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Co RR A oc O uvE1RA
Santos Inocentes Padroeiros das Famílias
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anto Estêvão qui s ser mártir e fo i. São João qu is ser mártir e não fo i . Os bem-aventurados Inocentes - as cri anças mortas por Herodes, em sua tentati va ele, junto com elas, matar também o M ess ias que há poucos di as nascera - não qui seram ser mártires e fora m. Porque elas não tinham vontade e entendimento, mas foram mártires se m querer. A respeito, D. Guéranger escreve o seguinte:
"Mas quern du vidará da coroa obtida por estas crianças? Perguntareis: onde estão os méritos para esta coroa? A bonda de de Cristo seria vencida pela crueldade de Herodes? Este rei ímpio pode rnandar ,na/ar crianças inocentes, e Cristo não poderia coroar aqueles que morreram por sua causa?" . Ass im sendo, temos uma leg ião de inocentes que estão no Céu e que rezam continuamente por nós. Co mpreendemos melhor ele que maneira o mundo rea li za o plano sa lva-
dor de Deus. Qu ando se pensa profundam ente no enorm e número de crian ças que morreram bati zadas - sem culpa nenhuma, que vão, portanto, diretamente para o Céu - , compreende-se que são também santos inocentes. Se ti véssemos um sa nto canoni zado em nossa fa míli as , nós seríamos muito devotos dele. Ora, certamente, na família ele todos ex istem como que sa ntos canoni zado·. Isto porque nas famí lias ele todos, ou de quase todos - se não entre o. irm ãos, pelo menos entre primos ou parent s mais afastados - , exi stem cri anças que morreram bati zadas . Lo o, estão no Céu, onde elas têm toda a lucidez d urna alma que está convivendo com D eus face-a- fa ·e. Po l ' mos ·ntão rezar, reco mendando-nos às orações I las, qu • são padroeiras naturais da famíl ia. • Excertos da co nferência pro feri da p ·lo Prof, l'linio C'o1r 28 de dezembro de 1965. cm rcvis1 o do 11 111 01·,
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ExcER'ros
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CARTA oo Dm.ETOR
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QUE NossA SENHORA cuonA?
PAl,A\IIM DO SAcmmoTE
Drsct•:RNINDo
O que é uma sociedade orgânica?
18 ENTmw1sTA Há 30 anos, manifesto contra PS francês 24 SOS F AMíuA Di vórcio e dissolução da família
2011 em retrospectiva
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CAPA
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VmAs DI•: SANTOS
A M a1011ça dos /11oce111es - G iotlo de Bond one, séc. X IV . Ca pela deg li Scroveg 11i - Pádu a ( ll ál ia).
- --..-._-,
Santo Odilon
4 l EP1sú1>ms H1sTómc<>s Primórdios das Cruzadas M1~:s
44
SANTOS 1,: FESTAS oo
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AÇÃO CON'l'RA-RE\IOl,UCION/\Rli\
52 AMBmNTES , Cos·mM1•:s , C1vn.1zAçfms Encontro do Menino Jesus no Templo - Sabedorja e Majestade
Nossa Capa: Na parte superior: cena do casamento do príncipe William, herdeiro do trono inglês, na abadia de Westminster (Londres), em 29 de abril de 2011. Na parte inferior: cena dos distúrbios anárquicos e incêndios em prédios na Rua Tottenham High Road (subúrbio de Londres), em 6 de agosto de 2011.
CATOLI CI SMO
JAN EIRO 20 1 2 -
Caro leitor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
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Prol Editora Gráfica Lida. E-mail: catolicismo @terra.com .br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Janeiro de 2012:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
No início de cada ano, órgãos de imprensa ele Lodo o mun lo L".\ m o cos tume de apresentar a seus leitores um balanço sumári o dos pri ncipa is aconLcci mcnLos cio ano anterior. Esta é também uma praxe de Catolicismo, só que com uma li forcnça essenci al : não apresentamos apenas uma caudal ele fatos, mas temos a prcocu1 ação de hieraquizá- los e analisá- los segundo sua im portância. N ossa meta predomin ante consiste em selec ionar os acontec imentos mais signifi cativos e sim bó li cos e, através deles, fo rm ar um panora ma gera l que ponha em realce, na medida cio poss íve l, o princípio ele uni dade no transcurso dos eventos. O ano ele 2011 caracteri zou-se por um dupl o mov imento hav ido nas almas dos contemporâneos, embora de modo sutil: ele um lado a sensação ele angústi a perante a ameaça ele ru ína elas estru turas cio mu ndo atual, principalmente a partir do processo ele desagregação da Uni ão Europe ia, e de outro um aumento ele apetência nostálgica ele uma ordem autentica mente cristã. A atual cri se ci o euro tem posto particul armenLe a nu a arti fic iali dade dasestruturas po líti cas, soc iais e econômi cas do contincnLe europeu, começa ndo a Ler refl exos con iclcrávcis cm Lo lo o mundo. E, aLé o momenLo em que e. crevemos, as medida adotada p las auLoriclaclcs cur pcias para debelar a crise não têm sido efi cazes. A o que par ce, tai. med idas são paliati vas e apenas a liam um desfecho traumáti co. A par desse aspecto so mbri o ele um a uropa que Lcndc a tornar-se fragme ntada e caóti ca, dentro ele um mu ndo g loba l izado que sofre as co nsequências de estru tras artifi cialmente co lossa is, alguns acontccimcnLos marcantes revelaram fibras ela ai ma hum ana saudosas lo maravi lhoso das tracliçõ s gloriosas do passado da Cri standade. Um deles fo i o cerimo ni al que cercou o casamcnLo cio príncipe W illi am, herdeiro ci o trono in glês. N os cin co con tinentes, 2,5 bi lhões ele pessoas ass ist ira m encantadas ao longo espetác ulo com cerimônias que remontam à Idade M édia e transcorrid as no ambi ente ele uma igreja abacial gótica. , N este mesmo sentido, o so l n sepu ltamento do herdeiro da coroa cio Impéri oA ustro-Húnga ro, Otto ele H absburgo, evocou a secu lar pompa fú nebre caLó li ca que outrora marav ilhava a opini ão púb l ica universal. E despertou em nossos dias a admiração e o gáudi o, não apenas na ÁusLria, mas no mundo inteiro. Peçamos à Di vina Prov idência e a No sa Senhora que essas graças germinaLivas no mundo atual se intensifi quem e suplantem os movimentos desagregadores e ele desord em que tendem a e tabc lecer a anarqu ia e o caos uni versa is. Ainda que para isso tenhamos qu e pas ar pelos acontecimento devastadore anu nciados pe la Santíssima Virgem em Fátima. D esej o a todo uma profícua leitura deste penetrante retrospecto de 20 I 1, a qual permitirá anali sar melhor os acontec imentos no decurso do novo ano que se inic ia.
Em Jesus e Maria,
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Desastrosa limitação da natalidade
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" Dados do Censo 2010 divulgados na últirna semana revelam que a f ecundidade no Brasil caiu para 1,86 f ilho por ,nulha Chama a atenção, ern primeiro luga ,; a grande velocidade com. que o índice despencou. Meio século atrás, em 1960, ele era de 6,2 [. .. }. "Ocorre tambérn o que os especialistas chamam. de janela demog ráfica, na qual a proporção de trabalhadores na ativa é mais alta, produzindo o enriquecimento da sociedade [. .. ]. O problerna é que essa j anela não dura para sempre. Ela se f echa à medida que a coorte de idosos que j á não trabalham vai. ganhando preponderância. Os desqfi.os aí são tenta r manter a viabilidade dos sistemas de previdência e de saúde, bem como a riqueza material da sociedade. "Decisões antipáticas, corno alterar (e pará pior) o regime da aposentadoria, precisam ser tomadas. No limite, é preciso pensar em abrir o país à i.mig ração, outra medida impopula1: Os obstáculos são tantos que a tendência é empurrar a encrenca para nossos fi lhos e netos"
eus criou o mundo ele acordo com leis sapienciais admiráveis. Ordenar todas as coisas segundo essas leis acarreta não apenas um equilíbri o perfeito em toda cr iação como atrai o beneplác ito divino e sua mi seri córdi a. Pelo contrário, transgredir sistemati camente essas leis leva à irracionalidade e ao desastre. É o que está ocorrendo com o contro le da natalidade. Pelo desej o ele bemestar e gozo ela vicia - ou outros eventuais - afronta-se a fin al idade primári a do matrimôni o que é a procri ação e a educação da prole. Para sati sfazer esse (Hél io Schwartsman, "Fo lha ele S. Pauele ejo peca minoso e desordenado mu llo", 20- 11 - 11 ). tip lica m-se os meios de l imitação dos nasc imentos: pílul as, drogas, mecanismos e mais não se sabe o quê, condena* * * dos na Encíclica Humanae Vitae de PauOutra consequência, nada desprelo YL As consequências j á se vão fazível : os que vão envelhecendo j á não zendo sentir e se anunciam trág icas. têm mais lugar na famíl ia. Aqu elas esOs fi lhos se mpre fora m consideratirpes de o utrora, com numero sos fi dos uma bênção para os pa is. H oj e em lhos, cuidavam amorosamente ele seus di a, com o neopaga ni smo vigente, paspais e avós . H oj e, estes vi vem no amarsaram a ser um estorvo. Os filhos sempre foram considerago iso lamento de um apartamento, V ejamos o caso cio Bras il, em que a dos uma bênção para os pais. Hofe diminuição ela natalidade tem sido enorquando não são relegados a depós itos em dia, com o neopaganlsmo vigente, passara m a ser um estorvo. de velhos, chamados Casas ele Repoume. E la se opera em visLa de se poder so, onde muitos vegetam até morrer (ou viver com maior riqueza e bonança. Pois até serem "eutanas iados"), na amargubem, é isso mesmo que está ameaçado. ra e na decepção ele uma vida em que, pelo fato ele co locaA transgressão cio mandamento divino "multiplicai-vos e enchei rem o gozo e o prazer ac ima da lei ele D eus, perderam não só toda a Terra" (Gen. 1,28) traz em seu boj o o próprio castigo. a D eus, mas também a fel icidade. A li ás, sobre tais as il os de ve lhos, o antigo Rei ci o M arro* * cos, Hassan I - um muçulmano, portanto - disse, mai s ou menos com estas palavras, a seguinte verd ade, esquec ida hoj e " Pela primeira vez na história, estima-se que as mulhepelos cató lico : "No dia em que eu souber que em algum res no Brasil terão, em média, um número de f ilhos menor
que o considerado necessário para repor a população [. .. ] A rápida mudança populacional expõe o risco de o Brasil 'envelhecer antes de enriquecer' [. ..]. Com o aumento da população aposentada ou idosa, elevam-se os custos pri vados e públicos da assistência e reduz-se um. f ator de produção, o trabalho" ("Folha de S. Paulo", 20- 11 - 11, ed itoria l). N ote-se que o comentári o ac ima só leva em co nta o aspecto materi al. Pois bem, é por aí que vem a catástrofe. No mes mo sentido:
lugar do Marrocos f oi. colocada a primeira pedra para a construção de um asilo de velhos, posso dizer que a nossa nação acabou ". Queira Deus que os que incorreram numa l imitação da nata lidade contrári a à sabedori a e aos mandamentos divinos pelo menos reco nheça m seu pecado e se reconcili em com o Cri ador. M as co mo f enômeno soc ial o desastre está feito e só nos resta ped ir a Nossa Senhora que desencadeie os acontec imentos regeneradores previ stos por Ela em Fátima. •
JAN EIR020 12 -
como as pág inas de um a revi sta podem faze r renascer na gente aq uelas le mbranças dos Nata is de antigamente. Valeu! A todos vocês que colaboram com esta bonita revista, manifesto meus votos de Feli z Natal e Próspero Ano Novo com as bênçãos do Menino Jesus. (M.G.G. -
ES)
Não <leixe o Natal JllOl'l'CI'
"Estilo católico " 18] Parabéns pela revi sta e muito obri -
gado pelo envio da mesma. Que Nossa Senhora continue abençoando Catolicismo, que não arredou o pé de seu es til o e qu alidade dos a rti gos nele exarados. Valho- me deste email para desejar à Vossa Se nhori a e Excelentíssima Famíli a um Santo e Feliz Natal, que o Menino-Deus nascido no presépi o de Be lé m, possa nascer no coração de cada um de nós. Desejo um Ano Novo repl eto de fe li cid ades, paz, saúde, prosperidade e que todos os seus sonhos se reali zem. Agradeço- lhe pela amizade e contatos fe itos, aproveitando o ensejo reitero meus mais elevados votos de estima, consideração, respeito e amizade. Cordi almente, (P.J. -
SP)
Alegl'Ías, sons, luzes 11atalinas 18] Eu estava meio chateado, não sentido em minha cidade aquele "algo" (que não sei como dizer o que é) apropri ado ao Natal e que antigamente e u sentia enorme mente logo ao iniciar os meses de dezembro. Mas lendo a revi sta deste mês [dezembro] tudo de Natal veio à tona. As alegrias, os sons, as lu zes espirituais e tc. própri os da época de Natal, como que renasceram vendo as fo tos e lendo os comentári os re lativos ao nascime nto do Me nino Jes us. Não se i co mo ex pli ca r isso:
-CATOLICISMO
18] Queria sugerir uma fo rte campanha no Brasil inteiro para no próx imo ano: os brasileiros cele brarmos mais adequada me nte o Natal. As fa mílias poderiam se comprometer a montar árvores coloridas, com luzes, presépios, etc., como recome ndou São Francisco de Assis. A cada ano que passa, esta festa está perdendo o significado verdadeiro e não pode mos deixar que isso aconteça. Seria uma pena sem nome. Poderíamos faze r a pro messa de a cada ano melhorar um pouquinho aquele clima. Bom Natal neste ano e um ainda melhores nos próximos ! (W.E. -
PR)
Eloquência e lógica
onári as nas Faculdades em que lec iono, por ta ntos anos sem o "leite puro" da verdadeira do utrina católica ... Hoje, a chegada da rev ista Catolicismo , alé m de ol"cr ceras meditações de Santo Afon. o, que mar aram a atmosfera primaveril ele minha vicia espiritual, me presenteou com uma magnífica aula do Senhor Doutor Pl íni o: Quanta saudade! E uma mensagem ficou cl ara para mim: retome ele onde deixou a causa católica: retome a luta pela fa míli a, alicerce ela tradição, rele ia o que seus Ami gos da TFP lhe pu se ram nas mãos, re le ia F un c k Brenta no, Joseph de Maistre, Donoso Cortés e sobretudo medite nos textos da obra Revolução e Contra- Revolução, Nobreza e Elites Tradicionais, Inocência Primeva e clepoi volte para as aul as com novo vigor pela causa cató lica. Enfim , me u Natal deste ano começou mais cedo, com seu presente. Que Nossa Se nhora obte nha para o Senhor, para os de mais redatores de Catolicismo as g raças ele um Sa nto Nata l e abençoado ano Novo de 2012. (C.C. -
18] DD Diretor de "Catolicismo",
Ve nho agradecer a gentil eza do e nvio do CD "Tradição e continui dade familiar", reproduzindo a confe rê ncia do saudoso e sempre presente e m nosso pensamento, P rofesso r Doutor Plíni o Corrêa de Oliveira, pronunc iada em 1° de Julho de 1966, a que tive a oportunidade de comparecer. A voz fo rte e eloquente do orador, a lógica profunda do seu rac i cín io e a capacidade de - numa exposição apenas descortinar a história do apogeu e decadência da in stituição fa mili ar na civilização oc idental, mais uma vez me maravilha ram. Pedia eu a Nossa Senhora, na festa da Sua Imac ulada Conceição, a graça de me "rec icl ar" no pe nsa me nto genuiname nte católico, du ra nte estas fé ri as, para compensar o convívio co m toda sorte de idéias e modas revo luci-
SP)
Visão católica Já comecei a ler Catolicismo e o co nteúdo sempre ótimo. Bom para conhecermos a doutrina católica, as dúvidas sanadas com o Mons. Villac e a atualidade vista de acordo com o olhar ela fé católi ca. Parabéns à Redação. Deus lhes abençoe ! (Pe. C.S.0. -
RJ)
1'ermo "homotobico" e burrice Peço perdão, inicialmente, pela extensão do texto, mas não saberia ex pressar com menos palavras o que penso a respeito e, então, trata-se cio seguinte: Quando algué m está errado, pouco irá se importar com a existência da verdade. Para simplificar, o erro é a verdade. Um erro sustentado com veemência acaba se institucionali zando. E assim nascem os fa náticos.
Fanático vem do latim "fanum" templo - e designava aqueles que entravam no templo, ao contrário dos profa nos ("pre fa num"), que eram os que ficavam à e ntrada do te mplo. Ass im foram chamados, em certa época, os sacerdotes da deusa grega Belona (ori gem dos termos "bélico", "belicoso", "beli gerante", guerreiro), a versão feminina cio deus da guerra M arte. Esses sacerdotes percorriam a cidade vestidos de preto e armados de machados de dupl a lâmina, tocando trombetas, dançando nu s e se lacerando com punhais. Com o passar cio tempo, o termo fa nático passo u a ser apli cado aos que demonstra m exagerado ardor religioso ou que se mostre entusiasmado demais por uma idéia. Dessa fo rma, em nossa civi Iização, nascera m e fo ram se desenvolvendo co mporta mentos que, por seu inediti s mo e opo rtunidade, passaram a requerer qualificação própri a e, gerados por um sistema político -soc ia l do min a nte, fo ram sendo batizados a bel prazer, segundo as regras da orwelliana nov ilíngua. Por traz de tudo isso res ide, impávido co losso, a ti ra ni a. A ti ra ni a cio fa natismo. Expressão que me parece uma tautologia, um "bis in idem"; enfim , uma redundânc ia. Indo direto ao ponto, a tirani a im pôs a idéia de que o homossex uali smo, ou seja, a prática de sexo entre indivíduos de sexo - ou gênero - semelhante, isto é, um homem com um home m e uma mulher com uma mulher, deverá ser considerado como uma atividade corriqueira e tão integra nte da natu reza humana quanto um sujeito sair de casa de manhã para ir trabalhar. A despeito da consuetudin ári a e legal verdade no sentido de que um casa l é composto de indivíduos de sexos di versos. Do contrário não teremos um casa l, mas sim um par. Um "par de dois", voltando à tautologia. Determinou-se, então, de modo artificial, como
de costume, que aquele que se indispuser contra tal convenção soc ial fosse chamado de "homofó bico" e, mais que cha mado, criminali zado, penali zado, tipificado, punido e sentenciado. Mas, se existe algo que me incomoda em particular, é a burrice, especialmente quando é crôni ca. Homofó bico, ao que me consta, é algo que não ex iste. Mas foi criado e teve que passar a ex istir, pelos poderes de outra tirania, a semântica. Se não, vejamos: E timo log ica mente fala ndo, o termo ho mofo bi a (q ue não ex is te, foi construído) é constituído de um radi cal e um sufi xo gregos: "homos", que significa "semelhante" e "phóbos" que significa terror, medo, horror, ou medo mórbido de algo, sejam atos ou situações. Em suma, homofóbico seria aquele que tem terror, medo, horror, do que lhe é semelhante. Até aqui, portanto, não se vê conotação sexual na co isa toda. Pode ser que signifique algué m ter medo do próprio vizinho, ou do gênero humano de um modo geral. Existe, no entanto, uma palavra consagrada pelo uso (uso antigo, é claro, porque hoje é ignorada pela própria existê nc ia da " ig norantz ia"), qu e é "homogamia" . Homogamia sim , posso entender, que tem origem no grego "homógamos" que define aquele que está casado com alguém da mesma condi ção sexual, seria um termo que e u ace itari a que entrasse em di scussão. Mas, homofobia? Como e com quem e u posso discutir algo que não existe? E, embora inex istente, céus, quanto incômodo ! O correto seria a mídia (incl uindo professores de gramática) di fundir que a forma correta de expressar o sentimento contrário à união entre pessoas do mesmo sexo seri a "anti homogâmico" e não " homofóbi co", cuja etimologia não leva a nada ... mas, como a burrice impera ... (N.T.G.P. -
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FRASES SELEC IO NADAS
"Seja-nos caro, ó cristão, o 6efo nome de Jesus j Efe esteja sempre em vosso coraçãoj seja o único alimento de vossa a&na. e a vossa única consofação" (S t1111,to A111,seLV1,1.o)
"Desde que os homens deixaram de crer em Deus, o que se nota não é q~ não crêem
ma.is em nada: é q~ efes crêem em tudo" (c~esterto111,)
"Quem possu.i tucfo em Deus, tem certeza de
nunca sentir fiúta de coisa alguma" (stlo Letio)
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endere~os que figuram na página 4 desta edi~ão.
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JANEIRO 2 0 1 2 -
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Pergunta - Qual a posição em que devemos receber o Corpo de Cristo? Ajoelhados ou de pé? E, depois da ·comunhão, ficamos ajoelhados ou sentados em agradecimento?
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Resposta - Por ocas ião do Concilio Vati cano 11 (19621965) e depoi s dele, os esp íritos se agitaram a tal ponto, que as concepções mais insólitas foram co locadas e m circulação. Urna delas di zia que os cri stãos de nossos dias ultrapassara m as fases da infânci_a e da ado lescê nc ia e que hoj e são cristãos adu ltos. E que era chegado o momento de dar um passo avante. A Igreja constantiniana - assim chamada porque nasceu com o fim das perseguições dos imperadores romanos e a conquista da liberdade decreta d a pelo imperador Constantino no Éd ito de Milão, no ano de 313 - correspondia às fases de infância e adolescê ncia do c ristia nismo . Comentava-se que o Concílio Vaticano II deveria, poi s, cr iar as in stitui ções, doutrina s e ritos próprios para a fase adulta da lgreja a que se chegara. No qpe conce rne à liturgia da Missa, di zia-se que os leigos deveriam ter uma participação ativa e exercer fun ções antes realizadas exclusiv a me nte pelo sace rdote ofic ia nte. Assim, a lg um as leituras e orações deve ri am ser confi adas aos ass istentes, tanto homens como mulheres, em particular a le itura da Epísto la. Mesmo o sermão não hav ia por que não ser pronunciado por le igos e até
le igas (sugestão que abriri a caminho para a posterior reivindicação do sacerdóc io das mulhe res). No que ?e refere à recepção da comunhão, preconizava-se que deveria ser recebida na palma da mão, e não na boca. A Sagrada Eucaristi a constitui nosso alimento espi ritu al, e um adulto se ali me nta por s i mes mo, não precisa que se lhe ponha na boca, como se faz às cri ancinhas. E para indicar qu e se atingiu a maturidade, é melhor estar de pé cio q ue ajoelh ado, ao receber a com unhão. Estar ajoe lhado signi ficaria manifestação de inferi oridade e m re lação a outrem , o que não convém a fiéis adultos, co-parti cipantes com o sacerdote no mi stério e ucarístico qu e está sendo ce lebrado. Com essas medidas, resgatar-se-ia a maturidade dos fi é is e, ademais, se romperi a aq ue la (pre,'Ulnida) pass ividade dos ass istentes clu1·ante as Mi ssas do período constantini ano. Na mesma ordem de idé ias, o altar deveri a estar voltado para o po o fiel, para que ficasse mais e viden te sua co-participação no ato ''presidido" pe lo sacerdote.
A reforma litúrgica do Concílio f'atica110 li Conforme notic iou Catolicismo (março/20 11 , nº 723), tr' ava-se presentemente na Igreja uma viva di scussão acerca do grau de assent im ento dev ido aos documentos do Concíli o Vati cano 11. Um dos pontos dessa di sc ussão e nvolv e a reform a litúrg ica qu e se seguiu ao Concíl io, pro mulgada $Ob a
Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC
égi de de Paulo VI. Referi mo-nos a e la ape nas para enquadrar melhor a pergunta cio mi ssiv ista. Tal como foi apli cada, a reforma li túrgica condu ziu a muitos ab usos qu e obri gara m os papas sucess ivos a intervir diversas vezes para coibi-los. Assim , a Instrução Redemption.is Sacramentum, da Congregação para o C ul to Divino e a Di sciplina cios Sacramentos, publicada por indi cação de João Paulo II e m 25 ele março de 2004 e ass in ada pelo Cardeal Francis Arinze, prefeito da dita Congregação, depois ele trata r da refo rm a litúrg ica, ac resce nta: "Ce rtamente 'não faltam sombras' (cfr. João Paulo II, Carta encícl ica Ecclesia de Eucharistia, de
to XVI) , usa pal avras ainda mai s incisivas: "Na sua re17-4-2003 , nº 10)". E prossegue: "Assim, não podem ser silenciados os abusos, inclusive gravíssimo.\·, contra a ncttureza da Liturgia e dos sacramentos, bem como
alização concreta, [a reforma litúrgica] não foi uma reanimação, mas uma devastação" (cfr. K.Jaus Garn ber, La réforme liturgique en ques tion , Édition s Sa in te
contra a tradição e a autoridade da Igreja , que, em. nossos tempos, neste ou naquele ambiente eclesial, não raram.ente prejudicam as celebrações litúrgicas. Em alguns lugares, a prática de abusos em matéria litúrgica se converteu em costume, o que evidentemente não se pode admitir e deve cessar"
Madelein e, Le Barro ux , 1992, p. 6). Co nfirmados por essas afirmações, é compree nsíve l que muitos fiéis manifestem sua estranheza diante de certas nov id ades introdu zidas nos ritos cató licos, como, por exempl o, sobre a maneira de comungar.
(doe. cit. , nº 4). Prefaciando o li vro ele Mons . Klau s Gamber sobre a reforma litúrgica, o então Cardeal Ratzinger (hoje Ben-
1'radição: comunhão 11a boca e de joelhos Uma elas novidades fo i a que motivou as perguntas da mi ss ivi sta: deve-se comun-
gar de pé o u de joe lhos? A ação de graças eleve-se fazer de joelhos o u sentado? E ra uma pergunta que não se punh a antes ela reforma litúrgica conc ili ar. Resolv a mos a ntes um a questão que a leitora não pôs, mas que aflige a muitos: comunhão na mão ou na boca? - O modo tradi c ional é recebê-la na boca, porque a ningué m ocorria pensar que estava sendo tratado como criança faze ndo-o assim . Ainda hoje, embora permitindo que se receba na mão, a Congregação para o Culto Divino não deixa de advertir para diversos perigos que daí decorrem. Assim , no nº 92 da citada instrução Redemptionis Sacramen.tum, se adverte: "Todo fiel lenha sempre o direito de re-
ceber a sagrada Comunhão, segundo seu desejo, n.a boca ou, se quise1; na mão [... ] e dessa m.aneira lhe seja administrada a sagrada comunhão. Contudo, tenha-se especial cuidado que o comungante consuma imediatamente a hóstia diante do ministro, e ninguém se retire levando na ,não as espécies eucarísticas. Se existe perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão na ,não ". A forma tradicional é na boca, e não na mão, segundo j á registrava Santo Tomás de Aquino na Suma Teológica: "Por reverência a este sacramento, nada pode tocá-lo a não ser que esteja consagrado: daí que o corporal e o cálice são consagrados, bem como as mãos do sacerdote, para tocar neste sacramento" (patte III, questão 82, ar.tigo 3, terceira resposta). Quanto a se ajoelhar.·, este é um ato por excelê ncia de adoràção, indi spensável no momento da Comunhão. Assim escreve Bento XVI na exortação Apostóli ca Sacramentum Caritatis, de 22 de feve re iro de 2007 (n º 66): " Um dos momentos mais intensos do Sínodo vivemo-lo quando fomos à Basílica de São Pedro, juntamente com muitos fiéis fazer adoração eucarística. Com aquele momento de oraç:ão, quis a assembléia dos bispos n.ão se limitar às palavras na sua chamada de atenção para a importância da relação intrínseca entre a celebração euca rística e a adoração. Neste sign(ficativo aspecto da fé da Igreja, encontra-se um dos elementos decisivos do caminho eclesial que se
realizau após a renovação litúrgica querida pelo Concílio Vaticano II. Quando a reforma dava os primeiros passos, aconteceu às vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga, por exemplo, partia da ideia que o pão eucarístico nos .fora dado não para ser contemplado, mas comido. Ora, tal contraposição, vista à luz da experiência de oração da Igrej a, aparece realmente destituída de qualquer .fundamento; já Santo Agostinho dissera : 'Nemo autem illam carnem manducar, nisi prius adoraverit; [... ] peccemus non. adorando - ninguém come esta carne, sem antes a adorar; [... ] pecaríamos se não a adorássemos' (Enarrationes in ?salmos 98 , 9)". É digno de nota que, segundo consta, o atual Pontífice Bento XVI, a par.tir da solenidade do Corpo ele Cristo de 2008, so mente distribui a Comunhão diretamente na língua e estando os fiéis ajoelhados. Assim, é notória a tendência da autoridade suprema de retornar à forma tradicjonal. E pela mesma razão de re.verência e adoração ao Santíssimo Sacramento deve-se fazer a ação de graças também ele joelhos, a menos que incômodos de doença ou outra debilidade físic a momentânea não o permüa. É o que vivamente recomendamos à distinta consule nte. • E-mail para o autor:
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-CATOLICISMO 'H
JANEIRO 2 0 1 2 -
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A REALIDADE CONCISAMENTE Internet abala a vida de mosteiro de clausura
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o mosteiro de N ot:re-D arne-de-la-Pl aine, noite da França, a Internet abalo u a vida e a clausura das freiras bernardinas. E las tinham a ilusão de pesquisar sobre a vid a m onásti ca, mas os ternas procurados se mi sturar am com mundani sm os. E dos mun dani smos " ingênuos" passara m a beirar prec ipícios, reco nh ece u a Irm ã M ary H el en , pri ora- geral d a Ordem. A superiora, bem i mbuída do espírito pós-concilia,; preferiu fec har os olho di zendo: "Nossas f reiras não
visitam sites satanistas ou pornográficos. Eu conheço mosteiros onde foi necessário instalar um controle parental ( recurso para evitar sites perigosos e imorais)". E m sentido contrário, a irm ã M arieFranci s, 91, acha que com a Internet as religiosas perdem seu tempo e sua razão de ser. •
Carro chinês bate recorde de insegurança
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CKl , sedan da m o ntadora chinesa Geely, que desej a fa bri car carros no Bras il , parti cipou do Latin NCAP, program a de avali ação dos veículos em caso de co li são. Obteve o pior resultado e nenhuma das cinco estrel as possívei s. A té então, nenhum carro havi a "zerado" na prova, cuj o formato ex iste há décadas na E uropa e EUA . E ntre a realizações da Geely figura a apresentação, no Sal ão de Xangai 2009, de uma cópia do Rolls-Royce Phantom. Até a estatueta " Spirit of Ecstasy", símbol o da fabricante ing lesa, fo i pi rateada. A montadora ex iste há menos de 30 anos, mas j á é urna das maiores da C hina. E m 2009 el a comprou a Volvo, da Suécia, e torn ou-se um dos tentácul os do governo comuni sta para ir penetrando a indú stria ocidental e destruindo-a, garantindo assim a supremac ia chinesa. •
CATOLICISMO
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Ministra francesa: Não há islamismo moderado''
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eannette Bougrab, mini stra fra ncesa da Juventude, decl arou ao diário pari siense " L e Pari sien" : "Eu não conheço islamismo moderado [. ..] Não há sharia light". Sua observação coincide com a do eurodeputado M agdi Ali am , convertido ao catolicismo. A ministra está alarmada com as vitórias fundamentalistas nas eleições no M arrocos, Tunísi a e Egito. Para el a, a opção entre ditaduras de um lado e reg imes fundamentalistas do outro, é como ter que escolher "entre a peste e o cólera". E la falou não como mi nistra, mas como
"mulher f i·ancesa de origem árabe". "Eu sou daqueles que acham que se podem proibir os partidos políticos que trazem perigo para a Constituição". A Europa está percebendo que alimentou alegremente o monstro nascido da " Primavera Á rabe", que agora se vol ta contra el a de punhal na mão. •
Brasil apontado como vilão da ecologia
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m Durban, Á frica do Sul, mai s uma conferência mundial, a COP- 17, tentou impor uma meta ambientalista radical aos 200 países participantes. A reunião começou desanim ada e acabou sem medidas efetivas, embora prometendo um acordo vinculante para 2020. A China foi reconhecida com o a maior poluidora da Terra, mas foi poupada por ser país "emergente". Os EUA "capitalistas" e "consumistas" foram o saco de pancadas. O Brasil ficou na mira da demagogia. O recuo no projeto de Código Fl orestal foi tratado de "calamidade ecológica" e previsões "apocalípticas" pi ntaram o País como um vil ão, ecol ogicam ente tão "criminoso" quanto o teri a sido no tempo da escravatura. Paradoxalmente, a del egação brasi leirn foi das mais engaj adas a favor de urna agenda "verde" que pode prejudicar seri amente o País, especi almente na " Rio+20" a realizar-se em junho de 2012. •
Nigéria aprova lei anti- homossexualismo e Obama se enfurece
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Senado nigeri ano aprovou lei que penaliza com até 14 anos de prisão o " casamento" de homossexuais e também de lésbicas. Todos os envol vidos na cerimônia poderão receber até 1O anos de pena. O povo da Nigéri a é muito religioso e considera o homossexuali smo um pecado. M ais de 30 países da África punem as rel ações homossexuais. O presidente Obama am eaçou cortar os auxíli os a esses países. M as o governo nigeriano reagiu com dignidade, lembrando ao presidente americano que a N igé1ia é soberana e livre, se rege pelo Direito, sua lei é democrática e de acordo com a sensibilidade da nação, enquanto o homossexualismo é muito ofensi vo às culturas e tradições da África. "Direitos humanos", " democracia" , "soberania" e " respei to às culturas tradicionais" são princípios que as esquerdas utilizam e fingem respeitar somente quando servem para demofü a ordem natural e cri stã. •
Milagre de Nossa Senhora de Fátima emociona Portugal
P Putin falsifica eleições e reprime opositores
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a Rúss ia, a perda de prestígio do ex-coronel da KGB , Vl adimir Putin, patenteou-se em estrepitosas vaias públicas e na perda da esmagadora maiori a que seu partido possuía na Duma (Parl amento). N as eleições de dezembro, m ai s de cinco mil casos de fraude foram denunci ados e entre 20 e 25% dos votos teri am sido fabricados. A fraude maci ça fo i con fi rmada pelos observadores internac ionais e até pela secretária norte-a mericana de Estado, Hill ary C linton. D ezenas de milhares de oposicioni stas mani fes taram-se contra a fa lcatru a e fora m reprimidos com vi o lência; m ai s de 500 foram presos. D ezenas de bilhões de dól ar es teri am saído do país diante do sombrio panorama cri ado pela conduta ditatori al dos ofi ciais da ex-po líci a política sov iética. •
China: 11 Rio do câncer11 produz 11vilas de câncer11 rio Hengshui, na pequena cidade Shangba, sudeste da China, contém tanto veneno químico que, entre 1976 e 2005 , causou 270 mortes por câncer. "De início, as vítimas do 'rio da morte' de-
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moravam a morrer no hospital. Mas, na década de 1980, duravam poucos meses", explicou Z hang L ihua, 57 anos. Um marreco morri a em menos de três horas. A mineradora estatal Dabaoshan é a grande causadora das "vilas de câncer" na.reg ião, mas ganhou do governo comuni sta o títul o de "empresa nacional avançada em trabalho político e ideológico ". Por muitíss imo menos, o coro oni presente do ambientali srno montari a um estrondo publicitári o uni versal. M as não o faz quando a China co munista está no centro do escândalo: mi stéri o ou cumplicidade ideo lógica? •
ortugal ficou emocionado pelo favor insigne de Nossa Senhora aos pescadores do barco Virgem do Sameiro. O barco naufragou e os pescadores ficaram à deriva numa balsa, em alto mar, durante 60 horas . O capitão José Manuel Coentrão narrou: "Havia um Terço na bal-
sa, que é do pescador que ainda está no hospital. Rezamos muito a Nossa Senhora de Fátima. Eu rezava em voz alta e os outros oravam em silêncio. Não tenho dúvidas de que foi um milagre". Os náufragos aguardavam que o dono do Terço saísse do hospital para irem ao santuário. "Hoje fui à balsa buscar o Terço que
quero oferecer a Nossa Senhora de Fátima e que nos ajudou a sobreviver, mandando o avião para nos salvar", acrescentou o capitão.
Descobertos no Tibet antigos textos católicos
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a Paróquia de Mang Kang , única do Tibet, foram encontrados, em perfeito estado, 45 volumes das Sagradas Escrituras e 489 fascículos sobre Nossa Senhora em tibetano. Ao norte do Himalaia e tirani zado hoje pela China, o Tibet é um dos países de mais difícil acesso. O primeiro padre católico a chegar a seu solo, em plena Idade Média, foi o Beato Pe . Odorico Mattiuzzi de Pordenone (1265-1331 ), grande colaborador do Beato Giovanni da Montecorvino, Arcebispo de Pequim . No século XVII chegaram os padres jesuítas, muitos dos quais sofreram o martírio. No século seguinte, os missionários lazaristas foram perseguidos pelo Dalai Lama, chefe do péssimo budismo local. No século XIX, os Padres das Missões Estrangeiras de Paris estabeleceram ali as raízes do catolicismo. Sete deles foram martirizados, juntamente com 11 fiéis tibetanos . A Revolução Cultural maoísta, tão ao gosto do "comuno-progressismo", expulsou os sacerdotes, que estão voltando e continuando o apostolado. Se não fosse a Revolução anticristã e a subversão no interior da Igreja, até onde a pregação do Evangelho não teria chegado?
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DISCERNINDO
Sociedade orgânica e sociedade revolucionária !,
Cio
ALEN CASTRO
no mérito - a saída é juntar-se a outros que padecem da mes ma necess idade. Vão e ntão juntos pelas ruas de pande iro na mão, fazendo algazarra, vestindo-se de palhaço, ou colocando um nari z vermelho artifici al, para ver se de algum modo conseguem chamar a atenção para seu problema. Acontece que o atendimento ou não elas reivindicações quando se trata de po ntos concretos e não de meras manifestações farfalhantes - vai se resolver depois na queda ele braço numa mesa de negociação, onde o peso maior é dos interesses e m j ogo, das influê ncias políticas, das ameaças veladas e das simpatias ou antipatias, e não das ma nifes tações de rua.
O que é propriamente a socieclade orgâ11ica
U
m leitor me envia uma pergunta: "O que é uma sociedade orgânica? Sou leitor de Catolicismo e vejo que vocês opõem a sociedade orgânica à sociedade revolucionária atual. Tenho ideias muito vagas a respeito do assunto. Poderia esclarecer-m.e?" Respondo com todo gosto. M as em luga r de ini ciar por uma definição teórica, copiada ele algum tratado de soc iologia - e os há muito bons - começo por um exemplo tirado da vida quotidi ana. F ica mai . acessível. Moro e m São Paulo, costumo passa r pe la Aven ida Pauli sta, o nde presencio quase di ariamente grupos de pessoas que reivind ica m algo, no vão li vre cio prédi o do Mu eu Arte (MASP). Vão, aliás, meio inexp li cável. Parece ter sido fe ito para incentivar manifestações desse tipo . Com fa ixas, gritari a, mascaradas, às vez s até com um tri o e létrico que serve de ba e para discursos e músicas, os grupo são s mai diversos. Ora se trata do sindicato de uma categoria profi ss io nal, cuj os compo ne ntes rec lamam me lhores salários; ora é gente que se esgoela a favo r o u contra Lul a u Dilma; ora são homossex uais que ex igem privilégios cada vez maiores; o u então ca mpanhas vituperando escândalos fin anceiros ou morai s, o u con lenan lo algum ditador estrangeiro; e assi m por diante. O movime nto re ivindicatório é contín uo e vari ado. Por vezes e mpreendem passeatas e atravancam o trânsito já convul sio nado daquela artéria. Exercíc io da democracia ou ba lbúrd ia orga ni zada? Não me pronuncio. Uma coisa, poré m, chama a atenção: o pequeno efeito, por vezes nulo, quando não contraproduce nte, le Lais man ifestações junto ao público que aos borbotões tran sita pe lo loca l. Tenho observado com cuid ado. Seja el e automóvel, ô nibus ou a pé, a multidão dos passantes porta-se na s ua quase totalid ade com uma indi fe rença supina em relação aos manifestantes. Um olhar desatento para aquele burburinho é o mais comum , seguido de um retorno imed iato às preocupações de cada um . De vez e m quando noto em alg ué m um sinal ele mal -humo r por causa da algazarra ou porque perturba o trânsito. Ou e ntão passa um grupo de am igos(as) que acha divertido o espetáculo e um de les faz um comentário j ocoso enquanto os outros rie m. Apo io ao mani festa ntes? Se houve r, deve ser muito raro; eu nunca percebi . Por que estou re latando isto? O que te m a ver com a pergunta inicial? É porque este é o sistema próprio de uma soc iedade revolucionária, na qual os problemas se multiplicam e os meios de olucioná- los são gera lme nte ineficazes. As pessoas, de modo gera l, enco ntram-se iso ladas di ante de um .,; Estado onipote nte que fa brica e aplica as leis, distante em seu Olimpo, ] que não conhece ninguém e julga de modo impessoal. Um Estado do ] qual o indivíduo depende para tudo e, não tendo como se achegar a esse semi -deus, para conseguir o que deseja - bo m ou mau , não entro CATOLICISMO
A descrição acim a, inteiramente rea l, tem o fim didático de ajudar o leitor a compreender, por opos ição, o que agora segue sobre a sociedade orgâni ca. Baseio- me para tal nos ensinamentos de Plínio Corrêa ele Oliveira: todos os textos citados e ntre aspas são de le. Acrescente i alguns intertítulos. Ressalvo que o tema é por demais ampl o para ser tratado num simpl es artigo . Exporei apenas alguns aspectos. Para o leitor desejoso de possuir uma visão abarcati va da sociedade o rgânica, recomendo vivamente o último livro publi cado pelo insigne pe nsador cató li co: Nobreza e Elites Tradicionais Análogas nas Alocuções de Pio X II ao Patriciado e à Nobreza Romana. Na sociedade orgânica - engendrad a pela civilização cristã e que alcançou seu auge hi stórico na Idade Médi a - o indi víduo não era um iso lado diante do Estado onipotente. Ele estava inserido em soc iedades menores hie rarquicamente orga ni zadas, que não apenas o protegiam, mas lhe davam todas as oportunidades de desenvolver suas fac uldades e a ptidões . . Assim , é orgânica "a sociedade em que os hornens, longe de quererem dissolver-se em multidões anônimas, tendem a constituir núcleos orgânicos e dife renciados, que evitam o isolamento, o anonimato, o aniquilamento do indivíduo diante da massa" . Nesse tipo de soc iedade "convivem harmonicamente as classes diversas ". 1
A l'amília como l'tmdame11to ela sociedade orgânic~ "Num certo sentido, a mais viva de todas as sociedades é a família. Com ef eito, se bem que o Estado, como outros grupos sociais inferiores, nasça da própria ordem natural das coisas, nenhuma sociedade é tão imperiosa e por assim dizer urgentemente criada pela natureza quanto a família. Podemos conceber a sociedade hurn.ana vivendo embrionariamente numa estrutura familiai; anteriormente à existência do Estado. Não podemos conceber o Estado vivendo anteriormente à família, ou sem ela. "De outro lado, não há sociedade para a qual estejamos tão naturalmente propensos. Todas as disposições de espírito necessárias ao regular fúncionamento da família existem em nós - ao menos de certo modo - espontaneamente: o respeito dos filho s aos pais, a compreensão, o amor, o mútuo auxílio entre os membros. Comparada com a família, qualquer outra sociedade parece hirta, rígida, em certo sentido artificial.
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" Um dos traços característicos da civilizaçcio cristci edificada no Ocidente depois da invascio dos bárbaros consistiu em fazer da família ncio só uma instituiçcio de vida puramente doméstica e privada, como é hoj e, mas a unidade propulsara de todas, ou quase todas as atividades políticas, sociais e profissionais. "A propriedade im.óvel era frequentemente mais familiar do que individual. A casa, a terra, o f eudo eram considerados muito mais como o patrirnônio da família, do que do indivíduo. O mesmo se deu no artesanato e no comércio, em que se man4estou a tendência de transmitir a profi.sscio de pai para .filho, em várias ge rações. "Se examinarmos o domínio da ciência e das artes, veremos também com quanta .fi·equência os membros de uma fa mília se dedicavam ao mesmo ramo. "Na administraçc7o tanto f eudal, quanto municipal ou real; nas .finanças, na diplomacia, na guerra, em todos os campos enfim, notamos que a família enquanto tal era, em toda a m.edida do possível, a grande unidade de açcio e de propulsc7o. Os f eudos, as corporações, as universidades, os municípios, nada havia que escapasse à penetraçc7o da .fámília. De tal sorte que o Estado - um reino, por exemplo nc7o era senc7o umafam.ília de famílias , go vernada por uma .fámília: a família real. " Com as reservas com que imagens como esta devem ser empregadas, pode-se dizer que a família penetrava todas as partes do organismo social, como as artérias penetram e irrigam todos os membros do corpo humano. E, assim, a f amília comunicava um quê de especialmente vivo, plástico, orgânico, a todas as instituições políticas, sociais, econômicas, etc. ".
Papel <lo Esta<lo e <lemais organismos sociais "Considerando a estrutura e a vida destas instituições, como sejam corporações, universidades, municípios, únpressiona a sua 'naturalidade '. "As linhas típicas destas várias espécies de organismo nc7o f oram preestabelecidas por algum teorizador acadênúco e irnaginoso. Pelo contrário, nasceram paulatinamente de um ajustamento quotidiano às necessidades e aos problem.as de cada instante. Por isto, havia nelas algo de profitndamente real, a um tempo vivo e ágil, estável e sólido. " E o Estado? Também era algo de muito menos hirto, impessoal, e cheio de arestas do que se tornou depois de 1789 (inicio da Revoluçcio Francesa). [... ] "Se considerarm.os as relações entre o todo e as partes, o Estado e os órgc7os sociais de que se constituía a naçcio, a impressc7o de organicidade vital se torna ainda mais pronunciada: cada órgcio é um pequeno todo, como que um reino em ponto pequeno ou até minúsculo, dotado dentro de sua esf era de certas fun ções go vernamentais, leg islati vas, executivas ou judiciárias. Assim, na família , o Pai era um verdadeiro Rei em miniatura, pelo poder que exercia sobre a esposa e os .filhos. Característico era o axioma: o Pai é Rei dos filhos; e o Rei é Pai dos Pais. Em algwnasfamílias, até as leis de sucessc7o eram peculiares, e di versas das que se aplicavam em todas as outras. "Também. nos .feudos, o Senhor era uma miniatura do Rei, legislador, go vernador e juiz dentro da órbita que lhe tocava. " O Rei - simplificando rnuito as coisas, é claro - tinha apenas a .fitnçcio supletiva de .fázer o que por si estes vários órgcios nc7o poderiam realizar; isto é, a tutela dos interesses comuns e supremos que extravasavam do âmbito próprio de todos os órgcios, a manutençc7o de um justo equilíbrio entre eles, e a vigilância
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para que no recesso de nenhum deles, se o.fendessem os princípios fundam entais da moral e da civilizaçcio cristc7. "Considerado em seu conjunto este quadro muito sumário, vê-se quanto é orgânico. Cada elem.ento celular tem .fitnções inteiramente peculiares. Cada qual tem, para o exercício de suas funções, atribuições que lhe tocam por direito próprio, e se move por uma energia que age de dentro para fora, e nc7o de f ora para dentro. O bom andamento do todo depende muito mais do bom andamento de cada parte, do que da mera açc7o do organismo central " .2
O princípio <le subsi<liarie<la<le -
organici<la<le social
"Segundo o princípio da subsidiariedade, que é o próprio .fitndamento da organicidade, cada corpo social, cada grupo social, deve tirar de si mesmo a inspiraçc7o da soluçc7o pa ra os seus próprios problemas internos, e deve ser apoiado pelo grupo superior apenas na medida em que, por sua própria natureza, aquele grupo inferior nc7o tenha os meios para resolver os seus próprios problemas. De maneira tal que há uma espécie de autonomia de todos os corpos dentro do Estado. "Especificando: todos os f eudos na Idade Média. Cada f eudo tinha suas leis próprias, instituições próprias, costumes próprios, e vida própria. "Por outro lado, dentro das cidades as corporações com uma vida própria, as cidades com uma vida própria, os pequenos f eudos encaixados em grandes, ou encaixados em f eudos maiores, o f eudo grande só intervindo na vida do f eudo pequeno, ou para remediar as violações da lei de Deus e dos princípios da civilizaçc7o cristc7, ou para sustentar o f eudo pequeno nas ocasiões em que sua pequenez lhe impedia de sustentar-se por si e, por cima de todos, o Rei que fa zia isto em relaçcio a todo o mundo. " O Rei era o mantenedor de todas as autonomias, ele era o mantenedor de todas as liberdades, ele era o coordenador de todas atividades gerais, mas ele ncio estava mandando em cada um. Cada unidade social tinha, de si mesma, uma vitalidade por onde produzia o seu próprio impulso. O Rei era o coordenador e estimulante de todas estas atividades" . 3
Dese1nroflri111e11to social real e autêntico Após a invasão dos bárbaros no impéri o romano, sob a inspiração da Igrej a "em cada lugar começa a aparecer uma arquitetura própria, uma indumentária própria, trajes regionais próprios, os dialetos veio se f onnando. Por outro lado os costumes vc7o se di;f'erenciando, e quando nós chegamos aos primórdios do século XI e no século Xfl, encontramos a Europa toda ela transf ormada num mosaico de pequenos mundos avulsos, cada um estuante de vitalidade própria. "Desta vitalidade podemos bem ter uma idéia, se nós nos reportamos ao que dela ainda existe hoj e. Todo turista que vai à Europa se encanta em conhecer os traj es regionais, as arquiteturas regionais, as danças regionais, que sc7o os re1notos e resistentes resquícios exatamente desta prol(feraçc7o de variedades na Idade Média. Remotos resquícios que nos dcio idéia de como em cada lugcu; em cada ponto, f oi se f ormando como que wna cultura própria e uma civilizaçcio própria, que j á era muito di:f'erente da que existia a poucas léguas mais além. "Esta prol(feraçc7o, esta vida estuante, como se vê bem., vinha de baixo para cima. Eram os indi víduos, eram as .fámílias que, em coletividades muito pequenas
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onde o poder público se qfinnava pouco, naturalmente comunicavam a sua força vital e a sua influência ao ambiente. E era, portanto, uma ordem de coisas em que o indivíduo, a família, o costume lideravam muito mais do que a autoridade jurídica propriamente constituída " .4 Esta vitalidade social produz "o aparecimento, num país, de uma multideio de costumes, de uma rnultideio de hábitos, de uma multideio de formas de arte, de estilos de vida, de maneiras de ser diversas e harmônicas e refletindo a variedade maravilhosa que Deus pôs na criaçeio. Aformaçeio, portanto, de uma ordem de coisas, na qual estas variedades sejam respeitadas, na qual se tome o cuidado de neio comprimir nada do que é justo e bom; mas que fa ça, pelo contrário, que o Estado chame a si a tutela de todas essas liberdades sem prejuízo do bem comum que a ele cumpre proteger; e, enteio, chame a si a tutela dessas variedades legítimas enquanto o mal está firmemente encadeado. "Aí os senhores têm a formação de uma sociedade orgânica. De uma sociedade como Pio Xll desenvolve no seu famoso discurso a respeito de povo e massa; uma sociedade cuja vida brota de dentro para.fora e se expande em mil variedades legítimas, fa zendo exatamente com que essa sociedade nüo seja uma multideio sem consistência, que a propaganda rola para qualquer lado e que as leis dominam tiranicamente; mas, pelo contrário, uma sociedade com uma seiva vital, abundantíssima, que orienta o próprio Estado". 5
Anorga11icidade do atual mundo massilicado "Em larga medida, as democracias modernas participam dos vícios do Estado socialista. A sua grande força propulsara é a vontade da maioria meramente numérica da populaçeio. [... ] Foi em nome desta maioria, consultada em sucessivos plebiscitos acerca de cujo enigma a História nüo disse a última palavra, que Hitler reduziu a Alemanha a uma senzala. [... ] E em face deste Estado que tudo pode, os grupos e os indivíduos neio seio órgãos, mas peças de máquina ". 6 "Daí a formação de imensas massas sem contextura interna, o isolamento trágico e glacial do indivíduo na multideio, e a inteira ausência de vida de alma na sociedade humana, bem como a sujeição desta a um organismo com o qual ela neio tem relações vitais, mas apenas mecânicas: o Estado, alheio à multidão e dirigido por técnicos sem contato vivo com a realidade". 7
É possível restaurar a socieclade orgânica? Dado o estágio avançado de degenerescência dos costumes e das in tituições no mundo atual, torna-se difícil (para dizer pouco) acreditar que se possa re-encetar o caminho que leva a uma sociedade orgânica, sem que para isso intervenha uma ação sobrenatural corno a anunciada em Fátima por Nossa Senhora. Após fa lar em fome, guerras, perseguições à Igrej a e ao Santo Padre, aniquilamento de vári as nações, que virão se não houver a conversão, Ela promete "Por fim , o meu Imaculado Coração triunfará". Acrescentando: "Será concedido ao mundo algum tempo de paz". Assim, o lhando para além desses acontecimentos mi steri osos que se an unciam no horizonte, pode-se inquirir de que modo a nova civilização na cid adas convulsões regeneradoras e das graças mariai s - o Reino de Mari a anunciado por São L uís Grignion de Montfort - poderá encetar o caminho da organicidade. Aqui entramos decididamente no campo das conjecturas. Mas o lançar hipóteses faz parte do espírito são e preocupado com o porvir da humanidade. Desde que elas
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sejam razoáveis, servem de luz provisóri a para interpretar, pela posterior confirmação ou pelo desmentido, o que for ocorrendo na trajetória futura dos filhos de Adão. "Como fa ze,; enteio? Aquilo que .fizeram nossos maiores, nos alvores da atual civilizaçeio. Compreenderam eles que, dentro da rota do Decálogo [... ], é necessário permitir que aos poucos a sociedade vá caminhando por si, liberta do guante de ferro da ditadura estatal, seja ela parlamentar seja do chefe de Estado. É preciso permitir que a família volte de novo à plenitude de açüo e de il1fluência que outrora atingiu; que os grupos profissionais, sociais e outros, intermediários entre o indivíduo e o Estado, sejam livres de exercer por direito próprio e segundo formas próprias, as atividades necessárias para o cumprimento de seus encargos; que o Estado, respeitando estas autonomias de todo o modo, dê a cada regieio o direito de se organizar segundo sua estrutura social e econômica, sua índole, suas tradições; que enfim o poder soberano, dentro de sua órbita suprema e própria, seja honrado, vigoroso, eficiente. "Respeitando estes princípios, a que termo final chegaríamos ? Voltaríamos à Idade Média ? Ou caminharíamos para um.fitturo novo, e absolutamente imprevisível? "A ambas as perguntas se deveria responder pela afirmativa. A natureza humana tem suas constantes, que seio invariáveis para todos os tempos e todos os lugares. Os princípios básicos da civilizaçeio cristü também são imutáveis. Assim, por certo, esta nova ordem de coisas, esta nova civilizaçeio cristei será profundamente parecida, ou melho,; idêntica à antiga em seus traços essenciais. E há de se,; praza a Deus, no século XXI a m.esma do século Xlff. Mas de outro lado as condições técnicas e materiais da vida se transformaram pro.fitndamente, e nada seria mais anorgânico do que abstrair destas mod!ficações. Neste particulcu; é preciso exatamente neio.fazer muitos planos. Os fundadores da civilizaçeio cristã na alta Idade Média não tinham em mente o século Xlll tal qual existiu. Tinham eles simplesmente a intençeio genérica de fa zer um mundo católico. Para isto, cada geraçeio foi resolvendo com profundeza de vistas e senso católico os problemas que estavam a seu alcance. E quanto ao mais, neio se perdiam em conjecturas" .8 Para a instauração de uma soc iedade verdadeiramente orgâni ca, desejemos de modo ardente o cumprimento das promessas de Fátima. Rezemos nesse sentido, lutemos para sua reali zação, estejamos prontos a tudo sofrer nessa direção. Sobretudo, confiemos . A Virgem Santíssima não nos faltará nem ao mundo, poi s, como ensinou São Pio X, "a civilizaçüo neio mais está para ser inventada, nem a cidade nova para ser construída nas nuvens. Ela existiu, ela existe; é a civilizaçeio cristei, é a cidade católica. Trata-se apenas de instaurá-la e restaurá- la sem cessar sobre seus fundamentos naturais e divinos " (Carta Apostólica sobre 'Le Sillon'). • E-mail para o autor : cato li cismo@terra.com.br
Notas : 1. Catolicismo, maio/1 96 1. 2. Catolicismo, novembro/1 95"1. 3. Palestra gravada para sóc ios e cooperadores ela TFP, em 4-2- 1970, sem rev isão cio autor. 4. Co nferência no A uditóri o da Federação cio Co mé,·cio de São Pau lo, em 1-71966. 5. Co nferência de Encerramento do I Congresso de Catolicis1110 , em 27- 1- 196 1. 6. Catolicismo, novembro/1 95 1. 7. Reforma Agr6ria Queslcio de Co11sciê11cia , Seção 2 Proposição 2., Artpress, São Paulo, 20 10. 8. Catolicismo, novembro/1 95 1.
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mencionada no Livro Negro para esse período. Recurso tão vasto à violência atesta que o regime era politicamente muito fraco. E, segundo tal comi ssão, para sobrev iver na Rúss ia e alhures, arevolução comunista de veria ex portar seu modelo a o utros pa íses mais ricos, que pudessem depois subvenc ionar o inefic iente regime sociali sta. Donde o interesse dos comunistas russos pela revo lução cubana e sua exportação para o resto da Améri ca Lati na, notadamente para o B ras il , país tão rico de recursos natu ra is.
30 anos de histórico manifesto
contra o socialismo autogestionário Osocialismo autortestionário: em vist;a do comunismo, barreira ou
cabeça- de-ponte? E o título do documento, de autoria de Plínio Corrêa de Oliveira, que denunciou o programa autogestionário do Partido Socialista Francês, que pretendia conduzir a sociedade a uma espantosa desagregação e instaurar uma igualdade radical.
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o último mês de dezembro completaram-se 30 anos de um lance especialmente memorável, efetuado conjuntamente pelas TFPs de 13 países. Consistiu na publicação de um manifesto-bomba de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, ocupando seis páginas de jornais dos mais importantes do mundo, no qual era denunciado o programa autogestionário do governo socialista do presidente francês François Mitterrand . Tal programa correspondia a uma radical revolução que pretendia subverter completamente o Estado, a sociedade e a família, com repercussão no mundo inteiro , dada a natural irradiação de tudo quanto procede da França no domínio sócio-cultural. Catolicismo teve a honra de participar dessa epopéia internacional, pois o documento foi publicado na íntegra em edição especial da revista (janeiro e fevereiro/1982). Agora, por ocasião do trigésimo aniversário desse lance, Catolicismo entrevistou o Sr. Jean Goyard, porta-voz e um dos mais antigos membros da Sociedade Francesa de Defesa da Tradição, Fa mília e Propriedade - TFP.
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Sr. Jean Goyard:
"O so11ho comu11ista era o de estabelecer uma sociedade sem Estado 11em estrutw·as, 11a qual os cidadãos govenwriam a si próprios em ton10 de soviets"
Catolicismo - Antes de entrar no cerne doutrinário do tema autogestão e das repercussões do manifesto O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte?, o Sr. poderia dizer uma palavra sobre a campanha de divulgação dessa mensagem? Sr. Jean Goyard - Com mui to gosto. Foi no dia 9 de dezembro de 1981 que o man ifesto, redi gido e assinado pelo Prof. P línio Corrêa de O liveira, presidente da TFP bras ileira, e apoiado pelas demais TFPs ex istentes , apareceu em dois importantes j o rn ais dos Estados Unidos e da Alemanha: respectivamente o "W ashingto n Post" e o "Frankfurter Alge meine Zeitung". N as semanas e me es seguintes, a íntegra do documento foi reprodu zida e m 45 dos maiores e mais influentes jornais de 19 países da E uropa, das Américas e da Oceania. Pouco depois, um denso resumo do estudo fo i publi cado em 13 línguas de 49 países dos cinco continentes. A tiragem total do documento foi de 33,5 milhões de exemplare . Em seu conjunto, trata-se, sem a menor sombra de dúvida, de um dos ma iores esforços p ublic itários não comerciais da hi stória da mídia. Catolicismo - Essas cifras são de fato impressionantes. Mas qual a necessidade ou oportunidade de tal esforço publicitário? Sr. Jean Goyard - Para e ntendê-lo é preciso colocar-se no contexto da época, ou seja, no início
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dos anos 1980, quando o comuni smo, ago ni zante nos países atrás da Cortina de Ferro, acabava de conquistar o poder na França, fruto de uma aliança entre comunistas e socialistas, conduzida por um líder cari smático, François Mitterrand. Este tinha conseguido que os eleitores sonhassem com uma nova utopia de esquerda, a "autogestão sociali sta", a qual supostamente não continha as mazelas do "soc ia li smo centra li zado" dos "camaradas" do Leste E uropeu. Tal progra ma poderia re-entusiasmar as esquerdas desanimadas no mundo inte iro. O prestígio internacional ela França e seu rayonnement cultu ra l seri am fatores propíc ios para esse rev igoramento. Catolicismo - Para as esquerdas era, então, uma hora delicada e decisiva ... Sr. Jean Goyard - Exatamente. O regime sov iético encontrava-se corroído por uma cri se interna que re montava às suas próprias ori gens. A URSS hav ia sido construída sobre um sistema antinatural e só podia sobreviver através da violênc ia e da repressão. E m 1997, pesquisadores uni versitários publicaram uma obra intitul ada O Livro Negro do Comunismo, na qual mostram que o número de mortos nas mãos ensangue ntadas dos diferentes regimes comunistas asce ndi a a 100 milhões . Essa c ifra é inferior à realidade: a comi ssão que estudou a repressão do regi me sov iético avaliou que só na URSS, entre 1917 e 1953, o número de vítimas foi de 43 milhões, ou seja, o dobro da c ifra
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (foto acima), segura um exemplar do manifesto publicado em 45 dos maiores e mais influentes jornais de 19 países da Europa, das Américas e da 0ceania.
"O Projeto Socialista era baseado na autogestão. O
Partido Comunista Fra11cês pôs em sul'dh1a seu stali11ismo e aprovou um Programa baseado 11a autogestão"
Catolicismo - Mas esse regime totalitário e centralizador de fato correspondia ao ideal de Marx e Lenine, ou foi um desvio causado por circunstâncias internas e externas da revolução bolchevista? Sr. Jean Goyard - O sonho comunista de Marx era o de estabelecer uma sociedade sem Estado nem estruturas, na qu al os c idadãos governariam a si próprios em torno de pequenos soviets - conselhos compostos de operári os, camponeses e soldados. De aco rdo com a utopia marxi sta, esse reg i me de autogoverno dos soviets seri a anárquico, ou sej a, literalme nte sem go verno e sem chefes, e só e le estabeleceria a igualdade e a fraternidade universais. Tratava-se, portanto, de uma utopia autogestionária segundo a qual cada soviet, cada pequena unidade de produção e de vida socia l geriri a e la própria seus afazeres. As prime iras experiê nc ias de comunas autogeridas resultaram em total fracasso, obrigando a sua extinção e a instalação rápida do Estado centrali zado e tota litári o sov iético. Catolicismo - A utopia autogestionária foi então abandonada? Sr. Jean Goyartl - Nem um pouco. Para Stalin e seus assec las, a ditadura do proletariado era apenas uma etapa trans itória para a construção do regime comuni sta. A última Constituição ela União Sov iética, redigida por Brezhnev em 1977, ainda proc la mava esse ideal autogestionári o em seu Preâmbulo, que dizia: "O obj etivo supremo do Estado soviético é edificar a sociedade comunista sem classes, na qual desenvolver-se-á a autogestão social comunista". Catolicismo - Mas os partidos comunistas de fora da Rússia não propugnavam a autogestão, e sim a ditadura do proletariado ... Sr. Jean Goyanl - Depois da Segunda Guerra Mundial, graças à traição das potências ali adas em Yalta, o comuni smo deu um passo gigantesco na E uropa cio Leste, abocanhando países muito mais
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ricos do que a Rússia, como a Alemanha do Leste, a Tchecoslováquia, a Polônia, etc. E o regime que implantou nesses países foi uma cópia do modelo centralizado soviético. A única exceção foi a Iugoslávia do marechal Tito, que nos anos 1960 tentou descentralizar a produção e impl antar uma certa autogestão nas fábricas. Mas os grandes partidos comunistas ocidentais, como o francês e o italiano, defendiam com unhas e dentes a ditadura do proletariado. Foi somente depois da Revolução da Sorbonne, de um lado, e do esmagamento da "Primavera de Praga", de outro, ambas ocorridas durante o ano de 1968, que a repressão política e planificação centralizada e ditatorial do modelo soviético passaram a ser mal vistas até pela esquerda. Foi aí que os PCs da França e da Itália iniciaram uma estratégia de "compromisso histórico" com os partidos democrata-cristãos. Tais partidos abriram-se então, novamente, para a perspectiva de um socialismo democrático de tipo autogestionário. A utopia autogestionária cobrou força nos ambientes esquerdistas - pelo menos na França - nas correntes de esquerda cristã, sobretudo no sindicato Confederação Francesa Democrática de Trabalhadores (versão laicizada e reformada da velha Confederação Francesa de Trabalhadores Cristãos) e numa corrente chamada "deuxieme gauche" (segunda esquerda), liderada por Michel Roccard no seio do Partido Socialista Unificado (PSU), que depois confluiu para o Partido Socialista Francês, liderado por François Mitterrand. Cumpre notar que a esquerda católica, uma das correntes mais dinâmicas dentro do PSU, era representada pelos herdeiros da Jovem República, a expressão política do movimento Le Sillon, fundado por Marc Sagnier (1873-1950) e condenado por São Pio X juntamente com o Modernismo. As heresias e suas versões políticas têm a pele dura! Catolicismo - Mas isso não é remontar longe demais no tempo? Sr. Jean Goyard - Nada de grande nasce de repente, diziam os latinos. Mas essa confluência entre católicos e neo-marxistas - o tal "compromisso histórico", que vinha sendo preparado de longa data - foi muito favorecida pela chamada Ostpolitik, ou seja, a política de abertura ao Leste (comunista) iniciada pelo chanceler alemão Willy Brandt e continuada, no plano religioso, pelo então Mons. Casaroli, mais tarde Cardeal e responsável pela diplomacia vaticana. Isso tudo con-
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vergia para uma hipotética "terceira via" entre comunismo e capitalismo, di scernida pela esquerda católica preci samente na autogestão. Catolicismo - Houve então urna espécie de renascimento do conceito de autogestão e urna certa efervescência intelectual em torno dele na década de 1970? Sr. Jean Goyard -Justamente. Desde 1966 já ex istia na França uma revista cie ntífica e militante com o nome "Autogestão", que desapareceu 20 anos mais tarde. Em 1976, um inte lectua l de esquerda, Pierre Ronsan vallon, chegou a escrever um livro exaltando o que ele chamava A era da autogestão. Por isso, ele deu tal título ao livro. Na mesma ocasião, Edmond M aire, secretário-geral do sindicato CFDT, assumindo ares de profeta, escreveu a obra Amanhã a auto gestão. Nesse mesmo ano, no seio de prestigiosa plataforma parisiense de investi gação na área das ciências humanas e sociais denominada Maison des Sciences de l 'Homme (Casa das C iências H um anas), criou -se o Centro Internacional de Coordenação de Pesquisas sobre a Autogestão. Mons. Casaroli, responsável pela diplomacia vaticana, apoiou a chamada Ostpolitik, ou seja, a política de abertura ao Leste (comunista)
"O Projeto socialista preco11izava uma il1tromissão da coletividade na vida privada de cada um, prntendendo intervir até na decoração il1terna dos lares! "
Catolicismo - E corno foi que o conceito de autogestão virou programa político? Sr. Jean Goyard - O PSU foi um dos fundadores do Partido Sociali sta Francês e, com ele, infil trou-se no PS aqu ilo que se tornou o centro do programa daquele partido, ou seja, a autogestão. Nasceram assi m, em 1975, as Quinze teses sobre a autogestão, segui das depois pelo Projeto Socialista para a França dos anos 80, aprovado num congresso do PS em janeiro de 1980 para servir de plataforma programática da candidatura de François Mitterrand à presidência da Repúb li ca. O Proj eto Socialista era todo ele baseado na autogestão. E o Partido Comuni sta Francês pôs em surdina seu stalin ismo centralizador aprovando um Programa Comum de governo baseado igualmente na autogestão. É claro que, com vistas a não assustar o eleitorado e conseguir a eleição de Mitterrand, esse programa autogestionário velava o radicalismo de seus objetivos na gradualidade de sua estratégia para atingi -los . Catolicismo - Quais eram os objetivos do programa de governo de Mitterrand? Sr. Jean Goyard - O objetivo final era a instauração da igualdade completa, da qual deveriam teoricamente nascer, por meio da autogestão, a liberdade e a fraternidade in tegrais. O programa
visava a uma transformação total, não somente das empresas industriais, comerciais e agrícolas, mas também das escolas e da própria fa mília. Eis, por exemplo, o que diz um trecho dele: "A crise da autoridade é uma das grandes dimensões da crise do capitalismo avançado. Maio de 68foi, na França, a revelação mais patente: o mestre na escola, o patrão, o pai, o marido, o chefe (grande ou pequeno, histórico ou aspirando a sê-lo), eis, a partir de agora, o inimigo. Todo poder é cada vez mais considerado como uma manipulação[. .. } O detentor da menor parcela de autoridade é por isso mesmo contestado, senão desacreditado". É a luta de classes em todos os níveis: no lar, na escola, no trabalho. Imagine aonde chegaria uma sociedade na qual ninguém mais pode mandar, nem sequer os pais no seio da própria fa mília! É o caos! Mas, na utopia autogestionária, isso se tornaria possível através de uma reforma do homem, que o habilitaria a viver num regime parecido ao das tribos da Amazônia, onde tudo é comum e a liberdade supostamente não gera desigualdades. Aliás, no Projeto Socialista de Mitterrand preconizava-se uma intromissão da coletividade na vida privada de cada um, eliminando a distinção entre trabalho e tempo livre, modelando os lazeres e pretendendo intervir até na decoração interna dos lares ! Catolicismo - Mas, apesar desse radicalismo, os franceses elegeram Mitterrand? Sr. Jean Goyard - Mitterrand elegeu-se devido ao apoio que recebeu da esquerda católica e do Episcopado francês. Este declarou que o próprio de uma sociedade democrática era pocjer escolher entre uma pluralidade de programas opostos e que os católicos cobriam todo o espectro do tabuleiro político. A declaração incluía, portanto, sem qualquer ressalva, o PC e o PS com seu programa demolidor. Segundo uma revista progressista da época, chamada Jnformations catholiques internationales, bem mais de um milhão de católicos contribuiu com seus votos para a eleição de Mitterrand. Isso incluía até um quarto dos católicos praticantes ! E note-se que, no programa comum da esquerda, estava previsto o favorecimento do aborto e das reivindicações homossexuais ...
"Em Paris, as fontes autorizadas do governo disseram que não estavam preparadas para reagir a essa publicação, mas que a estavam estudando"
Para os manifestantes de Maio de 68, o mestre na escola, o patrão, o pai, o marido, o chefe eis, a partir desse momento, o inimigo
Sr. Jean Goyard - Em síntese, o manifesto demo nstrava que, na lógica do Projeto Socialista para a França dos Anos 80, o Estado e a sociedade autogestionários eram ainda mais totalitários que a ditadura do proletariado soviética. Porque seria o Estado que impl antaria por lei a sociedade autogestionária, a qual continuaria a viver em virtude da onipotência do mesmo Estado que a organizou. Além do mais , na sociedade autogestionári a, o indivíduo ver-se-ia controlado não somente pelo imenso aparelho estatal, mas também - e sobretudo - pelo micro-aparelho dos grupos autogestionários dos quais cada um participaria no seu trabalho, no seu bairro e nas associações recreativas onde se diverte. A única liberdade que lhe restaria seria a do uso da palavra e do voto nessas moléculas autogestionárias. No restante, o Estado teria o poder ilimitado de legislar a respeito de tudo. Ele ensi naria, for maria, nivelaria e preencheria os lazeres. Em suma, instalar-se- ia na mente do indivíduo, que se veria reduzido à condição de autômato c ujos si nais de vida própria seriam tão-só o de se info rmar, dialogar e votar nessas assembleias. Catolicismo - Os socialo-cornunistas devem ter-se sentido aniquilados com essa argumentação, porque realmente ela é irretorquível. Mas gostaríamos de saber corno foi a difusão do documento na França? Sr. Jean Goyard - Ele foi censurado pelo governo! Um dos maiores quotidianos fra nceses, chamado "Le Figaro", de centro, acei tou, num primeiro momento, publicar a mensagem redigida pelo Prof. Plínio Corrêa de O liveira. É preciso recordar que se tratava de um anúncio de seis páginas inteiras de jornal, pago ao preço de mercado através de uma agência! Mas, no último momen-
Catolicismo - É realmente desolador. Mas voltemos à publicação das TFPs contra o socialismo autogestionário, publicada nos jornais do mundo inteiro apenas sete meses após a posse de Mitterrand. Qual é a princi-
pal crítica que a referida Mensagem das TFPs faz ao projeto socialista autogestionário?
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to, a direção do "Figaro" rompeu unilateralmente o contrato. Nem todos tinham conhec imento de que Robert Hersant, seu proprietário na época, hav ia sido anarco-sindicali sta na juventude. Depoi s ele se tornou nazista e fundou um grupúsculo que colaborou com os ocupantes alemães durante a guerra. Hersant fo i condenado pela colaboração com o inimigo e ani sti ado em 1952, voltando às suas origens sociali stas e fazendo-se eleger deputado. Na Assembléia Nacional ele pertenceu ao grupo parlamentar da União democrática e socialista da Resistência, partido animado por Mitterrand . Nos anos 1970 voltou novamente para a direita e comprou o "Figaro", sem deixar por isso de ser amigo pessoal de Mitterrand. Com esses antecedentes , não é de excluir que a súbita mudança de atitude do "Figaro" - que representava para o jornal uma significativa perda de dinheiro - tenha sido inspirada pelo ocupante do Palácio do Eliseu ... Tentamos, então, publicar o documento em outros órgãos da mídi a, mas nenhum dos grandes jornais pari sienses com mais de 100 mil exemplares de tiragem quis publicar a matéria paga. O único que teve a coragem de o fazer foi ... um jornal estrangeiro: a edição francesa (20 mil exemplares) do " International Herald Tribune". Apesar dessa censura, a aparição simultânea da Mensagem no "Washington Post" e no "Frankfurter Allgemeine Zeitung" foi comentada no jornal nacional dos principais canais franceses de telev isão da época, TF 1 e Antenne 2. Recebemos na nossa sede de Pari s grande número de ligações telefônicas de jornalistas. Catolicismo - Houve alguma reação do governo? Sr. Jea11 Goyard -Apenas três dias após a publicação em Frankfmt e Washington do anúncio de seis páginas, o "Herald Tribune" descreveu assim a reação do governo francês: "Em Paris, as fontes autorizadas do governo disseram que não estavam preparadas para reagir a essa publicação, mas ·que a estavam estudando. 'A bsolutamente não há pânico e estamos bem mais interessados em saber quem ou o que se encontra por detrás dessa publicação', declarou 5" feira um porta-voz do Eliseu, acrescentando que 'mais tarde' poderia haver uma reação". As únicas reações foram, a pattir daí, as contínuas e infrutíferas perseguições admini strativas e fiscais pelo governo socialista contra a TFP fran-
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"A denúncia das TFPs cortou as asas do PS no momento em que a autogestão começava a voar no céu il1ternacional. O PS preferiu contemporizar e mudar de política "
cesa. Aliás, para ser inte iramente exato, vários artigos da imprensa de esquerda - como "L' Humanité", "Libération", "Le Matin" - deixaram transpirar a indignação dos socialistas diante da campanha internacional das TFPs. Especialmente eloquente foi um artigo publicado no "L' Unité", órgão do Partido Socialista, pelo conhecido historiador Max Gallo, hoje de direita. Catolicismo - Mas a difusão ficou por isso mesmo? Sr. Jean Goyard - Não. Para romper o cerco da censura soc iali sta, a TFP fra ncesa env iou o documento pe lo correio a mai s de 300 mil lares selec ionados. Essa difu são suscitou um número enorme de adesões e serviu depois aos candidatos da direita nas eleições cantonai s que se seguiram . Nossos representantes foram convidados a fazer conferências e participar de reuniões organizadas por outros movimentos. Catolicismo - E no plano publicitário? Sr. Jea11 Goyard - As diversas TFPs responderam com um comunicado intitulado Na França, o punho esmaga a rosa (que era o símbolo do Partido Sociali sta de Mitterrand) . Publicada na gra nde imprensa internacional, a no va matéri a desacreditou o governo francês e a sua famosa autogestão, a qual se mostrava na rea lid ade tão totalitária e libe rti cida quanto o com uni s mo sov ié tico. Na França, novamente, todos os jornais recusaram a publicação desse segundo documento, com exceção do "Herald Tribune" e de um pequeno semanário conservador chamado "Rivarol" .
Capa do livro publicado pela TFP francesa contendo o texto do manifesto
Catolicismo - Tudo somado, qual foi o resultado da publicação no mundo inteiro da Mensagem das TFPs contra o socialismo autogestionário francês? Sr. Jean Goyard - A denúnci a das TFP cortou as asas do PS francês exatamente no momento em que a autogestão por ele preconi zada começava a voar no céu internacional. A partir daí, se Mitterrand continuasse a aplicar o Programa Comum, ele se desmascararia e confirmaria a denúncia do Prof. Plinio. O PS preferiu contemporizar e mudar de política, ini ciando uma nova fase moderada no seu estil o de governo. Quatro anos mais tarde, a direita obteve maiori a leg islativa e começou a privatizar as grandes empresas que Mitterrand
havia nacionalizado. E qu ando a esquerda voltou novamente ao poder, no segundo período pres idencial de Mitterrand , e la preferiu seguir a política denominada " ni-ni" : nem privatização, ne m nacionalização. O sonho autogestionário tinha sido enterrado. De fato, até as palavras talismãs autogestão e autogestionário passaram completamente de moda e geraram uma grande frustração em toda a esquerda. Catolicismo - Há sintomas dessa frustração? Sr. Jean Goyard - C laro. E muito significativos. Limito-me aos doi s mais eloq uentes . Exatamente dez anos após a prime ira publicação do anúncio de seis páginas das TFPs, o Pat·tido Socialista Francês realizou um congresso muito famoso, porque nele foi modificada a sua Declaração de Princípios, em vista da estrepitosa queda do Muro de Berlim : renunciou à lu ta de classes e aceito u a economia de mercado. Durante o referido congresso, um dos mais importantes dirigentes do PS , Laurent Fabius, que fora o mai s jovem primeiromini stro de Mitterrand e que se tornaria alguns meses mais tarde secretário-geral do Partido, declarou: "Quando eu aderi ao Partido Socialista, há pouco mais de 17 anos, nossas ideias eram claras. Nós queríamos mudar a sociedade em profundidade. Tínhamos nessa época três pala vras de ordem: nacionalizações, planificação, autogestão. Nosso pequeno 'livro vermelho' chamava-se 'Programa Comum.'. Nossa estratégia, a 'união das esquerdas ' e nossos aliados, os comunistas. [... ] Ma s, a caminho, como aqueles navios que quebram seus adereços no momento de j ogar-se ao mar, eis que alguns de nossos conceitos originais.ficaram ultrapassados, o comunismo morreu, o porvir é de leitura complexa, é preciso repensar nosso projeto, nosso instrumento e até nossa estratégia". Dez anos mais tarde, em junho de 200 1, o Centro de História Social do Século XX , da Universidade Pai·is l, organi zou um colóquio sob o expressivo título: "Autogestão . A última utopia?", do qual resultou a edição, em 2003, pelas Publications de la Sorbonne , de uma obra de 6 12 páginas. Seu títu-
"O sonho autogestlonál'io tinha sido enterrado. De fato, até as palavrns talismãs autogestão e autogestlonário passal'am completamente de moda "
Exatamente dez anos após a primeira publicação do anúncio de seis páginas das Tf Ps, o Partido Socialista Francês realizou um congresso muito famoso, porque nele foi modificada a sua Declaração de Princípios, em vista da estrepitosa queda do Muro de Berlim
lo é o mesmo do colóquio e contém as diferentes proposições ·nele apresentadas. O responsável pela edição, Prof. Frank Georgi , após realçar com vários exemplos o prestígio de que gozava a autogestão no começo dos anos 1970, constata: "Um quarto de século mais tarde, o contraste é impressionante. Desde vinte anos, a palavra tem quase desaparecido do vocabulário político e social ". E pergunta desabusado: "Pode-se hoje tentar compreender melhor, nos anos 1960 a 1980, o aparecimento, o apogeu e a decadência do que pode aparecer, com o recuo do tempo, como a última das grandes utopias do século XX?" . Não tenho nenhuma hesitação em afirmar que, com o recuo do tempo, també m aparece mais claramente que o tiro de canhão que acabou com a utopia autogestionária, no plano intelectual e publicitário, foi a publicação pelas TFPs do manifesto O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-deponte? E o Mundo Livre deve esse serviço à argúcia e à segurança doutrinária de um católico e brasileiro de escol, o inesquecível Prof. Plini o Corrêa de Oliveira. Catolicismo - Os socialistas franceses voltaram ao poder ainda depois do fím do segundo mandato de Mitterrand. Posto que tinham renunciado à última utopia do século XX, no que consistiu seu programa de governo? Sr. Jean Goyard - No aprofundamento de uma Revolução Cultural mais subtil e que já começou sob a ég ide de Jacques Lang, o mini stro da Cu ltu ra de Mitterrand . Essa Revolução Cultural iniciada pelos sociali stas e continuada nos governos de centrodireita pretende sub verter os modos de vida, a arte e a cultura. Ela desprestigia a cortesia e o francês bem fa lado, promove uma "arte" que exalta o fe io e o chulo, dá livre curso à pornografia e ao relaxamento dos costumes. E, a pretexto de multiculturali mo, favorece uma imigração descontrolada de muçulmanos que se recusam a se integrar, criam áreas em que a polícia não pode entrar e nas quais vigoram o tráfego de drogas e a delinquência. Ou então o Islã! Mas uma análise dessa Revoluçc7o Cultural exigiria outra entrevista ... •
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dizer " lei do concubinato", ou talvez "lei do amor livre", como na antiga União Soviética) festejaram, no fu ndo, uma simplificação que destrói " instantaneamente" a família. Com efeito, segundo estudo da competente psicóloga e pesquisadora social norte-americana Judith Wallerstein, o aumento do número de crianças com problemas psicológicos e psíquicos, bem como de adolescentes que entram no mundo do álcool e das drogas, é devido à separação dos pais. Ela afirma: "Ser filho de um casal que se separou é um problema que nunca cessa de existir[ ... ]. Casais que vivem numa situação conjugal difícil deveriam considerar seriamente a possibilidade de continuarem juntos pelo bem dos filhos[ .. .]. Para uma criança, a vida pós-divórcio é incrivelmente difícil [. .. ]. Está provado também que filhos de casais separados sofrem mais de depressão e apresentam maior dificuldade de aprendizado". Ademais , a terapeuta americana demonstra em seu livro The Unexpected Legacy of Divorce, fundamentado em centenas de entrev istas, que o divórcio gera um tão grande trauma nas crianças e adolescentes, que produz gerações de adultos com problemas mentais. "Karen, uma das minhas entreO divórcio gera um tão grande trauma nas crianças e adolescentes, que produz gerações de adultos com problemas mentais
Facilidade de divórcio facilidade de destruição da família Com o denmninado "divórcio instantâneo", aumenta o
número de separações, de famílias dissolvidas "instantaneamente" , de filhos com perturbações psíquicas Ir:! PAULO ROBERTO CAMPOS
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assombrosa a conclusão - recentemente divulgada pelo IBGE com base nas "Estatísticas do Registro Civil 2010" - a respeito do aumento do número de divórcios no Brasil: em 2010, um crescimento de 36,8% em relação ao ano anterior (vide quadro na página seguinte). Entretanto, apesar de espantosa, tal alarmante conclusão não me surpreendeu. Por quê? - A dissolução dos costumes que há muito tempo vem minando a instituição da famíCATOLICISMO
lia em nosso País (por meio, por exemplo, das imoralíssimas novelas televisas) só poderia gerar esse efeito desastroso. Mas devemos atribuir também a culpa à nova legislação (Emenda Constitucional 66/2010), que facilitou as separações ao extinguir as exigências legais e até mesmo os prazos, com o chamado "divórcio instantâneo" ou "divórcio direto". À vista dessa "facilidade", simples problemas domésticos corriqueiros levam muitos casai a pensarem em divórcio, sem medir as consequências. Assim sendo, podemos afirmar que aqueles que comemoraram a simplificação na "lei do divórcio" (melhor seria
vistadas, numa frase de cortar o coração, assim expressou seus sentimentos: 'O dia em que meus pais se divorciaram foi o dia em que a minha infância acabou'". Em seu livro - que obteve grande reconhecimento nos Estados Unidos e chegou a ser tema de capa da revista "TIME", 25-9-2000 - a autora analisa um grupo de filhos de divorciados em torno dos 40 anos . Destes, apenas 30% se casaram. E daqueles que o fizeram, 50% já se divorciaram. Esses dados estatísticos se repetem em estudos semelhantes de outros autores. *
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Aviso aos navegantes: aqueles que "sonham" com o divórcio, saibam que essa desdita equivale a embarcar num "navio fantasma", numa grande ilusão povoada de pesadelos, com filhos depressivos, com problemas na escola e com propensão a afundarem no mundo das drogas. Portanto, para salvar suas famílias do naufrágio, não permitam que elas sejam atingidas pela bomba divorcista. • E-mail para o autor: catolicismo @terra .com.br
Após mudança na lei, número de divórcios cresce 36,8o/o e bate recorde no País "O Estado de S. Paulo", 1°-12-11 Clarissa Thomé
O número de divórcios no País bateu recorde no ano passado. Em 2010, foram registrados 243.224 divórcios, entre processos judiciais e escrituras públicas 36,8% mais que em 2009. Significa que 1,8 em cada mil pessoas com 20 anos ou mais dissolveu o casamento legalmente. Os dados são das Estatísticas do Registro Civil 2010, divu lgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) [.. .]. Para o gerente da coordenadoria da Popu lação e Indicadores Sociais do IBGE, Cláudio Outra Crespo, o aumento foi impulsionado pela mudança na legislação, no ano passado, com a promulgação da Emenda Constitucional 66, que acabou com a necessidade de separação judicial prévia e com os prazos para o divórcio.
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A interdependência universal das econo-
mias, das políticas e das sociedades ao longo de várias décadas deu início ao maior colosso de origem humana da História. Mas e1e continha fissuras que em 2011 se agigantaram e ficaram expostas, ameaçando um desabamento também universal.
r I Lu1s DuFAUR
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os períodos pobres em acontecimentos o tempo parece não passar, e todo o ocorrido no seu decurso parece ter-se dado há pouco. Mas quando a sucessão dos fatos é vertiginosa, os eventos próximos parecem de há muito transcorridos . O ano de 20 1 1 foi destes . Em janeiro passado o Brasil sofria a mais mortífera catástrofe natural de sua história e uma das dez piores do mundo no último sécu lo. Contaram-se pelo menos 902 mortos e 400 desaparecidos. Na região serrana fluminense, chuvas incomuns provocaram deslizamentos de toneladas de terra, quedas de pedras gigantescas e enx urradas de la ma comparadas a tsunamis, que ati ngiram 100 km/h . Não só prédios, mas bairros inteiros foram inundados ou sepu ltados em segundos, em um cenário semelhante ao provocado pelo furacão Katrina que em 2005 devastou Nova Orleans. Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópoli s foram algumas das 15 localidades mais afetadas. O engenheiro Ícaro Moreno Júnior, presidente da Empresa de Obras Públi cas (Emop) , avaliou: "Era impossível prever algo daquela dimensão . Foi como se a natureza decidisse despejar toda sua força de uma vez só". Dez dias depois da tragédia, 130 geólogos de todo o Brasi l que haviam se apresenta-
do como voluntários não tinham uma explicação para o fe nômeno. Num contexto geográfico inteiramente diverso, na Austrália, chuvas torrenciais fizeram transbordar o rio Brisbane, também com a força e a extensão de um tsunami.
Japão: tsunami, terrnmoto e crise 1mclea,, Porém, o tsunami - não metaforicamente fa lando, mas o real, provocado pelo sexto terremoto mais violento da História - veio pouco depois, no Japão, tragando 26.466 pessoas, entre mortos e desaparecidos. As fotos das pavorosas ruínas da cidade de Sendai e vizinhanças estão em todos os jornais, TVs e sites da Internet. O terremoto interrompeu a produção de automóveis, chips de computador e diversos outros ben s. Fábricas estratégicas foram obrigadas a fechar prolongadamente as portas, criando um ponto de estrangul a mento na economia global. Até no Brasil as montadoras japonesas dependentes de peças da matriz acusaram o golpe. Entre os imensos estragos, a situação da antiga central atômica de Fukushima - que em parte derreteu e espalhou relevante radiação nas redondezas - inspirou graves temores . Embora muitíssimo menos grave que a da JANEIRO2012 -
No Japão, um tsunami provocado pelo sexto terremoto mais violento da História engoliu 26.466 pessoas, e ntre mortos e desaparecidos
usina soviética de Chernobyl, o acidente de Fukushima foi intensamente explorado pela mídia e pelo ambientalismo para promover o desmantelamento de toda e qualquer central nuclear e até mesmo do sistema industrial moderno, o qual é acusado sem matizes de pôr em risco a vida na Terra. De um lado, o caso de Fukushima ajudou a perceber a existência de como que tumores cancerígenos industriais instalados em vários pontos-chave de um mundo tornado quase totalmente interdependente. De outro, a manipulação demagógica dos fatos distorceu sua focalização e os "verdes" capitalizaram a onda de pânico, servindo-se para isso do sensacionalismo midiático. Na Alemanha, por exemplo, eles "su1faram" nas ondas de Fukushima e no estado de Baden-Würtemberg infligiram considerável de1rnta eleitoral ao CDU, paitido democrata-cristão ao qual pertence a chanceler Angela Merkel.
Avisos e proteções de Nossa Senlwra Mas o tsunami trouxe outras recor dações. Em 1973, no convento das Servas da Santíssima Eucaristia, em Yuzawadai, perto de Akita - a região mais atingida pelo terremoto - Nossa Senhora se manifestai·a à Irmã Agnes Katsuko Sasagawa, então com 42 anos de idade. Akita está situada na mesma latitu0
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de do epicentro do colossal abalo sísmico, a 150 km de Sendai, a cidade mais atingida. As aparições de Akita haviam sido analisadas e aprovadas pela Hierru·quia eclesiástica. Naquela data, Nossa Senhora preanunciou que castigos ainda mais terríveis do que aquele enorme terremoto e tsunami viriam, caso o clero católico e o mundo não se arrependessem e mudassem de vida. "Se os homens não se arrependerem e melhorarem, o Pai infligirá um terrível castigo para a humanidade. Será uma punição maior que a do dilúvio, nunca vista antes. Fogo cairá do céu e des-
fruirá grande parte da humanidade, tanto os bons quanto os maus, não poupando nem sequer os sacerdotes ou fiéis ", advertiu Nossa Senhora. "A obra do demônio se infiltrará até mesmo dentro da Igreja, de tal modo que veremos cardeais se opondo a cardeais, bispos contra bispos. Os padres que Me veneram serão escarnecidos, menosprezados e combatidos pelos seus conji-ades [outros padres]. Igrejas e altares serão pilhados. A Igreja estará cheia daqueles que aceitam compromissos e o demônio afligirá muitos padres e almas consagradas para que deixem o serviço do Senho1: Se os pecados aumentarem em número e gravidade, em breve não haverá perdão para eles. Aqueles que colocam sua confiança em Mim serão salvos", concluiu o aviso maternal. Também na tragédia da região serrana do Rio de Janeiro a Santíssima Virgem quis deixar claro que sua presença protetora ali estava pai·a os que ouvem a sua voz. No meio de grandes pedras e troncos de árvores arrastados pela enxurrada podia-se contemplai·, incólume, uma frágil imagenzinha de gesso de Nossa Senhora das Graças que, em seu oratório de madeira exposto às intempéries, soube resistir a estas de modo surpreendente. Arrebatadora, a aluvião a envolveu, pareceu engoli-la, mas nada pôde contra a Imaculada! (foto abaixo).
Tsunami n11anceiro: crise do euro e da União Europeia No início do ano, a utopia da República Universal, encarnada a seu modo pela União Europeia (UE), afiguravase quase morta nos espíritos. Porém ainda resistia, exibindo sua formidável organização material. Já no fim do ano, na ordem concreta dos fatos, a UE entrava em ebulição, com governos e empresas prepai·ando-se para o impensável: a ruptura da união monetária, acompanhada por abalos financeiros e desordens sociais imprevisíveis. O descontentamento e a discórdia estendemse a outros pontos nevrálgicos, como a moeda comum, o euro. Em janeiro do ano passado, na reunião dos máximos representantes do mundo econômico e financeiro, realizada em Davas, o presidente francês , Nicola Sarkozy, gai·antiu: "Quem apos-
se queimavam , mas todo o corpo da união monetária, crucial para haver união política. Numerosas reuniões de cúpula, promessas de dec isões transcendentais e aumentos eletrizantes do poder da UE foram então encabeçadas pelos dois "grandes" da UE, a chanceler ale mã Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy, poderosa dupla apelidada de Merkozy. As medidas de salvação do euro , anunciadas estrepitosamente na UE, tiveram até o momento resultados pífios, e seu futuro é incerto. Pelo fim do ano, cada novo anúncio de mais uma reforma profunda das finanças e dos tratados fundacionais da UE para conjurar a crise era "mais do mesmo", sem qualquer resultado sério.
tar contra o euro vai queimar os dedos". Porém, pelo fim do ano, aconteceu o oposto: não erain os dedos dos eurocéticos (contrários· à União Europeia) que
Numa desesperada tentativa de salvar os países da eurozona em crise, a chanceler da Alemanha foi ao Parlamento de Berlim para impor um aumen-
"Merk.ozy" contra a opinião plÍblica europeia
to da participação de seu país no Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. Embora tal ideia fosse repelida pela maioria do povo e dos deputados alemães - cansados de financiar outros países que pouco ou nada faziam para pagar suas dívidas e racionalizar seus orçamentos - Angela Merkel conseguiu obter dos pai-lamentares a aprovação desej ada . Constatou-se, porém, poucas se manas depois , que o fundo salvador era fantasmagórico, porque os capitais indispensáveis não afluíam. Se nadar contra a correnteza é árduo, muito mais o é governar contra a opinião pública. E esta não foi somente a grande ignorada na crise, mas até mesmo a grande repelida. Bastou o premie r socialista grego, Papandreou, anunciar um plebiscito a fim de auscultar o povo sobre as medidas de arrocho econômico, para ser em seguida deposto de modo ditatorial pela troika composta pelo Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em seu lugar foi
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nomeado Lucas Papademos, considerado um técnico ao gosto· da troika que se arrogou a tarefa de direção da UE. A crise derrubou sete governos, entre eles o quase inabalável "reinado" de Silvio Berlusconi, na Itália. Em seu lugar a troika impôs um primeiro ministro de seu gosto: Mario Monti. Este apresentou em dezembro mais um plano de arrocho - a lei Salva Itália dizendo: "Os mercados são um animal feroz e hoje estão bravos: nós temos que domá-los". Frase por certo prenunciadora de maiores atritos. Dos EUA, onde a crise financeira também produzira anteriormente sérios problemas, chegaram durante o ano notícias menos alarmantes, mescladas com sinais debilmente positivos. Mais obscuro e enigmático, contudo, ficou o panorama econômico chinês. A potência comunista - que não produz suficiente comida para alimentar seu sofrido povo - depende em tudo de suas exportações ao Ocidente e do dinheiro que recebe em troca. Mas o esfriamento das economias ocidentais acarretou-lhe diminuição de atividades e grande número de revoltas operárias. As famosas reservas chinesas de dólar mostraram-se exíguas, incapazes de tampar sequer o buraco da eventual falência da Itália. O que então dizer desse claudicante dragão chinês no tocante à crise da Europa? De eventual "salvador" a China passou a ser imenso espectro desestabilizador. As esquerdas laicas e católicas, apologistas da UE e do euro, insistiram como remédio um aumento dos poderes absorventes da própria UE e do Banco Central Europeu (BCE), em detrimento da soberania das nações . Precisamente aquilo que para largos setores da opinião pública europeia é a própria essência do mal presente, ou seja, o socialismo crescente. A chanceler da Alemanha teve que assumir a contragosto o papel de "Lady No", ao negar a emissão de mais dinheiro pelo BCE; dinheiro este que acabaria sendo fornecido pela Alemanha. A opinião pública germânica não suporta mais financiar governos estrangeiros. Tida como o bastião que segurava a
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De chibata na mão, observada por Portugal, Grécia e Itália algemados, Angela Merkel diz ao Banco Central Europeu (ECB), que leva dinheiro para salvá-los: Mais dinheiro não, mais disciplina!
economia europeia, a Alemanha deu , nos últimos meses do ano findo, graves sinais de contágio do mesmo mal que aflige os demais governos. Durante todo o ano Merkel exigira insistentemente, dos países europeus com problemas, mais disciplina e menos despesas. Em vista disso, não causou espanto o crescimento nesses países de um sentimento germanofóbico, pois afinal Berlim cometera os mesmos abusos que, de látego na mão, queria extinguir nos outros.
Horizontes aten'adores impensáveis No final do ano, economistas, sociólogos e especialistas de diversas áreas trabalhavam com hipóteses que incluíam o surgimento de desordens sociais, decorrentes de desabamentos até há pouco tempo impensáveis nas economias mundiais: corridas aos bancos, evaporação da poupança de milhões de cidadãos, empobrecimento de nações inteiras, "corralitos", desvalorizações devoradoras, migrações, saques e revoluções . Nas combalidas esquerdas, a perspectiva de um colapso do capitalismo privado - baseado na propriedade particular e na livre iniciativa afigurava-se como a realização das obs-
curas profecias de Karl Marx, um equivalente ocidental da derrubada, nas décadas de 80 e 90, do capitalismo de Estado socialista e anticristão simbolizado pela URSS. Nas minorias radicai s anarquistas, ambientalistas e comuno-tribalistas, a crise era comemorada como um passo rumo à utopia eco-tribalista de uma humanidade diminuída que "retornava" à vida na selva. Porém, ecologia e ambientalismo radicais tiveram pouca ressonância na opinião pública, como ficou evidenciado no esvaziamento das exageradas profecia de um "aquecimento global", como também no desinteresse pela Conferência de Durban .
mano - à pressão de imensas e incontroladas levas de estrangeiros, os povos do continente ficaram dominados pelo pavor. No início do ano, a contragosto de Bruxelas, a Grécia anunciou a construção de uma fossa aquática de 120 quilômetros de comprimento ao longo de toda a sua fronteira transitável com a Turquia. A fronteira seria ladeada por um muro de três metros de altura, 30 de largura e sete de profundidade, bem como cercada por arame farpado, câmeras térmicas e sensores de movimento. Por essa fronteira entraram, só em 2010, 180 mil pessoas, o equivalente a 90% dos imigrantes ilegais na UE. Poucos meses depois, mais de 35 mil magrebinos - fugitivos das revoltas e guerras civis do norte da África - chegavam ilegalmente em barcos à ilha de Lampedu sa, no Mediterrâneo, pertencente à Itália. Muitos outros milhares sucumbiram naquele mar, durante a mesma tentativa desesperada. Incapaz de sustentar essa multidão, a Itália concedeu um visto temporário aos
recém-chegados e os encaminhou aos países vizinhos. Esse grande fluxo obrigou as autoridades francesas a barrar as linhas férreas provenientes da Itália e devolver os imigrantes dotados de vistos legais. Paris pediu então - e obteve - a reforma do tratado de Schengen, que garante a livre circulação nas fronteiras sem controle de identidade. Em outro lance, com argumentos e pretextos polêmicos, a Dinamarca restabeleceu os controles fronteiriços para se defender da imigração descontrolada e do crime. A Comissão Europeia de Bruxelas, máximo órgão executivo da União Europeia, ameaçou processar o país "dissidente". A decisão foi verberada como sendo um "presente" intolerável do Partido do Povo Dinamarquês, rotulado de "extrema-direita" e por isso mesmo tido como indigno de ser ouvido no debate democrático. Na França, Marine Le Pen comemorou a decisão dinamarquesa que acabara "com o bla-bla-blá permanente e inação total do governo". Para ela, o exemplo deveria ser seguido por outros
países. Na Suíça, Christoph Blocher, líder da União Democrática de Centro (UCD), partido governante, propôs restabelecer os controles policiais nas fronteiras e abandonar o tratado de Schengen para limitar a imigração ilegal. Em face desse gênero de reações, reveladoras de um crescimento da direita na juventude europeia, o mau humor e o temor foram crescendo nos ambientes favoráveis à UE, dominados pelas esquerdas e pelo progressismo católico. Por exemplo, o jornal sueco de tendência socialista "Aftonbladet", o maior da Escandinávia, levantou o espantalho de que "nos armários de sapatos da Europa, as botas estão guardadas e prontas para serem usadas". O fato é que largos setores da opinião pública europeia já estão enojados com os abusos totalitários praticados pela UE, notadamente na questão relativa à maciça imigração islâmica, vista por eles como uma "invasão". Porém, os "europeístas" se recusaram a renunciar à utopia igualitária de "um continente sem fronteiras".
Crise migrnt6l'ia racha a Eumpa A União Europeia sonhou constituir uma sociedade imensa, "célula-mater" da República Universal , na qual a multiplicação das vias de comunicação e a fusão das economias dos diversos países gerariam um todo cada vez mais interdependente amalgamando povos das mais diversas culturas e etnias. Sua opulência e seu laxismo alfandegário atraíam multidões de todos os recantos do mundo. Porém, receosos de ficarem sujeitos - a exemplo do império ro-
Fugitivos das revoltas e guerras civis do norte da África chegaam Ilegalmente em barcos à
Ilha de Lampedusa, po r6neo, pertencente b'
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Dentre os grupos anarquistas e anticapitalistas, poucos foram tão contemplados pela midla quanto a versão americana Occupy Wall Street
OCCUPY
EVE~YI)-\\NG "Primavera árabe" ou "primavera fundamentalista" Batizado como "Primavera árabe", um tsunami de revoluções percorria o mundo muçulmano, desde o Marrocos, nas costas do Atlântico, passando pela Tunísia, o Egito e a Síria no Oriente Médio, atingindo o Bahrein e o Kuwait no Golfo Pérsico, o Iêmen e a Arábia Saudita no Mar Vermelho. A imprensa mundial ressaltava as aparências liberais e democráticas dessas revoluções simultâneas em vários países tão diversos. Dizia-se que as revoltas populares eram ateadas pelos anseios de liberdade e democracia entre as novas gerações criadas e organizadas por meio de Internet e dos celulares. Tudo começou na Tunísia, quando um ambulante ateou fogo em seu corpo como protesto. Manifestações em série, que exi giam a queda do regime socialista e altamente corrompido do país, espocaram imedi atamente. O incêndio propagou-se aos países vizinhos segundo um esquema estranhamente similar. Enquanto a ditadura socialista tunisiana ruía e Zine el Abidine Ben Ali renunciava, no coração do
CATOLICISMO
Cairo, no Egito, as agora famosas mani fes tações na Praça Tahrir atingiam grande dimensão e duração. Elas exigiam a queda do presidente socialista Hosni Mubarak, sustentado pelo exército e por um esquema de governo também marcado pela corrupção. Após muitos enfre ntamentos de rua, o ditador egípcio acabou renunciando. A "Primavera árabe" ensejou a instalação no poder de coalizões de grupos opos icionistas que deveriam prepa-
rar a transição para regimes genuinamente livres e democráticos. Mas nessas coalizões, compostas muitas vezes por ex-membros dos governos derrubados e por políticos sem base nem representação, um silencioso mas determinado grupo ia impondo o tom: os Irmãos Muçulmanos. Dependente da organização semi -secreta dos Irmãos Muçulmanos ou Irmandade Islâmica, o fundamentalismo islâmico - cuja cabeça reside no Egito, mas que se estende por todo o mundo muçulmano - foi surgindo como a verdadeira inteligência que teleguiava os agitadores da rua, mandando atacar igrejas, interromper cerimônias cristãs e matar fiéis. Das prometidas reformas liberalizantes muito pouco se tinha feito no fim do ano, mas a brutal sharia (lei islâmica) era por toda parte propugnada. Os sucessivos governos de transição na Tunísia e no Egito foram sendo cada vez mais contestados pela agitação de rua conduzida pelos ambíguos e misteriosos Irmãos . Como que se adiantando à revolução, no Marrocos o rei prometeu reformas democratizantes e convocou eleições . Em novembro , os fanáticos
Irmãos, embora usando uma máscara moderada, saíram das urnas como a maior força organizada. Na Líbia, o ditador Khadafi, acobertador do terrorismo nos tempos da URSS, não entregou pacificamente o poder. A oposição insurgiu-se em armas, mas logo se patenteou que ela não tinha vigor nem liderança para se impor. A intervenção militar da NATO acabou pondo em fuga o sanguinário ditador, que foi linchado e morto por opositores. Em maio, numa bem planejada operação-comando dos EUA no Paquistão, foi morto Osama Bin Laden, o chefe terrorista islâmico mais procurado. A "Primavera árabe" e o desaparecimento simultâneo desses dois líderes deram lugar a um new look do fanatismo maometano, tanto em sua imagem como na estratégia. Os grupelhos terroristas passaram a um segundo plano. A avançada radical passou a se fazer por vias "democráticas", nas barbas de uma Europa absorvida pela crise econômica interna. Em dezembro, a Fraternidade Muçulmana e o partido salafista, também fundamentalista, obtiveram 65% dos votos nas eleições gerais do Egito. O Mediterrâneo tende a se tornar, pelo menos no sul, um Mare nostrum islamita radical!
Indignados espanhóis, Occupy Wall Street e congêneres A "Primavera árabe" recrutou imitadores no próprio Ocidente. Os mais promovidos foram os "indignados", movimento de jovens com celular na mão que acamparam notadamente na praça Puerta del Sol, em Madri (foto à esquerda), e depois - com muito menos participantes, aliás - em outras cidades da Espanha. Eles pretendiam tão-só ser os "indignados" diante de uma democracia que perdeu a representatividade e de uma economia que dava sinais de cair aos pedaços. Diziam não professar nenhuma ideologia nem depender de qualquer partido ou corrente organizada; diziam-se apenas profundamente "indignados" e inspirados pela "Primavera árabe". Mas esta fachada foi ruindo
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gradualmente. A Espanha não demorou muito a identificar neles os velhos grupos anarquistas e· anticapitali stas que, sob nova fachada e aproveitando-se da crise financeira e econômica em que o país fo i submerso, tentavam provocar o caos e a anarquia. Multiplicaram-se as tentativas de imitar o exemplo dos "i ndignados" espanhóis, com parcos resultados. Na Inglaterra, seus êmu los partiram para a violência, depredação, saques e crimes. Apelando às redes sociais e aos celulares, eles ina uguraram um a guerri lh a urbana particularmente violenta e eficaz. Numerosos prédios e lojas das periferias de Londres e outras cidades inglesas foram entregues às chamas. Os agitadores - desempregados, mas jogadores assíduos de videogames e frequentadores dos ambientes do rock e da droga-, provinham em geral de famíli as desfeitas não raro ricas, e eram contemplados pelos "planos sociais". Dentre esses grupos anarq uistas e anticapitalistas, poucos foram tão contemplados pela mídia quanto a versão americana Occupy Wall Street. "A maioria das pessoas os considera um grupo de baderneiros em busca de sexo, drogas e rock 'n'roll" , disse um gestor de fundo de investimentos. O acampamento americano acabou sendo proibido pe la polícia por razões de hi giene. Porém, nada indica que os propul sores da agitação tenham desistido de seus planos revolucionários anticapitalistas.
"Epidemia " de c{mcer e pal'alisia Na América Latina, os populismos perderam fôlego. Uma estranha "epidemia" de câncer atingiu seus líderes mais dinâmicos . Destarte passaram a assemelhar-se ai nda mais com Fidel Castro o mandatário venezuelano Hugo Chávez - gravemente adoentado - e o ex-presidente Lula, que até antes do câncer ainda exercia sua influência na política nacional. Somadas à doença conhecida dos atuais presidentes do Brasil e do Paraguai - e sem levar em conta rumores sobre a saúde da presidente da Argentina - , o certo é que não fa ltou quorum para o ex-presidente brasileiro propor uma reunião internac ional de
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"presidentes com câncer". Como seria melancólica uma reunião de líderes que tendo tomado a peito implantar o soc ialo-comuni smo no continente, se viram de repente reduzidos a um possível encontro para troca de informações sobre o prolongamento de suas vidas .. . Pior sem dúvida foi a sorte dos líderes das FARC mortos pelas Forças Armadas da Colômbia em bem-sucedidas operações militares. No Equador, Bolívia e Nicarágua, os presidentes, discípulos de Hugo Chávez, escolheram a discrição. No Peru, Ollanta Humala, eleito presidente com o auxílio do sociali smo chav ista e do PT, rapidamente escolheu o mesmo caminho. No fim do ano, as esquerdas populistas latinoamericanas exibiam singu lar paralisia, esperando talvez que da crise europeia viessem estímulos ou pretextos para retomar a avançada revolucionária. As carências de ativismo revolucionário nos poderes Executivo e Legislativo foram supridas por estarrecedoras sentenças do Poder Judici ário. Entre elas, destacou-se a decisão do STF brasileiro de equiparar as uniões homossexuais estáveis às do casal constituído por homem e mulher, bem como de legalizar as polêmicas e repudiadas "Marchas pela maconha". A respeito desta última decisão, explicou o ministro do STF, Marco Auréli o Mello: "Vale para tudo. Para cocaína ou para qualquer outro crime". A esse propósito, é oportuno lembrar que o consumo médio de crack é de I tonelada/dia, segundo a Polícia Federal. O sistema de saú de passou a atender mensalmente a 250 mil viciados, um aumento de mais de dez vezes em relação a 2003.
Ofensiva laicista e revolta progrnssista, aliadas contra Roma A ofensiva contra a Igreja Católica explorando casos de pedofilia - autênticos, forjados ou inverificáveis - fez devastações . Para isso cooperaram figuras do clero progressista que durante décadas contestaram a moral sexual da Igreja e procuraram reformá- la. O padre e sociólogo belga François Houtart, 85, um dos ideali zadores do Fórum Social Mundial e candidato ao Prê-
mio Nobel da Paz, admiti u por escrito ter abusado sexualmente, nos anos 70, de um primo menor. A notícia constrangeu figuras da esquerda católica brasileira como Plínio de Arruda Sampaio, Frei Betto e Oded Grajew. Na Bélgica, o bispo de Bruges, D. Roger Vangheluwe, que renunciou por seme lha nte escândalo, faz declarações ao cana l de TV VT4 sobre um segundo caso de sedução de que foi protagoni sta, desta fe ita em relação a um sobrinho. E m julho, o Vaticano convocou o Núncio na Irlanda para consu ltas, após o primeiro-ministro Enda Kenny acusar a Igreja Católica e a Santa Sé de obstruírem as investigações sobre atos de pedofilia. A Irlanda revidou fechando sua embaixada ante a Santa Sé.
O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, membro da Comissão da Santa Sé para a Igreja Católica na China, foi um dos porta-vozes mais salientes e ouvidos dessa respeitosa reação de fiéis chineses que resistiram com vigor e espírito de fidelidade a uma politlca de distensão que para eles era inaceitável
Rebelião ol'ganizada no clel'o Em maio, o Vaticano destituiu o bispo de Toowoomba, Austráli a, Mon s. William M. Morris, por pregar a ordenação sacerdotal de mulheres e a celebração da Missa por ministros protestantes. Na Áustria, por sua vez, a rebelião progressista contra a Santa Sé subiu de grau com o movimento Pfarrer-lnitiative (Iniciativa dos párocos), que lançou o manifesto "Apelo à desobediência". O movimento diz contar com a adesão de mais de 300 párocos austríacos. Porém, um exame atento das assinaturas permitiu identificar muitos leigos e até o caso de religiosos cujos nomes foram incluídos falsamente para fazer número. O movimento prega objetivos convergentes com a onda anticatólica que age invocando casos de pedofilia: abolir o celibato eclesiástico; substituir as Mi sas - em muitos casos, ali ás, de fato abolidas por uma simulação inimaginável, com as chamadas "eucaristias secas" [ou "missas secas"] pres ididas por leigos, homens ou mulheres; di stribuição da comunhão a divorciados, herege e cismáticos; readmissão ao uso de ordens dos sacerdotes casados, juntados ou em situações irregulares; inclusão de mulheres e homens casados no sacerdócio. A nota dominante do apelo é a incitação à desobediência ao Direito Canônico, à ordem hierárquica da Igreja e ao próprio Decálogo. Alguns dos signatários promoveram
lituigias que são verdadeiras pantomimas, como a "Mis a Harry Poter", na qual o sacerdote se exibia a cru.-áter; ou a "Missa do peão", em que os pruticipantes, sentado em torno de mesas, com.iam churrasqui nho, bebiam cerveja ou refrigerantes enquanto o sacerdote celebrava com vestimentas à moda cow-boy, ao som de violões e canções count1y. O episcopado austríaco não reagiu ante esses espetáculos blasfemos, tentou minimizar a revolta e até explicá-la com ru·gumento trabalhistas. O cru·deal de Viena se fez portador junto ao Vaticano de algumas dessas inaceitáveis ex igências. O "Apelo à desobediência" recolheu adesões na Bélgica, na Alemanha e na França. Na maior prute dos casos tratou-se de sacerdotes idosos, outrora ativistas do chamado "espfrito do Concílio", que hoje sofrem duplamente angu. ti ados: tanto pela falta de continuadore como pela aparição de uma nova geração le sacerdotes desejosos do retorno à formas autênticas e tradicionais na Liturgia, na disciplina e nos co tumes eclesiásti os. Um fato ocorrido na ru·quicliocese de São Paul o revela a dimensão simbólica
da penetração na Igreja do espírito permissi vista, de abertura ao mundo e a seus costumes revolucionários. Um artista instalou uma escultura na Rua Apa, em pleno centro da "cracolândia" pauli stana, com a inv ocação de "Nossa Senhora cio Crack". A iniciativa foi naturalmente considerada como ofensiva a Nossa Senhora e um a incrível exposição de uma imagem d' Ela à profa nação. O Arcebispo de São Paulo, D. Odilo Scherer, elogiou o gesto e julgou que a iniciativa não representava profanação. " Vi e fiquei comovido. Nossa Senhora do Crack, rogai por eles e por nós também!", comentou. No dia seguinte, a imagem apareceu destruída. "Crack não é de Deus e a santa é coisa divina ", disse um dos drogados que cometeram o ato de vandalismo e que parece não se ter conformado com a idéia de ligar Nossa Senhora ao crack.
A Ostpolitik vati cana e o drama dos fléis cllhwses Pouco noticiada no Brasil, a política de aproximação da diplomacia vaticana com a ditadw·a mruxista de Pequim atin-
giu extremos de dramaticidade. Após beneficiar-se de pronunci ados gestos de abe1tura e concessão da Sru1ta Sé, o governo chinês procedeu à sagração ilegal e sacrílega de bispos. Os fi éis, já muito perplexos com as boas relações dos representantes vaticanos com os seus algozes, resistirrun com vigor e espírito de fidelidade a uma pol.ítica de distensão que para eles era inaceitável. O Cru·deal Joseph Zen Zekiun, membro da Comissão da Santa Sé para a Igreja Católica na China, foi um dos porta-vozes mais salientes e ouvidos dessa respeitosa reação de fiéis. "Por meio da violência o governo limita as liberdades individuais; ofende a dignidade das consciências [. .. } e ainda ousa dizer que tem vontade sincera de diálogo. É amaior mentira do mundo! Nossos .fiéis não têm medo [. .. } ou superarão seu medo com afé e a oração, que lhes darão forças para irnitar os mártires canonizados", escreveu o purpurado. Em 16 de julho, numa medida que os fiéi s chinese consideravam inexplicável que não fosse tomada, a Santa Sé confirmou oficialmente a excomunhão do Pe. Joseph Huang Bingzhang, sagrado ilegal
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e sacrilegamente no dia .14. Aliás, tal sagração havia sido deplorada no mesmo dia pela Santa Sé. Enquanto isso, em Brasília, na noite do dia 14, o secretário geral da CNBB, D. Leonardo Ulrich Steiner, recebia, em amável audiência na sede da entidade, uma comitiva da Administração do Estado para Assuntos Religiosos do governo chinês, a qual é responsável também pelo delito canônico. Essa audiência causou indignação e pesar entre católicos.
Apetências da ordem opõem resistência Apesar de as interpretações midiáticas da crise atual glosarem subrepticiamente a velha teoria de Karl Marx sobre uma revolta planetária que provocaria a queda do capitalismo, a opinião pública do Mundo Livre inclinou-se por governos conservadores e reforçou sua adesão aos princípios da livre iniciativa e da propriedade privada. Em abril, o paitido Autênticos Finlandeses multiplicou oito vezes o seu eleitorado e emergiu como grande vencedor das eleições parlamentai·es, após fazer campanha contra os males da UE e as ajudas à Grécia e à Irlanda, julgadas desproporcionadas. Nisto a Finlândia acompanhou as tendências manifestadas no ano anterior na Suécia, Itália, Hungria e Holanda. Em maio, o Paitido Conservador canadense obteve a maioria absoluta no Pai·lamento. Em junho, o Partido Socialista português foi varrido do governo. Nessa eleição, o altíssimo índice de abstenções (42,1 %) foi emblemático do desinteresse crescente dos europeus por líderes de todas as tendências que impulsionam o continente para um desastre em nome da utopia. A queda do socialismo português só não foi a pior do ano porque em novembro o socialismo espanhol sofreu amaior derrota da história de seu país. Contudo, talvez em nenhum lugar a virada conservadora de filões dinâmicos da opinião pública foi tão carregada de simbolismo quanto numa ex-república comunista de g loriosa história: a Hungria. Lá, o Parlamento aprovou uma nova Constituição que contraria a política radicalmente antifamiliar e essencialmente anticristã posta em prática
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CATOLICISMO
pela UE, da qual a nação mag iar faz parte. O preâmbulo da Carta começa rogando que "Deus abençoe os húngaros", e afirma: "Orgulhamo-nos pelo
fato de nosso rei Santo Estêvão ter criado o Estado húngaro há 1000 anos sobre base sólida e inserido nossa pátria como parte da Europa cristã". A Constituição defin e o casamento como
" união entre um homem e uma mulher", "base para a sobrevivência da Nação", e protege a vida do nascituro desde a concepção até a morte natural.
Admiração e saudades da ordem autenticamente cl'istã A ausência universal de líderes e de rumos sensatos, a incerteza do presente, as ameaças potenciais de futuros próximos possíveis, a insegurança generalizada, o desfazimento da in stituição familiar seguido de um ag ravamento generalizado dos problemas psiquiátricos foram despertando no mais íntimo das
pessoas a apetência de algo profundamente diverso do que constitui hoje a rotina quotidiana. Por ocasião do casamento d príncipe William com Kate Middl eton, na Ing laterra, verificou-se uma e pécie de plebiscito planetário em favor da tradição. Em todo o mundo, cerca d 2,5 bilhões de pessoas ass istiram às quatro horas da boda real. E las admiraram e até se entusiasmaram com uma cerimôni a nupci al que misturava pompas monárquicas medievai e vitori anas numa catedral gótica. O príncipe e a cinderela, as carruagens douradas, rei s, rainhas e princesas, regimentos de couraceiros a cavalo e g uardas reais com chapéus de pele de urso, lacaios de libré em ouro e vermelho fogo : o cerimonial esp lendoroso de uma Corte régia foi acompanhado até nos menores detalhes, como o tamanho da caud a do vestido da noi va, por multidões cansadas do espetáculo vulgar da modernidade.
Na Áustria, o enterro solene do herdeiro da coroa do Império Austro-Húngai·o, Otto de Habsburgo (fotos acima), foi ocasião para uma explosão de saudade pelo pas ado imperial da Cristandade. Exprimiu essa saudade o impressionante e intérmino cortejo fúnebre com toda espécie de uni formes históricos, bandeiras e insígnias do passado. Símbolos amorosamente conservados e renovados por associações qu culti vam a admiração da época do império em todas as nações outrora reunidas ob o cetro dos Habsburgos. O arquiduque Otto - ou o Dr. Otto, como preferia infelizmente ser tratado renunciara a tod s os direitos à coroa e liderai·a um movimento democrático pai·a a instituição da hoje desastrada UE. Entretanto, o fabulo o desfi le ele saudades da era imperial parecia não considerar essa renúncia e olhava para o defunto como se fosse o arquiduque ele sonhos, o herdeiro das glórias dos Habsburgos. O cortejo fúnebre depositou eu corpo na cripta ela família cios imperadores, localizada na igreja do capuchinhos ele Viena. Esse verdadeiro espetáculo evidenciou a força e a aspiração que palpitam em inúmeras almas por um futuro católico continuador das glória ela Cri standade medieval. Força que mostrou ser um elemento sem o qual não se compreenderá bem o desenrolar dos evento na décadas futu ras.
2012: rumo à explosão <lo colosso? O ano de 201 l encerrou-se com mais uma "cúpul a da última chance", realizada em Bruxelas, para tentar sa lvar a coesão ele uma UE que os povos europeus parecem amar pouco. No final ele tal "cúpula" , a Grã-Bretanha recusou a amp li ação dos podres da UE, abrindo assim uma rachadura de uma extensão se m precedentes, a qual poderá gerar consequências imprevisíveis.
David Camer n, Primeiro Ministro inglês, enc beçou a recusa de ampliar os po res da UE
O caos econôm ico e soc ial disseminado sobre a Terra deixou uma impressão: o giga nti smo co lossa l cio mundo interdepende nte, que parecia ser adorado por todos , apareceu trincado até em suas vísceras ao termo de 2011. Até o menor de seus componentes, instalado em qualquer degrau dessa imensa estrutura, pode desencadear uma crise que precipite o desabamento final do colosso de pés de barro do século XXI. Foi ass im que a imensa, super-programada e super-comp licada estrutura que deveria preparai· a República Universal acabou o ano: pressagiando um desastre gigantesco mais ou menos iminente. Ela poderia ser comparada a um avião nunca antes construído: estupendo, velocíssimo, agradável, com grandes poltronas, até com expressões artísticas internas que o ambiente aeronáutico não tem nenhuma preocupação em apresentai·. Nesse suposto avião os diversos passageiros tê m na mão uma alavanca que pode a qualquer momento fazê-lo explodir. Quem gostaria de viajar nessa colossal aeronave? Entreta nto, é ne la que o mundo entrou em 2012. Mas, com confiança na Santíssima Virgem e uma certeza inabal ável no triunfo prometido por Ela em Fátima, podemos entrar neste novo ano com a alma em paz. • E-mail para o autor: catoli cis mo@terra.com.br
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de Santo Odilon no governo de Clun y. Portanto, é um santo esc revendo a vida de outro santo. Os hagiógrafos posteri ores basei a m-se nesta vicia e na de Lotsaldo, mon ge de C luny que conviveu muito tempo co m Santo Od il on, acompanhando-o em várias de suas inúmeras viagens.
Milagrosamente cumdo por Nossa Senhora
Santo Odilon, Abade de Cluny Umdos exponenciais abades santos de Cluny, exerceu importante papel para o esplendor da Idade Média. Governando a abadia por mais de meio século, ele consolidou a sua fundação. p11nrc.mau
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Papa Urbano li consagra o altar de Cluny
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CATOLICISMO
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o ano de 9 I O, em sua propriedade localizada nos arredores da pequena Cluny (Saône-et-Loire, França), na companhia de São Bernon , Guilherme o Piedoso, Duque da Aquitânia, fundava a abadia que teria preponderante papel na reforma relig iosa de seu tempo. Contudo, sua fundação é atribuída a Santo Odon, porquanto foi ele o religioso designado por São Bernon para levar a obra avante, selecionar e formar seus di sc ípulos. Desse modo, por mais de um século, Cluny continuaria a ser dirigida por essa
linhage m de discípulos, os quai s deram origem à famosa série do "Santos Abades de Cluny". Esta começou com seu sucessor direto, Beato Ai mar, substituído por São Mai o lo, seguindo-se depo is Sa nto Odilon, para culminar com aquele que ta lvez tenha sido o maior de todos: Santo Hugo, que levou C luny a seu apogeu. É de Santo Ocli lon , terceiro sucessor cio fundador e "encarna ção viva, no seio da Igreja, daqu ele espírito de reforma que o f ez um dos homens 111ais ilustres do milênio", 1 que vamos tratar. A vicia de Santo Odilon foi esc rita por São Pedro Damião, Cardeal e Bispo de Óstia, a pedido de Santo Hugo, sucessor
Odilon nasceu no ano de 962, de pais piedosos perten ce ntes à nobreza de Auverg ne. Be raldo, seu pai , era senhor de Mercoeur, mas por sua e xcepcional coragem nas arm as, prob idade e sinceridade consumadas, a voz popular acrescentou- lhe o c gno me le "Grande". A mãe chamava-se Gerbe rge. Od il on foi o terce iro dos dez fi lhos cio casal. Quancl a ind a muito pequ e no Odilon ficou parali sado das pernas, depoi s de grave doença que pôs em ri sco sua vida. Um di a cm que seu pai viajava com toda a famíli a, parou para descanso numa peque na a lde ia do caminho. E m dado m mcnto, tendo a governanta de Odi lon deixado-o sozinho à entrada da igreja enquanto foi comprar algo, o menino - com a1enas três a nos de idade - arrast u-sc então para dentro do temp lo. hcga ndo a a ltar de Nossa Senhora, pendurou -se na toa lha , tentando levantar-se. Nesse in stante, sentiu uma Abadia d e Cluny, fundad a em 91 O, que teria preponderante papel na reforma religiosa de seu tempo , •
força misteriosa e pôs-se de pé. Quando a governanta, aflita, o encontrou na igreja, ele estava correndo em torno do altar da Virgem. Desde esse momento Odilon teve particular devoção a sua ce leste benfeitora, devoção essa que continuou até o fim de seus dias. Mais tarde Odi lon gostava de voltar em peregrinação a essa igreja. Em uma dessas ocasiões, e le fez a Nossa Senhora a segu inte oração: "Ó benigníssima Virgem Maria! Desde hoje e para sempre m e consagro a vosso serviço. Socorrei-me nas minhas necessidades, ó pode rosíssima Median e ira e Advogada dos homens! Quanto tenho, dou a Vós, e com goslo me entrego a Vós por inteiro, para ser vosso servo e escravo".2 Santo Odilon fo i um dos primeiros a praticar a sagrada escravidão a Nossa Senhora, que depois São Luís Ma ria Grign ion de Montfort tornaria tão conhecida. A esse respeito , comenta P lini o Corrêa de Oliveira: "Para quem.fizesse uma história superior da Igreja Católica, seria muito bonito compor essa genealogia das alinas que ao longo da História se tem consag rado por essa forma a Nossa Senhora. E que constituem, na vida tantas vezes secular da lg reja, uma espécie de filão que vem desde o profeta Elias até nossos dias, e que
são de algum modo o que há de mais vivo, o coração que pulsa dentro da Igreja Católica. É para nós urna alegria ver que o grande Santo Odilon, que está na raiz de todos os esplendores da Idade Média, pertencia a essa gloriosa família de almas, da qual nós desejamos ser continuadores, embora apagados". 3 Pouco se sabe da juventude cio santo, a não ser que ele a passou no estudo das c iênc ias e na prática da virtude . Quando tinha 26 anos, recebeu a tonsura c lerical, e pouco depois entrou para a Ordem de Cluny , governada então por São Maiolo.
Aba<le de Cluny, consel/Jei1·0 de imperndores O fervor com que Odilon levava a vida monástica era tal que, em 99 1, com apenas um ano de nov ic iado, e le foi admitido a professar na Ordem . No mesmo ano São Maiolo o escolheu para seu vigário . Três anos depois , adoece ndo gravemente, o santo, com a aprovação unânime dos monges, nomeou Odilon seu sucessor. Ordenado então sacerdote, apesar de sua resistência, teve que se sentar no trono abacial. Os biógrafos do santo abade ass im o descrevem: "Santo Odilon era magro e pálido, cabelos escuros; mas seus olhos tinham um brilho prodigioso, quase terrível. O som de sua voz vibrava como um sino longínquo chamando os fiéis à oração. Suas palavras eram ao mesmo tempo doces e fortes, e penetravam os corações ". 4 "Sua alma estava dotada de um.a mobilidade extraordinária, na qual se refletia a vivacidade de suas expressões. Tinha uma voz sonora e viril, e quando falava, um relâmpago passava de sua inteligência a seus olhos. Os traços característicos de seu coração eram uma profunda humildade, que o levava a chamar-se o último e mais desprezível do s irmãos de Cluny, e uma doçura inefável que lhe valeu o nome de Pai muito clemente e misericordioso". 5 Mas esse santo tão doce e compassivo od iava a ad ulação e a mentira, e castigava severamente os falsos irmãos. "Tinha, corno diz um poeta, o
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· desprezo do desprezo, o ódio do ódio, e o amor do amor". 6 Santo Odilon concorreu muito para o progresso ela Ordem. Desde o início pôs singul ar empenho na reforma ela regra ele São Bento, então seguida por Cluny, estabelecendo co mo ca ráter definitivo um código denominado "Costumes de Cluny ", o qual deveria ser observado pelos inúm eros mosteiros que estavam sob a sua juri.scl ição. Muito solicitado, empreendeu viagens freq uentes pela França, Suíça, Alemanha e Itália. E enviou discípulos a várias provín c ias da Fra nça e ela Espanha, para reformar a vicia monástica então decadente. "Fino diplomata, com uma diplo macia que brotava do espírilO do Evangelho, Odilon colocou em suas empresas toda a.força do poder humano. Foi auxiliar dos Papas, correspondente de quase todos os príncipes de seu tempo, conselheiro dos imperadores".1 A imperatri z Santa Adelaide se recomendava às suas orações.
Exército numerosíssimo e compacto às suas onlens Santo Odilon podia contar, em todas as suas obras, com um exérc ito numerosíssimo e compacto. Era a Ordem ele C luny, a que se haviam agregado mais de mil mosteiros e dez mil monges. E ele sab ia co mo utili zá- los. Foi o que fez, por exemplo, na grande caresti a que avassa lou o reino ela França, provocando grande miséria e sofrimentos. Iniciada em 1030, ela durou três anos, causada pelas chu vas quase contínuas que imped iam à lavo ura e aos frutos ela terra ele chegarem à sua matu ridade. A Igreja fo i, então , a providência cios infe li zes . Os mil mosteiros sob a direção ele Odilon estavam abertos a todas as nece siclades, e seus dez mil monges dedicaram-se a socorrer as vítimas. Como o mosteiro ele C luny era um cios mai s ricos, Santo Odilon usou todos os seus meios para socorrer os famintos. Distribuiu e ntre os pobres todas as provisões cio mosteiro, vendeu inclusive uma coroa de ouro que o im-
~ CATOLICISMO
EPISÓDIOS HISTÓRICOS
CRUZADAS Antecedentes históricos 111 IVAN RAFAEL DE ÜUVEIRA
peraclor Santo Henriqu e hav ia dado à igreja ele Clun y. Como apesar disso ainda havia necess idade ele dinheiro para socorrer os flagelados , ele foi ele castelo em castelo, ele c id ade em cidade, pedindo esmolas para eles .8
56 aiws como superior da Onlem <le Cluny A época em que viveu Santo Ocl ilon fo i muito conturbada . São P edro Damião ass im se referiu a e la: "As guerras são tão nurnerosas, que a espada envia mais hornens ao sepulcro que a enfermidade. O mundo inteiro parece um. mar agitado pela borrasca. As discórdias e as vinganças, corno ondas gigantescas, agitam. os corações. Mata-se, rouba-se, incendeia-se irnpunemente e a terra fica redu zida a uma espantosa esterilidade" .9 Por isso Santo Ocli lon , junto com o Beato Ricarclo, abade ele São Yanes, obtiveram daqueles homens belicosos que respeitassem uma " trégua ele De us", isto é, que a partir da tarde ela quartafe ira até a manhã da segunda-feira , cessassem toda hosti lidade por respeito aos dias ela semana em que se realizaram os últimos mi stérios da vicia ele Nosso Senhor Jesus Cristo. 10 Um cios inúmeros méri tos ele Sa nto Od il on fo i o de ter instituído em seus mosteiros um di a para se comemorar as almas cio Pu rgatório, logo depois da festa de Todos os Santos. Naquele dia
todos os seus mosteiros aplicariam suas orações e penitências em favor dessas benditas almas que padeciam nesse lugar de purificação. Cheio ele anos e ele méritos, Santo Odilon fa leceu no dia l º. de janeiro de 1049, aos 87 anos de idade, 26 cios quais no mundo, cinco no claustro antes ele ser abade, e 56 como superi or ela Ordem ele C luny. No ano de 1069 ab riu-se seu túmulo e o corpo cio santo estava incorrupto. Entretanto, durante a nefanda Revo lu ção Francesa, seus restos mortais foram queimados, junto com as preciosas re1íquias do tesouro da abad ia el e Souvigny , onde ele hav ia sido enterrado. • E- mail para o autor: cato licismo@ terra.com.br
Notas: 1. Fr. Ju s to Pe rez de Urbe l, O .S .B ., A íio Crisriano, Ed ic iones Fax , Madri , 1945, to mo 1, p. 17. 2. Ede lvives , E/ Sanro de Cada Dia, Edito ri al Lu ís V ives, S.A. , Saragoça, 1946, tomo J, p. 12. 3 . http://www. p i ini ocorre ad eo l i ve ira. i n fo/ DIS_SD_721 O13_sa ntoodilon7. htm 4. Les Pe t its Bo ll a ndi s tes, Vi es des Sairas , Bloud e t Barra i, Libra ires-Éd iteurs, Pa ri s, 1882, tomo 1, p. 40. 5. Urbe l, op. cit. p. 18. 6. ld. ib. 7. Urbel, id. ib. 8. C fr. Les Petits Bo ll andi stes, op. c it. pp. 3435 . 9. Urbe l, op. cit. p. 19. 10. Cfr. Les Petits Bo ll a ndi stes, op. cit. p. 4 1.
C om o brado Deus o quer, teve início a gloriosa história das cruzadas. Convocadas pelo Papa Urbano II, este heróico movimento visava a reconquista dos Lugares Santos para a Cristandade. Papa Urbano li
"Recebei esta espada em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo. Servi-vos dela para o triunfo da Fé; que jamais ela derrame o sangue inocente", disse o sacerdote ao entregar a espada a um cavaleiro, depois de tê-la abençoa.do. Da mesma forma, benzeram-se os estandartes que aco mpanharam os cavaleiros na jornada que se estava preparando. E o padre concluía sua exortação com as palavras: "Ide combater pela glória de Deus, e que esse sinal vos faça triunfar de todos os perigos". Essas cerimônias, até então desconhecidas, realizaram-se em todas as paróquias da E uropa naq ue le inverno do ano 1095. Nelas, imensa multidão de fiéis uniu-se às orações rogando a proteção divina em favor dos soldados de Jesus Cristo que partiam para a conqui sta de Jerusalém. 1
Perngrinações à Terra Sa11ta Desde que Santa Helena, mãe do imperador romano Constantino, mandou construir uma igreja sobre o Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo, peregrinações contínuas chegavam a Jerusalém, provenientes de todo o mundo cristão, para venerar esse e todos os de mais lugares santificados pela presença do Salvador. Em meados do séc ulo XI, essas peregrinações tornaram-se sempre ma.is frequentes. Pelos caminhos, príncipes acompanhados de milhares de vassalos, bispos co m grandes grupos de fiéis, pessoas de todas as classes sociai s, nobres e plebeus, religiosos dirigiam-se ao Santo Sepulcro de Jerusalém . Alguns desejavam pagar promessas, outros por penitência e todos pela santificação. 2
Jerusalém dominada pelos seljúcidas E ntretanto, essa prova de devotamento enfrentava. riscos cada vez maiores. A Terra Santa, nessa época, estava sob o domínio dos maometanos seljúcidas, especialmente cruéis na perseguição que moviam aos cristãos. Tão perigosas eram as estradas que conduziam a Jerusalém, que numerosos peregrinos perdiam tudo o que haviam leva.do, e outros a própria vida. Os que chegavam aos portões de Jerusalém eram barrados, e somente pagando uma moeda de ouro conseguiam autorização para entrar. Segundo testemunhas da ép oca, milhares de peregrinos permaneciam amontoados diante da cidade santa, maltrapilhos e famintos, na expectativa de uma oportunidade para nela ingressar. A m aioria desses infelizes morria ali mesmo. E os que conseguiam entrar estavam sujeito aos maiores perigos, pois amiúde massacres inesperados eram perpetrados contra os cristãos. Justamente nas ocasiões de culto, multidões furiosas de mulçumanos interrompiam as celebrações, subi am nos altares, conspurcavam os cálices sagrados; e depois arrastavam o sacerdote pelos cabelos ou pela barba através das ruas. A cada santuário visitado, os cristãos pagavam novas taxas e eram submetidos a outras humilhações . Especialmente na celebração do Santo Natal ocorriam as mais virulentas demonstrações de ódio contra os cristãos. Tudo isso acontecia sem a possibilidade de qualquer reação, a qual podia ser imediatamente punida com a morte.
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A pregação de Pedro, o El'emita
Nobl'es de toda Euro,,a
Corno afirmam muitos autores, a Europa do século XI era urna sociedade religiosa na qual a conservação da fé católica era o bem mais precioso a ser preservado. Explica-se, poi s, a imensa co moção que se produzia quando os peregrinos, voltando para suas terras, narravam o que haviam presenciado em Jeru sa lém. Sabe r que o teatro onde se efetuara a Redenção da humanidade encontrava-se sob o julgo de tão cruéis inimigos, causava indignação na alma de todos. O Papa Urbano II empe nhou-se então na pregação de uma cruzada para libertar Jeru salém, obtendo grande ressonância na Cristandade. Nesse clima de fervor, diante Papa Urbano II apareceu um home m de exterior in significante, porém dotado de grande força de vontade, espírito vivaz, olhar penetrante e eloquência inesgotável. Era Pedro, o e remita, que retornara da Terra Santa. Ele descreveu ao Pontífice tudo o que havia visto, tendo recebido autori zação papal para pregar as cruzadas. A oportunidade de urna Cruzada, esperada na Cristandade desde o pontificado do grande São Gregório VII, tornava-se então possível. Vestido com traje de monge e descalço, Pedro percorreu muitas comarcas da Cristandade. Por onde pregava, o efeito era surpreendente: os corações acendiam-se, os pecadores convertiamse e propagava-se o e ntus iasmo pela causa de Deus. Urbano II convocou um Sínodo para março de 1095, o qual contou com a presença de 4.000 clérigos e 30.000 fiéis. O evento foi concluído com a seguinte proclamação: "Levantemos e rompamos as cadeias da Cristandade!". Tal foi o entusiasmo do povo, que a partir dali o Papa se diri giu à França, onde se realizaria um Concílio.
Dentre os muitos nobres que partiram com seus exércitos, destacaram-se Godofredo de Bouillon , duque da baixa Lorena, com seus irmãos Balduíno e Eustáquio, comandando aproximadamente 80.000 guerreiros do norte da França; Roberto de Friso, conde de Flandres, liderando seus soldados da Normandia; Raimundo, Conde de Toulouse, que reuniu sob seu estandarte os habitantes da Provence, Aquitânia e do Languedoc. Entre os norm andos da Itáli a, levantaram-se Boemundo, príncipe de Tarento, e seu primo Tancredo, com seus exércitos. E todos sob o comando espiritual do legado do Papa e bispo de Le Puy, Adernar de Monteuil , que com suas exortações e consel hos contribuiu muito para manter a ordem e a di sc iplin a. Iniciando a marcha, passaram os franceses por Roma, recebe ndo e ntão a bênção apostólica do Sumo Pontífice. Prosseguiram de poi s para Consta ntinopl a, que era o ponto combinado para o encontro de todos os exércitos. A passage m dos cruzados pela capital do Império Romano do Orie nte fo i entremeada de intri gas por parte do imperador Alexis I Com neno. Este, e mbora desejasse aj uda para combater os muçulmanos, temia perder o trono para os cruzados. Só depoi s de conseguir que os comandantes cru zados se submetessem fo rmalmente a ele, é que permitiu aos guerreiros seguirem em frente.
Concílio de Clenno11t-Ferm11d No dia 18 de novembro daquele mesmo ano de 1095, numa planície da cidade de C lerrnont-Ferrand, Urbano II encontrou -se com uma multidão de cavaleiros vindos de todas as partes da E uropa. E m sua proclamação, ressa ltou que, na Terra Santa, os templos tinham sido transformados em currais, os sacerdotes hav iam sido assassinados e as donzelas violadas. Recordou-lhes a mi ssão de um cavaleiro, excl amando: "Ó Francos, não sois habilidosos cavaleiros? Poderosos guerreiros ao serviço da palavra de Deus? Próximos a São Miguel na habilidade de expurgar o mal pela espada ?".3 Ouviram-se, então, milhares de vozes, poderosas corno o trovão, que bradaram e m uníssono "Deus vult! (Deus o quer!). Continuou o Papa: "Que essa palavra seja vosso grito de guerra em todos os perigos, e a Cruz vossa insígnia, que vos dê força e humildade! ". Prometeu indulgência a todos que se assinalassem com a cruz, e perdão dos pecados a todos os que morressem e m batalha. Por isso, os que iriam seguir para a luta costuraram uma cruz em suas vestes como símbolo da vontade de Deus, surgindo então a denom inação de "Cruzados", atribuída aos soldados que participariam da "Cruzada". A partida foi marcada para a festa da Assunção do ano seguinte. Incalcul ável foi o efeito desse discurso, o qual, conforme se propagava, expandi a o número dos que tomavam a cruz. Com o fim de preparar-se para a saída, muitos vendiam tudo o que possuíam, outros simplesmente abandonavam tudo. O brado de "Deus Vult! " ecoou por toda a Europa. Enquanto a nobreza se armava durante o inverno, com calma e circunspecção, um mov imento precipitado agitou as povoações rurais . Grande número de camponeses, sob influência de Pedro, o eremita, partiu antes da data marcada. Estes, sem organização e disciplina, nada puderam contra os muçulmanos. -
CATOLICISMO
Nicéia: a pl'imeil'a vitória
Vestido com traje de monge e descalço, Pedro percorreu muitas comarcas da Cristandade. Por onde pregava, o efeito era surpreendente: os corações acendiam-se, os pecadores convertiam-se e propagava-se o entusiasmo pela causa de Deus.
Entrando finalm ente na Ásia Menor, os cruzados diri giramse a Nicéia. sta cidade, fa mosa por ter sedi ado doi s concílios da Igreja, encontrava-se e ntão subjugada pelos inimi gos. Nicéia e tava muito bem protegida pelo exército do sultão Kilidj-Arslan, qu contava com milhares de combatentes a seu serviço. O sultão, para animar a res istência e inspi rar confi ança, deixou na cidacl sua fa mília e seus tesouros. No dia 15 de maio de 1097, começou o sítio à cidade. Durante todo o cerco, s cristãos fizeram diversas investidas nas quais praticaram mu itos atos de hero ísmo. Os chefes davam constantemente exemplo de zelo, o's soldados observavam a disciplina e os reli giosos percorria m suas fil eiras le mbrando as máx imas da mora l atóli ca. Quando o sultã e seu cavaleiros atacara m os cruzados, e nfrenta ndo-se os dois exércitos com fúria , os cristãos sa íram vencedores . Após sete seman as de terríveis combates, os defensor s da cidade perderam a confiança. Os cru zados estavam prestes a conqui stá-la, quando um dos generais de Alexis I, vendo uma oportunidade para se apoderar dela e m 11 0111 do imperador bi zantino, e ntrou em Nicéia como emissário dos atacantes e conseguiu sua rendição. Em comemoração da vitória, o imperador ordenou distribuição de presentes aos cru zados. 4 Foi essa a primeira vit ria do soldados de Cristo - apenas a primeira, de muitas que teriam de vencer antes d chegar a Jerusalém. •
Dentre os muitos nobres que partiram com seus exércitos, destacaram-se Godofredo de Bouillon, duque da baixa Lorena, com seus irmãos Balduíno e Eustáquio, comandando aproximadamente 80.000 guerreiros do norte da França.
E-mai l para o autor: catolicismo @tcrra.com .br
Notas: 1. Cfr. Michaud, História das r11zadas, .l oscph-Fraçois , Yol. 1, p. 105, Editora das Américas, S. Paulo, 1956. 2. Cfr. Historia Universal, Juan Bapti st ' Wciss, Vol. V , p. 46 1. Ed itora Tipografia La Eclucación, Tradução da 5" ed ição alemã, Barcel ona, 1e 27. 3. hllp://asc ru zadas.b logspot.com/2008/06/scrmo-do- beato-urbano-i i-covoca ndo. ht111 1 4. http: //ascru zadas. blogspot. com/20 11/04/v i tori a-de- n iceia-gesta-dei-per- francos. htm l
JAN EIRO2012 -
lândia e recebeu do imperador do Sacro Império Romano Alemão o título de rei, provocando a ira do soberano da Dinamarca. Primeiro Sábado do mês.
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1 SANTA MARIA, MÃE DE DEUS (an tigam ente, Circuncisão)
2 São Macário de Alexandria, Anacoreta + Eg ito, 394 . Jove m a inda, fu g iu para o deserto, o nde passou mais de 60 anos em jejuns, penitê ncias, o rações e luta contra o de mônio.
3 SANTÍSSIMO NOME DE ,fl!:SUS
4 Santo Odilon, Abade (Vide p. 38)
5 São João Neumann , Confessor + F il adélfia, 1860. Natu ral da Boêmia, foi para os Estados Unidos como mi ss ionário dos imi gra ntes de língua a le mã. Nomeado por Pio IX bi spo de Filadélfi a, promoveu a educação católica das cri anças, fundou com essa fi nalidade uma congregação reli giosa fe mini na, alé m de trazer outras da E uropa.
6 EPIFANIA DO SENHOR, OU SANTOS REIS Primeira Sexta-feira do mês.
7 São Canuto Lavard, mártir + Dinamarca, ll 31. Filho do rei da D inamarca ao qual os dinamarqueses chamavam de Lavard (ou o Senhor), favo receu a atividade missionária de São Vicelino. Foi duque da Jut-
podi a matar um c ri stão que atacasse Mao mé. Tendo G umerc indo ido àq ue la c idade acompanhado do mo nge Servideo, muçulmanos os denunc iaram co mo cri stãos , decapi ta ndo-os por ód io à fé.
Santo Apolinário, Bispo
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+ Frígia, 179. Sua fa ma e m refutar as heres ias lhe vale u o cognome de o Apologeta.
São Sabas, Bispo e Confessor
9 BATISMO DE NOSSO SENHOR ,JESUS CR1STO
10 São Guilherme de Bourges, Bispo e Confessor + 1209. Gra nde a ma nte da solidão, entro u na O rdem de Cister, de onde a obediê nc ia o ti ro u para que ocupasse a Sé arquiepiscopal de Bourges, no centro da França.
11 São Teodósio o Cenobita, Confessor + Palestina, 529. Reti rando-se para o deserto perto de Belém para viver e m recolhime nto, sua fam a de santidade atraiulhe inúmeros discípulos. Construiu três hospitais.
12 Santo Antônio Maria Pucci, Confessor + Vi areggio, Itáli a, 1892. Da Congregação dos Servos de Maria, santificou-se como pároco de um porto pesqueiro e de veraneio. Dedicou-se de corpo e alma à conversão dos infiéis e pecadores, à instrução infa ntil , bem como ao cuidado dos doentes, anciãos e pobres.
13 Santos Gumercindo e Servideo, M[1rtires + Córdoba, 852. Originário de Toledo, G um erc in do fo i desig nado para um a pa róquia perto de Córdoba. Abderramá m II, q ue do min ava a c idade, pro mulgara uma le i pela qu a l q ua lq uer m uç ulm a no
+ B ul gá ri a, 123 7 . F ilh o de Estêvão I, fund ador da dinasti a e do Estado independente da Sérvi a, aos 17 anos reti ro use para um moste iro do Mo nte Ath os. Seu pa i seg uiu -o depo is de abdi ca r ao tro no. Jun tos fund aram um mosteiro para os sérvios.
15 São Paulo Eremita, Confessor + Eg ito , 342. Órfão aos 14 a nos, fo i o prime iro e mais fa moso dos eremitas,. Aos 20 a nos, du ra nte a pe rseguição do imperador ro mano pagão D éc io, re tiro u-se para um a g ruta no deserto. Mil agrosame nte, um corvo lhe levava um pão a cada dia.
1() São Bernardo e companheiros, Mártires + Marrocos, 1302. Envi ados po r São F ranc isco de Ass is para converte r os mo uros de Sev ilha que havi am sido expul sos desta c idade, São Bernardo e q uatro outros reli giosos fra nciscanos se di rigira m ao Marrocos co mo cape lães de merce nários cristãos do exé rc ito marroq uin o. Como pregava m ao povo e se rec usavam a cessar suas préd icas, o sul tão decepou-lhes a cabeça com sua própri a cimi ta rra.
17 São Sabino, Bispo, Confessor + Piace nza, 420. Am igo de Santo Ambrós io, participou de vári os concíli os. Por ocas ião dos distúrbios provocados pelos ari anos em Antioqui a, ele
fo i enviado ao Orie nte pe lo Papa São Dâmaso.
18 São Leobardo Recluso, Confessor + França, 593. Depo is de se consagra r ao estudo, passou seus be ns ao irmão e fo i viver na contemplação perto de Tours, sob a d ireção de São G regório, bispo dessa cidade.
19 São Canuto Rei , Confessor + Dinamarca, 1086. Filho ilegítimo do Rei Sweyn, da D inamarca, e sob rinho de seu homônimo q ue conqui stou a Inglaterra, subiu ao trono após a morte de seu irmão. Víti ma de uma rebelião, Canuto fug iu para a ilha de Fu nem, onde se preparou para a morte.
20 São Sebastião, Mártir + R o ma, 288. Ce nturi ão da guarda pretoriana do imperador roma no pagão Dioclec iano, e le sustentava com ze lo apostóli co os confessores da fé e os mártires. Denu nc iado, fo i trespassado com flec has ; c urado m il agrosa me nte, fo i aço itado até a mo rte . Torno use um dos santos ma is populares em toda a Igreja.
21 Beato ,João Balista 'J'urpin de Cormier e companheiros, Mártires + França, 1794. Pároco de Lavai. Com sua constânc ia e valor, encorajou outros l3 sacerdotes a não prestarem o cismático j uramento constituc ional imposto pela Revolução Francesa, incitando-os à pac iência e à perseverança. Intimados outra vez a prestar o juramento, todos se recusaram, sendo condenados à guil hotina pelo tri bunal revolucionário.
Teologia, famoso confessor e exorc ista, seu progra ma fo i o de levar os católicos a participarem in tensamente do traba lh o apostó lico. Para isso fun dou a Sociedade do Apostolado Católico.
Eugênio I no só lio pontifíc io, e nv iou à Ing laterra São Teodoro ele Tarso para a Sé de Ca ntuária e Santo Adria no como abade de Sa nto Agostinho.
2~J
Santo Tomás de Aqu ino, Confessor e Doutor da Igreja
2B Santa Emerenciana, Vir·gem e Mártir + Roma, 304. De acordo com o Martirológio Romano, Emerenciana era irmã de leite de Santa Tnês, em cuja tumba fo i rezar após o seu martírio. Ainda catec úmena , recebe u a li mesmo o batismo de sangue ao ser lap idada pelos pagãos.
24 São l"rancisco de Sales, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Annecy, 1622. B ispo de Genebra, an imado de profundo amor de Deus e das almas, dotado ele bondade e suavidade excepcionais no trato, sólida cultu ra e ortodoxia, fundador e li retor ele incontáve is a lmas que guiou com passo firme no caminho da perfeição.
,,r...... ) Conversão de São Paulo Apóstolo Após ca ir do cava lo e converter-se, o pe rseguidor dos cri stãos tornou-se Apóstolo. In stru ído pelo próprio Cri sto Jesus, f'oi um dos mais ardorosos proc lamadores do C ri stiani smo. r
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8anw Paula, Viúva + Pal estina, 404. Matrona roman a da mais alta aristocracia , junto com o marido edifi cava Roma pela virtude . 0111 o falecime nto deste, foi conv ·nc id a por Santa Marcela, também viúva, a se entrega r totalmente a Deus.
22 São Vicente Pallotli , Confessor
8ao Vilaliano, l':rpa e Confessor
+ Ro ma, 1850. Doutor em
+ Ro111u , 672. S ucessor de
+ FossaNuova, 1274. O ma ior teólogo da lgreja foi confiado aos cinco anos de idade aos monges beneditinos de Monte Cassino, entrando depois para a Ordem Dom inicana fu ndada por São Domingos, da q ual constitu iu a maior glória. Com razão foi cognominado Doutor Angélico, por sua pureza de vida e e levação de doutrina, que transcende a pura inteligênc ia humana.
2H São Sulpício Severo, Bispo e Confessor + França, 59 1. São Gregório de Tours refere-se a e le com muito respeito, e log iando suas virtudes. Foi nomeado para a Sé de Bourges em lugar de candidatos simoníacos.
Intenções para a Santa Missa em janeiro Será ce lebrada pe lo Revmo. Pad re Dav id Fra nc isqu ini, nas segu intes intenções : • Pelos leitores e benfe itores de Catolicismo, a f im de que, neste novo ano q ue se inicia, se jam espec ia lmente proteg idos, preservados de todo pecado, da vio lência, do desemp rego e das d rogas, as qua is constituem grande perigo, sobretudo para os ma is jovens. Graças essas que sup li caremos à Sagrada Famí li a fest ividade ce lebrada no d ia 30 de janeiro.
30 Santa Batilcle, Viúva + França, 680. Inglesa de nasc ime nto, ela foi levada para a França. Por sua virtude e pru dência encantou C lóvis II, q ue a fez sua esposa. Mãe de três re is - C lotário m, Chil derico J1 e T hi erry m - , tornou-se regente após a morte cio esposo, governando o re ino com rara habilidade .
~H São ,João Bosco, Confessor + Turim, 1888. Exerce u enorme influ ência no campo re lig ioso e soc ial, tendo fundado a Sociedade Sa lesiana e o lnsti tu to elas Fi lhas de Mar ia Auxiliadora. " O êxito dessa obra só pode explicar-se pela vida sobrenatural e santidade de seu fundador ", afirmo u São Pio X.
Intenções para a Santa Missa em fevereiro • Roga ndo a N ossa Senhora de Lourdes, cuja festa é comemorada pe la Sa nta Igreja no d ia 1 1 de fevere iro, que conceda a todos os leitores de Ca tolicismo - bem como àque les de seus parentes ma is necessitados rob usta saúde de alma e de corpo.
de Nossa Senhora do Rosário, num mesmo anelo que afi nal prevaleceu na promulgação da lei Áurea, isolado o abolicioni smo in surgente, de me nor expressão. O conferenci sta propugnou ainda a beatificação da princesa Isabel [vide quadro à p. 48).
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O Sr. Sepúlveda da Fonseca - membro da Comi ssão de Pcsq ui a que auxiliou o Prof. Plínio Corrêa de Olive ira na e laboração da obra Nobreza e Elites
Análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana - di scorreu sobre a dificuldade que o conceito ele " nobreza" e, por extensão, o de "realeza", pode representar para algumas pessoas, por uma eq ui vocada associação dessas categorias sociais com a injustiça, o egoísmo, a insensibilidade. M ostrou, citando Alocuções papais que fundamenta m aq u le célebre livro, que, pe lo contrário, nobre é qu 111 co loca o be m comum acima do próprio, constitu ind -se e m fator de aprimoramento e elevação para Ioda a soc iedade. E que, no caso particular de nosso País, o caráter fa mili ar da mo narquia, tão bem ·ncarnado no imperador D. Pedro II, influe nc io u a runclo a soc iedade brasil eira, impregnando-a d bondade e respeitabilidade.
Tributo à Princesa Isabel no 90° ano de seu falecimento n
EDsoN CARLOS DE
O
OuvE1RA
Instituto Plínio Co rrêa de Oliveira promoveu e m São Paulo, no dia 29 de novembro último, uma homenagem à Princesa Isabel , a Redentora, para assinalar o 90º aniversári o do fa lec imento daquela grande figura da História pátria, ocorrido no precedente dia J4. O evento realizou-se no Hotel Golden Tulip, na capital paulista, sob a direção do engenhe iro Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto, e teve como expos itores o príncipe Imperial do Brasil, D. Bertrand de Orleans e Bragança, bi sneto da homenageada, o hi stori ado r Hermes Rodrigues Nery e o pesquisador José Carlos Sepúlveda da Fonseca. De tacaram-se pela presença o príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, C hefe da Casa Imperial do Brasil - a quem a sessão fo i dedicada [foto acima] - , seu irmão e cunhada os príncipes D. Antonio de Orleans e Bragança e D. Christine de L ig ne de Orleans e Braga nça, bem co mo o príncipe D . Casimiro de Bourbon-Siciles, primo dos precedentes.
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CATOLICISMO
Ante duas cente nas de assistentes, que inc luíam sacerdotes, professores, estudiosos, militares, integrantes de Institutos de vida consagrada, pessoas da soc iedade pauli sta, os confere ncistas di scorreram sobre aspectos da vida e atuação da princesa - três vezes Regente no Segundo Reinado com destaq ue para a constatação de suas virtudes, tanto no âm bito privado quanto na esfera pública.
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O Prof. Nery foca li zou a sa lutar mudança ocorrida em décadas recentes na hi stori ografia brasile ira, com o abandono dos desgastados cânones positivistas impostos na República e a prevalência do rigor cie ntífico na pesquisa das fon tes, resultando assim, no caso da Princesa Isabel , no esboçar de um vul to de grande va lor humano, espiritual e político. Tais predicados se manifestaram claramente na campanha pe la abolição, na qual a religiosidade católica - por ela claramente ass umida - se constituiu no arco que ligava propri etários abolicionistas, negros alforriados e escravos devotos
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O prínc ipe 1 . Bertrand ressa ltou inicialmente a estre ita ligação ·xistente e ntre a Princesa Isabel e os troncos fa mil iares de que descendia o Prof. Plínio Corrêa de Oli v •ira , bem como o releva nte papel deste na fo rmação doutrin ária de seu irmão D. Luiz e de le próprio. A seg uir r ·latou epi sódi os tocantes e e ncantadores da vid a da princesa, reveladores de sua personalidade proru ndamente católica. Por fim, o motl ·rado r da sessão , Dr. Mar io Navarro da Co ta , 1 iretor de campanhas do Instituto Plínio Corrêa de Olive ira, aportou o precioso contributo de duas r·lfquias de fa míli a, peça de correspondência da Red ·ntora, já no ex ílio, impregnadas de profundo s 111 ido religioso. A presença nobre • arável da Princesa Isabel como que se fez sentir no coqu 'lei servido a seguir ífotos à direita], que reteve lon •amente, em entretido convívio, a maior parte cios pr ·sentes, desej osos ele prolongar no intercâmbio ele impressões o tocante efeito que o conjunto elas intervenc_:o 'S hav ia produzido. •
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A íntegra das ex po sições p ode se r enco n1ra cl11 no site www i[l · or .br
JAN EIRO2012 -
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Mensagem de Fátima atrai cada vez mais
A
coorcl nacl oria de campanhas da Associaçlio Devotos de Fátim.a (ADr), ·m coalizão com a Liga do Santo Rosâl'io, pro move u com grande sucesso, 111 r • 23 ele outubro e 27 de nove mbro, cliu ·111 que se comemora a festa de Nossa S nhora das Graças , uma tournée d conferênc ias pelo int ri o r dos estados d ' Minas Gerais, Rio de Jane iro e São Paul o. As pal cslrus, pro feridas pelo coorden ador da s ·um panhas, Marcos Lui z Garcia, tivcru m ·orno te ma central um a a náli se dos u ·onl cci me ntos atua is do ponto de vista r ·ligioso, político-soci al e cultural sob o prisma do cumprimento paulatino da M ·nsagem de Fátim a. Esta Mensag ' 111 previu o rolar do mu ndo, caso est' nuo fizesse penitênci a e oração, para os uhisrnos da corrupção mora l, até ·h ' 1 a r a um domín io gera nerali zado do comunismo com o castigo para a h11111 ani dade. O enorme i111 •r ·sse despertado por essas conferên ·ius confirmou o cre ci mento do cons ·rvadorismo católico no Brasi l, constilufdo c m ge ra l pelos qu e estão sendo "a >r •d idos pela rea lidade". As pessoas s 111 •111 se ans iosas por um esclarecimento u respeito do cao que as envolve. E quun do se deparam com o conteúdo ela M ·nsagem de Fátima, com preendem s ' li 11 k ance para a exp li cação dos aco111cci1 11cn tos religiosos, políticos e soc iai s que têm dia nte de si.
Nes. a toum f,1,, Marcos Garcia visitou mai s de 20 ciclad ·s. 1wrcorrendo cerca d' oito mil qu ilôm •1ros. Alem das palestras, CATOLICISMO
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ele entrou em contato com grupos e famílias de aderentes de ambas campanhas. Merece especial de taque a caloro a recepção à Imagem Peregrina promovida pelo Padre Cesarino Piet:ra Maffi, pár co do Santuário de Nossa Senhora de Fáti ma, em São José do Rio Preto (SP). Os fi eis de sua paróquia se revezaram em vigília diante da imagem durante toda a noite de 26 para 27 de novembro. Com relação aos contatos mantidos, o coordenador constatou em vários lu -
gares uma crescente apetência pela volta do rito tridentin a da Santa Mi ssa. Torna-se cada vez mai s evidente, e m diversos locais do Brasil, o surto de um conservadorismo desejoso de um a espiritualidade mais profunda e recolhida, mais sobrenatural. Aspectos esses que a Mi ssa tridentina oferece de forma ideal , com seu ritual so lene e e levado, seus cânticos gregori anos, os fié is usando trajes recatados, condizentes com o respeito dev ido ao luga r saJAN EIRO2012 -
grado, e outros aspectos mais que favorecem a piedade e a recepção dos sacramentos. Aspecto marcante nesses contatos foi constatar a procura das pessoas por uma explicação que as faça compreender como chegamos à crise moral e religiosa que assola o País e o mundo inteiro. Diante da Mensagem de Fátima, elas sentem verdadeira alegria por verem que essa crise já havia sido prevista por Nossa Senhora, bem como o triunfo futuro da Igreja e da civilização cristã. Tal constatação configura a situação ideal para a compreensão, em todo seu aspecto profético, da Mensagem de Fátima, evidenciando sua plena atualidade. Ana Luiza Caponegri
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Em Lavras (MG), por iniciativa dos professores João José Marques e Geovanni Németh-Torres, a palestra foi reali zada na própria Matriz de Santana. O interesse dos ouvintes e a aco lhida dispensada foram edificantes. O mesmo ocorreu em Cardoso Moreira (RJ), no salão da escola da Igreja do Imaculado Coração de Maria, com a presença do Revmo. Padre David Francisquini e da elite religiosa dos seus fiéis . Na cidade de Montes Claros (MG), sob a coordenação dos participantes locais da ADF e da Liga do Santo Rosário, os Srs. Paulo Roberto Gonçalves e Waldomiro Gualberto da Silva, a palestra realizou-se no Hotel Nobre. E na cidade de Teófilo Otoni (MG), no Hotel Real, por iniciativa da fam íli a da Sra. Maria Eugênia Fiuza, ativista loca l da ADF e da Liga do Santo Rosário. Em Olímpia (SP), a palestra realizou-se no auditório da Câmara Municipal, pelo empenho do Sr. Valdemar Pinhata, tendo os vereadores João Batista Magalhães e José E li as de Morais marcado sua presença. Compareceram cerca de 230 pessoas.
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Marcos Garcia, nessa mesma tournée, teve conhecimento de uma insigne graça, alcançada através de uma imagem que
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CATOLICISMO
peregrina de casa em casa nesta cidade do oeste paulista, graça esta que - ressalvado um pronunciamento oficial, que só à Igreja cabe fazer - pode ser considerada verdadeiro mflagre e que vale a pena levar ao conhecimento dos leitores de Catolicismo. Trata-se do caso da menina Ana Luiza, filha do casal Luís Henrique e Sandra Caponegri. Aos quatro anos de idade, essa menina foi acometida de uma doença estranha que nenhum médico conseguia diagnosticar. O quadro fo i-se a.gravando e a criança entrou em franco processo de
definhamento e deformação física, com uma paralisia progressiva tornando conta de seus membros inferiores. Ela já não conseguia. nem andar, apenas arrastar-se pelo chão. Tudo faz ia temer sua morte. Submetida por vários médicos de reconhecida competência a uma série de exames segu ndo as mais modernas técnicas, nenhum deles conseguiu definir a doença. A única coisa que conseguiram fo i constatar, por um dos exames, a presença de pequenos pontos estranhos junto à sua coluna vertebral. Certo dia, Literalmente arrastando-se até uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima que visita as famílias, Ana Luiza, na inocência de seus quatro a.nos, implorou à Virgem Santíssima que a curasse. Sua fé de batiza.da. inocente alcançou- lhe a graça pedida. Poucos dias depois, apareceram nas costas da menina pontos protuberantes . Em seguida, vermes começaram a ser expelidos por toda a superfície lombar. E assim ela ficou livre dessa misteriosa doença. Ana Luiza foi retomando a saúde e hoje está inteiramente sã. A família dispõe de todos os exames realiza.dos, os quais comprovam a misteriosa doença, bem como a cura alcançada através de uma ajuda sobrenatural. • E-mail para o autor: catolicismo@ terra.com.br
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"Para que me buscáveis? Não sabíeis quet devo ocupar-me nas coisas de meu Pai?"
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Afresco pintado por Giotto de Bondone enLre 1302 e 1306, se encontra na Capela degli Scrovegni Pádua (Itáli a).
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quadro apresenta um aspecto interno do Templo em Jerusalém. Um tanto romanizado, porque o artista, Giotto di Bondone,* estava influenciado pelos primeiros eflúvios da Renascença. Os doutores da Jei estão discutindo a interpretação d_e passagens das Escrituras Sagradas. O Menino Jesus destacou-se tanto entre eles, que ocupa a presidência dos sábios e fala como verdadeiro Mestre. Os doutores da lei estão pasmos com o que Ele diz, ouvindo-O com muito interesse e aproveitando os ensinamentos. À esquerda, de pé, Nossa Senhora e São José com as expressões de que não compreendiam a atitude do Menino Jesus. Ela está numa atitude de quem pronuncia a famosa pergunta: "Fili, quidfecisti nobis sic? Ecce pater tuus et ego dolentes qucerebamus te" (Filho, por que procedestes assim conosco? Eis que teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição - Lc 3, 48). E o Divino Infante parece estar dando doutoralmente, eu quase diria majestaticamente, a resposta: "Para que me buscáveis? Não sabíeis que devo ocupar-me nas coisas de meu Pai?". •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 30 de novembro de 1988. Sem revisão do autor.
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Luta entre a raça da Virgem e a raça da serpente infernal tre a Virgem e a serpente, São
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um a v e r da d e ira torr e d e c o m bate (" T urri s dav id ica" - excla ma a lada i-
L uís M ari a G ri g ni on de M o ntfort
nha lauretana) .
nos mostra a vida dos povos antes de tudo
Ao lo ng o da Hi stó ri a, os fi lhos de
co mo uma gra nd iosa, trág ica e i ncessan-
N ossa Senhora batalharão até o fim do
te guerra entre a verdade e o erro, o bem
mundo contra os fi lhos de Satã. E a v itó-
e o m al , o belo e o feio. Batalha sem a q ual a ex istênc i a terr ena do ho m e m ,
ri a fi nal será dos primeiros, pela interferência da M ãe de D eus: "Os .filhos de
desfalcada do seu signi ficado sobrenatu-
Belial, os escravos de Satã, os amigos do mundo (pois é a mesma coisa) sempre perseguiram até hoje e perseguirão no futuro aqueles que p ertence,n à Sanlíssima Virgem, como outrora Caim perseguiu seu irmão Abel, e Esaú, seu ir-
issertando sobre a etern a luta en-
ra l, perderi a sua dignidade. Comentando as palavras do Génesis
(3, 15): "Porei inimizade entre ti e a mulhet; e entre a tua posteridade e a posteridade d ' Ela. Ela te pisará a cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar", observa co m profund idade o grande sa nto: " Uma única inimizade Deus promoveu e estabeleceu, inimizade irreconciliável, que não só há de durcu; mas aumentar até o.fim: a inimizade entre Maria, sua digna Mãe, e o demônio (cf. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem ,
rnão Jacob, figurando os réprobos e os predeslinados. Mas a humilde Maria será sempre vitoriosa na luta con/ra esse orgulhoso, e tão grande será a vilória .final, que Ela chegará ao ponlo de es1110gar-lhe a cabeça, sede d , lodo o org11lho" (op. cit. , pp. 56-57).
* *
>I<
não é senão um pro lo ngamento da oposição entre a Virgem e a serpente, entre a descendência espiri tual d ' Aq uela e a desta. Dentro deste quadro, a "clemens, pia, dulcis Virgo Maria"
no " Salve Regina" , nos é apresentada por São L uís Grignio n co mo
CATOLIC ISMO
P 1ü;1NA MAmANA
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A padroeira de Ocaiía (Colômbia)
NoSS/\ SENIIOIU CHORA?
Na. Sra. das Gra~as de Torcoroma
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P ,\1,/\VIU DO SACEIWO'l'E
12 A R1,;A1 ,IDADE CoN<:1sA 1\-mN'J'E 14 ENT1mv1s·1·A Resistência húngara às pressões da UE
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A sup ressão d ' SSll 1111 11 por uma re-
24
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26 CAPA Cristianofobia no Oriente e no Ocidente
34
INTERNAc10NA1 , Horrores do comunismo norte-coreano
38
M1,:ivu,1uA Fra Angélico: pintor que transcende sua época
46 SANTOS 1,: F..:sTAS
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M1~:s Coreia do Norte: continua a tirania
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r • ·tn s, •
que o doutor melífluo, São B ernardo, cantou com tal suav idade
5
no D11mTon
23
d · utopi u \'1111 11 11 11 q11 11 I 11s mas-
até o fim da Históri a, guerra q ue
CAH'I'/\
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196 1, p. 54).
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18 ÁFmcA Cristianização do continente africano
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SANTos São Pedro Damião
51 AçÃo CoNTt~A-R1-:vo1.uc10NAmA 52 Al\'mmNn•:s, Cosn1i\ms, C1v11.1zM,:fü,:s A Nobreza e características próprias dos povos Nossa Capa: Atentado contra a Igreja Católica de Santa Tereza, diocese de Minna, cidade de Madalla, na Nigéria, que causou 42 mortes e foi perpetrado no Natal de 2011 pela seita islâmica Boko Haram.
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Nossa Senhora das Graças de Torcoroma
Caro leitor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o nº3116 Administração:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Uma das fases da História obj eto de ad miração uni ver a i é a que ass inala o martírio dos cristãos, durante as perseguições pagãs cio Impé ri o Roma no, nos primeiros sécu los ele ex istência da Igreja Católica. Os mártire a ombra vam as turbas pagãs por s ua forta leza, enfrenta ndo destemid ame nte a morte ao serem atacados por feras nos c ircos romanos. N os processos iníquos a que eram s ubmetidos e torturados, por s ua heróica profissão de crença e m Jesus Cristo, e les causavam espanto aos pretores. Tais fa tos, estudados até e m ma nua is esco lares de História Universal, apresenta m-se para nossos conte mpo râneos como ep isódios - dignos de admiração, certame nte - lúg ubres do passado, que não teriam mais lu gar na fase hi stórica " evo luída" e m que vivemos. A realidade, entretanto, é bem diversa dessa visão otimi sta e adulterada da nossa época, em q ue órgãos da mídia sil e nciam a brutal perseguição anti cristã - espec ia lme nte a anticató li ca - que há bom tempo vem c rescendo . Em vista di sso, pareceu-nos conve ni e nte dedicar a esse tema a matéria de capa desta ed ição. ma is grave é que parlamentos e organ izações internacionais do própri o Ocidente faze m causa com um com perseguidores pagãos, islamitas, hinduístas, co muni stas, etc. E a perseguição moral e lega l que levam adiante não é menos intensa do que a sanguiná ri a. E is o ma ior escânda lo religioso de nossos dias: LOS mil cristãos ã assass inados a nu almente por cu ltu arem o verdadeiro Deus. N o mundo , ome nte em 2010, 75 % dos casos de perseguição religiosa fora m praticados contra cristãos . Para denunciar esse e scânda lo e neutralizar a "campanha de silê nc io" generalizada em ó rgãos da mídia, a Fede ração Pró Europa Christiana, com sede em Bruxelas, rea li zou oportuna campanha recolhendo ades - es para um aba ixo-assin ado pleiteando a in stauração cio Dia internacional /e ·ombate à cristianofobia. A petição será e nvi ada a Ban Ki-Moon , se r t:'.íri o-g ral da ONU. A época das perseguições religiosas crue ntas não . x tin uiu nas brumas de um passado remoto, mas ao contrário, até e inte nsifi cou ' 11 nossa era de progressos científicos .. . e abom in ações morais in a uditas ! Conscientes dessa triste realidade, convidam s s a ros 1•ito r 'S a inte nsificar suas orações nas inten ções de nossos irmã s na f , v tima s do ó di o anticri stão em países dominados pelo is lam i mo, hindu ís mo , bud ism e comunismo. E também - o que é mais la me ntáve l - p ' lo ncopuni s ino ap stata em países ocidentais. Desejo a todos os le itores um a profícua leitu ra e r ' fl 'X, o sol r • ' Sta candente e importante tem ática.
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E sta invocação mariana da padroeira de Ocaõa, na Colômbia, nos leva a indagar o que Leria levado a Santíssima Virgem a aparecer inopinadamente em lugar tão inóspito como esse ! VALDIS GRINSTEINS
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s vezes, nas di scussões com protestantes ou outros que manifestam desconfianças ou reticênc ias em relação à Igreja Católica, surge o tema dos milagres e santuários, os quais em geral são a presentados por hereges e incrédulos como fa lsidades que visam enganar os pobres fiéis. A verdade é que, se alguns desses santuários tivessem sido eri g idos com a inte nção de se fazer negócios, não poderiam estar colocados em pior lugar. Ora em montanhas inacessíveis, ora em locais de péssi mo clima, ora ai nda e m lugares quase desérticos, sem cidades nem povoados próximos. Se o que moveu as pessoas fosse o lucro, realmente o milagre e -ia o de se conseguir transformar uma zona desconhecida e despovoada em lugar de negócios. Prova de que não havia qua lquer intenção comerc ia l é justamente o pouco estratég ico para a rea lização de negócios de muitos desses santuários.
Um local iJwcessível Um desses locais é a capela onde apareceu a Virgem de Torcoroma, na Co lômb ia. E ncontra-se no meio de montanhas, distantes cinco qui lômetros da c idade de Ocafía, situada num vale. Se a intenção dos que c ultuam essa imagem tivesse sido a de " inventar" a aparição para torná-la popular e atrair negócios, teriam-na feito aparecer no próprio vale. Para que colocá-la em loca l onde constru ir qualquer co isa e até venerá-la seria um problema? A verdade é que, para ir ao lugar da aparição, é prec iso ter ânimo de fazer uma peregrinação. Local tão compli cado e incômodo de se chegar, que a imagem permaneceu vários anos num a faze nda próxima, depois passou à catedral de Ocafía, e só posteriormente foi trasladada à capela da Virgem, construída em J 882, apesar de sua ereção ter sido autorizada em 171 6. Tendo recentemente sido celebrados os 300 anos da aparição, dispõe-se de abu ndante material a respeito. E la se deu e m 1711, do segui nte modo. Um agricultor de nome Cristóbal Melo necess itava uma caixa para transportar doces ao mercado da cidade de Ocafía. Como sua fazenda de cana-de-açúcar
situava-se num vale em meio aos montes de Torcoroma, mandou os filhos, José e Felipe, buscar um a boa madeira para esse fim . Cumpre notar que tanto os filh os como seus genitores, Cristóbal e Pascuala, eram conhecidos como pessoas de vida honesta e sincera religiosidade. Partiram e ntão os filhos rumo ao monte em busca da madeira. Lá chegando, chamou-lhes a atenção uma determinada árvore próxima do cume, a qual, apesar de ser verão, estava toda florida e em itia grande fragrância. Após decidirem que aq uela seria a árvore adequa-
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da, puseram mãos à obra. Contudo, como a montanha era muito íngreme, ao ser cortada, a árvore caiu num lugar do qu al não podi a ser tirada. Regressaram, então, e narraram aos pais o malogro da operação. Como depois de algum tempo ainda não possuíam a ca ixa desejada, voltaram novamente ao monte à procura de outra árvore. Mas não encontraram nenhuma com a qualidade e as proporções que necessitavam. Finalmente, decidiram regressar com o pai até o lugar inacessível no qual a árvore fl orida havi a caído. Uma vez ali , começaram a di spor a madeira de modo a levarem os pedaços que lhes convi esse. Em certo momento notaram que no centro da árvore havi a uma cavi dade, e dentro desta, em alto relevo, uma fi gura de 20 a 25 cm de altura representando Nossa Senhora. A mesma que hoje é venerada num relicário de ouro e pedras preciosas em Ocafí a.
Propagar o homossexualismo é disseminar AIDS O pequeno santuário, em 1884
mente, salvando-a. O segundo mil agre constituiu a cura de uma senhora que padec ia de cóli cas. O terceiro: uma índi a Primeiros milagres cega que recobrou a visão após passar nos olhos algumas No local onde a imagem foi encontrada ex iste uma capefl ores que havi am sido tocadas na ampola da imagem. Mas la e, próx imo dali, um lugar onde os peregrinos recolhem a talvez o mil agre mais popular e de verifi cação mais fácil por água que tem operado vári os milagres. Como a imagem fo i todos tenha sido o de Margarida Picón. Vítima de terrível levada pela primeira vez à cidade em lepra na mão e no braço, fi cou cura16 de agosto, este dia foi fi xado para da após lavar-se com a água próxima Tricentenario de la Aparieión de a sua fes ta. Nucstra Sei'iora de las Grac1as de Torcoroma do local da aparição da Virgem. O primeiro mil agre registrado fo i Esse culto já havia sido investio de uma senhora cuj o parto estava gado desde seu início, mas foi somendifícil de ser rea li zado. O feto já estate em junho de 1906 que o Papa São va morto, mas não se consegui a retiráPi o X concedeu uma Mi ssa especial lo, acarretando isto sério peri go para para a imagem, sob a invocação de a mãe. Levara m então a imagem junNossa Se nh ora das Graças de to ao leito desta. O feto sa iu imedi ataTorcoroma. Posteri ormente, no dia J 8 de nove mb ro de 1963, um Bre ve Cartaz das festascomemorativas Pontifício a declarou Pa lroeira prinele presencia Mariana dos 300 anos da aparição (dir.) e cn la lmagen ele cipal da Di ocese de Oca fía. representação do lugar da apariucslra Seiiora ele Torcoroma
ção, em 1888
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Por que Nos. a enhora lecidi u aparecer de fo rma tã inusitada? Só podemos faze r conj ectu ras, pois pertence ao pl anos ele Deus dispor de vez em quando a ocorrên ia d a ntecimentos que nos faze m pensar que só o "acaso" m basta. Que há "Al guém" por detrás daquilo que faz mos, 1u gui a os nossos caminhos. A poss ibilidade de s rtar uma árvore e encontrar casualmente uma imagem n m io dn mad ira, podemos dizer que é igual a zero. ada um d ' n s p ssa ter talvez uma, duas ou mai ocorrências m sua vida qu ' não podem ter-se dado só por "casualidade". A fé nos indica que Deus não n s aba ndona l nossa própri a sorte e que "nem um. cabelo ·ai de 110 .1·.1·r1 <·ohe(·a" sem a permissão d'Ele. É para no lembrar v rd ucl ·s ·omo estas que Ele permite e deseja apari ções d Nossn S ·nhora que desafi am todas as poss ibilidades humanas . • E-mail para
autor: ·1tll>li ·I mu <() \ u·n.i.:run&r
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m notícia de 29-11-11 , intitulada "Em 10 anos, o número de j ovens homossexuais do sexo masculino com AIDS cresce 60%", a Agência Estado escreve: "Risco de um jovem homossexual brasileiro estar infectado pelo vírus HIV é 13 vezes maior do que o restante da população da f aixa etária, di vulgou o Ministério da Saúde. Em 2010 f oram confi rmadas 514 infecções entre homossexuais de 15 a 24 anos, equi valente a 26,9% dos casos nessa fa ixa etária. Entre j ovens heterossexuais [... ] em 2010 representam 21,5%". O que mais interessa saber não é que houve um aumento de 60% de AIDS entre jovens homossexuais, mas qual seja a incidência de AIDS entre homossex uais e heterossex uais em relação à população do Brasil. Se o ri sco é 13 vezes maior para o homo e uais, isso signifi ca que para cada 100 heterossex uais in fectados ex istem 1.300 homossexuais com a doença. Esses números mostra m que a incidência de AIDS entre os homossexuais é significativamente maior. Qual é a proporção de homossex i.1 ais na população brasil eira? Não há es tatísti cas exatas, ne m sequ er dados confi áveis. Em geral , para efeito de propaganda, aumentase muito o índice. Segundo a revista "Super" (Editora Abril), em julho de 2004, entre homens homossexuais e bissexuais, haveri a 7,9%. A revista "Isto é Dinheiro", de 21-6-06, fa la em 10% da popul ação. Outras fo ntes igualmente pouco confi áveis falam de 5% até LO%. É de se conjeturar que a proporção de homossexuais na popul ação seja ainda bem menor. O Censo de 2010, divulgado em 29-4- 1.l , apresenta dados relativos apenas a dupl as de homossex uais que moram juntos (masculinos ou feminin as), afirmando que são 60.002. O que equivale a 0,03 % do total da população. Ou seja, constituindo os homossexuais, na hipótese mais avançada, apenas 10% da popul ação, entretanto há 13 vezes mais risco de um jovem homossexual pegar a AIDS do que o restante dos jovens. O recém-publicado opúscul o intitulado Homem e Mu lher, Deus os criou, de autoria do Padre David Francisquini (Artpress, São Paul o, 20 l J ), informa na sua Propos ição l08
que os próprios ativi stas homossexuais reconhecem que a AIDS pode ser considerada uma doença dos homossex uais, aduzindo importantes dados a respeito. De onde se conclui que, caso se quisesse combater de fato e efi cazmente a prolife ração da AIDS, o alertar a população sobre esses dados constituiria a primeira e mais urgente medida. Não se trata de di scriminação. É uma realidade que o público deve conhecer para se precaver. Ora, a política que vem sendo adotada é exatamente a oposta: " O governo instituiu a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Tra vestis e Transexuais no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é promover a saúde integral da população LGBT, 'eliminando a discriminação e o preconceito institucional e contribuindo para a redução das desigualdades e para consolidação do SUS como sistema universal, integral e equitativo"' ("Agência Estado", 2- 12-11 ). Há ainda o aspecto principal da questão, posto em realce pelo Pe. David: " O pecado de homossexualismo é especialmente grave porque viola a ordem natural dos sexos, estabelecida por Deus na criação. Por isso está classificado entre os pecados que bradam aos céus por vingança" (op. cit., Propos ição 18). • FEVEREIRO 2 0 1 2 -
outro lado, vi por todas as partes numerosas famílias maometanas e com muitos filhos . É uma pena, pois a Europa é (era?) sobretudo católica. (W.G. -
SP)
Harmonia 11a vida familiar
Fatos swprnendentes 121 Gostei muito da retrospectiva publicada na revista Catolicismo. Os fatos importantes de 2011 desfilaram frente a meus olhos surpresos, devido a tantas demolições e desestabilizações em muitas nações. Ma , mesmo ass im, gostei das análises, pois feitas com seriedade. Do contrário dou testemunho: vendo no barbeiro uma outra revista, também fiquei surpreso, mas devido a tanta superficialidade em mostrar os acontecimentos. (E.L.J. -
MG)
Cdse na zona do euro 121 Na minha pobre opin ião, o evento mais importante do ano que passou fo i a crise que se espalhou pela Euro pa inteira e que nos atingirá certamente. Não consigo entender como povos tão metódicos e previdentes chegaram repentinamente a essa situação, aparentemente sem saída. Como as autoridades do bloco europeu agirão para tentar salvar o velho e maravilhoso continente? Lá estive no fina l do ano e notei , sobretudo na Espanha, as pessoas muito desanimadas com a possi bilidade de uma solução. Até parece um castigo. As famíli as muito reduzidas, quase sem filhos , muitos velhos, no gera l população envelhecida. De
-CATOLICISMO
121 Tive o privilégio de receber a gravação da conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre a famíli a, célul a fundamental da sociedade. Gostei muito e a escutei uma vez em casa e duas vezes no carro durante uma viagem. Eu já tenho lido muitos escritos dele, inclusive três livros de sua autoria, mas nunca havia tido a oportunidade de ouvi-lo. Achei interessante que, enq uanto fazia a audição, tinha a impressão que estava le ndo algum artigo do ilustre professor. Acho que este fe nômeno se passou comigo devido à lógica e à clareza idênticas tanto no modo de escrever como no modo de falar. Para dar um exemplo disso na fala do Prof. Plinio, que parecia um texto escrito: o que ele diz sobre a harmonia e a confiança como condição indi spensável para a formação de um lar unido e que, ainda que o casal não se divorcie, só a perspectiva de se poder um dia divorciar já quebra aquela confiança que deve reinar entre marido, esposa e filhos. Daí um dos males da lega lização do divórcio no Brasil : retalhar a família, e uma família assim "descosturada" não produzirá bons frutos para a vida da sociedade. [ .. .] A todos da equipe da revi ta Catolicismo, meu muito obrigado. Expressão realmente "desbotada" pelo uso frequente, mas que manifesto calorosamente. Que Jesus, Maria e José também vos abençoem pela importantíssima difusão da boa doutrina católica nos lares brasileiros. (A.F.1. - SP)
Co11J'erê11cia do líder católico 121 Agradeço- lhe de todo coração pelo belo e inestimável presente de Natal ,
o CD "Tradição e continuidade fami liar". Poder ouvir a voz deste grande líder católico que tanto bem fez à Santa Igreja e à nossa Pátria, é uma grande honra e uma grande graça. Deus abençoe vossa revi . La e a torne cada vez mais um veículo de in strução salutar da verdadeira Reli gião para sua glória e bem das almas. Muitíss imo obrigado e feli z ano novo! (Fr. A.M.S.T. - França)
Contraceptivos 121 O controle de natalidade, os cristãos e ngol iram direitinho, pois amaioria deles não lê nem a Bíblia nem o Catecismo. Na minha família todos as mulheres aderiram a estes métodos e ficam me criticando, pois, apesar de todos os riscos que corri na gravidez, tive três filhos. Eles são lindos e educados. Todos esses métodos inventados eu não aceito nenhum. Há casais que não querem ter filhos, mas adotam cachorros. Não é para isso que juramos a Deus no casamento, mas sim para ter os filhos que E le nos mandar. (M.C.S.O. -
SP)
Bê11çãos pam o Ano Novo 121 Envio os mai s sinceros e ca lorosos votos de Ano Novo ao Diretor de Catolicismo e aos meritório co laboradores da revista, assim como a todos os de associações contra-r volucionárias nos diversos países. De ejando do fundo do coração um novo ano cheio de bênçãos de Nos a Senhora a todo seus fi lhos que incansave lm nte lutaram por Ela. (M.N.Z. -
Equador)
Luta e vitória 121 Com muita alegri a e ta é a primeira carta que e tou e crevendo em 201 2, no primeiro dia desse ano, rogando à Sagrada Família d Nazaré qu lhes conceda um ano novo d lula e vitória, com muita paz, saúde e um feli z sucesso no apostolad . A r vi sta Catolicismo está em pr ale nta a nos
apontar os perigos que ameaçam nosso País e o mundo. Por isso eu a leio e passo para outra pessoa, que ai nda passa para outros. (M.V.O.C. -
SE)
Co-Redenção de Ma1'ia Admiro muito o rev. Sacerdote [Mons. José Luiz Villac] pela cl areza, objetividade e coerência das respostas baseadas na doutrina cristã, qualidades in felizmente incomu ns nos meios católicos atuais. Muitos padres, ao serem questionados, co ns id eram, quando muito, apenas as implicações humanas e sociais dos pecados, neg ligenciando as consequências sobrenaturais e eternas dos mesmos. Reina, em muitas partes, um si lêncio profundo sobre os Novíssimos e os aspecto sobrenaturais da Religião ... Gostaria que me ajudasse na seguinte questão: um protestante me questionou sobre uma canção mariana que diz em seu refrão : "Ó Maria, Mãe de Deus, vem salvar os filhos teus". Ele disse que não podemos pedir a salvação a Maria, porque o Sa lvador é Jesus ... Respondi que, sendo Ela co laboradora na obra da Redenção, alcançar a salvação eterna passa, necessariamente, pelos auxílios da Virge m Maria, poi s assim Deus o quer. Então, o pedido para E la nos sa lvar, feito na música, se refere ao auxílio- necessário e sa lutar - que Ela nos concede na salvação de nossas almas. Não estamos pedindo que Ela nos mereça a salvação, como o fez Jesus, por seu Sacrifício na Cruz, mas que nos aj ude a corresponder fielmente a essa graça e nela perseverar até o fim. Disse também que, tendo uma palavra significados diversos, salvar pode significar socorrer nas nece sidades da vida espiritual e biológica ... Gostaria de saber se minha resposta está correta e se há outras exp licações para a questão. Desde já agradeço e peço a bênção. 12)
(Pe. T.C.R. -
RJ)
Nota da Redação: Efetivamente, sua resposta está correta. Porém, haveri a algo a acrescentar. Os teólogos, à medida que vão aprofundando a missão de Maria na obra de Redenção, vão se aproximando do que se espera seja o próximo dogma mariano a ser proclamado: a Co-Redenção de Maria. Ou seja, a pruticipação d'Ela na própria obra da Redenção, pela sua união moral com eu Divino Fi lho Nosso Senhor Jesus Cristo. A propósito desse tema, escreve o Pe. E. Neubert, em seu excelente livro Marie dans le Dogme (Éd itions Spes, Pru·is, 2a. ed., 1946, p. 93): "O sentimento universal da Igreja atribui a Maria uma parte na obra de nossa salvação, ao lado do Redentor; - esta parte não se reduz ao fato .f[sico de ter dado ao Filho de Deus a natureza humana pela qual Ele pôde nos resgata,; ela implica em uma certa união entre as vontades, os so.fi·ünentos e a oblação de Jesus e de Maria; - Deus aceitou esta cooperação na obra de seu Filho e atribuiu-lhe um verdadeiro valor redentor; - de modo que podemos dizer que somos salvos primeiro e principalmente por Cristo, e depois, secundária e subordinadamente à ação de Cristo, pela ação de Maria". Em seguida (pp. 93 a 121), o autor desdobra magnificamente essa tese aqui resumidamente exposta. Na verdade, esperava-se que o Concílio Vaticano II (1962-1965) abordasse o tema, e talvez proclamasse o dogma da Co-Redenção de Maria. Como se abe, o Concílio preferiu adotar uma posição minimalista em relação a Nossa Senhora, pru·a não ferir a susceptibilidade dos protestantes, com vistas a desenvolver uma atuação ecumên ica com esses que passru·am então a ser chamados de "irmãos separados". Tal "atitude pastora l" adotada pelo Concílio causou perplexidades na ocasião e vem sendo presentemente objeto de controvérsia nos próprios meios católicos (cfr. Catolicismo, nº 723, Mru·ço/2011).
FRASES SELEC IO NADAS
"As íeis a6wuíam em Estados corruptos» (TtfoLto)
"Onde fui muitas íeis específiros é sinal áe que. o Estado está mal 9ovemacfo» (1.sócr1Ate.s)
"O 'menos ruim' dos 9ovemos é aquefe que se nwstra menos, que se sente menos e a quem se paga
menos caro» (ALfrecl ele vLg111,tj)
"O 9ovenw não poáe fazei os homens ricos, mas poáe empo&recê-fos» (Luclwtg Vo111, ML.se.s)
"Todo 9ovemo que. ousa fazer tuáo, aca6a não fawuío nrufa» (C-liturclitLLL)
Cartas, fax ou e-mails.: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
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□ Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC
verbo conhecer, nas línguas semitas, têm um alcance não apenas especulativo, mas também prático, que equivale a atuar ou manifestar o conheci rnento que se tem. Porém, esta manifestação, no plano divino, está reservada ao Pai, corno se lê, por exemplo, em Mt 11, 25: "Graças Vos dou, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas coisas dos sábios e dos prudentes, e as revelastes aos pequeninos". Assi m, o segredo do dia e da hora da segunda vinda de Cristo compete ao Pai manifestá-lo aos homens.
Pergunta - Em várias passagens bíblicas, os discípulos afirmam que a segunda vinda de Jesus é iminente. O próprio Jesus o declara isso em Mt 16,28. Por que isso não aconteceu?
Resposta - As várias passage ns bíblic as a que o mi ss ivi sta se refere - em particular Mt 16,28 - não dizem respeito a uma segunda vinda iminente de Cristo, mas a outros acontecimentos iminentes, em particular à destruição de Jeru salém no ano 70. Para comprová-lo, basta mencionar que Jesus A geração que condenou Jesus veria seu poder declarou que Ele mesmo não sabia o dia e a hora de Sua No versículo 28 do capísegunda vinda d'Ele, como se tulo 16 de São Mateus, que lê em São Mateus (24,36) e o missivista cita, Nosso Seem São Marcos (13,32), pranhor Jesus Cristo afirma soticamente com as mes mas palavras. Em São Mateus: "De die autem (!la et hora nemo scit, neque angeli caelorum, nisi solus Pater" ("Quanto àquele dia e hora, ninguém o sabe, nem os anjos do Céu, mas somente o Pai"). E se Jesus diz que Ele não sabia o dia e a hora, não poderia ter dito que a segunda vinda d'Ele era iminente. Estava, portanto, nessas passagens alusivas à iminência i da vinda, se referindo a outro acontecimento. Convém desde Jogo esclarecer que Jesus Cristo, en- ~ quanto homem, não podia ig- l norar nada do que competia .§ à sua missão: esta é urna dou- g trina absolutamente ceita em ~ ,.,., -•. ,..~ ~ teologia. Mas, segundo explicam os exegetas católicos (cfr. Manuel de Tuya OP, Bíblia comentada, BAC, Madrid, 1964, vol. V, p. 531 ), o
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CATOLICISMO
Ienemente: "Em verdade vos digo, há alguns dos aqui presentes que não experimentarão a morte até que vejam o Filho do homem vir em seu reino ". E no versículo anterior (nº 27) havia dito: "O Filho do homem há de vir na glória de seu Pai com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras " . O versículo 27 trata, portanto, da vinda de Cristo no Juízo Final, para julgar todos os homens, e dar "a cada um segundo as suas obras". O versículo 28, entretanto, ao menos no que diz respeito à iminência da vinda, trata de outro acontecimento, que é a manifestação do poder de Jesus Cristo, como fica claro no versículo correspondente de São Marcos (8,39): "Em verdade vos digo que há alguns dos aqui presen-
sabei que [o Filho do homem] está perto, às portas. Na verdade vos digo que não passará esta geração, se m que se cumpram todas estas coisas. O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não passarão".
tes que não experimentarão a morte até que vejam o Reino de Deus vindo com o seu poder". Assim, a lgun s daquela geração que condenou Jesus assistiriam à manifestação do seu poder, e teriam ocasião de arrepender-se de sua culpa, por ação ou omissão. Dilatação da Igreja ou destruição de Jerusalém? Os exegetas discutem sobre qual seria o acontecimento que corresponderia à manifestação do poder de Jesus Cristo: a) a difusão do Evangelho e o estabelecimento da Igreja; b) a destruição da cidade e do Templ o de Jerusalém, arrasado até nos seus fundamentos, e a
As pe1'spectivas supe1postas
co nseq ue nte dispersão do povo judaico du rante vinte séc ulos, enqu anto o Reino anunciado por Jesus Cristo se di sseminava por todo o mundo. Tendo Jesus Cri sto morrido aos 33 anos, e a destruição de Jerusalém ocorrido no ano 70, muitos dos que ouviram a pregação de Nosso Senhor estari am então ainda vivos. As duas hipóteses são, portanto, possíveis. O fato de os três evangelistas sinóticos tran sc reve re m com tantas minúcias a destruição de Jerusalém, superpondo-a à descri ção do fim do mundo, leva muitos a preferirem a segunda hipótese. Co nvém, pois, dizer algo a respeito. A ruÍIJa <le Jerusalém e o Jim do mw1do Não é possível transcrever aqui todo o capítulo 24 de São Mate us, que trata dos doi s acontecimentos - a ruína de Jerusalém e o fim do mundo - , e menos ainda os tópicos correspondentes dos capítulos 13 de São Marcos e 21 de São Lucas. Escolhemos alguns tópicos apenas de São Mateus, para dar ao leitor a linha geral da descrição: "E tendo saído Jesus do Te mplo , ia-se retirando. E aprox imaram-se dele os seus
di sc ípulos, para lhe fazerem notar as ed ificações do Templo. Mas ele, res pondendo, di sse- lhes: Vedes tudo isto? Em verdade vos di go que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada. "E, estando sentado sobre o monte Olivete, aproxi maram-se dele seus discípulos à parte, dizendo: Di zenos quando sucederão estas coisas? E qual o sinal de tua vinda e do fim do Mundo? "E, res pond endo Jes us, disse-lhes: Vede que ninguém vo s e ngane. Po rqu e virão muitos em meu nome, di zendo : Eu sou o Cri sto, e seduzirão muitos. Porque ouvireis fa lar de guerras e de rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis: porque importa que estas coisas aconteçam, mas não é ainda o fim. [...] E por causa de se multiplicar a iniquidade, se resfriará a caridade de muitos. Mas o que perseverar até ao fim , esse será salvo. E será pregado este Evangelho do reino por todo o Mundo, em testemunho a todas as gentes; e então chegará o fim. "Quando, pois, virdes a abominação da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel, posta no lugar santo - o que ler entenda - então os que se acham na Judéia
fuj am pa ra os montes [... ]. Mas, ai das mulheres grávidas e das que estiverem amamenta nd o naq ue les dias! Rogai pois que a vossa fuga não seja no inverno, ou em dia de sábado, porque então será grande a tribulação, como nunca foi desde o princípio do mundo até agora, nem jamais será. "E, se não se abreviassem aqueles di as, não se sa lvaria pessoa alguma; porém serão abreviados aqueles dias, em atenção aos esco lhidos. [... ] Porque assim co mo o relâmpago sai do Oriente e se mostra até o Ocidente, ass im será a vinda do Filho do homem. [... ] "E logo depois da tribulação daqueles dias, escurecer-se-á o Sol, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potestades do céu serão abaladas. E então aparecerá o sin al do Filho do homem no céu; e todas as tribos da Terra chorarão, e verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade . E mandará os seus anjos com trombeta e com grande voz, e juntarão os seus escolhidos dos qu atro ventos, de uma extremidade dos céus até a outra. [ ... ] Quando virdes tudo is to,
O que acabamos de transcrever é parte do que os estudiosos da Sagrada Escritura chamam de discurso escatológico de Nosso Senhor Jes us Cristo. A propósito dele, comenta D. Duarte de Leopoldo e Silva, que foi arcebispo de São Paul o (1907 - 1938): "Para a boa compreensão de todo este capítulo, não se deve perder de vista que Nosso Senhor fala, ao mesmo tempo, da ruína de Jerusalérn e do.fim do mundo. Os desastres espantosos que assinalaram [a dispersão] do povo judeu são imagens da confusão e desordem que assinalarão o.fim. do mundo. Nosso Senhor parece ter; diante de si, um só espetáculo, onde estão confundidos estes dois grandes acontecimentos, e os pormenores que ele profetiza são aplicáveis, ora à tomada de Jerusalém, ora ao fim do mundo, ora aos dois fatos indistintamente" (Concordância dos Santos Evange lh os, Linográfica, São Paulo, 1951, p. 314). I sto mo s tra ao leit or quanto cuidado se deve ter ao interpretar certas perícopes da Sagrada Escritura, a fim de evitar co nclusões absurdas, como a que causou perplex idade ao consulente. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE Colômbia: narcoterrorismo infiltrado no Judiciário
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Capela na base britânica de Camp Bastlon
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ressurgimento do narcoterrori smo, do sequestro e de ataques contra povoados pelos bandos comuno-guerrilhe iros na Colômbia só é possível pela "infiltração de agentes do narcoterrorismo em nosso sistema judicial, e tam.bém. em ONGs sob o disfarce da defesa dos direitos humanos", denunciaram Enrique Gómez Hurtado, ex-presidente do Senado do país, e Rafael Nieto Nav ia, ex-magistrado da Corte Interamericana de Dire itos Humanos e do Tribunal Pe na l Inte rn ac io na l. Eles cita m co mo "caso em.blemático" a injusta condenação de dois a ltos oficiais do Exército, heróis no resgate de reféns do Palác io de Justiça de Bogotá em 1985. A esq uerda e reli giosos subversivos os de nunciara m fa lsamente. A fraude ficou comprovada, mas o Judiciário mantém presos os heróis. Para "The Wall Street Journal", derrotada no combate, a narcoguerrilha marx ista triunfa agora infiltrando o Judi ciário: os terroristas só trocaram de trincheira, e o uniforme pela toga. •
Wukan: populares resistem a cerco da polícia chinesa
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ansados de serem constantemente e nganados pelas autoridades loca is, os agricultores da vil a costeira de Wukan , província de Guangdong, no sul da China, estão desde sete mbro em atitude ele protesto contra o governo comuni sta da c idade. A polícia isolou a vila de 20 mil habitantes, cortando o abastecimento de alimentos para quebrar a resistência popular. Mil policiais foram engaj ados no cerco aos habitantes de Wukan, que ac usam a polícia pe lo assass inato de seu representante. O termo "Wukan" fo i bloqueado no Weibo - o serviço de rnicroblogues mais popular da China. Protestos análogos espalharam-se pelo país e o governo propôs um "acordo" com a população, mas esta não ac red ita no cumprimento cio mesmo pe las autoridades comuni stas. •
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CATO LICISMO
primeiro estudo neurológico de jogadores dig itais apontou que o cérebro cios que jogam pelo menos nove horas por semana no computador dá sinais simil ares aos dos ludopatas - pessoas tendentes ao jogo compul sivo. Neurologistas e psicólogos da Europa e do Canadá publicaram os resultados ele sua investigação na revista científica "Translational Psychiatry". À testa de les está Simone Kuhn , da Unive rsidade de Gant, na Bé lgica. As estruturas e reações cerebrais de L54 adolescentes fo ram acompanhadas com ressonâncias magnéticas e os cie ntistas verific<L1·am características de pessoas que tendem a condutas compuls ivas. •
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Soldados ingleses se voltam para o catolicismo úni co cape lão católi co na base britânica el e Carnp Bastion, província ele He i manei, no Afeganistão, di z que as tropas manifes tam "verdadeiro desejo de conhecer mais sobre a Religiâo católica". O Pe. David Smith distribui li vros sobre a fé e santinhos entre os 400 militares do 2° Batalhão do regimento Mercian. Ele dá aulas de catecismo, complementadas com a recitação cio Rosário e a bênção. O trág ico - explicou o sacerdote - é que "muitos destes j ovens foram 'despachados' pelo sistema educacional católico sem sequer saberem o que é o Santíssimo Sac ramento". O conflito bé lico levou-os a pensar na religião e e les agradecem ao Pe. Smith pelo seu apoio às tropa engajadas numa guerra sem quartel contra os fa náticos islâmicos. •
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Nem Maastricht comemorou aniversário do euro
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aastri cht, c idade ho landesa onde fo i assinado o tratado que instituiu o euro, não convidou os arquitetos da moeda para comemorar o 20º aniversário de sua criação. Há meia década ela festejou o aniversário com eventos que duraram todo o ano. "Pode ríamos olhar para o euro com.o um projeto fa lido", ex pli cou Ha ns Googervorst, ex- ministro da Economia e presidente cio Comitê de Pad rões Contábe is Internacionai s. Até 2009, 80% da população apoiavam o euro, mas hoj e a maio ri a prefere abandoná-lo, segundo sérias pesquisas. Po r isso, cresce o prestígio do partido L iberdade, o qual propõe abandonar a moeda. Em Maastricht, um museu expõe a mesa usada para ass inar o desastroso tratado. "Estamos mostrando tudo isso como história" - tenta justificar Adrian Himme lre ich , o curador da ex ibição. "Mas não sabemos ainda se estamos do lado certo ou errado dela". •
Decretos ridículos desmoralizam a União Europeia
Buraco de ozônio mantém a Antártida fria cerne da Antártida mantém-se frio e nele o gelo não ape nas não derrete, mas está se expandindo desde a década de 1970, revelam dados de saté lite ela NASA analisados por cientistas brasileiros. O fe nômeno não corresponde ao chavão do "aquecime nto globa l". Os cienti stas julgam que a pe ri ódi ca diminuição do ozô ni o man té m as baixíssimas temperaturas na Antártica central. Assim, o "buraco ele ozôni o" seri a um fato r de eq uilíbrio da temperatu ra planetária que afasta temores ele aq uecimentos futu ros catastróficos. O mov imento contra o suposto "aquecimento g lobal" ganharia em seriedade se seus pro motores estudassem a natureza sem preconceitos ideológicos ... •
Cérebros de iogadores virtuais e condutas compulsivas
Misterioso incêndio em submarino estratégico russo
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m pavoroso incêndi o consumiu o submarino nuc le<L1· russo K-84 Ekaterinbourg no porto de Severomorsk. "Foi uma catástrofe enorme. Parece que a nave está perdida", disse Pavel Felguenhauer, especiali sta militar. As infor mações oficiais, como nos tempos da ex-URSS , semearam confusão e desinformação. Nunca se saberá direito o que aco nteceu. O caráter sig iloso elas operações militares russas continua como na época da fa lida URSS. Não esconderá inte nções análogas aos cios tempos cio czare do comuni smo? •
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decisão da União Europeia de proibir rótulos di zendo que a água ev ita a des idratação constituiu matéria de riso. Mas o disparate foi superado pe la Autoridade Europeia para a Segurança Alim.entar, a qual estipulou que comer muitas ame ixas secas não tem efeito laxati vo. Não adiantou o eurodeputado Graham Watso n desafiar o Comissário da UE responsável pela norma referente ao consumo de ameixas. A respeito dos rótulos da água, o eurodeputado Roger Helmer afi rmou: "Esta é uma estupidez no sentido mais extenso da palavra. O euro corroído, a UE desabando, e eis que funcionários largamente pagos legislam sobre qualidades óbvias da água, tentando nos negar o direito de dizer o que é patentemente verdadeiro. Se alguma vez houve um episódio que demonstrou a loucura do grande projeto europeu, foi este". •
Bispos resistentes na China: personagens de 2011
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orno personagens do ano 2011, a agência "AsiaNews" propôs dois "grandes desconhecidos" - desconhecidos dos homens, mas não de Deus. O primeiro é D. Tiago Su Zhimin, bispo de Baoding (Hebei), preso pela policia comunista chinesa em 1997. Ninguém sabe qual é a acusação, se há processo contra ele, sequer onde ele se encontra . O segundo é D. Cosme Shi Enxiang , 90 anos, bispo de Yixian (Hebei), preso em 2001. Teme-se que o regime os faça morrer sob tortura, como já aconteceu a outros bispos . "AsiaNews" afirma que a suavidade do Vaticano no diálogo com as autoridades chinesas não conseguiu liberar esses bispos nem as dezenas de padres "subterrâneos" que definham nos campos de concentração comunistas. Pior ainda, seus nomes sequer são mencionados nas orações pelos cristãos perseguidos nas igrejas "ecumênicas" e teoricamente não-socialistas do Ocidente.
Nigéria: bispos favoráveis à punição do homossexualismo
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Conferência Nacional dos Bispos da Nigéria elogiou a aprovação pelo Senado do país de um projeto tornando ilegais as "uniões de casais do mesmo sexo" e os atos homossexuais públicos. Segundo declaração incisiva dos bispos, a decisão dos senadores foi "corajosa e promotora de esperança. [ ... ] Queremos apoiar firmemente a proibição da união do mesmo sexo como expressão ao mesmo tempo de nossos valores culturais nigerianos e de nossas crenças religiosas enquanto cristãos. [ .. ]A proibição protege nossa sociedade da usurpação de seu direito à saúde moral e à decência cultural. [ ... ] Declaramos que país algum tem o direito de impor normas a outro visando subverter nossos valores culturais e sociais só para satisfazer exóticos desejos e tendências de alguns poucos".
FEVEREIRO 2012
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"Deus proteja os húngaros" Ementrevista exclusiva, o embaixador húngaro em Viena,
Vince Szalay-Bobrovniczky, explica aos leitores de Catolicismo a situação de seu país com a nova Constituição, que entrou em vigor no primeiro dia de 2012. Por ser antimarxista, proteger as tradições e os valores da família, a Carta Magna - cujo texto se inicia com a frase em epígrafe - tem sido muito criticada pela União Europeia.
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atual governo conservador húngaro - eleito em meados de 201 O e liderado por Viktor Orbán, 49 anos - encontra-se sob forte ataque, sobretudo por parte da União Europeia (UE), do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Central Europeu e outras instituições financeiras. Dispondo de maioria parlamentar acima de 2/J, o governo Orbán obteve a revogação da antiga Constituição comunista, e a aprovação - que entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano - de uma nova Carta Magna . Esta invoca em seu preâmbulo a bênção de Deus para os húngaros, menciona a coroa do Rei Santo Estêvão como símbolo do Estado , incentiva a natalidade através da redução de impostos, não reconhece a "união homossexual" como constituindo família e proíbe a adoção por parte de homossexuais. Essa Constituição provocou a fúria das esquerdas em todo o mundo, e em particular da União Europeia, que ameaça negar créditos à Hungria. Tolerante com tantos absurdos, a UE não tolera, contudo, a existência de um governo conservador entre as nações do velho continente . A reação popular húngara a essas críticas internacionais tem sido enorme. Os magiares não desejam a submissão à UE, cujo caráter anticristão se opõe às raízes his-
CATO~ICISMO
Embaimdol' SzalayBohmvniczky: "Os ohjetivos desses ataques é tol'nal' o goven,o inviável. A esquel'da 11ão co11segue na Eul'opa atingil' seus objetivos e deseja radicalizai' as posições"
tóricas europeias. Em 21 de janeiro, 500 mil pessoas saíram às ruas de Budapeste em apoio ao governo. Tal manifestação pode ser vista mediante o seguinte link: http://www.youtube.com/watch? v=yn FOu Lm m R4w&featu re= youtu .be. O bispo auxiliar de Budapeste, D. János Székely, declarou recentemente que a Hungria se encontra exposta a uma onda injustificada de ataques da imprensa, cuja razão real é a adoção pela Constituição de princípios defendidos pela Igreja, como a menção de Deus no preâmbulo, a proibição do aborto e a proteção do matrimônio e da família. Sobre esse cadente tema, o embaixador húngaro na capital austríaca, Vince Szalay-Bobrovniczky, 40 anos, católico praticante, concedeu na Abadia Cisterciense de Heiligenkreuz, 30 km a noroeste de Viena, a seguinte entrevista ao correspondente de Catolicismo na Áustria, Carlos Edu ardo Schaffer. *
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Catolicismo - Se as sanções previstas pela UE forem aplicadas, que condições tem a Hungria de resistir? Embaixador - Nossa econo mia se cnc ntra em boa situação; temos reservas gigantescas e nos en-
contramos a quilômetros de distância de uma possível bancarrota. Temos quase tudo o que necessitamos, inclusive um bom superávit comercial. Mas somos desafi ados do exteri or com objetivos especulativos. Reconhecemos que, para algumas e mpresas a situação é difícil , e las precisarão dar sangue, mas a situação melhorará. Esta crise estará resolvida até l º de jane iro de 2013. Há sinais positivos, mas a luta prec isa continuar. Os objetivos desses ataques são tornar o governo invi áve l. É difíc il discernir o que poderá acontecer. A esquerda não consegue na Europa atingir seus obj etivos e deseja radicalizar as posições. Há pouco, no dia 1° de jane iro, a Constituição entrou em vigor. Ela ini cia seu texto com as palavras "Deus proteja os húngaros" - citação de uma frase de nosso Hino Nacional. Certas di sposições da Constituição são criti cadas, como a defesa da fam íli a e ela vicia dos nascituros. As fa mília numerosas passam a ter vantagens fiscais quanto maior o número de filhos, menos imposto paga a família. Uma fa mília com quatro filh os praticame nte j á não paga imposto sobre a renda. Outro ponto criticado é o fato ele que o assim chamado "casamento" ho mossex ual não foi introduzido na Constituição, e mbora a homossexualidade seja tolerada, mas sem dire ito à adoção.
A Constituic;ão inicia seu texto com as palavras "Deus prote;a os húngaros". Acima, sessão no Parlamento.
"Disposições da Constiwição são criticadas, como a delesa da familia e da vida dos nascilllros. As famílias numel'Osas passam a ter va11tagens /iscais"
religião pode registrar-se, desde que cumpra certas exigências. Não pode mos reconhecer " religiões" cuja principal tarefa seja ajuntar dinheiro. Outras igrej as são fundad as especialmente para receber benefícios do Estado. São igrej as sem credo, constituídas às vezes unicamente por três indivíduos, com fins de obter lucro. Desde o fim da União Soviética, a Cientologia era reconhecida como religião, mas esse status lhe foi reti rado pelo governo. O que não se dá na Alemanha e na Áustria, onde o problema ainda é discutido. A menção à Coroa de Santo Estêvão no Preâmbulo da Constituição não gera nenhum direito. M as não é in signifi cante. A coroa simbo li za o Reino Húngaro, sendo reconhecida como símbolo do poder do Estado e de sua continuidade, embora a Hungria hoje seja uma Re pública. Ela é um símbolo que deve ex istir para sempre. Neste ponto encontramos menos críticas. Uma dificuldade levantada contra a Hungria é a situação dos ciganos. E les são um gra nde problema para o Estado, ocasionando considerá ve l tensão social. Temos oficialmente 700 mil c iganos , mas na realidade são a lgumas centenas de milhares a mais. Não frequentam escolas. O governo precisa convencê-los da necess idade da educação e essa ação não pode ser vi sta como arbitrariedade do Estado. Eles prec isam ser obrigados a isso, embora não que iram . No Nordeste da Itália e les são responsáveis por grande parte ela taxa de desemprego, acima de 30%. Para que gozem do apoio do Estado, precisa m ace itar os trabalhos oferecidos. Diante das atuais críticas, o ânimo e a atitude da popul ação é de resistência.
Catolicismo - Por que a Constituição é criticada como sendo restritiva da liberdade religiosa? Embaixador- Nós tínhamos até agora, reconhecidas pelo governo, cerca de 350 religiões. Muitas eram as chamadas "igrejas-business". Atualmente são reconhecidas oficialmente 14. O processo de reconhec imento não está terminado, é possível que outras reli giões sejam ainda reconhecidas. Qualquer
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Embaixatlor -
Outra qu es tão é a poss ibilidade de a Hung ri a ir à bancarrota. O país está lo nge da bancarrota. Na turalme nte de ve mos nos preoc upa r com a situação finan ceira. Ela pode piorar. O valor de nossa moeda osc il o u muito e m re lação ao euro. A solidez de nossa situação fin a nceira desceu na esca la de classifi cação internacional, feita pelas rating agencies. Entretanto esta c lass ifi cação nos trou xe até agora pouco prejuízo. Mas se quiserem nos prejudicar poderão fazê- lo. Se o FMI nos e mpresta r o dinh e iro de qu e necess itamos, ho nrare mos nossos compromi ssos. Com a nova c lassificação fe ita pe las rating agencies deve mos paga r juros ainda maiores. Estamos paga ndo 10%, o qu e é um va lo r muito alto. Acima de 7%, a taxa de ju ros é muito pe ri gosa para o país.
Catolicismo - Qual a atitude do povo húngaro ante a pressão conjunta da União Europeia e da mídia no sentido de enfraquecer seu governo? Embaixador- Perguntei a um de putado do Parla me nto Europe u, ami go meu, se es táva mos nos mostrando hipersensíveis e m nossa atua l di sp uta com a UE. Nós, hún garos, so mos hipe rsensíve is? É es ta a nossa me ntalidade, o u de ve ríamos di zer com ma is frequ ê nci a "esqueçamos tudo, passemos por cima disso ". Devería mos ser ma is indulgentes com o que se passa neste mo me nto? Temos razão qu a ndo dize mos "Não, islo não pernúlimos!" No Ocidente ex iste o utra me ntalidade, a qu e leva à práti ca do perdão. També m desejamos, qu a ndo c hega r o momento, perdoar. Mas agora es ta mos em luta! Não c hego u ainda o tempo de fa lar e m pe rd ão. Catolicismo - Haverá modificações· em relação à nova lei de imprensa? Embaixador - O gove rno fo i co nstituído e m meados de 20 1O. Ho uve e ntão muitos ataques da imprensa, mas éramos fo rte me nte apo iados pelo povo e a opos ição de esque rda estava totalmente a ni quil ada. O primeiro grande e mbate se de u po r ocasião da mudança na lei de impre nsa. Essa lei foi fe ita
CATOLIC ISMO
Catolicismo - Se as sanções da UE e das instituições financeiras forem realmente aplicadas, que condições terá seu país de resistir? Embaixador - A res pe ito dos processos feitos pe la UE contra a Hung ri a é prec iso sabe r que ex iste m na UE centenas de processos co ntra o utros países por fe rire m tratados e uropeus. Somente e m 20 lO, foram instaurados 176 processos contra a Itáli a, 160 contra a Grécia, e mai s o u me nos o mes mo número de processos ex iste contra a Bélgica. E contra nós há a pe nas 25. Mas, para esses países, os processos di zem res peito a qu es tões não impo rtantes, e nquanto que contra a Hung ria e les di zem respe ito a questões de princípio.
"A menção à Coroa <le SaJJto Estêvão 11ão é insignificante. Ela simboliza o Reino Húngaro, reconl,ecida como símbolo do poder <lo Estado e <le sua continuidade"
"/louve muitos ata<11ws da impre11sa contra o governo, mas éramos fortemente apoiados pelo povo e a oposição <le esquerda estava totalmente aniquilada "
Parlamento húngaro, em Budapeste
Quanto à inde pendê ncia do Banco CentraI Húngaro, devo di zer que e m 2004 o governo socialista [da Hung ri a] no meou como preside nte cio Conselho Mone tá ri o uma pessoa de sua confiança; nosso go ve rno agora deseja fazer o mes mo. Naque la é poca não ho uve protestos e ago ra há, di ze ndo qu e não te mos direito de fazer essa nomeação. Por o utro lado, aqu i na Áustria, tod os os me mbros do Conselho Monetári o são nomeados pe lo governo. N ão são indicados pelo Parlamento, mas nomeados pelo governo. Compreende-se esse modo de procede r dos gove rnos, porque o ca rgo te m signifi cado políti co.
Catolicismo - Seu governo alterará a idade de aposentadoria dos juízes, tal como estabelecido pela nova Constituição, ou acatará a orientação contrária imposta pela UE? Embaixador - Abaixamos a idade de aposentadoria de tod os os juízes, com exceção dos juízes da Corte Constitucio nal. Para os polic iais, ao contrário, elevamos a idade de aposentadori a de 40 a 62 anos. Antigamente a aposentadori a dos policiais aos 40 anos se justificava por ser o traba lho ma is perigoso. Um advogado pode se to rn ar jui z aos 25 anos, com exceção dos juízes da Suprema Corte, c uj a idade mínima é 45 anos. A UE qu e r nos o bri ga r a e levar a idade de a posentado ri a dos juízes, e mbo ra reconheça ser parte do poder sobe ran o de cada pa ís de te rmina r que m e qu ando deve ser aposentado . Acabamos por ace itar essa re ivindicação da UE. •
realme nte de modo muito estrito. Acaba mos por concordar com as o bservações da UE e a muda mos e m quatro po ntos essenciai s, o qu e deixo u a UE satisfeita. A mídi a in ternacio nal, e nlretanlo, não esquecerá este po nto e de ntro de algum tempo vo ltará ao ataqu e. É inte ressa nte notar que essa lei cm ne nhum po nto fere a liberdade de impre nsa.
Catolicismo - A UE se mostrou também insatisfeita com as novas relações entre seu governo e o Banco Central Húngaro. Que importância tem esta insatisfação?
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ÁFRICA Grupos esquenlistas /
Vocação providencial da Africa
.A oandonando utopias a vocd.ção cnstã do continente afri< ano vai despontando no horizor te. Parceria com o Bras l poderia s ,r
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■ H ÉLIO BRAMBILLA
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saías profeta, perseguido em Israel, fo i buscar refú g io no Eg ito. Vendido aos egípc ios pe los irmãos, José tornou-se mini stro do Faraó, e nesta condição os recebe u afetuosamente mais tarde, quando arri scava m morrer de vido à seca que se abate u sobre Israel. E, sobretudo, a Áfri ca acolheu o M enino Jesus e seus santíssi mos Pais, diante das ameaças de Herodes. Para o príncipe Bernard Ndouga, descendente da Casa Real da República dos Camarões, a África não deve ser considerada ape nas como o contine nte do sofrimento em decorrê nc ia dos solavancos transcorridos ao lo ngo da História. Como veremos, e le coloca aquele continente num outro patamar. Nesse sentido, a Históri a da Igrej a na Anti guidade africana apresenta exemplos eminentes de santidade, como o dos eremitas da Tebaida e o do grande Santo Agostinho, filho e bispo da cidade de Hipona, antiga Cartago. Contemplando o agir de De us na História, o príncipe Bernard Ndouga descortina um panorama s uperior dos aco ntecimentos, cujos rumos são ditados pelo C riador , e executados pelos homens providenciais. Foi com tal estado de espírito que esse nobre africano visitou recente mente o Brasil e, de certo modo, transpôs um meridiano no relacioname nto entre nossa Pátria e países daquele continente.
Príncipe Bernard Ndouga, descendente da Casa Real da República dos Camarões
E le fez questão de asseg urar que não viajou como turista, mas visando conhecer c m profundi dade um país que sempre despertou sua admiração. Com efeito, o ilu stre visitante não se limitou a conhecer grandes cidades, mas percorreu 6.000 quilô metros de estradas através de São Paulo, Para ná, Rio de Ja ne iro, Espírito Santo e Minas Gerais. De comu nicação fáci l, demonstrou muita afinid ade com o nosso povo e despediu-se com um "até breve!". O s comentários que fez após esse lo ngo trajeto - todo ele percorrido de automóvel - são de molde a deixar lisonjeados os brasileiros, porque procedem ademais de um homem de fé, de um católico exemplar que se orgulha de ter na famíli a dois bispos e mais ele 20 sacerdotes e freiras.
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Áfl'ica: ul trapassados
Estimati vas ofic iais calc ul am que no ano de 2050 haverá nove bilhões de habita ntes na Terra. E nesse futu ro a Áfri ca vo lta rá ao centro das ate nções. A ela e à Améri ca do Sul caberá, em larga medida, a responsabilidade de alimentar o mundo mais povoado. A legendária África com seus povos tão difere ntes e um a geografia não menos variada, desde o Norte com suas mi steri osas pirâmides até o S ul com o Saara, as fl orestas equ atori ais e as savanas que abrigam rica e privil egiada fa una. Por milêni os, a África permaneceu num estágio de v icia primi tiva, co m seus usos e costumes tribais. Durante a Idade Médi a sua reg ião subsaari ana j á era entrecortada pe las famosas estradas q ue condu ziam às min as de Tombuctu. Com o início das grandes navegações, no séc ul o X Yf, à procura cio ca minho elas Índi as, o panorama começou a se tra nsformar devi do à prese nça cio europeu e ela c ivilização ocidental e cri stã. A escrav idão - q ue não fo i inaug urada pe los ocidentais - grassava como prática triba l. E grande parte cios negros comerc iali zados, em sua ma iori a por ingleses e ho la ndeses, era ve nd ida pelos próprios afri canos como fruto de sangre ntas conflitos triba is. U ma chaga? - Sim . Mas o prínc ipe Bernard Ndouga a des mistifica de modo judic ioso: a Hi stóri a te m sua d inâmica, e não se pode permanecer lamentando indefi nida mente as fer id as que surg iram e m seu decurso. Nem se deve só ficar olhando para trás, mas caminhar para fre nte com passo resoluto. Os grupos esquerdistas que se di zem defensores das minoria oprimida e pautam suas vidas pe la luta de raças substituta da luta de classes marxista - não passa m para o
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prínc ipe B ernard de saudos istas retardados, caudatári os de idé ias a ntiquadas, que respira m a poeira fuli g inosa das utopias ma rxistas e se negam a admitir o dina mi smo na ca rruagem da Históri a.
Da "<lescolonização " à tirania comunista O período de nominado "colo nia l" despertou a África pa ra no va rea lidade do re lac io na me nto e ntre as nações. Para o be m o u p,u-a o ma l, tal realidade ve io para fi car e ve m caracteri za ndo e da ndo rumo à hi stó ri a africana de nossos dias. In fe li z mente, a partir da metade do século XX, os ve ntos de uma pseudo libe rdade co meçaram a soprar sobre as metrópo les, e ating iram, por via de consequê ncia, seus te rritó rios qualificados como "colô ni as". Nos a nos de 1973 e 1974, po r ocasião do início da derrocada dos te rritó rios portug ueses do ultramar, Plini o Corrêa de Olive ira adve rtia, em artigos na "Folha de S.Paul o", para o pe rigo que representa va o mo vime nto trombeteado como "desco lo ni zação", po is necessari amente e le dari a lugar a uma " re-colo ni zação" - na ve rdade, uma escrav ização à Rússia soviética e a pa íses comunistas de e ntão. E m 30- 12-73, aque le ins ig ne arti culi sta conde nava com veemê nc ia a ONU, po r sua o pos ição a Po rtu gal: "A ONU
nas ex plos ivas . Re lató rio da ONU de 201 Oa po nto u que russos e c uba nos de ixara m, some nte e m Ango la, de 5 a 10 milhões de minas não de tonadas ! E m Moçambique, a pós a assinatura do tratado de pro ibi ção de minas, e m dezembro de 1997, ratificado e m 25-8-98, pôde-se inic iar o trabalho de recolhime nto e des mo ntagem das mes mas. N o seu re latório ini c ia l, Moça mbique re ve lo u abri ga r 37 .8 18 minas, quando na rea lidade e las ultrapassava m um m ilhão ! E mbora haj a atua lme nte me nos rut efatos e xplos ivos, a s ituação não se apresenta me nos grave. Uma tragédia natura l complicou a inda ma is a situação moçambicana : as inundações de 2001 nas provínc ias de Sofa la, M a nic a, Te te e Zambe. Segundo o Instituto N acio na l de D es minage m , as águas das inundações co briram os ca mpos de minas conhec idos; e m consequê ncia, um núme ro indete rminado de las pode te r-se des locado.
manda de a lime ntos, as duas regiões capazes de sati sfa zer tal necess idade são a Á fri ca e a Amé rica Latina . Esta última j á ve m da ndo pro vas do que é capaz, com o Bras il despo ntando como o segundo maio r país produto r de a lime ntos . A África possui um te rritó ri o de 30 milhões de quil ô metros quadrados. O deserto de Saara, que ocupa J /3 dessa área com 8.600.000 km2, não será objeto deste arti go. Ne m os países ba nhados pe lo M edite rrâneo e Atlâ ntico N o rte, habitados grosso modo po r árabes de re li g ião muç ulmana, vivendo ma is e m fun ção da Euro pa com forn ec ime nto de petró leo, de frutas e turi s mo.
Frutuosa parceria Brasil-África Ainda recente me nte, na Expo Cof en 2011 , reali zada e m São Pa ulo, tive mos o e nsejo de contata r de legações afri canas prutic ipantes do e ve nto, com g rande inte resse e m estabe lec e r parce ri as c om bra s ile iros . O prín c ipe B e rn a rd Ndo uga, e m dec la rações à impre nsa po r esse B ras il afora e també m à re vi sta Catolicismo (Sete mbro/2011 ), de ixo u c laro um dos motivos que o troux eram ao Bras il :
"Tomar conhecimento do nosso mundo agrícola com vistas a implementar este setor, também importante em ,ninha pátria, mas carente de meios para um maior desenvolvimen-
to. A agricultura é hoj e muito desenvolvida no Brasil [. ..] e uma vez que temos produções semelhantes, poderíamos estabelecer uma cooperação para realizar o progresso deste setor nos Camarões. /. .. J Será preciso de_finir as coisas. Debruçar-rne-ei sobre isso para ver como será possível estabelecer uma cooperação cristã sul-sul, como designei em todos os lugares por onde passei" . Ao que pa rece, o passo ma is sig nificativo pro ve nie nte da África no mo me nto é o do go ve rno de M oça mbique.
Moçambique o/'erece terras a pro<lutores brasileil'OS E m mãos da Fre limo desde o aco rd o de paz de J 992, o atua l govern o de M oçambique está ofe recendo se is milhões de hectares na região no rte do pa ís, para que ag ri culto res bras ile iros plante m soj a, a lgodão e milho. As te rras são oferec idas e m reg ime de con cessão. O s produto res pode rão utilizá- las por 50 a nos, re nová ve is po r o utros 50 medi ante o pagame nto de um imposto anua l. Antes, po ré m , de prosseguir, convé m di zer duas pa lavras sobre a situação atua l de Moçambique. Declarando-se inic ialmente comunista, após a queda do Muro de Berlim, e m 1989, a F re limo dec laro u que re nunc iava
f az sua a causa dos guerrilheiros comunistoides que 'proclamaram ' recentemente a independência da Guiné portuguesa e sopra revolta nos sertões de Angola e Moçambique, onde bandos de comunistas procuram levantar populações nativas contra os brancos. Assim a ONU atiça a sedição em bene_ficio da Rússia. [... ] E, ameaçando atirar as províncias portuguesas de ultramar no mesmo reg ime de velado protetorado soviético em que se encontram os demais povos 'descolonizados' da África, a ONU dá mostras de que vai passando de inútil a nociva". A inde pe ndê ncia dos antigos te rritó ri os poderi a ocorrer paulatinamente sem luta de raças. E, por exempl o, aos no vos pa íses que pertenceram à comunidade portug uesa seria aconselháve l que formassem uma comunidade de nações lusófonas, unida com laços seme lhantes aos da Commonwealth ing lesa. Buscru·-se-iam os interesses comuns, após sécul os de relaciona me nto e convivê nc ia, e vita ndo-se assim subo rdinação à Rússia, que conto u com milhares de soldados cubanos para mante r manu núlitari a comunistização de importa ntes áreas do contine nte. A União So vi ética subjugo u essas nações, torn ando-as meros pro teto rados seus. E ntre tanto, já mui to de paupe rado, co m a qu e d a do Muro de Be rlim o impé ri o so vi é ti co esboroou-se de vez, lançando boa parte do contine nte afri cano e m sang re ntas g ue rras intestinas que vitimo u milhões de vidas hum anas.
llera11ças deix adas pelos marxistas Era o fim de regiões afri canas o utrora ricas e os c ubanos não perderam te mpo: ao reto rnare m pru·a casa levaram autom ó ve i s, ô nibu s e tra to res, ta nto d e An go la co m o de M oça mbique, de ixando e m troca g rande qua ntidade de mi -
CATOLICISMO
Guerrilheiros comunistas colocam minas em Moçambique
E m M oçambique há mai s de IO orga ni zações internac ionai s qu e trab a lham co m a fin co para a loca li zação e desmo ntagem de minas. E dados da ONU info rmam que há ma is de 110 milhões de m inas d issem inadas e m cerca de 70 países. Ape nas 11 de les, situado na África, detê m a metade do to ta l mundi a l de min as, se ndo q ue An go la, Eg ito e M oçambique ocupam os primeiros lugru·es nesse triste ranking. Ta is minas são sini stras heranças da luta de classes e de raças mru·x istas, be m como de re lig iões na África.
Missão <le novas gerações e líderes africanos Co m as incertezas que pa ira m nesse mundo caótico que perde u os po ntos de referê nc ia, pode r-se-ia afirm ar que a no va geração de líderes "agredida pe la realidade" te m diante de si países com uma popul ação sempre c rescente, terras com riquezas minera is inca lcul áveis. M as, e m contrapartida, não di spõem de recursos e tec no logias pa ra explo rá- las. Como j á o bserv a mos ac ima, se cons ide ra rmos que o mundo já conta com sete bilhões de habita ntes e sa ltru·á e m a lgumas décadas para no ve bilhões, com a conscq u nte de-
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oficialmente ao marxismo. Mas ela continua a exercer, dentro de um contex to democrático, as velhas práticas de partido único adq uiridas durante a guerra civil , ocupando os órgãos do Estado (como faz o PT) e cerceando a liberdade de ação dos partidos opos itores. Por outro lado, como sucedeu na Rúss ia e nos países da Eu ropa do Leste , acabada a g ue rra c ivil o pres id ente moçambicano C hi ssano organ izou um vasto programa de privatizações, as quais ap rove itara m sobretudo aos membros da Frelimo que ocupavam cargos no governo (co mo o atual presidente, que se enriqueceu muito nesse período). Co m a compli cação de que na África o favorecimento dos "seus" não é apenas ca maradagem política, mas so lidari edade étn ica, porque a divisão e ntre a Frelimo e a Renamo coincidia em larga med ida com as divisões étnicas do país. Importa ainda observar que na África atual, muito afetada pelos conflitos tribais, Angola e Moça mbique são talvez os países ma is estáveis, que optaram por abrir-se aos capitais e empresários estrange iros para favo recer o desenvolvimento nac iona l (Moçam bique cresceu 7% em 2010).
É possível a c1·istia11ização <lo co11ti11e11te africano "Moçambique é um Mato Grosso no meio da Áfi"ica, com terras de graça, sem tanto impedimento ambiental e.frete ,nuito m.ais barato", afirma Carlos Ernesto Augustin , presidente da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa). "Hoje, além de a terra ser caríssima em. Mato Grosso, é irnpossível obter licença de desmata e limpeza de área". "Os agricultores brasileiros têm experiência acurnulada que é muito bem-vinda. Queremos repetir em Moçambique o que o Brasil fe z com o cerrado 30 anos atrás", declarou o ministro da Agricultura de Moçambique, José Pacheco. E ac rescentou : "A grande condição para os agricultores é ter disposição de investir em terras moçambicanas". Os produtores brasileiros se comprometem a empregar e treinar 90% da mão-de-obra de cidadãos CATOLICISMO
moçamb icanos. O governo de Moçambique dará isenção fisca l para importação de equipamentos ag rícolas. As terras oferec id as aos brasileiros estão situ adas em quatro províncias da reg ião norte: Ni assa, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia . Além dos produtores, também a Embrapa mantém na área o projeto Pró-Savana, com a Agência Brasileira de Cooperação, e a Jica (Agencia de Cooperação Internac ional do Japão). O projeto de cooperação técnica em Moçambique é o ma io r da Ernbrapa fora do Brasil. Os pesq ui sadores brasileiros trabalham na ada ptação de cu ltura de a lgodão, soj a, milho, sorgo e fe ij ão (cfr. site Cód igo Florestal Brasileiro). De modo gera l, o sentimento dos africanos é de que chi neses, indianos e sauditas estão tentando e ntrar em seu contine nte com o objetivo de produzir e levar a produção para seus países necess itados ele alime ntos. Agem à mane ira de for migas que invadem o fo rmigueiro vizinho e leva m o que puderem para o seu próprio. Mas, em re lação aos brasileiros, os africanos costumam ser receptivos, tanto pela bondade e ama bilidade de nosso povo co mo pe lo fa to de o Brasil ser arqui -s uficie nte e m matéri a de produção ag rícola. Co nc luím os com c larivide nte observação do príncipe Bernard: "A reconstrução da Áfi"ica e do mundo só será possível corn a cristianização. E a Áji·ica está dando bom exemplo, sobretudo para a Europa. Dos 300 milhões de católicos que aum.entarcun no mundo nos últimos 20 anos, 200 milhões são da Áfi·ica ". • E-mail para o autor: catolicismo@ terra.com.br
Indícios portadores de esperança , .1 G REGÓRIO VIVANCO LOPES
"Podemos nos autorizar esta nota de otimismo, tanto mais que existem outras pequenas luzes. Seguramente, esta realidade tem. necessidade de um ferm.ento poderoso - nossas preces - e muitos esforços. Mas existe nesta piedade popular um terreno que não pede senão para ser reviv(ficado" (Ed itorial da rev ista "Familie Chrétienne", 17-12- l l).
e
Natal
França 11roh111da: festa <la lmacula<la Conceição
"A ,nesma história contada há mais de 2.000 anos não perde o encanto nas ,nãos de artesãos que usam a criatividade para reproduzir o dia do nascimento de Jesus Cristo. "Em Ribeirão Preto, o mecânico industrial Rica rdo Borges, 36, passa o ano entalhando madeira para montar o presépio em miniatura que reproduz uma vila da época de Cristo. 'Eu quero preservar a história como era na época de Cristo', disse ele". Em Araraqua.ra, neste ano, num "presépio em Iam.anho natural, J8 m.anequins contam as histórias de J3 parábolas cristãs. Montado em frente a uma clínica, o espaço de 150 rnetros quadrados recebe cerca de núl pessoas a cada noite. Nívia Navarro , 48, monta o presépio: 'Fico fascinada em contar a história de Jesus e tudo que ele f ez por nós', disse ela". Em Sertãozinho, "14 presépios no museu contam um pouco da cultura de cada povo do mundo ". ("C idades do interior de SP renovam a tradição dos presépios" , Folha online, 18- 12-11 ).
o nversando com um a mi go sobre apa rições ele Nossa Senhora, como a da Medalha Milagrosa, de La Salette e espec ia lmente a de Fátima, ele me dizia: "Nessas aparições, Nossa Senhora, a par de bondades sem nome, prevê Jambém castigos indizíveis para a hum.anidade pecadora e, porjirn, u,n Jriw~fo da Santa Igreja. Que um castigo deve ocorre,; senle-se no cu; as ofensas a Deus eslão por toda parte e de modo crescente. É admirável o m.artírio de tantos católicos nos países pagãos. Mas ... pode-se discernir algo no inundo atual que indique o tempo da conversão que deve vir?". A pergunta ficou ro nd a nd o na minha mente. E, cá e aco lá, comecei a notar certos ressurgimentos de piedade e admiração pela be leza do culto e da tradição em geral, que contra ri am os horrores do mundo moderno e parecem indicati vos de um triunfo da Santa Igrej a que eleve vir. Semelhantes a uma se mente que pede para crescer e expandir-se em me io à tempestade atual. Para não ficar em subjetivismos, relato dois acontec imentos- um referente à festa da Imaculada Conce ição, na França, e o utro sob re o Natal , no interior de São Paulo - que por sua importância chegaram às páginas da imprensa.
"As procissões e missões se desenvolvem ern Lyon, Avignon, Reims e um pouco por toda parte na França. É uma nova apropriação do patrimônio religioso indubitavelm.ente por/adora de esperança. Sessenta e três procissões com velas e, ademais, iluminações especiais em 42 cidades: a.festa da Imaculada Conceição conhece na França, desde alguns anos, um acréscimo de f ervo,: "Esta renovação da piedade popular constitui hoje um.a real esperança para o jitturo dafé em nosso solo, longamente f ecundado pelo crislianismo. Há como uma fon te projúnda, um tempo escondido e subterrâneo que resswge à luz do dia.
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i11tel'io1· <le São Paulo: exemplos
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Fica aq ui um convite ao leitor para que observe e apo ie em torno de si as ini ciativas que lhe pareçam indicar um a ação da graça de Nossa Senhora preparando seus cam inhos neste mundo neopagão, como outrora João Batista, no deserto, preparou os cam inhos do Senhor: "Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senha,; endireitai as suas veredas" (Mt 3,3). • E-mail para o autor: e tolici smo
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INFORMATIVO RURAL
. Novo Código Florestal -
\ 110tação adia<la
E m 20 11 , fora m intensos os debates no Congresso Nacional a respeito da aprovação do novo Código Florestal, opondo de um lado a classe rural e de outro os "x iitas" do ambientalismo, cujas propostas prejudicam o agronegócio - carro-chefe das exportações brasile iras. Após duas derrotas parci ais dos ambientalistas na Câmara dos Deputados e no Senado, as modificações ao projeto introduzidas neste último deverão ser novamente submetidas à Câmara, para então subir à sanção presidenc ial. Os ruralistas queriam que a matéria fosse votada ainda no ano anterior, temendo o ano eleitoral ele 2012. Através ele manobras regimentais os ambientalistas conseguiram t:ransferir a votação para este ano, em princípio no mês de março.
A cul/Ja é do Novo Código Florestal! Com o aumento das chuvas e o começo dos deslizamentos de terra, as ONGs e os fund amentali stas do ambientalismo passaram a usar as tragéd ias como justificativa para interromper (ou vet~u") a reforma do Código F lorestal. É recorrente. Todo ano é a mesma coisa. ONG xiita do me io ambi ente recorre à me ntira pura. (Cf. www.cocligofloresta l. com.br).
Ex/Jortação <lo agmncgócio cm 2011 O agronegócio ex portou US$ 94,6 bi lhões no ano passado, 23,7% mais que e m 20 10, e poderá ultrapassru· US$ 100 bi lhões neste ano, segundo o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Fi lho. Em 2011 o Brasil faturo u US$ 256 bilhões com as vendas externas e ac umulou um superávit de US$ 29,8 bilhões na conta de mercadori as. O sa ldo comercial do agronegócio, de US$ 77,5 bilhões, cobriu com grande folga o déficit ela indústria manufature ira. (Cf. "O Estado de São Paulo", I0-1- 12).
Índices ele P1'odutiviclaclc R11rnl: /)rctcxto /)ara dcsap1·op1'iação O governo está escondendo o jogo. Aparentemente não pretende estimular neste ano nenhum reaj uste dos Índices de Produtividade Rural. O tema faz parte do debate sobre a Refo rma Agrária. De acordo com a Constituição, terras consideradas improd utiva podem ser desapropriadas pelo governo e destinadas à Reforma Agrária. Com sua mentalidade de luta de classes, o MST pressiona pru·a a mudança dos índices, no sentido de aumentru· ainda mais o número de desapropriações. N a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lu la da S il va, a questão do índice chegou a provocar uma divisão no governo. Enq uanto o então mini stro do Desenvolvimento Agrário defendia e cobrava o reajuste, alinhado aos sem-terra, o titular el a Agricu ltura ev itava o debate para não perder prestígio junto aos ag ricultores. Segundo a imprensa, a presidente Dilma Rou eff con sidera ma is importante promover reform as na estrutura no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e investir na me lhoria dos asse ntamento rurai s j á instalados, para que se tornem mais produtivos. Produção essa muito di fíc il de obter. N ão nos iludamos. Q uerer reanimar a Reforma Agrária e
CATO LICISMO
o MST, tão rejeitados pela maioria da opi nião pública, só levará mais miséria ao campo, apesru· cios rios de dinheiro que novamente começam a despejru·-se sobre as antigas e as futuras fave las rurais. (Cfr. "O Estado de São Paulo", 4-1-12).
Demarcações de 1·csc1·vas indígenas e quilombo/as Segundo o deputado Moreira Mendes (PSD-RO), líder da Frente Parl amentar da Agropecuária, um dos principais objetivos da bancada ruralista será votar a lei que submete ao Congresso as de marcações de terras indígenas e quilombolas, atualme nte prerrogativa do Executivo. Na prática, isso dificultará a criação dessas reservas, j á que os rurali stas possuem muita força no Congresso, nem sempre bem aproveitada em fa vor da classe. "Tem gente que acha que nós deve-
ríamos fechar o País e ficar só com índio e quilombo/a. É a farra dos quiLombolas. Sempre tem ONGs por trás disso" . (Cf. "Fo lha de São Paul o", L- 1- 12).
Sem-terra ameaçam t'Ctoma,, invasões em 2012 Aliados do ex- líder do MST José Rai nha Júni or, preso desde junho por suspeita de desvi o de verbas públicas, anunciaram que vão retom ar as invasões de fazendas no Pontal do Paranapanema e na Alta Pauli sta, no oeste do estado. O pretex to é cobrar novos assentame ntos e protestar contra suposta perseg uição aos líderes sem-terra que atuam na reg ião. De fato, é uma tentativa de manter v iva a agitação rura l. As ações procurarão o reforço de tra balhadores das usinas dispensados ao fi nal da safra. Todo iníc io de ano é a mesma co isa: a indústria da invasão tentando manter os restos do MST que ainda subsistem. Eles invadem e apelam ao governo pedindo dinhe iro a fim de sobrev iver por ma is a lgum te mpo, inte irame nte desacreditados. E o Poder Públi co costuma conceder o dinhe iro que pede m! (Cf. "O Estado de São Paulo", 23-12- l l ). •
Agrone,gócio: principal gerador de empre,gos diretos em Mato Grosso O agronegócio é o principal setor econômico que gera empregos diretos no Mato Grosso, com 23,38% de participação sobre o total de postos de trabalho existentes naquele estado, com base em dados de 201 o. Em segundo lugar está o comércio, que responde por 22,89% dos empregos. Os demais setores são: serviços (22,25%), administração pública (19,93%), indústria de transformação (5,27%), construção civil (5,09%), serviços industriais de utilidade pública (0,77%) e extrativa mineral (0,42%) . A pesquisa, denominada "Análise do Mercado de Trabalho no estado de Mato Grosso e Brasil", foi elaborada com dados do Programa de Disseminação de Estatística do Trabalho (PDET), da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) todos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). "Nós não temos mais apenas uma safra e uma safrinha, temos hoje praticamente duas safras por ano. A safra de milho ficou muito forte e a safra de algodão também. É em virtude desses trabalhos no campo que tem aumentado o volume de contratações e também os patamares de remuneração aos trabalhadores rurais ", afirmou o presidente do Sistema Famato, Rui Prado. E onde estão os resultados da Reforma Agrária? - Sua grande produção: as favelas rurais! (Cf. "O Estado de S. Paulo", 24-12-11) .
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C rescem ver'liginosamente os esforços para erradicar do Ocidente a imagem de Deus e da verdadeira Re1igião; propagam-se no n1undo inteiro a repulsa e a perseguição aos cristãos; os martírios atuais cvocmn e superam as perseguições da época das catacu1nbas.
H ÉLIO D IAS VIANA
M
uitos imagina va m que o diá logo inte r-reli g ioso preconi zado pe lo Concíli o Vaticano II di ss ipa ri a para sempre - o u ao me nos mi tigaria eno rmeme nte - as persegui ções re li g iosas e as g uerras. Sa nto Agostinho afirma, contudo, que a o rigem dos conflitos e elas catástrofes está no pecado. E, porta nto, e nqua nto o mundo estive r e ntregue ao mal, não haverá a ve rd ade ira paz definida pe lo grande Douto r ela lgreja como "tranquilidade da ordem ". Po r essa mes ma razão é que, apesar de Paul o Vf, ecoand o o espírito conc ili ar, te r procl a mado na ONU há q uase 50 a nos (4- 10- 1965): "Jarnais plus la guerre, j amais plus la guerre!" ("Nunca mai a g ue rra, nunca mai s a g ue rra !"), os confli tos arm ados e as pe rseguições não fi zeram senão aume nta r de modo ass ustador. Fala ndo nos dias 2 e 3 ele junho ele 201 1 e m Buda peste, por ocas ião de um congresso intern ac io na l organi zado pela Hungria e pelo Co nse lho da Uni ão Europe ia, o representa nte ela Organi zação para a Segura nça e Coo peração da E uropa (O SCE), Mass imo Introv igne, dec laro u: "A cada cinco minutos, um cristão é morto no mundo por causa de sua fé" . Ou seja, ma is ele 105 mil c ri stãos são assass in ados anu alme nte por cre re m e m Jes us C ri sto ! E, ele aco rdo com a assoc iação Ajuda à Igreja que So.fi·e, 75 % el as vítimas elas pe rseguições re lig iosas no mundo e m 201 O fora m c ri stãos.
Scgui<lorns <lc Cl'isto: cidadãos <lc scgumla classe?
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A títul o exempli fica tivo, c uidare mos no presente arti go ele a lg um as dessas pe rsegui ções, c uj o fund o constitui o substrato de muitas elas g ue rras, para que o le ito r não pe rca ele vista a ex istênc ia deste terríve l as pecto ela realid ade conte mporâ nea, infe li zme nte po uco ressa ltado pela mídia, à qu al, e ntre ta nto, nunca fa lta espaço pa ra co isas sem ou ele muito me no r importâ ncia. Os próprios me mbros ela Hie rarqui a ec les iás tica continu a m sendo vítimas da sanha pe rsec utó ri a mu ç ulma na. Na Turquia, no di a 3 de junho ele 201 O, o Vi gário Apostó li co ela Igrej a Cató li ca ele Ana tó li a e Pres ide nte da Co nfe rê nc ia E piscopal da T urquia, D. Lui g i Padove ·e, frade capuc hinh o ele 63 a nos, foi mo rto a facadas po r seu motori sta muç ulman o. Este, depois de pra ticar o bruta l assass inato, s ubiu a um telhado e grito u que havi a matado "o grande satã" . O corpo do Prelado fo i despachado mais tarde como carga comum para a Itália, e a conjuntura (o u as injunções da pe rseguição laico-islâmica?) não permitiu que ele fosse objeto de uma cerimô nia fún ebre que se aproximas.-e, ele lo nge sequer, da conFEV EREIRO 2012 -
D. Luigi Padovese foi assassinado a facadas na Turquia, em junho de 201 O
cedida há alguns anos em Paris ao tristemente famoso Abbé Pierre, que não obstante ter-se declarado favorável ao concubinato para os padres, à ordenação de mulheres, às uniões homossexuais, entretanto foi homenageado com grande cortejo público e teve exéqu ias solenes na mítica Catedral de Notre-Dame.
Ainda na Turquia, quatro anos antes, em 2006, o Pe. Andrea Santoro fora morto a tiros em Trebisonda, nordeste do país. Talvez sem imaginar que análogo fim o aguardava, D. Luigi Padovese afirmou então que o assassi nato do sacerdote não havia sido " uma casuali dade".
No Iraque, no atentado perpetrado em Bagdá no dia 31 de outubro de 201 O, o alvo ela Al-Qaeda foi a igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Foram assassinados dois padres e 44 fiéis, além de 60 feridos. Morreram ai nd a sete membros das forças de segurança e cinco terroristas. Com atuação em 60 países, Portes Ouvertes, uma ONG preocupada com a perseguição religiosa, publica desde o ano de 1997 o "Índ ice Mundial de Perseguição", contendo a relação dos 50 países nos quais os cristãos são mais persegu idos. No conceito de perseguição adotado por ela inclui-se, além da violação do direito de praticar a religião, também o fato de na vicia cotid iana alguém sofrer restrições por causa de sua fé. Segundo essa organi zação, as perseguições não acontecem por acaso, mas são premeditadas. E desenvolvemse através de diversas etapas, ao longo das quais os cristãos são tratados como cidadãos de segunda classe. Ron Boy MacMillan, chefe do Departamento de Pesquisa e Estratégia da entidade, assim descreve as perseguições: "Existem quatrofontes de perseguição no
mundo: o extremismo islâmico, a opressão comunista, o nacionalismo religioso e a intolerância laica. A mudança maior nos últimos trinta anos consistiu na substituição da opressão comunista pelo extremismo islâmico como perseguidor principal do cristianismo mundial. Mas as outras forças de opressão nem por isso diminuíram. A Coréia do Norte stalinista continua sendo o pais onde as condições são as mais duras para um cristão, e a mais importante comunidade homogênea perseguida continua sendo a dos cristãos da China, onde o fato de falar sobre sua crença no exterior do
edifício de uma igreja é estritamente proibido pela legislação chinesa ... ".
Cresce o ódio anticatólico em 2012 A maior parte dessas perseguições é movida por seq uazes do fanatismo muçulmano - indivíduos , grupos ou governos. Largamente tolerados no Ocidente, e les não adm item que em seus respectivos países alguém adore o verdadeiro Deus ou abrace a sua única Igreja - a católica - ou mesmo qualquer outra crença que não a islâmica. Fazê-lo é expor-se à morte.
Igreja de São Jorge é queimada no Egito, no acirramento da perseguição contra os cristãos Muçulmanos externam seu ódio durante uma manifestação Na Somália, a lei islâmica Sharia castiga com morte por apedrejamento os convertidos .OE q istianismo ""
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Na Arábia Saudita, um dos maiores produtores mundiais de petróleo, o ódio anticristão - e em particular o anticatólico - é ferre nho. Existem documentários relatando os maus tratos recebidos por católicos filipinos que lá trabalh avam e que depois de sofrerem com suas fam ílias - inclu sive filhos pequenos - pena de prisão por prática religiosa no interior de suas casas, foram severamente punidos e depois expu lsos do país. Uma dessas vítimas ficou presa 18 meses e, entre outros maus tratos, recebeu 78 ch ibatadas! Há ainda outros grupos sectários perseguidores de cristãos, como os hindus e budistas, que movem análoga persegu ição por fa natismo religioso em alguns lugares da Índia, do Siri Lanka e da Birmânia, em escala menor devido às Iirnitações de sua própria irrad iação. Segundo informação de 13 de janeiro de 2012 da "Agência Fides", houve na Índia, no decurso de 2011, mais de dois mil casos de perseguições contra cristãos, a metade das quais no estado de Kanata.ka, sul do país. Outros estados citados são Orissa, Gujarat, Madhya Pradesh e Chhattisgarh. Detalhando mais a informação - baseada no "Relatório 201 L" do F6rum Católico Secular (CSF), organização ecumênica fundada por católicos indianos e apoiada pelo Cardeal Oswald Gracias, Arcebispo de Bombaim - , a "Agência Fides" noticia que o número de cristãos que sofreram agressões, ataques e perseguições elevou-se a 2.144, sem contar seus familiares, parentes e amigos, que constituem vítimas indiretas. Tal número foi levantado com base em denúncias recebidas ou repercutidas na imprensa. Estima-se, contudo, que ele pode ser até três vezes maior. Para 2012 está previsto um incremento nas perseguições exercidas por grupos extremistas hindus, as quais são referidas pelo Relatório como "vírus que infecta a sociedade".
Ao ódio islâmico soma-se o ódio comunista Na Nigéria, país africano onde tem sido mais feroz a ofensiva islâmica., o dirigente da Associação Cristã da Nigéria (CAN), Ayo Oritsejafor, declarou que os ataques atuais contra os cris'
CATOLIC ISMO
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tãos lembram a guerra ci vil que ca usou mais de um mi lhão de mortos nos anos 60, e poderi am significar uma " limpeza" reli giosa. Os líderes cri stãos dec idiram então definir os meios necessári os para se defender em face dos m11nerosos assass inatos pra ti cados pelos perseguidores anti cri stãos. "Ternos o direi-
to leg ítimo de nos defender{. .. ], custe o que custar" - advertiu , sem precisar que medidas seri am tomadas . Respondend o a essas decl arações, Kh a lid Aliyu , sec retári o-ge ral da Jcuna 'atu Nasril llsam (JNI) , que agru pa as organi zações muçulm anas da Ni géria, dec larou cini camente: "Conside-
ramos essas declarações como uma intirnidação e uma am eaça contra os muçulrnanos nigerianos ". D esde o Natal, seis ataques vi saram os cri stãos, ac arretando mai s de 80 mortos. A mai ori a das inves tid as f oi reivindi cada pelo movimento islâmico Boko Hararn , que desej a impor a sharia (lei islâmica) ao conjunto do país, o mais populoso da Á fri ca, com 160 mi lhões de habitantes, in form a a AFP. Jmporta também menc ionar as contínuas perseguições feitas pelos reg im es co muni stas chinês, vi etnamita e nortecoreano - para citar apenas estes contra os seguidores da fé católica e de
Violência muçulmana contra os cristãos nas principais cidades da Nigéria
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outros credos, em grau maior ou menor. M as nestas persegui ções, como nas demai s que anali saremos a seg uir, está prese nte um germ e não exi stente nas anteri ores, pelo menos de modo explícito: o do igualitari smo, que é a metafísica e a espinha dorsa l do soci ali smo e do co muni smo. Quanto ao reg ime comuni sta cubano - ve lho de meio século, j á martiri zou milhares de católicos nas suas in sa lubres pri sões e no tétrico paredón.
Nesse 6<lio, o /Japel do Oci<lcntc ex-cristão M as, enqu anto tai s modalidades de persegui ções são prom ovid as por pagãos e co muni stas, exi ste um a outra que, apesar de não usar da mesma vi olência física, não é menos grave ou cogente. A o contrári o das primeiras, que muitas vezes geram mártires, ela fa z apóstatas . Prati ca m- na govern os, parlamentos , orga ni zações intern ac ionais e a mídi a do própri o Ocidente outrora cri stão, os qu ais f aze m ass im ca usa comum co m co munista s e pagãos. Por meio de leis ímpi as, de manifestações culturais bl asf emas, de pres ões favorecedora s de todo tipo de torpezas, além de outros meios , trabalham para alij ar a reli gião e a morali dade da vida pública e privada, como também dos corações dos fi éis. T udo em nome do laic ismo de Estado ! Com uma agravante: enquanto nos países anteri ormente citados a persegui ção é praticada contra pessoas ou grupos de pessoas, no Ocidente ela se tem estendido até mes mo a nações. É o que está acontecendo no momento com a Hungria, ameaçada tenazmente por meio de uma curiosa frente inqui sitori al comum, englobando a mídia, o governo Obama, a ONU e a Uni ão Europeia. Seu "crime"? Ter "ousado" aprovar uma con stituição baseada, entre outras coisas, em alguns prin cípios cri stãos, estabelecendo que casamento é somente entre homem e mulher, proibindo toda e qualquer forma de aborto, e remontando à form ação católica da nação húngara a partir do glori o o Santo Estêvão. A os atuais opos itores da Hungri a com a qual quase ninguém se incomoda-
va na época em que gemi a opressa pelo comuni smo - pouco lhes importa que os mai s di sparatados absurdos e violações da própri a L ei natural continuem sendo hoj e perpetrados im punemente pelo regime comuni sta e ateu da Coreia do Norte contra uma popul ação famélica e escravi zada até em seus sentimentos ! Tampouco lhes importa minimamente o fato de televi sões islâmicas fazerem emi ssões a países europeus e latino-ameri canos, incitando seus habitantes a aderir ao Al corão e à. suas deri vações políticas. Só os indigna o fato de uma nação civilizada e soberana como a H ungri a, adotar uma constitui ção baseada em prece itos do Evangelho para os quais a carta europeia atual voltou suas costas! T ambém a Ni géri a foi alvo da fúri a do pres idente norte-ameri cano Barac k Obama e do primeiro -mini stro in glês D avid Ca meron, que a rec rimin aram duramente e ameaça ram com sanções, pelo fato de naquele país afri cano, pobre em recurso materi ais, mas ri co em sa nidade mora l, terem sido aprovadas leis condenatóri as de práti cas homossexuais.
Proibição ele se rezar ao verdaclefro Deus
poderes públicos " e da "liberdade de consciência dos cidadãos ".
Detenho- me mais no seguinte caso, ocorrid o no Ca nadá, por constituir um exe mpl o típi co de persegui ção laica movida no Ocidente contra uma co leti vidade ca tólica, da qual um dos representantes - o prefe ito ! - tem sabido reag ir i1 altura. Poder-se- iam citar inúmeros outros. No início de 2011 , baseado em denúncia de um ateu e do Movimento Laico de Québec, um tribunal daquela província começou a perseguir o Sr. Jea n Tremblay , católico praticante e pref eito da cida le de Saguenay, pelo fato de ele, respeitando a tradi ção loca l, rezar antes de cada sessão da câmara municipal. N o di a 1 1 de fevereiro de 201 1, f es ta de Nossa Senhora de Lourdes, o Tribunal dos Direitos da Pessoa condenou o prefeito a pagar 30 mil dólares canadenses (22 mi I euros) e, sobretudo, a não mais fazer orações. O jui z ex igiu ainda a retirada de uma imagem do Sagrado Coração de Jes us e do C ru cifi xo das salas onde se rea li za m as asse mbl éias, em nome da "obrigação de neutralidade dos
D etermin ado a não abandonar essa longa tradição, no d ia 16 de fevereiro o prefeito lançou um apelo de donati vos aos moradores de Saguenay - 150 mi 1 habitantes - a fim de pagar a multa e poupar os cofres públi cos . " Estou certo
de que meus concidadãos são favorâveis
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a que se continue de pé e se façam respeitar os nossos valores", decla rou e le
número de perseguições por causa de sua fé", ac rescenta q ue tudo isso se
na Rádio Vila-M aria. Seu ape lo fo i logo atend ido. Num gesto que equiva le a um plebi scito, até o di a Lº. de março j á havi a m sido cole tados ma is de J00 mil dó lares canadenses, ou 70 mil euros ! Numa confe rê nc ia coletiva de impre nsa, o S r. Tre mblay afi rmo u que "os
passa sob a indi fe re nça quase gera l. À ino pe râ nc ia c úmplice da U ni ão E urop e ia, c uj as reso lu ções contra as perseguições re li g iosas só fi cam no pape l, soma-se uma o bservação da Com.is-
governantes de Québec são particularmente sensíveis na defesa daquilo que constitui a nossa identidade", estima n-
lução conjun ta dos 27 mini stros das Re lações Exte rio res dos Estados me mbros sobre o mesmo te ma: a de q ue, ta lvez por pressão das instituições e urope ias hostis ao cristia ni smo, a lg uns dos representa ntes desses Estados se rec usam a fazer qua lque r me nção ao te rmo "cri stão". C um pre ainda le mb rar q ue nos parla me ntos e tribuna is oc identais, e m opos ição ao q ue sucede e m países africanos, estão largame nte e m voga le is especia is de proteção da prática ho mossexua l e de pro moção do aborto (e de punição, até mes mo com cadeia, para os que a e las se o pu sere m). Ta is le is constitue m um nefando ato de Cristiano.fobia contra os q ue perma necem fi é is ao estabe lecido no Decálogo. Constitue m ta mbé m atos de Cristiano.fobia as le is q ue to rna m pass íveis de punição os pa is q ue retira m seus fi-
do q ue sua pos ição reflete o desejo da ma io ri a d os c idadãos, c uj os 90% são católicos. Graças a esse a po io, e le está di sposto a ir até o fim neste combate:
"Não se pode deixa r essas coisas acontecerern; é por isso que elas repercutem em todo o Québec. Imagine se cedêssemos. Essa gente vai.fazer a lei por todas as partes: Tiram o cruci,fixo, tiram isto, mudam tal nome". A co ntrovérs ia ultra passa as fro nte iras de Sague nay, pois a sente nça do T ri buna l dos Dire itos da Pessoa de Q uébec pode ri a vi r a ser aplicada a todas as instituições públicas daq ue la prov ínc ia. M as de ta l modo o ass un to pegou fogo, q ue H ugo d ' A mo urs, po rta-voz do pri me iro-mini stro Jean C harest, declarou no di a 15 de feve re iro ao j o rn a l "Le Sole i) ": "Não há nenhuma possibilida-
de de o governo retirar o crucifixo da Assembleia Nacional", le mbra ndo que "a Igreja exerceu um papel importante na história de Québec e que o crucifixo é um símbolo disso". Di fe re nte me nte dele pe nsam os partidári os ag ress ivos e ate us do M ov ime nto Laico de Q uébec, c uj a po rta-voz, M a ri e-Mi c he ll e Po isson, declarou q ue a decisão do T ribuna l "poderia repercutir até na As-
sembleia Nacional, onde o crucifixo que ali dornina é muito controverso". Pel'seguições piol'es que as cio Jmpél'io Romano Na C hin a, no Iraque, na África do N o rte e no Paqui stão, de aco rd o com a o rga ni zação a m e ri ca na West Wa lley High, o c ri stia ni smo é hoje a fé ma is constante e vio le nta me nte perseguida. Apó c itar o Papa Bento XVI, segundo o qu a l "os cristãos são no momento
atual o grupo religioso alvo do maior
CATO LI C ISMO
são dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE), re lativa à reso-
lhos de escolas o nde são ministradas a ul as com base e m kits e cartilhas, inic ia ndo-os precoceme nte e m toda sorte de perversão sexua l e, portanto, aume nta ndo a inc idênc ia do abo rto e da Aids. Ou ainda, q ue médi cos e e nfe rme iros, e m c lara vio lação da sua liberdade de consciê nc ia, seja m o brigados, sob pe na de pe rder o e mprego e o utras, a praticar o aborto; fa rmacêuti cos a ve nder contracepti vos e preservati vos; e no tári os a rea liza r o casame nto e ntre pessoas do mes mo sexo .
Na rniz das pel'seguições, o demônio Qua l a razão profund a dessa sistem áti ca pe rseguição aos c ri stãos e ao c ri sti a ni s mo? A tentati va de im pla ntação no mundo do ig ua li tari smo tota l - di ametra lme nte o posto à o rde m c ri stã, prece ituada pe lo Evangelho e pela do utrina cató lica - está da ndo lugar à ma io r perseguição j a ma is havida. Seu inspi rado r é o pró prio Lúc ife r, c uj a re vo lta, segund o di ve rsos teó logos, se te ri a d ado qua ndo e le teve conhec ime nto do fu turo nasci m e nto de N ossa Se nh ora, a obra- prima da criação, de natureza infe rio r à s ua, mas q ue seria e levada pela
g raça ac ima de todos os a njos e deveria ser revere nc iada po r e le como Ra inha. O s sequ azes de L úc ife r continua m a repetir através dos séculos sua excl amação iníqu a: "Non serviam!" - Não servirei! (Je r 2,20) . C umpre m e les assim o descri to no Gênesis, ao predi zer que De us poria inimizades não ape nas e ntre a Virgem e a serpente, mas ta mbé m e ntre os descende ntes espiritu a is de M ari a e os de satanás. O ig ua li ta ris mo tota l visa apagar de preferênc ia deformar - no coração e na me nte dos ho me ns, to da e qua lquer image m o u ideia de D eus, cuja glória e majestade infi nitas estão espe lhadas na obra ela cri ação, de modo espec ial na boa o rgani zação da sociedade humana. O ex-com un ista fra ncês Roger Gara udy - tornado mais tarde muç ulmano - decla ro u q ue os comunistas oste ntadores de seu ate ís mo utili zava m uma táti ca redondamente equivocada, po is a fo rma ma is segura e eficaz para se a paga r da soc iedade a im age m de De us não era pela pregação ex plíc ita do ateísmo - a qual, ademais, produ zia reações-, mas por meio da impla ntação do ig ua litari mo : este impediri a a imagem di vina de refletir-se através das mi 1fades de criaturas desiguais. Será q ue as afinidades ig ua litárias que pre ndi am até e ntão Garaudy ao comuni smo e le não as terá d iscernido depo is como ma is presentes e ma is consiste ntes no Is lam ismo, que e le decidi da me nte abraço u? Isto levanta uma o utra q uestão. O apo io da C hina e da Rúss ia ao Irã, bem como as s im patias e afin idades q ue e m re lação a e les nu tre o progressismo católico - pre nhe de sonhos ig ua li tá ri os para a Ig rej a e a ociedade c ivil - não constituiria m uma tríplice a lia nça com vistas à im pla ntação da utopi a ig ua li tária no mundo inteiro? A q uem q ui ser aprofund ar-se no estudo deste te ma reco me ndo a le itura do artigo de L u is Du fa ur sobre as raízes e perigos do fu ndame nta li smo maometano (vide Catolicismo, novembro/200 L). Seja co mo for, ante a esca lada da Cristiano.fobia q ue pela c umplic idade dos go ve rnos e a apatia da o pinião pú-
Deus pôs inimizade não apenas entre a Virgem e a serpente, mas também entre os descendentes espirituais de Maria e os de satanós.
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bli ca uni ve rsa l e nsang ue nta o mundo, brademos em uníssono com São Mig ue l A rca njo "Quis ut Virgo?" (Que m co mo a Virgem?). Este brado é certa me nte o ma is te mido por L úc ife r e seus seq uazes, po r ser o que ma is os humilha. Ao mes mo te mpo, implo re mos a pode rosa e dec isi va inte rve nção d ' Aque la qu e
"sozinha esmagou todas as heresias" ! (Antífo na da Vi rge m).
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Todo esses fatos nos mostram como estamos rev ive ndo as antigas perseguições do Império Ro mano pagão, só q ue
muito mais extensas e perversas. Pois e las são mov idas de um lado por pagãos que recusaram até o momento a conversão, e de outro lado por ex-cri stãos que renunciaram à sua fé e que rem e liminar do Oc idente toda imagem de Deus e da verdadei ra Re lig ião. M as do mes mo modo como o Impéri o Ro mano ruiu e nasceu a c ivili zação cri stã, ta mbé m a presente situação acabará após os castigos purificadores prev istos em J 91 7 por Nossa Senhora de Fátima e, e m dado mo mento, surgirá o Reino de M ari a por E la prometido: "Por fim, o m.eu Imaculado Cora-
ção triunfará!". • E- mail para o autor: catoli cismo@ terra.co m.br
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INTERNACIONAL
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Sucessão no Reino da Infâmia VALDIS
G RINSTEINS
E
ra uma vez um país cuj o poder era transmitido de pai para filho de uma mesma fa míli a, a qu al mantinha seus súditos na mais espantosa mi séria através de sangre nta ti ra ni a. E nquanto o governante desfrutava das mais requintadas gastrono mi as, de exuberante luxo e vi aj ava le vando cente nas de garrafas de vinhos raros, 1 a po pulação morria de fo me aos milhões. 2 Às vezes o tirano começava a comer à meia-noite e só terminava ao amanhecer,3 enquanto as cri anças pobres comiam cachorros mortos e carne podre. 4 Pi or ainda, o tirano se julgava do no da verdade e todos deviam crer firmemente na sua re ligião, sob pena de execução de toda a fa mília do c ulpado. Ele dec idi a desde o tipo de roupa que os adultos podiam usar, aos lugares em que e les podiam ir e o que podi am ver. O absurdo chegou a ponto de não ser permitido aos anões viver na capital de seu Reino, para não causarem má impressão estética.5 U m regime abo minável e antinatural , não é verdade?
Onde tais hOJ'l'Ol'eS OCOl'l'em? Algum leitor influenciado pelas detrações e fal sidades da "legenda negra" talvez tenha pensado que tais absurdos aconteceram em algum país católico acusado pela
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impre nsa e pe la literatura la ica e agnóstica de "medieval", "dominado pela Inqui sição" e por um monarca tirano. Não. Não se trata nem da França do séc ul o XII nem da Espanh a do séc ul o XVI... Todos os horrores citados ocorreram e continuam a acontecer na Coreia do No11e comunista de nossos dias. Com a morte do ditador Kim Jongil , esse país ocupou lugar de destaque e m todos os j o rn ais do mundo, que apresentaram cenas de pessoas "chorando" aquela morte. Ai daqueles que não chorasse m - ao me nos como carpi deiras - pois poderi am ser severamente castigados ! Di ante da enorme quanti dade de absurdos e me ntiras qu e aco ntecem di ari amente naque la ditadu ra, é raro um artigo de j ornal que não comente um , dois ou mais casos chocante . Que a mentira seja apanágio dos comuni stas, todos o sabem. O que as pessoas parecem desconhecer é até que ponto eles me ntem e como os regimes co muni stas red uzem-se à mentira, sem nada de positi vo. Não é que eles desejam algo de bom e que por equívoco resulta e m ma l. Não. É o mal de li be rado, a in fâ mi a, o c rim e e a me nti ra q ue são in stitucio na li zados. Para começar, os comunistas odeiam a fa mília tradicional. A Rússia foi o primeiro país do mundo a permitir o amor livre. O marido pod ia ser mandado trabalhar numa cidade e a esposa em outra. Apesar de odiar também a instituição fa mili ar, a estabilidade da ditadu ra norte-coreana está baseada na fa mília ... Ao criticarem o novo ditador norte-coreano, porque não houve sucessão democrática, mui tos jornais "se esquecem" de apontar a contrnd ição solar: destruir a instituição da fa mília e manter a estabilidade do Estado através da hereditariedade fa miliar. O regime norte-coreano tampouco é de ti po constitucional como os do Ocidente, em que o papel do chefe de Estado ou é apenas protocolar, ou é limitado por uma Constituição. Não. O chefe de Estado ali tem poder absoluto, exercido por um ditador que di spõe di cricionariamente até mesmo da vida dos 23 milhões de seus desdi tosos súditos.
Culto obrigatól'io ao dita<lor Nunca na Hi stóri a algum regime político pro mete u tanta liberdade como os regimes marxistas. Contudo, a tirani a norte-coreana chega ao extremo de dec idir não apenas sobre o modo de as pessoas se vestire m, mas até que músicas elas deve m ou não ouvi r. Por exemplo, compos ições de Mozart, Beethoven e C hopin estão proibi das na Coreia do Norte. 6 Para reforçar a propaganda, a tira nia in stalou alto-falantes por todos os lados, espec ialmente nos cruzame ntos de ruas e parques, usa ndo-os até para despertar as pessoas.7 E les ex iste m até mesmo dentro das casas, 8 para obri gar a popul ação a o uvir as notícias o fi ciais. No uni verso comuni sta ab unda m o rid ícul o e a contrad ição. Na Core ia do Norte e les chegam ao clímax quanto ao
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culto à personalidade do ditador e de seu pai, Kim il -sung. Segundo a bi ografia ofi cial de Kim Jong-i l, e le aprendeu a andar na terceira semana, a fa lar na oitava,9 e teria escrito 1500 livros d urante seus estudos universitários. As crianças norte-coreanas não celebra m o própri o ani versário, mas os de Kim il -sung e K im Jong-il , 1º sendo todos os cidadãos obrigados a chamar seus di tadores de "patriota in igualável", "pensador e ngenhoso", "sol da nação", "sol vermelho dos oprimidos do mundo". 11 O Partido Comunista distribui à população retratos dos di tadores e um paninho branco para limpá-los, o qual deve ser g uardado de ntro de uma caixinha. U ma vez por mês a polícia averigua o estado de li mpeza dos retratos. 12 As pessoas são obrigadas a se prostrar até 50 vezes por dia diante dos retratos ou das estátuas dos retratados. 13 Ex istem no país cerca de 34 mil estátuas de l(j m il-sung. 14
Fome, prisões e execuções São inúmeros e be m documentados os re latos sobre a fome crônica reinante nesse escrav izado pa ís. Ela é tão grande que as pessoas come m tudo quanto se m ove, sendo necessár ios até dois anos para que a vida anim a l se rec upere um pouco após elas terem passado por determinado lugar. 15 Os campos são pastos e não bosq ues, po rque estes qu ase não ex istem, de ta l modo fora m devastados. A madeira é utili zada na cozinha e para aquecer as casas. C ifras espantosas da Core ia do Norte: 400 mil pessoas mortas em prisões nos úl timos 30 anos 16 e ma is de 200 mil ho mens, mulhe res e até crianças mantidos em campos de concentração. 17
Como sempre, há ingênuos espera ndo que a recente substituição do di tador por seu filho, o gorducho Kim Jo ng-Um, venha a provocar uma mudança no sistema. Apesar de K ing Jo ng-U m ter negado taxativame nte essa hipótese, tais ingênuos parecem nada ter apre ndido co m a tra nsferência de poder ocorrida em C uba, de F ide l Castro para seu irmão Raul Castro. Não nos iludamos: ho uve uma sucessão no Reino da infâ mia e do crime, a q ua l não cessa rá e nqu a nto ho uve r regim es ma rx istas estru turados com base na negação da Le i divin a e da Lei nat ura l. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
Notas: 1. Cfr. "La Nación" , Buenos A ires, 20- 12- 11. 2. Cfr. " El País" , Mad rid, 20- 12- 11. 3. Cfr. "La Nación" , 20- 12- 11. 4. Cfr. "The Economi st", Londres, 17-9- 11. 5. C fr. Barbara Dem ick, Per mano 11.el buio, Ed. Piem me, M il ão 20 1O, p. 17 1. 6. Cfr. This is paradise! Hyok Kang, Ed. Abac us, Londres, 2007, p. 46. 7. Cfr. " El Mundo", Mad ri d, 20- 12- 11. 8. Cfr. This is pa radise! 1-lyok Ka ng, Ed. Abac us, p. 3. 9. C fr. "The Telegraph" , UK, 3 1- 1- 11. 10. Cfr. Barbara Demi ck, Per mano nel buio, Ed . Piem me, 20 10, p. 69. 11 . Cfr. Marcelo Abreu, Viva o grande líder! I' ed ición, Geração Editori al, São Pau lo, 2002, p.37. 12. Cfr. Barbara Demi ck , Per mano 11el b1.1 io, Ed. Piem me, 20 1O, p. 68. 13. Cfr. "EI Mundo", 20- 12- 11. 14. Cfr. "Le Monde" , Pari s, 19- 12- 11. 15. Cfr. "The aq uari um s of Pyongyang", Ka ng Chol-Hwa n, Ed. Atlantic books, Londres, p. 104. 16. Cfr. "EI País", 20- 12- 11. 17. Cfr. "Dail ymail " , UK, 20-9- 11 .
Basta abrir os olhos para notar que uma propaganda generalizada contra a família procura enfraquecê-la em todo o mundo, e mesmo destruí-la. Ativistas agem em vários níveis e por diversos meios, especialmente promovendo ampla campanha a favor do aborto e do "casamento" homossexual. Essa minoria ínfima pretende impor seus pontos de vista antinaturais à sociedade, com o apoio de governos e de leis favorecedores de seus objetivos. É necessário reagir para não sermos cúmplices de dois pecados públicos que atrairão sobre o Brasil a cólera de Deus. O opúsculo apresenta considerações que comprovam a necessidade de agir de modo ativo e participar desta sadia reação.
+ o frete de R$7,oo (para qualquer quantidade) Petrus Editora Ltda. Rua Visconde de Taunay, 363 - Bairro Bom .Retiro CEP 0 1132-000 - São Paulo-SP Fone/Fax (11) 3333-6716 E-mail: petrus@ livrariapetrus.com.br Visite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br
Fra Angélico, luz sobre o dogma e a França A ctmirável exposição de quadros do "pintor angélico" em Paris deslumbra nossos contemporâneos, despertando-lhes o desejo de evadir dos horrores atuais e antegozar as belezas do Céu. N ELSON
R.
FRAGELLI
"A França deveria ser para o conj unto das nações católicas a terra da harmonia, da bondade, do sorriso, da generosidade de alma, do dom total de si mesm.a à vossa pessoa e, por vosso intermédio, a vosso divino Filho; a terra cuja alma se exprime na Sainte Chapelle, em Notre- Dame e em tantos outros monumentos que cantam a vossa glória". Ao fin al deste fragmento de uma oração, dirigida por Plínio Corrêa de Oli veira a Nossa Senhora enqu anto Rainh a da França, nós poderíamos acrescentar Fra Angé lico entre as expressões da alma fra ncesa, embora ele fosse itali ano. A harmoni a e a doç ura que emanam das linhas e das cores de suas confi gurações da Hi stória Sagrada e das verdades de fé são representações pictóricas in te iramente afins com a sacra lidade daqueles monumentos arquitetôni cos fra nceses. O público fra ncês confi rma nestes di as essa atração: desde o fi nal de setembro, todos os dias da semana, as sa las de ex pos ição do Museu Jacquemart-André, em Paris, estão continuamente cheias. E las expõem uma coleção de numerosas pin turas de Fra Angélico. Sob a chuva fin a e gélid a deste in verno europe u, as fil as de espera à porta do Muse u são ininterruptas. Não é fác il entrar, pois a ad mini stração não permite excesso de pessoas junto às obras, a fi m de pro porcionar ao públi co a calm a para se deter di ante dos mistéri os sagrados ali representados. O estil o é preciso e singelo: ora radioso e terno quando se trata da gruta de Belém, ora trágico e dolente ao reprodu zir a Crucifixão ou martírios, ora mani fes tando profeti camente a vi são do mestre a res peito das verdades contidas no Credo, como a ressurreição dos corpos, a fe li cidade celeste dos bem-aventu-
rados e o castigo dos condenados. Verdades há muito desaparecidas da quase totalidade dos sermões dominicais de nossas igrejas - como também nas da França-, verdades que trazem consigo, entretanto, perene atração.
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"Angélico pintor" que transcendeu seu tempo Fra Angélico é o nome com o qual o frade dominicano Giovanni da Fiesole, beatificado por suas virtudes insignes, entrou na legenda como um dos maiores mestres da pintura sacra. Ele viveu na primeira metade do século XV (1410-1455), foi religioso do convento de São Marcos, em Florença. Pouco depois de sua morte, outro frade, Domenico di Giovanni, admirando cenas da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo pintadas num armário para conservar ex-votos doados ao santuário mariano florentino da Santíssima Annunziata, exclamou: "Angelicus Pictor". A exclamação bem traduzia o esti lo e a Linguagem pictórica usados por Fra Angélico. Os contemporâneos viram naquela exclamação uma explicitação do sentimento de todos. A partir de então, ele foi assim conhecido. De angélico tinham suas obras o espírito da Filosofia Escolástica de Santo Tomás de Aquino - "Doctor Angelicus" - , bem como o do estilo gótico, denominado por muitos de "escolástica de pedra". A obra de Fra Angélico se une assim, indissociavelmente, a grandes florões da Idade Média, apesar de ele ter vivido no início da época renascentista. Mas seu estilo transcende os parâmetros artísticos de seu tempo, conciliandose com o espírito que impregnou o apogeu da civilização cristã medieval. O juízo da Igreja sobre suas virtudes ao declarálo Beato não se formou a partir da análise de eventuais escritos por ele deixados, mas firmou-se sobre a perfeição de alma revelada em suas pinturas.
Representações de pe1'feições espirituais
Veneração pelo dogma movia seus pincéis O Beato concebeu suas obras, segundo a tradição medieval , como instrumento de apostolado. Ele quis que elas trouxessem ao mundo reflexos da Beleza divina e de sua Igreja - reflexos tão perfeitos quanto seu pincel fosse capaz de representar. Sua visão do Belo deveria instruir, mover as almas à oração e à contemplação. Foi o que fez
na cela dos frades ao receber ordem de seu superior de orná-las com afrescos, no convento de São Marcos. Nelas deixou pinturas cujos traços revelam, em sua pureza e simplicidade, intensa vida interior do artista. Antigos autores sustentam a hipótese de que ele teria tido visões durante as orações preparatórias para a execução de seus trabalhos de pintor. Assim como os monges-construtores das primeiras catedrais góticas no século XII tinham em vista exclusivamente a edificação espiritual dos fieis, Fra Angélico apresentou, sob seus traços e suas cores, a verdade e o dogma. Sob as suaves aparências de seu estilo ele sensibilizou as almas e assim as moveu rumo à aceitação gaudiosa das verdades eternas. Ele sofria ao ver a crescente negação dessas verdades pelo espírito da Renascença, cuja virulênciajá em seus primordios contaminava seus contemporâneos, pintores e religiosos como ele. A suavidade de seus personagens não nos deve iludir. Se os gestos e feições deles não polemizam é porque ao serem pintados os grandes dogmas da Cristandade - ainda não tinham sido negados pelo ímpio Lutero-, o foram sob o influxo de alegria vinda da profunda paz da qual gozam as consciências retas. Tais gestos e afeições invariavelmente denotam inabalável firmeza de princípios. A firmeza dos traços desperta o sentimento de coerência e de veracidade . A veneração pelo dogma movia seus pincéis.
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Em suas cenas são características as representações de largos espaços nos quais nenhuma ação se desenvolve. Esses espaços, imperceptivelmente, descansam o observador e permitem a meditação. Ele preferia levar o observador à meditação em vez de provocar aplauso para a obra. Pouco tempo depois, com o advento da plena Renascença, seriam suprimidos esses espaços nas concepções artísticas, sobrecarregando-as de elementos geométricos ou alegóricos, excitando assim a imaginação em detrimento da composição lógica. Estas execuções renascentistas introduziam a artificialidade, colhiam aplausos dos espíritos e os louvores faziam rejubilar seus autores voltados à glória terrena. A singeleza das composições de Fra Angélico torna-as facilmente inteligíveis, os detalhes são subsidiários da idéia central e sua perspicácia psi-
cológica enriquece agradavelmente o conhecimento. Suas obras ensinam . As fi sionomjas, ao expri mü- densidade de pensamento ou de sentimentos, comunicam a certeza de terem sido aquelas mesmas as cogitações do personagem representado. Ele tornou presente a vocação de cada figura através de seus traços fisio nômicos. Suas cenas são, po rtanto, repletas de um sentido hi stórico superior. Sua si mbologia não é enig mática nem req uer uma chave de interpretação para que o pensamento sej a inteligível. Ela é de um entendimento simples e imediato, embora, uma vez compreendida, desperte o agradável sentimento de se atingir uma superior percepção de um mistério divino. Nesses quadros, paradoxalme nte, o mistério nada te m de obscuro, mas é apresentado sob a luz da razão. Eles reprodu zem assim, de algum modo, os ensina mentos da Revelação. O encanto pelo mi stério não é despertado por um astuc ioso j ogo de cores, m as prové m de as pectos sublimes da santidade de licadamente apresentados. Tal como nas catedrais, é a luz e seus matizes que elevam os corações. "Ad lucem per crucem ", di z-se na Igreja. O sofrimento é apresentado pelo frade pintor como sendo um caminho rumo a revelações superiores. Mesmo nas cenas de martfri o as fisionomias permanecem inabaláveis, fi xas em suas certezas e e m sua determinação. No q uadro "São Lourenço dá es mo la aos pobres" [página ao lado] , as feições dos mendigos tradu zem tanta calma e segurança quanto a de São Lourenço, portador da bo lsa de moedas. Esplendorosamente vestido, São Lourenço j ejuava a fi m de dar aos po bres ma is virtudes do que dinheiro, e o modo com o qu al eles o fitam mostra que ped iam do santo, sobretudo gestos e palavras de vida eterna. Assim eram os espíritos naquela época ele fé. Na cena inteira ress uma o desej o cio pintor ele inspi rar virtudes sublimes. "Fra Angélico teve o carisma de exprimir
em suas obras a pe1/e ição espiritual - expressão tão mais excelente quanto mais elevado era o objeto da obra" (Plinio Corrêa de Olive ira).
deixaram o mestre do mini cano. E m seu célebre quadro sobre N ossa Senhora, o M e nino Jesus aparece despido (e m todas as eras da hum anid ade não se conhece exemplo de mãe que deixe seu bebê despido) enqu anto M ari a te m o olhar frio e vago, parecendo ig norar o Filho. D o is anj os músicos ornam a parte infe ri or do quadro; um deles, o anjo da esquerda, melancó lico e sensual, te m se me lhança com cer tas fig uras vistas nas ruas de nossas atuais c idades. Strozzi pin to u tam bé m o "Cristo cio Apocalipse", cuj a expressão du ra e impessoal ela face e cio gesto de mão, imprópri a à majestade, contrasta com a mes ma cena pintada por Fra Angéli co no "Juízo Final" [Vide p. 45]. Giovanni cli Francesco Ravezzano pertenceu à escola de Fra Angélico, embora tardia mente. Ta mbém e le qui s representar Nossa Senhora com o M e nino Jesus, m as sua concepção opõe-se à sutil sensibilidade do Beato. Seus pe rsonage ns j á não exprimem nem pensa mento ne m e le vação ele sentime ntos, quando não são sentime nta is. Pin tu ras como as de Ravezzano contribuíram poderosa me nte para d esv ia r a fe rv orosa pied a de mariana med ieval. Alguns qu acll'os ou afrescos atribuídos a Fra Angélico por reconhec idos espec iali stas fora m in fl uenciados e até mes mo co mpletados por seus "discípulos", podendo assim apresentar detalhes contrad itórios com o vulto gera l de sua obra. Seu estilo apresenta uma " linguagem pictóri ca" forj ada por in tensa vida espiritual e pelo desejo santo de retratar Deus, seus anjos e seus santos de modo a serem mais bem conhecidos e amados. Seu inconfu ndível estil o pode ser apreciado pruticularmente na "Crucifixão" [Vide p. 41], na representação de "Nossa Senh ora no tro no", no afresco so bre a "A nunc iação" e no mag istra l afresco "Apresentação no Templo", pi ntado em uma das celas do conve nto [Vide p. 43]. A "alma" de seus personage ns pode ainda ser percebida numa simples iluminura de um saltério [Vide p. 45]. Tratase da letra inic ial do Salmo 52: "Disse o néscio
Fra Angélico e artistas contemporâneos
em seu coração: Não há Deus. Perverterarn-se, tornaram-se abomináveis... " Com riqueza de de-
O Beato fo i prati camente o úni co pin to r em seu gêne ro. Seus conte mporâneos j á estavam conta min ados pe lo id ea l te rre no, e m ine nte me nte e mocional, que dentro e m pouco do minari a a Renascença e m sua plena reali zação. Za nob.i Strozzi, um de seus prim e iros d iscíp ul os, é um tri ste exempl o da solid ão na qu al os contemporâneos
talhes a iluminu ra retrata o néscio - espírito precipitado e temerário - , voltado para os aspectos terrenos da existência, carente de elevação moral. U m olhar mes mo fugaz desta iluminura despertaria imedi atame nte, em q ue m tinha o saltéri o nas mãos recitando os Sa lmos, uma santa repul sa por essa pos ição do espíri to.
Pinturas de sobrenaturais virtudes da alma Durante a visita ao Museu Jacquemart-André aprende-se que na biografia do Beato escrita pelo célebre Giorgio Vasari , o autor "insiste na particularidade de que o pintor parece 'sair do paraíso'". A afirmação deste especialista se compagina a outra, de Plínio Corrêa de Oliveira, segundo a qual Deus, ao criar as maravilhas da natureza, deunos a tarefa de as completar. Assim, muitas obras dos homens podem ser mais belas do que as da natureza, pois enquanto filhos de Deus os homens podem comunicar à sua obra algo de sua alma, a qual tem belezas inexistentes no mundo da natureza irracional. A obra-prima de um pintor consiste em tomar aspectos da natureza - ou cenas da História Sagrada, no caso de Fra Angélico comunicando a ela reflexos de sua alma habitada pelo sobrenatural. Vê-se que o Beato Angélico uniu aspectos superiores de sua alma ao objeto de suas pinturas. Ele mesmo fabricava suas tintas com safiras e rubis triturados, óleos especiais, resinas de utilização até então desconhecida. E assim ele trouxe à luz aspectos recônditos da natureza e das almas, da felicidade temporal e dos vislumbres da glória eterna. Suas tintas impregnaram telas e painéis de sobrenaturais viltudes de sua alma. Quem contempla seus quadros tem a agradável sensação de estar em presença de realidades evidentes, conhecidas de todos, mas que convidam a um aprofundamento na medida em que uma luz suave emanando daquelas cores sugere traços transcendentais cujo conhecimento seria uma descoberta. Em certo momento não se sabe o que mais atrai, se é a pintura ou a alma do Beato. Pode-se distinguir uma da outra?
Visitantes "transportados" à Idade Média Seria esta a sensação da multidão de franceses cujos olhos se colavam às obras ali expostas, como que para se liberar de uma névoa que os impedia de ver tanta virtude? A cortesia expressa por aqueles personagens e a elegância d9s anjos, a suavidade dos reis e o recolhimento dos monges constituiriam uma pausa na vulgaridade de seus dias? Sentiriam eles falta da certeza tão presente nos gestos humanos e angélicos daqueles quadros? Entre o relativismo balofo dos atuais dias e aqueles semblantes modelados pela decisão da vontade não optavam os expectadores pel a prolongada
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permanência junto ao Beato? Por três horas ou mais, silenciosos, recolhidos, eles se deixavam transportar aos tempos da "doce primavera de Fé". Se Fra Angélico pudesse observá-los através de um de seus personagens intensamente fixados pelo olhar do público, talvez ele - perspicaz psicólogo - chegasse a imaginar uma fisionomia única do homem padronizado de nossos dias. E se o Beato devesse fixar essa singular fisionomia em uma de suas pinturas, talvez ele a comporia misturando aos lineamentos fisionômicos do néscio [Vide página ao lado, acima à direita], traços da saudade do que lhes foi negado, de compunção e de aspiração a um retorno ... A exposição apresenta obras de outros pintores, contemporâneos do Beato. Alguns franceses exercitavam seu senso artístico perguntando-se, diante de cada pintura, se aquela vinha das mãos de Fra Angélico. Era quase um jogo de discernimento de seu carisma. Atentos, eles procuravam nas pinturas "a marca da beatitude". O que é essa "marca"? Cetto é que ninguém descreveria tão bem seus quadros quanto ele mesmo. Mas talvez nem ele próprio pudesse dizer como pode exprimir na face da Mãe de Deus, não só a virgindade, mas também o apreço que Ela tinha por sua condição de Mãe, temperando essas expressões com a recusa de tudo o que não é imaculado! Rainha dos Anjos, deles Ela é verdadeiramente o arquétipo, superando-os em virtude. Aos poucos a observação atenta fa miliariza o observador com aquilo que - mais do que uma técnica ou uma habilidade - é o dom de uma alma santa. A 556 anos de sua morte, Fra Angélico brilha no firmamento da Igreja como das figuras mais perfeitas que pintou. Que espanto ao soar inopinadamente a musiquinha sintética de um estridente celular! Maior espanto em ouvir a resposta da pessoa chamada. De maior desvario daria provas somente alguém que lançasse tinta sobre as asas de um daqueles anjos. Protestos se levantaram contra aquela ofensa ruidosa ao sagrado. Alívio ao verem o celular fugir da sala. Olhares indignados se alternaram com observações picantes - tudo à francesa - a respeito da incúria. Serenou aos poucos o exasperado redemoinho e os espíritos repousaram novamente no século XV, em pleno convento dominicano. Estávamos nesse momento em frente ao "Juízo Final". Termina a exposição. Ficam nas almas sementes da eternidade. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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1 Santo l lcmique Morse, Mártir + Inglaterra, 1535. Estudante em Londres, fugiu para a França, onde se fez católico. Ordenado sacerdote em Roma, voltou a seu país como miss ionário, sendo preso com o Pe. João Robinson , que o recebera como jesuíta. Exilado, retornou à Inglaterra usando pse udônimo e obtendo muitas conversões. Novamente preso e exilado, regressou à sua pátria, onde foi preso, julgado e esquartejado por ódio à fé.
2 /\PRESENTAÇÃO DO MENJNO Jl!:sus NO Tf~MPLO E PURIFICAÇÃO DE NOSSA SENl IORJ\ (Nossa Senhora elas Candeias ou Candelária)
3 São Brás, Bispo e MárLir Primeira Sexta-feira do mês.
4 Santo J\nclr6 Col'sini , Bispo e Confessor + Fiésole, 1373. Convertido pelas lágrimas da mãe (como Santo Agostinho, o famoso Doutor da Igreja), tornou-se grande pregador carmelita, depois bispo de Fiésole. Sua caridade para com os pobres, sobretudo os envergonhados (nobres que haviam caído na miséria), foi extrema. Primeiro Sábado do mês.
5 Santa Águecla, Virgem e Márti1• ISMO
São Guarino, Bispo e Confessor + Bolonha, 1159. Cônego agostiniano da Santa Cruz, renomado por sua santidade, passou 40 anos no convento de Mortária em edificante observância religiosa. Mas quando quiseram fazê-lo bispo do lugar, ele fugiu pela janela. O Papa obrigou-o depois a aceitar o arcebispado de Palestrina e o chapéu cardinalício.
7 São Lucas, o Jovem ou o Taumalul'go, Confessor + Grécia, 946. Somente aos 18 anos a mãe lhe permitiu ir viver como eremita num monte perto de Corinto. Começou então a atrair multidões. Devido aos inúmeros milagres que operava, ficou conhecido como o Taumaturgo.
8 São João da Mata
9 São Nicé[Ol'O, Mál'tir + Antioquia, 260. Leigo, teve uma desavença com o sacerdote Sabrício, a quem procurou várias vezes para obter o perdão - sempre recusado, mesmo na hora do martírio. Tal atitude fez com que Sabrício fraquejasse e depois apostatasse, apesar das admoestações de Nicéforo, que então se declarou cristão e morreu em seu lugar.
10 Santa Escolástica , Virgem
11 NOSSA SENHORA DE LOURDES (1858)
12 São Bento de Aniane Abade, Confessor + Alemanha, 821. Abandonou a corte de Carlos Magno, tornando-se monge beneditino.
O imperador Luís, o piedoso, filho de Carlos Magno, construiu para ele um mosteiro em Cornelimunster, para assim conservá-lo junto de si, confiando-lhe a inspeção de todos os mosteiros do império. A este santo deve-se principalmente a redação dos cânones para a reforma dos monges no Concílio de Aix-laChapelle, em 817. É conhecido como o restaurador do monaquismo no Ocidente e como um segundo Bento.
13 Santa Catarina ele Ricci, Virgem + Itália, 1590. Esta extraordinária santa entrou aos 12 anos no convento das dominicanas em Prato, aos 13 foi nomeada mestra de noviças e depois superiora. Aos 30 anos tornou-se priora vitalícia.
14 São João Balista da Conceição, Confesso1· + Córdoba, 1613. Ingressando na Ordem dos Trinitários, constatou com tri steza que suas regras primitivas estavam em decadência. Por isso fundou em Valdepeiias, com aprovação de Roma, uma casa de Descalços Reformados, o que lhe causou perseguições e agressões físicas da parte de confrades relaxados.
15 São Cláudio de la Colornbiere + Paray-Je-Monial , 1682 . Confessor e diretor espiritual de Santa Margarida Maria Alacoque, foi o apóstolo do Sagrado Coração de Jesus.
16 Santo Onésimo, Bispo e Mártir + Roma, séc. 1. Escravo de Filemão, depois de roubar seu amo, fugiu para Roma, onde encontrou São Paulo na prisão. O Apóstolo, depois de convertê-lo, mandou-o de
volta a Filemão, pedindo a este que não o rece besse como escravo, mas co mo um irmão (cfr. Col. 4, 7-9). Segundo São Jerônimo, Onésimo tornou -se pregador do Evangelho e bispo de Éfeso, sendo lapidado em Roma.
17 Sete Sa ntos l"uncladores dos Servi tas, con ressores + Florença, séc. XTII . Estes comerciantes florentinos tudo deixaram para seguir a Cristo, fundando para isso a Ordem dos Servos de Maria . Foram tão unid s cm vida, que são comemorados juntos depois de ua morl'e.
IH São Sinrno, Bispo 'MiÍl'lil' + Jerusalém, 107. Filho de Maria Cleofas · pri mo de Nosso Senhor, u · deu a Santiago Menor na d Jerusalém. Avis ado obre natura lmente da destrui ção da cidade, saiu com os cri s1ãos rumo a Pel a, às margens do Jordão, voltando para estab I er-se na ruínas da c id ad santa destruída. Foi martirizacl sob o imperador Trajano.
19 São Beato ele Li6hm1u , Conressor + Espanha, 798. Quando bispo de Toledo começou a pregar abertamente a heresia nestoriana, o monge Beat , d mosteiro de Liébana, e se u amigo, o sacerdote Etério, depois bispo de Osma, sa íram a campo para atacar o prelado pela palavra e por escritos.
20 SanLo l!:uquério, Bispo e Confessor + Orleans, 743. Logo após ser no meado bispo de Orleans, condenou abertamente Carlos Marte] pelo seu costume de se apoderar dos bens da Igreja para as suas guerras. Foi por isso exilado em
Colônia e Liege, e finalmente no mo ste iro de SaintTrond, onde santamente terminou seus dias.
21 São Pedro Damião, Bispo e Doutor ela Igreja (Vide p. 48)
22 QUARTA-FEIRA DE CINZAS Cátedra de São Pedro Festejar a cadeira de São Pedro é venerar, na pessoa dele, os desígnios providenciais de Deus, que o escolheu para chefe dos Apóstolos e primeiro Pastor de sua Igreja.
2~{ São Sereno , o Jarclineiro, Márlil' + Alemanha, 307. Jardineiro, "vivia na solidão, santificando seu trabalho manual com orações e penitências, até ser preso e decapitado por causa de sua fé" (do Martirológio Romano).
24 São Montano e Companheiros, Wn'lircs + Cartago, 259. Sete discípulos de São Cipriano, quase todos sacerdotes, foram aprisionados um ano após seu mestre, torturados e decapitados por ódio à fé sob o procurador romano Solon.
25 São Cesário Nazianzeno, Con rcssol' + Constantinopla, 369. Irmão do grande São Gregório Nazianzeno, tornou-se médi co da corte imperial de Juli ano, o apóstata, que tentou perver1ê- lo. Por isso renunciou à sua runção e afastou-se da corte, para a qual fo i reconduzido p ,1 novo imperador.
rio sacerdotal , mas logo se retirou a um lugar ermo a fim de entregar-se à contemplação, ao jejum e à penitência. Sua fama de milagres Jogo lhe atraiu visitantes ilustres, entre os quais o rei.
27 São Leanclro, Bispo e Confesscw + Sevilha, 596. Irmão de Santo Isidoro , "encarregado da formação do rei dos visigodos arianos, trouxe de volta toda a Igreja da Espanha para a verdade e unidade católicas" (do Martirológio Romano).
28 Santo Osvaldo, Bispo + Worcester (Inglaterra), 992. Monge beneditino, foi indicado pelo rei Edgar para bispo de Worcester por recomendação de São Dustan. Auxiliou este santo e Santo Ethelwold a reavivar a religião católica na Inglaterra, encorajou a vida monástica e escolar. Fundou o mosteiro de Wes tbury-o nTrym e a Abadia de Ramsey, em Hunhngdonshire. Nomeado também bispo de York, a pedido de seus diocesanos ocupou ao mesmo tempo as duas dioceses.
29 São Gl'eg(H'io ele Narek, Conressor + Narek (Turquia), 1010. Armênio, um dos grandes poetas da literatura universal, ainda jovem entrou no mosteiro de Narek. Acusado de heresia, ele ressuscitou doi s pombos assados co m os quais queriam que e le quebrasse a abstinência numa sexta-feira, provando assim a sua inocência. Nota:
26 Sno Víto r ele Areis, Con fessor + Fra nça, 6 10. Dedi cou-se p r algum tempo ao ministé-
Os santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em fevereiro Se rá celebrada pe lo Revmo. Padre Dovid Franc isqu ini, na s seguintes intenções: • Rogando o No ssa Sen hora de Lourdes, cu jo festa é comemorado pela Santa Igreja no dio l l de fevereiro, que conceda a todos os leitores de Catolicismo bem como àqueles de seus parentes mais necessitodos - robusta saúde de alma e de corpo.
Intenções para a Santa Missa em março • Em louvor da Anunciação e Encarnação do Verbo de Deus e também em memória de São José - festividades que se comemoram em março - implorando a Nossa Senhora e o seu glorioso e casto Esposo que prateiam e guardem as famíl ias que recebem a revista Catolicismo. • Intenção especia l das famí li as pre iudicadas pelas ch uvas que ossoIam diversos regiões do Brasil, em particulor os estod os do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
FEVERE RO 2012 - -
São Pedro Damião, /
Cardeal-bispo de Ostia D outor da Igreja e um dos mais destacados santos da Idade Média, trabalhou incansavelmente para a implantação da admirável reforma cluniacense numa época conturbada da história da Igreja g, PUNI O M ARIA SO LI MEO
N
o arti go sobre Santo Odil on, publi cado em janeiro, mencionamos de passagem São Pedro Damião como tendo sido seu bi ógrafo. Defe nsor impertérri to dos direitos e da pureza da Igreja em seu te mpo, esse grande santo é o nosso tema de hoje.
De origem nobre, mas empobl'ecido São Pedro Damião nasceu em Ravena, em 1007
CATOLICISMO
Os primeiros anos de Pedro Damião fora m cercados dos maiores sofrimentos. Ao nascer em Ravena, Itáli a, no ano
de 1007, de pais nobres ca ídos na pobreza, seu irmão mais velho reclamou as peramente com a mãe, dizendo que a fa míl ia já era muito grande e muito pobre para ter mais uma boca. A senhora fico u tão abalada, que abandonou o recém-nascido à sua própria sorte, recusa ndo-se até mes mo a ama me ntá- lo. Uma mulher de fo ra da fa mília, vendo a cri ança morrer à míngua, teve pena dela e tomou-a sob seu cuidados. Mais tarde, te ndo ficado órfão, um dos irm ãos to mou-o co ns igo, mais como servo do que como irmão, faze ndo-o guardador de porcos. Apesar de circunstâncias tão desfa-
voráveis, o pequeno Pedro não era um revoltado, nem se sentia um "injusti çado" ou "oprimido", mas contentava-se com a partilha que recebera das mãos de De us. Um di a, no ca mpo, e ncontrou uma moeda de algum valor. Pensou logo em comprar algo que pudesse sac iar sua co ntínu a fo me. M as, refl etindo depois, viu que isso lhe traria apenas um prazer passageiro. Resolve u e ntão usar o dinheiro para mandar celebrar uma Missa pela alma do fa lec ido pai. Foi então quando outro irmão, chamado Dami ão, que era arcipreste (título honorífico e nferido a um pároco e m algun s paíse euro pe us) e m Ravena, compadecido da sorte do caçula, le vou-o on sigo. Ve ndo as grandes qualidad do menino, pô-lo a estudar e cuid u d I co m desvelo pate rno. Mais tarde, agradecido, Pedro qui s acrescentar ao seu nome o desse irmão e benf' it r.
Pl'Ofesso,· ahmmdo, sente atração pelo claustl'o Graças a f1 us 'Xtraordinários dotes intelectu ais, o jovem logo recuperou o tempo p rdid o para os estudos. Fez tão grand s pro ressos, que o irmão o fez e tudar dep is nas esco las de Ravena, Faençn ' Parma. Quando Pedro Dami ão Lin ha apenas 25 anos, já era afamado prof' •ssor. Mas não eram as 1 1 rias do mundo que ele procurava . uant mais popular se tornava, mais s •nLia atração pelo claustro. O jov 111 prof' ·ssor já levava
uma vida vi.rtuosa, procurando domar as suas paixões, submetendo-as às leis da razão e da graça. Jejuava frequentemente, usava cilício e, sobretudo, recorria com frequência à oração. Ele dava todos os di as de comer a vários pobres, servindo-os ele próprio, e socorrendo ao demais neces itados de acordo com as suas possibilidades.
Admitido como eremita camaldulense E m 1035 Pedro D a mi ão e ncon trou-se com dois eremitas camaldulenses de Fonte Avelana, cuja regra, muito restrita, fora esc rita por São Romualdo. F icou tão encantado com a sua es piritualidade e desapego do mundo, que logo pensou em tornar-se um deles. Dois meses depois ele se apresentava a esse mosteiro, locali zado aos pé do Ape nino , e pedi a admi ssão. Conhecedor de sua reputação de varão íntegro e piedoso, o prior ordenou-lhe que vesti sse a cógul a benedi tina sem passar pelo te mpo de postulantado prese ri to pela regra. Pedro Dami ão e ntrego u-se com tal ferv or à nov a vid a, que mes mo e re mitas j á avançados em anos e virtude o tomavam como exemplo. Seg undo a regra, esses e remi tas jejuavam ordinari amente a pão e água qu atro di as por semana. Nos demais di as, acrescentavam apenas um pouco de legumes cozidos. Eles andavam por penitência sempre descalços, rezavam por tempo prolongado e fl agelavam-se em alguns di as da semana.
Pedro Da mi ão e ntrego u-se também ao estudo das Sagradas Escrituras e da doutrina da Igreja, de modo que, pouco depois, o superi or lhe ordenou pregar aos religiosos da comu nidade. Como o sucesso foi grande, a notícia espalhou-se por outros mosteiros vi zinhos, e todos pediam ao prior que lhes enviasse Frei Pedro Dami ão para pregar também para eles. Vendo a prudê ncia, a competência e o bom sen o de Pedro Dami ão, o prior o nomeou ecônomo do mosteiro e seu sucessor. Quando o prior fa leceu em 1043, o santo Jhe sucedeu.
Modelam/o santos, e11Ji•e11tamlo a crise O governo de São Pedro Dami ão levou o mosteiro a uma era de prospe rid ade espiritual e materi al. A afluência de noviços fo i tal, que ele teve de fundar outros moste iros para recebê-los. Entre os discípulos fo rmados na sua escola destaca m-se São Rodolfo , depois bi spo de Gúbi o, São Domingos Encouraçado e São João de Lodi, que escreveu a sua vida. E ntre as práticas de piedade que São Pedro Dami ão es tabeleceu nos mosteiros sob sua jurisdição estavam a recitação do Ofíc io Parvo de Nossa Senhora, a dedicação das segundas-feiras às almas do Purgatório, das sextasfeiras à Paixão de Nosso Senhor e dos sábados a Nossa Senhora. São Pedro Damião escreveu para seus monges o livro Do desprezo do mundo. M as era necessári o que essa lu z brilhasse també m e m toda a Igreja. Aque la época foi tão conturbada que, durante os 65 anos da vida do santo, nada menos que 16 papas governaram a Igreja. Por outro lado, por abuso de poder, os príncipes di stribuíam abadi as e bispados entre seus fa voritos sem ciência ne m virtude, havendo assim inúmeros bispos e sacerdotes indignos, ignorantes e luxuri osos. Em !045, o indigno Papa Bento IX resignou ao supre mo pontificado nas mãos do arcipreste João Graciano, que se torn ou Gregó ri o VI. São Pedro
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Damião viu essa mudança com a leg ria, e esc reve u ao novo pontífice urgindo-o a tratar dos escâ nda los na Igrej a . M as o novo Papa, sentindo-se im potente para e nfre ntar tantos males, abdicou apenas um ano depois. Clemente li e Damaso II, seus sucessores imed iatos, tivera m rápida passagem pelo Só1io Pontifíc io. A missão de procurar remédio eficaz às desordens na Igrej a estava reservada a São Leão IX, e levado ao papado no in íc io de 1049. Para isso, ele nomeou para seu conselhe iro e sua destra o monge de C luny, H ildebrando, futuro Gregóri o VII, que se tornou uma das maiores g lóri as da Igreja, alma da chamada reforma cluni acense. Foi então que São Pedro Damião escreveu seu Livro de Gomorra, ded icado ao Papa santo, no qual e le fustigava com vigor os des mandos da época, sobretudo dos eclesiásticos. Eis o que um santo especialmente intransigente em matéri a de doutrina ecostumes, di z daque la época, entretanto muitíssimo menos corro mpida que a nossa: "Este mundo .fimde-se a cada dia na corrupção, de tal ,nodo que todas as classes sociais estão apodrecidas. Não há pudor nem decência, nem religião. O brilhante tropel das santas virtudes fug iu de nós. Todos buscam seu interesse; estão devorados pelo apetite insaciável dos bens da terra. O .fim do mundo se aproxi1na e eles não cessam. de peca,: Fervern as ondasfuriosas do orgulho, e a luxúria levanta uma tempestade geral. A ordem do matrimônio está co11/imdida, e os cristãos vivem como pagãos. Todos, grandes e pequenos, estão enredados na concupiscência; ninguém tem vergonha do sacrilégio, do perjúrio, da luxúria, e o mundo é um abismo de inveja e hediondez". 1 O li vro provocou enorme ru ído, e o própri o Pontífice, q ue o tinha antes e logiado, mostro u depo is certa fr ieza, j ulgando q ue fa ltou ao outro santo certa moderação no expor os vícios do clero. A frieza do Papa pro-
CATOLICISMO
vocou uma carta de protesto do fogoso Pedro Damião .2
Bispo de Óstia e colaborador ela r eforma clu11iace11se Os dois papas seguintes, Vítor II e Estêvão IX, ta mbém entretiveram estre ita ami zade com Pedro Damião. O segundo, seguindo os conselhos do mo nge Hil debrando, nomeou o santo, e m 1057, cardea l-bi spo de Óstia. Confio u-lhe ta mbém a admini stração pro visóri a da diocese de Gúbio. Tendo Estêvão IX morrido prematu ra mente em 1058, alguns me mbros da nobreza ro mana, através do suborno e da corrupção, elegeram papa o bi spo de Vill etri com o nome de Bento X. São Pedro Dami ão e os demais cardea is protestara m contra essa intru são, e de nun c iara m o a ntipapa como simoníaco, por ter comprado o cargo. Retornando de uma viagem à A le manh a, o mo nge Hild e bra nd o o bteve qu e se e legesse Ni co la u li como legítimo Pontífice. Foi no te mpo desse Papa que São Pedro Dam ião foi e nviado como legado a M il ão, cidade conturbada por grandes desorde ns; "Era coisa inteiramente pública e de uso comum comprar-se benefícios [ecle iásticos] a preço de prata. Não se tinha mais consideração pela capacidade nem pelos bons costumes, que são, entretanto, as únicas qualidades que se deve te r em conta, segundo os santos cânones, na distribuição dos benefícios. Comprava-se mesmo a ordenação sacerdotal. A outra desordem era a de que esses padres, calcando aos
pés a santidade de seu estado e as leis eclesiásticas, ousavam contrai r mat rimônio, e com tanta pompa e brilho quanto os seculares". 3 Tal era a situação nessa cidade, que por pouco São Pedro Da mi ão não fo i martirizado. M as enfim e le conseguiu , com as palavras do próprio Sa nto Ambrósio, acalm ar o tumulto insufl ado pelos padres libid inosos, alcançando então seu objetivo. Seu princ ipa l cuidado, alé m de pôr termo à desordem, fo i de ev itar sua repe tição medi ante sábi as prov idênc ias. Deixou depois Milão louvado e aclamado pe lo povo. À morte de Nicolau II houve novo c isma. Ao papa Alexandre II, ele ito por influênc ia do fu turo São Gregório VII, os simoníacos e escanda losos opuseram Cada lo, bispo de Parma, com o no me de Honóri o II. A este São Pe d ro D a mi ão ma nd o u du as e nérg icas cartas, repreende ndo-o por sua ambição e ameaçando-o com os castigos divinos. Depois, às suas instâ nc ias, congregou-se um Co nc íl io em Mântua, em 1064, no qual se confirmou a destituição de Cadalo. Esse grande santo ainda rea li zou muitas o utras obras em prol da Ig rej a, mas o reduzido espaço não me permite abordá-las aqu i. No ano de 1072, na vés pera da festa da Cátedra de São Pedro, 22 de feve re iro, da qual era mui to devoto, retornando de uma de suas missões, São Pedro Dami ão faleceu, próx imo de Faença. Leão XII e te ndeu seu culto à Igreja uni versal em 1828, dec lara nd o-o Do uto r da Igreja. • E- ma il para o autor: cato lic is mo@ terra .com .br
Notas: 1. ln Fr. Ju sto Pérez de Urbe), O.S.B. , Alio Cristiano , Ed ic io nes Fax , Madrid , 1945 , tomo 1, pp. 35 1-352. 2. Cfr. Les lie A. St. L. Toke, S1. Peter Damia11 , T he Cat ho li c Encyc lo pedia , CD Rom cd it ion. 3. Les Petits Bo ll a ndistes, Vies des Sa i111s, Blo ud et Ba rra i, Libra ires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo 11, p. 634.
Polônia: // Encontro da Cruzada de Jovens ■ LEONARDO PRZYBYSZ
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ea li zou_-se no di a 5 ele no:embr~ ú_l timo, no Pa lácio dos Pn mazes m Varsóv ia (Po lont a), o li Enconlro da Cruzada de Joven.1· - setor ju venil da Associação pela Cullura ri.,·/ã Padre Piotr Ska rga. Mov idos pelo desej o de uma ação contra-revo luc ionári a rea lmente efi caz, a lg umas dez nas de jovens se reuni ra m para d iscutir os me ios de atuação de que podem d ispor os cató li cos le igos para a ir na esfera púb li ca. O princ ipa l t ma do encontro fo i a campanha "Eu não me envergonho de Jesus". fni c iada em março de 20 11 , e la consist' cm difundir nos me ios estuda nti s chaveiros co m a ins -ri ção "NIE WSTYDZE SIE JEZUSA" (Eu não m , e11 vergo11ho de Jesus) , para que todos o portem e m lu ar visfv 1. Essa campanha é fundamentada nesta passa , 111 tio l..w a ngelho: "A quele que se envergonhar de Mi111 dio111e dos homens, Eu também. m.e envergonharei rf , fe rfia111e do Meu Pai" (Mt. 10, 33). Já fora m d islri bu d >s 76 1 mil chaveiros e m cente nas de cidades po lo n ·sus.
Ação contra exposição pornográfica e blasfema O
utra ini ·iuti vu do mes mo movimento estuda nti l foi o pro t s to rcu li zudo diante do M use u Nac io na l de Cracóv ia ·111 ,1 dl' ,inn •iro, contra uma expos ição pornográfi ca e bl as r •m 11 dtt "arti sta" Katarzy na Kozy ra, na qu al, além de a cruz s ' r pro1"111111da, s'io promov idos o ho mossex uali smo e o nudi s mo . Port ando cartazes co ntra a promoção da pseudo-ar! ' ' Olll dit,l' l" 'S co mo : " Isso não é arte, mas barbarismo! ", "Nrl11 </tt1're111os pseudo-arte imoral! ", "Não ao vanda fi.1·11111 rn/111rnf!", os jovens ofereceram à "artista", res icle nt • l'llt ll •rl in, uma vasso ura com a in sc rição "Passagem l" " '<t ll1'1'fi111 , só de ida " ... • I! 11 wil para o autor: catolicismo @terra.com.br
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O hidalgo, o lord, o arquiduque e o junker Quatro modalidades peculiares de nobres n
PuN10 CoRRÊA DE O uvE1RA
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hidalgo (fidalgo espanhol) é ao mesmo tempo muito di stinto e sempre pronto a partir para a guerra para o combate indi vidua l, no estilo de uma cavalaria, e não para o gênero de guerra moderna. O Lord inglês é profundamente diferente. Ele é muito mai s reservado, enquanto o hidalgo espanhol é mais expansivo. Para o Lord a vitória da guerra é, sobretudo, o êxito de um plano bem rac iocinado numa tenda de bata lha, to mando um gin, ou qualquer outra bebida, numa atmosfera de silêncio em torno de le, a fim de melhor raciocinar. Muita hierarqu ia entre seus auxi li ares, sempre muito reverentes e eficientes. Se o general inglês tiver que entrar em combate, cada estocada que e le dá é como uma operação de jogo de xadrez. Se e le perder a frieza , perde o controle e possivelmente a guerra. Enq uanto que o hidalgo espanhol entra no me io da batalha espadagando, bradando, aclamando Nossa Senhora, etc. Esses modos peculi ares difere m de um arquiduque austríaco. Este encarna o charme de Viena, encantador, faze ndo sempre sorrir, de molde a todos gostarem de estar em torno de le e simpatizare m com e le. Ele é mais um político do que um guerreiro, e vence a batalha na sala de espera dos mini stros. Eu conhec i um junker prussiano que, em certa ocasião, desentendeu-se com um arquiduque. Razão: ojunker queria faze r umas de monstrações, mas o arquiduque as julgava supé1f luas. Então o junker disse: "Vocês vienenses Da esquerda para a direita e de cima para baixo: são assim, se desejamos que vocês sejam sérios, é preciso o lord, Duque de Malborough; representac;ão de um pôr em cima da mesa um copo de vinho e um pedaço de fidalgo espanhol; o arquiduque Albert von SaxeTeschen e por último, o ;unker, chanceler Otto von bolo. Aí, sim, vocês prestam. atenção nas coisas". E le es- Bismarck. perou que o arquiduque replicasse. Mas não. O arq uiduque, com aquela graça toda vienense, deu ri sada, achou muito engraçado. E, no estil o militar, o junker levantou-se e fo i embora ... É preciso saber analisar cada povo com suas peculiaridades próprias. Uma co isa é um gracioso arq ui duq ue austríaco dançando uma valsa na Hofüurg; outríss ima coisa é um pontudo capacete de aço do kaiser marchando ... •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 5 de fevereiro de 1993. Sem revisão do autor.
PLINIO
UMÁRI
I RtA IX ÜUVEIRA
Cardeal Mindszenty - 120 anos
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F,xct<:RTOS
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CARTA
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PÁ(,INA MARIANA
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PoR ()UE NOSSA SENIIORA CIIOI~/\?
no Dm...:To1~ A VÍrgem da cabeça jnc]jnada (Áustria)
Uma tragédia cheia de simbolismo
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Herói
da resistência anticomunista, o Cardeal József Mindszenty foi Arcebispo-Príncipe de Esztergom e Primaz da Hungria. Mesmo preso pelo regime comunista, cruelmente torturado e obrigado a ausentar-se de seu povo, jamais dobrou os joelhos diante da tirania vermelha. Hoje em dia, quando a Hungria vem sendo perseguida por órgãos internacionais pelo fato de ter adotado uma Constituição contrária ao comunismo, ao aborto e ao "casamento" homossexual e ter rememorado as glórias de seu passado cristão, a fi gura do Cardeal Mindszenty paira sobre a nação como uma bênção e uma inspiração . Em homenagem pelos 1 20 anos do nascimento desse imortal Purpurado - nascido em Csehimindsent (Áustria-Hungria), em 29 de março de 1892, e faleci do em Viena (Áustria), em 6 de maio de 1 9 7 5 - , reproduzimos o trecho de artigo de Plínio Corrêa de Oliveira, publicado na "Folha de S. Paulo" em 10-2- 1974, sob o título: A glória, a alegria, a honra ...
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"O bom pastor dá a vida por suas ovelhas" (S . João IO, 11) Nestes tristes dias, marcados por sua destituição Ipor l'a11l11 VI I do Arcebispado de Esztergon, o Cardeal Mindszenty mai s 1111111 v1''/ d 'li provas de que é um bom pastor, representante nu no l' 11l l'I"º do Bom Pastor por exceJência. Para lutar contra o 011wn is1110, qlll· n: <luziu à mi séria espiritual e material as sua v ·llrn s. o 1'111 p11 1ndo magiar acaba de sofrer o último sacrifício. E talv ''I. o 11111 is dol olllso. Comemora-se neste ano [1974] o 25º aniversário dl' sua l'lll'llll'l't:l ·ao pelos comunistas. Ficou célebre a fotogtafia lacimal q111· o 111nsll n no banco dos réus com olhar aterrado mas inquebrant6w l 111111·, 'Dh1 ':Ili de cumprir até o fim seu dever. O mundo int iro viu ·ssa IDI0)'1:1fla, e estremeceu de horror e de admiração. Veio d pois o I npid11 1111, ·1111,· JJ da sublevação anticomunista. E começou então par:i Mo11s. Mi11ds11 nty o longo cativeiro na embaixada norte-am ri ·,rna. Cativeiro no qual - ó mistério! - Ih ·1·a wdndo ll l'ontnto alé com os habitantes do ed ifício. Mas, como ·ol1111a so lit1111:1 110 111eio das ruínas de sua pátria, Mons. Mind zent y p •1111:11 wr111 dt• lll', rnnlinuando na sua conduta as grandezas reli iios;is l' 1111cio11a1s do r ·ino de Santo Estêvão, e preparando, por seu ·x ·111plo, n n·ss1111'l'i~·ao de seu povo. •
PAI .AVR/\ DO SACERDO'l'l•;
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Consjderações sobre a políUca naCÍonal
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Costa Concordia: naufrágio de uma época?
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Obra contra a ofensÍva do homossexuajjsmo
RessurreÍção - analogjas com a HÍstórÍa da Igreja Santa Margarida Clitherow
Santo SudárÍo de Turim
Rvmo. Pe. David Francisquini
42 EFEMf;mm: São José: ReÍ por dÍreUo de herança M ,~:s
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SANTOS ..: FESTAS DO
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AÇÃO CONTRA-REVOUJCIONI\.U.IA
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AMmt<:NTl•:s, CosTuM1•:s, C1v11 ,t1.AÇÜES
Carlos Magno - conjunto de múltiplas e rÍcas quajjdades
Nossa Capa:
A Ressurreição de Cristo - Paolo Veronese, 1570. Gemaldega lerie, Dresde (Alemanha).
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CATOLICISMO
Nossa Senhora coma cabeça inclinada
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Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catoli cismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Março de 2012:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA.
Transcorrendo a Semana Santa neste ano e ntre os dias 1º e 8 de abri l, antecipamos para a presente edição reflexões alu ivas a esse magno tema. Assim, os leitores poderão preparar-se co m antecedência, meditando com base nas considerações que apresentamos em nossa matéria de capa: a) artigo de Plínio Corrêa de Oliveira sobre a glori osa Ressurreição do Sa lvador e sua relação com a História da Igreja; b) trechos de uma conferência na qual o mesmo autor compõe, segundo o método inaciano, o local do Santo Sepulcro e as cenas do sepultamento do corpo sacrossanto de Nosso Senhor. Outro assunto intimamente relacionado com a Semana Santa - o Sudário de T urim - , abordado nas páginas 39 a 41, é de molde a enriqu ecer a temática principal. Mediante notícias, entrevistas e artigos, Catolicismo tem tratado ao longo dos anos do tema relativo a esse venerável lençol que envolveu o corpo sacratíssimo do Redentor. U ma recente confirmação de sua autenticidade veio através cl p squi sa científica, que comprovou ser totalmente inexplicável pela c i~n ·ia o modo pelo qual a imagem de Nosso Senhor foi impressa no linho. Essa pesqu isa confirma, aliás, as anteriores que apo ntam a origem ela morlalha co mo remontando à Palestina do primeiro séc ulo da era cri stã ·oincid indo a figura nela representada com a descrição dos Evangelh os . Na segunda metade do século passado, em mai s 1, u11w ocusião, c ienti stas de vários países realizaram longas e meticu losas p ·squi sas com instrumentos de alta tecnologia para tentar expli car as ·urn ·1 •r si i ·as e.lo ucl ário. E nen hum deles conseguiu resolver, d ponl l 1• visla c ientífico, a presença da extraordinária fig ura de Cristo i111pr ·ss11 no I nçol no qua l fora envolto e sepultado o Divino Mestre. E. s ·11i 1 1n :1 1•ria inclusive levado pesquisadores norte-americanos da N/\ /\ t ·rn1 v rsfío ao catolicismo. Uma hipótese a respeito, veiculada p ·ln i111pr ·nsa naquela ocasião: no momento da Ressurreição, o corpo )lorioso do R ·dentor, ao atravessar o tecido, teria emitido intensís im a lu111i11 osidad , imprimi ndo nele sua adorável fig ura, sem alterar ou clani fi ·ar n própria contextura do pano. Que o inigualável semblant do Snnl o Sudário e os comentários sobre a Morte e Ressurreição de Nosso S ·n hor J •sus C ri sto possam favorecer as reflexões dos prezados le itor •s n ·si ' p · ríoclo da Quaresma. Em Jesus e Maria,
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E ste curioso título foi atribuído a um quadro milagroso da Virgem Santíssiina exposto numa igreja da capital austríaca e objeto ele profunda devoção popular
"Unsere Liebe Frau. rn.it dem Geneigten Haupt!" (Nossa Senhora com a cabeça inclinada). Assim é conhec ido em toda Áustri a o quadro milagroso encontrado em Roma ( J 6 l O) pelo carme lita descalço, venerável F re i Domingos de Jesus , em meio a escombros ele uma casa abandonada (à dir.). Ele o compraria para a sua Ordem - da qua l ma is tarde foi superior geral (16J7-1620) - e há mais ele 200 anos é venerado na igreja dos carmelitas, no bairro vienense de Dobling. Após e nco ntrar o quadro, o re li gioso levou-o para sua cela, limpou-o e pas o u a venerá-lo (à dir. abaixo) . Certa vez e m que se ajoe lh ou diante dele para pedir um favo r a Nossa Sen hora, percebeu q ue ainda hav ia pó. Limpou-o e ntão imediatamente com um pano, dizendo para co nsigo: "Ó Virgem Pura! Não há nada no mundo digno de tocar vosso rosto para limpá -lo. Mas, uma vez que não tenho nada de m.elhor que este pano, aceitai ossirn a minha boa vontade".
dão por esse ato de amor, permanecendo nessa posição. Ao mesmo tempo, ouviu as seguin tes palavras de Maria : "Não temas, ,neu.filho, porque tu.a intenção fo i bem recebida, e como recompensa pelo amor que tens para com. m.eu. Filho e para conúgo, pede uma graça". Imediatamente Frei Domingo pediu que um benfeito r fa lec ido fosse li vrado do purgatório. Mari a prometeu atende r a seu pedido, desde q ue mais a lgumas mi ssas fossem celebradas por aquela alma. Depo is de alguns dias, a Mãe de Deus lhe apareceu com aquela a lma redimida . O re ligioso pedi u a ind a à Virgem Santíssima que todos aqueles que venerassem com devoção aq uela imagem fossem atendidos misericordiosamente. A Santíssima Virgem lhe respondeu. "Todos aqueles que Me venerarem, com devoção diante deste quadro e procurarem em. mim o seu. refúgio, atenderei seus pedidos e lhes concederei m.uitas graças; mas ou.virei especialmente aqueles que pedirem consolo e salvação para as almas do purgatório". Esta promessa lhe fo i feita em Roma em 16 L0. Em seguida e le co locou o quadro para veneração pública na igreja de seu mosteiro - o Maria della Scala.
O primeiro milagre
O qua<II'o cl1ega a Vieiw
Enlão v iu que a cabeça da image m, antes ereta, inc li nou-se em sin al de grati-
Tendo -se torn ado conselhe iro de Ferna ndo II (1629- 1630), Imperador do
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CARLOS EouARDO Sc HAFFER
Correspondente em Viena
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Convento da Ordem Carmelita em Dobling, onde se encontra o milagroso quadro
Comunismo cubano
A Sacro Império, Frei Domingos passou a residir em Viena, onde fa leceu em 16 de fevere iro de 1630. E nterrado na igreja dos carmelitas de Leopoldstadt, próxima do centro, seu corpo fo i transferido para o mosteiro carmelita de Dõbling, bairro mais afastado. Frei Domingos contou ao imperador a hi stória do quadro e dos milagres operados pela intercessão de Nossa Senhora com a Cabeça Inclinada - como a devoção tornou- se doravante conhecida. O soberano pediu à Ordem do Carmo - da qual era grande benfeitor - que o quadro fosse enviado a Viena, o que realmente aconteceu um ano após a morte do religioso. Passou então a ser venerado na capela do Hotburg, o palácio imperial, e tanto Fernando II como sua piedosa esposa Eleonora lhe tinham profunda e terna devoção. Em uma nova manifestação milagrosa, a Santíssima Virgem prometeu ao imperador: "Eu protegerei sempre a Casa d'Áustria com minha intercessão junto a Deus e a elevarei em seu poder enquanto ela permanecer piedosa e me for devotada". Alguns historiadores contam que esta revelação foi fe ita pela Mãe de Deus ao imperador quando este consagrou a Casa d' Áustria e seu império à Imacu lada Conceição, em cuj a homenagem mandou eri gir um grande monumento que ainda hoje pode ser visto na praça Am Hof, na cap ital austríaca (foto acima). Após a morte da imperatriz Eleonora, ocorrida em 1655, o quadro foi levado para a ig rej a dos ca rmelitas em Leopolstadt, ali permanecendo até 190 L Foi então transferido para o novo convento da Ordem em Dõbling, onde se encontra atualmente. Essa devoção acompanhou e confo rtou a Imperatriz Zita (1892-1989) em todas as suas viagen s e fases da vida. Durante as duas guerras mundiais, essa devoção foi de enorme alento para os austríacos. O povo afl uía constantemente e em grande número ao Santuário de Dõbling. Em três ocas iões, durante a primeira guerra, o quadro foi levado em procissão por aprox imadamente 50 mil fi éis até a catedral de Santo Estêvão.
Frei Domingos de Jesus Nascido na Espanha em 16 de maio de 1559 e bati z'1do com o nome de Domingos Ruzzola, entrou cedo para a r-
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dem dos Carmelitas D s ·ulços, r •formada recentemente pela grande Santa Terc. a. Dotad o de dons proféticos, curou doentes e chegou até a r ·ss us ·itar mortos. Favorec id o pe lo di scern imento cios ·sp ritos, lia as consciências. Os Papas Clemente VIII , Pnulo V, rcgório XV e Urbano VIII convocara m- no pnr:i Consi s tó rios e o cons ultavam com frequ ência soh r · importantes problemas da Igreja. Em 16 O, 11 u Bo'l mia, por ocas ião da Guerra dos Tri nta Anos, o v ·n ·r{iv ·I Frei Domingos desempenhou, junt amente co m Muxi rni li ano, duque da Baviera, o conde hnrl cs Bonav ·ntur • d Longueval e o conde de Bucquoy, atuação s m · lh ant ' , do célebre Frei Marco d' A vi no no · · r ·o de Vi na d · 1683 : co ligou as fo rças católicas e ass istiu uos soldados ' 111 suas necessidades, inspirando-lhes a. virtud ·s ·risl' s · u corugcm na luta. Deu também larga contribui çt o para a importante vitória da Liga Cató lica na ba talha d • W ·isscn B ·r ' , p ·rlo ele Praga, e prev iu a morte de usta vo Ad olfo li - o r •i ela Suécia que assolou a Europa d ' 16. O fl 1632, infli gindo grandes reveses aos cató li cos e tratando os v ·ncidos ·om extrema crueldade. •
presidente Dilma Rousseff esteve em Cuba nos últimos di as de janeiro e foi muito criticada por ter-se negado a fa lar sobre os chamados "direitos humanos" naquela ilha-prisão. Teve até um encontro amistoso com o sanguinário Fidel Castro, sob cujo poder milhares de cubanos foram mortos no paredón e por outros métodos. Ela levou consigo uma parcela considerável de dinheiro - patte dos 1,27 bilhão de dólares que ali estão sendo aplicados pelo Brasi l, sem perspectiva séria ele retorno . O efei to prático dessa ajuda é mantero regime comun ista que se aboletou em Cuba desde 1959 e se obstina em não querer largar a presa, apesar da miséria e da inconformidade que gerou . Ora, é muito grave ajudar a manter aq uela ditadura com uni sta. Não só porque ela oprime a popul ação e a mantém pri sioneira sem poder sair, mas princi palm ente porqu e o co munismo é antinatural e representa uma afronta a Deus, opo ndo-se diametralmente à doutrina cató li ca. Vej amos o que dizem os Papas a respe ito.
Sobre o com uni smo escreve o Bemaventurado Papa Pio IX: "Essa doutrina nefanda do chamado comunismo, sumamente contrária ao próprio direito natural, a qual, uma vez admitida, levaria à subversão radical dos direitos, das coisas, das propriedades de todos e da própria so c iedade hum a na" (Encíclica Qui Pluribus). Do Papa Leão XIII: "Nós falamos daquela seita de homens que sob diversos e quase bárbaros nomes de socialistas, comunistas ou niilistas, espalhados por todo o orbe e estreitam.ente ligados entre si por um pacto iníquo [... ] esforçam-se em levar a cabo o desígnio, que há muito tempo formaram., de subverter os fundamentos da sociedade civil. São eles certamente que, segundo atesta a palavra divina, 'mancham toda carne, desprezam toda autoridade e bla.~f'emam toda mc~jesiade'(Jud . Epist. I, 8)" (Encíclica Quod Apostolici Muneris). Do Papa Pio XI: "A doutrina comunista que em nossos dias se apregoa [.. .] apresenta-se sob a máscara de redenção dos humildes. E um pseudo-ideal de justiça, de igualdade e de.fi·aternidade uni-
versai no trabalho impregna toda a sua doutrina e toda a sua atividade dum nústicismo hipócrita" (Encíc li ca Divini Redemptoris). Do Papa João XXIII: "Entre comunismo e cristianismo, o pont(fice Pio XI declara novamente que a oposição é radical, e acrescenta não se poder admitir de maneira alguma que os católicos adiram ao socialismo moderado" (Encícli ca Mater et Magistra). E o Cardeal Joseph Ratzinger (atual Papa Bento XVI), enquanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, no pontificado do Papa João Paulo II, afirmou: "Nestes últimos anos, o pensamento marxista se diversificou, dando origem a diversas correntes que divergem consideravelmente entre si. Na medida, porém, em que se mantêm verdadeira,nente marxistas, estas correntes continua,n a estar vinculadas a certo número de teses .fúnda,nentais que não são compatíveis com a concepção cristã do homem e da sociedade" (Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da libertação; Congregação para a Doutrina da Fé, 6-8- J984 ). •
Escreve o Bem-aventurado Papa Pio IX: "Essa doutrina nefanda do chamado comunismo, sumamente contrária ao próprio direito natural, a qual, uma vez admitida, levaria à subversão radical dos direitos, das coisas, das propriedades de todos e da própria sociedade humana". (Encíclica Oui Pluribus)
E-mail para o autor: c11tolkb1110<1111·1 l'M'OI
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tran sfo rm o u e m um a ma . a el e carpide iras. Isso mostra mes mo que um povo luta por aquil o que não tem e chora pelo qu e tem! No caso deles, absolutamente nada. Choradeira que é reflexo el a ignorânc ia e ci o grau ele opressão a que o povo norte-coreano vem sendo submetido há décadas. E, pior, refl exo ele um paganismo elevado à enésima potência e ele um mais que primüivo culto à personaliclacle. Não se pode chamar aquilo de civilização. Pelo contrário, me pareceu mais hipnotismo em massa, que chega às rai as ele hi steria coletiva e ela mais absoluta falta ele sentido na vicia. (N.A.T.G.P. -
PR)
Mártires contemporâ1wos 18] Imposs ível fi car indife rente di ante ela perseguição, e até mes mo matança ele católicos, como está acontecendo em vári as regiões africanas. Se não temos co mo proteger esses nossos irmãos ou ajudá-l os ele alguma forma, pelo menos rezemos por eles. Meu Deus, até no Natal os perseguidores não dão trégua, ponde um fim a esse ódio cios maus, os muçulmanos radi ca i e outros. Os infi éis faze m atentados com bombas, incendeiam vossas igrejas, abrem fogo contra vossos fi éis, certa mente novos mártires da Igreja católi ca. Meu Deus, co lhei esse sangue desses vosso filh os para frutifi car ainda mais o amor a Vós e à vossa Igrej a no mundo inte iro e quebra i a força dos mau s. E nvi ai vossa Mãe Santíss ima à Terra para es magar quanto antes a cabeça da serpente infe rnal e acabar com essas persegui ções.
(M.C.R.J. -
MG)
Uma massa de cmpidefras ... 18] Nunca pensei que eu fosse testemunh ar co mportamento popular mais servil e inútil que aqu ela choradeira de "sa ngri a desa tad a" do po vo da Coréia do Norte pe la morte de se u "grande líder". A população inteira se
-CATOLICISMO
Dedos e pincéis abm1çoados tgJ Só mesmo por meio dessa revi sta para tomar conhecimento ela maravilh osa ex po ição de qu adros ele Fra Angélico na França. Por que os jornai s e revi stas do Brasil nada noticiam sobre isso? Por que o governo brasil eiro não orga ni za aqui um a ex pos ição como essa? Gostaria que os senhores me esclarecessem essas questões. Fico aguardand o a res pos ta, pois gostei muito de faze r a visita virtu al ao museu pari siense, pelo menos lendo e me imaginando lá vendo aqueles quadros do pintor com seus dedos e pin cé is abençoad os.
(E.V. -
RS)
Tatuagens e a ordem <ll11/m1
nh a ini c iais, co locand o brincos d icl nlifi cação, co loca ndo chips (sic), pinlancl o a lint:a, etc. , para qu e meu vi zinho sa iba que e ·ta é minha e não dele. Ora, se para rec nhecer que a rês é minha eu live qu e marcá- la, entendamos de vez o qu significa um a tatuagem ou marca qu alquer. Porta nto, se marco a ferro e fogo a rês, la é minha. Ora, se tatuo uma marca qualquer - ou uma serpente, um escorpião ou um dragão ou um demôni o com aparência de ser humano-, a quem pertencerei? Quem é meu "dono"? Ainda lembro a Ordem cio excelso Deu : "Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem.fareis m.arca alguma sobre vós. Eu sou o SENHOR " (Levítico 19,28). Isto é uma ord em, Deus usa as palavras "nem .fareis", o que elimina qualquer in terpretação. É uma ordem, e pronto: não faça marca alguma em seu corpo! , ponlo fin al. (C.C.R. -
Ideologia (IC
~ é ll('I'(}
18] A afirm aç1ío d ' qu ' não ex iste o ho me m 0 11 a 111ull1 ' r Lão ab urd a qu anlo n ' •or n r ',tiid acle. Se isto é o ar um •nt o dos qu querem impor a icl olo• iad· , 'lner ,é cleses uporque
· •sso, Ili ' não há mal nenhum em que hnja promi scuidade co m cri anças .. . Poi s parece ser outra das impos ições d:i "contracultura" ! (T.A.-SP)
18] Ao autor da res posla Id ' Moll s.
José Luiz Vill ac, publi ca la na ·d i,;;10 de novembro/20111 , envio minh as r,. li citações e co mpl 111 nt o H 111 11 1 ria com este exempl o. Suponh amos qu u s '.ia um l'azcncleiro. Tenho muit as ·a b ·ças d ' gado. Próx im à minh a faz ·nda há oulra. Ne la ta mb 111 há muit as ·a beças de · gado. H1 vári os 111 todos para fa zer entender 1u d 1 ·rmin ada rês é min ha. Uma é mar ando a forro e rogo as mi-
(MG)
Rcllexão marial 1B] Quem consegue ser filho s m ler co mo mãe a nossa qu e rid a Mãe Ceie ti al? Ela tem um poder ex traordinário para nos ajudar por s r Mãe ele Jesus. Ela abençoa- nos e int rc d junto ao Divino Filho para que Ele nos perd oe, se realm e nte es lam os arrependidos de nossos p cados. om o auxílio d'Ela todos que p dir m re-
cebem a graça da boa co nfi ssão e ela conversão. Com a alma em estado ele graça, poderemos receber a Sagrada Eucaristia com a certeza de sermos fi lhos de Deus. Mas tal graça depende de nó , pois basta dobrar os joelhos e supli car. (J.C. -
PR)
Aparições <le Fátima 1B] Parabé ns pe lo se u site ( www . catolic ismo.com.br), qu e fo rtalece a Igreja católica, a única Igreja verdadeira, o que se comprova até hi stori ca mente. Sou católi co e, há algun s anos, devoto ele Nossa Senhora de Fáti ma, e mbora particul arme nte se m muita fé. Porém, no início cio ano estava na internet fazendo uma pesqui sa sobre reli gião e Igreja católi ca, e du rante algumas semanas na Wikipedia, quando encontrei o tex to sobre as apari ções de Nossa Senh ora de Fátim a. Após ler todo ele, concluí que as palavras de Nossa Senhora eram verdadeiras. Nesse di a, depois de termin ar a minh a pesqui sa, percebi que era di a 13 de janeiro (as apari ções ocorreram na maiori a das vezes no di a 13, e a irmã Lúcia, uma das videntes, morreu ta mbém num di a 13). (A.R. -
SP)
Aquecimento global? 1B] Prezados Senh ores: Já por mais vezes li nes ta conceitu ada rev ista opi ni ões ele pessoas que negam o aquecime nto da Terra pela grande qu eima de derivados de petróleo e ca rvão. Haj a vi sta a cio nº 73 J - Novembro 20 1 1. E nqu anto são inúmeros o. alertas de cienti stas precatand o medidas para não corrermos o ri sco de catástrofes muito graves para nosso pl aneta . E nvi o-lhes um recorte do "O Estado ele São Paul o" que trata do ass unto. Será qu e os cie nti stas estão xageranclo? Atenc iosa mente. (Pe. C.A.P. -
SC)
Nota da Redação: A referida matéri a de "O Estado ele S. Paul o", intitul ada " Nem os céti cos duvidam mais", não fa z senão repetir os alarmes do aqu ec imento global enquanto causado por fator humano. Ora, é sabido que o estudo do IPCC sobre o tema, apoiado pela maioria dos cienti stas, entretanto foi recusado por uma minori a signifi cativ a. Como em matéri a científica a questão não se resolve por maiori a, a voz da minori a tem que ser considerada. É o que nossa revi sta tem feito, dando voz a expoe ntes a bali zados dessa min o ri a. Cabe aos cienti stas chegar a uma conclusão final que se imponha a todos. Nesse sentido, é curioso que os partidários do aquecimento global causad o pela ação do ho me m qu eiram apressar o fim ela controvérsia. Ass im, embora a notícia de "O Estado" só cite um ci enti sta cético que mudou ele posição, o articuli sta se julgou no direito de adotar, como título ele sua matéri a, "Nem os céticos duvidam mai s". O leitor apres ado concluirá que a controvérsia acabou. Justamente a notícia de Catolicismo que o senhor cita em sua carta, inform a que um prêmi o Nobe l de Física se re ti ro u el a Ame ri can Ph ys ica l Society por di scordar dela na questão cio aquecimento global. A controvérsia, portanto, continua. A matéri a tem im pli cações ideológ icas de esqu erda bem conh ec id as . A esta revista incumbe manter seus leitores info rm ados sobre o desenvolvimento da controvérsia, ouvind o as vozes co ntraditó ri as c uj as lá ures acadêmi cas não te m sid o sufi cientes para lhes abrir as portas da grande impre nsa . Como leigos em matéri a científi ca, deixa mos aos cienti stas que encerrem a controvérsia. O que não acontecerá tentando-se simples mente calar as vozes di scordantes.
FRASES SELECIO NADAS
"Eu, por amor cfe ti, fla9eki o Egito e seus
prinw9ênitos; tu, porém, entregasteMe à nwrte depois cfe Me Jfa9efares! Eu efevei-te em _9Tancfem e poáer, e tu suspendeste-Me no patí6ufo da Cruz!" (r~propfrío ctci Actorciç,eío ctci Cruz)
"A reafeza do Céu é para os que não tive-
ram na. Terra senão um trono: a cruz'' (Leoll\,í Kciseff)
"A vida é apenas a somóra que projeta a Cruz cfe Jesus Cristo: fora dessa som6ra não
fui senão nwrte» (AIA,ôll\,í~o)
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
MARÇ02012-
, Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - Tenho uma sobrinha que é católica e está noiva de um evangélico como o qual pretende casarse na igreja dele. Ela me convidou e minha esposa para sermos seus padrinhos no civil. A minha pergunta é: sendo católico, eu posso ser padrinho deles, sabendo que irão se casar em outra religião? E, se ela nos convidar para o religioso, poderemos ser padrinhos?
Resposta - A pergunta ap resentada pe lo consule nte é mui to de licada e c he ia de matizes. M as dá e nsejo para se mostrar toda a.firmeza e, ao mesmo tempo, todo o Lacto da Igreja no trato da questão. Firmeza: "O matrimônio entre duas pessoas, uma das quais.foi batizada na Igreja Católica [... ] e outra não batizada é inválido " ( Código de Direito Canônico, câno n 1086, § l ). É o que se c ha ma casamento com disparidade de culto e ntre os contrae ntes. Portanto, o projetado casame nto de sua sobrinha é, em princípio, invá lido ! M as a Igreja é mãe, tem bom senso, e sabe que esses casame ntos aco ntecem . E ntão estabeleceu no rmas sábias para que ta is casa me ntos possam ser reconhecidos e tenham validez. E isto vem di sposto logo no parágrafo seguinte(§ 2) do mesmo câno n 1086: "Não se dispense deste impedimento
a não se r que se cumpram as condições indicadas nos cânones 11 25 e 1126". Esta dispensa pode ser concedida pe lo Ordinário do lugar, isto é, no rma lme nte o Bispo. Quais são as condições indicadas nos câ no nes li 25 e 11 26? Vejamos : Cânon 11 25: "Se há um.a causa justa e razoável, o Ordi-
nário do lugar pode conceder esta licença; porém não deve concedê-la a não ser que sejam cumpridas as seguintes condições: J" que a parte católica declare estar preparada para afastar os perigos de defecção na f é, e prorneta sinceramente que fará todo o possível para que toda a prole seja batizada e educada na Igreja católica; 2" que se informe tempestivamente destas promessas da parte católica à oulra parte, de tal modo que conste estar esta verdadeiramente consciente da promessa e da obrigação da parte católica; 3" que ambas as partes sejam instáddas a respeito dos fins e propriedades essenciais do matrimônio, que não podem ser excluídos por nenhum dos contraentes". O câno n 11 26 atribui à Confe rê nc ia ep iscopal do país fixar o modo pelo qual estas declarações e comp romissos devem ser fe itos, de fo rma que constem com certeza pa ra ambas as partes e para o foro externo. Ass im, sua sobrinha deve procurar o bispo do lugar e, ass umidos os compromissos indicados, pedir a e le a neces-
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CATOLICISMO
sária di spe nsa, para que seu casamento com um protestante possa rea li za r-se de modo válido.
Forma canÔJ1ica de cele/Jração do mauimô11io Obtida a dispensa para o casamento com disparidade ele c ul to, é preciso adema is que este se reali ze co m a assistênc ia ele um mini stro ela Igreja (bi spo, sacerdote o u diácono) e na presença ele duas testemunhas (câno n 1108); e m uma igreja paroquia l o u - com dispensa cio Ordinário - em o utra ig reja o u oratório (cânon 111 8); e com a observâ nc ia cios ritos presc ritos nos livros litúrg icos aprovados pela Ig reja (cânon I J 19). Por brevidade, me nci o na mos aq ui apenas os cânones princ ipais que descrevem a forma canô nica ele celebração cio casamento. E o Cód igo ele Direito Canônico deixa claro que a fo rma canô nica, assim sumaria me nte descrita, se ap lica ao caso que estamos estudando: Câno n 1117: "A forma acima estabelecida
deve ser observada se pelo menos uma das partes contraentes tiver sido balizada na Igreja católica[. .. ], ressalvadas as prescrições do cânon 1127 § 2". Antes, porém, de vermos quais são as prescri çõ s cio cânon l 127, convé m ex plicar que e le se aplica, e m pri me iro lugar, ao que o Código cha ma ele matrimônio misto, isto é, o realizado entre duas pessoas batizadas, uma das 4u ai s posteriormente aderiu a uma igreja que não está c m ·omunhão com a Igreja católi ca. Mas, logo e m seguida, o ·âncm 1129 adverte que "as prescrições dos cânones 11 27 e l l 2Hdevem
aplicar-se também aos matrimônios em que hr(ia o impedimento de disparidade de cullo, do qual trata o d/11 011 1086 § ./ ", dos quai s vimos trata ndo neste artigo. Como explicamos ele iníc io, o casamen/0 co111 disparidade de culto é o que se dá quando um cios co ntra ' nt ·s f'oi bati zado na Igreja cató li ca e o o utro não fo i bati zado c m igreja a lg uma. Estamos supondo que este seja o ·aso do e vangéli co a que se refere a pergunta - fato a co nrinn a r. om cf'cito, se e le tiver recebido va lid amente o bati s mo o que a Ig reja admite que pode ocorrer mes mo e m a i 'umas seitas protestantes - o seu matrimônio també m s ri a válido, porém ilícito sem a competente dispensa, conforme câ nones 11 24 e J 125 do atua l Cód igo de Direito a nônico . Di spositivos a nálogos já ex istiam no Cód igo a nteri o r, de 1917 .
Para melhor e11te11der a <lisf)c11sa canônica Vejamos agora o cânon 11 27, que é a c have para a com preensão ela dispensa da forma canô nica que pode dar-se, tanto no caso de matrimô ni o misto como no ele disparidade de c ulto. Como nos inte ressa apenas este último caso, om iti mos po r brevidade o § 1, e passa mos diretamente aos §§ 2 e 3 (aplicáveis aos dois ca os): Cânon 11 27, § 2: "Se gra ves dificuldades impedem que
se observe a.forma canônica, o Ordinário do lugar da parte
católica tem o direi/o de dispensá-la, consultado o Ordinário do lugar em que o casamento será celebrado, e seja realizada, para a sua validade, alguma .forma pública de celebração [.. .] ". Os comentaristas mencionam , entre as graves dificuldades que podem dar origem à d ispensa da fo rma canôn ica, fatos como a oposição irredutíve l ela pa rte não católica; um grave conflito ele consciênc ia dos contrae ntes, in solúve l por o utra forma; e o utras comp licações do gênero. A consulta ao Ordinário do luga r em que o casamento será celebrado é impo rtante, porque este pode conhecer mai s fac ilmente se a ce lebração do casamento e m forma não canô nica acarreta algum peri go de escândalo o u o utros inconveni e ntes que convé m ev itar. Passemos ao câ no n l 127, § 3: "Proíbe-se que, antes ou depois da celebração canônica realizada de acordo com o §
/, haja outra celebração religiosa do mesmo matrimônio para o efeito de prestar ou renovar o consentimento rnatrimonial; ig ualmente não se faça uma celebração religiosa em que simultaneamente o assistente caiólico e o ministro não católico, realizando cada qual seu próprio rito, solicitam o consentimento dos contraenles ". Seg undo os co m e ntar istas ela Fac uldade de Direito anô nico da Universidade Pontifícia de Salamanca, este§ 3
"proíbe a denominada celebração ecumênica do m.atrimônio: a simultaneidade do assistente católico e do ministro não católico, pedindo cunbos o consentimenlo matrimonial
das partes, cada um em seu rito; proíbe ademais a celebração ante rior ou posterior de uma cerimônia religiosa do mesmo matrimônio para prestar ou renovar o consenlim.ento matrirnonial " (Código de Derecho Canónico - Ediciún bilíngue comentada, BAC, Madrid, 1983, p. 549). Como vê o rnissivi sta, trata-se de urna situação delicada em que se e ncontra sua sobrinha. Portanto, e le faz bem e m tirar a limpo as condi ções e m que se realizará o casame nto antes ele aceita r sua participação ne le, junto com sua esposa, como padrinhos do c ivil. Sem as devidas dispensas, será um casamento inválido, e sua participação ne le, ilíc ita . M as se sua sobrinha o estima a ponto ele conv idá- lo para padrinho, o senhor está e m condições de orie ntá- la para proceder e m tudo de aco rdo co m os câno nes ac ima transcritos e exp licados. Sobretudo poderá encorajá- la a levar as promessas e os compromissos espec ificados no cânon J 125 muito a sério: não colocar a própria fé em risco e zelar pela transmissão ela fé cató lica a seus filh os. Se o fizer com dedicação e coração reto, pedindo na oração o auxílio divino - sobretudo por meio ele Nossa Senhora, Medianeira de todas as graças - esse casamento poderá ter um desfecho fe li z. O exemplo que ela der, de esposa fie l a Deus e fiel ao marido, certamente será um poderoso fato r pa ra abrir o coração cio cônjuge para os esple ndo res da verdade cató lica. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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Socialistas rendem-se a uma arte aristocrática ...
Restauração da imagem de Nossa Senhora de Lepanto
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gastronomia é uma arte levada à glóri a na corte de Luiz XIV e requintada em mesas cio século XIX. Intelectuais socialistas e comunistas a odeiam e exaltam a alimentação proletária. Os " vereies" execram até os bons pratos populares e propõem o consumo de in setos nauseabundos. Porém, após ditirambos, o jornal "Le Monde" registrou que os corifeus do soc iali smo e cio ambi entali smo descabe lado se reún em no s templos mais se letos da gastron omi a pari siense para se regalarem com suas delíci as. A "esq uerda caviar" e os j ornali stas de "Libérati on" gastam boa parte cio ordenado em restaurantes "estrelados". Embora Lucio M agri, diretor ci o j ornal itali ano anarco-subversivo "II Manifesto", qualifi casse depreciativamente ele " padres" os militantes que elogiavam a boa mesa, ele "nas férias ia à França para fa zer um giro discreto, mas sucu-
Bern e aludi a àquele superi or d ' sígnio que faz dos monarcas uma imagem viva d ' 1 cu s como Rei do Uni verso, ainda quando a ra inha seja infe li zmente chefe nominal ele uma fal sa i ir'ja! •
Convertem-se hinduístas que martirizaram cristãos
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nv o lta num a auréo l a de pres tíg io, a rainh a Eli zabeth li completou 60 anos de reinado, tornando-se a segunda monarca britâni ca a celebra r o jubileu de diamante. Ela não govern a, ma com 86 anos influ enc i a muito mai s ci o qu e qu alqu er governante. "É uma f igura materna e protetora, mãe
Funcionários da empresa chinesa Foxconn protestam por me lhores condições de trabalho
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CATOLICISMO
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benfeitora da nação, que f az o povo acreditar sempre em seu destino histórico" - escreveu o jorn ali sta francês Stéphane B ern. " O essencial de se11 trabalho não é tanto presidir as ceri111ô11ia.1· r~/iciais, mas de preservar a mística da mo11arq11ia " - prosseguiu.
Elizabeth li: 60 anos de reinado aureolado de prestígio
Demolição e dessacralização de igreias na Europa igrej a de Santa Catarina, no centro ele Bruxelas, será tran sform ada em mercado de legumes. E la não tem paroquianos e é uma das 40 igrejas ele Bruxelas - de um total ele 11 O - que serão desativadas. A arquidi ocese falou em "excesso" ele igrejas. A Bélgica fo i um país católico até ser corroído nos anos 30 e 50 do sécul o passado pelos erros do progressismo incubados na Ação Católica, os quais exp lodiram no período pós-concili ar. Na ltália, por sua vez, ex istem à vencia 50 "ex- locais de culto", entre os quai s a igreja ele Volterra, ed ificada no ano 850. N a Holanda, igrejas viraram mesquitas ou loj as e pistas de skate, fechando-se semanalmente dois templos de modo definitivo. Podem -se comprar bancos ele igreja por 40 ou 60 euros, e também pia batismal e órgão. O que Lenine sonhou e os sovietes tentaram fazer num banho de angue, agora se torna satân ica rea lidade sob a égide da União Europeia. •
Púlpitos católicos silenciam, mas os tiéis crêem nos anjos ara 77% dos adultos americanos, a presença dos anjos em torno dos homens é uma realidade. Assim o revelou pesquisa da Associated Press e da GfK, que consultaram 1.000 pessoas no mês de dezembro. Para 88% dos consultados, a fonte dessa convicção é a Religião cristã. Mas a crença nos anjos é também compartilhada pela maioria dos não cristãos: mais de quatro em cada dez americanos que nunca assistem culto religioso acreditam nos espíritos celestes ou nos infernais. Porém , qual é a proporção dos púlpitos católicos que ensinam a doutrina sobre tão fundamental questão? Omissão que pode ter efeitos trágicos no discernimento dos fiéis sobre os anjos bons e os demônios. Desse silêncio inexplicável só o "pai da mentira" tira proveito.
lento e requintado, nos melhores restaurantes" ... • Igreja de Volterra, na Itália, edificada no ano 850 e agora à venda ...
frente da frota católica na decisiva batalha de Lepanto encontrava-se a " Rea l" - a mais temível nave ele guerra da Cristandade. Em cores verm elha e dourada, luxuosamente ornada com esculturas e baixo-relevos reli giosos, ela era comandada por D om João d ' Áustria, almirante-chefe ela frota ca tólica. A " Real" enfrentou diretamente "A Sultana", o principal navio dos otomanos, comandado pelo chefe islâmico Ali Pachá, que aca bou sendo morto por um marinheiro espanhol. N a " Rea l " hav i a uma im age m el e N ossa Senhora ci o Rosário, ou " Virgem da Vitória", Rainha da Cruzada contra o Islã invasor. Es a imagem, que se acreditava perdida, foi recuperada e está sendo restaurada no Museu Nava l da Espanha. Tal restauração é um símbolo promissor no momento em que o I slã confessa sua intenção de invadir novamente a Europa. •
Islâmicos martirizam cristãos em obediência ao Alcorão
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entenas d ca t li cos estão sendo martirizados em covard s at ntacl os perpetrados na Ni géria pela seita islâm ica " Bok Haram" . A mídia não explica a procedência ele s gru1 o. Entretanto, seu líder, o Imã Abubakar Shekau, diz o qu p nsa até no Youtube: "O Jesus dos cristãos é um servo e profeta de Alá. Ele não é o Filho de Deus. O cristi-
anisrno não é religião de Deus - é paganismo. [... ] Estamos tentando forçar os cristãos a abraçar o Islã, porque é isso que Alá nos instruiu afazer: [. .. ] vocês cristãos: se arrependam! [... ] não dura 5 m.inutos para matar alguém do j eito que estão sendo mortos. Nós seguimos os ensina,nentos do Alcorão". - É possível um "ecu meni smo sincero" com tai s seguidores do A lcorão? •
Fábricas chinesas: métodos de campos de trabalho forçado
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as fábricas que produzem iPads e iPhones para a Apple em Chengclu, as condições ele trabalho são terríveis : sete di as por semana, horas extras excess ivas, dormitórios comuns superlotados, trabalho fe ito de pé - a ponto de deixar inch adas as pernas dos operários, quase impossibilitando-os de anelar - , trabalho infantil, acumul ação de lixos tóx icos e falsificação ele registros fe itos "para inglês ver", ou seja, para ONGs dos direitos humanos "verem". O mesmo esquema impera em fábricas que opera m para a Dell, HewlettPackard, IBM, Lenovo, Motorola, Nokia, Sony, Toshiba e outras. N a Foxconn, cartazes nas paredes exortam os 120 mil empregados: "tra-
balhe com afinco hoje ou vai ter que trabalhar duro para encontrar um emprego amanhã ". A frase evoca os slogans cios campos ele tra-
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o estado indiano de Orissa oriental, os católicos celebraram o fim de ano com surpreendente alegria. Poucos anos atrás, mais de cem deles foram martirizados naquele local por fanáticos hinduístas. Hoje é surpreendente ver que muitos dos assassinos estão se convertendo. O fazendeiro Kartick Behra, que vai à igreja há um ano, explicou: "Ficamos emocio-
nados com a fé desse pessoal e por isso decidimos nos tornar cristãos". Muitos outros pedem perdão por terem tentado perverter os católicos pela violência. "O
fato é que Kandhamal está provando que Tertuliano tinha razão" - comentou o Pe. Pradhan , ex-reitor do Seminário Menor de São Paulo, em Balliguda. É de Tertuliano o dito célebre: "O sangue dos mártires é
semente de cristãos".
balho forçado naz istas ou stalini stas. •
MARÇO2012 -
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NACIONAL
Vazio democrático gera desinteresse A 1gumas consiclerações sobre o panorama da política nacional no decurso dos primeiros meses de 2012 PUNIO V IDIGAL XAVIER DA SILVE IRA
H
á duas situações e m que o comentari sta sente dific ul dade em exercitar sua pena. Uma se dá quando diversos acontecimentos importantes atropelam-se uns aos o utros, fo rm a nd o um e maranh ado difíc il de se parar, de hierarquizar, e de atribuir a cada fato seu devido valor. É como numa fl oresta ex uberante em que o entrelaçado dos tecidos vegetais dificulta a passagem de quem pretende adentrá-la. O utra situação, be m di fe rente e talvez mais difíc il , se dá q uando o come ntari sta se depara com o vazio po lítico, com a ausênc ia de gra ndes lances, se m um a vi são do futu ro atinente ao bem comum da Nação em consonânc ia com sua vocação prov ide ncial. Ni sso estamos. Vamos, pois, a fatos de menor monta. 1 -
CATOLICISMO
Cl'Íse existencial
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Fórum Social
Rea li zou-se em Porto Al egre, de 24 a 28 de janeiro, a liª . edição do Fórum Socia l com vi stas a agrupar o q ue a esquerda tem de ma is radi cal. A circunstânc ia de ser governador do Rio Grande do Sul um peli sta dos mais ard idos, Tarso Genro, ex plica de sobej o a escolha mai s uma vez da capital gaúcha. Po is o governo estadua l - como sucedeu po r ocas ião do prime iro e do segundo Fóru m, qua ndo o PT de tinha també m a prefeitu ra co m seu trombeteado "orçame nto partic ipati vo" - encarregou-se do patrocín io. Só q ue e nqu anto os participantes de 2001 e 2002 esperavam com ardor catapultar a esquerda mundial para que esta substi tuísse com vantagem o sov ietismo ru sso colapsado2, as edi ções posteri ores do Fórum fora m perdendo importância e, a partir da 4". edi ção, mudara m o lu gar de sua rea li zação , sobretudo pe la falta de reperc ussão no públi co. A 11 ª não constituiu exceção nessa ra mpa decade nte. Fa ltou-lhe tudo o que abundo u nas duas prime iras edições, sobrando apenas o des inte resse gera l. Não fosse a generosidade dos cofres go ve rn ame ntais, sua rea li zação teri a sido im possível. O Fórum "é bancado em sua maior pa rte com dinheiro público - R$ 3,6 milhões em verbas públicas", pro ve ni e ntes so bretud o das es ta ta is Co r a n, Ba nri s ul , Badesul e Petrobras, além da "o.ferra de i,~fi ·aesrrutura como
salas, auditórios e praças para debates e shows, m.aterial de apoio, energia elétrica e serviços de tradução pelas quatro pre.feiluras e o governo do Estado". T ratou-se, portanto, muito mais de um encontro ofici al patroc inado pelo Estado do que de um fe nômeno social. E seu po nto tido como culminante não fo i nenhum ato ou reivindi cação soc ial , mas o di scurso da pres idente Dilma para uma pl até ia que mal chegava a ocupar a metade do rec into do Ginás io Gigantinho. F rustração. O Fórum procurou arrebanhar ati vistas dos fracassados mov imentos dos indignados, "integrantes das manifestações da Europa, como os 'Indignados' espanhóis, e dos Estados Unidos". Ali ás, consti tuem todos eles farinha do mesmo saco, como o reconheceu um dos próprios organizadores do Fórum, o empres{u-io Oded Grajew: "Essas correntes [de indignados] são velhas _fi-equentadoras do Fórum " . Os partic ipantes de Porto Alegre tentaram ainda dar um colorido verde-ecológico ao seu evento, apresentando-o como uma preparação para a Rio+20, a reali zar-se em junho. Mas nada pegou. A monotoni a do Fórum fo i quebrada pe la presença do terrori sta itali ano Cesare Batti sti, condenado por di versos crimes em seu país e aco lhido de braços abertos no Bras il pe lo governo Lul a. Com os cabe los ting idos de lo iro e uma vistosa cami sa vermelha, e le fo i ag radecer a Tarso Genro na ocasião Mini stro da Ju stiça - o fato de não ter sido deportado para a Itália, onde a prisão o esperava. " O acampamento para jovens não lotou, a marcha de abertura f oi dominada por claques de centrais sindicais e as barraquinhas de li vros marxistas e camisetas de Che Guevara praticamente sumiram da paisagem. Até o discurso de Dilma soji·eu com a f alta de público". O título com o qual a reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" noticia o encerramento do Fórum é característico: "Esvaziado, Fórum. Social termina hoj e sob crise existencial". C uriosamente, anali sando a edição· de 2009 desse mesmo Fórum, Catolicismo publicou na ocas ião um arti go intitulado " Fórum Social padece de dúvida exisrencial". 3 Como se vê, o Fórum Soc ial, ponta de lança das esquerdas mais radicais, limitou-se a ser mais do mes mo. Po r sua vez, o j ornal soc iali sta "E I País", de Mad ri , comenta: "O ji·acasso da XI edição do Fórum Social de Porto Aleg re é o melhor símbolo da crise da esquerda e de uma era histórica terminada [... ] Revelou melhor do que muitas análises circunspetas, que aquilo que Porto Aleg re sonhava se desvaneceu de repente". 4 M as se o sonho das esquerdas desvaneceu-se e m Porto Alegre, e las proc ura m alentá-lo a lhures ...
Dilma leva ajmla ao governo <lc Cuba
de fome. E, entreta nto, nem Lul a ne m Dilma fa laram de di re itos humanos. O ministro das Relações Exteriores, Antoni o Patri ota, chegou a afirm ar que a questão dos direitos humanos e m Cuba "não é emergencial". Mas, ao mesmo tempo, a pres idente não deixou de a lfinetar os Estados Uni dos quanto às condições da pri são de Guantánamo. Esqueceu-se, de um lado, que por piores que estas possam ser, não se comparam nem de longe com as dos cárceres cubanos; de outro lado, em Gu antánamo estão confin ados ele mentos ac usados de terro ri smo, e nquanto Cuba é uma nação cuj o povo todo está há mais de meio século opresso e confinado por um regime antinatura l e perseguidor. Antes de sua vi agem, a presidente do Observatório Cubano de Direitos Humanos, Elena Larrinaga, ponderou: "Eu acho bom que ela vá a Cuba, desde que ela diga o que deve ser dito" . Também "o grupo opositor Damas de Branco disse que espera conseguir uma audiência com a presidente Dibna Roussefle pedir que ela inte rceda em f avor dos direitos humanos no país". O pedido de di ssidentes para sere m ouvidos por Dilma não encontrou eco. O governo brasil eiro limitou-se a conceder um vi sto de turi sta para a di ss ide nte cuba na Yoani Sánchez vir ao Brasil , mas sua viagem dependi a de autorização para sa ir da ilha- pri são - a qual lhe fo i negada pelo regime comuni sta. A saída que a pres idente Dilm a e ncontrou fo i di zer que "direitos humanos não podem ser anna ideológica", esqui vando-se dessa fo rma de trata r da situação de Cuba. Como se ta l arma não tivesse sido usada contra os atletas cubanos deportados pe lo go verno Lula por ocas ião dos Jogos Olímpi cos do Ri o e reco ndu zid os à ilh a-p ri são e m a vi ão venezue lano. Dilma acrescentou que tinha "muito orgulho" de encontrar-se com F ide l Castro, ma não fez ne nhuma alusão à necess idade de se cri ar em C uba uma "Comi ssão da Verdade" para apurar os incontáveis crimes cometidos pelo regime comuni sta no tristemente fa moso paredón. Poucos di as antes da chegada da presidente a Ha vana, em reuni ão do PC cubano, Raul Castro fez exa ltada defesa do parti do único - ev ide ntemente o comuni sta, po rtado r da única " verdade" admitida em Cuba, a utopia marxista. Mas, afi na l, o que fo i a pres idente Dilma faze r em Cuba? Im agine-se alguém cuj a empresa está necessitando de inúmeros reparos e da criação de novas estrutu ras, e seu admi ni strador, e m vez de pôr mãos à obra, va i apli car o dinheiro no conserto da e mpresa de um outro que dil apido u seu A1 2 mundo • • •
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Brasil concede visto a blogueira cubana Em vfcleo dlvulgnclo na ln1emc1, Yoani Sá.nchez pediu ajuda à presidente Ollma 1>ara vir ao paíslançar docunientãrto
Outro tema que merece menção é a vi agem da pres idente Dilma a Cuba, em 30 e 3 1 de j ane iro . Os govern antes pelistas, e m suas viage ns a Cuba, tê m in vo luntari amente co locado em rea lce a triste sina dos infe li zes di ss identes cubanos: a viagem de Lul a em 2010 e a de Dilma e m 201 2 fora m ambas marcadas pela morte de diss identes em greve
MARÇO2012 -
Sessão de abertura dos trabalhos do Judiciário em 2012, no Supremo Tribunal Federal
Como justifica ti va para a mi séri a que im pera em Cuba, as esquerdas em geral, em vez de a atribuírem ao regime soc iali sta que acabou com a pro priedade pri vada e a livre iniciati va, acusam o embargo econômico norte-ameri cano. O argumento chega a ser ri sível, pois põe em ev idência que, para não cair numa situação subumana, Cuba necessita do apoio permanente dos Estados Unidos ! Ju<liciário: desma11telame11to <las instituições
patrimônio e trata seus empregados como . e fosse m pri sioneiros. Ora, é co m essa Cuba que o governo brasileiro quer estreitar o relac ionamento comercial e dipl omático. Mas que tipo de estreitamento? "A presidente levará no bolso a aprovação das duas últimas parcelas de US$ 380 milhões de .financiamento para a conclusão da reforma do Porto de Marie/, a 50 km de Havana, conduzida pela construtora brasileira Odebrecht. Se rão investidos, em quatro anos, US$ 957 milhões, dos quais US$ 682 milhões (7 J %) fina nciados pelo BNDES ( Banco Nacional do Desenvolvúnento Econômico e Social). Dilma "anunciará também uma linha de crédito para que o pais importe equipamentos agrícolas brasileiros". "Com isso, o fina nciamento brasileiro à ilha chega a US$ 1,37 bilhão". Se fosse m capazes de sentimentos, até os bu racos de nossas estradas e as demais lacunas de nossa insuficiente infraestrutura, seriam capazes de bradar e perguntar por que essa fábul a de dinheiro entregue a um regime tirânico não fo i empregada, por exempl o, para evitar a morte de milhares de brasileiros em nossas vias de comuni caçãô. Tanto mais qu anto é sabido que Cuba nunca vai pagar essa dívida, e que, portanto, o governo bras i.leiro está co laborando de modo possante para a manutenção naquele país do reg ime comuni sta. Comenta-se que o pl ano seri a in sti tuir em torn o do Porto de Mari el - para cuj a recuperação grande parte do dinheiro está sendo destinada - algo à maneira das "zanas econômicas especiais criadas pela China para atrair capital estrangeiro, recebendo empresas industriais e
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CATOLICISMO
de logística". Ta mb 111 a decadente produção de ca na seria reativada co m in vestimentos bras ileiros. Entre parêntese , chama a atenção como esse empenho em manter Cuba como enclave comunista na América Latina é comum às esq uerdas latino-americanas. Para elas, por mais que o povo cubano esteja sofrendo, por mais que suas insti tu ições ejam ditatoriais e antinaturai s e estejam desprestigiadas, por mais que ali os direitos humanos sejam espezinhados à vista do mundo in teiro, o aspecto simbólico de um govern comuni ta entra nhado co mo um câncer na carne da América Latin a pas a na frente de tudo. Sinal característico di sso foi a recente fo rm ação da chamada Co munidade de Estados Latino-ameri canos e Caribenhos (CELAC), paralela à Organização dos Estados Americano (OEA) , incluindo uba e ex cluindo os Estados Unidos e o Canadá.
Para abordar as causas da cri se do Judiciário, entra-se clecicliclamente no ca mpo elas hipóteses. E dentre elas uma assoma imediata mente ao espírito: o descontentamento ela opinião pública em relação a uma séri e ele atos cio Judiciári o cresceu na medida em que esse Poder ela República chamava a si a tarefa inglóri a ele coonestar a revolução mora l. Enquanto o Poder Legislativo, diretamente dependente cio voto popul ar, evitava aprofund ar o fosso com a opini ão pública, não aprovando certas leis atentatóri as à moral tradi cional, o Judiciári o brasileiro vinha atuando ultimamente co mo uma espéc ie ele ponta ele lança ela revolução cios costumes. Passando por cima ela Constituição e ela lei ordinári a, equiparou a uni ão homossexual à uni ão estável entre homem e mulher. Depois liberou a marcha el a maconha. E já se comenta que irá liberalizar o próprio uso desse entorpecente, bem como estender o número ele casos em que o aborto não é punido. O aspecto mais pungente ela cri se cio Judiciári o é que ela revela ·er mai um capítulo do des man telamento das insti tuições.
FUNAJ, MST, COl'l'llpção financeira Haveri a, por fi m, a considerar o obstinado empenho ela F undação Nac ional do Índi o (FUNAI) - com apo io cio Conselho l ncligenista Mi ssionário (CJMI), ligado à CNBB - em querer demarcar novas extensões ele terras para poucos índi os, em clara ofensa ao que determin a a Constituição e às regras estabelec idas pelo STF. "O que está acontecendo é que a Funai, ou alguém desconhecido, importa índios de um luga r para oufro, com o obj eti vo de j ustificar a ação antropológica, e o Brasil precisa conhecer isso" - di sse o depu tado Moreira Meneies (PSD-R0).5
Milhares ele metros cúbicos ele macieira, avaliados em R$ lO milhões, apodreciam nos lotes ou eram consumidos pelo fogo no assentamento Zumbi dos Palmares, em Iaras (S P), sem que aparentemente o IB AMA se preocupasse (pois se trata do inefável MST). Até que o INCRA resolveu leiloar a pequena parte ainda aproveitável cio lote. Mais ele 13 mil metros ele madeira - ele pinus - empilhada fora m vendidos por R$ 133 mil. O leilão recuperou pouco mais de um J% do valor pago pelo governo federal para adquirir a floresta inteira. A Uni ão desembolsou R$ 13 milhões para indeni zar os antigos donos e destinar o assentamento à Reforma Agrária. Parte da macieira fo i vendida por uma cooperativa ligada ao MST, mas teria havido desvio do dinheiro, fato que constituiu alvo ele processo na Justiça Federal de Ourinhos (SP). A corrupção financeira generali zada - com as honrosas exceções - torn ou-se tema tão recorrente nos meio. políti cos que eu me di spenso de abord á- la. Vc'Jzio democrático, desinternsse p.e la política
Uma palav ra fin al a respeito do vazio na políti ca nac ional relativo aos gra ndes idea is e aos grandes temas capazes de ga lvani zar a op inião públi ca. Na área política, tudo é tratado como se na vida só a economia tivesse importância e que a fi nalidade cios governos se restringisse a acabar com a pobreza. O debate sobre os grandes temas, como co muni smoanticomunismo, arte verdade ira e pseudo-arte, educação di fe renciada, Re ligião verd ade ira e falsas reli giões, va lores morais, importância elas desigualdades justas, harmôni cas e proporcionadas para o reto desenvo lvimento soc ial, papel elas elites autênti cas - tudo isso é banido cio panorama nacional. Resultado: a parcela mais din âmi ca da opini ão públi ca, a mais apta a parti cipar dos destinos da Nação, se desinteressa da po lítica e cios políticos. Não há pesqui sa ele op ini ão em que os políticos não apareçam na rabeira mais envergonhada. Na hora de votar, como é obri gatóri o, o eleitor procura aquele que co nsidera o " menos pi or", e o resto do ano esq uece-se dele. Se isso é uma democrac ia autêntica, pobre democrac ia! Plíni o Corrêa de Oli veira a qualificava de "clemocracia-semide ias". • E-mai l para o autor: catol icismo @1erra.com.br
Notas: J. A s in fo rm ações citadas neste arti go, salvo ind icação em co ntrári o, base iam-se no noti ciári o da imprensa, espec ialmente nos diári os "Folha de S. Paulo", "O Globo", "Zero Hora" e "O Estado de S. Paul o", e " A gência Estado" cios dias 17- 1 a l º-2-20 12. 2. V er a respeito: A pretexto do combate à globalização renasce a luta de
classes - Fórum Social Mundial de Porto Alegre, berço de uma 11eorevoluçc7o aná rquica, .J osé A nto ni o Ureia e Gregorio V ivanco Lopes, Ed itora Cru z de Cri sto, S. Pa ul o, 2002. 3. http://www.cato! ici smo.co m.br/materi a/materia.c fm ?icl mat= B 939203 F3048 -3 l 3C-2EA ECFB D9 l l AF59D& mes=M arço2009. 4. Co luna de Juan Arias, 30- 1- 12. 5. A gência Câmara de Notíc ias, 23- 1- 12.
MARÇO2012 -
naufrágio do mega transatlântico Costa Concordia rememorou na Europa os tristes presságios levantados pela perda do Titanic no início do século XX escreveu Ben Macintyre, do diário londrino "The Times". Por sua vez, o importante quotidiano de Milão, "Corriere della Sera", considerou o desastre do Costa Concordia como "o naufrágio de uma época" envaidecida pelas super-tecnologias, pela Internet e pela super-comunicação, que na hora decisiva valeram tanto quanto o primitivo código Morse, único recurso de que dispôs o Titanic para pedir auxílio. O escritor londrino Sir Osbert
Sitwell (] 892-1969) viu na tragédia ocorrida há cem anos como Titanic-em 14deabrilde 1912-um "símbolo de uma sina que se avolumava sobre a civilização ocidental". E, de fato, não muito depois do afundamento do Titanic, a I Guerra Mundial arrasou o continente europeu e pôs fim à rica, requintada e irrefletida Bel/e Époque.
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Hoje, no momento em que a União Européia (UE) se afunda em dívidas, na incerteza política e na fragilidade econômica, bem como no descalabro moral de suas imposições anticristãs, o desastre do luxuoso cruzeiro inspira presságios não menos convidativos à reflexão. Neste ano em que vai se decidir se o euro afunda de vez ou permanece à tona, o sinistrado Costa Concordia surgiu como uma alegoria perfeita da extravagância financeira e da artificialidade da imensa construção europeia. Um enorme palácio flutuante - embora de um luxo de segunda classe, que os passageiros do Titanic considerariam uma quinquilharia, de ostentação e gosto discutíveis, mas não por isso menos impressionantes para os nossos dias - o maior cruzeiro que a Europa da era da UE conseguiu construir, ao faraônico preço de 572 milhões de euros,
acabou se desventrando nos recifes de uma simples e poética ilha toscana. Para Macintyre, os desastres marcam de modo poderoso as curvas da História. E assim como o desaparecimento do Titanic soou como um gongo para a era vitoriana, o fim do Costa Concordia poderia marcar simbolicamente o fim de uma época tão confiante quanto insegura. Em 1912, G. K. Chesterton viu no afundamento do Titanic a punição da "modernidade" - era orgulhosa que se idolatrava num navio fruto de suas mãos e supostamente impossível de afundar, que a natureza se encarregou de reduzir a nada. Macintyre pergunta se analogamente o Costa Concordia não será também presságio de uma mudança de época, se t,Je não constituirá uma advertência ou eventual punição à obsessão por uma modernidade que adora as velocidades, as construções babilônicas e o luxo "globalizado". Acrescentamos nós: "modernidade que pretende atingir o céu desconhecendo a própria moral natural e desafiando as leis do Criador, e à qual a União Europeia aderiu de tal modo que se vem transformando em propulsora da Cristianofobia (aversão e perseguição ao Cristianismo). Mas a modernidade, que tudo julga conhecer, desconhece certas coisas aparentemente pequenas que encerram gran-
de significado para os olhos de quem tem fé ... A uma delas se referiu - foi o único no universo da mídia! - o jornal italiano "Libero" de 31/01/12.*
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navio-símbolo, impedisse o deslizamento deste para as profundidades, engolindo vidas em número espantoso. Superior, matemo e aâmirável equilíbrio de misericórdia e justiça da Mãe de Deus! •
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Segundo o Pe. Lorenzo Pasquotti, pároco da ilha do Giglio, exatamente nas profundidades marítimas onde o Costa Concórdia foi adernar, "encontra-se uma imagem da Madonna della Stella Maris, um baixo-relevo maravilhoso que no dia 15 agosto de todos os anos é objeto de uma romaria de mergulhadores que a honram com uma coroa de louros". Em 2007, uma estrela do mar pousou graciosamente sobre a Stella Maris, e mergulhadores tiraram a foto que apresentamos ao lado. Diante dos ultrajes de que seu Divino Filho é objeto em decorrência de inúmeras leis e resoluções cristofóbicas da União Européia, a Santíssima Vigem parece ter dado um formidável aviso: "basta". Ela o fez como Aquela que é "terrível como um exército em ordem de batalha", segundo reza o Ofício de Nossa Senhora. Mas Ela é também Mãe de misericórdia: agiu de modo tal, que o mesmo arrecife contra o qual houve o impacto do
* http://www.liberoquotidiano.it/news/923069/0iglio-le-ostie-consacratedella-Concordia-ai-fedeli-dell-isola.html.
Uma obra contra as investidas do movimento homossexual En1 defesa da família, o livro expõe os 1nalefícios da prática homossexual, esclarecendo que não se pode conceder reconhecimento social e legal a relações antinaturais.
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m anterior entrevista a Catolicismo (edição de abril de 201 O) o Revmo. Padre David Francisquini expôs seu pensamento expresso no livro CATECISMO CONTRA O ABORTO - Por que devo defender a vida humana (Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda., S. Paulo, 2009). Recentemente esse zeloso sacerdote - que exerce seu múnus sacerdotal em Cardoso Moreira (RJ) , na Igreja do Imaculado Coração de Maria - publicou novo livro em defesa da moral católica e da instituição familiar, intitulado Homem e mulher ,., Deus os criou. Nele trata da ques- ~ tão do homossexualismo à luz da doutrina católica, da Lei natural e da ciência médica, mostrando que a Igreja sempre condenou severamente as práticas homossexuais, o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo e outras relações pecaminosas. Uma caravana de jovens voluntários do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira percorreu durante o mês de janeiro p.p. diversas cidades brasileiras, divulgando o referido li vro numa campanha denominada CRUZADA PELA FAMÍLIA (vide p. 48) . Para talar de sua nova obra, solicitamos ao Revmo . Pe. Francisquini uma entrevista, conforme segue. *
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CATOLICISMO
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/>e. Da vid l"n111cis<111ini : "Em llOSSOS dias e<111i1rale a a w ar à mmwi rn de David com Golias, tal é a intensidade da propaganda vi sando torna i' o homossexua lismo aceito na sociedade"
Catolicismo - O que levou V. Revma. a escrever o livro Homem e mulher Deus os criou? Pe. David Francisquill.i - Há do is a nos e u escre vi um traba lho sobre o abo rto, inti tul ado Catecismo contra o aborto - Por que devo defender a vida humana . Ele fo i publicado pe la Artpress Indústria Crdfica e Editora Ltcla., de São Pau lo, e ve m sendo larga mente d ifundido. Já ho uve três edi ções, perfazendo xxx exemplares. Na medida e m que o li vro ia sendo d ivul gado, f ui recebe ndo pedid os de leitores para trata r de outro ass un to candente: a qu estão do ho mossex ualis mo. Aprofund e i- me e ntão no estudo do te ma, qu e no fin a l de 20 11 tive a satisfação de a presenta r ao público e m form a de li vro. Faz-se atualme nte um e norme esfo rço publi c itá ri o mun dia l - im pre nsa, cine ma, te lcv isã , Internet e o utros meios de di vul gação - para t rn ar a prática ho mossex ual ace ita pe la soc iedade. Embora sabendo q ue se trata de um a ação antinatura l condenáve l, muitos desconh ecem a cn rm grav idade dessa prát ica, qu a lifi cad a pe la Sa nta Igrej a como "pecado qu e brada aos c us" . AI m de sa q uestão, c hamo ta mbé m a ate nção para o enorme esforço public itá rio de defo rm ação, prati ·ado nas escolas da rede pública atrav s d' livros moralme nte in ace itá ve is. Catolicismo - V. Revma. acaba de falar em pecado. Antes de passar a outras questões,
poderia dizer sucintamente o que significa pecado? Pe. David Francisquini - Pecado é a tran sg ressão consc ie nte e li vre de preceitos co ntid os no Decálogo qu e Deus e ntregou a Moisés. O Decálogo constitui um códi go de conduta mora l pe rfe ito, o bedecendo a um plano sapie nc ia l c uj a observâ nc ia le va os ho me ns a alcançar um a re la tiva fe lic idade nes ta Te rra com vistas a o bte re m depo is a fe li c idade e te rn a no Céu . A vi o lação de qu alquer dos refe ridos preceitos constitui um desvio deste fi m último e, porta nto, um pecado. Os D ez Ma nda me ntos são, po is, um res umo de tudo qu anto os ho me ns podern o u ncio podem faze r para ajusta r-se aos sapie nciais desíg ni os de De us e m relação à c ri atu ra huma na.
Catolicismo - Na conversa prévia a esta entrevista, V. Revma. se referia à dificuldade que teve para tratar do tema do homossexualismo em termos aceitáveis, devido à imensa propaganda para tornar a prática homossexual reconhecida pela sociedade ... Pe. David Fra11cisqui11i - É verd ade. Os costu mes mudara m tanto, q ue até mes mo um sacerdo te prec isa to mar c uid ado ao e nsin ar a do utrina católica so bre a questão. Isto de um lado. De o utro, fazê- lo e m nossos di as equi va le a atuar à ma ne ira de D av id com Go lias, ta l é a in tensidade da propaga nd a visand o torn ar o re lac io namento homossex ual ace ito pe la sociedade. Gosta ri a, ali ás, qu e, pe la poderosíss ima in tercessão de Nossa Senhora, me u pequ e no e des prete nsioso livro ti vesse um efeito aná logo ao de s ua certeira fund a ... Catolicismo - Pelo visto V. Revma. levou em consideração os cuidados devidos ... Pe. David Fra11cisq11ini - C laro, e não pode ri a ser de o utro modo. Por exemplo, nos tex tos e m po rtug uês do documentos oficiais da Santa Sé, as pala vras " ho mossexua li smo" e "ho mossex ualidade" são em pregadas us ua lme nte co mo sinô ni mas. Ao lo ngo do meu estudo, poré m, e seguindo um costume qu e va i se torn ando cada vez ma is freque nte e ntTe os q ue escrevem sobre o te ma, faço um a di stin ção. Utili zo a palav ra honwsse.x.ualismo exc lusiva me nte para me referir à prática pecaminosa de re lações ho mossex uais e à promoção de las. E ao me referir à tend ência ho mossex ua l o u sej a, à atração sex ua l por pessoas do mes mo sexo, pela qu al a pessoa pode não ser responsáve l - emprego a palav ra homossexualidade. [sso para excluir da conde nação aq ueles q ue, e mbora sentindo e m si um a te nd ê ncia ho mossex ual, se esforçam pa ra não lhe dar c urso a fim de sa lvaguard ar
Os Dez Mandamentos são um resumo de tudo quanto os homens podem ou não podem fazer para ajustar-se aos sapienciais desígnios de Deus em relação à criatura humana
"Além de injusto
e imoral, o homossexualismo também contraria Ji·o11talmente o 11osso sentir religioso, i11varia velmen te expresso pela população "
a virtude da castidade, me recendo po r isso todo o nosso apo io. Ta mbé m nes ta e ntre vi sta adoto es ta d istin ção.
Catolicismo - V. Revma. tratou da questão apenas do lado religioso e moral, ou considerou outros aspectos? Pe. David Fra11 cisqui11i - Procure i relembrar aos fi é is a do utrin a católi ca o bre o ho mossex ua li smo, alé m de me referir ig ualme nte ao q ue a respe ito dele di ze m a c iênc ia e as leis. Eu me fund ame ntei, sobretudo, no Supre mo M ag isté ri o da Igrej a, nos escri tos de santos e de teó logos uni versa lme nte aceitos pe la Igrej a como fid edi gnos, a lém de o utras fo ntes. A principal de las fo i o li vro Def ending a Higher Law, estud o profund o e de largo a lca nce ed itado pela TFP norte-a me ri cana. Catolicismo - O motivo principal que moveu V. Revma. foi portanto o de esclarecer o público católico? Pe. David Francisquini - O qu e me mo ve u ao red ig ir e publi car o opúscul o Homem e rnulher
MARÇO2012 -
mossex ua li s mo. Coni vê nc ias inim ag in áveis e apoios inaceitáveis - inclusive fin anceiros, proporcionados com o dinheiro cios contribuintes conseguiram introdu zir graves alterações no ordenamento jurídico cio País. Além ele injusto e imoral em si mesmo, o homossexuali smo também contraria frontalmente o nosso sentir reli gioso, invari avelmente ex presso pela população quando consultada em pesqui sas e levantamentos de opinião pública. Catolicismo - Além de governos, que outras correntes de pensamento vêm propugnando a aceitação do homossexualismo, no sentido em que o Sr. o definiu há pouco? Pe. David Fra11cisqui11i - Mais censuráveis ainda que os governos são as não poucas manifestações de alguns sacerdotes e escritores católicos ele índole esquerdi sta ou progressista. Reinterpretando e deturpando a própri a Sagrada Escritura, eles alegam encontrar nos textos sagrados algumas atenuantes para a gravidade do pecado contra a natu reza. Trata-se de ate nuantes imaginári as, ele fato inex istentes; mas com isso eles abrem ca minho, intencionalmente ou não, para justificar esse terrível pecado. E enfraquecem nos fi éis a noção da ameaça ela punição divina contida nas Sagradas Escritu ra , fa zendo com que muitos sejam levado a cometer esses pecados ou aceitá-los como práticas normais. É ele recear que algun autores dessas deturpações acabem sentindo-se li vres para cometer essa abominação, representando funesto exemplo contrário diametralmente ao votos ass umidos por eles di ante de Deus.
Deus os criou foi o zelo pela salvação das almas, pois os fi éis católicos têm hoje dificuldade de obter orientação segura para os problemas morais com que se defrontam diariamente. Tanto para a orientação pessoal como para educação e fo rmação dos filhos, ou ainda para o esclarecimento de parentes e amigos com o fim de deter e aniquilar a influência da propaganda homossex ual, nada melhor do que conhecer o que a Santa Igreja ensina desde todo o sempre. O livro visa ajudar as fa míli as a neutrali zar a propaganda malsã do lobby homossexual. A desorientação atu al é grande, e devemos aderir em tudo à palavra do Divino Mestre, pois stat ena dum volvitur orbis (enquanto o mundo gira, a cru z permanece inabalável). Lamentavelmente, os governos e os poderes judiciários de diversos países, entre os qu ais o nosso, vêm colaborando para a aceitação do ho-
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CATOLICISMO
Capa do novo livro
"Envidaremos todos os esl'orços lícitos para neutmlizar a atuação dos promotores do homossexualismo, que estão empe11hados em conseguir o reconliecime11to"
Catolicismo - Por que V. Revma., como sacerdote, resolveu enfrentar um assunto tão espinhoso a cujo respeito a Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil ainda não se pronunciou oficialmente? Pe. David Fra11cisquini - A CNBB deve ler lá a suas razões ... Não posso nem elevo resp nder por ela. Mas, ao divulgar esses ensinam ntos, expri mo uma característica fund amental da 1 •r 'ja que é a sua militância. Existe a Igreja G lori osa no éu, a Igreja Padecente no Purgatóri o e a I r ·ju Militante na Terra. Militante significa uma p ·ssoa ou um conjunto de pessoas que lutam. Lu ta remos , portanto. Onde? No campo das icl ias, nu reafirmação da moral católica e d s dir il os inalienáveis ela civili zação cri stã. 01110 '1 Pu · fi ca, mas energicamente. A Santa Igrej a sempr lut ou ·on linuamente para preservar as pessoas a so ·i ·dad · da influ-
ência destruidora de doutrinas maléfi cas. Dois milênios de lutas incessantes - entre as quai s se destacam as Cruzadas contra o Islã - , empreendidas ao longo de dois séculos. Sem essa luta gloriosa, a História do mundo teria sido outra, com a Igreja Católica e a civilização cri stã reduzidas a uma sombra insignificante de si mesmas. Catolicismo - Desculpe-me, Pe. David, mas afinal V. Revma. quer levantar uma espécie de cruzada contra este mal que ameaça as famílias brasileiras? É bem isso? Pe. Davitl Fra11cisquini - Uma verdadeira cruzada é o que precisa ser feito hoje. Para agir nessa cruzada - dirigida especificamente contra a difusão do homossexualismo, mas que na realidade tem um alcance muito mais amplo de defesa da doutrina da Igreja - convido o leitor, juntamente com todos os católicos verdadeiros. Catolicismo - Que esforços devem ser envidados nessa cruzada proposta por V. Revma.? Pe. David Francisqui11i - Nessa cru zada, envidaremos todos os esforços lícitos ao nosso alcance para neutralizar a atuação dos promotores do homossexualismo, que estão empenhados em conseguir o reconhecimento social e legal desse procedimento desregrado. Tais ativistas contrariam o sentir dos católicos, a grande maiori a neste País que já se chamou Terra de Santa Cruz e para o qual desejamos que volte a merecer plenamente essa honrosa denominação. Brasil, Terra de Santa Cruz. De um lado, estamos prontos a fazer tudo ele lícito, honesto e pacífico para contrariar o avanço do lobby homossexual, e de outro, estamos di spostos a rezar pelos ativistas radicais que levam avante a propaganda do homossexuali smo. Pediremos a Deus que lhes conceda, pela intercessão de Maria Santíssima, a graça concedida a São Paulo no caminho de Damasco, ou seja, uma vez convencidos de seus erros, os rejeitem sinceramente, convertendo-se a Deus e juntando-se a nós . De acordo com a famosa expressão atribuída a Santo Agostinho, "nós odiamos o pecado, mas amamos o pecador". Amar o pecador consiste em desejar para ele o melhor que podemos desejar para nós mesmos, isto é, que abandone o pecado e "ame a Deus com amor perfeito".
"Nosso co1ivite se estende a todos os católicos, aos quais estimulamos reagir vivamente e com vigor contl'a a ofensiva do homossexualismo"
Ativista segura cartaz a favor do casamento homossexual
católicos, aos quais estimulamos reagir vivamente e com vigor contra a ofensiva do homossex uali smo. Por menor que seja seu tempo di sponível para esta boa causa católica, a sua participação esc larec ida e consc iente é importante, podend o ser fe ita através ele vári os ca minhos. Não deixe de atuar, conhecendo essas poss ibilidades, entre outros, no site do Instituto Plinio Co rrêa de Oliveira (www.ipco.org.br). Catolicismo - Que palavras V. Revma. gostaria de dizer agora aos leitores de Catolicismo? Pe. David Francisqui11i - Desejo ainda ressa ltar que a divul gação ele meu presente trabalho não tem como objetivo difamar ou injuri ar ninguém. Não tenho ódi o pessoa l contra quem quer que seja. Minha opos ição às pessoas e organi zações promotoras do mov imento homo sex ual visa tão-só defender o matrimôni o, a famíli a e as prec iosas instituições e normas da civili zação cri stã na sociedade. •
FOR.
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REEOOM,
1cE
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Catolicismo - E quem serão os novos cruzados? Pe. David Francisquini - Nosso convite para essa luta, para essa cruzada, se estende a todos os
MARÇO2012 -
CAPA
Como tema de meditação yara oyeríodo da Q!1ares111a (quando se rememoram os 40 dias de j9um de Nosso Senhor Jesus Cristo no deserro), costumamos yu66car matérias rdativas à Vida, Paixão de Morte de nosso Divino Sa(vador. Precedendo eynyarando a Semana San ta, a Q!mres111a inicia-se na Quarta-Feira de Cinzas. E(a é umyeríodo no qua( a Iqr9a ressafra a necessidade deyenitência,j9um, arr':Pendimento dosyecados e r':Paraçãoye(o incomensurávd crime do deicídio. E rdem6ra epecia(m ente os s~Jrimentos indizíveis de Nosso Senhor durante sua Paixão e Morte, Gem como as q{órias da Ressurreição. Unidos tam6ém às santas afegrias da Páscoa da Ressurreição,ju(gamos ir1V7ortante acentuar que, '!Pesar da situação desofadora decorrente da tremenda criseyda qua(yassam a Iqr9a e o mundo contemyorâneo, o triuefo.fina(yertence a Deus. Assim como Jesus Cristoyassou yda morte, venceu-a e triuefa(menre ressuscitou, de modo anáfogo viráya ra a Sa nta Lgr9a CatóNca AyostóNca Romana - hcje em estado de humi(hação, devido à terrívd criseyrovocada ydo_)11'0_!!17!Ss1s1110 dito catóNco - o dia áo triuigo, a poca de ep(endor. A Iqr9a vencerá todas as adversidades ejamais morrerá. Temos disso a certeza, assequraáa ydo Divino Mestre: "17s .J10!Tas dÓ i(!/i:r110 11ão_)1l't'wlí:cen:io co11tra e/4/" (Mt 16, 18). Ju0amos eferecer aos nossos feitores uma (eitura aframente adequada a esta poca Ntúrqica nos textos que seguem, am6os de autoria de PNnio Corrêa áe onveira. Os suGtíruios são nossos. Oyrimeiro é um artigo yu66cado em 25-4-1943 nojorna( "O Leqionário",joca Nzando uma como que "ressurreição da Ig1·9a",jundamentada naquda yromessa divina, Gem como uma "ressurreição " do yecador: sua conversão do estado áe morre, deviáo ao yecaáo, ao estado áe qraça.
O segundo texto {py. 32 - 34) éyarte áe uma coeferênciayronunciada Ju rante a Semana Santa de 1981. Nda o Pref. PNn iojaz - como aconsdhava Santo Inácio de Lo!jo(a em seus "Exercícios Epirituais" uma "cor"!Posição de (ugar". No caso, um (,,1gar sacrossanto: o SIJJurcro de Nosso Senhor Jesus Cristo. O orador aconsdha ejustifica ta( método de meditação. E comenta que se todos os catóNcos, desde oyrincjpio do mundo até o.fim áos temyos, ref(etissem so6re o núdeo áa rcaNdadc o(vctíva áo grandioso acontecimento da Ressurreição, haveria unidade deyensamento entre des. E isto '!Pesar de cada catóNcoyoder individua(mente imaginar apectos dJjerentes da Ressurreição, ocorrida três dias qpós a morte d'Aqude que veio ao mundo yara nos sa6,ar. A Direção áe Cato/leismo
MARÇO2012 -
Páscoa PuN1 0 C o RRÊA DE OuvE1RA
O
ca lendário litúrg ico assinala a data da Ressurre ição de Nosso Senhor Jesus Cristo, depoi s de encerrado por três di as no jazigo em que O hav ia sepultado a pi edade de seus fi é is. Assim como consagramos várias considerações à Paixão e Morte do Redentor, queremos fazer hoj e algumas reflexões acerca de alguns ensinamentos que a gloriosa Ressurreição de Nosso Senhor nos dá. E temos razão. A Ressurre ição repre enta o triunfo eterno e defi nitivo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o desbarato completo dos seus adversários e o argumento máx imo ele nossa fé . Disse São Paulo que, se Cristo não tivesse ressusc itado, vã seri a nossa fé. É no fato sobrenatural ela Ressurre ição que se funda todo o ed ifício ele nossas cre nças. Med itemos, poi s, sobre tão alto ass unto.
Católica era tolhida de mil maneiras. As tropas desse país asseguravam, entretanto, na Itália, a livre eleição de um soberano Pontífi ce, precisa me nte no momento e m que a vacânci a da Sé de Pedro teria acarretado para a Santa Igreja prejuízos de que, humanamente falando, ela talvez não pudesse ter-se soerguido jamais. Estes são meios maravilhosos de que a Providê ncia lança mão para demon strar que Ela te m o supremo governo de todas as coisas. Entretanto, não pensemos que a Igreja deveu sua salvação a Constantino, a Carlos Magno, a D . João d ' Áustria, ou às tropas russas. Ainda mes mo quando ela parece inte iramente abandonada, e ainda mes mo quando o concurso dos meios de vitória mais indi spensáve is na ordem natural parece faltar-lhe, estejamos certos de que a Santa Igrej a não morrerá. Como Nosso Senhor, ela se soerguerá com suas próprias forças que são divinas. E quanto mais inexplicável for, humaname nte falando, uma como que "ressurreição da Igrej a" - apare nte, acentu amos, porque a morte da Igreja nunca será rea l, ao contrário da de Nosso Senhor - tanto mais gloriosa será a vitória. Nestes dias turvos e tristonhos, confiemos, poi s. Mas confiemos, não nesta ou naquela potência; não neste ou naquele ho me m; não nesta ou naque la corrente ideológica para operar a re integração de todas as coisas no Reino de Cristo, mas na Providência Divina que obrigará novamente os mares a se abrirem de par em par, moverá montanhas e fará estremecer a Terra inteira . Se tal for necessário para o cumprimento da divin a promessa: "As portas do inferno não prevalecerão contra ela".
Quamlo absolutamente tudo parecia perdido ...
Ressurreição -
analogia com a Santa Igreja
Cri sto Senhor Nosso não foi ressuscitado: ressusc itou! Lázaro fo i ressusc itado . E le estava morto. Outrem que não ele, isto é Nosso Senho r, o chamou da morte à vicia. Quanto ao Divino Redentor, ninguém O ressusc itou. E le mes mo a si própri o ress uscitou. Não preci sou que ningué m O chamasse à vicia. Retomou-a quando qui . Tudo quanto se refere a Nosso Senhor tem sua aplicação anal óg ica à Sa nta Igreja Cató li ca. Vemos frequentemente na História ela Igreja que, quando e la parecia irre mediave lmente perdida e todos os s intomas de uma próxima catástrofe pareciam min ar seu organi smo, sobrev ieram se mpre fatos que a têm sustentado viva contra toda a ex pectativa de seus adversários. Fato curioso: às vezes, não são os am igos da Santa Igreja que vêm em seu socorro. São seus própri os inimi gos. Numa época delicadíssima para o catolicismo, como foi a de Napoleão, não ocorreu o episódi o mil e mil vezes curioso de se ter reunido um Co nclave para eleição de Pio VII, sob a proteção das tropas ru ssas , todas e las cismáticas e obedecendo a um sobera no cismático? Na Rú ssia, a prática da Reli gião
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CATOLICISMO
Esta certeza tranquila no poder da Igreja - tranquil a de uma tranquilidade toda feita de espírito sobrenatura l e não de qualquer indiferença ou indolência - podemos aprendêla aos pés de Nossa Senhora. Só Ela conservo u íntegra a fé, quando todas as circunstâncias pareciam ter demonstrado o fracasso total de seu Divino Filho. Desc ido da Cruz o Corpo de Cristo, vertida pela mão dos algozes não só a última gota de Sangue, mas ainda de água, verificada a morte, não só pelo testemunho dos legionários romanos, como pelo dos próprios fié is que procederam ao sepultame nto, aposta ao túmulo a pedra imensa que lhe devia servir de intransponíve l fecho, tudo parec ia perdido. Mas Maria Santíssima cre u e confiou. Sua fé se conservou tão segura, tão erena, tão normal nestes dias de suprema desolação, como em qualquer o utra ocasião de sua vida. E la sabia que seu divino F ilho haveri a de ressuscitar. Nenhuma dúvida, ne m ainda a mais leve, macul ou seu espírito. É aos pés d' E la, portanto, que havere mos de implorar e obter essa co nstância na fé e no esp írito de fé, que deve era suprema a mbição de nossa vida espiritu a l. Medianeira de todas as graças, exe mpl ar de todas as virtudes, Nossa Senhora não nos recusará qu alquer do m que neste sentido lhe peçamos.
MARÇO2012 -
Quantos são os que vêem e não crêem? Muito se tem fa lado ... e sorrido a respeito ela re lutância ele São Tomé e m adm itir a Ressurreição. Haverá talvez, nisto, certo exagero. Ou, ao menos, é certo que temos diante dos olhos exempl os ele uma incredulidade incomparavelmente mais obstinada cio que a cio Apóstolo. Com efeito, São Tomé disse que precisaria tocar Nosso Senhor com suas mãos, para n'Ele crer. Mas, vendo-O, creu mesmo antes ele O tocar. Santo Agostinho vê na re lutância inicial do Apóstolo uma disposição providencial. Diz o Santo Doutor de Hippon a que o mundo inte iro ficou suspenso ao dedo de São Tomé, e que sua grande meticulos idade nos motivos ele crer serve de garanti a a todas as almas timoratas, em todos os sécul os, de que realmente a Ressurreição foi um fato objetivo, e não o produto de imaginações em ebulição. Seja como for, o fato é que São Tomé creu assim que viu. E quantos são, em nossos dias, os que vêem e não crêem?
Quem tem a nobreza de fazer como São 1'omé? Temos um exempl o desta obstinada incredulidade no que diz respeito aos milagres verificados e m Lourcles, e também com Teresa Neumann em Ronersreuth, em Fátima. Trata-se de milagres ev identes. Em Lourdes, há um bureau de constatações médicas, e m que só se registram as c uras instantâneas de moléstias em qu alquer caráter nervoso, e incapazes de ser c uradas por um processo sugestivo; as provas ex igidas como autenticidade da moléstia são, em primeiro lugar um exame médico cio paciente, feito antes de sua imersão na pisc in a; em segundo lugar, aind a antes dessa imersão, a apresentação do documentos méd icos referentes ao caso, elas radiografias, análi ses de laboratóri o, etc. A todo esse processo preliminar podem estar presentes quaisquer médicos de passagem por Lourdes, ficando autori zados a ex ig ir exa me pessoal cio doente, e das peças radiográficas ou de laboratório que traga consigo; finalmente , verificada a cura, eleve esta ser observada pelo mesmo processo por que se verificou a doença, e só é considerada efetivamente miraculosa quando, durante muito tempo, o mal não reaparecer. Aí estão os fatos. Sugestão? Para eliminar qualquer dúvida a este respeito, aponta-se o caso de curas verificadas em crianças sem uso ela razão por sua tenríssima idade, e que, por isto, não podem ser sugestionadas. A tudo isto, o que se responde? Quem te m a nobreza ele fazer como São Tomé, e, diante da verdade segura, ajoelhar-se e proclamá-la sem rebuços? Parece que Nosso Senhor multiplica os milagres à medida que cresce a impiedade. O caso de Teresa Neumann, Low-des, Fátima, o que mai s? Quanta gente sabe destes casos? E quem tem a coragem de proceder a um estudo sério, imparcial, seguro, antes de negar esses milagres?
CATOLICISMO
Não l1á barrnil'as que dete11ham a ação ela graça Causa admiração o modo pelo qual Nosso Senhor penetrou na sa la inteirame nte fechada, em que estavam os Apóstolos no Cenáculo, e aí se apresentou. Com esse milagre, Nosso Senhor de monstrou que, para E le, não há barreiras intranspo níve is. Estamos em um a época em que muito se fala de "apostolado de infiltração". O desejo de levar a toda parte o apostolado sugeriu a muitos apósto los leigos a crer de que é indispensável que ingressem em ambie ntes inconvenientes ou até francamente nocivos, para aí levar a irradi ação de Nosso Senhor Jesus Cristo e converter as almas. Toda a tradição católica é em sentido diverso: ne nhum apóstolo, sa lvas situações excepc ionalíssimas, e portanto raríssimas, tem o direito de entrar em ambientes e m que sua alma pode sofrer detrimento. Mas, pergunta-se, quem então há de salvar aquelas almas que se encontram em ambientes onde nunca entra uma influência católica, onde j amai s uma palavra, um exemplo, uma cente lha de sobrenatural penetra? São condenado em vida? Já têm desde já o inferno por partilha? Assim como não há paredes materi ais que resistam a Nosso Senhor, que a todas transpõe sem as destruir, assim também não há barreiras que detenham a ação da graça. Onde não pode, por um dever da própria moral , penetrar o apóstolo militante, aí pe netra, entretanto, por mil modos que só Deus sabe, a sua graça. É um sermão ouvido pelo rádio, é um bom livro que de modo inteirame nte fortuito se pega, é uma simpl es imagem que se entrevê e m uma ca a quando por ela se passa. De tudo isto, e de mil outros instru mentos, pode servire a graça de Deus. E, para que ela penetre em tais ambientes, mil vezes mais úteis do que a imprudente penetração do apósto lo são a oração, a mortificação, a vida interior. Elas ap lacam as iras de Deus. Elas inclinam a balança para o lado da mi seri córdi a. E las, pois, penetram em ambientes que muitos reputam impenetráveis à ação ele Deus. Aliás, a hagiografia católica nos dá di sto mil exemplos. Não houve o caso ele uma conversão ilustre, operada em um moço ímpi o, tocado de bons sentime ntos quando faz ia o carnaval usando, por escárnio, o háb ito de São Francisco? Foi a própria fantas ia que o co nverteu. Até cio escárnio da Religião pode servir-se a sabedoria de Deus para opera r conversões. Mas estas conversões, é preciso obtê-las. E nós as obtere mos sem qualquer risco para nossas almas, unindo nossa vida interior, nossas orações, nossos sacrifícios aos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo. A meu ver, não há melhor nem mai s eficaz apostolado de infiltração, do que o que realizam as re li giosas contemplativas, fec hadas pela sua Regra Monástica entre as quatro paredes de seu co nve nto. Beneditinas, Carmelitas, Domini canas, Yisitandinas, Clarissas, Sacramentinas, eis as verdadeiras heroína do apostolado de infiltração.
MARÇO2012 -
Vis(umbrando no Santo Spu(cro a arte gótica metÍieva( mPuN10
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CoRRÊA DE OuvE 1RA
em visse o Santo Sepulcro, escavado na rocha, sabendo que Nosso Senhor Jesus Cristo na sua humanidade ali esteve sepultado, teria_certa impressã?. E'.11 nossos dias, estando o sagrado lugar encimado por uma 1greJa (a Basílica do Santo Sepulcro) - portanto, em que todo o ambiente encontra-se mudado - , gostaríamos de saber que impressão causaria, antes da Basílica, aq uele abençoado lugar. Para isso, é legítimo fazer o que Santo Inácio de Loyola recomenda nos "Exercícios Espirituais": a "composição de lugar". Reconstituir o local - o Sepulcro - e a cena da Ressurreição. Assim, vou imaginar que impressão eu teria se lá estivesse. Foi pensando nisso que encontrei explicação para os portais de pedra das catedrais góticas: uma enorme pedra na qual em oblíquo se tivesse talhado os contornos de um arco gótico. Também talhadas na pedra as co luninhas, encimadas por pequenas imagens de santos com seus respectivos dosséis. Quem vê os portais góticos, fica com uma idéia mítica da pedra sagrada que envolve o altar e o tabernácul o que guarda o Santíssimo Sacramento, o Home m-Deus. Aquele conjunto forma um arco gótico lindo que atravessa várias espessuras da pedra. Transpondo o arco gótico, fica- se com a impressão de que se atravessam vári os sécul os de História; várias fases do pensar e do sentir da Igreja; atravessam-se mil acontecimentos. Mas que a pessoa não se dá bem conta de quais acontecimentos - e nisso está o mais interessante.
CATOLICISMO
O Santo Sepulcro a primeira ogi11a gótica da 1/istól'ia Nesse sentido, eu imaginaria o Sa nto Sepu lcro aberto na pedra, por ordem de José de Arimatéia, mas de um modo tosco. Alguém que já conhecesse o góti co, olhando para a abertura na pedra, perceberia um arco prodigioso. Quem não conhecesse o gótico - por exempl o, um homem do tempo de Nosso Senhor - não perceberi a. Mas um homem do período medieval perceberi a, e vendo a abertura do Sepul cro exclamari a: "É o gótico ! É a primeira og iva da Hi stóri a!". E isto apesar de aq uela pedra bruta, na qual fora cavado o Santo Sepulcro, não ter a beleza, o as pecto leve e nem charme de um portal gótico. De um lado, no gótico pode-se perceber a og iva louvando o Fi lho de Deus, mas de outro lado, na láp ide ,do Sepu lcro, percebe-se a morte, a tragédia do deicídio. E um contraste que algué m poderi a dizer qu é fe io. Mas é a justaposição da beleza e da morte, da virtude e do pecado.
Um cortejo para o sepultame11to do Divino Re<le11to1' Como se poderia imaginar a câmara funerária onde esteve sepultado Nosso Senhor? Para exp rimir isso, seria prec iso im ag in ar um a rocha muito grande - mas não uma montanha tipo Hima laia - , ainda coberta de terra e pla ntas. Entrando pela abertura cavada na roc ha, haveri a um corredor profundo, em luz. Tudo inerte, dando idéia do âmago da morte. Poder-se- ia im ag in ar um cortejo e ntrando naquele corredor levando o Sagrado Corpo de Nosso Senhor. No cortejo, as pessoas leva ndo archotes. A fumaça marcando o teto e as paredes daq uela escavação ainda um tanto escura e tenebrosa. No fundo , o lugar onde depositaram o Corpo Divino. Pode-se imagin ar Nossa Senhora, e m cujo claustro esteve o Redentor, que O conte mpl a morto e pensa no crime satâni co que se cometeu com a Crucifi xão. Na aparê ncia, a vitó ri a ful gurante da impiedade, da vul garidade, do pecado.
MARÇO20 12 -
O Corpo de seu F ilho ~li está, aromatizado, mas isolado naquela escuridão. Do Sagrado Corpo e mana uma discretíssima claridade. Um'a lu z mantida por um anjo brilhava como um vitral de cated ral gótica, mas apenas num dos cantos, deixando todo o resto na penumbra. Com o tempo a luminosi dade aumentaria, desdobrandose em fosfo rescências cada vez mais bonitas, .lembrando os tormentos da Paixão, mas também toda a vida do Redentor. Primeiramente, Ele junto à Sagrada Família, depois os três anos de sua vida pública, o período de glória, os dias de perseguição, as apreensões, o Horto das Oliveiras. Enfim, toda Vida, Paixão e Morte do Salvador desdobrando-se em luzes como num a narração. Nossa Senhora percebia tudo isso enq uanto adorava o Sagrado Cadáver. Legiões de Anjos também O adoravam.
Ressurl'eição: Sepulcro transformado muna catedral feita ele luzes Ainda, nesta "compos ição de lugar", podemos conceber, três dias após o trágico sepultamento, que algo de novo se passou dentro do Santo Sepulcro. Em certo in stante o corpo adorável daria sin ais de vida. Aparece uma luminosidade extraordin ári a. Nosso Senhor se levanta com uma majestade indi zível. O Santo Sepulcro estari a transformado numa catedral feita de luzes. A montanha como que se racha; os anjos rolam a pedra que fec hava o Sepulcro; o amb ie nte torna-se festivo e triunfal. É a Ressurreição! Nosso Senhor sa i do Sepulcro com o braço direito levantado e os dedos e m posição de quem ens ina e abençoa, com ar de desafio vitorioso! E le aparece para Sa nta Maria Madalena. Mas é lícito im ag in ar que antes tenha aparecido ressu rrecto para sua Santíss im a Mãe.
Justificativa desse método de meditação Esta seria uma modalidade de meditação, imag inando como transcorreu a Ressurreição. Conforme a piedade e o modo de ser de cada um, poder-se-ia imaginá-la de modos diversos. A validade desse método imaginativo é inegável, porque como esses acontecimentos constituíram fatos perfeitos, tinham eles todas as excelê ncias que estamos imaginando e ainda muitas outras. Se todos os cató li cos da Terra até o fim do mundo meditassem sobre a Ressurreição, haveria uma prodigiosa unidade de pensamento em torno do magno aco ntecimento da História Un iversal, apesar de cada um individu almente meditar o mesmo fato central, porém imaginando as cenas de modo diferente. Podemos assim, conservando o núcl eo da realidade objetiva do sublime acontec imento, enriquecê-lo com um misto de imaginações, reflexões, deduções da fé, bem como de revelações de sa ntos e de pessoa virtuosas. •
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E- ma il para a redação: cato lic ismo@terra.co m.br
CATOLIC ISMO MARÇO 2012
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Santa Margarida Clitherow, a "Pérola de Yorl<" Mãe de família, católica destemida e mártir, brilhou pela fidelidade à verdadeira Igreja e pelo destemor com que enfrentou seus inimigos PUNIO MARIA SOUMEO
negar a verdadeira fé católica e por albergar acerdotes católicos.
A Ilha dos Santos
sob tormenta
P
ode-se afirmar que não existe ódio maior do que aquele que se insurge contra a verdade reli giosa. Temos exemplo di sso no requinte de crueldade com que foram tratados os primeiros cristãos. E também no sofrimento dos católicos durante a pseudo Reforma inglesa nos séculos XVI e XVII. Um desses mártires foi Santa Margarida Clitherow . Primeira mulher a ser martirizada nessa época, ela foi esmagada sob um peso de cerca de 700 quilos, por não querer re-
CATOLICISMO
A Inglaterra foi outrora chamada a Ilha dos Santos. Entretanto, desde a Idade Média , e us re is se tornaram e m gera l prepotentes no tocante aos direitos da Igreja. Isso levou, por exemplo, ao martírio de São Tomás Becket ( L170). Po teriormente, em 1531, Henrique V[[[ rompeu com o Papa por este negar-se a anul ar seu legítimo casamento com Catarina de Aragão. O lúbrico rei declarou-se Protetor e Cabeça Suprema da Igreja da Inglaterra. Assim na ceu o anglicanismo.
Quem não concordasse com seu di vórcio e a adoção desse título, ele mandava decapitar, como sucedeu com São Tomás Moru s e São João Fisher, em 1535. Por igual motivo ordenou a execução el e algun s monges ca rtu xos e franciscanos. A partir de então, por circunstâncias diversas, foi-se dando a gradu al protestanti zação do que restara de católico na re li gião angli cana. E o cerco aos cató licos foi se tornando cada vez mais estreito, sendo vários deles marti ri zados. Em 1558, a ímpia Elisabeth f sucedeu a seu pai no trono. Ela não só seguiu a funesta política de Henrique VIII, mas rad icali zou-a cada vez mais. Assim, fo i necessário aos cató lico. fiéis, principalmente aos membros do clero, ocul tarem-se para praticar a Re li gião verdade ira, sob a ameaça consta nte de pri são e morte. A Santa Mi , sa foi proibida, e a pop ul ação ob ri gad a a participar dos "serviços" nas igrejas angli canas.
Radical convcl'são à verda<leil'a /e Nesse contex to, em York, pelo ano de 1556, nasce u M arga rida , fi lh a ele Tomás Micldl eton, um bem -suced ido comerc iante ele cera e comi ssári o ela cidade. Em 157 1 ela se casou com João
C lith erow, fazende iro e aço ugueiro abastado, qu e exercera e exerceri a ainda vários cargos púb li cos em York. Tornado um ele seus mais ricos cidadãos, ele fo i autorizado a usar o Sir antes do nome. Margarida o ajudava no açougue, sendo mu ito querida cios cli en tes por ca usa ele sua honestidade e simpati a. A famí lia ele Tomás Midclleton não opusera res istência à nova reli gião e à rainha como cabeça ela " igreja". Por isso Margarida foi educada no ang licani smo. Apesar ele não saber ler nem escrever - uma elas consequências ela perseguição fo i a supressão elas ordens reli gio-sas e cio sistema educacional inglês - , Margarida tinha boa inte ligência e muita perspicácia. O Pe. João Mush1, seu confessor e biógrafo, comenta que Margarida, analisando a religião na qual se educou, "não encontrou substância, verdade nem consolo cristão nos minislros da nova igreja e na sua doutrina, ao inteirar-se de que muitos sacerdo!es e leigos sofriam ao defender a antiga fé católica". Decidiu instruir-se nesta, convertendo-se três anos depois de casada. A nova convertida entregou-se co m ardor à prática da Reli gião católi ca. Rezava longa me nte, confessava-se co m frequência, e quando algum pad re celebrava a Mi ssa sec reta mente em algu-
ma casa católi ca, e la a ass isti a e comungava. Mas o ardor de Margarida não se li mi ta v a a isso: e la se d ed ico u ao apostolado, procurando confirmar na fé os ca tó li cos perseg uid os e te ntand o reconduzir ao se io da Igreja os que dela haviam se afastado por fraqueza. João Clitherow, que por comodidade seguia a nova reli gião, clava entretanto toda a liberdade à es posa. Di zia encontrar nela so me nte dois defeitos: jejuava muito e não o aco mpanhava à igreja angl icana, o que lhe mereceu al gumas multas. Qu ando a esposa começou a albergar em sua residência padres prosc ritos , ele preferiu ignorar o fato , para ficar em paz com sua consciência e não ter que delatar a es posa. O casal Clitherow teve três filh os: Henrique, Ana e William , nasc ido na pri são. Com licença do marido, Margarida cri ou-os na Re ligião cató lica. Co mo não hav ia fe ito estudos, contratou um tutor cató li co para in struí-los. Co m o tempo, enviou o filho mais velho ao seminári o de Douai, na França. Como isso era considerado crime, ela fo i novamente presa. Depoi de sua morte, os filhos perseveraram na fé: os rapazes se tornaram sacerd otes e a moça, reli giosa.
Convc,·são co11si<lerada como traição A situação, poré m, pi orava gradativam ente para os cató li cos fiéis. Em 1581 , o gove rno d a c ru e l ra inha ang li ca na promul go u os Decrelos de Persuasão dec larando a conversão de alguém à fé católi ca crime de alta trai ção . O Decreto restringiu em gra nde med ida a ação de Marga rida. Ela foi logo considerada como suspeita e presa várias vezes, uma delas por dois anos. A heróica cató lica aproveitava a rec lu são para faze r verdadeiros retiros esp irituais, nos quais sua alma se uni a cada vez mais a Deus. Durante a pri são passou a jejuar quatro dias por semana, prática que depois continuou a seguir. Foi também na prisão qu e, à força de perseverança, co nseguiu aprender a ler e escrever.
MARÇO2012 -
: Margarida havi_a transform ado um quarto de sua casa e m esconderij o para padres em caso de perseguição. Alugou também, com o mesmo fim , outra casa para a eventua lidade de a sua fi car sob suspeita. Vári os dos sacerdotes po r ela acolhidos fora m depo is martiri zados. E la possuía um armário secreto com todo o necessá ri o para a celebração da Mi ssa. Segundo a tradição local , Ma rgarida c hego u mesmo a esconder sacerdotes na hospedaria do Cisne Negro, em Peaseho lme G reem, sob os próprios nari zes dos perseguido res. Santa Marga rida tinha um a personalidade cativante e atraente. Di z seu biógrafo que "todos a amavam e acudiam a ela em dem.anda de auxílio, consolo e conselho em suas penas. Seus criados tinham-lhe um amor tão reverente que, apesar de ela os corrigir com razoável severidade por suas f altas e negligências, e de saberem quando os sacerdotes ji·equentavam a casa, tinham tanto cuidado em. conservar os seus segredos, como se f ossem. verdadeiros j ilhos". 2 E la começava seu di a com a meditação, e se havia algum sacerdote, assisti a à Mi ssa ajoelhada atrás ele seus filh os e e mpregados.
Seu dmmático e heróico lim Em 1585 a situação agravou-se ainda ma is. E li sabeth J decretou o chamado Ato Estatutári o, tornando crime de alta traição o fato de qua lquer padre, sobretudo se jesuíta, permanecer nos domínios de la. A heróica Margarida então afirm o u: "Pela graça de Deus, todos os padres ser-me-ão ainda mais bem-vindos, e f arei o que puder para f azer prog redir o divino culto católico" .3
No dia lO de março de 1586, João Clitherow fo i intimado a explicar ao conselho municipal a ida de seu filh o para o exterior. Como ele era membro do consell10 e conhecidamente anglicano, conseguiu justificar-se. Mas mandaram revistar sua casa.
Margarida não se preocupo u mui to, po is no mome nto lá não havi a nenhum sacerdote refu giado, e seus filh os e cri ados eram ele confiança. M as os po li c ia is irrompera m ele modo inopinado, justa mente na sa la ele aul a elas cri anças. O professo r fu giu pe la j ane la. Entretanto, havi a na sa la
o utras crianças da vizinhança, uma elas quai s entrou e m pânico e aca bou mostrando às autoridades o esconderij o secreto e o armári o o nde se encontra va o mate ri al da Mi ssa. Com isso a políc ia possuía evidê ncia contra M arga rid a. Seus do is filh os fora m mandados para a casa de um protesta nte, e seus c ri ados postos na pri são. Margarida negou-se a se submeter a jul gamento. Neste poderiam ser chamados a depor seu marid o, seus filh os e c ri ados, poss ivelme nte sob tortura, o que ela quis evitar. Sabia que, em qualque r caso, seria exec utada: "Eu não conheço of ensa pela qual devo me conf essar culpada. Não tendo feito nenhuma of ensa, não preciso de julgamento", di sse ela. 4 Os juízes condenaram-na então a ser esmagada até a morte - pena infligida aos que não se submetiam a julgamento
- "por ter alojado e rnantido jesuítas e padres do seminário, traidores da majestade da Rainha e de suas leis". No momento do suplício, Marga ri da fo i convidada a rezar pe la Ra inha. Ela o fez desejando a conversão de la à verdade ira fé. Al guns anglicanos presentes lhe pedi ra m que rezasse co m e les. Ela se negou, afirm a ndo: "Eu não rezarei convosco, nem vós rezareis com.igo. Nem direi Amém a vossas orações, nem vós às minhas". 5 Os dois carrascos encarregados da horrível execução contrataram alguns mendi gos para substituí-los. Margarida, que esperava seu quarto filh o, fo i deitada sobre uma pedra afi ada que, quando pressionada, deveria romper-lhe as costas. Sobre seu corpo fo i colocada uma porta, e encima desta empiU1aclos grandes blocos de pedras, até que a má rtir fosse co mpl e ta me nte esmagada sob um peso ele quase 700 quilos. Ela fo i martiri zada no di a 25 de março de 1586, Sex ta-fe ira Santa. "Depois da ,norte de Clithero w, Elisabeth l escreveu aos cidadãos de York para dizer que.ficara horrorizada com. o tratarnento dado a uma m.ulher: devido ao seu sexo, Clitherow não deveria ter sido executada".6 O que soa como uma hipocrisia, po is fo i o q ue ela fez no ano seguinte com a católi ca M ari a Stuart, a que m mandou decapitar para não ter uma ri va l ao tro no ela Inglaterra. • E-mail pa ra o autor: catoli cismo @terra .com.br
Notas: 1. hllp://savior.org/saints/cl itherow. htm . 2. Radio Cri sti andad, "Benditos sea m los que pred ica m el verdadero ec umeni smo", http:/ /wp. me/p I ycl z-4 77. 3. http://sav ior. org/sa ints/cl itherow .htm. 4. Daniel F. McSheffery, St. M argarct: Mother and Martyr, T he Homiletic & Pastora l Rev iew, N .Y ., apri l 1994, apud http://www.ewtn .com/ library/MAR Y/CLIT HER.htm . 5. Radi o Cristianclad , op. cit .. 6. http ://e n.w i k ip edi a.o rg/w i k i / M arga ret _Clitherow
DISCERNINDO
Santo Sudário: novas provas de autenticidade A pós cinco anos de estudos e pesquisas sobre o Santo Sudário, organismo científico da mais alta competência conclui que a ciência, mesmo a 1nais avançada, não tem condições de produzir algo semelhante: impossível imitá-lo ou falsificá-lo.
•• CID
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ALENCASTRO
O
Santo Sudá rio de Nosso Senho r Jesus C ri sto é certa mente a re~íq ui a mais preciosa e ve nerada de toda a C ri sta ndade. Tendo passado po r todo tipo de vic iss itudes e desastres ao lo ngo da Hi stória, inclusive um princípi o ele incêndi o, e le se enco ntra atual me nte na cated ra l ele T urim , Itá li a, o nde é e xposto à visitação cios fi é is e m certos pe ríodos. Trata- e do le nçol de linho que e nvolve u o corpo sagrado do Sa lvador, descid o ao sepulcro o nde perma neceu po r três d ias, a pós os qu a i ressuscitou. Q ui s a Prov idênc ia D ivina que, milagrosamente, a fig ura de Nosso Senho r ficasse i mpressa nesse tecido, de fo rma indelé ve l e hu ma na me nte inex plicável. Foi o modo que Deus Pad re e ncontro u para lega r aos ho me ns a fotografia imp ressa de se u D ivin o F ilho.
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Sempre presente na ,,frfa <la I greja O Santo Sudário a lime ntou a fé e a piedade dos prime irns cri stãos em Jerusalém , sustentou os mártires e os perseguidos na catacumbas, inspirnu a expansão dos cató licos por toda a vastidão do império romano, extasio u os ho mens da Idade Média e, e m particular, acende u o zelo cios cruzados. Nas épocas posteriores, de decadênc ia re ligiosa, foi ainda o Santo Sudário uma luz de fi xação da ficlc licla lc cios fiéis e de espera nça de perdão para toda a hu mani !ade.
CATOLICISMO MARÇO 2012 -
Chegamos assim aos tempos presentes, em que q considerável desenvolvimento das ciências foi interpretado por muitos ateus, hereges e católi cos decadentes como sendo o dobre de finados da veneração ao Santo Sudário, o qual não teria mai s nenhuma missão a cumprir. As ciências o estudariam, provariam que ele é fruto de simp les confecção humana, talvez até uma falsificação feita na Idade Média. Verificou-se precisamente o cont.rário. Atraídos pela origina lidade daquele misterioso tecido, os mais categorizados cienti stas de diversos países, representando os mais diferentes ramos da ciência, debruçaram-se sobre o Sudário para estudá-lo e interpretá-lo, mediante os mais sofisticados aparelhos que a ciência conseguiu inventar, e aplicando os conhecimentos mais recentes. O resultado foi surpreendente para os detratores do Sudário: fico u provado que a figura nele impressa não tem qualquer explicação natural. Mais ainda, os estudos mostraram que a origem do Sudário se situava na Palestina no primeiro século, e que a figura nele representada coincid ia com a descrição dos Evangelhos, sendo totalmente inexplicável pela ciência o modo pelo qual fora ela impressa no linho.
apesar de reiteradas solicitações. O que só por si lança pesada dúvida sobre a correção científica do episódio. Dir-se-ia que o milagre do Sudário foi engendrado por Nosso Senhor sobretudo para o nosso tempo, o único capaz de provar cientificamente a sua autenticidade pelo impressionante acervo de conhecimentos de que dispõe.
Nova e impol'ta11te conlirmação Uma nova confirmação nos chega, e de grandes dimensões. Na Itália, o altamente conceituado órgão científico do governo italiano Agência Nacional para as Novas Tecnologias, a Energia e o D esenvo lvimento Sustentável (ENEA) publicou, no final de 2011, um relatório referente a cinco anos de experiências (2005-2010) realizadas com o fim de procurar "conhecer a maneira pela qual ficou estampada sobre a tela do linho do Santo Sudário de Turim a tão particular imagem ". 1 No seu relatório, os cientistas do ENEA (Di Lazzaro, Murra, Santoni, Nichelatti e Baldacchini) "desmentem, com muito fair play, quase de passagem, mas de modo muito categórico, a hipótese de que o Santo Sudário possa ser obra de umfals(ficador medieval ".
Diz o relatório: "A dupla imagem (frontal e dorsal) de um homem .flagelado e crucificado que aparece a duras penas no tecido de linho do Santo Sudário de Turim, apresenta numerosas características físicas e químicas de tal modo peculiares que atualmente tornam impossível obter em laboratório uma coloração idêntica. Esta incapacidade de repetir (e, portanto, de falsificar) a imagem do San.to Sudário impede formular uma hipótese COf'!fiável a respeito do mecanismo de formação da impressão". De fato, mesmo hoje em dia, "a ciência não está em condições de explicar de que modo foi formada a imagem corpórea no Sudário. Até agora, todas as tentativas de reproduzir uma imagem em linho com as mesmas características, fracassaram". Poupamos ao leitor os numerosos e complexos dados científicos apresentado pelos cientistas do ENEA. Os interessados poderão encontrá-los no link abaixo. 2
O/Jwr divinamente suave e sevel'o Ante algo tão sagrado como o Santo Sudário, cumpre terminar com uma impostação que não é a do cientista (respei-
A ta,,sa do Cal'bono 14 Houve uma exceção, em 1987, quando o Cardeal Anastácio Ballestrero, então Arcebispo de Turim, convocou alguns especialistas em datação pelo método do Carbono 14, os quais concluíram, contra tudo quanto até então a ciência havia provado, que se tratava de uma falsificação produzida na época medieval . Após um pequeno surto midiático de propagação da "falsificação", diversos cientistas têm estudado o Sudário - objeto de contínua fascinação para a ciência - e mostrado que o método do Carbono 14, apli cado erradamente pelos tais especiali stas do cardeal Ballestrero, nada provou. Procurara m ainda os cientistas obter os "dados brutos" dos laboratórios que realizaram o teste do Carbono 14, a fim de ter em mãos as comprovações necessári as, mas nada conseguiram,
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CATOLICISMO
tável e muito importante), mas a do homem de fé. Encontramo-la n . L comentário de Plínio Corrêa de Oli veira, contemplando a figura de No. so Senhor tampado no Sudário: "En.lrevernos o que poderia ter de divinamen le suave e afável seu olhar; o que poderia haver de supremam.en.te afável na linguagern e no timbre de sua voz. É a coexistência de todas as virtudes, de todas as pe~feições, em todos os graus que possam caber na natureza como reflexo da natureza divina ligada a Ele pela união hipostática.
"De outro lado, é interessante notar a severidade da expressão. Nosso Senhor morreu vítima de um crime atroz. Do pior de todos us crimes, o crime do deicídio, produzido e operado pelo maior tormento de que há notícia na História. "Olhando para esta fisionomia, os senhores veem que Ele está como um Juiz diante de seus algozes. E que expressa uma rejeição, uma censura, um desacordo, e uma condenação àqueles que O mataram. Corno quem diz: 'Eu sou a lei, Eu sou o Juiz, e Eu sou a
Vítima! E julgo a esses três títulos o crime que contra Mim foi pralicado'. É, verdadeiram.ente, divino, mc1;jestoso e assombroso ".3 • E-ma il para o autor : catoli cismo@terra.com .br
Notas:
e
1. Marco Tosati , "La Sinclone 11011 L111 fal so", Vati ca n lnsicler, 15/1 2/201 1. 2. A íntegra do relatório do ENEA pode ser co nsultada em: http://opac.bo log na. enea .it :899 l / RT/20 11 /201 1_ 14_ ENEA.pdf. 3. Pa lestra para sócios e cooperadores ela TFP, reali zada em 10-3- 1973 (sem rev isão do autor).
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EFEMÉRIDE
São José: de .raça patriarcal, . . regia e pnnc1pesca /
N osso Senhor Jesus Cristo quis viver na pobreza, mas nascer de estirpe real; viveu humildemente, mas amou a aristocracia, que é um dom de Deus Quando se fala em nossos dias de São José - cuja festa a Igreja celebra no dia 19 deste mês - recorda-se frequentemente sua condição de operário, de simples carpinteiro. E ele o foi realmente. Mas há um outro aspecto pouco considerado do pai adotivo de Jesus: sua alta nobreza de nascimento, pois descendia, assim como sua castíssima esposa, da real estirpe de David. "Regali ex progenie Maria exorta refulget" (Maria manifesta-se a nós fulgurante , nascida de uma estirpe real) , conforme as belas palavras da Igreja. Uma vez que esse aspecto de Príncipe da Casa de David é pouco associado à pessoa de São José, convém realçá-lo aqui. Fazemo-lo reproduzindo alguns trechos extraídos da obra Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, de Plinio Corrêa de Oliveira.'
~~.,,,~~
l)e um sel'mão de São Ber11al'di110 de Siena (13801444) sobl'e São José: "Em primeiro lugar , consideremos a nobreza da esposa, isto é, da Santíssima Virgem. A Bem-aventurada Virgem foi mais nobre do que todas as.cri atu ras que tenham existido na natureza humana, que possam ou tenham podido ser geradas. Pois São Mateus (cap. J ), co locando três vezes catorze gerações, desde Abraão até Jes us Cri sto inclusive, mostra que E la é descendente de catorze Patri arcas, de catorze Reis e de catorze Príncipes. [ ... ] São Lucas, escrevendo também no CATOLICISMO
cap. 3 a sua nobreza, a partir de Adão e Eva, prossegue na sua genea logia até Cri sto Deus. [ .. .] E m segundo lugar, consideremos a nobreza do esposo, isto é, de São José. N asceu ele de raça patri arcal , régia e principesca, em linha reta, como j á foi dito. Pois São M ateus (cap. 1) leva em linha reta todos esses pai s desde Abraão até ao esposo da Virgem, demonstrando claramente que nele desfechou toda a di gnidade patriarca l, régia e principesca. [ ... ] E m tercei ro lu gar, exa minemos a nobreza de Cri sto. Ele fo i , portanto, como decorre do que ficou dito, Patriarca, Rei e Príncipe, por parte de mãe e de pai [ ...].
Os referid os Evangeli stas descreveram a nobreza da Virgem e de José para manifestar a nobreza de Cristo. José fo i portanto de tanta nobreza que, de certo modo, se é permitido ex primir-se ass im, deu a nobreza temporal a Deus em N osso Senhor Jesus Cristo" .2
Dos escl'Ítos sobrn São José, de São Peclro Julião Eymal'd (1811-1868): " Qu ando D eus Pai reso lveu dar o seu F ilho ao mundo, qui s fazê- lo co m honra, pois E le é digno de toda a honra e de todo o louvor. Preparou-Lhe, pois, uma corte e um serviço rég io di gnos d'Ele: D eus queri a que, mes mo na Terra, o seu Filho encontrasse uma recepção di gna e glori osa, senão aos olhos do mundo, ao menos aos seus própri os olhos . Esse mistéri o de graça da Encarnação do Verbo, não foi realizado por D eus de improvi so e aquele que hav iam sido escolhidos para tomar parte nele, foram preparados por Ele muito tempo antes. A corte cio Filho de Deus feito H omem compõe-se de M aria e de José; o própri o D eus não poderi a ter encontrado para seu Filh o servos mai s dignos de estarem junto d'Ele. Con ideremos parti cularmente São José. Enca rregado da ed ucação do Príncipe real do Céu e da Terra, incumbido de diri gi-lo e de servi-lo, era necessári o que os seus servi ços fizessem honra ao seu div ino pupil o: não ficava bem a um D eus, ter que se envergon har do seu pai. Portanto, devendo ser Re i, da estirpe de Dav id, faz nascer São José desse mesmo tronco rea l : quer que ele seja nobre, até mesmo da nobreza terrena. Nas veia · de São José corre, poi s, o sangue de David, de Salomão, e de todos os nobres reis de Judá e se a sua dinastia tivesse continuado a reinar, ele ISão José] seria o herdeiro do trono e haveria de ocupá- lo por sua vez. N ão vos detenhais a considerar a sua pobreza atual : a injustiça ex pul sou a sua famíl ia do trono a que tinha direito, mas, nem por isso ele dei xa de ser Rei, filh o
desses Reis de Judá, os maiores, os mais nobres, os mai s ri cos do universo. Também nos registros do recen seamento em Belém São José será in scrito e reconhecido pelo Govern ador romano, como o herdeiro de David : esse é o seu pergaminho rea l, faci lmente reconhecíve l e leva a sua rég ia assinatura. M as, que importa a nobreza de José? - direis talvez. Jesus só veio para se humilhar. Respondo que o Fi lho de Deus, o qual se qui s humilhar por algum tempo, também qui s reunir na sua Pessoa todos os gênero s de grandeza: E le também é Rei por direito de hera nça, poi s é el e sangue real. Jes us é nobre, e qu ando esco lher os seus Apóstolos entre os pl ebeus, Ele os enobrecerá: esse direito pertence-Lhe, j á que é filho de Ab raão e herd eiro do trono de David. Ele ama esta honra de famíli a; a Jgrej a não entende a nobreza em termo s de democrac ia: res peitemos, portanto, tudo o que Ela res peita. A nobreza é de D eus. M as então, é prec iso ser nobre para servir a Nosso Senhor? Se o sois, darLhe-eis uma glória a mais; porém, não é necessário, e Ele contenta-se com a boa vontade e a nobreza do coração. Contudo, os anais da Igreja demonstram que um grande número ele santos, e dos mais ilustres, ostentavam um brasão, possuíam um nome, uma famíl ia distinta: alguns até eram de sangue real. Nosso Senhor compraz-se em receber a homenage m de tudo qu anto é honorífico. São José recebeu no Templo esmerada educação e Deus preparouass im para ser o nobre servidor do seu Filho, o cavalheiro do mais nobre Príncipe, o protetor da mais augusta Rainha do Universo". 3 •
º
Notas: 1. Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuçõe.,· de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Ed i tora C i vili zação, Porto, 1992. 2. Sancti Bema rdini Senensis Semwnes Eximii, vol. IV, in Aedibu s Andreae Poletti , V enetii s, 1745, p. 232.
3. Mois de Sain t Joseph, le premier et le plus pa,fait eles adorateurs - Ex trait des écrits du P. Ey mard, Desclée ele Brouwer, Pari s, 7" ed., pp. 59-62.
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Santo Adriano, Mártir
São Sofrônio, Bispo
+ Palestina, 308. Sabendo que
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os cri stãos eram perseguidos em Cesaréia, para lá se dirigiu a fim de prestar-lhes auxílio. Preso, fo i açoitado e depois lançado aos leões, que correram para ele submi ssos. Teve então a cabeça decepada.
+ Alexandria, 638. Nascido em Damasco, viveu como eremita 20 anos, para depois "ser colocado à .fi·ente da igreja de Jerusalém, que viu ser destruída pelos sarracenos" (do Martirológio Romano).
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Santo Nbino, Bispo e Confessor
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Santo Inocêncio I, Papa e Confessor
+ Angers (França), 550. De
São Conon, Mártir
+ 417. "Estendeu a solicitude
nobre estirpe, foi eleito bispo de Angers já sexage nár io . Combateu o imoral costume de senhores semibárbaros se casarem de modo incestuoso com irmãs ou filh as. Convocou o Concílio de Orleans, que estabe leceu penas severas contra esse ab uso.
+ Galiléia, 25 l. "Jardineiro
da Igreja Romana ao Oriente, de.fendendo São João Crisóstomo quando de sua expulsão da Sé de Constantinopla; na Á.fi'ica, apoiou Santo Agostinho contra a heresia donatista. Na Itália, teve que e,ifi'entar a invasão dos visigodos" chefiados por Alarico (Do Martirológio Romano).
cristão, lendo co11f'essado ser discípulo de Jesus cruci,ficado,foi condenado a correr na ft·ente de urn carro, tendo seus pés atravessados por c ravos ".
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livros. Formou- e na Universidade de Viena e foi ordenado redentorista em Roma.
16 Santa Eusébia ele Hamage, Vil'gem + França, 680. Aos oito anos foi viver co m a avó, Santa Gertrudes, então abadessa de Ha mage. Após a morte desta, foi eleita em seu lugar, apesar de ter somente 12 anos.
17 São José de ArimaLéia . Confessor + Séc. I. "Homem bom e justo", esteve presente na Crucifixão, conseguindo licença para sepultar No so Senhor. Segundo a Tradição,juntou-se depois aos discípulos de Jesus e foi apóstolo fervoroso .
2
Santo Esterwin Abade, Confessor
Santa Inês ela Boêmia, Viúva + 1282. Filha de reis, casada
+ Inglaterra, 686. Trocou a
13
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corte de N ortúm bri a pe lo claustro de Weannouth , sob a direção de São Bento Biscop, seu parente. Como abade, foi modelo ele piedade, prudência e amor à penitência.
Santos Rodrigo e Salomão, Mártires
Santo Alexandre de Jerusalém, Bispo e Mártir + Cesaréia, 250. Discípulo de
aos 13 anos com o príncipe da Silésia, ingressou no mosteiro cisterciense para terminar sua formação. Com o falecimento de seu marido ela resolveu entregar-se toda a Deus, fundando um asilo para os pobres e um sodalício para cuidar deles. Primeira Sexta-feira do mês
3
8 São João de Deus, Confessor
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+ Córdoba, 857. Rodrigo, muçulmano convertido ao catoli cismo, ficou sacerdote. Apaziguando uma disputa domésti ca, seu irmão islamita denunciou-o ao califa. Na prisão encontrou Salomão, out:ro cristão preso por mo tiv o a nálogo . Ambos foram decapitados por não quererem apo talar.
Santos Marino e Astério, Mártires
São Gregório de Nissa, Bispo e Confessor
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+ Palestina, 262. "Marilw ia ser
+ 400. Forma com seu irmão
Santa Florentina, Virgem
promovido a centurião, quando foi denunciado conw cristão por um rival. Obrigado a escolhe,; preferiu a palma do martírio às honras militares. O senador romano Astério, que havia assistido ao seu suplício, foi condenado à morte por haver-lhe recolhido o corpo " (do Martirológio Romano). Primeiro Sábado do mês
São Basílio e seu amigo São Gregório Nazianzeno, a tríade cios Luminares da Capadócia, caracterizados desta fo rma: "Basílio, o braço que atua; Nazianzeno, a boca que fala; Nissa, a cabeça que pensa ".
+ Cartagena, 633 . Irmã de três
4 São Lúcio I Papa, Mártir
+ Roma, 254. Fo i um cios ilustres presbíteros ele Roma que seg uiram São Corné li o ao desterro, tendo sucedido a este no Papado.
10 São Macário de Jerusalém , Bispo e Confessor + 335 . Foi um cios signatários do Concílio de Nicé ia contra os arianos. Venerado pelo imperador Constantino e por ua mãe Santa Helena, com ela descobriu vário cios instrumentos da Paixão de No so Senhor, inclusive a verdadeira Cruz.
dos homens mai. notáve is ela E panha - ão Lea ndro de Sevilha, ã Ful gêncio, o Pai dos pobres, bi spo de Ecij a, e Santo Isidoro, sucessor cio irmão Lea nd ro na Sé de Sevilha - , ra também tia cio mártir Santo Herme negi ldo. Tomou o hábito beneditino. Auxi li a la pelos irmãos, fundou 40 mosteiros, o nd e viviam mais de mi l religiosas.
15 São Clemente Maria llofbauer, Confessor
+ Viena, 1820. Aprendiz de padeiro, trocava o forno pelos
São Clemente de Alexandria, foi eleito bispo na Capadócia. Dirigindo-se em peregrinação a Je ru sa lém, esco lhera m-no para bispo dessa cidade.
IH São ,los •, esposo da SanLíssima Virgem, Patl'Ono ela Igreja Universal e ela Bm1 Morte Para se ter idéia da g randeza de São José, consicl r -se apenas que ele fo i d ign sp o da Rainha dos us pai adotivo de Jesus (Vid p. 42).
20 São Wull'r.1110, Bispo e Confessor
nás io a Sexta-Feira Santa na Sé de Alexandria, foram massacrados pelos ari anos e pagãos.
riormente ap rese ntou -se ao prefeito da cidade, que o mandou queimar vivo.
22
São GonLran Rei, Confessor + Châlons (França), 592. Rei
São Zacarias, Papa e Confessor
+ 752. Grego de origem, "por sua.forte personalidade, soube impor-se Junto a vários soberanos lombardos, francos e bizantinos. Em Roma, restaurou diversas igrejas e fez grande número de fundações em favor dos pobres e peregrinos" (do Martirológio Romano).
23 São .José Oriol, Confessor + Barcelona, 1702. De origem humilde, com o auxílio de alguns sacerdotes conseguiu ordenar-se e doutorar-se em Teologia. Grande pregador e possuidor do dom da profecia, ele era muito procurado para direção da almas devido às suas luzes sobrenaturais.
24 Santa l lildelita , Virgem + Ing laterra , 524. Não ex istindo ainda conventos na Inglaterra, essa princesa atravessou o ca nal da Mancha e tornou-se re li giosa na França. Voltou e ntão à s ua pátria, onde organizou a vida monástica em Barking.
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Anunciação do Anjo e Encarnação do Verbo O aconteci mento tra nscendental da História: o Verbo de Deus encarnou -se no se io puríssimo de Maria.
+ França, 703. Poi no m •ado para a Sé de S ns nqu nnl o seu titular, SantoAmutus, ainda estava vivo. Mas d ·i ou o cargo para ir eva n , ' l i,r,ur os frísios.
21 Mártires de Al<',,:uulrla + 339. Esses cri stãos, qu ·o memoravam com anlo /\tu -
26 Santa Margarida ClíU1erow (Vide p. 36)
27 Sémto Ilabib, Már'Lir + Eclessa (Iraq ue), 322. Diácono, exercia a pregação no ca mpo, endo por isso perseuido. E concleu-se e poste-
28 da Borgonha, após divorciarse e mandar executar seu médi co, ficou cheio de remorsos e abando nou as po mpas do mundo . Empregou então sua fortuna na construção de igrej as e mosteiros e na distribuição ele esmolas, vivendo na mais rigorosa penitência.
29 Santo EusLásio, Abade e Confessor
+ França, 625 . Discípulo e sucessor do grande apóstolo da Irlanda, São Columbano, na abad ia de Luxeuil (França). Sobrinho de São Mieto, bi spo de Langres, deu novo brilho a essa abadia, na qual 600 monges se sucediam uns aos outros no lo uvor de Deus.
30 São .João Clímaco. Abade e Confessor
+ Palestina, 649. Após bri lhantes estudos, retirou-se ao deserto do Monte Sinai, onde inicialm e nte viveu isolado. Correndo a fama de sua santidade e saber, muitas pessoas passaram a procurá-lo em busca de conselho. Tornou-se o mais popular escritor ascético de seu tempo, devido à sua Escada do Paraíso, verdadeira sú mula de espiritu alidade monástica, que lhe vale u também o cog no me de Clímaco .
31 São Daníel, MárLír + Veneza, 1411. Alemão de origem, estabeleceu-se como comerciante em Veneza. Bem sucedido, doava seu lucro aos ca maldule nses, no convento dos quais morava como hóspede- le igo. Foi assass in ado por lad rões que assa ltaram o mosteiro.
Intenções para a Santa Missa em março Será ce lebrado pelo Revmo . Podre David Fron cisquini, nos seguintes intenções: • Em louvor do Anun '. ciação e Encarnação do Verbo de Deus e também em mem ória de São José - festividades que se comemoram em março - implorando o Nosso Senhora e o seu glorioso e casto Esposo que protejam e guardem os famílias que recebem o revi sto Catoli-
cismo. • Intenção especial dos famílias prejudicados pelos chuvas que assolam diversas regiões do Brasil, em particular os estad os do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Intenções para a Santa Missa em abril • Nesta Semana Santo, pelos méritos infinitos do Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, pedindo os mais escol hidos graças poro nosso País, a fim de que se jamos agrac iados com o misericórdia divino .
MA
Recorde de participação na Marcha pela Vida
na capital norte-americana
8.669 pessoas que não puderam esta r presentes à Marcha, lamentaram o fato e envi aram mensagens de solidari edade e uni ão ele orações. Houve delegações da Europa (A lemanh a, Bé lg ica, França, Itá li a, Lituânia e Portugal) e da América Latina (Brasil e Urugua i). Encorajadas pelo exempl o ameri cano, marchas contra o aborto no mesmo estilo estão endo realizadas em di versos pa íses. Em poucas semanas será a vez da Cidade Eterna. O Prínci pe D. Bertrand de Orleans e Bragança e o Duque Paul ele Oldenburg honraram uma vez mai o acontecimento com suas nobres presenças. Inúmeras aul ori !ades ecles iásticas e c ivis parLi c iparam ci o ato, muitas delas fazendo uso da pa lavra na concentração que se formou anLes da caminhada. Ressa lta mos as corajosas palavras ci o cleputad re publi cano C histopher Smith, do Eslado ele Nova Je rsey, que se dirig iu ao pr s id nle da Rep ública com estas pa lav ras: - Senhor presidente, a violenta destruição das crianças no ventre materno não é u111 vo lor a111ericano. - Senhor presidente, os americanos em sua grande 111aioria opõem-se ao aborto e valoriza111 a vida das mulhe res e dos nascitn ros. - Senhor presidente, cesse de impor políticas a i11 ,1·1i111 içties americanas · e organizações reli14 iosas. - Senhor pr ,,1·ide111e, o aborto não é, nunca foi e ja,nais se rá um valor am.ericano. - Senhor presidente, cesse de impôlo aos Estados Unidos e uo 111undo.
*
□ FRANCISCO JOSÉ SAIDL
"Rain or shine !" (Faça chuva ou faça sol - expressão usada para indicar a decisão de enfre ntar uma determinada situação, sej a qual fo r o seu desfecho). Este era o estado de espírito dos participantes da 39ª edição da Marcha pela Vida em Was hington, no último dia 23 de j ane iro, por ocas ião de mais um ani versário da iníqu a decisão da Suprema Corte americana. E m 1973, esta co locou a prática do abo rto sob o amparo da le i, ceifa ndo desde então, crue lmente, a vida de mais de 55 milhões de nascituros.
Embora ten ha c hu viscado durante boa parte do evento, o mau tempo não chegou a afetar um número. ignifi cativo de pessoas, permitindo que a Marcha batesse novo recorde de participação. Ca lcu la-se que a multidão superava a casa de 350 mil parti cipa ntes. Ao ser oferecid o um guarda-ch uva a uma senho ra vinda do estado de Conn ecticut, esta recusou, continu ando a caminhar sob a chu va dizendo: "Of ereço este sacrifício pela causa dos bebês não nascidos". Nos úl timos anos, eventos dessa natureza têm ocorrido em outras c idades ameri canas com crescente número de aderentes . E m São Francisco, a Carninhada pela Vida contou com a partic ipação de ma is de 60 mil pessoas.
TFP americana, tocou incessante mente hinos re li g iosos e patrióticos , contribu indo de modo relevante para manter alto o c lim a de entusias mo. Nos dias s ubseq ue ntes, das ma is variadas partes dos EUA chegaram à TFP ameri ca na mensagens a propós ito desse impo rtante aco ntec imento. Destacamos estas:
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D E u participe i da Marchfor LU'e co m outros 480 j ove ns peregrin os da No di a seguinl à Marcha, o referido Arquidiocese ele Boston. Fo i sensaciodeputado recebeu cm s u gabinete rep rena l e animador ver tantos pro-l(fers re usenta ntes das clelegaçõ 'S dos países men- . nidos. A TFP destaco u-se ! c io nados, qu e foram ·um primentá- lo pela sua brilhante aluaçfü) contra a políD Também nós tivemos um a Martica assass ina do abo rl o. cha pela Vida em Goa, lndi a. Deus esCessados os di scursos, o púb li co teja com vocês e Nossa Senhora gui e ini c io u a ca minh ada , encabeçada por s ua organi zação. j ovens portando a fai xa MARCH FOR LIFE 2012, os quai s e n1 oaram a Salve D Co mo se mpre , a presença da Regina em latim . TFP fo i insuperável. A fa nfa rra e a di sA Fanfarra dos Santos Anjos, da tribuição de milh a res d e fo lh e tos
in titul ados "São Miguel Arcanjo e a vitória pró-lUe ", rev igoraram nos parti c ipantes a certeza no triunfo prometido por Nossa Senhora e m Fátima. • E- mail para o autor: cato li c is mo@ terra.co m.br
CATOLICISMO MARÇO2012 -
ADA PELA AMÍ oaborto ead\\aduta nomosse~u .
r .br
Cruzada pela Família em defesa
da moral de nossos filhos '!
Eoso N CARLOS DE ÜUVEIRA
D
e 3 de jane iro a 3 de fevereiro de 2012 , o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira promoveu mais uma caravana de férias. Desta fe ita tratou -se da Cruzada pela Família , em defesa da instituição famili ar e da mora lidade de nossos filhos. Tendo-se iniciado no Distrito Federa l e percorrendo mai s de 20 cidades de quatro Estados (GO, MG, RJ e ES), os 32 jovens vo luntári os que a co mpunham divulgaram doi s li vros de autoria do Padre David _Franci squini : Homem e mulher Deus os criou e Catecismo contra o aborto. Ambos para combater os doi s grandes inimi gos atuai s da família: o aborto e a propagação do homossexu ali smo. A campan ha do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira naturalme nte desagradou abo rti stas e defensores do homossex uali smo, mas e ncontrou aco lhida simpática por parte da maioria do público. A receptividade deste aos objetivos da campanha comprovou que a maiori a es magadora da população brasile ira
rejeita tanto a agenda do movime nto ho mossex ual como o assassi nato de seres inocentes e indefesos no se io materno. Foram divulgadas mai s de 5.000 obras. A coragem e a ufani a dos caravanistas cm defesa da moral cató li ca - apresentada de modo doutrin aria mcnte só li do, e ao mes mo tempo ordeiro e pacífi co - animou todos aq ueles que compartilham essas pos ições. • também os que, de alguma mane ira, estavam rece sos d se manifestar por receio de represáli as . Tal rece io motivado muitas vezes pe la pressão que órgãos da mídi a exercem a favo r do aborto e de práticas ho mossex ua is. A caravana demonstro u que, se soubermos defender nossos ideais com sólidos argumentos, coragem e dentro da legalidade, levantar-se-á um ob táculo consistente contra os que pretendem minar e destruir a instituição fami li ar e m nossa Pátria, batizada como Terra de Santa Cruz. Convidamos os leitores de Catolicismo a visitar o site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira , para assistir aos vídeos dessa épi ca caravana (www.ipco.org.br). • E-mail para o aut or : catoli cismo @terra.com.br
CATOLICISMO MARÇO2012 -
sidade de 11111 11 conv •rsão em face da anunciada puni c,::10 da human idade, após a qual se dará o lri1111 1'0 do Imaculado Coração de M aria anu11 ·iudo ·111 Fátima no dia 13 de julho de 19 17.
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Comemoração das aparições de Lourdes reúne adeptos do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira u M ARCOS
LUIZ GARCIA
C
omo a primeira das apari ções ele Nossa Senhora em Lourdes , na França, ocorreu no dia 11 ele fevereiro de J 858, a trad icional co memoração desse fe li z evento é sempre _fe ita no mes mo dia e mê . No intuito ele proporcionar a seus adeptos um conhecimento mais profundo cio conteúdo dessas apari ções, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira promoveu mais um painel em São Paulo, desta vez no salão nobre cio conhec ido Club Homs, situado na aven ida Paulista. Abriu a sessão o Dr. Adolpho L inden-
berg, presidente do Instituto, que passou a palavra ao primeiro orador, Revmo. Padre Anclerson Bati sta da Sil va, professor de Teologia no Instituto ele Filosofia e Teo log ia cio Seminári o ele São José (Niterói, RJ). Expondo com muita unção os aspectos hi stóricos e esp iri tuais das aparições, o Pe. Anderson deixou c laro que as graças e os milagres ocorridos a partir de então em Lou rdes, e que até hoje produzem seus efeitos altamente benéficos, deveriam ser muito mai s aproveitados para a santificação elas almas em si mes ma mais importante que as curas físicas, cuj o alcance ev identemente ning uém tampouco pode negar.
E m seguida o Sr. Lui s D uíaur di scípul o de Plini o orrêa de Oliveira, conferenci sta ele po líti ca in ternac ional no m es mo In. titulo, hi storiador e ed itor de diversos blogs - considerou as revelações ele N ossa Senhora de Loureles à lu z le um panorama hi stóri co que inclui as aparições da Rue em du Bac ( 1830) , ele La Salette ( 1846) - ambas na França - e de Fátima (] 9 l 7), em Portuga l. Segundo o conferencista, as apari ções de Lourde devem ser anali sadas dentro do contexto gera l das quatro m ani festações de Nossa Senh ora, as quajs faze m parte de um só p lano providenc ial: advertir o mundo da neces-
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Ter111i1111d11s as •xpos ições os oradores respond ·n 1111 rr diversas perg untas, reveladoras do pml'11 11do interesse da assistência pelos lt· r11 11s lralados. S.A .I.R . 1>0111 Bertrand de Orleans e Bragança, Pdrrdp · Imperial do Brasil, proferiu a. pul11vr11s dt· encerramento, conclamanclo os p, 1·s1•1111·s a exercer crescente atividade 111 r 1v1 u d11 causa de Nossa Senhora. Fri sou t..1111h111 1 o l'XCmplar papel desempenhado p ·lo Pr ol Plinio Corrêa de O liveira nessa lula, rn111 vi11íria final fo i assegurada pela Sanl ss i,1 111 Virg •m. Foram 1•11 1 ~1 •uida sorteados, entre as 200 pesso1 ,s pr 1•s1•111 ·s, do is livros alusivos às apa.ri c,:ot•,s d1• Nossa Sen hora de Lourdes, de autoria do , 'r Luís Du fa ur, bem como c inco peq111•1111 lrrrs ·os trazidos de Lourdes, conl ' lido 1111}'11:I milagrosa da fo nte qu j orra desd1· 11 1111110 das aparições a Santa Bern adel L' . Duranl1· 11 ,·111'!.tni/ que se seguiu, os Lemas das • p111,1 111 s füram mu ito comentados, demo11s1, rrr do quanto eles interessaram aos pres nl l', , 11,rl ponto de o evento, iniciado às 19 ho111 , 1• ll·11dcr-se até as 22h30. • E- 111.ii l p11 111 11 1111111r: •· oli cis111o@rerra .co11
CATOLIC ISMO MARÇO 2012 -
M B I E N T ES
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O S TU M E S
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XmperlWor <!nrlos m ll$no Nome que adquiriu som de prata e de bronze, que ecoa pelos séculos! ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvEIRA
O
que é mais admirável em Carlos Magno: o homem de piedade ou o guerreiro? O diplomata ou o organizador do Império? O restaurador da cultura ou o fundador de uma dinastia? Sinto mal-estar diante da pergunta. Não porque ela não tenha sentido - pode-se fazer tal pergunta, ela tem razão de ser - , mas o modo como ela é feita tende a omitir o mais importante: todo o conjunto. A questão está mal formulada, porque essas qualidades admiráveis não se excluem. Elas devem ser consideradas concretamente em um homem, e não abstratamente. Ou seja, no Imperador do Sacro Império, tais qualidades formam um todo que o representa. Uma totalidade que fez com que os dois nomes "Carlos" e "Magno" adquirissem som de prata e de bronze, que ecoa pelos séculos. Esse é o unum la característica própria] de Carlos Magno, que é muito maior do que a soma daquelas qualidades. Considerando o unum de um homem, podemos melhor com preender como as várias qualidades resultam, de fato, numa beleza maior, pois o conjunto é mais belo que as partes. Mas isto, na medida em que as qualidades isoladas forem muito boas. Exemplo: um vitral em que cada pedacinho de vidro de má quali dade reflete mediocremente a luz, deixando-a transparecer de forma embaçada e em cores indefinidas, dá um conjunto inexpressivo nu111 vitral ordinário. É preciso que cada vidrinho seja de muito boa quali dade para que o conjunto fique extraordinariamente lindo. A 111a téria-prima tem de ser excelente para que o conjunlo seja ainda melhor. Carlos Magno é um exemplo estupendo desse princípio! •
Excertos da conferência prof • rida pelo Prof. Plinio Corr a d Oliveira em 26 de outubro d 1980. Sem revisão do autor.
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, PuN10 C oRRÊA
oc
ABl~IL de 2012
Tratado da Verdadeira Devoção: bomba atômica - não para matar, mas para ressuscitar
A
Providênci a reso lveu jogar sua bomba atô mi ca co ntra os adversários da Igreja. Perto desta bomba, as convul sões de Hiroshima e Nagasak i não passam de in ocentes tremedeiras. Há dois sécul os que está pronta a bomba atômica do ca tolici smo. Quando ela exp lodir de fato, compreender-se-á toda a pl enitude de sentido da palavra da Escritura: "Non est qui se abscondat a cctlore ejus" 1Não há quem possa subtrair-se ao seu ca lor, SI 18, 71 . Esta bomba se chama com um nome muito doce. É que as bombas da I grej a são bombas de Mãe. Chama-se Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. N ele, cada palavra, cada letra é um tesouro. Este o livro dos tempos novos que hão de vir.
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* * * O B eato Grigni on de M ontfort expõe em sua obra, no que cons iste a perfeita devoção dos fiéi s a Nossa Senhora, a esc rav idão de amor dos verdadeiros católicos à Rainha do Céu. Ele nos mostra o papel fundam ental da M ãe de Deus no Corpo Místico de Cri sto e na vida es piritual de cada cristão. Ele nos ensina a viver nossa vida es piritual em consonância com essas verdades . E nos ini cia em um processo tão sublime, tão doce, tão ab so lutame nte maravilhoso e perfe ito de nos unirmo s a M ari a Santíss ima, que nada há na literatura cristã de todos os sécu los que o exceda neste ponto. Esta devoção, di z Gri gni on de M ontfort, unindo o mundo a Nossa Senhora, uni - lo-á a Deu s. No di a em que os homens conhecerem, aprec iarem, viverem essa devoção, nesse dia Nossa Senhora reinará em todos os corações e a face da T erra será renovada. De que forma? Gri gnion de Montfort esc lareceu que seu livro susc itari a mil opos ições, seria calun iado, escondido, negado; que sua doutrina seria difamada, oc ultada, perseguida; que ela causa ria automaticamente uma antipatia profunda nos que não têm o espírito da I grej a. Mas que um di a viria, em que os homens por fim co mpreenderi am sua obra. Nesse dia esco lhido por Deus a restauração do Rein o de Cri sto estari a assegurada. Durante séc ulos, a ca noni zação do· Beato Grigni on ve io ca minh ando. Por fim , ela chegou a seu termo. É abso lutamente impossíve l que esse fato não tenha um nexo prof'undo com a dilatação da Verdadeira Devoção no mundo. E, nós o repetimos, é essa Verdadeira Devoção a bomba atômi ca que - não para mat ar, mas para ressusc itar - Deus pôs nas mãos da Igreja em prev isão das amarguras deste séc ul o. Confiamos imensamente mais na bomba atômica de Grignion de Montfort e em seu poder, do que receamos a ação devastadora de todas as forças humanas. (" Leg ionári o", nº 689, 2 1- 10-
UMARI
OuvEIRA
EUA: Recrudescimento do conse1vadolismo
SANTOS
19
ENTREVISTA
22
Dm,TA()tm
São Vicente Ferrer
Código Florestal e engessamento da agropecuária
Na Terra de Santa Cruz, proibição de crucifixos
26 C:APA Devoção mal'Íana: três séculos de uma obra providencial 40
NAc10NA1 ,
42
SANTOS
O Brasil real e o Brasil visto pela mídia
1,: J:<'1,:sTAS no Mf:s D. Bertrand de Orleans e Bragança
44 AçAo
52
CoNTl~A-Rr.:vo1 ,t 1cmNAmA
AMBIENTl•:S, COSTUMES, CIVll,IZAÇÕl•:S
No modo de ser francês, a síntese dos demais povos europeus
Pintura do séc. XVIII conservada no Hospital das Filhas da Sabedoria, em Rennes, França . Nossa Capa: São Luís Maria Grignion de Montfort, aos pés de Nossa Senhora, oferece o Tratado da Verdadeira Devoção. Foto: Kcnneth Dr,:ikc
1945). • CATOLICISMO
ABRIL2012-
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
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Prol Editora Gráfi ca Lida. E-mail: catolicismo @terra.com .br Home Page: www.catolicismo.com .br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Abril de 2012:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA .
Caro le itor, A matéria de capa desta edição comemora os 300 anos do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem , ele São L uís Grigni on de Montfo rt, escri to em 171 2 e considerada sua principa l obra. Este insigne missionário e doutor mari al enfrentou co m destemor a Revolução ele seu tempo (séculos XVII e X VIII), tendo sido um protótipo de contra-revoluc io nári o. Apesar ele o processo revolucionári o encontrarse naqueles dias bem menos avançado do que na época atual, a guerra que contra ele empreendeu o santo exigiu-lhe esforços e sacrifíc ios ingentes. Após a revolta protestante - a primeira das três grandes revoluções que abalaram o Ocidente cristão - os germens da Revolução Francesa passara m a fe rvilhar na Cristandade, e m boa medid a por causa elas investidas da heresia jansenista, que infectou quase todas as regiões da França. O jansenismo se disseminara de tal modo, que São Luís Grignion só era autorizado a pregar e m duas dioceses: La Rochelle e Luçon, na Yandéia, cuj os bispos eram meritori amente antijanseni stas. Foi nessa região ass im favorec ida pelas mi ssões cio heroico pregador maria no que, 73 anos após sua morte, as populações católicas se levantaram contra os revolucio nários obstinados em destruir o altar e o trono. É oportuno lembrar que os heróis vandeanos, no decorrer da pugna contra-revolucio nári a, entoavam hinos religiosos ensinados a seus ancestrais pelo seu venerado Padre de Montfort. Ta l impostação hi stóri ca é necessári a para se entender b m o perfi l do inspi rado autor do Tratado da Verdadeira Devoção, red igido há três séc ulos. A provide nc ia l obra, que fico u desaparec ida por mais de um séc ulo - info rtúni o previ sto pelo próprio auto r - , exerceu e contin ua a exercer pape l fund amental para aprofund ar o co nhecimento de Maria Santíssima. Difundindo e leva ndo ao ápice a prática da e. crav idão de amo r à Santa M ãe de Deus, o li vro fo i tradu zido para prati ca mente todos os idio mas, incenti va ndo assim o mais ace ndrado fervo r mari ano nas almas dos fié is. Esperamos que a leitu ra desse artigo, resumiti vo ela doutrina exposta no Tratado por São L uís G rig nion, possa co ntri bui r para o cresci mento da devoção maria na de todos os leitores.
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Sudári o ele Turim e do Véu ela Verôni ca. Três glóri a para os cató li cos. Não me canso de ler a respeito e agradeço mais esta oportunidade que me proporcionou a revista ci o presente mês [março/20 12). Pude conhecer aspectos novos que eu ignorava, e que o Prof. P líni o desve nd o u aos meus o lhos. Fe li z Páscoa! (S.L.P.F. -
Comungar como
Belas analogias BJ "Marav ilha !" Foi minha excl amação, que espontaneame nte sa iu-me da boca, quando te rmine i de le r os comentários do arti culi sta [Plínio Corrêa de Oliveira] da matéri a principal da rev ista. Uma maravilha as corre lações que e le faz da Ressurreição com a "ressurre ição" do pecador (quando se converte); com a história dos povos (quando cumprire m suas missões); com a " ressurreição" da Ig rej a (q uando e la chegar à sua plenitude). Algo de " ressurreição" com o nascimento da arte gótica na Idade Média. Maravilhoso! Parabén s! (H.T.W. -
BA)
se
cle11e
BJ Gostaria ele fe lic ita r o Monsenhor José Lui z Vill ac pela brilhante resposta sobre a co munhão de j oelhos e na boca. Comun go sempre na boca, mas a paróquia não oferece oportunidade para com unh ão de joelhos. Quando (no dia 8/ 12/20 11 ) fiz minh a co nsag ração el e esc rav id ão perpétua à Sa ntíss ima Virgem e a Jesus Cri sto por meio cl 'Ela, pelo método ele São Luís Maria Gri gn io n de Montfort, com a utili zação do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virg em, o padre não permitiu que eu recebesse a comunhão de joelhos. No entanto, desobedecendo à ordem expressa cio padre, comunguei na boca e ajoelhado. O padre agora está mai s solícito e acredito que e m breve vou comungar sempre da forma co mo se eleve, na boca e de j oe lhos. Um abraço, Mon senh or! Rezo todos os dias pelo senhor. (H.S. -
Para que te11l1am te
RS)
RJ)
B] Ajudou muito para minha vida es-
Recepção clevota ela Eucaristia
piritua l uma leitu ra atenta do texto sobre a Ressurreição. É um mi stério, mas não entendo como pode alguém negar o acontec imento que fo i profetizado, testemunhado e depoi s co nfirmado com revelações e pesqui sas. Que nosso Sa lvador tenha mi seri córdi a de todos os homens, inclusive dos pecadores e os que, no momento, não crêem.
[gJ É muito importante esta rev ista continuar respondendo perg untas. Realme nte não sabemos muita coisa da Reli gião, corno com ungar verdadeiramente; como estar preparado para receber de coração puro Nosso Se nhor e adorá-Lo.
(R.D . -
SE)
Glórias da lgl'eja BJ Sou grande ad mirador cios temas como a Ressurreição de Cr isto , do
-CATOLICISMO
(E.M.S.F. -
AM)
Opol'tuna Notificação Pastoral (0 Sr. Redator: Tendo e m vista a matéria de "A palavra do Sacerdote" [Catolicismo, jane iro/20 l2], certamente essa revi sta gostari a de tomar con he-
c ime nto da Notifi cação Pastora l do Bi pode Frederico Westphalen (RS), Dom Antonio Ross i Keller, de 24 de dezembro de 20 1 1 (q ue copiei cio site Fratres in unurn, em arti go de G.M . Ferretti), ela qual destaco a parte final. O bi spo disponibi li zou genufl exórios para a comunh ão de joe lhos na catedra l e recomenda que se faça o mesmo nas de mais igrejas da cidade. O que, ali ás, a Igreja sempre reco mendou , mas que a ala progressista, tipo Teologia da Libertação abo liu , fa ltando com o respeito que se deve ter na recepção desse sacra mento. (J.L.V. -
MG)
"Nesta NOTIFICAÇÃO PASTORAL gostaria de comunicar que, a partir da Missa da Noite do Natal do Senhor de 2011 , na Catedral Santo Antonio, o Bispo Diocesano distribuirá sempre que possível, a Sagrada Comunhão para pessoas ajoelhadas em genuflexório, colocado no corredor central da Catedral. Os demais sacerdotes e Ministros Extraordinários da Cornunhão Eucarística continuarão a distribuir a Com.unhão nos outros locais, para as pessoas que costumcun cornungar nas dernaisformas. A razãofunda,nental para esta decisão fundamenta -se no DIR EITO que os .fiéis cristãos têm em receber também a Sagrada Comunhão de joelhos. "(. .. ) A negação da San ta Comunhão a um dos fiéis, por causa de sua postura de joelhos, deve ser considerada uma violação grave de urn dos direitos mais básicos dos.fiéis cristãos, nomeadamente daqu ele de serem assistidos pelos seus pastores através dos sacramentos (CDC, cânon 213). Mesmo lá onde a Congregação aprovou a legislação em que declarou o e ·tarde pé como posição para a Santa Cornunhão, de acordo com as adaptações permitidas às Co ,~ferências Episcopais(. .. ) assim. o fe z estipulando que aos fiéis que comungam, e escolhem
ajoelhar-se, não deve ser negada a Santa Comunhão por este motivo " (S. Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacram.entos, Carta de Iº de julho 2002). Nestes últimos anos, o Santo Padre o Papa Bento XVI, tanto em Roma, como em outros lugares, por ocasião de suas visitas apostólicas, tem distribuído a Sagrada Comunhão para fiéis que se colocan·t sempre de joelhos. A intenção do Santo Padre é clara: além de recuperar um direito ,nuitas vezes esquecido, funda,nentalmen te visa fortalec er uma visão de sacra/idade que a Sagrada Eucaristia deve sempre ter na vida do cristão. Além de determinar tal uso na Catedral, nas Missas presididas pelo Bispo Diocesano, peço também aos senhores padres que generosamente favoreçam este uso em suas Paróquias e Comunidades para aqueles fiéis que assim gostariam de receber a Sagrada Comunhão". 24 de dezembro de 20J J + Anto ni o Car los Ross i Ke ll e r, B ispo de Frederico Westphale n Pl'ÍllCiJJe da Casa ele Davi</ [gJ Já amava muito São José, pois e le
é o pai ele nossa famíli a, uma vez que pedimos em conjunto que e le adotasse a nossa fa míli a. Tudo de bom aconteceu para nós. Mas agora vou amá- lo a inda mai s e rezar a e le enq uanto Prín c ipe São José. (J.B.A. -
SP)
Censura BI Gostei muito do arti go de Plínio Vidi ga l Xavier ela S ilv e ira, " Vaz io democrático gera desinteresse". Opanorama de nossa política é tenebroso, so bretudo agora , mais vo ltado para ajuda r Cuba do que para sanar os probl emas nac io na is. Co m programas peti stas, do gêne ro " bolsa famí lia", como é praticado, prepara-se o País para ser lançado num regi me tipo cu-
bano. Na Câmara dos Deputados já se fa la em um projeto de "bolsa turismo" para os necess itados poderem viajar pelo Brasil. Claro, um modo de comprar votos para os govern a ntes petistas . M as, ass im , qu em vai querer trabalhar? Estão tentando transformar o povo bra ile iro, que sempre fo i honesto e trabalhado r, e m vagabundo. Sobre isso, lhes envio a letra de marchinha do carnava l anterior, para ser cantada no Recife, mas q ue o PT conseguiu proibir. "Chega de trabalho, basta de tanto lero- lero, não vou mais encher minhas mãos ele ca lo. Vou viver da bolsa cio ' Fome Zero'. Minha mulher está muito fel iz, já pediu dispensa do traba lho. Não quer mai s ser uma fax ine ira, Pra Viverdessa bolsa brasileira. Por isso, eu canto 'Obrigado Presidente!' Por o senhor ter estendido a mão. Distribuindo es mola via cartão. Retribuindo com a sua reeleição. Este é o país que vai pra frente, com essa massa oc iosa e co nte nte. Vivendo na oc ios idade, diz aind a que isso é brasilidade. Por isso, eu canto 'Obri gado Presidente!' Por o senhor ter estendido a mão. Distribuindo esmola via cartão, contrariando o nosso ' Re i do Baião'". (G.F.F. -
FRASES SELEC IO NADAS
'
"Pefa. _graça cfe lWSSO
.Recfentolí ganliamos mais áo que perdemos pefa. malícia áo ~
,[_•• • JJ m:rrwnw •
(sêío Leêío Mllg"'-D)
"Diz-me a experiênc.ia
que o veráacfeiro remé.cíio para não cair é agarrar-se à Cruz e
confiar naquefe que nefa foi cofucaáo". (Sll111,tll Teresa clejesus)
"O que é a Cruz senão
o resunw áo EvangeCfw, toáo o Evangeffto em um só signo, em uma só Cetra?" (lsossuet)
PE)
Preceitos divinos BJ Nós, homens, já deca ímos a um grau de iniquidade verdadeiramente satânica. Às vezes pe nso que faz parte do castigo que Nosso Senhor permita que nossas vidas imo rtificadas e nossos atraiçoamentos nos sufoq uem. O mundo está posto no maligno, precisa mos nos unir rea lmente na prática dos divinos preceitos da fgreja, de seus ensi namentos constantes, e prepararnos a cada dia como se fosse o último. (B.L.S. -
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
BA)
ABRIL 2012 -
Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - Tatuagens: Gostaria de ver esta pergunta respondida de maneira a que todos, e não apenas os "cultos e estudiosos clérigos", possam entender! Quero saber de maneira catequética, para que, quando abordada sob1·e o assunto pelas minhas crianças da catequese, eu possa responder de maneira clara e com base na religião, e não este emaranhado de palavras que dá uma volta que - pelo amor de Deus! - ainda não responde com a clareza que a pergunta pede. Já entendi que não é permitido, mas quero uma resposta mais clara.
Resposta - A pergunta é interessante -
e até faz sorrir! pe la simpli cidade com a qua l esta zelosa catequi sta quer formar suas cri anças nos bo ns princípi os da doutrina cató lica. Di go sorrir co m bene vo lênc ia porque está longe de mim , desmerecer tão sadi os e louváveis propós itos. Digo sorrir ta mbém porque a pergunta me obri ga a dar a razão ma is profund a pe la qual se deve combater a moda tão espa lhada das tatu age ns. E foi també m pe lo rece io de ir às raízes mais profund as do probl ema, ao dar uma resposta só compreensíve l pe los "cultos e estudiosos c léri gos", que, e m arti gos anteri ores, proc ure i fi car nas razões mais : uperfi cia is da questão. M as a pergunta da cons ulente indica que há um público que quer precisamente que se vá à razão mais profunda da conde nação, e m nome da vi são cató li ca, desse mal que se espa lha com inc rível ve loc idade. E a razão profunda é que as ta tuagens constitu em, e m muitíss imos casos, no mundo de nossos di as, um pecado
contra a virtude da sabedoria!
Primeim para os "cultos e estudiosos"... Co m este iníc io de resposta, a di stinta consul ente dirá:
" Lá vem uma explicação só compreensível pelos 'cultos e es!udiosos ' " ... Bem, é rea lmente preciso começar por sati sfazer a estes, mas estou certo de que a consulente tem fo rmação cultural suficiente para entender o que será dito. De pois oferecerei alguma indicações para uma explicação que ela possa transmitir às suas crianças. Ali ás, é o que faz a Igrej a, ao co locar no Catecismo de Primeira Co munhão nada mais nada menos que o mi stério da Santíssima Trindade ! E, à gui sa de explicação complementar, a catequista conta a hi stóri a de Santo Agosti nho passea ndo na prai a e querendo entender o mi stério da Santíssima Trindade. Nesse momento, e le vê um menino que queri a transferir com uma conchinha toda a água do mar para um buraquinho que fi zera na are ia. Quando Santo Agostinho lhe ad vertiu que isso era imposs ível, o menino, que era um anj o envi ado por Deus, respondeu: "É mais fácil eu tran.tferir
toda a água do mar para este buraquinho do que o mislério da Santissirna Trindade caber na sua cabeça!".
-CATOLICISMO
Mas nosso probl ema de hoje não chega a tanto. Te ntemos explicá- lo.
Sabedoria prepara a alma para a visão de Deus A virtude da sabedoria no homem é uma partic ipação da própri a sabedoria de Deus. Essa participação é a inda mais a lta quando a a lma, al ém da virlude da sabedori a, entra na posse do dom da sabedoria, isto é, qu ando a alma recebe os sete do ns do Espírito Sa nto - dos qua is o prime iro é preci same nte o dom da sabedoria - que ão concedidos aos homens especifica mente no sacramento da Confirmação. Segundo Santo Tomás, a virtude da sabedoria se refere aos me ios pe los quais o ho mem se to rn a bem-aventurado, e por isso constitui desde j á "um certo começo da perfe ita bem-
aventurança, que consiste na contemplação da verdade", sendo Deus o objeto supremo dessa contempl ação (cfr. Suma Teo lógica, [-TI questão 57, resposta à segunda objeção). Para uso dos e nte ndid os , c ito e m latim : "q uaedam inchoalio
pe,fectae beatitudinis, quae in contemplalione veri consistit ". Em outras palavras, a virtude da sabedoria - adema is se e nriquec ida pe lo do m da sabedoria - prepara o homem nesta Terra para a conte mpl ação de Deus po r toda a eternidade. Nesse maravilh oso vitral da do utrin a católica, a lg un s entretanto atiram pedras e o estilhaçam: um a dessas pedras é ati rada por quem pratica uma tatuage m no próprio corpo ! Ex pliquemos.
Tatuagem desabilita o homem para a visão ele Deus A tatuage m afronta a virtude da sabedori a. - Por quê? Ta l como é praticada por muitos e m nossos di as, a tatu agem carrega consigo uma afirm ação de liberação pessoa l de toda regra, de toda compostura, de toda limpeza (de alma e de corpo), de toda be leza, de toda orde m, de toda lei . É uma in surgênc ia contra toda autoridade e, portanto , contra a auto ridade do pró prio Deus. M as quem se in surge contra Deus, acaba servindo a outro senhor. Posto que De us é o Se nho r da Luz, esse outro senhor é o Senhor das treva . E aqui chega mos ao fund o do pro bl ema: que m pratica uma tatuage m, ainda que de início não o perceba c laramente, aca ba servindo a esse o utro senho r. ., na med ida em que se compraz, mais ou menos conscie nte mente, com esse procedimento, vai fi cando com a alm a cad a vez mai s presa ao poder das trevas . E , no fim do processo, aca ba por troca r Deus pe lo demôni o ! É o que muitos dos desenhos esco lhi dos para tatu age m de ixam ve r cl ara mente. Ass im , e nqu anto a virtude da sabedori a busca a Deu s como objeto supremo de sua contempl ação, o uso das tatuagens é de mo lde a desabilitar o homem para a conte mpl ação de D eus. O resultado último de quem faz uma tatuagem é manifes tar, ainda que não co nscie nte mente, sua co nfo rmi dade com o Senhor das trevas !
Tatuagens, um itinerário funesto: da flor de lis ao anarquismo; da boa intenção ao satanismo. -
Ficou c laro?
Como ex.plicai' isso às crianças Supondo que a ex plicação ac ima estej a co mpreensíve l, resta saber como apresentá- la para mentes infa nti s. Como se sabe, a vide nte Lúcia de Fátima fo i levada por sua mãe à presença do Vigário, com a intenção que ela desmentisse d ia nte da autoridade paroquia l as vi sões de Nossa Senhora que di zia estar te ndo. Tudo inútil. Mas no fim da entre vi sta, o Vi gári o ave ntou a hipótese de que fosse m artes do de môni o. Esta hipótese produ z iu um efe ito devas tador que as considerações a nteri o res não tinh am conseguido . Lúc ia to mou a dec isão de não vo ltar mais à Cova da [ri a, o nde se reali zava m as aparições. Ta l reso lução, por sua vez, pro vocou um desconserto nos dois o utros vide ntes, Jacinta e Franc isco. Co m seu bo m se nso in fa ntil , Jac inta po ndero u: "Não é o
dern.ônio, não! Dizem que o demônio é f eio, e aquela Senhora é tão bani/a!" - Este arg ume nto certa mente produz iu um efe ito exorcís ti co na a lma de Lú c ia, po is no di a da a pari ção seguinte, retrata ndo-se de sua reso lução a nteri o r,
passo u pe la casa dos primos para le vá- los ao encontro co m Nossa Se nhora. O de mônio é fe io, co mo fe ias são, e m grande parte dos casos, as tatu age ns. Ta lvez a dedicada catequi sta que nos consulta possa di zer às suas cri anças: "Fazer tatuage m é uma coisa fe ia. Deus não gosta de fe iúra. Feiú ra é co isa do demôni o, que quer le var as a lmas para o infe rno !". As mães, que levam seus filh os e filh a para passea r, tê m um do m todo espec ia l de expli car as verdades mais co mplexas e m termos simples para suas cri anças. Fazem- no com uma rapidez, efi các ia e simpli c idade que tive mais de uma vez ocas ião de admirar. E ass im vão in struindo-as nas verdades mais compl exas da vida. Expu s à consul ente, e m termos e ruditos, ma is próprios a adultos, o fund o da questão das tatuagens. Que a, catequi stas, como as mães, usem o dom que De us lhes concedeu para trad uz ir esses ensinamentos e m linguagem apropri ada ao nível de de e nvo lvimento mental das cri anças que lhes fo ra m confiadas. Os "cultos e estudi osos cl éri gos" aprenderão co m ela, .. . • E-mail para o autor: catolicismo@ terra.com.br
ABRIL2012-
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A REALIDADE CONCISAMENTE , · Construções medievais, modelos de integração
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himay, na Bélgica, produz queijos e cervej as de grande reputação. N o castelo dos príncipes de Chimay algun s aposentos têm quase 800 anos. A princesa E li. abeth contou a j orn alistas bras ilei ros que um seu antepassado trouxe monges para fund ar a abadia de N otre-D ame de Scourmont. Eles produziram saborosos queijos e cervej as. Hoj e em di a, castelo, abadi a, aldeia e campo apresentam um modelo de integração harm ôni ca com a natureza, sendo tal integração uma característica da sociedade orgânica medieval. Sem dúvida, o modelo medieval está nos antípodas das planificações abstrusas do hodierno ambiental ismo dirigista, que demonstra entender pouco a respeito ela natureza e muito sobre utopismo comunotribali sta. •
1 Superstições não curam o câncer de Chávez
O
presidente venezuelano Hugo Chávez (foto) vi aj ou mais uma vez a Cuba para tratar do câncer. Os médicos - cubanos e russos - foram pessimi stas . De nada lhe adi antou invocar a superstição venezuelana de M ari a Li onza - uma espéc ie ele divindade pagã e lúbrica - nem os "espíri tos das planícies" venezuelanas, cuja efi các ia emulou com a da desastrada medicina cubana, Um dos sintomas ela preocupação ele Chávez com a saúde f oi o fato ele ele ter-se diri gido ao aeroporto com uma foto cio Sagrado Coração de Jesus e uma imagem ele Nossa Senhora .. . Nas ocasiões ele grande afli ção, N osso Senhor e a Virgem Santíss ima são os únicos que inspi ram confi ança, até mesmo em govern antes que Os ofendem e perseguem a verdadeira I grej a. •
Descoberta dos mais antigos registros arqueológicos cristãos
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m um túmul o de Jeru salém surgiram provas documentais da fé na Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cri sto no primeiro século. "Parecia-me impossível que apareces-
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CATOLICISMO
dlo da balé e trqgou o pro e túmulo s aparece gravado
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Idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia
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s idosos holandeses fogem tão espavorid os ela eutanásia como do boi bravo teri a fu gido o velho comendador, encontrado em cima ele um muro sem aber como descer. A eutanás ia é o pesadelo de mui tos cidadãos batavos, que demandam a Al emanha por medo ele serem mortos contra a própri a vontade. Segundo a Uni versidade ele Gõttingen, 41 % dos sete mil casos ofi ciais de eutanás ia na H olanda ocorreram porqu e a famíli a queri a livrar-se ci o " incômodo velho", N ada menos que 14% das vítim as estavam totalmente conscientes na hora de ua execução. Os médicos - frios exterminadores - ju sti fi caram a eutanásia em 60% dos casos por ''.falta de perspectiva de melhora", e em 32% por "in-
capacidade dos f amilia res para lidar com a siluação ". Eugen Brysch, presidente do grupo alemão Hospice, afir~
egundo informa a TV CBN News, os muçulmanos pleitearam a praça de touros mais famosa de Barcelona para transformá-la numa mesquita gigante. O prédio está sem uso desde que militantes ambientalistas conseguiram interditar arealização de touradas na Catalunha. Algumas localidades espanholas se parecem agora mais com o Oriente Médio. Na cidade catalã de Salt os muçulmanos já representam 40% da população e - mercê da drástica diminuição da população espanhola, decorrente de práticas anticonceptivas e do aborto - em breve serão a maioria. Os exércitos islâmicos invadiram a Península Ibérica no século VII e só foram expulsos após oito séculos de uma renhida cruzada: a Reconquista. Agora estão retornando pacificamente - pelo menos por enquanto - , financiados por grupos radicais do Oriente Médio.
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Lourdes: nova cura inexplicável confirmada pela medicina
sem Júmulos desse tempo com, provas co11fráveis da ressurreição de Jesus ou com imagens do prof eta Jonas, mas agora essas evidências são claras", di sse o professor James Tabor, da Universidade da Carolin a cio Norte, um dos responsáveis pela pesqui sa. A imagem do epi sódi o ela baleia que tragou o profeta Jonas e o depositou numa praia, o que foi apontado por Nosso Senhor como prefi gura ele sua Morte e Ressurreição, aparece no túmulo. Câmeras ele alta tecnologia fl agraram também inscri ções em grego com orações que professam a fé católica na ressurreição dos mortos e fazem referência à Ressurreição de Jesus. Até o momento, esse é o mais antigo vestígio arqueológico do cri sti anismo. •
Catalunha: sairão os toureiros para entrarem os muçulmanos?
mou que os médicos holandeses estão ele mãos livres para interpretar a lei como bem entenderem. •
Obama planeia extremismo ambientalista na Rio+20
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governo do presidente Obama planej a fazer ela conferência Rio + 20 um ''.fesli val de militância vereie", inform ou a rede ameri cana ele televi são Fox News . A referida conferência, que deverá ocorrer no mês de junho, vi sa renovar as ambíguas e utópicas metas da Eco92, embora se perceba que os govern os não estão di spostos a gastar dinheiro em aventuras. De acordo com a Fox News, Obama tentaria diminuir o desânimo das delegações ofi ciai s co m uma "Woodslock verde global" ele Ongs explorando redes soc iais co mo Facebook, Twitter e até Youlube. E, para esse fim , estari a co loca ndo militantes ambi entali stas na primeira linha. Diversos fun cionári os ci o governo cios EUA reuni ra m-se na Universidade ele Stanforcl para elaborar um pl ano vi sando estabelecer um projeto ele govern o mundi al "soc iali sta-vereie". •
Bureau Medical que analisa clinicamente as curas ocorridas em Lourdes , julgou a cura da irmã salesiana Luigina Traverso inexplicável à luz da ciência . O bispo de Casale Monferrato (Itália) agora deverá decidir se proclama o milagre. Em 1965, a religiosa , que sofria de meningocele ciática pa ralis a nte, foi levada de maca a Lourdes . Durante a Bênção dos Doentes ela sentiu um "forte calor em seu corpo e o desejo de levantar-se". De volta a seu quarto, o bispo D. Lorenzo Ferrarazzo ordenou-lhe: "Irmã, se quiser rece ber a bênção, deve levantarse e ajoelhar-se". A irmã levantou -se normalmente e ajoelhou-se. Não só a doença nunca mais se manifestou como ela ajudou durante décadas a conduzir carrinhos de doentes em Lourdes.
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INTERNACIONAL
1 M ARCELO ÜUFAUR
U
m outsider sem dinheiro para obter a postulação ou a vitória na próxima ele ição pres idenc ial nos EUA transformou-se num " perigo". Para os que pensam como os esquerdi stas, é claro. Seu nome é Rick Santorum, quase um desconhecido, exceto em seu estado, a Pensilvâni a, cio qual fo i senado r. As propostas desse candidato têm sido objeto ele uma tempestade ele catilinárias. Na era el a tolerânc ia e cios Dire itos Hu manos e le colecionou impropéri os: "Na
Baixa Idade Média em que o partido republicano mergulhou, o conservadorismo fiscal, com a defesa do li vre mercado e a limitação do papel do Estado - suas defensáveis bandeiras tradicionais - foram ultrapassados pelo conservadorism.o moral, na área dos costwnes. O que eles abominam acima de tudo é o direito ao aborto, sejam quais fo rem as circunstâncias, e o casamento entre pessoas do mesmo sexo", escreve u editori al ele um di ári o pauli sta. Santorum representa ri a o "que há de mais extre-
mado, intolerante e obscurantista na mentalidade americana". '
Crescente influência de ideias contra-revolucionárias e virulenta reação de esquerdas nos EUA P revisões do Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira a respeito dos grandes proble1nas hodiernos incidem no âmago da atual disputa pela presidência nrncl'icana
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CATOLICISMO
As críti cas recrudesceram quando a esposa cio jovem candidato, católi ca como e le, recusou-se a se s ubmeter ao abo rto ele um filho qu e morreu duas horas a pós o nascime nto, mas com o batismo e o nome ela famí li a. Santo rum arg ume ntou: "Se u f atu de urna pes-
soa ter fé e acreditar no bem e no mal é de molde a desqualificá-la para o cargo de presidente, então vamos ter muito poucos candidatos ". E le parece até a ludir à Améri ca Latina, mas se referia aos EUA. O ex-senador ela Pensilvânia tra nscende os esq ue mas in sinceros cio " po liti camente correto" e defende o que mui tos ame ricanos pensam, mas não se atrevem a externar. É só a parecer a lgué m coraj oso que o faça para e les lhe concedere m seu voto. Quantos são esses in con fo rmados sil enc iosos? Difícil sabê- lo, como també m não é fác il avaliar quantos brasileiros e nf rentam análoga fa lta ele alte rnativa. Todos e les, e m temas ela política e ela soc iedade refere ntes à fa míli a, mo ra l e re li gião, sofrem como me mb ros ele um a "Igreja cio si lênc io" cio gênero daque la sob a qual gemem os cató licos nos regimes marxistas ou islâmicos. No momento em que escrevemos, é o usado s upor· que seu número sej a tão gra nde que garanta a indicação e/ou pos-
terior e le ição ele Santorum para a Casa Branca. O mundo, porém, está sabendo que tal número constitui séri a a lternativa ele governo nos EUA. Não seri a criterioso supor, poucos anos atrás, que as posições ele Santorum atrairiam tantas adesões. Co ntudo, o avanço cio caos político, soc ial e econô mi co forçou refl exões e transfo rmações nas profundid ades ela o pini ão públi ca americana. Já a e le ição ci o presidente Reaga n, no início ela década ele 80, signifi cou um a virada se ns íve l ci o e le ito rado a me ri ca no rumo a pos ições conservadoras. Três décadas depois, surg iu o "Tea Party' ', uma espéc ie ele extre ma dire ita americana exa ltada, enfa ti ca me nte co ntrári a ao estati smo e ao socia li . mo encarnados pe lo presidente Obama. Na atual corrida pela presidência cios E UA , supunha-se que os pré-candidatos cio "Tea Party'' atrairiam fo rtemente as correntes conservadoras. Mas estas, ele modo gera l, os ignoraram, voltando-se para um candidato sensato, católico, pai ele família , que di z as verdades que elas querem ouvir ele um representante cio povo. Co ntudo, a tal ponto c hego u o patrulhamento cio "poli ticamente correto", que o fato ele um representante se colocar hoje em contato profundo com os e us re presentados ressoa ele modo funesto para o establishrnent político- micli ático. Explica-se, pois, a tempestade contra Santorum .
"Catolicização " <lo co11ser ,1f.1<lorismo americaiw També m os pe ritos bu sca ram uma exp li cação p a ra a quil o qu e era inex plicáve l seg undo a vulgata soc iológica ele esquerda. Destaco u-se entre e les o Prof. Howard Schweber, ela Uni vers idade ele Wi sconsin-M acli son, que publicou . ua análi se no "The Huffin gton Post". 2 Para Schwe ber, a direita ameri ca na está cada vez mais "cató li ca" em duas acepções bem diversas ela palavra . No sentido estrito, hoj e são os pe nsadores católicos que dão o tom cio pensamento conservador nas universidades , na imprensa de dire ita e nos tribunais . Seus ade ptos pregam a preeminênc ia ela Lei natural ele aco rdo com Santo Tomás ele Aquino e ape lam para o " bom senso" como ponto ele partida, co mo faziam os esco lásticos med ieva is. Suas ide ias estão pondo em xeq ue a agencia dos Direitos Humanos, que inclui aberrações como o aborto, o "casamento" ho mossexual , a e utanás ia, a supressão ela obj eção ele consc iênc ia, etc . Poré m, num sentido mais lato, mas não me nos profund o,
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há uma inus itada "cato li c ização" da dire ita ameri cana pe lo fato de os e va ngé licos protestantes ass umire m como natura l e pos itiva a lide rança desses cató li cos conservadores. "Os
que e ntre os protesta ntes conservado res mudo u, e nesse sentido e les adotaram a vi são "cató li ca", a po nta o professor. Os católicos conservadores são uma mino ri a impo rta nte intelectuais católicos tornaram-se para a direita americana do e le ito rado cató li co. G rande pa rte, infe li z me nte, fo i muito o que os intelectuais judeus outro ra f oram para a esquerda ga ngrenada pela pregação progress ista. Os pro testantes e vanamericana", e xplica Sc hwe be r. gélicos conservadores, por sua vez, constitue m um a mino ri a Essa tendênc ia é no va, di z o professor de Wisconsin, e não g rande e ntre os protestantes, nume rica me nte ma io r a inda que te m nada a ver com a "esquerda cató lica" encarnada outrora a minori a cató lica conservadora. M as a soma dessas duas gra ndes mino rias re presenta uma fo rça e le ipor John F. Kennedy, adepta do progressismo teológico e po lítico, be m como aliada tora l capaz de muda r a po lítica a me ri Plinio Corrêa de Oliveira natu ral do Partido Democrata. cana, sobretudo qua ndo se considera Ri ck Sa nto rum é o caso e mble máestar e la altame nte motivada pela retico dessa recente te ndê nc ia . Assumi tó ri ca cató lica. d a m e nte cató lico tra di c io na li s ta e Pli11io Corrêa <le 0/iveirn 110 o posto à contracepção, e le a pe la frepolo do catolicismo americano que nte me nte pa ra a L e i na tura l, c ita ndo po uco a Bíbli a. A c itação o bNeste contex to de "cato li c ização" sess iv a desta, sem a inte rpre tação ofi do co nservado ri smo a me ri cano, blogs c ia l da Ig rej a, é típi ca dos líde res proe sites esque rdi stas estão co ns iderantesta ntes. Santo rum se inspi ra e xpli d o que o livro de cabeceira de Ri c k c ita me nte na Igreja Cató lica. E e is o Sa nto rum seri a Revolução e ContraRevolução, de P lini o Corrêa de Oli fa to no vo: os e vangé li cos protestantes o segue m co mo se fosse seu líde r ve ira. Po r exempl o, o blog "Corre nte SBL natu ra l. - Pe rsonal a nel Po liti c Destructio n" 3 A explicação, segundo Schwebe r, te nta de mo nstra r ta l a prec iação co m é que ta is pro testantes co nservado res es tão a d o ta nd o e m p o lític a uma re lativo s ucesso e ntre os blog ue iros c rite ri o logia cató lica. E les se apodea narqui stas . E le destaca frases de di srara m da ide ia de que o mundo está c ursos e m que Santo rum defende que e ngaj ado numa luta e ntre o Be m e o a R e vo lução Francesa é a fo nte da poM a l, e ntre a Ig rej a e o caos. M as Ig relítica anti cató li ca do pre ide nte Obama. O blog reprodu z a inda di scurso em q ue j a aqui com ma iú sc ul a, a cató lica, e não e m sentido plura l e com minú scul a que abran o pré-candida to de nunc ia que a ofe nsiva e m ge as confi ssões protesta ntes. c urso contra os EUA a va nça ex pl orando os "grandes vícios de orgulho, vaidade e senNesse sentido - prosseg ue o a na lista sualidade". E, para provar s ua tese, cita Re- o cató lico que vota pe lo Partido Re pu blicano asse me lha-se a a lg ué m que procura vo lução e Contra- Revo lução d e Pl ini o Corrêa de Olive ira: "Este inimigo lerrível um comandante geral para condu zir os so ldados c ri stãos numa C ru zada. Po r isso, e le tem um nome: ele se chama Revolução. Sua escolhe um candid ato e m fun ção de suas causa pro.fúnda é uma explosão de orgulho ide ias e não le va ndo e m cons ideração a sa le sensualidade que inspirou, não diríarnos um sistema, mas toda uma cadeia de sistevação de sua a lma. E m consequê nc ia, responde pos itiva me nte ao ape lo de transformas ideo lógicos. De larga aceitação dada a estes no mundo inteiro, decorreram as três ma r o Pa rtido Re publi ca no no derrade iro ba s ti ão da c ivili zação e m me io a um a grandes revoluções da história do Ocidente: a Pseudo- Reforma, a Revolução Fran ba rbá ri e o va nte. cesa e o Comunismo". O protesta nte conservado r a ntigo Í-ecuO blog anarqui sta te nta exp li ca r a s imisava essa vi são da po lítica. E le não queria "Porque ele [Santorum] está transmitindo a visão líde res e prefe ri a a comunidade autodiri gida litude do pe nsa me nto de Santo rum c m o do universo de um sujeito e absorvida pe los proble mas pessoa is e lod o pe nsado r bras il e iro: "Eu vou di zer a chamado Plinio Corrêa de vocês por quê. Porque ele [Sa nto ru m I está cais. Fora di sso, o mundo lhe apa rec ia como Oliveira. É ele que, em transmilindo a visão do universo de um suuma massa de pecado res que seriam julga1959, escreveu um manifesto chamado Revolução j eito chamado Plínio Corrêa de Oli veira. É dos individu a lme nte, inde pe nde nte de qua le Contra-Revolução". que r engajame nto com as gra ndes questões ele que, em 1959, escreveu urn rnani,festo chamado Revolução e Contra-Revolução" . de soc iedade. É ta l modo de ve r a po lític a
CATOLICISMO
E acrescenta imedi ata me nte uma a lu são ao ma'itre-à-penser do pres ide nte Obama e seu livro de cabeceira, compa rand oos aos que Sa nto rum adoto u: "Oli veira é o Saul Alinsky de
não o mitir um , cujo descabe lado radi cali s mo toca ao cômi co. N o site Naked capitalism 7 o militante, que se esconde sob o pseudô nimo " LeonovaBa lletRu sse", afirm a:
Rick Santorum. Revolução e Contra-Revolução é o Rufes f or Radicais de Rick Santo rum ". O blog anarquista exte rn a sua fúria pelo fato de o pré-
"Olha, 'va lores fa miliares' é um código para o Movi1nento Pancristão Totalitário (sic) que tem o Papa Bento em. conta de Deus Pai. Mas veja, seu verdadeiro Me in Ka mpf já f oi publicado com o tílulo No breza e E lites T radic io na is An álogas nas Aloc uções de Pi o XII, de Plínio de Co rrêa de Oliveira".
candidato republicano, em palestra na U ni versidade Ave M aria no ano de 2008, ter afirmado que Satanás a taca as gra ndes instituições a me ricanas porque deseja que o país se afaste de sua tradição.4 Saul Alinsky Satanás no meio da disputa política? Para co mpree nder essa surpreende nte a va liação, é preciso le mbrar o luga r de S atanás na fo rmação ideológica atribuída pelo c itado Saul Alin sky ao pres ide nte Obama e, muito espec ia lme nte, à Sec re tári a de Estado, Hill a ry C linto n, que també m fo i sua di scípul a. No prefácio de se u liv ro fund a m e nta l Rufes fo r Radicais, Alinsky rende um preito de home nage m a Satanás, e mbora co m certa a mbiguidade, pró pri a a seus seguidores:
" Não nos esquecermos pelo menos de externar um reconhecimento ao verdadeiro primeiro radical de nossas lendas, mitolog ia e história, ao prirneiro radical que o homem conheceu que se rebelou contra o establishment e o fe z tão bem a ponto de ga nha r um re ino: Lúc!fer". 5 E pa ra afas ta r q ua lqu e r dúvid a, o mes mo Alin sky , e ntrev istado por uma conhec ida re vi sta po rn ográfi ca o bservo u: "Sa-
tanás e pornograf ia combinam. bem. "Digamos que, se exisle uma vida após a morte, eu sem dúvida nenhuma escolheria ir para o i,~ferno". " Playboy: Mas por quê? "A linsky: O inferno seria um céu para mim. [. .. ] Assim que eu chegar no infe rno vou começar a organizar os destituídos lá em baixo". 6
Para a lé m d os de líri os e exageros me nc io nados, um a co nstatação se i mpõe: as múltipl as ofens ivas que hoje se vo ltam contra a vida, a fa míli a, a re li g ião, ve m pate nteando a unidade de se u obj etivo e o ódi o fr io e s ini stro que os inspi ra. Esta constatação está sendo fe ita po r um número c resce nte de pessoas nos vá ri os qu adra ntes do pe nsa me nto humano, no mundo e, o bvi a me nte, nos EUA. Te ndo aume ntado o núme ro dessas pessoas ele modo re le va nte, não é ele estra nhar que um po líti co co lado à reali d ade adote ide ias como as ex te rnadas pe lo pré-candidato Ri c k Sa nto rum . O es pa ntoso êx ito que e le ve m conseguindo, ta lvez in s ufi c ie nte para condu zi- lo à no meação como candidato preside nc ial re publi cano e, ma is a inda, a preside nte dos EUA, mostra, contudo, duas coisas . De um lado, que a te ndê nc ia da o pi ni ão públi ca apreciadora desses pensame ntos c resceu de modo inimagin áve l. Po r o utro lado, o acerto profético do Prof. Plini o Corrêa ele O li veira que, há ma is de me io séc ul o, veio denunc ia ndo aq uil o que hoje co nstitui o cerne dos gra ndes pro ble mas atu a is. • E-mail para o aut o r: ca1oli c ismo @terra.com.br
Compreende-se, e ntão, a reação irada do referido bl og de esquerda contra a American
Notas :
Society.for the Defense of Tradition, Family and Property - TFP, inspi rada no pe nsa me nto e na o bra do Prof. Plini o Corrêa de O li ve ira e, com ma io r razão, contra a pág ina do s ite da TFP a me ri ca na dedi cada ao Exorcismo Bre ve e à oração a São Mi g ue l Arca nj o que o Papa Leão XII[ o rde no u que fosse rec itada no fin a l de cada Mi ssa. Seri a tedi oso e le nca r os sites e blogs extre mi stas que reproduzira m a maté ri a supra c itada. Entretanto, pa ra conc luir, gostaría de
Previsão <le P/Íl1io Co1Têa <le Oliveira
No prefácio de seu livro fundamental Rules for Radicais, Alinsky, mestre de Obama e Hillary Clinton, rende um preito de homenagem a Satanás, embora com certa ambiguidade, própria a seus seguidores.
1. "O Es tado ele S. Paul o" , 10 - 1- 12. 2. htLp://www. h u Il i ngto n pos t:. co m/ howa rd-sc h weber/ th e-cath o li c i zati on-of-th_ b_ 1298435. html 3. hltp ://co rr ent esb l. bl ogspot.co m/20 12/02/ri cksa n l oru 111s- l i u le- hancl book-o f.h t 1111 4 . htrp:/ /ww w. ri ghtw i ngw ai.eh .org/co n tent/sa nt oru 111sa l an-s ys1e111a 1ica 11y-cles l roy i ng-a 111eri ca 5. apucl D iane Vera, Sa 11/ D. Alinsky - A role 111ode/ for /e.fi-wing Scua11 ists, htlp://lh ei sti csata ni s111.co111/ po li tics/ A I i nsky. hLm l 6. http://www.progress.org/2003/al in sky2 .ht111I 7. http://www. nakeclcapi1 ali s111.co 111/20 12/02/sp inningn eces si ty-as-a - v i rtu e- f a111 i I i es- 10-s l and - i n - fo r fragmenti ng-soc ial-sa fe1y- ne1s. h1 m 1
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deter-nos-emos um pouco sobre ele.
Roberto ele Gênova com o nome ele Clemente VIL Começou assim o chamado Grande Cisma cio Ocidente. O antipapa Clemente VII voltou a se estabelecer em Avi gnon, sendo reconhecido por vários países da C ri standade como o legítimo sucessor de Pedro. Sucedeu- lhe pouco depoi s o cardeal espanhol Pedro ele L una com o nome ele Bento X IH. D ev ido às dificuldades de comunica-
O gramle cisma do Ocidente
ção, às muitas brigas de partidos e ele nações e, sobretudo, a uma cri se na cli scipli -
so de fil osofia aos 12 anos, e ele teologia aos 14. Aos 17 anos ingressou no convento dominicano de sua cidade, fazendo sua profi.-são solene em 1368. Dez anos depoi s, qu ando ainda não tinha começado sua vida pública, deu-se o chamado "Grande Cisma do Ocidente". Dev ido à grande repercussão desse cisma sobre a vicia reli giosa da época,
•
N o ano ele 1376, o Papa Gregóri o X I, por instâncias ele Santa Catarin a d e Si ena, deix o u A v ig non para reconduzir o Papado a Roma. Ele fo i assim o último Papa de nacionalidade francesa, tendo morrido na Cidade Eterna em 27 de março de 1378. E m abril , os cardeais que se encon-
São Vicente Ferrer Profeta e pregador, glória da Igreja
sando à escolha de um Papa romano, ou pelo menos italiano, que per-
PUN IO M ARIA SOLIMEO
e
j á nos oc u pa m os ele São Vi cente Ferrer anteri orm ente nes-
01110
ta co lun a (Catolicismo nº 556 , abri 1/1 997), apresentaremos hoj e apenas novos aspectos ele sua vicia. Ele nasceu na cidade ele V alência (Espanha) , então capital cio reino cio mesmo nome, no dia 23 ele j aneiro de 1350. Era
filhos , desde o berço, fervorosa d voção a Cri sto Jesus e a M aria Santíssima, bem como o amor aos pobres. O pcqu ' no V icente fi cou encarregado de repart ir as mui tas e ·molas destin adas a eles por s us pais.
O pai de Vicente o leva para ser religioso dominicano
11111111m
CATOLIC ISMO
descendente remoto cio mais novo de dois irmãos que, por seu va lor, hav iam sido armados caval eiros na conquista daquela cidade em 1238. Seu pai , Gui lherme Ferrer, casou-se com Constância Miguel, cuja fa -
Ensina ram- no também a fazer al guma mortificação às sextas-feira.- cm l 'mbrança da Paixão de C ri sto, e em honra da Vir-
Roma, treze desgostosos cardeais do Sacro Colégio fugiram para Agnan i e depois para Fondi, onde em 20 de setembro des-
em Piza, depuseram Gregório XLL, sucessor ele Urbano VI e ele Bento X[lT, e elegeram um novo Papa, Alexandre V. Este
gem aos sábados. 1 Muito dotado, Vicente começou seu cur-
se mesmo ano ele 1378 se reuni ram num conclave ilega l, elegendo papa o cardea l
fa leceu no espaço ele um ano, sendo substituído por João XXJU.
mília também tinha sido enobreci la durante a conqui sta de Val ência. Portanto, São Vi cente era herdeiro de heróis pelos dois lados. A lém disso, à nobreza de sa ngue seus pais ali ava m a da pi edade. Inculcaram nos
Foi então aceita a abdicação tanto de Gregório X ll, o verdadeiro Papa - que fez ler um decreto de convocação desse concíli o, legitimando-o ass im - quanto de João XXHI; e deposto Bento X ll I, a Sede ficou vacante. E m novembro ele 1417 fo i eleito Papa o cardea l Oclo Colona, que tomou o nome ele M artim V . Este Pontífice estabeleceu sua residência no Vati cano, res-
N essa confusão, os fi éis deveriam, para muitos teólogos, submeter-se ao Pontífice sob cuja obediência estavam. A ssim, São Vi cente seguiu Bento XTIT, seu benfeitor, que
manecesse em Roma. Apesar disso, o novo Papa - que tomou o nome de U rbano VI - , fo i reconhecido universalmente. No dia seguinte, o Sacro Colégio notifi cou oficialmente aos seis cardeais franceses de A v ignon a eleição de Urbano VL Estes não somente o reconheceram, como se congratul aram com seus co legas italianos pela escolha. O mesmo foi fe ito pelos card eais Roberto de Gênova e Pedro de Luna. Urbano VI não correspondeu infelizmente ao que dele esperava m os cardea is. M ostrou -se, desde o início, excêntrico, desconfiado e algumas vezes coléri co, mesmo em relação a eles, o que levou Santa Catarin a de Siena, com liberdade apostólica, a admoestá-lo. Foi então que, alegando o ca lor ele
C ognon1irmdo "Trombeta do Juízo Final" e "Anjo do Apoca1ipsc", foi extraordinário pregador e operou impressionantes 1nilagres
mos breves, digamos que esse cisma, o qual dividiu a I grej a por quase 40 anos, cessou com o Concíli o de Constança (5 novembro 14 14 a 22 de abril de 14 18).
taurando ass im para a Sede de Pedro seus antigos direitos e pres tígio na C ri stanclade. 2 O Papa abdicante, Gre-góri o Xll , morreu nesse mesmo ano ele 141 7 em odor ele santi dade. 3
travam em Rom a para subst:ituí-lo dez dos quais eram franceses - , escolheram Bartolomeu Prignano, Arcebispo de Bari. A eleição foi aco mpanhada ele tumultos na cidade, cujos habitantes queriam influenciar o conclave vi-
Isso só agravou a situação, pois agora, em vez ele dois, eram três os papas que disputavam o trono pontifício. Como terminou a tragéd ia? Para ser-
na eclesiástica e no pensamento teológico, tal fo i a confusão que até mesmo santos apoiaram tanto o Papa legítimo quanto o antipapa. Do lado do Papa verdadeiro estavam Santa Catarina de Siena, Santa Catarin a. da Suéc ia, o Beato Pedro de Aragão e a Beata Ursu lina ele Parma. A favor do antipapa encontravam-se São Vi cente Ferrer, Santa Colete e o Beato Pedro ele Luxemburgo. Para piorar a situação, em março ele 1409, na festa ela Anunciação, quatro patri arcas, vinte e dois cardea is e 80 bi spos, vi.-anclo acabar com o cisma, reuniramse, também de modo ilega l, num concíli o
era reconhec ido como Papa verdadeiro pela Espanha e pelo Geral ele sua Ordem. E le parece ter julgado que a eleição de U rbano VI fora in vá lida por ter sido realizada por temor, em meio ao tumulto. " Não obstan.Le, foi sempre
palenle na conduta de São Vicenle Ferrer a devoção 101al à Igreja e a.fidelidade ao Pomificado romano. Mais farde, urna vez que seus contatos com os homens que in.lervieram no Concílio de Conslan ça e suas viagens pela Itá lia lh e permitiram conhecer rnelhor a situação, produziuse nele uma 11·1.udan.ça; lenLou., primeiro, que os dois Ponl(/ices chegassem a utna solução para acaha r n cisma., e depois romp eu cle.fin ili vatnen/e corn Ben to XIII, quando se convenceu ele que es/e não eslava dispos/o a abdicar para o betn da Ig reja" .4 Sej a como for, deixemos essa clel icacla questão à interpretação dos teólogos e canoni stas, e acompanhemos São Vi cente Ferrer em sua odi sseia miss ionária.
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"Levanta-te e vá pregar contra os vícios" Estando ainda no convento, São Vicente fico u tão angustiado com a situação da Igreja, que adoeceu gravemente, em perigo ele morte. Nosso Senhor apareceu- lhe, então, acompanhado de São Francisco e ele São Domingos, e disse- lhe: "Levanta-te Vicente, e consola-te. O cism.a irá logo acaba,; e será quando os homens terão posto um .fim às numerosas iniquidades com as quais se sujam. Levanta-te e vai pregar contra os vícios. É para isso que eu te escolhi especialmenle. Adverte os pecadores para que se convertam, porque meu julgamento está próximo". 5 Começou assim "a odisséia prodigiosa do orado,; do catequista, do viaj ante. Obra apostólica, com brio de lu1ado1; diplom.acia de estadista, portento humano em resislênciafísica e no domínio dos homens, e testemunho.flagranle do poder natural que reside sem.pre na lgreja ". 6 São Vicente Ferrer torno u-se, clurante mais de 30 anos, o maior missionário da Igreja Cató lica até então, prega ndo não só na Espan ha, mas também na França, Holanda, Itá li a, Inglaterra, Escóc ia e Irlanda. Apesar ele falar só sua lín gua materna e o latim , as dife rentes multidões o entendiam perfeitamente, corno se fa lasse sua própria língua .
Formosura l'r m1ca e /'orça aterra<lora <lo trovão São Vicente era imponente. Assim o descreve um hagiógrafo: " Formosura franca e varonil [. .. ] estatura mais que regula,; .fi"onte ampla coroada por wn belo círculo de cabelos de ouro, olhos grandes e escuros, gesto expressivo, por/e rncijestoso e uma voz sonora que parecia um sino de prata, como diz antigo cronista, e que ele dominava com. talhabilidade, que às vezes linha toda a força aterradora do trovão, e às vezes parecia doce brisa portadora de amor e consolo" .7 Essa voz era tão forte, que era ouvida mesmo a uma grande distância. Na Espanha, o santo converteu à fé de Cristo mais ele 25 m.i l judeus, dentre
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CATO LI C ISM O
os quais 14 rabinos. Um deles tornou-se de po is o famoso teó logo cató lico Jerônimo de Santa Cruz. Os judeus chamavam-no "O Demolidor", pelo grande número de convertidos que faz ia entre os de sua raça. Converteu também cerca ele 18 mil mouros. Para reforçar o efeito de suas palavras, São Vicente lançava mão de todo o
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cessário, dizia, procura r o retorno dos povos a Cristo e à sua Igreja, conseguindo uma renovaçcio das pessoas com a vida da graça e sua participação nos Sacram.enlos que i,7:fúndiss e nova lei nos costumes e conseguisse a santificação das familias". 8 Mi lagres assombrosos acompanhavam as suas pregações. Mudos fa lavam , surdos ouviam, para líticos andavam e até mortos ressuscitavam à sua voz. Seu primeiro bi ógrafo afirm a que foram mai s de 860 os milagres por ele operados em vida . São Vicente Ferrer era um profeta. M uitas de suas profecias se realizaram ainda em seu tempo. Mas ele fez uma espec ialmente apli cada à nossa tão decadente época . No dia 13 de setembro de 1403 , "a nunciou como sinal que precederá um pouco os lempos do fim , a 1noda das mulheres de se vestirem como homens e se por/arem licenciosa,nenle. E também os homens usarem. roupas f emininas ".~ Mu ito ma is poderia ser dito a respeito desse tão gra nde santo, falecido no dia 5 de abri l de 1419 e canoni zado pe lo Papa Pi o I I em 1458. O espaço, entretanto, não permite. •
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E-mai I para o autor: ca to licis 1110 @1erra .co111 .br
i cerimonial e símbolos da Jgreja como procissões, missas solenes, exposições cio Santíssimo Sacramento. Chegava sempre preced ido por uma procissão entoando cânticos piedosos e penitenciais. No princípio ele ia a pé e, ao ficar mais velho, montado num burrinho, rodeado de um grupo de sacerdotes que administravam os Sacramentos. As multidões apinhavam-se de ta l modo para ouvi- lo que os templos não eram suficientes, obrigando-o a pregar em campo abe rto. Para não ser espremido por aq ueles que tentavam tocálo, ele andava rodeado por um grupo ele homens que o encerravam num quadril átero de madeira. São Vicente era seguido por grande número de pe n ite ntes, que se fl agelavam. "Ele pregava a restauração da vida cristã, para o que era ne-
Notas: 1. C fr. http://www.ew tn .com/spani sh/sa ints/ V icente_ Ferrcr. htm . 2 . C fr. Th o ma s .1 . Shahan , Co u11 c il (d Co11s1ance, The Ca tho lic Encyc lopedi a, CD Ro m ed iti o n. 3. V er também Louis Sa lembi er , We.1·1er11 Schi.1·111, Th e Cc11h oli c E11 cyc /opedia , D Rom edition. 4 . J. L . M artín Hcrn fü1dez, Sa11 Vi11 ce111e Ferrer , in Gran Enc ic lopedi a Ri alp, Ediciones Rialp, S.A. , M acl ri , 1975 , tomo XX I I I, p. 48 1. 5. L es Petit s Bol landistcs, Vie.l' desSai111.1·, Bl oud et Barrai , Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo I V , p. 22 1; hup://www.ew tn .com/span ish/ saints/Yicente_Fcrrer.htm. 6. Fr. Ju sto Perez ele Urbel, O.S.B. , Aíio r is1ia110, Edi ciones Fax , Madri , 1945, 10111 0 li , p. 52. 7. ld ., p. 56. 8. J. L. Martín Hern ánclez, op. c it. p. 481. 9. l n http ://www .goog le.co 111 .br/#q = :111+ Vi ce nt e+Ferrcr& hl =pt- BR &biw= 1280& bih=005&p1111d=ivn~mb&lbs=t1: 1& tbo=u&ci=8sK DTdDoC47U gAf't8pnFCA&sa=X&o i= tim eline_result&ct= title&resnum= 19&vcd= IA BEOcCM B l &fp=6be522cf788d9d89
Novo Código F1orestal: perseguição aos produtores rurais brasileiros Seo novo Código Florestal for aplicado, nossa agropecuária ficará
"engessada". Por que tanta perseguição ao agricultor? A Reforma Agrária que sob a bandeira vermelha do comunismo não se conseguiu implantar, reaparece disfarçada na bandeira verde do ambienLaHsmo.
T
rineto de Dom Pedro li e bisneto da Princesa Isabel , a Redentora , Dom Bertrand de Orleans e Bragança é advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP. Coordenador e porta-voz do movimento Paz no Campo, o Príncipe tem percorrido o Brasil fazendo palestras para produtores rurais, empresários e estudantes. Nelas ele defende a propriedade privada e a livre iniciativa, alertando para os efeitos deletérios da Reforma Agrária e dos movimentos ditos sociais que tentam afastar o Brasil dos rumos benditos da civili- ~ zação cristã. â Em recente entrevista de uma hora concedida à TV Canal do "' Boi, Dom Be rtrand defendeu , ~ com a ênfase que lhe é própria, o direito de propriedade contra os atropelos do propalado projeto de novo Código Florestal. Catolicismo quis então entrevistá-lo, a fim de que esclarecesse nossos leitores sobre os riscos que o ambientalismo radical propugnado por certas Ongs representa para a agropecuári a brasileira. No momento da entrevista, conduzida pelo jornalista Nelson Barretto, o projeto continuava em discussão na Câmara.
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/Jom Bcrtraml: "O superávit de nossa balança comercial se deveu aos benemél'itos produtores r urais, e por isso não há explicação para se perseguir tanto essa classe"
Catolicismo - Quais são os riscos que o projeto de novo Código Florestal, em fase final de votação na Câmara dos Deputados, representa para a agropecuária brasileira e o seu desempenho? Dom Bertrand - Considero que há muitos riscos. Caso prevaleça a redação que lhe foi dada e aprovada no Senado, o novo Código Florestal causará uma perda para a agricultura de 33 milhões de hectares, segundo estimativas de um dirigente do Ministério do Meio Ambiente. Para outros técnicos, tal área poderá atingir 60 milhões de hectares, o que representa um prejuízo anual de 46 bilhões de reais na produção oriunda do meio rural. Dentro ela crise econômica m undial, todos sabem que foi a agropecuária que salvou o Brasil. O superávit de nossa balança comercial se deveu aos beneméritos produtores rurais, e por isso não há qualquer explicação para se perseguir tanto a classe à qual eles pertencem. Para que se possa ter uma ideia disso, notese que, além de alimentar todo o povo brasileiro, nossos agricultores fizeram com que o Brasil se tornasse o segundo maior exportador de alimentos do mundo. E é também graças ao incansável e pouco valorizado trabalho deles que o alimento chega a cada ano proporcionalmente mais barato à mesa dos brasileiros. O normal seria que as autoridades e os citadinos reconhecessem o empenho desses verdadeiros heróis,
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que são paradoxalmente os grandes perseguidos com as leis ambientais e com o projeto de novo Código Florestal! Catolicismo - Os fautores dessas leis alegam a preservação do meio ambiente!
Dom Bertrand - Na realidade, fala-se muito de poluição, aquecimento global, etc. Embora a poluição evidentemente exista, o maior responsável por ela não é o agricultor, mas são as cidades. Há estudos comprovando isso. Entretanto, somente o ruralista é responsabilizado. O agricultor, eu repito, é um dos grandes beneméritos do Brasil atual. Além disso, o Brasil é o País com mais áreas protegidas em todo o mundo: 2,4 milhões de quilômetros quadrados, 28 % de seu território. E o único que ainda preserva 69% de sua vegetação natural. É precisamente por essas razoes que criamos e mantemos a nossa campanha Paz no Campo, a qual visa propiciar condições para que os agricultores possam cumprir tranqui lamente a sua missão. Não apenas no tocante às suas respectivas famílias e ao conjunto da agricultura brasileira, mas também em relação ao mundo, que num futuro próximo vai depender em boa medida do Brasil. Segundo levantamento realizado pela FAO, órgão da ONU encarregado dos alimentos, faltará alimentos para sustentar a população mundial e o único país com meios para atender às necessidades do mundo é nosso País. Catolicismo - Nossos leitores certamente gostariam de saber como foi gestada essa legislação ambiental. Seria possível fazer um breve relato de sua gênese e desenvolvimento?
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CATOLIC ISMO
O Código Florestal acabou por estabelecer fortes limites ao direito de propriedade, tanto no uso quanto na exploração do solo e das florestas
"Criamos e mai1temos a nossa campanl,a Paz 110 Campo, a qual visa propiciai' condições parn que os agricultores possam cumprir tranquilamente a sua missão"
Dom Bertrand - O Código Florestal de 1965 era uma boa lei para a época. Ele foi elaborado a paitir de um estudo sério sobre a legislação florestal no mundo e no Brasil de então. E conseguiu reunir as preocupações existentes com as florestas ao longo de nossa história; desde o Brasil-Colônia, com as Ordenações do Reino, depois com as Leis Imperiais que preservavam as "madeiras de lei" e o seu manejo, para que sempre houvesse madeira para a construção e indústria. Estabeleceu, assim, uma reserva de 25% das florestas existentes (e não 25 % do total da prop1iedade). Mas ao longo desses 47 anos o Código Florestal original foi sendo modificado por meio de alterações substanciais, e nunca constituiu matéria votada pelo Congresso Nacional. Aliás, consta que este nem sequer foi consultado a propósito. Em 1996, sob a influência do Ministério do Meio Ambiente, ambientalistas radicais, perseguidores do agronegócio e da propriedade privada, passaram a "legislar" através de medidas provisórias, decretos, portarias, instruções normativas, resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Chegamos, assim, ao absurdo de um verdadeiro entulho ambientali sta com mais de 16.000 dispositivos! Todo esse cipoal de medidas provisórias e de portarias não faz senão retroceder e engessar substancialmente a produção, o emprego, a renda do campo e a arrecadação dos municípios. O Código Florestal as im entulhado acabou por estabelecer fortes limites ao direito de propriedade, tanto no uso quanto na exploração do solo e das florestas. De início, a Reserva Legal prevista abarcava apenas 25% das florestas existentes. Mais tarde chegou a atingir 20% da propriedade rural. Hoje, tal percentual chega a 80% na região amazônica, 35% no cerrado e 20% nas demais áreas do País. Já em 1986 havia sido adicionado o conceito novo de Áreas de Preservação Permanente (APPs). Uma agravante surgi u a partir de 1998. O Código Florestal passou a incorporar a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), a qual transformou diversas infrações administrativas em delito. Tal mudança permitiu aos órgãos de fiscalização ambiental aplicar aos "infratores" multas escorchantes, às vezes ultrapassando o valor de suas propriedades, além da probabilidade de acarretar prisão. Todo esse conjunto de normas, somado às diretrizes provenientes de legislações envol vendo terras indígenas, proteção ambiental e quilombolas, deixará engessado (no jargão de hoje, significa que será proibida a exploração) em
torno de 74% do território nacional, aberração jamais vista na história de qualquer nação. Catolicismo - Dom Bertrand acaba de se referir à Lei de Crimes Ambientais a partir de 1998. Poderia nos falar sobre as implicações dela na classe rural?
Dom Bertrand - A legislação coloca na ilegalidade mais de 90% do universo de 5,2 milhões de propriedades rurais do País. Atividades inteiras viram-se do dia para a noite à margem da lei, submetidas às pressões e sanções dos órgãos ambientais e do Ministério Público. Homens do campo cumpridores da lei, que nunca antes tinham passado por tribunais ou delegacias de polícia, viram-se de repente arrastados por processos, acusações e delitos que não sabiam ter praticado. Chegou mesmo a haver lamentáveis casos de suicídio, bem como de abandono das propriedades por aqueles que não suportaram a situação em que foram colhidos. De acordo com o próprio relatório do projeto de novo Código Florestal aprovado em primeira votação na Câmara, os dispositivos legais existentes podem transformar em crime ambiental o próprio ato de viver. Percorrendo o labirinto legal de milhares de normas entre leis, portarias, instruções normativas, decretos, resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e legislações estaduais, a autoridade ambiental ou policial pode interpretar como crime ambiental a simples extração de uma minhoca na margem de um riacho. Pode incriminar ai nda a tradição indígena e camponesa de fermentar a mandioca usando livremente o curso d'água; a extração do barro para rebocar as pai·edes das casas de taipa dos moradores da roça; a extração do pipi.ri para a confecção das tradicionais esteiras do Nordeste, ou as atividades seculares das populações ribeirinhas por toda a Amazônia. No Rio de Janeiro, cogitou-se a retirada de centenárias jaqueiras situadas em florestas públicas, a pretexto de se tratar de árvores exóticas, não nativas da Mata Atlântica. Rigorosamente, é verdade, a jaqueira é originária da Ásia, mas por aqui aportou no século XVII e foi usada no reflorestamento do maciço da Tijuca por ordem de D. Pedro II. Seria o caso de se requerer ao Ministério da Justiça a natw-alização da espécie, algo que qualquer cidadão pode alcançar com meros cinco anos de residência fixa no País ... A criação bovina nas planícies pantaneiras passou para a ilegalidade. No biorna mais preservado do Brasil, o boi é criado em capim na-
"Se não l10uve1' reação, o Brasil poderá passar de exportador de alimentos a importador, exatame11te no momento em que o mundo mais precisa de nossa prndução "
tivo, método totalmente sustentável, mas que se tornou ilegal a partir da legislação que considera todo o Pantanal Área de Preservação Permanente (APP). Fora da lei estão também 75 % dos produtores de arroz, por culti varem em várzeas, prática adotada há milênios na China, na Índia e no Vietnã, para não falar de produtores europeus e norte-americanos que usam suas várzeas há séculos para a agricultu ra. Em desacordo com a norma legal encontrase também boa parte da banana produzida no Vale do Ribeira, no estado de São Paulo, a qual abastece 20 milhões de consumidores a pouco mais de 100 quilômetros do centro de produção. A situação é igual para milhares de agricu ltores que cultivam café, maçã e uva em encostas e topos de morros em Minas, Espíri to Santo, Santa Catai·ina e Rio Grande do Sul. Catolicismo - Dom Bertrand teria uma palavra de orientação para os nossos leitores diante desse quadro sombrio?
Em desacordo com a norma legal encontra-se também boa parte da banana produzida no Vale do Ribeira, no estado de São Paulo
Dom Bertrand - Em face dessa grave e preocupante situação queremos unir as forças sadias de toda a sociedade a fim de afastar da agropecuária tais ameaças. Desejamos garantir o nosso futuro com alimentação abundante e compatível com o bolso do povo brasileiro. Se não houver reação, o Brasil poderá passar de exportador de alimentos a importador, exatamente no momento em que o mundo mais precisa de nossa produção. Convido todos os leitores de Catolicismo a participarem da campanha de Paz no Campo acessando o site www.paznocampo.org.br e enviando seus protestos aos deputados. Termino suplicando a Nossa Sen hora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que nos dê força e coragem para esta emergência em que vivemos. •
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A Cruz de Cristo, a quem incomoda? 512 anos após a Missa que oficializou a fundação do Brasil, o sagrado sírn bolo da Cruz é retirado do recinto de Tribunais: grave sintoma de irreligiosidade, contrário aos sentimentos e à tradição do nosso povo. A Cruz, símbolo da Justiça
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DE ABRANCHES V1 orn
ra a manhã de uma sexta-feira quando o Filho de Deus passou por Jerusalém carregando o símbolo dos criminosos: a Cruz, sobre a qual morreria. O símbolo dos criminosos era ali levado pelo inocente, condenado pela covardia daquele juiz que preferiu lavar suas mãos e omitir-se ao invés de aplicar a justiça. O sacrifício da Cruz é o ápice de toda a obra redentora. Como uma nova estrela de Belém que guiou os Reis Magos até o Menino Jesus, a Cruz indica o caminho da salvação para a humanidade redimida, atraindo-a a fazer o bem e a evitar o mal. Durante séculos, a Cruz foi vencendo o paganismo, aplacando as injustiças e formando a mentalidade dos homens e das instituições, que vieram a constituir, posteriormente, a realidade conhecida como o mundo ocidental e cristão. Em memória disso, no centro da Praça de São Pedro, no Vaticano, há um grande obelisco encimado pela Cruz de Cristo, representando o triunfo da Fé sobre o paganismo. "Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim" (Jo 12,32). Era a misericórdia da Cruz substituindo as arenas romanas e a cólera guerreira dos bárbaros. O Império Romano desabou com a invasão dos bárbaros e se converteu pelo exemplo dos cristãos. Onde antes imperavam "deuses" criados à imagem dos defeitos humanos, entrava agora o Deus que ensinava a moral, elevando os homens a uma dignidade superior a seus defeitos, libertando-os do peso do pecado e introduzi ndo o autêntico conceito de justiça. CATOLICISMO
A justiça não era mais um capricho da Roma pagã - ou a aplicação fria de um princípio abstrato - , mas um ato de equidade que devia transparecer com bondade e sabedoria, resolvendo conflitos inerentes a toda vida em sociedade. Na sociedade ocidental e cristã, a Cruz está no fundamento da Justiça. Foi nessa região do mundo que se desenvolveu o nosso sistema legal e jurisdicional, foi sob o influxo dos princípios cristãos que se buscou estabelecer o que é justo e legítimo e, em consequência, definir o que deve ser legal ou ilegal. Ademais, a Cruz é uma lembrança constante de como a Justiça deve ter cuidado para não ser injusta. Assim como o supremo inocente, Nosso Senhor Jesus Cristo, foi condenado pelo supremo covarde, Pôncio Pilatos, deve o julgador estar atento para não cometer o mesmo absurdo. Pôncio Pilatos teve medo daquela aparente maioria que pedia a morte do inocente. Em nome dessa maioria, ele sacrificou a verdade. A Justiça, sob o signo da Cruz, deve lembrar sempre que a busca da verdade - e não a busca do aplauso - é a obrigação primeira. Também por isso, está a Cruz presente nas salas de audiência e julgamento em nosso País, lembrando constantemente não apenas as obrigações do juiz para com a verdade, mas a origem e a finalidade da Justiça.
A quem, então, il1comoda a Cruz? Quando o governo federal lançou o novo Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), vários grupos católicos chamaram a atenção para a incompatibilidade desse plano com a moral católica. Em poucas palavras, se aplicado, o PNDH-3 levaria a uma verdadeira perseguição religiosa no Brasil.
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Um dos itens previstos nesse PNDH era a retirada de crucifixos de repartições públicas e tribunai s. A Cruz incomoda o movimento de homossexuais. Desagradada pela presença do crucifixo no Tribunal do Rio Grande do Sul, certa Liga Brasileira de Lésbicas entrou com " pedido" junto ao Conselho de Magistratura do Tribunal de Justiça do estado (TJ-RS) para que os crucifixos fossem retirados das salas daquele órgão do Poder Judiciário. Segundo noticiado pela imprensa, o referido Conselho de Magistratura acatou esse pedido por unanimidade, ordenando a retirada dos crucifixos. O relator da matéria foi o desembargador Cláudio Baldino Maci e l, que considerou necessário retirar os crucifixos das salas de julgamento por ser esse o "único caminho que responde aos princípios cons-
titucionais republicanos de um Estado laico, devendo ser vedada a manutenção dos crucifixos e outros símbolos religiosos em ambientes públicos dos prédios". Com isso, argumenta o desembargador, estaria se demonstrando que o Estado-juiz é equidistante de todos os valores.
Na realidade, o "Estado-juiz", ao pretender retirar os crucifixos, está demonstrando abraçar outros valores, diversos daqueles que estão representados no Crucifixo. Mas não é só isso. O Brasil é um Estado laico desde a proclamação da República, em 1889, ou seja, há 122 anos. Se a presença do crucifixo fosse contrári a ao laicismo brasileiro, ele teria sido retirado em 1889, e não em 2012. Mesmo sendo o Brasil um Estado laico, sua sociedade é profundamente religiosa. O Poder Judiciário, um dos três poderes do Estado, não existe meramente como uma abstração legal, mas existe dentro da realidade desse país que é o Brasil , dessa sociedade de brasileiros que vivem em nos o território. Um território descoberto por caravelas que aqui aportaram ostentando a Cruz de Cristo, tendo como primeiro ato oficial uma santa Missa, e em cujo céu figura, luminoso, o Cruzeiro do Sul. Um país que tem no Cristo Redentor um de seus mais conhecidos cartões-postais e cujas cidades adotaram não raramente nomes de santos.
Por essas e outras, a própria Constituição do Brasil começa pedindo a "proteção de Deus " em seu preâmbulo, deixando patente que o laicismo, como entendido em nosso País, não é contrário à religião e não pode ser usado como um instrumento a serviço da cristianofobia, isto é, dessa tendência, em ascensão em várias partes do mundo, de perseguir o cristianismo e seus adeptos. Não estranha, nesse sentido, que os mesmos julgadores que decidiram retirar os símbolos cristãos, possam conviver pacificamente com os símbolos pagãos como a estátua da deusa Themis, ostensivamente colocada na fachada do Palácio de Justiça de Porto Alegre. A deci são do Conselho de Magistratura do TJ-RS abre um perigoso precedente nessa matéria, indicando não apenas uma tentativa de reinterpretar o laicismo no Brasil , mas também criando um verdadeiro div6rcio entre o Estado e
a sociedade. O Laicismo, uma nova religião? Se não bastasse tudo isso, há um problema de fundo que fica evidenciado com a decisão de retirar crucifixos das salas de audiência do TJ-RS . O laici smo agressor, no Brasil, sempre foi mitigado pela religiosidade da população, respeitando limites, sem interferir na esfera religiosa. Contudo, se a pretexto do laicismo o Estado passar a "regular" a prática religiosa (mesmo em prédios públicos), ele estará quebrando esses limites. Em outros termos, retirar símbolos religiosos em nome do laic ismo é o mesmo que dizer que cabe ao Estado decidir o que a sociedade pode ou não pode fazer em matéria de ex pre são religiosa. O laicismo acaba, assim, sendo perigosamente transformado em um valor religioso, numa religião oficial do Estado laico. Faixa afixada na avenida Paulista em São Paulo. Mesmo sendo o Brasil um Estado laico, sua sociedade é profundamente religiosa.
Religiosos e Juristas disco,•dam da decisão do TJ-RS O Conselho de Mag istratura do TJ-RS não foi o primeiro a tratar dessa matéria. Dom Keller, bi spo de Frederico Westphalen (RS), em nota pastoral, lembra que o Conselho Nacional de Ju stiça, em junho de 2007 , a nalisou questão análoga e decidiu que a presença de crucifixos em dependências de qualquer órgão do judiciário "não viola, não ag ri-
de, não discrimina e nem sequer perturba ou tolhe os direitos e a ação de qualquer tipo de pessoa". Em sua nota pastoral , Dom Ke ll er lamenta que o tribunal de Justiça tenha se dobrado "diante da pressão de um
grupo determinado, ideologizado e raivoso, contrariando a opinião da grande maioria da população do Estado do Rio Grande do Sul". També m a Associação de Juri stas Católicos di scordou da deci são do Conselho de Magistratura cio TJ-RS e envi ou representação ao tribunal so licitando a reco nsideração da medida. Por sua vez - noticiou a "Fo lha de S. Paulo" - , "dois desembargadores declararam oposição à medida e anunci-
aram que não vão retirar o símbolo religioso de suas salas até que haja de cisão definitiva sobre o caso. Um dos desembargadores que se opõem à decisão, Carlos Marchionatti, diz que o Conselho da Magistratura não é a instância adequada para tratar do assunto e que a separação entre Igreja e Estado não é absoluta no país. A maioria tem
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sentimento religioso, o hino nacional tem referência à divindade. Cristo, no âmbito do Judiciário, representa a Ju stiça", diz. Em artigo, o ex-ministro da Justiça e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Paulo Brossard, criticou a medida como sinal de 'tempos apocalípticos "' (FSP, 17-3- 12).
Conclusão A interpretação do Conselho de Magistratura do TJ-RS parece ignorar a realidade brasileira ao defender uma espécie de "ação afirmati va" (um laici smo proativo), querendo obrigar a uma mudança profunda nas raízes reli g iosas e culturai s da nação brasileira. Esperemos que a reação da sociedade a essa medida seja suficientemente clara e firme para derrubá- la, pois a Cruz não é um incô modo, mas sim um farol lembrando a todos que devemos fazer o bem e, em particular aos juízes, que devem julgar segundo os princípios da Ju stiça. Mas se, pe lo contrário, prevalecer essa nova interpretação cio lai cismo no Bras il , não tardará aparecer quem proponha arrancar o Cristo Redentor cio alto cio Corcovado. Ou que sejam a lterados os nomes das cidades como São Paulo, Santa Catarina, Santa Rita, São Pedro, e ta ntos e tantos outros lugares deste nosso imenso Brasil , outrora também conhec ido como Terra de Santa Cruz. • E- mai l para o autor: catoli cis111o @terra .com.br
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C omemora-se neste ano o terceiro centenário de um livro providencial, o n~atado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Maria Grignion de Montfort. Escrito en1 1712 , ele apresenta um aprofundamento essencial da devoção mariana, e sua extraordinária difusão universal constitui marco decisivo na história da espiritualidade católica.
!TI PLINIO MARIA SOLIMEO
este ano comemoram-se 300 anos do célebre e insuperável livro de São Luís Maria Grignion de Montfort, doutor marial por excelência, o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Dada sua importância ímpar no desenvolvimento da devoção a Nossa Senhora, o escopo deste artigo é proporcionar a nossos leitores uma visão de conjunto dessa obra providencial que a justo título pode ser qualificada de profética.
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I São Luís Maria Grignion de Montfort, Doutor, Apóstolo e Profeta egundo dos 18 filhos do advogado João Batista Grignion e de Joana Roberta de la Vizeule, Luís nasceu no dia 31 de janeiro de 1673 em Montfort-la-Cane (hoje Montfort-sur-Meu), na Bretanha (França). Ao ser crismado, fez questão de acrescentar Maria a seu nome. Mais tarde passou a ser conhecido como "Padre Montfort", do nome de sua cidade natal. Luís fez seus estudos com os jesuítas de Rennes (Bretanha), e depois no afamado sem inário de São Sulpício, de Paris, ordenando-se sacerdote em 1700. Nosso santo fundou , no Hospital Geral de Poitiers, uma associação de donzelas que "dedicou à Sabedoria do Verbo Encarnado, para confundir a falsa sabedoria das pessoas do mundo e estabelecer entre elas a loucura do Evangelho " .1 Entretanto, certos clérigos e leigos infeccionados pela heresia jansenista (espécie de protestantismo camuflado) começaram, juntamente com livres-pensadores, uma campanha de calúnia contra esse missionário, tachando-o de "extravagante", acusando-o de pregar uma devoção "exagerada" à Mãe de Deus. Ele precisou di ssolver sua associação e retirar-se do Hospital, apesar dos protestos veementes dos pobres e dos enfermos. O Padre Montfort empreendeu então uma peregrinação a Roma, tendo sido
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nomeado Missionário Apostólico pelo Papa Clemente XI. Permanecia, entretanto, sob a dependência dos bispos, boa parte deles tisnada pela heresia jansenista. Recusado e expulso de várias dioceses - uma vez, na festa da Assunção, foi proibido até mesmo de celebrar a Missa, tendo que partir imediatamente para chegar em tempo à diocese vizinha para fazê- lo-, ele recebeu finalmente autorização para pregar nas dioceses de Luçon e de La Rochelle, cuj os bispos eram meritoriamente antijansenistas. Essas duas dioceses compreendiam uma parte da região da Vandéia, que mais tarde, em 1793, sublevou-se contra a ateia, sanguinária e regicida Revolução Francesa. Ardente devoto de Maria Santíssima e da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, Luís Grignion escreveu numerosos cânticos religiosos e livros de espiritualidade, entre eles a Carta Circular aos Amigos da Cruz e o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.
Logo após o falecimento de São Luís Grignion de Montfo1t (no dia 28 de abril de 1716, aos 43 anos, em Saint-Laurent-surSevre), ocorreram numerosos e assinalados milagres por sua intercessão. Ele foi beatificado pelo Papa Leão Xill em 1888 e canonizado por Pio XII em 27 de julho de 1947. Sua festividade é celebrada pela Igreja no dia 28 de abril.
Nesse sentido, cumpriu-se ipsis verbis esta profecia, que o santo fez em relação ao próprio Tratado. Escreveu ele: "Vejo, no futuro, animais frementes, que se precipitam furiosos para dilacerar com seus dentes diabólicos este pequeno manuscrito, e aquele de quem o Espírito Santo se serviu para escrevê-lo, ou ao menos para fazê-lo ficar envolto nas trevas e no silêncio de um a arca, a fim de que ele não apareça"
Apóstolo da Contra-Revolução
(n.114).
São Luís Maria Grignion de Montfort pode ser considerado um apóstolo da Contra-Revolução. Seus livros e escritos inspiraram grandes vultos católicos no século XX, sobressaindo-se Plínio Corrêa de Oliveira, grande devoto do admirável doutor mariano e ardente difusor de sua doutrina. Os leitores desejosos de se aprofundar mais neste estudo poderão encontrar preciosos sub sídios no seguinte link: www. plin iocorreadeoli veira.info/mariologia.asp
Com efeito, após a morte do santo, algum colaborador zeloso, porém indiscreto, talvez por receio dos jansenistas, escondeu os preciosos manuscritos numa caixa de livros velhos. Sobreveio depois a funesta Revolução Francesa com suas perseguições, devastações e mortes. Isso fez com que os manuscritos, de 1712, permanecessem no olvido até serem encontrados muito mais tarde, em 1842, por um missionário da Companhia de Maria- fundada por São Luís Grignion - que procurava material para seus sermões. Para ilustrar o outro aspecto da profecia - isto é, da perseguição que sofreria seu autor - , citamos aqui seu próprio testemunho, contido numa carta de 15 de agosto de 1713, que ele escreveu à sua irmã menos de três anos antes de sua morte: "Se soubésseis, no mínimo, as minhas cruzes e as minhas humilhações, duvido que desejásseis tão ardentemente ver-me; porque nunca estou em nenh um sítio sem dar um pedaço da minha cruz aos meus melhores amigos . Quem me sustenta e ousa declarar-se a meu favor, sofre as consequências e, por vezes, cai sob os pés do inferno que eu combato, do mundo, que contradigo, e da carne, que persigo. [Qualquer] formigueiro de pecados e de pecadores que eu ataque, não me concede, nem a mim nem aos meus, nenhum descanso: [estou] sempre sobre o que se agita, sempre sobre os espinho , sobre pedras cortantes. Sou como uma bola num jogo de péla: atirado de um lado para o outro com violência; eis o destino de um pobre pecador; há 13 anos, desde que saí [do seminário] de Saint-Sulpicé, que não me dão tréguas nem repouso". 3
Profeta do Reino de Maria Ainda sobre o aspecto profético do Tratado da Verdadeira Devoção, diz Plinio Corrêa de Oliveira: "Por último, interessa-nos o Tratado [da Verdadeira Devoção] pelo aspecto profético que o santo lhe imprimiu. São Luís Grignion é profeta no sentido restrito que esta palavra tem depois de encerrada a Revelação oficial, isto é, as suas profecias não são oficiais e obrigatórias como as da Sagrada Escritura. Mas sem dúvida ele é dotado por Deus do carisma da profecia, e isto se percebe pela leitura de seu livro. Ele profetiza acontecimentos que fazem antever a Revolução Francesa e a crise de nossos dias, e afirma também, com antecipação, a imensa vitória da Igreja Católica através de uma nova era do mundo, que será uma era marial. São Luís Maria Grignion de Montfort previu um reino de Maria que virá, e este reino será a plenitude do reino de Cristo". 2
II Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem: livro profético Tratado da Verdadeira Devoção é um verdadeiro mundo. Sua densidade teológica e filosófica é tão grande, que para comentála seriam necessários vários volumes. Procuraremos apresentar aqui apenas uma visão de conjunto da obra, detendo-nos nas partes que nos parecerem mais dignas de nota. Trata-se de uma obra verdadeiramente profética, tanto no sentido de ter aberto para as almas de escol um novo rumo de perfeição quanto pelo fato de revelar eventos futuros.
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A originalidade de Montl'ort O Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem orientou e conduziu muitas almas no caminho da perfeição em todo o mundo. "A originalidade maior de Montfort observa o Pe. Louis Perouas - consiste, provavelmente, em ter descoberto Maria como garantia de fidelidade, no sentido de levar o cristão a libertar-se do apego imperceptível que se esconde em suas melhores ações. Desapego que consiste, provavelmente, na essência mesma da consagração em forma de escravidão". 4 É preciso ressaltar aqui que São Luís Grignion escreveu seu Tratado para católicos autênticos. Por isso o Pe. William Faber, célebre sacerdote oratoriano inglês do sécu lo XIX, conclui o prefácio de sua tradução do original francês do Tratado com estas palavras: "Com certeza os que vão ler este livro já amam a Deus e desejariam amá-lo ainda mais. Todos desejam alguma coisa para a sua glóri a: a propagação de uma boa obra, a vinda de melhores tempos, o
A inimizade entre os que são de Deus e os que são do demônio É particularmente importante a afirma1.;ão de São Luís Grignion sobre a luta que os hons têm de manter neste vale de lágrimas: " Uma LÍnica inimi1ade Deus promoveu e estabeleceu. inimi1ade irreconciliável , que não só há de durar. mas aumentar até ao rim : a inimi1ade entre Maria. sua digna Mãe. e o demônio: entre os filhos e serrns da Santíssima Virgem. e os lilhos e servos de Ltícifer: de modo que Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o dem(mio. Ele lhe deu até. desde o paraíso. tanto ódio a esse amaldi~·oado inimigo de Deus. tanta clarividência para descobrir a malícia dessa velha serpente. tanta força para vencer. esmagar e aniquilar esse ímpio orgulhoso. que o temor que Maria inspira ao demônio é maior que o que lhe inspiram todos os anjos e homens e. em certo sentido. o pníprio Deus"' (n .52). O santo insiste: ··Deus não pôs somente i11i111i::{l(/e. mas ininli::ll(/e.1. e não somente entre \1aria e o demônio. mas também entre a posteridade da Santíssima Virgem e a posteridade do demtinio. Quer di1er. Deus estabeleceu inimi1ades. antipatias e ódios secretos entre os ,·erdadeiros l'ilhos e ser,·os da Santíssima Virgem. e os filhos e escra,os do demônio . 1.. . 1 Os filhos de Belial. os escrarns de Satã. os amigos do mundo (pois é a mesma coi sa). sempre perseguiram até hoje e perseguirão. no futuro. aqueles que pertencem ü Santíssima Virgem como outrora Caim perseguiu seu irmüo Abel. e EsalÍ. seu irmão Janí. figurando os réprobos e os predestinados"" (n .5-1-). A propósito dessa inimi1ade. comenta Plínio Corrêa de Oliveira: ··Entre Vlís la Santíssima Virgem I e o demônio. entre o bem e o mal. entre a , erdade e o erro. há um ódio profundo. irrernnciliá,·el. eterno. As tre,·as odeiam a lu1. os filhos das tre,·as odeiam os filhos da lu1. a luta entre uns e outros durará até a consumação dos séculos. e jamais ha, erá 1xv entre a raça da Mulher e a rai;a da Serpente 1... 1 E toda a história do mundo. toda a histlíria da Igreja não é senão esta luta inexonível entre os que são de Deus. e os que são do demtmio. entre os que são da Virgem. e os que são da Se111ente. Luta na qual não há apenas equÍ\'llCO da inteligência. nem s(í fraque1a. mas também maldade. maldade delihL·rada. culpada. pecaminosa. nas hostes angéliL·as e humanas que seguem a Satanüs"" ( Via Sacra. 1 I·'. Esta~·üo. CatoliL·ismo n. 3. ma1\o de 195 1).
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sucesso de uma devoção. [.. .] Qual é, pois, o remédio que lhes falta? Qual o remédio indicado pelo próprio Deus? É, segundo as revelações dos santos, uma dilatação imensa da devoção à Santíssima Virgem. Mas, reflitamos bem, o imenso não admite restrições nem limites". Por isso nossa devoção à Mãe de Deus deve ser sem limites. 5 Em seu Tratado da Verdadeira Devoção, São Luís Grignion expressa sua espiritualidade, centrada numa devoção filial e numa entrega total a Nossa Senhora. " Alguns teólogos, surpresos com as audácias do autor, e especialmente com a sua expressão preferida de sagrada escravidão, quiseram diminuir-lhe a obra. As suas críticas, porém, não impediram a célebre obra de se espalhar, sem reforço de propaganda, com assombroso sucesso, no mundo inteiro. Hoje está traduzida em quase todas as línguas: sinal incontestável da sua utilidade e benefício na Igreja de Deus". 6 "Nossa Senlwra tem sido até aqui desconhecida"
A devoção a Nossa Senhora foi se desenvolvendo ao lon go dos séculos com as explicitações dos teólogos e os dogmas sobre Ela promulgados, ratificados por várias aparições mariais, sobretudo no século XIX e início do século XX. Por isso o próprio São Luís Grignion afirma que, já em seu tempo, "toda a Terra está cheia de sua glória, particularmente entre os cristãos, que a tomam como padroeira e protetora em muitos países, províncias, dioceses e cidades. Inúmeras catedrais são consagradas sob a invocação do seu nome. Igreja alguma se encontra sem um altar em sua honra. Não há região ou país que não possua alguma de suas imagens milagrosas, junto das quais todos os males são curados e se obtêm todos os bens" (n.9). Apesar disso, ele afirma na introdução ao Tratado : "Meu coração ditou tudo o que acabo de escrever com especial alegria, para demonstrar que Maria Santíssima tem sido até aqui desconhecida, e que é esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser" (n.13). Portanto, quando São Luís Grignion afirma que "a Santíssima Virgem tem sido até aqui desconhecida", quer ele dizer "conhecida insuficientemente ", ou "conhecida superficialmente ". Pois logo acrescenta: "Ainda não se louvou, exaltou, honrou , amou e serviu suficientemente a Maria, pois muito mais louvor, respeito, amor e serviço Ela merece" (n.10). E continua, aplicando a Nossa Senhora as palavras de São Paulo na 1• Epístola aos Coríntios (1 Cor 2,9): "Os olhos não viram, o ouvido não ouviu, nem o coração do homem compreendeu as belezas, as grandezas e excelências de Maria, o milagre dos milagres da graça, da natureza e da glória" (n.12). Para sanar essa lacuna, o autor apresenta uma devoção que, se bem não fosse inteiramente nova, não tinha sido muito difundida nem, sobretudo, chegado a todas suas consequências, como as apresentadas pelo santo. Nesse sentido, ele afirma: "Declaro firmemente que não encontrei nem aprendi outra prática de devoção à Santíssima Virgem semelhante a e ta que vou iniciar, que exija de uma alma mais sacrifí-
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cios a Deus, que a despoje mais completamente de seu amor próprio, que a conserve com mais fidelidade na graça e a graça nela, que a una com mais perfeição e facilidade a Jesus Cristo e, afinal , que seja mais gloriosa para Deus, santificante para a alma, e útil ao próximo" (n.118). E São Luís, entusiasmado pelo tema, exclama: "Ó, bem empregado seria o meu esforço, se este escrito, caindo nas mãos de uma alma bem nascida, nascida de Deus e de Maria, e não do sangue ou da vontade da carne, nem da vontade do homem (cfr. Jo l,13) , lhe desvendasse e inspirasse, pela graça do Espírito Santo, a excelência e o prêmio da verdadeira e sólida devoção à Santíssima Virgem como vou indicar. Se eu soubesse que meu sangue pecaminoso poderia servir para fazer entrar no coração as verdades que escrevo em honra de minha Mãe querida e soberana Senhora, da qual sou o último dos filhos e escravos, em lugar de tinta eu o usaria para formar esses caracteres, na esperança que me anima de encontrar boas almas que, por sua fidelidade à prática que ensino, compensarão minha boa Mãe e Senhora das perdas que lhe têm causado minha ingratidão e infidelidade" (n.11 l).
III Princípios Fundamentais da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem ão Luís inici a seu livro enunciando um princípio que
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vai presidir a todo o seu desenvolvimento: "Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio dela que Ele deve reinar no mundo" (n.1). Entretanto, afirma o ardoroso missionário, que, comparada com Deus, Maria Santíssima nada é: "Confesso, com
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toda a Igreja, que Maria .é uma pura criatura saída das mãos do Altíssimo. Comparada, portanto, à Majestade infinita, Ela é menos que um átomo; é, antes, um nada, pois que só Ele é 'Aquele que é' (Ex 3,14). E, por conseguinte, este grande Senhor, sempre independente e bastando-se a si mesmo, não tem nem teve jamais necessidade da Santíssima Virgem para a realização de suas vontades e a manifestação de sua glória. Basta-lhe querer, para tudo fazer" (n.14). A esta afirmação categórica, o santo acrescenta: "Digo, entretanto, que supostas as coisas como são, já que Deus quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem depois que a formou, é de crer que não mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois Deus é imutável em sua conduta e em seus sentimentos" (n.15).
Necessidade de uma Mediadora Junto ao único Mediador Eco fiel da Igreja, São Luís reconhece que a mediação de Nossa Senhora não dispensa a mediação de Nosso Senhor Jesus Cristo, único Mediador entre Deus e os homens. Pois a mediação d'Ela é uma mediação de intercessão, que recebe toda a sua eficácia dos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, único Mediador. Ela é, pois, a Mediadora junto ao Mediador, segundo as palavras de Leão XIII: "Ela deu o seu admirável assentimento, 'em nome de todo o gênero humano' (S. Tomas de Aquino, 3 q. 30 a. 1). Ela é aquela 'da qual nasceu Jesus', sua verdadeira Mãe, e por isto digna e agradabilíssima 'Mediadora junto ao Mediador" ' (Encíclica Fidentem piumque, de 20 de dezembro de 1896). Se, pois, Cristo Jesus é nosso único Mediador junto a Deus, por que precisamos de uma medianeira junto a Ele? Ao tratar dessa indagação, São Luís faz as seguintes perguntas: "Será a nossa pureza suficiente para que nos permita unir-nos diretamente a Ele, e por nós mesmos? Não é Ele Deus, em tudo igual ao Pai e, por conseguinte, o Santo dos santos, digno de tanto respeito como seu Pai? Se Ele, por sua caridade infinita, se constituiu nosso penhor e medianeiro junto a Deus seu Pai, para aplacá-lo e pagar-lhe o que devíamos, quer isto dizer que lhe devemos menos respeito e temor por sua majestade e santidade?" (n.85) . E acrescenta: "Digamos, pois, ousadamente, com São Bernardo, que temos necessidade de uma medianeira junto ao Medianeiro por excelência, e que Maria Santíssima é a única capaz de exercer esta função admirável. Por Ela Jesus Cristo veio a nós, e por Ela devemos ir a Ele. Se receamos ir diretamente a Jesus Cristo Deus, em vista de sua grandeza infinita, ou por causa de nossa baixeza ou, ainda, devido aos nossos pecados, imploremos afoitamente o auxílio e a intercessão de Maria, nossa Mãe" (n.85). Em consequência, conclui São Luís que "para ir a Jesus, é preciso ir a Maria, pois Ela é a medianeira de intercessão. Para chegar ao Pai eterno é preciso ir a Jesus, que é nosso medianeiro de redenção. Ora, pela devoção que preconizo, é esta a ordem perfeitamente observada" (n.86).
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"Deus quis servir-se de Maria na Encarnação" São Luís Grignion dá, então, dois princípios para mostrar a necessidade da devoção à Santíssima Virgem. O primeiro é: "Deus quis servir-se de Maria na Encarnação". "Suspiraram [pelo Messias] os patriarcas e pedidos insistentes fizeram os profetas e os santos da Antiga Lei", afirma ele, porém "só Maria o mereceu e alcançou graça diante de Deus, pela força de suas orações e pela sublimidade de suas virtudes". Isso "porque o mundo era indigno, diz Santo Agostinho, de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, Ele o deu a Maria, a fim de que o mundo o recebesse por meio dela" (n.16). Isso tem como consequência que "Jesus Cristo deu mais glória a Deus submetendo-se a Maria durante 30 anos, do que se tivesse convertido toda a Terra pela realização dos mais estupendos milagres". Por isso, exclama o santo: "Ó quão altamente glorificamos a Deus quando, para lhe agradar, nos submetemos a Maria, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo" (n.18).
"Deus quer servir-se de Maria 11a santincação das almas" O segundo princípio expresso por São Luís é consequência do primeiro: querendo Deus servir-se de Maria na Encarnação, quer servir-se também de Maria na santificação das almas. Com efeito, afirma o doutor marial: "A conduta das Três Pessoas da Santíssima Trindade, na Encarnação e primeira vinda de Jesus Cristo, é a mesma de todos os dias, de um modo visível, na Igreja, e esse procedimento há de perdurar até a consumação dos séculos, na última vinda de Cristo" (n.22). Pois "Deus Espírito Santo comunicou a Maria, sua fiel esposa, seus dons inefáveis, escolhendo-a para dispensadora de tudo que Ele possui. Deste modo Ela distribui seus dons e suas graças a quem quer, quanto quer, como quer e quando quer, e dom nenhum é concedido aos homens que não passe por suas mãos virginais" (n.25). Aqui São Luís Grignion insere um parêntesis para dizer que, caso se dirigisse "aos espíritos fortes desta época", ele poderia provar suas assertivas com citações das Escrituras, dos Santos Padres e dos teólogos. "Falo, porém - continua ele - aos pobres e aos simples que, por serem de boa vontade e terem mais fé que a maior parte dos sábios, crêem com mais simplicidade e mérito, e, portanto, contento-me de lhes apresentar simplesmente a verdade, sem me preocupar em citar todos os textos latinos" (n.26).
Maria é a Rainha dos Corações Como resultado de quanto ficou dito até aqui, São Luís apresenta duas consequências:
A mediação de Nossa Senhora é uma mediação de intercessão, que recebe toda a sua eficácia dos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, único Mediador.
1ª.) Maria é a Rainha dos Corações Afirma o santo: "Maria é a Rainha do Céu e da Terra, pela graça, como Jesus é o Rei por natureza e conquista. Ora, como o reino de Jesus Cristo compreende principalmente o coração ou o interior do homem, [... ] o reino da Santíssima Virgem está principalmente no interior do homem, i.é, em sua alma, e é principalmente nas almas que Ela é mais glorificada com seu Filho, do que em todas as criaturas visíveis, e podemos chamá-la a Rainha dos Corações" (n.38). Cabe aqui mais um comentário deste ilustre batalhador pela glória de Maria que foi Plinio Corrêa de Oliveira, ao analisar esta obra: "A derrota do espírito do mundo e a restauração da civilização sobre os princípios da Igreja Católica não começam, portanto, por meio da política, das obras, do talento ou da ciência. Na época mesma de São Luís Grignion, Bossuet encantava e deslumbrava Versalhes e Paris com seus sermões; entretanto, para evitar a derro cada religiosa da França, não foram decisivos. O começo da regeneração de todas as coisas está na piedade, no afervoramento da vida interior, está propriamente nos fundamentos religiosos da vida de um povo. O apostolado essencial é de caráter estritamente religioso: afervo-
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Facsímile do manuscrito no qual o padre de Montfort explica as práticas particulares da devoc;ão a Nossa Senhora
rar, formar na piedade, formar o caráter. O mais são consequências, são complementos. Importantes, é verdade, mas complementos" . 2ª) Maria é necessária aos homens para chegarem ao seu último fim O santo autor divide esta consequência em três parágrafos: 1. A devoção à santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação. São Luís afirma que, conforme a opinião de vários santos, "a devoção à Santíssima Virgem é necessária à salvação, e que é um sinal infalível de condenação [ .. .] não ter estima e amor à Santíssima Virgem" (n.40). Argumenta o santo que, "assim como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, há, na geração sobrenatural, um pai que é Deus e uma mãe, Maria Santíssima. Todos os verdadeiros filhos de Deus e os predestinados têm Deus por pai e Maria por mãe. Quem não tem Maria por mãe, não tem Deus por pai". Como consequência, diz São Luís Grignion, "os réprobos, os hereges, os cismáticos, etc., que odeiam ou olham com desprezo ou indiferença a Santíssima Virgem, não têm Deus por pai, ainda que disto se gloriem, pois não tê m Maria por Mãe" (n.29). Portanto, a devoção à Santíssima Virgem é necessária a todos os homens para co nseguirem a salvação.
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pela un_i ão com Jesus Cri sto, despojar-nos de tudo que de 1~au ex iste em nós. Do contrári o, Nos o Senhor, que é infi 111tamente puro e ode ia infinitamente a me no r mancha na alma, nos repelirá e de modo algu m se unirá a nós" (n.78). " Por isso, conc lui ele, é prec iso esco lher, entre todas as devoções à Santíssima Virgem, a que nos leva com mai s certeza a este aniquil amento do próprio eu. Esta será a devoção melhor e mais santificante, poi s é mi ter reconhecer que nem tudo que relu z é ouro, nem tudo que é doce é mel, e ne m tudo que é fácil de fazer e praticar é o mais santificante". E es a devoção é exatamente a da sagrada escrav idão à Santíssima Virge m, como e le ex pli ca: " A prática que quero revelar é um desses segredos da graça, desconhecido da maior parte ~os cri stãos, conhecido de poucos devotos, praticado e ap reciado por um núme ro bem diminuto" (n. 82).
As devoções l'alsas Antes de tratar da verdade ira devoção, o santo a lerta sobre os fa lsos devotos e as devoções fa lsas à Santíssima Virge m: "Conheço sete espécies de fa lsos devotos e falsas devoções à Santí . im a Virgem". E passa a descrevê-los:
2. A devoção à Santíssima Virgem é mais necessária ainda àqueles chamados a uma pe,feição particular. "Se a devoção à Santíssima Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem simpl es mente a salvação, é ainda mais para aqueles que são chamados a uma perfe ição particular; nem creio que uma pessoa possa adquirir uma união íntima com Nosso Senhor e uma perfeita fidelidade ao Espírito Santo, sem uma grande união com a Santíssima Virgem e uma grande dependência de seu socorro" (n.43). Porque "os mais santos, as almas mais ricas em graça e em virtudes, serão as mai s assíduas em rogar à Santíssima Virgem que lhes esteja sempre presente, co mo seu perfeito modelo a imitar, e que as socorra com seu auxílio poderoso" (n.46).
1º ) Os devotos críticos , que vivem criti cando as práticas de devoção das pessoas simples e de boa fé. 2º ) Os devotos escrupulosos , que receiam desonrar 0 Filho honrando a Mãe, e rebaixá-Lo se a exa ltarem demai s. 3º ) Os devotos exteriores , que fazem co nsistir suas devoções só em práticas exteri ores. 4 º) Os devotos presunçosos , pecadores ou amantes do mundo, q ue esco nd em se us defeitos e dizem que Deu s os perdoará porque são devotos da Santíssima Virgem. 5º ) Os devotos inco11sta11tes, que veneram a Santíss im a Virgem por inte rval os, seg undo o ca·pricho. 6º ) Os devotos hipócritas , que cobre m seus pecados e maus hábitos com o man to da Virgem para passar por aquilo que não são. 7 º ) Os devotos i11teresseiros , que recorre m à Virge m quando tê m a lguma necess idade materi a l (cfr. ns. 92 e ss.).
Devoção mais apta para 110s despojar do nosso fundo mau
Caractedslicas da verdadeira devoção
São Luís Grignion afirma que, para chegarmos à perfeição, devemos nos despoj ar do fundo mau que há em nós, consequência do pecado original. Poi s, di z ele: "Nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade que há em nós. [ .. .] Quando Deus põe no vaso de nossa alma, corrompido pelo pecado original e pelo pecado atual, suas graças e orvalhos celestiais ou o vinho delicioso de seu amor, estes dons di vinos ficam ordinariamente estragados ou ma nchados pelo mau germe e mau fundo que o pecado de ixou em nós; nossas ações, até as mais sublimes virtudes, di sto se ressentem. É portanto de grande importância, para adquirir a perfeição, que só se consegue
11 co11sagração a Mal'ia é a mais 1Jertcita consagração a Jesus Cristo
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São Luís di z que a devoção que ele prega é a "verdadeira ~evoção". Por quê? Ele escl arece: "A mais perfeita devoção e aq ue la pe la qual nos conforma mos, unimos e consagramos mai s perfe ita mente a Jesus Cri sto, poi s toda a nossa perfeição consiste e m sermos conformados, unidos e consagrados a Ele. Ora, po is que Maria é, ele todas a criaturas, a ma is conforme a Jes us Cri sto, segue daí qu e, de todas as devoções, a que mais consagra e confo rma uma alma a Nosso Senhor é a devoção à Santíssima Virgem, sua santa Mãe, e que, qu anto mais urna a lma se consagrar a Mari a, mais consagrada estará a Jesu Cri sto. Eis por que a perfeita consagração a Jes us C ri sto nada mais é que uma perfe ita e inte ira consagração à Santíssima Virgem [... ] ou, por outra, uma pe rfe ita re no vação dos votos e promessas do bat ismo" (n. 120). . O autor do Tratado recomenda com e mpe nho que O fi el faça sua consagração à Santíssima Virgem num di a determinado, sugerindo para isso diversas orações e práticas piedosas que devem precedê-la, as qu a is pode m ser encontradas em qualquer ed ição do livro ou mes mo na internet, onde há vári os sites conte ndo a íntegra do Tratado. Em res umo, essa preparação consiste em 12 dias inic iais, ded icados a "desa-
Pelo co ntrári o, a verdade ira devoção à Sa ntíss im a Virgem é: 1º) Interior, isto é, pa rte cio es pírito e cio coração. 2º) Terna , isto é, che ia de confiança na Santíssima Virgem . 3º) Sa11ta , isto é, leva a pessoa a ev itar o pecado e a imi tar suas virtudes. 4º) Constante, isto é, firma uma a lma no bem e ajuda-a a pe rseverar em suas práticas de devoção. 5º) Desinteressada , isto é, leva a a lma a buscar não a si mesma, mas somente a Deus e sua Mãe Sa ntíss im a. (ns. J 0511 O)
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nm.
pegar-se do espírito do mundo", seguidos de três seman as para "encher-se de Jesus Cristo por intermédio da Santíssima Virgem,", A prime ira semana é dedicada a "pedir o conhecimento de si mesmo e a contrição de seus pecados"; a segunda "em conhecer a Santíssima Virgern "; a terce ira "em conhecer a Jesus Cristo". "Ao fim destas três semanas, confessar-se-ão e comungarão na intenção de se darem a Jesus Cristo na condição de escravos por amor, pelas mãos de M aria". E depois da comunhão recitarão a sublime fórmula da "Consagração de si mesmo a Jesu Cristo, a Sabedoria Encarnada, pelas mãos de Maria".
IV A essência da Verdadeira Devoção consagração ensinada por São Luís M ari a Grignion de M ontfo rt não é uma consagração qualquer a Nossa Senhora, mas a consagração mais radical possível e, por isso, a mai s perfe ita. Ex plica o santo: "Esta devoção consiste, portanto, em entregar-se inteirame nte à Santíssima Virgem, a fim de, po r E la, pertencer inteiramente a Jesus C ri sto. É preciso dar-lhe:
A
1º) nosso corpo com todos os seus membros e sentidos; 2º) nossa a lma co m todas as suas potências; 3°) nossos bens exteri ores, que cham amos de fortuna, presentes e futuros; 4°) nossos bens inte ri ores e espirituais, que são nossos méri tos, nossas virtudes e nossas boas obras passadas, presentes e futuras .
" Numa palavra, tudo que temos na ordem da natureza e na o rdem da graça, e tudo que, no porvir, poderemos ter na orde m da natureza, da graça e da glóri a, e isto sem nenhuma reserva, sem a reserva seq uer de um real, de um cabelo, da menor boa ação, para tod a a eternidade, sem pretender nem esperar a mínima reco mpe nsa de sua oferenda e de seu serviço, a não ser a honra de pertencer a Jesus C risto por E la e nela, mesmo que esta amável Senhora não fosse, como é sempre, a mais libera l e reconhec ida criatura" (n.121 ).
Entrega total à Santíssima Vfrgem Segue-se que " uma pessoa, que ass im voluntariamente se co nsagrou e . ac rifi cou a Jesus C ri sto por Mari a, j á não pode dispor do valor de ne nhuma de suas boas ações. Tudo o que sofre, tudo o que pensa, diz e faz de bem , pertence a Mari a, para que Ela de tudo di sponha conforme a vontade e para maior g ló ria de seu Filho, sem que, entretanto, esta dependência prejudique de modo algum as obri gações de esta-
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São Luís inicia a construção do Calvário de Pont-Château
do no qual esteja presenteme nte, ou venha a estar no futuro" (n.1 24). Algun s dirão: "Se eu der à Sanlíssima Virgem todo o valor de minhas ações para que E la o ap lique a que m quiser, terei de sofrer talvez muito tempo no purgatório". O santo responde: "Esta objeção, produto do amor-próprio e da ignorância da liberalidade de Deus e de sua Mãe Saittíssima, destró i- se por si mesma. Uma alma, cheia de fervor e generosa, que antepõe os interesses de Deus aos seus própri os, que tudo que tem dá a Deus inte iramente, sem reserva, que só aspira à g lóri a e ao reino de Jesu Cristo por intermédi o de sua Mãe Santíssima, e que se sacrifi ca compl etamente para obtê- lo, esta alma generosa, repito, e liberal, será castigada no outro mundo por ter sido mais liberal e des inte ressada que as outras? Muito ao contrário, é a esta alma, como veremos , que Nosso Senhor e sua Mãe Santíss ima se mostra m mais generosos neste mundo e no outro, na ordem da natureza, da graça e da glóri a" (n.133).
"Escraviclão por amor" ou "Sagrada escravidão" Essa entrega total à Santíssima Virgem não é um a consagração como as demais: na perspectiva de São Luís Grigni on de M ontfort, ela constitui uma verdadeira escravidão; porém, uma "escravidão por amor" (cfr. ns. 56, 68), ou
"Sagrada escravidão". Para bem estabe lecer o caráter da escrav id ão a Nossa
Imagem esculpida pelo próprio santo
Senhora, São Luís mostra a diferença ex iste nte entre uma simpl es servidão en tre os cri stãos, pela qual um homem se põe a erviço ele o utro por um certo tempo, "recebendo determinada quantia ou recompe nsa", e a escravidão, pe la qual um homem fica inte ira me nte dependente de outro, sem esperar recompensa alguma, tendo o segundo sobre o primeiro até o direito de vida e de morte, pelo menos como era nos tempos primitivos e entre os pagãos (ns. 69ss). O sa nto continua exp licando que todos nós, antes do batismo, éramos escravos do demô ni o, e qu e o batismo nos transformo u em esc ravos de Jes us C ri sto, pois fomos comprados por E le por um preço infinitamente caro, o preço de seu Sangue. Donde ele conclui que há três es péc ies de escravidão: 1ª) por natureza (todas as cri aturas são escravas de Deus); 2ª) por constrangimento (os demônios e os réprobos são escravos de Deus desse modo) ; 3ª) e outra por livre e espontânea vontade (como a dos justos e dos sa ntos para com Deus). Essa escravidão voluntárut é a mais perfeita e agradável a Deus. Pois, " nada há que mais absolutamente nos faça pertencer a Jesus Cristo e a sua Mãe Santíssima do que a escravidão voluntária, conforme o exemplo do próprio Jesus Cristo, que, por nosso amor, tomou a for ma de escravo[ ... ] e da Santíssima Virgem, que se declarou a escrava do Senhor" (n.72).
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Vantagens e/esta clevoção para a vicia espil'itual São Luís Grigni'on enumera as vantagens desta devoção para a vida espiritual. Esta devoção é recomendável porque: 1º) nos põe inteiramente ao serviço de Deus; 2°) nos leva a imitar o exemplo dado por Jesus Cristo, e a praticar a humildade; 3º) nos proporciona as boas graças da Santíssima Virgem (Maria se dá a quem é seu escravo por amor, e purifica nossas boas obras, embeleza-as e as torna aceitável a seu Filho); 4º) é um meio excelente de promover a maior glória de De us; 5°) conduz à união com Nosso Senhor (é um caminho fácil , curto, perfeito, seguro); 6º) dá uma grande liberdade interior; 7º) nosso próximo aufere grandes bens desta devoção (pois que lhe damos, pelas mãos de Maria, o que temos de mai s caro, isto é, o valor satisfatório e impetratório de todas as nossas boas obras, sem excetuar o menor dos bons pensamentos e o mais leve sofrimento; é o meio de converter os pecadores sem temer a vaidade, e de livrar as almas do purgatório, sem fazer quase nada mais do que aquilo a que cada um está obrigado por seu estado); 8°) é um meio admirável de perseverança.
Relações entre a Santíssima Virgem e seus escravos Depois o santo passa a falar das relações que se estabelecem entre a Santíssima Virgem e seus escravos por amor: 1ª) 2ª) 3ª) 4ª) 5ª)
Ela os ama; Ela os mantém; Ela os conduz; Ela os defende e protege; Ela intercede por e les.
Efeitos maravilhosos <lesta clevoção Por sua vez, são maravilhosos os efeitos que esta devoção produz numa alma fiel: 1º) Conhecimento e desprezo de si mesmos; 2º) Participação da fé de Maria; 3º) Graça do puro amor; 4º) Grande confi ança e m Deus e em Maria; 5°) Comunicação da alma e do espírito de Maria; 6°) Transformação das almas em Maria à imagem de Jesus Cristo; 7º) A maior glória de Jesus Cristo.
Práticas exteriores e interiores e/esta clevoção Após falar das práticas exteriores dessa devoção, o santo douto r mari al mostra que o mais importante são as práticas interiores por ele recome ndadas:
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18. Fazer todas as ações por Maria: "É prec iso fazer todas as ações por Mari a, quer dizer, em todas as coisas obedecer à Santíssima Virgem , e em tudo conduzir-se por seu espírito, que é o santo espírito de Deus" (n.258). 2ª. Fazer todas as ações com Maria: "Em todas as ações olhar Maria como um modelo acabado de todas as virtudes e perfeições, que o Espírito Santo formou numa pura criatura, e imitá-la na medida de nossa capacidade" (n.260). 3ª. Fazer todas as ações em Maria: "Para compreender cabalmente esta prática, é necessário saber que a Santíssima Virgem é o paraíso terrestre do novo Adão [Jesus Cristo] , de que o antigo paraíso é apenas fi gura" (n.261) . 4ª. Fazer todas as ações para Maria: "Porque, desde que nos entregamos completamente a seu serviço, é justo que façamos tudo para Ela, como um criado, um servo, um escravo" (n.265).
Conclusão Quem praticar verdadeiramente esta devoção, unindo-se à Santíss ima Virgem do modo preconizado por esse grande mi ssionário, atingirá sem dúvida a santidade. Entretanto, São Luís Maria não o espera de todos os que abraçarem esta devoção. Diz ele que "o essencial desta devoção consiste no interior que ela deve formar e, por este motivo, não será igualmente compreendida por todo o mundo . Alguns hão de deter-se no que ela tem de exteri or, e não passarão avante, e estes serão o maior número; outros, em número reduzido, entrarão em seu interior, mas subirão apenas um degrau. Quem alcançará o segundo? Quem se e levará até ao terceiro? Quem, finalmente, se identificará nesta devoção? Aquele somente a quem o Espírito de Jesus C ri sto reve lar este segredo. E le mesmo conduzi rá a esse estado a alma fiel, fazendo-a progredir de virtude em virtude, de graça em graça, e de luz e m luz, para que ela chegue a tran sformar-se em Jesus Cristo, e atinja a ple nitude de sua idade sobre a Terra e de sua gló ria no Céu" (n .11 9). Desej amos de todo coração que nossos le itores e nós mesmos possamos ser incluídos e ntre esses privilegi ados. • E- mail para o autor: ca1o licismo@ 1erra.com.br Notas: 1. Pe. Loui s Perouas, San Luis María Grignion de Montforr , Obras, Bib li oteca de Autores C ri sti anos, Madri , 1984, Introd ução, p. 11. 2. C irc ular aos Propagandi stas de Catolicismo , 195 1. 3. Apud Loui s Le Cro m, São Luís Maria Grignion de Mo11tfort , Editora Civili zação , Porto, 20 1O, p. 322. 4. Loui s Perouas, op. c it. , p. 35. 5. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem , Ed itora Vozes, Petrópoli s, 196 1, Introdução, pp. 12 e 13. Todas as c itações ela obra são desta edição, figurando no fim ele cada parágrafo o número cio tópi co c itado. 6. Loui s Le Crom, op. c it. p. SOS .
Em todas as ações oll)ar Maria comó um modelo acabado de tocfas as virtudes e perlelções, que o Espirlto Santo formou numa pura criatura, e imitá-la na medida de nossa capacidade
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Realidade, . . esta coisa tao necessaria... /
H ÉLIO D IAS VIANA
Q
ualquer consulta para a~scult~r a opini ão _das pess~as sobre segura nça, ens1110 publico e serviço de saude - para c itar só estes itens - , ou a res peito do 1 vc mora l dos nossos programas te levis ivo ·, receberi a respostas altamente negativas . E caso ainda se lhes perg untasse qu e perfil e las considerari am ideal para os govern antes e demais lideranças - reli giosas, po líticas, jud ic iais, militares - a grande ma iori a das respostas teria um perfil conservador. E mbora esta sej a a realidade do B ras il - a qua l é reconhec ida incl usive pe los próprios esquerdistas, que reclamam hoje de uma guinada à dire ita - , não se ente nde por que
quase todos os candidatos aos mais altos cargos são de esquerda e, quando não o são, faze m tantas concessões a essa orientação que não se sabe bem o que dela os separa. O resultado é que estamos sendo governados por pessoas que parecem cegas quanto à situação rea l deste país, que ainda tem muito de conservador, e que vão avançando como se vivêssemos no oposto. O que constitui uma te meridade, pois, por mais que os atuais gove rnantes se sintam apo iados pe las in stâncias do mundo oficial e pelos me ios de comuni cação, nenhum gove rno se mantém estavelmente sem o apoio da opinião pública, a não ser numa ditadu ra, e ass im mes mo po r te mpo não muito lo ngo. M as essa cegue ira parece não ser apanágio apenas de go vernantes. E m e ntrevi sta à T V Estado, o conhecido jornali sta francês G illes Lapouge declarou que, se fosse diretor de jornal, sua prime ira pro vidênc ia seri a mandar os repórteres para a rua, a fim de conversare m com as pessoas e verem
seri a frear. Sua úl tima "acelerada" foi o decreto obri gando as institui ções - inc lu sive as católicas - a fin anciar medi das anticoncepcio nais e abortivas para os seus func ionári os, o que gerou um c lamor nac ional de grandes pro porções. Pe lo menos l 8 J Arcebi spos e Bispos se dec lararam fo rtemente co ntrári os à medida, sendo aco mpanhados por mais de 2.500 líderes de di versas confissões re li giosas. No Brasil , um cl aro e recente "avançar contra a barreira" foi , por e xempl o, a no meação para o Mini stéri o de Eleono ra Me nicucc i [foto acima] , antiga compa nhe ira de pri são da pres idente Dilma. E ntre outras coisas extre mame nte choca ntes, e la declaro u ter prati cado do is abortos e aprend ido como exec utá- los . a rea lidade do d ia-a-d ia. A partir da í redi giri a m as notíc ias, e não fi ca ri am mais nas red ações e labo ra ndo maté ri as cerebrina sem nexo co m a vida real. O que se d preende de suas observações é que inúmeros j orna li stas vêem a rea lidade mais ou menos como os nossos governantes, ou seja, como algo supérfluo. Porém, mes mo adota ndo essa fa lsa visuali zação, deveri a m le mbrar-se do que d isse o ím pio Volta ire: "o supé,j luo, esta coisa tão ne-
cessária".
Qual poderá ser o resultado de tudo disso? C reio que pe lo menos boa parte da resposta se encontra no q ue sucede nos EU A. A li - para dar apenas um exemplo - no momento em qu e e c revemos, nas primári as do Parti do Republi cano, o candidato cató lico de di sc urso " po liticamen te incorreto" Ri ck Santo rum , q ue era considerado por isso mes mo até há pouco sem nenhuma chance, ameaça supl anta r seu riva l M itt Romney para disputar com O bama a pres idênc ia. E s ua ascensão ve io se afirm ando na razão direta em qu e subia o tom conservador de sua fa la. Mesmo que e le não venha a ser indi cado, o fa to conc reto é q ue sua cam pa nha pôs e m realce a e no rme fo rça e e mpu xe do conservado ri smo a mericano. Po is bem, nos EU A do séc ulo XXI, no qua l se ergue uma fo rte corrente de opini ão conservadora, que por muitos aspectos se d iria " ul tra montani zada", o preside nte Obama contin ua a pisar obstin adame nte no acelerador e m direção à esq u ' rda. E le parece não ve r essa enorme barre ira que se lhe opõ ', c m face da qua l a única atitude de a lgué m sensato
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CATO LICI SM O
Mante,; a qualquer custo, um regime fülido Resta perguntar por que tanta pertinácia da esquerda em continuar ava nçando, ao invés de imitar os beduínos que, diante da tempestade de areia no deserto, se deitam com seus ca melos até a tempestade passa r. A resposta parece ser que, no árido e imenso deserto no qual a esquerda se encontra, não lhe restaria outra saída senão continu ar avançando, mes mo ao preço de perder parcelas cada vez maiores do grande público, pois se não fi zer progredir as causas re vo luc ionári as, acabará desapontando suas própri as bases e fi cando à deriva. Nesse sentido, pode-se admi tir que a manutenção a todo custo do esfarra pado reg ime comuni sta e m C uba fo i tão-só para conserva r acesa a chama revo luc ionári a nas bases esque rd istas no mundo inte iro, mais espec ialmente da América Latina. M as essas mesmas bases deve m agora e ntender que o p roble ma que se põe atua lmente para o comunismo cubano é o da sobrevivênc ia. Ass im , co mo sucedeu com a China, chegou o mo mento de - sem prejuízo do reg ime comuni sta da geri atri a cubana - estabelecer ao mesmo te mpo na ilhapri são um arre medo de li vre mercado segundo a "fórmul a chinesa". É o que está sendo esboçado na reg ião em que se loca li za o po rto de M arie l. Para o êx ito des ta nova manobra não fa ltarão as bênçãos do Cardeal Dom Jaime O rtega, Arcebi spo de Havana, e abundante dinheiro do Brasil - aplicação tão di stante de tantas de nossas rea is e pre me ntes necess idades . • E-mai l para o autor: catolicis111o @1erra.co111 .br
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SÁBADO SANTO
Santo Hel'menegildo, Márlil'
Jesus Cristo no sepulcro e a soledade de Nossa Senhora.
+ Sevilha, 586. Filho do rei
Domingo de Ramos
"Cristo ressuscitou ; ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!"
Leovigildo da Espanha visigótica, ariano convertido à ortodoxia por sua esposa Indegunda. Deserdado pelo pai por não querer abjurar a fé católica, foi decapitado. Três anos após seu martírio, toda a nação vi sigótica retornou à fé catól ica.
2
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14
São Francisco de Paula, Confesso!'
Santa Va lcletrudes, Viúva + Bélgica, 688. "Mãe de família cristã, depois de ter criado seus quatro filhos, todos honrados como santos, abraçou uma vida de oração e solidão. Juntando-se a ela outras mulheres, originou-se o mosteiro em torno do qual formou-se a cidade de Mons"
Santa Lyclwina ele Scl1ieclarn , Virgem
Primeiro sábado do mês
8 PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO
1
+ Plessis, 1508. Italiano, fundou a Ordem dos Mínimos. Luís XI obteve do Papa que ele fosse enviado à França, a fim de preparar o rei para a morte.
3
+ Holanda, 1433. Como vítima expiatória, foi ating id a durante mais de 20 anos por quase todas as moléstias imagináveis, em meio à extrema miséria. Tinha constantes visões de Nosso Senhor, do Paraíso, do Purgatório e do Inferno.
São Rica rdo de Chichester, Bispo + Inglaterra, 1253. Chanceler
(do Martirológio).
10
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da Universidade de Oxford, conselheiro dos arcebispos de Cantuária, de São Edmundo Rich e de São Bonifácio, teve que lutar contra a prepotência do rei Henrique III.
Santo Ezequiel, Profeta + Palestina, séc. VI a.C. "Levado cativo para a Babilônia alguns anos antes da queda de Jerusalém, aí exerceu a maior parte de seu ministério profético. Como sacerdote, mostrou grande ze lo pelo Templo e pela Lei. Como Prof eta, centrou sua pregação sobre a renovação interior do coração" (do Martirológio) .
Domingo da Divina Misericórclia
4 Santo lsidOl'O de Sevilha, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
+ 636. Sucedeu a seu irmão São Leandro na Sé de Sevilha. A ele se devem a criação de seminários, a unificação da liturgia, a regu lamentação da vida monástica e outras importantes obras da disciplina eclesiástica.
11 Santo Estanislau ele Cracóvia
16 São Benedito .José Labl'c, Confessor
santo".
QUINTJ\-l"i'ElRA SANTA Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio.
12
6 SEXTA-FEIRA SANTA Paixão e Morte de Nosso Senhor Jes us Cr isto. Jejum e abstinência.
Primeira sexta-feira do mês
rei dos saxões que, depoi s de 32 campanhas , foi vencido por Carlos M agno e se converteu. A santa casou-se com o Conde de Ludgero. Enviuvando ainda moça, dedicouse à educação cio filho único e a obras de misericórdia, falecendo num moste iro por e la fundado e m Bremen.
20 São Tcólimo, Bispo e Confessor + Ásia M enor, séc. V. "Nascido pagão, tornou -se especialmente célebre por seus conhecimentos de filosofia grega, dando realce a esta ciência por uma rigorosa prática do cristianismo. Mais tarde tornou-se bispo de Citia" (do Martirológ io).
luntário, peregrinava entre os m a is célebres santu ários da Europa, sofrendo humilhações e maus tratos. Ao fa lecer em Roma, as crianças espontaneamente saíram gritando pelas rua s : "Fa leceu o
defensor da moral católica e da santidade do matrimônio, foi assassinado pelo rei Boleslau II, a quem increpou por sua vida desregrada.
São Vicente Ferrer
+ Alemanha, 1045. Fi lha do
21
17
(Vide p. 16)
Sa nta Ema, Viúva
Sa nto Anselmo de Cantuária, Bispo, Conl'essol' e Doutor· ela Igreja + Inglaterra, J 109. Italiano de
Santos Elias e lsiclol'O, Múrtires
São Vítor de Braga, Má t'lir + 306. "Ainda catecúmeno, recusou-se a adorar os ídolos e confessou Cristo Jesus, Filho do Deus Vivo . Após muitos tormentos foi decapitado, e assim mereceu ser batizado em seu próprio sangue" (do Martirológio).
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+ Roma, 1783. Mendi go vo-
+ Cracóvia, 1097. Grande
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a liturgia romana e sua data para a fixação da Páscoa. Sagrado bispo e nomeado legado papa l para a Irlanda, consolidou essas reformas.
origem, Arcebispo ele Cantuária, foi perseguido e desterrado pe lo monarca por defender os direitos da Igreja. Foi o verdade iro criador ela escolástica, orientando defi nitivamente os estudos filosóficos.
+ Córdoba, 856. Sacerdote e
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monge respectivamente, ''.f'oram condenados à morte ao confessarem sua f é cristã diante do lslanúsmo" (do Mar-
São Leônidas, Mártir
tirológio).
18 São Laseriano, Bispo e Confessor
+ Irlanda, 639. Monge. Indo a Roma, foi ordenado por São Gregório M ag no. Tendo viajado para a Irlanda, lá apoio u
+ Alexandria, 204. Retórico, fil ósofo e professor de renome em Alexandria, pai cio célebre Orígenes. Este tinha 17 anos q ua ndo Leônida s foi preso, e o incentivou a enfrentar martírio. Uma rica cristã corre u depois a viúva e te fi lhos do mártir, cujos ben s havia m sido confiscados.
23 São .Jorge, Mártir São Geraldo de Toul , Bispo e Confessor
+ França, 994. Cônego da catedral de Colônia, foi nomeado bispo de Toul, diocese que governou durante 31 anos. Notável pregador, transformou sua Sé episcopal num centro de saber, reunindo monges da Irlanda e da Grécia. Fundou mosteiros, edificou igrejas e um hospital.
ça de Cristo e ardente pela ação do Espírito Santo, mostrava-se hábil em reconciliar os irmãos divididos'. Também foi chamado a acompanhar seu sucessor, São Horsiésio, em seu governo e em sua catequese" (do Martirológio).
28 Sõo I uís Maria Grignion ele Montfort, Confessor (Vide p. 26)
São Pedro Maria Cllanel, Mártir
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+ Oceania, 1841. Sacerdote
São Gregório ele Elvira, Bispo e Confesso!' + Espanha, séc. IV. Famoso
da Sociedade de Maria, foi enviado como primeiro missionário à ilha Futuna, na Oceania. Inicialmente bem recebido pelo chefe dos indígenas, percebeu depois que os conselheiros deste o antipatizavam. Foi por e les morto a pauladas enquanto rezava.
pelo zelo apostólico, ciência eminente, santidade e inflexibilidade de princípios , nunca quis pactuar com os hereges arianos . Desvendava seus artifícios, desarmava suas invectivas e não recuava nem mesmo diante das ameaças do rei ariano.
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Será ce lebrada pelo Revmo. Podre David Franc isqu ini , na s seguintes intenções: • Nesta Sema na Santa , pelos méritos infinitos da Paixõo e Morte de No sso Senhor Jes us Cristo, pedindo as mais escolhidas graças para o nosso País, a fim de que seio mos agraciados com a misericórdia divina.
Santa Catarina de Siena, Virgem São Wilfrido o Jovem, Bispo e ConJessol'
São Marcos Evangelista, Bispo e Mártir Santo Hermínio Abade, Confessor + Bélgica, séc. VIII. "Sua sabedoria maravilhou Santo Ursmério, que induziu seus monges a escolhê- lo como seu sucessor à frente do Mosteiro de Lobbes, destinado a tornar-se um dos centros intelectuais mais intensos da Bélgica" (do Martirológio).
+ Ing laterra, 744. Um dos cinco prelados de exímia santidade, a respeito dos quais São Beda diz terem sido educados na Abadia de Whithy. O santo colocou-se a serv iço de São João de Beverly, sucedendolhe na Sé de York . Grande pregador, pai dos pobres, resignou à sua diocese a fim de preparar-se para a morte na Abadia de Ripo.
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Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano
SanLos Mariano e Tiago, Mártires
Quadro trasladado miraculosamente pelos anjos, da AJbânia invadida pelos muçulmanos para cidade de Genazzano, nas proximidades de Roma, no séc. XV. Essa pintw-a tornou-se famosa pelos milagres que diante dela se alcançaram.
+ Numídia (África), 259. "A vida da graça era tão intensa nestas testemunhas de Deus, que fizeram vários outros mártires pelo exemplo de sua f é" (do Martirológio) .
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Os santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
São Teocloro, Confessor + Egito, 368. "Discípulo de São Pacômio, 'cheio da gra-
Intenções para a Santa Missa em abril
Nota:
Intenções para a Santa Missa em maio • Em comemo ração do 95° an iversário da 1° aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorzinhos, no dia 13 de maio de 1917. Pedindo pelo triunfo do Ima culado Coração de Maria em todo o mundo e, para todos os leitores de Ca tolicismo, um incremento ainda ma ior na devoção à Santíssima Virgem .
A
soc iedade hum ana inic iou-se no final da Idade Médi a e teve como marco inic ial a revolta de Lutero, no início do século XVL De então a esta parte, entre avanços, recuos e novos avanços, tal processo chegou ao auge em nossos di as. In centivou-se a difu são de doi s livros ele autoria cio Pe. David Franci squini , um contra o aborto e o utro contra o homossexuali smo, poi s é grande a oposição da op ini ão pública às inic iativas visando descriminali zar o aborto e legali zar o chamado "casame nto" homossex ual. No e ncerrame nto o regozij o dos participantes era notório, todos di spostos a se reencontrare m no próximo ano trazendo um rico troféu de ativ idades em prol de um Brasil cada vez mai s fi el aos ensinamentos de Nosso Se nhor Jesus Cristo e aos princípios da c ivili zação cri stã. • E-ma i I para o autor: cato li cismo @terra.co m.br
Nesta página, flagrantes do simpósio
VIII Simpósio da Associação dos Fundadores P7 FÁBIO C ARDOSO
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ntre os dias 19 e 21 de fevere iro, e m São José dos Campos (SP), transcorreu o VIU Simpósio da Associação dos Fundadores, destinado a seus amigos, corresponde ntes e simpati za ntes . O audiLório do Hotel Confort ficou totalmente ocupado com participantes vindos ele vários estados ela Federação para se atua li zarem acerca das atividades inspiradas no pensa mento cio Prof. Plíni o Correa ele Oliveira: a luta contra os fa tores de degradação moral e re li giosa da soc iedade moderna e a restauração dos va lores cató licos, espec ialmente da fa mília. Alé m das inic iativas re li g iosas, co mo ass istênci a à Mi ssa e orações, houve oito co nfe rênc ias e a apresentação ele audi ovi suai s, bem como uma so lene sessão de e ncerramen-
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CATOLICISMO
to na qual fez uso da pa lavra o Prínc ipe Imperi a l cio Brasi l, Do m Bertrand de Orleans e Bragança. Durante todo o simpósio esteve ex posta à veneração dos assistentes do evento uma réplica da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, cujo olhar maternal lembrava a profética mensagem transmitida por Ela ao mundo em 1917, ou seja, a destruição do mal e a impl antação de seu reinado na Terra. Acompanhar e opor-se ao processo revoluc ionário demolidor cios valores morai s e cristãos de nossa soc iedade; mover uma ação pacífica efi caz contra a degringo la da do que a inda resta de sadi o e católico na soc iedade atu al; restaura r valores que fo ram abo lidos, não é tarefa fác il , só possíve l com muita determinação, uma fide lidade ex ími a aos princípi os mora is perenes e nsinados pe la Santa Igrej a e um especialíss imo auxílio divino que é prec iso pedir. Co mo se demonstrou nas diversas confe rê nc ias, a destruição da c ivili zação cri stã nos vário aspectos da vicia e ela
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llIJ JOSÉ M. TEIXE IRA
eali zou-se em Lavras _(~G) no últim~ carnaval, com a presença de 55 part1c1pantes proveni entes dos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, o II Simpósio Un iversitário promovido pela Associação Cristo Rei, de Toledo (PR). Foram profe ridas conferências sobre a devoção a Nossa Senhora, vida esp iritual, política nac ional e internacional, bem como temas hi stórico-cul tu rais - todas e las pres ididas
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CATO LICISMO
por uma réplica da imagem peregrina ele Nossa Senhora de Fátim a. Na reunião de abertura, ocorrida na noite de sábado, foi apresentado impress io nante quadro panorâmico da situação mundial no ano de 201 l e de suas possíveis proj eções para 20 12, acentuando tanto as tragédias quanto as esperanças. Na manhã do dom ingo, 19 de fevereiro, organi zou-se uma ida a São João dei Rei para os que ainda não conheciam essa bel a cidade hi stórica mineira, enquanto os demais participaram de círculos de conversa sobre diferentes modali dades e experiências de atuação nas universidades. Na parte da tarde e nos dias posteriores os conferencis-
tas trataram dos seguintes temas: os Noví simos cio Homem; a devoção a Nossa Senhora, centro da piedade do contrarevolucionário; a oração, grande meio da salvação; teses fi losóficas revo lucio nárias conte mporâ neas; Revolução Cultural e destrui ção da Cristandade. As palestras fora m co mplementada com relatos de atividades ela Associação Cristo Rei (Toledo, PR), da Associa-
ção da Virgem Maria (Montes Claros-MG) e dos Universitários de Franca (SP). Participantes de Lavras (MG ) e Araraquara (SP) também expuseram suas respectivas atuações. Na ocas ião foi proj etado um audi ov isual sobre a Caravana Cruzada pela Família, do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, reali zada e m diversos estados da Federação e m janeiro último. Na sessão de encerramento, após a audição de uma memo rá vel co nferência do Prof. Plinio Co rrêa de Oliveira intitulada Campanários da Tradição, na qual ele afirmava nunca ter inovado nada, inve ntado nada, e que sua voz não era senão um eco da voz da Santa Igreja, os participantes receberam de lembrança um exemplar da bela edição·do livro À procura de almas com alma. Seu autor, Leo Daniele, recolhe com minúcia de escritor e desvelo de discípulo excertos do pensamento daquele inesquecíve l líder católico. • E- mail para o autor: cato lic ismo
te Ta.co m. r
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Seri a al go inco ncebíve l, espec ia lmente para que m te nh a participado da a bo min ações nesses mes mos di as, no último carnaval. Isto, porém, aconteceu: uma semana de estudos, de 17 a 2 1 de fevere iro, promovida pe l Instituto Plinio Corrêa de Oliveira numa bicente nári a faze nd a na c id ade ele ampos dos Go itacazes (RJ).
As pa lestras fora m baseadas em um c urso mini strad o o utrora pelo P ro f. Plínio Corrêa ele Oliveira sobre o espírito épico. Ele ass im o define: "Terespírito épico é, antes de tudo, ter gran-
de admiração por algo de verdadeiramente admir6vel e, simultaneamente, a disposição de correr todos os riscos e fa zer todos os sacrifícios, abnegadamente, em prol daquilo que se admira: a causa, a dout rina, o princípio. Em nosso caso concreto, a causa da civilização cristã". o
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Semana de estudos, orações e lazer
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M ARCE LO AUGUSTO DE SIQ UEIRA
mag inem hoje, em ple no sécu lo XXI , 64 j ovens que se reúnem no carn ava l. N ão para parti c ipar de a lgum fo lguedo carnava lesco, mas de um programa de c inco di as que inc luiu desde práti cas de piedade e palestras sobre a cava lari a e o espírito épi co, até atividades cultu ra is e jogos medievais.
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CATOLICISMO
Ao longo elas oito pa lestras, muitos fo ram os exempl os ele heró is que soubera m defend r esses ideais. Após as ex pos ições os j ovens respo ndi am a pergun tas sobre o lemas ex postos. Os te mpos li vres eram dedi cados a j ogos medi eva is, paintball e o utros; houve ainda projeção de aud iov isua is sobre as Cru zadas e sobre uma cara vana promovida pelo Ins tituto em j aneiro último, a lé m de pequenas peças teatra is. Como o funda mento da vida apostólica é a vicia interior, não podi am fa ltar práti cas de piedade: ass istê nc ia à Santa Mi ssa, te rço di ário, rec itação cio Ofíc io de Nossa S nhora, da Vi a Sacra e uma vig íli a ele orações. Após o jantar hav ia co nver sas mui to a nimadas e m torno de uma fogueira. No últim o di a houve c hurrasco no alm oço e um so le ne jantar medie val com a entrega ele le mbra nças (um busto cio Im perador Cario Magno), terminando com a tradicio nal queima de fogos de artifício. Todos sa íra m da Semana ele E tudos co nvictos da neces. idade ele dar continuidade à luta de P li nio Corrêa ele Oli veira e m defesa da civil ização cri stã, e com o p ropósito de voltar no próximo ano trazendo amigos. • E-mail para o autor: catolicismo @terra. com.br
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"Exército Brasileiro: sua realidade, lutas e desafios"
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CATOLICISMO
E- ma il para o autor: cat oli cismo@ terra .com.br
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tituto Plinio Corrêa de Oliveira.
Clube Homs, em São Paul o, si-
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sença do Genera l e das demais autori dades. Fa lou depois sobre a importância para a unidade nacion al do fa to de a popul ação bras il eira ser maj oritari amente ca tóli ca e sali entou o papel históri co das Forças Arm adas em fav or dessa unidade, desde Guararapes, no séc ul o XVll , até a defesa co ntra as ameaças do co muni smo. Em seguida os presentes foram convidados a diri gir-se ao hall de entrada para um coquetel, que fo i ocas ião para animad as conversas que se prolongara m ainda por muito tempo. •
Al ém cio Prfn ·ipc D . Bertra nd de Orl eans e Bra ança, oc upava lugar de des taqu e na mes a o Vi ce-A l miran te L ui z Guilherm e Sá de usmão, Comandante do 8° Di strit o Naval cm São Pa ulo, bem como algun s cl i r tores cio Ins-
1111 GREGÓRIO VI VANCO LO PES
tuado na Avenida Paulista, a artéri a mai s simbóli ca da cidade, foi palco de um evento altamente presti gioso que superl otou seu auditóri o. Tratou-se de uma conferência promovida pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira - ali representado por vári os de seus diretores e cooperadores . O palestrante era o General de Exército Adhemar da Costa Machado Filho, atual Comandante Militar do Sudeste.. Por volta de 250 pessoas, entre mi litares de alta e média patentes, semi nari stas, advogados, di stintas senhoras e moças, homens de todas as idades , acorreram press urosos para parti cipar às 19 horas do di a 15 de março daquela sessão, que foi aberta pelo Dr. Plíni o Vidigal X avier da Silveira, no lugar cio pres idente do Instituto , Dr. Ad olpho
Centro ele Co municação Social cio Exército, participou ele mi ssões no Ex teri or e comandou a 5" Região Militar (5" Di vi são cio Exército), entre outras importantes funções . Durante 90 minutos ele di scorreu sobre a importância ela hierarquia e ela obedi ência dentro ci o reg ime militar, ca rreira que, acentu ava ele, nin guém está obri gado a seguir; estendeu-se sobre o papel dos les tacamentos e patrulhas ele fronteiras co mo marco da seguran ça nac ional; sobre a atuação pac ifi cadora cio Exército, não só nas fa velas e loca is ele ri sco, mas também no Exteri or, como é o co nhecido caso cio Haiti ; sobre o papel cl sbravador cios militares, tanto na ·onstrução de estradas e ae rop ortos como na transpos ição ele águas fluvi ais; cri ti cou o modo sensacionali sta de cert a imprensa noticiar os fatos, inclusi v os que di zem respeito ao Ex ércit o; f'alou da necessid ade da corporação milit ar contar com maiores rec ursos para sua moderni zação.
Notíc ia sobre o evento, publicada na edição ele 17 de março do j orn al " O Estado de S. Pa ul o" , sali enta que o General "nüo f alou diretamente sobre a Co-
missão da Verdade, mas não a esqueceu: 'Nós olhamos para o f utu ro. Nc7o olh amos pelo espelh o retro visor'". A demais, "'somos o quinto paf.y em extensão territorial e a sexta economia do inundo. U111 país como esse precisa de Fo rças /\r111adas à altura da posiçüo que ocupa ', disse".
Lindenberg, momentaneamente impossibilitado ele f azê-lo. Falando com desembaraço e segurança sobre o tema "Exército B ras ileiro: sua realidade, lutas e desafi os", o general ele quatro estrelas - as quais
simboli za m o mais alto posto cio Exército brasil ei ro em tempo ele paz atraiu a atenção cio auditóri o, send o vári as vezes interrompido por apl ausos. O General A dern ar foi Instrutor nas principais Esco las Mili tares, chefi ou o
A ex pos ição foi toda ela ilu strada co m slides e f'otos ex pl icativas, o que fac ilitou o seu acompanh amento pelos present s. Após rcs 1ostas a algumas perguntas enviadas por escri to, a sessão fo i encerrada ·0 111 br 'VCS pa lavras do Prín cipe D. Bcrl rn nd, que ag radeceu a pre-
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svírito rance Exemplo de gentileza com "alfinetada" ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
França tem um pouco de tudo das dema is nações europeias. N a gentileza aparece algo da bondade portuguesa; no mosq uete iro se nota qualquer coisa do garbo espanhol ; na arte vêem-se algumas semelhanças com o bom gosto italiano; no espírito lógico observa-se alguma coisa do gêni o alemão. A França é o ponto de encontro da latinidade com o mundo germânico, que formou um conjunto de predicados mai s ou menos indefi níveis, Pode-se falar da França das catedrais ou dos castelos da Idade M édi a; do Ancien Régime ou do século XIX. Certamente não da França de hoj e. Pode-se fa lar da arquitetura, da pintura, da escultura, da literatura, da música, Depois de ter falado de tudo isso, ter-se-ia a impressão de não se ter falado do essencial, que é o espírito fran cês, o qual se exprime melhor pelas migalhas da vida do dia-a-dia. Conto um fato para ilustrar o que é o espírito francês. N o século XIX, um príncipe " isopor" - ou sej a, do gênero " matéri a plástica" - da casa de N apoleão, mandou um livro com poesias compostas por ele para Victor Hugo, o grand e literato que gozava de fa ma mundial. Como dedicatória escreveu: "Monsieur Hugo, estas são
wnas pequenas poesias que compus em tempos livres. Estarão tão ruins assim?". As poesias eram péss ima ! Victor Hugo não teve dúvida, dardej ou uma resposta cm cima do príncipe. Resposta que para ele era embaraçosa, pois estava meio li gado ao mundo do bonapartismo e não queria esfriar as relações que mantinha com o govern o. A ss im, não podia dizer que as poesias eram péssimas... Seri a um fator negativo para o estil o de relações que le desejava manter. M as, por outro lado, não podia di zer que eram bonitas, porque o príncipe poderia mandar imprimir um livro contendo as poes ias e o elogio ... Isso desacred itari a Victor Hugo enquanto literato. E ntão preci ava arranjar uma saída que co locasse o príncipe no
Monumento ao mosqueteiro D'Artagnan, em Paris, que beR1 exprime o "espírito francês"
devido lugar, mas sem ofendê- lo, a fim de continuarem amigos. Reputo como eminentemente francesa a resposta d · Victor Hugo: "Monseigneur, pergunto a Vossa Alteza o
que acharia se eu quisesse ser príncipe em minhas horas vagas?". Resposta magnífica, na qual se nota a gentileza, 11111s com uma pitada de impertinência um pouquinho sa l 1 ad11 e que faz sorrir! Em vez de eu descrever o que é o ·sp rilo francês, com esse dito dou uma amostragem. Não < 1111111 obra-prima, mas vale porque isso é frequent na l .'run ·u. Hugo colocou-se tão abaixo do príncipe, qu d ·ixn o ou tro à vontade. M as deu- lhe uma tal " alfin lada'', qu · o príncipe certa mente nunca mais escreveu po si:r s... Veja m como a coisa é pensada dentro da rapid "/,, 1\111 outros termos, foi dito o seguinte: por qu qu · o Sl' nhor desea ser escritor, quando é príncipe? cr um v •rdatil·i ro príncipe lota a vida de um homem! Viva a su.1 vid11 qut· rn vivo a minha! Hugo mostra que um hom 111 ·011111111 11110 pode ser príncipe nas horas vagas, porqu ·x i, ' un llr pos tura, atenção e esforço a vida inteira! • lc d ·ix11 ·vid ·11 ·i11 da a alta condi ção de príncipe, mas, ao m ·s1110 t ·mpo, d 1 lhe uma "a lfinetada"! •
Excertos da conferência profe-rida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 21 de fevereiro de 1981. Sem revi s o do utor.
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UMÁRI
PuN10 C oRRÊA DE OuvE1RA
"Sempre fui e sou contrário a qualquer forma de aborto" Diversos órgãos de imprensa e televisivos pediam muitas vezes a Plínio Corrêa de Oliveira alguma declaração sobre temas candentes então em debate. A que segue abaixo é um a delas. Ela foi publicada em primeira mão no diário " A Cidade", de Campos (RJ) , em 1 °-6 -91, e posteriormente em outros periódicos, vindo muito a propósito em vi sta do atual debate em torno da descrimi nalização do abo rto também para os casos de bebês anencefá li cos - a qual foi insensatamente aprovada no dia 1 2 último no plenário do Supremo Tribun al Federal (vide p . 14 ).
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N
o atual debate acerca da amp li ação do nú1111ero de casos em que a lei permite o abo rto, m i nha posição jam ais variou: sempre fui e sou contrári o a qua lquer fo rma de aborto. Com efe ito, imag ine-se um projeto de lei dotando os pais do dircilo de matar seus filhos nas primeiras 24 horas de vida deste: o projeto naufragaria em meio a um clamor geral de indi gnação. Fa lar-se- ia da matança dos in ocentes , ele. E a ju sto título. Que crime co meteu o nasc iluro para que se lhe possa tirar o direilo à vida alé o momento em que tenha nasc ido, Lralando-o em certos casos como um dclinquenle, de maneira que só depois ele nascer é cercado do carinh o gera l, aclamado como um bebê encantador e amparado pela proteção lega l, em todo e qualquer caso? •
CATOLIC ISMO
MJ\lO de 20 '12
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CARTA DO D11mT01~
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Pensamentos Consoladores - I
Húngaros homenageiam o Cardeal Mindszenty
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14 SOS-FAMíuA O STF e o decreto de morte do bebê anencéfalo
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Padarias francesas e a supressão das sacolinhas
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Ex-muçulmano denuncia a ameaça islâmica
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Coreia do Norte: situação calamitosa
Rosário Meditado - extraordinário beneffdo nE SANTos São Miguel de Garicoits
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São Miguel de Garicoits
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Do eterno amor de Deus ·para conosco
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Lida. E-mal/: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br. ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Maio de 2012: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ R$ R$ R$ R$
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CATOLICISMO Publlcação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .
Pareceu-nos muito apropriado a este mê de mai , con agrado à Santíssima Virgem, tratar do tema do Santo Ro ári , m particular de como meditá-lo adequadamente, de molde a atrair mai res graças não somente para quem o reza e seus familiares, mas tamb m para o País e a Igreja. A fim de oferecer aos leitores uma visão panorâmica de assunto tão importante para os nossos dias, o articulista apre enta d início as razões históricas que levaram a Santa Mãe de Deus a conced r a São Domingos de Gusmão a decisiva arma do Santo Rosário para esmagar os males de sua época (século XIII), particularmente a grande heresia dos cátaros ou albigenses que então se alastrava. Essa fulminante arma espiritual foi também decisiva para a obtenção de assinaladas vitórias para a Cristandade, como em Lepanto (1571), quando a armada católica derrotou as hostes turca . Ou, já no século XX, a Cruzada Reparadora do Santo Rosário , qu arrebatou a população da Áustria e determinou a retirada da tropa soviéticas daquele país, sem necessidade de um só tiro. Nesta matéria de capa, apresentamos ainda m ditaç~ de cada um dos 15 mistérios do Rosário, sugeridas por Plini rrêa de Oliveira para aqueles que se empenham em rezar sem distrair a atenção dos temas sagrados nele contemplados: as passag ns da Vida, Paixão, Morte e Ressun-eição de Nosso Senhor Je u ri to. Do mesmo autor, é exposta a meditação das Hora da Paixã m uma aplicação extraordinária para a contemplação do Mi t ri s D toro os. Grande devoto do Santo Rosário durante toda a sua vida, Plinio Corrêa de Oliveira recomendava com entranhado ~ rv r apostólico dois aspectos fundamentais da Mensagem de N ssa nhora de Fátima: as devoções ao Coração Imaculado de Mari a e a Rosário. Nunca é demais recordar o que Ela disse em 1917 a s tr"s videntes, Lúcia, Francisco e Jacinta, e que vale para todo o católico : "Eu sou a Senhora do Rosário. Quero que continuem a rezar o terço todos os dias". Desejando aos diletos assinantes de Catolicismo uma boa leitura, fazemos nossas essas tão necessárias recomendações. Em Jesus e Maria,
9:~
DLRETOR
catolicismo@ terra.com.br
7
A pedido de leitores, retomamos na presente edição nossa seção "Leitura Espiritual". Pretendemos publicar uma série de trechos selecionados, extraídos do livro Pensamentos Consoladores,* de São Francisco de Sales, Doutor da Igreja e Patrono dos jornalistas católicos, um dos autores ideais para elevar as almas à perfeição espiritual.
e
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onsiderai o amor eterno que Deus vos tem , porque muito antes que Jesus Cristo sofresse na Cruz por vós, ] como homem, a sua divina Majestade vos destinava à ~ vida e vos amava extremamente. Mas quando começou Ele a amar-vos? Amou-vos sempre e desde toda a eternidade vos ~ preparou os favores e graças que vos tem concedido. [.. .] ~ O amor divino, assentado ao coração do Salvador como ::E 13 num trono real, contemplou pela abertura do lado todos os ·:;;5
corações dos filhos dos homens; porque esse coração, endo
o rei dos corações, tem sempre o olhar fito neles. Mas, como os que olham através das gelosias [espécie de persianas ou venezianas] veem sem serem vistos, assim o divino amor deste coração vê sempre claramente os nossos e contemplaos com olhares de ternura; mas nós não o vemos distintamente. Porque, Deus meu, se o víssemos claramente, morreríamos de amor por Ele. [... ] Foi sem dúvida um grande dom o que o Eterno Pai concedeu ao mundo, quando lhe deu seu próprio Filho como o próprio Senhor diz: "Deus amou tanto o mundo, que lhe deu seu Filho único". Ó, exclama o Santo Apóstolo Paulo, porque pois não lhe concederá todos os outros dons com este? [... ] É certíssimo e muito vos deveria consolar o saber que Jesus Cristo satisfez plenamente a Deus seu Pai por todos os castigos que merecemos pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas pelos de todo o mundo. É o que São Paulo confessa aos Romanos , dizendo que, onde abundou a culpa, superabundou a graça; havia, quer ele dizer, uma grande abundância de pecados, mas muito maior abundância de graças, de forma que estas satisfizeram por eles. Nosso Salvador, vendo que a divina Majestade de seu Pai amava muito a natureza humana, sem se informar do preço que custaria o remir-nos apresenta-lhe um preço que
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nem nós nem os anjos valemos, uma satisfação maior do que podiam exigir todos os pecados do mundo. [... ] Portanto, bem podia Davi dizer: "Em Nosso Senhor há uma grande misericórdia e uma satisfação ampla e excelente!". Deus, bem infinito, foi ofendido; Jesus Cristo, bem infinito, satisfez; o homem elevou-se pela soberba contra Deus; Jesus Cristo, pela humildade, abaixou-se até a criatura. • (*) São Francisco de Sales, Pensamentos Consoladores, Livraria Salesiana Editora, São Paulo, 1946, pp. 36 a 46.
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Hungria festeja o
120º aniversário de nascimento do heroico Cardeal Mindszenty Aiém da justa homenagem, os húngaros promoveram a total reabilitação legal, moral e poHLica do eminente Purpurado, cruelmente perseguido pelo regime comunista . . e, CARLOS EDUARDO SCHAFFER Correspondente em Viena
N
o dia 31 de março último, na catedral de Szombathely, na Hungria, a pouca distância da fronteira austríaca, foi celebrado o 120º aniversário de nascimento do Cardeal Josef Mindszenty, Arcebispo-Príncipe de Eztergom e Primaz da Hungria. A cidade foi escolhida para a celebração porque ali o eminente Purpurado frequento u o seminário, foi ordenado sacerdote e sagrado bispo para assumir em seguida a diocese de Veszprém. O Cardeal Peter Erdõ, atual Primaz da Hungria, celebrou Missa Pontifical na presença de todo o episcopado húngaro, do bispo Àgidi us Zsitkovics, de Eisenstadt (Áustria), e de numeroso clero. Fiéis admiradores do homenageado e personalidades lotavam a grande catedral. A cerimônia se revestiu de especial importância por celebrar também a inteira reabilitação do Cardeal Mindszenty em face de todas as condenações que sofrera por parte do ímpio governo comunista húngaro (1947-1989) durante o processo-show de fevereiro de 1949. A pedido do Cardeal Erdo, o Parlamento e a Corte Suprema de Justiça reviram todo o processo, declarando a inteira inocência, legal, moral e política do Cardeal Mindszenty. Foi então registrado que as acusações e condenações pronunciadas contra ele pelo governo comunista húngaro carecem de qualquer fundamen to. Os envolvidos naquele processo calunioso foram excomungados. *
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É interessante lembrar aqui que o Cardeal Mindszenty, antes de ser preso em 26 de dezembro de 1948, deixara um -CATOLICISMO
documento no Palácio Episcopal, no qual ele dec larava não estar envolvido em nenhum complô contra stado húngaro, e que qualquer declaração que lhe f s, arrancada neste sentido seria sob tortura ou pela administraçã ele drogas, o que realmente ocorreu. Sua inocência foi ainda atestada pelo fato de no texto de sua "confissão" ele c I car, após a sua assinatura, as letras c.f, iniciai ela pa lavras latinas coactus fecit (assinei coagido). Por ocasião do levante contra o c muni smo em 1956, o heroico cardeal obteve asi lo na repr enta ão americana em Budapest, onde permaneceu , sem poder sair, por 15 anos. Mas como sua simples prese nça na apitai hú ngara incomodava o regime comuni ta, e te ex igiu cio Vaticano que Mindszenty fosse expu l o e que brigassem a renunciar a seus cargos eclesiásticos. O que oc rreu 1971 , no pontificado de Paulo VI. "Ego debuis.·em mori in Hungaria" ("Eu deveria ter morrido na Hungria"), lament u o cardeal, sentindo-se vítima da política de aproximação do Vaticano com o regime ma.rxi ta, a de astrosa Ostpolitik. Em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" (31-3-1974), Plinio Corrêa de Oliveira fez um merecido elogio ao Cardeal Mindszenty: "Neste crepúsculo de lama e de opróbrio, o mundo todo se vai deixando rolar, sonolento e envergonhado, pelos sucessivos precipícios de aceitação gradual do comunismo. Porém, no panorama da geral devastação, o Cardeal Minds zenty se tem erguido como o grande inconformado, o criador do grande caso internacional, de uma recusa inquebrantável que salva a honra da Igreja e do gênero humano. O seu exemplo - com o prestígio da púrpura romana intacta nos ombros do robusto pastor valente e abnegado - mostrou aos católicos que não lhes , U ·ito acompanhar as multidões que vão dobrando o joelho ante Belial". •
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juízes velar com tecido os crucifixos. Meus parabéns ao autor Dr. Frederico R. de Abranches Viotti pela abordagem do tema.
Código Florestal
181 Rememoremos o Doutor Santo Agostinho: "Não penses que as heresias seio produto de mentes obtusas. É necessário uma mente brilhante para conceber e gerar uma heresia. Quanto maior o brilho da mente, maiores suas aberrações" (Ps. 124,5); roguemos conjuntamente ao Doutor da Graça interceda por nós neste mundo repleto de "brilhantismos" luciféricos. Que Santa Margarida sirva de exemplo não somente aos católicos ingleses, mas aos do mundo inteiro. Bravo por vosso aitigo e cristandade. A respeito do artigo sobre o naufrágio do Costa Concórdia , apenas uma frase: "A alma desordenada leva em sua culpa o castigo " (Doutor Santo Agostinho, Conf. 1,12). Quanto à entrevista do Pe. David Francisquini: Parabenizamos vossa reverência por vosso apostolado, e oportunamente relembremos o Santo Doutor da Graça: Não serás inocente se, por calar-te, permites que se percam irmãos a quem poderias corrigir com um aler-
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Não são os produtores rurais que
ta ... Muito maior motivo tens para de-
precisam ser perseguidos, mas sim os "bandidos rurais" , que se encontram infiltrados entre os Sem Terra, pobres brasileiros que são usados por esses aproveitadores aliados ao PT.
nunciar seus erros a fim de que a ferida não cresça em seu coração! (regra 7). Rogamos vossa bênção e vossas preces. E sobre o artigo de Plínio Vidigal Xavier da Silveira "Vazio Democrático": Congratulo-me com vossa senhoria pela galharda varonia pela matéria, e relembro um velho aforismo: "On peut considérer comme un grave symptôme d e d éc adence, qu e la moralité eles classes dirigeantes tombe au-dessu s de celles des classes dirigées" (Gustave le Bon).
(G.P. -
RS)
Cl'istofobia II 181 A perseguição aos cristãos fora iniciada em Belo Horizonte, por uma rádio e alguns repórteres, que insistiam em tirar todos os "santos" dos nomes das ruas da cidade. Felizmente estes poucos se acalmaram e pararam de perturbar o povo. (l.B. -
Leitura fundamental
(T.M.O. -
RJ)
Leitura insuperável 181 Insuperável o escrito de São Luís Maria. Quem desejar conhecer profundamente Maria nada igual, na minha opinião. Não é à toa que o demônio desejou destruir esse livro, realmente providencial! Agradeço o privilégio de me proporcionar esse conhecimento. (U.D. -
MG)
Cristof'obia III
181 Excelente a matéria sobre o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Gostei muito e estou estudando as indicações marianas de São Luís Maria Grignion de Montfo1t. É uma leitura fundamental para os verdadeiros católicos que desejam realmente o Reino de Cristo e de Sua Mãe Pw·íssima, como constato, pela leitura da revista.
MG)
Cristofobia I
181 Talvez, no fundo, exista um ódio mal disfarçado à Realeza de Nosso Senhor. E entende-se que lésbicas se oponham à presença do crucifixo; mas juízes?! (E.J.T. -
(S.P. -
PR)
RJ)
Entre1rista de Dom Bertrand 181 O alerta do príncipe é importante e grave. Sob as cores verdes se esconde aquela cor do sangue de fazendei ros assassinados pelo ódio comunista. (T.A. -SP)
181 Quanto à retirada de crucifixos dos tribunais no Rio Grande do Sul, ·não sei o que pesa mais, se a vontade das autoridades (ir)responsáveis que desejam ficar livres da presença de Cristo impondo que se faça justiça, ou se Cristo não mais desejar ficar naqueles locais. Ao ler certas sentenças, penso que antes de serem proferidas deveriam os
-CATOLICISMO
Comentários <liversos
(Sr. e Sra. M.C.N. -
GO)
Agradecemos
Genuíno pensamento cristão
181 Estamos renovando mais urna vez - após anos a fio de renovação - a assinatura da Revista Catolicismo , que é - REPITO SEMPRE - a melhor revista editada no território nacional.
181 Caros amigos de Catolicismo, não podemos deixar de ressaltar o papel singular da Revista: a cada mês nos brinda com um exemplar belíssimamente preparado, que põe ao nosso alcance o mais genuíno p<.:nsu111 •nto
(P.M.C.C. -
BA)
cristão, com as riquezas da espiritualidade e da sã doutrina cristã, além de nos por em dia com os acontecimentos que envolvem diretamente todos os filhos da Santa Igreja, pai·a que atentos possamos defender, como num grande exército, a honra de Nosso Senhor e de Sua Mãe Santíssima e de nossa Igreja, sem contai· o sapientíssimo pensamento do Prof. Plinio! Que Deus abençoe o vosso apostolado! (A.T.T. - SP)
Mo<lelo de vida 181 Eu sempre falo e peço a intercessão desta santa (Santa Margarida Rainha e Padroeira da Escócia), mas não conhecia a sua história. Confesso que estou encantada e me apaixonei por sua vida. A equipe da revista está de parabéns! Estou lendo pela primeira vez esta publicação e lerei mais vezes para conhecer melhor, como a vida de outros santos que nos deixaram exemplo de vida brilhante. Neles todos os cristãos devem se espelhar. (R.V.G. -
MT)
Evangellzação 181 Abri o site de vocês e gostei muito das mensagens. Quero parabenizá-los pelo bom trabalho de evangelização pela internet, oxalá todos pudessem fazer o mesmo! (C.F.O. - RJ)
"Cuidado com os pacatos" 181 Por certo lhes interessará conhecer a reação de um proeminente jornalista internacional ante uma análise psicopolítica feita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira há trinta anos! Trata-se do Sr. Juan Arias , correspondente no Brasil desde 1998 do conhecido jornal espanhol de esquerda "El País", para o qual exercera o mesmo cai·go na Itália e no Vaticano por quase duas décadas. Ao contrário de muitos jor-
nalistas, Juan Arias não é superficial em suas análises políticas, a ponto de alguns de seus aitigos terem sido objeto de queixa do governo petista, com cuja ideologia, entretanto, tem afinidades. Na seção internacional de "EI País" ele também responde pelo blog Vientos de Brasil, onde trata de temas diversos . Tendo ali publicado uma matéria intitulada "Os brasileiros são individualistas?", remeti-lhe o artigo "Cuidado com os pacatos" ("Folha de S. Paulo", 14-12-1982), no qual o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira descreve a psicologia do brasileiro e os erros a se evitai· no trato com ele. Eu lhe recomendava que o lesse, a fim de se aprofundai· no conhecimento do Brasil. O Sr. Arias não só o publicou na íntegra, como teceu gentilmente os seguintes comentários: "Estupendo, Helio, esse artigo de Corrêa de Oliveira, que eu não conhecia. Cheguei ao Brasil em 1998, como correspondente deste jornal. "Recolhi o artigo ao meu fichário, porque o considero fundamental e
atualíssimo. Essa advertência à oposição quando se faz governo e já não suporta a crítica, foi às vezes, e continua sendo, por exemplo, [a prática] em algumas franjas - não todas - do PT. E essa falta de pacatez, que eu chamaria de coerência, é certo que a alma brasileira não a aceita. "Maravilhosa essa afirmação de que ganhará sempre aquele que conhecer melhor as fibras da alma brasileira que, como tantas vezes tenho escrito e às vezes muito criticado, não quer a guerra nem a briga, nem sequer entre os políticos, senão essa pacatez ou bom senso, como quando diz 'pois que se ponham de acordo entre si' . Eles não gostam do sangue nem na política. "Mais uma vez, obrigado por esse presente, que sem dúvida também os meus leitores terão agradecido. Um abraço. Juan Arias (14-04-2012)". (H.D.V. -
FRASES SELEC IO NADAS
quem quer que stjas, que te sentes
"Ó tu,
Conge áa terra fi:nne, arrastado pefas ondas áeste murufu, no meio das 6orrascas e tempestades, se não queres soço6ratj não tires os oCfws áa fuz áesta estrefa.: Maria". (st'lo e::.en",cmfo)
"O coração de uma mãe. é muito nuds
sagaz do que o de um médico". TeresLV\,V\Cl cl.o MeV\,LV\,oJesus)
(SClV\,tCl
"O coração de uma. mãe. é um abismo
no fwulo do qual sempre se encontra. um perdão". (e::.ciLzcic)
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
MG)
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Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC
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Pergunta 1 - Que palavras devo dizer ao padre na hora da confissão? Pois, não tendo cometido pecado mortal para confessar, como me dirigir a ele e pedir perdão pelas minhas faltas/pecados - não tão graves, acredito, como por exemplo: impaciência, irritabilidade, desconfiança e pré-julgamento cm relação a meu próximo. Quero fazer a confissão mais vezes além da Páscoa, Finados e Natal; mas fico indecisa quanto ao que dizer e como falar ao padre. Gostaria que me orientassem, por favor. Pergunta 2 - Na condição de benfeitor da revista Catolicismo, gostaria de lhe fazer uma pergunta relacionada à minha fé. - Por que a Igreja negligencia tanto a respeito do Sacramento da Penitência? Nas Santas Missas em que participo, posso garantir que nunca ouvi um sacerdote recomendar aos fiéis a prática do Sacramento da Penitência, tão salutar. Sinceramente, gostaria de conhecer sua opinião, e por isto lhe ficaria muito grato.
Resposta -
As duas perguntas incidem sobre aspectos diversos do mesmo tema, podendo ser abrangidas pela mesma resposta. A primeira consulente manifesta o excelente desejo de se confessar mais vezes ao ano, além das três ocasiões que ela indica. Mas fica inibida, por julgar que somente são matéria de confissão os pecados graves. Na realidade, os pecados veniais também constituem matéri a que pode ser apresentada para a absolvição do sacerdote. Nos casos em que não ocorre à memória do penitente nenhum pecado, mesmo leve, o confessor pode pedir-lhe que confesse novamente algum pecado grave ou venial da vida passada, que possa servir de matéri a para a absolvição e, portanto, para a validade do Sacramento: sem matéria para absolver, não há como dar a absolvição! E mesmo um pecado já absolvido costuma deixar na alma seq uelas ou vestígios que são apagados numa ulterior absolvição, assim como uma roupa já lavada ganha maior limpeza numa segunda lavagem. Esta comparação é de algum modo inadequada, pois enquanto as sucessivas lavagens desgastam a roupa, as sucessivas confissões, se bem feitas, revigoram a alma, tornandoª cada vez mais robusta e resplandecente. Dito isto, poder-se-ia considerar a pergunta como respondida. Porém ela dá ensejo a observações adicionais que apontam o caminho para a aquisição de uma pureza de alma ainda maior.
O justo peca sete vezes ao dia, diz a Escritura Com efeito, embora o pecado venial não rompa o vínculo de nossa amizade com Deus - isto é, não faz a alma per-
A prese11te crise 11a Santa Igreja der a graça santificante (como acontece com o pecado mortal) - não obstante, é como uma poeira que se acumula e faz a alma perder o brilho. Esta fica mais embaçada, menos pura, menos luminosa aos olhos de Deus e dos homens. E, por fim, a pessoa tem que pagar no Purgatório pelo pecado veniais dos quais não se purificou durante a vida por uma eficaz penitência. É verdade que não é obrigatório apontar na confi sã o pecados veniais. Ademais, o simples fato de receber bem os sacramentos da Confissão e Comunhão apaga, pelo menos em parte, os pecados veniais. Porém, fazendo-o na Confissão, eles ficam diretamente perdoados. O que, aliá , não dispensa de fazer penitência por eles. Tudo isto mostra a importância de combater o pecados veniais. Mas, além destes, há um sem-número cl imperfeições que nem chegam a constituir pecados veniais , as quais, entretanto, também obscurecem a alma. É ne te sentido que a Sagrada Escritura diz que "o justo peca sete vezes ao dia " (Prov 24,16). São faltas leves, ou mesmo levfs imas, cometidas sem plena advertência ou deliberaçã . Ora, também estas devem ser combatidas c m vigor, para cumprir aquela exortação de No so Senh r: " ede perfeitos, como o vosso Pai celestial é perfeito " (Mt 5,48). Atente-se bem: a perfeição que Jesus Cristo no. aponta como meta a atingir é a própria perfeição de Deus! Quão longe estamos disso! É a Lar fa d toda uma vida, e para a qual a confissão frequente , omo a desejada pela consulente, é um ótimo meio. p d m s ' ncorajá-la a que faça uso dele.
O mundo de hoje está mcl'g11lluulo na impureza Não se iluda, entretant . AI m d s noss impulsos internos para o mal, con eq uê n ia do pe ado origina l - que foi apagado pelo sacrament do Batism , p rém deixou raízes em nosso corpo e em nossa alma - temo de combater a oposição do mundo, que h ~e está mergulhado mais do que nunca na impureza. A alma que quer ser inteiramente fiel aos princípios da m ral at lica atrairá contra si a censura do mundo. Esta e manit tará de modo velado ou declarado, de forma in idi a ou violenta, sempre com o objetivo de nos desencorajar no caminho da perfeição suprema que Nosso Senhor no indicou como meta. O mundo usará contra nós a arma do ridículo, da lisonja ou do uborno. Levantará ameaças e chegará até à perseguição. Não ele cansará nunca, esperando ver- nos prostrados, ou pelo menos vacilantes. Por isso, São Pedro nos exortava: "Resistite, fort es in fide" (Resisti, firmes na fé - lPt 5,9). Para e s. lut a, a confissão frequente é, mais uma vez, um auxíl i pod ' roso, pois nos revigorará a cada passo.
Porém, cuidado! Quando convocou o Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII declarou que o fizera para que entrasse "dell'aria fresca nella Chiesa" (ar fresco na Igreja) (cfr. Dominique Chenu, Diari dei Vaticano II, a cura di A. Melloni, II Mulino, Bologna, 1996, p. 73 - apud Roberto De Mattei , II Concilio Vaticano II, una storia mai scritta, Lindau, Torino, 2010, p. 277). Essa mesma informação é corroborada por D . Demétrio Valentini , bispo de Jales (SP), em artigo de 10-8-2011 intitulado As ideias~força do Concílio, no qual explica que o Papa João XXlll "dizia que a Igreja devia fazer como faz a faxineira: abrir as janelas, tirar a poeira, e deixar entrar o ar puro, que faz bem para a saúde e deixa as pessoas mais dispostas para trabalhar" (Site da Diocese de fales: http:// www .d iocesedej a les. org. br/portal/con ten t. ph p ?cati d=26&notid=984). Infelizmente ocorreu o contrário. A poluição e a fuligem do mundo eram mais densas que o incenso que impregnava o templo e nele penetraram. Reconheceu-o o Papa Paulo VI, A perfeição que Jesus Cristo nos aponta como 1J9eta a atingir é a própria perfeição de Deus! E a tarefa de toda uma vida, e para a qual a confissão frequente é um ótimo melo.
quando afirmou ter a sensação de que "por alguma fissura tenha entrado afumaça de Satanás no templo de Deus" (cfr. lnsegnamenti di Paolo VI, Alocução de 29 de junho de 1972, Tipografia Poliglota Vaticana, vol. X, pp. 707-709). E foi mais longe ao especificar, na mesma alocução, qual o efeito dessa infi !tração: "Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia ensolarado para a História da Igreja. Veio, pelo contrário, um dia cheio de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza". O mesmo Pontífice se pergunta: "Como aconteceu isto? O Papa co,~fia aos presentes um pensamento seu: o de que tenha havido a intervenção de um poder adverso. Seu nome é diabo, este nústeriosQ ser a que também alude São Pedro em sua Epístola" (loc. cit.). Diante de um panorama tão surpreendente e assustador - e atendendo ao pedido de orientação que nos faz a consulente - não causaria espanto que um fiel católico, ao confessar-se, recebesse de algum sacerdote orientações contrastantes com o que sempre aprendeu ser a doutrina e a Moral da Igreja. Não são poucos os casos em que isso tem ocorrido. No caso dessa consulente, parece pouco provável que isso venha a acontecer, uma vez que já se confessa regularmente três vezes ao ano e, portanto, sabe com quem está se confessando. Faço votos que encontre sempre uma boa orientação. De qualquer modo, a advertência serve para outros leitores que, movidos pela graça do Espfrito Santo, retomem o hábito da confissão frequente. Quanto ao segundo consulente, releia com atenção o que acima está dito sobre a atual crise na Igreja , e compreenderá que essa é a causa maior da negligê nci a na exortação dos pregadores sobre a importância - e, mais ainda, a necessidade - do sacramento da Confissão. E entenderá que o problema que o deixa perplexo se encaixa numa questão muito mais vasta, da qual nossa revista tem tratado amplamente. Diante dessa crise, o fiel católico é convidado a tomar posição e batalhar para que seja resolvida. O consulente faz bem em pedir explicações e sua pergunta contribui para que os responsáveis por essa situação sintam a imperiosa necessidade de dar uma resposta ampla à perplexidade dos fiéis. A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos já tem emitido importantes documentos sobre o Sacramento da Eucaristia. Talvez a pergunta do consulente esteja mostrando a necessidade de um novo documento também sobre o sacramento da Confissão. Porque se um fiel se dirigiu a um humilde sacerdote para pedir esclarecimentos a respeito, é provável que muitos outros pelo mundo acolheriam com gratidão uma cabal exortação sobre o tema, proveniente de uma instância muito mais autorizada, como é uma Congregação da Santa Sé. Creio interpretar assim o desejo do missivista. • E-mail para o autor: catolicismo@terra,com.br
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CATOLICISMO
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lgreia Ortodoxa russa foi instrumento de Stalin
Igreja Ortodoxa russa f oi utilizada pelo regime de Stalin para a liquidação pela f orça da Igreja Greco-Católica ucraniana", mas "o clero ortodoxo [= cismático] russo ainda não se desculpou perante o greco-católico pela apropriação indev ida de todos os seus bens", afirmou Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, arcebi spo- mor do rito greco-católico ucraniano. "Muito frequentemente, eles fa lam da dificuldade em ter um encontro com o Papa, a qual, segundo o patriarca Kirill [russo cismático], é causada pelos Uniatas [greco-católicos]. Isso vem se repetindo há perto de 20 anos, quase todo ano, em vários f oros. Mas o verdadeiro obstáculo é a incapacidade de admitirem os próprios erros" . •
Apesar de sua poluição extrema, a China presidirá a 11 Rio+20"
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ma névoa de poluição impede a visão, a partir de satélites, da imensa planície do norte da China onde está situ ada a capital Pequim . Na superfície, a visibilidade ficou limitada a 200 metros. A ditadu ra comunista já fez saber que nada fará para corrigir a intoxicação, que prejudica seus cidadãos-escravos e o ar do planeta. De acordo com a NASA, a névoa é composta de partículas de 10 mkrômetros (PMlO) que entram no pulmão e causam problemas respiratórios. As partícul as de 2,5 rnicrômetros (PM2.5) podem infiltrarse na corrente sanguínea, causar câncer e problemas respiratórios extremos. Porém, a China fec hou a questão e não re nun c iará a se u peri goso desenvolvimento indu z ido. Inex plicavelmente, a ONU deu-lhe a presidência da reunião "Rio+20 " em junho próximo. Mau presságio para a idoneidade desse megaevento ... •
Escapulário do Coração de Jesus salva soldado espanhol
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ri or e protege a inferior, como era costume na Idade M 'dia.
moderna ". Quando o assassinato de inocentes fi ca liberado em de
Para ele, a cidade medieval, com seu charme e suas sólidas muralhas, era o oposto da cidade moderna feita de prédios sem graça e fábricas repugnantes. O anseio de Pugin ainda vive na alma dos ingleses que reverenciam suas obras. •
termin adas condições, quem será capaz de restringir os crimes a seus limites "legais"? •
m março, o soldado lván Castro Canovaca, da Legião Espanhola, recebeu tiro mortal em combate no Afeganistão. Para os cirurgiões do Hospital Gómez Ulla, de Madri, "o normal teria sido falecer nos dez primeiros minutos ". O soldado (na foto com os pais), contudo, portava, um Detente pequeno escapulário no qual vem escrito "Alto, o Sagrado Coração de Jesus está comigo!". O chefe do regimento restaurou a velha tradição de usar o Detente. Por sua vez, a revista "Armas y Cuerpos", da Academia Geral Militar espanhola, explicou que os "relatos de soldados que escaparam da morte de forma quase milagrosa deram tanto prestígio ao Detente, que os militares espanhóis passaram a usá-lo em todas as guerras".
Medo da extinção de espécies é desproporcionado
51 milhões de pessoas visitam anualmente locais religiosos na França
Gótico: estilo para reformar a sociedade e a religião em crise ' A. W. N. Pugin, arquiteto criador do Big Ben de Londres, símbolo da Inglaterra (foto abaixo), queria restaurar a Cri stand ade por meio da arquitetura gótica. Segundo Rosemary Hill , sua biógrafa, foi uma cruzada inimaginável, e o sucesso fo i inesperado. Com 30 anos, Pugin havia construído 22 igrejas, três catedrais, três conventos, casas, escolas, um mosteiro cisterciense e a Sala dos Lordes, onde a rainha inaugura as sessões do Parlamento. Pugin queria uma ordem social em que cada cl asse recebe apoio da supe-
Shanghai envolvida pela poluição
Inglaterra: câmaras flagram abortos encobertos como 11 legais1'
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hipocrisia com que são utili zadas as causas de aborto admitidas pela lei inglesa veio à luz quando uma jovem jornalista grávida apresentou- e numa das "clínicas da morte" levando escondida uma câmara digital. Ela declarou que desejava abortar porque não queria uma menina, como revelara seu exame pré-natal, mas isso não está contemplado entre as causas de aborto "legal". Na mais célebre "clínica da morte", o médico deu a saída criminosa: "Eu explicarei que você é jovem demais para engravidar, está bem ?", e marcou o aborto para a semana seguinte. Anthony Ozimic, porta-voz da Sociedade para a Proteção das Crianças Não-nascidas, comentou: "Esta investigação confirma a realidade da eugenia na medicina britânica
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Referendo na Eslovênia repele "casamento11 homossexual
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Eslovêni a recusou o "casamento" homossexual em refe rendo nacional. 55,1 % dos eleitores disseram " não" a um novo Código da Família que permitiria o "casamento" ho mossex ua l e a adoção de c rianças pe las duplas sodomíticas. Uma campanha lançada pelo movimento Iniciativa Civil coletou 42.000 assi naturas, obrigando o referendo. As sondagens de opinião diziam que a iniciativa próvida fracassaria. O pres idente do país, a maiori a dos partidos políticos e a grande mídia foram contra a consulta popular. A fa míli a foi defendida especialmente por grupos religiosos. A obstinação quase fanática dos inimi go da instituição fam,iliar faz temer que, valendo-se de outros subterfúgios, eles voltem à carga em sua ofensiva. •
CATOLICISMO
se prestar ouvidos no catastrofi smo ecologista, inúmeras espécies vegetais e animais estariam em ri sco de desaparecer por culpa da civili zação, e todas as medidas, até as mais descabeladas, para salvar insetos ou parasitas, seriam justificadas. Mas os especiali stas em classificação dos seres vivos veem a questão de modo mais objetivo e otimista. Segundo eles, há entre oito e 30 milhões de espécies a serem descobertas. Philippe Bouchet (foto), zoólogo do Museu Nacional de Hi stória Nacional (MNHN) da França, explica que a partir dos a nos 80 , e nqu anto os ambientalistas na moda se exibiam nos congressos e na mídi a anunci ando a extinção das espécies, os verdadeiros cientistas começaram as explorações de oceanos e fontes hidrotermais, "onde viviam espécies nunca antes vistas!". •
51 milhões de peregrinos e turistas visitaram santuários e localidades religiosas na França em 2010, de acordo com a Organização Mundial do Turismo. O crescimento anual da tendência vai de 5 a 10%, segundo os locais. Os mais visitados foram o santuário de Lourdes (mais de sete milhões por ano) e a abadia do Mont-Saint-Michel (3,5 milhões) . A catedral de Notre-Dame de Paris recebe anualmente 13 milhões de visitas. O Sacré-Cceur de Montmartre acolhe 10,5 milhões, a catedral de Chartres e o santuário de Rocamadour 1,5 milhões cada um. O que mais cresce é o número de visitantes "não crentes", cansados da vida moderna à procura de uma opção espiritual para o vazio da vida quotidiana.
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SOS FAMÍLIA
1 qualquer modo, ela prepara a aprovação do atual anteprojeto de Cód igo Penal, no qual a descriminalização do aborto é inconcebivelmente ampla. Se não houver uma reação à altura, dentro de algum te mpo poderá a "pena capital" ser estendida a todos os nascituros, deixando de ser crime, segundo as leis dos homens, o assassinato em massa de inocentes indefesos no seio materno.
12 de abril de 2012: dia da extinção do direito à vida de bebês anencéfalos U m dia em que fazendo t;ábula rasa da Lei divina, da Lei natural e da lei positiva, o STF descriminalizou o aborto em casos de anencefalia.
Síntese do pmcesso l'lllllO ao alJOl'to total
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PAuLo RosERTO C AMPOS
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o lutuoso dia 12 de abril ocorreu a sessão final no Supremo Tribunal Federal que julgou o recurso denominado "Argu ição de Descumprimento de Preceito Fu ndamental" (ADPF nº 54/STF). Tal ação, iniciada em 2004, de autoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), pedia
a legalização do aborto de bebês portadores de anencefali a. Essa confederação - representada pelo advogado Luís Roberto Barroso - defendia uma "interpretação conforme a Constituição da disciplina legal dada ao aborto pela legislação penal infraconstitucional, para explicitar que ela não se aplica aos casos de antecipação terapêutica do parto na hipótese de fetos portadores de anencefalia". Em português claro, a referida confederação defendia uma falsa sol ução para o problema de casos de anencefalia: não seria crime eliminar um bebê anencéfalo. Este, como se sabe, é gestado com má-formação cerebral, ou ausência parcial do encéfalo, e não total, como muitos equ ivocadamente supõem. Oito ministros manifestaram-se favoravelmente à legalização desse tipo de aborto e dois emitiram julgamentos contrários à legalização. Assim, temos adesditosa decisão: "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relato,; julgou
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CATOLICISMO
Joana Schmitz Croxato e seu marido Marcelo Almeida Croxato com a sua pequena filha Vitória de Cristo, nascida com má formação cerebral 1
procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravide z de feto anencéfalo é conduta tipificada nos artigos 124, 126, 128, incisos 1 e ll, todos do Código Penal". 1 "S1'F deu à luz uma estranha Cl'iatura: o 'mo1·to jul'ídico"' Pode-se assim muito sinteticamente dizer que a grande maioria dos magistrados fundamentou suas razões no sentido de que o nascituro anencefálico não tem vida, é um natimorto, concluindo que se pode praticar o aborto. Alguns deles disseram que bebês anencéfalos morrem durante a gestação, ou, se vêm à luz, têm vida de curta duração. Não levando em consideração -
para citar dois casos que fi caram famoso no Brasil inteiro - a vida das meninas Marcela e Vitória, nascidas com má formação cerebral. .. Às alegações acima referidas poderse-ia replicar com a excelente argumentação da bióloga Dra. Lenise Garcia (professora da U nB e presidente do Movimento Nacional da Cidadani a pela Vida - Brasil sem Aborto), em seu artigo publicado no diário "Gazeta do Povo" (Curitiba) de 24-4-12: "O ministro Marco Aurélio Mello, relator do processo, fez também a colocação de que o anencéfalo seria 'natimorto', contradizendo-se logo a seguir ao afirmar que tem 'possibilidade quase nula de sobreviver por mais de 24 horas'. A ninguém ele explicou
como pode um natimorto sobrevive,: [. .. ] Ao descaracterizar a vida do anencéfa lo como direito a ser protegido, o STF deu à luz wna estranha criatura, o 'morto jurídi co ' . Foram desvincu ladas a 'vida biológica' e a 'vida jurídica', e assim a criança com anencefalia foi morta por decreto ainda no útero da mãe. Curiosa solução para que possa ser abortada sem aparente transgressão da lei, pois juridicamente já está morta, desde que o médico e a mãe assim. decidam. Entretctnto, preservou-se o direito das mães que queiram levar a gravidez até o fim. Que direitos terá essa criança, ao nascer? Será registrada como morta ? E se perseverar em vive,; mesm.o que por alguns dias, terá direito à assistência? Segundo o ministro Marco Aurélio, 'jamais se tornará uma pessoa ', é um 'não cidadão', juridicamente morto... ". 2 Sim aos "dil'eitos lwma11os" e não aos Direitos de Deus? A maioria dos magistrados insistiu na tão propalada "liberdade da mulher" de "antecipar o parto" (abortar) e na alegação de que obrigá-la a levar sua gestação até o termo seria contrário aos "direitos humanos" e equivaleria a uma "tortura psicológica" que poderia prejudicat· sua saúde. Poderíamos perguntar: e as mulheres - ao optar pela " li berdade" acima de tudo, inclusive sobre a vida do fi Iho - praticando o abor-
to não ficam ainda mais prejudicadas, sobretudo psiquicamente, muitas vezes carregando um sentimento de culpa a vida inteira? Não negamos que a mãe de uma criança com anencefalia passará por um período doloroso. Mas este será incomparavelmente menor do que o sofrimento devido à "sínd rome pós-aborto" o remorso por ter recusado o filho. A mulher merece toda atenção e compaixão, mas jamais poderá alegar que lhe cabe a "decisão sobre seu corpo", pois se trata de um outro ser humano, detentor do direito inviolável à vida concedida por Deus, que só Ele pode tirar.
A "se11tença de morte" e suas consequências Com a decisão do STF, decretou-se a "pena de morte" dos bebês diagnosticados (o que é fa lível) com má-formação cerebra l, contrariou-se a Lei divina, a Lei natural, a própria lei positiva e o sentimento do povo brasileiro, cuj a esmagadora maioria rejeita o aborto. Além de o STF ter chamado a si a condição de leg islador, específica do Congresso Nacional. O que de fato se pretende, com a aprovação do aborto em casos de anencefali a, é abrir cami nho para se chegar à legalização do aborto de crianças portadoras de qualquer deficiênci a. E depois, talvez por etapas, à liberalização total e irrestrita do aborto no Brasil. De
Nesse lúgubre percurso, num primeiro passo foi suspensa a pena para a mulher que pratique o aborto em casos de estupro e quando há risco de ela perder a vida; depois foi autorizada a destruição de fetos congelados; agora oito magistrados votam pela legal idade da eliminação do bebê quando se constata a ausência total ou parcial do cérebro. Alguns movimentos abortistas já reivindicam a legalização do aborto também para casos de fetos portadores de qualquer deficiência - ao que eufemisticamente chamam de "Interrupção Terapêutica da Gestação". Outros vão mais longe e reivindicam a lega li zação do aborto em qualquer caso ou em qualquer etapa da gestação. Ba tando "o desejo da mãe", a lei permitiri a o assass inato pré-natal, ainda que o bebê seja inteiramente normal. Mediante essa tática de avançar passo a passo, chegar-se-á a propor em nosso País também a lega li zação do infa nticíd io, como recentemente dois "filósofos" ingle es pleitearam? Quem viver verá! Mas não tenhamos dúvida de que esse modo gradual de avançar co ndu z inexoravelmente a essa meta diabólica. Diabólica, sim , pois qualquer matança de um inocente não é humana, mas satânica. Para barrar tal marc ha macabra é indispensável uma reação ainda mais forte por parte da opinião pública. Se não houver, poderemos estranhar uma punição vinda do Céu? É bom lembrar que na Vigília de Orações diante do STF encontrava-se apenas um Bispo ... Por incrível que pareça, apenas um : Dom Lui z Gonzaga Bergonzini. E os demais,
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onde estavam? Católicos do Brasil inteiro ficaram naturalmente perplexos com tal ausência e muitos terão perguntado: se todos os nossos prelados tivessem se levantado, como numa Cruzada, conclamando os fiéis a uma grande reação em todos os estados da Federação, teria o STF ousado decretar tal sentença de morte? Provavelmente não! Muitos também indagavam: E o que fez a CNBB depoi s disso? Emitiu um peque no comunicado, se m ne nhuma co ndenação firme , exprimindo uma lamentação sem consequências - manifestação estéril de quem não soube de- cc fender com energia a posição da Santa
~~L O voto do ministro Ricardo Lewandowski
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~ Presidente do STF, Cezar Peluso
Entretanto, neste triste quadro, por dever de justiça não podemos omitir os dois votos não abortistas no plenário daquela Corte Suprema do País. Doi s egrégios magistrados votaram pela improcedência da ADPF-54: os mini stros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, este preside nte do STF na ocasião. L e wandow sk i argumentou com acerto afirm ando que não é da competência daquel a Corte exercer o papel de legislador e que apenas o Congresso Nacional poderia alterar o Código Penal descriminalizando o aborto em ca- ~ sos de anencefalia. "Até o presente óu cr, momento, os parlamentares, legítimos ·;i <5 representantes da soberania populcu; houveram. por bem manter intacta a lei cr, penal no tocante ao aborto. [. .. ] Qualquer excess o no exe rcíc io d esse Ministro do STF, Ricardo Lewandowski de li cadíssimo mister trará como consequência a usurpação dos poderes aborto de fetos anencéfalos teria, em atribuídos pela Carta Magna e, em últese, o condão de tom.ar lícita a intertima análise, pelo próprio povo, aos integrantes do Congresso Nacional.[. .. ] rupção da gestação de qualquer embrião que ostente pouca ou nenhuma "Destarte, não é lícito ao mais alto expectativa de vida extra-uterina. 3 órgão judican.te do País, a pretexto ele empreender interpretação conf orme a O voto do minisuo Constituição, envergar as vestes de legislador positivo, criando normas legais, ex Cezar Peluso O Presidente do STF, Cezar Peluso, novo, mediante decisão pretoriana". emitiu um voto magistral em defesa do Ele foi cl aro ao afirmar que, a se nascituro ; refutou todos os pseudos-a.rguconsiderar procedente aquela ADPF, mentos de seus oito colegas, bem como abrir-se-iam as portas para outros tipos dos autores da ação, e julgou TOTALde aborto : "Uma decisão favorável ao
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...m
CATOLICISMO
MENTE IMPROCEDENTE a ADPF-54. Segundo Peluso, este julgamento foi o mais imp01tante da história do STF, porque "o que na verdade se tenta definir é o alcance constitucional do conceito de vida e sua tutela normativa ". Após tecer considerações sobre o feto enquanto uma pessoa com direitos garantidos constitucionalmente, e que a proteção de sua vida está asseg urada pelo artigo 2º do Código Civil, Pe luso afi rmou : "A inda no seio matem.o, o ordenamento jurídico lhe reconhece com.o sujeito de direito enquanto portador de , vida. Tudo isso significa, à margem de qualquer dúvida, para meu juíza, que o feto é suj eito de direito e não coisa, nem obj eto de direito alheio. "O doente de qualquer idade, em. estágio terminal, portador de enfermidade incurável sofre por seu estado mórbido e também causa sofrimento a muitas pessoas, parentes ou não, mas não pode por isso ser executado, nem lhe é licito sequer receber auxílio para dar cabo da própria vida, incorrendo aquele que o auxilia, nas combinações da prática da eutanásia, punível nos termos do artigo 122 do Código Pen.ai. [. ..] "Acrescento que a alegação de que a morte possa ocorrer no máximo algumas horas após o parto, em nada altera a conclusão segundo a qual, atestada a existência de vida em certo momento, nenhuma consideração futura é fo rte o bastante para justificar-lhe deliberada interrupção. De outro modo, seria lícito sacrificar igualmente o anencéfalo neonato. Neste ponto o aborto do anencéfalo e a eutanásia apro.ximam.-se de m.aneira preocupante.[. .. ] Am.bas essas ações produzem nas objetividades convergentes o mesmíssimo resultado físico, que é subtrair a vida de um ser humano por nascer ou já nascido, sob argumentos de di versas origens, como as rubricas de 'liberdade', 'dignidade', 'alívio de sofrimento', 'direito a autodeterminação ', mas sempre em franca oposição ao ordenamento jurídico positivo no plano constitucional e na legislação ordinária. Do mesmo modo é assombrosa a semelhança entre aborto de anen.c4fàlo e práticas eugênicas.
A respeito da alardeada "gestação comparável à uma tortura", decl arou: "É evidente que ninguém ignora a imensa dor da mãe [. .. ] mas a questão é saber se, do ponto vista estritamente jurídico-constitucional [. .. ] essa carga compreensível de sofrimento e dor refletida na saúde física, mental e social da mulhe,; associada à liberdade de escolha-, comporia razão convincente para autorizar a aniquilação do feto anencéfalo. Concluo que não. [. .. ] "A natureza não tortura. O sofrimento em si não é alguma coisa que degrade a dignidade humana, é elemento inerente à vida humana. O remorso também é forma de sofi·imento. [. .. ] Reflete [a fu ga da dor por meio do 'di reito de decidir' (abortar)] apenas certa atitude egocêntrica enquanto sugere uma prática cômoda, de que se vale a gestante, para se livrar do sofrimento e da angústia". [. .. ] Pelu so contestou a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (autora da ADPF), di zendo que caso se adotasse a argumentação por ela utilizada, poder-se-ia defender até o assassinato de anencéfalos recém-nascidos ... Ele aniquilou com os sofi smas da autora, que no fundo defendia, pretextando alguns supostos dire itos da mãe, o "extermínio do anencéfalo", a "pen.a de morte" de um incapaz, o inocente indefeso. Foi categórico di zendo que não somente a vida intra ou extra-uterina do anencéfalo estava e m perigo, mas de todos os nascituros, pois a medicina não pode garantir que determin ado caso sej a de anencefalia, "Se há dúvidas sobre o diagnóstico, provave lmente muitos abortos serão autorizados para casos que não são de anencefalia ". Em seu voto, ele também reafirmou a questão - ev idente e anteriormente apontada pelo mini stro Lewandowski - de que o STF não tem competência nem legitimidade para legislar. E concluiu com palavras de muito peso, enquanto Pres ide nte do STF: " Desta feita, eu não posso sequer encerrar meu voto dizendo que talvez, neste caso, a douta maioria [os oito mini stros que votaram pró-aborto] tenha razão. Desta vez, pesa-me dizê-lo, que não pos-
so reconhecer. E por isso, JULGO TOTALMENTE IMPROCEDENTE A AÇÃO" [a ADPF-54). 4
Como rnverter a decisão do S1'F'? Para o jurista lves Gandra Martins Filho, para se obter a reversão da decisão, a solução é o recurso ao Congresso Nacional, poi s "houve uma invasão de compe tência da Ju sti ça no Legislativo". Em sua e ntrev ista ao "PortalUm", publicada pe la " Agência
"Qui habitat in coelis irridebit eos" (Ps 2,4) - Aquele que habita nos Céus se rirá deles ...
Zenit" (24-4-12) , ele dec larou: "Na minha inte rpretação da lei maio,; o Congresso Nacional pode anular a decisão do STF com base no artigo 49, inciso XI, assim. redigido: 'É da competência exclusiva do Cong resso Nacional: XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes'. O STF não tem poder de legis lw~ nem mesmo nas omissões inconstitucionais do Legislativo, isto é, quando a Constituição exige a produção de um.a lei imediata e o Parlamento não a produz. E, à evidência, se há proibição do STF legislar em determinadas matérias, em que a desídia do Cong resso é inequívoca, com muito
mais razão não pode a Suprema Corte avocar-se no direito de legislar no luga r do Congresso naquelas matérias de legislação ordinária. Tal aspecto foi bem. salientado pelo ministro Ricardo Lewandowski em seu voto".
"Aquele que habita 110s Céus se rirá deles" Com essa deci são do STF, os bebês diag nosticados com má-formação cerebral foram considerados "descartáve is" - seres inúteis para o Estado ("aborto eugênico", que nos faz recordar o nazismo) - e as mulheres não mais cometem crime se abortá-los. Não mesmo? Segundo as le is humanas, não. Mas, sim , perante a Lei divina. Cometem grave ofensa a Deus, transgredindo o 5° Mandamento: "Não matarás". É oportuno recordar aqui o cânon 1.398 do Código de Direito Canônico: "Quem procurar o aborto, seguindo-se o efeito, inco rre em excomunhão latae senten.tiae ". Encerramos repottando-nos ao infalível Tribunal Divino, implorando ao Supremo Legislador e Criador de todas as coisas que tenha misericórdia de nosso País e nos proporcione os meios para reverter essa tão sinistra quanto injusta decisão do triste di a 12 de abril. Dia de luto, mas também de luta, pois nossas atividades legais e pacíficas contra o "Massacre de Inocentes" continuam . E ainda que tal decisão não seja revertida proximamente, com uma certeza permanecemos: o Divino Juiz julgará e vencerá! Essas considerações nos fazem lembrar o versículo de um Salmo: "Q ui habitat in coelis irridebit eos" (Ps 2,4) - Aquele que habita nos Céus se rirá deles ... • E- mail para o autor: catolic is111o @terra.com.br
Notas: 1. h ttp ://w ww. s t f.j us. br/p o rt a l/pr oce ss o/ verProcessoAndamento.asp?incidente=2226954 2. http://www.gazetadopovo.com.br/opi ni ao/ 3. As citações foram ex traídas da gravação do voto do ministro Lewandowski , disponível no link http://www .you tube.co111/watc h?v=TFQQyYy_Bmo 4. A mesma observação da nota 3 ap lica-se ao mini stro Cezar Pe iu so, di sponível no link: http ://www.yo u t u b e.co m/wa tch ?v= f]4DT39 loj o
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ATUALIDADE
'~~!~ PIStORE & TALMEUER
deiro muito a sério. E m Pari s, há regula rm e nte um a compe tição pa ra ve r quem faz o melhor pão da capital : a padari a vencedora passa auto mati camente a ser fornecedora do palácio presidencia l, até a nova competição. Há mesmo uma escola profi ssional de alto níve l numa cidade do M ac iço Central francês, onde são for mados os melhores artesãos desse setor. É a Éco-
A
vários títulos o pão pode ser considerado o alimento por excelê ncia. Em muitos lugares ele é mesmo a base da alimentação. Por isso rezamos: "O pão nosso de cada dia nos dai hoje", embora aí o vocábulo signifique o alimento em geral. Muito mais significativo é o fato de Nosso Senhor Jesus Cristo ter escolhido o pão como matéria-prima da transubstanciação eucarística. N a maior parte da E uropa o pão é alimento essenc ial. Cada país o prepara conforme os seus costumes e as suas tradições . Na França, a baguette de pão comum costuma ser excelente, graças à qua lidade do tri go. Paradoxalme nte, não há aqui o "pão fra ncês", tão comum em São Paulo. Parece que o ''.francês" do pão brasile iro ve m da nacionalidade do primeiro padeiro que popul ari zou esse pãozinho entre nós.
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CATOLICISMO
O pão de boa qualidade pode ser um regalo para o pa ladar. P ode fazer do simples pão com mante iga, companhe iro inseparável do café com leite no nosso tradicional café da manhã, uma das refeições mais reconfo rtantes do dia-adi a.
Por essas razões, o pão é particularmente a preciado pe los franceses. M as não só pelo que fo i dito. É preciso acrescentar que eles levam a profis são de pa-
le Française de Boulangerie et de Pâtisserie d'A urillac. Trata-se de um dos
PAIN COUPÉ N'APAS DE
po ucos artesanatos qu e consegui ra m sobrev iver à devastação provocada pela revo lução industr ial das antigas profi ssões tradicionais.
tle s'n/1/1roprier la p111·t t/1tl fui est acconfée.
Qua ndo se compra na França uma
baguette de pão, em geral o freg uês a leva na mão, sem embrulhar. É um costume. Qu ando se compra m vá ri as, a padari a fornece um saquinho de papel resistente. F igura na página ao lado a reprodução de um desses saq uinhos, contendo pito rescos ditados, historietas e informações a respeito do pão e da ua fabricação. Ele provém de uma padaria
MA1TRE À cbnc1111
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Fachadas de padarias francesas
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L~ science qm, !}ourrit 1ame, va~t le pain qu1 nourrit le corps. Pierre I.ad1ambm1dic ~'l
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típica, como milhares do interior da França. Chama-se "Au pain d'autrefois" (Ao pão de outrora), de Châteauneuf-en-Thymerais (foto da rua principal), capital do cantão do Thymerais, oriundo de um feudo que remonta aos séculos XII-XIII. Châteauneuf, capital desse feudo desde 1200, tem cerca de .. . três mil habitantes! Além das duas padarias, a pequena cidade tem uma confeitaria de ótima qualidade. Esses dados ilustram bem o apreço dos franceses, mesmo os de situação modesta, pela boa qualidade, sobretudo quando se trata de gastronomia e decoração. É fruto da verdadeira cultura.
Sim, um simples saquinho de pão pode ser veículo de cultura ... ou de anticultura. E a supressão das sacolinhas dos supermercados brasileiros, não por um costume, mas por imposição de repartições ou instrumentos do Estado, pode representar a mentalidade totalitária de um Poder Público que esmaga constantemente os particulares com leis, decretos e imposições que não levam em consideração os costumes do povo, mas apenas interesses escusos de grupos, partidos ou movimentos ideológicos. A abolição das sacolinhas gratuitas é um sintoma nesse sentido. Obviamente o preço dos saquinhos sempre esteve embutido no dos produtos oferecidos. O aspecto econômico é ridículo e não passa de mero pretexto. O saquinho da padaria "Ao pão de outrora" representa a cordialidade, a boa educação, o bom trato, em uma palavra, a doçura de viver. A supressão das sacolinhas ("se quiser, pague!!! ") é, ao contrário, a voz do azedume e da revolta dos sindicatos da luta de classes. A primeira atitude é fruto da cultura e caridade cristãs. A segunda decorre da mentalidade socialista, egoísta, ateia e impiedosa do totalitarismo de certos partidos cada vez mais travestidos de verde que hoje nos governam. • E-mail para o autor: cato licismo@ terra.com br
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"Primavera árabe" ou "outono" da Civilização? D e Magdi Cristiano Allam, deputado do Parlamento Europeu, ninguém poderá dizer que não tem conhecimento e experiência em islamismo. Por 56 anos foi muçulmano ... Depois recebeu a graça da conversão ao catolicismo. Com base em seu largo conhecimento teórico e prático do Islã, ele responde a indagações de Catolicismo.
agdi Allam nasceu no Cairo, Egito, no dia 22 de abril de 1952. Apesar de muçulmana praticante, sua mãe o confiou aos quatro anos de idade a uma religiosa comboniana, e mais tarde decidiu mandá-lo estudar com os padres salesianos, dos quais o filho recebeu a influência da cultura e da civilização ocidentais. Mudou-se em 1972 para a Itália, onde se graduou em sociologia pela Universidade La Sapienza, de Roma. De 1978 a 2003 trabalhou como comentarista no jornal "La Repubblica", deixando-o para tornar-se jornalista e depois vicediretor do mais prestigioso diário italiano , o "Corriere della Sera", de Milão. Muçulmano durante 56 anos, Magdi se converteu pública e oficialmente ao catolicismo na Páscoa de 2008, ocasião em que recebeu o Batismo das mãos de Bento XVI no Coliseu romano, acrescentando Cristiano a seu nome. Em 201 O foi eleito deputado ao Parlamento Europeu e em 2011 fundou o partido político independente lo Amo L'ltalia (Eu amo a Itália). Casado com uma católica ardorosa e convicta como ele, Magdi Aliam tem assumido atitudes firmes contra o relativismo religioso. Não titubeou em abandonar o Partido Popular Europeu, em fins de 2011, devido à adesão de ponderável parcela deste à inglória causa do aborto. A pre-
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sente entrevista foi concedida em Bruxelas ao nosso colaborador Hélio Dias Viana.
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Catolicismo - Como V. Exa. considera a chamada "Primavera Árabe"? Este movimento está destinado a ter um resultado bom ou mau?
Dep. Magdi Aliam - No Evangelho de São Lucas está escrito: "Não há árvore boa que dê maus frutos, não há árvore má que dê bons fru-
tos. Toda árvore, de fato, se conhece pelo seu fruto". Ora, se fmmos ava-
Dep. Mag<li Aliam:
"Fui muçulmano durante 56 anos e compreendi que as pessoas podem ser moderadas, mas que o Islã, como religião, não é moderado".
liar a chamada "Primavera Árabe" pelos seus frutos, devemos concluir que não se tem tratado de uma árvore boa. Os islamitas estão hoje realmente no poder em quase toda a bacia meridional do Mediterrâneo, enquanto ao mesmo tempo se consolida o terrorismo islâmico. Essa realidade não deixará de acarretar consequências deletérias sobre a Europa e o Ocidente, como aliás o demonstra o atentado terrorista islâmico perpetrado no dia 12 de março contra amesquita xiita Rida, no bairro de Anderlecht de Bruxelas, a qual culminou na morte de seu irnan. Catolicismo - V. Exa. Julga que o Ocidente pode acreditar na boa fé daqueles que declaram pertencer a uma forma "moderada" do Islã?
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igrejas em mesquitas, e a violação da liberdade religiosa dos cristãos. Outrossim, eu me pergunto corno se poderia legitimar a Turquia corno membro de um conjunto de nações onde vigem os valores absolutos e universais à vida, à verdade, à dignidade, à justiça e à liberdade se ela hoje sanciona com revide o simples reconhecimento da verdade hi stórica do extermínio de um milhão e meio de cristãos armênios! Devo por conseguinte constatar que o galanteio da União Europeia em relação à Turquia assemelha-se ao daquela que se enamorou de seu próprio assassino.
Dep. Magdi Allam - Fui muçulmano durante 56 anos e compreendi que as pessoas podem ser moderadas, mas que o Islã, como religião, não é moderado. Portanto, se bem existam muçulmanos moderados que respeitam os direitos fundamentais da pessoa e as regras civis da convivência, o Islã - estribado no Corão e em Maomé - não é moderado, porque o conteúdo de seu texto sagrado e o que fez e disse seu profeta estão em flagrante contradição com os valores fundamentais da nossa humanidade comum.
Protesto de cipriotas em Londres, pedindo a saida dos turcos da parte invadida da ilha de Chipre
Catolicismo - A eventual admissão da Turquia na União Europeia representaria um risco para o Ocidente? Qual?
Dep. Magdi Allam - De um ponto de vista estritamente geográfico, 97 % do território da Turquia estão situados na Ásia. Se devêssemos considerar que a Turquia faz parte da Europa, deveríamos considerar que a Tunísia também faz parte, e que, pelo contrário, a Itália faz parte da África, caso tenhamos presente que a ponta setentrional da Tunísia está mais ao norte da ilha italiana de Lampedusa. Pergunto-me como pode a União Europeia continuar a cortejar um Estado que desde 1974 ocupa militarmente uma porção do território [cipriota] - ou seja, a faixa setentrional da ilha de Chipre - sem condicionar oficialmente o envio de negociadores para a retirada militar dos turcos desse território. Embora não desejando prefigurar qual seria o futuro da União Europeia com o ingresso da Turquia, basta considerar a política de descristianização praticada na região ocupada do Chipre, com a destruição ou a transformação das
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"Se cremos em Jesus como sujeito da profecia e complemento da Revelação, não podemos crer que Maomé foi um profeta, nem que o Islã seja uma religião divilia"
Catolicismo - Os muçulmanos alegam falta suficiente de lugares para a sua pregação nos países europeus e alguns expoentes da Igreja Católica, como o ex-arcebispo de Milão, Cardeal Dionigi Tettamanzi, são favoráveis à construção de mesquitas. Devemos nós, fiéis católicos, reagir a esta orientação?
Dep. Magdi Aliam - Embora respeitando o princípio da liberdade religiosa de todos, sem qualquer exceção, contemplada nas constituições e nas leis de todos os países europeus, não podemos renunciar ao direito e ao dever de conhecer qual é a efetiva realidade das mesquitas. Em nenhuma sinagoga ou igreja se prega o ódio, a violência, a morte, nem se incita os fiéis a matar todos aq ueles que não pertencem à própria religião. Pelo contrário, isso sucede nas mesquitas, porquanto está prescrito no Corão e corresponde ao que Maomé concretamente fez. Mas se fossem muçulmanos que, a despeito do que diz o Corão e do que fez Maomé, se empenhassem em dar vida a uma mesquita cujas paredes fossem de vidro, em cujo interior se falasse a língua nacional de modo a permitir que qualquer um captasse o que se prega, nela se difundissem os valores não negociáveis que sustentam a essência da nossa humanidade comum, se promovessem uma espiritualidade pronta a construir e não a destruir, para mim estaria bem. Mas é evidente que se trataria de uma mesquita que seria contestada pela maioria dos muçulmanos fiéis ao Corão e a Maomé, uma mesquita em definitivo contrária ao Islã. Catolicismo - O Vaticano tem-se empenhando muito no diálogo lnterrellgioso com o Islã. V. Exa. crê que esse diálogo trará bons resultados para as relações Igreja-Islã e para as minorias cristãs nos palses islâmicos?
Dep. Magdi Allam - Bento XVI tem repetidamente invocado a luta contra a ditadura do rela-
tivismo. Ora, a manifestação mais perigosa do relativismo é aquela que no âmbito religioso leva a colocar no mesmo plano o judaísmo, o cristi anismo e o islamismo, qualificando-os, indistintamente e sem crítica, corno as três grandes religiões monoteístas, reveladas, abraâmicas - alguns chegam a defini-las "do Livro" - , que crêem e pregam o mesmo Deus e amam do mesmo modo o próximo. Nós somos cristãos porque cremos em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. E se cremos em Jesus como sujeito da profecia e complemento da Revelação, não podemos de nenhum modo crer que Maomé foi um profeta autêntico nem que o Islã seja uma religião divina. Ou se crê em Jesus ou se crê em Maomé; ou se é cristão ou se é muçulmano. Mas não se pode legitimar judaísmo, cristianismo e Islã como se fossem religiões de igual valor e dignidade. Estou mais do que nunca convencido de que a salvação do próprio cristianismo e da Igreja católica dependerá da capacidade de eles se resgatarem do relativismo religioso e, especificamente, da coragem de afirmar a verdade sobre Maomé um criminoso que matou e massacrou ; sobre o Corão, que incita ao ódio, à violência e à morte; e sobre o Islã, que é uma ideologia de conquista de poder através da repressão e da submissão.
vida, à dignidade e à liberdade dos cristãos perseguidos em todo o mundo. Catolicismo - Como avaliar a atual ameaça islâmica na Europa? Como a União Europeia reage em face dela?
"A adesão da Europa a regimes extremistas islâmicos é o resultado do relativismo, o qual leva a se prostrar e à disposição de vender os nossos valores"
Ou se crê em Jesus ou se crê em Maomé; ou se é cristão ou se é mu~ulmano. Mas não se pode legitimar judaísmo, cristianismo e Islã como se fossem religiões de igual valor e dignidade.
Dep. Magdi Aliam - A Europa encontra-se atualmente circundada, na parte meridional e setentrional do Mediterrâneo, de regimes integristas e extremistas islâmicos que nós mesmos apoiamos. Praticamos um autoengano e caímos na armadilha dos islamitas, deixando-nos entusiasmar pelas manifestações de rua e os enfrentarnentos, inclusive violentos, contrários aos autocratas que apoiávamos, co nfia ndo cegamente na resposta de eleições participadas por forças islâmicas que são inimigas da democracia. Esquecemos ainda que Hitler e Mussolini chegaram ao poder através de eleições livres , e que, portanto, as eleições são apenas um instrumento da democracia, mas de per se não susbstanciam nem exaurern a democracia. Esta adesão da Europa é o resultado do relativismo e, sobretudo, do cinismo em política, o qual leva a se prostrar diante do "deus" dinheiro custe o que custar, e à disposição de vender os nossos valores com tanto que, em troca, se obtenha petróleo, gás, acesso aos mercados e aos fundos soberanos. •
Catolicismo - Em 3 junho de 201 O, o arcebispo D. Luigi Padovese foi trucidado por um muçulmano na Turquia; mais recentemente, o Ministro católico para as Minorias foi martirizado no Paquistão. As reações dos líderes religiosos e políticos do Ocidente estão proporcionadas à gravidade desses atentados? A solidariedade dos cristãos do mundo diante das perseguições a seus irmãos tem estado à altura?
Dep. Magdi Aliam - Os cristãos são hoje os mais perseguidos no mundo. Estima-se que sobre dez vítimas da repressão religiosa, sete são cristãs. Adernais, face à perseguição dos cristãos, que se traduz em discriminações institucionalizadas e massacres generalizados, o Ocidente se limita, na melhor das hipóteses, a vibrantes condenações verbais que permanecem letra morta. A verdade é que nós, cristãos, temos medo porque somos interiormente frágeis, não mais sabemos quem somos, não temos mais certeza da nossa fé, dos nossos valores, da nossa identidade e da nossa civilização. Só com o Ocidente se tornando interiormente forte é que será possível e concreta a defesa do direito à
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Coréia do Norte campo de concentração e acordo duvidoso Re1ato de sobrevivente de campo de concentração na Coréia do Norte e considerações sobre o acordo deste país comunista com os Estados Unidos Klm Hye-sook
Kim quer agora revelar o que é o regime norte-coreano e seu sistema prisional contra os opositores. Na ONU, a embaixadora brasileira se absteve na resolução que condenava Pyongyang por violações dos direitos humanos.
Situação calamitosa do país
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urante 28 anos, a norte-coreana Kim Hye-sook foi encerrada num campo de concentração de seu país. Desde os 13 anos, como castigo pela fuga de seu avô para a Coréia do Sul, o governo a sentenciou, junto com a família, à prisão. 1 Mesmo as crianças eram obrigadas a trabalhar. Seu pai morreu num "acidente". "Um dia antes da execução, guardas anunciavam a todos o que ocorreria e éramos obrigados a assistir à morte dos prisioneiros, muitos deCATOLIC I SMO
les amigos nossos". A cada pessoa morta, os prisioneiros tinham de gritar: "Em nome do povo, liquidaremos os contra-revolucionários". Tinha-se que proclamar elogios ao Grande Líder e frequentemente os carcereiros mandavam que a pessoa ficasse de joelhos e abrisse a boca. Colocavam então excrementos de animais e a faziam engolir. "Isso ocorreu comigo três vezes", disse Kim. Comida era coisa rara, por isso houve até cenas de canibalismo. Afinal, conseguiu fugir: "Se um dia souberem dentro do campo que eu fugi para o Ocidente, eles [meus parentes] serão executados em público". Por isso ela mudou totalmente sua apresentação.
Mas não é apenas nos campos de concentração que falta comida. Como acontece nos países comunistas, em que a propriedade privada é coarctada, não há produção de alimentos e a fome é generalizada. Na década de 1990 morreram 1,5 milhão de pessoas de inanição e a subnutrição afeta 25% dos habitantes (e 47% da população infantil). O dinheiro do país é concentrado na produção de armamentos. A Coréia do Norte teria em estoque de seis a oito bombas de plutônio e um número não sabido de mísseis com alcance de cinco mil quilômetros. Com 1,2 milhão de soldados, seu exército é o quarto maior do mundo. É o contrário da Coréia do Sul, constituída pelo mesmo povo, mas onde vigora o regime capitalista, com liberdade e abundância de gêneros alimentícios e desenvolvimento tecnológico.
Acordo com os EUA Devido à trágica situação do país, a Coréia do Norte aceitou agora suspender seu programa nuclear em troca de comida doada pelos Estados Unidos.
Pyongyang diz que interromperá testes nucleares e o enriquecimento de urânio, além de permitir· o retorno dos inspetores da ONU; em troca, Washington enviará 240 mil toneladas de alimentos ao país comunista. A Coréia do Norte concordou também com uma moratória no tocante ao lançamento de mísseis de longo alcance. Os disparos criavam forte tensão na Coréia do Sul e no Japão. Embora o aaordo tenha sido recebi-
do com euforia por etore de e querda no Ocidente, ele levanta algumas graves interrogações para as quais não é lícito fechar os olhos. Os alimentos irão para os civis ou para o exército? De outro lado, um abrandamento da fome na população não será usado pelo governo comunista para diminuir o descontentamento generalizado contra o regime e assim reforçar as correntes da tirania, bem como sua perpetuação? A prazo médio, não agravará o problema da fome, uma vez que as causas permanecem? Não será a emenda pior do que o soneto? Além disso, é razoável que o governo Obama faça tal acordo sem exigir o fim da tirania? A julgar pelo noticiário, a população norte-coreana receberá os alimentos como se fosse uma esmola concedida pelo ditador Kim Jong-um, enquanto os campos de concentração continuarão a existir com suas atrocidades. Em Pyongyang, o acordo poderá ser crucial para o jovem e inexperiente ditador consolidar seu poder e garantir o
apoio de um exército poderoso, dizem analistas na Coréia do Sul. A chegada de 240 mil toneladas de alimentos dos EUA deverá ajudá-lo. Qual a vantagem desse acordo para Obama dentro dos Estados Unidos? Prestigiar-se em vista das próximas eleições? Esse aumento de prestígio compensa a perpetuação da tirania comunista na Coréia do Norte? É moralmente lícito? Também não está garantido que Kim Jong-un cumprirá o acordo, pois seu governo deixou claro que o prosseguimento da moratória nuclear dependerá de "diálogos produtivos " . De momento, o único que se tem é algo em
que nunca se pode confiar: "palavra de comunista". Aliás, pouco depois do acordo, os EUA tiveram de suspender o envio de alimentos, ao menos temporariamente, pois Pyongyang reafirmou que iria testar um foguete que Washington teme fazer parte do programa nuclear do país. 2 Convém lembrar que o lançamento desse foguete resultou um fracasso. • E-mail para o autor: catolicis111o@terra.com.br Notas:
1. "O Estado de S. Paulo", "Éramos Animais", Jamil Chade, 8-1-12 2. "Agência Estado" e "O Estado de S. Paulo", de 1° a 29-3-12.
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CAPA
A sociedade temporal s6 alcança todo o seu esplendor quando baseada nas verdades eternas
Rosário, instrumento privilegiado de salvação e de luta PI
GREGORIO VIVANCO LOPES
D evoção mariana por excelência, o Rosário foi revelado por Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão. Salvando as almas dos pecadores e combatendo os inimigos da Igreja, tomou relevância ainda maior em Fátima, atraindo graças em profusão. Nesta matéria estão reproduzidas as orações que o compõem e o modo de rezá-lo com fruto, além de duas meditações inéditas de autoria de Plínio Corrêa de Oliveira.
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l nidava-se o século XIII. A fé católica desabrnchava esplendidamente pm toda a Europa em frutos de justiça e caridade. Ao mesmo tempo, no campo civil, uma admirável e possante lógica levava os povos a se constituírem em Cristandade, a qual mereceu do Papa Leão XIII este belo elogio: "Nessa época a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, frutos cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos" .1 De fato, a sociedade temporal só alcança todo o seu esplendor quando baseada nas verdades eternas. Problemas, dificuldades, erros e pecados os havia, é claro, pois não estávamos no paraíso celeste, mas não constituíam a nota dominante, como hoje em dia. O demônio, porém, não cessa de perseguir as almas e as instituições, como advertiu São Pedro: "Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar". 2 O inimigo dos homens vinha já obtendo, havia algum tempo, vitórias significativas no sul da França e norte da Itália pela propagação da heresia dos cátaros, também conhecidos como albigenses, em referência à cidade de Albi, sul da França, onde se localizava seu centro. Cátaro vem do grego e significa "puro". Os únicos "puros" eram os que aderiam ao catarismo e se submetiam a suas iniciações e prescrições. Todo o resto da humanidade era constituído pelos "impuros". Ensinavam os cátaros que havia um deus mau, criador dos corpos humanos e da matéria em geral, ao lado de um deus bom, que criara as almas, as quais haviam sido aprisionadas nos corpos. Diversos bispos e nobres os protegiam. Ressuscitavase assim a velha heresia gnóstica que tanto havia atribulado os primeiros tempos do cristianismo. Os Papas tudo fizeram para tentar converter essa parcela dissidente do rebanho de Cristo. Enviaram apóstolos, missionários, pessoas virtuosas. Tudo em vão. Além da salvação dessas almas transviadas, outra tarefa premente era evitar o contágio da heresia. E também sua influência nefasta sobre a sociedade temporal, a qual, nos centros cátaros, tendia a constituir-se à maneira de uma sociedade comunista cuja nomenklatura da época seria formada pelos "puros". O que fazer? A solução veio do alto, mais precisamente do Céu.
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ROSÁRIO MEDITADO Meditações apropriadas para cada dezena do terço, compostas ou adaptadas por Plinio Corrêa de Oliveira e recolhidas por seus discípulos
Mistérios Gozosos 1º Mistério: Contemplamos a Anunciação do anjo e a Encarnação do Verbo. - Peço ao Imaculado e Sapiencial Coração de Maria que destrua em minha alma as tristezas más, as depressões nervosas e as desconfianças infundadas, pelos méritos das alegrias que Nossa Senhora teve na Anunciação. 2° Mistério: Contemplamos a Visitação de Nos sa Senhora a sua prima Santa Isabel. - Peço a Nossa Senhora do Bom Conselho que me fale à alma e me faça estremecer de júbilo e de devoção ao ouvir o chamado dela, como São João Batista ao ouvir sua voz. 3° Mistério: Contemplamos o Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo em Belém. - Peço a Maria Santíssima que me conceda o enlevo, a serenidade e a fortaleza que emanam do santo mistério do Natal. 4° Mistério: Contemplamos a Apresentação do Menino Jesus no Templo e a Purificação de Nossa Senhora. - Peço a Nossa Senhora das Sete Dores que me conceda uma alma sem timidez, toda de fogo , para ser, em união com o Menino Jesus, com o Imaculado Coração de Maria e com a Santa Igreja, uma pedra de escândalo para ruína e salvação de muitos. 5° Mistério: Contemplamos a perda e o encontro do Menino Jesus. - Peço a Nossa Senhora fidelidade, confiança e força nas múltiplas perplexidades de que minha alma está cheia.
Mistérios Dolorosos 1° Mistério: Contemplamos a Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. - Peço a Nossa Senhora que me conceda uma alma capaz de amar o sofrimento e de sofrer por Ela e pela lgre-
ja, em união com a Agonia infinitamente preciosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. 2° Mistério: Contemplamos a Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo. - Quando os sofrimentos se abaterem sobre mim como açoites, suplico a Nossa Senhora que me comunique a força invencível, a serenidade inabalável e uma gota, pelo menos, da infinita dignidade de Nosso Senhor Jesus Cristo. 3º Mistério: Contemplamos a Coroação de espinhos de Nosso Senhor. - Quando rirem de mim, me desprezarem e me evitarem, sobretudo por minha pertencença à Igreja, suplico a Nossa Senhora que me conceda a convicção da inteira semrazão de ser de todas essas perseguições. E uma fé inabalável e altaneira na santidade da causa a que me dei. 4° Mistério: Contemplamos Nosso Senhor carregando penosamente a Cruz até o alto do Calvário. - Nem um passo para trás, nem para o lado, determinação sobrenatural inabalável de prosseguir o caminho, ainda mesmo quando prostrado três vezes sob o peso da Cruz. Ó Mãe Dolorosa, fazei minha alma semelhante à de vosso Divino Filho e à vossa. 5° Mistério: Contemplamos a Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. - A vítima expiatória levou às últimas consequências sua Missão. Tendo-a aceito, cumpriu tudo até o fim. Aos pés d'Ele estava Maria Santíssima, que quis tudo isso, mais uma vez para nos salvar. Concedei-me, ó Santa Maria, a graça de levar até às últimas consequências minha vocação, aceitando na vida de hoje, como no futuro, todos os sofrimentos em que ela importe. Fazei com que seja o meu ideal ir de encontro a esses sofrimentos e amá-los até o fim. Fraco, incapaz, carregado de maus hábitos, como poderei fazer isto sem um auxílio sobrenatural? Que este auxílio me venha do Sangue inocente do Cordeiro Divino e de vossas Lágrimas puríssimas e indizivelmente preciosas, ó Maria!
Nossa Senhora entrega o Rosório a São Domingos e Santa Catarina de Siena
Mistérios Gloriosos 1º Mistério: Contemplamos a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. - Ressurge o Redentor, o bem triunfa do mal, todo o Universo se alegra. Fazei, ó minha Mãe, que minha alma estremeça de júbilo e devoção na antevisão de vosso Reino. 2º Mistério: Contemplamos a Ascensão de Jesus aos Céus. - Sobe ao Céu o Justo, cercado de uma glória infinita. Que eu deseje assim, ó minha Mãe, que se elevem sobre todas as coisas, em uma vitória fulgurante, a Santa Igreja e a Cristandade. 3º Mistério: Contemplamos a descida do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos no Cenáculo. - Os apóstolos tíbios, de vistas curtas, medrosos, se transformaram em um momento. Tendo rezado por vosso intermédio, ó Maria, no Cenáculo as línguas de fogo desceram sobre eles e os transformaram em um instante. Mãe do Bom Conselho, uma palavra vossa pode fazer o mesmo comigo, tão débil, tão tíbio e tão pecador. Pronunciai uma só palavra e minha alma será transformada. 4º Mistério: Contemplamos a Assunção de Nossa Senhora aos Céus. - Vossa pureza, vossa fé, vossa fortaleza, encontraram, por fim, o prêmio merecido. Fazei-me puro, cheio de fé e forte para lutar convosco na Terra de modo a contemplar-Vos eternamente no Céu. 5º Mistério: Contemplamos a gloriosa coroação de Maria Santíssima como Rainha do Céu e da Terra. - Do alto da glória de onde reinais, sede para mim a Mãe de Misericórdia, apoiando-me em todas as defecções, reerguendo-me em todas as quedas, perdoando-me em todas as faltas e amando-me em todos os instantes, de maneira que em tudo Vos ame, ó Rainha santa, que deveis ser o enlevo de toda a minha vida.
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Nossa Senhorn revela a devoção do Rosário a São Domingos Um homem de Deus profundamente preocupado com a situação da Igreja e da Cristandade naquela região pregava incessantemente as verdades da fé. Era o espanhol São Domingos de Gusmão. Muitos milagres marcaram sua evangelização entre os cátaros. Um dos mais famosos ocorreu em Fangeux, na diocese de Carcassona. "Os líderes cátaros apareceram em grande número, trazendo o livro que continha todas suas heresias. São Domingos levava um caderno no qual havia refutado a maioria desses erros. Como não chegavam a nenhum acordo, decidiram apelar para a prova do fogo. O escrito que permanecesse incólume numa fogueira seria o verdadeiro. Fizeram uma grande fogueira e nela jogaram o livro dos cátaros. Pouco depois estava este reduzido a cinzas. Lançaram então ao fogo o escrito de Domingos. Este voou ao ar sem se queimar e foi pousar numa viga do teto, onde deixou uma marca de fogo. Por três vezes os hereges repetiram o ato, com o mesmo resultado" .3 Mas nem mesmo milagres estrondosos convertiam aqueles corações empedernidos. No ano de 1208, num dia em que São Domingos rezava fervorosamente na capela do recém-fundado convento de Prouille, no Languedoc francês, pedindo a intervenção da Santíssima Virgem, eis que Ela lhe aparece e diz que "como a saudaçãó angélica tinha sido o princípio da redenção do mundo, era necessário também que essa saudação fosse o princípio da conversão dos hereges; que assim, pregando o Rosário que contém cento e cinquenta Ave-Marias, ele veria um sucesso maravilhoso em seus trabalhos e os mais empedernidos sectários se converterem aos milhares". 4 Era a instituição oficial do Rosário como arma sobrenatural contra a heresia recalcitrante. São Domingos não hesitou um instante. Pôs-se a pregar a oração do Rosário em todas as cidades infectadas pela heresia. O resultado foi surpreendente. As conversões, que antes não se produziam, agora se faziam aos milhares. Vários jovens começaram a aproximar-se do santo, constituindo assim o núcleo inicial daqueles que em breve seriam os frades da Ordem dos Pregadores, ou Dominicanos, que São Domingos fundaria. Concomitantemente a esses fatos, a Cruzada movida por Simão de Montfort contra os albigenses, constituída por ordem do Papa Inocêncio III, debelava de modo inclemente os focos de cátaros renitentes, defendendo assim a Igreja e a sociedade temporal, cada uma delas golpeada a fundo pela heresia. O último reduto cátaro caiu em 1256. Comenta São Luís Grignion de Montfort: "Quem poderá contar as vitórias que Simão, Conde de Montfort, obteve contra os albigenses sob a proteção de Nossa Senhora do Rosário? Foram tão notáveis, que jamais se viu no mundo coisa parecida". 5
O Rosário nas vitórias da Cristandade ~ntre outras graças insignes, alcançadas posteriormente pelo Rosário, figura a vitória dos católicos sobre os turcos em Lepanto, em 1571 , quando a derrocada da Cristandade parecia iminente e uma intervenção milagrosa de Nossa Senhora a salvou. Por isso, São Pio V ordenou que no dia 7 de outubro de todos os anos se
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comemorasse uma festa em honra de Nossa Senhora das Vitórias, título alterado posteriormente pelo Papa Gregório XIII para Nossa Senhora do Rosário. Outra vitória assinalada, no mesmo gênero e contra o mesmo inimigo - o Crescente - deu-se em 1716, em Petrovaradin, atualmente cidade da Sérvia. Em consequêncía dessa graça alcançada para a Cristandade, o Papa Clemente XI estendeu a festa de Nossa Senhora do Rosário ao conjunto da Igreja. Em pleno século XX, a Áustria ficou livre da dominação comunista por efeito da Cruzada Reparadora do Santo Rosário, que galvanizou a população do país. Os soviéticos acabaram por retirar-se, sem que fosse preciso dar um tiro. No Brasil, o Santo Rosário esteve na raiz do movimento católico que se insurgiu contra a dominação calvinista nos séculos XVI e XVII, no Rio de Janeiro e em Pernambuco.
A armada católica alcanc;a, pelo poder do Rosário, a vitória sobre os turcos em Lepanto, em 1571
O Rosário como penhor de tuturns vitórias da Igreja Se Nossa Senhora quis obter para a Cristandade grandes vitórias contra os inimigos da Igreja, podemos muito legitimamente concluir que, pela devoção do Rosário, a qual certamente deverá durar até o fim dos tempos, a Igreja poderá alcançar novas vitórias também espetaculares, bem como a implantação, nas almas e no mundo, da devoção ao Imaculado Coração de Maria. Na atual situação brasileira, em que a esquerda radical e de índole persecutória vai assumindo cada vez mais postos de comando, o Rosário se mostra especialmente necessário para os que desejam permanecer firmes na fé e combater por ela. Veja-se, por exemplo, a aprovação pelo Supremo Tribunal Federal da união homossexual, da marcha da maconha, da aprovação do aborto de fetos anencefálicos; veja-se a orientação esquerdista de ministros e ministras do atual governo; considere-se o projeto de novo Código Penal, que estende as possibilidades de
São Pio V ordenou que no dia 7 de outubro de todos os anos se comemorasse o triunfo com uma festa em honra de Nossa Senhora das Vitórias
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MEDITAÇÃO DAS HORAS DA PAIXÃO Composta ou adaptada por Plinio Corrêa de Oliveira e recolhida por seus discípulos
Para rezar no começo de cada hora Ó Jes us, que a esta hora eu Vos ame sobre todas as coisas e me una inteiramente a Vós, por meio de Maria, vossa Mãe. Concedei-me a vossa graça na hora da minha morte. Amém.
18 às 19 h: Jesus lava os pés de seus discípulos Obtende-me, ó mi nha Mãe, a graça de tratar meus irmãos na Fé como vosso Divino Filho tratou, nesse ato, os Apóstolos que O iam abandonar, e até o "mercator pessimus". 19 às 20 h: Jesus institui o Santíssimo Sacramento da Eucaristia Fazei de mim, ó Mãe Santíssima, uma alma vigorosa e pura, nutrida pelo "Pão dos fortes" e pelo "Vinho que gera virgens". 20 às 21 h: Jesus despede-se de seus Apóstolos e se dirige ao Horto Obtende-me, ó Sede da Sabedoria, algo da fortaleza de que meu Salvador me deu exemplo, caminhando com passo resoluto para o local onde se iniciaria sua Paixão. 21 às 22 h: Oração de Jesus no Horto Ó Maria, alcançai-me de Jesus, triste e obediente até a morte, o conhecimento, o amor e a gratidão à Providência pelas aflições que a alma fiel encontra no cumprimento do dever. 22 às 23 h : Jesus, tendo entrado em agonia, suou sangue Ó Mãe Dolorosa, obtende-me, pelo mérito do Sangue Divino vertido nesse lance, a graça de compreender que tam bém a mim me cabe sofrer, a té o fundo da alma, na previsão de todas as dores que afli gem e ainda afligirão a Santa Igreja de Deus. 23 às 24 h: Jesus é traído e preso Senhora, dai-me a graça de compreender e odiar toda a traição da qual é vítima a Santa Igreja. E de contra essa traição lutar, até que seja inteiramente derrotado o preces-
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so de descristianização pelo qual o mundo vai chegando a uma falta de religiosidade gnóstica e igualitária.
24 à 01 h: Jesus é ferido por uma bofetada diante de Anás Senhora, quantas bofetadas sofre hoje vosso Filho como Cabeça invisível que é da Igreja Santa. Dai-me a resolução de receber em mim todas as afrontas dos inimigos da Igreja, e de lutar até a última energia de meu corpo e a última gota de meu sangue, na mais inteira correspondência à graça, para a derrota dos esbofeteadores. 01 às 02 h: Jesus diante de Caifás A autoridade da Sinagoga encabeça a luta contra o Messias! Fazei-me sentir, ó Maria, uma dor proporcionada à gravidade dos pecados de tantas pessoas sagradas, tristemente empenhadas no processo de autodemolição da Igreja. 02 às 03 h: Jesus é maltratado e escarnecido Quantas vezes tenho recuado diante da Revolução(*) gnóstica e igualitária por medo de ser maltratado e escarnecido! Obtende-me de Jesus, ó Maria, que minha alma seja curada da chaga hedionda do respeito humano. 03' às 04 h: Jesus é negado por Pedro São Pedro menosprezou vossa predição, ó meu Jesus, e confiou totalmente em si. Por isto, antes de o galo ter cantado, ele Vos negou três vezes. E isto por medo de uma criada. Ó Maria, tomai-me atento à voz da graça, fazei-me vigilante contra meus defeitos e - mais uma vez Vo-lo suplico - limpai minha alma da lepra do respeito humano.
06 às 07 h: Jesus é escarnecido perante Herodes Vosso Divino Filho está em face do homem que personificou o ódio contra Ele. Fazei-me compreender, ó Maria, quanto os inimigos da vossa causa Vos odeiam e nos odeiam. Pedimo-Vos, ó Mãe, que desterreis de nossa alma qualquer visão ingênua, liberal e preguiçosa sobre a mentalidade dos adeptos da Revolução.
13 às 14 h: Jesus é insultado na Cruz Ainda mais insultos ! Do vosso Fi lho eles não se compadecera m. Assim é o ódio do revolucionário gnóstico e igualitário! Para Vós e para os verdadeiros seguidores de Jesus Cri sto não existe compaixão. Fazei-me compreender e execrar devidamente, ó Maria, toda a ingratidão para com Deus e toda a maldade da Revolução descristi ani zadora.
07 às 08 h: Jesus é de novo conduzido diante de Pilatos: Barrabás é preferido a Jesus Tal é este ódio, ó Rainha do Universo, que não só O quiseram matar, mas até O preferiram a um malfeitor. Tal é a abjeção de vossos inimigos ! Ainda uma vez, peço-Vos que limpeis minha alma de ilusões tolas, nascidas do liberalismo, do sentimentalismo, e da tibieza.
14 às 15 h: Jesus sofre as últimas dores na Cruz Chegou a última agonia, todos os tormentos inimagináveis se concentram em vosso Filho. Mas Ele cumpriu até o fim a vontade do Padre Eterno. Alcançai-me, ó Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, a graça de cumprir até o fim a vocação que me concedestes.
08 às 09 h: Jesus é flagelado Hoje é flagelada a Igreja de Deus e até por mãos sagradas. Também por mãos de cristãos que deveriam empunhar armas espirituais para A defender contra o adversário. Abri minha alma para o conhecimento cabal dessa negra realidade, ó Maria. E enchei-me de dor, de santa cólera e de espírito de luta contra tão horrível pecado. 09 às 10 h: Jesus é coroado de espinhos Coroaram de espinhos a Fronte Divina, própria a levar a coroa da realeza do universo. É um modo de negar esta realeza, ó Maria. De negar todo o poder legítimo, toda a hierarquia, toda a autoridade. Concedei-me o espírito sacra], o espírito hierárquico, o ódio à Revolução, em suma, o amor à realeza de Jesus e vossa sobre todas as criaturas. 10 às 11 h: Jesus é condenado à morte A Vida é condenada à morte. Que espantosa derrota! Mas daqui a pouco a morte será derrotada pela Ressurreição d' Aquele que é Vida. Nas piores horas, a virtude da confiança me deve preservar do desalento. Obtende-me a graça, ó Maria, de confiar sem limites na derrota da Revolução e na implantação de vosso Reino.
04 às 05 h: Jesus na prisão Está preso, ó Maria, vosso Divino Filho. Pelo mérito infinito desse aprisionamento, fazei-me amar todas as legítimas "dependências" a que por desígnio vosso devo estar sujeito.
11 às 12 h: Jesus carrega a pesada cruz Sim. Ele carregou a Crnz. Por três vezes vergado ao peso dela, caiu ao chão. Porém, Ele em momento algum abandonou a Cruz. Que por Vós, ó Mãe, eu obtenha a graça de não abandonar o peso da luta pela verdadeira Fé e pela civilização cristã, ainda quando as forças pareçam faltar-me.
05 às 06 h: Jesus é levado e acusado ante o tribunal de Pilatos Ó Maria, obtende-me horror ao espírito egoístico, mole e cético manifestado por Pilatos na Paixão. Fazei de mim um escravo vosso, cheio de Fé, de generosidade e fortaleza.
12 às 13 h: Jesus é crucificado Os inimigos O cravam na Cruz, para assim O fixarem nela até a morte. Ó minha Mãe, alcançai-me graças que me cravem na cruz de minha vocação, e não permitai s que algum dia eu dela me separe.
15 às 16 h: Jesus morre na Cruz "Consummatum est"; a obediência foi levada até o holocausto final. Ele morreu porque quis. E o quis porque ass im Lhe foi mandado pelo Padre Eterno. Ó Mãe do Bom Conselho, fazei-me compreender, à luz deste divino exemplo, toda a sacralidade da obediência. 16 às 17 h: Jesus é descido da Cruz e depositado nos braços de sua Santíssima Mãe O cadáver está em vossos braços. Jesus consentiu em ser morto porque Vós o quisestes. Pois o Padre Eterno quis pedir vosso consentimento para que o holocausto se efetuasse. E Vós quisestes este holocausto porque esta era a santíssima vontade de Deus. Ó Maria, modelo invencível, sublime e sacrossanto de obedi ência, fa zei-me odi ar a Revolução anárquica e insubmissa. 17 às 18 h: Jesus é depositado no sepulcro Tudo está acabado. É o fim ... na aparência. Na realidade, em breve tudo começa a renascer. Abrireis logo mais, para os j ustos da Antiga Lei, as portas do Céu. Junto a Vós, ó Refúgio dos pecadores, os Apóstolos vão começando a chorar seus pecados. Dentro em breve vü-ão a Ressurreição, a Ascensão e Pentecostes. Quanto mais vitorioso parece o demônio, precisamente então mais próxima está a vossa vitória. Dai-me, ó Mãe, nestes di as em que pelo atrativo de uma mal compreendida liberdade se está chegando a um assombroso desregramento dos costumes, ao caos na cultura e à anarquia nos países, uma crença firme nas vossas promessas em Fátima, uma esperança abrasada de que elas não tardam em se cumprir, uma certeza da derrota da Revolução e da instauração de vosso Rei no. Amém. * O termo "Revolução", que aparece em várias invocações, é tomado no sentido que lhe dá o Prof. Plínio Corrêa de Oli veira em seu famoso li vro Revolução e Contra-Revolução.
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aborto e legaliza a exploração empresarial da prostituição; veja-se a retirada dos crucifixos dos tribunais gaúchos e outros locais; veja-se a ameaça sempre presente de criminalizar como homofóbico quem manifestar discordância em relação às práticas homossexuais; veja-se o fantasma do PNDH-3, que não só não foi revogado como vai sendo aplicado aos poucos. A pretexto de "Estado laico", os cristãos são cada vez mais marginalizados, vilipendiados, procura-se impedi-los de esgrimir seus argumentos religiosos, o que é concedido aos ateus. A onda organizada de cristianofobia que percorre o mundo encontra forte eco em nossa Pátria, embora por enquanto de modo não violento. A recitação assídua do Rosário, sobretudo por aqueles que lutarem pelo advento do Reino de Maria - conforme as profecias de Fátima e as previsões de São Luís Grignion de Montfort - terá provavelmente um papel decisivo no triunfo da Santíssima Virgem. O Santo Rosário é um penhor de vitórias futuras.
Benefícios da recitação do Rosário Em seu instrutivo livro O Segredo Admirável do Sant{ssimo Rosário, São Luís Grignion de Montfort assim resume os benefícios que podemos obter ao rezar o Rosário: "1º) Os pecadores obtêm o perdão; 2°) As almas sedentas se saciam; 3°) Os que estão atados veem seus laços desfeitos; 4°) Os que choram encontram alegria; 5°) Os que são tentados encontram tranquilidade; 6°) Os pobres são socorridos; 7°) Os religiosos são reformados; 8°) Os ignorantes, instruídos; 9°) Os vivos triunfam da vaidade; 10º) E os mortos são aliviados por meio de sufrágios". Felizmente, muito se tem falado sobre o Santo Rosário. A própria Santíssima Virgem disse em Fátima aos três videntes: "Eu sou a Senhora do Rosário. Quero que continuem a rezar o terço todos os dias". No que consiste o Rosário? Como deve ser rezado? Tal como foi inspirado por Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão, ele se compõe de três terços. A fim de proporcionar ao leitor meios de o rezar e meditar adequadamente, obtendo assim maiores frutos dessa maravilhosa devoção mariana, oferecemos duas meditações inéditas de um grande devoto e apóstolo do Santo Rosário que foi Plinio Corrêa de Oliveira. Tais meditações foram recolhidas por seus discípulos e seguidores. No primeiro texto (ver quadro "Rosário Meditado") ele sugere, em síntese, uma meditação apropriada para cada dezena do terço. No segundo texto (ver quadro "Meditação das Horas da Paixão") encontramos uma meditação que pode ajudar a contemplação mais pormenorizada dos mistérios dolorosos do Santíssimo Rosário. A seguir reproduzimos uma explicação sumária, mas bem suficiente, sobre os terços do Rosário, transcrita de um opúsculo muito divulgado. 6
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No que consistem o Terço e o Rosário O Terço (terça parte de um Rosário) compõe-se de cinco Mistérios, ou cinco dezenas; a cada dezena corresponde um Pai-Nosso, dez Ave-Marias e um Glória ao Pai. O Rosário é a soma de três Terços, portanto de 15 Mistérios ou 15 dezenas, o que equivale a 150 Ave-Marias, em lembrança dos 150 Salmos (poemas religiosos) de Davi. Esses 15 Mistérios correspondem aos principais acontecimentos da Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor e aos principais acontecimentos da vida de sua Santíssima Mãe. 7 No primeiro Terço contemplamos os Mistérios Gozosos (as alegrias da Virgem Santíssima no convívio com Nosso Senhor, durante sua vida oculta). No segundo Terço, contemplamos os Mistérios Dolorosos (as dores de Nosso Senhor Jesus Cristo na sua Paixão e Morte). E no terceiro Terço contemplamos os Mistérios Gloriosos (o triunfo de Nosso Senhor, na Ressurreição e na Ascensão, a descida do Espírito Santo no Cenáculo e a glorificação de Maria na Assunção e coroação no Céu). É altamente recomendável que se reze diariamente o Rosário ou, se não for possível, ao menos um terço.
Orações de que se compõe o Rosário O Rosário, ensinado diretamente por Nossa Senhora a São Domingos, compõe-se das mais sublimes orações, a saber: Credo - O Credo é a oração da Igreja que contém o resumo das principais verdades cristãs que todo o católico deve crer e nunca pôr em dúvida, sob pena de deixar de ser católico. Também é uma proclamação que fazemos, diante de Deus e dos homens, da fé que temos nessas verdades. Pai Nosso - O Pai-Nosso, composto pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo e apresentado aos Apóstolos como modelo da oração a ser feita ao Padre Eterno, quando estes pediram: "Ensinai-nos a rezar" . Portanto, Ele nos ouvirá com especial agrado ao recitarmos esta oração no Terço, uma vez que suplicamos as graças de que necessitamos usando as próprias palavras que Ele nos ensinou. Ave-Maria - Sem dúvida, a Ave-Maria é uma das mais belas orações. Ela foi composta pelo Arcanjo São Gabriel no momento em que saudou a Virgem Maria (daí o nome de saudação angélica) no momento da Anunciação: "Ave, 6 cheia de graça, o Senhor é convosco"; acrescida das palavras de Santa Isabel durante a Visitação: "Bendita sois Vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre"; e com o apêndice posteriormente composto pela Santa Igreja: "Jesus". A Igreja também acrescentou a segunda parte, tendo em vista nossas necessidades de pecadores: "Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém". Glória - Trata-se de uma glorificação da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) que se reza ao final de cada dezena, inclinando o corpo em sinal de adoração. Lembrai-vos - Composto por São Bernardo, eleva a alma à confiança sem limites na intercessão de Nossa Senhora. Pode ser rezado ao fim de cada terço.
CATOLICISMO
Salve Rainha - Ao final do Rosário, ou também de cada Terço, reza-se a Salve Rainha, uma das orações mais sublimes já compostas por mão humana em louvor de Nossa Senhora. O texto original é atribuído ao monge Hermano Contracto, do mosteiro de Reichenan, na Alemanha, por volta do ano 1050. As últimas invocações (6 clemente, 6 piedosa, 6 doce sempre virgem Maria) foram acrescentadas pelo grande São Bernardo quando, em presença de todo o clero, na catedral imperial alemã de Speyer, ele se ajoelhou três vezes, recitando cada vez urna das três exclamações, que se encontram gravadas no corredor central da referida catedral.
Como devemos rezar o Santo Rosál'io Antes de começar a recitação de cada Terço, é recomendável enunciar as intenções e pedidos que temos em vista. Podemos colocar quantas intenções desejarmos, como também solicitar a graça de orar com piedade, fervor e sem distrações. É especialmente recomendável rezar pelas necessidades da Igreja e da civilização cristã, nestes dias conturbados em que vivemos. Logo no início do terço, a primeira oração deve ser o Credo, seguido de um Pai-Nosso, três Ave-Marias e um Glória. No corpo do Terço, passamos a rezar as cinco dezenas. Cada uma delas é composta de um Pai-Nosso, dez Ave-Marias, um Glória. É muito conveniente que rezemos , após o Glória, a jaculatória "Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fog o do inferno, levai as almas todas para o céu, e socorrei principalmente as que mais precisarem" , que Nossa Senhora ensinou aos três pastorzi nhos de Fátima. Essas dezenas devem ser precedidas do enunciado do Mistério correspondente e sobre o qual devemo ir meditando (ou seja, pensando no que significa) na medida em que rezamos as Ave-Marias. No fin al de cada Terço (que equivale a 50 Ave-Mari as), recomenda-se recitar o LembraiVo ou a Salve Rainha. Quando temos o hábito de rezar o Rosário inteiro todos os dias, podemos recitar o três Terços separadamente, sem ser obrigatório agir assim . Por exemplo, um no período da manhã, outro no período ela tarde e o terceiro à noite. Quando não se tem esse hábito e rezamos apenas um Terço por dia, um antigo costume piedoso recomenda-nos meditar, nas segundas e quintas-feiras, os Misté-
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rios Gozosos; nas terça e sextas-feiras os Mistérios Dolorosos ; e nas quartas, sábados e domingos os Mistérios Gloriosos. Também é costume recitar a Ladainha de Nossa Sen hora no término do Rosári o.
Rosário: oração vocal e oração mental Há doi s tipo de oração: a oração voca l e a oração mental. O Rosário, ou o Terço, possibilita- nos fazer as d uas. A oração voca l é a recitação piedosa, em voz a lta ou em voz baixa, das cinco dezenas de Ave-Marias, no caso do Terço; ou das J5 dezenas, no caso do Rosário. No início de cada conjunto de JO Ave-Marias reza-se o Pai -Nosso, e, no final , o Glória ao Pai. A oração mental consiste em contemp lar cada Mistério, ou seja, em pe nsar sobre eles. Alternativamente, pode-se também meditar nas palavras da Ave-Maria, do Pai-Nosso ou do G lória. O Rosário é, em última aná lise, um co lóqu io, uma conversa com Deus e Nossa Senhora. Enquanto Os louvamos com a voz, com a mente meditamos nos sub limes Mistérios. E é exatamente para aux ili ar os leitores nessa meditação que aq ui reproduzimos os textos de Plinio Corrêa de O li veira aos qua is aludimos acima. Nossa Senhora do Rosário ten ha pena de nós, do nosso Brasil, deste mundo que se afasta cada vez mais dos Mandamentos divinos, e promova o quanto antes o triunfo de seu Imaculado Coração, ainda que para isso tenhamos de atravessar o vale profundo dos sofrimentos previstos por E la e m 1917 no vi larejo de Fátima, em Portugal. • E-mail para o autor: ca to licismo@terra .com.br
Notas: Encícl ica /111111or1ale Dei, de 1°/1 1/ 1885. 1 São Pedro 5,8. Plini o Maria Solimeo, São Domingos de Gusmão , in Ca10/icis1110, agosto/2003. Les Petits Bol land istes, Vies des Saints, d'apres !e Pere Gil)', Paris, Bloucl et Barra i, LibrairesÉditeurs, 1882, tomo IX , p. 283. 5. Obras de San Luis Maria Grignion ele Montfort, EI secre10 ad111irable dei Sa11tissi1110 Rasaria, Biblioteca ele Autores Cristianos, Madrid, 1954, p. 356. 6. A matéria contid a nos últimos quatro subtítulos - " No que consistem o Terço e o Rosário", "Orações de que se compõe o Rosário", "Como elevemos rezar o Rosário" e "Rosári o: oração voca l e oração mental" - é em grande parte transcrita cio opúscu lo O poder adlllirável do Santo Rosário , ed itado pela Ca mpanha " Li ga cio Santo Rosário" , da Associação dos Fundadores, São Pau lo, 2008 . 7. Do opúsculo referido na nota an terior, transcrevemos a seguinte observação: "Pos1erion11e11te o Papa João Paulo li i11sti11.1iu 1.1111 quar10 co11junto de Mistérios: os Mistérios Luminosos. E11tretc111 -
1. 2. 3. 4.
10, o próprio Po11t(/ice f ez 11otar que se tratava de 111era sugestão de piedade, sei// qualquer obrigatoriedade. Neste livre/O, e1ifoca111os ape11as o Rosário como foi revelado por Nossa Se11ltora e praticado pela Igreja ao lo11go dos sécu los. Aqueles que se se11tire111 inclinados a acrescentar 111ais esse co11ju11to terão fa cilidade de encontrá- lo 11as livrarias ca tólicas." (p. 53).
Pllnlo Corrêa de Oliveira venera a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima
UM GRANDE APÓSTOLO DO ROSÁRIO Mesmo carregando o peso de suas numerosas ocupações e preocupações, P líni o Corrêa de Oliveira era um modelo exím io de devoção ao Santo Rosário. Dura nte toda a sua vida de militância católica nu nca deixou de rezá-lo inteiro, com exceção apenas dos dias em que a enfermidade o impedi u de fazê- lo. Ele reservava um certo período do d ia - geralme nte o fi m da ta rde - para ca lmamente rezar e contemplar os 15 Mistérios do Rosári o. Dois textos saídos da pena desse ilu stre pensador e líder católico exempli fica m o que e le pensava a respeito dessa subli me oração.
"Em Fátima, Nossa Senhom recomendou duas devoções, de modo todo particular: a elas há de se apegar o Brasil, com o maior fervor: Uma é a do Coração Imaculado de Maria. Outra é a do Santo Rosário. "Se o B rasil quiser ser a grande nação de cruzados e missionários, é por meio de uma ardente piedade marial que conseguirá essa graça. E se quiser essa graça, há de implorá-la pelos meios que a própria Virgem indicou" ("O Leg ionário", 7- J0- 1945).
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"[Se] quiser saber como será j ulgada sua vida no Tribunal Eterno, não indague tanto sobre os caminhos que palmilhou ou as gotas de suor que de sua fro nte gotejaram. Indague, sim, das horas passadas de Rosário em punho, aos pés do Tabernáculo" ("O Legio nári o", 8-7- 1934).
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São Miguel de Garicoits F undador dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, empregou seu zelo apostólico na recristianização da França devastada pela ímpia Revolução de 1789 m PuN10 MARIA SouMEo
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utro marcante exemplo de como a educação paterna é quase sempre fator decisivo para o futuro da prole, constitui a vida de Miguel de Garicoits. Ele nasceu em Ibarre, aos pés dos Pirineus, no país basco francês, a 15 de abril de 1797. Portanto, durante a Revolução Francesa. Foi o mais velho dos seis filhos de Arnaud Garicoits e de Graciana Etchevérry, camponeses pobres e profundamente católicos, casados clandestinamente diante de um sacerdote non-jureur, ou seja, que não havia jurado a cismática Constituição Civil do Clero.
CATOLICISMO
Nesse terrível período, cujos efeitos danosos se difundiriam em âmbito universal, muitos padres perseguidos encontraram abrigo no humilde lar dos Garicoits. Após escondê-los com risco da própria vida, Arnaud os encaminhava até a fronteira da Espanha. Desse modo, os primeiros anos de Miguel foram marcados por esse destemido amor à Religião verdadeira e àqueles de seus sacerdotes que permaneciam fiéis. Fator que influiu muito em sua futura vocação religiosa. É verdade inconteste que os santos não nascem feitos. Como todos os mortais, sentem também em si o peso do pecado original e das más inclinações de nossa natureza decaída. A essa regra não escapou Miguel, dotado de um tempera-
mento vulcânico, aliado a urna força física superior à média. Era preciso educar esse temperamento e· encaminhá-lo para o bem. Este foi o papel de sua mãe. "Sem minha mãe eu teria me tornado um celerado", dirá ele mais tarde. O próprio santo gostava de relatar que, certo dia, quando contava sete anos de idade, tirou de seu irmãozinho, de apenas dois anos, uma bela maçã. E não julgava ter feito mal. Sua mãe observou então: "Gostarias que fizessem isso contigo?" Essa simples observação, tão justa, penetrou a fundo na alma de Miguel. Sobre tal episódio, comenta ele: "Eu mordi os lábios, e o pensamento de que não se deve fa zer aos outros o que não queremos que se faça a nós·me entrou tão fortemente na cabeça, que esse fato e todas suas circunstâncias jamais se apagaram de minha memória". 1 Mostrando o fogo da lareira, a mãe exemplar dizia aos filhos: "Meus filhos, é em umfogo ainda mais terrível que Deus lançará os meninos que cometem pecado mortal". Essa lição prática exercia um efeito profundo na alma das crianças, incutindo-lhes profundo horror ª? pecado.
menta o santo: "Deus comunicava-lhe luzes superiores a toda a ciência dos teólogos. Ele conjugava, em grau admirável, o recolhimento e a união íntima com Deus, com as maneiras mais amáveis e o comportamento mais caridoso em relação ao próximo". 2 Depois de muita oração, estudo, luta e trabalho, Miguel foi finalmente ordenado sacerdote em 1823 e enviado como auxiliar do velho pároco de Combes. Em pouco tempo conquistou os paroquianos por seu devotamento
As dificuldades para seguir a vocação Miguel fez com brilho seus estudos elementares na escola municipal. Mas precisava ajudar o pai no sustento da numerosa família. Assim, aos 13 ano , fo i e mpregado corno pastor. Levava sempre consigo um livro, e foi assim que, além de aprender gramática e catecismo, consolidou-se nele a vocação sacerdotal. Mas os pais eram muito pobres para subvencionar seus estudo . A avó conseguiu então que o pároco de Saint Palais, cidade vizinha, o recebesse como criado em troca da possibilidade de continuar os estudos. A Providência Divina pôs no caminho de São Miguel de Garicoits vá.rias almas de escol. Uma delas foi um jovem chamado Evaristo, que morreria prematuramente e do qual ele recebeu benéfica influência. Sobre Evaristo, co-
Ata de fundação dos Padres do Coração de Jesus
às almas. Seus sermões, claros e simples, atraíam até os pecadores mais empedernidos, e sua reputação espalhou-se por todo o país basco. O que o obrigava a passar dias inteiros no confessionário. São Miguel dirigia pessoalmente o catecismo das crianças, ciente de que este bem aprendido tem normalmente importância decisiva na vida e, sobretudo, na hora da morte.
Encontro com Santa Joana-Elisabete Em 1825 o Pe. Miguel foi designado professor do seminário de Bétharram,
então muito decadente material e espiritualmente. Mas em pouco tempo sua fé e perseverança levaram-no a conseguir uma boa reforma em ambos os campos. Quando o bispo resolveu mudar o seminário para Bayonne, o santo ficou sozinho em Bétharram. Mas dispôs a Providência que junto ao seminário houvesse um santuário do século XIV dedicado à Santíssima Virgem, centro de peregrinação muito procurado. Miguel começou então seu grande apostolado junto aos peregrinos, tanto no púlpito quanto no confessionário e na direção espiritual. Como filho fidelíssimo da Igreja, ele combateu com ardor a heresiajansenista, pregando a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. São Miguel passou também a dirigir as Filhas da Santa Cruz, recentemente fundadas por Santa Joana-Elisabete Bichier des Ages, considerada uma outra Santa Teresa de Ávila. Oriunda de nobre família do Poitu, só no fim de sua vida teve contato com São Miguel. A influência que ela exerceu sobre o jovem sacerdote foi tão grande, que ele dirá: "Eu lhe devo a minha conversão[. .. } Eu lhe sou devedor de tudo o que fiz de bom [... ] Eu só tinha que executar seus conselhos ". 3 Os dois santos concordavam, já antes de D. Chautard, que a vida interior é a única e insubstituível fonte para qualquer apostolado fecundo. Santa Joana-Elisabete foi canonizada por Pio XII em 1947, no mesmo di a que São Miguel de Garicoits. 4
Fundação dos Padres do Coração de Jesus Foi no contato com essas religiosas e com o extremo espírito de pobreza de sua fundadora que São Miguel teve a ideia de fundar uma congregação de missionários observando a mesma pobreza, para cuidar da formação religiosa do povo miúdo e, sobretudo, pregar missões. Ele sonhava com novos soldados de Cristo, sempre prontos a ouvir o chamado da Igreja. Seu lema era: "Aqui estou, Senhor, para fazer a vossa santa
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São Miguel de Garicoits fa leceu no dia 14 de maio de 1863, suplicando a Deus : "Tende pena de mim, ó Deus, segundo vossa grande misericórdia". Sua festa celebra-se nesse mesmo dia.
Para onde leva a moda das tatuagens
Intervenção celeste parn aprovação de sua obra
vontade sem atrasos, sem reservas, sem retorno, por amor". 5 O bispo de Bayonne aprovou a ideia, nascendo assim a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. 6 Auxiliado pelos companheiros que logo se uniram a ele, o Pe. Garricoits criou em Bétharram uma missão perpétua para atender os peregrinos e dirigir os retiros que pregavam segundo o método de Santo Inácio de Loyola. Sobre o "Princípio e fundamento" do fundador da Companhia de Je u , São Miguel afirma: "Possuir a Deus eternamente é o soberano bem do homem. Seu soberano mal é a eterna danação. Eis duas eternidades. A vida presente é como um caminho por onde podemos fazer chegar a uma ou outra dessas duas eternidades que queremos". E dizia a seus sacerdotes: "Trabalhar pela própria salvação e pe1feição e pela salvação e per.feição do próximo é o nosso elemento. Empregarmo-nos inteiros a isso, para nós é vive,: Empregarmo-nos a isso negligentemente, é fenecer; não nos empregarmos, é a morte. Trabalhar para evitar o ú1ferno, para ganhar o Céu, para salvar as almas que tanto custaram a Nosso Senhor e que o demônio procura tanto perdei; que ocupação! Isso não pede todo o nosso empenho? Podemos temer fazer demais? Faremos, porventura, o necessário? Não faremos ja-
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mais tanto quanto o demônio e o mundo fazem para perder as almas". 7 E se ideal mis ionário exigia cinco virtudes, segundo o santo: caridade extrema, humild ade profunda , obediência perfeita, doçura no trato com os pecadores e dedicação total. O zelo pela salvação das almas devorava esse ardente missionário, do qu al um de seus religiosos afirmou: "Ele estava muito penetrado e convencido tanto da bondade de Deus quanto da miséria do homem. Não podia compreender mais tanto o sentimento de desconfiança para com Deus quanto o orgulho no coração do homem". 8 Para poder recristianizar a França depois da devastação da Revolução, São Mi guel julgou que devia começar pela educação das crianças. Por isso fundou em Bétharram, em 1837, uma escola primária. Para ele, educar é "formar o homem e colocálo em estado de exercer uma carreira útil e honrosa à sua condição, e assim preparar a vida eterna elevando a vida presente [. ..] A educação, intelectual, moral e religiosa, é a obra humana mais elevada que se possa faze 1: É a continuação da obra divina no que tem de mais nobre e elevado, a criação das almas [. ..] A educação imprime a beleza, a elevação, a polidez, a grandeza. É uma inspiração de vida, de graça e de luz ". 9
Doze anos após sua morte a congregação tão arduamente fundada não tinha s ido aind a reconhecid a pela Santa Sé. Havia discórdia entre seus membros e o bispo do lugar também já não lhe era favorável. Foi então que interveio um a carmelita de origem árabe do mosteiro de Pau, a bem-aventurada Irmã Maria de Jesus Crucificado Baouardy. Favorecida por Deus desde a infância com insignes graças místicas, ela votava uma piedade filial ao Papa Pio IX, a quem via em seus êxtases e fazia chegar mensagens concernentes aos interesses da Igreja. Em uma visão, Nosso Senhor lhe mostrou como fazer para superar em Roma todos os obstáculos que impediam a aprovação da constituição dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Esta foi, assim, finalmente conseguida. Por isso a bem-aventurada Maria de Jesus Crucificado é considerada a segunda fundadora desse instituto religioso.' º • E-ma il para o au tor: catolic is mo @terra.com.br
Notas: 1. Dom Antoine Marie osb, http:// www .e Ia i rva 1.com/lettres/fr/2002/08/06/ 5070802 .h tm 2. ld . ib . 3 . http ://fr. wi k i pecl ia .o rg/wi k i/ Jean ne%C3 %89 1isabeth_ B ic h ier_ des_ Ages 4. Cfr. http://www. magnificat.ca/cal/eng l/05 14.htm 5. http ://www.ab bay e-sa i nt-beno i t.ch/ hag iograph ie/fi ches/f0057. htm 6. Cfr. John Chan Kunu, SCJ. 7 .h ttp://www.betharram.net/ind ex. php? v i ew=a rti e I e&c a ti d =60 % 3 Anosso urces& id= l 34%3Asai nt-michel -garicoi ts 8. Dom Antoine Marie o b, [d., lb. 9. Id ., ib. 1O. http ://www.abbaye-saint-be noit. ch/ hagiographi e/fiches/f0057 .htm
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eali zou-se em Caracas, de 26 de janeiro a 4 de fevereiro, um festival de indivíduos tatuados - o "Venezuela Expotatoo 2012" -, onde se apresentaram pessoas que operaram em si "modificações corporais e tatuagens extremas". Estiveram presentes cerca de 200 tatuadores de quase uma dezena de países, entre os quais o Brasil (Portal "MSN notícias", 30-1-12). Uma da participantes - a mexicana Mary Jose Cristerna, mais conhecida como "Mulher Vampira" - , além do rosto tatuado e piercings alargadores nas orelhas, possui implantes na cabeça que lhe acrescentam "chifres", numa evidente imitação do demônio [foto 1). "Para mim é bonito estar assim", disse ela à "Agência France Press". Exibira m-se também "suspensões da pele com grandes ganchos de metal ". Outros esco lh eram ter a língua biparti da, como das serpentes, com agulhas e pregos cravados no corpo, além de di versas outras tatuagens [foto 2]. m duas ocasiões, na sua coluna "A Palav ra do Sacerdote", Mons. José Luiz Vill a advertiu para o inconveniente das tatuagens: "A quantidade de tatuagens monsrmosas que se multiplicam diante de nossos olhos mostra bem que elas são 0 stim uladas num sentido revolucionário. B 0 m fa rá aquele que se opuser a esse i11t1tito" (abril/2010). E ainda: "Se algu 111 f az uma tatuagem de uma representação do demônio, por achar engraçado ou por qualquer outra razão, de alguma forma confere ao demônio algum poder de atuar sobre ele" (mai /2007).
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Imaginemos como reagiria o célebre pintor Fra Angelico caso lhe fosse revelado que um dia alguém ousaria desfigurar os personagens de sua magnífica obra tatuando-as. Ficaria com certeza indignado e talvez até mesmo desist isse de rea li zá-las. Imaginemos agora o Criador, que criou os homens à Sua imagem e semelhança vendo-os desfigurados desse modo! •
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1 São José Operário, ela ilustre casa de Davi, Esposo da SanLíssima Virgem
2 SanLo ALanásio, Bispo, Confessor e DouLor da lgreja + Alexandria (Egito), 373. Grande defensor da fé contra os arianos, exilado cinco vezes por imperadores favoráveis aos heresiarcas, supo1tou toda sorte de calúnias de seus inimigos.
3 Santos I•elipe e Tiago Menor, Apóstolos + Século I. São Felipe deixou a casa, mµlher e fi lhos em Betsaida para seguir a Nosso Senhor, sendo martirizado em Hierápolis, na Frígia (Ásia Menor). São Tiago Menor, primo de Nosso Senhor, foi o primeiro Bispo de Jerusalém, onde sofreu o martfrio. É autor de uma admirável epístola.
4 SanLos João HoughLon e Companheiros, MárLires + Londres , 1535. João, Roberto Lawrence e Agostinho Webster, cartuxos, e Ricardo Reynold , por sua fidelidade à Igreja Católi ca e por se terem rec usado a aceitar o Ato de Suprem.acia (que impunha o lúbri co rei Henrique VIII como cabeça da Igreja na Ing laterra), fora m arrastados pelas ruas com a maior selvageria, e nforcados e esquartejados. Primeira Sexta-feira do mês.
Santa Jutta von Sangerhausen, Viúva + Alemanha, 1260. Natural da Turíngi a, enviuvando muito cedo, mudou-se para a Prússia, feudo dos Cavaleiros Teutônicos, dos quais seu irmão era grão-mestre. Doou toda sua fortuna aos pobres, dedicando-se a seu serviço. Primeiro Sábado do mês.
6 São Mariano e Companheiros, MárLires + Nu mídia (hoje Argélia), séc. III. Leitor na comunidade de Circé, ele foi preso juntamente com muitos outros cristãos du ra nte a perseguição do imperador Valeriano. Alinhados na vertente de uma colina, foram decapitados.
7 BeaLa Gisela, Viúva + Alemanha, 1060. " Irmã de Santo Henrique, Imperador da Alemanha, e esposa de Santo Estêvão, rei da Hungria. Viúva, entrou para o mosteiro de Niederburg, do qual tomou-se Abadessa" (MR).
8 São Pedro de Tarantésia , Bispo e Confessor + França, 1174. Entrou para o mo ste iro c isterciense de Bonnevaux. Seu pai e dois irmãos segui ram-no nesta decisão. Nomeado arcebispo de Tarantésia, reformou a disciplina ecles iástica, substituiu o clero corrupto de sua catedral por cônegos regulares e desapareceu, para tornar-se irmão leigo em um convento na Suíça. Encontrado, teve que reassumir suas funções.
9 São Nicolau Albemti, Confessor + Bolonha, 1443. "Cartuxo, ordenado bispo de Bolonha, foi nomeado Núncio Apostólico do Papa Martinho V. Trabalhou com sucesso para res-
tabelecer a paz entre a França e a Inglaterra" (MR).
10 Santo Antonino de I• lorença, Bispo e Confessor + 1459. Antônio, conhecido pelo diminutivo por causa de sua estatura, tornou-se célebre por sua doutrina e suas obras. Defendeu o Papado no Concílio de Basiléia e a sã doutrina católica no de Florença, contra os autores do cisma grego.
11 SanLos Abacles ele Cluny, Confessores + Séculos X a XII. Santos Odon, Majolo, Odilon, Hugo e Pedro, o Venerável. "A elevada autoridade moral de Cluny - que esses abades colocaram a serviço da Igreja e da paz civil do século X ao XII - explica-se pela irradiação de suas personalidades, pela estabilidade de seus mandatos, isenta de toda ingerência secular, e por sua fidelidade a nada preferir à Obra de Deus" (MRM).
12 SanLo Epifânio, Bispo e Confesso1' + Chipre, 403. Judeu da Palestina, convertido, viveu em sua vila natal co mo monge durante 30 anos, quando foi nom eado bispo de Chipre. Grande polemista, "sua erudição e am or pela ortodoxia levaram-no a denunciar várias doutrinas maculadas pela heresia" (MR).
13 An iversário da Primeim /\parição de Nossa Senhom cm Fátima
·14 São Mic11el de GaricoiLs (Vide p. 40)
15 Santo Aquiles, Bispo e Confessor + Grécia, 330. Bispo de Laris-
sa, na Grécia, fico u célebre pelo dom dos milagres. Faleceu em sua cidade episcopal ao voltar do Concílio de Nicéia. Os búlgaros obtiveram suas relíquias, transpo1tando-as para a cidade de Presbo, que tomou então o nome de Aquili.
16 SanLo André Bobola
17 São Bruno de Würzburg, Bispo e Con fessor + Áustria, 1045 . Filho do duque da Caríntia e da condessa Matilde, tornou -se bispo de Würzburg. Co nstruiu várias igrejas e a catedral. Erudito escritor, por indicação do imperad or Conrado II foi promovido à Sé de Milão. Faleceu na Áustria.
18 S111110 I~rico Rei , Mártir + Suécia, 1J 50. Promoveu a evangeli zação dos finland eses, ainda pagãos. Suas "Leis de Érico " muito favoreceram a Igreja e as mulheres, tratadas até ntão como escravas. Foi martirizado pelo prete ndente di namarquês ao trono da Sué ia, quando acabava de assi tir à Missa.
19 S.io Ivo, Conl'essor + França, 1303. Sacerdote, paclroeiro dos advogados, estudou Direito ' Teologia em Paris e Orleans. Transformou o solar que rcc ·bera dos pais em hospital, as il para velhos e criança abandonadas. Lá estabeleceu ta mbém seu escritório para at nder consultas dos pobres e dos desamparados, não havend o advogado de mais renome n m pessoa mais estimada cm toda a Bretanha, da qual se t rnou um dos santos mais populares.
20 ASC l•:NSJ\O DE NOSSO S~N l lOI~ ,ll~SUS CRISTO
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SanLo l lospício, Confessor + França, séc. VI. " H avia
São Felipe Néri, Confessor
predito uma próxima invasão dos lombardos, caso a Gália [atual França] não fizesse penitência. Quando efetivamente os lombardos chega ram, dedicou-se a converter grande número de invasores à fé aos costumes cristãos " (MR).
DOMINGO DE Pl•:NTECOSTES
22 SanLa RiLa de Cássia, Viúva SanLa ,Jú lia, Virgem e MárLir + Córsega, séc. VII. "Jovem cristã aji·icana, aprisionada p elos muçulmanos durante uma invasão, foi crucificada na Córsega, da qual tornouse a padroeira celeste" (MR).
23 SanLa Joana i\nLicla ThouréL, Vi rgem. + Nápoles 1826. Esta destemida santa passou por grandes perigos e provações durante a Revolução Francesa, ensinando catecismo, cuidando de doentes e dando esconderijo a sacerdotes em pleno Terror. Fundou em Besançon um ramo das Irmãs de Caridade. Morreu no convento de Nápol es devido a persegui ções de seu Bispo e de suas próprias irmãs de hábito.
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28 São JusLo de Urgel, Bispo e Confessor + Espanha, séc. VI. Um dos quatro irmãos considerados por Santo Isidoro de Sevilha como varões ilustres, dentre os que floresceram na Espanha visigótica. Po1tou-se como pastor vigilante e caritati vo na Sé de Urgel, para onde fora elevado.
29 São Máximo de Tréveris, Bispo e Confessor + França, 349. Sucedeu a Santo Agrício como bispo dessa c id ade, distinguindo-se por seu zelo e fortaleza. Acolheu Santo Atanásio, ex il ado por sua ortodoxia, e participou do Concílio de Milão, no qual os arianos foram condenados. Morreu na França, para onde se dirigira devido à perseguição desses mesmos arianos.
25 São Gl'egório Vll , Papa e Confessor SanLa Maria Madalena de Pazzi, Virgem + Florença, 1607. Carmelita aos 16 anos, "ofereceu s ua
VISITAÇÃO DE NOSSA SENI IORA A SANTA ISABEL (anti game nte, di a de Nossa Senhora Rainha)
vida pela renovação espiritual da i grej a. Abençoada com graças místicas, deu o melhor d e s i mesma na fidelidade quotidiana aos três votos de sua profissão re li g iosa" (MR).
Notas: - Santos já apresentados em calendários anteriores são apenas mencionados, sem nota biográfica. - MA - Martirológio Romano; MRM - Martirológio Romano-Monástico.
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Será ce lebrada pelo Revmo. Padre David Fran c isquini , nas seguintes intenções: • Em come mora ção do 95° aniversário da 1° aparição de Nossa Sen hora de Fátima aos três pastorzinhos, no dia 13 de maio de 191 7. Ped indo pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria em todo o mundo e, para todos os leitores de Catolicismo, um in cremento ainda maior na devoção à Sa ntíssimo Virgem .
30 SanLa ,loana D'Arc, Virgem + Rouen (França) 1431. Suscitada por Deus para livrar a França do jugo inglês, esta virgem guerreira foi depois traída e queimada como feiticeira. Reabilitada por Calisto III em 1456, teve a heroicidade de suas virtudes reconhecida em 13 de dezembro de 1908, sendo beatificada por São Pio X em 1909 e canonizada por Bento XV em 1920.
Nossa Senhora Auxiliadora
Intenções para a Santa Missa em maio
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Intenções para a Santa Missa em junho • Supli cand o ao Sagrado Coração de Jesus - principal celebração de ju nho - que cumule todos os nossos leitores e suas respectivas famílias de graças muito especiais.
M
Da esq. para a dir.: Dr. Calo Vldlgal Xavier da Silveira, Dra. Ellzabeth Klpman, Dr. Adolpho Llndenberg, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Cel. Paes de Lira e Dr. Edilson Mougenot Bonfim
eutanásia e descriminalizai·, na prática, o infanticídio!
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Com grande conhecimento de causa, a segu nda oradora, Dra. E lizabeth Kipman, a.bordou os aspectos médicos do assunto, mostrando a~ consequênc ias das práticas do aborto, da eutanásia e do infanticídio. Desmontou a falácia do governo federal e de ONGs que afirmam ser o aborto urna questão de saúde pública. Segundo dados oficiais exibidos pela palestrante, 1613 mulheres morreram no ano de 2010 por causas ligadas à gravidez e ao puerpério. Dessas, 143
Novo Código Penal: manual para a matança de inocentes? E vento do 1nstilulo Plínio Corrêa de Oliveira revela como o anteproje-
to de novo Código Penal pode abrir as portas para o aborto, a eutanásia e o infanticídio no Brasil ■ D AN IEL
F. S.
M ARTINS
o dia 11 de abril p.p. iniciou-se no Supremo Tribunal Federal o julgamento de milhares de vidas inocentes. Sim, os bebês anencéfalos foram julgados réus de morte, tendo como futuros carrascos médicos do SUS e suas próprias mães! Uma batalha perdida, mas não a guerra! O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira está na linha de frente desse combate
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legal e pacífico contra o aborto, e realizou naquele 11 de abril doi s importantes eventos. Primeiramente, diversos membros do Instituto participaram da vigília em frente ao edifício do STF, em Brasília, pedindo a Nossa Senhora que livrasse o Brasil de um possível julgamento pró-aborto, que poderia acarretar os justos castigos de Deus para o País. Além disso, o ato constituía um verdadeiro protesto contra a posição já declarada de alguns magistrados em favor do aborto de anencéfalos, contrariamente à Lei de Deus, à Lei natural e ao senti mento geral da população. No mesmo dia, em São Paulo, o Instituto rea li zou o painel Brasil em Perigo - O novo C6digo Penal prioriza a cultura da morte. Participaram três ilustres conferencistas: o Cel. Paes de Lira, a Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira e o Dr. Edilson Mougenot Bonfim, que explicaram, sob diferentes pontos de vista, como o Código Penal vai escancarar as portas do Brasil não só para o aborto, mas para a eutanásia e o infanticídio.
Ap s a abertura. da sessão, feita pelo Dr. Ado lpho Lindenberg, presidente do Instituto , Cel. Paes de Lira, conhecido por sua atuação em defesa da família como deputado federal, iniciou o painel mostrancl os aspectos políticos e ideológicos das mudanças no Código Penal. Revelou mo o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), promulgado na calada da noite pelo governo Lula, está end . rrateiramente impl antado por prute , e c 1110 o anteprojeto de novo Código Penal representa mais um terrível passo na linha desse infausto programa, ao legalizar abo1t o até o terceiro mês de gestaçã ( ic), ao despenalizar a
mortes foram devidas a causas relacionadas com aborto - incluindo aborto espontâneo e outras causas naturais que nada têm a ver com aborto provocado. Chrunar tal cifra de problema de saúde pública é mero pretexto para empurrar a agenda abortista no País. Além disso, a renomada médica aponto u para o fato de que o aborto provocado· gera consequências físicas e psicológicas gravíssimas na mulher, além de assassinar milhares de bebês inocentes. Isso sim seri a problema. de saúde pública! Por fim, ela fez ver como os ideólogos da cultura da morte mostram cada vez mais sua verdadeira face. Antes alegavam o aborto como uma "escolha da
CATOLICISMO MAl02012 -
mulher". Já há quem diga que se a mulher tiver parcas condições financeiras, não tem o direito de ter o filho (sic), pois criaria um problema social. O mesmo argumento se dá para a eutanásia e o infanticídio.
* * * O jurista Dr. Edilson Mougenot Bonfim analisou com eloquência as alterações no Código Penal sob o ponto de vista jurídico e constitucional. Apontou o aborto como o crime por excelência, uma vez que o crime por excelência é o de matar. Criticando aqueles que consideram o homicídio como crime, mas não o aborto, censurou esta contradição própria de quem não tem princípios sólidos. Segundo ele, é o homem light: "Temos a manteiga sem gordura - light; cerveja sem álcool - light; o cigarro sem nicotina - light; daí também o 'homem light'. Aquele que não tem bandeiras, não tem verdades a seguir; andando ao sabor dos ventos como as birutas dos aeroportos". São os homens que, quando falam, seu si m não é sim; e seu não, não é não. São aqueles que aceitam a "descriminalização do aborto", esquecendo o que estabelece a Constituição no tocante, por exemplo, à inviolabilidade da vida. Terminou fazendo uma referência en passant ao julgamento do STF sobre aborto de anencefálicos, dizendo
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que sendo o Supremo a última palavra, será então a coisa julgada. Mas "coisa julgada não quer dizer necessariamente ajustiça justa". E exemplificou com um episódio da vida de Clemenceau quando, criticando certos erros de julgamentos, voltou-se para um crucifixo e disse: "Voilà la chose jugée!" (Eis aí a coisa julgada ...). *
* *
O encerramento do evento foi com chave de ouro. Dom B e rtrand de Orleans e Bragança denunciou a aprovação de leis humanas contrárias às Leis de Deus. Portanto, leis nulas, pecaminosas, opostas ao Direito natural. O Príncipe Imperial do Brasil conclamou os presentes a uma reação para afastar de nossa Pátria a tentativa de legi slar com o objetivo de facilitar práticas pecaminosas - como o aborto, a eutanásia, o "casamento" homossexual. Afastando tais práticas, rumaremos para uma sociedade que verdadeiramente cumprirá as leis por excelê nci a, que são as Leis de Deus, consignadas no Decálogo. •
INSTITUTO PLINio
E- mail para o auto r: cato licis mo@te rra .com.br
Notas: Convidamos o leitor a participar dos eventos promovidos pelo illstituto Plinio Corrêa de Oliveira , acompanhando-os pelo site www .ipco.org.br Aqueles que desejarem assistir à íntegra das exposições podem fazê- lo pelo lii1k: hllp ://ptbr.justin.tv/institutoplinio/b/3 151 98 179
CoRRÊA DE 0UVEIRA
ergue seus estandartes na Avenida Paulista ■ EosoN CARLOS DE OuvE1RA
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o dia ~9 de abr(l P:P·, 28,voluntários do Instituto Plinio Correa de Oliveira sairam novamente às ruas para defender a famfüa. Desta vez os seus estandrutes dow·ados e levantaram na prestigiosa Avenida Paulista, em São Paulo, pru·a mais uma campanha pelo futuro moral de nossos filhos. O toque dos trompetes, o som da gaita de fole, os slogans procl amados em megafones e os dizeres dos crutazes atraíram a atenção dos normalmente apressados transeuntes da~uela artéria, uma das mais importantes do País, para os pengo do aborto e da agenda do movimento homossexual que ameaçam a instituição fami liai·. ~ ac lhida dos paulistanos esteve acima da expectativa. Muito propunham que nossas campanhas se intensificassem, poi entre aqueles que combatem a ofensiva do movimento h mossexual poucos atuam com tanta galhardia e eficácia. Yári s passantes comentaram o aspecto mru·avilhoso do conjunt dos símbolo . CATOLICISMO MAIO201 2 -
Foram difundidos dois livros do Padre David Francisquini: Catecismo contra o aborto - Por que devo defender a vida humana, cujo conteúdo se enuncia no título, e Homem e mulher Deus os criou, que trata da questão do homossexualismo à luz da doutrina católica, da Lei natural e da ciência médica, mostrando como a Igreja sempre condenou as práticas e as uniões homossexuais. • E- ma il pa ra o autor: cato li c ismo @terra.co m.br Assista ao vídeo da campa nha no site do Instituto Plinio Corrêa de O/iveim: www.ipco.org.br
' - CATOLICISMO
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1
O Padre David Francisquini: autor das obras Cate-
cismo contra o aborto - Por que devo defender a vida humana, e Homem e mulher Deus os criou, que trata da questão do homossexualismo à luz da doutrina católica, da Lei natural e da ciência médica, conversa com o Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho, diretor da revista Catolicismo.
MAIO 2012
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~d@6aLcúJdo ?f]aAtdo, de :!?T~ Um anseio de alma em busca do Céu
■ PUNIO CORRÊA DE Ü UVEIRA
primeira impressão que a ala produz é de aturdimen' ai a pluralidade de cores e coisas be las. O teto é de rara be leza, porque lembra a abóbada celeste. Não ex ibe nada de lambido dos edifícios modernos. Chama a atenção como as pinturas da sala rea lçam as traves, tornando-as um e le mento de decoração a mai5. Cores mui to be m escolhidas : azul esverdeado claro, ouro velho, em arabescos muito elegantes que ex ploram o pontudo e o ovalado. Os lustres são de conto de fadas. É um escachoar de cristais diversos que multiplicam a luz das velas, produzindo efeito de refração do espelho, o qual aumenta a luz das velas. Ademais, altamente fun cional. Nas paredes não foram colocados qu adros, mas tapeçar ias com desenhos magníficos. Tudo isso detém o espírito do observador, de maneira a atra ir sua admiração.
O mobili ári o, mui to elegante e leve, está habilmente di sperso pela sala, o que provoca ao mesmo te mpo impressão de muita mobíli a, mas com vazios importantes. Um dos segredos de uma sala bonita é apresentar vazios importantes, o que nem sempre o bras il eiro compreende. Nesse sentido, tenho vi sto salas empetecadas de móveis, onde não se pode dar um passo sem esbarrar num deles. A beleza cromática da sa la está no seguinte: as jane las têm vidros tra nspare ntes, portanto a luz que penetra é inteiramente a diurna, mas compensada por um mundo de cores presente no conjunto da sa la. Quase se poderi a dizer que todas as cores possíveis estão representadas. E ntretanto, para que o ambiente não fi casse por de mais so brecarregado, todas e las estão em grau muito pálido, quase que se fundindo umas nas outras. E a variedade cromática diverte e descansa os olhos marav ilhosamente. Um e le mento decorativo a mais de ntro desse conjunto é a porta. Constituída por uma série de painéis, to-
cios muito clelicaclos, muito leves, que contrastam com o sobrecarregado ele outras partes cio ambie nte. Para concluir, desej o esc larecer que não estou querendo demonstrar ser o castelo simpl es mente bonito. Mas que houve manifes tamente a intenção ele se construir um ambiente que superasse a natureza cri ada e compensasse um pouco o que esta vicia tem ele 'Terra-ele ex ílio" . E, portanto, a ideia ele que o ho mem é feito para coisas maiores que as dessa Terra. Há nesse am biente um ape lo para algo mais alto, que é um anse io ele alma em busca cio Céu. Esse é o si nificaclo re li gioso desta sala cio astelo de Fontainebleau. •
O castelo de Fontaincblcnu (ti ·po is de V ersa lhes, o mais i111por111111 · tio~ cas1elos fran ceses) fo i cons1rnítlo no sécul o XVI pelos reis da di11 11s1ia de V alo i s. Qu ando essa di11 as 1ia ·x lin guiu-se, ele passou parn II tli11as1ia ti ' Bourbon. E fo i, ini111 errup111rn ·nl ', r ' sidência real al é a Rcvo luç; o Fran ·çsa . N apo leão I e Napo leão 111 iamh m res idiram nesse casl clo.
Excertos da conferência proferida p~lo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 31 de outubro de 1966. Sem revisão do autor.
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UMÂRI
PUNJ O CORRÊA DE ÜLIVEIRA
.IUNI 10 de 2012
Nossa Senhora do Sagrado Coração
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e há uma época para cuja mi séria só pode ex istir esperança de remédio no Sagrado Coração de Jesus, esta é a nossa. Inútil seria atenuar a enormidade dos crimes que por toda a parte pratica a humanidade em nossos dias. O quadro contemporâneo não é senão este: de um lado uma civi lização iníqua e pecadora, e de outro lado o Criador, empunhando o azorrague das punições divinas. Não haverá, então, para a humanidade, outro desfecho nos dias de hoje, senão desaparecer em um dilúvio de lama e de fogo? - Se Deus deixasse agir exclusivamente sua Justiça, sem dúvida. Uma humanidade perseverante na sua impiedade tudo tem a esperar dos rigores de Deus. Mas Deus, que é infinitamente misericordioso, não quer a morte desta humanidade pecadora, mas sim "que ela se converta e viva". E, por i to, ua graça procura insistentemente todos o · homens, para que abandonem seus pés. imos caminhos e voltem para o aprisco do Bom Pastor. Se não há catástrofes que não deva . temer uma huma nidade impenitente, não há misericórdias que não possa esperar uma humanidade arrependida. Estas duas imagens essenciais da justiça e da misericórdia divina devem ser constantemente postas diante dos olhos do homens contemporâneos. Da justia, para que ele não suponha temera.riamente sa lvar-se sem méritos. Da miseri-
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CATOLICISMO
Devoção vital para nossos dias
Noss11 S •11lt on1 pod • 110 11ws11w t ·1npo s ·r ·h11111ad11 d · / 1,',1·11<1 ll1 0 r/1• ./11stiro • 011/1101 111'/o S111illrn11/1'. ,~·s1>el/l() d,• .J11sti('" , porq11 • 1kw, a amou ta , l 1111 '(llll't'lll l'OII Lodas as •s q11 • 1111111 ·l'i 11 lu ra pod r isto Ili ' SIIH l l 'III nenhum ·pl'll111 11 o p ·11' ·i Iam nt ' ·01110 n' l ilu. 0 11 i1w11?111'i11 Supfico 11I<', porqu · 11110 h1í /'l'IH,'11 qu ' s' oht •nh a s ·111 Nosso /k11ho ra , • nüo h 1 r11ç11 qm• l il11 111 o oh 1 ·nha paru n<,:,, /\ ssilll, i11 voc11 r Noss11 Sl'11hora sol o título do S11prudo ( 'm11 ·1 o l' r:1i', ' I' Ulllil S Ili •s' 1) •I SS llll :I dl' todus as m11rns invo ·u ·o ·s, l 1'lllhl'llr o r · fl 'X() 11111is p11 ro ' lllliis h ·lo dil Ma 1·rnida 1• 1 ivi 11t1 , l'u i', •r vi bn1r ti urn s 1 ·mpo harn1oni ·ulll ·nt , l<das as ·ordas do amor, qu ' lo ·amos uma a umn enunciando as vári as invocações da Ladainha Lauretana, ou da Salve Rainha. Dizer que Nossa Senhora do Sagrado Coração é nossa advogada implica em di zer que temos no Céu uma advogada onipotente em cujas mãos se encontra a chave de um oceano infinito de misericórdi a. Mostremos a Justiça - é um dever cuja omissão tem produzido os mai s lamentáveis frutos. Ao lado da .lusli<_:11 que fere os impenitentes, nun ·a nos •s queçamos, entretanto, da mi s ·rkmdi 11 que ajuda o pecador seri am ·nt • t1111·1H 11 dido a abandonar o p ·11do l', 11 . i11 1, 11 se salvar. (Trecho ex trn fdo dt• "() l .1 I''º ná.rio", nº 410, 2 1-7 1!),I()) • 1
córdi a, para qu não eles sp r d sua salvação, de de que desej emendar-se. E, se as hecatombes de nossos dias já falam tão claramente daju.tiça de Deus, que melhor vi. ão para compl etar este quadro, do que o oi da mi sericórdi a, que é o Sagrado Coração de Jesus? Venerando o Sagrado Coração, outra coisa não quer a Santa Igreja, senão prestar um louvor especial ao amor infinito que Nosso Senhor Jesus Cristo dispensou aos homens. Por mais variadas e belas que sejam as invocações com que a Santa Igreja se refere a Nossa Senhora, em nenhuma dela nós deix aremos de encontrar uma rel ação entre Ela e o amor de Deus. É, pois, com toda a propriedade que
Nº 7:38
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Excmnos
4
CARTA
5
IN·1·r-:RNA<:JONA1 .
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CoRRESPONrn~;NCIA
1O
no
D11mTon
Eleições francesas -
"Sarkocídio"
Corpus Christi em Toledo, Espanha
A PAl,/\VR/\ DO SACEIWO'l'I•:
12 A
R1,:A1 ,IDADE CoN<;1sAMEN'1·i-:
Sagrado Coração de Jesus
14
E1•'EMí-:1mn-;s
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Co1~Pt1s C111usT1
Procissão eucarística em Toledo
22
ConP1Js CmusT1
Manifestação eucarÍstica em Viena
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CAPA
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VmAs rn,; SANTos
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E.-1súnms ll1sTú1ucos
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ENnu:v1sTA
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SANTOS •~ FESTAS 1>0
Recrudescimento da crise sul-americana· São João de Sahagún São João de Sahagún
48 AçAo
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A conquista de Jerusalém
Cel. Ripley- um lendário herói americano Mf~s
CoNTRA-R..:vm.ucmNÁRIA
AMmEN'ms, CosnJMl•:s, C1vu,1zAçõ1,;s
A glória de Deus representada em famoso afresco do batismo de Nosso Senhor
JUNH0 201 2 -
Eleições francesas: Caro l eitor, A situação política na América do Sul agravou -se consideravelmente nestes últimos meses, merecendo uma espec ial análi se, que apresentamos na matéria de capa desta edição. M erecem destaque parti c ul ar nessa análi se os acontec imentos da Venezue la e da Argentina, por constituírem um avan ço signifi cativo no processo socialo-cornuni sta que está vitimando as naçõe. de nosso Continente. N a Venezuela, o foco das atenções volta-se para as possíveis consequências do câncer que atingiu Hu go C hávcz. obrctu do cm razão das próximas eleições I residenciai s, que condicionarão o futuro do país. Nesse con l x to ncbul o. o, tanto o governo quanto a oposição procuram urna res posta para a s uintc questão: o que ocorrerá se no próximo mês de outubro vcn c r o conjunt o das forças qu s • opõem ao caudilho? Essa questão se torna cogente ao saber-se qu a ala chavi sta do 'X r ·ito não admitirá que o poder passe para as mãos da opos ição, nem mesmo I ara o dom ín io
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Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo @terra .com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Junho de 2012:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
de civi s que apoiam Chávez. A Ven ezuela fica, assim, em peri go de vir a ser assolada por uma vio l " ncia descontrol ada e sanguinári a. Que refl exos isso terá nas nações v iz.inhas? Ademais, está em vigor entre Venezuela e Cuba, desde o ano 2000, urn " 'onvênio de Cooperação Integral" que concede à ilha-pri são os benefícios mai s c1hsurdos. E não é pl ausível que os irmãos Castro consintam em perder essas r ·galius, out orgadas ao regime cubano há mai s de uma década. N a Argentin a, a presidente Cristina Kirchner con ·eguiu r bro passado, dev ido à divi são cio s partid o opo icioni sta s opos itores, aparentemente por meio de concessões . Após a vitória, o governo Kirchn er, domin ado por uma " · m hria 'li •z, d· poder" análoga à que alucinou Chávez, inicio u um ataque virul •111 0 ·ontl'il institui ções privadas, como, por exemplo, o jornal opos icio ni sta " lar 11 ". /\titud ·s totalitárias que " contagiaram" a B olívi a e o Eq uador. Em meio a essa preocupante onda mar x isto i I st;11i z,ant ·, o utua l >ov •rno peru ano, que durante a campanha eleitora l d · sp · rtava f'unduda s pr •o ·upac;<i 'S, inc luiu no Conselho de Mini stros fi g uras d vórius t •11d ·11 ·ia s, 1tt1ts 11110 d ' pos ições ideo lógicas radicais de esq uer la. Com essa atitude, alcançou ele níve is h · m sa1isf'a1 )rios de ' l'l'.S ·in1 ·nto • ·onômico . E a tranquilidade po líti co-so ·ial cr ·s ·' a 11 1•cliclu qu • o •ov ·rno d ' Lim a se distancia das forças de esquerda . 1 od · -s' diz, ' r qu ', junl tllll ·nt ' com a o lômbia , o Peru é um dos países sul -ameri ·a nos 0111 111 · lhor ·s perspectivas. Peçamo a N ossa Senhora d , uadalup ', Pa lroeira da Am érica Latina, que conceda gr aças espec iai s a seus lilhos, no sentido de fortalecê- los no combate contra-revolucionári o. O bom cornbat lega l pacílico, ma dec idido e atuante, co ntra o plano de impl antação ci o tota litari smo marxi sta em nosso Continente.
"vitória pudim", futuro ameaçador A vitória inconsistente do socialismo soou co1no o início de uina corrida louca das esquerdas para caotizar a (i:uropa e só Foi possível graças ao "Sarkocíctio"
M ARCE LO D uFAUR
N
o di a 6 ele abri l_últim o, Fran ço is ~ o ll_a ncle, canclAid ato pres 1cl enc 1al d o Partid o Soc ia l i sta Fran ces (PS), compareceu di ante ela multidão que comemorava sua v i tó ri a na hi stóri ca Praça ela B astilh a. Contudo, a co nhec ida rev ista alemã " D er Spiegel" 1 comento u que, di ante daquela praça cheia, o vencedor sentiu um ca lafri o e um desabamento psicológico. O normal seria que estivessem ali os co ntinuad ores dos sanguin ári os san.s-
culotte que incendiaram a França cio Ancien Rég ime, gui lhotinaram o rei Luis XVI e f echaram a igrej as - os verd adeiros socialistas inimjgos da desi guaJdade - da famíli a e da propriedade. M as não fo i assim. Quais eram as bandeiras que a multidão agitava? A s de países islâmicos, de movimentos homossex uais, da Uni ão Europeia, do Partido Comu-
nista Francês, uma ou outra bandeira nacional, e poucas, muito poucas, cio próprio PS (fotos abaixo). A escassa vi sibilidade destas últim as talvez se eleva ao fato de a campanha sociali sta ter trocado sua históri ca cor vermelha pelo branco, ou a mi stura ele branco com azu l-bebê. Durante sua campanha, H o llancle qui s assemelhar-se a seu predecessor sociali sta Franço is Mitterrand : assumiu seus gestos e poses, tentou imitar sua voz. M as naquele momento a corage m lhe fa ltou.
"Vitória pudim " Apelidado por al guns ele Flanby em alu são a um pudim indu stria l ela N estlé, ele fraca consi stência e pouco sabor - , H oll ande presidiu à comemoração de uma " vitória pudim", tão consistente qu anto a im agem qu e ele tentou passar de si para obter a benevol ência cio el eitorado. " Mon sieur Normal" - outro apelativo que lhe foi dado - tem experi ência política suficiente para
D esej o a tod os uma pro fícua e esclarecedora leitura.
Em Jesus e Maria,
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DI RETOR
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catol ici sm o@ terra.co m .l)J'
JUNH02012-
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med ir a falta ele conteúdo ele sua vitória. Ele não venceu porque suas ide ias, propostas ou preferências conqui staram os franceses; a causa ele sua vitória foi uma só: aqu ilo que um jornali sta chileno sintetizou numa palavra: Sarkocídio!2 O Partido Socialista não só não progrediu numericamente, mas diluiu seu pensamento e seus objetivos apare ntes, a ponto ele causar entre as esq uerd as mundi ais o pânico ele Hollancle vir a ser "o derradeiro coveiro dos partidos socia-
No govern o, o Partido Socialista tentará certamente ap rovar o "casamento" homossexual , indo alé m ela atual uni ão c ivil , atacar o ens in o privado - que revela ter boa saúde dentro elas brutais limitações impostas por governos anteriores - e ace ntuar a ofensiva pela e utanás ia. Quando isso se der, se rá indi spensável uma articulação sensata elas direitas francesas para conter a ofens iva sociali sta. Portanto, o oposto da política Sarkocídio. Terão as di re itas francesas, tão diversificadas e divididas, sufic ie nte larg ueza ele vistas para se co li ga rem contra o inimi go comum?
listas e social-democratas europeus ".3 A maioria si lenc iosa ela França continua sendo uma significativa maiori a e talvez mais arred ia às propostas revolu c ionári as cio que nunca. Uma elas provas mais comentadas di sso foi o cresc imento hi stórico ela chamada "extrema direita", o Front National, bem como a recuperação ele votos ele Sarkozy na reta final ela campanha, ag itando - sinceramente ou não - teses ou slogans cio Front National.
Esquerclas em'ol)eias relançam a o/'e11siva
A dil'cita majoritál'ia pmticou haralâl'i Os números não fo ram tranquilizadores para o Flanby, pois, no cômputo final , ape nas 39% cio eleitorado votaram nele. E não só sua vitória fo i obtida com uma margem ele votos considerada pequena ( l.1 3 1 milhão) como 2. 147 milhões ele ele itores - na sua maioria ele direita, descontentes com as promessas não cumpridas cio presidente derrotado - votaram em branco, quase o dobro ela margem ela vitória. Embora na França o voto não seja obrigatóri o, esses direitistas quiseram ir votar em sin al ele protesto. Ouvi essa co nversa no domingo ela votação: "Como teremos de escolher entre
"Monsieur Normal": Framjois Hollande, novo presidente francês
dois demônios, votarem.os em branco para fa zer sentir nossa revolta diante da falta de opção",
O novo presidente soc iali sta dec laro u: "Meu \P rdadeiro inimigo é o mundo dasjinanças". A crise finan c ira qu de-
Se e les tivessem sido mais esclarecidos, votando contra a esquerda e deixando o protesto para depois, Hollancle teria perdido - cúmulo ela vergonha! - para o antipatizado Nicolas Sarkozy ! Estatisticamente, se o eleitorado ele direita que no primeiro turno não votou em Sarkozy o tivesse fe ito na mesma proporção que o e leitorado ele extrema-esq uerda que votou por Hollancle, o candidato ela direita teria sido reeleito. Neste sentido, o mai s certo não é dizer que a esquerda ganhou, mas que, embora majoritária e em progressão, a direita praticou harakiri. E o candidato "pudim" se tornou presidente! Compreende-se que diante ela tendência à direita ela opinião francesa, Hollancle tenha escolhido a imagem cio "pudim" e substituído o vermelho pelo branco e azul -bebê.
vasta Europa deixou os bancos na d pendê nc ia d auxílios dos governos ou organismos intern ac ionai s. A f"rá il situação deles pode propicia r naciona li zações co mo Fran ço is Mitterrand tentou na década de 1980. Hollandc va i ser mui to apl audido pelas esquerdas no prim iro d ia. Mas, cm pouco tempo, poderá ser mais vitup rado qu seu mes tre e obri gado a reprivatizar urg ntcmcntc o que nac ionali zo u num ato ele e ufo ri a sociali sta utóp ica. Se o novo preside nte cumprir suas sedutoras e utópicas promessas, levará a j á muito fragi li zada econom ia francesa à degringolada, tendo então que pedir fortes sacrifíc ios a seus seguidores, que não q uere m saber disso. Se não as cu mprir, o PS, último reduto partidário viável elas esq uerdas, afundará. Em qualq uer caso, uma elas consequênc ias já anunciada é que seu fracasso e ngrossará cada vez mais as hoje exten. as fileiras ela "ex trema direita".
Dilema de llollande Mas a imensa revol ução que os ideólogos oc ia li stas e o próprio Holl ancle acalentam não se faz ·com "pudim" e azu lbe bê. É fác il , simpático e rentável falar mal ela austeridade, prometer menos horas ele trabalho, aposentadoria mais cedo, salários mais a ltos, bolsas para tudo e qualquer coisa. Era o que a multidão ele lata de cerveja na mão, na Praça da Bastilha, queria ouv ir e ovacionava. Mas essa multidão já não era mais a cios transloucaclos sans-culotte, dispostos a passar penúria ou dar a vicia pela Liberté-Égalité-Fraternité que aquela mesma praça relembra!
CATOLIC ISMO
A fraqueza ela "v itóri a pudim" ele Ho ll ancle não fo i devidamente focalizada pela mídia internac io na l. O viés info rmativo ela grande mídia funcionou como a batuta ele maestro que clá ini cio a um a partitura endi abrada. Assim, animados pelo "sucesso" francês, os " indi gnados" espanh óis voltaram à Porta cio So l e a outras praças ela Espa nh a. Desconhecidos te rrori stas ita li anos lan ça ram coqueteis rnolo!ov co ntra prédios do governo, considerados por e les co mo e mbl e mas od iosos ela a uster idade. A c hanceler Angela Merkel , símbo lo ela política ele reergue r as eco nom ias, perdeu em recentes ele ições o contro le ela mais importante região a lemã, ve ndo entrar em Parlamento estadual até o anárquico Partido Pirata. A ingovern ab iliclacle ela Grécia ap roxima a hora em que ela será forçada pelos ele-
mais países da eurozona a abandonar o e uro. Se tal saída for feita ele modo ordenado, poderá ser benéfica a longo prazo, mas terá, ele imed iato, consequências duríssimas para os gregos. Ademais , se a desconfiança prevalecer nos mercados, a notória ausência ele soliclari eclacle na e urozona poderá provocar um pâ ni co bancário o u pelo menos uma emi gração maçiça cios depósitos nos bancos cios países fragilizados cio sul para bancos ele países cio norte, cons iderados mais seguros. O que semearia o caos financeiro em toda a Europa, a começar por Portugal, Espanha e Itália, cuj as economi as já deram estalos relacionados co m o montante ele suas dívidas, o aumento in exo rável cio desemprego e o estancamento da atividade econôm ica. A vitória ele Ho ll ande parece ter dado a largada ele uma corrida louca elas esq uerdas para abalar o que resta ele o rdem na Europa. Não terá sido a primeira vez que um fato pobre de conteúdo, mas aprese ntado ele modo tendencioso pela imprensa, gera uma tempestade ele conseq uê nc ias imprevisíveis. • E-mail para o autor: catolicismo @terra. com.br
Notas: 1.http://www.spi egc l .deli nternat ional/eu rope/a naIys is-o f-election-v icrory o f- french-prcs icle nt- fran -oi s- ho l l ancle-a-83 1762.htm l 2. http://blogs.el111ercuri o.co111/colu111nasyca rtas/20 12/05/08/sarkociclio.asp 3. ht lp ://expresso. sapo. pt/clan iel-ol i vei ra-a nt es- pelo-co ntrari o=s25282
Revolução Cultllral: via l'égia /)ara llollamlc Os governos europeus foram delegando atribui çõ ·s ·nda vez maiores à União E uropeia, tornando com isso ·strl'it a a margem de manobra ele Hollande. Entreta nto, vuil' nd o :.. · do prestígio que todo pres idente francês tem - ·u, io~o l'l'O na F rança republicana cio prestígio real na Frn1H;11 111111111rq11ica - e le poderá imi scu ir-se em praticam ' lll l' lrn lrn, rn, 11ss11ntos ele governo.
JUN!-10 20 1 2 -
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Meu marido estava com dificuldade de encontra r um novo emprego que fosse melhor que o anterior. E le ficou c inco meses procurando, e nada. M as quando passamos a rezar junto o te rço, j á no quarto di a ele encontrou um ót imo emprego, o nde está firm e até hoje. Escrevo para agradecer à nos a Mãe ele Céu que nos proporcionou o Rosário co mo meio para alcançar tantas graças. Divulgo este fato com mi nhas amigas ela igreja e, quando conto isso, cada um a tem uma hi stóri a mil agrosa para conta r ele favores conseguidos co m o Rosário . (T.A.D.-PR)
Ji'ruto <lo Rosário Me<lita<lo 181 F ico a cada mês s urpreso com as le ituras que a revista nos oferece. Neste mês fo i com o Rosári o Meditado. Rezava o Rosário, mas sem meditação e a lgumas vezes distraidame nte. Mas ontem ex perimente i rezá-lo lendo as meditações. Demorou mais, mas lucre i muito mai s ainda. Para faci litar e pode r rezar e m qualquer lugar em que eu estiver, tire i xerox das meditações propostas por Plínio Corrêa de Oliveira para levar no bol so. Agora estou pensando em fazer uso del as, co mo uma nova ex peri ência, rezando o terço com a família. Estou torcendo para que dê certo. (1.G.D. -
MG)
Cmza<la <lo Rosário 181 Se no passado tantas conqui stas para a Igreja foram obtidas com a reza do Rosário, por que em nossos di as vemos poucas conquistas? Acho que é porque rezamos pouco . Temos que propagar com insistênci a este importante recurso que Mari a Santíssima comun icou a São · Domingos de Gusmão, mas que val e para todos cató licos como " uma fulminante arma espiritual", conforme escreveram. E também para ate nder aos pedidos ele Nossa Senhora ele Fátima. Parabéns e avante com a "Cruzada cio Rosári o" ! (M.F. - RJ)
CATO LICISMO
Luta co11trn o ja11se11ismo 181 Somente hoje encontrei tempo para concluir a leitura do excelente artigo sobre o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís M ari a Gri gnion ele Montfort, e gostari a de saber algo mai s sobre a luta contra a heresia jansenista, o que o autor [Plínio M ari a Solimeo] classifica como "uma espécie de protestantismo camuf lado " . M ais propriamente, gostaria ele conhecer que obstáculo tal heresia representou na missão cio santo Montfort. (LA.E. -SP)
nessa diocese, o Padre Montfort proj eto u e rig ir na cidade um ca lvário , "para gravar nos corações o arnor a um Deus crucificado". Isto levan to u um clamor cios jansenistas locais, que apel aram ao bispo. D . Desmaretz, que estava na cidade, chamou então o Padre Montfort a uma sa la ela casa paroquial , e proibiucategoricamente ele continuar a pregar e m s ua di ocese. Estava também presente o reitor ela ig reja loca l, que não ace ito u essa iniquidade. Ele ped iu ao bi . po que permiti sse ao sa nto pelo meno pregar a missão projetada em Bréal. A contragosto o prelado consentiu , contant que o missionário deixasse depoi s sua diocese. A bem ela verclacle, esse bispo depois se convetteu à autêntica cloulJ·ina católica, tendo se submetido, em 1727, à onstituição Apostólica Unig enitus (ele 8-91713), que condenou o jansenismo. Ele se empenhou então a em1 re ncler um contra-ataque ortodoxo na d iocese ele Saint Maio, onde por sua I osição anterior havia fe ito tanto ma l. (Cfr. Marie-Emmanu li oí.ieL, Mgr De maretz - eigneur-Évêque le Sai ntM a io ( 1702- 1739) : du janséni sme à l'o1thocloxie, Persé , Histoire, économie et société,Année 1999, Vol. 18, Nº3, pp.467487).
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Resposta do autor do artigo, Plinio Maria Solimeo:
Aqueles que "lavam as mãos"
Para te rmos uma ide ia ela lu ta que São L uís Mari a Grig ni o n ele Montfort teve ele e nfrentar com os bi spos j an. enistas, e nvio somente um exemplo. Em meados de setembro ele 1707 , o aguerrido mi ss io nário foi pregar na diocese ele Saint M alo , na B retanh a. Ora, o bi spo loca l, D. Vi cente Franc isco Desmaretz, sobrinho do poderoso João Batista Colbert, mini stro do re i Luís XIV, era um ardente janseni sta. E por isso contrário à pregação do Padre Montfort, que procurava instruir os fiéis sobre a devoção à Santíssima Virgem, aos Anjos, e a São José. No início ele sua missão em Bréal,
No Brasil, as autoridades querem impor o aborto na marra, apesar ela oposição da maioria dos brasileiros. Os deputados não quere m desagradar essa maioria para não perder votos; o governo "lava as mãos", mas dá livre cu rso ao Supremo Tribunal Federal para leg islar, passando por cima de cl áusulas I trcas. As autoridades emitem verdadeiros "decretos", como e o Brasil ross • diri 1 ido por uma ditadura. Quanlo ao tk·sr •spcito às Leis ele Deus, usa m o pr ·texlo pílio cio chamado Estado 1-ti ·o, o q1111 I nno tem que se submeter à R ·Ii1•i1ío, rn11 11> Sl' legislassem não poni 11111 p1>v1> c1i~l 1h >, mas para um povo ·011 qH>S l11 so 1111·1>l l' de
ateus. Para sobrecarregar nossas dificuldades na luta contra o aborto temos o silênc io de muitos que deveriam defender a boa causa. Realmente a CNBB foi muito omissa, poi s ter ia pod e r ele mobili zação cios católicos ele norte a sul do País, mas também " lavou as mãos". Entretanto ela não mede esforços para lutar pelo " meio ambiente", para "salvar a água do planeta" e outras "bandeiras" próprias ele Ongs ambientali stas. Vamos rezar para que a CNBB, a prutir de agora, passe a não medir esforços também na luta contra o abo1to. (H.C.C. - RJ)
Co11tl'a a agenda homossexual Meus pru:abéns aos jovens que pru·ti cipru·am da "Cruzada pela Família", do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, que corajosamente saíram pelas ruas em São Paulo e outras cidades para proporcionar a nós brasileiros um livrinho tão bom quanto este do Padre David Francisq uini , a fim de freai· a expansão do homossexuali smo. Só víamos tal propaganda, ningué m (ou quase ninguém) tinha coragem de falar contra o homossex uali smo. Mas agora esses jovens deram a arrancada e muitos na minha cidade (por onde eles passaram) já começam a ficar desconfiados e outros a falar cl aramente contra esse pecado tão horrível. Não podemos ficar de braços cru zados, mas "fazer uma Cru zada", porque, cio cont:rário, nossa nação vai transformru·-se em uma Socloma ou Gomorra. (I.E.S.A. -
ES)
Enaltecen<lo a Cl'uz Muito a lentador o artigo [A Cruz de Cristo, a quem incomoda? ] sobre a proibição de crucifixos no Ri o Grande cio Su l. Artigo que, além ela segurança re li giosa de seu autor [Frederico R. de Abranches Vioti] , deixou transparecer conhec imentos jurídicos. Se não bastasse, informou sobre as boas reações que se fazem sentir no RS - como a ela Associação ele Mag istrados Católicos e outros pares que se indignaram
com a injustiça ali fe ita, devido à obrigação de retirar os cru cifixos. E ram justamente reações ilustres como estas o que o Brasil esperava; que elas se multipliquem. Afinal, parece que a honra ai nda não desertou e se fez presente nestes membros corajosos da Magistratura de nossa Pátria. E m honra à Santa C ru z e em desagravo ao Divino C ruc ificado, pelo que fizeram no RS , compus este so neto :
I Consta que remontai s e ntão à Antig uidade, Ére is, poi s, o suplício e nfim dos conde nados. Hoje so is, afinal , lába ro da C ri standade, Desde o Gólgota, s im , · um símbolo sagrado. [I
Portanto, qual o verbo a vos ena ltecer, Q uando todo o orbe j á vos tributa lo uvor? Co ntemplar-vos e m silêncio, poi s o que dizer? E somente excl amar: bendito o Redentor!
m P1:esente, be m estai s, na vida, em campanári os, Nos claustros, cated rais e também nos sacrários, E m ordens reli giosas e órgãos temporai s.
FRASES SELECIO NADAS
"O Coração áe Jesus é o princípio do Coração áe Maria.; como o Crúufur é o princípio da criatura e o Coração áe.Maria é a origem do Coração áe Jesus seu Filho". (S êíojolfo 5 ucles)
"O cufto ao Sagrado
Coração é a quintessência. do cristianismo, o compêncfio e sumário áe toda a Religião". (c cwcleC!L PÍ-e)
"Aquefe que conhece Cristo, mas descuida áe sua fei e áe seus preceitos, ainda poáe ganhar do seu Sagrado Coração a chama da cariáade". (Leêí o X III )
IV Tendes harmonia com toda a natureza, Aos anj os bon s atraís com ple na certeza. Aos maus, para bem longe é certo que afastais. (G.S. -CE)
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Pergunta l - Nasci numa família católica; frequento regularmente as missas aos domingos; gosto de ler os documentos da Igreja: encíclicas, homilias dos papas e o Catecismo da Igreja Católica. Minha "ex-esposa" é muito religiosa: assiste missas, comunga e reza o terço diariamente. Estamos separados de fato há quatro anos; a iniciativa de sair do lar foi dela, alegando que tenho graves distúrbios psiquiátricos. Após dois anos de separados de fato, entrei com ação de divórcio. Ela concordou com a partilha dos bens. Entretanto ela se opõe a divorciar-se por ser "pecado". E usa de todos os meios jurídicos para manter seus "direitos de casada". Então pergunto: a doutrina da Igreja é contrária ao divórcio, por entender que o casamento é uma instituição divina; entretanto, o divórcio é consequência da ruptura da vida conjugal: primeiro rompe-se a vida conjugal, depois se divorcia. O divórcio é a formalidade legal de uma união conjugal desfeita. A questão central é: a Igreja é contrária ao divórcio, ou à ruptura da vida conjugal? P.S. - O que é danoso para todos, em especial aos filhos, é a ruptura conjugal. O divórcio (uma formalidade civil) não modifica em nada a vida dos separados. Manter o vínculo civil somente serve para gerar mais conflitos entre os ex-cônjuges. A Igreja deveria rever sua posição sobre o vocábulo divórcio.
Resposta - Para respo nder à consulta, é prec iso prime iro c larifica r os conceitos. A Igrej a é contrária ao di vórcio porque ele signi fica a ruptura do vínculo conjugi:1l. A Igreja ·empre ad mi tiu , em caso de necessidade, a separação conjugal, não porém a ruptu ra do víncul o conjugal. Com a procla mação da República e o surg imento do Estado laico, introd uziu-se o casamento civil, com os efeitos civi s correspondentes. A aprovação do di vórcio no Bfasil, em 1977, autorizo u a dissolução do vínculo conjugal. Sucede, porém, que a ind issolubilidade do matrimônio é de Di reito natural, isto é, decorre da natureza racional do homem (cfr. Santo Tomás de Aq ui no, Suma Teológica, 1-II, q. 94, a. 5, ad 3). Assim sendo, vale para todos os homens, qualquer que seja a sua religião1 até mesmo para os pagãos. Nessas condições, o vínc ulo conjugal só se ro mpe com a morte de um dos cônjuges. Ne m o Papa pode dis olver um matrimônio, em vista do estabe lecido por Nosso Senhor Jesus Cri sto: "Quod ergo Deus coniunxit, homo non separei" (O que Deus uniu , o ho mem não separe - M t 19,6). Daí que a Igrej a não faz anul ação de casamentos; o que ela pode fazer é uma declaração de nuli dade; isto é, o reconhec imento de que determinados casamentos, por causas bem definid as, fora m nulos desde o in íc io .
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CATO LI C ISMO
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Monse nhor JOSÉ LUIZ VILLAC
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Qu ando fo i a prov ad a a lei cio divó rc io no Bras il , fo i mantida a instituição da separação j udicial, que correspondi a ao que até então se chamava desquite, o qua l não dá dire ito a um novo casamento. O vínculo civil permanecia. A separação judic ial constituía uma etapa prévia para a concessão do divórcio, depois de decorrido determinado prazo. Com o te mpo, esse prazo foi sendo gradualmente redu zido e as fo rmalidades legais simplifi cadas, com vi stas a fac ili tar a obte nção do divórc io: este significava o rompime nto cio vínc ulo conjugal e, em conseq uência, os "ex-cônjuges" ficava m autori zados a contrair no vo casa ment9 ci vil. O que é inace itáve l, p o is se nd o o ma tr imô ni o de Dire ito natura l, e le é indisso lú vel para todos, como ac ima fo i explicado. Po rtanto, o miss ivi sta faz bem em colocar as pas quando se refere a sua "ex-esposa" . E mbora separado judic ialmente, ela continua e ndo sua legítima esposa ... E le ago'ra quer tra nsformar a separação judic ial em divó rc io, com a alegação de que "manter o vínculo civil so-
mente serve para gerar mais conflitos entre os ex-cônjuges". Ora, como fo i dito, o vínc ul o civil res ultante do contrato matrimoni al, mesmo para os não cató licos é indi ssolúve l. Com mais fo rte razão o é para os católicos, posto que Nosso Senhor Jesus Cri sto elevou o matrimôni o à categori a de sacramento. Assim , não tem sentido um cató li co ple itea r adissolução do vínculo civil, imaginando que, desse modo, seu
Não obstante, a e menda deu ori gem a uma dúvida entre os operadores cio dire ito sobre se o própri o institu to da separação j udicial teria deixado de ex istir. Um espec ia li sta em D ire ito de Família, R icardo Za mario la, o pina que a emenda
matrimônio fica desfeito. Sendo o missivista cató lico, e afir-
é clara, e acabou com a possibilidade da separação judicial.
[...] começaram a colocar questões que, até então, não eram
mando que continua a levar uma vida de cató lico praticante, ele deve te r prese nte que, mes mo eparado j ud icia lme nte o vínculo conjugal com sua esposa permanece. Assim , não há por que imaginar que a disso lução cio vín ulo c ivil , autorizada pela le i positi va do di vórcio - não, porém, pela Lei natu ral e pela Lei ele De us - alteraria no q ue que r q ue seja a situação e ajudaria a e vitar conflito ! Ademais, o apelo do mi s ivista ao d ivórc io só teria sentido se ele estivesse planej ando contrair novo matrimôni o civil , o que Jhe seri a il ícito, co m a conseq uênc ia imedi ata de não poder mais receber os sacra mentos. Todo o teor ela carta do consulente não auto ri za a pensar que seja essa a sua intenção e, portanto, não há por que demandar o divó rc io, estando j á sua situação perfe itame nte legalizada perante a Igreja e o Estado. E mui to menos sugerir que "a Igrej a deveria
E le considera q ue as m uda nças são pos iti vas porque tornam todo o processo ma is ráp ido e represe ntam um tre mend o avanço: "Ironicamente, ou curiosamente, a única condição para pedir o divórcio agora é estar casado, porque a emen-
colocadas pelo anarquismo clássico, como por exernplo, o amor livre, a maternidade livre e consciente, a livre união, o exercício livre do sexo [. .. ] e a emancipação da mulher (moral, sexual, política, econônúca, intelectual e cultural). [. .. ] O anarco-feminismo, por ser mais uma vertente do anarquismo, almej a a construção de uma sociedade não autoritária, baseada na cooperação, no cuidado, no apoio mútuo e no amor Livre. ·Ou seja, almeja o que muitas f erninistas chamam de femin ização da sociedade, o que, para as anarco~f'eministas , não pode ser alcançado na sociedade capitalista, onde há igualdade somente do pon.10 de vis/a fo rmal (liberalismo). Nesse sentido, o f eminismo não pode estar separado da Luta de classes e da ideia de Luta p ela construção de uma sociedade anárquica, onde igualdade e liberdade, assim como a vida comum entre todos os indivíduos, estariam presentes não só no discurso". Essa é a meta do divórcio sem peias e sem prazos, estabelec ido pe la E me nd a Co nsti tuc io na l nº 66, a cha mada
rever sua posição sobre o vocábulo divórcio".
"Emenda do amor"... livr e Como se acenou acima, a leg islação di vo rc ista fo i s' dcgràdanclo cada vez ma is com o correr cio t mpo. ( lÍ iti mo passo dado fo i em 13 de j ulho de 20 1O, m a pro n1 ul ,ação da E menda Constituc ional nº 66, que a bo liu a n · 'l'ssid ade de separação pré vi a para os casais que d 'S •j 11111 s · di vor ·iar, be m como extinguiu os prazos qu · rn111 ohri •1 1l (H ios para dar e ntrada no pedido.
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da eliminou todo e qualquer outro jJré-requisito estabelecido anteriorrnente " (apud Cesa r de Olive ira, Nov'a Lei do Divórcio acaba com a separação j udicial, Consultor Jurídico [www.conju r.co m.b1t 17 de julho de 20 10). Com isso, "tornou-se perfeitamente possível que um casal contraia matrimônio em um dia e se divorcie no dia seguinte (ou nos minutos seguintes!)", observa a rev ista "Jus Navigandi" (Com.entários acerca da Emenda Constitucional nº 66, edição ele julho de 20 J0). A mesma revista pondera que "se para uns a Emenda Conslüucional foi tida como um avanço, de rnaneira positiva, sendo até mesmo chamada de 'Emenda do amor', para outros ver(ficou-se uma banalização da família". Os q ue deram esse ape lido de "Emenda do amor" p;u·a a Emenda Const itu ci o na l nº 66 não ti veram corage m de exp licitar ele que amo r se trata; poré m fica claro, pe los come ntários ac im a tran c ritos, qu e se trata ci o amor li vre, propug nado por co muni stas e anarco-femini stas.
Amor l frre, comunismo e anar(Juismo A pro pós ito, escreve Sa ma nta Co lh ad o M e ndes, pósgraduancla da Faculdade ele Hi stóri a, Direito e Serviço Soc ial
da Universidade Estadu al Pauli sta Júli o de M esqu ita F ilho, do Campus de Franca, e m sua tese inti tulada Anarquismo e
f eminismo: as mulheres anarquistas em São Paulo na Primeira República ( 1889 - 1930): "As mulheres anarquistas
"Eme nda cio a mor" - a "Emenda do amo r li vre". O Brasil de hoje j á está introdu zido na era anarco-co muni sta cio amor li vre. Os católicos coerentes com a s ua fé devem não a penas fug ir de la, mas combatê- la. É para essa luta que convi do o missivista. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE. . . 200 mil pessoa,s agonizam em gulags da Coréia do Norte
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uzentos jornali stas estrangeiros fora m convidados a admirar, sob estrita vigilância, as reali zações do soc iali smo norte-coreano, inclusive seu centro espacial. Dentro de um luxuoso tre m eles puderam conte mplar encenações cuidadosamente montadas de assentamentos da reforma agrária. O emi ssário especial dos EU A para os direitos humanos na Coréia do Norte, Robert King, advertiu os jornali stas : "Os coreanos do Norte não vão lhes permitir ver o que acontece nos campos de concentração". E enquanto os repórteres se regalavam com lautos menus, e m Washington fo i apresentado espantoso relatóri o sobre o gulag nortecoreano: 200 mil homens, mulheres e crianças vivem como escravos, encarcerados sem julgamento ou vítimas de processos iníquos. Do tamanho de cidades, esses campos de concentração tê m "distritos de controle total" onde os pri sioneiros "irrecuperáveis" permanecem até morrer. Apenas três pessoas já consegui ram fu gir. •
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Milão: mais sobrenomes chineses do que italianos
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a Itáli a - onde, a exe mplo cio Brasil , os nascimentos já não repõem os falecimentos - , a crescente imigração chinesa legal e ilegal vai ocupando os vazios abertos pela limitação da natalidade. Nos registros da prefeitu ra da rica e popul o a cidade ele Milão, o sobrenome Ross i ainda ocupa o primeiro lugar, mas é logo seguido por Hu . Os 15 sobrenome mais regi trados naquela prefeitura são: Rossi, Hu , C he n, B ra mbill a, Z ho u, Wa ng, Wu , L in , Z ha ng, FumagaHi , L iu , Zhao, L i, Zhu e Zheng. Mas não são os únicos nomes estrangeiros. Mohamed, Ahmed e lb rahim estão e ntre os qu e c resce m, refl e tindo a imi gração de países islâmicos. Na vida real, os chineses dominam os came lôs ilegais, as lojas sem registro e as fábri cas clandestinas. •
Desastre deixa capital estadual venezuelana sem água
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Pai da 11 hipótese Gaia11 se retrata de seu alarmismo
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ames LoveJock (foto), criador da hi pótese segundo a qual a Terra seria um organi smo "vivo" apelidado "Gaia", ad mitiu que fo i "alarmista" a respeito de " mudança climática". E le afirmou que outros ambi entalistas fa mosos, como AI Gore, incidi ram no mesmo erro. Em 2006, Lovelock escreveu que "antes do fim deste século bilhões de homens terão morrido e os poucos casais que sobrevi verem.ficarão no Ártico, onde o clima ainda será tolerável ". Agora, explicou: "O problema é que não sabemos o que é que o clima vai f azer. Há 20 anos nós achávamos que sabíamos. Isso nos levou a escrever alguns li vros alannistas - o meu inclusive - porque parecia evidente, porém não aconteceu". Ambientalistas só puderam concordar, embora desani mados, com o mea culpa do guru . A crença nessas hipóteses está cada vez ma is desac reditada, sa lv o e ntre os fanatizados pela Ri o+20. •
CATO LIC ISMO
infraestrutura petrolífera da Venezuela cai aos pedaços desde que os técnicos ela estatal de petróleo PDVSA foram substi tuídos por adeptos fanatizados cio caudilho Hugo Chávez. Na cidade de Jusepin um oleoduto rachou, derramando 12 milhões de litros de petróleo no rio Guarapiche e provocando a "maior catástrof e mundial ocorrida em água doce" (foto), segundo especiali tas. A c idade de Maturin (400.000 habitantes), capital do Estado de Monagas, ficou sem água potável. O governo ilenciou a catástrofe. O governador do Estado, Gregorio B ricefío, fo i suspen, o cio partido chavista por "fraqueza ideológica". E le não quis autorizar a retirada de água cio rio por temor de que ela pudesse intox icar a população. Sob o regime sociali sta, a Venezuela, um cios países naturalmente mais rico da América Lati na, afunda na miséria como Cuba e dilapicla a fo nte de sua prosperidade. •
Apresentador de TV chinesa denuncia iogurtes contaminados
Z
hao Pu , apresentador habitual de programas vespertinos da TV estatal chinesa CCTV, desapareceu após alertar contra iogurtes adulte rados . E m 9 el e abril , Z hao d e nun c io u e m se u microblog (equiv a le nte ao Twitter) a gelatina tóxica presente em iogurtes e outros alimentos. Foi o último dia em que ele apareceu nas telas. A CCTV nada info rma sobre o seu paradeiro. A mensagem ele Zhao foi reenvi ada 130.000 vezes, antes de ser apagad a pela censura soc iali sta. A segurança alimentar é tema candente na China, após sucessivas intox icações coletivas acobertadas pelo regime marxista. O fatídico leite e m pó para crianças, adulterado com melamina, matou centenas delas e intoxicou cente nas de milhares ele bebês dentro e fo ra do país. •
Presidente de Gâmbia reieita condutas homossexuais " P
referimos comer capim que aceitar as condutas hom.ossexuais, atitudes más que são contra Deus, contra o homem e contra a Criação", respondeu Yahya Jammeh, pres idente de Gâmbi a, às ameaças de corte nas ajudas alimentícias feitas pelos EUA. A secretária ele Estado americana, Hillary Clinton, havia declarado que os "di reitos homossexuais" e os "direitos humanos" são "urna'só e mesma coisa". E o premiê bri tânico David Cameron havi a ameaçado países afri canos co m represáli as. Porém, líderes políticos e religiosos de diversos países desse continente repudi am as ameaças. Seg undo Jammeh, a lei de Gâmbi a está solidamente e nraizada na cultura e na religião do país, e a admi ssão de condutas homossexuais compromete a dignidade da nação e "insulta a Deus". Até pagãos e islâmicos como Jammeh revelam possuir mais moralidade do que os ocide ntais que renegaram Jesus Cristo e sua Igreja. •
Descobertos imensos aquíferos de água doce no Saara
M
apa geo lógico feito por cienti stas britânicos mostra a ex istência de uma "descomunal reserva de água subterrânea" debaixo do Saara. O volume de água ating iria 500 quatrilhões de litros, suficientes para alimentar a cidade ele São Paul o dura nte 4.453 anos se m re pos içã ci o aquífero. O volume é cem vezes maior do qu toda a água da superfície africana. As reservas atenderi am t s n • · ssidades de mais de 300 milhões de afri ca nos, in ·luindo a agricultura, segundo cientistas da British Geolo1-:il'(1I S111vey. O catastrofis mo ambientali sta in siste qu · a 6p1111 don· vui acabar no planeta, mas não te m id · ia du 11 1111 l' Xist ·111 • sob seus pés ... •
Repugnantes experiências com células de fetos abortados
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PepsiCo desistiu de procurar novos sabores utilizando células abortivas com o fi m de desenvolver aromatizantes para suas bebidas . A decisão foi tomada após milhares de pessoas aderire m ao bo icote pro movido pelo grupo anti -aborto Children of God f or L(fe e 34 outras associações pró- vida. De início, o "gigante" do setor de bebidas pareceu não ter dado tanta importância ao "anão" representado por esses grupos . M as depois "jogou a toalha". Os grupos mani festara m seu contentamento e receberam com cortesia o anúncio feito pela Pepsi. As abjetas experiências com células de fetos abortados eram efetuadas pela empresa Senomyx, contratada pela Pepsi. Até mulheres que praticaram o aborto mostraram-se horro rizadas com e las. •
Anglicanos aderem ao catolicismo
O
s anglicanos se voltam cada vez mais para o catolicismo, constituindo já um "êxodo". A cada mês, dezenas de pastores e centenas de fiéis abandonam a falsa Igreja da Inglaterra, assustados pela introdução de sacerdotisas e, proximamente, de "bispas" lésbicas. Segundo diversas pesquisas, metade dos anglicanos aprova o retorno à Igreja Católica. O salutar "contágio" estende-se a luteranos da América do Norte e da Escandinávia, que pediram para serem acolhidos pela Igreja Católica num Ordinariato semelhante ao dos exanglicanos. Estas conversões trazem "consequências negativas para o diálogo ecumênico e inter-religioso", alegam fontes "progressistas" católicas, como se esta razão tivesse mais importância que a salvação de incontáveis almas afundadas nas trevas do cisma e da heresia.
Expansão do catolicismo
na Coreia do Sul
N
a Coreia do Sul, a população passou de 23 para 48 milhões entre 1960 e 201 O. Os católicos crescem aproximadamente 3% ao ano, perfazem 11 % (5,5 milhões) da população, e podem chegar a 20% em 2020. Nesse período, os sacerdotes católicos coreanos aumentaram de 250 para 5.000. Mais de dois terços deles têm menos de 40 anos. Em 2011 foram batizados 134.562 catecúmenos, incluindo mais de 100.000 adultos que repudiaram o budismo. A Igreja Católica teve inicio na Coréia com alguns nobres que se converteram em Pequim no século XVIII. Retornando à sua pátria, os aristocratas coreanos propagaram a fé verdadeira. Os missionários só chegaram ao país em 1836, encontrando o terreno muito bem preparado para a boa nova. Houve ferozes perseguições e muitos martírios, mas o exemplo dos nobres foi empolgante, causando grande admiração. Muitos deles foram elevados à honra dos altares. Ainda hoje as elites sociais coreanas desempenham papel decisivo na expansão do catolicismo.
JUNHO2012 -
Promessas do Sagrado Coração de Jesus
■ PAULO ROBERTO CAMPOS
O
mês de junho é dedicado pela Igreja ao Sagrado Coração de Jesus. 1 Sua festa - no dia 15 visa honrar, e também reparar o adorável Coração pelos pecados cometidos, principalmente contra a Sagrada Eucaristia. No dia 7 da semana anterior comemorase a solene festividade de Corpus Christi (vide pp. 18 e 22). Por sua vez, no dia 16 a Igreja celebra 0 Imaculado Coração de Maria, que na Paixão de Nosso Senhor consolou e reparou o Sagrado Coração de Jesus perfurado pela lança de Longinos - ato simbólico da ingratidão da humanidade em relação Àquele que morreu para nossa salvação. Nesse sentido, é muito significativa a jaculatória da Ladainha do Sagrado Coração de Jesus: Coração de Je] sus atravessado pela lança - Tende 8 piedade de n6s! Bem como a jaculatória da Ladainha do Imaculado Coração de Maria: Coração de Maria, acabrunhado de aflição durante a Paixão de Jesus Cristo - Rogai por nós! dessa devoção é através daquela tributaNão poderíamos deixar assim de de-· da ao Imaculado Coração de Maria. Dedicar algumas páginas a tão admiráveis voções tão inseparáveis que São João e preciosas celebrações da piedade caEudes as invocava no singular: "o Satólica, augurando que elas sirvam para grado Coração de Jesus e Maria". incrementar nos corações dos leitores de Catolicismo uma particular devoção ao A grande promessa do Sagrado Coração Sagrado Coração de Jesus, que tanto amou os homens. Cientes de que o meNo dia 16 de junho de 1675, aparelhor meio para a obtenção da plenitude cendo a Santa Margarida Maria Ataco-
por suas irreverências, sacrilégios e pelas indiferenças e desprezos que têm por Mim no Sacramento do amor. Mas o que Me é ainda mais penoso é que corações que Me são consagrados agem assim. "Por isso, Eu te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa especial para honrar meu Coração, comungando-se neste dia e.fazendo-Lhe um ato de reparação, em satisfação das ofensas recebidas durante o tempo que estive exposto nos altares. Eu te prometo também que meu Coração se dilatará para distribuir com abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que Lhe prestem culto e que procurem que este Lhe seja prestado". 2 Nosso Senhor prometeu a Santa Margarida Maria que concederia a graça da penitência final para todos aqueles que durante nove meses seguidos comungarem na primeira sexta-feira. Ou seja, não morrerão em pecado, recebendo a garantia da salvação eterna. Esta é conhecida como a "A Grande Promessa'? embora existam outras 11 admiráveis promessas.
As 12 Promessas aos devotos do Sagrado Coração
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que (1647-1690) no Convento da Visitação de Santa Maria, em Paray-le-Monia/ (França), e apontando para o seu próprio coração, Nosso Senhor lhe disse: "Eis aqui o Co ração que ta nto amou os homens, que não fJOIIJJOU nada até esgotar-se e co 11.rn111ir-,çe, para testemunhar-lhes seu amor; e, por reconhecimento, ,u7o rc1n•he da maior parte deles se,u7o i11,.:mtidões,
Reveladas a Santa Margarida Maria Alacoque, as 12 Promessas do Sagrado Coração de Jesus são profundamente tocantes e sublimes. Convém que sejam meditadas pelo leitor, pois maior incentivo para o progresso na virtude e aumento do desejo de salvação parece impossível. 1ª) Às pessoas consagradas ao meu Coração darei as graças necessárias para o seu estado; 2ª) Darei paz às suas famílias; 3ª) Eu as consolarei nas suas aflições; 4ª) Serei o seu amparo e seguro refúgio ao longo da vida e particularmente na hora da mone; 5ª) Derramarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos diários; 6ª) Os pecadores encontrarão no meu Coração a fonte e o oceano infinito de misericórdia; 7ª) As almas tíbias tornar-se-ão .fervorosas; 8ª) As almas fervorosas elevar-se-ão rapidamente a uma grande perfeição; 9ª) Abençoarei os lares onde a imagem do meu Sagrado Coração esteja exposta e seja honrada; 10ª) Darei aos sacerdotes a graça de mover os corações empedernidos; 11 ª) As pessoas que propaguem esta devoção terão o seu nome inscrito no meu Coração e dali nunca será apagado; 12ª) E eu prometo [esta é conhecida como "a grande promessa"], no excesso de miseric6rdia do meu Coração, que o meu Amor Todo-Poderoso concederá a todos aqueles que comunguem nas nove primeiras sextas-.{eiras de cada mês de modo consecutivo, a graça da perseverança final, a salvação eterna. 4
8.
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Consagrnção ao Sagrndo C01·ação de Jesus A primeira promessa sugere a consagração ao Sacratíssimo Coração de Jesus. Para aq ue les que desejarem se consagrar, eis a fórmula composta por Santa Margarida Maria Alacoque: "Eu, [mencionar o nome], dou e consagro ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e dores, não querendo servir-me de parte alguma de meu ser, senão para honráLo, amá-Lo e glorificá-Lo. É esta a minha vontade irrevogável: pertencer-Vos e fazer tudo por vosso amor, renunciando completamente ao que não for do vosso agrado. Eu Vos tomo, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e inconstância, reparador de todos os meus defeitos e asilo seguro na hora da morte. Sede, ó Coração de bondade, minha justificação para com Deus vosso Pai, afastai de mim os castigos de vossa justa cólera. Ó Coração de amor, ponho em Vós toda a minha confiança, pois tudo receio de minha fraqueza e malícia, mas tudo espero da vossa bondade. Destruí em mim tudo o que vos possa desagradar ou resistir. Que o vosso puro amor se grave tão profundamente no meu coração, que eu não possa jamais vos esquecer, nem me separar de Vós. Suplico-vos também, por vossa suma bondade, que o meu nome seja escrito em Vosso Coração, pois eu quero fazer consistir toda minha felicidade e minha glória em viver e morrer convosco na qualidade de vosso escravo. Assim seja!"
reconhece perante o mundo inteiro a Soberana Realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo. Um belo exemplo nesse sentido foi a "Consagração Cívica Nacional", efetuada no Brasil nos idos de 1955. (vide quadro na página ao lado).
O "Detente" do Sagrado Coração de Jesus "Detente" ou "Escudo" - popularmente conhecido como "bentinho" é um distintivo (pequeno brasão como o da foto ao lado) com a imagem do Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo circundado com a frase: Alto! O Coração de Jesus está comigo. Venha a nós o Vosso Reino! Trata-se de uma particular proteção contra todos os perigos. Proteção mai s do que nunca necessária em nossos dias e que se estende a todos aqueles que portarem o "Detente". Levando conosco esse distintivo, estamos como que constantemente reafirmando o que escreveu São Paulo Apóstolo em sua epístola aos Romanos: Se Deus está conosco, quem estará contra nós? O hábito de portar o "Detente" nasceu e se espalhou a partir de uma carta de Santa Margarida Maria Alacoque (datada de 2 de março de 1686) à Madre Saumaise, sua Superiora: "Nosso Senhor deseja que a Senhora mande fa zer uns escudos com a imagem de seu Sagrado Coração, a fim de que todos aqueles que queiram oferecer-Lhe uma homenagem, os coloquem em suas casas; e uns me-
nores, para as pessoas levarem consigo". s Entre milhares de fatos prodigiosos, um caso recente (aliás, noticiado na edição anterior desta revista) demonstra a especial proteção oriunda do uso do "Detente": Iván Castro Canovaca, soldado da Legião Espanhola em serviço no Afeganistão, foi mortalmente atingido por uma arma de fogo. Em razão dos ferimentos, os médicos julgaram que deveria ter morrido em pouco tempo. Mas sobreviveu. Iván levava consigo o "Detente" ... *
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O Sagrado Coração parece ser a maior manifestação do desejo divino de renovar a sociedade e salvar todos os homens. É o que podemos concluir do exposto neste artigo. Confirmam-no também as incisivas palavras dirigidas pelo Bem-aventurado Papa Pio IX (1846-1878) ao fundador dos Missionários do Coração de Jesus , Padre Jules Chevalier: "A Igreja e a sociedade ncio têm outra esperança senão no Sagrado Coração de Jesus; é Ele que curará todos nossos males. Pregai e difundi por todas as partes a devoção ao Sagrado Coração, ela será a salvação para o mundo". 6 • E-mail para o autor: catolicismo@ terra.com.br Notas: 1. A festa do Sagrado Coração de Jesus foi apro-
vada pelo Papa Clemente XIII em 1765 para algumas dioceses. Depois foi estendida a toda a Tgreja pelo Bem-aventurado Papa Pio IX, no dia 23 de agosto de 1856, com o decreto da Congregação dos Ritos. No começo do século XX, Leão XJTI consagrou todo o gênero humano ao Sacratíssimo Coração de Jesus. Em 1928, Pio XI definiu a festa do Sagrado Coração como a característica de nossos tempos. 2. Saint e Marguerire Marie, Sa vie écrite par el/emême, Edições Saint Paul, Paris, 1947, pp. 70-71. lmprimatur de M. P. Georgius Petit, Bispo de Verdun. 3. É bom relembrar que não existe salvação automática. Para alcançar a salvação eterna, há necessidade também de não se transgredir os 1O Mandamentos da Lei de Deus. 4. Seria supérfluo dizer que para receber a -Sagrada Eucaristi a é indi pensável o comungante estar em estado de graça. Caso não esteja, há necessidade de antes da comun hão confessar-se a fim de obter do sacerdote o perdão dos pecados. 5. hup:Uwww.corazones.org (Vida y Obras, de Santa Margarida Maria, vol. U, p. 306). 6. Pe. Jules Chevalier, Le SacréCoeu.r de Jésus, Retaux-Bray, Paris, 1886, p. 382.
* * * A oração acima é uma fórmu la de consagração individual. Contudo, é muito aconselhável também a co.nsagração das famíl ias ao Sagrado Coração de Jesus, bem como das instituições, cidades e até de países. Pois Lhe prestam assim um cu lto não apenas em particular, mas publicamente. Desse modo se ,
CATOLIC ISMO
Santa Margarida ostenta o primeiro desenho simbólico do Sagrado Coração de Jesus
Consagração Cívica Nacional ao Coração de Jesus O fato não é muito conhecido e nem divulgado: em nossa Pátria realizou-se um "A to de Consagração Cívica Nacional do Brasil ao Sagrado Coração de Jesus". Este solene ato, ocorrido por ocasião do encerramento do Congresso Eucarístico Internacional, no Rio de Janeiro em 24 de julho de 1955, foi um reconhecimento da realeza divina de Jesus Cristo assinado por 58 senadores, 250 deputados, 55 ministros do Supremo Tribunal , do Tribunal Superior do Trabalho, do Tribunal de Recursos, do Superior Tribunal Militar e por 60 vereadores do Distrito Federal, eis os termos desta consagração: "Coração Eucarístico de Jesus, Coração do Homem-Deus, Coração de Cristo Rei , Salvador da humanidade, Senhor dos senhores, Juiz Supremo dos indivíduos e das Nações. Nós , como legíti mos representantes do povo brasileiro, aqui vimos entregar-Vos os destinos de nossa Páttia, que Vos foi consagrada pelo Episcopado Nacional, em presença do Chefe do Governo, no alto do Corcovado. "Neste momento culminante de nossa história, atendendo ao apelo de milhares de vozes; no mais alto plebiscito de Religi ão e patriotismo, vimos ratificar esta consagração ao Vosso Divino Coração. "A Vós consagramos todos os Estados e Territórios do Brasil com suas riquezas naturais, suas empresas e realizações, suas riquezas materiais, seu patrimônio espiritual e moral. "Rei nai em nossos lares, santificando todas as famílias desde a mais abastada até as mais pobres. "Reinai em todas as atividades dos homens. Sede a luz dos homens de estudo, a defesa da Pátria pelas Forças Armadas, a sapiência dos Legisladores, a justiça dos Magistrados, a orientação do Governo. "Agradecemos as Vossas dadivosas bênçãos à nossa Pátria, e, reconhecendo nossos erros e ingratidões, pedimos Vosso perdão e misericórdia. "Por Maria Santíssima, a Virgem Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, suplicamos Vossas bênçãos para fe licidade do nosso Povo agora e sempre. Amém".
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CORPUS CHRISTI - TOLEDO
"I léÍ três quinU1s-léiras mais refuxenlcs que o sol - reza urn antigo provérbio espanhol: ()uinla-füira Santa, Co111us ChrisU e Ascensão".
FE LI PE BARANDIARÁN
A
manh ã está luminosa. Subo a pé, ofega nte, as empinadas encos tas de Toledo (Espanha). Dei xe i o carro embai xo, eslacionado junto ao ri o Tej o, pois se é ta refa difícil circul ar habitualmente pela cidade, no dia de Co rpus Christi torna-se impossível : as estreitas ru as do centro hi stóri co estão imped id as, porque ac idade está situada no alto de uma pronunciada elevação, defendid a pelo própri o ri o e pelas mu ralhas medievais. No ca minho, vou me unindo a muitos outros toledanos ou visita ntes que se apressa m como eu para ass istir à grandi osa procissão. E mbora os ventos de vul garidade que varrem o mundo modern o tenham desterrado o bom cos tume ele se vestir melhor nos domingos e dias de fes ta, em Toledo, hoj e, todos ostentam suas melhores vestes. E não há mulher que não estreie algo. Di virtome ao ver as pessoas, encantadas, mostrando suas nov idades em matéri a de vestuári o. A inda não cheguei à Praça de Zocodover, ao alto, centro nevrálgico desta peq uena e imperi al cidade, quando ouço uma salva ele morte iros, indicando que a Mi ssa Pontifi cal termin ou e que a proc issão começa a sa ir da chamada Porta Plana el a ca tedral.
* * * A s pessoas estão postadas ao longo de todo o percurso. So mente os parti cipantes do cortej o - metade de Toledo - e algun s convidados pudera m ass istir ao o fício di vin o no in teri or do templ o. Restringindo-se às preces, imóve l, para deixar li vre o ca minh o, a outra metade de Toledo aguard a impac iente. A ru a está salpicada de areia molhada e pl antas odoríferas, e os balcões engalanados com ri cos tec idos bordados, bandeiras, mantas co lorid as, grin aldas, vasos e alegres ces tos ele fl ores. E m sinal de respeito e para aco lher o Sa ntíss imo Sacram ento, antigos toldos de lona branca, proveni entes das confrari as de tece lões e de espec ial istas em sedas, cobrem as ruas, estendid os ao longo elas casas.
* * * Agora j á pode ser vi sta, abrin do o cortej o, a cavalari a ela G uarda C ivil. A trás , a banda ele música desta corporação e os timbaleiros da Prefeitura. Em seguida, ostentando uma vara ela mesma al tura da custód ia do Santíss imo Sacramento, com a qual medira na vés pera os espaços das ru as, para que nada impedi sse o relu zimento do cortej o, vinha, vestido de negro, o mestre ele cerim ôni as. Segue- lhe a cru z process ional do sécul o XV, presente do Rei A fonso V de Portu gal , o Afri ca no. CATO LI C ISM O
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Agora é a vez de passare m os semin ari stas, o clero regular e secul ar, a Irmandade da Santa Caridade, a fa mosa Cruz de Mendoza, os acólitos e o Cabido Primado.
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Vale ndo-me de minha crede ncial de jornali sta, avanço di scretamente em sentido oposto ao da proci ssão, cuj o percurso é coberto pelos cadetes da Academia de Infa ntaria, instituição protagoni sta da legendári a defesa do Alcázar de Toledo, na guerra de 1936 contra o comuni smo. A procissão transcorre e m duas fil as paralelas, tendo ao centro os priores, ~apelães ou dignidades de cada irm andade, cada qual portando báculo, medalha ou algum ele mento que o di stingue dos restantes de seus me mbros, e precedidos pelo estandarte correspondente. Passo junto à confrari a dos Cultivadores de Hortelã. Logo vê m os meninos e as meninas que fi zeram a Primeira Comunhão, os grupos de Apostolado Secul ar e da Adoração Eucarística Perpétua, mais de 20 Confrari as e Irmandades com seus pendões correspondentes, a Hospitalidade de Lourdes e as O rdens Terceiras. Ao som de seus instrume ntos, a banda de música da Prefe itura arranca lágrimas de emoção. Continuo avançando. Quero chegar até a porta da catedral. O espaço é exíguo. Fascina-me a maravilhosa simbiose entre cortejo e públi co estuante de vida, mas conservando a ordem com natu ralidade. Sucessivamente, passo pelas reli giosas de vida apostóli ca, pelos Cavalheiros da Ordem de Malta, pelo Capítulo dos Cavalheiros Mozárabes e pelo do Santo Sepulcro, pelos F idalgos de lllescas e os Cavalheiros de Corpus Christi, além de outros, que ostentam com galhardi a suas cruzes di stintivas nas capas. .C ATOLICISMO
Estou fe li zmente diante da Catedra l, junto à companhi a militar perfil ada para prestar honras ao Santíss imo Sacrame nto. Das paredes externas do magnífico templo gótico, em cuj a entrada sorri encantadora a fa mosa imagem de Nossa Senhora, La Virgen Bianca, pende m 48 enormes tapetes fl a me ngos co m alegori as eucarísticas, datados do sécul o XVII e confecc ionados especialme nte para estafesti vidade. A fa mosa custódia toledana, e ncome ndada pelo Cardeal C isneros ao grande ourives do sécul o XVI, He nrique de Arfe, está a ponto de cru zar o limi ar da Porta Plana . Sinto, e m torno de mim , a respi ração contida. Um e moc iona nte sil êncio precede a custódia do Santíssimo. Sua aparição estala numa apoteose de aplausos, afogados pelo estrondo de salvas de 21 tiros de canhão (as mesmas de vidas a um rei) e o repique dos sinos. A fo rmação militar saúda e a banda de música interpreta com força a Marcha Real. Através da nuve m de incenso que nos envolve, o Santíssimo Sacramento avança lentamente . Deus está aqui! A rica custódi a gótica, de 183 quil os de prata e dezo ito de ouro, é tra nsportada numa carru agem florida sob a escolta dos cadetes da Acade mi a de Infa ntari a. Atrás, na segunda parte da proc issão, vêm as máximas representações: o Arcebi spo-primaz de Toledo com seu séquito, as autoridades reg ionais e pro vinc iais, o prefe ito da cidade acompanhado de seu gabinete, e o corpo docente universitári o. Encerra ndo o cortejo, desfi la a Companhia de Honras da Acade mi a de Infa ntaria com sua bandeira e banda de música.
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Diante de um peque no palanque montado na Praça de Zocodover repleta de gente, a custódi a se deté m e um orador sacro pronuncia um sermão de exaltação eucarística. Ao termin ar, acompanhando a procissão de regresso à catedral , a multidão entoa com de voção o popular hino de adoração ao Santíss imo: "Cantemos ao Amor dos amores, cantemos ao Senhor: Deus está aqui! Vinde, adoradores; adoremos a Cristo Redentor. Glória a Cristo Jesus! Céus e Terra, bendizei ao Senhor. Louvor e glória a Ti, ó Rei da glória; Amor para sempre a Ti, Deus de amor! " Se o so l de Toledo ilumina de verdade, mais do que ele resplandece e ofu sca, elevado na custódia, o Santíssimo ao passar pelas suas ruas . •
Origem da Festividade de Corpus Christi E m fin s do século XIII surgiu em Liege, na Bélgica, um movimento eucarísti co cujo centro foi a Abadi a de Cornill on, fundada e m 1 124 pelo bi spo Albero de Liege. Este movimento deu ori gem a vári os costumes eucarísticos, como, por exemplo, a Expos ição e Bê nção do Santíssimo Sacramento, o uso da campainha durante a elevação na Missa e na fes ta de Corpus Christi. A fes tivid ade fo i ce le brada pela primeira vez em 1246, tendo sido fix ada para a quinta-feira posteri or à comemoração do dia da Santíss ima Trindade. Quase duas décadas depois, o Papa Urbano IV res idia em Orvieto, um pouco ao norte de Roma. Muito próx imo dessa loca lidade e nco ntra-se Bo lse na, o nd e e m 1264 ocorreu o famoso Mil agre de Bolsena: um sacerdote que celePapa brava a Santa Mi ssa teve dúvidas Urbano IV de que a Consagração fosse rea l. Ao partir a Hósti a, dela saiu sangue, o qual fo i e mpapando o tec ido chamado corporal. A venerável relíqui a fo i levada e m procissão a Orvieto e m 19 de junho de 1264. Hoje se conserva m os corporais - onde o cá lice e a patena se apoiam dura nte a Mi ssa naquela cidade - , podendo-se també m ver a pedra do altar de Bolsena manchada de sangue. Movido por aquele prodígio e a pedido de vários bi spos, o Santo Padre determinou que a fes ta de Co rpus Ch.risti se este ndesse a toda a Igreja por meio da bul a Transiturus, fi xando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pe ntecostes. Depois, segundo alguns biógrafos, o Papa Urbano IV e ncomendou um Ofíc io - liturgia das horas - a São Boaventura e a Santo Tomás de Aquino ; quando o Pontífi ce começou a ler e m voz alta o Ofíc io composto pelos dois santos, foi rasgando o de sua autori a em pedaços ... Nenhum dos decretos exarados então se refere à procissão com o Santíssimo Sacramento como um ato da celebração. Entretanto, a mes ma fo i dotada de indulgências pelos Papas e o Concíli o de Trento enaltece esse pi edoso costume.
E-mail para o autor: catolic is111o@ terra.co111.br
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CORPUS CHRISTI - VIENA
O Santíssimo Sacramento, os Habsburgos e Viena
Tropas imperiais prestam homenagem ao Santíssimo Sacramento em Viena
T raço caracLcrísLico da dinastia
Habsburgo, a devoção eucarística iJnpregnou o Império ÁusLro-r rún-
garo e, apesar da decadência conteinporânea, ainda in1pregna a aLmosfel'a vienense.
"
CARLOS EDUARDO SCHAFFER
Correspondente em Viena
O
aco ntecimento, passado há pouco menos .de um século no centro de Viena, surpreende o homem moderno, laic izado e tão afastado de De us. Na fo to [direita] vê-se o Imperador Franc isco José, seguido de sua corte e dos mais impo rtante ho mens públicos do Impéri o Áu stro-H úngaro, todos em trajes de gala, acompanhando a proc issão de Co rpus Christi. A devoção ao Sa ntíssimo Sacramento e ra uma das características ela dinasti a Habsburgo, que a ela permaneceu fi e l até o fim cio Impéri o, ocorrido poucos anos depo is e m que esta fo to foi fe ita. Segundo diversas crô ni cas, mantidas e m mosteiros suíços e a le mães, esta fid elidade ao Santíss imo Sacramento teve seu glori oso iníc io por volta do ano ele 1264 com Rodolfo de Habsbu rgo [ l 2 18- 129 l]. Uma pintura de Schnorr vo n Caro lsfeld , co nservada na Ôsterreichische Ca lerie (Vi ena), intitul ada "Rodolfo de Habsbur.go e o Sacerdote", ratifi ca a ma is antiga dessas narrações (à dir. vitral em homenagem ao imperador) . Rodolfo, des locando-se em suas terras acompanhado por nobres de sua pequena corte, depara-se com um sacerdote levando o Viático para um enfermo impossibilitado de sair de casa. À beira ele uma torrente pedregosa e larga, o eclesiástico heCATOLI C ISMO
vádo à dignidade real alemã, com o título de Rei dos Romanos, num inte rregno hav ido na sequência ele imperadores. E teve súditos tão numerosos como nenhum outro monarca nos séc ulos imediatos a este acontec imento.
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sitava e m atravessá- la, receoso ele de ixar ca ir a teca contendo as Sagradas Espéc ies. Além d isso, o vento soprava com inusitada vio lê ncia. O Habsburgo, vendo a clific ul clacle cio sacerdote, desce imediatamente ele seu cava lo e o cede a e le. Atravessado o perigoso ribeirão, o reli gioso agradece e devolve o cavalo a seu clo no. Este o recusa, di zendo-se indi gno de cava lga r a mesma montari a que ca rrega ra a No. so enhor. Nesse instante, o sacerdole leri a então profetizado: como Rodo lfo honrara humildemente o Senhor e Lhe e dern rcnerosamente o cavalo, seri a honl"ldo por muitas pessoas . Po uco l mpo depois I odo lfo era e le-
A honra prestada pe los Habsburgos ao Santíss imo Sacrame nto manteve-se inalterada ao longo da Hi stória. E la se opôs não só por me io ele argume ntos mas també m pela fo rça às devastações do Protestanti smo e às suas negações da Presença Real. As ideias cio Iluminismo que geraram a Revolução Francesa não impressio naram a Áustri a a ponto de produ zir revo lucionários abrasados como Danto n e Robespierre, que tentassem incendi ar o país, nem ouvidos desej osos de suas arengas. Os austríacos pe nsavam: temos bons monarcas e eleve mos ser bons fi lhos. O pa ís também não se entusias mou com a Revo lução Industri al que conduzia à descri stianização dos usos e cios costumes. Francisco José desconfi ava elas inovações técnicas. Recusou, por exemplo, admitir o telefone no Ho.fburg, o pal ácio onde despachava os negóc ios de Estado. Fo i somente di ante de in sistências ingentes de famili ares e auxiliares que ele permitiu a in stalação de um aparelho telefôni co, atrás de uma porta secundári a de seu gabinete de traba lho, mas sem os fi os ligados à rede externa ... Assim , o telefo ne nunca soaria em sua presença.
O espírito católi co que se opôs à dominação do comuni smo russo permaneceu no povo austríaco mes mo depois ela queda cios Habsburgos. Os soviéticos oc uparam parte cio país durante a Segunda Guerra Mundi a l e, como fi zera m em tantos outros pa íses, _suj eitara m o povo recusa ndo- lhe a li berdade. Os cató licos, unidos ao preside nte ela Repúbli ca e ao prime iro mini stro, organi zaram a me moráve l "Cru zad a Re paradora do Santo Rosário". Essa c ru zad a consisti a em proc issões que percorriam cidades da Áustri a, levando um a imagem de Nossa Se nhora ele Fátima. Multidões passara m a rezar o Ros,íri o e tanto pediram , que o imposs ível se deu: os ru ssos se retirara m cio pa ís em maio ele 1955 - o mês el e Mari a. Tal fo rma ele devoção cios Habsburgo é conhec ida como a Pietas Austríaca - uma form a específica ele a fa mília reinante de monstrar sua fé e praticar as virtudes. E la ex primi a o desej o cios governantes ele dirig ir a Deus suas ações po líti cas, tra nsformando-as num grande lo uvor ao Cri ador. As atitudes cios govern antes marcam freque ntemente os gove rnados em profundi dade. Até hoje, percorrendo as ruas de Viena, pe netra-se numa atmosfera semelhante a uma grande casa ele famíli a. So bretudo nas horas calmas do di a o u ela no ite essa atmosfera e merge suavemente, faze ndo-se melhor sentir, agasalhando a alma desale ntada pelo fri o anonimato contemporâneo. Se nte-se que elas numerosas igrej as do centro el a capital irradi a-se, a partir cio Santíssimo Sacra mento que JUNHO 2012
ne las re ina, compreensão e tra nquilidade . O s vi s ita ntes de Vi e na não sabe m e xplicar o be m-estar que então os invade, que paira no a r, que vem da sobri edade o rname ntada de seus pa lác ios , de suas rue las, de suas capelas, dos séculos de Hi stória. Eles sente m sim , que ve m de uma fidelidade hi stórica, po is a supe rfic ia lidade e a exc itação da atualidade se oporia m à ca lma degustação da bon ança vienense. Este é um dos encantos de ixados na antiga capital cio Impéri o pe la família que durante sete séculos ma rcou sua hi stória.
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Famosos pe lo c uid ado co m qu e esco lhi a m as uni ões matrimo ni a is de seus filh os com o utras fa míli as e urope ias poderosas, os Habsburgos fo rmaram a ·sim um ime nso impé rio. Segundo as le is din ásticas e ntão vigentes e ao lo ngo de sucessivas gerações, te rritó rios e povos passara m para e u domínio como dotes he redi tá ri os. A Prov idê ncia pre mi ava ass im uma estirpe devota e decliéada. Costuma-se dizer que e les eram os gra ndes interessados nessa po lítica de casa me ntos que lhes trazia coroas, ho nras e títu los . Po uco se fa la do inte resse que todas as famílias e uropeias - gra ndes o u não - tinham e m se unir aos Habsburgos. Seu senso cató lico os orie ntava no sentido de não faze r g ue rra contra o utras potências c ri stãs, reserva ndo seu poder para a luta contra os infié is, c uj o ódio à C ri standade la nçava furi osos ataq ues contra a Europa c ri stã. Assim, o coma nda nte supre mo no e mbate decisivo para a sobrev ivência do cristi a ni s mo e urope u - a batalha de Lepanto ( l 57 l ) - fo i o j ovem e brilhante g ue rre iro Do m João
d ' Áustria. Nessa batalha os o to manos perderam a supre mac ia no M edite rrâ neo e seu pode ri o nava l foi para sempre posto e m desvantagem e m re lação à Europa. Outra batalha c rucia l para a preservação da Cristandade foi a de Vie na, ocorrida e m 1683. Era a segunda vez que a sanha otomana investi a contra a capita l impe ri a l. A prime ira ocorre u e m 1529, qua ndo foram fragorosamente derrotados pe las tropas do Sacro Império. Em 1683, te ndo os agressores nova me nte devastado o país e m me io a atroc idades praticada contra a popu lação c ivil, aca bara m aniquil ados pelos exércitos c ristãos. O comandante supre mo dessa bata lha foi o grande re i polonês Jan lll Sobieski, que veio e m socorro dos exérc itos c ri stãos, unindo-se ao imperado r Leopo ldo I. Sua tática de descer ao ataque a partir das e ncostas íng re mes da mo nta nha Kahl e nbe rg e a coragem de seus g ue rrre iros s urpreende ra m o Grão Vizir K ara Mustapha, c ujos soldados fu g iram e m debandada.
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A me mó ri a dos H a bsburgos é partic ularme nte recordada e m doi s gra ndes pa lác ios. Um deles é o Ho.fburg, no centro de Vie na, sec ul ar res idê nc ia da família impe ri a l. M odificado e aumentado ao lo ngo das décadas po r vários mona rcas, e le é também ex pre ·são do modo fa mili ar de gove rnar seu povo. Uma via de livre c irc ul ação pa ra o públi co o atravessa. Os imperadores e ntravam e . aíam na proxi midade do povo. Ne le está insta lado um dos mu seus mais visitados da c id ade: a Schatzkammer. E m razão dos objetos que conserva - insígnias e j o ias do Sac ro npério, a
Jan Ili Sobieski, rei polonês, velo em socorro dos exércitos cristãos, unindo-se ao Imperador Leopoldo 1. A coragem de seus guerreiros surpreendeu o Grão Vizir Kara Mustapha, cujos soldados fugiram em debandada.
Santa la nça de Longinos que no Ca lvário perfurou o lado de N osso Senho r Jesus Cristo - é a Câmara do Tesouro ma is impo rta nte do mund o. Em suas dependê nc ias e ncontram-se obj etos de pi edade e re li cários que constitue m obras de arte de rara be leza. Reco nhec ida era a de voção dos H abs burgos pe las re líquias. Trajes de coroação e de o rde ns de cava lari a - em particu la r da Ordem do Tosão de Ouro, cons iderada a ma is prestig iosa das orde ns da Cristandade - são ad miradas pelo público incessa nte que a visita em todas as estações do a no. Duas coroas impe ri a is leva m os visitantes a re ve re nte s il ê nc io: a cio Sacro Impé rio R o ma no Alemão, co nfecc io nada e m te mpos ime mo ri a is e s ímbo lo do Sacro Império Carolín g io, e a coroa do Impe rador Rodolfo II, fe ita em Praga e m l 602 - também e la resp la ndecente por seu a lto va lor s imbó li co.
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A capac idade de se com unicar com o utros povos e nac iona lidades deu ao povo a ustríaco e m geral - sobretudo ao vienense - uma aptidão de acolh ime nto inig ua lável. Vi e na é renovadamente e leita, todos os a nos, uma das capita is e uropeias o nde a "q ualidade de vida" convida a a li estar e ficar. Os estrangeiros são rapidamente ass imilados, apesar de, com frequ ê ncia, não estarem aptos a se com unicarem na lín-
CATOLICISMO
g ua a lemã . M as os austríacos são polig lotas e prontos a aj udar ; fa lar a líng ua do vis itante faz parte de sua boa acolhida. A muito boa qualidade de sua gastronomi a sempre tornou sua mesa atrae nte: come-se be m gastando pouco. No sécul o XIX, e nqu anto e m outros países a fome ameaçava, e m Vie na alg uns tostões bastava m para uma sopa, um prato de carne, um pão e um quarto de vinho. Desde e ntão, o povo c ultivo u este pe ndor. O s cafés abu ndam no pa ís. Alg uns deles fa mosos pe los literatos, políticos e artistas que acolhera m no passado. Muito agradável é o hábito de se comer nos jardins. Também os Habsburgos - que se não lançaram esta moda, ao me nos a suste ntara m - colocavam suas mesas no parque arbo ri zado e fl o rido do Prater. Os banquetes atraíam o povo e m roda, desej oso de observar como se compo rtavam à mesa prínc ipes e arquiduques. Se não hav ia fome e m Vie na no séc ulo XJX, também e m princípio não deveria haver me ndigos. M as os hav ia, e muitos. Contudo, seu estilo de vida era be m visto pe la popu lação ge ne rosa. Admitia-se pe rfe itame nte que a lg un s preferi ssem pedir es mola a traba lhar. Era uma esco lha considerada ho nesta. Dá es mol a quem quer. E ta l era a s impati a e m re lação aos mend igos, que o mo me nto de lhes dm· uma moeda era ocas ião para troem· algumas pa lav ras e receber in fo rmações, pois o quê não sabiam e les, que estavam sempre nas ru as? Q ue m discorre bem sobre os mendi gos é o escrito r Marce l Brion, e m seu li vro Viena no tempo de Mozart e de Schubert. E le c ita o diário deixado por Bauerlé na rrando uma cena de cervejari a, no bairro vienense de Pe nzing. Certo dia m que Bauerlé lá fo i com o pai, re inava gra nde anim ação, mús ica, muitos lu stres acesos com gra ndes velas, convivas comendo e bebendo, discursos ecoava m. O pai perguntou ao dono da cervejari a do que se tratava. - "É um casamento de mendigos ", respondeu. - Co mo? - Sim , o pai e a mãe da noiva são conhecidos e respeitados me ndi gos da c idade . Cada um ocupa seu po nto pró prio no centro da c idade e, dada a bonomia cios vienenses, a profissão é re ndosa. Ass im , ao casarem sua fi lha, foi- lhes possíve l o rga ni zar a fes ta que Bauerlé e o pai ass istiram .
* * * A ge nerosidade marcou ao lo ngo cios sécul os uma característica proeminente cios Habsburgos. N o ato daquele oferecime nto da montaria ao sacerdote que levava o Santíssimo Sac ramento estava profeti zada um a I inha de conduta que marcari a toda a vida de um povo. A larg ueza com a qua l os vienenses acolhia m seus mendigos no sécul o XIX participa a inda daq uele prime iro mov ime nto de nobreza de a lma e piedade c ri stã de Rodolfo de Habsburgo. Esta mos no século XXI. Tantos hábitos mudara m no mundo desde aq ue le casame nto de mend igos . M as, apesar de participar da decadênc ia geral dos tristes dias em que vivemos, Vie na, quanto aos costumes, continua impe ria l, aco lhedora e conv idativa. • E-mail para o autor: catoli cismo@terra.com.br
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A intenção inicial era tratar no presente artigo do conjunto do processo ele cornunistizacão da América do Sul. " Contudo, a recente precipitação dos acontecimentos na Venezuela e na Argentina fez com que o fulcro de nossa análise incidisse mais particu1ar e extensarnente sobre uma e outra. Isto pela inevitável e profunda influência que ambas exercem sobre as demais nações do Continente, em relação às quais dcscm pcnham o papel de parábola, configurando o que poderíamos chamar de "I beroamérica cm chamas". Em sentido dian1ctralmente oposto, veremos no final o exemplo alentador do Peru.
ALFREDO M AC HALE
e
orno se sabe, o coma nda nte Chávez sofre há vários meses de um cânce r c uj a grav id ade os reiterado s desmentidos do governo venezuelano não fizeram senão co nfirmar. Para se tratar, ele acudiu à medicina cubana. Mas os diagnósticos e processos terapêuticos errados desta, aliados a um obsessivo e total secretismo, a tornam quase pior que a própria doença. Sem contar os gastos faraônicos com os incontáve is desloca mentos entre Caracas e Havana de centenas de fun c ionários, militares, familiares e dirigentes chavistas. Eles acompanham o caudilho em cada uma de suas viagens, se m que disso derive alguma vantagem além das que e les já gozam pela suposta fidelidade ao Chefe. De fato , a efic iência médi ca foi a grande sacrificada, deixando o mito da medicina cubana pelo me nos ma l parado, se não pulverizado. Poi s a sequência das filtrações sobre o que sucede - cada qual seguida de vários desmentidos, mas amiúde confirmada depois por fontes oficiais - põe o regime em total descrédito, ficando c laro que seu úni co desejo é ocultar a realidade ao mundo, se é que não a oculta também para si. Assim, não tardam em aparecer detalhes demonstrando que aq uilo que se tinha sabido não era invenção nem novela, mas fruto de certas evidências que atravessam as barreiras da desinformação, deixando o governo cada vez mais desacreditado nesta matéri a.
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Venezuela Obsessão totalitária, doença mais
incurável que o câncer
A
s razões pelas quai s o castro-chavismo preferiu esta vi a da " medi cina" cubana pode m ser di scutidas indefinidamente. Mas entre elas estão, sem dúvida, a própria obsessão pelo segredo, o desejo oficial de ter a certeza de que nenhum inimigo do coma ndante possa chegar até ele para causar-lhe algum mal, e a ilusão de que todos seus adversários políticos ignorarão até o último momento quai s são as expectativas a respe ito de sua saúde, enquanto seus adeptos incondicionais são imedi atamente informados de todas as notícias que se vão produzindo. Destarte a máquina do governo contará sempre com dados sem comparação mais exatos que os da opo ição. Sem embargo, aí reside um dos maioies fatores de vulnerabilidade da saúde de Chávez. Ela passou a depender da vontade dos irmão Castro e das precariedades da Ilha, que o regime desmente, mas que estão mais do que demonstradas. É sabido que em Cuba confia-se muito ma.is em qualquer médico fanático do regime que nos profi ssionais verdadeiramente sérios e competentes. Mas o ponto-chave é a ev idência de.que os dois irmãos estão muito ma.is interessados na continuidade da revolução comunista venezuelana do que na saúde de quem foi seu
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CATO LICISMO
comandante nos últimos 12 a.nos. Também querem, tanto quanto possível, a perpetuação da enorme ajuda da Venezuela ao moribundo regime cubano que eles simbolizam e dirigem. E para isso, morrendo Chávez, substituí-lo por algum dos seus, a fim de que a caudalosa ajuda que recebem não cesse. Além disso, a medicina cubana está corroída pelos mesmos males que afetam o regime que oprime a Ilha, os quais lhe causaram uma mi séria, um abandono e um estancamento para além de toda comparação, pois uma burocracia enormemente torpe e obtusa' trava toda e qualquer tentativa de corrigir os males que se produzem continuamente. A isso se somam as máfias, que medram na penumbra do coletivi smo e protege m seus integrantes, paralisando todos os esforços em prol de uma eficácia geral. De tal modo que, se algum deles cometer um erro, voluntário ou não, quase seria necessário um adivinho para encontrá-lo ou remedi álo. E se algum funci onári o, médico ou quem quer que seja, for questionado, pouco importa se é culpado ou não, poi s o dec isivo é a máfia que o protege. Em Cuba como na Venezuela a índole totalitária dos regimes tem o efeito de obrigar muitos de seus participantes a mostrar uma adesão absoluta à cúpula, quando no foro interno de cada um as coisas muitas vezes não são bem assim: existem di screpâncias, am bi çõe , cumpli cidades, rivalidades etc., que se dissimul am, podendo na hora chave ter efeitos para muitos inesperados, mas dec isivos. De onde uma grande parte dessas adesões suposta mente absolutas serem na verdade meramente aparentes, podendo durar muito tempo ou acabar ele um dia para outro. Com isso, para efeitos práti cos, o regime padece de mil deficiência não reconhecidas. Qual é a coesão de um regi me desse tipo? A resposta fo i dada em 1989 por cerca de uma dezena de países da Europa Oriental então oficialmente comuni . ta , que em questão de meses desmoronaram como castelos de cartas, por efeito dos sucessivos descontentamentos e protesto generali zados. Não cremos que a Venezuela esteja atualmente em situação semelhante à desses países, pois, entre outras coisas, sua miséria ainda não se equiparou à deles. Mas tampouco se pode dizer que em todos os ambientes venezuelanos haja um apoio maciço ao ditador. Pois bem, esse i te ma - inerente à essência do comunismo e que se repetiu de algum modo em todos os países por e le dominados - reso lveu que o tratamento de Chávez se daria e m Cuba. Decidiu ainda que fora do círc ulo dos incondicionais ao regime nada se saberia, e que ninguém que não pertencesse a esse círculo teria acesso importante ao paciente, cuja saúde era um segredo de Estado que ningué m pode atrever-se a violar. Graças a essa postura os erros tornaram-se irremediáveis e a doença, se em algum momento foi curável, se transformou em incurável, máxime em se tratando de um câncer. .. Pelo visto, quando se produziu há pouco alguma reação nos meios oficiais a este respeito, já era demasiadamente tarde. De onde segue a grande probabilidade de o fim do co-
Ev idente mente, muitas hipóteses são poss íveis, exceto a de Chávez entregar pl acidamente o Poder. Entre elas, sabese de diversas fontes que o setor chavista do exército absolutamente não admite que o poder caia, não só nas mãos da oposição, mas tampouco nas dos civi s que apoi am o caudilho. Tal setor nada admite que possa significar a sua exclusão, nada que o separe de seu domínio hoje total. Como então esperar que aceite uma sucessão dos líderes opostos à trama chavo-bolivariana? Enquanto isso, co m ou sem Chávez, o regime continua sua farândola de destruição nacional. Decreta di a-riamente dezenas de confi scos - mal denominados de ex propriações, po is não contempl am qualquer indeni zação. Eles superam mais de mil , mas podem ser o dobro, já que muitas vezes não são sequer noticiados pela mídia. Muitos desses confiscos são de grandes empresas, mas há também os de méd ias e peq ue nas, e inclusive casos de propriedades muito pequenas que fo ram confiscadas, permanecendo depois abandonadas porque o Estado chavi sta não lhes de u o uso anunciado.
Débil l'esistência ante uma decomposição gel'al e dominante que avança
mand ante estar próximo, prec ipitando o prob lema de sua sucessão, com as conseque ntes lutas, pressões e complôs de palácio, quartel, alto comando ou gabinete, ora dec larados, ora di ss imul ados, ora c landestinos. Tudo e m meio a um a situação na qual o terrorismo e a delinquência escaparam comp letamente ao contro le, afetando todos os am bi e ntes, inclusive os círcu los do Poder, que os utili zari am para eli minar testem unhas peri gosas, rivais tenazes ou supostos inimigos infil trados.
Eleições só com o l'esultado pel'feitamente assegurado... Nesse contexto, em toda a Venezuela - tanto no governo como na opos ição - a pergunta é: o que sucederá e m outubro próximo caso se confi gure a perspectiva de vencer o conjunto contrári o ao regime de Chávez? Se em tal caso haverá e leições, ainda que fra udul entas e manipu ladas ao extremo pelo Governo, ou se, pelo contrário, o resul tado será de o país negar ao comandante a vitória que este considera como absolutamente vital para obter o domínio revolucionário sem contrapeso.
Isso provoca obvi amente queda dramática da produção, infl ação incontida e escassez dos produtos mais básicos, ao menos para o comum da população, pois as hostes chavistas sabe m como obter tudo o que quere m. E também porque o regi me importa tudo quanto o país antes produzia e, é claro, o que nunca produziu. Por isso, ao longo de uma década e meia, a Venezuela e ntrou numa espiral de c rise e degradação. Ninguém faz inversões de qualque r gênero e a própria ex ploração de petróleo, apesar de este alcançar preços sem precedentes, e ncontra-se não em um auge, mas e m claro estanca mento e m todos os sentidos, com inversões claramente in suficientes, com tecnologia que vai fi cando obsoleta e com a dil apidação fa raônica e desv io caudaloso dos fund os públi cos. Desses e de outros fatores análogos decorre que, se a perspectiva é a de o Governo ser derrotado nas eleições, pouco tempo antes destas se prec ipitari am os e mbates entre os diversos setores que dizem apoiá-lo, nenhum dos qu ais é parti cul arme nte apegado ao respeito às leis. Por isso tais conflitos serão tão ocul tos quanto possível, mas dotados da violência necessária à camarilha governante. Já ex istem algumas filtrações eloquentes sobre as estratégias govername ntais que se vão delineando, as quais susc itam as maiores apree nsões. Isso torna provável a imersão em longo prazo da Venezuela numa gue rra civil, a qual vem sendo preparada por Chávez há quase uma década e meia pela maciça distribuição de armas de guerra a seus partidários. Ele fo rmou assim corpos militarizados - pe netrados e manejados por agentes cubanos - atuando à sombra do poder. Tudo ao mesmo te mpo legal e ilegal. Legal no sentido de que obedecem às ordens do Governo, e ilegal porque visam subverter a fundo a orde m jurídica, violando co nstante me nte a constituição e
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.1 as eleições deveri am ser suspensas, possibilidade que difi c ilmente se di stingue da guerra civil em curto prazo; ou, na ausência desta, cio esmaga mento puro e simples ela opos ição no estilo stalini sta ele repressão bru ta l. Di scutiu-se ass im, nesses ambientes, com várias repercussões na mídi a, a eventu al participação dos chamados "Comandos Antigo lpe". Sua mi ssão seria fa zer sabotagens nas reg iões onde predomina a oposição, para assim dar pretexto ao governo de suspender ou adiar as eleições. Ou seja, se o resultado destas for pela continuidade do sistema, então que se reali zem; mas se tal parecer improvável, suspendam-se.
numerosas leis, e tendo por meta instaurar um regime iníquo que a quase totalidade do país rejeita.
País outrora pacílico cuja dominação está se11do prepara<la com a violência Pelo anteriormente anali sado, entrevê-se o peri go de a Venezuela vir a se precipitar num ciclo de violênci a desenfreada e sanguinária como poucas vezes houve no Continente. Apesar de já ter passado por períodos de vio lências graves, o país permaneceu grosso ,nodo pacífico nas úl timas décadas que precederam o advento de C hávez. Em grande parte pela índole cordial de considerável setor de sua população. Mas também por tratar-se de um país bastante próspero cuj a maioria da população não erig iu a vi olência em sistema por di spor do sufici ente para viver. Contudo, devido à demo lição soc ioeconômica e admini strativa operada por Chávez a partir do iníci o do ano 2000, essa prosperidade foi decaindo e desvanecendo-se. O sa lári o de um venezuelano médio ·tem hoje o mes mo poder de compra de 45 anos atrás, ou seja, de 1966. Jsso significa que nesse período não houve nenhum progresso. Enquanto isso, os índices de delinquência, mortalidade e corrupção em todos os níveis chegaram a ser um dos maiores da América, sem que o regime envide es forços para combater esses males. Ele intervém, pelo contrário, muitas vezes para incrementá-los. Particul armente grave e inqui etante foi o aumento do narcotráfi co. Ele parece comprometer gravemente o própri o regime, segundo denunciaram fun cionári os que partic ipavam desses e ·quema e que recentemente optaram por delatá- los. Isso se confirma pelas contínuas notícias de imprensa dando conta da magnitude do problema e destacando a participação de membros das polícias e do exército venezuelano nessas atividades, inclu sive em seus conflitos. E m suma, os poderes do Estado co laboram gravemente com o delito, sem restar dúvidas sobre quem seja o responsável, porquanto o regime é totalitári o. Confi gura-se ass im um cenári o no qual os fa tores geradores de vi olência se tornaram mais numerosos e fortes, enquanto as circunstâncias que seri am propícias à sua atenuação e à reso lução dos confli tos se debilitam cada vez mais. Especialmente signifi cativa a esse respeito fo i a recente afirm ação de Fidel Castro de que os Estados Unidos iri am causar "um rio de sangue" na Venezuela pelo fato de desejar deter a revolução bolivariana: "um erro de Obama, em tais circunstâncias, pode ocasionar um rio de sangue na Venezuela", pois "o sangue venezuelano é sangue equatoriano, brasileiro, argentino, boli viano, chileno, uruguaio, centroamericano, dominicano e cubano". Não há naturalmente nenhum sinal de que Barack Obama vá intervir na Venezuela, mas ex iste, sim , um des íg ni o castri sta de me io sécul o de fazê- lo, qu ando Che Guevara preconi zava "vá rios Vietnãs na Am.érica Latina", o qual está se mani fes tando novamente agora. Castro di sse no fund o que acenderá o pavi o da pólvora.
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CATOLICISMO
Por que temer a suspensão <las eleições caso a oposiçé'io possa ganhá-Ias
Nas ruas de Caracas, a chamada "revolução bolivariana" apresenta a Nossa Senhora de Coromoto, Padroeira do país, ostentando um fuzil
Nesse contexto de contínuo e crescente incentivo à luta de classes e à violência, surge uma fa lsa reli giosidade chavi sta vi sando convocar o povo ao combate armado, de acordo co m as incendi árias propostas da teol og ia marxista da libertação. Propostas que fora m e continu am sendo tão nocivas na Améri ca Central e co m as qua is seus adeptos querem incendi ar todo o Co ntinente. Isto demon stra que na mentalid ade " bolivariana" tudo vale para impor sua própri a lei, não só na Venezue la, mas em toda a Jberoamérica. Mas, ao tentarem apli cá- la, desperta rão muitíss im os qu e estão agora mais ou menos adormec idos, e então os co mu ni stas dar-se-ão co nta da pe ri gosa situ ação que dec idi ra m produ zir. Esses fatores de vi olência teri am grande significado em co ndi ções relativame nte normais. Mas se torn ara m mui to maiores pela maciça presença cubana na Venezuela, em atividades imedi ata ou mediatamente relacionadas com a montage m ele um esquema ele conqui sta e do míni o. Tanto para a articulação co m as milícias bolivari anas e outros grupos mi litari zados, inclu sive os guerrilheiros co lombi anos, qu anto pa ra a penetração nas fo rças mili ta res e poli ciais propri ame nte tais, ou aind a para a instalação ele redes ele ag itação e choque que em dado momento poderão ser mobili zad as na ofen siva. Pelo que se sa be, essa perspectiva não foi anali sada durante os 12 anos de regime chav ista . Mas nas últim as semanas circul aram notíc ias e rumores de que ela está sendo tratada sem circunl óquios nas fileiras bolivari anas. Nestas se di scute quem sucederá a Chávez caso sua doença torne imposs ível sua permanência no poder ou se ele não vencer a ele ição ele outubro; qu ão factível seri a um sucessor que obtivesse êxito em ambas as hipóteses; ou se, pe lo contrário,
A medul a do problema está na vi gência entre a Venezuela e C uba, desde o ano 2000, de um "Convêni o de Cooperação [ntegra l" verdadeiramente leo nino. Ele confe re ao reg ime da flha- Pri são os ma is insólitos benefí-cios: não paga abso lutamente nada, não assume qualquer tipo ele compromi sso, e não lhe é fe ita qu alquer ex igência. Cabe ele iníci o citar o fo rn ec imento gratuito de 53 mil barri s diári os ele petróleo, os qu ais fora m gradualmente sendo aumentados até chegar aos 130 mil de hoje. Isso corresponde a um donativo anual ele aprox imadamente quatro bilhões de dólares. Além di sso, o pacto contempla o envio ele dezenas de milhares de médi cos, paramédicos, fun cionári os, militares, "técnicos", esporti stas etc., todos cubanos e pagos pelo erário venezuelano. Só que o pagamento não é fe ito a eles pelo trabalho reali zado ou que di zem reali zar, mas ao Estado cubano para que equilibre suas fin anças, deixa ndo para os súditos salári os irri sóri os totalmente insuficientes, o que significa uma ajuda de outros quatro bilhões de dólares anuais. Até que se
descubra que eles foram levados à Venezuela para conspirar, montar os esquemas de combate e praticar a subversão e a violência ... Como se tudo isso não bastasse, Chávez e Castro pactuaram outras form as de ajuda que não foram publi camente especificadas. E las incluem, ao que se sabe, manobras financeiras, créditos, montagens industriais, artesanais e comerciais, nas quais Cuba é sempre a benefi ciária. O que Castro obviamente prometeu com sinceridade foi fazer tudo quanto estiver ao seu alcance - sabemos bem quais são as suas especialidades ... - para manter Chávez no Poder na Venezuela em qualquer circunstância, ou quiçá que tenha um sucessor de seu total agrado. Nessas condições, é concebível que os irmãos Castro consintam calmamente em perder essas vantagens de que gozam há mai s de uma década, sem as quais seu regime teria sucumbido? - Evidentemente, não. Tal ajuda não signifi cou de modo algum livrar o povo cubano da miséria mai s atroz na qual jaz, mas se hoje o regime a perdesse, a infeliz ilha cairi a numa situação indescritível. Entretanto, o que dissemos sobre as tristes perspectivas que se descortinam para a Venezuela e as nações vizinhas não é tudo, pois há numerosas matérias nas quai s a situação pode complicar-se. Por exemplo, o reacender cios conflitos da Colômbia com a Nicfü·água quando a Corte Internacional de Justiça de Haia emitir proximamente sua sentença relativa à disputa dessas nações quanto às ilhas de s ~mto André, Providência e rochedos adjacentes, caso no qual é provável uma intervenção da Venezuela contra Colômbi a; ou por processos concernentes ao narcotráfi co, no qual não poucos políticos, militares e poli ciais venezuelanos parecem estar muito envolvidos, o que pode suscitar reações das demais nações. Tudo isso não é ficção política, mas possibilidades reais de confli tos da atualidade.
Raúl Castro despede-se de Chávez após mais uma etapa de seu tratamento contra o dincer
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1 A Sra. Kirchner começou com um ataque encarniçado,
através de toda sorte de artifíc ios - legais o u não, mas sempre implacáveis - contra o j ornal "C larín" e as empresas a e le ligadas. Por exempl o, reservando por le i ao Estado o controle do papel de imprensa, com evi dentes efeitos contra a liberdade da imprensa. E m seguida estatizou os fund os de pensão, para ac rescentá- los à massa de manobra das empresas estatais e à caixa fi scal e manejá- los a seu bel prazer em matéri a econô mica e financeira. E la não hav ia dado si nais di sso anteriorme nte, mas agora impôs sua vontade sem vacilação. També m ass umiu o controle das reservas do Banco Central, fazendo pressag iar que sua utili zação cairá em completo descontrole.
Argentina Em busca de desastres ainda maiores dos que já acumula
Em suma, o governo quer uma ta l amplitude de poderes que custa saber quais serão os seus limites. E a forma de consegui -los é usar e m relação aos adversári os - e também aos partidários - o instrumento do medo como estratégia para apl acar e inibir oposições. Uns e outros se sentirão a meaçados de pulverização por um Estado onipotente em mãos de governantes sem muitos escrúpulos. Há poucas ·emanas, após designar novos funcioná- ri os notoriamente imbuídos de ideologias marx istoides, o governo decretou a expropri ação de 5 l % das ações da empresa Yacimientos Petrolíferos Fiscales. A maior empresa da Argentina no ra mo dos hidrocarburos, a YPF estava e m mãos da espanho la Repsol desde sua privatização em 1990 com o voto favo rável de muitos dos que agora apoiaram o seu confisco. E ntre eles se destacaram a atual pres idente e seu fa lec ido marido, Nestor Kirchner. Ou sej a, os mesmos que patrocinaram a venda de um bem no valor de aproximada mente LO bilhões de dó lares expropriam mai s tarde esse mes mo bem com uma indenização mais do que duvidosa e morosa. No di as consecutivos, enquanto se debatiam no Congresso a medida pres idencial e os seus detalhes, começara m os sinto mas e rumores de que a expropri ação alcançari a também os 25 % das ações da YPF em mãos de um grupo econômico argentino cuj as estreitas re lações com o governo faziam supor que não seria afetado. Mas parece que a "embriaguez de poder" pesou mais que a ami zade. Com renovada fo rça - para não di zer furor - reiniciava-se assim a ofensiva contra a livre e mpresa. Esta se fazia
sob a a legação - habitual nesses casos - de que a medida favoreceria o povo, que durante sua gestão a e mpresa espanhola teria prejudicado gravemente a YPF, e que a medida susc itaria um verdadeiro entusias mo gera l no país. Pouco depoi s começava a mobilização popular a fa vor do governo, orquestrada por este através de seus agentes. Entre e les sobressai-se o filh o da pres ide nte, M áx imo Kirchner, estreitame nte vinculado ao setor de func io nári os j ovens de extrema-esq uerda e um dos promotores da estatização, com a qual estava e ufórico. Pouco de pois, em I º de ma io, ce le brando o di a do traba lho, o pres idente bo liviano Evo Morales qui s assoc iar-se à o nda confi scatóri a das empresas de capita l espanho l anunciando a expropri ação da Transportadora de Electricidad S.A., com 20% das ações perte ncentes à Espanha. A reação foi cautelosa, pois ex iste m outras e mpresas da mesma ori gem correndo análogo perigo. E como atuam em países subservientes a C há.vez, é mais prudente abster-se de prec ipitar as coisas.
A tática da infusão sistemática do medo nas vítimas a lim de paralisá-las Com isso começou a de linear-se uma estratégia govername ntal de infu são do medo genera li zado nos setores empresariais, como també m nos governadores e prefeitos, visando suscitar e m todos um ânimo de oportunismo servil , gêmeo daquele que ex iste c laramente nos vários setoçes po-
Manifestac;ão em Buenos Aires apoiando a expropriac;ão da petroleiro espanhola Repsol
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ssemos agora à análise da crise da Argentina, a cujo respeito muitos observadores comentaram que revela uma inusitada capacidade de cometer re iteradamente o mes mo erro com resultados cada vez piores. Na sua reeleição, em outubro de 2011 , Cristina Fernández de Kirchner obteve, como se sabe, cerca de 55 % dos votos. Ela os conquistou de um lado por conta da divi são da oposição, e de outro porque conseguiu sedu zir o e le itorado de seus adversários com aparentes concessões e uma não menos fa lsa moderação. M as o defraudou imediata mente depois de eleita com novas iniciativas estati zantes e persecutóri as das classes produtoras, assim como com outras persegui ções aos meios de com unicação, os quai s quer do minar para assenho rear-se de sua infl uência sobre a opinião pública. O que havia acontec ido? O que no importante matutino portenho "La Nación" um destacado coluni sta inte rn ac io- · na l denominou de "bebedeira de patriotismo nacionalista" . E outro autor - este argentino - qualificou de "embriaguez de poder". Ou seja, o governo Kirchner hav ia deduzido que sua vitóri a e lei tora l passageira de outubro último o tornara dono do país, podendo fazer e desfazer de le a seu talante, independente das conse-quê nc ias.
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CATO LICISMO
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líticos e especialmente no Partido Radical, a fim de que a oposição quase deixe de existir. Assim, somente a imprensa internacional - em especial a dos EUA e da Europa - se animou a criticar o governo argentino, apesar da abundante matéria objetável de se us procedimentos, em especial o intervencionismo nos Tribunais de Justiça e a total ausência de um plano político séri o que permita aos investidores estrangeiros saber sobre o futuro do país para a condução de seus negócios. Para a Sra. Kirchner, estes aparentemente devem ser feitos às cegas. Pois bem, ela ficará cada vez mais só. O projeto de lei de expropriação encontrou eco favorável na maior parte dos oscilantes meios políticos argentinos, mas foi fortemente criticado nos ambientes empresari ais, tanto nacionais como estrangeiros, em especial nos espanhóis. Com estes se solidarizaram vários governos da Europa e da Améri ca, que veem na medida o reinício da política socialista e populista. Eles comentam que a mesma será muito prejudicial ao povo e à economia em geral , além de atentar gravemente contra o conjunto dos acionistas da Repsol. A batalha das declarações públicas diminuiu de intensidade, pela simples razão de os empresários não quererem provocar um governo prepotente e demagogo, sob pena de sofrere m ainda mais atropelos e despojos. Prefere m preparar-se para a batalha legal. As cotações das ações da Repsol nas bol sas dos principais centros financeiros do mundo caíram fortemente, com oscilações posteriores devidas certamente à especulação. Enquanto isso, funcionários do governo argentino anunciavam que o Estado não pagaria a indeni zação pl eiteada pe los afetados, alegando que estes teriam causado danos ambi entais e que a YPF teria assumido dívidas e normes e se tinha deteriorado. Assim, o único efeito da batalha de declarações foi o de confirmar todos os investidores na Argentina de que é mais prudente fazer negócios em outros países do que lá. Existem outras numerosas e importantes empresas estrangeiras com grandes inversões no país. A elas caberá enfrentar talvez anos de processos judiciais e de ameaças, até que a opinião pública nacional se separe definitivamente dos políticos irracionais e demolidores. Mas quando isso se dará? Será preciso esperar que passem as consequências imedi atas da "embriaguez de poder" e comecem os efeitos medi atos e remotos. Maurício Macri, prefeito de Buenos Aires e um dos poucos políticos a se pronunci ar contra a med ida expropriatória, disse sem rode ios, comentando as reações daqueles que a celebravam como benéfica para a economia nacional : "Dentro de um ano estaremos pior do que hoj e". Cabe a tal respeito destacar a grande precariedade em que se encontram várias empresas estati zadas anteriormente, em particular a da ág ua, da aviação comercial e da e letri cidade. Poi s a prática govern amental de não honrar os contratos e convênios foi adotada també m por empresas e pela população, que as colocaram muitos vezes em situações críticas, com prejuízos para acionistas, trabalhadores e executivos . Mais um elemento de paralisação e deterioração da ordem jurídica argentina.
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CATOLICISMO
Peru A tranquilidade cresce na medida crn que 110\ o governo
:,;;e al'astu dn esquerda
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e a situação da Venezuela e da Argentina é a que vimos, produz certo contraste considerar o que vem sucedendo no Peru. Ali , há menos de um ano foi eleito presidente Ollanta Humala, a cujo respeito havia temores fundados ele que empreendesse um processo semelhante ao ele Chávez e ele vários ele seus êmulos em outras nações. l to ta nto por ca usa ele atitudes questionáveis cio pró pri o Hum ala no passado qu a nto daqueles que o acompanharam na campanha e o representavam nas atitudes políticas. Produ ziu-se por esse motivo uma notória inqui etação, não só no meios empre a.ri ais peruanos, mas també m e m todo o Continente, bem como nos EUA e na Euro pa. E e nquanto havia uma mani festa alegria ele todas as esque rdas, a reação cio pres idente e leito e ra cautelosa e relativamente ponderada: incluiu no Conse lho ele Mini stros pessoas ele várias tendências, mas não ele posições radicais, como quem procura dar, sobretudo, a sensação ele eq uilíbri o e tranquilidade. A extrema esquerda não tardou em lançar mobili zações indígenas, greves, ag itações e invasões ele rec intos mine iros, ex ig indo que o govern o . uspe nclesse gra ndes projetos ele mineração prestes a co meça r. O que teria por efeito o desalento ele numerosos inversores e a para li sação ele ini c iativas,
tornando questionáve l a factibiliclacle cio progresso econômi co para proporcionar à população o tão ane lado bem-estar. Di ante di sso o novo governo fez determin adas concessões aos protestos, mas in sistiu que com algum as correções os projetos se realizariam, e que a agitação deveri a terminar. Isso bastou para que vários g rupos ele esquerda retirassem seu apoio ao governo, renunciando a seus cargos e passando para a oposição. Enquanto isso, como expressão ele expectativas favo ráve is, no âmbito e mpresa ri al crescia a confi a nça , reinic iavam-se os projetos, e as cotações ela bol sa voltavam a subir; o cresc imento e o emprego al ca nçavam níveis muitos satisfatórios. Assim, as cifras econômicas mostram-se francamente alentadoras e mantém-se a paz social, em agudo contraste com a prostração que afetou durante tanto tempo o Peru e com os conflitos que hoje açoitam outros países. Oxalá a isso se acrescente um enérgico combate ao terrorismo, que renasceu na selva peruana e desafia o governo, alarmando setores desejosos ela ordem e temerosos ele que a violência elas décadas passadas volte a fazer-se sentir. Pode ser que o atual gove rno peruano ainda mude ele orientação e to me o rumo que muitos te miam quando fo i e leito, embora não haja sinais concretos ele que será assim . Mas, caso isto aconteça, diminuirá o apoio a que sua atinicle equilibrada e sensata deu ensejo pouco clepoi ele ass umi r, para dar lugar ao frenesi socialista ele uma minoria e a consequente inquietação ela maioria que verá claro o quanto tal mudança compro meteria o futuro do país. Ao lado ela Colômbia, o Peru é atualmente um cios países
com melhores perspectivas. O que não é dizer pouco se considerarmos que ambos passaram por dias trágicos que faziam com que muitos se interrogassem sobre o futuro que os aguarelava. Poi s be m, corri giram-se os rumos, as escolhas foram mais acertadas, a confiança re nasce u e os ri scos diminuíra m; e m um a palavra, passaram -se páginas lame ntáveis, deixando lugar para outras muito mais auspiciosas. O suced ido no Peru foi o contrário do que seu deu na Venezue la e na Argentina mais ou menos no mesmo período. Mas estas duas nações també m poderão exibir no futuro uma melhora incomparáve l. A condição para isso é que elas saibam ex igir agora ele seus respectivos líderes uma direção mais ele acordo com as leis nacionai s, e, sobretudo, com a Lei ele Deus. Se o fizerem com verdadeira energia, as bênçãos ela Divina Providência terão tai s efeitos, que muitos se perguntarão no dia ele amanhã como foi que elas se reergueram de cri ses tão profundas para restaurações tão surpreendentes. Será o caso ele responder com as palavras cio Prof. Plinio Corrêa ele Olive ira em seu ensaio Revolução e Contra-Revolução: "Quando os homens resolvem cooperar com a graça de Deus, são as maravilhas da História que assim se operam: é a conversão do Império Romano, é a formação da Idade Média, é a Reconquista da Espanha a partir de Covadonga, são todos esses acontecimentos que se dão como fruto das grandes ressurreições de alma de que os povos são também susceptíveis. Ressurreições invencíveis, porque não há o que derrote wn povo virtuoso e que verdadeiramente ame a Deus" (Parte TI, Cap. IX , Nº 3, Artpress, São Paulo, 1998). • E-mail para o autor: catolicismo @terra.com br
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São João de Sahagún Mártir da palavra F idalgo e um dos maiores pregadores da Espanha, fustigava com franqueza apostólica os crimes e vícios de sua época, sendo por isso envenenado. Filho de llel'ói da guerra co11tl'a os mouros PLINIO MARIA SOLIMEO
E Paróquia de São João de Sahagún, em Salamanca
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CATOLIC ISMO
mbora desconhecido no Brasil, São João de Sahagú n figura entre os maiores pregadores deste país de grandes pregadores que fo i a Espanha. Seu exemp lo atesta como os autênticos oradores sacros devem estar dispostos a tudo, até à morte se necessário, antes que pactuar com os crimes e vícios da época em que vivem.
Sahagún é uma pequena cidade da província espanhola de Leão. Sua glóri a era a de ter serv ido de berço e patíbulo do mártir São Fernando, que na época dos romanos tingiu com seu sangue as águas do rio Cea. A essa g lória, sécu los mais tarde se somou a de ser a pátria de João González de Castrilho, conhecido na História da Igreja como São João de Sahagún ou São Facundo. Seu pai e homôn imo - um "cristão velho" e fidalgo " pelos quatro costados" - vivia na
corte do rei D. João II , tendo-se notabilizado na batalha de Hiqueruela contra os mouros, sob o comando do condestável Álvaro de Luna. O primogênito dos sete filhos de D . João e de Da. Sancha Martinez, João nasce u no di a 24 de junho de 1430, festa de São João Batista. Estudou letras e huma nid ad es no Rea l Moste iro de São Bento de sua cidade nata l. Dotado de boa inte li gênc ia , ava ntajo u-se muito nos estudos. Na ado lescênc ia ele foi apresentado por um tio ao Arcebispo de Burgos, D. Alonso de Ca rtage na. Antigo rab ino s inceramente co nvertido e m Príncipe ela Igreja, homem virtuoso de vasto saber, D. Alonso logo se encantou com as qualidades de João Gonzá lez. Ordenou-o sacerdote, no meouo depois cônego da catedral, além de conceder-lhe outros benefícios. Mas, renunciando a tudo, o jovem levita se dedi cou à cura da almas, à pregação e aos estudos na pequena igreja de Santa Águeda.
Doutor em teologia e li'ade agostiniano M orto D. Alonso em 1456, o Pe. João trasladou-se pa ra Sa lamanca a fim de estudar Direito anônico em s ua célebre universidade. Ao mesmo tempo exerc ia sua atividade pastoral e m um a capela da cidade. A princípio, por cau a de sua humildade, poucos notara m as qua li dades desse jovem sacerdote. Mas um dia convida-
ra m-no para fazer um sermão em honra de São Sebastião, patrono do colég io São Bartolomeu. O Pe. João agradou tanto, que foi eleito para essa casa, tornando-se também muito popular na c idade. Formado, lec ionou Sagrada Escritura no mesmo colégio. Entretanto, um cálcul o renal tornou necessári a uma dolorosa operação, que naquela época punha em ri sco a vida do paciente. Diante di sso, o Pe. João prometeu a Deus tornar-se religioso, caso saísse ileso da operação. Eis o que e le mesmo narra sobre o ocorrido então : "O que se passou
naquela noite entre Deus e minha alma, só Ele sabe; e, logo de manhã, fui [ao convento de] Santo Agostinho, creio que por iluminação do Espírito Santo, e recebi o hábito da Ordem". 1 Profllll<la pieclade eucarística e cargos ele mando No convento de Santo Agostinho, João González portou -se como reli gioso muito virtuoso e ed ificante. Por isso foi designado Mestre de Noviços, depo is Prior, e finalmente Conselheiro Provincia l. Como aliava à sua profund a virtude muita ciência, estava apto a comandar; e como sab ia obedecer, sabi a ta mbé m mandar. Frei João também se notabilizava por uma profunda piedade eucarística. Suas ações de cada di a eram feitas como preparação para a comunhão do dia seguinte. Muito devoto da E ucaristia, não podia sê-lo menos do Santo Sacrifício
do Altar. Era favorecido por êxtases na celebração da Missa, de sorte que esta não tinha fim . O superior ordenou-lhe que fosse mais breve. Frei João, confuso, comunicou-lhe então o que se passava entre ele e Nosso Senhor durante a Missa: Jesus Cristo aparecia-lhe frequentemente, fulgurante como um sol, e lhe fazia as mais altas revelações.
Piedade de um santo muito acessível Não obstante, Frei João era um santo muito ace~sível. Seus biógrafos contam que ele não era de nenhum modo um místi co hipocondríaco e sombrio que inventava a cada dia novo modo de mortificar seu corpo. Não faz ia penitências extraordinárias, jejuava apenas quando mandava a regra, e comia quando era a hora. "Sua
conversação estava cheia de graça; seu rosto alegrava a quem o olhasse. Ademais, sem saber como, Frei João se tornara o diretor, o mestre, o pai, o consolo de todos os desgraçados na cidade de Salamanca. De seus lábios escapavam palavras bondosas; de suas mãos, prodígios estupendos".2 A pregação foi sua grande missão. Falava tão bem e pateticamente, que em Salamanca se dizia: " Vamos ouvir o frade gracioso". Frei João fu stigava os vícios, as modas extravagantes, a licenciosidade de costumes e as injustiças que vi a na cidade. Ele foi por isso várias vezes vítima de atentados. E quando se tratava de apontar a lguma irregular idade, não poupava nem amigos nem pessoas elevadas em di gnidade: "Fazer de outro modo, diz ia, é vende r a consciência, trair o
Crucifixo, e fazer, por assim dizer, moeda falsa em matéria de religião".3 Frei João era de tal modo dotado do poder de penetrar os segredos de consciência, que no confess ionário não era fác il enganá-lo. E aqueles que queriam confessar-se apenas rotineiramente eram obrigados a fazê-lo bem. Insistia na necessidade do füme propósito para que fosse boa a confi ssão. Entretanto, era muito discreto e mi seri-
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1, Uma com os restos do santo na Catedral Nova de Salamanca
cordioso com os pecadores, sendo por isso muito procurado pe los fié is.
Fatos milagrosos na vicia do santo De us Nosso Se nh o r se meo u a vida de São João de Sahag ún com vários prodígios . Assim , um dia seu irmão, Martim de Castrilho, o chamou aflito, porque uma filha sua hav ia falecido. Frei João, ao chegar, disse- lhe a legreme nte: "Po r que choras? A menina desmaiou e pensam que morreu ". Tomando-a pela mão, entregouª com vicia à mãe. Em outra ocas ião, uma mãe e m prantos proc urou Frei João dizendo que seu fi lh o havia ca ído em profundo poço e não era ma is visto. Fre i João diri giu-se ao local e chamou o men ino pelo nome. Este responde u. Então o Santo tirou sua corre ia e a lançou ao poço para que o menino a agarrasse. Ora, sucedeu que a co rre ia cresceu o necessári o para ch egar até o nde o me nino se e ncontra va, muitos metros abaixo. Agarrando-se a e la, sa iu são e salvo. Uma multidão que se tinha re unido em redor cio santo começou então a aclamá-lo. Vendo um balaio de peixe vazio, Frei João o colocou na cabeça e começou a bai lar como um tonto, afastando-se do povo. C hamando-o de louco, alguns meni!10s começaram a correr atrás de le e a atirar-lhe pedras, e
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C ATOLICISMO
assim ele chegou ao convento. Desse modo livrou-se dos louvores, além de ganhar algumas boas pedradas. 4
Pacilicador e Paclroeiro de Salamanca Entretanto, o ma ior feito de São João de Sahagún foi pacificar Salamanca, que nos últimos 40 anos estava sendo devastada po r uma guerra de fa mílias. Era raro o dia e m que o sa ngue não corresse e m abundânci a, e não hav ia pratica mente família que não tivesse perdido um e nte querido. Co mo consequência, não ex isti a casa que não procurasse um me io de vingar-se. O pior é que nem mesmo os mag istrados e a autoridade real era m res pe itados. Co me tiam -se ho mi cídios mes mo e m lugares de as il o, e matava-se até junto aos altares. São João de Sahagún não o mitiu nada para re unir os dois partidos opostos e faze r cessar o espírito de vingança que os animava. Tudo e mpregou, tanto no confess ionári o quanto no púlpito, nas ruas e até e m frente às casas dos liti gantes para fazer cessar esse flagelo. E nquanto pregava um dia contra essas desordens na igreja lotada, sobreveio no templo um murmúrio de desagrado, pondo alguns a mão na espada. O santo interrompeu então o sermão e, em tom de profeta, disse que o primeiro que empunhasse o gládio cairia mor-
to. Um dos senhores mais responsáveis pelo litígio quis desafi ar o pregador, mas caiu fulminado. Esse castigo tão súbito, tão público e tão milagroso causou tanto efeito, que operou a difícil reconci liação. Pelo que João de Sahagún recebeu na cidade o títu lo de "EI Pac ifi cador''. Quando contava apenas 49 anos Frei João de Sahagún começou a falar de s ua morte próx ima, apesar de estar com boa saúde . Suas palavras proféticas logo se rea li zaram. Havi a em Sa lamanca um senho r da alta nobreza que levava vida escandalosa com uma mulher sem que ningué m ousasse repreendê-los. São João tomou então a liberdade de lhes mostrar o estado peca minoso e m que viviam e o escâ ndalo que dava m à cidade, ameaçando-os co m o castigo divino. Suas palav ras e ad moestações ca usara m profundo efe ito sobre o nobre que, arre pendido, rompeu a ligação ilíc ita em que vivia. O mesmo , entretanto, não ocorre u com sua concubina, q ue juro u vingar-se. N ão se sabe po r que me ios e la conseg uiu colocar um veneno lento, mas mortal , num alime nto q ue Frei João ia tomar. A consequênc ia fo i um le nto e do lo roso depa upera mento do anto. Sofrendo tudo com pac iênc ia adm irável, no dia l 1 de junho de 1479 e le e ntregou sua a lma a De us. Beatificado por lemente VJII em 160 l e ca noni zado por Inocêncio XII e m J690, Sã João de Sahagú n é o pad roeiro de Salamanca. • E- mai I para o autor: catoli c jsmo @terra.com.br
Notas : 1. P. A ntolínez, Vida de San Ju an de Sa hagún , Sa lamanca, 1605 , apud Vi ctorino Capánaga, Sa11 Juan de Sa l,agún., Gran Encic lopédia Rialp, Ed ic iones Rialp , Madri , 197 3, tomo X III , p. 590. 2. Fr. Ju s to Pe re z de Urbe l, O.S .B. , AFio Cristiano, Edic iones Fax , Madri , 1945 , tomo li , p. 600. 3. Les Petits Bo ll and istes, Vies eles Sa inls , Bloud et Barra i, Libraires-Éd iteurs , Pari s, 1882, tomo V 1, p. 600. 4. Cfr. Ede lvives, E/ Sa nto de Cada Dia, Editori al Lui s Vives , S.A. , Sa ragoça, 1947, tomo 111 , pp. 439-440.
EPISÓDIOS HISTÓRICOS
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Jerusalém milagrosamente conquistada após duras provações !VAN RAFAEL DE ÜLIVEIRA
P rosseguindo sua epopeia pelos áridos caminhos da Ásia Menor e da Síria até 1Terusalém, os cruzados tiveram de enfrentar os maiores exércitos do Oriente. Pelo desejo de ver a Terra Santa livre do jugo muçuhnano, aqueles heróis puderam chegar ao termo de seu longo trajeto.
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a é poca da Prime ira C ru zada, a Ásia M enor, também conhecida como Anató li a ("Brilho do Sol"), estava e m poder dos mao meta nos se ldjúcidas. E la hav ia sido conqui tada aos gregos em J07 J, portanto apenas 26 anos antes da retomada cristã, e era ainda habitada por uma grande população de he lênicos; e també m por armênios, que ali se hav iam refugiado depois da invasão dos seldjúcidas em seu país. Do anti go Império R omano do Oriente restava apenas Bizâncio, a capita l, do lado ocidenta l do Bósforo. E la seri a a porta de entrad a que os muçulmanos usa ri am para dominar a Europa. Temendo o perigo que se a proximava, o imperador bizantino Alexis I Comneno implo ro u aj uda ao Papa. 1 O bem-aventurado Urbano li , que e ntão governava a Igreja, a legrou-se ao recebe r tal ped ido, na esperança de que a Cru zada pudesse trazer novamente ao seio da verdadeira Ig reja os c is máticos cio Oriente. No artigo anterior, pub licado nesta seção e m j ane iro último, seguimos os cruzados desde sua convocação pe lo Papa até a conqui sta de Nicéia, na Ásia Menor, de fendida pe los soldados do sultão Kilidj-Arslan. Ana li sare mos agora a lg umas das principais vitórias militares que culminara m com a co nqui sta de Jerusa lé m.
A Batalha ele Doriléia O exército cristão partiu de Nicéia em 25 de junho de 1097, entrando nas áridas regiões da Frígia. Após a perda de Nicéia, o sultão Ki lidj-Arslan, percorrendo todo o seu território, conseguiu reunir J50 mil homens dispostos a enfrentar o exército cri stão. O sultão deu batalha na planície de Doriléia, aproveitando o fato de os cruzados estare m divididos em dois grupos. Mesmo com esse estratage ma, os cristãos, com o brado Deus Vult (Deus o quer), ao fina l saíram vitoriosos. " Vós não conheceis osji-anco.1· - dizia o sultão Kilic(j-Arslan aos árabes que lhe censuravam. a dermta - vós não lhes experimentastes a coragem; essa força não é humana, mas celeste ou diabólica". 2 Durante a fuga, o sultão destruiu tudo em seu ca minho: vi las, plantações, qualquer coisa que pudesse ajudar os cru zados que por ali iriam passar. Foi então que os guerreiros de Cristo encontraram os inimigos que lhes provocaram enormes perdas e dific uldades: a fome, a sede e as doenças. Nesse cam inho pereceram num único d ia até 500 homens.3 Algumas cidades abriram sem resistência suas portas aos cruzados, enquanto outras fora m tomadas de assalto. O exército cristão era frequentemente auxiliado pelo levante dos habi tantes armênios. Os islam itas, que até então subjugavam este povo, fug iam ante a chegada dos cru zados, refugiando-se em Antioquia, na Síria, a única cidade capaz ele resistir à força dos cristãos.
O Cerco ele Antioquia Em 20 ele outub ro, um exército católi co de 300 mil homens encontrava-se diante dos muros de Antioquia. Apenas um destaca me nto, co mandado por Ba lduíno, irm ão de Godofredo de Boui llo n, dirigiu-se a Edessa, co nsegu indo subjugar aque la c idade . Os so ldados acamparam durante nove meses diante de Antioquia sem poder domi ná-la . A cidade era muito gra nde, possuía 360 templos e 450 torres, estava be m forti ficada, g uarnec ida e prov ida para o cerco . Os francos estavam ma is adestrados e m batalhas do que em cercos; despreocupados, hav ia m esba nj ado se us víveres, que se esgotaram mui to rapidamente .
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Na ociosidade do cerco, os sacerdotes tinham que combater vigorosamente os vícios que muito faci lmente infestam acampamentos de soldados. Não tardou que Deus, para purificar o exército de seus pecados e lembrá-lo de que a assistência divina é dada normalmente a homens virtuosos, provou os cruzados com amargas privações . Durante o inverno, a miséria e a mortandade reduziram o contingente à metade. Muitos que não tiveram fé nem brio suficiente perderam a confiança e desertaram, voltando para seus países de origem. Para piorar a situação, uma terrível notícia chegou aos cristãos: Kerboga, príncipe de Mossou! , reunira um poderoso exército e aproximava-se para atacar os cruzados. 4 Tudo parecia perdido, quando um comandante turco da guarnição de Antioquia entregou secretamente aos cruzados uma entrada que estava sob sua guarda. Foi acertado que, na noite de 3 de junho de 1098, os so ldados subiriam por cordas até a torre guardada por aquele comandante. Todos hesitavam sobre a sinceridade da oferta, e os melhores cavaleiros .temiam subir. Bohemundo, príncipe de Tarento, observando essa falta de coragem, quis dar o exemp lo e subiu primeiro, sendo seguido pelos outros. Após uma dura batalha dentro dos muros da cidade, os cruzados conseguiram conquistá- la.
Em Antioquia, travou-se entre os dois exércitos uma longa batalha. Muitos cruzados contaram ter visto São Jorge combatendo no meio deles, fato que os enchia ainda mais de entusiasmo.
La11ça de Lo11gi110s: siiial diYi110 Nem três dias haviam transcorrido quando Kerboga chegou com outros 28 príncipes e 200 mil homens, cercando a cidade. As festas da conquista rapidamente transformaram-se em novas privações, piores que as anteriores. A situação estava desesperadora, não havia outra solução senão sair e lut:'lr. Sem saberem os cruzados o que fazer, esperavam somente pela ajuda do Céu. Depois de alguns dias angustiantes, o padre Pedro Baithelemy anunciou aos comandantes que Nosso Senhor lhe havia aparecido. Revelara-lhe o local onde estava ente1Tada a lança com a qual, na cruz, haviam atravessado seu divino peito; e prometera que com ela venceriam a batalha. Os chefes mandaram imediatamente que se cavasse debaixo do altar da igreja de São Pedro. A cerca de quatro metros de profundidade encontraram a lança. Todos se reanimaram com esse sinal de D us. Os doentes sentiram-se curados e todos clamai·am pela batalha. Rea li zaram-se então procissões, jejuns, orações e até preparação para a morte. O Bispo de Le Puy celebrou Missa em que todos, após terem sido perdoados de seus pecados, receberam a Santa Comunhão.
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Antioquia: São Jo1,ge l'ol'talece os Cl'11zados No dia de São Pedro e São Paulo, Bohen1undo, comandando os cru za-
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dos, organizou-os em doze divisões, em honra dos doze apóstolos. Os combatentes saíram da fortaleza sem ostentai· suas lanças. Os muçulmanos pen- -ll saram, de início, que os cristãos haviam saído da cidade para entregar-se. i Travou-se então entre os doi s exércitos longa batalha. Muitos cruza- <ll dos contaram ter visto São Jorge combatendo no me io deles , fato que os enchi a ainda mais de entusiasmo. 5 Os muçulmanos estavam sofrendo grandes perdas . Subitamente, o que restava do exército turco fu gi u em deband ada. A batalha de Antioquia estava ganha. Fato admirável: presenciando tantos prodígios em favor dos católicos, grande número de pagãos pediu o batismo.
No di.a seguinte, nova tentativa. Depois de sete horas de duro combate sem nenhum avanço, muito desanimava m e fa lava m em retirada. Foi então que Godofredo de Boui llon viu sobre o Monte das Oliveiras um homem com brilhante escudo . Logo exclamou: "São Jorge vem em nosso auxílio! "6 . O ataque se fez então com maior ímpeto. As torre m veis dos cruzados chegara m até as muralhas da cidade, dando inicio ao as alto. Um dos primeiros a transpor a muralha foi o próprio Godofredo. As portas não tardaram a se abrir, desenrolando-se um terrível combate dentro da c idade. A bravura e ardor com que lutaram os soldados católicos era um justo revide, tendo sido com propri edade ass im qualificado por uma testemunha: "Foi um justo juízo de Deus aos que haviam profanado o santuário do Senhor com ritos superstici· osos e o haviam tirado ao povo jiel". 1 Dominada a cidade, os cruzados passaram do furor sagrado aos sentimentos mais ternos e puros em relação ao lugares santos . Lai·gai·am suas armas, lavaram suas mãos e vestiram roupas limpa . Visitando os santos lugai·es, osculai·am-nos com grande devoção, humildade e coraçã contrito, entre soluços e lágrinias. Foi comovedor presenciar o espetáculo proporcionado por aqueles soldados cristãos, que com grande fervor praticavai11 suas devoções. Em toda a cidade eles se entregavam a obras de caridade com a maior dedicação. Uns confessavam suas culpas e prometiam não mais voltar a cometê-las, enquanto outros davam aos pobres e aos doentes tudo o que possuíam . A vitória, concedida por Deus a eles naque le dia, parecia ser sua maior riqueza. •
As torres móveis dos cruzados chegaram até as muralhas de Jerusalém, dando início ao assalto. Um dos primeiros a transpor a muralha foi o próprio Godofredo.
E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
Cl'istãos libel'tam a Cidade Sa11ta No dia 7 de junho de 1099, o exército cristão acampou di ante de Jerusalém. Depoi s de doi s anos de batalhas, restavam apenas 20 mil homens. Jerusa lém possuía fortes muros e altas torres, sendo defendida por 40 mil homens. Inici ou-se um novo cerco, enquanto se construíam as máq uin as necessári as para o ataq ue. Em 8 de julho, como preparação para a luta decisiva, fez-se uma procissão no Monte das Oliveiras. Seis dias depois, deu-se o primeiro assalto. Os cristãos lutaram como um só homem, mas naquele dia não conseguiram a vitória.
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CATOLICISMO
Notas: 1. História da Civilização, O li ve ira Lima, p. 187 , 13° edição, Edi ções Melh orame ntos 1963 . 2. História das Cru zadas , Joseph-Fraçois Mi chaud , vol. 1, p. 2 17 e 21 8, Ed itora da s Américas 1956. 3. Historia Un iversal , Ju an Baptiste We iss, Tipograli a La Ed ucacíon, Barce lona, 1933, vol. V, p. 479. 4 . Weiss, op. cit. , p. 474. 5. Weiss, op. cit. , p. 475. 6. We iss op. c it. , p. 477. 7. Gui le lmu s Ty riu s, VI II , cap. 20 , in We iss, op. cit. , p. 479.
JUNHO 2012 -
·coronel John Ripley um herói americano
Primeiro encontro de nosso entrevistado, Sr. Norman Fulkerson, à esq., com o Cel. Ripley (1993). Fotografia tirada em Washington,
por ocasião do lançamento do livro Nobreza e Elites
Tradicionais Análogas, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira.
U m exemplo para todos que enfrentam dificuldades. Por maiores que estas sejam, é preciso arrostá-las.com confiança e espírito sobrenatural. Entrevista com seu biógrafo, Norman Fulkerson.
ascido em 1939 e falecido em 2008, o Cel. Jqhn W. Ripley é um herói legendário da guerra do Vietnã (1964-1975) . Especialmente marcante foi sua ação durante a "Ofensiva de Páscoa", em 1972, quando seu superior, o Cel. Gerald Turley, ordenou-lhe resistir até a morte diante da ofensiva de mais de 30 mil soldados comunistas do Vietnã do Norte apoiados por 200 tanques . O então capitão John Ripley procedeu à dinamitação da ponte de Dong Ha, única passagem do Vietnã do Norte para o Vietnã do Sul, impedindo assim o inimigo de invadir a parte meridional e detendo durante mais de um ano a ofensiva comunista contra o Sul. A saga - que o jovem capitão empreendeu praticamente só, durante cerca de três horas, rezando jaculatórias debaixo de cerrado fogo inimigo - parecia humanamente impossível, e a morte, certa. Veterano membro da TFP norte-americana (American Society for the Defense of Tradition, Family and Property), amigo e admirador do Cel. Ripley, Norman Fulkerson escreveu um livro sobre a vida deste extraordinário fuzileiro naval : Um cavaleiro americano: A vida do Gel. John W. Ripley, obra que lhe valeu a Medalha de Ouro de 201 O da Associação dos Escritores Militares dos Estados Unidos. A respeito de sua obra, o Sr. Fulkerson respondeu gentilmente às perguntas formula-
N
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CAT O LICISMO
das por Catolicismo através de seu colaborador Miguel Beccar Varela.
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Catolicismo - Como o Sr. sintetizaria seu livro sobre o Cel. Ripley?
Sr. Fulkerson - E m uma palavra, trata-se da úni ca bi og rafia deste herói norte-a meri cano, um personagem legendári o para os fuzil eiros navais de meu país. Cada etapa está repl eta de episódi os interessantes. Catolicismo - Inclusive na época da infância?
S1: Fulkerson: "O título que o Cel . .John Ripley recebeu, sig1liflcava que ele constituía um 'perigo murtal' para qual<Juer i11imigo que ousasse e11t'l'e11tá-Jo "
Sr. Fulkerson - A in fâ ncia de John é a hi stória de uma vida de aventu ras como a sonham os meninos de todas as épocas; a vida de um menino "marcado para uma mi ssão especial". Catolicismo -
Poderia dar um exemplo?
Sr. Fulkerson - Próx imo de sua casa hav ia uma ponte de ferro sobre a qual o trem atravessava um ri o, e ele gostava de brincar ali. Uma de suas "proezas" era atravessar a ponte pendu randose co m as mãos nas vi gas, para a grande admi ração de seus primos e primas. Muitos anos depo is, em terras longínquas, a mes ma "di versão" transformou-se em ato de guerra de uma força que se di ria quase sobre-humana ... Vemos também, nos anos de sua infâ ncia, o ambiente famili ar católi co e minentemente adequado para fo rmar heróis.
Catolicismo - E sobre a adolescência e a íuventude?
Alguns ditos do Cel. Ripley
S,: Fulkersou - É a época da vida em que nascem e se admi ram os grand es id eai.. Vemos "Cair morto no cumprimento do dever ali a árdu a luta do adolescente é honroso enquanto fu gir é a mai s alta forque adquire uma vontade de ferma ele desonra". ro pela di sciplin a nos estu dos ela batalha de Iwo Jima. Um de "Se alguém pode ser um bom católico, para a carreira militar, durante seus melhores amigos, Paul Gaesse pode ser um bom marine". sua fo rmação nos M arines lanti , di sse que Ripley se tornou "Eu nunca fui , nem jamais serei infiel os soldados mais aguerri dos do um verdadeiro fil ósofo. Assistia à minha esposa". mundo. Também, o apoio e a à Santa Missa diariamente, e cos"A sua unidade deve vê-lo com um lísaudável influência de seus pa is tumava dizer: "Se alguém pode der, e seus membros devem adquirir conmodelare ·. ser um bom cat6lico, esse pode fi ança na sua confi ança". Desde o início, o el. Ripley marine". ser bom "Não há pessoa na guerra que não tedemonstrou suas xcepc ionais nha medo, mas não se deve deixar domi aptidões guerreiras. Após comCatolicismo - Como foi a pasnar por ele". pl etar quatro treinamentos, dos sagem do Cel. Ripley pela mais difíceis no mundo, das fo rguerra do Vietnã? ças especiais- incluin I o curSr. Fulkerson - Ele serviu naso cios Co mandos dos Reais Fuzileiros Nava is quele país em dois períodos. Em 1966, com 27 Bri tâni cos - ele ga nhou ' 1 denomi nação entre anos, chegou como capitão ao Vietnã. Seu vaos co mpanheiros, de "q uad body". No mundo, lor, sua capac idade de mando e de liderança fisomente dois homens hav iam obtido tal título zeram dele uma legenda viva. Em seguida ele até aq uele momento. Signi l'icava que ele consfo i colocado no co mando da Companhia Lima "Em março de tituía um "peri go morta l" para qualq uer inimide fuzileiros. 1967, Ripley e go que ousasse enfrentá-lo. Em março de ] 967 co meçou a sua legenseus home11s da. Ripl ey e se us homens res istiram durante r esistiram duCatolicismo - ' Por fim, a maturidade. todo o di a ao ataque de um batalhão de mil rante todo o <lia Sr. Fulkerson - Esse "p r f'im " lem dois assoldados co muni stas do Vi etnã cio Norte. Duao ataque ele 11111 pectos. Um deles é o auge de glóri a na história batalhão de mil rante uma batalha em 2 de março, qu e du rou de sua carreira de soldado na guerra do Vietnã. qu ase o di a inteiro, ele pe rdeu a maioria de soldados comuOutro aspecto é que, embora inicialmente não nistas do Vietllã seus fu zileiros . A batalha fo i tão fe roz que nos tivesse sido bom estudante, graça aos seus es- do Norte " Estados Unid os os fu zi leiros de seu batalhão fo rços ele adquiriu um grande amor pela leitu ra, passaram a ser co nhec idos como os "Ripley's principalmente da Hi stóri a. A ponto de, no fim raiders" ("grupos de assa lto de Ripl ey"). O de sua vida, ter-se torn ado o maior hi stori ador nome pego u e a lenda nasce u. Seus so ldados
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di ziam: "Esta r perto de Ripley significava a certeza de muita ~1ção" . Ou então: "Nós o seguiríamos até as portas do inferno, porque sabíamos que nos traria de volta ". Catolicismo - O Sr. poderia narrar para nossos leitores o famoso caso da ponte de Dong Ha?
Declaração do Cel. Ripley diante da comissão presidencial sobre o significado de "combate" nas Forças Armadas
Sr. Fulkerson - No ano de J97 J ele regressou
ao Vietnã. E em março de 1972 rea lizou a façanha de mandar pelos ares a ponte de Dong Ha. Fazer "voar" a ponte não fo i nada fác il. Como narro em meu liv ro, o Cap. Ripley teria de colocar mais de 250 quil os ele ex pl os ivos debaixo dela. Apesar de ter- e alimentado muito pouco durante os últimos dias, ele reali zou 12 viagens entre a margem do rio e a parte infe rior da ponte. Em cada viagem ele levava mais de uma dezena ele sacos com vári os quil os de ex pl osivos. Paraevitar as balas inimigas que chovi am a partir ela outra cabeceira, Ripley reali zava essa operação pendurando-se nas vigas da ponte (em fo rma de "I"), como ele o fazia quando gru·oLo... Quando chegou o momento ele colocar os detonadores na dinami te (eram vári as dúzias ele "bananas"), co mo não possuía o ali cate adequ ado, ele se viu obri gado a morder em cada um cios peri gosos ex pl os ivos, com o ri sco ele os mes mos ex pl odirem, faze ndo voar sua cabeça. Foram mais ele três horas nessa terríve l operação. E tal era seu estado de esgota mento que ele chegou a des maiar por alguns momentos. "O único meio de ser capaz de fa zer isto relatou o Cel. Ripley diretamente a um grupo de am igos da TFP ameri cana - fo i simplesmente pedir a Deus que rne desse.força". Contou ainda que durante os esforços esgoLanLes, os Marines costu mavam entoar cânticos seguindo o ritmo de sua mov imentação. Para gra nde surpresa do major Smock - que o ajudava passariclo- lhe as cru-gas ele dinami te a partir da margem do rio, sob a cabeceira sul da ponte - , o Cel. Ripley cantava em voz alta, em fo rma ele jacul atóri a: "Jesus, Maria, levai-me até lá!". E ass im, de fa to, ele mandou aquela ponte para os ares. Fo i um sucesso extraordinári o! Catolicismo - Era uma ponte muito estratégica naquela guerra?
Sr. Fulkerson - O Cel. Turl ey, o assessor espe-
cial que no fragor do avanço norte-v ietnami ta ordenara ao Cel. Ri pley fazer "voar" a ponte ele Dong Ha, escreveu depois um relatório no qual diz, entre outras coisas: "O êxito do Cap. Ripley vencendo obstáculos impossíveis de vencer, eles-
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CATO LI C ISMO
"Combate é combate. Talvez eu deva começar com minha defini ção de combate. É um ato diretamente agres ivo. Não consiste em esperar pass ivamente que algo ocorra em um ambi ente de ri sco. Estar simpl es mente ex posto ao combate não é co mbate, ao menos em nível de infa ntaria. O combate pressupõe um comportamento agressivo e violento; e a ati sfação, o gozo que deriva desse comportamento - essa é uma parte essencial cio combate. Pelo menos entre os Marines. ''Tomem, por exemplo, no futebol americano, jogadores (linebackers) na linha de defesa. Eles gostam de esmagar, arrebentar, não o jogador que têm di ante de si, mas qualquer jogador. Há uma sati sfação derivada desse tipo de comportamento que é comum entre os homens. Não di go quanto a l00% deles, mas de modo geral. Poder-se- ia defi nir isto como sendo um equilíbrio químico, o hormônio masculino testosterona, e essas coisas. Não sei bem o que causa isso, mas posso di zer-lhes que é o comum. E om homem que não tenha isto nunca será um bom Marine. Não o queremos. [... ] "O combate sugere este tipo de comporta mento agress ivo, violento, que engend ra uma certa sati sfação de ter enfrentado e esmagado o inimigo; é um bom sentimento, um sentimento de vitória, um banho ele emoção. Há algo de bom nisto. "Eu não estou ele acordo com esta ideia ele que nós odi amos lutar[ ... ] alguém tem que fazê- lo; nós o fi zemos e nos cau ou gosto fazê- lo. Isso não quer di zer que sejamos belicistas ou mil itaristas, ou que tenhamos fo rçado as coisas para estarmos lá (falando cio Vi etnã). Isso, podem estar certos que não fi zemos. Mas li vemos um enorme prazer em levar a luta ao inimigo e tê-lo arruinado. Isso é combate. "Não é o fato ele expor-se ao ri sco. Ri sco é ri sco apenas, não é combate. É algo totalmente di fe rente. Podemos chamar ele combate, por analogia, estar sentado numa trincheira recebendo o fogo ele mísseis. Mas em si, combate é um ato agress ivo. Deve-se ava nçar sobre o inimigo, eleve-se atirar sobre a sua jugulru·; e deve-se encontrru· gosto em fazê-lo, pelo menos a ponto ele que, se requerido a fazê- lo novamente, isso não signifique que se vá cair numa depressão".
truindo a ponte,foi urna luta épica em si mesma. Num momento em que a política do Vietnã do Sul estava sob o peso do sentim.ento de denvta, a ação isolada do Cap. Ripley deteve a of ensiva do Vietnã do Norte. Assim. o reconheceram. o supremo cornando em Saigon e o Departamento de Def esa. A persistência de um só hornern, de levar a cabo sua missão, sua coragern e sua .força de vontade sob as condições de combate extremas, fe z toda a dife rença nas centenas de pequenos com.bates que se produziram nesse dia. O espírito indomável do Cap. Ripley, sua galhardia e intrepidez diante do risco, chega ram muito mais alto que o 'n·1.ais além do dever'. Se us atos fi zeram retroceder a maré da 'ofensiva da Páscoa de 72 '; e o avanço norte-vietnamita se detev e duran te quase três anos". Catolicismo - Como catól ico contra-revolucionário, o Sr. sente sintonias especiais com a alma do Cel. Ripley?
S,: Fulkerson - Há muiL s exemplos na vida deste grande herói com os quais sinto grande consonância. m primeiro lugar, o incisivo depoimento que ele deu diante cio Congresso norte-americano em 1995 conlra a ad missão de homossex uais nas Forças Armadas. Ao fazer isso, ele atacou ele frente uma ideia "politicamente correta" que tem tido muitas ram if"icações no meu país. Ele terminou seu depoimenlo literalmente implorando aos congressistas que não metessem os fu zileiros navais numa mb scada da qual jamais conseguiriam recuperru·-se. Outro ponto contra o qual ele insistiu muito fo i a ideia ele se colocar mulheres em situações de combate. Jsso se deveu não só ao seu bom senso, mas também ao seu grande espírito cava lheiresco que o levava a proteger as mulheres. Mais cio que ni nguém, ele entendia a brutali dade da guerra e queria absolutamente poupá-la às mulheres.
cessári o. Pura fortaleza, sem nenhum laivo de covard ia, e no entanto fazendo tudo com prudência e sabedori a. Sua gesta faze ndo "voar" a ponte de Dong Ha consti tuiu uma ação heroica que marcou o imaginário dos norte-a mericanos. Ele fo i um homem excepcionalmente virtuoso, casto, detentor de um notável physique du rôle. A Providência parece terse co mpraz ido em faze r brilh ar, nele vári os elementos: ter inspi rad o um só homem a rea li zar algo qu e mudari a o curso das coisas nu m momento de grande peso na Hi stória; dar a esse homem fo rças sobre-humanas de heroi , para torn á- lo um modelo de combati vi dade que talvez esteja nos planos de Deus que se transforme em algo muito maior, algum di a, na históri a do povo ameri cano. • Dramática representação do Cel. Ripley durante sua ação sob a ponte de Dong Ha (pintura do Cel. Charles Waterhouse ).
Sepultamento do herói no ano de 2008
Catolicismo - O que o Sr. conclui depois de ter conhecido o Cel. Ripley e estudado a fundo sua vida?
Sr. Fulkerso11 - O Ce l. Ri pley se entregava à
ação com uma total radicalidade, vencendo inteiramente o temor, indo até as úl timas consequências, sem poupar até o fi m um gesto ne-
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o protomártir, São Felipe foi um dos sete primeiros diáconos ordenados pe los Apóstolos. "Afamado por seus milagres e prodígios, converteu a Samaria àfé de Cristo, batizau o eunuco de Candace, a rainha da Etiópia, e finalmente terminou seus dias na Cesaréia" (MR).
t Santo Inácio, Anacoret,a + Espanha, séc. XI. " Feito abade de Onha, onde se acabava de adotar a observância clun iacense, deu novo impulso ao monaquismo" (MR). Primeira Sexta-Feira do mês
2 São Potino, Bispo, e Companheiros , Mártires + Lion , 177. "Seus fortes e repetidos combates sob [os imperadores ro manos] Marco Aurélio Antonino e Lú cio Vera estão descritos numa carta que a Igrej a de Lion enviou às autoridades da Ásia e da Frígia" (MR). Primeiro Sábado do mês
3 Domingo da Santíssima Trindade
4 São Francisco Caracciolo, Confessor
+ Agnone (Itália), 1608. De nobre família napolitana, fundador da Congregação dos Clérigos Regulares Menores, possuía o dom de profecia, sendo favorecido com êxtases.
7 CORPUS CHRJSTI Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (Vide pp. 18 e 22)
8 São Guilherme de York , Bispo e Confessor
+ Inglaterra, 1154. Sobrinho do rei Santo Estêvão, tornou-se muito cedo tesoureiro da igreja de York e depois seu arcebispo. Caluniado e afastado do cargo, ele foi reabilitado pela Santa Sé após sete anos de humilhações. Em seu túmulo se operaram muitos milagres, inclusive três ressurreições.
9 Beato José de Anchieta,
Apóstolo do Brasil São Colum ba Abade, Confessor + Escócia, 597. "Natureza aristocrática, brilhante em suas palavras, grandioso em seus conselhos, cheio de amor para com todos, repleto até o fundo de seu coração da serenidade e da alegria do Espírito Santo" (MRM).
10
São Sancho, Mártir· + Espanha, 851. "Adolescente, apesar de educado na corte real, não hesitou em sofrer o martírio pela fé de Cristo na perseguição dos árabes" (M R).
São Getúlio e Compa nheiros, Mártires + Séc. III. " Varão de g rctn.de nobreza e cultura, pai de sete bem-aventurados mártires tidos de sua esposa Santa Sin.forosa; também foram ,nártires seus três companheiros, Cereal, Amâncio e Primitivo " (MR).
6
11
São Felipe, Confessor
+ Palestina, séc. II. Nomeado
São Barnabé, "Apóstolo" + C hipre, séc. f. Fiel compa-
logo depois de Santo Estêvão,
nheiro de São Paulo na evan-
5
ge li zação, es te o chama de Apóstolo, embora não fosse um dos Doze.
IU São Gregório Barbarigo, Bispo e Confessor
+ Itália, 1697. De família pa-
12 São João ele Sal1agún (Vide p. 36)
13 Santo Antônio de Lisboa ou ele Pádua, Confessor. São Peregrino, Bispo e Má rtir
+ Itália, séc. VI. Bispo na região dos Abruzzos, sofre u perseguições por ter proclamado a divindade de Cri sto, se ndo afogado pe los lo ngobardos no rio Atemo.
14 São Metóclio de Constantinopla, Bispo e Confessor
+ Constantinopla, 847. Ita li ano, "estudou em Constantinopla, onde abraçou a vida m.onástica. Tornou-se abade, e mais tarde Patriarca. Fez triunfar definitivamente, com o apoio de Roma, o cu/10 das santas imagen , in ·tituindo a 'Festa da Ortodoxia', celebrada anualmente desde então" (M RM).
15 SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (Vicie p. 14)
16 IMACULADO CORAÇÃO DE MARIJ\ [neste ano]
17 Santos Manuel, Sabei e Ismael, Márt ires + Calceclônia, 362. " Embaixadores do rei da Pérsia para negociar a paz com Juliano, o Apóslata. O imperador quis obrigá- los ao culto dos ídolos; como recusassem com grande constância, mandou passá-los a fto de espada" (MR).
trícia ele Veneza, tornou-se bi spo ele Pád ua e cardea l, dedicando o me lhor ele suas atividades ao se min ário episcopa l, que transformou num cios me lh ores ela ltá li a . Nele é g ua rd ado revere nte me nte o coração cio santo.
19 Santos Gervásio e Protásio, Mártires + Mil ão, séc. IU. O primeiro foi aço itado co m pontas ele chumbo até a morte; e o egunclo, dego la lo após ser flagelado. Santo Ambr s io descobriu seus c rpos cm 386.
20 Santo J\dalbmto ele Magclebu l'go, Bispo e Confessor
+ Alemanha, 98 1. O Imperador Otão, o Grande, envi ou-o como chefe de um grupo ele mi ss ionári os para evange li zar os eslavos. Com o ma sacre ele todos os seus companheiros e le voltou à Alemanh a, onde fo i designado bi spo el a nova sede episcopa l ele Magdeburgo, na Saxônia.
2J Sflo Luís Gonzaga, Confessor. Santo Eusébio, Bispo e Mártir
+ Síria, 378. Exi lado para a Trácia pelo imperador ariano Valê ncio, visitava as igrej as não ari anas disfarçado ele soldado para confirmá- las na fé. Voltando cio exílio após a morte de Valêncio, foi assass inado por uma mulher ariana por causa ele sua fé católica.
22 Santo Albano, Mártir
+ Inglaterra, 304. Destacado hab ita nte ele Ve rulamium (hoje Santo Albano) , escondeu e m sua casa um sacerdo-
te durante a perseg uição ele Diocleciano. Convertido pelo mini stro ele Deus , ficou tão tocado pe la doutrina católica que trocou ele vestes com ele, se ndo preso e m se u Iuga r. Negando-se a oferecer incenso aos ídolos, morre u cruel mente torturado.
ciante ele Creta para Ro ma, perm a necendo na igreja de São Mateus até 1812 e seguindo depois para uma cape la ci os agos tinianos. E m 1866, o Geral dos Redentoristas obteve ele Pio IX a custódia ela imagem, divulga ndo-a e ntão por toda parte.
2~J
28
Sa nt,a Agripina, Virgem e Mártir + Roma, séc. III. Tendo feito
São Plutarco e Companheiros, Mártires
Intenções para a Santa Missa
+ Eg ito, 202. Assistindo às
em junho
aulas cio célebre Orígenes, em Alexandria, foram por e le convertidos à fé católica, enfrentando por isso o martírio nas perseguições de Severo.
Será ce leb rada pelo Revmo. Padre Dav id Fran c isqu in i, na s seg uintes intenções:
voto ele virgindade, foi aprisio nada e martiri zada sob o imperador Valeri ano. Teve o corpo trasladado para a Sicília, onde seu túmulo é afamado pelos muitos mil agres ali operados.
24 Nativiclacle ele São João Batist,a Por ter sido purificado ainda no ventre matern o pelas palav ras da Santíssima Virgem, é o único santo, além da Mãe de Deus, cujo nasc imento é comemorado.
25 São Máximo ele Turim , Bispo e Confessor
+ ftália, séc. V Muito célebre pe la do utr in a e sa ntidad e , s us di scursos revelam sua ciê ncia e virtude, sendo quase tão importantes quanto os de Sanlo Agostinho.
26 São Vigílio, Bispo e Márti r
+ Tre nto, 405. Nascido e m Tr nto, foi educado em Atenas. Eleito bi spo ele sua cidade nala l, "tudo f ez para extirpar os últimos vestígios de idolatria. Por esse motivo, hornens f erozes e bárbaros aba/eram-no com urna rajada de pedras" (MR).
27 Nossa Senhora cio Perpétuo Socorro Segundo a trad ição, essa pintura foi levada por um nego-
29 Comemoraçflo ele São Pedro e São Paulo, Apóstolos. Sant,a Ema, Viúva
+ Alemanha, 1045. Parente cio Imperado r Santo Henrique, Santa Ema foi ed ucada na corte pela impe ratri z Santa Cunegundes. Casou-se com Guilherme ele Friesach e te ve dois filhos, a mbos assass inados. Transido ele dor, Guilherme foi a Roma em peregrinação, falecendo no caminho ele volta. Sua viúva santifi co u- se, dedicando-se a Deus e a obras ele caridade.
30 Protomártircs ela Igreja Romana São Ma rcia l, Bispo e Confessor
+ França, séc.
r□ . Um cios primeiros a anunciar a verdadeira Religião nas cercani as ele Limoges, França, onde é venerado co m seus dois sacerdotes Alpiniano e Auslricliniano. A vicia dos três fo i pontilhada ele extraordinários milagres.
Notas: - Santos já apresentados em calendários anteriores são apenas mencionados, sem nota biográfica. - MR - Martirológio Romano ; MRM - Martirológio Romano-Monástico.
• Sup licando ao Sagrado Coração de Jesus - principa l celebração de junh o - que cumule todos os nossos leitores e suas respectivos família s de groças muifo especiais.
Intenções para a Santa Missa em julho • Missa com especial m enção a N ossa Senho ra do Carmo {cuja festa se celebra no dia 16) e a Sa nto Elias (considera do fundad o r do Carme lo e ce lebrado no dia 20), rogando graças pe la sa lva ção eterna de cad a um dos assinantes e leitores de Catolicismo. E também ped ind o graças para uma maior expansão da devoção ao Sa nto Escapulário do Carm o.
JU
O Cardeal Walter Brandmüller dirige a palavra aos presentes
A Aula Inaugural do curso foi proferida pelo Prof. Charles Zorgbibe, docente da Universidade da Sorbonne (Paris), especialista em rela~ões Internacionais
Solene inauguração dos cursos do Instituto Europeu de Ciências Sociais r, N ELSON R. FRAGELLI
A
Federação Pro Europa Cristã coorde nà esforços de
várias associações e uropeias e m prol da sa lvaguarda dos princípios c ri stãos na E uropa. S ua atuação pública desenvolve-se particula rme nte e m Bruxelas, onde e la ma ntém junto a me mbros do Parlamento Europeu um serviço de info rmação e documentação, além de ativa cooperação pelo reconhec ime nto instituc io na l dos princípios morai s e sociais de inspiração cristã. Dentro de suas atribu ições, a Federação estabelece relações e o rga ni za intercâmbios com associações afins de outros contine ntes que buscam a ná logas finalidades. E ntre esses objetivos está a fo rmação de jovens.
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CATOLICISMO
Com essa finalidade, em 2011 foi fundado na "Vil la La C lairiere", sede francesa da Federação, localizada em Creutzwald, na região da M osela, França, o Instituto Europeu de Ciências Sociais (JESS em francês) . O Instituto já vem promovendo c ursos de formação e e nsino em diversos campos: cu ln,ral, artístico, histórico,j uríd ico, sociológ ico, filosófico e mai s especificamente ciências humru1as e sociais. "La C lairiere" dispõe de ambie nte propício aos estudos
lt'9f>rocftc. 111 cullurcs; •lll dttqUl!S· 1/11ftk!11 111.-ç
e à reflexão . Loca li zada à o rl a de uma fl o resta hi stórica, a casa foi co nstruíd a há pouco mais de um éculo para ser a res idê nc ia do diretor das minas de carvão c irc un vizinhas. Suas salas de au la e acomodações cria m co ndições favo ráveis ao estudo. O . i lê ncio e a distância da ag itação das c idades modernas favorecem a reflexão. As mi nas cessaram todo func io namento há décadas. A casa do diretor fo i aba ndonada. Quando a Federação a comprou, em 2003, seu estado era desolador. E a peque na cidade de Creutzwa ld , q ue lamentava a transformação em ruína de uma casa outrora impone nte, alegrou- e com sua restauração. Desde e ntão, e m boa parte, seus habitantes acorre m satisfeitos às conferências, reun iões e visitações, promovidas pela Federação nesse loca l.
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No dia 20 de a bril p.p. deu-se a inaug uração oficial do lnstiluto [www.iess-eu .org1 com a presença d ' seus direto res e professores. A data fo i escol hida 'lll runção da passagem pela sede cio lnstiluto cio Card ',il de Cúria Wa lter Brandmi.iller, a cam inho de Trier
(Alemanha) , o nde presidiria a grande pe regrinação à Santa Túnica ele Nosso Senhor Jesus Cristo, especialme nte exposta neste ano. A Aula Inaug ural cio c urso fo i proferida pe lo Prof. C ha rl es Zorgbibe, doce nte ela Universidade da Sorbonne (Paris) , espec ia li sta e m re lações inte rn ac io nais. O te ma ele sua Au la foi Talleyrand e o congresso de Viena. Ig ua lm e nte ap la udid o foi o discurso do prefeito d e Creutzwald, Jean-Luc Wozn iak. Bávaro como Bento XVI, a quem conhece ele longa data, o Cardeal Branclmi.iller vive e m Roma, tendo sido diretor do Po ntifício Com itê ele C iências Históricas e se especializado e m história cios concílios. Sua longa runizade com diretores ele associações componentes da Federação levou-o a aceitru· o convite para presidir a inauguração do Instituto. Não só isso, Sua Eminência declarou-se próx imo das finalidades cio Instituto, e ntre as quais está o propósito ele "dar alma a uma Europa em contínua descristianização". Sua presença atraiu autoridades, sacerdotes e personalidades locais bem como o público da região desejoso ele estar com um Cardeal da Sru1ta Igreja. A maioria aprox imava-se ele um Cru·deal pela primeira vez. O público se inte ressava pelas matérias a serem ministradas nos c ursos. A c lassificação dos temas obedece a critéri os que os tornam adequados ao níve l ele fo rmação ci os alunos - o qual varia segundo o país ele o rigem, a idade e ao interesse demonstrado. O cu rrícul o é exposto e m três ciclos hi e ra rqui zados: 1- contato com a info rmação; 2- interpre tação objetiva dos co nhec ime ntos adquiridos; 3- ap licação prática dos dados informativos adquiridos.
A Sa11ta 1'ú11ica ele Nosso Senhor Jesus Cristo Quase todas as pessoas que compareceram à inaug uração do Instituto na "V ill a La C lairi e re" tomaram seus ô nibu s, no dia seguinte, dirigindo-se à ci dade de Trier (Alemanha) , o nde formariam um g ru po de peregrinos a fim de venerar uma das m a is preciosas relíquias da Cristand ade - a Túnica in consúti l de Nosso Senho r Jesus C risto. Segundo o Evangelh o de São João, as vestes de Nosso Senhor foram distribuídas e ntre os so ldados romanos após a crucificação. E las constavam de quatro peças. A túnica que o Sa lvador usava por baixo elas o utras peças do vestuário não fo i cortada, mas dada a um dos so ldados após sorteio: eles a estenderam no solo e la nçaram sorte sobre ela. Não quiseram cortá- la, pois viram que ela era inconsútil, isto é, tecida de um extremo a o utro sem costuras: "Quando
crucificaram Jesus, os soldados repartiram. as suas vestes em quatro partes, wna parte para cada soldado. Deixaram de lado a túnica. Era uma túnica sem costu ra, f eita de uma peça única, de alio a baixo" (]o 19,23-24) . O Evangelho de São João narra expressame nte este fato enquanto c umpri mento de profecia fe ita no Antigo Testamento (Cfr. Salmo 22, 19).
JUNHO2012 -
'' Depois da minha morte, farei cair uma chuva de rosas ,,
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Santa. Tcres inha do Me nino Jes us
Peregrinos venerando a santa reliqula
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De acordo com a Tradição, deve-se a Santa He len a a vinda da Santa Túni ca para Trie r. A santa era mãe do imperador romano Constantino, o Grande. O fato é co mpro vado por fontes hi stó ricas do sécul o XII que narram aco ntec i me ntas eclesiásticos medieva is da c idade de Trie r. A Santa Túnica foi me ncionada pel a prime ira vez e m doc umento da tado de l º de ma io de J 196, quando o arcebi spo D . Johann I consagrou o a ltar-mor da catedral de Trie r, ne le e ncerrando essa preciosa re líqui a. Com a conservação desta, o bi spado de Trie r superava o re no me da abadi a de Prüm , possuidora e m seu tesouro, desde o a no ele 752, das sandá lias de Nosso Senhor Jes us C ri sto, oferecid as pelo re i Pepino, o Breve. Quando o imperador a le mão M ax imili ano J veio a Trier, por ocasião ela Dieta de 151 2, pediu para venerar a Santa Túnica. O arcebispo D. Ri chard de Greiffenklau procedeu e ntão à abertura do a ltar e m presença do imperado r, como també m de muitos bi spos e pre lados. De po is da Santa Mi ssa, celebrada e m me mó ri a ela falecida esposa do imperador, os c idadãos c la maram, ruidosame nte, so licitando que a Santa Túnica fosse ex posta à veneração públi ca. O capítul o da catedral preparo u uma sacada, na fachada oc ide nta l do te mpl o, na qual várias ex pos ições fora m fe itas aos habi ta ntes e pereg rinos. Estas ex pos ições são ates tadas po r vários qu adros daque la época, e m macie ira entalhadâ. Até 1517 as peregrinações se sucedi a m a nu a lme nte. Por disposição do Papa Leão X, e las passara m a rea li zar-se de acordo com as dete rminações cio Centro ele Peregrinações de Aachen (cap ital do impé rio caro língio). Assim , o Centro estabeleceu os a nos das peregrin ações seguintes: 1524, 15 3 1, 1538 e 1545. Por causa de confrontações bé licas e as tropelias desencadeadas pe la eclosão cio Protestanti s mo, a sucessão regul ar das peregrinações fo i perturbada.
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CATOLICISMO
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Por med ida ele .'cgurança, a anta Túnica fo i conservada durante mais de 140 a nos e ntre - 1628 e 1794, co m al g umas inte rrupções - na l"o rta lcza de Ehre nbre itstei n, pe rto de Coble nça. Nes a mesma f"o rta lcza, e m 4 ele maio ele 1765, o bi spo D . Johann IX Phili pp ele Wa lclerclo rff permitiu sua expos ição so le ne, a qual rcccb u nume rosos peregrin os. O último arce bi spo ele Tric r, D. lc mcns We nzes la us, levou a relíquia para A ugsb urg, de lá e la só voltou novamente para Trier e m 18 1O. Antiga me nção lite rá ri a el a Santa Túnica pode ser e ncontrada no dra ma Orende/, na rrado cm ve rsos, escrito por volta ele I J 90. As condições da re líqui a são hoje difícei ele determinar. O tecido atua l está recobe rto ele ca mad as de diferentes materiais. Essas camadas são o res ultado de precauções, as q uais as autoridades ec les iásticas se viram obrigadas a permitir, a fim de me lhor proteger a Túnica no mome nto das exposições. Os materia is são de idades difere ntes e parcialmente danifi cados, fragmentados o u remendados. A parte central da peça é constituída de um tecido c uj a fo rm a e tes itu ra são imprec isas e perfuradas. Uma co mi ssão ec les iástica de inqué rito - à qua l perte nceram como peritos os clérigos A lexande r Schnü tgen e Stephan BeiBel - qualificou o material castan ho da preciosa re líquia como " linho o u a lgodão".
A diocese ele Trier descreve em seu Website, neste ano, a condição em que se encontra a re líquia, apo iando-se num relató rio de estudos têxtil -hi stóricos, nos seguintes termos: "A par-
te dafrente da Túnica, tal como ela hoje se apresenta, é constituída de seda acetinada, de utle castanho e de tcifetá esverdeado. Neste tc!fetá encontra-.s·e uma camada de antigos fragmentos de tecidos interligados por cola vegetal. A parte de trás é constituída de tecido de seda acetinada, de tule castanho, de uma fina camada de gaze, de tafetá sedoso esverdeado, de uma camada de feltro e de outra camada suplementar de feltro e de gaze de seda. Supõe-se que .fib ras de lã constituem hoje, em parte desf eitas, o núcleo do tecido principal. A datação não pode mais ser precisamente determinada". No Website da diocese constava, e m 2006, esta afirmação taxativa que me lhor reflete a autenticidade da Santa Túnica: " Independentemente da questão da 'autenticidade
material' da Santa Túnica, pode conter a verdade histórica desta o fato de os Cristãos venerarem há 800 anos a Túnica de Cristo como sinal da presença do Deus.feito Homem na pessoa de Jesus de Nazaré. Isto é incontestável e esta 'autenticidade espiritual ' é certamente mais importante do que qualquer respos/a à pergunta: 'A Túnica é propriamente autêntica?'". • E- mail para o autor: ca to lici s mo
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JUNHO2012
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BATISMO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO Seriedade - tranquilidade - majestade divina ■ PUNIO C O RRÊA DE ÜLIVEIRA
Vemos
neste famoso afresco de Giotto* a representação da cena do batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo, por São João Batista. No Antigo Testamento, o batismo se dava à maneira de um banho; devido a essa circunstância, o Divino Redentor é apresentado com o tronco desnudo. Nota-se no afresco uma situação paradoxal: normalmente, a grande figura na cerimônia do batismo é o ministro que confere o sacramento. O neófito é uma figura secundária. Entretanto, Nosso Senhor é apresentado por G iotto - embora sem nenhum atributo da realeza, pois está com o busto desnudo - com tal seriedade, tranquilidade e majestade divina, que figura como o centro da cerimônia, como é próptio a um verdadeiro Rei e Senhor. Por outro lado, São João Batista, apesar de toda sua grandeza, é apresentado numa atitude segura, mas respeitosa e até um pouco inclinado, enquanto no céu chamejam raios e luzes. Com isso, o artista desejou deixar transparecer a glória de Deus. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 30 de novembro de 1988. Sem revisão do oulor.
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S UMÁRI
PuNIO C O RRÊA DE ÜLIVEIRA
Madre Francisca do Rio Negro
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Excmnos
Beleza refinada e distinta, modelo brasileiro de santidade
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CARTA
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P Á(;1NA MARIANA
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L1-:1T1 1RA Es1•1RJTLJA1,
E
is aqui um a fotografia de uma reli giosa morta em odor de santidade - M ad re Francisca do Ri o N egro. Ela nasceu em Petrópolis ( 1877) e faleceu em Roma ( 1932). É o tipo do que eu considero uma santa, uma pessoa ultrarefinad a e di stinta, com v ida interior. Julgo-a ex traordin ária como seri edade, idealism o, pureza e elevaçã o ; um modelo de beleza e de grande v irtude. Ela é inteiramente o tipo físico de uma brasileira. Ninguém poderi a olh ar para ela e di zer que é uma francesa; não é uma
M ad re Franc isca não parece ser um a pessoa qu e só olh a para as co isas es pi ritu ais e ev ita consid erar as co isas 1 · 111pora i s po r j ul gar qu e, d vicio ao amor de D eus, es tas não devem s ·r 1·v.idas c m co nt a. ' la o lh a sab' v ·r, si rnh ol i ca rn nt \ qu anal o •ias l ui s ·oi s11 s 1 111 · 0 111 1 ·us . S11 h' · n ·0 111 r:11· os 11 spl' ·tos m ·diant · os quai s 1 •11 s s • rl'l'I •t · 11 •lus ' sah ' uss i111 v ·r o ·oi s11 s.
espanhola e nem sequer urna portu guesa. Madre Francisca era filh a dos barões do Ri o N egro, donos do Palác io Ri o Negro em Petrópoli s, e de grande fortuna. Ela aproveitou muito o ambient e ela Europa, é um tanto europe izada. A li ela fundou urna congregação reli giosa de Adoradoras Perpétu as do Santíssimo Sacra mento, tercei ras domini ca nas na Itá li a. Após sua morte a congregação tran sladou-se para o Brasil.
* * * O lhando para a M adre Francisca do Ri o N egro, posso di zer: isto é o Brasil Lota i mente! O que há de brasi leiro na fotografi a? Há urna certa profund idade de olhar que é espec ialmente característi ca cio brasil ei-ro quando ele corresponde à graça. A alma brasileira tem vocação para uma certa profund idade; donde ela ter o pecado capital em sentido opos to. Mas é uma certa profu ndidade cheia de di scernimento ele coisas do Céu. A tal doçura brasilei ra não é senão o aspecto doce dessa profund idade. Esta é a figura da Madre Francisca do Rio Negro.
CATOLICISMO
lhando-sc para esta foto ,ra lia, v~-s'
pada consigo mesma e nem com o seu papel perante os outros. H á um po nto qualquer no olhar que ind ica para onde sua alma ruma. Para isto ela se lança sem que nada a detenha!
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DnrnToR
Aparição a São João Basco Pensamentos Consoladores - li Maria Auxílio dos Cristãos
12 A
REAl,IDADI~ CONCISAMENTE
Ecologismo e marxistização cio País
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NACIONAi,
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INTERNACIONAi,
' l'lllHI ' d 'SIIPl'/'11, 1111111 1)111'('/,II jl(' I k i111 (' 11111 ·1it I io d· scv ·1id11d1• qll l' l' ·lui o q11 t' ·ontr 1rio; 11 l'i sio11 0111i 11 d ·111 li 11111 110
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PoR OUE NossA S1<:N11mu C1101u
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ENTREVISTA
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CAPA
Santa Joana d'Ar c - heroica missão que prossegue
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D1,:sTAQ1 11-:
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SANTOS E l<'t•:sTAs Do
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J\.çAo CoNTRA-R1,:vo1.t1c10NÁRIA
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AMml~NTES, CosTlJl\ims, C1vn,1z.Açü1~s
1)ond •
que é uma pessoa d pensamento. Nflo qu ·r di zer que seja uma pensa lora no sentido técnico e especializado da palavra. la uma pessoa que, a propós ito de Lodos os assuntos, pensa com muita profundidade. A vida em profundidade é a vida dela! Tal vida em profundidade ela a leva com ênfase ! Em seu olhar há qualquer coisa de enfático. Ela fixa um ponto ideal para o qual tende com o " calor" de toda a sua pessoa. É urna pessoa de muito "calor" . I sso si gnifica de i xar de lado tud o quanto é bagatela, tudo quanto é "coisinh a" . E dei xar de lado a si própri a tam bém. N ão é urn a pessoa que es tá preocu-
'riudor l' III tod 11s as
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Pressões da UE no Velho Continente
Alerta sobre os perigos dos videogames Neomissiologia, incligenismo e Rio+ 20
1 ri o.
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A im pressão que seu olhar me causa de um olhar lucid íssimo. N ão é o enxergar penetrante do detetive. Nem ta mpouco
SANTOS
Santa Verônica Giuliani
Elizabeth Tf: 60 anos de prestigioso r einado
o olhar ca lvinista. É um olhar bem- intencionado, objetivo, que capta sem parti pris todas as coisas intei ramente como ela. são. E que, em função daquilo que co lhe, ente bem as afinidades e os contrastes com o que nela é amor de Deus; vê o va lor daqui lo enquanto refletindo o ri ador. 011 Hl"jll , o que aquilo é conform ' ou npoNto 11 1•1 dade, à bondade e 1\ lwil".111 . •
M f~s
Apetência pelo belo em ambientes aristocrático e modesto Nossa Capa:
Exc ·rlOs tk 1·11111<•1 111 111 p1111111 111 11 1d11 p111 1'1111 1, '0 1r 11 tl1· ()l1 v1•l111 1· 111 I H/11 1/1 1111 1 ,' 1111 1111 11, do :1111 111
Estátua eq uestre em bronze dourado de Santa Joana d'Arc confeccionada pelo famoso escultor francês Em manuel Frémiet (1824-191 O) . Monumento histórico situado na Place des Pyramides (Pari s). Foto: Paulo Roberto Campos .
JULH02012-
Conselhos de Nossa Senhora a São João Bosco
Caro leitor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Reg istrado na DRT/DF sob o nº 311 6 Administração:
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Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catoli cismo.com.br ISSN 0102·8502 Preços da assinatura anual para o mês de Julho de 2012:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avu lso:
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132,00 198,00 340,00 560,00 12,00
Comemora-se neste ano o sex to centenário do nascimento de uma das mais extraordinári as fi guras entre os bem -aventurados: Santa Joana d ' Are, a Donze la guerreira escolhida por Deus para salvar a França. Sua missão se prolonga até o nossos dias e constitui tema da matéria de ca pa da presente edi ção. A Providência divina elegeu essa pastorinh a da Lorena para uma mi ssão que normalmente caberia a heróis mi litares, a reis ou eclesiásticos insignes. D eus, entretanto, preferiu para o cumprimento desse admirável plano uma humilde e inocente jovem, de pureza i libada, dotando-a de parli cular sabedoria e de virtudes militares assinaladas para comandar x rcilos. Para reali zar tão sublime vocação, a Don zela de Domrémy lev d sofrer iníqua perseguição, ser co ndenada e imolada numa fogu ira. us p 'rseguidores do século XV foram precursore dos erros revo lu ·ionários que se generali zara m nos séculos posteriores e atingiram um clímax ' 111 nossos dias . Conforme a tese defendida pelo aba li za lo aulor ' ·I ·s iás ti ·o l'ran •'ls, M ons. Henri D elassus, há um a mi ssão pós tun a d · Su nlu .lo~1nu d' t\r · ·m vias de real ização, que a distingu co mo uul 'lnl ica I rol' ·1isa no Novo T ·stamento. Os err s que a v irg 111 ucrr ira ·oinh:il ·u · 111 v icia, ·sp ' ·ialrn •ntc o igualitari smo, h os co ntinu a a ·o mbat ·r 1·sei · o ' u. 1~ o d ·si' · ·ho d ssa batallr1 s p 1 'S p •rar para os dias nlu ai s: n vi 16ria da ortod oxia ·ató lica sobr ' os pr 's nt 's d ·sv ios c.loutrin :í rios ' h ·r •s iu s, h •rn ·0 111 0 a restauração (h ri stanc.lad \ ap >s as t ·rrív •is I rovas qu ', s ' 1 u11d o a M ·nsag m d' Pálima , a human idud' t ·rá qu · so l'r •r. Pnd · ·irn ·ntos análo 1 0s aos qu ah •roína sa nta suportou durant ' s ' li inju sto pro · ·sso 'sua ·ru •I ·xecução, m·is vi tori osa111 ' 111 ' •nl'r ·nt ados I or ·ln. Nós, ca l )li ·os do s ·ulo X 1, d ·v ·mos su pli ·ar a Sa nta Joana c.l ' Are 1ue nos btenha uma ·onl'ian<_:a umn l'id ·li dad' in aba láveis na vitória final da anta Igrej a, ·01110 · la 1·v' ' 111 relação às vozes ce lestes q ue a ori entara m. ndo que a voz que ·hega ate nós a mais autorizada possível, poi s prov 111 da I rópria M ãe ele Deus, que em Fátima fa lou ao mundo através dos três pa storzinhos. Em sua M ensagem, Maria Santíssima nos assegura a v itóri a derradeira com as proféticas palavras: " Por .fim, meu
Imaculado Co ração t ri w1fa rá ! "
Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
ressaltou quão importante era a formação de jovens, bem como os perigos a ela increntes.
VALDIS
GRINSTEIN S
N
ão deve mos nos importa r co m as aparências, ne m com o qu e possam as pessoas pe nsar a respeito daquilo que é de nosso dever reali za r. O grande São João B osco, fund ador da congregação sa les iana, reve lo u a um pequeno grupo de colaboradores uma importante manifes tação sobrenatura l que recebe u. Um sacerdote presente anoto u s uas pa lav ras, as qu a is transcrevemos: "Certo di a do ano 1847 apareceume a Ra inha do Céu, e conduziu -me a um j ardim e ncantado r. Lindo pórti co introduzia a uma fo rm osa avenida, a qua l pro lo ngava, co m a mp la pe rs pectiva , um a a la me d a d ig na el e se r v ista , fl anqueada e coberta por maravi lhosas rose iras em plena fl orescê nci a. O so lo estava totalmente coberto ele rosas. A Santíss ima Virgem di sse- me: 'Tira. os sapatos'. E a pó e u os have r ti raclo, ac rescentou: 'Vai adiante por aquela alameda.; esse é o caminho que deves
seguir '".
Desej o a todos uma boa leitu ra . E m Jesus e M aria,
9~ ~ CATOLICISMO
Ü própr'io santo relala uma visfio na qual n Santíssima VÍl'gcm
Paulo Corrêa de Brito Fi lho / DIRETO R
cato lic is m a, t •1rn , ·11111 Ili
Co mecei a and ar, mas pe rcebi de repente que aque las fl o re s ocultavam esp inhos ag udíss imos, a ta l ponto que me us pés sa ng ra ra m. Após te r dado apenas algun s passos, fui obrigado a me deter, tendo de retroceder. - 'Aqui preciso calçar-me', di sse u, e ntão, à minha g ui a. JUL!-102012-
: veis, as simpatias e antipatias humanas que clesvia111 o educador do verdadeiro.firn, .ferem-no, detêm-no e111 sua 111issüo e impedem-lhe de se formar e colher coroas para o vida eterna. As rosas são o símbolo da caridade ardenle que deve distinguir-te e a teus colaboradores. Os outros espinhos sig nificarn os obstáculos, padecimentos e desgostos que /e esperam. Mas não percas o ânimo. Com, a caridade e a rnorti.fi.cação, a ludo sobrepujarás e terás as rosas sem os espinhos! ' Apenas tendo a Mãe de Deus terminado de falar, voltei a mim e enconlrei-me no meu quarto".*
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- 'Certamente. Faltam bon sapatos', respondeu-me. Calcei-me, e continuei por aq uele ca minho co m certo número de companheiros que naq uele momento apareceram, ped indo para cam inhar comigo. E nqu anto isso, todos aq ueles co mpanh eiros - era m muitíss imos - observava m como eu andava sobre o roseira l, e diz iam: - Ó! Como Dom Bosco cam inha bem, sempre sobre rosas! E co mo continua tranquilo! Para ele tudo é fác il. E les não viam os esp inhos que dilaceravam meus pobres membros. Muitos cléri gos, sacerdotes e leigos, a quem eu havia convid ado, segui am- me agradados, atraídos pela beleza daquelas fl ores, mas ao se darem co nta de que se devia caminhar sobre espinhos, retroced iam, deixando-me só. Entretanto, conso lei-me com a chegada de um novo grupo de animados seguidores que, tendo percorrido comigo toda a alameda, chegaram por fim a outro jardim muitíssimo ameno. E ntão a Santíssima Virgem - que hav ia sido a minha guia - perguntou-me: 'Sabes o que significa o que viste?'. - 'Não. Rogo-vos que rn 'o expliqueis '. - 'Deves saber que o caminho que percorreste entre as rosas e os espinhos significa o cuidado que deves tomar corn a ju ventude; deves canúnhar com o calçado da rnortificação. Os espinhos sobre o chão representam os qfetos sensí-
-CATOLICISMO
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É interessa nte nolar, ini c ia lm nlc, ser Nossa Senhora quem indi ca o cam inh o ao sa nlo . Ela não lh e d iz: "Vai para onde quiseres", mas moslra-lhe o ca minho exalo, po is Deus escolheu uma senda para cada um de nós - a qua l, se formos fiéis , devemos percorrer até o fim . No caso de Dom B , co, o ca minho não fo i isento de muitas cru zes e sofrimcnlos, simboli zados pelos espinhos que afli giram o gran I sanlo. Porque Deus deseja que em nossa vid a terrena cnf'r nl mos obst,ícul os a serem superados, para nos sa nlifi ca rmos 'obtermos méritos para o Céu. Fazendo apli cação das pal avras do sanlo, as p 'Sstws podem às vezes ava li ar errada mente a situ ação cl ' ou lra, v •ndo só as rosas e não os es pinhos, Seja co mo for, o qu • i mporla não é o conceito que os outros faze m de nós, mas aqui lo que praticamos diante de Deus, que julga a nossa r ' IH int ·nção, independente do que pensem ou deix m d ' pensar os oulros. Assim, se dar esmola a um necessitado d· ~i urn:t ho:t ução, entretanto alguém pode fazê-lo por osl ·n1uçuo . É sintomático nesse senti do o ·0111 ·nlfüi o l'inul da Mãe de Deus. Ela adverte São Jo'io Bosco sob r · os p ·rigos increntes à atividade - mesmo boa ex r ·idn por ·I • d ' educar os jovens. Assim , os ed ucador 'S pod ' 111 1·r up • 1 0s, prefe rências, segundas in tenções, anlipuliu s, et ·. No •ntanto, quando se pratica algo p r amor 1' 1) ·us, prec iso fazê-lo só com tal motivação, s m mislurnr al'· los • 1novi111entos de alma que nos desv iam dess' amor, o qu ·, ad ·mais, nos pri varia dos méritos que obl ·ría11 1os por nossas ações. Convém ressa ltar qu Noss,1 S •nhorn promete a fe li cidade-a rosa sem sp inhos , mass no final. Na vida terrena enfrentaremos prob l 'mas e sofrimentos maiores ou menores. A fe li cidade perf'ila será obli la somente na vida eterna, para a qual d vemos nos preparar consta ntemente. Façamos co mo São João Bosco: pratiquemos co m coragem e sem desâ nimo as ações que Deus nos pede, pois não nos fa ltarão os meios necessá ri os para isso. E, por fim, obteremos o pr~mi o qu e Nossa Senhora tem preparado para nós: a hl'lll avenlurança eterna. • E-ma il para o autor: ==-~ * Juan B. Lcrnoyne, \lida de San Juan Basco , Ed. Aires, 1954, pp, 170- 172.
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1111~111, 11111
11m
LEITURA ESPIRITUAL
"Não se faça a minha vontade, mas a de Deus" Nacdiçfio anLel'ior desLa seção se LraLou do amor eLerno de Deus
por seus filhos. Nesta, extraídas da obra Pensamentos Consoladores*, seguern algun1as considerações de São Francisco de Sales sobre a conl'ormidade com a vonLade Deus.
O
s teó logos distinguem em Deus duas vontades: a vontade expressa e a vontade de gosto ou desejo. A vontade expressa compreende os mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, os conse lhos, as in sp irações, as regras e constitui ções. Não se pode ser salvo sem obedecer aos manda mentos da Lei e Deus e da Igreja, porque Deus quer que os observemos para chegar ao Céu. Enqu anto aos conse lhos, Deus deseja que os observemos, não como preceitos, mas só à maneira do desejo e não da ordem. A vontade de Deus se manifesta a nós também pelas inspirações; Ele não quer, contudo, que por nós mesmos as discirnamos, mas que em caso de importância recorra mos aos que estabeleceu em hierarq ui a superi or à nossa, para nos gui ar e para que sejamos totalmente submissos aos seus conse lhos e op ini ão. As regras mani festa m-nos também as suas vontades, como outros tantos meios próprios para se atingir a perfe ição. Além desta vontade, há também em Deus a vontade de gosto, a qual devemos considerar em·tudo o que nos concerne, favo rável ou adverso, na doença ou na saúde, na consolação e na afli ção, na morte e na vida, em tudo o que não é previsto, conta nto que não seja contra a vontade ele Deus expressa, porque esta deve ir antes ele tudo . Não olheis de forma alguma para a substância das coisas que fazeis, mas à honra que têm de serem queridas de Deus, de estarem na ordem de sua Prov idência e serem dispostas pela sua sabedori a. A pureza de coração consiste em estimar tudo pelo peso da vontade de Deus. [... ] O nosso ce ntro é a vontade de Deus. Ele deseja que eu agora faça isso; Deus quer isto de mim ; que mais é prec iso? Enquanto faço isto, não sou obri gado a faze r outra coisa. Devemos saber que abandonar a nossa vontade não é senão desfazer-nos da nossa vontade para a darmos a Deus; porque de nada serviri a renunciar e abandonar a nós mesmos, se não fosse para nos uni rmos perfeitamenle ~1 vontade divina. Mas acontece que algun s di zem: "Senha,; coloco nas vossas mãos o meu espírito, m,as com a condição de _me dardes sempre consolações e nunca so.fi·i,nentos, e que tam-
bém me deis superiores que sejam do meu agrado e em nada contra riem, a minha vontade". Não vedes que isso não é enlregar o espírito na mão de Deus? Quando as coisas não acontecem segundo nós esperamos, eis que de súb ito se apodera o desânimo dos nossos espíritos. E donde vem isso senão de não nos colocarmos sem reserva nas mãos de Deus? Tomai por práti ca quotidiana, quando qualquer coisa vos incomodar, dizer: "Não se faça a ,ninha vontade, mas a de Deus". • (*) São Francisco de Sa les, Pensa111en1os Consoladores, Livra ri a Salesiana Editora, São Pa ul o, 1946, pp, 86 a 93,
JULH02012-
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saparecendo. Na Argentina, consta que o mesmo está acontecendo com alguns produtos, ve nd idos mas com racionamento. (M.B.M. -
SP)
l)ireita autêntica ,e unida Ente ndo que na Argenti na a preside nte C ri stina Kirchner só tem ve nc ido as e le ições pela mesma razão que sucede no Brasil. Em ambos países, a esquerda vence por fa lta de uma dire ita verdadei ra e unida, rea lmente de direita, na di sputa e le itora l. Fo i também o que recente mente aco nteceu na França. O candidato socia li sta não teve que enfrentar uma dire ita autêntica e unida e, só por isso, venceu. 18)
Sombms sobre a América <lo Sul 18] Rea lmente sombri o o ambi ente po-
líti co na Venezue la e Argentina. M as no Brasil há po líticos bajuladores de Hugo C hávez. Que bom seri a se pu déssemos ex portá-lo todos, uma parte pa ra a Ve nezuela e a o utra para C uba. Não cobraríamos nada por esas ex portações, mas lucraríamos mui to mais do que com a ex portação de etanol. Por fa lar ni sso, ac ho que os venezue lanos que tê m bom enso desej am rea lme nte exportar C há vez para C uba. Julgo até que eles têm no fundo da cabeça a mesma pergun ta que e tá na minha: Chávez, percebendo que está ficando sem apoio real na Venezuela, não desejará ficar em Havana e ass umir o governo cubano? (A.J. -
RJ)
Fracasso chavista e ld1·clmerista Ouvi dizer que o rea l motivo que levou o coronel Chávez a não vir tratar no Brasi l seu mi sterioso câncer seri a porque aqu i a mídia, em pouco tempo, descobriri a o tipo de doença do caud ilho. E logo de pois já esta ri a divul gando qua nto te mpo de vida ainda lhe restari a. Outro ass unto: que m ainda tiver dúvidas quanto ao totalitari smo e fracasso do governo chav ista, olhe para as prateleiras vazia dos superm.ercados de Caracas. Produtos até essenciai s estão de-
CATOLIC ISMO
(T.G .O. -
MG)
COtJJllS Christi
18J Adm iráveis as reportagens sobre as ce lebrações de Corpu s Christi em To ledo e Viena. Por aq ui fazemos alguma co isa na quinta-feira do Corpo de Cristo, mas poderíamos segui r os exe mplos es panhol e austríaco para me lh orar muito mai s as comemorações e, obretudo, para que este dia santo não seja transformado apenas num "feriadão". Rezemos ao Sagrado Coração de Jesus para que o povo brasil e iro pratique uma profunda devoção a E le, e assim sej a m reparados a fa lta de amor eucarístico e mesmo o desrespe ito à Euca ri stia, como tri stemente presenciamos até e m muitas igrejas. (R.L.L. -
MG)
Nascituros em perigo Os mini stros do S upre mo Tribuna l Federa l qu e votaram a favor do abo rto de anencéfa los abrem as portas para o aborto por qualquer motivo. Ass im , pesa um a ameaça à vi la de todos os nasc itu ros bra il eiros. (T.A. -
SP)
Deus Senhor absoluto da vida Deus é quem dá e quem tira a vida. Os cientistas e méd icos que traba lham com células-tro nco embrion ári as não
aceitam serem menores ou in fe rior s a Deus. Hoje muitas pessoas nãos colocam no lugar de criaturas; embora não o digam, gostariam de ser divinas. E a luta contra o aborto é tanto mais necessári a quando se trata de defender inocentes, incapazes de fazê- lo por si. Outros di zem que o bebê anencéfalo não sobrevi verá. Contudo ninguém pode prever o futuro a não ser Deus. (N.H.1.- RS)
Conteú<lo com a rte Ten ho recebi lo graça , por ass im dizer, pe la leitu ra de cada exempl ar do Catolicismo , quase e m todos os seus aspectos. O exemp lar de maio com o arti go de Gabrie l J. Wil son sobre o pão, e a re lação deste a lime nto com a cul tura francesa, é um primor, um charme pe la leveza das observações e da admiração da cu ltu ra daquel e nobr país. De o utro lado, enca ntou-me as il ustrações co m sua primoro. a d isposição ao longo do tema a li tratado. oh r 'ludo, para separar as maté ri as abordadas, os asteri scos terem si lo transformados e m pão, tipo baguei! . Minh a do a lma ficou bipartida entre a b 1 artigo e a arte das iI ustrnçõ 'S.
'"·ª
(J.G.S. -
CE)
Amor livrn e scpanu.;é'.io jll(/Jdal Gostari a de tec r a i umas considerações sobre o arli o"/\ Pa lavra do Sacerdote" do Catolicismo nº 7 8 Uunho 20 12), rclat ivam ·ntc à questão da t ossibi liclacle da sei aração judicial, apó a Em nela onstituciona l 66 que simp li fi cou e facilitou o div reio na lei bras ile ira. Queria apena al,ertar para o fato ele que a posição expend ida por um esp cia li. ta (Ricardo Zamariola), de que a emenda acabou com a possibilidade de eparação judicia l, não é unânime na doutrina e na jurisprudência. Ou seja, muitos advogados e clout.rinadorc. conideram que essa hipótese ai nda xisl e a própriaju ri spruelência a tem admitido até em súmulas. Aliás, cm prin ·ípio, a lei não pode obrigar qu ai 1 u 111 opte pelo divórcio. E tamb 111 nao I od · im-
pedir que um casal se separe sem se divorciar. E, para dar amparo a essa situação, que não é incomum, advogados e juízes ad mitem a regulação da separação através de ação judicial, quer através de pedido liminar de separação de corpos, quer através de pedido final de separação judicial. Posso dizer que particulannente já tive contato com caso semelhante, há menos de um ano, e a juíza que cuidou do assunto admitiu a separação judicial sem decidir pelo divórcio, que não era cio interesse dos requerentes. Enfim, talvez esta seja a posição mais correta face à lei e até à moral, o que submeto à consideração dos senhores. Transcrevo aq ui a Sú mul a editada e m ma io de 2012 pelo 3° Grupo Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul , a qual tem a seguinte redação:
"A Emenda Constitucional 66/2010, que deu nova redação ao § 6º do art. 226 da Constituição Federal, não baniu do ordenamento jurídico o instituto da separação judicial, dispensados, porém, os requisitos de um ano de separação de fato (quando litigioso o pedido) ou de um ano de casamento (quando consensual)". Coloco em anexo o artigo Súmula do TJRS afirma que separação judicial aind a existe, colhido na internet, com outros pormenores sobre a referida Súmula. (J.G.B. -
SP)
Nota da redação de Catolicismo: O missivi sta nos proporciona valioas informações sobre como está sendo entend ida, pelos tribunais brasileiros, a E menda Constitucional nº 66, que liberou completamente a concessão do d ivórcio em nosso País. O tema foi tratado por Mons. José Luiz Villac na secção A palavra do Sacerdote, do mês de junho p.p .. Nessa matéria, é referida a controvérsia que se estabeleceu nos meios jw·ídico · sobre se a separação judicial teria deixado de existir, após a aprovação da Emenda Constitucional nº 66. Sem intenção de dirimir a questão jurí-
dica - o que não lhe cabi a como consultor de assun tos teológicos e morais - Mons. Villac cita, em seguida, a opinião do especialista em Direito de Família, Ricardo Zamario la, em favo r de uma das posições controversas, sustentando que a E menda aboliu de fato o instituto ela separação judicial. Entretanto, o que interessava para o tema central da matéria que Mons. Villac vinha desenvo lvendo era o que o referido especialista di z em seguida, sobre a eliminação de qualquer pré-condi ção para a concessão do divórcio: "a única condi-
ção para pedir o divórcio agora é estar casado"! Com isso, o Brasi l fo i introduzidode fato na era do amor livre. Uma enormidade, portanto, que pa sou prati camente despercebida ela opinião pública brasileira. Os meios jurídicos, contudo, se deram bem conta di sso, apelidando a Emenda Constituc ional nº 66 de "emenda do arn.or", sem ter a coragem de explicitar: "emenda cio amor li vre" ... Quanto à manutenção do instituto da separação judicia l, o mi ss ivi sta tem toda a razão: e la corresponde às ex igê ncias da natureza do matrim ô ni o, tanto co nsiderado à luz do Direito natural quanto elas le is ela Ig reja. Ademai s, é preciosa a informação que e le nos dá, de que acompan ho u um caso em que "a juíza que cu idou do assun-
to adm.itiu a separação judicial sem decidir pelo divórcio, que não era do interesse dos requerentes". Posição confirmada pelo arti go que nos enviou em anexo, onde se lê que "nem todos
querem o divórcio, no primeiro 1nomento, pelas razões mais diversas".
FRASES SE LECIO NADAS
"Santa Joana &Are é uma França de espada na mão! Isto a Revofução não 9osta.. Ela tofem, por
enquanto, santos que tenfuun wn pote de wt_9Uf11t0 na mão. Mas não uma santa. de espada na mão, impregnrufa de
recordações monárquicas e que tinha tra6affuufo pefa integrúfacfe das
fronteiras francesas." (PL[V\,[o C-orrêCI ele OL[vúra)
"Os 9uerreiros lutarão
e Deus Ches dará a vi. ,, tó na. (S CIV1,tClj OCIV1,CI cl 'Arc)
"A rufversúfaáe é, às
vezes, a chuva da primavera." íJustus DooL[ttLe)
Isso alimenta esperanças ele que, nas fibras relig iosas do povo bra ileiro, se esboçam reações ao divórcio/amor livre. Seri a preciso que os sacerdotes católicos aproveitassem essa reação latente e orientas em os cônj uges cristãos a excluir o d ivórcio como so lução cios seus confli tos conjugais. Seria uma excelente fo rma de lutar lega lmente contra a instituição cio amor li vre, meta última da introdução do di vórcio.
JULH0 201 2 -
1 Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
Pergunta - Gostaria de fazer uma pergunta: por que na época de Jesus havia tantos endemoninhados, como nos atesta a Sagrada Escl"Ítura? Por ex: Me 1,34 e 1,39.
Resposta - R ealmente, nos re latos e va ngé licos está dito que Jesus Cri sto "expulsava muitos demônios, e não permitia que eles [os demô nios] f alassem, porque sabiam quem Ele era" (M e 1,34). São Lucas e xplica que os de mô nios "cla-
mavam dizendo: Tu és o Filho de Deus; e, increpando-os, [J esus] não permitia que f alassem, porque sabiam que Ele era o Cristo [o Ungido de De us] " (Lc 4,41). Com base nessas passagens, o mi ss ivi . ta pe rg unta "por que na época de Jesus havia tantos endemoninhados". De o nde se infere que o nussivista julga que, hoje e m di a, talvez não seja m ta ntos. O te ma realmente me rece um esclarecimento.
A Jwmaniclade sob o império cio <lemônio Antes da vinda de Jesus, o de mô ni o re in ava sobre a face da Te rra. E isso a tal po nto que foi preciso De us sepa rar para i um povo - o po vo jude u - a fim de co nservar a ve rdadeira fé e fa zer nascer e m seu seio o M essias, que havi a de resgata r a humanidade do império do de mô nio. D a incorres po ndê nc ia do povo e le ito fa la bas ta nte a Sag rada Escritura, mostra ndo como vári as vezes ele se de ixou conta mina r pelos c ul tos ido látricos cios povos vi zinhos. Ora, todos os de uses dos pagãos são de mô ni os, como se lê no Sa lmo 95, ve rsículo 5: "Omnes dii gentium, daemonia". Assim , não espanta que ta mbé m e ntre os jude us o número de e nde mo ninhados fosse g ra nde . E que di zer, e ntão, cios po vos pagãos, totalme nte ime rsos na idolatri a? Operada a Rede nção do gêne ro humano, pela sacrossanta Paixão ele Nosso Se nhor Jesus Cristo, o pode r cio de mô ni o fo i q uebrado. Po r toda parte o nde a Boa Nova do Evangelho se impla ntava, os de mô nios e ra m ex pul sos e os ído los caíam (o u e ra m derrubados pelos primeiros cristãos, com a fo rça de suas mãos) . Como se sabe, a impl antação do cri stiani smo não se deu sem luta e sem derrama me nto do sang ue de muitos c ristãos. Depois da e ra das pe rseguições, por fim instaurou-se uma nova e ra para a humanidade, com o éd ito de Consta ntino no a no de 313. A Igreja, por fim , pôde exercer livre me nte seu ministéri o . O número de e nde mo ninhados diminuiu, po ré m nunca de. apa receu tota lme nte .
'~U é os demônios se submetem a 11ós" Para e nfre ntá- los, Nosso Senhor Jesus C ri sto ha vi a comunicado a seus di scípul os o pode r de ex pul sar os de môni os. Q ua ndo os e nvio u em missão pela Judé ia, d isse-lhes:
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C ATOLICISMO
"Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios" (Mt 10,8) . De vo lta, os di sc ípulos estava m ex ulta ntes, di zendo: "Senhot; até os dernônios se submete,n a nós, em. virtude do teu nome. E Ele disselhes: Eu via Satanás cair do céu como um raio. Eis que vos de i o poder de calcar as serpentes e escorpiões, e toda potência do inimigo, e nada vos fa rá dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos estão sujeitos, antes aleg raivos porque os vossos nornes estão escritos no Céu" (Lc I0, 17-20).
"Eu via Satanás cair do céu como um raio" s ignifi ca que com sua c iê nc ia sobre natural Jes us estava ve ndo, du rante a mi ssão dos disc ípul os, a derrota do impé rio satâ nico . Sata nás, palavra que ve m cio arama ico: Sataná, q ue r di zer inimi go . E le é o adve rsári o po r exce lê ncia el a in sta uração cio re ino ele De us. O céu do qua l ca i é o céu do uni verso f í. ico (cfr. Ef 2,2; 6, 12). Cair "com.o um raio" indica que, com a vind a ele C ri sto, seu poder ia diminuindo ra pida me nte, e di minuiri a ainda mais com a ex pansão c n sttani smo. sse poder, que Jesus confe riu aos di scípul os, está expresso, no trecho citado, por dive rsos a nimai s ve ne nosos: serp ntes e escorpi ões (cfr. Ps 90 , 13). A alegri a que os di sc ípul os sente m ve ndo os d môn ios se s ubmete re m a e les, e m nome ele Jesus, é inte ira m nt ' justa. M as, para que nela não se mi stu rasse ne nhum ' i 'mento huma no, como em o utra ocas ião j á ocorrera (cfr. M t 17, 192 1), Jes u lhes le mbra q ue mui to maio r eleve ser s ua alegria por te re m seus nomes escritos no Céu (toma mos estas ex pli cações exegéticas do Pe. M anue l Tu ya O .P. , Bíblia Comentada, B AC, M adrid , 1964, tomo V, p. 836).
Mundo mo,Iemo tmz de volta o império de Satanás A influ ê nc ia ela Ig rej a sobre a hum a ni dade ating iu seu a uge na Idade Médi a, é poca ela qual falo u Leão Xlll e m trec ho céle bre, ta ntas vezes citado e m Catolicismo , mas c uj o brilho nunca eva nesce: "Tempo houve em que a filosofia do
Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é de vido, em. toda parte era.florescente, graças ao favo r dos príncipes e à proteção legítima dos magistrados. Então o sacerdócio e o império estavam ligados entre si por uma fe liz concórdia e pela permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu .fi·11tos superiores a toda expectativa, f rutos cuj a memória subsiste e subsistirá, consignada como está em in úmeros dorn111 entos que art!f"ício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer" (/mmortale Dei, 1º- 11 - 1885, nº 28).
Desconte nte com essa situação, o de mô ni o o rgani zou um mov ime nto para de rrubar essa o rde m c ristã. Para isso desencadeou um processo revo lucio nári o que se desdo bra e m vári as eta pas mag istra lme nte descritas po r Plíni o Corrêa de Olive ira e m sua o bra- prima Revolução e Contra-Revolução. Ao longo desse processo, o de mô ni o foi mina ndo a influênci a da Sa nta Igrej a, dil ace ra nd o-a po r c ri ses inte rn as e pagani za ndo a soc iedade. Desse modo, a presença e a atuação de Sata nás va i se manifes ta ndo cada vez ma is e m c rimes espa ntosos e desvarios ele toda o rde m. Não é de estranhar, po is, que ta mbé m os casos de e nde mo ninhados c resçam na mesma velocidade e m que a soc iedade se paga niza. Fo i muito opo rtuno, po is, qu e o mi ssivi sta trou xesse à ba il a o pro bl e ma, com sua perg unta c heia de propósito. Nestas co ndições, abre-se para a Santa Ig rej a um a no va etapa, e m que é prec iso fa zer uso cios poderes que Jesus C risto lh e co nfe riu , in c re me nta nd o fo rte me nte o traba lh o d os exo rc istas a utê nticos. Ass im o tê m pedido a lg un s teó logos de re nome. Mas é prec iso que sua voz sej a a mpli ada pela ele todos os cató licos que se co nve ncera m dessa ass ustado ra realidade. E, sobretudo, é necessá ri o rezar, pedindo a inte rcessão d ' Aque la que uma vez esmago u a cabeça ela serpe nte com os seus pés imac ulados, a sempre Virgem M a ri a ! • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com br
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A REALIDADE CONCISAMENTE . Carolina do Norte reforma Constituição
50 ex-astronautas condenam facciosismo da NASA
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inquenta ex-astronautas e cientistas da NASA denunciaram a militânci a do órgão pelas não comprovadas " mudanças climáticas". Em carta pública a Charles Bolden, chefe da agência espacial, afirmam que essa atitude "danifi-
ca a fama da NASA, o prestígio de seus cientistas e até a reputação da própria ciência ". E acrescentaram: "Centenas de famosos climatólogos e dezenas de milhares de outros cientistas declaram não acreditar nas previsões catastrojistas provenientes especialmente do Goddard lnstitute for Space Studies da NASA[. .. ]. A polêm.ica desbragada contra o C02 como maior causa das mudanças climáticas contraria a história da NASA, baseada em estudo objetivo dos dados cientificas antes de tomar decisões oufàzer declarações públicas ". •
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or 61 % dos votos contra 39%, os eleitores da Carolina do Norte, EUA, aprovaram emenda à Constituição estadual que define o casamento entre um homem e uma mulher como "a única união dom.éstica legal que será válida ou reconhecida neste estado ". Por sua vez, os bispos católicos D. Michael Burbidge de Raleigh e , ' .:,....~ J -·-, 1,: t. D. Peter Jugis de Charlotte, em carta lida nas missas pedindo o v~t~~ -';,voe,.,,. ~-·-·::;.,1,:-;. ..._, "-1:.~.,uc.;y
apoio dos católicos à emenda, afirmavam : "Embora nosso es-
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r..;.:-:=:.~: : :.~. -
J\ bióloga italiana Marzia Boi apresenUnião Europeia tenta atropelar Constituição húngara
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Unguentos no Santo Sudário faJam de um sepultamento real
"·.
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NORCH CAROLINA
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tado já tenha uma lei que proí' ·•· ,....., ,_, ~-·-~- ........ be o casarnento entre pessoas do ·1/,~ - -s."\_ . º"""'·· AtlAIH mesmo sexo, nós somos bem .:r-,, ·, ·"""''· ·,:: º"'" . \ .,_ ..~.Ol.KHCAa1'r-lA conscientes, pelo que aconteceu ·"·'"'' \,.. em outros estados, que essa lei L'-'º-"°_·"- - - - ' - ~ - - -- ·-_L_l-_.:.._·.., pode ser anulada por iniciativas judiciais ou legislativas ". Numerosos líderes do Partido Democrata, entre os quais o presidente Barack Obama, o ex-presidente Bili Clinton e o governador Beverl y Perdue, falaram contra a emenda. O apoio popular ao casamento tradicional neutralizou essas poderosas e más influências. •
A
Hungria sente-se " ultrajada" pela deci são da União Europeia de lhe impor a liberação da pílul a abortiva. O mini stro da Saúde, Mikl ós Szócska (foto acima) , dec larou ao Parlamento que o Instituto Nacional Farmacêutico teve de registrar a pílul a assass ina porque ela estava incluída em um a cláusula dos tratados da UE previa mente aprov ada, mas que não seria permitida nem disponibili zada para uso. Segundo o primeiro ministro Yiktor Orbán, a imposição da UE constitui uma violação da Constituição húngara. A União Europeia enfrenta grave s crises soc iais e eco nômicas pelas suas política s antinaturais e protoditatoriais e não arrefece sua ofensiva contra a família tradicional e a vida do nascituro. •
Canibalismo: repúdio hoie, "direito humano" amanhã?
Satélite revela unicidade do planeta Terra
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Trabalho escravo: presos são explorados em Cuba
A
empresa estatal cubana Provari fabri ca muitos produtos e a quase totalidade de seus operários são " trabalhadores escravos", denunciou Eli zardo Sánchez, chefe da Comi ssão Cubana para os Direitos Humanos e a Reconcili ação Nacional. O Grupo Intern ac ional pel a Respon sabilidade Social Corporativa inform ou que um a fábrica da Prisão 1580, perto de Havana, obri gava os presos a trabalhar até 12 horas por dia para fabricar blocos de constr~1ção, sendo que eles raram ente recebiam os US$ 1O mensa is prometi dos. M as os "a migos" estrangeiros de Fidel Castro - chefe de Estado, mini stros, teólogos ou simples adm iradores, 1ue hoje frequentam a ilhapor vezes ex-guerrilheiros se nza la só vee m " trabalho escravo" em se us países de ori gem ... •
CATOLIC ISMO
eg undo John Rehlin g, cienti sta de co mputação no Dartmouth College e na Universidad de Indiana, a ciência está muito longe de enc nlrar um pl aneta gêmeo da Terra. Com os dados do atélite caçador de planetas Kepler, Rehling ex plicou que la 156 mil e trelas monitoradas, apenas 27 poderiam ter um planeta comparável com a Terra. O que ignifica ser muito difícil que algum deles seja idêntico, mais difícil ainda que nele haja vida e, muitíssimo mais difícil ainda, que seja vida inteligente! Rehling observou que o Sistema Solar é "quantitativamente atípico". Em consequência, a Terra é um planeta incomparável. Informações dando a entender que foi encontrado um planeta capaz de conter vida devem ser recebidas com precaução, pois podem estar viciada pelo sensacionalismo ela imprensa ou ser fruto de preconceitos anticatólicos. •
A
polícia da Coréia do Sul interceptou carregamentos de cáps ulas provenientes da Ch ina, com aparência de medi ca mentos, contendo carne humana seca. Seu destino provável era alimentar o mercado de afrod isíacos... Logo depoi s a polícia chinesa deteve Z hang Yongming, 56 anos, suspeito de matar 20 j ovens e vender o horrendos "cortes" como "carn e de avestru z". O Instituto pela Un(/icação Nacional - KINU , ela Core ia do Sul , ex pôs a ex istência dessa horrível prática também na Coreia cio N orte co m base em inquérito que recolheu o testemunho ele 230 fu gitivos. Pai s de família enlouquec idos pela fome mataram seus filhos para comê- los. Já há antropólogos que ju stificam essa prática em nome de " cultu ras tradicionais" indígenas. Amanhã pretextarão ser mais um " direito humano" ... •
Se o Islã conquistar a Itália, será por culpa de maus eclesiásticos
M
agdi Cristiano Aliam , ex -muçulman o nasc ido no Egito, convertido à ígreja Católica e naturali zado itali ano, jorn ali sta e eurodeputado, escreveu que se a Itália cair nos braços cio islami smo, será por culpa cios maus pastores da Igreja Cató lica. "Despertemos! - escreveu ele - O Islã já está dentro da nossa casa! São os pró-
prio.1· italianos que promovem a conquista islâmica, incluídos os carde a is e os páro cos que clamam. p ela d!f'usão das mes quitas! Libertem.o-nos da ditadura do relativismo' Detenhamos a in vasão islâmica! Chega de mesquitas! Redescubramos a nossa alma, recuperemos o uso da ra zão, vollemos a amar-nos antes que percamos toda a possibilidade de sermos nós mesmos ern nossa casa!". •
rltou novo estudo sobre os restos de pólen e unguentos no Santo Sudário em Congresso Internacional realizado em Valência (Espanha) . Segundo a especialista do laboratório de Botânica da Universidade das Ilhas Baleares, Jesus Cristo foi sepultado com honras reais . Essas honras correspondem à condição social de Nosso Senhor, bem conheci da de seus parentes, discípulos, amigos e inclusive inimigos. Nosso Senhor pertencia à estirpe real de Judá, sendo descendente de Davi . Os óleos e unguentos, presentes no Santo Sudário, são requintadíssimos e próprios de um rei , segundo antigos costumes . Por isso conservaram o pólen das flores usadas, que por seu simbolismo eram reservadas aos enterros reais.
Catolicismo cresce na China, apesar das perseguições
S
egundo o Centro de Estudos da Fé, de Hebei, 22.104 chineses receberam o batismo na Páscoa de 2012. Os católicos na China comunista, que são mais de seis milhões, tiveram , portanto, um aumento de 0,33 %. Só na diocese de Hong-Kong foram ministrados 3.500 batismos, com um aumento de 0,97% do total dos fiéis . Os novos católicos pertencem a 101 dioceses continentais e 75% deles são adultos. Enquanto , a exemplo de Xangai, dioceses importantes não realizam batizados no período pascal , outras dioceses só os fazem na clandestinidade, faltando estatísticas. A atração pelo catolicismo causada pela graça toca a um número crescente de chineses, razão pela qual o regime socialista quer coarctar a liberdade do catolicismo. Para isso ele recorre a todas as violências e artifícios, contando até com a cumplicidade de maus católicos, eclesiásticos e civis.
JULHO 2012
1111111
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NACIONAL
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1 Malogro da Reforma Agrária
Brasil seriamente ameaçado: novo Código Florestal e revolução do PNDH-3 P or meio do Ecologisn10 e do Ambientalisrno tenta-se fazer o que con1 a Refonna Agrária não se conseguiu; o PNDf I<3 e a m_arxislização do País. H EUO V IANA
E
m nenhum país do mund o o co muni smo conseguiu in sta ura r-se sem um a Reform a A grári a radi ca l que transferi sse para o Estado ou reduzisse a propriedade
CATOLI C I SMO
pri vada à . ua exp ressão 111 1n1ma no ca mpo, para d poi s go lpeá- la na cidade. A mi úde ouvimos um dos ex po nl •s da Teolog ia da Libertação, Frei Betto, rec lamar da f'a ll a de concreti zação desta reform a, que à semelh ança I co nh •ci cl os teóri cos comuni stas ele reputa indi spensáv I para " impl antação do soc iali smo no Bras il.
Aqui , a implantação de uma tal Reform a A grária vem sendo obstinadamente tentada desde os remotos anos de 1960, no período de João Goul art. E desde então os sucessivos governos, inclusive o militar, cri aram e implementaram órgãos encarregados de aplicá-la. Com fortíss imo apoio ecles iástico de esquerda e patrocíni o semi-ofi cial, fo rm aram -se a certa altura grupos ele agitadores mal chamados ele movimentos sociais, que através de invasões de imóveis rura is procuram cri ar pretexto para o governo depois fazer as desapropriações. O ex- presidente Fern ando Henrique Cardoso, por exempl o, em entrevi sta a uma revi sta fran cesa, decl arou que utiliza va a di aléti ca nas suas relações com os sem-terra : eles ex igiam muito e ele lhes cedi a um pouco .. . A velha políti ca suicida do "ceder para não perder" . Plíni o Corrêa de Oliveira, a partir dos anos 60, e depoi s ·eus di scípul os nunca deixaram de denunciar os perni ciosos males da Reform a A grári a soc iali sta e confi scatóri a, que atenta co ntra dois mandamentos da Lei de Deus - " N ão roubarás" e " Não cobi çarás as coi sas alheias" - , bem como os diversos pl anos para a sua impl antação no Brasil. Daí res ul tou que, no decurso desse meio séc ul o, todas as tentativas de sua aplicação onímoda torn ara m-se fru stras, para desespero da esquerda, que via ass im obstado seu intento de impl antar o reg ime co munista em nossa Pátria. A única sa ída para esse impasse seri a pôr em segundo pl ano a Reform a A grári a cláss ica e apelar para outro meio de executá- la, com outro nome e de outro modo, sem despeitar reações. Esse novo meio teri a, ademais, o co ndão de aplicá- la em esca la nunca dantes ousada e atra indo apl ausos de incontáveis desa vi sados.
/Juas novas bamleiras da esquerda A eco logia e o ambi entali smo passara m em dado momento a ser adotados co mo bandeira pelos esquerdi stas, que difundiram no mundo in teiro a falsa ideia de que o pl aneta acabari a destruído, se não fossem tomadas medidas drásti cas de proteção ambiental. E, por incrível que pareça, anos atrás fo i esco lhido no Bras il , para relator do proj eto de Códi go Florestal, o deputado federa l A ldo Rebell o, cuj o parti do, o PC do B , se mpre foi o inimi go número um da propriedade privada.. . Atu al mini stro dos Esportes, Rebell o - cuj a sinceridade em não ocultar que co ntinua autêntico comuni sta ele demonstrou ao enviar mensagem de pêsa mes pela recente morte do ditador da Coreia do N orte - reali zou então todo um trabalho de defesa, ao menos aparente, dos interesses dos propri etários rurai s, passando a ser considerado por eles como um ali ado da classe ! A pesar de o tex to do Novo Códi go F lorestal apresentado pe lo relato r e aprovado pela Câmara de D eputados ser inaceitável em muitos pontos, pois contém graves vi olações do direito de propri edade, fo i ele posteri ormente modifi cado por uma equi pe de es pec iali stas no Senado, torn ando-se ainda pi or. Um de se us po ntos mai s g raves co nce rni a à
principiolog ia anexad a a seu arti go primeiro, a qual deveri a reger todos os di spos itivos do Códi go, que é inteiramente rej eitável. A ssim , ao interpretar a lei nos casos contenciosos, que prometem se multiplicar, o jui z deveri a agir de acord o com a referida principiolog ia, que sob pretexto de preservação ecológica golpeia a fund o o direito de propriedade. O projeto de Novo Código Florestal voltou novamente à Cfümu·a, e a prin.cipiologia, além de diversos outros pontos incluídos no Senado, foram rej eitados por grande maiori a de votos . I sso causou considerável indi gnação no Planalto. Tocava doravante à pres idente Dilma sancioná-lo ou vetá-lo, total ou parci almente. Receosa de qual poderi a ser a reação na hipótese de um veto total do projeto da Câmara, a pres idente preferiu vetar 12 pontos, restaurando, mediante M edida Provisóri a, partes essenciais propostas pelo Senado, sobretudo a prin.cipiologia. Foram no total 32 modificações no texto da Câmara, 14 das quais recuperando o tex to aprovado pelo Senado, cinco referentes a di spositivos novos incluídos, e 13 ajustes de conteúdo. O Congresso leverá pronunciar-se sobre os vetos, bem como sobre a M edida Provisóri a, ali ás já contestada no Supremo Tribun al Federal co mo incon titucional por deputados de cinco partid os. D e qualquer fo rm a, o direito de propriedade será seri amente lesado pelo novo Códi go Florestal.
Aplicação radical do PN/JJ-f-3 Se além do Novo Código Florestal nós atentarmos também para a peri gosa e irresponsável ampliação das reservas indígenas pelo Judiciári o, para a expropri ação de terras sob pretexto do mal-chamado (e nunca definido) trabalho escravo, para a questão dos quilombolas - sem falar dos inadmi ssíveis golpes que estão sendo assestados contra a instituição fa miliar pela reform a do Código Penal e pelas propostas indecorosas da senadora M arth a Supli cy - , é toda uma revolução radical que está em curso no País, vi sando a tran formá-lo em um regime marxista. Revolução programada nos seus mínimos detalhes pelo Plano N ac ional de Direitos Humanos (PNDH-3) editado em dezembro de 201 O pelo governo federal.
Co11c/11são Resumindo, o Bras il se defronta com uma fo rte arremetida cio governo e das esquerd as, contando para isso com a dec idida e incompreensível co laboração de um Poder Judi ciári o cada vez mais subservi ente aos interesses do Executi vo, e ele um L eg islativo que abre mão de suas prerrogativas e vai também se dei xa ndo subjugar. Peçamos a N ossa Senhora Aparecid a, Padroeira da N ação, que na presente co njuntura nos sej a espec ialmente propícia, despertando a opini ão públi ca nac ional para os graves peri gos que se apresentam, a fim de que o Bras il possa cumprir a cri stã e providencial mi ssão que lhe fo i destin ada. • E-mail para o autor : catoli cismo @terra .co m.br
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INTERNACIONAL
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A Europa cristã nos dias de hoje B alanço ela situação atual cio velho continente, com as iJnposições ela União Europeia e o aun1ento de movimentos que promovem a cristianofo/Jia.
M ATH IAS VON G ERSDORFF
Pilatos ap~ef enta Jesus Cristo aos judeus que pediam sua condenação
' uitos teó logos afirmam que Nosso Senhor veio até nó num momento em que o mundo anti go não oferec ia mai s aos homens certezas, visões, esperanças ou perspectivas de futuro. A lu z ela Anti guidade estava se ex tinguindo. O homem dessa mudança de época era cético, agnóstico, não acredi tando em mai s nada. " O que é a verdade?" - perguntou Pi latos a Nosso Senhor Jes us Cri sto (Jo 18, 38). Antes o Salvador lhe di ssera: " Eu nasci e vim ao inundo para dar
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O fato de o aborto ser i lega l em diversos países ela Comunidade Europeia (na Al emanha, por exemplo) ou mesmo proibido (Po lônia, Malta) é tota lmente irrelevante para muitos parl amentares europ eus. Sem embargo, eles ex i ge m ininterruptam ente a introdução do aborto ou do direito ele abortar, querendo pela insistência cansar seus adversári os, ou sej a, a I grej a Católica e a generalidade cios cri stãos europeus.
lestemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz " (Jo 18,37). A partir da vinda ci o M ess ias, defrontam-se dois tipos ele homens que encarn am du as épocas da humanidade: o velho homem, cuj o estado de alma não tem mai s acesso à verdade nem co ndi ções de reco nhecer o que é a verdade, e o novo homem, renasc ido pela graça e que pode, seguindo a Cristo, conhecer a verdade. A lu z que antes ilumin ara o mundo anti go saiu ele cena para dar lugar a uma outra lu z: ao " lumen Chri sti ", à lu z de Cri sto. O que daí se seguiu, conhecemo-lo bem. Formou-se a Cri standade que co nstruiu, espec ialmente na Europa, a civilização es plendorosa que tornou esse co ntinente 9bjeto ele admiração e ele invej a ele muitos. Os europeus seguiram Aqu ele que é "a Verdade, o Caminho e a Vida" e tornaram se clestarte ca pazes ele rea li zar obras que ultrapassaram ele muito em grandeza, brilho e beleza às da Antiguidade pagã. Contudo, do is mil anos depoi s cio ·nasc imento cio divino Redentor, a Europa está apagando em si - consc iente e li vremente! - a lu z ele Cri sto. O resultado di sso no- lo mostra à sac iedade a hi stória ci o séc ul o XX : mortes, destrui ção, decadência ela civili zação. Os europeus, apesar elas devastações elas duas Guerras Mundi ais, ci o nazismo e cio comuni smo, e, sobretudo , elas advertências ele N ossa Senhora em Fátima, não estão di spostos a se converterem e voltarem-se para Cri sto e sua I greja. Muito pelo contrári o, levados por
CATOLICISMO
Pressões a f'énror do homossex ualismo
boa parte ela mídi a e das in stitui ções políticas, tentam incessa ntemente apagar a luz de Cri sto. Vamo a fatos.
Prnssões contra raízes cristãs <la Europa: aborto No dia 1º de dezembro ele 201 1, o Parl amento Europeu aprovou novamente uma resolução ex igindo a introdução do aborto em toda a Europa. Segundo e, se organi smo, a "inter-
rupção segura e legal da gravidez e o acompanhamento médico depois da interrupção da gravidez" elevem ajudar combater a epidemiado AIDS! (Decisão P7 _TA(2011)0544, § 22). Não foi essa, porém, a primeira vez em que Parlamento Europeu aprovou resolução com tamanha ousadia anti cri stã no ano passado. No dia 8 ele março, as facções cio I arl idos ele esquerda aprovaram uma reso lução ex igindo "o direito ao aborto". Para o Parlamento Europeu, "as mulheres 1.. . l [deveriam ter] o direito a uma interrupção seg ura da va videz " ( Reso lução ele 8 ele março de 201 L, Ponto 25).
Contudo, não é apenas o aborto um ci os temas prediletos ele muitos parlamentares europeus. Também os assim chamados direitos cios homossex uai s - na realidade privilég ios arbitrários - vêm se ndo cada vez mais exi gidos . Não surpreende qu ando se considera que, no início ele sucess ivas introd uções ele institutos legais para-fa mili ares em diversas nações europeias, se encontra a decisão cio Parl amento Europeu ele 8 ele fevereiro ele 1994: "A igualdade de direitos de
homosse.xuais e lésbicas na Comunidade Europeia ". Houve a partir ele então diversas reso luções ci o Parl amento ou di spos ições ela Co mi ssão E uropeia referentes aos ass im chamados " direitos" cios homossexu ais. O último documento a tal respeito é a dec isão ele 1º de dezembro de 201 J em face do pedido ela Croácia de integração na Co munid ade E uropeia (P7_TA (20I 1)0539) . Nessa dec isão, os parlamentares ex igem que a Croácia "aceile e aplique imediatam enle
mo, é mencionada a chamada " homofobi a", não claramente definida. Seguiu -se daí que qu alqu er críti ca às exigências políticas ela agencia homossex ual é rotulada pela maior parte ela mídi a ele " homo fóbi ca" . Na reso lução de 14 ele j aneiro ele 2009 se ex ige a co ncl nação daqueles d ignitári os reli giosos, bem co mo personalidades ela vicia soc ial e políti ca, que incitarem ao ódio e à viol ência. A essa categori a pertencem segun lo dec larações de políti cos e organi zações hom ossexuais - o Card ea l Joachim M eisner, Arcebispo ele Co lôni a, ou mes mo o Papa Bento XVI. N o di a 17 ele setembro ele 2009, o Parlamento E uropeu chegou ao cúmul o de co ndenar a Litu âni a, cuj o Parlamento aprovara uma lei proibindo propaganda homossex ual entre menores de idade. Uma tal Europa não tem chances ele sucesso autêntico. Numa Alocução ao novo emba ixador austríaco, no dia 3 ele fevereiro ele 201 1, o Papa B ento XVf di sse: "A ed(ficação
da casa comum europeia só pode alcança r bom êxito, se esle conlinenle esliver conscienle dos seus próprios funda menlos cristãos e se os valores do Evangelho, assim como da imagem. cristã do homem, constituírem. lambérn no.fú!uro o f ermento da civilização europeia. Afé vivida em Cristo e o amor con.crelo pelo próximo, delin eado segundo a palavra e a vida de Cristo e também segundo o e.xemplo dos santos, são mais impor/antes que a cultura ocidental cristã ".
um plano de ação con/ra a homofobia ".
"1'eol'Ía de gênero ":"º"ª estratégia do lcmi11ismo
Tal decisão representa um descaramento sem nome: imiscuir-se deste modo em ass untos internos de um a nação sobera na! Po rém, não foi esta a primeira vez. Num a dec isão ele 18 ele j aneiro de 2006, junto ao anti sse miti smo e ao raci s-
Atualmente ass istimos exatamente ao contrári o: à destrui ção das raízes cri stãs da Europa. N ão apenas pela exigência do aborto e ele privilég ios para homossex uai s, mas também pela introd ução da pseudo- ideo logia da " teoria de
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gênero" (gender mainstreçuning), uma ideologia segundo a qual o sexo biológ ico é meramente ocas ional e a diferença entre homem e mulher é de natureza exclusivame nte cultural. Desse modo, tornou-se corrente o fe minismo radical cio tipo clajuclia-canaclense Shulamith Firestone (The dialectic ofsex, 1970), coisa que ninguém julgari a possível algumas décadas atrás. A Comunidade Europeia vem ex igindo , desde 1993, med id as el e impl ementação da "teoria ele gênero" como condição para conceder recurso. financeiros ele seu Fundo Estrutu ra l. O Conselho Europeu chamou a si o tema a partir de 1994. Na quarta Conferência Mundial das Mulheres das Nações Unidas, em Pequim, no ano ele 1995, fo i aprovada uma plataforma ele ação, segundo a qual a "teoria ele gênero" tornou-se uma nova estratégia mundial do feminismo. Logo depois, em feve reiro ele 1996, a Comissão Europe ia - e com ela a Comunidade Europeia - se comprometeu a ass umir a estratégia ela "teori a ele gênero", a qual experimenta, a partir ele então, uma caminhada triunfal na Europa. Incorporada em 1999 pelo Tratado deA msterdã, nos anos subsequentes essa teori a se tornou um elemento integrante ele quase todos os campos políticos.
fü/iJcação sexual <lesagrega<lora De outro lado, a fa míli a enquanto in stituição vem sendo e nfraq uec ida sistematicamente e seus dire itos, red uzidos. Exemplo di sso é a educação sex ual nas escolas. A este respeito, afirmou o Papa em sua Alocução ao Corpo Diplomático de 1O ele jane iro ele 20 11: "Não posso passar sem referir outra ameaça à liberdade religiosa das famílias nalguns países europeus, onde é imposta a participação em cursos de educação sexual ou civica que propagam. concepções da pessoa e da vida pretensa,nente neutras mas que, na realidade, refletem uma antropologia contrária àfé e à reta razão". Não há perspectivas de me lhora. Os europe us vêm sendo desde há meses bombardeados diariame nte co m notic ias sobre a cri se cio euro. Co mo isto vai terminar, ning uém pode di zer ainda com certeza. Contudo, uma coisa j á é certa: haverá mai s centrali zação na E uropa. E isso signifi ca não apenas menos dire itos ele sobera ni a qu anto à política fisca l e econômica, mas ta mbém mais pressão da E uropa sobre os países que oferecere m resistênc ia à política soc ia l libera l, como a Hungri a, a Polônia, etc. Doravante serão cada vez menos tol erados aq ue les que "sa írem ela fila".
N<wo prnsi<lente cio Parlamento Europeu causa 111·eocupação Nesse sentido incl uiu -se a ele ição, e m j ane iro deste ano, ele M artin Schul z para a Presidê nc ia cio Parl a me nto Euro-
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peu. Um cios po líti cos mais esq uerdi stas da E uropa, Schul z é líder do Partido Ali ança Progressi sta dos Socialistas e Democratas. Sua e le ição ocorre u exata mente no mo mento e m que desej am conferir mais importânc ia ao Parlamento Europe u. O diário "Frankfurt Allgemeine Zeitung" fa la ele uma "insurreição do Parlarnento Europeu" a se r dirigida po r M artin Schul z. O líde r cio Partido Social-Democrata ela Alemanha, Sigmar Gabriel, ex ig iu um " novo" Parlame nto E urope u - sob o comando ele M artin Schulz - co mo co ntrapeso às duas o utras grandes instituições: a Com issão E urope ia e o Grupo cios C hefes ele Estados e ele Governos.
Reações salutares: motivos <le esperança A esperança é uma posição fundamen tal ela menta lidade cri stã. Por isso, não deve mos ca ir no fata li smo, mas o lhar para o futuro com confiança e sem otimi smos tolos. E ex istem razões para tal. Uma das principais é o fato ele que vai se fo rmando na soc iedade civil europe ia uma op ini ão pública que não está mais di sposta a tole rar tudo o que vem ele Bruxelas; pelo contrário, reage viva mente. Isso é novo e auspic ioso. Até be m pouco tempo atrás mal eram percebidos muitos cios desca labros aq ui desc ritos. Restando, portanto, mui to que faze r, cumpre que as forças cri stãs se manifestem ainda mais decididamente contra as tendências anticri stãs ela U ni ão Europe ia, como o cresc ime nto da pé ss im a id eo log ia be m denominad a ele "c ristianofobia ". A própria cri se cio e uro contribuiu para o dec líni o ela ati tude de "deixar.para os de cima reso lver". Não será de futu ro tão fác il para a Com issão ou para o Parl amento aprovfü· resoluções sem o crivo de uma aná li se crítica e ate nta ela opini ão púb lica. Isso é sa lu ta r.
"L11me11 Chrisli " Contudo, nossa grande confiança re: ide n' Aq ue le sob cuj a proteção os cristãos, desde há doi s mi l anos, sempre se fo rtaleceram: o Divino Salvado r, Nosso Senhor Jesus C ri sto. Ele próprio nos conclamo u a agir e lu tar para que sua lu z, o " lumen C hri sti", não se apague neste mundo. Ele não permitirá que tal aco nteça e nos convoca a estarmos pront s pfü·a serm os in strume ntos de sua obra de sa lvação. Vo ltemos, pois , a Ele nossos olhos confiantes e digamos-Lhe, através ele sua e nossa M ãe Sa ntíssima: Adveniat regnum t11u111! S im, venha a nós o vosso Re ino também na E uropa , qu • foi o utrora o continente cios grandes gestos de ficl e licla 1 ' de dedicação a C ri sto, Re i do Universo . • E-mai l para o autor: =""'-'"""'-'-"'"..._.,..,
Dois Mandamentos espezinhados
U
m cios ensinamentos mais esquecidos da doutrina católica é orelativ o à propriedad e privad a. Embora esta sej a asseg urada por dois Mandamentos da Le i ele De us - "Não roubarás" e "Não cobi çarás as coisas a lhe ias" - , não se ouve falar di sso nos púlpitos. Ainda existe reação ela opinião públi ca co ntra o ladrão que entra numa casa e a depena. M as qua ndo se trata ela ação invasora do Estado contra a propri edade , a reação, qu a nd o ex iste, é muito amo rtec ida. A prov e i tando-se d essa s i tu ação anormal, o Estado brasile iro vem se lançando com uma voracidade impressionante sobre os parti culares a fim de lhes arrancar o que lhes pertence, sobretudo no que se refere ao campo. N o caso da Reforma Agrária, por exe mpl o, terras são desapropri adas, muitas vezes a preço vil , para fonirnr assentamentos improdutivos, cuja propriedade também não é conced ida aos asse ntados, pois continua sendo do Estado. E agora j á se fala e m mud ar a Constituição para que sem qualquer indeni zação sejam ex propriadas as propri edades onde fo r constatada a ex istência ele trabalho "aná logo à escravi dão", sem que se defin a bem o que é isso. Na prática, até o mo mento, irreg ul aridades mínimas tê m s ido consideradas " trabalho escravo" por fi scais do traba lho adrede indu stri ados. É uma injustiça sem nome. As de marcações de reservas indígenas, q uilombolas e outras têm sido feitas arbitrariamente, passando por cima ele títu los d e propri edad e reg ulares, muitas vezes co m décadas de vigência. Poré m, a investid a mai s e m moda
contra a propri edade, especialm e nte contra o seu uso, c hama-se "eco log ia". A pretexto ele "danos à natureza" artificialmente alegados, impede-se que os proprietários utili zem grande parte ele suas terras para o pl antio ou a pecuária. É prec iso manter dentro del as uma parte em que não se pode mexer, chamada "reserva legal". Além disso, foram impostas aos proprietá ri os as intocáve is APPs (áreas de preservação permane ntes), e assim por diante. Com isso, os mai s atingidos são os pequenos pro pri etários, que veem prati ca mente ext inta a poss ibilidade de utili zar sua terra. E como consequênci a, caem na mi séri a. Essas investidas contra a propriedade - e outras, que não há espaço aq ui para enumerar, co mo, por exemp lo, os impostos escorchantes - se fazem amparadas por uma hábil propaga nda, que apresenta a propriedade como um privilégio incompatível com o cfü·áter social
(soc iali sta) da modernidade. Já o denunciou Plínio Corrêa de Oliveira: "A propriedade privada vai sendo apresentada, cada vez mais - nestes tempos de hipertrofia do social - como wn privilégio antipático e anacrônico, ao qual só se qf'erraram alguns egoístas, insensíveis à miséria que em torno deles existe" ("Folha de S . Paulo", 30-5- 1971 ). Com isso, fi ca posto na sombra o e ns in ame nto autêntico da Igrej a, expresso lapicl arm e nte pelo Papa Leão XIII: "Fique, pois, bem assente, que o primeirofimdamento a estabelecer para · todos aqueles que querem sinceramente o bern do povo é a inviolabilidade da propriedade particular " (E ncíclica "Rerum Novarum", de 15-5-189 l ). O at ua l es pez inh a me nto de dois Ma nda me ntos divinos , be m co mo da doutrina da [g rej a que os ex plica, só pode faze r Nossa Senhora chorar. Até quando? • JULHO2012 -
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Aos pais, um apelo ao dever N ecessidade do bom senso 1naterno e paterno no controle dos videogmnes dos filhos, visando a impedir o vício e outras consequências danosas
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lizabeth Woolley é a fundadora do Online Gamers Anonymous (Jogadores Anônimos Online) e opositora sem reservas de videogames que causam vício. Além de ter sido entrevistada pelo "Catholic Herald Citizen" e pelas renomadas emissoras _norte-americanas CBC , CBS e BBC, ela pronunciou conferências em muitos países sobre os perigos desses jogos. Em 2002 fundou um site na Internet, com a finalidade de alertar a sociedade em geral sobre os aspectos tenebrosos dos jogos de computador, bem como ajudar e aconselhar os que já estão viciados em videogames. Esta entrevista a Sra. Woolley a concedeu inicialmente à revista Crusade, da TFP norteame ricana, que nos autorizou gentilmente a reproduzi-la para os leitores de Catolicismo.
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Catolicismo -A senhora poderia explicar por que fundou Online Gamers Anonymous? Sra. Wooley - E m 2002, meu filho Shawn viciou-se em um jogo chamado Everquest. E m três meses ele largou o emprego, fo i despejado de sua casa e fi cava a noite inteira acordado jogando no computador. Apesar de nossos ingentes esforços para auxiliá-lo a restabelecer a normalidade em sua vida, ele cometeu suicídio um ano e meio mais tarde. Pouco tempo depois de seu suicídio, concedi uma entrevi sta ao "Milwaukee Journal Sentine l", e foi então que me dei conta ele q uantas famíl.ias estão sendo destruídas e sofrem como a minha. E m 2002 eu decidi fundar o site Online
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Sra. Elizabeth Woo/lcy: "Como })ais, 11r ecisamos e11co11trar outras atividades para nossos lilhos que 11ão sejam some11te a de faze-los sentar-se dia nte de uma tela de computado,,"
Gamers Anonymous para ajudar essas pessoas a terem um lugar para se encontrar e saberem que não estão sozinhas. Faço questão ele informar que esses jogos podem ass umir o controle ele suas vicias ela mesma forma como o álcool e as drogas. Alguns jogadores me di sseram que a pessoa pode tornar-se vic iada em menos ele 24 horas. Assim, ao passar dos jogos sociais para os jogos que provocam o vício, ela não consegue voltar atrás. Esses jogos podem tornar-se a droga preferida, devendo ser considerado. como ta l. O nosso website www.ol a on.or divulga pesquisas sobre o modo como esses jogos afetam as cri anças, prejudicando o seu normal crescimento e seu desempenho social, e procura alertar os pais a esse respeito. Organi zamos cliver. as reuniões semanais nas quais os viciados contam a sua hi stória e apoiam-. e mutuamente no esforço de abandonar o víc io, além de debaterem muitos assun tos relacionados com o problema deles. Catolicismo - A senhora daria algum conselho aos pais que têm videogames em casa? Sra. Wooley - O elemento cruc ial é garantir uma vida eq uili brada aos filh os. Eles não podem ser cri ados com base em uma só atividade, pois do contrário vão ter problemas. Mesmo quando a cri ança protesta, a missão dos pais é di zer " não", e gui á- los para o utras atividades. Ser pai ou mãe não é fác il , mas posso garantir que a vida pod ia ser perfeitamente normal antes ela ex istência de videoga mes. Como pais, preci a mos ncontrar ou cri ar outras atividades para os nossos filhos que não sejam somente a de hzê-los s ntar-se di ante de uma te la ele comput ado r. Isso significa
e ngaj á- los em esporte, em e ncontros sociais e atividades educacionais. M as é necessário oferecer-lhes opções. Se a criança disser que não quer abandonar o jogo, é preciso estabelecer li mites ou então ela acabará tendo probl emas. Catolicismo - Que tipo de pessoa tem inclinação para tornar-se viciada e quais são as consequências? Sra. Wooley - Qualquer pessoa pode se viciar. Certas universidades confessa m que o vicleogame é responsável por uma grande porcentagem de desistências. Muitas delas mantêm agora psicólogos para tratar cio problema do vício no jogo entre os alunos. Estão também investigrn1do se os estudantes estão envolvidos em videogames antes de lhes conceder bolsas ele estudo. Elas sabem que podem estar perdendo uma bolsa se o candidato for um viciado. Eu conheço diversos pais que perderam as economias aplicadas no estudo dos filhos por causa disso. Muitos jovens que estão sendo a1rnstados para esse vício são de fato gênios. E les são bastante inte ligentes e cheios ele motivação. A prova é que muitos desses jogos exigem horas de esforço tedi oso, concentração e paciência. É tri ste ver todo esse potencial intelectual sendo jogado no li xo. Além das considerações que se podem fazer sobre o modo pelo qual o vicleogame prejudica as vidas e a educação, te mos que levar em conta o quanto se poderi a ganh rn· caso esses jovens capazes esti vessem resolvendo os reais problemas ela sociedade. Os vicleogames se tornaram em vez disso um poderoso fator ele estupi-
"Qualquer }Jessoa })Ode se vicia,: Certas 1mive1'sidacles co11l'cssam que o vicleogame é res}Jonsá vel por uma grande po1·ce11tagem de desistências"
dificação ela sociedade. Às vezes, pessoas já crescidas e com emprego sério podem ficar viciadas. Eu conheço várias delas que possuíam trabalho e casa, mas perderam tudo por causa dos videogames. Houve um caso extremo de um senhor na Flóricla que perdeu seu emprego e teve que ir viver na rua. Ele acabou arranjando trabalho num restaurante a fim de conseguir dinheiro suficiente para ir ao gaming cqfé, onde fi ca jogando o resto do di a. Quando o gaming café fecha, ele vai dormir na rua e no di a seguinte repete a mesma coisa. Muitos pais deixam a família para terem mais tempo ele jogar. Eles perdem completamente a preocupação pelos filhos, porque tudo quanto eles julgam poder fazer é jogar. Mulheres adultas são mais inclin adas a engajar-se em j ogos sociais como Farmville, SIMS e Second Life, porque gostam de fazer coisas conjuntas. Isso frequentemente causa problemas, pois as mulheres casadas acabam deixando os mrn·idos e a famíli a, abandonando os próprios filhos, para estarem com uma pessoa do jogo. Há mui tos exemplos di sso. Um caso extremo fo i o cio casal coreano que deixou o filho real morrer ele má nutrição porque passavam todo o tempo di sponível cuidando do "filho vi.Jtual". Catolicismo - A maioria dos videogames dá às crianças uma sensação de que elas são algo ou que estão realizando alguma coisa. Isso é errado? Sra. Wooley - Um dos perigos maiores é precisamente o ele ser muito fác il obter uma sensação ele valor e realização através do jogo. Se a
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pessoa não consegue um resultado ou não gosta do que fez, pode recomeçar até conseguir o resultado certo. Bem, a vida real não é assim. A vida real não é tão fác il e com frequência não se tem uma segunda oportunidade. Com isso, por contrnste, a criança fica desanimada com a vicia real e termina abandonando-a inteiramente. Ela diz a si mesma: "Isto é muito difícil", e foge de volta para os jogos. Tal atitude representa um perigo enorme para a vida social da criança. Em vez de satisfazer seus desejos de coisas como valor e realização através de intercâmbio social, ela os obtém por meio cios jogos. Desta forma ela não tem a experiência necessári a da vida real, especialmente cio sofrimento normal da vicia, e não aprende a lidar com bons e maus momentos. Vicia real não é fáci l para ninguém, e permitir que uma criança use jogos como droga para fugir da vicia real não vai ensiná-la a lidar com ela. Eu pude comprovar isso em meu filho. No jogo ele podia facilmente fazer o que queria e sentir-se realizando algo. Ao mesmo tempo, ele não estava usando seu tempo para cu idar de sua vida real , de modo que não havia nada para sustentá-lo. A um ce1to ponto ele passou a não se importar mais com o futu ro e de como progred ir na vicia real. Se a maior parte de seu tempo é usada nos jogos, não haverá tempo suficiente para aprimorar a educação, habilidades e amizades na vicia real. Todos aqueles que de fato queiram realizar algo na vicia precisam abandonar os jogos e se dedicar à vicia real. Catolicismo - Qual é a sua mensagem aos pais que usam videogames para ajudar a entreter seus filhos?
Sra. Wooley -
Eu tenho visto muitas atitudes
CATOLIC ISMO
"llá pais que desejam usar os videogames como babás. Não é bom pai aquele que dá à cl'ia11ça um jogo de computa<lor para que ela 11ão o amole"
irresponsáveis de pais que desejam usar os videogames como babás. Isso infeli zmente acontece porque muitos pais são com frequência eles próprios jogadores. Primeiramente, não é bom pai aquele que dá à criança um jogo de computador para que ela não o amole. Ocupe-se de seu filho na vida real! Conheci um pai que ensinou seu filho de três anos a jogar com ele World of Warcraft, achando que se conseguisse tornar a criança viciada naquele jogo, poderia vir a ter um melhor relacionamento com ela. Faço questão de dizer aos pais que jogar tais jogos com os filhos não pode ser chamado de relacionamento, uma vez que durante os mesmos não há quase nenhuma troca de palavras; o modo de a criança se relacionar com qualquer coisa durante o jogo é unicamente através dos controles. Em segundo lugar, recomendo aos pais que não permitam a nenhuma criança de menos de 16 anos jogar esses jogos ligados à Internet, e ponto final. Além de nunca se saber contra quem eles estão jogando, os pedófilos estão sempre imaginando meios de se conectarem com crianças através desses jogos. Os pais imaginam que é seguro por ser dentro de casa, mas não é. Dar aos filhos o jogo de Internet é como colocá-los num bar público sozinhos. Há também o seguin te: muitas vezes os pai s me di zem que não têm outra saída senão dar à criança o que ela quer, acabando não se dando conta do conteúdo do jogo. Esses jogos podem ter material sexual explícito, palavras imorais, uso de drogas, violência imoderada e destruição. Se isso estivesse num filme, apenas a violência j á colocaria o filme na categoria " R" (proibido para menores de 17 anos). Ape ar de a maior parte das fa míli as cristãs co m as quai s fa lo sere m
incapazes de dar a seus filhos um film e c lassifi cado como "R", elas os deix am jogar jogos violentos. Isso lhes é muito prejudicial. Catolicismo - E se os filmes não forem violentos e online?
Sra. Wooley - O simples fato de não sere m violentos ne m on-line não sign ifica que não sej am perigosos. Seria o mesmo que dizer que está bem dar às crianças drogas não vi olentas. Nunca é demais lembrar que videogames devem ser consi derados como poss ív eis drogas, não se podendo permitir a ninguém de se tornar viciado nelas. É certo que, quando um jogador cruza a linha entre o poder decidir quando jogar e o ser forçado a jogar, sua mente fo i já reprogramada pelo vício. Ele não está jogando porque quer, mas porque prec isa. Nesse ponto, ele começa a odiar o jogo, mas não pode mais parar. Sua vida se despedaça e e le entra no círculo vicioso de sentir-se culpado e ter "euforias" nos jogos. Depo is ca i novamente na sensação de culpa e volta ao jogo, onde tudo recomeça. Ao "da.ti lo grafar" constanteme nte o teclado nos jogos, ele se torna des umanizado, dando menor importância aos próprios sentidos, não sa indo de casa para fazer exercício ou tomar so l e comer algo decente: ele se torna uma concha humana. Eu ainda julgo que se deveri a pesquisar mais a respeito disso, mas já há suficie nte informação de como os jogos afetam especialmente os jovens, atrofi ando o seu cresc imento mental e sua capacidade de se relacionar soc ialmente. Isso foi um dos aspectos que me chocaram a respeito de meu filho. Ele parou de falar com as pessoas, inclu sive comigo, sua mãe.
"Os jogos na il1ternet afetam especialmente os jovens, atrofiando o seu crescimento me11tal e sua capacidade de se relacionar socialmente"
Antes de começar a jogar os vicleogames , ele era como todos nós: tinha um futuro, pl anos, ami gos e um e mprego. Após tornar-se vi ciado, foi como se uma lu z na sua cabeça tivesse sido desligada: desinteressou-se totalmente de como deveri a passar a vida real, não se importando mais sobre o que poderia acontecerlhe no futuro, perdeu compl etamente suas metas e princípios. Parou de pensar na rea lidade e tornou-se deprimido. Sua personalidade mudou radicalmente e ele se tornou anti -soc ial. Essa é a razão pela qual eu sempre digo que tais jogos podem reprogramar o cérebro da pessoa, transformando-a em outro indivíduo. Os a mi gos de meu filh o ficara m abi smados de quanto ele efetivamente mudou. Catolicismo - A senhora poderia dar um exemplo de pais que acabaram intervindo tarde demais?
Sra. Wooley - Um dos garotos que conheci era um jovem canadense de 15 anos chamado Brandon. Ele começou a jogar um jogo chamado Cal! of Duty e seus pais, apesar de saberem que aquilo lhe estava causa ndo problemas, não e ncontravam um meio de fazê-lo parar. Brandon considerava-se uma pessoa mui to poderosa no jogo, e não queria largá-lo devido a essa sensação de importânc ia que estav a adq uirindo e por ser alvo de atenção. E m 2008, seus pais finalmente decidiram pôr um fre io na hi stória e lhe tiraram o jogo. Brandon acabou fugindo de casa. Algumas semanas mais tarde, alguns caçadores descobriram seu cadáver a IO quilômetros de onde residia. Parece que ele teria sa ltado de uma árvore. •
JULHO2012 -
Neomissiologia e indigenismo neopagão
cisões su~jetivas da FUNAI , o de puta-
J)iplomacia para ganhai' força
do federa l Rube ns M o re ira Me ndes Fi lho (PSD-RO) afirma: "Sem ouvir ou-
Índios ago ra usam di plo macia co mo nova a rm a em luta por dire itos . Para a mpli a r o a rsena l dos índi os e m s uas di spu tas co m govern os e e mpresas, a ma io r o rga ni zação indíge na da bac ia a mazô ni ca te m estimulado mov ime ntos afili ados a recorre r a o rga ni smos inte rnac io na is. A estratégia moti vo u a cri ação de uma Oficina de Formação em
tros interessados e entes da Federação, a Funai sempre define terras a serem demarcadas sem diálogo, sem controle e sem. limitações, baseada apenas em. elementos cada vez mais subjetivos e sem o aval do Congresso Nacional. O caso de terras indígenas é exemplo dos desmandos que se tornaramfi·equentes nessas dem.arcações ". E m o utro trecho, referindo-se à eco-
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l ndios autênticos e falsos, internet, n1ega-organização, ONU e Rio+ 20 são ingredientes jogados num caldeirão para produzir a desestabilização do que ainda resta de civilização cristã no Brasil
logista M arina S ilva, di z que os argume ntos de la "interessam a quem. quer !
Cio
ALENCASTRO
Primeira etapa. O Conselho Indi ge n ista Mi ss io ná ri o (CIMI), li gado à CNBB , e m colaboração com a po lítica indi genista do gove rno pelista re presentada pe la F UNAI, proc ura m conve ncernos de que os índios deveri a m vive r isolados da c ivili zação, confinados e m " reservas" destinadas a preservar suas " tradi ções". É o conluio da neomi ss io log ia com o indige ni smo neo pagão. Segunda etapa. "Descobri ra m" que os índi os precisavam de te rras, muitas terras, e que cabia ao gove rn o de marcar á reas indíge nas, ex pul sa ndo para isso leg ítimos pro pri e tá ri os, e mpregad os, agregados e o que ma is fosse. Ago ra começa a esboçar-se a terceira etapa do pla no: juntar os índios (autê nticos o u fa bricados, po uco impo rta) e m o rga ni zações de caráte r nac iona l o u internacio na l, para re ivindicare m seus "dire itos". Esqueçam o arco, a fl ec ha e o cocar. Isso é só para a fo tografia. O instrume nto atua l é a interne t. N ão é prec iso ser muito atilado para pe rceber que a etapa seguinte será la nçá- los contra o que resta de c ivilização cri stã no Brasil e na Amé rica Latina. · N ão, le ito r, não esta mos sonha ndo. O xa lá fosse ! O pla no j á fo i previ sto e m 1976 na profé tica obra Tribalismo lndíf!,ena Ideal Com.uno-Missionário para o Brasil do Século XXI, de Plini o Corrêa de Olive ira. As dive rsas e ta pas estão e m c urso.
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tornar ideológico o debate e vencer longe das regras democráticas". 3
CATOLICISMO
A.rliculação internacional usando o slcypc Desafi ando as fronte iras nac io na is, indíge nas de pa íses latino-ame ricanos estão se art iculando de fo rma inéd ita na o posição a obras que afeta m "seus" terri tórios, e adotam po líticas transnacio na is de integração. Com o auxíli o de tecnologias modernas e conexões históricas, difere ntes grupos de índios tê m procurado unificar posições e m organi zações inte rnaciona is como a ONU e a OE A (Organi zação dos Estados Americanos). "Es-
tamos mapeando todas as conquistas dos nossos parentes (povos indígenas) no continente para aproveitarmos as experiências deles aqui no Brasil", afirm a M ar-
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Vej a mos a lg uns la nces esc larecedores dessa ofensiva.
Exp11Jsa11do os t'azemleiros De po is de uma sequê nc ia bem orquestrada de invasões de pro priedades por indivíduos que se di zia m índi os, o S upre mo Tribun a l Federa l, ate nde ndo um pedido a nti go da FU NAI, a nulo u 186 títul os de pro pri e dade no sul da Bahi a, a legando trata r-se de reserva indíge na.
"Nunca houve índio aqui, mas agora dizem que tem, e eu e meus nove irmãos perdemos tudo porque o título de
terra na Bahia não vale nada", d isse Paul o Leite, um dos líde res ru ra li stas do m unicípio de Pa u Bras il. "É um absurdo e uma inj ustiça muito grande. Foram terras que foram compradas, ninguém. é grileiro aqui", recl a mo u o faze nde iro Lissandro Resende. A lg un s faze nde iros estão nas terras há ma is de 40 a nos, com títulos emiti dos pe lo govern o do estado. Ante o êx ito obtido na Ba hi a o movime nto se este nde u para o Mato G rosso do S ul , o nde faze ndas passaram a ser invad id as na região cio Pantanal. 2 E m a rti go intitul ado '011/ro as de1
cos Apurinã, coorde nador-geral da Coiab (Coordenação das O rgani zações Indígenas da Amazônia Bras ile ira). Essa artic ulação te m s ido liderada pe las g ra ndes o rga ni zações indíge nas nac io na is e po r mov ime ntos reg io na is, q ue agregam grupo.· ci o Equado r, Bo lívia, Bras il , Co lô m bia, G uia na, G uiana Francesa, Peru, S urin ame e Ve nezue la. A lé m de di a logar e m re uni ões internac io na is sobre desafi os comun s, indígenas latino-ame ri ca nos tê m usado a in ternet para alinhar pos ições. Tas hka Yawa nawá, líde r da Associação Sociocultural Yawanawá, que atua no Ac re, ma nté m um bl og e usa a internet pa ra faze r videoconfe rê nc ias com povos de pa íses vi zinhos. Nos últimos dias, e le di z te r conversado pe lo skype com ín d ios pe ru anos. 4
Diplornacia Indígena. Seg undo o coorde nador técnico da
Coo rdenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônia (Coica), Rodri go de la C ru z, "com uma diplomacia uni:ficada os indígenas gan ham f orça e seus pleitos têm maior ressonância em organizações internaciona is simpáticas a suas causas, como a ONU e a OIT (O rganização Internacional do Trabalho)". O utro meca ni s mo aprese ntado aos líderes ind ígena fo i sua possibilidade de ac io na r a Com issão lnte ra me ri cana de Dire itos Huma nos, ó rgão vincul ado à Orga ni zação dos Estados Americanos (OEA), quando julgare m q ue os Estados nac io na is não resgua rda ra m seus d ire itos em a lg um caso. 5
Na Rio+2 0 Na c ha mada "Cúpul a dos Povos", evento para le lo à Rio+20, que se reuniu no aterro do Fla me ngo , a presença de índ ios teve mui to pro paga nda. Já e m p rev isão dessa prese nça, Ma rcos Apurin ã, coorde nado r-gera l da Coiab info rmava: " Estamos nos arti-
culando para que o mundo nos ouça, através de estratég ias de comunicação e da internet. Não estaremos tanto na agenda oficial [da co nferê nc ia.!, mas estaremos ern salas, em palestras, divulgando a nossa causa ".6 D ura nte o evento, "Bemok Txucan ornae, da etnia caiapó operava uma câmera Sony profissional, com lente, e cartão de memória. E ele era apenas um dos vários 'índios hi-tech' que invadiram o aterro do Flamengo. 'Traba lho com. edição de vídeo há dois anos, e hoje estou aqui para fa zer imagens para o Instituto Raoni', explicou Bemok. "Uma legião indígena empunhou câmeras e celulares para registrar o
ponto alto do evento: a chegada do cacique Raoni. Um dos que estavam reg ist rando ansiosamente o ído lo era Kawu.ã Pataxó: 'A gente tem celula,; tem câm.era, computado,; a gente sabe mexer em tudo isso. É importante registrcu; até porque sou coordenador de urna escola indígena e vou passar isso tudo para os alunos depois'" .1 O es petáculo da presença indígena faz as de iíc ias da mídia: "A maciça pre-
sença de índios na Rio+20 e as manifestações ocorridas no Centro da cidade ganharam des taque nos sites dos mais importantes j ornais inte rnacionais. O 'Le Monde', por exemplo, publicou. fo tos de índios no rnetrô, e cbm seus arcos e flec has no meio do trânsito, protestando contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte. A página do 'The Gu.ardian ' também destacou. o protesto indígena e mencionou. a Marcha das Mulheres". 8
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Tudo isso constitui o po lo o posto da magnífi ca o bra evangelizadora do Beato Anchieta e de muitos o utros mi ssio nári os aute nticamente cató licos, que se dedicaram aos índi os com tanto esforço e ta nto a mor, dos qua is somos admi radores. Propug na mos o reto rno à miss io logia cató li ca tradi c io na l, este io fun da me ntal de nossa gesta c ivilizado ra, que plas mou a nacio na lidade bras ile ira. Só e la é ve rdade irame nte favorecedo ra dos índios. A nova mi ss io logia que r usar os ind ígenas como massa de mano bra para a lu ta de c lasses o u, melho r di ze ndo, para a lu ta ele raças, golpeando a propri edade e a c ivili zação c ri stã. • E-mai l para o autor: catolicismo@ terra.com.br
Notas: 1. Agê ncia de Notícias da Poli cia Federa l, 3-512. 2. "O Estado de S. Paul o", 7-5- 12. 3. "Folh a de S. Pa ul o" , 26-4- 12. 4. "Agência Estado", 23-4- 12 5. Ide m, ibidem. 6. "O Estado de S. Pau lo", 25-4- 12. 7. " Port al Terra", 15-6- 12 8. "O Globo", 19-6- 12
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CAPA Q uem foi la Pucelle? Como eram as vozes do Céu que ela ouvia? Como realizou o impossível? Consideremos depoimentos que narram sua proeza, seu martírio e a misteriosa efetivação de sua missão sobrenatural. 11:1
K
Lu1s DuFAUR
6 de jane;m de 201 2 comemomu-se o se,io centenfoo do nasd -
mento, em 141 2, de Santa Joana d ' Are na hoje quase esquec ida alde ia ele Do mré myla-Pucelle, na França. Pastorinha chamada por De us para rea li zar um fe ito se m igual no Novo Testamento, e la restaurou a F rança, país e ntão sem esperança, arruinado pe lo caos político-reli gioso e ocupado em larga medida pelos ing leses. R einstalou no trono o rei legitimo e levou à vitó ri a seus desanimados exérc itos. Considerada como profeti sa cio Novo Testamento, a santa gravou o nome de Jesus na bande ira com que conduzia as tropas ao combate. D ois séculos e me io · de po is, o Sagrado Coração viri a pedir a Luis XlV, re i ela França, medi ante apari ção à vidente Santa Margarida Mari a Al acoque, que gravasse s ua imagem nas bande iras rea is. Aprisionada por ocasião ele uma escaramuça, Santa Joana d ' Are fo i julgada por um tribunal iníquo que a condenou a ser que im ada como bru xa na cidade ele Roue n, e m 143 l. Hoje, porém, a hi stó ria ela santa, ca noni zada em 1920 , faz vibrar o mundo. Muitos eclesiásti cos e inúmeros ele seus devotos estão certos de que sua mi ssão não terminou. Pelo contrári o, que a sa nta vai continuá- la e m nossos di as, co mandando cio Céu a restauração da [greja e ela soc iedade te mporal. Ideia que ex pli ca a incrível reto mada ele interesse pe la Donzela ele Do mrémy. Quem foi Joa na d ' Are e como eram as vozes cio Céu que ouvi a? Como fez o que parec ia impossíve l? Le iamos suas pa lavras, que ex põem a proeza que rea li zou, seu martíri o e sua mi ssão póstuma, reg istrados no processo que a condenou. Anali semos ta mbém os de po ime ntos de muitos que a vi ra m em pessoa. Com esses dados reconstituiremos não toda a sua hi stória, mas a lguns momentos-chave ela odi sseia ela virgemguerreira.
_$a9la Joapa d'J{rc e9fre1?la um lri6u9al il~ílimo Numa escara muça junto às muralhas ele Compieg ne, Santa Joana d ' Are fo i aprisionada e vendida aos ing leses que havi am invadido a F rança. Estes queri am conde ná- la como bru xa para tentar ve ncer a fa bul osa reação que e la in spi rou.
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Porém, como simples militares, eles não tinham meios para rea li zar isso. Necess itavam recorrer a maus re li giosos do país ocupado. Pro moveram então a instalação de um tribunal composto por mais de 50 ecles iásticos e legistas dirigidos pelo bi spo de Beauvais, D. Pierre Cauchon. Este tribunal, que a condenou e m 143 J, era destituído de qualquer competência jurídica, civil-criminal ou canônica. As palavras da santa e de seus injustos interrogadores foram registradas com minúcia pe los escreventes do tribuna l. Anos depois, num processo concluído e m 1455 e validamente conduzido, as legítimas autoridades c ivi s e ec les iásticas declararam nul o o processo contra a santa, c uj a memóri a reab ili taram 1. Por fi m, um processo de beatificação realizado no sécul o XX constatou a heroicidade de suas virtudes, e Bento XV a ca no ni zou em 1920.
0 ~ispo Gauc901?, c9efe do lri6u9al O advogado Nicolas de Bouppeville, contemporâneo de Santa Joana d' Are, depôs da seguinte fo rma sobre o presidente do tribunal: "Eu j amai s acreditei que o bispo de Beauvais estivesse engajado no processo pelo bem da Fé ou por zelo da Justiça. E le obedecia simplesmente ao ód io que lhe in spira o devotamento de Joana ao re i da França; longe de cap itul ar diante do medo aos ingleses, ele não fez senão executar sua própria vontade. Eu o vi re latar ao regente [o duque de Bedford I e a Warwi ck suas negociações para comprar Joana; e le não continha seu contenta mento e falava com anim ação". O esc revente Guillaume Manchon reg istrou: " Numa sessão, Fre i !sa mbarei diri giu -se a Joana, tentando ori entá- la e informá-la sobre o alcance da submi s ·ão à fgreja. 'Ca laivos, em nome do diabo ', interrompeu o bi spo aos berros". Um cios agentes do bispo fo i o cônego da cated ral ele Rouen, Ni co las Loyseleur, que fingia simpati zar com Carlos VIL e com a Donzela, a quem dava continua mente péss imos co nse lhos. D. Ca ucho n autori zou a sa nta a confessar-se somente com e le. Fo i um dos signatários ela condenação e até propôs que a santa fosse torturada. Sobre e le, testemunhou o escrivão Guill aume Boisguillaume: "Eu acred ito que o bispo de Beauvais estava bem a par da situação; sem ele Loyseleur não teria o usado agir como o fez . Muitos assessores do processo murmuravam isso". Jean d' Estivets, prom otor no processo, também e ntrou disfarçado na prisão de Joana, declarou Boisguillaume. "Esse d' Estivet teve a função de promotor ·e, no caso, mostrou-se muito apaixonadamente favoráve l aos in gleses, que e le queria agradar. Ele dirigia injúri as fe rozes contra Joana. Acredito q ue Deus o puniu na hora da morte, pois fo i encontrado num brejo às portas ele Rouen. Aliás, ouvi di zer, como fato de domín io pú bli co, que todos os que condenaram Joana pereceram miseravelmente. Fo i o caso do cléri go Ni co las Midi (da Universidade Paris, que pronunciou o sermão na hora de Joana ser queimada), atingido pela lepra poucos dias
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CATO LI C ISMO
depois, e do bispo Cauchon, que morreu subitamente enquanto fazia a barba". Em 24 de fe vere iro, e nquanto era interrogada, a Donzela pediu licença para falar e disse ao bispo: - "Eu vos digo: prestai atenção no que vós tentais, porque vós sois me u juiz e ass umis uma pesada carga tentando me inculpar". Caucho n: "Chega, eu ex ij o, jura!". Santa Joana: "Eu direi com todo gosto o que eu sei, mas não tudo agora. Eu ve nho da parte de Deus e não tenh o nada a faze r neste tribunal. Eu vos rogo que me mandeis de volta a Deus, de quem eu venho". E acrescentou: - "O que eu se i bem, é que hoj e, quando acordei, a voz me di sse para respo nder com intrepidez. [E voltando-se para D. Ca uchon :l Vós, ó bispo, di zeis que so is me u juiz; prestai atenção naq uilo que estais a fazer, pois em verdade eu fui envi ada da parte de Deus e vós vos co locais num grande perigo". ~
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i?rocura de prelef los O tribunal devia declará- la ré de contatos com o demôni o para desmoralizar sua imensa fama. D. Cauchon pro-
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~
.....,....i,...,______......,______....,.:_~-~........-_;- - - ~- - .......;~ curava um pretex to para declará- la herética, tendo-lhe exigido várias vezes: "Fala teu Pai Nosso". A santa respondia sempre : "Ouvi-me em confissão, eu vo-lo dire i com muito gosto". Incomodado pelo pedido, respondeu encolerizado o mau ecles iástico: "Joana, você está proibida de sa ir da pri são sem nossa aprovação, sob pena de ser assimil ada a um culpado convicto de heres ia". - "Eu não aceito essa proibição. Se eu fugir, ningué m terá direito de di zer que violei a palavra dada porq ue não a engajei a pessoa alguma". - "Em me u país [Domrémy, Lorena] me cha mam de Joaninha. Na França, desde que cheguei me cham am de Joana. Minha mãe me ensinou o Pai Nosso, a Ave Maria e o Credo. Eu não aprendi minha fé de mais ninguém senão de minh a mãe". As vozes sobrenatu rais que ela ouvia todos os dias desde o início de sua missão foram um dos pretextos para tentar fazê- la cai r em erro ou contradição. - "Quando é que você começou a ouvir as vozes?" - "Eu tinha 13 anos quando ouvi uma voz de Deus para ajudar-me a condu zir-me bem. Da prime ira vez eu tive muito medo. Esta voz vinha ao meio-dia, durante o verão, no j ardim de meu pai". - "Eu o uvi essa voz proveniente do lado direito, do lado da igreja, e raramente ela chegava até mim sem ser acompanhada de uma grande luminosidade. Tal luminosidade vinha do lado da voz. E desde que cheguei à França, ouço a voz com frequência. Se eu estivesse numa floresta, ta mbém ouviria essas vozes". - "Como era a voz?". - "Era uma voz bem nobre e acredito que era enviada da parte de Deus. Na terceira vez que eu a ouvi, percebi que era
a voz de um anj o. E le sempre me protegeu. E u era uma pobre menina que não sabia cava lgar nem fazer a guerra". - "E você ouve frequentemente a voz?". - "Não há dia que não a o uça, e também sin to muito necessidade de la".
11 "Arvore das Jadas' em .Domrémy Não longe de Dom rémy havia uma velha e frondosa árvore chamada "Á rvo re das Fadas", onde as cri anças se re uniam para brincar, A ca mponesa Hauviette, casada co m um ho mem do povo de no me Gérard, ass im descreveu essa árvore: - "Hav ia desde tempos anti gos na nossa região uma árvore apelidada 'Árvore das Damas'. Os anciãos diziam que e la estava assombrada por damas chamadas fadas. Entretanto, jamais ouvi falar de alguém que tivesse visto as fadas. As crianças da aldeia, mocinhas e rapazes, iam até a 'Á rvore das Damas' levando pães e nozes , e também à fonte das G roselheiras, no domingo de Laetare Jerusalem, que nós denominamos domingo das Fontes. Lembro-me ter ido com Joaninha, que era minha colega, e outras meninas. Nós comíamos, corríamos e brincávamos" . D. Cauchon voltava ao ass unto com insistência obsess iva, e a malícia do tribunal aumentava. Interrogador: "Então, a voz vos proíbe dizer tudo?" . Santa Joana: "Eu tive revelações relativas ao rei que não vos contare i". Interrogador: "Mas essa voz a que você pede conselho tem rosto e olhos?". Santa Joana: "Vós não extorq uire is de mim o que quere is. Há um ditado das crianças segundo o qual as pessoas acabam enforcadas por terem dito a verdade" .
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R.i vozes' ouvidas' pela :Üo•?zela E m 27 de fe vereiro houve o quarto interrogatório público. O tribunal ocupouse das aparições de Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia, pelas quais a Donzela tinha grande devoção. Interrogador: "Corno é que você sabe que estas são duas santas? Você distingue bem urna da outra?". Santa Joana: "Eu di stingo bem urna da outra pela saudação que elas faze m. E las enunciam seu nome". E acrescento u: - "Eu também recebo conforto de São Miguel" . Interrogador: "Qual foi a voz que você ouviu primeiro?". - "Foi a de São Miguel. Vi-o com meus olhos e ele não estava sozinho, mas muito bem acompanhado pelos anjos do Céu". Interrogador: "Você viu São Miguel e os anjos corno corpos reais?". - "Eu os vi com os olhos de meu corpo tão bem quanto eu vos vejo. Quando eles partiram, eu chorei e desejei muito que eles me levassem consigo". Interrogador: "Eles estavam nus?". - "O Sr. julga que Deus não tem com que vesti-los?". In terrogador: "Que efeito produzia sua presença?" . - "Vendo-os eu senti a uma grande alegria, e ao vê-los parecia que eu não estava em pecado mortal". Interrogador: "Você se julga isenta de pecado mortal?".
- "Se eu estou e m estado de pecado mortal é sem sabêlo". Interrogador: "Mas quando você se confessa, você não acredita estar em pecado mortal?". - "Eu não sei se alguma vez estive em estado de pecado mortal. Acredito não ter praticado más obras. Deus queira que jamais eu tenha caído e m semelhante estado ! Deus não permita que eu faça uma ação que pese sobre a minha alma!". Interrogador: "Você sabe se você está e m estado de graça?". - "Se eu não estou, que Deus me restaure; e se estou, que Deus me mantenha nele ! Eu seria a pessoa mais infeli z do mundo se soubesse que não estou na· graça de Deus. Mas se eu estivesse em estado de pecado, acred ito que a voz não se dirigiria a mim . Eu desejaria que cada um a ouvi sse tão bem quanto eu a ouço". No dia 1º de março, os interrogadores voltaram ao assunto. Interrogador: "Desde a última terça-fe ira você conversou com Santa Catarina e Santa Margarida?". - "Onte m e hoje. Não há dia que não as ouça. Eu as vejo sempre da mesma fo rma e suas cabeças estão mui to ri camente coroadas. A voz delas é boa e bela, eu escuto-as muito bem. É urna bela, doce e humilde voz, e exprime-se e m fra ncês". Interrogador: "Mas, então, Santa Margarida não fa la em inglês?". - "Mas corno ia ela falar inglês, se não é do partido dos ingleses?". O interrogador mudou de assunto. Interrogador: "Você te m anéis?". - (Dirigindo-se a D. Cauchon): "Vós, enh r bispo, tendes um que é meu; devolve i-mo". Interrogador: "Mas você não tem outro?". - "Os borguinhões têm outro que é m u. Mas vós, senhor bispo, mostrai meu anel, se vós o tendes". O bi spo si lenciou.
lí.s' vozes' e o rei da }ra,?ça
São Miguel Arcanjo, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia, pelos quais a Donzela tinha grande devoção
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CATOLICISMO
D. Cauchon prometera aos ingleses que fari a Joana cair em suas rédeas. Estes, por sua vez, prec isavam comprovar que as vozes - que guiaram todo o percurso épi co e empolgante da santa - prov inham do demôni o. Essas vozes sobrenatu rais levaram a Donzela de iníc io até o pretendente legítimo ao trono da França, o qual se encontrava no castelo de Chi non. Quando ela entrou para fa lar com ele, um cavaleiro riu de sua virgindade. O confesso r de Joana, Pe. Jean Pasquerel, viu o fato: " 'Ah ! - disse- lhe Joana - em nome de Deus, renega isso, tu que estás tão próx imo da morte !' . Menos de urna hora depois, esse homem caiu na água e se afogou". É bem conhecido o epi sódio ocorri do depois: a fim de testar a autenticidade da mi ssão da Pucell e, o rei co locou um cortesão no lugar em que se encontrava e fingiu ser apenas um dos presentes. A santa não hesitou. Dirigiu-se dire-
tamente a ele, dizendo: "Genti l Delfi m, meu nome é Joana, a Donzela. O Rei dos Céus vos manda dizer por meu interméd io que sereis sagrado e coroado em Reims, e tornar-voseis o lugar-tenente do Re i dos Céus que é o Rei da França". O rei di rigiu-lhe muitas perguntas. No fi m, Joana insistiu : "Eu vos digo da parte de meu Senhor que vós sois o verdadeiro herdeiro da França e fil ho de rei, e Ele me envia a vós para vos conduzir até Reims a fi m de que recebais vossa coroação e sagração, se vós te ndes vontade disso". A situação de Carlos VII era mi serável inclusive do ponto de vista moral. Ele du vidava até mesmo ser fil ho de seu pai, dev ido à vida desregrada da mãe. E pedira a Deus luzes sobre a dú vida. Após o encontro, o rei confidenciou que Joana lhe fa lou sobre coisas secretas que ninguém sabia nem pod ia saber, com exceção de Deus. O monarca acreditou então na prov idencialidade da Donzela.
jeu es'la,?darle i?s'pirava cora__gem e pavor "Em Blois ela mandou confeccionar um estandarte onde nosso Salvador, como Jui z supremo, estava sentado num trono sobre as nuvens do céu. Hav ia um anjo em cuj as mãos hav ia uma fl or de li s [ ímbolo da monarquia fra ncesa] que o Salvador abençoava. "Todos os dias, de manhã e de tarde, Joana reuni a os sacerdotes em volta desse estandarte e os mandava cantar antífo nas e hinos e m honra da bem-aventurada Virgem Maria. Na ocasião, jamais permitia a presença de homens de armas se antes não ti vessem se confessado; ela convocava todos eles a se confessarem e virem à re união, pois os padres estavam dispostos de bom grado a receber todos os penite ntes".
Há diversas descrições da bandeira. A Santa a descreveu assim: "Eu empunhava uma bandeira com o campo semeado de flores de lis. Havia a figura do mundo com dois anj os a seus lados. Era de pano branco, do ti po chamado de boucassin. Nela estava escrito Jesus Maria e a bandeira tinha uma franj a de seda". "Eu mesma levava essa bandeira quando atacava os inimi gos, a fi m de evitar matar alguém. Jamais matei um homem", explicou ela ao tribunal.
Jís' vozes'
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campo de 6alal9a
O príncipe Jean de Valoi s ( 1409- 1476), duque de Alençon, chefe dos exércitos reais, fo i uma dos mais importantes testemunhas da condução de Santa Joana d' Are na guerra. Ele a acompanhou lado a lado nos principais episódios de sua epopeia. Quando a santa entrou na Guerra dos Cem Anos, o pretendente inglês e seu aliado, o Duque de Borgonha, do minavam grande parte da França. Carlos VII, o legíti mo pretendente à coroa francesa, era apelidado de " reizinho de Bourges", de tal maneira seu território estava reduzido. Seu exército estava dizimado, desmoralizado, mal vestido e mal alimentado. A batalha decisiva travava-se em volta de Orleans, sobre o rio Loire. A cidade era fiel a Carlos VII, mas os ingleses constru íram bastiões e linhas que impediam levar alimentos e munições aos defensores. Orleans ia cair pela fo me. "Tendo visto depois as fortificações construídas pelos ingleses, posso dizer que os bastiões do inimigo fora m tornados mais por mil agre do que pela força das armas. Isso é verdadeiro, sobretudo quanto ao fo rte de Les Tourelles, na
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extre midade da ponte, e ao fo rte dos Agostini anos", dec larou o prínc ipe Jean. Jean de Orléans (J 402- 1468), conde de Dunois e M ortain , mais conhecido como 'Duno is' ou o ' bas tardo de Orleans', comandante da cidade siti ada, decl aro u: "Eu ac redito que Joana fo i envi ada por De us. Seus fe itos e gestos na guerra me parecem proceder não da indústria humana, mas de conselho divino" . E ra urgente levar mantimentos à c idade s iti ada . O único caminho poss ível era pe lo ri o Lo ire, mas o vento não era favo ráve l. O comando francês dec idiu adiar a expedi ção. Conta Duno is ter dito a Joana: "Eu e outros mais sábios que e u convoca mos um conselho, acreditando que isso [o adiamento] era o melhor e ma is seguro" . "E m nome de De us, replicou Joana, o conselho de Nosso Senhor é mais seguro e sábio que o vosso. Vós ac reditáveis me e nganar, e vós vos enganastes a vós mes mos; pois eu trago um auxílio me lho r do que jamais c idade ou cavalheiro algum recebe u no mundo, posto que é o au xíli o do Re i dos Céus. E le vos chega por causa de me u amor por vós, mas procede do própri o Deus que, a pedido de São Luís e de São Carl os M ag no, teve pena da cidade de Orlea ns e não quer que os inimigos se apoderem do corpo do duque e de sua cidade" . "Imedi atamente e como que no mes mo instante, o vento contrári o - que torn ava muito difíc il aos navios de víveres subir o ri o na direção de Orl eans - virou e ficou favorável". Santa Joana fez uma g lori osa entrada e m Orleans com o exército francês no di a 29 de abril de 1429 . Dunois fi cou pas mo vendo de pois a Donzela esmigalhar o cerco ing lês com soldado de morali zados: "Eu afirmo que até esse mo me nto 200 ingleses punham em fu ga 800 ou 1000 dos nossos . M as nos basta ram 400 ou 500 ho mens de guerra para lutar contra todo o poder dos ing leses ; e impusemos tanto respe ito aos siti antes, que e les não ousavam sair dos basti ões que lhes servi am de refú g io". E m 4 de maio de 1429, a santa impul sionou a conqui sta do bastião de Sa int-Loup, v itó ri a que reanimou os abatidos fra nceses. Na festa da Ascensão, narra Dunois: " [A Donzela] diri g iu aos ing leses uma carta impos itiva, [ ... ] di zendo-lhes que levantasse m o cerco e vo ltassem para a Ing laterra, porque do contrário e la lançaria um grande assalto e os forçaria a irem embora: ' Vós, ho me ns da Ing late rra, que não tendes nenhum dire ito sobre o re ino da França, o Rei dos Céus vos manda e ordena por me u intermédi o, Joana, a Donzela, que de ixeis vossas bastilhas e vo lte is a· vosso país. Se não e u fa rei de vós uma co isa tão espantosa que fi cará para perpétua memóri a. Eis o que vos escrevo pe la terceira e última vez, e u não vos escreverei ma is. "JESUS M ARIA, Joana a Donzela '. "Após escrever, Joana pegou uma flecha, amarrou nela a carta com um fio e ordenou a um arqueiro lançá-la aos ingleses, gritando: ' Lede, são notícias"'. Os ing leses a receberam, leram-na e vociferaram as piores injúri as contra a virgem.
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to mado sem res istê nc ia; os ingleses que ali estavam fu giram , mas pereceram todos". " [Sir Willi am] Gl asdale e os princ ipa is ca pitães ac reditaram pode r se retirar na torre da ponte de Orleans. Porém, e les caíram no rio e se afogaram. Esse Glasda le e ra o homem que se referia à donzela do modo mais injuri oso, vilão e igno minioso". Os ing leses abando nara m o sítio.
não perca is mai s te mpo em tão inte rmináve is co nselhos, mas vinde a Re ims o ma is cedo poss íve l para recebe r a coroa dig na de vós"'. A Corte fi cou perpl exa e pediu ex plicações. Joana, segundo Dun ois, di sse então: "Concluída minha oração a De us, ouço uma voz que me di z: 'Filha de De us, vai, vai, va i, eu te ajudare i, vai.' E qua ndo ouço esta voz, sinto uma grande aleg ri a'. E, coisa impress ionante, enqu a nto re peti a a lin guagem de suas vozes, e la estava num êx tase maravilhoso, fi tando o céu. "Gentil De lfim, ordenai aos vossos sitiar a cidade de Troyes, e não percais mai s o tempo em longos conselhos. Pois, em nome de Deus, antes de três dias eu vos fare i entrar nessa praça, ou de bom grado e por amor, ou pela força e pela coragem, e grande será o espanto da Borgonha, a fa lsa". Troyes era a grande c idade no percurso até Re i ms e perte nc ia ao duque da Bo rgonha. Vendo chegar o cortejo real, a c idade se aprestou a resistir. Os genera is fra nceses te miam atacar suas muralh as. Duno is relata que "Joana ergueu sua te nda pert o do fosso defensivo e executou dili gênc ias tão maravilhosas co mo não as teri am rea li zado do is ou três homens de guerra dos mais ex perie ntes e fa mosos. Ela traba-
0rdeil do Géu em Ja,:geau e i?afay
Após a conqui sta do grande bastião dos agostini anos, restava assa ltar o bastião de Les To urelles, sede do co mando ing lês . Dunois declarou : "Contare i outro fa to, no qu al vejo igualmente o dedo de De us. Em 27 de maio iniciamos bem cedo o ataque . Joana fo i fe rid a por uma fl echa, que atravessou sua carne entre o pescoço e as costa , saindo mais de 15 centímetros. Joana não se retirou da bata lha ne m aceitou tratamento da ferida. O assa lto du rou desde a manhã até as o ito horas da noite. Nessas condi ções não havia nenhuma esperança de vencer naque le di a. E u opinava pela retirada cio exército e pelo retorno a Orleans. A Donzela pediu-me aguardar ainda um pouco. Ao mesmo tempo, e la montou a cavalo e se retirou até um vinhedo, permanecendo sozinha em oração durante me io quarto de hora. De pois voltou, pegou nas mãos seu estandarte e posicionou-se sobre as bordas do fosso, es picaçando o inimigo. Vendo-a os ing leses tre miam, to mados de pavor. O s so ldados do rei recuperaram a coragem e correram para a escalada da muralha. O bastião fo i
Os in gleses reagruparam-se sob as ordens do duque de Suffolk e m Jargeau , a 15 quil ômetros de Orlea ns, ag ua rdando re forços . Seu número era muito grande, mas a santa convenceu os franceses a partirem para a o fe nsiva. "Joana nos disse: ' Não temais, qualq uer que sej a a multidão de les: não hes ite is em atacar os ing leses, Deus condu z nosso exército", narro u o duque de Al ençon. Na hora do ataque, a sa nta di sse ao prínc ipe: " Adi ante, gentil duque, ao ataque !". "Eu ac hava que procedendo apressadamente na aco metida nós nos precipitávamos, mas Joana me di sse: ' Não duvide is. A boa hora é quando Deus que r. É preciso lutar quando De us que r. Lutai, e De us lutará por vós'. "Joana - prosseg ue o duque de Ale nçon - partiu ao assa lto, e e u com e la. Joana subiu numa escada levando na mão o estandarte . Joana e o estandarte foram ating idos por uma pedra que ca iu sobre seu elmo . O impacto a jogou por terra. E la se levantou e di sse aos home ns de armas: 'Ami gos, ami gos, subi! S ubi! Nosso Senho r conde nou os ing leses. Nesta hora eles são nossos, tende muita coragem! ' Jargeau foi to mada na hora" . Condu zidos pela santa, os franceses conqui stara m ainda o utras c idades. Reforçado por Sir John Fas to lf, o exérc ito ing lês, vindo de Pari s, se concentro u na pl anície de Patay. E ra o me lhor exérc ito da época, excelente em bata lhas abertas, dominava a téc ni ca dos arcos, a arma mais temida. Os capitães franceses La Hire e Xa ntraill es estavam certos de que não os superari a m. "Mas, testemunho u o duque de Ale nçon, Joana di sse: 'Em nome de De us, é preciso combatê- los. Ainda que e les estej am em posição tão a lta quanto as nuvens nós os derrotaremos, porque De us nos envia para que os castiguemos.' E la afirm ava sua certeza da vitóri a. 'O gentil re i, di zia, hoje terá a maior vitóri a que há muito tempo ele não teve'. De fato, o inimigo fo i fe ito em pedaços sem gra nde difi culdade. Ta lbot [comandante ing lês], entre o utros, fo i fe ito pri sione iro. Houve grande mortandade entre os ing leses".
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'Vo,?lade de Deus: s<3rar o rei em 1\eims1 O re i Carlos Yll e ncontrava-se e m Loches quando lhe chego u a notícia da libertação de Orleans. E m sua companhi a encontravam-se vários nobres e bi spos. Joana bateu na porta. Dunois narra o fato : "Quase imediata me nte e la entrou e se pôs de joelhos e, enquanto abraçava as pernas do re i, di sse: ' Gentil Delfim ,
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lhou de tal modo durante a noite que na manhã seguinte o bi spo e os burgueses de Troyes prestaram, cheios de pavor e tremor, vassalagem ao rei. Soube-se depoi s que, a partir do momento em que Joana disse ao rei para não se retirar diante da cidade, os habitantes perderam toda coragem e não pensaram em outra coisa senão e m procurar asilo nas igrejas". "Quando algué m lhe di zia: 'Mas j amai s se viu alguém fazer coisas como vós o fazeis; e m livro algum se lêem coisas seme lhantes'; e la respondia: ' Meu Senhor tem um livro que j amais clérigo algum leu , nem mesmo os que no clero foram perfe itos'". O prete ndente chegou a Re ims , onde com o nome de Carlos VII foi sagrado re i. A notícia susc itou entusiasmo na França. Era como se Deus em pessoa tivesse dec idido a guerra em fa vor de Carlos VIL
J{ vir:gem _guerreira 90 dia-a-dia O lavrador Co lin, morador da cidade natal de Santa Joana, atestou: "Lembro-me de ter ouvido do nosso antigo pároco daqueles te mpos, Pe. Guillaume Fronte, que Joana era boa católica e que jamais ele vira alguém me lhor do que e la na paróquia". "Joana era pura - conta o duque de Alençon - e odiava muito essas mulheres que acompanham os exércitos. Certo dia, em Saint-Denis, voltando da sagração do re i, eu a vi de espada na mão perseguindo uma jovem prostituta, e até quebrou a espada nessa perseguição. "Ela fazia questão de vigiar para que as mulheres dissolutas não fi zessem paite de seu séquito, pois dizia que Deus permiti ria que fôssemos derrotados por causa de seus pecados. "Ela também se irritava enormemente quando ouvia os
soldados blasfema;· e os repreendia com veemência. Ela me repreendia espec ialmente quando eu blasfemava. Quando eu a vi a, eu parava de blasfemar", ac rescentou o duque. "Ao anoitecer, Joana - narra Dunoi s - costumava reti rar-se a uma igreja. Mandava tocar os sinos aproximadamente durante meia hora e reuni a os re ligiosos me ndi ca ntes que acompanhavam o exército do rei. E ntão, dedi cava-se à oração e fazia cantar pe los frad es uma antífona em louvor da Bem-aventurada Virgem, M ãe de Deus". "Joana era muito devota de Deus e da bem-ave nturada Virgem Maria. Ela se confessava quase todos os dias. [ .. .] Sua grande alegria consistia em comungar co m os filh os dos mendigos. Quando se confessava, chorava", co nfirmara m diversas testemunhas.
11 s'e1?le9ça i9í9ua Os incríve is sucessos de armas e a sagração do rei e m Reims constituíam c rimes para os ingleses. Mas esses fatos eram a negação dos erros doutrinári os dos legistas re unidos em tribunal sob a égide do bispo Cauchon. Eles execravam toda ideia de que o poder vem ele Deus para os príncipes e defendi am a tese de que ele vem por meio do povo. Santa Joana d' Are devia ser que imada, concluíam. Prev iamente lucubrada, a sentença foi pro nunci ada em 12 de abril de 1431. Entre outras coisas, dizia: "E , a apari ções e reve lações de que e la se ufan a e afirma receber de Deus por me io dos anjos e das santas não aco nteceram como ela disse, mas constituem dec ididame nte ficções de invenção humana, procedentes do espírito ma li gno; f.. . J mentiras fabricadas, inverosimilhanças levianament admiti la p r essa mulher; adivinhações supersti cio, as ; atos e canda losos e irre ligiosos; dizeres temerários, presunçosos e che ios de j actânc ia; blasfêmias contra Deus e os santos; impiedade e m
re lação aos pais, idol atri a o u pe lo menos ficção e rrônea; propos ições c ismáticas contra a autoridade e o poder da Igreja, veementemente suspeitas de heres ia e malsoa ntes [... ] e la merece ser considerada suspeita de errar na fé [... ] de blasfemar l... ]", etc. Os juízes um por um aprovara m o acórdão, aduzindo agravantes. Frei Isambard ele la Pie rre, O.P., que acompanhou todo o processo, depôs por escrito: "Os juízes, tanto na condução do processo quanto na elaboração ela sentença, procederam mais por malícia e desejo ele vingança do que por zelo ela justiça". No processo fo i ex igido ela virgem g uerreira um ato ele submi ssão, ao que ela acedeu . O escrevente Guillaurne Manchon perguntou ao bi spo Cauchon se dev ia anotar esse ato. O pres idente do tribunal disse que não. "Na hora, Joana di sse ao bispo: 'A h! Vós escreveis bem o que se faz contra mim e vó não quereis escrever o que é por mim '. Acredito que a declaração ele Joana não fo i registrad a e na asse mble ia se levanto u um grande murmúrio", co ntou Frei l sambard . Em parecer favoráve l à condenação elaborado pela Universidade de Paris , reduto de leg istas revolu cion ários, o tribuna l ac rescentou uma nova agravante e m 23 ele maio: " Por zelo pela salvação de vossa alma e de vosso corpo, e les [os juízes] tran smitiram o exa me da matéria à Universidade ele Paris que é a luz elas ciê nc ias e a extirpaclora elas heres ias. Após receber as deliberações dessa ag remi ação, os juízes deliberaram que elevei s ser novamente advertida sobre os vossos erros, escâ ndalos e defeitos [ ... ] Não escolhai s voluntari amente a via da perdição eterna como os inimigos de Deus que cada dia se esforçam em perturbar os homens, adotando a máscara de Cri sto, cios anjos e cios santos, [ ... ] recusa i pe lo contrári o seme lh antes im aginações e aceitai a opi nião dos doutores da Uni ver idade ele Pari s e dos outros que conhecem a lei ele Deus e as Sa ntas Escrituras".
116juração o61ida media9le fraude No dia seguinte, Santa Joana d ' Are fo i conduzida ao cemitério de Saint-Oue n, o nde o pregador Guill aume Erarcl, doutor em teolog ia, a increpou furiosame nte. Depois deblaterou co ntra Carlos VII: "Carl os, que e di z re i, corno herético e c ismáti co que é, li gou-se a uma malfeitora mulher, infa me e che ia de toda desonra, e não somente e le, mas todo o clero que lhe obedece". Com o dedo e m ri ste contra a sa nta guerre ira, acrescentou: "É a ti, Joana, que eu falo, e e u te digo q ue teu re i é herético e c ismático" . E la respondeu: "Pe la minha fé, meu senhor, con-i toda reverência, eu ouso vos dizer e jurar sob pena de minha vida qu e não há um cri stão mais nobre entre todos os cristãos e que melhor ame a Fé e a Igreja, e em nada é o que vós dizeis". O pregador voltou-se para Jean Massieu, ofic ial ele justiça, e mandou: "Faça-a calar a boca". Por fim, o teó logo apresentou-lhe uma folha com uma fó rmul a ele abj uração. Joana, que não sabia ler, pediu ao
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mes mo oficial de justi ça, Jean Mass ieu, para que a lesse. Ele le u e depois garantiu que o texto dizia que a santa não portari a mais arm as, ne m roupas e cabe los como os homens e outros pontos menores. O tex to tinha no máx imo oito linhas. A santa ass in ou, a execução fo i suspensa e e la foi trancada num c{u·cere. Porém, os juízes incluíram no processo uma abjuração extensa, na qua l Santa Joana se confessava culpada cios cri mes hedi ondos a e la imputados . O mesmo oficial ele Justiça de pôs: " [O texto] não era o mes mo mencion ado no processo; a fórmul a que li e que Joana as inou era diferente da que fo i inc luíd a no processo". No mesmo dia, uma delegação de juízes foi visitá-la na prisão, insistindo em que não dev ia usar mais roupas ele homem. O golpe j á estava urdido.
'Violê9cias' 1?0 cárcere No domingo da Trindade, segundo depôs o ofic ial ele Justiça Jean Massieu, qu ando a virgem acordou, " um dos guardas ingleses pegou seus vestidos femininos e jogou um a roupa de homem sobre seu le ito, di zendo: 'Levanta-te'. Joana se cobriu com o traje ele homem e di sse: ' os Srs. sabem que isso me foi proibido. E u não quero esta roupa'. Mas e les se recusaram a lhe devolver as outras roupas , e o debate durou até meio dia. Por fim, precisando atender às suas neces-
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s idades, ela fi cou constrang id a de sa ir fora usando o traje de ho me m. Qua ndo vo lto u, e les não qui sera m da r- lhe o utro, apesa r de suas súpli cas e so lic itações. Esta re tomada das roupas de ho me m fo i a causa de sua conde nação co mo re la psa, um a conde nação injusta pe lo que e u vi e pe lo que e u conhec ia de Joa na" . Fre i Isambard de la Pi erre O.P. teste munho u que e le e o utros o uviram da santa q,ue "os ing leses a maltratava m e prati cava m contra e la vio lê nc ias qu ando usava ro upas femi nin as. Eu a vi aca brunh ada, cheia de lág rimas, desfi g urada e mu )ada, a po nto de fi car com pe na de la". M ass ie u ac rescento u: "E la me di sse qu e o bi spo de Beauva is lhe ha vi a e nvi ado uma carpa, que e la come u e que e la te mi a ser essa a causa de seu mal-esta r". O Pe. Martin Ladve nu 0.P. o uviu de la "que após a sua abjuração ela fo i to rturada na pri são, mo lestada e surrada, e que um lo rde ing lês te nto u vio lá- la. E la di zia publica me nte q ue essa e ra a causa pe la qual reto mo u o traje de ho me m" . O mes mo frade estava na ce la qua ndo "entraram o bi spo de Beauva is [D. Cauc ho n] e a lg uns cônegos de Ro ue n. Qu ando e la viu o bi s po, di sse- lhe: ' Vós sois a causa de minha mo rte. Vós pro metestes me pô r nas mãos da Igrej a e vós me e ntregastes nas mãos de me us pi o res inimi gos'. " Na presença de todos, esses ecles iásticos a dec larara m herética, obstinada e relapsa. E la di .. e: 'Se vós, monsenhores da Ig reja, me tivésseis conduzido e guardado e m vossas prisões, não teria aco ntecido isto"'. Na é poca, ex istiam cárceres eclesiásticos onde os detentos eram tratados com respeito. Após a vi sita, o bi spo de Beauvais se dirig iu aos ingleses, q ue aguardava m cio lado de fora: "' Farewell (ade us); jante m bem, está feito' . Eu mesmo vi e o uvi - continua o Pe. Ladvenu - quando o bi spo se regozij ava com os ing leses e di zia ao conde de Wa rwic k e a o utros di ante de todo mundo: 'Ela fo i pega"'. Tudo aco ntecera como D. Cauc ho n deseja ra.
11 .Dop2ela '?ª f~ueira Na segunda-feira, 28 de maio, a santa fo i imedi ata me nte conduzida ao tribuna l, que fo rmali zo u sua conde nação fi na l. D o is di as de po is, po r vo lta das 9 da manhã, ela fo i levada ao loca l da execução: a Praça do Ve lho Me rcado. Num estrado estava m os chefes do tribunal - D. Pierre Caucho n, bispo de Beauvais, o jui z Fr. Jean Le maí'tre 0 .P. , Enrique de Beaufo rt, cardea l da Ing laterra e os bispos de Théro uanne e de Noyo n. O escreve nte Guill aume M anchon reg istrou que "Joana foi condu zida ao suplício por uma grande escolta de soldados, por vo lta de 80, armados de espadas e varas. Na praça havia uma fo rmação de 700 a 800 soldados. E les rodeavam tão estreitamente a Joana que ningué m tinha coragem de lhe fa lar, com exceção de frei Ladve nu lo confesso rl e [o escreve nte] mestre Jean Massieu. Eu vi como a subia m à pi ra". Ato contínuo fo i lido o acó rd ão fin al: "Essa mulhe r, o bstinada e m seus e rros, j a mais desistiu s incera me nte de suas te me ridades e c rimes infa mes. E, indo ainda muito mais lo nge, mostro u-se evide nte me nte mais conde náve l pe la malíc ia di abó li ca de sua o bstinação, fin g indo uma contrição fa lac iosa e uma penitê nc ia e e me nda hipócritas com pe tjúrio do santo no me de De us e bl ~sfê mi a de sua ine fável majestade . Posto que e la se mostrou obstin ada, incorrig ível, he rética e re lapsa - indi gna de todo o perdão e da comunhão que nós lhe tính a mos oferec ido mi seri cordi osame nte na nossa pri meira sente nça, tudo isso considerado, po r reso lução e conselho dos numerosos cons ulto res, nós c hega mos a nossa sente nça defini tiva, nestes te rmos: [ ... ] " N6s, ju ízes co mpete ntes neste caso, dec laramo. q ue tu , Joana, vulgarme nte c ham ada de a Do nz la, caísLe em d ive rsos erros e c rimes de c isma, ido latri a, invocação de de mô ni os e mui tos o utros de li tos. [ .. . I nós Le dec laramos re inc ide nte nas sente nças de excomunh ão c m que Lu primi tiva me nte incorreste, re lapsa e he réti ca, e co m eslc acórd ão nós te denunc ia mos e te dec la ra mos m mbro apod rec ido que deve ser a mpu tado e jogado fora do corpo da Ig rej a para que não in fecc io nes o utros me m bros . Com a lg rej a, nós te re peli mos, corta mos e a ba ndo na mos ao poder secul ar, roga ndo a este poder que mode re sua scnLença sobre ti na hora da mo rte e da mutil ação cios membros ... " etc.
J{ lerrível e em0<:io1?a'?le efecução Após o uvir pac ie nte me nte a conde nação, a virgem e levo u o rações e la me ntações tão pi edosas que até juízes, bi spos e muitos presentes c ustava m a conte r as lágrimas. E la e ncome ndo u sua a lma a Deus, a Nossa Senhora e a todos os santos, pediu perd ão pe los juízes e pe los ing leses, pe lo re i da Fra nça e po r todos os príncipes do re ino. Frei Jean To utmo uillé atestou que, vo lta ndo-se em direção de D . Caucho n, a santa lhe di sse: " Bi spo, e u mo rro po r vossa ca usa". Ao que, in sensível, o pre lado revido u: "Joana, tenha pac iê nc ia, você mo rre porque não c umpriu o compro-
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Martírio de Santa Joana d' Are. Basílica de Domrémy, Lorena.
mi sso e você re inc id iu e m seu prime iro ma lefíc io". - "Eu ape lo contra ti na prese nça de D e us", foram as últimas palavras eles e d iá logo. A pedido el a santa, fre i [sambarei de la Pie rre, O .P. segurava um a c ru z, po is la que ri a ve r o s ímbo lo de Jesus até o último insta nte ele sua vida. " No me io das c ha mas, contou o frade, e la não parava lc invoca r e m a ltas vozes o nome de Jesus, implo rando a mi . ericórcli a e o a uxíli o cios santos cio Paraíso . E la afirm ava que não e ra ne m he ré ti ca, ne m cismáti ca co mo di zia o acó rdão. Com o fogo arde ndo, e la inc lino u a cabeça e, a ntes ·cle re nder o espírito, pro nunc io u a inda com força o nome de Je us. O público c horava" . O Journal de Paris escreveu na é poca que quando as roupas daque la santa e puríss ima virgem se que ima ram inte irame nte, o carrasco diminuiu o fogo para que o povo a pudesse ver na sua nudez. E após já morta o lh are m-na à vo ntade, o carrasco vo ltou a ati ça r o fogo até redu z ir seu corpo a c in zas. Um so ld ado ing lês que a odi ava mo rtalme nte juro u jogar um fac ho de le nha na sua pira, qua n lo o uviu a voz de Joana c la ma ndo por Jes us. F icou e ntão parali sado, com o atingido po r um ra io, e seus co lega o levara m a uma ta ve rn a para aco rdá- lo. À tarde, arre pendido e le aco rre u aos padres dominica nos, di zendo- lhes que hav ia I ecado grave me nte, e acrescentando que, na hora da mo rte da Donze la, ele julgo u te r visto uma pomba branca saindo de la e partindo e m direção ela França. " No mesmo di a - ac rescento u F re i Tsa mbard - o carrasco veio até o conve nto pa ra procura r a fre i M artin Ladvenu e a mim . E le esta va tocado e muito e moc io nado, com espantoso a rre pe ndime nto e a ng usti ada co ntri ção. Tomado pe lo
desespero, e le te mi a nunca obter o pe rdão e a indul gência de De us pe lo fa to de te r fe ito isso a uma santa mulhe r. 'Eu te mo muito esta r co nde nado - di zia para nós - porque e u q ue imei uma sa nta'. "Esse mes mo carrasco di zia e afirmava que não obstante o ó leo, o e nxofre e o carvão que e le aplicou sobre as e ntranhas e o coração ele Joa na, não conseguiu que fossem consumidos e redu zidos a c inzas. Ele estava muito perplexo, co mo se fosse um evide nte mil ag re", depôs a ind a f rei !sa mba rei.
0 relon?O de ~ª'?la Joapa d'J\.rc Segundo uma piedosa tradi ção, esse coração ainda palpitava e ntre as brasas qu ando fo i jogado no ri o Se na pa ra fazê- lo desaparecer. M as, do fund o das águas, e le continua a inda pa lpita ndo e pre parando o e ncerrame nto da mi ssão da santa profe ti sa ele D omré my. Com efeito, Santa Joana d ' Are julgava que sua epopeia não fora senão o sinal de um a grande mi ssão que ela rea li zari a. "O sinal que De us me de u é leva nta r o s íti o dessa c id ade e faze r sagra r o re i e m Re ims" - atestou ter o uvido dela Frei Pi e rre Seguin O .P. Numa carta aos ing leses, conclamandoos a sa íre m da Fra nça, a he roína escreve u: " Se vós o uvirdes [a Do nzela], a inda pode re is vir em co mpa nhi a de la, lá o nde os franceses fa rão a m a is be la ação j amais fe ita pe la C rista ndade" . O e nigma a umenta ao se cons ide rar uma confidê ncia da santa dura nte a é pica campanha da lle-de-France: "Qua ndo e u esta va sobre os fossos de M elun, me fo i dito po r minhas vozes que e u seria a prisio nada antes da São João". E após comungar na igreja de Sa int-Jacques, ela di sse a um as cri an-
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,. ças: "M eus filhinhos, e u fui vendida e traída. Logo serei entregue à morte. Rogai a Deus por mim, po is e u não mais poderei servir ao rei e ao reino de França". Teria ficado truncada sua mi ssão? Teriam errado as vozes? A pergunta soa ofensiva contra De us, fonte última dessas vozes sobrenaturais. Em seu li vro La Mission Posthume de Sainle Jeanne d'Arc2, Mon s. Henri De lassus apresentou uma douta e esc larecedora ex plicação. E le de mon strou que D. Cauchon e os juízes se us cúmp li ces difundi am os erros e as más te ndê nc ias revo lu c ion ári as e nqui stados na U nive rs id ade de Sorbonne, como ali ás se pode le r na conde nação ac im a c itada . Esse e rros ig ua litári os e tendências desordenadas e ram in sufl ados por um a ve rdade ira co nspiração anti cri stã e se desenvo lve ram através ela Revolução protestante, ela Revo lução Francesa e el a Revo lução co muni sta até desembocare m e m nossos dias na te ntativa de disso lução anárquica ela fa míli a e ela soc iedade c ivil.
0 cumprimet?lo de s'ua mis's'ão em t?os's'os' dias' Santa Joana d ' Are surgiu como uma profeti sa ela restauração ela C ri sta ndade e, portanto, cio mov ime nto contrári o ao representado por D. Cauchon e seus cúmpli ces . Essa oposição radical a tais erros ex plica o ód io satânico desse pre lado e ele seus corre li g ion ári os, os quais era m por sua vez ali ados ele ing leses interesse iros embora não tão ini ciados na consp iração. M ons. Delass us ex pli ca que a retomada cio interesse pe la Donzela de Orleans no ú ltimo. tempos e a crescente devoção a e la, hoj e venerada no a ltar, são sina is ele que se aprox ima a hora cio cumprime nto fina l ele sua mi ssão. No moderno santuário ele Rouen, construído no local onde Sa nta Joana d ' Are foi imo lada, há um li vro ele visitas co m as mensagens e ped idos cios peregrinos. "Forg ive us" ("Perdoai -nos !") é a ex pressão em inglês mais frequente.
Desde o di a em que o iníquo e ilega l tribunal presidido pe lo bi spo Cauchon que imou a enviada ele De us, a ilibada Santa Joana d' Are não mai s cava lga pelas verdejantes planícies ela França, mas nas pro fund ezas cio subconsc iente ele franceses e ing leses, para não di zer cio mundo inte iro. Um singular exemplo disso: 600 anos a pós o nasc imento ele La Puce fle, Nico las Sarkozy, pouco antes ele perder ap residênc ia, diri giu-se a Do mré my em bu sca ele votos cios admiradores ela Donzela. Singu lar humilhação para um presidente ela Repúbli ca Francesa, herdeira espiritu al cios erros e tendênc ias igualitári as cio júri que condenou a santa ! O que sucede na cabeça cios fra nceses e cios ho me ns hoj e - indago u com pas mo "The New York Times" - para que uma santa medieva l, virgem e profetisa, saída ele um conto ele fadas, impress ione o mundo mode rno, la icista e igualitári o, cio sécul o XXI? Não adianta fu g ir ela reali dade - conti nua o quotidi ano ele Nova York : faça-se um a simpl es bu sca cios livros sobre e la na maior li vraria virtual cio mundo e encontrar-se-ão mais ele seis mil títulos! Na perspectiva ele M ons. Delass us, a resposta a "The New York T imes" não é difíc il : cresce cada vez ma is a percepção ele que, herde ira cios e rros conde nados pe la santa, a soc iedade atual ruma para a morte; ou - hipótese previsíve l - ca mi nha para uma restauração em favo r ela qual a Donzela está trabalhando eficazmente cio Céu e cuj os sin to mas promi sores já parecem ser vi síve is. • E-mail para a redação: cato li cismo @terra.com .br
Notas:
anta Joana te na cateade na qual
1. O processo red igido em latim e francês anti go, roi tradu zido pelo monge beneditino R. P. Dom H . L ec lcrcq ( 1906) e reeditado pelas Éditions Sa i111-Re111i (2005) . O traba lho inclui os depo iment os esc ri tos de d i versas tes temunhas apresentado s no processo de reabi litação. Tex to co111ple10 cio processo usad o para este arti go em : h1tp ://w w w. abbaye-saint bc no i1.ch/ sai nt s/j ca n ne/i nclex. ht 111. 2. M gr. Henri D elassus. La 111issio11 posth11111e de Sa i111e Jea1111e d'Arc, ed ição uti I i zacla: http ://ca th o l ic apecl i a. nc L/D oc u ments/ca h ier -s ai ntcharl emagne/docu men Ls/C405 _Delass us_ m i ssion-posth u me_ 125 p.pcl f
O Papa Calixto Ili ordenou, em 1456, a Thomas Basin, bispo de Lisieux e conselheiro de Carlos VII, que estudasse em profundidade os atos do processo de Joana d'Arc. Após ter registrado os depoimentos de numerosos contemporâneos de Joana, ele declara o primeiro processo e suas conclusões de "nulos, improcedentes, sem valor nem efeito", e reabilitou inteiramente Joana e sua família.
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fraca, se m coragem e lân guida. Neste, fo i tudo ao co ntrário. Co m um ano e me io Úrsul a pronunc iou suas primeiras pa lavras. Foi q uando, levada por um a e mpregada à merceari a, vendo que o ve ndedor roubava no peso da mercadori a, d isse- lhe com voz forte e cla ra : "Sê justo, pois
Senhor mostrou-lhe então que seu coração parecia fe ito de aço. Úrsula também se acusa em seus escritos de ter tido má complacência com o teor mai s elevado de vicia que passou a ter quando seu pai, nomeado superintendente da fazenda em Placência, levou consigo as fi lhas.
Deus te vê " 1•
Santa Verônica Giuliani G rande mística, parlicipou dos sorr,jmenLos de Nosso Senhor na Paixflo, tendo os cinco estigmas de Cristo sido in1prcssos en1 seu corpo. PLIN IO M ARIA SOLIMEQ
A Estátua da santa na cidade de Mercatelo, onde nasceu
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vida extrao rd inári a de Sa nla Verónica G iuli ani nos dá um exempl o do cuidado com o q ual a Santa M adre Igreja lida co m os fe nôme nos místicos e co m aq ue les que os recebe m. Suas ex periências místi cas e as graças sobre natu ra is que recebe u fig uram no re lato que por obedi ê ncia e la esc reveu a seu confesso r e nos dados biográfi cos por este co mpil ados após a morte de s ua diri g ida.
Veró nica nasce u no di a 27 de dezembro de 1660 em M ercate lo, peq uena c idade do d ucado de Urbino , nos antigos Estados pontifíc ios, hoje te rri tó ri o da Itá li a. Seu pai fo i Franc isco G iuli an i e sua mãe, Benta M anc ini , senhora de ra ra pi edade. Sétima fi lha do casal, Verónica recebeu no batismo o nome de Úrsula. Q uando Benta esperava por essa fi lha, fo i cumul ada com graças de saúde, pi edade, paz e confi ança em Deus, q ue pressagiavam o futuro excepc io nal destinado à cri ança. Com efeito, nos partos anterio res Benta sempre se sentira
Aos três anos de id ade, Ú rsul a j á tinha comunicações fa mili ares com Jes us e Mari a. Co lo cava seu alm oço num pequeno altar di ante de urn a im age m da M ado na, e convidava o Infa nte Jes us a de le parti c ipar. mp razida com essa inocênc ia sim pli c id ade, Nossa Se nhora a ni mava sua irn ag rn , e o Meni no Jesu de e ia de seus braços pa ra to ma r o alime nto co m s ua pequena serva. Ao morrer precocemente, Benta legou às suas c in o fi lhas, co rno testam nlo cspiri tual , as c in co e h agas d e N osso Senhor. A Úrsul a c ube a chaga do lado. • rn b ra e la tivesse so m nte q ua tro a nos de idade, essa cha a s ri a obj eto especia l de sua devoção e fo nte de graças virtudes.
lmperl'cíçõcs ele caráWI' Q uand o sua mãe fa l ceu, Úrsula passo u aos cuidados de um ti o. A mcni na era extremamente cari losa para com os pobres, dando-lhes até parle de seu vestu ári o quando nada mais tinha. Uma vez deu seus sapatos a uma pequena pedinte, e viu-os depo i,, en ra nclec idos, nos pés de Nossa Senhora. Aos 16 anos, manifes to u- e n la uma imperfeição de caráter que pr cisava ser corrigida. Em seu zelo excess ivo, repreendi a e até maltratava a quem vi sse cometendo alguma falta. Ass im, deu urna bofetada numa cri ada a quem viu agindo mal. Quando as pessoas não queri am participar de suas práticas r lig iosas, e la se tornava di tato rial. Nosso
"Parecia que o Senhor plantava sua cruz em meu coração e que assim me fazia compreender o prec_;o dos sofrimentos"
Fra ncisco Giuli ani sonhava para a fi lh a caçul a um mui to bom casamento. E pretendentes não fa ltaram. M as havia muito tempo que Úrsul a dec idira entregar-se inte iramente a Deus. Depo is de muita in sistê nc ia, obteve licença do pai e entrou no convento das mo nj as capuchinhas de C ittà di Cas te ll o, o nd e fo i recebid a co m o nome de Veróni ca. Tinha ela 17 anos. Na cerimôni a de recepção, pres ilida pelo bispo, este di sse à abadessa do co nve nto: "Eu recomendo esta
nova.filha ao vosso especial cuidado, porque ela será um dia wna grande
santa". Nunca e le foi tão grande profeta !
Modelo de obeclíê11cía e lmmílclacle O nov iciado da Irmã Verónica fo i muito difícil devido aos esforços do demônio para desencoraj á- la. As paredes do conve nto parec iamlhe muito austeras, do mes mo modo que os rostos das fre iras. Nenhuma delas atraía sua simpati a. M as e la venceu todas essas repug nânc ias, fazendo sua profi ssão reli giosa no ano seguinte. N os bons tempos, em quase todos os conventos, a noviça era des ig nad a para os afazeres mais modestos, a fim de pra ticar as virtudes da obediê nc ia e da humildade. Ass im ocorre u co m Ve ró ni ca. Fo i suce sivamente fax ine ira, cozinhe ira, enfe rme ira, po rte ira e sac ri stã, traba lha ndo sempre com espíri to sobrenatu ral e unida à Paix ão de Nosso Se nhor Jesus C ri sto. De ta l mane ira e la conqui stou as outras re li giosas, que fo i depois escolhida para a deli cada função de M es tra de No vi ças. Duran te os 22 anos e m qu e exerceu esse cargo, Veró ni ca fo rmou muitas re li giosas que chegara m a a ltos graus de pe rfe ição . Fo i e ntão escolhida corno Abadessa, cargo que exerceu durante os últimos l 1 anos de sua vida.
Às voltas com o Sa11to Oficio Desde o te mpo do no vi c iado, a união de Ve róni ca com a Pa ixão de Nosso Senhor Jesus C ri sto cresc ia a cada dia. De tal modo e la começou a parti cipar da Paixão, que a si mes ma chamava "Filha da Cru z". E la desc reve a experiê nc ia mística que teve nesse tempo: " Pareceu-me ver Nosso Se-
nhor que levava a Cruz sobre os ombros, e me convidava a partilhar corn Ele essa carga preciosa. Experimen-
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tei ardente desejo de so.fi·e,; e parecia que o Senhor plantava-sua cruz em m.eu coração e que assim. mefazia compreender o preço dos so.fi·únentos" 2 . Tais sofrimentos foram terríve is. Dolorosas e intermin áve is e nfe rmidad es, te ntações violentas, ariclezes e deso lações interiores. Santa Ve rôni ca afirmou e ntão que a cru z e os in strumentos ela Paixão foram impressos ele mane ira sensível em seu coração. E desenhou num cartão e m fo rm a ele coração o lugar em que estava cada um. Quando, depois ele sua morte, na presença do bi spo, do governador da cidade, ele professores de med ic ina e ele sete outras testemunhas dignas ele fé, abriram o seu coração, constatou-se com estupor que ne le estavam desenhados os símbo los ela Paixão tal e qual e la havia descrito. U m dia Yerô ni ca ped iu a Nosso Senhor para partic ipar ele sua coroa ele esp inhos. O Divino Mestre a colocou em sua cabeça. Yerônica experimentou uma tão inaudita dor, como jamais tinha sentido. E essa coroa permaneceu em sua cabeça até o fim de sua vicia. Ao intervirem, os méd icos aume ntara m ainda mais seus padeci mentos, apli cando um bastão ele fogo na sua cabeça e furando-lhe a pele cio pescoço com um a agulha incandesc ida. Nada conseguindo, fora m obri gados a reconhecer que aq ue la "e nfe rmidade" lhes era desconhec ida. Verôn ica recebeu também os estigmas, os quais eram visíveis às o utras irmãs. Seu confessor ficou ass ustado. Tantos fenô me nos místicos o deixavam desnorteado. Fo i fa lar com o bispo. Este consultou então o Santo Ofício, que o encarregou de pôr à prova a obed iênc ia, a humildade e a res ig nação ele Verônica, pois estas constituem a base ele toda santidade. Começaram por destitu í-la cio ca rgo ele Mestra ele Noviças. E la fo i també m separada ela comun idade e e nce rrad a num quarto ela e nfe rm a ri a co m a proibição de ir ao coro, exceto
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ção de suas companheiras, as quais, incapazes de ocultar a grata impressão que lhes produz, falam disso a outras pessoas. Apesar de eu impor penitência às que mais.fálam, para que não alimentem a curiosidade do povo, que em suas conversações não tratam de outra coisa, custa-me grande trabalho lograr uma rnoderação"3.
Mística dotacla de muito se11s0 pl'ático Imagem de cera que recobre os ossos de Santa Verônica. Abaixo, uma relíquia dela .
nos dias ele preceito para ouvir mi ssa. Não pod ia ir ao locutório nem escrever cartas, a não ser para suas irmãs também reli g iosas. P ior ai nda, foi designada uma irmã conversa para dirig i-la, co m ordem de tratá- la com toda severidade. E o que mais a fez sofrer: proibiram-na ele receber a Sagrada Com unhão. Pode-se di zer que no caso ele Verô ni ca Giu li an i todas as precauções in spiradas pela prudência hum ana para be m conhecer a verdade foram então empregadas pe lo bispo ele Città di Caste ll o orie ntado pelo Santo Ofíc io. Depois ele um período ele prova, o bispo, D. Lucas Antonio Eustachi , escreveu ao Santo Ofício, em carta de 26 ele setembro de 1697: "A Irmã Verónica continua praticando uma exata obediência, profunda humildade e abstinência surpreendente, sem dar o menor sinal de tristeza. Pelo contrário, aparece com. uma paz e uma /ranqiiilidade inalteráveis. É objeto da adrnira-
Santa Verônica tinha um a caridade ardorosa pe la co nversão cios pecadores e libertação elas a lmas cio purgatório. Foi -lhe revelado que, por suas penitências e orações, e la converteu ao bom cam inho inúmeros pecadores e libertou muitas almas elas chamas cio Purgatório, as quais lhe aparec iam para agradecer por essa carid ade. Tendo passado por todas essas provas, Santa Verônica foi eleita abadessa cio mosteiro em 1716, começando então para esse setor reli gioso uma época ele grande prosperidade. Pois, apesar ele ace ntu ada me nte mística e esp iritual, Santa Verônica possuía um senso prático muito desenvolvido, a exemplo ele outra grande mística, Santa Teresa ele Áv ila. Mandou fazer todo um sistema ele encanamentos para que o convento tivesse ág ua própri a, co nstruiu um grande dormitório e urna capela interior, e procurou para a com unidade todas as comodidades compatívei s com o esp(rito ele sua Regra. Santa Verôni ca Gi uliani faleceu aos 67 anos ele idade, no dia 9 de julho ele 1727. • E-mai I para o autor: cato l icismo @terracom.br
Rainha Elizabeth II Jubileu de Diamante
A~comemorações motivadas pelos
60 anos de mn reinado aureolado de prestígjo atestam quanto urna monarquia é benéfica paru uma naçflo
Notas: 1. Fa th er Cuth berr, Sai nt Veron ica Giuli an i, Th e Cat ho li c Encyc l oped i a, CD Rom ed iti on. 2. Edel vives, EI Santo de Cada Dia, Edi tori al L ui s Vives, S.A. , Saragoça, 1948, tomo I V, p. 94. 3. Les Petits Bol landi stes, Vi es des Saints, Bloud et Barrai, L ibraires-Éd iteurs, Pa ri s, 1882, 10 1110 VIII , p. 223.
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M ARCELO DUF/\UR
Correspondente na França
Paris -Em 6 ele fevereiro de 20 12 a rainha Elizabeth II completou 60 anos ele reinado, tornando-se a segunda soberana do Re ino Un ido a celebra r o Jubil e u ele Diamante. Antes del a, ape nas a rainha Vitória ( 18 19- 190 1), c ujo reinado duro u 63 anos. As comemorações vêm se s ucedendo ao longo
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deste ano com manifestações entu siásticas cios súditos bri tânicos. Só cios britânicos? Em Paris, predominam sentimentos desencontrados a respeito deste evento, porque o sulco ele sangue aberto pela Revolução Francesa (1789) ainda divide os fran ceses. Enquanto os ingleses se encantam com sua rainha e com a família real, aos franceses é oferecido o espetácul o ele um a briga inglória - para di zer só isso - ele duas mulheres. Uma delas faz questão ele exibir-se como companheira nãocasada do atual pres ide nte soc iali sta, François Holl ancle (questionando-se se eleve ser chamada "primeira dama"), e a outra é a ex -concubina deste. Segundo alguns, a disputa entre as duas mulheres tem como fundamento os ciúmes, segundo outros seriam razões políti cas. Em qualquer caso, é clepri mente. Enquanto rnilhões ele súditos ela monarquia inglesa se reuniram às margens cio Tâmisa ou permaneceram di ante cios aparelhos ele TV para se regozij arem com as homenagens prestadas à monarca, os franceses fu giam em massa de sua democracia eletiva: mais ele 40% ele abstenção em dec isivas eleições leg islativas. O jornali sta David Ranclall, cio "Indepenclent", lembrou que alguns meses antes ocorreram motins nas ru as em Londres e que as conversas giravam sobre a cri se econômica. Porém, com o Jubileu, "todo o mundo está dizendo como a rainha é maravilhosa e, por extensão, nós também somos muito bacanas". Do outro lado ela Mancha, um largo e crescente setor da França qui s experimentar, ao menos fugazmente, a tranquili zadora sensação ele que seu país pode ter um lastro firme para avançar ele modo coerente rumo ao fu turo; se voltar seu olh ar para a tradição como os súditos da Rainha olham para esta. Esse setor dos fran ceses, ofi cialmente abafado, sente saudades ele um passado que lhe fo i tirado no decorrer de anos de revolução, demagogia, clesvari o e terror.
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Aqui na França, é politica mente incorreto perguntar por que os ingleses sim e nós não . Mas vendo mais de mil barcos desfilarem no Tâmisa diante do iate real, a pergunta não pode ser silenciada: como uma monarqui a de raízes medievais pode co memorar 60 anos de reinado sobre o trono de Santo Eduardo numa Europa modernizada pelos "idea is" de 1789? Ninguém ousa comparar os índices de popularidade, mas os números estão aí: segundo pesqui sa do jorn al soc iali sta "The Gu ardian", para cerca de 80% dos britânicos, o Reino Unido pioraria sem a monarqui a e so mente pouco mais de 20% desejam a república. O sentimento monárqui co prevalece em todas as classes soc iais, em todas as reg iões do Reino Unido e, mais incrível, em todos os partidos políti cos: aprovam-no 96% dos conservadores, 84% dos liberais democratas e 74% dos trabalhi stas (socialistas) ! As fes tividades rea is ameaçavam pôr na ombra os Jo-
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gos Olímpicos de Londres. Também forçaram a mudança de data da "Rio+20", pois os governantes do mundo tinh am razões de sobra para achar que a opinião pública acompanharia muito mais as pompas reais do que as di scussões artificiais sobre a agenda ecológica pl anetári a. Entretanto, o bom hábito de rac ioc inar é ainda forte na França. E no magazine da intelligentsia socialista francesa "Le Nouvel Observateur" 1, Stéphane Bern chegou a conclusões inesperadas ao lembrar o sagaz comentário do príncipe de Metternich (sécul o XIX): "A verdadeira obra-prima consiste em. durar ". Os chefes de repúblicas fogem das consul tas popul ares por medo de serem banidos dos cargos ou fru strados em suas políti cas e acabam não durando. Mas a ra inha da Inglaterra comemora seis décadas de governo envo lta num a auréola de prestigio. Ela não obteve sua legitimidade de nenhum pl eito democrático. Pelo contrário, sécul os de hi stóri a e o berço a pusera m acima de partidos e 'jogo. de interesses. *
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A soberana inglesa - como também outros reis e ra inhas da velha Europa - encarna a identidade nac i nal que a nova e convulsionada União Europeia ameaça lhes tirar. Na França, os adeptos da Liberté-Égalilé- Fraternilé mordem os lábi os de inveja vendo os britânicos ex ibir co m ufania seu supremo símbolo hi erárqui co: Elizabeth II, p la graça de Deus rainha da Grã-Bretanha e el a Irlanda do Norte, do Canadá e da Au stráli a, da Nova Ze lândi a e de um tota l de 16 Estados independentes, chefe ela Commonwea lth , que reúne 54 Estados e por volta de dois bi !hões ele lea i súditos. Ela não governa, mas com seus 86 anos influencia mais que qualquer governante. Segundo Bem, ela é um ícone fo ra cio tempo que se burl a das modas, uma fi gura materna e protetora, uma espéc ie ele mãe benfe itora da nação que permite ao povo ac reditar sempre num destin o fo ra do co mum. Eli zabeth ll é co mo uma fada que permite à nação atravessar todas as provas sem perder sua identidade nem sua di -
mensão moral. Ela co nheceu inúmeros chefes de Estado e recebeu "e m confissão", todas as tardes de terça-feira , às l 8h, doze primeiros mini stros, desde Winsto n Churchill até David Ca meron. onta-se que, numa troca de opini ões opostas, o então premiê Tony Blair ousou di zer à Rainh a que ele era o seu primeiro-ministro, ao que Eli zabeth fl lhe teri a lembrado que ele não era o primeiro, mas antes dele passaram pela sua sala dez outros, a começar por Churchill .. . O poder ela Rainh a - observa Bem - é muito superi or ao das instituições: ela encarna a Inglaterra que ama seus cavalos e seu ca mpo, porque vibra em unísso no co m se u povo. "O essencial de seu trabalho é preservar a m.ística da monarquia", conclui Bem, aludindo àquele superi or des ígnio que faz dos monarcas uma im age m viva d' Aquele Rei supremo, Criador de todas as coisas, que governa e sustenta tudo quanto ex iste como Senhor e Rei do universo. Ungida pelos sa ntos óleos na abad ia de Westmin ster, o tro no de Eli zabeth 11 é a Cruz onde exalará seu último suspi ro. *
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Uma jornali sta brasileira\ ju lgando talvez faze r uma críti ca palatáve l ao j et set, quali ficou a vida da rainha de "chatice eterna": "A rainha nunca ch.am.a a atenção, nunca fa z banzé ", escreveu, co mo fazem - constatamos Lodos - inC1 meros pres identes de um e outro sexo. E ex plicou: " Há 60 anos, Elizabeth j ogou pela j anela todas aquelas núcroglórias que nós conhecemos por pequenos prazeres da vida. [. .. ] aos 25 anos, a idade que tinha quando ascendeu ao trono, deve ter sido duro abdicar de certos deleites". O Papa Bento XV (reinou de 19 14 a 1922) ensinou que as fa mílias nobres estão chamadas a exe rcer um sacerdócio peculi ar na ordem temporal: o "sacerdóc io da nobreza". Esse "sacerdóc io", obviamente, cabe em máx imo grau ao soberano. No citado co mentári o da jorn ali sta, aparece um aspec to pouco considerado nas pessoas rea is: o holoca usto de si própri o no exercíc io de uma mi ssão que visa ao bem do povo. Holocausto que, se bem aceito, as assemelha a Nosso Se-
nh or Jesus Cri sto e está na base das graças que a 'institui ção monárquica atrai para o país, ainda quando a ra inha - hél as ! - é chefe mes mo de um a fa lsa igreja! • E-mai l para o auto r: catolicismo@ 1erra.co111.br
Notas: 1. ht1p://leplus.no uvelobs.co111/contributi on/3 1708 1-cl izabc1h- ii- fe1e-ses60-an s-dc- rcg nc-a-q uo i-sert-vra i rnent- 1a-rei nc-d-anglctcrre. h1 111 1. 2.hll p://salvador20 l 2.blogspot.co rn / 20 12/02/ra inha-encara-vida-de-chaticc-cl ern a. hlrnl .
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1 Santo Aa rão, Levita + Palestina, 1250 a.C. Irmão de M o isés e seu porta-voz junto ao faraó, q uando elas te ntativas de libertar o povo hebreu cio cativeiro no Egito.
2 Santo Oton ele Bamberg, Bispo e Confessor + Ale manha, 11 39. "Na época da querela entre a Igreja e o Império, por sua correção e lealdade soube servir sem choques a corte imperial e a Sé A postó li ca . Pregou o Evangelho aos povos da Pomerânia e da Ge nnânia do Norte" (MRM).
~l São Tomé, Apóstolo. São Leão li, Papa e Confessor + Ro ma, 683 . E loquente pregado r, fo i notáve l pe lo seu amo r à música e sua cari dade para com os pobres. Confirmou o III Conc ílio de Constantinopla, sendo e logiado no Liber Pontifica/is por suas qualidades natura is e virtudes cri stãs.
4 São Guilherme Abade, Confessor + Ale manha, 109 1. I ntrodu ziu a reforma c luni ace nse e m sua abad ia de Hirschau, na Bav ie ra; tr a nsfo rm a nd o-a num cent ro desse mov ime nto, o q ua l se este nde u por todo o sul da A le ma nha.
5 Santa Gocloleva , mártir ela licleliclacle conjugal + Ho landa, 1070. Todo o amor e a consideração apare ntados
pe lo marido antes do casamento pas aram, por instigação ela mãe deste, a ódio e ma us tratos. Para mante r a paz doméstica e obter a conversão de seus perseguidores, Godo leva resolveu sofrer tudo paciente mente, com espírito sobre natu ra l. Foi enfo rcada a mando do marido que, para não . e compro meter, pretextou uma viagem. Depo is, moído de remorsos, confesso u o crime e fo i expiar seu pecado num convento.
(-, São ~ômulo de Fiésole, Bispo e mártir + Itá lia, séc. n. "Discípulo do Bem-aventurado Apóstolo Pedro, foi enviado pelo mesmo a pregar o Evangelho, anunciando a Cristo em muitos lugares da Itália", antes ele derramar seu sangue pela fé (MR) Primeira Sexta-Feira do mês
mãos - Ja nuári o, Feli pe, Féli x, S il va no, A lexandre, Vi ta l e M a rc ia l - exortados po r s ua mãe, Sa nta Fe li c id a de , e nfre ntara m o martírio sob o imperado r Anto nino.
1l São Sigisberto, Confessor + A le ma nha, séc. VII. "Monge irlandês, deixou a caravana monáslica de São Columbano, que passava pela Suábia em direção à Itália, para fundar junto à nascente do Reno um novo centro de vida religiosa, chamado Disentis" (MRM)
12 Santos Na rbor e l•élix, Mártit·es + Itál ia, séc. IV. De origem africa na, estes do is so ldados irmãos sofreram vários tormentos sob o imperador Max imiano, sendo por fi m degolados.
7 São Panteno, Confessor + Alexandri a, séc. Il. "Varão apostólico, repleto de sabedoria, tão grande era seu zelo e amor pela palavra de Deus que, abrasado de fé e piedade, saiu a pregar o Evangelho de Cristo aos povos que habitavam os mais remotos conftns do Oriente" (do MR). Primeiro Sábado do mês
8 São Procópio, Mártir + Pale tina, séc. lV Segundo historiador E usébio, "era ori-
ginário de Jerusalé,-n e vivia como asceta. Sua cu/Jura profana era fraca, mas a palavra de Deus era sua.força. Foi decapitado após ter confessado valorosamente suafé" (MRM)
9 Santa Pauli na do Coração Agonizante ele ,lesus Santa Verôniea Giuliani (Vide p . 40)
10
13 São Silas, Confessor + M acedô ni a, séc. I. Foi designado pe los Apósto los para aco mpanhar São Pau lo e São Ba rn abé cm sua, pregaçõe aos ge ntios.
14 São l léraclas, Bispo e Confessor + Eg ito, séc. IIl. Estudo u na Escola de A lexandria, to rn ando-se de pois bispo dessa c idade. S ua gra nde fa ma atraía à Sé ep iscopal mu itos eruditos desej osos de conhecê- lo.
15 São Boaventura , Confessor e Doutor ela Igreja + Lyo n (Fra nça), 1274. Seus escritos, c heios ele unção sobre natura l, lhe valeram o tí-. tul o de Doutor Será.fico. Foi gera l dos fra nciscanos e cardea l, te ndo morrido e m Lyon du ra nte um concíli o.
1()
Sete IL'mãos Mártires
Nossa Senhora cio Carmo
+ Ro ma, séc. II. Os sete ir-
Festa prescri ta a toda a Igreja
e m 1726 po r Bento X IJ , e m agradec ime nto a Nossa Senhora pe las extraord inári as graça conced idas à O rdem do Carmo e a todos os seus servos que usam o escapulário, o qua l preserva as a lmas do inferno e as livra do P urgató ri o medi a nte certas cond ições.
puc hinho ita li ano, pregou d ura nte 20 a nos na Itáli a e na Alemanha, sendo um dos mais temíveis adversários do protesta ntismo da época.
cença, fo i atra ído a Mil ão pe la sa ntid ade ele Santo Ambrós io. E le ito papa, co mbateu as heres ias de Nestó ri o e Pe lágio .
22
Santos Mártires ela Tebaicla + Egito, séc. IIL M{utires que
Santa Maria Madalena, Penitente
17
2~1
Beato Inácio ele Azevedo 39 Companheiros, Mártires do Brasil Santa Mareelina, Virg m +Mi lão, séc. IV. Irmã. de Sa n-
São João Cassiano, Confessor
to A mbrós io, recebe u o vé u das virgens das mãos do Papa L ibé ri o, na Bas íli ca de São Pedro, e m 353.
18 Santa Sinfor·osa e lilhos, Mártires + [tá li a, séc. UI. Esposa do mártir São Getúlio, morreu pela fé cató li ca jun tame nte com seus sete filh os, C rescêncio , Juli ão, N e més io, P rimiti vo , Justino, Estác io e Eugênio.
19 Santo Ambrósio Autpert, Confessor + França, séc. Ylll. "Oficial da corte de Pepino, o Breve. Foi preceplor do.futuro imperador Carlos Magno, entrando logo depois para a abadia de São Vicente, ,io ducado de Benevento. Autor mui/o apreciado na Idade Média " (do Martirológio Ro mano-M o nástico).
+ França, 432. Provença l, fezse mo nge em Belé m, vivencio depo is 15 a nos co mo e re mita no Egito. O rde nado sacerdote, fixou-se em Marselha, onde fu ndou di versos moste iros.
24 São Charbel Maklouf, Confessor. São ,João Boste, Mártir + Ing laterra , 1594. Estudo u e m Oxford e converte u-se ao cato lici s mo e m 1576, ind o pa ra a França, o nde fo i ordenado. Des ig nado para as mi ssões in glesas, ate nde u aos cató licos res identes no no rte da Ing late rra. Tendo s ido descob rto, f"o i e nfo rcado e esquar-
tejado.
25 São Tiago Maior, Apóstolo + S c. 1. Irmão de São João van ge li s ta e um dos t rês Apósto los presentes à Transfi guração e à Ago nia do Ho rto , 1 rego u na J udé ia, Sa mari a Es pa nha.
20 Santo Elias, Profeta. Santo Aurélio, Bispo e Confessor + Cartago, 430. Co mo bi spo de Cartago, aj udado e aco nselhado por Santo Agostinho, govern ava a Igreja da África, a q ua l contava com cerca ele 500 bispos.
21 São Lourenço ele Brinclisi, Confessor e Doutor ela Igreja + L isboa, 1619. Religioso ca-
b São ,Joaquim e Santa Ana, pais (1 Maria Santíssima. São Jacinto, Mártir + It á lia, séc. IT. "Lançado primeiro ao f ogo, e depois a uma torrenle, saiu incólume. Sob o i111perador Trajano, termirw u s11a vida ao fio da espada." (cio Ma rtirológio Romano).
'ão C leslino I, Papa Confessor + Roma, 432. Romano de nas-
2H padeceram sob os imperadores ro ma nos Déc io e Ya le ri a no, suporta ndo os ma is div rsos to rme ntos.
29 São Lobo, Bispo e Confessor + Fra nça , 478. Bi s po d e Troyes, esteve na In g la te rra com São Ge rma no combatendo o pelagia ni smo. D e volta a seu país, foi ret ido como refém por Átil a, o bá rbaro rei dos hun os, exercendo sobre ele be néfica influê nc ia.
ao
Santa Julita, Mártir + Ásia M enor, 305. Rica viúva ele Cesaré ia, tendo sido despojada fraudule ntame nte ele toda a sua fortuna por um dos principais da cidade, reso lveu processá- lo. In timada d ura nte o processo a sacri ficar aos ídolos para obter a restitu ição de seus bens, preferi u perdê- los, be m como a v ida te m po ra l, para ganhar a eterna.
ln tenções para a Santa Missa em julho Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre Dav id Fra nc isquin i, nos seg uintes intenções: • Missa com especial menção a Nossa Senhora do Carmo (cu ja festividade se comemora no dia 16 de julho) e a Santo Elias (considerado fundador do Carmelo e celebrado no dia 20), rogando graças pela sa lvação eterna de cada um dos assina ntes e leitores de Cato licismo. E também pedindo graças para uma maior expa nsão da devoção ao Santo Escapulário do Carmo.
~11 Sa nto Inácio ele Loyola, Confessor São Fábio, Mártir + Ás ia M e no r, séc. lif. Soldado, recuso u-se a co nd uzir as in síg ni as do gove rn ado r prov in c ia l po r ne las fig urare m símbo los pagãos. Preso, declaro u-se cri stão, sendo por isso conde nado à mo rte.
Notas: -Santos já apresentados em calendários anteriores são apenas mencionados, sem nota biográfica. - MR: Martirológio Romano; - MRM : Marti ro lóg io RomanoMonástico.
Intenções para a Santa Missa em agosto • Pelos méritos e graças da Assunção da Mãe de Deus aos Céus - principa l celebração mariana deste mês - , rezando pela fidelidade do clero brasile iro à autêntica doutrina católica, para que o Brasil e nossas famí li as sejam preservados das heresias e do ateísmo.
JU
Nova moral e nova religião universal
PJ fo 1SON CARLOS DE Ü UVE IRA
N
o dia 23 de maio, _o Insti!uto. Plinio Corrêa de Oliveira promoveu mais um importante evento na cap ital paulista . O palestrante, Mons. Ju an Carlos Sanahuja, veio da Argentina para alertar o público brasileiro sobre a ameaça da nova "religião" universal que a ONU tenta implantar, com prejuízo da Igreja Católica, da Lei divin a, da Lei natural e da civi lização cristã. O Dr. Plínio Vidiga l Xav ier da Si lveira abriu a se. são em nome cio Instituto. Em seguida, o Ce l. Paes de L ira fez a apresentação cio palestrante, baseando-se no prefác io que escreveu para a tradução portu g uesa cio liv ro el e Mo ns. Sanahuja, lançado no evento: Poder g lobal e religião universal.
* * * ~
CATOLICISMO
O sacerdote argentin o denun ciou importante arma ele guerra psico lóg ica para a impl antação ele um a nova mora l: a " revo lução se mântica". Ela vi sa confundir e embaralhar o signifi cado elas pal avras, utili za ndo ce rtos termos co nhecidos, ma s atribuin dolhes um se ntid o diverso ci o ori gina l para assim induzir uas vítimas a uma " baldeação ideo lóg ica in adve rtid a" (c fr. Plínio Corrêa de Oliveira, Baldeação ideológ ica inadvertida e diá logo, Ed itora Vera Cru z Ltcla., 4ª. ecl. , J 965, São Paulo). A pal avra famíl ia, por exempl o, tão simpática a todo ·, embora conste em documentos ela ONU, é entendida no se ntid o revo lu c io nário , isto é, não como a soc iedade doméstica, consti tuída entre um homem e uma mulher, sua prole e I arentes, mas como qualquer coabitaçã d duas pessoas, mesmo sendo ambas do mes mo sexo. A revo lução s mânti cu - exp lica Mons. Sanahuj a um a verdade ira in vasão elas consc iênc ias. " n vo poder global" pretendi 1 1 · la NU visa à imposição de um a nova moral ao mundo inteiro. A aceitação das práticas do abo rto, ela anti co n ·epção, cio homossex ualismo e dos ass im chamados direitos sex uais e reprodut ivos são temas sensíve is e incli scut fv 1s para a nova moral.
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"O novo poder global precisa de 1111,a religião universal" - acrescentou. Nesse sentido, o confe renci ta se report ou à conferência Millennium World Peoce Summit o.f Relig ious anel pirit11 ol Leaders [Cúpula cio Milênio de U l ·res Religiosos e Espirituais pela Pa;,. Mun di al], realizada pela ONU em Nova York, em agosto ele 2000, que se manif ·sltl contra as religiões "dogmáticas" como portadoras ele "fundamentali smo". Segundo dados apresentados por Mons. Sanahuja, na reunião internacional preparatóri a Cairo+10, em 2004, intitul ada Direitos Sexuais e Repmdrtti vos, cultura e religião, organ izada I cio Fundo de Populações das Naçõ •s U11idas (FPNU) e pelo governo holandês,
Dr. Plinio Vidlgal Xavier da Silveira
afirmou-se que fo i " vital" intervir em recursos humanos e fundos para "convencer os líderes religiosos a democratizar seu discurso em m.atéria de direitos sexuais e reprodutivos". Chocou a todos os presentes a in fo rmação cio orador de que a Caritas Internacional adotou esses objetivos ela FP NU "co mo se não hou vesse uma con.dula ca tólica multissecular para C(judar os ma is necessitados" . Para Mons. Sanahuja, a Caritas , orga ni smo da Santa Sé, adotou essa posi ção através ela sec re tá ri a-ge ra l ci o ó rgão, Les ley- Anne Kni ght, uma "teó loga ela libertação", que assum iu o cargo por impos ição elas Caritas ele países ricos. Na Argentina, segundo o conferenc ista, as farmácias el a Caritas di stribuem anticoncepc ionais. Tal situ ação levou a Sa nta Sé, no dia 27 de abri 1, a insti tuir seu di reito de veto na esco lha cios indi cados para os cargos admini strati vos. Rece nte mente, outra pessoa tomou posse ela secretari a-geral. *
D. Bertrand de Orleans e Braganlja
*
*
Após Mons. Sanah uj a responder a perguntas cio audi tório, coube ao Príncipe Imperi al do Brasil , D . Bertrand ele Orleans e Bragança, pronunciar as palavras ele encerramento. Ele lembrou que no Brasil está infe li zmente avançada a revolução para tentar extinguir a verdadeira Religião e os princípios católicos. Exemplificou com o Esla/Ulo da Diver.1-idade Sexual que, enb·e outros absurdos, pretende que o SUS custeie as cirurgias ele mudança ele sexo, oferecendo nesse sentido tratamento hormona l para jovens ... desde os 14 anos! D. Bertrand exortou a todos para seguirem as palavras ele Santo Antoni o Mari a Claret: "A Dios rogando y con el mazo dando ". O que, em tradu ção li vre, signi fica: "A Deus rezando e com o malho dando ". Segundo D. Bertrand , nós devemos rezar e env idar todos os esfo rços lega is e pacíficos para impedir a impos ição dessa nova reli gião ateia e ditatorial , que pretende banir a Lei ele Deus, a Lei natural e a civili zação cristã em nossa Pátria e no mundo in teiro. • E-ma il para o autor: cato licismo@terra.com.br
JULHO2012 -
População austríaca rejeita templo budista
Foto da simpática c·
□ CARLOS EDUARDO SCHAFFER Correspondente na Áustria
G
fühl é uma pequena e pacata c idade de quatro mil habitantes, 100 km a noroeste de Viena. Com belas casas de arquitetura tradicional em torno da igreja barroca, um pequeno castelo e bons restaurantes da cozinha local, constitui uma das portas de entrada do Waldviertel (Região da F loresta), na província de Nieder Ôsterreich (Baixa Áust:ria). Ela possui tudo quanto se pode desej ar para uma vida tranquila mas sem estagnação: festas locais, trajes típicos, corai s e bandinhas constituem um bem nutrido programa de atividades culturai para moradores e turi stas. Tudo corria bem na c idade até outubro do ano passado, quando o prefeito e a câ mara municipal aprovaram a construção, no ponto ma i a lto do município, do que pretendi a ser o maio r templ o budi sta da E uropa: uma Stupa de 37 metros de a ltura com convento para monges e centro de fo rmação. O fin anc iame nto proviri a em grande parte de uma austríaca pervertida ao budismo, rica proprietári a de restaurantes em Viena. E m pouco tempo a população se di vi diu a res pe ito do proj eto, para cuj a inauguração estava previ sta a presença do Daiai Lama. Os fa vo ráveis argumentavam com o aumento do turi smo, vantagens fin anceiras, d iversidade de culturas, centro de orações pela " paz" no estil o budista, etc. Os opo nentes baseavam-se mais em argumentos relig iosos e cul turais: ameaça às tradições católicas mais do que mil enares do país e introd ução de crenças e hábitos totalme nte estranh os à reg ião . A tal ponto as pos ições se radi ca li zaram, que o prefe ito se viu obri gado a convocar uma consul ta popul ar.
Al gun s di as antes do refere ncio, a Sociedade Austríaca de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP e nvi ou a todos os endereços postais cio O site do Central-European Religion Freedom lnstitute critica o resultado positivo da campanha promovida pela TFP austríaca
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Anti - Buddhism campaign in Austria
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conscientious obJecto rs in Hungari an church leaders agamst anti-Semi tic remar
-wi ng MP lndra lncrease in arnmos 1ty against Cl_ u i sti ans
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HRWF (0 2.03 .20 12) - On 12 February, the constru ct1on of the biggest Budd histte mple in Eu rope was rejected by 67% of the population of Gfoh l who had been co nsulted on th is issue . T he mayor, Karl Simlinger, accepted the decision of the population . ln the
newspa per Standard, Bop Jon Sunim, a Buddhist mon k and initiator of t he p roject, commented rhe resulc of the referendum as follows · "The fact that the inhabitants of
Gfohl have fina ll y voted against the Buddh ist tem pie is the res ult of a hate cam pa ign of political and re ligious opponenrs ." Among the promo ters of ch is campaign, it is worth mentioning the ..Austrian Society fo r the Proteccion of T radition, Family and
Private Prope rty" (TFPJ which d istri buted leafl ets to inc ite the people against t he Buddh ist te mp le . ' Buddhism in Austria, a wolf in the sheepfold' .
June 2012 May 2012 April 2012 Ma rch 2012 February 2012 Ja nuary 20 12 December 2011 Nove mber 2011 Septe m be r 2011 August 2011 July 2011
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this blog and receive notifi Prof. Ch ri stian Brünner, a constitutionalist from Graz and forme , pre sident of the conference of the rectors , unam biguously
criticized the anti-Buddh ist hate campaign a nd the popula r consultation.
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J Sign
ln
muni cípi o urn a ca rta mos trand o aos moradores a impo rtâ nc ia ele se mobili zare m contra o projeto, po is o res ultado el a votação só teria c~u-áter dec isóri o se ma is de 50% cios e leitores comparecesse m às urnas. A argumentação tinha que to mar em conta urna lei que proíbe "menosprezo de ensinamento religioso ( f-lerabwiirdigung religioser Lehre) de co1i issão ojicia/mente reconhecida no país ". A jurisprudência mostra va que a simpl es menção ele práticas reli giosas que se opõem aos senti mentos ela população e que são comprovadas - como, por exemplo, os recentes suicídios ele monges n TibeLe o apoio a regimes políticos totalitári os como nazismo ou comunismo - já seria considerado crime passível de mult a prisão até dois anos. Tendo que s ater a essas limitações legais, a TFP austrfa ·a mostrou então que, se levado a cabo, o prq j to ·onl rariaria as tradições cristãs cio país; s ria ma is um fator ele clesorienlação da juventude neste te mpo ele tanto rel ali vismo; fato r de possíve is di scórd ia irrecon ·iliáveis para as fa míli as e a comuni dad ; d sca racteri zação ela região para o turi smo, alraindo turi stas excêntricos e afaslanclo aq ueles que procura m na região aqu ilo que a Áustria tem ele característico; introduziria modos ele pensar, vestir, ·om r e se comportar em público totalm 111 diferentes cios hábitos tradicionais da r >ião. Em suma, introduziria um fator insanável de di scórdi a. O resultado foi inte iram 111 ·on lu cle nte. Mais ele 52% cios e leito r 's aptos comparecera m às urnas - núm ·ro ·onsicleraclo excepc io nalm e nte bo m para este tipo ele cons ulta - 67 % dos quai s di sseram NÃO à rea li zação do proj •lo. A Áustri a e a Euro pa - po is o r rido templo tinha a intenção cl infl uir sobre todo o contin ente - fi cara m assim poupadas de um poderoso ' n1 ro ele difu são ci o budi s mo com Iodas us suas consequênc ias nos ca mpos r · li , ioso, fil osófi co e moral. •
"Família, receita para a crise" t'I LEONARDO PRZYBYSZ
No dia 3 ele junho úl timo, em atmosfera de muito entu sias mo, rea li zaram-se em diversas c idades po lo nesas, por iniciativa ela Associação Padre Piotr Skarga e ele o utras e ntidades anti-aborto, as já tradic ionais marchas e m defesa ela vida desde a concepção até a morte natural. Representa ntes ele movimentos qu e co mbatem o aborto nos Estados Unidos, F rança, Al e manh a e L ituâni a aco rreram co m suas bande iras e estandartes. M arcaram também presença no evento diversos relig iosos e depu tados. Em Varsóvi a, com a parti cipação de aprox imadame nte 10 mil pessoas, a marcha teve início com a bênção cio cardea l Kazimierz Nycz. "Família, receita para a crise" fo i o slogan ela marc ha deste ano. Face à crescente popul aridade dessas marchas, vários órgãos prestig iosos ela mídia, contrari amente ao ocorrido no ano passado, se viram na contingênc ia ele não ignorar a sua impo rtânc ia. • E- mai l para o autor: ccito licismo@ terra.com.br
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me upl 1
Souru : fluman Rights Without Frontiers http:/ /cerf- i nsti tu te.org/20 12/03/04/a nt i-budclh ism-ca mpa i gn- i n-a ustri a/
C ATOLICISMO JULHO201 2
111111
Ambiente aristocrático ambiente popular Reflexos da civilização cristã ■ PLI NIO CORRÊA DE ÜLIVEIRA
trai a atenção no ambiente que figura em primeiro ugar a cobertura no alto da cama, bem como o ato de a mesma estar colocada de tal modo que s,e. diria assemelhar-se a uma espécie de altar. ,.,. , Isto porque a cama repousa sobre um peque no estrado e é encimada por um baldaquino . Baldaquino é o móvel constituído por quatro colunas altas, com um teto de tecido com longas cortinas que descem até o solo. Qual a razão prática da ex istência desse tipo de cama? Em grandes casas, nos séculos passados, a lareira muitas vezes ficava distante do quarto de dormü·. Então, para proteger as pessoas do frio, corria-se uma cortina em torno do le ito. E ass im , abrindo-se um pouco o cortinado, re novava-se o ar. O cortinado destinava-se também a proteger a pessoa contra a luz da lareira, durante a noite, e contra a luz do dia, pe la manhã. Para assinalar a dignidade, a nobreza, a importânci a da pessoa que habita nesse ambiente, havia na cama esse dossel, que era uma armação de made ira , geralmente forrada de tecido. Como a armação era trabalhada co m distinção e imponência, era nessa época muito frequente as senhoras, deitadas na cama, receberem visitas, as quai s sentavam-se e m volta para conversar com a anfitriã. Era um modo de receber vi sitas, de tal mane ira a cama era ornamenta l. Temos aí o mobili ário do quarto de uma pessoa de maior distinção.
* * * Convém considerar uma objeção que alguns poderiam fazer a esse costume.
"Foi analisado o interior de uma casa, de pessoa de alta posição. Não é o interior da casa de um qualquer, mas de um palácio. Seria interessante saber como viviam as pessoas do povo nessa época, por e.xemplo, um. trabalhador manual". É uma pergunta cabíve l, porque uma civilização não se manifes ta apenas nas condições de vida dos que estão no alto da pirâmide soc ial , mas nas de todas as classes sociais. É compreensível, pois, analisar móveis e interiores de casa de camponeses dessa época, que trabalhavam a terra com suas mãos, de todas as regiões da Europa. Por exemplo, da Bretanha, do Tirol, do Vale do Pó, dos pueblos da Espanha, de Port11gal, etc. É o que nos expõe a segunda ilustração. Encontraremos então uma aite popular encantadora de europeus de condição operária. Nas longas noites de inverno, em que as pessoas nas aldeias daque le tempo fi cavam em casa junto à lareira, frequentemente se aplicavam em elaborar peças e móveis de madeira: camas, cadeiras, armários, etc. Muitas dessas casas camponesas da época medieva l ou cio Ancien Régime são casas en ·antadoras que ainda hoje são ·onservadas. E há um verclad iro luri smo na Europa es p ia li z.ado e m vi sitá- las. Naturalm nt não são ambientes cont nclo obj los ricos. Mas a arte popular mostra prec isa m 111 a di gni lade da condição de classes modestas, com elas pod m devem amar para si o belo e a vida decorosa. 1 orq u ' o membro dessas classes é també m int iram nt filh o de Deus. E como filho de Deus, um prfnc i1 na ordem na Criação. Assim, é razoável que se cerque tamb m de um proporcionado ambiente de beleza. Naturalmente o marxi smo não gosta qu se ressa lte isso. O co muni smo é mentira e o que estou expondo aqui é a rea lidade hi stórica. As fal s i lactes revo lucionári as dele e o ódi o que o marxi smo v ta a tudo isso não se coad unam com a rea lidade hi stórica, mas, naturalmente, não anul am esta. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 9 de agosto de 1986. Sem revisão do autor.
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Nº 740 - Agosto 2012 - Ano LXII
RIO+20 = FRACASSO Tentativa de implantação de governo mundial verde e
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Aturdimento, passo para a derrota
I
mpress iona- me um contraste. De um lado, as informações postas ao alcance do público j amai s foram tão fartas. De outro lado, j ama is este se sentiu - creio eu - tão átono e embaraçado diante delas. Fixo um termo de comparação remoto, para que o contraste possa ser mais bem sentido. Antes da II G uerra Mundi al, o leitor méd io era larga mente informado pelos jornais acerca do que de m ais importante ocorri a. [ .. .] Se a área abrangida pelo notic iári o farto era bem menor do que hoj e, a índole das notíc ias era bem mai s c lara e ri sonha. 1---1 O notic iári o apresentava também sombras no quadro. M as estas servia m em boa parte para o tornar mais anim ado ainda. [ ... ] - Panorama claro? - Sim , claro e simpl es. Ou melhor, simplóri o. O s problemas rea i s eram subesti mados ou si lenc iados. As rea lid ades de subso lo eram quase desconhecidas. E esta mutilação da rea lidade nos notic iári os foi um erro. Pois se o público tivesse tido conhec imento da verdade tota l talvez tivesse imposto aos acontec imentos um outro curso.
* * * Depois da li Guerra Mundi al, e muito especialmente em nossos dias, aconteceu o contrári o. Veio tudo à tona. Noticiase tudo, a respeito de todos os países. E segundo uma tabe la de valores bem diversa. E o que faz esta sarabanda informativa? Interessa? Atrai? Orienta? - A meu ver, o mais das vezes causa acabrunhamento, superexc itação, e por fim tédio. Sim , o tédio dentro da superexcitação; ei s o estado de espírito que a pletora inform ativa cria em muitos e muitos de nossos contemporâneos. Em suma, todos sabem de tudo, não entendem nada, alguns ficam com os nervos a tinir, e quase todos, à falta de melhor, bocejam. - E como poderia ser de outra manei ra? T ud o parece estar continu ame nte co rrend o para um ab ismo ... que nunca chega ou pode chega r de um momento para outro. 1--.1 - Tudo pode acontecer. Ou nada acontecení. Ninguém se entende. Mas, d ir-me-á alguém, aí o mal não está ·tanto no excesso de notíc ias como no excesso de desordem. - Concord o. Os dois fatores se somam.
r... ] -
-CATOLICISMO
M as perg unto: até que ponto a desordem dos fatos , j á de si tão imensa e tão trág ica, é ainda agravada pelo sensac ional ismo trepidante dessa superprodução info rm ativa? E, principalmente, a quem aprove ita essa superexc itação? - E que efeito produz aqu i ? O q ue é próprio do atu rd imento senão desanimar e tirar a vontade de lutar? O declínio da vontade de lutar j á a metade da derrota ... É para este íenô mcno, qu peço a atenção dos ho mens capazes de lhe encontrar rcm dio. • Trechos ele arli go cio Prol'. Plinio ele S. Pau lo" ele 23-5- 197 1.
orr ' a ele
li vl:irn, puhli ·ado na " Folha
4
CARTA DO OIIU:'l'()R
Pensamentos Consoladores - III
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LE1n;1v, EsP11uTuA1 ,
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SAN'l'Os 1,: l◄'i-:sTAS oo M1~:s
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CommSPONDl~:NCIA
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SANTOS
São Caetano de Tiene
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Causa da diminuição de católicos
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CAPA
39
ENT1mv1sTA
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INTi-:1~NAct0NA1,
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Nº 740
Nudismo e Revolução - I
Nudismo e Revolução - II
Malogro do alarmismo ecológico na mo+ 20 Denúncia do eco-terrorismo na mo+20 Paraguai: análise do impeachment
CoN·1·1~A-REv01.tJc10NAmA
Lord Christopher Monckton
AMHU:Nl'l•S, COS'llJI\US, Civn ,IZ/\ÇÜl.•S Nossa Senhora e o Divino Infante: amor materno e amor filial arquetípicos
Nossa Capa:
Montagem com fotos de Marcello Casal Jr/ABr
AGOSTO 2012 -
Quem confia em Deus não será confundido
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (Oxx11) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catollcismo@terra.com.br Home Page: www.catoliclsmo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Agosto de 2012: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Poluição, buraco de ozônio, gás metano, aquecimento glogal, furacões, tsunamis: esses e outros termos e fenômenos, explorados pela mídia, tornaram- se um pesadelo para os nossos contemporâneos e, portanto, também para o leitor. No recente mega-evento denominado Rio+20, o alarmismo e as distorções operadas a respeito desses temas chegaram a um auge durante as conferências internacionais ocorridas na capital carioca. Elas amplificaram o terrorismo causado pela manipulação dessas temáticas diante de um público desinformado, que ignora o verdadeiro sign ificado delas. E para agravar a situação, um setor dos cientistas, bafejados pelas tubas da propaganda, entra em conivência com as ameaças "apocalípticas" desse tipo de movimento ecológico. O que fazer diante da pseudo-ameaça catastrofista para o planeta? É tradição de Catolicismo , nos 61 anos sua existência, sempre denunciar e combater os principais inimigos da civilização cristã que surgem em cada época. Seguindo a mesma linha, julgamos necessário abordar na matéria de capa desta edição o que ocorreu na Rio+ 20, ademais de proporcionar ao leitor uma substanciosa entrevista que nos concedeu nessa ocasião uma auloridade internacional na temática ambientalista: o Lord Christopher Moncklon, atual conselheiro-chefe de política do Instituto de Ciências e Políti ·as Públicas do Reino Unido. O ilustre entrevistado, com segurança e fleugma tipi ca rn nl ' britânicas, responde a várias questões e denuncia a tentativa da ON d · s' tornar uma espécie de governo mundial, bem como o interesse id o i> 1 i ·o d' diversas organizações ambientalistas dirigidas por pessoa d xlr •11111 •squ 'rcla. Também nesta edição, relatamos as campan has d· 'S ·lar · ·im ·nlo realizadas nas vias públicas do Rio de Janeiro e nos lo ·ais do s ·0111' •rências da Rio+20 - empreendidas tanto pelo Instituto Plinio ('orr "de Oliveira corno pela Campanha Paz no Campo. Nessa alua '< ·s, a111h11 s as iniciativas apontam os objetivos do movimento ecol g isla, qu • sob o pr ·Lcxlo de catastrofismo almeja implantar o totalitari m o mi s ·r11hi li s1110 lribalista. Por estas breves considerações, os prezacl s 1'itor ·s j11 pod ·111 avaliar a importância de tais matérias para a informa ão ' rornw ·1 o d · lodos os que desejam defender os elevados ideais da civiIiZél\;Hl ·ri sltl di1111l l' d11 avalanche publicitária atual do neopaganismo eco l gi · . Desejo a todos uma profícua leitura,
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A pós tratar da importância de se conformar com a vontade de Deus, São Francisco de Sales, na obra Pensamentos Consoladores, escreve sobre a excelência da virtude da confiança rme-se contra mim o céu, amotinem-se a terra e os elementos; declarem-me guerra todas as criaturas; nada temo; basta-me saber que estou com Deus e que Deus está com igo. [... ] Nunca nosso bom Deus nos abandona senão para melhor nos reter. Nunca nos deixa senão para nos guardar melhor; nunca lu ta conosco, senão para se entregar a nós e nos abençoar. [...] Como seríamos felizes se, submetendo nossa vontade a Deus, O adorássemos quando nos envia tanto tribulações quanto consolações, crendo que os diversos sucessos que nos env ia a sua divina mão são para utilidade nossa, para nos purificar na sua santa caridade. Embarquemo-nos, pois, no mar da Providência divina, sem alimentos, sem remos, sem velas, e finalmente sem preparativo algum . Mas deixemos a Nosso Senhor todo o cuidado dos nossos negócios, sem réplica nem termo algum; a sua bondade suprirá a tudo. [.. .] Ruja, pois, a tempestade; não morrerei s porque estais com Jesus . Se vos assaltar o temor, gritai: Ó meu Salvador, sa lvai-me! Dar-vos-á a mão; apertai-a e ide, contentes sem filosofar sobre o vosso mal. Enquanto São Pedro confiou, não o submergiu a tempestade; mas quando temeu, afogou-se. O temor é um mal ainda maior do que o próprio mal. Quanto a mim, há ocasiões em que me parece não ter mai s força para resistir, e que, se se apresentasse a ocasião, sucumbiria; mas então mais confio em Deus, e por mais certo tenho que em presença da ocasião Deus me revestiria com a sua força e devoraria os meus inimigos como argueiros . Sirvamos, pois, hoje a Deus e Ele amanhã providenciará. Cada dia terá seu cuidado, pois, Deus, que rein a hoje, reinará amanhã. Ou não vos enviará males, ou se vos enviar, dar-vos-á a coragem precisa para os suportar. Se so is tentados, não desejeis ser livres das tentações. É bom que as experimentemos, para termos ocasião de as combater e colher vitórias. Isto serve para praticar as virtudes mais excelentes e estabelecêlas solidamente na alma. •
A
* S ão Franc isco de Sa les, Pensamentos Consoladores, Livraria Sa les iana Editora, São Paulo, 1946, pp. 105 a 108.
AGOSTO 2012 -
7 São Caeta no ele Ti enc (Vide p. 14)
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1 São Félix de Gerona , Mál'Lir + Es panh a, séc. IV. "Depois de sofrer vários tormentos, foi açoitado por ordem de Daciano até entregar a Deus sua alma invicta" (MR).
2 São Pedro Julião Eymarcl, Confessor + Fra nça, 1868. Fundador do Instituto do Santíss imo Sacramento para a adoração perpétua, seus úl timos anos fora m repletos de sofrimentos. Dizia a Nosso Senhor: "Eis-me aqui, Senha,; no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me, daime a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça".
3 São Dalmácio, Confessor
+ Constantinopla, séc. V "Era monge havia 48 anos, em 431, quando saiu p ela primeira vez de sua clausura, acompanhado de sua comunidade, para intervir no Concílio de Éfeso emfavor dos bispos.fiéis, privados de sua liberdade p elos nestorianos" (RM) Primeira Sexta-feira do mês.
4 São ,João Mmia Vianney, Cura d'J\rs, Confessor, Patrono dos párocos
+ Ars, 1859. Sua fa ma de pregador e confessor atra ía pessoas de todas as partes da França. São Pio X nomeou-o patrono de todos os párocos e pastores de almas. Primeiro Sá bado do mês.
5 Nossa Senhora das Neves
6 Transfiguração de Nosso Senhor ,Jesus Cristo
14 Santos Auxiliares Estes santos são ass im denominados pela efi các ia de sua intercessão nos seguintes casos: São Jo rge (contra as doenças da pele); São Brás (ga rga nta); Sa nto Erasmo (intestinos); São Panta leão (fraqueza); São Vi to (coréia ou da nça de São Vi to); São Cristóvão (furacões, pestes, viagens); São Dinis (possessões diabóli cas); São Ciríaco (olhos e possessões); Sa nto Acác io (doenças na cabeça); Santo E ustáqui o (p reservação do fogo eterno); Santo Eg ídi o (pâ ni co, lo uc ura, me dos no turn os); Sa nta Margarida (rins e grav idez) ; Sa nta Bá rbara (raio e morte repentina) e anta Cata rina de A lexa ndri a (esluda ntes, oradores, advogados).
uma gra nde alma, ob aparência hu mil de. Alexandre era filósofo e exercia aq uela fu nção por humil dade. ovcrnou sua diocese co m abcdo ria e prud ê nc ia, recebendo a coroa do martírio sob o imperador Décio.
12 Sa nta l lilá1•i·1 e Companheiras, Mártires
+ Alemanha (atual), séc. li l. Mãe de Sa nta Afra, fo i apa- nh ada por pagãos depois do martírio da fil ha, quando rezava em sua sepultura. Estes atearam fogo às suas vestes, morrendo ela pela fé de Cri sto com três criadas: Digna, Euprébia e Eunônia.
13 São Cassiano, Má1'Lir
+ Itáli a, séc. 111. Me tre-esco la
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muito consciencio o no cumprimenlo do dever, por sua fé em Cri sto fo i conde nado à morte. O j ui z de u plena li berdade aos seus alunos pag, os para fazerem com ele o qu qui sessem, até levá-lo à 111 rl •.
Sa nto Osvaldo de Nortúmbria, Confessor
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+ Inglaterra, 642. F ugindo para a Escócia quando seu pa i fo i derro tado e morto, co nverteu-se ao cri stiani smo. Com ajuda ce leste, derroto u os re is da Mércia e de Ga les, reconqui stando o reino da Nortúmbria, do qual se torno u rei.
10 Santo Hugo de Montagu, Confessor + França, 11 35. Monge de Cluny, fo i eleito Abade de São Germano de Auxerre, e depois bispo dessa cidade. Notáve l por seu zelo e fé , favo receu a nascente Orde m de Cister.
Sa 111.0 11:11t-i( hlo, Co11l'ot-iH01 • + Roma, sé'. IV. Pm sua fide lidade à ort odo 111 l'Ul úlica, fo i preso c m u111 q11 11rl o de sua própria 'II H!I p 110 h ·rético i111° perado r ( '011HI 111·!0, Sçtc meses depois, r 11d 11 1111 •1-1plrito. Uma igrcju qu l1 111d 11 11110 lisqu ilínio rccob ·u s 111 n1111111,
Santo Alexandre, o Cai· voeirn, Bispo e Mó1•1,lr·
+ Séc. lll. Vaga nd o a S I d , Comona, na Ásia Menor, prn zo mbar ia a lg uém su , 1·111 para sucessor o carvo ·1 111 local. São Gregóri o, o '1'11 11 mat urgo, levo u n rol 11 11 sério, po is perccb ·u 110 111111, 1
Santa Clara de Monte[alco, Virgem + Itália, 1308. Entrou aos sete anos de idade para o convento da Santa Cruz, onde era superiora sua irm ã, e logo demonstrou tanto fervor quanto as melhores noviças. De elevadíssimo grau de recolhimento, fo i agraciada por inúmeras aparições de Nosso Senhor e da Virgem Santíssima. Falecendo sua irmã, foi eleita por unanimidade para substitu í~la, ocupando o cargo até a sua 11101te aos 33 anos.
18 Santos Florêncio e r.aul'o, Mártires + Ás ia Menor, séc . ll. Era m irmãos e talhadores de pedra. Quando te rminaram de edificar um templ o pagão para Próc ulo e Máx imo, fora m conve1t idos juntamente com os do is propri etá rios, que os precedera m no martíri o.
19 São João Eucles, Conl'essm: Sa nto Ezequiel Moreno Dias,
Bispo e Conressor + Espanha, l906. Miss ionário agost ini ano, passo u l 5 anos evange li za nd o as Fili pin as, depo is a Co lômbia, onde fo i e levado a vigá ri o apostó li co de Casanare, e depo is a bispo de Pasto.
sacrifíc ios aos ídolos. Morreu em virtude dos maus tratos.
22 (A nti ga mente: Jmac ul ado Coração de Maria)
23 Santa Rosa de Lim a, Padroeira ela América LaLina + l 6 17. Aos cinco anos fez voto de virgindade, vive nd o entre extraord iná ri as penitências e mo rti ficações, perseg ui ções d ia bó li cas e co muni cações divinas. Tinha frequentes colóquios com seu anj o da guarda e com a Mãe de Deus, e fo i a primeira sa nta elevada à honra dos altares no Novo Co.ntinente.
24 São Bartolomeu, Apóstol o
25 São Luís, Rei de França, Conl'essor de estadi sta e de admini strador cristão. Empreendeu duas cruzadas, morrendo na segunda, atacado pela peste. Devotíss imo da sagrada Paixão, fez construir a fa mosa Sainte Chapelle em Pa ri s, verdade iro re li cário de pedra e vitrais, para abriga r a coroa de espinhos do Sa lvador.
26 São Ces1:freo de Arles, Bispo e Conressor
20
+ F ra nça, 543. "Monge de
São Samuel, Proreta do Antigo Testa mento
Lérins, eleito mais tarde bispo de Arles. Fez-se o advogado da população galo-romana junto aosfi··ancos, pres idiu importantes concílios provinciais e estimulou a instituição monástica, redigindo duas regras nas quais tenta uma síntese das tradições egipcia e agostiniana" (M RM).
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+ França, séc. UI. Fo i aprisiona-
Sa nta Mônica, Viú va . Nossa Senhora dos Prazeres
do du rante a invasão dos alamanos. Ao tentarem que ele os ajudasse a entra r nu m caste lo fo rte onde estavam seus diocesa nos, negou-se, bem como a oferecer
Um dos seus sa ntuá ri os mais fa mosos é o dos Montes Guarara pes, em Pernambuco, loca l onde se travo u a bata lha mi raculosa e dec isiva dos brasileiros
São Privato, Bispo e MárLir
28 Sa nto /\gosLinho, Bispo , Conressol' e Doutor da Igreja + Hip o na, 430. De le di sse Leão X III : "É um g énio vigoroso que, dominando todas as ciências humanas e divinas, combateu todos os erros de seu tempo". Morreu quando os vâ n-
dalos punham cerco à sua sede epi scopal, a cidade de Hipona, no norte da África.
29 Degolação de São João Balista + Palestina, séc. l. Confo rme narra o Evangelho, a santa intra nsigência do Precursor em condenar a vida pecaminosa de Herodes fez com que este o mandasse degolar, cedendo às maqui nações vingativas de sua concubina.
+ Tunísia, 1270. Fo i mode lo
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Judéia, séc. XI a.C. "Amado por Deus, [ .. .] Profeta do Senho1; estabeleceu sua realeza e julgou a assembleia segundo a lei de D eus. Antes do tempo do sono e terno, ninguém se levantou para o acusar" (M RM).
cont ra os hereges ca lvini stas, na qual estes fora m defi ni tivamente derrotados e expul sos do Brasil.
Nossa Senhora Rainha
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Intenções para a Santa Missa em agosto Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre Dav id Franc isquin i, nas seg ui ntes intenções: • Pe l os mér itos e gra ças da Assun çã o da M ãe de Deus aos Céus - principa l ce lebração mariana deste mês - , rezando pe la fide li da de do clero brasi leiro à o utênt ica doutrina ca tó lica, para que o Brasil e nossas fam ílias se jam preservados das heres ias e do ateísmo.
~JO Santa Margarida Wmct. Má rLir + Inglaterra, 1588. Da nobreza britânica, foi presa com seu servente irlandês João Roche, por ter aj udado a fuga do Pe. Ricardo Watso n. Fo i-lhes ofe rec ida a liberdade, se ped issem perdão à ímpia lsabel I e denunciassem o esconderijo do sacerdote. Recusando-se a isso, fora m enforcados e esqua1tejados em Tyburn.
;J1 São Pa ulino de Tréveris , Bispo e Con ressor + Tréveris, 358. Defensor da fé no Concí lio de N icéia e gra nde partidá ri o de Sa nto Ata nás io, fo i por isso ex ilado pelo imperad,or ari ano Constâ ncio para a As ia Meno r, onde morre u entre não católi cos, vítima de sofrimentos e fad igas . Notas:
- Santos já ap resentados em ca le ndá ri os a nte ri ores são a pe nas me ncionados, se m nota biográfica. - MR: Martirológ io Romano; - MRM : Martirológio RomanoMonástico.
Intenções para a Santa Missa em setembro • Em honra do Exa ltação da Santa Cruz de N osso Senhor Jes us Cristo - festa que se comemora em setembro - , ped indo poro todos os co laborado res, assinantes e leitores de Catolicismo o amor à Santa Cruz e as forças necessárias para suportarem cora josamente as cruzes que se apresentarem ao longo de suas vidas. Tam bém pedi ndo graças especiais poro que os b ras il e i ros não ace item o novo antepro jeto de Cód igo Pena l, que contém mu itas normas opostos à doutrino mora l da Santa Igre ja.
Através de Santa Joana d ' Are, a Providê nc ia sagra o re i da F rança. Assim ta mbém, os redatores de Catolicismo sa lie ntam a g randeza das tradições monárquicas, e, ao invés de di scutir a form a de governo, mostram os imponderáveis da monarquia. Enfim , como Santa Joana fo i condenada pelo bispo Cauchon, são os redatores de Catolicismo mal interpretados por inúm e ros c lé ri gos, c uj a di gnid ade sempre defendem. Por tud o isso, Catolicismo, e m minha modesta op ini ão, está cumprindo o essencial da mi ssão póstuma de Santa Joana d' Are. (C.de e. - SP)
A Santa Gue1reira Prezado Ami go Dr. Paul o Corrêa de Brito Filho DD Diretor de Catolicism.o Venho c umprime ntá- lo pelo exempl ar de Catolicismo de julho de 201 2, que me causou grande impacto. A capa, mostra ndo a estátua dourada ele Santa Joana d' Are, foi um "fl ash" ela gloriosa mi ssão ela Santa guerreira ... e ta mbém ela mi ssão ele Catolicismo. O artigo do Sr. Luís Dufa ur, come morando o VI Cente nári o da Santa, fo i um dos ma is co mpl e tos estud os rea li zados sobre a heroína francesa, condensados nos limi tes de um artigo, que pude ler. Depois encontrei a reportagem do Sr. Marcelo Dufa ur, sobre o entusias mo do povo nos 60 anos de reinado da ra inha E lizabeth II. A conexão dos ass untos me deu a conhecer a profund a analogia entre a mi ssão de Santa Joana d' Are e a do mensário Catolicismo. Deus Nosso Senhor, para humilhar os genera is fra nceses, já quase todos infectados pelo vírus do que depois seri a a Revolução, não susc itou algué m dentre eles para condu zir os soldados à vi tóri a, mas uma jovem pastora da Lore na. Ass im ta mbé m, na débâcle da c ivili zação pseudoc ri stã oc ide ntal, não esco lhe uma assoc iação de sacerdotes, mas um gru po de leigos, e de alguns poucos sacerdotes, para, através de Catolicismo, cond uzir o combate até a vi tória fin al, prev ista em Fátima.
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CATOLI C IS MO
Ave Maria ~ Acredito piamente que o Santo Rosário tem ori ge m bíb lica, contrari ando exatame nte os cegos que nada veem. Vejamo o trecho do Eva ngelho ele São João, que nos fala ele Cri sto Ressuscitado à beira do Lago de Genesaré vendo aqu e les home ns ca nsados, po bres pescadores que passaram a noite na sua labuta sem nada conseguir. Jesus os manda lançar as redes um pouco adiante e eis que estas se enchem de enormes peixes. São 153 e normes peixes que aquelas redes apanharam, número exato de Ave Mari as contidas no Santo Rosário. "Farei de vocês pescadores de almas", disse uma vez Jesus Cristo. Sim, se fi zere m tudo o que Ele vos disser, di sse Maria Santíss ima (Jo 2, 5). No Apocalipse, o Anj o do Senhor incensa o Tro no de Deus co m um Turíbul o d Ou ro. Sim , com as brasas reti radas da Pira Sagrada diante do Tro n cl 1 ·us. As brasas são as nossas oraç ·s, q11 • o Anj o apresenta ao Senhor, símbo lo de nossa Fé, ainda presenl ' · vivu no mundo. A prime ira pa rt da Av • Muri u, contida no Evangelh o d1· Lul'ns, < a Me nsagem de Deus Pai n Mul'i u, que no SIM ace ita a M isst o d · , ·rur Filho de Deu . sla lumh 111 11 Mi ssão Ol':H,'l o d · .1 ·sus. O de Gerar o Rosári o e ra r zado :11 11 11pl' IHI S com
a primeira parte: Ave Maria cheia de Graça, o Senhor é convosco, e bendito é o fruto de vosso ventre, Jesus. A segunda parte ela Ave Maria tem origem na Ordem da Igreja Católica mais antiga: a Orde m Carmelita. São Simão Stock, Prior da Ordem Carmelitana, na hora de sua morte rezou uma Ave M aria, completa ndo: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte, Amém" . Sim, Nossa Senhora é Mãe de Deus, o Verbo E ncarn ado. Mari a, na vi si ta que faz a Sa nta Isabel, cheia do Espírito Santo, esta excla ma: "De onde a minha honra para que a Mãe do meu Senhor venha me visita r?" Ora, o Senhor de Isabel é Jesus, Deus Filho, também Filho de Mari a. Tudo isso é extraordinário. (A.L.S. -
CE)
A palavra do Sacerdote ~ Quero parabeni zar ao Cônego José Lui z pe lo seu be líss imo texto sobre as almas do purgatóri o e as almas de pessoas homicidas. Jus1·amente porque nesta semana houve um ca.· o de hom icídio e os fi i. sl~war . u ti nando se celebra mi ssa ou não. E e te tex to veio es lar · ' r muitas dúvidas.
(M.L.C.F. -
BA)
Clw11é,11,'i, véus e hierarquia
M Sou aluna do c urso de moda da fit ·ul dud ' FMU - Faculdade Metropoli tan as Unidas. Estou faze ndo um lr:tbalho em fo rma de artigo para ser ·nlr ·g ue na matéri a de pesqui sa e metodologia científica e li o seu t xlo no site www.cato licismo.com · jartigo de Nelson Ribeiro Frage lli , lição de atolicismo de nove mbro/20 1 11, Gostari a de saber se poderi a m 111 ' 1wiar alguma curios idade ou um ·om ·ntário sobre o tema inicial do m ·u lrnhalho. A pesquisa é baseada no nt ·11di mento da uti lização do chap u ·011m símbo lo de organização hie rárqui rn 11 a Igreja Católica e a relação ·0 111 :1 sod ·dade. Parabéns pelo seu arti o, l' il' 11cendeu
a minha curios idade de pesquisar mais a fundo sobre o te ma. (T.R.C. - SP)
Resposta do autor do artigo O fato de meu artigo sobre o uso do chapéu servir de inspiração para seu trabalho deixa- me contente. E m primeiro lugar porque você dirige sua atenção para o as pecto simbólico do chapéu em geral; e em seguida porque esse simbolismo deve ser visto na organização hierárquica da Igreja. O chapéu, marcando as necessárias e inevitáveis diferenças sociais, marca també m as diferenças de dignidade no interior da Igreja. Assim, você vê na ilu stração desse meu artigo, pelo menos seis tipos de chapéu adotados até havia pouco por eclesiásticos: do simples chapéu do vi gário, passando pelo chapéu dos bispos, dos cardeais, até o do Papa - quando em sociedade. A elevação do sacerdócio é ainda marcada pelos chapéus portados apenas em cerimônias litúrgicas: solidéus, dois ou três tipos de barretes, mitras - sem mencionar as belas e ricas cobertu ras de cabeça dos ritos católicoromanos orientais. Nas Orde ns fe minin as , os difere ntes cortes dos véus eram símbolo do recato da mulher consagrada ao serviço di vino. O véu confere uma aura de im penetrab ilid ade, a um e nta nd o o mistéri o de uma alma imolada. A freira, ao receber o véu, deixava de ser a pessoas até então ex istente para assumir uma nova personalidade. O véu das carmeli tas, por exemplo, é muito longo - e, portanto, pesado - simbolizando o domínio de Cristo sobre a pessoa, desde a cabeça, abrangendo todo o corpo. Conh ec i na c id ade de Roma as religiosas fund adas por Santa Brígida da Suécia http://www.google.fr/ sea.rch?q=Sainte+Bri gitte, c ujo véu é recoberto por duas lindas faixas onde estão pintadas as chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. O véu outrora portado pelas irmãs be neditinas era ainda mais abundante e m pa nos , si mbo li zand o maior recolhime nto.
A hi erarqui a era ta mbém marcada pela dife rença e ntre os véus das postul antes, das noviças e das irmãs professas. Muito particul a r - e es pec ialme nte belo - era o véu outrora usado pelas freiras da São Vicente de Paul o. E m francês ele se chama cornette. Na ilustração de meu artigo ele aparece sob o nome de ioca. Ele competia em beleza, na coite da França, com os mais belos chapéus das damas da nobreza. Di áfano, leve, com longas abas engomadas, ele oscilava, com o caminhar das fre iras, como asás de anj o, simbolizando assim a graça fe minina, bem como a delicada proteção dada aos necessitados. E las eram chamadas "irmãs de caridade". Esse véu - praticamente um chapéu - marcava presença em todos os ambientes, aliando a doçura à autoridade. Envio- lhe duas imagens desse véu, embora não boas. Nos últimos 50 anos ve m sopra ndo sobre a Igreja ventos de igualitari smo. O desej o de elimin ar os s in ais de hi erarqui a ve m marcando inúme ras transformações, que e u poderi a melhor des ig nar co mo destrui ções. Ass im , esses véus desapareceram. Os novos véus não mais refl etem a alta dignidade da vocação reli giosa. Sob pretexto de simplificação eles se vul gari zaram. O véu e o hábito velavam o lado humano da freira - bem como do sacerdote-, deixando transparecer ape nas a dignidade de alma co nsagrada. Hoj e, veste m-se essas reli g iosas co mo mulh e res co mun s da soc iedade. E estas, fo rçosamente, por não estarem obri gadas à pobreza, superam as religiosas e m bom gosto e freque nte mente e m elegâ ncia. As religiosas perdem assim prestígio aos olhos ele todos. E com isso perde a própria Igreja influência sobre as almas. Aqui está a relação da abolição do véu eclesiástico com a soc iedade - tema de sua pesquisa. Espero que estas considerações possam trazer alguma inspiração ao prosseguimento de seu trabalho. Desejo-lhe todo sucesso. Nelson Fragelli .
FRASES SELECIONADAS
(( O ma[ da i911afáade
é que a desejarrws
apenas para os nossos superiores" (1-1. isecque)
''Onde muitos mandam ninguém o6edece, ttuío fenece" (Avltigto -português)
'(Uma 6oa ca6eça é melhor do que.100 mãos fortes" (TV\OW..ClS
FuLLev)
((Uma cabeça má amLína o co-rpo inteiro" (Mcivquês vle MClrfoti)
'(Quem se ~e senhor de si mesrrw, faz-se cliscípufo de um insensato" (Sêío lsevV\-Clvvlo)
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
AGOSTO 2012 -
■ Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
Pergunta 1 - Os jornais destes últimos dias estiveram cheios de notícias sobre a descoberta, pelos cientistas, da chamada "partícula de Deus". Qual é o alcance dessa descoberta para a nossa Religião?
Entre os leitores de Catolicismo certamente há pessoas com formação universitária capaz de entender as comp li cadas matérias científicas envolvidas na descoberta em questão. A maioria de nossos leitores, entretanto, mesmo entre os que têm uma formação cu ltural acima da média, não terão essa possibilidade. Isso, entretanto, não os impedirá de compreender o a lcance dessa descoberta para a confirmação de um ponto básico da nossa fé, como é a existência de Deus. Por i so, pareceu-nos que a presente pergunta dá ensejo a corroborá-los nesse ponto fundamenta l da doutrina da fé. Os cientistas constatam e ana li sam fatos, e com eles e laboram uma visão do universo físico, porém não sobem até considerações metqfisicas, palavra de origem grega que indica aqui lo que está além do flsico. As ciências físicas, portanto, não podem provar a existência de Deus, pois isso está acima de sua competência. Mas a visão do universo que delas decorre permite que os homens, a partir dela, cheguem ao conhecimento certo da existência de Deus. A li ás, a simples contemp lação do universo basta aos homens para chegar a esse conhec imento certo. Por isso, diz São Paulo, em sua epísto la aos Romanos, que os homens que negam a ex istência de Deus são inexcusáveis: "Porque o que se pode conhecer de D eus é-lhes man(festo, porque Deus lho manifestou. Porque as coisas invisíveis d'Ele, depois da criação do mundo, compreendendo-se p elas coisas feitas, tornaram-se visíveis: assim, o seu poder eterno e a sua divindade; de modo que são inexcusáveis" (Rom l ,20). Assim, se mesmo um homem de pouca cu ltura, olhando a grandeza do universo, pode chegar ao conhecimento certo da existência de Deus, quanto mais cientistas que, anali sando com os seus moderníssimos instrumentos de observação a arquitetonia do universo, estão em condições de tirar, para a lém da física , a conclusão da existência de Deus, constatando "o seu poder eterno e a sua divindade". De modo que eles, mais que os ignorantes, "inexcusabiles sunt" se não reconhecem a existência de Deus, como diz São Paulo.
Resposta -
Alcunha inapropriada, porém muito sugestiva Ao longo do século XX, os cientistas e laboraram um Modelo Padrão da Física, para expli car o comportamento do universo em escala sub-atômica. Esse modelo comportava a ex istência de 32 partículas, das quais 31 já haviam sido geradas e detectadas em ex periências. Fa ltava comprovar a ex istência de uma, cujas características haviam sido descritas pe lo físico ing lês Peter Higgs, que por isso leva seu nome: bó ·on de f-liggs. Esta partícula "seria responsável por dotar
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CATOLICISMO
de massa todas as demais partículas. Isso teria ocorrido no primeiro trilionésimo de segundo após o Big Bang, a grande explosão que deu origem ao Universo. E é por isso que, para horror de muitos cientistas, o bóson/oi apelidado de partícula de Deus" (CesarBaima,Habemus Higgs, "O Globo", 5-7-12). Outro articulista acrescenta as seguintes explicações: "A alcunha foi dada pelo prestigiado flsico Leon Lederman (vencedor do Prêmio Nobel em Física e autor de The God Particle, livro que explica a teoria para o público leigo), pelo fato de o bóson de Higgs ser a partícula que permite que todas as outras tenham diferentes massas. Ele fez uma analogia com a história bíblica da Torre de Babel, em que Deus, ao se enfarecer com a soberba dos homens, faz com que todos falem línguas diferentes. Da mesma maneira, o Higgs faria com que todas as partículas tivessem massas variadas. O nome pegou, mas a maior parte da comunidade cientifica prefere chamá-lo mesmo de bóson de Higgs, para que a brincadeira não distorça o real significado do trabalho ou atribua a ele alguma conotação religiosa imprópria. Ateu, Higgs também não gosta da alcunha" (Salvador Nogueira, Provável 'partícula de Deus' foi achada, a.firmam flsicos, "Folha de S. Paulo", 5-7-12). O fato é que, depois de laboriosas experiências realizadas no Grande Colisor de Hádrons (LHC) do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), em Genebra, os cienti tas consideraram que havia base sólida para anunciar que o bóson de Higgs havia sido descoberto: "Do ponto de vista de um leigo, eu diria: 'Achamos!'. Do ponto de vista d um cientista, eu pergunto, 'Achamos o quê?"', di sse R I f I Jeuer, diretor-geral do Cem. "Descobrimos um bóson, que muito provavelmente é o de Higgs. Mas ainda precisamo · studar a fundo suas propriedades para ter certeza" (Jamil hade e Herton Escobar, Cientistas descobrem partfcula qu pode explicar origem dó universo, "O Estado de . Paul ", 5- 12-12). Prossegue este últim arti go : '"Estamos apenas no começo. Peço às pessoas, m ,.,pecial aos flsicos teóricos, que sejam pacientes ', disse' o p ,.1·quisadora Fabíola Gianotti, arrancando risos do auditório. [ .. .} Fabíola apresentou os resultados do exp >rlml'nto Atlas, um dos dois gigantescos detectores usados poro estudar as partículas geradas nas colisões do LN . · r7o resultados muito preliminares, mas muito sólidos. aso co11tl'(Írio, não os apresentaríamos', disse Joe Jncandela, porto- voz do outro experimento, chamado CMS. 'Encon tramos al1,10 muito profando, diferente de qualquer outra partlrnlo '". Segundo us pruxcs acadêmicas, o anúncio dessa descoberta crá o •orn :whm ' lido à analise da comun idade científica mundiul. 1) • suo parte, Ronald Shellard, fisico de partículas do ''nlro Hrnsil ·iro de Pesquisas Físicas e vice-presidente da Sn ·i dud • Brasilei ra de Física, comenta: "A descoberta rnma 11111<,lor,fi' ito intelectual da humanidade até agora, uma
teoria que explica uma infinidade de fenômenos. Mas, para o LHC, ela é apenas o começo" (cfr. Sa lvador Nogueira, artigo citado). Este articuli sta acrescenta: "Há a possibilidade de que a nova partícula não seja o H iggs previsto pela hipótese original, mas o primeiro membro de uma familia ' de mais de um H iggs - ou algo ainda mais estranho". Se assim for, os cientistas descobriram algo que ab re uma janela para um novo panorama ainda desconhec ido pela ciência, que agora devem explorar. Quando os cientistas acreditavam ter conc luído a decifração de um mistério, e is que outro mistério se apresenta d iante deles!
O universo será sempre um mistél'io para o homem ! Tudo isto acontece porque o universo é uma criatura de Deus, um fruto da mente divina, que o homem não pode jamais abarcar. Nem toda a eternidade do Céu será suficiente para o homem compreender a Deus inteiramente. No Céu, o homem nunca se saciará de Deus, porque Ele sempre mostrará de Si a lgo novo aos bem-aventurados, por toda a etern idade. Ca indo dessas a lturas celestes para o uni verso em que vivemos, consideremos como, por cerca de 250 anos, imperou na ciência a teo ria da gravitação universal de Newton . Pouco a pouco foram aparecendo fatos que a teoria de Newton não explicava. Veio Einstei n com sua teoria de que a massa encurva o espaço em to rno dela. Isso permitiu so lucionar várias das di screpâncias apresentadas pela teoria de Newton. Mas em que consiste propriamente a força da gravidade contin ua até hoje inexplicado. Agora, espera-se que a descoberta do bóson de Higgs permita lançar alguma luz sobre a natureza da força da gravidade. O fisico Alberto Santoro, professor da Uetj e um dos principais
cientistas brasileiros no Cern, observa que "a descoberta da nova partícula abre a por/apara avanços em vários campos da flsica, como a supersimetria, na busca pela chamada 'teoria do tudo ', que uniria sob uma única égide as quatro forças fundamentais do Un iverso - gravidade, eletromagnetismo, nuclearforte e fi-aca. - Matéria escura, assimetria, matéria
e antimatéria, dimensões extras, são muitas as questões em aberto - explica. - Até o final dessas experiências, dentro de pelo menos 20 anos, vamos poder d~finir a ciência antes e depois do LHC" (cfr. artigo de Cesar Ba im a citado). O já mencionado Joe lncandela aponta as mag níficas perspectivas que agora se abrem para os cientistas: "Estamos penetrando na estrutura do universo em um nível que jamais tínhamos alcançado até agora. Isto está nos dizendo alguma coisa. É a chave da estrutura do universo. Estamos agora nafronteira [do nosso conhecimento]. Estamos 110 limiar de uma nova investigação, e isto poderia nos revela,"·· - talvez não vejamos nada de extraordinário, e talvez p ercebamos que é apenas parte da história que já conhecemos; ou talvez <iescobrimos um campo inteiramente 110110 de pesquisa" (Scientists May Have Found 'God Particle', ln The News in voaspecialenglish.com, 6 de julho de 20 12). Daqui a 20 anos , di ante das novas descobertas até lá realizadas, muitas questões serão solucionadas ... e muitas questões novas se apresentarão aos cientistas. Quem, por brincadeira, denominou o bóson de Higgs de "partícu la de Deus", fez ma is que uma brincadeira. Estava remetendo para uma coisa muito séria: a compreensão de que, por mais que a ciência avance, a mente divina, que di spôs com infinita sabedoria todas as coisas do universo, continuará sendo sempre um mistério para os homens! • E-mail para o autor: catolicismo@terra com br
AGOSTO 2012 - -
Plebiscito em Liechtenstein confirma a monarquia
Narcotráfico na Argentina atraiu onda de bruxos
76% dos habitantes do principado de Liechtenstein confirmara m o poder de veto do príncipe soberano do pequeno Estado, inclusive em matéri as aprovadas em eleição. No Liechtenstein , mais de 90% dos habitantes são católicos e o aborto é ilegal. O príncipe herdeiro, Aloísio, anunciou que vetaria qualquer reso lução que favorecesse o massacre de inocentes. Ativistas republicanos pediram então um plebiscito para cassar esse poder. A questão do veto transform ou-se numa outra questão: abolir ou não a monarquia sob o influxo de esmagadora propaganda republicana. Mas a população menosprezou essa propaganda e manteve a prerrogati va régia. "O Príncipe [Hans Adam de L iechtenstein] representa o país, ele é a garantia de nossa soberania e de nossa es-
narcotráfi co co lombi ano está desenvolvendo intensamente sua rede na Argentina, beneficiado pelas cumpli cidades que encontra no reg ime esquerdista de Cri stina Kirchner. Laboratórios de droga, lavagem de dinheiro e sicários assassinos colombi anos entrara m no panorama platino. Mas veio junta uma surpresa pior: a proliferação de bruxos, videntes, tarotistas e xamãs, que invoca m as potências infe rnais para "proteger" os trafi cantes, adi vinhar os dias pro píci os para o transporte das droga e lança r maleficios contra os adversários do narcotráfico. Esses cul tos pagãos e supersticiosos incluem assass inatos ri tuais e acertos de contas entre "bruxos" e "parapsicó logos" ocul tistas. A po lícia argentina explica que os narcotraficantes são muito dependentes dos bruxos e de outras crenças infe rnais, sobretudo por ocas ião da prática de assass inatos por encomenda. •
tabilidade. Um país pequeno p recisa ter uma bandeira e a bandeira de Liechtenstein é a casa p rincipesca", esclareceu a parl amentar Renate Wohlwend, do Partido dos Cidadãos Progressistas. •
2011: Ano recorde de repressões e torturas na China
N
a China vermelha, o ano passado fo i o pior da última década sob o pri sma dos direitos humanos. 3.832 di ssidentes fo ram encarcerados, tendo 159 deles sido repetidas vezes torturados, alguns fi cando aleij ados para sempre. 86% dos encarceramentos não tiveram pretexto legal a lgum , e em outros 6% dos casos a base legal fo i co ntestável. Esses dados fo ram registrados no Relatório Anual da organização Chinese Human Rights Defender, que monitora o estado da di ss idência no país. 2. 795 dissidentes acabaram nas "black jail", ou pri sões ocultas, sem que os fa miliares ou advogados tivessem notícias deles. N as pri sões " legais" colocaram 89 di ss identes, dos quai s 72 fo ram encerrados em "detenções criminosas" - dependências espec ializadas dos cárceres. 60 fo ram condenados a trabalhos fo rçados. •
Grande proieto chinês cria cidade fantasma em Angola
A
China desenvolveu um projeto residencial nos arredores de Luanda, capital de Ango la, mas acabou criando uma modern a cidade-fantas ma. O bairro da Nova C idade de K ilamba (foto à dir.) deveria receber 500 mil pessoas. Os prédios estão construídos, mas só se veem ruas desertas e apartamentos fec hados. Dos 2.800 apa rtamentos postos à venda há um ano, apenas 220 fora m comprados. Os preços são irrea is, não ex iste fin anciamento, o plano fo i concebido num gabinete fec hado socialista, desli gado da realidade. Esta é uma das mazelas, e não das mais graves, do di rigismo totalitári o ma rxista. •
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CATO LICISMO
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Sinagoga descoberta confirma proezas de Sansão m uma monumental sinagoga dos séculos IV e V a.C., descoberta na Galileia, fo i encontrado um piso de mosa ico representando o episódio em que Sansão, Juiz de Israel, amarrou tochas nas caudas de 300 raposas e as soltou nas pla ntações dos fili steus, inimi gos dos judeus. As escavações estão sendo conduzidas por espec ialistas de universidades dos EUA, do Ca nadá e de Israe l. Uma propaganda antire ligiosa di fu ndiu a notícia de que Sa nsão não ex istiu e que sua hi stóri a, narrada pela Bíbl ia, seria mera adaptação hebraica do mito grego de Hércul es. A recente descoberta, porém, confirma a verac idade hi stóri ca da ex istênc ia de Sansão e de suas façanhas pela causa de Deu , como também dos pecados e da penitência daquele Jui z de I rael. •
E
China: bispo renuncia ao regime marxista e "desaparece" sagração do novo bispo-auxiliar de Xangai , combinada entre o governo comunista chinês e a Santa Sé, teve um desfecho inesperado. Dom Thaddeus Ma Daqin recusou a imposição das mãos de Dom Zhan Silu , bispo "oficial" de Mindong, não reconhecido por Roma e afiliado à ditadura anticristã . Também se recusou a receber a comunhão das mãos do prelado ilegal. Em sua homilia , Dom Thaddeus, que era membro do Comitê Nacional da Associação Patriótica , disse: "Eu acredito que não convém con- . tinuar servindo a Associação Patriótica ". O povo aplaudiu o bispo e se emocionou diante de seu ato de coragem. Mas Dom Thaddeus "desapareceu" logo após a cerimônia. O regime alega que ele "foi repousar porque sofria de esgotamento físico e moral" - desculpa que deve encobrir alguma forma de intimidação psicológica ou até prisão.
A População cubana diminui e envelhece na miséria
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i'.11o~alidad_e intrínse~~ ao sistema comu~i sta ---: que inclui a extmçao ofi cial da fa m1l1a e o aborto - esta reduzi ndo a população de Cuba, que decresceu entre 2006-20 1O, com exceção apenas de 2009. No fim de 201 O, hav ia na ilha-prisão 2.675 habi tantes a menos que no fi m de 2005. C uba virou o país latino-ameri cano com maior proporção de idosos, para os qu ais o catastrófico sistema de saúde do pa ís é urna ameaça constante. O estud o oficial Proyecciones de la población cubana 2011 -2035 calcula que em 2035 C uba terá perdido 478.544 habitantes; 34% das pessoas serão idosas e haverá 827 .296 mulheres em idade fé rtil (15-49 anos) a menos. F idel e Raul Castro poderão ostenta r estes números, próprios da extinção gradual de um povo, como contribui ção efi caz do soc ialismo para o apregoado "desenvo lvim ento sustentável" .. . •
Hungria diminui idade penal e protege seus símbolos Parlamento húngaro rebaixou a idade penal de 14 para 12 anos em casos de crimes contra a vida e a in tegridade fis ica. A norma está incluída na reforma do Códi go Penal e entrará em vi gor em 201 3. A ONU, a Unicef, associações e governos, arautos dos "direitos humanos", reprovaram a decisão alegando acordos internacionais cuj as sinistras conseq uências, diga-se de passagem, se faze m sentir até no B ras il. O novo Códi go Penal também pune as injúri as aos símbolos pátrios, corno a "Sa nta Coroa" do rei Santo Estêvão (foto abaixo), s ímbolo da hi stóri a e da catolicidade da Hungria; ao hino, à bandeira e ao escudo nacionais. A pretexto de "direitos humanos", o que aquelas organizações in ternacionais favorecem é o crime de desrespeito dos símbolos pátrios, e no caso da Coroa de Santo Estêvão, ta mbém religioos. Desrespeito que faz parte da mesma revolução contra os restos de Cristandade ainda ex istentes na Hungria e no mundo. •
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Reino Unido: Veneração
a São João Maria Vianney ilhares de ingleses veneraram o coração de São João Maria Batista Vianney durante a primeira peregrinação dessa relíquia pela Grã Bretanha, duplicando as expectativas dos organizadores. Na igreja de Santo Antonio (Manchester), 2.700 pessoas formaram fila durante horas para venerá-la . No porto de Liverpool, 6.000 peregrinos aguardaram-na, desafiando a chuva. Cenas análogas ocorreram em Northwich, Shrewsbury e Birmigham. Pároco de minúscula aldeia no coração da França e padroeiro universal dos vigários , o santo Cura d'Ars foi dotado de luzes proféticas e previu o futuro retorno da Inglaterra ao catolicismo. "Eu estou certo de que a Igreja da Inglaterra recuperará seu antigo esplendor" - confiou ele ao bispo de Birmingham. A calorosa acolhida e a veneração de seu coração podem significar a proximidade do cumprimento dessa profecia .
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curando muitas vezes não colidir de frente com. a velha tradição medieval, o Hwnanism.o e a Renascença Jendercun a relegar a Igreja, o sobrenatural, os valores morais da Religião, a um segundo plano. O ripo humano inspirado nos moralistas pagãos que aqueles movimentos introduziram como ideal na Europa, bem como a cultura e a civilização coerentes com esle tipo humano, j á eram legítimos precursores do home,n ganancioso, sensua l, laico e pragmáti co de nossos dias, da cu ltura e da c ivilização mate rialistas em que cada vez mais vamos irn.ergindo. Os esforços por uma Renascença cristã não lograram esmagar em seu germe os fatores de que resultou o triunfo paulatino do neopaganismo ". 2
São Caetano de Tiene Apóstolo da autêntica Reforma católica
apontado co mo espe lho ele sabedori a e m meio à libertin age m cios j ove ns co legas e notado po r s u a doçura , ingenuidade, modéstia e tem perança. E m 15 04 C aeta no g radu o u-se d o uto r e m direito c ivil e ca nô ni co e recebe u a ton s ura c le ri ca l. Três anos depois fo i para a Roma. Na C id ade Ete rna, nessa é poca : "Leão X [Papa re na scenti s ta] sub-
almejava uma verdadeira reforma católica. São Caetano entregou-se de corpo e alma ao Oratório.
Recebe 110s braços o Me11i110 Jesus
Muitos me mb ros da Ig rej a docente infe li z mente absorveram esse espírito, e tal absorção fo i uma elas prime iras causas da cri se re li g iosa, com toda sua repe rcussão sobre os fié is. Foi em parte para combater essa situação ca la mitosa q ue a Providência susc itou São Caetano ele Tiene.
Comles 11ef'dadeiramente
católicos
S uscitado pela Providência par'a combater os efeitos paganizantes do Renascimento, fundou a Ordem dos TeaLinos para a reforma do c1ero
foi nesse período hi stórico que se deram
ão Caeta no ele T ie ne foi o ut rora um santo muito popular no Brasi l. Há várias c idades, igr jas, capelas e ru as e m sua honra por todo o território nac io nal, embora ua vicia seja insufi c ienteme nte conhec id a. Visamos hoje contribuir para sanar essa lac una. Muita co i a se pode ri a dizer sobre o Renascimento. Sob certo ponto ele vi ta,
S Catedral de Vicência, cidade onde nasceu o santo
...r!I
CATOLICISMO
"as realizações do que é chamado espírito moderno, em oposição ao espírito que prevaleceu durante a Idade Média ". Plí ni o Corrêa ele Olive ira esclarece como se for mo u e de e nvo lveu esse espírito: "A admiração exagerada, e
não raro delirante pelo rnu11do antigo, serviu como ,neio de e.xpressrio desse desejo (ele uma ordem le ·o isas l'unclamentalmente diversa da qu' ·hegara a seu apogeu nos écul os X II 'XIII ). Pro-
São Caetano nasceu em outubro de 1480 em Vicênc ia, c idade da então Re pública de Veneza. Seu pai, Gaspar, conde ele Tiene, doutor em Di re ito e cap itão de Couraceiros, possuía caste los nessa c idade. Era sobretudo um cató lico exempl ar. Consagrado à Virgem Santíss im a logo após o bati smo, Caetano fo i educado num ambiente no bre e profundamente reli g ioso. Quando contava apenas dois anos, faleceu seu pai. Coube à mãe, Maria do Porto, a árdua tarefa de educar os três fi Ihos. Praticamente nada se sabe da vida estudantil de Caetano . Como ele era tímido e modesto, ev itando sobressair, fi ca mos privados dos pormenores de sua juventude. Sabemos que cursou os estudos jurídicos e teológ icos na Universidade de Pád ua, o nde j á era
estavam mortas na Roma do Renascimento, apresentada então por Lutero como centro de lodos os vícios". 4 Esse Oratóri o vi sava "combater a i,~fluência paganizante do Renascimento", 5 procurando "reacender o .fogo do mnor de Deus nos corações, e impedir que a heresia, a libertinagem., o amor aos prazeres e a paixão dos interesses não o banissem " .6 Ou seja,
Na noite de Natal de 1517, Nossa Senhora apareceu a São Caetano com o Menino Jesus recém-nascido nos braços
rnergia inconscienlemenre no lum.ulto de sua vida fauslosa e de seus gostos profanos. Enquanto o mundo oficial da cúria romana entregava-se à ar/e, à polfJica, à.fi'ivolidade ou à corrupção, um grupo de homens piedosos, honradamente persuadidos da necessidade de uma renovação social [e religiosa], organizaram um.a irmandade cleslinada a .fomen/ar a vida cristã em si mesmos e nos que os rodeavam". 3 C ha mara m- na Co mpa nhi a, o u Ora tório do Arnor Divino. Seus me mbros "mos lrara ,n ao mundo, co m. seu exemplo, que a fé e as ob ras não
Na no ite de Nata l ele 1517 , quando São Caetano i·ez ava junto à re líqui a do presépi o que se venera na Bas ílica de Sa nta M aria M aior, e m R o ma, Nossa S e nh ora apareceu- lh e co m o Menino Jes us recé m - nasc id o nos braços, aco mp a nh a da el e São José e São Je rônimo, te ndo de positado o Divino Infa nte nos braços ele Caeta no. Este fato é re latad o pe lo pró prio sa nto a Sóror Mi gnani , em carta de 28 ele janeiro de 1.518. Tal aparição re petiu-se nas festas seguintes da C ircunc isão e da E pifa ni a. Po r isso São Caetano é representado sempre com o Menino Jesus nos braços. 7 Qu e pureza virg in a l e qu e limpeza de a lm a de ve ria te r a lg ué m para recebe r ta l privil ég io ! Caetano voltou e ntão à sua cidade nata l, Vicênc ia, para assistir aos últimos mome ntos de sua piedosa mãe. De pois do fa lecimento desta, enquanto c uidava dos negóc ios domésticos, o santo ingressou no Oratório de São Jerônimo, cujos fin s eram os mes mos ela Confiw·ia do Amor Divino, mas que incluía entre seus membros também le igos pobres. Apesar do vozerio susc itado e m suas relações, por considerarem indi gno a lguém de grande nasc ime nto como e le mi stu ra r-se co m humildes trabalhadores, Caetano não se importou. E fez de tudo para e levar es piritual e mate ri a lm e nte aq ue les
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pobres operários. 8 Conseguiu incrementar entre eles a comunhão frequente e as visitas aos enfermos nos hosp itai s. Fundou também o hospital dos Incuráveis, para os pobres sem esperança de cura.
Rct'orma do clc1·0 e rngcncrnção da sociedade Ao contrári o de Lutero, que pretextou certos desmandos no clero para atrair as pessoas para sua pseudo-reforma, Caetano buscou levar adiante a obra da autêntica reforma católica desejada pelos Concílios de Latrão e de Trento. Pensou e m fundar uma Ordem re li g iosa que e na ltecesse o estado sacerdotal com a profissão dos três votos religiosos, sob a obed iência a um superior e a dependência imediata da Santa Sé. Seu objetivo seri a trabalhar pela reforma do clero e regeneração da sociedade . Caeta no e ncontrou ótim a aceitação e ntre três ilustres me mbros do Oratório do Amor Divino: João Pedro Carafa, bispo de C hi etti , também oriundo de ilustre famíl ia condal e mais tarde Papa Paulo IV; Bonifácio Cola, hábil e virtuoso advogado, e Paulo Consiglieri , também de alta soc iedade e vida ilibada. Surgiu assim a Ordem dos Teatinos. Caetano compreendeu "que o nó do problema estava no clero, contagiado em grandes setores pela cobiça, a frivolidade e a imoralidade do Renascimento ".9 Esses reli g iosos deveriam ter tal confi ança na Divina Providênc ia, que não poderiam nem mesmo pedir es molas, mas esperar que e las fosse m dada s es ponta nea me nte. C lemente VII (q uadro acima) autorizou a nova fundação. Em J 527 deu-se o saque de Roma, qua ndo o Condestável de Bourbon, co m um exército de 30 mil soldados composto por luteranos e assalari ados se m princípios, pôs em sítio a C idade Eterna. Por dois meses os luteranos fervendo ele ód io contra a fé cató li ca, e seguidos pelo resto da soldadesca áv id a de destruição - , causaram à cidade as maiores calamidades, não
....rl!
CATOLICISMO
respeitando lugares sagrados nem pessoas. Caetano chegou a ser preso e torturado. Os teatinos, depoi s de muitos sofrimentos, tiveram que se trasladar para Veneza, onde empreenderam, a par das obras de mi sericórdia, a reforma do Missa l e do Breviário romanos, que o Papa lhes havia encomendado. Em todos os lu ga res e m que esteve, São Caetano "contra o materialismo paganizante do Renas cimento, desji'aldou. a bandeira do sobrenaturalismo cristão, modelando sua vida e sua ação sacerdotal segundo aquela máxim.a evangélica que constituiu. também o lema de sua Ordem: 'Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e tudo vos será dado por acréscimo'. Promoveu. com extraordinário zelo a magnificência do culto litúrgico, a santidade e o decoro dos templos, e a prática da comunhão frequente, metas importantes para sua obra de reforma". 1º Lutou contra a heres ia que se infiltrava nos círcu los aristocráticos e intelectuai s de Nápoles, de nunc iou ao Santo Ofício três pregadores ganhos pela heresia luterana ; fundou ou reformou vários mosteiros, estabelece ndo para os operários dessa cidade um Monte de Piedade, que e torno u no atual Banco ele Nápoles.
''A. primeirn figura da idade moclcn,a" Em 1547 o vice-rei ele Nápo les,
D. Pedro de Toledo, decidiu estabelecer ali o Tribunal ela Inqui sição nos moldes do espanhol. A nobreza e o povo se amotinaram e a sedição fo i afogada em sangue. Is so res ultou num a verdadeira guerra civi l. As súplicas e mediações ele São Caetano foram em vão. Corno registra a bula de sua canonização, "aquebrantado pela dor ao ver Deus ofendido pelos tumultos populares, e mais ainda pela suspensão do Concílio de Trento, no qual havia posto tantas esperanças, caiu enfermo de morte" e fa leceu no dia 7 ele agosto de 1547. A bula diz ai nda que , no mes mo di a ele seu fa lecimento, cessaram todas as revoltas populares, segundo se crê por sua intercessão. Seu ofício litúrgico afirma que São Caeta no, por se u infati gáve l zelo, mereceu ser chamado Caçador das almas. O povo cristão o invoca com o título ele Pai de Providência, porque sua intercessão é muito eficaz para se obter para as familias e indivíduos os don s ela Providência Divin a. Um escritor, refe rind o-se ao sa nto, afirmou que, "como homem e como sacerdote, é a primeira .figura da idade moderna ". 12 • E-mail para o autor:
Notas:
1. William Barry, 'l'he l?e11aissance, The Catholi c Encyc loJ edia, D Rom edition. 2. Revolttçüo e 0111ra Revoluçcio, Parte 1, Cap. Ili , 5 8 , atolici.1·1110 nº 100 (abril/1 99). 3. Fr. Ju sl Perez ele Urbe!, Aiio Cristi ano, Ecli ciones ra x, M aclri , 1945, tomo lll, p. 300. 4. Eclelvives, E/ Santo de Cada Dia, Editoria l Luís Vives, S.A., Zaragoza, 1948, tomo IV, p. 85 . 5. Pedro Antoni o Rullán, San Cayetano de 711ie11e, ran Enciclopédia Rialp, Ecliciones Rialp, M acl ri , 197 1, tomo V, p. 4 19. 6. Les Petits Bo ll ancli stes, Vies des Saint.1·, 8 1 ucl et Barrai, Pari s, 1822, tomo IX, p. 80. 7. f'r. Pedro A ntoni o Rullán, op. cit. p. 4 18. 8. f'r. http://www.corazo nes.or g/ santos/ cayelan o. htm. 9. Pedro An ton io Rull án, op. cit. p. 4 18. 10. lei . b. 11 . fel. b. 12. Julio Sa lvatori , apucl Pedro An toni o Rull án, op. cit. p. 4 19.
Criminalidade e direitos humanos
A
crirni nalidade e a violência se espalham pelo Brasil, especialmente na mai s populosa de suas cidades, São Paulo. Elas são em grande parte praticadas por menores, que permanecem inimputáveis. Enquanto os "direitos humanos" dos criminosos são protegidos, restam às vítimas o choque, a perda de bens, a invalidez ou o cemitério. Vejamos algumas breves e recentes notícias, colhidas no período de 22-6 a 3-7, portanto e m apenas 11 di as, nos diários "O Globo" , "Folha de S. Paulo" e "Estado de S. Paulo":
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O Brasil ostenta um recorde de homicídios superior à Índia, que tem uma população cinco vezes maior
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Seis policiai s mortos nos últimos dias [todos estavam ele fo lga e em trajes civis]. O comandante-geral ela PM, coronel Roberval Ferreira França, criticou as entidades de direitos humanos e a Defensoria Pública do Estado, sobre as quais di sse sentir falta ele apoio por conta das rece ntes mortes ele PMs. Já são 27 crimes dessa modalidade [arrastões a restaurantes] em 20 12 na capita l pauli sta. Em praticamente todos os arrastões em São Paulo neste ano, segundo as vítimas e a polícia, os ladrões eram jovens. O Brasil ostenta um recorde el e homicídios superi or ao da Índia, cuja população é cinco vezes mais munerosa que a nossa, sem co nsiderar que a Inglaterra elucida 90% cios seus crimes, os Estados Unidos 65%, a França 80% e o Bras il apenas 6%. O quarte l da Políci a Militar em Jacareacanga, município do oeste cio Pará, foi invadido, saqueado e queimado por 50 índios Muncluruku. Bandidos usa m olheiro para achar e executar PM de folga.
Mai s seis ônibus foram 'queimados na capital paulista, entre a noite de anteontem e a noite de ontem. Criminosos queimaram nove ônibu s em 13 dias. São Paulo tem a te rceira chac ina em quatro di as. Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo. E a primeira entre meninas de 15 a 19 anos. Foi ente rrado ontem em São Joaquim ele Bicas, na região Metropolitana de Belo Horizonte, o corpo de Fabío la Santos Corre ia, ele 12 a nos, qu e fo i a sass inacla e teve o coração arrancado por duas amigas ele infânci a de 13 anos. Alé m ele ter o coração arrancado, ajove m, que foi morta com golpes de faca, ainda teve a garganta cortada e o rosto des figurado pelas adolescentes. *
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Essa o nda de crimi nalid ade faz lembrar uma previsão antiga, mas atualíss ima, de Plínio Corrêa de Oliveira, publicada na "Folha ele S. Paulo" em 16-11-1983 , na qual um personagem imaginado por ele diz :
" Um governo consciente de suas obrigações tem por dever desmantelar a repressão e deixar avançar a criminalidade. Pois esta não é senão a revolução social em marcha. Todo assassino, todo ladrão, todo estuprador não é senão um arauto do furor populcu: E por isto, farei constar ao mundo inteiro que a explosão criminal no Brasil está sendo caluniada por reacionários ignóbeis. A criminalidade é a expressão deste furor justamente vindicativo das massas. " Farei entrar armas no Brasil. Quando os burgueses apavorados estiverem bem persuadidos de que não há saída para mais nada, suscitarei dentre os que você chama 'criminosos ', um ou alguns líderes, que saberei camuflar de carismáticos. E farei algum bispo anunciar que, para evitar mal maior, é preciso que os burgueses se resignem a tratar com aqueles que têm um grau de banditismo menor". Não é sugestivo, caro leitor? Eis aí mais um notável sintoma que explica a epígrafe desta seção. • AGOSTO 2012
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ATLJALIDAOF
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Os amargos frutos da Teologia da Libertação:
esvaziamento da Igreja Católica no Brasil n Luís
SÉRGIO SouMEO
"Católicos passam de 93,1% para 64,6% da população em 50 anos - Entre 1960 e 2010, o Brasil viu aparcela de sua população que se declara católica cair de 93,1% para 64,6%". 1 "Em uma década, católicos perdem mais espaço para os evangélicos. Entre 2000 e 201O, fatia de católicos cai 12% no total da população brasileira; parcela dos evangélicos cresce 43% e de pessoas sem religião sobe 10%". 2 Notícias alarmantes, que, entretanto, parece não terem alarmado os Srs. Bispos do Brasil , como vere mos. Essa queda não é algo que aconteceu da noite para o dia, a ponto de pegar os Prelados brasileiros de surpresa; ne m algo imprev isível , mas res ultado de um processo longo, embora se te nha acelerado nas últimas décadas . Detenhamo-nos um pouco na análi se dos núme ros, para depois investigar as causas desse dec líni o.
''A maior nação católica <lo ,mmllo" O BrasiI foi descoberto e coloni zado por Portuga l, uma nação católica. Os primeiros mi ss io nári os foram os Padres Jes uítas a inda cheios do zelo inicial de sua fundação. O cato li c is mo marcou toda a vida do País, fa ze ndo de le a maior nação cató li ca do mundo; não só e m números abso lutos, como també m em termos percentu ais, e m re lação às demais re lig iões.
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CATO LI C ISMO
Ano 1942, multidões de católicos enchem as ruas da capital paulista durante o IV Congresso Eucarístico Nacional. O Brasil era um país de indiscutível maioria católica.
O crescimento do protestantismo, do espiritismo, de religiões orientais ou afro-brasileiras, bem co mo cio número de pessoas sem reli gião, foi lento no País até algumas décadas atnis. Em 100 anos, segundo os dados do prime iro censo rea li zado no Bras il em 1872, até os dados do censo de 1970, verifica-se que a proporção de católicos variou apenas 7,9 pontos percentuais, reduzindo de 99,7%, e m 1872, para 91,8% e m 1970.3 E ainda ass im, segundo sugere m estudos acadêmicos, pe lo menos pfüte desse aumento de não-católicos se deveu à imigração. 4 A partir dessa última data ( 1970), o crescimento das demais re li giões e a diminuição do número de cató li cos acelerou-se de modo acentuado e o úl -
AlguN1 im.ponentM upec• to■ da maj..t_._ P..ocwio Triunfal da anc&J"ramanto do IV CongJ'euo Eucaríatlco Nacional. - Flagrantes apanhado■ A,ranida São João .
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timo censo que acaba de ser divul gado, correspo ndente a 20 1O, re vel a que a porcentage m dos católi cos ca iu para 64,6%. Portanto, nos últimos 40 anos, a [greja teve uma perda de fi é is de quase 30% (prec isamente, 27,2%). Acresce-se a esse quadro que o número de católicos pratica ntes nesse mesmo período oscil ou e ntre 5 e 10%. 5 Ao mesmo te mpo o protes tantes passara m de 6,6% e m 1980 para 22,2%, sendo que o maior cresc imento foi o do Pentecostalismo. E mbora se apresentem razões sociológicas para exp li car tal mudança no quadro re ligioso do Brasil (migrações mac iças da zona rural para as periferi as urbanas e maior fac ilidade nos últimos anos de fo rmação de núcleos pentecostai s para aco lher os desenrai zados), ta is ex plicações são superficiais e não pegam o fundo do problema. Tanto mais quanto o aume nto protestante pentecosta l de use também nas zonas ru rais do País: e m te rmos percentuai s, a maior concentração protestante se ve rifi cou em Rondônia (33,8%), um Estado tipicame nte rural do noroeste do País.
Teologia da Libertação:
simples coi11ciclê11cia? É bem evidente que as razões ma is profundas que exp lica m a pe rda de íié is pe la Igreja Cató li ca são de caráter re li gioso e devem ser procuradas na cri se que abala a Igrej a no Brasil (como e m quase todo o mundo). Não é simples coincidência que a aceleração da perda dos fié is pe la lgreja, na década de I 970, se tenha dado ao mesmo te mpo e m que se di ssemin avam e ntre o cl ero e o ep iscopado os princípios da Teologia da Libertação. Como essa " teologia" confunde a libertação espiri tual com a libertação políti ca, e o estabelecimento do "Re ino de Deus" na Terra com a impl antação de uma soc iedade soc iali sta e igualitária, os sermões nas igrejas, em sua maiori a, ass im como os te mas das Campanhas da Fraternidade promovidas pe la Conferê ncia Naci o nal dos Bi spos do Brasil (CNBB ), refere mse ma is a luta de c lasses e reform as político-soc ia is e econô mi cas do que ao Evangelho.
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ECONOMIA E VIDA ,:,..:. Tome mos um exe mpl o concreto. O boletim da Conferência Epi scopal ass im descreve a Campanha da Frate rnidade de 20 10 (cartaz acima): " Lema: Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro (Mt 6,24) Te ma : Eco n o mi a e Vida Objetivo Gera l: Co laborar na promoção de uma econo mi a a servi ço ela vida, fund amentada no idea l ela cul tura da paz, a parlir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e ele pessoas de boa vo ntade, para que todos co ntribu a m na co nstru ção do bem co mum e m vista ele uma
sociedade sem cxclusão". 6 Como se vê, não se e ncontram referências à vida eterna, à sa lvação das a lm as , ao pecado, ao Céu e ao Infe rno. É um linguajar puramente po lítico, de luta de c lasses, q ue es panta os fi é is desejosos de o uvir fa lar das verdades eternas. A referênc ia a "uma sociedade sern exc/ usão" baseia-se no co nce ito ma rxista de que a riqu eza dos ricos é constituída medi an te a excl usão ou opressão dos pobres. (Sem querermos nos aprofundar, notemos de passagem o caráter "ecumên ico" dessas ca mpanhas, que colocam a Igreja Cató li ca não como a única Ig rej a de Cri sto, mas ape nas como uma das " Igrejas C ri sLãs" . Isso não fac ilita o proselitismo das se itas protestantes?).
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O hino da Campanha dos Bispos para este ano tem a seguinte estrofe:
"Levem a todos meu chamado à liberdade (Cf Gl 5, 13) Onde a ganância gera irmãos escravizados. Quero a mensagem que humaniza a sociedade Falada às claras, publicada nos telhados . (Cf Mt 10,27)." 7 E m suma, a Teologia da Libertação é um veículo religioso a serviço da revolução, confo rme a apresentava o Pe. Gustavo Gutiérrez, considerado o "pai" dessa corrente, em seu livro Teologia da Libertação, de 1971 : " O homem lat ino-americano [. ..] na luta revolucionária libertase de algum modo da tutela de uma religião alienante que tende à conservação da ordem." 8 Considerando a Santa Igreja uma "religião alienante" (conceito marxista: "A religião é ópio do povo", na frase de Marx), os teólogos da libertação e seus seguidores proc uram construir uma igreja "desali enada", que tende não "à conservação da orde m", mas à . sua subversão. A conseq uê ncia é que, ca nsados dessa " reli gião desali e nada", revolu cionári a e mate ri alista, ce ntrada e m questões econômicas e socia is, os fiéis acabam mu itas vezes apostatando tragicamente da Igreja única e verdadeira de Nosso Se nhor Jesus C ri sto, indo procurar alhures as pa lavras de confor-
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CATO LI C I SMO
to da religião e de guia para sua vida moral: "A quem iremos, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna" (] o 6,68). Acordarão, por fim , os Se nhores Bispos brasileiros, dando-se conta de que a mi ssão precípu a da Igreja não é oferecer solução para os proble mas eco nô mi cos e soc ia is, me nos a inda proc ura r estabe lecer um a soc iedade igualitári a, mas sim salvar as almas? Ou continuarão enfeitiçados pela mi ragem utóp ica da Teologia da Libertação? •
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E-mail para o autor: catolic ismo @terra.com.br 7. Notas: 1. Denise Menchen-Fabio Briso ll a, Católicos passam. de 93,1 % pa ra 64,6% da população
8.
em 50 a,,os, aponta IBGE in "Folha de S. Paulo", 29-6-12 ed ição online. http://www.folh a. uol.com.br/poder/111 2382-catolicos-passamde-93 1-para-646-da-popul acao-em-50-anosaponta- ibge.shtml Artigo A fé dos brasileiros ln " O Estado de S. Paul o" , 26-5- 12, edição online http:// estadaodados.com/html/reli giao/ Os dados são do In st itu to Brasil eiro de Geografia e Estatística, Censo 20 1O: número de cató li cos cai e aumenta o de evangélicos, espíritas e sem reli gião, h ltp: // www .i bge.gov. b r/h ome/ p res i de nc i a/ noticias/ not icia_ v is ua I i za. p h p? id_ noticia=2 l 70&id_pag ina= 1. Ver, p. ex., Narcizo Makchwe ll Coimbra (Un iversidade Federa l ele Goiás), O protestantismo de imigração no Brasil: "Um cios princ ipais fatores que contribuiu para a propagação da ideolog ia protestante no Pa ís fo i o surto de imigração no sécul o X IX [ ... ] Constatamos que uma das conseq uências mais importantes do protestanti smo de imigração é o fato de que esse ajudou a cri ar cond ições que fac ilitaram a in trodução do protestantismo miss io nário no Bras il" . www.congressohisto riajata i. org/a na is2007 / cloc%20(35).pdf Censo revela que cató licos permanecem maioria no Brasil, "O São Paulo", j ornal ela Arqui diocese ele S. Paulo, 3-7- 12, http://www.arquidioceseclesaopaul o.org.br/?q=nocle/ 142 144. (Note-se, de passagaem, o tom ainda otimi sta do órgão da Arquid iocese de São Paul o. ) Campanha da Fratern idade 20 1O- Ecumên ica, htt p: //www.c nbb.org.br/s ite/campanhas/ fraternidade/2 173-hi storico-clas-cfs. http://c nbb.org. br/s ite/i mages/storics/l-l inocf20 13 .pdf. G. Gutiérrez. Teolog ia da Libertação , Edição bras ile ira, Vozes, Petrópo li s, 1975, p. 67.
Acordarão, por fim, os Senhores Bispos brasileiros, dando-se conta de que a missão precípuo da Igreja não é oferecer soluc;ão para os problemas econômicos e sociais, menos ainda procurar estabelecer uma sociedade igualitária, mas sim salvar as almas?
DISCER INDíl
O célere caminhar do nudismo T udo começou com notícias de que mulheres feministas, reunidas num grupo chamado Femen, realizavam na Ucrânia manifestações de protesto, sempre em topless e às vezes quase totalmente desnudas 11
Cio ALENCASTRO
fato em si não seria de molde a despertar grande in teresse, pois, ao lo ngo da Hi stó ri a, sempre houve mulheres marg inais (como també m homens), que ligam pouco para as reg ras da moral e da decência. Tanto mais que a Ucrânia tem uma das maiores taxas de prostituição da Europa. O que chamava muito a atenção, isto sim , era o fato de a mídia mundial conceder grande espaço, inclu sive co m fotos, para tais manifes tações . Ficava a desconfia nça de que algo de maior alcance estava e m gestação. As desconfia nça aumentaram quando o mes mo grupo ucrani ano apareceu faze nd o protestos co ntra o turis mo sexual, a ex pl oração de gás e diversos outros te mas e m Varsóv ia (Po lôni a), Ha mburgo (Alemanha), Paris (França), Istambul (Turqui a), Z uriqu e (S uíça), Min sk (Bielorrússia), etc . Quem terá fin anciado essas viagens internacionais e as respectivas estad ias? Esse exercício de globetrotters fica caro. E não consta que essas mulheres ex ibicionistas sejam milionári as. A quem interessa fin anciálas? C uri osamente, a míd ia, sempre afoita e m descobrir fo ntes duvidosas de recursos, silenciou sobre esse ponto, ao mes mo tempo em que noticiava largamente tais "protestos" pelo mu ndo afora. Faltava envolver o Brasil nessa mascarada. Mas já não fa lta ma is, pois uma "ativista" brasileira des e grupo, a qual partic ipou de "protestos" na Ucrâni a, ve m sendo propagandeada. Segundo ela, o tal Femen ''já tem 12 mulheres de capi-
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tais do Brasil interessadas em realizar protestos na Copa do Mundo de 2014 [... ] A ativista também assegura que as próprias líde res do Femen, em 2014, devem viajar ao Brasil para participar de protestos[ ... ] A brasileira.ficará responsável por organizar e liderar projetos das ativistas na América Latina" (Portal Terra, l-7-12). E prossegue: "Nos próximos dias, as líderes do Femen viajam até Londres para também realizar protestos durante os Jogos Olímpicos". Qual a vantagem que advém, para as causas defendidas por essas ativi stas, do fato de elas aparecerem e m topless? Aparentemente nenhu ma. Então por que esse ex ibicionismo? Ao que tudo indica, sob pretexto de " protestos" de diversos tipos, o que está em c urso é um·a ofensiva calcul ada para expandir o nudismo e torná- lo uma co isa " normal". Porém, o mais grave é que não se trata de manifestações isoladas numa sociedade mora lizada. Não é um demôni o aparecendo entre a njos, como no epi sódio narrado no L ivro de Jó: "Um dia em
que os anj os se apresentaram diante do Senhor, veio também Satanás entre eles" (Jó, 1,6). Não. Ta l ofens iva de topless é a ponta de lança nu m caminhar para o nudismo, de ntro do contexto da moda a tu a l, fa vorecedora de todo tipo de micro-roupas, e m que o pudor e freque nteme nte a pró pri a decênc ia são totalme nte ignorados. O ra, o nudi smo é um ingredi e nte necessário do caminhar da Revolução uni versal anárq uica que vi sa à demoli ção total do que ainda resta de civilização cristã no mundo. Nesse caminhar rumo à anarquia, dizia Plíni o Corrêa de Oliveira, "há de chegar o momento do nudismo total e da inteira e total liberdade de relações sexuais, corno entre os animais" (Catolicismo, abril/1 998) . É para lá que nos diri gimos com celeridade, se a Prov idê ncia Divina não cortar o passo a essa Revolução. (A respeito, vide páginas seguin tes). • E-mai l para o autor: catolic ismo@ terra com br
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DESTA UE
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Nudismo: uma verdadeira revolução! E xplorando as tendências desordenadas en1 matéria de sensualidade, a doutrina marxista igualitária deseja in1plantar o nudismo entre os povos, nurria sociedade anárquica na qual não exista família nem propriedade
11 V ALDIS GRINSTEINS
"O nudismo é um grande nivelado,: Desfazendo-nos da roupa, não temos indicadores do nível da pessoa. Não se pode distinguir entre banqueiros e desempregados, clérigos e leigos, entre a polícia e o cidadão ordinário". ' A muitas pessoas estranhará saber que essa afirmação se encontra no site de urna organi zação que promove a to lerância reli giosa. Em gera l, as pessoas não assoc iam o nudi smo ao igualitari smo, mas sim à sexualidade. E imaginam que a religião intervém porque é um problema apenas moral, e não sóc io-po lítico. Mas não é ass im corno os nudistas se consideram a si mes mos. "O livre pensamento é a base de todo naturista, assim corno a liberdade, a igualdade e o direito à busca da felicidade". 2 A afi rm ação é do presidente de uma associação
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CATOLIC ISMO
naturi sta espanhola, o qual di stingue inclusive entre o nudi sta - aquele que só quer andar nu, bronzear- e e sentir-se livre - e o naturi sta, que poss ui toda urna doutrin a para justi ficar a sua nudez.
" Desfazer-se da roupa é urn grande ato nivelador", afirma igualmente o pres idente ele urna empresa ele turismo para hornossex uais, 3 os qu ais deram um grande impul so ao turismo naturi sta. O Partido oc iali sta Francês, por ocas ião elas eleições legisl ativas ci os anos 80, ex ibiu urn a propaganda na qual aparec iam pessoas sem roupa e cobertas pela frase:
mo, reali zado em 1953, entre suas quatro correntes ideo lógicas fund adoras encontrava-se o "naturismo nutricional". 5 A esta altura mais de um leitor eleve estar confu so . Como exp licar , do ponto de vista católico, esta mi stura ideo lógica de nudi smo, igualitarismo, soc iali smo, homossex ualismo, tol erância reli giosa e vegetariani smo? Qua l é o elo ele li gação de todas essas coisas? Em 1959, o Prof. Plínio Corrêa ele Olive ira publicava seu livro Revolução e Contra- Revolução, no qual descreve a decadência ela C ri sta ndade a partir do sécul o X IV até os nossos dias. Esta decadência fo i astutamente organi zada e diri gida por etapas, sendo doi s os "valores metajúicos que exprimem.
bem a Revolução: igualdade absoluta, liberdade completa. E duas são as paixões [desordenadas] que mais a servem: o orgulho e a sensualidade" 6 • "A pessoa orgulhosa submetida à autoridade de outra, odeia em primeiro lugar o jugo em concreto que pesa sobre ela. Em segundo fu ga,; o orgulhoso odeia genericarnente todas as autoridades e todos os jugos e, mais ainda, o próprio princípio de autoridade considerado em abstrato. E porque odeia toda autoridade, odeia também toda superioridade, de qualquer ordem que seja. Em tudo isso há um verdadeiro ódio a Deus. [ ... ] O orgulho pode assim conduzir ao igualitarismo mais radical e completo ". 7
"Nus, somos todos iguais".
Por sua vez, a sensuali dade desordenada não aceita nenhuma barreira, nenhum obstáculo em seu ca minho, e seus desej os nunca são sac iados, dando ori gem a novos desej os cada vez mais rad ica is. E la "ex ige" um a liberdade infrene.
"lgualital'ismo mais ra<lical e completo"
Socie<ladc a11ál'q11ica igualitária
Para complicar ainda mais as coisas, ex iste urna relação entre o nudi smo eo vegetariani smo: "Em 1906 aparece na Ale-
A ss im sendo, fac ilm ente se ente nde que um a pessoa identifi cada com as doutrin as revo lucionári as propugnadoras ele um estado ele coisas contrário à ord em estabelec ida por Deus - codifi cada nos Dez Mandamentos - junte o igualitari smo à sensuali dade e promova o nudi smo não só co mo
manha o primeiro campo oficial para a prática nudista, e além de praticar exercfcios.f[sicos nus, a alimentação se baseava no vegetarianismo ".4 E no terceiro congresso mundial de naturi s-
meio de favorecer a impureza (é claro que também), mas como ferramenta para construir a sociedade anárqui ca igualitári a. Di - lo c lara mente o anarqui sta Emil e Armancl em seu ensa io Nudismo revolucionário, publi cado em 1934 na Enci-
clopédia Anarquista: " Para nós, o nudismo é uma demanda revolucionária. Revolução nwn tríplice sentido: de afirmação, de protesto e de Iibertação. Afirmação, pois é proclamar a ind!f'erença às convenções m.orais, aos mandamentos religiosos e às leis sociais [ ... } a demanda nudista é uma das rn.ais profundas e conscientes manifestações da liberdade individua l. Protesto, pois exigir e praticar a liberdade de andar nu é de fato contestar todo dogma, lei ou costume que estabelece uma hierarquia entre as partes do corpo. [. .. ] Libertação de wna das principais noções nas quais estão baseadas as ideias do que é permitido ou proibido, do bem e do mal. Libertação do exibicionismo, do conformismo a um padrão art(ficial de aparência.1·que mantém as d!f'e renças de classes. Imaginemos rodos nus, o general, o bispo, o embaixada,; o acadêmico, o guarda de prisão, o vigia. O que restaria de seu prestígio, da autoridade que lhes/oi delegada ? Eles sabem bem disto, e não é um dos últimos m.otivos de sua hostilidade ao nudismo". 8
1'emlê11cias dCSOl'<IC11adas cm matcl'ia de se11s11alidacle N ão caberi a nos limi tes de um arti go desc rever o longo cam inho percorrid o pela tendência desordenada da sensuali dade a partir ci o fim da [clade M éd ia, a qual foi dando ori gem a doutrin as que por sua vez geraram revo luções. Desde a esc ultura David de Donate llo ( 1430) - primei ra estátua totalmente nua produzida desde a ntiguidade pagã - até as praias nudi stas de nossos dias há um longuíssimo percurso. Apenas para dar uma ideia dessa profunda revo lução, recordemos, em rápidas pinceladas, que ao iniciar-se o século XX as tendências desordenadas em matéri a de sensualidade j á era m dominantes, a ponto de a Beata Jac inta, vidente de
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Fátima, afi rmar que "os pecados que conduzem mais almas ao inferno são os pecados da carne". 9 Apesar de as pessoas se vestirem ainda com recato, contrariamente às modas que viriam mais tarde, era fácil encontrar a nudez nas pinturas, esculturas, e até em obras funerárias dos cemitérios. A arte havia se libe1tado da moral, não mais representando aquilo que fosse belo, bom e verdadeiro, mas exprimindo a interpretação livre do autor. O fato de um anjo não andar desnudo não impedia de apresentá-lo dessa maneira; o mesmo e m relação a uma criança, um jovem ou uma jovem, muitas vezes pouco cobertos. Pessoas e m geral be m vestidas viviam observando aqui e ali representações de nudez. Como isso poderia não influenciar o seu pensamento? É por isso que em matéria de revolução nas ideias, já e m 1905 Freud publicava a obra Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, na qual apresenta suas doutrinas sobre o tema, re lacio nando-as espec ialmente com a infância. E m 191 3 era a vez de Totem e tabu, nas quais e le trata do incesto. Por sua vez, em 1908, Anatole France, laureado com o Prêmio Nobel, publicava sua obra satírica A ilha dos pinguins, na qual diversos pinguins são batizados. M as para isso eles têm que se vestir, a fim de respeitar os preceitos divinos. A partir desse fato começa entre e les a hipocrisia, c uj as consequências serão a propriedade, as riquezas, as classes soc iai s e a g uerra. Portanto, já antes da I Guerra Mundial difundiam-se livremente doutrinas destinadas a demonizar o uso de roupas. E em matéri a de revolução nos fatos, e m 1903 fo i criado e m Freilichpark, próximo de Hamburgo, na Alemanha, o primeiro campo nudista.
Etapas mmo à aceitação do nudismo AI Guerra Mundial trouxe enormes modificações no panorama mundial. Com a escusa de econom izar material, a moda, por assim dizer, "encolheu" as roupas: as saias subi ram do tornozelo pm·a até um pouco abaixo do joelho, os xales caíram pouco a pouco em desuso e muitos vestidos suprimiram as
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mangas. Aparecia também o primeiro país a promover oficialmente o amor livre, o aborto e até a tolerar a homossexualidade: a Rúss ia soviética. País que também desejava acabm· com a concepção burguesa de família e com o pátrio-poder. O c inema alcançaria pouco depois impress ionante popularidade. Em 1929 surge o primeiro filme - Glorifying the American Girl (g lorificando a garota americana) - , no qual apm·ecem pessoas parcialmente desnudas e que dizem grosserias; vulgaridade e sensualidade frequentemente andam juntas. Em 1933 é a vez da primeira apresentação cinematográfi ca com uma pessoa totalmente desnuda. Trata-se do filme checo Ecstasy (êxtase) , tão chocante que o pró prio Papa Pio XI emitiu um documento condenando a degradação promovida por essa películ a. Avançando no tempo, os nazistas promov iam e m estádios des files " hi stóricos", nos quais as mulheres apareciam comumente com a parte superior do corpo descoberta. Eles também difundiam largamente publicações imorais, como a rev ista " Der Sturmer", que editava com regulm·idade fotos de mulheres nuas a pretexto de ilustrar o ideal de mulher ariana. Davam ainda livre curso aos campos nudi stas. Terminada a guerra, a imoralidade prossegue seu cami nho, tanto nas ideias quanto na prática. Di scípulo de Freud, Herbert Marc use publica e m 1955 o livro Eros e Civilização, no qual defende o princípio do prazer, e põe em circulação uma interpretação de Freud segundo a qual uma civilização à altura do homem deveri a suprimir toda es péc ie de repressão, incluída a que se exerce sobre a sex ualidade. Os anos 60 viram um a impressionante ace leração da sensualidade e m todas as esferas da vida moderna. Foram publicados e m poucos anos best-sellers antes impensáveis como, por exempl o, Sex and the single girl (o sexo e a garota solteira), destinado às jovens, a quem prometia carreira, independência fin anceira, dando todo tipo de conselhos para viverem sem regras morai s.
A televisão foi ig ualmente um veículo de prom oção da imoralidade. Nos EUA, te mas antes considerados tabus começaram a ser apresentados na TV. Por exemplo, durante toda aq uela década, a mai s popul ar série americana chamava-se Ali in thefamily (tudo e m família), na qual se representavam temas como homossex ua li smo, libertação feminina, violação, contrace pção, doenças sex uais, etc. E, durante a Revolução de Maio de 68, e m Pari s, certos mov imentos de pro testo terrivelmente o usados - hoje conside rados " normai s" - foram lançados publi camente. Por exe mplo, o Mov imento de Libertação Feminina, cujas iniciadoras pertenciam a um minúscul o grupo rnaoísta; assim como os vários mov imentos de reivindicação dos direitos cios homossex uais, o primeiro dos quais denominava-se Frente Homossexual de Ação Revolucionária. Mas foi nos anos 70 - enquanto, dev ido às convulsões intern as na Igrej a pós-co ncili ar, sil e nc iava-se a do utrina católica sobre a mora lidade - que se sentiram ele cheio os efeitos das doutrinas Iibertárias difundidas na década anterior. Generalizou-se na sociedade oc idental um amor livre não inte irame nte confessado. Desaparecera m as leis contrárias ao ad ultério e numerosos países legali zaram o divórcio. Para dm· alguns exempl os, na Itália houve um referendo em maio de 1974 para abolir urna le i de divórcio implantada em 197 J. Os divorcistas venceram com 60% cios votos. Na Austrália, e m 1940 só 14% da população havi a adotado o divórcio; em fins cios anos 70 essa porcentagem e levou-se a 50%. O número ele filhos ilegítimos aumentou em todos os países. E o estigma que isso acarretava desapareceu quase por completo. Ademais, foram sendo abolidas as leis que distinguiam os filhos leg ítimos dos ilegítimos. *
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No século XXI, só não se dá conta da revolução nudi sta e de suas nefastas consequências qüem não quiser. Não é
apenas a impressionante quantidade de clubes, praias e outros locais destinados ao nudismo; orgm1izarn-se eventos nos quais pessoas totalmente despidas transitam de bicicleta em lugares centrais das maiores cidades do mundo, como no Zóca lo ou Praça Maior da Cidade do Méx ico. Ou as fotografias tiradas por Spencer Tunick, que ex ibem milhares de participantes desp idos e m diversos lugares cio mundo. Não é preciso ser muito sagaz para perceber que futuro nos ag um·da: a exacerbação de todas essas más tendências é de mo lde a levar até ao extremo de uma situação anticri stã e m que os contestadores das leis divina e natural se indignarão se alguém anelar vestido ou qui ser imped ir o nudi smo e m sua famíli a ... Os nudi stas, que dizem defender a liberdade, transforrnarse-ão, tudo indi ca, nos mais descarados ditadores, impl acáveis antide mocratas que negarão o direito de as pessoas se cob rire m e cons iderarão crime alegar a ex istê ncia ele regras mora is o u do pecado original para justificar o uso de qualquer vestimenta. E les mostrm·ão então a sua verdadeira face: revolucio nários extremados, fa náticos de fensores de um estado ele coisas diametralme nte oposto às leis estabe lec idas pelo Criador. • E-mail para o autor: catolicismo@tcrra.com.br
Notas: 1. www.reli giou sto lerance. org/nucli srn5. htm 2. www.serconet. co m/usr/naluropata/naturi smo.htrnl 3. http://www.thetravelm agazine. net/p-955--prinl- .html 4. www.raiaclopinho.eom.br/es/h is1oria-del-na1uri srno 5. http://www.fpn.pt/apresent acao/h istoria.php 6. Revolução e Contra-Revolução, Pat1e 1, Cap VI 1, 1, A11press, S. Paulo, edição comemorativa cios 50 anos ela publicação. 7. RCR , Parte I Cap. VII , 3 A. 8. Érnile A rm ancl , Revolutionary Nuc/i.1·111., 1934, orig inall y pub li shecl as Nucli srne révoluti onnaire in Encyclopéclie A narchiste. Text retrievecl on Septernber 14, 201 1 frorn kropot. frce.fr 9. Fati111a, Me.,·.rnge de tragédie 0 11 d 'espérance?, Antonio Borelli, ecl. TFP, France, 2001 , p. 74.
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R eunidos na Cidade Maravilhosa, os ativistas do ambientalismo esperavam dar importante passo para a constituição de um governo mundial verde e a implantação de um misera bilismo triba1ista. Devido ao descaso da opinião pública, semearam fracasso. Perigos, porém, permanecem para a civilização ocidental. D
D ANIEL
F. S.
M ARTINS
eali zou-se e ntre os di as 20 e 22 de junho p.p. na capi ta l carioca a Co nferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Suste ntáve l. O eve nto, conhec ido orno Rio+20, pretendi a ce lebra r os 20 anos da Eco 92 rea li zada na mesma cidade, e com isso dar novo empuxe à agenda ambienta li sta. Uma g rande eufo ri a tomou conta dos ativi stas "verdes" nos meses que precederam a confe rência, po is para e les não haveria me lhor ocas ião para atuar. Com efeito, mais de 100 Chefes de Estado c de governo anunciaram presença, as tubas da mídia nacional e internac ional estava m pro ntas para repe rcutir seus slogans, enquanto polpudas so mas de dinhe iro eram di sponi bilizadas. Estava a cargo dos Major Croups - ONGs ambientalistas credenciadas junto às Nações Unidas - e labo rar as prime iras versões do documento principal "O futuro que quere mos", a sere m apresentadas aos Chefes de Estado durante a Rio+20. Os trabalhos iniciaram-se e m novembro de 20 1 1 e deveriam terminar na vés pera da confe rência ofi cial, di a 19 de junho de 201 2.
O fracasso
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MARCHA ARE DA RI DILMA, COM QUE CARA VOCÊ
Entretanto, à medida que as di scussões avançava m, a eufo ri a diminuía. Ao final do evento, a indi gnação dos movimentos verdes viri a evi denciar o total fracasso do encontro. O documento principal fo i gradualme nte dessorado, seu gume revolucionário se e mbotou, e as medidas concretas ficara m para depois ... O texto - esperavam os ambie nta listas - deve ri a re presentar para a revolução verde de nossos dias o que o Manifes to Comuni sta fo i para a revolução verme lha comunista nos séculos XfX e XX. Mas não passou de uma reedi ção tímida dos princípios j á estabelecidos na Eco92 e cúpulas subsequentes da ONU, bem como de enunciados vagos, sem alcance prático . A mídi a lamentou profundamente o resultado: "A declaração fi nal da Rio+20 contém 23.917 palavras. Apenas duas vezes aparece a palavra que de.fme o resultado palpável de uma negociação: 'decidimos'. Os outros parág raf os começam com 'reafirmamos', 'reconhecemos ' e equivalentes ".' Em seu parágrafo ini cial, o documento afirm a que os compro mi ssos com o desenvolvimento sustentável se faz iam "corn a plena participação da sociedade civil ". Movimentos ambientalistas logo protestaram, po is segundo e les o documento era marcado "por graves omissões", e por isso negavam sua participação no resultado fin al da Rio+20. 2 Note-se que tais movime ntos se conside ram representantes da soc iedade civil!
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O próprio secretário-geral da ONU , Ban Ki-moon (foto acima), declarou no dia 19 de junho: "Eu esperava um texto final mais ambicioso". Doi s dias depoi s "recebeu uma reprimenda do governo brasileiro, convocou às pressas uma coletiva para a imprensa brasileira e mudou de ideia, afirmando que o texto final, em sua opinião, é sim 'ambicioso', além de 'amplo e prático "'. 3 José Manuel Durão Barroso, pres idente da Comissão Europeia, declarou que a crise econômica na Europa não foi a responsáve l pelo enfraquecimento do texto final da Rio+20, e acrescentou que "a Europa sempre defendeu uma ambição maior". 4 Do ponto de vista concreto nada resultou, e a única coisa que ficou decidida foi que em 20 l5 serão lançados os "Objetivos de De se nvolvim e nto Sustentável", certamente outro realej o de utopias. Essa falta de decisões levou a presidente brasileira a tentar explicar a situação, dizendo que a Rio+20 "é um ponto de partida e não um ponto de chegada ". 5 Não é exatamente o que os ecologi stas esperavam ... O representante das ONGs na comi ssão interministe ri a l d a Rio-92, portanto uma voz in suspeita, afirmou " Para quem acompanhou o processo preparatório [da Rio+20], confirmou-se o pior dos cenários: nada de concreto foi definido." 6 Uma ministra brasileira, ten-
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tando " maqui ar" o fracasso, comemorou: "quero destacar a ousadia da diplomacia brasileira de terminar a conferência no praza "7 (sic !).
Ausência de rnpresentativi<lade Além das divergências a respeito do texto, alguns fatores dificultaram a almejada marcha triunfal ecologista. Uma delas foi o próprio ad iamento da Rio+ 20, para não co incidir com o jubileu de diamante ela Rainha da Inglaterra, o que poderia diminuir a presença ele Chefes de Estado na conferência global. [nicialmente estava marcada para os dias 4 a 6 de junho, mas delegações de muitos países
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anunciaram que não poderiam ir ao Ri o nessa data. A monarquia, em meio ao mundo igualitário moderno, ainda atrai muito mais o público, sem comparação possível, do que uma confe rência global sobre o clima ... Mesmo depois de confirmada a data para os dias 20 a 22 ele junho, diversos Chefes ele Estado e governo de países proeminentes fora m ca nce la ndo gradu alme nte sua participação no evento, e nvi ando ape nas representantes. Barack Obama, David Ca meron, Angela Merke l, entre outros, que seri am peçasc have para prestigiar a co nferê ncia, dec idira m não co mparecer. Enqu anto isso, o Brasil se esforçava para trazer governantes de diversos re inos e pequenos Estados africanos e asiáticos, indo buscá- los e m seus respectivos países co m j at inhos fo rnec idos pe lo próprio governo brasileiro . Quando se é obrigado a buscar os convidados para a festa ... Qual a causa de tamanho fracasso? Dura nte a se mana da co nferê ncia, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira teve ocasião de faze r ca mpanh as ele impacto contra as fa lsidades cio ambi enta li smo, co nve rsa nd o co m a pop ul ação que c ircul ava pel as ruas e praças do Rio de Janeiro e de nunciando a paranóia ecolog ista. Pôde-se então constatar que os mi tos catastróficos apregoados pelo am bienta li smo não encontra m guarida no público. A população não acompanha com e ntusiasmo a agenda ecologista;
como consequência, os "verdes" radicais só conseguirão levá-la adiante à força ... Ou seja, por meio de leis e medidas arbitrariamente impostas.
Ambições do 1I1011ime11to ambie11talista Ap esa r de todo o in s uc esso da confe rência, seri a um a visão simplista considerar a Rio+20 apenas sob esse as pec to , sem a brir os o lhos para as ameaças que o evento representa para ô:i a civili zação cristã. Alguns pontos do documento final, embora não tenham ~ efeito concreto imediato, indicam aonde ~ o mov ime nto ambie ntali sta quer chegar, e importa, portanto, conhecê- los. Ao anunciar a conferê ncia, a ONU declarou que o objetivo do evento seri a do Com itê por um Futuro Construtivo s impl esmente impleme ntar med idas (CFACT): "A soberania nacional é a para promover a "economia verde" co m base no "desenvolvimento sustentáve l", espécie com maior perigo de extinção na Rio+20". 9 Desde os preparativos da a fim de errad icar a pobreza no planeta. conferência hav ia esse mal disfarçado Essa ta refa giga ntesca só poderia ser levada a cabo por uma nova "sudesejo de impl antar um governo mundi al "verde", no qual as ONGs, à maneiperestrutura" que passasse por cima da ra de soviets supremos, atuariam como soberani a cios países: "O proj eto não irá a parte alguma se não tiver a embasá-lo "cac iques" e "pajés", esta be lece ndo a 'estrutura institucional ' almejada pela normas para os países , alé m de sa nções. ONU, com um sistema pactuado de estíComo a cantil ena do aq uec ime nto g loba l está ca ind o no descrédito, as mulos e sanções que induzam os países a ONG preferiram foca lizar os conceitos mudar, sem esperar que outros o façam de " bi od iversidade" e "desenvolvimento primeiro ", reg istrou um ed itori al de "O sustentável" como principais temas. De Estado de S. Paul o". 8 acordo co m o Dr. Kelvin Kemm, físico Nesse sentido, é significativo o conuclear e espec iali sta em questões ammentário de David Rothbard, presidente
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bientais, "quando se cria nas pessoas uma preocupação, pode-se criar nelas o medo, e com isso elas podem ser controladas" . 10 · De fato, toda a conferê ncia apresentou como fundo ele quadro um control e internac ional, baseado no pâni co quanto ao futuro do pl aneta. Confo rme admitiu o mes mo espec ia li sta, "certas organizações verdes querem claramente exer-
cer controle direto sobre governos do mundo inteiro, e querem impor seu tipo de governo m.undial em nosso planeta, nas comunidades, nos negócios e nas famílias. Os conceitos de biodiversidade e desenvolvim.ento sustentável lhes servem como meras alavancas. "Os verdes clamam. que nossas plantas e espécies animais, nossos recursos naturais, nosso ar e nossa água, enfim, nosso planeta está em estado tão desesperador que são os verdes radicais que têrn. de tornar conta dele. Eles vão defender a 'biodiversidade', e para isso vão decidir o que 'desen volvimento sustentável' atualmente significa e como deve ser implementado " . 11 Sustentabilidade, palal'l'a talismã Ora , se as ONG s deverão decidir qual o sign ifi cado ele "desenvo lvime nto suste ntável" é porque o termo não está ainda definido, podendo prestar-se a qualquer manipulação. Cabe aq ui le mb ra r o que Plinio
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Plinio Corrêa de Oliveira denunciava em seu livro Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo do manipulação das palavras talismãs. Trata-se de expressões "trabalhadas" cuidadosamente pelos inimigos da civilização cristã para mudar imperceptivelmente a mentalidade dos incautos e fazerlhes aceitar uma ideologia que antes reprovavam.
Corrêa de Oliveira denunciava em seu livro Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo sobre as palavras talismãs. Trata-se de expressões "trabalhadas" cuidados a mente pelos inimigos da civilização cristã para mudar imperceptivelmente a mentalidade dos incautos e fazer-lhes aceitar uma ideologia que antes reprovavam. Determinada palavra - "diálogo", por exemplo - é selecionada, seu sentido real torcido e usado de maneira a englobar múltiplos significados indefinidos. Assim , "desenvolvimento sustentável", que aparentemente quer dizer algo como progresso sem o uso abusivo dos recursos naturais, passa a significar qualquer coisa: assentamento de Reforma Agrárià é "sustentável", propriedade privada, não; aborto favorece a sustentabilidade, família numerosa, não ; ideologia de gênero é "sustentável", família tradicional, não . No jargão ambientalista "sustentável" é tudo o que está de acordo com sua cartilha, e insustentável tudo o que se lhe opõe.
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Os termos "sustentável", "sustentabilidade" e "desenvolvimento sustentável" aparecem nada menos que 390 vezes, em um documento de apenas 49 páginas e 283 parágrafos. "Como 'abracadabra', pretende-se com essas palavras amorfas transformar até sociedades corruptas em jardins do Éden, sob os auspícios da ONU. Eles usarão menos, poluirão menos, serão sustentáveis, conviverão bem e salvarão as espécies do planeta inteiro de seu pior inimigo: os seres humanos". 12
Aborto e homossexualismo: "sustentáveis"? Um representante da TFP norteamericana, James Bascom , presente no Rio de Janeiro para acompanhar a conferência, auxiliou a delegação do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, da qual eu fazia parte. Contou-me ele que assistiu a uma reunião de diversas ONGs femini stas e ambientalistas, no Riocentro (principal centro dos eventos), durante a qual os ativistas lamentavam
o fato de as causas abortista e ideologia de gênero estarem não só paradas, mas em muitos países até retrocedendo. E que era preciso não desanimar, mas ir em frente, diziam. Uma das injeções de ânimo para esses grupos seria conseguir a inclusão, no texto final da Rio+20, da luta pela "igualdade de gênero" e pelos "direitos sexuais e reprodutivos". Conhecidas personalidades políticas defendiam essas teses. A secretária de estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou durante a Rio+20: "Para alcançar o desenvolvimento sustentável, precisamos garantir o direito reprodutivo. 13 A diretora-chefe da ONU- Mulheres, a ex-presidente chilena Michele Bachelet, declarou que "se conseguirmos avançar mais rapidamente em questões da igualdade de gênero, também vamos avançar mais rapidamente no desenvolvimento sustentável". Ora, traduzindo as expressões "direitos sexuais e reprodutivos" e "igualdade de gênero" para a linguagem comum, sig nificam elas, respectivamente , o favorecimento do aborto e da agenda homossexual. A Santa Sé interveio, acompanhada por diversos grupos contrários ao aborto, tendo sido então a expressão "direitos sexuais e reprodutivos" amenizada no documento final para "saúde sexual e reprodutiva". O texto ficou como segue: "Reafirmamos nosso compromisso com a igualáade de gêneros e com a proteção dos direitos das mulheres, homens e jovens a terem controle e decidirem livremente e responsavelmente sobre assuntos relacionados a sua sexualidade, incluindo acesso à saúde sexual e reprodutiva, livre de coerção, discriminação e violência " (Parágrafo 146).
Vozes discordantes da "ideologia verde" Diante da ofensiva do ambientalismo, que conta com o apoio incondicional da ONU e de diversas ONGs internacionais, um surto de sadia reação tem aparecido por toda parte, especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. Um sintoma disso é o Comitê por um Futuro Construtivo (CFACT, na sigla em inglês)*, com a qual tivemos a satisfação de tomar contato durante a Rio+20 e conhecer seu trabalho. Fundado em 1985 para promover uma "voz positiva nos temas relacionados com meio-ambiente e desenvolvimento", seus fundadores acreditavam que os ambientalistas, embora falem de "desenvolvimento sustentável", na verdade coíbem o progresso e pioram a situação dos países pobres. Eles congregam os cientistas e ativistas políticos que discordam do mito ambientali sta, promovem em diversos países projetos de desenvolvimento e progresso real, e "estragam a festa" dos eventos ecologistas. Durante aRio+20 promoveram diversas atividades, demo] indo mitos ambientalista e desafiando os ativistas verdes a responderem certas questões. Certamente sua atuação ajudou a frear o frenesi verde radical. Entre os membros da CFACT destaca-se um lord inglês, Sir Christopher Monckton, visconde de Brenchley, que desafiou publicamente o maior protagonista do mito do aquecimento global, AI Gore, para um debate. AI Gore fugiu ... Lord Monckton, durante uma das conferências de imprensa promovidas pelo CFACT no Riocentro, afirmou: "Eles perderam o debate sobre aquecimento global porque este não está acontecendo como eles diziam que ia acontecer. E não há razão para supor que acontecerá como eles afirmavam. Eles agora inventaram o tal desenvolvimento sustentável. Isso significa qualquer coisa que se queira. Você pode dizer que 'desenvolvimento sustentável' é igualdade de gênero e emancipação da mulher - termos mencionados pelo menos cinco vezes no esboço do documento final. 'Desenvolvimento sustentável' para eles quer dizer todo tipo de causa socialista, marxista e esquerdista que esteja na moda. 'Desenvolvimento sustentável' não
tem nada a ver com o meio-ambiente e nada a ver com o desenvolvimento". Craig Rucker, diretor executivo da CFACT: "Nós não podemos vender a prosperidade potencial das populações pobres pelos trapos sujos do desenvolvimento sustentável. Os seres humanos devem estar em primeiro lugar. De fato, a história tem demonstrado que o meio-ambiente é mais protegido quando os homens prosperam. Não é coincidência o fato de que as regiões do mundo com o melhor ar e com a água mais pura são também aquelas que têm as economias mais avançadas e usaram os métodos convencionais de desenvolvimento para atingir esse patamar. De outro lado, os pobres não podem se preocupar com o ambiente quando todo dia há um problema novo de sobrevivência. A natureza sofre quando as pessoas sofrem". David Rothbard, presidente da organização: "Pessoas não são poluição, pessoas não são doença. As pessoas são o maior recurso natural na Terra ... O modo de ajudar o meio-ambiente é[. .. ] desenvolver as habilidades humanas através de liberdade política e econômica. Não uma abordagem de cima para baixo, não uma crise ambiental atrás da outra projetada para que as pessoas cedam cada vez mais seus direitos políticos e sua liberdade econômica[. .. ], mas sim permitindo que as pessoas floresçam". O jornalista Marc Morano desafiou a ONU em termos fortes. Como a Rio+20 se jactava de procurar "erradicar a pobreza", ele alfinetou: "O fracasso aqui é bom para as populações pobres do mundo. Fracasso é a única opção para a Rio+ 20 se você se preocupa com o meio-ambiente e com os pobres. A energia baseada em carbono tem sido um dos grandes 'libertadores' da humanidade na história de nosso planeta. James Lovelock, o pai do movimento verde moderno confessou que 'desenvolvimento sustentável ' não é senão 'uma estupidez sem sentido'. Vou mais além, e afirmo que precisamos redefinir desenvolvimento sustentável como petróleo, gás e carvão - energia que funciona e energia que tira as pessoas da pobreza".
* O trabalho de CFACT pode ser acompanhado pelo website www. cfact.org
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Revolução tl'ibalista e 11eo-pagã
P1111 FEIINISIO 1 CIPITILISIII NIITE■ EC■I IIIClllUIIIIIIS lllllES
do a contrair ainda mais sua economia e implementar políticas energéticas que colocariam os países em desenvolvimento em estado de pobreza energética e apagariam décadas de progresso nos países desenvolvidos". 14 O próprio pressuposto da Rio+20 é fa lso e danoso: o homem simp lesmente faz parte da natureza, sem lhe ser superior. Assim, e le deve submeter-se a uma vida mais parca, para que as plantas, as árvores e os peixes "sofram " menos. O homem é igual a todos esses elementos e, portanto, não deve subjugá-los. Bem se vê como essa concepção é contrária à ordem posta por Deus na Criação.
Por que aborto e homossexua li smo seri a m "sustentáveis"? Será pelo fato de impedirem a multiplicação da espécie humana e livrarem o planeta dessa "doença" chamada homem? Que contraste com os Dez Mandamentos do Decálogo e com o mandato divino quando, no princípio, Deus disse: " Façamos o homem à nossa imagem e sem.elhança {. .. ] e criou Deus o homem à sua imagem; e criou-os varão e mulher[. .. ] e disse: Crescei e multiplicai-vos, e enchei a Terra, e sujeitai-a" (Gen. 1, 26-28)!
El'raelicação ela pobl'eza ou ele toe/o progresso? Diz o parágrafo 61 do documento: "Reconhecemos que é fundam ental, em se tratando de sustentabilidade ambiental, uma ação urgente contra os padrões insustentáveis de produção e consumo". Se formos ana lisar o sentido real desse trecho, veremos que ele está plenamente de acordo com os planos de certa esquerda de "congelar" a produção econôm ica e levar a população a um paclrão de vida miserabilista, como acontece· em Cuba. Como não pensar no Código Florestal brasileirn que, em sua versão atua l, impõe uma "camisa de força" aos " produtores rurais, afetando com isso toda a economia do País, além de violar seria- ~ sl, mente o direito de propriedade? ·t: De acordo com a associação CFACT, ~ o o documento "obriga as nações do mun- ~
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O espaço de que dispomos não nos permite alongar sobre outro tema de grande relevância, ao qual apenas a ludimos. Havia, durante a Rio+20, diversos eventos paralelos, organ izados pelos chamados "movimentos sociais" e ONGs, em sua grande maioria esquerdistas . O mai s divulgado deles era a "Cúpu la dos Povos", com propaganda nos sites ofic iais da Rio+20. Como nossa delegação estava hospedada perto do local desse evento, pudemos acompanhá-lo detidamente. Participantes do MST e da Via Campesina - os maiores desmatadores - vestiam -se c uriosamente de verde, e nquanto seguravam sua velha bandeira comuni sta vermelha. Bastante sintomático de como o verde se tornou nova a cor do comunismo, não? Cente nas de índios "vestidos a caráter" acorreram ao local. Nos arredores, entretanto, fora do horário das conferências, observamos os mesmos "silvícolas" vestidos de ca lças jeans, cam iseta com dizeres em inglês, mochilas modernas, celulares, etc (foto na página ao lado). 1\1do fo i pago para eles: hospedagem, com ida, tra nsporte. Qual a razão desse embuste? Certamente porque os organizadores precisavam mostrar ao público um tipo humano ideal - que para os ambientalistas são os indígenas e selváticos. E les pretensamente vivem em "conúbio" com a natureza e constituem alternativa para a atual soc iedade " insus-
tentável" ... Eles devem ser g lorificados e considerados como classe privilegiada, como " nova aristocrac ia". Tais índios "encomendados" realizavam rituais pagãos, alguns satânicos, ao lado de seitas budistas, " hare krishnas", e o utras do gênero. 15 O que diria disso o Bemaventurado José de Anchieta, que com desvelo apostólico empen hava-se em levar o Evangelho de Nosso Senhor aos índios, e livrá- los da barbárie pagã?
O Cristo Re<lcnlOI' pi11taelo ele vcnle Quand o , juntame nte com me us amigos , transitava pe las vias da c id ade , na última semana da Rio+20, observei com surpresa a imagem do Cr isto Redentor estranha me nte ilumi nada de verde. Perguntei a um carioca se aquilo era coincidênc ia. Disse-me que não. Em 92, a ONG ambientalista rad ica l Greenpeace, contrariando a leg islação, havia escalado a estátua e colocado e m seus braços um cartaz amb ienta li sta. Desta vez, a imagem fo i ilumi nada com a cor verde! (fotos di sponíveis em http://www.cfact.tv/20 12/06/28/
rio20-susta inabi lity-propaganda-fromcharm ing-to-a larm ing/ ). O fato é simbóli co. A agenda "s ustentável" - que preserva a árvore, mas e limina a criança por nasce r, que procura "engessar" a produção econômica e levar o homem ao subconsumo
e ao miserab ilismo - tenciona pintar o mundo ocidental e cristão de verde. Não o verde de nosso pavi lhão, mas o verde sem graça e agressivo do ambiental ismo neo-pagão, abraçado a todas as agendas anticristãs! Envidemos todos os esforços legais e pacíficos para impedir a escalada desse monstro verde - a nova cor do comunismo vermelho. • E-mail para o autor: atoli ·ismo
1r .com.br
Notas: 1. "O Estado de S. Paulo", 25-6- 12. 2. Idem, 2 1-6- 12. 3. Idem, 22-6- 12. 4. Idem, 22-6- 12. 5. "Folha de S. Paulo", 23-6- 12. 6. "O Estado de São Paulo", 23-6- 12. 7. Idem, 23-6- 12. 8. Idem, ed itorial, 11 -6- 12. 9. hup://www.cfact.tv/20 12/06/12/thefuture-we-dread -marked-up-draft-of-unrio20-agenda-revea ls~shock ing-sustai nability-wish-li st/ 1O. http://www.cfact.tv/2012/06/29/afterrio-what-next/ 11 . Idem. 12. "The Washington Times", 22-6- 12. 13. " O Estado de S. Paulo", 23-6- 12. 14. http://www.cfact.tv/sign-the-petitionto-prevent-the-future-we-dread/ 15. Cfr. Hare Krish11as, pataxós e tu.pinambás reunidos: babel cultural na Cúpula dos Povos, in "O Globo", Rio, 17-6-12.
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por certas corre ntes eco lógicas te m uma meta políti ca muito cl ara: o igualitari smo marxi sta colorido de verde. Diversas matérias a bali zadas, publicadas nesta rev ista, tê m mostrado que o a larmi smo ecológ ico a respe ito dos ma lefícios do homem à Terra carecem de fundamento c ientífi co. Trata-se de uma estratégia revolucionária para tentar rea li zar no presente aquilo que, através das armas e da dialéti ca explícita, o comunismo internac ional não conseguiu no passado. Acrescido agora de uma nota tribalista. Essa foi a razão pe la qual, nos dias 16 a 19 de junho, 20 jove n voluntários do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira desenvolveram importante campanha na c idade do Rio de J ane iro, durante a rea li zação da Rio+20, visando alertar a população sobre a ideo log ia que está por detrás dos exageros do movimento ambi enta li sta. N os principais se tores da cidade, em contato direto com o público, di stribuíram um fo lheto refutando as princ ipais falsidades utili zadas pelos ambie nta li stas de plantão, expondo ele modo claro o viés político e " reli gioso" subjacente em sua atuação.
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Instituto Plínio Corrêa de Oliveira
alerta opinião pública contra alarmismo ecológico na Rio+ 20
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"Leia aqui, contra os exageros do ambientalismo" - di sse um j ovem voluntário do Instituto ao oferecer o fo lheto a um tran seunte. "Não quero saber!" - esbravejou o home m. M as depoi s paro u, virou para trás e di sse: "Espere aí! Você disse contra ? Então
eu quero! ". Dive rsas pessoas, ao ouvir que a ca mpanh a era co ntra o a la rmi s mo eco log ista, di ziam: "Puxa, até que enfim alguém pensa
como nós! ". g EosoN CARLOS DE OuvE1RA
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nchentes, aumento do nível dos oceanos, poluição, b~raco na camada de ozônio, derretimento das geleiras doArtico e da Antártida, CO 2, gás metano, aquecimento da Terra, tsunamis, furacões e atividades vulcânicas. Todos esses termos e fenômenos passaram a fazer parte do di a-a-d ia do le itor. Propagandas, filmes e noticiários utilizam todos esses ingred ientes, que acompanhados de uma pitada de sal sensacionali sta são cozinhados na cabeça de nossos contemporâneos, para incutirlhes a ideia de que o fim do mundo está próx imo! Não se trata, bem entendido, do fim do mundo decretado por De us, que chegará para nós em mo mento ignoto, segundo
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CATOLICISMO
a sabedoria da Providê ncia Divina, mas de um pretenso fim do mundo causado pe lo pró prio home m. Nossos " háb itos capitalistas" estariam assassinando a " Mãe Terra", que "geme em dores de parto". Qual a solução que os propagadores desse alarmismo nos apresentam? Adequarmos nosso modo de viver à meta almejada pe la utopia marxi sta ... É contraditório, contudo, o fato de o secretári o-gera l da Rio+20, Sha Zukang, ser oriundo de uma ditadura com uni sta, a da China, primeiro país que deveria ser criticado se o alarmi s mo eco lógico sobre o CO 2 tivesse razão, po is é o maior poluidor do mundo. Em uma coletiva de impre nsa rea li zada no Riocentro, falando sobre as críticas ao documento final, Zukang deixou claro que o objetivo é ''.fazer com que todos sejam iguais, não f elizes".* Portanto, o terrori smo ps ico lógico praticado
Ocorreram várias manifes tações de apoio e incentivo cio público aos jovens do Instituto. Muitas pessoas de boa fé, aturdidas pela propaganda maciça dos slogans eco lógicos, p a ravam para fazer alguma pe rg unta e, depois de esc larec id as, ma nifestava m se u agradec ime nto. E m contra part ida, as reações contrárias a nossa campanha foram poucas e tímidas. Alguns simplesmente devo lviam o fo lheto ; um transeunte nos chamo u de " ruralistas" (parece que e le considera o te rmo ofensivo!). R aramente a lguém parava para contra-argumentar e debater e, qu ando isso ocorri a, o in teresse pelo fo lheto aume nta va no público em torno.
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Marcante atuação na conferência Rio+ 20 EJ H EUO BRAMBILLA
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Para que o leitor possa ter uma ideia Graças a Nossa Senhora Aparecida, objetiva do que circulava no Aterro do Padroeira do Brasil , o Instituto Plinio Flamengo, onde a chamada Cúpula dos Co rrêa de Oliveira cumpriu mais uma vez seu dever de alertar e escl arecer a Povos (foto abaixo) se reunia, é só considerar o website ofi cial daquele congresso, opini ão públi ca nac ional, cuj a boa vonque "tem como marco político a luta tade em relação à preservação ambiental está sendo utilizada como pretex to para anticapitalista, classista, antirracista, antipatriarcal e anti-homo.fóbica". Na saída do local onde esse evento era promovido, foi reali zada, num fim de tarde, uma rápida campanha de distribuição do referido fo lheto. Alguma programação do dia hav ia terminado e muitas pessoas ainda perm anec iam no local. Elas se apresentavam com cami sas e bonés da Via Campesina, dos quil o mbolas, do MST, da CUT ou vestidas (ou desvesti das) de índi os, etc. Para nossa surpresa, a grande maioria delas, talvez 95%, pegava o fo lheto, olhava-o ligeiramente e fi cava em silêncio, dando a im pressão de que muitas estavam ali pagas para estarem _g presentes, sem nenhuma pos ição ideo- ] lógica ou instrução política. Em outras ~ palavras, mera massa de manobra.
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CATOLICISMO
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pro pul sa r um a revo lução soc ioeconômica e de costumes em nossa Pátria. • E- mail para o autor: catolic ismo
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terra. ·om.br
" Vej a" , S. Pa ul o, 22-6- 12, http://vej a.ab ril. com. br/ notic ia/c iene ia/sha-zukang- nossotraba lho-e- J'azer-com-q ue-todos-sejam-iguaisnao-feli zes
o me des locar de São Paul o para o Ri o de Janeiro com um grupo de voluntários do Instituto Plínio Co rrêa de Oliveira e outro do movimento Paz no Campo - grupos que atuaram em conjunto na Rio+20 - a fim de acompanh ar o evento na capital cari oca, passa mos por Aparecida do Norte. Ali rezamos junto à imagem de nossa Padroeira pela atuação que realizaríamos. Já no Ri o de Janeiro, visitamos o túmulo do fund ador da cidade, Estácio de Sá, na bela igreja dos frades capuchinhos, no bairro da Tijuca. Muitos fi éis o têm como santo, pois ele morreu na luta contra os ca lvini stas fra nceses, invasores no século XVI, além de ter sido o braço armado do Bem-aventurado Anchi eta, o Apóstolo do Brasil. A Rio+20, confe rência patrocinada pelas Nações Uni das, rea lizou-. e no pavilhão Rio Centro. No loca l havi a seis conjuntos de estandes, constituindo um a verdadeira cidade com cerca de 50 mil participantes de raças e nac ionalidades do mundo inteiro. Co ube à C hin a co muni sta pres idir a Rio+20 ! Aprox imadamente 5% dos parti cipantes do evento eram chineses. O jornal "C hin a Da ily" (órgão do PC chinês) fo i di stribuído diari amente na sua versão em inglês. Pilhas desse jorn al co munista eram vistas em todos os locais do Rio Centro, consti tuindo um fa tor de propaga nda do regime.
A par dos eventos ofi ciais, efetuaram-se mais de 30 fó runs independentes em outros lugares, como n<\ sede da Federação das Indústrias do Rio, na Universidade Católica, na Gávea, bem como no píer da praça Mauá. Ali se encontrava o estande da Confederação Nacional da Agricultura e da Federaçcio de Agricultura do Rio de Janeiro. A poucos metros estava ancorado o navio dos eco logistas da Greenpeace.
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A Rede Bandeirantes de TV manteve no píer um pl antão de seu canal Rural Terra Vi va, ao qual Dom Bertrand de Orleans e Bragança, coordenador da campanha Paz no Campo, concedeu no d ia 19 de junho importante entrevista sobre o que está por detrás do ambientali smo (foto acima). A mes ma T V concedeu espaço ao engenheiro Bruno Schroeder e a mim para que pudéssemos ex pli car aos telespectadores a atuação do movimento Paz no Campo. Um fó rum , de três dias de duração, reali zou-se na Assemb.leia Leg islativa do Estado do Ri o ele Janeiro, reunindo 500 parlamentares ele todo o mundo. Por iniciativa de Paz no Campo, fo ram di stribuídas a deputados contrários à causa eco lógica radical cópi as do trabalho Ambienta/ismo - Cavalo de Tro ia. A acolhida fo i alentadora, pois a maiori a dos parl amentares rejeitava os excessos ambientali stas, concordando em preservar a natureza, mas dando prioridade à produção ele alimentos para a população. Muitos pronunciamentos e debates rea li zados no plenário fo ram influenciados pelo materi al divulgado por Paz no Campo.
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Alarmismo climático denunciado por Lord Moncl<ton na Rio+ 20 N osso enLrevisLado - que atuou na Conferência da Rio+20 expõe com base em verdades científicas as [alácias do movimcnLo ambienLalisLa, que usa do pânico no chamado "desenvolvimento susLenLável" para conduzir ao esLaLismo sociaJisLa
H o uve ta mb ém dis tribui ção de fo lhetos do mov imento Paz no Campo junto ao grande público de cidades vizinhas como Petrópoli s e São Gonçalo, nos bai rros do M éier e Co pacabana, bem co mo no Forte Copacabana, onde estava instalada um a ex pos ição. Nesta, em apenas um dia, comparecera m mais de 50 mil pessoas. As reperc ussões mai s frequ entes co lhi das nessa ocas ião era m no sentido de que os eventos da Rio+20 carec iam de substância, além de representar um custo demas iado aos cofres públi cos.
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Enquanto o gru po de Paz no Campo atuava jun to aos fórun s, a ca mpfinha pública efetuada pelos j ovens do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira com seus estand artes e insígni as causou grande impacto nas ruas da capital cari oca. A lém disso, ambas entidades exerceram vi gorosa atuação nos três dias de reuniões promovidas pela Confede ração Nac ional da Ag ricultura, no píer da praça M auá. N ão se lim itaram a entrega r suas pu bli cações aos assistentes
das vári as palestras, mas conversaram pessoalmente com os mais interessados sobre os temas da Rio+20. Farta literatu ra referente às falác ias do eco-terro rismo fo i di stribu ída no Forte Copacabana, onde se reun iram representantes das 58 maiores cidades do mundo, entre os qu ais o prefeito de Nova York. Ao todo, 40 mil fo lhetos em português e cinco mil em inglês foram divulgados entre os participantes.
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Fo i possível ai nda colaborar com vári as iniciativas feli zes ocorri das durante o evento, como por exemplo, a atuação do Lord inglês Christopher M onckton e o grupo de americanos a ele associado. O Lord estabeleceu grande amizade com o Príncipe Imperial do Brasil , Dom Bertrand de Orl eans e Bragança, de cujas mãos recebeu um exempl ar do trabalho
Ambienta/ismo - Cavalo de Troia. Apesar de a Rio+20 ter resu ltado nu m fi asco, é difícil avali ar os malefíc ios causados pel o seu bombardeio publi citári o de mitos ambienta l istas j unto à parcela do público desinformada e pouco esclarec ida. • E-mail para o autor: ca1olicis1110 @1crra.co111.br
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CATO LI C I SM O
erceiro Visconde Monckton de Brenchley, Lord Christopher Monckton é conselheiro-chefe de política do Instituto de Ciências e Políticas Públicas de Londres. Filho mais velho do segundo Visconde Monckton de Brenchley, estudou sucessivamente na Harrow School, no Churchi/1 College e na Universidade de Cambridge, no Reino Unido . Em 1974 começou a trabalh a r no jornal "Yorkshire Post", e de 1977 a 1979 foi oficial de imprensa no Escritório Central do Partido Conservador. Em 1979 tornou-se editor do jornal católico "The Universe", e em 1981, editor-chefe do "The Sunday Telegraph 's Magazine". Em 1982 retornou aos escritórios dos conservadores , desta feita como conselheiro político da prim eira- ministra Margaret Thatcher, ali permanecendo até 1986. Durante sua estadia no número 1Oda Downing Street (residência do primeiro-ministro inglês) , Lord Monckton prestou aconselhamento político sobre assuntos técnicos como hidrodinâmica de navios de guerra (trabalho que o levou a ser nomeado o mais jovem receptor do Hales Trophy for the Blue Riband of the Atlantic) ; modelagem estatística (prevendo o resultado das eleições gerais de 1983); pesquisa embriológica; hidrologia (levando à concessão de considerável assistência financeira a
T
Lol'd Monckion:
"/lá uma tentativa da ONU de se tor11a1· efeti vamente uma espéci e de governo 1mmdia l, exercendo cm maio,· escala uma soberania global com podei' <lc governo "
um país da Commonwealth para a construção de um projeto hidroelétrico que foi muito bem sucedido); análise de investimento de serviço público (economizando dezenas de milhões de libras); modelagem de bem-estar público (seu modelo de sistema de imposto e benefício era ao mesmo tempo mais detalhado que o modelo econômico do Tesouro e conduziu a uma grande simplificação do sistema de subsídio habitacional) ; e análise epidemiológica. Após deixar o número 1O da Downing Street, Lord Monckton se tornou edito r- assistente do então novo (e agora extinto) jornal "Today". Seu último trabalho jornalístico foi como editor-consultor do "Evening Star", de 1987 a 1992. Desde então Lord Monckton dirige su a própri a empresa de con sultoria , dando acon se lh amento técnico a corporações e govern os. Em 1999, criou o Eternity puzzle (quebra-cabeça da eternidade), um puzzle geom étrico que envolveu uma telh a dodecagonal com 209 pol ígonos de forma irregul ar chamados polydrafters (esboçadores múltiplos). Um prêmio de um milhão de libras esterlinas foi conquistado após 18 meses. Naquela ocasião, 500.000 puzzles tinham sido vendidos. Um seg undo enigma, chamado Eternity li, foi lançado em julho de 2007, recebendo um prêmio de US $ 2 milhões.
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Nos últimos meses, Lord Monckton tem figurado no noticiário devido ao seu ceticismo quanto ao aquecimento global. Em novembro de 2006, publicou no "The Daily Telegraph" artigo largamente difundido criticando as opiniões dominantes sobre mudanças climáticas. Quando os senadores americanos Rockefeller e Snowe escreveram ao diretor executivo da ExxonMobil pedindo-lhe para deixar de financiar cientistas que negam o aquecimento global, Lord Monckton escreveu-lhes carta citando a Primeira Emenda da Constituição dos EUA e conclamando-os a mudar de posição ou a renunciar .seus cargos. Em fevereiro de 2007, ele publicou uma análise e um sumário do Quarto Relatório de Avaliação do IPCC sobre mudança climática. A presente entrevista foi obtida durante a conferência Rio+20 pelo Sr. John Bascon, da TFP norte-americana, que esteve presente no Rio de Janeiro como representante daquela entidade.
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Catolicismo - Quais são suas esperanças e temores em relação à Conferência Rio+20? Lorcl Monckton - Minha princ ipal d ific uld ade com essas confe rê ncias é q ue na realidade esta mos e m presença de um a bu rocrac ia gove rn a me nta l predatóri a, ga na nciosa, que suga de novas maneiras os contribuin tes. Seus componentes pensava m ter descoberto a fó rmul a mágica com o aq uecime nto global, até constata rem que um pequ eno grupo de cientistas, mas decidido, conseguiu demo nstra r qu e eles tinha m larga mente exagerado. E agora a vasta maioria da população mundial é fra ncamente cética quanto às alegações ex tremas e absurdas de q ue o ní ve l do mar subirá até 20 pés e a temperatura subirá de 3° Celsius nos próxi mos 100 anos. Ning uém acredita ma is nessas coisas como antes, e a ONU simples mente mudou a abordagem de " mudança climáti ca" para o ass im c ha mado "desenvolvimento s uste ntáve l" , que é na prá ti ca um a insustentáve l a usência de desenvo lvimento e a de rrocada do capita lismo, em bora a ONU espere que os ca pita listas continue m paga ndo as contas dela. A ON U é uma instituição corrupta. Pela primeira vez nesta Confe rê nc ia, na sé ri e de ex posições a que te nho ass istido, e la me registrou, e a o utros como e u, como delegado o fi cia l de o rgani zação não-govern a me nta l, mas negou-nos acesso à ses-
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CATOLICISMO
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, reuniu-se com os assessores para discutir meios de minar as soberanias nacionais, para que a ONU pudesse comec;ar a exercer em maior escala uma soberania global com
poder de governo
"A dicionan<lo-se CO 2 a Uma atmOS/'cl'él como a nossa , obter-se-á um aquecimen to globa l. E de11emos agra<lecer a D eus. Do COIILl'á l'io este /Jlaneta estal'ia gela<lo "
são ple nári a, be m como à úl tima versão do texto das negociações. Seus o rgani zado res estavam visive lme nte te merosos de que, se víssemos o que eles qu e ri a m faze r, iría mos di vul gá-lo , como o fi ze mos frequ e nte me nte e com muito sucesso no passado; e e ntão fi zera m de tudo pa ra evitar que nós o u o utros nos inte irásse mos do qu e estava acontecendo. Porta nto, e m que pese sua fac hada ele transparê nc ia, na rea lidade o qu e há é um a extre ma impenetrabilidade e segredo. Isso indica a ex istê nc ia de um a te ntativa ela ONU ele se to rnar efetiva me nte uma es pécie ele governo mundi al. Em maio cio a no passado, Ban Ki -moon, seu secretári o-gera l, re uniu-se com os assessores para di sc utir me ios ele minar as so beranias nac io nais, para que a ONU pudesse começar a exercer e m maio r escala uma soberani a g lobal com pode r ele governo. Este é o obje ti vo. É claro que a grande mídi a não vai fa lar di sso, mas esta é a agencia ela ONU, que fi cou muito c lara no proj eto cio Tratado de Copenhague ele 15 ele sete mbro de 2009. O proj eto fracasso u. M as no ano seg uin te, em Canc ún , a ONU introd uziu muitas med idas que havia m sido ba rradas e m Copenh ague, inc lusive o estabe lec ime nto de milhares de novas bu rocracias - não ele burocratas, mas ele burocracias destin adas a constituir os nú c leos do que deveri a efeti va me nte to rn a r-se um govern o mun d ial. A fin a lidade desse processo aqu i é avançar aqu ele obj e tivo primo rd ial. Agora, nas 182 pág inas do proj eto do Tratado de Copenhag ue, que e ra um projeto de governo mun d ia l (e de fato , no tratado a palav ra "go ve rn o" fo i usada naque le contex to; não esto u inventa ndo, fora m seus signatários que o afirm a ra m), e m ne nhum mo me nto, ne nhuma daque las 182 pág inas me ncio na de mocrac ia, urn as, e le ições o u votos. O proje to e ra, e co ntinua a se r, uma ditad ura qu e se perpetu a a través ela classe burocráti ca e govern ante . É isso o qu e mais te mo .
Catolicismo - Tornou-se famoso o seu desafio a AI Gore, feito há alguns anos atrás, convidando-o para um debate público sobre o aquecimento global provocado pelo homem. Houve algum desdobramento? O que aconteceu? Lord Monckton - O desafio fo i e ntreg ue pessoa lmente, in vellum, na s ua e no rme ma nsão em Tennessee (E UA), em março de 2007. Tra nscorrera m desde e ntão mais de c inco a nos . E a inda esta mos es pe ra nd o res posta. N ão ad mi ra qu e, tra nscorrid o ta nto te mpo desde qu e fi z o desafi o, eu estej a es pera ndo sentado. É claro q ue AI Gore sabe perfe ita me nte que não o usa ri a debater es te tema com ning ué m. E le ex ige qu e nenhum j o rna-
lista o u pa rticipan te e m qua lque r de suas re uni ões pe rg unte a lgo que não esteja pre visto po r esc rito, po rqu e necessa ri a me nte não sa be ri a res po nde r. E le fi ca apavorado co m a ide ia de um debate. M as o desafi o continua e m a be rto. Como di z o ditado: " Você pode corre r, mas não se esco nde r, e esto u c hegando pa ra apa nh á- lo !".
Catolicismo - O aquecimento global tem alguma base na ciência? Lord Monckton - Sim . Po r exemplo, é verdade que se você adi ciona r CO 2 à atmosfera e le irá, no s imples es pectro infrave rme lho, inte rfe rir com a radi ação que sai à supe rfíc ie da Terra, a qua l se encontra quase inte ira mente no próx imo in frave rmelho, ou atinge seus ápices no próximo infrave rmelho, c hega nd o muito próx imo da área de absorção do CO 2. Assim , se você adi cio nar CO? a uma atmosfe ra como a nossa, obterá um aque~imento global. E devemos agradecer a Deus por tal fato, pois do contrá ri o este pl aneta esta ri a ge lado. E é graças ao fa to de ex istir na atm osfera CO2, vapor d'água, um po uco de metano e o utro ta nto de óx ido de nitro e ozôni o, qu e somos um planeta quente, apesar de nossa gra nde distância do sol. Porta nto, se a umentarmos a concentrnção de di óx ido de carbo no, di gamos, dupli ca ndo-o no próx imo séc ulo e meio, o que é gro o modo o que aco ntece rá indepe nde ntemente do qu e eles estão dizendo nessas confe rê ncias, então se pode ri a talvez es pe ra r um gra u Celsius de aquec imento g lobal. lsto é um pro blema? Não, porqu e a tem peratu ra atual é de do is o u três g ra us Celsius a baixo da médi a dos úl timos 750 milhões de a nos (ta nto q uanto os cientistas conseguem ver, e ainda há incertezas) . Você é j ovem demais para lembrarse, mas de modo gera l, ela te m sido cerca de três a quatro gra us Ce lsius ac ima da temperatu ra de hoj e, e só flutua a o ito g ra us Celsius, o u 3% de cada lado na esca la da temperatura médi a, e no momento ainda estam os um po uco a baixo desta. Po rtanto, caso ela subisse um o u mesmo do is o u três graus Celsius, certa me nte não causa ri a muito da no. Mas não c reio que veremos esse excesso de ca lo r. C reio que te remos um a dupli cação de um gra u Celsius, o que não ocorre rá a ntes de 150 anos, apesa r de ex istirem o utros gases estu fa qu e da rão a lg um a contribuição. Min ha estimat iva é qu e veremos no próx imo século o aquecimento de a pe nas 1.2 gra u Ce lsius, 1.5 no máx imo, como res ultado das ati vidades humanas . Is to constitui um proble ma? Francamente, não. Cato/leismo - As calotas polares estão derretendo? E a elevação do nível dos oceanos é resultado disso? Lortl M,mckto11 - Es te é um dos mui tos po ntos a
A Antártica tem esfriado nos últimos 30 anos, desde que os satélites comec;aram a supervisionar, e, portanto, verificouse ali uma substancial acumulac;ão de gelo.
"Minha estimativa é que ve1·emos no próximo século o aquecimento de apenas 1.2 gmu Celsius, 1.5 no máximo. Isto COIJStitlli um problema? Francamente, 11ão "
cujo respe ito e les gosta m de ag ita r histó ri as assustado ras. O s satélites começaram a medir a extensão do gelo ma rítimo e m ambos os polos e m 1.979. H o uve um pico na ex te nsão deste gelo no século passado . E no Polo Norte houve uma perd a definida e muito cons iderável em torno de I Oa 15% naque le pe ríodo de 30 a nos. Mas isso fo i provocado, não inteira me nte, mas qu ase, por um cresc imento do gelo ma rítimo na Antártica, de ma neira que na realidade a massa global do gelo marítimo não mudou muito nos últimos 33 a nos. Houve um peque no declínio nos úl timos anos, mas nada rea lme nte de re leva nte, nada alé m do que pode ría mos ve r como um a variação natural do c lima . H á du as gra ndes massas de ge lo na Terra. Uma é a Antárti ca, onde se e nco ntram 90% do gelo do mundo, e a outra é a G roenl â ndi a, com 5%. Agora, a Antá rti ca tem esfriado nos últimos 30 a nos, desde que os satélites começa ra m a supervisio nar, e, po rta nto, ve rifi couse ali uma s ubsta nc ial ac umulação de ge lo. Na Groe nlândia a hi stó ri a foi dife re nte. N os 12 a nos e ntre 1992 e 2003 houve um visível c resc ime nto de cerca de do is pés [cerca de 6 1 cm] na média total de espess ura do gelo marítimo, com exceção das faix as da orl a. E e ntre 2003 e em 2008, cerca de três polegadas desse c rescime nto, o u sej a, ma is ou me nos um quarto , volto u aos ocea nos . Um . rela tório de 2009 di zia que cerca de 273 bilhões de to neladas tinham sido despej adas no mar desde 2003. Fiz um cálcul o di sso baseado no vo lume de gelo e de sua co nhec ida g ravid ade es pecífi ca, e ve rifiquei que aque les 273 bilhões de to ne ladas, mesmo qu e não fosse m simples gelo vo ltando ao mar, q ue se tinham acumulado lá na década anteri o r, te ri am apenas ocasio nado um a elevação de O.7 mm ao níve l do ma r. Isso ilustra um po nto bas ta nte inte ressa nte: o de vido senso de propo rções qu e se deve ma nter ao conside rar ques tões cie ntíficas. 273 bilhões de to neladas parecem muito, mas se as pessoas se dere m conta de que se as de rretermos e ratearmos nos vas tos oceanos qu e cobre m 71 % do p.la ne ta, na rea lidade não re presenta m muito. M e u o bj eti vo princ ipa l te m sido fazer com qu e esse dev ido senso de propo rções reto rn e ao debate c ie ntífico e econô mico sobre muda nças climáticas. N ão quero que se perca a idade da razão, o uso da razão, para chega r a conclu sões c ie ntífi cas. Se pe rde rm os isso, pe rd e re mos o Ocide nte. E se pe rde rmos nossa ca pac idade de rac ioc in ar, pe rde re mos um dos três gra ndes pilares, o u um a das gra nd es po tê nc ias da alma, como são c ha madas na teologia cató li ca tradi c ional. D e o nde os três pode res de De us todo- poderoso: o pode r criador, o pode r conservador e o poder concorre nte; os três pode res da alma, a me móri a, o ente nd ime nto e a
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vo ntade. O entendimento, o uso ela razão é o que mai s nos separa cio resto ela criação visível e mais proximamente nos une a Deus. Se perd ermos o uso ela razão, perd eremos nossa humanidade e também nossa li gação com Deus, duas perd as pro fund amente indesej áve is. Catolicismo - Este é um ponto interessante. Ligado a isso, como os ambientalistas utilizam o medo para promover sua causa? Observando o movimento ambientalista, vê-se que há muito medo, ansiedade e trepidação. Segundo muitos de seus líderes, caso não se faça algo, vai acontecer um apocalipse, etc. O senhor teria bons exemplos disso? Lortl Monckton - Bem , o medo tem sido usad o desde os druidas, não é? Caso se qu eira obter apoio para uma classe governante que não tenha o utro pretex to, o medo é um método muito bom para atra ir grandes somas ele dinhe iro dos c idadãos do mundo. Isso tem se dado ao longo da Hi stória. E está sendo empreendido agora , desta fe ita pe la esqu erd a so b a aparênc ia de mov imento amb ientali sta . Co mo é qu e e les co nsegue m faze r isso impunemente? Eles o faze m porqu e o ní ve l de educação c ientífi ca e raciona l tem sido em gera l tão abi ssa lmente pobre, que conheço muitas escolas no meu Pa ís, o Re ino Unido, com certeza no setor público, qu e dão cursos so bre como pensa r. Po rtanto, não se ens ina à vas ta ma iori a ela pop ul ação a noção ele qu e o " consenso" a res pe ito cio c lima ou de qualquer outra co isa corres ponde à fa lácia ari stoté lica cio argumentum ad populum, como os escol ásticos medi evais a chamari am ma is ta rd e, o argumento por contage m de cabeça. Bem, isso não é um arg umento rac ional. Simpl es mente po rqu e fo i dito qu e existe um consenso a res pe ito de a lgo não significa qu e e le ex ista, e a inda que ex isti se, não sig nifica qu e o ass unto a cuj o res pe ito se faz o consenso é verdade iro. Não sig nifica nada. E e ntão e les a legam: "Oh, há um consenso cios especiali stas! " Bem, então se entra em outra fa lácia ari stoté lica lógica qu e é o argumento ele autoridade, o argumento ele reputação - o argumentum ad verecundiam, e m latim - , que é também uma desgastada fal ác ia lógica. E se as pessoas fosse m devidamente instruídas na esco la qu anto ao devido uso ela lóg ica e ela razão, então o medo diminuiri a muito, po is que m qui sesse ca usa r medo não teri a êx ito, porqu anto suas vítimas seri am tre inadas para resistir exatamente a esse tipo ele conve rsa fia da. Vo ltamos então a algo qu e se costumava outrora tentar instil ar e qu e era uma edu cação vo ltada precisamente para pre munir os a lunos contra alegadas tentativas de classes govern antes e ele seus ali ados
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C ATOLICISMO
ele induzir ao pânico simples mente para di zer que o fari am desaparecer se lhes dessem dinhe iro.
O Greenpeace foi completamente dominado pelos marxistas e tem sido conduzido por eles desde então
"Muitas 01'ganizações ambientalistas são <lil'igi<las pol' pessoas ela extrema esquenla. Assim, é clal'o que existe inter esse ideológico, e um tipo de estatismo "
Catolicismo - Obviamente, o movimento ambientalista não cuida apenas do ambiente. Que ideologias ou doutrinas estão por detrás dele? Lortl Monckton - Ele abso lutamente não tem mais nada a ver com o ambi ente. Os ambie ntalistas não passa m de melanci as : ve rdes por fora e verme lhas por dentro . Eu também os chamo de tendência de semáfo ro: verdes muito amare linhos de medo de admitir qu e são rea lmente verm elhos . Pode-se ta lvez pensa r qu e isto seja mera retórica, mas conheci um dos fundadores do Greenpeace, o fa lecido Eri c Ellington, a pessoa menos inclinada à po lítica qu e se poderi a conhecer. Sua preocupação ge nuína e ra de qu e ninguém bagunçasse o planeta, e e le e seus amigos co-fund adores tinham noções mai s bem idea li stas so bre o obj etivo que desejavam obter. Ele me disse que após um ou do is a nos todos tivera m de sa ir porqu e não eram políticos. Quand o os marxistas entraram e, em suas palavras, " tomaram o movimento", e les não fora m capazes de detê- los por não sa berem como. E les não eram políticos. Assim, politicamente, a extrema esqu erda " passou a perna" neles. Catolicismo - Então o Greenpeace foi sequestrado ... Lord Monckto11 - Sim , s im , o Greenpeace fo i compl etamente dominado pe los marxistas e te m sido conduzido por eles desde e ntão. Analogamente, muitas das outras orga ni zações ambi enta li stas sã.o diri g idas po r pessoas ela extrema esqu erda . Assim, é cla ro qu e ex iste interesse ideo lógico, e há também um tipo ele estatismo, um desej o ele que o Estado passe a diri gir tudo, o que naturalmente faz parte da fil osofi a da esquerda. Mas há também um tipo de estatismo ego ísta entre buroc ratas e políticos desej osos de se sentirem úte is, de te rem uma razão de ex istir e de impor tributos às pessoas até tirar o sangue. E o ambi enta l ismo é para eles uma vi a mágica de extra ir grandes qu antidades de dinh eiro das nações através de impostos de combustíveis fósseis, comérc io de ca rvão, etc., etc., e exi ste o s impl es interesse fin a nceiro da parte de muitas pessoas qu e estão fi cand o fran ca e deso rdenadamente ri cas graças a este medo. Catolicismo - Mais ainda, poder-se-ia dizer que o movimento ambientalista dá muitos sinais de ser uma nova religião. Gorbachev, por exemplo, disse que a Carta da Terra deve substituir os Dez Mandamentos como base
da nossa sociedade. O senhor teria exemplos ou poderia comentar isso? Lord Mo11ckto11 - A ide ia de qu e o ambienta lismo possa ser uma reiig ião crível já demonstrou ser fa lsa pelo trenz inho assombrado do aquecimento g lobal , em cujos vagões os fan áti cos subiram e cujas rodas imediatamente começa ram a se soltar. Agora todo mundo vê que eles estava m e rrados. Portanto, por que estariam certos a res peito elas outrns coisas que dizem? Essa abordagem é naturalmente um pouco il ógica, porque teori camente eles poderi am estar errados numa co isa e certos em outra, mas acontece que eles têm um históri co de serem errados, repetidamente errados. Erraram, por exemplo, quanto à camada de ozônio. Recentemente descobriu-se que o impacto dos ca rbonos de clorofluoro na fi na camada estratosféri ca de ozônio, qu e em alguma medida nos defende de ra ios nocivos do sol, fo i dez vezes exagerado. N ão se trata de um errinho qua lquer, fo i exagerado dez vezes. Sem esse exagero, não haveri a nem ele fa to há qua lquerjustificação para o Protocolo de Montreal, mas ass im me ·mo ele fecharia milhares de indústria · perfe itamente respeitáve is do mundo inteiro que prod uzissem ou usassem os carbonos de clorofluoro. Portanto, e les estavam errados. Errados também sobre o HIV, quando disseram que não se podia designá- la uma doença de notificação obrigatóri a. Ninguém devia ser examinado, e os que a tivessem contraído não pod iam ser iso lados. O res ultado foi que 33 milhões de pessoas morreram, 33 milhões · estão infectadas e vão morrer, e a inda não há nenhum sinal de que es e movime nto vá para r. Tudo porque a esquerda e apossou cio problema desde o início e errou o tiro completamente. Portanto, o hi stóri co da esqu erda é terrí ve l. Os esquercli tas errara m a propós ito cio aqu ec ime nto glo bal. N ão houve nenhum aquec imento ao longo ele pe lo menos 15 o u 20 anos, abso lutamente ne nhum , apesar lo registro cio aumento ele concentrações ele di óxido de ca rbo no na atmosfera, e isso sugere que o aquecimento que deveri a ter ocorrido - ele qua lquer fo rm a te ri a sido re lati va mente pequ eno - , fo i faci!mente s uperado pe lo esfri amento natu ral res ulta nte ele um dec línio elas atividades so lares po r vo lta de 1960, a partir de um pi co ele 1O m i I anos. Po rtanto, e les erra ram nova mente e ag ra estão querendo prever qu e o índi ce ele aquecimento nos próx imos 100 a nos será três vezes o qu e temos visto nos úl tim os 60 anos, mas não há nenh uma base científi ca para tamanho salto. Ass im e mo erraram tão freq uenteme nte no passado - e errara m di ametralmente a res peito ele tud o - , elevee I vantar a questão de se, obj eti va mente fa lando, el s 'S I '.iam mesmo faze nd o algum es fo rço para obt ' r a v ' r lacle científica. Em qu estões c ientíficas
Representação artística do Big Bang
"Co11/isca1· as terras <las JJessoas sel'ia o fim <lo direito de prop,·ieda<le e conduziria a uma era socialista, que suspeito sei' o objetil'o amhientalista "
não é apropri ado fazer o qu e faz a esqu erd a ou os ambienta li stas, tomando na realidade uma posição po lítica. Pelo contrári o, eleve-se manter uma certa di stâ nc ia e ver o proble ma sem paixão, para tentar resolvê- lo: " Há um proble ma? Qual é a sua gravi dade? Como podemos descobri -lo?" . E ainda qu e possa mos fa zer algo a res pe ito, compensa fa zê-lo ou seria mai s barato não faze r nada, posto que o proble ma não é tão grande quanto di ze m? Portanto, essa quase-re ligião fa lhou precisamente por tentar instrumenta lizar a ciência. A relig ião e a c iência operam em campos di fe rentes. Ambas são ori entadas na direção ela verdade, mas é a relig ião que começa, a priori , como di zem: ex iste um Criado r, e o Big Bang começo u porque assim foi o Seu desígnio, sej a por ação direta o u por algum método indireto; mas foi um evento não cri ado por nós, ele modo que podemos crer que o universo teve ori ge m divina e não há ciência alguma qu e prove que isto estej a errado. Cl aro está que as leis da física só entraram em vigor alguns milésimos ele segundo após o Big Bang e, portanto, não temos como verificar por qu e o Big Bang aconteceu. Ass im, sem contrari ar a ciênc ia, estamos no direito de acreditar qu e se tratou ele uma ação divina. Não pode mos provar que foi uma ação divin a, mas tampouco e les podem provar qu e não o foi . Nossas crenças diferem. Não há futuro e m te ntar acreditar qu e é possíve l provar c ie ntificamente qu e certas co isas são fa lsas, como fa ze m os a mbi e ntali stas. E co mo faz iam muitos eruditos - Ja mes Love lock até recente mente, Fritz Vahrenh o lt, Bj orn Lo mborg e todos os qu e renunciaram suas anti gas posições sobre o aqu ecimento g lobal - , porqu e sa be m qu e o ass unto foi inA aclo e que é inútil a lardear so bre a lgo que a ciênc ia contradi z. Catolicismo - Como o ambientalismo afeta a propriedade privada e os direitos dos agricultores em todo o mundo? Lord Monckton - O perigo é que, como j á aconteceu em luga res como a Au strá lia e Uganda, as pessoas sej am despejadas ele suas terras, qu e muitas vezes poss uíram por várias gerações, a pretexto de alg uma preocupação ambienta l ou coi sa que o valha. E que o Estado, em nome da sa lvação do planeta - c la ro está que o pl aneta fo i salvo há dois mil anos e não necessita sê- lo novamente - , irá exercer de modo crescente e a rroga nte a expropriação por utilidade pública, ating indo diretamente o direito ele propri edade. É a razão pela qua l é importantíssimo verifi car a verdade científi ca. Se não, começaremos a confi scar as terras das pessoas sem justa razão. Seri a o fim cio direito ele propriedade e condu z iri a a uma era sociali sta, qu e suspe ito ser o verdade iro objetivo deste movimento a mbi enta li sta. •
AGOSTO 2012
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Impeachment do presidente Lugo
e esdrúxula reação "bolivariana" Emface do ocorrido no Paraguai, curiosa norma de ação
do Mercosul, sob a influência de Chávcz: "Quando não é de esquerda, democracia é golpe; quando é de esquerda, golpe é democracia" ... 13 Lu1s DuFAUR
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e início, no Parag uai , um epi sódio de invasão de faze nda no estilo das praticadas pe lo MST no Bras il , seguido de uma o rde m judicial de despejo . O s o fi c ia is da po líc ia te ntaram di a logar com os invasores para dar desfecho pac ífico à ocorrê nc ia. Mas foram surpreendidos po r atiradores ele toca ia, que assassinaram se is de les com certe iros ti ros na cabeça . A tropa po lic ia l reagiu e 12 invasores acabara m mo rtos. A inaudita violê nci a dos agitado res agrári os causou surpresa e indig nação no Paragua i. Po ré m, o e ntão preside nte Lugo, tri ste me nte conhecido pe lo núme ro de fi lhos ileg íti mos que teve e nquanto e ra bispo, ma nifes to u des inte resse e in sens ibilidade . Pio r: destituiu o mini stro cio Interio r e c hefe ela Po líc ia, substituindo-o po r uma pessoa ele sua confi a nça e constrangendo à re núnc ia os o fi c ia is ma is anti gos. Sabi a-se havia muito que o peque no g rupo g uerri lhe iro de no minado Exército Paraguaio Popular (EPP) agia com a conivê nc ia de Lugo . Era público e notório que e le apo iava po r deba ixo do pano os ag itado res ca mpo neses, muitos dos qua is fo ram seus di sc ípulos quando e ra bispo na zo na de conflito. Po ré m, Lugo teve a habilidade de não impuls io nar um esque rdi s mo sanhudo. E le favo rec ia a s ubversão sem demo nstra r c umplic idade . Dessa mane ira, como seus símiles sul-ame ricanos, soube torn ar-se "supo rtáve l", e mbo ra o pa ís não concordasse com sua pre potê nc ia, hipocri s ia e imorali dade. Muitos pa rag ua ios estavam arre1:>endiclos de te r vo tado ne le, mas o supo rtavam e m virtude de estranha para li sia.
Num instante, Lugo pel'de anos <le "pl'Ogl'esso" A ass ustado ra c hacina, po ré m , e riçou o pa ís e produ ziu o efeito de fa ísca lançada sobre um mo nte de pa lha. S ubitame nte, a o pinião pública começou a cl am ar contra o e ntão pres ide nte. Até mes mo s imples ba lco ni stas de s upe rmercado não consegui a m de ixar de ex terna r espa nto e indi g nação.
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Desfi zeram-se co mpleta me nte, e m um só insta nte, anos de ava nço as tuc ioso da esque rda. Sina l sinto máti co e ntre todos: até os bis pos, que o apo iava m , pediram- lhe que re nunc iasse a ntes mes mo de qua lqu e r procedime nto pa rl a me nta r. E, logo que foi destituído, qualificaram sua saída como " página virada". Nesse a mbi ente , a pe rmanê ncia de Lugo to rnara-se insustentáve l. A C âmara cios De putados sol ic ito u a abertura do processo de impeachment. N as ruas do Parag uai bradava-se pe la saída do presidente. Ape nas um parlam e ntar vo tou a favor da manute nção ele Lugo, enqua nto 73 votaram pe la abertura do processo. Fe ito este, o Se nado o destituiu por 39 votos contra 4, com doi s ausentes, e e mpossou o vice-preside nte Feclerico Franco. Tudo de acordo com a Co nstituição parag ua ia. Uma te ntativa fru strada de protesto de rua não atraiu manifestantes . O Exé rc ito não prec isou intervir e respaldo u as dec isões do Leg islativo. Lugo fi cou ple na me nte livre. I mpote nte e sem apo io, até form o u um "governo fa ntas ma" do qua l quase nada se sabe, a não ser que foi ine xpressivo . A o pinião públi ca paraguai a e xterno u la rgo apo io ao impeachment do ex-bi spo e e logiou seu di scurso ele re núnc ia como o me lhor que fez e m quatro anos de gove rn o . O novo preside nte prome te u evitar toda vio lê nc ia, respeitar a propriedade privada e m matéria de Reform a Agrária e dar mão fo rte à Justiça para não mais tolerar os grupos te rro ri stas. A o pini ão pública não que ri a o uvir o utra coisa. A substituição con stituiu um e pi sódi o tranquilo na ple na vi gê nc ia da o rdem legal e do siste ma de mocrático.
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, se reúne com o Núncio Apostólico Eliseo Ariotti no palácio presidencial em Assunção
clarar a lgo ma i · onorame nte esque rdi sta e nquanto o ca ud ilho Hugo C hávez e nvi ava seu cha ncele r Ni colás M adu ro para te nta r s ubleva r os co ma nda ntes mili ta res pa rag ua ios, po ucas ho ras a ntes ela destitui ção ele L ugo. O e ncontro fo i age nciado pe lo c hefe do gabine te militar ele Lugo, ge nera l Ángel Yallovera , e ocorre u no Pa lácio ele Go ve rn o ela capita l, se ndo film ado pe las câ maras ele segurança . A mini stra de Defesa do Parag ua i, Ma ría L iz Ga rcía, entrego u o vídeo à imp re nsa. Te me ndo ta lvez a lg um fe nô me no a ná logo de op ini ão públi ca e m seus países, pres identes me mbros do Mercosul re unidos e m M e ndoza (Arge ntin a) SLI°spe ncleram o Parag ua i da a li ança e decid ira m recebe r a Ve nezuela de Hugo C h,ívez como no vo membro. O pa rla me nto cio Pa rag ua i o punha-se há a nos a esse ing resso, e agora pres ide ntes " po puli stas" aproveitara m-se daq ue la suspe nsão para a brir as portas ao líde r " bo li va ri an o". O a to fo i cl a ra me nte il ega l, vio la ndo nume rosos tratados ass in ad os pe lo Bras il , como de monstro u o e x-c ha nce le r bras il e iro Ce lso Lafe r. Pa ra e le , o ato de M e ncloza "carece de boafé [ .. .] lealdade e honestidade [.. .].
Trata-se, em síntese, de uma i/egalidade". 2
ses tradicionais hegemônicas promovem um neogolpismo na América do Sul e a democracia está em risco na região" . 1 A
Para "O E stado de S . Pau lo" trato u-se de um "g olpe contra o Mercosul", fruto de "mais uma decisão desastrada e vergonlrosa para a diplomacia brasileira ". O jo rn a l constato u qu "os presidentes e diplomatas envolvidos na condenação do I omgrraiforam incapazes de sustentar sua decisão em um c/am .fi111dame11to j urídico".3 'gundo a " Fo lha de S . Paul o", o "rigo r do Mercosul vale pam o Paraguai, mas não para a Venezuela [ .. .]. Dois pesos, dr ras 111edida s". 4 Para "O G lo bo" "o Mercosul [ficou] soh i11/lrrc?!1cia chavista ".5
preside nte da Arge ntina, C ri stina Kirchner, apressou-se e m de-
·o nhcc icl o co nst ituc io na li sta I ves Ga nclra ela S il va
Dupla linguagem das esquel'das "Go lpe" ! - clamara m e m uníssono as esque rdas sul a me ricanas. Sa mue l Pinhe iro G uimarães Ne to, até e ntão a lto re presentante bras ile iro no Mercosul, de nunc io u que as "clas-
Ma rtin s de plo ro u "o apoio de Dilma a essa 'rebelião de aspirantes a di1adores ', pisoteando a democracia e a Lei Suprema paraguaia ".6 Bastou o cha nce le r e o vice- pres ide nte cio Urug ua i a po ntare m a presidente bras ile ira Di I ma Ro usseff como pro motora dessa ' re be li ão de as pira ntes a ditado res' pa ra começar uma corrida - q ue pe rcorre u as chancelarias do M e rcosul - e m q ue un punha m a c ulpa nos o utros. O Dire ito in ternacio na l, os acord os ass inados, a reputação elas diplo macias nac io na is e dos go ve rn os, a pró pri a rac io nalidade dos atos hum a nos, tudo fo i descartado na prec ipitação e no pâ ni co cio esque rdi s mo co ntine nta l. E nqu anto escre ve mos este artigo, o caso não teve a inda seu desfec ho. Entreta nto, ve m se destaca ndo a ati tude ele sere ni dade e di g nidade do novo gove rn o ele Assunção di ante cio a lvoroço contradi tório e agress ivo de pa íses vizinhos influe nc iados pe la me nta lidade " bo livari a na" . Ade ma is, a mi ssão ao Parag ua i liderada pe lo secre tário-gera l da Organização dos Estados Americanos (O E A), José Mi g uel In sul za, conc luiu que "o j ulgamento político fo i f eito estritamente co,~f'orme o procedimento constitucional " e que as institui ções de moc ráticas estão prese rvadas. O que respo nde rão a " re be li ão de as pi ra ntes a ditado res" e seu comparsa caribe nho? • E-mail para o autor: catolicismo@terra .com.br Notas:
1. " Fo lha de S. Pau lo", 29-6- 12. 2. " FS P", 4-7- 12. 3. "O Es1ad o de S. Pa ulo", 3-7- 12. 4. " Fo lha de S. Pa ul o", 1-7- 12. 5. "O Globo", Ri o, 29-6- 12. 6. " Fo lha de S. Pau lo". 5-7- 12.
CATOLIC I SMO AGOSTO 2012
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Aliança internacional dispara contra o Paraguai: Mercosul e Unasul abrem as portas da América Latina para um neo-totalitarismo de esquerda Campanha da TFP paraguaia nas ruas de Assunção
A SOCIEDADE PARAGUAIA DE DEFESA DA TRADIÇ ÃO , FAMÍLIA E PROPRIEDADE (TF P), uma vez desfeita a poeira leva ntada pe la arbitrári a sanção imposta ao Paraguai pe los governos sul -americanos, al erta para o abismo que este inusitado fato pressagia e o precedente que estabelece. Por u1n "crime" que não houve o M ercosul e a Un as ul apli caram uma pena que não exi ste. Não houve [crime] porque tudo foi estritamente legal. Não ex iste [a pena] , porque o tex to que a prescreve estabe lece em seu art. l l : "somente se aplicam aos Estados que o tenham ratificado" , e o Parag ua i não o ratifi cou. Po rtanto, o que ho uve fo i um ato de prepotê nc ia contra um país-me mbro, um a efetiva execução daquilo mes mo de que nos ac usa, ass im como um golpe de fo rça contra o Parag ua i e a própri a instituc io na lid ade do Mercos ul. Fo i uma coorde nada in tromi ssão estrangeira nos ass un tos internos parag uai os. Por que tanta acrimônia e vi olênc ia ? Pe lo simples fato de não ag radar a esses gove rnantes e a essas instituições o fato de o Poder Leg islativo , no li vre e pacífi co exercíc io de seus dire itos constitucio na is, destituir o Pres idente da Re públi ca num ato de leg ítima de fesa da Nação agredida por uma subversão interna patroc inada pe lo próprio chefe de Estado !1 O ex-pres ide nte L ugo, reconhecido partidári o do Sociali smo do Sécul o XXI e da Teo logia da Libertação, admini stro u como Bispo - quando exerc ia esse cargo - a Diocese de San Pedro, a qual, por não mera coinc idência, é hoje uma das zonas mais transtornadas pe lo mo nstruoso contubérni o comuni smo-re li gioso e re li g ios idade comuni sta. Conceitos contraditórios que a Teo logia da Libertação - que de Teologia só te m o nome, e de substânc ia o meca ni smo co muni sta pretende amalgamar. Do m Roge li o Livi eres denunc iou como o ex- mandatári o po liti zava as paróquias: "Arrastou boa parte do clero e uma grande quantidade de monjas" e, "com a organização do Governo e a ajuda de sacerdotes, tirava os meninos das capelas e paróquias para irem à Venezuela por 15 dias",2
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CATOLI C ISMO
obvi amente para sere m do utrinados com os nefastos dog mas cio soc ia li smo chavi sta. Nessa mesma zona ex iste a subversão sob a fo rma ele fa lsos campo neses sem terra intox icados da luta de classes e ela guerrilh a do EPP [Exérc ito Paraguaio do Povo], um campo de manobra e uma capac idade incendi ári a que, com um eventua l apo io de Chávez, de E vo e de outros, ainda pode tornar-se muito perigosa. Di ante do quadro que e m nível nacio nal e internac ional se confi g ura , é s urpreende nte constatar a inoperância dos pres identes sul-americanos e dos organi smos internac ionais, que simul am nada o uvir e nada ver. Como são imprev identes ! E, pe lo contrári o, quanto desve lo e m proteger o avanço da neo-s ubversão esquerdi sta, quanta impunidade di ante de seus atrope los, seus golpes à lei, ao Estado e às in sti tuições ! E nfurece-os que um país pequeno co mo o nosso res ista à extorsão, não siga a pa lavra de orde m que lhe dão, e ne m se intimide com o precedente c ri ado com a prepotente intervenção e m Ho nduras, em caso simil ar ao nos o. "Eles coam um mosquito - o pretenso golpe no Paraguai e e m Honduras - e engolem um camelo: a iníqua e cinquentenária tirania cubana". Ou a descarada intromi ssão, durante o auge da crise, do c hancele r venezue lano M aduro e do embaix ador do Equ ado r, tenta ndo subl evar as Forças Armadas contra o Co ng resso Nacional e inc ita ndo os altos comandos a to mare m partido em favor do pres idente deposto, o que teri a dese mbocado num Golpe de Estado. Os chefes de Estado do Me rcos ul e da Un as ul fora m levados a to mar por unanimidade - o que é mi sterioso e inqui etante - uma atitude que, embora de fl agrada imedi atamente contra o Parag uai, te m ta mbém o utro objetivo: os demais países latino-america nos. Para eles vai o av iso: Unani me me nte - co m razão, sem razão o u contra a razão - os avassalaremos como estamos fa zendo agora com o Paragua i, caso se atrevam a usar a Lei e a Constitui ção para defe nderse, qu aisquer que sej a m os seus dire itos. Pelo contrári o, os Castro, C hávez, Kirchne r, Correa são in tocáveis e podem
Fac- slmll~ do manifesto da TFP paraguaia, publicado 1 no diário ~BC Color", de Assunção, em 13-7-12
avançar s ' 111 perigo, porque tê m toda a nossa solid ari edade e con1ru ' I s o Mercos ul e a Unasul não serão ne m fre io nem ob tác ul o, ·onta ndo co m todo o nosso apo io. A x ·ução des ta mano bra redundo u na injusta suspensão do Pan 1 uai e na cínica e imedi ata proposta de apro vação de e ntrada no Mcrcosul da antidemocrática Venezue la. Qua l será esta neo-subver são em cuj a face esses governantes e or anismos abrem com tanta imprevi são as portas e j anelas, de ixa ndo in lcfesas as nações e os povo. sul -americanos? É um a 111 tamorfose do co muni smo; é o mes mo comuni smo, por o ulros meios ma is subti s e efetivos; é um requinte do co muni sm . Co mo e nsin o u nosso in spirad o r, o cé le bre pe nsado r cató li co e hom m de ação Plini o Corrêa de Olive ira, esta neo-revo lução "toma-se capaz de vencer mais p elo aniquilamento do adversário <lo que pela multiplicação de seus amigos". Interessa -lhe ma is adormece r, desconce rtar ou simple. mente acabar com as opos ições, do que estimul ar seus adeptos oste nsivo . Jlustrativo disto é a ausênc ia de oposição a esta neo-revolução na região, característica par ticul armente no Bras il e na Argenti na. Analogame nte, a reuni ão de pres id entes e m M e ndoza co ndenou o Parag uai, sem que a menor oposição se fi zesse notar. Mansa mente, todos os pres identes s ul -ameri canos ali reunidos fo ra m levados a co laborar com esse desíg nio. Inclusiv os de "ce ntro-dire ita" Pifíera e Santos , q ue qu ais novos Kc rcnskys e novos Fre is 3 emprestaram a essa manobra sua ima cm e seu prestíg io ele ho mens de ordem e de a lternativa a Dil ma, K irchner, Lugo, E vo, Correa ... Qu e ilu são! mais grave é que no sécul o XXI, com as metamorfoses da R vo lução, o risco não está nos Golpes de Estado, mas nos
Golpes a partir do Estado. Já não é o autoritari smo clássico que ameaça as nossas nações, mas o ele itoral -populi sta. Qu er dizer, o control e ela arena po líti ca por me io da restrição da liberdade ele imprensa, a tendênc ia ao monopó li o da informação, à politi zação elas Forças Armadas, à eclução populi sta das populações, à intervenção estrangeira descarada em favor da ex pansão dos des íg ni os esquerdistas . A TFP parag ua ia fa z um ape lo às lideranças natu ra is el a Nação e cios países irmãos para que não se de ixem adormecer di ante desta realidade, ne m se intimidar com a prepotênc ia com a qua l pretendem nos avassa lar, mas, muito pelo co ntrári o, os exorta a desmascarar esta neo-subversão que ameaça nos levar ao ma ior dos abi smos: o Caos. In sta-os, nesta emergênc ia, a defender co m novo ardor os res tos ainda vivos da ordem católi ca tradic ional. Que a Santíssima Virgem de Caac upé abençoe as nossas nações, nos I ivre dos peri gos e das e mboscadas que nos cercam. E nsinai-nos, ó Mãe nossa, a caminhar pe las vossas vias rumo à restauração da C ivili zação C ristã e ao triunfo de vosso Coração Imac ulado pro metid o e m Fátim a ! SOCIEDAD PARAGUAYA DE DEFENSA DE LA TRADICION, FAMILIA Y PROPIEDAD - TFP JAVIER PENA MORA Diretor
GERARDO SCHULZ Secretário
Eng . RAUL ZAVAN
Adv. OMAR PENA
tfp.parag uay @g mai l. com - Te l: 443653 Notas: 1. C fr. Texto da Acusação aprovada pelo Co ngresso Nacional. 2. C fr. Jorn al " AB C Co lor" 10/07/1 2. 3. C fr. Frei E/ Kerensky C/Jile110. Fá bi o Vi digal Xav ier da Sil veira.
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Painel "RioMENOS20": refutação profunda
das fraudes da ofensiva ambientalista entusiasma auditório ■
Lu1s DuFAUR
a presença de numeroso p.úblico, rea li zou-se na noite de 2 l de junho, no C lube 1-J oms, situado na Aveni da Pauli sta, o Pai nel RioMENOS20 - O que os jornais não irão publicar sobre a Rio+ 20 - Mitos e verdades sobre o desenvo lvimento sustentável. O principal orador da noite fo i o Prof. Lui z Carlos Molion, PHD em Meteoro logia e professo r de C limato logia e Mudanças C limáticas da Uni versidade Federal de Alagoas. Antes de le fez uso da palavra o Sr. José Carl os Sepúl veda da Fonseca, anali sta político do Instituto Plínio Corréa de
N ~
CATOLICISMO
Oliveira. A conclusão do pa inel esteve a cargo de Dom Bertra nd de Orlea ns e B raga nça, Príncipe Im perial do Brasil e coordenado r da campanha Paz no Campo. Prev iamente aos oradores, o Sr. Daniel Martins, assessor de impren a ci o JPCO, fez um breve apanhado da ca mpanha púb lica real izada du ra nte a semana por 20 jovens cooperadores do Instituto em logradouros públicos do Ri o de Janeiro, espec ialmente aq ue les onde se pro mov iam atos da Rio+20. Com suas becas e seus grandes estandartes, eles distribuí ra m um fo lheto ed itado pelo Instituto, destinado a informar a opini ão pú bli ca das ameaças contidas na ofensiva ambientali sta mundi al, bem como as fra udes científicas sobre as quais ela pretende fu nda mentar-se.
O r. José Carlos Sepúlveda da Fonseca anali sou a Rio+20 à luz do pensa mento e das teo ri as de ação do Prof. Plini o Corrêa de Ii veira, ace ntua ndo a obscuridade e indefini ção dos termos medulares da investida ambienta li sta, notadamente a expressão "eles >11 11olvimento sustentável". egundo o expos itor, pessoas desejosas de se m stra rem modernas, de estarem " no vento", pronu nci am o termo "sustentável" sem saber precisamente o que ele signifi ca. bscrvou em seguida que "desenvolvimento sustentável" e/ou "sustentabilidade" é um t rm " tali smâni co", isto é, uma ex pressã.o e m múltiplos significados indefinid os, c uj a fin a Iidade é desarmar os espíritos e predispô-los a aceitar uma ideologia subj acente. N aso, a chamada ideologia verde. Com pro fusão de documentos, Sepúlveda da Fon eea mostro u como esse "ta li smã" ideológico é uti lizado na Rio+20 para justificar o aborto, a " ideologia de gênero", o movimento anti-" homofobi a", a investida con tra a propriedade privada, e ainda outras metas. Ana li sada em detalhe, essa pluralidade de se nti dos a prese nta uma s ig ni ficação úni ca : a ide ia de que tudo aquilo qu e o mund o con heceu até agora como cultura, civili zação, progresso, desenvo lvime nto, ficou " insustentável". Em última análise, como se pôde ver na Rio+20, o objetivo não confessado, porém mai s din âmi co da "sustenta bilidade", consiste num retrocesso visando a aba ndonar há bito de con sumo, de vida e do modo de viver de civil izados, para se imergir numa exi stência de tipo triba l.
* * * Por sua vez, o Prof. Moli on denunciou com ciência, segurança e clareza as fraudes ci entíficas a respeito do suposto "aqueci mento global", ao discorrer sobre o tema Mudanças climáticas: realidade ou mito? Com abundância ele esquemas e gráficos eluc idativos, e le mostrou que os dados fornecidos por satéli tes não só desmentem a teoria do aquecimento como apontam com a fo rça dos números para uma te ndência ao resfriamento do clima da Terra nas últimas décadas, que poderá ainda se acentu ar nos próximos séculos. O especia lista mostro u também a incon-
Folheto editado pelo
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, destinado a informar a opinião pública sobre as ameac;as contidas na ofensiva ambientalista mundial, bem como as fraudes científicas sobre as quais ela pretende fundamentar-se.
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Eslá nos design/os serem raclon- I de Deus Que os r Génesis: "C~ ment? explorados. As Deus o Ctiou· h~s. Deus o homem 8 s lhes d1ss9; Frutlfl~:"/ e mulhor os cn·ou.
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sistênci a do alarm ismo m idi ático-científi co no tocante ao derretimento do Ártico, que está seguindo seu ciclo típico influenc iado pelas marés e pe la Lua. A elevação do níve l dos mares, que segundo o catas trofismo amb ientalista va i subir até alaga r cidades como Nova York, é outra ba lela que não resiste à menor análi se científi ca. A respeito das habituais críti cas à emi ssão de C0 2 , o c limato logista sublinhou que "o C0 2 não controla o clima. Não é o vilão! É o gás da vida!". É e le que alimenta as pl antas e, se por absurdo fosse retirado da atmosfera, nem o ho mem nem qua lquer ser vivo poderi a existir sobre a Terra. Além do ma is, as tentativas de reduzir as emissões desse gás se mostraram perfe itamente inúte is. "Quanto mais C0 2 tiver melhor! As plantas vão crescer mais! " - compl eto u o professo r, que ao longo de sua expos ição provou ainda que não está nas mãos do homem mudar o clima glo ba l.
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Como se esgotou completamente a primeira edição, resolvi, a pedido de grande número de zelosos colegas, publicar uma segunda edição deste livro, revista e um tanto ampliada, porque, das muitas obras existentes versando sobre a confissão, sejam elas grandes ou pequenas, talvez, nenhuma lhes pareça tão simples, e tão clara como esta, tão apta a lhes proporcionar a ocasião de conhecerem: Dom Bertrand de Orleans e Bragança e o Prof. Luiz Carlos Molion
1 - Toda a excelência da confissão; 2 - A importância muito grande de bem se servirem dela; 3 - A necessidade de frequentá-la mais a miúdo, e muitas outras coisas, todas elas interessantes no que diz respeito a esse sacramento. Ao chegarem ao fim da última página, espero pelo seu agradecimento, caros leitores, desde que o meu único intento, o meu único fim, é o de induzi-los a experimentarem o quanto Jesus é realmente bom. Se eu tiver conseguido o que queria, lembrem-se de mim nas suas orações. OSEU AMIGO, Sacerdote L. G. Chiavarino Formato l 4x2 I rn1 . 136 páginas
Frete R$7,00
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Ao encerrar o Pa ine l, o Dr. Ado lpho L indenberg, pres idente do fn stituto Plinio Corréa de Oliveira, destaco u o alívi o que experimentava, e que percebi a ex istir ta mbém no auditório, vendo os embustes do ambienta l ismo refutados de modo tão convincente e tranquilizador. • E-mail para o autor: catolicismo@ terra com br
CATOLIC I SMO
Dr. Adolpho Llndenberg, presidente do Instituto Pllnlo Corrêa de Oliveira, dirige ao auditório as palavras de encerramento
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A seguir, D om Bertrand afirm ou que a recusa de De us conduz aos desva rios do ambi enta lismo, po is o homem, ao ti ra r o Criado r do pano ra ma, inev itave lmente se co loca no lugar d 'E le, julgando-se o centro de todas as co isas. Como consequênc ia, o Estado aca ba sendo divinizado pelo homem, transformando-se num deus que se imi scui até nos mínimos detalhes da vida das pessoas. O atual ambi enta l ismo - expli cou D om Bertrand - prepara a instalação de uma ditadu ra pl anetári a que, a pretex to de eco logia e defesa do planeta, vai di zer a cada um o que pode ou não pode faze r, deve ou não deve faze r. Essa é a meta que se tem em vista na Rio+20. No Gênes is, narra-se que Deus cri ou o homem e a mulher, mandando que crescessem e se multiplicassem e enchessem a Terra; di spôs que todas as sementes, plantas e animais que se movem serv issem para sua alimentação. Portanto, co locou a natureza a serviço do homem, e não o homem a serviço da natureza. A recusa de Deus leva, po is, aos desvarios do ambi enta l ismo, conc luiu o príncipe imperia l.
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Qual a razão deste livro
Faça já seu pedido! Petrus Editora Ltda. Rua Visconde de Taunay, 363 - Bairro Bom Retiro CEP 0113 2-000 - São Paulo-SP Fone/Fax (11) 3333-67 l 6 E- mail: petrus@livrariapetrus.com.br Visite nosso site na internet: ~w. livrariapetrus.com.br
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primeira impressão que me causa essa imagem é a de um ex traordinári o relacionamento de alm a entre Nossa Senhora e o Menino Jesus: um destes momentos de fa mili aridade entre mãe e filh o em que Ela brinca com o F ilho. Se esse relacionamento nunca admitisse um sorri so, não haveria verdadeiro convívio entre mãe e filh o. Por que razão? - Porque o menino tem qualquer coisa de débil que pede um sorriso. Do contrário, estabelecerse- ia uma barreira entre os doi s, tornando imposs ível um dos modos mais elevados de comunicação espiritual. Uma certa brincadeira entre Mãe e Filho converge neste ponto: a alma d 'Ele sente-se mi sericordi osa e benignamente atendida naquil o que possui de mais débil; e a alma d 'E la manifes ta-se mais deli cada, afável e fl ex ível em re lação a E le. É um dos mais belos as pectos do estado de alma materno. Quando se considera Nossa Senhora brincando com o Deus do Credo, Aquele que Ela sabe ser a Segunda Pessoa da Santíss ima Trindade, que ass umiu a natureza humana, podemos compreender o auge de veneração presente nesse conv ívio e o quanto esse sorriso é autêntico e não disfa rçado. Isso revela, a par da grandeza infinita, urna sublimidade, afabilidade e bondade que nos deixam desconcertados. O sorri so nas relações entre mãe-filh o apresenta-se muitas vezes de modo prosaico. Mas nesta imagem, pelo contrário, é nobilíssimo. Mãe e Filho não perdem nada de sua di gnidade. Outro as pecto a ser ressaltado nessa escultura - que, a meu ver, é muito superi or às estátuas gregas cláss icas: Ela enquanto rainha, envergando uma coroa e tendo um príncipe nas mãos. Uma obra- prima de castidade, porque desse relacionamento só almas castas são capazes . Uma alma não muito casta não é capaz desse sorriso e o relacionamento tra nsforma-se em vulgaridade. Observem corno Nossa Senhora, ao mesmo tempo ·m que olha para o Menino-Deus, medita a respeito cl ' El ·. Porque compete mais a Ela admirá-Lo do que El • ·m relação à sua Mãe. Qualquer pessoa se ajoe lh ari a din111 · desta cena! •
A
Imagem da "Virgen Bianca", Catedral d e Tol do, Espanha. Século XVI, procedente da França .
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 26 de novembro de 1967. Sem revisão do autor.
PUNIO C O RRÊA DE
S UMÁRI
01 IVI IRA
Recristianização
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Excmnos
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C/\1ni'\ no D11rnTOH
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D..:s·1i'\otm J-fjstórico de uma luta contra o aborto
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S
ã.o muitos os que medem a grandeza de uma soc iedade, de uma nação, pela cotação de seus valores bancá rios, pelo núm ero e importânc ia de suas indú stri as, pela to nelagem de sua m arinh a, pelo poder de se us arm am entos . É o culto do prog resso materi al e da vi o lênci a das arma s. C ada arranha-céu que se levanta e cada no va arma mais possante e des truidora que se inventa, suscita o maior entusiasmo, a maior admi ração. E conc lui-se que essa nação é indi scutivelmente a pi oneira da humanidade.
1 O /\ PA1 .Av1M no SAcmmoT1•: 12 A RE/\1,mAm: CoNc1sAM1wn: 14
Será rea l, porém , esse tí tul o quando aplicado aos qu e proc uram apena s o denominado " progresso", que se mede por valores materi ais? É uma regra gera l que a elevação de uma alma depend e da grandeza ci os obj etos de que ela se ocupa. Po r outro lado, as nações são grandes por causa dos indivíduos que as compõem. Se todas as preocupações cios ho mens se vo ltam som ente para a bolsa de va lo res, ou as min as, ou as indú strias, ou as c iênc ias, ou os arm amentos, poderemos di zer que esses homens são v erd adeiram ente grandes? O hom em e assemelha ao que trata e nes te caso o pensamento desce do alto para nivelarse à m atéri a. O ho m em não proc ura mais os cumes, atin g íveis som ente por atalh os es treitos , m as prefe re rod ar pela estradas asfa ltadas da pl aníc ie da medi ocrid ade.
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A c iênc ia hum ana e o prog resso materi al não ba tam , por si sós, para dar poder a um a nação. D ar- lhes-ão talvez bri l ho, mas não poder. N ão podemos p ·dir '.l ciên ia, a v irtude. Ela es tá fora
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S0S-l◄'AMí1 , 1A
A Roda dos Expostos- "roda salva-vjdas"
19 LmnJ1u EsPmnuA1, Pensamentos Consoladores - IV I
de se u alcance. E a pro va e tá ·rn qu · ex i stem sábi os, ho m en qu e atin ·111
o I l'itos • descj {lvei quando assen-
grand es conhec im entos hum anos, 111 11s do tados de uma alm a v il. E n •m s ·111
l 11d o. ·11 1 prin ·fpi os qu e lh es permi ta m l l•1 11111 v ·rd ud •iro fim m ora l. E es tes
pre a ci ênc ia veio favo recer as mosN11 s, De um lado as corro m peu, do outro ns entregou à m orte e à cl estrui ç, o.
p, 11 \'Í pios qu · l ·va m à proc ura do bem 'l'111 I 1 •1Hlo l' ll1 v ista o fim último cio
O mes mo se d iga do " pro •r •sso", co mo o consid era a gen ·rn I id ud • dos homens de hoj e.
0 111
a pro ·urn L1 ni ·n do
conforto, do luxo, d praz ·r, os hom 111s perderam o e pírilo d ' sa Ti 11 ·io, pnr11 s 'l procurarem vencer p ·la apl i ·nc,:1 o do pii 11 cípio evo lueioni st·t lu sobr ·v iv 11 ·i11 do mais forte. É a ciên ·iu mul •ri u1, 1 un11n 11t • materi al, lrazi la paru o ·u111po so ·inl. O re ultado é a r be liu) dos opri mi dos, a luta de elas ·e , a gu ·rra so iu l. li ·m vez de ·erem a pioneiras da humanidade e lerem um gra nde poder, as naç es entregues apenas à ciência e ao progresso humano se rebaixam e e d troem .
'l'odu H ·i ·n ·ia e todo o progresso
IH H)l\' 111 , ljll ' 1) \I S, só 8' ' 11COnl ram 11 0 l'II IOl ll' Í IIH ),
Uso medieval "reinventado" hoje
26 CAPA As ameaças do novo projeto de Código Penal 38 VmAs u..: SAN'l'os São Vicente de Paulo
i'i 11
Nt' p, i 11 d pios qu • s • irú bus11 i 11t ·IL'l'l11 11 lidude se rú a pri ,11 t• ir11 11 l'i lllh1tr ·0 111 ·ssu base fi r111fssi n1 11 . N! o 111 uis unarqui a, não mais t' ·ti ·is m o, IH o mai s indiv i d uali smo. S 1 r(1 u o rd em nas ideias, a segurança •111· o
id • ti , li
d ' pensa mento, a frate rnid ade cri stã, o aco rd o entre as in te li gênci as para o bem geral, para o verd adeiro progresso, para o máx imo de bem-estar poss ív I n 'Sle mundo precári o e perec ív el. R ' ·rist iu ni zar-se é, po is, a única necess id 11d • do mundo contemporâneo. • Trecho ci o arti go do Pro l'. Jlli1t11 l < '11,rêa
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20 EN·m..:v1s·rA Contradições do Alcorão
de ülivei ra, publicado 111 " 1 •1•11 11111110",
Nº 243, em 9-5- 1937 .
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AÇÃO CON'l'RA-RlWOl ,U(~IONÁRIA Padre Guy Pages
52 AMRIENms,Cosn11Vms,Ov11 .1zAçfn~~ Aspectos evocaUvos da igreja de Santa Cecília, em São Paulo Nossa Capa: Obra-prima do barroco mineiro, a famosa Igreja de São Francisco (1766), em Ouro Preto (MG). Projeto arquitetônico e escultura de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Foto: Paulo Robert o Campos
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Continuidade no combate ao aborto
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sobon 2 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo· SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência : Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo· SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Setembro de 2012: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Pouco antes do Natal de 2009, estourou como uma bomba o lançamento pelo governo Lula da Silva cio 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PND H-3). Muitos brasileiros recebera m-no esta rrec idos, porquanto intentava ub verter profundamente os fundamentos da sociedade brasileira. No fa migerado decreto presidencial , além de medidas ate rrad oras, como o "casamento" homossexua l e o aborto, notava-se também o ca ráter totalitário e socia li zante, tendente, por exempl o, a re lega r o Judiciário a um a posição sec undária, bem como a suj eitar a po lícia e diversas atividade soc ia is a controles externos de "conse lhos" que na rea lidade não passava m de autênti cos soviets. O In stituto Plínio Corrêa de Oliveira e laboro u na ocas ião um ampl o estudo alertando a op ini ão públi ca contra as ameaça contidas no PN DH-3 e que pesavam sobre a Nação. Tal estudo fo i objeto de larga divulgação, para a qual Catolicismo co laborou med iante a publicação de a lentados artigos . O utras voze , entidades e publicações também se pos icionaram contra o PNDH-3. Temendo um enfretamento contra essa enérg ica reação, o governo si lenciou, não implementando o decreto desagregador, mas também não o revogando. Aguardou um amortecimento ela onda adversa e começou então a ap li car a conta-gotas diversas med idas contidas no decreto, emprega ndo para isso outro instrumentos legais ou publicitários. Recentemente foi vibrado um go lpe ainda mais profundo no sentido ela ap li cação missão de Juri stas, do PNDH-3: o proj eto de Códi go Penal e labo rado por uma que o ap resentou e m 27 de julho p.p. ao Senado Federal para exame e eventua l aprovação. . Notando nesse projeto uma repetição e um agravamento da s am eaças anteriores contidas no PNDH-3 , a redação de Catolicismo - na esteira das denúnc ias que vem fazen do ao PNDH -3 , espec ia lmente por oca ião el a entrevi ta com o Príncipe D. Bertrand de O rl ea ns e Bragança (fevere iro/20 1O) e n ex tens arti go especial da redação de Catolicismo (junho/20 10) - so li c itou a nosso ·o laborador G regório Vivanco Lopes um a aná li se sob re a importa nte matéria. Seu só lido exa me críti co do longo projeto ele 'ód i io Penal o ra em curso no Senado comprova que de fato o que se tenta imp r no planojurídi ·o-pena l, portanto coercitivo, são as nefastas medidas d PN 011 - qu ' havian s ido t rotclada s pe lo governo, além de outras novas, c lamoro am cnl e · •nsuráv ·is. Talvez algum leito r julgue exagerada a nossu posiç, o. N 'sse caso, aconselhamos a exam inar com cuidado a fund am ·ntuda ar i um ·ntaç, o ex po ·ta cm nossa matéria de capa. E, depoi s, de acordo e 111 a su , 'Slt o d ) arlic u li La, "mobilizar-se
em toda a medida de suas possibilid 1de.1·, poru Cfll l' !o is aherrações não nos sejam impostas". Faço minh a tal pr p sla lambem para tod os os prezados le ito res.
A luta de Plinio Corrêa de Oliveira em defesa da fam ília e co 1tra o aborto prossegue hoje por meio de seus discípulos. Uma epopeia que marca a História do Brasil.
....JyAN G O NZALO lARRAÍN CAMPBELL
esde o início de s ua ação pública, o Prof. Plínio Corrêa de O Iiveira se destacou, entre outros aspectos, pela luta contí nua em defesa da família. Rememoramos um dos lances dessa luta de várias décadas, ressa ltando sua atualidade. E constata mos com a legria que em me io ao caos religioso e moral conte mporâ neo, o Jnstituto que leva seu nome segue com destemor o caminho traçado por aquele eminente líder co ntra-revo lu cionário.
Para não deixar o Menino Jesusfi,gir, Herodes mandou assassinar todas as crianças com menos de dois anos. Foi o massacre dos inocentes! E hoje? E Hoje? Hoje uma nova matança de inocentes está acontecendo. Milhares e milhares de abortos são praticados todos os anos. Até quando ? Até quando? l eia o alerta do instituto Plínio Corrêa de Oliveira! Primeiro, o aborto, depois, a eutanásia. Brasileiro, qual será o próximo passo? Qual será o próximo passo? leia a denúncia do instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Esses são algun s cios slogans que vêm proclamando com a lta neria os jovens caravan istas do instituto Plinio Corrêa de Oliveira que nos últimos anos têm percorrido cidades de vários estados da Federação, difundindo o Catecismo contra o Aborto, de autoria cio Padre David Franci sq uini . Prosseguem e les ass im a luta q ue, em defesa da família, Dr. Plínio levou a cabo a partir de 1930.
Da Facul<h1</c até seu l'alccimc11to
Em Jesus e M a ria ,
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cato lic ismo@ terra.com .br
Pllnlo Corria de Ollvelra (centro) deputado na Constituinte de 1934
Com efeito, já como a luno da Faculdade de Direito do Largo ão Franc isco, em São Paulo, Dr. Plínio liderava o g rupo de Congregados Marianos que ele mesmo aglutinara naquela facu ldade . O prestíg io que esse grupo alcançou se manifestava muito especialm ente nas ele ições para o Centro Acadêmico 11 de Agosto. 1 Em conversa com seus discípulos, Dr. Plínio re latou que fo i então procurado pelos diversos can-
didatos para obter os votos dos marianos, tendo condicionado seu apoio a que e les assumissem o compromi sso de opor-se ao divórcio, caso houvesse uma campanha a favor dessa medida anticatólica. Não pretende este artigo fazer a história ela luta de Plínio Corrêa de Oliveira em defesa da fa mília, mas ape nas en umerar a sua traj etória. Lembremo-nos ass im de sua atuação na LEC (Liga Eleitoral Católica), da qual foi um dos idea li zadores, entre cujas reivindicações estava a proibição cio divórcio na Constituinte de 1934. Recordemos seus 20 anos como cola-
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40 anos (IC 11m d0ClllllCJlto (lil'igi<IO ao MiniStl'0 <la ,f11sUça Para comprovação cio qu e afirm amo , publica mos a seg uir, a título ele exemplo, o res umo ele um memori a l ele 23 laudas que a Comissão Médica da TFP cnvi u ao Mini stro da Justiça quatro décadas atrás. Estampado em Catolicismo, o documento fo i insp irado e rev isto por Dr. P líni o. Informa Catolicismo: 'ºA Comissão Médica da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade apresentou ao Min istro da Justiça um memorial de 23 laudas opondo-se a qualquer tentativa de liberalização da legislação referente ao aborto, por ocas ião dos debates sobre o novo Código Penal. "O do cumento [. . .] manifesta-se contrário não só à ampliação dos casos em que o aborto possa ser legalmente realizado, como também à manutenção daqueles previstos pelo Código Penal vigente, quais sejam, o aborto sentimental e o terapêutico. Pedem então a supressão cio art. J28, incisos J e li, desse Código e ainda a proibição do DIU como instrumento cripta-abortivo.
Civilização ou /Jal'bál'ie?
O feto, sendo uma pessoa humana inocente, tem direito à vida desde o momento da concepção
borador e diretor do " Leg ionário", bem como sua incessante participação em Catolicismo , do qual fo i durante ma is de 40 anos a a lm a propulsora. E não nos esqueça mos de seus inúmeros li vros de grande tirage m, e dos arti gos seman ais que escreveu para a "Fo lh a de S . Paulo" desde 1968. Importa sobretudo não esquecer a fund ação em 1960 da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), e o exercício de sua presidênc ia até 1995, ano em que fa leceu. Em todas essas posições, entre as muitas in stituições que Dr. Plíni o defendeu de taca-se de modo pa rti cul ar a famí li a. Ele o fez ora atacando proj eto ele le i divorcistas o u aborti stas, ora denunciando a corrupção moral em seus diversos aspectos.
Obstáculo J)arn a apl'ovação do abol'to no País Co m as atuai s tentativas de aprovação ele le is abortistas, o leitor pode ter a impressão de que as oposições ao abo rto são ma is o u menos recentes e que as dificuld ades cri adas para a s ua aprovação provêm ele poucos anos atrás. Ledo enga no. Se bem seja verdade qu e a opinião públi ca brasil e ira vem send o co rroída moralmente há década , espec ia lmente pe lo pape l da mídi a e do prog ress ismo dito cató li co, é tamb6m verdade que a longa atuação de Dr. Plínio junto à op ini ão públi ca e aos diversos pod eres cio Estado consliluíra m um sério obstácul o para a aprovação elas le is aborli slas no País. Ta l atuação continua a produ zir seus fruto nos di as alu a i .
CATOLIC I SMO
"Aos que alegam ser a liberalização do aborto uma exigência do progresso,j á admitida pelos países mais desenvolvidos e civilizados, a Comissão Médica da TFP pe,gunta: 'Quem poderia dar atenção a semelhante argumento, cujo pressuposto é que permitir o homicídio em larga escala e o massacre bárbaro de milhões de inocentes constitui autêntico desenvolvimento e progresso ela civilização ?' "Mostrando como qualquer permissivismo na legislação referente ao aborto leva às concessõ . · mais radicais, tal como j á aconteceu em outros países, o do umento denuncia ainda a ação p erniciosa do progressi. ·mo católico no sentido de jàvorecer o aborto, lembr indo, por xemplo, os escritos do padre Jaime Snoek, .S .R., q 11 • contrariam.frontalmente a doutrina tradicional da lgr ~ja, na matéria. 0
'l'eses relutadas "A.firmando qu , o } 'lo, s ,11do 11111a p •.1·soa humana inocente, tem direito à vido clesd, o 1110111ento da oncepção, o manifesto refu i , as seg 11i11tes I 'Ses favoráv ,is ao aborto: a que pretende .1· ,r o ·on ·epto 111 1 ra /J0rl , los tecidos da mãe; a que defend , o ohorto co111 hos , 1w teoria da animação retardada; a alegoçcio de q11e o I IU não é abortivo; a que aponta o } 10 co11t0 11111 Íl(jt1.1·/o agressor; a que afirma ser o aborto 11111 11101 111(!11or q11 , a mor/e da mãe; a que ensina ser a ·i ;n ·ia, e 11cio a moral, que deve decidir a respeito da oporl1111 idadé la i11lerve11ção; a que alega dever o médico ori 11/ar-se 011 / s pelo direito médico que p ela moral médica; a q,1 , cl ~/e11de a legalização do aborto como meio de ·ombaler o aborto cla11deslino. 1
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'o aborto é, ao mesmo tempo, causa e efeito da desagregação moral e da corrupção dos costumes', pedem os médicos da TFP sua completa proscrição da legislação brasileira. "Salientam ainda a estreita correlação entre corrupção moral e comunismo, afirmando: 'a d~fesa da moralidade pública de um paísfàz parte da luta contra o comunismo, o terrorismo e a subversão. O go verno que se propõe combater essas /rés.facetas do processo revolucionário universal, não podef echar os olhos à degradação dos costumes que se manif esta por sinais como a mentalidade permissivista em relação ao aborto; o uso generalizado de métodos anticoncepcionais; o nudismo e a imoralidade chocante elas modas que invadem todos os ambientes, mesmo os mais respeitá veis; a pornografia propagada livremente pelos meios de comunicação social; o lrqfico de tóxicos e entorpecentes. Fechar os olhos a tudo isso, através de uma legislação permissivista é prestar enorme serviço aos clesignios do comunismo internacional em relação a nossa Pátria'". 2
A atua lidade do texto fala por s i, bem como seu caráter, que se pode qualificar ele profético .3
A l'CS/J0IJSabili<la<le
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clero
Se o aborto for aprovado no Brasil , como o desejam os socia lo-com uni stas e e lementos cio c lero progress ista, tal não ocorrerá por omissão ele Dr. Plínio e de seus di sc ípulos, que continuam hoj e no instituto Plinio Corréa de Oliveira essa pugna contra a legali zação ela práti ca abortista. É lamentáve l nesta batalha a fa lta de e nerg ia ele boa parte cio c lero, que tantas vezes se conserva sil encioso e ausente. Esta omi ssão é em boa med ida ca usadora ele certa letarg ia desacoroçoacla e anestes iada que se nota e m ve ios ela op ini ão pública, especialmente a católica. Ass im , acaba-se por não dar a devida atenção a quem , com muita antecedênc ia, vem adve rtindo contra a matança ele inocentes . C rim e em re lação ao qua l o Brasil poderá tornar-se ré u. Para tentar evitar esse mal, repetimos aqui , adaptadas à questão do aborto, as palavras que Plínio Corrêa de Olive ira dirig iu em 1974, pelas páginas da "Fo lha de S. Paulo", aos membros do Episcopado Nacional , inc itando-os a lutar contra a implantação cio divórcio: "Ergam-se, ensinem, proclamem, se necessáriofúlminem. Caso o.façam desde logo, o divórcio não passará. - Que alegria, que glória para a Igreja, que ofàçam o quanto antes! O fracasso da ofensiva divorcista depende deles. Inteiramente".4 Concluímos pedindo a Nossa Senh ora Aparec ida que ilumine com sua maternal proteção o Episcopado, os leg islado res e a opinião pública do País, para qu e não permitam que a Naçã.o cometa este novo pecado - a aprovação do aborto - , arriscando-se assim a incorrer nos severos castigos que a Providência Divina reserva às Nações que se afas tam da Lei ele Deus. • E-mai l para o autor: catolicismo@ terra.com .br
Notas: 1. Trata-se do Centro que representava (e representa) ofic ialmente os alu-
nos dessa Faculdade. Pertencer à diretori a do Centro costum ava s~r um tra111poli111 para futuros ca rgos influentes no País. 2. Catolicismo, setembro de 1972, nº 26 1. 3. Quem i111aginar que as tomadas de posição de Plínio Corrêa de Oli ve ira j á não interessam e não marcam o pensa mento e a hi stóri a do Pa ís, enga na-se profundamente. Os estudi osos contemporâneos da Hi stóri a do Brasil , tanto nacionai s quanto estrange iros, ci ta111 com muita íi"cqu ência a eficácia contra-revolucionári a do líder cató li co desde seus primórdi os, co1110 atestam os mai s de mil livros que temos em nosso poder. A respeito, por exemplo, da atualidade do documento da Comissão Médica da TFP aci ma refer ido, é significativa a tese de Moacir Pere ira Alenca r Juni or: da Universidade Federal de São Ca rlos ( P), publicada no ano passado sob o títul o A Assembleia Nacional Co nstil11inte e o papel da TFP como grupo de pressão no processo de promulgação da Consti111inle de 1988.
4. "Folha de S. Paulo", 25-8-74.
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Com1111ismo dililso " oncluindo que 'todo aborto direto voluntário, <111alq11er que s~ja seu motivo, deve ser condenado ·01110 <·ri11w '<' que
Jovens caravanistas do lnstilvto Plínio Corrêo de Oliveira nos últimos anos têm percorrido cidades de vários estados da Federação, difundindo o Calecismo contra o Aborto, de autoria do Padre David Francisquini
SETEMBRO 2012 -
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.AtOLICl§_MQ
destacar os c ientistas pagos por organizações in ternac io nais, os quais sa bem que suas teses são falsas, mas visam apenas o dinh eiro que recebem.
RIO+ 20 = FRACA~S0 Tentativa de implantaçao verde e d·a1 ' . . . de governo mun -,· , ahsta de miserab1 1 m
(V.N.S. -
SP)
SJ,ow <lc "índios " pintados A chamada " ideologia verde" é tão fa lsa quanto os " índios" que desfil ara m no Rio de Janeiro nos dias da "Rio+20". Ideo logia tão errada quanto a ideologia verme lh a do co muni smo. Esses " índi os" (agentes ele tal ideologia) fora m pintados para parti cipar de um show, para fazer figura perante as delegações ele outras nações e de turi stas.
Rio+20 e 1'ribalismo imlígc1w
B O pro bl ema do " mi sera bili smo tribali sta", exposto em artigo da rev ista (Cato!ic ismo, agosto/201 2), fo i co locado de modo muito obj eti vo. Vê-se que o pl ano dos poderosos reunidos na " Ri o + 20" era te ntar passar as tapeações do mov im ento a mbie ntali sta. Tal mov imento exagera os perigos, di tos "apoca lípticos", que pode rão afetar o pl aneta para, dessa mane ira , frea r o progresso no mundo oc idental. Entreta nto e la não fa la nada para impedi r o cresc imento desmesurado da China comuni sta. Esta, com seu crescimento ano rm al, poderá " engo lir" nações que descambarão para o " mi serabili smo". Prec isa mos nos unir para reag ir (a exempl o dos ra pazes cio Instituto Plinio Corréa de Oliveira que ag ira m no RJ du ra nte a " Rio + 20") contra essas manobras e crescer muito ma is, por exempl o, na produção agropecuári a, que é o fo rte cio Bras il. Mas quanto ao cresc imento de ta l produção o governo co loca todos os entraves poss íve is. (U .G. -
PR)
Par ciali<la <lc <la mídia [gJ Esse negóc io de "aqu ec im e nto globa l" é pu ra balela. C ientistas séri os estão desmentindo todas as hipóteses a la rmi stas , mas mídi a não difund e esses des mentid os. E la costum a só
CATOLI C I SMO
(D.R.F. -
RJ)
ConJ,ccimcnto <lc D eus Recebi de um blog, sobre ass untos de teo logia, um arti go da Summa Contra Gentiles (Livro 1, ca p 3) que defe nde prec isa m e nte a tese q ue o M o ns. José Lui z ex pl ano u .e m s ua co luna " A Palav ra do Sacerdote" (de agosto de 201 2); o u sej a, que o homem não te m capac idade ele entender o que é a substâ nc ia divina, embo ra possa chega r sem esforço ao conh ec im ento da ex istênc ia de Deus. Termin a o artigo c ita ndo o li vro de Jó (36, 26), que afirm a: "Ecce Deus magnus, vincens scientiam nostram " (E is que Deus é grande e vence a nossa ciênc ia) . Ache i muito in teressante essa co inc idência e, po r isso, envi o este e-mail para Mons. José L ui z, pedindo a sua bênção sacerdota l para mi m e minha fa míli a. (D.A.B. -SP)
Bmços abertos aos inimigos
B A análise que vocês publicaram (Os amargos.fi'·utos da Teologia da l ibertação: esvaziamento da igreja Católica no Brasil) fo i be m d lira , mas muito necessária. É isso mesmo e temos que encarar a rea lidade como ela é de fato, sem fa ntasias. A Igreja católica passo u por tantas dific uldades, ataques internos e externos e sempre saiu vitoriosa. Mas
agora, com esse esvaziamento de suas fileiras, particularmente por culpa do clero da Teologia da L ibe1tação, a situação é muito mais séria. Vários daqueles que deveriam ser seus defensores principais, isto é, os eclesiásticos, estão se emaranhando nos erros atuais, estendendo os braços aos inimigos ela Igreja. Com isso os fié is se distanciam e muitos acabam caindo nas armadilhas ele religiões erradas. (M.P.H. -
Quem é
ES)
o 111•fr1cipal culpado?
181 Le ndo arti go recente sobre a pesqui sa do lBGE que revelou a perda no número de cató licos e o crescimento de o utras re li g iões , cheg ue i a uma conclusão: a responsabilidade dessa diminui ção de cató licos é princ ipalmente do clero que, em luga r de pregar a vida de Cri sto, de Mari a Santíss ima, dos sa ntos e as verdades de nossa Rei igião, dedi ca m-se com frequênc ia a pregar a luta de classes, difundir, po r exem plo, ide ias de ON Gs ambi e nta li stas, sem fun da mentação c ientífica e que nada te m a ver co m o verd ade iro e ns in ame nto cató lico. Res umindo : o que se de ve pregar ac ima de tudo é "Amar a Deus sobre toda as co i as" e não fica r di vagando sobre abo brinhas "soc iais", como ul timamente te m ocorrido nas Campanhas da Fraternidade ... (L.0.-MG)
ValOl'CS CS/Jil'il,11a is
t8l Q ua nd o os me m bro s da [g rej a cató li ca exe rc ia m a ute ntica me nte o aposto lado pa ra a sa lvação das a lmas, ensin ando o catec ismo e va lores espirituais, organi zando aque las cerimônias trad icio na is, como procissões de antigamente, as igrej as estavam abarrotadas de gente. Hoj e, infe li zmente, com um a modernização em que e liminara m de mui tas igrej as e até os sinos de suas to rres, constata-se o res ul tado qu e está a í apresentando pe lo IBGE: a perd a sensíve l de cató li cos ! (S.R.L. - AM)
"C/11/J illcolúgico" bolival'iano 121 Gostei muito da posição assumida por nossos vizinhos paraguaios, em boa hora dando um chega-prá- lá naquele ex-bispo esquerdi sta que se tornou pres idente. Parabéns pela publicação do manifesto da TF P paraguaia. Ne le tudo está claríssimo: o ex-bispo estava levando o país à breca, para o mesmo caminho que a esquerda bras ile ira desej a conduzir o Brasil. Lamentei, porém, que antes de o Paraguai ser expu lso do Mercosul , aquele país não tivesse tomado a iniciativa de se retirar de um conjunto de nações que se transformou num "club ideológico" manipulado por Hugo Chávez. Neste c lub já se fa la de urna possível abe1tura para dois outros países " bolivarianos": o Equador e a Bo lívia. (l.R.K. -
RS)
Revolução, nudismo e 1'Vs 121 Sem dúvida, a propagação do nudi smo é uma verdade ira revo lução. E, segundo minha opini ão, as te levi sões são as res po nsá ve is prin c ipa is po r essa revo lução, leva ndo o nudi smo pa ra de ntro das casas, a rruin a nd o mora lm ente as fa míli as. Penetrando nos lares, a TV começa a corro mper a in fâ. ncia desde a ma is tenra id ade. Tenh o muita pena dessa menin ada nova, que não recebe fo rmação mora l, mas só defo rmação, dev ido à sens ua lidade telev isionada. Sobretudo os ma is j ovens começa m a viver em fu nção dos instintos, o que pro pri amente é o co ntrári o à fo rmação de um ser inte li gente, como o homem deveri a rece ber. (J.M.W. -
RJ)
tem tempo para ficar na internet. Foi muito oportuna a publicação dessa entrevi sta, pois poderá sa lvar muita gente que a inda não se tornou viciada. Rezem por mim, para que eu consiga me libertar desse vício, e consiga também convencer me u filho a abandonar o mesmo vício. E le não quer sair para nada, nem para ir à casa do avô, de que ele gostava tanto antes de se apegar aos videogames. Isso é uma praga! (A.E.O.
~
SP)
Santa Catal'.111a
r
FRASES SELEC IONADAS 1
"Sê cortês com todos, até com os inferiores. Se a cortesia é honra para quem a rec.e6e, muito mais o é para quem a pratica'1 (s cilA,t CI Tere.sci )
t8l Sem querer, depare i-me com a imagem de Santa Catarina, pois entrei numa loja para pegar outros produtos e vi sua imagem. E la tocou minha alma e eu a adquiri , levando-a comigo sem saber nada de sua história. Fiquei curiosa para conhecê-la, mas fui a meus · afazeres. Mas essa santa não sa ía de minha cabeça. Então fui pesquisar no computador e descobri tudo sobre e la no site da revista. Temos muito em comum na prática da caridade, e agora estou procurando sua medalha, pois quero tê-la comigo. E por onde eu andar, dá-la para outros que necessitem de sua ajuda. (A.N.-SP)
Conna11ça
"A cortesia é uma
excefência no trato com as pessoas. Não é apenas um conjunto de fónnuCas ou de atitudes. É muito mais do que uma simples polidez, é saber tratar excelentemente uma pessoa'' . (PLLIA,[o C.orrêci de o LLve[rci)
"É difícil dizer
t8l Estava prestes a telefonar a respeito de uma resposta de emprego. Mas antes dec idi ler sobre a Virgem de Guadalupe. Feita a leitura, pense i: minha história j á está traçada e, se fo r da vontade do Pai, e a Mãe intercedendo por mim , que sej a fe ita a sua vontade, pois o que prec iso é alcançar a vida eterna e levar muitos irmãos comi go. (L.A.M. -
quanto concilia os homens a amenidade e a afabilidade do trato" (C.Cce ro)
SP)
Vicia dos cm villcogame
t8l Elizabeth Woo ley ex pli cou muito bem em sua entrevi sta (Cato li cismo, julho/20 12) o pro bl ema dos j ogos de comp utado r via inte rn et. Sofro na pe le esse prob le ma e me u filh o ta mbém. Es ta mos vic iados . Só me u m a rid o não fi co u po rque tra ba lha mui to e não
Fé f"ol'talccida
t8l Católico por heran ça de minha m ãe, ac he i completa a ex plicaçã o dada por essa revista católica sobre o espiritismo. Era o que me faltava corno solidificação na fé. (E.F.A. -
RJ)
SETEMBRO 2012 -
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Crucifixão - Duccio di Buoninsegna, séc. XIII. Museu dell'Opera dei Duomo, Siena, Itália.
~ enhor JOSÉ LU IZ YI LLAC
Pergunta - Gostaria de saber po1· que Oimas foi canonizado pela Igreja. Quais foram suas virtudes ao longo da vida'! Vale lembrar que somente um evangelista fala da sua conversão (Lc 23,43). Milhares de pessoas todos os dias "aceitam" Jesus nos momentos derradeiros, mas isso não os credencia a receber a canonização.
Resposta - Seria prec iso co meça r por di zer que São Dimas - o "bom ladrão" - não fo i canoni zado pela Igreja, mas pelo própri o Jesus Cri sto, Nosso Senhor. Essa "canoni zação" se encontra no prec iso luga r indi cado pelo mi ss ivista, isto é Lc 23 , 43: "E Jesus disse-lhe: Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso ". Ora, em sentido ge nérico, santos são todos aq ueles que sabemos com certeza que estão no Céu. Até as alm as do purgatório, que estão destinadas ao Céu depois de um período de purificação, são chamadas "sa ntas almas do purgatório". Por isto, é justo atribuir a Dimas o título de Santo. Trata-se de entender, com profundidade de vistas, o que se passou: a aceitação de Jesus Cristo pelo "bom ladrão" não foi uma aceitação qualquer, mas uma aceitação em circunstâncias muito especiais, que revelaram, por parte dele, uma alta densidade de fé, de esperança e de caridade, virtudes teologais essas que se encontram no ápice de todas as virtudes. Sua atitude corajosa e sublime, naquele momento, será rememorada e comemorada no Céu por todos os Santos, por toda a eternidade. Anali se mos a situ ação: Jesus· estava pregado na Cru z. De baixo, provinham os in sultos de todos os que clamava m pela sua morte, confo rme descreve São Mateus: "E os que iam passando bla~femavam dele, movendo as suas cabeças e dizendo: Ó tu, que destróis o templo de Deus, e o reedificas em três dias, salva-te a ti me ·mo; se és o/< ilho de Deus, desce da cruz. Da mesma sorte, insultando-o, também os príncipes dos sacerdotes com os escribas e os anciãos, diz iam: Ele salvou outros, a si mesmo não pode salvar; se é rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nele. Con_fiou em Deus; se Deus o ama. que o livre agora; porque ele disse: Eu sou Filho de Deus " (Mt 27 , 39-43). Não era, portanto, apena a turbamulta que insultava Jesus: ali estava m os represe ntantes máx imos do povo judeu, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos. São Lucas acrescenta um dado que não é registrado pelos outros evange li stas: "insultavam-no também os soldados, os quais, aproximando-se dele e oferecenclo-lhe vinagre, diziam: Se tu és o rei do ·judeus, salva-te a li mesmo" (Lc 23, 36-37). Desse modo, os soldados romanos, representa ndo ele algum modo a gentilid ade, parti cipava m ela reje ição a Jesus Cri sto. E onde estavam os discípulos de Cristo? Todos havia m fugido. Apenas um deles se recompu sera e estava ali , aos pés da Cru z, com Nossa Senhora, a Mãe ele Jesus, e mais algumas sa ntas mulheres que a acompanhava m. Porta nto, a fidelidade ta mbém estava presente, representada maximamente por
CATO LI C ISMO
Mari a Santíss ima, que condensou em si a fidelidade de toda a humanidade. Por fim , no ambiente de hostilidade gera l, tomam posição os dois ladrões que estavam sendo crucificados junto com Jesus. A cena é descrita por São Lucas: "E um daqueles ladrões que estavam pendurados bla~femava contra ele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nó ·. O outro, porém, tomando a palavra, repreendia-o, dizendo: N em tu temes a Deu , estando no mesmo suplício? E nós estamos na vetdade justamente, porque recebemos o [castigo} que merecem as nossa · ações, mas este não.fez nenhum mal. E dizia a Jesus: Senha,; lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E Jesus disse-lhe: Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso " (Lc 23, 39-43). O mau lad rão, chamado Gestas, estava interessado em que Jesus usasse de seus poderes divinos para que, sa lvando-se a si mesmo, sa lvasse a ele, ladrão. O "bom ladrão" to ma a defesa de Jesus e faz um ato el e fé na pessoa d'Ele e na vida futura , ped indo-Lhe que se lembre dele quando tiver entrado no seu Reino. Que di fe rença! Quanta grandeza de alma em associar-se Àquele que todos insultava m! Quanta coragem em dissociar-se dos que in sultava m a Jesus e, portanto, O recusava m! Quanta humi ldade e reverência, quanta compreensão da superioridade daq uele ser divino que sofria injustamente um suplí cio análogo ao seu, mas ainda maior! E aq ui entra mos no fund o do problema: o discernimento dos espíritos de um lado; a dureza ele coração, cio outro.
Teresi nha do Menino Jesus, uma santa que brilhou nos Céus da Jgreja sobretudo no início do século XX e até hoje atrai muitos corações. Uma pequena-grande Sa nta, dec larada Doutora da Igreja em 1997. Quando e tava no leito de morte, ouviu um comentário de uma de suas irmãs de hábito, o qual prov inha da cozinha que estava próx ima: "Não sei o que nossa Madre superiora vai dizer na nota defalecimento desta.fi-'eira que nunca f ez nada que a destacasse! " Assim pode ser o fechamento de nossos corações a respeito de pessoas que mereceriam o nosso devota mento se nos déssemos conta de suas virtudes. Peçamos a São Dimas que nos obtenha uma graça semelhante à sua, para di scernir o mérito das pessoas com as quais convivemos. Por contraste, saberemos também avaliar com justiça os defeitos ele muitos aos quais distribuímos elogios que não merecem .. .
'Eis aqui alguém que é mais do que Salomão, mais <lo que ,lonas'
Este é um problema tratado com certa frequência por No so Senhor Jes us Cri sto cm sua pregação, e reg istrado pelos evangeli stas. Limitar-n s-cm · a uma passagem de São Lucas: "Esta é uma geração p rver ·a; p ede um sinal. mas não lhe será dado outro sinal, s •não o sinal do profe ta Jonas. Porque assim como Jonas/oi w11 sinal para os ninivilas, a sim o Filho do homem será urn sinal p(lrC/ esta geração. A Rainha do Meio-Dia levantar-se-á no dia do Juízo contra os homens desta geração, e condená-los-ú; porque veio dos confins da terra ouvir a sabedoria de alo111c7o; e eis aqui alguém que é mais do que Salomão. Os habitantes de Ninive levantar-se-ão no dia do Juízo contra •sta geração, e condená-la-ão; porque .fizeram penitência ·0111 a pregação de Jonas; entretanto, eis aqui alguém que , rnais do que Jonas " (Lc l l, 29-32). A Rainha cio Meio-Dia é a Rainha de Sabá, referida no primeiro livro dos Reis ( 1O, 1- 13). Passamos a palavra ao comentarista da Bíblia omentad 1, da Biblioteca de Autores Cristiano : Jesus "utiliza agora outra imagem. É afigura de Salomão, o ri por excelência sábio. Não apenas seus súditos, ma · até da lo11gí11qua Sabá vem sua Rainha escutá-lo. Por isso, dianl cl ,,1·tu simples evocação, a conclusão se impunha: se uma r 1i11hu V<'II I 'dos co11fins da terra ' escutar a sabedoria de Salo111cio, u 1m wcnte ge-
Escla1·ecime11ws OIJOl'Wl10S
ração de judeus do tempo de Cristo estava mais obrigada a ouvir eficazmen te sua Boa-Nova, pois não precisavam vir de longe e, sobretudo, porque Ele era 'mais do que Salomão "' (Manuel de Tuya O.P., BAC, Madrid, 1964, tomo V, p. 298). Entretanto, o que aconteceu? Os judeus não só não quiseram ouvir a Nosso Senhor, como O crucificaram! - Por quê? Por causa da dureza dos seus corações, que levou à cegueira das mentes . Ora, foi prec isa mente esta a graça que recebeu Dimas, o "bo m ladrão". A graça que tocou o seu coração torn ou-o ca paz de ver que era Homem-Deus aqu ele que morria a seu lado, no patíb ul o da Cruz! Proclamou-o diante de todos, e ouviu dos próprios lábi os de Jes us o "decreto" de sua ca noni zação: "Hodie mecum eris in Paradiso" (Lc 23, 43).
Olhos para ver quem está ao nosso lado
A dureza de coração é um fenômeno mais comum do que se pensa. É conhecido o fato ocorrido por ocasião da morte de Santa
Nos primórdios da Igreja, a "canoni zação" resul tava do consenso dos fiéis. Com o correr do tempo, para ev itar juízos errados e poder indi ca r aos fi éis os verdadeiros santos como modelos de perfeição cristã, a Sa nta Igreja regulamentou as condições para o reconhecimento da santidade de alguém. Quanto ao " bom lad rão", os Eva nge lhos não fo rnecem sequ er o seu nom e. Dimas é o que nos chegou pela tradição. Uma vez que não há meio de sabê- lo por e critos, ace itamos o qu e a tradição nos transmitiu. Por fim , o fato de apenas um dos eva nge li stas mencionar sua confissão da divindade de Cristo não é absolutamente razão para recusá-lo. Infelizmente, alguns espíritos crítico aplicam o princípio de "subtração" cios evange listas, quando é mais sap iencial o de "adi ção". Isto é, somemos o que eles registraram, e não subtraiamos. Os evangelistas nos transmitiram o que colheram em suas pesquisas. Aceitemos com fé e gratidão o traba lho que eles fizeram , guiados pelo Espírito Santo. •
SETEMBRO 2012
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Na Torre dos Ventos, o Pontífice acertou o calendário
Filmes revelam horrores de genocídios chineses
Rússia: bebês abortados transformados em cosméticos
Sa nta Sé abriu parajornal~stas a visita à Sala do Meridiano, na Torre dos Ventos. E a torre mais alta do Vaticano após a cúpula da Basílica de São Pedro. Matemáticos e astrônomos traça ram uma linha meridiana no piso da sala. Nas paredes só há um pequeno furo voltado para o sul , por onde entra um ra io de sol ao meio-dia, através da boca de um anjo. Em 2 1 de março de 1581 , dia do Equinócio de primavera, o Papa G regório XIII subiu com seu séquito à Torre. Mas o ra io de so l errou o meridiano por 60 centímetros. Foi a prova fina l de que o ca lendário estava errado. Em 24 de fevereiro de 1582, co m a bula Inter Gravissimas, o Papa estabeleceu o cal endári o que hoj e usam os países civilizados e que leva o no me de "gregori ano" em lembrança de Gregório XIII . É um dos tantos valiosos contributos da Igreja Católica à boa ordem te mporal. •
cineasta Wang Bin g produ z iu do is film es sob re os capítulos mai s sini stros da revo lução soc ia li sta chi nesa: a) a campanha de J957 contra os " dire iti stas", que deportou centenas de milhares de chineses para campos de concentração onde os pri sio neiros morri am como moscas, de frio, esgotamento e maus tratos; b) o chamado "G rande Salto Adiante", em que a fo me matou entre 20 e 30 milhões de pessoas. Até hoj e está proibido na C hina fa lar desses massacres, descritos em termos idíli cos pe las esq ue rda do Oc idente. Os filmes de Wang Bing ro mpem esse s ig il o criminoso. O extermíni o de pessoas, onipresente na C hina, exige um meticuloso julgamento intern ac iona l. .•
po líc ia ru ssa encontrou 248 fe tos humanos abortados em um bosque ele Sverdlovsk, nos Ura is. Elena Mi zulina , pres ide nte da Co mi ssão pe la Fa míli a, Mulh eres e Infância da Dum a (Câ mara russa), denunc iou a ex istênc ia ele um a rede que comerc ia li za esses fe tos para a produção de cos méticos. Trata-se, segundo M izulina, ele corpos abo rta dos a lém do prazo lega l. "Todos os anos são praticados entre 5 e 6 milhões de abortos na Rússia, além do prazo autorizado pela lei ". As estatísticas ofi c ia is fa lam de "a penas" 1,2 milhão ele abortos anuais. Como na Rúss ia só nascem por an o 1,7 milh ão de crianças - número in sufic iente para repor a popul ação - , o pa ís vem se despovoa ndo. •
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Los Angeles proíbe venda legal de "maconha medicinal"
Ambientalistas defendem tubarão assassine surfi sta Benj amin L inden, 24, foi cortado ao meio por um " tubarão branco" na praia de Wedge Island, ao norte de Perth , na Austrá lia. Os ataques desses enormes tubarões se tornaram mais frequentes na Austrália desde que foram dec larados "espécie em p erigo de extinção ". O ministro austra li ano da Pesca, N orman Moore, se diz deprimido pelo fa to de que a proteção favoreça tal proliferação. E muitos austra li anos se perguntam se era de esperar algo diferente, uma vez que esses tubarões não tê m outros inimigos senão os ho me ns e algumas ba le ias. A soci edade australiana questi ona ass im a proteção ambientalista a esses tubarões. Contudo, segundo certos ambi enta listas, a diminuição dos seres humanos fa vorece a consecução do " desenvo lvimento sustentá vel" do planeta. Para eles, a eliminação de homens e a proli fe ração de " tubarões brancos" são benéficas, pois favorece o desenvolvimento da Terra "de modo sustentável"! •
A
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CATOLICISMO
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''Noviças rebeldes" envelhecidas fazem campanha pró-Obama irmã Simone Campbe ll é líder de um lobby de freiras católicas adeptas de um "femini smo rad ica l" qu e as tornou "as queridinhas da e ·qucrda ameri ca na". Elas empreenderam recentemente uma ca ravana em ôni bus pro movendo 3 1 protestos diante das casas de deputados conservadores. As re lig iosas se recusa m a por-se ao abo rto e ao "casa mento homossexual" e pro movem a refo rm a ela saúde estabe lecida pelo pres idente Oba ma, a qua l radi ca liza essas práticas antifamiliares contrárias à do utrina cató li ca. As freiras estão ahialmente em Wa hin gto n angari ando votos em favo r cio presidente Obarna para a próx im a e le ição pres idenc ia l. As ex-"noviças rebeldes" se ex ibem como se fosse m j ovens, com brincos e ca mi setas, mas não têm sucessoras, po is quase não surgem novas vocações em seu me io. Contra ri ando o lobby das reli giosas rebe ldes, cresce o número de j ovens que procura m uma vida re lig iosa séri a em conventos com uso de hábito e devoções tradi c iona is. É a ju ventude que deseja ser fiel ao chamado de Deus e à verdade ira vocação re li g iosa, dando admiráve l lição às fre iras velhas que renu nc iaram a seus votos e à doutrina e práti cas da Ig reja ca tó l i a. •
Câmara dos Vereadores ele Los Ange les (EUA) proibiu por unanimidade a venda ele maco nh a "com fins medicinais " em loj as espec ia lizadas. As 762 loj as a utori zadas a pra ti car esse comérc io absurdo fo ram intimadas a encerra r de imediato suas atividades. Em 20 1O, a venda e cons.um o lega l de maco nha com fin a lidades medic ina is ou " rec reativas" fo ram reprovados medi ante r~ferendum pe los ca li fo rni anos . Contudo, juízes icleo logizados baixara m li minares e sentenças a fa vor cios maco nhe iros e contra ri ando a vo ntade popular. E ntre mentes, cresceram as que ixas cios moradores dos loca is onde se s ituava m loj as que continuava m o co mércio " lega l", fo nte ele insegurança pú bli ca. Os vereadores de Los Ange les então, te mendo a re provação po pul ar, adota ram a firm e e sa lutar norma. •
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Denúncia de capitã dos marines americanos "M
ulher !1~11ca dev~ria ser soldado de.infànt~ria ", escre:eu
a capita cio fu zil e iros navais Kat1 e Petro111 0 na rev ista " Marine Corps Ga zette" . N o artigo "Chega disso! Nós não fo mos criados rodos iguais", a capitã defend e que a a nato mia fe minina não res iste às as perezas ela carre ira militar. Katie Petrô ni o se base ia na experiênc ia pessoa l. Ela "preenchia todas as condições " ele uma mulher- so ldad o idea l. "Eu era
uma estrela no hóquei sobre gelo com um título em Direito e Administração ". "Cinco anos depois, eu não sou .fisicamente a mulher que uma vez fú i ". Q uem está promovendo essa age nda? " Kati e expli ca: "Pessoalmente, eu não vejo marines f emininas, recrutas ou qficiais, batendo às portas do Congresso, queixando -se de que sua impotência para servir na i1?fc111 faria viola o direito à igualdade ", ac rescentou. Segundo ela, a pressão provém ele c iv is esquerd istas que não têm ex pe ri ênc ia a lgum a na matéri a. Em um a, são ativistas fa náti cos ela igualdade ele gênero a qua lquer custo. •
Padres jovens desciam a batina que sacerdotes velhos desprezam
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á 50 anos o cardeal arcebispo de Paris, Mons . Maurice Feltin, aprovou o fim da batina na vida comum. A decisão foi acolhida num ambiente de "embriaguez de modernidade", escreveu o colunista Jean Mercier, da revista "La Vie". A batina "faz pensar na morte, na Cruz. O sacerdote que a veste sinaliza sua renúncia ao prazer e à sedução". Entretanto, 50 anos depois, muitos sacerdotes jovens querem usá-la. No fundo da cabeça da pessoa da rua - constata Mercier - a imagem do padre está ligada à batina, apesar das transforma ções introduzidas pelo Con cílio Vaticano li (1962- 1965). Segundo Mercier (que não gosta da batina), ela "é um escândalo para um mundo que exib e a carne". Mercíer recomenda a seus amigos não polemizar com os jovens sacerdotes de batina , por temor de que a situação fique pior para aqueles padres que um dia julgaram que conquistariam o mun do mostrando-se "jovens" e jogando as "velharias" da Igreja pela janela . Como a batina .. .
Rc1lública checa quer devolver bens conl'iscaclos ela lgl'cja católica
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Câmara dos Deputados da República Checa aprovou projeto de lei que devolve a propriedade das igrejas confiscadas durante a ocupação comunista (1948-1989) e con cede bilhões de dólares como compensação. O projeto foi apoiado por 17 grupos religiosos liderados pela Igreja católica . Os deputados aprovaram o plano por 93 votos contra 89. O líder socialista Bohuslav Sobotka anunciou que o Senado, onde socialistas, social-democratas e comunistas reciclados formam maioria , recusará o projeto. Nesse caso, o texto voltará à Câmara, onde a coalizão conservadora dispõe de votos suficientes para aproválo em forma definitiva e devolver à Igreja aquilo que lhe foi roubado pelo regime comunista .
SETEM BRO 2012
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SOS FAMÍLIA
Ressurgimento na Europa da "Roda dos Expostos" C riadas no século XII, em plena Idade Média, as "Rodas" para salvar'· rccén1-nascidos ressurgem cm países europeus. Instituídas no Brasil no século XVIII, elas funcionaram durante muito tempo, mas foram desativadas e hoje encontram-se cm rnuseus.
PAULO ROBERTO CAMPOS
sco ndida pe las trevas da no ite, uma mulher aprox ima-se de uma praça, o lha para todos os lados e, percebendo que não havi a ninguém, depos ita um " paco te" sobre um banco e desaparece na escuridão. Ao amanhecer, a lgun s transe untes encontra m o " pacote", a brem-no, e se de para m com uma s urpresa: um be bê. Mui tos casos seme lha ntes são in ve tigacl os e esc larec idos pe la p olíc ia. Esta descobre que muitas mães deixam seus pequeninos em alg um lu gar que é ermo du ra nte a no ite e mo vime ntado durante o di a, a fi m de qu e p assantes logo encontrem seus be bês. E las têm a e pera nça ele que seus filhos poderão ser ass im sa lvos e receber um tratamento condi gno. Ainda recentemente, na cidade pauli sta de G uarulhos, um casal , voltando à no ite para casa, escuta um ge mido próx imo a um poste. A j ovem pergunta ao noivo: " Você ouviu isso?" - "Sim, deve ser o gato" (havia um nas prox imidades). Dão alguns passos e escutam outro gemido, que parecia sa ir de dentro de um saco. - "Não, isso não parece gemido de gato ". Então se aprox imam, mas fica m na dúvida quanto ao procedimento a tomar. Alguns instantes depois, eles ouve m clara mente o choro de uma criança. Abrem o saco e .. . surpresa: um
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CATOLICISMO
te de fora e depois girados para dentro dos estabelecimentos. "Embora tenha a mesma.finalidade, o novo sistema consiste em uma espécie de berço aquecido, monitorado por enfermeiras e disposto em locais próx imos a hosp itais com fá cil acesso da população ". Esses modern os " bercinhos", proteg idos por uma escotilha de aço, com sistema ele a larme e vídeo e na te mpera tura idea l, contêm cobertores para o be bê e uma carta dirig id a aos pais, expli ca ndo que e les poderão busca r a cri ança de vo lta caso se arre pe ndam ela dec isã.o. Todo esse processo é confidencial, ning uém fi ca sabendo qu em de pos ito u o recém-nasc ido no " berc inho" . Vári os países e uro peus estão " re inventando" a " Roda". Alemanha, Bé lg ica, Es lováqui a, Fra nça, Ho landa, Itá li a, Lituânia, Po lôni a e Re pública Tcheca adotara m-na há já a lg un s anos . M a is recentemente, a Hun gri a, qu e a lterou a sua legislação para lega li za r o sistema com as mesmas le is estabe lec idas para os casos ele adoção. Eis o que dec lara a respeito Ga bri ele Stang l, do Hos pita l Waüi.fi·iede, de Berlim : "O sistema conta com todas as
fa cilidades de uma maternidade comum. Uma vez que o bebê é depositado no berço imp rovisado, um alarme soa e chega uma equipe de médicos para checar o lindo bebê. Levado às pressas ao hospital, sobreviveu . Muitas pessoas estão na fil a, querendo adotar esse recém-nasc ido. Fatos análogos têm-se multipli cado nas babe is deste mundo neopagão. N ão é ra ro o noti c iári o dar conh ec ime nto ele be bês deixados nas ruas, em portas de igrej as, de casas, etc. Mui to pi ore são os casos de mães que lança m seu recém-nascidos em terrenos baldi os, rio e lagoas, e até mes mo no li xo ! Como evitar tanta impi edade? E como reso lve r o problema das mães que, por quaisquer razões, se julgam sem condi ções de c ui dar do fruto de suas entranhas?
Reinventando uma moderna "Roe/a " Uma recente notíc ia ace nde um a luz sobre a questão. Inca paz provave lmente de resolver o tri ste problema, pqderá ao
A antiga Rod a dos Expostos (esq) e a atual, denominada babyklappe, usada na Al emanha e outros países. Na foto, jovem alemã faz demonstração sobre o funcionamento
me n m inorá- lo. Ta l notíc ia nos chega através la BBC.* Relata que um sistema c ri ado na Id ade Médi a - nasc ido em 1188 cm Ma rse lha (França) - , agora rcs urge com fo rça na Europa: a " Roda de bebês enj e itados". Q uem diri a ! Um costum e medi eva l do sécul o X II renascendo nos primó rdi os cio sécul o XX I. .. Eis um trecho da notíc ia da BB :
"Dif erente das rodas de bebês enjeitados de outros séculos, o equipamento moderno difere dos cilindros de madeira instalados em paredes de ·on ventos ou igrejas medievais. "Nos equipamentos antigos os bebês indesejados eram depositados pela par-
estado de saúde do recém-nascido". Ass im , ele recebe todos os cui dados até ser encaminhado para adoção. Enquanto a cri ança não for adotada, os pais tê m o direito ele rec uperá-l a - o que não é raro aco ntecer - , mas depo is que fo r adotada, e les perdem seus dire itos. A notí cia da BBC narra a inda o caso de um a mãe qu e "engravido u muito
jovem e não tinha o apoio do pai da criança.ficou em estado de choque após o nascimento e decidiu colocar o .filho na 'roda '. Ela, entretanto, se arrependeu uma semana depois ".
li ltíria <la ON U conua a "l'O<la salvaclol'a " de inocentes Es a práti ca que ressurge na Europa deve ri a ser bem vi sta por todos os que desejam evita r o a bandono de cri anças nas ruas. Inclusive deveri a ser mui to bem vista pela ON U. Entretanto, com sua jactâ ncia ele candidata frustrada a governo mundia l, as Nações Unidas desca rrega m sua fi'.Jria contra as modernas " rodas" que poderão sa lva r muitos recém-na ciclos cio abandono e prevenir o crime cio abo rto. Seg undo a me nc ionada notíc ia el a B BC, o Comitê das Nações Un idas para os Direitos das Crianças criti ca o s istema de aco lhimento de recé m-nasc idos como sendo "contra os direitos humanos das crianças" e "um retrocesso às
práticas medievais ".
Será que a ONU não vê no aborto um atentado contra os dire ito humanos da cri ança po r nasce r? E o direito fund amental à vid a que têm todos os se res hum anos? Então, a fim ele não se retroceder no tempo, é me lho r matar o inocente? Ademais, só porque é " medi eva l" é ruim? Q uantas marav ilh as nasceram na Idade Médi a! Um só exempl o: a arte góti ca que atrai e enca nta pessoas de todo o mundo ao vis itarem as des lumbran tes catedra is medi eva is. E m qua lque r caso, in centi va ndo a prática do abo rto, a ONU re trocede a um período bem anterior à Idade Medi a, o u sej a, ao antigo paga ni smo, quando os feníc ios adoravam o deus Mo loch. lvide ilustração abaixo! . Como se sa be, esse povo acreditava a pl aca r a có lera do " de us" oferecendo- lhe em sacri fíc io muitos recé m-n asc id os. Enqu a nto a estátua de meta l do íd o lo inca nd esc ia em decorrênc ia da fo rna lha acesa em se u in te ri or, be bês e ra m j ogados em se us braços e rol ava m para dentro do monstro, morrendo ca rbon izaclos . Co m suas bili o ná ri as e macabras ca mpanhas pró-a borto, a ONU fa z em nossos d ias o pa pe l d e Mo loc h que sacrifi ca milh ões ele vítimas inocentes por meio da prát ica abortiva no mundo inte iro. A lém do a borto, a ON U impul siona o contro le artific ia l da nata lidade em muitas nações.
Um /JOIICO <le hisl,Ót'Ía: as "Roe/as" estahelcci<h1s 110 IJl'asil E m nosso Pa ís, a in st itui ção da " Roda dos Expostos" - também conheci da como " Roda cios Enj eitados", "Janela de Mo isés" e " Roda da Mi seri córdi a" - , trazida de Portuga l !foto na p. seguinte !, fo i estabe lec ida nas Irm andades elas Sa ntas Casas ele Mi seri córdi a. Prim e iram ente na de Sa lvador ( 173 4), depo is no Ri o de Jane iro ( 1738), Rec ife ( 1789) e em São Paul o ( 1825). Co nta-se que a lgum as o utras c idades bras il eiras também adotaram o sistema até meados cio século passado , mas não encontre i doc umentos a respe ito. Hoje há relíqui as dessas " Rodas" em a lguns museus. (Vide quadro às pá gs. 16-17) A dec isão era do lo rosa para mui tas
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A segu ir, a declaração cio Dr. Kali! Rocha Abdalla lfotol , Provedor ela lrmanclacle ela Sa nta Casa de Mi sericórdia de São Paulo* e grande incentivador do Museu daquela in stituição, desde o início sob a coordenação da Sra. Maria Nazarete de Barros Andrade. A ela - cujo incessante trabal ho pelo aprimoramento do Museu nos compraz registrar - agradecemos a genti l aco lhida ele dois colaboradores de Catolicismo, mostrando-lhes o Museu , bem como fornecendo algumas fotografias e informações necessárias para a redação do presente artigo.
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Representação do uso da roda
mães traumatizadas, pobres ou pressionadas por familiares que consideravam o recém-nasc ido uma "criança indesejada". Essas mães preferiam deixar seus pequeninos nas "Rodas dos Expostos", onde eles se riam bondosamente aco lhidos pe las irmãs de caridade, batizados, bem tratados e educados, até que famíli as os adotassem. Dcpoimc11tos maternos
No Mu seu da Santa Casa de Misericórd ia de São Pau lo estão bem guardados vári os bilhetes deixados pelas mães na " Roda dos Expostos". Elas explicam o motivo que as levaram a abandonar ali seus bebês. Geralmente eram casos de crianças nasc idas fora do casamento - considerados como desonra para a fa mília - ou por falta ele condições financeiras para cuidar do filho . Eis um desses bilhetes, deixado em maio ele 1922 junto a uma pequen ina de nome Maria José: "Soufilha de um pecado que não tem perdão. Minha mãe repudia-me, mas alguma alma generosa poderá querer saber o meu destino". Ta mbém havia casos de mães que co locava m seus filhos na "Roda", mas tinham es pera nça de um dia poder rec uperá- los e levá-l os ele volta para casa. Para isso deix avam algum objeto CATOLICISMO
(medalh inhas, fitinhas coloridas, anéis etc.) a fim de que pudessem ser identificados. Um exemplo é o bi lhete que acompanhou o recém-nascido Antonio Moreira de Carvalho, deixado na "Roda dos Expostos" em 27 de junho de 1922: "Recebam-me. Chamo-me Antonio. Sou um mjãozinho de pai, porque ele me abandonou, e também minha mãe. Ela é muito boa e me quer muito bem, mas não pode tratar de mim. Estou magrinho assim porque ela não tem leite, é muito pobre, precisa trabalhar. Por isso, ela me pôs aqui para a irmã Úrsula tratar de, mim. "Não me entreguem a ninguém porque minha mãe algum dia vem me buscar. [.. .} Estou com sapinho e fome. Minha mamãe não sabe tratar de sapinho e não sabe o que me dar para eu ficar gordinho. Minha mãe também agradece os bons tratos que me derem". Na "Roda dos Expostos" da Santa Casa de Misericórdia de Salvador (BA) [foto] também estão guardados muitos bilhetes que acompanharam os pequeninos desvalidos. Um deles era de um menino em cujo braço direito vinha amarrada uma fita azu l com este bilhete: "17 de dezembro de 1881. Vae este menino, nascido hoje para a Roda. Éfilho legítimo de uma pobre viúva, que não tem nenhum recurso para criá-lo; que
Sra. Maria Nazarete de Barros Andrade, coordenadora do Museu da Santa Casa de São Paulo, junto à Roda dos Expostos
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"O Museu da Irmandade ela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, foi organ izado em j unho de 2000 e só aberto para visitação a partir de sua inauguração em 21 de março ele 200 1; reúne uma série de documentos, fotos, medalhas, apare lhos e instrumentos ele uso médico e ele uso farmacêut ico, além ele possuir uma grand iosa Pinacoteca, com retratos de grandes homens e mulheres, colaboradores que doaram não apenas bens materiais, como prontificaram-se a ajudar o próximo. A peça ele destaque do Museu é a Roda dos Expostos ou Exc luídos, confeccionada em pinho ele Riga, com um cilindro que gira em torno de um eixo e com uma abertura na lateral onde as cri anças eram colocadas. A peça guarda a história ele milhares de cria nças abandonadas aos cuidados ela Santa Casa; esta provia a elas educação e moradia até que completassem a maioridade, encam inhando-as para um futuro esperançoso. A Roda dos Expostos é constante tema de pesquisas acadêmicas e foco de muitos artigos, entrevistas e reportagens". Ol'igcm histórica ela Santa Casa ,Jc Miscricârclia clc São Paulo
"Em 1498, dona Leonor de Lancastre, viúva do Rei de Portugal, dom João I1, determinou a fundação ela Santa Casa de Misericórdia de Lisboa. A organização eo funcionamento elas Santas Casas de MiseJicórdia foram uma das marcas mais fortes e permanentes ela colon ização portuguesa em todos os continentes que o país exp lorou e co lonizou. O mesmo aconteceu no Brasi l, que se tornou co lônia de Portugal após o descobrimento oficia l, em 1500. [... ] A Irm andade da Santa Casa de Misericórdia de Sã.o Paulo teve um papel fundamental na preservação ela vida de milhares de cr ianças abandonadas ao nascer, pela ex istência da Roda dos Expostos desde 1825. Ao todo , constam 4.696 em seus registros. [... ] As Irmãs ele Caridade participaram ativamente no processo ele assistênc ia ao menor abandonado. Quando uma criança era depositada na roda e e la era girada , o sino tocava e uma irmã recolhia o bebê, que passava a ser de responsabilidade da Irmandade para cuidados, alimentação e ed ucação.[ .. .] Em outras Irmandades de Santa Casa de Misericórdia também existiu a Roda dos Expostos, como na ela cidade do Rio de Janeiro, desde o sécu lo XVIII . Apesar de a Roda dos Expostos ter sido instituída na cidade de São Paulo apenas na segunda década do sécu lo XIX , seu papel de assistência soc ia l e ele preservação da vida humana eleve ser ressaltado : milhares de crianças tiveram oportunidade de viver graças à sua ex istência e, principalmente ela lrmancl acle que atendeu às necessidades soc ia is da época, ela mesma n1aneira que continua, prestando assistência em sc.us hospitais à população carente, com cuidados médicos de alta qualidade". * Fundada cm 1560 na pequena Vil a ele São Pau lo, a Irm andade da Santa Casa de Miscri ci'lrdia de São Paulo fun c ionou pri111eira-
m0nte na palhoça de Anchieta no Pútio do Co légio. Depois na Rua ela Glória e atualment e no imponente prédio de estilo gótico situado na Vila Buarque, construído em 1884, onde a " Roda dos expostos" fun cionou até 1948. Vi sitas ao Mu seu da Santa Casa, à Rua Cesá rio Mota Junior, 11 2 (Vila Buarque), de segunda a sexta-fe ira das 9h às 16 .J Oh .
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Edifício da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Temor de Deus
e misericórdia N· mat(~ria a11t.cI•ior desta seção, transcn·\icn1os l n·clIos de Sao r~ ncisco de S,1lesr::) solwc a vir'Luctc <la confiança; 11n r>r·cscntc, seguem pc·nsamentos do santo solwc Lcn10I' de Deus 11clncio11aclo
corn a cspc11ança ara ca minhar seguram ente nesta vida, é preciso ca minhar se mpre entre o te mor e a esperança; entre o temor dos juízos de Deus, que são ab ismos impenetráve is, e a esperança da sua mi seri có rdia, que é sem número e sem med idas, ult rapassa ndo todas as suas obras. É preciso temer os se us divinos juízos, mas sem desâ nimo, assim como se an imar à vista da sua mi sericórdi a. [ ... ] Não faça mos co mo os que chora m quando lhes fa lta a conso lação e ca ntam quando ela volta; no que se parecem com certos animais que estão tri stes e furiosos quando o tempo está sombri o e chuvoso, e não cessa m de saltar quando está bom o tempo. [ ... ] O nosso prime iro mal é que nos temos em grande apreço, e se nos aco mete a lgum pecado ou im perfeição, eis-nos admirados, confusos, impacientes, porque pensávamos estar bons, resolutos e tranqu il os; e, portanto, quando ve mos que não é assim, quando caí mos por terra, eis-nos perturbados e ofend idos de nos deixarmos enga nar. Se soubéssemos o que somos, em lugar de nos ad mirar ele ca irmos, ad1i1irar-nos-íamos esta r de pé um só dia ou um a só hora. Es força i-vos por faze r com perfe ição o qu e fi ze rdes, e quando est iver feito , não pense is ma is ni sso; mas pensai no que tendes para faze r, ca minhando com singe leza na via do Sen ho r, sem ato rm entar o esp írito. Co nvém odi ar os defeitos, não com um ódio che io de despe ito, mas com um ód io tranqu il o; o lha i-os com paciência e faze i-os servir para vos humilharem na vossa estim a. Conside ra i os vossos defeitos com mais dó do que indi gnação, ma is humild ade cio que seve rid ade, e conserva i o coração che io dum amo r doce, sossegado e te rno. [.. .] É comum nos que começam a servir a Deus e que ainda não têm ex periência da carênc ia da graça e das vic iss itudes espi rituais, que, quando lhes fa lta o go to desta devoção en ívcl e desta amáve l lu z que os enca minh ava nas vias do Sen hor, logo perdem as fo rças e caem e m um a grande tri steza e pusilanimidade de coração. •
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faça tenção se Deos quizer ir tirar seu .filho. O menino vae com uma fita azul amarrada no braço direito, uma camisa liza, touca de meias, coberta de tacos. A mãe d 'este menino está no Hospital. Marcolina do Monte, cabra, solteira, mora na Rua da Misericórdia ". "Parto Anônimo" O utra so lução para a questão em foco ser ia " desengavetar" e pô r em prát ica o Projeto-Lei 3220/08, intitu lado "Parto Anônimo", que remediaria o probl ema. A mulher ficando grávida contra a sua vontade, ou co11tra o desejo de fa mili ares, e não admitindo a hipótese de matar seu bebê por me io do a borto, o "Pa rto Anônimo" permitiria que ela gera se a cri ança co m segurança e ao nascer a entregasse para a lguma instituição, como um hosp ita l-maternidade, um orfa nato, etc. A institui ção manteria o anonimato a respe ito dos pais e se encarregaria de encaminhar a cri ança para
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CATO LI C ISMO
Por que não r csta m·ar as "Rodas <los Hxposws"?
Gregório, uma exposta
adoção. Há filas de pessoas desejosa de adotar uma criança, mas a burocrac ia tem dificultado enormemente esse procedimento. O médico R enato Costa Monte iro, de 85 anos, foi uma das 4 .696 cri anças a bandonadas na "Roda dos Ex postos" da Santa Casa de São Paulo . O Dr. Monteiro afirm a com veemência qu e o " Parto Anônimo" se caracteri za como uma opção para as mães que não a presentam condições de criar seus filhos. É triste, mas "diante dos acontecimentos
que presenciamos ultimamente, pode [o " Parto Anônimo"] ser uma alternativa
para evitar esses dramas ".
Se nossas autoridades desejassem realm ente reso lver - o u pelo menos minora r - o gravíssimo probl ema de c ri ança aba nd onadas e s ini stros caso de abo rto, por que não seguir este exce lente s is te ma nasc ido na Id ade Média e que vem ressurg indo em países do prim e iro mundo? Quanto crimes deix ariam de ser co metidos! Qua ntos in fa nticídio ev itados! Então vamos in s istir na reinsta lação das "Rodas sa lva-v idas" - pe lo meno para ev itar o pior! • E-mail para o autor: catolic·sm
li
lcrra.com.br
Notas: (*) BBC, Londres, 26-6- 12. Obras co nsultadas: M11se11 da , c111tr1 'asa de Misericórdia de cio Paulo, " Lascrprint Editoria l", . Pa ul o, 2009 ~ Aç<i 'S Sociais da San/a Casa de Misericórdia do IJ ,!,ia, "Co ntexto & Arte Edi tori al Ltda" , Su lvador, 2001 .
( *) iio Franci sco de Sales, Pe11.rn111e1110.1· Consoladores, Livra ri a Sa lcs iana Editora , Siio Paul o, 1946, pp. 109 a 123.
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Contraditório, o Alcorão prega a destruição de tudo que não seja muçulmano P or dar fiel cumprimento a sua missão - que inclui a denúncia dos erros da religião muçulmana-, o Pe. Guy Pagc~s já recebeu ameaças, inclusive de morte. Ele relata para os leitores de Catolicismo como exerce seu apostolado, obtendo muitas conversões.
ascido na França em 1958 e ordenado sacerdote em 1994, o Pe. Guy Pagés é muito ativo na área da evangelização pela Internet, a partir da qual difunde vídeos sobre a fé católica , bem como sobre os erros do Alcorão e do Islã . Tais vídeos vêm tendo sucesso e começam a incomodar a própria diocese na qual ele exerce seu ministério, pois não se inscrevem na linha irenista daqueles que ocultam a sua fé na hora de discutir com os muçulmanos .. . Um dos exemplos da penetração de seu apostolado é o fato de a televisão egípcia AI-Hayat ter consagrado, em 5 de dezembro de 2011, uma hora e meia na emissão de alguns desses vídeos . Anteriormente o sacerdote residira por alguns anos no Djibouti (República islâmica da África) , onde havia iniciado um profícuo apostolado , ao qual infelizmente não pôde dar seguimento devido às estritas limitações impostas pelas leis locais . Um dos assuntos prediletos do Pe . Pagés é a religião muçulmana , em relação à qual ele desenvolve um discurso sem concessõe s. Sobre este momentoso tema ele concedeu
uma entrevista exclusiva a Catolicismo , através do colaborador de nossa revista em Paris , Sr. José Antonio Ureta . O Pe . Guy Pagés é coautor com Ahmed Almahoud do livro
N
CATOLICISMO
Elementos para o diálogo islâmico-cristão, publicado em 2006 pelas Edições Fran cisco Xavier de Guibert, refundido e reeditado em agosto de 2007 . Escreveu ainda a obra Judas está no inferno , publicado em novembro de 2007 pela mesma editora e objeto de uma crítica muito positiva da revista "Catholica". Seu te rce iro livro foi publicado em ja neiro d e 2012 pelas Edições Beneditinas e intitula-se
Catolicismo - Qual é a extensão do perigo muçulmano na França, na Europa e no mundo em geral? Note que eu menciono o perigo "muçulmano", e não o "islamita" ... Pe. Guy Pages - O senhor faz bem em não uti1izar o vocábulo fabri ca do para favo recer o Islã dito tolerante. N ão ex iste senão um úni co Islã - o que obedece aos preceitos de Al á e quer a destrui ção de tud o aquil o que não é muçulm ano (A lco rão, 60.4; 6 1.4). O Islã di to to lerante só o é du ra nte o tempo necessá ri o para se torn ar numeri camente importante e impor a sharia, a lei muçulmana. A extensão do peri go muçulmano na França, na Europa e no mundo é patente e dram áti ca. Em Bru xe las, capital da União Europa, de duas cri anças que nascem, mais de uma é muçulmana. O ava nço do maometani smo verifi ca-se em todo o Ocidente devid o à apostas ia genera lizada, da qu al o l slã é sem dúv ida o cas ti go, pois, caso não se desej e a luz ( cfr. Jo 8- 12), não se pode encontrar senão as trevas ( Mt 12-3 0).
Pe. Guy />ages:
Interrogar o Islã islâmico-cristão.
''A a usência de
Em carta de 15 d e dezembro de 2011 , a arquidiocese de Paris concede-lhe inteiro apoio, le mbrando a seus detratores e caluni adores que o Pe . Guy Pagés é sacerdote da Igreja Católica, e acrescentando , a respeito de seu combate , "que convém que cada um
Catolicismo - Os cristãos, e em particular os católicos, estão conscientes desse perigo? A reação deles está à altura dos desafios colocados pelo Islã? Pe. Guy Pages - N ão e não !
possa apresentar argumentos fundam entados teologicamente ou de modo racional".
Catolicismo - Que tipo de pessoas assistem a seus vídeos e qual o impacto de seu apostolado? Pe. Guy Pages - A penas uma de minhas contas no Youtube (http://www.youtube.com/abbepages)
<IOClllllClltoS
contem11orâ11eos sobre as ol'igens do I slã COllSlillli um caso único na História ... O que faz supor uma ma11ipulação <la história "
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Elementos para o diálogo
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registra uma médi a diári a de 1200 vi sitas, das quais apenas uma quarta parte é de mulheres. A fa ixa etári a mais importante dos intern autas é a dos 40-50 anos. Os vídeos relac ionados com o Islã são os de maior audi ência, ass istidos até mesmo em países da penínsul a arábica ... O número de vídeos produzidos por muçulmanos para tentar me desacreditar, contraditar e ridi cul ari zar é verd adeiramente impress ionante. Isso sem dúvida é um bom indica dor do in teresse pelo meu trabalho. Tendo recebido tantas mensagens me questionando sobre a fé cristã, tive que suprimir os fórun s de comentári os para os vídeos mais anti gos, porqu e eu não mais podia acompanhá- los. A o lado disso, há evidentemente reações negati vas, ameaças de vi olência e de morte, como também reclamações de certos cri stãos que me acusam de fazer divisão ou semear o ódio.
Catolicismo - V . Reverência é o animador de um blog que denuncia os erros do Islã e os crimes cometidos em nome dele. O que o levou a centrar seus esforços de evangelização nesse assunto? Pe. Guy Pages - Há alguns anos vi vi na República islâmica de Dji bouti, onde me dediquei com certo sucesso a evange li za r os autóctones . A o cabo de cinco meses eu hav ia reunido um grup o de 12 ex-muçulmanos que pedi am o bati smo. M as ti ve de deixa r o país porque isso contrari ava o acord o tác ito tra di cional entre a lgreja e Djibouti , pelo qual este Estado muçulmano tolera a presença da Igrej a sob a condi ção de que ela renuncie à eva ngelização . De regresso à Fran ça, constatando qu e não havi a in fe li zmente nenhum a eva nge li zação organizada voltada para as populações muçulmanas, entretanto ca da vez mais numerosas e muito receptivas ao prose li tismo, pareceu se r meu dever evangeli zá- las através deste meio de gra nde alca nce que é a Internet.
O Pe. Guy chegou a sofrer amea~as de morte por seu trabalho a favor da conversão dos muçulmanos
"Um cristão não po<le rcmmcia,· a <lize,· que conhece A Verda<le, sem o que ele r enegaria o próprio ,Jesus C1'isto que disse: 'Eu SOll A Vel'dade" (Jo 10.6).
Catolicismo - Mas já houve conversões favorecidas por alguma das mais de 200 homilias postadas por V. Reverência na Internet? Pe. Guy Pages - Graças a Deus e a ajuda de amigos, este apostolado permitiu a conversão de mui tas pessoas, inclusive de muçulmanos, certamente mais do que através de um apostolado clássico. Por exempl o, a de um muçulmano imigra nte da Áfri ca a quem um co lega de trabalho ped iu que se tornasse um muçulmano séri o, e que fo i para isso se info rmar na lnternet a respeito do Islã. Ali ele encontrou alguns vídeos intitulados " Respostas do Padre Pages" . Querendo saber mais sobre este padre Pages, ele procurou meus vídeos, cuj os argumentos o convenceram sufic ientemente para ele ir interrogar sobre os mesmos o imã de sua cidade, que lhe respondeu: "Não procures na Internet, pois
ali só existem besteiras! Além disso, tu raciocinas muito ". Con talando que o imã nada tinha de séri o para opor aos meus argumentos, ele se converteu, como também sua mulher. E não somente isso: ele gravou alguns de meus víd eos e mostrou-os depois a colegas de trabalho, convertendo assim cinco deles ! Quando fui visitá- lo, ele me mostrou o li vro de orações ca tóli cas que havi a encontrado numa li xe ira, com o qual, a partir de então, ele e sua esposa reza vam aj oe lhados todos os dias. Ele me di z que tendo encontrado - também dentro de uma li xe ira (não invento nada) - uma fita casse tte contendo o ví deo do film e " Jesus de N aza ré", de Zefirelli , ele o ass istia religiosa mente todos aos domingos à noite .. . A mora l desta históri a é mui to ev idente: os pobres do Terceiro Mundo vêm procurar em nossas
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li xe iras a fé, a oração e a cultura cri stãs que nós europeus não mais queremos! Catolicismo - Isso é lamentável. Mas há casos de europeus católicos que tenham voltado à prática da religião? Pe. Guy Pages - Outra bela história é a de um j ovem francês que tendo encontrado meus vídeos na In ternet, dec idiu perguntar minha opinião antes de partir para o Marrocos a fim de desposa r uma moça chamada Fátima. Eu o adverti que ele seria obrigado a fazer a chahada, que é a profi ssão de fé muçulmana, ou seja, apostatar da fé católi ca e se condenar. Impressionado por minhas palavras, ele dec idiu vir se confessa r - co isa que não faz ia desde a mais te nra infânci a - , abandona r a vida de pecado, ir à Mi ssa todos os domingos (agora ele va i diariamente), e não mai s desposa r a muçulmana , a menos que ela se torne católica. Ele se pôs então a evangelizá-la, fato que determinou o adiamento de seu casamento por doi s anos ... O tempo para convencer Fátima da falsidade do Islã e tornar-se verdadeiramente amorosa de Jesus, nosso grande Deus e Sa lvador. Ele conseguiu tirá- la do Marrocos. Batize i Fátima, rea li zei o casamento deles e batizei seu primeiro filho! Há também o caso de um francês ex patri ado na Arábia Sa udita que me agradeceu pelos meus vídeos, que o ajudara m a conse rvar a fé . Depois me comuni cou que, para gra nde surpresa sua, ele começou a eva nge liza r os muçu lm anos que era m envi ados para tentar islamizá- lo, aos quais ele podia ex por as contrad ições do Alcorão e do Islã. Sua nova ciência extra ída de meus vídeos lhe valia o apreço desses muçu lmanos, que o estimam mui to após descobrirem que ele conhece o Alcorão mui to mais do que a maiori a dos muçu lmanos ' Catolicismo -
O Alcorão pode ser levado a
sério? Pe. Guy Pages - Não, por diversas razões ex postas em meu li vro lnterroger /'islam (Interrogar o Islã), publicado pelas Edições Beneditinas. Para os muçulmanos, o Alcorão é de ori gem di vina e a prova dessa origem seri a seu caráter " inimitáve l". Ora, essa " prova" é fraquíssi ma. Por três-razões: I) um texto literári o, obra de um auto r singular, com uma sensibilidade, uma cultu ra e com dons natu rais próprios, é necessa riamente inimitável em si; 2) não são apresentados critéri os para julgar se uma obra é semel hante ou não ao A Ico rão; 3) não há um juiz que os muçulmanos estejam dispostos a ace itar para decidir se o A Icorão é inimi tável. Esse desafi o não tem sentido algum . O Islã repousa sobre um blufl
CATO LICISMO
No Alcorão, vemos Alá se corrigir em relação ao que ele anteriormente disse, abolindo certos versículos para substituí-los por outros
"Não se pode aceitar como base <le diálogo com os muçulmanos o fato de que compartilhariam a mesma a/irmação mo1wteísta 011 que suas rnligiões seriam do U\ll·o "
Além do mai s, se para o Islã não há divindade se não Alá, o que é o Alcorão? Sendo ele para os muçu lm anos a Palavra de Deus e sendo Deus um , de duas uma: ou o própri o Al corão é Deus, ou então não é Deus; mas, nesse caso, posto que somente Deus é perfeito, o Alcorão é imperfeito, e sendo imperfeito é, pois, aperfe içoáve l. Aliás, no Alcorão, vemos Alá se co rri gir em relação ao que ele anteriormente disse, abolindo certos versícu los para substituí-los por outros (A lco rão, 2. 106; 16. 1OI). Ele deve ser então submetido à críti ca .. . O Islã pode sa ir il eso desse dilema? Se Alá é ca paz de se equivocar a ponto de ter de se co rri gir, ele é verdadeiramente Deus? Por outro lado, os muçulmanos afi rm am que é o próprio Deus que fala no Alcorão. Ora, ele possui diversas passagens que não podem ser pa lav ras de Alá, mas devem ser atribuídas a um redator humano dirigindo-se a ele. Por exempl o, o versícul o de introdução (F'atiha): "É a ti que adoramos, e é a ti que imploramos o socorro. Dirige-nos no caminho certo, o caminho daqueles que tu encheste de beneficias". Para eliminar essa contradi ção, bastou aos compil adores posteriores juntar "d ize i" ao início de 350 passagens do Alcorão! Mas eles esqueceram algum as. Por exemplo, lemos em 9. 30: "Os cristãos disseram: 'O Messias é Filho de Deus' ' [. ..} Que Alá os aniquile!". Quem é que di z " Que Alá o ·aniquile!"? Se é o próprio Alá que fa la de si mesmo, então ou Alá não é sincero - poi s de fato ele não os aniquil a - ou Alá não é Deus, porque Deus não é nem mentiroso nem fraco. Toda pessoa honesta não pode não ver na referid a passagem senão a frase de um homem cheio de ód io para com os cristã.os. Catolicismo - E quanto à figura de Maomé? Pe. Guy Pages - Mao mé teria nasc ido pelo ano de 570 na Arábia e morrido em 632 em Medina. O mais anti go documento que possuímos a seu respeito, chamado Sira, escrito por um certo lbn lshap, está datado do fi 111 cio sécul o VI li , isto é, I00 anos DEPOIS ela morte ele Maomé. Mas tendo o original desa parec ido, ele não está acess ível senão parcialmente, numa recensão de lbn Hi sham, fa lec ido em 834, ou sej a, dois séc ul os mais tarde. O que quer dizer que, segundo as próprias fo ntes muçul manas, não ex iste testem unho direto relativo a Maomé. Mais probl emático ainda é o fato ele as fo ntes contemporâneas ex tramuçulm ana não fa zere m nenhum a menção à sua ex istência. O que é inco nceb íve l, pois todo aco ntec im en to histórico importante nã.o pode senão deixar se us rastros. E
é prec iso espera r o séc ulo X para enco ntra rmos, nos países conqui stados pelo Islã, menção a um profeta ao qual os sa rracenos teriam obedec ido. A ausênc ia de documentos contemporâneos sobre as origens cio Islã, em época não tão afastada de nós, e numa região de brilhantes civi li zações (Babi lônia, Bizâncio), constitui um caso único na Hi stó ria ... e não pode afasta r a supos ição de uma manipul ação da hi stória / Outra prova ele que Maomé é um personagem lendário criado no século IX para servir de contrafação ao Moisés ci os judeus e ao Jesus cios cri stãos, é que, contrari amente à sua importância atual na reli gião muçulmana - a qual o associa a Alá até na sua profi ssão de fé, a Chahada di z: "Não há outra divindade senão A lá, e Maomé o seu profeta" - , Maomé não aparece na Chahada gravada por ' Abel al-Ma li k em 688-69 1 no frontispício da mesquita da Basíli ca cio rochedo de Jerusa lém, como ainda se pode constatar. Nem tampouco na Chahada primiti va presente no Alcorão (3. 19): "A religião aos olhos de Alá é a submissão". Nem daq uela em vigor até 775: "Não existe outra divindade senão a de Alá, sem nenhum associado ". Catolicismo - É verdade que os cristãos, os judeus e os muçulmanos adoram o mesmo Deus? Pe. Guy Pages - Não, não é verdade. Cre r ni sso eq ui va le a nega r a verdade sobre Deus revelada por Cristo, que é Ele próprio Deus (.ln 8. 24, 28, 58 ; l 3. 19 / Ex 3. 14). Se a ex istê ncia e a uni cidade ele Deus são verdades acessíve is à razão natural (cf. Rom 1. 18-20), conhecer a Santíssima Trindade não é acess ível à razão humana. Cri stãos e muçulmanos não têm o mesmo conh ec imento ele Deus, porque eles não estão li gados à mesma Revelação, não ouvem a mesma Palavra. Contentar-se em afirm ar que Deus ex iste e que Ele é único - é no que se resume o conhec imento muçulmano ele Deus to rna segura mente um cri stão mais muçulm ano do que cri stão. O Deus do Alcorão é um ser so litári o, enquanto o Deus cio cristiani smo é um ser ele relação: o Pai, o Filho e o Espírito Sa nto. Três Pessoas tão ligadas entre i, que são, co njuntamente e cada uma, o úni co e mesmo Ser divin o. O Deus do Alco rão é impenetráve l ( 11 2. 2) e continuará para sempre um mi stério abso lutamente insondáve l para os muçulmanos (2. 255 ; 42. 4). O Deus cio cri stiani smo é também incompree nsíve l e, entretanto, na sua bondade infinita, di gnou-se faze r-se conhecer ao homem, ele modo que este possa, na sua medid a, parti c ipar rea lm ente cio conhec imento que Deus tem de si próprio, o qual é
Segundo as próprias fontes muçulmanas, não existe testemunho direto relativo a Maomé
"É co11U'adit;ório pal'a um Cl'ÍStão hOl1l'í:II' o Islã como religião, em 11ez <le <lemmciá-lo largamente como uma Íll1IJ0Sllll'.:I caractel'Ística <lo A11ticristo"
a visão beatífica (.lo 17.3). Como o mi stéri o divino no Alcorão é irreconhecí vel (26. 65; 72. 10), Alá não tem ligação com a raciona liclacle. Por isso, tudo aqui lo que ele diz ou pede é arbitrário, ex igindo cio muçu lmano um a submi ssão cega. Qua lquer esforço da inteli gência é considerado como ímpi o porque necessa riam ente ate ntató rio à invi olab iliclacle do Mistéri o divino. O Deus cio crist iani smo é reco nhec id o como justo e, portanto, como lóg ico, raciona l, razoáve l. É esta fé no Logos (razão) cio DeusCriador que permitiu à ciência de se desenvolver no Ocidente. Na verdade, Deus nada fa z sem razão. Não age como um louco, mas "Ele tudo ordenou com número, peso e medida" (Sg 11 . 20), ele sorte que não sendo o mundo absurdo ou incoerente, a ciência humana pode descobrir as razões ou as leis que nele Deus co locou, que o regem e o tornam inteligível. Deus nos quer à sua imagem: isto é, razoáveis. Outro exempl o que ilustra magistra lmente não apenas o arbitrári o do Deus muçulmano, mas ainda sua absoluta maldade - é que Alá teri a criado homens para so frer eternamente no Inferno: "Nós criarnos um grande número de homens para o Inferno" (7. 179) e outros versos do mesmo naipe. Esse deus não é o Deus cios cri stãos, que não somente jamais faz o mal, mas que predestinou todos os homens a participarem de sua glóri a na eternidade. Condenam-se os que se rec usa m a crer na boa nova (Me 16. 16). Prova também ele que os muçulmanos e cristãos não têm o mesmo Deus é que somente estes últi mos adoram Jesus Cri sto como verdadeiro Deus e verdade iro homem, o que para os muçulmanos é idolatria ... Para os muçulmanos, é contrário à cligniclacle ele Deus que Ele se faça homem, o que impli ca que Deus deveria ter vergonha de sua cri ação! Catolicismo - Há outras divergências entre a fé e a moral cristãs e aquelas do Islã? Pe. Guy Pages - As divergê ncias são tai s que se pode defi nir o Islã como não sendo outra coisa senão a negação do cr istiani smo, a ponto de o Is lã afi rm ar que toda a sua glóri a co ns iste em restabelecer a reli gião pura e ori ginal fa lsificada pelos cri stãos. De fa to, e le nega não somente a Trindade, mas também a divindade de Jesus, sua morte e sua ressurreição e, portanto, a Redenção. É, pois, toda a eco nomia da sa lvação tra zida pelo cri stiani smo que é rejeitada pelo islã. No ní ve l da moral , isso impli ca: - recusa ela Trindade, recusa da alteridacle e, portanto, o tota li tarismo e a tirania soc ial e doméstica, a superi oridade ontológ ica cio homem sobre a
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mulher, do muçulmano sobre o não-muçulmano, do homem livre sobre o escravo;
concernido, pois "os.fiéis leigos, precisamente por serem membros da Igreja, têm a vocação e a missão de anunciar o Evangelho: para esta atividade eles esteio habilitados e engajados pelos sacramentos da iniciação cristã e pelos dons do Espírito Santo" (João Paulo 11 , Christifideles laici, no. 33). "Evangelizar é a graça e a vocação própria da lg r~ja, a sua mais pro.funda identidade" ( Paulo VI , Evangelii nunliandi, nº 14).
- recusa da Redenção, negação do pecado original e confusão do bem e do mal, ambos obras de A lá; - o desconhec imento de Deus e, em consequência, do hom em, dá lugar ao demônio e às suas falsas luzes para conduzir a todas as fo rm as de pecados, tanto de orgulho (A lcorão 3. 110) e de seu coro lári o, o ód io (60.4), a promoção da preguiça pela submissão ao destino (9.5 1; 14. 1O; 15 .5; 57.22) que di spensa o
Contra ri amente ao que promove o espírito do mundial ismo e da N ova Era, um cri stão não pode aceitar situar-se num imaginári o ponto
exercício peri goso da liberd ade e da responsabilidade, a exaltação da inveja pela promessa
Omega que transcenderia todas as confi ssões reli giosas. Ele renegari a o Absoluto, que é unicamente Jesus de Nazaré, em comunhão com o
da pilh agem (8.41 , 69 ; 33.50; 48 .1 9,20), a legitimação da cól era e da viol ência (48.29), a excitação da lux úri a pela red ução da mulher
seu Pai e o Espírito Santo. Um cri stão não pode tampouco ace itar como ba se de diálogo com os muçulmanos o fato de que eles compartilhariam uma mesma afirmação monoteísta (o monoteís-
a objeto de pra zer e a promessa de um paraíso repl eto de j ovens cuja v irg indade é restaurad a sem cessar, a exa ltação da avareza pela legali zação da extorsão (9.29), etc.
mo cri stão se identifica com o dogma trinitário combatido obsess ivamente pelo islã), ou que as suas religiões seri am religiões do Livro (o cri stiani smo não se define em relação a um li vro,
Catolicismo - Em seu site há uma série de vídeos sobre relações pré-matrimoniais , contracepção, aborto, divórcio, homossexualidade. Qual o público-alvo : os muçulmanos , os sem religião ou os católicos? Eu o faço para: 1) dar aos próprios cri stãos um conhecim ento que frequentemente lhes fa lta e que deve fortifica r o seu senso
Pe. Guy Pages -
ca tó li co, de tal modo a doutrina ca tólica é a expressão per fe ita e insuperável da verd ade reve lada ; 2) permitir àq ueles que não são nem cri stãos nem muçu lmanos de poder jul ga r a diferença entre o cristian ismo e o Islã; 3) oferecer aos muçu lmanos o conhec imento da doutrin a cató li ca sobre a fé e as modas, o que não pode senão ed ificá- los, e mostrar-lh es que, longe daquilo que eles imaginam, os cristãos não são desprov idos de senso mora l.
Catolicismo - Muitas pessoas creem que o diálogo inter-religioso é um substitutivo da evangelização. O que V . Reverência acha disso? Pe. Guy P11ges - Um cri stão não pode renunciar a afirmar que conhece a Verdade (2 Co 11. 1O), sem o que ele renega ri a o próprio Jesus Cri sto que di sse : "Eu sou A Verdade " (Jo 10.6). E só A Verdade, que se deve conhecer e proclamar, nos libertará (J o 8.32). Tal situação é que leva São Paulo suspirar: "Mas
como acreditarão n 'Aquele sobre quem eles não ouviram.falar?". E acrescentava, pensando em nós: "E como ouvirão.falar dele se não há ninguém que pregue?" (Rom I O. 14). A interrogação de São Paulo - "E como pregar sem antes ser enviado?" - não deve servir a ninguém de pretex to para não se sentir
CATOLI C I SMO
O Alcorão nega não somente a Trindade, mas também a divindade de Jesus, sua morte e sua ressurreição e, portanto, a Redenção
mas a uma Pessoa, Cri sto Jesus), ou da Lei (o cri stão não se sa lva pela sua obed iência à Lei , mas ao Espírito de Deus), ou que eles tivessem um parentesco co mu111 em Abraão (o cristão não tira a sua ex istência da ca rn e e do sangue, c fr. Jo 1. 13; 8.39). Sabendo que não há senão uma úni ca Igreja de Cri sto, "que no Credo confessamos ser una, santa,
católica e apostólica" (Cateci ·mo da Igreja Católica, nº 8 11 ), é contraditóri o e suicida para um cri stão honrar o Islã como religião, em vez de denunciá- lo aberta e larga mente como uma impostura caracterí stica do Anti cri l o ( 1 .l o 2.22-23 ; Ap 20.7-8).
Catolicismo -
''A solução /Ja1·ece estar na reunião ele fiéis l'crVOl'OSOS. Creio que os tempos VilldOlll'OS não pennitirão mais a tibieza. Sel'á preciso ser santo ou clemônio "
Por que os países muçulmanos
não concedem aos cristãos os mesmos direitos que seus seguidores gozam aqui no Ocidente? Pe. Guy P11ges - Porque a confrontação com a razão, so licitada pela teo logia cristã (é um pl eonasmo), leva ri a o Islã a se questionar. Esta recusa da con fronlação com a verdade está escondida, bem entendido, sob o pretex to de preservar os muçu lmanos do perigo de apostasia pelo contacto com os infi éis, e a.fàrtiori com os cri stãos, culpados do úni co pecado irremiss ível: a fe na Trind ade (A lcorão, 4.48).
cu lturas anteriores sufi ciente gê ni o próprio para fa zê-lo frutificar, não "graça s ao", mas "apesar do" ' Islã. O amálga ma entre o Islã e essas civ ilizações foi fac ilitado pela imposição da língua árabe. A imposição desta impedi u pouco a pouco os povos islamizados de aceder às suas cul turas próprias, e os conduziu à estagnação característi ca dos
mas antes, sabemos que Ele duvidou encontrar ainda fé no dia de seu retorno (Lc 18.8) .. . Certamente, a perda da fé que Ele entrev iu está justamente ligada ao fato de não se ter visto que vale a pena tudo sofrer e morrer para guardá-l a, de tal modo ela é preciosa, poi s nos dá acesso à v ida eterna. "A
obrq de Deus consiste em que creiais n 'Aquele que Deus enviou" (Jo 6.29); "Sem a.fé, é impossível agradar a Deus" ( H e 11 .6).
povos islami za dos. O que aconteceu com as brilhantes civilizações do Egito, de Bizâ ncio, de Cartago ou da Pérsia urna vez conquistadas pelo
Catolicismo - Como V . Reverência considera o futuro da Igreja e do mundo? Como o fiel católico deve enfrentar esse porvir?
Islã, para que se possa creditar a este qualquer va lor civ ili za tório? Aos que jul ga m de bom tom criti ca r a civili zação cri stã, nada de mais eloq uente do que a seguinte constatação fe ita por um escri tor muçulmano, o sa udita lbrahim al- Buleihi , publicada no quotidiano saudita " Okaz" em 29
Pe. Guy Pages -
N o te mpo das in vasões bárbaras foram os moste iros que guard aram
os teso uros da vida cristã e os tran smitiram às gerações futuras com todo s os tesouros da cultura antiga dese n vo l v id os por eles. De igual modo, em nossa época ca da vez mai s alheia à vida da fé - v icia de fé muito frequentemente ause nte até entre os própri os sace rdotes, ai! - , a so lução parece efetiva mente estar na reuni ão de fi éis fe rv orosos, inteiramente entregues a Deus e à Igreja. C reio que os tempos v indouros não permitirão mai s
de abril de 2009: "Olhai em torno de vós [. ..}
Percebereis que tudo quanto é belo em nossas vidas procede da civilização ocidental. [. . .} Como nenhuma outra civilização anterio1; ela trouxe o conhecimento, o sa voir-faire, no vas descobertas. As realizações da civilização ocidental cobrem todos os dom ínios: a gestão, a política, a ética, a economia e os direitos humanos. [. ..] Passando em revista os nomes dos.filósofos e sábios muçulmanos tais como fbn Rushd, lbn al-1-laythan, lbn Sina, AI-Farbi, A l-Razo, A1-Khwarizmi e semelhantes, cuja contribuição ao Ocidente é reconhecida por escritores ocidentais, descobrimos que eram todos discípulos da cultura grega e que se mantinham à margem da corrente [i slâmica] dom inante. Eles eram e continuam sendo ig norados por nossa cultura. Nós chegamos a queimar seus li vros, a persegui/os, colocamos a população em alerta contra eles, e continuamos a considerá-los com suspeita e aversão. Como podemos nos orgulhar de pessoas que a/ás /amos e cujo pensamento r~jeitamos? ". Catolicismo - V . Reverência já recebeu a m eaças de morte por suas denúncias? Pe. Guy Pages - Sim , eu recebi ameaças de morte. Fui comuni cá- las à pol ícia, que só depois de muita dific uldade aceitou, assegurando- me, no entanto, que a me ma não erviri a para nada, ante a impossibilidade em que ela encontra de levar adi ante todas as reclamações, de ta I modo são numero as ...
a tibi eza. Será preciso ser sa nto ou demônio. Livre e abertamente. lbrahim al-Buleihi:
"Olhai em torno de vós [ ...] Percebereis que tudo quanto é belo em nossas vidas procede da civilização ocidental.
"No Brasil, eu sei que a h ·oux idão, as seitas /JJ'Ot;esta11tes, e até mesmo o lslã, ganham tCJ'l'CllO. É uma gl'a11cle tristeza e .motfro <le grane/e inquiewclc"
Catolicismo - Gostaria de dirigir uma mensagem especial aos leitores de Catolicismo? Pe. Guy Pages -O Brasil é o maior país cató lico pelo número de fi éis. É uma grande responsa bi lidade, poi s implica também uma gra nde fo rça, da qual muitos fiéis no mundo têm necess idade... Entretanto, eu se i que a froux idão, as se itas protestantes, e até mes mo o Islã, gan ham terreno no Brasil. É um a grande tristeza e motivo de grande inqui etude. A ss im, não posso senão recomendar aos irmãos e irmãs do Brasil que fo rtifiquem sua fé através da leitu ra, do es tudo, da oração e numa v ida de amor e de serviço ao próximo, sobretudo aos nossos irmãos católicos (Gal. 6. 1O). A ss im , ela dará seu fruto que é a salvação etern a. A proveito a ocasião para propor a um leitor de Catolicismo a que participe de meu aposto lado co loca ndo subtítul os em portu guês em meus vídeos no site http://www.youtube.com/ AbbePages Worldwicl e Viva C ri sto Rei! •
Catolicismo - Fala-se dos frutos da civilização islâmica ao longo da História . São assim tão bri lhantes?
Pe. Guy Pages -
Toda a glória que a civili zação muçulmana pode ler tido, ela a deve aos povos islamizados que consegui ra m sa lvaguardar de suas
Catolicismo - Em um víd eo, V. Reverência diz que "ser cristão é ser mártir". Não teme que seja pedir demais aos cristãos de hoje?
Pe. Guy P11ges -
Eu não penso que N osso Senhor tenha alguma vez dito que as ex igências do Evangelho (Lc 14.26-27) um dia deveriam ser aten uadas,
Nota: Os vídeos ci o Padre Pagcs poclcrn ser vistos nos seguint es endereços eletrônicos: http://www.you1ubc.co11Jiabbcpages hli p ://v iclcos. islarn -ct-vcri te.com/ hllp ://ww w. yo ulubc.co111/ AbbcPa gcs Worl clw iclc
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Asamcnças do Plano '\Jacional de Direitos l lu manos (Pl\i DI 1<3) 1·cssu1·gc1n cmn força coc1·citiva no anteprojeto ele Cócligo Pena 1, ag()l'a Lransformado cm projeto que LramiLa no Senado. 11:statizaçéio avDHÇélCÜl, aborto largamente difundido, privilégios para os L(;BT, dr'ogas liberadas para cultivo e c·onsun10 próprios, enq uémLo os n1otorisLas não podem tomar álcool: eutanúsia favor·ccida, hullying penalizado. ampliação descabida cios crimes hediondos, inclefiniçüo cio que possa ser "concliçfio análoga a de escravo", liberação lotai cio lenocínio e do rufianismo, favorC'cimcnLo do l,errorismo praticado por rnovimcntos ditos "sociais", exaltação absm·cla cios animais. São estes alguns itens cio ameaçador' projeLo, que sc1 á aprovado se não houver· uma mobilização à altura da populaçao. 1
GREGORIO VIVANCO LOPES
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fim de explica r, de modo acess íve l, a manobra que ve m sendo fe ita para implementar, mediante o atual Proj eto de Código Penal , partes essenci a is do (PNDH-3) do governo Lul a da S ilva, imag inamo a parábo la que segue.
Durante os di as que precedi am o Natal, um exérci to eco-soc ialo-comuni sta poderosa me nte armado cerco u um a pac ífi ca e des prevenida a lde ia, para conqui stá-l a e obri ga r se us cid adãos a seguirem novos costumes e novas le is, coagi-los a ag ir e até a pensa r co ntra seus princípi os cri stãos e s ua vontade, e assim , sem derramar um a só gota ele sa ngue, suj eitá- los a um a ti ra nia de esquerd a. "Eles vão estar preocupados em preparar as/ estas natalinas e nem se darão conta de nossa aproximação", fo i o cá lcul o fe ito pe los co mandantes daque le exérc ito.
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grande parte daquil o que eles não queri am, e então com ameaças ele prisão e ele penas vá ri as. No fi nal teri am infli gido a todos os habitantes seu pl ano primeiro. Código Penal ÍIIS/JÍl'ado 110 PNJ)H-3
Houve um fa tor, porém, com o qual os in vaso res não co ntava m. A ald eia tinh a algumas sentinelas que, ao se darem conta das manobras daquela tropa, ac ionara m o alarme. Fo i um " Deus nos acuda". Todos se mobili zaram, cada qual ti rou as poucas arm as que possuía de seus pertences; sobretudo apareceu de repente uma vontade indômi ta de não se deixa r dominar. Esse "a rse nal" se ri a ridícul o para enfre nta r o poder daquele exército, menos num ponto, que fo i cuidadosamen.te pesado pelos in vasores. A partir do momento em que soou o alerta, deixo u de ser poss ível que a conqui sta se fizesse de modo pac ífi co e despercebid o. Os co manda ntes tinh am fo rça sufic iente pa ra ava nça r, é fora de dúvid a, mas seri a ao preço de res istências e de lutas, produ zindo mal-es tares profund os e
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CATOLI C I SMO
recusas ostensivas, enfi m espezinhando a popul ação, se não do ponto de vista cruento, ao menos sob o aspecto mora l e psico lógico. Reuniu -se então o co nse lh o dos ofi ciais para decidir o que fazer. Chega ram a uma conclusão maqui avé li ca. Não haveri a in vasão, não compensava. O exército operari a uma retirada, porém apenas aparente. Não abdica ri a de suas in tenções, mas procurari a fazer-se esquecer, dar a im pressão de que desistira. Quando os hab itantes da aldeia estivessem sufic ientemente olvidados do ocorrido, mandari am pequenos destacamentos, em trajes civis, para proc ura r impor, por etapas, um ou outro ponto de seu gra nde progra ma ele domíni o. Em certo momento poderi am te ntar um go lpe mais profund o que virtualmente im pusesse aos po bres aldeães,
Para se entender essa pa rábola é preciso lembrar que, às vés peras do Na tal do ano de 2009, o governo Lul a ela Sil va lançava por decreto o fa mi gerado 3° Programa Nac ional de Direitos 1-lumanos (PNDH -3), o qual, sob pretexto de direitos humanos, visava a revo lucionar totalmente a soc iedade bras il eira (decreto nº 7.037, de 21- 12-2009). Co nstava m desse Progra ma, entre outros pontos: "casamento" homossexual, aborto, proteção às invasões de terras promovidas pelo MST, adoção de crianças indefesas por casais homossexuais, proibição de ostentar símbolos religiosos em estabelecimentos públicos, tendência a abrir as portas à bruxaria e ao satan ismo, garantia de direitos trabalhistas e prev idenciários às prostitutas, bem como uma obsessão por co mporta mentos sex uais mórbidos ou desv iados, acompanhada de um desejo frenético de classificá- los como "normais". E ainda: ca ráter totali tá ri o e soc iali za nte alojado em ações de "transferência de renda", "econom ia so li dá ria" e outros slogans que a esq uerda costum a usa r para ca mufla r o soc ialis mo; ani mos idade co ntra a prop ri edade pri vada expressa num desejo de desapropri ações de terra para a Reforma Agrári a e na ap li cação de uma não defi nida fun ção soc ial da propriedade; ta mbém relegava o Ju diciário a um a posição secund ári a, atre lando-o a "mediações" e "di álogos", especialmente no que se refere a co nfl itos de terras nos qu ais as " in vasões" se tra nsform am em "ocupações pacíficas". Também a Polícia ficava ujeita a co ntro les exte rn os prove ni entes de "conse lhos" (sovieLs) popul ares. Ali ás, o PN DH -3 tra nsuda co ntrole das diversas atividades socia is por meio de ta is sovieLs. Tudo isso se m fa lar numa espécie de dogmatismo eco lógico, carente de fundamento científico e prej udicial ao desenvo lvimento soc ial e eco nôm ico. Na mes ma linha do onselh o lndigen ista
O PNDH-3, para evitar as reações, começou a ser aplicado a conta - gotas
Mi ss ionári o (C IMI ), li gado à CN BB, o PN DH-3 parec ia ter em vi sta desmembrar o Bras il, outorga ndo uma autonomi a des pro porcionada às popul ações indí ge nas, quase co mo se co nsti tuí ssem nações independentes. A pretexto de conso lidação da democrac ia, desenvolvia progra mas e ações ed ucativas de tipo soc iali sta, inclusive com a produção de materi al didático-pedagógico sobre o regime ele 19641985 e sobre a "resistência popul ar à repressão". Esses eram alguns dos ingredi entes desse Programa, verdadeira anti-cruzada contra o Bras il rea l, in clu sive co ntra os e ns in a me ntos da Re li g ião cató lica, professada pela maioria dos bras il eiros, e os prin cípi os cio cri stiani smo em geral. Vozes se alçaram para alertar a respeito da grave ameaça que assim se leva ntava co ntra a soc iedade bras ileira no transcur o elas festas natalinas. Temos a alegria de constatar que entre as primeiras e tiveram a do Instituto P línio Corrêa de Oliveira, que elaborou um estudo bastante compl eto sobre o assun to e o divul go u larga mente e de Catolicismo .2
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tou o malfadado program a, mas não o revogo u. Es perou qu e as reações aca lm asse m, qu e a ameaça bru ta l fosse send o esquec ida, e só então começou a apli cá-l o a co nta-gotas e sem alarde, utili zando outros instrumentos lega is ou propaga ndísticos. Até os poderes Judiciári o e Leg islati vo, co mo instrumentos do Estado, acabara m tocando segundo essa mesma partitura em di versas ocas iões. Ass im é que partes importantes do PNDl-l-3 se encontram: a) no novo Códi go Floresta l; b) na tentativa de doutrinar as cri anças por meio dos chamados "k its homossex uais"; c) na ex propriação de terras com base num indefi nido "traba lho análogo ao do escravo"; d) na anul ação dos títulos de propri edade dos fazendeiros na Bahia, com a dec laração de que se tratava de terras indígenas; e) nas ameaças subj acentes aos traba lhos
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Aplicação a conta -gotas
Essas prim eiras reações levara m o governo Lu la da Sil va a atenuar alguns pontos do PN DH-3, por meio de novo decreto de maio de 20 1O. Porém, a e ência e o espíri to anticri stãos do documento pe rma nece ram os mesmos. Ao bras il eiro, persp icaz e homem de fé , o recuo não conve nce u. Temeroso de um enfre ntamento com o co rpo da Nação, o governo sil enciou, deu o di to por não di to, não imp lemen-
da Comi ssão da Verdade, bem como nas dec larações de ministras sobre o assunto ; 1) nas críticas exacerbadas à Polícia
Militar de São Paulo; g) na permi ssão para aborto de anencéfa los, primeiro passo pa ra outras libera li zações do gênero; h) na introdução extemporânea da Venezuela de Chávez no Mercosul ; i) nas pressões con tra o agro negóc io a pretex to de eco logia e de um a mal defi nida "agri cul tura sustentáve l"; j ) na propaga nda que leva a uma quasedi vini zação dos animais; k) no projeto de instalação de uma placa na Academia Militar da Agulhas Negras (A MAM), em memória de um cadete que teria sido tortu rado( !) em sessão de treinamento; 1) na equiparação, contrári a à Constituição, da uni ão homossex ual com a uni ão estável entre homem e mulher; m) nos tri butos cada vez mais asfi xiantes; n) nos gra ndes fi nanciamentos para a Cuba comuni sta, bem como num a po lí tica ex teri or de índole esquerdi stó ide. Agora, um golpe mais /Jl'Olimdo: a reforma <lo Código Penal
Mas o go lpe até o momento mais abrange nte na linh a de apli cação do PN Dl-l- 3 es tá co nsub sta nciado no anteproj eto de Códi go Penal elaborado por uma co mi ssão de j uri stas pres idida pelo mini stro do STJ Gil son Di pp (o mes mo que coordena a Comi ssão da Verd ade do govern o Dilma Rousseff), o qual fo i entregue ao Senado em 27 de junho último, para análise e eve ntu al aprovação . Não se trata, portanto, de um Código já em vigo r, mas de um a proposta legislativa que ainda deverá passar por comi ssões e pelo plenário do Senado e da Câ mara dos Depu. tados antes de receber a sa nção pres id encial. 3 É urgente, pois, a mobili zação contra essa proposta. Em 1988, di scutia-se no Congres o Nac ional um proj eto de Constitui ção de caráter marcadamente soc ia li sta. Plini o Co rrêa de Oli ve ira esc reve u então um li vro qu e se torn ou besL-seller, in titul ado Projeto de Constituição angustia o País, o qual contribuiu dec isiva mente para ameniza r, na redação fi nal da Co nstitui ção, di versos daqueles artigos draco nianos. Nele nos
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ins piramos para dar título a esta matéria , pois há similitude de situações sob muitos as pectos. A apresentação no Senado do anteproj eto do Cód igo Pena l inc luiu louvores e slogans. Disseram tratar-se de um documento " modern o", "vo ltado para o futuro" , co ntendo "ava nços". Mas todo esse blá-blá-blá é vazio de conteúdo, pois é claro que os fa utores do texto não iriam dizer que se trata de um projeto "retrógrado", "vo ltado para o passado" e contendo "recuos". Na verdade, e le está o ri entado num sentid o c la ra me nte ant icri stão, co m o veremos. Q ue o ass unto é polêmico , demonstra-o o co me ntá ri o do se nador Mag no Malta (PR-ES) , da bancada eva ngé li ca: "Essa
quotidi ana. E, pior, um tuto r que pune inexorave lmente. É, por exe mpl o, um a demas ia tipifi ca r como crime, com pena de 2 a 6 a nos de pri são, o fato de entrega r qualquer fogo de artifício a uma criança o u ado lescente. Então é um crime dessa
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proposta deve serjogada no lixo. Não é um grupo de intelectuais que vai dizer do que o Brasil precisa ". 4 É um proj eto que ca rrega em seu bojo mui tos dos venenos do PNDH -3 , e que, se não houve r um a mob ili zação à altu ra dos brasil eiros, poderá ser rapidamente a provado co m poucas modificações, o que seri a uma imensa catástrofe soc ial e re li g iosa para o Brasil. Tanto mais que, segundo afi rm o u o se nado r Álvaro Dias (PR), "a tradição da Casa é votar
em bloco as propostas de reforma de códigos; dessaforma, o /ex/o não é fa tiado por assuntos ".5 Não se ndo possível e le nca r num simpl es artigo todos os venenos contidos nesse extenso projeto de 480 páginas, contendo 544 arti gos com seus numerosos in cisos e parágrafos, lim itamo- nos a apresentar ao le itor uma amostragem. Se mpre nos refe rire mos a e le co mo PL-CP.
Prolilmlamente cstaLizanle Perpass a todo o PL-CP um v iés estati zante tendente a fazer do Estado um tutor obri gatóri o de todo c idadão, em questões que no rm a lm e nte são reso lv id as pelo bom se nso na v ida
CATOLICISMO
FAAP, de São Paulo, escreveu interessa nte e cri te ri oso arti go . Diz e la: "Criminalizar a conduta [bullying]
não é o meio mais adequado para resolver o problema. Os co,?flitos entre crianças e adolescentes, em sua maioria dentro do ambiente escolar; são inevitáveis e até mesmo esperados; necessários para o crescimento e amadurecimento do ser humano. É atribuição dos familiares e dos edu cadores, em g eral, dirigir a educação dos menores, aconselhando-os e reprim indo e ventuais abusos, incluídas aí as condutas agressivas e violentas que COJ?figurariam a intimidação vexa tória. [. . .} A intervenção estatal nas relações privadas somente se legitima, excepcionalmente, à medida que os outros meiosjurídicos de controle.forem insuficientes. o que não ocorre na hipótese em questão. [. ..} É relevante notar que as consequências mais lesivas do bullyingjá se encontram descritas em outros tipos penais, tais como a ameaça, o cons trangimento ilegal e as ofensas ".6 Ta mb ém e m e ntrevista a respeito do PL- P, a professora J a na in a once içã o Paschoal , doutora em Dire ito Penal , advogada e profes ora livre-docente da Faculdade de Direito da USP, afirma: "Eu entendia que não era
É atribuição dos familiares e dos educadores, e não do Estado, dirigir a educação dos menores, aconselhando-os e reprimindo eventuais abusos, incluídas aí as condutas agressivas e violentas que configurariam a intimidação vexatória
grav idade dar a uma cri ança de 12 anos alguns fósfo ros de cor? Não é esse um prob lema que concerne à vig il ânc ia dos pais e não ao Estado? O u entrega r alguns fogos com baixo teor de pólvora a um ado lescente de 16 ou 17 anos? O utro exemp lo é a criminalização do chamado bully ing, que o PL- P traduz como sendo "intimidação vexatória". A esse propósito , a p rofesso ra A na Paula Patino, da Faculdade de Direito da
hora de mexer no código, porque a gente está nessa histeria com determinadas bandeiras. Por exemplo, o sujeito que corta uma árvore que pode cair na cabeça das crianças na rua responde a um inquérito por crime ambiental. Não tem cabimento[. ..} a intelectualidade tirou Deus e pôs o Estado. [. ..} O Estado tem que dizer qual é a idade que seu filho entra na escola, como educar o seujilho, como se comportar: .. " 7 Já o filósofo e ensa ísta Lui z Fe lipe Pondé, trata nd o do bully ing, afirm a:
''Se atentarmos para o que o Ministério Público prepara como controle da vida escolar 'inferna', veremos, mais uma vez, a.fáce do totalitarismo via hipera.tividade do poderjurídico.[. ..} O Estado
e seu braço armado, o governo socialista que lemos há décadas, que adora papos~fiirados como co tas raciais e bijuterias se,nelhanles, invade o espaço institucional do cotidiano escolar com sua vocação maior e eterna: o controle abso luto da vida nos seus detalh es mais íntimos.[. ..} Quando ouço alguma 'autoridade pública em bullying ', sinto que estou diante de um inquisidor[. ..} Atitudes como estas destroem a autoridade da instituição, dos profissionais que nela trabalham e fran4ormam todos em r~fens da 'máquinajurídica '. O resultado é quefam ília e escola perdem autonomia. O que este novo coronelismo não entende é que existe um risco inerente ao convívio escolar e que as autoridades imediatas, professores e coordenadores é que devem agil; e não polícia oujuízes ".8 No mesmo sentido e para le lamente ao PL-CP, corre também um projeto de le i vulgarmente conhecido como "Le i da Pa lm ada", que crimin a li za os pais que corrigem seus filh os com peq uenos castigos físicos.
O tabu da me11011dacle penal O presidente da com issão de juristas que e labo rou o PL-C P, mini stro G il son Dipp , "disse que nenhum tabu .fi cou de fora ". 9 Ta l afirmação, porém, não corresponde à rea lidade dos fatos. Por exempl o, fico u de pé como um totem sa-
grado, o tabu caro às esqu erdas segundo o qua l o menor de 18 anos não pode ser crimina li zado. É verdade que qua lquer mod ifi cação no sentido de diminuir a idade pe na l impli ca um a a lteraçã.o da Constitui ção nesse ponto. Mas a rev isão do Códi go Penal seria o momento adequado para se propugnar por tal med ida. O que não fo i feito. Apesa r de os crimes de morte e de roubo serem cada vez mais cometidos por menores e d e have r um c lam o r popular pela red ução da idade penal, o PL-CP mantém inimpu táve l o meno r de 18 anos . Ta l posição te m favo rec ido as quadrilhas de bandidos, po is, com frequência , descoberto o crime e eus auto res, é um menor da quadrilha que se ap rese nta co mo auto r, pois e le não pode ser penalizado. Se um ado lescente de 16 anos pode votar e esco lher as pessoas que vão diri g ir a Nação, se tem para isso sufic iente di scernim ento, por que não pode ser res ponsab ili zado por se us atos? É uma co ntradi ção atroz . Veja-se o seg uinte exempl o, que se repete : ''Na manhã deste doming o (8-4-
20 12), a Polícia Militar de Navira í prendeu um menor infi··ator de 17 anos, por/ando um revólver calibre 38 carregado com seis munições. O menor é 1.1111 velho conhecido da polícia e possui uma extensa.ficha criminal de roubos, porte ilegal de arma de.fogo, tentativa de ho-
Numerpsas nações consideram imputáveis jo"9ns com idQde bem inferior aos 18 anos. No Brasq um adolescente pode votar. Por que entao não poderia ser responsável e nállzado por seus atos?
micídio,furto efo rmação de quadrilha. Segundo a polícia, o menor é considerado perigoso ejá.ficou por diversas vezes detido na Delegacia de Polícia Civil de Naviraí, onde .fica poucos períodos detido e é liberado amparado na lei do menor e do adolescente. No começo deste ano, o menor juntam ente com mais cinco menores.foram apreendidos pela Polícia Civil de Naviraí, que realizaram in vestigações e apontaram que eles.fáziam parte de uma quadrilha que já haviam.fúrtado mais de 30 motos na cidade, além de vários comércios ". 10 O u entã.o , este o utro : "A po lícia paulista apreendeu na última terçaf eira, pela quarta vez, um adolescente de 16 anos, conhecido como Didi, que se apresenta como líder do bando de pelo menos 15 meliantes que desdef evereiro promoveu pelo menos 12 arrastões em restauran tes da cidade.[. ..} O qu e é surpreendente, chocante e injustificável, no caso desses arrastões, é a notícia de que o tal 'de menor' que se apresenta como chefcio do bandojá.foi 'apreendido 'pela polícia, aparentemente por 'ato infi··acional 'da mesma natureza três ou quatro vezes. A qu inta, pelo visto, será mera questão de tempo. Esse candidato a gênio precoce do mal /em toda a liberdade para planejar e executar os aios criminosos, ou melhor; infi·acionais, que elegeu como meio de vida porque tem o amparo da lei para.fázê-lo. JJ;, de qualquer modo, wna aberração que o aparelho do Estado se re vele incapaz de pôr cobro à ação do adolescente que ele mesmo apon ta como responsável por atentados ao patrimônio, à integridade fis ica e, eventualmente à vida dos cidadãos ". 11 Numerosas nações co ns id era m imputáve is jovens co m idade bem infer ior aos 18 anos dos brasileiros. Na Alemanha, aos 14 anos; na França, aos 13; na In g late rra , aos I O. O exemplo mais rece nte nos vem da Hun g ri a , onde em junho deste ano o Parlamento aprovo u uma reforma do Cód igo Penal reduz indo a idade pena I de 14 para 12 anos em casos el e crimes co ntra a vid a e a integridade fí s ica. A norma entra em vigor em 20 13. 12
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Manifestantes da fracassada 3ª Marcha Nacional contra a homofobia na Praça dos Três Poderes, em Brasília
soa, pratica crime de injúria, p revisto em nosso Código Penal no artigo 140. Se, na prática de injúria,for empregada violência, configura-s e a denominada injúria real, infração com pena mais alta do que a injúria simples ". Se a agressão "for ainda mais grave, consistindo na prática de lesões corporais, aplica-se o artigo 129 do Código Penal". Há ainda as .figuras penais de "lesão corporal de natureza grave ou de natureza gravíss ima". Desse mo d o , se um a v ítim a d e ag ressão v io le nta "sofrer f erimentos
Ôi
]u ·go
~==~t...ii A chamada "homofobia ": não 110mea<la, mas oniprnsente O P L-CP não ousou utilizar o termo " homofobia", talvez para não dar mostras de estar atrelado ao lobby homossex ual, a cuj o jargão esta pa lavra pertence. Mas, atra vés de c ircunlóquios, atende generosa mente aos anse ios de certos parlamentares do PT, como a senadora Marta S upli cy, para quem a di ta homofobi a deveria ser prontamente crimina lizada. Está e la inc luída entre os "c rim es res ultantes de preco nce ito o u d isc rimin ação", puní veis de 2 a 5 anos de prisão, e faz parte da categori a de crimes hedi ond os, in suscetíve is de fia nça, ani sti a e graça. A lém di sso, em num erosas tipificações de crimes, o de lito co metid o po r preco nce ito de o ri entação sex ua l ou identid ade de gênero aparece como c ircunstânc ia ag ravante, portanto com aumento de pena. Tra ta-se ev id e nte m e nte d e um a nov idade, ao colocar os homossex ua is e outros da ig la LGBT numa situação privilegiada . Po r exempl o, no caso de assass inato. É sempre grave matar a lguém, quem quer que sej a. Mas, por que é mais grave mata r um homossexual ou uma lésbi ca, do que mata r um pai ou uma mãe de fa mília? O mesmo va le para as lesões corpora is, injúria e o utras fig uras j urídicas, cuj as penas são agra vadas se cometidas em razão do tal " preconceito".
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CATOLI C I SMO
Ta mbé m pode rá se r in crimin ado co mo preco nce itu oso - c rim e qu e passa a ser imprescritíve l, inafia nçáve l e in suscetí vel de g raça ou ani sti a - o diretor de escola que, para preservar o ambi ente de moralidade necessá rio ao bom a proveitamento do ensin o e defender as cri anças, qui ser proibir o ingresso ele um ho mossex ua l ou de uma lés bi ca ex ibindo-se como ta l, vestid o a caráter e faze nd o trejeitos . Caso esses ite ns do PL-C P sej am a provados, os bras il e iros que se cu idem, pois qua lquer críti ca aos homossex uais poderá ser inte rpretada por um j uiz da esco la alternativa como um inc itamento à di scrimin ação, crim e hedi ondo !
Uma lei contl'a a homofobia é jul'i<licamente inútil Com clareza e obj etividade, a Ora. He lena Lobo da Costa, advogada e professora ele Dire ito Process ua l Pe nal na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (US P), mostra documentadamente qu e uma le i contra a ho mofob ia é tota lm ente inú til ci o ponto de vista jurídico. Tudo quanto poderia ser considerado "crime" contra um ho mossexua l j á está prev isto no Códi go Pena l e va le para todos os c idadã.os. N ada justifica a cri ação de um estatuto pri v il egiado instituindo uma casta. Ex pli ca ela: todo aque le que "ofende
a dignidade ou o decoro de outra pes-
que a impeçam de trabalhar por mais de 30 dias, o agressorficará si!jeilo a uma pena de 1 a 5 anos de reclusão. Da mesma forma, se a vÍlima sofrer perda de alguma .fúnção corporal em decorrência dos.ferimentos, a pena será de 2 a 8 anos. Também é preciso mencionar que, em todas as hipóteses até aqu i mencionadas, ojuiz poderá aplicar uma causa de aumento de pena em razão da moti vação to1•1Je do agente ". A legislação bra il e ira ainda prevê, para o caso de "homicídio doloso, qual/ficado por motivo torp e ", a pena de 12 a 30 anos de rec lu ão.
"Não é portanto a fa lta de tipos penais em nossa legislação " q ue pode
parentesco ou estreitos laços de af eição do agente com a vítima ", poderá não a pli ca r a pena . N a práti ca, se que m mato u é parente da vítim a, ou simpl es amigo, pode fica r isento de qualquer puni ção. A ri gor, o parentesco ou a amizade deve ri a ser agra vante, e não um a fo rma ele desca rta r defini tiva mente o doente do conv ív io humano. Nas condi ções prev is tas no proj eto, quem qui ser apressa r o recebimento de um a herança , o u li vrar-se ele um parente incômodo, é só "eutanas iá-l o" e pronto. Mas há mais. A liberd ade total para o réu de euta násia pode ser ainda mais genera li zada, po is o juiz, limitando-se a ava li ar "as circuns tâncias do caso", poderá não aplicar a pena. Na prática, fica ao arbítri o do juiz a apli cação o u não da pena. Bas ta que e le julgue, por quaisquer ra zões, q ue "as circunstâncias do caso" justifi cam a mo rte da v ítima, e estão todos os réus li vres. A v ítima j á fo i para a ete rni dade e não va i vo ltar para reclamar. A nã.o ser, é c laro, no j uízo infa lí ve l de De us. Ao julgar o crime de eutanásia, o juiz, avaliando "a relação de parentesco ou estreitos laços de afeição do agente com a vítima", poderá não aplicar a pena.
Liberação assusW<lora do abol'to Um dos pontos ma is graves do PLC P di z respeito a uma de pl oráve l libera li zação cio aborto, abrindo caminho para que a matança dos inocentes no se io materno ve nha a ser inte ira mente li vre. Convém lembrar que, pela legislação em vigor, o aborto é sem re crim e. N ão há exceção. Porém , em do is casos muito determin ados, apesa r de co ntinu ar a er crim e, a lei - infe lizmente j á concessiva - permite que não sej a apli cada a pena: a) "se não há outro meio de salvar a vida da gestante"; b) "se a gravidez
resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal ". N os do is casos, é necessário que sej a pra ti cado por médi co. O novo projeto vai muito a lém e abre as compo rtas de modo ass ustador. Convém aqui reco rdar a de prim ente audi ênc ia pú bli ca sobre a reform a cio Códi go Penal, rea lizada em 24 de fevereiro último na sede do Tribunal de Ju stiça de São Paulo. O auditóri o fo i pra ticamente tomado de assa lto por fe mini stas favo ráve is à d esc rimin a li zação ci o abo rto , qu e
in c lus ive ca ntav am ali um a modinh a previ amente ensa iada defendendo-o, e va iando os orado res que não concordava m co m e las . Ninguém soube ex pli car como elas a li se reuni ra m em gra nde núm ero pa ra exerce r s ua costum e ira pressão, pouco condizente com o sentir da maiori a dos bras ile iros. N ão só fa laram aca loradamente em pro l da descrimina li zação cio aborto, como al gumas chegara m a defender a não- penali zação do infa nti c ídi o e a pl audiram com fo rça os pronunc iame ntos ele ati v istas do lobby pró-h omossex ua li s mo. N ão de ixa de ser sintomáti ca essa li gação abo rtoinfa nticídi o- homossex ua li s mo. Num a te ntativa de tornar mai s palatáve l s ua pos ição e m favo r da liberação to ta l cio aborto, algumas dessas ati v istas chega ram a apresenta r-se como "cató licas", prova ele que o argumento re lig ioso contrári o ao aborto é o que mais incomoda os aborti stas, por ir ao fund o da questão e ser natu ra lmente mui to eficaz. Voltando ao texto do PL-C P, ele Iibera comp letamente o a borto, se pra ti cado po r vo ntade da gestante até a déc ima segund a se mana el a ges tação, com a s imples condi ção de que um médico ou psicó logo constate "que a mulher não
leva r a ag ressões contra quem quer que sej a, mes mo q ue e trate de ho mossex ua is. "Acre· ·entar no vas fig uras
típicas não apenas seria desnecessário como também acabaria por criar dificuldades inte1}Jretati vas e espaços de sobreposição de tipos penais que, muitas vezes, resultam em empecilhos à aplicação da lei ", ex pli ca a O ra. Helena. Ap rovar uma le i espec ífica co ntra a homofobi a seri a ademais co ntraproduce nte, pois redundari a "na criação
de tipos p enais em matéria nas quais eles não são necessários. [.. .J A criação de novos tipos penais apenas causará co,?fúsão inter1Jretativa e dificuldades na aplicação ". 13
Eutanásia: na lei, Cl'iminalizada; 1,a pl'ática, libern<la
À e utanás ia é cominada a pe na de 2 a 4 anos. Porém, ao julgar o crim e de eutanás ia, o jui z, ava li and o "a relação de
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digna e virtuosa a mãe que está di sposta a levar até o fim a sua gestação. E não faltam exempl os. A méd ica itali a na Gianna Beretta Mo!la, 39 anos, atingida por grave doença durante a gestação, preferiu morrer para sa lvar sua filh a. Suas palavras ao médi co: "Se deveis decidir entre eu e a
criança, nenhuma hesitação: escolheie isto eu o exijo - a criança. Salvai-a ".
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No PL-CP vem especificado que,,mo caso de risco à vida da gestante, o aborto pode ser feito sem autorização dela ou de alguém responsável, ou, a rigor, m mo contra a vontade dela.
apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade". Se o ass unto não fosse ex tremamente grave, pois estão ameaçadas as vicias ele milhões ele in ocentes, a condi ção seria risível. Será muito fácil à mãe aborti sta obter e sa dec laração. Pois é claro que a c líni cas abortistas vão manter quantos psicólogos ou médi cos se que iram para ates tar que a mãe não tem "condições psicológicas" para arcar co m a mate rnidade e, portanto, pode providenc iar a morte ele seu filho.
países e uro pe us, qu e a pe la ra m pa ra um a sá bi a invenção medieva l destinada a sa lvar a vida dos recém-nascidos aco lh end o-os no a nonimato? Trata-se da " Roda dos Expostos" (v ide arti go à pág. 14) .
Até aborw à m t1elia da t1011tade <la mãe Mas e m maté ri a de abo rto o PL-CP não se limita ao que já vimos . Deixa também de ser considerado crime o abo rto nos casos de anencefa li a (já liberados, indev idame nte, pelo STF), e também ''quando o f eto padecer de
"Sou totalmente contra interromper uma gravidez por essas razões. Se ela não tem condições sociais para ter um filho, ela tern é de se cuidar ", afirmo u
graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida ex tra-uterina", ambos
o senador Mozarildo Cava lca nti ( PTBRR), que é médico obstetra. 14 N o ca mpo jurídico-fi losófico- mora l a norma é a ind a mais grave, pois não se trata aqui de comutar a pena, mas sim de declarar fo rma lmente que não há crim e. Se há mães com problemas de qualquer e pécie para cuidar da criança, por que não adota r no Brasi I o sistema que ve m funcionando na Alemanha e o utros
atestados por do is médi cos. Há ma is. Nos do is casos em que a leg islação atua l não pune o aborto ( embora continue a conside rá- lo crime) a nova redação é muito mais co ncess iva e ambíg ua. No primeiro caso, a redação atua l diz: "se não há outro meio de salvar a vida da gestante". A do PL-CP di z: ''se houver risco à vida ou à saúde da
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gestante ". Po rtanto, um simpl e ri sco à saúd e, mesmo leve, já ju tifi cari a o abo rto ! Além di o, vem es pecifi cado que, no caso de risco à vida da gestante, o abo rto pode ser fe ito em autorização de la o u de a lgué m respon sáve l, o u, a ri go r, mes mo contra a vo ntade dela. Inacred itáve l! ' N o segundo caso, a redação atua 1 di z: "se a gravidez resulta de estupro e
o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal". A do PL-C P di z: ''se a g ra videz resulta de violaçc7u da dignidade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assis tida ". O que é es a "dignidade sexua l "? Exp ressão s ufi c ie ntem ente a mbíg ua para pode r se r in terpretada de modo a ampli ar o casos de a borto permitidos. Ade ma is, nesses dois casos o aborto não apenas deixa de ser punido, mas nem seq uer é co ns iderado crime.
AtiWcles heróicas de füWras mães Na rea lid ade, só é ve rdade irame nte
Morreu em 1962 e fo i canonizada por João Pa ul o li. A filh a sobrev ive u. Caso se me lh ante ocorreu co m a norte-a me ri ca na Jess ica Co un c il , 30 a no s, qu e não quis ser tra tad a com quimio e radi oterap ia para não afetar a criança que trazia em se u seio. Quando o médico lhe recomendou abortar, e la hero ica mente respondeu: "isso não é uma opção ". Morreu em feve re iro ele 20 11 , conso lada po r seu esposo e ante de dar à luz. Mas a crian ça pôde ser reti rada por meio ele um a cesariana e sobrev ive u. 15 Um outro caso análogo deu-se recentemente em Roma com Chi ara Corbella Petrillo, 28 anos. Morreu porque se negou a abortar e esco lh eu ad iar o tratamento médico qu e podi a sa lvá- la do câ nce r. Prefe riu dar prioridad e à gravidez el e um menino, ele ejacl ele de o começo ele seu casa mento . Teve a a legria de ver seu filho nasce r e m 30 ele maio de 20 11 . Seu fun era 1, em J 8 ele junho de 20 12, depo is de um longo ofrim ento, foi uma verdadeira apoteo e. 16
uma arbitrariedade espantosa? Qualquer peq uena irregularid ade pod e na prática ser enquadrado nesse artigo do Cód igo . Até a fa lta de carteira assinada j á tem sido qualifi cada como sendo análoga à escrav idão! Ao in cluir a redução ele algué m à co ndição análoga à ele escravo na categori a dos crimes hedio ndos, in suscetíveis de fiança , ani stia e graça, o PL-CP parece ape lar para o imaginári o popul ar que Iiga a palav ra "escravo" a um ser humano aco rrentado, traba lhando deba ixo ele chi cotadas e ins ultos, e sa ngra ndo. Se ria desejável que tão e min e nt es juri sta definissem ma is claramente e com obj etividade o que é um a condição análoga à de escravo.
Portas aberta para o le11ocÍ11io e o n,nanismo Deixa de ser crime exp lorar a prosti tuição, seja para efeito de lucro ou outro, a não ser no caso ele esta rem envo lvidos menores ou pessoas sem di scernimento. Assim, cai a legislação at ua l qu and o criminali za, por exemp lo: a) "induzir ou atrair alguém ú prostituiçc7u uu outra
forma de exploração sexual, .facilitá/a, impedir ou dificultar que alguém a abandone "; b) " Manter; por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja,
ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente"; e) "Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentc11; no todo ou em parte, por quem a exerça". Deixam de se r crimes , portanto, o le noc íni o e o rufiani smo, ambos suj eitos a pri são pe la leg islação em vigor. Ademais, de ixa m de ser crim es os escritos, obj etos e atos obscenos feitos em público, tod os eles punidos na leg islação em vigor. Essa abe rtura de portas pa ra a im o ra lid ade, c uja co nd e nação te m base em do is Mand amentos da Lei de Deus - "Não pecarás contra a castidade" e "Não desejarás a mulher do próximo" - degrada toda a soc iedade. Se a mora l não é ex ig ida em matérias sex ua is, ex pressas nesses dois Mandamen tos, torna-se contraditório ex ig i-l a em matérias de co rrupção financeira ou eco nômi ca - "Não roubar " e "Não cobiçar as coisas alheias ". E dado o caráter emin e ntem e nte lóg ico da natureza hum ana, abrir as co mportas da moral num ponto leva , ma is cedo ou mais tarde, a demo lir todo o dique. É o re ino da anarqui a e ela imoralidade total , sob a batuta do Estado, que se anuncia nessa om is ão escanda losa do PL-C P. Falamos em anarqui a. O viés anár-
Conceiw i11ade,1uaclo ele escrat1idão No que diz re peito a red uzir a lguém à condi ção aná loga à ele escravo, pela leg is lação aprovada em 2003, a pena atua l é ele 2 a 8 anos e multa· no PL-C P e la aumenta para 4 a ano ·, a lém de ser considerado " crime hed iondo" . Porém, na enu m ração do que venha a ser essa analog ia com a e cravidão, continu a a mes ma amb ig uidade: "tra-
balhos/orçados ou ajorn ,da exaustiva, sujeitando-o a condições degradantes de trabalho ". O que é um "trabalho forçado ", ou uma ':fornada exausti va ", ou en tão uma "condição degradante" na roça, quando se sabe qu e os fisca is de traba lho tê m agido em muitos caso com
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qui co- igua litári o do PL-C P transparece não só nas omi ssões em matérias atinentes à moral sex ua l; mas também no que se refere ao respeito devido à autoridade legítima. Por exempl o, deixou de ser crime "desacalarfi111cionário público no exercício da.fúnção ou em razão dela ", que até aqui tem punição de 6 meses a 2 anos e multa. Se aprovado o novo Códi go, pode-se desacata r impunemente o policial , o juiz, o u quem quer represente a autoridade pública. É o começo do fim da orde m instituc ional.
Álcool na <lil'Cção, não; </roga, sim Passa a se r c rim e dirigir veículo auto motor "sob a influência de álcool ". Note-se que não é prec iso ter ca usado qua lquer acidente. O que é estar ''sob a i,?fluência "? Ter tomado um cá lice de li cor ou uma latinha de cervej a? Mais um a vez, o vago da fo rmul ação ab re as portas para qualquer interpretação. E a demonstração da tal ''influência " pode ser fe ita por todos os me ios el e prova ad mitidos em juízo, po r exe mpl o, depo imento ele testemunhas, inclu sive cio policial. A i ele qu em tiver inimi gos ! De outro lado, sendo pa ra uso pessoa l, deixa de ser crime usar, transportar e até culti va r qualquer tipo de droga, mesmo as class ifi cadas como " pesadas". O projeto considera de uso pessoa l uma quantidade s ufi ciente para c inco di as. Ass im, não só os drogados, mas também os mini -trafi ca ntes, muitas vezes chamado de " mul a ", poderão a lega r que levam droga para uso pessoal. Enquanto isso , o blog da Polí c ia de Fronteira in fo rm a: "Org anizações crim inosas recrutam diariamente um exército de mulas. Milhares são contratados para transportar drogas. " 17 Há ade ma is um privilégio para os criminosos que esteja m drogados no mo mento do crime. Qualquer que seja o crim e praticado (assas in ato, estupro ou o que for) , o autor não pode sofrer pena se o juiz constata r qu e e le estava sob efe ito da droga no momento do cri me e, portanto, "inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do.fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento " . O máximo que o juiz
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CATO LI C ISMO
ntoma da semi-divinização dos nlmals no Projeto: O cientista que, para tentar descobrir um modo de salvar vidas humanas, usa qualquer animal como cobaia, provocando-lhe alguma or, Incorre nas mesmas penas, s - o conseguir provar que não tlnh tro recurso para levar adiante as experiências.
poderá fazer é encaminhar o criminoso para tratamento médico, mas nem isso é obri gatóri o.
'l'cn·m·ismo "ruim " C lCl'l'Ol'ismo "bom" O proj eto tipifica o crime de terrori smo, o qua l vi sa forçar a autoridade a faze r o que a le i não ex ige, o u então obter recursos para grupos armados que atuem contra a ordem constitucional, o u se trate a inda de ações motivadas po r preconceitos vários , uti Iiza ndo , pa ra alcança r a lguma dessas finalidades, sequestros ou expl os ivos ou gases tóxicos, ou incendi ando ou saqueando, ou abotando, no total causando terror à população. Alguém poderá estar pensa ndo: Ah! Afinal tivera m a coragem de criminali za r as ações do MST e congêneres, que vivem aterrori za ndo as populações do campo. Não se apresse, caro leitor. Os autores do proj eto também perceberam essa consequência no que escreviam, e se apressara m a dar aos juízes todos
os meios de não c rimin a li za r essas agremiações ilega is. Vejam esta pérola: "Não constitui crime de terrorismo a conduta individual ou coletiva de pessoas movidas por propósitos sociais ou reivindicatórios, desde que os objetivos e meios sejam compatíveis e adequados à sua finalidade ". Há, poi s, uma espécie de terrorismo branco, qu e pode ser praticado pe lo MST, Ongs de se m-te to e tod as as orga ni zações às quai s a mídi a outorga generosamente o título de " mov imentos soc iai s", por mai s anti-sociais que e les sejam .
Equiparação <lo homc1I ao animal Desde te mpos im e mo riai s o s homens gostaram de se fazer cercar por a nim a is do mést ico s . E por isso os tratavam bem. É natural! Mas ago ra a coisa é outra . Na onda de semi-di vini zação irracional dos animai s, o proj eto do Códi go Penal estabelece a pena de J a 4 anos
de prisão para quem ma ltra tar um anima l. O qu e é maltratar? Machuca r um pou co o pescoço ci o cachorro porque a coleira fi cou ape rtada? Obri gá-lo a andar durante um tem po que o juiz consid era exagerado? N ão colocar ar condic ionado na casa cio cacho rro? Espantar o gato, quando e le olha gul oso para os pintinhos da ga linh a? O c ienti sta que, para tentar ele cobrir um modo de sa lvar vidas hum anas, usa qualquer a n imal co mo coba ia , provoca ndo-lhe a lgum a dor, incorre nas mesmas penas, se não conseguir provar que não tinha outro recurso para leva r adiante suas ex peri ênc ias. Se a lg uém ma ltrata r um bicho , resultando dessa prát.ica s ua morte, a pena passa para 2 a 8 anos. Abandonar o anima l in corre em pena de I a 4 anos. Para quem aba ndona um ser humano incapaz de defender-se (c ri ança, idoso ou pessoa co m d istúrbi o menta l), a pena é a mesma que aba nd onar um anim a l: 1 a4 anos. Devemos agradecer à comissão de juristas por não ter colocado o se r humano aba ixo dos anim a is. Fica mos no mesmo patamar que e les ! A esse desvario chegamos. Também não se pode "transportar animal em veículo ou condições inadequadas, ou que coloquem em risco sua saúde", sob a mesma pena ele I a 4 anos. N ada ele cachorro com foc inho para fora da janela do ca rro, pai o bicho pode resfriar-se o u ficar com dor ele ouvido! Tem que ser em cade irinh as co nfo rtáveis, com c into de segurança como e fosse m bebezinhos. N ão é fantas ia, ni so estamo ! De ixar ele presta r socorro ''a qualquer animal que esteja em grave e iminente perigo", prisão de I a 4 anos. N a estrada , ou mesmo no trâns ito das ruas, vendo-se um passa rinho, por exe mpl o, que não consegue voa r e anda com dific u Idade, é prec iso parar e dar ass istênc ia àq ue la ave, sob pena de prisão , com todas as co nseq uênc ias para a pessoa e sua fa míli a. Ao que nos consta , nem nos piores tempos do paga nismo ocorreu um a insânia dessas. Não é só. Se o le itor for ao li tora l e se deparar com um go lfi nho ou uma baleia, cui dado, não vá mo lestá-los; caso
contrário, cadeia. N ão é brincadeira. Di z o proj eto: "de qualquer.forma molestar cetáceos em águas territoriais brasileiras: prisão, de dois a cinco anos. "
Visão <lc co11j1111t,o Para o jornalista Reinaldo de Azevedo, "a proposta de Código Penai libera o aborto,.faz a vida humana valer rnenos que a de um cachorro, deixa-se pautar pela Marcha da Maconha, .flerta com o 'terrorismo do bem' e entrega nossas escolas ao narcotráfico. Fernandinho Beira-Mar e Marco/a não pensariam em nada mais adequado a seus negócios! " 18 A j á c itada pro fesso ra J a naina Conceição Pasc hoa l, em brilhante arti go intitul ado "Direito penal politicamente correto ", ass im ana li sa o PL-CP: "Código Penal para acadêmicos: ríg ido com o abandono de cães, não com o aborto. Homicídio prescre ve; racismo não. Drogas ? Caso de saúde. Bullying? Polícia. [ .. .} "Por um lado, a comissão diminui a pena daquele que realiza um aborto na gestante e alarga consideravelmente as hipóteses em que se torna lícita tal prática. Por outro, a mesma comissão propõe pena de um a quatro anos para quem abandona um cachorro na rua. [. ..} "Cumpre destacar que já não há qualquer proporcionalidade no.fato de o racismo ser imprescritível enquanto o homicídio prescreve. "Fo i aplaudida também a proposta dé criminalização do bully ing e do tal stalking (perseguição obsessiva), pois é inadmissível alguém ser humilhado. Os juristas se esquecem de que um pouco de agressividade.faz parte do processo de amadurecimento - e que ensinar a criança e o adolescente a respeitarem o outro é papel da .família e dos pro.fe ·sares, não da justiça penal. Para que dialogar? Por que tentar integrar? Basta chamar a polícia. "Paulatinamente, abrimos mão de nossos poderes e deveres em prol de um Es tado inter ventor; que nos dita como set; pensar e fa la,: É o império da padronização.[.. .] "Por mais que a legislação alua/ seja.falha, não pode ser reformu lada a
toque de caixa. São Tomás de Aquino já ensinava que só é justificável mudar a lei quando os bônus são maiores que os ônus. "Não é o que se anuncia. Não podemos transformar a lei penal, braço mais .forte do Estado, em uma sucessão de bandeiras do politicamente correto ". 19
Gra11c <lc11cr Diante de tudo quanto nos fo i poss ível expor nesta síntese, e das expressivas c itações co lec ionadas, ressa lta a inte ira propri edade do título que esco lhemos: Proj eto de Código Pena l angustia o País. Cabe a todo bras il e iro consciente desta situ ação dram áti ca mobili za r-se em toda med id a de s uas poss ibilidades, para que ta is abe rrações não nos sej am impostas ... sob pena ele prisão! De fato , se aprovado o PL-C P, poderá er preso até o sace rdote que pregar cio púlpito a doutrina tradicional da Igreja sob re o homossex ua li smo, por exempl o. Que Nossa Se nh ora Aparecida , Ra inha e Padroeira do Brasil , nos ajude neste esforço que empree ndemos pe lo bem de nossa Pátria. • E-mail pa ra o auto r: ca to lic ismo@ te rra .com.br
Notas: 1. http: /tw ww.i pc o .org . br/ ho me/ wp-co nlc nt / uploacls/2 0 10/05/ PN D1-1 -3 -art igo-a lua Iizaclo . pclf' 2. Catolici smo, ed ições de fevere iro e junho/20 1O. 3. A íntegra cio anteproj eto entregue ao Senado pode ser co ns ultada cm: hllp :// www 12. senacln .gn v.h r/ not ic ia s/ A rqui vo s/2 0 12/06/ pd r- vcja -aq u i-o-an tcprojcto- da-corn issaoespec ial-de-ju ri stas 4 . " Fo lh a de S. Paulo" , 28-6- 12. 5. Po rta l de notícias do Senado Federa l, 30-6- 12. 6. "Jo rna l do Advogado", julho/20 12, órgão da O rde m dos Advogados cio Bras i1, seção de São Paulo. 7. " Fo lh a de S. Paul o", 18-6- 12. 8. Idem, ibidem 9. "O Estado de . Paulo", 19-6- 12. 1O. "Jo rna l da Nova", Nova Andradina , 9-4- 12. 11 . Editori al de "O Estado de S. Paulo", 15-6- 12. 12. Revista " Época", 26-6-201 2. 13. "Jo rn al do Advogado", ma rço/20 11. 14 . "O Estado de S. Paul o", 19-6- 12. 15. Catoli c isrno, j unh o de 20 11. 1 6. http : // www. z e nit. o r g/ a r t i c l e 306 12?1=portug uese 17. http :// policiacl e fronteira.blo gs po 1. co m . br/20 11 /08/tran spo rte-cle-clrogas- rnulas-s ao . hlrnl 18. Revista " Veja", 28-6- 12. 19. " Fo lh a de S. Paulo", 10-6- 12.
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São Vicente de Paulo, Apóstolo da Caridade N uma França devastada por guerras, a Providência suscitou o santo para combater heresias e atender a quase todas as obras espirituais e materiais de misericórdia.
Ili PLINIO MARIA SoUMEO
S
ão Vicente de Paulo fo i uma figura extraordinári a da Igrej a Cató li ca no século XVII. São Fra ncisco de Sa les, seu contemporâneo, o considerava "o p adre mais santo do século". E o renomado pregador francês Bossuet, também seu contemporâneo, exclamava: "Que bom deve ser Deus, quando f ez Vicente de Paulo tão bom! ". Essa bondade tão g rande era fruto de se u
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CAT OLICISMO
amor a Deus e de uma humildade que se mani fes tava até em meio das maiores honras. Por outro lado, pratica mente não houve obra de mi seri córdia esp irit11al ou temporal na Fran ça a que São Vi cente não estivesse ligado. Sua vida fo i tão che ia, que nos permite dar apenas um apanhado geral de la, ressaltando alguns traços 1narcantes.
De infância Jwmilde, destinado a grandes missões Vicente de Paulo nasceu no dia 24 de
abril de 158 1 num pequ eno casa ri o da di ocese de Dax, próx im o aos Pirineus, na França. eu pa is era m humildes e pi edosos lavrado res. E m sua infâ nc ia guardava os porcos pertencentes à fa míli a até que seu pa i, notando- lhe ag uda in te li gênc ia, mandou-o estudar com os fra nciscanos de Dax. Para fin anc iar seus estudos, Vi cente fo i precepto r dos filh os de um advogado da cid ade. De po is estudou teo logia em To ul ouse e em Zaragoza, na Espanha, sendo ordenado em sete mbro de 1600. Tendo ido a Ma rse lh a bu sca r impo rta nte legado, fo i sequestrado no mar por pirata el a Barbari a e ve ndido como escravo em Tuni s. Ele mudo u vá ri as vezes de senho r até que com um de les, renegado reconvertido por e le, fu g iu para a França. Depo is de uma estadia em Roma, Vicente fo i para a França, encarregado pelo Pa pa de uma mensagem sigil osa para o rei Henrique IV. Nomeado capelão da esposa deste, a ra inha Margarida de Valo is, e le faz ia, em nome dela, a di stribuição de esmo las aos pobres, e visitas aos enfe rmos no hospita l. Após o assassinato de Henri que IV, em 16 1O, São Vicente passou um ano na Sociedade do Oratório, fund ada pe lo ardea l Pierre de Bérulle, introdutor do Carme lo na Fra nça, e pôs-se sob ua direção. Q uando Bérull e fo i nomeado bi spo de Pari s, enca rrego u ão Vicente da paróqui a de C li chy, no arredores da C idade- luz. Se mp re obedecendo a seu direto r, fo i depo is precepto r dos fi lhos de Felipe Emanue l de Go nd i, conde de Jo ig ny e Genera l das a leras da Fra nça . A p iedosa ra . de ondi esco lheu São Vicente como seu di retor, e ped iu-lhe que eva nge li za a povoações de suas im ensa propri edades. Fo i no co ntac to co m es as pop ul ações que fo i amadurece ndo no ·anto o desejo de fun da r uma congregação de mi ionári os dedicado às mi s õcs. O sa nto fo i d e po i · v igário c m C hâtill o n. Fo i a li qu e, em 16 17, reunindo as se nhoras da soc iedade loca l, fun do u as Confi-·arias da Caridade (ou
Damas da Ca ridade), visando o rdena r a di stribui ção de rec ursos pa ra os necess itados. Essas confrari as difundiram-se cle poi po r toda a F rança. Vo ltand o ao pa lác io ci os Go ndi , Vi cente de Paul o fo i no meado Cape lão Gera l das Ga leras por Luí s X III , o que lhe permi tiu ass istir pessoa lmente aos condenados às galés. Estes eram mui-
tas vezes autores de crim es comuns, co ndenados para suprir à necessidade de mão de obra da marinha fra ncesa em ex pansão. Ca rregados de correntes e gera lmente cobertos de úl ceras, viviam nos porões, a li me nta ndo-se de pão pre to e ág ua. Seu estado mora l era a inda pi or do qu e a m iséria fí sica em que vi viam. São Vi ce nte obteve para esses in fe li zes vári os benefí c ios e a lívios materia is, co nqui sta ndo seus corações para fa lar-lhes então do Céu. Converte u mui tos de les e proc uro u qu e pessoas importa ntes ta mbém se interessassem por esses condenados.
g rupinh o co meço u de po is a prega r mi ssões em outras loca lidades. Foi o início da Congregação dos Sacerdotes da Mi ssão, fund ada ofi cia lmente em abril de ] 625 . "Íamos - di zia o sa nto - ingênua e simplesmente, enviados pelos senhores bispos, evangelizar os pobres como Nosso Senhor havia.feito: eis o que.fázíamos. E Deus.fázia, de seu lado, o que havia previsto desde toda a Eternidade. Ele dava algumas bênçãos aos nossos trabalhos. O que, sendo visto, outros bons eclesiásticos j untaram-se a nós e nos pediram para ser dos nossos". Considerando depo is a grande expansão de seus sacerdotes, o san to exclama: "Ó Salvador! Quem pensou j amais que isso chegasse ao estado em que está agora? A quem me dissesse isso então, eujulgaria estar zombando de mim ". 1 Em nove m bro de 1633 fun do u, com Sa nta Luísa de Marill ac, a Cong regação das Filhas da Ca ridade. Sa nta Luísa, de nobre nasce nça e de muito ma ior nobreza de a lm a, fo i o braço dire ito de São Vi ce nte ta nto pa ra a fund ação das Filhas da Ca ridade quanto na direção das Damas da Caridade. Além dessas duas instituições, possíve l a São Vi cente de Paul o ocupar-se de mais uma im po rtante obra: o c uidado dos recém-nasc idos abandonados . N aque la época di fíc il , de 300 a 400 cri anças era m abandonadas anualmente pe las mães, gera lmente às portas das igrejas. Feli zmente o crim e do aborto não estava di sseminado como hoj e e às crianças era dada um a oportunidade de vida. São Vi cente passo u a reco lhê-l as em um hospi ta l qu e fund ou para esse fim , se ndo seu prim eiro cuidado regenerá-l as pelas águas do santo Bati s mo. C uidava depo is de sua alimentação e fo rmação re li g iosa, até qu e estivessem pro ntas para en frenta r a vida.
Congl'egação da Missão e elas Filhas da Cal'iclade
Lula conll'a a hel'esia ja11senista
Q uando São Vi cente eva nge lizava as terras da fa míli a de Gondi , outros sacerdotes se junta ram a e le para instruir aqu e la gente aba ndo nada. Esse
São Vi ce nte de Pa ul o co mbate u muito as influ ê nc ias ma léficas do janse ni s mo, um a das ma is peri gosas heres ias que infec taram a Igreja, com
Santa Luísa de Marillac e as Filhas da Caridade
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Sepultura do santo na capela-mãe da Igreja de São Lázaro, em Paris
vá ri os traços de semelh ança com o progress ismo de nossos di as. O sa nto trabalhou com todas suas fo rças para manter sua Co mpa nhi a in fe nsa ao erro, no qual ca íram outras comunidades reli giosas e mesmo bispos. E, no Conselho de Consciência (órgão rea l que tratava de questões ecles iásti cas), empenh ou-se pela indi cação de ca ndidatos a bispos que fosse m avessos a ta l heres ia. Co m efeito, o Ca rdea l de Ri cheli eu de tempos em tempos consultava São Vi ce nte de Paul o a respeito de assuntos da Igreja, sobretudo quanto aos ec les iásticos que ele ac hava dignos para o episcopado. O sa nto o alertou de que, para ter bons ec les iásticos, era necessá ri o ir ao se u nasc imento, isto é, ao semin ário menor, segundo intenção do Concíli o de Trenlo. O ca rdea l concedeu então a São Vicente uma gra nde quan tia, para estabe lecer um seminário menor e outro maior nos qu ais se dev iam incentiva r sobretudo a virtu de e a oração. Vendo os belos frutos desses semin ári os, vários bispos quiseram ter o mesmo em suas di oceses, e confiara m sua direção aos Padres das Mi ssões. Nas deso lações provocadas pelas guerras dos Tri nta Anos e de reli gião, São Vicente reco lh eu em Pari s os sacerdote , reli giosas e fida lgos das regiões devastadas, que a guerra ti11ha ex pulsado de suas terras. Fez o mesmo com os cató li cos e nobres da Irlanda e da In g laterra, perseg ui dos pelo infa me Cromwel. A respe ito desses nobres empobrec idos, dizia ele: "É justo assistir e socorrer essa pobre nobreza para honrar Nosso Senhor
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CATO LI C I SMO
que era, ao mesmo tempo, muito nobre e muito pobre". Em 1643, o rei Luís XIII, vendo-se às portas da morte, qui s ser assistido por São Vicente de Paulo. Este fi cou sempre em sua presença para ajudá-lo a elevar seu espírito e seu coração a Deus, e a fo rmar interiormente atos de religião e de conformidade com a mot1e. O virtuoso rei morreu em seus braços. Sua viúva, Ana d' Áustria, que fi cou como regente du ra nte a minoridade de Luís XIV, nomeou o santo para seu Conselho de Consciência. Nele, São Vicente esforçou-se para levar às m ais altas esferas a renovação religiosa, por meio da indicação de bons bispos.
"1'o<lo o /Jcm possível, al'astar to<lo o mal possível" São Vi cente de Paulo fo i auxiliado em suas múl tipl as at ivid ades pela Compan hia do San tíss imo Sacramento, sociedade fu ndada em 1627 por nobres franceses profund amente cató licos, com a missão de faze r "todo o bem possível e a.fàstar todo o mal poss ível". O sa nto fi Iiou-se a essa companhi a, que mui to tra balhou em prol da reforma católi ca desejada pelo Co ncíli o de Trento. Não se pode ter um verdadeiro afervoramento reli gioso se não se ini ciar pelo clero, então mui to decadente e desordenado. Começou ta l reforma secundando o bispo de Beauva is na preparação dos neo-sacerdotes para o mini stério, por meio de um retiro de 20 di as antes da ordenação, no qual eram tratados probl emas tanto de ordem moral e relig iosa quanto práti ca, para que os recém-ordenados pudes-
sem exe rcer se u múnu s sacerdota l. Essa prática estendeu-se depois para Pari s e toda a França e Itá lia E ntretanto, era necessá ri o prese rv a r e aum e nta r o fru to desse retiro. Para isso o santo propôs aos sacerdotes uma confe rência espi ritual semanal, na qual eles poderi am ser escl arecidos sobre pontos de dú vida, e se ajudarem e encorajarem mutuamente nos trabalhos de seu ministério. A Conferência das Terças-feiras, que se rea li za va em São Lázaro (Casa Mãe de seus miss ionários) com esse fim , atraiu ecles iásti cos que depois se notabili zara m como arcebi spos, bispos, vi gários-gerai s ou párocos em di fe rentes dioceses do reino. São Vi cente ambi cionava ainda mais. Não era sufi ciente ter ec les iásti cos bem fo rmados, se estes não fosse m auxiliados por leigos também com boa fo rmação re ligiosa. Abriu então as portas da Casa Mãe dos Lazaristas (como fica ram conhec idos seus sacerdotes) para todos os leigos que qui sessem retemperar sua fé por meio de um retiro espiri tual bem fe ito. Isso fo i de grande importâ ncia para a reforma religiosa. São Vi cente de Paulo fa lece u em 27 de setembro de 1660 e fo i sep ul tado na capela-mãe da Igreja de São Láza ro, em Par is. anoniza do em 173 7, fo i declarado em 1885 patrono de todas as obras de ca ridade da Igreja Cató li ca por Leão Xlll . Recentemente foram descobertas mais de 3.000 cartas inéditas de São Vicente de Pa ul o que "não só refletem um homem que nos ensina, mas também um homem que luta". •
O Prof. lvanaldo Santos, da Universidade Federal de Natal (RN), é autor de Atualidade de Revolução e Contra-Revolução de Plinio Corrêa de Oliveira. Ele considera este ensaio do fundador da TFP - cuj a tese é de que no século XIV .teve início no Ocidente um processo revolucionário, e que desde então há um retorno lento, porém gradual, às ideias do mundo pagão - o principal livro de metodologia histórico-fil osófica para se compreender sua luta contra-revolucionária. A partir dessa tese, Plínio Corrêa de Oliveira desenvolve uma profunda análise dos grande movimentos revolucionários do Ocidente moderno (protestantismo, liberalismo, revolução francesa, positivismo, sociali smo, nazi -fascismo e outros), e conclui que es cs movimentos são etapas da Revolução ultu ral anticristã que está em curso desde o século XIV. Diante dessa Revolução, ele propõe a realização da Contra-Revolução, ou eja, o urgente retorno da civi lização cristã. Civilização que será alicerçada no "Vangelho e na doutrina da Igreja. Frete R$7,00
E- mail para o autor: catolicis111o@terra.co111.br Nota:
Les Petits Bollandistes, Saint Vincent de Pa ul, Vies des Sa in ts, Bloud et Barrai, Pa ris, 1882, 101110 8, p. 469. Outras obras consultadas: Fr. Justo Perez de Urbe!, San Vicen te de Paul , Alio ri stia no, Ed iciones Fax, Madri , 1945, tomo Ili , pp. 145 e ss.; Ede lvives, San Vicente de Pau l, EI Santo de Cada Dia, Edi toria l Lu is Vives, .A., Saragoça, 1948, pp. 19 1 e ss.; Anto ine Dégert, St. Vi ncenl de Paul , The ath oli c Encycloped ia, CD Rom edition.
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levaram para o alto do monte Pellegrino, onde viveu na contemp lação e penitência durante os 16 anos que lhe restaram de vida. A descoberta de suas relíquias em 1624 foi ocasião de muitos milagres. Ela é a padroeira de Palermo.
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1 São Lobo, Bispo e Confessor + França, 625 . Monge na famosa abadia de Lérins, sucedeu a Santo Artêmio na Sé episcopal de Sens. O rei Clotário, devido a más informações recebidas de seu em issá ri o e do abade de São Remígio, que desejava ficar com a referida Sé, baniu o santo bispo para uma área ainda pagã. São Lobo converteu à verdadeira fé o governador local e muitos personagens proeminentes , sendo depois chamado de volta por Clotário, já melhor informado. Primeiro Sábado do mês.
2 São Guilherme, Bispo e Confessor
+ Dinamarca, 1070 . Inglês e capelão do rei Canuto, fez com este uma viagem à Dinamarca. Impressionado com o lastimável estado de abandono dos pagãos, ·decidiu evangelizálos. E leito bispo de Roskilde, censurou energicamente o rei Sweyn por ter executado muitos homens sem julgamento. Mais tarde o soberano confessou publicamente esse pecado e tornou-se amigo do santo.
3 São Gregório Magno, Papa , Confessor e Doutor da Igreja
4 Santa Rosália, Virgem + Palermo, séc. XII. Era muito bela. Aos 14 anos a Santíssima Virgem recomendou-lhe que deixasse o mundo, e enviou dois anjos para guiá- la até uma gruta. Como os pais a procurassem na região, os anjos apareceram- lh e de novo e a
São Vitorino, Bispo e Mártir
+ Itália, séc. II. Bispo da c id ade de Amiterno, por sua fidelidade a Cristo foi pendurado de cabeça para baixo sobre águas mefíticas e sulfurosas, entregando sua alma a Deus no terceiro dia.
6 São Magno, Confessor
+ França, séc. VIII. Discípulo de São Columbano, tinha um dom especial para afastar predadores e parasitas do campo com o seu bastão. Após sua morte, vários desses bastões continuaram operando os mesmos prodígios.
7 Santa Regina de Alésia, Virgem e MéÍltir + França, séc. II. Filha de um pagão, ao fa lecer a mãe passou a ser educada por uma cristã. Expu lsa de casa pelo pai , quando este soube que ela era cristã, foi morar com a mulher que a educara, trabalhando como pastora. Como se recusou a casar com o prefeito romano , foi aprisionada, torturada e decapitada. Na Borgonha, desde o século V há uma basílica sobre o seu sarcófago, com os dizeres "Aqui César venceu a Gália; aqui uma virgem venceu César". Primeira Sexta-feira do mês.
8 Natividade de Nossa Senhom Neste mesmo dia: Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora das Vitórias, Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora de Montserrat.
9 / São Severiano, MárLir
14 Exaltação da Santa Cruz
+ Armênia, séc. IV. "Visitava muitas vezes no cárcere os [futuros] quarenta mártires. Por ordem do prefeito Lísias, foi então erguido ao ar com uma pedra aos pés, moído de pancadas e lanhado de açoites. Nesses tormentos entregou sua alma a Deus" (MR).
10 Santo Alberto, Bispo de Avranches
+ França, séc. VIII. São Miguel Arcanjo apareceu-lhe, pedindo a construção de um santuário a ele dedicado no Monte Tombe, no litoral da Normandia. Em 866 o santuário tornou-se a fam~sa abadia beneditina de São Miguel, considerada uma das maravilhas do Ocidente.
11 São Pat'úncio, Confessor
+ Egito, séc. IV. "Monge, que se tornou bispo da Tebaida e confessou a fé sob o [mperador Maximino. As mutilações das quais foi vítima lhe deram grande prestígio junto aos Padres do Co ncílio de Nicéia" (MRM).
12 SanLíssimo Nome ele Maria Essa festa foi instituída pelo Papa Tnocêncio XI para celebrar a libertação de Viena - sitiada pelos turcos, em 1683 - efetuada por João Sobieski, rei da Polônia. Na manhã da batalha, o rei polonês se colocou, bem como todo seu exército, sob a proteção de Maria Santíssima. Assistiu à Santa Missa, durante a qual permaneceu rezando com os braços em cruz. Ao sa ir da igreja, Sobieski ordenou o ataque. Os turcos fu giram cheios de terror, abandonando tudo, inclusive o grande estandarte de Maomé , que o vitorioso rei católico enviou depois ao Soberano Pontífice como homenagem a Maria.
1~J São João CrisósLOmo, Bispo e Doutot· da Jgreja
15 Nossa Senhora das Dores
16 Santa Edite de Wilton + Inglaterra, 984. Filha do rei E dgar, da Inglaterra, foi educada na abadia de Wilton, onde mais tarde sua mãe se fez religiosa. Professando aos 15 anos, recusou a direção de vár ias abadías, e também a tornar-se rainha, após o assassinato de seu meio-irmão, Santo Eduardo Mártir.
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da juventude. Sofreu terríveis tentações contra as virtudes cardeais durante 32 anos. Faleceu santamente, sendo canonizada por Pio Xll em 1950.
20 Santo André Kim Taegon e Companheiros, Mártires da Coréia nativo sofreu o martírio, precedendo os missionários franceses, entre os quais dois bispos e muitos leigos convertidos por eles, em meados do século XIX.
21 São Mateus Evangelista, Apóstolo
22
São Roberto Belarmino, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. São Pedro de Arbués, Mártir
+ Espanha, 1485 . Apontado por
+ Escócia, 704. "O maior dos
Torquemada para inquisidor provincial em Aragão, foi morto a punhaladas por "cristãos novos" Uudeus pseudoconvertidos ao cristianismo) quando rezava na catedral de São Salvador.
sucessores de São Columbano na direção da Abadia de lona, na Escócia, exerceu benéfica influência sobre a igreja e asociedade de seu tempo" (MRM).
23 Santo Adanano, Abade e Confessor
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São José de Cupcrtino, Confessor
Nossa Senhora das Mercês. São Pacífico, Confessor
+ Itália, 1663. Este filho de
+ Itália, 1721. Órfão aos cinco
São Francisco compen sava abundantemente em inocência e simp li cidade o que lh e fa ltava de dons naturais . Pouco dotado de talentos, chamava-se a si próprio Frei Asno. Mas seu amor a Deus era tão intenso, que entrava em êxtase à vista da menor das manifestações divinas nas criaturas.
anos, foi severamente educado por um tio. Aos 17, entrou para os Frades Menores Observantes em Forano, onde ensinou filosofia, tornando-se depois missionário. Aos 35 anos ficou cego, surdo e paralítico, passando o resto de seus dias em São Severino, onde se dedicou à oração e à mortificação. Conhecido por seus êxtases, santidade e dom de profecia.
·19 Santa Emília Maria de Rodat, Virgem + França, 1852. De nobre família, dedicou-se a preparar crianças para a Primeira Comunhão, e depois, com outras três companheiras, lançou os fun damentos das [rmãs dé! Sagrada Família, dedicadas à educação
que era mago, foi convertido pela graça sobrenatural da virgem Justina, que ele tentara em vão corromper através de seus sortilégios. Os dois sacrificaram a vida por Cristo" (MRM).
+ Séc. XIX. Este sacerdote
Santa Catarina de Gênova
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26 SanLos Cipriano e JusLina, Mártires + N icomédia, séc. IV. "Cipriano,
27 São Vicente de Paulo, Confessor (Vide p. 38)
São Caio, Bispo e Mártir + Séc . I. Discípulo de São Barnabé Apóstolo, foi morto durante a perseguição de Nero.
28 Bem-aventurados Mártires do Japão + Séc. XVU. Vários religiosos agostinianos e seus catequistas foram martirizados durante a perseguição entre os anos 1617 e 1632.
29 Gloriosos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafa el. São Ciríaco, Eremita + Palestina, séc. IV. "Recebeu aos 18 anos o hábito monástico das mãos de Santo Eutímio, e depois se apresentou a São Gerásimo às margens do Jordão. Sempre buscando a solidão, para evitar seus admiradores e os perigos do mundo, fixou-sena laura(mosteiro) de Suca, onde morreu 40 anos mais tarde" (MRM).
30 São Jerônimo, Doutor da Igreja. São Gregório, o Iluminador + Armênia, 300. Evangelizador e organizador da Igreja na Armênia.
25 São Cleofas. DiscípuJo de Cristo
+ Palestina, séc. I. "Morto pelos jude us na mesma casa onde preparara a ceia para o Senhor, porque havia professado sua fé. Para g lori osa recordação, teve ali me mo sua sepultura" (MR).
Notas: - Santos já apresentados em calendários anteriores são apenas mencionados, sem nota biográfica. - MR - Martirológio Romano; MRM - Martirológio RomanoMonástico.
Intenções para a Santa Missa em setembro Será celebrada pe lo Revmo. Pad re David Francisquini, nas segu intes intenções: • Em honra da Exal tação da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo - festa que se comemora em setembro - , pedindo para todos os colaboradores, assinantes e leitores de Catolicismo o amor à Santa Cruz e as forças necessá rias para suportarem cora josamente as cruzes que· se apresen tarem ao longo de suas vidas. Também pedindo graças espec iais para que os brasileiros não aceitem o novo projeto de Código Penal, o qua l contém muitas normas opostas à doutrina moral da Santa Igreja.
Intenções para a Santa Missa em outubro • Para que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil , livre nossa Pátria de todo tipo de corrup ção, sobretudo da corrupção mora l que vem arru inando as famí lias brasi leiras. Pedindo a Ela que neutra lize a a ção de certos movimentos ditos "sociais" que organizam agitações, na tentativa de lançar o País no caos. Também sup li cando à nossa Padroe ira pe lo crescimento de todas as famílias católicas na devoção ao Santo Rosá rio .
Cruzada pela Família [1 D ANIEL
F. S.
M ARTINS
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ntre os di as 9 e 24 de julho, em ma is um a fase da ca mpanh a Cruzada pela Familia, Min as Gerais, São Pau lo e Goiás viram nova mente tremular em s uas ruas os esta ndartes do urados do instituto Plinio Corrêa de Oliveira. É um contato direto com a popul ação, com a finalidade de alertá-la sobre as artimanhas dos mov imentos organi zados pró-aborto e pró-agenda ho mossex ua l, que procuram impo r s uas ideo logias e suas práticas antinaturai s através da imprensa, de projetos de le i e decisões do Judi c iári o. Os ativi stas anticri stãos encontram , entreta nto, um obstáculo difíci l de transpor: a aversão da opini ão pública nac iona l ao aborto e à age nda homossex ua l. Para tentar derrubar essa barre ira , utili za m a táti ca do " medo-simpatia". Através de medidas como a " le i da homofob ia" ( PLC 122), e les tentam amedrontar os bras ile iros que qu erem reagir, ameaça nd o-os de pri são por "d iscrimin ação", "p reconce ito" etc. É o aspecto " medo". Por me io de propaga nda, nove las e kits esco lares, procuram mostrar o abo rto e a prática homossex ua l como atos norma is, aceitáve is, e até simpáticos. É o as pecto "s impatia". Apelam a inda para o mito da igua ld ade como panaceia pa ra tornar ace itáve l qualquer torpeza. Por esse motivo, a reação mais efica z consiste em mostra r ao público: 1) Q ue há um modo de reag ir contra as age ndas a bo rti sta e ho mossex ua l de maneira lega l e pac ífi ca , mas firme e cons istente; 2) Que o abo rto e a prática homossexua l são in ace itáve is de aco rd o com a Lei de De us e da Igrej a e a Lei natural ; 3) E que, portanto, qu em é cató li co deve reagir co ntra essa ava lanche o rga ni zada.
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Estamos com vocês". Um j ovem perguntou: "Como.faço para criar um grupo como o de vocês em minha cidade? Eu vejo que vocês sabem o que querem e sabem como.fazer as coisas de maneira pacífica, mas sem medo ". Outros a ind a di z iam : "Sempre pensei que era impossível.falar contra a conduta homossexual de público, sem ser tachado de violento e intolerante. Agora vocês nos dão coragem de.falar":
* * * Encoraja r, qu e dever urge nte ! Conv id a mos o le ito r a tomar conh ec imento dos dois li vros difundidos pelos j ovens carava ni stas, de auto ri a do Pe. David Franc isq uini : Homem e Mulher Deus os Criou , sobre a questão do homossex uali smo, e Catecismo contra o Aborto . De posse de les, o le itor pode participar dessa Cruzada, difundind o os argumentos e medidas em defesa da fa míli a para am igos e parentes. Aos que a ind a não conh ecem o estil o de campanh a do instituto Plínio Corrêa de Oliveira, co nvidamos a as istir aos vídeos da Cruzada pela Familia, di sponíve is no s ite www.ipco.o rg.br • E-mail para o autor: ca toli ·ism a terra.co m.br
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Eis o qu e faze m os 34 j ovens voluntários do i nstituto Plinio Corrêa de Oliveira nos centros das principai s c idades brasileiras: co m seu brado despertam os que dormem ; co m s uas publicações dão corage m aos que querem reag ir; co m seus sloga ns e instrumentos musicais dão ânimo aos que pensava m que era imposs íve l um a ação públi ca e arroj ada; com sua argumentação esc larecem os que an tes estava m inseguros o u indi fe rentes a respe ito desses temas. Em gera l, o própri o público depõe sobre a eficác ia da Cruzada pela Fam ília. Em Diamantina ( MG), por exempl o, onde um magote fa vo ráve l ao aborto e ao homossex ua li smo tentou atrapa lhar a ca mpanha co m in su ltos e pa lav rões, algumas pessoas do públi co procuraram depoi s nossos jovens, di zendo: "Parabéns! É preciso ter coragem para fazer isso.
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CATOLICISMO
SETEMBRO 2012
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Amazônia Azul
possui biodiversidade maior que a •
Da •q. para a dlr.: Dr. Calo Vldlgal Xavier da Sllvelra, Vice-Almirante Luiz Guilherme Sá de Gu1m60, princlpe Dom Bertrand de Orléans e Bragança e Dr. Adolpho Llndenberg, presidente do lnlflfuto Pllnlo Corrêa de Oliveira
Amazônia Verde Q, ..
DANIEL
F.
s. M ARTINS
"Após esta palestra sobre a Amazônia Azul, não veremos mais o assunto como pessoas a p é, mas aportados na nau capitânia de um dos maiores conhecedores do assunto ". Co m essas pa lavras o presi dente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, Dr. Ado lpho Lindenberg, introdu zi u o Vi ce-A lmirante Lui z G uilherm e Sá de G usmão, que proferiu a interessa nte pa lestra Amazônia Azul - Importância e def esa deste rico patrimônio brasileiro. O eve nto ocorre u no C lube Homs, da Ave nida Pauli sta (São Paul o), em 9 de agosto último. O Vice-Almi ra nte G usmão mostro u como 72% dos brasil e iros desco nhecem o conce ito de Amazônia Azul, apesa r de sua im ensa importâ ncia para o presente e, sobretudo, para o futuro do Bras il. Amazônia Azul des igna o conjunto dos recursos natu ra is, econô micos e estratégicos contidos na área de mar sob a jurisd ição do Pa ís: 3,6 milhões de km 2 • Em 2004, o Bras il pl e iteo u o a umento dessa área. Q uand o a proposta fo r ace ita, essa área conta rá com ma is de 4,5 milhões de km2, ma io r que a Amazônia Verde. Durante a palestra, o orador destaco u as d ive rsas vertentes da Amazônia Azul. Do ponto de vista de recursos natura is, ela poss ui uma bi odi ve rsidade ainda maior que a Amazônia Verde! Do ponto de vista econômico, e la contro la 95% de nossas ex portações, q ue soma m mais de US$ l 80 bilhões por ano. O potenc ia l de pesca é inca lcu láve l, e até hoj e pouco expl orado. N essa fa ixa o Bras il pros pecta ma is de 85% de seu petró leo. No toca nte à sobera ni a, o confe rencista mostrou o grande pape l dese mpenhado pe la M arinh a. Ela fisca li za todo o mar terri to ri a l, po is não há poss ibilidade de construir barreiras fís icas, como é o caso das fronte iras terrestres. Reali za o con tro le da marinh a merca nte, combate a pirata ri a, o contraba ndo e o despej o de materia l po luente. Q uanto ao as pecto estratégico, o Vi ce-A lmi ra nte expôs o proj eto de subm arino de prop ul são nuc lear que está sendo posto em prática , com tec no logia genuiname nte bras il e ira . Trata-se de construir um s ubmarino ma is ráp ido e que não necess ita, como os atua is, s ub ir à superfíc ie para reca rrega r as bate ri as. É essencia l inibir a ação de poss íve is in vaso res em nossa pl atafo rma contin enta l, tarefa própri a dos submarin os.
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Vice-Almirante Luiz Guilherme Sá de Gusmão
O príncipe Do m Bertrand de O rl éa ns e Bragança proferiu as palavras fin a is, realça ndo que as riquezas contidas na Amazônia Azul constituem um presente da Prov idência d ivina e m vista de um fut uro g lorioso qu e nos ag uarda, fut uro este que depende em larga med ida da atuação de nossas Forças Arm adas. • E-mail para o autor: catolici mo@tem1.com.br
SETEMBRO 2 012
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VIII Curso de Verão
Cracóvia (Polônia)
111 LEONARDO PRZYBYSZ
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om a participação de 80 pessoas de 12 países, realizou-se entre os d ias 16 e 22 de ju lho de 20 12, nas proxim id ades de C racóvia (Po lônia) , o V/11 Curso de Vereio orga ni zado por TFPs europe ias. O loca l escolhido foi o Castelo de Niepolomice, o qual se presta mui to para congressos pelos se us magníficos sa lões e sa las góticas, suas enormes e be las
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CATOLICISMO
caves no mesmo esti lo. Construído no século X 111 pelo rei Cas imiro, o Grande, o caste lo fo i parcia lmente adaptado ao estilo renascentista no sécul o XV I pela rainha Bona Sforza e tota lmente reconstruído nesse mesmo estil o há oito anos. Antiga res idênc ia de re is, suas paredes são testemunhas mudas de importantes fatos hi stóricos da Polônia . A dé!/ esa da civi/izaçcio crislci hoje foi o tema gera l do congresso , ass im dividido: O reinado social de Cristo; A gradual destruiçcio da civilizaçcio cristci; O desaparecimento da virtude daforla-
/eza - ou como católicos desertaram do campo de batalha; A p erseguiçcio aos cristcios no século )(XI; É possível a Con/ra-Revoluçcio no mundo moderno ?; Plínio Corrêa de Oliveira e a Conlra-Revoluçcio nos dias aluais; A incerteza de nossos dias e o papel de Nossa Senhora. Uma espec ia l graça nesses abençoados dias, além da ass istência diá ria à Santa Mi ssa no ri to tradici o na l, foi a presença da Imagem Pereg rina lnternac iona l de Nossa Senhora de Fátima [foto na p. seguinte] , precisamente 40 anos após e la te r vertido milagrosamente
lágrimas em Nova Orlea ns (EUA), em 18dejulhode [972. Os participantes do congresso tiveram ainda ocasião de visitar o excelente legado da civilização crist:"i constituído pela monumenta l cidade de Cracóvia, que abriga o Castelo Real de Wawel, a bela catedral e numerosas igrejas medievais. Como lei11brança da Universidade de Verão, foi distribuída a cada participante uma miniatura de escudo com a efigie de Nossa Sen ho ra de Czestochowa, Padroeira da Polônia. • E-mai l para o autor: catoiicismo@terra com br
SETEMBRO 2012
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"O prêmio de uma vida sem vício é a eternidade no Paraíso!" I
Acampamento de Verão na Irlanda ■ RORY O' H ANLO N
JOÃO C ARLOS LEAL DA C OSTA
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este mundo de ve loz perda de valores morais, é encoraj ador ver uma assoc iação de inspi ração cató li ca remar contra a maré e, no me io de mil afaze res, dedicar boa fa tia de seu te mpo à fo rmação da juventude. Fo i o que se viu no mês de julho, na cidade de Baton Rouge, Lo ui siana (EUA), onde a TF P norte-ameri ca na promoveu um curso de verão para 36 j ovens. Eles chamam a esse programa de Cal! to Chivalry (li vremente, pode-se tradu z ir por "Um chamado à Cruzada"). De fato, a ide ia princ ipal do programa é susc ita r nos j o vens o desejo de sere m ve rdade iros cru zados niodernos em defesa da c ivilização cristã. Cal! to Chivaüy compreende uma conjugação de co nfe rênc ias , j ogos , passe ios e in ce ntivos à vida espiri tua l cató li ca, atividades estas qu e abra ngem diversos aspectos de fo rmação necessári os ao j ovem de nossa época. O tema principal do evento fo i o famoso cerco de Vi ena efetuado pe los turcos em 1683 , os qua is fo ram re pe lidos pe lo Rei da Po lôni a, Jan Sob ieski. Este, a pesa r de conta r com núm ero bem infe ri o r de g uerre iros, vivifi cado por sua fé cató li ca e pe la rec itação do Rosá rio, conseguiu expul sar o invaso r. É c laro qu e, com esse magnífi co tema exposto em impo rtante conferê ncia, não poderi am fa ltar um "café da manhã à Sob ieski" ( co m croissants e café vienense) e um "j anta r de São Cas imiro" (com pra tos típi cos po loneses e lituanos) . O programa fo i enriquec ido pe la ass istênc ia à Santa Mi ssa, ce le brada pe lo Pe. Berggreen, qu e ouv iu confi ssões antes do ato litúrg ico tradi ciona l. O leit-motiv cio Call to Chivalry fo i: "O prêmi o de uma vi da sem víc io é a eterni dade no P araíso !".
* * * O programa fo i seguido com entus ias mo pe los j ovens, a maio ri a dos qua is se ofereceu volun ta ri amente para participar de uma caravana de duas semanas, percorrendo vá ri os estados ame ri canos. A fi na lid ade dessa carava na é esc larecer a opini ão públi ca sobre candentes te mas de atüalidade, como os peri gos incubados no chamado Obamacare, um plano de saúde soc iali sta do governo O bama. O apo io da parte do públi co é enorm e. M as para dar um "saborz inho" de luta aos caravani stas, contribuí ra m ta mbé m a lgun s agresso res ... O que mostra o quanto estes se sentira m in comodados. No tota l, a ca rava na de mo nstrou haver muita dedi cação da parte dos j ovens, o que auto ri za esperar grandes fr utos do Cal! to Chivalry.
Para obter ma is detalhes sobre esse formati vo e maravilh oso progra ma, visite o site : w ww. tfpst udentaction.org E- mail para o autor: catolicismo@tcrra .com.br
o ex tensos te rre nos e prédi os cio ma rav ilh oso Moste iro C iste rc iense de Mount Sa int Jose ph , 'o ndado de T ippe rary , rea lizo u-se nos d ias 8 a 13 de julho o A campamento Anu ,! d Verão. Ao evento, promovido pe la o ·i •d tC~• Irlandesa por uma Civilização 'ristã, compa recera m re presenta ntes da Irlanda, Escóc ia, Inglaterra, África do ui , Lituânia, Estados Unidos, Bélg ica e Ho landa . Os temas tratados fo ram os seguin tes: O processo de decadência do cristianismo ocidental e a esp erança do triunfo do Coração Imaculado de Maria,· Num mundo de desordem, a j uventude an ·eia p ela Ordem e pelo Heroísmo; O Processo Revolucionário: história e doutrinas (em quatro partes); Visão católica da Ordem do Universo; Os quatro A tributos do ser: Unum, Verum, Bonum et Pulchrum,As raízes da atual crise moral,· O papel das ar/ ,s na vida quotidiana; Provas cientffi ·as e históricas da veracidade do Santo udário; A doce Primavera da Fé; Devoção a Nossa Senhora; Um cha,11ado à Cavalaria para o Século XXI. Al ém das ' Xposições, o program a inc luiu di ve rsos tipos de j ogos, audi ovi suais e film es, bem como vis itas guiadas a luga res hi s tó ri ·os. Visitara m-se os caste los de Birr ' 1hir, o Sw iss Cottage e o Moste iro de Ro ,, or as he l. O aca mpam ·n lo foi honrado co m a presença de um ·a · ·relote, sempre disponíve l para o atend im •nto esp iritual, e Í que ce le bro u di ariam ' 11 te a Sa nta Missa ~ no rito tridentino. 'li No ll lti1110 dia houv "\ jo ,os n1cd ie- ~" va is, seguindo-se um jan tar medieval ~ ao som de ga itas de ri I ', ór •roe fl autas, cf tocados po r j o ve ns pa rti · ipa ntcs. O ambi ente belo e co lori do do j untar fo i enriq uec ido pela presença d · f'am iIiares, qu e jun ta mente co m os parti · ipanles festej ara m o e nce rra m ·nt o daq ue le
agradáve is dias de convívi o animado por um autênti co espírito cató li co. Como lemb ra nça do aca mpamento, ca da participante recebeu uma image m do urada de um ca va le iro medi eva l. O
ence rra me nto oco rreu após o j a ntar, seguindo-se a bênção so lene do Santíssim o Sacramento . • E- mail pa ra o autor: catoli cis111o@tcrra.co111.br
CATO LI C I SM O SETEMBRO 2012
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Igreja de Santa Cecília Reflexo arquitetônico santo, digno, nobre e eterno da Igreja Católica ■ PUNIO C O RRÊA DE ÜLIVEIRA
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pcédio da ig,ej a de Saota Cediia, em São Paulo, sigoifica para mim aspectos di stintos, mas que se resumem, paradoxa lmente, num só: templ o re li gioso dos bons tempos da Igrej a Católica Apostó lica Romana. Com seu estilo românico, ta nto no ambi ente externo quanto interno nota-se a característica das boas igrej as sem pretensões, daque la época no Bras il. E la ostenta alguns be los quadros, pintados por renomados artistas, mas, sobretudo, vitrais muito bons de fa bricação alemã. Esse conjunto refl etia, juntamente com a liturg ia de então, a fis ionomia santa, digna, nobre e eterna da Igrej a Cató lica de sempre. O bati stéri o me faz pensar no dia em que a li eu fui batizado. O conjunto da igrej a me faz lembra r de do is períodos di stin tos de minha vida. Um período em que e u era a inda estudante secundári o e todos os dias ia reza r na igrej a de Sa nta Cecíli a di ante do Sa ntíss imo Sacra mento e di ante da imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conce ição. Depo is rezava também junto ao sarcófago com as re líquias de um a mártir romana que eu admirava muito: Santa Donata. As orações eram para obter minha perseverança na virtude frente ao mundo moderno, tão di fe rente de minhas as pirações. Num segundo período, a igrej a recorda- me o tempo em que fui Congregado M ari ano em Sa nta Cecí lia. Época em que comecei a lutar pe la causa cató lica. Lembro- me dos Congregados Mari anos entra ndo cantando pe la nave ce ntra l, todos com uma fita az ul da Congregação, em direção aos bancos que ocupávamos para ass istir à Mi ssa e comunga r. N o fi nal, íamos para uma reunião dos congregados. São essas as recordações mui to boas que guardo dessa igrej a. •
Fotos: P:111\0 Robcr10 Cm11 1){)s
A igreja de Santa Cecília está situada no Largo do mesmo nome, na capital pauli sta. Em 1880, D0111 Joaquim Arcovcrde Albuquerque Ca va lcanti crio u a Paróquia de Sa nta Cec ília, tendo corno primeiro vigá rio o então padre Duarte Leopo ldo e S il va, que se to rnari a depo is arcebi spo de São Paulo. A ig rej a fo i inaug urada no dia da sa nta, em 22 de no vemb ro de 1901 .
Excertos da conferência proferida pe!o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 20 de dezembro de 1983. Sem revisão do autor.
Nº 742 - Outubro 2012 - Ano U<II
"Protegei a Santa 1 / -- erna e estremeBid~,, nossa Pát · Aparec,i •.,
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UMARI
PUN IO C O RRÊA D[ ÜUVI.IRA
Deus destinou o Brasil para grandes feitos Em memória do 70° aniversário do /V Congresso Eucarístico Nacional, realizado no V ale do Anh angabaú, São Paulo, de 4 a 7 de setembro de 1942, reprodu zimos trecho do magnífico discurso proferido por Plínio Corrêa de Oliveira no encerramento desse grandioso ev ento , assistido por 500 mil pessoas (foto abaixo) . Assist ência extraordinária, pois a população da pequena São Paulo de f.!n tão não passava de 1.500.000 habitantes. " N o curso já quatro vezes secu lar da Hi stória do Brasil , jamai s se reuniu assembl eia mais so lene e ilustre do que esta, num mo mento em que a vida nac ional ca minh a para rum os defini tivos. Qu is a Divina Prov idênc ia reunir em pleno coração de São Paulo os elementos representativos de tudo qu anto fomos e somos, de todas as g ló ri as de nosso passado e de nossas melh ores esperanças para o f uturo. 1.. ."I
Senhores, é hoj e o di a 7 de setembro. A data é ex press iva, e estou abso lu tamente certo de que um imenso c lamor se levantará neste g lorioso dia, Lranspondo os li miles do Estado e do País, para notifi ca r ao mundo inteiro que, como um só ho mem, o Brasi l se ergue contra o imperi alismo nazista
pagão que trama sua ruína e parece ter chamado a si, exatamente co mo seu sós i a verm e lh o de M osco u, a d i abó li ca empreitada de destruir a Ig rej a em todo o mundo. Contra os inimi gos da Pátria que estremecemos , e de C ri sto que adora mos , os cató li cos brasileiros sa berão mostrar sempre um a invencível res istência. L oucos e temerári os! M ais fáci l vos seri a arrancar de nosso céu o ru z iro do Su l, do que arrancar a soberani a e a Fé a um povo l"i c l a C ri sto, e que co locará sempre seu mai s alto tít ul o d ' ul"an ia em uma adesão fi li almente o bed ient c ntu siasti ·amcntc vi gorosa à Cátedra de São Pedro. 1 .. . 1 Talvez não fosse ousado afi rmar qu 1 ' US ·o lo ·m1 os povos de sua eleição em panoramas ad quados i\ r •11 lizuc.;1io dos grandes destinos a que os cham a. E n, o h(i qu ·111, vinjundo por nosso Brasil, não cx pcrimcnt a ·onl"usa impr ·ssdo d · qu • Deus destin ou para teatro cl ,rand ' S l" •it os ·st • P11 s, l'uj 11s montanhas trági ·as mi steri osas p ·n •d i11s 111r T ·111 ·onvidnr o ho-
mem às supr mas al'oit 'ZU S do li ·ro sin o ·1·ist110, cujas verd ejantes planf ·i 'S I ar· · ·m qu •rer i11spil'llr o s111t o de novas escolas artísti ·as • lit ·rdrius, d· novos l"rn·11 111s l' tipos de hclcz.as, e na orl a d ' ·ujo litornl os 11111r ·s pur 'l' •111 ·1 1111 11r .i glôria rutu ra d um dos maior ·s povos d11 '1' •1n1". •
" O Lc ion6ri o" d· 7-9- 1()11 . A (111e •ru dl'SSl' 111 ·111111· w l dl.~l'111 s11 l111 l'll111 111 st' di sponíve l 111 : h11p://www.plinim:or1· •11d •oli vc i1·11 .inl'o/ l is · ( 'rn1 p1 l\111·11 , •I ' 11111,
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Colômbja: negoôaç,ão ou capUulação?
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Concílio Vaticano li: revelações
O Concmo Vaticano ll e o comunismo Maleffcios da Teologia da Libertação
Brasil - feudo da Rainl1a do Céu, a Vjrgem Aparecida Santo Eduardo, Rei da Inglaterra A conqujsta de Jerusalém
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A carruagem realça a jmportânôa do homem, ao contrá1'io do veÍculo moderno
Nossa Capa: Estrofe do hino oficial de Nossa Senhora Aparecida.
Os cruzados no Santo Sepulcro
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Caro leitor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 311 6 Administração:
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Prol Editora Gráfica Lida. E-mail: catolicismo @terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Outubro de 2012:
Com um: Coope rado r: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar av ulso:
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Pareceu-nos oportu no conjugar nesta ed ição a praxe de apre e ntar no mês de outubro textos selecionados de Plinio Corrêa de Oliveira, fa lecido em outubro de 1995, com uma homenagem a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, cuj a aparição em 1717 também ocorreu no mês de outubro. Catolicismo escolheu textos que exaltam de um lado o fato de nossa Pátria contar com uma Rainha e Padroeira tão extraordinária, e de outro a missão do Brasi l e sua vocação providencial no concerto e na história das nações. De um manancial tão rico de temas cabe ressaltar alguns aspectos mais significativos. A entranhada devoção do povo brasileiro à sua Padroeira serviu por certo, em boa medida, de escudo contra a onda avassaladora neopagã e anti cristã que assolou e assola o Brasil e todas as naçõe , especialmente no decorrer dos séculos XX e XXI. Essa devoção se desenvolveu durante quase um século na veneranda Basíli ca primitiva de Nossa Senhora Aparecida que, inaugurada em 1888, representou um polo de religiosidade autêntica e mari ana para toda a Nação. Em 1972, por ocasião do sesquicentenário da Indep ncl Ancia do Brasil, Plínio Corrêa de Oliveira dirigiu à Senhora Apar cida uma magnífica prece reproduzida nesta edição, contendo um agrad cunento, um pedido ele perdão e uma súplica. Agradec imento por todos os favores co nced id o. a Bras il; compung ido pedido de perdão pelos pecados cometidos ao nos afastarmos da ideia de nação profundamente cristã para 'l qual tanto se empenharam Nobrega e Anchieta; e por fim, pedid d b'\nção. Bênção da Mãe dos brasileiros e Mãe virginal do Homem- us, que derramará uma caudal de graças e dons inimagináv L sobr' s ' US filhos contritos desta Terra de Santa Cruz! Associemo-nos a essa prece e confiemo na prol' .. d nossa Rainha e Mãe. Desejo a todos uma proveitosa leitura do t ma.
132,00 198,00 340,00 560,00 12,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA .
Em Jesus
Brasil-China: a economia é tudo?
O
pera-se atualme nte um a aprox im ação crescente do Brasi l com a C hin a, centrada tão-só e m vantagens econôm icas. E quando se fa la em vantagens econômicas, "cale-se tudo quanto a musa antiga canta", como di zia o Poeta. A economi a é o de us, em cujo altar devem ser sacrificados todos o utros valores, co rno a honra (palavra esq uecida), a moral, a re li gião, entre outros. A consideração de que a China está dominada pelo comunismo nem entra em cena. Ora, em todo momento se produzem na China fatos que mostram o que é o regime marxi sta. Vejamos dois exemplos.
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"Quase ao mesmo tempo, o j ornal britânico 'Daily Mail ' publicou fotos da preparação esportiva de crianças chinesas, perguntando se não constituíam de fato tortura os castigos físicos a que são submetidos meninos e meninas de 7 ou 8 anos de idade. As imagens são impressionantes. Em uma delas, uma garota de bruços, com os braços abertos, a cabeça levantada, chora de do1: Atrás, a instrutora segura uma espécie de palmatória. Em outra foto, um pé do treinador pisa forte a perna de uma menina deitada no eh.ão, o rosto contraído, a boca aberta. Se o governo chinês castiga assim seus atletas infantis, a pretexto de transformá-los em heróis olímpicos, o que não faz. com os dissidentes políticos?" ("O Gl obo", 8-8-12).
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* Nas recentes olimpíadas realizadas em Londres, a China obteve um grande número de medalhas de ouro e prata. A que preço? Vejamos .
"Duranle um ano, a BBC de Londres acompanhou apreparação das duas atle,tas Wu Minxia e fie Zi, que arrasaram no salto ornamental em trampolim e chegou à conclusão de que elas foram. subm.etidas a um regime de trabalho forçado, ou quase. Junto com. outros colegas, elas foram confinadas num ginásio, tendo livre apenas uma tarde de domingo por semana. Do centro de treinamento para os dormitórios, iam de ôn ibus e, no percurso, o mundo exterior era apenas vislumbrado pela janela.
Wu Minxia e He Zi, que triunfaram no salto ornamental em trampolim, durante os treinamentos foram submetidas a um regime de trabalho forc;ado, ou quase
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A mon struosa política de filho único leva a uma perseguição cruel contra as mães que não querem abo rtar.
"A foto de um feto de sete meses ensanguentado ao lado da mãe, Feng .lianmei, se espalhou de maneira virai na
internet chinesa e provocou uma onda de indignação contra os abusos da política de filho único. Feng e o marido, Deng Jiyuan, seio pais de uma menina de 5 anos e não tinham dinheiro si!fl.ciente para pagar a multa de 40 mil yuan.s· ( R$ 12,9 mil) por terem um segundo filho. "Em resposta, os responsáveis pelo controle de natalidade sequestraram Fen.g em sua casa no início de junho e a mantiveram. por três dias em um. hospital. Lá, ela recebeu uma injeção que induziu o trabalho de parto e matou seu bebê de 7 meses". Devido à grande repercu ssão do fato, o governo pediu desculpas e indenizou a mulher. "Apesar disso, casos semelhantes se repetem em toda a China. Os abortos forçados são a face mais escandalosa dos abusos cometidos em nome da política de jtlho único, mas os atos de violência incluem a detenção de familiares de mulheres que se recusam a interromper a. gravidez., extorsão, ag ressões, torturas e até assassinatos". ("O Estado de S. Paulo, 7 e 8-7- 12).
Mari a,
9~
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cato lici ~mo(f1l lnra, ·0111 ,hr
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Foi exatamente para prevenir contra a expansão dos erros do comunismo que Nossa Senhora fa lou em Fátima. E ntretanto, nas relações com a China só o aspecto econôm ico parece interessar ao governo brasileira. •
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lutamente atécnica, acient(fica, de questões da rnaior relevância, em. que eles demonstram não ter o mínimo conhecimento de dogmática penal e da estrutura do crirne". Esta ac ima é a resposta à prime ira perg unta, mas e le respo nde a 35 outras questões. Se desej ar ler a íntegra el a e ntrevi sta, pode rá e nco ntrá- la no site : http ://www.conjur. com.br/201 2set-02/entrevi sta- mi gue l-rea le-junio rcleca no-faculclacle-cl ire ito- us p (H.T.A.N. -
SP)
Recristianização do Brasil
Sem conserto Goste i muito cio estudo sobre o novo Código Penal que está sendo e laborado por urn a co mi ssão ele juristas (incompetentes) escolhida pe lo Se nado, para reform ar o atua l C P. Sem dúvida, isso an gusti a os brasil e iros que preza m o Pa ís . Li urn a e ntrev ista, publi cada no "Consul to r Jurídi co", cio Mi gue l Rea le Jr. (este, sim , um grande jurista que entende cio traçado) na qu a l e le di sse enormid ades cio novo projeto ele CP. Para co meçar, afirm a que a tal comissão ele jurista. "Não tem
nenhum. conhecimento técnico-científico ". Rea lme nte o proj eto está che io ele to li ces e ele erros primári os que não co meteri a qualquer bac hare l e m direito que tivesse boas inte nções. Di sse ainda que o tex to s ugerido "Não tem
conse rto. Os erros são de tamanha gravidade, de tarnanha profu ndidade, que não tem rnais como consertar". Nessa entrevi sta (co m o títul o, que j á di z tudo, "O projeto é urna obsceni dade, é gra víss im o") , o Prof. Rea le Juni or apostrofa: "É urna obscenida-
de, é gravíssimo. Erros da maior gravidade técnica e da maior gravidade com. relação à criação dos tipos penais, de proporcionalidade. E a maior gravidade de todas está na parte geral, porque é uma utilização abso-
-CATOLICISMO
Precisamos reag ir com mais fo rça e uni ão contra essas abs urdas le is contrári as à nossa Santa Ig rej a. A mão negra que está por trás cio plano ele um novo e tão ímpi o Código Penal é a cio própri o de môni o, qu e sonha des truir a obra cio C ri ador. De ntro dessa obra, o Brasil. Só com uma fo rte reje ição é que podere mos es perar a recri sti ani zação ele nosso País. (T.T. -
BA)
Vigilames Graças a Deus temos també m sentine las C RISTÃS que estão a vi g iar e de nunc iar todos estes atentados (contidos nesse novo Códi go Penal) contra a ética e a mora l c ri stã. Que o Senho r dê força, coragem e muita unção a todos. (R.M.C. -
MG)
Basta de am/Jigui<lades ~ Te nho ouvid o os candidatos à Prefe itura de São Paul o e e les não se defin e m co nt ra o abo rto . Nã o di ze m taxati vamente que aborto é um crime e que uma aborteira é uma crimin osa. Di zem coisas vagas, como: que são a fa vor da vicia, que ninguém é a favo r do aborto, mas há de se resolver o probl e ma cios abortos c la ndestinos. Será que para se reso lver o proble ma, permitir-se-á o aborto? P ortanto o crime? Vê-se que e les não se de fin em c laramente, fi ca m pl anando sobre o Lema,
porque Lê m medo ele perder votos . Mas depo is, aquele que for e le ito, fará o que qui ser a favor ele I is pró-abo rto. /\ ·ho que prec isamos a1-ru111 ·1r um 111 ' io ele fa zê- los clefinire m-s ago ra 1 ,11"'1 d po is po de rm os co brá- los . Bas ta lc ambi guidades ! (M.S.G. -
abri o jorna l ele minha cidade e vi a notíc ia que um recém-nascido, ainda com o co rd ão umbili cal , havi a sid o de ixado no me io de um pasto. Sou evangé lico, mas parabéns à Igrej a Católi ca, sempre defensora el a vicia e ela fa míli a.
SP)
(R.A. -
MG)
l!J1·ros do Islã
Pensame11to e ação
Fa vo r co mL111i car ao Padre Guy Pages que fi ca mos muito admirados com a coragem demonstrada com a entrev ista de le e que nossa fa míli a vai rezar por e le. Certamente, os muçulmanos têm pl anos ma ldito para executálo. É desse modo "a máve l" que e les estão habituados a encarar aqueles que dizem as verdades sobre a relig ião fa lsa de M ao mé, che ia ele contradi ções, como vimos na entrevi sta.
A rev ista Catolicismo está um pri mor. Toda ela apresenta uma unidade de pensamento e ação contra-revoluc io nári a do seu fundador Plínio Corrêa ele Oliveira. Meus parabéns ao Dr. Paulo Brito, atil aclo impul sionador cio excelente mensário.
(D.G.X. -
GO)
O bom ladrão Gostari a ele agradecer ime nsamente ao Mo11senhor Vill ac pe la resposta dada na rev ista Catolicismo de setembro à minha pergunta r fe rente a São Dimas. Fo i tota im nl es ·lar ccclora! (A.M. - RJ )
"Parto Anônimo" - Parabéns pe lo xc 1 ' Ili art igo sobre o , s urgimento das " Rodas dos expostos". Estou faz nd o 111 ·u T C (Trabalho de Conc lusão d ' 'u rso) sobre a in stituição cio " I arto /\11 ni rno no Brasil" e inc luire i ai L1111 us l'otos da roda. In fe li z me nte , r · 111 nus · id o s são abando nados qu as' qu • dinri amcnte no Brasil , e o r l' •rido prnj •to ·n ·ontrase arqui vado , po is ·0 11 sid ·ram que a in stitui ção do " I art o /\ 11 11i1110" vio lari a a lgun s dir ·it os tl 11 c ri1111~·1 1. Mas e o dire it o à vidu · 1 di 11 itl.itl ', maiores que qu a lqu •r o ut ro, rn 11 10 li ·am ?
(J.F. -
BA)
Formação católica ~ Ve nh o fe li c itá-l o pe lo mag nífi co aposto lado que desempenham atra vés desta vossa publi cação. Tive a graça de a conhecer através ele um sacerdote ami go que é ass in ante . Gostari a mui tíss imo ele a ass in ar, pe los interessa ntes recursos que se mpre traz para a minha form ação. Supli cando orações para que eu sej a um sacerdote sa nto, invoco Nossa Senho ra cio Rosário ele Fátima para que sempre g ui e os qu e se dedi cam a este aposto lado verdade ira me nte cató li co.
(R.A.A.F. -
Portugal)
A rte (/a co,nrersa É ele louvar o arti go sobre a arte ele conversar. Em poucas palavras que ro ex pressar o meu anseio em ver debates sobre as questões leva ntadas e esta re i ate nto para pode r de ixa r a minha minúscula opini ão no me io ele tantos pensadores contemporâneos. (G.R. -
Moçambique)
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(A.F. -
SP)
l!J'm <lcl(•sa ,111 füm íllu
M Emo ·ion •i
111 • 1 ·11do
o l ·xto a respe it o lo ah11 11do 110 d· l' riun ças. Hoje
'"l 'eólogos"... O arti go "Os amargos frutos ela Teo logia ela Libertação : esvaziamento ela Ig rej a Cató li ca no Brasil ", el e Luís Sérg io Solirneo, esclareceu ele modo muito fe li z a rea l situação sobre a que-
ela ci o núme ro ele fi e is cató licos. As fal ácias espalhadas pe la "Teo logia ela Libe rtação", e se us fal sos teó logos, ca usaram um estrago ímpar à Santa Igrej a ele C ri sto. As pessoas que bebe m o " ve neno" desses "teólogos" fi cam com urna noção compl etamente e rrô nea ela Re li g ião , po is co loca m, acima ele tudo, a questão social. Esse probl ema, a cada di a, vai se agravando à medida que os sacerdotes que e m tese seri am "do lado bo m", portanto contrári os à "Teo logia da Libertação", fa lam e fa la m e fi cam mudos em re lação ao cerne cio proble ma. Nós católi cos fi ca mos sem perspecti vas num fu turo próx imo para rec uperar as "ovelhas perdidas" para as " igrejas" qu e nasce m como mato pe la vas tidão cio Brasil. Só a Providê nc ia Divina para faze r cessar essa c ri se re li giosa. (L.A.O.-SE)
Novas Cruza<las ~ E m prime iro luga r quero agradecer a De us e depo is a vocês _por me ma nte re m in fo rm ado co m a rev ista Catolicismo , po is com e la se i tudo o que aco ntece no Mundo Católico. Em segundo lugar, com re lação à invasão cio [s la mi smo na Itá lia e outros países, a ígrej a Cató li ca prec isa difundir ma is sobre esse peri go. Se não se resolver por be m, já passo u da hora de rea lizar no vas C RUZADAS. É a nossa Re li gião Cató li ca que está em j ogo !
(A.D.P. -
SP)
,-
FRASES
SE LEC IO NADA S
((A diferença entre um
estadista e um cfema9090 é que este cfecicfe pensanáo nas próx:imas eleições, ernJ_uanto aquele decide pensanáo nas próx:imas 9erações" (Cvturcní.LL)
''Nunca se mente tanto quanto antes cfe uma eleição, durante uma 9uerra e depois cfe uma pescaria..." (otto vo111, "BÍ.SV\i\.Cl rc~)
((Não interessa
quem vota, mas quem conta os votos ... " (stci Lí.111,)
((A impunidiuíe é Sf.9Ura quanáo a cum-
plicidruíe é 9eraí" (Marquês ~e Marí.ctí)
Nota da Redação: Dev ido a um lapso ela revi são, no arti go ela edição de setembro desta revista Continuidade no combate ao aborto, ele Juan Gonzalo Larrain Campbell , ü p. 5 fi gura a f"ra se "l ernbremo-nos
assim de sua [de Plinio Corrêa de Oliveira] atuação na LEC (Liga Eleitoral Cató lica ), da qual foi um dos idealizadores" [.. .]. Conforme o texto negrito orig inal cio articulista, eleve-se ler: "foi o idealizador", fo rmulação que corresponde à verdade histórica.
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edi~ão.
OUTUBRO 2 0 1 2 -
Monsenhor JOSÉ LUI Z VILLAC
Pergunta - Nosso Senhor disse ao bom ladrão que naquele mesmo dia estaria com ele no Paraíso. Mas se Nosso Senhor passou três dias incompletos no sepulcro, depois ressuscitou e ficou ainda mais quarenta dias na Terra, para depois subir ao Céu - e foi Ele o primeiro a subir ao Céu em corpo - como poderia o bom ladrão estar naquele mesmo dia no Paraíso? E as santas almas que foram libertadas do limbo, onde ficaram durante os quarenta dias em que Nosso Senhor ficou na Terra? Resposta -A inte ligente pe rgunta da mi ssivi sta já fo i respondida por Santo Tomás ele Aquino e m cinco artigos ela questão 52 ela Parte m ela Suma Teológica. Procurare mos resumir aresposta cio Doutor Angélico, rica ele preciosos ensina me ntos, para uso ela consu le nte e demais leitores ele Catolicismo. Jesus c,,isto desceu ao limbo com sua alma e divindade N a profis ·ão ele fé conhec ida como Símbolo cios Apóstolos, que rezamos habitualme nte no início cio Terço, di zemos que Jesus Cristo "desceu aos infernos, ao terceiro dia ressuscitou dos mortos " (na nova versão e m portug uês, a palavra ú1/ ernos é substituída por rnansão dos rnortos). A palavra il1/ernos s ig nifica luga res i,7:feriores e abrange qu atro categorias ele almas em estados muito diferentes: l ) o inferno dos condenados, as almas cio ré probos que, total me nte e para se mpre separadas de Deus , sofrem po r sua irredutíve l obstinação no pecado mortal; 2) o limbo das crianças que morreram sem bati s mo, separadas ele De u · só pelo pecado o ri gin a l (sobre a s itu ação fina l destas almas ainda di scute m os teó logos); 3) o purgatório, para as a lmas que morrera m em estado ele graça e se sa lvaram, mas ainda tê m que pagar o dé bito ele seus pecados pessoa is; 4) o limbo dos justos cio Anti go Testamento, isto é, a almas já purificadas cios seus pecados pessoais, mas que continuava m separadas de De us pe lo dé bito cio pecado original. Foi só a este limbo que desceu Jesus, para anunc iar a esses justos que seu débito estava fin alme nte pago por sua mo rte na C ru z. Como desceu Jes us ao limbo cios justos? - Estando seu Corpo sacratíssimo no sepulcro, desceu ape nas com sua a lma e clivinclacle. A este respeito, escreve Santo Tomás: "Na mor-
te de Cristo, embora a alma estivesse separada do co,po, nem este nem aquela estavam separados da pessoa do Filho de Deus. Por isso, durante o tríduo da morte de Cristo, devese dizer que Cristo esteve todo inteiro no sepulcro; pois a sua pessoa aí esteve toda, mediante o corpo que lhe estava unido. E semelhantemente esteve todo no i11/erno [limbo], porque nele esteve toda a pessoa de Cristo, em razão de sua abna que lhe está unida. E também Cristo estava então todo em toda parte, em razão da natureza divina " (Suma Teológica, q. 52, a. TJI, so lu ção).
-CATOLICISMO
Jesus Cristo
E m seguida, Santo Tomás responde às diversa.- objeÇes, e m parti c ul ar a esta: "Algo de Cristo estava fora do i,7:fern.o llimbo"J, porque o corpo esta va no sepulcro e a divindade em. toda parte. Logo, Cristo não esteve todo no ü1ferno [limbo] ". Re plica Santo To más: "A pessoa de Cristo está toda em qual-
desce ao limbo - Fra Angélico
(1395-1455). Museu de São Marcos, Floren~a, ltólia.
quer lugw; porém não totalmente, por não ser circunscrita por nenhum fuga ,: Mas nem todos os luga res tomados simultaneamente podem compreender-Lhe a imensidade; ao contrário, é a sua imensidade que os abrange a todos. [. .. ] De onde dizer Santo Agostinho: 'Não aftrmamos que Cristo está todo nos diversos tempos e luga res, de m.aneira que esteja todo nurn Luga r, e todo em. outro, noutro 1.empo; mas está sempre todo em toda parte'" ( ibide m , resposta à te rceira
Mas fica um a pe rg unta : e depoi s da ressurreição de Cristo, onde fi ca ra m os justos do limbo e o " bom ladrão"? N ão se sabe ! Comenta Fre i Alb e rto Colun ga O .P., que fez a versão e as introduções ela ed ição es panhola desta parte ela Surn a Teo lóg ica ela qual es ta mos reproduzindo a lguns trechos: "Jesus Cristo,
objeção). Por isso, esta va todo no sepulc ro (com seu corpo e divindade) e todo no limbo (com sua alma e divindade) , conforme exp licado.
Sobre o tempo que ,Jesus pen11a11ece11 110 limbo Di z Santo Tomás: "Assim como Cristo, para tomar sobre si as nossas penas, quis que seu corpo fosse depositado no sepulcro, assim tam.bém quis que sua alma descesse ao inferno [limbo]. Ora, o seu corpo permaneceu no sepulcro por um dia inteiro e duas noites, para comprovar a realidade de sua morte. Por isso também deve-se crer que sua alma se demorou no i11ferno [limbo] um. tempo igual, de modo a saírern simultaneamente - a alma do inferno [limbo], e o cotpo do sepulcro" (Suma Teológica, q . 52, a. IV, olução). Ao introdu zir essa questão, Santo Tomá. a presentara três obj eções, elas qu a is cabe destaca r a terce ira, que tem relação com a perg unta ela mi ss ivi sta : "O Evangelho refere que Cris-
to, pendente da Cruz, disse ao ladrão: 'Hoje estarás com igo no Paraíso' - e isso mostra que no mesmo dia risto esteve no Paraíso. Ora, não pelo cotpo, que estava depositado no sepulcro. Logo pela alm.a, que descera ao ir;[l•nw I_JimboJ. E, portanto, parece que nenhum ternpo se de111orou no inferno [limboj ". Santo To más res po nde a essa objeçã : "F;,1·so.1· palavras do Sen hor devem entender-se, não do paraf.w terrestre material, mas do paraíso espiritual, onde dize111os que estão todos os que gozam da glória divina. Por isso, o ladrão desceu com Cristo ao i,7:ferno l)imbo !, co,!/om, , lhe ti11!ta sido dito - 'hoj e estarás comigo no Paraíso'. Mo s, por prêmio, estc,.ndo ali, gozava da divindade d risto, CO l/1 0 os outros Santos" (Suma Teológ ica, q. 52, a. IV, acl . . Noss éu será, como o ele todas as a lmas que se sa lvarem, g< zar da presença e te rna ele De us !
E' os justos <lo limbo, quando entraram 110 Paraíso? "A Paixão de Cristo liberou o gênero /111111 a 11 0, não só do pecado, mas também do reato la peno I isto , a onclição de
ré u (reato) impli ca numa pe na de vida ao pecado, ela qual a Paixão ele Cristo nos libe rou]. Ora, de dois modos os ho-
mens estavam adstritos ao reato da pena: pelo pecado atual, que todos pessoalmente cometeram, e pelo pecado de toda a natureza humana, que se transmitiu originalmente dos primeiros Pais a todos, como di z o Apóstolo aos Romanos (5, 12 ss.). E desse pecado, a pena é a morte corporal e a exclusão da vida da glória [. .. ]. Por isso Cristo, descendo aos it1fernos [limbo], em virtude de sua Paixão, li vrou os santos Patriarcas desse reato pelo qual estavam exclu ídos da vida da glória, de modo a não poderem ver a Deus em sua essência, no que consiste a pe,:feita beatil.ude" (Suma Teológica, q. 52, a. V, solução). E m que mo me nto isso se de u? Na resposta à terceira obj eção, Santo To más explica: "Logo que Cristo morreu, sua alma desceu ao ú~ferno [limbo] e fe z aproveitar o fruto de
sua Paixão aos santos detidos nesse luga,: Embora daí não saíssem enquanto Cristo se conservava no meio deles: pois a presença mesma de Cristo constituía-lhes o cúmulo da glória" (Suma Teológ ica, q. 52, a. V, ad 3).
a Virg em Maria, e os outros santos, depois da ressurreiçc7o, le vdm o Céu consigo ,nesmos, e é muito acidental para eles este ou outro lugat'. Mas, e11/im, parece que eles devem ocupar algum. Qual seja, a teolog ia conf essa hoj e igno rá- lo". E acrescenta um pouco adiante: "Em virtude da própria ,norte do Redentor; as almas dos mortos que estavam unidas a Ele pela esperança e caridade, e purificadas de suas impei:feições, receberam o fi·uto pleno da Redençc7o, isto é, a glória divina, o paraíso prometido ao ladrão. Onde quer que estivessem, viviam já em Deus, que era seu Céu" (Suma Teológica de Santo Tomas de Aquino, Tratado da Vida de Cristo, BAC , Madrid , 1960, tomo XII, p. 545).
E
o próprio Cristo, 011cle esteve?
Frei Alberto Colunga conclui : "Depois da ressurreição, o Senhor continuou comunicando-se com os discípulos até o dia de sua Ascensüo. Onde fi cava no 1.empo ern que estava ausente dos discípulos? Sempre em Deus, que o beatifica va na alma e no corpo. Em que outro lugar? Também o ignoramos. E as almas dos justos, plenamente bem-aventurados, viviam em algum outro lugar além do que tinham em Deus ? Não podemos concebê-las separadas de Jesus Cristo, seu Redentor; porém, fora disto, nada podemos dizer" (op . cit. p. 546). • E-mail para o autor: catolicismo@ terra.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE Infiltração das FARC no Judiciário colombiano
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lini o Apul e y o M e nd oza, coluni sta ci o di á ri o "E I Tiempo", ele Bogotá, denunciou o avanço sorrate iro elas
FARC: "Os governos combatem, às vezes com duros golpes, as ações armadas das Farc e do ELN, mas não as suas eficientes e dissimuladas ações do carnpo político e judicial. Mediante a doutrinação precoce de f uturos .fiscais e juízes, manej o de f alsas testemunhas e de .fiéis organizações de advogados, conseguiram. produzir doze mil baixas no Exército; mas não por ação arrn.ada, senão por ação judicial. Essa, sün, seria a grande vitória das Fa rc". A se-
me lhança co m o avanço elas esquerdas na América cio Sul di spensa co mentári os. •
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or manifes tar simpati a pelo casamento tradic ional, Da n Cathy, pres ide nte da cadeia Chick~fil-A ele fas t-food, atraiu a fúri a do movimento ho mossexual. Este desencadeou contra sua empresa uma campanha de intolerâ nc ia, qualificando-a de ''.frango do ódio". M as o tiro sa iu pe la cul atra. Incontáve is americanos se solidari zaram com Cath y, e em apo io ao casamento tradicional fora m comer os sanduíches produzidos pelo Chick-fil-A. No dia l º ele agosto as ve ndas superaram os 200%, tendo o frango se esgotado em al guns pontos de vencia. O fim dos estoques não era motivo de contestação, mas ovac ionado pelo público como uma vitóri a. Di ante desse ex traordin ário sucesso da " maioria silenc iosa", os fa náticos apoiadores do "casamento" ho mossex ual quere m ago ra restring ir a liberdade de expressão com projetos ve lhacos contra a " homofobi a". •
Rússia reativa bases militares soviéticas antigas
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Marinh a de guerra ru ssa está reabrindo anti gas bases navais soviéti cas em C uba, Vi etnã e Ilhas Seychell es, confirmou seu comandante, o vice-almirante Victor C hirko v (foto ). Para o di ári o "Pravcla", "é óbvio que a Rússia não
vai simplesmente f azer urn 'descanso' para seus marinheiros na área". Putinprometeu mais 1.600 aeronaves à Força Aérea até 2020. Ta l " expansioni smo" é pago pela Europa em troca ele petró leo e gás russo. O pl ano atribuído a Lenine, segundo o qual o Oc idente daria à Rú ss ia a corda com a qua l ela o estrangularia, to ma cada di a mais consistência. •
Povo mais armado - menos crimes com armas de fogo Desmentida 11 profecia" de esgotamento da Terra
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ão só o petró leo não acabou co rno as reservas conhec idas aumentam ele modo impress ionante . O pesqui sador Leonardo Maugeri , alto executivo da ENT, a maior petro lífera itali ana, mostra que nos próx imos o ito anos "a ca-
pacidade de f ornecimento de petróleo poderá até superar o consum.o ". Novas j az idas, como as de gás da rocha xisto nos EUA e das are ias betuminosas do Canadá, fa rão cio Ocidente o novo "centro de gravidade" ela ex pl oração ele petróleo global, diminuindo a dependênc ia ao Orie nte M édi o. As " profecias" ambienta li stas fa lharam também sobre o hoje desmentido esgotamento elas fontes de energ ia. •
CATOLICISMO
Consumo de maconha diminui coeficiente intelectual
Casamento tradicional e o teste do 11sanduíche de frango"
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posse de armas, inc lusive militare., é genera li zada na Suíça, o nde os crimes co m arma de fogo s'io raros. O pa ís te m seis milhões ele habitantes e há pe lo menos dois milhões ele a rm as el e fogo privadas, inc luind o ·erca de 600.000 fu zis auto máti cos e 500.000 pi sto las. AI m das armas fo rnec id as pe lo governo, quase não há r strição à sua compra e venda po r particul ares. A Suíça soub preserva r sua grande unidade, fa mili ar, soc ia l e hi st6 ri co-cultu ral, e ne la os jovens são educados desde a ma is 1 ' nra idade na ide ia ele que as armas fora m fe itas so me nte para a defesa da pátri a. Séculos ele c ivili zação cri stã modelaram n ste sentido a alma dos he lvéti cos. O pro ble ma d crimin alidade não é, pois, das arm as, mas das almas. •
umar regularmente maconha na adolescência provoca queda das capacidades intelectu ais, revelou uma pesqui sa que aco mpanhou mil neozelandeses durante 25 anos . Co mparando o coefici ente intelectual (QI) cios ini c iados na maco nha aos 13 anos, e dos mes mos aos 38 anos de idade, o estudo verifi co u um a queda de o ito po ntos entre os consumidores e m relação aos nãoconsumiclores. Os consumidores também so fri am debilitação de me móri a, fa lta de concentração e lentidão ele espírito. Os danos causados pe lo vício ela maco nha eram conhecidos, mas este estudo ele longo prazo co nstatou ele modo inapeláve l a gra vidade ele seus desastrosos efeitos. •
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Abortos na China comunista: brutalidade antinatural
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jo vem operária Pan C hunyan fo i presa pe lo "crime" de estar grávida havi a o ito meses ele seu terceiro filho. Levada a um hospital, e la foi fo rçada a imprimir seu polegar num documento di zendo que concordava em aborta r a cri ança. Uma enfe rmeira inj eto u-lhe uma droga e o bebê nasce u-morto "corno corpo preto e azulado", contou Pan. O caso desencadeou uma revolta entre espec ia li stas, silenc iosos até o momento. Wu Li angj ie, marido ele Pan, di sse que o casal pago u os 8.700 dó lares ex igidos pelo chefe ela pl anificação famili ar, mas que este, após receber o dinhe iro, ordeno u o aborto criminoso. Tragédias aná logas se repete m em toda a C hina e podem tornar-se fe nô me no mundi al se vin gare m os pl anos ambie ntali tas ele redu zir a população pl anetüri a. •
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Católicos l'iéis rejeitam bispo excomungado na China governo comunista chinês está perseguindo sete sacerdotes católicos que não assistiram à sagração ilícita do Pe. Joseph Yue Fusheng (foto) na cidade de Harbin . Eles foram afastados de suas paróquias a fim de "se arrependerem de sua má conduta". Os fiéis, porém, deixaram de frequentar a Missa do bispo excomungado. Segundo D. José Wei Jingyi, bispo de Qiqihar, sagrado de modo legítimo, mas não reconhecido pelo governo, onde há bispos excomungados as comunidades católicas "clandestinas" fiéis a Roma têm aumento explosivo de membros e o mesmo acontecerá em Harbin. Os católicos da
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cidade temem represálias e perseguições por parte do governo socialista e do clero alinhado a ele.
Partido bolchevista ucraniano anuncia estátuas a Stalin
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atual governo ele Kiev (Ucrâni a) está fa vorecendo a reabsorção do país pe la Rúss ia ele Putin e estimula ndo os redu zidos saudosistas cio regime sta lini sta que exterminou milhões ele ucrani anos num cios ma iores genoc ídi os d a Hi stó ri a . A fo nte desse apoio é o Partido Comuni sta ele todos os Bolchevi stas ela Uni ão, que perpetu a o ve lho
Partido Comunista da União Soviética . E le anun c io u a ereção ele mais quatro estátuas ele Josef Stalin , responsável pe la morte de milhões de ucranianos . Essas inic iativas são altamente polêmi cas na Ucrâni a e aco ntece m em me io a um vasto re púdi o popular. •
Padre indiano vítima de cristianofobia na Índia polícia de Puttur, estado de Mangalore (Índia), prendeu um sacerdote católico de rito sírio-malankar, em comunhão com a Santa Sé, pelo fato de hastear a bandeira nacional na casa do bispo de Parladka no dia da independência nacional. O "crime" do Pe. Vincent foi içar a bandeira num mastro em cujo topo havia uma cruz. A polícia reconheceu que não havia base legal para prendê-lo, mas o deteve para satisfazer os protestos de fanáticos cristianofóbicos . Posteriormente ele foi liberado. A verdadeira razão da odienta medida constitui o progresso do catolicismo no país, o que enfurece os pagãos indianos.
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OUTUBRO 2012
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INTERNACIONAL
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As "conversações exploratórias" de paz: Desmobilização da Narcoguerrilha ·ou da Colômbia? E nquanto heroicos rnilitares são encarcerados, o atual governo colon1biano, encenando o papel de Kercnsky, abre as portas para
sanguinários terroristas H ÉLIO D IAS VIANA
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s recém-anunc iadas "conversações exploratórias" govern amentais co m a narcoguerrilha - inauguradas ofi c ialmente no dia 4 de setembro de 201 2 com inaudita cobertura publicitári a - vêm se revelando uma ofensiva
psicológica de desmobilização da opinião pública colombiana para fazê-l a ace itfü reivindicações da narcoguerrilha nas qu ais es tão previ stas, entre outras coi sas , a Reform a Agrári a e a in serção dos chefes guerrilheiros na vida políti ca do País. Ou sej a, enqu anto os colombianos injusta e covardemente ag redidos desej am com toda razão a tão almejada paz, os guerrilheiros se servem das conversações em torno da mesma para o bte re m concessões e vantagens qu e os levem à conqui sta do Poder que as armas não lhes deram. Facilitando-lhes esse j ogo - e contrariando a tran sparência que deve ex istir numa nação de mocrática com 45 milhões de habitantes - o governo da Colô mbia promoveu e m Cuba 30 reuniões secretas com os líderes das Farc, que não possuem sequer IO mil ho mens ! A pergunta que fica é: já não estará tudo combin ado e negociado, e o que aco ntecer a partir de Os lo, onde se produzirão as conversações anunciadas, não será apenas um show "para inglês ver"? Para nos darmos conta do cenário e m que as referidas conversações se movem e de alguns de seus atores, temos prime iramente C uba, com seus doi s sucess ivos sini stros di tadores que tentara m inúmeras vezes impla ntar o comuni smo na Co lômbi a; e de pois a Venezuela, com o co nhecido apo io de Hu go C hávez à narcoguerrilh a e as ameaças inclusive bélicas - fe itas por e le ao governo colombi ano por ocas ião da morte do guerrilhe iro Raúl Reyes. Por sua vez, na Noruega - país que se ofereceu como
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C ATOLICISMO
mediador e financiador das conversações-, perfil a-se como possível participante das conversações o ex- vice-chanceler Jan Egeland , atu al diretor para a E uro pa do Human. Rights Watch, organi zação reconhec idamente de esquerda. E le vi veu durante muitos anos na Co lô mbi a e atuou como delegado da ONU nas desastrosas negociações de paz de E I Caguán, um ' santuári o' de 42. 000 km 2, destinado pe lo govern o de Andrés Pastran a à guerrilha, no qu al o Exército estava proi bido de entrar. Esse ambi ente filoco muni sta em torno das conversações de paz também est,1 presente internamente na Colômbi a. Após 14 anos de ausênc ia, membros do Partido Comuni sta estiveram no Palácio de Narifí o, sede do governo, para oferecer su a colaboração ao presidente Santos. Idênti ca co laboração lhe foi oferec id a por Gustavo Petro, ex-terrori sta e atu a l prefeito de Bogotá, entu siasta da ini c iati va pres idenc ial e que por experi ência própri a sabe quão ma iores são as vantage ns auferidas pe la guerrilha com a política do que com as armas.
Vm "I<e1·e11slcy colombiano"? Embora o pres idente Santos tenha colocado na comi ssão designada para as negoci ações algun s co laboradores de mati z não esquerdi sta -1 inclusive do is genera is da reserva - , tal fato não lhe tira sua extrema gravidade, e ele a lgum modo até con-
lítico
por la Segunda y Defi
1 dependen
2 l 23 ele abril de 2 ,
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No circulo, a ex-senac'.lora cassada Pledad Córdoba, dirigente da "1"arclfo Patriótica" (uma espécie de M5T colombiano) e .-aulto chegada aos guerrilheiros das Farc.
tribui para tranquilizar a opinião públi ca. M as esta não está tranquila, por exemplo, com as atividades ela ex-senadora cassada Piedad Córdoba, dirigente do movimento políti co "Marcha Patriótica" - uma espécie ele MST co lombiano - por seus estre itos nexos com as Farc. E la recentemente inc itou os índios do Cauca a se in urgirem contra o governo. E mbora não fi gure como parti cipante das negociações, já se anunciou que Piedad terá papel relevante no resultado das mesmas . Também notóri o é o papel a ser desempenh ado pe lo exsindicali sta Lui s Eduardo Garzón, ex-prefe ito de Bogotá (2004-2007) pelo partido de esquerda Polo De mocráti co, ao qual pe rtenc ia também o atu al prefeito. Lucho Garzón, co mo é conhec ido, j á participou e m anteri ores co nversações ele paz co m as guerrilhas em M ain z, na Alemanha, no ano de 1997. Essas conversações foram cercadas ci o maior sig il o e contara m com o apo io das Confe rênc ias E pi scopa is da Alemanh a e da Colômbi a. Lucho fo i agora no meado Mini stro Ex traordinári o da M obili zação e Di álogos Soc iais. E m entrevi sta concedida à jorn ali sta M ari a Isabe l Rueda ("EI Tiempo", 39-12), ele reconhece não mais ex istir oxigêni o para a luta armada e que atu almente a pa lavra é mais importante do que as armas. F ica-se com a fo rte impressão de que, se as atua is co nversações obtivere m o que fo i anun c iado, de po is de las a Co lô mbi a não mais será a mes ma. E se o pres idente Sa ntos não pude r reali za r todas as reform as de índo le soc iali sta ex ig idas pe la narcoguerrilha, ele estará e m tod o caso preparando o caminho para que um próx imo governo as faça . Um governo co m ex-guerrilhe iros ocupa ndo ca rgos po líti cos di versos e faze ndo através ela legislação o que não consegui ram até aqui por me io das armas. Se esse processo c hegar ao seu termo, Juan M anuel Santos ten1 reali zado na Co lô mbia
pape l idênti co ao desempenh ado na Rú ss ia pré-comuni sta por Alexander Kerensky, que preparo u o advento ele Lenine. E ao invés cio não confessado, mas certamente cobiçado anse io de " Prê mi o Nobe l ela Paz", poderá passa r para a Hi stóri a como o "Kerensky co lo mbiano" .
Heroicos militares 11resos, terroristas livres E nquanto isso, a opini ão públi ca acompanha perplexa e apree nsiva os aco ntec im entos. Ela vê ·ele um lácio as Farc apoi adas por C uba e pe la Venezue la - serem tratadas como amigas, e ele outro lado inúmeros mili ta res sendo condenados a a ltas pe nas ele pri são, muitas vezes com base e m testemunhas fa lsas . Seg undo informa a j á c itada j orn ali sta Mari a Isabel Ruecl a no arti go "O rdem na casa" ("E I T iempo'.', 2-912), "cerca de 17.000 militares colombianos estão atualmente condenados ou detidos". Sim , dezessete mil! Ou seja, o número ele mili ta res nessa situ ação é o dobro do contin ge nte de guerrilhe iros das Farc, estimados em 8.500! A mais rece nte condenação, a 25 anos de pri são, fo i a do genera l Rito Alej o de i Río. Embora o própri o juiz tenha reco nhec ido q ue ele não comete u ne nhum crime, co ndenou-o sob a alegação de não te r proteg ido um ca mponês morto por para milita res na ime nsa área sob a sua juri sd ição . C umpre le mbrar que Dei Río, preso há ma is ele qu atro anos, fo i destituído de se u ca rgo pe lo ex-pres idente Andrés Pastran a por exigência elas Farc, que pedi ra m a sua cabeça como co ndi ção para as conversações de paz de E I Caguán ! Apesar de preso, o ge nera l continu a a incutir medo aos guerrilhe iros . 'Timoc he nko', líder máx imo el as Farc, o ataco u durante o di scurso que pronunc iou no dia 4 de setemb ro em Havana, po uco depo is de o pres idente Santos te r anunc iado o iníc io das negoc iações .
FEVEREIRO 2012 -
a nda m pe las ruas apo iados numa be nga la o u na compa nhia d e outre m, o u que estão no Hospita l Milita r. Eles foram ating idos po r min as elas Farc e fi ca ra m cegos. Apesar ele sua e no rme desgraça, ca minham a leg res e dec ididos, po is e mbo ra te nham pe rdido a vi são fís ica, mantive ram incólume o moral e a cl a reza m e nta l qu e pa rece m faltar a se us g ove rnantes . Os 11<1 ta mbé m inúme ros qu e pe rd e ram a(s ) pe rna(s) o u o(s) braço(s), mas que ig ua lme nte não pe rde ram o rum o ne m a co nfiança e m De us. Uns e o utros - seu número osc il a anualme nte ele 800 a I 200! - estão conve nc idos ele que do Cé u reza m po r eles os que to mbaram na luta co ntra os sequa zes ele Karl Marx e de Fide l Castro.
1'eologia ela Li/Jertação - o vergonhoso papel da esquerda "católica "
Um he ró i nac io na l e m anál oga s itu ação é o famoso corone l Pl azas (foto ao lado). Ele ·e cele bri zou qu ando e m 9 d e no ve mbro de 1985 e ntrou co m seus ta nques no Pal ác io ele Justiça ocupado po r te rro ri stas que desejava m pôr a Co lô mbi a de joe lhos. Co mo não o conseguiram , atearam fo go ao Pal ,'íc io. E nqu a nto re manescentes o u seg uidores desses inimi gos ela N ação oc upa m hoje prestig iosos cargos públicos, ocorone l fo i conde nado a 20 a nos ele pri são, ac usado de usar fo rça excess iva e ser respo nsáve l pe lo desapa rec ime nto de a lg umas pessoas du ra nte a o pe ração. Tudo com base e m um a teste munha que se provo u te r s ido fal sa ! O ho me m que foi o cérebro ela le ndári a "Ope rac ió n Jaque" (xeque-mate) - a qua l, sem di spa rar um só tiro, libe rto u lng ricl Bitte ncourt, três no rte-a me ri canos e 1 1 soJclaclos colo mbi a nos - pode ser hoje vi sto no páti o d a pri são militar o nde está confin ado. Com seu nome desconhec ido cio gran de públi co po r razões de segurança, e le está hoj e tran sformado e m " maj o r-pade iro", ve nde ndo seus pães ... Não espanta ri a se porve ntura a cau sa de sua conde nação tive r s ido a ele "enga na r a ' boa fé' cios g ue rrilhe iros", fa zendo-os e mba rca r e m avi ão do Exérc ito supo ndo tratar-se de uma ae ronave da C ru z Ve rme lh a ... M as é ass im que trata os seus he ró is uma administração
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C ATOLICISMO
tão so líc ita e m negociar com te rro ri stas assass inos, os quais, através de
apoios internacionai s os mai s insuspeitados, estão prestes a fazer embarcar na sua imensa Aeronave Vermelha com a inscrição "Conversações de Paz", o atual governo e todo o povo colombiano! M a is esca nd a loso, po r fim , é o caso cio gc n ra l Ja ime Uscátegui. Encontra-se preso há 13 a nos, te ndo s ido conde nado a uma pe na ele 40 a nos por um c rime cometido po r paramilitares e m uma área q u ne m seque r e ra ele sua jurisdi ção !
E nqua nto nas re lações. do gove rn o com a narcogue rrilh a re ina m a confi a nça e o desej o de acordo, a ponto de a mbos · dec larare m que não se levanta rão da mesa ele negoc iações e nquanto a paz não tive r s ido selada (sati sfa zendo a g ue rri lha, e ntre o utras coisas, co m uma Re form a Agrá ri a socia li sta e co m preciosos privil ég ios po líticos, co mo j á assina lamos), e m re lação aos militares ronda m a suspicác ia, a ani madve rsão e a prisão ! Ante ta l s ituação, la me nta mos ve r a Confe rê nc ia Epi scopa l mai s uma vez sair à fre nte ... pa râ apo iar a te merári a iniciativa pres ide nc ial ele negoci ação co m a na rcog ue rrilha. No que é supe rada so me nte po r al g un s sace rdotes jesuítas, e ntre os qua is se destaca o padre Javie r Giraldo Moreno. H á 40 an os à fre nte cio Ce ntro de Investi gação e Edu cação Popular - CINEP, um think tank da "Teologia d a Libe rtação", padre Gira ldo não oculta sua simpati a pe lo reg ime comuni sta cubano e é um dos principais inimigos dos milita res. Vej a mos a seg uinte notíc ia, publicada e m 15 de agos to d e 201 2 :
"O padre Giraltlo celebrou os 86 anos de Fidel Castro - O padre j esuíta ]avier Giraldo juntou~se a vários colombianos para celebrar o aniversário número 86 de Fidel Castro no auditório da Associação Distrital de Educadores de Bogotá (ADE). O def ensor dos Direitos Humanos celebrou uma eucaristia ambientada com a bandeira de Cuba e imagens do líde,: Assistiram funcionários da Prefeitura e diplomatas da embaixada de Cuba na Colômbia". (http://www.kieny ke.com/confidencias/ el-padre-gira ldo-cele bro-los-86-anos-cle-fid e l-caslTO/)
Crianças em cativeiro, jo,rcns cegos ou mutilados Um cio. as pecto. ela a tua l rea lidade co lo mbi a na que não pod e ser esquec ido é o re la ti vo à s itu ação cios reféns que j aze m no fund o las se lvas e m condi ções infe ri ores à cios ma is clesclitaclos escravos. E, e ntre e les, c umpre lembrar as infe li zes c ri a nça d a mbos os sexos que foram sequestradas para e ng rossar as d iminuídas fil e iras cios mesmos te rrori s tas que se e ncontra m ago ra nas mesas ele negoci ações. Contra ste fato c la moroso, o qua l po r s i só deveri a ser motivo ma is cio que sufic ie nte para suspe nde r toda e qua lque r conve rsação, ning ué m protesta ! Outro te rríve l as pecto é o lo ngo cortej o de jove ns que
E sse incontido admirado r, não ci o gra nde Santo Inác io ele Loyo la, mas de Fide l Castro, o é també m cio ex-guerri lhe iro padre Camilo To rres, de c uja obra se di z co ntinu ador. N o tocante à supe ri o ridad e ela luta ideo lógica sobre a bé li ca, e le pe nsa, a li ás, cio mes mo modo que daque les que quere m trazer para essa a re na os hoje e nf raqu ec idos líde res g uerri lhe iros. So b o título "O polêmico Padre }avier Giraldo", e le é assim descrito no s ite cio ClNE P, li gado aos jesuítas: "Desde aquele encontro distante [co m o padre Ca milo To rres], o padre Giraldo soube que sua vida estaria dedicada
a defender os oprimidos. Como todos os colombianos da
época, viveu a incerteza de não saber o que ha via acontecido ao desaparecer Torres da cena pública, em dezembro de 1965, até quando se soube em janeiro do ano seguinte, que havia ingressado no ELN [Exé rc ito ele Libertação Naci ona ll Em 16 de .fevereiro desse ano morreu ern. seu primeiro combate. }a vier entendeu desde então que continuaria sua obra, mas por um cam.in.ho di,f'eren.te do das armas. Seguiria os passos dos padres de Golconda, de rn.onsenhor Valencia Cano e de tantos outros com.prometidos con-1. a Teolog ia da Libertação". (http ://c i ne p. o rg.co/i nde x. php ?o pti o n=co m_ conte n t& v ie w =a rtic le & id = l 92%3 Ae l- pol e mi co- p a clre-j a vi e rg i r a Id o & c a ti d = 8 5 % 3 A e 1- c i n e p p p p - e n - 1o s meclios&Ite mid=60&1ang=es). Qu anto ao a lca nce dessa vi a ele pac ifi cação, c umpre recordar aqui o que o pe ti sta José Dirceu certa vez escreveu co mo te ndo o uvido de Ficle l Castro : o ditado r di sse que teri a evitado muitos e rros, se no iníc io da revo lução c uba na tivesse conhec ido a "Teologia ela Libe rtação". N o mo me nto e m que a Rúss ia fa la e m re in sta lar bases militares e m C uba e o câncer bo livari ano de ita metástases no Co ntinente, a Co lô mbia está numa e ncru zilhada: ou continua fi e l às suas tradi ções cató li cas e enfre nta a narcogue rrilha, ou se de ixa ma nipul ar po r sinistros complôs orquestrados sob o bafejo ele C uba, da Ve nezue la e ela "Teologia da Libertação" para e mpurrá- la à s ituação e m que hoje geme m os pa íses dominados pe la tira nia comuni sta. • E- mail para o autor: ca tolic ismo
tern .corn.br
FEVEREIRO 2012 -
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DESTA UE
1 as preoc upações do Kre mlin qu anto à atitude do futuro Conc íli o em re lação ao co muni smo, Mons. Johannes Willebra nds, sec retári o do recém-cri ado Secretariado para a União dos Crislcios, fe z uma viage m secreta a M oscou, de 27 de sete mbro a 2 de outubro de 1962. O ito di as mais tarde o Santo Sín odo ru sso aceito u o convite de envi ar observadores ao Vati cano 11. Nos anexos de seu li vro, Jean M adiran fo rn ece importantes doc ume nto. , e m parti cul ar uma ca rta que recebeu de Mons. Georges Roche, que foi sec retári o do cardeal Ti sserant durante 33 anos , na 1ual afirm a: "Eu posso gara111ir r...l que
O enigmático silêncio do Vaticano II sobre o Comunismo "O êxiLo dos êxiLos alcançado pelo comunis1no pós-staliniano sorridente foi o silêncio enign1áLico, dcsconccrlante, espantoso e apocaliptica1nente tréigico do Concílio Vaticano Il a t'espeiLo do cornunismo"
a deciscio de con vidar os observado res ortodoxos russos ao Concílio Vaticano !/ fo i tomada pessoalmenle por Sua San 1idade n Papa Jnãn XXII/ con·1os encoraj amen1os evidentes do cardeal Montini, que fo i o conselheiro do patriarca de Veneza lo cardea l Roncalli , futuro .João XXII[] no período em que ele mesmo era arcebispo de Milão ".
O Cnncílio Vaticano li - Uma história mmca escl'ila
·" JOSÉ A NTON IO U RETA
O
cinquenten ário da abertura do Concílio Vaticano II te m sido ocas ião para a publicação de diversos estudos hi stóricos sobre aquele grande evento eclesial, um dos maiores acontecimentos, se não o maior, do trágico século XX. Um dos fatos que tem chamado a atenção dos historiadores modernos é a ausê ncia, nos numerosos e longos documentos aprovados pelos padres concili ares, de qualquer condenação do comunismo. Novas pesqui sas hi stóricas forneceram e leme ntos de análi se que torn am ainda mais enigm,'Ítico aque le silê ncio. De um lado, o j ornali sta e escritor francês Jean Madiran , num livro publi cado em 2006 sob o título L'Accord de Metz ou pourquoi notre Mere fu t muette (O Acordo de Metz ou por que nos a M ãe permaneceu muda), forneceu mais detalhes sobre um evento ainda não inteiramente esclarecido e que a revi sta "Itinéraires", diri g ida por e le, começou a denunciar apenas seis meses após sua reali zação. Trata-se do acordo concluído entre o cardeal Eugene Ti sserant, representando a Santa Sé, e o metropolita Nikodim, então arcebi spo ci smático de Yaroslavl , como representante da Igreja Ortodoxa Russa . As reuniões se realizaram em l 8 de agosto de 1962 na cidade francesa de Metz e res ultaram na aceitação, por parte dos ortodo xos russos, de e nvi ar observadores ao Co ncíli o Va ticano n, cuj a prim e ira se ssão abrir-se-ia menos de do is meses mai s tarde com garantias a respeito da
"atitude apolítica do Concílio ". M ais tarde fi cou documentado que o metropolita Nikodim era um espi ão pago pe la KGB para infiltrar o "Conselho Mundi al de Jgrej as", do qua l chegou a ser um de seus preside ntes (cfr. ÜER HARD B ES IER, ARMI N B OYENS, Ü ERH ARD L INDEMANN, Nalionaler Protestanlismus und Ôkumenische Bewegung. Kirchliches Handeln im kalten Krieg ( 1945-1990), Duncker und Humbl ot, Berlin o 1999) .
CATOLI C ISMO
Vaticano é por vezes agressivo, no plano político, em relação à URSS. Nós, que somos cris1ãos, ftéis ortodoxos russos, somos cidadãos leais ao nosso país e amamos profun dam.ente nossa pátria. É por isso que qualquer coisa dirigida contra nosso país não é de molde a conlribuir para melhorar as nossas relações". A imprensa co muni sta foi a prii11eira a reve lar o Acordo de Metz. O seman ário " France Nouve ll e", bo letim centra l do Partido comuni sta fran cês, esc reveu e m s ua edi ção de 16-22 de janeiro de .1 963: "Como o sistem.a socialista ,nun -
dial man(f'esta superioridade de m.odo incontest6vel e goza da aprovação de centenas e centenas de milhares de homens, a Igreja não pode satisfazer-se com um anticomunismo grosseiro. Ela adotou o compronússo, por ocasião de suas negociações com a Igrej a Ortodoxa russa, de que no Concílio não haveria um ataque direto contra o regJme cornunista ".
UJ1ião Soviética llão admite críticas ao COlllllJJÍSlllO Meses antes do encontro de Metz, em novembro de 196 1, por ocasião da admi ssão do Patri arca lo d Moscou no Conselho Ecumêni co das Igrej as, num a re uni , o ' 111 N va Delh i, o metropo lita Nikodim já hav ia antec ipado q u' dito Patriarcado poderia partic ipar do Co ncíl io "coso ll(i o houvesse declaraçõe.1· hostis a nossa cu-nada p61rio ". E ·ontinu ou: "O
Por sua vez, duas semanas mais tarde, na sua edi ção de 16 de fevereiro de 1963 , o jornal cató lico " La Cro ix" publi cou um artigo que info rmava o público do acordo, e concluía di zendo que "em. consequência desse encontro !co m o Cardea l Ti sserant], Mons Nikodim aceitou que alguém f osse
a Moscou para levar o convite, com a condição de que sej am dadas ga ranlias no que concerne à atitude apolítica do Concílio". Para tran smitir o convite o fi c ial e di ss ipar inte ira mente
As pesqui sas hi stóri cas ta mbém têm avançado em re lação aos debates públi cos e tratati vas de bas tidores durante as quatro sessões do Vaticano II , que conduz iram à versão de finiti va dos documentos concili ares . De ntre as obras recentes destaca-se O Concílio Valicano li - Urna história nunca escrita, ele auto ri a do Prof. Roberto de Mattei, ga lardoada com o mais presti g ioso prêmi o para 1ivros hi stóricos, o Acqui Sto ria 201 1. Ao fa zer o balanço cio Conc íli o, a obra co ncede espec ial destaqu e à abord age m fe ita pe los padres conc i Iiares sobre a qu estão do co muni smo. O a utor reve la qu e, j á na fase pre paratóri a do Concí li o e ate nde ndo ao pedido da Santa Sé aos bi s pos do mundo inte iro de fo rmul ar pro pos ições , nada menos qu e 378 bi spos dec larara m qu e o erro ma is g rave qu e a asse mbl e ia conc i Iiar deveri a condenar era o ate ís mo, co m me nção espec ia l cio co muni smo. C uriosa mente , po ré m, logo na pri me ira mani fes tação públi ca da asse mbl e ia co nc ili ar, num a " Mensagem ao Mundo", redig id a a pe nas uma semana após o iníc io das ati vid ades , os padres co nc ili ares ap ro vara m por votação ele mãos levantadas um tex to e m relação ao qu a l 15 bi spos cató li cos ele rito orie nta l se rec usaram a assoc iar po rqu e elita me nsagem não di z ia um a só pa lavra a respe ito da situ ação dramáti ca imposta pe lo co muni smo à Ig reja nos pa íses do Leste. Depl ora vam ta mbé m que, e nqu a nto o a rce bi s po - mo r d os Uc ra ni a nos ca tó li cos, o metro po lita Jose f S Iipyi , e nco ntrava-se depo rtado na Sibé ri a po r mai s de 17 an os, parti c ipavam co mo o bservadores dos debates co nc ili ares do is representa ntes do patri arcado ele M osco u, de fini dos co mo "instrumentos dóceis e úteis nas
,ncios do governo soviético ".
"Moscou cNigiu e Roma aceitou" No decur, o dessa prime ira sessão cio Co ncíli o, o cardeal T issera nt, que pres id ia a subcom issão mi sta res po nsáve l do esqu ema De cum animarurn (do c ui dado pas tora l elas a i-
O UTUBRO 201 2
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mas), insi stiu para que fosse retirada do projeto a palavra conununism.us. Ainda durante a primeira sessão, no dia 2 de novembro de 1962, o cardeal Tisserant teve um encontro com o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, no qual lhe confiou que participara de negociações com os cismáticos russos: "Moscou exigiu que não se falass e contra o comunismo no Concílio, e Roma aceitou", di sse-lhe, acrescenta ndo achar "possível falar contra o materialismo e o ateísm.o sem. ,nencionar o comunismo; dessa maneira, o Concílio, que trata só de religião, poderia desenvolver pe,feitamente sua riússão ". E concluiu dizendo: "Quern poderia falar contra o fato de se pegar o dinheiro dos ricos para dá-lo aos pobres?". No decurso da segunda sessão do Vaticano 11, duas iniciativas oriundas do Brasil fizeram com que se levantasse, pela primeira vez de modo global, a questão do comunismo. De um lado, Plinio Corrêa de Oliveira publicou num quotidiano romano - além de distribuir a 2.200 padres conciliares e 450 jornalistas - sua recente obra A Liberdade da Igreja no Estado Cornunista, na qual demonstra a impossibi lidade teológica e pastoral de um rnodus vivendi com o comunismo que implicasse na renúncia de defender os direitos naturais da pessoa humana, entre os quai s o de propriedade privada. Paralelamente, o arcebispo de Diamantina, Dom Geraldo de Proença Si gaud, e o bispo de Campos, Dom Antonio de Castro Mayer, promoveram um apelo assinado por 218 padres conci liares so li citando ao Papa Paulo VI a elaboração de um esquema de constituição concili ar no qual: "/. Se exponha com grande clareza a doutrina social católica e se denunciem os erros do rnarxismo, do socialis1no e do comunism.o, do ponto de vistaftlosójico, sociológico e econômico. "2. Sejam refú!ados aqueles erros e aquela mentalidade que preparam. o espírito dos católicos para a aceitação do socialism.o e do com.unisrno e os tornam propensos a eles". A Secretaria de Estado envi ou a petição a Moo s. Felici, secretário do Concíli o, para que a fi zesse chegar à Com issão Mi sta encarregada da redação do esquema sobre a Igrej a no mundo contemporâneo, o assim chamado Esquema XIII que desembocou na constitui ção pastoral Gaudium et Spes.
"Me<lo <le condenar o maior <lelito de 11ossa évoca" Porém, para surpresa geral, ao chegar à Assembl eia Concili ar, durante a terce ira sessão, o esquema omitia qu alquer referência ao co muni smo, o que provocou não pou cas reações na au la. Por exemplo, Dom Yu Pin , arcebispo ex ilado de Nankin , na C hin a, di sse que "o esquem.a insiste muito sobre os sinais dos tempos, ,nas parece ignorar que o comunismo e o ateísmo marxista constituem o maior e mais triste sinal característico de nossos tempos". E Dom Barbieri, bi spo de Cassano Ionio , na Itália, decl arou qu e "seria um escândalo para rnuitos jiéis se o Concílio desse a impressão de ter medo de condenar o maior delito de nossa época ".
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CATOLICISMO
Por sua vez, Dom Lui gi Maria Carli, bispo de Segni, afirmou numa intervenção escrita: "Surpreende o silêncio do esquerna a respeito de um f enôrneno que existe no mundo atual[. .. ] umfenômeno que deveria provocar a dor e o pranto do Concílio, não rnenos que aforne e a explosão dernog rtifica, já que tem golpeado e golpeia com dores e lutas milhões de homens. O f enômeno do marxismo, intrinsecamente perverso[ ... ]. A Igreja Católica, que tem diante dos olhos essefenôrneno, que o sente e o sofi'e ao vivo na própria carne, não pode, não deve ca lar ou falar apenas de m odo eL!{emístico a respeito dele! [...] Veneráveis irmãos, tenho aqui expresso abertamente meu pensamento sobre este tema. Ao fa zê-lo, parece-rne ter sido quase o executor testamentário de nosso pranteado colega, o arcebispo .lózef Gawlina, o qual, várias vezes antes de sua imprevista morte, em virtude do conhecimento e da viva experiência que tinha a respeito [era ele, de fato, exi lado da Polônia e Ordinário dos poloneses no exílio], havia lamentado comigo o surpreendente silêncio dos esquemas conciliares a respeito de um problema doutrinário e pastoral de um tão grande peso".
"Com justiça, a História nos acusará de pusilanimida<le" Mas foi na IV e última sessão do Concílio Vaticano 11 que a questão da condenação do com unismo foi objeto de
O cardeal Tisserant teve um encontro com o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, no qual lhe confiou que p,a rticipara de negociações com os cismáticos russos
misteriosas manobras . A redação da parte do Esquema XIII, relativa ao ateísmo, havia sido confiada ao salesiano Giuliu Girardi, que mais tarde abandonaria o sacerdócio e se transformaria num destacado teorizador e protagonista da Teologia da Libertação. No dia 16 de fevereiro de 1965, o coordenador da redação, Mons. Pierre Haubtmann, teve uma entrevista com Paulo VI, ocasião em que lhe apresentou a linha "aberta" e "dialogante" do projeto, o qual evitava condenar o comunismo. O Sumo Pontífice o encorajou a prosseguir nessa linha, dizendo: "Sim, é ao mesmo tempo delicado e indispensável". De fato, o novo texto, submetido entre setembro e outubro de 1965 à discussão na aula conciliar, não fazia nenhuma referência explícita ao comunismo. Quando tal omissão foi revelada nos debates, o cardeal da Iugoslávia, Franjo Seper, mostrou-se contrário a uma condenação, declarando que parte da responsabilidade do ateísmo moderno devia ser atribuída aos cristãos, que continuavam a defender com pertinácia a ordem social ocidental. O cardeal Koenig, de Viena, chegou a convidar os católicos submetidos ao regime comunista a darem testemunha ao Deus vivo, colaborando sinceramente com o progresso econômico e social do regime comunista, para se demonstrar assim que podem surgir da religião energias de transformação social ainda maiores que as do ateísmo ... Porém, foram numerosas as vozes contrárias, entre as quais a do jesuíta eslovaco Pavel Hnilica, bispo exilado titular de Rusadus, que enfatizou: "Com justiça, a História nos acusará de pusilanimidade e de cegueira por este silêncio".
Dom Rusnack, bispo auxiliar de Toronto para o ucranianos do Canadá, rematou: "Seria um escândalo e um ato de pusilanimidade se um Concílio do século XX negligenciasse de denunciar à opinião pública os erros e as mentiras do comunismo". "Cada vez que se tem reunido um Concílio Ecumênico - afirmou por sua vez o cardeal Antonio Bacci - ele sempre tem resolvido os grandes problemas que se agitavam naquele tempo e condenado os erros de então. Creio que calar sobre este ponto [a condenação do comunismo] seria uma lacuna imperdoável, melhor dito um pecado coletivo".
"Renúncia de tu<lo quanto os últimos Pomíflces escreveram" No dia 7 de outubro (aniversário da Batalha de Lepanto e festa de Nossa Senhora do Rosário) foi encerrada a discussão sobre o esq uema de constituição Gaudium et spes. No dia 8, o secretário do Concílio, Mons Felici, comunicou que os padres conciliares podiam apresentar observações por escrito até o dia seguinte. Reunidos no Coetus lnternationalis Patrum, os bispos conservadores prepararam uma petição na qual requeriam que, após a parte que tratava do ateísmo, "fosse acrescentado um novo e adequado parágrafo tratcmdo expressamente do problema do comunismo ". De fato , dizia o parágrafo proposto pelos signatários, "da
negação da existência de Deus e de toda ordem religiosa, sobretudo sobrenatural, por lógica necessidade comprovada pela História, o comunismo é levado a abalar de muitos modos os próprios fundamentos da ordem natural. E, em realidade, para restringir-se apenas ao mais importante, ele nega a espiritualidade e a imortalidade da alma humana; rejeita a verdadeira liberdade, especialmente em matéria religiosa; viola em muitos pontos a genuína dignidade da pessoa, da família e da união conjugal; não reconhece nenhuma norma estável e imutável da lei moral e do direito mas, para ele, justo e moral é apenas tudo aquilo que é útil à ditadura do próprio partido (cfr. A intervenção do cardeal Wyszynski de 20-9-1965); não admite o direito de propriedade privada; considera a luta entre as classes sociais como um meio necessário para a obtenção dos bens terrenos; tem do Estado uma concepção tão totalitária que quase nenhum lugar digno é reconhecido aos indivíduos particulares ou às sociedades intermediárias [... ]. Por todas estas razões o comunismo deve ser rejeitado ". Ao justificar a proposta, o documento afirmava que "se o Concílio calasse sobre o comunismo, dito silêncio, na mente dos fiéis, equivaleria - por uma consequência injusta, sim, mas fatal - a uma tácita renúncia de tudo quanto os últimos Pontífices disseram e escreveram contra o comunismo, assim como a respeito das condenações promulgadas pelo Santo Ofício. O dano psicológico que dai surgiria, assim como o despreza p elo Magistério da Igreja, seria de imensa gravidade". E os padres conciliares advertiam: "Assim como alguns acusam, ele modo certamente equivocado, Pio XII de venerável memória de ter.feito silêncio.face às vítimas do nazismo, assim também, depois do Concílio, a justo título acusar-se-ia o Colégio Episcopal de silêncio diante das vítimas do comunismo".
'~ grnvíssima culpa de Mo11s. Glorieux é evidente" Os bispos Dom Geraldo de Proença Sigaud e Dom Marcel Lefebvre entregaram, ao meio dia de 9 de outubro de 1965, a emenda ao esq uema da Gaudium et Spes, com a ass inatura inicial de 334 padres Conciliares. Mais 71 assin aturas foram apresentadas alguns dias depois . Juntando-se a estas mais 30 assinaturas que não haviam sido entregues por terem sido recebidas fora do prazo, chega-se ao impressionante total de 435 padres concili ares de 86 países, certamente uma das petições mais representativas de todo o Concílio. A petição chegou às mãos do secretário da Comissão Mista, Mons. Achille Glorieux , no dia 11 de outubro. Ele, porém, não a transmitiu às comissões que estavam trabalhando na redação final do esq uema, sob pretexto de não dificultar os trabalhos ... "A gravíssima culpa de Mons. Glorieux é e vidente", comenta o historiador Roberto de Mattei ; "não se pode admitir sua boa fé, mas é lícito até supor o dolo. Como imaginar, além do mais, que ele tenha tomado a decisão de esconder a petição sem consultar al-
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A reunião foi presidida pelo Papa, que depois de ler a cruta do cardeal Tisserant, expôs o status questionis tanto regulamentar quanto de fundo . No tocante ao primeiro aspecto, o cardeal Tisserant deu a incrível justificativa de não ter convocado o Conselho da Presidência pru·a analisru· o recurso de Dom Carli porque o cardeal Wyszynski, membro do Conselho, estava muito firme na sua ideia contra o comunismo. No mérito, todos os presentes concordru·am com a posição expressa pelo cru·deal Tisserant e pelo próprio Paulo VI na sua nota a Mons. Felici, segundo a qual não era oportuno que o Concílio renovasse expressamente a condenação do comunismo. Em cru·ta dirigida a Mons. Glorieux, datada de 4 de dezembro de 1965, o cardeal Tisserant dizia, não sem um certo cinismo: "A sua responsabilidade não será caricaturizada além da medida pelos historiadores do Concílio. Aqueles que têm estado ao corrente [do assunto] perdoam o seu esquecimento".
"Silêncio e11igmático, desco11certante, espantoso e apocalipticamente trágico"
guém? Quem? Parece estar excluído que se trate de Mons. Felici, secretário do Concílio. Mas lógico é imaginar que se tratasse do cardeal Tisserant ". O não envolvimento de Mons. Felici nessa trama resulta do fato de que, nesse mesmo dia l l de outubro, Dom Carli dirigiu à Presidência do Concílio uma carta denunciando o caráter arbitrário da Comissão Mista que havia ignorado um documento de tamanha importância. Mons. Glorieux defendeu-se afirmando falsamente que a petição tinha chegado fora do tempo, mas foi desmentido pelo próprio Mons. Felici. Na Congregação Geral de 15 de novembro, o relator do esquema, o futuro cardeal francês Gabriel-Marie Garrone, não só não comunicou aos bispos presentes a existência dessa emenda e declarou que o modo de proceder da Comissão, omitindo a condenação do comunismo, concordava com a finalidade pastoral do Concílio e com a "vontade expressa" de João XXIII e Paulo VI. Não tala,, do comunismo - 1965 Dom Luigi Maria Carli apresentou, então, um recurso regulamentar (posto que o regulamento estabelecia que todas as emendas, inclusive as rejeitadas pela Comissão, deviam ser comunicadas aos padres conciliares) e informou dessa anomalia à imprensa. Nesse mesmo dia, Mons. Felici enviou uma nota ao Papa a respeito do recurso regulamentar de Dom Carli. Na tarde desse mesmo dia 15 de novembro,
CATOLICISMO
Paulo VI fez transmjtir a Mons. Felici a seguinte nota, descoberta pelo Prof. de Mattei nos arquivos do Vaticano: "15-Xl-65 "Conserva-se ou retira-se o recurso? "l) Foi ilegal a conduta da Comissão Mista ? "2) Depois da intervenção 'iuxta modum ' a tese dos recorrentes seria levada ao conhecimento dos padres com as relativas observações. "A) É prudente? "se rej eitado [o recurso pedindo a condenação do comuni smo]: o Concílio parece ter rej eitado a condenação do comunismo já condenado "se aprova: qual a sorte dos católicos nos Países comunistas ? "B) É coerente com os compromissos do Concílio? "- de não entrar em temas 'políticos' "- de não pronunciar anátemas "- de não.falar do comunismo (1965)" . A última frase e a data J965 devem ser destacadas, porque parecem uma referência ao Acordo de Metz.
O escâ11dalo do desaparncime11to definitivo das propostas Na manhã seguinte, de acordo com a in truçõe recebi das, Mons. Felici teve um novo encontro com Dom Carli ,
O texto da Gaudium et Spes foi aprovado sem uma condenação ao comunismo e, em violação aberta ao regulamento do Concílio, sem que a emenda dos 435 padres conciliares fosse submetida à votação. Esses fatos, tornados gradualmente públicos e fartamente historiados e analisados no livro do Prof. Roberto de Mattei, dão nova atualidade à reação lúcida de Plinio Corrêa de Oliveira que, numa atualização em 1976 de sua obramestra Revolução e Contra-Revolução, escreveu : "Dentro da perspectiva de Revolução e Contra-Revoluconfirmando que a emenda tinha sido apresentada de modo regulamentar e que a Comissão deveria tê-la tomado em conta. Numa nota posterior datada de 20 de novembro, Mons. Felici repetiu ao Papa que o recurso de Dom Carli era perfeitamente legal. No dia 23, uma agência de notícias próxima dos prelados conservadores difundiu um longo comunicado sobre o escândalo do desaparecimento das propostas de nada menos que 435 padres conciliares. Paulo VI convocou então, no dia 26 de novembro, uma reunião restrita na sua sala de trabalho do terceiro andar do Palácio Apostólico, da qual participaram os cardeais Tisserant e Cicognani, e os monsenhores Deli' Acqua, subsecretário de Estado, Felici , secretário do Concílio, e Garrone, relator do esquema. Antes da reunião, o cardeal Tisserant tinha entregado ao Papa uma carta, na qual afirmava, entre outras coisas: "Os anátemas jamais converteram ninguém e se foram úteis no tempo do Concílio de Trento, quando os príncipes podiam obrigar seus súditos a passar ao protestantismo, não servem mais no dia de hoje em que cada um tem o senso da própria independência. Como já disse a Sua Santidade, uma condenação conciliar do comunismo seria considerada pela maioria como uma tomada de posição de caráter político, o que acarretaria um dano imenso à autoridade do Concílio e da própria Igreja".
ção, o êxito dos êxitos alcançado pelo comunismo pósstaliniano sorridente foi o silêncio enigmático, desconcertante, espantoso e apocalípticamente trágico do Concílio Vaticano li a respeito do comunismo. "Este Concílio se quis pastoral e não dogmático. Alcance dogmático ele realmente não o teve. Além disto, sua omissão sobre o comunismo pode faz ê-lo passar para a História como o Concílio a-pastoral [... ]. "Atuaram como verdadeiros Pastores aqueles que, no Concílio Vaticano li, quiseram espantar os adversários minores, e impuseram livre curso - pelo silêncio - a.favor do adversário maior? "Com táticas aggiornate - das quais, aliás, o mínimo que se pode dizer é que são contestáveis no plano teórico e se vêm mostrando ruinosas na prática - o Concílio Vaticano lI tentou afugentar, digamos, abelhas, vespas e aves de rapina. Seu silêncio sobre o comunismo deixou aos lobos toda a liberdade. A obra desse Concílio não pode estar inscrita, enquanto efetivamente pastoral, nem na História, nem no Livro da Vida. "É penoso dizê-lo. Mas a evidência dos fatos aponta, neste sentido, o Concílio Vaticano lI como uma das maiores calamidades, se não a maior, da História da Igreja ". • E-mail para o autor: catolic ismo @1erra .com.br
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O Concílio Vaticano li - Uma história nunca escrita O Concílio Ecumênico Vaticano li (1962-1965) procurou adaptar a Igreja Católica ao homem moderno. Porém, em lugar de uma nova primavera da fé, o que se lhe seguiu foi um misterioso processo de "autodemolição" da Igreja, acompanhado da apostasia silenciosa de milhões de fiéis. Por ocasião do 50º aniversário de sua inauguração, abriu-se um vivo debate nos meios católicos sobre o papel do Vaticano li nessa crise e sobre a interpretação a ser dada aos seus documentos: estão eles na continuidade ou em ruptura com os ensinamentos perenes da Igreja? Para esse debate, o Prof. Roberto de Mattei oferece o contributo do historiador. Baseado em documentos de arquivos, diários, correspondências e testemunhos daqueles que foram os seus principais protagonistas, ele faz uma rigorosa reconstrução dos antecedentes do Concílio, de suas raízes e consequências. Merecido destaque é dado no livro ao papel desempenhado por bispos brasileiros como articuladores da ofensiva progressista e da reação conservadora. Os relatos contidos nas 544 páginas de que se compõe esta apaixonante "história nunca escrita" foram objeto em 2011 do Acqui Storia- o mais prestigioso prêmio italiano para livros históricos.
Autor de mais de 20 livros, o Prof. Roberto de Mattei é titular da cátedra de História Moderna na Faculdade de Letras da Universidade de Cassino (Itália}, presidente da Fundação Lepanto e dirige as revistas Radiei Cristiane e Nova Historica.
Petrus Editora Ltda. Rua Visconde de Taunay, 363 - Bairro Bom Retiro CEP 01132-000 - São Paulo-SP Fone/Fax (11 ) 3333-6716 E-mail : petru s@ livrariapetrus.com.br Visite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br
Teologia da Libertação, luta de classes e conflito social G erados pela doutrina marxista, esses itens "trigêmeos" têm ]evado populações de diversos países à miséria espiritual e material. Em nome do "povo", da "justiça" e da "igualdade".
A
pós vários fracassos decorren_te_s de su~s _doutrinas soc10-econom1cas e, sobretudo, das condenações que recebeu nos meios católicos , a corrente vinculada à Teologia da Libertação atualmente está voltando ao noticiário com as mesmas ideias "requentadas". Por exemplo, ao incentivar o estabelecimento de governos que façam a "opção preferencial pelos pobres". Em nome "dos pobres", é bom lembrar, o comunismo subjugou diversas nações e vimos no que deu ... Um exemplo do passado: a queda da Cortina-de-Ferro. Um exemplo do presente: a miséria reinan- · te em Cuba ... Por que os "teólogos da libertação" voltam a insistir no "conflito social" e no igualitarismo socialista para se chegar ao poder? Para obter os mesmos resultados fracassados? A fim de responder a estas e outras questões, Catolicismo entrevistou o Dr. Carlos Patrício dei Campo, agrônomo formado pela Universidade Católica do Chile, com doutorado em Economia Agrária e título de Master of Science em Economia Agrária pela Universidade da Califórnia (Berkley - EUA). Ele é autor do li vro Is Brazil Sliding Toward the Extreme Left? (O Brasil resvalando para a extrema esquerda? - 1986} e das partes técnicas e econômicas de duas outras obras em que foi coautor com Plínio Corrêa de Oliveira: Sou católico: posso ser contra a Reforma Agrária?
( 1981) e A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agroreformista (1985).
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D1: Carlos ele/ Campo: "Segundo os defensores da Teologia <la Libertação, a violência é um meio il1(/íspe11sável para a imposição ele uma 'or<lem ' social i gualitária "
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Catolicismo - O Sr. crê que a Teologia da Libertação - mesmo em sua versão purificada de certos conceitos marxistas e de pregações a favor da violência, mas ainda firmemente ancorada nas ideias da luta de classes e distribuição igualitária da riqueza - pode constituir uma solução para resolver os problemas de pobreza existentes na América Latina? Dr. Carlos dei Campo - E m pri meiro lugar, importa di ze r que é um erro imag inar que possa ser pacífico um movimento soc ial construído sobre a ideia de que para se obter uma sociedade mais justa as condições necessári as sejam a luta de classes e a distribuição igualitári a da riqueza. A luta de classes e o conflito social estão necessari amente interli gados; um não pode ex istir sem o outro como método de ação político-soci al. A isso se acrescenta o fa to de que, segundo os defe nsores da Teologia da Libertação, a violência é um me io indi spensável para a imposição de uma "orde m" social igualitári a, pois sendo o igua litari smo contrári o à própri a ordem natu ra l das coisas , e le só pode nascer e subsisti r sob o impéri o ela violênc ia. A Hi stória o comprova à saciedade. Portanto, a Teologia da Libertação enra izada na luta de c lasses e no igualitari smo, embora se jul-
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gue pacífica, é contraditória em si mesma e, por isso, inviável. Estabelecida esta preliminar, passo a responder à pergunta propriamente dita. Para isso imaginemos a Teologia da Libertação em seu aspecto frequentemente apresentado como essencial e básico, a saber, a "opção preferencial pelos pobres", entendendo-se por tal a fo rmação de um ambiente, a tomada de atitudes e medidas enérgicas destinadas a diminuir a pobreza. Nesse sentido e sem sombra de dúvida, com base na experiência e em fatos concretos, pode-se afirmar que o melhor caminho para diminuir a pobreza - e quiçá o único - seja a implantação do regime de economia baseado em três princípios fundamentais: a propriedade privada, a livre iniciativa e a ação subsidiária do Estado. A plena vigência desses princípios básicos da verdadeira ordem social é condição necessária para limitar e minorar a pobreza. Entretanto, não é condição suficiente. Cumpre primordialmente que a sociedade esteja impregnada do espírito e da moral cristãos, fo ntes da autêntica justiça e da caridade. A experiência na América Latina é uma prova disso. Os bolsões de pobreza existentes em diversos países do continente nada têm a ver com a economia de mercado. Pelo contrário, sua origem reside justamente nas políticas implantadas em desacordo com esta última. Um caso dos mais característicos é a política que a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina), órgão dependente da ONU, promoveu na América Latina nas décadas de 40 e 50 do século passado. Ao colocar em prática um processo de industrialização forçada, de substituição de importações, ela penalizou os setores primários, especialmente a agricultura - empregadora na época da maior parte da população menos qualificada e de menor renda - , favorecendo ao mesmo tempo uma minoria de mai_or qualificação, cujos ingressos aumentaram. Isso provocou um aumento da desigualdade na distribuição da renda e fomentou o surgimento de bolsões de pobreza. Catolicismo - As reformas estruturais do gênero da Reforma Agrária resolveram. efetivamente os problemas de pobreza de certos setores da América Latina?
Dr. Carlos dei Campo - Os dados objetivos revelam exatamente o contrário. A Reforma Agrária e algumas experiências de socialismo de Estado realizadas na América Latina o demonstram. Os casos mai s característicos são o de Cuba e o do Chi le no tempo de Allende. A pobreza ele
CATO LICISMO
"O melhor cmni11ho para diminuir a pobreza: implantação do regime de economia baseado na propriedade privada, livre iniciativa e ação subsidiária do Estado"
Cuba, transformada por Fidel em ilha-prisão, é emblemática. A maioria da população vive amontoada em tugúrios, sujeita a um terrível racionamento de alimentos. Para aumentar os ingressos, muitas famílias são forçadas a entregar suas filhas à prostituição para satisfazer inescrupulosos turistas estrangeiros. A carne, o peixe, o leite etc. são artigos de luxo para maioria da população. Para se ter uma ideia da situação, citarei alguns dados do ano 2011. O salário médio mensal era de 460 pesos cubanos (equivalentes a US $ 21,03), sendo que 43% da população recebiam um valor inferior a esse. A cesta de racionamento custava 17,40 pesos, contribuindo com 41,2% das calorias mínimas recomendadas. Para se alcançar esse mínimo, era preciso incorrer num gasto adicional de 403 pesos. Sobravam 40 pesos (equivalentes a US$ 1,83!), com os quais se procurava pagar os servrços básicos como água, eletricidade, gás, transporte, produtos de higiene pessoal e do lar, e todos os gastos com as pessoas dependentes. Missão impossívd! Estima-se que o umbral de pobreza se situaria em 841,40 pesos mensais por pessoa. Com o salário chegando somente a 460 pesos, pode-se bem imaginar a amplitude da pobreza e o grau de dificuldade para se viver em Cuba. Esses dados foram extraídos do artigo "A Pobreza em Cuba", de autoria de Raúl A. Sandoval González, economista e professor da Faculdade de Economia da Universidade de Havana, publicado no site progreso-semanal.com em 28-3-12. No Chile, dois anos após a Unidade Popular subir ao poder, a situação social e econômica do país era trágica. Nos dois últimos anos do governo de Allende (1972-1973), o produto geográfi co bruto (PGB) teve uma diminuição em termos per capita de -2,9% e - 7, 1%, respectivamente. Como consequência da Reforma Agrária, nos anos 1971 , 1972 e 1973 a produção agropecuária sofreu uma queda de - 1,8%, -7,4% e -10,3%, respectivamente. Surgiram graves prob lemas de abastecimento de bens essenciais, gerando enormes filas, que se tornaram o drama diário da população, especialmente dos mais pobres, que não tinham condições para adquiri-los no mercado negro. A inflação chegou a níveis alarmantes, na ordem de 500% ao ano. Ou seja, três anos de governo em conformidade com os princípios da Teologia da Libertação conduzi ram o Chile ao caos econômico e social. Catolicismo - A luta de classes fomentada por personagens como Hugo Chávez e Evo Morales resolveram realmente os ·problemas de pobreza nos seus respectivos países?
Dr. Carlos dei Campo - Os dados disponíveis revelam que o desempenho da Venezuela e da Bolívia está de modo geral abaixo da média da América Latina. Segundo informações da CEPAL, publicada no "Panorama social da América Latina 2011", a média anual de crescimento econômico do Continente foi de 2,3% no período de 20002008, -3,1 % em 2009 e 4,9 % em 2010. Para esses mesmos períodos , os valores da Venezuela foram 2,6%, -4,8% e-3,0%, e os da Bolívia 1,7%, 1,6% e 2,4%, respectivamente. Com relação à pobreza, os resultados não foram melhores. A América Latina como um todo teve uma dimin uição sign ificativa da pobreza nos últimos 20 anos. Na década de 90, cerca de 45 % da população era considerada pobre; em 2010 esse valor caiu para a ordem de 22%. No caso da Bolívia, ao contrário, a queda foi muito pequena, na ordem de 55% a 60% na década ele 90 para 54% em 2007. No caso da Venezuela, a pobreza na década de 90 chegava a valores entre 40% e 50%, diminuindo para 28% em 2010; desempenho inferior ao ela média ela América Latina. No outro lado do especu·o latino-americano observam-se resultados bem superiores. No Chile, por exemp lo, a pobreza diminuiu da ordem de 30% nos anos 90 para 11 % em 2009. No Peru, da ordem de 48% nos anos 90 para cerca de 31 % em 2010. Sabe-se que os dados sobre pobreza e diminuição de renda em geral estão sujeitos a desv ios não pequenos, por dificuldades práticas de obter informações confiáveis de renda e de outras variáve is. Somam-se ademais, a essa dificuldade, algumas modificações nos métodos de cálculo ocorridas no transcurso do tempo. Mas uina coisa parece certa: a verdadeira revolução econômico-social inspirada em grau maior ou menor na Teologia da Libertação posta em prática em alguns países da América Latina não obteve os resultados propalados pelos seus adeptos . Mas tais resultados a ninguém deveriam surpreender. Sobram provas do fracasso das políticas estatizantes e intervencionistas na economia em plano universal. Bastam dois exemp los. O primeiro foi a queda do Muro de Berlim, que deixou patente a miséria a que estavam submetidos os países sob o jugo do sociali smo e do com uni smo. O segundo exemplo, de gra nde atualidade, é a crise que vive a Europa em decorrência ele uma política de forte participação estatal praticada por uma parte considerável cios países do Velho Mu ndo, sujeitos ademais às imposições ela Un ião Europeia. Destaca-se, nesse sentido, a implantação de uma moeda única, adotada sem levar em consi-
deração a realidade econômica, política e ideológica dos países europeus. Catolicismo - Para os "teólogos da libertação" é inclusive mais importante obter a igualdade das classes do que a superação da pobreza. De onde os elogios deles a Cuba, onde todos são pobres, mas iguais. O Sr. crê que esta seja uma visão cristã da sociedade?
''A. pobreza de Cuba, uma JJ/wprisão, é emblemática. A maioria da população vive amo11toada em tugúrios, sujeita a mn tel'l'ível racio11amento de a/JJnentos"
Dr. Carlos tlel Campo - Evidentemente, não. A igualdade de classes é contrária à ordem natural criada por Deus. Nesse sentido, é interessante citar textualmente o que afirma o grande pensador católico Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro Revolução e Contra-Revolução: "Santo Tomás ensina que a diversidade das criaturas e seu escalonamento hierárquico são um bem em si, pois assim melhor resplandecem na criação as perfeições do Criado,: E diz que tanto entre os Anjos quanto entre os homens, no Paraíso Terrestre como nesta terra de exílio, a Providência instituiu a desigualdade. Por isso, um universo de criaturas iguais seria um mundo em que se teria eliminado em toda a medida do possível a semelhcmça entre criaturas e Criador. Odiar, em princípio, toda e qualquer desigualdade é, pois, colocar-se metafisicam.ente contra os melhores elementos de semelhança entre o Criador e a criaçcio, é odiar a Deus ". Vem também muito a propósito recordar aqu i um trecho da encíclica de João XXIII Ad Petri Cathedram, ele 29 de junho de 1959: "Aqueles que se atrevem a negar a desigualdade das classes sociais contradizem as leis da própria natureza, e os que se opõem a esta amistosa e imprescindível união e cooperação entre ditas classes, pretendem sem dúvida perturbar e dividir a sociedade humana, com grave perigo e dano do bem público e privado". Termino com outra citação do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, desta vez de sua obra Nobreza e elites tradicionais análogas: "A opção preferencial pelos nobres e a opção preferencial pelos pobres não se excluem, e menos ainda se combatem, segundo ensina João Paulo li: 'Sim, a Igreja faz sua a opção preferencial pelos pobres. Uma opção preferencial, note-se, não, portanto, uma opção exclusiva ou excludente, porque a mensagem da salvação é destinada a todos'. [. .. ] Sirvam estas palavras de esclarecimento para os que, · animados pelo espírito de luta de classes - de momento, num evidente declínio - imaginam existir uma relação inevitavelmente conflituosa entre o nobre e o pobre". •
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CAPA
APARECIDA: Trono de Nossa Senhora, Porta do Céu ' A cidade de Aparecida confluem brasileiros de norte a sul do País. Ali pedem graças e reverenciam a Rainha do Céu, que é também Rainha do Brasil, nossa excelsa Mãe e Padroeira. Decorridos quase três séculos do aparecimento da milagrosa e veneranda imagem da Santíssima Virgem, cuja festividade se comemora no dia 12 deste mês, nossa homenagem, pedido de perdão, repa-
ração e agradecimento.
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295 anos, nas águas do Rio Paraíba, o bendito en contro d :1 imagem de Nossa S nhora Aparecida, de cuja maternal e po lerosa proteção o Brasil n ecess ita mais do gu nunca . Sérias ameaças pairam sobre nossa Pátria. Exemplo disso cn contra-s em nossa matéri :1 d e capa d:1 edição ant rior sobre o projeto de novo Código Penal, ora m tnmitação no S nado Federal. De vi.és t talitário, ele contém um conjunto de nom,as jurídicas absurdas, infen sas ~s tracliçõ s cristãs cio povo brasileiro e, entre outros males, debilita :1 incla mai s o sagrado direito de propriedade e a in stituição da família, já tão orroícl:1 pela avassala lora onda d corrupção monl. O utra ameaça - esta mais especialment alarmante - tamb ' m omentada nas págirn d Ca tolicismo (edição ele agosto de 2012), é a progr ssiva "clescatolicização" elo País, clecorren t ela larga clifu s fo dada aos erros do progress ismo nos últimos 50 m os. Tai s erros es tivera m direta ou in li r tam ente na origem da apostasia de milhõ s ele ca tóli cos, qu e abandon ara m o regaço ela Santa Igr j:1 para s fili arem a seitas ele diversos gên eros , expondo o Brasil ao risco d s lesora t rizar, deixando de ser um a nação autenticam ente católica. Uma escalada le escândalos pulula nas páginas dos jornais, nas re les t levisivas e na in tern t. Escândalos não res tritos aos ambi nt s políticos - ele todos sob jam nte conhecidos - , mas também outros, cujas cau sas são comun s a todos. Refi rimo-nos à p rela do senso m oral e ele suas consequ ' n cias, como a corrupção dos valor s cios costum s, materiali zados no aum ento assombroso elos casos ele :1d ultério, divórcios, m o las imo rais, promiscuidade sexual, d sagregação fami li :1r, relações pré-matrimoniais, ontrole artificial de nat :1liclade, abortos, legitim ação d:1s uniõ s homossexuais, pedofili :1 etc. Nes te crucial momen to histórico, em qu e a so ieclacle brasileira atraves a uma crise sem pr cedentes, l v m os n os voltar mais do que nunca para nossa Padroeira e Ra i11 ha, im p lorando: Senhora, perecemos' Senhora, salvai-nos ele toclos esses males! Não permitais
que o Brasi.l que Vos pertence venha a soçobra,; perdendo seu principal preclicaclo e título de glória: o ele conter a maior popu lação católica ela Terra. A fim ele reavivar n as :1lmas cios brasileiros a prem ente n cessiclacle de increm entar uma granel união em torno ele sua Rainh a e Padro ira, a redação de Catolicismo - que nos meses I utubro tradicionalment oferece a seus leitores matéri :1s da lavra de Plín io Corrêa d O li veira - s leciono u uma coletân ea el e com entários d ss - eminente líder cató li o sobre Nossa SenhoraApar cida, que passamos a tra n srever. OUTUBRO 2012
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Devoção a Nossa Senhora Aparecida e anúncio da construção de sua Basílica em Aparecida do Norte No jornal "O Legionário", então órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo, após comentar a doutrina marial ensinada por São Luís Maria Grignion de Montfort e a devoção a Nossa Senhora em diversos povos, Plinio Corrêa de Oliveira, em artigo de 17-12-1939, ressalta a profunda devoção mariana dos brasileiros. Nessa ocasião, o eminente articulista católico anuncia, em primeira mão, os planos de construção da nova Basílica de Nossa Senhora Aparecida. E aproveita para exprimir o que sua alma de católico aspirava para esse novo templo. Concluída a Basílica em 1980, fica a critério do leitor dizer em que medida essa construção realizou ou não tais aspirações. Brasil: feudo da Rainha do Céu, que é a Rainha e Padroeira do País. "Não há um povo que não tenha ao menos um grande santuário nacional erigido em honra de M aria Santíssima, no qual a Rainha do Céu faça chover sobre os homens, com abundância, as graças espirituais e temporais. Mais ainda, em cada região há uma igreja ou capela pruticularmente venerada pelos fiéis, e em cada igreja ou capela há ao menos uma imagem de Nossa Senhora. E esta regra se aplica sem exceção às mais variadas nações do globo, desde a Polônia até a
jungle africana, e desde o Brasil até a China. Qual a razão da universalidade absoluta deste culto, universalidade esta que, se bem que rigorosamente conforme ao ensinamento da Igreja, se distingue pela singular espontaneidade das manifestações através das quais se exprime? - A Igreja nunca mandou que cada povo erigisse um sru1tuário particularmente dedicado a Nossa Senhora, com foros de santuário nacional, nem que em cada igreja Nossa Senhora tivesse um altru· próprio. Jamais uma autoridade eclesiástica se lembrou de obrigru· os fiéis a prestru·-lhe todos e cada um dos atos de piedade com que Ela é venerada. A Igreja se Limitou a definir as verdades mru-iais e, na maioria dos casos, a piedade espontanerun ente entusiástica da massa dos fiéis tem seguido seu curso, de tal forma que se pode sustentar_:quase todas as festas de Nossa Senhora e quase todas as formas de piedade com que Ela é honrada nascerrun na massa dos fiéis espontaneamente ou por meio de revelações pruticulares, sendo posteriormente sancionadas pela Igreja. . Por que tudo isto? - Porque a piedade populru· sente viva e profu ndrunente que Nossa Senhora é, na realid ade, a Mãe de todos os homens, e especialmente dos que vivem no aprisco da Igreja de Deus. E sente, ainda, que a mediação de Nossa Senhora é a po1ta segura, direta, ceita, pru·a se ter acesso junto ao Trono do Criador.
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Fazendo essas reflexões, lembro- me invencivelrnente de Apru·ecida do Nmte, e das impressões profu ndas que tenho colhido sempre que ali vou rezru· aos pés de Nossa Senhora. Onde, no Brasil inteiro, um lugru· para o qual, com tanta e tão invencível constância, se voltam os olhos de todos os brasileiros? Qual .a palavra que tem entre nós o dom de abrir mais fac ilmente os corações? Qual a evocação que
CATOLICISMO
mais ru·dentemente do que a Apru·ecida nos fala de toda a sensibilidade brasileira retificada em seu curso e nobiJitada em seus fi ns sobrenatw·ais? Quem, ao ouvir fa lar em Nossa Senhora Aparecida, pode não se lembrru· das súplicas abrasadoras de mães que rezam por seus filhos doentes, de fa milias que choram no desamparo e na miséri a o bem-estar perdido e se voltam para o Trono da Rainha da clemência, de lru·es trincados pela infidelidade, de corações ulcerados pelo abandono e pela incompreensão, de almas que vagueiam pelo reino do erro à procura do esplendor meridiano da Verdade, de espíritos transviados pelas veredas do vício, que proc uram entre prantos o Caminho, de almas mortas pru·a a vida da graça, e que desejam encontrru· nas trevas de seu desamparo as fo ntes de uma nova Vida? Onde se pode sentir de modo mais vivo o calor ardente das súplicas lancinantes, e a alegria magnífica das ações de graças triunfa is? Onde, com mais precisão, se pode auscul tru· o coração bras ileiro q ue chora, que sofre, que implora, que vence pela prece, que se rejubila e que agradece, do que na Apru·ecida? E sobretudo, onde é mais vi sível a ação de Deus na constante distribuição das graças, do que na vil a fe liz, que a Providência constituiu fe udo da Rainha do Céu? Nada, no runbiente de Aparecida, impressiona a imaginação pela grru1deza das linhas ru·quitetônicas ou pela riqueza do acabamento. Mas o ar está tão saturado de eflú vios de prece e de orvalhos de graça, que qualquer pessoa sente pe1feitrunente que Aparecida foi designada pela Providência pru·a ser a capital espiritual do País.
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A esta capital, entretanto, muita coisa falta. E que m vai a Apru·ecida sente perfeita me nte que pa ira sobre o lugar um grande anelo coletivo, uma grande aspiração anônima, por uma obra de construção e de fé que exprima e tradu za na · ordem das realidades natu rais e sensíveis todas as realidades - sobrenaturais e insensíveis de que o ambiente está saturado. A maternidade de Mru"ia e a onipotência de sua mediação universal precisam ser promulgadas em mármore e bronze, depois de terem sido proclamadas com lágrimas, com preces e com sorrisos de gratidão, pelo Brasil inteiro. A fu tu ra Basílica [re le mbramos q ue o autor escreve no ano de 1939) deve ser como aqueles documentos de bronze dos tempos antigos, em que se gravavam para a posteridade fatos, le is o u nomes já imortalizados na memória dos povos . A consagração afetiva não basta: ela te m no interior de sua essência uma fo rça que o leva a se exteriori zar em monumentos de rute e de fé.
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Não é difícil , pois, aquilatar o imenso entusiasmo popular que despe1tru·á a notícia que drunos em pri meira mão de que o Ex.mo Rev.mo Sr. Arcebispo Metropolitano, constituindo uma comissão de técnicos para estudru· os planos da futura Basílica, deixa t.ranspru·ecer apenas o prelúdio de um plano gigru1tesco que acalenta em seu coração, plano este segundo o qual Apare-
cida se transformará no mais imponente centro religioso das duas Américas. Com uma acentuadíssima amplidão de concepções, S. Ex .a Rev.ma vai lançar um plano monumenta l, impressionante pe la majestade da ideia e pelo grande espírito prático que presidiu a fixação dos detalhes. E, a serviço deste plano, convocando uma verdadeira cru zada de orações e de generosidades através de todo o B ras il , quer o Arcebispo de São Paulo empenhar as cordas mais sensíveis do coração brasileiro. A simples descrição da obra a ser reali zada em dezenas de anos dispensa comentários. Sem se tocar na atual igreja, que continuará intacta, servindo de M atriz, deve ser construída outra Basílica, uma série de edifíc ios complementares constituirá como que uma coroa de contrafortes espirituais. A imponente mole de edifícios que constituirão o fe udo de Nossa Senhora. [... ]
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Não preciso acrescentru· uma única palavra para acender entusiasmos e mobilizru· dedicações. Vejo, de minha mesa de trabalho, as fisionomi as maravilhadas que se hão de iluminar com a leitura desta sensacional revelação. M as uma palavra, ao menos, deve ser di ta para os espíritos timoratos, que mais fac ilmente se impressionam com a grandeza do esforço do que com a magnitude da obra. A própria amplitude do plano lançado deveria dru· a entender que o Ex .mo Rev.mo Sr. Arcebispo, atacando a construção de um monumento de tal envergadura, dá uma bela mostra de desprendimento.
Efetivamente, S. Ex.a não pode ter o plano de ultimar rapidamente, com o aceno de uma vara m ágica, a execução de trabalho tão grandioso. Aos dig nitários da Igrej a, que tê m di ante de si os séc ulos, não pode atormentar a fe bre das ina ugurações imediatas, que devem assina lar administrações efêmeras . Os ma iores monumentos relig iosos do mundo inteiro fora m obra de gerações e gerações consecutivas . Nenhuma delas pl anto u pru·a ter o gosto de colher os frutos neste mundo. Os frutos se colhem no Céu, pru·a todos os semeadores da boa semente. O que é essencial é que as obras realizadas na Terra não tragam a mru·ca de precariedade e de exiguidade das coisas feitas exc lu sivamente para os homens, se elas se destin am ao culto de Deus. Este monumento se fa rá, Deo valente, tendo como condição de sucesso a persuasão firm e e tra nquil a de q ue não se trata de um a grande obra a se realizar de modo amesq uinhado graças à exiguidade dos recursos e do te mpo. Os anos pode rão correr, assistindo ao desenvolvimento lento e prudente da obra. Nem por isso, entretanto, e la se fará menor, ou de ixará de se fazer. E se ela exceder os limites da ex istê nc ia desta geração, uma co isa ao menos se poderá dizer: que o B ras il teve a glóri a de, exceção honrosa em um século frívolo e imedi atista, arga massar com o fator tempo um mo numento que por isto mes mo o tempo não destruirá".
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"Basillca Velha", conclufda em 1888
Recepção a Nossa Senhora
Aparecida: motivo para uma "recristianização do Brasil" A seguir, trechos do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado em "O Legionário" de 8 de julho de 1945, nos quais ele expõe a grande manifestação em honra da Virgem Mãe Aparecida, que naquela data estava sendo preparada. O objetivo do autor era predispor os paulistas para uma grandiosa recepção em São Paulo da milagrosa imagem, que contribuísse para incentivar um movimento pela recristianização do País: Um ato para glória de Deus, afervoramento dos tíbios, santificação dos bons, e escarmento dos maus. "São Paulo é a metrópole do estado em que Nossa Senhora quis firmar o seu trono. É na Arquidiocese de São Paulo que se encontra a Basílica da Aparecida [o autor refere-se à chamada "Basílica Velha", concluída em 1888, ainda em nossos dias aberta aos fiéis]. Os paulistas têm para com Nossa Senhora uma devoção ardentíssima e tradicional. Por todos os títulos, a manifestação tem de ser como das mais grandiosas a que São Paulo já tenha assistido. Ela nos deve fazer lembrar, por sua magnificência e amplitude, dos dias memoráveis do IV Congresso Eucarístico Nacional [de 1942]. O sentido que mais facilmente se percebe, em uma manifestação, é a proclamação pública de convicções que devem ser professadas diante de todos, para glória de Deus, para afervoramento dos tíbios, para santificação dos bons, e para firme e vigoroso escarmento dos maus. É o próprio nome católico que está empenhado na grandeza dessa manifestação. Tanto basta dizer, para provar a intensidade do zelo com que devemos trabalhar em favor dela. Entretanto, isto não é tudo. A manifestação está muito longe de ter um sentido meramente humano. A presença da verdadeira imagem de Nossa Senhora Aparecida, entre nós, é uma graça. Maria Santíssima é a Medianeira de todas as graças, e seus favores são mais abundantes quando suplicados aos pés das imagens benditas que, em quase todos os países do mundo, são veneradas de um modo especial, em algum sant_uário nacional. Os mexicanos têm Nossa Senhora de Guadalupe. Os argentinos têm Nossa Senhora de Lujan. Os brasileiros têm Nossa Senhora Aparecida. As imagens de Lujan, de Guadalupe, da Aparecida foram escolhidas pela Providência para despertar de modo especial a devoção à Maria Santíssima. Sua presença entre nós é pois um penhor especial da generosidade de Nossa Senhora. Devemos aproveitar avidamente as graças que sua presença acarretará para nós.
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'Procurai primeiramente o Reino de Deus e a Sua Justiça, e todas as coisas vos serão dadas de acréscimo', prometeu Nosso Senhor. Podemos e devemos pedir graças temporais . Mas muito mais acima delas estão as graças espirituais. A imagem de Nossa Senhora Aparecida vem a uma cidade devastada por todos os ventos do neo-paganismo moderno. A imoralidade campeia nos lares, já hoje feridos em sua estabilidade e em sua fecundidade. O desejo desordenado do dinheiro, do poder, do luxo, desnorteia os corações. Indiferentes às coisas do Céu, os homens se
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voltam cada vez mais para a Terra. Pululam por toda parte as abaixo d'Ele a Igreja de Deus, que é o Corpo Místico de doutrinas heterodoxas. [Os erros do] comunismo ameaçam , Cristo. Sarmentos dessa vinha, o que pediremos a Nossa submergir a civilização cristã. Senhora é que fiquemos sempre unidos ao cepo divino, semDiante desse quadro, nossa grande prece deve ser acima pre ligados à Igreja de Deus, sempre fiéis a Rocha de São de tudo pela recristianização do Brasil. Se devemos amar Pedro. Porque se tivermos essa graça, todas as outras serão acima de tudo a Deus, Nosso Senhor, devemos amar logo supérfluas ... e nos serão dadas de acréscimo!".
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Virgem e Mãe Aparecida, Soberana da Terra de Santa Cruz
Cidade de Aparecida: a principal sede da devoção a Nossa Senhora
A Excelsa Mãe de Deus, Rainha do Céu, mas também Rainha do Brasil, tem direitos efetivos sobre a nossa Pátria. Eis alguns trechos de outra conferência de Plinio Corrêa de Oliveira, pronunciada em 5-10-1964, na qual ele expõe aspectos do Brasil enquanto súdito de Nossa Senhora; e de Aparecida do Norte como devendo ser a autêntica capital brasileira - prenúncio do reinado do Coração Imaculado de Maria' no Brasil.
No decurso de uma conferência pronunciada em 12-10-1964, Plinio Corrêa de Oliveira responde a estas duas perguntas: - "Que título tem Nossa Senhora Aparecida para ser Padroeira do Brasil"? "Qual é a importância que se deve dar a esta devoção?". Aparecida: um trono no qual Nossa Senhora quer sentar para atender a todos, uma porta aberta para o Céu. "Uma pessoa que interprete à lu z da fé os fatos que se passam na cidade de Aparecida cio Norte não pode deixar de ter uma certeza moral, inteiramente sólida, de que aq uela região fo i o local que No sa Senhora escolheu para difundi r suas graças de modo especial para toda a nação brasileira. Como em nenhum lugar do Bras il, as graças são ali distribuídas e m abundância. E la quis erigir lá o seu santuário principal no País. A respeito disto não pode haver dúvida alguma. Não tanto dev ido às curas - registrada na Casa dos Milagres, que merecem atenção e sobre as qu ais não se põem dúvidas - , mas por causa do afl uxo enorme de peregrinos. Peregrinos que vão lá com bom espírito, com a intenção realmente de rezar, de se aprox im arem de Nossa Senhora e, ass im, obterem fru tos ele santificação e de prog resso na vida espiritual. 'Pelos fru tos se reconhece a árvore ', e quando um determin ado local de peregrinação é ocasião de muitas conversões, de muito afervoramento, de confirmação na fé, é certo que aquele local é uma ocasião que a graça se serve para se comunicar aos homens. Razão pela qual se deve ente nder que realmente aq uela cidade é um trono no qu al Nossa Senhora quer sentar para se to rnar mais afável e atender em favor de todos. Portanto, Aparecida é como que uma porta aberta para o Céu, através da qual Ela se torna mai s próxima dos homens. Uma vez que isto é realmente verdadeiro, eleve mos reconhecer que Aparecida é a principal sede da devoção a Nossa Senhora". Romeiros a caminho de Aparecida do Norte .
Nossa Senhora: Rainha das grandes coletividades, mas também Mãe das pequenas unidades .
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"É belo que exista algo de fe udalismo na própria devoção a Nossa Senhora. Porque, assim como existem as grandes devoções universais à Santíssima Virgem , vicejam também as devoções nacionais. Creio que não ex iste um só país que não tenha uma grande devoção a alguma invocação especial de Nossa Se nhora; e no qual Ela não seja, debaixo de algum títul o, a Padroeira. Há també m as invocações a Nossa Senhora em cidades e e m regiões, como, por exe mplo, Nossa Se nhora da Penha, em São Paul o. E ainda há imagens de Nossa Senhora particularmente invocadas em determinadas paróquias. Ou seja, Nossa Senhora, com aquela índole materna que é característica da mjssão d' Ela junto aos homens, se faz grande com os grandes, se faz pequena com os pequenos. Ela se faz universal para as grandes coletividades e se faz como que regional para vários grupos humanos. Desse modo podemos admirá- la em todas as dimensões: como Rainha elas grandes coletiviclacles, mas també m como Mãe das pequenas unidades. Eu até tenho visto instituições familiares com uma devoção especial por essa ou aquela invocação ele Nossa Senhora, como representando uma relação especial cl 'Ela com determinada família. Assim , esse padroado de Nossa Senhora toma um sentido ainda mais pormenorizado. Na minha fa mília paterna, por exemplo, há a devoção a Nossa Senhora ela Piedade, que é comum entre todos os membros da fa mília Corrêa de Oliveira. Quer dizer, é mais uma invocação, mais uma acomodação desse trato de Nossa Senhora com os homens. E por vezes existe ainda uma devoção para cada um individualmente. Há, portanto, um a es pécie de refração ela imagem de Maria Santíss ima, segundo várias grandezas, várias distâncias, vári os sentidos, várias dimensões, povoando o firm amento mental do homem de vários modos. *
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Nessa perspectiva é que devemos considerar a devoção a Nossa Senhora Aparecida como Rainha do Brasil. A América Latina tem como Padroeira Nossa Senhora de Guadalupe, e no Brasil nós temos Nossa Senhora Aparecida. O que isso significa para nós? É interessante notar como essa devoção nasceu, que características tomou e como foi se desenvolvendo ao longo da Hi stó1:ia do Brasil. Sabe mos que ela nasceu no Vale do Paraíba, e conhecemos o seu ponto de partida. Em outubro de 1717, três pescadores [Domingos Garcia, João Alves e F ilipe Pedroso], estavam pescando no rio Paraíba. De repente eles "pescam" com suas redes um tro nco ele imagem, e mais adi ante sua cabeça. A pescari a, que estava muito difícil até aquele momento, tornou-se abundante. Depois eles construíram junto ao ri o uma capelinha para a imagem que tinha m e ncontrado, substituída mais tarde por uma capela maior. Muitos anos depois, ergueu-se no loca l uma igrej a.
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As graças ali alcançadas foram acentuadamente numerosas. O povo começou a afluir em quantidade, recebendo graças extraordinárias. [.. .]
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"Wv)I Sacrílego atentado contra a Sagrada Imagem da Virgem Aparecida
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Mas, ao mesmo tempo em que isto se dava, a devoção a Nossa Senhora Aparecida foi marcando a vida da Igreja. A tal ponto que, no pontificado de São Pio X, Ela foi coroada solenemente Rainha do Brasil, em 8 de setembro de 1904. Coroação efetivada num ato oficial , na presença de muitos membros do Episcopado nacional. De acordo com um decreto da Santa Sé, Nossa Senhora Aparecida passou a ser Rainha do Brasil. Depois, em julho de 1930, Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida Rainha e Padroeira do Brasil. [... ] E Nossa Senhora, portanto, ficou sendo no Céu a verdadeira Rainha de nossa Pátria. Esse fato nos deve ser muito grato, porque devemos ver nele um prenúncio do Reino de Maria. *
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Nossa Senhora aclamada Rainha do Brasil , o Reino de Maria, juridicamente, já ficou declarado. E juridicamente, para os efeitos celestes e para os efeitos terrestres, Ela tem direitos ainda maiores sobre o Brasil do que se Ela fosse Rainha apenas nesta Terra. Devido a isto, temos uma obrigação especial de cultuar Nossa Senhora; de dar glória a Ela; de espalhar sua devoção por toda parte; de lutar junto aos outros povos que resistam
Maria. ** Que honra, que pompa, que grandeza, que nobreza, que elevação essa basílica deveria ter! Podemos imaginar uma grande conjunção de ordens religiosas contemplativas que deveriam se estabelecer naquela região; grandes confessores que fossem confessar ali , para fazer bem às almas; centros especiais de cursos para intensificação da devoção mariana; enfim, quanta e quanta coi sa. São desejos que não estão no reino dos sonhos . Estão no
ao culto de Nossa Senhora; de fazer, portanto, cruzadas em
reino dos ideais. Nós, que confiamos na Providência Divina,
nome d ' Ela. Com isso, é toda uma vocação nacional e mundial que se delineia para o Brasil, a partir precisamente dessa devoção a Ela como nossa Rainha. Daí decorre também outro fato : se o Brasil não fosse oficialmente o País agnóstico e interconfessional que é, o verdadeiro seria - para determinados efeitos - a capital autêntica do Brasil ser Aparecida do Norte. Após Nossa Senhora ter sido declarada Rainha do Brasil, eu não concebo a possibilidade de que os grandes atos da vida nacional se realizem em outro lugar que não em Aparecida: a promulgação de leis importantes; declaração de guerra; tratados de paz; grandes solenidades das ilustres famílias do País. Eu só concebo tai s atos sendo realizados em Aparecida, que, pelo ato dessa coroação, ficou sendo o centro espiritual do País. No momento em que tanto se discute "Brasília ou Rio", nós esquecemos o verdadeiro polo: Aparecida, para esses efeitos, a verdadeira capital do País! Assim tem-se a perspectiva de como Aparecida deveria ser considerada.
sabemos bem a diferença que há entre um sonho e um ideal. Para o homem que não confia na Providência, todo ideal não é senão um sonho; para o que confia, muita coisa que parece sonho é um ideal realizável. Devemos esperar que Ela realize tais fatos, e fazer tudo para apressar esse dia - dia da constituição naquela localidade de uma ordem de coisas como deve ser, sintoma da remodelação de todas as coisas no Brasil e no mundo, para o cumprimento da promessa de Nossa Senhora em Fátima: 'Por.fim o meu !maculado Cora-
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É bonito imaginar como será a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, quando for instaurado no Brasil o Reino de
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ção triunfará '. É para o triunfo do reinado do Coração Imaculado de Maria - que no Brasil se apresenta sob a devoção a Nossa Senhora Aparecida - que devemos rezar".
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** Entende-se Reino de M ari a -
previ sto em Fátim a e tão desejado por Plínio Corrêa de Oliveira - no sentido empregado por São Luís Mari a Gri gni on de M ontfort (grande missionári o e doutor marial francês do séc ul o XVII ) em seus escritos, especialmente no célebre Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virge1n: " Quando virá este tempo fe- • li z em que Mari a será estabelec ida Senhora e Soberana nos corações, para submetê- los pl enamente ao impéri o de seu grande e único Jesus? [ ... ] Que venha o Reino de Mari a, para que ass im venha o vosso [de Jesus Cri sto] Reino" (S ão Luís Maria G. de M ontfort, Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, Vozes, Petrópoli s, J 984, 13" ed., pp. 210-211 ).
Como vimos, é incomensurável a maternal predileção de Nossa Senhora pelo Brasil. E, certamente por causa disso, é visceral o ódio a Ela por parte dos inimigos da Santa Igreja. É o que passaremos a considerar. Uma extrema manifestação desse ódio foi a tragédia sem precedentes ocorrida em 16 de maio de 1978, quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi arrancada sacrilegamente de seu trono sagrado por um protestante, atirada ao chão e reduzida a 200 pedaços! Tran_storn~dos co_n:1 esse acontecimento sinistro, todos seus filhos brasileiros se perguntavam se Deus nao tena perm1t1do esse nefando atentado como castigo pela nossa incorrespondência ao amor da Santíssima Virgem por nós e pelo fato de o Brasil não estar trilhando o caminho certo .* C?mo filho extremamente fiel a Nossa Senhora, Plinio Corrêa de Oliveira repudiou o ato sacrílego e, alem de promover uma peregrinação de vários quilômetros a pé até Aparecida, em sinal de desagravo, manifestou sua reparação também no artigo intitulado 'í!I Imagem que se partiu" ("Folha de s. Paulo", 29-5-1978).
Ilação entre as profecias de Fátima (1917) e Nossa Senhora Aparecida (1717). "E m s ua brutalidade, o fato é este: O Brasil , há mai s ele doi s sécul os, venera Nossa Se nhora corno s ua especi a l Padroeira. E essa ve neração se diri ge a Ela sob a invocação ele Imaculada Con cei ção Aparec ida: • - Nossa Senh ora Aparecid a ! A exclamação acode frequentemente ao espírito dos brasileiros. E sobretudo nas grandes ocasiões. Pode ser o brado ele urna alma aflita que se diri ge a De us pe la intercessão ela Medi aneira que nada rec usa aos homens, e à qual De us, por sua vez, nada recu sa. Pode ig ualmente ser a exclamação ele uma alma que não se contém de aleg ria e extravasa seu ag radecime nto aos pés ela M ãe, ele que m nos vê m todos os bene fíc ios. A história da pequena imagem ele terracota escura - com o seu
* Nesta matéria sobre Nossa Senhora A parec ida, não podemos deixar ele mencionar outro sini stro sacril ég io oco rrid o algun s dias após o fa lec im ento de Plíni o Corrêa de O li veira. Numa mani fes tação de ódi o brutal , outro herege, pastor ele se ita protes tante, chut ou uma répli ca da im agem ele nossa Rainh a e Padroeira. O sac ril ég io oco rreu no dia de sua fes tividade, 12 de outubro el e 1995, e foi telev isionado para o Brasil inteiro, qu e ass istiu ao ato co m suma co nsternação. ** "Co nce ição" : singular pri vil ég io concedido por Deus à Virgem Maria ele ser co nce bida sem pecado ori gin al. De onde o dog ma da Imac ulad a onceição, proclamado em 8 de dezembro de 1854 pelo Bem-aventurado Papa Pi o I X.
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grande manto azul sobre o qual resplandecem pedras preciosas, e cingindo à fronte a coroa de Rainha cio Brasil - encheria livros. Esses livros, se fossem concebidos como eu os imagino, deveriam conter não só os insignes fatos hi stóricos que a Ela se prendem, mas também, em apêndice, as legendas que a piedade popular a respeito deles teceu. É da amálgama de uma coisa e outra - hi stória séri a e incontestável, e legenda graciosa que resulta a imagem global da Aparecida como ela existe no coração de todos os brasileiros: - o escravo que rezava aos pés ela Senhora concebida sem pecado ori ginal, ao mesmo tempo em que dele se acercava o dono inclemente, quando as algemas se rompem, o coração do amo que se comove, etc.; - o Príncipe Regente que saudava a imagem no decurso do trajeto que o levava do Rio a São Paulo, onde iria proclamar a lnclepenclência e fazer-se imperador; - o ato do novo monarca colocando oficialmente o Brasil sob a proteção da Virgem Imaculada Aparecida; - a coroação da imagem com a riquíssima coroa ele ouro cravejada de brilhantes, oferecida anos antes pela Princesa Isabel , coroação feita em 8 de setembro ele 1904 pelos bispos da Província Meridional do Brasil e de outros pontos do País, em razão do decreto do Cabido da Basílica Vaticana, aprovado por São Pio X; - o velho Vences lau Brás, ex-pres idente da Repú blica, assistindo piedoso, no jubileu de prata da coroação da imagem, à missa hieraticamente celebrada por D. Duarte Leopoldo e Silva, reluzente daquela como que majestade episcopal tão caracteristicamente dele; - a solene proclamação do decreto do papa Pio XI, de 16 de julho de 1930, constituindo e declarando 'a Beatíssim.a Virgem Maria, concebida sem mácula, sob o título de Aparecida, padroeira principal de todo o Brasil, diante de Deus '; - a apoteótica manifestação do dia 3 J de maio de 193 1, em que o episcopado nac ional, diante da mil agrosa imagem levada triunfalmente ao Rio de Janeiro em trem-santuário, na presença das maiores autoridades civis e militares e em união com todo o povo - mais de um milhão de pessoas! - consagrou o País a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. E assim por diante, sem falar das curas, aos milhares. Quantos milhares? Cegos, aleijados, paralíticos, leprosos, cardíacos, que direi eu mais! Multidões e multidões sem conta ele devotos, vindas do Brasil inteiro, com as mães contando às criancinhas, ao voltarem para os lares, alguma narração piedosa sobre a santa, inventada na hora ou ouvida da avó ou da bisavó. Bem entendido, narração enriquecida, de geração a geração, com mais pormenores marav ilhosos. Quem conta um conto ... Tudo isso levava o Brasil inteiro a emocionar-se - e com quanta razão - ante a pequena Imagem de terracota escura, vendo nela o sinal palpável da proteção de Nossa Senhora. E o sinal se quebrou . Por sua vez, essa quebra não será um sinal? Sinal de quê? [.. .-1
Am igos meus que conversaram há dias com altíssi ma personalidade ec les iástica, dela ouviram que o sacrilégio teria relação com a aprovação do divórcio no Brasil.
CATO LICISMO
A hipótese faz pensar. Talvez, entri stec id a a fund o pela promulgação do divórcio, Nossa Senhora, ao permitir o crime, tenha querido fazer ver ao povo brasil eiro seu desagrado pelo fato. Seri a bem isso? Sem dúvida, a introdução do divórcio fo i um gravíssimo pecado coletivo cometido pela Nação brasi leira. [.. .] Há dois aspectos pelos quais a aprovação do divórcio pode ser relacionada com o crime sacrílego. De um lado, se o divórcio fo i aprovado, é porque a res istência contra o mesmo foi insuficiente. Quando o sr. N. Carneiro era aclamado aos brados pelo plenário do Congresso e por uma minoria que abarrotava as galerias, logo depois ela aprovação ela lei, a Nação dormitava. E essa soneira em hora tão grave exprime, por sua vez, uma fl agrante falta de zelo. Pois não nos basta não fazer uso da lei. Se não a queríamos, por que não a imped imos? Por outro lado, como não reconhecer nesse censurável indifere nti smo, não um estado de espírito de momento, mas uma atitude de alma resultante de efeitos ainda muito mais profundos? Quando a mora]jdade das modas decai assustadoramente, quando os costumes sociais se degradam a todo momento e a limitação da natalidade, praticada por meios condenados pela Igreja, vai ganhando proporções assustadoras, prepara-se o caldo de cultura para o comunismo. Este, embuçado em criptocomuni smos, eurocomunismos, soc iali smos e outrns disfarces ideológicos, vai avançando. Como não reconhecer ni sto um complexo de circunstâncias nas quais se insere, com toda a naturalidade, o divórcio? *
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Isto dito, como não lembrar a profecia de Nossa Senhora, fe ita em Fátima pouco depois da queda do tza.rismo? Eis as palavras d'Ela: 'Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à. Igreja; os bons serc7o martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas; por .fim, o rneu Imaculado Coração triu,~fará '. · É impossível não perguntar se existe uma relação entre essa trágica e materna previsão, desatendida pelo mundo ao longo dos últimos 60 anos, e a também trágica ocorrência de Aparecida. Não será esta um eco daquela? Um eco destinado especialmente ao Brasil, pois que entre nós, e contra a imagem de nossa Padroeira, o crime se deu. Espec ialmente para o Brasil , sim ; excl usiva mente para o Brasil, quiçá não . Pois nosso País é o que tem hoje em dia a maior população católi ca do globo. E Aparecida é, depois de Guadalupe, o sa ntuári o mari ano de maior afl uxo de peregrinos em todo o orbe. Pelo que, qu anto aq ui oco rra em matéria de devoção mari al tem um signifi cado para o mun do inteiro. Muitos dirão que a ilação entre Fátima e Aparecida não pode ser afi rmada, por falta de provas caba is. Não entro aqui na análi se da questão. Pergunto simplesmente se há quem se sinta com base para negá- la..."
~ A metáfora da Rainha Destronada, os inimigos e o pugilo de fiéis Se muitos querem não apenas abolir o título de Nossa Senhora Aparecida como Rainha e Padroeira d~ B~asil, mas ~ltrajá-~a e arrancá-La de seu trono de glória, seus fi lhos fiéis não podem permanec~r in~1fer_entes d1~nte disso. Pelo contrário, devem oferecer reparação, manifestando a Ela amor e ded1caçao ainda mais profundos . Nesse sentido se exprime Plínio Corrêa de Oliveira, usando linguagem metafórica, em conferência de 26-2-1966: A Rainha vai ser arrancada do trono. Pergunta-se: o que nós vamos fa zer?
. "Nossa Senhora é como uma Rainha que está sentada no seu trono. A sa la está cheia de inimi gos. Os inimi gos Já lhe arrancaram o dosse l, já tiraram da sua fronte ve neranda a coroa de glória a que Ela tem direito, já lhe arrancaram das mãos o cetro. Ela está amarrada para ser morta. · . Dent1~ dessa sala cheia de gente poderosa, armada, influente - todo. diante da Rainha qu e não faz outra ~01sa se nao chorar - , há também um pugilo de fiéi s, e Ela ev identemente olh a para tai s fi éis. Assim, ou este olhar faz em nó. o que o olh ar de Jes us fez em São Pedro, ou não há mais nada para dizer. .. . A Rainha vai ser arrancada cio tron o. Pergunta-se: o que nós vamos fazer? Nesta hora de tal olh ar, isso não me mteressa? Este olh ar não me sensibi li za? Poder-se- ia então perguntar: quem sou eu? Eu so u o homem para quem Nossa Senh ora olhou! Mas serei o homem a quem Ela terá olhado em vão?".
"Ó Maria, abençoai-nos,
concedei-nos a graça das graças: ó Mãe, uni intimamente a Vós este vosso Brasil" Por ocasião do sesquicentenário de nossa Independência, Plínio Corrêa de Oliveira publicou na_"Folha de s. Paulo" (16-1-72) um comovente artigo em forma de oração a Nossa Senhora _Aparecida. ~nt1tula-se Prece do sesquicentenário e contém ao mesmo tempo um agradecimento, um pedido de perdao e uma súplica em prol do Brasil. Com ele encerramos com fecho de ouro a presente matéri_a em honra da Senhora Nossa Rainha e Padroeira, rogando especiais bênçãos e graças para nossos leitores.
Nossa oração não é a tio fariseu orgulhoso e desleal, lembrado ,le suas qualidades, mas esquecido de suas faltas.
"Ó Senhora Aparecida! Ao aprox imar-se a data em que completamos um século e meio de ex istência independente, nossas alma_s se elevam até Vós, Rainha e Mãe do Brasil. Cento e cinquenta anos de vida são, para um povo, o mesmo que qumze para uma pessoa: isto é, a transição da ado lescência - com sua vitalidade, suas incertezas e suas esperanças . . para a juventude, com seu idea li smo, seu arrojo e sua capacidade de realizar. Neste limi ar entre duas eras hi stóricas, vamos transpondo também outro marco. Pois estamos entrando no rol das nações que, por sua importância, determinam o rum o dos acontec imentos presentes e têm em suas mãos os fios com que se tece o futuro dos povos.
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Neste momento rico em espera nças e glória, ó Senhora, vimos agradecer-Vos os benefícios que, Medianeira sempre ouvida, nos obtivestes de Deus onipotente. Agradecemo-Vos o território de dimensões co ntinentai s e as riquezas que nele pusestes. Agradecemo-Vos a unidade do povo, cuj a variegada composição racial tão bem se f~,n~iu na grand~ c~u~lal étnica de ori gem lusa, e cuj o ambiente cultural , inspirado pelo gênio latino, tão bem ass11rnlou as contnbu1 çoes _ . . _ trazidas por hab itantes de todas as latitudes. Agradecemo-Vos a fé católica, co m a qual fo mos ga lardoados desde o momento bendito da Primeira Missa. Agradecemo-Vos nossa História serena e harmoni osa, tão mais cheia de cultura, de preces e de trabalho do · que de desavenças e guerras. Agradecemo-Vos nossas guerras justas, ilumin adas sempre pela auréola ela vitória. Agradecemo-Vos nosso presente, tão cheio ele reali zações e ele esperanças de grandeza. _ Agradecemo-Vos as nações deste Continente, que nos destes por vi zinhas, e que'. i:m~nadas conosc_o ~a _fé e na raça, na tradição e nas esperanças cio porvir, percorrem ao nosso lado, numa conv1venc1 a sempre mais mt1ma, o mes mo caminho de ascensão e de êx ito.
CATOLICISMO
Agradecemo-Vos nossa índole pacífica e desinteressada, que nos inclina a com preender que a primeira mi ssão dos grandes é servir, e que nossa grandeza, que desponta, nos é dada não só para nosso bem, mas para o de todos. Agradecemo-Vos o nos terdes fe ito chegar a este estág io de nossa hi stóri a no momento em que pelo mundo sopram tempestades, se acumul am problemas, e terríveis opções espre itam , a cada passo, os indivídu os e os povos. Pois esta é, para nós, a hora de servir ao mundo, reali zando a missão cri stã das nações jovens deste hem isféri o, chamadas a faze r brilhar, aos olh os do mundo, a verdadeira luz que as trevas jamais conseguirão apagar.
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Nossa oração, Senhora, não é, entretanto, a cio fariseu orgulhoso e desleal, lembrado ele suas qualidades mas esquec ido de suas faltas. Pecamos. Em muitos aspectos, nosso Brasil de hoje não é o País profundamente cri stão co m que sonh ara m Nóbrega e Anchieta. Na vida pública como na cios indivíduos, terríveis germes ele deterioração se fazem notar: que mantêm em sobressalto todos os espíritos lúcidos e vigilantes. Por tudo isto, Senhora, pedimo-Vos perdão. E, além do perdão, Vos ped imos fo rças. Pois sem o auxílio vindo de Vós, nem o fracos conseguem vencer suas fraquezas nem os bons alca nça m conter a violência e as tramas dos maus. Com o perdão, ó Mãe, pedimo-Vos também a bênção. Quanto confi amos nela! Sabemos que a bênção da Mãe é preciosa condição para que a prece do filho seja ouv ida, sua alma seja rij a e generosa, seu trabalho seja honesto e fec undo, seu lar seja puro e feliz, suas lutas sejam nobres e meritóri as, suas venturas honradas, e seus in fortúni os dignificantes. Quanto é ri ca destes e de todos os outros dons imagináveis a Vossa bênção, ó Ma ri a, que so is a Mãe das mães, a Mãe de todos os homens, a Mãe Virginal do HomemDeus! Sim, ó Maria , abençoai -nos, cumul ai- nos de graças e, mais do que todas, co ne dei -nos a graça das graças: ó Mãe, uni intimamente a Vós esle Vosso Bras il. Amai-o mais e mais. Tornai sempre mais mal rnal o patrocínio tão generoso que nos outorgastes. Tornai sempre mai. la Po e mais miseri cordi oso o perdão que sempre nos co ncedestes. Aumentai vossa largueza no que di z respe ito aos bens da Terra, mas, sobretudo, eleva i nossas almas no desejo dos bens do éu. Fazei-nos sempre mais amanLes ela paz e sempre mais fortes na luta pelo Príncipe ela Paz, Jesus Cri sto, Filho vosso e Senhor nosso. De sorte que, dispostos sem i re a abandonar tudo para lhe sermos fiéis, em nós se cumpra a promessa divina cio cêntu plo n sla Terra e ela bem-aventurança eterna. Ó Senhora Aparecida, Rainh a cio Brasil! Co m qu e palav ras de louvor e de afeto Vos saudar no fec ho desta prece ele ação de raças e súp li ca? Onde encontrá-las, senão nos próp ri os Livros Sagrados, já que sois superior a qu alquer louvor hum ano? De Vós exclamava profcLi camenle o povo eleito, palavras que amorosamente aq ui repetimos : - 'Tu gloria Jerusalem, tu laetitia Israel, tu honor!ficentia populi nostri'. Sois Vós a glória, Vós a alegria, Vós a honra desle povo que Vos ama".
A milagrosa imagem da Padroeira do Brasil durante sua visita à sede principal da TFP brasileira, na década de 60
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Seu único passa tempo era a caça co m Coroaejão de Santo Eduardo
cães e fa lcões, na qual se exerc itava para um futuro incert o. Quando soube ela morte ele Canu to em 1035, Ed uard o reu niu um a frota ele 40 nav ios e cru zou o es treito, desembarcando em Southampton. Mas não encontrou na Inglaterra o apo io ele que necessitava. ·s ua própri a mãe declarou-se contra a empresa. Eduardo foi obri gado a voltar para a Normandia.
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Em 1039 faleceu H arolclo. Fartos de viver sob a dominação es tran ge ira econh ecedores da fama ela s virtudes de
Santo Eduardo, Rei da Inglaterra A pós conturbaclos anos de dominação clinarnarqucsa, o santo 1nonarca devolveu à Jnglalcrra a paz e a prosperidade, segundo os ditames da Igreja Católica I'
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PU NIO M ARIA SOLIMEO
ascido por volta do ano 1000, Santo Eduardo era fi lho do rei Etel-
N
reclo li, que governou a Inglaterra dos anos 978 a I O16, e de sua segunda esposa, Ema, filha do Duque da Normandi a. Em 101 3, Swey n, rei vikin g da Dinamarca, invadiu a Jnglaterra e apoderouse do trono , repetind o o fe i to de um
Westminster, construída por ordem de Santo Eduardo
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CATOLIC ISMO
antecessor seu. Etelreclo fu giu então com sua famí li a para a Normandia. Porém, com a morte ele Swey n no ano seguinte, vo ltou e reconqui stou o poder. Por pouco
tempo, pois faleceu em 1016. Subiu então ao tron o Edmund o, meio- irm ão de Eduardo, que continuou a luta contra os invasores. M as fo i assass inado, apoderando-se do trono o din amarqu ês Ca nuto . Este pediu Ema em casamento, estipulando que os filhos deste matrimônio seri am seus herdeiros, em detrim ento de Santo Eduardo e ele seu irmão, que hav iam ficado na Normandia. Can uto, cognominad o "o Grande", reinou na Inglaterra durante 19 anos . A fi gura desse grande conqui stador não deixa de chamar a atenção: "intrigante, am-
bicioso e violento, Canuto no entanto ex-
piou suas antigas crueldades por urn cristianismo não sem valor: Chegou co1110 in vaso r e cru el destruidor e, por uma rnudan ça de temperamen to tão notável quanto longa em seu · efeilos, perman eceu para governar em justiça e paz um povo que ele desposou completcunente ". 1 Entra em cena então outra fi gura típica desses tempos violentos e semi-b,\ rbaros: Goclwi n. Pastor nas se lvas ele Warwik, ganhou o favor ele Canuto por ter sa lvado a vicia de um che fe linamarquês perdid o no interior das montanhas. L evado à Corte, logo se torn ou um guerreiro destem ido por sua coragem e ousad ia. Obteve o título ele conde e o govern o de uma província. Doravante sua ambição não conheceu li mites nem escrúpu los .2 Q uando an ulo fal eceu, em 1036, seus Estados fo ram divididos entre seus filh os: Sweyn fi co u com a Noruega , Hardi ca nuto co m a D in amarca, e H aroldo, filh o il egítim o, com a Inglaterra. Nessa ocasião, Eduardo e A lfredo voltaram à Inglaterra. Como Goclw in tinha aj udado Haro l-
cio a estabe lecer su a autorid ade, obtivera também o favor desse rei. Aconselhou-o então a atrair à Corte os doi s príncipes, seus ri vais na coroa, para li vrarse deles. Ema conseguiu segurar junto a si Eduardo. M as A lfredo, interceptado por Godwin , teve os olh os furados e foi rel egado a um mosteiro, onde faleceu em virtude cios fer imentos. Santo Eduardo voltou então para a N orm andia.
Depois de muitas vicissitucles, o trono Tendo cresc ido no palác io cio Du que da N ormandia , E duardo soubera preservar-se da corrupção e ci os vícios que reinavam naquela corte, es merando-se desde a in fância a praticar as v irtud es contrári as a esses vícios . Era dotado ele um caráter reflex ivo e silencioso, no qual ad ivinhavam -se as marcas cio infortúni o. Procurava conversar com homens de piedade e saber, sendo possuidor de sabedoria e gravidade superi ores à sua idade. Di stin gui a-se nele em parti cu lar uma doçura adm irável, fruto de uma humildade profunda e ele uma ·carid ade que abarcava todos os homens.
Ed uard o, todos os in gleses concord aram em restituir- lhe o trono de seus pai s. Ed uardo fo i ass im sagrado Rei da lng laterra, no Domingo ele Páscoa cio ano de 1042. .lá tinh a 40 anos, 30 cios quais passados no ex ílio. Ele soube, ele um lado, aproveitar os ens inamentos ela v icia, principalmente os ela desgraça, e ele outro lado procu rou esquecer o passado, preocupando-se so mente em se tornar um verdadei ro pai para seus súditos.
"Uma vez.firmado seu pode,; Eduardo consagro u todos os seus e4 orços para rea lizar o ideal do príncipe cristão: propaga r a Religicio, devo lver seu vigor às antigas leis, diminuir as cargas do po vo, conservar a pa z. Tais fo ram os cuidados principais de seus govern o" .3
Tempos "melhores e mais telizes da Inglaterra " "Bem merece [Santo Eduardo I que se considere seu rein ado de 24 anos como um dos melhores e maisfelizes da Inglaterra. Os próprios dinamarqu eses, donos [do territóri o l por tanto tempo, f oram subtnetidos para sempre no interior e contidos 11 0 exterior pela postura do valente príncipe".4 Poi s os anti gos vencedo res, estabelec idos na Inglaterra hav ia 40 anos, pretendiam ter um " di reito de conqui sta", mas temiam , amavam e res peitavam o novo soberano. Aos poucos foram totalment e integrados na popu lação ci o país. Enquan to a Divina Prov idência zelava pelo reino, uma ameaça vinha da
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EPISÓDIOS HISTÓRICOS Noruega. O rei Swey n qui s reconquistar o trono inglês que seu pai , Canuto, antes ocupara. Santo Eduardo co locou o país em estado de alerta, e esperou o pior. M as um ataq ue do rei da Dinamarca à Noruega fez abortar o premeditado plano de invasão da Inglaterra. Mai s tarde Suenon, rei da Dinamarca, preparou -se também para reconqui star a Inglaterra. Dotado do dom da profec ia, Santo Eduardo estava um di a assistindo à Mi ssa quando entrou em êxta se, derramando copiosas lágrimas. Terminad o o Santo Sacrifício, seus nobres lhe perguntaram o que sucedera. O santo revel ou então que vira Suenon morrendo afogado no mar, no momento de embarcar para a Inglaterra. O que livrou o país de nova invasão. Pouco mai s tard e, em 1046, piratas dinamarqueses siti aram Sandwich e depoi s as costas de Essex. Mas a pronta intervenção dos ofic iais de Eduardo forçou-os a afastar-se do país. Santo Eduardo empreendeu apenas uma guerra, para reco loca r Malcolm, filho de Dunca n, no trono da Escócia. Duncan fora assass inado e despoj ado por M acbeth, o usurpador cuj a infâm ia fo i imortalizada por Shakespeare.
"Não se alegrava com a abumlâ11cia" D e acordo com seu primeiro biógrafo, Santo Eduardo "e ra pobre nas
riquezas, sóbrio nas delícias, humilde na púrpura e, sob a coroa de ouro, desprezador do mundo. Apreciava tão pouco as riquezas, que seu tesouro parecia rnais o erário dos pobres e a coisa pública de todo inundo. Não se alegrava com a abundância, nem se entristecia na necessidade. Era sobretudo liberal com as igrejas e mosteiros ";' e a essa libera lidade se deve a fundação da grande abadia de Westmin ster, que seri a o panteão dos reis e dos gran des homens da lnglat:erra. Os antigos croni stas colocam Santo Eduardo entre os melhores reis de seu tempo, dizendo que foi bom , piedoso, compass ivo, pai cio povo, protetor dos débeis, am igo mais ele dar cio que receber, de perdoar mais do que casti gar.
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A Conquista de Jerusalém O Reino ·fundado pelos cruzados IVAN RAFAE L DE OLIVE IRA
Para atender às imposições dos que o rodeavam, Eduardo teve que contra ir matrimôni o. Sua escolh a recaiu sobre Edite, filha do infame Godwin . Ao con trário do pai , ela era piedosa, generosa, co m uma delicadeza de espírito que a levou a aceitar a proposição do rei de viv er em como irm ãos, porqu anto Eduardo havia fe ito voto de castidade.
ainda pa rte do direito britânico [século XIX], excetuando-se alguns pontos que so.fi'eram. mudanças. Reconhecem poucos crimes puníveis com a pena de morte e as ,nu/tas são determ.inadas de maneira ftxa , não dependem da vontade dos juízes. Elas proviam. à segurcmça pública e ga ranJiam a cada particular a propriedade que possuía " .7
Cá<ligo: "Leis <le E<luar<lo, o Co11/'esso1•"
Santo Eduardo faleceu no dia 5 de j aneiro de 1066 e foi canonizado por Al exandre IH em 11 61. Seu "sagrado corpo f oi levantado
"Estando desp ido de ambição pessoal, o único o~jeti vo de Eduardo f oi o bem-estar de seu povo. Ele anulou o odioso 'danegeli ' (tribulo que se pagava anualm.ente aos dinam.arqueses), o qual continuava a ser pago desn ecessariamente. E, apesar de pródigo em esrnolas para os pobres e paraftns religiosos, f ez seu. próprio patrimônio real sidtciente, sem impor ao povo novas taxas. Tal era o contentamento provocado pelas 'leis do bom. Santo Ecluardo ', que sua aplicação foi re1Jetidcunen/e pedida pelasfitturas ge rações, quando se viram. oprimidas". 6 Com efeito, "Santo Eduardo tornou-se sobretudo célebre por suas leis. Ele adotou o que havia de útil nus que existiam então, e f ez as mudanças e adições que julgou necessárias. Depois, seu código tornou-se cornurn em. toda a Inglaterra sob o nome de 'Leis de Eduardo, o Co,~fessor ', título pelo qual elas se dis Jin guem das que sancionaram. os reis normandos. Elasfàzem
da terra 36 cu1.os depois de sua morte, achando-se tão inteiro e f i'esco, com todos os 111e111bros tão flexíveis, como se esti vesse vivo, e co11·1. os trajes tão novos, como se acabassem de lhosfazer" .8 • E-mail para o autor: catoli ismo
Ü s cruzados conquistaran1 a Terra Santa, rnas isso nf10 sjgnificou o fün ela luta. O Reino de Jerusalém precisava ser reorganizado por 1neio de instituições sadias modeladas pelas Leis de Deus. Sob a influência da Igreja, surgem as Ordens dt Cavular1ia.
Estátua de Godofredo de Bouillon com uma coroa de espinhos - Hofkirche, Innsbruck, Áustria.
N
o dia 15 ele Julho ele 1099, em Jeru além, cânticos de louvor foram entoados por todo o clero e o povo cri stão. Multidão ele fi éis cató licos, desde a igreja ela Ressurreição, saiu em procissão, di ri gind o-se ao encontro cios cruzados que acabavam de conqui star a cidade, por ocasião da I Cruzada.
Os cru zados passaram os primeiros dias no júbil o ela vitóri a, visitando os santos luga res e enterrando os heró is mortos em batalha. Os nativos agradeceram também a Pedro o E remita que, apesar de ter cometido graves fa ltas no percurso dessa cruzada, com sua eloq uência aj ud ou a libertá- los da dominação dos infi éis. Ele terminou seus dias na Fran ça, em 1 1 15, num a tranquila cela cio monastério de Huy, por: ele fu ndado.
Eleição do rei e Batalha de !lsca/011 Entretanto, era urge nte a eleição de um comandante para govern ar a cidade, pois um grande exército muçu lmano aprox imava-se para tentar retom á- la. A lguns príncipes elegíveis preferiram retirar-se de qualquer disputa, enquanto em outros se descobriram imped imentos. O grand e Goclofredo de Bouillon suroiu como a o esco lha natural. O único "gravame" qu e nele encontraram foi o de perm anecer demasiado tempo na igreja, mes mo após a Missa; ele ficava a inquirir sobre cada quadro do templo e sua hi stória, enqu anto em seu castelo a comida es friava. Godofredo era conhecido por todos como um homem ele muita di gnidade, valente, prudente em seu conse lho e irrepreensível em seus costumes; virtudes que determina ram sua escolh a unânime. ' Quiseram fa zê- lo rei. Ao ser inform ado da esco lha ele seu nome, Goclofredo recusou o honroso título, pois não queri a usar um a coroa ele ouro onde Nosso Senhor fora coroado com espi nhos. Recebeu então o título de " Defensor do Santo Sepulcro" .2 Um cape lão ela Normandia, de nome Arnulfo, fo i eleito Patriarca ele Jeru sa lém. Em sin al da proteção v111da do Céu, pouco depois foram encon trad as as relíqui as da Santa Cru z.
Notas: 1. E.F. Saxto n, Ca nut e, The Ca 1h o li c Encyc lopccl ia, CD Rom ecliti on. 2. Cfr. Eclelvives, E/ Santo de Cada Dia, Ecli torial Lui s Vives, S.A., Saragoça, 1955, vol. 5, pp.433 a 44 1. 3. Fr. Ju sto Perez ele Urbel, in Aíio Cristiano, Ecli ciones Fax, M aclri , 1945, vo l. 1V, p. 96. 4. D. Próspero Guéranger, E/ Aíio LitlÍrgico, Edit ori al /\ lclecoa, Burgos, 1956, vol. V, p. 607. 5. Urbel, op. cit. p. 97. 6. G.E. Phillips. Saint Edwa rd, the Co,(/essor, The C ath o li c Encyc lo peclia , C D Ro m ed iti on. 7. Les Petit s Bo ll ancli stes, Vies des Sai111s, Bl oucl CL Barrai , Pari s, 1882, 10 1110 12, p. 3 19. 8. Pc. José Leite, Sa nt os ele Cada Di a, Edi torial A. O. , Braga, 1987, 10 1110 Ili , p. 167 .
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Constituídas as autoridades, imed iatamente Godofredo e os c ru zados partiram para a batalha. Os sarracenos vindos do Egito encontrava m-se na cidade de Ascalo n. Do lado muçulmano havia mai s ele 200 mil so ld ados, e ntre etíopes, beduínos e árabes . Em 14 ele agosto travou-se o combate. E mbora o exército cató li co fosse constituído por ape nas c inco mil cavaleiros e 15 mil infa ntes, j á no primeiro ímpeto cio co mbate di spersou os inimigos. A vitóri a fo i brilhante. Por muitos anos, a fama das hostes cató li cas ajudo u a di ss uad ir os muçulmanos de qualquer novo ataq ue. Certo dia , um e mir, querendo comprovar essa fama do exérc ito de Goclofredo, pediu -lhe que com a espada cortasse, num só go lpe, o pescoço de um camelo. Godofreclo o fez sorrindo, e depoi s ai nda repetiu o feito com uma c imitarra sa rracena.
Santos Lugares, protegendo os cam inhos contra as investidas cios infiéis. A ordem nascente era tão pobre, que no ini cio dois cavaleiros cavalgava m um mesmo cava lo, fato que deu origem ao brasão da ordem . . Nenhuma associação podia responder melhor à tendência daquela época e às· suas urgentes necessidades. Assim sendo, a ordem adq uiriu rapidamente a estima oera l. O Re i Balduíno [I concedeu-lhe uma parte de seu palácio, 0 ° qual se erg uia junto ao chamado Templ o de Salomão. Por esta razão, a congregação tomou o nome de Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (Templa-
rii Milites, Frcttres Templi, Ordo Pauperum Commilitonum Christi Tem.plique Salominici) - o u simpl es me nte Tem-
EstahelecimeJJto <lo Reino de .Jel'usalém
plários, como fic aram co nhec idos. Dez anos depois, a Ordem foi confirmada pelo Papa Honório II no Concílio de Troyes. O hábito a ser usado pelos cava le iros consistia num manto branco, símbo lo da pureza de coração; e nele uma cruz verme lha, sinal do martírio. São Bernardo de C laraval interessou-se por essa Ordem e transferiu aos cava leiros a ideia fundamental da severa Regra cisterciense: "Combalem. somente pelos interesses de seu Senhor - escreve São Bernardo - , sern temor de incorrer
O Re ino de Jeru sa lé m abran gia todos os territórios conqui stados pelos cru zados na Ás ia. Abarcava os princ ipados ela Síria e ele Jeru salém - cujo príncipe era o próprio soberano de Jerusa lé m - , o principado de Antioqui a, o condado de Edessa, o condado de Trípoli e diversos peque nos fe udos e senhori os, como o princ ipado de Tiberíacles . Goclofredo dese mpe nhava sua tare fa com re lig iosa gravidade, era justo para com todos , proteg ia as fronte iras, favorec ia o comérc io e o tráfego. Segundo um contemporâneo, "era urn santo monge com hábito guerreiro e ornam.ento.1· ducais. Até chef es
árabes o consultavam sobre os litígios de suas tribos, pela confiança que lhes inspirava " .3 A constitui ção do novo re ino fo i inspirada na orga ni zação elas nações oc identais, com seus fe ud os, suas hierarquias e a noção ele subsidi ari eclade ensinada pela lgreja. Godo freclo também encarregou ho mens prudentes de viajar e conhecer lei s, costumes e tradições de outros povos, para depois poder estudar o que fosse encontrado de bom e aperfeiçoar a legis lação. O governo do primeiro "Defen sor cio Santo Sepulcro" in fe li zmente fo i ele breve duração, poi s morreu em 18 ele julho de 1 100, com apenas 39 anos. Em seu túmulo na igreja ela Ress urrei ção, lia-se esse singelo ep itélfio: "Aqui jaz Godofi edo de Bouillon, 0
Representação de cavaleiros templários
em algum pecado pela ,norte de seus inimigos e sem perigo nenhum pela sua própria, porque a morte que se dá ou recebe por amor de Jesus Cristo, muito longe de ser crinúnosa, é digna de muita glória. Oh! Com quanta glória voltam do combate esses vencedores! Oh! Com quanta ventura morrem esses mártires na peleja! Regoz/ja-te, campeão valoroso, de viver no Senho1; mas regozija-te ainda mais de morrer e ser unido ao Sen.ho1'. Eis, pois, valorosos cavaleiros, marchai com segurança, expulsai com urna coragern intrépida os inirnigos da Cruz de Nosso Senhor ". 4
que conquistou lOdo este país para o cristianismo. Sua alma descansa em paz ". As Ordens de Cavalaria Dessa es pec ia l uni ão e ntre a Igreja e a Cava laria , ex istente na prime ira c ru zada, surg iram as Ordens de Cava laria que tanto se empenharam para a conservação da Terra Santa. Eram cava le iros orantes e monges armados, cuj os moste iros eram castelos. Caval eiros que recebiam as expedições de peregrinos, amparavam-nas, c uravam os feridos e enfermos. Obedec iam co m o mesmo fervo r ao sino para a oração e à trombeta que os convocava pará a batalha. Era m os prime iros no ataq ue e os últimos na retirada. Enquanto lu tavam, suas orações e cantos elevavamse e ntusiasmados ao céu. O espírito das cru zadas, a uni ão do heroísmo com a devoção, cio amor ao próx imo e da virilid ade, da es pada e da pe nitência, manifestavam -se co m suas mai s brilhantes luzes nas Ordens de Cava laria.
A 0Pdem dos 'l'emplál'ios Em 11 18, Hugo de Payens com mais oito cavaleiros, em ho nra da Mãe de Deus, fizeram diante do Patriarca de Jerusalém os votos de castidade, pobreza e obed iênci a, bem corno o juramento de acompan har e defender os peregrinos nos
CATOLICISMO
Visão medieval sobl'e as Cl'uza<las A respeito ela leg itimidade das cru zadas, São Bernardo escreveu o seguinte: "Com efeito, se de nenhum modo fosse permitido a um cristão
f azer guerra, por que teria o precursor do Salvador declarado no Evangelho que os soldados devem estar contentes com seu pagamento, e não proibiu toda sorte de guerra?".
São Bernardo de Claraval entrega aos Templários a severa Regra cisterciense
A posse de Je ru sa lé m não foi co nsiderada pelos med ievai s co mo uma co nqui sta política, mas relig iosa 5 , inclusive porque os cruzados deram liberdade aos peregrinos que buscavam a Terra Santa e que antes eram perseguidos e mortos pelos muçulm anos . O que os cruzados acima de tudo tinha m em vista é que, depois de mais de mil anos, aque la terra regada pelo preci os íss imo sangue de C ri sto, preço da salvação dos h? me ns, ago ra pertencia àq uele mesmo enhor. É por isso que as cru zadas são hoje vi stas como a projeção do intenso sentim ento reli gioso da Idade Média. 6 • E-mai l para o autor: ca to li cismo@Jerra com br
Notas: 1. Gui llenn o ele Tyro, loc. cit., IX cap. 1-2, in 1-fi.,·/oria U11iversa/, Juan Baptiste Wciss , Ed itora (Tipog rafi a La Ecl ucac íon ), Barcclonn , 1933, Vo l. V, 1 . 480. 2. hn:p://ascru zacl as.bl ogs1ou;om/2008/04/o- ·cr ·o-cl e-arsur-e-o-triun fo -cla.html 3. Weiss, op. cit., p. 48 2. 4. http://asc ru zaclas. bl ogspot .corn/2008/ 11/elogio-dos-temp lrios-feito-po r-so. htm 1 5. PI ini o Corrêa ele Oli veira, Noluezo e eliles 1radicio11ais a11 âlogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à N obreza romana , Livnrriu edit ora ivi li zação , Porto 1993, p. 32 1 6. Oli veira Lima, Hi.vr6ria da i 11i/izr1çc7o , 13° Edi ção, Edições M elh oramentos, S. Paul o, 1963 , p. 186.
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7 ossa Senhol'a do Rosúl'io Festa instituída por São Pio V em ação de graças pela vitória naval contra os maometanos em Lepanto, no ano de 157 1, atribuída à recitação cio Rosário.
l Sanw Teresinha do Menino ,Jesus, Virgem, Doulora da Igreja
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Santos Veríssimo, Máxima e Júlia, Márlires + Portuga l, séc. m. Martirizados durante a persegui ção de Dioclec iano. Nos séculos X e XI, só entre os ri os Mo ndego e Minho , hav ia pe lo menos sete igrejas a eles cleclicaclas.
4 São Francisco de Assis, Conl'essor
-
+ Egito, 382. " Bispo de Lião, que defendeu a f é de Nicéia antes de se retirar para a Teba ida com o le ilor de sua igrej a, São Viat or. Arnb os rnorreram corn intervalo d e poucos meses, e seus corpos foram. levados ,nais ta rde de valia para Lião" (MRM).
+ Ásia Me nor, séc. HI. "Procônsul romano que, depois de converter ,nu itos àfé de Cris to,foi transpassado de lanças por ordem do imperador Maximiano" (MR).
H Abraão, Palriarca + Palestina, séc. XIX a.C. "Esperando contra toda esperança, obedeceu a Deus, que o rnandou deixar seu país e mais tarde sacrificar seu fi lho Isaac, único herdeiro da posteridade prometida. Teve fé em Deus, que o declarou justo, e ele se tornou o pai de uma m.ultidão de crentes" (MRM).
U) Santos Mártires l"l'ancisca nos ele Ceula
+ África, séc. Xlll . Dani e l,
Sanlo /\polinál'io, Bispo e Con l'essol'
Sam ue l, Ânge lo, Leão, Ni colau, Hu go lino, sacerdotes; e Do no, irm ão le igo. Fo ra m pregar o Eva nge lho em Ceuta. Após refutare m os e rros cios maometanos, estes os cobriram de op róbrios e açoites. Condu ziram -nos depoi s à pri são, de onde sa íram para receber o martírio pe la espada.
(i Santa l◄'é, Virgem e Mártil' + Fra nça, séc. li 1. Sofreu o martfri o em Agen, na F rança. Seu cu lto adqu iriu muita popularidade quando um monge levo u suas re líqui as para Conques, que ficava no roteiro das peregrinações a Co mpostela. Por esta razão seu culto se difundiu pe la Península Ibérica, e de lá para as Américas. Primeiro Sábado do mês
14 São ,luslo, Bispo e Conl'essor
B
~)
+ França , 520. Filho de Santo Hes íquio , estudo u so b a direção de São Mamerto. Foi sagrado bispo de Valle nce por seu irm ão Santo Av ito, prelado de Vie na de França. Combateu tenazme nte os ari anos de sua diocese, restabe lecendo ne la a Reli gião catól ica. Primeira Sexta-Feira do mês
(V icie p. 40)
São Demélrio, Márlir
Sanlos An jos da Gual'ela
:J
Santo Eeluardo, Rei ela lnglalet·ra
15 Sanla Tel'esa de Ávila, Virgem, Rel'ormaclora , Doutora da Igreja . São Bruno de Querl'ul, Bispo e Márt ir + Al emanha, 1009. Aparentado com a famí li a imperia l, in g resso u num moste iro de Roma. Tran s fe riu -se depoi s para Ravena, co loca nd o-se sob a direção de São Romu a lclo. Envi ado como bi spo e apósto lo à Rutêni a, fo i preso pe los pagãos com 18 companhe iros. D ecepara m-lhes as mãos e os pés antes de os degolare m.
J(i São Guilherme ele Malava lle, Confessor
li
+ Itá li a, 11 57. N a tural da França , converte u-. e depoi s de uma vicia di ss ipada. Entrego u-se à ex istênc ia eremíti ca na Itá li a, onde viveu na conte mplação e na penitência.
Sanla Soleelade Torres, Virgem
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+ Espanha, 1887. Fi lha de pequenos comerciantes, começou a ajudar o sacerdote Mi gue l Martínez na guarda cios doentes. Depois fundou com ele as religiosas Servas de M ari a.
2 Nossa Senhora da Conceição /\parecida, Rainha e Padroeira cio Brasil
Sa nto Inácio ele Antioquia + Séc. 11. Discípulo cios Apósto los e sucessor de São Pedro na Sé de Antioqui a . Com São Policarpo, fo i o ma is ilustre cios Padres Apostó licos. Suas cartas às igrejas da Ás ia e de Rom a são os documentos mais pr ec iosos d a é po ca . Condu zido a Roma, foi devorado pe las feras no Co li seu.
IB São Lucas, Evangelista. São Monon Eremita, Confessor + França, 630. Deixando sua Escóc ia natal para ir a Roma, e ncontrou-se na Bélg ica co m São João , o Cordeiro, bi spo de Maa stricht. A co nselho deste, fixou-se nos bosques de Saint-Hubert, nas Ardenas, onde foi assassinado por bandidos .
19 São Pedro ele Ncântara, Patrono do Brasil + Arenas (Espanha), 1562. Foi ad mirável por suas mortificações e penjtências. Reformador cios franciscanos da Espanha, a uxiliou e incentivou Santa Teresa na reforma cio Carmelo. Quando fa leceu, a Santa o viu rtxclamar, subindo ao Céu: " Bendita penitência, que me valeu tal recompensa ".
20 Sanla Maria Berli la Bosca rclin , Virgem + Itáli a, 1922. De humilde ori gem, e ntrou no [n stituto de Santa Doroté ia. Devido à sua aparência rude, a superiora colocou-a na coz inha . Durante uma c ri se ele difteri a, e la se mostrou uma enferme ira capaz, inte li gente e pac ie nte, cuidando das cri anças na e nfermaria, e depoi s cios soldados feridos na Primeira G uerra Mundial. Fa leceu aos 34 anos.
21 Sa11Lo Agalfio AnacoreLa, Confessor + Ásia Menor, séc. IV. "Celebrado por seu discernimento. Segundo •le, 'nüo havia nada rnai.1· dij,cil do que a oraçüo, po is não luí e.1:f'orços que os demônios nr7o faça111 para interromper este podem.1·0 meio de os de.1·c11·111ar "' (MRM). ')'
São DOIHll,o, Bispo e Co11l'osso,· + Itá li a, 875 . Mon , · irland 'ls,
quando passava por F iéso le e m pe regrinação a Roma, fo i aclamado bispo pe lo povo ela diocese vaca nte. Durante 48 anos fo i pastor dessa reg ião ela Tosca na, ree rg ue nd o-a após a invasão cios norman dos.
27 São Gonçalo de Lagos, Confessor + Portu ga l, 1422. Agostini ano, notável por sua vicia de j ejum e penitê nc ia, recusou o título de doutor e outras di stinções .
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Santos Servando e Germano, Mártires + Espan ha, séc. lY. Converti-
Sa ntos Simão e Judas Tadeu, Apóstolos. São Firmiliano, Bispo e Confessor
dos cio paga ni smo, tornaramse apó to los, o que lhes va leu a pri são e a to rtura . Libertados, vo ltaram a pregar co m grande êx ito, o que determi no u serem novamente presos , torturados, e por fim deca pitado por sua fé em Cristo.
+ Á ia Menor, 268. Ardoroso combatente da heresia cios clonatistas. O hi storiador Eusébio o c lassifica como uma das fi guras mais notáve is de se u te mpo.
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24 Santo Antôn io Maria Claret, Bispo e Confessor. São Proclo, Bispo e Confessor + Constantinopla, 446. Patriarca da ap itai cio impéri o cio Ori ente, foi influenc iado por São João C ri sóstomo e mostrou -se ze loso pe la boa cloutri na e pe lo prestíg io ela autorid a d e da Ro ma Ori e nta l. Combateu os nes to ri anos e outros hereges.
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, .) Sanlo Antônio ele Sanl'/\na Galvão, Confessor + São Paul o, 1822. Natural de G uaratin g uetá, francisca no, foi fun dador cio Recolhi mento Mosteiro da Luz na cap ital pa uli sta, que diri g iu até sua morte.
'b Sanlos Rogaciano e Felicíssimo, Mártires
+ África, séc. Ili. "Süo Cipriano deu les lem unho d e les numa caria dirigida aos cristãos perseguidos: 'Sigam em tudo o sacerdote Rogaciano, que para a gló ria do nosso tempo vos apo111a o caminho p e la va le nti a d e sua fé'" (MRM ).
São Zenóbio, Mártir + Ásia Menor, séc. IV. M édi co, to rnou-se sacerdote. "Na derradeira perseguiçcio, exortava os outros ao ma rtírio. Por isso tornou-se tamb ém di g no d essa graça" (MR).
:io
Santa DoroLéia SchwarLz, Viúva + Al emanha, 1394. Filh a de ca mpo neses, caso u-se com um operário com o qual teve nove filh os. O mau gênio cio marido a faz ia sofrer. Após a morte deste, le vou vicia rec lusa, sendo favorec id a com êxtases, vi sões e re velações.
: 1 São Quinlino, Mártir + França , 28 7. F ilho de um senador romano, foi envi ado como apósto lo à Gá li a co m São Luc iano. Sofreu o martíri o no lugar que tomou o seu no me, torna ndo-se célebre na Fra nça. Notas: -
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Sa ntos j á ap rescnllldos em calendári os anteri ores são apenas mencionados , se111 nota biográfi ca . MR - Marti r o l óg i o Ro mano; MRM - Mar1i ro lóg io Ro111anoM onás1ico .
Intenções para a San ta Missa em outubro Será ce le brada pe lo Rev mo. Padre David Francisquini nas segu intes inte nções: • Para que Nossa Senhora Aparecida, Roinha e Padroeira do Brasil, livre nossa Pátria de todo tipo de corrupção, sobretudo da corrupção moral qu e vem arru inando as famílias brasile ira s. Ped ind o a Ela que neutra lize a ação de certos movimentos ditos "sociais" que organizam ag ita ções, na tentativa de la nçar o País no caos. Tam bém suplico ndo à nossa Padroe ira pelo crescimento da devoção ao Santo Rosá rio no seio de todas as famílias católicas.
Intenções para a Santa Missa em novembro • Mi ssa de Finados pe la s a lmas do Purga tório, rogando a intercessão de Nossa Senhora da Meda lha Mi lagrosa - devoção cele brada no dia 27 de novembro - pelo sufrágio das a lmas de parentes e conhecidos dos leitores de Cato licismo.
OUTU
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STF, Código Penal e Comissão da Verdade D ANI EL
A
F. S. M ARTINS
convite cio Institut o Plinio Corrêa de Oliveira, o Prof. Ives Ganclra, um cios mai s renomados juristas brasi le iro s, ele fa ma internacional, proferiu na capita l paulista um a substanciosa conferência intitul ada: Es1amos nas ,nãos de urna ,ninaria que julga· segundo suas opiniões próprias ? - Por que o Supremo Tribunal Federal lonwu decisões que chocam a consciência da maioria cristã dos brasileiros? O evento aco nteceu no dia 20 ele setem bro e lotou o auditório cio Club Homs, na Avenida Paulista. O confere ncista dividiu em três partes sua exposição, ao lon go ela qual deu uma visão ele co njunto ela situação jurídi ca nacional e mostrou as analog ias ex istentes entre o atua l
CATOLIC ISMO
projeto ele Códi go Penal e o malfadado Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) , decretado pelo presidente Lula ela Silva em 2009 . Na primeira parte ela exposição ele exam inou o perfil cio Supremo Tribunal e sua transformação na última década. Em seguida, comentou os recentes julgamentos anticonstitucionais proferidos por aq uela Corte. Por fim , analisou o projeto ele novo Código Penal e as últimas decisões ela chamada Comissão da Verdade. Segundo o jurista, sempre pairou em torno cio STF uma aura ele respeito. Como "guardi ões ela Constitu ição", seus membros desempenhavam o papel ele " legis ladores negativos", isto é, só decidiam o que não podia vigora r por ser contrário à Carta Magna. Com a ascensão ele Lula ela Silva à presidência, a Suprema Corte mudou ele figura , renovando em pouco tempo seu quadro. Co ntando-se os oitos anos cios OUTUBRO 2012
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dois mandatos desse presidente e o primeiro ano de mandato de Dilma Roussef , no decurso de nove anos f oram nomeados 11 mini stros! À partir dessa reformul ação, segundo Ives Gandra, o STF co meçou a desempenhar o papel de " leg islador pos itivo", isto é, exorbitou de suas fun ções e passou a legislar pos itivamente - papel este reserv ado ao L egi slativo - e mesmo contra a Constituição Federa l. .. A nova " turma" passou a jul gar casos de ex trema gravidade moral e de consequências desastrosas para toda a N ação, mudando de fato a legislação antes em vi gor. E m 2008, a Suprema Corte aprovou a pesqui sa co m cé lul as-tronco embri onári as, autori zando assim a morte de milhões de embri ões hum anos - seres humanos, portanto-, sob a al egação de que apenas pode ser objeto de proteção da lei "aqueles que f azem parte do reg istro civil " (s ic). E m 2011 , para estarrec imento da popul ação, passou por cima da Carta M agna e equiparou a uni ão entre homossex uais à uni ão entre homem e mulher. E m 201 2, a mesma corte aprovou o aborto de fetos anencefá licos, contrari ando a Constitui ção e, sobretudo, a L ei de Deus e a L ei natural. O palestrante mencionou de passagem o jul gamento do " mensa lão", ora em curso, que tende a devolver ao STF parte de seu prestígio, o qu al fora seriamente comprom etido após os menc ionados jul gamentos. Espera mos que seus membros não usem agora da recuperação parcial desse prestígio para aprovar novas barbarid ades em futuro próx imo ... Com vi stas a mostrar o mais recente peri go jurídi co que ameaça o Brasil , o eminente juri sta comentou diverso arti gos dentre os 544 do projeto de novo Códi go Penal, ressa ltando como a famíli a, a propri edade e toda a soc iedade so-
frerão dram áti cos efeitos . Os que desejarem aprofundar a matéri a, podem fazê-l o através do arti go publi cado em Catolicismo em Setembro/20I 2, di sponível também na intern et através do site www.catoli cismo.com.br. A o fin al, o conferencista afirm ou que as recentes dec isões da Conússão da Verdade vão além do PNDH -3. Ta l comi ssão, ao invés de apresentar aqui lo que seu próprio nome indi ca, dec larou que investi gará apenas os crimes "contra
os direitos humanos cometidos pelos agentes de Estado", ev itando tratar dos crim es prati cados pelos guerrilh eiros e terrori stas na hi stóri a recente do Bras il. O príncipe Dom Bertrand de Orleans e B ragança encerrou a sessão, ex pondo como por detrás de todas essas manobras jurídicas ex iste uma verdadeira conjuração de alcance intern acional, a qual tenta destruir tudo o que resta da civilização cri stã, ''.fi'uto do sangue irifin itamente precioso de Nosso Senhor .Jesus Cristo". Citou a esse respeito os ensinamentos de Plíni o Corrêa de Oliveira. Cabe a nós reag ir e fazer nossa parte para frear esse processo, ressaltou o Príncipe Imperi al do Bras il. Para isso, uma das fo rm as, a que convidamos o leitor, é pa rti cipar das ca mpanhas e protestos rea li zados através do site www.ipco.org.br. •
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E-mail para o autor: cato lic ismo @terra.com.br
Heroís
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· A chave a felicidade!
RAFAEL M ARTINAZZO
T
en lo como leitmoti v o heroísmo, o gru po Ação .Jovem pela Terra de Santa ruz promoveu entre 6 e 9 de setembro um aca mpamento para 30 j ovens nos arredores de Bras íli a. Os parti ipante · foram divididos em duas turmas e ass is! iram a cinco palestras. No program a da primeira turm a constaram narrações ele f'c il os heroicos como a tomada de Ceuta, a vid a d ão Nun ' Á lvares Pereira e a Primeira ru zada. As pa lestras da outra turma tiveram como base a lula contra a Revolução e o perfil lc um conlra-revolucionári o, confo rm e os nsinamcntos do Pro f. Plini o Corrêa ele li v ira m suas obras. Nos interva los d 1 ' 11l f)O livre prati caram-se jogos di ve rsos , in ·l usivc ele tipo medi eva l, audi ção ele músi ·:i , passeios pe la região, etc. Co mo a devoção a Nossa S ' nhora é o fundamento da vida inl erior ti ' todo cal óli co - espec ialmente claqu 1·s qu , d ' S 'jam atu ar à maneira ele verei a leiros ·ru ;,,ados ·m prol do idea l da civili zação cri slu , ·onstou cio programa a rec itação cli , ria ti< T'rço e no úlli mo di a houve um ·orl ·jo no qual foi ·oncl uzida um a i magc m 1• Noss;i S nhora d ' h í lima. •
CATOLICISMO OUTUBRO2012 -
. ..,,,,,,,wat■liihi·ilitM#■~--------------Em relação aos veículos modernos: progresso ou retrocesso? ■ Pu N10 CoRRÊA DE OuvE1RA
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arruagem ou trono ambulante? Ev identemente, a foto é de uma carruagem, mas lembra um trono. Tudo nela fo i estudado em fun ção do passageiro. Em primeiro lugar, considere-se a parte prática: as rodas e as molas para que, nas estradas daq uele tempo, a carruagem se mov imentasse sem solavancos. E ntretanto, alé m desse as pecto prático, houve a intenção de fazer bem ao passageiro e orná- la com formas elegantes. Notamos elegância, espírito prático e conforto! Observem também os be los crista is luminosos para ornar as jane las. Estas, quando abertas, enchem de ar fresco este trono ambul ante. Pintada com lindos ornatos, percebe mos pelos desenhos e pelas cores uma rea lidade toda de fantasia, que está mag nificamente r presentada. A carruage m é um verdadeiro escríni o, na qual viaja essa jó ia da natureza que é a cri atura humana. O ho me m é o rei do uni verso visíve l. Dir-se- ia q ue foi fe ita para rea lçar a imponência do cava lhe iro e a frági l distinção da dama. Im ag in e mo s à fr e nte qu atro cava los bra ncos e emplumados; um cochei ro sentado num banquinho; em pé do is laca ios com chapé us de três bi cos e plumas; um
cornete iro cava lgando junto ao coche iro anunc ia que aí viaja uma pessoa de a lta estirpe. Tudo é be lo, tudo presta homenagem ao homem, como o ser superi or, mas : ubmi sso a De us, infinitamente superior.
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Agora, im ag ine mos outra cena: a carruagem pára; co loca-se junto à porta um a escadinha atapetada; um a senhora vai entra r; o trinco do urado da portinhola é a berto por pa lafreneiros; todos tiram os chapéus; seu e poso, ou irmão ou o pai , lhe dá a mão para subir; ela sobe li ,_ ra e elegante. Mas, por fim - para se apalpar a difere nça co m os carros modernos - , imagine mos que algué m per untasse: "Senhora, que tal trocar sua carruagem por u111 v ,(_
cu.lo do século XX ?". Que sensação te ri a e la? Estaria sendo proposto um progresso ou um retrocesso? O mundo de hoj ada vez ma is propenso a rebaixar o homem, considera a carruagem um retrocesso e o veículo moderno um progress ! •
Excertos da conferência prole-rida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 9 de agosto de 1986. Sem revis o do utor.
~.UMÁRI
Lr1J.t-)IQ C QRRÊA DE_ÜUVEIRA
NOVEMBRO de 20 'J 2
Nº 7 4~3
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As aflições da terceira família
A
sensação do caótico nos assalta a cada passo na vida quotidiana. A todo momento vemos pessoas cujo procedime nto de hoje está em contradi ção com o de onte m, e entrará em contradição com o de amanhã. Às vezes em uma mes ma conversa, e até em uma mesma frase, nosso interlocutor externa convi cções que a lógica aponta como incompatíve is uma com outra. E é cada vez mais raro encontrannos pessoas que, ao longo de tudo quanto pensam, dize m e fa zem, se manifes tam coerentes com alguns tantos princ ípios fund amentai s. Na apreciação deste quadro, as pessoas se c lass ifi ca m e m três principai s famílias de almas: a) Uns - os me nos numerosos - co mpreendem, admira m e aplaudem a coerência. Por isto , es ti g mati za m o ilog ismo ambi ente e lhe imputam os piores frutos presentes e futuros; b) Outros fecham os olhos para o fato e, quando este lhes entra pe los o lhos adentro, procuram justificá- lo: a contradição seri a, segundo e les, a ruptura necessária do equilíbrio ideo lógico de outras eras, o efeito típi co do tumultuar fecundo das épocas de tra nsição; por isto, e la não produz desastres senão na epiderme da realidade, e tem de ser vi sta, em úl tima análi se, com benigna e sorride nte indulgência. A · família de almas que pensa deste modo era muito numerosa até há alguns anos. Mas, vendo que o assim chamado tumul tuar fec undo das contrad ições vai tomando o cunho de uma farândola de riti110 endiabrado e consequê nc ias sini stras, vão rarea ndo os q ue conseguem sustentar, di ante dela, a despreocupação ri sonha e be ni gna de outrora; e) Bem mais numerosas são as pessoas que constituem o terceiro grupo ou fa míli a de a lmas. Elas suspiram diante da contradição caótica de nossos di as, aturdem-se ... e não passa m di sto. Mudar de pos ição lhes parece imposs íve l. Pois se a contradição as ass usta, por outro lado, implicam, do mais fund o de sua alma, com a coerência. Elas gostari am de prolongar, contra ventos e marés, seu mundo ago ni zante que resulta do "equilíbrio" de ide ias contraditórias, as qu ais se " moderam" umas às outras em amável coex istência. E como, para essa fa míli a de a lmas, as ide ias são feitas para pa irar no ar, sem re lação com a realidade, não há, segundo e la , o meno r ri sco de que esse "equilíbrio" de contradi ções venha a se CATOLICISMO
O terceiro grupo ou família de almas suspira diante da contradição caótica de nossos dias, aturde-se ... e não passa disto
romper algum d ia com prej uízo para a pacata e boa or lenação dos fa tos. Esta situação, intrin s'camente desequi librada, se a fi gura a esta f"amíli a d almas a quintessência do eq ui líbri o. E, como a experiênc ia stá a provar, sca ncarada mcnte, a invi abili !ade desse equilíbrio, e la se e nco ntra diante de uma opção que a aterroriza : de um la lo, o caos que lhe entra co mo um tu fão pe la casa e pe la vida ade ntro, e de outro lado uma coerênc ia que lhe parece correta talvez no pl ano da lóg ica, mas espetada, desa lmada, hirta, e, numa palavra, des umana. Estarrec ida diante da opção, as pessoas pertencentes a esta f<Uníli a ele a lmas param. E fi cam a suspirar, de braços cruzados , na espera obstinada de algum a co isa que faça cesar o caos, se m que se tenha que impl antar o re inado da coerê nc ia. • T recho do arti go do Prof. Plínio Co rrêa ele O li ve ira , pu bli cado na " Fo lha de S. Paul o" , cm 23- 10- 1968.
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CA1~·1'/\ DO Dm_ETOR
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Pensamentos consoladores V
Sacrilégio contra Nossa Senhora
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PALAVIM DO SAcE1mo·m
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Eleições: Que futuro aguarda a Venezuela?
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ENTREVISTA
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CAPA
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VmAs DE SANTos
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Concílio Vaticano II -
Prof. Roberto de Mattei
Cinquentenário de um livro-bomba
Ambientalismo e sociedade neotl'ibal igualitál'ia São Leonardo de Porto Maurício São Leonardo de Porto Maurício
()lJE NOSSA S1~N IIORA CHORA?
A arte impressionista e o Brasil profundo
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D1scmiN1Noo
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SANTOS E FESTAS Do
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considerações históricas
M ,~:s
CoN'l'RA-R1,:vo1,11ctoNAR1A
AI\IIBIIWl'ES, COSTl lMES, CIVll,IZAÇÕl~S
Cruzados e o mundo revolucionário - duas concepções de vida Nossa Capa: Ativista do movimento ecológico radical na Cúpula dos Povos, por ocasião da Conferência Rio+20, em junho de 2012. Foto: Marccllo Casal Jr./ABr
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44 Discernindo São Paulo admira os impressionistas NOVEMBRO 2012 -
Caro leitor, Focalizamos na presente maté ria de capa um a obra d e importâ nc ia transcendental que acaba de ser lançada: Psicose ambientalista - Os bastido-
res do eco-terrorismo para implantar uma "religião" ecológica, igualitária e anticristã. Seu autor, o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e B raga nça, reconhec ido líde r contrário ao agro-reformi smo sociali sta vigente no País, é coordenador do movimento Paz no Campo e eficiente defen sor da pujante agropecuári a
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração:
Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Fone/fax (0xx11) 3333-6716
brasileira. Com extensa documentação e acerto, a obra denuncia a manobra empreendid a pe las forças de esquerda como saída para o colapso da União Soviética, inici ado com a queda do muro de Berlim, e m 1998, e consumado em 1991 com a derrubada da Cortina de Ferro. Trata-se de uma metamorfose pela qual os líderes marxi stas e notórios corifeus da Teologia da Libertação se refugiaram por trás da ba ndeira ecológica, sem re nunciar a seus princípios marxi stas. Assim é que a Teologia da Libertação, a desacreditada utopia marxi sta adotada em ambientes da esquerda católica, agora se apresenta como defensora de teses ambientali stas ! Essa manobra das esquerdas trouxe-lhes ainda uma vantagem ad ic io nal: substituiu o "verme lho" do comuni smo pe lo "verde" do eco log ismo, conseguindo com isso iludir os incautos. Os autores do a rtigo de capa desta edi ção -
que ão me1_ 11bros da Comissão de Estudos Ambientais do Instituto Plinio Corrêa de Oli veira e co labora-
E-mail: catolicismo@ terra.com.br
ra m para a el a boração da c itada obra - reconhecem a necessidade de compatibili zar a agropec uári a bras ile ira com a preservação do meio amb ie nte, mas criticam os exageros e me ntiras de um eco log i mo frenético. E les fazem ainda uma a ná li se c ríti ca do novo Código Florestal do País, vetado em parte pe la presidente da República, que ed itou cm substitui ção à Medida Provi óri a 57 1, posteriormente modificada pelo ongre so Nacional. O texto final, no mo me nto em que e crevemos, aind a não está definido.
Home Page: www.catolicismo.com .br
"Não se deixe enganar pela nova 'religião ecológica '. Para informar-se melhor sobre essa grave temática, leia a mencionada obra ", é o alerta e a pro-
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA.
posta final do arti go de capa. Esse mesmo a le rta e proposta nós os faze mos aos prezados leitores de Catolicismo, recomendando a todos a aqui sição e uma profícua leitura de Psico-
se ambientalista, livro indi spe nsá vel no Brasil de hoje.
Em Jesus e Maria,
? ~7 DIRETOR
catolicismo@terra.com.br
Conservar a paz nas provações A.rós él transcrição (edição setcmbro/2012) ele algunrns consicleraçücs de São Francisco de Sales::~ sobre o Lernor de Deus rc]acimwclo crnn a esperélnça, seguern algum, pensamentos con.soladores néls Lentuçõcs
S
e nos sucede qu alquer imperfe ição ou pecado, es pa ntamo-nos, confundimo-nos e nos impacientamos. E is aí a fonte de nossas inqui etações: queremos somente consolações e nos desesperamos ao tocar com o dedo as nossas mi séri as, o nosso nada e as nossas imbec ilidade . [Para vencer as inquietações], tenhamos a intenção pura de querer em tudo a honra de Deus e a sua glória, façamos o pouco que pudermos para este fim , segundo os avi sos do nosso pai esp iri tual , e deixemos a Deus o cuidado do resto. Quem te m a Deus por objeto das sua, intenções e faz o que pode, para que se atormentar? [... ] Ser príncipe da paz é conservá- la no meio da guerra e viver com doçura no meio das amarguras. [... ]
Todos os pensamentos que nos sobressaltam e agitam o espírito não provêm ele De us; são tentações ci o inimi go e por isso é prec iso exp ul sá- las e não lhes dar importância. A humildade faz-nos receber doceme nte os trabalhos, sabe ndo qu e os merecemos. Quanto ao ex te ri or, aprovo qu e todos os dias se faça algum ato de humildade, ou por palavras ou por obras; se di gam palavras que saem cio coração, como humilhand o-nos a um in fe rior ; façam-se obras, prati ca ndo qualquer ofíc io humilde, ou servi ço ele casa. [...] Ignora is que estamos no mundo não para gozar, mas para padecer? É no Céu que se goza a paz, e não nesta vida, onde convé m padecer, e aq uele que aq ui não tivesse paixão, não sofreria, mas gozaria o que não é possível, porque, e n-
quanto nós vivermos teremos paix ões, e só sere mos livres de las de poi s da morte. É a opini ão dos Doutores e ela Igreja. Mas porque nos afli giremos , se o nosso triun fo nasce do combate das nossas ideias e paixões? A agitação no mar transtorna de tal forma os humores, que os que navegam não conhecem o incômodo se não passado algum tempo, pelas convulsões e vômitos que provoca. Um cios grandes proveitos da afli ção é fazer-nos conhecer o nosso nada, sobrenadar as nossas inclinações. Estes grandes assa ltos e tentações tão fortes não são permitidos por Deus senão contra as almas que Ele quer e levar ao se u puro e santo amor. •
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São Fran c isc o de Sal es, Pe11 sc1111 e111 os Co11soladores. Livraria Sa les iana Ed itora, São Paulo, 1946, pp. 130 a 133 .
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í)ESAGRAVO
i
Di ante da tão bruta l agressão à nossa Santíssima e Puríss ima M ãe, seus filhos não farão nada para reparar sua honra ultrajada? Que amor te m um fi lh o qua ndo vê sua m ãe ass im a vil tada? Cala-se? Recente me nte, islamj tas do mundo in teiro pro testaram vi ole ntamente contra o fil me Inocência dos Muçulmanos, porque satiri zava M aomé. E m alguns desses protestos ocorreram incêndios e até mortes, como o ,_ •~M.. l\'ll!l!ill •u.,, ,..,,,. , .... assassinato do embaixador ameri cano na Líbi a. Por incrível que pareça, até personalidades do clero cató lico solidari zaram-se e defenderam os muçulmanos por tal sáti ra. Protestos do mundo islâmico são comun s, sempre que a lguém faz uma simples c harge, considerada ofensiva à religião mao metana. E os católi cos, o que faze m para re parar a ho nra de Nossa Senhora, tão graveme nte ofendid a? Do B rasil , até o mome nto - exceto do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (www.ipco.org. br) e da A ssociação Devotos de Fátima (www.adf.org. br) - não nos chegaram notíc ias de ma nifes tações ou protestos, ne m mesmo de pessoas do clero. Esperamos que muitas o utras e ntidades e pessoas se m anifes te m ao tomarem conhecime nto do grave sacril égio. Para protesta r, não prec isamos praticar atos de violê ncia. No e ntanto, deve mos exig ir a imediata reti rada de tal quadro da refe rida ex posição. É o qu e Catolicismo pede a todos os devotos e filhos da Santíss ima Virgem. Vamos dar uma pro va de que A a ma mos muito e muito.
NifloNAL
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O que po<lemos lazer ?
Contra a Santíssima Virgem,
ultraje que clama a Deus por vingança Diante da tão brutal agressão à nossa Santíssima e Puríssima Mãe, seus filhos não f arão nada para reparar sua honra ultrajada? Que amor tem um filho quando vê sua mãe assim aviltada ? Cala-se ?
CATOLI C ISMO
belíssimo afresco acima é de Pra Angélico (1 387- 1455). N uma admirável atmosfera de pureza, ele pintou a cena da A nu nciação, um dos fatos mais sublimes da Históri a, quando o arcanjo São Gabriel anunciou a Maria Santíssima que Ela seria a M ãe de Deus. Sua resposta fo i:
º
"Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a vossa palavra.
Neste augusto momento o Verbo de Deus e fez carne e habitou entre nós. Imagine, caro leitor, que um pervertido obcecado em pornografia deturpasse completa me nte esta cena. E que, preservando exatamente o fundo do quadro acima, substituísse Nossa Se nhora por uma mulhe r inteirame nte despida e o a njo po r outra m ul her co m asas e igualme nte nua. Perve rsidade maior é difíc il imaginar!(*) M as isso não é apenas uma horrível profanação imagi nada e que faz mal só em pe nsar. A ignóbil e blasfe ma ad ul teração aconteceu! U ma reprodução sacrílega do quad ro sacra l e marav ilh oso de F ra A ngélico e ncontra-se exposta na fa mosa National Gallery de Lond res (Ing laterra). Se u autor fo i o " artista" Ri chard Hamilto n, fa lec ido no a no passado .
Uma reprodução sacrílega do quadro sacral e maravilhoso de Fra Angélico encontra-se exposta na famosa N ational Gallery de Londres (Inglaterra). Seu autor foi o "artista" Richard Hamilton, falecido no ano passado.
Nossa M ãe e M ãe do Rede ntor da huma nid ade merece muitíssimo mais. E ntretanto, para obter a cessação de tal blasfêmi a, pode mos faze r pe lo menos o seguin te: • Orga ni zar manifes tações e protestos pacíficos. Os católi cos são cidadãos orde iros , respeitosos elas leis e não faze m justi ça pelas própri as mãos; • E nvie um a me nsagem à Nationa l GalLery, onde o qu adro está sendo exposto, pelo e-m ail: information @ng-london.org.uk. No seu texto, exij a a imediata rem oção do quadro sacrílego. M anifes te sua indignação, di zendo que a deturpação da pintura de F ra Angélico é um insulto qu e agride grave mente Nossa Senhora, sua fé e a moral; Mul tipli que seu e- mail pela Internet pedindo a todos que faça m o • mes mo e ta mbé m mande m me nsagens p ara o e-m ail acima; • E nvie esta notíc ia para todas as autoridades civis e ec les iásticas qu e conheça, pedindo- lhes que p roteste m també m ; • Publiqu e esta notícia em blogs e sites e a co me nte e m todas as redes sociais.
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Os inimi gos da Re li gião Católi ca co ntam com nossa o mi ssão para pro mover pe rversidades como esta igno mínia exposta no National Gallery. Mas va mos des me nti r o dito de que a fo rça dos maus está na fraqueza dos bons. Para isso, não sejamos fracos ! Va mos reparar essa in fâ mi a ! Se agirmos agora, à ma neira de advogados, ainda que indignos, da honra de Nossa Senhora ultrajada, podemos ter esta certeza: no dia cio Juízo, E la será nossa advogada diante do Tribunal de Deus. Haverá coisa me lhor? •
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Não pu blicamos aqui a foto do quadro blasfemo, poi s seri a contrário à moral e ao pudor. Ta l fo to encontra-se em certos sites, mas desaconselhamos procurá- la, pelo res peito e veneração devidos a Noss a Se nhora.
NOVEMBRO 2012 -
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por Maria. Colocar Maria no lugar de Jesus não é adoração a M aria? (0.J. - RJ)
Padre David Francisquini responde:
Rainha do Brasil Estava muito curioso para conhecer bem a li gação de Nossa Senhora Aparecida com a História do Brasil e os artigos que a rev ista publicou sobre E la atenderam minha c uriosidade. A g radeço d e coração. Deixou-me muito fe liz a le itura desses textos e compreendi como o Brasil recebeu de Deus um grande destino. Vamos rezar para que os res ultados das e le ições não frustrem tal destino "de um. dos maiores povos da Terra " (conforme disse o Dr. Plínio Côrrea de Oliveira). (C.K.P. -
SC)
Aumento da de11oção [>:<] O brasileiro e m gera l deveria ser
muito mais devoto de Nossa Senhora Apa rec id a, porque é um privilégio muito gra nde o fato de ter Ela esco lhi do para se manifestar tão adm iravelmen te na cidade de Aparecida do Norte. Embora haja muitos devotos, Ela merece muito mais. O pior é ex istir brasi leiros que não aceitam Nossa Senhora, como os protestantes e evangé1icos. Para estes devemos le mbra r o dito: "Quem não tem Maria como mãe, não tem Deus como pai". (F.C.D. -
SP)
Objeção protestante Na Bíb li a está escrito que só Jesus é mediador entre Deus e os homens, mas vocês cató li cos s ubstitue m isso
CATOLICISMO
O que está escrito na Sagrada E cri tura não excl ui que possa haver outros med iadores secundários, pois o pró prio Apóstolo dos Gentios é o primeiro a pedir a intercessão de outros junto a Deus. Assim, pede aos romanos: " Rogo-vos, pois, irmãos, por Nosso Senhor Jesus Cristo, e pelo amor do Espírito Santo, que me ajudeis com as vossas orações por mim a Deus" (Rom 15, 30); aos Corintos diz que espera que Deus o livrará de futuros grandes perigos, "se nos qjudardes também. vós com orações em nossa intenção "(2 Cor 1, 9- 1 l ). Nós, católi cos, temos - e é a única atitude coerente - uma profunda veneração, e não adoração, a Maria Santíssima. Se reconhecemos que Jesus C ri sto é Deus, temos que reconhecer que E la é a Mãe de Deus. Somente tal fato j á mereceria de nossa parte essa veneração espec ia l. Se devemos ho nrar pai e mãe, Cri t Jesus deixaria de dar-nos nessa atitude o mai s exímio exemplo, ainda mais com tal Mãe? Ficaria E le magoado com nossa veneração à sua santa Mãe? Nossa Senhora, pelo papel que desempenh o u na Redenção, tornou-se Medianeira entre nós e Jesus Cristo. Não é uma mediação independente, diferente da do Filho, mas de participação, por vontade divina, na mediação de Cristo Jesus. É uma associação da Mãe à mediação de seu Divino F ilho.
Do soll'imento ao trono Gostei muito da hi stória de Sa nto Eduardo, rei da fnglaterra . Não conhecia sua trajetória tão rica e bela. Certamente Deus o reco mpe nsou e o coroou rei porque e le sofreu muito. Hoje os políticos em geral não se di põem a sofrer pelo povo, mas procuram apenas satisfazer os interesses próprios. (K.S.B. -
SP)
"Silêncio desconcertante" Sinistra a fisionomia do metropolita Kikodim , a julgar pe la foto que vocês publicaram. Está mais para age nte da KGB do que para re li g ioso. Parece-me incompreensível q ue e le tenha s ido convidado para a s i tir ao Concílio Vaticano IL Deu no que deu: Não condenaram o com uni smo. " Moscou exigiu e Roma aceitou" ... Pretendo comp ra r o livro do Roberto de M attei para e nte nder melho1' toda essa história. (N.1.O. -
MG)
De acol'do com a lgrnja Católica ~ Muito boa e informativa a reportagem da lav ra do Sr. Gregório Vivanco Lopes [Projeto de Código Penal Angustia o País], principalmente para quem não está afeito à área jurídica. Entretanto, fo i de uma infe lic idade ao dizer que o Cód igo "vai equiparar o homem. ao animal ", como se os anima is não me recessem nenhuma proteção. Esse pensamento vai na contramão da Igreja Católica. [... ]
(V.N. - PR) Gregório Vivanco Lopes, autor da referida matéria, responde: Prezado Sr. Va ldomiro Agradecemos se u interesse por nos a revi ta e demo toda atenção às suas observações. Por uma que tão de objetiv idade, respo ndemos de modo esquemático, mas suficiente . l - O Sr. afirma ''.fo i de uma infelicidade ao di ze r que o Código 'va i equiparar o homem ao animal', como se os animais não merecessem nenhuma proteção". Desculpe- nos, mas há uma contradição nesta sua fra e . Nós não dizemos que os animais não merecem nenhuma proteção. O que dizemos é que não se pode eq uiparar o anima l ao home m. O que é evidente. Pois o animal é infer ior ao homem, pois este fo i c ri ado à imagem e seme lhança de Deus, como diz a Bíblia.
Se o Sr. se der ao trabalho de ler novamente o texto que publicamos, verá que lá está escrito o seguinte: "Desde tempos imemoriais os homens gostaram de sefàzer cercar por animais domésticos. E por isso os tratavam bem. É natural!" 2 - O Sr. cita o seguinte trecho do Catecismo da Igreja Católica: " Os animais são criaturas de Deus, que os rodeia com sua solicitude providencial (Mt 6, 16). Por sua sünples existência, o bendizem e dão glória (Dn 3, 5758). Também os homens lhes devem apreço. Recorde-se corn que delicadeza São Francisco de Assis e São Felipe Néri tratavam os animais [. .. ] É contrário à dignidade humanafazer so.fi"er inutibnente os animais e sacrificar sem necessidade suas vidas". Esta mos inteirame nte de acordo com isso . Só que o Sr. deixou de c itar a continuação dessa mes ma frase do Catecismo que di z: "É igualmente indigno gastar com eles o que deveria prioritariamente aliviar a miséria dos homens. Pode-se amar os animais, po-
rém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivam.ente às pessoas". E pouco mais adiante o mes mo Catecismo diz: "Deus co,1fiou os animais à adm.inistração daquele qúe c riou à sua imagern. É, portanto, legitimo servir-se dos animais para a alimentação e a co11fecção das vestes. Podem ser dom.esticados, para qjudar o homem em seus trabalhos e lazeres". Logo eles não são ig uais aos home ns. 3 - Quanto ao pensamento que o Sr. atribui a João Paulo II, devemos dizer que essas frases correram de fato pela Internet, especialmente e m sites protestantes, mas nunca vimos ninguém que apresentasse a fo nte, o u seja, em que documento ele disse isso, em que data etc. Como pela Internet correm as coisas mais disparatadas e muitas vezes fa lsas, f-icaria grato se o Sr. me desse a fonte dessas afi rmações atribuídas a João Paulo II. Adianto-lhe que no site oficial
do Vaticano, no qual se encontram todos os pronunciamentos de João Paulo II, essas frases não existem. 4 - O Sr. diz: "Também o Sr. Gregório exagera, e muito, ao dizer: se a coleira apertada machucar um pouco o pescoço do animal o Juiz iria condená-lo a uma pena de 2 a 8 anos. Claro que não é isso". Vê-se que o Sr. não acompanha regularmente as sentenças judiciais. Com a int:rodução de uma escola jurídica chamada "justiça alternativa", tem saído cada absurdo, próprio a causar justas perplexidades. Independente disso, a crítica que figura na revista não se refere aos juízes e sim ao texto do projeto. E esse texto deixa abe1ta tal possibilidade, por mais absurda que ela seja. Que ocorrem maltrato a animais totalmente indev idos, contrários à razão humana, concordamos. Por exemplo, há mac umbe iros que esfola m e sac rifi cam animais na realização de seus ritos. Mas isso não é o bje to do artigo e m questão. No que se refere ao exemplo que o Sr. dá do tal mon stro sex ual , é bom lembrar que a Igreja Católica condena tais pecados com o nome de bestialidade. 6- O Sr. faz ainda diversas outras considerações que nos levariam longe. M as o que foi dito já é sufic ie nte para colocar o problema nos seus devidos termos. O Sr. te rmina seu e-mail dizendo "Um povo educado é aquele que cuida, sim, de seus animais". Estamos de acordo, mas nós acrescentaríamos: "colocando-os no seu devido lugar e não igualando-os aos homens que Deus criou à sua imagem e semelhança". Saudações Gregório Viva nco Lopes
Nota da redação: Na matéria O enigmático silêncio
do Vaticano li sobre o Comunismo , à
FRASES
SELEC IO NA DAS
"A sa6edoria não pode acrescentar um clia sequer à nossa existência. Mas cfiminui o terror cfa morte" (5clwcwcl you111,g)
"Os vivos fediam os olhos áos mortos, os mortos a6rem os olhos áos vivos" (Provérb~o es.-pa111,vioL)
"Que vem a ser, afin4 esta vicfa senão uma 6reve jomacfa para a morte?" (Lo-pe ele vega )
"Se morrer pefo seu príncipe é uma ilustre dácliva, quanto mais fazê-fo pefo seu Deus!" (Cor111,úLLe)
"Deus não morre!" (Citi rúa More111,o )
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos enderec;os que figuram na página 4 desta edic;ão.
pag. 20 da ed ição a nterio r, onde consta o ano de 1965, a data correta é 1962.
NOVEMBRO 2012 -
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n Monsenhor JOSÉ
Pergunta - Sou uma curiosa da minha religião, estou sempre buscando sites católicos, e em um de meus passeios pela internet encontrei vocês e estou apaixonada pelas reportagens e esclarecimentos sobre assuntos que há muito me tiravam o sossego espiritual. Gostaria de tirar uma dúvida: PENITtNCIA, um pedido de Nossa Senhora em Fátima, como fazer, o que fazer??? Me ajudem!
Resposta - A consulente faz uma pergunta que está no cerne das aparições de Fátima. Com efeito, para resumir em duas palavras a Mensagem que Nossa Senhora transmitiu à humanidade em 1917, pode-se dizer simplesmente: ORAÇÃO e PENITÊNCIA .
A noção de oração é mais intuitiva, porque nos apertos da vida, o grito da alma sobe logo até o Céu, pedindo a Deus socorro, o mais das vezes por meio de Nossa Senhora, justamente chamada de Auxílio dos Cristãos ou, como está muito em voga hoje no Brasil, Desatadora dos Nós. Todos temos tantos e tais Nós a desatar em nossas vidas, que não é preciso explicar a ninguém a importância de encontrar alguém que os desate para nós ... A noção de penitência, como praticá-la e por que como pede a consulente - merece ser objeto de uma explicação mais pormenorizada. Consiste ela numa privação que nos impomos voluntariamente, ou num sofrimento que se abate sobre nós, e que aceitamos por amor de Deus. Em última análise, consiste em uma participação nos sofrimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua Paixão e Morte na Cruz. São Paulo dizia: "Eu completo na minha carne o que falta à Paixão de Cristo" (Col 1,24). Isto é, Jesus Cristo quis nos associar aos méritos infinitos de sua Paixão, convidando-nos a carregar junto com Ele a Cruz, assim como o Cirineu o fez na subida ao Calvário. Com nossos sofrimentos - ainda que de pequeno valor - unidos aos de valor infinito de nosso Redentor, os nossos pecados são perdoados (é claro que não exclui a confissão sacramental ao sacerdote para os pecados mortais), bem como ajudamos a pagar os pecados dos demais homens. Quando Nossa Senhora apareceu em Fátima, logo na primeira aparição, no dia 13 de maio de 1917, perguntou aos videntes: "Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?" - "Sim, queremos" - respondeu Lúcia. Nossa Senhora continuou: "Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto ". É importante observar como Nossa Senhora coloca o so-
CATOLICISMO
LUIZ VILLAC
frimento, aceito por amor de Deus, como valioso para a conversão dos pecadores. E insistirá sobre essa ideiá nas aparições seguintes. Na quarta aparição chegou a dizer: "Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas". Os livros que descrevem as aparições de Fátima trazem pormenores edificantes das penitências realizadas pelos videntes, principalmente dos dois beatificados - Francisco e Jacinta. Por ocasião dos centenários de nascimento dos dois beatos, Catolicismo publicou substanciosos resumos de suas vidas (cfr. Beato Francisco de Fátima: um contemplativo da ordem sacra[ do universo, nº 690, junho de 2008; Beata Jacinta de Fátima, nº 711, março de 2010). Eles podem servir de exemplos à consulente de como praticar a penitência, segundo a inspiração que o Espírito Santo lhe sugerir, de acordo com as possibilidades concretas de seu estado de vida.
O estado do mundo em nossos dias Nossa Senhora em Fátima tinha muito em vista o estado concreto do mundo em nossos dias. Haveria algum sentido especial da penitência a fazer diante da situação atual da sociedade moderna? - A resposta é sim. Com efeito, passando ao largo da controvérsia que agita os meios católicos sobre se o texto do Terceiro Segredo de Fátima divulgado pela Santa Sé está completo ou não (há os que impugnam até sua autenticidade), é digno de registro o fato de que nele nos é apresentado um anjo com uma espada de fogo, prestes a lançar suas chamas contra a humanidade reunida em face de Nossa Senhora. A Virgem Maria, com o fulgor que saía de suas mãos extingue esse fogo, mas "o anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência!". A cena seguinte é a de uma cidade semidestruída. A interpretação parece óbvia: a humanidade está a merecer um castigo de proporções apocalípticas. Para evitá-lo, o anjo indica a solução: "Penitência, Penitência, Penitência!" . Foi concedido, pois, à humanidade, um tempo para fazer penitência, a qual, se não for feita, acarretará um mundo semidestruído. Fica claro, portanto, que a penitência mais importante em nossos dias consiste em enfrentar os erros e pecados da sociedade moderna. A causa dominante da presente situação de pecado é o processo revolucionário que tem suas raízes no fim da Idade Média com o advento do Renascimento. E uma de suas manifestações mais protuberantes é a laicidade do Estado, que destronou a Santa Igreja do seu lugar de Rainha, a que tinha direito como a única e verdadeira Igreja instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo. Em consequência, suas leis não se impõem mais sobre toda a sociedade, que passa a impugnar os
princípios fundamentais de sua Moral, e até da Lei natural, da qual a Igreja é a guardiã. A família, célula básica da sociedade, está em frangalhos: o matrimônio religioso, quando ainda é feito, é precedido pelo "namoro", que já se considera como conferindo todos os direitos do casamento legítimo. Os "casais" mais conservadores usam ainda o anel na mão direita, apresentando-se como os noivos de antigamente, à espera do casamento religioso ainda a se realizar. Mas vivem em uma união de fato ... A contracepção se generalizou, não só dentro do matrimônio, mas já no período do "namoro", e mesmo entre adolescentes que nem sequer têm a idade legal para se casar. Como essa situação dá origem a gravidezes precoces, apresentam como solução o aborto, cuja legalização passa a ser pleiteada da forma mais ampla possível. Nesse contexto de liberação total, não é de surpreender que o homossexualismo passe a exigir direitos de cidadania, e comecem a ser aceitos pela sociedade "casais" de dois pais ou de duas mães. E até se pleiteia que quem se opuser a isso tenha sua liberdade de opinião coarctada e seja condenado por "crime de homofobia". · Para completar o quadro das abominações, os idosos que teimam em viver muito, ou os doentes que dão muito trabalho correm o risco de serem eliminados pela eutanásia!
Diante desse panorama, ser católico exige o sofrimento de não tolerar os erros do mundo moderno; exige uma atitude de heroísmo, a coragem de dizer "sou contra", "não aceito!": - Não aceito o namoro como equivalente ao matrimônio! - Não aceito o casamento civil como equivalente ao casamento religioso! - Não aceito a contracepção dentro ou fora do casamento! - Não aceito o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo! - Não aceito a eutanásia! Essa é a penitência mais importante que a Mensagem de Fátima exige de nós, para evitar o cataclismo anunciado. Em síntese, essa penitência se traduz na coragem de enfrentar o mundo, na coragem heroica de dizer: - Eu continuo a crer em Deus! - Eu continuo a crer em Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus e da Virgem Maria! - Eu continuo fiel à Igreja Católica Apostólica Romana, fundada sobre a rocha de Pedro e continuada por seus legítimos Sucessores! Assim Nossa Senhora me ajude! • E-mail para o autor: catolicismo@terra,com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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EUA: suicídio mata mais que acidentes automobilísticos
"Grande confianCja" na mídia: só 8% dos americanos
suicídi o j á ocupa o primeiro lugar das causas de morte viol enta nos EUA, superando os ac identes de carro. "Acho que o problema é muito pior do que os dados o.fk iais f azem supor", di sse o autor do trabalho, Ian Rock ett, professo r de epid emiol og i a na Universid ade de West Virgini a. A s mortes violentas deliberadas aumentaram 10% em 2009 com relação ao ano 2000, enquanto as mortes vi olentas in voluntári as diminuíram 25%. O número de autoenvenenamentos cresceu 128 %, e o de quedas mortais 7 1%. O ex-senador Gord on Smith di sse em ato público que lutar contra o suicídi o "na realidade, é uma tarefa dos anjos". A s mortes acidenta is não provêm na sua maioria de causas morai s, porém o suicídio em geral constitui uma fal sa saída para a dec adênci a moral deriv ada de um a vid a desordenada. •
omente 8% cios norte-americanos depositam "g rande confi.ança " no noticiári o veicul ado pela mídi a, revelou pesquisa Gallup de setembro/2012. 32% têm "bastante" confi ança, totalizando 40% de respostas positivas, o índice mai s baixo j amais registrado. 39% responderam: "não muita ", e 21 % "absolutamente nada", somando 60% de respostas negativas. Em 1976, as opiniões positivas atingiram 72%. Os simpati zantes do Partido D emocrata, de tendência esquerdi sta, acreditam mai s na mídia: 58%. Os seguidores do Parti do Republi cano, de tendência conservadora·, são os que menos acreditam: 26%. Co mpreende-se essa di sparidade à luz do viés esquerdi zante assumido pelo macrocapitali smo publicitári o. •
O
S
Sinos de Notre Dame voltarão a tocar como outrora
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grande sino da catedral N otre D ame de Paris, bati zado de " M aria", voltará a tocar no 850º aniversario de fundação da catedral, como nos tempos da Cri standade medi eval. O ori ginal foi destruído de modo selvagem durante a Revolução Francesa. Os revolucionários sonhavam derrubar as igrejas, abolir a monarqui a e massacrar a nobreza. Os sinos foram então j ogados do alto das torres, espatifando-se no chão. Salv ou-se apenas o sino batizado de "Emmanuel", que os baderneiro não souberam manipular porque pesa treze toneladas. O sino " M ari a" pesa sei s toneladas e faz parte de um conjunto de nove sinos que substi-
tuirão os destruídos pela barbárie revolucionaria. Especiali stas em música recuperaram as partituras e as notas ori ginais de cada sino e do conjunto deles. A intenção é que a catedral execute os carrilhões anteriores à Revolução France. a. E les se farão ouvir no D omingo de Ramos de 201 3. Após as profanações dos tempos revolucionários, a restauração prenunci a a esperada restauração da ordem cri stã prometida por N ossa Senhora em Fátima. •
LGBTs batem recordes no consumo de drogas e álcool
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Lesbian and Gay Foundalion, da U ni versidade de Central Lancashire (G rã-Bretanha), anali sou o comportamento de 4.000 homossex uais, lésbicas e bi ssexuais durante dois anos e concluiu que essas "categorias de risco" consomem drogas ilegais numa proporção 700% superi or à médi a geral. Além di sso, um em cada cinco dos L GBTs apresenta sinais de dependência da droga ou do álcoo l. A prática mais citada fo i a das " festas de droga", com o consumo ele maconha e poppers. O estudo constatou que no último mês os homossex uais estudados consumiram cocaína numa proporção 1.000% superi or à médi a da soc iedade e que 1.300% havi am usado mais cetamina que o geral da popul ação. •
CATO LICISMO
Austrália: Parlamento reieita "casamento" homossexual
O
Parlamento naci onal australiano repeliu o proj eto de " casamento" homossexual: 98 deputados votaram contra e 42 a favor. Foi significativo que o senador assumidamente homossexual Dean Smith votasse contra, ju stificando seu voto como "um honesto reconhe-
cimento das características únicas e especiais da união chamada 'casamento'" entre um homem e uma mulher. Os ativistas mili tantes homossexuais tinham ilusões com o estado da Tasmânia, mas ai i o projeto foi também repelido. Os partidári os do projeto alegavam que o "casamento" homossexual atrairia milhões de dólares em rendas turísticas. Os " casais" homossexuais sem continuidade famili ar gastariam seus recursos materi ais em divertimentos antes de acabar prematuramente suas vidas em virtude de maus hábitos contraídos. •
Corremos o risco de afundar com a China, diz especialista "Tudo o que você acha que sabe sobre a China está errado ", escreveu Minxin Pey, da acatada rev ista Fo reign Policy. A China não é a potencia econômica, política e militar que se pensa co mumente, explicou. E le destacou que enganos do gênero j á aconteceram em rel ação à União Soviética. A pós enumerar sinais assustadores ela fragilidade chinesa, Pey denunciou o mundo políti co e a grande mídi a oc idental, di zendo que eles fin gem nada perceber, agem erroneamente e desinformam o público. E pediu que a opinião pública ameri cana e seu govern o - o mesmo vale para o Brasil - reavaliem as premi ssas básicas de política chinesa. D o co ntrári o, poderemos er tragados por catástrofes impensadas. •
Aborto aumenta em 45% risco de morte da mulher
U
m único aborto,provocado aumenta o ri sco da mortalidade femi nina em 45 %. E o que afirm a um novo estudo reali zado na Dinamarca, durante um período de 25 anos, em todas as mulheres em idade reprodutiva. A s din amarquesas que prati caram doi s abortos tiveram o ri sco de morte aumentado em 114 %, e as que fi zeram três ou mais, em 192%. Um segundo estudo dinamarqu ês apontou que o aborto da primeira cri ança concebida, e que naturalmente teri a sido o primogênito, foi o que mais aumentou a poss ibilidade de morte da mulher. O Dr. D av id Reard on, um dos co-autores de ambos os estudos, considera que as autoridades deveri am in form ar o públi co sobre esta realidade. A propaganda do controle da natalidade desinforma a popul ação e facilita a mortalidade feminina, em vez de reduzi-la. •
África: cristãos superam os muçulmanos
O
s cristãos superaram o núme~o dos seguidores de Maomé na Africa, constatou o congresso realizado na Universidade EI Jadida, de Marrocos. Setenta especialistas de 18 países calcularam que os cristãos representam hoje 46,53% da população africana. Os muçulmanos chegam ao 40,46 % e os 11 ,8% restantes se dispersam entre as antigas superstições tribais. Em 31 países africanos a maioria é cristã; em 21 é islâmica; e em apenas seis são superstições .tribais . De 1O milhões no ano 1900, os cristãos africanos saltaram para 500 milhões em 2012 , constituindo hoje 20% do total mundial. Nesse ritmo, dentro de dez anos eles constituirão o maior bloco continental cristão . A inveja islâmica responde a isso perpetrando atentados contra igrejas e fiéis. O paganismo romano também reagiu desse modo, mas foi inútil : a Igreja Católica instalou o Trono de São Pedro em Roma e a partir da Cidade Eterna governa o universo católico, inclusive o africano.
Corte da Colômbia proíbe juízes de .citar a Bíblia
A
Corte Constitucional da Colômbia, que vem agindo como um instru mento a serviço da cristianofobia, determinou que os tribunais do país não · podem citar passagens bíblicas em suas decisões. No mundo civilizado , os juízes apelam com frequência a autores ou escritos consagrados pelo Direito e pela cultura universal como fonte de inspiração. Nada, pois, de mais natural que recorram também à Sagrada Escritura. Porém, tendo uma vara trabalhista da cidade de Cali incluído em uma de suas decisões a citação bíblica
"em matéria de justiça, deve-se agir sempre em favor do pobre", a Corte Constitucional reprovou a inserção dessa frase da Sagrada Escritura. O absurdo cristianofóbico alcançou repercussão internacional.
NOVEMBRO 2012 -
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INTERNACIONAL mas "companheiros de viagem" do socialismo demolidor, o que é suficiente para que a demolição continue. Sendo claramente este o fim de cada um desses regimes - e, obviamente, do principal deles, que é o de Hugo Chá.vez - , todos os seus adeptos sacrificam em proveito deste último todo o necessário para alcançar o seu objetivo. Em se11tido contrário, não há até o momento, entre as vítimas desse processo, uma disposição análoga de sacrificar tudo aquilo a que seja lícito renunciar com o fim de impedir o avanço da descristianização em marcha. De onde a beligerância chavista ser respondida muitas vezes com claudicações, e não mediante a combatividade cristã.
Intervenção maciça de órgãos públicos a favor de Cl1ávez
M arxismo prepotente x Oposição concessiva e claudicante
Derrota
ll!H ALFREDO M AC H ALE
N
o dia 7 de outubro último realizou-se na Venezuela a eleição para definir quem ocupará a Presidência a partir do início do próximo ano. Contra a expectativa de muitíssimas pessoas de todas as latitudes, o presidente Hugo Chá.vez foi reeleito por ampla margem - mais de 10% do eleitorado - , apesar dos incontáveis abusos praticados e das leis violadas. O reconhecimento de tais abusos e violações suscitava a esperança de que tal processo se detivesse nesta eleição. Entretanto não foi assim. Por isso, passada a contenda eleitoral, numerosas pessoas dentro e fora da Venezuela se perguntam como foi possível que mais de sete milhões e meio de votantes tenham preferido a continuidade de um regime ostensivamente demolidor, que vem procedendo há mais de 12 anos à desmontagem da economia venezuelana, à constante semeadura do ódio social e de intermináveis conflitos, à instauração impl acável do coletivismo, à dilapidação
CATOLICISMO
torrencial do dinheiro estatal e às perorações radio-televisivas cotidianas com a finalidade de desafiar seus opositores, insistir em seus delírio marxistas ou divagar para tentar justificar seus próprios erros. Na verdade só há uma explicação. É que a "oposição" não atuou como tal, pois o candidato que deveria desempenhar esse papel, Henrique Capriles, insistiu do início ao fim de sua campanha que seu modelo era nem mais nem menos Luiz Inácio Lula da Silva, que, durante mais de uma década, foi o principal promotor internacional de Hugo Chá.vez. Portanto, caso vencesse, Capriles se dedicaria mais a consolidar as "realizações" de Chá.vez do que corrigir seus erros.
"Companl1eirns de viagem" do socialismo demolidor É de vital importância ver de frente a situação, pois, conservando a mesma essência, ela se repete com ligeiras mudanças em muitos países onde há regimes socialistas que se inspiram de algum modo em Hugo Chá.vez. Tais países recebem dele instruções para instaurar não apenas outros tantos governos coincidentes com o venezuelano, mas também um bloco continental, à maneira da hoje extinta URSS, que procurou impulsionar a Revolução na lberoamérica e no mundo inteiro há mais de duas décadas . Este é o problema que afeta a todos esses países: o do socialismo radical, cujo apoio provém de part;idos que não são socialistas,
Para saber se o Estado venezuelano era neutro em face dos candidatos, cabe perguntar como ele procedia em relação à propaganda eleitoral de ambos. Em síntese, com uma desproporção inaudita, pois a cada três minutos de emissões radiofônicas de Capriles era dado um tempo 15 vezes maior a Chá.vez. "Chávez - diz um jornalista - criou um conglomerado multimídia de uns 1200 canais de TV, rádios, diários impressos (tanto grandes como comunitários) e sites web com excelentes resultados: suas palavras e atos apareceram na televisão oito vezes mais que as de Capriles. [. .. ] Diminuído pela doença, Chávez 'midiatizou' sua mensagem em campanha. [Houve] até 27 cadeias presidenciais, '2597 minutos, mais de 43 horas', denunciou o opositor Carlos Vecclúo. O restante do trabalho o fazem os meios de comunicação do Estado, a chamada 'artilharia do pensamento"' (cfr. "Programas sociais, meios de comunicação e dinheiro, algumas das nove chaves da vitória", por Daniel Lozano para "La Nación" de Buenos Aires, 10-10-12). Ademais, numa intervenção ostensiva e maciça, ministérios e outros órgãos públicos propiciavam diariamente numerosos programas de rádio e televisão a favor de Chá.vez, sem que houvesse maiores protestos do candidato opositor, nem de seu comando, nem das entidades que regulavam a contenda eleitoral, nem dos observadores internacionais. Reinava assim um clima como que de reconhecimento da licitude dessa grande montagem, que transformava a eleição numa verdadeira farsa.
Assim, a "oposição" se absteve de tocar em muitos pontos sensíveis da opinião pública, deixando ao regime a imposição dos temas de sua conveniência. Isto chegou ao ex- · tremo de que apenas 10% do milhão de venezuelanos que optou por ir viver no Exterior fossem aos respectivos consulados para votar (cfr. Daniel Lozano, art. cit.). Por quê? Obviamente porque, embora contrários ao governo, estão decepcionados com a "oposição". Não é que esse setor di screpe em tudo de Henrique Capriles - pois reconhece o enorme esforço deste em realizai· uma campanha em condições terrivelmente adversas - , mas não está satisfeito com as objeções excessivamente moderadas do candidato diante de uma realidade totalmente inaceitável: "Se em algo Capriles teve razão na sua mensagem lê-se numa página web opositora - foi na necessidade de reconstruir o país com base naquilo que nos une como sociedade. Mas talvez deveria ter sido mais contundente em sua crítica, não somente ao governo, mas ao seu candidato. Disse com clareza: o embasamento jiinclamental do poder tirânico está na relação messiânica entre o autocrata e a população. Milhões deles. Ou se consegue romper esse laço, ou continuaremos dando com a cabeça na parede" (cfr. Reconstrução, por Marcos Villasmil, em "Venezuela Analítica", 9-10-12).
A "opos Henriqu esta, s
eve tos eis da
lca, regim
"Oposição" mole favoreceu o atual mandatário Muito pior, a própria essência do regime chavista - o socialismo dominante, a total ausência de ordem jurídica, o amordaçamento da imprensa opositora, o desamparo dos paiticulai·es diante do Estado, os confiscos maciços decretados por Chá.vez, a proliferação das rn.ilícias sem Deus nem Lei, a gigantesca dilapidação dos bens nacionais em prol da expansão "bolivariana", a fortíssima deterioração do apai·elho produtivo, o aumento galopante dos índices de delinquência, etc. - foi amiúde ignorada pela propaganda opositora, como se contentar o caudilho significasse restaurai· a concórdia nacional.
NOVEMBRO 2012 -
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Concílio Vaticano II
A conhecida demagogia populista de Cllávez São inúmeras as expressões de perplexidade que esse panorama susc itou nos venezuelanos. "Não se confronta Chávez porque é poderoso, e é poderoso porque não é con-
Revelações que não podem ser ignoradas
frontado . Não pode ser que depois de quase três lustros de falta de vergonha, de corrupção acelerada, de destruição de tudo o que de significativo ou va lioso tem o ser venezuelano, Chávez venha a derrotar a equipe opositora dessa maneira. Um Chávez que quase não fez campanha, que cometeu erros graves na me"sma, que se rodeia de uma equipe humana de medíocres, e que sem embargo se permite ganhar ao galope" (cfr. Marcos Villas mj] , art. cit.).
"Un1a árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma éÍrvore má, bons frutos" (Mt 7, 18). ()uais os "frutos" produzidos pelo Vaticano II? Qual a causa e a quem atribuir a responsabilidade pela decadência religiosa nos dias atuais?
Os próprios propagandi stas do regi me chavista deixam ver a magnitude da intervenção oficial no processo eleitoral ao relatar, por exempl o, o lançamento do programa "Gran Mi sión Vivi e nd a Venezuela" (Grande Missão Moradia Venezue la). Tal programa deverá construir no decorrer do ano 350 mil apartamentos populares, os quais serão posteriormente entregues de forma gratuita aos postulantes, cujo número supera os três milhões - todos obviamente favorávei s a Chávez - dos quais 15 mil receberam seus imóveis exata me nte nos di as anteriores à e le ição (cfr. Daniel Matamala, A missão de Hugo Chávez em "Qué Pasa", Santiago do Chile, 11-X-2012).
e
Como uma venladeira oposição deveria proceder? Nessas condições, muitos são os observadores que, ao comentar a situação da Venezuela, co ncluem que depois desta eleição chegar-seá em breve a um "ponto de não retorno", para além do qu al a prostração do país será irreversível. Não o cremos, pois o retorno será possível se a reação dos afetados alcançar a força que as gravíssimas circ un stânc ias exigem; mas que, se demorar, poderá ser à custa de conflitos, transtornos e hecatombes que muitos julgarão imposs ível aceitar. Sem embargo, por mais duro que isso seja, muito maior será o número de venezuelanos que entrarão na batalha quando virem que é o único modo de vencer tão imensa ofensiva. E aqueles que aceitarem esse desafio poderão contar com uma ajuda da Prov idência Divina de tal magnitude, que seu triunfo ficará gravado na Históri a. Para isso convém recordar as palavras de nosso inesquecível mestre, Plinio Corrêa de Oliveira, ao tratar em sua obra Revolução e Contra-Revolução de como não devemos proce-
CATOLI CISMO
der em face de alguma forte investida revolucionária:
"A ideia de apresentar a Contra- Revolução sob uma luz mais 'simpática' e 'positiva ', fa zendo com que ela não ataque a Revolução, é o que pode haver de mais tristemente eficiente para empobrecêla de conteúdo e de dinamismo. "Quem agisse segundo essa lamentável tática mostraria a mesma fa lta de senso de um chefe de Estado que, em fac e de tropas inimigas que transpõem a fronteira, fi zesse cessar toda resistência armada, com o intuito de cativar a simpatia do invasor e, assim, paralisá-lo. Na realidade, ele anularia o ímpeto da reação, sem deter o inimigo .. Isto é, entregaria a pátria... ".* • E- mail para o autor: catolicis111o@terra.com.br Nota: * Plíni o Corrêa de O li ve ira , Revoluçüo e Con 1ra-Revoluçüo, São Pau lo, Artpress, 2009, Parte li , cap. VIII, nº 3 B.
onhecido dos leitores de Catolicismo, o historiador e jornalista italiano Roberto de Mattei , nascido em 1948, é um dos mais destacados líderes católicos da atualidade. É professor de História da Igreja e do Cristianismo na Universidade Europeia de Roma, na qual é o coordenador da Escola de Ciências Históricas . Entre 2004 e 2011 foi por duas vezes vice-presidente do principal organismo estatal italiano de apoio às ciências, o Conselho Nacional de Pesquisa. Membro do Conselho
de Administração do Instituto Histórico para a Idade Moderna e Contemporânea e da Sociedade Geográfica Italiana, ele colabora com o Comitê Pontifício de Ciências Históricas. Foi agraciado com a insígnia da Ordem da Santa Sé de São Gregório, o Grande, em reconhecimento pelos seus serviços prestados à Igreja. Em 201 O, Roberto de Mattei publicou o livro O Concílio Vaticano li - Uma história nunca escrita, o qual lhe valeu o mais prestigioso prêmio italiano para livros históricos: o Acqui Storia/2011. Recentemente traduzido para o português, e difundido no Brasil pela Petrus Livraria, pode ser adquirido por meio do site: http://www.livrariapetrus.com .br. Nesta entrevista concedida a Catolicismo, o Prof. de Mattei explica que seu trabalho oferece "uma contribuição que não é a do teólogo, mas do historiador", cuja tarefa é, com base
em documentos de arquivos, diários, cartas e testemunhos daqueles que foram os protagonistas,
"compreender a essência de um evento, procurando rastrear as causas e as consequências nas ideias e nas tendências profundas de uma época". Neste caso, o período do Concílio Vaticano li. No 50º aniversário da abertura do Concílio, o balanço é francamente negativo. Para de Mattei , a última assembleia conciliar, independente da avaliação teológica de seus documentos, constituiu um evento catastrófico para a Igreja.
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/>rol: Robe,·to de Mattei: "O Concílio V.:1ticano li não é mais um "superdogma ", mas um evento histórico submeticlo à avaliação J1istórica e teológica completa "
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Catolicismo - Muitas pessoas imaginam não · existir um debate sobre o Concílío Vaticano li, que seria uma espécie de "dogma" aceito por todos. Qual é a situação em Roma? Quem o questiona e com que autoridade?
Prof: de Mattei - Após o j á famoso discurso de Bento XVI à Cúria Romana, em 22 de dezembro de 2005, ini ciou-se, de modo especial na Itália, um debate animado, hi stórico e teo lógico sobre o Concílio Vaticano II. Posso confirmar isso, por exempl o, devido à notíc ia, j á publi cada em hlog, de que o Cardeal Walter Brandmüll er, pres idente emérito do Pontifício Comitê de Ciências Hi stóricas, promoveu alguns seminários sobre o Vaticano II, rea li zados em Roma e no norte da Itáli a.
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Estas conversações ocorreram "a portas fec hadas" entre estudiosos de diferentes tendências, e têm sido para o Vaticano uma boa oportunidade para remover o véu da "intocabi lidade" que impede qualquer discussão séria e aprofundamento do tema. O Vaticano II não é mais um "superdogma", mas um evento histórico submetido à avaliação histórica e teológica completa. Catolicismo - Existe na História da Igreja algum outro exemplo de concílio que tenha sido apenas pastoral? Se existiu, quais toram as suas consequências? Prof de Mattei - Na História da Igreja foram realizados 21 concílios por ela reconhecidos como ecumênicos ou gerais. A partir do Concílio de Nicéia, cada concílio tem sido objeto de debate histórico. No entanto, ao contrário dos concílios anteriores, o Concílio Vaticano II representa um novo problema para os historiadores. Os concílios cumprem, sob a autoridade do Papa e juntamente com este, um Magistério solene em matéria de fé e moral, e se colocam como os juízes supremos e legisladores em matéria de lei e de disciplina da Igreja. O Concílio Vaticano II não aprovou leis e nem sequer deliberou de forma definitiva sobre questões de fé e moral , mas se declarou "pastoral". Na alocução com a qual abriu o Vaticano II, em 11 de outubro de 1962, a qual é como sua "Carta Magna", João XXIII explicou que o concífio havia sido convocado não para condenar erros ou fazer novos dogmas, mas propor, com a linguagem adaptada aos novos tempos, o ensinamento perene da Igreja. A dimensão pastoral, em si mesma acidental e secundária em relação à doutrinária, tornou-se de fato uma prioridade, operando uma revolução no estilo, na linguagem, na mentalidade. O padre John W. O'Malley explicou bem como as profissões de fé e os cânones foram substituídos por um "gênero literário" que ele chama de "epidíctico" 1 ou discursivo. Mas essa escolha de exprimir-se em termos diferentes dos do passado significa fazer uma transformação cultural mais profunda de quanto possa parecer. O estilo escolhido por alguém ao se expressar revela de fato seu modo profundo de ser e de pensar: "a bocafala da abundância o coração" (Mt 12, 34), o estilo é a expressão máxima do significado. Catolicismo - A abstenção por parte do Vaticano li em condenar o comunismo inserese nessa transformação da linguagem? Prof de Mattei - Até o Concílio Vaticano II, o ensino da Igreja Católica havia se pronunciado
CATOLIC ISMO
Procissão dos Padres Conciliares entrando na Basílica de São Pedro, em 1962
"No Concilio Vaticano ll l1ouve choque entrn duas minorias: uma que pedia a co11de11ação do comlll1ismo, e outra que exigia uma atitude 'dialogm1te' e aberta ao JllllJldO moden10"
diversas vezes contra o comu nismo com palavras claras de condenação. Por ocasião da chegada dos Padres Conciliares a Roma, antes da celebração da assembleia, o comunismo parecia ser o erro mais grave a ser condenado. No entanto, estava-se nos anos sessenta, quando um novo espírito de otimismo pairava no mundo. É neste período que se delineou um novo clima de "degelo" em relação a realidades já definidas pelo Magistério como antitéticas. A influência da primeira encíclica do Papa João XXIII, Pacem in Terris , revelou-se determinante. Ela deu a impressão de querer eliminar a posição da Igreja em seu confronto com o comunismo, removendo, de fato, cada condenação, ainda que de modo apenas verbal. Foi durante esse período que nasceu a Ostpolitik - a política de abertura do Vaticano em relação aos países comunistas do Leste - que teve seu homem-símbolo no então Mons. Agostino Casaroli. No concílio ocorreu um choque entre duas minorias: uma que pedia a condenação do comunismo, e outra que exigia uma atitude "dialogante" e aberta quanto ao mundo moderno, da qual o comunismo era a expressão. Uma petição de condenação do comunismo, apresentada em 9 de outubro de 1965 por 454 Padres conci liares, de 86 países, não foi sequer enviada para a comissão que estava elaborando o respectivo esquema, causando enorme escândalo. A Constituição Gaudium et Spes, que foi o décimo sexto e último documento promulgado pelo Concílio Vaticano II, pretendia ser uma definição inteiramente nova da relação entre a Igreja e o mundo. Nela não figurava qualquer forma de condenação do comunismo. O silêncio do concílio sobre o comunismo era de fato uma omissão impressionante por parte daquela histórica assembleia. Hoje, devemos perguntar quem foram profetas: aqueles que no concílio denunciaram a brutal opressão exercida pelo comunismo, pedindo a sua solene condenação, ou aqueles que acreditavam, como os arquitetos da Ostpolitik, que em relação ao comunismo dever-se-ia obter um acordo, um compromisso, porque o comunismo interpretava a ânsia de justiça da humanidade e sobreviveria um ou dois séculos, melhorando o mundo? A assembleia conciliar era o lugar por excelência para se iniciar um julgamento do comunismo, análogo ao que Nuremberg foi para o nacional-socialismo: não um julgamento de caráter penal , e nem de ex post vencedores contra vencidos, como ocorreu em Nuremberg, mas um julgamento moral e cultural, ex ante, das vítimas em confronto com os seus perseguidores, como haviam
começado a rea li za r os c ha mados dissidentes . "Todas as vezes que se reuniu um Concílio Ecum.ênico - afirmou em uma aula conci li ar o cardeal Anton io Bacci - ele sempre resolveu os grandes problernas que se agitavam. naquele tempo e condenou os erros de então . Creio que o silêncio sobre este ponto seria uma lacuna imperdoável, até mesmo um pecado coletivo. [... J Esta é a g rande heresia teórica e prática dos nossos tempos; e se o concílio não se ocupar dela, poderá parecer um concílio fracassado!". Catolicismo - Quais são as contribuições da historiografia contemporânea para deslindar este problema? ProJ: de Mattei - Hoje sabemos que em agosto de 1962, na cidade fran cesa de Metz, fo i celebrado um acordo secreto e ntre o cardeal Tisserant, representante do Vaticano, e o novo arceb ispo ortodoxo de Yaros lav, Mon s. Nicodemo, o qual, como ficou documentado após a abe rtu ra dos arqu ivos de Moscou, era um agente da KGB . Com base nesse acordo, as auto ridades ec lesiásticas se comprometeram em não fa lar do comunismo no concílio. Esta fo i a cond ição im posta pe lo Kremlin para permitir a participação dos observadores do Patriarcado de Moscou no Concíl io Vati cano IJ. No Arquivo Secreto do Vaticano encontre i uma nota, do punho de Paulo VJ , confirmando a ex istência desse acordo. Outros documentos de partic ular interesse foram publicados por George Weigel no segundo volume, que acaba de vir a lume, de sua im ponente biografia de João Paulo[[_Com efeito, Wei gel consu ltou fo ntes como os arq ui vos da KGB , do Sluzba Bezp ieczenstew(l (SB) polonês e da Stasi da Alemanha Orienta l, as quais proporcionaram documentos que confi rmam como os go ve rnos comuni stas e os serviços secretos dos países o rie ntais penetra ram no Vaticano para favorecer os seus interesses e se infil trarem nos mai s a ltos esca lões da hi erarquia católica . Em Roma, nos anos do concílio e do pós-conc íli o, o Colégio Húngaro tornou-se uma fili a l dos serviços secretos de Budapeste. Segu ndo Weigel, entre 1965 e 1987, todos os re ito res do Colég io dev iam ser agentes adestrados e capazes, com competênc ia tanto em operações de desin formação quanto na instalação de bugs. Por sua vez, o SB po lonês possuía um co laborado r ecles iástico bem co locado, cujo nome de código era JANKOWSKI, o u seja, Miche le Czajkowsk i, um estudioso bíblico em penhado no diálogo entre hebreus e católicos. O SB , de acordo com We ige l, procu rou até d istorcer as di scussões do concílio sobre pontos específicos da teologia católi ca, como o papel ele Mari a na
hi stória da sa lvação. O diretor de seu IV Departame nto, corone l Sta ni slaw Morawski , trabalhou com uma dúzia ele colabo radores, todos espec ia1istas em Mariologia, a fim de preparar um lembrete para os padres conci li ares, no qua l se criticava o conceito " maximali sta" do Cardea l Wyzy nski, arcebispo ele Varsóvia, e de outros altos prelados.
Stalin, uma das facetas mais sanguinárias do comunismo
"E',·a o lugar por c,rcelência pam um julgamento <lo comtmismo análogo ao de N uremberg pam o nacional-socialismo: não julgame11to pc11al, mas mol'al e cultural"
Catolicismo - O Sr. descreveu a existência de uma luta no concílio entre duas minorias, uma progressista e outra conservadora. Qual foi a razão da derrota dos conservadores? PruJ: de Mattei - A meu ver, a causa princ ipal ela derrota dos conservadores, e a raiz el a fraqu eza da Igreja contemporânea, res ide na perda daquela visão teo lóg ica característica do pensamento c ri stão, que inte rpreta a História como uma luta incessa nte até o fim cios tempos, entre as duas c idades agostini anas: a de Deus e a de Satanás. Quando, em 12 de outubro ele 1963, Mon s. Frani[e, bispo croata de Spa lato, propôs que no esq ue ma De Ecclesia, ao novo títu lo de Igreja " peregrina" fosse acresce ntad a a denominação trad iciona l de "m ilitante" , sua proposta foi rej eitada. A imagem que a Ig reja ofereceu de si ao mundo não foi a da luta, da condenação ou da controvérsia, mas do di ,1 logo, da paz, ela colaboração ecumênica e fraterna com todos os homens. A minoria progressista obteve não tanto uma mudança da doutrina da lgreja quanto uma substitu ição da imagem hierárqui ca e militante da Esposa de Cristo, através da imagem de um a assemb le ia democrática, dialogante e inserida na História. Na realidade, a Igreja que sofre no Purgatório e triunfa no Pa raíso, aqu i na Terra combate e m nome de Cri sto e, por isso, é chamada " militante". A redescoberta desse espírito parece-me ser uma das urgências da Igreja em nosso tempo. Catolicismo - Em que situação se encontra o debate na Itália sobre a "hermenêutica da continuidade" versus "hermenêutica da ruptura"? Quem são atualmente os maiores defensores de cada uma dessas posições? PI'(~/: de Mattei - A " hermenêutica ela descontinuidade" apresenta sua máx ima expressão na chamada " Esco la de Bolonha", que sob a direção dos professores G iu seppe Alberigo e Alberto Mell oni produziu c inco volu mes da hi stóri a do Concíl io Vatica no li. Contra esta hi stória tendenciosa não basta afirmar - como as autoridades ec les iás ticas se têm limi tado a fazer até agora - que os docume ntos cio concílio devem ser li dos e m continuidade e não em ruptura com a Tradição. Quan-
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me nte no plano he rme nê utico, mas tamb_é m, se não sobretudo, no pl a no hi stóri co. Qualque r qu e sej a o juízo sobre os docume ntos do concíli o, o probl e ma ele fund o não é o ele inte rpretá-l o, mas de compreende r a natureza ele um e ve nto hi stó ri co qu e ma rcou o sécul o XX e o nosso . Para desata r o nó elas re lações e ntre o Va ti ca no II e a c rise cio nosso te mpo, a ntes ele fa zer o tra ba lho de hermenêutica dos textos, elevemos fa ze r o trabalho ele a valiação histó ri ca dos fatos. Só de pois da reconstrução histó rica, não a ntes, é que inte rvé m o teólogo o u o Pastor, para fo rmul a r seu juízo ... A mi ssão cio hi sto ri ado r é compreende r a essênc ia ele um eve nto, proc urando rastrea r suas ca usas e consequê nc ias nas ide ias e nas te ndê ncias profunda s ele uma é poca: nes te caso, o pe ríod o do Concílio Vaticano 11.
do Pa ul o Sa rpi esc re ve u e m 16 19 um a hi stó ri a he te rodoxa do Conc íli o de T re nto, as fó rmul as dogmáti cas de Trenro não lhe foram contrapostas, mas fo i-lhe o posta uma hi stó ri a di fe re nte, a célebre " Histó ria do Conc ílio de Tre nto", esc rita pelo Card ea l Pi etro Sfo rza Pallavi cino ( 1656- 1657) po r o rde m do Pa pa Inocênc io X : a histó ri a, de fato, se combale com a hi stó ri a, não com a teologia. Qua nto às novidades do utrin ári as, alg un s estudi osos ex pressara m c ríticas e d úvidas so bre o Conc ílio Vati ca no li e seus doc ume ntos a partir de um a pe rs pectiv a co nservado ra. E ntre essas obras, eleve mos le mbrar lota Unum , de Romano Amc ri o (Linda u, To rin o 2000); os estudos teo lóg icos de Mo ns. Brune ro Ghera rclini (O Concílio Vaticano li, urn discurso a ser.feito, Casa M a ri ana, Fri ge nlo 2009; Um Concílio f alho, Linda u, To rino 2011 ; Vaticano li, à raiz de um. equívoco, Lincla u, To rin o, 201 2); e ainda a confe rê nc ia o rgani zada e m dezembro ele 201 O pe los Fra nc iscanos ela Imacul ada (Concílio Vaticano li. Um Con-
cílio Pastoral. Análise histórico;/ilosó.fico-teológica) sob a res po nsabilidade do padre Sera fin o La nzetla, auto r ele um novo recente vo lume (/uxta modum, lgna tiu s Press, San 201 2). Pa ra não me nc io na r a "S úpli ca" ao Sa nto Padre, pro movida e m 2011 pelo Prof. Paul o Pasqu alucc i e outros estu di osos .
Catolicismo -
Estantes com documentos do arquivo secreto vaticano
Qual é a sua posição?
Prof. de Mattei - Assoc iando- me a pedidos de esc larecime nto desses estudi osos, o fe reço ele mi nh a parte um a contribuição qu e não é a cio teólogo, mas cio hi sto ri ado r. Não e ntro, po rta nto, na di sc ussão sobre a he rme nê uti ca ela conlinuiclacle/ clesconlinuiclacle cios doc ume ntos. O qu e desc revo e m me u estudo são os fatos, o qu e reco nstru o é o co ntex to hi stó ri co no qual os doc um e ntos do conc íli o viram a lu z. Para o hi sto riado r ela Igrej a, a dime nsão hi stó ri ca não pode, todav ia, ser se parada ela teo lógica. Tra ta-se de do is planos cli stinLos, mas conexos e inte rcl epe nclen les, como o são a a lma e o corpo no o rga ni smo humano. E se os fa tos hi stó ri cos colocam proble mas teológicos, o hi sto ri ado r não pode ig no rá- los, mas deve tra zêlos à lu z, movido pe lo amo r à Igrej a e não pe lo desej o de de negri -la. Da mes ma fo rma, no pl ano teo lógico, todos os bati zados tê m o dire ito ele leva ntar qu es tões e faze r pe rg untas à legítima autorid ade ec lesiásti ca, e mbo ra nin g ué m Le nh a o di re ito ele substi tuir-se ao Mag isté ri o supre mo da Igreja para resolver cle finili va me nle os pontos controversos. O prob le ma da re lação e ntre a c ri se el a fé e o Conc íli o Vati cano li ex ige uma res pos ta não so-
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CATO LI C ISMO
"No J\n111ivo Secreto do Vaticano encontrei uma nota, <lo punho <le Paulo VI , conlirma11do a existência cio acordo a fim ele não se comlemu· o comunismo"
Catolicismo - Muitos sustentam que a crise contemporânea da fé não reside no Concílio Vaticano II, mas numa interpretação abusiva de seus documentos ... Prof de Mattei - Diz-se que os doc ume ntos do concílio foram mitificados e postos "fora ele seu contexto" . M as se isso aconteceu, a respo nsabili dade recai ape nas sobre os arquite tos do mito e desco ntextua li zação, o u també m sobre as autori dades que pode ri am te r impedido es te trabalho e não o fi zeram ? Po r que a he rme nê uti ca má não foi suprimida? De qu ais di oceses, paróqui as, seminári os, cáted ras po ntifíc ias, a má he rmenê utica foi re movida? Paul o Vl c ha mo u ele "fa lsa e abusiva" uma certa in terpretação cio concíli o, mas se a lguém fo i re mov ido, di scrimin ado, pe rseguid o, fora m os qu e se mantiveram fi é is à Tradição. E não refiro ne m a M o ns. Lefobvre ne m a M o ns. Castro Maye r. Penso, po r exe mpl o, e m M o ns. Anto ni o Pio la nti , talvez o maio r teó logo itali a no cio séc ul o XX, qu e fo i re mo vido de seu cargo ele Re ito r da Po ntifíc ia Uni vers idade Late ran e nse. A púrpura que lhe nega ra m fo i concedid a ao padre Yves Congar, OP, que ataca va vio le ntame nte a eclesio logia ul tra mo ntana ele Latrão. O Novo Ca tecisnw ve m send o apresentado como um a fe rramenta para a correção ela he rmenêuti ca má. Mas a 20 an os ele s ua promulgação, a má inte rpre tação continua a c rescer sem cessar. Não se pe rcebe que, se a preoc upação é a de sa lvar as auto ridades ecles iásti cas supre mas de qu alqu e r res po nsa bilidade qu a nto aos ma les do pósconcílio, esta abo rd agem do pro ble ma agrava o mal que se que r ev itar. Se de fa to fosse verd ade que o conc ílio foi traíd o po r maus inté rpre tes de se us docume ntos, co mo nega r a res po nsabilidade daqu elas auto ridades eclesiás ti cas qu e vira m ex pio-
dir o ma l ela má he rme nê uti ca e não o rep rimi ram ? Se má e ra a herme nê uti ca, e ainda o é, se indevidame nte se atribuíram aos docume ntos cio conc ílio co isas di fe re ntes de qu a nto es tava ne le es tabe lec id o, ele qu e m é a res po nsa bili dade? É a pe nas cios progress istas, o u també m daqu e les qu e de ixaram esse prog ress is mo desenvo lv e r-se na Igreja, sem inte rvir para co ncle m1-lo e suprimi -lo? Se nas ra ízes da c ri se da fé não es tá o e ve nto conc iliar, mas apenas uma má inte rpretação cios seus doc ume ntos, qu a l é o juízo qu e se deverá fazer do eve nto, conside rado no seu desenvo lvime nto co nc reto, nas ide ias e na psico logia de se us pro tagonistas, no contex to histó ri co qu e o cercou, na mito logia desenvo lvida e m torn o de le? O Concíli o Vati ca no ll não foi a pe nas inte rpretado, mas vivido pe la teo log ia progressista como um a virada na Hi stó ri a da [g reja. Pode m-se nega r a ex istê ncia dessa virada e as mudanças radi cais ocorri das de ntro da Igreja na é poca pós-co nc i Iia r? O fa to obje tivo é qu e, a pesa r ele a busiva, a he rme nê uti ca ela descontinuidade prevaleceu sobre a he rm enê utica da co ntinuidade j á du ra nte o conc íli o, ca racteri za ndo-o na sua essênc ia.
Catolicismo - Qual é então a justa regra hermenêutica? Prof de Mattei - A prime ira regra he rm e nê uti ca é aqu ela qu e dá o pró prio Nosso Senho r no Eva ngelho, qua nd o di z que a á rvore será reco nhecida pelos seus frutos (M t 7, 17-20). Hoje, os mos te iros estão abando nados, as vocações re li giosas e ntrara m e m cola pso, a freq uê ncia à mi ssa e aos sacrame ntos des pe nco u; bibli otecas, ed itoras, jo rn a is e uni ve rsidades cató li cas difund e m erros a manc heias; o catecismo o rtodoxo não é mais e nsina-
É comum ver que o progressismo e a confusão nos meios católicos andam de mãos dadas
"De (Jllem a ,·esponsahili<la<le? Apenas cios pmgl'essistas, <m tamhém cla(Jueles que deixa1-a111 o pl'Ogl'eSSiSl/10 clesenvolver-se na lgrnja, sem intel'vi,· para suprimi-lo?"
cio; pá rocos e até bi spos se re bela m cont ra o Santo Padre; os fi é is cató licos ele todo o mundo es tão me rg ulh ados na confu são re li g iosa e mo ral e o própri o Be nto XVI, durante a ho milia ele Pe ntecostes, fal o u ela "Babe l" na qu al vive mos. Se Ludo isto não te m sua causa e m um certo "espírito do Conc íli o" qu e permeou a Ig rej a Cató li ca nos últi mos 50 an os, de o nde ve m a sua o ri ge m? E se es tes são os ma us frut os, não cio concíli o, mas ele sua má inte rpretação, quai s são os bo ns frutos da justa inte rpretação cio conc íli o? Não que ro negar a ex istê ncia de mui tas coisas boas na lgrej a contempo rânea. Esto u convenc ido de qu e, com a ajuda ela g raça, já ve mos as seme ntes de um re nasc ime nto. Mas é preciso de mo nstrar qu e esses bo ns e santos frutos têm suas raízes no es pírito cio co nc íli o, e não antes na seiva da Tradi ção, qu e j á ex istia a ntes do concílio e que ainda hoj e continua a fluir nas fib ras cio Co rpo Místi co ele C ri sto, a li me nta ndo-o e santifi cando-o.
Catolicismo - Por fim, que apreciação se pode fazer como historiador deste concílio? Prof. de Matlei - lncle pe ncle nte me nte ele um a ava li ação teológica ele se us doc ume ntos, o Conc íli o Vati cano li constituiu , a me u ve r, um evento catastró fi co para a Ig reja. A qu estão ela falta de conde nação cio co muni s mo, qu e me nc ione i, é suf-i c ie nte pa ra de mo nstrar isso. Concord o com o jul ga me nto fe ito po r Plínio Corrêa ele O li ve ira no apêndi ce itali ano de sua o bra-prima Revolução e Contra- Revolu ção, de nun cia nd o "o silêncio enigrnático, desconcerlante e e.1pantoso, apocalipticamente trág ico, observado pelo Concílio Vaticano li a respeito do cotnuni.rnw ". Mo vido some nte pe lo a mo r ú Igreja, e não pe lo desejo ele de neg ri-l a, faço minhas as palavras cio g rande pe nsad o r cató li co brasil e iro: "É penoso dizê-lo. Mas a evidência dos f atos aponta, neste sentido, o Concílio Vatica no li como uma das maiores calamidades, se não a 111aio1; da História da Igreja. A partir dele peneirou na Igreja, em proporções impensáveis, a '. fi11naça de Satanás', que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível f orça de expansão cios gases. Para escândalo de incontá veis almas, o Corpo Místico de Cristo entrou no sinistro processo ela como que aulodemolição ". 2 • Notas: 1. Em literatura . di z-se de urn gênero de discurso (or:it óri a, poes ia, etc.) ern louvor ou cm det rirncnt.o de al guém ou de algum a co isa (Dic ion{i rio da Língua Portuguesa - www. infoped ia. pt ). 2. Plíni o Corrêa ele Oli veira. l?evo /11 ção e Co111m -l?evo/1.1 ção, São Paul o, Artpress, 2009, p. 135.
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MEMÓRIA
Um livro que pôs em xeque a coexistenc1a entre o catolicismo e o comunismo •
A
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Há50 anos, P1inio Corrêa de Oliveira escrevia em Roma a obra A Liberdade da Igreja no Estado Comunista, denunciando o 1nais grave perigo que se apresenLava para a Igreja no Concílio Vaticano li: a coexistência pacifica entre caLólicos e comunistas. 1 Lamentável reação de Padres Conciliares aos quais o autor ofereceu a obra na Magna Assembleia. JUAN GONZALO LARRAÍN CAMPBELL
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ui to se tem . escrito, sob diversos po ntos de vi sta, so bre o Conc ilio Vatica no II. E muito
CATO LICI SMO
també m se tem escri to e fa lado a respeito das calamidades pós-conc iliares, reconhec idas de um o u outro modo até
pe los própri os Pontífices, ele Paul o VI a Bento XVJ. 2 Poré m, pouco se te m tratado do ensa io A Liberdade da Igreja no Estado Comunista, redig ido pe lo Prof. Plini o Corrêa ele O liveira em 1962, durante a prime ira fase do Conc ili o, o qual poderi a ter e vi tado as referidas calamidades.
O com,mismo muda de tát;ica O pr inc ipal inimi go que a Igreja tinha di a nte de si, pe lo menos a partir da Revo lução russa de 19 17, era o comuni smo. Até o in íc io do Conc íli o, ele hav ia do minado imensas popul ações do mundo pe la fo rça, perde ndo ass im , pela apli cação ele sua doutrina perversa, mi lhares de a lmas. Até meados ela décad a de 30, o comuni smo combate u a Jgrej a de fre nte,
encontra ndo por parte das autoridades ecles iás ti cas, encabeçadas pe los Papas, uma oposição aberta e decl arada. M as, a partir dessa época, constatando a res istência qu e se lhe opunha, somada à falta de pers uasão ele suas doutrin as junto à opini ão pública, tanto nos países por e le subjugados como nas nações cio mundo livre, o comuni smo viu-se o bri gado a mudar ele tática, estendendo a mão às dife rentes reli g iões, e de modo parti cul ar à cató lica.3 Em diversos países, os comuni stas começaram e ntão a propor um modus vivendi ou coexistência pacífica sob certas condi ções, sendo a principal de las a aceitação (expli cita o u tác ita), por parte cios cató licos, da supressão ela propriedade privad a. Ass im , o pro bl e ma qu e se vinh a pondo para a Igrej a era saber qual a ati tude a to mar face à "a bertura" que ocomuni smo oferec ia. Deveri am os cató li cos aceitar o modus vivendi ou res istir?4
Viagem de Dr. Plinio a Roma e seu estado de espírito Desde 1935 Plíni o Corrêa de Olive ira começou a desconfiar que o grande probl ema que se pori a para a Igrej a e para os fi e is no fu turo seri a o que ac ima está res umido, po is e le percebi a j á naque la época - co mo relatou em palestra para membros da T FP e m 25-688 - que no me ios católicos só se falava contra o comuni smo ateu , o mitindo-se qu alquer refere nc ia à supressão ela propriedade privada. 5 Se esse era o probl e ma, não haveri a ocas ião ma is pro píc ia que o Conc ílio para qu e todos os B ispos do mundo, e ncabeçados pe lo Sumo Pontífi ce, de nun ciassem e conde nasse m o referido modus vi vendi e a coexistência pa-
cífica . Com esse fundo de qu adro Dr. P lí ni o vi ajo u a Ro ma em 1962, por ocasião da prime ira sessão do Co ncíli o. Muito signifi cativas do estado de espírito que o animava são as seguintes pa-
lavras escritas a sua queridíssima mãe :
P1.,111G (OUfA OI OUY1'A.
t,\ LlllR!tl'li m: i,ÉGl,ISll DANS ~i\'rKr COMMllNIS'm
LÓGICA O escritor Ubiratam Macedo, que reconhece não se identificar ideologicamente com Dr. Plinio, afirma: "Em 1963, Plinio ed ito u um folheto (sic!) que foi traduzido para oito línguas e já superou de muito 100.000 exemplares. Trata-se de A Liberdade da Igreja no
Estado Comunista ... Ne le, após tratar com lógica radical do tema, conclui que não seria lícito, mesmo para evitar uma hecatombe nuclear, desistir do direito de propriedade, poi s a exis-
tência humana sem instituições necessárias, como a propriedade e a família, não vale a pena ser vivida. Sacrificar uma ou outra para evitar a catástrofe não importa em propter vitam vivendi perdere causa? Portanto, rejeita-se a coex istênci a pacifica, salvo se o comunismo deixar de sê-lo". (Cfr. Ubiratam Macedo, As ideias políticas no Brasil, Convívio, São Paulo, 1979, vo l. 2 pp. 241-242).
"Esta viagem é fruto de longas reflexões. [. ..] De um lado, jamais o cerco dos inimigos externos da igreja f oi tão f orte, e j amais também f oi tão geral, tão articulada, tão audaciosa a ação dos seus inimigos internos. De outro lado, se i bem que p osso pres ta r se r viços muito úteis para ajudar a sustentar o edi,fíc io da Cris tandade [. .. ] Eu não pocleria j amais, sob consideração nenhuma, renuncia r a pres ta r à lgreja, à qual dediquei minha vida, este serviço numa hora histórica quase tão triste quanto a da morte de Nosso Senhor". 6
Numa noite redige o ensaio e oferece-o aos bispos Após ter to mado contato com certo número ele bispos, algun s dos qua is represe ntava m Ep iscopad os de pa íses a lé m Cortina de Ferro , confirmou-se no espírito ele Plinio Corrêa de Olive ira a hipótese que já cog itara desde 1935. Foi ass im que, numa só no ite, ele escreve u o liv ro A Liberdade da Igrej a no Estado Comunista, no Hotel E xcelsior, em Ro ma, onde se hospedava. De manhã mandou tradu zi-lo ao itali ano, e o apresentou no di a seguinte pessoal mente ao arcebi spo ucra ni ano no exíli o, M ons. Bucko. Este, em princ ipi o, gostou da tese e da proposta fe ita por Dr. Plíni o, mas di sse que teri a que ouvir o parecer cios irm ãos no Epi scopado, de modo especial cio Leste europeu. E m co ntato posterior, M ons. B ucko afirm o u a Dr. Plínio que os bi spos cons ul tados sobre a difu são do livro na M ag na Assemble ia - e ass inado por um de les como havi a sido sugerido considerara m a ini ciativa in oportuna. 7 A proposta de Dr. Plíni o não era ape nas um a s imples co nd e nação cio comuni smo - que também não fo i condenado ... - mas, de modo muito claro e e pecífico, uma de núnc ia da manobra sutil e cavilosa da Revolução igua-
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gar a Lei inteira a todos os povos, em todos os lempos. Se algum gove rno terreno exige d'Ela o contrário como condição para ser livre, Ela não poderá aceitar essa liberdade que não é senão um sim.ulacro falacioso. E o a utor conclui seu livro com estas palavras:
Para aniquilar as vantagens que, no Ocidente, o comunismo j á vem alcançando com seus acenos de uma certa distensão no terreno religioso e social, é importante e urg ente escla recer a opinião pública sobre o caráter intrínseco e necessariamente fraudulento da 'liberdade' por ele concedida à Religião, e sobre a impossibilidade da coexistência paci:fica de um regime comunista - ainda que rnoderado - com a Igreja Católica. 9
li tária,X que procurava emba ir os católi cos para que ace itasse m um rnodus vivendi com o co muni s mo, ta nto nos países po r ele dominados co mo nos do Mundo Livre.
1'ese ccnll'al e
conclusão <lo livro Dev ido ao ca ráter necessari a mente restrito de um artigo, transcrevemos a Lese centra l da obra:
Mas imaginernos que se Lhe desse 1à Ig reja I toda a liberdade de pregar sobre afa,nília, não porém sobre a propriedade privada. O que enlão leríamos que responder? A prim.eira vista d ir-se-ia que a nússão da Igreja consiste essencialm.enle em promover o conhecimento e o amor de Deus, mais do que em preconizar ou manler um regime polí1ico ou social. E que as almas podem conhecer e am.ar a Deus sem serem inslruídas sobre o prin~ cipio da propriedade privada. Isto nos parece falso. O conhecimenlo e o amor da Lei é inseparável do conhecimenlo e do amor de Deus. A Lei por sua vez é um todo, do qual não nos é dado destacar qualquer parcela. Ora, o princípio da propriedade privada está consignado em dois 1-nan.damentos da Lei de Deus (não roubar e não cobiçar os bens
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CATOLICISMO
alheios). Renunciar a ensiná-lo aos.fiéis seria, para a Igreja, o mesrno que renunciar a promover nos hom.ens o conhecimento e o am.or de Deus. [. .. } Com efeito, sem senso de propriedade não há senso de justiça. A Igreja se renunciasse a formar nos.fieis a noção exala da propriedade, renunciaria a formá- los na jus/iça. De mais a mais o rnandalo de Jesus Cristo à sua Esposa consisle em pre-
Devido à negativa de um dos Padres Conci li ares de ass in ar a o bra, como vimos ac ima, Dr. Plinio mando u publicála e m seu própri o no me, como matéria paga, no diário " Jl Tempo", de Roma, e m 1963. E dado o inte resse da mesma, e m I 964 o autor a a mpliou, mante ndo a tese centra l e a conc lusão. Sua prime ira ed ição foi distribuída aos 2200 Padres Co nc ili a res, difundindo-se a partir daí pelo mundo inteiro. 10
Eco 11</elíssimo de to<los os Documentos Pontifícios E m carta enviada no dia 2 de dezembro de I 964 ao e ntão bispo de Cam pos, D. Antonio de Castro Mayer, para lhe agradecer o e nvio do li vro do Professor Plinio Co rrêa ele O li vei ra, a Sagrada Cong regação de Seminários e Universidade referiu-se ao autor como "me-
recidamente célebre por sua ciência.fi.losó.fi.ca, hislórica e sociológica", e que A Liberdade da Igreja no Estado Comunista "é um eco fidelíssimo de todos os Documentos do Supremo Magistério da Igreja". A carta e ra ass in ada pelo Prefeito ela Congregação, Cardea l G. Pizzardo, e referenciada pelo Secretario da mesma, Mons. D. Staffa, depois Cardeal. O Concíli o c hego u a seu fim sem que os Padres Conciliares tratassem do po nto de principa l in teresse para a [g reja ...
.ftdelíssinw de lodos os documentos do Supremo Magistério da Igreja ".
Grnve dano causado
à Revolução
E as e ncerra mos co m as palavras por e le pronunciadas e m 1989:
Se é verdade que grande parte do clero adotou , ele um modo ou outro, a política de coexistência pac(fica com o comuni smo, propici a ndo, e ntre o utros e rros, as reformas de estrutura confiscatórias violadoras da propriedade privada, não é menos verdade que co m este livro Dr. P linio des mascarou mais um jogo ela Revolução. Ele havia sido preced ido pe la obra
"Para onde iremos ? - Só Deus o sabe. Quem curnpre seu deverfaz a von/ade de Deus. Quern fa z a vonlade de Deus sob os auspícios ele Maria Santíssirna, só pode considerar o .futuro com co,~fiança ". 14 • E-mai l para o autor: catoli cismo@ terra.com .br
Reforma Agrária - Questão de Consciência e constitu ía o utro impo rtante lance na luta contra o progressism.o travada pelo seu a utor ou inspirada por e le nas décadas seguintes através elas TFPs e entidades afi ns ex iste ntes nos cinco continentes. Hoj e, no Bras il , a luta a ntiprogress ista, inspirada na ação daq ue le insigne líde r católico, é conduzida pelo lnstiluto Plínio
Corrêa de Oliveira. Ti rando a máscara da Revolução, Dr. Plíni o produziu gra ndes crista li zações antiprogressistas, que impedi a m assim aos revoluc io ná ri os de persuadir seus seguido res. Deste modo a Revo lu ção foi obri gada a realizar retrocessos
Notas:
AUDÁCIA O escrito r D ecio M o nteiro de Lima, que discorda das ideias de Dr. Plini o, esc re ve : "E m agos to de 1978, ta mbé m com bastante audácia, a TFP entro u abertamente
táticos, operados inclusive em altas es-
no problema da escolha do suces-
feras ecles iásticas. 11 Desde o po nto ele vista temporal , o comuni smo viu -se na necessidade de se meta morfosear, mui tas vezes trocaodo de no me, o u c hegando, e m certas ocas iões, a fin g ir-se de mo rto ... Tudo isto tem tornado pedregoso o ca minho da Revolução. Não negamos que e la tenha ava nçado, e muito, sob vá rios as pectos, mas extrapo la os limites deste a rtigo apo ntar seus êx itos e seus fracassos. 12
sor de Paul o VI, sugerindo - leiase "prevendo" - , através de artigos de Plinio Corrêa de Oliveira, publicados no País e re produ zidos e m jo rnais euro peu , a indicação do Cardeal Wyszynski , P rimaz ela Polônia, ao Sumo Po ntificado, assim que pressentiu o esboço de uma te ndê nc ia, depois confirmada com a eleição do Cardeal Wojtyla, no sentido de faze r Papa um católico do Leste europeu. Tais artigos tiveram muita circulação e ntre os cardeais presentes ao conclave e grande repercussão na Sa la Sta mpa (Sa la ele Impre nsa) ci o Vatica no, o nde o Ujftcio Tradizione, Fam.iglia, Proprietá, escri tório de representação das TFPs e m Ro ma, atua
A omissão, o castigo e a esperança Temos como certo que muitas calamidades pós-conc ili ares poderia m ter s ido ev itadas - e talvez com e las, pe lo menos parte dos castigos an unc iados por Nossa Senhora e m Fátima - se os Padres Conc ili ares tivessem sustentado as teses que de modo profético lhes fora m fac ilitadas no estudo A Liberdade
da Igreja no Estado Cornunista. 13 Sirvam estas linhas de homenage m a quem, fi e l à sua mi ssão, fo i "um eco
1. Todas as obras de Plínio Corrêa de Oliveira citadas neste artigo podem ser encontradas no site www.pliniocorreacleo li ve ira. in fo 2. Plí ni o Corrêa el e O li veira , Revoluçc7o e Co111ra Revol11çc7o, Part e Ili , Ca p.11 , 4-A. 3. Esta fa lta ele persuasão fic ou patente no fato ele o co muni smo nunca ter co nqui stado o poder pela via elas urnas. 4 . O país que serviu de "cadi nho" principal para levar adi ante essa política " coex istenciali sta" revolucionária foi a Polônia. 5. Em 1946 , pe las páginas cio " Leg ionário" ("7 dias cm revista". de 22- 12-46), e em 1959 cm Revol11çc7o e Co11tra Revol11çc7o (Part e 11 - Cap. X 1- I - B), den unc iou o cerne cio tema qu e ele dese nvo lveria por ex tenso em A Li-
com muita desenvoltura". (Cfr. Dec io M o nteiro ele L im a, Os senhores da direita, Antares, Rio de Ja ne iro, 1980 , págs. 52-53).
benlade da Igreja 110 Estado Co1111.111ista. 6. Roberto ele Mallei, O Co11 ci/io Vatica110 li 11111a história 11w1ca escriw , p. 195 , Editora Ca111i11l10s Ro111a110.I", Porto, Portuga l. 7. É sab ido que o home m-símbolo e líder principa l dos bispos represent an tes da corrente pari iclári a da " coex istência pac i li ca•· era o Cardeal Wyszynski, Primaz da Po lôni a, o C1111ctator (o Contemporizador). crr. Plíni o Corrêa ele O li ve ira, O C1111 ctator 11111 11wxi111alistar, in " Fo lha de São Paulo" , 24-8-78. 8. A s referências que li 1zc111os a Revo lu ção, revo luc ionári o, etc., devem ent ender-se no sentido que lhes dá Dr. Plíni o cm sua obra Revo -
luçc7o e Co11t ra-Revol11çc7o . 9. Pl ínio Corrêa ele O li veira, A Liberdade da Igreja 110 Estado Co1111111ista. Ca10/icis1110 nº 152 , agosto ele 1963 . 1O. Traduzido em oito línguas, o livro teve 38 ed ições, l olali zanclo 17 1.000 exem plares. Al ém disso, fo i reprod uzido na íntegra em 39 jornai s ou rev istas ele 13 países . Cfr. U111 !to111e111, w11a obra, uma gesta. /-/0111euage111 das
TFPs a Pli11io Corrêa de Oli veira. p. 239. Ed ições Brasil de A111a11!tc7. 1 1. Sobre os retrocessos táticos ela Revolução, c fr. Plín io Corrêa ele O li veira Revol11çc7o e Co11tra l?evoluçc7o Pa rt e I ap.4. 12. Sobre i sso, cl"r. op .cil. Parle 111 , Cap. 11. 13. Sobre a vocação vcrclaclc iramcntc profética ele Dr. Plíni o, c fr. Juan Gonzal o Lar rain Campbe ll Pli11io Co rrêa de Oli ve ira . Previsio11e.,· y De111111 cias em def e11.\·a de la lglesia y de la civilizaci611 cri.1-tia11a , Pctru s Editora , 2009. 14. U111 lto111e111. 1111w obra. 1111w gesta. p. 57 .
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Na s citações, os neg ritos sflo nossos.
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q N ELSON RAMOS BARRETTO E PAULO H ENRIQUE CHAVES
A
caba ele vir a lume o livro Psicose ambientalista - Os bastidores do eco-
terrorismo para implantar uma religião ecológica, igualitária e anticristã,
ele autori a cio Príncipe Dom Bertrand ele Orleans e B raga nça, com a co laboração ele pesquisadores ela Comissão de Estudos Ambientais do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira A obra foca liza as fa láci as cio movimento ambientali sta que, utilizando-se cio pâni co, tenta mostra r que a Terra não suporta ne m produção ne m prog resso. O ilustre autor deste livro é coorde nador cio movimento Paz no Campo e sem dúvida uma das grandes I ideranças ela luta anti -socia li sta e anti-agrorrefo rmista no País. A matéria que aqui apresentamos aos le itores ele Catolicismo expõe suc in ta me nte po ntos essenc ia is dessa obra, ressa ltando ele modo parti cul ar o heroísmo de nosso produ to r rural. Malgrado a fa lta ele apo io cio governo e sofrendo persegui ção do di to "ambienta lismo", e le conseguiu e levar a ag ropec uári a a um padrão de excelênc ia que continuame nte bate recordes de produção ele alimentos, colocados sempre mais em conta à mesa cio consumidor e garantindo superávit na bal ança comerc ial. O ra pe lo manejo ele pa lavras mág icas, ora pe la 8. manipul ação ele mitos e me ntiras, dito movimento ~ ambie ntali sta tudo faz para prejudicar a expansão da u ê agropecuári a bras il e ira e go lpear o direito ele pro pri edade. Neste sentido, o novo Códi go F lorestal a ser .2 impl antando no BrasiI representa mais uma "arma" ~ desses a mbi enta li stas contra a laboriosa classe rural e, como consequência, contra a popul ação em gera l. Por q ue os ecologistas 2 fa zem tanta zoeira? Como ex plicar tamanho devotamento deles a essa causa? Como obtê m tanto espaço na mídi a? Aonde querem chegar com o ecoterrori smo? Ao fazere m propaganda cio miserabili smo ou do não-consumismo, não vi sam eles "engessar" a ex pansão ela agropecuária no Brasil ? O Prínc ipe Imperi a l do Brasil - que desde a sua juventude ve m se consagra ndo com muito propósito às causas mais nobres e m defesa ela Pátri a e da c ivili zação c ri stã - sai uma vez mais à liça para des mascarar tal engodo. E le costuma dizer que os fa utores dessa psicose a,nbientalista são como me lanc ias: verdes po r fo ra, vermelhos po r dentro. " Verde", essa é a nova cor do comuni smo ... 1
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!
A prnparnção da Rio +20 ~s manchetes midi áticas que antecederam a rea li zação da Confe rênc ia ela ONU Rio +20 proc uraram impostar o público segundo o di apasão cio costume iro alarmismo. Um jo rn al al erto u: "Se todos tivessem estilo de vida paulistano, seriam necessários 2,5 planetas para sustentar o consumo". E co m base num estudo da NOVEMBRO 201 2 -
E m 2006, com grande espalhafato da mídi a nacional, AI Gore esteve no Bras il. A revi sta Época, por exempl o, vestiuse literalmente de verde em sua edição de outubro daque le ano e recomendou aos le ito res: "Pense verde: o que você pode faze r para salvar o planeta". O film e fo i projetado nas escolas e os alunos levaram aos pais a preocupação de corno salvar a humanidade ... M as suas fraudes fo ram sendo paul atinamente denunciadas, o que gerou grande indi gnação contra o filme, chegando-se inc lusive a promover urna campanha para a reti rada dos prêmios a ele concedidos.
O mito do "aquecimento global" O mundo estari a esquentando em níveis insuportáveis, colocando-nos à be ira de uma catás trofe. Os ambientalistas re petem esse rnantra corno se e le estivesse demonstrado e sua tese fosse absolutamente irrefutáve l do ponto de vi sta cie ntífico. Trata-se do mi to do aquecime nto global, o qual fo i cuidadosa mente alterado para " mudanças climáticas". Segund o esse " dog ma" a mbi e nta li sta, a te mperatura médi a do ar e dos oceanos estari a aumentando e m decorrênc ia de co ncentrações crescentes de gases de efeito estufa resultantes das ati vidades humanas, como a que ima de combustíveis fósse is e o desmata mento. (Vi de quadro : " Os mitos do ambienta li smo") . ONG WWF, concluiu: "O inundo precisa alterar radical-
mente seus índices de consumo para lidar com o esgolamenlo dos recursos naturais do planeta". 3 A opini ão pública ve m sendo bombardeada por filmes, doc ume ntos e dec larações que ap resenta m a natu reza e m fúr ia: c idades engoli das pe lo mar, plantações di zimadas pela seca, gele iras desabando, mares transborda ndo, ursos fa mintos vagando pe las cidades, pinguins caminhando pelo deserto, furacões destruindo tudo em sua rota. O fi lme intitulado Uma verdade inconveniente e o livro do mes mo nome, do norte-americano Al Gore, constituíram um auge de propaganda destinada a traumati zar as plateias ara que se voltem contra o fa ntas ma do "aquec imento global". O filme chegou - não se sabe através de que artifíc ios ou conivênc ias - a ganhar os Oscar de me lhor canção e docume ntário, além de outros 15 prê mios.
CATOLICISMO
O venladeiro ambienta/ismo E m seu livro Revolução e Contra Revolução, Plini o Corrêa de O liveira mostra q ue a Contra- Revolução é condição essenc ial do verdade iro progresso:
"Em seu aspecto mate rial, consiste o verdadeiro progresso no reto aproveitamento das forças da natureza, segundo a Lei de Deus e a serviço do homem. Por isso, a Contra-Revolução não pactua com o tecnicismo hipertrof iado de hoj e, com a adoração das novidades, das velocidades e das máquinas, nem com a deplorável tendência a organizar more mechanico a sociedade humana. Estes são excessos que Pio Xll condenou. com pro.fundidade e precisão". No seu sentido ordenado e bom, o ambientalismo consiste na preservação da natureza - o conj un to dos e lementos terra, água e ar - a fi m de propic iar uma vida saudáve l às plantas, aos anima is e espec ialme nte aos homens. Con-
Os mitos do "ambientalismo"
... O aquecimento global é um mito sem fundamento científico e que os mais reno mados cientistas o contestam? As mudanças c limáticas históricas des mentem o aquecimento causado pelo CO 2 ...O C0 2 é o gás da vida? E le não produ z poluição ne m o chamado efeito estufa. Trata-se de um gás natural, responsável pelo cresc imento das plantas. Se eliminásse mos o CO 2 da atmosfera, a vida cessaria na Terra . ... Os vulcões, com duas erupções no século XX, lançaram mais dióx ido de enxofre do que toda a Revolução Industrial do século XIX aos nossos dias? ... A gélida Groenlândia ganho u seu nome de " terra verde" du rante o benéfico aquecimento medieval cha mado "período que nte medieval" (MWP)? Lá fl oresciam plantações e pastagens. As temperatu ras na Europ a já fora m mais elevadas que as atuais. Cultivavam-se uvas ao norte da Inglaterra. ... Nas geleiras da Sibéria e ncontraram um mamu te de pé, congelado, que tinha ainda restos de capim entre os dentes? ... James Lovelock, o pai da 'hipótese Gaia', se retratou? Além de fazer o mea culpa, e le reconheceu o falso alarmismo dos ecologistas. E m 2006, Lovelock havia chegado a afirmar que bilhões de homens teri am morrido antes do fi m do século, e que os poucos que sobrev ivessem ficariam no Ártico, onde o clima ainda seria tolerável. Agora ele reconheceu ter extrapolado demais. Para ele "o problema é que
não sabemos o que o clima vaifaze1: Há 20 anos nós achávamos que sabíamos. Isso nos levou a escrever alguns livros alarmistas - o m.eu inclusive - porque parecia evidente, porém não aconteceu". ... O livro The Population Bomb, do ecologista Paul Ehrlich, de 1968 , quando a popul ação mundia l era de 3,5 bi lhões, prev ia que, como resul tado ela superpopulação, centenas de milhões ele pessoas morre ri am de fo me nas décadas seguintes?
... A previsão de Paul Ehrlichem revelou-se falsa em 1971? "A té o ano de 2000 o Reino Unido será simplesmente um pequeno grupo de ilhas empobrecidas, habitadas por·cerca de 70 milhões de famintos". ... A população mundial dobrou e as previsões alarmistas de Malthus e Ehrlich jamais se concretizaram? Pelo co ntrário, o percentual de subnutridos nos países em desenvolvimento, em relação ao total da, população, vem apresentando firme tendência declinante há quatro décadas. ...O gelo do Artico já derreteu entre 1920-1945, quando o homem lançava na atmosfera menos de 10% do carbono que lança hoje? Não se pode negar que a temperatura global, nos últimos 100 anos, teve wn aumento cíclico da ordem de 0,7ºC? Porém isso aconteceu por processos naturais, e não antrópicos - isto é, provocado pela ação cio homem - sobre a vegetação e pela queima de combustíveis fósseis. ...O aquecimento global parou e está começando um resfriamento? Nenhum modelo de clima previ u esse resfriamento ela Terra, mu ito pelo contrário. Isto significa que as projeções de clima futuro não são dignas de confiança" (Prof. Henri k Svens mark). Que mistério há por detrás desse pânico ecológico? A lém ele custar bilhões de dói , ameaça parali sar o fu turo do Brasil e travar o e nriquecimento dos povos.
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forme se lê no Cênesis, já na criação Deus di spôs a natureza para servir ao home m. As plantas e os animais, ao se reproduzirem, servirão de alimento para o home m. Entretanto, Deus estabeleceu, de acordo com a Sagrada Escritura, como punição pelo pecado de Adão : "Comerás o teu pão com o suor do teu rosto" (Gen 3,19) . "Os meus eleitos comerão eles mesmos o fruto do trabalho de suas mãos" (Is 65, 1725). E m consequê ncia do pecado a natureza tornou-se hostil , precisando ser conqui stada pelas habilidades e tale ntos que Deus concedeu ao homem. Tal do mínio requer o conhecime nto de regras, leis e segredos da natureza, para se utili zar sapiencial mente todos os seus recursos. Esse é o as pecto utilitário da natureza. O conhec ido lema dos beneditinos ora et labora proporcionou o processo civili zatório da E uropa, pois, bem entendida, essa vi são superior, metafísica e religiosa ajudou o homem a mobili zar todas as suas energias para a reali zação da perfeição medieval. No século XIX, o hi storiador francês Montale mbert rende u home nagem a esses monges pelo grande trabalho agrícola que e mpreenderam: "É impossível esquecer como souberam aproveitar tão vastas terras incultas e desabitadas [um quinto de todo o territóri o da Inglate rra], cobertas de .florestas e cercadas de pântanos". Essas eram as característi cas da maior parte das terras que os monges ocupavam, em parte por se tratar de lugares reti rados e inacessíveis - o que favorec ia a vida em solidão - e em parte por sere m terras que os doadores leigos lhes oferec iam. Ao des matar as fl orestas para destiná-las ao cul -
tivo e à habitação, os monges tinham o cuidado de plantar árvores e conservar as matas, dentro do possível. O hi stori ador norte-a me rica no T homas Woods (foto), e m sua obra Como a Igrej a Católica construiu a Civilização Ocidental, destaca um exe mplo particul arme nte vivo da sa lutar influência dos monges no seu entorno físi co, anali sando os pântanos de Southampton, na Inglate rra. Foi assim que, cinco séculos depois, Willi am de Malmesbury (1 096- 1143) descreveu aquela região, antes pantanosa: "É uma réplica do paraíso, onde parecem refletirse a delicadeza e a pureza do Céu ... ". A Igreja Católica converteu e civilizou os povos bárbaros, ensinando-os, com sabedori a e desejo de perfeição, a cultivar o solo e preservar a natureza. Mas a vi são metafísica católica não pode ser confundida com a de certas seitas
Falso dilema: Agropecuária X meio-ambiente ... O Brasil é um dos países ecologicamente mais bem preservados do mundo, que ainda mantém 69% de sua vegetação natural e 28,3% das fl orestas origi nais do planeta? .. .. A Amazônia te m 86% de vegetação nativa preservada, enquanto o Pantanal tem 80%? ... O Brasil possui a maior área protegida do mundo (entre parques, reservas e terras ind ígenas, as áreas protegidas ocupam hoje 30% do território nacional, quando a médi a mundial é de 10% )? .. .O mundo emitiu 31,5 bilhões de toneladas de gás de origem fóssil em 2008? A China respondeu por 2 L% das emi ssões mundiais (6,5 bilhões de toneladas), seguida pelos EUA ( 19%), Rússia (5,5%), Índi a (4,8%) e Japão (3,9%). Esses cinco países somam 53,4% das e missões planetárias. E que o Brasil, quinto maior país do mundo, emitiu apenas 1,4 %? ... A agricultura exerce um papel gigantesco na preservação ambiental? E la é capaz
Laborare est Orare - John Rogers Herbert, 1862. The Tate Gallery, Londres
de apresentar soluções para conservação da ág ua e da biodiversidade. Além de alimentos e fi bras, ela garante uma das matri zes energéticas mais limpas do mundo. 47 ,3% da energia brasilei ra provêm de fo ntes renováveis (cana-de-açúcar, hidrelétri cas, le nha, biodi esel, etc.), em comparação com a média mundial de 18,6%. ... No Brasil a produção de grãos aumentou 273 %, enquanto a área plantada cresceu apenas 27 % (entre 1976 e 2010)? Em 2010, e m um mesmo hectare, o agri cultor produ ziu em médi a du as vezes e meio mais milho, tri go, arroz, soja e fe ijão do que e m 1976 .
...Enquanto em 1970 um agricultor brasileiro produzia alimentos para 73 pessoas, em 2010 esse número saltou para 155 pessoas? ... A sustentabilidade é uma questão técnica, e não de crença ou boa vontade? Em 30 anos, o País deixou a posição de importador de alimentos para tornar-se um dos maiores ex portadores mundi ais de produtos agrícolas, graças aos aume ntos constan tes de produtividade. Portanto, opor a agropec uária ao meio-ambiente é um fa lso dilema. A preservação do meio-ambi ente não só é compatível co m o desenvolvimento agropecuário co mo este vem tendo um papel insubstituível nesta tarefa.
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panteístas que div inizam a natureza. A Criação deve antes de tudo ser contemplada como image m do C ri ador. De urna pequena péta la de rosa a um grandioso pôr-do-sol, e la é belíss ima nos detalhes, e especia lmente no conjunto. Santo Tomás de Aquino classifica a contemplação de sua grandeza, beleza e ordem como a quarta via do conhecimento de Deus. O salmista canta: "Os céus narram a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra de suas ,nãos" (S I. 19, 1). Até os seus ho1rnres, frutos do pecado original, são úteis ao servir de contraste: do fe io com o belo, do vício com a virtude.
Poluição nas cidades O homem e a natureza vêm sendo ag redidos pela polui ção decorrente da industriali zação e da ráp ida urbani zação ditadas por urna modernidade que rompeu com os valores do passado e q ue torna o ho mem ofegante em usufruir as promessas da tecnologia. É o que Plínio Corrêa de Oliveira chama no texto acima c itado de tecnicismo hipertrofiado. E m consequênc ia, novas pro postas de ambientali smo e defesa da natureza são apresentadas e propagandeadas pe los grandes me io de comunicação, por líderes mundi ais e organismos internaciona is corno a ONU. No entanto, por detrás de g rande parcela dessa defesa da natureza se ocul ta urna nova ideo logia, até mes mo uma nova religião , que prete nde justificar e impl a ntar um a soc iedade humana igualitária e neotribal, lastreada num mi sto de pseudociênc ia com fil osofias arca icas e pagãs. Para tentar e lucidar o ass unto e di stinguir o arnbientali srno sadi o do corrompido, to rnemos o exe mplo de um ri o po luído . O Tietê, nos seus 1.0 l O k m , atravessa qu ase todo o Estado de São Paulo. Nasce nas escarpas da Serra do M ar - a 22 quilômetros do litoral - e corre rumo ao interi or até desaguar no Rio Paraná. Na língua tupi , tietê sig nifica "água verdadeira" . A inda nas décadas de 20 e 30, o rio era utili zado para pesca e ati vidades esporti vas. Com a crescente urbani zação, no trecho da Grande São Paulo ele sofreu um p rocesso ele degradação, provocada por po luição indu stri al e esgotos domés.ticos. A partir de 1990 começou-se um trabalho de despoluição do ri o, com intensa participação de organizações da sociedade c ivil. Atualmente, o Projeto T ietê é o maior projeto de recuperação ambienta l do País. Passados mais de 20 anos, em bora a despo luição do Tietê ainda estej a muito aq uém dos níveis desej ados, já são observáveis progressos marca ntes. M as é interessante notar q ue à medida que s uas ág uas se afastam do centro urbano, a própria natureza as vai lirn pan-
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do grad ualme nte, até se tornarem novamente potáveis e pi scosas. Este exemplo fo i utilizado pelo P rof. Plínio Corrêa de Oliveira du ra nte uma confe rência, e m que e le ressaltou de um lado a necess idade ele uma ação humana para despo luir o r io, mas ta mbém de ixo u claro o pape l ela natureza, dotada ele extraordin ária capac idade de regeneração e depuração. Isto é muito dife rente da histeria catastrofi sta de certos mitos ambientali stas, corno veremos a seguir.
Momento histórico da agropecuária
Variação do clima: le11ôme110 11on11al Muitas pessoas confunde m o clima com o tempo, e este conceito errado contribui para a aceitação, sem adequada análi se, de urna propaganda ambientalista tendenciosa. O clima é definido corno a média dos e lementos climáticos (temperatura, chu va, ventos, rad iação solar) du rante um período de pelo menos 30 anos. É, portanto, uma característica de longa duração. Cada região te m o seu próprio clima, que não pode ser confundido com o tempo. Q uando se afirma que a Amazôni a é quente e úrnicla durante todo o ano, estamos fa lando do clima da região . M as se di zemos que o dia está quente, estamos nos referindo ao te mpo, o qual diz respeito ao estado das condições atmosféricas e m um determinado mo me nto e loca l. Trata-se, por conseguinte,, de uma característi ca passageira, ao passo que o c lima é constante du ra nte um longo período, e mbora possa mod ifica r-se co m o passa r cios séculos por causas naturais. O cli ma é muito complexo, influenciado por fatores d ive rsos co mo os oceanos e as correntes marítimas, e sua princ ipal fo nte de energ ia é o sol. Há vá rios tipos de c lima: polar, temperado, med iterrâneo, tropical, equatorial, subtrop ical, desértico, serni árido. No Bras il, p redominam os climas quentes e úm idos, pe lo simples fato de o país se e ncontrar na zona trop ica l. As muda nças climáticas históri cas des mentem o aquecimento causado pelo CO 2. D ura nte o aquecimento medieva l chamado " período quente medieval" (MWP, na sig la em inglês), as te mperaturas na E uropa fora m maiores do que as atuais. Já nos referimos ao c ultivo de uvas no norte da Ing laterra e à hoj e gélid a G roe nlândi a ("terra vereie" na língua dos vikings), onde fl oresc iam p lantações e pastagens . Do século XVI até meados do XIX houve a " pequena idade do gelo", e as crônicas narra m como as pessoas patinava m no Ri9 Tamisa congelado. N as décadas ele 1940 a 1970 houve um grande resfriamento, a ponto de os cientistas aventarem a hi pótese de estarmos em urna nova era glacial, fato q ue ganhou a capa da rev ista Time ele 31- 1- 1977 (foto). Como seria
. .. Nosso produtor rural é um herói que, apesar de todas as perseguições ideológicas, proj etou mundi alme nte a agropecuári a brasileira co rno grande ce leiro do fu turo? ...Ele alimenta nossa população com comida farta e cada vez mais barata, p rodu zindo, alé m di sso, um excedente que tra nsformou o Brasil no segundo ma ior exportador ele grãos do mundo? ... Ele produz 75 % de todo o suco de laranja comercializado no mundo e 40 % de todo o café? Q ue e le é o maior ex portado r ele soja e de 40% de todo o aç úcar ex portado no mundo, alé m de produzir o equivalente a 500 mil barri s de etano l por di a? ... Ele possui o maior rebanho bovino comercial do mundo é o maior exportador de carne bov ina e o segundo e o terceir~ maior ex portador ele fra ngos e ele suínos, respectivame nte? ... Ele emprega cerca de 17 milhões de pessoas e deverá gerar mais seis milhões ele ocupações, ou sej a, 34 % dos empregos que serão gerados em toda a economia de 2010 a 2022? ... Ele garantiu o superávit da balança comercial de mais de 400 bilh ões de dólares em IO anos? Q ue graças à agropecuári a o Bras il pagou o FM[, fez uma reserva de 300 bilh ões ele dólares e ainda vem superando se m maiores perca lços a cri se econômica que assola o resto do mundo? ... Segundo a FAO, o Brasil é o país com maior potencial de crescimento agrícola do mundo? E o país com melhores condi ções para suprir as necess idades mundi ais de a lime ntos nos próx imos 40 anos? ... O valor da cesta de alimentos caiu mais de 5 % ao ano na cidade de São Paul o, em termos reais, e ntre 1975 e 2005? Q ue urna fa míli a bras il e ira gastava antes 48 % ele sua renda com ali mentos, enquanto hoje e la gasta cerca de 20%? Que tudo isso foi graças ao progresso c ientífi co no ca mpo e sua apli cação práti ca ' pelos agro pecuaristas bras il e iros? ... Tal situação da agropecuária é a responsável pela ascensão da classe baixa para a média? Que enq ua nto há 30 anos um sa lário mínimo comp rava 70% ele uma cesta b,'ís ica, atua lmente o mes mo salário comp ra d uas cestas? Q ue e m co nsequênc ia as classes de renda méd ia e baixa não ape nas pudera m consumir mais e melhores a limentos, como e levaram seu poder de compra ele produtos indu striais? Diante disso, é inaceitável que o Brasil, possuidor da maior área de preservação do mundo, abra mão de sua capacidade produtiva, deixando de contri buir para a redução ela pobreza. Queremos então saber qual é a razão para perseguir com tanta insistência os produtores rurais. Você sabe?
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realizado pelas correntes marítimas - a corrente (quente) de Kuroshio, no Pacífico (Japão), e a corrente (quente) do Golfo do México, no Atlântico. Esta última, quando mais ativa (como no período 1995-2007), transporta mais calor para o Ártico e derrete o gelo flutuante. Ao derreter, o gelo não eleva o nível do mar, pois já desloca o volume que vai ocupar quando fundir. Esse transporte de calor é em parte controlado por um ciclo lunar de 18,66 anos, que esteve em seu máximo em 2005-2006. Estudos indicaram que o gelo continental sobre a Groenlândia permanece lá desde a última era glacial, com exceção do período medieval , há mai s de 15 mil anos. O gelo da Antártica (Polo Sul), por sua vez, continuou a crescer nos últimos 60-70 anos. Fato digno de nota é que houve reconhecidamente, nos últimos dois mil anos (no período medieval entre os anos 800-1200), um aquecimento global maior que o presente, o chamado "Ótimo Climático Medieval", o qual permitiu que os nórdicos (vilcings) colonizassem o norte do Canadá e o sul da Groenlândi a, hoje coberta de gelo. E as concentrações de CO 2 eram inferiores a 280 ppmv (partes por milhão em volume) na época, de acordo com as estimativas.
isso possível, para espanto de alguns eco logistas, se já estávamos em plena era industrial ?
1'en·orismo climático desprovi<lo <le l'umlamento As hipóteses mais alarmistas em torno do aq uecimento global vêm sendo levantadas aqui, lá e acolá, como aconteceu na COP- 15 em Copenhague, na Dinamarca, de modo a inquietar profundamente os espíritos. Em torno das "mudanças climáticas", cienti stas e certa mídia exageram e repetem incessantemente chavões sobre os perigos que ameaçam o planeta . Entretanto, a cada dia cresce e m todo o mundo o número dos pesquisadores que se contrapõem aos alarmi stas do clima. Não deixa de chamar a atenção que muitos desses cie nti stas de renome, pelo simples fato de esclarecerem o verdadeiro alcance da ação humana nas mudanças climáticas, passara m a ter seus nomes e os resultados de suas pesquisas boi cotados, especialmente qu anto à divulgação na mídia. Fundamentados e m estudos séri os, re nomados cientistas brasileiros contestam a visão viciada e catastrofi sta patrocinada pela própria ONU. Um deles é o Professor Luiz Carlos Baldicero Molion. Formado em Física pela USP, com doutorado em Meteorologia pela Universidade de Wi sconsin (EUA) e pós-doutorado na Inglaterra, ele foi diretor e pesq ui sador do Instituto Nac ional de Pesquisas Espaciais (INPE). Atualmente leciona na Universidade Federal de Al agoas (UFAL), em Maceió, onde também diri ge o Instituto de Ciênc ias Atmosféricas (ICAT). Reproduzimos a seguir algumas das suas afirmações esclarecedoras:
C0 2, gás 1Jc11élico para o homem e os animais O principal gás de efeito estufa, se é que esse efeito ex iste, é o vapor d'água. Em algun s lugares e ocas iões, sua concentração chega a ser 100 vezes superi or à do CO 2 . Este, por sua vez, é um gás natural. Em certo sentido mais até que o ox igê nio, ele é o gás da vida. Na hipótese altamente improvável de eliminarmos o CO 2 da atmosfera, a vida cessaria na Terra. O homem e os outros anim ais alimentam-se das plantas, não produzindo eles próprios os alimentos que conso mem. São as plantas que o fazem , por meio da fotossíntese, absorvendo CO, e prod uzindo amidos, açúcares e fibras e, como subprodutÕ, o oxigênio que respiramos. Outros gases, como o meta no e os óx idos de nitrogêni o, estão presentes em concentrações muito baixas, que não causam problemas. Fala-se muito que o aumento da temperatura global provocaria ipsofacto uma proliferação ·do número de doenças que dependem de mosquitos co mo vetores (febre amarela, malária, dengue, por exempl o). Convém le mbrar que a malári a matou milhares de pessoas na Sibéri a nos anos 1920, um período muito frio, e que já foi e ncontrado Aedes cegypti vivendo numa temperatura bem abaixo de zero: - 15ºC. Esses mosquitos continuam matando seres hum anos e já ·obrev iveram a climas mais quentes e mais frios. Até as primeiras décadas do sécul o XX, hav ia gravíss imos surtos de
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doenças transmitidas por mosqu itos, tanto na Europa quanto nos EUA. Portanto, o problema é mais de saneamento básico e de co mbate às pragas que de clima. E ntretanto, todo esforço que se fizer para diminuir a pol ui ção do ar, das águas e dos solos será muito benéfico para a humanidade.
Derretimento do gelo não eleva o nível dos oceanos Não se pode negar que a temperatura g loba l aumentou nos últimos 100 anos. Porém isso aco nteceu por processos naturai s, e não antróp icos (provocados pela ação do homem sobre a vegetação). A cobertura de gelo em 2009 já foi maior que a de 2007, após esse invern o severo do Hemisfério Norte (América do Norte, Sibéri a e China) . A permanência do gelo depe nde do transporte de calor
Limitada l11terferência huma11a 110 c/Jma Sem condições de mudar o clima global , tem o homem, entretanto, grande capacidade de modificar ou destruir seu ambiente local. A Terra se compõe de 71 % de oceanos e 29% de continentes. A metade desses 29% é constituída de gelo (geleiras) e areia (desertos), enquanto 7 a 8% do restante encontram-se cobertos com florestas nativas e plantadas. Portanto, o homem manipula apenas cerca de 7% da uperfície global , o que não lhe possibilita destruir o mundo. Os oceanos, juntamente com a atividade solar, são os principai controladores do clima global. Mas existem outros controladores externos, como aerossóis vulcânicos, e possivelmente raios cós micos galácticos que podem interferir na cobertura de nuvens. Em resumo, o clima da Terra não é resultante apenas do
O Ártico visto por satélite
efeito estufa ou do CO 2 e sua concentração. Ele é produto de tudo aq uilo que ocorre no universo e interage com o nosso planeta. A conservação ambiental é necessária para a sobrevivê ncia da humanidade, mas indepe nde de mudanças do clima. 4
As contra<lições do "ambie11talismo" 110 Brnsll O Brasil é o principal alvo no fogo cruzado do debate e da pressão ambientalista internac ional, com a Amazônia sempre nas manchetes. Engrossam esse coro grupo ambientalistas catastrofistas sustentados por ONGs internacionais, e não é por acaso que tentaram repetir neste ano a Eco-92, com o mega-evento "comemorativo" que foi a Rio+20. Existem doi s pesos e duas medidas nesse processo, pois sendo a China conhecida como a maior poluidora do universo, ela é incompreensivelmente pouco citada ou pressionada. Seria isso por "imunidades diplomáticas" mútuas de companheiros e camaradas? No meio dessa confusão, ex ilado na babel das grandes cidades, o brasile iro assiste perplexo a esse debate. O seu coração balança entre a simpatia pelo discurso ambientali sta - que ainda evoca os versos cada vez menos reais do "nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiá" - e o medo, pois à maneira das trombetas do apocalipse a golpear as consciências, as tubas do terrorismo climático anunciam cada tsunami, furacão, calor excessivo ou frio insuportável como sendo a vingança da natureza que não estaria sendo tratada com o necessário carinho.
Compal'tilhamento necessário:
agropecuária e ambiente Como compatibilizar o desenvolvimento da agricultura com a preservação do meio ambiente? O economista Aércio Cunha afirma que "o problema está na ambiguidade da sociedade em relação ao meio ambiente e ao crescimento. Notase que a sociedade brasileira.fica muito triste, escandalizada e indignada com as queimadas na Amazônia, com a devastação dos recursos. Mas a mesma sociedade que fica indignada com a devastação do meio ambiente fica muito orgulhosa em ver a soja se expandir pela Amazônia. Fica.feliz com os empregos criados pelas madeireiras naquela região, com o maior rebanho do mundo, em ser o País maior exportador de carnes. A sociedade quer as duas coisas, os dois argumentos são válidos". 5 Compatibilizar a agricultura e a pecuária com o meio ambiente é um problema muito complexo. O homem do campo é o maior interessado na sustentabilidade do seu negóc io, e em sã consciência não deseja o prejuízo de ter seu campo transformado em deserto. Isso, aliás, é o que se deve lamentar e coibir nos assentamentos de Reforma Agrária, onde a terra é de ninguém, e os assentados de modo geral só se interessam pelo ag ue e a prática da terra arrasada. Mas a atenção dos am bie ntalistas - que se volta com indi sfarçável animosidade contra os agropecuari stas que trabalham, produzem e colaboram com o nosso desenvolvime nto -
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omite de modo seletivo a ação deplorável dos assentados. Dois pesos e duas medidas ... (Vide quadro: Falso dilema: "Agropecuária X meio-ambiente").
Al'bitrariedade do Có<ligo Flornstal Coincidentemente, a pressão ambientalista que bombardeia o Brasil é exercida pelas mesmas correntes ideológicas envolvidas com falsos ou verdadeiros quilombolas, indigenistas, MST, CPT, agrorreformistas, etc. Tal pressão vai conduzindo o País a um verdadeiro processo de auto-engessamento, o qual gerará gravíss imas consequências sociais e econômicas num futuro próximo. Aos já conhecidos programas de Reforma Agrária, reservas indígenas, proteção ambiental e quilombolas sobreveio o processo de desvio da finalidade do Código Florestal, chegando-se até a criminalizar o homem do campo. O Código Florestal de 1965 já era uma lei intervencionista. Embora seus fautores afirmassem que o mesmo fora preparado por vasto estudo sobre a legislação florestal no mundo, na verdade eles não levaram em conta os grandes avanços da agricultura nem a diversidade deste país-continente. O Brasil sempre manteve a preocupação com as florestas ao longo de sua história. Desde os tempos do Brasil Colônia, com as Ordenações do Reino, depois com as Leis Imperiais que preservavam as "madeiras de lei" e o seu manejo para que sempre houvesse madeira para a construção e indústria. (Vide quadro "O Imperador visionário")
O Código de 1965 e o entullw ambientalista O Código Florestal de 1965 estabelecia a obrigatoriedade de uma reserva de 25% das florestas ainda existentes, e não de 25% da área total da propriedade rural. Mas esse Código original foi totalmente modificado com alterações substanciais havidas ao longo desses 47 anos, as quais nunca foram votadas pelo Congresso Nacional, que sequer foi consultado. De fato, em 1996, sob a influência do Ministério do Meio Ambiente, ambientalistas radicais, perseguidores do agronegócio e da propriedade privada, passaram a "legislar" através de medidas provisórias, decretos, portarias, instruções normativas, resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Chega.nos assim ao absurdo de um verdadeiro entulho ambientalista com mais de 16.000.dispositivos! Todo esse cipoal de medidas provisórias e de portarias não faz senão retroceder e engessar substancialmente a produção, o emprego, a renda do campo e a arrecadação dos municípios. O Código Florestal assim modificado acabou por estabelecer fortes limites ao direito de propriedade, tanto no uso quanto na exploração do solo e das florestas. De início, a Reserva Legal prevista abarcava apenas 25% das florestas existentes. Depois atingiu 20% de cada propriedade rural. Hoje, ta l percentual chega a 80% na região amazônica, 35 % no cerrado e 20% nas demais áreas. Em 1986, adicionou-se o conceito novo de Áreas de Preservação Permanente (APPs). Uma agravante surgiu a partir de 1998. O Código Flo-
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restai passou a incorporar a Lei de Crimes Ambientais (9 .605/ 98), que transformou em delito diversas infrações administrativas. Tal mudança permitiu aos órgãos de fiscalização ambiental aplicar aos "infratores" multas escorchantes, ultrapassando às vezes o valor de suas propriedades, além da probabilidade de acarretar prisão. Todo esse conjunto de normas, somadas àquelas provenientes de legislações envolvendo terras indígenas, proteção ambiental e quilombolas, deixará engessado (no jargão de hoje significa que será proibida a exploração) em torno de 74% do território nacional! Uma aberração jamais vista na hi stória de qualquer nação.
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12 vetos e MP 571
No dia 25 de abril de 2012, após longa tramitação, foi aprovado pela Câmara dos Deputados o projeto do novo Código Florestal. Exatamente um mês depois, com 12 vetos ao texto aprovado pela Câmara e 32 modificações feitas através da Medida Provisória 571, a presidente Dilma promulgou a Lei 12.651 do referido Código. O veto parcial da presidente Dilma ao novo Código Florestal deixou perplexa uma vasta parcela dos produtores rurais no Brasil inteiro. Não sensibilizaram a presidente nem o apelo dos prefeitos de todo o País pedindo-lhe para sancionar o Código Florestal como garantia de sobrevivência de mais de 4.000 municípios, nem o manifesto do Conselho Nacional dos Secretários de Agricultura em que os titulares das pastas estaduais ponderavam que tópicos polêmicos como a anistia das multas e as recuperações de APPs fossem debatidos posteriormente. A influência de ONGs - muitas delas estrangeiras - falou mais alto aos ouvidos da Chefe de Estado, fazendo com que tenhamos agora de trocar alimentos por mata nativa. Com efeito, na MP, o governo obriga o replantio de mata nativa nas áreas de preservação dos rios. Os produtores rurais terão de recompor entre cinco e 100 metros de vegetação nativa das APPs nas margens dos rios, dependendo do tamanho da propriedade e da largura dos rios que cortam suas terras. Em artigo intitulado Considerações sobre o Novo Código Florestal, publicado no dia 29 de maio último, o Dr. Evaristo Miranda, doutor em Ecologia e pe quisador da Embrapa, mostra que os proprietários de imóveis rurais que agiram de acordo com a legislação em vigor à época da supressão de vegetação nativa, respeitando os percentuais de Reserva Legal , estão dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos nesta Lei. Para imóveis com até quatrn módulos fi cais será considerada como Reserva Legal a vegetação nativa porventura existente no imóvel em 22 de julho de 2008, seja qual for esse percentual. Outros problemas são apontados pelo Dr. Miranda: "A questão da irrigação e dos riachos intermitentes do Nordeste é mais uma que ainda não está equacionada. A alteração do conceito de pousio e a volta da principiologia no artigo nº J são problemáticas, assim como outros temas pontuais". "Se o problema dos pequenos ruralistas foi amenizado,
o mesmo não ocorreu com os médios agricultores. Eles foram simplesmente jitlminados por essa legislação. Em muitos estados, a área efetivamente disponível para eles passa a ser menor do que a dos pequenos agricultores, já que devem cumprir integralmente todas as exigências de Reserva Legal e APPs. Esse ponto é dos mais relevantes que precisará ser examinado na votação e análise da MP Os médios agricultores, a democracia no campo, estão ameaçados de extinção ".6 Essas graves ponderações do Dr. Evaristo Miranda exigem mudanças profundas e urgentes. No momento em que escrevemos, após uma com issão mista do Congresso ter elaborado um projeto de conversão da Medida Provisória 57 l e de o mesmo ter sido aprovado pela Câmara e pelo Senado, o texto foi levado à apreciação da presidente da República.
O ambientalista americano Thomas Lovejoy, em artigo na revi sta Veja, chama Dom Pedro II de "Imperador visionário": "Os participantes da conferência carioca deveriam se inspirar em Dom Pedro II. Ao recuperar a Floresta da Tijuca no século XIX, ele se tornou um dos pioneiros do desenvolvimento sustentável ".
Reserva Legal, uma "jabuticaba jul'ídica"
Monal'quia: Visão de longo prazo
Apesar de toda a controvérsia provocada em torno de sua aprovação, o novo Código Florestal não derrubou as denominadas APPs, que não podem ser cultivadas, nem achamada Reserva Legal (RL), que obriga a deixar sem exploração entre 20 e 80% da área da propriedade. O novo Código contém violações e mantém restrições inadmissíveis ao direito de propriedade. Não se sabe como os pequeno proprietários irão sobreviver, pois exatamente as partes mais férteis de sua propriedade terão de ser abandonadas. Certamente vão engrossar as favelas das cidades, como aconteceu com os trabalhadores das fazendas em Roraima - branco , índios e negros - , após a demarcação contínua da Reserva indígena Raposa/Serra do Sol. A nova legi lação não resolve o problema vindouro, pois mantém.praticamente todas as limitações do uso da terra com os atuais índices de Reserva Legal e APPs. Se tais dispositivos não forem revi stos com urgência, essa espécie de "moratória" do de envolvimento da área agrícola comprometerá o futuro da agropecuária no Brasil. A noção de Re erva Legal vem sendo chamada de "jabuticaba jurídica", poi não existe nada semelhante no planeta. O conceito permanece no Código Florestal, inexplicavelmente só existe no Brasil e não agrega nenhuma função ambiental. Essa aberração não constava no Código Florestal original e nos foi imposta por ONGs que não se mostram indignadas com a situação de seus próprios países, nem com a poluição das grandes cidades. Se "reserva legal " tivesse ampla aceitação técnico-científica, não exi t iria só no Brasil. Em vista do expo. to, as APPs e a RL constituem grave violação da propriedade privada, custodiada por dois Mandamentos do Decálog e por um ditame da própria Lei Natural. Tal violação eleve ser energicamente rejeitada por todos os homens , suj eitos que estão aos postulados do Direito natural e à Lei divin a. Acrescenta- e ao já exposto que no novo Cód igo Florestal fo i introduzido, logo ele início, um conjunto de pri ncípios de viés eco lógico, como fundamento pai·a a interpretação dos dispositivos do ódigo. É a chamadaprincipiologia. Ou
Dom Pedro II O "Imperador visionário"
" O Imperador não precisou de ciência sofisticada ou de análises econômicas para chegar a tal conclusão. Foi o seu senso prático que o levou a perceber como o reflorestamento da área, encravada no coração da cidade, era essencial para recuperar a atividade da frág il bacia hidrográfica do Rio de Janeiro. O Brasilfoi um dos pioneiros do desenvolvimento sustentável, muito antes de o termo ser cunhado pela ex-primeira-ministra da Noruega Gro Brundtland, em 1987" ("Veja", 20-6-12).
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seja, em eventuais demandas judiciais, os magistrados deverão julgar o alcance dos diversos itens do Código de acordo com esses princípios eco lógicos. O que relativiza completamente a possibilidade de defe a do agricultor em face do Estado. Tanto mais que vai tomando vulto no Bra il a chamada corre nte "alternativa" de juízes, que tende a interpretar a lei não de acordo com o que nela está escrito, mas segundo "princípios" ditos de ordem social.
Co11clusão • Você vai se deixar enganar por este Cavalo de Troia?
O enorme cavalo de madeira - deixado pelos gregos como presente aos troianos, com quem guerreavam - entrou para a legenda como cavalo de Troia. Em vez de ser um presente, tratava-se na verdade de uma armadilha. Os guerreiros escondidos no bojo do artefato, uma vez dentro da cidade inimiga, "apearam" durante a noite e abriram as portas da praça forte para o co mbatentes gregos. Hoje, a ecologia radical - que se revela como uma inquietante "religião ecológica" - desencadeou uma psicose ambientalista que espera enganar a todos. Sob o pretexto de salvar a natureza, espalha menti ras, ameaça o bem-estar e o progresso legítimo do povo brasil eiro. Ass im como compromete a mi ssão de nossa Pátria de suprir o mundo com ali me ntos. A maior gravidade resulta, em última análi se, do fato de que viola o direito de se possuir os frutos do própri o trabalho, ou seja, viola o direito de propriedade.
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• Você sabe o que se esconde atrás dessas ONGs e da psicose ambientalista? O que se oculta no bojo desse cavalo de Troia? Você sabe quais são os meios empregados para subverter a sociedade e destruir o que ainda resta da civilização cristã?
Não se deixe enganar pela nova "religião ecológica". Para informar-se melhor sobre essa grave temática, leia a obra Psicose ambientalista - Os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma "religião" ecológica, igualitária e anticristã, de autoria do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança. Participe dessa importante iniciativa conjunta do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira e do movimento Paz no Campo. Entre nos sites: www.ipco.org.br e www.paz nocampo.org.b r e www.psicoseambientalista.com.br • E-ma il para o au tor: catol icismo@tcrra .com.br
Notas: 1. Fazem parte da citada Co mi ssão, além dos au tores deste art igo, o economi sta Ca rl os Patrício dei Ca mpo e o pesquisador Lui s Edu ard o Dufaur. 2. Embora em se ntido estrito os term os eco log ista e amb ienta li sta possa m ter defini ções diferenciadas, para efeitos deste arti go tomamos ambas as pa lav ras em seu sentido corrente, e co in cident e, de id eo logia ou mov imento que se apresenta como defensor da preservação do meio amb iente . 3. "O Estado de S. Pau lo", 27-6- 12. 4. Ca10/icis1110, Janeiro/20 1O 5. Ca10/icis1110, Dezembro/2006 6 . http: //www. noti c iasag ri co las.com.br/a rt igos/a rt igos-geral/ 106400consideracoes-sobre-o- novo-cod igo- fl orest a1. htm 1
São Leonardo de Porto Maurício P atrono dos sacerdotes que se dedicam às missões. "Solícito e valente pregador da divina palavra, 1 escolhidíssimo operário na vinha do Senhor"
"" PUN IO M ARIA SOLIMEO
E As multldões acompanhavam suas pregac;ões
rn todas as épocas a Providência Divina suscita almas ardentes que combatem os desmandos de seu tempo, relembrando aos homens que seu destino é a pátria celeste, e não esta Terra. Urna delas foi o grande missionário São Leonardo do Porto Maurício, "posto pela Divina Providência, naquele século XVIII racionalista, frívolo e decadente, 'o mais baixo dos séculos', para pregar a Jesus Crucificado e renovar a piedade, perturbada pelo jansenismo hipócrita e frio" .2
De vil'tuosa família de mal'inheiros Mai s urna vez, com São Leonardo de Porto Maurício vemos a importância da família na formação de um santo. Seu pai , Domingos Casanova, capitão de navio, possuía urna fé sólida e virtude sincera. O mesmo se pode dizer de sua mãe adotiva, que substituiu sua mãe, falecida quando o menino tinha apenas doi s anos de idade. No bati smo, no mesmo dia de seu na cimento - 20 de dezembro de 1676 - o futuro Leonardo recebeu os nomes de Paulo Jerônimo. Mostrou desde cedo inclinação à virtude . Ainda peq ueno
aprendeu a rezar o terço em louvor a Nossa Senhora, de quem foi sempre devoto. Menino sério e piedoso, depois das primeiras letrns foi para Roma, onde um tio paterno encarregou-se de sua formação intelectual. Estudou no famoso Colégio Romano e inscreveu-se na Congregação dos Doze Apóstolos, dirigida pelos jesuítas, bem como na de São Felipe Neri. Estas tinham por fim, ao lado de incentivar a vida de piedade, dedicar-se a certas obras de apostolado como explicar o catecismo aos meninos e procurar atrair para a .igreja os ignorantes e desocupados. O santo dirá mais tarde que esses exercícios o ajudaram admiravelmente na sua preservação moral. Nessa é poca, a obra Introdução à Vida Devota, de São Francisco de Sales, tornou-se seu livro de cabeceira. Aos 21 anos, Paulo Jerônimo decidiu entrar no Convento de São Boaventura. Este era conhecido por Riformella, pelo fato de abrigar um ramo dos Frades Menores reformado por São Pedro de Alcântara. Adotou então o nome Leonardo. Ordenado sacerdote em 1702, foi destinado ao ensino de filosofia. São Leonardo tinha profundo desejo de conquistar almas para Nosso Senhor na China. Mas estava destinado a ser um apóstolo na própria Itália. Pois, atacado por dolorosa moléstia, seu ·organismo enfraquecido por severa penitência ressentiu-se, obrigando-o a ir se restabelecer na sua cidade natal. Depois de lutar durante quatro anos contra a doença, o santo dirigiu-se à Santíssima Virgem, prometendo-lhe que, se Ela obtivesse de seu Divino Filho sua cura, ele se consagraria inteiramente à pregação para ganhar almas para o Céu. A cura foi instantânea e completa.
"O grande missioná1'io do século" São Leonardo transformou-se então num ardente missionário - Santo Afonso de Ligório, seu contemporâneo, o chama de o grande missionário do século - cujo zelo não desdenhava nenhum aud itório, tratasse do Papa ou de
cardeais, de professores e alunos universitários, de militares ou pobres de qualquer condição. Pregava tanto em grandes cidades quanto em simples aldeias, às vezes para um auditório de quase cem mi l pessoas - como em Gênova - ou mesmo nas áridas regiões da Córsega. Ele unia a vida ativa à contemplativa e ao mais estrito cumprimento das regras de sua Ordem , acrescentando severa vida de penitência. Afirmava que é necessário fazer penitência para que o corpo não escravize a alma, e dedicar longo tempo ao silêncio para ter oportunidade de que Deus nos fale e possamos ouvir suas mensagens. 3 Em pouco tempo ficou conhecido em toda Itália e tido por todos como santo. O bispo de São Severino, D. Pieragostini, por exemplo, afirma: "O pregador Leonardo é um leão pela força dos argumentos e das palavras que emprega, mas ainda mais é um nardo odorífico que regozija toda a Igreja com o suavíssimo odor de seus exernplos". 4 E o vigário de uma paróquia evangelizada pelo santo acrescenta: "Toda a cidade venera o Pe. Leonardo corno um santo, pregador sábio, .fervoroso missionário, e todas as almas ficaram como que encadeadas à sua palavra de .fogo. Ninguém pôde resisti-lo". 5 Bons tempos em que a santidade era apreciada!
Ene1·gicame11te intransigente contra o pecado São Leonardo iniciava suas missões plantando um cruzeiro, "compêndio de tudo quanto vamos pregar nesta missão; ou seja, Jesus Crucificado.[ ...] Não desdenhava.fazer moderado uso de piedosos recursos externos para criar e manter o clima da missão, corno tomar a disciplina interrompendo o sermão, fazer uma procissão de penitência com o impressionante quadro do 'condenado', procissões do enterro de Jesus e de Nossa Senhora do Belo Amor, o lúgubre toque do 'sino do pecador ' às nove da noite. A missão terminava com o solene levantamento da Via Sacra, 'grande bateria contra o inferno', tendo erigido 576". 6 Nessas missões expunha os Novís-
sim.os, falando da gravidade do pecado, dos males do escândalo, do vício da murmuração da vida alheia, e dos pecados de sensualidade, que leva tanta gente para o inferno. Se bem fosse energicamente intransigente contra o pecado, era sempre terno e benigno com os pecadores, procurando que o fruto da missão constituísse ocasião para uma boa confissão e firme propósito de emenda para todos. Mas não terminava aí a missão: era então a vez do clero e das religiosas, a quem pregava os exercícios espirituais. Retirava-se depois para um local isolado a fim de, como dizia, "pregar a nússão a Frei Leonardo"; ou seja, readquirir as forças no recolhimento, na oração e na penitência. Foi para isso que fundou, nas montanhas perto de Florença, um convento que se poderia chamar de um "superretiro", no qual seus missionários pudessem retemperar-se espiritualmente depois das andanças e pregações. Dotou-o de estatutos muito austeros, baseados no espírito de São Pedro de Alcântara e do Beato Boaventura de Barcelona.
Baile de máscams substituÍ<lo por procissão São Leonardo muito se empenhava na recitação da Via Crucis. De onde o fato de esta devoção ter-se se tornado mais popular e estimada. Geralmente dava como penitência, no confessionário, a reza desse santo exercício, que era também o tema predileto de suas pregações. No fim de cada mi ssão instalava em cada paróquia as 14 estações da Via Sacra . Obteve dos Papas Bento XIII, Clemente XII e Bento XIV que as .indu lgências da Via Sacra fossem estendidas a todos esses lugares. Outras devoções que ele pregava: ao Santíssimo Sacramento, ao Sag rado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, então quase em esquecimento por causa da péssima mentalidade jansenista. Ele chegou a organizar uma coleta de assinaturas para pedir ao Sumo Pontífice a declaração do dogma da Imaculada Conceição.
NOVEMBRO 2012 CATOLIC ISMO
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São Leonardo combateu o abusivo costume da realização de bailes e outros fo lguedos profa nos nas festas religiosas. Com fo rtes argumentos mostrava que só o de mônio saía ganhando com tudo isso. Em uma mi ssão em que, apesar de suas admoestações, promoveram um baile, o santo apareceu no salão com sembl ante terrível, crucifi xo na mão, rodeado po r dois círi os. Se u as pecto provocou pânico. Ele deteve os dançarinos e começou a pregar. Nesse momento um dos braços do c rucificado destacou-se da cru z. À vista disso, todos caíram de joelhos, clamando a Deus po r mi sericórdia. E fi zeram então um voto de nunca mais profa narem a festa dos santos com esses di vertimentos profa nos.7 Desse modo e le aca bo u també m com o carnaval em Gaeta, cidade quase exclusivamente militar, e em Liorna, c id ade ma rítim a qu e pa recia um a sentina de vícios. Nesta última, o baile de máscaras fo i substi tuído por uma procissão de penitentes. As mi ssões na Córsega fora m das mai s difíce is. O santo ass im as descreve: "Em cada paróquia encontramos divisões, ódios, brigas, pleitos e peleja. Mas no fin al das missões f izeram as pazes. Como estão em guerra há três anos, nestes o povo não recebeu. nenhuma instrução. Os j ovens são dissolutos, aloucados e não se aproximam da Igreja. E o mais grave é que os pais não se atrevem a corrigi-los. Apesar de tudo, os f rutos que estamos conseguindo são muito abu.ndantes". 8
Castigo pam os blasfemadores Outro grande obstác ulo que o santo encontrava no borbulhante povo italiano era o vício da blasfêmia. Por qualquer coisa se blasfemava. São Leonardo combateu insistentemente esse . vício, e um milagre estupendo veio confir mar suas palav ras. Um jovem que tinha o costume de bl asfe mar riu em público de suas ameaças . M as qu ando atravessava a cidade a cavalo, caiu subitamente por terra, morrendô mi seravelme nte com a líng ua para fo ra da boca, negra como um carvão.
CATOLICISMO
Quando os alicerces balançam...
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O santo recomendava que, quando se ouvisse uma blasfêmia, se rezasse: "Meu Jesus, misericórdia". Para inspirar horror a esse vício, recomendou que se pusesse o monograma do santíssimo Nome de Jesus nas po1tas das casas. São Leonardo ameaçava com a cólera divina aos que profanassem os domingos com o trabalho. Uma jovem que apesar das ameaças do santo foi trabalhar no campo, logo começou a sentir arder suas entranhas com um fogo invi sível. Foi encontrada depois mo rta e escura como se tivesse caído em uma fog ueira. O grão-duque Cosme Médici Ill, da Toscana, e sua família tornaram-se ardentes admiradores de Frei Leonardo. A pedido do grão-duque, o santo evangelizou todos seus Estados com copiosos fmtos. Sempre que podia, esse mesmo governante ia ouvi-lo para aprender a aite de governai·. Um de seus secretários, indicado por ele para acompanhai· São Leonardo, providenciando o que este necessitasse, escreveu di zendo que muito pouco tinha podido fazer, pois Frei Leonai·do e seus auxiliares comiam o que conseguiain de esmolas e deitavam-se diretamente no chão.
"Qua11do morrer, revolucio11arei o Paraíso ... " O santo pregou 339 mi ssões ao longo de 44 anos, como consta do diário de seu inseparável companheiro, Frei Di ego de F lo re nça. Mui to fr utuosas fora m aquelas que ele pregou em Roma
no jubile u extrao rdinário de 1740, e depois na preparação do Ano Santo de 1750, que terminou com a solene instalação da Via Crucis no Coliseu. São Leonai·do de Porto Maurício faleceu aos 74 anos, no dia 26 de novembro de J75 l . Indo ao Céu, ele que ria continuar sua batalha na Terra: "Quando morrer, eu revolucionarei o Paraíso, e obrigarei os Anjos, os Apóstolos, todos os San.tos, que façam uma santa violência à Trindade Santíssima para que ,nande homens apostólicos, e chova um dilúvio de graças eficacíssimas que convertam a Terra em Céu". 9 Ele fo i canonizado por Pio IX em 1867. • E-ma il para o autor: e to lic ismo
t rra.co m.br
Notas: 1. Pio XI, e m 17 de março de 1923, ao nomear São Leonardo do Porto Maurício celeste patrono dos sacerdotes que se dedica m às mi ssões . ln http://www.fra nciscanos.org/ bac/l eonardo.h tml . 2. Isidoro de Vill apad ierna, San Leonardo de Porto Maurizio, en A,io Cristiano, Tomo IV, Madrid, Ed. Católica (BAC 186), 1960, pp. 471 -475. D is po n íve l em http: // www.fra nciscanos.org/bac/leonardo. html . 3. Cfr. http: //www.ew tn .co m/s panis h/sa ints/ Leonardo_de_ Pue rto_ Mauric io.htm 4. Edelvives , ELSanto de Cada Dia, Editorial Lui s Vi ves, S.A., Saragoça, tomo VI, p. 26 1. 5 . Les Petits Boll a nd istes , Vies eles Sa ints, Bloud et Barra i, Libra ires-Édite urs, Pari s, 1882, to mo XIII, p. p. 6 11 . 6. Fr. Isidoro de Vill apadierna. op. cit. 7. C fr. Les Petits Boll andistes, op. cit. p.6 10. 8. h ttp ://www.ewt n .co m/s pa ni s h/sa i n ts/ Leo nardo_de_Puerto_ Mauric io. htm . 9. Fr. Isidoro de Vill apadi erna, op. cit.
ão fa lta m motivos para preocupação no Bras il de hoj e e, porta nto, para que Nossa Se nho ra cho re. A gló ri a de ser a maior nação cató lica da Te rra vai defi nha ndo a olhos vistos . E, pi o r, e m grande parte pela ação ele muitos daqueles que deveria m ser os pa ladinos da cato lic idade. N ão nos referimos ape nas aos numerosos bi spos e padres que com pretexto ele di álogo e de amor ao próx imo põem de lado o caráter m ilita nte da Igrej a e compactua m com o que há de pio r. Mas ta mbé m aos leigos católicos que se fec ha m sobre i mesmos e não enfre ntam os desafi os do mundo mode rn o, ou então se de ixa m levar de roldão pelos preceitos da moela. Com is o tudo, a sociedade brasile ira vai deorin oolando b b por vá rios lados, como um prédio e m que os ali cerces bala nçam. A penas exemplificativa me nte, segue m alg un s dados co lhidos na imprensa diá ri a. *
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Natalidade em declínio - Cada g rupo de l O bras ileiras concebe m, em média, 17 fi lhos d urante a vida. A fe rtilidade no Bras il fico u me nor do que no Reino Unido ( 19 filh os), na F rança (20) e nos Estados Unidos (20). Abaixo de dois fi lhos po r mulher produz-se uma regressão popul acio nal. O núme ro ele trabalhado res eleve começar a cair na próx ima década e, proporcio nalme nte, a umentar o núme ro de velhos ("Folha de S. Paulo", 10-9- 12) . Drogas envenenam o País - O Bras iI é o maio r mercado consumidor mund ial de crack e o segundo de cocaína e derivados. São a assinados, por a no, no Bras il , nada me nos que 50 mil pes oas, uma médi a ele 136 mo rtes po r di a, índ ice de g ue rra civil. São vítimas na quase tota lidade cio crime organi zado , q ue te m no tráfico de d rogas seu e pi centro. A ideia de alg uns políticos de liberar as drogas é um delíri o ... o u uma traição (Idem, 8-9- 12). Dinheiro que a esquerda estudantil desvia - Entre 2006 e 2010 a União Nacional dos Estudantes (UNE), reduto cio PC do B , e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), ele São Pau lo, receberam cerca de R$ l2 milhões cios cofres públicos destinados à capaci tação cios estudantes. Investigação do Ministério P úblico apo nta indícios de irregularidades graves nos convêni os. Um proc urado r ide ntificou o uso de notas fiscais frias para comprovar gastos e detectou que parte do dinheiro foi usada para fin s alhe ios aos própri os
A fertilidade no Brasil ficou menor do que no Reino Unido, na França e nos Estados Unidos
de associações estuda ntis: compra de cerveja , vinho, cachaça, uísq ue e vodca, be m como aq ui s ição de búzios e velas para o c ul to, e até celul ares ("O G lo bo", 8-6- J 2; "O Estado de S. Paulo", 10-6- 12) . Estudantes analfabetos - No e ns in o superio r bras il e iro, 38% dos alun os não sabe m ler e escrever ple na me nte. Você le u be m: não é no e ns ino bás ico ne m no secundá ri o é no s upe ri o r! São a na lfabe tos f uncio na is ("O Estado de 's. Paul o", 17-7- 12). "Casamento" homossexual - A Câmara M un ic ipa l ele G ua rulhos aprovo u o proj e to de le i el a ve readora cio PT E ne ide de Lima, q ue in stituiu o segundo dom ingo de j unh ~ como "Dia da Un ião Homoqfeti va". O mes mo tex to pre vê q ue a Prefeitura rea li ze na mes ma data o "casa me nto" comunitári o homossex ua l para "casais" q ue não te nh am cond ições ele arca r co m as des pesas ("Fo lh a M etropo li ta na", G uarulhos, 25-5- 12). •
NOVEM BRO 201 2 -
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DISCERNINDO
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A margem do impressionismo A exposição de a11te i1npressionista, prornovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, e,1pôs obras de grandes n1cstres corno Renoil~ Manet, e diversos outros CID
ALENCASTRO
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g rande mé1.·i to da escola impressioni sta é que e la não se limita a pintar na tela as pessoas ou os ambi entes como se fosse m meras fo tografi as. O impress ioni smo mais sugere do que retra ta, deixando ao observador compl etar co m sua im agin ação aque la fi gura idea l apenas esboçada no quadro. Um exemplo histórico ajuda a compreender essa rea lidade. As condições políticas da França no século XIX levara m em certo momento a duquesa ele Berry a percorrer a Vandéia, em defesa dos direitos dinásticos de seu filho, o Conde ele Chambord . Era tal seu charme e sua ação de presença que, segundo a legenda, alguns daque les camponeses, contando depois a passagem da princesa pe la região, exclamavam "Eu vi uma fatia!". A presença da duquesa mm·cara tão a fu ndo a imagin ação daque les honestos e probos agricul to res, q ue e les q uase não prestaram atenção em suas pecul iaridacles pessoa is, com suas virtudes e limi tações. Eles viram nela a prin cesa idea l, uma ''.fada ".
tas virtudes ela nação, do qual a Rainha é presentemente o símbolo. Essa capacidade de idealização cio ser humano é um de seus atributos mais preciosos, po is indica uma bu sca da perfe ição, que se faz a partir ele seres frequentemente imperfe itos. Corresponde ao élan natural ela alma pm·a Deus.
É um pouco di sso que a arte impressioni sta nos ajuda a realizar. Se bem se possam faze r graves reparos a muitos dos qu ad ros produ z idos por essa esco la, mesmo cio ponto de vista moral , o estilo impress ion·ista enquanto tal pode ser vi sto co mo uma amáve l escada que nos convida a subir em direção ao infinito. C umpre à imag inação reta e bem ordenada completar aquil o que a arte não dá, porém in sinua. Quando a imaginação é vic iosa e deturpa a realidade em lugar de sublimá- la, temos a "arte moderna", fruto errático cio impressionismo.
Filas que /'alam pol' si Como não sou crítico ele arte, passo a uma outra ordem ele considerações que me fo ram sugeridas pela visita que fi z à expou,,,:r1t(I.\' (I /\ri,:t'llft•tlil. de Claude M onct ( 1840- 1926)
sição - promov ida pelo Centro Cultural cio Banco cio Brasil , na capital paulista - ele obra pertencentes ao Musée d 'Orsay, ele Pari s. A primeira consideração que faço refere-. e ao número assombroso ele pessoas de todas as classes sociais que enfrentava m fil as homéri cas pa ra, depo is ele horas ele espera, poder entrar no recinto da xpos ição. O número de visitantes ultra pas ou de longe os 200 mil. Isso corresponde a uma apetência de fundo de alma, que normalmente o noticiário dos meios de co muni cação não apresenta. Para quem se leixasse guim· apenas pelo que dizem a T V e os jornais, o brasileiro só se interc saria por futebol, imoralidade e pelo pr prio bolso. O j orn ali sta Gi lberto Dimenstein faz uma curiosa comparação entre o públi co que fo i ver os quadros impress ionistas e o enorme des interesse pelo que di zem os po líti cos, e ntão e m campanh a para cargos mun icipais. Afirm a e le: " Há u111afome de cultura e de edu·ação de qualidade [.. .] As pessoas estão até aqui se lixando para as eleições muni ·ipais po rque os candidatos não falam nada de interessa nte conectado à vida dos cidadãos. É uma mediocridade avassaladora. Não te111 luz. A São Paulo iluminada é essa das .filas da ·,nadru gada para ver não um sltow de pagode ou nuísica
O élan da a lma pal'a Deus Pude mos presenc iar recente me nte algo semelhante du rante a comemorações cio jubileu da rainha Eli sabeth 11. A multidão que se aglomerava nas ruas ele Londres não buscava homenagear uma ad ministrndora competente nem uma fi nancista capaz, mas o modelo idea l ele chefe ele Estado que encarna as mais ai-
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CATO LI CISMO
M oç(IJ rio
l'im,o.
pinlura cxccu 1ada cm 1892 por Picrrc-A ugustc Renoir ( 184 1- 19 19)
Nossa Senhora da Assunção
sertaneja. Mas Monet ou Renoi,: [... ] O desinteresse do eleitor é uma espécie de vingança silenciosa." ("Folha ele S. Paul o", 6-8- 12) O Brasil 1Jrofümlo Na mes ma linha desses sinto mas qu ase não noti ciados do Brasil pro fundo enquadra-se a multidão, a perder de vista, que devotamente aco mpanhou a procissão ele Nossa Senhora da Assunção em Fortaleza no dia 15 de agosto. Sa iu do Santuário de Nossa Senhora da Ass unção rumo à catedra l, onde houve a coroação da imagem da padroeira de Forta leza. Segundo os o rgani zado res , havi a mais ele l milhão e 700 mil pessoas presentes. Durante quase quatro horas, elas percorreram 12 quilômetros e m meio a homenagens a Nossa Senhora. "Na sacada das casas, a reafirmação da fé católica vinha em fo rma de altares montados especialmente para aquele momento. E eram dezenas e dezenas deles em todo o percurso da caminhada. As casas exibiam imagens emolduradas por decorações, das rnais s imples às ma is sofisti cadas. " ("O Povo", Fortaleza, 16-8-1 2) O bvi a mente não se trata ele negar a ex istênc ia das inúmeras e g raves mazelas - re li giosas, morais, soc iais etc. qu e afli gem o mundo modern o, ne le incl uído o B ras i1. Seri a um a cegue ira im perdoável. É a Revolução igualitári a e sens ua l e m marc ha. Essas maze las
estacleiam aberta mente por toda pmt e e nos furam os o lhos de tão evidentes . Só o triunfo do Im ac ul ado Coração de M ari a poderá dar-lhes fim . Porém, se qui sermos compreende r a realidade inte ira e não ape nas a sua superfície, te mos que levar e m conta também esses fe nômenos de profundi dade, frequ e nte me nte a bafados pe lo notic iário e pe la propaga nda. Quando encontram uma ocas ião pro píc ia, e les sobem à tona e. se manifestam de modo por vezes surpreendente. Se aqueles a que m incumbe a direção dos ass untos civi s e ecles iásti cos te im arem em ignorá-los, não se qu eixem depo is se e les irrornperem repe ntiname nte debaixo de seus pés co mo um vulcão.
Uma nostalgia h1s11s1Jeita<la Outra o bservação que pude fazer du ra nte a vi sita à ex pos ição refere-se ao modo um tanto nostá lg ico com que mui tas pessoas, especialmente jove ns, o lhavam para os quadros . E xplico-me. As fi guras representadas nas obras ali expostas são ele pessoas e ambi entes cio século XIX . Ho mens e mulheres ele todas as classes soc ia is são retratados com vestimentas, gestos e atitudes que ex prime m compostu ra e bom gosto. Nos olhares do que, a meu lado e em torno de mim, contemplavam essas cenas pm·eceu-me adivinhar, especialmente denlTe o público fe minino, a nostalgia de uma época que elas não conheceram, mas admi ra m. De fato, era gritante o contraste entre os trajes representados naq uelas telas preciosas e os envergados pelo público que enchia o salão. É fácil compreender que especialmente as mulheres, dotadas habitualmente de uma sensibilidade mais fi na, senti ssem ao vivo a oposição entre os trajes e modos refl etidos nas telas dos impress io ni stas e aque les que a moda atual e o fe mini smo cio sécul o XXI lhes impõe m tiranica me nte . N o capítulo fas hion, não lhes era difíc il intuir pm·a onde pende a balança do bom gosto e da compostu ra. São estas a lgumas observações que, à margem do impress ioni smo, ti ve a grata ocas ião de faze r. •
E-mail para o autor: cato!ícisrno@terra.com,br
NOVEMBRO 2012 -
vida monástica, fundando vários mosteiros muito florescentes.
5 Santa Sílvia, Viúva
+ Roma, 594. Da mais alta aristocracia romana, mãe do grande Papa São Gregório Magno, a quem secundava através de suas boas obras e necessidades domésticas.
l Todos os Santos
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Comemoração dos li'iéis Defuntos Aos que visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos, concede-se diariamente, do cLia ao dia 8, indulgência plenária aplicável só às almas do Purgatório. Para ganhar a indulgência é necessário preencher as condições costumeiras, isto é ter-se confessado e comung~do, e rezar nas intenções do Papa. Com essas mesmas condições pode-se ganhar uma indulgência plenária só aplicável às almas do Pw·gatório, visitando-se no dia 1• qualquer igreja ou oratório público ou semi-público e rezando-se o Credo e o Pai Nosso. Primeira Sexta-Feira do mês
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:i São Martinho de Porres. Confessor. Santos Valentim e Hilário, Mártires + Itália, séc. III. Sacerdote o primeiro, e diácono o segundo, "por causa de sua fé em Cristo foram atirados ao Tibre com uma pedra ao pescoço. Salvos milagrosamente por um anjo, foram então degolados" (MR). Primeiro Sábado do mês
4 São Carlos Borromeu, Bispo e Confessor. São João Zedazneli e Companheiros, Confessores
+ Geórgia, 580. Grupo de 13 monges sírios enviados para evangelizar a região do Cáucaso. Lá eles introduziram a
São Barlaam de Khutyn, Confessor + Rússia, 1193. Da nobre família Novgorod, deu sua herança aos pobres após a m01te dos pais, tornando-se eremita em Khutyn, às margens do Volga. Sua santidade atraiu-lhe muitos discípulos. Organizou a vida monástica, trocando o nome de batismo, Alexis, para Barlaam. Seu túmulo tornou-se lugar de peregrinação.
10 São Leão Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja. São Justo de Cantuária, Bispo e Confessor
+ Inglaterra, 627. Um dos monges beneditinos enviados por São Gregório Magno para evangelizar a Inglaterra, foi o primeiro bispo de Rochester, sucedendo depois a São Lourenço como quarto bispo de Cantuária.
11 São Martinho de Tours, Bispo e Confessor
+ Candes (França), 397. Originário da Hungria, seus pais eram pagãos. Já como soldado imperial , foi batizado aos 18 anos, tornando-se discípulo de Santo Hilário de Poitiers . Como bispo de Tours, sua atividade pastoral foi infatigável e fecunda, sendo considerado um dos apóstolos das Gálias.
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São Florêncio de Estrasburgo, Bispo e Confessor
São Livínio, Bispo e Mártir
+ França, 693 . Sacerdote irlandês que se tornou eremita na Alsácia. Curou a filha cega e muda do rei Dagoberto, que o nomeou bispo de Estrasburgo.
8 São Vilealdo, Bispo e Confessor
+ Alemanha, 789. Inglês de origem, "desenvolveu grande atividade missionária em meio aos frisões e saxões, sobretudo na região entre os rios Wesser e Elba, para onde fora enviado por São Bonifácio" (MRM).
+ Bélgica, séc. VII. Originário da Inglaterra, foi ordenado por Santo Agostinho de Cantuária e enviado como apóstolo à Bélgica. Depois de converter muitos à fé de Cristo, foi martirizado pelos pagãos.
13 São Nicolau I, Papa e Confessor + Rom a, 867. "Dotado de uma personalidade brilhante, garantiu a liberdade da Igreja em fa ce aos dois imperadores então no poder: Miguel, no Oriente; e Lotário, no Ocidente" (MRM).
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Dedicação da Basílica de São João de Latrão
São Serapião, Mártir
Catedral do Bispo de Roma e uma das primeiras basílicas dedicadas por Constantino ao culto cristão. Foi consagrada por São Silvestre em 324.
+ África, 1240. Religioso da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Mari a das Mercês , que visava o resgate dos cativos, foi o primeiro a derramar o sangue em terras do Islã, pregado numa cruz.
15 Santo Nberto Magno, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja . . São Rafael Kalinowski de São José, Confessor
+ Polônia, 1907. Natural da Lituânia, cursoL1 a Academia de Arquitetura Militar, onde foi convidado a lecionar, após obter o grau "summa cum laude" (máximo com louvor). Capitaneou um movimento de liberdade de eu país contra a opress'"io ru , a. Aprisionado e condenado à morte, teve a pe na comu tada por trabalhos forçacl s durante 10 anos. Findo e se período, foi preceptor em Pari do Venerável Augu sto za rtoryski. Finalmente e ntrou para os carmelitas desca lços, morrendo em odor le santidade.
Santa Ermemburga , Viúva + Inglaterra, 700. "Princesa de Kent, casou-se com o filho do rei da Mércia, com quem teve três filhas, todas veneradas como santas. Ao tornarse viúva,fundou o mosteiro de Minster-in-Thanet, do qual foi abadessa" (MRM).
do, encontrou-se com Maria, outra jovem cristã perseguida. Resolveram então ir diretamente ao governador muçulmano confessar sua fé. Confortadas por Santo Eulógio, também prisioneiro, receberam o martírio.
20
FESTA DE JESUS CRISTO RI~! DO UNIVERSO
Santo Edmundo, Mártir
+ Inglaterra, 870. Subindo ao trono aos 15 anos, governou com sabedoria e prudência de ancião. Protegeu pobres, órfãos e viúvas, sendo um pai para seus súditos. Pagãos dinamarqueses que invadiram o país decapitaram-no, por ele recusar-se a apostatar.
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Santa Cecília, Virgem e Mártir. Santos Filemom e Ápia, Mártires
+ Ásia Menor, séc. I. Discípulos de São Paulo, que diri-
giu ao primeiro uma carta louvando "sua caridade e sua fé em relação ao Senhor Jesus e a todos seus fiéis". Foram ambos aprisionados, açoitados, enterrados numa cova até a cintura e mortos a pedradas por sua fidelidade a Cristo.
23 São Clemente I, Papa e Mártir
+ França, 453. Bispo de Orleans, ajudou a defender a cidade contra a invasão de Áti la. Contou para isso o auxílio do genera l romano Aeciu s, que repeliu o inimigo. Famoso por seus milagres.
+ Ro ma, 97. Terceiro sucessor de São Pedro, escreveu uma carta aos Coríntios, cons iclerada documento fundamental na defesa do primado uni versal do Bispo de Roma.
18 DEDICAÇÃO DAS BASÍLICAS DE SÃO Pli;DRO E SÃO PAULO
19 Santos RoQue Gonzalez e Compa11hoiros, Mártires.
São Silvestre Abade, ConJessor
+ Itália, 1267. Eremita, fundou 12 mosteiros nos quais instituiu em toda a sua pureza a regra beneditina, dando assim origem à Ordem de São Silvestre.
São Leonardo de Porto Maurício (Vide p. 40)
22
+ França, 449.
Santa Isabel da Hungria , Viúva. Santo Aniano, Bispo e Confessor
26
21 APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA.
Santo EuQuério , Bispo e Confessor asado e pai de dois filhos (que posteriormente foram bispo ), ingressou com a e posa na vicia monástica, sendo que e le no convento de Lérin ,. "Eleito bispo de Lião, serviu a Igreja pela profundidade de sua f é e pela extensão de seus conhecimentos teológicos" (MRM) .
25
27 Nossa SenJ1ora da Medalha Milagrosa
+
panha, 85 1. Flora, nascida ele pai maometano e mãe cristã, foi denunciada pelo próprio irmão aos mouros que dominavam a cidade. Fugin-
em novembro Será celebrado pelo Revmo. Podre Dav id Franc isquini nos seguintes inte nções : • Misso de Finados pelos olmos do Purgatório, rogando o inte rcessão de Nosso Senhora do Medal ho Milagroso - devoção celebrado no dia 27 de novembro - pelo sufrágio dos olmos de parentes e con hecidos dos leitores de Catolicismo.
28 São Sóstenes, Mártir Ásia Menor, séc. I. Discípulo de São Paulo, que o menciona em uma de suas epísto las.
29 São Saturnino, Bispo e Mártir + França, séc. III. Um cios sete missionários enviados para evangelizar as Gálias, foi bispo de Toulouse, onde exerceu grande apostolado até ser preso pelos pagãos no capitólio local, do alto cio qual o precipitaram ao solo.
30 Santo André, Apóstolo e Mártir
24 Santas Flora e Maria, Virgens e Mártires
Intenções para a Santa Missa
Notas: - Santos já apresentados em ca lendários anteriores são apenas men cionados, se m nota biográfica. - MR - Martiroló g io Romano ; MRM - Martirológio RomanoMonástico.
Intenções para a San ta Missa
em dezembro • Misso de Nota i, supl icando ao Divino Men ino Jesus, por mediação de suo Mãe Puríss imo, que concedo abundantes e especiais graças às famílias de todos aqueles que apoia ram o apostolado de Catolicismo ao longo de 20 12.
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Um livro indispensável no Brasil atual n Lu1s DuFAUR
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o prestigioso Nacional C lub de São Paulo, diante de um público que lotou o auditório, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira la nçou no dia 2 de o utub ro o livro
Psicose ambientalista - Os bastidores do eco-terrorismo para implantar uma · religião ecológica, igualitária e anticristã, de Dom Bertrand de Orleans e Bragança. O ato superou todas as expectativas. Abriu a sessão de lançamento o Dr. Eduardo de Barros Brotero, diretor do Instituto, em nome do presidente Dr. Adolpho Lindenberg, ausente devido a uma viagem ao exterior. O Dr. Eduardo fez um breve hi stórico do Instituto e da obra de Plinio Corrêa de Oliveira, particularmente sua luta contra os erros infiltrados em meios católicos . Erros que serviram de base para a promoção de um a Reforma Agrária
CATOLICISMO
soc ia li sta e confiscatória - meta visada pelo com uni smo internacional para subjugar o Brasil e in stala r um a ditadura nos mesmos moldes do regime opressor que dominou a infe li z C uba. O orador demonstrou como o Prof. Plinio freou tal ofens iva que arru ina ri a o País e que, infe li zmente, naquela ocasião e ncontrou eco favo ráve l por parte de membros da CNBB.
*
* *
Em seguida, o engen heiro Antônio Augusto Borelli Machado, rev isor do livro, fundamentado em abundante documentação, apo nto u as seme lha nças ex iste ntes e ntre a ofen s iva agrorreformista de cunho marx ista e a do ambientalismo moderno. Dando prosseguimento à apresentação, o Dr. Carlos Patricio dei Campo, Master em Econom ia Agr{u"ia pela Universidade NOVEMBRO 2012
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95° aniversário da última aparição de Fatima D ata comemorada nos Estados Unidos pela TFP americana com a recitação do Rosário em mais de nove mil locais públicos ■ FRAN CISCO J OSÉ SAIDL
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o centro ela ci lacle ale mã ele M a inz, há vári os anos um grup ele devotos reúne-se em cada primeiro sábado cio mês cm to rno ele uma image m peregrina ela Virgem ele Fátima, a fim ele rec ita r o Rosário. [foto 1] Inspi rado neste evento, o Duque Paul ele Olclenburg, ilustre freq uentador cio mes mo, dec id iu le var sua boa semente a outros países. Inesperadamente, e la vingou onde me nos se poderia prever: nos Estados U niclos. A assoc iação Am.érica Necessita de Fátima, uma campanha ela TFP ame ri cana, adotou a ide ia. Passou a organi zar rallies (reuni ões nas ruas ou praças) anu ais, po r ocasião da comemoração da última apari ção ele Fátima, 13 de outubro. No ini cio, a meta estabe lec ida parecia muito ousada, e ncontra ndo ceti c ismo até e ntre os organi zadores:
de Berkeley (Califó rni a), apontou doc umentadamente os absurdos da legislação de cunho ambientalista pro movidos por vários governos, notada mente o atual governo PT por meio do
morfose ela do utrin a stalini sta para impor uma " reli g ião" anticri stã, pante ísta e igualitária. Neste sentido, tal manobra é uma radi calização, sob no va bandeira, cio velho e fracassa-
novo Código Flor stal.
do comunismo vermelho: a bandeira vereie cio ambiental ismo,
1.000 rallies em todo o país! Já no primeiro ano, tal cifra
O Dr. dei Ca mpo mostrou o custo abs urdo ela apli cação ele d ito Códi go, qu e crimin ali za o prod utor com Reservas Lega is e APPs q ue prejudi ca m gra ve me nte a p rodu ção agropecuári a e o agro negóc io em geral. O expos ito r afirm ou ser injustiça c rue l o fato de o proprietári o ru ral ser puni do em decorrênc ia elas med idas promov idas pe los fa uto res cio pseuclo-a mbientali smo, tão prejud ic ia is àq ue les q ue ta nto tê m contribu ído para o e ngrandec imento e riqueza cio Pa ís: os produtores ag rícolas.
para melhor enganar os incautos. E m face ele tal ofensiva, o livro-denúncia é lançado num momento mais cio q ue opo1tuno. O príncipe - assessorado pela Comissão de Estudos Ambientais do Instituto Plinio Corrêa de Oli veira, ela qual faze m parte Carlos Patricio dei Campo, Nelson Ramos Barretto, Paulo Henrique Chaves e o autor destas linhas - efetuou uma denúncia que ninguém fez. Fato que explica o sucesso imediato da primeira edição cio livro. O orador des taco u a necess idade de uma reação à ofensiva eco-terrori sta, a fi m de evitar a implantação no Bras il de uma pseudo-reli gião panteísta- marxista. Ur ge para tanto favorecer o ressurgimento dos valores da Lei natural e daqueles consignados na Sagrada Escritu ra. Se no Gênesis o Cr iado r ordena que os ho mens dominem a Terra, explorando-a para o seu próprio be m, nos e nsiname ntos do M agistéri o Pontifíc io não poderia ser dife rente: e les asseguram esses valores, dos quais decorre o sagrado dire ito de propriedade. O B ras il cumprirá ass im sua grande missão, tornando-se efetivamente a Terra de Santa Cru z. O ato encerro u-se com uma concorrida sessão de autógrafos e um coquetel nos salões do Nacio nal C lub . A prolo ngada e animada permanência dos convidados patenteou a adesão e o entusias mo suscitados pe las teses do livro. •
fo i ul trapassada. O crescimento vertig in oso nos anos sucess ivos fo i surpreendente, até aprox imar-se neste ano a uma dezena ele mi lh ar: fora m 9.077 loca is, es pa lhados por todo o país . Graças a uma bem o rgani zada central constituída por vo luntários sediados no Estado de Kansas, fo i poss íve l contatar um impression ante número ele pessoas q ue, em atendime nto ao a1c io da Virgem de Fátima, comp ro metera m-se a rec itar o Rosário em algum lugar público. Em M anhatta n, 111 frente à catedra l ele São Patríc io, concentrou-se o ma io r número de parti c ipa ntes, com membros ela TFP ameri ca na I orlando seus conhec idos estandartes e capas ru bras. Lfoto 2] Seguidos ele nu m roso púb li co, os cooperadores el a entidade des loca ra m-se 111 cortejo pela 5". Avenida até a Rua 57, onde, e m sina l ele reparação, postaram-se diante de uma ga leri a ele arte q ue está expo ndo um quadro bl asf'cmo, representa ndo um c ruc ifi xo vili pencl iaclo de mane ira inominável. [foto 3] Naque le loca l fo i organi zado um protesto, que consis1i11 nn rec itação cio Rosári o e e ntoação le hinos re li giosos ' p,1l ri ólicos interca lados com brados de REPARAÇÃO ! Rl iP!\R!\ÇÃO! REPARAÇÃO ! •
* * * E ncerrando a sessão, Dom Bertra nd ele Orleans e Bragança, Príncipe lmperial cio Brasil e coordenador do movimento Paz no Campo, chamou a atenção cios presentes para a natureza visceralmente anticri stã cio atual movimento ambientali sta, denunciado em seu li vro Psicose ambientalista. O prínc ipe ressa lto u que esse fa lso a mbientalismo não passa ele um d isfa rce cio velho agro- reformi smo marxista q ue sob a fac hada ambi enta li sta visa de mo !ir a propri edade pri vada e in trod uzir sub-repticiamente o mesmo sistema comuni sta que fracasso u utili za ndo os métodos cl ássicos cio marx ismo- le nini smo. Acrescento u que estamos d iante ele uma peri gosa meta-
~
CATO LI CISM O
E-mail para o autor: catolicismo @Ierra.com .br
NOVEMBRO 2012
B1111
0S 01tt1ZJ\D0S Guerreiros resolutos O mundo da cavalaria e o submundo revolucionário ■ PuN10 CoRRÊA DE O uvE1RA
E
sta ilustração reproduz uma cavalgada de cru zados na Terra Santa. Examinem a atitude desses personagens - príncipes, talvez - cada um deles portando uma coroa. Só não ostenta coroa a fig ura central. Mas sua fronte é de uma tal categoria que lhe serve de coroa. Analisem-no. E le está ou não ciente de que ocupa uma elevada situação e tem uma alta responsabilidade? - É evide nte que sim. O modo pelo qual ele te m a cabeça ereta, o modo dominador pelo qual olha os espaços, como
que m está habituado a dar ordens e fazer executar um pl ano. O corpo teso é uma característica do guerreiro vi torioso; do general que habitualmente leva o adversário na ponta da lança. Tudo isso revela um homem que tem, de um ou de outro modo, verdadeira majestade. Merece me nção uma subtileza do desenho: o general olha para o campo de batalha e os vassalos dele observam-no. Estão numa atitude de que m está pro nto para receber ordens. É patente a altaneria deles. Quando eles ordenam, não passa pela cabeça de ninguém desobedecer. Mas, quando o legítimo senhor - o general - maneia, a desobediência também é impensável por parte desses príncipes. Só dirige bem, quem sabe obedecer. Tudo isso não é nada e m comparação com outro aspecto: uma grande cruz ressalta no peito ele todos eles. Ela está colocada como se aqueles peitos estivessem tran fo rmados num estandarte. Cru zes fo rtes, pesadas, magníficas, que indicam o vigor da resolução: "Nós vamos combater, a nossa vontade é inabalável! " . Eles não estão fazendo pose para multidões, não estão disputando votos, nem dependem de votos. Não se poderi a imaginar tais homens como candidatos a qualquer cargo público. A simples comparação é até chocante.
*
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*
Entretanto, há quem julgue que os homens não d vem ser ass im , mas que elevem ser à maneira do líd r comunista, do agitador revolucionário. Há, portanto, doi s universos, duas concepções de vi la. O mundo da cavalari a - ideal que desejamos colocar no píncaro - e o mundo do líder comunista e do ag itad<r revo lucionário, que é infelizmente o que está subin lo cada vez mais. Mas cremos que, segundo a pro messa de N ssu S ·nhora de Fátima, tal mundo será vencido, estabelc · ndose então o Rei no do Imaculado Coração de Maria. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 22 de agosto de 1986. Sem revisão do autor.
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1 Pu N10 C oRRÊA DE OuvE 1RA
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NATAL O primeiro dia de vida da civilização cristã
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M as se, de outro lado, cons iderarm os que todas as riqu ezas da civ ili zação cristã se contêm cm Nosso cnhor Jesu s C ri sto como em sua fonte única, inf"initamc nlc p rl"cita, e que a luz que começou a brilh ar sobre os homens '111 Belém hav ia de alongar cada vez mai s seus clarõ s al s' ·stcndcr sobre o mundo in tei ro, transf" rmando m ntali lad 'S, abol indo e in stituindo cos tumes, infundindo spfrilo novo '111 todas as cultura s, unindo e cl va ndo a um nfv I sup •ri or todas as civili zações, pod -s diz r qu o prim ·iro dia 1, ri sto na Terra foi desde logo primeiro di a lc uma ·ra hi stóri ca (Catolicismo, Nº24, 1 zcmbrod ' 1952). •
7ll
O Furacão Sandy e uma lição de conJJança " Panelac;;o" em Buenos Aires
8 onsideran.do os fatos numa perspectiva histórica, o Santo Natal foi o primeiro dia de vida da civi li zação cristã. Vida ainda germin ativa e incipi ente, como os primeiros clarões do sol que nasce; mas vida que j á continha em si todos os elementos incomparavelmente ricos da esplêndida maturidade a que se destinava. Com efeito, se é bem verdade que a civ ilização é um fato social que para ex istir como tal nem sequer pode contentar-se de influenciar um pequeno punhado de pessoas, mas deve irradiar-se sobre uma coletividade inteira, não se pode dizer que a atmosfera sobrenatural que emanava do presépio de Belém sobre os ci rcunstantes já estava formando uma civi lização.
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Reeleição de Obama e polarização
Indignação contra governo caótico
16 Cm.ôMmA Acordo (inaceitável) com as FARC
19 ENT1mv1sTA Como discernir a boa música da má?
Mensagem de Magdi Cristiano Allam ao Papa
24
Dr,:sTA01m
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CAPA
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CoNTo DE NJ\TAt,
Um estábulo privilegiado
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Santo Edmundo Campion, S.J.
O Natal, o paganismo e o mundo hodierno Prof. Philip Calder
4 1 Po1~ orn•: NossA S1,:N1101~A <:HORA?
42
D1s<amN1Nno
Tristezas e esperanças
44 SANTOS ,,: F1,:STAS no Mf:s
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AÇÃO CON'l'RJ\-Rl~\IOl,l/CION/\RIA
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AMm1wn:s, CosnJMES, C1v11,1zi\çêms
A mentalidade renascentista e a mentalidade do homem medieval Nossa Capa: Pintura de Willem Benson (1521-1574). A Natividade, óleo sobre tela, 2°. metade do século XVI. Royal Collection, Castelo de Windsor (Inglaterra).
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Santo Edmundo Campion
LI ISMO DEZEMBRO 2 0 1 2 -
FOTO em FOCO
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração:
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Prol Editora Gráfica Lida. E-mail: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo .com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Dezembro de 2012:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Caro leitor, Em meio às manifestações de "cristianofobia" nesta civilização neopagã em que vivemos, a Providência Divina, em sua inesgotável bondade, comunica aos homens graças especiais da época natalina. E cabe a nós, enquanto participantes de um órgão cultural da imprensa católica, colaborar com a Providência na difusão dessas graças específicas que Ela esparge em todo o orbe nesta abençoada época do ano. Neste sentido, pareceu-nos mais indicado reproduzir na presente edição as considerações que o inspirador de nossa revista, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, teceu na edição de dezembro de 1957. Redigidas há 55 anos, elas conservam uma flagrante atualidade. Quando o Divino Infante veio ao mundo, a grande maioria da humanidade estava imersa nas trevas do paganismo. E decorreram vários séculos para que uma autêntica civilização cristã surgisse e se consolidasse. Desde o dia de Natal até a vitória do cristianismo, quantos padecimentos tiveram que suportar os seguidores de Cristo! Desprezos, calúnias, crueldades sem nome e martírios. E no presente? O neopaganismo estende-se por todos os contine ntes, não se circunscrevendo ao Ocidente ex-cristão, aliado do anti go pagani smo das atuais nações não cristãs. Um exemplo: no ano passado, um shopping da capital paulista colocou no centro de seu edifício uma gigantesca "árvore de Natal" iluminada, em cuja base anõezinhos se movimentavam. Neste ano, o mesmo shopping "plantou" em idêntico local a gigantesca "árvore natalina"; mas não eram homens que se moviam, e sim cervos com seu chifres e um urso polar! Note-se a gradação: em nenhuma das ocasiões o Personagem por excelência do Natal - o Filho de Deus - foi apresentado! Será que no Natal de 2013, seguindo a moda ecológica, a única homenageada será a "Gaia", ou mãe-terra, um ser exclusivamente mineral, cultuado pelos ambientalistas radicais? Indispensáveis para uma visão objetiva e equilibrada da situação contemporânea, tais considerações não devem nos levar ao desânimo. Devem, ao contrário, tonificar nosso espírito de militância e luta contra-revolucionária, que saberá também discernir os sinais de sadia reação que se notam em diversos ambientes. Essas considerações devem, em suma, aumentar nossa confiança na Virgem Santíssima, a Virgo Poten.s, que em Fátima prometeu: "Por fim, meu Imaculado Coração triunfará!". Desejo a todos os leitores e suas distintas fanúlias as mais diletas graças do Divino Infante neste Santo Natal e no Ano Novo. Em Jesus e Maria,
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Tudo destruído, exceto a imagem da Santíssima Virgem PAULO ROBE RTO C AMPOS
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foto à direita acima foi estampada na primeira página da edição de 3 1 de outubro de "The Wall Street Journal" - diário de maior circul ação dos Estados Unidos - por ocasião da passagem do furacão Sandy. Mesmo transformado em super-tempestade, o catastrófico fenômeno flagelou várias regiões da costa leste daquele país, deixando mai s de 100 mortos e um prejuízo em torno de 50 bilhões de dólares. Em Breezy Point (na região do Queens), perife ri a de Nova York, a fúria dos ventos e da super-tempestade produziu total devastação. Tudo desmoronou no bairro! Ademai s, um incêndio reduziu a cinzas vários quarteirões. Nada ficou de pé ... , exceto esta linda imagem de Nossa Senhora das Graças - como se vê na foto . Muitos afirmaram que só um mil agre poderi a operar tal prodígio! Em meio às inúmeras fotos que nos revelaram apocalípticos cenários de destrui ção, a cena em foco, sem dúvi-
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da, é uma das mais impressionantes deste ano. Eis uma foto que vale a pena guardar. Ela nos serve como admirável lição de confiança na Providência Divina. Poderemos pessoalmente, ou em
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nossas fanúlias, passar por provações pavorosas, por tempestades interiores, por grandes aflições, mas tenhamos a certeza de que, se estivermos juntos da Santíssima Virgem, como nossa Mãe Ela estará constantemente de pé a nosso lado para nos ajudar. Tudo poderá estar destruído, mas Ela JAMAIS será abatida. Como Mãe boníssima, SEMPRE irá nos amparar. Estejamos sempre com o olhar voltado para Ela, cheios de confiança em sua misericórdia. Esta reflexão nos faz recordar o trecho de uma bela oração de São Bernardo de Claraval: "Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra.firme, arrastado pelas ondas deste inundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela. Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se in.te,põe em teu ca,ninho, olha a eslrela, invoca Maria ". • E- ma il para o autor: cato licismo @terra.co m.br
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DEZEMBRO 2 0 1 2 -
fundamentada em famosos especialistas na questão climática e que, portanto, o livro não será contraditado. Quero fazer o pedido de um outro livro, pois darei de presente o que tenho para um amigo (professor universitário, meio ecologista ... ), mas quero que me consiga o novo livro com uma dedicatória do príncipe de Orleans e Bragança. (C.A.M.R. -
RJ)
Impostura ecologista
Perseguição aos ruralistas [8] O problema do ambientalismo ra-
dical é que os "verdes" (por fora, mas vermelhos por dentro) já estão mexendo na legislação para forçar suas reivindicações e, assim, penalizar aqueles que não aceitam a "nova religião" ecológica, com seus "Dez mandamentos", opostos aos "Dez Mandamentos da Lei de Deus". Exemplo disso é o novo Código Florestal para engessar os proprietários rurais. Ou seja, a própria produção ficará engessada e o alimento muito mais caro, se aplicado inteiramente o desastroso Código da perseguição aos ruralistas . Será a involução do Brasil à era da pedra lascada. E isso justamente num bom momento para o País, de produzir muito mais e exportar mais para o mundo inteiro. (R.B.N.R. -
CE)
Psicose ambientalista [8] Lamento não ter podido ir ao lan-
çamento do livro do príncipe D.o m Bertrand, mas não lamento nada em ter adquirido seu livro Psicose ambientalista. Os bastidores do eco-terrorismo para implantar uma " religião" ecológica, igualitária e anticristã. Ontem terminei sua leitura e fiquei com a sensação de que a acusação feita pelo príncipe é muito grave, mas muito bem
-CATOLICISMO
[8] Como podem os "verdes" se incharem de orgulho dizendo-se "ecologistas" se desprezam o que há de mais elevado na criação que é o ser humano? Sim, grande parte dos "ecologistas" é, por exemplo, a favor do aborto! Fazem seus protestos para "salvar uma plantinha" e não se comovem com a execução de um bebê! Realmente esses falsos ecologistas são verdadeiros impostores.
(S.M.E. -
BA)
1'errorismo ambientalista [8] Excelente entrevista! Agora a falácia ambientalista caiu por terra (cfr. a entrevista com Lord Christopher Monckton, na qual ele denuncia o alarmismo climático na Rio+20) . E repassarei essas informações aos meus conterrâneos amazonenses.
(P.K. -AM)
Desagravo [8] Não imaginava que um dia se po-
deria chegar a tal enormidade praticada contra a Santíssima Virgem ultrajando-a de tal modo, como ocorreu na horrível exposição no museu de Londres. Enviei meu protesto como um desagravo meu e de minha família, mas sabendo que gente que chega a este auge de ultraje contra a própria Virgem não muda de opinião. Os responsáveis não serão julgados neste mundo, mas no Juízo Final pelo próprio Deus. Aí sim, a Virgem será desagra-
vada à altura como Ela merece. O que os responsáveis pelo museu expuseram em sua galeria de "arte", não foi apenas uma desfiguração do quadro do pintor Fra Angélico, eles expuseram nas paredes do museu o ódio de satanás contra a Imaculada. (K.S.B. -
SP)
"Fidel Chávez"... O populista demagogo "Hugo Castro" da "Cubazuela" venceu as eleições, sim, não por si, mas devido à ausência de um opositor realmente de direita. O mesmo que aconteceu na disputa para a prefeitura de ão Paulo. Mas acho que este novo mandato na Venezuela não vai durar muito: o país está quebrado, sua riqueza petrolífera está minguando por falta de infraestrutura, sua moeda depreciada, a inflação nas nuvens, o PIB venezuelano em queda livre, falta gêneros de primeira necessidade, a criminalidade é galopante. Com todos e ·ses desastres o povo acordará. Será o li m da "revolução bolivarian a" do senhor "Hugo Castro", que não tem um herdeiro à altura de Fidel... São meus votos de Natal para o povo venezuelano! (E.M.A.N. -
RS)
Concílio Vaticano 11 [gJ Aproveitei muito com a leitura da entrevista [do Prof. Roberto de Mattei) sobre o Vaticano II. As respostas muito precisas, e sem medo da verdade, pois tudo baseado na história real daquele Concílio que, infelizmente, tanto prejuízo causou na Igreja. Quando disse isso a um amigo de minha comunidade, ele respondeu-me que não se pode julgar assim, pois concílio é concílio e que um leigo tem qu aceitar e não julgar. Graças a Deus, ele aceitou minha explicação no s ntido de que o Vaticano Ir não foi um concílio doutrinário-dogmáti ·o, mas np ·nas pastoral. Na argum nlaç, o, ajudou-me muito a leitura qu · 1 nho l'l·ito da revista Catolici.,·m() , q11 • 111 i 1 111 lrn:,.ido
mensalmente aquilo que a Igreja sempre ensinou e que aprendi em minha infância e adolescência, mas que hoje não tenho mais ouvido ensinar, nem mesmo em nossas comunidades católicas. Aquilo da não condenação do comunismo, por exemplo, é uma coisa incompreensível. É triste assistir missas as quais não parecem transcorrer num altar, mas num palco e a nave da igreja mais parecendo auditório para shows, com os assistentes balançando as mãozinhas, aplaudindo, dando pulinhos ao ritmo de um som estridente. As músicas não nos elevam mais para o alto, para o Céu, mas puxam para baixo, para as coisas do mundo. Com isso, o que aconteceu? O claro distanciamento do povo católico, que não se sente mais atraído às igrejas, devido a essas inovações "moderninhas" promovidas pelo Vaticano II. Para que os fiéis voltem a encher as igrejas, precisamos recuperar aquelas cerimônias de antigamente, as mfasas anteriores ao Concílio. Sobre isso tenho falado com meu pároco. Antes ele estava fechado às minhas sugestões, mas hoje ele está mais abetto. Peço suas orações para conseguirmos alguma volta à tradição. Só assim, evitaremos a redução do rebanho, com essa sangria das ovelhas para outros cultos. (H.T.G. -
SP)
Prodigiosa proteção Vou contar-lhes um milagre: Quando meu filho Richard tinha por volta de 4 a 5 anos, houve um incêndio no quarto que eu não havia acabado. Tinha lá uma mesinha com imagem de Nossa Senhora Aparecida, eu deixei uma vela acesa, acabei esq uecendo e fui dormir num quarto ao lado, que eu havia acabado para poder morar. Resumindo, lá pelas tantas da madrugada, acordei com a fumaça que entrava por debaixo da porta. Consegui tirar meu filho, e o deixei lá fora tomando ar. Nada aconteceu,. nem a ele, nem a mim, nem a minha esposa. Quando fui
apagar o fogo, que por sinal estava bem alto, notei que assim que consegui apagar, a imagem de Nossa Senhora estava intacta: não queimou o manto, que era de papel azul, nem mesmo ficaram marcas nela. Fora outras graças que aconteceram em minha vida quando pedi a intercessão da Mãe de Nosso Senhor. O que quero dizer com isso: o tempo urge, o momento é agora, se realmente somos cristãos, acreditamos em JESUS e sabemos que não estamos aqui por acaso e apenas de passagem, é tempo de mudar URGENTE. Buscai ao SENHOR. (H.F.P. -
SP)
O rnalejo evangélico [8] Maravilhosos os textos sobre Nos-
sa Senhora Aparecida. Pena que Ela não é aceita pelos evangélicos, que dizem que adoramos Maria. Por mais que eu explique que nós católicos adoramos somente a Deus, e Ela a veneramos como mãe de Deus, não entra na cabeça deles nossa posição e continuam a repetir a mesma objeção. Vou passar para eles a resposta do Padre David Francisquini e esperar que algum bom resultado apareça. (F.G.-BA)
Perseguição religiosa
FRASES SEL EC IONA DAS
"Um pequenino nos nasceu, e um Jiffw nos foi dado" (T-'mfeúCI ele
l$ Cl[CI $ - 1$
3, 0 )
"Deus amou de taf modo o mundo, que lhe deu seu Fiffw Unigênito, para que todo o que crê nefe não pereça, mns tenlia a vida eterna" (s êíojoífo, 3-í 0 )
"As palavras do Evan9ellio e as profecias nos
inj[amam de taf modo, que o nascimento do Cristo não nos parece um fato passado, porém um acontecimento presente". (S êío Leêío MC1g111,o)
[gJ Estou empenhado em divulgar toda
e qualquer notícia que se refira a perseguições que os cristãos estão sofrendo mundo afora. Indigna-me a omissão da mídia mundial a respeito dos fatos. Qual seria a reação da mídia se o Papa Bento XVI sugerisse aos países católicos que expulsassem os islâmicos e os de outras crenças? Com certeza seria a maior loucura, primeira página em todos os jornais do mundo. Ongs diversas protestando, passeatas e tudo quanto é tipo de protesto. Por que se calam então diante das atrocidades que estão acontecendo no mundo afora contra cristãos? (V.A.A.L. -
"Deus é o invisível evidente" (v[e,tov Hl,{go)
Canas, fax ou e-mails: enviar aos endereCjOS que figuram na página 4 desta ediCjão.
PR)
DEZEMBRO 2 0 1 2 -
E Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC
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Pergunta - Na edição de outubro de Catolicismo, seção de perguntas e respostas do Mons. Villac, falou-se sobre o limbo. Vale lembrar que a existência do limbo nunca foi dogma da Igreja e que há poucos anos atrás o Papa Bento XVI afirmou a não existência do mesmo. Resposta - Realmente, a existência do limbo das crianças mortas sem batismo nunca foi dogma da Igreja, porém não é verdade que Bento XVI tenha afirmado, ''poucos anos atrás", sua não existência. O leitor talvez se tenha baseado em notícias de imprensa, frequentemente inexatas ao divulgar documentos doutrinários emanados de órgãos da Santa Sé. A Comissão Teológica Internacional é um órgão consultivo instituído pelo próprio Papa para estudar questões doutrinais de especial impmtância. Ela visa oferecer assim wna contribuição ao Magistério da Igreja e, de modo especial, à Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, junto da qual foi instituída. É composta de 30 teólogos de todo o mundo escolhidos pelo Pontífice. Os documentos dela emanados não são, porém, considerados expressões oficiais do Magistério da Igreja. A ela foi apresentado o tema A esperança da salvação para as crianças que morrem sem Batismo. Depois de debatido e aprovado no âmbito da Comissão, o texto assim elabo-
-CATOLICISMO
rado foi submetido ao Prefeito da Congregação para a DoulTina da Fé, Cardeal William J. Levada, o qual, obtido o consentimento do Papa Bento XVI em audiência do dia 19 de janeiro de 2007, deu sua aprovação para a publicação. No documento está claramente afirmado que a teoria do limbo "pe rmanece uma opinião teológica possível" (n º 41 ). Não é correto, portanto, afi rmar que Bento XV] pronunciouse contra a sua ex istência. O que o documento da Com issão Teológica Internac ional faz é afirmar "que os muitos fatores que acima consideramos oj'erecen·1. sérias razões teológicas e litúrgicas para esperar que as crianças que rnorrem sem Balismo serão salvas e poderão gozar da visão bea1(f,ca. Sublinhamos que se trata aqui de razões de esperança na oração mais do que de conhecimento certo. Exislem mui/as coisas que simplesmente nãoforam reveladas (cf .lo 16, / 2 ). 1- -- 1 O que nos fo i revelado é que o caminho ordin6rio de salvação passa alravés do sacramento do Batismo. Nenhuma das considerações expostas anteriormente pode ser ado/ada para 111ini111izar a necessidade do Batismo, nem para relardar a sua administração. Ainda mais - como queremos aqui reci/1rmc11; em
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O rei franco Clóvls rejeita o paganismo mediante o batismo recebido das mãos de São Remiglo
conclusão - existem fortes razões para esperar que Deus salvará essas crianças, já que não se pôde fa zer por elas o que se teria desejado fazer, isto é, batizá-las na f é e na vida da Igreja" (nºs 102-103). A frase chave do texto foi destacada por nós em negrito; nela, a Comissão Teológica Internacional colocou em üálico a palavra esperança. Assim, está perfeitamente correto o que escrevemos na matéria desta seção, no mês de outubro, ao enumerar os diversos empregos da palavra limbo: "o limbo das crianças que morreram sem batismo, separadas de Deus só pelo pecado original (sobre a situação final destas almas ainda discutem os teólogos)".
Pergunta - Gostaria muito de saber se um sacerdote pode receber a confissão de um não católico.
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Resposta - Depende. Se esse não católico foi batizado, o sacerdote pode ouvi-lo em confissão e ver em que condições espirituais ele se encontra e por que razão o procura. Há tanta ignorância religiosa hoje em dia, que o primeiro ponto consiste em esclarecê-lo sobre as primeiras verdades da fé. Talvez isso possa ser um passo inicial para o não católico retornar à fé de seu batismo . Porém, se o interessado na confissão não for batizado, ele não pode receber nenhum outro Sacramento da Santa lgreja. Ele precisa, primeiro, pedir o batismo. Tendo isso em vista, o sacerdote pode recebê-lo para orientá-lo nesse sentido. Em qualquer das duas hipóteses, nada impede o sacerdote de receber quem o procura com boas intenções. O resultado dependerá das disposições de alma do interessado. Pergunta - A Paz em Nosso Se.;hor! Peço que me responda à seguinte dúvida: os pais que provocam a ira dos filhos, denegrindo uns e favorecendo outros, sem razão que justifique esse procedimento, nas leis do Senhor; quando ocorre que o filho, que se sinta prejudicado na sua honra e pela falta de afeto, chame a atenção dos pais, desencadeando uma acalorada discussão, com troca de agressões verbais: esse filho está em pecado mortal? Há algum excludente de culpabilidade para esse filho, por conta do mau comportamento dos pais, em vista do mandamento de honrar pai e mãe? Resposta - Uma agressão verbal de um filho contra os pais dificilmente se justifica: é preciso fazer valer suas justas reclamações, com palavras firmes, porém sem recorrer a violências verbais. Se o filho se excedeu, violou o quarto mandamento da Lei de Deus, de honrar pai e mãe. Pode ter cometido um pecado mortal, se suas palavras de desrespeito tiverem sido cercadas de ódio. O melhor, portanto, é confessar-se dessa falta, com sincero arrependimento pelos excessos cometidos. Um bom sacerdote saberá avaliar a gravidade do pecado.
Se ficar em dúvida, deixará a avaliação ao juízo de Deus, que tudo vê, tudo sabe e tudo julga. Um sacerdote zeloso provavelmente o aconselhará, conforme as peculiaridades do caso, a pedir perdão aos pais no momento oportuno. Isso, porém, não impede que, passado algum tempo, o filho possa reapresentar aos pais, de modo digno e respeitoso, suas queixas, em especial naquilo que se refere à sua honra. É muito possível que a situação criada se reflita num clima de estranhamento recíproco entre pais e filhos. De sua parte, o filho que se sente prejudicado deve proceder com a maior dignidade, sem romper o trato normal com os pais e irmãos. Se assim agir, qualquer que tenha sido o desfecho do caso, ele terá sido o vitorioso, diante de Deus e dos homens sensatos. Estes notarão a dignidade de seu proced imento e Deus o premiará por sua conduta, nesta Terra e, sobretudo, no Céu. • E-mail para o autor: catolicjsmo@terracom.br
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DEZEMBRO 2 0 1 2 -
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Fidel Castro recorreu a oficiais nazistas na crise dos mísseis
Cristianofobia oficial na Alemanha é denunciada na ONU assimo I ntro vig ne, coorde nado r do Observatório da Liberdade Religiosa, ó rgão do Mini sté rio de Assuntos Exteri ores da Itália, denunciou a A le manha po r intolerância e di scri minação ante a O NU. "A denúncia contém
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seis acusações. Primeiro, a violação dos direitos dos pais cristãos, pelas se veras limitações ao ho meschooli ng" (escola e m casa). "Segundo, continua dúbio o direito de um fa rmacêutico cristão de não vender a pílula abortiva. Terceiro, as organizações que se opõem ao aborto têm muitas vezes proibidas suas manifestações pac(ficas. Quarto, os tribunais não punem, ou tratam com grande leniência, of ensas e insultos contra o cristianismo e contra a religião católica. Quinto, cresce o vandalismo contra igrejas e cemitérios cristãos. Sexto, os alunos não podem ser dispensados das aulas de educação sexual que inculcam princípios opostos à moralidade católica". •
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m dos mistérios mais guardados do século XX ganhou uma ponta de re velação após o serviço secreto ale mão (B ND) reve lar doc ume ntos secretos. Segundo estes, du rante a "cr ise dos mísseis" e m 1962, Castro recrutou antigos ofi ciais da SS nazista para a uxiliá-lo na instrução dos soldados c ubanos. F idel ofereceu um orde nado quatro vezes superior ao da Ale manha Orie ntal (comuni sta). Quatro a ntigos ofi ciais nazistas aceitaram a proposta. De acordo ainda com os docume ntos, Castro obte ve 4.000 fu zis automáticos de fa bricação belga através de traficantes ligados à c ha mada "extre ma d ire ita" ale mã. E mbora as interpretações cio caso div i1jam, sai re forçada a tese da afinidade ideológica nazi-comuni sta, a q ua l ve io à to na com a assinatu ra em 1939 do Pacto Ribbe ntrop-Molotov, cuj a validade, ao que tudo ind ica, pe rmanece até hoje ... • 11
Teólogo da Libertaejão desvenda segredos da 11 religiãou verde
ex-frei fra nciscano Leo nardo Boff fo rneceu novos dados sobre a fu são da anac rô nica "Teolog ia da L ibertação" com o ambie ntali smo radical para a fo rmação de uma no va " religião" . No Congresso Continental de Teologia, reali zado de 7 a 11 de o utubro e m São L eopoldo (RS), o exfrade rele mbrou a " ma rca registrada" da "Teologia da L ibe rtação": "a opção pelos pobres, contra a miséria e a opressão", no co ntexto da luta de classes. E acrescentou que "nes-
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sa opção é preciso inserir o grande pobre - a Mãe Terra, Pacham ama, Gaia, que é o grande pobre oprimido". Para o ecoteólogo marxista, "a Terra da qual fa zemos parte" pode a q ua lquer ho ra "nos expulsar como se f ôssemos células cancerígenas ". Seria o fim da hu man idade. A "Mãe Terra" esta ri a prepara ndo o utro ser para "receber o espírito", po r exemp lo, uma lula gigante. Tal ser e voca ídolos
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Idade Méd ia fasc ina muitos a le mães. E m Co lô ni a, por exempl o, um fest ival reúne fãs e c uri osos que come m, veste m-se e se di verte m como se vivessem na c ivilização medie va l. A vi age m ao passado começa já na b ilhe te ri a, o nde os modernos e uros são trocados por moedas med ievais (foto acima). Os vis itantes podem usar o arco e a flecha, duelar com travesseiros fixados num a barra e mo ntar pô neis. D~pois de alguns instantes no fes ti val, eles esquece m a tediosa rotina do sécul o XXJ. Nas barracas são confecc io nados cerâmi cas e artesanatos, atividades que desapareceram da vida diária da maiori a dos a le mães, compeli dos a comp ra r prod utos ind ustri ali zados e m supermercados. No fund o da alma, todos tê m um cantinho medi eval, no q ual se refu gia m das agruras da vida hodie rna ... •
CATOLI C ISM O
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Origem do panetone: manifestaejão singela do espírito de outrora
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panetone, como tantos outros costumes católicos vincul ados ao
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Alemães lotam festival destinado a reviver a Idade Média
Flores do Sudário só poderiam ter sido colhidas em Jerusalém
pagãos, se me lh a ntes a representações costume iras do demô ni o ... •
Leonardo Boff
Natal, nasceu na época medieval, na Lombardia (Itália) . U ma le nda das mais respeitadas re monta sua origem aos te mpos do turbule nto duque Ludovico M aria Sforza, dito o M o uro. Ele encom e ndo u um suntuoso j antar de Natal e convidou toda a no breza. O cozinheiro, poré m, esqueceu a sobremesa no fo rno, fica ndo esta carbonizada. U m ajudante de cozinha de no me To ni propôs então faze r um pão doce com o que tinha sobrado na despe nsa. O pão fo i servido na mesa dos magnatas, q ue ficara m entusiasmados e chamaram o cozinheiro para explicar a ig uaria. Sem saber o que di zer, ele balbucio u: "É o pão do Toni. .. ". Assim nasceu o termo panetone (pão do To ni). •
Cadáveres boiam no Rio Ama relo: governo chinês não esclarece
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o fa moso R io .A marelo, di ante da c idade de Lanz~o u, provínc ia de Gansu, mais de 10.000 cadáveres passai·am boiando nos últimos 50 anos. Não eram apenas de vítimas das chacinas da Reforma Agrária ou do Grande Salto, que ocorreram na China comunista. Segundo as autoridades sanitárias, desmembrados por vezes pe- •1 ·• ' • . , ,.. ... las hidroelétricas, apai·ecem anu, j al me nte entre 200 e 300 corpos e m grandes "ilhas de Iixo" (foto). Vá.rias cidades ribeirinhas bebem dessa água, apesar de o próprio serviço de água potável devolver os cadáveres ao rio quando não consegue sepultá-los. Aos costumes pagãos do país som a-se, e m te mpos mode rnos, a crimi nalidade instalada dentro do Paitido Comunista, a qual faz desaparece r desconte ntes e oposicio nistas ... •
os anos 2005-2007 , na tela dos computadores de especialistas que transformavam as imagens de duas dimensões do Santo Sudário numa outra de três dimensões, apareciam áreas escuras ou "buracos". O Dr. Avinoam Danin, professor de Botânica da Universidade Hebraica de Jerusalém, concluiu que na fronte , entre o cabelo e o rosto do "Homem do Sudário", foi disposto um "tapete quase continuado de flores ". Ele identificou as espécies e até depositou flores muito frescas nos "buracos". A coincidência foi impressionante. O botânico também concluiu que "três plantas analisadas só podem ter sido colhidas e colocadas no Sudário num único lugar do mundo, que é a área entre Jerusalém e o Hebron". E acrescentou que as plantas identificadas no Sudário só florescem entre março e abril - época em que se deu a Crucifixão, ocorrida no dia 7 de abril.
Mais um milagre de Lourdes reconhecido oficialmente bispo de Casale-Monferrato, na Itália , proclamou o 68° milagre de Lourdes aprovado de modo oficial pela Igreja, dentre os inúmeros que ali ocorrem: "Eu julgo e declaro que a cura de Soror Luigina Traverso, ocorrida em Lourdes no dia 23 de julho de 1965, é milagrosa e deve atribuir-se à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, Imaculada Mãe de Deus e nossa Mãe", afirma o documento. Em 1965, a irmã Luigina não conseguia mais caminhar. Foi então levada a Lourdes e na Bênção dos Doentes, conforme explicou o Dr. de Franciscis , chefe do Bureau médico do santuário, "ela sentiu um intenso calor e bem-estar. Voltando ao quarto, pediu uma bênção ao capelão. O padre intuiu e disse sorrindo que só a abençoaria se ela saísse da cama. Soror Luigina então se pôs de joelhos diante do sacerdote". Hoje , 47 anos depois, a religiosa ajuda os doentes em Lourdes, conduzindo-os nos carrinhos.
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D EZ EMBRO 2012 -
ESTADOS UNIDOS
Obama, a rachadura e a polarização A reeleição do presidente Obama pressagia a expansão do caos em escala mundial. As profundas rachaduras abertas nos EUA favorecem o aumento do descontrole e da contradição no cenário mundial. m Lu1s DuFAUR
há quatro anos" e "voltou as costas à Europa" ("Gazeta Wyborcza", 8-11 -12). Porém - acrescentou - o único governo que "pode deleitar-se com a vitória de Obama " é o da Rússia. Justamente o inimigo visceral dos EUA Isto por certo não é uma vitória americana, e não traz boas notícias para um futu ro mediato. As rachaduras morais acentuaram-se em vários plebiscitos que costumam ocorrer simultaneamente às eleições presidenciais. Até o momento das eleições, na totalidade dos estados em que fora posto em votação, o "casamento" homossexual havia sido recusado pela maioria. Mas desta vez, três estados o aprovaram: Maryland, Maine e Washington. Também o uso e a venda de maconha obtiveram aprovação em Colorado e Washington, embora tenham sido rechaçados no Oregon. A lei federal considera a maconha como narcótico ilegal e prevêem-se atritos legais que podem até inviabilizar as aprovações. Cambaleios
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uando Barack Hussein Obama encerrou seu último meeting, na longa corrida pela reeleição, enxugou uma lágrima .. . O esgotamento de uma campanha insana contribuiu para trair uma grossa preocupação: o "Messias" de 2008 já não estava mais lá. O fu turo se fazia pressentir doloroso e incerto. A estreita vitória que o reelegeu deixou um país rachado, mais polarizado que nunca, com os políticos menos moderados dos dois partidos compondo as duas Câmaras em oposição. Obter o consenso mínimo na legislação mais rotineira será difícil, observou Andy Sullivan, da agência Reuters (7-11-1 2). "Não haverá muita boa vontade no Capitólio", disse o professor d e his tória d a U ni versid ade de Princeton, Julian Zelizer. A polarização crescente manifes tada na eleição tornará mais difícil governar o gigante acometido por violentas crises internas e externas. Malgrado a vitória fi nal, as perdas democratas fora m notórias e Obama governará um país rachado não só política e ideologicamente, mas também social, étnica, geográfica, moral e religiosamente. "A polarização j á fo i mais extrema em alguns períodos do século XIX e nos anos 1930" [da Grande Depressão], lembra o historiador Alexander Keyssar, de Harvard, mas "em nenhuma dessas
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CATOLICISMO
Os dois candidatos cumprimentam-se por ocasião do terceiro debate
vezes as instituições do governo fica ram tão paralisadas como agora". E especificou que as trincheiras que div idem os EUA hoje são entre rad icais e centristas dentro de cada partido; mais do que entre a esquerda democrata e a direita republicana. Como conciliar o i1Teco11ciliável ? "Vitória sem fo lga" obriga o presidente americano a proc urar a cooperação da oposição, comentou "O Globo" (8-11 -12), mas esta "manteve a maioria na Câma ra e saiu rancorosa das urnas com 57 milhões de votos ". No Senado, o presidente terá o apoio de um a maioria democrata ampli ada,
porém posicionada mais à esquerda, com a presença pela primeira vez de uma enadora assumidamente homossexual. "O pragmatismo deve levar Obama para o centro no 2° mandato" , escreveu Peter Baker, de "The New York Times". M as onde está esse centro, do qual os políticos mai s populares cios dois partidos desertam, migra ndo para os extremos? Quem ou que fato r poderá resolver o dilema de Obama? Para o Prof. Zbigniew Lewicki , diretor cio Departamento ele Estudo Americanos da Universidade arclca l Stcfan WyszyDski, de Varsóvi a, P lôni a, do ponto de vi sta europeu, Obam a "não correspondeu às expe ·tc,tivas geradas
e incertezas no horizonte
O segundo mandato de Obama começa com aspectos próprios de uma situação cambaleante do ponto de vista interno dos EUA. Essa crescente rachadura interna não poderá deixar de ter graves reflexos nas relações internacionais. Quem no cenário internacional poderá equilibrar o gigante americano quando este começar a oscilar num sentido ou noutro de acordo com disputas internas? Na verdade, o resto do mundo aguardava respostas claras por parte dos EUA, pois sem o concurso dessa imensa nação as grandes economias mundiais, especialmente as europeias, não poderão dominar as rotações que as faze m dançar à beira de abismos assustadores. Cavalgando sobre um gigante rachado, polarizado e absorvido por conflitos culturais, morais e religiosos internos, Obama não poderá realizar ações si~nificativas no exterior. E então as bússolas dos países civilizados parecerão viciadas. A indicação de um rumo tornar-se-á cada vez mais obra de adivinhação, impossível até, talvez, para os políticos mais experimentados. Nesse caso, quem poderá ganhar com a paralisia e/ou o enlouquecimento das bússolas do Ocidente? No Ori ente, a China se prepara de um modo assaz confuso, atormentado e incerto para se projetar como a primeira potência mundial. Nas condições em que se deu, a vitória de Obama deve ter sido recebida em Pequim como prenúncio da realização da hegemonia marxista chinesa no mundo preconizada por Mao Tsé-tung. Mas quem arriscará garantir qualquer coisa considerando-se a obscura luta pela sucessão interna na China comunista e os crescentes focos de rebeldia popular contra o governo? A única coisa certa é que a vitória eleitoral de Obama preanuncia hori zontes ameaçadores para a estabilidade mundial. •
Luxemburgo:
esplendor nobre. Eleições americanas:
vulgaridade demagógica. Num clima de dignidade e proporcionado esplendor, Guilherme, príncipe-herdeiro de Luxemburgo, contraiu núpcias com a condessa belga Stephanie de Lannoy. O casamento nas famílias reinantes traz a promessa de continuidade da monarquia e estabilidade da nação. Mas certa mídia malévola que se diz amante da democracia tentou desmoralizar a solenidade alegando que a despesa - 350.000 euros - era incompatível com a atual época de crise. Pouco depois, segundo o Center for Responsive Politics, as eleições presidenciais americanas consumiram seis bilhões de dólares, 13% a mais que o recorde atingido na eleição de 2008 e certamente destinado a ser superado em 2016 .. . O dinheiro público e privado gastado em eleições paga amiúde explosões de demagogia e mau gosto. Onde reside no seu melhor sentido o espírito democrático? Onde o povo é elevado pela tradição e dignificado pelo requinte nobiliárquico, ou onde é rebaixado com exibições de vulgaridade e demagogia?
E-mail para o autor: catoliçismo @terra.com.hr
DEZEMBRO 2012 -
ARGENTINA
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Argentina: governo sem controle, oposição sem rumo, população indignada A indignação popular contra o caos que corrói a Argentina atingiu u1n clí1nux. Sobre o futuro do país paira ilnensa incógnita que, em últi1na análise, só a Providência Divina poderá resolver. !,
M ARCELO DUFAUR
atendo pane las e ex ibindo toda espécie ele cartazes ele protesto, ele confecção caseira, por volta ele 700.000 porten hos congregaram-se em torno cio obeli sco central de Buenos Aires para manifestar sua insatisfação e mesmo sua có lera em relação ao rumo nac ionalista-esquerdista que a presidente Cristina Kirchner vem impondo ao país.
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CATOLICISMO
Ta l multidão constitui a ponta ele um imenso iceberg, símbolo de um país inteiro. "Panelaços" si multâneos ocorreram diante ela Casa Rosada, ela res idência presidencial de li vos, em bairros centrais e peri fé ricos, bem como nas principais capi tais ele província da Argentina. As queixas populares recolhidas pela impre nsa abarcavam um cios mais vastos leques de descont ntam 'ntos que nossa época, entretanto repleta ele absur I s, jd ·ons ·guiu reunir.
A viúva cio ex- pres idente Kirchner vinha pro longando a obra ele demoli ção inic iada pe lo seu marido, atro pe lando as categorias sociais, os costumes e os símbo los mais cu ltuados pelos argentinos. O chamado "estil o K", adotado pelos governos cio casal Kirchner, consiste em atrope lar os espíritos sem os convencer, para implantar co m arrogânc ia e vulgaridade uma Revolução Cultural e um soc iali smo invasor. O "estilo K" vem se servindo ele uma equipe sindicalista que, segundo a opinião de correspondentes de jornais estrangeiros, assemelha-se mai s a uma gangue mafi osa. Comumente conhecida como "La Cámpora", essa eq uipe reúne militantes de esquerda, herdeiros revanchi stas cios antigos grupos guerrilheiros mar xistas ou ela esquerda cató lica. Sob uma bandeira nacionali sta, ta l eq uipe vinha conduz indo siste mática agressão igua litári a contra as classes média e alta, as mai s cultas cio país, seus costumes e suas propriedades. M as as consequências dessa investida faz iam-se sentir també m sobre as camadas populares: asso mb rosa degradação cios serviços públicos, crimin alidade quase clescontrolacla, Judi ciário av iltado e posto a serviço ela prepotência esquerdista, infl ação devorando ordenados e poupanças, acelerado processo ele destruição ela fam íli a. Por fim, em meio a uma torrente ele artifícios legais, o núcleo cio poder cio governo Kirchner manifes tou a vo ntade de reformar a Constituição para reeleger a atual presidente, seguindo o sistema utili zado por C hávez na Venezuela. Co mo para tal reform a o governo não possui ma iori a, o povo argentino deu-se conta ele que as formalidades legais não seriam respeitadas . Foi então que, como observo u o jornal "Le Figaro" de Pari s, a có lera e a saturação transbordaram na forma de maciças manifestações populares ele protesto contra o conjunto de abusos esq uerdi stas.
O hori zonte não seri a tão pesadamente brumoso se a influência da hi erarqui a ec les iástica se fizesse sentir benefic amente sobre a população que, nesta encru zilhada, normalmente se volta compactamente para suas raízes cató licas. Mas, quem anali sa a posição da Confe rênc ia Episcopal Argentina e do c lero cató lico considerado em seu conjunto, depara-se com uma at itude seme lhante à de uma es fin ge do Egito.
Então, o que agmu'lla a Argentina? A prodigiosa desordem e a imprev isibilidade do quadro civil e re li gioso argentinos acena para aco ntecimentos futuros cada vez mais incertos, descontrolados e até contraditórios. A in sensibilidade ela opini ão pública argentina às propostas nac iona li stas de cunho esquerdi sta cio governo, sua desconfiança e m relação à opos ição, o desprestíg io da esquerda católica e cio c lero progressista estão produzindo um descolamento sem nome. C idadãos e políticos no cam po civil , fiéis e clero no campo relig ioso, não mais se entende m. Predomin am a in satisfação e a ebuli ção do temperamento popular contra todos esses fatores ele desorde m. Poder-se- ia mesmo evocar uma ana logia hi stórica: o desabamento do fmpéri o Romano do Oc ide nte, quando ocorreram fe nômenos seme lhantes ele desarticulação no governo e desorganização na soc iedade. Mas há na Argentina um elemento superior que os fa utores cio caos atual fingem ignorar: sua Padroeira, Nossa Senhora ele Luján. D'Ela ag uarelamos a última palavra! • E-mail para o autor: catoli cismo @terra .com.br
Mistél'ios da situação ai-gentina Se ex iste algum mi stéri o na cluràbilidacle cio "estilo K", não parece que deva ser procurado na fa mi gerada gangue encravada no govern o. Seri a tarefa fác il para a fo rça opos icionista se e la quisesse apresentar uma opção viáve l ele poder e até ficar com as rédeas do governo. Mas nem mesmo a ambição e o in teresse pessoa l moveram seus políticos a se mobi li zarem com um mínimo de inte ligênc ia. Resultado: no imenso "panelaço" ele 8 de novembro último, também eles foram largamente apontados pe las multidões como responsáveis pelo mal-estar nacional. Os argentinos não se sentem representados pela opos ição e um imenso vazio abriu-se entre o povo e os que deveriam representá- lo. Imensa incógni ta tomou corpo na Argentina . De um lado, a equipe governamental aparece ao mesmo tempo cada vez ma is prepote nte e cada vez mai s impotente, incapaz de se conduzir em suas funções, rep ud iada até por muitos dos que ne la votaram. De outro lado, a opos ição política, sem líderes , se m ide ias , sem alternativas, apenas um pouco menos re pudi ada pe la popul ação do que o governo . Assim, o vazio apresenta-se como a grande incógni ta para o futuro.
a bandeira da Argentina da por numerosos manlem ruas de Buenos Aires _,
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COLÔMBIA Ante as negociações com a guerrilha marxista:
As capitulações secretas jamais nos conduzirão a uma verdadeira paz
1 Guerra Psico lógica Revolucionária: "Sempre que haja, em que nesses oito anos voltamos a ser um país seguro, recuperamos a credibilidade intern ac ional , enquanto o desenvolvi qualquer tempo e em qualquer lugar, um confronto diplomático entre belicistas delirantes e pacifistas delirantes, a mento e o progresso legítimos invad ira m todos os quadrantes da geografia nacional. vantagem ficará com os primeiros e a frustração com os segundos" (Plinio Corrêa de Oliveira, Churchill, o avestruz Esses resu ltados em matéria de autêntica pacifi cação fie América do Sul, "Folha de S. Paulo", 31-1-1971). zeram com que a ime nsa maioria dos colo mbi anos elegesse preside nte ao então mini stro da Defesa, no qual viam o legítimo contiAt1te l,1\: ;,,.>:ociaci~mer cm, la l[Utrrilln 11wrxi.fla .- :--- ··Uma repetição dos nuador da obra de um governo que nos Las capitulaciones secretas jamás nos eITOS do passa<IO conducirán a una verdadera paz conduzia pelo melhor dos caminhos. 11,....,.__.v....,._... _..,.__, __..., .......,,.,............ ..,.,.._.,i,,w •• ...,_ Isso levou o Dr. Juan Manuel Santos Mas vejamos quais foram as in1,M,_........... ~,,.,,., .........,..,...._.,,,...,.....,,_,_ ..... ,........,__.,.,............."""""',_ .... _ ....,..,.,'"""' . ....,..,....,.,......... genuidades e as cegueiras que nos lea ser respaldado nas urnas por mais varam ao fracasso nas anteriores conde nove milhões de votos, o eq uivaversações com as Farc e os demais le nte a mais de 60% dos ele itores. flt(;: ::: grupos terroristas e que agora se reSem e mbargo - ó surpresa! i. petem ponto por ponto: em vez da atitude firme e clara do governo anterior, com grande desconcerto voltamos ao mesmo sistema de ne• Os grupos subversivos nunca goc iações que fora a fo nte das desentregaram as armas nem abjuraram graças e tragédias vividas pe la Colômde seus métodos. bi a nas últim as décadas. Esco lhid o • Em nenhum caso eles liberapara continuar no caminho que tantos ram as centenas de compatriotas sebe nefícios nos trouxera, o presidente questrados, nem se comprometeram a Santos decide tomar a via contra ri a não voltar a sequestrar alguém. É inadobrigando-nos a regres ar a uma si tumissível que o presidente dos colomação que a imensa maioria dos co lombianos aceite a afirmação cínica debi ano. não quer. les, de que não têm sequestrados. Par~ onde quer nos levar o atual • Nunca se comprometeram a governo com estas negociações? Não deixar de praticar atos de terrorismo contra a população civi l. nos esqueçamos de que o conceito de paz dos marxistas é muito dife• Matavam e feriam diariamente policiais e soldados. rente do nosso. Para eles, fa lar de paz • Jamais de ixaram de fazer teré um me io para alcançar o poder, um a rorismo contra as populações indígeforma de luta, uma estratégia de conqui sta revolucionária. A paz e o diá~ nas e camponesas, nem de recrutar seus meninos para a guerra. logo são os nomes disfarçados que os • Quanto mais acordos se firmarx istas dão à sua guerra co ntra a mavam, tanto maior era a intimidacivili zação cristã. ção dos grupos armados contra as insEnquanto a paz que todos anelamos é fruto sagrado da justiça e se obtém tituições políticas, judiciais e governamentais do País. num contex to de profundo respe ito pela tradição , pelafamília e pela pro• Os governos de turno terminaram aceitando todas as condições priedade, os guerrilheiros são movidos impostas pela guerrilha, embora esta pelo ódio que a doutrina marx ista pronão cumpri sse nenhum dos acordos fessa contra esses valores sagrados da civi li zação cri stã. A paz que eles desefirmados. jam não é a "tranqu ilidade da ordem", • Tampouco renunciaram à sua atividade criminosa de primeiro cartel como a define Santo Agostinho e toda a Colômbia a deseja, mas, muito pelo do narcotráfico na Colômbia, que por sua vez gera imensos recursos ilegais e clandestinos que foram contrári o, é um estado político que lhes permita conqui star o o principal motor da guerra promovida por eles contra o Estado poder, submeter a ociedade, dominar as pes oas e as institui ções, e impor pela força um regime anarcocomunista: Que e a sociedade colombiana. Também é inadmissível aceitar ninguém se engane: esta é a sua meta final! que as Farc não tenham nada que ver com o narcotráfico. É muito eloquente a afirmação do ilustre pensador brasiO Estado colombiano executou imensas reformas que supostamente nos conduziri am à obtenção da tão anelada leiro, Prof. Plínio Corrêa de O li veira, gra nde estudioso da
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Transcrição de esclarecedor e corajoso manifesto da Sociedad Colombiana Tradición y Acción , publicado no jornal "El Tiempo", de Bogotá, em 19-10-2012
O presidente Juan Manuel Sanda violência, ao fortalecimenA Colômbia ficou desconcertos quer nos impor uma nação deto do narcoterrorismo, ao ametada diante do recente anúncio drontamento da sociedade, à senhada pelos subversivos. Isto presidencial que dá oficialmenpseudolegitimação do status te início ao um novo Processo de é, a rendição de 44 milhões de coguerrilheiro-terrorista e à dePaz com as guerrilhas marxistas. lombianos à vontade de um grusesperança de um imenso setor Este acordo vinha sendo gestado po minúsculo de delinquentes. da opinião do País. sigilosamente há mais de doi s Quanto mais concessões se anos, desde o momento da eleifaziam aos guerrilheiros com o Uma guerrilha derrotada, rechação do Dr. Juan Manuel Santos pretexto de conseguir a tão aneà Presidência da República, ou çada pela imensa maioria dos lada paz, maiores eram suas intalvez antes. colombianos, que não fez senão solências e crimes. Na memória Este impactante anúncio martirizar com seus crimes o povo de todos os colombianos ficaram pode mudar irrevogavelmente o colombiano , pretende ganhar na para sempre gravados os epi sódidestino de nossa Pátria, gerando os dantescos do assalto ao Palámesa de negociações o que nunnefastos efeitos para os países cio de Justiça realizado pelo Mvizinhos, afetados também pela ca obteve com a luta armada. 19, quando todos seus militantes narcoguerrilha terrorista. Por tal haviam sido indultados, e também motivo, a Sociedad Colombiana os não menos oprobriosos dias da Tradición y Acción não pode desmilitarização de EI Caguán, deixar de chamar a atenção do região que se converteu no epicentro do sequestro, do crime, País, para que não se proceda com ligeireza e irreflexão dido terrorismo e do narcotráfico durante o anterior proces o de ante de um assunto de tanta importância. paz empreendido com as Farc. Entretanto, esse panorama desolador mudou radicalmente A negociação com as guerrilhas: a partir do ano 2002, quando o País se cansou de tantas capi um falso conceito de paz tulações. Decidiu eleger por dois períodos sucessivos ao ex presidente Uribe, que prometeu, e cumpriu, desenvolver uma De 1982 a 2002, todos os governos que se sucederam no política de segurança para os colombianos, fazendo abstraPalácio de Narifío levaram a cabo ingênuos processos de paz ção do pernicioso sistema de continuar capitulando para concom os grupos guerrilheiros. É evidente que esses fatídicos seguir a paz. Não é este o momento de analisar os acertos e 20 anos foram marcados pelo estrondoso fracasso de todesacertos de tal governo, mas toda a Colômbia reconhece das as negociações de paz e só conduziram ao aumento -
CATOLICISMO
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O nefasto exemplo de Kerensky
Numa desastrosa tentativa de acordo de paz, o presidente Pastrana, de camisa azul, na foto com o líder guerrilheiro "Tirofijo", entregou um território de 40 mil km2, convertido pela guerrilha num "santuário" do crime e da impunidade
N ão desej amos que o presidente Juan Manuel Santos passe para a Históri a com o epíteto do malogrado ex-presidente Eduardo Frei Montava, conhecido como o " Kerensky chileno" por ter preparado o cami nho para o marxista Allende. Foi a repetição do que fizera Alexander Kerensky na Rússia em relação aos bolchevi stas, permitindo a chegada deles ao poder. Que D eus livre a Colômbia de tamanha desgraça ! Tradici6n y Acci6n torna público este documento para alertar o governo e todos os colomb ianos, especialmente essa imensa maioria que está sendo posta de l ado neste processo de negoc iação com as Farc. Quer-se fazer crer à opinião pública da Co lômbia que este é o único camjnho de pacificação, tantas vezes fracassado pelos enganos da guerri lha. E isto no preciso momento em que esta se encontra a ponto de ser derrotada e o País manifesta importantíssi mos sinais de prosperidade, desenvolvimento e pacificação.
paz. Reformou a Constituição políti ca; transformou a Justiça; concedeu status político aos guerrilheiros; nomeou-os para incontáveis cargos públicos; permitiu que chegassem a cargos de el eição popul ar ; des militarizou reg iões inteiras como EI Caguán; suspendeu muitas operações militares contra os grupos terroristas; indultou os crimes cometidos por estes; processou e prendeu milhares de integrantes das Forças Armadas com base em rumores e falsas acusações lançados por uma insidiosa e mal intenciónada força política que a partir dos mai s altos esca lões judiciai s se dedica a fazer guerra à Polícia e ao Exército a fim de parali sar e desmoralizar as Forças Armadas, que têm o dever de combatê- los .
O impressionante poder da música E sta
entl'evista com o n1úsico e compositor norte-americano Philip B. Calder ajudará o leitor a discernir entre a boa música e aquela que deve ser chamada conjunto de r'uídos. A partir de uma perspectiva católica, descubra por que a boa música constitui uma reílexão a r'espeito da ordc1n criada por Deus.
N
ascido em Pittsfield, Massachusetts (EUA) , Philip Calder já exibia grande talento musical aos sete anos, quando iniciou aulas de piano . Completou sua primeira composição aos 11 anos, e aos 13 tornou-se um dos alunos favoritos do compositor e maestro de renome internacional , John Duffy. Em seguida passou a participar do famoso festival de música Tanglewood. "Philip era uma cri-
Philip Calder -
ança-prodígio, meu melhor aluno" - disse Duffy.
Um novo Cag11á11 Oll(le o liltw·o da Colombia
se negocia
Regressaremos aos oprobriosos dias em que o Estado era destruído por uma guerri lha que enquanto fa lava de paz na · mesas de negociação empunhava armas em todas as cidades da Colômbia? Não o sabemos. Mas se fo rem comet idos os mesmos erros do passado, é ev idente que até lá chegaremos de novo, com a cumpli cidade de todos aqueles que hoj e aplaudem este novo processo com entusiasmo incondicional. E les supõem que desta vez o governo e a guerrilha atuam de boa fé, quando é ev idente que este honrado princípi o de negociação foi o primeiro desterrad o de todos os processos anteriores, e o será também, muito provavelmente, do atual. Agora não estaremos entregando El Caguán, um pedaço de 40.000 km 2 de um território silvestre afastado dos po los de dese nvolvim ento da Colômbia, mas al go que terá consequências ainda m ais trágicas . Dando as costas à op ini ão pública, envolto em misteri oso segredo e com o aplauso incondicional de muitos detentores de autorid ade política, econômica e reli giosa, pretende-se desenhar um novo Estado segundo as exigências da subversão marxista. Em troca de
uma suposta paz, não se entrega um pequeno território, mas o futuro da Colômbia!
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No Conservatório de Música
Julius Hartt, Calder estudou com o mestre de piano Leo Rewinski , § e depois órgão com Ernest O Nichols, discípulo altamente considerado do lendário Virgil Fox. Compositor de centenas de obras para piano solo, conjunto instrumental e orquestra, Philip Calder tem-se apresentado nos hemisférios ocidental e oriental como organista, pianista e maestro, incluindo aparições de destaque no Carnegie Hall e com a Metropolitan Opera. Um dos membros fundadores da Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, Philip Calder atualmente leciona na Calder Academy of Music, em São Francisco, Califórnia.
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O sorridente Juan Manuel Santos (esq.) seguirá os passos de Eduardo Frei (dir.), convertendo-se no "Kerensky colombiano"?
Co mo cató licos, ao terminar estas considerações nos di ri gimos à augusta presença de Nossa Senhora de Chiquinquirá, insigne Padroeira da Co lômbia. Suplicamos-Lhe não permitir que nossa Pátria sej a demolida por uma min oria marxista que durante décadas a traumati zou com seus cri mes e sua ação terrorista, e que com o beneplácito do governo pretende impor-nos sua tirania sob o pretext 111 ntiroso de que é a única forma de conseguir a paz. Bogotá, 19 de outubro de 20 12 Sociedad Col ombiana Tradición y A ·ción
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Catolicismo - O que o Sr. poderia dizer de um modo geral SQbre a natureza da música e as suas influências?
l'hili1J Cal<lcr: "São João Cl'isóstomo <lisse que a música /'oi ÍIJl!Cllta<la 110 Céu; e <111e se o homem fosse 11111 músico, sê-lo-ia por r evelação do Espfrito Santo. "
A música foi, através cios séculos, uma elas artes mais elevadas e talvez elas mais abstratas, no sentido ele que se pode ouvi -la, mas não apa lpá-la. Por sua natureza ela é muito impalpável, etérea e abstrata. Entretanto, move-nos profundamente, atingindo nossos corações e nossas almas. Na Igreja primitiva, São João C ri sós tomo di sse que a música fo i inventada no Céu, e que se o homem fosse um mú sico, sê- loia por revelação cio Espírito Santo. Podemos traçar a origem ela música a partir do começo ela humanidade. Desde os primeiros tempos, o homem sempre desejou se expressar através elas mais diferentes artes. E a maioria de nós, músico ou não, j á tentou cantarolar uma melodia ou encontrar um tom, que são as primei ras tentativas de um a composição mu sica l. H á muitas passagens no Antigo Testamento onde instrumentos musicais co mo a harpa e a lira aparecem, e o Rei Davi é citado ca ntando, acompanhado de instrumento musical. Os gregos antigos estão entre os descobridores elas sete escalas, as quai s foram mais tarde usadas pela I greja Católica na fo rm ação do Can to Gregoriano. Portanto, desde o início, podemos ver o importante lugar ocupado pela música na vicia cio homem na Terra. Catolicismo - Como a música se desenvolveu durante a esplendorosa Civilização Cristã da Idade Média? Philip Ca/der - A música é um componente básico da influência salvífica e maravilhosa ela l gre-
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ja Católica, que sempre vi sou não somente apresentar às pessoas a verdadeira Reli gião, mas também a formar uma civili zação inteira. De o nde o desenvo lvimento de todas as artes e ofícios que, sob a influênci a da Igreja, prosperaram cada vez mai s rumo ao alto. Pensamos imediata mente no Canto Gregoriano, codificado pelo Papa São Gregório I no século VI. De fato , esta música fo i a que mai s se desenvolveu durante a Idade Média. Nunca igualado, o Canto Gregoriano a serviço da sagrada liturgia expressa muito a unidade de Deus. No âmbito secul ar, a música não foi muito desenvolvida, embora encontremos no sécu lo XIJI, durante a Idade Média, o belo exemplo da música para a coroação do Rei São Luís IX, em 1226, a qual poss ui duas linhas mu sica is muito claras. Ex iste a linha principal e uma de acompa nhame nto, que é o iníci o de um tipo de harmonia. Catolicismo - O pensador católico Plinio Corrêa de Oliveira explicita três profundidades na Revolução: nas tendências, nas ideias e nos fatos. Que papel a música pode exercer em tudo isso? Philip Calder - Para responder a essa pergunta importa compreender o que o Prof. Plínio quer dizer com essas três profundidades, a mais ap li cável das quais, no caso da música, é a primeira: as tendências. Sua tese é a de que, caso haj a um ambiente como o de uma sa la, em se tratando de uma casa, o u talvez de uma praça, se fo r uma cidade, o tipo de estrutura e o modo como ele é decorado afetará os movimentos de alma das pessoas que ali estive rem. E se e m tal ambi ente tivermos uma música tocando, as características dessa mú sica influenciarão o modo de reagir das pessoas. A análi se do Prof. Corrêa de Oli veira mostra que a tendência precede a ideia. A pessoa é mov ida a ter uma tendência em uma ou outra direção, e isto usualmente precede uma ideia consc iente que a pessoa tenha; e, uma vez obtida a ideia, esta por sua vez precederá um ato, um fato ou um acontecimento atual. O movimento nas tendências precede normalmente a tudo, e é onde a música e ntra nesta equação. A música pode ser muito boa, muito má, ou inte rmed iária. A música que é mu ito boa tende a influenciar um movimento de alma para as coisas boas. Se a música não for boa, tenderá a influenciar as pessoas na direção errada. E ass im , co mo mostra o Prof. P líni o, a Revolução - no sentido da palavra como ele a explicitou em sua obra Revolução e Contra-Revolução - usou com muito sucesso todas as artes, movendo a humanidade de uma decadência a outra. A música não esteve na
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Anjo Músico: Fra Angélico (séc. XV)
primeira linha deste processo porque teria ainda que se desenvolver longamente após a Idade Média. Mas gradualmente, à medida que a música começou a decl inar e tornar-se mais revolucionária em vários de seus aspectos, ela passou para a primeira linha, a fim de, pelo seu poder de expressão, influenciar as pessoas e m uma ou outra direção. E o que a torna tão poderosa é o fato de que, sendo mais abstrata, ela fala ao aspecto subliminal de nossas almas, numa área onde podemos ser influenciados inclusive sem nos darmos conta. A música pode ser efetivamente maravilhosa para mover as pessoas ao bem, como também pode ser efetivamente devastadora para movê- las ao mal. Catolicismo - O Sr. julga que a música está hoje na linha de frente da Revolução? Philip Calder - Ela está indubitavelmente na vanguarda e, desculpe-me di zê- lo, de modo muito negativo. Uma das principais razões pelas quais isso aco ntece é que geralmente as pessoas não estão acostumadas a anali sar suas reações diante das coisas. E las tendem apenas a reagir. Se o Sr. reage a algo sem se perguntar por que está reagindo daquele modo, poderá ser conduzido muito longe por um caminho não desejado.
"A música que é boa tende a in/1uencia1' um movimento de alma JJara as coisas boas. Se a música não boa, tenderá a . influenciar ,,a dirnção errada"
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Catolicismo - Um dos aspectos mais venenosos da Revolução é o seu desejo de igualdade total. A música pode desfazer essa ideia e revelar a harmoniosa desigualdade da ordem criada por Deus? Philip Calder - Antes de eu ter o privilégio de e ncontrar e conhecer o Prof. Corrêa de Oliveira, sempre tive uma noção clara de por que eu gostava de uma determinada música. Mas todo o raciocínio mais profundo fo i influenciado pelo muito esclarecedor estudo de seu li vro Revolução e Contra-Revolução, aplicado à hi stória da música. Um dos exempl os que gosto muito de usar é aquel.e famoso de uma peça que demonstra irrefutavelmente como a ordem posta por Deus no universo destinava-se a estabelecer uma desigualdade harmoniosa. Transmitem-nos repetidamente aquele preceito nocivo e venenoso de que tudo tem que ser igual em todos os níveis e em todas as frentes . Simplesmente, não é verdade. Deixemos que fale por si o primeiro movimento, ou Allegro , da Sonata para pi ano em dó maior, K. 545, de Mozart. E ta é a sua mai s famosa sonata de piano. Quem estudou pi ano e chegou a um certo grau de reali zação, será capaz de tocá-la. Sua melodia está na mão direita, e o acompan hame nto na esq uerda. Usando-se apenas a mão direita, torna-se perfeitamente evidente
que ela controla a melodia. Mas, caso se toque somente o acompanhamento com a mão esquerda, é bonito, mas será tão-só a figuração repetitiva de algumas cordas, tornando-se rapidamente aborrecido. Entretanto, caso se toque apenas a melodia, se verá que ela ficará menos bela do que se tocada com o acompanhamento, isto é, simultaneamente com as duas mãos. Embora a melodia seja superior, ou mais elevada, do que o acompanhamento que a apoia, o conjunto é maior que as partes. O acompanhamento não é esmagado nem posto de lado pela melodia, mas ambos trabalham perfeitamente juntos. O acompanhamento apoia e eleva a melodia, e esta, por sua vez, eleva o acompanhamento. Juntos, são um perfeito exemplo de desigualdade harmônica. Podemos mostrar assim que é simplesmente falaciosa a ideia de que todas as coisas deveriam ser inteiramente iguais. Catolicismo - Portanto, poderíamos dizer que Deus pôs a Sua assinatura na desigualdade harmônica do mundo do som? E a que extensão os músicos revolucionários de nossa época levaram a negação desse mundo hierárquico? Philip Calder - Há aqui duas questões diferentes, embora muito relacionadas. Existe um grande número de exemplos mostrando como Deus pôs a sua assinatura no mundo hierárquico do som. Se tomarmos qualquer som musical em qualquer instrumento, o ouvido humano ouve aquele som. Mas a física mostrou que quando aquele som está vibrando, há na realidade quinze outros sons, inaudíveis ao ouvido humano, que estão soando mais alto ao mesmo tempo. Isso é chamado série de som harmônico. O padrão é sempre o mesmo. Sem ser muito técnico, começa-se com o tom determinado, e com o tom número dois, que é o primeiro desses outros 15, uma oitava. Tem-se assim um Dó - o próximo tom será um Dó. O terceiro será o Sol acima deste. O quarto será o Dó acima do Sol. Como se verá, existe aqui uma ordem. Todos aqueles primeiros tons básicos estão na mesma clave. Não se terá um Dó, um Dó-sustenido, um Sol-sustenido e um Sol-bemol, porque esses não seriam tons simpáticos. Deus pôs nisso a Sua assinatura, porque Ele construiu a natureza, a qual inclui, é claro, a ciência do som. Apenas descobrimos as coisas feitas por Ele. E é interessante como esta série de sobretons tem um nexo definitivo com a religião, com a doutrina católica, porque o tom que é dado poderia ser como o mundo visível. Os 15 outros tons são o invisível. As pessoas sem fé dirão: "Do quê você está falando? Isso não existe!" Mas sabemos
Líder da banda de rock pesado KISS
"A música pode
ser efetivamente maravilhosa para mover as pessoas ao bem, como também pode ser efetivamente devastadora para movêlas ao mal"
que existe. Os anjos aí estão, e os sobre-tons também. Outro exemplo, ainda sobre a "assinatura de Deus", poderia ser a escala comum, porque Ele fez a escala, a escala maior. Nós vemos mais facilmente a escala maior nas tecl as de Dó a Dó. Apenas as teclas brancas. Agora, qualquer pessoa que 01..1ça, ainda que não tenha nenhuma experi ência musical, dar-se-á conta de que isso tem uma certa retidão. Caso se comece pelas oito teclas brancas e de repente vai do Mi ao Si sustenido e ao Si bemol, para terminar no Ré bemol, a pessoa dirá: "O que você está fazendo? Por que fez isso? Não combina". Assim, aquela série de claves possui uma ordem interna. Ela fala por si só. A prova está no som. Agora, quanto à segunda parte da questão, os velhos mestres compreenderam isso de diversas maneiras e construíram suas grandes estruturas musicais, um arcabouço que poderíamos chamar de "verdades musicai s". Ningué m escreve uma sinfonia em dó maior e a termina e m B maior, porque isso destoaria da própria identid ade da peça. O Si maior é um belo acorde, mas não se termina uma sinfonia em Si maior. Com o tempo, os compositores e ncontrara m outros modos de modular, indo de uma clave para outra, e depois voltando. Iniciando em um lugar, executando uma enorme variedade e voltando ao principal, os maiores compositores reafirmava m assim verdades fi losóficas, bom senso, equilíbrio, justeza e simetria. Se não o fizessem, se produ ziria um deslocamento, causando uma inquietação profunda no ouvinte. Seja como for, à medida que o tempo passava e a Revolução ia avançando e separando o homem de Deus, os músicos modernos - como também os pintores, escultores e arquitetos - se infectavam com a ideia de fazer algo completamente diferente. Tornaram-se menos humildes e incapazes de construir aproveitando e incrementando as grandes composições do passado. Todos os mestres do passado, em qualquer de suas grandes atividades artísticas, introduziria m as coisas boas que tinham sido feitas antes. Na música, se não tivesse existido Palestrina, Corelli , e todos aqueles grandes mestres, não teria hav ido Bach e Handel. Não há saída. E certamente não teria existido Mozart. Mozart não saiu do nada e de repente começou a escrever sua música. A ideia moderna de igualdade total , e de que todo mundo deve ser independente, deu aos músicos a noção de que ou eles faziam algo tota lmente diferente do que já fora feito, ou não teria nenhum valor. No século XX, essa idei a chegou a um parox ismo. Por exemplo, Arnold Schõnberg veio com a tal ideia que chamou de "regra dos 12 tons". E le
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não inventou esses 12 tons; o que fez foi excogitar uma regra arbitrária, dizendo que ao escrever música não se pode reutilizar qualquer um dos 12 tons e nqua nto não se tiver usado todos os o utros. Isso foi algo não apenas a rbitrári o, mas fata l para qualquer trabalho reconhecido de música, porque e m qualquer gra nde peça de música, até mes mo e m uma canção, há essa bonita progressã~ repetida. Assim, é natural que ouvindo um a bela música, a alma humana di ga: "Eu quero o uvi-la novame nte".
Catolicismo - O que a Revolução tem a ver com isso? Philip Calder - Dizer que a lgo deve ser completamente diferente e nun ca mai s volta r, altera a noção de o rde m. Assim , nessa regra de 12 tons, os compositores começaram a di zer que a re lação e ntre os acordes de que falamos deve ser completamente negada. Em outras palavras, não há orde m, hiera1·qui a, desigualdade, não há nada. Se tudo fo r redu zido ao mesmo plano e m qualquer esfera, como disse o grande Santo Tomás de Aquino, nunca se encontrará a Deus. Só se encontra a Deus no áp ice de uma lo nga série hie rárquica ascensional. E para se obter uma hierarqui a de coisas, é preciso que elas sejam desiguais. Se forem iguais, não se pode distingui-las. Nada tem preeminê ncia sobre o utra coisa qualquer, nada serve a nada, tudo tem seu próprio começo e fim , há um cola pso total. Isso foi o que aconteceu na soc iedade, e também na música. Os músicos do sécul o XX e nlo uqueceram ao tentar novas maneiras de faze r as coisas. O resultado final do que e les fa zem é o caos, que é o oposto absoluto da e no rme o rde nação da c ivili zação e das artes que a Igrej a sempre realizou. Catolicismo - O Sr. poderia nos indicar um modo de analisar objetivamente uma peça musical, para se saber em que medida ela é boa ou má? Philip Caltler - Graças à sabedoria luminosa da Igreja Católica, há coisas que podem nos aj udar. É c laro que temos que ap licar essas coisas à música. Uma delas é o que em filosofia se denominam os quatro atributos do ser. Se anali san~1os qualquer ser na c ri ação de Deus e que o homem tenha fe ito de bom, e la terá estes qu atro atributos: unum , verum, bonum e pu.lchrum . O unum significa a uni c idade de algo. Tudo que é bom e reto tem uma unidade. Não se vê uma rosa brotar do tronco de um carvalho. A árvo re possui sua própria unidade. Analogamente, numa boa peça de mú sica é possível perceber como as diversas partes se o r-
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CATOLICISMO
Orquestra Sinfônica (detalhe)
"Os llllÍSiCOS lllOCICl'JlOS COlllO ta111bém os pintol'cs, esculto1·es e al'quitetos - se infectavam coJn a ideia de fazei' algo completamente clil'ercn te "
denam para formar um só todo. Se alg uma coisa desfizesse abruptamente aq uela unidade, e la qu ebrari a o unum, a unidade. A segunda qualidade, o verum, é a veracidade. Tudo na c ri ação de De us tem e m si a verdade, tem um mo tivo certo para ex istir. E assim, qualquer coisa de bom que o home m faz re fl etindo a ordem de De us possui este veru.m.. Um bom trabalho de música, bem como nas outras artes, te rá uma veracidade, um pro pósito verdadeiro, uma boa fina lidade. O bonum é a bondade. Tudo qua nto Deus fez no Universo tem bondade. As obras que o home m faz que são boas, isto é, agradáveis aos olhos de Deus, têm um a razão de ser. Por exemplo, uma boa peça de mú sica estará comple tame nte fora de lugar numa discoteca. A quarta qualidade é o pu.lchrum, que significa beleza. E o que os grandes filósofos católicos mostram é que, tendo-se os três primeiros, isto é, o unwn, o verum e o bonu.m, têmse as condi ções para que ex ista a beleza. Se um a da três primeiras es tiver faltando, não se terá a quarta. É por isso que pode ser muito enganosa a fa mosa frase de que "a beleza está nos olhos de quem o lha", pois se o espectador não se baseia em princípios verdadeiros, poderá ter uma ide ia distorcida do que é a beleza. Há também o utro ponto que ve m dos teólogos católicos. Santo Tomás explicita o que ele c hama de as três fac uldades da alma: inte li gência, vontade e sensi bilidade. A inteligência dá ao entendime nto a capacidade de analisar e captar algo. Se essas fac uldades estive re m em ordem, a inte ligência ilumina rá a vontade, a qual lavará a pessoa a desejar as coisas que a inte ligê nc ia mostrou sere m boas. A mai s baixa das três fac uld ades é a sensibilidade, isto é, a mane ira como a alma responde aos estímul os exteriores. Aqui estamos fala ndo de música. Assim, o modo como a nossa alma responde a uma série de sons di z respeito à sen ibilidade. Se a inte ligência e a vontade estiverem ordenadas, encontrando-nos di a nte de um a série de so ns considerados questionáveis a vontade ordenará à sensibilidade da alma para rejeitála. Se a nossa in tel igência e vontade não fizerem o que devem, deixarão o caminho livre ao domíni o da sensibi lidade. O que a Revolução fez grad ualmente fo i inve rter essas três potências da a lma, acostumando as pessoas a não usar a inte ligência para chegar ao até o fundo de algo. Quanto menos se usar a inteligência, tanto me nor será a ca pacidade da vontade para discernir. Isso explica por que todo esse processo gradual desenvolvido no decurso de um extenso período de tempo resulto u no que te m sido c hamado de "c ivili zação da imagem". Esta abrange imagens
não some nte fís icas e palpáveis , mas imagens de sons; a pessoa gos ta de um som ou de outro porque seus amigos o apreciam, não fazendo e la qualquer análise ou rejeição consciente. Isso foi o que aconteceu em nossa era moderna, e m que isso fi cou totalmente fora de controle. No contex to desta e ntrevista, as pessoas precisam começar a medita r sobre uma peça musical e perguntar: "Por
Joseph Haydn (1732-1809) examina uma de suas obras
que eu gosto dis10? Como esta peça m.usica/ se desenvolve segundo os quatro atributos do ser? Será que o compositor ou inlérprete tem as faculdades de sua alma ordenadas, ou já foi tudo totabnente invertido?". Se as pessoas adquirire m o hábito de proceder ass im, passa rão a fazer um a abo rdagem mais obj etiva da música qu e a precia m, não se cingindo a di zer simples me nte qu e gostam , pois isso não é sufic iente. Eu não qu ero dar aqui a ideia de que todas essas coisas são ou pre to o u branco. Não, há graus intermediári os. Até que ponto se pode ir ad ia nte com algo que te m graus indesejáveis a ntes de dizer: "É ,isso"? Quanto mais uma pessoa pude r colocar essas coisas em foco, tanto mais sua alma crescerá, sua vida inte ri o r crescerá, e suas preferências irão se refinando. Há prefe rê nci as na música.
Catolicismo - Uma questão colateral': os bons frutos musicais podem ser produzidos em sociedades existentes apenas na ordem natural? Philip Calder - Os gra ndes esfo rços mi ssio nári os católicos através dos tempos têm mostrado qu e, quando a Igreja atinge os povos de todas as origens, Deus, o Pai de todos, nunca abando na ning ué m . Nos bilhões de pessoas que De us crio u desde o iníc io, pode-se ver um número infinito de graus, úni co cada qual. Deus não deixará de dar a cada um, e m qualquer níve l que esteja, os meios para O conhecer. Uma das maneiras de a Igreja nos mostrar como Deus se revela é através dos Dez Mandame ntos. No entanto, mesmo e m povos primitivos que nunca ouv iram fa lar nos Dez Mandame ntos, es tes estão inscritos em seus corações. Todo home m sabe o que é certo e o que é errado. As sociedades - para aq ue la desenvo lvida pela Igreja e u prefiro reservar o termo "civilização" que não se be neficiaram da influênc ia sobrenatural da Igreja, mas que existiram apenas na ordem na tural , terão todas essas coisas e m diferentes graus. Por exemplo, uma das mais antigas sociedades, a da C hina, mes mo sem a influência civ ilizadora e salv ífica da Igreja, fez muitas coisas bonitas. É claro que hav ia deso rdens, mas os chineses tê m grande refi namento e inte ligência, além de um grande apreço pela beleza.
"Para os que não co11llecem as gl'all(les obraspl'iJnas do passado, gostaria de encorajá-los a se ap1·otimdare111, a fim compl'eenderem aquela que esUío ouvindo"
C hega ndo agora ao ponto específico da música, cito o exemplo de um instrumento que eles desenvo lveram, o erhu (pronuncia-se arhu ). Composto de cordas e de um arco, parece que os c hineses o desenvolveram depois de ve re m um alaúde, que é um in strume nto de cordas de o ri gem e uropeia. Na sua ga ma, o erhu é quase idêntico ao violino. Ele te m apenas duas cordas, que são a do Ré ac ima do me io Dó, e a cord a Lá ac ima dele. O violino te m a no ta Sol abaixo do me io Dó, e em seguida, as mesmas duas cadeias médias e supe rio res à co rda Mi . Agora, a diferença de som é muito interessante. O erhu é muito expressivo do povo chinês, tem um som muito bo nito, quase refletindo o modo como eles cantam. Durante um lo ngo tempo, até por volta de 30 a nos atrás, o erhu fo i mai s do que um tipo de instrume nto popular, fo lcló rico, se comparado com alg um outro instrume nto capaz de grande virtuosismo. M as é inte ressa nte que os c hineses agora votam ime nso amor e ad miração pela cultura e a música oc ide ntal, moti va ndo-os a começar a apre nde r os nossos instrume ntos musicais. Eles se revelaram extrao rdin ários na sua capac idade musica l, de tal modo que nossos estudantes de música podem admirar o gra u de perfeição que os c hineses tê m ating ido, principalmente com o violino. Agora, sob esse impulso, os tocadores de erhu desenvolveram e m duas cordas um e no rme grau de virtuosismo . Quase se poderia di zer que eles consegue m fazer o qu e faz um violino. O que é di zer muito.
Catolicismo - Considerando o vasto universo da música que discutimos aqui, quais seriam resumidamente os seus comentários? Philip Calder - A música te m gra nde impo rtânc ia para todos nós. A maio ri a das pessoas é movida por algum tipo de música. Tudo e m nosso ambiente nos influencia de urna forma ou de o utra. Por isso, as artes, a decoração, a mane ira como fa lamos, nossas roupas, e assim por di ante, tudo é relevante. A mú sica, corno tentei mostrar, nos influencia muito profundamente. É difícil explicar po r que e la nos afeta tanto. Por isso é essencial que todos comecem a analisar o tipo de música de que gosta m, para tentarem determinar por que gostam, pois se o fizerem, se beneficiarão moral e espiritualme nte. Jsso leva um certo te mpo, porque a música não é uma ciência matemática. Para os que não con hecem as gra ndes obras-primas do passado - a gra nde música de Palestrina, por exemplo -, podemos dizer que um mundo marav ilhoso os es pera. Então, eu gostaria de e ncorajar forteme nte todos a se aprofundare m na música, a fim de compreenderem aq uela que estão o uvindo. •
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DESTAQUE
"Caro Papa: Acolhei no Vaticano os muçulmanos convertidos a Jesus" M ensagem do eurodeputado Magdi Cristiano Allam ao Papa Bento XVI, publicada no "Il Giornale" de Roma em 15-10-12
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eço ao Papa que teve a coragem de conceder-me o batismo, vencendo o medo da vingança islâmi'ca e a resistência interna da Igreja, de acolher-me j unto com uma delegação de muçu lmanos convertidos ao cristianismo na Europa e no mundo. A ideia, que eu aceitei imediatamente com entusiasmo, é de Mohammed Christophe Bilek, franco-argelino que fundou a associação Notre Dame de Kabyla. Através do site www.notredamedekabylie.net, ele promove uma missão para a conversão dos muçulmanos ao cristianismo por meio de um diálogo baseado na certeza da nossa fé e na exortação constante de Jesus : "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16: 15- 18). Embora o fenômeno esteja envolto na discrição, tornando, portanto, difíci l informá-lo com certeza, pode-se afir-
mar a partir de diversas fontes que seriam muitíssimos os muçulmanos que abraçam a fé de Jesus Cristo. Em 2006, entrevistado pela [televisão] AI-Jazeera, o xeque Ahmad al-Qataani deu estes números: "A cada hora, 667 muçulmanos se convertem ao cristianisrrw. A cada dia, 16 mil muçulmanos se convertem ao cristianismo. A cada ano, 6 milhões de muçulmanos se convertem ao cristianismo". Falando ontem em Paris, Bilek disse que até na Arábia Saudita, berço do Islã e reduto dos dois principais lugares de culto islâmico, haveria 120.000 muçulmanos convertidos ao cristianismo. Os dados de 2008 indicam que os muçulmanos convertidos somavam 5 milhões no Sudão, 250 mil na Malásia, mais de 50 mil no Egito, de 25 a 40 mil no Marrocos, 50 mil no Irã, 5 mil no Iraque, 10 mil na Índia, 10 mil no Afeganistão, 15 mil no Cazaquistão e 30 mil no Uzbequistão.
Magdi Cristiano Aliam
Magdi Allam recebe a comunhão das mãos de Bento XVI
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CATOLICISMO
Nascido no Cairo (Egito) em 1952, de pais muçulmanos, Magdi Aliam estudou com os padres salesianos. Emigrou em 1972 para Roma, onde se licenciou em sociologia pela Universidade La Sapienza. Trabalhou nos jornais "li Manifesto", "La Repubblica" e "Corriere della Sera", do qual foi vice-diretor. Considerado um dos muçulmanos mais influentes da Europa, recebeu ameaças de morte por suas posições contrárias ao terrorismo islâmico. O conceituado jornalista é autor de uma dezena de livros. Estudou longamente o cristianismo e convenceu-se de sua veracidade. Em 23 de março de 2008, durante a cerimônia da vigília pascal, recebeu na Basílica de São Pedro o batismo das mãos do Papa Bento XVI - ocas ião em que acrescentou Cristiano a seu nome. Sua conversão ao catolicis mo teve repercussão mundial. Atualmente, Magdi Aliam é deputado do Parla mento Europeu e preside o movimento político, por ele fundado em 2011 , lo Amo rttalia (Eu amo a Itália) .
Estive em Paris neste fim de semana, para pronunciar uma palestra intitu lada "A Europa e suas raízes face à perseguição da cristianofobia", organizada pelas associações Tradição Família e Propriedade, presidida por Xavier da Silveira, e Chrétienté-Solidarité, fundada por Bernard Antony. Era o dia seguinte ao anúncio da atribuição do Prêmio Nobel da Paz à União Europeia. Que escândalo, no momento em que a União Europeia está alinhada na Síria aos extremistas islâmicos que estão perpetrando ao pé da letra um genocídio contra os cristãos! No fim da tarde, na praça em frente à igreja de Santo Agostinho, junto com um argelino berbere que também se converteu, participei de uma vigília de oração e so lidariedade aos cristãos perseguidos. Em meu di scurso, ousei fazer esta previ são: "Quanto mais vou adiante, mais olho em volta, mais valorizo tudo, mais estou convencido de que o futuro da civilização laica e liberal, da democracia e do Estado de Direito, vai depender de sua capacidade de tomar distâncias em relação ao Islã enquanLo religião, sem discriminar os muçulmanos enquanto pessoas. "Eis por que fico cada vez mais convencido de que seremos salvos pelos cristãos que fugiram da perseguição islâmica. Só quem já experimentou pessoalmente a tirania islâmica saberá convencer o Ocidente sobre a verdade do Islã. '"Aqueles que se mantiveram firmes na fe de Jesus Cristo derrotarão o Islã, salvarão o Cristianismo neste Ocidente descristianizado e salvarão nossa civilização. Obrigado, Jesus". E, imediatamente após a minha palestra, diante de 500 pessoas que testemunham a resistência do cristiani smo, Bilek me fez o convite para promover uma associação que reúna os muçulmanos convertidos ao cristiani smo em toda a Europa. Para mim , a ideia de ser classificado de "ex"-muçulmano verdadeiramente não me agrada. Sinto-me e quero ser considerado exclusivame nte cristão, do mesmo modo que sou orgulhosamente italiano, e mbora de origem egípcia. Mas faço meu o conteúdo da mensagem: é preciso dar à luz uma instituição que encoraje os muçulm anos a superarem o medo, para serem batizados publicamente, para viverem abertamente sua nova fé . Nós doi s estamos cientes de que o verdadeiro problema provém dos cri stãos natos, porque e les são os primeiros a terem medo. São inúmeras as denúncias de muçulmanos que gostariam de receber o batismo, mas que sofrem a recusa de padres católicos, os quais não querem violar as leis dos países islâmicos que proíbem e punem com pri são - e por vezes com a morte - tanto q uem faz o trabalho de prosei itismo como quem incorre no "crime" de apostasia. É paradoxal que enquanto as igrejas vão se esvaziando cada vez mais, a ponto de serem colocadas à venda e acabarem se transformando em mesquitas, a [greja bloqueie a conversão de muçu lmanos ao cristiani smo. É por isso que apelo ao Santo Padre: acolha no Vaticano os convertidos ao cri stiani smo, a fim de e nviar uma mensa-
gem forte e clara a todos os pastores da Igreja em favor da evangelização dos muç ulmanos. Serão eles que nos libertarão da ditadura do relativi smo re ligioso que nos obriga a leg itimar o fs lã, que restaurarão entre nós a fé sólida na verdade e m Cristo, e que sa lvarão a nossa civilização laica e liberal que, gostemos ou não, está baseada no cristianismo. •
Igreja católica destruída, num ataque de fanáticos muçulmanos na Nigéria (África)
COPTIC CHILDREN ARE FORCED TO LEAVE THEIR FAMILIES ANO
CONVERT TO ISLAM Because the Law says Muslims are better than Christians Protesto contra a coação de crianças e famílias coptas no Egito para "converter-se" ao islam
A mão de um martirizado segura um crucifixo. Perfeito símbolo do martírio cristão nos dias de hoje ...
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CAPA
"Nesta luz havia o anúncio da hora da EncanuJfão, a promessa implícita da Redenção tão esperada, e da nova era que começou para o mundo com o incêndio de Pentecostes.
Nas trevas "de nmundo yagão, quando menosse yaisava e onde menos esyerava, uma luz muíto ra se acendeu
É o esplendor dessa luz., inaugurando nas trevas uma aurora que triunfa/mente se trans, formou em dia, é o cântico de surpresa e esperança diante dessa renovação sobrenatural, o anelo e o antegosto de uma ordem nova baseada na fé e na virtude, que os fiéis de todos os séculos se comprazem em considerar, quando seus olhos se detêm no Menino-Deus deitado na man,jedoura, a sorrir enternecido para a Virgem-Mãe e seu castíssimo Esposo".
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Sob o título "Hodie in terra canunt angeli, úetantur archangeli; hodie exsultantjusti" (tradução no título ao lado), o artigo que segue foi estampado em Catolicismo na edição alusiva ao Natal de 1957. Decorridos 55 anos, ~mbora o latim de seu título esteja infelizmente muito esquecido, a matéria mantém-se atualíssima. Com algumas pequenas alterações, quase se poderia dizer que foi redigida para o Natal deste ano. O nascimento do Menino-Deus é uma celebração perene. Será comemorado até os fins dos tempos, e por toda a eternidade no Céu junto ao Divino Redentor, que - tendo se encarnado no seio puríssimo da Santíssima Virgem - para nos salvar veio à Terra na sublime noite do primeiro Natal. "Uma luz brilhou nas trevas!".
~~noje na terra 00 anjos cantam, os arcanjos se alegram; boje os justos se rejubilam" n PuN10
C oRRÊA DE OuvE1RA
na
liturgia, a festa do Natal ocupa certamente um lugar considerável. A piedade dos fiéis dela fez uma das datas mais relevantes do ano. E isto por várias razões. O nascimento do Salvador constituiu em si mesmo uma honra de infinito valor para o gênero humano. Poderia o Verbo de Deus unir hipostaticamente a Si algum dos anjos mais santos e rútilos das alturas celestes. Pelo contrário, preferiu ser homem, fazer-se carne, pertencer por sua humanidade à descendência de Adão. Dom absolutamente gratuito, para nós nobilitação de um valor inefável, ponto de partida histórico de outros dons, também eles insondáveis.
No "pífogon áo munáo, o nascimento áo Reáentor A Direção do Catolicismo
Assim, na previsão de que o Verbo se encarnaria, já a Providência criara um er que continha em si perfeições maiores que as de todo o universo reunido, e para Ele suspendera a suces ão hereditária do pecado original. Dos méritos previstos da Redenção, se alimentara a virtude de todos os justos da antiga lei. Mas essa multidão de eleitos estava sentada "às pottas da morte" (SI. 106, 18), à espera de que se imolasse por todos nós o Cordeiro de Deus. E não eram só eles que esperavam parados. Por assim dizer, parada numa muda expectativa estava toda a História. No momento em que Jesus Cristo nasceu, o mundo conhecido vivia num período de epílogo. Florescera o Egito e, chegado a uma certa culminância, ruíra. O mesmo se poderia dizer dos outros povos: caldeus, persas, fenícios, citas, gregos e tantos mais. Por fim, os romanos estavam também a ponto de entrar no longo ocaso que, com períodos de decadência rápida, de estagnação mais ou menos prolongada, de efêmera reação, conduziu de Augusto a seu remoto sucessor e seu miserável homônimo, Rômulo Augústu lo. Todos estes impérios tinham subido suficientemente alto para atestar a profundidade e a variedade dos talentos e capacidades dos respectivos povos. Mas o nível mais ou menos igual a que todos se haviam alçado não estava à altura das aspirações das almas verdadeiramente nobres. Dir-se-ia que essas magníficas civilizações haviam deixado patente, não tanto o que tinham, mas o que lhes faltava, e a incurável incapacidade do talento, da riqueza e da força dos homens para construir um mundo digno deles.
Qyamío o Menino Jesus nasceu, osjustos eram os "mar!Jinais" Tudo isto constituía na Ásia, como na África ou na Europa, uma atmosfera irrespirável, que acrescia o tormento dos escravos em sua vida já tão miserável e minava secretamente os lazeres e os deleites dos ricos. Opressão imponderável mas onipresente, impalpável mas evidente, indescritível mas muito definida. O curso da História encalhara num lodaçal de corrupção, cheio de escombros do passado, no qual só as formas doentias de vida ainda se patenteavam.
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Assim, no terreno político, um fim de luta entre duas expressões de magogia: anárquica e arruaceira, ou militar e despótica. No terreno culturl o ceticismo religioso, a devorar as idolatrias antigas. No terreno internacional, as várias pátrias acabando de se deteriorar no recipiente do Império, para constituir esse moloch cosmopolita anorgânico em que Roma se transformou. No terreno moral, a depravação dos costumes dominando a existência quotidiana. No terreno social, o ouro arvorado em valor supremo. Para os bem-instalados, as coisas corriam aprazivelmente, na aparência. Mas em épocas tais, os bem-instalados são habitualmente a vasa moral e intelectual do país. E padecem, exatamente os melhores, os mil tormentos das situações imerecidas e inadequadas. Haja vista o quadro do povo eleito, no momento em que o Verbo se encarnou. Herodes cingira o diadema de Rei. De fato era, porém, um celerado, dos piores do reino, medíocre, cúpido, cruel, consciente instrumento do opressor para iludir os judeus com as aparências de uma realeza vã. Os sacerdotes eram, no que diz respeito ao espírito de fé, à sinceridade e ao desprendimento, a ralé da Sinagoga. A casa real de David vivia desprezada e na maior obscuridade. Os justos eram os "marginais" dessa ordem de coisas tão fundamentalmente má, que acabou por excluir de si e matar o Justo. Então, o que mais? Era o fim.
"A fuz hrifhou nas trevas" Pois foi nas trevas deste fim que, quando menos se pensava e onde menos se esperava, uma luz muito pura se acendeu. Nesta luz havia o anúncio da hora da Encarnação, a promessa implícita da Redenção tão esperada, e da nova era que começou para o mundo com o incêndio de Pentecostes. É o esplendor desta luz, inaugurando nas trevas uma aurora que triunfalmente se transformou em dia, é o cântico de surpresa e esperança diante dessa renovação sobrenatural, o anelo e o antegosto de uma ordem nova baseada na fé e na virtude, que os fiéis de todos os séculos se comprazem em considerar, quando seus olhos se detêm no Menino-Deus deitado na manjedoura, a sorrir enternecido para a Virgem-Mãe e seu castíssimo Esposo.
Munáo hodierno - semefhaní{l ann os temyos áoyaganísmo Também hoje, uma imensa opressão pesa sobre ~ós. É inútil tentar disfarçar a gravidade da hora, pondo em ação as castanholas e os pandeiros de um otimismo já agora sem repercussão. Com a única diferença de que temos em nossos dias a Santa Igreja, a situação do mundo é terrivelmente parecida com a do tempo em que ocorreu o primeiro Natal. Também entre nós o comunismo marca um fim. É o epílogo da decadência religiosa e moral iniciada com o protestantismo no século XVI. Nesse epílogo se esvai o mundo burguês, cada vez mais intoxicado de sincretismo, socialismo e sensualidade. E como se isto não bastasse, o sistema comunista acelera este processo de decadência, difundindo seus erros em todos os países. [Nota da Redação: hoje em dia o comunismo continua atuante, se bem que metamorfoseado sob formas várias de socialismo e de ecologismo; entretanto, na China, em Cuba, no Vietnã, na Coréia do Norte e no Laos, permanece em sua forma primeira]. Temos entre nós a Igreja, é verdade. Mas essa augusta e sobrenatural presença não salva, senão na medida em que os homens lhe aceitam a influência. Se a repelem, estão por alguns aspectos mais expostos ao castigo do que os
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próprios pagãos. Os judeus tiveram entre eles o Homem-Deus. Rejeitaram-no e foram punidos por uma ruína mais terrível e muito mais próxima que a dos romanos.
E a situação áa I9r9a em nossa poca? Ora, qual é a situação da Igreja em nossos dias? Temos vontade de sorrir, e mais ainda de chorar, quando alguém nos diz pura e simplesmente que é boa. É claro que, por alguns lados, essa situação pode ser dita boa. Mais ou menos como se poderia dizer, no Domingo de Ramos, que era grande o entusiasmo dos judeus para com Nosso Senhor. Mas dizer que a situação da Igreja é boa hoje em dia, no conjunto de seus aspectos, e tomados na devida conta os fatores positivos e negativos, há nisto uma afronta à verdade. Com efeito, só é boa para a Igreja a situação em que à cultura, as leis, as instituições, a vida doméstica e cotidiana dos particulares são conformes à Lei de Deus. Que tal não se dá hoje, nada é mais notório. Então, por que tapar o sol com uma peneira? Que os bem-instalados possam desejar a duração desta lenta agonia, é compreensível. Também os micróbios, se pudessem pensar, prefeririam matar lentamente sua vítima, pois a agonia desta é a opulência deles; e a morte dela será morte para eles também. Indivíduos que em geral não têm mérito para estar onde os ventos do caos os levaram têm todas as razões para desejar que não volte a ordem, pois nesse caso voltariam ao pó. Mas eles próprios não podem escapar ao mal-estar profundo do momento que passa, e não podem deixar de estremecer com os relâmpagos que se desprendem, sempre mais frequentes, da atmosfera saturada.
A voz áe Fátima -
renova no munáo as afegrias áo yrimeiro Nata[
No alto, porém, dessa montanha sagrada que é a Igreja, coroada pelo diadema régio com que lhe cingiu a fronte o Legado - tão querido dos brasileiros - que a piedade do imortal Pio XII para este ato constituiu, ergue-se a imagem maternal e melancólica de Nossa Senhora de Fátima. E de lá partem para o mundo opresso as claridades de esperança que lhe veio trazer a Rainha do Universo, claridades que suscitam entre nós esperanças análogas às que a Boa Nova despertou na humanidade antiga. Análogas, é dizer pouco. São claridades que brotam da Igreja, e, pois, de Jesus Cristo. Claridades que simplesmente prolongam e reafirmam as da primeira noite de Natal. "Por fim meu Imaculado Coração triunfará" - disse a Virgem em sua terceira aparição na Cova da Iria. Ó neopaganismo, mil vezes pior que o paganismo antigo, teus dias estão contados! Cairá o poderio comunista, e ruirá também a influência da Revolução gnóstica e igualitária no Ocidente. Nossa Senhora o disse. E diante d'Ela são impotentes todos os grandes da Terra e todos os príncipes das trevas .
A áerrota yara semyre "áo áemônio, áo munáo e áa carne" O triunfo do Imaculado Coração de Maria, o que pode ser, senão o reinado da Santíssima Virgem, previsto por São Luís Maria Grignion de Montfort? E esse reinado, o que pode ser, senão aquela era de virtude em que a humanidade, reconciliada com Deus, no regaço da Igreja, viverá na Terra segundo a Lei, preparando-se para as glórias do Céu? Neste conturbado ano, não pensemos em "sputniks" nem em bombas de hidrogênio, na noite de Natal, senão para confirmar nossa convicção de que Jesus Cristo venceu para todo o sempre o demônio, o mundo e a carne, e prepara dias da mais alta glória para sua Mãe Imaculada, que resplandecerão depois de provas terríveis. • E-mail para a redação: catolicismo@terra.com.br
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Diá(o o entre amua e o boi
"À meia-noite, depertou-os um som inusual Era o choro de uma criança. A jovem Senhora havia dado à (uz umji(ho".
' V ALDIS GRINSTEINS
H.
cerca áe áois mi{anos, estavam num está6ufo uma mufa e um Goi. Como ser191re acontece quando Gons amigos estãoJuntos, co,nentavam notícias Goas e más. Um tema fia6itua( era o temyo,yarticufarmentefrio naqude inverno, com as a6undantes nevadas -youcofrequentes, mas não anormais - yerto de Jerusa(ém. Outro tema fia6itua( era a quantidade de yessoas que haviam ~arecido na yequena Be(ém. Nunca tinham visto tanta gente junta. C(aro, uma vez que de Roma um edito de César Augusto mandara rea(izar um recensiamento, em que asyessoas deveriam ayresentar-se em seus (ugares de origem. Assim, numerosos judeus haviam se dirigido a este esquecido yovoadoyara a(; se inscrever. E em6ora alguns viessem ayé, outros se tranportavam em cavalos ou cameras. É comyreensívef que os fia6itantes do (ugar assistissem interessadíssimos a este ir e vir deyessoas. O que é comum , num yovoado tranquira, onde nunca ocorre nada. A (ém do mais, os recém-chegados eram em gera( yessoas que viviam ou em Jerusa(ém ou em outros (ugares mais interessantes do que ayequena Befém. E, como era fia6itua(, dryois de conversarem com os yarentes, as crianças e os Jovens se dirigiam aos estáGurasyara admirar os cavaras, touros, cameras, erifim, todos os animais considerados mais atraentes. Mas esse entrar e sair de crianças ejovens ocorria no estáGura ao (ado, e não naque(e onde se encontravam a mu(a e o Goi. Ninguém vinha vê-fos, sa(vo exc'!Pciona(mente alguém yara dar-(fies de comer e (evá-fos ao tra6a(fio. E am6os s,,portavam tudo isso sem ressentimentos nem comy(exos. Simy(esmente (fies yarecia que o mundo era assim. "Cfaro - dizia o Goi -, o que é que as crianças querem ver? E(as gostam da força, que tantas yessoas
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CATOLI C I SM O
"Como semyre acontece quando bons amigos estão juntos, a mu(a e o boi comentavam notícias boas e más. Um tema habitua( era o temyo, yarticu(armente jrio naque(e inverno, com as abundantes nevadas".
efogiam. Mas aforça a(iada à Gruta{idade. Por isso yreferem ver os touros, que com sua agressividade chamam a atenção dnqudes que imaginam que tudo se reso(ve yefaforça . E11tretanto, não as atrai o tra6a(fio, contínuo, regu(ar e 1no11ótono de arar os camyos, que eu rea(izo. E como, a(ém áo mais, os Gois são engordaáos yara serem sacrificados, isso é ainda menos atraente. Ninguém quer sa6er áe sncr!fícios, áe vida dura, áe tra6a(fio incessante". "É assim 111esmo" - comy(etava a mu(a . "Os cavaras, indômitos, q11e correm , que dão coices, que dominam ye(a vefociáade e crinmmn a atençãoyor sua Gefeza, estão no centro áas ate11ções. O mundo os admira. Mas o tra6a(fio que eu rea(;zo, como o de tirar água dos yoços ou (evar cargas, que111 o aánrirn? QJ~ando me efogiam é yorque tenho algu111ns q1Ul(iánáes que yossuem os cava(os, como o vigor, aforçn ou o vafor. Ou a so6riedade, ayaciência, a resistência e oyasso seguro dos Gurros. Mas a ideia que associam n mim é n de uma viáa dura, mansa e dedicada aos rícmaís. Exntnmente aquira do que as yessoas não querem nem ouvirja(nr".
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Quanáo a 1witc tcrn1i11ava e efes já se dipunfiam a ríormir, o Goi e n ,n11(a viram entrar no está6u(o um se-
nhor e uma jovem em avançado estado de gravidez. Com muita distinção era se sentou num canto áo está6u(o, enquanto efe se dedicava a arrumar com máximo áesvefo um youco de ya(fia yara que da descansasse meffior. Os animaisficaram com yena venáo-os em (ugar tão yo6re, mas o augusto casa( não se queixava nem murmurava. Certamente de havia yedido yara _pousar na casa de afgum dosyarentes que tinham noyovoado, masyor serem yo6res, ~esar do_parentesco e de sua afra dignidade, não (fies fora concedida hopedagem. É verdade que as casas dessesyarentesyossivefmente estivessem cheias, mas caso se tratasse deyarentes ricos, sem áúvida (fies teriamfornecido fiopedagem. E não tendo aonde ir, tinham vináo a este está6u(o, o menos visitado. E, yor isso mesmo, o único que eferecia certa_privacidade. A mu(a e o Goijizeram ~enas o queyocfiam, ou sga, efastarem-seyara dar-(hes umyouco mais de epaço. Eforam dormir. À meia-noite, depertou-os um som inusua( Era o choro áe uma criança. A jovem Senhora havia dado à (uz umJi(fio. O recém-nascido chorava defrio. "Po6rezinho" exc(amaram a mu(a e o Goi. "E(e está numa situação Gem yior do que a nossa. ~na( de contas, Deus nos deu uma ye(e grossa eyefosyara nos_proteger dofrio, e estamos Gem anmentados, mas este yo6re menino nasce em um rugar inópitoyara tanta de6i(idade. Façamos a única coisa que yodemosyara cyudá-ra". E, ~roximando-se, _passaram a repirar fortemente, yara que a sua repiração e o cafor de seus coryos dessem ao recém-chegado um _pouquinho de aquecimento. Aosyoucos o Menino deixou de chorar, e sentindo ofrio efastar-se, moveu as mãozinhas, cofocando-as carinhosa-
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mente sobre a cabeça tÍo boi e tÍa mu{a,yara {fies agradecer yor sua yor boa vontade. A mu{a e o boi se retiraram, yara deixar o Menino dormir. E o Senfior que cuidava tÍa jovem Senfiora e tÍo Menino leu aos animais um youco de ervayara que comessem, e tÍe águayara que bebessem.
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Os dois animais imaginaram queyoleriam ir dormir, mas emyouco temyo começou a cfiegar todo tiyo tÍeyessoas. t Primeiro eram unsyastores, quejá tÍe fonge vinfiam cantando. AtÍmiratÍos, efes rodearam o Menino, e O.ficaram contemy{antÍo fongamente. Dpois vieram outrosyastores, tÍpois outros e mais outros. Ayareceram também yessoas simyfes, mas iejé robust~, quejoram saudar o Menino. Mais tarde cfiegou uma rica e imyortante caravana tÍe reis e sútÍitos montados em came{os be{amente t9aeza . . los. Vinliam eferecer ouro, incenso e mirra ao Menino. E enquanto executavam a cerimônia tÍe entrega dos yresentes, admirados a mu{a e o boi contemy{avam o e,v:,etácu{o, escutando as músicas que cantavam em fionra tÍo recém-nascido. Mas cliegaram também a seus ouvidos as rec{amações tÍe outros animais. Acostumados a ser o centro das atenções, sentiam-se contrariados yor terem sidoyreteritÍos. E tÍiziam que o boi e a mu{a eram umyar tÍe arrivistas que estavam a{i yoryura sorte, que se tivessem um youco tÍe conhecimento tÍo mundo deveriam sair e tÍeixar-{fies o {ugar,yois obviamente efes estavam mais cqpacitatÍos yara oc,pá-fo. Em suma,yura inVlja. A mu{a e o boi não seyreoc,param com esses comentários, e continuaram a cumyrir seu tÍiscreto e eficazyqpef tÍe, na ausência tÍe visitas, acercarem-se tÍo Menino yara t9utÍar a aquecê-fo. Por.fim, certo tÍia, o Senlior, a Senfiora e o encantador Meninoyrparavam-se yara sair. Mas antes, voftantÍo-seyara a mu{a e o boi, tÍisse-{fies a be{a Senhora: "Como vocêsforam bons e generososyara com o meuji{fio,jaço-{fies umayromessa. Até ofim tÍo mundo, semyre que se rpresentar uma cena tÍe seu nascimento, vocês estarão yresentes. Porque E{e veio yara lar exemy(o tÍe {uta contra o ma{, mas também exemy(o tÍe bontÍatÍe. Veio yara t9utÍar os fiomens tÍe boa vontade a vencerem os fiomens tÍe má vontade, que não tÍestjam a g{ória tÍe Deus".
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Esta yromessa vem se cumyrintÍo até os yresentes tÍias, e assim continuará enquanto o mundo existir. Muitas vezes, adornamos com ove{fias,yastores, camefos e reis osyresefpios que montamos. ContutÍo,yor maisyobres que efes stjam, semyre liá u'?"a mu{a e um boi. Porque ambos estavam afi quando nasceu o Redentor, Aquele Divino Trifante fouvatÍo yefos anjos na Noite Fefiz com o cântico narrado yor São Lucas: "G{ória a Deus no mais afro dos Céus, eyaz na Terra aos fiomens de boa vontade!". • E-mail para o auso,- gdpljçipnn@tqra.com.h(
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CATO LI C I SM O
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Santo Edmundo Campion, S.J.
Sábio e Mártir Luminar da universidade de Oxford, diante das perseguições aos católicos ingleses voltou ao seio da Igreja, tornou-se sacerdote jesuíta e selou com sangue seu amor à verdadeira fé •
A O santo enfrenta a rainha Isabel 1, perseguidora dos católicos
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CATOLICISMO
PU NIO M ARIA SOUMEO
través da vida de Santa Margarida Clitherow, descrita aqui em março último, vimos como a Inglaterra caiu no cisma com Henrique VIII, que não aceitou a qnulação de seu casamento com Catarina de Aragão. E le rompeu com Roma e declarou-se Cabeça da Igreja na Inglaterra. Vimos também como Isabel I, ímpia filha desse rei, aprofundou o cisma e perseguiu os católicos, fazendo vários
mártires. Santo Edmundo Campion foi uma das vítimas de seu ód io religioso, por ser sacerdote católico. Edmundo nasceu em Londres em 24 de janeiro de 1540. Seu pai era um "muito honesto vendedor de livros" que o educou na Religião católica. Como o rapaz era dotado de brilhante inteligência e prometia muito, obteve que um grêm io de comerciantes financiasse seus estudos no Christ Church Hospital. Os progressos literários de Ed mundo foram tais que, quando Maria Tudor entrou em Londres
como rainha, coube ao jovem saudá-la em latim. O santo fez seus estudos no célebre colégio São João, de Oxford, onde se graduou em l557 , com apenas l 7 anos de idade. Quando da morte de Sir Tomás White, fund ador desse colégio, Campion· foi encarregado de faze r sua oração fún ebre, também em latim. "Por do ze anos ele.foi seguido e imitado como nenhum outro em. uma universidade inglesa, exceto ele e Newman". 1 Depois de formado , Edmundo tornou-se célebre como in strutor, sendo muito procurado. Em 1566, quando a rain ha Isabel vi sitou Oxford, ela e seu favorito, Dudley, então chanceler da Un iversidade, bem como o prote tante William Cecil, principal conselheiro da rainha, ficaram encantados com a beleza e o talento de Edmundo, que fora encarregado de liderar um debate diante da soberana. Depois disso, seus dotes oratórios o tornaram famoso. Brilhante latinista, helenista e erudito em hebreu , ele se transformou num ídolo dos alunos de Oxford. Falava-se de le c m futuro arcebispo de Cantuária.
Inebriado por tanto sucesso e esquecendo-se de sua formação católica, Campion seguiu o conselho do bispo anglicano de Gloucester, reconheceu a supremacia de Isabel como chefe dessa igreja cismática, da qual não se envergonhou de setornar diácono.
Reco11ciliado com a verdadelrn Jgrnja Enà•etanto, aos poucos, os remorsos por ter deixado a verdadei.ra Religião assaltavam sua mente. Como diz seu biógrafo, "ele teve remorsos de consciência e detestava" a vida que levava. De modo que, em 1569, resignou a todos seus cargos em Oxford, partindo para a Irlanda. Ia esperar a reabertura da universidade de Dublin, antiga fundação papal temporariamente extinta, para nela lecionar. Acontece que, embora ele ainda fosse exteriormente anglicano, suas ideias eram por demais católicas para que não se tornasse suspeito. Escondendo-se em casas de amigos sob o pseudônimo de Mr. Patrick, ali escreveu uma História da Irlanda. Entretanto, como sua presença comprometia os demais hóspedes, Edmundo
O santo escreveu um manifesto para ser entregue ao Conselho Privado da Rainha , N ele afirmava que, sem temor do martírio, os jesuítas não parariam de trabalhar pela conversão da rainha e do reino,
nt, <o r,nt ...i,ru nil Jrt ncqu:~111, 11ifi diui bus t•Jrn &: manus Ult
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poftoh~Ddfl'craúo, A,j,
voltou incógnito para a Inglaterra, onde encontrou um mundo de "medos, suspeitas, prisões, condenações, torturas e execuções". Entre estas, a do beato João Storey. Raptado por agentes de Ceei!, em 1571, nos Países Baixos, onde tinha se refugiado, ele foi executado em Londres com requintes de crueldade. Campion assistiu ao seu julgamento e ficou tão horrorizado que fugiu para Douai, na França. Ao saber que ele deixara a Ilha, o ímpio Ceei! comentou que "a Inglaterra tinha perdido um de seus diamantes" .2 Edmundo foi reconciliado com a Igreja Católica no Seminário Inglês de Douai, onde recebeu novamente, depois de 12 anos, a Sagrada Comunhão. Ali ensinou retórica, enquanto estudava para se formar como Doutor em Divindade, o que ocorreu em janeiro de 1573. Partiu depois para Roma, a fim de fazer o noviciado, chegando pouco após o falecimento de São Francisco de Borgia. Mandado para Praga, passou seu ano de provação em Bri.inn, na Morávia, onde teve uma visão na qual Nossa Senhora lhe predisse seu futuro martírio. Ordenado sacerdote em 1578, foi designado para a missão inglesa. Campion deveria retornar à Inglaterra acompanhado do Pe. Roberto Persons. Este, como superior, deveria moderar seu fervor e impetuosidade. Os dois partiram de Roma, ora a pé, ora a cavalo. Campion vestia roupas muito pobres, dizendo alegremente que a caminho do martírio o homem não necessita preocupar-se com a moda. Passando por Milão, os dois jesuítas foram recebidos afetuosamente por São Carlos Borromeu, arcebispo da cidade. Depois passaram por Genebra, onde vivia Beza, sucessor de Calvino. Com audácia, ambos o desafiaram para um debate público, após o qual julgaram melhor deixar rapidamente a capital do calvinismo. 3
''A emprnsa começou; é obrn de Deus" Havia inúmeros católicos ocultos em Londres que ansiavam por receber
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os Sacramentos de algum sapreparar-se. Além de Edcerdote. Os dois jesuítas inimundo estar sofrendo muiciaram imediatamente seu to por causa da tortura, ele trabalho para atendê-los . foi tão brilhante no debate Mas logo um novo Judas os que conquistou a admiração denunciou, obrigando Camde todos, inclusive dos seus pion a fugir da capital. Poinimigos. rém, antes de deixá-la, receO ilustre jesuíta foi conando ser preso, o santo esdenado à morte sob alegacreveu um manifesto para ção de ter participado de um ser entregue ao Conselho complô para assassinar a Privado da Rainha. Nele, Rainha. A esta ele escreveu: 'entre outras coisas, dizia: "Condenando-nos, vós "No que diz respeito à condenais todos os vossos nossa Sociedade, é preciso ancestrais, todos nossos anque saibais que fizemos um tigos bispos e reis, todos os pacto - todos os jesuítas que foram uma vez a glória do mundo, cuja sucessão e da Inglaterra - a Ilha dos número deve ultrapassar Santos - , e ao mais devoto todos os cálculos da Inglafilho da Sé de Pedro . Ser terra - de levar com alecondenado com todos esses gria a cruz que puserdes soantigos luzeiros não somenSanto Edmundo Campion e seus companheiros jesuítas na sessão de tortura bre nós, e de nunca deseste da Inglaterra, mas do perar da vossa conversão mundo, por seus degeneraenquanto tivermos um homem para dos descendentes, é nossa alegria e cestrais", referindo-se a Santo Eduargozar do vosso Tyburn [local em Lonnossa glória! Deus vive. A posteridade do, São Luís e outros reis santos. 5 dres onde eram enforcados os católiviverá. Seu julgamento não está tão licos, principalmente os sacerdotes], ou Recebe a se11tença de morte gado à corrupção como estão esses que com o 1'e Deum Laudamus para ser submetido aos vossos tormenagora vão nos sentenciar a morte".6 tos, ou consumido em vossas prisões. Santo Edmundo Campion recebeu Aconselharam Santo Edmundo a O custo está calculado, a empresa coa sentença de morte com o Te Deum fugir para Lancashire, onde estaria mai s meçou; é obra de Deus, impossível de Laudamus. Tendo passado seus últimos seguro. Entretanto, um conspícuo caresistir; assim tem de ser restaurada".4 tólico escreveu- lhe premente carta, sudias em oração, foi enforcado, estripado Entretanto, o documento tornou-se e esquartejado no dia l O de dezembro plicando-lhe que fosse à sua casa, em imediatamente conhecido, sendo chamaBerkshire, onde sua esposa, mãe e alde 1581 com dois outros mártires, Sando pelos inimigos da fé de "Jactância e to Ralph Sherwin e Alexander Briant. gumas monjas ansiavam por sua preDesafio de Campion ". O que tornou Este último não completara os 25 anos sença. Ele foi, atendeu a todos e, quanmuito mais difícil a posição de seu audo estava para partir, soube que um de idade e fora recebido como jesuíta tor. Embora sempre fugindo, assistia aos na prisão. Santo Edmundo Campion tigrande número de católicos tinha checatólicos perseguidos, administrandogado para ouvi-lo. Entre eles estava disnha apenas 41 anos. • lhes os Sacramentos. Santo Edmundo farçado Eliot, um apóstata que se torE- mail para o autor: fascinava a todos pela clareza de sua nara espião e que o denunciou. O sa nto cato!icismo@ terra.com. br doutrina e seu extremo charme pessoal. foi preso com outros católicos e conNotas: Afirmavam que um "poder infuso oculduzido à Torre de Londres. to" dava-lhe sua eficácia. Levado à presença de Isabel, esta, 1. L.l.Guiney, St. Edmund Campion, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edi ti on. O futuro mártir escreveu então suas lembrando-se do famoso professor de 2 . Cfr. C .C.Martindale, S .J., Edmund "Dez Razqes" contra a igreja anglicana. Oxford, ofereceu-lhe liberdade, honras, Campion, Catholic Truth Soc iety, London , Impressas numa gráfica privada, 400 e mesmo o arcebispado de Cantuária 1951, p. 4. cópias começaram a circular. Esse escaso apostata.sse. O Santo recusou-se e 3. ld. ib. p. 6. 4. C.C.Martindale, S.J., op. cit. p. 8; Pe. José crito causou grande sensação e a busca foi barbaramente torturado. Tal era, Leite, S.J., Santos de Cada Dia , Editoria l A . de Campion tornou-se mais feroz do entretanto, seu prestígio como O. , Braga, 1987, vol. III , p. 38 1. que nunca. Nele o santo dizia à rainha apologista, que seus adversários o de5. Cfr. C.C.Martinda le, p. 9. Isabel que "um Céu não pode conter safiaram para um debate público. Mas 6. http ://e n.wikipe dia .org/w iki/Edmund_ Campion; C.C. Maitindale, p. 14. ao mesmo tempo Calvino e vossos aneles não lhe deram material algum para
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Satanismo para a juventude! rock anel roll j á exerceu mais atração para a juventude do que hoje em dia, superado que foi por outros sons superlativamente cacofônicos e aberrantes. Entretanto, é fora de dúvida que ele continua a servir de iniciação no capítulo da ilogicidade, do desvario e mesmo do satanismo para uma parcela não desprezível de jovens. Jovens!? Bem, digamos. As bandas de rock vão envelhecendo e não encontram reposição em número suficiente. Sobretudo o "ídolos" rockeiros já passaram de toda as idades para o exercício de ua profissão, à qual indevidamente chamam "arte", mas não encontram sub Litut s à altura. Caso característico é o de Mi ck Jagger, vocalista dos Rolling Stones, que já foi preso juntamente com uma d suas namoradas por porte de droga , andou pelo Brasil envolvendo-se com atrize ou modelos, pois moralidad nã rima bem com rock. Já "os primeiros álbuns dos Stones trazem refer 9n.cias explícitas ao diabo, presente na.1· ·apas dos discos e nas letras das nuísica.1·". Agora, com 70 anos, Jagger é ainda que a propaganda tem de melh r a oferecer nes a matéria. O mais g rav , porém, na carreira desse 1110 do rock em geral "astro" consistiu nu divul gação prática do satanism cm mat éria de música e arte. Uma bi grafia recente de Mick Jagger, escrita pcl jornalista Philip Norman, trata I ngumcnte de seus desvarios em mat ri u de sexo e drogas. Baseamo-n s nu recensão publicada pelo jornal " ~stad de S. Paulo" (2010-12).
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Trata-se de "um superstar arrogante, sovina, narcisista e predador, enfim um Casanova pouco preocupado com suas presas sexuais, aí incluídos mulheres e homens". O biógrafo fala da "atração sexual do primeiro empresário dos Stones, Andrew Oldham, por Jagger". Oldham "trabalhou com Mary Quant, a inventora da minissaia". Uma das namoradas do vocalista, Marianne Faithfull, "teria muito a dizer, especialmente sobre a adesão de Jagger ao satanismo". O demônio teve grande papel na vida de Jagger, pois seu biógrafo não só "culpa Satã por todo o mal que perseguiu os amigos de Jagger e os coadjuvantes de seus filmes", como "reprisa a velha história do cantor de blues Robert Johnson, que teria feito um pacto com o demônio para obter sucesso". Influenciado pela obra Mestre e Margarida do russo Mikhail Bulgákov, Jagger compôs a música Sympathy for de Devil (Simpatia pelo diabo). "Em sín-
tese, Bulgákov fala que o grande triunfo de Satã foi o de colocar Pôncio Pilatos no caminho de Jesus, recusando salválo da Cruz. Jagger atualiza o baile organizado pelo diabo, no livro do russo, e fala de algumas celebridades históricas que herdaram o bastão de Pilatos: Hitler é o protagonista da canção de Jagger, mas há lugar para os bolcheviques que mataram a família real[... ] Jagger queria transpor o Mestre e Margarida para as telas. Ele, naturalmente, faria o papel de Satã ". O vocalista "passou a se interessar muito por satanismo e magia negra, especialmente pela obra do bruxo Aleister Crowley [. .. ]. Uma das namoradas de Jagge,; a atriz alemã Anita Pallenberg, era bruxa[.. .]. Ele aceitou atuar num filme maldito de Kenneth Anger, Lúcifer Rising (A ascensão de Lúcifer)" [... ]. Tais são os modelos que certa mídia apresenta para a juventude! Razão para lágrimas de Nossa Senhora. •
CATOLICISMO DEZEMBRO 2012 -
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DISCERNINDO
Tristezas e esperanças neste Natal C hegamos ao Natal. Talvez o menos alegre desde que o Menino Jesus nasceu em Belém e foi amorosamente embalado nos braços virginais de Maria, sob o olhar transportado de admiração de São José. O mais triste, sim, mas também carregado de esperanças.
[!
Cio ALENCASTRO
Comecemos pelo aspecto triste. Desde aquele bendito dia em que "um Menino nos nasceu, um.filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz" (Is 9,5), o culto ao Divino Infante foi crescendo nos corações e na sociedade, venceu o paganismo, tornou-se público, encheu o mundo de uma serena alegria. Vieram, porém , as épocas de decadência da humanidade, a fé foi se extinguindo nas almas. Como a chama da lamparina da qual se esvaiu o azeite, hoje a fé bruxuleia apenas, mesmo em grandíssima parte dos que ainda se dizem cristãos. Se assim é o presente, o que esperar para o futuro , uma vez que a juventude está sendo tão deformada!?
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Não vou estender-me sobre esse infausto tema, dou apenas um exemplo. Cito o ex-reitor da USP, Prof. Roberto Leal Lobo e Silva Fº , em seu lúcido artigo "A escola hoje e os alunos que não aprendem" ("Folha de S. Paulo", 23-10-12).
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CATOLICISMO
. Sob o pretexto de instaurar na escola a igualdade, o ensino é nivelado por baixo. 'A ambição da igualdade a todo preço desencoraja o esforço de aprender, tipicamente individual'. As autoras criticam, com muita dureza, pedagogos, professores, administradores, sindicatos de professores e a nova geração de pais. Isso sem falar nas ideologias que banalizam o ensino, como se o papel principal da escola não fosse tirar o aluno ~a ignorância".
Mas, perguntará o leitor: e a esperança, em que se baseia? Primeiramente, nas infalíveis palavras de Nosso Senhor: "No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo" (Jo, 16,33). Em segundo lugar, nas promessas de Nossa Senhora feitas em Fátima no ano de 1917, sobre o triunfo de seu Imaculado Coração. Por último, é preciso considerar que, disseminadas por toda a superfície da
Terra, há pessoas que gemem e choram no interior de suas almas por causa das calamidades presentes. O Menino Jesus não frustrará seus anseios, pois Ele veio para vencer: "Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras" (Ap. 22,12). • E-ma il para o au tor: catoli cismo
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rra.com.br
"A educação brasileira está em crise. Além ela recorrente violência escolar - a imprensa noticia comfi"equência casos de alunos armados ou com drogas, além de agressões a professores - pais e filhos parecem achar que a escola não pode contrariar os alunos ou exigir desempenho. As própriasfamílias não conseguem impor limites aos filhos - às vezes, nem os pais têm, limites - algo que se espraia à sala de aula. Neste momento, vale Lembrar um livro francês A Escola dos Bárbaros, de lsabelle Stal e Françoise Thom. Elas consideram que a falta de disciplina nas escolas reflete uma sociedade que 'adota o prazer como o ideal, em todas as direções - para tal sociedade, o objetivo da civilização é se divertir sem limites' . As autoras acertam em cheio ao apontar a profusão de práticas extracurriculares,fáceis e sem conteúdo, que servem para matar o tempo do jovem, como um dos grandes problemas da escola de hoje em dia. Nas palavras das autoras: 'É uma enganação afirmar que a inaptidão para expressar-se, que a ignorância crassa em história, em geografia, em literatura e a incapacidade em seguir um raciocínio elementar' sejam um preço que tenhamos ele pagar para que todos se sintam à vontade na escola, permitindo a 'inclusão' ele todos os alunos.
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Fixou-se depois como missionário num mosteiro perto de Braga. Como bispo dessa cidade, presidiu seus dois primeiros concílios.
6 Santa Asela, ViL'gem + Roma, séc. IV. Discípula de
1 Santo Edmundo Campion (Vide p. 38) Primeiro Sábado do mês
2 São Nuno, Bispo e Confessor + Síria, séc. III. Famoso pregador, conv erteu a pecadora Pelágia, que fora por curiosidade ouvir um de seus sermões. Encaminhou-a para uma gruta perto de Jerusalém, a fim de que fizesse penitência. Ela deulhe sua fortuna, que ele distribuiu aos pobres.
3 São Francisco Xavier, Confessor. São Sola, Confessor + Alemanha, 794. Monge inglês que foi para a Alemanha e se pôs sob a direção de São Bonifácio , apóstolo daquela terra. Viveu como eremita, atraindo discípulos que formaram depois a abadia de Solnhofen.
4 São Melécio, Bispo e Confessor + Ásia Menor, séc. IV. " H omem de grande experiência e vasta cultura, fo i cognomina do por seus companheiros de mocidade 'o mel da Ática ', sendo considerado por Santo Atanásió e São Basílio como grande def enso r da div indade do Verbo em fa ce do a rianismo" (MRM).
5 São Martinho, Bispo e Confessor + Portugal, 579. Originário da Hungria, fo i em peregrinação ao túmulo de seu homônimo, na cidade fra ncesa de Tours.
São Jerônimo, que dela escreveu: "Era abençoada desde o seio de sua mãe". Vivia de jejum, orações e visitas aos túmulos dos santos mártires.
7 Santo Ambrósio, Bispo, Confessor e Doutor da igreja
11 São Trasão, Mártir
+ Roma, séc. III. "De sua fazenda [de seus bens], sustentava os cristãos que trabalhavam nas termas, os que se extenuavam em outras obras públicas e os que gemiam em calabouços. Preso por ordem de Diocleciano, recebeu a coroa do martírio junto com outros dois, que se chamavam Ponciano e Pretexta/o " (MR).
12 Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina
+ Milão, 397. Governador de
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Milão e depois bispo, conselhe iro de imperadores e do Papa, desempenhou papel decisivo na conversão de Santo Agostinho. Primeira Sexta-Feira do mês
Santa Luzia, Virgem e Mártir. Santo Aubert, Bispo e Confessor
8 Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria Festa instituída por Pio IX após a promulgação desse dogma, que coroava tradições muito antigas a respeito.
9 Santa Gorgônia, Viúva
+ Ásia Menor, 372. Exemplar mãe de família, foi irmã de São Cesário e do grande São Gregório Nazianzeno, Doutor da Igreja. Seu pai, também santo, tinha o mesmo nome do irmão, e sua mãe foi Santa Nona. São Gregório fez o seu panegírico no funeral.
10 São João Roberto, Mártir + Inglaterra, 1610. Natural do País de Gales, converteu-se ao catolicismo na França e ordenou-se sacerdote na Espanha, onde entrou para os beneditinos. Foi depois para a Inglaterra, a fi m de sustentar os católicos clandestinos. Reconhecido como padre católico, fo i marti rizado por se negar a prestar juramento de supremacia do rei sobre a Igreja.
do impé ri o, tornou-se v iúva me nos de do is anos depo is. Com sua grande fortuna fu ndou um ho spita l e um orfa nato . Q uando São João Crisósto mo, seu diretor espiritual, caiu em desgraça diante da imperatri z, O límpia seguiu sua sorte, sendo perseguida de lodos os modos e fa lecendo no exílio ainda jove m, pouco depo is ele São João Crisós tomo.
18 São F1ávio, Confessor + França, séc. Vl. [La liano ven-
d ido como escravo, seu clono casou-o com uma escrava e o fez admini strador ele seus bens, dando- lhe depois a liberdade ju ntamente com sua esposa. De co mum aco rdo, e la fo i viver num convento e ele fez-se sacerdote.
+ França, 669. Exercendo com
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dedicação o múnus episcopal em Avranches, conduziu também à vida de perfe ição muitos leigos.
Santo Anastácio 1,
14 São João da Cruz, Confessor e Doutor da Igreja + Ubeda, 1591. Co-reformador do Carme lo masc ulino co m Santa Teresa. Poucos penetraram mais a fundo nos arca nos da vida interior.
Papa + Roma, 404. " Varão de grande pobreza e de solicitude toda apostólica. Roma, como disse São Jerônimo, 11<io merecia têlo por mui/o tempo, para que a cabeça do m1111do não f osse decepada em vida de tal Bispo. Corn ef eito, /Hlltco depois de sua morte 1?01110.ftJi lmtwda e saqueada pe/0.1· Godos" (M R).
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Sao Vil ot-:ônio, Bispo ,. Confessor
São Mesmin, Confessor
+ Ásia M ·nor, 324. "Bispo de
+ França, séc. VI. Con stru iu perto de Orleans, num terreno que lhe dera o rei Clóvis, uma abadia que se tornou fa mosa.
16 Santas Virgens, Mártires + África, 480. Quando da invasão do norte da África pelos vândalos arianos de Hunerico, estas muitas virgens consagradas a Deus "defende ramahonra da Igreja de Cristo em meio a atrozes torturas " (MRM).
17 Santa Olímpia, Viúva + Turquia, 408. Casada aos 18 anos com o prefe ito da capital
Antioquia, r/1• q11 e111 São João Crisós/01110 .fi•z o seguinle elo gio: ' Foi elt' l"<'lirado do 1ribu11al pa ro s1•r colocado na sé episcopal. f:'11q11m1to fo ra advo gado, de.fr1 11tli11 os oprimidos con/ra os OJ)H'.\",\'Ores; torn cm do -se hispo, 11rotegeu os crislãos co111r11 os 11/aques do de mônio "' (M RM ).
21 São l'<'cll'O Canísio, Conli'ssor e
Doulor da l~rcja. São Tc1111s1od<'s. Mártir + Síria, se ·. Il i. ";\presentou-se em lugar d1• Srlo Dióscoro, a quem proc11rm1m11 para maia,: Foi enl<io 1or/11mdo no cava/e-
te, arrastado pelo chão, açoitado com varas. Assim logrou a coroa do martírio " (MR).
22 São Flaviano, Mártir + Roma, séc. lY. Antigo Prefe ito de Roma, esposo de Santa Dafrosa, pa i de Santas Bibiana e Demétria, todas mártires, também mereceu dar sua vida pela fé de Jesus Cristo.
23 Santa Maria Margarida Durrost de Lajemmerais, Viúva + Canadá, 177 1. Seu pai era um nobre fra ncês, chefe das tropas da colônia, fa lec ido quando ela tinha sete anos . Fo i mãe de seis filhos . Tendo o esposo di ssipado toda a fortuna fa mili ar, deixou -a na mi séri a ao morrer. Com a ajuda alheia, pôde montar um pequeno armazém, conseguindo pagar as dívidas, educar os fil hos, e ainda dedicarse à caridade, no que fo i ajudada por outras viúvas, dando início à Congregação das Irmãs da Caridade - ou "Irmãs ci nzas", pela cor do hábito.
24 Vigília do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
25 Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
26 Santo Estêvão, Arotomártir
27 São João, Apóstolo e Evangelista + Éfeso, séc. ]. Discípulo Amado por ter-se conservado virgem, representou a humanidade jun to à C ru z, ao rece ber Nossa Senhora como Mãe. O Evangelista por excelência da di vindade de Cri sto, São João fo i persegui do pelo imperador Domiciano, levado a Roma e mergulhado num tacho de azeite ferve nte, sa indo ileso e rej uvenescido. Foi então deportado para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apoca lipse. Tendo
morrido seu perseguidor, voltou para a sua res idência em Éfeso. Escreveu então, a pedido dos fié is, seu Evangelho e três epístolas, para refutar as heresias que negavam a divindade de Nosso Senhor e pregar o amor entre os cri stãos.
28 Santos Inocentes, Mártires
29 São Tomás Becket, Mártir São Geraldo de Saint-Wandrille, Mártir + F ra nça, 1029. Ab ade de Saint-Wandrille, governou esse mosteiro du rante 23 anos, dando os maiores exemplos de todas as virtudes mo nás ti cas. Revoltado com sua refo rma, um monge partidário do tirânico Duque Roberto assassinou o santo enquanto este dormia.
30 Sagrada Família, Jesus, Maria e José São Rogério de Barletta, Bispo e Confessor
Intenções para a Santa Missa em dezembro Será celebrado pelo Revmo . Padre David Froncisquini nas seguintes intenções: • Misso de Notol. Suplicando oo Divino Menino Jesus, pela intercessão de suo Mãe Puríssimo, que concedo abundantes e especiais graças às fomílios de todos aqueles que apoiaram o apostolado de Catolicismo ao longo de 2012.
+ Fra nça, séc. XII. Bispo de Cannes, seu corpo fo i piedosamente subtraído após a morte pelos habitantes de Barletta, na Itália, de onde sua devoção se difundiu para outros lugares.
31 São Silvestre 1, Papa. Santa Columba de Sens, Virgem + França, séc. III. Espanhola de origem, ai nda pequena radicouse na França com um grupo de espanhóis. Quase todos pereceram du rante a perseguição de Aureliano. Diz-se que, quando ela fo i entregue a um grupo de libertinos, um urso saiu da floresta e sentou-se a seus pés. O carrasco só pôde consumar seu martírio quando ela deu ordem ao urso para retirar-se.
Notas: - Santos já apresentados em ca lendários anteri ores são apenas mencio nados, sem nota biográfi ca. - MR - Ma rti ro lóg io Romano; MRM - Marti rológio RomanoMonástico.
Intenções para a San ta Missa em janeiro • Pelos ossinantes, leitores e benfeitores de Catolicismo, para que neste novo ano que se inicia a Sagrada Família os preserve, bem como a todos os seus familiares, do pecodo, do violência, do desemprego e das drogas, de tudo enfim que lhes seja nocivo, especialmente aos mais jovens.
DEZEM
Da esq. para a dir.: Sr. Benno Hofschulte, Dr. Adolpho Lindenberg, Pe. Paulo Ricardo, Dr. Celso Vidigal e Sr. Mório de Oliveira
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PROJETO DE NOVO CODIGO PENAL,
nova "moral", nova "religião" ■ D ANIEL
F. S. M ARTIN S
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira promoveu, no dia 25 de outubro p.p., mais um importante evento no auditório do Club Homs, na Avenida Paulista. Desta vez, o conferencista convidado foi o Revmo. Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, que proferiu uma conferência sob o título Reforma do Código Penal - Início da perseguição religiosa no Brasil. Pertencente ao clero da Arquidiocese de Cuiabá (MT), o ilustre sacerdote é licenciadp em Filosofia
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CATOLICISMO
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pelas Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso, de Campo Grande (1987), bacharel em Teologia (1991) e mestre em Direito Canônico (1993) pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma). O público superlotou o auditório, tendo sido necessário colocar um telão na sala anexa. O palestrante fez um resumo do projeto de novo Código Penal, mostrando como este tentará impor aos brasileiros uma nova "moral" que é a negação radical de todos os princípios católicos, em particular os "princípios não-negociáveis" citados recentemente pelo Papa Bento XVI. Entre os princípios mais vulnerados estão especialmente a defesa da vida humana inocente, desde a fecundação até a morte natural, e a família monogâmica e indissolúvel entre um homem e uma mulher. O projeto de novo Código Penal praticamente legaliza o aborto até a 12ª semana de gestação, abre as portas para a eutanásia e o infanticídio, favorece o homossexualismo e persegue, sob pretexto de "discriminação", todos os que se oponham a tal pecado, ainda que pacificamente. Esse projeto legislativo dá mais um passo rumo a um Estado socialista que dita leis iníquas e as impõe com mão de ferro. O conferencista sublinhou ainda o caráter persecutório do referido projeto de lei. Ressalvando que não julgava as intenções, lembrou que os autores do mesmo pareciam ter agido de má fé, colocando parágrafos e mais parágrafos aos quais o público dificilmente teria acesso. Assim, de uma hora para outra, desábará sobre o País uma legislação de caráter totalitário e anticristão; donde a necessidade de estudarmos a fundo o mencionado projeto e denunciar seus objetivos. Ao final da palestra, o Pe. Paulo Ricardo respondeu a diversas perguntas, conclamou o auditório a unir esforços para fazer frente a projetos iníquos que aparecem aqui e de acolá, e revestido da graça de Deus, preparar-se para batalhar contra eles. O Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, encerrou a sessão confirmando a necessidade de todos os católicos se unirem para combater o inimigo comum que pretende erradicar os princípios católicos da legislação de nosso País. •
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E-mail para o autor: catolicismo @terra .co m.br
CATOLICISMO
Encontro de CoITespondentes e Simpatizantes da TFP norte-americana •
FRANCISCO JOSÉ SAIDL
uarenta anos! Qual é o significado de quarenta anos? O número 40 é mencionado 157 vezes na Sagrada Escritura. Isso rep ta um período de prova, de teste, antes que algo grandioso aconteça. Durante o Dilúvio, choveu por 40 dias e 40 noites; Moisés esteve no Monte Sinai por 40 dias antes de receber as Tábuas da Lei; por 40 anos o povo de Israel caminhou pelo deserto antes de
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Feira do Livro de Franldurt ■ M ATHIAS VON G ERSDORFF
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entrar na Terra Prometida; o Profeta Jonas pregou Organic Christian Society - Where We 've Been, em Nínive por 40 dias; Nosso Senhor jejuou por How We Got Here, and Where We Need to Go (Re40 dias e 40 noites; Jerusalém foi punida 40 anos torno à Ordem: de uma economia frenética para após a Crucifixão. uma sociedade orgânica - Onde estivemos, como Dentro de três meses celebraremos 40 anos da chegamos aqui e para onde precisamos ir). infame decisão da Suprema Corte americana de Após explicar o significado de cada palavra conpermitir o aborto. Seis meses antes desta data, a tida no título do livro - produto de quase 20 anos imagem da Virgem Peregrina de Fátima verteu láde pesquisas e estudos do autor e de outros dedicagrimas em Nova Orleans. dos colaboradores -, John Horvat mostrou que a Com estas palavras, em nome da TFP norte-ameobra visa oferecer uma contribuição sensata para a ricana, Michael Drake deu as boas-vindas aos pargrave crise geral que abala não apenas a nação ameticipantes do Encontro de Correspondentes e Simricana, mas o mundo inteiro. E que não se cinge a patizantes da entidade, reunidos na sede principal uma mera constatação da crise, mas indica a sua da TFP, em Spring Grove, Pensilvânia, na última verdadeira e única solução: o retorno aos valores semana de outubro. de uma sociedade baseada no Direito natural e na A Revolução gnóstica e igualitária não arrefemoral cristã. ceu sua sinistra trajetória desde aquela data. ConCoube ao Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bersiderações em torno deste tema foram tecidas ao . trand de Orleans e Bragança, encerrar com chave de longo dos três dias de duração do congresso. ouro esse memorável congresso. Expressando-se na Mario Navarro da Costa, diretor do Bureau da língua inglesa, suas palavras foram acolhidas com TFP em Washington, lembrou aos presentes os cogrande entusiasmo e facilmente compreendidas pelos mentários feitos há quatro décadas pelo Prof. Plinio presentes. Corrêa de Oliveira sobre "o misterioso pranto que A Santa Missa solene no rito tradicional, celebranos mostra a Virgem de Fátima a chorar sobre o da na igreja da Imaculada Conceição de York pelo mundo contemporâneo". Outros palestrantes disRevmo. Pe. Jonathan Romanoski FSSP, foi o ponto correram sucessivamente sobre a terrível crise que culminante desses abençoados dias de estudo, reflese abate sobre a Igreja Católica, o perigo islâmico xão, reparação e ação, realizados no marco do 40º e a revolução cibernética. aniversário da milagrosa lacrimação da Im~gem PePor sua vez, John Horvat, vice-diretor da TFP regrina de Nossa Senhora de Fátima em Nova Americana, anunciou o lançamento de seu livro Orleans. • E- mai l para o autor : ca1 oli cis 111o @tcr ra.co 111.br Return to Order: From a Frenzied Economy to an CATOLICISMO
/\sso ·iação Alemã por uma Cu.Ltura Cristã (DVCK) esteve mai s uma vez presente na "Feira Internacional do L ivro" de Frankfurt. A Fran/efitrter Buchmesse é um lugar privilegiado para chamar a atenção do púb lico em questões relativas à defesa dos valores fa mi liares e proteção da juventude contra os peri gos dos meios de comunicação. A DVCK vem participando ininterruptamente desse evento desde 1994 e despertando um interes e crescente em numerosos visitantes. A maior feira de livros e de mídia do mundo, na Franlefitrter Buchmesse a cada ano é dado realce a um país como convidado de honra. Em 2013 será a vez do Brasil. Ela recebeu em 20 12 mais de 7.300 xpo itores de JOO paíse e 281.753 visitantes. • E-mail para o autor: cawli cismo@1crra.com br
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Distinção entre o homem renascentista e o homem medieval Mentalidade sem gravidade, gozadora e festiva, e mentalidade séria, que tem em vista o fim último do homem ■ PuN1 0 CoRRÊA DE O uvE 1RA
Os
personagens renascenti stas apresentam-se habitualmente alegres, satisfeitos, despreocupados e olímpicos [à maneira dos deuses pagãos do Olimpo - o céu da mitologia grega]. A representação das mais características desse tipo de homem é o rei Francisco I, da Fra nça ( 1494- l547): alto, bonito, bem constituído, símbolo humano cio otimi smo, continuamente bem disposto em relação à vida terrena. Ele se distingue profundamente do re i São Luís 1X (1 215-1270), também soberano francês: igualmente alto
e belo, mas muito sério, casto, ameno no trato, sem nenhum desses otimismos superficiais, próprios dos rena centi stas. Sua atitude manifes tava que ele tinha sempre presente o fim úl timo do homem - Deus e a bem-aventurança celeste. Da atitude otimista do renascentista decorri a um gosto permanente cio prazer e a necessidade de estar continuamente se divertindo. A vida ele corte como o Renascimento a inaugurou consistia numa ex istência permanentemente festiva, em que o rei ocupa sempre o centro ele uma grande fes ta, na qu a l a no breza está sempre engalanada e o palácio real se torna um loca l habitual para os fes tins, nos quais vicejam as gargalhadas e o vício. Na Idade Médi a també m exi stia corte. Mas entendi a-se por corte simplesme nte o conjunto de dignitários que servi am o soberano, auxiliando-o no desempe nho de suas altas fun ções. Tudo se passava num a mbi ente séri o e digno voltado para a fun ção superi or ela realeza, e que descartava a noção ele fes ta contínua. •
O es til o góti co da cé l cbrl· Sn/11 11• Cltapelle, consu·uída por São l.11 I, p111 11 abri gar os espinhos da corou d1• N11~,u Senh or, constitui magnífi ·o 1·w111plo arquitetônico desse espírito volt mio p11111 o sobrenatu ra l e para o 11 .
Escadari as cio Cns1clo de h:1111bord constru ído
por Francisco 1
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 15 de setembro de 1966. Sem revisão do autor.