, foi novamente procurá-lo. Introduziu aí a vida monástica, com as bênçãos de Santo Hilário, fundando nas proximidades de Poitiers um mosteiro chamado Ligue. Em pouco tempo, 80 monges Já cantavam os louvores de Deus. Desse mosteiro Martinho saía para evangelizar os povoados e os campos ainda dominados pelo paganismo. Com o poder de seus milagres e a força de sua doutrina, ia destruindo templos e ídolos, pregando a verdadeira Religião por toda prute. Para pregar as verdades do cristianismo, ele se valia dos "dogmas" fundamentais do druidismo (religião pagã dos celtas),

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como a imortalidade da alma e a revorosa saiu do sepulcro e disse com compensa futura aos guerreiros vavoz lamurienta: "Sou a alma de um lorosos. Aproveitava-se também dos ladrão justiçado por seus delitos. festivais pagãos para substituí-los por Nada tenho de mártir. Enquanto festas cristãs, além de transformar eles gozam da glória, eu estou arseus lugares de peregrinação em dendo nas chamas do inferno". Os santuários dedicados aos santos camponeses, horrorizados, destrucatólicos. "É assim que, por um íram imediatamente o túmulo. profundo entendimento da natureEntre os milagres atribuídos ao za humana, ele não se esquecia de santo durante sua vida, consta a resconservar, tanto quanto possível, a surreição de um catecúmeno, para celebridade que lhes havia feito a que pudesse receber o batismo. Ressuperstição e o concurso Vfos pasuscitou também o criado de um nogãos, a fim de ganhar mais faciÍ \ bre romano que se tinha enforcado, mente os povos e favorecer a pro- para tirá-lo das portas do inferno. pagação da fé. 2 Contra sua vontade, Certo dia o santo pregava num fazem-no bispo de 1'ours povoado pagão em que os habitantes, na primavera, adornavam com Em 371 faleceu o bispo de Tours, flores um sepulcro que alegavam São Lidório. Os diocesanos pensapertencer a um grande mártir. Mas ram em Martinho para substituí-lo, ninguém sabia informar quem era, mas havia dois problemas: ele pernem como tinha morrido, e quis tencia à diocese de Poitiers; e por acabar com esse culto supersticiohumildade não consentiria em ser bispo. Usaram então de um estrataso. Aproximou-se do túmulo edisse com voz imperativa: "Quem gema: um dos principais cidadãos de quer que sejas, mártir ou não, em Tours foi ao mosteiro e lhe suplicou insistentemente que fosse atender sua nome de Deus eu te mando que nos digas quem és". Uma sombra pa- esposa, que estava muito doente. A

compaixão o fez acompanhá-lo, e acabaram por sair da diocese de Poitiers e entrar na de Tours. Nesse momento um grupo de fiéis pegou-o à força e o levou à catedral, onde foi sagrado bispo. Como bispo-missionário, continuou a evangelização não só da sua diocese, mas de toda a Gália. Ao impulso de sua atividade apostólica, nasceram na França as paróquias rurais onde anteriormente havia focos de idolatria. Ele se tornaria o mais insigne bispo das Gálias, grande taumaturgo, patrono e protetor perpétuo da nação francesa. Qual era o segredo de São Martinho para alcançar tanto sucesso em sua evangelização? Dizem seus biógrafos que era a grande paz e bondade de coração. Jamais foi visto triste ou irritado. Brilhava em seu rosto uma alegria celestial, que comunicava aos outros. Era de extrema misericórdia para com todos, mesmo para os pecadores mais endurecidos. O mundo era para ele um livro de teologia, que o levava a amar a Deus em todas as suas obras. São Martinho de Tours entregou a alma a Deus no ano 397, tornandose um dos santos mais populares da Europa. Sua festividade é celebrada no dia 11 deste mês. • E-mail para o autor:

catolicismo@ tenacom.br Notas: 1. Les Petits Bollandistes, Vies des Sainrs, Bloud et Barra i, Pari s, 1882, tomo 13, p. 3 13. 2. ld . ib. , p. 322.

Outras obras consultadas: Léo n C lugnet, St. Martin of Tours, The

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Catho li c Encyc lopedia, CD ROM edition . Edelvives, San Martin, Obispo de Tours , EI Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, Saragoça, 1949, tomo V[, pp. 111 e ss. Fr. Ju sto Perez de Urbe! , O .S.B ., San Martin de Tours, Aiio Cristia no, Ed iciones Fax, Madri , 1945, tomo IV , pp. 322 e ss.

DESTAQUE

A tiara volta ao brasão pontifício

■ M ARC ELO ÜUFAUR

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o domingo 1Ode outubro foi ostentado pela primeira vez o brasão do Papa Bento XVI com a tiara pontifícia, símbolo exclusivo dos Ponúfices. Até então havia em seu lugar uma mitra, símbolo próprio de um bispo. A empresa italiana de bordados de luxo Ars Regia - responsável pela confecção do bra ão, bordado no tapete exposto sob a janela em que o Pontífice apareceu - explicou que este fora confeccionado segundo "antiga tradição ". A origem da tiara remonta ao Antigo Testamento. Deus di se a Moisés: "Farás também uma lâmina do mais puro ouro, na qual farás abrir por mão de gravador: 'Santidade ao Senhor'. E atála-ás com uma fita de jacinto e estará sobre a tiara, iminente à testa do pontífice. E Arão a levará sobre si. E sempre esta lâmina estará sobre a sua testa para que o Senhor lhe seja propício" (Ex 28, 36-37). Aarão, irmão de Moisés, é o arquétipo de Sumo Sacerd te e prefigura dos Papas. A tiara, ou tri-regno (tríplice reinado), consta de três coroa, que simbolizam:

que pertenceu ao bem-aventurado Pio IX

1ª) a jurisdição eclesiástica do Papa e o governo temp ral obre os feudos pontifícios; 2ª) a aut ridade espiritual acima da autoridade temporal dos reis; 3ª) a autoridade efetiva sobre todos os soberanos, podendo nomeá-los ou depô-lo . Elas tamb m significam o poder máximo na Ordem do Sacerdócio, na Jurisdição Universa l e no Magistério Supremo. O cardeal Andrea Cordero Lanza di Montezem lo explicou ao jornal francês "La Croix" que a deci são de não mais usar a tiara havia sido do próprio Bento XVI, que agora a restaurou: "No dia seguinte ao de sua eleição - testemunhou. o Cardeal - ele próprio disse-me que não queria que a tiara continuasse aparecendo, e desejava substituí-la por uma mitra". A restauração foi recebida com júbilo pelos católicos, admiradores dos símbolos da ristandade. • E-ma il do autor:

CATOLICISMO

À direita, tiara

catolicjsmo@ terra com.br

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n Cio

ALENCASTRO

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Revolução Francesa de 1789 - com seu lema Liberdade, Igualdade, Fraternidade, com seu hino-símbolo Marseillaise, com o rio de sangue que fez correr a fim de obter a demolição da antiga ordem social e política - tinha em vista e palhar para todo o universo o tipo de sociedade igualitária e anticristã que gerou. Porém, dez anos ainda não haviam transcorrido desde a queda da Bastilha, marco inicial do dilúvio revolucionário que se abateu sobre a França, e já o povo dava mostras inequívocas de e tar assustado com tanto sangue e perseguição, cansado de tanta demagogia. Anseio pela volta do Antigo Regime começavam a florescer nas almas, e a possibilidade de um retorno à monarquia dos Bourbons era vi ta pelas hostes revolucionárias como um temível risco.

Uma Céll'relrn meteórica Nes e contexto foi lançada aos céus da França a figura de Napoleão Bonaparte. Militar habilido o e cheio de uma grandeza fátua, ele foi um fiel instrnmento da Revolução; mas ao mesmo tempo, e contraditoriamente, o catalisador de todo o enorme de contentamento que ela gerara. Apesar d fracasso na promissora empresa no Egito, qu ob o seu comando fora derrotada, decidiu-s dar-lhe o mais alto posto da nação francesa, om base em suas promessas enganosas de r staurar a antiga glória da França, e ele subiu c m um foguete espacial que parte do chão e atin ge estrelas. Sua p lítica interna consistiu em colocar ceita ordem ond a Revolução gerara o caos; dar segurança h população, atelTorizada com o vandalism r •volucionário; fazer um pacto com a Jgr Ja d ·pois da terrível perseguição aos católicos; ·1far um arremedo de aristocracia, uma v •z que a Revolução decapitara inúmeros nobr s pela guilhotina. Do Antigo Regim l • 1udo imitou caricatamente, mas d futc nu la restaurou. Externam ·111 ', por meio da formação de um poder so exército, levou os prin ·fpios r volucionários a toda a Europa • os impôs através da força, estab I • · ·nclo r gimes republicanos ou derrubando monarquias s' ·u lu r ·s, qu eram substituídas por reis de fancaria - oru s ·us I ar nt , para quem inventara títulos nobiliárquicos, oru outros lacaios que ele mesmo escolhia.

Com o golpe de 18 Brumário (9-1. l-1799), Napoleão assumiu o regime do consulado como primeiro cônsul, na verdade uma ditadura disfarçada. Novo golpe em l 804, que instituía o império. Assim usurpava ao mesmo tempo o poder tradicional dos Bourbons, na França, e do Sacro Império o título do imperador. Ele próprio coroou-se na catedral de Notre Dame, diante do Papa Pio VII atônito e perplexo. Sentindo o artificial de sua condição imperial, procurou remediá-la casando-se com a filha do imperador da Áustria, Maria Luísa de Habsburgo. Durante 15 anos (1799-1814) Napoleão atuou como o demiurgo da Europa. Quem não se dobrasse às suas leis, era demolido. Diante dele, só duas posições eram possíveis : a de bajulador ou a de vítima.

Queda como a ele BabJ/ônla Como caiu tão grande potentado? Do mesmo modo como ocorreu a queda anunciada por um anjo na Sagrada Escritura: "Caiu, caiu a grande Babilônia por ter dado de beber, a todas as nações, do vinho de sua imundície desenji·eada" (Ap 14,8). Começara essa queda a esboçar-se já em J 808, quando da invasão da Espanha e destronamento de Carlos IV . A população civil espanhola levou a cabo uma resistência heróica, de modo que os soldados napoleônicos tinham que conquistar rua por rua, casa por casa, o que se verificou extenuante e impossível. Em Portugal, a sagacidade de D. João VI, transferindo-se para o Brasil, evitou-lhe a perda do trono e frustrou os planos de Napoleão para aquela nação.

O "gene1·al inverno" A espetacular derrocada do exército francês durante a invasão da Rússia czarista, em 1812, colocou definitivamente as condições para a queda do império napoleônico. Essa derrota na Rússia deveu- se a dois fatores determinantes. Primeiro a tática utilizada pelo exército russo, de limitar-se a provocar pequenas escaramuças e ir recuando, deixando após si a terra arrasada por meio de incêndios, devastações e fuga das populações. De tal modo que o exército napoleônico avançava, mas não encontrava onde acampar, nem o que comer, nem condições mínimas de civilização. Assim foi a marcha até Moscou, que Napoleão encontrou sendo destruída por um incêndio, sem condições de abrigar seu exército já enormemente depauperado e reduzido. O segundo fator foi o chamado "general inverno". Obrigado à retirada devido à situação de Moscou, o exército viu-se açoitado pelo terrível inverno russo, em seu período mais rigoroso, e acabou por debandar, deixando cobertos de cadáveres aqueles campos gelados e desertos. NOVEMBRO 2010 -


O imenso revés de Napoleão na Rússia teve como testemunha ocular o Conde Philippe de Ségur, general e ajudante de ordens de Napoleão, que descreveu pormenorizadamente os fatos (Cf. La Campagne de Russie, Paris, Nelson Éditeurs, 1910, 457 pp.). Ao ler esse impressionante relato, pode-se sentir que a mão de Deus abateu-se então sobre as pretensões revolucionárias, que tinham em Napoleão Bonaparte seu maior símbolo e propulsor. Os horrores e catástrofes que o autor apresenta são altamente elucidativos do grau extremo a que podem chegar os sofrimentos físicos e a miséria moral dos homens. Nada melhor do que meditá-los ante a perspectiva de aconteciment~s vindouros, previstos em Fátima como uma irrevogável e sublime sentença: "Várias nações serão aniquiladas". Os episódios a seguir são transcritos dessa obra.

De Paris a Moscou Para a "campanha da Rússia", Napoleão levantou um exército de 617 mil homens, dos quais 480 mil presentes desde o início, provenientes de diversos paíseJ da Europa s~bjugada. Visava estender seus domínios até a Asia. Ele acreditava que a simples menção de tão formidável exército seria suficiente para a capitulação do czar Alexandre 1. Entretanto, nem todos pensavam desse modo, e outros eram os_desígnios de ~eus. Em 9 de maio de 1812, Napoleão saiu de seu palácio, em Paris, para iniciar a grande campanha.

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Prepotência e imprudência Em fins de junho, ao sitiar a cidade de Vilnius (atualmente capital da Lituânia), então anexada pela Rússia, deparou-se com o fato de que os cossacos russos haviam destruído uma ponte sobre o rio Viliya, que o exército deveria atravessar. "Napoleão ostentou desprezar o obstáculo, como tudo o que se lhe opunha, e ordenou a um esquadrão de cavalaria, de sua guarda, lançar-se através do rio. Esses homens de elite nele se precipitaram, sem hesitar. Inicialmente marcharam em ordem, e quando o fundo lhes faltou, redobraram os esforços. Logo se puseram a nadar em meio às ondas. Mas foi aí que a correnteza mais rápida os desuniu. Então seus cavalos se amedrontam, derivam e são arrastados pela violência das águas. Não nadam mais, e flutuam dispersos. Os cavaleiros lutam e se debatem em vão, a força os abandona. [. .. ] Pereceram todos. O exército foi tomado de horror e de espanto". 29 (Os números ao fim das citações indicam as páginas do livro).

Na previsão da derrota, insegurança Napoleão esperava que as primeiras conquistas em território russo produziriam imediatamente uma sublevação das províncias da região a seu favor, o que obrigaria o czar Alexandre a enviar-lhe emissários com propostas de paz. E então ele, Napoleão, concederia benignamente a paz, em troca de tornar-se o senhor de todas as Rússias. Mas a realidade passava ao largo de suas pretensões. Seu

exército era continuamente fustigado nas extremidades por pequenas incursões dos russos, mas nunca se produzia uma batalha formal. De outro lado, o avanço em terra arrasada era desesperante. Foi assim que, pelos fins de julho, Napoleão chegou a uma grande cidade, considerável centro militar russo, que ele esperava tomar de assalto após vencer o exército que a defendia: Vitebsk, no nordeste da Bielorrússia. Entretanto, mais uma grande decepção: encontrou o campo vazio de russos e a cidade abandonada. Furioso, dirigiu-se a seus íntimos: "Vocês acham que eu vim de tão longe para conquistar esta favela ?" E os ansiados emissários do czar não apai·eciam.. . O futu ro da campanha começa a tornar-se previsível: um avanço no nada. O que fazer? Que resolução tomar? "Então ele delibera. E essa grande irresolução, que atormenta seu esp(rito, apossa-se de toda sua pessoa. É visto caminhar em seus apartamentos, como perseguido por esta maligna tentação. Nada pode detê-lo: a cada instante ele toma, deixa e retoma seu trabalho; caminha sem rumo, pergunta a hora, considera o clima; e inteiramente absorto, se detém; depois murmura com ar preocupado, e retoma a caminhada. "Em sua perplexidade, ele dirige palavras entrecortadas àqueles qiP encontra: 'Então, o que faremos?'; 'Permaneceremos aqui ?'; 'Avançaremos?'; 'Como deter-se num tão glorioso aminho?'. Não espera a resposta, e prossegue a caminhada. Parece procurar algo ou alguém que o leve à decisão. "Por.fim, sobrecarregado pelo peso de uma tão considerável preo ·upaçc7o, e oprimido por tão grande incerteza, joga-se sobr , um dos leitos de repouso que f ez estender sobre o asso 1/ho ele seus aposentos; seu corpo, que o calor e a tensão de s ' li 'sp{rito exaurem, cobre-se apenas por uma ligeira veste,· assim que ele passa em Vitebsk uma parte de seus dias" .~1 Foi aindu de Vitebsk que Napoleão - temendo que uma aliança com a Turquia viesse fortalecer a Rússia - escrevia a seu secretári o d Estado, duque de Bassano (feito duque por ele), mand ando-lhe "que anunciasse aos turcos a cada dia novas vitórias verdadeiras ou falsa s, pouco importava contanto q11< e.1-.1•a,1· not(cias suspendessem sua paz com os russos". 51 1

O saque

,1,

Moscou

Napol • o prossegue sua avançada, e a 14 de setembro entra em M ) S ·ou, lendo sido precedido por vários corpos de exército fu111 i11l os e cansados. Uma pequena parte da cidade estava cm ·l111111 us, e aos poucos ele pôde constatar que ela estava vazio . Daqui e dali, novos focos de incêndio vão aparecendo, al qu se torna realidade o espetáculo impressionante da Moscou 1 •nd~ria, com seus palácios e suas riquezas, totalmente cm t'l w11111s. Foi cm 111 •lo II ossa convulsão que Napoleão autorizou aos seus oldudos n plllrngem. Mas, "quando ele soube que a desordem cn•.1·,·lr1, que até sua velha guarda via-se arrastada por ela, / ... / q111· os </(ferentes corpos de soldados estavam a CATOLICISMO

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ponto de disputar violentamente entre si os restos de Moscou, que os recursos ainda existentes se perdiam por esse saque irregular, então ele deteve a pilhagem". Despojou as igrejas do Kremlin de tudo o que pudesse servir de troféu para seu exército. 195 O governador de Moscou, conde Rostopchin, tinha não muito distante dali, em Voronowo, uma bela propriedade na qual atuava como uma espécie de senhor feudal da região. Ao aproximarem-se as tropas napoleônicas, o conde adiantou-se e a incendiou, sorrindo ao ver a destruição de sua soberba residência. Depois, com sua própria mão, escreveu sobre a porta de ferro de uma igreja que permanecera de pé: "Eu embelezei durante oito anos esta propriedade rural, e aqui vivi feliz no seio de minha família. Os habitantes desta terra, em número de mil e setecentos e vinte, a abandonam por causa de vossa aproximação. E eu ponho fogo à minha casa, para que ela não seja manchada por vossa presença/" 199 Após a tomada de Moscou, tornada cidade fantasma e reduzida a escombros, o que resta a Napoleão fazer? Em suas próprias fileiras começam as desavenças, e a fatídica palavra "retirada" se faz ouvir. Para Napoleão, porém, "Moscou não é uma posição militar, é uma posição política. Pensam que sou general, mas eu. sou imperador. Em política é preciso nunca recuar, jamais voltar sobre seus passos, guardar-se bem de admitir um erro, pois isso traz desconsideração. Quando a gente se engana, é preciso perseverar, pois isto nos dá razão". 211 Com suas manobras ao largo, o general russo Kutusof, zomba de Napoleão: "Ele o sente, mas se encontra engajado tão à frente, que não pode mais nem avançar, nem permanecer, nem recuar, nem combater com honra e sucesso". 212

De Moscou a Paris Por fim, sem qualquer chance, Napoleão não teve outra saída senão promover a retirada, "m{Ís foi necessário um esforço cruel para que ele pud~.s__e 591?ancar de si mesmo uma ordem de marcha que lhe era tão nova! Este esforço foi tão penoso, custou tanto ao seu orgulho, que nesse combate interior ele desmaiou". 242

Os feridos abandonados Iniciada a retirada, os soldados, já muito dizimados, começaram a morrer às dezenas - de fome, de cansaço, de frio que principiava. Iam retornando pelos caminhos que percorreram na ida, e de repente depararam com os restos de uma batalha: "Sobre o chão desolado jaziam 30 mil cadáveres semidevorados. O imperador passou rapidamente. Ninguém se deteve: o frio, a fome, o inimigo impunham pressa". Nisso, "uma das vítimas daquela jornada sangrenta foi percebida ainda viva e rasgando o ar com seus gemidos. Acudiram até ela: era um soldado francês. Suas duas pernas tinham sido quebradas no combate, ele havia caído entre os mortos e aí fora esquecido. O corpo de um cavalo estripado por um obus fora de início seu abrigo; em seguida, durante 50 dias, a água CATOLIC I SMO

pantanosa de um barranco, para onde ele havia rolado; e a carne putrefata dos mortos serviu de amparo a suas feridas e de sustento a seu ser moribundo". 259 No caminho, "revimos a grande abadia de Kolotskoi, transformada em hospital. Apesar da f orne, do frio, da completa ausência de tudo, o devotamento de alguns médicos e um resto de esperança sustentavam ainda um grande número de feridos nesse lugar fétido. Mas quando eles viram o exército que retornava, que eles iam ser abandonados, que não havia mais esperança, os menos fracos se arrastavam até a porta, bordejavam o caminho e nos estendiam suas mãos suplicantes". 260 "Durante esta parada, vimos uma ação atroz. Diversos feridos foram colocados sobre as charretes dos vivandeiros. Esses miseráveis, que tinham suas viaturas sobrecarregadas com despojos de Moscou, [... ] se deixaram então ficar para trás e jogaram em barrancos todos esses infortunados confiados a seus cuidados. Só um sobreviveu o suficiente para ser recolhido pelas primeiras viaturas que passaram: era um general" .260 Quando a coluna imperial se aproximou de Gjatz, encontramos cadáveres de prisioneiros russos que acabavam de ser mortos pela coluna da frente. "Cada um deles tinha a cabeça quebrada, e o cérebro ensangüentado se esparramava a seu lado. O general Caulaincourt [tinha o título de Duque de Vicence, dado por Napoleão] exclamou: 'Isso é uma crueldade atroz! É essa a civilização que nós trazemos à Rússia!'. [... ] Napoleão guardou um silêncio sombrio, mas no dia seguinte essas matanças haviam cessado. Contentávamo-nos em deixar esses infelizes morrer de fome nos arredores das cidades, onde eram abandonados durante a noite como animais. [... ] A retirada havia se transformado em fuga; e era um espetáculo bem novo ver Napoleão compelido a ceder e fugir". 261 Mais adiante ouviam-se "gritos de desespero que partiam dos bosques vizinhos, nos quais acabavam de ser abandona- · dos os grandes comboios deferidos, inutilmente trazidos desde Moscou". 280

A superfície da neve "esconde profundezas desconhecidas, que se abrem perfidamente sob nossos passos. Lá o soldado afunda, os mais fracos se entregam e aí permanecem sepultados". 27 1

Nas aldeias, exalações mefítlcas Chegados a uma pequena aldeia, os generais procuravam nela abrigar-se. Mas os soldados, "mesmo os da guarda imperial", sem víveres, sem abrigo, condenados a passar a noite na neve, assaltavam as casas de madeira. "Aproveitando a escuridão, arrancavam tudo, portas, janelas e até os madeirames dos tetos, não se incomodando de reduzir os outros, quem quer que fossem, a acampar como eles". Os generais os repeliam inutilmente, até que "e ram obrigados a abandonar as casas, de medo que elas desabassem sobre eles. [... ] Em todo o exército aconteciam, cada noite, cenas semelhantes". 286 Napoleão chegou a Smolensk em 9 de novembro, e havia sido precedido por diversas colunas. " O amontoado de cadáveres nas casas, nos pátios e jardins, e suas exalações mefíticas, empestavam o ar. Os mortos matavam os vivos. Os empregados, como muitos militares, haviam sido afetados; uns se haviam tornado como imbecis; choravam ou fixavam na terra um olhar perdido e constante. Havia aqueles cujos cabelos se haviam endurecido, levantados e enrolados como

corda; depois, em meio a uma torrente de blasfêmias, de uma horrível convulsão ou de um riso ainda mais atroz, eles caíam mortos". 295

Dizimação em massa "O exército havia saído de Moscou com 100 mil combatentes; em 25 dias, estava reduzido a 36 mil homens ". 3º3 "Napoleão entrou em Orcha com 6 mil guardas, restos dos 35 mil; o general Eugênio, com mil e oitocentos soldados, restos dos 42 mil; o marechal Davout, com 4 mil combatentes, restos dos 70 mil. Este marechal havia perdido tudo: estava sem roupa interior e extenuado de fome. Lançou-se sobre um pão que um de seus companheiros de arma lhe ofereceu, e o devorou" .330 Em Viazma "vimos Napoleão queima,; com suas próprias mãos, todas aquelas suas roupas que pudessem se~vir de troféu ao inimigo, se ele sucumbisse. Ali foram infelizmente consumidos todos os papéis que ele havia colecionado para escrever a história de sua vida, pois tal havia sido seu projeto quando partiu para esta funesta guerra ". 332

Um exército de espectros Mais adiante encontraram o que restava do corpo de exército do marechal Ney: "Eles contaram que em 17 de novem-

Trágica retirada do exército napoleônico, após o fracasso da conquista da Rússia

O peso insuportável da retirada "Ele [Napoleão] quis se aliviar do peso insuportável da responsabilidade por tantos males". Assim, passou a acusar um "ministro russo vendido aos ingleses, de ter fomentado essa guerra". O artificialismo da acusação caiu mal até entre seus generais: "O duque de Vicence, talvez muito impaciente, se irritou; fez um gesto de cólera e incredulidade e interrompeu a fala, retirando-se bruscamente dessa penosa conversa". 263 A cada instante, no caminho, uma queda brusca no gelo arrastava as viaturas para o fundo. Para sair, era necessário subir a rampa gelada, mas as patas dos cavalos não conseguiam fixar-se. "A todo momento eles e seus condutores caíam esgotados, uns sobre os outros. Imediatamente os soldados esfomeados se lançavam sobre esses cavalos abatidos e os despedaçavam; em seguida, sobre fogueiras alimentadas por restos das viaturas, assavam essas carnes ensangüentadas e as devoravam" .264 NOVEMBRO 2010 -


bro haviam saído de Smolensk, aí abandonando 5 mil enfermos à discrição do inimigo. [. .. ] Às portas da cidade, uma mãe abandonou seu filho de cinco anos - apesar de seus gritos e lágrimas, ela o repeliu de seu trenó, muito carregado! Ela mesma gritava, com ar perdido, que 'ele nunca vira a França, e não a lamentará; ela conhecia a França e queria revê-la'. Duas vezes Ney fez recolocar o infortunado nos braços de sua mãe, duas vezes ela o repeliu na neve gelada ". Como punição, essa mãe desnaturada foi abandonada na neve, e a criança foi entregue a outra mãe. 340 Ao aproximar-se de Borizof, o aspecto do exército era desolador: "Um arrastar de espectros, cobertos de trapos, de mantos de mulheres, de pedaços de tapetes ou de sujas capas chamuscadas ou furadas pelas balas, e cujos pés estavam envolvidos em farrapos de toda espécie; [. .. ] soldados descarnados, de olhar aterrorizado e cobertos de uma barba repugnante, sem armas, sem honra, caminhando confusamente, a cabeça baixa, os olhos fixos na terra, em silêncio, como um rebanho de cativos; [. .. ] numerosos coronéis e generais esparsos, isolados, que não se ocupavam senão de si mesmos, não pensando senão em salvar seus restos e suas pessoas; caminhavam misturados com seus soldados, que nem sequer os percebiam, aos quais eles nada mais tinham a mandar; dos quais eles nada mais podiam esperar; todos os laços estavam rompidos, todas as fileiras apagadas pela miséria". 37 1 A luta i11tenial Ao chegar a Studzianka, o nono corpo de exército, bombardeado pelos russos, tinha como único caminho uma frágil ponte, para prosseguir na retirada. Todos se precipitaram sobre ela, formando um espantoso amálgama de homens, cavalos e carros. "Uns, decididos e fitriosos, abriam para si, a golpes de sabre, uma horrível passagem. Muitos desobstruíam para seus veículos um ~çmún!Jft aizida mais cruel; eles os fa ziam avançar impiedosamente atra i>fs dessa multidão de desafortunados, e os esmagavam. Em sua odiosa mesquinhez, sacrificavam seus companheiros de infortúnio para salvar suas bagagens". Em meio a esta horrível desordem, a ponte se rompeu, "a onda humana, que vinha atrás, ignorando essa catástrofe, não ouvindo os gritos dos primeiros, os empurraram para a frente e os lançaram no abismo, no qual eles próprios se precipitaram em seguida. [. .. ] Nesta horrível confusão, os homens pisados e sufocados debatiam-se debaixo dos pés de seus companheiros, aos quais se agarravam com unhas e dentes. Estes os repeliam sem piedade, como se fossem inimigos. [. .. ] Nesta coluna de desesperados, que se amassavam sobre a única tábua de salvação, elevava-se uma luta i,~fernal, na qual os mais fracos ou os mais mal colocados foram precipitados no rio pelos mais fortes". Houve também nobres gestos de desinteresse. 39619 Quando os marechais sem soldados quiseram fazer a Napoleão um relato circunstanciado do que estava ocorrendo, ele os interrompeu e lhes disse: "Por que quereis tirar-me a minha calma ?". 403 Os feridos que iam sendo abandonados pelo caminho "rolavam de desespero sobre a neve ensangüentada". 4º5 A mui -

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tos dos que ainda caminhavam, "as armas lhes caíam das mãos, e eles próprios caíam a alguns passos de suas armas. [. .. ] Uma sedição era impossível, teria sido um esforço a mais, e cada um empregava todas as suas forças em combater a fome, ofi·io e o cansaço".41314

Napoleão aba11do11a o exército A 5 de dezembro, em Smorgony, Napoleão comunica a seus generais que vai abandonar os restos do exército, deixando o comando a Murat, para dirigir-se incógnito a Paris, pois, segundo ele, isto era indispensável para a França. A única vez que reconheceu sua temeridade, foi com estas palavras: "Se eu tivesse nascido sobre um trono, se eu fosse um Bourbon, ter-me-ia sido fácil não cometer faltas". 4 16 "Até chegar ao Reno, ele foi um desconhecido, fugitivo através de uma terra inimiga". 42 1 À notícia da fuga de Napoleão, os oficiais restantes, mesmo generais e coronéis, já não obedeciam a mais ninguém. "Foi um salve-se quem puder; [. .. ] não havia mais soldados, nem armas, nem uniformes. [. .. ] Foi uma multidão de lutas isoladas e individuais, [. .. ] nada de fraternidade de armas, nada de sociabilidade, nenhum laço de união; o excesso de males os havia embrutecido[. .. ] como selvagens, os mais fortes despojavam os mais fracos", corriam junto aos moribundos e não esperavam que morressem, disputavam os pedaços das carnes de cavalo como cães devoradores. "A frieza inflexível do clima havia passado para seus corações". Houve nobres exceções.42214

Canibalismo Quando aparecia algum abrigo ao longo do caminho, "soldados e oficiais, todos, aí se precipitavam, amontoavam-se como animais, apertavam-se uns contra os outros em torno de alguma fogueira; os vivos, não podendo afastar do fogo os mortos, deitavam-se sobre eles, para a{ expirarem por sua vez e servir de cama para novas vüimas. Logo outra multidão chegava, e não podendo penetrar nesses asilos de dores, os assaltavam. [. .. ] Na aldeia de foupranoui, os soldados queimaram casas inteiras para se aquecer durante alguns instantes. O clarão desses incêndios atraiu outros i,ifelizes exaltado até o delírio, que com ranger de dentes e risos infernais precipitavam-se nesses braseiros, onde pereciam com horríveis convulsões. Seus companheiros famintos os olhavam sem horro,; e hou ve mesmo quem puxasse para si esses corpos desfigurados e grelhados pelas chamas, e é inteiramente verdade que eles ousaram levar à boca este revoltante alimento. [. .. ] Este era o exército saído da nação mais civilizada da Europa ". O frio era de 28 graus negativos. 429/30 Ao sair de Kowno, última cidade do império russo, o "grande exército, em lugar dos mais de 400 mil combatentes, estava reduzido a um milhar de pálidos e gelados infantes e cavaleiros ainda armados, nove canhões e 20 mil infelizes cobertos de trapos, cabeça baixa, olhar extinto, rosto cinzento e lívido, a barba longa e eriçada pela neve". 444 • E-mail do autor: catolicismo@terra.com.br


4 São Carlos Borromeu, Bispo e Confessor. São João Zedazneli e Companheiros, Confessores + Geórgia, 580. Grupo de 13 monges sírios enviados para evangelizar a região do Cáucaso. Lá introduziram a vida monástica, fundando vários mosteiros muito florescentes.

5 Santa Sílvia, Viúva

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+ Roma, 594. Da mais alta aris-

Todos os Santos São Benigno, Mártir

+ França, séc. II. Enviado por São Policarpo para evangelizar a Gália, "depois de vários e gravíssimos tormentos, aplicados por ordem do juiz Terêncio sob o imperador Marco Aurélio, moeram-lhe o pescoço com uma barra de ferro e perfuraram-lhe o corpo com uma lança " (MR).

2 Comemoração dos Fiéis Defuntos Aos que visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos, concede-se diari amt te, do dia ao dia 8, indulgência plenária apli cável só às ali~ s do r,urgatório. Para ganhar a intlulgência é necessário preedcher as condições costumeiras, isto é, ter-se confessado e comungado, e rezar nas intenções do Papa. Com essas mesmas condições pode-se ganhar uma indulgência plenária só aplicável às almas do Purgatório, visitando-se no dia 1• qualquer igreja ou oratório público ou semipúblico e rezando-se o Credo e o Pai Nosso.

r

3 São Martinho de Porres, Confessor. Santos Valentim e Hilário, Mártires + Itá li a, séc. III. Sacerdote o primeiro, e diáco no o segundo, "por causa de sua fé em Cristo foram atirados ao Tibre com uma pedra ao pescoço. Salvos milagrosamente por um anjo, foram então degolados" (MR).

tocracia romana, mãe do grande Papa São Gregório Magno, a ele secundava em suas boas obras e necessidades domésticas. Primeira Sexta-Feira do mês

6 São Barl aam de Khutyn , Confessor

foi das primeiras basílicas dedicadas por Constantino ao culto cristão, consagrada por São Silvestre em 324.

10 São Leão Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja. São Justo de Cantuária, Bispo e Confessor + Inglaterra, 627. Um dos monges beneditinos enviados por São Gregório Magno para evangelizar a Inglaterra, foi o primeiro bispo de Rochester, sucedendo depois a São Lourenço como quatto bispo de Cantuária.

11 São Martinho de Tours, Bispo e Confessor (Vide p. 34)

+ Rússia, 1193. Da nobre famí-

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lia Novgorod, deu sua herança aos pobres após a morte dos pais, tornando-se eremita em Khutyn às margens do Volga. Sua santidade atraiu-lhe muitos discípulos. Organizou a vida monástica, trocando o nome de batismo, Alexis, para Barlaam. Seu túmulo tornou-se lugar de peregrinação. Primeiro Sábado do mês

São Livínio, Bispo e Mártir + Bélgica, séc. VII. Originário

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+ Roma, 867. "Dotado de uma

São Florêncio de Estrasburgo, Bispo e Confessor

+ França, 693. Sacerdote irl andês que se tornou eremita na Alsácia. Curou a filh a cega e muda do rei Dagoberto, que o nomeou bi spo de Estrasburgo.

8 São Vilealdo, Bispo e Confessor + Alemanha, 789. Inglês de origem, "desenvolveu grande atividade missionária em meio aos frisões e saxões, sobretudo na região entre os rios Wesser e Elba, aonde fora enviado por São Bonifácio " (MRM).

9 Dedicação da Basíli ca de São João de Latrão Catedral dos bispos de Roma,

da Inglaterra, foi ordenado por Santo Agostinho de Cantuária e enviado à Bélgica como apóstolo. Depois de converter muitos à fé de Cristo, foi martirizado pelos pagãos.

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São Nicolau r. Papa e Confessor personalidade brilhante, garantiu a liberdade da Igreja emjàce aos dois imperadores então no poder: Miguel, no Oriente; e Lotário, no Ocidente" (MRM).

14 São Serapião. Mártir + África, 1240. Religioso da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Mat·ia das Mercês, que visava o resgate dos cativos, foi o primeiro a derramar o sangue em terras do Islã, pregado numa cruz.

15 Santo Alberto Magno, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. São Rafael Kalinowski de São José, Confessor + Polônia, 1907. Natural da Lituânia, cursou a Academia de Arquitetura Militar, onde obte-

ve o grau "summa cum laude" (máximo com louvor), sendo convidado para nela lecionar. Capitaneou um movimento de liberdade de seu paí contra a opressão ru sa. Aprisionado e condenado à morte, teve a pena comutada por lraba lhos forçados dw-ante 10 anos. Findo esse período, foi prec plor do Venerável Augusto zarl rys ki em Paris. Finalmente entrou para os carmelitas d s alços, morrendo em odor ele santidade.

l(i Su 111,o t1:uqu6rio, Bispo o Confessor

+ França, 449. asado, pai ele dois filhos (qu ' posteriormente foram bispos), ele e a esposa ingressaram nu vicia mo nástica, sendo el ' no ·01wento de Lérins. "Eleito bi.,·po de lião, serviu a Igreja pela f} l'lft111didade de sua f é e pela ex11•11.w7o de seus conhecimentos ll'olâ!(icos" (MRM).

Santa IHt1llol da Hungria, Viuva . 81111to i\niano, Bispo t' Confessor

+ França , tl-••. Bispo de Orle-

trono aos 15 anos , governou com sabedoria e prudência de ancião. Protegeu pobres, órfãos e viúvas, sendo um pai para seus súditos. Pagãos dinamarqueses que inv adira m o país decapitaram-no, por recusar-se a apostatar.

21 FESTA DE ,JESUS CRISTO REI DO UNfVERSO. APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA.

22 Santa Cecília, Virgem e Mártir. Santos Pilemom e Ápia, Mártires + Ásia Menor, séc. I. Discípulos de São Paulo, que dirigiu ao primeiro uma carta louvando "sua caridade e sua fé em relação ao Senhor Jesus e a todos seusfiéis". Foram ambos aprisionados, açoitados, enterrados numa cova até a cintura e mortos a pedradas por sua fidelidade a Cristo.

23 São Clemente 1, Papa e Mártir

ans, ajudou II d •fender a cidade contrn 11 in vasão de Átila, obtendo p11rn isso o auxílio do general ro111 11110 Aecius , que repeliu o i11in 1i •o. Famoso por seus mil11 1'l'S.

+ Roma, 97. Terceiro sucessor

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24

1)1,:tll< :t\< 1!\() DJ\S B/\SILIC/\S DE SÃO Pl,:Ulfü 1,: 81\0 PAULO

IH SanLoH l<oq1 11• C:onzalez e Comp1111hc-l1•os, M{1rLires. Sanl.n 1,:,·11 u·111lu11·gn, Viúva + Inglat ·r1· 1, 1()0. "Princesa de Kent, cr1,1•011 .,.,, 1·0111 o filho do rei da M1 1'1°111, mm quem teve três fillu1 ,1·, tod"s veneradas como .1·1111111,1·. Ao tornar-se viúva,fundn1111 11111,1·/c'Í/'O de Minster-in -7'1111111'/, do qual foi abadessa" (MRM ),

''º

Sanl.O 1,:c111 111111lo, Mártir + lnglat ·rr11, 870. Subindo ao

de São Pedro, escreveu uma carta aos Coríntios, con iderada documento fund amental na defesa cio primado universal do Bispo de Roma.

Santas Flora e Maria, Virgens e Mártires + Espanha, 851. Flora, nascida de pai maometano e mãe cristã, foi denunciada pelo próprio irmão aos mouros que dominavam a cidade. Fugindo, encontrou-se com Maria, outra jovem cristã perseguida. Resolveram então ir diretamente ao governador muçulmano confessar sua fé. Confortadas por Santo Eulógio, também prisioneiro, receberam o martírio.

25 São Mercúrio, Mártir + Ásia Menor, 250. Diz-se que um anjo emprestou-lhe uma espada para levar seu exército

à vitória. Denunciad o como cristão, foi decapitado.

26 São Silvestre Abade, Confessor + Itália, 1267. Eremita, fundou 12 mosteiros nos quais instituiu a regra beneditina em sua pureza, dando assim origem à Ordem ele São Silvestre.

27 Nossa Senhora da Medalha Milagrosa . São Tiago, Mártir + Pérsia, séc. V. Sendo cristão, renegou a fé para conseguir as boas graças cio soberano. Tendo sua esposa e sua mãe cortado relações com ele por sua perfídia, caiu em si, chorou sua fa lta e proclamou corajosamente sua fé. O rei, irritado, mandou que lhe cortassem membro por membro antes ele o decapitarem.

28 São Sóstenes, Mártir Ásia Menor, séc. I. Discípulo ele São Paulo, que o menciona em uma de suas epístolas.

29

Intenções para a Santa Missa em novembro Será celebrada pelo Revmo . Padre David Francisquini, nas seguintes intenções: • Em sufrágio das olmos do Purgatório, a Missa de Finados será celebrada especialmente pelas almas de nossos parentes já falecidos. • Também rogaremos a Nossa Senhora da Meda lha Milagrosa festividade que se celebra no dia 27 de novembro - por graças especiais a fim de que nosso País seja fiel a seu passado católico; e em ação de graças pelo sucesso na libertação dos 33 mineiros que, no Chile, encontravam-se enclausurados na mina de cobre e ouro a 688 metros de profundidade.

São Satumino, Bispo e Mártir + França, séc. Ili. Um cios sete miss ion ário s envi ados para evangelizar as Gálias, foi bispo ele Toulouse, onde exerceu grande apostolado até ser preso pelos pagãos no Capitólio local, cio alto do qual o precipitaram ao solo.

30 Santo André, Apóstolo e Márti r. São Constâncio, Confessor + Roma. "Resistiu energicamente aos pelagianos. Tanto sofreu com suas intrigas, que merece lugar entre os confessores da Fé" (MR). Notas: - Santo já apresentados em calendários anteriores são apenas mencio nados, sem nota biográfica. - MR - Mart iro lóg io Rom ano; MRM - Martirológio RornanoMonástico.

Intenções para a Santa Missa em dezembro • Pelos méritos infinitos do nascimento do Divino Menino Jesus, rogaremos especia lmente pelos leitores de Catolicismo e suas respectivas famílias, bem como por todos aqueles que nos apoiaram ao longo deste ano, para que Ele conceda a todos um Santo Natal e abundantes graças para o Ano Novo. Súplicas que elevaremos ao Céu por intermédio da Santíssima Virgem, cu ja Imaculada Conceiçõo é celebrada no dia 8 de dezembro.

NOVE


Lituânia: vinte anos de

intensa colaboração ■ RENATO MURTA DE V ASCONCELOS

N

o dia l l de março de l990, como um camundongo a enfrentar a hiena, a Lituânia proclamou sua independência em relação à União Soviética. O iminente confronto , como também o seu resultado, era fácil de se prever. Apesar das promessas gorbachevianas de perestroika (abertura) e de glasnost (transparência), os soviéticos não se mostravam inclinados a ceder. Pelo contrário, começaram a tomar medidas de repre ália contra o pequeno país bálSuécia tico, que intrépido tentava romper os Noruega Finlandia \ ) ~ grilhões de sujeição à tirania comunista. Diplomatas lituanos procuravam L_~tõnia Rússia desesperadamente apoio das grandes Belarus nações ocidentais. Nada conseguiram Polõnla Alemanha nos Estados Unidos, menos ainda na Europa livre - nenhum país se mostrava disposto a enfrentar as iras de Moscou. E de todas as partes os lituanos recebiam conselhos de prudência: deveriam recuar e submeter-se à dominação do colosso ofendido. A Lituânia entretanto não aceitou compromi ssos covardes. Depois de 50 anos sob o jugo comunista, o descontentamento no país era imenso, e seus habitantes estavam dispostos a manter sua declaração de independência a qualquer preço. O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira havia apontado pouco antes - no manifesto Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio ("Folha de S. Paulo", 14-290) - para o latente descontentamento nos três países bálticos, ademais da Polônia, Alemanha Oriental, Hungria , Tchecoslo-váquia, Bulgária e Iugoslávia. Esse descontentamento iria provocar um imenso incêndio, que acabou por desagregar o império soviético.

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Enquanto tal desagregação não se dava, pesavam sobre a L ituânia as ameaças de Moscou. Nesta situação de grande perplexidade e angústia, surgiu para os heróicos lituanos uma luz de esperança, pois uma voz de encorajamento se fez ouvir. Por iniciativa do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, a TFP brasileira - logo seguida por outras entidades irmãs e afins nos cinco continentes - saiu às ruas das principais cidades, promovendo um abaixo-assinado de apoio àquela declaração de

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CATOLICISMO

NOVEMBRO 2010 -


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indepe ndênc ia. E m pouco ma is de do is meses, as TFPs coletaram 5.300.000 assinatu ras -feito registrado no Guiness Book of Records. O então deputado Antanas Racas, um dos signatários da declaração de independência, não se cansa de ressaltar e repetir quanto fo i impo1t ante a campanha das TFPs, naqueles momentos cruciais em que seu país procurava desesperada e infrutiferamente apoio no Ocidente.

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Tradição, Família, Propriedade!

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Vinte anos após sua libertação das garras dos tiranos do Kremlin , a Li tuânia confronta-se com gravíssimos p roble mas. Os j ovens, atingidos pela onda descristianizante que avassala a E uropa Ocidental, abandonam a fé de seus maiores e preocupam-se apenas em ganhar dinheiro e gozar a vicia. O ateísmo retorna, desta vez mais insidi oso e ta lvez mais devastador. Neste contexto, a mensagem de Fáti ma revela-se mais atual do que nunca, pois em 191 7 a Mãe de Deus alertou os homens para os terríveis castigos que o seu estado moral acarretaria. Deu-lhes também motivos de esperança, referindo-se a uma fu tura regeneração e ao triunfo do seu Imacul ado Coração. É esse triunfo marial que desejamos ta mbém para a Lituânia, país ao qual tantos membros das TFPs estão ligados há duas décadas, com intensa colaboração a partir da memorável campanha em prol de sua independência. • E-mail para o autor: catolicismo @terra.com.br

CATOLI C ISMO

VII Congreso Conservador

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Há 20 anos, em 1990, uma delegação das TFPs entregou no Kremlin mi crofilmes do abaixo-assinado, cuj os originais em folhas empilhadas for mavam várias colunas de mais de dois metros de altura. Depois ela se dirigiu a Vilnius, capital lituana, onde seus membros foram recebidos no Parlamento pelo então pres idente Vytautas Landsbergis. Acolhe nd o e ntão cordi alme nte os me mb ros da de legação, o cardeal S ladkevic ius pediu que não se esquecessem da Lituânia, e manifestou o desejo de que fosse constituída em sua pátria uma puj ante TFP. As TFPs e uro pé ias e norte-a mericana não se esqu eceram da Lituânia, e o pedido do cardeal Sladkevicius vai sendo gradualmente atendido. Hoj e existe um a associação lituana, o Krikscionikosios kulturos institutas (Institu to pró-C ivilização C ri stã), e desde 1993 percorre anual mente o país uma caravana de membros de TFPs européias, levando consigo uma cópia da imagem milagrosa de Nossa Se_nhora de Fátima que chorou mi rac ulosamente em Nova Orleans (EUA). A caravana visita autoridades civis e eclesiásticas, conventos, escolas e hospitais, participa das manifestações cívicas em praças públicas e em peregrinações. E ntre estas, a tradicional romaria de Tytuvenai a Siluva, onde se encontra o principal santuário mariano do país, local da famosa aparição de Nossa Senhora, em 1608, a dois pastores. ) Neste ano, quando se comemorou o vigésimo aniversário ela declaração de independência, membros das TFPs dos Estados Unidos, Alemanha, França, Itália e Polônia visitaram o país entre os dias 26 de agosto e 2 ele setembro . Além de participarem da peregrinação a S iluva, onde se encontraram com o ex-presidente Landsbergis, foram recebidos no Parlamento por seu vice-preside nte, pelo ministro elas Relações Exteriores e por vários deputados. A pedido do deputado Anta nas Racas, deram eles no saguão do prédio o brado: Pela Lituânia:

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Cracóvia LLONARDO PRZYBYSZ

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rnli zou-sc no di a 9 de outubro em ( 'rnl'ovia, no be lo auditóri o da Aca-

rl1•01ia de Música, o VII Cong resso '011.1·1•1w1tlor. O evento anual é uma in icia1iva d 11 /\ ,1·,wwiação pela Cultura Cristã Padr1• l '/11/ r Sk111"Ma, e contou co m aprox imadan1l'lll1• 1 00 participantes. () l1•111n deste ano fo i a ditadura do relr,tll'l,1·1110 apontada como uma nova fo rma d11 p1•1 s1·guição reli giosa movida contra os ·ri , l 111~ 11estc in ício cio século XXI - , dcs ·11 v1 1h ido pelos seguintes ex pos ito r s : Pro l'. 1<11l u 110 de Mattei - o cerne da ditadu ra r/11 11'!11/11•i,1·11w; irmã Michaela Pawlik OP - a i11 l'11.1110 tio 11eopaganismo; Prof. Grzegorz Ku ·11111 1•,y~ o laicismo enquanto nova religi 11, 110110,1·,\'lldo e no presente; e o Sr. José Anto 11 l11 1!1t•la - a ditadura da tolerância. ( '1111 111 110s anos ante ri ores, uma atmosfera d1• 1111111a cord ia lidade an imou as conv rs11 11111 ;111le os inte rva los e ntre as confc r 111'1 11 quando os pa rti c ipantes ti vera m oprn 1i 111 id ,11k· de debater suas preoc upações co1n 11111,I 11sao que reina nos meios católi ·o, 1 11 pl'ilo de di versas questões, sobr ·t11d11 1 diladura ela to lerânc ia e as pers ·g11 i1,•n1 1l"ligiosas q ue ressurgira m em n0SiHI lt 111pos. ( ), 111111•ressistas manifestaram gra nde co11s1111 11111.i de pensamento e muita alegria por t'N I 111 111 11111los. Num ambiente ele mútuo apolo 11111 11as con vicções, externaram o cles~jo d1 ,1111,11 numa campanha para auxiliar out111 1111 111. l'atól icos a se defenderem cio r·l111 I 1 11 111111oderno. 1 ( 111 11 11 olhos postos na pe rspecti va cio pr > 111 1111 1111presso, o progra ma fo i e ncerrado 111111 11111 magnífi co concerto de música t'I 1 11 1 ( l landel, Bac h, C harpentie r e o ut rn ) 1 11111 sole ne j a nta r no Pa lác io Kr:t, 11t 1l111 y • I•

11111111111111 o autor: catoli c ismo @terra.com .br

N O VEM BRO 2010 -


Batalhão de couraceiros franceses Força, alegria e glória

■ PUNIO C ORRÊA DE Ü UVEIRA

N

esta ilustração de um batalhão de couraceiros fra nceses, chamam especialmente a atenção as cores dos trajes - prateado, branco e vermelho - e a impecável apresentação. Como é bela a ordenação dos militares, dando uma impressão de fo rça, alegri a e glóri a! A fo rça se nota em tudo, mas neles está aliada à alegria. Só têm ânimo para marchar as pessoas que sentem a alegri a de ser militar, de estar destinadas ao combate e ao holocausto, de viver numa atmosfera de legenda e de glória. Além disso chama a ate nção que, além da fo rça e da alegri a, neles ex iste o amor à glóri a. Estão banhados numa atmosfera de glóri a. *

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Na segunda ilustração, um soldado impecável: limpeza exími a de todo o uni fo rme, capacete reluzente, belo pe nacho vermelho. Tudo perfe ito, compondo uma verdadeira marav ilha. A atitude dele é alheia a tudo e m torno de si, com a atenção posta nas honras militares de que está participando . Atitude de homenagem, alegria de prestar reverência a quem é superior.

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outro povo ostentou com mais harmoni a do que os franceses, num binômio de força ameaçadora e graça amável e gentil. A fi sionomia é de um homem dos nossos dias, mas parece viver fo ra do século e do tempo. Para ele, o universo é o que se contém por dentro do capacete, do uni forme, da couraça, do mito e da legenda para os quais esses uniformes fora m feitos. Um tolo dir ia que ele vive na irrea lidade. Mas esta é a supra-rea lidade - a rea lidade dos aspectos superiore da ex istência e da vida. Seria magnífico se pudéssemos dizer, como de um cruzado, que se trata de um homem piedoso e casto. In fe lizmente, homens ass im vão se tornando cada vez mais raros. Mas é preciso notar que toda a apresentação dele seria di gna de um cruzado. Se víssemos Godofredo de Bouillon e seus herói chegarem a Jerusalém com esta apresentação, diríamos: eles encontraram bem as roupagens que deveri am ter! •

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Por último um couraceiro a cavalo. O modo como ele avança, o gesto com a espada revelam seu espírito combati vo. Cavalo alinhadíss imo, ajaezamento perfeito, elegância do gesto, proporção perfeita entre a curvatura do braço e o modo de segurar a espada, o capacete pontudo - um conjunto de qualidades militares que nenhum

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 17 de maio de 1986. Sem revisão do autor.



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UMARI

PUNIO C ü RRÊA DE ÜUVEIRA

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Noite de Natal, um intervalo de alegria e de paz

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Nº 720

A escolha da vocação O sacramento do Matl'imônio - H

DO SAcmmoTE

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Brasil pós-eleições: o que não pode ser esquecido

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Educação na São Paulo do séc. XIX

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BRAsn, 1'1M1>1c10NA1.

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D..:s'1A()lm

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CAPA

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l~s.-u:N1>01ms DA CR1s·1ANDADE

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RNT1mv1sTA

Reflexões sobre valores familiares

44

VAm..:0Ao1,:s

2fJ8 Bienal de São Paulo: exposição da insensatez

Grnves atentados anticatólicos

Amor da Virgem ao Divino Infante na Gruta de Belém A França em flores

São Tomás Becket

Dr. Valdir Reginato

48 AçAo

CoNT1M-REvou1<:10NÁRIJ\

52 AMBJJ•:NTJ<:S, Cosn1M1•:s, C1v11.11.Aç<ms Aspectos admil'áveis da catedral de Notre Dame de Paris

1ixn·, los dl' ,rn:nsa gcm de Na1al enviad11 por l'li11io CorrGu de Oli ve ira em 2 11 11/84 . Sum r •v isão do aulor.

CATO LICI SMO DEZEMBRO 2010 -


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Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração:

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.

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Nossa Senhora e a escolha

Caro leitor,

Paulo Corrêa de Brito Filho

PÁGINA MARIANA

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Ao final de cada ano, as festiviclad s d Natal onstituem um bá lsamo espiritual para os católico de t d mundo, ·m m ·i às prese ntes crises, ao relativismo e à de agregaçã m ra l da ·iviliza ' H) n pa ani zada ele nossos dias. Fiel a uma tradição que remonta aos prim rdi s d' sua xistê n ia, Catolicismo vem apresentando temas nata linos c mo mal ria d ' ·apa das ed ições de dezembro. E tem procurado variar a cada ano o ' nf'oque a respeito deste assunto inesgotável e insond ável: o nas im nt o d< Ve rbo Divino Encarnado, que veio à Terra para redimir a huma nid ad' p ' ·ado ra. Este número apresenta a nossos le it r s l xto d' uma co nferência do Prof. Plinio Corrêa de Oli veira por o as iã do Natal 1• 1988, na qua l trata de aspectos pouco explorados d ma no a ·< nt ' ·im ' nlo e de suas decorrências na Hi tó ri a da hum an i lacl : o amor qu ' u Sa ntíssi ma Virgem compenetrada da ublim mi ssã d' M, · do V ·rbo l..!.ncarnado - votava a seu Filho recém- nas id . Norma lmente, qualqu r 111. ' d ·di ·u •rnn 1• t ·rnu ra ao ser que gerou, pois ele é carn ele sua ·arn ', san lll • d · s ·u su n 1 ue. Pode-se imaginar então o am r ex · lso ela Vir m Sa nl ss i11H1 u s ·u Pilho, Segunda Pessoa da Santíssima Trind ade, gerado por ohrn do n spírito Santo. Como conseqüê nc ia, à di leção vieram a res nl ar-s • n udmira ·ão e a adoração . Pode- e imag inar o convív io sant íss imo da extremosa Mãe com o Divino Fi lho na casa de Nazar ; a pr ·vi s: o d 'bla a respeito da vida pública do Salvador da humanidade; a r ·usa 1' qu Ele seria objeto; a expectativa de sua Paixão e Morte, penh r I nossa R ·d nção. Ela cogitava também a r sp 'i to da s ublimidade de Pentecostes; da admirável atuação dos Apóst I s; da dil atação da Igreja por todo o mundo; da conversão dos bárbaros a cristiani smo e da instauração da civilização cristã. Para fi nalizar, cada um d n s p dc rá faze r um exame de consciência junto ao presépio. E depoi rezar para qu N s a Senhora - Medianeira de todas as graças - obte nha d Di vin Infante para este seus outros filhos a perseverança na gra a divina. ' pedir també m a vi rtude da forta leza, com vistas aos embates que dev mos travar ne te mundo neopagão. Serão árduas pugnas até o advent d Re in d Mari a, p revisto pela Mãe de Deus em Fáti ma em 1917. Desejo a todos os prezados leitores suas famílias um santo Natal e abençoado Ano Novo .

Em Jesus e Maria,

?~7 DIR ETOR

catoli cismo@terra.com.br

da vocação ~ arição mariana a um santo jovem jesuíta no século XVI mostra como é importante procurar saber qual é a nossa vocação e, encontrando-a, segui-la seriamente n VAto1s GR1NsrE1Ns

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a minha vida, eu vou escolher meu próprio caminho - Eis o pensamento de muitíssimos jovens de hoje, se não da quase totalidade. Nem se dão ao trabalho de indagar se esse caminho já não foi escolhido pelo próprio Deus. O que a nós corresponde é discernir o que Ele deseja de nós; e, uma vez que o saibamos, seguir o caminho que Ele reservou para nós. Muitíssimos jovens sentiriam um choque ao saber disto; e o choque seria ai nda maior ao constatar que, para grande número de pessoas, é dificílimo encontrar a respo ta, mesmo desejando conhecê- la. Vários religiosos, por exemplo, ingressam numa ordem religiosa, e por algum motivo mudam para outra. Se isto se aplica a religiosos, o que pensar dos outros?

Caminhos dive,·sos Para a imensa maioria das pessoas, Deus indica como plano de vida o matrimônio. É a via comum. Devem fo rmar uma fa mília e santificar-se junto com o cônjuge, concebendo e educando os filhos para alcançarem o Céu. Nem se cogita aqui de uma deturpada vi são pecaminosa e romântica, que admite e estimula a troca de cônj uges; muito menos se considera o caso de famílias planejadamente desprovidas de filhos. Essa visão hedoni sta e neopagã do matrimônio está muito longe da que compete a um católico, cujo objetivo deve ser a procura do cônjuge mais adequado; e, uma vez casados, manterem ambos a fidelidade conjugal até o fim. Para algumas pessoas, no entanto, Deus planeja algo diferente, chamando-a para um gênero de vida superior e mai s sacrificado: deixar tudo e dedicar-se unicamente a Deus. Freqüentemente têm essa pessoas um chamado (ou vocação, do latim vocare = chamar) para a vida religiosa em alguma instituição canonicamente ereta. Há ainda chamados muito especiais, extremamente raros. Como por exemplo a vocação

Na Áustria, Paulo, irmão do santo, agredia-o com freqüência

de Santo Aléxis, que permaneceu como mendigo na própria casa. Muitos sentem um chamado para se tornarem religiosos, aceitam e querem seguir essa vocação, mas há muitas opções a escolher. Será como sacerdote secular, membro do clero de uma diocese? Será como monge, fec hado num mosteiro? Ou como mi ssionário numa ordem dedicada à conversão de pagãos? Ou como capelão em outra ordem? Lendo as vid as do s santo s, co nsta tamos que muito freqüentemente eles sofreram ante essa falta de clareza no caminho a seguir. Outros santos, pelo contrário, desde o início o di scernem claramente, trilhando o próprio caminho, ainda que com dificuldades e provações.

Obstáculos e coragem Por motivos muito concretos e específi cos, por vezes a realização da vocação torna-se tão compli cada, que sem uma intervenção sobrenatural seria impossível discerni-la e realizála. Foi o caso de Santo Estanislau Kostka, a quem Nossa Senhora indicou seu caminho. Estanislau nasceu em 1550 num a família nobre da Polôni a. Era o segundo de sete filhos, e seu irmão maior, Paulo, era mau, dotado de caráter realmente ruim. O pai educava a família com muita severidade e não aceitava oposições. Durante a vida de Santo Estanislau, Nossa Senhora apareceu-lhe mais de uma vez

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Aos 14 anos, Estanjslau fo i enviado a Viena junto com Paulo e um tutor, de nome Bilinski , para estudarem no colégio dos jesuítas. Ali ele teve que sofrer muitíssimo, pois o irmão o agredia com tanta regularidade, que parecia mai s um inqualificável hobby. Para piorar as coisas, a saúde de Estanislau não era boa, levando-o a intuir que não viveria muito tempo. Diante disso, desejava encontrar logo sua vocação, devido à falta de saúde. Pensava em tornar-se sacerdote, mas não sabia onde. Nos jesuítas? Sentia especial atração pela milícia de Santo Inácio, mas não estava disso seguro. Sabia ainda que, se pedisse ao pai para entrar em algum convento, a resposta seria uma ordem categórica para regressar imediatamente. Caiu gravemente enfe rmo em novembro de 1566, e e m dezembro desse ano os médicos que o ate ndi am julgaram que ele não duraria muito. Quando a situação j,~ era rea lmente difícil, ele teve uma visão de Nossa Senhora, que lhe pôs nos braços o Menino Jesus e di sse- lhe: "Deves terminar teus dias

O sacramento do Matrimônio - II N o trecho anterior o autor* trata do problema de casamentos infelizes, pelo fato de os cônjuges não terem em vista a assistência do Espírito Santo. Neste tópico ele aponta uma solução.

na Sociedade que leva o nome de meu Filho, deves ser jesuíta". Logo que teve o Menino nos braços, sentiu que recuperava a saúde. Ao devolvê- lo, Nossa Senhora sorriu e desapareceu no ar. O tutor Bilinski estava presente quando a aparição ocorreu, e tanto ele como Paulo não esconderam sua surpresa vendo-o repentinamente curado. A casa onde se deu esse fato é hoje um santuário.

À procura de autorização Logo depois desse mil agre, Estanislau procurou os jesuíta para pedir sua admissão no seminário. E aqui começam os problemas que nos fazem entender por que e le jamais teria a segura nça completa de como agir para seguir sua vocação, caso não tivesse havido uma aparição de Nossa Senhora. Se u confessor, Pe. Do ni , acreditou no que ele lhe contou , e mandou-o fa lar com o s uperi or dos jesuítas em Vien a, Pe. Lorenzo Maggi. Este, sabendo que os jesuítas tinham sido atacados fo rtemente por aceitar noviços sem autorização paterna, pediu a Estanislau que a conseguisse, ou então esperasse até adquirir a maioridade. Mas o postulante sabia que não conseguiria o consentimento paterno e acreditava que não teria tempo para aguardar a ma ioridade. Por isso e le foi fa lar com o Cardeal Commendoni , que tinha sido núncio na Polônia econhecia ua fa mi lia. O cardea l mo trou-se simpático à idé ia, mas mudou totalmente de opini ão quando conversou com o Pe . M agg i. Estanislau proc uro u e ntão outro j esuíta, o Pe. Antoni, e avi sou que, como não conseguira nada em Viena, fu giri a da casa e iria a Augs bu rg para entrar em contato com o superior da província (que era São Pedro Canísio); ou então iria a Roma e procuraria o Geral da Companhi a de Jesus (que era São Francisco de Bórgia). Com apenas 16 anos, iniciou sua caminhada a pé, sozinho. Foram 400 quilômetros difíceis, subindo e descendo montanhas, cruzando bosques por caminhos bastante primiti vo . Quando chegou a Augsburg, informaram-lhe que o Pe. Canísio se encontrava em Dillingen, a 37 quilômetros dali . Sem mesmo descansar, partiu e conseguiu falar com o Pe. Canisio, que o aceitou na escola ... como cozinheiro, e não como noviço. Era um recurso para submetê-lo à prova. Vendo que Estanislau perseverava deCATOLICISMO

pois de um mês, decidiu enviá-lo a Roma, embora prevendo o imen o problema que o pai criaria. Foram mai 1.200 km a pé, cruzando os Alpes. São Francisco de Bórgia recebeu-o, ouviu sua história e admitiu-o no noviciado jesuíta em Roma, onde ele veio a falecer em menos de um ano. No momento da morte, voltou a ver Nossa Senhora. Desta segunda aparição ó conhecemos o que, já moribundo, ele disse ao Pe. Ruiz: "Nossa Senhora veio,

do mesmo modo como em Viena". Pouco tempo depois chegou Paulo, que tinha sido enviado pelo pai para ameaçar os jesuítas. Ao ter notícia da morte do irmão, levou um choque, e acabou ele mes mo tornando-se jesuíta mais tarde.

Seguir a vocação até o nm Pela seriedade c9m que Santo slani slau seguiu sua vocação, podemos medír quanto imp rta saber qual ela é, e decidi damente segui -la. É uma deci ·ão da qual depende toda a vida, e possivelmente também a vid a tern a. Além disto, o fato de No sa Senhora se dignar vir à Terra só p ruma vocação revela qu anta importânc ia tem a boa s o lha cio camin ho a trilhar em nossa vida. Não nos cleix mos enganar pela literatura mundana, que insiste em convencer-nos d que na escolha da vocação somos totalmente in depende ntes, até de Deus, e que podemo fazer o que bem entendermo . A própri a Santíss ima Virgem não agiu assim. Quando fo i visitada pelo Arcanjo Ga brie l, q ue lhe anu nciava ser E la a esco lhida para Mãe de Deus, a respo ta fo i imediata: "Eis aqui

a Escrava do Senho,: Faça-se em mim segundo a tua palavra ". Não se pode pedir maior submi ão a uma vocação dada por Deus. •

Espírito Santo é o Espírito do Conselho e do Entendimento, que acl ara a inte ligência dos jovens obscurecida pela sensualidade. Como Espírito do Conselho, pode mostrar-lhes se a uni ão de les ve m de Deus ou do demôni o. E se fo r consultado seriamente como Espírito da f ortaleza, dispensará também fo rça para se refrear a indomabilidade da carne e impedir uma uni ão baseada unicamente sobre ela. Se o divino Espírito Santo for invocado fe rvorosamente pelos noivos, convencê-los-á de que o conhecimento da doutrina de Deus e de seus Mandamentos constitui a maior sabedori a. O Espírito da Piedade eleve ainda compenetrar as duas pessoas da mesma fé, em que se fundem para a fin alidade comum da virtude. Só assim seguirão seu rumo fin al e eterno.

O amor de Deus que fol'tilica o matrimônio Se todos os homens elevem ser devotos do di vino Espírito Santo, com muito mais razão aqueles que querem contrair união matrimonial. O homem pode confiar pouco sobre o seu simples juízo natu ral, pois o laço matrimonial deve durar e perpetuar-se até a morte, confo rme a vontade de Deus, mas nenhum víncul o meramente natural prende os corações por tanto tempo. E ntão a força e a graça do divino Espírito Santo devem corroborar o laço matrimonial. Qual é o nome desse laço? U m nome curto e aparente mente simples, entretanto tão significati vo como o próprio Deus: amor. É a palavra com que o Apóstolo denominou a essênc ia de Deus: "Deus é amor". Para os teólogos, é quase impossível di zer o que De us é. Mas a palavra que mais se aproxima ela natureza ele Deus é a palavra amor. E esta palavra, que nos dá melhor o conhecimento de Deus, é o nome para o vínculo que no matrimônio funde dois corações em um só. No enta nto, é justamente na união matrimoni al que essa palavra é muitas vezes desvirtuada, despojada de seu conteúdo de ouro. •

* Pe. A gosLinho E-mail para o auLor: cato lic jsmo @Lcrracom.br

Kin scher, Ao Deus Desconhecido, Ed itora M ensageiro el a Fé, Sa l vador, 1943 , pp. 134 e ss.

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Vã pretensão 121 O físico Stephen Hawking criou uma teoria tão extravagante (do nada o nascimento espontâneo do Universo) que, se fosse pelo aspecto de clareza na explicação, seria muitíssimo mais fácil acreditar em Deus do que nele. Imagino que, depois da divulgação de sua teoria, esse tresloucado deveria renunciar a ser membro da Academia de Ciências do Vaticano. Prefiro manter minha fé no Criador de todas as coisas, do que acreditar numa criatura como este físico. Como diz na capa da revista: "Cientistas que

não crêem em Deus têm a pretensão de convencer os homens a acreditarem neles ... ". É realmente MUITA PRETENSÃO, a desses "deusinhos", de sentarem-se no trono de Deus. (U.T. -

Atualidade de velllo conselho

1'alento dedicado ao mal A esse infeli z Stephen Hawking, se eu o encontrasse, gostaria de encarar e dizer francamente que sinto pena de le pelo estado físico em que se encontra, devido à doença, e que rezarei pela melhora de sua saúde . Mas que, muito mais ainda, lastimo o estado de sua alma. E le tinha mui to talento (que o Criador lhe concedeu), que poderia usar para crer c m Deus e ter até uma fé muito mais forte que a de um ig norante, que não dispõe de tantos elementos e conhecimentos. Ainda que ele " prova se" que Deus não existe, eu preferiria crer em De us ao invés de crer e m Stephen Hawking. E ainda repetiria para ele o que certa vez ouvi em um sermão na cidade onde morava minha mãe. O pregador disse uma coisa que espero nunca esquecer: "Se

algum cientista me "provasse" que Deus não está com a verdade, éu prefe riria ficar com Deus do que com a tal verdade". Que lástima que Stephen Hawking, com tanta inteli gênc ia, tenha se desv iado . Poderia ser um grande cientista, virou um pobre coitado.

-CATOLICISMO

(C.G.E. -

RJ)

MG)

121 "O orçamento nacional deve ser

equilibrado. As dívidas públicas d •vem ser reduzidas. A arrogtln ·ia das autoridades deve ser mod •rada , ·0 11 trolada. Os pagamentos a gov ,mos estrangeiros devem s ,r redu zidos, se a nação não quis r ir à faP11 ·ia. As pessoa~· devem 11 011a111 ,r,f aprender a trabalha,; •m vez de viv •r por conta pública". stus s bias palavras parecem ditas por um ra nde conhecedor da situação do Brasil n ste governo. Bem que pod riam , pois sobretudo indicam que e nhece a política Lula-PT, parti cul armente a da " bol sa-es mola", uma máquina para fabricar votos a favor do governo . Mas de fato foram ditas há muitos e muitos séculos - antes mesmo do nascimento de Cristo, precisamente no ano 55 a.C. - e quem a pronunciou foi Marcus Tullius Cícero. Que mais diria Cícero, caso vivesse em nossos dias? Será que conseguiria viver em nossos dias, tendo que conviver com gente tão inescrupulosa? (G.J.A. - BA)

Roedores do erário 121 Acho que foi escandaloso o empenho do governo em se manter no po-

der. Acho que os governistas tinhu111 medo de que membros de um novo '0verno abrissem as gavetas, nas quais ·ncontrariam muitos "ratos" roedores da fazenda pública. O presidente "esqueceu" que tinha deveres próprios à função, e embrenhou-se pelo Brasil afora como se fosse um cabo eleitoral. Os ministros seguiram o exemplo, e dedicaram-se full time como cabos-eleitorais, "esqu c ram" seus deveres nos ministérios, "esq ueceram" o que as leis eleitorais proíbem. Agora poderão manter fechadas as gavetas por mais quatro anos, pelo menos. (K.E.V. -

PR)

Menos cm·1·111JÇão? 12] Ouvi alguns comentários no sen-

tid de qu agora, com uma mulher na pr sidência, dimin uirá a corrupçã , e que os homens são mais corrupl s, te. A eles respondo: Pois é, basta ver o caso recente da Erenice uerra, ex-ministra da Casa Civil, braço-direito de uma outra ex-ministra da mesma Casa Civil. (T.O.H. -

CE)

O retorno da tiara 121 Gente! Como pode uma notícia tão importante como esta (A tiara volta ao brasão pontifício) ter passado sem destaque na mídia? ! Que bom que a tiara tenha voltado ao brasão pontifício. Agora precisamos rezar ara que ela volte a ser usada nasceimôni as e m Roma, como naq ue la } amosa foto do papa São Pio X com tiara, próximo a um trono. Tenho essa foto (preto e branco) no meu quarto, e diante dela rezo todas as noites. (B.Q.S. -

DF)

"Pingo é letra " 121 Se Cuba em nossos dias conseguir erradicar a praga comuni sta que empestou a ilha por 50 anos, não podemos esquecer que será necessário umjulgamento do "comandante", que se acha numa agonia sem fim, responsabili zando-o seriamente. Mas, na minha vi são, o mais importante será um julga me nto do episcopado de

Cuba, devido à inação no combate ao sistema materialista-comunista que reduziu o povo, antes muito católico, a um trapo. Muito mais grave que "apenas" o empobrecimento material do povo, ele ficou empobrecido moralmente - o empobrecimento de alma. Creio que os bispos cubanos vão dizer que o "comandante" se converteu, mas eles próprios não dirão o mea culpa por terem-no apoiado, desmotivando os católicos a qualquer reação. Para encerrar. Um amigo cubano, que conseguiu escapar de Cuba e atualmente reside no Brasil, disse-me que é impress ionante a semelhança do sistema " bolsa-família" com o sistema que vigora na ilha. Para bom entendedor, pingo é letra ... (P.D.M. -

RJ)

Meio <le instrnção católica 121 Sou jovem e ouço muitas blasfêmias e mentiras sobre a minha Religião em todos os lugares. Mas graças a esse site e a meu pai , tenho forças para continuar tendo fé, e felizmente ela cresce a cada dia dentro de mim! Agradeço a todos os que tornam esse site e a revista Catolicismo um meio de instruir as pessoas. (A.L.E. -

SP)

Velllas tradições... bem vivas 121 Lindo artigo ! [Ref. Últimos restos de civilização cristã - seção "Por que Nossa Senhora Chora?", Catolicismo , maio/2010). Cada vez mais nos di tanciamos de velhas tradições de nossas famílias , de um passado ainda não muito distante. Tenho sessenta anos, tive o privilégio de viver momentos como esses . Assim que posso, os manten ho vivos em minha família. Heran~a de minha querida mamãe, que hoje habita o Céu. (G.G.C. -

SP)

Manllestações maternais 121 Maria, a amada mãe de Jesus, por obra e graça do Espírito Santo, pode sim manifestar-se onde, quando e a quem qui ser. E la fala a língua de to-

dos os povos. Suas manifestações são lindas, bem apropriadas a uma mãe! E em nome de Jesus Ela avança, abre caminhos e portas para o homem chegar até Deus ... Graças vos damos, Senhor! (E.M.S. -

MG)

União com Deus 121 O espiritismo tem parte com o demônio, sim. Poderia mudar de nome e ser denominado de "espiritismônio". Precisamos falar ainda mais sobre as influências do demônio nos acontecimentos. Precisamos estar mais unidos a Deus e rezar muito mais. Assunto que as televisões omitem completamente. (P.W. -

MS)

A glória dos mártirns 121 Gosto muito de ler sobre a trajetória de amor e simplicidade dos mártires. Suas vidas são coroadas por Deus, apesar dos tormentos sofridos. Morrem com suas almas limpas das imperfeições terrenas, prontas para a glória no Paraíso Celeste. (F.S.F. -

(J.R.S. -

RJ)

A fé para resisti,· e vencer 121 Somos amantes da paz. A guerra pode ser um mal, mas se pela Pátria for necessário, façamos a guerra para se obter a paz. Esta reflexão, eu a fiz ao receber e ler a oração que lhes encaminho, pedindo publicação por tratar-se de uma revista católica. Imagino que ela será de proveito para seus leitores. É uma valorosa oração dos guerreiros da selva, bravos soldados que, longe de suas famílias e da comodidade do lar, passam por todos os sacrifícios, inclusive correndo o risco de adoecerem gravemente, ou mesmo a morte, para defender nossas fronteiras na selva Amazônica. (J.T.l. -AM)

Ornção dos guerreiros da selva

SE)

Médico e Evangelista Sou apaixonada por Jesus, sua vida, seus Apóstolos e Evangelistas. Depois de ler o livro Médico de Ho mens e de Almas, elegi São Lucas Evangelista como o meu protetor e amigo. Estou na área m é dica da Fitoterapia, e quando ajudo alguém nos tratamentos , lembro-me sempre desse médico, grande colaborador na· seara de Jesus. Sinto-me realizada em ser solidári a no alívio dos males de meu s irmãos em Cristo. Amo São Lucas e peço a Jesus que o cubra de Amor e Luz. (S.M.M. -

losofia humana do hedoni smo, que prega o poder do homem sobre o mundo. Isso está provado que não funciona. Saudações a todos.

MG)

De11lÍncia dos lobos Parabéns aos editores pelo conteúdo fiel e leal à Santa Igreja Católica. Os lobos, que rugem por todos os cantos, devem ser constante mente identificados pelos textos do site dos senhores. Eles não se interessam pela Igreja de Deus, mas pela errônea fi-

"Senhor! Tu que ordenaste ao Guerreiro de Selva 'Sobrepujai todos os vossos oponentes', Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para resistir; A paciência para emboscar; A perseverança para sobreviver; A astúcia para dissimular; A fé para resistir e vencer. E dai-nos também, Senhor, A esperança e a ce1teza do retorno. Mas se, defendendo esta bras ileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus, Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! Amém! "

Cartas, fax ou e-mails: enviar aos ender~os que figuram na página 4 desta edição.

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u Monsenhor JOSÉ Pergunta - Acabo de ler sua resposta sobre a questão do purgatório e sobre a natureza do pecado, e veio-me à mente a seguinte dúvida: num estado de "ira", revolta, nervosismo, é fácil cometermos pecados. Desde criança, muitas das minhas faltas ocorreram em situações como essa, e algumas vezes num estado bem consciente. Para serem consideradas veniais ou mortais, vale o mesmo critério contido no Catecismo da Igreja Católica, no que se refere aos Mandamentos da Lei de Deus e da Santa Igreja?

Resposta - Se entendo bem a pergunta apresentada pela consulente, a dúvida é se o estado de "ira", revolta e nervosismo afeta o pleno consentimento, o qual determjna se houve ou não, em determinada circunstância, pecado vertia] ou mortal. Ao contrário dos anjos que, por serem puros espíritos, têm um discernimento claro das situações e circunstâncias, o entendimento humano depende das informações dos sentidos corpóreos, e é por isso cercado de névoas e hesitações. Se, ademais, a pessoa se encontra num estado alterado pela ira, revolta ou nervosismo, a qualificação de um ato praticado tornase freqüentemente confusa. Daí a dúvida da consulente, exceto quando ela mesma reconhece que, algumas vezes, estava ben1 consciente do que praticava. Neste último caso, a qualificação do pecado comovenial ou mortal depende apenas da natureza da infração cometida: se a matéria é Jeve, CATOLICISMO

o pecado é venial ; se grave, é mortal. Mas nem sempre o pecador tem a consciência tão clara das circunstâncias da falta que cometeu. Na confissão feita a um bom confessor, este mwtas vezes consegue ruscerrur se houve pleno consentimento. Mas por vezes é tal a confusão da exposição feita pelo penitente, que o confessor não tem conruções de decidir pela afirmativa ou negativa. Costuma então remeter para o discernimento de Deus, e diz que dará a absolvição conforme o ato cometido se apresenta ruante dos olhos do Altíssimo. A pessoa sai da confissão tranqüilizada, pois o pecado estará perdoado, seja ele verual ou mortal . Convém, entretanto, dizer uma palavra sobre o estado de perturbação interior descrito pela consulente.

De si, as paixões não são boas nem más A consulente fala em "ira", e até coloca a palavra entre aspas, talvez para indicar que não

LUIZ VILLAC

sabe bem qual o termo exato para exprimir o que sentiu. Tanto deve ser assim que, logo em seguida, ac rescenta a palavra revolta, muito mais forte, para depoi falar em nervosismo, que é mais bem um estado passivo e indefinido. E ses matizes indicam movimentos de alma bem diversos - com repercussão no organi ·mo, mai. intensa ou menos - e correspondem a distintas reaçõe da pessoa diante do fato que a atingiu. A ira é uma paixão. O abalo produzido na sensibilidade pelas paixões costuma ser intenso, porém varia de acordo com a constituição fisiológica do indivíduo, da força de impacto do fato que desencadeou o movimento passional e do maior ou menor domínio que a pessoa tenha de si mesma . A doutrina escolástica enumera onze paixões (indi cadas a seguir por algarismos arábicos) a que o homem está sujeito. Elas resultam de um movimento da sensibilidade

A ira é uma paixão. O abalo produzido na sensibilidade pe • costuma ser Intenso acordo

da alma-que em linguagem filosófica se chama apetite sensitivo - diante de um bem ou de um mal, presente ou futuro. O bem dá origem a três paixões. Sua simples presença gera: l - amor, se se trata de um bem futuro; 2 - provoca o desejo ; 3 - a sua posse produz o gozo. O mal, pelo contrário, gera: 4 - ódio, a partir cio momento em que ele se apresenta; 5 - se ainda está longe, gera aversão ou produz um movimento de fuga; 6 se nos atingiu, produz tristeza ou dor . Quando se trata ele um bem árduo, isto é, que exige esforço acima cio normal para ser alcançado, gera: 7 - esperança; 8 - quando ele se torna impos. ível de alcançar, produz o desespero. Por outro lado, o mal árduo ausente, se pode ser afastado, desperta: 9 - audácia, isto é, a determinação de realizar todos os esforços, mesmo arriscados, para vencê-lo; 10 - se

faltam forças para vencê-lo, sentimos medo; 11 - se o mal árduo nos atinge, sentimos ira ou cólera (são sinônimos). Esses onze tipos de paixões, segundo a doutrina escolástica, não implicam de si que elas sejam boas ou más, o que depende da liceidade do bem ou da natureza do mal. Assim, o desejo de um bem a que não temos direito é um mal. Mas sentir ira diante de uma injustiça praticada contra outrem ou contra nós é perfeitamente legítimo, desde que nossa reação seja proporcionada ao mal produzido pela ação. O gozo de um bem ilícito é um mal ; mas o ódio ao mal é um bem. A consulente, quando fala de suas faltas praticadas em estado de "ira", quer provavelmente referir-se a uma reação desproporcionada diante de uma injustiça, ou quiçá ao desagrado diante de uma reprimenda justa, ou a outra causa qualquer. O senso do bem e do mal, que todos temos, nos pernúte avaliar, em cada caso, se a ira que sentimos constituiu um pecado ou não (a menos que os escrúpulos ou a confusão mental obliterem o nosso juízo), e assim a apresentamos ao confessor, como já foi comentado.

A cólera santa de Nosso Se11l10r Jesus Cristo Nos nossos tempos o mal triunfa e o bem é espezinhado, por isso é oportuno insistir em que a ira também pode ser santa. E disto nos deu exemplo Nosso Senhor Jesus Cristo, expulsando os vendilhões do Templo de Jerusalém. Os quatro evangelistas narram o episódio (Mt 21,12-26; Me 11,15-19; Lc 19, 45-48; Jo 2, 13-17). Tomemos a narração

de São Mateus: "E Jesus entrou no templo de Deus, e expulsava todos os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos banqueiros e as cadeiras dos que vendiam pombas; e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões". São João fornece deta1hes interessantes: "E, tendo feito um azarrague [açoite, chicote] de cordas, expulsou-os a todos do templo". E completa: "Então lembraram-se seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa devorou-me". Isto é, Jesus Cristo fez tudo isso por zelo pela casa de Deus, não hesitando em confeccionar Ele próprio um crucote de cordas para açoitar os vendilhões do Templo! Nesta época de ecumerusmo indiscrinunado e de zelo excessivo pelos direitos humanos dos bandidos, Nosso Senhor nos mostrn que

os direitos dos bons, e sobretudo os de Deus, podem e devem ser reivindicados com o uso da força proporcionada, se necessário.

Energias orielltadas para o bem Resumindo, um autor espiritual comenta: "Em seu sentido filosófico, [as paixões] são movimentos ou energias 9ue podemos empregar para o bem ou para o mal. De si, não são boas ou más: tudo depende da orientação que se lhes dê (cfr. Santo Tomás, Suma Teológica l-1/, 24). Postas a serviço do bem, podem prestar serviços incalculáveis, a ponto de poder afirmar-se que é moralmente impossível que uma alma chegue às grandes alturas da santidade sem possuir uma grande riqueza passional orientada para D eus; porém, postas a serviço do mal, con-

vertem-se em força destruidora, de eficácia verdadeiramente espantosa" (Fr. Antonio Royo Marín O.P., Teología de la perfección cristiana, BAC, Madrid, 1955, 2ª ed., p. 372). Daí a importância de dominarmos as nossas paixões, orientando-as sempre para o nosso progresso espiritual, e sobretudo para os supremos interesses da Santa Igreja e da civilização cristã, ad majorem Dei gloriam. Que Maria Santíssima, modelo de equilfürio passional perfeito, mesmo diante do holocausto inaudito de seu Divino Filho na Cruz, nos alcance a graça de a inútarmos em todos os transes traumáticos produzidos pela inc.idência das mais inesperadas paixões em nossas vidas. • E-mail para o autor: catolicismo@terracom.br

DEZEMBRO 2010 -


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A REALIDADE CONCISAMENTE Relativismo em púlpitos autoriza maus costumes

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Católicos rechaçam congresso abortista em Sevilha

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urante o IX Congresso da Federação Internacional de Profissionais do Aborto e da Contracepção (Fiapac), realizado em Sevilha, a Confraria de São Bento vestiu de rigoroso luto a venerada imagem de Nossa Senhora da Encarnação. Aproximadamente 10.000 católicos, convocados por mais de 60 associações contrárias ao aborto, protestaram no local. A manifestação teve caráter familiar, com forte presença de casais jovens e crianças. Não faltaram brados de "fora assassinos! mafiosos! verdugos! açougueiros!". Os congressistas da morte, que se arvoram em "paladi nos da democracia", se fecharam no hotel, fugindo do povo autêntico que protestava na rua. A ofensiva abortista pode suscitar reações populares de grandes dimensões, e o caso de Sevilha foi só uma amostra. •

Chineses na Itália derrubam produção local

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ezenas de milhares de chineses instalaram-se em Prato (Itáli a) e fizeram des e pre tigioso pólo têxtil um centro de confecções baratas. E mpregados-escravo chinese trabalham sem descanso em 3.200 empresa , faze ndo roupas, sapatos e acessórios ordinários com o rótul o Made in ltaly. Assim, prejud icam o renome dos produtos italianos e arruínam empresas locais. O caráter cultural clássico da cidade vai sendo substituído por um ambiente de Chinatown (bairro chinês). Os italianos desempregados olham magoados o chefões chineses desfilando em seus Porsche ou Mercedes. A ofensiva econômica chinesa é um instrumento poderoso da ditadura marxista de Peq ui m para tentar quebra r o Ocidente. •

ianpiero Dalla Zuanna, professor de demografia na Uni versidade de Pádua, explicou o porquê da difu são dos anticoncepcionais no século XX. Ele provou que no Vêneto, uma das regiões mai católicas da Itália, o silêncio do clero sobre pecados e práticas antinatalistas em confess ionários e púlpitos foi interpretado pelos fiéis como uma aprovação tácita. Assim, a pílula e o aborto foram sendo adotados sem repressão nem advertência, tornando-se natural o seu uso. No Brasil, o Prof. Plínio Corrêa de Oli veira denunciou em 1943 a entrada desse relativismo moral e erro conexos no movimento Ação Católica. Hoje, a intensa di sseminação de anticoncepcionais e práticas abortivas comprova o acerto da denúncia. •

e

Danos mentais causados pela 11vida digital"

inco neurocienti tas americanos passaram um mês numa região sem celulares nem Internet, para investigar como o uso intensivo de artefatos digitais muda o modo de pensar e a co nduta dos ho mens. David Strayer, professor da Universidade de Utah , concluiu que a atenção, a memória e o aprendi zado dos cidadãos modernos ficam afetado . Para Paul Atchley, professor da Univers idade de Kansas, o uso continuado da .. info rm ática inibe o pensa. • • · \ mento profundo, causa ans ie( dade, dependência e prejud ica a saúde. O prof. Art Kramer, da Universidade de Illinois notou que no isolamento o grupo ficou muito mais refletido, tranqüilo e voltado para a realidade. •

Um país que caminha para o desaparecimento?

A

Bélgica ruma para a perda da unidade política, por causa das desavenças entre grupos étnicos. Há três anos o país ficou sem governo, e o campeonato de fl.1tebo l amador já foi dividido em duas ligas étnicas. Os valões querem formar um país à parte. Há francófonos que postulam uma confederação como a da Suíça, outros pregam a anexação à França. O Partido Socialista francófono prega "o fim da Bélgica". Fala-se em ex-Belgislávia, em alu são ao desfazimento da ex-Iugoslávia. A monarquia, pólo de união do país, é desre peitada pelos partidos. A instituição da família, alma do tecido social, é desagregada pela Revolução Cultural, uma fórm ula sinistramente eficaz para a eliminação do país. Por essa via, a Bélgica seria substituída por micro-unidades dependentes da todo-poderosa e totalitária União Européia. •

CATOLICISMO

Alemães desejam São Nicolau de volta no Natal uitos alemães querem o retorno às festas natalinas do verdadeiro São Nicolau , e não a versão caricata do Papai Noel. Grupos católicos alemães propõem criar cidades e locais livres do personagem midiático Papai Noel e restaurar a verdadeira e admirável figura de São Nicolau. A Bonifatiuswerk, organização assistencial católica, tem o apoio de várias celebridades na campanha para restaurar o Natal católico. A cidade de Fluorn-Winzeln, no sul do país, declarou-se ''zona livre de Papai Noel". Nas salas de aulas, professores ensinam às crianças o autêntico significado do Natal e contam a verdadeira história de São Nicolau, bispo de Mira, atual Turquia, no século IV: o santo dos presentes e milagres maravilhosos para crianças e adultos.

M

Museus sobre o horror soviético são reprimidos

E

m Tomsk, na Sibéria (3.000 km a leste de Moscou), remexendo-se a terra surgem lembranças sini stras: um pedaço de roupa, um fragmento de osso, uma caveira furada por bala - tudo fala de massacres horríveis nos tempos comunistas. Historiadores locais querem recolher as provas dessas chacinas e perpetuar-lhes a lembrança. Em toda a Rússia há muitos arquivos documentando à sac iedade assassinatos, perseguições e torturas ideológicas cometidos pelas autoridades soviéticas e m aras à utopia socialista. Mas isso contradiz a ori entação do todo-poderoso premiê Vladimir Putin e de seus colegas da ex-KGB: eles glorificam os "triunfos soviéticos" e querem apagar a lembrança dos horrores desse sistema. •

Tradição, requinte e perfeição: segredo do sucesso

G

uerras e crises econômicas não abalaram a tradicional casa suíça de relógios de luxo Patek Philippe. Fundada em 1839, ela permaneceu estritamente fami liar, recusando a ciranda da globalização. Hoje não consegue atender a todo os clientes, mas não pretende mudar. Produz 42 mil relógios por ano, que requerem cada um nove meses de trabalho, em média. O preços são dos mais altos, mas não e pantarn os compradores, que querem um objeto capaz de passar de pai para filho, como símbolo da continuidade familiar. No Brasil, todos os exemplares oferecidos são vendidos. É um fruto da tradição, do requinte e da perfeição, desenvolvi dos na Europa sob o bafejo da civi lização cristã. •

Técnicos, mestres e intelectuais fog em da Venezuela

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Venezuela está perdendo seus cérebros e profissionais qualificados. Intelectuais, técnicos e especiali stas fogem das trevas e da miséria sociali sta "bolivariana", abandonando o país sufocado pela prepotência chavista e pauperizado pela falta de emprego e projetos. Calcul a-se que meio milhão de venezuelanos qualificado fazem parte dessa diáspora num país que já foi um dos mais ricos do hemisfério. Sem mestres, admini stradores e técnicos, a economia se desorganiza e teme-se um blecaute da atividade produtiva. C uba precedeu a Venezuela, que já enfrenta a fome e a miséria. O socialismo "boJi variano" do século XXI não passa de um decalque do que vigora na infeliz Cuba. •

Feiras natalinas ... que falam do Natal! uz de vela, utensílios de madeira: nas feiras de Natal da Alemanha tudo evoca a gruta de Belém, a luz da graça, o cântico dos anjos, a alegria dos pastores, a adoração dos Reis do Oriente. A cidade de Dresden erige uma "pirâmide" de Natal de 14 metros de altura, que não é outra coisa senão um bolo de frutas típico ( Christstollen) , pesando quatro toneladas. A mais antiga feira, porém, é a de Nuremberg. A de Colônia, muito famosa, na realidade é recente , datando de ... 1820. Colônia organiza seis feiras natalinas, uma delas ao lado de sua bela catedral gótica, a maior da Alemanha. Em Augsburgo a especialidade é o pão de mel, e o imenso pinheiro de Natal torna-se pequenino ao lado das torres da igreja, que medem 150 metros de altura.

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O que faltou dizer sobre as eleições brasileiras P ronunciamento de Bento XVI poderia ter mudado o resultado das eleições. A fraqueza da oposição e a divisão na CNBB. A maioria dos eleitores não votou em Dilma Rousseff, e o voto contra-Dilma é o mais consistente. n

PuN10 V 10 1GAL XAv1ER DA S1LvE1RA

O

s resultados da última eleição brasileira foram analisados em letras, números e gráficos por jornalistas, comentaristas, editorialistas, cientistas políticos e outros. Os vários aspectos do pleito foram virados e revirados de modo a formar por vezes uma unidade orgânica, outras vezes um aranzel inextricável.

CATOLICISMO

Entretanto alguns fatores, se não estiveram inteiramente ausentes dos comentários, ficaram ao menos na sombra. E como tais fatores são decisivos para se compreender o resultado das eleições, é necessário pô-los em realce, sob pena de vermos de modo estrábico o que de fato ocorreu naqueles dias atribulados da campanha eleitoral, como também o seu desfecho. Para tal, alguns pressupostos são indispensáveis. Contamos com o interesse e a benevolência do leitor para nos acompa-

nhar nesse caminhar nece sário, que chega por fim a conclusões esclarecedoras. A poderosa l11lluê110Ja católica 1,as mentalidades Dentro da e cola de pensamento que nos foi legada por P linio Corrêa de Oliveira, cumpre primeiramente conhecer bem o terreno que vamos trilhar, para não acontecer que venhamos a pisar em falso. O terreno, no caso, é a opinião pública brasileira. A mídia e os institutos de pesquisa

timbram de modo geral em pôr ao alcance de seus leitores dados que mostram a decadência da prática e sentimento católicos na população. Estatísticas que apontavam o Brasil com mais de 90% de católicos, na década de 1950, hoje nos dizem melancolicamente que essa porcentagem caiu a 70%, ou talvez menos. De um lado não há como negar essa realidade, mesmo porque muitos católi cos, não encontrando mais na pregação de sacerdotes aggiornati o pão da verdadeira doutrina tradicional, procuram refúgio, ainda que equivocadamente, em seitas protestantes e outras. Mas de outro lado o resu ltado das pesqui as e conseqüente propaganda midiática, mesmo quando verdadeiro, limita-se à superfície da realidade. Séculos de doutrina e moral católicas influenciaram beneficamente o Brasil, modelando a fundo as mentalidades e os hábitos da população. A tal ponto que mesmo os que se dizem não-católicos ou não-praticantes pensam e agem de fato, em não poucas circunstâncias, como a Santa Igreja lhes ensinou que devem pensar e agir. Também nesse aspecto mais profundo das mentalidades a corrosão revolu-

cionária se faz sentir, e disso não devemos ter ilusões. Mas o processo aqui é mais lento e menos abrangente do que na superfície, de tal modo que coágulos de catolicidade e bom senso permanecem com maior ou menor intensidade nas almas, dependendo do indivíduo, das famílias, da região. Só muito lentamente eles vão se dissolvendo pela ação revolucionária, ao longo dos anos, das décadas, quiçá dos séculos. Rejeição ao aborto: ba11delra de uma Juta mais vasta Nessas circunstâncias, se algumas vozes se levantam - com autenticidade, e por vezes também com autoridade - para defender um ou mais pontos da verdade que estava sendo con-oída, pode produzirse de repente um sobressalto salutar nas almas que estavam sendo trabalhadas pelo adormecimento e pelo olvido. Conforme o caso, tal sobressalto pode reavivar fibras que se diria moitas, ou pelo menos em adiantado estágio de liquefação mórbida. Então o doente adquire laivos de sanidade, o catacego começa a ver nitidamente, e o sonólento pode mudar toda uma situação que parecia inamovível. 1 Muito disto pudemos presenciar du-

rante a última campanha eleitoral. Ante um a certeza de vitória da candidata Dilma Rousseff no primeiro turno, o combate ao crime do aborto foi o catalisador em torno do qual se reuniram as reações mais fortes e mais sadias às pretensões da pelista. Mas não foi só a defesa da vida. Conforme observou com sagacidade e profundidade o filósofo Vladimir Saflate, professor da Universidade de São Paulo (USP), "a candidatura Serra começou a crescer de verdade quando o Serra resolveu flertar com setores conservadores da sociedade brasileira, ou seja os setores mais conservadores da igreja teve votação expressiva no chamado cinturão do agronegócio-e também com a fina flor do pensamento conservador. [. .. ] Mostrou uma coisa que a gente não sabia: existe um pensamento conservador forte no Brasil e esse pensamento tem voto. Pode ser mobilizado por questões relativas à modernização dos costumes. [. ..] Serra destampou uma franja eleitoral que estará presente no debate nos próximos quatro anos. Esse tipo de pauta não vai desaparecer. [. .. } Até porque existe uma tendência mundial de construir um pensamento conservador que tem forte densidade eleitoral. A gente vê isso nos EUA, na Europa e vai ver no Brasil de uma maneira ou de outra. [. .. ] Não foi simplesmente uma questão ligada ao aborto. Foi uma maneira que o pensamento conservador encontrou de pautar a agenda do debate político neste país". 2 Ou seja, o combate ao abo1to foi a bandeira que simbolizou e compendiou uma luta mais vasta contra o "casamento" homossexual, contra a adoção de crianças inocentes por "casais" constituídos de modo anti-natural, contra a eutanásia, contra as invasões de ten-as e de prédios, em defesa da propriedade privada, em favor das liberdades individuais legítimas. Numa palavra, contra o malfadado Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) do governo Lula. Com muita propriedade, afirmou em artigo para a "Folha de S. Paulo" o Príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança: "O tema do aborto despontou com ímpeto chamativo. Mas foi a panóplia de metas radicais do PNDH-3 (Plano NaDEZEMBRO 2010 -


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cional de Direitos Humanos) o que maior apreensão causou em vastos setores da sociedade". 3

favorável do que José Serra ao aborto e às demais medidas do PNDH-3, foi a mais visada pelos anti-abortistas.

Clérigos e leigos se opuseram com valor

A campanha m1êmica de Serra e o pronunciamento da Santa Sé

Esta luta teve figuras proeminentes como D. Aldo Pagoto, Arcebispo da Paraíba, D. Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo de Guarulhos, D. Benedito Beni dos Santos, Bispo de Lorena, sem falar de ainda outros bispos e diversos sacerdotes que fizeram pronunciamentos corajosos e incisivos. Por mais que essas personalidades eclesiásticas tenham tido uma atuação digna de louvor - e elas a tiveram - , por si sós não teriam conseguido mudar o ambiente eleitoral, não fosse uma verdadeira avalanche de oposição que se levantou também entre os leigos. Nesse sentido, é de justiça salientar o papel ímpar do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira em sua denúncia do PNDH-3, desde a primeira hora. Tal oposição brotou do fundo de uma opinião pública contrariada, à qual há muito tempo vinha sendo negado pão e água. Contrariada sim, por não se ver representada em nenhum dos postulantes ao principal posto político da Nação. Essa situação tão inesperada para os partidos políticos, especialmente para o PT, não só levou a decisão eleitoral para o segundo turno, como pôs em grave risco a vitória de Dilma Rousseff. O fato é confessado sem rebuços pelo próprio presidente do PT, José Eduardo Outra, o qual "admitiu ao Estado que o PT temeu uma derrota na primeira semana do segundo turno, quando as pesquisas internas mostravam uma diferença de apenas cinco pontos porcentuais entre Dilma e José Serra". 4 Diante de uma opinião pública em grande parte inconformada com os rumos esquerdistas dos candidatos, tanto Dilma Rousseff quanto José Serra viramse obrigados a revestir-se de aparências de devoção, na tentativa de capitalizar a forte corrente de opinião que eles de nenhum modo representavam. O eleitorado se vingava, pelo fato de não haver nenhum candidato conservador que espelhasse seus sentimentos e inclinações,5 e os candidatos reagiram com uma farsa. Dilma Rousseff, tida como mais

Nesse clima, em que uma virada eleitoral parecia prov ável ou pelo menos francamente possível, aconteceu o inesperado. A campanha de José Serra, em lugar de avançar, recuou , desbotou-se, ficou ainda mais morna, mais anêmica, não aproveitou os temas que o eleitora-

CATOLICISMO

apostolorum em 28 de outubro, as im se expressou o Pontífice (excertos): "Quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juíza moral, mesmo em matérias políticas. [. .. ] Seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural. [. .. ] "Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático - que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana - é atraiçoado nas suas bases (cJ: Evangelium vitce, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida 'não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo' (ibidem, 82). {... ] "Em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um deve,; de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf GS, 75). Neste pontp, política e fé se tocam. [. .. ] f)eus ~vel'encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política' ( Caritas in veritate, 56) ". 7 P'f se esforça por esvazim' a repercussão das palavras do Papa

do lhe oferecia de bandeja. É como se ele estivesse desinteressado de vencer. 6 A essa altura deu-se um fato de grande porte que poderia ter mudado completamente o jogo eleitoral, se aproveitado convenientemente pela oposição. Referimo-nos ao pronun ciamento do Papa Bento XVI, que inequivocamente se aplicava à situação então vivida pela Nação. Falando aos bispos brasileiros da Regional Nordeste 5 (Maranhão), reunidos em Roma em visita ad limina

Houve quem lamentasse o fato de o pronunciamento papal não ter vindo com maior antecedência: "O discurso do Papa Bento 16 só iria fa zer eco se fosse feito duas semanas atrás", comentou na ocasião o mi ssivista Eduardo Ramirez. 8 Pode-se pensar assim. Porém é certo que, mesmo com um prazo exíguo, se a oposição tivesse dado de imediato ampla repercussão e irrestrito apoio ao pronunciamento papal, poderia ter contribuído decisivamente para a reviravolta eleitoral, pois ele condizia com os aspectos mais profundos e mais negados da opinião públi ca nacional. Ao contrário disso, o candidato oposicionista tratou pou-

1 1

co e desbotadamente das palavras de Bento XVI, nem sequer citando-as no último debate te levisivo com Dilma Rousseff. Por que isso? É um mi stério a ser desvendado. O PT entendeu melhor o risco que trazia para sua candidata tal pronunciamento. Não podendo contestá-lo, porque seria um suicídio eleitoral, procurou esvaziá-lo de significado o quanto pôde. Assim, comentou o Presidente Lula: "Eu não vi nenhuma novidade na declaração do Papa. Esse é o comportamento da Igreja Católica desde que ela existe. Isso pode ser falado a qualquer momento, ontem, hoje, amanhã, depois de amanhã. Toda vez que você perguntar ao papa sobre a questão do aborto, ele vai dizer exatamente o que disse ontem". 9 Seguindo o mesmo diapasão, a então candidata Dilma Rousseff disse apenas que a fala do Papa tem de ser respeitada: "Ele tem o direito de se man~f'estar" .10 Não podia dizer menos. Era só o que faltava ela negar ao Papa o direito de se manifestar! Divisão 110 Episcopado sobrn aplicação das palavras de Bento XVI

O mais surpreendente foi que também a CNBB, da qual se deveria esperar que ecoasse fortemente as palavras do Papa, pelo contrário procurou minimalizá- las. Para começar, oficialmente a CNBB "não se pronunciou sobre o assunto". 11 Alguns de seus membro s mais representativos o fizeram . Vejamos o que disseram: 12 O vice-presidente da entidade, D. Luiz Soares Vieira, "afirmou em entrevista à Rádio Vaticano, em Roma, que a Igreja j á está cumprindo a orientação dada pelo papa Bento XVI: 'A igreja não tem posição partidária e o papa não está dizendo que se deve votar em um ou em outro candidato', observou D. Luiz Vieira, acrescentando que, 'como os dois candidatos (Dilma Rousseff e José Serra) têm praticamente a mesma posição diante do aborto, é complicado fa zer a escolha'" . Para o bispo de Limeira, D. Vilson Dias de Oliveira, porta-voz do Regional Sul 1 da CNBB, "não se trata de fa zer uma cruzada na véspera e no dia das eleições, porque não é disso que o papa está falando. Estamos seguindo a orien-

tação do papa, porque já vínhamos trabalhando na conscientização dos eleitores, sem apontar nomes de partidos ou de candidatos". O bi spo de fales , D. Demétrio Valentini, di sse que "se deve evitar a tentação de achar que o papa está interferindo na política brasileira. O bom da democracia é cada um poder votar de acordo com a sua consciência ". Ou seja, para esses representantes da CNBB, a orientação do Papa não trazia nada de novo e não deveria influir nas eleições. Com outras palavras, é a mesma posição do presidente Lula. Uma tão clara condenação do Papa ao aborto, uma defesa tão contundente do dever dos bispos de emitir juízos morais em matérias políticas, uma insistência sobre a necessidade de usar o voto para promover o bem comum - tudo isso parece não significar nada de especial para a CNBB . Não estranha, poi s, ser já considerável o número de bispos que não mais se sentem obrigados a seguir a orientação desse colegiado episcopal em diversas matérias. A divisão na CNBB se afigura irreversível: "Polêmica do aborto fa z

bispos racharem - Seja qual for o resultado no 2° turno, discussão deixará seqüelas na Igreja e poderá ter reflexos na eleição da CNBB ". 13 Alguns pronunciamentos episcopais parecem até um escárnio à inteligência dos brasileiros, como o do Bispo de Caçador (SC), D. Luiz Carlos Eccel, que declarou em nota oficial publicada no site de sua diocese em 29-10-10: "Como Bispo da Igreja Católica, e como cidadão brasileiro, fico f eliz por saber que nosso Presidente tem defendido a vida, e sempre se pronunciou contra o aborto. [.. . ] Nosso país está em pleno desenvolvimento e assim queremos continuar e, depois de 500 anos, nosso povo quer eleger, pela primeira vez, uma mulher que tem compromisso com a vida e provou isso com sua própria vida. {... ] Obrigado Santo Padre por suas sábias palavras! A Dilma é a resposta para as nossas inquietações a respeito da vida ". A maioria do eleitorado não voto11 11a candidata do PT

Outro ponto fundamental , não realçado pela mídia ao comentar o resultado

Dllma Rousseff disse apenas que Q fala do Papa tem de ser respeitada: " Ele ·reito de se manifestar'{

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!RESULTADO DAS ELEIÇÕES FACE AO ELEITORADO TOTAL do segundo turno das eleições, é o fato de que considerável maioria dos eleitores brasileiros não votou em Dilma Rousseff. A imprensa destacou que a candidata petista obteve 55.752.529 votos, equivalentes a 56,05 % dos votos válidos. Correto. Acontece que o eleitorado brasileiro é muito maior do que a soma dos votos válidos. Ele incl ui os brancos, nulos e abstenções. O total do eleitorado brasileiro é de 135.803.094. Isto significa que 80.050.565 dos brasileiros aptos a votar não votaram em Dilma Rousseff. Portanto, não votaram na candidata petista 58,9% dos eleitores, contra 41, 1% que lhe deram seu voto. Ela vai governar um País em q ue uma boa maioria não a sufragou. Veja-se o quadro ao lado, elaborado segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

1

(Dados do Tribuna/Superior Eleitorai em 5/11/2010 -http://divulgacao.tse.gov.br/#)

135.803 .094 (*)

TOTAL DO CORPO ELEITORAL NÃO VOTARAM na Dilma Votaram na Dilma

100,0%

80.050.565 55.752.529

58,9%

41,1%

DETALHANDO: Total dos ele itores bra sileiros

(TSB)

100,0%

135 .804 .433

1,8%

Votos em branco 2. 452. 597 Votos nulos 4.689.428 Abstenção 29.197.152 Vota ram em José Serra 43. 711.388 Total dos que NÃO VOTARAM NA DILMA , - - - -80 - .0-50 - .6-6 6-,I

Votaram na Dilma

3,5% 21,5% 32,2%

66.762.6291

Voto contra-Dil1na foi mais consistente do que o voto pró-Dilma A essa consideração soma-se outra, de não menor importância. A vitória de Dilma se deveu em larga medida ao voto dos que recebem bolsa família. Já o resultado do primeiro turno mostrou essa realidade: "A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, recebeu proporcionalmente mais votos onde a cobertura do Bolsa Família é maior. Dos dez estados com maior índice de beneficiários do programa de transferência de renda, nove deram a Dilma votação suficiente para vencer já no primeiro turno. É o que mostra o cruzamento dos resultados da eleição presidencial, feito pelo GLOBO, com o endereço de quem recebe o Bolsa Família". 14 Como se vê, não se tratou de uma consonância ideológica com o socialismo da candidata do PT, nem com seu programa político, nem com as metas do governo. Prevaleceu simplesmente o interesse pessoal, cuja legitimidade se pode · discutir no caso concreto, mas cuja realidade é inconteste. Ora, a contrário senso, os que votaram contra Dilma Rousseff o fizeram, em larga medida, porque não concordam com seus princípios doutrinários ou morais, não apóiam seu projeto político, não confiam nas suas metas de governo e não desejam uma continuidade da administração Lula. CATOLIC ISM O

Posições reprováveis de professores da PUC e de órgãos da CNBB

(') Nora : o to toldo 7SEreportopt1quenof!frode,oma1 corrigido por nós.

\

Arte

Abel de Oliveira Campos Fº

Portanto, a oposição (do ponto de vista da opinião pública, não dos partidos) que ela terá de enfrentar em seu governo é muito mais consistente do que o apoio; e também mais capaz de mobilização, mais consciente de suas idéias e preferências. Di Ima não poderá ignorar essa circunstância fundamental, sob pena de ver repetido no Brasil o que está ocoffendo com o governo Obama nos Estados Unidos, politicamente rejeitado até mesmo por muitos dos que o elegeram. Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, ajude especialmente nossa Pátria nestes dias borrascosos em que vivemos . • E- mail para o autor: catolicismo@ terra.com br

Notas: 1. Esta análise da opinião pública brasi leira, procuramos hauri -la na escola de pensamento e ação de Plí nio Corrêa de Ol iveira, expli citada em várias de suas obras, particu larmente no genial ensaio Revoluçeio e Contra-Revoluçeio. 2. Entrev ista ao "Jornal Valor", 7-11- 1O. 3. lnsurreiçeio Eleitoral, in "Folha de S. Pau lo", 28-10- 10. 4. "Portal do Estadão", 1º- 11-10

5. Sobre essa sã oposição do eleitorado, de índole religiosa e moral, ver nosso anterior artigo "A opinicio pública na gangorra da derrota ou vitória", in Catolicismo , novembro/10. 6. Segundo "O Estado de S. Paulo" de 1- 11-1 O, "Serra erra ao optar pelo neio-confronto. [... ] José Serra chegou ao final da segunda campanha presidencial[... ] abrindo meio de se apresentar como candidato de oposição. [. .. } Serra falando coisas que o povo neio queria ouvir e neio emendia ". Na mesma data, o "Pmtal G I" (da Globo) noticiou: "Aliados de José Serra afirmaram que a oposiçeio precisa se reorganizar. [. ..} O governador de Seio Paulo, Alberto Goldman (PSDB), afirmou que será preciso 'fazer uma oposição com seriedade' daqui para frente". O jornalista Fernando Rodrigues comenta: "Toneladas de papel e hectolitros de tinta sereia usados para analisar a fragilidade da oposiçeio. Um aspecto preliminar deve ser considerado a reJpeito desse raquitismo: a gênese da anemia" ("Folha de S. Paulo", 30-10-IO). 7 .h ltp://press.catholica. va/news_services/bulletin/ news/2628 J .php?index=2628 l&lang=po 8.http://fratresinunum.com/lO/l0/29/a-reacao-doepiscopado-brasi leiro-ao- di sc urso-do-papabento-xvi/ 9. " Yahoo" , 29-I0- 10. 10. "Portal do Estadão", 28-10-IO. J L "Folha de S. Paulo", 29-10- 10. 12. "O Estado de S. Paulo" , 29-10- 10. 13. "Portal do Estadão", 17-10- 10. 14. "Diário do Pará", 14- 10-10.

A

inda estão presentes os ecos da última eleição presidencial. Esta seção busca pôr em realce os fatos e atitudes que explicam por que Nossa Senhora tem se revelado em lágrimas em várias de suas aparições. Não é, pois, de sua índole fazer análises aprofundadas dos acontecimentos, nem avaliar seus aspectos políticos. Trata-se simplesmente de constatá-los para que sejam reparados pelos católicos, em toda a medida do possível, por meio de orações e sacrifícios e pelas ações que couberem. Se o combate eleitoral acirrado permitiu que viessem à tona atitudes de bispos, sacerdotes e leigos católicos dignas de elogio, de outro lado também revelou chagas profundas que se espraiam nos meios católicos brasi leiros. Citemos apenas duas dessas chagas: • Um grupo de professores na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) apó ia efusivamente a descriminalização do aborto. Eles chegaram a reunir-se em 27 de setembro último, numa sessão solene da APROPUC (Associação dos Professores da PUC), para lançar um livro que defende a liberação do aborto. Como figura-chave dessa manifestação, Maria José Rosado, professora de Ciências da Religião e líder da ma l-nomeada associação Católicas pelo Direito de Decidir. É uma das mais conhecidas propugnadoras no Brasil da despenalização dessa prática criminosa, reiteradamente condenada pela Igreja. Pode Nossa Senhora demonstrar alegria, se numa Universidade Católica lecionam tais profe sores sem que as autoridades religiosas competentes tomem as medidas necessárias para extirpar esse mal? • O Programa Nacional de Direi-

ri, católicas pelo direito de decidir

Uma vida sem violência é

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um direito vital

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• Em Silo Pau!o - Scmimirio • O Aborto em -

1

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tos Humanos (PNDH-3), aprovado por decreto do presidente Lu la da Si lva, contém as mais deploráveis e ameaçadoras propostas para a sociedade brasileira: aborto, "casamento" homossexual e adoção de filhos por eles, atentado ao direito de propriedade, investida contra liberdades individuais, inclusive o gérmen de uma perseguição religiosa. Não espanta, pois, que entidades pró-aborto, juntamente com o famigerado Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e grupos declaradamente homossex uais, se ten ham unido para lançar uma Campanha pela Integralidade e Implementação do PNDH-3. Mas é sumamente lamentável, e causou estupefação, que ten ham aderido a essa campanha três

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órgãos ligados à CNBB: Comissão Justiça e Paz, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Batalham ombro a ombro com aq uelas associações de lésbicas, abortistas, invasores da propriedade etc, com o fim de implementar tão nefando programa. Até o momento em que escrevemos, não chegou ao nosso con hec imento nenh uma providência da direção central da CNBB, apesar de estar sendo alertada para esse escândalo por grande número de fiéis. Como pode Nossa Senhora não chorar? Como surpreender-se, q uando os terríveis acontecimentos por Ela prevlstos em Fátima começarem a desencadear-se? • DEZEM BRO 20 10 -


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BRASIL TRADICIONAL

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Revivescência católica em São Paulo no século XIX S eguindo diretrizes do bem-aventurado Pio IX, D. Antonio Joaquim de MeJo iniciou grandiosa obra de educação cristã da juventude paulista, a qual perdurou por mais de um século 11 SÉ RGIO BÉRTOLI

- Tá, Pá Titá. Inocente, a orfa nzinha de quatro anos, com linguagem ainda bastante atrapalhada, aproxi ma-se do novo bi spo e lhe oferece um alfinete, com a ponta voltada para ele. O que queri am di zer aquelas palavras? - Tom.e, padre Vital. Impressionado, o sacerdote volta-se para M adre Teodora de Voiro n e di z: - Sabe, minha Madre, que muitas vezes Deus se serve dos inocentes para nos manifestar seus desígnios ? Pouco te mpo ante , após a bênção vespertina do Santíssimo Sacramento, o· religioso permanecera por longo tempo prostrado aos pés do altar. Quando saía dali , Madre Teodora noto u-lhe o congestionamento do rosto coberto de lág rimas . Perguntou-lhe sobre sua saúde, e porresposta tomou conhecimento da revelação que ele acabara de ter sobre os terríveis sofrimentos que o aguardavam, e que o havi am aterrado. Madre Teodora pôde

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testemunhar depois os tormentos que lhe foram infligidos . O re li g ioso e ra o j o ve m fr a d e capuchinho e futu ro arcebi spo de Olinda e Recife, o grande D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira. Pre ente em Itu , ele orientava e atendi a as irmã de São José de Chambéry, do Colégio do Patrocíni o dessa cidade paul ista. Poucos anos ante elas tinham iniciado a grande obra de educação das moças da eli te pau li ta. Não só da elite, mas também de orfa nzinhas entre as qu ais estava a do epi sódio do alfinete.

Abaixo, D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira, frade capuchinho e futuro arcebispo de Olinda e Recife. Presente em ltu, ele orientava e atendia as irmãs de São José de Chambéry.

D. Antonio Joaquim de Melo (acima) - o sétimo bispo de São Paulo, antiliberal, era obediente e fiel seguidor de Pio IX

Sebas tião Pinto do Rego (futuro bispo), Cônego Ildefonso Xavier Ferreira, Padre Manoel Joaquim do Amaral Gurgel, e na vang uarda destes o Padre Diogo Feij ó. Queriam eles a "modernização" e a emancipação da Igreja Católica no Brasil e m relação à orientação doutrinária de Roma. Parte desse clero, denomin ado "pombalino", estava engajada numa atividade política revo lucionári a e ocupava cargos como, por exemplo, de deputado provincial, diretor de fac uldade e presidente da Província de São Paulo. Foran1 esses padres " modernistas" que se opuseram à obra reformadora do clero e da educação levada a cabo pelo valoroso D. Antonio Joaquim de Melo - o sétimo bispo de São Paulo, mas o primeiro nascido no Brasil - que ocupou a Sé paulista entre 1851 e 1861. Anti-liberal, com verdadeira vocação de pastor, era obediente e fiel seguidor de Pio IX. Projetava para sua diocese o início de uma obra monumental que perduraria por mais de um século: a educação cristã da juventude, e como conseqüência a da sociedade. Seu grande projeto orientava decididamente a atividade pastoral no

sentido contrári o à tendência do "clero pombalino" . ·

Primazia na fol'mação da juventude D. Antonio decidira-se pela vida religiosa aos 19 anos, e e m 1814 fo i ordenado sacerdote. Tornou-se bi spo de São Paulo em 1851, aos 60 anos de idade, por indicação de D . Pedro II. Seguindo as metas universais do bem-aventurado Pio IX, atraiu para São Paulo os padres capuchinhos. As irmãs de São José de Charnbéry, da Sabóia (França), fora m co nvid adas para fund ar o Col égio do Patrocínio em Itu. A liderança das irmãs fi cou a carg o de uma alm a de escol, Madre Maria Teodora de Voiro n (hoje Venerável) , fundadora da Província Brasileira das irmãs de São José. Apesar da decadência da sociedade daquela época no plano político e nos costumes, os patriarcas da elite pauli sta desejavam ainda uma boa fo rmação moral para suas filhas, e aquelas religiosas vieram ao encontro dessas aspirações . Surgiram então os fa mosos inte rnatos, em especial para moças. Ali se aprendi -

Providencial retonw cio capuchinho ao Brasil Frei Vital havi a recebido o hábi to de São Francisco no co nvento dos ca puchinhos em Versalhes, na França. De saúde muito frágil , que se ressentira com os ri gores do clima europeu, seus superi ores envi ara m-no de volta à Terra de Santa C ru z, seu querido B ras il. As irm ãs do Colégio do Patrocíni o de ltu haviam perdido pouco antes seu capelão, Pe. Goud . Madre Teodora, movida por zelo apostólico, afli gia-se com a falta dos socorros espiri tuais, tão necessári os à comunidade reli giosa e às alunas do Co légio do Patrocínio. Alma com profunda vida interi or, ela sabi a que, sem a graça de Deus, todo trabalho de fo rmação e apostolado seria em vão . As fre iras recebiam ass istência espiritual dos capuchinhos de São Paulo. De 15 em 15 dias, um deles chegava àquele local depois de viajar por 12 horas a fio, ora du rante a noite iluminada pelo luar, ora sob o aguaceiro de tormentosas tempestades . O reli gioso passava o di a aten-

dendo confi ssões, aconselhando, d istri buindo a Sagrada E ucari stia, para no fi nal da tarde voltar a São Paulo no do rso de um ani mal, onde continuava sua tarefa de educação. Desta forma, o gra nde defensor da fé esteve prov idencialmente prese nte na ori gem desta magnífi ca obra - o Colégio do Patrocíni o de ltu.

Recristianização da sociedade contra o catolicismo liberal Fo ram apenas F re i Vita l e Madre Teodora de Voiron os autores dessa grande obra? Não. A história contada nos banco esco lare freqü entemente omite no mes de valorosas fi guras. Propos itadamente? O te mpo - ou talvez só no Juízo Universal - no-lo dirá. Como se chamavam esses heróis anô ni mos que escreveram mag nífi cos ep isód ios do B ras il real e autêntico, e que tantos frutos benéfi cos

deixaram para a fo rmação de numerosas almas de escol neste nosso querido e sofrid a Pátria? A autêntica obra educativa católica no País está di retamente ligada ao surto da reação contra- revolucionária do bem-aventu rado Papa Pio IX . Antes de le, o iluminismo, o enciclopedismo e a Revolução Fra ncesa disse minaram o anticlericalismo e o ódio contra a Santa Igreja, tomando proporções nunca vistas. Pio IX discerniu a necessidade de um novo programa universal de recristianização da sociedade, proclamando dogmas, reafirmando verdades eternas. Infeli zmente o clero brasileiro estava imbu ído da influência nefasta do M arqu ê s d e Pom bal e da sua polí tica anticatólica. Os progressistas da época, artífices no Brasil da política do catolicismo liberal, eram padres co mo Joaquim M anoel Gonçalves de A nd rade,

O Padre Diogo Feijó (à dir.) influenciado pelas idéias do Marquês de Pombal, como boa parte do clero brasileiro, defendia uma reforma "progressista" na Igreja na época

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DESTA UE

Martírios no Iraque, falso ecumenismo na França

am línguas, cultura clássica, boas maneiras e todas as virtudes e atividades próprias ao sexo feminino, com base nos princípios e ensinamentos da Igreja. O "movimento feminista", a respeito do qual poderemos tratar em momento apropriado, mal começava a colocar a cabeça de fora.

"Banho de ecum.enismo" sincretista na França. No Oc:idente, esse banho é mais perigoso que o banho de sangue católico que está sendo perpetrado no Oriente.

Iraq's dwindling Christian population faces bleak future C hull"i\l,t!X'O: lll\' ík..'('ill.).! IIK' l'(ll.llllry h1Unl\'l~

as lslm11lc cxtn.~11is1s SICllll]l lk~Kil )' OII Ol:ks

[111 MARCELO DUFAUR

Alunas do Colégio Nossa S nhora do Patrocínio, fundado em 18 ~ em ltu, que se tornou o inicio de um processo de irradiac;ão de escolas particu-

lares católicas por todo o estado de São Paulo

Madre Maria Teodora de Voiron (hoje Vene rável), fundadora da Província Brasileira das irmãs de São José

O Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, fundado em 1859 em ltu, tornouse o início de um processo de irradiação de escolas particulares católicas por todo o estado de São Paulo. De tal forma que em 1959 contavam-se 139 dessas escolas espalhadas pelas mais importantes cidades paulistas. Desde o início de nossa história o genuíno ensino católico predominou, graças à ação das ordens religiosas. Mas a partir de 1960, especialmente com a difusão mais intensa do chamado progressismo, infelizmente o magistério católico enveredou por outros rumos. • E-mail para .o autor: catolicismo@ terra.com,br· Obras consultadas: - Ol ivia Sebastiana Silva Uma Alma. ele Fé, Madre Maria. Teodora Voiron, 5" Edição, Ave Maria Ltda., São Paulo, 1985. - Ivan A. Manoel Igreja e edu cação feminina. ( 1859-1919). Uma face do conservadorismo, - Editora da Universidade Estadua l Paulista, São Pau lo 1996.

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Esquerda e abaixo: Igreja do Patrocínio nos dias de hoje e representac;ão de como era no início. Nela está sepultada Madre Teodora.

uando os seguidores do Alcorão invadiram a igreja católica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Bagdá, o jovem Pe. Athir, que dirigia as orações naquele d finados, percebeu que a tragédia tinha começado. E disse aos maometanos: - Matai-me a mim, mas deixai os fiéis em paz. - Converte-te ao Islã, porque de qualquer forma irás morrer - bradaram os islamitas. E logo alvejaram a cabeça do sacerdote católico. Junto com ele foram martirizados outro jovem sacerdote, Pe. Wasim Sabih, de 27 anos, e quase 50 fiéis. Entre as vítimas havia oito mulheres e dez crianças. Esses mártires fazem parte da já extensa lista dos mortos pelos maometanos no Iraque. Outros 60 ficaram feridos, alguns gravemente. Os agressores muçulmanos, quando cercados pela polícia iraquiana, seqüestraram os fiéis, tentando utilizar as crianças como escudo humano. Alguns explodiram coletes com os explosivos que levavam. Eram seguidores do Islã, ao que parece ligados à Al-Qaeda, que desejam banir os cristãos do país. A missa de réquiem foi rezada na igreja de São José, abarrotada de fiéis emocionados pelo heroísmo dos mártires. No sermão, o arcebispo de Bagdá exclamou: "Não temos medo da morte nem das ameaças. Somos filhos deste país e aqui permaneceremos". Os criminosos ataques não cessaram com este episódio. Alguns dias depois, em 10 de novembro, mais três cristãos foram mortos e 26 saíram feridos numa onda de atentados, que incluiu disparos de morteiro e detonação de bombas caseiras diante das moradias das vítimas.

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Bispo denuncia: Alcorão manda matar O ódio contra o cristianismo, instigado pelo Alcorão, havia sido denunciado poucos dias antes nas mais altas esferas do Vaticano. O bispo de Biblos (Líbano), Mons. Rabula Antoine Beyluni, no sínodo especial para o Oriente Médio presidido por Bento XVI, alertou: "O Alcorão dá aos muçulmanos o direito de julgar os cristãos e matá-los com a Jihad" .

D. Beyluni apontou a extrema dificuldade de qualquer "diálogo" com o Islã, posto que o Alcorão manda "impora religião pelaforça, com a espada". Queixou-se do ecumenismo pacifista, dizendo: "Nesse 'diálogo ', para ganhar simpatias, clérigos adicionam DEZEMBRO 2010 -


Les fideles caillassés pendant la mess.e :. . : a fa mosa oração maometana muitas vezes repetida (paz e bênçãos de Deus estej am sobre ele)". O diári o romano "ll Messaggero" afirma que Dom Beyluni abandonou o f air play da Cúria romana e descreveu as coisas como elas são; e mostrou que "há versos contraditórios, e o que é rejeitado em alg uns versos é permitido em outros, para que o muçulmano possa usar um ou outro a seu f avor".

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Na França: ataques e pl'ofa11ações No mes mo dia de finados, um magote de adolescentes islâmicos invadiu a igrej a de Saint-Jacques du Vi guier, na hi stórica cidade de Carcassonne (França). Seguindo o esquema da int(fada, apedrej aram o sacerdote e os fi éis, danificaram uma venerada imagem de Nossa Senhora, e logo fugiram . O fato chocou e provocou re vo lta no país. Percebendo essa cólera do povo, o mini stro do Interior da ag nóstica República Francesa, Brice Hortefeux, enviou mensagem de solidariedade aos fiéis agredidos, apontando para a necessidade de punições. A profanação fo i vivamente censurada pelos habitantes da região, inclusive na Internet. Mas a maior surpresa foi a atinide do bispo da diocese, Mons. Alain Planet. Em comunicado oficial, ele censurou não os islâmico , mas sim os fiéis, e minimizou o ato dos profanadores ... Defendeu o indefensável: " O desencadeamento do ódio anti-islamita, que se seguiu à ocorrência de Carcassonne, é muito mais of ensivo ao cristianismo e ao próprio Cristo do que a tolice de algumas crianças mal-intencionadas ". Poucos dias depois, na igreja de Saint-Jean (diocese de Avignon), o pároco Pe. Gabriel, em de espero de causa, convocou a imprensa para denunciar que há meses a paróquia é alvo de pichações injuriosas e obscenas, lançamento de excrementos e tentativas de incêndio. Denunciou o esquema de guerra religiosa empregado em Carcassonne: grupelhos de adolescentes agridem o templo e os fiéis, no estilo intifada. Um dos agressores entrou na igreja em plena missa, satisfazendo suas necessidades na entrada do edifício, e bradou: "¾mws assar todos vocês e sua igreja! ". O arcebispado recusou-se a denunciar esses atentados à prefe itura e pedir medidas de proteção ... A políc ia disse deplorar o silêncio do arcebi spado, que está mantendo escandaloso di á logo com os chefes mao metanos locais. Para os fi é is esclarecidos, essas provocações não são mais do que a ponta de iceberg de uma ofensiva religiosa.

Hel'oísmo católico X capitulação vel'go11hosa Assim , face à ofensiva islâmica no Iraque e na França, duas ati tudes vão se delineando: a do heroísmo até o martírio, adotada pelos sacerdotes Athir e W asim em Bagdá; e, num sentido di ametralmente oposto, a atitude vergonhosa adotada pelos prelados de Carcassonne e Avignon. Nos locai onde os pastores enfre ntam heroicamente a heresia e seus sequazes, historicamente a Igreja saiu vencedora no fi nal. Não se limita essa constatação ao exemplo admirável dos mártires dos prime iros sécul os de cristi anismo, mas se estende a toda a hi stória da Igreja em vinte séculos . Exemplos de resistência heróica - como o do mártir Santo Eulógio, bispo de Córdoba, de D. Afonso Henriques, rei de Portugal, e de Cid Campeador - reverteram a situação por meio de verda-

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deira cruzada, como se deu na pensínsula ibérica. Pelo contrário, onde prevaleceu a política de concessões e desarmame nto moral diante do inimigo, o resul tado sempre fo i a opressão crescente da Igrej a, e até sua exti nção e m certos países. O mau exemplo de bispos "di alogantes" e "ecumênicos" - como o de Dom Opas durante a invasão moura da penínsul a ibérica - é tipicamente o que não traz progressos na conversão dos infiéis e vitória da Igreja. • E-mai l pa ra o autor: ca1oli cis111o@terra.com.br


Para esta eCÍição de Nata{, esco(fiemos dentre CÍiversas co'!ferências do Pref. PNnio Corrêa de OHveira uma muito eg'ecia{, yreferida em 23-12-1988. Nefa o orador desenvo(ve a temática nataNna sob um ªJ'ectoyouco abordado: as manifestações de admiração e efeto da Santíssima Virgem, contemy(ando o Menino Jesus na yobre gruta de Befém, ao mesmo Wr!)JO queyrocurava vis(umbrar como seria a vida de seu Divino Fi(fio e a História da Humanidade em junção d'E(e. EryNcita ainda as características que deve ter um sinceroyeáido deyerdão, como também asyreces e os agradecimentos a serem qpresentados yefos catóHcos junto ao Presefpio na abençoada noite de Nata( O textojoi extraído de gravação emjita magnética, sem revisão do autor. Ayenasjizemosyequenas adqptações, trang'ondo a Hnguagem ja(ada yara a escrita e acrescentando os entretítu(os. A Direção de Catolicismo

PLINIO CORRÊA DE ÜLIVEIRA

época de Natal, é natural que nossas atenções estejam voltadas para a festa do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa foi a ocasião em que, no grau mais elevado, se manifestou o afeto de uma criatura para com Deus, seu Criador - o afeto d'aquela Mãe Celeste para com seu Filho único e incomparável. Como Nossa Senhora é o modelo por excelência de humildade, pode-se dizer que Ela não se aproximou do Divino Salvador sem antes ter manifestado todo o respeito e toda a admiração que Ele merece. Enquanto criatura e obra-prima da Criação, Ela não poderia deixar de se colocar nessa posição humilde diante do Salvador. Estando tão infinitamente abaixo do Criador, embora seja a mais alta das criaturas, Ela se dirige a Nosso Senhor como se fosse a última das criaturas. Imaginemos uma pessoa que pense estar mais próxima do Sol, por ser 10 centímetros mais alta que o comum dos homens. Não há seriedade nisso, pois 10 centímetros não são nada em relação à distância da Terra ao Sol. Sendo Deus infinito, até mesmo a distância tão grande que separa Nossa Senhora de nós é pequena diante da

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que a separa de Deus. De maneira que é compreensível a série de atos de humildade que Ela manifestou na presença do Divino Menino.

Humildade não voltada para si, mas teocêntrica A manifestação d'Ela não foi de uma humildade egocêntrica, mas teocêntrica. Mais do que ter em vista sua condição limitada de criatura, Ela levou em consideração a grandeza infinita de Deus. Por isso, na gruta de Belém seus afetos começam por atos de admiração, manifestando tudo quanto Ela admirava em seu Divino Filho enquanto Homem-Deus. Nisso há uma ordenação lógica. Quando amamos muito alguém, devemos começar por admirá-lo. Não como se admira um bonequinho, por exemplo, o que seria sentimentalismo, mas uma admiração que é fundamento do amor. Ela amou aquele recém-nascido, sabendo-o o mais admirável entre todas as criaturas, hipostaticamente unido à Santíssima Trindade. Por revelação divina, Maria Santíssima sabia que o Filho gerado n'Ela era o Filho de Deus. Tão frágil e pequenino, entretanto Ele era Deus na sua infinita grandeza, na sua admirabilidade incomensurável. O primeiro pensamento d'Ela esteve voltado para o Ser Divino no que este tem de mais grandioso; em segundo lugar, seu pensamento voltou-se para o Menino. Entra então o afeto de Mãe, contemplando no olhar d'Ele o sol de Deus que aí se faz refletir. Nossa Senhora analisa o corpinho d'Ele, toca em seus braços e os sente frios. Manifesta-se assim a ternura da mãe. Alguém poderia objetar que nesse momento a admiração desapareceu, manifestando Ela somente o afeto. Não é verdade, porque na hora em que a admiração morresse, o afeto desapareceria, da mesma fo rma que se extinguiria a admiração no momento em que morresse o afeto.

Admiração e al'eto da mãe por seu nlllo Quando a mãe comum dá à luz um filho, nasce ele tão engraçadinho que a genitora se enternece. No subconsciente da mãe verdadeiramente católica, passa-se o seguinte: Este recém-nascido é como um projeto de anjo. Quanta grandeza há em uma criatura humana ser chamada a uma longa vida, com seus graves deveres para com Deus; a ser um bom filho da Igreja Católica; a dominar suas paixões; a santificar-se e ir para o Céu por toda a eternidade. Que coisa extraordinária! Fico enternecida, vendo como tão grande chamado está contido neste pequenino que acaba de nascer! Nesta consideração entra uma ternura muito grande, mas também grande admiração: Que mistério admirável, pelo qual eu, criatura humana, gerei outra criatura humana! Ela formou-se em meu seio, nasceu de mim, é alimentada por mim; eu a liberei para a vida, e está aqui tão pequenina. Mas para ela existir, realizou-se um imenso mistério!

Mistérios da infusão da alma por Deus Quanto à Santíssima Mãe de Deus, de um lado podemos considerar o mistério belíssimo, incompreensível pela ciência; mas de outro lado podemos pensar na hora em que Deus, debruçando-se sobre aquele embrião, sopra nele uma alma, dando-lhe algo que a mãe não gerou, que não procede do ato nupcial, mas do Criador. Que coisa magnífica! Na ternura de uma mãe verdadeira e bem orientada para com seu filho, aparece toda essa série de mi stérios que se formaram nela. O nascimento de outra criatura que é carne de sua carne e sangue de seu sangue, um "outro eu mesmo", um outro ser sobre o qual Deus insuflou uma alma imortal. Ou seja, a obra de Deus somou-se à obra da mãe, para algo tão imensamente maior. Essa vinculação da alma abre os horizontes para aquela criança. Horizontes de luta, abnegação, alegria, vitória. Mas também horizontes de tristeza, abatimento, desfalecimento, em que se tem que pedir graças a Deus para suportá-los. Revela-se nisso outro aspecto do nascimento de uma simples criança. Para a

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Igreja, a vida de toda criatura é comparável à de um herói que se prepara com exercícios para a luta, a fim de capacitar-se para enfrentar e combater, de um herói que pega as armas e o escudo para entrar na arena da vida. Ela se encontra no início de uma imensa batalha, e assim a mãe poderia dizer a um filho: Batalhador, eu te admiro, porque és combatente do bom combate! Teu dever é este. Uma vez que recebas o batismo, a graça te chamará e começará uma vida sobrenatural em ti, mais ou menos como uma vela na qual alguém ateia fogo. Quanto irá tua alma iluminar? Que bemfarás? Que glória darás a Deus?

Convívio com Nosso Senhor na sagrada casa de Nazaré O Pe. Manoel Bernardes, escrevendo sobre Nossa Senhora como Mãe de Deus Encarnado, fez um jogo de palavras, dizendo que sobre a cruz de seus braços Ela deitará esse Menino, para que durma tranqüilamente até o momento de dormir nos braços de uma Cruz. São dois extremos, e a comparação é muito bela e tocante, Neste Natal, quando formos reverenciar Nosso Senhor no presépio, podemos meditar nisso, refletir na história pessoal d'Ele: Nos 30 anos que passou recolhido na casa de Nossa Senhora; na assistência d'Ele e d'Ela por ocasião da morte de São José; na elevação das conversas, das trocas de pensamentos que mantinham quando estavam sozinhos; nas refeições muito sóbrias, mas prazerosas; na enorme felicidade de estarem juntos, se olharem e se quererem bem. Meditar na sagrada casa de Nazaré, imaginar Nossa Senhora pensando no que deveria acontecer: Que em determinado momento os anjos haveriam de trasladar a casa santa e levá-la pelos ares, para não cair nas mãos dos maometanos; que seria colocada numa cidade chamada Loreto, na Itál ia; que um número incontável de · peregrinos, provavelmente até o fim do mundo, iria venerar ali as paredes santas onde ecoaram as conversas da Sagrada Famíli a e os risos cândidos e cristalinos do Menino Jesus; que nessa casa se teria ouvido a voz grave, paterna e afetuosa de São José, e a própria voz de Nossa Senhora, modelada quase ao infinito, exprimindo adoração e veneração em todos os seus graus, em todas as modalidades. Em tudo isso Ela pensava.

Reflexões sobre a vida públlca do Divino Redentor A Santíssima Virgem pensava nos lances da vida pública de seu Divino Filho, nos milagres que Ele operaria, nas almas que atrairia. Pensava em como tudo isto desfecharia, a partir do momento em que começaria a ser recusado pelo judeus, esquecido por seus próprios Apóstolos devido à sua moleza, e ainda na traição de Judas. Depois Ela cogitava em Pentecostes, na dilatação da Igreja por toda a bacia do Mediterrâneo e pelos lugares misteriosos onde andariam os Apóstolos, enchendo a Terra com sua presença. Meditava na libertação da Igreja pelo imperador Constantino; na Igreja que brilharia em todo o mundo; na invasão e civilização dos bárbaros; e depois em São Bento, que em Subiaco se tornaria o patriarca do Ocidente e implantaria nova vida espiritual , da qual nasceria a Idade Média. Ela terá lamentado que no final do período medieval , numa contestação à obra de São Bento, um pecado imenso se cometeria e teria início a Revolução, cujas ondas subiriam como injúrias atrozes: O Renascimento, o humanismo e o protestantismo, aos quais se seguiriam a Revolução Francesa, o comunismo e a revolução anarquista - enigmática, difícil de definir em seus verdadeiros contornos, infame em tudo quanto dela já sabemo . Em tudo isso Nossa Senhora refletiria. Mas também se regozijaria em que, por um desígnio d'Ela, sobre esse mar de lama começaria a boiar em certo momento uma pétala de rosa, atraindo os seus filhos fiéis para lutar por Ela em nosso século.

Um exame de consciência e uma prece Junto ao presépio Aos pés do presépio, cada um pode voltar-se para analisar ua história individual: Como caminhou a graça de Deus em sua alma; os altos e baixos, as correspondên-

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cias e as recusas à graça; os movimentos do orgulho e da sensualidade; a vitória, por vezes a derrota, mas de novo a vitória e a misericórdia de Deus. Nossa Senhora sabia que alguns cairiam ao longo do caminho; aguardaria aprece dos que permaneceram pelos que caíram; e de vez em quando conseguiria reerguer algum filho para que voltasse ao bom caminho. Isto se passaria através de obscuridades que não conhecemos, até o momento da sua intervenção final e implantação do Reino de Maria, que Ela revelou em Fátima em 1917. Devemos considerar tudo isso quando estivermos aos pés do presépio, e dizer: Menino Jesus, sois a pedra de divisão, a pedra de escândalo que divide a História ao meio. Tudo que está convosco é a Contra-Revolução, tudo que está contra Vós é a Revolução.* Podemos elevar uma prece enquanto veneramos o presépio: Aqui está um filho, Senhor Jesus Cristo, trazido pela graça que vossa celeste Mãe, por suas preces, obteve de Vós. Aqui está um filho ajoelhado diante de Vós, antes de tudo para vos agradecer, mas desde já pronto a batalhar por Vós na Contra-Revolução, confiante na vossa Graça.

Agradecimentos ao Redentor que nasceu e morreu por nós Não podemos esquecer os incontáveis agradecimentos que devemos a Deus, e dizer: Agradeço-vos, ó Jesus, a vida que destes a meu corpo no momento em que insuflastes minha alma. Agradeço o plano eterno que tínheis a respeito de mim - um plano determinado e individual que, pelos vossos desígnios, deveria eu ocupar lugar no enorme mosaico de criaturas humanas que devem subir ao Céu. Agradeço-vos por terdes apresentado uma luta em meu cami nho, para que eu pudesse tornar-me herói. Agradeço-vos a força que me concedestes para resistir, combater e rezar - a Dios orando y con el maza dando (a Deus rezando, e golpeando com o cajado), como dizia Santo Antonio Maria Claret. Agradeço-vos tudo isso, e também todos os anos de minha vida que já se foram e se tenham passado na vossa graça. Agradeço-vos os anos que não se passaram em vossa graça, pois Vós os encerrastes em determinado momento com vossa graça, abandonando eu o caminho do pecado para entrar de novo na vossa amizade. Agradeço-vos, Divino Infante, a hora em que vos procurei. Agradeço-vos tudo o que fiz de árduo para combater meus defeitos. Agradeço-vos por não vos terdes impacientado comigo e por me terdes concedido tempo para corrigi-los até a hora da morte. E se uma prece vos posso dirigir nesta noite de Natal, Senhor Jesus, é a que se encontra em um salmo: "Não me chameis na metade dos meus dias" (Salmo 101). Transformando-a um pouco, não quero saber quantos serão os meus dias, que talvez já tenham tido uma duração exorbitante, mas altero-a suplicando: "Não me tireis os dias na metade da minha obra". Peço-vos que me ajudeis, para que meus olhos não se fechem pela morte, meus músculos não percam seu vigor, minha alma não perca sua força e agilidade antes que eu tenha, por vossa glória, vencido em mim todos os meus defeitos, galgado todas as alturas interiores para as quais fui criado; e que, no vosso campo de batalha, eu tenha prestado a Vós, por feitos heróicos, toda a glória que esperáveis de mim quando me criastes. •

* Revolução é o processo quatro vezes secul ar que vem desagregando a civili zação cristã; Contra-Revolução é o mov imento que visa restaurar essa mesma civ ili zação. Ambos os termos são empregados nesta conferência pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira segundo este conceito, por ele exposto em sua obra Revolução e Contra-Revolução.

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A França em flores Amor ao passado, criatividade no presente n

e

GABRIEL

J.

W 1LsoN

ontrastando com a canícula que favorece os incêndios devastadores em outras partes da Europa, a França teve este ano um verão particularmente suave, até fresco, pelo menos no centro, norte e oeste do país; compensando assim os rigores do último inverno, que foi severo e prolongado. Em pleno mês de agosto as temperaturas foram amenas, e as flores mais belas do que nunca. Falo das qualidades, não dos defeitos: os franceses amam as flores , porque amam a beleza; amam o belo, porque amam a perfeição. E isto em 2010, apesar dos horrores resultantes da Revolução Francesa e das contínuas destruições provocadas ao longo dos séculos por governos e movimentos. Estes têm sido em geral igualitários, portanto adversários natos da procura da beleza e da perfeição. Na realidade, duas Franças continuamente disputam as preferências dos franceses. Uma, a França tradicional - cerimoniosa, cortês, respeitosa do seu passado e da sua história - na qual os heróis são Clóvis, Carlos Magno e seus pares, São Luís, Santa Joana d ' Are, Luís XIV, Bayard

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(o chevalier sans peur et sans reproche). Outra, a França revolucionária, tem no seu passivo o Terror de 1.793, as gue1Tas de Napoleão, a revolução de 1848, a comuna de 1870, o é proibido proibir de maio de 1968. Ao longo dos anos, uns e outros terminam compondo um meio termo para tornar possível a convivência. Mas as duas Franças existem, cada uma esforçando-se para prevalecer sobre a outra. E o mais complicado é que, por vezes, elas se encontram na mesma pessoa. Um francês pode ser um sindicalista radical, membro do Partido Comunista, e ao mesmo tempo morar numa casa tradicional, onde aprecia bons literatos e dá vazão a hábitos burgueses. A contradição pode triunfar.. . até a hora do Juízo particular.

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O antigo mercado de Fresnay-sur-Sarthe (esq.), no Maine, engalana-se com lindos ornatos florais.

O canteiro de flores abaixo serve de moldura à original igreja de Puiseaux, no Gâtinais

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A França revolucionária aparece muito mais que a tradicional. Mas esta existe e também se mostra. Podemos vê-la .exuberante nos dias especialmente floridos deste fim de ano. Admirar as flores é um hábito inútil do ponto de vista econômico, e só um público muito seleto fará uma viagem com o único objetivo de ver flores. No entanto, nos últimos 50 anos houve um verdadeiro movimento de opinião pública pela promoção de canteiros floridos nas cidades e aldeias da França. Aquilo que sempre existiu em algumas regiões, como a Alsácia, passou a vingar também noutras províncias, por vezes pobres e até apagadas. Hoje como outrora, na França há regiões ricas, medianas e pobres. O Terror de 1793 decapitou boa parte da nobreza, mas novas elites surgiram no século XIX, revivendo e conservando muitos hábitos e estruturas do Antigo Regime, que readquiriram algo de seu antigo prestígio. Depois da 2ª Guerra Mundial, muitas metrópoles foram renunciando a seus impérios coloniais. Desde então a Europa só se preocupou em enriquecer, e essa ânsia de progresso e enriquecimento só recentemente vem sendo seriamente ameaçada pelos abalos produzidos na economia globalizada. Nesse período pós-guerra reconstruíram-se castelos e fortalezas, ornaram-se palácios, reformaram-se casas tradicionais por toda parte. E sobretudo plantaram-se flores.

Iluminadas pelo sol da manhã, as flores dão uma nota de alegria à imponente fachada do castelo de Blois, no vale do Loire.

Cartaz prestigiando Ales pelas 4 flores que ganhou no concurso

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Explosão de cores numa prac;a de Aubignysur-Nere, nos confins da floresta de Sologne, no centro da Fra nc;a.

Fécamp enfeita sua prefeitura com flores, como a maioria das cidades francesas.

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Em 1959 criou -se um concurso de cidades e vilas floridas, com a participação de 600 comunas francesas. Em 1972 já eram 5.300 as participantes. Em 1993 passavam de 10.000, e em 2005 já eram 12.000, ou seja, cerca de um terço das cidade e vilas francesas participaram do concurso. 3.258 delas foram premiadas com a placa de três flores , e pouco mais de 200 obtiveram a premiação máxima - a placa de quatro flores. Na comemoração do cinqi:ientenário, esse concurso tende a tornar-se europeu, sendo que a Inglaterra é participante desde o início. O êxito da iniciativa atraiu a colaboração das estâncias políticas e das comunidades locais. Os ecologistas procuram auferir dela os benefícios, mas de fato ele se deve ao apoio da população; pois uma cidade ou aldeia florida não o é apenas na praça pública, mas também nas casas; e não se restringe às municipalidades ricas, mas empolga também as mais pobres. É o que procuramos ressaltar nesta seleção de fotos obtidas nas localidades que visitamos nos últimos anos, fossem elas participantes ou não do concurso Villes et villages jleuris. A flor é símbolo do belo, que os franceses tanto amam. O reflorescimento da douce France é bem um sinal de que ela não morreu, mas sobrevive naqueles que amam sua história, suas tradições, seu passado, a vida simples mas cheia da sabedoria de outrora. • E-mail para o autor: catoli cismo@terra.com.br

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a nenhuma ação desonesta. Tinha tanto candor e sinceridade, que jamais foi ouvido pronunciar uma só mentira, mesmo por mera diversão ou lisonja". 2 O arcebi po Teobaldo enviou-o para estudar direito civil e canônico em Bolonha e Auxerre. À sua volta, conferiu- lhe o diaconato e elevou-o a arcediago (dignidade eclesiástica de uma diocese, que confere certos poderes junto aos párocos, curas, abades, etc.) com magnífica pre be nda, a qual ele transformav a em abundantes esmolas , valendo-lhe o epíteto de pai dos pobres. Nessa época governava a Inglaterra jovem rei Henrique II, da família dos Plantagenetas . sse monarca unia rara inteligência prática a uma grande ambição, forte constituição física e muita força de vontade. Quando o arcebispo ·~ louvou di ante dele as belas & qualidades de seu arcediago, :z! Henriqu e qui s c onhecê-lo. § Como verd adeiro político, o .g rei compreendeu logo que havia encontrado um grande es- ] tadista em quem o talento ali- s ·~ ava- e à fidelidade. Escolheu- , ::: o então para seu chanceler, e desse modo Tomá Becket tornou-se, aos 36 anos de idade, ~ a segunda autoridade do reino. De tal mod o o soberano e o chanceler uniram-se, que o povo comentava possuírem um só coração e uma só mente. Ambos tinham em vista a prosperidade do reino, caçavam juntos e juntos iam à guerra, apresentavam-se com fausto e esplendor. Na vida privada Becket era muito ascético, mas publicamente cercava-se de pompa devido à honra de seu cargo. Em 1158, quando viajou à França para negociar um casamento, o fez com grande pompa, e o povo maravilhado dizia: " e esse é apenas o chanceler, qual

ca, descreveu as virtudes de São Tomás e seu martírio, e declara que na guerra o viu derrubar vários guerreiros adversários, como o mais valoroso cavaleiro. 3 Ele se destacava ainda em outros campos: "Jurisconsulto consumado e

hábil financista, tão capaz de uma decisão enérgica que requeresse a força armada como de um expedien-

§ l

Primaz da Inglaterra

1

G orioso mártir, paladino dos direitos da Igreja contra o poder real quando este quis ultrapassar seus limites, selou com seu sangue esses direitos EII PUNIO MARIA SOLIMEO

T Relicário de São Tomás

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CATOLICISMO

omás Becket nasceu em Londres no dia 21 de dezembro de 1117, dia de São Tomé, do qual recebeu o nome. De acordo com seus contemporâneos, era de elevada e tatura, tez pálida, cabelos negros, nariz aquilino, olhos claros e firmes , que no primeiro olhar davam- e conta de tudo. Jovial, de agradável e cativante conversação, franco no falar, embora gaguejando ligeiramente. Tinha tão grande discernimento e saber, que tornava fáceis e inteligíveis os temas

mais difíceis. 1 Seus biógrafos ressaltam que, já de pequeno, era muito inclinado à piedade, tinha terna devoção a No sa Senhora e particular amor pelos pobres. Tendo feito seus estudos em sua terra natal e em Paris, de volta à Inglaterra entrou no serviço do arcebispo Teobaldo de Cantuária, Primaz da Inglaterra. O prelado logo descobriu nele sentido prático dos negócios e prudência, convertendo-o no mais confiável de seus auxiliares.

"Era tão casto que, apesar de mil armadilhas que armaram contra sua pureza, não puderam jamais levá-lo

não erá a glória do rei?" . Garnicr, cronista francês da épo-

saibais que o favor com que agora me honrais logo se trocará em ódio implacável; porque, tratando-se de coisas eclesiásticas, tendes exigências que eu não poderia tolerar". O rei não o levou a sério e confirmou a eleição, sendo então ordenado sacerdote e sagrado bispo. Renunciou à chancelaria, como incompatível com o múnus episcopal.

"A partir de sua elevação ao episcopado, Tomás Becket entregou-se por completo à vida apostólica. Expiou com a penitência e o silício a moleza de sua anterior conduta. Se bem que se apresentasse com a dignidade e magnificência próprias ao seu elevado cargo, levava em privado a vida e o hábito dos monges beneditinos, conforme às tradições de austeridade que lhe legara o insigne Santo Anselmo, um de seus predecessores na sé primacial de Cantuária". 5

!

São Tomás Becl<et,

celer foi franco: "Senhor, quero que

te jurídico, reprimiu a bandidagem, aterrorizou os usurários, favorec eu a agricultura, manteve o padrão da nobreza, reorganizou a justiça, aumentou o prestígio exterior e assegurou a prosperidade e a paz do reino". 4 Arcebispo de Cantuá1'.la, Primaz da /11glaterra Em 1161, a morte do arcebispo Teobaldo de ixou vacante a sé de Cantuária. O rei , que confiava muito na fidelidade de Tomás Becket, julgou que ele seria a pessoa mais segura para zelar pelos seus interes es naquele cargo tão importante. O chan-

Não demorou muito para que começasse a luta entre altar e trono. As causas da frieza que aos poucos se estabeleceu entre rei e arcebispo eram muito profundas. Basta dizer que São Tomás Becket, em encontros com o monarca, defendeu sempre os direitos e os privilégios da Igreja, mesmo com o risco de desagradá-lo. A situação foi se deteriorando entre os dois, chegando ao ponto em que o rei pensou em encarcerá-lo. Disfarçado, ele conseguiu fugir para a França, onde foi bem recebido pelo rei Luís VII e pelo Papa, que se encontrava nesse país. Henrique II reclamou com o rei francês pela boa acolhida dada ao "exarcebispo". O monarca francês respondeu: "Ex-arcebispo ? Quem o depôs ?

Eu também sou rei, mas não posso depor nem o menor clérigo de meu reino". E continuou a proteger São Tomás Becket, que se retirou para a abadia de Pontigny, da Ordem de

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Santo entregou sua alma a Deus aos 53 anos de idade e nove de episcopado, dos quais dois terços foram passados no desterro.

Penitência, canonização, devoção ao mártir

Local do martírio de São Tomás Becket na catedral de Canterbury

ram sob juramento a assassi nar o Cister, onde se entregou à oração e arcebispo. à penitência. Henrique II ameaçou expulsar "Sou o arcebispo, da Inglaterra todos os cistercienses, mas não traidor" caso a abadia de Pontigny continuNa noite de 29 de dezembro de asse a dar guarida ao santo. Amea1170, São Tomás Becket dirigiu-se çou também o Papa Alexandre III como de costume à igreja, para as de colocar-se sob a obediência de Vésperas. Os assas inos forçaram a um antipapa que o imperador alep01ta do claustro e entraram no remão Frederico Barbarroxa acabagritando: "Onde está cinto sagrado, va de criar, se continuasse a apoiar o arcebispo? Onde está o traidor?". Tomás Becket. A conselho do O santo estava apoiado a uma coluSumo Pontífice, Tomás transferiuna, e respondeu: "Aqui me tendes. se para o mosteiro beneditino de Sou o arcebispo, mas não traidor". Santa Columba, onde permaneceu Um dos quatro facínoras, para fazêpor quatro anos. lo sair do templo, gritou-lhe: "SalEm 1170, pela mediação do va-te!". Agarrando-se mais fortePapa e de L uís VII, Henrique II mente à co lu na, ele respo ndeu : aceitou recebê-lo de volta sem im"Consuma aqui mesmo teu crime. por nenhuma condição. Mas a si Mas eu te proíbo, da parte do Todo tuação nunca mais se recompô . Poderoso, de maltratar quem quer Certo dia o rei, rodeado de corteque seja dos meus". sãos, exclamou num acesso de cóO primeiro golpe o atingiu ligeilera: "Malditos sejam aqueles que ramente na cabeça, mas quase coreu alimento de minha mesa, honro tou o braço de um de seu clérigos, com minha familiaridade e enrique portava a cruz arquiepiscopal. queço com meus benefícios, se não Outro golpe abriu-lhe uma brecha na me vingam desse padre que não faz senão perturbar meu coração e cabeça, e ele caiu de joelhos banhado em seu sangue, exclamando: despojar meus melhores servidores "Morro voluntariamente pelo nome de suas dignidades!" 6 Essa insi nude Jesus e pela defesa de sua Igreação ao assassi nato fo i ouvida por ja ". Outro golpes se seguiram, e o quatro deles, que se compromete-

O hediondo crime horrorizo u não só a Inglaterra, mas toda a Europa. Cheio de espanto, o rei encerrou-se em seu palácio, permanecendo sem falar com ninguém durante vários dias. Depois compareceu como peregrino e penitente ante o túmulo do santo, onde se submeteu a severa flagelação diante dos bispos, abades e monges. Passou depois em oração o resto desse dia e a noite seguinte. A conversão de Henrique II fo i vista como o primeiro milagre de São Tomás Becket. A cai1onização se deu dois anos depois de sua morte. Os milagres operados diante do túmulo foram se multiplicando: doentes, cegos, surdos, mudos, paralíticos, encontravam remédio junto ao corpo do mártir. Num espaço de tempo extraordin ariamente breve, a devoção ao arcebispo-mártir difundiu-se por toda a E uropa, de maneira a tornar o santuário de São Tomás Becket um dos mais fa mosos de toda a Idade Média, junto com o de Santiago de Compostela. •

Notas : 1. Herbert Thurston , St. Thomas Becket, in The Catholic Encycloped ia, CD Rom ed ition. 2. Les Petits Boll and istes, Saint Thomas Becket, in Vies des Saints, B loud et Barrai, Paris, 1882, tomo XIV, p. 592. 3. Cfr. Herbe rt Thurston , op. cit. 4. Frei Justo Perez de Urbe!, Santo Tomas de Canterbo ry, in Aíio Crist iano, Ed iciones Fax , Maclri , 1945 , p. 626. 5. Ecle lvives, Santo Tomas Becket, in E I Santo ele Cada Dia, Editorial Luis Vi ves, S.A. , Saragoça, 1949, tomo V I, p. 595. 6. Les Pelits Bollandistes, op. cit. p. 604.

Conselhos de um experiente médico de família Ü Dr: Valdir Reginato, exercendo a 1nedicina há quase três décadas, transmite sua ampla experiência e ótimas reflexões sobre valores familiares e o bom relacionamento entre pais e filhos

asado há 26 anos, pai de tr s filhos , o médico Valdir Reglnato form ou -se pela USP em 1981, adquiriu o título de Doutor em Ciências pela USP em 2005 é speclalista e m Bioética pela USP. Atua em Medicina de Família e li rapia de Fam ília. Membro do C ntro de História e Filosofia das CI nelas da Saúde da Universldad Federal de São Paulo (UNIFESP) . Membro do Com itê de Ética em Pesquisa pela UNlFESP. } Professor n s áreas de História da > Medicina , FIiosofia da Ciência e Bioética na UNI FESP, para os cur- ] sos de Biom edlclna e Enferma- -11 gem . Introduzi u m 2007 a disciplina de Espiritualidade e Medic ina nos cursos de M dlcina e Enfermagem na UNI FESP. Na área de orientação familia r, publicou o livro Aprendendo a ser pai em dez lições (Ed . Paulinas, 3ª edição). É coordenador da Pas tora l da Família da igreja Nossa Senhora do Brasil e colunista da revista "Ser Família", com mais de 20 artigos publicados . Para trans mitir sua experiência em assu ntos re lacionadas à instituição da família, que nos dias atuais é tão "bombardeada" por fatores de desagregação, gentilmente atendeu em seu consultório o colaborador de Catolicismo, Sr. Mig uel da Costa Carvalho Vidigal.

Catolicismo - O Sr. é conhecido por suas palestras sobre família, educação e terapia familiar. No que consiste esse trabalho? Como o Sr. chegou à conclusão da importância do assunto?

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"As brigas e separações co11Jugais freqüe11temente pr011ocam desmoronamentos ou vel'dadeiros cataclismos, pl'incipa/111ente nos caminhos da infância "

Dr. Valdir - Acredito que, por ser o quinto de oito irmãos, isto tenha sido um primeiro passo para perceber ovalor da famíl ia no desenvolvimento pessoal. O processo de educação deve ser sempre considerado na sua forma global, com objetivos claros, ajudando as pessoas a convi ver com a diversidade do comportamento humano e com as adversidades das circ un stâncias da vida. Muitas vezes essa convivência é causa de doenças, mas ao mesmo tempo fator de colaboração para o tratamento, quando bem empregada. Ao longo da minha carreira de quase trinta anos como médico de família, isto fico u bastante claro, levando-me ao interesse pela terapia fami li ar. Catolicismo - Em um mundo em que a família tem passado por um processo de desagregação, o que é ser pai, mãe e filho, sob o seu ponto de vista, para que ela não perca a própria razão de ser?

Dr. Valdir - Nos dias de hoje, tanto como nos de sempre, a relação entre pai, mãe e filho deve estar vincu lada não só à origem biológica, sangüínea, mas também e principalmente à afetividade entre os DEZEMBRO 2010

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ções freqüentemente provocam desmoronamentos ou verdadeiros catacl ismos nesses caminhos, principalmente na infância. Neste intuito, falamos aos pais que, se querem educar bem os seus filhos, procurem antes de mais nada verificar como está o relacionamento entre ambos. É verdade que casais bem unidos podem apresentar filhos com graves dificuldades; e também ocorre que pessoas bem estruturadas procedam de casais problemáticos. Contudo isto não é a regra, pelo contrário.

membros da família. Uma variedade enorme de relacionamentos está sendo atualmente apresentada como "novas formas de família". Pruticularmente, não vejo na maioria desses grupos a proposta de "família", nem que seja respeitada a natureza do seu conceito antropológico. No caso da família, a afetividade está vinculada ao amor de compromisso, com que os pais buscam desenvolver seus filhos pru·a que cresçam como pessoas, não como "meios de satisfação ou realização pessoal dos pais", sejam estes pais biológicos ou por adoção. Os filhos devem corresponder, em conseqüência, ao amor dos· pais.

Catolicismo - Qual o relevo da religiosidade na formação dos filhos e na união da família? Dr. Valdir - O homem é por natureza um

Catolicismo -O Sr. pretende dar seqüência ao seu livro Aprendendo a ser pai em dez lições, com algo como "aprendendo a ser filho" ou "aprendendo a ser mãe"? Dr. Valdir - Estou concluindo um novo li-

vro de crônicas sobre "cenários do cotidiano familiru·". Penso que poderá ser uma seqüência ao primeiro. Catolicismo - Do que trata exatamente a cadeira "Disciplina de Espiritualidade e Medicina", que o Sr. introduziu nos cursos da Unifesp? Dr. Valdir - A proposta responde a uma for-

mação universitária que tem ocupado os estudantes com fundamentos muito al icerçados na tecnologia. Sem dúvida, o conhecimento técnico-científico é muito necessário para a formação dos profissionais da saúde, mas não se pode jamais esquecer que também eles são seres humanos em sua plenitude, dotados portanto de espiritualidade. A própria Organização Mundial de Saúde, a partir de 1998, passou a incluir a questão da espiritualidade como dimensão pru·a a saúde. Nos EUA, há mai de 20 anos este tema ocupa espaço curricular em mais de 100 faculdades de medicina, e aqui no Brasil estamos engatinhando. A receptividade dos alunos de medicina e enfermagem tem sido bastante otimista. Cada vez mais está se confirmru1do, dentro de metodologia científica, que a espiritualidade interage com a condição de doença-saúde nas pessoas, e quando bem utilizada pode trazer grandes benefícios aos pacientes. Catolicismo - Qual a importância, pàra a educação de uma criança e de um adolescente, de ter o pai e a mãe sempre juntos? Sob seu ponto de vista, há benefícios? Ou isso é mais ou menos indiferente, segundo apontam alguns? Dr. Val,lir - Costumo dizer que o amor dos pai s

constrói o "caminho da educação" para os fi lhos. Quanto melhor o relacionamento dos pais e maior o amor, mais segura será essa estrada. O contrário também é uma realidade, ou seja, as brigas e separaCATOLICISMO

"Negar a Religião na educação é falha grave. Esta educação, como tantos outros l1ábitos e virtudes, deve ser passada na convivência J"amilla,· cotidiana"

ser religioso. Assim o verificamos na história da humanidade, em todas as civi lizações, ainda que com grande diversidade de crenças. Mas o fato é que noventa por cento do mundo acredita em "um deus" . Assim, passru· aos fil hos a crença dos pais é tão responsável quanto fornecer alimentação, vestuário e habitação. A opção de deixar para depois, conforme a escolha do filho, não me parece justa. Se o alimentamos e o colocamos na escola sem questionamentos, por que esperru· que a religião resulte de uma escolha por livre decisão? Negar a religião no proces o de educação é fa lha grave. Esta educação, assim como tantos outros hábito e virtudes, deve ser passada na convivência familiar cotidiana. Isto se faz em pequena atitude desde o despertar - no horário das refeições, nas dific uldades e doenças , nas alegrias conqui tadas, nos desafios que se apresentam - até o agradecimento a Deus ao deitar. Catolicismo - Sabemos que o Sr. atua em uma área na qual muitos tentam afastar os aspectos religiosos. Entretanto vemos que age com predominante espírito católico, inclusive procura se dedicar militantemente a um apostolado no qual medicina, religião e família se confundem e se complementam. O Sr. acredita que as pessoas em geral recebem bem essa posição? Ou ela encontra muita resistência? Dr. Valdir - O ser humano deve buscru· agir com

unidade de vida. Isto significa que não podemos ser João na igreja, Joaquim no trabalho e José em casa. A diversidade de circunstâncias exige que o compo1tamento seja adeq uado a cada situação e momento, no ent3.llto religião, família e trabalho são parâmetros que não podem alterar o que uma pessoa é. Lembro-me de um paciente português que, embora reconhecendo sua "ignorância escolru·", afu-mava com enorme sabedoria de vida: "Siga sempre uma hierarquia: primeiro Deus, depois a família, e em terceiro lugar o trabalho. Quan-

do esta ordem. estiver trocada, você não estará bem". Viver esta hierru·quia com unidade de vida é um desafio a cada dia, mas acredito ser isto o que se deve buscru·. E ses elementos se complementam, mas não são equivalentes, pois a participação de uma ou outra é proporcional às condições que se apresentrun. Assim, a maior resistência que podemos encontrru·, pru·a viver essa unidade de vida, não estru·á fora de nós, mas dent:ro de nós. A luta interior é muito maior do que a resistência dos obstáculos externos.

no, quando normalmente as famílias se reúnem. Em que medida essas reuniões familiares - não apenas no Natal, mas ao longo de todo o ano - influem na constituição de um lar harmônico? Dr. Vllltlir - Viver em famíl ia deve ser necessaria-

Catolicismo - A presidente eleita do Brasil declarou diversas vezes, em seu passado, ser favorável à descriminalização do aborto. Mas durante a campanha eleitoral ela afirmou ser pessoalmente contrária à prática abortiva. No intuito de se explicar perante a sociedade sobre o que poderá fazer a favor do aborto, insistiu que o tema é uma "questão de saúde públlca". O que o Sr. espera do novo governo nessa área? Como médico, parece-lhe que o aborto se resume a uma "questão de saúde pública"? Dr. Vllfllir Nã vou falru· de política, muito

menos ela rutu ra pres idente. Refiro-me somente à quest. o do aborto. Cientificamente, quanto mais nos a1 rof"undamos no estudo do embrião, mais t mos 11101 ivos científicos pru·a afirmru· que um s r humano s origina no momento da união do espermatoz ide com o óvulo, constituindo-se o zigoto. Isto já nüo pode ser mais considerado questão de opini ão ou d · •osto, é científico. Assim, o aborto provocado passa a s ·rum crime. Na busca de justificação para o aborto, ' n ·ontrou-se nos problemas· sociais um forte ar •uin ·nto d ' Céu·áter psicológico na questão do estupro. N: o t ·mos ·spaço aqui para uma reflexão aprofundada sobr · o assunto, mas não posso imaginru· que ino · ·nt • por causa de alguém que cometeu se mat grave crime d · u •r ·sstlo à mulher. Além desse caso, fetos mal formad )S si o seres humanos que precisam cada vez mais ser ajudados pelo desenvolvimento do conhecimento científico, ' llélo eliminados. Assim caminha a medicina desci' s ·mpre, buscando meios de tratar os doente , e não 111 ios d ' matar os doentes pru·a eliminar a doença. Quanto as ·r "questão de saúde pública", eu concordo, só que num 1lmbito radicalmente oposto ao que se está propondo. Precisamos, isto si m, de uma política que promova uma educação pru·a valorizar a mulher desde a infância; qu valorize o compromisso respeitoso do relacionamento entre um homem ' uma mulher; que dê uma assistência adequada à gestante; que amplie a reflexão sobre o sentido da vicia, d ·sd' a sua concepção até a mort natural. Catolicismo -

Estamos em um período natali-

"O Natal é o momento de se recolhe,· na gr11ta de Belém e contemplar o milagre do nascimento de Cristo. É uma pena (JUe telllJalll tOl'nado o Natal 11111a lesta de comércio"

mente uma busca e uma construção pru·a o objetivo da fel icidade. fsto é o que toda pessoa deseja: ser feliz! Na família não pode ser diferente. Felicidade não é somente comemoração, mas deve estar presente nas atividades de trabalho, dos afazeres cotidianos do lru·, no lazer. Certamente as comemorações são ocasiões muito propícias, e a ocasião do Natal é a mais adequada para a reunião em família. Que outra festa reúne mais o espfrito de família que o Natal? É um período que se inicia com o advento, e passo a passo vamos nos preparando péu·a a espera do nascimento de Jesus. É o tempo de contar às crianças a história deste Menino, para que O conheçam e cresçam na sua amizade. É o tempo para que os maiores se esforcem especialmente na prática de vi rtudes, em preparru· o coração mediante o esforço de ações concretas de colaboração no lar ou ajuda aos mais necessitados. É a época em que se deve viver como nunca o perdão e a reconciliação. É o momento de nos recolhermos na gruta de Belém e contemplru· o milagre do nascimento de Cristo. É uma pena que tenham tornado o Natal uma festa de comércio. É preciso recuperar o verdadeiro e único sentido do Natal: o nascimento de Jesus para os homens de boa vontade. Catolicismo - Qual mensagem a Sagrada Família pode trazer neste Natal de 201 O? Dr. Valdir - A Sagrada Família deve ser uma con-

vivência permanente em todos os lares, e não somente uma mensagem durante o Natal. Há alguns anos, sempre que sou convidado para um casamento, presenteio os noivos com uma imagem ela Sagrada Família; e nos cursos de noivos, peço que eles a tenham num lugar visível da casa. O espaço desti nado a esta entrev ista é mui to pequeno para se fa lar amplamente da Sagrada Família. Mas sugiro aos que a leram até aqui , que fechem seus olhos e olhem para os seus corações. Percorram o caminho de vida que os da Sagrada Famíl ia fi zeram, descrito nas poucas passagens do Evangelho. Vivam as suas dores e as suas alegrias. Percebam a simplicidade do viver. Aprendam a traba lhar com eles no Amor. Enriqueçam-se com o tesouro da sua pobreza. Sejam livres com o exemplo da sua obediência. Orgulhem-se de serem fi lhos de pais tão humildes. Sintam a imensa fe licidade que há na paz do lar de Nazaré. Assim será impossível não querer levar ao mundo a Boa Nova do Natal a todos os homens de boa vontade. • DEZEMBRO 2010 -


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Bienal dos urubus ra

GREGOR10 V1vAN c o Lo PEs

internas - construção de labirintos, vielas e becos nos corredores e salas da exposição - foram assim explicadas por Moacir dos Anjos, um dos curadores: "Essa arquitetura tem

tudo a ver com nossa idéia de arte e política ".

E

m 2008 a edição da Bienal de São Paulo foi um fiasco total. Ficou conhecida como a Bienal do vazio (vide Catolicismo, dezembro/2008). Mas a crise já vinha de muito antes, e tem como fundamento a crescente falta de interesse da população por uma "arte" que nada representa, a não ser os delírios imaginativos dos que a praticam. Agora, em 2010, está em curso nova tentativa de tirar a arte moderna da sua insignificância, à base de grande aplicação de dinheiro e muita propaganda. Para Tunga, um artista que expõe na Bienal, "trata-se de um movimento das elites

em tomar as rédeas do que estava sem rédeas". O novo presidente da Bienal, o empresário Heitor Martins, teve de esforçar-se para pô-la em execução, pois além de pagar as dívidas antigas, não pequenas, arcou com o custo da atual, orçado em R$ 30 milhões. Obteve verbas do Ministério da Cultura, da Prefeitura de São Paulo e de outras fontes, pois o autofinanciamento via cobrança de ingressos tornaria irrisório o número de visitantes .

Pregação político-revolucio11ária Inaugurada cm 25 de setembro no lbirapuera, a mostra veio desta vez ancorada na idéia de que a arte deve estar unida à política. O aspecto tático é transparente: busca-se tirar de seu marasmo a arte moderna, comunicando-lhe um sentido político-revolucionário. A esse propósito as mudanças arquiteturais

Na verdade, não é artificial associar arte e política, pois toda arte tem ligação com as regiões mais altas do pensamento humano, como a filosofia, a política (entendida como a arte de governar os povos) e mesmo a religião. A verdadeira arte deve representar o belo, e por isso faz um todo harmônico com a verdade e o bem. Mas no caso da arte moderna a ausência do belo a torna um conjunto cacofônico, no qual a presença do feio e do mal se destacam. E o campo se torna assim propício à pregação político-revolucionária. No que se refere à edição de 2010, a impressão primeira é de uma mistura do horrendo com o palhacesco, lembrando certas manifestações extravagantes que os exorcistas atribuem aos demônios. Seria, por assim dizer, o viés "religioso" da arte moderna. O aspecto anti-católico é ainda realçado pela rememoração que se faz de um tal Flávio de Carvalho, que "caminhou de

boné, em sentido contrário ao de uma procissão, causando a ira dos católicos " . E Antonio Vega Macotela apresenta na Bienal uma obra que põe em realce o universo das penitenciárias. Ele "guiou sua investigação no presídio aderindo à idéia

marxista de tempo". Urubus trazem urucubaca para a Bie11al O tema escolhido para este ano talvez tenha algum entido para os iniciados, mas pouco diz para o comum dos mortais:

"Há sempre um copo de mar para um homem navegar", verso da obra Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima. Única exposta no saguão central, a obra mais em destaque intitula-se " Bandeira branca", de Nuno Ramos. É uma grande gaiola com três urubus vivos, para os quais três túmulos gigantescos servem de poleiros. Simboliza a morte, e o evidente aspecto sinistro do tema foi realçado por Agnaldo Farias, outro dos curadores, afirmando que visa pôr em realce "o lado soturno, m •lancólico e triste, que é constitutivo de nossa cultura". Qu anto ao seu aspecto burlesco, ficou acentuado pela ação extra-Bi enal de pichadores, com a inscrição liberte os urubu (si ) numa das estruturas de areia que os sustentam; e de ambi nl alistas que protestaram pelo que consideram maus tratos aos ani mais enjaulados e sujeitos a estresse. N di a da inauguração, alguns ativistas se acorrentaram à rampa da Bi enal em protesto, durante várias horas. Houve tumulto 111 1 rno dos urubus, gerando pancadaria entre seguranças, p lic iais e visitantes que apoiavam o pichador. Vários ativistas du ONG Animais da aldeia percorriam o prédio da Bienal, ,ri1 ando: "Uh uh uh, liberdade aos urubus". Houve até um abaixo-assinado na Internet pela libertação das aves. Ecolo ist11s passaram a fazer uma vigília de protesto na Bienal duranl • v ,ri os dias. A polícia teve de invadir o pavilhão para conter u u •it ação, enquanto os urubus só não fugiram espavoridos porqu ' estavam engaiolados. Por tudo isso o IBAMA mandou tirar os urubus da exposição. N 'SS ' ambiente de loucura em que se move a Bienal, não se sab' ond ' 6 maior o mau gosto: em apresentar urubus enjaulados ·orno arte, ou nesse zelo desvairado pelo bem-estar das av •s. Ap ·sar· l • alguns pichadores terem exposto suas obras na Bienal, houv ' outra pichações de obras em dias subseqüentes. Um dos pi ·hudorcs detidos, Djan Ivson, declarou : "A gente não

tem nada o ver com esses artistas, não tem relevância nenhuma o trabalho deles. Para nós, é indiferente rabiscar a obra".

"Band Ira branca", de Nuno Ramos

CATOLICISMO

O crime

e o demô11io se fazem presentes

A idéia de arte-política da Bienal não poderia excluir o crime e a imoralidade. Estão expostas obras em que "Hélio

Oiticica homenageia dois bandidos mortos pela polícia carioca", sob o título Seja marginal, seja herói. O pernambucano Gil Vicente retrata a si mesmo matando a tiros o Papa Bento XVI e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e degolando com uma faca o presidente Lula da Silva, além de out:ros personagens "assassinados" num total de nove. Essa "obra" foi criticada pela OAB-SP e pelo jurista lves Gandra Martins. Na mesma linha, "Nan Goldin retrata o submundo de pros-

titutas e drogados em Nova York e Berlim nos anos 70 e 80", além de "amigos e familiares em momentos íntimos, sensuais e transgressores". Também Miguel Angel Rojas "produziu um extenso trabalho fotográfico em que registrou encontros homossexuais". Aspectos "religiosos" foram abordados na peça teatral O

bailado do deus morto, que constitui uma espécie de exaltação dos poderes das trevas e da "morte" de Deus. Não poderia ausentar-se dessa anti-arte o estapafúrdio: Tatiana Blass resolveu "derramar cera sobre as cordas de um piano de cauda"; Dominique González-Foerster "imitou as

colunas do prédio com pilares falsos, que mudavam de lugar durante a mostra " ; em um vídeo, Carlos Bunga "destrói e reconstrói uma pequena lâmpada, reunindo seus estilhaços com fita adesiva". A isso tudo chamam "arte". • E- mail pa ra o autor: catolicismo @terra.com.br Fontes: -

Site da Bi enal: http://www.29bi ena1.org.br/ Caderno especial da " Folha de S. Paulo", 21 -9-10. "O Estado de S. Paulo", 18-9 a 4- 10- 10. " Folha de S. Paulo" , 25-9 a 4- 10- 10.

Gil Vicente retrata a si mesmo apontando arma para o Papa Bento XVI e degolando com uma faca o presidente Lula da Silva

DEZEMBRO 2010 -


Verbo em face do arianismo" (MRM). Primeiro Sábado do mês

5 São Martinho, Bispo e Confessor

+ Po rtu gal, 579. Ori ginári o da

1 Santa Natália, Viúva + Ás ia Me no r, séc. III. " Mu-

Hungri a, fo i em pereg rin ação ao túmul o de seu ho mô nimo, e m To urs, fixa ndo-se de po is como missio nário num mosteiro perto de B raga. Como bi spo dessa cidade, presidiu seus dois primeiros concílios.

lher do Bem-aventurado Adriano, por muito tempo assistiu uns San.tos Mártires encarcerados em Nicomédia sob o imperador Diocleciano. Depois que se consumaram todos os martírios, mudou-se para Constantinopla, onde descansou em Deus" (MR).

São Jerôni mo, que dela escreveu: "Era abençoada desde o seio de sua mãe", vi via de jejum, o rações e visitas aos túmul os dos santos mártires.

2

7

São uno, Bispo e Confessor

+ Síria, séc.

m. Famoso prega-

dor, converteu a pecadora Pelágia, que fora por curiosidade ouvir um de seus sermões. Ela deulhe sua fo1tuna, que ele distribuiu aos pobres. Encaminhou a penite nte para um a g ruta perto de Jerusalém, a fim de que fizesse peni tência pelos seus pecados.

3 São Francisco Xavier~ Confessor. São Sola, Confessor

+ Ale ma nh a, 794. M o nge inglês que fo i para a Ale manh a e se pôs so b a direção de São B o ni fác io, após tolo daqu e la terra. Vive u como ere mita, atraindo di scípulos que fo rmaram depois a abad ia de Solnhofen.

Primeira Sexta-Feira do mês

4 São Melécio, Bispo e Confessor + Ásia M e nor, séc. IV. " Homem de grande experiência e vasta cultura, foi cognominado por seus companheiros de mocidade 'o mel daÁtica', sendo considerado por Santo Atanásio e São Basílio como grande defenso r da divindade do

6 Santa Asela, Virgem + Roma, séc. IV. Discípula de

Santo Ambrósio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja

+ Mil ão, 397 . Go ve rn ador de Milão e depois bispo, conselheiro de imperado res e do Papa, desempenhou papel decisivo na conversão de Santo Agosti nho.

8 Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria Festa institu ída por Pio IX em seg uid a à pro mul gação desse dogma, que coroava tradi ções muito anti gas a respeito.

9 Santa Gorgônia, Viúva

+ Ás ia M e no r, 372. Irmã de São Cesário e do gra nde São G regó ri o Nazianzeno, Douto r da Ig rej a. Seu pai, ta mbé m santo, tinha o mes mo nome do irmão, e sua mãe fo i Santa No na. Casou-se, sendo exemplar mãe de fa mília. São Gregório fez o seu panegírico no fun eral .

onde e ntrou para os benedi tinos, indo depois para a Inglate rra s uste nta r os ca tó li cos c la nd es tin os. Reco nh ec id o como pad re católico, ao não querer prestar o ju ra me nto de supre macia do re i sobre a Igrej a, fo i mrutiri zado.

11 São Trasão, Mártir

+ Roma, séc. III. " De sua fazenda [de seus be ns], sustentava os cristãos que trabalhavam nas termas, os que se extenuavam em outras obras públicas e os que gemiam em calabouços. Preso por ordem de Diocleciano, recebeu a coroa do mart írio j unto com outros dois, que se chamavam Ponciano e Pretextato" (MR).

12 Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina

13 Santa Luzia, Vi rgem e Mártir. Santo Aubert, Bispo e Confessor + França, 669. Exercendo com dedi cação o múnus e pi scopa l em Avra nc hes, condu ziu também à vida de perfe ição muitos leigos.

14 São João ela Cruz, Confessor e Doutor da Igreja + Ubeda, l 591. Co-reformador do Carme lo masc ulin o co m Santa Teresa. Poucos pe netrara m mais a fu ndo nos arcanos da vida interior.

15 São Mesmin, Confessor + França, séc . VI. Construiu perto de O rl eans, num terreno que lhe dera o rei Clóv is, uma abadi a que se tornou famosa.

10

16

São João Roberto, Mártir + Inglate rra, 1610. Natural do

Santas Virgens, Márli1aes + África, 480. Quando da in-

País de Gales, converteu-se ao cato lici mo na França e ordenou-se sacerdote na Es panh a,

vasão do no rte da África pelos vânda los ari a nos de Hunerico, estas muitas virgens consagra-

das a De us "defenderam a honra da Igreja de Cristo em meio a atrozes torturas " (MRM).

17 Sa11tn Olímp ia, Viúva + Turqui a, 408 . Casada aos 18 anos com prefeito da capital do imp6ri o, enviuvou me nos de do is a no s depo is . Com s u a g rand e for tuna fundo u um hospita l e um orfanato. Qua ndo São J , ri , óstomo, seu dire tor esp iritual , caiu e m desgraça di ante da imperatri z, Olímpi a seg ui u sua sorte, sendo perseguid a d • lodos os modos e falecendo no x flio ainda j o vem.

18 Sfto l•'I 1vlo, Con fessor

+ Françu, s <c. VI. Italiano vendid o 0 111 0 scravo, seu do no casou-o ' 0111 uma escrava e o fez administrndor de seus bens, dando-lhe d ·pois a liberdade juntamente ·om sua esposa. De comum a ·ordo, ela foi viver num convent o • •le fez-se sacerdote.

19 Sa11 w Anastácio I, Papa

+ Ro mu, 404. " Varão de riquíssima pohreza e de solicitude toda OJJO.l'tólica. Roma, como disse S1 o Jerônimo, não merecia tê-lo 11or muito tempo, para que o 1·nhc•ça do mundo não fos se dc'/'C'/Jada em vida de tal Bispo. 0111 ef eito, pouco depois de s11a 111orte Romafoi tomado <' snq11eada pelos Godos" (M R).

22

27

São Flaviano, Mártir

São João, Apóstolo e Evangelista

+ Ro ma, séc. IV. Anti go Prefe ito de Ro ma, es poso de Santa Dafrosa, pai de Santas Bibiana e De métri a, todas mártires, també m mereceu dar sua vida pela fé de Jes us Cristo.

23 Santa Maria Margarida Dufrost de Lajemmerais, Viúva

+ Canadá, 1771 . Seti pai era um nobre fra ncês, chefe das tropas da colônia, fa lecido qua ndo ela tinha sete anos. Foi mãe de seis filh os . Tendo o esposo dissipado toda a fortuna fa miliar, deixo u-a na mi séri a ao mo rre r. Com a aj uda alheia, pôde montar um peq ueno armazém, conseguindo pagru· as dívidas, educar os filh os, e ainda dedicru·se à caridade, no q ue fo i ajudada por outras viú vas, dando início à Congregação das Irmãs da Caridade - ou "Irmãs cinzas", pela cor do hábi to.

24 Vigília do Natal de Nosso Senhor ,Jesus Cristo. Sa nta Tarsila, Virgem + Ro ma, séc. VI. Ti a de São Gregório M agno, com sua irmã E miliana vivia com gl'ande austeridade e em espírito de oração na casa de seu irmão, ti o pate rno do Po ntífice. São Gregó ri o afi rm a q ue Tars ila viu Nosso Senhor à hora da morte.

+ Éfeso, séc. 1. Discípulo Amado, por sua virgindade, represento u a huma nidade ao receber, junto à Cru z, Nossa Senhora como Mãe. Foi o Evangelista por excelência da divindade de Cristo. Perseguido pelo imperador Domiciano, fo i levado a Roma e merg ulhado num tac ho de azeite fervente, de onde saiu rejuvenescido. Foi então depo1tado para a ilha de Pai.mos, onde escreveu o Apocalipse. Tendo morrido seu perseguidor, voltou a Éfeso, onde residia, te ndo escrito então, a pedido dos fiéis, seu Evangelho e três epístolas, para refu tar as heresias que negavrun a divindade de Nosso Senhor.

28 Santos Inocentes, Mártires

29 São Tomás Becket, Mártir (Vide p. 38)

ao

São Rogéri o de Ba rletta, Bispo e Confessor Cannes, após a mo rte seu corpo fo i subtraído piedosame nte pelos habitantes de Barl e tta, na Itália, de onde sua devoção se espra iou para outros lugares.

31 São Sil vestre 1, Papa. Santa Columba de Sens, Virgem

20

25

+ França, séc. m. Espanhola de

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.

origem, ainda peq uena radicouse na França com um grupo de esprulhóis. Quase todos perecera m du rante a perseg ui ção de Aure liano. Diz-se que, qu ando ela fo i entregue a um grupo de libertinos, um urso saiu da floresta e sentou-se a seus pés. O carrasco só pôde consumru· seu mmtíri o quando ela deu ordem ao urso para retirar-se.

21 S ,10

Pedro Canísio, Confessor

26 Santo Estêvão, l rotomárlir. Santa Eugênia, Virgem e Márti r + Ro ma, séc . III. "Filha do Bem-aventurado mártir Felipe, depois de dar muitas provas de virtude e de levar para Cristo inúmeros grupos de santas virgens, teve porfiada luta sob o guante de Nicécio, prefeito da cidade, e foi fina lmente degolada à espada no tempo do imperador Galieno" (MR).

Se rá ce lebrado pelo Revmo. Podre Da vid Francisq uini , nas seg uintes intenções: • Pelos méritos infinitos do nascimento do Divino Menino Jesus, rogaremos es pec ialm ente pelos leitores de Catolicismo e suas respectivas fa mílias, bem como por todos aqueles que nos opoiaram ao longo deste a no, para q ue El e co nce da a todos um Sa nto Natal e abundantes graças para o Ano Novo. Súplicas que elevaremos ao Céu por interm édio da Santíssima Virgem, cuia Imaculada Conce ição é celebrada no dia 8 de dezembro.

+ França, séc. X II. Bi spo de

São l•'ilogfü1 io , Bispo e Conl'cssor

+ Ásia Menor, 324, "Bispo de Antioquia, de quem Seio João Crisóstomo fez o seguinte elogio: 'Foi ele retirado do tribunal para ser colocado n.a sé episcopal. Enquanto fo ra advogado, def endia os oprimidos contra os opressores; torn.cmdo-.1·c• bispo, protegeu os cristc1os contra os ataques do de111 /J 11 io '" (MRM).

Intenções para a Santa Missa em dezembro

Notas: - Sa ntos já apresentados em calendários anteriores são apenas mencionados, sem nota biográfica. - MR - Ma rt iro lóg io Roma no; MRM - Martiro lógio RomanoMonás ti co.

Intenções para a Santa Missa em janeiro • Pela união e santifi cação de todas as fa mílias cató licas em torn o da Sagra da Família. Suplicando à Sa nta M ãe de Deus (festividade comemorada no dia 1º), pelos méritos da Epifa nia do Senhor (dia 6), cop iosas graças para todos os leitores . Q ue seiam eles providencialmente am pa rados, a fim de enfrenta rem com energia e coragem as d ificu ldades que possam suceder ao longo de 20 11 , de modo parti cular as que provêm de perseg uições religiosas e aos bons costu mes, fomentadas por governos socialistas.


'l FP Americana: 1

do Rosário e congresso sobre liderança diante da crise rallies

Pr~ying the Rosary for America ... As human cfforts hil t 1 o so vc A111eri ca'5· , . ' 1<cy prohlcms wc l . ' Jfis f foJ , u1 ,_1 lo (,od, through .) 1c1, ,1sk111g His urgcnt h 1 ·,·1, r \n1<•ri r, ., 'l'FP _ e p.

M<;I; ,..

■ FRANCI SCO JOSÉ SAIDL

1

Praying-1heR .," . Americaosary

101

As human efforts fa'J proble1 '1

...

to solve Arncrica's kcv ' God, througli His Hoil'

ns, w_e tum to Mother, askmg His urgcnt hclp. \

· 1

Dfa da catedral ele São Patrício, em Nova York

panha A 1\mérica Necessita de Fátima tinham ·stnhclecido, como meta que considcrnv111n bastante ousada, atingir cinco mil lornlidades. Superando todas as exp ·tull vas, quase se atingiu impressi onant ·s s ·is mil. Nos Estados Unidos, esta un rn t•xperiência verdadeiramente únic11 d • munifestação da fé que move a popuill(; o. pilncipal ato desse dia realizou-se diant · <111 ,·11tcdral de São Patrício, em Novu ork lfoto acima], presidido por uma lwl ssima imagem peregrina de Nossu S ·nhora de Fátima, escoltada por coop ntd lll't'S da TFP americana. 01110 p11rtc dessa campanha, nomesmo diu doi s rnopcradores da TFP ameri cana , os Srs . Ri c hard Lyon e James Bas ·0111 , t 11rontrnvam-se em Portugal a fim d· d 1pm,i tur no local das aparições 8 mil rosns lfolos abaixo] oferecidas pelos ·111 1il'os 11111cricanos.

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Essa iniciativa não constitui apenas uma prática piedosa para obter uma consolação espiritual, pois o que move os fiéis, o seu verdadeiro fator de unidade nessas manifestações, é a preocupação pela atual situação dos EUA e do mundo: Triunfa o pecado, deterioram-se a moral e a instituição familiar, daí gradativamente sentir-se a necessidade do recurso ao sobrenatural, da súplica a Deus e à sua Mãe Santíssima. Para isso os católicos saem às ruas ostentando sua devoção e sua aflição, procurando unir esforços, enfrentando as intempéries e superando o respeito humano, expondoe a possíveis agressões e zomba.tias dos ímpios. Participando dessa gigantesca manifestação, esses 150 mil católicos repetiram o que a História nat-ra de outros fiéis que oraram em situações dramáticas semelhantes, por exemplo os soldados

AME RICA NEED S FATIMA

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o dia 16 de outubro, mais de 150 mil católicos reuniram-se em 5.963 diferentes lugares públicos da nação norte-americana para pedir a Deus, pela intercessão da Santíssima Virgem, que proteja o país da decadência moral e das incertezas quanto ao futuro. Há três anos esse evento se repete, sempre no sábado mais próximo da festa da última aparição de Nossa Senhora em Fátima. Nota relevante é que o número de participantes aumenta a cada ano. Desta vez os organizadores da cam-

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CATOLICISMO

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católicos franceses, espanhóis e mexicanos que partiam para as batalhas levando consigo o rosário. É oportuno lembrai· que as forças soviéticas de ocupação inesperadamente abandonaram a Áustria em 1946, depois de uma campanha de reza do rosário empreendida pelos austríacos. A reportagem de Catolicismo entrevistou o Sr. Robert Ritchie, coordenador da campanha A América Necessita de Fátima, que explicou a razão desse fenômeno: "Nunca antes, na história dos Estados Unidos, os americanos sentiram-se em uma situação econômica, social e moral tão constrangedora. As soluções humanas estão quase esgotadas, daí o fato de o pedido de Nossa Senhora em Fátima constituir o único remédio para os males profundos de nossos tempos: Oração - especialmente o rosário - penitência e emenda de vida. Surpreendeu-me o entusiasmo dos membros de America Needs Fatima nesta ocasião. E quando alguém lhes pergunta o porquê desses ralhes, as respostas são invariáveis: 'Porque amo muito Nossa Senhora, minha Mãe. Nosso país degringola sem o recurso à oração, e eu creio na força do rosário para salvá-lo. As almas estão saturadas das pseudo-soluções materiais'".

(!!Ol RlGIH[R lltRE

IJ n -1,2010

Cooperadores da TFP americana viajaram a Portugal para depositar no local das aparic;ões 8 mil rosas oferecidas pelos católicos americanos

DEZEMBRO 2010 -


Sociedade Alemã pró-Civilização Cristã na Feira do Livro de Franldurt □ RENATO M uRTA DE VASCONCELOS

e

Da oração à ação A s ativid ades da TFP norte-americana no último mês de outubro incluem um con gresso de corresp ondentes e simpatizantes da entidade em Spring Grove, na Pensilvâni a [foto acima], para debater assuntos ele palpitante atu alidade rel ativos à civili zação cri stã, tendo como leilmotiv: E xplorand o soluções para a cri se de lideran ça - C oragem e esperan ça para os católicos militantes. D entre as confúências, a ci o Dr. N el son Fragelli anali sou a personalidade e as virtud es do condes tável portu g uês Nuno Álv ares Pereira, recentemente canoni zado, mostrando-o como exemplo de liderança em meio ao caos. E xemplo este que vem sendo seguido brilhantemente por um seu descendente direto, o príncipe D om B ertrand ele Orleans e Bragança, presente na conferênci a. N o fin al da mi ssa solene, celebrada no domin go pelo j o vem sacerdote Pe. Jonathan R omanoski , fo i entoado o Hino Pontifíci o ao som de órgão, tímpanos _e tro mpetes. Durante o j antar de encer ra mento, Dom B ertra nd di scorreu sobre o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, fund ador da T F P bras il eira e in spirad or de outras TFPs e entidades afin s em diversos países, r essa lt and o as p ec t os d e su a militância católica. •

onsid 'rada a mai or do mundo, a Feira do Livro reali za-se 11 nu ul mcntc em Frankfurt, c idade carregada ele tradi ções e o 111 11i or centro financeiro atu al da A lemanha. M ais de 300.000 vi silt111I L'S p ·rcorre ram os stands ele cerca 10.000 ex pos itores, nos dias (i 11 1O de outubro. /\ S//l'i('(/ade Alemã pró-Civilização Cristc7 ( DVC K e.V. ) en1id 11dl' uri111 com TFPs ela Europa e com o lnstiluto Plínio Co rrêa de Ol /11l'im . do Bras il - esteve mai s uma vez presente, oferecendo 1'111I I lilL'rntu ra sobre temas culturais e reli giosos. 1k sp1·11:1ram espec ial interesse ci o pt'.1blico os recentes livros ele M111 hins von Gerscl orff, notacl amcntc Ch rislenhass im Vis ier, sohrv 11 011d a de blasfêmi as e de ata 1ues à I grej a Católica e ao c ri s1l 11 11 ls11H> cm geral , e seu efeito sobre a sociedade e o Estad o; Die ,1'1' 111,•//1• l?evolution erreicht die Kinder, que denuncia a chamad 11 ",•1111111cipaçc7o sexua l da c ri an ça" e o en sin o ci o ho 1110~1,1• 11alismo nas escolas; e Angriff' a1,(/ die Familie (Ataqu e à Fa1110i 1) abordando as cau sas mais pro fun das da desagregação fa111il l li N11 hil ~l' da atuação ideol ógica da D V K na Al emanha enco ntra111 , 1 11~ obras do Prof. Plíni o orrêa ele ·o liveira Revolution UII{/ ( ,•,•~1•11n'110/ution e Der Ade/ und die analogen Elite in den A11.1·11111t !w11 l'il/s XII , que foram igualmente o ferec idas ao grande

púhl l1•11 () ,1/11//(/ da Sociedade Alernc7 pró- ivi/izaçc7o Cristc7 des tacava s1• 1111 pnvilhão das grandes editora s cató li cas alemãs, entre uma c ' 111 1•1111 d1· outras como Herde,; Aschenc/01.fJ; Schônningh, Pustet. D ·~d1• 1111) \ a D YC K parti cipa da Feira lo L iv ro, e em 2011 ela se fa l'll 1111, ,1IIIL'll(C prese nte, levando a públi co alemão obras de Plíni o '0 11 111 cl1• Oliveira ou inspi radas cm seus ensin amentos contrarL·vo li h ll lllllriOs . •

OVCK e.V.• franklurl/Main

E-mail para o autor: ca to licismo@ 1crrn .co111 .br

E- mail para o autor: catolicismo@ tcrra.com.br

CATOLICISMO

DEZEMBRO 2010 -


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<.tatebral be flotre !Dame Os mais belos aspectos da alma católica m Pu N10

C o RRÊA DE OuvE1RA

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a cated ra l de Notre D ame,em Pari s, bela em cada um de seus pormenores, consideremos inicialmente as três portas do primeiro pavi mento, enc im ad as por lindíss im as ogivas. Em cada portal aparecem vários epi sódios da Hi stóri a Sagrada, escul pidos de um e outro lado da ogiva. A cima das portas ogi vais, uma fi leira de estátuas de reis da França. N ão sati sfeita em decapitar Luís XV[, a Revo lução Francesa - cuj a infâ mia supera qualquer outro acontecimento hi stóri co, exceto a traição de Judas - incitou alguns v ând alos a subirem até essas esculturas e degolá- las. Assim, os corpos dos reis perm aneceram sem cabeça durante muito tempo. Após a Revolução foram colocadas outras cabeças, in fe li zmente ele inferi or quali dade. Im ag inemos qu e não ex isti sse a parte superi or cio edifício, mas apenas o anelar térreo coroado por essa espécie ele balaústre acima elas estátuas ci os reis. M esmo despoj ada dessa forma, ela seri a um a edificação linda. Podemos imag inar também outro edifício form ado apenas pela grande rosácea central, as du as latera is acima ele duas pequenas ogivas superi ores. Se esse conjunto esti vesse no solo, poderi a ser tamb ém a fac hada el e um a i gr ej a belíss ima. Poderíamos ainda imaginar cada uma elas pontas elas torres cio terceiro piso tran sformadas em oratóri os e colocadas no rés ci o chão, e veríamos que, mes mo separad amente, elas seri am ex trao rdinári as. Na fachada ela catedral há três belezas superpo stas, mas a finura cio s franceses - o charme mais belo que a beleza - fê-los sentir que alguma coi-

sa fa ltari a, , e fi casse só nisso. Percebe-se então uma cúpula atrás, e no alto uma fl echa - a famosa fl echa ele N otre D ame, que dá um arremate, um toque ele leveza, ele graça e ele grandeza às torres inacabadas.

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*

A s torres ela catedral deveri am ter sido mais altas, mas o estil o gótico morreu ao sopro maldito ela Renascença e cio Humanismo, e por isso elas não fo ram conc luídas . Entretanto, mes mo ass im, têm encanto e beleza.

Notre D ame provoca uma impressão muito agraciável pelo contras te entre a altu ra e a largura cio edifício. E la é graciosa e leve, mas possui um quê ele forta leza. É esguia, no entanto não pode ele nenhum modo ser considerada frág il. Refl ete bem a plenitude cio espírito ela Tcl acle M édi a: hierático e hierárqui co, sacra) e ordenado, tudo voltad o para o que há de mais alto. Am aior seriedade se compagina bem com a graça e a clelicacleza, e os mais belos aspectos ela alma católica aparecem a todo propós ito em todos os ângulos ela catedra l. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 11 de janeiro de 1989. Sem revisão do autor.


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