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PUNI O C O RRfA 1 1: ÜUVE IRA
Os Três Reis Magos representantes dos povos e da fidelidade
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8 o di a 6 de j aneiro ce lebra-se a festa da Epifani a do Senhor (a manifestação de Jesus a todos os povos, representada na adoração fe ita pe los Três Reis Magos - Gaspar, Melchior e Ba ltasar). Ce lebramos com o coração jubiloso o início de um a fe li z espera nça. Se esses magos era m re is, costuma-se pôr e m dúvida. A meu ver essa dúvida tem um certo aspecto " republi canizante"; é uma fo rma de proclamar a repú bli ca na festa dos Reis - um 15 de novembro no dia 6 de janeiro ... Porque a Cristandade, servida por uma tradição venerável , em todos os tempos acreditou que os três sáb ios eram reis. Essa tradição é contínua e não de ixa de ter alguma consonância com passagens da Sagrada Escritu ra que fa lam de reis vindos de longe para adorar o Messias. Tal tradição de si mesma merece fé, merece crença e não vejo nen huma razão para duvidar ou afirmar que não foram re is. Eu co mpreendo que pode atrapalhar a ala esq uerdi sta do Concí li o o fato de terem sido reis - representando os vários povos - os chamados a adorar Nosso Senhor desde Menino. Vamos encontrar algo de parecido com isso aos pés da Cruz: N ossa Senho ra, São João e as santas mulheres, rep resentando tudo quanto houve de bom e fiel no passado, há no presente e haverá no futuro . Pode-se perguntar se essa consideração se ap li ca aos homens fiéis em nossos tempos. Aqueles que devem representar o dever da fidelidade aos pés da Igreja perseguida, humil hada, lançada na pior das confu sões de sua História. Nossa Sen hora quis que representássemos a fidelidade, a pureza, a ortodox ia, a intrepidez, o espírito de iniciativa, de ataq ue, de ação, no mo mento em que tudo deveria falar em recuo, em transigência, em fuga. Aqueles que representam a fidelidade são para No sa Senhora o que Verônica fo i para Nosso Senhor. Enxuga nd a Divina Face, Verônica representou o mundo inte iro. Toda alma piedosa se nte-se representada por e la. Assim c 111 0 representada pelos Três Reis Magos. •
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Excertos da conferênc ia proferida pelo Prof. Plínio Corrêa ele Oli veira de janeiro de 1965. Sem revisão do autor.
CATOLICISMO
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Nossa Senhora da Soledade (México) Pensamentos Consoladores- VI
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Por que o Gel. Plazas ainda não está livre?
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Inf'ormática subjugando adolescentes
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Castelo propiciando sonhos
Retrospecto de 2012- contradições e esperanças São Gaspar de Búfalo Dom Afonso Henriques
Preocupantes efeitos nos jovens
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52 AMBrnN·n:s, Cos'l'tJMES, C1v11 ,1ZAçfms Intimidade indizivelmente tema da Santíssima Virgem com o Menino Jesus Nossa Capa: Alta r da Cat dral de São Martinho (Mainz, Ale manha) Torre de Babel - Pieter Brueghel, o Jovem (1564-1638). Museu do Prado, Madrid (Espanha).
JAN EIRO 2013 -
Nossa Senhora da Soledade de Oaxaca
Ca ro Le ito r 20 12 foi um ano ex tremamente complexo. Caso se deseje traça r uma li nha-mestra dos acontecimentos nc ·ses 65 dia , esta poderia ser: de um lado, contradições e desentend imentos, tanto no plano temporal quanto esp iritual; de outro, a lentado res sintomas da ex istênc ia de um número express ivo de a lmas que a nse iam retornar à trilha do bem.
S eu primeiro milagre no México data de 400 anos, e desde então não cessa a ocorrência de novos prodígios
Dir-se-ia que a humanidade se encontra numa situação aná loga à da Torre de Babe l, ta is são os conflitos de toda ordem que surgiram nas ma is d iversas áreas.
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n2 3116 Administração : Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão : Prol Editora Gráfic a Lida. E-mail: catol icismo @terra.com.br Home Page: www.catoliclsmo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Janeiro de 2013: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso :
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Para castigar a soberba dos homens daque la época, que quisera m desafiar a Deus construindo uma torre que atingisse o céu, a Providência Divina permitiu que se estabe lecesse a confusão das línguas. E os homens de então, divididos por diversos idiomas, aba ndonaram seu projeto e dispersaram-se por toda a Terra. Apesar dessa punição, e les não só prosseguiram na senda do pecado e da revo lta contra os desígnios d ivinos, mas in tens ifica ram a transgressões à reli gião natura l que Deus lhes comu ni cara. Consequência: novo e terrível castigo infligido pelo Criador, mediante o Dil úvio que submergiu nas águas toda a vida humana e an ima l ex istente na Terra, exceto a famí li a de Noé e os an imais abrigados em sua arca. Os aco ntec imentos marca ntes do ano que passou evocam de certo modo a confusão da Torre de Babe l e, posteriormente, os caminhos percorridos pe los homens pré-di luvian os. O artigo de capa desta ed ição discorre sum ariam ente sobre ta l confusão e desca minho. A títu lo exemp lificativo, alguns de eus intertítu los: Desconjwitamento da União Europeia; Do mito <la conc6rdia à babel <la dis-
c6nlia gemi; 50 anos <lepois: inte17,retações conflitantes do Concilio Vaticano 11; Intensfficação da "cristofobia" e das blasfêmias. Mas, em meio a e sa confusão, o intertítulo Swul<ules do retomo à ordem indica sintomas a lentadores de que a Providência Div ina não abandonou a humanid ade. Um número crescente de pessoa procura uma tábua de a lvação em a lgo completamente dive rso deste mundo asso lado por desg raças . E a lg uns fatos ocorridos durante o ano co nstitue m fonte indi cadoras da aud ade profunda que germi na nas ca madas re lig iosas, psico lógica e morai da humani dade. São como os remorsos e as sa udades do filho pródigo da parábo la evangé lica, desejoso de voltar à casa paterna. Sentimentos aná logo e tão a Aorando à mente do home m contemporâneo ofrido e pecador, acompanhados de graças para a sua conversão e para que ele a lcance uma paz como a reinante no período anteri or à Torre de Babel. Só que desta vez será a paz de Maria no re ino de Mari a. Que essas considerações, induz id as do balanço de 20 12, sejam de proveito es piritual para todos os nossos dil etos le itore , ão os nossos sinceros votos para este iníc io ele novo a no .
Em Jesus e Maria,
CATOLIC I SMO
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Publicação mensa l da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
catoli cismo@terra .com.br
DIRETOR
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V ALO IS GRINSTE INS
reitor da Basí lica Menor da So ledade - e também vigáriogera l da Arqu idiocese de Antequera-Oaxaca (México) - mostra um dos mai s recentes mantos recebidos como agradecimento a Nossa Senhora e comenta: "O vestido que está estreando
O
a Patrona é doação de uma.família do estado de Oaxaca. Eles me disseram: 'Padre, nós encomendamos nossa filha à Virgem . Ela estava doente, tinha câncer: Os médicos disseram que não havia esperança, mas a Virgem a sarou, agora não tem mais nada, até está trabalhando. Não temos como Lhe agradecer, por isso pedimos que aceite a doação deste vestido'. Esses são os milagres e a intercessão que exerce a Virgem junto a Deus".* A data desta notícia? Dezembro de 201 1. Ta lvez seja o mi lagre mais recente, a ser confirmado pe la lgreja após estrita verificação. Mas não é o único, nem de longe. Nesta regi ão do México, todas as igrej as e capelas possuem uma cópia da imagem da Soledade, sendo muito consideráveis as mu ltidões que visitam a Basí li ca. No dia 18 de dezembro de cada ano, so lenidade da imagem , há festas tradic ionais na região, repique de sinos, as chamadas " mafían itas" (ou manhãzinhas, canções que começam às duas horas da madrugada e se repetem a cada duas horas), bem como procissões com fogos de artificio. Um francês em visita à América Latina observou que,
neste continente, as procissões são uma mistura de devoção e pirotecnia. Mas como começou toda a historia desta imagem? Da forma mais inesperada, como muitos dos milagres de Nossa Senhora.
Imagem chega de modo misterioso à região de Oaxaca Fundada em 1532, a ci da de de Oaxaca e sua região enfrentavam problemas sérios no momento de serem catequizados. Mu itos dos índios eram a inda pagãos, e ficaram para a história os processos fe itos pelos espanhóis ao cacique, aos governadores e aos sacerdotes de Yanhuitlan em 1544-1546 referentes à idolatria desses si lvícolas.
JA N EIRO 2013 -
Em 1620 o problema ainda persistia. Fo i então que, no di a 18 de dezembro desse ano, a imagem da So ledade chegou, tendo sido extinto o pagani smo e implantada a devoção à Virgem. N a época, ainda no começo da colonização, havia poucos portos, e para atingi-los era ex íguo o transporte, havendo pouquíssimos caminhos. Assim , muitas cargas destin adas a locais longínquos eram obri gadas a dar voltas enormes para chegar a seu destino. Foi o caso dessa imagem que, destinada à Guatemala, teve de ser enviada necessariamente ao porto de Veracruz, no Méx ico, para ser transportada por terra a uma di stância de quase mil quilômetros. Ninguém sabe como, a mula que levava a imagem perdeu-se no caminho, incorporando-se a outra caravana de mul as portadoras de mercadori as e que passava por Oaxaca. O dono dessa caravana fi cou perplexo ao ver juntar-se às suas mulas uma outra carregando uma ca ixa atravessada no lombo. Não havi a ninguém por perto proc urando a mula perdida. Por isso, ele deixou que a mesma se incorporasse ao comboio, seguindo seu caminho. Chegando a Oaxaca, ele pensava proc urar as autoridades e explicar o ocorrido, para evitar que alguém depois o acusasse de roubar a mula e sua carga. Entra ndo na cidade, perto da ermida de São Sebastião, a mul a j ogou-se ao chão, não havendo quem a fi zesse levantar. Em v ista di sso, o chefe da caravana mandou chamar o prefeito da cidade, para que na sua presença fosse descarregada a caixa e se fizesse uma rev ista oficü~I de quanto nela havi a. Apenas ti raram a caixa, a mula levantou-se e caiu morta um instante depois. Aberta a ca ixa, verificara m que continha uma imagem de Nosso Senh or, representado na sua Ress urreição, e ta mbém a face e as mãos de Nossa Senhora, sob o título de Nossa Senhora da So ledade ao pé da cruz, confo rme um rótulo ali depositado. Comunicado o fato ao bispo do local, Do m Juan Bartolomé de Bohorquez e Hi noj osa, da Ordem dos Dominicanos, dec idiu que, até se descobrir quem era o legitimo proprietário da imagem, esta ficasse depositada na ermida de São Sebasti ão, diante da qual ocorrera o ac ima descrito; e que o Cri sto fosse enviado à ermida de Veracruz. Curiosamente, a imagem nunca fo i rec lamada por ning uém, e não consta em nenhum lugar que qualquer pessoa tenha com unicado às a utoridades co loni ais a perda de uma mul a contendo carga tão vali osa para a época. Apesar de a cidade de Oaxaca encontrar-se bem longe do mar, a imagem - que é a padroeira dos pescadores da zona - tem recebido destes, em doação, numerosas péro las e corais, sem contar os mantos e vestidos. A coroa da Virgem é também muito rica, contendo dois quilos de ouro e 600 di amantes. A coroa original - usada por ocas ião da coroaç·ão canôni ca em 18 de j ane iro de 1909 - infe lizmente fo i ro ubada. Era um prese nte da Marquesa de Selva Nevada, mãe do então bispo de Oaxaca, M ons. Eul ogio G illow y Zavalza.
Devoção com Jatos estranhos, embora compree11síveis A mais de um leitor poderá parecer estranho que a imagem não sej a uma escultu ra completa, mas represente somente
-CATOLICISMO
Vencendo-se a provação adquire-se a paz T ranscrevemos na edição de novembro passado alguns trechos dos Pensamentos Consoladores de São Francisco de Sales*. Para esta edição seguem algumas lembranças do que o santo aconselha meditar nas horas das provações e tentações.
s doces podem gerar vermes nas cri anças e em mim que não sou criança; aí tens a razão por que o nosso Salvador mi stu ra as consolações com amarguras ... Supliquemos pe lo seu socorro; não é senão para isso que Ele permite que ilusões nos atormentem ... Certa tarde houve aqui grandes trovões e re lâmpagos, e e u estava tão contente em ver o meu irmão e o nosso Groisi, que multipli cavam os sinais da cruz e o nome de Jesus!.. . Ah! Sem isto não te ríamos invocado tanto a N osso Senhor. Essas rebe liões do apetite sensua l, tanto de ira como de invej a, fi caram em nós para o nosso exercíc io, a fim de praticarmos o valor espiritual resistindo-lhes. É o Filisteu que os Israelitas devem combater sem nunca o poderem derrubar. Q uando os so ldados não estão em batalh a o u na guerra, pode-se di zer de les: "l n pace leones, in bello cervi" (leões na paz, cervos na guerra). Nosso Senhor não quer destes soldados no seu exército; quer combatentes e vencedores, e não imbec is e fracalhões. Po is se Ele qui s ser tentado e oprimi do, fo i para nos dar o exemplo de res istência à tentação . Se Nosso Senhor permi te estas crué is revo ltas no homem, nem sempre é para punir el e algum pecado, mas apenas para mani festar a fo rça e a virtude ela ass istência di vina. [ ... ] .É prec iso qu e um so ldado tenha ganh ado mui to na guerra para viver comodamente na paz. Nunca te remos uma perfe ita doç ura e carid ade se não fo r exercitada entre repugnâncias, aversões ou desgostos. A verdadeira paz não vem de não combater, mas de vencer. Os venc idos não combatem, e, contudo, não têm paz só li da. É preciso que nos humilh emos mui to, pois aind a não somos senhores de nós mesmos, e amamos o repo uso e as comod idades. Não te mos recompensa sem vitóri a, nem sem guerra. Tende coragem e converte i as vossas penas em matérias de virtudes. O lh ai muitas vezes para Nosso Senh or, que vos conte mp la, embora vós sej ais uma criatu ra mi seráve l nos traba lh os e nas di strações. Envia-vos socorro e abe nçoa as vossas afli ções. Deveis, considerando isto, receber com doçura
O Basílica Menor de Nossa Senhora da Soledade
a face e as mãos da Vi rge m. Entreta nto, isto era comum outrora. As imagens eram revestidas à maneira das senhoras da época, só que, obv iamente, com mui to mais espl endor. E não hav ia então nada do li berali smo de costumes ex istente hoj e em matéria de vestuário . Não era, pois, insó lito que somente a face e as mãos ficasse m vi síveis. Com frequência somente essas partes do corpo eram esculpi das, fac ili tando o transporte das imagens. Outra estra nheza poderia advir do fato de que, tendo sido encontradas duas imagens - uma de Cristo e outra da Virgem - , apenas a de Nossa Senhora, g uardada no local onde ocorrera m os fatos , esteja na origem de numerosos milagres, não se constatando registros milagrosos relativos à imagem da Ressurreição de N osso Senhor. Estamos assi m diante de um dos mi stéri os de Deus, os quais só no di a do Juízo F inal serão exp li cados. Uma hipótese: ta lvez para a conversão desses índi os pagãos, cultores de fu ribundos e ma lfazej os "deuses", fosse prec iso apresentar como contraste a bondade materna e desin teressada da Mãe de Deus. Parece também que Nosso Senhor qui s tornar patente que através de Nossa Senhora se chega mais fac ilmente a E le. Sej a qual fo r a verdadeira causa desta devoção, a qual perdu ra até os nossos dias, e dos milagres que os devotos assegura m oco rre r, um fato é in conteste: N ossa Se nhora sempre atende os fié is que A invocam com fé e confiança. • E-mail para o autor: cato li c ismo@ terra .com.br
Nota :
* http://www. noticiasnet.mx/ porta l/principal/7653 1-hoy-toclos-v irgen-soleclacl
e pac iência os in cômodos, por amo r d' Aquele que os envia para nosso prove ito. E levai mui tas vezes a Deus o coração: pedi -Lhe o seu auxílio e fü ndai a conso lação no prazer que tendes de Lhe pertencer. Todos os desgostos serão pequenos se tiverdes um Ami go assim , e um tal refú gio. •
* São
Franci sco ele Sa les, Pensamentos Consoladores, Li vra ria Sa lesiana Ed itora, São Pa ul o, 1946, pp . 134 a 139.
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próprias palavras, para dois sobrinhos, que fi caram admirados. Um deles até desenhou uma espéc ie de presépio com os dois animai s. De pois fui com eles ao shopping (lotado) e expliquei o erro de não montarem um presépio num local central do shopping, pois poderi a trazer alegria para toda aquela gente apressada que a li transitava, que subi a e descia as escadas rolantes só pensando nas compras e em viagens. (G.N.O. -
SP)
Bênçãos vara o Novo Ano
(A.M.F. -
~ Fe li z N atal a todos qu e constituem
Co11solação ~ Neste período pré-Natal, quase tudo o que li sobre co isas re lac ionadas com o Nata l ache i confuso, co mo confusa é a mídia tendenciosa. A ÚNICA leitura sobre Natal que me tro uxe paz foi o que escreve u Dr. Plinio Corrêa de Olive ira para esta revi sta. Para mim fo i um banho de boas e restauradoras influências. Tanto a le itura do tex to como a be leza das imagens. Um conso lo ! Agora, s im , s in to-m e pre parado para ce lebra r o nascimento do Menino Jesus, esta LUZ ce lesti al que ilumina nossos ca minhos, indi cando o que devemos faze r e o que devemos evitar. Sinto muita pena das pessoas que abandonam esta LUZ, pois vivem sem rumo!
(A.G.J. -
SP)
Catolicismo de 11enlacle ~ Gostei muito da rev ista, que apre-
senta principa lmente o tema de Nata l. Ela está não só bonita, mas com temas indi spensáveis e profundos. Isto sim é que é catoli cismo de verdade. Muitos e di ze m católi cos, mas até mes mo no Natal só pensa m em comprar ou ga nhar presentes. Faze m até bonitas árvores de N ata l, mas se esqu ecem do presépio. Goste i mui to também do conto de Natal [Di álogo entre a mula e o bo i] e j á o co nte i, co m minh as
CATOLICISMO
a equipe da revi sta Catolicismo. Que Jesus nasc ido em Belém, retribua por mim os benefíc ios qu e e u e minh a fa mília recebemos de vocês todos os meses. Por isso, peço à Mãe daque le Menino e a São José que agradeçam por nós que não sa bemos bem como agradecer, e qu e os a bençoe m pa ra a j o rnada do ano de 201 3 co m toda co nfi ança na Sa ntíss im a Virgem. E la estará se mpre de pé e com braços abertos para ajudar seus filh os em todas as difi culdades do no vo ano. Um abraço de um entusiasta de Catolicismo. (B.N.N. -
RJ)
O podei' da música ~ Pe la entrevista, envi o meus para-
béns ao músico norte-americano Phillip B. Calder. E le me ajudo u a compreender muita co isa qu e enti a a respeito da música, que mexe muito com a gente, mas nem sempre num bo m e ntido. Agora posso separar bem a boa mú sica daquela que se poderia q ualifica r como música má. (A.T.A. -
me nsagem. Fe li zmente, poderei enviála e co mpartilhar com o máx imo de pes oa . o "la ri a de sa ber se párocos, vi gá ri os e mi s io nári os pode ri am ter ace · o a e ·ta repo rtage m através de e-mail , para qu e pos am di stribuí-la entre o paroqui ano durante as Mi ssas e outras cerimônia re li gi sas. Acredito que seria de extrema va ntagem para a realização de uma campanha nac ional de desagra vo a Nossa Senho ra, Mãe de Jesus e nossa Mãe ! Vou imprimir as págin as da reportagem e di stribuí-las.
BA)
Sacrilégio co11trn Nossa Se11/wrn ~ So u ass in a nte dessa exce le nte
rev ista. A reportagem sobre o ul traj e contra a Santíss ima Vi rgem ("Contra a Sa ntíss im a Virgem, ul traj e que clama a De us po r vin gan ça"), eu j á hav ia lido no s ite do Sagrado Coração de Jesus, porém não abi a como enviar
colombiano" g ruda rá bem no pres idente Santos. (C.F.D. -
RJ)
QJ J'C(lllzido
1:81 Sugiro espalhar pelas redes sociais, f acebook, orkut, tw itter, etc. aquela notíci a sobre maconha publicada pela re vi sta de o utubro [Consumo de maconha diminui coeficiente intelectua[j . Acho que ajudará a tirar da cabeça dos j o vens o mito de que maconha é uma droga " leve". (M.M.S.D. -
SP)
MG)
Pl'i11cípios cl'Ístãos
O Sacramei1to da confissão
~ Cons id ero a revi sta Catolicismo um doc um e nto rea lm e nte de g ra nde imp o rtânc ia pe lo se u co nte úd o, es pec ia lme nte para a fo rm ação dos princípi os cri tãos . Eu recebo a revi sta po r inte rmédi o de amigos e so u grato por isto.
1:81 Talvez alguns párocos, ou a maioria dos padres, não fa le m da confi ssão. O padre de minha comunidade, sempre que o se rmão o permite, cita o sac ra mento da confi ssão como algo indi spensável na vida do cristão e da Igrej a. N ão devemos nos desesperar, de ve mo s rezar pe la santidad e dos nossos sacerdotes. Desde o início do An o Sace rd ota l, fi co u in stituída em nossa paróqui a todas as sextas-fe iras a Vi a-Sacra pe la santificação do clero. A c ho qu e é po r esse caminho que deve mos seguir, "orar em todas as circun ·tâncias ", para que a bel eza dos Tesouros da Sa nta Igrej a sej a exposta para maior G lória de Deus e salvação de nossas alm as.
(G.B. -
RJ)
Não há o que temer ~ A devoção a N ossa Senho ra Aparec ida ' a so lução para ev itar qu e o Bras il de ixe de ser um pa ís cató lico. In fe li zmente é um peri go qu e ameaça nossa Pátri a a apostas ia de cató licos que adotam fa l a re ligiões. Sem Maria tudo está perdido; com Ela não há o que te mer. Prec isa mos propaga r essa de voção mais e mais.
(R.D. -
(L.C.M. -
RJ)
SP)
"Ker e11s/(y colombia110" 18 In ac reditáve l qu e o pres id e nte co lo mbiano Sa ntos, depois de tod as as tentativas fracassadas de governos anteri ores ao pres idente Uribe, venha novame nte com esse papo de "co nversações ex ploratóri as" com os terroristas das FARC. Negoc iar o quê com terrori stas e narcoguerri lheiros? A úni ca negoc iação poss ível seri a todos os te rro ri stas se e ntregare m, deporem suas armas e serem julgados segundo as leis e tabelec idas no país. Acho que a qu alificação de " Kerensky
Aparições marianas
INMEMORIAM
N
o último dia 2 de dezembro, aos 71 anos, faleceu em São Paulo o advogado José Luiz de Freitas Guimarães Ablas, por longo período cooperador da Sociedade Brasileira de Def esa da Tradição, Família e Propriedade - TFP. Era filho do destacado líder católico e cirurgião santista Dr. Antonio Ablas Filho e de D . Júlia de Freitas Guimarães Ablas, insignes propagandistas e colaboradores de Catolicismo desde o seu início, em 1951 . A exemplo de seus pais, dos quais herdou o trato afável e a inteligência brilhante, José Luiz ingressou em plena mocidade no pugilo de seguidores de Plínio Corrêa de Oliveira, que tinha por ele especial estima e com o qual colaborou como secretário de uma comissão de estudos filosóficos e teológicos. Grande devoto da Santíssima Virgem, particularmente de Nossa Senhora do Bom Sucesso - sobre cujas revelações no Equador se debruçou in loco nos últimos anos - , após décadas a fio de bom combate, no Brasil e também no Exterior, reconfortado pelo sacramento da Extrema-unção, José Luiz entregou sua bela e generosa alma a Deus. Com a presença de seus irmãos e sobrinhos, bem corno de grande número de companheiros de ideal , seu corpo foi velado na sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, de onde partiu para o Cemitério da Consolação, na capital paulista.
CGREJA APOSTÓLICA ROMANA, convicto e feliz. Além do mais não somos órfãos, pois ternos uma Mãe Mari a, Mãe das mães. Pena que os protestantes não desejam tê-la. (C.B.C. -
Fenômeno extrao rdinário têm sido as apari ções de Nossa Mãe Ce leste no mundo inteiro. Quão maravilhoso seria se toda a humanidade, parti cularmente os cri stãos, co locassem em prática seus en sinamentos. Com certeza, a apostasi a não enganaria a tantos. (A.S. -MA)
Co11victo e feliz! 121 Obri gado, MON SENHOR JOSÉ LUJZ VIL LAC, por suas palavras bem a propri adas sobre a di fe rença entre REZAR e ORAR. Amo minha SANTA
PE)
Revelações e milagres 18 Essa revista é sensacional! Gostei muito desse documento sobre revelações de Nossa Senhora. Sempre acho muito interessante tudo que se relaciona a revelações. Muitos católicos acham que em nossa Igreja não há revelações místicas e milagres. Basta somente se informar para conhecer tantos milagres e acontecimentos místicos cristãos. Em nossa sociedade atual, creio que "não há mais milagres" pela incredulidade e tibieza na fé de muitas pessoas. Nós temos um tesouro
chamado Igreja Cató lica. Entretanto, muitos não dão valor a ele. (M.S. -MA)
Nota da Redação : N o arti go sobre Santo Edmundo Carnpion, publicado na edição anterior, o trecho "vimos como a Inglaterra caiu no cisma com Henrique VIII, que não aceitou a anulaçüo de seu casamento... ", devido a um lapso da revisão, deve-se ler "... que não aceitou a não anulação de seu casamento", poi s o rei , que era casado, queri a divorci arse para estabelecer nova e il egítima união matrimoni al.
JANEIRO 2013 -
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, Monsen hor JOSÉ LU IZ VILLAC
Pergunta - Lendo a matéria de capa da revista de abril/2012, na p. 34, li uma afirmação que me deixou espantado e com muita dúvida. A afirmação é a seguinte: "A devoção à santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação." Não sou teólogo, nem filósofo, mas afirmar que a devoção a Maria é NECESSÁRIA não implica logicamente em dizer que o sacrifício de Jesus na Cruz é INSUFICIENTE? Por favor, esclareçam este ponto, pois não consigo entender. Sou católico e catequista, por isso gosto muito de ler a revista Catolicismo, de onde tiro bons momentos e assuntos de discussão com os catecúmenos que estão na minha turma. Talvez até me encaixe na categoria de devoto escrupuloso (p. 35), mas é importante compreender totalmente as afirmações antes de, eventualmente, propagá-las para aqueles que escutam minha instrução em matéria de fé e doutrina, não é? Agradeço sua atenção.
Resposta - É di gno de registro que o mi ss ivi sta "gosta muito de ler" a nossa revi sta, "de onde tira bons momentos " e temas para tratar com os seus catequi zandos. N ão obstante, :ficou "espantado e com muita dúvida" sobre o que está di to a respeito do papel de Nossa Senhora na obra da Redenção de N osso Senhor Jesus Cri sto, no arti go de abril de 201 2. Trata-se de um artigo escrito por Plini o Maria So limeo, comemorativo do terceiro centenári o do célebre Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Maria Gri gnion de Montfo rt. Esse livro fo i escrito em 17 12, mas permaneceu inédito, guardado numa arca até 1842, quando fo i descoberto por um mi ssionário da congregação fu ndada pelo referido santo. A frase que "deixou espantado" o consul ente não é de nosso articuli sta, mas do próprio santo, e se encon tra largamente desenvolvida ao longo do Tratado, do qual citaremos a seguir alguns tópi cos, para esclarecimento do leitor, como ele instantemente nos pede. Ass im , por exemplo, no tó pico 14, diz São Luís Gri gnion: "Corifesso com toda a Igreja que Maria é uma pura criatura saída das mãos do Altíssimo. Comparada, portanto, à Maj estade iefinita, Ela é menos que um átomo, é antes um nada, pois só Ele é 'A quele que é ' (Ex 3,14) e, por conseguinte, este grande Senhor, sempre independente e bastando-se a Si mesmo, não tem nem teve jamais necessidade da Santíssima Virgem para a realização de suas vontades e a man(festação de sua glória. Basta-lhe querer para tudo.fazer". Mas, em seguida, no tópico 15 , o santo continua : "D igo, entretanto, que, supostas as coisas como são,já que Deus quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem, depo is que a fo rmou, é de crer que não mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois Deus é imutável em sua conduta e em seus sentimentos ".
CATOLICISMO
A seguir analisa detalhada mente as ações que as três Pessoas da Santíssima Trindade operaram em Mari a e por Maria: "Deus Pai só deu ao mundo seu Unigênito por Maria. [. ..} Porque o mundo era indigno, diz Santo Agostinho, de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, Ele o deu a Maria, afim de que o mundo o recebesse por meio d 'Ela. E m Maria e por Maria é que o F ilho de Deus se.fez homem para nossa salvação. Deus Espírito Santo fo rmou Jesus Cristo em Maria, mas só depois de lhe ter p edido consentimento por intermédio de um dos primeiros ministros da corte celestial " (nº 16). E depois de alongar-se sobre as obras que De us Pai e Deus F ilho fize ram por meio de Maria, detém-se espec ialmente na terce ira Pessoa da Santíssima Trindade: "O Espírito Santo, que era estéril em Deus, isto é, não produzia outra p essoa divina, tornou-se.fecundo em Maria. É com Ela, n 'Ela e d 'Ela que Ele p roduziu sua obra prima, um Deus.fe ito homem, e que produz todos os dias, até o fim do mundo, os p redestinados e os membros do corpo deste Ch~fe adorável. Eis por que, quanto mais em uma alma Ele encontra sua querida e inseparável Esposa, mais op erante e poderoso se torna para produzir Jesus Cristo nessa alma, e essa alma em Jesus Cristo " (nº 20). E exp li ca: "Não se quer dizer com isto que a Santíssima Virgem dê .fecundidade ao Espírito Santo, como se Ele não a tivesse. Sendo Deus, E le possui a.fecundidade ou capacidade de produzir, como o Pai e o F ilho. Não a reduz, porém, a ação, não gera outra p essoa divina. O que se quer dizer é que o Espírito Santo, por intermédio da Virgem, da qual se quis servir, se bem que não lhe.fosse absolutamente necessário, reduziu a ato sua .fecundidade, p roduzindo n 'Ela e por Ela, Jesus Cristo e seus membros. É um mistério da graça, inacessível até aos mais sábios e espirituais dentre os cristãos" (nº 2 1). Ass im, quando se lê, no Tratado da Verdadeira Devoção, que "a tlevoção à Santíssima Virgem é necessária à salvação " (nº 40), trata-se do que os teó logos chamam de " necess idade hipotética", isto é, porq ue Deus qui s que ass im fosse, não porque fosse absolu ta mente necessário. Daí a conclusão de São Luís Grigni on: "É p reciso concluir que a San tíssima Virgem, sendo necessária a Deus, de uma necessidade chamada hipotética - de vido à sua vontade - é muito mais necessária aos homens para chegarem a seu último.fim " (nº 39), isto é, à salvação eterna. Co mo o mi ss ivista pode notar, nada do qu e São L uí s Grignion expõe tem a ver com a ideia de que o Sacri fíc io de Nosso Senhor Jesus Cri sto na Cruz tivesse qualquer co isa de INSU FICIENTE. O rumo de seu pensamento é tota lm ente outro. Tudo se deve ao sacrifíc io redentor de Cri sto. Mas a aplicação desses méritos aos homens é o Di vino Espíri to Santo que a faz por meio de Maria, confo rme exp licado por São Luís M aria Grignion de Montfort. É claro que o Espírito Santo atua pe lo indi spensável ministério da Santa Igreja, do qual São Luís G rigni on fo i um
Nossa Senhora lança seu cinto a São Tomé no momento da Assunção
ardoroso min istro. M as este é um ponto subentendido que ele não prec isava ressa ltar aqui .
"De Mal'ia ,mnquam satis" Certamente há de ter c hamado a atenção do leitor a ori ginalidade e até mesmo - como não di zer? - a audácia do pensamento de São Luís G rignion, que é de uma ortodoxia inatacável. A ponto de ter extas iado as melhores almas desde meados do sécul o XIX - quando o Tratado fo i publicado - até meados do século XX, e mesmo até hoje, embora esse ardor tenha arrefecido em mui tos, por ca usas que daqui a p ouco indicaremos. Antes, porém, convém deixar consignado que da doutrina de São Luís Gri gnion se pode resumi damente di zer que é uma apli cação, levada ao extremo, do conhecido axioma mariológ ico "De Maria nunquam satis ". Isto é, de M ari a se podem faze r os maiores elogios, quanto mais altos, melhor: d' Ela só não se pode di zer - como o criti cavam seus adversári os com pontiaguda malícia - que é uma quarta pessoa da Santíssima Trindade .. . Tudo isto arrepia os espíritos "protestanti zados", que adotam um p rincípi o oposto: D e Maria quantum minus melior .. . Dá- nos um depoimento pessoal sobre a penetração deste espírito nos meios católicos o cardeal Joseph Ratzinger, em sua cé lebre entrev ista a Vittori o Messori , da qual o jornali sta publi cou na rev ista "Jesus" (Mil ão, ano VI, novembro de 1984, pp. 67-8 1) um resumo prévi o ao lançamento integral no liv ro Rapporto sul/a Fede (Edizioni Paoline, Milão, 1985). "A ntes do Concílio - afirma o Cardeal - não compreendia absolutamente certas .fórmulas antigas como Maria é a inimiga de totlas as heresias. Outras, como o célebre De Maria nunqtuun satis, me pareciam excessivas. Mudando a situação, durante e depois do Concilio, e aprofúndando o tema, mudei de opinião, convencido de ter-me enganado. De alguns pontos, estou agora mais do que nunca convencido: 1 º) Reconhecer a Maria o lugar que o dogma e a tradição católica lhe coriferem significa estar solidamente radicados na cristologia autêntica " ("Jes us", p.79). Se até o Cardeal Ratzinger sentiu em si a penetração do espírito que reje itava como excess iva a fó rmul a D e Maria nunquam satis, não é de admirar que o leito r, tão amigo de Catolicismo, tenh a ficado perpl exo di ante da afirmação tão categoricamente mari al de São Luís Grigni on: "A de voção à santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação". Esperamos que as exp licações aqui dadas convençam o benévolo missivista de qu e a teologia mariana de São Luís G ri gni on está "solidamente radicada na cristolog ia autêntica", como ta mbém di sso se convenceu o atual Papa Bento X VI. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
JANEIRO 2013
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Eslováquia: Parlamento rechaça 1 casamento' homossexual
Socialistas ·desarmam o Ocidente enquanto a Rússia se arma
Parlamento da Es lováq ui a rechaço u, por 94 votos contra 14, um proj eto de lei apresentado por partidos de opos ição para lega lizar as uni ões homossex uai s. Durante dois di as de intenso debate, os defensores do matrimônio segundo o Direito natu ra l e a Lei de Deus adverti ram que dar às uni ões do mesmo sexo um sta tus jurídico equivalente ao casamento tradicional signifi cava pôr em ri sco a soc iedade. O projeto de lei afetaria todo o s istema jurídico do país e mudaria a face de uma nação, na qual 62% se professa m católicos. •
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a França, o presidente socialista François Hollande quer rebaixar ainda mais a defesa do país. Por sua vez, a Rúss ia se rearma e "relança suas despesas militares porque, na sua visão estratégica, a força está voltando nas relações internacionais", segundo Thomas Gomart, do Institui Français des Relations Internationales (IFRI). Porém, a Rúss ia precisa dos equipamentos ocidentais, pois é incapaz de os produzir. Gomart prossegue: "Os russos são conscientes de sua inferioridade. Quando eles viram em ação os armamentos franceses e britânicos engajados na Líbia, entenderam que eram incapazes de fazer o mesmo ". O presidente Vladimir Putin prometeu a Hollande que comprari a annas da França por 28 bilhões de euros, e da Alemanha por 72 bilhões. Tudo isso poderá ser usado um dia contra Europa que se desarma! •
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EUA: Jazida de petróleo é o dobro de todas as reservas da OPEP egundo recente relatório do U.S. Government Accountability Office - GA O, o potencial de petróleo aproveitável na jazida de Green River Formation, nos estados de Utah e Colorado (EUA), seria "igual a -~ ·- ·· -··- \ todas as reservas mundiais de petrói w , • ., , " º i___ ,._ leo conhecidas". O GAO e a indústria privada estimam que o petróleo aproveitável na jazida atingiria 3 trilhões de barris. "Nos últimos 100 anos, toda a humanidade consumiu 1 trilhão de barris de petróleo. E nós temos aqui várias vezes isso" - disse Roger Day, vice-presidente para as operações da American Shale Oi! (AMSO). Se depender do petróleo, o apocalipse energético planetário anunciado pelos eco logistas ainda vai demorar séculos. •
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Coreia do Norte: prossegue a crueldade comunista
Golpe propagandístico para dissimular truculência inumana
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mídia ocidental difundiu foto (acima) de um prédi o em Wenling, na provínci a de Zhejiang (China), loca li zado bem no meio de uma nova estrada. Pouco depo is, o governo marxista teria indenizado os propri etários e eles aba ndonaram sua casa, logo demolida para desimpedir a estrada. Após a suposta indenização, a " mensagem" fo i: o co muni smo respeita a propriedade privada! Na realidade, o fato é uma montagem propagandística visando desmentir as denúncias de violências desumanas contra pequeníssimos proprietários. A ONG Anistia Internacional anali sou 4 1 casos entre 2009 e 2012, constatando agressões, prisões, seq uestros e mortes por ocasião das expropriações . Em Wuhan, uma mulher de 70 anos fo i enterrada viva por um a retroescavadeira quando tentava salvar sua casa. Em Wenchang, um bebê foi arrancado da mãe até que a fam íli a concordasse com o confisco de sua residência . Há registros de auto- imolações de moradores expropriados. •
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magens de satélite desmentiram as alegações da ditadura norte-coreana de que o campo de concentração conhecido como "Colônia Penal 22" fora fechado e os presos redistribuídos para outras prisões. Nesse campo há 50 mil presos em regime de trabalho forçado. Guardas desertores narraram numerosas formas de tortura, inclusive experimentações "médicas" ou de novas armas, utilizando-se de presos e até de crianças como alvo. A ONU manifestou "séria preocupação " pela "existência de um grande número de campos de concentração e de uma larga utilização de mão de obra forçada " na Coreia do Norte. O documento só serviu para engrossar ainda mais os enormes arquivos de constatações da ONU sem qualquer aplicação concreta. •
CATOLICISMO
Há 16 anos que o 11 aquecimento global" não aumenta
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esde o início de 1997 até agosto de 2012 não houve aumento algum nas temperaturas globa is, revelou o Met Office - Serviço Nacional para o clima da Grã Bretanha. Os dados provêm de 3.000 pontos de medição sobre a terra e os mares. A revelação ocorreu junto com o anúnc io de uma mudança na política energética in glesa. O mini stro da Energia, John Hayes, prometeu que "as teorias altamente distorcidas dos acadêmicos esquerdistas não passarão por cima dos interesses do povo comum, que precisa de combustível para se aquecer, para a iluminação e o transporte ". •
Cardeal de Chicago denuncia onda de cristofobia cardeal Francis George , arcebispo de Chicago (EUA), escreveu em artigo para a revista "Catholic Culture": "Espero morrer em meu leito; meu sucessor morrerá na prisão, e o sucessor dele morrerá mártir em praça pública". O cardeal aludia à onda de cristofobia crescente nos EUA nos últimos anos . Ele sublinhou que os sentimentos anti-religiosos que se manifestaram com tanta agressividade durante a recente campanha presidencial introduzem no horizonte a perspectiva do martírio. Mas acrescentou que a longo prazo a Igreja sairá vitoriosa , assumirá a tarefa de "reerguer a partir dos escombros uma sociedade arruinada, e ajudará lentamente a reconstruir a civilização, como Ela já o fez tão frequentemente na história da humanidade".
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Bispo mmeno lembra mártires do comunismo o recente Sínodo geral realizado em Roma, Dom Virgil Bercea, bispo de Oradea Mare , na Romênia, referiu-se ao sangue vertido pelos mártires católicos sob o regime comunista: "Quando meus pais obtiveram o primeiro rádio, conseguimos ouvir a Missa através da Rádio Vaticano. Minha mãe colocou uma cruz sobre o rádio, e vieram muitas pessoas até a nossa casa. Nós nos sentíamos diante do rádio como diante de um altar. Simultaneamente, nossos mártires encontravam-se atrás das grades. Estávamos unidos pela oração. Um tio meu, que depois foi nomeado cardeal, passou 16 anos no cárcere. Quando ele saiu da prisão com o cabelo raspado a zero e os olhos esbugalhados, fiqu ei impressionado com a sua personalidade! Media 1, 85m, mas o mantiveram durante três anos numa cela de um metro por um metro e meio, devendo passar o dia todo de pé. Esses mártires estavam expostos ao frio de até 30° negativos". Apesar desse impressionante relato , o Sínodo não se pronunciou contra os regimes que continuam martirizando hoje os católicos, como, por exemplo, os da China , do Vietnã e de Cuba.
N UE tenta vetar símbolos religiosos em moeda eslovaca
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ara come morar o 1150º an iv ersario da eva nge li zação da Es lováq ui a, o Banco Central daq ue la nação aprovo u o lança mento de moedas de dois euros com a imagem dos Santos Ci rilo e Metódio. No desenho os dois santos apareciam com as respectivas aureo las, e cruzes e m suas vestimentas. A Com issão Europé ia, porém, e algun s Estados da UE pediram a eliminação desses s ímbolos, "para obedecer ao princípio da neutralidade religiosa ". Tendo o governo es lovaco ced ido à pressã.o, institu ições e em in en tes figuras da vida social e políti ca protestaram fi rmemente. O porta-voz da Conferê ncia Ep iscopal dec laro u: "Em J 988 [na luta contra o domínio comuni sta], os.fiéis da Eslováquia arriscaram suas vidas difundindo a doutrina que haviam pregado os dois santos. Vivemos realmente num Estado de Direito, ou num sistema totalitário que nos dita quais atributos podemos utilizar?" Diante da reação popu lar, o Banco Central es lovaco recons iderou sua pos ição e aprovou o modelo ori ginal com os símbolos e atributos dos Sa ntos Ci ril o e Metódio. E os burocratas soc iali stas da UE ficaram a ver nav ios. •
JAN EIRO 2013
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VARIEDADES
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Cerimônia que exprime grande ideal
1 "Em seu discurso, D. Manuel ressaltou que o propós ito dessa busca [elas Índias] era difundir a palavra de Jesus Cristo e com isso obter sua recompensa no Céu, e em acrésc imo adquirir reinos e novos Estados com muitas riquezas. "Com isso, Vasco ela Gama ajoelhou-se e, no silêncio so lene que se seguiu, beijou a mão do soberano em agradecimento pela grande honra que lhe fora concedida. O estandarte de seda ela Ordem de Cristo fo i apresentado por um oficial. Vasco ela Gama pôs as mãos sobre ele e fez seu juramento de lea lcl acle, em voz alta e clara, para que todos ouvi ssem. '"Juro pelo símbolo desta Cruz, sobre o qual pouso minhas mãos, que no serviço de Deus e por Vós a defenderei e não capitularei à visão do mouro, pagão ou qualquer raça de gente que p ossa encontrar e, diante de qualquer p erigo de água, fogo , ou espada, j uro sempre def endê-la e protegê-la, até a própria morte'." *
N o atual ambiente hostil a celebrações grandiosas, constitui um bálsamo para nossos contemporâneos a bela descrição do cerimonial que cercou a partida de Vasco da Ga1na para sua epopeia 1narítima. lffl G REGÓRIO V IVANCO LO PES
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gualitári o e sensual, o mundo moderno oprime e vergasta toda aspiração para o que é mora lmente elevado e sublime, embora não consiga aniquil á-la. Prova recente fo i o entusiasmo ocorrido no mundo inteiro a propósito do cerimoni al do casamento do Príncipe William da ínglaterra . O leitor encontrará a segui r, resumidamente, a descrição de outro cerimoni al, acontec ido no fi nal do século XV Trata-se da partida de Vasco da Gama para descobrir o ca minho das Índi as (anteriormente, Bartolomeu Dias havi a
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CATOLICISMO
dobrado o Cabo da Boa Espera nça, mas não fo ra adiante). O texto fo i extraído do livro Por Mares Nunca Dantes Navega-
dos , de Ronald J. Watkins, Editora José Ol ympio, Ri o de Janeiro, 2004. * * " Fo i esco lhid o para a pa rtid a o sá bado, 8 de julho de 1497. Em 7 de julho, o Rei D. Manuel recebeu Vasco da Gama, capitão-mor da frota de quatro navi os, e seus capi tães em cerimôni a so lene. Reuni dos em torno do soberano estava m os mais importantes nobres e outros personagens da corte, incluindo os mais elevados memb ros do clero, todos adornados com os melhores trajes e atavi os cerimoni ais. A multidão, dentro e do lado de fora , também estava engalanada, fo rmando uma exuberante co lcha de reta lhos de vestuário. "Vasco da Ga ma e seu irmão mais ve lho, Paul o, o dedi cado amigo deles, Nico lau Coe lho, e outros altos ofi ciais da ex pedi ção, todos envergava m sua mais vistosa armadu ra. Capacetes, peitorais e os punhos elaborados de suas espadas fo ram polidos até ganh ar um lustro muito brilhante. Um por um fora m levados à frente, apresentados ao rei e à corte, e fi caram em pos ição el e sentido.
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"Em procissão, acompanhados pelo própri o rei, Vasco ela Gama a cavalo e seus homens seguiram so lenes para o porto, qu e fi cava próx im o. A gra nd e multid ão recebeu os homens com vivas e lágrimas. Os homens subi ram a bordo cios nav ios ao rufa r contínuo cios tambores e ao toque festivo de trompetes. Cada nave estava adorn ada co m fl âmul as coloridas e penachos esvoaçantes. "Ao longo ela margem cio Tejo estava reuni da urn a mul ti dão acenando alegre para os nav ios qu e di sparara m os canh ões em respos ta e tocara m as trombetas em fa nfa rra. As naves passaram em fil a di ante ela multid ão empo lga da, para a curta vi age m até Belém, onde lançaram âncora. Lá, há uma longa geração, o príncipe Henrique, o Navegador, co nstruíra um a capela nacionalm ente venerada, dedi ca da a todos os que segui am para o mar. Uma ordem de fre iras mantinha um hospital próx imo, onde cuidava m de marinheiros trazidos doentes ou agoni zantes de navios que acabava m de chegar de viagens longínquas. "Vasco da Gama, seu irmão, Paulo,
e Coe lho, ainda atavi ados em suas armaduras, fora m para a praia e passaram pelo meio da multidão que os esperava, engrossada pelas inúmeras pessoas que havi am seguido os navi os, a cavalo e em carruagem. Outros, vi ajando a pé, co ntinuaram chegando durante o decorrer ela noite. "Era costume dos marinheiros portugueses que parti am, rezar para Santa Mari a de Belém. Dentro da pequ ena capela, os três capitães principais ass umiram seus lugares, acompanhados de outros, e passaram a longa noite ajoelhados, junto a sacerdotes do mosteiro vi zinho. Os homens se confessa ram e cumpri ram suas devoções." *
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"Ao nascer do sol no sábado, 8 de julho, D. Manuel chegou à capela, e os três capitães fo ram enco ntrar se u soberano do lado de fora . Ali Vasco da Gama se comoveu até as lágrimas, que prontamente enxugou. Ele então voltou para acompanhar o rei até a capela para a Missa fi nal. Dobraram os sinos da capela e do mosteiro próx imo, anunci ando à multidão que chegara o momento hav ia tanto esperado . "Do lado de fora, os ofi ciais e di gnitári os reuniram-se para a curta procissão até a margem. O reitor da capela ia à frente, seguido pelos padres e monges, as cabeças baixas e as mãos cruzadas à frente do corpo, caminhando a passos medid os , ento a nd o um câ nti co e m uníssono. Em seguida iam os acó li tos, sacudindo in censóri os ornamentados, so ltand o uma punge nte fum aça azul que rodopi ava por suas batinas e segui a flutu ando para a multidão . Depois os portadores de cruzes e outros sacerdotes. "Vasco da Ga ma, segura nd o um círio aceso, o capace te e o peitoral relu zindo ao brilha nte sol de verão, seguia devagar, não olhando nem para a esquerda, nem para a direita, a cabeça erguida. Atrás dele estavam os ofic iais e os homens de sua frota em fil eiras de dois, cada qual portando um a vel a acesa. "Na praia o reitor fez uma pausa e ajoe lhou-se, e todos se ajoe lharam onde estavam. A mul tidão fi cou em silêncio.
O padre, de acordo com a bul a papal obtida mui to tempo antes pelo príncipe Henrique, e aplicável a todos que morressem na conquista ou descobrimento de terras di stantes, concedeu a absolvição plenária aos homens da expedição que vi essem a perder a vida. "Todos se ergueram e, com deliberação, Vasco da Gama deu ordem para que as tripulações subi ssem a bordo dos navios à espera. Houve um momento fi nal para um abraço, um aperto de mão, urna troca de olhares. "Peito da praia, o jovem rei dirigiu-se à tripul ação, em conjunto e individualmente, dando-lhes sua bênção e se us bons votos, e então despediu-se quando eles tornaram os botes que os esperavam. "Ao ritmo de um antiquíss imo cântico marítimo, os marinheiros ergueram âncora do fund o lamacento do rio. As novas velas bra ncas, imensas, adornadas com a enorme Cruz esca rl ate da Ordem de Cri sto, fo ra m estendidas e enfunaram- se com a bri sa. Os navi os partiram , lentos a prin cípi o e depoi s mais velozes em direção ao mar aberto. O próprio rei tomou um pequeno barco, para acompanhar os navios até onde fosse poss ível, gritando-lhes repetidas vezes suas bênçãos e votos de fe licidades. " No co nv és, os ma rinh e iros se amontoavam contra as mu radas ou se pendura vam no cordame, cada homem tentando um a úl tima vi são dos entes queridos, que acenavam com mantilhas de cores vivas ou com as mãos nuas e lançavam um último adeus. " O es tandarte rea l fo i novamente erguido no navi o, ao clamor de urna fa nfa rra de tro mpetes . Os tambores rufavam em um rufo marcial constante, aco mpanhados por fl autas, fl autin s e tamborins. Numerosas pequenas embarcações seguiam o rastro dos navi os, indo até onde fosse possível. Todos os olhos estavam fi xos nos navios, até que eles sumiram de vista, mas nenhum mais firm e que os de D. Manuel, que de seu barco observava a frota que partia, corno qu e hipn oti zado, se m se move r, até nada mais restar para ver além do vasto oceano azul di ante dele, estendendo-se através do mundo, até a Índia.'' • E-mail para o autor: cato licisrno@terra .com.br
JAN EIRO 2013
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Entrevista com o ex-" czar antidrogas" da Colômbia
Catolicismo - Mas muito do que o Sr. diz pode-se ver em outros países latino-americanos ... Coronel Plaws - É o qu e está aco ntecendo na Am é ri ca La tin a. C re io qu e os soviets qu ere m insta la r neste continente sua desa parec ida U nião Soviéti ca. Este é, no meu modo de ve r, o pro pós ito do Foro de São Paulo. Catolicismo - Só Deus conhece o futuro. Mas se o Sr. estivesse em condições de predizer o porvir, o que teria acontecido se o Exército não tivesse atuado no Palácio de Justiça a fim de se resgatar os reféns? Coronel Plaws - De fato, o futuro a Deus pertence, mas a pergunta deveria ser "se o Go vern o não atuasse como fez", e não o Exé rc ito, po is fo i o pre idente Be li sari o Betancur quem ordenou a atuação deste. E se não o fizesse teria sido destit11 ído do poder e jul gado no Pa lác io de Justiça ao lado de três de seus mini stros: o de Gove rn o, da Justiça e da Defesa. Comprovam -no não só os planos de ocupação do Pa lácio pe lo M- 19, mas o mani fes to que com no mes próprios apareceu nesse mesmo dia nas ru as de Bogotá. Era um go lpe de Es tado. E a Co lômbi a teri a se convertid o num pa ís sa télite de C uba, que hoj e diri ge a seu ta lante a Venezue la e Ni ca rágua. Não o conseguiram , graças à decisão de Betancur e ao va lor de seus so ldados. Isso o comuni smo internaciona l não perd oa.
Ü Cel. Plazas Vega é um dos valorosos militares que intervieram no Palácio de Justiça da Colômbia, invadido por guerrilheiros do M-19 em 6 de novembro de 1985. Ato heroico que a esquerda até hoje não perdoa e articula vinganças. assalto ao Palácio de Justiça da Colômbia, em 6 de novembro de 1985, foi talvez o ato terrorista mais grave da história daquela nação. Tendo o então presidente Belisario Betancur ordenado ao general de brigada Jesús Armando Arias Cabrales - mais tarde comandante do Exército - a atuar prontamente, este dirigiu a operação militar servindo-se, entre outros, do então tenente-coronel Luís Alfonso Plazas Vega, comandante da Escola de Cavalaria Blindada do Exército, sediada em Bogotá. A operação derrotou os subversivos do M-19, restaurou a ordem e salvou o país. Como "prêmio", tanto Arias Cabrales como Plazas Vega foram condenados respectivamente a 35 e 30 anos de prisão, enquanto o autor intelectual do assalto e outros terroristas sobreviventes não só ficaram isentos de penas judiciais, mas ocupam hoje importantes cargos públicos. Alguns ·detalhes da sanha persecutória que se seguiu a essa epopeia salvadora são relatados por um de seus protagonistas a Helio Dias Viana, nosso enviado à Colômbia, que se entreteve com ele nas dependências militares onde se acha recluído, e cuja entrevista - especial para Catolicismo - foi autorizada pelo órgão competente.
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CATOLICISMO
Ce/. Plazas:
"Os autores do mais horripilante crime contra a majestade da Justiça na Colômbia não pagaram um só dia de cadela pelo holocausto cometido"
Catolicismo - Passaram-se quase 30 anos do assalto do M-19 ao Palácio de Justíça. Enquanto os guerrilheiros sobreviventes não têm dívidas com a justiça, o Sr. está na prisão. A mesma sorte tiveram outros militares. Como se sente diante desta situação? Coro11e/ P/azas - Os únicos pri vados de liberdade são o genera l Jesús Arm a nd o Aria s , co ma nd a nte d a brigada, e eu, então comanda nte da Escola de Cava laria, que conseguimos resgatar pelo me nos 260 pessoas sequestra das na ocasião pe lo M- 19, impedindo que este to rn asse o poder. O governo de Cesa r Gav iria - o mesmo a permiti r que o narcotrafica nte Pab lo Escoba r construísse sua própria pri são - perdoo u o M-1 9 de seus terríveis crimes, concedendo-lhe todo tipo de beneficios. O M- 19 chegou a env iar cinco de seus ma is peri gosos me mbros como dipl omatas a di ferentes países da Euro pa. Vári os de les chegaram ao Parlamento e ocupara m posições no govern o. N avarro Wolff, por exemplo, autor inte lectual do assalto ao Pa lácio de Justiça, fo i mini stro de Gaviria, governador e senador. Catolicismo - É importante que tudo isto fique registrado para a História, pois, do contrário, as gerações futuras terão dificuldade em acreditar numa traição tão grande. Coronel P/aza.\· - Há mais. Não nos esqueçamos
de que o assa lto ao Palácio de Justiça fo i ide ia do próprio Pab lo Escobar. E agora é o M- 19 que ac usa os militares dos crimes que e le cometeu, sendo este es pec ifica mente o caso dos desa parecidos da cafeteria do Pa lácio de Justi ça, mortos na rea lidade pelo M- 19. Pe lo menos dois dos quatro advogados representantes das vítimas fora m membros de tal movim ento gue rrilhe iro. Um de les fo i defensor do tenebroso G ustavo Petro, que como atua l prefeito de Bogotá está acabando com a c idade. O diretor do coleti vo de advogados que agru pa esses ac usadores, Sr. Aliri o Uribe, fo i preso du ra nte um assa lto do M- 19. E o que di ze r dos que me jul ga m? Vi vian Morales, ex-Fisca l Ge ra l da Co lômbia, é es posa de Carl os Alo nso Lucio, terro ri sta indultado do M- 19. Catolicismo - Se entendi bem, o M-19 acusava os militares, os quais por sua vez eram julgados pela Fiscal Geral, cujo esposo era um terrorista indultado do M-19. Coronel Plaws - Exata mente. Mas vej a ma is isto. O mag istrado Alberto Poveda Perd omo , que me condenou em segunda instânc ia, aspi ro u em duas ocas iões a ca rgos de e leição popula r numa coa lizão onde fi gura o M- 19, grupo te rro ri sta ao qua l se perd oa ram os crimes e se concedeu status po lí tico. Os autores do ma is horripil ante crime contra a maj estade da justiça na Colô mbi a não paga ram um só di a de cadeia pe lo ho loca usto cometido. Chegara m ao poder por ca na is da po lítica e da corrupção . Resumindo: após assass ina rem, os criminosos do M- 19 acusam e julga m.
Plazas fala à imprensa
"Creio que os soJ1iets quer em instalar neste continente sua desaf)arecida União S0 J1iética. Este é, 110 meu modo <le 11e1; o f)J'Of)ÓSito <lo FOl'O de São Paulo "
Catolicismo - Desde então o Sr. esteve no olho da tormenta. Independente do que determinem os juízes, como crê que a opinião do País o considera: culpado ou inocente? Coro11el Pftt zas - Jama is na hi stó ri a jurídi ca d o Pa ís ho uv e urn a pos ição ma is ra di ca l e m p ro l de um a pessoa jul gada e co nde nada. Ma is de 500 co lun as de o pini ão , arti gos e m j o rn a is e rev istas, e mi ssões ra di ofôni cas e te lev is ivas a me u favo r indi ca m a indi g nação de um po vo que me a po io u naqu e les mo me ntos e qu e es tá seguro d e minh a in ocê nc ia . Um a maté ri a de pág in a in te ira, in titul ada "Por que o Coronel Plazas a inda não está li vre", fo i publi ca d a e m " EI T ie rnpo" , o j o rn al de ma io r difu são da Co lômbi a. Era ass inad a po r urn a cente na de notáve is do Pa ís - represe nta ntes dos indu stri a is, pecu ari stas, ag ri culto re , cafe icul to res , pa lrni culto res , a nun c iantes , milita res reform ados , mag istrad os resga tados pe la tro pa no Pa lác io de Justi ça, a lém de 12 ex- mini stros - urn a pl ê iade, e nfim . Os juízes não se de ram po r ac hados , a pesa r de a este a tro pe lo esta r v in c ul ado não só o te rro ri s mo, mas também o na rcotrá fi co .
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Militar - contra as determinações de uma junta médi co-c ientífica que o imped ia - para levar-me à pri são com os pés e as mãos amarrados, jogado ao chão de uma ambulância com as botas dos depredadores do fNP EC (Instituto N ac ional Penitenc iári o da Co lômbia) postas sobre meu pescoço para que eu não lhes vi sse o rosto, e manter-me aco rd ado na pri são duran te 9 dias, proc urando liquidar-me anímicamente, só o faz uma juíza comprometi da com os ma is baixos interesses . Tudo isso eu denunciei em vão. Os processos contra os juízes corruptos não prospe ram . Completam-se hoj e mais de 18 meses desde que a Fiscalía recebeu o rdem da Procuradoria Ge ral para in ves ti ga r a fisca l Ánge la Mari a Buitrago, auto ra da montage m de uma testemunha fa lsa, e não o faz. É a esca lada da impunidade dos juízes corruptos.
Catolicismo - O Sr. então crê que nesta perseguição figura também o narcotráfico? Coronel Plaws - Eu fui o "cza r antidrogas" da Colômbia, tendo retirado das máfias bens no valor de cerca de um bilhão de dól ares. Isso também eles não perdoam. Catolicismo - Quem foram os que mais o ajudaram neste processo de acusações, juízos, perseg_uições e debates? Coronel P/azas - Antes de tudo, minha esposa Thania e meus filhos. Mas também um importante grupo de jornali stas corajosos, como o ex-ministro Fernando Londofio H oyos - que terrori stas tentaram assass inar em ma io deste ano - , o Plinio Apuleyo Mendoza, o Eduardo Mackenzie, a lém de muitíss imos outros que manifes taram seu repúdio a este crime de que sou vítima . Esc lareço que são os coluni stas, e não os me ios de comunicação. E os militares da ativa e da reserva. Tenho o apoio de todas as fo rças armadas, inc lusive da Po lícia. Mas e les não interfe rem no expediente, são respe itosos do processo. O s que não o respe itam são os fi sca is e os juízes a quem denunc ie i pena lmente pe los re iterados atos de corrupção e barbári e cometidos contra mim . Catolicismo - Um amigo comentou que chegaram inclusive a praticar violência física contra a sua pessoa. Como foi isso? Coronel Plazas - Tirar-me à força do H ospita l
llllllll!ll
CATOLICISMO
Foi o presidente Belisario Betancur quem ordenou a atuação do Exército na retomada do Palácio de Justiça
"E se o governo não atuasse, a Colômbia teria se convertido num país satélite de Cuba, que hoje dirige a seu talante a Venezuela e Nicarágua "
Catolicismo - O Sr. sente-se apoiado em sua terrível situação pelas Forças Armadas e pelos companheiros de armas? Coronel Plazas - Algo disso, j á respondi antes. O Sr. poderia perguntar-me pe lo apo io do pres idente Beli sari o Betancur, por cuj o govern o estivemos dispostos a perd er a vida - de fa to, 11 militares e po li c ia is morreram naque la ocas ião . A res posta é: "c laro que não". Quem nesse momento teve o va lor de faze r res pe itar a institui ção pres idenc ia l, hoj e, no ocaso da vida, anda muito te meroso e aco vard ado. A prova é que neste debate não te ve o va lor c ivil de mani fes tar-se a fa vo r dos que se arri sca ram po r e le. Catolicismo - O Sr. julga que, com a volta do foro militar, poderiam ser evitadas muitas situações de injustiça contra membros das forças da ordem? Coronel Plazas - A opini ão in tern ac io na l está engan ada. A rea li da de é o ut ra. O fo ro mili ta r ex iste na Consti tui ção Po lí tica da Co lômbi a. Está co nsagrado no artigo 22 1 da Carta Po líti ca. O que sucede é que não e tá send o aplicado. Os juízes co lombi anos estão burlando a Constitui ção e a le i. E o que o Cong resso está faze ndo é propo r uma mudança nesse a rtigo na Co nstit11i ção para acabar co m o foro mili ta r. E di z aos co lombianos q ue va i restabelecê- lo. Isto não está certo. Q uerem acabar com o Exército co lombi ano. N a sentença cm que me conde nam, os mag istrados do Tribunal upcrior de Bogotá qua lifi ca m o Exército de organização criminosa. E neste a preocupação é muito g rande. Um Exérc ito respe itoso da Constituição e da democrac ia necess ita de um sistema po líti co que o apoie e protej a contra um grupo de fac ín ras que quer estabe lecer um regime comuni sta na 'o lômb ia.
Catolicismo - Por que o Sr. disse que muitos jornalistas o apoiam, mas não os meios de comunicação? Coronel Plazas - A postura de a lgun s desses meios vi ola meus dire itos humanos. E m 2006 e 2007 certa mídia armou um terrível escânda lo, apresentando como verdade iras todas as ca lúnias dos integrantes do coletivo de adv ogados José Alvear Restrepo, cuja mi ssão é ac usar os militares de modo recorrente e defender os terrori stas, ganhando ações milionárias na Corte lnterameri cana de Dire itos Humanos mediante a v io lação dos direitos humanos dos servidores públi cos. Era um procedimento preparatóri o de minha condenação. Jsto é um negócio. Catolicismo - Tendo o assalto ao Palácio de Justiça acontecido em 1985, quando começaram as acusações contra o Sr. pelo desaparecimento de pessoas? Coronel Pfllw.,· -A partir de 2005 . Ass im que sa í do Departamento de Estupefa c ientes fui ac usado de 11 supostos desaparecimentos . Vinte anos antes tinha ocorrido o assa lto criminoso do M-1 9 e não havia uma só acusação penal contra mim . Ma s tão logo deixei a luta contra as drogas foi aberto o processo pe los desa parecidos de 1985. Desconheceram a investi gação que entre 1985 e 1986 havi a sido adiantada pelo Tribuna l Especial de Instrução, o qual havia concluído que os desa parec idos da cafeteria tinham sido levados ao quarto andar do edifíc io pelos raptores do M-19, em cuj as mãos morreram.
"Eu /'ui o CZal' antidrogas <la Colômbia, tem/o retirado <las máfias bens 110 valor de cerca de um bilhão <le <ló/ares. Isso também eles não per<loam "
O Cel. Plazas (dir.) com Fernando Londoíio, Ministro da Justiça no governo de Álvaro Uribe, presidente anterior ao atual Juan Manuel Santos.
havia 7 anos nas manchetes de todos os j orna is, nos te lej orn a is e nos progra mas radi ofônicos. Era uma notíc ia para ser ampl amente di vul gada, a fim de ao menos minguar um pouco o eno rme dano fe ito durante tantos anos. Po is a mídi a guardo u silêncio. E há poucos dias " EI Espectador" publicou uma nota sobre os 11 desa parec idos pelo coro ne l Plazas em 1985, a contra pe lo da sentença que me havi a isentado de 9. Catolicismo - A isso se chama falta de equidade: acusam-no publicamente de algo, e quando um tribunal o isenta de culpa os acusadores se calam ... Coronel Pl"w.,· - Faço nota r que o mag istra do re lato r de segunda in stânc ia, Dr. Herm ens Darío Lara - que com um mag istrado auxili ar e vá ri os assesso res estud ou durante um ano e 4 meses todo o ex pedi ente - pediu a minha abso lvição . O utros do is mag istrados que não conhece ram os 65.000 fó li os di scord ara m e me condenaram. O re lato r apresentou sa lva mento de vo to, e em seu arrazoado manifes to u qu e minha conde nação era uma conjura e uma aberração judic ia l. Este sa lvamento fo i publi cado em for ma de livro intitul ado " Plazas Vega es in ocente", obra cuj o lança mento ag itou o mercado das li vra ri as e de ixo u ce ntenas de pessoas fora do rec into do evento, po is ultra passo u todas as ex pectati vas de se us orga ni zadores .
Catolicismo - Matar e depois ce>locar a culpa nos militares não é uma antiga tática dos comunistas? Coronel Plaws - Sem dúvida. Os novos " investi gadores" armara m um impressionante escânda lo através da mídi a, ac usando-me de ter feito essas vítimas, com o q ue escusava m seus cúmpli ces do assalto e se vingavam de quem lhes tirou os bens indevidos do na rcotráfico . E m 2007 me detiveram, em 2008 a F isca lía acusou-me pe lo desaparec imento de l l pessoas, e em 20 1O uma juíza condenou-me pe lo mesmo motivo. Catolicismo - É um verdadeiro escândalo. Coronel Plaz"s - O escândalo fo i permanente de 2005 a j ane iro de 201 2, quando o Tribuna l de segunda in stâ ncia, tira ndo-me embora a res po nsabilidade por nove desses crimes, conde nou-me injustamente por do is deles. A notíc ia era o bviamente espetac ul ar. E u não era res ponsá ve l por nove pessoas sobre as qua is v inha sendo ca luniado
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Catolicismo - Mas não é isso a politização do poder judicial? Se um juiz após estudar o enorme processo declara a sua inocência, como podem condená-lo dois outros juízes que sequer o estudaram?
Coronel Plazas - Há mais. Como minha sentença condenatória a 30 anos de prisão pelos dois supostos desaparecidos restantes reconheceu a inexistência de provas, aplicaram a teoria [do domínio do fato] do tratadista alemão Claus Rox in, dizendo que sendo eu o comandante da operação e não aparecendo as duas pessoas - a guerrilheira Irma Franco e o administrador da cafeteria Carlos Augusto Rodríguez Vera - , eu deveria responder como "autor mediato" pelo desaparecimento de ambos. É a versão moderna do "autor intelectual". Sucede que eu não era o comandante da operação, mas apenas um tenente-coronel e o menos antigo dos que al i atuaram militarmente. Decidem então que era eu quem mandava por ser genro do Ministro da Defesa, como se as instituições militares fossem manejadas por parentescos. Disseram ainda que o Exército da Colômbia era uma organização crim inosa e que a referida doutrina destinava-se a castigar os cabecilhas das organizações fora da lei . Catolicismo-A teoria de Claus Roxin pode ser
validamente aplicada, mas exige um alto grau de evidência, e não mera suposição ou preconceito ideológico. Ela foi utilizada há pouco pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil contra alguns réus do "Mensalão" - como ficou conhecido o escandaloso esquema de corrupção montado por assessores do ex-presidente Lula da Silva. Tratava-se ademais, segundo o STF, de "membros de uma organização criminosa".
"Que laço eu pl'ivado da libere/ade? Não l1á 11e11huma razão. Em conclusão, sou vítima de um SEQUESTRO por parte de fw1cio11árlos do setor judicial colombiano"
Coronel Plazas - Mas no meu caso, não. A Universidade Sergio Arbo leda convidou o Prof. Claus Roxin , que ve io à Co lômbia com sua equ ipe internacional de especialistas em direito penal. Após um estudo simp les do processo do Palácio de Justiça, ele e seus assessores man ifestaram que sua teoria não era aplicável a esse caso. Ou seja, deixo u sem argumentos os juízes, tanto de primeira como de segunda instância. Nessas cond ições, esta última me retira a responsabilidade por nove dos onze supostos desaparecidos, e com base na teoria do "autor mediato", do Prof. Claus Roxin, confirma a sanção pelos dois restantes . Mas então chega o professor em pessoa e diz que sua teoria não é aplicável a este caso. Então ... Que faço eu privado da liberdade? Não há nenhuma razão. Em conclusão, sou vítima de um SEQUESTRO por parte de func ionários do setor judicial co lombiano. •
Teologia herética o principal jornal colombiano, "EI Tiempo", edição de 24 de novembro, foi publicado um artigo do jesuítaAlfonso Llano Escobar, S.J., que constitui um ataque direto à virgindade perpétua de Nossa Senhora. Ademais, o dito sacerdote defende a ideia esdrúxu la e perfeitamente herética de que, enquanto a pessoa divina de Nosso Senhor teria se formado por ação do Espírito Santo, a pessoa humana viria do relacionamento de Nossa Senhora com São José. E que Jesus teria vários irmãos carnais. Trata-se de uma heresia protuberante e descabelada, cuja publicação só é possíve l num mundo tão conturbado como o atual , em que camin ha a todo vapor o processo de autodemoli ção da Igreja an unciado por Paulo VI. Contrariando a doutrina e a tradição da [greja, escreveu o jesuíta: "Maria
N
gera o Filho de Deus virginalmente, no sentido teológico, sem a intervenção de José, tal como o relata Mateus 1,26, por obra e graça do Espírito Santo. De outro lado, como mãe do homem Jesus, igual a nós, o gera com um ato de amor com seu legítimo esposo, José, do qual teve quatro filhos varões e várias mulheres (Mt 13,53 y ss.)". Reações Feli zmente os fiéis católi cos que leram o artigo encheram-se de indignação por ver assim espezinhadas as pessoas de Nosso Senhor e Nossa Senhora. Protestos veementes chegaram não apenas ao jornal que publicou o artigo, mas à Conferência Epi scopal Colombiana e à Ordem dos Jes uítas, manifestando até intenção de levar o caso ao Vaticano se necessário fosse . A prime ira resposta de que tivemos conhecimento veio em entrevista do Pe. Pedro Mercado Cepeda, secretario adjunto da Conferência Episcopal da Colômb ia. Afirma ele que "o sacerdote j esuíta con-
traria claramente a.fé da Igreja Católica. Não é a primeira vez". Ademais de negar CATOLICISMO
a virgindade corporal de María, "o Pe. Llano nega a divindade de Cristo[ ... ] sua postura é claramente herética ".1 In fo rm a ai nd a o Pe. Cepeda que
"alguns bispos manifestaram privadamente seu descontentamento " ao Pe. Llano. Por que só a lgu ns? E por que privadamente, dado que a heresia foi publicamente manifestada? Não encontramos explicação. De outro lado, "Mons. José Daniel
Falia, secretário g eral da Conferência Episcopal, assegurou que 'o padre Llano perdeu o horizonte e deixou de lado a.fé que se apregoa na Igreja desde seus inícios, ao negar a virgindade de Maria ', e por em dúvida a divindade deJesus". 2 Para o bispo de Líbano-Honda (Colômbia) , Mons. José Miguel Gómez Rodríguez, o sacerdote jesuíta, por suas posturas errôneas, "tem que saber que
incorre em heresia. Não é necessário um decreto oficial de um Bispo ". 3 Desculpas, mas não retratação Em 8 de dezembro, o Pe. Alfonso Llano Escobar publica em "EI Tiempo" artigo bastante sibilino, intitulado "Mea Culpa ". Uma retratação? Longe disso. L imita-se a pedir desculpas ''por trazer à minha coluna discussõ es e pontos de vista de teólogos ". E acrescenta:
"deixando os temas delicados para discussões entre teólogos, quero limitar-me a apresentar a doutrina da Igreja e do povo de Deus ". Ou seja, mantém a postura de que "teólogos" ( entre os quais, naturalmente, ele) podem defender posições contrárias à virgindade de Nossa Senhora e à divindade de Cristo, portanto claramente heréticas. O erro teria sido apenas ter levado isso ao público! Em seguida o Pe. Llano reproduz diversas afirmações extraídas do Concílio Vaticano II e do livro de Bento XVI, que fa lam da concepção virginal de Jesus Cristo. Retratação, nenhuma!
No dia seguinte ao "Mea Culpa", o mesmo jornal publica matéria com o título "Proíbem o padre Llano de escrever em EI Tiempo ". E expli ca que, em mensagem que a direção recebeu do referido sacerdote, este diz: "O padre Ado(fo
Nicolas, superior geral da Companhia de Jesus, deu ordem ao padre A(fonso Llano de dar por terminada sua vocação apostólica de escritor, o priva de sua liberdade de palavra e lhe exige que não se despeça e guarde absoluto silêncio". Exp lica ainda o diário que o Pe. Ado lfo Nicolas é "a máxima autoridade" dos jesuítas no rnundo. 4
Fumaça de Satanás Lamentavelm ente, porém , o Pe. Liano não está sozinho. O Pe. Francisco de Roux, superior dos jesuítas na Colômbia, saiu em sua defesa a legando que
"o padre Llano nunca pôs em dúvida a divindade de Jesus". 5 A julgar pela notícia, o Pe. Roux não expli ca como essa sua afirmação se coaduna com o artigo impugnado do Pe. Llano em que a heresia é c lara e manifesta. Saudamos as medidas saneadoras tomadas pelo Superior Geral dos Jesuítas, bem corno as reações dos bispos e sacerdotes que se posicionaram claramente contra as heresias do Pe. Llano. Deve-se desejar que e las não fiquem nisso, mas vão adiante, para o bem da Igreja e a salvação das a lmas. Sacerdotes que d ifundem heresias, como o Pe. Llano - e a espéc ie hoje em dia infelizmente é vasta - sejam cons iderados fora da Igreja se não se retratarem . Seria um meio de começar a afugentar dos meios cató li cos a pestilenta "fumaça de Satanás" que, no dizer de Pau lo VI, entrou no Temp lo de Deus. • Notas: 1. ACI /EWTN , 5- 12- 12. 2. " EI Tiempo", 6- 12- 12. 3.AC l,8- 12- 12. 4. "El Tiempo", 9- 12- 12. 5. Idem , ibidem.
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DISCERNINDO
Muletas digitais não resolvem V ítimas de uma sociedade sem princípios ncrn rnoral, adolescentes buscam refúgio na pararcrnália ctigiLal e acabam perdendo o run10 de suas vidas. J\ solução, porém, está fora e acima da técnica 1noderna.
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ALENCASTRO
T
em sido muito comentada a espantosa decadência do ensino nas escolas, fruto de fatores vários, entre os quais as classes mistas, a estatização dos currículos e a introdução neles de temas sexuais , o igualitarismo entre professores e alunos, o permissivismo moral - para só citar a lguns deles. Diante dessa situação ca lamitosa, alguns têm proposto como remédio, ou ao menos como paliativo, que se proceda a uma crescente inserção de recursos da informática entre os alunos. Computadores, ce lul ares , smartp hones, ipod s, tablets e não sei mais o quê, facilitariam a concentração nos trabalhos escolares, ademais de pern,itir uma pesquisa rápida e eficiente nas redes sociais, como .fàcebooks, twitters e outras do gênero. Ledo engano!
Bipes, 11ibrações, luzes ... acleus à atenção Pesquisa do Pew Internet & American Life Project entrevistou 2.462 professores dos ensinos fundamental e médio nos EUA e conc luiu que " a
vasta maioria concorda que as atuais tecnologias estão criando uma geração que se distrai com fa cilidade e só consegue se concentrar por breves intervalos de tempo ". Elas contribuem mais para distrair os alunos do que para o seu desempenho escolar (Larry Rosen, "Geração desconcentrada", "O Estado de S. Paulo", "Link" (Sup lemento de Informática) , 19-11-12.
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CATOLICISMO
Comentando a pesquisa , Larry Rosen, professor de psicologia da Universidade da Cal ifórnia , diz: "Re-
.fàzê-lo, .ficam extremamente ansiosos. E a ansiedade inibe a aprendizagem ".
centemente, minha equipe de pesquisa observou 263 alunos dos ensinos médio e superior estudando em casa por l 5 minutos. A cada minuto, anotávamos o que elesfaziam: se estavam estudando, trocando mensagens de celular, se havia um som ou uma TV ligados, se estavam diante de um PC e quais sites visitavam. Ver(ficamos que eles só conseguiam se dedicar às tarefas por períodos de três a cinco minutos, em média, antes de perder a concentração. De maneira geral, a distração era causada pela tecnologia, incluindo: (1) a presença de dispositivos, como iPods, laptops e smartphones, no local de estudo; (2) as trocas de mensagens de texto; (3) os acessos ao Facebook. "Os alunos que entravam no Facebook uma vez durante os 15 minutos tinham notas mais baixas. Isso significa que as mídias sociais qfetam negativamente a concentração e a atenção temporária , e também o desempenho escolar".
Nuclcz, soliclão, pel'cla cio controle Uma outrn pesquisa, intitulada "Nós, jovens brasileiros", feita pelo Potial Educacional , mapeou o comportamento de quatro mil estudantes brasileiros de 13 a 17 ano , de 60 escolas patiiculares de todo o País ("O Estado de S. Paulo", 2- 12-1 2).
"Um dos dados mais preocupantes é que 6% deles já apareceram nus ou seminus em foto s na rede e o mesmo porcentualjá mostrou partes intimas de seu corpo para desconhecidos p or meio de webcam. Outros 3%j á p ensaram em se exibir dessa.forma ".
Maria Rita Nunes , 15 anos , permanece "cerca de seis horas diárias
em .fi'"ente ao computador de casa, sem contar as espiadas na internet do celular durante o intervalo das aulas no Colégio Santa Maria. Não raro, ela troca o tempo do sono da madrugada para assistir algum vídeo publicado por algum amigo ou para postar no Twitter". Caio Cardoso Fossati , 15 anos, "conta que um de seus amigos recebeu de uma paquera uma.foto dela nua. Achava que era uma.forma de atraí-lo, mas o assunto virou piada entre amigos ". lvanna do 8. 0 ano que várias ram dessa
Caste lli , 13 anos, estudante do ensin o fundamental , diz de suas amigas se expuseforma. "Alg umas queriam
aparecer e outras atenderam ao pedido do namorado. O problema é que isso sempre espalha, e elas acabam se arrependendo ". Para Carmen Neme, professora do prog rama de pós-graduação em Ps ico logia da Universidade Estadua l de São Paulo (Unesp), "a questão é que
os adolescentes estão sozinhos. Nunca se viveu de maneira tão solitária como agora. Os pais estão longe, e a internei parece suprir a ausência ". Conta Cesar Marconi , diretor do Co lég io Mary: "Tem aluno que chega
morrendo de sono, não consegue se
concentrar e, ao ser questionado, diz que não dormiu porque.ficou na internet a noite toda. Ao serem convocados, diz Marconi, oito em cada dez pais dizem conhecer essa rotina. AI/as admitem que não conseguem mais controlar". Uma outra pesquisa divulgada pela Fundação Telefônica - o estudo mapeou o comportamento de crianças e jovens frente às telas de computador, ce lul ar e televisão - "mostrou que
58,6% das crianças e 76,5% dos jovens acessam a rede sozinhos. O compu1adu1; revelou a p esquisa, se localiza pr~ferencialmente no quarto da criança (37,6%) ou do adolescente (39,3 %) . Quanto à orientação, 31, 7% dosjovens declararam que seus pais não costumam .fàzer nada em relação às atividades que desenvolvem na internet ". Solução certa e aclmil'ável Não passa de perniciosa ilusão a ideia de que o mundo moderno poderá trazer respostas " mágicas" para os problemas que e le mesmo criou. Elas só agravam a situação. É claro que um ce rto número de jovens utiliza bem esses recursos, não só para enriquece r seus conhecimentos, mas também para a Iuta contra os males do mundo revolucionário, combatendo o aborto, o laicismo e outras chagas con-
temporâneas. Merecem aplauso e apo io. Mas e les constituem minoria . A so lução para uma juventude estropiada pelos desvarios modernos não está em oferecer-lhe muletas digitais. Os ma les de que padecem os jovens lhes vêm de uma soc iedade toda ela gangrenada pela fa lta de princípios sãos, que co locou o prazer da vida como meta da existência. Em outras palavras, sem uma reforma dos costumes segundo os parâmetros da moral católica tradicional não se voltará, na sociedade globalmente considerada, à sanidade mental e psicológica de outrora. O leitor perguntará : uma reforma moral ainda é possível, ou não passa de quimera bem intencionada? Se detivermos nosso olhar nos acanhados limites traçados pelas forças meramente humanas, de fato não se vê solução no horizonte. Mas se sondarmos o Coração Imacul ado de Maria - que chora pelos nossos desvarios com o desejo imenso de remediá-los - tudo é possível obter. Desde que tenhamos plena confiança na ação poderosa de suas lágrimas e estejamos dispostos a tudo sofrer, segundo o panorama traçado por Ela mesma em Fátima. Tal é a so lução certa e adm irável. • E- mail pa ra o autor: catolic ismo@ terra.com.br
Pesquisados milhares de estudantes,
"eles disseram que, alertados p or um bipe, uma vibração, uma luz piscando, eles se sentem compelidos a responder a esse estimulo. Disseram que são perturbados por pensamentos como: 'Será que alguém comentou o post que deixei no Facebook? '. Ou : 'Será que o meu amigo respondeu ao SMS que mandei há cinco minutos?'. "Três quartos dos adolescentes e jovens checam os dispositi vos a cada 15 minutos ou menos, e, quando não podem
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O
castelo de Esd imont, entre Veraalhes e Chames, a oeste de Pa,is, é uma jóia que bdlha em todo o seu esplendor com as vestes do outono. O que outrora fora um frio, triste e insalubre pântano transformou-se, pelo trabalho humano, em um recanto paradisíaco. Originalmente medieval e guarnecido por poderosas torres de pedra erguidas para o combate, o ediflcio transformou-se na Renascença em château de plaisance, onde se pode levar uma vida agradável. Em sua entrada norte ostenta ainda, em baixo relevo, a figura equestre de Francisco de La Rocbefoucauld (séc. XVII), cuja célebre família o possuiu e ocupou até 1968. Sua conformação atual conserva os traços de uma restauração e reforma realizada no século XIX. Pertence atualmente a uma cadeia de hotéis de charme, que o mantém com bom gosto.
Um castelo como esse servia apenas para fruição dos seus proprietários? Essa será talvez a pergunta de algum nosso contemporâneo, picado pela mosca do igualitarismo tão difundido em nossos dias. Tal ideia, porém, não confere de modo algum com a realidade histórica. ' Os castelos foram sempre, primordialmente, um estabelecimento militar de
defesa contra os ataques inimigos. Só um rei ou um senhor feudal importante era dotado de recursos suficientes para erguer um castelo. Era por isso uma exclusividade da nobreza de espada. Só na Renascença o poder do dinheiro dos financistas, banqueiros, comerciantes e altos funcionários do Estado propiciou a estas categorias adquirirem castelos. E, como consequência, permitiu que eles fossem transformados em habitações agradáveis. Ainda assim, é preciso considerar que muitos proprietários oriundos da burguesia ascendiam legitimamente a patamares mais altos da sociedade, do mesmo modo como artesãos podiam subir até a burguesia. Na realidade, a ideia da fruição e do gozo da vida aparece mais tarde entre os novos-ricos que fizeram fortuna durante a revolução industrial, ou em jogadas financeiras (muitas vezes com cartas marcadas) nas grandes crises como as que se sucederam às duas grandes guerras mundiais do século XX. Entretanto, os castelos não existiam para essa função hedonista, difundida pelo cinema e pela literatura. Ao contrário, eles eram antes de tudo um bem de raiz que dava segurança e estabilidade a uma grande família. E a vida de castelo exercia uma verdadeira função social junto à população plebeia que o cercava, protegendo-a e proporcionando-lhe meios de subsistência, numa harmonia que tinha muito de suas origens nas antigas sociedades patriarcais. Se considerarmos que os agregados de um castelo em geral eram tratados como membros da família, devemos ampliar o sentido deste vocábulo . O administrador, o mordomo, as cozinheiras, as arrumadeiras, as babás, o porteiro, os cocheiros, os
lavradores, os lenhadores ... enfim todos os agregados faziam parte da unidade familiar: dependiam da mesma propriedade, viviam dos mesmos recursos do castelão e de suas terras, numa relação tipicamente familiar. Por isso mesmo, um castelo habitualmente estava junto a uma aldeia ou vila, cujos habitantes, em grande parte, tinham seu ganha-pão como empregados da propriedade castelã. Nem mesmo o ódio sanguinário da Revolução Francesa conseguiu extinguir totalmente esse relacionamento belamente paternal que em algumas regiões perdurou até o século XX.
O castelo costumava ser também um escrínio natural onde se conservavam as tradições locais: costumes, festas, hábitos, pratos típicos, artesanato local etc. Em outras palavras, era um repositório das riquezas culturais do passado e uma fonte de inspiração para o futuro. Numa outra ordem de cogitações, um belo castelo alimenta o sonho, sem o qual a vida não tem sentido. Ele simboliza a morada ideal para a qual todos fomos criados, e nesse sentido representa, de algum modo, o Céu. • E-mail para o autor: catoljcjsmo@terra com br
A União Europeia transfonnou-se nmna real "desunião europeia"; os EUA polarizaram-se e1n duas 1netades inconciliáveis; divisão no inundo católico em face da interpretação do Concílio Vaticano I1 e caos no sonho de concórdia irenista universal; 18 Prêmios Nobel fixaram o "pêndulo do Apocalipse" a cinco minutos do fim.
n Lu1s DuFAUR 2011 não havia ainda se encerrado quando o monumental presépio da catedral de Rieti - diocese italiana que viu nascer o presépio inspirado por São Francisco de Assis - era "abolido" por ordem do bispo. Mais tarde, veio o esclarecimento de que ele seria montado em proporções mínimas, adaptando-se à crise econômica europeia. Despojado de seu maravilhoso simbolismo, o presépio de Rieti representou o ano de 2011 que expirava, e o de 2012 que se iniciava no esquecimento de Deus e de sua Igreja, em consonância com o mundo atual e seus péssimos rumos. E, no final de 2012, constatamos que a situação tanto no plano temporal quanto no espiritual agravou-se consideravelmente. 14 de abril de 1912 - 13 de janeiro 0 ~ de 2012: um século separou o espetacuj lar naufrágio do Titanic do catastrófico e encalhamento do Costa Concordia - o ·~ maior navio de cruzeiro já construído ~ na União Europeia. Ben Macintyre, do ~ jornal londrino "The Times", interpretou "O ·& o fato como sendo o prenúncio do fim de uma época confiante e insegura, do mesmo modo como o Titanic o fora da Belle Époque. O capitão do Costa Concordia quis ] ostentar a imponê ncia do navio fazendo-o passar muito próximo da ilha do Giglio, '; na Toscana. Uma pedra submersa desventrou o gigante flutuante . Simultaneamente, ~ no mar convulsionado das crises, a União Europeia (UE) gemia, atingida em suas ~ vísceras econômicas, enquanto conceituados especialistas traçavam planos para 9 abandonar a nave quase perdida do euro e talvez da própria UE.
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Desconju11tamento <la União Europeia Em 2012 quase não houve semana em que os líderes políticos e os timoneiros do
~ sistema bancário mundial não se reunissem para com um golpe de leme evitar sua
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falência nos dias subsequentes. A pequena Grécia custou planos faraônicos de resgate; e Portugal não consegue se reerguer. O euro - moeda-símbolo e instrumento
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de uma atividade econômica continental geradora de enriquecimento, bem-estar e concórdia - passou a ser considerado como símbolo do empobrecimento forçado, das privações e dos desacordos que corroem a Europa. Da Espanha provieram estalidos assustadores: governo nacional falido; sistema bancário em situação calamitosa; regiões em estado de falência; famílias endividadas além do razoável ; hospitais sem verbas nem medicamentos; bandos de saqueadores atacando supermercados. Na madrilense Puerta dei Sol e nas grandes cidades, eclodiram rumorosas manifestações dos chamados " indignados". Tratava-se de magotes constituídos principalmente por agitadores profissionai s que, junto com baderneiros de outras capitais europeias, enfrentaram violentamente a polícia. Como a opinião pública espanhola não os acompanhou, chegado o verão os " indignados" se dissolveram, conformados com as férias. Nas eleições regionais da Galícia, a mídia " profetizou" a derrota do governista Partido Popular (conservador). Mas este venceu com larga margem de votos. Desemprego recorde; cortes nas despesas públicas; aumento de impostos; cortes de benefícios para a população; despejos maciços de pessoas incapazes de pagar as dívidas de suas casas aos bancos; limitações das verbas dos governos regionais: estas e outras "a usteridades" foram pretexto para que certas regiões necessitadas de subsídios ameaçassem co1,;i secessão ou independência. Na Catalunha, as eleições regionais de novembro serviram de teste para iniciar o processo de separação da Espanha. Porém, o povo catalão puniu o partido CiU, principa l promotor da "so berania", e manteve o status quo vigente. Ainda assim, 160 dos 947 municípios se declararam "território catalão livre e soberano", e os representantes catalães romperam em dezembro as tratativas com o governo de Madri a respeito do uso da língua castelhana. O caso espanhol foi apenas o mais carregado em cores devido ao temperamento nacional. Na Escócia, com menos ruído, o premiê britânico David Came-
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ron aprovou a realização de um plebiscito para se decidir sobre sua separação da Grã-Bretanha. Se esta for aprovada, a unidade britânica perderá muito de sua força. E a Escócia independente passará a ser uma pequena república submissa em tudo à União Europeia.
Fmnça, Alemanha, Itália e lnglate1ra abaladas No fin al de 2012, na França, as propostas do novo presidente socialista François Hollande - estatizantes e militantemente contrárias aos proprietários
"ricos", de um lado, mas perdulárias e favorecedoras da Revolução Cultural de outro - causaram desastrosos resultados. Os mais ricos fugiram do país devido aos impostos escorchantes - inclusive o famoso ator Gerard Depardieu - , as fábricas diminuíam seu ritmo de produção, o Estado-Previdência cresceu de modo doentio . Com isso pulverizou-se a popularidade do presidente socialista, sem que o governo freasse a cavalgada rumo ao abismo. Hollande fora eleito em maio não por mérito próprio, mas pela náusea causada no público francês pelo
então presidente Nicolas Sarkozy. Em novembro, a revista "The Economist" (foto acima) apontou a França como uma "bomba-relógio no coração da Europa" ("Folha de S. Paulo", 17-11-12). As "agências de classificação de risco", estranhamente poderosas, rebaixaram o rating soberano da França, que até então se situava no máximo. França e Alemanha constituem a dupla indispensável para garantir a coesão da UE. Sem elas a União Europeia só pode esperar um esboroamento. E m dezembro, o público francês clamava por um retorno da direita em clave mais radical , crescia o Front National na extrema direita , enquanto nas ruas multiplicavam-se as manifestações contra o aborto e contra o "casamento" homossexual impulsionados pelo governo de esquerda. Enquanto a Alemanha pagava ao longo do ano o custo sideral da aventura da unificação europe ia, sua população passou a achar que o preço da utopia estava alto demais. Na ótica germânica, o país perd ia demas iado sangue para manter povos que "não trabalham". E os beneficiados ainda se voltaram contra a Alemanha como diante de um chefe de campo de concentração que obriga os prisioneiros a trabalhar sem piedade.
Angela Merkel passou a ser caricaturizada com bigode hitlerista ou com chicote na mão. Pelo final do ano, a própria bonança econômica alemã tocava no fim : quem iria comprar as máquinas e os instrumentos de alta tecnologia, causa de sua riqueza? Os europeus em recessão, não; os EUA possuem a sua tecnologia; a China diminuiu a produção e a exportação; e os 'emergentes' não têm dimensão para solucionar o caso. A Itália somou-se aos países em virtual estado de falência, sobretudo em
dezembro , quando a desobediência e a revolta generalizada contra as medidas de austeridade provocaram a queda do premiê Mário Monti e abriram a possibilidade de um retorno de Berlusconi ao poder. Na Inglaterra, os britânicos não ocultaram sua antiga antipatia contra a União Europeia. Puniram o Partido Conservador nas eleições parlamentares complementares de novembro, dando mais votos ao Partido da Independência (em relação à UE). Boris Johnson, prefeito conservador de Londres, voltou então a acenar com um plebiscito sobre a saída da UE, sempre prometido e jamais convocado. É grande o temor de que a voz popular - que não aceitou o euro - peça agora a saída da Grã-Bretanha da UE.
Do mito ela concórdia à babel da discórdia gemi Economistas, colunistas, editorialistas, Prêmios Nobel e outras sumidades lucubraram uma penca de hipóteses sobre o futuro da Europa. De claro só sinalizaram uma coisa: a inexistência de líderes ou de pensadores à altura do desafio . A ilusão de uma Europa como a sonhada nos anos 50 pelos pais funda-
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estrangu lam povos endividados, menosprezam os idea is cristãos, especialmen te os da vicia de família e do crédito justo (lnfoCatólica, 18- 11 - 12). A cólera cristofóbica que penetra a mai s a lta administração da UE, dos EUA e dos governos nacionais europeus " la icos" desatou-se contra a Hungria . Quando o bom senso, a mora l e a própria hi stória são vilipendiados tão clamorosamente, quem pode garantir qu e o desconcerto gera l na UE não atinja um paroxi smo de irrac iona lid ade, levando-o ao colapso? Os fatos de 2013 darão resposta a esta pergunta .
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dores da União E uropeia foi se diluindo como fumaça. Esses "pais" imagi naram uma "filha " altamente democrática, já não mais hostil ao cristianismo como o democratismo laico do século XIX, herdeiro da Revolução Francesa. Ocomunista sentar-se-ia junto ao capitalista, o próprio anarquista junto ao aristocrata, o anticlerical ao lado do católico, e todos dialogariam sem graves impedimentos, visando consensualmente um porvir da Europa . As rivalidades nac ionai s e reg ionais se evo lariam. E, de braços dados, também as religiões iriam s uperando os conflitos e diferenças do passado. Entretanto, em 2012 o mito da concórdia e do consenso não resistiu à prova da realidade. O sonho virou pesade lo e a discórdia gera l ficou indisfarçável. A União E uropeia passou a ser tratada de "desunião europeia", enquanto desenhos e caricaturas representavam esfarrapada sua bandeira de doze estrelas. Falou-se em criar dois euros , um "fo rte" e outro "fraco", em exc luir alguns países da união monetária, e até em voltar às antigas moedas nacionais.
Estudos e planos nesse sentido foram elaborados no segredo dos mais altos grupos econômicos. O sonho utópico resistia ainda em dezembro. Propunham-se esquemas fiscais e de governo cada vez mais ditatoriais, causando arrepios à população.
Hungria proclama venlacles e UE tenta amo1'daçá-la Bastou que uma nação da União Europeia inscrevesse em sua constituição princípios cristãos para que o coro dos países em desordem se levantasse em bloco contra e la. Com efe ito, em janeiro, passou a vigorar na Hungria uma Lei fundamental que invoca para o país a bênção de Deus e se ufana pelo
"fato de há 1000 anos nosso rei Santo Estê vão ter criado o Estado húngaro sobre base sólida e inserido nossa pátria como parte da Europa cristã". A referida constituição define o casamento como "união entre um homem e uma
mulher", "base para a sobrevivência da Nação", e protege a vida do nascituro desde a concepção até a morte natural.
Mas para a desvairada UE o povo húnga ro estava "abo lind o a democracia". Falou-se até em "expulsão da Hungria
da União Europeia como algo que não é mais impensável " (" O Estado de S . Paulo", 3- 1- 12). Apoiado em seu país por manifestações populares maciças, Viktor Orban , premiê húngaro, defendeu em Mad ri que "a cri se europe ia aco nteceu pe lo abandono das responsab ilid ades dos dirigentes que pu eram em tela de juízo as raízes cristãs". Sublin hou que " uma Europa regida segund o os va lores cristãos se regeneraria", e mostrou como exemplo que o primeiro rei húngaro, Santo Estêvão, ofereceu sua coroa a Nossa Senhora ao morrer sem descendência. Afirmou ainda que o protestantismo entronizou a avareza, obre c uja base fo i erguida uma pirâmide de créditos que escrav iza hoje famílias e povos. Estados, empresas e pessoas emprestaram e contraíram dívidas cic lóp icas , mas a verdadeira ra iz da crise é a ausência de princípios morai s cató li cos. O premiê acrescentou que os dirigentes políticos europeus, que
As s uspeitas e denúncias sobre irreg ul a ridades na admi ni stração vatica na deixaram na penumbra a ofensiva desencadeada contra a Ig reja Católica sob o pretexto de combater a pedofilia. A Mons. Cario Maria Vigano - hoje Núncio nos UA - fo i atribuída, e nunca desmentida , a descoberta de graves desordens na gestão tio Estado do 1 Vaticano: "uma rede de corrupção, nepotismo ejbvorecimento " nos contratos, segundo informou "O G lobo" (27-1-12). As denúncia foram amp li a das por uma imprensa se nsac ionalista e a nti c le rical , que apontou a existênci a de uma supo ta " lu ta pelo poder" que incluía desv io de capitais a partir de um e qu c ma e m cujo centro esta ria o ecle iá tico de maior confiança de Bento XVI : o cardea l Tarcísio Bertone, secretário de - stado. Boatos, intrigas e " doc um ento · co nfidenciais" furtados da mesa do Papa erviram de munição a um vo lum oso li vro do jorna li sta Gianluig i Nu zzi hi arclcttere, intitulado Sua
do bispo de Roma, a de São João de Latrão, com uma estrutura institucional reduzida ao mínimo " ("Corriere della Sera", 13-2-12). Rumores - ora fantasiosos, ora com visos de realidade, confirmados por vezes pela autoridade vaticana - emergiram do noticiário sobre o governo do Vaticano. E ntre os boatos não demonstrados figurou um suposto complô gestado no Vaticano visando assassinar o Papa Bento XVI, o qual teria sido descoberto pelo cardeal Paolo Romeo, arcebispo de Palermo ("O Estado de S. Paulo", 19-2-12). Entre os fatos confirmados e julgados destacou-se o caso de Paolo Gabriele, mordomo do palácio pontifício, condenado a 18 meses de prisão pela justiça vaticana por ter roubado documentos confidenciais da secretaria do Papa, os quais aparecera m no escâ ndalo. A mídi a difundiu a versão de que o mordomo não teria agido sozinho, e que por trás havia pessoas hierarquicamente mais elevadas.
Revoltas eclesiásticas cismáticas Da Áustria partiu a "Jniciativa dos Párocos" (Pfbrrer lnitiative), movimento subversivo que alega contar com 400 sacerdotes e diáconos. O líder da revolta foi o Pe. Helmut Schüller, ex-vigário geral da arquidiocese de Viena. Os rebelados lançaram um Apelo à deso bediência
contra Roma, qualificado de cisma pelo cardeal Walter Brandmüller ( www.chiesa, 20-3-12). Em fevereiro, 500 sacerdotes alemães, austríacos e suíços repeliram esse apelo como "mais um triste sintoma do
cisma que dejbto vem se verificando há tempo sob o olhar dos bispos, na área de língua alemã". Eles criticaram com dureza a fraca reação dos bispos, que "prf!ferem ficar vendo como se deteriora a autoridade" (Vatican lnsider 21-2-12). Entre seus objetivos principais, os clérigos sediciosos incluíram : aboliçã.o do celibato; reintegração no clero dos sacerdotes casados reduzidos ao estado laical; ordenação de mulheres; aceitação do homossexualismo; sacramentos para os divorciados que se casaram novamente; leigos na presidência da liturgia dominical; etc. Setores do clero na Alemanha, França, Eslováquia, EUA e Austrália aderiram à revolta. Em abril , o cardeal Christoph von Schõnborn, arcebispo de Viena, confirmou o homossexual assumido Florian Stangi na chefia do conselho paroquial de Stützenhofen. Diante disso , o Pe. Gerhard Swierzekjulgou que não podia permanecer à frente da paróquia (Unisinos, 4-4-12). A rebelião dese ncadeada pela "Iniciativa dos Párocos" foi a ponta de um iceberg que cresceu desmesuradamente em 2012. Fato marcante nesse sentido foi
Santità Le carte segrete di Benedetto XVI (M il ão, 201 2, 326 pp .). A C úria romana era eles ' ri La como " pa lác ios da intri ga " povoados por espíritos ga nanciosos, cm mora lidade e de pouca fé . Segundo a ml:neionada obra, a única sa ída razoável seria o Papa abandonar o Palácio ele , , o Dâma o, sua residência atual , e a própri a Ba íli ca de São Pedro. O vaticani stu Vittorio Mes ori sugeriu
"confiar à NHSCO locais artí ticos e turísticos, os palácios sobre a colina do Vaticano, voltar à 'v •rdadeira 'catedral
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o protagonizado pela Conferência da Liderança Religiosa Feminina (LCWR - Lea-
dership Conference of Women Religious), organização que representa a grande maioria das congregações religiosas femininas, muito progressistas, mas fadadas a desaparecer devido à falta de vocações e pelo fato de suas religiosas já terem uma idade média de 74 anos. Simultaneamente, sob a liderança da irmã Simone Campbell, as religiosas da associação Network -
Lobby Nacional Católico para Justiça Social - tornaram-se as "queridinhas da esquerda americana". Durante 15 dias elas percorreram nove estados, numa caravana em prol do presidente Obama e de sua reforma da saúde. Essa reforma atenta contra princípios morais fundamentais católicos e ameaça a sobrevivência de numerosas instituições caritativas da Igreja.
Recrudescimento da Teologia da Libertação Eivada de erros marxistas, retomou fülego em 2012 a anacrônica Teologia da Libertação (TL), particularmente na América Latina. O ressurgir deste velho erro provocou uma tragédia emblemática na então Pontificia Universidade Católica do Peru, onde se aninharam ativos sequazes do Pe. Gustavo Gutiérrez, tido como o fimdador da TL. Após pertinaz violação dos estatutos da instituição, levada a cabo por uma reitoria dominada por prosélitos desta teologia desviada, a Santa Sé retirou-lhe o direito de utilizar o nome de Pontificia e de Católica.A Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, uma das mais conhecidas do mundo católico, declarou-se solidária com a reitoria rebelde do Peru. Por sua vez, no Brasil, o desacato à nomeação do novo reitor da PUC-SP suscitou o temor do surgimento de um caso semelhante ao peruano. Para o jornal italiano "II Foglio" (24-12-11 ), "no interior da Santa Sé
está em movimento uma espécie de revalorização de uma teologia que foi continuamente criticada". Sem renegar seu fundo de luta de classes, tal doutrina subversiva tentou renovar-se no Congresso Continental de Teologia, realizado no mês de outubro em São Leopoldo (RS), onde ela assumiu, segundo o ex-frei Leonardo Boff, um
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caráter ecologista: "Dentro dessa op-
ção pelos pobres é preciso inserir o grande pobre que é a Mãe Terra [.. .] o grande pobre devastado e oprimido". Ao mesmo tempo em que atribuía "autoconsciência" a essa "Mãe Terra", o ecoteólogo marxista, numa defesa do panteísmo mais cru, identificava Deus com "a grande energia fundamental" impessoal que latejaria no Universo. Nesse contexto, causou perplexidade entre os fiéis a nomeação para a direção da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé do arcebispo Gerhard Müller, discípulo do Pe. Gustavo Gutierrez, bem como a escolha de Maria Clara Bingemer, professora de teologia da PUC-Rio identificada com a Teologia da Libertação, para intervir no lançamento, em Roma, do novo livro de Bento XVI sobre a infância de Jesus .
50 anos depois: interpretações conflitantes do Vaticano li No dia 11 de outubro foi comemorado o 50º aniversário da inauguração do Concílio Vaticano II. Bento XVI
relembrou o otimismo presente na humanidade em 1962, o qual influenciou a atitude dos padres conciliares face ao mundo moderno. Por sua vez, o Cardeal Walter Kasper, presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, órgão responsável pelo ecumenismo, observou que não só
diversos por movimentos e teólogos cações feitas pelos Papas João XXlll e EVA: polarização e contestatários que pretendem reprePaulo VI, nos respectivos discursos de perspectiva ele instabiliclade sentar o mais puro espírito conciliar, abertura e encerramento, conclui-se que O presidente Barack Hussein Obadefende que o Vaticano n rompeu nenhum novo dogma foi proclamado. E ma comandou um país rachado e mais com o passado, dando à luz uma lgreja reafirmaram sua convicção de que, do polarizado do que nunca. O "messias" inteiramente nova, Bento XVI postula ponto de vista pastoral, o evento concique em 2008 prometia unir os EUA uma interpretação - ou "hermenêuliar foi em grande parte responsável pelo continuou se revelando em 2012 um tica" - "da continuidade" dos textos "misterioso processo de autodemolição" ardido socialista que asfixia a liberdaconciliares com a Tradição. Já Mons . da Igreja denunciado por Paulo VI no de da lgrej a Católica pela imposição Brunem Gherardini e outros abalizados imediato pós-Concílio. da prática do aborto e do controle da conservadores sustentam que, no que diz natalidade aos institutos de saúde de /11tensllicação da "cristofobia" respeito a certas novidades teológicas e de blasfêmias caridade e de educação católicos. ' Ele introduzidas nos documentos concilianegou aos profissionais da saúde até o res, não basta afirmar sua continuidade Em Bruxelas - capital da católica direito à objeção de consciência e tentou em relação à Tradição para ela existir. Bélgica e sede da União Europeia obrigar os orfanatos católicos a entregar Em consequência, eles dirigiram uma foi banida a tradicional árvore de Natal crianças para serem adotadas por duplas súplica ao Papa pedi ndo a promoção erguida todos os anos na Grand-Place, homossexuais. de um amplo estudo que resolva defienquanto em Hamburgo, na Alemanha, A luta entre católicos conservadores nitivamente a questão, e sugeriram que foram decretados feriados os dias de e "progressistas" instalou-se no centro se forem encontradas divergências, o festa do Islã. do debate político norte-americano fato seja reconhecido com franqueza e o Ao longo de 2012, o mundo laicizado particularmente nas eleições para ~ ensino tradicional reafirmado com vigor. revelou uma vontade implacável de enxoPresidência e na renovação das Câmaras Esse debate reacendeu o interesse tar a Igreja Católica da face da Terra. Uma de muitos governos estaduais. Católicos pelo tema da a utoridade magisterial sucessão de blasfêmias percorreu o ano do de pensamento conservador atraíram a dos documentos conciliares. Enquanto início ao fim . A título de exemplo, basta simpatia de largos setores do eleitorado a Escola de Bolonha e os defensores mencionar a infame exibição naNational americano. Nas prév ias republicanas, da hermenêutica da continuidade em Gallery ofArt de Londres de uma cena da o ex-senador Rick Santorum assumiu relação à Tradição pretenderam atribuir Anunciação com personagens despidos. posições tão consistentes e conservadoàs novidades conciliares um caráter Ou a primeira página do pasquim pariras que certas esquerdas afirmaram que dogmático vinculante, os intelectuais siense Charlie Hebdo, de 7 de novembro , seu livro de cabeceira era Revolução conservadores relembraram que dos que estampa uma abominável blasfêmia a e Contra-Revolução, de Plínio Corrêa próprios textos do Concílio e das indirespeito da Santíssima Trindade. de Oliveira. Epítetos midiáticos foram
a "fé otimista no progresso há tempo se evaporou", como a Igreja não parece viver "a etapa primaveril que o Concilio Vaticano II supunha, mas, ao contrário, na Europa tem-se a impressão de que se vive uma fase invernal " (Zenit, 18-1112). Para o cardeal - considerado progressista - na sua "ambivalência", "os textos conciliares albergam um amplo potencial conf/.itivo ". Ele reconheceu a
maciça apostasia de sacerdotes, de religiosos e de religiosas, o esvaziamento das igrejas e a expansão dos movimentos de rebelião. A comemoração dos 50 anos do início do Concílio Vaticano II patenteou uma diversidade quanto à interpretação do mesmo. Enquanto a chamada Escola de Bolonha, acompanhada em graus
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lembrados pelos progressistas contra os "republicanos medievais". Seu crime teria consistido em "erguer o estandarte da Fé, Familia e Liberdade" e representar o que
"há de mais extremado, intolerante e obscurantista na mentalidade americana", característico da Baixa Idade Média ("O Estado de S. Paulo", 5-1-12). Segundo o mesmo jornal, Santorum defendeu a limitação da intrusão do Estado na vida dos particulares, o livre mercado e a família, ostentou seu catolicismo e l\ma vida familiar exemplar, sendo objeto de uma onda de críticas por parte de certa mídia que se gaba de lutar em prol da moralidade pública ("O Estado de S. Paulo", J0-1-12). Exemplo claro de cristofobia! Esco lhido finalmente o ex-governador Mitt Romney como candidato republicano, este precisou calibrar seu discurso num sentido conservador e escolheu para companheiro de chapa Paul Ryan, deputado católico de posições aná logas às de Santorum. No decurso do processo e le itoral , seto res protestantes evangélicos de orientação conservadora, de grande peso nas urnas, simpatizaram com a liderança ideo lógica e política de pensadores e
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candidatos católicos mais tradicionais. O catolicismo - o maior bloco religioso dos EUA , apesar de professado apenas por um quarto da população - instalou-se como força frequentemente dec isiva dos pleitos e le itorai s. Nas e leições presidenciais de novembro as perdas dos democratas foram notórias. Obama obteve oito milhões de votos a menos que em 2008 e só não perdeu porque seu rival Mitt Romney não conseguiu obter votação igual à de John McCain, o candidato republicano da eleição anterior. Obama governará um país rachado não só do ponto de vista político e ideológico, mas também social, étnico, geográfico, moral e religioso. Tentando imitar os " indi g nados" espanhóis, baderneiros criaram durante o ano em Nova York o movimento "Occupy Wall Street", acampando no Zuccotti Park, centro financeiro da cidade. Mas em setembro o movimento morreu ("Folha de S. Paulo", 9-11-12). Apesar de contar a seu favor uma crise econômica facilmente explorável pela ideologia marxista, a militância de esquerda definhava. Em meio a um escândalo moral do
ex-chefe da ClA, general David Petrneus, e de sérias dificuldades para aprovar sua nova equipe de colaboradores - notadamente Susan Rice, que desistiu da chefia da Secretaria de Estado - as luzes do ano se apagaram tristemente para Obama. Por sua vez, inconformados com a reeleição do presidente, conservadores de 20 estados encaminharam abaixo-assinados a Obama pedindo-lhe que se pronunciasse sobre a eventualidade de secessão de seus respectivos estados. No Texas e na Louisiana os abaixo-assinados obtiveram um número de assinaturas que obriga o presidente a dar uma resposta. Na esteira dos movimentos separatistas europeus, o fantasma da secessão - que figurava apenas em livros de futurologia - começou a tomar corpo nos Estados Unidos.
sua vitória definitiva sobre a doença. Mas em novembro vo ltou a Cu ba para novos tratamentos contra a moléstia . De lá retornou apressadamente à Venezuela para designar seu sucessor - algo muito difíci 1, po is o chavi smo apresenta ferozes divisões internas - e voltou a embarcar para Havana, onde em dezembro subm eteu-se a uma "complexa" e muito demorada cirurgia para extirpar um câncer maligno. O sucessor Nico lás Maduro preparou os chav istas para o p'or. Ao ocaso da saúde de líderes esquerdistas la ti no-a me ri canos co rres ponde u um est iol a me nto de se u "ca ri sma" e de sua influê nc ia. Cbávez se fez reeleger ma is uma vez em e leições nas qua is o cômputo de votos foi de honestidad e duvidosa. A força demonstrada pe la oposição arrefeceu o júbilo da vitória. No final do ano, os governantes da Bolívia, Equador e Nicarágua, saté lites da Venezue la chavi sta, caracterizara m-se pelo silênci o. Os líd eres popu listas latino-americanos se ag itaram quando o Congresso do Paraguai votou o impeachment do então presidente e ex-bispo Fernando Lugo, que tem vários filhos com dife rentes mulh eres. A opi ni ão públi ca paraguaia ex igiu sua depos ição, uma vez que fato res de desag regação se desenvolviam impunemente. O impeachment fo i ap rovado em reg ime de urgênc ia. O
presidente demitido conservou pl e na liberdade para agir, mas nada tem conseguido e m seu país . O pânico das chancelarias esq uerd istas manifestou o medo de que o exemplo paraguaio contagiasse pa íses em s ituação aná loga. Seguiram-se um vozerio oco contra um go lpi smo inex istente e uma sucessão de violações de tratados por parte do Brasil , Argentina e Uruguai. E a Venezuela chav ista fo i ad mitid a no Mercosul. "A decisão de incorporar a
qu e nossa época já con seguiu reunir. No fim do a no, o mundo fina nce iro temia um dejàult di an te dos indíc ios de in capac id ade de pagamento por parte do gove rn o, resultante de uma admini stração estati sta dos bens públi cos, de efeitos nefastos para a população. No fim do ano, a presidente, engajada em coa rctar a imprensa opositora, sofreu revezes severos na Ju stiça. Ameaçou rep rimi - la, mas o prestíg io adq uirido pelo Judiciário pareci a preanunc iar uma )udicializaçcio da política " análoga à que começou a se in si nu ar no Bras il.
Venezuela, como.foi.feita, não atende a obrigações relacionadas à observância de tratados. Carece de boa-fé , de lealdade e honestidade. Trata-s e, em síntese, de uma ilegalidade", avaliou
Brnsil: o julgamento cio mensalão
o ex-chance ler brasileiro Ce lso Lafer ("Fo lha de S. Paul o", 4-7-12). Na Argentina, a pres idente C ri stina Kirchner dilapidou o ca pita l de po pul arid ade qu e lh e e ra at ribuíd o . A in satisfação e o ma l-estar ge rados pe lo rumo nac io na li sta-esq uerd ista do governo estão na raiz da concentração de 700.000 pessoas em novembro, por ocas ião de um oceânico pane/aço no centro de Buenos Aires. Ho uve pane/aços sim ultâneos diante da Casa Rosada, da res idência pres idencia l, em bairros centra is e periféricos, bem como nas principais cidades argenti nas. As queixa pop ul ares abarcavam um dos mai s vastos leq ues de desco nte nta me ntos
No Brasil , a op ini ão pública de modo geral acompan ho u co m atenção o julga mento dos imputados no " mensa lão". Achava-se que o núcleo político ma is representativo do PT acabaria não sendo julgado; ou se julgado não seria co ndenado; e se cond enado, as penas seriam de tal mane ira mitigadas que equiva leriam a um a impunidade. O fato de a ma ioria ci os ministros do STF ter s ido indi cada durante os dois últimos governos pet istas também pareci a ser o utro fato r para uma poss íve l aten uação do julgamento. A eq ui paração da união homossexua l a um a fa mília norma l, a descriminai ização do aborto de fetos anencéfa los e as cotas por se leção ra-
Amél'ica Latiiw: declínio cio populismo Alguns pres identes esquerdistas do continente fora m atingidos pelo câ ncer no iníc io do ano. Hugo Chávez levantou a hipótese estapafúrdia de os EUA estarem na origem do surto. Chorou em cerimônia religiosa e implorou a Jes us ma is um pou co de vida. Anunciou depo is
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Novo Código Florestal e projeto de novo Código Penal Os casos de corrupção desvi aram as atenções da ideologia marxistizante e do " progressismo" da esquerda católi ca que se mantinham intocados no PT e em seu governo. Essas doutrinas impulsionaram um Códi go Floresta l que, embora atenuado pela Câmara dos Deputad os, fo i restaurado em muitos dos pontos mais radica is por impos ição da pres idente Dilma Rousseff. Por sua vez, o proj eto de novo Código Pe na l mostro u-se ass ustadora mente esqu e rdi sta . "Não
tem conserto. Os erros são de tamanha gravidade, de tamanha p rofu ndidade, que não tem mais corno consertar ", afirm ou o Prof. Mi gue l Rea le Junior à revista Consultor Jurídico. S eg und o e d ito ri a I d o i nfl ue n te "The Was hington Times" (9-4- 12), o governo de Dilma "Rousseff mostra à
Casa Branca um jitturo autoritário". Como s inal dessa deriva autori tá ria e le denunci ou "a crescente p erseguição ao e ia! dos estuda ntes nas universidades, aprovadas pe lo STF e m abril , dec isões de forte conte údo ideo lóg ico esquerdi sta, a limenta vam o rece io de que o jul ga mento do mensa lão fa vo receria os mensa le iros petistas e seus a li ados políti cos. A popul aridade aufe rida subi ta mente pe lo STF e pe lo re lator do processo ,
ministro Joaquim Barbosa (foto acima), pate nteou qu e, sob as apa rênc ias de confo rmidade e anestes ia, na opini ão pública bras ile ira havi a imensas zonas de insatisfação à procura de uma válvula de escape. O julgamento do " mensa lão" a inda não havia sido concluído e uma nova onda de denúnc ias de corrupção j á visava o ex-presidente Lul a.
grupo conservador Tradição, Família e Propriedade (TFP) [. ..} muito conhecido nos círculos de Washington através de sua atuante co-irmã - a principal opositora das prioridades da esquerda, como o aborto, a censura e as leis que inibem os direitos de p ropriedade. [. ..} o Superior Tribunal de Justiça, uma das altas cortes do Brasil, julgou a favor
de um grupo dissidente, os Arautos do Evangelho, sob f orte pressão de auto1-·idades da igreja, inclusive do Núncio Apostólico do Vaticano, amordaçando a TFP ao entregar seu · bens a diss identes de esquerda ".
açava desbanca r a d upl a PT-PSDB na di sputa pe lo govern o da capita l do ma is populoso e mais ri co estado da Uni ão. O Cardea l-Arcebispo de São Paulo, Dom Oclil o Scherer, emi tiu um a nota a lerta ndo os fi eis sobre o referid o ca ndidato.
Esco lhido como orador na cerimônia de posse do mini stro Joaqu im Ba rbosa co mo pres id ente do STF, o mini stro Luiz Fux se referi u à "judicialização da política " e mo uma nova atuação do Judiciári o, "amoldada às novas exigências sociais". · le j usti fico u que um "órgão
"Nota de repúdio redig ida a pedido de D. Odilo Scherer levanta dúvidas sobre a conduta do PRB em caso de vitória eleitoral ", info rmou "O Estado
como o Judi ·iário, não composto de ag nt •s politi ·amente eleitos ", te m "a fun ção l , velar pela observância das normas co11stit11cionai · ", torn ando-se desta rtc o poder supremo "numa nova conjigurc,ç<i<J da d mocracia, que já não mais se has >ia ap •na · no primado da ma ioria " c:a rac tcrf ·ti ca bás ica e consubstan · iul da de mocrac ia hodi ern a ("O G lo bo", 23- 11- 12).
Eleições llltllli('iJJfl iS de São Pau/o Um candidato ti do como outsider e l o Russo mano (PRB) - ame-
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CATOLICISMO
de S. Paul o" ( 14-9- 12). A nota fo i lida em todas as mi ssas da arquidi ocese. O pres idente da CNB B , ca rdea l Ray mundo Damasceno, afi rm ou nessa ocas ião que
"não se pode instrumentalizar a religião para angariar votos " - frase que , pronunc iada simul ta nea mente à nota arcebi spo de São Paulo, adquiriu uma co notação ele cens ura àq ue le candidato ("O Estado ele S. Paul o", I 5-9- 12).
Último censo <lo JJJGE: <leclínio do catolicismo Somente entre 2000 e 201 O, os católicos bras il eiros caíra m de 73 ,6% para 64 ,6% da popul ação nac io na l (eram 90% em 1970). A proj eção estatísti ca do IBG E apo ntou que os cató li cos seri am
menos cio 50% até 203 0, sendo que no estado de Ri o ele Jane iro e les j á estão aba ixo da metade: 46% ("Fo lha ele S. Paulo", 30-6- 12). Agrava este dramático panora ma moral o fato de que menos da metade cios casa is mantém a fi de li dade prometida no casa mento, e que a popul ação naciona l j á entro u em ri tmo ace lerado de enco lhim ento ("O G lobo", 12-8-1 2). A descato li c ização do Bras il é um elemento ela ofensiva cri stofóbi ca que e m 201 2 prosseg uiu no se u inte nto de e limin ar todos o s ina is públi cos d istinti vos da Terra da Santa Cruz. A impl acabi lida de dessa ofensiva chegou a tenta r e limin ar das notas do rea l a q uase mi croscópi ca frase "Deus seja
lou vado ". A cinco minutos do cataclismo liiwl? D urante a G uerra Fri a, certos cientistas idea lizaram um " re lógio do Ju ízo F ina l" qu e aponta ri a s imbo li ca mente a prox im idade de uma exte rminadora guerra nuclea r. Todos os anos eles atua1izavam "o pêndul o do Apoca lipse", até
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que o desabamento da URSS pareceu afastar o perigo. Em janeiro de 2012, 18 vencedores do Prêmio Nobel relançaram o famoso relógio em Washington. Mas, desta vez, não tanto pelo perigo nuclear, mas por outro perigo, em certo sentido mais grave: a incapacidade dos dirigentes mundiais de responder às ameaças que espreitam a humanidade. Após estudarem as "consequências dos acontecimentos recentes e as tendências para o porvir da humanidade", eles acertaram os ponteiros do relógio faltando apenas cinco minutos para a meia-noite fatídica ("La Croix", 11-112). O mundo sem líderes avançou sem saber para onde, sem luz que o guie, pressentindo cada vez mai s a iminência de uma catástrofe que não sabe definir. E essa marcha rumo ao nada ficou simbolizada por este "pêndulo do Apocalipse". Poderíamo s m e ncionar ainda, como exe mplos dessa march a a lou cada, a perspectiva de um conflito nuclear e ntre o lrã e fsrael ; os vertiginosos desequilíbrios internos da China , com uma centena de milhares de revoltas e conflitos loca is que podem ince ndiar este país-continente e pa rali sa r o mundo ; a ten são Japão-China pelas desab itadas ilhas Senkaku; os ataques palestinos contra Jerusalém e o bombardeio da faixa de Gaza; a paulatina transfo1mação da "Primavera Árabe" em
ditaduras fundamentalistas que também ameaçam a Europa; a guerra de extermínio entre facções islâmicas na Síria, de onde os cristãos estão fugindo em massa; as chacinas cristofóbicas praticadas por fanáticos muçulmanos no Sudão e na Nigéria; a guerra do crime organizado contra as forças policiais que defendem a ordem no Brasil; a agitação indígena em diversos pontos do País em aparente substituição ao fracasso do MST; etc., etc. Em todas essas situações, "a qualquer instante, um erro de cálculo ou uma reação excessiva pode embaralhar as prioridades racionais", como observou o embaixador Rubens Ricupero. Em poucas palavras, o que preocupa os cientistas do "relógio do Juízo Final" é a explosão da loucura final. Não espanta, pois, que o ano de 2012 se tenha encerrado com esdrúxulas especulações sobre o fim do mundo para dezembro. Tudo com base em superstições bafejadas por uma onda midiática, difundida por filmes sensacionalistas, por falsos profetas apocalípticos ou simplesmente por comuno-anarquistas disfarçados de ambientalistas, e até mesmo por líderes religiosos.
Saudades do retorno à ordem A sensação incômoda de viajar num navio deslumbrante pela ex uberância de suas realizações técnicas, mas que avança raspando em iminentes tragédias
desconhecidas, fez com que inúmeras pessoas procurassem uma tábua de salvação em algo completamente diverso deste mundo ameaçado. Uma amostra característica disso se pôde apalpar por ocasião das comemorações dos 60 anos de reinado da rainha Elizabeth II da Grã-Bretanha. Milhões de britânicos saíram às ruas em celebração durante dias a fio, enquanto bilhões de homens de todas as raças dos quatro cantos do planeta acompanhavam aquelas solenes cerimônias pela TV ou pela J11ternet. Envolta numa pompa que conserva muito da sacralidade medieval, aureolada de prestígio, a rainha inglesa celebrou aparentemente sem esforço seu jubileu de diamante, enquanto qualquer líder político moderno se esfalfa para se reeleger ou - já é grande coisa! - não ser vituperado pelo povo que democraticamente diz representar. A rainha, sem poderes de governo e com 86 anos de idade, mostrou atrair e influenciar muito mais com o aparato régio do que qualquer governante, não só de seu país, mas do mundo inteiro. "É umafigura materna e protetora, mãe benfeitora da nação, que jaz o povo acreditar sempre em seu destino histórico" - escreveu o jornalista francês Stéphane Bern. "O essencial de seu trabalho não é tanto presidir as cerimônias oficiais, mas preservar a mística da monarquia". Bem aludiu àquele superior desígnio que faz dos monarcas
uma imagem viva de Deus como Rei do Universo, ainda quando a rainha britânica seja, infelizmente, chefe nominal de uma falsa igreja ! Uma flotilha de mais de mil barcos percorreu o rio Tamisa em Lo?dres, num desfil e real só visto há 350 anos, durante o rein ado de Carlos II. Analistas afirmaram que foi o maior espetáculo público do reinado de Elizabeth II , e, portanto, o maior de nosso século que apenas se inicia ("O Globo", 4-6-12). O fato, como muitos outros de inenor dimensão que ainda poderíamos citar, foi um dos mai s ugestivos e fortes indicadores da saudade profunda que palpita nos ubsolos psicológicos, morais e religiosos da hum anidade. E essa sa udade pede um retorno à verdadeira ordem. Portanto, à ordem católica da civilização cri tã.
2013: sinais e aprnensões O que veremos e m 20 13? O agravamento da marcha delirante rumo ao esboroamento univer a i que predominou no "babelesco" ano de 20 12? O retorno com passo de re i da c ivili zação cristã? Em 2012, dois acontecimentos podem ter indicado o futuro que nos aguarda. Em outubro , uma inusual enchente em Lourdes alagou co m mais de um metro de água, detr itos e pedaços de árvore, a Gruta onde Nossa Sen hora
apareceu. Tudo parec ia arrasado . Mas quando a água ba ixou , verificou-se que nada se perdeu, e em poucos dias o fluxo de pe reg rino s impl o rando e recebendo graças continuou com inteira normalidade. No mesmo mês, a super-tempestade Sandy atingiu a cidade de Nova York e a costa leste dos EUA, causando mais de 100 11101tes e danos ma teria is estima dos em quase 50 bilhões de dólares. Em Breezy Point, bairro da periferia de Nova York, deflagrou-se em decorrência da tempestade um incêndio que consumiu com furor inaudito centenas de casas durante a noite. Todos os elementos entraram em ação para destruir. Porém, no dia seguinte, causou assombro ver que em meio às cinzas do bairro, uma imagem de Nossa Senhora das Graças se conservara intacta em seu nicho. O "The Wall Street Journal", órgão econômico líder em tiragem nos EUA, estampou grande foto da imagem em sua primeira página. Nos dois casos - Lourdes e Breezy Point - a calamidade foi irnpressionante. Mas em ambos, incólume, vencendo as catástrofes, emergiu Nossa Senhora. Será esta a sua mensagem para 20 13: Confiar, confi ar, confiar, confiar? Confiar n 'E la a inda quando tudo parecer ruir, poi s no final Ela triunfará? Ca tástrofes? Quais? Naturalmente falando, tudo está posto para que a hu-
manidade, sem ter quem a conduza pelas vias do bem , se precipite no despenhadeiro da anarquia . As fa lsas promessas irenistas de reconc i Iiação unive rsal das re iigiões e filosofias , entre si e com o mundo, prenun ciam um a queda que só cessaria quando se atin g isse o fundo do ab ismo da recusa de Nosso Se nhor Jesus Cri sto e da Sa nta Igreja Católi ca. Um abismo do qual parece emergir a garga lh ada atânica do anj o revo ltado que ac redita ser vencedor. Porém, os fatos de Lourdes e Breezy Point nos conduzem à conc lusão de que, di ante de perspectivas apocalípticas que tomam corpo no horizonte, fica em pé algo que vale infinitam ente ma is do que todos os cá lc ulos e todos os projetos humanos: a prom essa ind efectível de N osso Senhor Jes us Cristo à sua Igreja, de qu e "as portas do in ferno não prevalecerão" . Prom essa reforçada por Nossa Senhora em Fátima, quando disse : "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará". Elas apontam para um rumo de acontecimentos radicalmente diverso do que se definiu no terreno humano durante 20 12. Rezemos com confi ança à Santíssima Virgem para que essas promessas se efetivem em 20 13, ainda que tenhamos para isso qu e atravessar as mai s ang ustiantes situações. • E-mail para o autor: catolic ismo@catolicismo.com.br
Depois da terrível tempestade que atingiu o leste dos Estados Unidos, em Breezy Point, bairro da periferia de Nova York, causou assombro ver que em meio às cinzas do bairro, uma lma em de Nossa Senhora das Graças se con rvara intactà em seu nicho
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CATOLICISMO
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alma, a vivacidade de seu espirita, sua amável timidez, seu caráter.franco e aberto, sua modéstia, sua amabilidade e sua petfeita obediência a seus,pais ". 1 Tinh a ho rro r ao pecado , mes mo ao ve ni a l, po is j ul gava ace rtadamente que, sendo uma ofensa a Deus, mesmo em matéri a de menor grav idade não deixava por isso el e ser ofensa. A mãe incutiu-lhe ardente devoção à Santíssima Virgem e a São Luís Gonzaga. O menino costu mava reunir a seus ami guinh os em torno de uma image m ela M ãe de Deus, para lo uvá- la com o rações e câ nticos. A Ela reco rri a frequente mente pa ra s uplicar que lhe desse co ntrole ob re suas más inc linações, princ ipa lmente sua tendênc ia à có lera. Gaspa r teve também, desde pequeno, um amor hero ico aos pobres e mi seráve is.
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Fundador dos Missionários do Preciosíssimo Sangue G rande pregador popular, foi exilado e posto na prisão por não aceitar o juramento de fidelidade a Napoleão
aspar de Búfa lo nasceu em Roma no dia 6 de jane iro de 1786. Seus pais - Antonio, chefe de cozinha da fa míliaA ltiere, e Anunciata Quartieroni - eram excelentes católicos. Como nasce u com a saúde muito delicada, sua mãe obteve que fosse crismado com um ano e me io de idade. O menino esteve várias vezes a ponto de morrer. Anunciata
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CATO LI C I SMO
recorreu então a São F rancisco Xav ier, pedindo-lhe a cura do filho. Tendo sido milagrosamente curado, Gaspar teve até o fim da vida profunda devoção ao Apóstolo da Índia e do Japão, que se tornou o patrono da congregação re iigiosa que ele fundaria mais tarde.
"Candor de alma, vivacidade de espfrito" Gaspar demonstro u desde cedo inclinação à virtude e horror ao pecado.
"Admirava-se nele o candor de sua
Aos 12 anos Gaspar fo i matri cul ado no Co légio Roma no, recebendo a prime ira tonsura. A lgun s anos depo is, ta mbém precoce me nte, rece be u as quatro ordens menores . Fo i então encarregado da instrução catequ ética na igreja de São Marcos . A dedi cação e eficiência com que se dese mpe nh ou do ca rgo fo i ta l, qu e lhe mereceu o epíteto de o "Pequeno Apóstolo de Roma" . Por isso, ao comp letar 19 anos, fo i nom eado pres ide nte da recé m in stituída esco la catequética de Santa Maria de i Pianto . Gaspar costumava reunir um certo nú mero de jovens para dedicar-se com e les à v ida de piedade. xortava-os sempre a progredir na v icia espiritual e no amor à Igreja. Em 1807 fo i- lh e co ncedi do um ca non i ato em São Marcos. E no ano seguin te - com dispensa, po is linha a penas 22 anos de idade - recebeu a o rdenaç~o sacerdotal.
A1·q111<:011fral'ia <lo P1·<·, ·Jm.;o Sangue Às noites, por meio de reuni ões, Gas pa r ·omcçou a ocupar-se em ã
Bo na parte fez-se coroa r impera do r dos fra nceses em 1804. Muito favorec ido pe las armas, to rnou-se senhor da Europa, julgando-se ac ima de tudo e de todos, tanto na orde m tempora l qu anto na espiri tua l. Já havi a obri gado o Pa pa P io Vll a esta r prese nte em sua coroação. Mas não o considerava senão um joguete em s uas mãos . Po r isso , em ca rta ao Prínc ipe E ugê ni o, que co mo vice- re i governava Mil ão em seu no me, "o Corso" escreveu em 22 de julho de 1807: "Qualquer Papa
que me denunciasse à Cristandade, cessaria de ser Papa aos meus olhos. Eu o olharia como o Anticristo ". Ele chegou mes mo a escrever ao Papa : " Vossa Santidade é o soberano
de Roma, mas eu sou seu Imperador: Portanto, todos os meus inimigos têm que ser os vossos ". 3
Mer eceu o epíteto <le "Pequeno Apóstolo <lc Roma"
São Gaspar de Búfalo
■ PUNIO MARIA SOLIMEO
Marcos com os homens da vizinhança, após te r-se dedicado durante o di a às cri anças que se pre paravam para faze r a Primeira Comunhão. O btinha es molas para vestir nesse d ia so lene as que eram pobres. O tempo que lhe restava empregava-o em prega r nos subúrbios pobres de Roma, inc itando todos a uma reforma de vida.
Imagem do Sangue Precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo
Tomou então como diretor esp iritual ao Pe. Franc isco AIbe1t ini, pároco de São Nicolau in Cárcere, também na Cidade Eterna, e depois bispo. Profundamente entri stecido pelas mi sérias espirituais e tempora is causadas pela nefanda Revolução Francesa, o Pe. Albe1t ini reuniu em sociedade todos os que estavam dispostos a meditar freq uentemente na Paixão de C ri sto oferecendo ao Eterno Padre o Sangue de seu Filho em expiação dos próprios pecados, pela conversão dos pecadores, pelas necessidades ela lgreja e pelas almas do Purgató rio. São Gas par ass istiu -o nessa ini c iati va, nasce ndo assim a Arquiconfra ria do .Preciosíssimo Sangue. 2
"No11posso, non <lebbo, non voglio " No auge de sua a mbi ção, N apo leão
O re lacionamento e ntre o Papa e N apo leão só pi o ro u quando este qui s a nul ar seu casa me nto com Josefi na pa ra casar- se co m a a rquiduqu esa Maria Lu ísa d' Áustria. Depo is ele muitos agra vos recebi dos do tira no - a in vasão de Roma, inc lusive - Pi o Vll aca bou por excomungá-lo. Na noite de 5 para 6 de j ulho ele 1809, "o Corso ", furioso, mandou apri sionar o Papa e alguns ca rdeais. Te ndo j á anexad o ao Impéri o os Estados Pon tifíc ios, Na po leão ex ig iu do clero de ses Estados um j ura mento de fide lid ade. Assi m , e m J 8 I O, São Gas par de B úfa lo fo i intimado a co mpa recer d iante do genera l M io llis, rep resentante de N apoleão em Roma, para ju ra r fi delidade ao imperador. O santo respondeu com as pa lavras que se to rn aram cé le b res : "No n posso, non debbo, non voglio". 4 O genera l o ameaçou então com o ex íli o. Como pa i verdadeiramente cri stão, Anto ni o de B úfa lo, que estava j unto ao fi lho, res pond eu que preferi a ver seu fi lho cortado e m pedaços q ue fa lta ndo a seu dever. Depois de uma segunda recusa, São Gaspar fo i encarcerado e levado de prisão em prisão, até a queda de Napoleão em 1814.
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~J.
Fumlação da Congregação do Preciosíssimo Sangue Ao retornar a Roma, Gaspar pensou em ingressar na Companhia de Jesus, então restabe lec ida. Entreta nto, Pio VU - que também retornava do ex ílio - , angustiado pelo calamitoso estado espi ritual existente, sobretudo de Roma e dos Estados Pontifícios depois dos anos das guerras e desordens napoleônicas, desejava que neles se realizassem missões. Escolheu então São Gaspar de Búfalo e outros zelosos sacerdotes para essa obra, cedendo-lhes para se reunirem o convento de São Felix, em Giano. São Gaspar fu ndou então, no di a 15 de agosto de 18 15, uma congregação de sacerdotes secul ares para pregar as mi ssões e difundir a devoção ao Preciosíss imo Sangue. Seus membros não fa ria m os três votos re ligiosos, mas uma pro messa de "não deixar a comunidade sem p ermissão do superior Legal". Sua fa ma como pregador d ifun d iu-se por toda a Itália, porq ue ele tinha um ta lento prod igioso para expor a pa lavra di vina. O povo o chamava de "o Santo ", "Apóstolo de Roma " e de "Martelo dos carbonários " (a fra nco- maçonaria ita li ana). Poucos pod ia m res istir à fo rça e un ção de suas pa lavras. Só na cidade de Sa nseverino, por exempl o, 50 sacerdotes não fora m sufic ientes para ouv irem confissões depois de sua mi ssão.
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CATOLI C ISMO
São Gaspar pregava para todos, não esco lhendo lugar nem pessoas. Por exemplo, e le fo i até os antros dos fa mosos " briganti ", escondidos nas monta nh as, pregar- lh es a do utrin a da salvação. E o que se viu fo i uma multidão deles depor suas armas aos pés do santo depois de o ouvirem. Entretanto, esse ato hero ico de caridade exc ito u a ira de a lguns ofic ia is, que lucravam com o bandi tismo por me io de propinas e co nluios. Estes se m-Deus ousa ra m de nunc iá- lo ao Papa Leão XII, que se impress ionou com as de núnc ias. Ta nto ma is quanto o Pontífice já tinha objeções ao nome da congregação - " Preciosíss imo Sangue" - que j ulgava uma novidade. São Gaspar de Búfafo fo i então intimado a expli car-se em sua presença, enquanto o Pe. Betti j ustificava o nome da congregação com argumentos das Sagradas Escri turas e dos Padres da Igreja. Após ouvi -los, Leão XII exclamou: "De B~fàlo é um anjo ". E a Congregação encontrou liv re trânsito na lg rej a. 5
Cmra/eiros do Preciosíssimo Sang ue É in te ressante notar que a devoção ao Prec ios íssimo Sangue não era inteira mente nova. Hav ia várias arquiconfra rias a ele dedicadas na Espan ha no século XV]; e em 1608 o duque de Mân tua, Vicente de Gonzaga, já
funda ra e m seus domín ios uma orde m militar do Preciosíssimo Sangue, cuj o o bj etivo era proteger um a sagrada re líqui a do Prec iosíssi mo Sangue. 6 A ap rovação de Leã.o X ll não acalmou os inimigos do santo. A pretexto de pro moção quiseram afastá-lo, enviando-o como internúncio ao Brasil. Mas ele se recusou. Outra tentativa foi feita j unto ao Papa Pio VIII em 1830. Este chegou a suspender o santo de suas funções e ameaçou extinguir sua congregação. Mas sua heroica humildade prevaleceu de novo e a suspensão foi levantada. A congregação co meço u a fl orescer com casas em G iano, A lbano e, apesar de muitas d ificuldades, no Re ino de Ná po les; depois, na A lsácia, na Bav iera, chegando até a Índi a. Em 1834, junto com a venerável Maria de Mattia, São Gaspar fund ou o ra mo fe minino de sua congregação, as Irmãs da Adoração do Preciosíssimo Sangue. F inalmente, em 1836, sua saúde sempre frág il co meçou a dec lin ar a o lh os vis tos. M es mo ass im e le co nt inu o u se u a posto lado . Ind o a Roma atender às necess idades dos empestados durante a terrí vel peste que se abate u sobre a C id ade Eterna, fo i atacado pela mo lésti a, fa lecendo no di a 28 de dezemb ro de 1837. São Gaspar de B úfa lo fo i beatifica do pe lo g lo ri oso São P io X e m 1904, e canonizado por Pio XII em 1954. Sua fes ta é ce lebrada em 2 de j aneiro. • E-mail para o autor: cato li cismo terra.com.br Nota s:
1. Les Peti ls Bollandi sles, Gaspard dei Búfa lo, Bloud e/ Barrai, Libra ires-Éditeurs, Pa ri s, 1882, tomo XV, p. 754. 2. Ulrich F. Mu ller, Archconfi'aternily of lhe Precious Blood, The Cath oli c Encyclopedia, CD Rorn ed ition. 3. Georges Goyau, Napoleon Bonaparte, The Catholic Encyclopedi a, CD Rom edition. 4. Ulri ch F. Mu ll er, St. Gaspare dei Búfalo, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edi tion. 5. Cfr. Ulrich F. Mu ll er, Congregation of the Mos/ Precious Blood, The Catho lic Encyc lopedia, CD Rom edi tion. 6. Ulrich F. Mull er, Archconji-aternity of the Precious Blood, op. cit.
EPISÓDIOS HISTÓRICOS
D. Afonso Henriques e o nf!scimento de Portugal GU ILHERME FÉLIX DE SOUSA M ARTINS
"Eu sou o fundador e destruidor dos Reinos e Impérios; e quero em ti, e em teus descendentes, fundar para mim um Império, por cujo meio seja meu Nome publicado entre as nações mais estranhas".
O
uando nos debruçamos sobre a hi stória de Portuga l logo somos assaltados por um interessante paradoxo: como pôde um país tão pequeno em extensão territorial realizar uma epope ia - navegações, descobrimentos, co nqui stas, fe itos mi ss ionários - de tão grande monta? A hi stória do nascimento dessa nação traz um pouco de luz para a solução do in tri gante problema. Com efeito, Deus Nosso Senhor, ta l como fez com o povo e le ito do Antigo Testa men to, esco lhe u Portuga l para inte rvir na H istória, a seu modo preparando "um Império" por cuj o me io seu no me seria "publicado entre as nações mais estranhas".
A11tecedentes Os vis igodos arianos, expul sos da Fra nça pela ação de C lóv is, 1 penetrara m na Península Ibérica, ali encontrando os suevos, povo pagão insta lado naq ue las te rras. O longo traba lho da Igreja, ali ado à influênc ia de povos j á conve rtidos, vai entretanto dobrando aos poucos a du ra cerv iz dos " bárbaros". Por vo lta de 560, confo rme narra o hi storiado r luso João A mea i, "o povo sue vo se converte à verdadeira religião, graças a São Martinho de Dume. Em Braga se celebra (em 561) um concílio para f estejar a conversão. Cria-se o rito bracarense - e a metrópole sueva torna-se, como então fo i dito, a Roma das Espanhas ". 2 Ainda a lg umas d isputas com os arianos e, no IH Conc íli o de To ledo em 589, os monarcas e bi spos hereges aca bam por abju ra r a heres ia. Entretanto, agiganta-se o utro inimigo da Cristandade nascente. O impéri o maometa no asse nhora-se do no1ie da África e fica à espreita da ocasião para invadi r a Europa di vida. Esta ocasião não tarda. "Apesar dos ben~ficios resultantes da un[ficação cristã e da obra moralizadora e organizadora dos Concílios, apesar de uma cultura_já brilhante, a sociedade visigoda não se sustenta ",3 corroída que está por poderosas toxi nas (restos do partido aria no, chefes locais e grupos di sseminadores de in satisfação). Em 7 1O, brigas sucessórias entre os vi sigodos acabam por abrir as portas aos mo uros, que aco rrem em gra nde número. Sua marcha só é to lhida por Carl os Marte l,já em território fra nco. A presença moura logo se conso lida. Forma-se no te rritóri o ibérico um "xadrez movediço ", dadas as incessantes d isputas entre os próprios muçulm anos, as conq ui stas e derrotas dos visigodos, e a resignação dos chamados mosárabes.4 Cerca de c inco sécu los vão se passar num convívio, ora pacífico, ora sangrento, entre invasores e cristãos. M as não sem que o desej o da reconqui sta im pul sione os verdadeiros cava le iros. Afonso Vl de Leão, no sécul o X l, desponta como líde r da insurreição, d isposto a responder à a ltura à inso lênc ia dos prínc ipes ára bes. A [greja, entretanto, encontra-se em crise. Mas a ação da Pro vidênc ia não tarda. E os benedi tinos de Cluny, com sua rede de moste iros q ue vão se d ifu nd indo por toda a F rança, to rnam-se o centro da refo rma. É a esse ra mo bened itino q ue Afonso VI recorre, em um momento culm inante na luta contra os mouros. E o abade H ugo, que naque la ocas ião governava C luny, não o decepciona. Interv indo junto a Filipe r da França, consegue refo rços, po ndo em marcha um valoroso grupo de cavale iros fra nceses. Vitorioso, D. Afonso V I retribu i aos cava le iros concedendo- lhes te rri tó rio e a mão de suas fil has . Uma de las - Da. Tereza - desposa D. Henriqu e de Borgonha, que recebe, a lém di sso, o senhorio sobre uma região loca lizada entre os ri os Minh o e Tejo,
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O número dos inimigos, entretanto, começa a esmorecer a coragem dos portuca lenses. Assim narra o próprio D. Afonso :
"Eu estava com meu exército nas terras de Alentejo no Campo de Ourique para dar batalha a Ismael, e outros quatro reis mouros, que tinham consigo i11:finitos milhares de homens; e minha gente, temerosa de sua multidão, estava atribulada, e triste sobremaneira, em tanto que publicamente diziam alguns seria temeridade acometer tal jornada. E eu, enfadado do que ouvia, comecei a cuidar comigo o que faria ".6 No meio des a preocupação, D. Afonso entra em sua tenda, toma a Sagrada Escritura, abre-a justamente na narrativa da vitória de Gedeão, e dirige em seguida uma prece a Deus: "Mui
bem sabeis Vós, Senhor Jesus Cristo, que por amor vosso tomei sobre mim esta guerra contra os blasfemadores de vosso nome". no extremo oeste da Península. Em 1097, D. Henrique usa já o expressivo título de
"Conde portucalense". Com esses casamentos D. Afonso VI consegue descentralizar o poderio militar de seu império, favorecendo a resistência a um inimigo que ataca inopinadamente em todas as frentes. Tal descentrali zação ocasionará, mais à frente, o desmembramento de seu império. Morrendo D. Afonso VI , D. Henrique vê a oportunidade de emancipação de seu Condado. Vários fatores levam à formação do que João Amea i chama de "uma naciona lidade em potência" : "Todos os Jc,tores cujo esquemático panorama acaba de ser
uvi de repente no próprio raio resplandecente o sinal da Cruz, mais resplandecente que o Sol, e Jesus Cristo crucificado nela"
enumerado - hipotéticas diferenciações geográ_ficas, étnicas e linguísticas, singularidade de um destino marcadamente oceânico, intenso comércio marítimo com as populações nórdicas, superiores desígnios pont[ficiospara a arrumação da Península, ascendente ben4fico de Cluny, justificáveis ambições pessoais de D. Henrique, antiga e persistente aspiração dos senhores de entre-Douro-e-Minho à conquista da autonomia - se conjugam para apresentar aqui, nos inícios do séc. Xlf, o que será justo chamar: uma nacionalidade em potência ".5
Dom AJ'onso Henl'Íques e o primell'o a gravar-se nos anais da conquista da independência portuguesa" No entanto, D. Henrique -
cujo nome
LEGE NDA. L1m,1t prov.!i,-el do
Coodàdo Por1u.:alt-n.s.e morre sem conseguir realizar suas asp irações. [ 3 Mucul~I\C>) Seu filho Afonso, sem embargo, vai se mostrando desde pequeno propenso a realizá-las. E os melhores vu ltos da nobreza - entre os quais o mítico Gonça lo Mendes, o Lidador - põem nele suas esperanças. Ainda muito jovem, sai vencedor na Bata lha de São Mamede, o que lhe assegura a soberania sobre seus territórios frente às pretensões dos reinos viz inhos e de facções internas. As relações com o governo leonês deixam de ser vassalo-senhor. Mostrando seus propósitos de emancipação, D. Afonso vai ao mesmo tempo conso lidando a estrutura de seus domínios. Favorece a estab ili zação do poder ec les iástico nas mãos do arcebispo de Braga e trabalha em prol de boas re lações com a Santa Sé.
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O "Fm1<lado1· dos Impérios" Os árabes ag itam-se novamente, fa zendo in cursões e derrotando os portucalenses. D. Afonso ass ina um acordo de paz com o imperador de toda a 1-lispania (Afonso VII de Leão e Caste la), assegurando a estabi Iidade em uma de suas frentes. Para barrar o mouro invasor, intui que é preciso causar terror em seu meio. Aproveitando-se de uma crise dinástica entre A lmorávidas e Almôhadas, penetra em território dominado por e les para dar batalha.
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CATOLIC ISMO
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Mapa dos reinos cristãos no século XI
Cansado, adormece e, em son ho, vê um ancião que vem até e le, prometendo-lhe a vitória. Seu camareiro logo o desperta, ap resentando o mesmo ancião que vira no sonho, o qual lhe dirige a mesma promessa de vitória, acresce ntando que Nosso Senhor queria comunicar- lhe uma mensagem. D . Afonso obedece às ordens daquele homem de Deus , dirigindo-se ao local determinado. " Vi de repente no próprio raio
resplandecente o sinal da Cruz, mais resplandecente que o Sol, e Jesus Cri. ·to crucificado nela. Lancei-me por terra e, desfeito em lágrimas, comecei a rogar pela consolação de meus vassalos, e disse sem nenhum temor: 'A que fim me apareceis, Senhor? Quereis por ventura acrescentar fé a quem tem tanta? Melhor é por certo que vos vejam os inimigos, e creiam em vós, que eu, que desde afonte do Batismo vos conheci por Deus verdadeiro, Filho da Vi,-gem, e do Padre Eterno, e assim vos conheço agora '. O Senho1·; com um tom de voz suave, que meus ouvidos indignos ouviram, m e/is ·e: 'Não te apareci deste modo para acrescentar tua f é, mas para.fortalecer teu coração neste conflito, e.fundar os princípios de teu Reino sobre pedra firme. Confia, Affonso, porque não só v nc rás esta batalha, mas todas as outras, em que pelejares contra os inimigos da minha ruz. Acharás tua gente alegre, e esforçada para a peleja, e te pedirá que entres na batalha com o título de Rei. Não ponhas dúvida; mas tudo quanto te p edirem lhe concede jàcilmente. Eu sou o fimdado,; e destruidor dos Reinos, e Jmpérius; e quero em ti, e teu · descendentes, fundar para mim um Império, por cujo meio seja meu nome publicado entre as nações mais estranhas '. 'Por que méritos, Senhor, me mo ·trais tão grande mis ricórdia? Ponde vossos benignos olhos nos Sucessores, que me prometeis, e guardai ·alva a gente portuguesa'. 'Não se apartará deles, nem de ti, nunca, minha misericórdia, porque por sua via tenho aparelhadas grandes searas, e a eles escolhidos por meus segadores em terras mui remotas'. Dito isto, desapareceu ".
Dom Afonso Henriques
onío rtado por essas pa lavras, D. Afonso volta para o acampamento. No brilho dos seus o lhos, e no vigor de sua expressão, seus cavale iros encontra m ân imo para dar batalh a aos infié is 7 . • E-mail para o autor: catolicismo@tcna.com.br
Nolas: 1. Cf. a10/ici.1·1110, novembro/20 1O. 2. AM E/\ L, João. llislória de Portugal. Porto: Tavares Martins, 1940, p.27. 3. Idem , p.. O. 4. Cristãos que preferi am a convivência a uma vida de constante luta contra o invasor muçulmano. 5. AM E/\ 1,, Jot o, op. cit. p. 52. 6. M onarc /, /11 f,11,1·ita11a, Tomo Ili , p. 127, di sponíve l em htlp://www.ange lfire.com/pg/uni ca/monumenta 11 5 ·11 n1111cnto. htm 7. A narra ç o tl 11 buta lh a e dos fei tos posteriores serão ex postos em próximo artigo.
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rei igiosos, e converte u muitos pagãos.
Primeiro sábado tio mês
6 EPIFANIA DO SENI IOR, OU SANTOS REIS
7 1 SANTA MARIA, MÃE DE DEUS [A ntigamente, Circuncisão do Menino Jesus]
2 São Basílio Magno. Bispo, Confessor e DouLor da Igreja + Cesa ré ia, 379. Bi s po, o "Colosso da Igreja orientai ", merece u o títul o de "Pai dos monges do Oriente" porque, co m suas regras, deu fo rm a defi nitiva à vida monástica.
a
Sa nLa Genoveva, Vit•gem + Paris, 5 12. Consagrou a Deus sua virg indade aos J 4 anos. Quando os hunos ameaçavam invadir Paris, Genoveva saiu às ruas exortando os pari sienses à peni tê ncia; inesperadamente, Átila afastou-se ela cidade com seus bárbaros.
4 Sa nLo Oclilon Abade + Cluny, 1048. Um dos grandes
São Raimundo de PenhaforLe, Confessor + Espanha, l275 . Dominicano, Príncipe dos canonistas e grande confessor, fo i igua lmente célebre por seus milagres. Com Sã.o Pedro N o lasco fund o u a O rdem das Mercês, para a redenção dos cativos que eram apri sionados pelos muçulmanos.
8 São Pedro Tomás, Bispo e Confessor + C hipre, 1366. Ca rm e lita, e nca rregado p o nti fíc io de de li cadas mi ssões dipl omáti cas, depo is Bispo e Legado uni versa l para todo o Ori ente.
9 SanLo /\n clré Corsini, Confessor + Fiésole, 1373. Também carme li ta e co ntempo râ neo do anterior, de uma das mais ilustres fa mílias de Florença, fez-se religioso depois de vida mundana, expiando suas leviandades mediante grandes penitências.
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abades ele C luny, cuj o papel foi primordial na fo rmação da Idade Média. A ele devem-se ta mbém a introdução da Festa ele Finados e, para controlar o espírito extremamente belicoso cio tempo, a Trégua de Deus, que pro ibia ações bélicas ou pilhagem ela quarta-feira à tarde à segw1cla-fe ira de manhã.
São Guilherme ele Bourges, Bispo e Confessor + Bo urges, 12 09. G ra nd e
Primeira Sexta-feira do mês
SanLO lligino, Papa e MárLir + Roma, 142. Grego de origem,
5 São Simão EsLiliLa , Confessor + S íri a, 459. Construiu uma co lun a para iso lar-se em seu topo. Desse púlp ito improv isado fa lou a imperadores, reis,
amante da so lidão, entrou na O rdem de C ister, de onde a obedi ência o tirou para ocupar a Sé arquiepi scopa l de Bourges, no centro da França.
lt por sua vi1tude e coragem foi escolhido para suceder a São Telésforo, que sofrera o maitírio. Lutou contra vários heresiarcas, animou os cristãos perseguidos pelos pagãos e acabou dando sua vida por Cristo.
12 São Bento Bispo, Confessor + Ing laterra, 690. Abade de Wea rm outh e de Jarrow, na Inglaterra, buscou em Roma arquitetos, vidreiros, pintores e mú s icos pa ra in struir os ingleses.
13 BaLismo de Nosso Senhor. SanLo l lilário de PoiLiees. Bispo, Confessor e DouLor ela Igreja + França, séc. IV. O Atanás io do Oc idente lutou acirradamente contra os ari anos, que o submetera m a rude perseguição e longo desterro, durante o qual escreveu 12 livros sobre a Sa ntíssima Trindade, que lhe va le ram o títul o de Doutor da lgrej a.
14 São Félix ele Nola, Confessor + Itália, 256. Sacerdote, passou por vári os suplíc ios nas perseguições dos imperadores romanos D écio e Va leri ano, sa indo incólume.
15 Sa nto Amaro ou Mauro, Confessor + Subíaco, 584. Filho de um senador ro mano, aos 12 anos fo i entregue a São Bento para se r edu cado. São G regó ri o Magno o exa lta pe lo seu amor à oração e ao silêncio.
16 São Marcelo l, Papa e McírLir + Roma, 309. Reorga nizou a hi erarqui a ec lesiástica e, sob Maxênc io, fo i exil ado e obri gado a vi ver num estábul o, onde morreu em consequência dos maus tratos.
17 Sa nLo Antão Abade, Con fessor + Egito, 356. Vi veu por longos
anos em penitência no deserto, onde res istiu co mo heró i católico a vio lentas te ntações do demôni o.
ta Santa Pr•isca ou Priscila , Virgem e Mártir + R oma, éc. 1. ' considerada por mui tos a pri meira mártir do Ocidente. Batizada por São Pedro aos 13 anos, fo i martirizada pouco depois, po r ter-se recusa d a q ueimar ince nso aos de u ·cs .
H) Stos. Mnrio e Companheiros, MÍll'l,ircs + R oma, 270. Mário, a esposa Marta e d is fi lhos viaj aram da Pérsia a R ma para venerar os sepul cros de ão Ped ro e São Paulo. A visitarem depoi s os cri t, os nos cárceres, foram detidos · martirizados.
20 S[lo SchasLião, MlÍ l'l,ir• + R oma, 288. cnturião da guarda pretori ana de Diocleciano, e le sustcntuva com ze lo apostó li co os nfc ores da fé e o mártir . Denu nciado, fo i tre passado co m fl echas; c urado mil ag r sam cntc , fo i açoitado até a 111 rlc.
21 SanLa Inês, Virgem e Már'Lir· + Roma, 304. A fo rta lc1/.;a de ta menina de 13 ano as 0111 bro u até os seus verdugo . , D â maso e Santo Ambró io ca ntaram entusias mados se us louvor
22 Sunl oH ViccnLe e A11mil ncio, Már'Lires + 304 e 628. Valoroso di ácono de 7,uru >oza, São Vicente enfrento u tod a sorte de tormentos pHru provar sua fid elidade a Cristo. Anastácio fo i um 111 0 11 • ' 1wrsa, decapitado com o ut ros 70 cri tãos pe lo re i Co ro 'S .
23 Santo lldeíonso, Bispo e Confessor + To ledo, 667. Discípul o de Santo Is ido ro, Arcebi spo de Toledo e zelosíss imo defensor da virg indade de Maria contra os hereges, escreveu um livro refutando-os.
24 São Francisco de Sales, Bispo , Conressor e DouLor da Igreja + Ann ecy, 1622 . Bi spo de Genebra e mestre da vida espi ri tua 1, era dotado de só lida cultu ra e ortodox ia, e animado po r profund o a mor de Deus e das almas. De excepcional bondade e suav idade no trato, é o patron o dos jornalistas e public itári os cató licos.
25 Conversão de São Paulo Apóstolo Ao cair do cavalo, o perseguidor dos cristãos converteu-se e tornou-se Apóstolo. Instruído pelo próprio Cristo Jesus, fo i um dos mais ardorosos proclamadores do cristianismo. Submi sso ao Papado, soube, entretanto, resistir a São Pedro com respeito e firmeza na questão dos judaizantes. Demonstrando grande elevação de a lma, São Pedro acabou por dar-lhe razão.
26 Santa Paula + Pa lestina, 404. Matrona romana da mais a lta aristocracia, ela e seu esposo edificavam Ro ma pe la virtud e. Com o fa lec imento deste, fo i co nvenc ida por Sa nta M arce la, também viúva, a entregar-se tota lmente a Deus .
27 Santa Ângela de Mceici, Virgem + Bréscia, 1540. Consc iente de que as desordens da soc iedade orig inam-se em gra nde parte da corrupção da famíli a, fund ou o in stituto re li gioso das Ursulinas, pa ra a edu-
cação da juventude fe minina e fo rmação de mães cri stãs.
28 Santo Tomás ele Aquino. Confessor e Doutor ela Igreja + Fossa Nuova, 1274. O maior teó logo da Igrej a foi aos cinco anos confiado aos monges beneditinos do Monte Cass ino, entrando depo is para a Ordem Dominicana, da qual se tomou a m a io r g lóri a, junta mente com o fundador, São Domingos. Com razão fo i cognominado D ou tor Angélico, po r sua pureza de vida e elevação de doutrina, que transcende a pura inteligênc ia humana.
29 São Sulpício Seve,·o, Bispo e Confessor + França, 59 1. São Gregório de Tours refere-se a e le com muito respeito, elogiando suas virtudes. Fo i no meado para a Sé de B o urges em lugar de candidatos simoníacos.
Intenções para a Santa Missa em janeiro Será ce le b ra d a pe lo Revmo. Pa dre Dav id Fra nc isquini , nas se g uintes intenções: • Pe los ass i na nt es, leito res e be nfeitores de Cato licismo e seus respectivos fam iliares, pa ra q ue neste novo a no que se ini c ia a Sagrada Família os prese rve do pecado, da vio lência, do dese m p rego e d as d ro gas, de tudo enfim q ue lhes se ja noc ivo, especia lmente aos ma is jove ns.
30 Santa JacinLa MariscoLLi, Virgem + Viterbo, 1640. A pesa r de ter sido educada cri stãmente, levou vida frív o la e mundan a mes mo no co nv e nto, o nd e e ntrou po r o rd e m d o pai . Ado e ce nd o g rav e me nte, o co nfesso r da casa não qui s atendê-la, di zendo que o Céu não era fe ito para pessoas vãs e soberbas. U m terror salutar levou-a ao arrependimento.
~l 1 São João Bosco, Confessor + Turim, 1888. Exerceu enorme influência no campo religioso e social, tendo fw1dado a Sociedade Salesiana e o instituto das Filhas de Mari a A ux iliadora. "O êxito dessa obra - dizia São Pio X - só pode explicarse pela vida sobrenatural e santidade de seu.fimdador ". De alma simples, alegre e ardente, não havia obstáculo que o detivesse na senda do bem.
Intenções para a Santa Missa em fevereiro • Sup licando a Nossa Sen ho ra d e Lo u rdes pe la saú d e de todos os leito res de Cato li cismo. E em face das cresce ntes a meaças à instituição da fam ília entre as q ua is a possíve l aprovação do novo Códi go Pena l - , ped in do a Ela pe la soúde espiritua l das famí li as b rasi leiras, para q ue se m a nte nh a m cada vez mais fiéis à mora l cató lica .
JANEI
Da esp. para a dir.: Dr. Calo Xavier da Silveira, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Dom Mathlas Tolentino Braga, Dr. Adolpho Llndenberg e Dr. Marlo Navarro da Costa
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Crise no Ensino Fundamental e Médio põe em risco a educação de seus filhos li
D ANIEL
F. S. M ARTINS
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c.onvite do. Instituto P . tinia Corrêa de Oliveira, o abade do Moste iro de São Bento de São Paulo, Dom M athias Tolentino Braga, profe riu ilustrativa palestra no C lub Hom s, na Av. Pauli sta, no dia 29 de novembro, sobre o tema:
Crise no Ensino Fumlamental e Médio põe em risco a educação que você ,Lá para seus filhos . Abriu a sessã.o o Dr. Adolpho Lindenberg, pres idente do Instituto. Estando à frente de tradicional in stituição de e ns ino, o Abade do Mosteiro de São Bento demonstrou segurança ao expor no auditório do C lub Homs o processo de decadênc ia que o s istema educac io nal vem sofrendo. A prim eira semente dessa decadência começou a brotar j á na época da Renascença, com a perda da sadi a autonomia das universidades medievais, dando lugar a um controle cada vez maior por parte do Estado,
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CATOLICISMO
O abade de São Bento conversa com alguns dirigentes do Instituto Pllnio Corrêa de Oliveira
sobretudo dos príncipes influenc iado pelo protestantismo nascente no sécul o XVL Esse proces o chego u até nossos dias, em que o Estado suplantou a preeminênc ia da Igreja no ensino, passando a control ar tiranicamente as in stitui ções, impondo- lhes frequentemente um viés marx ista e imoral. O confe rencista sali entou , citando documentos da década de 50 do sécul o passado, que desde a Renasce nça já se senti a uma diminuição da fo rmação moral nas escolas. Hoj e a "formação de valores" está às avessas, pois constitui um a deformação os "va lores" transmitidos aos esco lares que são opostos à doutrina e à moral católicas. As institui çõe de ensino optaram por " libertar-se" dos dogmas, dos " tabus" e da sã doutrina , adotando posições que impli ca m num abuso da liberdade e a uma contestação sistemática de tudo quanto nos legou a c ivili zação cristã. Segundo Dom Mathias, o Poder Públi co desenvolve um trabalho silenc ioso para que as escolas "libertem as pessoas dos princípios ainda sustentados em muitas famílias ". As-
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s im , as cri anças que a inda aprendem em casa que casa mento só ex iste entre um homem e uma mulher, quando chegam à escola têm de ouvir uma cantilena intermin áve l baseada na " ideo logia de gênero". Ele de nunc iou que essa ideo log ia esquerdi sta te m s id o ve ic ul ada de mane ira transdi sc iplin ar, isto é, em todas as matéri as cria-se pretexto para in trod uz ir a lg um antiprin c ípi o. O Mini stério da Educação do Bras il te m fe ito nos úl tim os a nos uma triagem de todos os li vros didáticos, ti ra ndo do ro l de obras ace itas aque les que não seguem à ri sca a sua age nda. Os novos livros, a pretexto de interd isc iplin aridade, in trodu zem as ideias que o governo deseja inc ul ca r. Ass im, em novos li vros di dá ti cos enco ntra m-se enunc iados de mate máti ca (s ic) qu e conta m estó ri as e problemas envolvendo du plas homossex uais, para ha bituar os a lunos a esse novo tipo de " re lação parenta l" (novo nome para a fa míli a ... ). N o ensin o de Hi stó ri a, são simpl es mente descartados os li vro q ue não re pitam a lada inha de imprecações contra a Igreja, apresentando-a co mo in stitui çã.o op ressora, e não pinte m um quadro negro da Idade Méd ia e da civilização cristã. Os li vros atua is em gera l tê m po r meta suscita r a luta de c lasses, a "consciênc ia soc ial" (leia-se ideolog ia marxista) e a mais desa brida libertinage m como, por exem pl o, nos chamados manuais de educação sex ua l. Co m efe ito, se os a lunos não entrarem por essas to rtuosa se ndas e não adota rem pos ições revo lu cionárias, serão ma l c lass ifica dos ou até desc lassificados pe lo EN EM ou pe lo ENA D E ... O abade benedi tino te rmin ou s ua expos ição conc lamando todos a não cruzarem os braços nesta d ifíc il situação, espec ia lm ente as institui ções cató li cas, que deve m vo lta r a ser como no passado, não se in tim ida ndo di ante da tirani a ideo lógica do Estado. No fi nal, Dom Mathi as abençoou uma grande quantidade de meda lhas exorcísticas de São Bento, fundador de s ua Ordem, que fora m depo is di stribu ídas aos presentes. Em segui da, o Dr. Mari o Nava rro da Costa, d iretor do escritó ri o da TF P norte-a meri ca na em Washi ngto n, fez uma ex pos ição sobre o siste ma de homeschooling (ensino e m casa), mui_to d ifundi do nos Estados Un idos, e qu e tem alca nçado mui to êx ito. Co ube ao prínc ipe Dom Bertrand de O rl ea ns e Braga nça e ncerrar a sessão, c ita nd o pro nunc iame ntos de Plini o Corrêa de O li ve ira sobre o ens ino cató lico e reforçando a convocação para um a atitude m ili ta nte em face dos descalabros da educaçã.o moderna. •
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Reuniões, orações, jogos e lazer RICARI
o T OLEDO
Açlio ./011e111 pela Terra de Santa Crnz promoveu entre os d ias 15 e 18 de novembro, cm ltapece rica da Serra (S P), ma i um a ampame nto para a fo rm açã. da juventude. Os jove ns parti c ipara m de in te nsas ativid ades co mbin a ndo rcu ni õc de estudos, o rações, j ogos e lazer. As reuni ões de estudos aconteciam logo após o ca le da ma nhã e preenc hi am todo período ma ti na l. Seu leitmoti v fo i Pie,trule e Combati11ida-
de: ,tois a.\ pectos imprescbulí11eis do 11enlluleiro católico. Algu ns dos temas estudado : ri gcm e mil agres da Meda lha Mil agrosa ; Vida de Madre Mari ana de Jes us Torres e as reve lações de Nossa cnho ra do B 111 S ucesso ; a res istênc ia ató li ca no cerco do Alcázar de To ledo; ori gem, poder e eficácia do Sa nto Rosári ; imo n ele Montfort e a ruzada co ntra o a lbige nses ; 1-1 istóri a cio quadro de N ossa en hora do Bom Co nse lho; o método de luta e ele a posto lado ele Plíni o orrêa de O li ve ira, intré pido lutado r cató li co. As ta rd es eram rese rva das para diversos tipos de j ogo medi evais e outros, como o paintball. Em uma das noites, após um jantar em estil o medi ·vul, fo i acesa uma enorme fog ue ira, tendo os jovens e revezado em vig íli a q u ' durou toda a mad rugada, entre ornç( ·s, ·ont os e conversas. T ·rmin udo o acampamento, todos rcto rn ura111 11 seus lares mu ito animados · ·orn II vo ntade revigorada de se 111 u 111 ·r •1n fi \is a N o sa Sen hora e à doulrirlll l'nló li ca, nc tcs d ias tã.o conlurh11dos, sobr ·tudo para a juventude. •
E-mail para o autor: cato li cisrno@terra.corn .br
CATOLICIS M O
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Virgem da Ternura Bem-estar na tristeza, no carinho e no recolhimento ■ PUNI O C O RRÊA DE OLIVEIRA
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foto do ícone de Nossa Senhora de Vladimir - de autêntico estilo bizantino a Virgem Santíssima apresenta-se numa atitude de alma inteiramente voltada para o interior, em que Ela toma consciência profunda do estado de espírito de sumo afeto, suma proteção e, ao mesmo tempo, de tristeza; mas tristeza num estado de deleite de ser Ela mesma . Há dentro dos olhos d'Ela uma luz parecida com a que existe no interior de uma catedral - uma espécie de penumbra. Evidentemente, o que a absorve inteiramente é o Menino Jesus. Nota-se o bem-estar e o inteiro consentimento em sentir-se inteiramente assumida pelo amor a Ele. Mas ao mesmo tempo está presente o presságio da Cruz, de todos os abandonos, incompreensões, negações que viriam. Em vista disso, Ela de algum modo já sofre, mas coloca no Divino Filho to_d a sua complacência. Esse estado de espírito o Menino Jesus o sente em comunicação com Ela, que o vai transmitindo ao Filho. Este deseja haurir muito mais tal estado de espírito aproximando seu rosto da face d'Ela, como quem diz "Isto é o que eu quero, dê-me mais ". A Mãe Santíssima se deleita em extravasar isso e Ele se deleita em receber esse afeto. Um fenômeno especialmente rico de uma intimidade intercomunicada, um bem-estar na tristeza, no carinho e no recolhimento. Todos esses aspectos ficam realçados pelo fundo dourado do ícone. Em meio à tristeza, há uma nota de esperança como uma estrela nascente. Isso caracteriza a temperança. Não é uma tristeza desesperada. É a Virgem da Ternura! Assim poder-se-ia denominar esse ícone. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 10 de junho de 1976. Sem revisão do autor.
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Purgatório: lugar de purificação dos fiéis após a morte purgatório é por exce lência o lugar da contrição. Para ali vão justamente as almas que têm de se purificar de alguma falta antes de poderem ver a essência de Deus no Céu . Santa Catarina de Gênova [autora de um tratado sobre o Purgatório] descreveu que a alma de uma pessoa boa e fiel que morre tem uma primeira noção da pureza infinita da essência de Deus e do contraste entre essa pureza e a noção de seu próprio pecado. Assim, ao mesmo tempo em que a alma tem a noção da posse de Deus e da fe licidade insondável de possuíLo por toda a eternidade no Céu, sentindo-se atraída para Ele, por causa de sua pureza infinita e la sente fora de cond ições de se apresentar a Deus. A a lma passa por dois movimentos: um cheio de alegria e outro cheio de pesar. O movimento cheio de alegria leva-a a querer unir-se a Deus; o movimento
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-CATOLICISMO
U'MARI
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cheio de pesar vem do contraste entre as manchas que ela nota em si e a pureza infinita de Deus. Devido a isso, ao mesmo tempo em que vem o desejo da união com E le, vem um desejo de purificação. Segundo Santa Catarina de Gênova, a a lma fica tão embevecida em Deus que suportaria mil infernos para poder unir-se a E le. E então se precipita nas chamas do Purgatório com uma verdadeira sofregu idão de purificarse, para poder unir- se finalmente ao Criador. Estando no Purgatório a alma sofre, mas sofre a tormentosa delícia de ir sentindo que aquilo que a separava de Deus vai se tornando mais adelgaçado ao longo das purificações. Ela vai, assim, se aproximando d' Ele, e tem uma fundamental alegria junto a uma tristeza. Uma verdadeira tristeza, mas que a leva a ir-se aproximando de Deus. • Excertos da conferência prorerida pelo Pro f". Plíni o Corrêa de Ol iveira ern 27 de março de 1971. Sem revi são do autor.
Nicolás Maduro: submisso a Cuba
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Um maneio que despreza o belo e cultua a I'eiura
Sim, o Purgatório existe! São Leandro ele Sevilha
39 D..:s·1·Ac.,111,: Reação iJ'ancesa contra a co1rupção da família 44 V AR11mA1>1<:s Laicismo transvesticlo ele religião
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AMBIENTES, CoSTI Ji\ U:s, Cl\'ILIMÇÜJ<:S
São Leandro de Sevilha
Um passeio pelo mundo das cores ele uma rosácea
Nossa Capa: Montagem do ateliê artístico de Catolicismo.
Famílias nas ruas de Paris FEVEREIRO 2013 -
Caro le itor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n2 3116 Administração : Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência : Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda . E-mail: catolicismo @terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Fevereiro de 2013: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
É de capital importâ ncia que todo fi el tenha se mpre prc cnlc o que oco rrerá co m sua alma após a morte. Para o homem teme nte a Deus, a fa mosa frase do Ec le iá li co "Pensa nos teus No víss imos [Morte, Juízo, In fe rno e Paraíso] e j amais pecarás eternamente" [i sto é, não serás cond enado ao Infe rno] (Ec lo. 7, 40), deve nortear sua vida nesta Terra. E, como consequência, a esse versícul o deve o cató li co ac rescentar o Purgatóri o, lu ga r onde, após o fa lec imento, o justo purga suas penas tempora is antes de poder entrar no Céu . O Purgatóri o deve se r, portanto, te ma de refl exão séri a e co nstante de todo o fi el du rante sua vida terres tre. Por co nseguinte, é muito compreensível que a matéri a de ca pa desta edi ção tenha se oc upado desse importante ass unto. Ele é especialmente oportuno nesta época em qu e vivemos, marcada a fund o pelo materi ali smo, pela exacerbação da sensualidade, pelo relativi smo, bem como pela rej eição da Lei divina e de toda a vida sobrenatural. Em detalhada ex pos ição, o arti go exp li ca que a justi ça de Deus determina um a pena proporcional para res tabelecer a ordem perturbada pelo pecado. Por ser infinitamente justo, E le ex ige que as a lmas se apresentem totalmente pu ras para goza rem no Cé u a bem-aventu rança etern a e se rem di gnas de esta r em sua prese nça. A alma qu e se salvo u, por sua vez, não quer apresentar-se manchada di ante de Deus. Por isso e la ama as cha mas purificadoras do Purgatóri o. Todo cató li co deve ter um a devoção espec ial pelas benditas almas da Igrej a Padecente - aqu elas que se enco ntram no Purgató ri o - e rezar por elas, de modo parti cul ar por se us parentes e ami gos. N ossa Senhora é a grande pro tetora da almas do Purgató ri o. E, em virtude do privilégio sabatino, a Mãe de Deus co ncede uma ajuda especia l no Purgatóri o aos que fora m se us devotos neste mundo. Àq ueles que usara m piedosa mente o escapulário do Carmo, E la prometeu libertá-l os das penas do P urgatóri o no prime iro sábado após a morte. Desej o a todos os caros leitores um a profí cua leitura dessa temáti ca, para qu e após a morte possam, sob o amparo de Nossa Senhora do Carmo, ingressa r o quanto antes na bem-avenlu rança eterna e no convívi o com Deus, sua Santa Mãe e os bem-aventu rados. Em Jes us e Maria,
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Aparição de Nossa Senhora ao Santo Padre Pio de Pietrelcina Háuma hierarquia entre os mandamentos, e o prin1eiro deles -Amar a Deus sobre todas as coisas - é mais importante do que os outros, inclusive o quarto - Jlonrar pai e n1ãc.
V ALD IS GRINSTE INS
e parti da rumo à long ínqua Ásia, de onde nunca mais vo lta ria, São Francisco Xavi er devi a ir a L isboa, tendo ele passar perto cio caste lo de sua fa míli a, na Espanh a. Ele não qui s, contudo, des vi ar-se do ca minho para se despedir ele seus fa miliares, apesa r de sa ber que era mui tíss imo prováve l que nunca ma is os to rn ari a a ver, como de fa to aco nteceu. Ele desej ava chegar o quanto a ntes a seu destino em Portuga l e de lá partir para as mi ssões. O que ele fez pode parecer du ro de mais, o u até exagerado, mas Deus lhe pedia uma ded icação fo ra do comum pela sa lvação elas a lmas. G raças a seu ze lo apostó li co, milhares ele pagãos fora m bati zados. E o sa nto mi ssionário nos deixo u uma li ção de amar a Deus sobre todas as co isas, mesmo sobre aque las ma is conformes à natu reza como é a fa míli a.
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Dilicil <lccisão, ,1c11cida 11clo amo1· <lc J)cus Ora, é então fác il para um mi ss ionári o, uma fre ira, ou uma pessoa dedicada à Igrej a, deixa r sua fa míli a? O amor de Deus to rn á-l os-i a in se nsíve is qu anto aos afetos natura is para com seus fa mili ares? A H istória da Igrej a nos reve la o co ntrári o. Fora m vários os sa ntos para os quais custou ma is abandonar a fa míli a do que ingressa r no conve nto, se minário ou moste iro para a li s uporta r um a vida difíc il. E, in fe li zmente, também a bund am casos de pessoas que não fora m sa ntas, as qu ais não tivera m o sufic iente amor de Deus para O preferir a seus fa mili ares. Somente no di a de juízo conh eceremos quantos milh ares de pessoas não correspo ndera m à s ua vocação. Al ém di sso, não pode mos nos esquecer que as pessoas são di fe rentes. Dependendo de certas c ircun stâncias, como edu cação, te mpera mento, c ultu ra, be m co mo de fato res e moc ionais e até ge néticos, algumas pessoas sã.o mui to ma is sensíve is do que o ut ras; e se para a lgumas abandonar os e ntes qu eridos é menos difícil , para outras é um a ve rdadeira tortu ra. E, do ponto de vi sta cató lico, essa tortu ra pode ser
agravada por uma ação do demôni o - anjo deca ído dotado de uma inte li gênc ia superi or, e com capac idade de prever qu ão noc iva esta o u aque la a lm a lhe pode ser caso se entregue ao servi ço de De us. N esse caso, se Deus o permite, o demô nio fa rá todo o p oss íve l para cortar pe la ra iz todo o bem futuro que advirá dessa alm a, impedindo-a de ini ciar o caminho da perfe ição pelo ing resso numa institui ção re li g iosa. A pessoa é sempre liv re de aceitar ou não as so li c itações do ma li gno.
FEVER EIRO 2013 -
Genocídio de cristãos na Nigéria rosseguem a~ matanças de cristãos na Ni géria (Africa). Em dezembro últim o, um grupo de fundamentali stas islâmicos dego lou 15 cristãos na localidade de Mussari , nos arredores de Maiduguri , região nordeste da Ni géria, in fo rm ou uma fonte dos se rvi ços de emergência locais. "'Segundo as informações que recebemos, os criminosos entraram em algumas residências e mataram J 5 pessoas que estavam dormindo ', disse a .fonte, que pediu anonimato. As autoridades haviam informado no sábado o ataque, executado na sexta:feira em Musari, mas com um balanço de cinco mortos e sem revelar outros detalhes". 1 O tenente-corone l Sagir Mus a, porta-voz militar na região, dec larou à "Agê ncia Fra nce Press" qu e alguns foram mortos a tiros, e outros atacados com facões. Referindo-se às vítim as, uma fo nte que pediu anon imato di sse que "incluem um guarda de trânsito e 14 civis ", e qu e ''.foram esco lhidas porque eram todos cristãos ". Segundo informou um vizinho, "o· agressores entraram silenciosamente em casas cujos moradores eram cristãos". Parte desses fundamentalistas pertence à organi zação Boko Haram, que ex ige a adoção em toda a Ni géri a da sharia, lei islâmica que não adm ite a prática de qualqu er outra reli gião que não seja o islami smo. Estima-se que os ataqu es do Boko fiaram j á causara m mais de três mil mortes na Ni gé ri a desde 2009. Grande produtor de petróleo, a Nigéri a é o país mais pop ul oso da África, com 170. 123.740 habitantes.2 O norte é predominantemente muçulm ano e o sul de maiori a cristã. Um re latório de 2003 avali a qu e "50,4% da população da Nigéria são
P Rclacio11ame11to com a l'amília: exemplo <lo /'e. Pio
Foi bem o caso do Santo Padre Pi o de Pietrelcina . Aos 15 anos, ele teve de deixar sua fa míli a e partir para o novi ciado dos capuchinh os na cidade de Morcone. À med ida que se aproximava o di a, ele ficava cada vez mais triste; uma tristeza tal que, segundo suas própri as palavras, a sensação física era como se todos os seus ossos estivessem sendo tritu rados. Para medir bem o sacrifício que isto represe ntava, deve mos ter em vi sta que muitos anos depois, já sacerdote, quando morreu sua mãe Giuseppa, o Padre Pio chorou torrenc ialm ente, não teve forças para ass istir ao funera l, e prec isou de vários di as para recupera r-se. Igualmente, quando da morte de seu pai, Grazio Forg ione, ele ficou tão chocado que não pôde retom ar suas atividades sacerdotais por vári os dias. Portanto, temos aq ui um caso típi co de alguém que por natureza era muito li gado à fa míli a. E a quem o demônio tinha o máx imo interesse de atra palhar no caminho da vocação, pois dele viria a depender a fé de milhares, senão milhões de pessoas. Mas Deus, que permite a provação, também apresenta a so lução. E, neste caso, fo i uma so lução tota lmente sobrenatural. No dia anterior a sua partida para o novic iado, 5 de janeiro de 1. 903, ele teve uma visão de Nosso Senhor e Nossa Senhora, qu e resp landecentes de glóri a lh e di ssera m que tivesse confiança, pois estavam com ele e permaneceriam com ele na sua nova vida reli giosa. Ao fina l da apa ri ção, Nosso Senhor co loco u a mão sobre a cabeça do jovem Francesco (só depois, como capuchino, adotará o nome de Pi o) e deulhe uma bênção. A aparição forta leceu-o de tal maneira que, apesa r de ser muito sensível, ao partir no dia seguinte não derramou uma só lágrim a, indo em paz cumprir sua vocação. Deus, que permite a provação, dá torças para vencê-la
Esta foi um a das diversas apari ções de Nossa Se nhora ao Santo Padre Pio e, em certo sentido, a ma is necessária, pois
-CATOLICISMO
do co ntrário ele não teri a entrado no convento e seguido o chamado de Deus. Algum leitor poderia di zer: "Bom, então a solução para alguém com vocação e apegado àfamifia é ter uma aparição da Santíss ima Virgem! Assim ele esquece a tentação e pronto! ". Mas esse não é o caminho de Deus para todos, nem é como a sabedoria divina habitualm ente age. Deus muitas vezes não suprime a tentação, mas dá fo rças para vencê- la. No caso do Padre Pio, Deus não e limi nou seu amor pela família , mas ajudou -o a ca rregar sua cruz. Além disso, o auxílio de Nossa Senhora é proporcionado à tentação de que somos alvo. Nem todos os homens são tentados como o fo i o Padre Pio, a quem o demônio tinha especialíssimo interesse em fazer cair na tentação. Sua vida foi marcada por numerosos dons sobrenaturais, que o ajudavam a fazer bem às almas: bilocações; lia a consciência dos penitentes no confessionário, a ponto de contar-lhes os cus pecados antes de ouvi-los; recebeu as chagas da Paixão de Cri to impressas em seu corpo; conhecimento do conteúdo das cartas sem necess idade de abri-las; confessava penitente em línguas que desconhecia; mi steriosos perfumes nos locai onde atuava, etc. etc. A vida do Padre Pio assemelha-se a uma lenda med ieval acontecida em nossos dias. Neste século de incred ulidade, eus milagres são impressionantes, como o operado em Gemma di Georgi, que via sem ter a pupila do olho, fo rçando literalmente os médicos sem fé a reconhecerem a presença do sobrenatural. Nada disso teri a aco ntec ido se o Pad re Pio não tivesse abandonado sua casa para entrnr na Ordem dos Capuchinhos e nela santifi car-se. Mas fo i necessária uma intervenção espec ial de Nossa Senh ora. In tervenção que sempre ocorrerá, de uma ou de outra forma, desde que peçamos in sistentemente a Ela forças para cum prir o primeiro mandamento. Ainda que o preço seja a privação de nossos parentes queridos, amizades, bens, ou o que for. • E-mail
para o autor: catolicismo@terra.co m.br
muçulmanos, 48,2%são cristãos e 1,4% aderem a outras relig iões. Entre os cristãos, 27,8% são católicos, 31,5% são protestantes e 40, 7% pertencem a outras denominações cristãs "3 • O núm ero de cristãos está crescendo.
* * * A N igéri a é um exemplo da terrível onda de cristianofobia que se alastra hoje por diversos países, espec ialm ente da Ásia e da África. Anim istas, hindu ístas, muçu lmanos e outros, por ódio à fé ensinada por Jesus Cristo, vão multipli cando o número de mártires, so b os olhares complacentes do Ocidente ex-cristã.o. Defenso res de "direitos humanos", "direitos dos an imais" e agora até "direitos das pl antas" olham com di splicente indi fe rença para essas matanças que se sucedem. O que faz a ONU , supostamente tão preocupada co m os direitos hum anos? E a Un ião Euro pe ia, qu e também se apresenta como defe nsora desses direitos? O qu e fazem os gover-
nantes das nações oc id entais, in cansáveis em incu lcar os chamados direitos soc iais? Porventura os cristãos não têm quai squ er direitos, nem sequer o mai s elementar deles que é o direito à vida? Di ante de tanta indiferença, parcialidade e, por que não dizê- lo, covardi a, peçamos a Nossa Senhora que faça com que suas lágrimas irriguem as almas dos perseguidos, incutindo-lhes fo rça e perseverança para que lutem até o fim , aceitando o maitírio se este for da vontade de Deus. E que essas mesmas lágrimas ca iam também sobre os persegu idores "para que se salvem, ou para que as graças rejeitadas se acumulem sobre eles como brasas ardentes, clamando por punição ". 4 • Notas:
1. Zero f-fora, Porto Alegre, 30- 12- 12. 2 . The World Factbook. Ce ntra l lnte lli ge nce Agency (U nited Statcs). 3. http://en.w ikipedia .org/w iki/N igeri a#Re li gion. 4. Plíni o Corrêa de Oli ve ira, Via Sacra, VII Estação, C"tolicismo, março/195 1.
FEVERE IRO 2013 -
memó ri a de 201 2 . Um grande N ovo Ano para a equipe dessa maravilhosa revista. (A.E.J. - MG)
/Jabel europeia [BJ A respe ito da aná li se retrospectiva dos fa tos na (des)União Europeia, tinha anotado o que a ex-prime ira mini stra ing lesa, Marga ret Th atcher, di sse: "O
socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros"; e ta mbém que "E impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade". Justamente é Era de vidro e se quebrou ... Realmente, um dos acontecimentos qu e ma is marcara m o ano de 201 2 fo i o julgamento dos mensaleiros peti stas no S upremo Tribuna l Federal. O PT qu eri a passa r a image m de um partido ilibado, sob retud o o se u fund ado r, que nunca sabe dos erros cometidos e sempre esquece as provas evidentes de corrupção de seus partidári os. Mas os peli stas não se corrigem nunca, querem criar a ide ia de que não são pass íveis de erros. Poderão estar atrás das grades, com condenações super comprovadas, e continuarão a di zer que são " inocentes". Será que em 20 13 te remos ta l image m que brada? Espero que sim , e possa mos chega r ao fim do ano di zendo: "O que era de vidro se quebrou". E ainda bem ... (M.A.W. - GO)
/Jússola em m eio
à /Jabel awal
~ Neste Bras il-To rre-de-Ba bel, desgo vernado como es tá, esta revi sta é para mim e minha fa mília a tábua de sa lvação. N e la encontramos a bússo la para podermos ca minhar no meio da confusão atual. Com a proteção da Virgem poderemos continuar de pé, como a image m d ' Ela fi cou de pé mesmo após o fu racão Sand y nos Estados Unidos. Im age m qu e fi ca rá para se mpre na
- C A T O L I C I SMO
o que está aco ntecendo na Europa e em diversos outros pa íses governados por soc ia li stas, inc lu s ive em nosso País. A cri se europe ia é um a " Kri se" tão grande que, segundo um ami go, poderse-i a escrever com " K" ma iú scul o ... Como é que a Al e manha ri ca vai sustentar o sistema soci a li sta que vi gora em tantas nações europe ias? N ão há so lução, caso os acontec imentos continuarem nesse rumo . A quebrade ira, o desemprego e o empobrec imento se torn arão gerais, a não ser que se retorne à Europa anteri or ao "euro". Em minha opini ão, a so lução seri a a volta do siste ma de cada nação manter sua auto nomi a, com s uas própri as ini ciativas, com po líticas econômicas próprias, sem interfe rências e tute la do comando único e soc ializante da União Europe ia. (J.G.T. - SP)
Coma-andantes ... 121 O autor do artigo sobre o ba lanço do ano de 201 2 [Luí s Dufa ur] ace rto u muito be m na dosage m dos comentári os . Espec ia lmente ac he i judic iosa a abordage m sobre a Améri ca Latina, o Bras il inc lu so, c laro. Agora com o co ma nd a nte C hávez em C uba, são do is "coma-anda ntes". Um em coma c líni co e outro em coma po líti co, ambos perambul a nd o na desditosa ilh a
dos Castros. Um dos poucos lu ga res do mundo onde a inda é poss ível manter a doença de um comandante co mo "segred o de Es tado", mes mo neste cibernético mund o o nde tudo pode ser vi sto à luz da te la. (F.A.F. - CE)
Muito opo1·t1111a e11tl'eirista Para mim fo i mui to útil a le itura da entrevi sta do corone l Pl azas Vega para a revi sta Catolicismo . Um heró i que não se ve rgo u, mesmo ameaçado pe las esqu erd as. Um exe mpl o para o Bras il e, por isso, deveri a ser ma is divul gada aqui . É indi gnante ve r que na Co lômbi a, co mo di sse o corone l, haj a te rro ri stas so ltos e nos mais altos cargos, enqu anto heró is co lombi anos estão detidos. (P.D.M. - RJ)
Que D eus continue a abençoa r vocês neste novo ano. (M.O.L.P. - MG)
Precaução com cel't;os sennões ~
Infe li zmente temos vistos padres católicos, que me lhor seria nomeá-l os de "caóticos", defenderem pontos de vi sta co ntrári os ao e ns in ame nto da Igreja. N o caso cio padre co lombiano, não se trata apenas de um ponto de vi sta errado. Ele defende diretamente uma heres ia, propugnando uma doutrina que nega o dogma da Igrej a : o da virgindade da Mãe de Deus. O que não entendo é como ta is padres, como os da chamada " teo logia da libertação", continuam pregando Iivremente em nossas igrejas. Em re lação a eles prec isamos nos precaver. (L.A. -BA)
1'melições católicas Crise sem JJ1·ecede11tes 110 e11si110 Q uero tra ns mitir me us para béns ao abade do Mosteiro de São Bento da cidade de São Paulo, Dom Mathias Tolentino Braga, pelos esclarecimentos sobre nossa escola , imersas numa crise sem precedentes. Mas não podemos cru zar os braços, te mos esperança na restauração do ensino baseado nos valores cristãos. Sou professor de esco la pública e ass ino tudo o que o r. abade afirmou coraj osamente na palestra para o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira. Infe lizmente, não pude comparecer ao evento em São Paulo, pois tinha um compromisso inadiável em minha cidade. Mas à próx ima pa lestra espero poder assisti r. (H.G. -PR)
Auxílio 110 bom coml,ate O conteúdo dos textos das edições da revi sta Catolicismo muito me auxiliam em minha luta diária. Agradeço-lhes por todos os conhecimentos e beneficios que proporc ionara m aos le itores em 2012.
Cl'emação: posição da lgl'eja [8J Goste i muito el a resposta, esc larecendo a pos ição da Igrej a quanto à pro ibição ela cremação dos corpos, po is esc lareceu minha dúvida . Tinha lido um a matéri a no site IG, comentando a mi ssa de sétimo dia ele um ator, tendo o jo rn ali sta afirm ado qu e o padre estava errado em rezar a mi ssa, j á que o corpo foi cremado e a Igrej a não aco nse lha ta l práti ca. (P.F. - RJ)
Mag11Hicat [BJ Q ue co isa li nda que aca bo ele ler!
Co m o ma ri a na de co ra ção, fiqu e i emoci onada ao encontra r tanto esc larec imento nesse site da revi sta cató lica. Esto u mara vilh ada. ("A minha a lma engrandece ao Se nho r, e se a legro u o me u espírito em D EUS ME U SALVADOR"). (S.S. - RN)
[8J Ass im co mo os indíge nas lutam
para preservar seus costum es, alguns de les até mesmo antinaturai s, por que nós cató li co s de ixa re mos as nossas v e rd ad e iras e sagra das tradi ções? Elas fi ca rão apenas nas le mbranças? L ute mos gente, para que e las j ama is desa pareça m. (C.M. -AM)
Rejeição e r epam ção 121 Com o ultraje a Mari a, com a pintura sacríl ega no museu de Londres, os corações dos devotos de Nossa Senhora sentem uma imensa dor. Pode-se imaginar o Coração Imac ulado de Mari a e o Coração Divino de Nosso Senhor sendo ultraj ados e não manifesta rmos nossa veemente reje ição e intensa reparação? Rezar o Santo Rosári o para reparar esta ofensa e difundir na medida cio possível esta notíc ia a todos os cató licos é nosso dever de fi Ihos. Maria, Virgem Santa, nós vos veneramos ! (E.M.S.F. - AM)
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FRASES SE LEC IO N AD AS
"Deus não está presente na agitação" ( 11 1 Uvvo
elos. R.Ús., 1.'), 1.1.)
"Se uma alma está ajfita ou atri6uCacfa, pronuncie o nome de Jesus que Co90 a tempestade fu9irá e vo[tará a paz" (st1o B,evV\,civelo)
"Se queres a paz, prepara-te para a 9uerra'' (PvovévbLo LcihV\,o)
Falsa emanciJ)ação ela mulhe1·
"A causa cfu paz é um
Sou estudante e goste i bastante da re portage m a respeito cio que ensina a Ig rej a sobre a des ig ua ldade dos sexos, equiparação de direitos, inde pendência econô mi ca, in subo rdin ação ao jugo do marido . Al g um as ex igê nc ia s ci o chamado fe mini smo, que, pl eiteando uma fa lsa emancipação da mulh er, na ve rdade a desfavorece. (D.S.0. - MG)
6em, um altíssimo 6em. Não, porém, um 6em supremo. E se o preço defu é a inércia ante a investida comunista, mais vafe a pena (utar" (PL~V\,LO Covvêci ele OL~vúvci)
lmportâ11cia ela hagiogmlia Aprove ito muito as leitu ras sobre vicias ele santos . Conto-lhes que, quando tinh a meus 13 anos, de i entrada no hospital de Beja Al entej o com clavícula fratu rada, se nd o-m e oferec ida na ocas ião um a fo to de São D omin gos Sávio. E hoj e, com 60 anos, continua co migo e tem-me ajudado bastante. A e le aqui de ixo o me u testemunho. (A.M. - Portugal)
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
FEVEREIRO 2013 -
Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
Pergunta Gostaria de perguntar sobre a posição da Igreja Católica a respeito das benzedeiras, muito famosas no interior do nosso país. Como a lgrcja se pos iciona frente a essas mulheres, que benzem principalmente crianças, já que suas casas sempre são cheias de imagens de santos católicos e elas benzem cm nome de Nosso Senhor Jesus Cristo'!
Resposta - A lgreja sempre respeitou certas benzedeiras, reconhecendo nelas a presença do carisma da cura, que o Espírito Santo confe re a quem quer. O discernimento dos cari smas compete à Hierarquia eclesiástica, a qual, atuando com a prudência neces ária, reconhece que o carisma da cura é dado com certa frequência a pessoas às vezes muito simples, que o exercem com humildade e com vistas à salvação das almas e à cura do corpo . Por isso se vê que tais benzedeiras, quando autênticas, encaminham docilmente as pessoas que se faze m benzer- sempre em nome de Nos o Senhor Jesus C risto - para uma vida de autêntica devoção e recepção dos sacramentos da Igreja. O sensus fidelium (senso dos fi é is) di scerne nas benzedeiras esse ca ri sma. E, de s ua parte, o C lero bem fo rm ado sempre o res pe itou, vi g iando para que nessa práti ca nada se introduzisse de contrário ao dogma e à normas da Igreja, o que pode ocorrer, sobretudo quando entram li gações com certas re li g iões estranhas . É oportuno lembrar que o poder de dar a bênção em nome de N osso Senhor Jesus C ri sto não é exc lu ivo dos sacerdotes, cabendo, por exempl o, aos pa is - tanto ao pai, como à mãe - abençoa rem os filh os com o cláss ico " Deus te abençoe". Só é de lamentar que tão sa lutar costume da bênção estej a ca indo em desuso, a começa r pe la fa lta de fé do própri os pai , e da " vergonha" dos filh os de a pedirem. N os tempos da soci edade patria rca l, qu e a Revo lução Francesa demo liu, o chefe de qualquer in ti tui ção - inclusive o patrão de uma sociedade fa bril ou comercia l - abençoava os e us integrantes . O " progresso" abo liu esses chamados . " resquícios medieva is" ! É por isso que o respeito va i desaparecendo quase por completo da sociedade como um todo, e em seu lugar constitui- e a soc iedade da "cornpanheirada", do igua litari smo, da vulga ridade e da bruta lidade. São os ta is "costumes democráticos", que entra m em substituição à sociedade da harmoni a e do respeito a todas as superiori dades autênticas. Ne la, a verdadeiras benzedeiras tinham seu papel respeitável, e respeitado, pe lo povo e pelo Clero. Um dia essa sociedade cri stã e ca tó li ca vo ltará, depo is da necessári a etapa de purificação do mund o. E j á desponta no hori zo nte, para arrepi o dos revo luc ionári os de toda espéc ie.
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CATOLI C ISMO
Pergunta - A parábola "O rico e Láza ro" deixa claro que o destino dos que sofrem a 11rime ira morte está selado. Como a oração e missa 11elos mortos pod em levá-los à salvação, se cada um ele nós é respon s}1vc l pela própria salvação?
Resposta - Rea lm ente, logo após a morte, o destino de cada a lma está se lad o: ou a vida etern a no Céu, para as a lmas que morreram em estado de graça, isto é, sem nenhum pecado morta l a perdoar, ou a morte eterna no in fe rno - que o mi ss ivista chama a segunda morte. A parábo la do ri co Epul ão e do pobre Láza ro é c lara nesse sentid o. Há, porém, um esc larec imento impo rtante a ac rescentar. Uma co isa é terem o ho men se arrependido dos pecados mortais cometidos, e estes lhes te rem s ido perdoados pelo acerdote no sacramento da onfi são; ou a inda terem alcançado o perdão desses pecados por um ato de contri ção pe rfe ita. Nas duas hipóteses, apresenta m-se di ante de De us com a alma ise nta de pecado grave c me recem o Cé u. E ass im recebem, imedi atamente após a morte, a sentença de sua sa lvação eterna. Po rém, há algo ma is a ser fe ito. Isto é, antes de serem leva dos para o Céu, prec isa m sati sfazer a pena devid a pelos peca dos mo rta is prat icados, embo ra pe rd oados, bem como cumprir a pena co rres ponde nte aos pecados veni a is cometid o , quer te nham, qu er não tenham se arrependi do de les. E essa pena é paga no Purgatóri o, onde, como o no me di z, se pu,-g am (se purifi ca m) das manchas qu e os pecados morta is e ve ni a is de ixa ram em s uas a lm as. E isto pe la s impl e razã.o de que ning uém pode e apresentar di a nte de Deus, no Cé u, manchado pe los pecados qu e co meteu. A própri a a lm a qu e se sa lvo u não qu e r aprese ntar-se di ante de Deus a inda ma nchada. Um exemplo pode esc larecer o le ito r: a birra ou invej a que te nhamos sentido di a nte das qua li dades autênti cas de nosso próx imo será frequentemente um pecado veni a l; mas pode também chegar a ser um pecado morta l, se a ca rga de ódi o anexa à birra o u in vej a nos leva r a um ato de rej eição fo rma l de Deus, auto r daque las qua li dades. Pode aco ntecer de tra nspormos o umb ra l da mo rte arrependidos e perdoados desse pecado. Não obstante, e le de ixo u uma marca em nossa alma, e devemos nos purga r dessa mác ul a; te rnos que nos humilhar e reconhecer a superi oridade do nosso próx imo , naque le ponto concreto que in veja mos, ou que nos causou birra. Para ca lcul ar o sofrim ento pelo qu a l te remos de passa r no Purgatóri o, basta pensa r no esforço que te ríamos de fa zer nesta vida para reconhecermos a superi oridade do outro e nos li vrarmos dessa bi rra o u in veja . Com um a di fe rença: se ti véssemos fe ito isso nesta vid a, ta l so frim ento teri a sido meritóri o
pa ra o Céu. O mes mo sofrimento no Purgatório terá o efe ito de nos purgar do pecado, mas simpl es me nte em paga mento do débito contra ído, sem a umento do mérito pessoa l. Q ue dizer das manchas cios pecados de sensua lidade que tenhamos cometido? - Esse gênero de pecados é um cios que ma is a rrebatam o coração humano, deixa ndo na alma marcas profundas, que, a lém cio s incero arrependimento, só mui to sofrimento o u peni tênc ia podem apaga r. Se não fi zermos a peni tê nc ia devida nesta vida, sobrará muito que apaga r - e pagar! - no Purgatório ... Como im aginar que a a lm a infectada pe la birra ou invej a, o u manchada pelas marcas da sensua lidade, possa apresentarse no Céu, diante do Deus puríss imo e severíss im o, que rej eita de sua presença o ma is leve resquíc io de impureza? Esse é o mais pro fundo resultado da passagem pe lo Purgatório: elimi nar a ma is leve sombra ou marca dos pecados que manchara m nossas almas. Ass im purificada e resplandecente na sua inocênc ia bati smal restaurada, a alma estará em condi ções de ser admitida di ante de De us. Como é be la e confortadora a doutrina do Purgatóri o que a Santa [grej a desenvo lveu a partir de e lementos escriturísti cos muito sintéti cos, mas que emitem toda a sua lumin os idade depo is do mag nífi co trabalh o teo lóg ico dese nvo lvido pe la Tradi ção ao longo dos séculos, e mini strado atra vés de seu Mag istéri o ordinári o e infa líve l. Para nós , cató li cos, essa d o utr in a é bas ta nte c lara e e nco nt ra fund a me nto num trecho do segundo liv ro dos M aca be us , co m o o le ito r poderá constata r na le itura da matéri a de ca pa des ta edição de Catolicismo. Mas is o não ajud a e m nada os p rotesta ntes, po rque, em prime iro lugar, não ace ita m a inc lu sã o do livro dos Maca beus no cânon dos li vros sagrados - vê-se bem po r qu ê .. . ; e , e m se g und o lu ga r, tê m um a co nce pção g ra ve me nte e rrô nea do a lca nce da Redenção de Nosso Se nh o r Jes us C ri sto . Co m efe ito, e les a concebem como tendo o efe ito de cobrir por antec ipação todos os pecados futu ros qu e os ho mens cometesse m, bas tand o para isso mani fes ta r fé e m Jesus
C ri sto. Pa ra e les, a Rede nção não apaga os pecados dos homens, apenas os cobre; e ass im , cobertos pelos méritos da Redenção, os homens podem se apresentar di ante de Deus, sem necess idade de serem purifi cados dos pecados co metidos! N esta co ncepção, a ex istênc ia do Purga tó ri o não tem nenhum se ntido. O único pecado irre miss íve l, para os protestantes, é não ter fé em Jesus C ri sto. E isso a ta l ponto que, quando alguém peca e fica com rece io de ser condenado ao infe rno, para Lu tero a so lução é pecar a inda mais fo rtemente (pecca .fortiter) para mani festa r sua fé no pode r da Redenção de Jes us Cri sto ! A so lução é ofe nder mais a De us! O absurdo dessa concepção di spensa comentári os. Os 500 anos da po lêmica cató li co-protestante não foram s ufi c ientes para livrar os protesta ntes de ta l concepçã.o. Talvez os estertores inim agin áve is a que o mundo moderno está chega ndo, e que fi zeram a lgumas correntes protestantes cerrarem fil eiras ao lado dos cató li cos em temas corno aborto e homossexualismo, os faça m rever suas pos ições também em qu estões teológicas fundam enta is, como o ve rdade iro a lca nce da Redenção e da remi ssão dos pecados. Q ue a Virgem Mari a, Mãe de Deus - tão rej e itad a po r e les - lhes alca nce essa enorme graça! • E-mail para o autor: cato licismo@terra .com.br
FEVEREIRO 2013
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A REALll>ADE CONCISAMENTE . 11
Hungria transfere escolas públicas a instituições religiosas governo húngaro está transferindo as esco las públicas para instituições re li g iosas. Essa po líti ca de ixa furi osos os líderes socia li stas dentro e fora da Hungri a. As iradas qu eixas vão contra o fato de que assim va i sendo restaurada a moral tradiciona l. Voltam os cantos re li g iosos, a oração em co mum no iníc io das aulas, e os pa is dos a lunos esco lhem o catec ismo que será ensinado a seus filhos. Rozsa Hoffin ann , mini stra da Educação, depl ora a fa lta de va lores morais nas esco las públi cas: "Nós queremos reabilitar a proteção da
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vida humana, o respeito pelo trabalho e pelas leis, a honestidade e o amor à pátria", justifi cou. A le i de educação obedece à nova Constituiçã.o que exalta os va lores cri stãos e rea bilita a "Sa nta Coroa" dos reis cató licos. •
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. ., . Impostos expropriatórios afugentam europeus
Direitos das plantas11 : absurdo do ambientalismo radical
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dvogados ambi enta li stas, defensores de pos ições irrac ionai s, propaga m " dire itos da nat ureza", " dignidade das pl antas" (inc luída na Co n titui ção da Suíça), " personalidade dos ri os" (aprovada na N ova Ze lândi a) e "ecoc ídi o", termo para conde nar o uso da terra pe lo ho mem. Ta l "crime" seri a ass imil ado ao genocídi o e à " limpeza étni ca". Essas teori as são levantadas em grandes j o rna is de tendênc ia esquerdista como "The N ew York T imes", atra vés do qua l o ativi sta Mi chae l Marder fez um ape lo pe la " libertação das plantas". A agência "LifeS iteN ews" destaca que tais propós itos devem ser levados a séri o, po is os " mi santropos verdes" vi sam submeter os homens rac iona is a ta is erros para promo ver uma age nda qu e causa ri a horror até a um Lê nin o u um Stalin . •
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uitos in g leses desejosos de preservar seus ganh os legítimos estão sa indo da G rã-Bretanha para fu g ir de impostos ex propriatóri os. O mesmo tem ocorrido na França com pessoas bem-sucedidas. Em 2009-201 Ohavi a 16 mil ing leses c uja renda anua l supera va um mil hã.o de libras esterlinas. Depois que a taxa ele impostos subiu para 50% da renda, el es reduz ira m-se a penas a se is mil. O dep utado conservador Harri et Ba ldwin responsa bili zou a ideo logia sociali sta pe la perda de cerca de sete bilh ões de libras este rlin as em tributos. Por sua vez, o mini stro das Finanças afirmou que as taxas ela renda afastam os investidores cio pa ís, e anunc iou que vai diminuí-las, inclusive o s tetos inferi ores. Embora a atitude do mini stro tenha sido sensata, ele não ressa ltou um ponto importante: a ideo log ia soc iali sta é, por princ ípio, contra os propri etári os e vi sa igualar todos na mi séri a. Imposto abu sivo é apenas um instrumento para a apli cação dessa ideol og ia igua litária. •
Colômbia: recusa droga, aborto e 11 casamento 11 homossexual
U Anticoncepcionais de 3ª geração matam na França jornal parisiense "Le M onde" publi cou reportage. ns com vítimas de pílul as contrace ptivas. Mari on Larat, que tomava a pílul a Me li ane, de 3" geração, entro u com processo pena l no Tribun al de Bobi gny contra o laboratório Bayer, fa bri ca nte dessa pílul a, qu e foi causa do AVC qu e a de ixou gravemente invá lida. A mãe de outra vítima, uma j ovem de 17 a nos cha mada Teodora, co ntou que sua filha ca iu desma iada na rua e no hospi ta l, sofreu três paradas ca rdíacas e mo rre u de edema ce rebra l. Teodo ra tomo u a pílul a contrace ptiva num centro de pl anifi caçã.o famili ar sem info rmar os pais. N a realidade, Teodo ra morreu lentamente. E la ficava sem poder respi rar, senti a dores nas costas e perdi a a vi são. Ade la Bertrand, a lun a da Universidade de Lill e, fo i encontrada pe los bombeiros morta hav ia do is ou três dias . Ela prati cava esportes, tinha uma a limentação equilib rada, j ama is fum ou, mas há dez meses tomava a fatídi ca pílul a. O que diri am dessa prática as cri anças que não nasceram devido a essa pílul a? •
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C ATOLICISMO
ma pesquisa ev idenciando que a juventude da Co lômbia é surpreendentemente conservadora de ixou atônita a mídi a daque le país. O instituto Jpsos Napo león Franco re velo u que a gra nde ma io ri a (74%) dos j ovens co lombi anos entre 18 e 24 anos não quer a lega li zação das drogas . N o tota l do pa ís, 78% também são contra. 76% dos j ovens de 18 a 24 anos rec usa m a lega li zação do aborto em todos os casos. Idênti co número fo i verifi cado em níve l nac iona l. 58% dos j o vens se dec lara m contrári os à reali zação de "casa mento" entre homossex uais. N o tota l, 66% dos co lombi anos recusam esse "casa mento" e ape nas 28% o aprova m. A po lari zação mora l está se exprimindo em term os re i ig iosos e a tendênc ia conservadora prevalece entre os j ove ns . •
Bogotá, capital da Colômbia
China: 1>erseguição e sequestt'O de bispo resistente ons. Tadeu Ma Daqin , bispo auxiliar de Xangai, continua sequestrado pela polícia , após ter-se negado, no dia de sua sagração, a continuar integrando o clero pró-marxista da "Igreja Patriótica". Seu caso está impressionando o mundo católico mais do que o de outros bispos heróis da fé presos e condenados pelo regime comunista. A Conferência Episcopal Chinesa (não reconhecida pela Santa Sé) decidiu destituí-lo de sua condição de bispo auxiliar de Xangai. Essa destituição não tem validade alguma . O Cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, declarou que as relações entre Roma e o governo de Pequim estão sendo danificadas pela "dramática crise de consciência" causada pela perseguição ao heroico bispo chinês. Tal crise de consciência poderá provocar salutares efeitos, caso venha a contribuir para a queda das escamas dos olhos de eclesiásticos que acreditam num ilusório acordo com o regime comunista .
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Milão: serviço 1>ara casos de possessão diabólica
D Crescimento do tradicionalismo católico surpreende egundo a rev ista in glesa "The Economist", a tentativa da Igrej a Cató lica ele se " moderni za r" na Grã-Bretanha no período posteri or ao Concíli o Vaticano l l fez os fi é is desertarem das igrejas. A assistência à Mi ssa ca iu pe la metade em re lação a 1960. E m sentido contrári o, as Mi ssas não moderni zadas, em latim , de costas para o povo e a frente para o altar, conhecem um boom de parti cipação . E las passa ram de 26 por semana em 2007 para J 57 em 201 2, um cresc imento de mais de 600% . No O ratório de Brompton, em Londres, 440 pessoas ass istem à Mi ssa prin cipa l em latim aos domingos - o dobro das Mi ssas " novas". As mulheres usa m véus e os hom ens paletó de tweed. As comunidades tradi ciona li stas expandem-se no exteri or, são j ovens e muito ativas nas redes socia is, publi cando blogs e websites. Sacerdotes ex-a ng li canos "atra vessaram às dú z ias o Tibre" para se so marem aos cató licos tradi cion a li stas. A reportage m co nc lui perguntando se há 50 anos o Concilio Vati cano 11 não teri a virado para o lado errado. •
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iante dos pedidos de fiéis supostamente assediados pelo demônio, a Arquidiocese de Milão (Itália) proporcionou um atendimento especializado para eles. O Cardeal-arcebispo, D. Angelo Scala , duplicou o número de exorcistas na arquidiocese. Essa medida contrasta com a falsa posição propalada por "progressistas" de que o demônio não existe e que a psiquiatria resolve os problemas de eventuais possessões. Agora, a ofensiva diabólica ficou especialmente notória. É claro que a atenção pastoral deve de início discernir se o ataque parte do demônio ou se a causa dele é humana. O bispo responsável pelo serviço declarou que muitas pessoas apelam ao exorcista porque padecem assédios que não são possessões. Por isso, esse lhes pergunta se costumam ir à missa aos domingos e quando se confessaram pela última vez. A tibieza na prática da Religião facilita as perfídias do demônio, enquanto várias devoções tradicionais afastam a ação diabólica.
FEV EREIRO 2013
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INTERNACIONAL
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Dominação comunista cresce na Venezuela e ameaça o continente L ainentável posição de conivência ou de fraqueza de países an1ericanos ein face da cuhanização ela nação venezuelana
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H ÉLI O D IAS V IANA
ão se sa be em que medid a o noti ciado até o presente sobre a doença de Hugo Chávez é show ou rea lidade. Pois, ti vesse seu câ ncer a apregoada grav id ade, de há mui to ele não esta ri a no mundo dos vivos. Mas isso importa menos, pois, co m Chá vez ou sem ele, a Venezuela já está sendo diri gida po r Cuba, que aii mantém vári os de seus ge nera is oc upando pos ições relac ionadas com a segurança intern a, além de dezenas de milhares de agentes di sseminados pelo país. É a " reco mpensa" dos irmãos Castro pelo petróleo que recebem gratui ta mente de Chávez ... Os vais-e-vens com que a doe nça e o tra tamento do ca udilho em Cuba têm sido notic iados servem, a meu ver, para atra ir a atenção sobre a índ ole das relações da Venezuela com o regime comuni sta cubano, co m vistas a enviar ao mundo a seguinte mensagem: "As ordens ditadas até agora por Caracas Serão dorava nte determinadas em Havana". Ou seja, a Venezuela está se tornando ofic ialmente um protetorado cubano, como primeira etapa na tentativa de conso li da r a hegemoni a da ilha-prisão sobre todo o continente latino-a meri cano. Nessa perspectiva, a rec uperação ou não, mais rápida ou menos rápi da de Chá vez, estari a por sua vez sendo ca lcul ada em fun ção da reação da opini ão públi ca em face do vaz io no poder, imposs íve l de não ter sid o prev isto antes de ele se apresenta r às úl timas eleições. Ou seja, se os venezuelanos e a comunidade in tern acional engo lirem o "golpe branco" de N ico las Maduro & Cia., Chávez não reaparecerá tão cedo, talvez nunca. E a sorte da Venezuela -·e, por extensão, talvez do bl oco boiivari ano - como protetorado cubano estaria selada. Se não engo li rem, ou Chá vez será obri gado a vo lta r, caso tenha condi ções para isso, ou reali zar-se-ão novas ele ições.
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terá sido empossado em Santi ago do Chile como pres idente da Comunidade de Estados Latino-a meri ca nos e do Caribe (CELAC). Co m fo rte bafejo boiivari ano-peti sta, esta organi zação fo i fund ada no Méx ico em 201 O e teve sua primeira cúpula rea lizacla na Venezuela em 2011 . Fo i no fundo a fó rmula encontrada para im plantar o câ ncer cubano no organismo latino-america no, já que aquele não conseguiu introduzir-se no seio
da OEA. Entre os obj etivos apregoados pela CE LAC está o de promover a democracia, a integração e o desenvo lvimento dos países latino-a mericanos, dentro do marco dos direitos humanos, bem como o estabelec imento de negoc iações políticas e comerciais com a Uni ão Europeia e outros blocos regionais. Mas trata-se na rea lidade de um bloco de esquerda para lelo ao da União Europeia, sobre o futu ro da qual, ali ás, um di ssidente russo afirm ou ironicamente já ter vivido ... A presença de Raul Castro (abaixo, à di1:) no Chile para essa grotesca investidu ra mereceu enérgico protesto da assoc iação Acción Familia, continuadora cios idea is e das lutas de Plíni o Corrêa de Oliveira naquele país. Em ca rta diri gida ao Sr. Alfredo Moreno, mini stro chileno das Relações Ex teriores, a entidade denunciava, entre outras co isas, o fato de que em Cuba não há democrac ia nem respeito aos direitos humanos, e que, portanto, Raul Castro não poderi a assumir a pres idência de uma organização cuj os obj etivos apontam prec isa mente para o opo to (veja p. 50). Acción Fam ilia também colheu ass inaturas para um aba ixo assinado inti tulado "Não a Raul Castro no Chile ". Enquanto isso, por pura jogada políti ca, o go verno cubano anun ciou que está emitindo passa porte para quem queira viajar ao exteri or. *
Voltand o ao "golpe branco" na Venezuela, di ante de sua legitimação pelo subse rviente Tribuna l Supremo daquele país e do seu não menos vergo nhoso reconhec imento pela
OEA - que tanto relutou em reconhecer o governo leg ítimo de Micheletti em Honduras - os embaixadores do Ca nadá e do Panamá pera nte a OEA manifestara m seu desacordo. Em retali ação, o dipl omata panamenho fo i demitido de suas funções dev ido a ev identes pressões dos fo 1jaclores da hegemoni a cubana. De modo firm e e peremptóri o, ele também vem se mani fes tando contra fa rsa semelhante no Paraguai. Quanto à ON U, inútil e contraproducente, toda vez que ex iste alguma disputa entre anti -esquerdi stas e a esqu erda, pode-se de olhos fechados sa ber por que lado ela opto u... Por sua vez, os pres identes da Argentina, Bolívi a, Equador, Ni ca rágua e Uruguai não apenas estiveram presentes à ceri môni a simbólica da não-posse de Chávez no di a IOde janeiro, como engrossaram a li sta cios que se apressa ram a viajar a Cuba para vi sitar o ditador supostamente moribundo, transfo rm ando a ilh a-prisão em luga r de repentin a peregrinação. Somou-se a eles Oll anta 1-lumala, do Peru . Rafae l Correa, do Equador, só não compareceu dev ido às eleições pres idenciais que se rea li za m neste mês, prevendo os efe itos nega ti vos que sua prese nça teri a nos res ultados das mesmas. Nos Estados Unidos, o pres idente O bam a (abaixo, à esquerda), tão preocupado em promover o aborto e o "casamento" homossex ual, bem como desarmar os norte-ameri ca nos contin gente popul ac ional 1/3 maior do que o nosso e, embora possuidor de 18 vezes mais armas, mata quatro vezes menos qu e nós - não está aparentemente a larmado co m o soc ialo-co muni smo que cresce na Améri ca Latina. Ass im , Ca racas e Havana não têm nada a temer de Washin gton, domin ado por esse es pírito concess ivo e entregui sta.
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Para cúmul o da irrisão e no sentido da pretendida hegemoni a cubana, quando este arti go vier a lume o herdeiro de Fidel
CATOLI C I SMO
FEVER EIRO 2013
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O culto à feiura no mundo revolucionário
integrar o sul da Venezuela e a região amazônica brasileira, e uma proposta de agenda para esse projeto s~ja apresentada emjunho" (BBC-Bras il , 17-1-1 3).
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N em da aguerrid a e sofrida Co lômbi a, cuj o atual presid ente, Ju an M anu el Sa ntos, trata com incompreensível naturalidade os reg im es cubano e venezuelano, apesa r de serem eles os responsá veis pelo apoio militar e logísti co às guerrilh as das Fa rc que martiri zam seu país. A confi ança de Santos nesses regimes chegou ao ex tremo de ele envi ar um a comi ssão govern amental a Cuba para di scutir com os chefes guerrilh eiros o futuro da Co lômbi a. Um dos patrocinadores e avali stas desse diálogo é a Venezuela.
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Importa ainda lembrar o papel de Hugo Chávez no favorecimento de líderes sociali stas em Honduras e no Paraguai, sem fa lar de sua hostilidade ao govern o colombiano de Á lvaro Uribe por ocas ião da morte do guerrilh eiro Raul Reyes. A Hondu ras ele chegou a enviar urnas eletrôni cas, segundo dizem com os resultados pré-estabelecidos em favor de Zelaya; e ao Paraguai mandou seu então chance ler Ni co las M aduro confa bul ar com militares daquele país para a rea lização de um go lpe em defesa de Lugo. M as a Venezuela não ag iu sozinha em ambos países . N ão podemos nos esquecer do escandaloso apoio do govern o Lul a em fa vor de M anuel Ze laya, a quem aco lheu du ra nte vári os meses na embaix ada brasil eira em Teguciga lpa, a qual aquele fracassado ca ndidato a ditador usava como tribuna para atacar o novo governo do pres idente M icheletti constitucionalmente estabelec ido. N em das pressões do govern o Dilma sobre o Paraguai com vi stas a faze r cessar o processo de impeachment contra Fern ando Lugo; e, fracassadas esta s, no sentido de suspender injustamente o país como membro do M ercosul para depois nele abri ga r a Venezuela chavi sta. Por ocas ião da cri se de H onduras, vale ainda lembrar as declarações do então chance ler brasil eiro Ce lso Am orim (foto ao lado), que em entrevi sta a Deborah B erlin ck, do j ornal " O G lobo" (7-7-09), afirm ou que não via contradição entre o fa to de o Bra sil se opor ao novo govern o hondurenho e defender o fim do emba rgo cubano, pois, segundo ele, C uba "foi uma revolução", enquanto em Honduras "foi um golpe
de Estado típico de uma direita que não tem mais lugar na América Latina". Esses fa tos redundara m numa preparação remota para , co nto rn and o inúm eros obstácul os, reco locar em relevo o despóti co e sucateado reg ime cubano, entregue ao abandono após a queda da União Sovi ética. M ais do que sa lvar Chávez, a maior preocupação parece ser a de ti ra r o moribund o comuni smo cubano da U Tl e co locá-lo na lidera nça da Am éri ca L atina.
E, muito menos ainda, têm Cuba e Venezuela a temer do B ras il. N osso govern o na realidade está tra tando a Venezuela como não tratou nem H onduras nem o Paraguai, cuj as populações se recusaram a ceder di ante das pressões cubano-venezuelanas. A pres idente Dilm a envi ou a Cuba e Venezuela seu representante M arco Auréli o Garcia, cuj as dec larações sobre o recente "go lpe branco" de Nico las M aduro - acerbamente criti cadas por opos itores venezuelanos como favorecedoras do reg ime e ingerência extern a - estão na mes ma linha das proferidas por pres identes bolivari anos que apoiaram o go lpe. A úni ca exceção é quando a pres idente· bras il eira se declarou a fa vor de novas eleições caso Hugo Chávez venha a morrer. E leições qu e poderão ser rea lizadas nos mesmos mo ldes das que j á co nhecemos, ou sej a, com os eleitores comprados com toda sorte de benesses do govern o venezuelano. É preocupante nesse quadro a informação proporcionada por Pedro Silva Barro s, do I nstituto de Pesqui sas Avan çadas (Ipea), segundo a qual antes da doença do líder venezuelano
Concluindo, nã.o podemos nos esquecer dos elogios tecidos por F rei Betto à mi séri a reinante na ilh a-pri são, para onde estava prev isto ele viaj ar a fi m de receber o prêmi o de "promotor da paz" ( !) concedido pela U nesco. Segundo o frade, a popul açã.o cubana superou até a necess idade dos utensíli os domésticos burgueses (ge ladeira, máquin a de lavar roupa, etc.). Este é o tipo de soc iedade para a qual ele e os demai s adeptos da " teo log ia da libertação", que infl enciam o PT, coadjuvados pelo ambiental ismo radi cal - inimi go do desenvolvim ento - , querem empurrar o Bras il e a Am éri ca. •
"Chávez e a presidente Diima Rousse.ffse comp rometeram a
E-mail para o autor: cato li cismo@terra com br
CATOLICISMO
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Ü belo vem sendo escorraçado no rrrnndo n1odcr110 para ceder lugar uo horrendo. Há necessidade de uma rcaçfio para se obter a rcstaurm;ão da beleza, da verdade e da bondade de Deus.
Pe. Anthony Brankin foi ordenado sacerdote na Arquidiocese de Chicago em 1975, tendo recebido licenciatura em Sagrada Teologia. Passou depois seis anos como assistente na igreja de Nossa Senhora da Caridade, em Cícero, Illinois. Enviado a Roma em 1981 pelo cardeal Coy , para que prosseguisse seus estudos em arte e teologia, frequentou simultaneamente a Academia de Artes Finas em Roma (estudando escultura e pintura) e a Universidade de São Tomás de Aquino, onde continuou seus estudos de teologia. Regres s ou a Chicago em 1983. Em 1989 foi constituído pároco da igreja de São Tomás More. Nesta paróquia é celebrada a Missa tridentina em latim todos os domingos ao meio-dia. No ano 1998, o cardeal Francis George nomeou-o capelão do capítulo de Chicago do Legado Internacional, organização formada por executivos católicos e suas esposas. Atualmente é pároco da igreja de Santo Odilon , em Berwyn, Illinois. Além de pronunciar conferências em diversos lugares, o Pe. Brankin escreve para a "Homiletic and Pastoral Review", "The New Oxford Review" e "The Wanderer" , e faz recensão de livros para a editora Catholic New World, de Chicago.
Desenhista, pintor e escultor desde a juventude , o Pe. Brankin recebe encomendas oriundas de mosteiros, conventos, igrejas e organizações civis dos EUA e de Roma, para a confecção de imagens em tamanho natural feitas por ele geralmente em bronze. Recentemente esculpiu duas grandes esculturas: uma representando o "Cristo do Apocalipse" montado num cavalo, e outra de São José com o Menino Jesus, encomendada pelo cardeal Raymond Burke. Entusiasta da Missa em latim e excelente pregador com visão crítica da cultura e da história, ele expõe as verdades da fé de modo acessível a todos.
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* Pe. Anthony Brankin:
"O culto ela l'eim·a é tão pc11eua11te, preenche todos os interstícios ela 11ida, l/lle COl'l'e 1110S O l'ÍSCO de não a11alisú-lo e deixa,; assim, de rejcitú-lo "
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Catolicismo - O que o Sr. visa em suas palestras sobre a questão da feiura nos ambientes hodiernos? Pe. 8ra11ki11 - Não pretendo mencionar cada caso possível de f eiura na nossa soc iedade atual. Isso seri a fa ti gante, quando não simpl esmente desa lentador. Vivemos de fa to imersos num a cultura incri ve lmente fe ia; não podemos escapar di sso. O propós ito é manter as pessoas atentas quanto ao rea l peri go de não perceberem a fe iura, nem de se darem conta da verdadeira destruição que ela opera em suas almas.
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Catolicismo - Poderia mencionar casos de feiura na sociedade atual? Por que se fazem construções, músicas e modas feias se o que atrai é o belo? Pe. Bra11/d11 - U m exempl o re lati vo aos Estados Unidos: quando di go que as pessoas vivem imersas na fe iura, quero dizer que e las estão cercadas po r quilômetros de irredu tíve is fe iuras: McDona/ds e B11rger Kings co mprimidos entre postos de gasol ina e corti ços. Embora não confundam isso com beleza, à fo rça de serem tão com uns, e las poderão não mais achá- los particularmente fe ios. As pessoas não ma is reconhecem as co isas espec ifi ca mente corn o fe ias. Nunca se poderá faze r urna reflexão sobre a fe iura de todos os shoppings com as suas fac hadas fa lsas e interi ores a inda mais fa lsos, ou sobre os condomíni os, tão vazios e estére is no interi or quanto no exteri or. Tudo agora se apresenta exatamente assi m. E, c laro, isso é só para começo de conve rsa, pois ex iste també m em nosso mund o uma feiura esp iritua l não menos penetrante e de a lg um modo re lac ionada com a feiura visual que nos cerca. Ao liga r o rádio do ca rro, tudo o que se o uvirá serão notíc ias sobre a lgum novo tiroteio. No e ntanto, as pessoas estarão e m co ndi ções de fo rm ar urn a im agem mental dos bandidos, pois já viram suas feições e trajes no pró pri o quarteirão em que res idem, e, talvez mesmo, e ntre os fa miliares: cabelo colorido em mechas, mutilações, tatuagens, brincos no nariz e nas sobrance lh as , ro upas frouxas, bonés de beisebol ao revés, as pectos g rosse iros e grunhid os mal-humorados. Depois, naturalmente, quando por fim as pessoas chegarem às suas casas, li ga rão a te lev isão para ouvir as notíc ias sobre o progresso c ientífico de no sa cultura de co lheita e venda das partes de corpos de bebês. Verão notíGias de candidatos políticos tentando suplantar uns aos outros na faina de mata r bebês por me io do aborto. Liga-se um ca nal, no qual por horas a fio serlhes-á oferec ido um es petácul o de atores e atri zes vomitando frases vis, e m prod uções de· um mau gosto ca da vez maior. Seri a pos ível descrever melhor a programação televisiva do que di zer que e la ap resenta ge nte feia e ruim , faze ndo coisas fe ias e ruins urnas às outras? De fato, a fe iu ra é tão universal e transformou-se de tal maneira em parte da nossa vida , que e la nem se registra ma is em nossa mente. Bem, mas poder-se-á pensar que, ao menos no
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CATO LICISMO
do mingo, seríamos poupados de toda essa íe iu ra visual e esp iritu a l indo à igreja. Mas a fe iura também lá está, pois, possivelmente, sua igreja já foi despojada pelos modern os bárbaros cató licos, que não possuem sequer senso a rtístico.
Escultura do prestigiado artista moderno Miró, na Défense, em Paris
"Uma soc.ic<la<IC que não acl'C<lita em Deus, 110 sob,·c,wtw·al, nem mesmo 11a verdade - para não mc11ciona 1· tamhém a hclcza - s6 /'ará coisas feias"
Catolicismo - Os edifícios horrorosos construídos também para igrejas? Pe. Bn111ki11 - Os moderni stas removem o tabernáculo para um closet e o cru cifi xo para o s ubso lo do sa lão paroquial. Eles terão destruído o sa ntuário, as ca pe las, e gastado tudo o que puderem para arruinar qua lquer senso de beleza estética demonstrado pelos primeiros paroquianos e pe lo arquiteto ori ginal. Porém, mais uma vez, os fiéis se acostumaram tanto com isso, que já não ma is se registra em suas mentes aquil o que em nome da reform a e les fi zera m com sua igreja. Pelo menos até se confrontarem co m o que e les fizeram também com a Mi ssa - ernpre insolente, sempre infantil , emprc mutável , sempre aborrecida. Até os fiéis não estarem ma is seguros, de quem deveria ser o maior e mbaraço: o dos fiéis por estare m a inda lá, ou o dos liturg icistas que in ventaram aqui lo tudo. De fato, o cul to da fei ura é tão penetra nte, nos cerca tão comp letamente e preenche todos os interstícios de nossa vida, que corremos a cada momento o risco de não anali sá-lo e deixar, assim , de rejeitá-lo. Catolicismo - Como o Sr. conceituaria a noção de beleza? Pe. Brankiu - Pergunte-se a qualquer cri ança que esteja dese nhando, o que e la está ten tando fazer. Ela dirá que está tentando recriar algo que viu na natureza, seja uma maçã , o so l, uma árvore ou uma casa . E, inva ri ave lmente, para aque la criança a medida do sucesso de seu desenho é o quanto ele proximamente se pareça com a natureza. Precisão em conform idade com a natureza sempre fo i o padrão de referência para artistas e sociedades, para todas as altas civilizações, dos egípcios e gregos aos romanos e europeus. As sucessivas gerações de artistas de cada cultura procuraram melhorar, ou ao menos preservar, as técnicas, lições e descobertas das gerações anteriores, sempre buscando maior beleza de linhas, mais so lidez nas fo rmas e perspectivas mais verdadeiras. Aceitava-se haver mais para urna face do que a s imples face ; a lgo re lativo às proporções entre nar iz, o lhos, ossos molares, maxilar, láb ios e boca. Isto, ev identemente, seri a a beleza.
Assim, para entendermos qua lquer coisa sobre o culto à feiura, precisamos primeiro entender o que é a beleza. Sua definição é bastante bás ica. De acordo com o grande santo-filósofo da ldade Média, Tomás de Aquino, a beleza é aquilo que quando visto agrada. Nem mais, nem menos . Se cores, formas, figuras e composições agradassem ao mesmo tempo a mendigos e a reis, seri am então consideradas belas.
Catolicismo - Por que agradam? O que nos leva a nos deleitar com aquilo que nossos olhos veem? Pe. Bra11ki11 - Santo Tomás disse que, se alg uma coisa nos dá prazer, é porque algo de bom de algum modo existe na coisa que nos dá prazer; e o bem sempre nos atrai e agrada. Agora, o bem que uma pessoa vê e sente em alguma coisa é a sua forma. Ou seja, sua totalidade, suas proporções. Se tal coisa fo r completa, direita e equilibrada, ela é boa e a razão pela qual somos atraídos por aquela forma é porque sentimos have r no objeto o mesmo tipo de forma ex istente dentro de nós. Vemos e sentimos, na forma do belo objeto, um bem . E o bem nele ecoa o bem em nós - ou, pelo menos, o bem que deveria haver em nós . Sentimo-nos fascinados e atraídos por aquela semelhança . E la nos agrada e queremos permanecer na sua presença. Observemos como as crianças são totalmente tomadas umas pelas outras, corno elas reagem em relação àquelas outras peq uenas criaturas que se parecem tanto com elas. Corn o e las fitam as outras crianças, reconhecem as suas similitudes e até se aproximam para lhes tocar a face. A forma de' um be lo objeto é considerada bel a pelo fato de ser compl eta e proporcionada, do mesmo modo como nos sentiríamos completos e proporcionados nos deleitando com a be leza do nosso próprio ser. Há uma semelhança entre aq uilo que está em nós e aqu ilo que está no objeto belo. E sentimo-nos agradados. Mas isso não é tudo. Há outro elemento presente, sem o qual não podemos obter todo esse reconhecimento deleitável. Do mesmo modo como os olhos do corpo necessitam da luz para verem algo, também os o lhos da alma precisam de semelhante luz - que Santo Tomás denomina clarilas (claridade) - , uma cente lha de luz, por ass im dizer, que se reflete no belo objeto e dele provém. Trata-se da mesma centelha de ser que prové m do ser de Deus. O próprio ser de Deus está presente no ser do objeto, e o belo ser de Deus revela-se assim na forma, proporções e claridade do objeto. É precisamente pelo fato de uma coisa ser um reflexo da be leza de Deus que somos naturalm ente
"O culto à feiura é tão absolutamente penetl'ante e diligente em celebl'iza1' o infrutuoso, o estéril, o <leformado e o feio, que põe à margem a Fé"
Catedral católica de Tóquio
atraídos para e la, como o seríamos para Deus em nosso desejo de união com E le. A beleza de Deus está refletida mi steriosamente, de algum modo, na beleza do ser. Primeiro na natureza - nas árvores, nos c repúsculos, faces e nas formas das fi guras; de poi s na arte - desenhos, pinturas, escultu ras, e até mesmo na arquitetura; e, de modo a inda ma is misterioso, na música. Quanto ma is próximas da natureza e a ela conformes, tanto mais essas for mas artísticas se conformarão estre itamente com o sobrenatural e mais precisamente refletirão a verdade, beleza e bond ade de Deus.
Catolicismo - Hoje em dia é comum ouvir objeções ao que o Sr. afirma. Diz-se que a beleza é subjetiva; que depende dos olhos do observador; que é uma questão de gosto; que depende da educação e de cada um. Se ele gosta da coisa, isso é bonito e ponto. Pe. Bra11ki11 - Em uníssono com 30 mil anos de instinto humano e dois mil anos de tradição católica, posso hoje declarar que a beleza não se encontra nos o lhos do observador. E la res ide na co isa bela em s i mesma. Ou e la tem proporção, totalidade, integridade e clareza em si mesma e vem de Deus, ou não possui essas qualidades e desagradará à alma com discernimento: será feia. Assim, do mesmo modo como o modernismo teo lógico nega a rea lidade objetiva do sobrenatural , a legando que todo dogma e toda revelação é uma mera experiência pessoal e, portanto, a verdade é aq uil o que você pensa ser ve rdade, o modernismo artístico tenta nos convencer de que qualquer coi-
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Catolicismo - Não sendo o conceito de beleza subjetivo, posso manifestar meu desacordo em relação a uma pessoa que considera belo aquilo que eu vejo como feio? Pe. Bra11ki11 - Os fiéis não incorrem em qualquer
falta moral ou estética se os estranhos ângulos e o concreto aparente de uma igreja os fizerem sentir mal à vontade e desconfortáveis. Não há qualquer pecado em ver uma horrível deformação de Cristo na cruz ou uma monstruosa representação de Maria e dizer que aquilo é horrível e monstruoso. Como não há virtude em esforçar-se por achar que de algum modo tudo é bonito e que se deve estar errado. Rejeite a atitude de sentir-se forçado a choram ingar num canto, dizendo: "Penso que não conheço muito sobre arte ". Isso pode simplesmente significar que seus bons instintos humanos e católicos ainda estão intactos e que sobreviveram de algum modo nessa sociedade enormemente feia. Catolicismo -
sa que alguém ache bonita será realmente bonita para ele. De fato, a ninguém hoje é permitido dizer que algo seja fe io, porque, para chamar alguma co isa de feio, ficaria insinuada a possibilidade de que exista um padrão real de referência segundo o qual algumas coisas podem ser belas e outras não. Isso insinua a existência de uma verdade objetiva, a qual certamente não é permitida na sociedade hodierna por remeter a Deus. Somos intimidados a manter um silêncio moral e cu ltural diante da proclamação moderna de que é de certo modo bonita uma figura acocorada, desventurada e desproporcionada - e mesmo talvez mais artí stica q4e a fig ura inicialmente criada por Deus. Catolicismo - Como se poderia dizer que algo que se nos afigura tão feio seja considerado bonito por outros? Pe. Brankin - Os outros o dizem, mas agora
sabemos que sua atitude se deve a uma vaidade intelectual moderna por onde a apreciação 'superior ' que têm da arte os coloca acima dos que não fazem parte do jogo. Pela mesma razão, a ninguém é hoje permitido dizer que algo é errado, mau ou imoral. Se não há nada que seja intrinsecamente verdadeiro, então não há nada que intrinsecamente seja bom ou mau, belo ou fe io. Assim, os fiéis têm razão quando entram numa monstruosa igreja moderna e dizem instintivamente: "Meu Deus, que f eia! ". Ela provavelmente é feia mesmo. E a autoridade que lhes dá razão é, nada mais nada menos, Santo Tomás de Aquino.
CATO LICISMO
Esculturas na
Place de l'Albertine, Bruxelas
'í1 mensagem subliminar contida em cada peça confusa e deformacla da arquitetura, da arte, da música ou do drama, é a de que Deus não existe"
Algum leitor poderia objetar: "Meu Deus, o mundo está caindo aos pedaços, as crianças sendo succionadas do ventre materno, e esse sacerdote falando sobre desenhos e belas pinturas". Como o Sr. se explica dando lições sobre a filosofia da arte? Pe. Brankill - Isso vai mais fundo do que a filoso-
fia estética. Tem a ver com o modo de pensarmos e de conduzirmos a nossa própria vida - a vida, a natureza e o ser enquanto todo. Toda atividade humana se exprime através da beleza para nos proporcionar um acesso a Deus, que é a própria Beleza. O homem medieval possuía o senso da beleza. É preciso ter virtude para fazer coisas virtuosas. Realmente, cumpre ter virtude até para reconhecer a virtude ou para reconhecer o que é oposto a ela. E se você possui essa virtude, essa graça - essa inclinação natural para o sobrenatural, esse saudável senso de beleza -, verá, conhecerá, sentirá e fará coisas que o geral das pessoas é simplesmente incapaz de fazer. O mesmo vale para o senso de beleza. Amenos que a beleza res ida primeiramente no interior, ela nunca será exemplificada exteriormente em parte alguma da sociedade. Ela não será nem sequer reconhecida. O senso remanescente de beleza em nossas mentes e corações, pelo quai ainda podemos reconhecer a feiura existente tanto em edificios como na filosofia ou na vida, deve ser alimentado e protegido como a nossa última arma na batalha com o "Não-Deus ". Mas como pôde o resto do mundo ter-se tornado tão irremediavelmente feio em todos os níveis? Parece que nos chafurdamos nisso. Bem, talvez agora esteja claro que não mais possuindo a virtude teológica ou prática, não mais possuindo a graça ou a
fé, e nem mesmo as mínimas noções de Deus, nossa sociedade abraçou o vazio. Tendo nós abandonado o verdadeiro Deus, tornando-nos cegos à sua claritas, à sua centelha, à sua luz, habitamos na feiura, na escuridão e na confusão. Não vemos ou fazemos externamente coisas virtuosas porque não mais existe virtude ou beleza no interior. Uma sociedade que não acredita em Deus, no sobrenatural, nem mesmo na verdade - para não mencionar também a beleza - só fará coisas feias. Tragicamente, nosso mundo não reconhece sequer o que é o feio. Já dissemos que a beleza é aquilo que quando visto agrada e, portanto, o lógico seria que o feio fosse aqui lo que quando visto desagrada. Mas olhem para a nossa sociedade, na qual o que agrada é o macabro, o esquisito, o torto e o deformado; na qual, por muitos anos, a peça mais popular de cinema - número um durante semanas - fo i um filme sobre um canibal. São o mal e o feio que agora deleitam. Bem-vindos ao bravo novo mundo: o que em outra época teria sido chamado de mau agora é qualificado como bom, e o que era considerado fe io é agora considerado bonito. Catolicismo - O culto à feiura visa ao próprio Deus e à nossa percepção d'Ele? Ou à afirmação de que Ele não existe? Pe. Brankin - O que digo não ~e restringe às belas
imagens. Trato do antigo assalto à beleza de Deus e da original afronta à sua existência e à natureza e vida criadas por Ele. O culto à feiura em nossa Terra não é menor que a raiva de satanás contra Deus. Não é menor que a ponta-de-lança da cultura da morte. Mais ainda, o culto à fei ura é tão absolutamente penetrante e diligente em celebrizar o infrutuoso, o estéril, o deformado e o feio, que põe à margem todas as outrns fés - sobretudo a verdadeira Fé. A mensagem subliminar contida em cada peça confusa e deformada da arquitetura, da arte, da música ou do drama, é a de que Deus não existe. A mensagem subliminar presente em cada mutilação deliberada das fonnas naturais, em cada tributo feito à perversão fisica e pessoal, é a de que Deus não existe. A mensagem subliminar manifesta em cada celebração do preternatural e do cadavérico é a de que Deus não existe. Esta mensagem subliminar é um iluminado "evangelho da morte", tão perfeito como qualquer cultura jamais poderia ter proclamado; e sua onipresença em todos os aspectos da vida moderna nos incita constantemente a aceitar esse "evangelho ". Infelizmente até mesmo grande parte do clero cuja missão deveria certamente incluir o incentivo ao culto à beleza como parte da proclamação do Evangelho da Vida, e que imaginamos fosse capaz
"Nós, católicos, pensando que estávamos abrindo as Janelas ao diálogo com a modernidade, nw1ca nos demos conta de que estávamos sendo manipulados"
Igreja da Santa Cruz, em Hamburgo (Alemanha)
de nos defender das fe ias seduções do "Não-Deus" - é com frequência incapaz de perceber o que se passa e capitulou de várias maneiras ante o culto da feiura. Isto se comprova a cada momento em que entramos numa igreja e vemos um Cristo na cruz com pés disformes e olhos esbugalhados, ou uma tosca Nossa Senhora de cimento aparente. O pobre padre pensou estar simplesmente comprando para o seu rebanho uma peça de arte contemporânea. Com toda ingenuidade e ignorância, achou que estava adquirindo uma recente interpretação de temas religiosos tradicionais. E nunca se deu conta de que aquilo para o que olhava, e com o que enchia os olhos de seu rebanho, era na realidade uma forma humana explodida, explorada e degradada, reduzida às suas partes individuais e impotentes, novamente reunidas num desconjuntado desequilíbrio. Tudo com o propósito de revelar e ensinar uma profunda aversão às formas vivas, o ódio moderno ao Criador. O pobre padre jamais pensou estar fazendo isso. Não creio que tenha questionado a fonte espiritual de formas tão estranhas ou mesmo imaginado as fontes terríveis das quais provinham. Talvez nunca tenha suspeitado da existência de um cu lto à feiura. Talvez tenha julgado que tudo aqu ilo fosse apenas uma questão de gosto, e que seu gosto - como o de seu rebanho - era simplesmente retrógrado e destinado a sofrer um pequeno abalo aqui e acolá. Bem, abalados fomos todos nós. Olhe para as nossas igrejas e catedrais mais recentes. Muitas delas são atordoantes e terríveis. Não pela homenagem à tradição e ao senso católico de beleza. Elas são atordoantes e terríveis na
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sua total desumanidade, na sua falta de proporções completa e horrenda, na sua minuciosa e total esterilidade. Não há um ângulo que agrade ou um arco que conforte. Nem sequer um pedaço de moldura que nos contenha em sua sombra. Tampouco uma imagenzinha diante da qual possamos acender uma pequena vela. Como o focinho escancarado e as fornalhas sacrificadoras )de crianças do Moloch pagão, algumas de nossas novas igrejas consumirão os fiéis em holocaustos de horror visual. Atrevo-me a dizer que um ou dois desses "espaços eclesiásticos de culto" constituem as peças de arquitetura mais terrificantes realizadas por e para católicos modernos. Estremeço na consideração do mal que essa feiura pode produzir nas almas dos que ali procuram rezar. Tais obras constituem os mais claros exemplos possíveis de niilismo, do nada e do vazio, a cujo respeito fala constantemente a modernidade, a infatigável mensagem de que nada existe na realidade: nem natureza, nem bel eza, nem Deus. Catolicismo - Se uma pessoa não analisar aquilo que é feio ou belo, por exemplo na arquitetura, não poderia ficar com a alma embotada para ver a Deus?
Pe. Bnmkin - Nós, católicos, pensando que estávamos abrindo as janelas ao diálogo com a moder-
CATOLICISMO
Comparac;ão entre a catedral de Los Angeles (esq.) e a catedral de São Denis, na Franc;a. Sem comentários ...
"Um dia darnos-emos conta de que distanciamos cada vez mais de Deus, porque sua fascinante beleza não mais se enc011tra sequer em 110ssas Igrejas"
nidade, nunca nos demos conta de que estávamos sendo manipul ados. Ao fa larmos tanto tempo na linguagem e nas formas do mundo moderno, pensávamos poder dar uma interpretação cristã à filosofia do Iluminismo ateu. Julgávamos que agora eles nos amari am e viriam para o nosso lado. Mas nos inteiramos de que dizíamos e significávamos coisas que não queríamos dizer nem significar. E nem sequer sabemos mais como desdizer aquelas coisas. Aí estão, à vista de todo o mundo, nossa impotência evangélica e nossa paralisia espiritual, adquiridas recentemente e tão claramente ex ibidas na confusão de nossas igrejas renovadas, na loucura de nossas liturgias experi mentais e no vazio de nossas catedrais. Por que alguém seria atraído para a beleza de Deus se é com tudo isso que Ele se parece? E um dia dar-nos-emos conta de que distanciamos cada vez mais de Deus, porque sua fascinante beleza não mai s se encontra nem sequer em nossas próprias igrejas. Catolicismo - Em vista desta bela exposição que o Sr. fez nesta entrevista, como agir? Devemos gastar nossas energias esforçandonos por convencer, mudar e converter aqueles que aceitam o que é feio?
Pe. Brankin -Às vezes realmente pensamos nisso. Pensamos que, se todos vissem uma bela imagem, uma bela igreja, ou ouvissem um argumento perfeito ou um belo canto na Missa, todos se converteriam. Mas quantos convertidos vieram para a Igreja após ouvirem um canto gregoriano? Por certo, discos com música gregoriana foram vendidos aos milhões, mas estou seguro de que a maioria considerou como mais um pouco de música ambiente para acompanhá-la na rotina cotidiana. Os modernos não têm qualquer ideia sobre o que os monges estavam cantando, e o problema não era o latim. Quantos de nós pensamos há 25 anos que a causa contrária ao aborto certamente triunfaria se ao menos pudéssemos mostrar às pessoas fotos de fetos em desenvolvimento? Ninguém ligou, e agora estamos batalhando contra o infanticídio. Sua pergunta seria: então tudo está acabado? Devemos dar de ombros em atitude de total desânimo? Resignanno-nos à feiura fisica e ao vácuo espiritual de nossa época? Rendem10nos ao "Não-Deus " de nosso tempo? Colocarmo-nos sobre o monte de esterco da modernidade aguardando como Jó uma morte misericordiosa? Não, penso que não. A primeira de nossas tarefas é permanecer convertidos e dedicados ao 'Deus de nossos pais, ao Deus de toda beleza e de todo o bem. E então partilharemos, naturalmente e sem nos darmos conta, da beleza que interiormente experimentamos. A verdadeira cultura católica nos foi legada para recri armos, ignorando olimpicamente tanto nossa sociedade moderna quanto os clérigos que desejam de modo ardente a modernidade. Nós os ignoramos. Passemos a encher nossas mentes, nossos corações, nossas famílias, nossos filhos, todo o nosso mundo com tanta beleza quanto seja possível. De modo que, por força da quantidade e da qualidade de nossos esforços, não haja mais lugar para aquilo que é desumano, feio e oposto a Deus. Se isso soa como um toque de clarim conclamando a voltar às catacumbas, abandonando a cultura moderna, então assim seja. Sim, isso também é heresia em nossa Igreja contemporânea, onde somos constantemente encorajados a nos engajar e abraçar o mundo moderno. Mas, fazendocomo vimos no decurso das últimas trágicas décadas - , não temos nesse venenoso encontro nada a ganhar, mas tudo a perder. Mas onde estão as catacumbas? Onde estão os refúgios dos horrores humanos e espirituais do nosso bravo mundo novo? - Estão em nossas próprias casas, salas e quartos, nos nossos cursos domésticos e nas academias de ensino privadas. Ali é onde a verdadeira cultura do Novo Milênio tomará forma, pois, indiferentes à pompa e aos prazeres, às arrogâncias pretensiosas e às superficialidades carnais
"Passemos a encher nossas mentes, nossos corações, 110ssas famílias, nossos n1110s, todo o nosso mundo com tanta beleza quai1to seja possível" As belezas e os encantos da arquitetura de Veneza atrairão sempre os homens retos
deste mundo feio que nos cerca, as mães e os pais poderão educar, moldar e guiar seus filhos em uma fé sem adulteração, inculcando em suas almas todo tipo e exemplo de beleza. Ao isolar e proteger seus filhos da sordidez que os circunda, os pais estarão somente fortalecendo-os para uma eventual confrontação com ela. Encham as paredes de suas casas com bela arte, os ouvidos de sua família com bela música, as almas de seus filhos com belas histórias e não haverá lugar para o insípido, o perverso, o feio, o sem fé. Fazendo das famílias uma pequena "igreja", não terão de estar continuamente se engajando numa ação de retaguarda para frustrar as toxinas da mídia, das escolas ou dos estranhos novos amigos de seus filhos na vizinhança. Não será preciso forçá-los a desaprender em sua casa as Iições que eles acabam de aprender lá fora. As famílias virão a conhecer e apreciar que existe apenas uma coisa da qual ocupar-se, em torno da qual mover-se, uma só coisa a cultivar: suas almas, o belo dom de Deus. Esta percepção ajudará então a fazer belas coisas e apreciar todas as coisas bonitas que provêm de almas repletas de graça. E se fizermos isso, então, pouco a pouco, à medida que a modernidade continuar a morrer - como seguramente deverá, pois não é a mo11e o seu próprio tema?-, ela irá sendo substituída pela vida; de fato, uma nova cultura da vida, cuja sadia característica será a celebração da beleza de Deus na beleza da vida que nos cerca. Não resta dúvida de que existe um culto à feiura em nossa sociedade; mas este culto não é o nosso e com ele nada temos que ver. •
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É sintomático o fato de esses dois prelados serem homenageados, enquanto os artífices da agropecuária - coluna-mestra da economia nacional - são antipatizados pelo governo federal.
Convivência espúria de sem-terra com detentos Um acampamento montado pelo MST dentro da área de uma unidade prisional está causando confusão no interior do Rio Grande do Sul. "Não é iluminado. De noite, não se sabe se é preso fugindo ou sem-terra entrando", diz o juiz Sidinei Brzuska, da Vara de Execuções Penais. Sem-terra e detentos dividem o terreno de uma colônia penal agrícola em Charqueadas (a 55 km de Porto Alegre), destinada a presos de regime semi-aberto. Agentes penitenciários dizem que a circulação de sem-terra pelas proximidades da sede da unidade confunde os trabalhos de segurança. Ninguém sabe quem é quem. No lado dos sem-terra há reclamações de abordagens ríspidas e intimidação com armas pelos funcionários da segurança da colônia penal. O MST montou o acampamento no local há um ano. O juiz Sidinei Brzuska e os agentes penitenciários dizem que se trata de uma invasão da área. No entanto, o governo de Tarso Genro (PT), que defende e estimula o MST, afirma que o espaço onde se encontram os sem-terra já está sob responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado e que um assentamento formal está sendo providenciado para o local. Um absurdo! Vão formalizar a situação!
Fonte: "Notícias Terra", 17- 12-12 (GPS do Agronegócio).
E o Código Florestal, como ficou?
Fonte: "Folha de São Paulo", 16- 12- 12
Receita Federal cerca o MS·T Um relatório sigiloso da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) para o governo informa que o MST enfraqueceu. A fonte secou. Eram pelo menos 150 ONGs de vários setores que recebiam verbas federais e despejavam nos cofres da entidade. Somente João Pedro Stédile tinha 23 ONGs ligadas diretamente a ele. Do total, pouco mais de 100 caíram na malha fina da Receita Federal e as outras foram reprovadas pelos ministérios ou pelo Tribunal de Contas da União por ~ão prestação de contas. Fonte : Jorn al " O Paraná" de 16-12-12, Coluna Esplanada por Leandro Mazzini
Bispo revolucionário premiado pelo governo federal Antes da notícia abaixo, convém o leitor ler os seguintes versos de Dom Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia, Mato Grosso:
"Malditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar! Malditas sejam todas as leis, compostas habilmente por umas poucas mãos para amparar cercas e bois e tornar escrava a Terra E escravos os humanos!
, _ CATOLICISMO
Outra é a Terra nossa, homens, todos! A humana Terra livre, irmãos![. ..}
Nossos leitores lembrar-se-ão da grande luta por ocasião da aprovação do novo Código Florestal. Ele era a esperança de pôr fim a uma enxurrada de decretos, portarias, instruções normativas e todo o arsenal de medidas administrativas lançadas sobre a cabeça dos agricultores, criando um cipoal de mais de 16.000 itens a serem fiscalizados por órgãos dos ministérios do Meio-Ambiente e do Trabalho. Isto sem falar das perseguições da FUNAI com seus índios (verdadeiros ou falsos) , bem como do INCRA com seus assentados e acampados da Reforma Agrária, além dos autodenominados quilombolas. Esperava-se que esse cenário dantesco tivesse fim. Triste ilusão! O último ato desse drama, antes de cair no esquecimento, foi uma entrevista coletiva da ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, para explicar os vetos da presidente Dilma e do primeiro decreto para implantação do ~novo Código. A ministra pouco falou sobre os vetos. Em tom ameaçador, disse que seu ministério vai voltar a regulamentar o código por meio de decretos, portarias, atos normativos etc., sob a égide de três princípios: não à anistia, não ao desmatamento e em defesa da função ambiental da propriedade. Vale dizer, vai começar tudo de novo!
Dinamismo da economia brasileira: a agricultura O governo federal faz tudo para escamotear o fato de que o PIB (Produto Interno Bruto) e a balança comercial brasileiros têm sido salvos pelo agronegócio. O setor mais dinâmico da economia brasileira será de novo, em 2013, a agricultura, se estiverem certas as projeções da safra de grãos e oleaginosas divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Conab calcula uma safra de 180,4 milhões de toneladas, 8,6% maior que a anterior. Segundo o IBGE, a produção aumentará 9,9% e chegará a 178 milhões de toneladas. Qualquer dos dois números representará mais um recorde. A colheita de 201J-2012 também foi sem precedentes - J 66,2 milhões, de acordo com uma das estimativas, 162, J milhões, segundo a outra. Mais uma vez, tudo indica que o agronegócio deverá ser a principal e mais segura fonte de receita e de superávit no comércio externo. Em 2012, as exportações do agronegócio atingiram o recorde de US$ 95,8 bilhões. O agronegócio ainda proporcionou um superávit comercial - outro recorde - de US$ 79,4 bilhões, o suficiente para neutralizar a maior parte do déficit acumulado no ano pela indústria manufatureira. Perguntar não ofende: como explicar que a coluna-mestra atual da economia brasileira - o agronegócio - seja tão perseguida e criticada pelos poderes públicos do País? (*) Os dados apresentados nesta notícia baseiam-se em editori al de "O Estado de São Paulo" de 14- 1- 13.
Colhendo o arroz dos posseiros de Santa Teresinha, p erseguidos p elo governo e p elo Latifúndio: Com um calo por anel, monsenhor cortava arroz. Monsenhor "martelo E foice "? Chamar-me-ão subversivo. E lhes direi: eu o sou ". [.. .] Tais versos ajudam o leitor a faze r uma ideia de quem seja o bispo espanhol Dom Casaldáliga, que diz não aderir inteiramente ao comunismo por considerá-lo insuficiente ... Ele quer ir além : "Procurando ser cristão, sei que posso e devo ir mais longe que o comunismo ". Pois bem. Este prelado acaba de ser condecorado pela Presidente, conforme notícia abaixo: A presidente Dilma Rousseff condecorou o bispo espanhol Pedro Casaldáliga e outras 16 pessoas por seu trabalho na defesa dos direitos humanos. Afirmou na ocasião que o Brasil "aprendeu a admirar " Casaldáliga e o bispo Tomás Balduíno, também homenageado hoje por seu apoio aos índios, e disse que ela mesma se orgulha de ser "contemporânea" de ambos . E acrescentou que o Estado brasileiro dedicará "todos os meios e forças policiais e civis disponíveis" para garantir a segurança e proteção dos que trabalham "em def esa dos excluídos ".
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E mbora o dogma do Purgatório seja um dos mais genuinamente catóUcos, ele está hoje muito esquecido, até mesmo nos sermões. De onde uma meditação ., sobre o mesmo ser de muita utilidade prática para todos nós. Não só para nos lembrarmos de rezar por nossos parentes e amigos que ali se encontram, mas também para nos incitar a expiar nesta vida o débito que pelos nossos pecados contraímos com Deus, a fim de não Lermos de pagá-lo na outra vida.
ll1I PUNIO M ARI A SOLIMEO
stá na Sagrada Escritura: "Pensa nos teus Novíssimos [isto é, na Morte, no Juízo, no Inferno e no Paraíso] e jamais pecarás eternamente" (Belo. 7,40). A isso poderíamos acrescentar o Purgatório. Esquecemo-nos com frequência da única coisa certa nesta vida, ou seja, de que um dia morreremos. O que acontecerá então? De acordo com a doutrina católica, no momento da morte somos submetidos a um juízo particular, no qual todos os nossos pensamentos, atos e omissões passarão diante dos olhos do Supremo Juiz. Se tivermos a felicidade de nos apresentar então impolutos, ou de termos expiado nossas faltas durante a vida por meio da penitência e dos outros meios que a Igreja põe a nosso dispor, iremos diretamente para a felicidade sem fim no Céu. Se morrermos impenitentes, em estado de pecado mortal , seremos condenados. Se, entretanto, como acontece com a maior parte dos que se salvam, tivermos ainda que expiar pelo que a Igreja chama de "relíquias do pecado", isto é, pela pena temporal devida a eles, então iremos para o Purgatório, onde pagaremos "até o último centavo" (Mt 5, 26) .
E
Débito da culpa dos pecados mortais ou "relíquias do pecado" Quando a pessoa comete um pecado mortal, a este corresponde uma pena eterna. Por ser uma injúria gravíssima contra a infinita majestade de Deus, o pecado mortal possuiu uma malícia que em certo sentido é infinita. A alma então perde a graça santificante, as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo, ficando assim privada da inabitação da Trindade Santíssima. Por isso, além da pena eterna, o pecado mortal merece também uma punição temporal, a ser paga nesta vida ou na outra. Pois "a reparação deve ser em razão direta com a gravidade da ofensa. [. ..} Ora, é um princípio admitido que a gravidade
de uma injúria se mede ao mesmo tempo pela dignidade do ofendido e a baixeza do ofensor. Em outros termos, quanto maior for a distância entre o ofensor e o ofendido, FEVEREIRO 2013
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mais grave será a injúria. É evidente que, considerando sob esse aspecto, a malícia do pecado é infinita". 1 O pecado mortal é perdoado pelo batismo, pela confissão individual ou , não sendo possível esta, por uma contrição perfeita unida ao desejo de confessar-se - e excepcionalmente pela Extrema-Unção ou Unção dos Enfermos. Por estes meios nos tornamos novamente amigos de Deus e herdeiros do Céu. Entretanto , se a confissão apaga a pena eterna de nossos pecados, não apaga a pena temporal a ele devida. É o que diz Santo Tomás: "Se é verdade que a contrição apaga os pecados, não tira todo o débito de pena que por eles se deve. Nem tampouco se perdoam sempre os pecados veniais, se bem que desapareçam os pecados mortais. Pois bem, ajustiça de Deus exige que uma pena proporcional restabeleça a ordem perturbada pelo pecado. Logo, deve-se concluir que todo aquele que morre contrito e abso lvido de seus pecados, mas sem ter satisfeito plenamente por eles à Justiça Divina, deve ser castigado na outra vida. Negar o Purgatório é, pois, blasfemar contra a justiça divina. É um erro, e um erro contra a fé" (Suma Teológica, Suplemento, q.71 , a.1). 2 Quanto aos pecados veniais, além da confissão, "podem ser remidos pelos sacramentais [p.ex., água benta], pela prece, p elo jejum, pela esmo la, pela assistência à Missa, pela Santa Comunhão, e em geral por todas as boas obras, contanto que sejam acompanhadas de arrependimento". 3 Como dissemos, se esses pecados não forem pagos neste mundo, sê-lo-ão no além. De onde a existência do Purgatório. Nossas preces por essas almas sofredoras são atendidas pe la misericórdia de Deus, sobretudo se feitas por meio da Medianeira de todas as graças, a Virgem Santíssima. Isto, que até algumas décadas atrás era doutrina corrente e sabida, no mundo de hoje - tão corrompido pela amoralidade e imoralidade reinantes - está praticamente esquecido. É por isso que pouco se reza e pouco se faz pelos nossos falecidos com vistas a mitigar-lhes as dores que sofrem no Purgatório. E
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não se pensa em expiar a pena temporal devida aos próprios pecados.
O Purgat6l'io segundo as Sagradas Escrituras Proclamado como dogma de fé, isto é, que não se pode negar sem cair em heresia, o Purgatório tem base na própria Sagrada Escritura. Com efeito, lemos no segundo livro dos Macabeus: "No dia seguinte [a uma batalha] , Judas e seus companheiros foram tirar os corpos dos mortos, como era necessário, para depô-los na sepultura ao lado de seus pais. Ora, sob a túnica de cada um encontraram objetos consagrados aos ídolos de Jânia, proibidos aos judeus pela lei: todos, pois, reconheceram que fora esta a causa de sua morte.
Bendisseram, pois, a mão do justo juiz, o Senhor, que faz aparecer as coisas ocultas, e puseram-se em oração, para implorar-lhe o perdão completo do pecado cometido. O nobre Judas falou à multidão, exortando-a a evitar qualquer transgressão, ao ver diante dos olhos o mal que havia sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados. Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supé,fluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente,
era esse um bom e religioso pensamento; eis por que ele pediu um sacrifício expiat6rio para que os mortos fossem livres de suas faltas " (2 Mac. 12, 39-46). "Sem dúvida, Judas Macabeu tem em vista, antes de tudo, a ressurreição de seus soldados que pecaram. Mas ele subordina essa ressurreição à expiação, na outra vida, do pecado cometido na pilhagem de Jânia. Esses soldados deveriam ressuscitar um dia; de outro modo, a prece pelos mortos seria vã. Ressuscitados, eles teriam parte na recompensa reservada àqueles que dormiram no Senho1'. Mas antes deveriam ser libertos de seu pecado: é o resultado que procurava o sacrifício expiatório Qferecido em Jerusalém ". 4 lsso é tão meridiano que, não podendo negar este texto, Lutero - que nega a realidade do Purgatório - simplesmente o excluiu da sua bíblia ... O dogma do Purgatório também encontra fundamento no Novo Testamento. Em sua obra De Purgatório, São Roberto Belarmino invoca nove textos do Novo Testamento em favor da existência do Purgatório . Citaremos apenas alguns deles. São Paulo, na primeira Epístola aos Coríntios, diz: "Quanto ao.fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que jáfoi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras precio as, com madeira, ou com f eno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia [do julgamento] demonstrá-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo pro-
vará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resisti,; o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo" (11-15). "Em suas diferentes exp licações sobre o fogo, instrumento da salvação anunciado por São Paulo, Santo Agostinho considera sempre que a madeira, o feno, a palha, simbolizam os apegos culpáveis[...}. Há, pois,fiéis que, embora guardando o essencial dos preceitos de Jesus Cristo, estão muito apegados aos prazeres dos sentidos e às afeições permitidas [ .. .]. São esses cristãos que necessitam de misericórdia, da qual não são indignos [.. .}. Esses cristãos, manchados de uma culpa que, no entanto, não é suficiente para levar à danação, deverão expiar, antes do último julgamento, seja neste mundo, seja no outro, seu muito apego aos bens terrestres".5 Também sobre o fogo mencionado por São Paulo, comenta Santo Tomás: "Isto não pode entender-se do fogo do Inferno, porque os que o padecem, não se salvam. É necessário, pois, entendêlo do fogo que purga" (De rationibus Fidei, 9 ed. Marietti, n. 1020). 6 Segundo o que se deduz do Evangelho de São Mateus, quando Nosso Senhor diz: "Todo o que tiverfalado contra o Filho do Homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no século vindouro" (Mt 12, 32), está afinnado que certos pecados podem ser perdoados no
outro mundo. Portanto, no Purgatório. Isso também é meridiano.
O Purgatório na Trndição cat6lica Já nos primeiros tempos da Igreja havia o costume de se rezar pelos mortos. Conforme argumenta um teólogo, "o texto do 11 livro dos Macabeus devia exprimir uma prática já corrente: nada de espantar, pois, que essa prática encontre seu lugar no cristianismo nascente. Ela aí constituiria um elemento essencial da crença no Purgatório, paralelamente à expiação de além túmulo".7 Sobre isso muito escreveram os Santos Padres da Igreja. Há também testemunhos arqueológicos na Igreja primitiva, como epitáfios e inscrições funerárias, nos quais se mostra a fé em uma purificação ultraterrena. Também nos séculos II e III encontramos testemunhos explícitos de que se rezava pelos defuntos. Um pouco mais tarde, São Cirilo de Jerusalém (c.315-386), fa lando no século IV do caráter propiciatório da Missa, diz que a "oferecemos a Cristo, imolado por nossos pecados, desejando tornar propícia a clemência divina em favor dos vivos e dos defuntos" ( Catequesis Mistagógicas 5, 9; PG 33,1116-1117). 8 Já São João Crisóstomo (c. 347407), falando um pouco mais tarde do socorro que podemos dar aos falecidos, comenta: "Pensamos em procurar-lhes algum alívio do modo que podemos [.. .}. Como? Fazendo oração por eles,
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O heresiarca Lutero negava a existência do Purgatório
e pedindo a outros que também orem [ ..] Porque não sem razão foram estabelecidas pelos mesmos Apóstolos estas leis; digo que em meio dos venerandos mistérios se faça memória dos que morreram[ ..]. Bem sabiam eles que os defuntos tiram disto grande proveito e utilidatle ". 9 Ao que acrescenta Santo Agostinho: "Durante o tempo que medeia entre a morte do homem e a ressurreição final, as almas ficam retidas em lugares recônditos, segundo é digna cada uma de repouso ou de castigo, conforme ao que tiver merecido quando vivia na carne. E não se pode negar que as almas dos defuntos recebem alívio pela piedade de seus parentes vivos, quando por elas se oferece o sacrificio do Mediador, ou quando se fazem esmolas na Igreja" (Enquiridión, 109-110: PL40,283). 10 Bem mais tarde, a doutrina do Purgatório foi expressamente definida pelos Concílios II de Lyon (1274), de Florença (1439) e de Trento (1545-1563). Neste último, a Igreja definiu não somente o dogma do Purgatório - quer dizer, a existência de uma expiação e purificação pela qual devem passar as almas que não foram purificadas inteiramente na Terra - , mas ensinou também que elas podem ser ajudadas pelos fiéis por suas orações e boas obras (No. 141), pela aplicação de indulgências (No. 417) e,
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sobretudo, pelo Santo Sacrificio da Missa (No. 388). Além disso, estabe leceu na Liturgia um dia especia l para as almas do Purgatório, o 2 de novembro . Finalmente, na sua 25". Sessão, o mesmo Concílio de Trento definiu: "Desde que a Igreja Católica instruída pelo Espírito Santo tem ensinado, em Concílios e muito recentemente neste Ecumênico Sínodo (Sess. 22 cap.ii, iii), o que é das Sagradas Escrituras e da antiga tradição dos Padres, que há um Purgatório e que as almas nele são auxiliadas pelos sufrágios dos fiéis, mas principalmente pelo aceitável Sacrificio do Alta,; o Santo Sínodo ordena que os bispos diligentemente empenhem em ter a sã doutrina dos Padres nos Concílios com relação ao Purgatório, por toda parte ensinado e pregado, mantido e crido pelos fiéis" (Denzinger, Enchiridon, 983). 11
O Purgatório e os heresiarcas protestantes O dogma do Purgatório tem como corolário várias verdades de fé as quais não se é obrigado a aceitar sob pena de pecado por não serem dogmas; mas negando-as com temeridade, acaba-se negando a própria essência do Purgatório. A primeira verdade de fé relacionada com o Purgatório é a da justificação. Esta é uma operação divina que apaga
o pecado origina l e os pecados atuais se os houver - , e faz passar o pecador do estado de pecado ao estado de graça e de justiça. Desde o princípio, a Igreja tem ensinado que não somente a fé, mas também um a sincera co nversão do coração, efetuada com caridade e contrição, é requerida para a justificação; ou seja, para nos tornar novamente justos aos olhos de Deus. "Segundo os protestantes [Lutero, Ca lvino], o homem tendo sido, depois do pecado original, privado do li vre arbítrio e, por consequência, incapaz de toda boa obra, somente a fé, e afé ·em obras, é a única condição da justificação; mas é a fé entendida no sentido dos inovadores, que não é a f é propriamente dita pela qual cremos, pela palavra do próprio Deus, em todas as verdades que revelou à sua Igreja, mas a con_fiança que nos faz crer que nossos pecados são apagados pela imputação; ou, se quiser, pela aplicação dos méritos de Jesus Cristo". 12 Pois "Lutero, qfirmando que o homem está intrínseca e essencialmente corrompido pelo pecado original, não admite renovação ou regeneração possível; e, portanto, diz que a justificação consiste em uma não imputação da corrupção em atenção aos méritos de Cristo. O homem, pois, justificado legalmente, permaneceria pecador em seu interior. Se isto.fosse assim, ajuizo de Deus deveria recair ou apenas sobre a realidade interna do homem, em cujo caso deveria condená-lo ao inferno, ou sobre os méritos de Cristo, em cujo caso deveria levá-lo ao Céu imediatamente. Em qualquer caso, resultaria absurdo que Deus oferecesse a possibilidade de uma expiação ultraterrena que, de acordo com a lógica luterana, seria intrinsecamente impossível. Dai a urgência com que Zwinglio exige de Lutero que negue a existência do Purgatório; e dai também que o Concilio de Trento, como vimos, se refere especialmente ao Purgatório no decreto da justificação, e depois de ter definido seu caráter e.xtrinseco ". 13 A doutrina protestante leva assim a excluir o Purgatório. Com efeito, Lutero, -depois de alguns ataques iniciais, nos quais ainda não negava a existência do Purgatório, mas punha em dúvida o seu
fundamento bíblico, acabou negando-o mais tarde. Efetivamente, a doutrina de um a purificação ultraterrena não podia coexistir com as afirmações de que o homem é intrinsecamente perverso e de que se justifica pela fé sem obras. Daí a negação do Purgatório ser comum a todos os protestantes. Com efeito, na chamada "Confissão Galicana", da Igreja reformada, é dito: "Temos o Purgatório como uma ilusão que procede da mesma butique da qual procedem também os votos monásticos, as peregrinações, a proibição de casamento (para sacerdotes) e o uso das carnes (nos dias de abstinência), a observação cerimoniosa dos dias, a confissão auricular, as indulgências e todas outra coisas pelas quais pensase merecer graça e salvação. Coisas que rejeitamos não somente pela falsa opinião do mérito a elas ligado, mas também porque são invenções humanas, que impõem jugo nas consciências". 14 É chegar às últimas nefastas consequências na negação do Purgatório em particular e da doutrina cató lica em geral.
por elas. E que, entre o juízo paiticular e o Juízo Universal , todas as almas dos justos que morreram com "relíquias do pecado" serão purificadas. Portanto, a crença na imo1talidade da alma leva-nos também a crer no Purgatório.
Em que lugar está o Pw,gat6l'io? A Igreja nada definiu sobre a localização do Purgatório. Mas a opinião mai s comum , mais de acordo com a linguagem da Sagrada Escritura e bem aceita pelos teólogos, coloca-o nas entranhas da Terra, não lon ge do Inferno. "Os teólogos são quase unânimes, diz São Roberto Belarmino, ensinando que o Purgatório, p elo menos o lugar de expiação ordinário, está situado no interior da Terra, e que as almas do Pur-
gatório e os réprobos estão no mesmo espaço subterrâneo, no profundo abismo que a Escritura chama de inferno". 16 Com efeito, foi das entranhas da Terra que Santa Teresa viu subir a alma de um falecido, como conta no livro de sua vida: "Eu recebi notícias da morte de um religioso que tinha anteriormente sido Provincial desta província, e, depois, de uma outra. Eu o conhecia, e ele me prestou grande serviço. Isso me causou grande preocupação. Se bem que esse homem fosse recomendável por muitas virtudes, eu estava apreensiva pela salvação de sua alma, porque ele tinha sido Superior pelo espaço de 20 anos, e eu temo muito por aqueles que estão encarregados da cura de almas. "Muito aflita, fui a um oratório. Lá conjurei nosso Divino Senhor que
A crença na
imortalidade da alma Crendo na imortalidade da alma e na ressurreição dos corpos, a Santa lgreja sempre tratou com grande respeito os restos do fi éis defuntos. Com efeito, é "com o cotpo que a alma.faz muitas boas obras como jejum, abstinência, con tinência etc. O corpo é também santificado pelos Sacramentos, e tornase o templo do Homem -Deus pela comunhão. Como não admitir então que Deus o.faça participa,; com a alma, da recompensa e da .felicidade?". 15 E, a contrario sensu, a também sofrer com a alm a, pelo eus pecados? Além do materialistas e dos racionalistas, e tas verdades são negadas também pelo protestantes liberais como contrárias à razão e à ciência. Quem crê na imo1ia lidade da alma, crê também que esta recebe, no termo desta vida, o prêmio ou o castigo merecido. Crê, portanto, que ao morrer ela passa por um juízo pa1ticular no qual serão julgadas suas ações, recebendo o que lhe for devido
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aplicasse a esse religioso o pouco de bem que eu tinha feito ' durante a vida e suprisse o resto com seus méritos infinitos, de modo que ele pudesse ser livre do Purgatório. "Enquanto eu pedia essa graça com todo o fervor de que sou capaz, vi, ao meu lado direito, essa alma vir das profundezas da terra e ascender ao Céu com transportes de alegria. Se bem que esse sacerdote fosse avançado em anos, ele me apareceu com as feições de um homem que não teria ainda atingido a idade de 30 anos, e com um semblante resplandecente de luz". 17
temperada pela esperança e pela certeza da salvação. A pena dos sentidos, segundo boa prute dos teólogos, seria a mesma do Inferno, só que sem o desespero e sua eternidade. Embora não seja verdade de fé, a crença de que no Purgatório há um fogo semelhante ao do Inferno é defendida por grandes teólogos. São Roberto Belarmino a qualifica de "probabilíssima ";Suárez, de
Quanto tempo uma alma passa no Purgatório?
q.71, a.3).
Diz Sto. Agostinho: "A duração das penas do Purgatório não pode ser concebida além do Juízo Final. A sentença final não compreende senão os eleitos e os réprobos. { ..} E vimos que, se certas almas têm ainda necessidade de purificação nesse momento, serão purificadas completamente pelo fogo do julgamento ". 18
Quais são as pe11as do Purgatório?
É doutrina comum que existem no Purgatório dois tipos de sofrimentos: a pena de dano e a pena de sentido. A pena de dano consiste em "que se lhes atrasa a visão de Deus " (Santo Tomás, Suma Teológica, Suplemento, q.71, a.2). É, no entanto,, uma privação )
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"certa, dentro da comodidade da opinião teológica", e Siuri de "certa e comum ". 19
De acordo com Santo Tomás, essas penas são "tão intensas que a pena mínima do Purgatório excede à maior desta vida" (Suma Teológica, Suplemento,
As penas do Purgatório podem durar séculos?
Como o Purgatório vai perdurar até o Juízo Final, suas penas podem durar séculos. E como estas, de acordo com o comum dos teólogos, são semelhantes às do Inferno (com exceção do dano e da eternidade), algumas revelações dizem que um minuto de sofrimento no Purgatório equivale a muitos anos de atrozes sofrimentos na Terra. Por isso, diz São Roberto Belarmino: "Não há dúvida de que as penas do Purgatório não são limitadas a i Oou 20 anos, e de que elas duram, em muitos casos, séculos. Entretanto, mesmo aceitando como certo que sua duração não exceda a i Oou 20 anos, poder-se-ia to-
mar como nada o ter que sofrer por i Oou 20 anos os mais dilacerantes sofrimentos sem o menor alívio? "Se um homem estivesse seguro de que deveria sofrer uma dor violenta em seu pé, cabeça ou dente p elo espaço de 20 anos, e isso sem dormir ou ter o menor repouso, não pref eriria mil vezes morrer a viver em tal estado ? E se lhe foss e dada a escolha entre isso e uma vida miserável, com a perda de todos os seus bens temporais, hesitaria ele em fazer o sacrificio de sua fortuna para ver-se livre de tal tormento? Teremos então qualquer dificuldade em abraçar trabalhos e penitências para livrar-nos dos sofrimentos do Purgatório ? Temeremos fazer os mais dolorosos sacr[ficios como vigílias, j ejuns, esmolas, longas orações, e especialmente a contrição acompanhada com soluços e lágrimas ?". 2º
A pai' dos sofrimentos, co11solações e alegrias
Isso, entretanto, não nos deve atemorizar mais do que o razoável. Pois, além do auxílio da Santíssima Virgem e das promessas que Ela fez do privilégio sabatino (vide quadro na página ao lado), temos outras consolações. A esse respeito, diz o grande Doutor da Igreja São Francisco de Sales: "Nós podemos tirar do pensamento do Purgatório muito mais consolação do que apreensão. Grande parte daqueles que temem tanto o Purgatório pensa mais em seus próprios interesses do que nos interesses da glória de Deus. isso vem do fàto de que eles p ensam somente nos sofrimentos, sem considerar a paz e a felicidade que lá são desfrutadas pelas santas almas. "É verdade que os tormentos são tão grandes, que não têm comparação com os sofrimentos mais agudos desta vida. Mas a satisfação interior que lá se goza é tanta, que nenhuma prosperidade nem contentamento desta terra a podem igualar. "No Purgatório, as almas estão em contínua união com Deus e p erfeitamente resignadas com sua vontade. Ou melhor, sua vontade está tão transformada na de Deus, que elas não podem querer senão o que Deus quer. Isso de tal modo que, se o Paraíso lhes fosse
'~ Mãe das Almas do Purgatório" Como acontece com todos os fiéis, nossa grande esperança no Purgatório será a Santíssima Virgem. Não devemos nos surpreender de que, nas Revelações de Santa Brígida, a Rainha do Céu dá-se o belo nome de Mãe das Almas do Purgatório: "Eu sou a Mãe de todos aqueles que estão no lugar de expiação. Minhas preces mitigam os castigos que lhes são infligidos por suas faltas ". *
Esperança maior, contudo, têm aqueles que usam o escapulário do Carmo em virh1de do privilégio sabatino. Aos que o usarem piedosamente, Nossa Senhora prometeu que viria libertá-los no primeiro sábado após a morte. Um exemplo do amparo de Nossa Senhora a seus devotos que estão no Purgatório foi o sucedido com a Venerável Irmã Paula de Santa Teresa, religiosa dominicana do convento de Santa Catarina, em Nápoles. Tendo sido raptada em êxtase num sábado e transportada em espírito ao Purgatório, ela ficou muito surpresa de o encontrar transformado em um Paraíso de delícias, iluminado por uma luz brilhante em vez das trevas costumeiras. Enquanto a Irmã Paula cogitava sobre qual teria sido a causa dessa mudança, percebeu, rodeada por uma multidão de anjos, a Rainha do Céu que lhes ordenava libertar e conduzir ao Céu as almas que A tinham honrado de maneira especial. Se isso acontece num sábado ordinário, é difícil duvidar de que o mesmo não ocorra nos dias de festa consagrados à Mãe de Deus. Entre todas suas festas, a de sua gloriosa Assunção aos Céus parece ser o dia principal de libertação. São Pedro Damião (1001-1072) nos diz que nesse dia a Santíssima Virgem livra vários milhares de almas do Purgatório.** Por isso, concluímos com Santo Afonso de Ligório: "Ó Mãe de Deus, se em vós puser minha confiança, serei salvo. Se estiver sob a vossa proteção, nada tenho a recear, porque a devoção para convosco é uma arma segura de salvação, por Deus concedida só aos que deseja salvar". *** * Reve/. S.Brig., lib. IV, C. 50.apud Schouppe, p. 83. ** Rossign. , Merveilles, 50; Marchese, tom. 1, p. 56. apud Schouppe, p. 84. *** Santo Afonso de Li gório, Glórias de Maria, Editora Vozes, Petrópolis, 1964, p. 148.
aberto, elas se precipitariam no inferno antes que aparecer diante de Deus com as manchas com que se vêem desfiguradas. Elas se purificam voluntária e amorosamente, porque esse é o bom prazer divino. "Elas lá querem estar no estado que agrade a Deus, e tão longamente quanto Lhe apraza. Já não podem mais p ecar, nem experimentar o menor movimento de impaciência, nem cometer a menor imperfeição. Amam a Deus mais que a si mesmas e mais que a qualquer outra coisa. Amam-no com um amor perfeito, puro e desinteressado. São consoladas por anjos e estão certas de sua salvação eterna, cheias de uma esperança que jamais poderá ser desapontada em seus anseios. Sua angústia mais amarga é suavizada por uma certa paz profimda. "Se o Purgatório é uma espécie de Inferno no que diz respeito aos sofrimentos, é um Paraíso no que se ref ere ao deleite infundido p ela caridade nos corações das almas dos que ali estão. Caridade que é mais.forte que a morte e mais poderosa que o Inferno; caridade cujas luzes são todas de fogo e chamas. Feliz estado! Mais desejável que assustador, uma vez que suas chamas são chamas de amor e de caridade".21 É de certo modo o que afirma também Santa Catarina de Gênova: "A alma do justo, ao sair de seu corpo, vendo em si mesma alguma coisa que empana sua inocência primitiva e opõese à sua união com Deus, experimenta uma aflição incomparável; e como sabe muito bem que este impedimento não pode ser destruído senão p elofogo do Purgatório, desce ali de rep ente e com plena vontade [ .. .} Sabendo que o Purgatório é o banho destinado a lavar estas espécies de mancha, corre para ele[. ..} p ensando muito menos nas dores que a esperam do que na dita de encontrar ali sua primitiva pureza ".22
Sobretudo, em meio das penas purificadoras, as almas do Purgatório têm gozo e paz que provêm não só da certeza de sua salvação, da plena conformidade com a vontade divina, do gozo da purificação, mas também da assistência espiritual de Santa Maria, Consoladora dos aflitos. 23
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Devei' da Igrnja Militante de ornl' pelos membl'os da Igrnja Padecente Sabemos que a Santa Igreja dividese em Militante (da Terra), Padecente (do Purgatório), e Triunfante (do Céu). "Há entre todos os membros do Corpo '.g Místico, do qual Jesus Cristo é a Cabeça, •Í um vínculo que os une uns aos outros, e ~ graças mediante o qual eles participam >E.
dos mesmos interesses e bens espirituais: ~ é o que se chama Comunhão dos Santos. ~ "Em toda sociedade bem organiza- ·e: 't:
da, os membros são solidários uns com os outros; eles dividem as riquezas, as alegrias, e também os re veses e as tristezas da comunidade. Assim também é com a Ig reja, que é uma sociedade mais p e,feita que qualquer outra ". 24 A Igreja Militante considera um dever de caridade, e frequentemente de reconhecimento, aliviar as penas das almas do Purgatório, abreviando-lhes a duração. A Igreja Padecente sempre implorou os sufrágios da Igreja Militante. E esse comércio espiritual - levando a marca da tristeza, mas, ao mesmo tempo, cheio de ensinamentos - é de um lado uma fonte de inesgotável alívio, e de outro, um poderoso incitamento à santidade. (vide quadro ao lado)
Sufl'ágio dos fléis em pml das almas do Pul'gat6l'io Deus Nosso Senhor, desejando executar com clemência a severa sentença de sua Justiça, concede diminuição e mitigação das penas das almas do Purgatório. Mas faz isso de maneira indireta, através da intervenção dos vivos . Por meio da oração - isto é, da impetração e da satisfação - Ele dá aos membros da Igreja Militante muito poder para socorrer os aflitos falecidos. O Concílio de Trento declara que as almas do Purgatório são assistidas pelos sufrágios dàs fiéis. Isso inclui , em geral, tudo o que se pode oferecer a Deus pelos falecidos. Podemos, assim, oferecer a Deus não somente nossas preces, mas também as nossas boas obras, desde que elas sejam impetratórias ou satisfatórias . O que são obras impetratórias ou satisfatórias? Cada uma de nossas boas
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Igreja Triunfante e Igreja Militante
Voto heroico Algumas almas heroicas, levadas pela imensa caridade para com as benditas almas do Purgatório, fazem o que é chamado de ato heroico de caridade. Este consiste em "uma voluntária oblação que faz um fiel vivo à Divina Majestade em favor das almas do Purgatório, de todas as obras satisfatórias que fará durante a vida, e de todos os sufrágios que pode ter depois da morte". Esse ato é geralmente conhecido sob o nome de voto heroico. Aliás, ele não obriga sob pena de pecado, podendo ser revogado quando se quiser. Além disso, o voto heroico não é contrário aos interesses de nossa alma, porque os sacrificios que fazemos devem ser compensados por outras vantagens, a primeira e a mais aparente das quais se encontra nas preces que as almas liberadas por nossos cuidados fazem em nosso favor tão logo entram no Céu. E, depois, não prometeu Nosso Senhor aplicar a nós a mesma medida com as quais servimos os outros?*
obras feitas em estado de graça te m ordinariamente um trípli ce val or aos olhos de De us : é meritória, isto é, aume nta nosso mé rito, dand o-nos direito a um novo grau de g lória no Céu ; é impetratória, isto é, como uma prece, ela te m a virtude de nos obter al g umas g raças de De us ; e ésafisjàtória, que r di zer, tem um valor como que pecuniári o para satisfa zer à Divina Justiça e pagar as dívidas da punição te mporal diante de Deus. O mé rito é ina li e náve l e permanece propri edade da pessoa que fa z a ação. Já os val o res impe tratórios e sati sfatóri os pod em benefici ar outros, e m virtude da C omunh ão dos Sa ntos . Desse modo, pode mos oferece r às almas do Purga tório o fruto de nossas orações, esmo las, j ejuns e penitê ncias de qu a lqu e r gêne ro, indul gê ncia s e, sobretudo, o Santo Sac rifíc io da Mi ssa. 25 É bom lembrar que indulgência é o apagame nto da pena te mpo ral devida pelos pecados perdoados. Ela é concedida pe la Igreja e m virtude dos méritos infinito ele Nosso Senhor, superabundantes da Santíss ima Virgem e abundantes dos Sa nto , sendo a pli cá ve l geralmente às almas do Purga tório . Santa Te resa fa la ele uma relig iosa qu e d a va o ma io r va lor às m e nores indul gênc ias co ncedidas pe la Igreja e empenha va-se c m ga nha r todas ao seu al cance . S ua vida, e ntretanto, era muito ordinária, e sua virtude muito comum. Ao fal ecer, para grande surpresa ele Santa Teresa, e ta viu sua alma subindo ao Céu quase imedia ta mente de po is da morte, ele modo qu e quase não teve, por ass im di zer, Purgató ri o. Q uando Santa Teresa ex presso u se u espa nto di a nte di sso , Nosso Senh or lhe fez sa be r que era po r causa do grande cuidado que aque la alma tinha tido e m ga nha r todas as indulgênci as pos íve is dura nte a vid a: "Foi desse modo que ela descarregou quase todo seu débito, que era bem considerável, antes da morte; e apareceu assim com grande pureza diante do tribunal de Deus ".26 • E-mail para o au1or: cmoliçjsmo@'1erra.com.br Notas:
• L 'Ami du C/ergé, année 1907, in A. Boulanger, La Doctrine Catholique, Premiere Partie, Le Dome, p. 176.
A. Boulangcr, La Doctrine Catl1olique, Librairic Catholiquc E111111anucl Vittc, Pari s-Lyon, 1930, Prcmi ere Parti c, Lc Dogmc, p. 19 1.
2. Apud L.F.M atco Seco, Purgatório, Gran Enc iclopédi a Ria lp, Edicioncs Ri alp, S.A., Madri, 1974, p. 5 1O. 3. A. Boul angcr, op. cit. Seco ndc Part ic, La 1110ral c, p. 143 . 4. A. Mi chcl, Purgatoire - L'Ancien Tes1a111ent, Di cc ionna ire de T héo log ic Catho liquc, Li brairi c Letouzcy et An é, Pari s, 1936, tomo Xlll,col. 11 66. 5. ld . co l. 122 1. 6. Apud Matco Seco, op. cit., p. 508. 7. A. Mi chcl, op. ciL. , co l. 11 97. 8. Matco Seco, p. 508. 9. ld.ib. 10. ld.ib. 11 . Edwa rd .1. Hann a, Purga101y, Th c Ca th olic Encyc lopcdi a, CDRom cd iti on. 12. A. Bo ulange r, op.cil. Troisicmc ct Quatri cmc parli cs, Les Moyens de Sa ncti/icatio11 , La Lilurgic, p. 18.
13. Matco Seco, op. cit., p. 509. 14. A. M ichcl, op. cit., co l. 127 1. 15. A. Boul angcr, op. cit., Prcmi crc Parti c, p. 18 1. 16. Cath ec.Rom. 6, par. 1. Apud Pc. F.X.Schouppe, S.J ., O que é o P,u gatório, Editora Artpress, São Paul o, 2005, p. 19. 17. Schouppc, op. c il. , pp. 20-2 1. 18.A. Michcl,col. 1223. 19. Cfr. Matco Seco, op. cil. , p. 5 1O. 20. De Genitu, lib. li , e. 9., in Schouppc, op. cit., p. 45. 2 1. Esprit de St. François de Sales, chap. ix, p. 16, in Schouppc. 22. Tratado dei Purgatório, Ba rce lona, 1946, n. 12, apud Mateo Seco, p. 5 1O. 23. C f'r. Royo Marin , Teologia de la sa fvación, BAC, Madri , 1956, pp. 444-449. 24. A. Boulangcr, op. cit., Prcmi crc Parti c, p. 174. 25. C li-. Schouppc, op. c il., pp. 93-94. 26. ld.ib., p. 109.
CATOLICISMO FEVER EIRO 2013
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São Leandro de Sevilha A migo e correspondente de São Gregório Magno, exerceu papel priinordial na conversão dos visigodos arianos que dominavam a Espanha no século VI INIO M ARIA $OLIMEO
pesa r el e grand e sa nto, não se conhece nenhuma bi ografia antiga ele São Leandro - co mo sucede, aliás, com a ele muitos ele seus co ntemporâneos. Os dados sob re ele são tomados ci os esc ritos el e Sa nto Isid oro, seu irmão, ele São Gregóri o Magno e el e São Martinh o ele Tours. Do séc ul o 111 ao V, a Penín s ul a
A Os visigodos
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CATO LICISMO
Ibéri ca foi alvo ele diversos invasores bárbaros germâni cos - vândalos, suevos e alanos - , cuj a população superou a hi spano-romana. No segundo quartel cio sécu!o V, vencendo outros povos, os suevos conqui stara m gra nde parte el a Espanha. Para recupera r o domínio perdido, Honório, imperador cio Impéri o Romano cio Ocidente, ped iu ao rei visigodo ele Toulouse, na França, que defendesse seus direitos diante desses invasores. Assim, em 456, os visigodos penetraram na
E panha como aliados ele Roma, derrotando os suevos, tendo alguns deles permanecido no país. 1 Depois, derrotados pelos francos em 507, os visigodos ela Fra nça passara m em mas a para a Espa nha, onde estabe leceram seu reino. A capita l deste em 526 era Sev ilha, passando depois para Toledo. Fo i num país dominado em boa parte pelos visigodos arianos heréticos que por volta cio ano ele 520 nasceu em Ca rtage na São Leandro. Ele era o primogênito ele quatro irmãos, todos sa ntos: São Fu lgê nci o, Bispo ele Ec ij a, Sa nto Isidoro, que sucedeu a Leandro na Sé ele Sev ilha, e Sa nta Florentina, abadessa, que diri gia quarenta mostei ros e mil monj as. São Leandro era filho ele Severiano, grande senhor que algun s dizem ser ele ori ge m visigótica , mas por seu nome e os ele se us fi lhos o mais provável é que fosse hispano-romano. Severiano deu tão esmerada ed ucação à sua pro le, que todos os filhos se tornaram grandes luminares ela Espan ha ela época.
vigilclo mandou seu filho e herdeiro Hermeneg ildo representá- lo na anti ga cap ital, Sevilha. Embora fosse ariano como o pai, o príncipe casara-se com ln guncl a, filha do re i ela Austrásia, que era firmemente cató li ca. Sob a influência ela piedosa esposa e ele São Leandro, Herm eneg iIdo aca bou convertendo-se à fé cató lica. E com ta l radicalidade, que se tornou campeão ela ortodox ia.
Rctira<lo <lo claustro para SCI' Al'CC/Jispo <le Se,1i/ha
Martírio de Santo Hermenegildo
Embora se us muitos êx itos nos estud os pudessem destiná-lo a um a carreira brilhante, São Lea ndro decidiu fazer- e monge, como quase todos os grande antos daquele séc ul o. Entrou então em um mosteiro de Sev ilh a. Mas não pôde gozar por muito tempo a paz cio claustro, pois a fama de sua sa ntidade e erud ição já o haviam tornado co nhecido cios fogosos sev ilhanos, que pelo ano ele 578 foram buscá-lo para ocupar a Sé arq uiep iscopal ele Sev ilha, então vacante. Nesse último quartel cio sécu lo VI a monarqui a cios visigodos hav ia se fo rtalec ido na Espa nha. Decidido e empreendedor, o rei Leov igilclo (573-586) co nso lidou esse fo rta lec imento por meio ele várias conqui stas importantes.
Durante a dominação visigótica na Espa nh a, que durou mais ele do is séculos, rein ava a perseguição religiosa, por serem hereges os domin adores arianos. A fé católi ca era perseguida naq uelas terras como nunca o tinha sido antes. Assim , "fài grande milagre, sem dúvida, que o ódio sectário dos conquistadores não Lograsse vencer a constância dos católicos, e que a Espanha toda não se visse arrastada a uma apostasia geral. A heresia não logrou senão aumentar o número de mártires", entre esses um santo abade, Vicente, com 12 ele seus monges.2 Leovigilclo, cuja ambição era to rnar toda a Espanha ariana, não pôde suportar a defecção cio filho . E como este se negasse a ir exp licar-se em Toledo, declarou- lhe guerra. Esse pai desnaturado derrotou o filho em combate e mand ou prendê-lo. Depois, como HermenegiIdo se recusasse a receber a
Em 585, o mal'tÍl'io ele Santo H crmcncgil<lo
Para co nso liclar seu poder, Leo-
comunhã.o elas mãos de um bispo ari ano na ce rimôni a da Páscoa , mandou deca pitá- lo no dia 13 ele abril de 585 . São l~can<ll'o cxilaclo cm ConsUmtinopla
Leovigildo continuou a perseguir rudemente os cató li cos, exilando mui tos deles. Por isso baniu também de seu reino vários bispos, entre eles ão Leandro, que fo i para Consta ntinop la, e seu irm ão São Ful gêncio. Mas não pararam aí suas afrontas à verdadeira re ligião: Leovigildo apoderou-se elas rendas elas igrejas, anul ou os priv ilég ios cios ec les iásticos e mandou matar muitos católi cos eminentes, para apoderar-se de seus patrim ôni os3. Do seu ex íli o em Constantinop la, São Leandro não cessava de lutar contra os hereges. Escreve u dois tratados sobre os erros dos ari anos e os fez difundir por toda a Espanha. Esc reveu também um tratado para sua irmã Santa Florentina, De institutione virginum et contemptu mundi (Da instituição elas virgens e cio desprezo do mundo), "tão belo, tão original, tão natural e judicioso em seu conteúdo, tão f ervoroso e puro em sua Linguagem, que pode considerar-se como um dosfi-utos mais delicados da Literatura ascética ". 4 Jogando com o nome ela mãe que também hav ia terminado a vicia no claustro - dirige-se a essa digna irmã, que ele chama ele Turtur (a ndorinha, em lati m): "Não queiras ir para o telhado onde a andorinha tern seus .filhotinhos. És .filha da inocência, do cando,~ tu que precisamente ti veste a andorinha por mãe. Mas ama muito mais à igreja, andorinha mística, que todos os dias te engendra para Cristo. Descansa a tua senectude em seu seio, como antigamente descansavas e com ardor te colocavas no regaço da que cuidou da tua infância ".5 A amiza<IC Clltl'C dois lumim11·cs <la lgl'eja
Em Consta ntin op la, São Leandro li gou-se por estreita amizade ao
FEVEREIRO 2013 -
I, futuro São Gregório Magno, glóri a da Igreja e do papado, que era então embaixador do Papa Pel ág io ll na corte bi za ntina. Foi a pedido de São Leandro que São Gregório escreveu as suas " Morai s", ou Expositio in librum .Job sive Moralium libri, uma série de pal estras sobre o Livro de Jó. Quando os dois am igos vo ltaram a se us respectivos países, conti nuara m a co municar-se através de ca lorosa co rrespond ência . Ass im , quando já no só li o po ntifício , São Gregór io esc reve a São Lea ndro : "Ausente de corpo, estais sempre presente a meus olhos. (. ..] Minha carta é muito curta. Ela vos fará ver a que ponto eu estou esmagado pelos processos e tempestades de minha Igreja, pois que escrevo tão pouco a quem mais admiro neste mundo ". 6
"Produz-se em toe/a a E'sf)a11lla uma llomção de lê" Entreta nto, no ano de 588, Leovigilclo fo i atingido por uma enfe rmidade mortal. Arrependido de tudo o que fi zera, mandou chamar os bi spos do ex ílio, entre eles São Leandro, a qu em fez guia ele seu filh o e sucessor, Recareclo. Algun s afirmam que aque le rei, "grande até nos extravias", teri a abjurado a heres ia em seu leito ele morte. Porém, São Gregório Magno afi rm a que o rei, "para acomodar-se ao tempo em que vivia, e por medo de seus vassalos, não abraçou a ver /ade católica com as obras como as conhecia em seu coração". E ass im morreu. 7 O sa ngue de Santo Hermenegildo não fora derramado em vão, pois seu irmão Reca redo e todos os seus vassa los abjuraram a heres ia ari ana, abraçando a fé ca tólica. E "produz-se em toda a Espanha uma floração de fé, uma epifània de vida católica, que estalou delirante no terceiro concílio de Toledo. Era o 4 de maio do ano 589, uma das datas mais gloriosas da História da Espanha ". 8 A tal concílio comparecera m todos os bispos submetidos à autoridade de Recaredo, ou seja, da Espa nha e da Gá li a narbon ense, num total de 78.
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No di scurso de encerramento ela assemble ia conci li ar, São Leand ro - qu e como legado cio Papa fora sua a lm a - exc lamou: "No vos povos nasceram de repente para a Igreja. Regozija-te, santa Igreja de Deus! Sabendo quão doce é a caridade e quão agradável a unidade, tu não pregas senão a aliança das nações, não suspiras senão pela unidade dos povos. O orgulho dividiu as raças com a diversidade das línguas; é preciso que a caridade as volte a unir: (. ..] Alegra-le e regozija-te Igreja de Deus, que.formas um só corpo com Cristo; veste-te de.fortaleza, enche-te de júbilo, porque cessaram tuas Lágrimas, lograste teus desejos, depuseste tuas vestes de Luto; entre gemidos e orações, concebeste, e, depois dos gelos, as chuvas e as ne ves, contemplas a doce primavera dos campos, cheios de .flores e pendentes dos ramos da videira. [. ..] Gemiamos quando nos oprimiam, mas aqueles gemidos são agora nossa coroa". 9 "Assim efetuou-se na Península, sob os auspícios de um grande Papa e de um grande Bispo, dois monges e do is amigos, o triw1fo dessa ortodoxia da qual o povo espanhol.foi, durante dez sécu los, o paladino, e da qual ele guardou, mesmo no seio de sua decadência, o instinto e a tradição". 10 Os hi toriadores consideram que fo i depois dessa conversão que a cultura visigótica atingiu seu zênite na Espanha.
"llomem <le sual'c eloq11ê11cia e emi11e11le talento" Irm ão e sucessor de São Lea ndro na Sé de Sev ilha, dele escreveu Sa nto Isidoro: "Esse homem de suave eloquência e eminente talento, brilha de um modo especial por suas virtudes e por sua doutrina. Por sua
.fé e zelo, o povo visigodo.foi convertido do arianismo à fé católica". 11 Co mo São Gregó ri o Magno, São Lea ndro sofreu muito no fim da vida por causa da gota. De maneira que e le se diri ge ass im ao Su mo Pontífice: "Escreve-me vossa santidade que a gola vos aflige, e eu lenho tão contínuas dores dela, que estou muito debilitado e quase consumido. Mas .fàcilmenle nos consolaremos se, entre os açoites de Deus, recordarmo-nos de nossos pecados, e entendermos que não são açoites, mas dons do Senho,; para que paguemos os deleites da carne com as dores da carne ". 12 São Leandro morreu octogenári o no dia 27 ele feve reiro ele 603. Depois de inúmeras trasladações, seu co rpo foi fina lmente inumaclo na Catedral de Sevi lha, onde repousa junto ao corpo cio imortal rei São Fernando 111 , que reco nqui sto u essa c id ade elas mãos dos mouros. •
DESTA UE
Apelo de Avenir de la Culture aos bispos franceses: ''Não tenhais medo!'' 1
M ARCELO ÜUFAUR Correspondente em Paris
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proximad amente 800 mil pessoas participaram no domingo, 13 ele janeiro, em Paris (foto abaixo), das marchas co ntra o projeto do governo soc iali sta ele autoriza r o matrimôn io e a adoção de crianças aos "casa is" homossexua is, com base no slogan "casa mento para todos". Trata-se ela maior manifestação de rua rea lizada na França nos últim os 30 anos, o qu e revela o dinami smo e a profundidade da opos ição àquil o que a própria ministra da Justiça, C hri stianc Taub ira, qualificou de "mudança de civilização".
O segredo do sucesso dessa mani festação ele ru a não escapou a ninguém: a mobili zação das paróq uias e movim entos de in spiração cató li ca, com o apoio ofic ioso cio episco pado. O entusiasmo dos manifestantes mostra que uma França profunda acorda da letargia, como aconteceu há 30 anos, quando o pres idente Fra nçois Mitterrand tentou nacionalizar a educação privada. Ele provocou então uma reação indignada e firme cios pais de famí lia, fo rçando seu governo a abandonar o plano. O mesmo poderá acontecer agora se o pseudo-casa mento homossexual encontrar diante de si uma oposição unida em torno de uma meta ambiciosa que efetivamente corresponda às aspirações de uma base militante com mai s de 90% ele ca tóli cos.
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E-mail para o autor: catolicismo@tcrra.com.br Notas:
1. C fr . hl lp: //cs.w ikip edi a.o rg/w/ ind cx. php?till c=Hispan ia_ visigoda). 2. Edelvivcs, San l lem1enegitdo, Editorial Lu is Vi ves, S.A., Sa ragoça, 1947, 101110 11 , p. 443. 3. Cfr. Pc. Pedro Ribadcncira,S ..I. , Pios Scmctom111, in Eduardo Ma ri a Vil arrasa, La Ley enda de Oro, L. González y Compaii ia, Ba rce lona, 1896, tomo 1 p. 488. 4. Frei .luslo Perez de Urbel, O.S.B., San Lec111dro de Se villa, Aiio Cri stiano, Edic ioncs Fax, Madri, 1945, Lomo 1, p. 379. 5. Ede lvives, op. eit. p. 586. 6. Les Petit s Boll andi stcs, Saint Léandre, Vies dcs Sa ints, Bloud el Barra i, Lib raires-1'::di Lcurs, Pari s, 1882, tomo 111 , p. 48. 7. Ribaden cira, op. eit. p. 488. 8. Urbe! , op. eit. p. 377 . 9;. ld. pp. 378-379. 1O. Bollandi stes, op. eit. p. 49. 11. De scripl. cccl es. , XXV III , in Pierre Suau, St. LeanderofSeville, The Ca tholi e Eneye lopedia, CD Rom cd iti on. 12. Ribadcne ira , op. cil. p. 489.
CATO LICI SMO
FEVERE IRO 2013
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O sucesso ou insucesso dessa reação contra a agenda do lobby hom ossex ual na França dependerá em grande med ida da atitude que tome do ep iscopado francês , ou pelo menos suas principais fi guras, como o Cardea l And ré Vingt-Trois, Arcebispo de Paris e presidente da Confe rência episcopa l. No principal artigo de um suplemento espec ial sobre esse tema , o jornal " La Cro ix" desvendou a esco lha estratégica que foi imposta aos bispos franceses a partir do momento em que o governo anunciou seu projeto de lei. Propri edade dos padres assuncioni stas e porta-voz oficioso do Episcopado, o quotidiano descrevia ass im o dilema deste: "Evitar um cenário no estilo espanhol. Ao empregar essa expressão, todos os bi posfi-anceses pensam na mesma estratégia. Aquela adotada pelos seus colegas ibéricos durante o debate sobre a abertura do casamento às pessoas homossexuais, em 2005, proposta pelo governo socialista de José Luis Zapalero. Porque, naquela ocasião, a oposição ao governo demonstrada pelo episcopado espanholfoi.frontal, para dizer pouco. [. ..} Essa atitude dos bispos espanhóis contrastou com a adotada pela Co11ferência dos Bispos da Alemanha, em 2001, após a adoção pelo país da chamada Lebenspartner chaft, uma parceria de vida, como o PA CSf,~ancês, mas citjos direitos são quase idênticos ao casamento. [. ..} Em busca de um comprom isso, o episcopado alemão destacou em particular a importância da palavra matrimónio. A Igreja pediu que.fosse usada outra palavra para designar o projeto. Co11fi-ontado com esta oposição, o governo.federal renuncioufinalmente a usar o termo homo-Ehe (casamento homossexual), invocando o artigo 6 ° da Constituição alemã, que d(,fin e o casamento e o coloca sob a proteção especial do Estado". "La Croix" poderia ter citado o caso mais aberrante de Portu-
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CATO LI C ISMO
gal, onde o Patriarca de Lisboa, Cardeal José da Cruz Policarpo, manteve conversas muito di scretas com o primeiro-mini stro socialista José Sócrates e nada fez contra o projeto, devendo mais tarde explicar, em nota oficial, que não havi a fe ito nenhum "pacto ou acordo" com o governo. Diante dessa esco lha entre a estratégia espa nhola de opos ição frontal e a estratégia alemã.ou portuguesa de acomodação, os bispos franceses se dividiram. Alguns mais jovens, como o de Ajaccio, Dom Olivier de Germay, propi c iaram uma estratég ia de firmeza , fundada na ev idência de que a França está sofrendo a pressão de uma corrente ideo lógica que não vai parar no estág io atual , mas vai ex igir depois a ap licação integra l da " ideologia do gênero", proibindo as fa mílias e os co légios de proporci onar aos meninos ba li zas psicológicas masculinas e às meninas uma ed ucação femi nina. "A história tem mostrado - di sse o bispo num ed itorial do jornal di ocesano - que uma sociedade tem em si a capacidade de reag ir em situações de catástrofe . Devemo ·, portanto, nos mobilizar". Porém, essa visão lú cida e co rajosa ficou minoritári a. O grosso do Epi scopado optou por uma estratégia de diálogo com o governo, so licitou um amp lo debate nac iona l e, para contentar um pouco a base cató li ca, promoveu um a Oração Nac ional pela Família, a ser rezada em todas as igrejas no dia de Nossa Senhora da Assun ção, Padroeira da França. Como essa iniciativa se mostrou insuficiente para aca lmar o ardor cresce nte dos cató licos, os bi spos sugeriram aos fiéis que escrevessem aos ministros e aos deputados ex igindo a abertura de um debate. Estes fora m, efetivamente, inundados de mensagens de seus eleitores e começara m a reagi r, parti cul armente os prefe itos, porque na França são eles que ce lebram os casa mentos civis.
Multipli caram- e paralelament'e as tom adas públicas de posiçã.o de numerosos bispos, por meio ele editoriai s nos sites de internet das di oceses, nas tribunas livres dos jornais loca is ou em en trev istas rad iofô ni cas. Tratava-se de um a estratég ia interm edi ári a que de um lado ev itava a confrontação aberta com o governo e, de outro, que as bases cató li cas passassem em massa para o lado dos cató li cos tradicionalistas, fo rtemente mobilizados pela assoc iação Civitas. Mas dita estratégia intermedi ária supunha, por sua vez, um objetivo menos radi ca l para a mobili zaçã.o: em luga r de pedir o abandono puro e simples do proj eto, alguns bispos começara m a sugerir em troca uma " melhoria" lega l da parceria civil ele que os casa is homossex uais já usufruem (chamada de Pacto Civil de So lidariedade, mais conhecida pelo acrônimo Pacs). Tal proposta de um " Pacs melhorado" opõe-se à mora l cató lica, reiterada pela Co ngregação para a Doutrina da Fé, que ens in a taxativamente que "não existe um direito à homossexualidade, a qual não deveria servir de.fúndarnento para reivindicaçõesjurídicas " e que, portanto, "há matérias em que não é uma discrim inação injusta levar em conta a orientação sexual, por exemplo para a adoção de crianças ". O mais escanda loso é que até um docum ento ofic ial promovendo um " Pacs melhorado" foi preparado pelo Conselho Família e ociedade da Conferência Episcopal. Sob pretexto de qu e a Igreja atól ica reconhece, mesmo nas parce ri as homossex uai s, "o valor da solidariedade, da atenção e do cuidado do próximo que podem manifestar-se numa união C!fetiva durável " ! Para o órgão episcopal, até o Pacs tornou-se in sufi ciente, porque "as p essoas homossexuais também exigem hoje uma forma de união mais solene, dotada de verdadeiro peso simbólico ", incumb indo ao poder político "atender ao pedido de um certo número de pessoas homossexuais de beneficiar-se de um quadro.Jurídico solene para se inscreverem numa relação afeti va no tempo ". onclui di zend o que "uma evolução do direito da .fàmília é ·emJ re possível ", pelo que "a França honrar-se-ia em instaurar um verdadeiro debate e procurar uma solução original que atenda ao pedido de reconhecimento.formulado pelas pessoa· homo. ·sexuais". Enquanto vários bispos emi tiam declarações no mesmo sentido, o vice-pres idente da Conferência Episcopal, Dom Hippolyte Simon, arceb ispo de Clermont-Ferrand, chegou a di zer que "a w eles que se precipitaram, em 1998, contra o Pacs, cometeram talvez um erro de apreciação", porque hoje eles poderiam retrucar aos homos exuais: "Vocês têm o Pacs e isso deveria bastar-lhes, sob reserva de adaptações ". Para o prelado, essa adaptação do Pacs à novas reivindicações do lobby homossexual seria "o caminho da sab daria " (sic!), apesar de a Congregação para a Doutrina da Fé ter declarado que "as legislações.fàvoráveis às uniões homoss , ,uais ·ão contrárias à razão ". *
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A essa incompreensível concessão de fundo às reivindicações de um lobby ultra-minoritário somou-se uma lamentáve l entrega de pontos quanto à fo rma. De tal maneira que, das mais de 80 declarações epi scopais sobre o projeto de lei, nenhuma abordou a temática do ponto de vista rei igioso ou mora l, excetuadas li ge iras referênci as ao ca pítulo do Gêneis que diz que Deus criou nossos prim eiros pais " homem e mulher". O pretexto para essa in só lita ati tude foi que a adulteração radical do casamento é uma questão antropológica que afeta a todos os cidadãos, até os ateus. Essa omi ssão de qualquer referência aos ensinamentos ela Reve laçã.o é parti cul armente grave em vista do fa to de qu e os fié is estão sendo bombardeados pela propaganda midi áti ca pró-homossexualismo e que 40% dos católi cos se dizem favo ráveis ao pseudo-casamento homossex ual. Se não fo r acompanhada pela luz da Palavra de Deus, uma argumentação puramente jurídica, psicológica ou antropológica não é de molde a mover as consci ências. Essa lin guagem cu idadosamente laica dos bispos franceses merece a repreensão que o Divino Mestre dirigiu aos Apóstolos: "Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor; com que lhe será restituído o sabor?" (Mateus 5: 13). Jul gand o que essa estratégia da Conferê ncia Epi scopal francesa ameaçava diluir a bela reação da base católica contra a desnaturação do casa mento, a assoc iação Avenir de la Culture, criada há quase 30 anos por membros da TFP francesa, decidiu enviar a todos os componentes do episcopado um "Apelo respeitoso aos Srs. Bi.\JJO.'i/ da França: 'Não tenhais
ouí à la FAMIUE .
Non à \'\\OMOFOLIE
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medo! 'A proposta de 11111 'Pacs mellwnulo 'como alternativa ao 'casamento pam todos' divitle os católicos e en.fi'aquece a reação ". Uma cópi a do Apelo fo i depo is envi ada por correio a dezenas de milhares de simpatiza ntes da assoc iação di ssemin ados por todo o País. O documento afi rma que a proposta episcopal de um "Pacs melhorado" (na rea lidade, agravado, porque concederi a aos casais homossex uais ainda mais "direitos"), além de ser mora lmente inad mi ssíve l, é funesta . Porque pode induzir ao erro a consc iência dos cató licos menos formados e que não tiveram tempo para se aprofundar na doutrina evangé li ca. Ademais, a referida proposta pode aumentar o fosso crescente entre os pastores e os leigos mais mili ta ntes que querem ver uma Igreja des inibida e corajosa na defesa do ca ráter sagrado da família. O Apelo de Avenir ,!e la Culture sustenta que a estratégia da "mão estendida" ao governo e ao laicismo parece basear-se numa ideologia democrata-cri stã anacrôn ica que entre as duas Guerras Mundi ais julgava ser poss ível refu ndar a soc iedade com base na reconcili ação do cri stiani smo com o humani smo lai co, med iante uma li bera li zação da Igreja Católi ca qu e redundasse em uma cristianização recíproca do humani smo.
Comunicado de Avenir de la Culture: "Um fraco rei faz fraca a forte gente" 17 de janeiro de 20 13
Esta cé lebre fra se de Camões vem ao esp írito ao ler o co municado publicado ontem pelo Conselho Perm anente da Co nfe rência Episcopal, três di as após uma das maiores mobilizações que a França •-O..'t bu.1a c-_, jamais co nheceu. .,., ..,.,.,,,... ,,,...... Communiqué . « U . . ....., •,., '••. Em decalagem com um milhão ele manifesta ntes peupfe fe plus .fort ,~ 'º' fa,b/e attaiblit fe qu e clamavam pela retirada imediata do proieto de ,.. ~---._,._,,, ___ #,, ""-• " J lei Taubira, os mais altos responsáveis pela Igreja c.iu....... , • •• "'• "''""'" .... ..,.,.., COlllmOnlqlJé dlli de vJent a,, 201) . . na F rançase 1l111ltaram a pedirque nodebate parlaConfé<ence "'""""'•., • eeo.,,.,, es.,.,,.,,, ,. .. .,". .-.r mo/Jmsau0ttsép/scopa1e, tto1s lours ªPtêS ~nanent de la Q'%(# ]',. Cl mentar seja m encontradas formu lações respeitosas Oé<,i... -·"'•••><••1ti.,ua1scon,..•des••usvoste,; I inlméd1a1~t;~Mtde rnardJeurs QUI darnaJene. 01 do caráter heterossex ual do casamento, da filiação •"Eo,.,..,,,,,.,,:se""•bornentr•••"•· . ....,.,,.'ut.s"°""'•••,.•• ••,.,,.._ :Pottl er 1 b dema esi>oosabf e das pessoas ho1nossexuais. caract:: ~;~~~SOit~owedesfom=,::d&tsJedel,atesde -- :..8":::~l·pl,lln(lf • 1....,hloo ♦1 "1-nct ?ef"S.ottn,es homo.se::,,: tnar/;,oe. de la frl/a t ~ ~ du ,..,IJOS>',ipM,•tcrn1t Os bispos ace itam, portanto, o princípio de ees ••._.acc••,... , · .. ......., w,~.,. - d c( " . d C de /a fo,rime llsacQ.Je::;':,,lC/eprf11<íp,edun1en~J/ • Ho~•zo,z r....,_1:s1on, t ln1t11CJon um a remo d e 1açao O 1re1to a 1amília: eles "°"'••=•l••··• •ve so•etlnel, tles,eve,,d•cottonsd .:""''""''º" .--.......... ....... ~ ne ..., VOUtVu Que I ét. u by LG6T PGIII UI acolhem as reivindi cações do lobby LGBT por •.,,,•.,"..,,,., .,,,,.,,.•.,......,,,.. .. '""""• ,.,_.,,,,,...,, ,eco,maissance , , : '1~ 1Mlfnose1Cuefles :::.::; et Que l'Odopu0n e-. w1 1_-' ,t,,q,,., um quadro jurídico so lene, desde que a etiq ueta 0n "' ,,.,., ••,. ,.,.. '"'"'"""=••• Ltlt.tff,wr,rltttlsw1.1 ,.....,.,..,~ dép:';~::'. . U:«ganrsme 'vt:scopa1 Pl'Ct 4 ""olMo:• •t.~ "casamento" não venha embalar o produto e que ....11.........., ... Olssa,.,.,,~."""fr•nc•at<"""'•« "°""· ., t'néotte du oerwe OOWernement t.Oci•flste a tad:lée a la f111m111,e ''°'"°"•"'~~ Jwffi• a adoção de cri anças pelos pares homossex uai s se 0n"" • ,..,.,. ""'ª l)etrven~:e;,-:.~ Jantais COrrvner1t des Past«.w'. faça sem reconhecimento fictício de patern idade. """'ª'""°""" i, ...,,,. ......"'"""'''"" • •cau.,,,.... POtK ~-,.~rrle une olternati..,~; i:s!~ª·di,e wte 1 Compreende-se que um orga nismo episcopal ~• .,,.,c.u.., IEO•:i'fr di posto a ceder a esse ponto deplore a crescente :~;,'; ":.,'"Eo•:.::·~:;;~~.';"'••-.: dt! 1even-J,cat~ ~;;;:;:~t <btc ~ <Ot}Sl~t ~ ~ dto,t à polarização entre uma França apegada à fa mília """'••doc,,,•• .., •., 1u...~~..~•""'"°"""•ac~ t.,,FCIVoDhd,i~,n.,, · 1· tacega dopea 1 0ev.,,' ' <1ons ==••u,Av.,..,.., , tl ·ad1· . c·101a 1 l e um governo sociats ou·•"•""'••1t ""'""•clt~ Lc~üY: son '" AU ~ uen ......~ ~ul t~e r-éHê-e ce 'l.l•~i.1...,. "teori a cio gênero". • eeshés, "'""'•'-~ •. " ' • ~= ,.., .!ama i se compreenderá como podem os ..., º "••••a.,.,., ....":"""ª""''-tv,,.. décom,,, pe,:::,t~"';,,,'; forte les va~':.:: <onvictfOrl:S et Pastore católi cos sugerir, ainda que implicita••,.,....,,., ...,_~;..-...~, on·••c:~:•;5 ..-. etitre eux et Jes fldl!,les ~ tous, lfs ne feront qu~ c:nme mente, um Pacs+, isto é; um agravamento das A7""""••c.i.,,.....,•., • ,.,055<! . h . ét> SC<>paJes, díscorc:tantes de ~ t que d'au es parceri as on1ossexua1s, como uma alternativa =....., r••• ,,. ...,,.1 ,..... ""'· .. ,....,,, " Simone Vell da'1S s.se p.a.s 1,épéi;e, '°4J, ente,Jdre possíve l ao "casamento para todos". •·•""''""""'' ""'mémo•,........,;:, ,• ..,.• ..,." mieuJC défout~ Avec !'l:oJrse catf>oflqoe, lest '• lépa/fsaho,,. de 0111 efe ito, tal fórmula está em aberta oue, .......... "........."_,.sesoo, co ntradição com o ensinamento da [greja, C .... ..,. ••,,~.....m segund o o qual "não existe um direito à ,.......,,.,. =:.J S\,i,; .~;: •■ .d d d c.~.,,.. ~tiQ,""" fwmossexua l.t a e, o que nao e veria, portanto, constituir base para reivindicações jurídicas " (cf. Dec laraçã.o da Congregação pa ra a Doutrina da Fé julho de 1992). ' Diante desse comunicado decepci onante, Avenir de la Culture reitera o que escreveu no dia 8 de dezembro último, em seu "Respeitoso apelo aos Bispos da França: Nt1o tenhais medo! ": "Os católicos de base quereriam uma igreja sem complexos, que não hesitasse em entrar no embate das convicções e de.fendesse com voz forte os valores cristãos. Se os bispos persistirem em oferecer ao governo um 'Pacs melhorado' como alternativa ao 'casamento para todos ', eles não farão senão aumentar o fosso existente entre eles e os.fiéis". Avenir de la Culture deseja ardentemente que outras vozes ep iscopais discordantes de ta se faça m ouvir, para que a Sra. Taub ira não possa repetir um di a o que escreveu Simone Vcil cm suas memóri as, evocando a legislação do aborto: "Com a fgreja Católica as coisas correram melhor do que eu podia imaginar ". ~llhatlc,n
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O que os intelectuais democratas-cristãos e seus herdeiros do Ep iscopado francês não percebera m é que o terreno comum do diá logo e da co laboração entre o cri stiani smo e o humanismo laico esva nesceu-se na med ida em que este último adotou um a visão relativista, subj etivista e evo lutiva da natureza humana e da sociedade, imaginando cada di a novos "direitos" incompatíveis com a moral cri stã, como os pretensos "di reito ao aborto", "ao uso de drogas", "à escolha do gênero", "ao casa mento homossex ual", etc. A estratégia de fa lso compromisso com o valores da assim chamada modernidade não so mente não produziu a almejada conversão dos hum ani stas laicos, mas nem seq uer co nseguiu ev itar a atual esca lada da cri stianofobia, a qual levou o Ca rdea l Fra ncis George, Arcebispo de Chi cago, que padece de um câncer, a dizer: "Eu vou morrer na cama; meu sucessor vai morrer na prisão; e seu sucessor vai morrer mártir na praça pública". Se isso é válido para os Estados Unidos - um país que Bento XVI apresentou co mo modelo de " laicidade aberta" - , qua l não será o prognóstico que se deve fazer para a Fra nça, onde os ve lhos demônios cio anticlerica lismo nunca adormeceram inteiramente? O documento de Avenir ,te la Culture conclui afirmando que os bispos franceses deveri am renunciar a essa miragem e unir-se em torno ele uma estratégia de opos ição firme a qualquer reconhec imento lega l das relações homossex uais, relações que se fundam numa tendência intrinseca mente desorden ada e se traduzem em atos que a Bíbli a vitupera como um a depravação grave. Se eles optarem por essa estratég ia ele reconquista destemida, abrir-se-á, então, para a França, o cam inho da ressurreição. Para que isso possa acontecer, o Episcopado deve iluminar
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CATOLIC I SMO
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as consciências com argumentos mora is e reli giosos, os únicos capazes de acordar a catedra l submersa da fé que dorme no fundo ela alma de centenas el e milh ares de franceses. Esse despertar da Fra nça, Filha Primogênita da Igreja, poderá, ele vitóri a em vitóri a, conduzir ao cumprim ento das palavras profét icas proferidas em nove mbro de 19 11 pelo Papa São Pio X, em plena luta titânica contra as med idas anticleri ca is do governo francês ela sua época : "Dia virá - escreveu ele - , e esperamos que não esteja muito distante, em que a França, como Sendo no caminho de Damasco, será envolta por uma luz celeste e ouvirá uma voz que lhe dirá novamente: "'Minha.filha, por que me persegues? ' "E à resposta: 'Quem és tu, Senhor?', a voz replicará: 'Sou Jesus, a Quem persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão, porque em tua obstinação te arruínas a li mesma'. "E ela, trêmula e atônita, dirá: 'Senha,; que queres que eu faça ?' "E Ele: 'Levanta-te, lava as manchas que te de~figuraram, desperta em teu seio os sentimentos adormecidos e o pacto de nossa aliança, e vai,.filha primogénita da Igreja, nação Iredestinada, vaso de eleição, vai levm~ como no passado, meu nome diante de todos os povos e de todos os reis da Terra ". Com esse fundo de quadro espera nçoso, Avenir de la Culture conc lui seu ape lo aos Bispos exc lamando: "Excelências, não tenhais medo! " "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (R m 8, 3 1). •
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VARIEDADES
A religião do laicismo , 1 GREGÓRIO V1VANCO LOPES
az parte da natureza human a ser profund amente reli giosa . Cri ada por Deus, a alma do homem tem como aspiração fundamental voltar-se para seu Cri ador, o único capaz de compl etar suas lacunas, redimir suas fa ltas e torná-l a pl enam ente feliz. Esse anse io de fe li cidade nun ca satisfeita que ex iste no ser hum ano indi ca bem que ele fo i fe ito para alcançar sua pl enitude em algo ou Alguém que está fo ra dele. Daí a busca desenfreada de fe licidade a que algun s se entrega m de modo erráti co , seja na se nsualidade, na carreira , na saúde, nas drogas, nos divertim entos, e em quanta coisa mais. Mas só obtêm fogachos de prazer, necessa ri amente passage iros e incompl etos, seguidos de fru stração. Não pretendo desenvo lver aqui as provas teóri cas da ex istência de Deus, mas apenas apontar para o fato de que, se a pessoa tira Deus de seu panorama, nele se in sta la o vazio, mes mo se inconfessa do. E esse vaz io é um tormento maior do que todos os sofrim entos a que está suj eito o ser humano. Por isso o laicismo tem de tomar ares de uma reli gião do homem, diferente e oposta à religião de Deus, para tentar preencher e se vazio. Os tão propalados "dire itos human os", embora possa m conter alguma parcela de verdade, constituem , em úl tima análi se, uma tentativa de substituir os Dez Mandamentos da Lei de Deus.
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É fa to hi stóri co que todas as civili zações que nos precedera m, desde a mais remota Antiguidade, crera m em a lg um a divind ade. Foi nossa civilização , dita mode rn a, qu e a partir da Revo lução Francesa de 1789 (gravura acima) inaugurou um a triste exceção
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CATOLICISMO
revolucionári os de 1789, o movimento laicista inic ialmente a co locou no mesmo pata mar das demais religiões, mas vai aos I oucos e por eta pas mostrando sua verdad eira natureza persecutóri a. Em outros termos, do laici smo se poderi a di zer o que de uma corrente po1ítica arge ntina e disse certa vez: "uma incógnita em constante e volução ". A aversã.o do laicismo à Reli gião Católica - e às outras religiões qu e, num ponto ou noutro, profes sem princípi os afins é algo de muito profundo e que só aos poucos ve io ·e exp li citando ao longo da Hi stória recente, mostra ndo suas garras à lu z do dia . Nesse sentid o, o la ic ismo é um a verdadeira reli gião anti -reli giosa qu e nos di as presente va i ex pondo cada vez mai c larame nte seus obj etivos, através de um a cristianofobia das mais raivosas, mes mo quando se serve para isso de sentença e de leis. *
com a fer renha implantação do laicismo dos Estados. Desde esses infaustos di as , começou também a prolifera r, em ní ve l individu al, o ate ísmo, até qu e, no século XX , tivemos a espantosa e in audita experiênc ia de Estados que se proc lamavam ofic ialmente ateus, como é o caso dos regimes comuni stas. O laicismo, como o entendem diversos doutrinadores, não deveria opor-se à
ex istência das religiões. Apenas o Estado nã.o professa ria nenhuma delas, permanecendo indife rente a sua ex istência, ao mesmo tempo em que lhes daria liberdade de ex istirem. Os Estados Unidos seri am o modelo idea l. Acontece que essa definição fixista não co rrespo nd e bem à natureza do laic ismo. Nasc ido de uma ojeri za profunda à Religião Católi ca da parte dos
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Não se trata aq ui da persegui ção qu e animi stas ou hindu ísta · ou muçulmanos ou outro ainda fazem aos cri stãos, pois isso, por mais rej eitável que seja, não é um prob lema novo, ele repete o passado. A nova persegui ção do laicismo é fe ita com luvas de peli ca e instrumentos cirúrgicos, em nome de "direitos humanos" entendidos de modo anti cri stão. Nos Estados Unidos, por exemplo, o presidente Obama fo rçou a aprovação de uma lei sobre os planos de saúde que obriga, sob penas severas, os estabelecimentos católicos e outros a promover o aborto, a contracepção e ainda outros pecados. Ou seja, obriga-os a agir contrn eus princípios morais. Perseguição evidente. Porém, o passo mais ava nçado es tá para ser dado na Fra nça . "O governo socialista.fi-·ancés anunciou a 'l'iação de um Observatório Nacional cJ , l aicidade, com a deportação de cristãos , membros de outras religiões que sejam considerados portadores de uma 'patologia religiosa '. " O presidente f,rançois Hollande, que em sua ·ampanha eleitoral prometeu equiparar as uniões homossexuais ao matrimônio, disse em 10 de dezem-
bro que no ano 201 3 se estabelecerá o citado Observatório". O Mini stro do Interi or, Manuel Valls, explicou a mi ssão cio Observatório: "O obj etivo não é combater as opiniões com a força , mas detectar e compreender quando uma opinião se.fáz potencialmente violenta e chega ao excesso criminal. O objetivo é identificar quando é bom intervir para lidar com o que se converte numa patologia religiosa. ''Valls - cujo governo permite a pornografia para moças de 18 anos ressaltou que o Observatório colocará o fo co em extremistas de todos os credos " e exemplifi cou com grupos tradi cionali stas cujas ações considerou "nos limites da legalidade ", quando protestaram em mais de una ocasião contra o aborto, a lei de uni ões homossex uais etc. A agência " Reuters" ass inal a que " a França deportará imãs estrangeiros e radicais, oriundos de grupos religiosos, incluindo os tradicionalistas católicos de linha dura, se uma nova politica de segurança revelar que eles so.fi··e m de uma ' patologia reli giosa' e podem tornar-se violentos". Vall s acrescentou que ''os criacionistas nos Estados Unidos e no mundo islâmico, os extremistas muçulmanos,
os católicos ultra-tradicionalistas e os judeus ultra-ortodoxos querem viver separadamente do mundo moderno". Perseguição às min ori as? É essa a democracia laicista? "Com es te Observatório, será o governo.fi·ancés que decidirá quem são os católicos ' que se portam bem' " (AC I, 20-1 2-1 2). *
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O laicismo tinh a que chegar até a perseguição aos cató licos. E ela vai se desenhando com nitidez cada vez maior. É bem o mom ento de perm anece rmos firmes na no sa fé e repetirmos confi antes com o Sa lmi sta: "Por que razão se amotinaram as nações e os povos maquinam planos vãos ? Os reis da terra suble vam-se e os príncipes coligam-se contra o Senhor e contra o seu Cristo. Quebremos as suas cadeias, disseram eles, e sacudamos de nós os seus laços! ''A quele que habita nos céus ri-se, o Senhor zomba deles. "Ele lhes.fala então na sua ira, e os aterroriza no seu.furor " (PS 2, 1-5). • E-ma il para o aulor: ca lo lic ismo
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5 Sa nLo AviLo
1 Santa Ver•icliana. Peni Lcnte + Toscana (Itália), l242 . Viveu enclausurada num a cela durante 34 anos. C umulada de favores celestiais, o bteve de N osso Senhor a inspiração de co mpartilhar as perseguições diabó li cas sofridas outrora por Santo Antão. São Fra ncisco ele Assis foi visitá- la por vo lta de 1221. Prime ira Sex ta-Fe ira do mês
2 /\p r·csent.nção do Menino Jesus no Templo e Puril'icação ele Nossa Senhora Esta festa é também chamada das Ca nde ias o u Cande lária. Primeiro Sábado do mês
+ Vi ena (França), a prox im adam e nte 525 . Desce nd e nte da nobreza romana, s ucedeu a lsíq ui o como Bispo de Vi ena . Graças a e le, Sigismundo, Rei dos Borguinhões, abjuro u a heres ia ariana. Sua influência estende u-se até Ro ma, onde ajudou o Pa pa S ím aco a afastar o antipapa Lourenço.
6 Sa nta Dor·oLéia, Vir•gcm e Mn 1ti1· + Cesa ré ia (Turquia), 320. Presa durante a perseguição de Diocleciano (284-305), preferiu morrer a renegar sua fé.
7 Sa nLa Juliana de Bol011ha + (Itá li a), aproximadamente 4 30. O g ra nd e Santo Ambr ós io co mpôs m ag nífi co panegírico elas virtudes desta santa, a quem compara com a mulher prudente da Sagrada Escritura.
a São .Jerônimo Erniliani
3 São Bl'ás. Bispo e Már'Lir
+ Se baste (A rm ê ni a) , 3 16. Padroeiro contra as doenças d a ga rga nta. Uma bênção espec ial de São Brás é dada pela fgreja neste d ia .
4 São José ele Leonissa. Confessor + N ápo les (Itá li a), 16 12. Recebe u no bati s mo o nome de Eufrás io. Antes dos 17 anos tomou o há bi to de capuchinho, mud ando o nome para José . .Em 1687 fo i nomeado, a seu pedido, mi ss io nário em Constantinopl a, a fim de conceder a lí vio e in strução aos cristãos que se encontrava m escrav izados pe los mao metanos. Tendo sido ac usado de assass inato, fo i s upli c iado e milagrosa mente sa lvo por um anj o, que lhe ordenou voltar à Itáli a.
+ Ve neza , 1537. Fundador da Congregação de So masca para ate nder órfãos, mulheres perdidas e crianças abandonadas, to rno u-se fa moso pelos milag res que operou em vicia. Mo rreu da peste que contraiu cuidando de empestados.
H São NicéfOl'O, Már'Lil' + A nti oq ui a, 260. Le igo, teve uma desavença co m um sace rd ote c ha mad o Sab rí c io. Emb o ra proc ura sse várias vezes obter dele o perdão, este sempre o recusou , mesmo na hora ele ser martiri zado. Tal atitude fez com que Sabríc io fraquejasse e apostatasse, a pesa r elas ad moestações de N icéforo, que então se dec laro u cri stã.o e morre u em seu luga r.
10 SanLa EscolásLica . Vir~em
+ Úmbria ( Itá li a), 543. Irm ã
el e São Bento, fundou um a Ordem qu e c hego u a ter 14 mil co nventos espalhados por todo o Ocidente.
11 Nossa Senhora de l ,our·cles Prim e ira aparição de Nossa Senh ora a Santa Bernadette de So ubirou s, e m Lourcles (França), 1858. N o loca l, os milagres se multipli cam sem cessar até hoj e.
12 Sa nLo /\ nLonio Caul eas, PaLl'ia,·ca + Constantinopl a, entre 895 e 90 1. Patri arca de Constantinop la, envid ou os ma iores esfo rços p ara res ta b e lece r, na lg rej a cio Oriente, a paz aba lada pe lo c isma de Fócio.
t ~J São Policucto, M{t r'Lil' + Armênia, 258. Oficia l da 12" Leg ião romana estac io nada em Me litene (A rm êni a) , fo i decap itado após corajosamente arroj ar por terra os ídol os, du ra nte uma proc issão pagã.
14 ()uarLa- feir•a ele Ci nzas (dia de jejum e absLinência)
15 SanLos FausLino e ,loviLa. Mártires + Bréscia (Itália), aproximadamente 120. Dois irmãos - o primeiro sacerdote e o segundo diácono - fora m interrogados pessoa lmente pelo imperador romano pagão Adriano. Após serem su bmetidos a tortu ras, foram decapitados.
1(i SanLo Onésimo, Bispo e Már'Lil' + Ro ma, a prox im ad ame nte 95. Esc ravo de um c ri stão de Co lossos c ham ado Fil emo n, prati co u um roubo e fu g iu para não ser castigado. Esconde u-se em Roma, o nde se enco ntrou com São Paulo, que o converteu.
17 Sel e Sa nLos l◄'und a clorcs dos Sel'viLas, co nfessores + Florença , éc. X l ll . Estes comerciante florentinos tudo de ixaram para seguir a Nosso Senhor Je us Cri sto, fundando para isso a O rdem cios Servos de Mari a. Fo ram tão unidos que são co memorados juntos depo i da morte.
IH São
l◄' l av i a n o ,
PaLl'imca
+ Turqui a, 449 . Patri arca ele Consta ntinopla (446-449), participou do conc ílio convocado pe lo im perador Teodósio 11 e realizado numa igreja de Éfeso (Turqui a) em 8 ele agosto ele 449. Q uando se deliberava a respeito ele Eutiques e de sua he resia monofi sita (segundo a qua l have ri a em Nosso Senhor Jesus C ri sto apenas uma natureza, e não dua - a divina e a hum ana), um a mu ltidã.o composta po r monges, soldados e marinh e iros exa ltados invad iu a ig reja para apo ia r os bi spos her6ti cos e espancar os padres co nc ili ares que se opunham a E utiqu e . A iras vo ltaram-se princ ipa lm ente contra Flav iano. Levado preso, ele morreu dev ido aos maus tratos recebidos duran te aq uele tumulto, que ficou con hecido como o concí lio ele ladrões, o u pilhage m de Éfeso, ou a inda latrocíni o de Éfeso.
e sa lv os a Campâni a, no sul da ltáli a.
20 Sa nLo ~uquério, Bispo + l-lasba in, 738. Desde jovem j á era tido como prodígio de ciência e, sobretudo, de santidade. Foi devotíss imo da Santíssima Virgem, a quem chamava constantemente de que rida Mãe. Bispo ele Orleans duran te mais de 15 anos, foi ca luniado e desterrado em 1-J asbain.
21 São Pedro Damião, Bispo, Confessor e DouLor da Igreja + Rave na, 1072. Ingressou na Ordem cios Ca ma ldul enses . N o meado Card ea l-bi spo ele Óstia, teve de ace itar a contragosto essa no meação, sob pena ele excomunhão. Deixo u ma is el e 158 ca rtas, 60 opúscul os, várias vidas de sa ntos e ad miráveis sermões .
22 CáLeelm de São Ped l'O Anteriormente comemorava-se neste dia a Cátedra (ou Cadeira) de São Pedro em Antioquia; em 18 de jane iro, a Cátedra ele São Pedro em Roma. Chama m-se catedrais as igrejas onde se encontra a cade ira ou cátedra cio magistério e pi scopa l. A igreja ele São Pedro em Roma poder- e-ia chamar a catedra l elas catedrais.
H) São ()uoclvulLdeus, Bispo
2~1
+ 1tá l ia , aprox im acla me n te
São Polical'po, Bispo e Má rt ir
444. Seu no me s ig nifica O que Deus que,: Bispo de Cartago no século V, gove rnava pac ificam e nte se u re ba nh o quando e nse ri co , rei dos vânda lo , a po d e ro u- se el a cidade em 438. Este prínc ipe ariano ato rmentou-o por ód io à fé católica. Não con eguinclo fazê- lo apos tatar, co locou-o junto co m outros fiéis e m barcos ava ri ad s, co m a espera nça ele que perecesse m nas ág uas . Mil ag rosa mente preservado , chega ra m sãos
+ Cesaréia(Turq ui a), 104. Fo i discípulo ele São João Evangeli sta. "Policarpo - diz Santo lrineu no Tratado das Heresias - não só fo i ensin ado pelos Apóstolos e co nve rso u com muitos que tinham conhec ido e m vida Jes us C ri sto , mas deveu aos mesmos A pósto los a s ua e le ição para Bispo ele Esmirna, na Ásia". Ele teve a ca beça decepada por increpar co rajosa m e nte sace rd otes pagãos.
24 São L::í za,·o, monge + Entre 856 e 867. Pintava ícones ou imagens em Constantinopla no reinado ele Teófilo, um iconoc lasta furi oso. Este mandou lançá- lo numa cloaca, ele onde co nseguiu esca pa~ vo ltando de po is a pintar. O imperador mandou então que lhe fosse m queimadas as palmas elas mãos, mas a imperatriz Teodora escondeu-o numa igreja, tratou-o e conseguiu restabelecê-lo. Lázaro foi encarregado de levar a Roma a notícia ele que a imperatri z Teodora resolvera a discussão em fa vor cio culto elas imagens. Diz-se que ele morreu num naufrágio.
25 SanLo /\vcrLa no e Beato Romeu, Confessores
+ Luca (Itália), l386. Avertano entrou na O rdem Carm e lita. Te nd o ma nifes tado grande desejo ele peregrinar a Roma, os superiores deram-lhe por companheiro Rom eu, irmão leigo do convento. Contagiados pela peste negra, detiveram-se na cidade de Luca, onde morreram depo is de uma semana.
Jntenções para a Santa Missa
em fevereiro Se rá ce le brado pe lo Revmo. Podre Dav id Fron c isq uin i, nas seg uintes intenções: • Suplica ndo o N osso Se nh o ra de Lourdes pe lo sa úd e d e todo s os leitores de Cato li cismo. E em face dos crescentes ameaças à in st itui ção do fam íli a - entre os quais a de aprovação do novo Cód igo Pena l - , ped in do o Elo pelo saú de es piritua l da s fam íli as brasi lei ra s, para q ue se ma ntenh am cada vez ma is fi éis à mora l cató lico.
2(i São NesLor, Bispo e 1111:í rt ir
Jntenções para
+ 250. Q uando se dese ncadeou a persegui ção do imperador romano pagão Déc io, ocupava Nestor a Sé epi scopal el e M ag iclos, na Panfíl ia. Preso, foi co ndenado a morre r numa cruz.
a Santa Missa
27 São Lea ndro, Bispo (Vide p. 36)
2a São Torquato, Bispo e Conrcssor· -1- Cácli z (Es pa nha), séc ulo
ou f[. Tido como o primeiro ci os "varões apostó li cos" bispos enviad os ele Roma à Penínsu la Ibé ri ca no l sécul o - foi bispo ele Cácl iz, que edifi co u co m s ua c iê nci a e vi rtude.
em março • Pe los m é rit os do Anunc iação do A nj o e d o Encarnação do Ve rb o no se io puríssim o d o Virg em Ma ria - festa ce leb rad o no di a 25 de março - , que N osso Se nh or Jes us C ri st o co nceda abundantes graças para o boa formação mora l e reli g ioso dos c rian ças . Ped ind o o São José, proteto r do Sagra do Fa mília, qu e a uxili e pa rti cula rm ente os famí lias dos leitores de Cato li cismo. Também em repara ção o Nosso Senho r ofend ido pela devassidão e im ora l idades pra ti ca d as d urante o Ca rn ava l.
Lançamentos do livro Psicose Ambientalista Hll H ÉLI O BRAMBILLA
ecorridos 100 dias do lançamento de Psicose Ambien-
D
talista - Os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma 'religião ' ecológica, igualitária e anticristã, de autoria do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, a obra já atingiu IO mil exemplares, difundidos no Brasil e no exterior mediante campanhas de rua, marketing direto e
telemarketing. Uma terceira edição de 20 mil exemplares encontra-se impressa.
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CATOLICISMO
O rápido escoamento do livro mostra o acerto da escolha do tema pela Comissão de Estudos do Ins-
tituto Plinio Corrêa de Oliveira, que assessorou o Príncipe Imperial do Brasil. A partir de meados de novembro até dezembro último, realizouse uma maratona de lançamentos. lniciada na capital paulista, ela prosseguiu nas seguintes cidades: Franca (SP), Ribeirão Preto (SP) - em duas livrarias nessa capital do Agronegócio - , Salvador (BA), Recife (PE) - também em duas livrarias - , Uberaba (MG), Bauru (SP), Belo Horizonte (MG),
Sabará (MG), Cascavel e Foz do lguaçu (PR). Chamou a atenção o número de jovens de orientação conservadora que mantinham animadas conversas com os promotores dos lançamentos, as quais não raro se estendiam depois do término destes. Fato que desfaz o mito de que temas sérios como os desenvolvidos em Psicose Ambientalista não atraem a juventude. Dom Bertrand pronunciou em vários desses eventos uma palestra sobre a matéria do livro . • E- mai I para o autor: cato lic ismo
tcrra .com.br
FEVEREIRO 2013
11!111111
Acción Familia • impugna a presença de Raul Castro no Chile
A
assoc iação chil ena Acción Familia diri giu ao ministro das Relações Exteriores do Chile, Sr. Alfredo Moreno, uma ca rta de protesto contra a vi sita cio chefe da tirania cubana, Raul Castro, àquele país andino. Di z a mi ss iva : "Como é ele seu conhec im ento, no próximo dia 26 chega rá ao Chil e Raul Castro, sucessor ele seu irmão Fidel na sinistra ditadura comuni sta que se prolon ga por mais ele meio século em Cuba. O moti vo da visita será a transferência da Pres idênc ia Pro Tempore da Comunidade ele Nações ela América Latin a e do Ca ribe (CELAC), a qual reca irá em Castro para o próx imo período. A so ma de contradi ções nessa cerim ônia ele transferência será de tal envergadura que não se compreende como o govern o chil eno pode prestar-se a esta tragicomédi a vergonhosa. " Em prim eiro luga r, o cargo de Chefe de Estado o tentado por Castro carece ele qualquer legitimidade, não somente pelo fato de ele ter sido des ignado pelo Partido Comuni sta Cubano, úni co partido ex istente na Ilha, mas também por er um regime que se mantém por meio de uma repressão brutal e contra uma população lânguida , esma'gada e famé li ca. "Em segundo lu gar, Raul Castro vem tomar posse como pres idente ele um orga ni smo que, em sua dec laração oficia l, estipula 'promover o pleno respeito dos direitos humanos dos migrantes e de suas.familias, nos países de origem, trânsito e destino, independente de sua condição migratória '.1 Prec isamente nestes dias, Castro negou o direito ele air de Cuba à Srta. Rosa Maria Payá , filha do di ss idente Sr. Oswa ldo Payá, morto recen temente num acidente de origem obsc ura. "Finalmente, em sua última visita ao Chile, em 1966, Ficlel Caslro ass inou a decl aração fin al dos Chefes de Estado aqu i reunidos, a qual sustentava a 'con vicção de que a independência de poderes, seu mútuo controle, a adequada representação e participação de maiorias e minorias, as liberdades de expressão, associação e reunião, o pleno acesso à informação, as eleições livres periódicas e transparentes dos governantes, constituem elementos essenciais da democracia'.2 De ta i dec larações e co mpromi ssos nada cumpriram os nefas tos ditadores Castro e, portanto, nã.o se pode espera r que venham a cumprir a partir desta próx ima comédi a".
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CATOLICISMO
Et próximo 26 dei p1estnte 11,g;uA a Chile Raul Caslro. suusor de su herman í' .. se prolon~ po,- más de nmffo slglo sobre Cuba o rdel en la simestra d1ct,1dur.-. comunista que
EI mol1vo H el tr,spuo dt I• Pru1dencu1 de '• Comunldad de NaC!ones de A .
merica li1 l m11 y el Canbt. (CHA() que rrcu,.;
tn (Hlro l)(lr ti pl'Ó.o' mo ptriodo
ilbsurdo que R•úl C.nro venga a lomar poMclón como Pru,dtnle de un Of nl . "p1ornover ti pleno rupeto dt los derechos humanos de los mi rantes ~ . smo qu, ut1~ula en su decl111ción ofim1I destino, lnd11ptndí11nte de su condlción mlgrato,ia . g Y~s fo1m ill.1s. en los p,11ses dt origun, trfnslto y [s
No comprendemos cómo los Estados mlemb1os de la CELA( st presta11 para esto
:yUd~nos a prot.estar por esta situación ante el Mini stro de Rela ciones xtenores de Chile, para hacerlo pincha aqui
CfUOO OUU E5 PAíROUHADO POR lA f UNO/IUON ROMA. CUVOS UIR[CJORf.5 SON for los d~I C.mpu &arem llwdob,o, Alhedo M 11 r. lfolt! b 1 Antonio Montf!'> Vau..,; Jo~ó Anl P 00 ~. Lms Montes 8t'.z.on,lla Jiutn lhrn;cu Vuldc:. omo II tan,.ntu INMndo hntuner Aldun;,te y AUonso
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Como conclusão, Acción Fam i/ia3 manifesta ao governo do Chil e seu repúdi o mais enérgico pela presença de Raul Castro, e faz votos para que Nossa Senhora da Ca ridade do Cobre, Padroeira da desdilada naçã.o cubana, apresse o dia de sua libertação, para que as famílias cubanas possa m viver co m di gnidade e educar cristãmente se us filh os. • Notas:
1. Declaração de Cancún , México, 23 de fevereiro de 20 10. 2. "Gobern ab ilidad para una Democracia Eficiente y Partic ipat iva", VI Cúpu la lberoameri cana, Sa nti ago do Chil e e Vifia dei Mar, 13 y 14 de novembro ele 1996. 3. http://www.acc ionlàmili a.org/
,
UMARI
1, PuN1 0 CoRRÊA DE O uvE 1RA
Clareza Às vésperas do conclave de agosto de 1978, que elegeu o Papa Joã o Paulo 1, Plínio Corrêa de Oliveira escreveu para a "Folha d e S. Pa ulo" um luminoso artigo publicado no dia 16-8-78. Abaixo o tra nsc re ve mos , às vésperas de um novo conclave, imaginando que o a utor pod e ri a levantar em linhas gerais as mesmas perguntas nele formul a d as , pa ra as quais todos os católicos desejariam respostas claras .
esta época em que o públi co tem ta nta influênc ia até mesmo nos c írcul os ma is reservados - nesta época em que tanta gente confunde públi co com publi c idade, e imag ina candidamente que a face da public idade exprime sempre a do públi co nesta época, enfim , em que tantas vezes um públi co átono, adorm ec ido, de ixa correr os aco ntec imentos sem entender o clamor publicitário, nem a conduta dos homens público , frequente mente hipersens íve is a ta l clamor, pergunto: será real que as multidões veem e sentem as coi sas como as apresentam tantos dos chamados meios de comunicação soc ial? N o tocante ao Brasil , co rno à Igrej a, so u levado a responder pe la negativa. De ixo aqui de lado o Bras il , po is ass im o manda o amor à brevidade. E passo a fa lar da Igrej a. Da Igrej a, sim , nestas vésperas de conc lave. Diante do caudal de nomes de ca ndidatos ao Papado que lhe vão sendo apresentados, o povo não quer sab er tanto qual o lugar de ori gem, a idade e a carreira ecles iás ti ca, nem qual a fi sio no mi a deles (fi siono mi a que ca be, o ma is das vezes, em uma das variantes em curso: j ov ia l-ri sonha, ca ridosa-tri stonha, desgrenhada-fre néti ca, esta última a inda não em voga para ca rdea is). O qu e o povo quer sa ber se redu z a esta perg unta princ ipa l: Pa ul o VI anun c io u que a Igrej a estava sendo vítim a de um mi steri oso "processo de autodemolição" (Al ocução de 7-1 2-68) e que ne la penetrara a 'fumaça de Satanás" (A locução de 29-6-72). O fa lec ido pontífi ce - ante cuj os restos mo rtais me inc lino aqui com a devida veneração - partiu , po is, para a eternidade co m a autodemo li ção em cur , e a fum aça de Satanás e m ex pan ão. O que pensará seu sucessor sobre a autodemo li ção e a fum aça? o rn o se e ndu zirá ante uma e outra? Mil outras questões poderi am ser fo rm uladas ace rca do nov Papa. M as as que aca bo de considerar prim am sobre a dema is. Po is qu em navega num a barca em me io à pi or fum aça, e em compa nhia de pas ago iros q ue vão de onj un la ndo o rnade irarne, se interessa de imedi ato e princ ipa lmente em sabe r o que va i ser fo ilo a respe ito da füm açae dos demolidores da barca. Ora, a anta Igreja de Deus é a admi ráve l, a nobilí ssima, eu quase diri a, a adoráve l Barca de Pedro. É natural qu e tais perg un tas, se as fo rmul em, nestes di as, também os passage iros desta Ba rca. São incontáveis os cató li cos segundo os qua is a fum aça e a autodemo li ção se identifi cam, a justo títul o, com duas grandes te ndênc ias ex istentes na lgrej a de nossos di as. Uma destas tendênc ias se desenvo lve no plano teo lóg ico, fil osófi co e mora l. É o progress ismo. A outra tendênc ia se desenvolve no trípli ce plano dipl omático, social e econômi co. E la se chama, segundo o ângul o em que é con siderada, aproximaçã.o com o Leste, aprox imação com o soc ia li smo e aproximação com o comuni smo. !continua à p. 431
N
C ATOLICISMO
2
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CAUTA
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En:Mím.1m;s
"E Jacob gerou José, esposo de Maria" São José, castíssimo esposo de Maria
8 Tiara do Papa Pio IX
CommSPONDf:NCIA
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PALAVRA DO SACERDO'l'E
12 A
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14 DEsTA(.)u..: A renúncia de Bento XVI 20
CnuzAnA PEt,A l~AMÍl,IA
26
CAPA
40 VmAs
46
Expectativa na Pra~a de S. Pedro
Rejeição ao novo Código Penal
Via Sacra m: SANTOS
Santo Eulógio de Córdoba
AÇÃO CON'l'l(A-REVOUJ(:IONÁIUA
52 AMm1<:Nn:s, CosTlll\'IES, Civ11.1uçüES Castelo de Coca - de conto de fadas, mas também de combate heroico
Nossa Capa: Raio atinge a cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma, poucas horas após a renúncia de Bento XVI. Foto: Alessandro di Meo/AFP
Santo Eulóg10
MARÇO2013 -
O Anúncio a São José Caro le itor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n2 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (Oxx11) 3333-6716 Correspondência : Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catollcismo @terra.com .br Home Page: www.catolicismo.com .br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Março de 2013: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ 132,00 R$198,00 R$ 340,00 R$ 560,00 R$ 12,00
A matéria de capa da presente ed ição é dedicada à Se mana Santa, que se comemora de 24 a di a 3 1 deste mês. N e la julgamos oportuno estampar o texto de uma Via Sacra composta há 70 anos para " O Legionário" pe lo Prof. Plini o Corrêa de Olive ira, in spirado r e durante ma is de quatro década principal redator de Catolicismo. Uma outra Via Sacra da lavra do mesmo autor, traduzida para diversos idi omas, objeto de milhares de cóp ias de D e tran mitida em inúmeros progra mas radiofônicos, foi publicada por esta revi ta em março de 195 1. Dentre as inco ntáve is repercussõ de ambas Vias Sacras , menciono duas. Em Jeru salém, um brasileiro pôde aprec iar um grupo de peregrinos a lemães cujo diri gente, um sace rdote, rezava uma elas Via· Sacras escritas pelo Prof. Plini o, enqu anto percorria itinerário de Nosso Senhor Jesus Cri sto até o a lto cio Calvário. O Dr. Pi etro M o lia, qu fora casado com anta G iann a Beretta Molla (falec ida aos 39 anos, em 196 J, por ter- e negado a abortar, e canonizada em 16 de maio de 2004), envi ou à a soc iação ita li anaLuci sull'Est ("Luzes so bre o Leste") o segu inte e logio a um a das Vias Sacras redigidas pelo Prof. Plini o: "Agradou-me muito a dádiva contendo as meditações sobre a Via Cru eis, do Prof Corrêa de Oliveim, evidente fruto de sólida doutrina e de profunda fé, autenticamente vivida". A menc io nada a o iaçãojá difundiu na Itá li a 1.800.000 textos dessa Via Sacra, através de opú c ul o e gravaçõc cm D. *
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A renúnc ia de Bento XVI ao Só li o Pontifício reveste-se de transcendental importânc ia, não apenas para a Igreja e sua H istória, mas também para a soc iedade tempora l, pelas repercussões que nela terá. Visando orientar nossos leitores a respeito de tão momentoso aco ntecimento, oferecemos à p. 14 um a bem fundamentada aná li se dele, redigida pelo renomado hi sto ri ador ita li ano Robe rto de Mattei. Desejamos a todos os caros le itores uma boa le itu ra de ambos os temas. Em Jesus e Maria,
CATOLICISMO
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Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTOA.
catolicismo@terra.com.br
DIR ETOR
U ADALBERTO FERREIRA
Evange lho de São Mateus ini ciase com a gênese de Nosso Sen hor Jes us Cristo , descendente de David e de Abraão, seguindo o costume juda ico de aprese ntar a linhagem paterna. Não é apenas uma enume ração de quem gerou quem , mas obedece a um plano a ltíssi mo de inserção do Sa lvador na História humana. São Mateus escreveu para seus conte rrâneos judeus, os qu ais conheciam os usos e os costumes em que se inseria aquil o que o eva nge lista narrava. Infeli zmente o orig ina l arama ico não nos chegou. Seq uer sabe mos se houve tal versão ou se e le escreve u diretamente em grego, a língua culta da época. O que os exegetas destacam é que a versão grega deixa transparecer hebraísmos, ou de ver ão anterior ou do próprio autor ao se exprimi r em grego. Por isso o leitor desavisado encontra dificuldades de todo gênero e a narração eva ngé li ca pode parecer confusa e de difícil compreensão. Um desses episód ios abo rda a questão da adoção do Menino Jesus por São José, descendente da Casa Real de David. Varão justo que passou por provação ímpar na Históri a Sagrada e hum ana. O fato, por demais conhecido, deve no e nta nto ser acompa nhado passo a passo para compreendermos todo seu alcance. A gra ndi osa gênese de Jesus te rmin a do seguinte modo: "E Jacob gerou José,
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esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo ". Vê-se, portanto, que o evangeli sta narra a genea logia de José. E que ele é apenas o esposo daquela que é a Mãe de Je us. E continua: "Ora o nas-
cimento de Jesus Cristo.foi deste modo: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, achou-se ter concebido [por obra] do Espírito San to, antes de coabitarem. E José, seu esposo, sendo justo,
"E Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo" MARÇ0201 3 -
e não a querendo difamar, resolveu ,leixá-la secretamente. Ora, andando ele com isto no p ensamento, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, dizendo: José,filho de David, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que nela.foi concebido é [obra] do Espírito Santo. E dará à luz um.filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados" (MT 1, 16-2 1). 1
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Antes de prosseguir na aná li se do texto convém lem brar que o no ivado, que precedi a o casamento em até um ano, equivali a ao matrimôni o. Não se podi a desfazê- lo si mplesme nte, pois para todos os efeitos os nubentes estavam casados sem ainda viverem sob o mesmo teto . E tudo o que ocorria com eles nesse período devia ser comunicado rec iprocamente. Ora, narra São Mateus que "antes de coabitarem ", ou sej a, antes de viverem sob o mesmo teto, a Virgeri1 M ari a encontro u-se gráv ida por obra do Espírito Santo. E continua: "Sendo justo [São José], e não a querendo d{famar, resolveu deixá-la secretamente". Como ass im ? A dificuldade salta aos o lhos. Se ele a deixasse secretamente ninguém poderi a sabê- lo . E se e le não queria to rnar o fato público é provável que so ubesse
11111111111 CATOLICISMO
algo a mais que não está reg istrado no Evange lh o. O dilema se põe: se tivesse hav ido quebra do contrato nupc ia l, o Justo teria que agir e den unc iar a nubente sob pena de cumplicidade. Assim, deixa r secreta mente, como vimos, não é a so lução. Como resolver esta questão? Santo Tomás, em seus comentários ao Evange lho de São Mateus, levanta muitas hipóteses. E cita vários autores, entre eles São Jerônimo e Orígenes: "Ele [São José] não suspeitou de adultério. José conhecia na verdade a castidade de Maria, havia lido na Escritura que uma virgem conceberia, Is 7, 14 e 11, 1: 'Um broto florirá do ramo de Jessé, e um rebento brotará das suas raízes, etc. Sabia também que Maria descendia da linhagem de David. Para ele era mais .fiicil saber que isso se cumpria nela do que [acreditar] que ela tivesse pecado. E assim, julgando-se indigno de coabitar com uma tal santidade, p lan<4jou deixá- la secretamente. Ele não quis trazê-la [em justiça], quer dizer [segundo a etimologia de traducere], levá-la consigo e a tomar como esposa, julgando-se indigno ". 2 O comentário não reso lve todos os problemas. É uma hipótese entre muitas. E mbora de muito peso, po is citada por Sa nto Tom ás, e la não e limina as difi c uldades do texto. M as tem muita se me lhança com o que mode rn os estudos indicam. São José, sabendo da grandeza do ocorrido, não via qual seria
o seu pa pel nesse qu ad ro. Esta seri a a difi culdade que e le enfrentava.
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Em um estudo sobre o tema intitulado o Anúncio a José, Xavier Léon-Dufour, SJ3, aponta que "São Mateus acaba de concluir com a genealogia a primeira parte do dijJtico que.forma seu prólogo: Jesus é recebido na linhagem de David pelo justo José. Jesus se enraíza no povo eleito e na raça humana; ele vem no fim da história santa, da qual é a coroação: esta.filiação humana,judaica e davídica, é autenticada pela Genealogia. Porém, Jesus é também o Filho de Deus, e não tem outro Pai que o próprio Deus. Qual foi o meio escolhido por Deusparafazer com que seu Filho entrasse na Terra dos homens, no seio de seu povo eleito, como Filho de David e Salvador de Israel? É o que nos ensina a narração que conclui o primeiro capitulo de São .Mateus". 4
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Ma is do que análises conjeturais a propósito da atitude de São José, o autor do estudo qu er ver, obj et ivamente, o "desígnio de Deus tal qual.foi cumprido porJosé". 5 Depois de examinar exa u tivamente dificuldades de diversas natureza , pergunta qual a intenção de ã Mateus ao
narrar a concepção virginal e como e la se adequa à coabitação [morar sob o mesmo teto] de José e M aria. Tal coabitação visaria justificar a linhagem davídica de Jesus, ex pli car o nome de " Jesus" adotado pelo Messias? E como inserir a justiça [santidade] de José neste quadro? Passa o autor a considerações sobre o texto grego da mensagem angé lica que ultrapassa ri am os limites deste arti go. Destaca, entretanto, qu e a mensagem angélica visa exp li car o pape l de São José. "Não é propriamente em razão da concepção virginal, mas apesar dela, se ousássemos dize,; que o filho de David, tendo por missão servir de pai ao Menino, deve receber sob seu teto a mãe do Salvador. Se o Espírito Santo é o autor da concepção, José tem uma jimção a realizar nesse nascimento .miraculoso". 6 Em outros termos, Nossa Senhora obedece ao anj o na Anunciação. São José, por seu lado, deve obedecer ao anjo para ass umir a patern id ade legal de Nosso Senhor Jesus Cri sto. Ao ana li sar a mensagem do Anjo, o autor mostra que "é a própria posição do problema que deve ser revista; com que direito se pode enquadrar José no dilema Maria é adúltera - Maria é inocente? " Na verdade são as duas únicas hipóteses que o texto evangélico permite: José desco11fia de um adultério - José conhece o mistério. Eusébio, com Santo Efrém e outros intérpretes posteriores " 7 adtnite que "Jo ·é conheceu a obra do Espírito Santo". E nessa perspectiva "tudo se torna coerente". 8 Mas, quem o pôs a par? "Os especialistas em costumes d.a época ponderam que Maria poderia terpedido à sua mãe que il?formasse seu noivo. Por que não ? " 9
o Justo por excelência. Como todos os justos, esp era o Messias, mas somente ele recebe a ordem de lançar uma ponte entre os dois Testamentos; muito mais que Simeão recebendo Jesus nos seus braços, ele acolhe o Salvador na sua própria linhagem. José reage como osjustos na Bíblia diante de Deus que intervém na sua história: como Moisés tirando as sandálias, como !saias aterrorizado pela aparição de Deus três vezes Santo, como Isabel, perguntando-se por que a mãe de seu Senhor vem a ela, como o centurião do evangelho, como Pedro enfim dizendo: 'afástai-vos de mim, Senhm; porque sou umpecador'". 1
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Notas :
\. Novo Testamento, traduzido da Vulgata e comentado pelo Pe. Matos Soares, 1950. 2. Lecture de L 'Évangile de Sa int Matthieu, par Sa int Tho mas d ' Aquin. Ed. Onlin e, sob cuidados ele Jacq ues Ménard (Pró logo, 1, 2 et ca p. 6 a até o fim) http://www.cloc umentacatholi cao mni a.eu/03cl/1225- l 274,_Thomas_ Aquinas,_ Bib lica._Super_ Evange lium_Matth aei,_ FR.pd f - Cap. 1, 19, item 122. 3. Études d'Évangile, Xavier Léon-Du fo ur, ecl. Ou Seuil, Paris, 1965, p. 67 . 4. lcl.ib., p. 67. 5. ld.ib., p. 67. 6. ld. ib., p. 75 . 7. lcl.ib., p. 72. 8. lcl.ib., p. 72. 9. ld.i b., p. 80. 1O. ld.ib., p. 8 1.
E- mail para o autor: caroli cisrno@ terra com br
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/Jl(lulgê11cias Por gentil eza, agradeceri a se pudesse m, co m ma is deta lh es, ex pli ca r a respe ito das indul gências que podem abreviar o tempo de passagem pelo Purgatório, confo rme o exce lente arti go [O Purgatório - Lugar ele expiação pelo qual quase todos os que se salvam elevem passa,; de Plini o Mari a So lirneo] que li na rev ista deste mês [feve re iro]. Gosta ri a de saber também sob re as condi çõe necessárias para receber as indul gênc ias. (J .F.A. - MG)
Nota da Redação: Ei a lg un trec hos que exp li ca m a questão leva ntada pelo mi ss ivi sta. Eles fora m extraíd os do Manual elas indulgências, CNBB, Editora Paulu , 1990: 1. Indul gência é a remi ssão, di ante ele Deus, ela pena tempora l dev ida pe los pecados já perdoados qu anto à culpa, que o fi e l, devidamente disposto e em certas e determin adas condi ções, a lca nça por me io da lg reja, a qual , como di s pensadora da Redençã.o , distribui e apli ca, como autoridade, o tesOLiro das satisfações ele Cri sto e cios Santos. 2. A indul gênc ia é parcial ou pl enári a, co nfo rme liberta, em parte ou no todo, da pena tempora l devida pe los pecados. 3. Nin gué m pode lucra r indul gênc ia a favo r ele pessoas vivas.
CATOLICISMO
4. Q ualquer fiel pode lucrar indulgências parc ia is ou pl enári as para si mesmo ou apli cá- las aos defuntos co mo sufrágio. 5. O fiel que, ao menos com o coração contrito, faz uma obra enriquecida de indulgênc ia parcial , co m o aux íli o da Ig reja, a lcança o pe rd ão ela pena te mporal , e m va lo r co rres po nde nte ao que ele própri o j á ganha com sua ação. [... ] 20. P arágrafo 1. Para que alguém seja capaz de lucrar indul gênc ias, eleve ser bati zado, não estar excomungado e encontrar-se em estado ele graça, pe lo menos no fim das obras prescritas. Parág rafo 2. O fiel eleve também ter intenção, ao menos gera l, de ga nha r a indul gência e cumprir as ações prescritas, no tempo determin ado e no modo devido, segundo o teo r da concessão. 2 1. P a rág ra fo 1. A indul gê nc ia pl enári a só se pode ga nhar uma vez ao di a. [ ... ] 23. Parág rafo 1. Para lucra r a indu lgênc ia pl enári a, a lé m da re pul sa ele todo o afeto a qu a lquer pecado até venia l, req uerem-se a execução da obra enriquec ida ela indulgência e o c umprimento das três condições seguintes: co nfi ssão sac ra me nta l, comunhão eucarística e oração na intenções cio S um o Pontífice. Parág rafo 2. Com uma só confissão podem ga nhar-se vá ri as indul gênc ias, mas com uma só co munhão e uma só oração a lca nça-se um a só indul gênci a plenária. Parágrafo 3. As três condi ções podem cumprir-se em vários dias, antes ou depois ela execução da obra pre crita; convém, contudo, que ta l com unhão e ta l oração se pratiquem no di a da obra prescrita. 3. Adoração ao Sa ntíss im o Sacramento Co ncede-se indul gê nc ia pa rc ia l ao fie l que visitar o Sa ntíss im o Sacramento para adorá-Lo; se o fi zer por me ia ho ra ao me nos, a indul gênc ia será plenária.
48. Terço Indu lgênc ia pl enári a se o terço se rec itar na igreja ou oratóri o ou em famíli a, na comunidade relig iosa ou em pi edosa assoc iação; parc ial em outras c irc unstâ ncias.
Culto <la f'eiura Achei genia is as respostas cio sacerdote norte-a meri ca no sobre a fe iura que g ras a em qua e todas as coisas construídas neste século. O Pe. Anthony Brankin tem muita segura nça no que di z, particul armente conhece como a arquitetura moderna, inclusive os templos modern os, são construídos com a finalidade de não atra ir as pessoas para Deus, mas, sim , para o mate ria li smo. Basta ver as comparações entre as cated rais góticas e a catedra is " tipo Bras ília". As prime ira e leva m nossas almas pa ra o Paraíso, as outras para o submundo sem graça, sem anj os, sem De u ·. (M.O.1. - RJ)
Portugal católico Há ma i de 15 anos que sou le itor ass íduo e ate nto da vossa corajosa e prestimo a rev ista, que cuidadosamente te nh o g uardado. No se u "se r po litica mente in co rreto" - no mundo ele hoj e, uni form izado e " robotizado" - , Catolicismo é um eno rme refrigério para a minha a lma de po rtug uês anti go e cató li co. C re ia na minha enorme gratidão pela j u tiça que faz a este Portugal e a e us ti lhos, e pelo se u apreço pela sua Hi stória , pa rticul armente reve lado, entre outras ocasiões, na vossa rev ista de j a ne iro de 20 13, em que fo ram enfatizados o re lato do iníc io da viagem de Va co da Gama em direção à Índi a e o espí rito do Fund ador de Portugal, seu primeiro Rei, D. Afo nso Henriques. " Henrique, o terrível", lhe chamavam os mouros que combateu e venceu em mai s de 150 bata lhas. E após cada vitóri a mandava eri gi r, em ação de graças, um a cape la em ho nra da antí s ima Virgem Mari a Ra inha. (J.R.S. - PR)
Enucvista com o Cel. Plazas 12) Fe li citações ao admiráve l e comba-
ti vo Corone l Pl azas e à fa mília Pl azas pela excelente en trev ista co ncedida por e le à publicação brasi leira Catolicismo . Magnífi cas perguntas e in superáveis res postas que descrevem em que mar o bscuro encontra-se afogada a justiça colombi ana. Essa entrev ista é um mais go lpe contra a infâ mi a judic ial. E um passo a ma is rumo à vitória. Cordi a l a braço a todos. (E.M. - Colômbia)
Respostas acel'taclas Q ue boa entrev ista do meu corone l Pl azas. Sempre Deus o tem iluminado co m s uas res postas ace rtadas. Deus está com ele e com sua família. (J.A.V. - Colômbia)
Justiça manca, cega c sunla S into- me org ulh oso de ter s ido co mpa nhe iro de curso [do Ce l. Pl azas] e dele aprender estes valores que ele ex pressa. A nossa justiça co lombiana está manca, cega e surda. M as Deus não sofre essas enfe rmidades. Continuamos reza ndo. Procurare i d ifundir esta edição ela revista. (A.A. - Colômbia)
Pela libenlade do Ccl. Plazas • R e produ z im os no " Di á rio d e América" [http://diariodeamerica.com/ front_ notas_ li st.php? id_ auto1= 163] a entrev ista de Catolicismo co m o Corone l Pl azas e também em minh a pági na e m caste lha no e po rtuguês . Peço o no me do tradu to r [H é li o Dias Viana] para me nc io nar a fonte. Que De us permita a liberdade do coronel e das pessoas que, co mo e le, estão retidas. (M.C. - Colômbia)
/11 Memoriam N a década ele 1960, ainda muito j ovem, numa de minhas prime iras idas a São Paulo, foi conhecer a sede da TFP à Rua Au re li ano Coutinh o, chamada Alcácer do Sai, em memóri a de uma
bata lh a da hi stória portuguesa. Quem me acolheu fo i o Senhor José Luiz de Freitas Guimarães Ablas. Logo à prime ira vista, chamou-me a atenção sua brilh ante inteli gênc ia, espirituosidade e afabi lidade. Em muitas ocasiões desfrute i de sua conversação rica de conteúdo, leve e agradável. Mas também em circunstâncias da vida nem sempre alegres, como durante um tratamento de saúde, o Senhor José Luiz procurava amenizar as agruras dos sofrim entos, fazendo comentári os interessa ntíss imos e e levados. O Senhor José L ui z pertencia a um escol inocente de almas. De a lmas como a dele Nosso Senhor di sse: Deixai vir a mim os p equeninos, porque deles é o Reino dos Céus . Rei no onde, com certeza, o Senhor José Lui z está a interceder por nós que continuamos na Igreja Militante. (M.P.F.A. - GO)
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FRASES
SEL EC IO NADAS
"Os liomens se peráem porque não pensam na morte áe Nosso Senlior e não fazem penitência" (Be~-cive111,tuvci dei j ci cL111,tC1)
"Transpassaram minfia.s mãos e meus pés e contaram toáos os meus ossos" (SC!L~o 21., LJ-)
São Malaquias Sou le itor da presti g iosa revi sta Catolicismo , desd e 199 1, e a qu a l considero como uma digna publi cação católica, subordin ada à doutrina e à auto rid ade da Santa Ig reja Cató li ca Apostólica Romana . Todas as matérias jorna lísticas - entrevistas, artigos, reportagens, ca lendári os, notas, propaga ndas, etc. - são sé ri as, prove itosas e exce lentes. Gostaria de so lic ita r a vossa palavra a respeito elas famosas profecias que se atribuem a São M a laquias ( 1094-1148), irlandês de nasc imento. Arcebispo de Dublin e Abade de AJmagh. Ta is profecias seriam concernentes a J l l pontifi cados. (M.W. -SP)
"Toma a tu.a cruz, se queres 9anfutr a coroa:'' (Sêío ?ciuLL111,o)
"Na mrufrugruía. cfa
Ressurreição as santas mu.ffteres foram ao Sepulcro, mas o Sol já. tinha nasciáo áesperta.náo a aurora'' (?citilve A111,to111,Lo vLeLvci)
Nota da Redação: N a seção" A Pa lavra do Sacerdote", edi ção de junho de 2005 , Mons. José L ui z Vill ac res pond e exatam ente à questão levantada ac ima . Recomendamos ao mi ss ivi sta e aos demai s interessados a leitura da matéria, também disponível em nosso s ite: http ://www. cato!icismo .com. br
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endere(jOS que figuram na página 4 desta edi(jão.
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n Monsenhor JOSÉ
Pergunta - O livro do Gênesis diz que haveria muita discordância entre os filhos da mulher e os da serpente. Nós, católicos, somos filhos da mulher; quem são os filhos da serpente?
Resposta -A missivista se refere evidentemente à passagem do Gênesis na qual Deus amaldiçoa a serpente por ter induzido Eva a desobedecer ao mandato divino de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal ; e, em seguida, ter Eva arrastado Adão ao mesmo pecado, o que levou Deus a expulsar nossos primeiros pais do Paraíso terrestre. Dirigindo-se à serpente, Deus diz: "Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça e tu armarás traições ao seu calcanhar" (Gen 3,15). Um dos mais famosos comentários a esse trecho do Gênesis é o de São Luís Maria Grignion de Montfort, no tantas vezes citado Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem (cfr. nº' 5 l-54). São Luís Grignion identifica a mulher de que fala o Gênesis com a Virgem Mãe de Deus; e a serpente, com o demônio : "Uma única inimizade Deus promoveu e estabeleceu, inimizade irreconciliável, que não só há de durar, mas aumentar até o fim: a inimizade entre Maria, sua digna Mãe, e o demônio; entre os .filhos e servos da Santíssima Virgem e os .filhos e sequazes de Lúcifer; de modo que Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio" (Tratado, 'nº 52). Nessa frase concisa, o santo apresenta toda uma teologia da História, que abrange desde a criação do homem no Paraíso até o fim do mundo. Isto é,já no Paraíso terrestre começou um embate entre o bem e o mal., entre os partidários do bem e os partidários do mal. E essa luta não se restringe aos homens ; de la participam os anjos e os demônios. M ais ainda, os bons seguem o comando da Virgem na sua luta contra os sequazes do mal ; e estes últimos são capitaneados por Lúcifer.
llá homens a serviço do demônio e do mal Quando um homem peca, ele ofende a Deus e faz o que o demônio quer, como aconteceu com Adão e Eva no Paraíso terrestre. Se ele se arrepender de seus pecados e pedir perdão a Deus, recupera a graça e a amizade de Deus, por me io do sacramento da confissão (ou por um ato de contrição perfeita, que não dispensa a posterior confissão). Acontece, porém, que muitos não se a rrependem de seus pecados e passam a levar uma vida permanente de pecado. E ass im, tratando-se de pecados mortais, ficam atados pelos grilhões do demônio. Passam a odiar a Deus e a servir ao demônio, de uma maneira mais ou menos consciente; consciência essa que cresce com o tempo, podendo atingir uma
CATOLICISMO
LUIZ YILLAC
plena união da alma com o demônio. São os que alguns autores espirituais chamam os "santos do demônio", por contraposição aos verdadeiros santos da Igreja que, crescendo em união de alma com Deus, atingem por fim a plena união com Ele. Daí resulta que os maus, odiando a Deus, odeiam também aqueles que observam os Mandamentos da Lei de Deus. Estabelece-se desse modo uma luta entre os que optam por Deus e os que optam pelo demônio, como ensina São Luís Grignion. Aqui a missivista tem a resposta à sua pergunta: os filhos da serpente são estes últimos . A pergunta da missivista toca, portanto, numa questão chave para entender o que se passa no mundo. Nele há homens que, consciente ou semiconscientemente, se entregaram ao demônio e fazem a obra dele, a obra do mal. Quem não percebe isso, não entende absolutamente nada do que se passa à sua volta, nada da História da humanidade!
Não ape1,as equívoco da i11teligê1,cia Estamos no período da Quaresma, a época do ano mais própria a fazer o exercício da Via-Sacra. Foi precisamente para este fim que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira compôs duas Via Sacras - uma para nossa revista (então em formato de jornal), outra para "O Legionário", que vai reproduzida na íntegra nesta edição. Da Via Sacra composta para Catolicismo, destacamos um trecho que se aplica ao tema levantado pela consulente: "Toda a História do mundo, toda a História da Ig reja não é senão esta luta inexorável entre os que são de Deus e os que são do demônio, entre os que são da Virgem e os que são da serpente. luta na qual não há apenas equivoco da inteligência, nem só fraqu eza, mas também maldade, maldade deliberada, cu lpada, pecaminosa, nas hostes angélicas e humanas que seguem a Satanás. [. ..] O liberalismo a tal ponto nos desfigurou, que estamos sempre propensos a esquecer este aspecto imprescindível da Paixão. "Conhecia-o bem a Virgem das Virgens, a Mãe de todas as dores, que junto de seu Filho participava da Paixão. (..) Minha Mãe, no momento em que até o bom ladrão mereceu perdão, pedi que Jesus me perdoe toda a cegueira com que tenho considerado a obra das trevas que se trama em redor de mim" (Via Sacra, XI Estação, Jesus pregado na Cruz, Catolicismo, março/ 195 1).
Onde estão os fllhos ele Satamís? Quem segue com um mínimo de discernimento o noticiário dos jornais, da TV ou da internet, percebe que há asseclas de Satanás um pouco por toda parte, de alto a baixo, em todo os organismos, públicos ou privados, que compõem a sociedade. N ão há necessidade de especificá-los. Note-se bem que não estamos dizendo que todos os que os compõem sejam filhos de Satanás. Nossa afirmação é genérica: "há assecla de atanás" neles. Deixamos a critério dos leitores di cerni -! s.
Podem converter-se? Certamente. Com a graça de Deus tudo é possível. Mas se até o fim recusarem as graças que lhes são oferecidas ... Passemos para a outra pergunta.
(Nossa Senhora do Manto Protetor)
011de estão os filhos da Vil'gem? A consulente, que não conhecemos, mas percebemos tratar-se de uma católica sincera, responde sem hesitar: "Nós, católicos, somos.filhos da mulher". A verdadeira resposta não é tão simples. Entre os católicos há certamente bons filhos da Virgem. Mas o demônio não seria demônio se não procurasse atrair até os católicos para as suas fileiras. Pois se ele ousou - e conseguiu! - tentar Adão e Eva no Para íso terrestre, por que não haveria, com a sua legião de anjos decaídos, tentar penetrar nas fileiras católicas e aí buscar asseclas para os seus fins perversos? Ele o fez, e conseguiu, desde os primórdios da Igreja. Entretanto, para encurtar esta análise, saltamos dos tempos da Igreja primitiva para a Igreja de nossos dias. E para abreviar ainda mais, restringimo-nos ao período que se seguiu ao Concílio Vaticano H (1962- 1965). Os três Pontífices da era pós-conciliar - Paulo VI, João Paulo II, Bento XVT (evidentemente, omitimos João Paulo I devido ao seu brevíssimo pontificado) - usaram palavras candentes para descrever a situação em que se viu a Santa Igreja. Mais de uma vez foram elas citadas nas páginas de nossa revista. Restringimo-nos, pois, a uma que vem mai s diretamente ao tema proposto pela missivista: "Referindo-se à Igreja de hoje, o Santo Padre [Paulo VI] afirma ter a sensação de que 'por alguma fissura tenha entrado a fumaça de Satanás no templo de Deus'" (Alocução Resistiteforte in fide, de 29 de junho de 1972). E passamos daí diretamente para Bento XVI. E m seu interessante artigo intitulado Dim ission i dei Papa, evento "ap ocalittico ", o filósofo e sociólogo Massimo lntrovigne, analisando a renúncia de Bento XVI, aduz palavras do Pontífice pronunciadas durante sua viagem ao Santuário de Fátima, em 2010: "Quanto às novidades que hoje podemos descobrir nesta mensagem [de Fátima], há também o fato que não apenas de fora vêm ataques ao Papa e à Igreja, mas os sofrimentos da Igreja vêm justamente de dentro da Igreja [. ..]. Também isto sempre se soube, mas hoje o vemos de um modo realmente terrificante: que a grande perseguição à igreja não vem dos inimigos de fora, mas nasce do pecado na Igreja" (LaNuova Bussola Quotidiana, 11-2-13). Portanto, há também maus católicos, inclusive nas filei ras do Clero, que traem a Igreja, e não são filhos da Virgem, mas asseclas de Satanás. Assim, não só a missivi sta, mas todos os bons católicos desejosos de servir sinceramente a Igreja, devem ter os olhos abertos para essa dura realidade: quando João XXIII mandou abrir as janelas do templo para que entrasse o ar puro, foi o contrário que sucedeu: a fumaça de Satanás conseguiu penetrar no templo de Deus! •
"Minha Mãe, no momento em que até o bom ladrão mereceu perdão, pedi que Jesus me perdoe toda a cegueira com que tenho considerado a obra das trevas que se trama em redor de mim"
E-mail para o autor: catolic ismo@terra.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE Parlamento polonês recusa proietos da agenda homossexual
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EUA: 55.772.015 nascituros assassinados pelo 11aborto legal"
70% das igreias serão fechadas no nordeste da Alemanha
Parlamento da Polônia reje itou e m prim e ira leitura três projetos de le i visando conceder direitos lega is a "casais" não casados de fo rma regul ar, inc lus ive aos homossexuais. O primeiro-ministro libera l, Donald Tusk, pediu aos legisladores "para tornar mais digna a vida dos homossexuais ". Porém, a Câmara Baixa votou contra os referidos projetos, um dos quais havia sido elaborado em termos enganadores para a maioria cató lica. Votaram com a oposição conservadora 46 integrantes do partido do primeiro mini stro, inclusive o ministro da Justiça, Jaros law Gowin . O deputado Robert Biedron, homossexual assumido e defensor dos dire itos LGBT, di sse que contin uará lutando. Para isto e le pode contar com o apoio da U ni ão Europe ia, de ONGs e, infe li zmente, até de ec les iásticos de esquerda. •
o 40º ano da lega lização do aborto, os EUA reg istraram um dos piores ho locaustos da hi stóri a da humanidade. Desde que a matança dos nasc ituros in oce ntes fo i aprovada em 22 de janeiro de 1973 , pelo menos 55.772.0 15 de les foram assassinadas no ventre materno. A cifra foi ca lcul ada pelo National Right to Life ommillee (NRLC) com dados fornec idos pelo Center for Disease Contrai e pelo Guttmacher Jnstitute, ex-braço para pesqui sas da fam igerada Planned Parenthood, e inclui métodos como o da "p ílula do dia seguinte". Esse número signifi ca um a médi a de ma is de 3.300 abortos por dia, ou 137 por hora, ou um a cada 30 segundos. O número tota l seri a ainda ma ior considera ndose os nascituros mortos em estados c mo Ca li fó rni a, New York e Colorado, que lega lizara m o ab rto antes da dec isão da Suprema Corte. •
ca rdeal Rainer Maria Woelki, arceb ispo de Berlim, vai reduz ir em 70% as igrejas católicas na região nordeste da A leman ha, como a da foto abaixo, num prazo de sete anos. "As J 05 igr1:4jas da arquidiocese serão reduzidas para 30 paróquias até 2020 ", explicou o prel ado. A diminuição afetará 400 mil cató licos. Atua lmente, cada paróquia oferece missa domin ica l a uma média de 3.8 LO fi é is. Quantos vão? Não se sabe. Após a redução planejada, estim a-se que cada um a das 30 paróquias que restarão deverá atender a uma média de l 3.300 cató licos. O único fato que pode mudar o catastrófico probl ema moral de fundo é o fe rvor dos fi eis. Contudo, estes se defrontam com uma acentuada dessacra lização e encenações litúrg ica carentes de seri edade e verdadeira pi edade cató lica. •
As máquinas, além de escravizar, poderão liquidar o homem?
Mosteiro cisterciense do século XI 1 renasce na Califórn ia
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nvestigadores da U ni vers idade de Cambridge (Grã-Bretan ha) criaram o Centro de Estudo de Risco Existencial (CSER) para estudar os ri scos de a tecno logia vir a liquidar o ser humano no futuro. "Os desenvolvimentos da tecnologia poderiam trazer novos p erigos de extinção de toda nossa esp écie", explicou Huw Price, professor de Fi losofia. Hoje se convive irrefletidam ente com a inte li gência artificial e confia-se a legremente em tecno logias embutidas nos telefones ce lulares como a smart, sem avali ar os perigos que e las trazem , afirmam os c ienti stas. Já ficou para trás a ilusão de que a c iência sempre proporcionaria novas melhorias, prazeres e tranqui lidade aos homens. Agora a perspectiva é outra, e apa recendo no horizonte pesadel os assombrosos .. . •
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a região norte do prog re s ista esta do da Ca lifórnia (EUA) renasceu um mo te iro medi eva l cisterciense um dos símbo los mai s opo t à mode rnidade. No in íc io do século XX, o magnata Willi am Rando lph Hearst havia co mprado da Espan ha as ruín as cio moste iro de Santa Maria de Óvi la, transportando-as para a a lifórnia. Mas não consegu iu restaurá- lo. Agora, monge ci tercienses apelaram para a popu lação, reuniram fund e rea li zara m o que no século passado foi impossível: a reconstrução do moste iro gótico de Santa Mari a de Óvila, fundado em 11 67 pe lo rei Afonso VIII de Castela. A abad ia foi rea berta à vi itação pública em 20 12. Quem imaginaria que um mo teiro medi eval renasceri a no sécu lo XXJ , e logo na a li fó rnia! ? •
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Japão: heroica perseverança dos 11 católicos escondidos" Universidade de Kyoto (Japão) expôs pintados por A quadros nos séculos em que o catolicismo
"cristãos escondidos " era proibido no país. Após a chegada dos portugueses no sécu lo XVI , durante seis ou sete décadas, o catolicismo foi acolhido com fervor. Até o momento em que o governador militar do Japão, o pagão Tokugawa , ordenou uma sangrenta perseguição aos católicos. Apesar de os fi éis terem sido martirizados em massa - 434 foram beatificados ou canonizados -, eles continuaram professando secretamente a fé católica , inclusive se m a presença de sacerdotes. E confeccionaram quadros e objetos de devoção para suas práticas religiosas. Um desses quadros foi encontrado na região de Osaka, pertencente ao feudo do Senhor Dom Justo Takayama Ukon, que é lemb rado como um dos mais piedosos nobres feudais católicos da época . Ele perdeu o feudo para não renun ciar à verdadeira fé. Foi enviado ao exílio, onde morreu.
Denúncia contra perseguições religiosas na Inglaterra il sacerdotes católi cos britânicos denunciaram o fato de que a liberdade de praticar e de falar sobre a fé será limitada "severamente" se o "casamento" homossexual for aprovado no país. Ele já o foi na Câmara dos Comuns (deputados) e deverá ser votado na Câmara dos Lordes (que correspo nde ao Senado). Os sacerdotes repudi am como "sem sentido" as garantias oferecidas pelo governo liderado pelo político conservador David Cam eron. E comparam a tentativa de redefinir o casamento com o golpe perpetrado pelo rei Henrique VIII no século XVI , que iniciou um cisma em relação a Roma para poder divorciar-se da rainha Catarina de Aragão. Para os mil pad res , a agenda homossexual impedirá a livre prática religiosa dos católicos que trabalham em escolas, instituições de caridad e e organismos públicos. Até a liberdade de falar do púlpito de igrejas será coarctada .
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Justiça comunista" para doentes mentais e seus parentes
Bojanowski "Der Spiegel" reconhece que não houve aquecimento global
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xe l Bojanowski,jornali sta de ciência da célebre revi sta a lemã."Der Spiegel", revelou que há muito corre no ambiente aquecimentista a notícia "de que o clima está se desenvolvendo de maneira diferente do que o previsto anteriormente". O problema esp inhoso para a mídia é de como exp licar ao público que não houve o aquec imento propalado. Bojanowski procurou muitos cientistas aquecimentistas, mas nenhum soube lhe dar um arg umento comprobatório. F icou então convencido de que e les estão sem saída. Bojanowski encontrou as explicações que procurava num li vro red ig ido por doi s c ientistas postos no ostrac ismo pe lo "crime de cetic ismo". E les negavam o aquecimentismo e suas teo ri as, que estão agora em voga. •
CATOLICISMO
novo governo chinês de Xi Jinping estuda uma reforma do sistema de "reeducação pelo trabalho ". Entretanto, as violações dos direitos humanos se tornam cada vez piores. C hen Qingxia, mulher de um doente mental , fico u in vá lida após vio lênc ias sofridas quando so licitava às autoridades do governo centra l justiça para seu marido. Este fora condenado a trabalhos num campo el e concentração. O campo, porém , o reenviou à po líc ia de sua c id ade com o corpo coberto de ferida . Chen tento u então obter j ustiça através de rec urso prev isto na Constitui ção chin esa, na qual muitos in gênuos acreditam. Em represá li a, e la fo i presa e golpeada até perder o uso das pernas, e depoi s condenada a 18 meses ele trabalhos forçados. S imul tanea mente, seu filho ele 12 anos "desa pareceu". O sistema comuni sta da China é tão antinatural que só pode se manter ape lando para o medo e uma cruel repressão. •
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DESTA UE
Considerações sobre o ato de renúncia de Bento XVI quais a Igreja Católica se defronta. Pensamos, portanto, com o devido respeito por sua pessoa, que deve apresentar sua IJ ROBERTO DE M ATTE I demissão do cargo." E quando, entre 2011 e 20 12, alguns jornali stas como Giuli ano Ferrara e Antonio Socci e crevera m sobre a poss ím 11 de feve reiro, dia da Festa de Nossa Senhora de ve l renúncia do Papa, esta hipótese havia susc itado entre os Lo urdes, o Sa nto Padre Bento XVl co muni co u ao leitores mais desaprovação qu e a entimento. Consistóri o de cardea is e a todo o mundo sua decisão Não existe dúvida sobre o direito de um Papa de renunde renunciar ao Pontifi cado. ciar. O novo Código de Direito an ônico prevê a possibiliO anúncio fo i aco lhido pelos cardeais, "quase inteiradade ele renúncia do Papa no câ non 332, parágrafo segundo, mente incrédulos", "com a sensação co m estas pa lav ra .- "Se acontecer de perda ", "como um raio em céu que o Romano Pont[fice renuncie a sereno", segundo as palavras diri giseu múnus, para a validade se requer O anúncio da renúncia de Bento XVI. das em seguida ao Papa pelo ca rdea l que a renún ia sej a Livremente f eita comunicado pelo próprio Sumo Pontídecano Ange lo Sodano. e devidam n/ man!festada, mas não fice cm 11 ele fevereiro no Consistório Se foi tão grande a perda dos que seja ac ita por alguém". cios Cardeais, constitui um acontecicardeais, pode-se imaginar quão N arti gos 1 º e 3 º da Constituimento transcendental na História. Para forte tem sido nesses dias a desoçã.o Apostó li ca Universi Dominicis que nossos leitores possam formar uma rientação dos fiei s, sobretud o daGregis, el e 1996, sobre a vacâ ncia visão completa e profunda de tal queles que se mpre viram em Bento da Sa nta é, é prevista ade ma is a evento, julgamos conveniente reproduXVJ um ponto de referência e agora pos ibiliclade de que a vacância da zir o esclarecedor artigo do se sentem de algulll modo "órfãos", Sé Apo tó li ca seja determinada não Prof. Roberto de Mattei apresentado no senão mesmo abandonados, em face só pela morte do Papa, mas também site Corrispondcnza Romana das graves dific uldades que enfre nta por ua renún cia váli da. (http://www.corrispondenzaromana.it) a [greja no momento presente. Na História não são muitos os cm 12 de fevereiro . O autor, que _já No entanto, a possibilidade da episódios documentados de abdicaconcedeu entrevistas a Catolicismo, renúncia de um Papa ao sólio ponção. O caso mais conhecido continua é abalizado historiador italiano e profestifício não é de todo inesperada. O sor de História da Igreja e do Cristiasendo o de São Celestino V, o monge pres idente da Confe rência Episcopal nismo na Universidade Europeia de Pi etro da Morro ne, que fo i eleito em da Al emanh a, Ka rl Le hm a nn , e o Roma , na qual é o coordenador da Perugia em 5 de j ul ho ele 1294 ecoprim az da Bélgica, Godfri ed DanEscola ele Ciências Históricas. roado em L' Aq uil a em 29 de agosto nee ls, haviam apresentado a ideia da seguinte. A Direção de Catolicismo " renúncia" de João Paulo II , quando a Após um reinado de apenas cinco sua saúd e havi a se deteri orado. meses, ele j ulgo u oportu no renunciar, O cardeal Ratzinger, no seu livropor não se sentir à altura cio ca rgo que entrevi sta Luz do Mundo, de 20 l O, assumira. Em seguida, preparou a sua di sse ao j ornalista alemão Peter Seewald que se um Papa se abdicação, con ·ulta ndo primeiramente os cardea is e promul dá conta ele qu e não é mais ca paz, "fisicamente, psicologicaga ndo um a Constitu ição com a qual confi rmava a va lidade das mente e espiritualmente, de cumprir os deveres de seu oficio, regras já estabelec idas pe lo Papa Gregório X para a rea lização então ele tem o direito e, em certas circunstâncias, também do próx imo Co nclave. a obrigação, de renunciar". Em 13 de dezembro, em Nápoles, pro nunciou sua abdi caAinda em 20 1O, cinquenta teó logos espanh óis havi am ção di ante do Co légio dos Cardea is, despojou-se da in sígni a mani fes laclo sua adesão à Carta Aberta cio teó logo suíço Hans papal e das roupas, e to mou o hábi to de eremi ta. Em 24 de KUn g aos bispos ele todo o mundo, com estas palavras: "Acredezembro de 1294, por sua vez, fo i eleito Papa Benedetto ditamos que o pontificado de Bento XVI pode ter-se exaurido. Caetani com o nome de Boni fác io vm. O Papa não tem a idade nem a mentalidade para responder Outro caso de renúncia papal - o últim o registrado até adequadamente aos graves e urgentes problemas com os hoje - ocorreu no decurso do Concílio de onsta nça ( 14 14-
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141 8). Gregó ri o X I[ (J 406-141 5), Papa legítimo, a fi m de recompor o Gra nde Cisma do Ocidente ( 1378- 141 7), enviou a Constança o seu plenipotenciário Cario Malatesta, para dar a conhecer sua intenção de retirar-se do ofício papal; as demi ssões fora m oficialmente aco lhidas pela assembl eia sinodal em 4 de julho de 141 5, que ao mesmo tempo depôs o antipapa Bento X III. G regó ri o X JJ foi re integ rado ao Sacro Co légio com o títul o de cardeal -bispo do Porto (di ocese suburbicári a de Roma) e com o primeiro posto após o Papa. Abandonando o nome e o hábito pontifício e retomando o nome de cardea l Ange lo Correr, ele se retirou como legado papal na prov íncia itali ana Le Marche e morreu em Reca nati em 18 de outubro 141 7. Portanto, o caso de renúncia em si não escandaliza: está contemplado no Direito Canônico e verificou-se historicamente ao longo dos séculos. Note-se, no entanto, que o Papa pode renunciar, e por vezes tem hi storicamente renunciado ao Pontificado, enquanto este é considerado um "cargo jurisdicional da Igrej a", não indelevelm ente li gado à pessoa que o ocupa.
A hi erarqui a apostólica exe rce de fat o do is pode res mi ste ri osa mente unid os na mesma pessoa : o poder da ordem e o poder de jurisdição (ver, por exempl o, São Tomás de Aquino, Summa Theologica, U-Il ae, q 39, a 3, resp. , llI, q 6-2). Ambos poderes são direc ionados a rea lizar os obj eti vos peculiares da Igreja, mas cada qual com características própri as, que o distinguem profund amente do outro: a potestas ordinis é o poder de di stribuir os me ios da graça di vina e refere-se à admini stração dos sacramentos e ao exercício do cul to ofic ial; a potes/as iurisdictionis é o poder de governar a in stituição ecles iástica e os simples fi éis. O poder de ordem distingue-se do poder de jurisdição não só pela diversidade de natureza e de objeto, mas também pelo modo como o poder de ordem é confe rido, uma vez que tem como propriedade ser dado com a consagração, isto é, por meio de um sacramento e com
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a impressão de um caráter sagrado . A posse da potes tas ordinis é abso lutamente inde lével, porquanto seus graus não são ofíc ios temporários, mas imprimem ca ráter a quem é concedido. De aco rdo com o Códi go de Dire ito Ca nônico, uma vez que um batizado se torna di áco no, sacerdote ou bispo, é para sempre e nenhuma au toridade humana pode exc luir essa condi ção onto lógica. Pelo contrári o, o pod er de jurisdição não é inde léve l, mas temporário e revogável; s uas atribuições, exercidas por pessoas físicas , cessam com o término do mandato . Outra característica importante do poder da ordem é a não territorialidade, pois os graus da hierarquia da ordem são absolutamente independentes de qualquer circunscrição territorial, pelo menos no que respeita à validade cio exercício. As atribui ções do poder de jurisdição, ao contrário, são sempre limitadas no espaço e têm no território um de seus e leme ntos const itutivos, exceto o do S umo Pontífice, que não está s uj eito a qualquer limi tação de espaço. Na Igreja, o poder de jurisdição pertence, jure divino, ao Papa e aos Bispos. A plenitude deste poder, no entanto, res ide apenas no Papa que, como fundamento , sustenta todo o edifíci o ec les iástico . Ne le se encontra todo o poder pastoral , e na Igreja não se pode conceber outro independente. A teologia progressista, 1>elo contrário, sustenta, em nome do Vaticano Jl, uma reforma da Igreja num sentido sacramental e carismático que opõe o poder da ordem ao poder de jurisdição, a igreja da caridade à do direito, a estrutura episcopal à monárquica. O Papa, reduzido a primus inter pares no interior do co légio dos bi spos, exerceria apenas uma função ético-profética, um primado de " honra" ou de "amor"; mas não de governo e jurisdição. Nesta perspectiva , Ha ns Küng e outros invocara m a hipótese de um Pontificado " temporário", e não vitalício, co mo um a fo rm a de governo ex ig ida pela celeridade das mudanças do mundo moderno e da novidade contínua de seus problemas. "Não podemos ter um
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Pontífice de 80 anos que já não está totalmente presente do ponto de vista .flsico e mental", di sse à emi ssora SüdwestundfunkKü ng, que vê na limitação do mandato do Papa um passo necessário para a reforma radica l da Igreja. O Papa seria redu zido a presidente de um Conse lho de ad mini stração, a uma figura meramente de arb itrage m, ao lado de uma estrutura ec les iást ica " aberta", qual sínodo permanente, com poder de decisão. No entanto, caso se acredite que a essência do Papado está no poder sacramental da ordem e não no poder supremo de jurisdição, o Pontífice jamais poderia renunciar; se o fizesse perderi a com a renúncia apenas o exercício do poder supremo, mas não o poder em si, que é inde léve l como a ordenação sacramental da qua l defl ui . Quem admite a hipótese da renúncia deve admitir com isso que a summa potes/as do Papa deri va da jurisdição que exerce, e não do sacramento que recebe. A teologia progressista está, portanto, em contradição consigo mesma quando procura fundamentar o Papado sobre sua natu reza sacramenta l e depois reivindica a renúncia de um papa, a qual por sua vez só pode ser admitida se sua posição, se seu múnus se basear sobre o poder de jurisdição. Pela mesma razão não pode haver, a pós a renúncia de Bento XVI , "dois papas", um no cargo e outro "aposentado", como tem sido impropri amente dito. Bento XV I voltará a se r Sua E minência o Cardeal Ratzinger e não poderá exercer prerrogativas, como a da infa libilidade, que são intimamente Iigadas ao poder de jurisdição pontifício. O Papa, portanto, pode renunciar. Mas é oportuno que o faça? Um autor, po r certo não " tradicionalista", E nzo Bianchi, escreveu em "La Sta mpa" de 1° de julho de 2002:
"Segundo a grande tradição da Igreja do Oriente e do Ocidente, nenhum papa, nenhum patriarca, nenhum bispo deveria renunciar apenas por ter atin-
Último Consistório na Basílica de São Pedro
gido o limite de idade. É verdade que há cerca de trinta anos na Igreja Católica existe uma disposição que convida os bispos a oferecer as próprias renúncias ao Papa ao atingirem 75 anos, e é verdade que todos os bispos recebem com obediência esse convite e apresentam a renúncia, como também é verdade que normalmente elas são aceitas e as renúncias acolhidas. Mas esta é uma regra e uma prática recente, fixada por Paulo VI e confirmada por João Paulo li: nada exclui que no .fúturo possa ser revista, depois de pesados as vantagens e os problemas que ela tem produzido nas últimas décadas de aplicação. " A norma pe la qua l os bi spos renunc iam a sua di ocese a partir dos 75 anos é uma fase recente na hi stóri a da lg reja que parece contradi zer as pal avras de São Paulo, para quem o Pastor é no meado ad convivendum et commoriendum (2 Cor 7, 3), para viver e morrer junto a seu rebanho. A vocação de um Pastor, como a de todos os batizados, vincul a de fato não somente até uma certa idade e a uma boa saúde, mas até a morte. Sob este as pecto, a renúncia de Bento XVI ao Pontificado aparece como um ato legítimo do ponto de vista teológico e canônico, mas, no plano histórico, em absoluta descontinuidade com a tradição e a prática da Igreja. Do ponto de vista do qu e poderiam
ser as suas consequências , trata-se de um ato não s impl esmente "inovador ", mas radicalm ente "re vo lucionário", como o definiu E ugenio Sca lfa ri em "La Repubblica" de 12 de feve reiro. A image m da in stitui ção ponti fíc ia, aos olhos da opinião pública de todo o mundo, fica de fato despojada de sua sacra!idade para ser entregue aos critérios de julgamento da modernidade. Não por acaso, no "Corri ere de ll a Sera" do mesmo di a, Mass im o Franco fa la do "sintoma extremo,.final, irrevo-
gável, da crise de um sistema de governo e de uma forma de papado ". Não se pode fazer uma comparação, nem com Celestino V, que renunciou após ter sido arrancado à força de sua cela eremítica, nem com Gregório
XU, quem por sua vez foi forçado a renunciar para resolver a gravíssima questão do Grande Cisma do Ocidente. Tratava-se de casos excepcionais. Ma qual é a exceção no gesto de Bento XV I? A razão, oficial, esculpida nas suas palavras pronunciadas em 11 de fevereiro, mais do que a exceção exprim e a norma lidade:
"No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande importância para a vida da f é, para governar o barco de Pedro e anunciar o Evangelho, é também necessário o vigo,; seja do corpo, seja
da alma, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de modo tal, que devo reconhecer a minha incapacidade. " Não nos defrontamos com uma deficiência grave, como foi o caso de João Paulo li no final de seu pontificado. As fac uldades inte lectua is de Bento XVI estão plenamente íntegras, como e le demonstrou num a de suas últimas e mai s sig nificat ivas med itações para o Se min á ri o Romano , e s ua sa úd e é "geralmente boa", co mo afi rm o u o porta-voz da Sa nta Sé, padre Federi co Lomba rdi , segu ndo o qual , entretanto, o Papa alertou nos úl timos te mpos para "o
desequilibrio entre as tarefas, entre os problemas a serem resolvidos e as/orças das quais sente não dispor ". No entanto, desde o momento da eleição, cada pontífice experimenta um compreensível sentimento de inadequação, percebendo a desproporção entre suas capacidades pessoais e o peso da tarefa para a qual ele é chamado. Quem pode afirmar-se capaz de suportar com suas próprias forças o 1111m11s de Vigário de Cristo'? Mas o Espírito Sa nto ass iste o Papa não somente no mome nto da e le ição, se não também até a sua morte, em cada momento, mesmo no ma is difíceis, de seu pontificado. Hoje, o Esp íri to Sa nto é freq uentemente invocado de fo rm a
in adequada, como quando se pretende que Ele in sp ira cada ato e cada pa lavra de um Papa o u de um Conc íli o. Nestes dias , no entanto , E le é o grande ausente dos comentários da mídia , que ava li am o gesto de Bento X VI de aco rd o com um crité ri o puramente hum ano, como se a Igrej a fosse uma mul tinacio nal guiada em te rmos de pura efic iê nc ia, prescindindo de qu a lqu e r influ xo sobrenatu ra l. Mas a questão é: em dois mil anos de hi stó ri a, q ua ntos foram os Papas que reinaram co m boa saúde, que não experimentara m o declínio da fo rça nem sofreram com doenças e provas mora is de todo gê nero? O bem-estar fí sico nunca fo i um cri tério de govern o da Igreja. Sê-l o-á a partir de Bento XV I? Um cató li co não pode deixar de se colocar estas perguntas, e se não o fizer e las serão co locadas pelos fatos , como no próximo conclave, quando a escolha do sucessor de Bento será in ev itave lmente ori entada para um ca rdea l jovem, na pl en itude de s uas forças , para que possa ser co nsid erado adequado para a grave missão que o espera. A menos que o cerne do problema não esteja naq ue las "questões de grande
relevância para a vida dafé" às qua is se referiu ao Pontífice, e que poderiam aludir à situação de ingovern ab ilid ade em que parece encontrar-se hoje a Igreja. Seria pouco prudente, sob este as1>ecto, considerar já "fochado" o pontificado de Bento XVI, dedicando-se a balanços prematuros antes de aguardar o prazo fatal anunciado por ele: a noite de 28 de feve reiro de 20 13, uma data que ficará gravada na história da Igreja. Depois dessa data , Bento XV La ind a poderá ser protagoni sta de cenários novos e inesperados. De fato , o Papa anunc io u sua demi ssão, mas não seu silêncio ; e sua esco lha restitui -lhe um a li berdade da qua l talvez se senti sse privado. O que dirá e fará Bento XV I, ou o ca rdea l Ratzinger, nos próximos dias, semanas e meses? E, sobretudo, quem g ui ará, e de que maneira, a barca de Pedro nas novas tempestades qu e inevitavelmente o esperam? • E- mail para o autor: ca1oli cismo @1erra.com.br
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"Desmonarquização" da autoridade eclesiástica Emsua obra Revolução e Contra-Revolução,
discorrendo sobre a IV Revolução - movimento que visa impelir a sociedade civilizada para uma vida tribal - Plinio Corrêa de Oliveira tece os comentários abaixo, muito oportunos para a compreensão da confusa realidade de nossos dias. 1
exemplo, a tendência ao colegiado como modo de ser obrigatório de todo poder dentro da Igreja e como expressão de certa "desmonarquização" da autoridade eclesiástica, a qual ipso facto ficaria, em cada grau, muito mais condicionada do que antes ao escalão imediatamente inferior. Tudo isto, levado às suas extremas consequências, poderia tender à instauração estável e universal , dentro da Igreja, do sufrágio popular, que em outros tempos foi por Ela adotado às vezes para
Tribalismo eclesiástico - Pe11tecostalismo Falemos da esfera espiritual. Bem entendido, também ela a IV Revolução quer reduzir ao tribalismo. E o modo de o fazer já se pode bem notar nas correntes de teólogos e canonistas que visam transformar a nobre e óssea rigidez da estrutura eclesiástica, como Nosso Senhor Jesus Cristo a instituiu e 20 séculos de vida reli giosa a modelaram mag nificamente, num tecido cartilaginoso, mole e amorfo, de dioceses e paróquias sem circunscrições territori a is definidas , de grupos religiosos em que a firme autoridade canônica vai sendo substituída gradualmente pelo ascendente dos "profetas" mai s ou menos pentecostalistas, congêneres, eles mesmos, dos paj és do estruturalotribalismo, com cujas fi guras acabarão por se confundir. Como também com a tribo-célula estruturalista se confundirá, necessariamente, a paróqui a ou a diocese progressista-pentecostalista.
preencher certos cargos hierárquicos ; e, num último lance , poderia chegar, no quadro sonhado pelos tribalistas, a uma indefensável dependência de toda a Hierarquia em relação ao laicato, suposto porta-voz necessário da vontade de Deus. "Da vontade de Deus", sim, que esse mesmo laicato tribalista conheceria através das revelações "místicas" de algum bruxo, guru pentecostalista ou feiticeiro; de modo que, obedecendo ao laicato, a Hierarquia supostamente cumpriria sua missão de obedecer à vontade do próprio Deus. [... ]
Em meio a esse caos, só algo não variará. É, em meu coração e em meus lábios, como no de todos os que veem e pensam comigo, a oração transcrita ao final da Parte III: "Ad te levavi oculos meos, qui habitas in coe/is. Ecce sicut oculi servorum in manibus dominorum suorum, sicut oculi ancillae in manibus dominae suae; ita oculi nostri ad Dominam Matrem nostram donec misereatur nostri". 2 É a afirmação da invariável confiança da alma católica, genuflexa, mas firme, em meio à convulsão geral. Firme com toda a firmeza dos que, em meio da borrasca, e com uma força de alma maior do que esta, continuarem a afirmar do mais fundo do coração: "Credo in Unam, Sanctam, Catholicam et Aposto fi cam Ecclesiam ", ou seja, Creio na Igreja Católica, Apostólica, Romana, contra a qual, segundo a promessa feita a Pedro, as portas do inferno não prevalecerão. Notas: 1. Revolução e Contra-Revo lu ção, Artpress, Parte m, Cap. lll , E (e Pos fác io de 1992), São Paulo, 20 12. 2. "Levanto meus o lhos para ti , que habitas nos Céus. Assim como os olhos dos servos estão fixos nas mãos dos seus sen hores e os olhos
· da escrava nas mãos de sua senhora, assim nossos o lhos estão fixos na Senhora, Mãe nossa, até que Ela tenha mi sericórd ia de nós" (Cfr. Ps. 122, 1-2).
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"Desmo11arquização" elas autol'Ídades eclesiásticas Nesta perspectiva, que tem algo de histórico e de conjectura!, certas modificações de si alheias a esse processo pod eriam ser vistas como passos de transição entre o status quo pré-conciliar e o extremo oposto aqui indicado. Por
CATOLICISMO
O pároco de Ojo de Agua, em Saltillo (México), ,usa paramentos inaceitáveis, ornados com desenhos de estórias em quadrinhos! E asperge água benta com uma pistola de brinquedo ...
No Canadá, o frade progressista André Gauthier (esq.), da Comunidade dos Irmãos das Escolas Cristãs, num encontro da juventude
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os estandartes dourados do Instituto Plinio Corréa de Oliveira e ouviram seu brado de alerta.
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Uma verdadeira Cruzada pela Civilização Cristã •
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ma das maiores ameaças para o Brasil de hoj e é o proj eto de novo Cód igo Penal. Catolicismo o tem comentado em mais de uma ocas ião. E utanásia, prostituição, favorec imento da agenda homossex ua l, eq uiparação do ho mem aos anima is, proteção das rochas e are ias (sic!), ao lado da liberação praticamente to ta l do aborto, são a lgu ns dos pontos do malfadado projeto. Se a sa nha dos inimi gos da c ivilização cristã é tão grande e ab range uma gama de temas tão vasta, nossa coragem e ded icação não podem ser menores. Pe lo contrário, devem ir a lé m dessa
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CATO LICISMO
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A atuação dos caravanistas comportou três aspectos, que constituíram como que três campanhas diferentes. Primeiramente, os jovens do Instituto continuaram a Cruzada pela Família iniciada em janeiro de 2012 contra o aborto e a ditatorial agenda homossexual, e obtiveram um sucesso além de todas as expectativas. Furando a barreira de terror que certa mídia, órgãos públicos e algumas ONG s impõem à população, os caravanistas mostraram ao públi co que é possível opor-se ao aborto e à agenda do movimento homossexual de maneira ordeira, pacífica, mas firme e altaneira. Eles divulgaram os dois livros do Pe. David Francisquini - Catecismo contra
o Aborto e Homem e Mulher Deus os Criou, este sobre a questão do homossex ualismo. Essa atitude corajosa tem maravilhado a população brasileira, majoritariamente católica e avessa aos inimigos da família. Muitos são os que exclamam: "A té que enfim
pers istê nc ia cm demolir o que a inda resta de catoli cidade em nossa Pátria. É por esta razão que seguindo os passos daquele que lhe dá o no me, o
i nstituto Plin io Corréa de Oliveira continua a percorrer o Brasil , a lertando a população para todas essas ameaças, e conv idando a todos a participarem desta CRUZADA. No período das férias de janeiro último, por exempl o, 35 j ovens voluntários do Instituto compuseram uma caravana que a lcança gra nde repercussão no Paraná e em Sa nta Catarina, alé m de atuare m na capi ta l paulista. Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Apucarana, C uritib a, Blumenau , Joinville, São Bento do Su l e Florianópolis fo ram a lgumas das c idades que viram tremular
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alguém está saindo às ruas para dizer isso!"; ou ainda: "Isto é o que eu gostaria de ter coragem de proclamar". Entretanto, suscita também o ódio dos adversários da institu ição da famí li a, que não se contêm e acabam mostrando sua verdadeira face intolerante e violenta. Em Curitiba, por exemp lo, os jovens caravanistas foram cercados por uma turba de indivíduos ligados ao movimento homossexual, que sabendo de nossa presença na cidade, se organizaram. Começaram a insultar os caravanistas, e vendo que estes continuavam sobranceiros em sua campanha ordeira, iniciaram uma saraivada de agressões morais, com gestos obscenos, propostas indecentes, acenos imorais e ameaças de agressão física. lntimoratos e altaneiros, os jovens não respondiam às provocações, mas rezavam e bradavam os slogans da campanha. A oração enfureceu ainda mais a turba. Ao fina l, um dos agitadores atirou uma pedra contra a cabeça de um dos caravanistas e o sangue escorreu! Essas cenas podem ser vistas nos vídeos difundidos pelo Instituto em seu site www.ipco .org.br. Cenas semelhantes repetiram-se em outras cidades. Bem organizados, mas cegados pelo ódio e pela intolerância, tais agitadores parecem não ter percebido que suas agressões somente aumentavam a simpatia do público pelos caravanistas, pois tornavam evidente quem tinha razão ...
* * * A segunda campanha realizada pela caravana consistiu na difusão do livro Psicose Ambientalista, de autoria do Príncipe Dom Bertrand de Orléans e Bragança, que denuncia a manobra do ambiental ismo radical para acabar com o direito de propriedade no Brasi l e implantar uma "re ligião" ecológica igualitária e anticristã. O público acolheu com simpatia também esse tema. Muitas pessoas do povo contavam casos de conhecidos que tiveram de pagar multas vultosas por terem cortado uma árvore; outros tinham problemas com as absurdas exigências do novo Código Florestal; e outros comentavam as mentiras e abs urdos do ecologismo radi ca l.
* * * A terceira campanha iniciou-se na cidade de São Paulo e consistiu na coleta de assinaturas para um abaixo-assinado contra o projeto de novo Código Penal , oposto aos verdade iros anseios das famílias brasi leiras. Em aproximadamente 15 horas de atuação nas avenidas Paulista, Faria Lima e Higienópoli s, bem como no centro de São Paulo, foram coletadas 6.370 assinaturas pela retirada do malfadado projeto. Ta l resultado incentivou-nos a levar adiante a petição, a ser entregue oportunamente ao presidente do Senado (vide texto da petição às pp. 24-25). A repercussão da caravana na mídia - a qual gera lmente faz um sistemático si lêncio sobre esses temas - foi reflexo da grande aco lhida que as campan has do Instituto alcançàram no público. Estas geraram notícias e debates das emissoras de TV do SBT, da Record e da Globo de várias cidades, sem contar as mais de duas dezenas de notíci as divulgadas por emissoras e jornais regionais. A campanha continua repercutindo muito em sites e blogs da Internet. Que Nossa Senhora Aparecida abençoe essas várias frentes de combate em defesa dos princípios perenes da civilização cristã multiplicando nossos esforços e dando-lhes toda a eficácia possíve l. • E- mai l para o autor: catoli cismo@tcrra.com .br
CATOLICISMO
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PETIÇÃO URGENTE AO PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL E AOS INTEGRANTES DA COMISSÃO ESPECIAL RESPONSÁVEL POR EXAMINAR O PROJETO DE CÓDIGO PENAL Exmo . Sr. presidente do Senado Federa l e Exmos. Srs. Senadores integrantes da Comissão Especia l que examina o Proj eto de Códi go Penal - PLS 23 6/2012. Os abaixo assinados, na qualidade de eleitores a quem cumpre o direito e o dever de um voto consciente e vigilante, altamente apreensivos com o conteúdo do Projeto de lei que trata da reforma do Códi go Penal brasileiro (PLS 236/2012), atua lmente tramitando nessa nobre Casa legislativa, vimos, aderindo à iniciativa do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, pedir o que segue.
Pedidos A - que o PLS 236/2012 seja rejeitado em bloco;
B - Ou pelo menos: 1 - Sej am penalizados os menores de 18 anos que co. meterem crimes; 2 - Não haj a qua lquer liberalização do aborto; 3 - Não haj a qua lquer liberalização das drogas; 4 - N ão se facilite a prostituição dos nossos jovens; 5 - N ão se libere, na prática, o crime de infanticídio; 6 - N ão sejam liberados rituais pagãos ind ígenas, por ex. os que matam crianças; 7 - N ão se libere o assassinato de idosos e doentes ( eutanás ia); 8 - Não se libere a pedofili a; 9 - N ão se conceda ao lobby homossexual os privilégios que re ivindica; 1O- Sej a cancelado o di spositivo que libera um " terrorismo bom"; 1I - Suprima-se toda ambi guidade ao classificar "trabalho análogo ao de escravo"; 12 - Cance lem-se os di spositi vos estatizantes; 13 - Cance le-se o absurdo "endeusamento" ecológico de anima is, em desfavor das pessoas;
R<lzões dos pedidos A - É tal o conjunto de insânias e absurdos, muitos deles moralmente inaceitáveis, re unidos no Proj eto de Código Pena l, que o me lhor seri a rej eitá- lo em bloco. Foi aliás a conc lusão a que chegou, com muita propri edade e erudição, o eminente jurista Migue l Rea le Jr., em entrevista ao Consul to r Jurídi co: "Não tem conserto. Os erros são de tamanha gravidade, de tamanha p rofundidade, que não tem mais como consertar". É de notar que o presente Proj eto é uma aplicação, no campo penal, do inaceitável 3° Plano N acional dos Direitos H umanos (PNDH-3), lançado por decreto do então presidente L ul a da Silva, nas vésperas do N atal de 2009, e que provocou enorme rej eição da sociedade bras il eira, estando o Instituto
CATOLICISMO
Plinio Corrêa de Oliveira entre os primeiros a denunciar seus absurdos. A partir de então pouco se fal ou sobre o PNDH-3 , mas ele vem sendo aplicado sorrateiramente e a conta-gotas, utilizando-se para isso diversos instrumentos legai s ou pro pagandísticos. A professora e doutora em direito penal Jana ína Conceição Paschoal , advogada e professo ra livre-doce nte da Faculdade de Direito da USP, no artigo "Direito penal politicamente correto" assim anali sa o Proj eto: "Código
Penal para acadêmicos: rígido com o abandono de cães, não com o aborto. Homicídio prescreve; racismo não. Drogas? Caso de saúde. Bully ing? Polícia!". Não é de estranhar, pois, que dois grandes nomes da área penal - a Ministra Maria Thereza Rocha de Assis Moura (Ministra do Superior Tribunal de Jústiça-STJ) e o advogado René Ariel Dotti - acabaram se retirando da Comissão que p reparou o anteproj eto . B - Caso essa reje ição total do PLS 23 6/2012 não venha a ser efe tivada, seria indispensáve l ao menos expurgá-lo de diversos incisos que v iolam gravemente as tradições pátrias, o senso moral dos brasile iros e o espírito cri stão da grande maioria de nosso povo. São exemplos:. l - O tabu de que o menor de 18 anos não pode ser criminalizado (o que só favorece o crime organizado, que se utiliza fartamente de menores); 2 - Um dos pontos mais graves do Proj eto di z respeito a uma deplorável liberalização do aborto, abrindo caminho para que a matança dos inocentes no seio materno deixe de ser crime. Chega-se ao descalabro de que, e m caso de risco à v ida da gestante, o aborto pode ser fe ito sem autorização dela ou de alguém responsáve l! Explica o eminente j uri sta lves Gandra Martins: "Pela Lei Tamar, destruir ovos de tartaruga
é crime, pelo Código Penal matar seres humanos no ventre materno, não. É a desvalorização máxima do ser humano". 3 - Liberação das drogas: sendo para uso pessoal, de ixa de ser crime usar, transportar e até cultiva r qua lquer tipo de droga, mesmo as classificadas como "pesadas". Se aprovado, será o paraíso dos trafi cantes, po is encontrarão uma c lientela fác il , impune e disposta a encobri-los. Isso sem fal ar de que essa liberali zação acaba sendo um sinal de que o uso delas
não é mau , quando o mesmo deveri a ser desestimul ado. 4 - O Proj eto abre as portas para o lenocí ni o e o rufi ani smo, dando largas a toda ex ploração da prostitui ção, inclusive com fin s de lucro. 5 - No crime de infa nticídio, confo rme explica o Dr. Gilberto Callado - procurador estadual de Justiça, advogado e jornalista - houve uma redução da pena, permi tindo ademais a possibilidade de aplicação antecipada do chamado sursis processual. A consequênc ia desse instituto despenali zador, aplicado ao infa nticídi o, é a sua bana li zação processual e penal. Ass im , o que se observa na proposta é a quase compl eta impunidade do infa nti c ídio e a inju stificável diminui ção da proteção da vida humana. 6 - E m certos ritua is maca bros de tribos indígenas brasile iras, sacrificam-se cri anças portadoras de defi ci ências fis icas ou menta is, e até gêmeos podem ser sacrifi cados. Esta es péc ie de e uge ni a é praticada através de ritual para cumprir tradi ção de algumas tribos indígenas. Poi s bem, para o Proj eto, essa e o utras cerimôni as maca bras dos índi os merecem respeito e devem ser preservadas, a inda que represente m a "cultura da morte", o q ue em nada benefic ia os índios. O P roj eto te nta imunizar práticas condenáveis do indigeni smo neopagão, em lugar de fa vorecer o que as tribos têm de legítim o. 7 - A euta nás ia é tota lmente liberada na prática, po is ta is são as circunstâncias em que e la não é penali zada, que equivale a uma liberação total; 8 - No caso d e crimes sex ua is contra vulneráve is, reduziu-se a menoridade do ofendido para até 12 anos. Todas as perve rsões sexuais contidas nos tipos pena is referentes a ações prati cad as p o r um indi v ídu o adul to co ntra ado lescente de mais de 12 anos de idade, com o seu consentimento, não mais serão punid as . Essa aberração fi ca liberada. 9 - O Proj eto não ouso u utili zar o term o " homofobia", ta lvez para não dar mostras de es tar atre lado ao lobby ho mossex ua l, a cujo j argão
esta pa lav ra pertence. Mas através de c ircunl óqui os atende generosa mente às pressões desse lobby, sempre a pretexto, é c laro, de di re itos hum anos. In cluída entre os "crimes resultantes de preconceito ou discriminação" , qualquer "ofensa" aos homossex ua is, entra na catego ri a de crimes hediondos, insuscetíveis de fi a nça, ani stia e graça. Al ém di sso, em numerosas tipifi cações de crim es, o de li to cometido por preconceito de ori entação sex ua l ou identidade de gênero aparece como c ircunstânc ia agravante, portanto com aum ento de pena. Co loca assim os homossex ua is e outros da sig la LG BT numa situação priv ilegiada, po is não basta que as agressões, atentados etc. contra e les sofram a puni ção dev ida a qua lquer ag ressor, mas postul a-se uma puni ção ma ior e mais abrangente. É prec iso ex purga r o Proj eto desse pri vil égio indevido, que se volta contra a popul ação em geral, 'j á amedrontada pela propaga nda bru ta l em favo r da agenda homossex ual. O estudo da Dra. He lena Lobo da Costa, advogada e professora de Dire ito Process ua l Penal na Faculdade de Dire ito da US P, publicado no j orna l da OAB/S P, mostra documentadamente que uma lei contra a homofobi a é tota lm ente inútil do ponto de vista ju ríd ico. 1O- A di fe renc iação entre um terrorismo " ruim", a ser punido, e um " bo m" a ser defendido, faz esfrega r as mãos de contentamento aos mov im entos ilegais como o MST, os in vasores de propri edades urbanas e agríco las. É o sinal verde para in vadi re m e depredarem, como costumam faze r. 11 - O Proj eto aume nta as penas dev idas a quem redu z outrem à condi ção análoga à de escravo, incluindo-o na categori a de crimes hed iond os . M as a enume ração do que ve nha a ser essa ana log ia com a escrav idão é de um a ambi guidade preocupante, o que pode levar a enormes injustiças. É bom lembrar que até a fa lta de carte ira ass inada j á tem sido qualificada co mo sendo aná loga à escravidão ! 12 - O Proj eto é a ltamente estati za nte, po is o Estado penetra nas minúcias da vida de fa míli a e do c idadão para impor sua vontade, sob pena de crime. Ass im é, por exemplo, co m a crimin a li zação do bulling. Ta mbém está tipifi cada co mo crime a condu ta de entregar a menores de idade fogos de esta mpidos o u de arti fic io (traques, bo mbinhas, roj ões, fósforos de co r etc.), com ameaça pena l de 2 a 6 anos. Assim, o cuidado dos pa is com os filh os me nores em fes tas de São João será entregue ao Estado. 13 - Seguindo· as pegadas de uma eco logia radica l co ndenada em li vro que vai se torn and o bestseller, do Prín c ipe D. Bertrand de O rl eans e Bragança, intitul ado "Ps icose Ambienta lista" - protege-se mais o anima l do que a pessoa hum ana. Tome m-se, por exempl o, os crimes de omi ssão de socorro de criança aba ndonada ou de lesões corporais, cuja pena m ínima é doze vezes infe ri or (um mês de prisão) à do crime de omissão de socorro de qu a lquer anima l que estej a em grave e iminente peri go (um ano de prisão). Na espera nça de que Y.Exc ias . co ibirão ab usos tão gritantes qu e ameaçam a pop ulação bras il e ira e que to rnam ve rdade ira mente criminoso esse Proj eto de Códi go Penal, subscrevemo-n os.
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CAPA
I Estação
VIA SACRA
Jesus é condenando à morte V. - Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bemlizemos. R. - Porque pela J/Ossa Santa Cmz remistes o mundo.
Plínio Corrêa de Oliveira " O Legionário", nº 55 8 (1 8-4-1943)
,
"O vós, que passais pelo
caminho, atentai e vede se há dor semelhante à minha dor" (Lam. 1, 12)
No Brasil, a Via Sacra de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira ultrapassou a cifra de 1 milhão de exemplares distribuídos em todo território nacional
Via Sacra, ou Via Crucis é o caminho seguido por Nosso Senhor Jesus C ri sto entre o Pretóri o de Pil atos - onde E le fo i condenado à morte de Cru z - e o Santo Sepulcro, passand o pelo monte Calvári o, no qual ocorreu o maior crime j á perpetrado em toda a H istória da hum anidade: a crucifixão. E m memóri a desses dolorosos passos da Paixão, fundamentados nos Evangelhos, a Santa Igrej a recomenda aos fi éis que percorram as estações da Via Sacra, reconstituam menta lmente os lugares santos e meditem nos fa tos ocorridos em cada um de les . Por esse exerc ício de piedade, recomendado espec ia lmente para o período da Q uaresma, a Igrej a concede espec ia is indulgências (vide quadro à p . xx). No intuito de incrementar essa a ntiga devoção às dores de nosso Di vino Redentor, Plinio Corrêa de Oliveira compôs duas versões da Via Sacra, nas quais tece magníficas analog ias para os fie is de nossos conturbados di as. A primeira fo i publicada em 18-4-1 943 no " Legio nário" - órgão oficioso da Arquidi ocese de São Paulo, do qual era diretor - e a segunda em março de 195 1, em Catolicismo. Essas duas Vi as Sacras fo ram traduz idas para diversas lí ng uas e publi cadas em países dos cinco continentes. Gravações delas fora m tra nsmitidas em numerosos programas radiofônicos e difundidas em milhares de cópias de CD . Tão numerosas fo ram as suas edi ções impressas que certamente estão entre as Vias Sacras mais propagadas no mundo cató lico. N este ano, cuando se compl etam sete décadas da primeira versão da Via Sacra de autoria do nosso inspi rador e princ ipal col aborador, Catolicismo oferece a seus leito res a tra nscrição de seu memorável texto, certo de que sua medi tação du rante a Semana Sa nta será ocas ião de muitas graças e afervoramento espi ritual para todos .
A Direção de Catolicismo
CATOLICISMO
Se formos realmente católicos, seremos outros Cristas. r
Co ns piraram contra Vós, Senhor, os vossos inimi gos. Se m gra nde esforço, amotinaram o popul acho ingrato, que agora fe rve de ódi o contra Vós. O ódi o. É o que ele toda pa rte Vos circunda, Vos envo lve como uma nu vem densa, se atira contra Vós co mo um esc uro e fr io vendava l. Ódi o gratuito, ódio fü ri oso, ódio impl acável: ele não se sac ia em Vos humilhar, em Vos satu ra r de opróbrios, em Vos encher de amarg ura; vossos inimi gos Vos odeiam tanto que já não s uporta m vossa presença e ntre os v iventes, e quere m a vossa morte. Q uerem qu e desapareça is para sempre, que emudeça a linguagem de vossos exempl os e a sabedoria de vossos ensinamentos. Q uerem-Vos morto aniquil ado, destruído. Só ass im terão apl acado o turbilhão de ódi o que em seus corações se levanta. Sécul os mesmo antes que nascêsseis, já o P ro feta prev ia esse ódio que suscitari a a luz ela ve rdades que anunciaríe is, o brilho divino das v irtudes que teríe is: "Meu povo, que te fiz Eu, em que porventura te contristei?" (Mat. VI, 3). E interpretando vossos sentimentos, a Sagrada Liturgia exclama aos infié is de então e de hoj e "Que mais devia Eu ter fe ito por ti, e não fiz? Eu te plantei como vinha escolhida e p reciosa: e tu te converteste em excessiva amargura para Mim; vinagre Me deste a beber em minha sede e traspassaste com uma lança o lado de teu Salvador " (Impropérios). Tão forte fo i o ódi o que co ntra Vós se levanto u, que a própri a autoridade de Roma, que julgava o mundo inte iro, abateu-se acovardada, recuou e cedeu ante o ódio dos que sem causa a lguma Vos queri am mala r. A a ltivez 1'01118118, v itoriosa no Reno, no Danúbi o, no Nilo e no Medi te rrâneo, afogo u-se na bac ia de Pi latos. "Christianus alter Christus ", o cristão é um o utro Cri sto. Se for mos rea lmente cristãos, isto é realmente cató licos, seremos outros C ri stos. E, inev ita ve lme nte, o t urbilhão de ód io que contra Vós se levanto u, também contra nós há de soprar fu riosa mente. E ele sopra, Senhor! Compadece i-Vos, ó meu Deus, e dai fo rças ao pobre menino de co légio, que sofre o ódio de se us companhe iros porque professa vosso nome e se recusa a profa nar a inocênc ia de seus lábios com palavras de imp ureza. O ódi o, sim . Talvez não o ódi o sob a fo rma de uma in vectiva desa brida e feroz, mas sob a fo rma te rrí ve l do escá rni o, do isolamento, do desprezo. Dai fo rças, ó me u Deus, ao estudante que vacila em p roclamar vosso nom e em pl ena aula, à vista de um professor ímpio e de uma turma de co legas que motej a. Da i fo rças, ó meu Deus, à moça qu e deve procl amar vosso nome, recusa ndo-se a vestir os trajes que a moda impõe, desde que por sua extravagância ou imora li dade des toe m da di gnidade de um a verdadeira cató li ca. Da i forças , ó meu Deus, ao inte lectua l que vê fec harem-se diante de si as portas da notoriedade e da g lóri a, porqu e prega a vossa do utrina e professa o vosso no me. Da i fo rças, ó meu Deus, ao apósto lo que sofre a investida inc lemente dos adversários de vossa Igrej a, e a hostilidade mil vezes ma is penosa de mui tos que são filh os da luz, só porque não consente nas dilui ções, nas mutilações, nas un ilatera lidades com que os " prudentes" comp ra m a to lerânc ia do mun do para se u aposto lado. Ah, meu Deus, como são sábios vossos inimigos! E les sente m q ue na li ng uagem desses "prudentes", o que e d iz nas entrelinh as é que Vós não odia is o ma l, nem o erro, nem as trevas. E então apl audem os prudentes segund o a ca rne, co mo Vos ap laud iri am em Jerusalém, em luga r de Vos matar, se tivésse is di rig ido aos do Sinédri o a mesma ling uage m. Senho r, dai-nos fo rças : não qu eremos nem pactu ar, nem recuar, nem tra nsig ir, ne m diluir, nem permitir que se des botem em nossos lábios a d ivina in tegridade de vossa do u-
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III Estação
trina. E se um dilúvio de impopularidade sobre nós desabar seja sempre nossa oração a da Sagrada Escritura: "Preferi ser abjeto na casa de meu Deus a morar na intimidade dos pecadores ".(S 1. LXXXIU, 11)
Dai-nos, Senhor, a capacidade de sofrer. De sofrer muito. De sofrer tudo. De sofrer heroicamente.
V. - Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos. R. - Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
É fácil falar em sofrimento. O difícil é sofrer. Vós o provastes, Senhor. Como é diferente do heroísmo fátuo e artificial de tanto soldado das trevas o vosso divino heroísmo, Senhor. Vós não sorristes em face da dor. Não éreis, Senhor, dos que ensinam que se passa a vida sorrindo. Quando vossa hora chegou, tremestes, Vos perturbastes, suastes sangue diante da perspectiva do sofrimento. E neste dilúvio de apreensões, infelizmente por demais fundadas, está a consagração de vosso heroísmo. Vencestes os brados mais imperiosos, as injunções mais fortes, os pânicos mais atrozes. Tudo se dobrou ante vossa vontade humana e divina. Acima de tudo, pairou vossa determinação inflexível de fazer aquilo para que havíeis sido enviado por vosso Pai. E, quando leváveis vossa Cruz pela rua da amargura, mais uma vez as forças naturais fraquejaram. Caístes, porque não tínheis força. Caístes, mas não Vos deixastes cair senão quando de todo não era possível prosseguir no caminho. Caístes, mas não recuastes. Caístes, mas não abandonastes a Cruz. Vós a conservastes convosco, como a expressão visível e tangível de vosso propósito de a levar ao alto do Gólgota. Ó, meu Deus, dai-nos graças para que, na luta contra o pecado, contra os infiéis, possamos quiçá cair debaixo da cruz, mas sem jamais abandonar nem o caminho do dever nem a arena do apostolado. Sem vossa graça, Senhor, nad!t, absolutamente nada podemos. Mas se correspondermos à vossa graça, tudo poderemos. Senhor, nós queremos corresponder à vossa graça.
II Estação Jesus aceita a Cruz da mão dos carrascos V. - Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos. R. - Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Mas para isto, Senhor, é preciso paciência. Paciência pela qual se deixa, de braços cruzados e coração conformado, cair o dilúvio sobre a própria cabeça. Paciência é a virtude pela qual se sofre para um bem maior. Paciência é, pois, a capacidade de sofrer para o bem. Precisa de paciência o doente que, esmagado por um mal incurável, aceita resignado a dor que ele lhe impõe. Precisa de paciência aquele que se debruça sobre as dores alheias, para as consolar como Vós consolastes, Senhor, os que Vos procuravam. Precisa de paciência quem se dedica ao apostolado com invencível caridade, atraindo amorosamente a Vós as almas que vacilam nas sendas da heresia ou no lodaçal da concupiscência. Precisa também de paciência o cruzado que toma a cruz, e vai lutar contra os inimigos da Santa Igreja. É um sofrimento tomar a iniciativa da luta, formar e manter de pé dentro de si sentimentos de pugnacidade, de energia, de combatividade, vencer o indiferentismo, a mediocridade, a preguiça, e atirar-se como um digno discípulo daquele que é o Leão de Judá, sobre o ímpio insolente que ameaça o redil de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ó sublime paciência dos que lutam, combatem, tomam a iniciativa, entram , falam, proclamam, aconselham , admoestam, e desafiam por si sós toda a soberba, toda a empáfia, toda a arrogância do vício insolente, do defeito elegante, do erro simpático e popular! Vós fostes, Senhor, um modelo de paciência. Vossa paciência não consistiu, entretanto, em morrer esmagado debaixo da Cruz quando vo-la deram. Conta uma piedosa revelação que, quando recebestes das mãos dos verdugos a vossa Cruz, Vós a beijastes amorosamente, e, tomando-a sobre os ombros, com invencível energia a levastes até o alto do Gólgota. · Dai-nos, Senhor, essa capacidade de sofrer. De sofrer muito. De sofrer tudo. De sofrer heroicamente, não apenas suportando o sofrimento, mas indo ao encontro dele, procurandoo, e carregando-o até o dia em que tenhamos a coroa da vitória eterna.
Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai. .. V. - Tende pie,lade de nós, Senhor. R. - Tende piedade ,le nós. V. - Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos. R.-Amém.
CATOLICISMO
Jesus cai pela primeira vez sob a Cruz
Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai... V. - Tentle piedade de nós, Senhor. R. - Tende piedade de nós. V. - Pela misericórdia ,le Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos. R.-Amém.
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O, meu Deus,
dai-nos graças . . para1amazs abandonar nem o caminho do dever, nem a arena do apostolado.
Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai ... V. - Tende piedade de nós, Senhor. R. - Tende piedade de nós. V. - Pela misericórdia de Deus ,lescansem em paz as almas dos fiéis defuntos. R.-Amém.
IV Estação Maria Santíssima vem ao encontro de Jesus V. - Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos. R. - Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. Carregar a cruz significa, muitas e muitas vezes, renunciar. Renunciar antes de tudo ao ilícito, ao pecaminoso. Mas renunciar também , e muitas vezes, ao que, sendo lícito e até admirável em si torna-se mau ou menos perfeito em consequência de determinadas circunstâncias. No caminho de vossa Paixão, Senhor, destes um terrível exemplo, um luminoso e admirável exemplo de renúncia ao que é lícito. O que há de mais lícito, Senhor, do que as carícias, do que o desvelo de vossa Mãe Santíssima? Tudo quanto dela sabemos é que, por MARÇO2013
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Pensai em Maria Santíssima, que deixou seu Divino Filho seguir só, o caminho que Lhe traçara a vontade de Deus. E p edi que Ela console vossa ditosa dor.
mais que de la sa ibamos a lgo, dela j amais saberemos tudo, ta l é o oceano incomensuráve l de perfe ições e de graças que E la conté m. Vossa Mãe, Senhor, está em vosso caminho. Ela quer conso lar-Vos. Ela quer conso lar-Se convosco. Vede-A . Como é legítimo que Vos detenha is ao longo da vi a dolorosa, consolando-Vos e conso lando-A . Entretanto, o momento da separação depo is deste rápido colóquio chegou. Ó dil acerarão, é prec iso que Vos separeis um do o utro. Nem E la nem Vós, Senhor, contempori za is. O sacrifíc io segue seu curso. E Ela fica à beira do caminho ... É me lhor nem dizer como, vendo-Vos, que Vos di stanc iais aos poucos vertendo sangue, com passo incerto e vac ilante, em demanda do últim o e supre mo sacrifíc io. Maria te m pena de Vós. E la Vos segue com o o lhar, vendo-Vos só, em mãos de verdugos e de inimigos . Quem há de Vos conso lar? Ó vontade irres istível, arre batadora, ime nsa, de seguir vossos passos, de Vos d izer palavras de me igui ce que só E la sabe dizer-Vos, de amparar vosso Corpo di vino, de Se inte rpor entre os carrascos e Vós, e, pros trada como quem implora uma esmo la inestimáve l, suplicar para Si um pouco dos golpes que Vos dão, contanto que com isto Vos fira m um pouco menos , não Vos magoem tanto a ca rne inocente ! Ó Coração de Mãe, o que sofrestes neste lance ! Mães de Padres , mães de Missionários, mães de Re ligiosas, quando senti rdes o pesar de ta nta separação cruel, pensai em Mari a Santíss ima, que de ixou seu D ivino Filho seguir só, o caminho que Lhe traçara a vontade de D eus. E ped i que E la conso le vossa d itosa dor. Mas há, m il e mil vezes infe li zes, outras mães abando nadas. Mães de ímpios, mães de libertinos, mães de pecado res, ta mbém vós ficais a sós, por vezes, no caminho da dor, enquanto vossos filh os correm pe las vias da perdição. Pedi a Nossa Senhora que vos console, que vos dê a lento e persevera nça, e que ofereça parte da dor que neste passo sofreu, para que vossos fil hos possa m a lgum di a vo ltar a vós. Pensa i em Santa Mari a, e j amais desespereis. Para os vossos fi lhos tra nsviados, Nossa Senhora será a Stella Maris, que cedo ou tarde os reconduzirá ao po rto.
Padre Nosso... Ave Maria ... Glória ao Pai... V. - Tende piedatle tle nós, Senhor. R. - Tende pietlatle de nós. V. - Pela misericórtlia tle Deus tlesctmsem em paz as almas tios fiéis tlejimtos. R. - Amém.
V Estação O Cireneu ajuda Jesus a levar a Cruz V. - Nós Vos tu/oramos, ó Cristo, e Vos bentlizemos. · R. - Porque pela vossa Santa Cruz remistes o m,uulo. Simão C ireneu vinha de longe. Não sab ia qua l era a algazarra, o a larido, o vozerio que por vezes o vento lhe traz ia. Uma grande festa, provavelmente, ta ntos eram os ri sos, os brados, as vozes, que em animada sucessão se faz iam ouvir. Aprox imou-se. Forte, jovem, che io de vida, pa rec ia nu m certo sentido a antítese do pobre Ser de túni ca bra nca - a túni ca dos do idos - coroado de esp inhos, todo ensang uentado, um leproso cheio de chagas, que pac iente e lenta mente arrastava a Cruz. O contraste serviu aos a lgozes de inspiração. To maram-no para ajudar C ri sto, Senhor nosso, a carrega r a Cruz. O C ire neu ace ito u. A
CATOLI C ISM O
princípi o, talvez por constra ng imento. Depo is, por piedade. Ficou na Históri a, e, ma is do que isto, conqui stou para si o Re ino do Céu. Como é freq uente esta cena ! No ca minho de nossa vida, vemos a ígreja que passa, perseguida, açoitada, caluni ada, odiada, e, ó meu Deus, por vezes até tra ída por mui tos que se di zem filhos da luz só para melhor poderem propaga r as trevas. Vemos isto. Na aparênci a a Igrej a está fraca , vacil ante, ago ni zante ta lvez. Na rea lidade, Ela é di vinamente forte, como Jesus. Mas nós só vemos a fraq ueza com os o lhos da carne. E somos tão míopes com os olhos da fé, que di scernimos a custo a in vencível fo rça di vina qu e a conservará sempre e sempre. A lgrej a va i ser derrotada. Va i morrer. Eu, pôr ao serviço dessa perseguida, dessa ca luniada, dessa derrotada, a exuberânc ia de minhas fo rças, de minha mocidade, de meu entusias mo? N unca! Di stanc iemo-nos. Não somos Ci reneus. Cuide mos só e só de nossos in teresses . Seremos advogados prósperos, comerciantes ricos, engenhe iros bem co locados, médi cos de boa c li ente la, j ornali stas ilu stres ou prestigiosos professo res. E só no di a do Juízo é qu e co mpree nderemos o que perdemos quando a Santa Igreja passo u por nosso caminho, e nós não a aj udamos ! Aposto lado, aposto lado, aposto lado ! Aposto lado saturado de oração, impregnado de sacrifíc io. É este o me io pelo qua l devemos ser C ireneus da Santa Igrej a. Meu Senhor, fa zei com que sejamos tão fié is a esta graça quanto o próprio C ireneu. Ó, bem-aventu rado C ireneu, roga i por nós.
O Cireneu .aceitou ajudar Cristo, Senhor Nosso. Ficou para a História e conquistou o Céu.
Padre Nosso... Ave Maria ... Glória ao Pai ... V. - Tende pietlatle de nós, Senhor. R. - Tende piedade tle nós. V. - Pela misericórtlia de Deus descansem em paz as almas <los fiéis defimtos. R. -Amém.
VI Estação A Verônica enxuga a face de Jesus V. - Nós Vos atloramos, ó Cristo, e Vos bendizemos. R. - Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mwulo. Todos se riam de Vós, meu Senhor, todos Vos fe riam, Vos ul trajavam. Vossa Face di vina, outrora rad iante de formosura, está ago ra desfig urada inteiramente. Ela só exprime a dor, na sua fo rma ma is aguda, mais pungente. Aos o lhos dessa turbam ulta, que papel fa ri a q uem Vos consolasse, quem tomasse vosso partido, quem se dec larasse vosso? Atra iria sobre si muito do ódi o, do des prezo, da humi lhação que sobre Vós se lançava como impetuosa torrente, do íntimo daque les corações empedernid os, e, mais, de todas as ruas , praças e vielas da c idade deic ida. A Verônica viu isto. Mas ela não teve medo. Ap róximou-se de Vós. Co nsolo u-Vo . E, ó d ivina reco mpensa, vossa Face di vi na ficou para sem pre esta mpada na toa lh a com que e la qui s enxugá- la! Meu Deus, que ira meu coração consolar-Vos sempre. E especialmente quando todos se envergonharem de Vós, da i-me fo rças para Vos conso lar, proc lamando- Vos em alto e bom so m o meu D ivino Re i.
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Como recompensa, não quero outra, senão ter vossa Face estampada em meu coração.
Embora caiamos debaixo da cruz, mazs uma vez Vos suplicamos: Senhor, não permitais que saiamos da estrada da virtude.
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Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai... V. - Tende piedade de nós, Senhor. R. - Tende piedade de nós. V. - Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis dejimtos. R.-Amém.
VII Estação Jesus cai pela segunda vez V. - Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos. R. -
Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Caístes mais uma vez, Divino Senhor. Como é duro o caminho da Cruz! Foi duríssimo para Vós. Será também duríssimo para vossos seguidores. Há momentos em que os caminhos parecem todos fechados para nós, o Céu se tolda, as esperanças desaparecem, as apreensões povoam de negros fantasmas a nossa imaginação. As forças começam a fraquejar. Não podemos mais. Embora caiamos debaixo da cruz, meu Deus, mais uma vez Vos suplicamos, por vossas entranhas misericordiosas, pelo vosso Coração Sagrado, pelo amor que tínheis à vossa Mãe, pelas dores crudelíssimas que neste passo sofrestes, não permitais que saiamos da estrada do sofrimento e da virtude, e que atiremos para longe de nós a cruz. Socorrei-nos então Senhor meu de misericórdia. Porque o que queremos é o cumprimento inteiro de nosso dever. Mas ouvi Deus benigno, a súplica de nossa fraqueza. Pelo muito que sofrestes, pela superabundância de vossos méritos infinitos, abrandai, se possível, nosso sofrimento, tomai mais leve nossa cruz, sede Vós mesmo nosso misericordioso Cireneu, em toda a extensão em que o permitam nossa santificação e os supremos interesses de vossa glória. É o que Vos pedimos, Senhor, pela onipotente intercessão de vossa Mãe.
Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai ... V. - Tende piedade de nós, Senhor. R. -
V. -
Tende piedade de nós. Pela misericórdia de Deus descansem em paz llS almas dos fiéis
defuntos. R.-Amém.
VIII Estação Jesus fala às filhas de Jerusalém V. - Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos. R. -
CATOLICISMO
Senhor! Destes a estas pias mulheres sua vocação: "Chorai". Vocação de chorar pelos sofrimentos de justos e inocentes.
Vós tivestes a Verônica, Senhor, e o inapreciável, se bem que amaríssimo, consolo de vossa Mãe. E, neste passo, outras mulheres se acercam de Vós. Elas choram, elas gemem, elas se apiedam de Vós! Como se chamariam estas boas mulheres? O Evangelho não o diz. Como as trataram os soldados e o populacho que Vos martirizavam? Também não o diz o Evangelho. É certo que se eles falassem linguagem de nossos dias, teriam exclamado: Ó beatério ... Beatério! Quantas vezes esta palavra se pronuncia com desprezo e dureza, para designar as pessoas que se assinalam e se distinguem pela sua assiduidade aos pés de vossos altares tantas vezes abandonados, na frequentação das cerimônias religiosas durante as quais, por vezes, sem elas as igrejas teriam ficado quase vazias. Com chuva ou bom tempo, ei-las que se esgueiram pelas sombras da madrugada ou do crepúsculo, com passo apressado. Vão para a igreja. Muitas vão depressa, porque têm de trabalhar, ou em casa, ou fora. Rezam. E sua oração é por vezes tão agradável que, sem aquilo que pejorativa e injustamente se convencionou chamar beatério, seria muito mais infeliz qualquer grande cidade de pecadores de nossos dias. Poderá por vezes haver excesso, abuso, má compreensão de muita coisa. Mas por que generalizar a regra? Por que olhar apenas para as manchas, sem ver a luz dessa piedade perseverante e inextinguível? Quanto ouro nessa ganga ! E quando, depois de ter contemplado assim essas almas entre as quais muitas têm tão grande mérito, se ouvem certas declamações doutas contra o beatério, tem-se a vontade de dizer dos declamadores: Senhor, quanta ganga nesse ouro! Esse verdadeiro beatério, esse beatério genuíno e sincero já esteve aos pés da Cruz, chorando e gemendo. E quanta gente que gosta de dizer que Judas não está no inferno, mas que para lá vão certamente as beatas, ficara pasmo no dia do Juízo Final! Senhor, aceitai e abençoai essas orações que no decurso de vossa Paixão Vos foram dirigidas. Vós destes a estas pias mulheres sua vocação: "Chorai". A vocação de chorar pelos castigos que justos e inocentes sofrem em consequência dos pecados coletivos, é a grande vocação delas. Que esse pranto, Senhor, que Vós mesmo incitastes, sirva para que vossas igrejas fiquem regurgitantes de beatos verdadeiros, isto é, de bem-aventurados de todas as idades e condições sociais, nobres, ricos, poderosos, pobres, andrajosos, infelizes. Senhor, conquistai e atraí a Vós todas as almas, pelas orações, o exemplo e as palavras das almas fiéis, indefectivelmente fiéis.
Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai... V. - Tende piedade de nós, Senhor. R. - Tende piedade de nós. V. - Pelll misericórdia ,te Deus descansem em paz as almlls dos.fiéis dejimtos. R.-Amém.
IX Estação Jesus cai pela terceira vez V. - Nós Vos adorllmos, ó Cristo, e Vos bendizemos. R. - Porque pelll vossa Santa Cruz remistes o mumlo.
Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
MARÇO2013
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Vendo- Vos cair pela terceira vez, quantos ''prudentes " Vos abandonariam escandalizados!
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Há mi stéri os qu e o vosso Santo Evange lho não narra. E entre eles eu gostaria de saber se me engano ao supor que essa vossa terce ira queda foi feita, meu Senhor, para expiar e sa lvar as almas dos prudentes. A prudência é a virtude pela qu al esco lh emos os meios adequados para obter o fim que temos em vista. Assim , os grandes atos de heroísmo podem ser tão prudentes quanto os recuos estratégicos. Se o fim é vencer, em noventa por cento dos casos é mai s prudente avançar do que recuar. Não é outra a virtude evangélica da prudência. E ntretanto .. . entende-se que a prudência é só a arte de recuar. E, assim, o recuo sistemático e metódico passou a ser a única atitude reconhecida co mo prudente por muitos de vossos amigos, meu Senhor. E por isto se recua muito ... A realização de uma grande obra para vossa glória está mui to penosa? Recua-se por prudência. A santificação está mui to dura? A escalada na virtude multiplica as lutas em vez de as aqui etar? Recua-se para os pântanos da mediocridade, para ev itar, por prudência, grandes catástrofes . A saúde periclita? Abandona-se, por prudência, todo ou quase todo apostolado, mediocriza-se a vida interior, e transform a-se o repouso no supremo idea l da vida, porque a vida foi feita, antes de tudo, para ser longa. Viver muito passa a ser o ideal , em vez de viver bem. O elogio já não seria como o da Escritura: "Em uma curta vida percorreu uma longa carreira" (Sab. IV, l 3). Seria, pelo contrário, "teve longa vida, para o que teve a sabedoria de renunciar afazer uma grande carreira nas vias do apostolado e da virtude". Vidas longas, obras pequenas. E vossa prudência como foi, ó Modelo divino de todas as virtudes? Quantos amigos tendes, que Vos aconselhariam a renunciar qu ando caístes a primeira vez? Da segunda vez, seri am legião. E vendo-Vos ca ir pela terceira, quantos Vos não abandonariam escandalizados , achando que éreis temerári o, falto de bom senso, que queríeis violar os manifestos desígnios de Deus! Que esse passo de vossa Paixão nos dê graças, Senhor, para sermos de uma invencível constância no bem, conhecendo perfeitamente o caminho do verdadeiro heroísmo, que pode ch egar a seus limites mais extremos e mais sublimes sem jamais se confundir com uma vil e presunçosa temeridade. Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai ... V. - Tende pietlade de nós, Senhor. R. - Ten,le pieda,le de nós. V. - Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos .fiéis <iefuntos. R. - Amém.
X Estação Jesus é despojado de suas vestes V. - Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos. R. - Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mumlo.
Não Vos seria poupada esta suprema afronta, meu Deus. Aquele Corpo divinamente casto que a Virgem Santíssima protegeu sempre com as fa ixas e túnicas que lhe fazia, aquele Corpo inexprimi ve lmente puro haveri a de fica r exposto a todos os olhares! Meu Deus, como não supor que Vós tenhais expiado particularmente neste passo os pecados contra a castid ade? O martírio da nudez é imenso para uma alm a pura. Houve
CATOLICISMO
tempo em que, em Ca rtago, as cri stãs conduzidas à arena, tendo vencido miraculosamente as feras , foram submetidas a martíri o ainda maior pelos magistrados, que as expusera m nuas diante do auditóri o, alega ndo saberem que elas prefeririam mil vezes morrer estraçalhadas pelas feras. E tinham razão. Se ass im sofriam as mártires, como so frestes Vós, meu Deus? E se tão grande é vosso divino horror à impureza e à impudi cícia, com que ódio não odiais, Senh or, aqueles qu e ab usa m de sua riqueza propagando modas indece ntes, por meio de representações cinema tográfica e teatrais, por me io de rev istas e fo tografi as, por meio do exemplo fun esto que as classes altas dão às mais modestas? Como não odiais aqueles qu e abu sa m de sua au toridade, forçando as empregadas, as filhas e até as esposas a se vesti r de modo indecoroso, para seguir as fa ntas ias da época? Deles é qu e dissestes no Evange lho: "Melhor seria que se lhes atasse uma pedra ao pescoço, e.fossem atirados ao fundo do mar " (Mt. XVIII , 6). Da i, a todos os que têm por incumbência combater a moda imora l, coragem para tanto, meu Deus. Aos pais, às mães, aos professo res, aos patrões, e aos 1i1embros das assoc iações reiig iosas. Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai ... V. - Tende pie,lade de nós, Senhor. R. - Tende pie,lade <le nós. V. - Pela misericórdia de Deus desc,msem em paz as almas dos.fiéis de.fimtos. R. -A mém.
Após os sofrimentos anteriores indizíveis, vosso sacrificio chegou até o fim.
XI Estação Jesus é pregado na Cruz V. -
R. -
Nás Vos adoramos, á Cristo, e Vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mwulo.
Quando Abraão, numa docilidad e sublim e à vossa vontade, meu Deus, ia vibrar contra Isaac o cutelo sacrifi cador, Vós detivestes, mi seri cordiosa mente, o curso do sacrific io. Com vosso Filho, entretanto, não agistes ass im. Pelo contrári o, meu Jes us, vosso sacrificio chegou até o fim. Fez-se abso lutamente inteiro. Carregastes a Cru z ao alto do monte. E, agora, sois cravado nela. A Cruz está por terra, meu Jesus, e Vós nela deitado. Aumentam cruelmente vossas dores. São tantas que, sem um aux íli o sobrenatu ra l, morreríeis. Mas vossa força cresce na medida de vossa divina mi ssão . Tereis tudo quanto for necessá ri o pa ra chega r até a última imo lação. Os lax istas, meu Senhor, rec uam. Eivados de determini smo, não sabem que Deus multiplica, pela graça, as fo rças naturais in significa ntes da vontade humana. Por isto rec uam diante do dever ev idente, ad mi tem inibi ções invencíveis onde mui ta vez só há fa lta de mortificação, e consideram perdidas com honras de guerra muitas batalhas da vida espiritual. Na vida espiritual não se perde com honras de guerra. As honras de guerra consistem apenas em vencer. E ve ncer consiste em não deixa r a cruz, mesmo quando se cai deba ixo dela, consiste em perseverar em meio aos fracassos aparentes das obras ex ternas, adversidade, o esgotamento de todas as fo rças. Co nsiste em levar a cruz ao alto do Gólgota, e, lá, se de ixa r cruc ifi car.
MARÇO2013
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R. - Tende piedade de nós. V. - Pela misericórdia ,le Deus descansem em paz as almas tios fiéis defimtos. R. -A mém.
Vós jaze is sobre vossa Cruz deitado, ó meu Deus! Que fracasso aparente para o Salvador do mundo, atirado à terra corno um verme, desfigurado corno um leproso, e crucificado como um criminoso! Meu Deus, quanta e que esplêndida vitória na realização de vossos des ígnios, a despeito de todos estes obstáculos! Mai s uma vez, meditando vossa Paixão, se ergue em nós o clamor turnultuário de nossa pequenez. Afastai , se possí vel , de nós o cálice, meu Deus, mas, se indispensável , dai-nos fo rças para chegar até a crucifixão.
Em vossa Cruz, humilhado, chagado, agonizante, começastes a reinar sobre a Terra!
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XIII Estação
Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai... V. - Tende piedade de nós, Senhor. R. - Tende pietlade de nós. V. - Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defimtos. R.-Amém.
Jesus é depositado nos braços de sua Mãe I<R. -
XII Estação Jesus morre na Cruz V. - Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos. R. - Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. Já não estais por terra, meu Deus. A Cruz lentamente se levantou . N ão para Vos elevar, mas para proclamar bem alto vossa ignomínia, vossa derrota, vosso extermínio. Entretanto, era o momento de se cumprir o que Vós mesmo havíeis anunciado: "Quando for elevado, atrairei a Mim todas as criaturas" (Jo. XII, 32). Em vossa C ruz, humilhado, chagado, agonizante, começastes a reinar so bre esta Terra. Numa visão profética, víe is todas as almas piedosas de tod os os tempos, que vinham a Vós. Víeis o recato e o pudor das Santas Mulheres, que ali partilhavam de vossa dor e com esse alimento esp iritua l se santificavam. Víeis as meditações de São Pedro e dos Apóstolos sobre vossa Crucifixão, víeis as meditações de Lino, Cleto, C lemente, S ixto, Cornélio, Cipriano, Inês, Cecília, Anastácia, todos aquel es sa ntos que vossa Providência quis que fossem, diari amente e no mundo inteiro, mencionados durante o Sacrifício da Missa, porque a oblação da sa ntidade deles se fez em união com a oblação de vossa Crucifixão. Víeis os missionários beneditinos que, conduzindo vossa Cru z pelas se lvas da E uropa, conquistavam mais terras que as legiões romanas. Víeis São Francisco, que do Monte Alverne Vos adorava, e ouvíeis a pregação de São Domingos. Víeis Santo Inácio ardendo em zelo pelo Crucifixo, reunindo em torno de Vós as falanges dos retirantes dos Exercícios Espiritua is. Víeis os mi ss ionários que percorri am o Novo Mundo para propagar o vosso Cruc ifixo. Víeis Santa Teresa chorando a vossos pés. Víeis vossa Cruz luz indo na coroa dos Reis. Meu Deus, na Cruz é que começou vossa glória, e não na Ressurreição. Vossa nudez é um manto rea l. Vossa coroa de espinhos é um diadema sem preço. Vossas chagas são vossa púrpura. Ó Cristo-Rei , corno é verdadeiro considerar-Vos na Cruz corno um Rei! Mas corno é certo que nenhum símbolo exprime me lhor a autenticidade dessa realeza quanto a rea lidade histórica de vossa nudez, de vossa miséria, de vossa aparente derrota.
Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai... V. - Tende piedade de nós, Senhor.
CATO LICISMO
Nossa Senhora da Piedade. Assim o povo fiel invoca Nossa Senhora sentada com o cadáver do Filho ao colo.
Nós Vos adoramos, ó Cristo, e V<,s ben,lizemos. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mwulo.
A Redenção se co nsumo u. Vosso Sacrifíc io se fez inteiro. A Cabeça sofreu quanto tinh a de sofrer. Restava aos membros do corpo sofrer também. Junto à Cruz estava Ma ri a. Para que dizer, um a pa lavra que sej a, sob re o que Ela sofreu? Parece que o própri o Esp írito Sa nto ev itou de descreve r a pungênci a da dor que inundava a M ãe como reflexo da dor que supera bundou no Filh o. Ele só di sse: "Ó vós, que passais pelo caminho, atentai e vede se há dor semelhante à minha dor " (Lamentações de Jere mi as 1, 12). Só uma pal avra a pode descrever: não teve igua l em todas as puras cri aturas de De us. Nossa Senh ora da Piedade ! É assim que o povo fi e l invoca a Nossa Senhora quando A co ntempla sentada, com o cadáver divin o do Filho ao co lo. Piedade, porque toda E la não é senão compa ixão. Com pai xão do Filho. Compai xão dos filhos, porque Ela não tem só um filho. Mãe dele, tornou-se Mãe de todos os hom ens. E E la não tem apenas compaixão do Filh o, tem também dos filhos. Ela olha para nossas dores, nossos ofrim ento , no a lutas. Ela sorri para nós no perigo, chora conosco na dor, a li via nossas tri stezas e sa ntifi ca nossas a legri as. O próprio cio coração de Mãe é urn a íntima participação em tudo que faz vibrar o coração dos filhos. Nossa Senhora é nossa Mãe. Ela ama muito mai s a cada um de nós individua lmente, a inda ao ma is mi seráve l e pecador, do que poderia fa zê-lo o amor somado de todas as mães do mundo por um fi lho úni co. Persuaclamo-nos bem di sto . É a cada um de nós. É a mim . S im , é a mim , com todas as minh as mi sérias, minhas infide lidades tã.o aspera mente censuráve is, meus inclesc ulpáve is defeitos. É a mim que Ela ama ass im . E ama com intimidade. Não co rn o urn a Ra inha qu e, nã.o tendo tempo para tornar conhecimento da vicia de cada um cios súditos, acompanha apenas e m linhas gera is o qu e e les fa zem. Ela me acompanh a a mim , em todos os porme nores de minh a vida. Ela conh ece minhas peq uenas dores, minhas pequenas alegri as, me us pequenos desejos. Ela não é indife rente a nada. Se so ubésse mos ped ir, se compreendêsse mos a importunidade evangé li ca corn o um a virtude admiráve l, co rno saberíamos ser minuc iosamente importunos co m Nossa Se nhora . E Ela nos dari a na orde m da natureza, e prin cipa lmente na ordem da g raça, muitíss imo ma is do que jama is o usa ríamos supor. Nossa Senhora da Pi edade ! Tanto valeria , ou quase, di zer Nossa Senh ora da Sa nta Ousadia. Porque o que mai s pode estimular a sa nta ousadi a, ousad ia humilde, submi ssa e conform ada de um mi se ráve l, qu e a piedade mate rna l inim agináve l de quem tudo tem?
Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai... V. - Tende piedade de nós, Senhor. R. - Tem/e piedade tle nós. V. - Pela misericórtlia de Deus descansem em paz as almas dos .fiéis ,lefimtos. R. -A mém.
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XIV Estação
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Jesus é depositado no sepulcro V. - Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bemlizemos. R. - Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Enquanto o corpo do Divino Salvador jaz no sepúlcro, só na alma de Maria Santíssima afé brilha intensamente.
Ao mesmo tempo em que as pesadas lajes do sepulcro ve lam o Corpo do Salvador aos o lhares de todos, a fé vacil a nos poucos que haviam permanecido fi é is a Nosso Se nhor. Mas há uma lâmpada que não se apaga, nem bruxuleia, e que arde só ela plenamente, nesta escuridão uni versa l. É N ossa Senhora, e m cuj a alma a fé brilha tão intensamente como sempre. Ela c rê. C rê inteira mente, sem reservas ne m restrições. Tudo parece te r fracassado. M as Ela sabe que nada fracasso u. E m paz, ag uarda E la a Ressurre ição. N ossa Senh ora resumiu e compendiou em S i a Santa Ig rej a, nesses dias de tão extensa deserção. Nossa Senhora, protetora da fé. É este o tema da presente medi tação. Da fé e do espírito de fé, ou sej a, do senso católico. Hoje, a muitos o lhos, as possibilidades de restauração plena de todas as co isas segundo a lei e doutrina de N osso Senhor Jesus C ri sto parecem tão irremediavelmente sepultadas quanto aos Apósto los parec ia irremedi avelmente sepultado N osso Senho r em seu sepulcro. Os que têm devoção a N ossa Senhora recebem de la, entretanto, o inestimável dom do senso cató lico. E, por isto, e les sabem que tudo é possíve l, e que a aparente inviabilidade dos ma is o usados e extremados sonhos apostóli cos não impedirá uma verdade ira ressurre ição, se Deus ti ver pena do mundo, e o mundo corresponder à graça de Deus. Nossa Senhora nos ensina a perseverança na fé, no senso cató lico e na virtude do aposto lado destemido - "jides intrepida" - mesmo quando parece tudo perdido. A Ressurreição virá logo. Feli zes dos que souberem persevera r como E la, e com E la. Deles serão as alegrias, e m certa medida as g lóri as do di a da Ressurre ição.
Padre Nosso ... Ave Maria ... Glória ao Pai... V. - Tende piedade de nós, Senhor. R. - Temle piedade de nós. V. - Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fi éis tlejimtos. R. -A mém.
INDULGÊNCIA PLENÁRIA
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Sobre o piedoso exercíc io da Vi a Sacra, lê-se no " Manu a l das Indul gênc ias - No rmas e concessões":
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"Concede-se indulgênc ia plenária ao fi e l qu e fizer o exe rc íc io da Vi a Sacra, piedosa mente. Co m o pi edoso exercíc io da Vi a Sacra renova-se a memó ri a das do res que sofreu o di v ino Redento r no ca minho do pretó ri o de Pil atos, ond e fo i co ndenado à morte, até ao monte Calvári o, onde mo rreu na cru z para a nossa sa lvação. Para ga nhar a indul gênc ia pl enári a, determina-se o seg uin te: 1. O piedoso exercício deve-se rea li za r d iante das estaçõe da Vi as Sac ras, legitimamente eretas. 2. Requ erem-se catorze c ru zes para eri g ir a Vi a Sacra; junto com as cruzes, costum a-se co locar o utras ta ntas imagens ou quadros qu e representam as estações de Jeru sa lém. 3. Co nfo rme o costum e mais co mum , o pi edoso exe rc íc io consta ele catorze le itu ras devotas, a que se ac rescenta m a lgumas o rações voca is. Requer-se piedosa meditação só da Pa ixão e Morte cio Senhor, sem ser necessá ri a a co nsideração do mi stéri o de cada estação. 4 . Ex ige-se o mov imento ele uma para a outra estação. Mas se a Vi a Sacra se faz publi ca mente e não se pode fazer o mov imen to de todos os prese ntes ordenadamente, basta que o d iri gente se mova para cada um a das estações, enquanto os o utros fica m em seus luga res . 5. Os leg itimamente im pedi dos poderão ganhar a indul gênc ia com um a piedosa leitu ra e medi tação da Paixão e Morte do Senhor ao menos por algum te mpo, por exempl o, um qua rto ele ho ra.
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6. Assemelham-se ao pi edoso exercíc io da Vi a Sacra, ta mbém quanto à aqui sição da in dul gê nc ia, out ros pi edosos exe rc íc ios, aprovados pe la co mpetente auto ridade: ne les se fa rá memó ri a da Pa ixã.o e Morte do Senh or, determinando ta mbém cato rze estações. 7. Entre os o rienta is, onde não ho uver uso deste exercíc io, os Patri arcas poderão determin ar, para lu cra r esta in dul gênc ia, outro piedoso exe rcíc io em lemb ra nça da Pa ixão e Morte de N osso Senhor Jesus C ri sto." (Trad ução ofic ial da " Enchiri dion lndu lgcnti aru rn ", Ed itora Pau lus, 3". ed ição, ão Pa ul o, 1990, pp 72-73).
CATOLI C IS MO
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de Córdoba, na batalha de Poitiers ou de Tours , liquidando com esse sonho ele conqui sta. Os mouros se resignaram então a conso lidar sua expa nsão na Penínsul a Ibérica. Já em 722, um grupo aguerrido de espanhói s, tendo à frente o destemido Dom Pe layo, deu início à heroi ca reconqui sta espanhola co m a vitória na famosa Batalha de Covadonga. A partir daí , transcorrera m quase 700 anos para que todo o país fosse reconqui stado aos mouros, o que se deu co m a qu eda de Granada em 1492. No início do sécul o IX, época focali zada no presente artigo, os islamitas eram obrigados a to lerar a prática pública da Religião cató lica em suas igrejas e 1110 teiros, cobrando, entretanto, um tributo de cada cri stão. Assim, a Igreja vivia numa fa lsa paz sob os ocupantes maometan os, o qu e indu zia muitos cató li cos a uma prática acomodatícia e modorrenta da reli gião.
Firmeza na oposição aos muçulmanos
Santo Eulógio de Córdoba E ,,uclito prelado, Doutor da Jgreja e principal ornamento da Espanha católica no século TX. Tendo combatido firmemente os erros da época mozárabe, sua vida foi coroada com a palma do martírio. ■ PLINIO M ARIA Sü LIMEO
ara compreendermos bem o contexto no qual Santo Eu lógio viveu , será útil ter presente algun s dados históricos. Como vimos no último mês, na vida de São Leandro, os visigodos - povo germ ânico oriundo da Escandin áv ia - no início do século V invadiram a
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CATO LICISMO
Península Ibéri ca, a qual , por sua vez, havia sido invadida anteriormente pelos vândalos, suevos e alanos, cuja população hi spano-romana dominaram. Os novos invasores eram hereges arianos, e católicos os hispano-romanos. Foi só em 587 que o rei vis igodo Recaredo abjurou a heresia ariana tornandose cató li co com parte de seus súditos. Apesar de dominarem política e adm ini strativamente o território peninsular,
o vis igodos nu nca fo ram ca pazes de rea li za r uma co loni zação efetiva , vist serem nume ri ca mente in fe ri ores ao restan te popul ação da reg ião. N o in i io cio sécul o VIII e les j á estavam tão decadentes, que em 7 11 fo i possf vc l aos árabes (sírios, eg ípcios, persas e bérbc res muçulm anos) comandad os po r Ta rique , o riundo de Tanger, atravessar o estre ito de G ibraltar e p •netra r na Península lbéri ca, in ·taura ndo ass im o que chamaram o A I-Andal11z. 1 nlretanto, os seguidores de Mafoma visavam be m mais: co nqui star a então iália como ca beça de ponte para co ntrolar todo o Mediterrâneo. Ass im , •I 'S invadiram em 72 1 o sul des a regifo , onde foram detidos pela bra vura el e Odo, o Gra nd e, duqu e de Aquit ân ia. N uma nova tentativa, em 7 2, arlos Marte l, prefeito de pal ácio da mo narquia merovíngia, derrot u /\ bd-a r-Ra hman, do Ca li fado 0
Fo i nesse contexto hi stórico que no início do século IX nasceu Sa nto Eul óg io. Se us pa is e ram nob res e ri cos, perte nci am à anti ga nob reza hispano-romana e se co nformavam em tudo com a Lei de Deus e a leis da Igreja. Por isso, deram aos filhos uma edu cação ex ími amente cató li ca para enfrentarem as influ ências ind esejáveis: ari ana, da parte dos vis igodos , e muçulmana, proveni ente dos árabes. Para se ter uma ideia da relativa paz reiigiosa que os árabes eram então obri gados a manter, tenha-se em conta o fato de que um dos irmãos de Eulógio era funcion ário na adm ini stração moura, enquanto outros dois exerciam li vremente o comérc io; e um a irm ã, An ul ona, professara num convento. Segundo narra seu bi ógrafo, Eulógio recebeu sua primeira formação de um avô. Este lhe inculcou, junto com a fé católica, uma firme rejeição aos muçulmanos, a quem qualificava de " inimigos do Deus verdadeiro". O menino conti nuou seus estudos no co légio sacerdota l
da basílica deSãoZoilo. Entrou depois na escola do sábio e virtuoso abade Sperain-deo, que "naquele tempo edulcorava com sua prudência todos os limites da Bética", como observa o primeiro bi ógrafo do sa nto .2 Naquela esco la o sa nto obteve consideráveis progressos na ciência e na virtude. Eul ógio inici ou então duradou ra ami zade com Álvaro Paulo, um ri co bu rguês cri stão de ascendência judaica conh ec ido depois como Álvaro de Córd oba, apaixonado como ele pe las obras de Sa nto Isidoro de Sev ilh a, o santo e erudito es panhol do séc ul o VII. Álvaro escre verá em 860 a vid a de seu ami go na obra intitul ada: Vila vel passio Divi Eulogii. Aos 25 anos Eul ógio fo i ordenado sacerdote e integro u-se ao clero da igrej a de São Zo il o. Passo u então a dividi r seu tempo entre a contempl ação e a cura das alma s.
"Escritor elegante e sapientíssimo " Álvaro de Córdoba ass im descreve se u gra nde ami go: "Era um varão que sobressaía em toda linhagem de obras e merecimentos; que socorria a todos na proporção de suas necessidades, e que, sobrepondo-se a todos em ciência, considerava-se o rnenor entre os menores. Seu rosto era claro e venerável; sua palavra eloquente, suas obras luminosas e exemplares. Escritor elegante e sapientíssimo, ele alentava os mártires e compunha seus elogios". 3 Suas notas autobiográficas mostram um homem profundamente reli gioso, com autênti co esp írito do catolicismo. O sentimento de sua indi gnidade diante de Deus levava-o a prorromper em lamentações. Ao considerar sua elevação ao sacerdócio, di zia: "Senha,; eu tinha medo de minhas obras; meus crimes me atormenta vam. Via sua monstruosidade, meditava no juízo futuro , e sentia de antemão o castigo merecido. Mal me atrevia a olhar o céu, acabrunhado pelo peso de minha consciência ".4 De quais crimes em sua humildade ele se acusava? Em sentido contrári o, Álva-
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ro Paul o afirm a: "Todas suas obras estavam cheias de luz. De sua bondade, de sua humildade e de sua caridade podia dar testemunho o amor que todos lhe professavam. Seu afã de cada dia era acercar-se mais e mais do Céu, e gemia sem cessar pelo peso da carga de seu COl]JO ". 5
Recafl'edo, o imligno arcebispo de Se1ri/ha Santo Eulógio desejava muito realizar uma peregrinação ao túmulo dos Apóstolos, em Roma. Entretanto, como deveria fazê- lo a pé, atravessando os Pirineus e os Alpes, seu amigos e parentes dissuadi ra m-no do proj eto. Ele então viajo u pela Espanha e vi sitou, entre outros lugares, a Catalunha, Zaragoza e Pamplona, estimulando os cri stãos em todas as cidades por onde passou e adqui rindo livros para a sua biblioteca. No regresso deteve-se por algum tempo em To ledo, proc ura ndo afe rvorar os católicos dessa cidade na fé. No ano 850 o emir Abderramão Il ini c io u um a pe rsegui ção co ntra os cri stãos, faze ndo com que mui tos de les aco rdassem de sua sono lência. N um auge de fe rvo r, inúmeros cató licos defenderam sua fé com ufa nia, rej e ita ndo M ao mé e seus sequazes, e obtendo assi m a coroa do martí rio. N essa ocas ião entro u em cena Recafredo, arcebi spo de Sev ilha, que por temor ou lisonja entrou em composição com o emir. A pedido deste, o ind igno pre lado co meçou a anate mati za r os mártires, qua lifica ndo-os de "fanáti-
cos " e "perturbadores da Igreja e da sociedade". Aliás, fo i e le mesmo o causador da pri são do bi spo de Córdoba e de vá rios de seus sacerdotes, entre eles Sa nto E ulógio, a quem acusava de animar e forta lecer os mártires vo luntári os.6 Q uantos seguidores tem hoj e Recafredo, nem fa lar! Temendo um a revo lta, Abderramã.o tomo u severa s medidas contra os c ri s tãos , ma nd a nd o d eca pi ta r no ato quem se atrevesse fa lar com des prezo de Mao mé. O res ultado ,
CATOLICISMO
Urna de prata que guarda as relíquias dos chamados Santos Mártires de Córdoba (Igreja de São Pedro de Córdoba)
segundo o próprio Santo E ul óg io, fo i que "aterrados pela cólera do tirano,
todos mudaram de parecer com uma volubilidade inaudita, e começaram a maldizer os mártires".7 Santo Eul ógio escreve u na prisão parte do Memorial dos Santos, lo nga ca rta ao bi sp o de Pampl ona descrevendo os martíri os, bem como o Documento Martirial, exortação ao martírio dedicada às vi rgens F lora e M ari a, também encarceradas por ódi o à fé. Forta lecidas por E ulógio, elas se apresentaram sem temor diante do juiz, deixando-se imolar por Jesus Cristo em 24 de novembro de 85 1, dia em que são celebradas no calendári o litúrgico. No dia 29 de novembro desse mesmo ano Santo Eulógio fo i libertado do cárcere.
O "combate l'ormosíssimo " de Sai1to Eulógio N o ano seguinte, com a asce nsão ao tro no de Mao mé TI , recomeçaram as persegui ções aos cri stãos, as quais continuaram com inte rmi tência maior ou meno r nos anos posteriores. Em 857, Santo E ul ógio escreveu
a Apologética dos Santos Mártires, contra aque les que negavam a pa lma do martí ri o aos heróis de Jesus Cri sto que se oferec iam li vremente a seus verdugos. Vaga ndo no ano seguinte a Sé de To ledo, Santo E ulógio fo i e le ito arcebi spo metropo litano pe la admi ração que j á des pertava em toda a Espanha. No entanto, por sua incansável atividade e proselitismo, ele causava grande
indi gnação aos v iz ires. Nessa ocasião, Lucrécia,jovem muçulmana convertida ao catolicismo, procurou sua assistência. O santo a entregou então aos cuidados de sua irmã, que levava vida consagrada. Tendo os pais da moça descobe1to o paradeiro da filha, Eulógio e Lucrecia foram apri sionados. O prestígio pessoal de Eulógio e sua dignidade de arcebi spo ele ito de Toledo levaram o próp rio emir a julgar seu caso. O santo fez então longa e arde nte defesa do cristi ani smo, e chegou mesmo a convidar seus juízes a ado rare m "o úni co e ve rd ade iro Deus". Esta coraj osa ati tude fez com que os juízes o condenassem à morte por decapi tação. Á lvaro de Córdoba assim comenta o martírio do santo: "Este fo i o com-
bateformosíssimo do doutor Eulógio, este seu glorioso fim, este seu trânsito admirável. Eram três da tarde de sábado, JJ de março de 859 ". 8 Santo Eulógio "deixou um perfeito relato da doutrina católica ortodoxa, que def endia, da cultura intelectual, que propagava, do encarceramento e padecimentos que sofreu; em uma palavra, seus escritos mostram que ele seguia à letra a exortação de São Paulo: 'Sede meus imitadores como sou de Cristo ' ". 9 • E- mail para o autor: catoli cismo@tcrra.com.br Notas: 1. C fr. http://www.s li de boom.com/presentations/42844/ Reconquista-Crist%C3% A3 2 . ln http ://es.w ikiped ia.o rg/w iki/E ulog io_ de_ C%C3% B3rdoba. 3. ln http: //w ika nda .co rd obaped ia. es/w ik i/ San_ Eul ogio_de_C%C3% B3rdoba 4 . ln Fr. Ju sto Perez de Urbe \, O.S. B., Ai'ío Crisliano, Ediciones Fax, Madri, 1945, tomo 1, p. 465. 5. ln http: //www.magnificat.ca/cal/esp/03- I I. htm 6. C fr. Ede lvives, E/ San/o de Cada Día , Ed itori al Lui s Vi ves, S.A., Saragoça, 1947 , tomo li , p.11 3. 7. ln Frei Ju sto Perez de Urbe!, op. c it. p. 47 1. 8. ln http://es. w ikiped ia.o rg/wik i/E ul og io_ de_C%C3% B3 rdoba 9. E. Filia, Eulogius o/ Córdoba, in T he Catholic Encyc loped ia, CD Rom ed ition.
Clareza [continuação da p. 2]
Se considerarmos que o prog ressismo é, por sua vez, uma ap rox imação com os mil aspectos do que se convencionou c hamar " mentalidade moderna" (a qu al é, até certo ponto, uma ficção a que poucos homens aderem inteiramente, muitos só aderem com res trições e em proporções ace ntuadamente va riáve is, e que não poucos rejei tam), chegamos à conclusão de que o fu tu ro Papa terá seu pontifi cado essenc ia lmente marcado pe la ati tude que to mar diante disto que podemos qualifica r de dupla aprox imação : a) a mundano-publicitária- progress ista; b) a socia lo-co mu nista. Descu lpe-me o leitor os neo log ismos . Talvez convi esse compô-los de outra maneira. Apresentam-se-me ao correr da pena, e me servem para expri mir fác il e rapidamente o que quero dizer. Poupam, ass im, o tempo do leitor, como o meu. Em nossa é poca, a pressa obtém indulgência para muitas deselegânc ias ... O qu e pe nsam dessas ap rox imaçõc o mú ltiplos cardeais cuj os nomes vão sendo lançados como " papabil i"? C o mo vê ca da um d e les as correntes rumo às qua is es e movimentos de aprox imação os co nvi dam? Como hid ras que é p rec i abater desde logo co m o g ládi de íogo do Espírito? Como advc r árias in telige ntes, dú cte is, e ta lvez um pouco bobas, co m as qua is possíve l cond uz ir lentas, cômod as c qui çá até cordi a is negociaç cs? omo parce iras em uma coex istênc ia, ou mesmo co labo ração perfeitamente ace itáve l, e por alg un s lados até s im pática? Estas são, entre mil , as pergun tas que a maioria dos pa ssage iros da sacrossanta Barca de Pedro gostariam de fazer a ada "papabi le". E para estas perg untas, que pa iram no ar, o ma is das vezes nã.o vej cm to rno de mim senão fragme ntos de respostas, opacos, vi cosos, totalmente insati sfatóri os . O ra, queiram ou não queiram , quando do alto da loggia de São Pcdr fi r proc lamado o nome do novo Papa, e o cons ueto c lamor de a legria se leva ntar da imensa praça c ircundada pe las e lunatas bernini anas, ao mesmo tempo uma muda mas a nsio a in terrogação se apresentará aos espíri tos. Será o novo suces r de São Pedro, ante os promotores das aprox imações, um bata lhador, um negociador, ou um aj e itador?
E e le, em quem res idirá o excelso poder das chaves, cuj as dec isões são soberanamente independentes dos j uízos dos homens, mas c uja mi ssão pastoral não o poderá deixar ind iferente às as pirações e necess idades das ove lhas, se pergun ta rá, na hora solene da sua aclamação: qua l das três atitudes espera de mim este povo im enso? E nquanto aguarda mos, na prece ininterrupta, submissa e confiante, esse momento ápice do prime iro enco ntro estuante de júbil o e carregado de preocupações, resta- nos perg untar: o q ue deseja a gre i fie l? Vários, é bem claro, têm sua prefe rência defi nida por um papa que tome inte iramente esta ou aquela das ati tudes, ante a dúplice aproximação. Class ifico- me, todos o sabem, entre os que ex ultaria m com a esco lha de um papa combati vo como São G regório VII o u São Pi o X. O utros p refe re m n it id a me nte um pa pa "aprox imacionista", como fo i em seu tempo Pio VII. E ass im por di ante. Ma a irnensa ma ioria dos fi é is, o que desej ará e la? À prime ira v ista, parece apática. Ta l apatia será des in te resse? N ão o creio. O que será então? A meu ver, é a expressão do concerto respeitoso, e por isso mesmo sil encioso, de qu em não entend e, não concorda e nem ousa d iscordar. Essa imensa ma iori a, em cuj o s il ênc io me parece discernir traços óbvios de fad iga, angústia e desânim o, desej a de imed iato, e antes de tudo, c lareza. S im, ela deseja, nu m silênc io que se va i to rnand o enfa ticamente perplexo, saber sobretudo o que é esta fum aça, quais são os rótulos ideo lógicos e os instrumentos humanos que servem a Satanás como sprays de ta l fum aça , no que consiste a demo li ção, e como ex pli car qu e esta demo lição sej a, estranhamente, um a a utodemo li ção. Não é o que o senhor gostaria de sa ber, leitor? A senhora, le itora? Po is eu também. E co mo nós, milhares, milhões, centenas de milh ões de cató li cos. E o que há de ma is justo, de ma is lógico, de ma is fil ia l e de ma is nobre do que pedi re m os fi lhos da luz, àq ue le a quem fo i d ito: "Tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja ", ped irem- lhe c lareza ? •
MARÇO2013
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1 São Davi, Bispo e Con fessor + Menev ia (País de Gales) , 588. Bispo de Miniw, Patrono do País de Gales. Primeira Sexta- Fe ira do mês
2 São Chad, Bispo + Lindisfarne ( In g laterra) , 672. 1rmã.o de São Cedd, foi ed ucado por Sa nto A idan o na Irl a nd a. De volta à Ing late rra, tornou-se Bispo de Mé rcia e Lindisfarne. São Beda, o Venerável , enalteceu suas virtudes. Primeiro Sábado do mês
:i Santa Cunegundes, Viúva, Imperatriz + Bamberg (A lema nh a), 1040. Esposa de Santo Henrique, com quem vivia em perfeita cast id ade. Fora m a mb os co roados imp eradore s do Sacro Imp é ri o , e m Rom a, pelas mãos do próprio Papa. Após a morte do marido, e la empregou sua fortu na em eri g ir bispados e mosteiros, terminando sua vida e.orno simpl es re li g iosa em um deles.
4 São l ,úcio J Papa, Márt ir + Roma , 254. Foi um dos ilu stres presbíteros de Roma que segui ra m São Corné li o ao desterro, tendo suced ido a este no Papado.
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São lloão José da Cru z, Confessor + N ápo les, 1734. "A rdente di scípu lo de São Fra ncisco d e Assis e d e São Pedro el e Alcântara , ac resce ntou gra nde g lória à Ordem Seráfica. Fo i ad mitido pelo Papa G regó ri o XVI no Cânon dos Sa n tos" (do Ma rtirol óg io Roma no).
San ta Fra ncisca Romana, Viúva + Roma, 1440. Da ma is alta nobreza romana, fo i modelo de esposa e mãe, além de fundadora das Oblatas Benecli ti nas . Tinha trato fa mili a r co m seu anj o ela guarda , a quem via continuamente.
(i Santa Colete, Virgem
+ França, 1447. Reformadora das Terceiras Franciscanas e uma das fi guras ma is importantes da Igreja no sécul o XV. Com São Vicente Ferrer, aco nse lho u três cardea is a renun ciarem às s uas pretensões pela tiara pontifíc ia a fim de se proceder a nova e le içã.o.
7 Sa ntas Perpétua e Felicidade, Má rtires São Pa ulo, o Simples, Eremita + Egito, 339. É patrono dos que asp iram à santidade em idade avançada. Agricultor, aos 60 anos descobriu que s ua mulh er o traí a. Fugiu então para o deserto, tendo po r sua in sistênc ia obrigado o grande Santo Antão a dirigi-lo.
a São João de Deus, confessor São llulião ele Toledo, Bispo + Es panha, 690. Sob sua direção, a Sé de Toledo tomou a primazia entre todas as da Espan ha. Presidiu vá ri os sínodos, rev iu e desenvo lveu a liturgia mozárabe, tendo s id o um dos ma is impo rtantes ec lesiást icos de se u tempo.
10 São Simplício, Papa Govern o u a Igrej a durante 15 anos, por ocasião da invasão dos bárbaros, tendo-se empenhado em convertê-los. Mo rre u e m Rom a no a no 483.
li Sa nto Eulógio ele Có rcloba Vide p. 40
12 São Teófano, Abade + Sa motrác ia, 8 18. Ele e a es posa ren un c ia ram a s ua imensa fortuna para se tornarem reli g iosos. Grande promotor do culto das imagens, e le foi por isso ex il ado pelo ímpio imperado r bi zantino Leão, o Armênio, mo rren do vítim a dos maus tratos.
1 :J Santa Eufrásia, Virgem + Eg ito, 41 O. Pertencia à nobreza roma na. Ao fa lecer seu pai , fo i com a mãe para o Eg ito. Aos sete anos pediu-lhe li cença para se rvir a Deus num moste iro próx im o.
14 Sa nto Eutíq uio e compa nheiros, Mártires + Aráb ia, 74 1. Patríc io romano. Captu rado pe los mao metanos co nt ra os quai s g ue rreava, fo i torturado e morto com seus co mpanhe i-
ros por não renunciar à fé católica.
Virgem, da real estirpe ele David, Patrono da Igreja Universa l e ela Boa Morte
15 São Clemente Maria l lolba uer + Vi ena, 1820. Aprendiz de pade iro, e le trocava o forno pe los livros. Formou-se na Universidade d e Vi ena e to rnou- se redentorista em Roma, onde fo i ordenado.
16 São Julião ele Anazarbus, MárLir + C ilí c ia ( na atua l Síria), 302. Sã.o .João C risóstomo fez o e log io deste mártir que, preso sob Diocleciano em virtude ele ua fé católica, foi co locado dentro de um saco che io ele esco rpi ões e serpenles e atirado ao mar.
17 Sa nl.él Ger'Lruel es ele Nivelles, Virgem
20 São Wullh rno, Bispo e Confessor + França, 703. Foi nomeado para a Sé de Sens enquanto seu titular, Santo Amatus, ainda estava vivo. Mas renunciou ao cargo para ir eva nge li za r os frísios, empenhando-se para qu e estes cessassem de praticar sacrifícios humanos.
21 Santo Endeusou Enda. Co nfessor + Arranmore (Irlanda), 590. Brilhante militar, irmão de Santa Fanchea, é considerado o fundador do monaquismo na Irlanda. Teve como discípulos os Santos Kleran e Brendan.
+ Pa íses Baixos, 659. Filha
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do bem -aventu rado Pepino de Lanclen e da bem-aventurada lta . om a morte de Pep in , mãe e fi lha fund aram e nvenlo de Nive ll es, nele in r anelo Gertrudes como abadessa aos 20 anos .
São Deogra cias. Bispo + Cartago, 457. B ispo desta cidade, situada ao norte da África.
IH Sa nLo A11sd1110 ele Lu cca , Bispo + L ucca , 1086. Sobrinho do Papa AI 'Xanclre li, retirou-se de sua d io ·csc de Lucca para faze r-se m nge beneditino . São rc, rio VI[ chamou-o de volla àquela é epi scopa l, o nd e lcnlo u reformar os cônc ros relaxados, que se rev !taram . O Pap a os excomun ou . Com o apoio do imp rador, os rebe lados expul a ram Santo Anselmo da cidade.
19 Sao ,José Esposo (l:i Santíssima
23 São To dbio de Mongrovejo, Bispo + Lima, 1660. "Arcebispo (de Lima), por cujos labores a fé e a di sciplina eclesiástica se di sse minaram pe la América" (do Martirológio Romano).
24 Domingo de Ramos Sa nta I lildelita, Virgem + Ing laterra, 524. Não havendo ainda conventos na Ingl a terra, essa princesa atravessou a Mancha, tornando-se religiosa na França. Voltou então à s ua pátria, onde organizou a vida monástica em Barkin g.
25 Anunciação cio Anjo e Encamação do Verbo O aco ntec imento ma is importante da Hi stóri a: o Verbo de Deus encarno u-se no se io puríss imo da Virgem Mari a.
26 São Teodoro e co mpa11lIeiros, Márt ires + Líbia, séc. IV. Estes 43 cristãos, vindos do Oriente, sofrera m o martíri o so b o imperador Dioclec iano .
27 Santo l labib, Má rtir + Edessa (Iraque), 322. Diácono, e le exercia a pregação no campo, se ndo por isso perseguido . Esco nde u-se e posteriormente apresentouse ao prefe ito, qu e o mandou queimar vivo. Antes de morrer, fo i beijar sua mãe, que assistia ao s uplíc io.
28 QUINTA-FEIRA S1\ NT/\ Instituição da Sagrada Eucaristia e do Sacerd ócio
Intenções para a Santa Missa em março Se rá ce le brada p e lo Rev mo . Padre David Fro n cisquini , na s seguintes intenções: • Pe los m é rito s da Anun c iação d o An jo e do En ca rna çã o do Ve rb o no seio purí ssimo da Virg em Ma ria - festa celebrada no dia 2 5 de março - , qu e N osso Senhor Jes u s C r isto co n cedo abundantes gra ças para o boa forma ção mo ral e religiosa da s c r ian ça s. Pedindo a São José, proteto r da Sag rada Fa mília , qu e o uxi Iie particularmente os família s dos leitores de Cato li cismo . Tam bém em repara ção a N osso Se nh o r ofendi do pelas im o ra lidades pra ti cada s durante o C o(n oval .
29 SEXTA-FEIRA SANTA Paix ão e M o rte d e N osso Senhor Jesus C ri sto. Di a de jejum e abstinência.
30 SÁBADO S/\NTO Ce lebra-se Jesus C ri sto no sepulcro e a so le dade de Nossa Senhora.
31 PÁSCOA DA RESSURRE IÇÃO "Cristo ressusc itou, ressusc itou verdadeiramente, Alelui a !" Nota: Os Santos aos quais já fi zemos referên cia em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
intenções para a Santa Missa em abril • Pedind o a N oss a Senho ra do Bo m Conse lho as g ra ças de que m a i s n ecess itam os leito res de Ca to licismo. Qu e Elo i ncre m e nt e cada vez ma is os sad ios rea çõ es a o nefando c r im e d o ab o rt o no Bros i I e n o mundo. Tamb é m pe d ind o à Sa ntíss ima Virg em o incre mento de reações sadias no povo venezu elan o, o fim de im pedir qu e a Venezuela se ja subjugad o po r um regim e co muni sta do tip o cuban o .
IX simpósio da Associação dos Fundadores 'd
FABIO
C ARDOSO DA C OSTA
ranscorreu nos dias I O, 11 e 12 de fevereiro último o IX simpósio da Associação dos Fundadores - qu e contou
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com 230 participantes, provenientes de 39 cidades de 11 estados da Federação. Desta vez foi rea lizado no hote l Pampas Pa!ace, na cidade pauli sta de São Bernardo do Ca mpo , supera ndo as ex pectativas dos organizadores. As palestras focalizaram a grave crise moral , reli giosa e soc ial dos di as atuai s, com profund a análi se dos acontecimentos hod iernos e indicando um ca minho seguro a ser trilhado . Ao todo foram nove palestras e al guns audiovisuais tratand o do ass unto e expondo a doutrina cató li ca, bem como os api enc iais ensinamentos e diretri zes de ix ados por Plínio Corrêa de OI ive ira a se us di scí pulos.
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CATOLICISMO
A situação do mundo moderno, segundo o que foi exposto nas confe rências, assemelha-se ao ep isódi o bíblico da construção da Torre de Babe l, ou seja, os homens afastaram-se de Deus e estão construindo uma c ivilização neopagã, cujos fimdamentos são impul sionados por duas paixões desregradas: o orgulho e a sensualidade, c uja meta última é o igualitari smo tota l. Organizada assim , a soc iedade moderna j á está dando sinais de uma ruína irrevers íve l em todos os campos da ati vidade humana. A co nfe rênc ia de e nce rra mento foi proferida pe lo Dr. Caio Yidigal Xavier da Silveira, na qua l apresentou um a retrospectiva dos ava nços da Revo lu ção, concluindo que nossa espera nça está posta na vitória final predita por Nossa Senhora . O que parece ser uma contradição, para os católicos deve ser uma razão a mais de confi ança, poi s Deus jama is será vencido.
M arcou muito este simpósio o entusiasmo d s que a ele compareceram. Assim, por excmpl , manifestou-se uma das participantes, pro· dente de Teófilo Otoni (MG): "Há
mui/o t ,,npo acompanho os trabalhos e a luta do Dt: Plinio Corrêa de Oliveira e de seus.fi is seguidores. Este simpósio confirma uma v ,z mais nossas convicções em relação à R vol11i;ão e à Contra-Revolução". Urna senhora da c idade de Londrina (PR) , que compar cu pe la primeira vez, comentou:
"Est • ·rmgresso foi para mim de grande valia. D1: P/inio era dotado de extraordinária sah doria e sua voz, ouvida até hoje, rev la v ,reladeira devoção a Nosso Senhor Jesus 'ris/o e sua Mãe Santíssima. E os palestrant ,,1· transmitiram seus ensinamentos com tnuila clareza". A presença do Pe. David Francisquini foi marcant naq ueles dias, dando assistência espiritu al aos participantes e estimulandoos a se mpen ha rem na difusão da doutrina católi ca contra o aborto e a agenda do movimcnl homossexual. • E-111ail para o aulor:catoli cis111o@tcrra .co111 .br
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Semana de Estudos em Campos (RJ)
Babel moderna: tema de estudos em Toledo (PR) ■ N ELSON
Ili SAULO CAVALCANTE DE SÁ
nqu anto muitos se entregavam aos des reg ramentos carac terí st icos do ca rn ava l, festa neopagã de nossos di as, 66 jove ns participava m numa fazenda co lonia l em Ca mpos (RJ ) de mais um a Semana de Estudos promovida pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. O tema gera l do evento fo i o embate entre a Revo lução e a Contra-Revo lução no sécul o XX I, o qua l fo i desenvo lvido ma is espec ia lmente nas seguintes palestras: Cristeros - Exemplo de radicalidade católica; Esplendores da Igreja X Desvios do progressismo católico; Como poucos podem mudar a situação do mundo ; A importância do apostolado c O Concilio Vaticano 11. Algumas conferências fora m iI ustradas por peças teatrai s, destaca ndo-se um a sobre a mencionada lu ta dos cri steros contra o co muni smo no Méx ico, quando muitos derramaram seu sangue em defesa da fé, bradando antes do fu zil amento o nome de Cri sto Rei. Os tempo· li vres fora m preench idos com lazeres adequados à idade dos participantes : paintbal l, caça ao tesouro e jogos medieva is. Houve também proj eção de audiov isuais sobre o Beato Jose Sánchez dei Ri o, jovem mártir cri stero que preferiu ser torturado e morto a nega r o nome de Nosso Senhor. Como a vida espiritua l é a fo nte de toda lu ta contra-revo lucion ári a verdadeiramente eficaz, não pud eram fa ltar as práticas de pi edade: ass istência à Sa nta Mi ssa, terço, rec itação do Ofíc io de Nossa Senh ora e uma Via Sacra so lene. Como gran fina/e, um lauto banquete em esti lo medi eva l fo i servido, seguido da entrega da s lembranças. Foram c inco di as de muita seriedad e e a legria - vi rtudes não exc lu dentes - , cri ando um ambi ente do qua l já se tem sa udades, e um desejo para que chegue logo o próx imo enco ntro! •
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CATO LICISMO
RAMos
BARRETTO
romovido pela Associação Cristo Rei, da cidade paranaense de To ledo, nos quatro dias do último carnaval realizou-se o 111 Simpósio de Estudos Universitário.1·. Além do Paraná, os 54 participantes d o cv nto procediam dos estados de Goiás, Mato rosso do Sul , Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, e d Di strito Federal. /\ s palestras versaram sobre a verdadeira devoç· a Nossa Senhora, vida espiritual, polfti ·a nacional e internaciona l, bem como temas histórico-c ulturais. Na reunião de abertura foi apresentado um impressionante quadro panorâmi co da situação mundial , tanto na ordem espiritual como na ordem temporal , e suas analog ias com a Torre de
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Bab 1. 13 111 r ' os conferencistas desses dias de estud ·abe destacar a presença do Príncipe Imperi al do Brasil Dom Bertrand de Orleans Bru gança e do conhecido engenhe iro pa uli sta Adol pho Lind enberg . Os temas tratados visaram mostrar a opos ição entre a soei •elude ateia e igualitária, com sua fil o · f1 u panteísta, e a sociedade orgânica cató li ·u, com suas desigualdades harmônicas e pn porcionais estabelecidas por Deus na cri a·, >. !l ouv e des taque para os re latos de ati vidad s da Associação Cristo Rei como tamb m de universitários do Rio de Janeiro Marin >á (P R), Franca (SP), Lavras (MG) ~ Foz do 1 •uaçu ( PR). Projetou-se na ocasião um audi ov isual sobre a Caravana Cruzada p ela Fal// Ília, do instituto Plinio Corrêa de Oliv iro (vi de pp. 20-25). O s participa ntes receberam como lembran ça do evento um exemplar do livro Maria ,~antíssima como a Igreja ensina, do Pacl r ' Emi le Neubert, e uma pequena imagem do agrado Coração de Jesus. • li-11111il pura o autor: catolicismo@terra com br
MARÇO2013
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Fotos: Antonio Fra gclli
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TFP americana na marcha de meio milhão contra o aborto CJ FRANCISCO J OSÉ SAIDL
A
M a rc ha co ntra o Aborto , qu e reali zou no di a 25 ele j ane iro sua 40". ed ição anua l em Was hington, conto u com a presença ela TFP nortea me ri cana co m se us ca rac te rí st icos esta nd artes e ca pas rubras ma rca dos co m o leão áureo. G rande de taqu e fo i dado à Image m Peregrina Internac iona l de Nossa Senhora de Fátim a, a mes ma que verte u lágrimas milagrosame nte e m N ova Orleans poucos meses antes da iníqua dec isão Roe x Wade, que concedeu amparo lega l para a execução de mais de 55 milh ões de nasc ituros. A fa nfa rra co nstituíd a po r j ovens da TFP ameri cana e da Academia São Luís de Montfo rt animo u o evento, cuj o percurso este ndeu-se do National Mali à co lina cio Cap itóli o, prec isamente di ante do ed ifíc io da Corte Suprema.
CATOLICISMO
Esperançosos de que logo esse massacre de inocentes pos a chegar ao fim, os paiticipantes da Marcha - mais de meio milhão ele pessoas - enfrentaram resoluta mente um intenso fri o acrescido de uma nevada que começou durante o evento. Dev ido à prese nça na M a rcha de um impress ionante número el e j ovens cató li cos deste mid os , uma jorna li sta classificou o acontec imento ele "o grande despertar católico". Representantes de entidad es antiabortista da ltá li a, F ra nça, Es pa nha , Portuga l, Bélgica, Ho landa e Lituânia co ntribuíram para abrilh antar a mani festação. Entre eles cumpre destaca r a presença cio Duque Paul de Oldenburg, pres idente da Fédération Pro Europa Christiana, com sede em Bruxela . Com a mesma finalidade e grande partic ipação popular, rea lizaram- e quase simultaneamente ma rch as em outras impo rtantes c id ades a merica nas. E m São Francisco houve a Caminhada pela
Vida , à qual co mpareceram o Arcebi spo e o Núnc io Apostólico nos Estados Unidos. A TF P america na também esteve presente. Em Was hington, os coope radores dessa TFP di stribu íra m durante a marcha um fo lheto in titul ado São Miguei Arcanj o e a vitória pro-Life, o qual foi ca loro amente recebido pe lo públi co. N e le se podia ler: "Os Es tados Un idos vêm sendo atacados por inimigos internos numa batalha sobre-humana. Na devoção ao Principe da Milicia Celeste reside nossa grande esperança de obter a vitória. [. ..} Rezemos para que nosso pais, a exemplo do Apóstolo São Paulo, possa combater zelosamente os erros de nosso tempo e obter graças de restauração da Civilização Cristã ". Po r uma feliz co inc idênc ia ele datas, a Conversão do Apóstolo das Gentes era comemorada naqu ele dia. •
No dia seguinte, o Bureau da TFP norte-americana em Washington reuniu em sua sede um seleto público para o pré-lançamento do livro RETURN TO ORDER. Seu autor, Sr. John Horvat, comentou o contexto histórico no qual a obra vem a lume, e espera que ela possa constituir-se num farol que ilumine a opinião pública em busca de rumos para a restauração ela ordem cristã nos Estados Unidos. Frisou especialmente o significado da expressão "intemperança frenética", que figura no subtítulo do livro, ressaltando seu papel relevante na situação a que se chegou.
E-ma il para o autor: cato lic ismo@terra.com.br
MARÇO2013
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Foto: Rcinhart Wolf
■ PuN1 0 CoRRÊA DE OuvE1RA
primeira impressão que causa esta foto do caste lo de Coca* é a lgo de irreal. Tem-se a inc linação a dizer: "Não, este castelo não existe!". O artista soube fotografar a fortaleza numa hora de um contraste muito fe li z: o céu sombrio e o caste lo bem iluminado. Céu sombrio, mas luminoso num ponto. Dir-se-ia que um raio acabou de esta lar e ilumina magnificamente o caste lo. Uma construção Lão grande, com tantas torres, tantos sa lões, tantas muralhas, que se diria que é um castelo incomensurável. É um castelo de conto de fadas! Pode-se imaginar seus sa lões, uma cape la tão grande como uma catedra l, sa las de trabalho, sa las de conversas políticas, dormitórios extraordi nários. Tudo com conforto para um núm ero indefinido de personagens. Nobres que se encontram pelos corredores, fazem grandes reverências, saúdam-se com cerimônia, mas, ao mesmo tempo, cochicham, fazem política, etc. É a vida de todos os dias . Foi construído com uma preocupação artística muito apurada. Notem, por exemp lo, as estrias brancas nas pedras. Na parte bem central, um torreão composto de um conj unto de torres co ligadas. O castelo lembra, sem dúvida, uma vida nobre e requintada, de mil dei icadezas. Mas as delicadezas próprias à civi lização cristã se deterioram se v ividas num clima sem heroísmo. Daí o aspecto de heroísmo do castelo, todo fe ito para combater, para resistir a longos cercos dos adve rsários. Resistia-se com coragem, mas também com e legânc ia, que consiste na leveza e distinção do guerreiro quando descansa. Quem não é batalhador, quem não é polêmico, não tem verdadeira distinção nem verdade ira elegância. Assim os nobres lutavam contra as investidas árabes, impedindo o ava nço muçulmano na Europa. •
* O Caste lo de
oca , d estil o gótico-mudéjur· es panhol , loca li za -s · na Província de cg6via, no centro-oeste (111 Espanha. Foi cclificntlo po r Dom A l onso ti · Fonseca, Arcebispo ti evi lha, em meado~ do sécul o XV.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 5 de março de 1984. Sem revisão do autor.
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11 Pu N10 C o RRÊA DE O uv E1 RA
A Paixão de Cristo revive na Paixão da Igreja
A
evidência dos fa tos deixa patente que a partir do Concíli o Vati ca no n penetro u na Igrej a, em proporções impensáveis, a "f umaça de Satanás " de que fa lou Paulo VI, a qua l se fo i dilatando dia-a-di a ma is, com a te rrível fo rça de expansão dos gases. Para escânda lo de incontáveis almas, o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cri sto entrou no sinistro processo da como que autodemo lição, a que a ludiu aque le mesmo Pontífi ce, em Alocução de 7 de dezembro de 1968. A Hi stóri a narra os inúmeros dramas que a Santa Igrej a Católica Apostó lica Romana sofreu nos 20 sécul os de sua ex istênc ia. Oposições que germin aram fo ra d' Ela, e de fo ra mesmo tentaram destruí- la. Tumores fo rm ados dentro d'E la, extirpados, contudo, pela própria Esposa de Cri sto, mas que, já então de fora para dentro, tenta ram destruí-la com fe roc idade. Quando, porém, viu a Hi stória, antes de nossos di as, uma tentati va de demo li ção da Ig rej a, j á não ma is arti cul ada por um adversári o, mas qualifi cada de como que autodemo lição em a ltíss imo pron unciamento de repercussão mundia l? A atitude normal de um cató li co vendo a Igrej a, sua Mãe, passar por essa crise deve ser antes de tudo de profund a tri steza, porqu e é lamentáve l que isso sej a ass im. É um perigo para incontáve is a lmas que a Igreja sej a afli g ida por ta l cri se. E, por essa razão, pode-se ter a certeza de que quando Nosso Senhor, do alto da cruz, viu todos os pecados que haveriam de ser cometidos contra a obra da Redenção que E le consumava de modo tão profundamente dol oroso, sofreu enormemente em vista de ta l gênero de pecados, cometidos em nossos di as. E, ev idente mente, todos esses pecados produziram sofrim entos verdade ira me nte in e na rráve is no Sa pi e nc ia l e fm aCLil ado Coração de Mari a, que pu lsava de dor no peito da Sa ntíss ima Virgem enquanto Ela estava de pé junto à Cruz. Considerando quanto Nosso Senhor e sua Santíssima Mã.e sofreram por causa do que agora está se passando, é impossível não e fi car consternado, muito ma is do que em qualquer Sex ta-Feira Sa nta anteri or, porque ta lvez este sej a um dos pontos ma is agudos da Pai xão, e que se mostra em toda a sua hediondez nas atuais c ircunstânc ias da vida da l grej a. [ ... ] • Excertos de arti go do Prof. Plinio Corrêa de Oli veira, di stri buído à imprensa em 25-2- 1994.
CATOLIC I SMO
A evidência dos fatos deixa patente que a partir do Concílio Vaticano li penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a "fumaça de Satanás" de que falou Paulo VI, a qual se foi dilatando dia-a-dia mais, com a terrível força de expansão dos gases.
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UMARI 2
Excmrms
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CARTA DO Dm.ETOR
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l~mTURA EsP11UTUA1 ,
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PÁGINA MARIANA
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Co1mESPONDÍ~NClA
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Pensamentos Consoladores - V
Nossa Senhora do Cisne (Equador)
A PALAVRA DO SAcmmo·1'i,;
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R .EAl.,IDADE CoNCISAMl•;NTI~
Eleição elo Papa Francisco
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DESTAQUE
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INTERNACIONAi..
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ENTREVISTA
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PoR om: NossA SENHORA CnoRA
24 f Nl<'ORMATIVO
Declaração elos bispos camaronenses
Rock e ódio ao cristianismo
RURAL
América Latina: Chavismo sem Chávez?
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CAPA
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VIDAS DE SANTOS
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VA1uE0Am~s
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Doum1NA CATóucA
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EPisúrnos H1sT(Hm:os
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Nossa Senhora do Cisne
Santo Estêvão Harding
Nosso século flagelaclo por vícios Simplicidade e a pompa na Igreja D. Atonso Henriques (Parte If)
SANTOS E FESTAS oo Mí~s
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AÇÃO CON'l'RA-REVOWCIONÁRIA
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AMBIENTES, CosTllMES, C1vn,1ZAçf>Es
Turíbulo: símbolo elas três virtudes teologais Nossa Capa: Ac ima: Da esq. para a dir. : os presidentes C ri stina Kirchn er, Nico lás Mad uro , José Muji ca e Evo Morales durante as exéq ui as de Hugo Chávez em Caracas. Abaixo: O Papa Francisco na sacada da Basílica de São Pedro, após sua eleição para o Sólio pontifício.
Simplicidade e pompa na Igreja
ABRIL2013 -
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n2 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante : Fone/fax (0xx11) 3331-5631 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031 -970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail : catolicismo @terra .com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Abril de 2013: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Ca ro leitor, Como matéri a de capa desta edi ção, Catolicismo apresenta aspectos ca pitais da atual situação de nosso continente. E o faz não só para denunciar as séri as ameaças que pairam sobre a América do Sul , como também para aponta r as medidas que parecem mais indi cadas para ev itar que tais ameaças se tornem uma rea lidade d ifíc iI de reverter. O ponto de irradiação delas,já se vê, é o "movimento bo/i variano " comunistizante, cujas células cancerígenas desprendidas do organi smo de seu outrora jactancioso caudilho contagiaram a Venezuela e deitaram metástases em países como o Equador, a Bolívia e a Argentina. Com efe ito, o sinistro conlui o entre o fa lec ido pres idente Hugo Chávez e o bruta l regim e marxista estabelec ido em Cuba - cond uzido com mão de fe rro pelos irmãos Castro - não fo i capaz de conter o câncer morta l que vitimou o pres idente venezuelano, mas conseguiu ass im a sua irradiação. Apesa r de a situação venezuelana ser "a de um país em guerra " - segundo ava li ação de um professor do Massachuse/ls lnstitute ofTechnology (MIT) - após 14 anos de governo chav ista, será di fíc il ao opos icioni sta Henrique Capril es sobrepuj ar nas próx imas eleições o herdeiro de Chávez, Nico lás Madu ro, ocupante in terino da Pres idência da Repú bli ca. Isto porque a situação político-mili ta r do país é dominada por um esquema cubano-chav ista, faze ndo recear a continuação do reg ime chav ista opressor. Nas recentes eleições presidenciais do Equador- com enorme índi ce de abstenção, grande número de ca ndidatos opos itores e mui ta pressão governamental sobre os meios de comuni cação - , preva lece u Rafael Correa, fie l seguidor do chav ismo, que conseguiu ta mbém obter maioria no Congresso. E na Arge ntina, a pres idente Cri stina Kirchner - outra aiiada do " mov imento bo li va ri ano" - intensifico u o processo de hegemoni a do Poder Executi vo sobre os demais pode res do Estado. Ass im, em vá ri as nações sul -a merica nas, governos populistas de inspiração marxista vão adotando políticas cada vez mais radi ca is. Em face dessa situação altamente preocupante, é imperi oso que em seus respectivos países os setores de opos ição antimarxista reje item o espírito capitul acioni sta e de concili ação com as correntes marxistas, quaisquer que sejam os sofismas e as promessas apresentadas por seus porta-vozes.
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Apresenta mos ainda, nesta edição, matéria alusiva à recente eleição do Papa Francisco, acontec imento de tra nscendenta l importâ ncia para a lgreja Cató li ca e com desdobramentos muito consideráveis na esfera tempora l. Desejo a todos os leitores uma proveitosa leitura,
Em Jes us e Maria,
?~7 DIR.ETOR
cato licismo@terra.com.br
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LEITURA ESPIRITUAL
As cruzes do bom e do mau ladrão C ontinuando com a transcrição de trechos da obra Pensamentos Consoladores, de São Francisco de Sales,* apresentamos nesta edição seus co.mentários sobre os sofrimentos inerentes a todos os homens
S
alomão di z que tudo o que se passa neste mundo é nada e afl ição de espírito. Ninguém pode ev itar a cruz e os sofrimentos ; mas os ímpios e os pecadores estão ligados à cruz e às tribulações contra a vontade; e por sua impaciência to rnam essas cruzes inútei s; têm sentimentos de estima de si mes mos semelhantes aos do mau lad rão; por este me io unem as suas cruzes às deste malvado e os seus prêmios serão iguais. O bom ladrão transformou sua cruz má na cruz de Jesus C ri sto . Ce rtamente os trabalhos, as injustiças, as tribulações que recebemos são cru zes de ladrão e as merecemos. Devemos, po is, di zer humildemente como o bom ladrão: "Recebemos em nossos sofrimentos o que merecemos por nossos pecados". É ass im que por nossa humildade transformaremos a cru z de ladrão em cru z de cri stão verdadeiro. Unamos, pois, com o bom ladrão, a nossa cruz de pecador à cruz d ' Aquele que nos sa lvou; e por esta amorosa e devota união dos nossos sofrimentos à cru z de Jesus C ri sto, entraremos como o bom ladrão na sua ami zade e no paraíso. "Se algué,n quiser vir após 1nin1, diz Nosso Senhor, tome a sua cruz e siga-me". Tomar a sua cruz significa receber e sofrer todas as penas, contradi ções, afli ções e mortificações que nos acontecem nesta vida . Sem exceção alguma, com uma inteira submi ssão e indi fe rença. [ ...) A cru z é a porta real para entrar no templ o da santidade; aq uele que a busca fora daí, não a encontra . As me lhores cruzes são as mais pesadas e as mais pesadas são as que mais incomodam a parte infe ri or da alma. [ ... ) N osso Senhor concedeu a Davi escolher o castigo que queri a, e bendito seja ele! Mas parece-me que eu não esco lheria e teria deixado a escolha à s ua divina Majestade. Quanto ma is a cruz é de Deus, tanto mais a devemos amar. [... ] Sêneca di sse o seguinte, e eu queria que o tivesse dito Santo Agostinho: "A pe,:f'eição do homem consiste em sofrer
bem todas as coisas, como se lhe chegasse por escolha sua". •
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• São Fra ncisco de Sa les, Pensamentos Consoladores, Livraria Sales iana Editora, São Paulo, 1946, pp. 203 a 206.
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PÁGINA MARIANA
Nossa Senhora do Cisne A dn1irável devoção mariana no Equador revela como a Providência Divina utiliza-se às vezes de uma calamidade para a formação dos homens 11 V ALD IS GRINSTEINS
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Milagrosa imagem de Nossa Senhora do Cisne
A
s pessoas perderam hoje, em larga medida, a noção dopecado. Se esta ou aq uela atitude errada não tem importância para elas, imaginam que o mesmo valeria para Deus. Eles se esq uece m de que Deus é a sum a perfe ição, diante da qual só cabem duas atitudes opostas: negação total ou ace itação apa ixonada. É por isso mesmo que nosso destino se decide entre um Céu de perfeições e um inferno de horrores. E m face da perfeição não há luga r para a med iocridade. Por isso mesmo, Deus quer de nós um amor total , sem meio termo. E o primeiro mandamento - "Amar a Deus sobre todas as coisas" - é uma comprovação dessa verdade. É por isso também que a misericórdia divina criou o Purgatório, um lugar de purificação daqueles que, amando embora a Deus, são imperfe itos e precisam se purificar para estarem em condi ções de O contemplar face a face no Céu (sobre o Purgatório ver Catolicismo , fevereiro/2013). O catec ismo nos ensi na que Deus abomi na a fa lsidade, espec ia lmente nas religiões fa lsas - deformação do cu lto que Lhe é devido. Hoje em dia, em vista do relativismo reinante, muitos julgam que qualquer ato " religioso" se torna agradáve l a Deus. Esquecem-se e les, ou pretendem esquecer, a existência de pessoas más que, para justificar seus vícios e interesses, inventam religiões e teologias abs urdas, imorais ou até claramente diabólicas, ou aderem a elas. Um ato baseado nessas "re lig iões" j amai s poderá ser agradável a Deus, justamente por contrariar a verdade revelada por Ele: "Havíeis exasp erado vosso Criado,; ofertando sacrificios aos demônios e não a Deus " (Baruc 4,7). Ao castigar tal ato, juntamente com a justiça, Deus exerce a misericórdia, pois reconduz o homem à verdadeira Religião e, através dela, ao caminho do Céu. É o que nos ens in a a historia de Nossa Senhora do C isne, no Equador.
Nossa Senhora co11vel'te os Ílldios E mbora a conquista do Eq uador pelos espanhóis tenha sido relativamente rápida, o mesmo não se deu com a conversão dos índios à Religião católi ca. Em muitos loca is eles misturavam a verdadeira Religião com suas antigas superstições. Nessa triste situação encontravam-se os índios Paltas, na regi ão
-CATOLICISMO
"Levantai neste local um templo"
Peregrina!jão até Loja com a imagem de Nossa Senhora
correspondente hoje à cidade de Loja. Como muitos indígenas resistiam a abandonar os erros de suas anti gas superstições, o Criador fez incidir sobre eles duas pragas simultâneas. De um lado, uma grande seca, e de outro, incontáve l número de rataza nas. Enquanto a seca imped ia sua co lheita normal, os ratos comiam tudo quanto haviam guardado. Resultado: a fome. Hoje o problema da fome se so luciona pelo transporte de víveres de um loca l a outro, até de um continente a outro. Naquela época isso era impensáve l. A única so lução era abandonar a região, com todos os inconveni entes que isso acarreta . Estava m, pois, os sil vícol as prestes a partir quando, no dia 12 de outubro de 1594, Nossa Senhora apareceu aos seus chefes no povoado, di zendo-lhes: "Confiai em mim, pois vou proteger-vos para que nunca mais volteis a ter fom e. Aqui eu quero vos ajudai'. Levantai neste local um templo, que eu sempre estarei convosco ". Os índi os realizaram o que Nossa Senhora lhes pediu. E a edifi cação da igreja fac ilitou a conversão deles. Como desejavam uma imagem de Nossa Senhora, enviaram uma delegação a Quito. Lá chegando, seus membros viram, na igreja de Guápul o, uma imagem representando Nossa Senhora de Guadalupe, da qual ped iram cóp ia. Esta fo i confecc ionada depois pelo escultor espanhol Diego de Robles e passou a ser denominada Nossa Senhora do Cisne.
Qual o motivo dessa denominação, até hoje objeto de debate? A par de algumas versões totalmente fantasiosas, ex istem outras mais sérias . A mais provável indica que o nome provém da palavra "cuizne", do idioma quéchua, que sign ifica "local". Como não raro acontece nas aparições, a ingratidão levou os índi os a se esq uecerem poucos anos depois das misericórdi as recebidas, voltando a misturar a verdade ira Religião com todo tipo de superstição. Como EI Cisne fica em loca l montanhoso de dificil acesso, os sacerdotes tinham difi culdade de ir até a igreja para catequizar os índios, o que fac ilitava a recaída destes na prática de seus cu ltos pagãos. Em vista disso, Diego de Zorilla, da Justiça de Quito, determinou em 16 17 aos índios que deixassem aq uele loca l e se mudassem para o povoado de Sa n Juan de Chuquiribamba, onde hav ia sacerdotes fixos , faci litando a cateq ui zação. Apesar de a intenção de Zori lia ser boa, ela não correspondia aos desígnios de Nossa Sen hora. Pois embora a presença dos sacerdotes fac ilitasse a conversão, o aspecto principal era a ace itação interna, pelos índi os, das verdades da fé, além do fato de Nossa Senhora desejar aj udá-los naquele lugar: "Aqui eu quero vos ajudw: Levantai neste local um templo, que eu sempre estarei convosco". Por isso, quando os índios chegaram ao povoado de Chuquiribamba com a imagem, iniciou-se uma tremenda tempestade que destruía as casas e arrancava as árvores pela raiz. Espantados com semelhante acontec imento, os residentes do povoado lhes pediram que retornassem a seu local de ori gem. Eles o fizeram , leva ndo de volta a imagem. Essa tempestade parece rea lmente ter impressionado os espíritos, e as autoridades não mais insistiram no desejo de mudança. Desde aq uela época, a imagem permanece na igreja de Loja. Em 1930, o bispo da cidad e, Dom G uill erm o José Harries Morales, a coroou canoni camente. E em 1934 teve início a construção da atual basí li ca, em estil o neogótico, concluída em 1978. *
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Algumas pessoas têm dificuldade em ace itar que as ca lamidades da natureza possam constit11ir sim ul taneamente uma mi sericórdia . Jul ga m que só a bondade move os corações. Não é bem isso o que nos ensina a Religião cató li ca. Assi m, a Sagrada Escritura diz claramente que "o temor de Deus é o inicio da sabedoria ". Nesse sentido, a terrível tempestade fez com que os moradores de Chuquiribamba entendessem melhor o fo rmidável poder de Deus, cuj o temor reverencial os levou a colaborar com a vontade divina e com o desejo da Santíssima Virgem de permanecer no local por Ela indicado em Loja. Os flagelos que caíram sobre Chuquiribamba fo ram sa lutares especialm ente para os índios Paltas, que após regressarem a Loja se conso lidara m na Religião cató li ca e aba ndonaram definitivamente as superstições pagãs. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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Paulo VI. Achei impressionante aquela fotog rafi a do raio ca indo na Basílica de São Pedro e, depois de ler o artigo, pensei se não seria um sinal de DEUS como que dizendo: ou meus ministros acabam com ta l autoclemol ição ele minha Igreja e impeçam a entrada da "fumaça desatanás", ou eu mesmo agirei diretamente para acabar com essa autoclemolição. O ra io acho que fo i um sinal di sso. (G.M. -PR) ( 01\'>ld('t,\(Ol '-, '..OIHI
Ação do Espírito Santo
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Presente celestial
Fo i para mim um presente do Céu a leitura da Vi a Sacra co mposta por Plínio Co rrêa de Olive ira que vocês pu bli ca ram. Já a li duas vezes, primeiro nu ma sim ples leit11ra e depo is uma leitura medi ta da, lend o co mo um a oração; mas guardei o texto para reza r essa Vi a Sacra na próx ima Sexta-feira Santa e nos próx imos anos ta mbém nas Semanas Santas. Peço orações por mim e minha fa míli a. Oferece mos-lhes as nossas preces para uma Fe li z Páscoa. (A.P.O. -
MG)
Como vente Via Sacra
Goste i mui to da Vi a Sacra, pois nunca tinha li do uma que mexesse tão profu ndame nte co m a ge nte. Fiquei mesmo intensa mente comov ida com as palavras tão tocantes sobre as estações de Cri sto na Pa ixão, desde a sua crim inosa condenação até o sepultamento. (E.C.N. -
PE)
Clareza [8:1 Eu também, como o ilustre professor Plínio Corrêa de Oli veira no seu artigo intitulado Clareza, rezo para que o novo papa seja um seguidor do modo de agir de São Gregóri o VU e de São Pio X. Minha apetência até que vai mais para um papa do jeito de São Pio X. Este sim, do Céu, pede a DEUS para Iiquidar com o processo de autodemolição da Igreja e o fu mo de satanás de que fa lou o Papa
CAT O LI C I SM O
Excelente! E nem parece ter sido escrito há tantos anos! [artigo ele 16-8-78, Clareza, republicado em Catolicismo em sua edição ele março/201 3]. Cabe corno luva no momento hi stórico em que vivemos. Eu, apenas coloca ri a que " Deus escreve certo por linhas tortas!" Isto é: O Espírito d'Ele permite e age nestas circun stâncias, como que respeitando nossas ações. Portanto, não temo e não de ixa rei minha fé ! Ele está conduzindo! E os resultados poderão ser exatamente esta Clareza, esta Limpeza, esta Purificação prevista em seus Evangelhos. Temos que voltar às Verdades Eva ngé licas ! (M.I.B. -
RJ)
(N.A.T.G.P. -
Já tra nscorreu uma semana que li as refl exões sobre o Purgató ri o e ainda agora estou mui tíss imo impress ionado. É um tema sempre presente, mas muito esquec ido, ou que se procura não pensa r. Como ser ia proveitoso para os fié is vo lta rem a ouvir dos púlpi tos (hoje empoeirados pela fa lta de uso) refl exões co mo estas expostas pela rev ista ! Seri a um meio de purificação ain da nesta Te rra, antes das fi nais purifi cações da alma, qu e desej a se apresenta r inteiramente pu ra di ante de Deus na fe licidade eterna do Céu. Para isso sofre com alegri a os sofrimentos purificadores. Nossa Senhora do Carmo, salva i-nos! BA)
1'rnnsl'ol'mações [gj Preciso agradecer, do fu ndo do coração, a oportunidade que tive de ler a ma-
PR)
Solidariedade ao Cel. Plazas
12:1 Sob o título As revelações que dariam um novo rumo ao caso Plazas Vega, o principal jornal colombiano, "EI Tiempo", na sua edi ção de 4 ele março de 20 13, publi cou uma entrev ista do Coronel Luís Alfo nso Plazas Vega ao jornalista Plíni o Apuleyo Mendoza, na qual está contida a quase totalidade dos temas que o va loroso militar colombiano abordou na entrevista que concedeu ao enviado espec ial de Catolicismo, Hélio Dias Viana, reproduzida na edição do úl timo mês de janeiro. Na sua edi ção online, ".El Tiempo" reproduz também uma grand e quanti dade de cartas de solidariedade ao Coronel Plazas e de indignação com a injusti ça de que ele vem sendo obj eto, ao lado de algumas poucas mensagens fu riosamente contrári as partidas de arra iais da esquerda. (S.E.C. -
Sofrimentos 1J111'ifica<lores
(B.R. -
téria sobre o Purgatório, em Catolicismo (fevereiro/2013). Tenho certeza de que eleve ter sido a matéria mais substanciosa, mais enlevante que já li nos últimos anos. Éde causar transformações. Senti que era tudo o que eu precisava saber na minha vida. Gratíssimo.
Colômbia)
J)outrina venladefra
12:1 Tenho o priv ilégio de ser ass inante desta rev ista, e aprove ito a oportunidade para parabeni zar pelo gabarito de tão vali oso in strumento da verdadeira doutrina cató lica. (E.D. -
PE)
A Pala vra do Sacerdote
Arti gos mui to profu ndos, mui to úte is para aumentarmos nossa fé em Jesus, Nossa Senhora e na Santa Madre lgrej a. Parabéns ao Monsenh or José Lui z. (A.A.D.S. -
SP)
Catolicismo autêntico
12:1 La udetur Jesus et Mari a! Tenho em grande estima esta rev ista verdadeiramente católica, ele alto va lor espiritual e cul tura l. Fe li citações ! Agradecendo a publicação, fico-lhes unido pela oração
desejando a todos uma jubilosa Festa de Páscoa. (F.A.V. -
França)
Reparação
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~ Estou enojado com tanta imundície, com tanta profa nação que está acontecendo. Não tenho palavras para descrever o mal-estar em que me encontro ante notícias sobre as blasfêmi as cometidas. Esses blasfemadores ao mesmo tempo insultam Nossa Senhora e atacam a divindade de Nosso Senhor Jesus Cri sto. E ainda por cima eles são arrogantes. Para reparar e tomar as dev idas provi dências, onde estão as autoridades ecles iásticas? Onde está o Vaticano?
(P.T.C.S. -
MA)
Cl'istia110/'obia É incrí ve l perceber o qu anto se demora para co nde nar um herege, enquanto aqueles que defendem a fé verdadeira são tão perseguidos. Terríve is tempos estamos vive ndo, que Nosso Senh or e Nossa Senhora nos ajudem a manter a fé . (D.S.F. -
SC)
1'esow·o Gostari a de sa ber como faço para obter rev istas anteri ores. É um maravilh oso teso uro essa rev ista Catolicismo! Vi muitos ami gos lendo esta pu bli cação e me interesse i. Os autores são muito obse rva ntes em co locar assun tos de basta nte prove ito para a fo ca tóli ca . Fico grato a todos que me proporcionam essa leitura. (1.L. -
RJ)
Elevação a JJeus ~ A oração é um momento muito espec ial. Por vezes não tenho aquela verdadeira consc iência de como eu devo estar diante de Deus. Quando rezo, sou bombardeada de outros pensa mentos. E lendo esta rev ista vejo que é necessá ri o a elevação da alma para Deus, e o sil êncio de coração. Obri gada, essa leitu ra me faz muito bem espiri tual e me ajuda mui to.
(M.I.M. -
Portugal)
Uma luz em melo ao caos
C8J Como propagandista da revi sta Catolicismo no Ceará, tenho constatado cada vez mais a boa impressão e a receptividade que ela vem causando junto ao público com o qual mantenho contato. Pude visitar no ano passado um bom número de ass inantes da revi sta. Por fa lta de tempo, somente agora estou lhes info rmando alguns resultados obtidos: visitei 53 ass inantes dos qu ais 49 renova ram suas assinaturas. A porcentagem de renovação chegou a 92,5%. Por vezes, alguns deles ainda indi cam outros para qu e possam também se tornar ass inantes. Tenho a impressão de que cresce cada vez mais o número de pessoas que veem nessa publicação uma luz a iluminar as trevas deste mundo caótico em que vi vemos. (J.G.S. -
CE)
País de mendigos O que me surpreende não é ver a mi sé ri a cubana, e agora a mi séri a venezuelana avançando (isso é próprio ao sistema comunista), o que me surpreende é ouvir declarações de membros do governo bras il eiro defendendo os governos cubano e venezuelano. Ainda que eles fiquem hospedados em bons hoté is de Havana (só para turi stas) edifi cados nas proximidades de praias bonitas, não é crível que eles não conheçam a tristeza da situação do povo cubano. Meu pai esteve em Cuba, e mesmo tendo se hospedado num daqueles bons hotéis, conseguiu visitar alguns bairros e conh ece u a du ra rea lidade daquela paupérrima população levando uma vida a mais mi serável possível, em casas ca indo aos pedaços, alimentandose de restos de comida, privados das coisas mais bás icas. Ele me disse que tinha a impressão de estar num país em que se reuni ram todos os mendigos do mundo. Todos muitíss imo abaixo da linha de pobreza, com exceção, é claro, dos dirigentes do governo. Estes vivem fo lgadamente às custas da miséri a do povo. Se os políticos petistas gostam tanto do regime cubano, por que não se mudam para lá? (T.V.T. -
r
FRASES SELE CIONADAS "Não te preocupes em fazer propel9atUfa. anti-reli!Jiosaj utiliza os cristãos na luta de cfa.sses e verás como, por si sós, perderão afé" (Lê111,í.111,)
"Fafa.-se em cortesia francesa, pontualidaá.e 6ritânica, cavalheirismo espanhol, etc. Dia virá em que se falará tam6ém em cinismo soviético. Cinismo pasmoso cfo comunismo soviético, que só teve um símiíe no muncfo: o cinismo nazista''
"O comunismo é afi.Co-
sofia cfo fracasso, o crecfo da ignorância e o eva11_9effw da inveja. Sua virtude inerente é a áistri6uição equitativa da miséria" (Cvi uvcvi ~LL)
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
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, HMonsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
Pergunta Nas palavras de Nosso Senhor a São Pedro, de que "as portas do inferno não prevalecerão contra ela la Igreja!", o que significa precisamente a expressão "portas do inferno"?
Rcs1>osta - Entre os orienta is, era junto às portas das cidades ou dos palácios reais que se realizavam as sessões de justiça e outros atos oficia is, como a recepção de embaixadores, por exemp lo. As portas de uma cidade - muitas vezes fortificadas e monumentais - constituíam, desse modo, o símbo lo do poder real ou da autoridade do país. Assim, "portas do inferno" signifi cam as potências do mal , o próprio reino do mal em luta contra o reino do bem. Há, pois, dois reinos em luta. E ao dizer que "as portas do il?ferno não prevalecerão contra a fgr~ja", Jesus Cristo anu ncia a vitória final da Jgreja contra as forças do mal. Essa promessa de Nosso Senhor é da maior importância porque nos alerta sobre duas coisas: em primeiro luga r indi ca que o reino do mal está a todo momento tentando prevalecer contra a obra de Deus; em segundo lugar nos assegura que, por mais fo rtes e insidiosos que sejam os ataq ues e perseguições dos maus contra os bons, a vitória final caberá a estes últimos, congregados na Santa Igreja de Deus. Cabe lembrar o contexto em que são ditas essas palavras: depois que Simão reconhece e proclama que Jesus é "o Cristo [o Messias], o Filho de Deus vivo " (Mt 16, 16), Nosso Senhor lhe diz: "E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta p edra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela " (Mt 16, 18). Na língua que os judeus então fa lavam, não há diferença de gênero entre o nome próprio Pedro e o nome comum p edra (cephas). Assim, a partir desse momento, Simão passa a chamar-se Simão Pedro, ou simpl esmente Pedro. O reino infernal não pode vencer a Igreja porque ela está firme e estave lmente construída sobre a rocha, que é Pedro. Verdade mais que oportuna nestes dias, depois dos momentos de perplexidade que se seguiram à renúncia de Bento XV [ e a um conclave repetidamente anu nciado, inclusive por vozes autorizadas, como portador de surpresas, o que efetivamente ocorreu. Um novo Papa, cuj o nome - Francisco - constituiu a primeira surpresa, assume o comando da Barca de Pedro, a qual contin uará batida pelas ondas do mar tempestuoso. Embora Jesus Cri sto pareça dormir, Ele permanece atento para que a nave não soçobre. E por isso estamos certos de que "as portas do il?ferno não prevalecerão contra ela ".
Apostasia sile11ciosa As palavras de Jesus "não prevalecerão " indi cam claramente que as portas do inferno não se limitam a investidas esporád icas, mas exercem constantes tentativas de prevalecer
CATOLICISMO
contra a [greja. Cabe, pois, perguntar quais são os ataques que elas desfecham contra a Igreja em nossos dias, e que de modo particular o novo Papa terá de enfrentar. Nessa luta, o Papa Francisco - ao qual desde já manifestamos nossa reverência e obediência fili ais, em toda a medida preceituada pelo Cód igo de Direito Canônico - não pode e não deve estar soz inho. A cada um de nós, sacerdotes ou leigos, cabe uma parcela de responsabilidade, na medida de nossa capacidade e situação pessoal. Portanto, uma análi se das manobras hodiernas das portas do inferno é útil e necessária para todos. Ora, basta ter um mínimo de discernimento para ver que se desenrola diante de nossos olhos um distanciamento progress ivo e contínuo de um número cada vez maior de fié is da praxis católica, distanciamento esse que no Sínodo dos Bispos de 20 12 fo i muito apropriadamente denominado de "apostasia silenciosa" (cfr. Xlll Assemb leia Gera l Ordinária do Sínodo dos Bispos, Instrumentum laboris, 19 de junho de 2012, nº 69). Entenda-se bem que um distanciamento da praxis cató lica não implica apenas o abandono da missa dominical e da frequência aos sacramentos, mas dos próprios princípios da moral catól ica, muito particularmente no que se refere à constituição e à vida da famí lia. A vida conjugal plena é atua lmente antecipada já para o período denominado de namoro, como se este conferisse desde logo todos os direitos de um matrimônio legitimamente realizado perante a Igreja (um sacramento, portanto). De onde resulta que a contracepção - pecaminosa também dentro do casamento - é praticada desde os primeiros relacionamentos dos "namorados" ou "noivos", com as suas quase imperiosas sequelas, como a promiscuidade dos "casais", eventuais abortos, etc. O que, ali ás, não impede que t11do isso coexista - muito incoerentemente - com uma prática religiosa mínima, como promessas fe itas a Nossa Sen hora, rigorosamente cumpridas no Santuário Nacional de Aparecida...
A vi<la pública 11as mãos <los inimigos da Igreja Essa fa lta de sensibilidade para os princípios da moral católica na vida privada tem como consequência forçosa o desinteresse pela observância dos princípios da moral na vida pública. Em outras palavras, se os Mandamentos da Lei de Deus referentes à moral conjuga l e à vida fami li ar são desprezados, a.fortiori os Mandamentos que se referem à vida pública ou soc ial vão sendo também desconsiderados. É o que explica um fe nômeno que os cientistas sociais têm apontado: sendo a opi nião pública brasileira majoritariamente conservadora no que se refere à organização socia l, política e econôm ica, nosso país está, não obstante, nas mãos das forças políticas de esquerda. De onde resulta que, embora a maioria da população seja pessoalmente favoráve l ao direito de propriedade e à livre iniciativa, os partidos e as pessoas que estão no poder são estatizantes, e oneram com tributos excessivos e crescentes os indivíduos e as empresas particulares. A tal ponto que, no
Os fiéis elevam preces a Deus para que o novo Papa enfrente as partas do inferno com a forc;a e a coragem com que São Francisco expulsou os demônios de Arezzo (Afresco de Giotto, 1297-1299, Basílica Superior, Assis, Itália)
espectro político brasileiro, não há nenhum partido autentica mente de direita, como seria um partido defensor da consti tui ção cristã da família, das desigualdades legítimas e proporcionadas, da propriedade particul ar, da tradição, e com uma pos ição anticomunista e antinazista. A oposição ao governo de esquerda é exercida por partidos, na realidade, de esquerda ! É uma consequência inev itável de quão pouco a popul ação, majoritari amente conservadora, tem a noção de que os Mandamentos da Lei de Deus consagram também, além dos princípios da mora l indi vidual, os princípios da moral social. Esse desconhecimento levou grande parte dos cató licos ao alheamento quase completo em relação aos deveres que lhe incumbem no campo da vida soc ial, políti ca e econômica. De onde pode acontecer que algum leitor desavi sado de nossa rev ista esteja se perguntando qual o sentido de considerações deste tipo numa página de esc larecimento sobre pontos da doutrina e da Moral cató lica! Para dar uma resposta rápida, bastaria lembrar a fa mosa encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII - seguida de vá ri as outras dos Papas posteriores - por onde se vê qu e tais ass untos faze m parte da doutrina que um católi co deve conhecer e praticar tanto em sua vida pri vada como públi ca.
Os JJl'0blemas ÍlltCJ'llOS da lgrnja Mas a ex planação do tema não estaria co mpl eta se não lembrássemos qu e as "portas do inferno" não se limi ta m a fazer in vestidas de fora para dentro da Igreja. Elas consegui ram se infiltrar insidi osamente dentro da [greja, difundindo heres ias, provocando cismas, fomentando di scórdias. Assim, dividida internamente, a luta contra os inimigos externos fi ca mais dificil. Sobre isto, a rev ista Catolicismo tem alertado e esclarecido continuamente os leitores, pelo que podemos nos di spensar de tratar aqui do tema. Ademais, fo i ele ex posto sinteticamente na Reverente e Filial Mensagem ao Papa ainda não conhecido, pro movida via internet pelo Instituto P linio Corréa de Oliveira e entidades afi ns ex istentes ao redor do mundo, antes do Conclave que elegeu o Papa Francisco. Ao novo Papa caberá lidar com esse aspecto da maior importância na investida das "portas do inferno" contra a Igreja.
Acompanhamos com respeitosa atenção os primeiros atos com que Sua Santidade vai delineando os rumos do seu Pontificado. Sejam quais forem esses rumos, sabemos apenas que, de acordo com a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo a Simão Pedro, "as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja". Promessa essa que Nossa Senhora reiterou em Fátima, quando disse: - Porfim, o meu i maculado Coração triw1/àrá! Nessa expectati va pedimos à Santíssima Virgem que, se tais fo rem os des ígni os de Deus, nos obtenha a graça de ver, ainda em nossos di as - depois dos casti gos também anunciados em Fátima - o triunfo do seu ]macul ado Coração ! Ass im seja. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE Alarmista 11verde" impugna o aumento da população
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avid Attenborough (foto), arauto inglês que propaga a extinção da humanidade, comparou a raça humana a uma praga que depreda o planeta. Ele "profetizou" que as novas gerações de crianças formarão uma "horda imensa" que não poderá ser alimentada e manifestou rancores especiais contra os africanos:
"Nós estamos aplicando planos contra a fom e na Etiópia. Mas, o que está acontecendo, é que lá tem p essoas demais ". Attenborough si lenciou o fato de que o marxismo, instalado no governo etíope, destrói a economia agrícola, persegue os proprietários e cria assentamentos improdutivos. Ambienta listas "verdes" e socialistas "verme lhos" estão sempre de mãos dadas. •
Uso excessivo de televisão torna as pessoas anti-sociais
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Universidade de Otago, na Nova Zelândia, acompanhou mais de mil jovens para avaliar os impactos da televisão no comportamento deles. O resu ltado apontou "o risco de um jovem
adulto ter antecedentes criminais aumentado em 30% para cada hora que em média ele tenha assistido à televisão durante a semana quando criança". Esta frase é do Dr. Bob Hancox, coautor da pesquisa. Um dos incentivos às condutas ant isociais provém da imitação pelas crianças do que elas veem na telev isão. A pesquisa esc larece que o isolamento social vivido por esses jovens é uma agrava nte, ainda que e les não tenham visto conteúdos vio lentos . Em entrevista à Radio New Zealand, Hancox sa li entou que "se a pessoa passar
horas na fi-ente de um videojogo que a estimula a matar p essoas, o resultado poderá ser ainda pior ". •
Comemorado na Europa Oriental o Dia das Vítimas do Comunismo
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Exército chinês comanda
ciberataques contra o Ocidente
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egundo relatório da Mandiant, empresa de segurança em Internet, uma unidade do Exército chinês (EPL) praticou gra nde número de ataques informáticos contra empresas e organ ismos estatais nos EUA, no Canadá e no Reino Unido. O rel atório esc larece que "o governo chinês está bem informado disso ". AMandiant apontou como autora dos ataques a Unidade 6 1398 do EPL, sediada em Xangai e integrada por milhares de so ldados que dominam o inglês, técnicas de programação e gestão de redes. O relatório acrescenta que "desde 2006, centenas de terabytes de dados de um vasto conjunto de indústrias " foram atacados. Hong Lei, portavoz do ministério de Relações Exteriores chinês, tentou desqualificar a denúncia como "crítica arbitraria, baseada
exemp lo de anos anteriores, diversos países outrora escravizados pela União Soviética comemoraram em 2013 o "Dia das Vítimas do Comunismo" . Em Praga, capital da República Checa, o dia foi celebrado na data em que um go lpe com unista derrubou o governo democrático da então C hecos lováquia. Numa vigí li a com velas em Budapest, János Áder, presidente da Hungria, considerou o comunismo como tendo sido "concebido no crime". Não fazendo jus à sua pretensão de defensores ardorosos dos "Direitos Humanos", órgãos da grande imprensa ocidental ignoraram comp letamente o evento. Vários desses órgãos costumam favorecer, no entanto, regimes que ai nda hoje subjugam suas populações pelo marxismo. •
EUA: Abortos diminuem e 70% das clínicas abortistas fecham
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egundo o Center jàr Disease Contrai do governo americano, os abortos nos EUA diminuíram 5% de 2009 a 2011. Os abortos " legais" atingiram a marca anua l de 1,55 milhão no início dos anos 90. Depois, a legislação dos estados protegendo a vida e as campanhas ant iabortistas inverteram a tendência. "O aborto realizou um massacre
tremendo nos EUA. Já perdemos mais de 54 milhões de nossos.filhos,filhas, amigos e vizinhos" - disse o Dr. Ran-
em dados rudimentares, irresponsável, e não-profissional. A China se opõe categoricamente à pirataria " - garantiu Lei
dall K. O'Bannon , diretor do setor educac ional do NRLC. "Entretanto - prosseguiu - nos últimos 20 anos, os esforços
aos jornal is tas, que precisaram conter o riso ... Acrescentou que a China "é grande vitima dos ciberataques ", que proviriam "em primeiro lugar dos EUA ". Ou seja, a potência comunista continuará atacando o Ocidente ... •
em prol da vida influíram para que os abortos tenham caido de 1,6 a 1,2 milhão por ano. Há muito caminho pela_ji,-ente, mas nossa causa é justa ". As clínicas da morte se redu ziram de 2. 176 em 1991 para 663 em nossos di as. •
CATOLICISMO
Descristianização: dioceses franceses colocam igreias à venda
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Eu vou dar à luz aos quatro!'', afirmou a mãe
artin e Em ma Robbin s, de 39 e 3 1 anos respectiva mente, casados e residentes em Bristol, na Inglaterra, já tinham um filho quando tomaram conhec imento de que ga nh ari am quadri gêmeos. Os méd icos propusera m então abortar dois nascituros para sa lvar os outros dois. "Não! Eu vou dar à luz aos quatro!" - exclamou a corajosa mãe, apoiada pelo marido na decisão. "Eles só me.falavam dos riscos. Mas eu pensava que cada vez que eu olhasse para os dois sobreviventes iria me lembrar dos outros dois que perdi. E esse p ensamento rachava meu coração ". Emma suportava imensa pressão e estava angustiada. Afinal , dois meses antes do prazo, nasceram os quatro bebês. Muito saudáveis, eles completara m um ano de idade no dia 1° de março últim o. Os quatro irmãos crescem e brincam normalmente, proporcionando alegria e paz de consciência ao casal ; sem fa lar da bênção de Deus que paira sobre esse lar. •
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s católicos franceses , que no início dos anos 70 constituíam 88% da população, em 2010 eram apenas 60,4%. Imbuídas da ideia de "inserir a Igreja no mundo" em vez de reavivar a prática religiosa verdadeira e tradicional , as dioceses francesas aceleram a venda de igrejas e de prédios religiosos. Os fiéis que se afastam da Religião não doam mais para a Igreja. E há milhares de templos sem conservação ou sem sacerdotes que cuidem dos fiéis . Vários desses templos poderão ser adquiridos por islâmicos e transformados em mesquitas. É frequente a recusa das dioceses em ceder aos fieis as igrejas abandonadas para restaurá-las e nelas fazerem celebrar a Missa no rito tradicional aprovado pela Santa Sé. Segundo Benoit de Sagazan, do Observatório do Patrimônio Religioso, em fevereiro havia 43 igrejas à venda na França. A descristianização da "Filha Primogênita da Igreja" é um lamentável fruto da revolução progressista que atingiu boa parte do clero e do laicato católico.
Lobos 11 protegidos11 dizimam rebanhos na França
Justiça polonesa mantém crucifixo no Parlamento do país
pós intensa pressão "verde", a França permitiu a multiplicação de lobos em seu território. Eles se transformaram em "espéc ie protegida" e multipli caram-se de tal forma que estão provoca nd o imenso dano. Apenas em 20 12, 250 lobos "protegidos" ataca ram 5.848 an im ais de cri ação. O Senado fra ncês aprovou proj eto cr ian do "zonas de proteção reforçada contra o lobo ", onde os pas tores poderão matar as feras se m a utori zação prév ia. A med ida revo ltou a ministra soc iali sta do Meio Ambiente, Delphin e Batho, que limitou a l l o número de lobos predadores que poderão ser abatidos no período de 20 12-20 13. •
Tribunal Distrital de Varsóvia opôsse a um partido polonês que exigia a remoção de um crucifixo na sala de debates do Parlamento nacional. Foi mais uma tentativa cristofóbica contra a predominante influência do catolicismo na vida dos poloneses. O tribunal arguiu que aquele crucifixo nunca motivara protestos, tendo sido sempre aceito pelos poloneses, e que não violava os seus direitos. A corte judicial também condenou o denunciante - o ex-magnata da vodca Janusz Palikot - , apontando a insinceridade da denúncia , pretensamente baseada na "tolerância", mas de fato intolerante em relação aos símbolos religiosos. O partido de Palikot adotou a agenda homossexual , a qual inclui a aprovação do "casamento" entre pessoas do mesmo sexo . Pretende também legalizar a maconha.
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DESTAQUE Nossa rev ista assoc ia-se aos termos da nota publicada no site do Instituto Plinio Corrêa tle Oliveira referente à eleição do Papa Franci sco, bem como ao telegrama a ele env iado. Transcrevemos abaixo os textos desses dois documentos. A Direção de Catolicismo
A América Latina entra na História A cada conc lave, o surgimento da "fumata bianca" na chami né da Cape la Sistina ass in ala o momento em que pelo orbe cató lico se espalha a notícia, sempre prenhe de júbilo e de espera nça, de que a Barca de Pedro tem um novo timoneiro; bem como a limenta a expectativa do anú nc io so lene do "habem us Papam", fe ito pelo Cardea l Protodiácono, quando todos, afina l, conhecem o nome esco lhido para ocupa r a Cátedra de Pedro. Ta l é a força divina da Sa nta Igreja que esse evento cri a compreensível emoção até entre muitos daquele que afirmam não professar qualquer fé religiosa. O anúncio da ele ição do Cardea l D. Jo rge Mario Bergogli o como Papa Francisco, repeti u, uma vez mais, todo este ritual solene em que se mesclam esperanças, preces confiantes e gestos so lenes. É fác il perceber que tal esco lha tenha causado espec ia l comoção e a legria entre os cató li cos latino-americanos. Ver, pe la primeira vez, no Só li o de São Pedro, um Pastor oriundo do chamado Continente da Espera nça é fator compreensíve l de org ulho. Essa esco lha de um primeiro Papa argentino reconhece o papel centra l da América Latina na vida da Sa nta Igreja e do mundo contemporâneo e, mais ai nda, o pape l primordial que Cardeais chegam ao Vaticano para o Conclave
CATOLICISMO
a esta caberá no reerguimento da civ ili zação cri stã. Vem-nos à memória, nesse particular, as proféticas palavras do diretor do jornal O Legionário, o então jovem deputado Plinio Corrêa de O li ve ira, num arti go de 15 de outubro de 1933 , intitul ado precisa mente "A missão da Améri ca Latina": "Nesta tarde de civilização, que ameaça ser a tarde da própria humanidade, só do is fatores nós vemos realmente capazes de abrir para o homem uma janela salvadora sobre o futuro: no plano espiritual, a Igreja Católica, e no plano terreno, a América latina. Uma lenda antiga nos conta que à beira de certo lago havia um rochedo que crescia à medida que as ondas o acometiam, de sorte a nunca ser submergido, ainda nas maiores tempestades. Hoje em dia, este rochedo é a Pedra, é a Cátedra de Pedro, que tem avultado com as re voluções, zombando das heresias, crescendo em vigor à medida que seus adversários crescem em rancor: [. ..} Assistiu ao nascer de todos os países do Ocidente. Vê-los-ia morrer sem receios por seus próprios dias, que não se contam com a brevidade dos dias de uma nação. [. ..} Para atua,; porém, ela também se serve de fatores humanos. E, destes, o mais promissor é a América Latina. Na Capela Sistina come~a o Conclave
Tenham embora os católicos Latino-americanos pecado como ·p ecaram, não pesa sobre os ombros de suas nações, ainda na infância, a culpa esmagadora de que [outros continentes] são réus. [. ..] É certo que a nós, como nações, se poderia aplicar a _ji-ase de Santo Agostinho: "tantifus puer; e/ lanlum peccalor!"- Tãojovem, e j á tão grande pecador! No entanto, nunca partiu daqui um grilo de heresia. [.. .] Apesar dos pesares, nossos costumes ainda conservam muito daquela suave urbanidade que é a característica das índoles cristãs. [. ..J Quando, portanto, da imensa caldeira em que f ervem os restos de nossa civilização emergirem os primeiros princípios de uma nova ordem de coisas, tendo por base o respeito à igreja, à propriedade e àfamilia, só a América do Sul oferecerá ao mundo um caminho a ser edificado, com suas regiões imensas, que as crises econômicas não esgotaram, e seus povos de reservas morais sólidas, que até Lá terão passado pelo cadinho do so.fhmento, e nele terão .formado sua têmpera de povos fortes. A América do Sul será, portanto, o grande Laboratório onde a nova civilização católica se vai erguei'. " Numerosos anali stas apontam para a eleição e a ação do Papa Wojtyla como um dos fa tores dec isivos para a derrubada do Comuni smo moribundo na Europa de Leste. Possam a eleição e a ação do Papa Francisco derrubar o seu sucedâneo cri oulo, o neo-sociali smo populista do sécu lo XX I, também ele moribund o depois da sa ída de Hugo Chávez da cena latino-americana! O Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, nas sendas de seu inspi rador, não pode deixar de almejar ao novo Pontífice, em quem res ide o poder das chaves, graças es pec iais que inspirem suas decisões soberanas - independentes dos juízos dos homens - e sua mi ssão pastora l, atenta às aspirações e necessidades autênticas do reban ho de Nosso Senhor Jesus Cri sto: "O remos para que sua atuação encha de clareza os espíritos, dê força aos ânimos, e dê glória à Igreja sa nta de Deus".
São Pa ul o, 14 de ma rço de 20 13. À Sua Santidade o Papa Francisco, Palác io Apostó li co 00 120 Cidade do Vatica no Santidade, Neste momento de júbilo para os católi cos, pela eleição de um novo Pontífice , o Instituto Plín io Corrêa de Oli ve ira, seus diretores, membros e simpatiza ntes, diri gem-se a Vossa Santidade, após sua eleição ao Tro no de São Pedro, para prestar-lhe a fili al homenagem de sua fid elidade. Vossa eleição enche de es pec ial orgulh o e alegri a os corações dos latino-a meri ca nos, ao verem pela primeira vez no Só li o Pontifíc io um filh o deste Continente da Esperança, tão amado de Deus e que ao longo de seus cin co sécul os de hi stória emiqueceu a Sa nta Igreja com o vigor de sua Fé e de seu devota mento. Erguemos a Nossa Senhora de Guadalu pe, Imperatri z das Américas, preces ardorosas a fi m de que Ela obtenha da Di vina Providência para Vossa Santidade suas mais escolhidas graças, com vistas a conduzir a Ba rca da Santa Igreja com a sabedori a e a firm eza que as tormentosas circunstâncias do mundo contemporâneo impõem. Animados por essa esperança, ped imo-Vos, Santo Padre, no concedais a Vossa Bênção Apostólica. Instituto Plínio Corrêa ele Oliveira
Ado lpho Lindenberg Pres idente
Foi neste estado de ânimo que o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira dirigiu ao Papa Francisco o seguinte telegra ma:
A fumaça branca indica a eleição de um novo Papa
O Papa recém-eleito aparece na sacada da Basílica
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1NTERNACIONAL
Condenação de agenda que se opõe à moral católica f'I MARCELO DUFAUR
amentando o fato de que, a pretexto de "di1:eitos humanos", tenta-se impor à Africa uma agenda de morte, a Conferência Episcopal da República dos Camarões publicou express ivo documento. O teor da declaração dispensa comentários. É um estímulo para todos os cató li cos, ecles iásticos e leigos, na defesa da sã doutrina e, ao mesmo tempo, um corajoso exemplo de integridade e firmeza doutrinária católica em prol de va lores tão atacados pela Cristofobia. Intitulado "Declaração dos bispos da República dos Camarões sobre o aborto, o homossexualismo, o incesto e o abuso sexual contra menores ", o documento foi divulgado em diversos sites de Internet daquele país - http://www.camerooninfo.net/stories/0,41326,@,m- urs- leseveq ues-d isent-non-a-1-homosexua Iitedeclaration-des-eveques-du-camero.html - mas quase não teve eco na imprensa de Ocidente, excetuados alguns poucos corajosos blogs. Em primeiro lugar, face ao aborto provocado, os bispos defendem que " a vida humana é sagrada e inviolável desde a sua concepção até a morte natural. Matar um embrião é matar uma pessoa e destruir uma vida. Abortar ou fazer abortar são crimes como o homicídio direto e voluntário. São pecados graves punidos com excomunhão, cuja absolvição está reservada ao Papa, ao bispo diocesano ou aos padres autorizados". Em segundo lugar, sobre o homossexua li smo, afirmam que "a ideologia do gênero se opõe à concepção clássica das noções de familia, gêi1ero e procriação ".
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CATOLICISMO
Mons. Joseph Atanga, Presidente da Conferência Episcopal de Camarões, Arcebispo de Bertoua
E proclamam: "Nós, bispos de Camarões, declaramos unanimemente o seguinte: "O homossexualismo é uma violação flagrante da herança de nossos antepassados e opõe a humanidade contra si mesma e a destrói. "Os atos praticados no contexto da homossexualidade não são 'sexuais', mas 'relações contra a natureza ' (Rm 1,26). "A união homossexual não é casamento: ela fa lseia o sentido do casamento reduzindo-o a um liame estéril, hedonista e p erverso, 'a infâmia entre homem e homem' (Rm l , 26). "Toda criança, rapaz ou moça tem o direito de viver sua identidade ligada a uma mãe e a um pai.
"Defato , o homossexualismo não é um direito do homem, mas uma alienação que danifica gravemente a humanidade, 'é uma abominação ' (Lev. 18, 22). "Recusá-lo nada tem de discriminatório, mas é uma legítima proteção dos valores constantes e milenares da humanidade diante dos vícios contra a natureza, pois o direito à diferença só se justifica quando estiverfi111dado sobre valores humanos. "Nós, bispos da República dos Camarões, reiteramos nossa desaprovação à homossexualidade e às uniões homossexuais. Exortamos, para este e.feito, todos os crentes e todas as pessoas de boa vontade a recusarem a homossexualidade e o pseudo-casamento homossexual, e a acompanha,~ entretanto, na oração, no acompanhamento espiritual e na compaixão, visando à sua conversão, aqueles que são propensos à homossexualidade e os homossexuais ". Em quarto lugar, em matéria de incesto, os bispos camaroneses afirmam: "Nós condenamos energ icamente essa espantosa abominação que destrói o tecidofamilim; conspurca seus autores (cf / Co 5,ss), atrai a maldição sobre as pessoas incestuosas (Dt 27,20) e pode provocar desgraças que vão até a morte dos culpados, se eles não se arrep enderem (cf L v 20, ll )". Por fim , sobre a pedofilia afirma: ''Nós, bispos da República dos Camarões, condenamos unanimemente os abusos contra menores sob todas as suas .formas ". O documento é assinado, em nome dos bispos do país, por Dom Josep h Atanga, Presidente da Conferê ncia Episcopa l e Arceb ispo de Bertoua. • E-mail para o autor: cato licismo@terra.com.br
O rock enquanto manifestação do ódio diabólico contra Deus U1n submundo permeado de práticas satânicas, violências sádicas, aberrações, perversões sexuais e músicas blasfemas, incitando ódio ao cristianismo
Catolicismo - Como diretor de Kinder in Gefahr, uma iniciativa destinada a proteger as crianças contra influências negativas da mídia, o Sr. organizou nos últimos meses duas campanhas públicas denunciando os perigos da música rock de conteúdo satânico. O que o levou a isso? Mathias von Ger.wl01jf - Venh o
athias von Gersdorff estudou Economia nas Universidades de Heidelberg e Bonn (Alemanha), graduandose nesta última em 1989. Trabalhou depois no mundo financeiro europeu. Suas atividades profissionais não o impediram de militar desde 1990 no movimento Pro-Life. É colaborador assíduo da campanha SOS LEBEN (SOS VIDA), uma iniciativa da Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur- DVCK (Associação Alemã por uma Cultura Cristã). Dirige a campanha Kinder in Gefahr (Crianças em Perigo), da DVCK, desde sua fundação em 1993. É presidente da Sociedade Alemã ] de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) . Escreveu
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diversos livros sobre meios de
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comunicação social e direito à vida, entre os quais figuram Satanismus, Horror und Gewaltverherrlichung in den Medien (Satanismo, terror e violência nos meios de comunicação social) e Was ist Horror? (O que é Terror?) . É também jornalista e conferencista, colaborando em diversas publicações e pronunciando palestras sobre temas relacionados com Revolução Cultural. Von Gersdorff concedeu esta entrevista - exclusiva para Catolicismo- por meio de nosso colaborador na Alemanha, Sr. Renato William Murta de Vasconcelos.
Mathias V0/1 Gel'S<IOl'/1: "O satanismo, em muitas elas
canções <los Rolling Sto11es ou <los Eagles, JJal'ece i11/'a11til em comparação com o que vem senclo lançaclo hoje em <lia 110 ll1Cl'Ca<lo "
aco mpa nh a nd o há vá ri os anos a presença de elementos satâni cos na cultu ra popul ar. Co ntudo, minh a atenção estava mais voltada para film es, televisão e li vros, e muito menos para a música. A razão disso é que a literatu ra sobre o tema satani smo na música pop empregava exemplos a tal ponto antiquados e quase sem importância na cultura juvenil , que isso não me atraía de modo especi al. Em todo caso, não me pareceu oportuno organi za r ca mpanhas públicas contra peças mu sica is dos Rolling Slones dos anos 60. A ca nção muito citada, Sympalhy.for lhe De vi/, apareceu em 1968. O álbum "Hotel Ca li fó rni a", da banda Eagles, em 1976, e a ca nção S1airway lo f-feaven, de Led Zeppelin , em 1970. Para a orga ni zação de campanhas junto à opini ão públi ca - sempre acompanhadas de lançamentos de livros para aumentar sua credibilidade e seri edade - parec iam-me mais interessa ntes os elementos sa tâni cos nos film es e nos ro mances de horror. Na última Feira do Livro de Frankfúrl, em um
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estradas como porcos sacrificados, eu me perguntava se o Deus deles ainda os amava ". Catolicismo - Mas o Sr. não atribui talvez a essa música uma importância demasiadamente grande? Esse tipo de música não poderia ser considerado como um fenômeno marginal?
stand parcialmente escondido, encontrei um li vro intitulado Un heilige Allianzen (Alianças não santas). Depois de fo lheá-lo longa mente e de conversar com o seu editor, percebi a importância, a extensão e a radica lidade da música sa tâni ca moderna . O sata nismo, em muitas das canções dos Rolling Stones ou dosEagles, parece infantil em comparação com o que vem sendo lançado hoj e em di a no mercado.
O entrevistado na feira do Livro de Frankfurt
Catolicismo - O que o impressionou mais nesse livro e o que ele tem de novo em comparação com os conjuntos de rock dos anos 60?
Mathias vo11 Ger.w/o,jf'- O rock satânico moderno não esconde seu ódio contra o cri stiani smo. E, mai s do que isso, o ódi o ou as manifes tações de ódio estão no ful cro do rock moderno. Antigamente isso não era tão ev idente assim. Uma das passagens que mais me impressionaram são as citações do ca nto r Andrew 1-larri s - seu nome de artista é Akhenaten - do grupo "Judas lscariotes ". Ele considera sua música uma campanha de propaga nda contra o cristianismo, a qua l deve terminar numa guerra . "Como toda guerra, esta guerra começa por meio da propaganda. É exatamente isso que fa ço com 'Judas Jscariotes '; divulgo propaganda contra o fa lso domínio da ignorância cristã ". E explica, de modo preciso, como procura influenciar seus ouvintes: "Com 'Judas l scariotes' encho os espíritos mortais [portanto os ouvintes] com visões de ódio e de genocídio e incendeio seus corações com a cólera do mal". Suas próprias visões ele as descreve na rev ista " Ablaze": "Tive uma visão de milhões de cadáveres crucificados. E quando estavam pendurados em posição elevada sobre as
CATOLICISMO
"O roei< satâ11ico moderno não esconde seu ódio COlltl'a O Cl'iS-
tia11ismo. Mais ainda, o ódio ou as manifestações de ódio estão 110 fulcro <lo roei< modenw "
Mathia.~ vo11 Gersd01Jf' - No último ano organizamos urna campnha contra a difusão de um CD de música que acabava de ser lançado no mercado: o CD Evangeli vm Necromantia, do grupo holandês Antropomo,,Jhia. Distribuído pela Sony, esse CD podia ser comprado em todos os grandes e conhecidos vendedores da Internet - por exempl o, no Amazon. Na descrição do produto, reita pela própria Sony, pode-se ler: "No que diz respeito ao texto, tudo gira em torno da necrofilia, do assassinato, da conjuração de espíritos e do prazer necrolésbico ". O texto da canção "Carne", desse CD, descreve com detalhes um sádico assass inato e a posterior violação do cadáver. O tex to é de tal modo sádico que não se pode reproduzi-lo. Pode-se ver, portanto, que este CD não é vendido em lojas obscuras e por debaixo do balcão, mas difundido por empresas gigantescas como a Sony. Há pouco foi lançado um disco do grupo sueco AEON - igualmente di stribuído pela Sony. Esta banda de rock especiali za-se em músicas particularmente cheias de ódio. A seu respeito escreveu o portal de rock pesado Metal.de - o mais importante na Alemanha: "Quando se qualifica o grupo sueco AEON como uma das bandas mais blasfe mas no subterrâneo do metal da morte, isso tem naturalmente uma razão: como nos três álbuns antecedentes, nos textos do novo álbum Aeons Black os cristãos são pregados em fileiras na cruz". Nos nomes de alguns desses grupos aparecem esc ritos o ódi o ao cri sti ani smo e à bl asfêmi a. Assim, um CD do grupo Satan s Wrath (Có lera de Satanás) se chama Blas:femia galopante. Não poucos grupos portam nomes como Assassinos de .fi'eiras, não impedindo que firmas como Amazon vendam suas músicas. Esses são apenas alguns exemplos. Eu poderi a citar centenas. E ainda não é tudo. A loca lidade de Kirriemuir, na Escócia, quer eri gir um monumento ao cantor Bon Scott, da banda ACIDC. Scott entoou canções corno !-!ighway to hei/ (Autoestrada para o infe rno) ou fiel/ isn 't a bad place to be (O infe rno não é um mau lugar para se estar). Outro exempl o, que mostra como es te tipo de música vai se tornando cada vez mais aceito pela sociedade, vem da Polôni a. Uma fo to imensa de Adam Darski, cantor do grupo Behemont, de
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Black-Metal, apareceu na capa da revista polonesa de grande ti rage m "Gala". O grupo, conhec ido por suas músicas blasfemas, apresenta-se com roupas grotescas e satâni cas. Num de seus shows, Darski destruiu no palco exemplares da Bíblia e chamou a Igreja Católi ca de seita assassina. O "Tagesspiege l", um dos jornais mais im portantes da Suíça, publi cou uma entrev ista com o cantor de rock satânico Gaahl (seu nome real é Kri stian Espedal). Nessa entrev ista ele declara com toda a naturalidade: "Sou a favor de que a i greja desapareça enquanto instituição. A meu ve1; as igrejas são como estátuas de Ado([ Hitler em Israel; para mim, não há d(ferença entre uma coisa e outra ". Gaahl fa la sem constra ngimento em "Tagesspiegel" sobre suas simpatias por Satanás e demais demônios: "Posso ainda utilizar Satanás sempre quando quero, e isso eu.fàço. Mas os moti vos de minha espiritualidade estão hoje em dia mais radicados na mitologia nórdica". O roqueiro admi ra Satanás, por ser aquele "que se revolta. Eu .fàço isso também, hoje como outrora".
"Em filmes de te1ror são mostrn<los rituais satânicos que se orientam pelas ill(/icações apresenta<las por livros de La Vey e de ouuos auto1·es sat;anistas".
Catolicismo - Qual é a difusão atual desse tipo de música? O Sr. conhece o montante de vendas? M"thi<ts 11011 Ger.w lorfl- O monta nte de vendas
das músicas satânicas não é anali sado de modo específico. Os gêneros Death-Metal e Black-Metal pertencem à espécie Heavy-Metal. Cont11do, segundo info rmações de imprensa, o 1-/eavy-Metal é a única espécie de música que assinala um aumento de vendas - tanto em concertos como nos CDs. Um dos mais importantes festiva is de música na Alemanha é o Wacken-Open-A ir-Festi val, rea li zado anualmente no mês de agosto. Em novembro de 20 12, já tinham sido vendidos todos os 75.000 ingressos para a progra mação de 20 13. Nesse festi va l devem toca r grupos como Candlemass , que em anos ante ri ores produzira m CDs com títulos como A ascensão de Lúcifer ou Fatalidade da magia da morte. Também deverão estar presentes os conjuntos de rock Hate Squad (Esquadrão do ódi o) ou Rage (Raiva). Em virtude do sucesso, novos festiva is estão sendo orga ni zados, um atrás do outro . A esses fes ti vais são dados nomes tais como Inferno Noruega, Inferno Suíça, Festa Extrema, Festa neurótica da morte, Sob o sol negro ou Festival da Besta.
O grupo Venom lançou um trabalho com o nome Fallen angels
me agrada, porque muitos pensa m que o satanismo é uma coisa praticada por gru pelhos minúsculos em cemitérios afastados, por loucos que leram a Bíblia satânica de Anton la Vey, e encenam rituais correspondentes. Ora, isso ex iste de fa to, porém as mensagens de conteúdo satânico são di fu ndidas especialmente através de film es e séries de telev isão. A fi m de obter uma documentação ampl a, dediquei-me a pesquisa r uma grande quantidade de fi lmes de terror. O resultado fo i ass ustador: em grande número deles são mostrados rituais satânicos que se ori entam de perto pelas indi cações apresentadas por li vros de La Vey e de outros auto res satani stas. Porém, não é apenas isso. Em muitos film es de terror o satanismo vem quase sempre acompanhado de violência sádica e de perversões sex uais. Esses três elementos apresentam-se sempre j untos, mesmo nos romances de opereta aparentemente inofensivos. Dito de outra fo rma, um jovem que veja esses filmes não precisa ma is ler li teratu ra satâni ca para aprender como se to rnar um compl eto satanista. Nos fi lmes ele obtém não apenas o necessá rio co nh ec im ento, mas também o temperamento, a atitude de espírito, os elementos emocionais. Quando, ademais, ele ouve a mús ica Death-Metal ou Black-Metal e se de leita em fa ntasias cheias de violência, ód io e blasfêmi a, pode se to rnar rapidamente um satani sta. Os fil mes e a música podem hoje em dia ser fac ilmente encontrados na Internet. Pra ti ca mente todos os grupos de rock têm contas no MyVideo ou no Youtube. Citei acima o conjunto Antropomorphia. Filmouse um vídeo sobre a a canção Psychagogia no qual aparece uma mulher com um vestido negro e curto,
Catolicismo - Esse panorama é aterrador! Tais mensagens de conteúdo satânico são típicas da música rock, ou se encontram também em outros campos da música pop? Mathi"s 11011 Ger.wlorfl- Essa é uma pergunta que
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portando diversos amu letos e brincos bizarros, por ocasião de um ritual. Em torno de um crânio humano aberto e cheio de sangue, a mulher espa lha um pó estranho, movimenta os braços cada vez mais freneticamente e murmura fórmulas. De repente, tira um punhal da bainha e, tomando o crânio, bebe com deleite o seu conteúdo. Parte deste transborda, deixando-a manchada pelo líquido vermelho. lsso não é nada comparado com o que ainda de pior se pode ver, mas que não quero descrever nesta entrevista.
Catolicismo - O Sr. afirmou que os conteúdos satânicos nas canções dos Rolling Stonese de outros grupos de rock de outrora não são nada em comparação com o que está sendo lançado atualmente no mercado. Foram eles como que os precursores ou idealizadores dessa corrente? Mathias von Gersdorff- Pode-se retroceder ainda muito mais, caso se queira encontrar elementos satânicos na música. No início do sécul o XX, podemos ver tais conteúdos no jazz e, sobretudo, nos blues. Mas, para voltar à sua pergunta: Sim, propriamente sim, porém já havia naquela época grupos ainda mais extremados - por exemplo, o Black sabbath , cuj o disco de mesmo nome apareceu em 1970. O u o conjunto Coven com seu disco Bruxaria, de 1969 . Uma canção deste disco é a Missa satânica, cujo fundo é a musicalização de uma missa negra. Porém , o sa lto quântico da música satânica se deu na Noruega. No início dos anos 90, constituiu-se nesse país um conjunto em regra, o
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Loja especializada em música Death - Metal
(Metal da Morte)
"Junto com o Ó<lio ao cl'istianismo - em todos esses gêneros de ,mísica o cl'istianismo é o gramle h1i,nigo - sw-ge uma espécie de endeusame11to da l'ol'ça"
qual se tornou rapidamente violento, queimando igrejas e perpetrando diversos assassi natos. Seu crime mais espantoso vitimou o próprio "guru" do conjunto - 0ystein Aarseth, mais conhecido pelo pseudônimo de Euronymous , guitarrista do influente conjun to de rock Mayhem e proprietário da loja de discos Helvete, uma espécie de templo dos roqueiros satan istas da Noruega. Ora, Euronymous foi morto por Vikernes, outro membro do conjunto de rock. Pouco antes de sua morte, Euronymous encontrara o cadáver do principal membro de seu conjunto, que se autodenominava Dead (morto) e se su icidara com um tiro no cérebro. Euronymous teria recolhido os pedaços do crânio e distribuído como relíquias a membros de outros conj untos de rvck. Ainda segundo os rumores, ele teria juntado os restos da massa encefálica e com ido. O conjunto de rock Mayhem e os mú sicos Dead, E uronymnous e Vikernes, bem como a loja de discos Helvete, se tornaram, por assim dizer, os arqu étipos da música Dealh-Metal (Metal da Morte) . Esta se espa lhou para outros países, quase sempre acompanhada de assassinatos e incêndio de igrejas. A música satânica atua l tem sua origem nesse cenário, cuja influência chega até hoje. Dou apenas dois exemplos. Um membro do conj unto Frosl escreveu o que sentiu ao entrar na loja de discos /-Jelvete: "Na primavera de 1991 visitei pela primeira vez a atualmente tão.famosa loja Helvete em Oslo, e então passou-se algo. Para mim, .ficou imediatamente claro que este era o lugar com o qual eu havia sempre sonhado. [. ..} A sensação estranha, escura e maldosa que então me in vadiu,jamais me abandonou". Este conjunto de rock popularizou também o costume grotesco de maquiar-se como cadáver. Os roqueiros Dealh-Metal chamam- no de "pintura de cadáver". Querem, portanto, se parecer com cadáveres. Com o tempo a maquillage se tornou cada vez mais extremada. Muitos começaram a se vestir como demônios ou monstros. E as missas satânicas e congêneres ficaram por sua vez mais frequentes nas encenações de concertos de rock.
Catolicismo - Como é que os jovens chegam ao rock satânico? Tratar-se-ia de neopagãos que não mais satisfeitos com as experiências usuais procuram as extremas? Mathias von Ger.wlorff·- Talvez o Sr. fique surpreso, mas é propriamente o contrário. A entrada se dá pelo rock satânico - portanto, pelo 8/ack-Metal e coisas do gênero. Depois eles chegam às formas modernas de paganismo. De fato , isso não é de espantar, porque o rock satâ ni co é muito si mples
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de ser entendido; tem um mundo relativamente bem conhecido de imagens marcantes, a pa1tir dos filmes de terror e de outros produtos da cultura pop. No Black-Metal é preciso ser mau e cheio de ódio. O mundo emocional é, portanto, bem perceptível e fornece rapidamente o que todos os ouvintes do Heavy-Metal procuram: o golpe de adrenalina. Reproduzida em alto som, essa música desencadeia o impulso adrenalínico e a pessoa não consegue mais ficar quieta . E moções e instintos profundos são assim despertados e, posta de lado a razão, cai-se numa espécie de estado de transe. Mas como isso se torna em determinado momento bastante insípido para alguns, estes procuram então estilos de música que em sua perspectiva tenham mais sentido. Vistos de fora eles se parecem como versões fortemente aburguesadas do DeathMetal. Porém , isso não é forçosamente correto do ponto de vista ideológico. Ademais, quanto mais se adentra na música pagã, mais se aproxima do contacto com estilos que são velada ou abertamente nazistas. A passagem para o assim chamado "extremismo de direita" é, portanto, resvaladiça. Junto com o ódio ao cristianismo - em todos esses gêneros de música o cristianismo é o grande inimigo - surge também uma espécie de endeusamento da força. Pois o que o golpe de adrenalina transmite é uma espécie de sensação de força instintiva e irracional, entretanto bastante autêntica para quem a ex perimenta. Isso é o que todos querem - e aqui se encontra o ponto de ligação com as antigas religiões germânicas, que outra coisa não eram senão o culto das forças da natureza. Sendo o cristianismo - a partir desta perspectiva - visto como uma reli g ião dos fracos, dos fracassados, não estamos muito longe de uma concepção nazista de vida. Kristoffer Rygg, que toca uma mescla de BlackMetal e de folclore no conjunto de rock norueguês Ulver, disse em uma entrevista: "Os cristãos promulgam leis para os fracos e pregam sem valor a humildade, a bondade, a submissão, a culpa e o carregar do peso do mundo [ .. .] os cristãos são os masoquistas, enquanto nós, como sadistas, empunhamos o chicote ". Um exemplo cláss ico deste fenômeno é o conjunto de rock norueguês Enslaved (Escravizados), aliás bem-sucedido comercialmente. Originou-se do conjunto de Black-Metal denominado Phobia, pertencente como Mayhem - da qual já falamos - à primeira geração de bandas de rock satânico da Noruega. Com o tempo elas foram mudando seu estilo e hoje pertencem ao gênero Viking Metal, uma espécie de Death-Metal misturada com música escandinava, porém com forte acento pagão.
"Escutando essa música bestial horas a no e forma11do sua vida emocional com ela? Que fantasias cheias de ódio e de blasfêmias são por ela despertadas?"
Vikernes - venerado em muitos círculos como um guru, apesar do assassinato que cometeu e das igrejas que incendiou
Tocam canções como Ethica Odini. Em sua música há uma mistura bárbara de adoração ao sol e à lua, de lendas nórdicas, de chamanismo, de sacrificios de sangue, de hipnose, etc. Apenas para citar mais um exemp lo, podese encontrar uma forte ligação de paga ni smo e Death-Metal no conjunto de rock sueco Unleashed (Desencadeado). O cantor do conjunto, Johnnz Hedlung, ex plicou numa entrevista como ele se deixa inspirar: "Minhas influências vieram propriamente de meus antepassados e do ser da natureza, do sentir de suas f orças - .ficar simplesmente sentado aqui e saber que o ancestral de meu avô esteve aqui com a sua espada ... saber que disso vem uma ilif/uência sobre você". Os roqueiros do Death-Metal descrevem frequentemente tais sensações. Vikernes, o assassino de Eurony mous, di sse numa entrev ista: "De.fato eu te aconselho lentar andar sozinho, numa noite de inverno, por uma floresta norueguesa, e compreenderás o que quero dizer: ela.falará contigo". Aliás, Vi kernes - venerado em mui tos círculos como um guru, apesa r do assassi nato que cometeu e das igrejas que incendiou - ass im descreve sua trajetória: "Deu-se por ondas. Em 1991 eu gostava de ocultismo, em 1992 de satanismo, em 1993 de mitologias, e assim por diante, em ondas". Mais tarde ele se tornou pagão e nacionali sta-racista. Para ele o cri stiani smo é um "implante judaico"; os cristãos deveriam ser sacudidos de seu estado de transe. Catolicismo - O Sr. acredita que esse tipo de música poderia provocar uma grande perseguição aos cristãos?
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Mathias 11011 Ger.w lorfl- É importante reconhecer que essa música é para os ouvintes uma espécie de alimento es piritua l, algo como a oração para os fi eis. Ouvindo-a e les fo rta lecem seus sentimentos de ódio e seu sadi smo contra o cristianismo. O que pode acontecer no interi or de pessoas que escutam essa música besti al horas a fio e fo rmam sua vida emociona l com ela? Que fa ntas ias cheias de ódio e de blasfêmias são por ela despertadas? Sej a como fo r, ela prepara homens que de ixa m seus sentimentos se transforma re m em atos. Numa entrevi sta perguntaram a Anton Szandor La Vey, fundador da Igreja de Satanás, o que e le achava dessa música, se ela era verdadeiramente satânica. E le respondeu: "Imaginem um conjunto
de j ovens que não estejam sob a influência de narcóticos, que ouviram a noite inteira Bl ackMeta l e que agora ouvem um n ifar de tambores e um toque de trompete [ele queria dize r com isso uma música hitleri sta]. Vai acontecer corno nesta cena de Samson ou de Cabaret, quando milhares de braços se levantam esticados para o ar. Então, que Deus ajude os cristãos! ". Penso que isso não é exagero. Com esse gênero de música va i sendo preparado um exército de pessoas que odeiam os cristãos e que medi ante um determinado sinal poderiam tornar-se ativas. Catolicismo - O que se pode fazer contra essa agressão? Mathias 11011 Ger.w/orfl-Como leigo - portanto, não como sacerdote - pode-se faze r muita coisa . Na Alemanha, queremos alertar o grande público para a ma ldade e ag ress ividade dessa mú sica. Q ueremos que as pessoas tomem conhecimento das blasfêmias e do ódi o que se difundem através dela, algo que nenhuma outra religião aceitaria. Basta pensar o que aconteceria caso se atacasse desse modo o islami smo. Simultaneamente, por meio de nossas ações, ex igimos das auto ridades que apliquem as le is vigentes e pro íbam esta música de ódi o. E nquanto leigos, podemos também nos empenhar para que a pi<!:dade cristã sej a fo rtalecida no povo: a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à Sa ntíss im a Virgem Mari a, a reza do Rosário, etc. Os sacramentos e a oração proporcionam as graças necessárias para se combater tal agressão, po is se trata de um luta sobretudo espiritua l entre o Bem e o Mal. Fina lmente, como leigos podemos a inda causa r muito efeito pe la nossa presença. Essa música e seus adeptos consti tue m a ponta-de- lança da ag itação anticri stã que em va riantes moderadas presenciamos no nosso dia-a-dia. Como enfrentá-
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"Os sacramentos e a ornção proporcionam graças necessárias para se com/Jater esta ag,·essão, pois se trata de um Juta espil'itual entre o Bem e o Mal"
la? Rac iocínios e argumentos não ajudam muito nestas circunstâncias. Tais impul sos irracionais e excess ivos só podem ser contidos se os cri stãos se apresenta rem sem medo e che ios de convicção . Uma discussão à base de argumentos pressupõe que o lado oposto compreenda o pensamento do outro e desenvo lva um mínimo de empati a. E ntretanto, com homens que cultivam intername nte um ta l ódi o, não se pode es perar essa capacidade. De certo modo, trava-se uma luta entre do is tipos humanos. Do lado dos cristãos, consti tui problema o fato de ter desaparecido completamente em muitos a prontidão para a luta. Vivem um cristianismo fa lseado, que vincula a prática de uma espécie de tolerânc ia que chega até ao abandono da própria identidade. Apenas com bonomi a e mansidão não se conseguirá ga nhar a opin ião públi ca para a causa de Jesus Cristo, e muito menos contrapor-se aos descarados ataques dos roque iros satâni cos. Prec isamos com urgênc ia de persona lidades do calibre de um Pe. Rupert Mayer, S.J ., de Munique (hero ico resistente ao nac ional-soc iali smo), de um Cardeal Mindszenty, de um BeatoA loisio Stepinac, Arcebi spo de Zagreb (heroi s que res isti ra m ao comuni smo), os quais não se dobrara m diante de nenhum poder tempora l il egítimo. Catolicismo - Obrigado por esta oportuna e esclarecedora entrevista. Os que a lerem terão muito proveito, pois o problema do rock no Brasil avança nesta mesma linha. Desejamos-lhe muito êxito em suas próximas campanhas públicas em prol dos princípios católicos e na defesa da civilização cristã. •
Na Europa ... e no Brasil "A liberdade de expressão se reduz cada vez mais para os cristãos na Europa" - adverte o conceituado professor e historiador italiano Roberto de Mattei, em seu boletim "Correspondance Européenne", de fevereiro/2013 . A onda cristianofóbica deixa cada vez mais livre o caminho para a blasfemia e dificulta a reação dos que professam os princípios cristãos de se pronunciar contra o aborto, a eutanásia e o homossexualismo. Trata-se de uma tentativa brutal da parte dos dirigentes da União Europeia de subverter as leis e os costumes até aqui vigentes em nações cuja formação histórica e moral , bem como os princípios norteadores são devidos à ação e ao influxo seculares da Santa Igreja Católica. Explica o citado professor: "A imposição da união contra a natureza entre pessoas do mesmo sexo, a introdução do delito de homofobia, que proíbe toda f orma de def esa da família natural, a tentativa de reprimir juridicamente a objeção de consciência àqueles que se recusam a cooperar com homicídios como o aborto e a eutanásia, a promoção da blasfêmia na publicidade, nos film es e peças teatrais são formas de ódio e de intolerância em fa ce dos princípios e das instituições cristãs, obras da ditadura do relativismo contemporâneo. "
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Ainda recentemente houve manifestações muito assanhadas contra um deputado eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Motivo? O fato de o mesmo se manifestar contrário ao "casamento" entre homossexuais. E paira sobre as cabeças de todos os brasileiros a ameaça de aprovação de um projeto de Código Penal cristianofóbico até sua medula.
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P.ARLI.AMEl'l'I'
Não podemos nos omitir, escudados no fato de que são minorias que pensam assim e se entregam a essas pressões. Na História da humanidade foram sempre minorias bem organizadas que se assenhorearam do poder e impuseram suas leis a uma maioria acomodada e inerte, ora pela força, ora pela pressão. Basta lembrar o caso paradigmático da Revolução Francesa de 1789. Nossa Senhora chora não somente por presenciar os assaltos da impiedade, mas também por ver a inércia daqueles que deveriam opor-se, denunciar, bradar, lutar... e não o fazem. "Tudo isto não pode ser tolerado. Os cristãos não permanecerão inertes " conclui o Prof. de Mattei. Se quisermos verdadeiramente consolar Nossa Senhora - tanto em suas dores não exteriorizadas quanto em suas diversas manifestações de pranto - não basta nos entregarmos a arroubos sentimentais, perfeitamente infecundos. É preciso lutar. •
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Infelizmente, a situação não se afigura menos sombria no Brasil. Se ainda não sofremos a pressão ateia - sob capa de laicismo - de uma União Europeia, entretanto temos partidos políticos e organizações sociais que forçam de todos os modos, com penalidades acachapantes para quem não seguir, a adoção de leis anticristãs.
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A agl'opecuária <le ,rerá lidera,· o crescime11to eco11ômico E m 20 13, o aumento no valor bruto da produção agropecuária no Brasil deverá sa ltar de R$380 bilhões para R$450 bilhões, ou seja, um acrésc imo de 18,2%. Para que esta estimativa se confirme, muito contribuirá o crescimento da economi a, previsto em 3, 18% neste ano, segundo o boletim Focus do Banco Central. Diante disso, consultorias econômi cas prevee m que o setor lidera rá a retomada do PIB em 20 13, com cresci mento superior ao da Indústria e dos serv iços. (Fonte: "O Estado de S. Paulo", 31-1-13)
O gargalo do agmnegócio O garga lo é a infra-estrutura. E nquanto a indústri a brasileira amargou em 20 12 uma queda na produção de 2,7% e sofre há anos de um fo rte esvaziamento decorrente de certas avarias em alguns de seus subsetores, o agronegóc io ex ibe pujança. A nova projeção para o ano aponta para a produção de 183 milhões de tone ladas de grãos. E ntretanto, faltam condi ções de armazenamento e transporte. Paul o Molinari , da consultoria Safi-as&Mercado, vê grande descompasso entre os ritmos da produção e o de investimentos na última década. Nas zonas de produção há fa lta de armazéns, de portos modernos, de estradas em boas condições, de ferrovias e hidrovias. Operamos nesta área com total irresponsabilidade do setor público. Seus o lhos só se voltam para as "favelas rurais" produzidas pela Reforma Agrária, para a pretensa "agricultura fam iliar " (entendida no sentido utópico-soc ialista de única salvadora da fo me no mundo), para a delimitação de novas terras ditas indígenas, para a criação de falsos quilombos e de uma verdade ira psicose ambientali sta que só sabe ver no agropec uari sta um predado r da natureza.
Nenhum outro segmento contribui tanto para o desenvolvimento econômico e social do País quanto o agronegócio
(Fonte: "O Estado de S. Paulo", 12-2-13)
"A bram alas para o agro" Sob o título ac ima, a senado ra Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), publicou um artigo na "Fo lha de S. Paulo", no qual afirma que a luta pela estatização do ca mpo - projeto antigo da esquerda revolucionária - tenta atribuir ao produtor rural a responsab ilidade pelas mazelas soc ia is do País, quando a realidade é precisamente o oposto. Nenhum outro segmento contribui tanto para o desenvolvim ento econômico e social do País quan to o agronegócio, responsável há anos não apenas pelos sucessivos superávits da balança comercial brasileira, mas também por 30% dos empregos formais do Brasil. Mais. O agro brasile iro é hoj e modelo para todo o mundo . Estudo publicado pelo Ministério da Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre a produtividade agrícola em 156 países constata que o crescimento do Brasil neste setor foi de 4,04% na década de 2000, enquanto a média mundial foi de 1,84%. O País é o que ma is incorpora tecnologia de produção e mais investe no aprimoramento de sua mão de obra. Apesar di sso, o
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produtor é não raro falsamente acusado de promover trabalho escravo e perseguido. Acusam-no também de ser predador ambiental , quando a realidade é bem outra. O produtor brasileiro preserva nada menos que 61 % de nosso território com cobertura vegetal nativa (554 milhões de hectares), e utiliza para a produção de alimentos menos de um terço (27,7%), ou seja, 274 milhões de hectares. Por tudo isso o nosso produtor rural deve ser tratado como herói, e não como vilão, como pretendem os utopi stas do soc ialismo caboclo.
Ameaça
à pmdução de alime11tos
Uma velha praga volta a ameaçar a agricultura brasileira, pondo em risco a eficiência, o poder de competição e a liderança internacional conquistados em décadas de muito investimento e intensa modernização tecnológica: é o primário e demagógico intervencionismo, orientado por objetivos políticos de curto prazo. Após comprometer a saúde financeira da Petrobrás e a
produção de etanol com sua desastrada intromissão, o governo se prepara agora para mexer politicamente nos preços dos alimentos e desarranjar o agronegócio. O Conselho lnterministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep), criado recentemente por decreto presidencial, será o instrumento dessa lambança - a mais nova demonstração de voluntarismo da presidente Dilma Rousseff. O novo conselho usurpará funções até agora atribuídas à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e geralmente exercidas com eficiência quando subordinadas a critérios técnicos. Esses critérios serão obviamente colocados em um segundo ou terceiro plano, com a previsível politização das decisões. Somente a intenção de politizar a formação e a administração de estoques de alimentos pode explicar a instituição do Ciep. Se a presidente da República estivesse descontente apenas com a ação técnica dos atuais dirigentes da Conab, poderi a simplesmente substituí-los. Em vez de combater a inflação, o governo tem procurado conter os índices através do controle do preço dos combustíveis, do corte de alguns impostos para baratear produtos selecionados e da tentativa de administrar o câmbio. Mexer no mercado para derrubar alguns preços selecionados é um jogo perigoso, tentado no Brasil, em outros tempos, com péssimos resultados. Seria insanidade ressuscitar a velha Sunab, a desastrosa Superintendência Nacional do Abastecimento. A presidente Dilma Rousseff deveria se lembrar disso. Não é necessária muita cultura econômica para entender esses fatos. Esta é mais uma espada de Dâmocles sobre a cabeça de nossos agropecuaristas. (Fonte: "O Estado de S. Paulo", 22-2-13)
Política Indigenista, vergonha do Brasil Em seu célebre livro Tribalismo indígena - Ideal comunamissionário para o Brasil no século XXI, escrito há mais de 30 anos, Plinio Corrêa de Oliveira denunciou uma corrente de missionários contrária à catequização dos índios e à sua integração na sociedade. Um sistema tribal pagão é o ideal desses neomissionários orientados pela Teologia da Libertação. As previsões do autor se confirmaram por completo. O livro foi reeditado recentemente, acrescido de uma segunda parte na qual os jornalistas Nelson Ramos Barreto e Paulo Henrique Chaves contam o que viram na reserva Raposa-Serra do Sol e o que pesquisaram no Mato Grosso e em Santa Catarina, além de transcreverem importantes entrevistas com várias personalidades que confirmam em tudo as teses do Prof. Plinio. Hoje, apesar de o Supremo Tribunal Federal ter declarado inconstitucionais as demarcações de novos territórios ditos indígenas e proibido a ampli ação dos já existentes, a FUNAI (Fundação Nacional do Jndio), em conluio com o CTMl (Conselho lndigenista Missionário), organismo ligado à CNBB, continuam " inventando" novas terras pretensamente indígenas. Por exemplo, no Mato Grosso do Sul, onde em 8 de janeiro de 2013 a FUNAI publicou Portaria identificando uma suposta área indígen a de 41. 751 hectares em Iguatemi . Entretanto, no processo existe um mapa - colocado provavelmente por um funcionário desavisado - que inclui , além de lguatemi , Paranhos , Tacuru, Coronel Sapucaia e Amambai , somando mais de 200.000 hectares! Uma verdadeira insanidade. Tudo isso configura uma perseguição aberta à propriedade particular rural , entretanto responsável pela comida abundante e farta na mesa do trabalhador, e sustentadora do PIB nacional! Tal é o socialismo.
As "quase favelas rurais" do Ministro Gilberto Carvalho Apesar de tardio, foi contundente o reconhecimento por Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e elemento de ligação com os movimentos sociais, de que os assentamentos de trabalhadores sem-terra criados pelo Jnstituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se transformaram em "quase favelas rurais". Criada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira há mais de 30 anos, a expressão "favela rural" tem sido amplamente utilizada para descrever a realidade da Reforma Agrária. Só que o crescimento da referida "favela" foi tão desmesurado, que hoje ninguém pode escondê-lo. E o "quase" do ministro deixa transparecer sua vergonha pela constatação. (Fonte: "O Estado de S. Paulo", 18-2-13) Victor Soares / A Br
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"Quando alguém perde a capacidade de envergonhar-se, nunca mais a recupera" - diz este adágio, muito verdadeiro, repetido em diversos países. Considerando a situação dos governos sul-americanos que procuram impor o socialismo a seus respectivos países, afundando-os assim no caos e na miséria, esse aforisma aflora inevitavelmente à memórja_ E é fácil ver por quê.
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ALFREDO M AC H ALE
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á tratamos em diversas ocasiões nas páginas de Catolicismo, ao longo dos últimos anos, como os governos populi stas de esquerda na Améri ca do Sul e tornaram cada vez mais num erosos,jactanc iosos e incansáve is, enquanto os de centro ou de direita se mostra m cada vez ma is vac ilantes, inconsequentes e te ndentes a abandonar essa ori entação, abraçando gradualmente o populi smo e a umentando ao mesmo tempo suas cumplicidades com a esquerda.
A "cúpula " da CELAC - /'estival de hipocl'isia para dar uma aparnnte legitimidade ao rngime castl'ista O aco ntec ido no último mês de j aneiro, entretanto, supero u todas as fa ltas de decoro até então cometidas nesta linha. Foi a rea lização, em Santi ago do Chil e, da "cúpula" das nações do Continente, denominada Comunidade de Estados latinoamericanos e Caribenhos (CELAC), à qual compareceram numerosos chefes de governo de nações da E uropa na condição de convidados ou observado res . A entidade em questão, da qua l toda a A mérica até esse momento nem equer tinha ouvido fa lar, corresponde a uma inic iativa do hoj e fa lec ido Hu go Chávez, de criar ma is um organismo multilateral. Deste eram exc luídos os Estados Unidos e o Canadá, as duas nações mais importantes e poderosas, a fi m de que a CELAC se transformasse em opos itora continental de ambas, com vistas a promover sem ma iores opos ições o sociali smo . E m todo caso, o organi smo é carente de sede, de orça mento, de fun c ionários, de credibilidade e de todo tipo de influência, justamente porque sua índo le não corresponde àquilo que ele proc lama, sendo incapaz de mostrar um só fato que justifi que a sua ex istência ou possa dar esperanças de que algum di a isso se to rn e rea lidade. Como é de rigor na atualidade, a CELAC proclama em seus estatutos res peito abso luto aos direitos humanos, à democrac ia, à autodeterminação dos povos, ao livre trânsito internacional, à liberdade sindi ca l, de imprensa, e outras semelhantes. Contudo, isso não passa de um palavreado vazio, hipócrita e sem nenhuma consequência, po is todos sabem que ao mesmo tempo em que as nações ma is dec isivas ABRIL 2013
ag rupadas nessa entidade procl amam essas fo rma lidades, as vio lam do modo mais sistemáti co e constante. A pres idênc ia da CE LAC é rotati va a cada dois anos, e vinha sendo exercida no período que ex pirou pelo pres idente c hil eno. Este a transmitiu ao chefe de Estado cubano Raúl Castro, que deverá presidi -la no bi êni o que então se iniciava. Mas com isto patenteou-se a ma is fl ag ra nte e esca nd a losa co nt radi ção entre a suposta condi ção democrática da CE LAC e o ca ráter tirâni co e tota litári o de seu atua l pres idente. Com a agravante de que s ua des ignação para chefia r o regim e cubano fo i fei ta por seu irmão Fidel Castro como se fosse um cargo hereditári o, apesar de não ex istir nenhum doc umento oficial que o tenha estabelec ido. O u sej a, é um regime de.falo, sem nenhuma leg itimidade jurídica. Obviamente, nenhum dos chefes de Estado presentes fo rmulou a menor obj eção, po is j á estava combinado de que seria ass im . O pres idente do Paragua i, Federi co Fra nco, não compareceu, dec lara ndo que seu governo não havia sido convidado. É claro que não o fize ram dev ido à orientação do evento e porque várias chancelarias do Continente o considera m chefe de um regime golpi sta, apesa r da origem de ta l regime estar em perfe ita consonânc ia com a Constituição de seu país, correspondendo em todos os as pectos ao que a mesma estabe lece. Po r sua vez, a Venez ue la estava representada , não por Hugo Chávez naqueles dias internado em uma clíni ca cubana para tra tamento do câ ncer que o acometia e que depo is ca usou sua morte - , mas por Ni co lás Maduro, outrora mini stro d as Re lações Exte ri o res , a quem C hávez, infring indo a lei venezuelana, des ignou no último momento para v ice-pres ide nte. Em sum a, um a cade ia de fra ud es para s imul ar um a legitimidade que não tem e nega r com inaudita hipocri s ia a inclinação totalitária dos governos mais decisivos - Cuba e Venezue la - do contubérni o marxista iberoa meri ca no.
O !ornai ■panhol A C anuncia o fraca■■o do tratam nto do Cháv I m Havana
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CAT OLICISMO
Ao receber a pres idência da CELAC, era prec iso que Raúl Castro di ssesse a lgo, não obstante a medi ocridade de seu pensa mento e o fa to de não ter o menor hábito de dar qualquer tipo de expli cação. Ass im , e le terminou al egando o " direito" do regime cubano de usar a pena capital "para combater o narcolrqfico ". Ora, não só o regime cubano promove há décadas o narcotráfi co - de iníci o através da narcoguerrilha co lombiana e ma is recentemente por meio do regime venezuelano - como a fin a lidade rea l dessa pe na extrema é simpl esmente ameaça r os poss íveis opos itores do comuni smo. É duro di zê-l o, dada a cultu ra insigne que Cuba teve outrora, mas essa infe liz ilha fo i convertida em verdadeira nação- pá ri a pe la ditadu ra cas tri sta, desej osa de perpetuar sua mi sé ri a ao tentar auto legitimar-se diante da opini ão públi ca sem aba ndonar sua condi ção de regime opressor. lsto porque, desde seu início, está na medul a de tal reg ime extinguir todas as elites dos países dos quais se apodera, a fi m de assegurar que sua estrutu ra sej a totalmente igualitária, sem qua isquer resquícios de hierarquia, e seu domínio sej a tota l e irreversíve l. Esta nova fraude castri sta deve ser impedida. lmpõe-se ao mes mo tempo destaca r, em co nt raste co m a índ o le
in fa me da tirani a que a s ubjuga , as qualidades da nação-vítima, as quais poderi am ressurgir se o comunismo fosse derrotado. Mas isto é todo o contrário do qu e vem faze ndo o conjunto dos presidentes sul-americanos, que aceitam indol ente me nte a tirani a e mostram olímpico desdém pela trágica prostração do povo cubano. Al g umas se manas depois de concluída a cúpula da CELAC, realizou-se em Havana a " reeleição" de Raúl Castro para outros cinco anos de governo. Houve ainda a "ele ição" de um pseudoPoder Leg is lati vo de 650 membros, sem que em ambas as " votações" tenha havido um só candidato opositor. Isto não impediu que as tubas publicitárias das demais nações procl amassem que o regime cubano começa a ser reformado. É mais um caso de pessoas que não só perd eram a ca pac id ade de se envergonhar, mas que nem sequer desejam recuperá-l a .. .
Na Venezuela, e11ganos em sél'ie pam que o governo, parece11do democrático, J1ão tenha que entl'egar o podei' à oposição, caso esta vença a pl'óxima eleição
ll ll'li:!~ Ul\1'1•1111\ 1,
Los 111édicos ven ya inútil seguir tratando a Chávez
Prosseguiu entrementes a verdadeira telenovela da doença de Hugo Chávez. Durante quase três meses seus seguidores afirmaram que ele reassumiria a qualquer momento suas funções de presidente, mas não apresentavam nenhuma prova de que Chávez se encontrava em condições de o fazer, ainda que fosse por poucas horas. O doente foi trasladado de Havana a Caracas sob condições de extremo sigilo, não tendo sido visto nesta capital por ninguém que não pe1tencesse ao estreito círculo de seus adeptos incondicionais. Todos estes asseguravam que o caudilho se recuperava rapidamente, mas ninguém ousava dar urna data para a sua aparição. Até que no dia 4 de março anunciou-se a sua morte. Por que foi assim? Segundo seus partidários, porque ele estava quase curado e a ponto de reassumir suas funções; mas, de acordo com muitos, porque se tratava virtualmente de um doente terminal, com poucos dias ou semanas de vida, abreviada, segundo parece, por sucessivas terapias erradas e daninhas aplicadas em Cuba, que a diminuíram consideravelmente em vez de prolongá-la. Ao secretismo mantido em Cuba sucedeu outro não menor aplicado em Caracas, de modo que, em vez de notícias, abundaram as especulações, os rumores
e as suposições, nos quais a opinião pública acreditava pouco, mas por certo muito mais do que nas versões oficiais que, além de carecerem de seriedade, contradiziam-se constantemente. O problema para o chavisrno dominante era que as leis vigentes, definidas pelo próprio Hugo Chávez enquanto gozava de aparente saúde, estabeleciam normas muito diversas para o caso de seu impedimento de exercer o cargo ser definitivo ou apenas temporário. De maneira que optar então por urna das versões poderia significar para o regime submeter-se a condições passíveis de dificultar, ao invés de assegurar, sua continuidade a prazo médio. A "solução" encontrada pelo governo, corno sói acontecer em regimes de fato, foi emitir afirmações enfáticas, as quais ele próprio era obrigado em breve a corrigir, pois, por assim dizer, a realidade se burla dos embusteiros. Mas o "mandato" obviamente era de que ninguém apontasse isso, pois poderia ficar sujeito à prisão por prazo indefinido, ou a outras formas de perseguição. De todos os modos, a custosíssima campanha eleitoral governista na eleição presidencial de outubro de 2012 resultou num forte agravamento da crise econômica venezuelana, tornando-se inevitável urna desvalorização de 46%
da moeda nacional, efetuada poucos meses depois. Isto está provocando grandes aumentos nos preços e acentuará a inflação para muito além do que se vinha verificando. A cotação oficial do dólar passou de 4,3 para 6,2 bolívares, mas no mercado paralelo está em torno de 25 bolívares .. . Um dos primeiros aumentos será provavelmente o do preço da gasolina, hoje mais barata que a água, por não subir desde 1996! Para cobrir os custos de produção, ela deveria aumentar 900%! Mas, para conservar-se no poder, pareceu essencial ao chavisrno manter até agora seu baixíssimo preço. Como um aumento poderia resultar demolidor para a popularidade do governo, este talvez espere a realização das novas eleições.
''A situação da Venezuela é a <le u111 país e111 guerra" - declarou em Caracas um eco110mista ao descrever os el'eitos <la desvalol'ização Esta afirmação foi feita pelo professor Roberto Rigobón, do Massachusetts Jnstitute of Technology (MIT), durante o fórum Perspectivas 2013 , organizado pelo Instituto de Estudios Superiores de Administración em Caracas. Ele assinalou que na capital só se encontram 17% dos produtos da cesta básica de alimentos e que o fenômeno é devido a problemas na distribuição e aos controles de preços impostos pelo governo para reduzir os lucros das empresas. O expositor acrescentou que a instabilidade de que padece o país se deve ao fato de não haver disciplina fiscal nem monetária. Outro expositor, Pedro Luis Rodríguez, assegurou que o subsídio estatal ao combustível foi de 16 bilhões de dólares em 2012 , com o que se gasta "mais no subsídio à gasolina do que na saúde ou na edu cação " (1 nfobae América, 2-3-13). Distantes da Venezuela, alguns jornais também julgam com clarividência
Lula e Dilma observam o corpo de Hugo Chávez, em Carecas
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o que sucede nesse país, em parte talvez por não estarem ao alcance dos agentes da censura o u das represálias . Assim, pode-se le r este a rti go , reproduzido por um órgão paraguaio de um jornal uruguaio: "Enquanto o país [Venezuela] descambou na débâcle .financeira, na
corrupção e na in~ficiência administrativa, é mais do que duvidosa a veracidade das declarações otimistas de seus prepostos [de Chávez] para procurar ocultar o verdadeiro estado de saúde do Caudilho. "Após sua longa permanência em Cuba para sua quarta operação de câncer em 18 meses, não se sabe se voltou ao país porque se recuperou um pouco, ou porque não há mais o que faza Dada a pouca confiabilidade dos anúncios oficiais sobre a sua saúde, motivadas por urgências politicas mais que por respeito ao público, o único esclarecimento sólido seria um relato de uma.Junta médica independente. Mas por enquanto não se vislumbra isso. ;'Todo o círculo de Chávez, por outro lado, recorreu a um truquejuridico para evitar novas eleições presidenciais, como dispunha a Constituição depois que o presidente não pôde prestar juramente em 10 de .Janeiro para o novo período para o qual foi reeleito. Mas em qualquer caso, com Chávez relegado a símbolo do passado depois de 14 anos de caudilhismo autoritário e seus subordinados sem rumo governamental, os venezuelanos enfrentam um .fúturo enegrecido pela desastrosa condução do pais. So.fi-·em a inflação mais alta do continente depois da Argentina, uma pavorosa escassez de alimentos e de outros artigos essenciais, e uma crise energética que poderá a qualquer momento deixar sem eletricidade grandes áreas do pais " (EI misterio venezolano, " 5 días", Assunção, apud El Observador, Montevideu , 24-2-1 3). Por sua vez, um observador de Caracas assim descreve as folclóricas mani festações chav istas: "A maré vermelha
tem vinculações muito estreitas com os 'camisas pardas ' da SS nazista, os 'camisas negras' do fas cismo italiano e os ;camisas azuis' dofalangismo.fi,·anquista. Com a incorporação dos milicianos, que
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CATOLIC I SMO
exibem um lenço vermelho ao p escoço, como os pioneirinhos cubanos. e portam armas de guerra como a KGB, nas atividades de proselitismo do PSUV se cria uma mescla de vermelho-verde-oliva que simplifica a identificação cromoideológica o.ficialista e que, no .final, será uma canção de A li Primera [ca ntor de protesto], uma.flanela vermelha e um gorro militw: Nada de Marx nem de Salvador de La Plaza [ativista venezuelano contra os regim es de fato] , nem de debates sobre a plusvalia; nada de socialismo com rosto humano nem de direitos humanos. Nada de reconhecer o contrário, nada de Karl Popper; de Jiirgen Habermas [pensadores alemães] e de Hannah Arendt [ativista antin az ismo]. Nada. Só renda )Jetroleira "' [com a qual são pagas a demagogia e a ofe nsiva c havi stas .. .] ("Chanc letas co loradas ", de Ramón Hernández em " Venezuela Analitica ", 24-2- 13). Milícias a serviço da revolução bolivariana
Ou seja, em boas contas, é medi ante um gasto fiscal extremamente ca udaloso manejado por um regime buliçoso, fa rsa nte e de empuxe inconsistente, que este consegue mobilizar partidários de um a rad ica lidade ideo lóg ica qu estionável. De onde a necessidade para o governo da presença cubana, a fim de in sinu ar à oposição que a repressão poderia ser brutal, e estimul á-l a ass im a moderar-se continuamente. Os comentários do genera l da reserva Fernando Ochoa Antich, ex-m inistro da Defesa e das Relações Exteriores, sobre a situação venezuelana, são muito eloq uentes: "O governo presidido por Nico /ás Maduro [antes da morte de Chávez] é inconstitucional e ilegítimo. É uma clara
Expressões dos seguidores de Chávez no dia de seu sepultamento
usurpação dasfímções do Presidente da República que correspondem a Diosdado Cabello. A interpretação que a sala constitucional do Tribunal Supremo de Justiça.fez sobre a ausência absoluta ou temporária de f-lugo Chávez foi arbitrária e antijurídica. As fotografias que o governo nacional acaba de apresentar não são provas suficientes para garantir que Hugo Chávez exerce suas funções presidenciais. Ademais, não se esclarece seu estado de saúde em relação ao câncer de que padece. "A verdade, a única verdade, é que atualmente nos governa uma camarilha de ambiciosos a serviço dos irmãos Castro, que aspira conservar o poder dando as costas para a vontade de nosso povo. Esta grave situação se torna ainda mais insustentável diante da crise vivida pela Venezuela. Observem a realidade e verão que tenho razão. Analisem, por exemplo, a tragédia que significa a violência em nossa sociedade. "O assassinato, o sequestro e o roubo são o pão nosso de cada dia. Ncio há classe social que não esteja ameaçada, dos mais humildes aos mais poderosos, diante da incompetência de um governo que não foi capaz nem sequer de resolver a crise penitenciária. Sempre objetivas, as c/fi,·as são terríveis: nos 14 anos de g overno chavista f oram assassinados mais de 150 mil cidadãos, número só comparável a um pais em guerra. No ano de 20 12 se praticaram J050 sequestros, 2 3 vezes mais do que em 1999
[ascensão de Chávez]. RC4flitam . Estas são realidades que não desaparecem com a propaganda " (Nos g obiernan los Castro , in "Venezuela Analítica", 22-2- 13). Nas condi ções ac ima descritas, tudo indi ca que a Venezuela vai afu ndando num clima de extrema polarização, na qual a relativa fo lga econôm ica que teve até ago ra diminuirá rap idamente por efeito do forte desabastecimento de produtos essenciais; da escassez de divisas para fazer face às enormes importações de alimentos de que necess ita; do crescimento do mercado negro; da infl ação descontrolada; dos irados protestos populares, e da inclemente repressão de um governo que é, ao mesmo tempo, débil e od ioso, temeroso e vingativo. Com o qual a violência com certeza aumentará. Já se torn ou habitual ao chav ismo culpar a "oli garquia" e o " Império" por todos os males ex istentes ou possíveis, em espec ial aque les pelos quais ele próprio é o culpado. Esse ód io tende a se converter em obsessão para infl ama r o populacho e torná-lo agress ivo. Serve ainda para amedrontar todos os opositores, atuais e potenciais, em face de um conflito soc ial que arda de um extremo ao outro no país. Esta ação incendiária é exercida não por personagens secun dários, mas por representantes de todas as hiera rquias, inclusive pelo presidente da Repúbli ca, de modo a faze r recea r que o novo governo ven ha a cu lpar a opos ição pela vio lência que ele mesmo desencade ie. Se esse conflito se produzir, é previsível que se estenda fac ilmente por todo o continente, pela articul ação do regime venezuelano com a Cuba castrista, com o esq uerdi smo islâm ico, com os guerrilheiros e terroristas da Co lômbia e de outras nações, com as esquerdas em geral do Brasil, da Argentina, da Bolívia, etc. Todos eles vivem sonhando com uma guerra geral de classe e de raças, pois creem que assim poderiam conqu istar as grandes massas que até o momento se lhes manifestam hostis ou reticentes. Nessas condi ções, a eleição presidencial fo i convocada quase imedi atamente após a morte de Chávez, para que dentro de um prazo exíguo - cerca de
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um mês - o país opte entre a continuidade do regime despótico e dono da quase totalidade do poder, e a oposição, da qual não se sabe se poderá fazer-se respeitar pelo governo. Recém-unida, esta conta com o apoio majoritário da parte pensante da nação, mas não pela maioria desta, a qual oscila entre a indignação diante da ditadura que a oprime e o receio diante de suas constantes ameaças e ataques. Na verdade, o regime estuda como auferir o máximo de vantagens na eleição, cônscia de que as instituições oficiais que nela devem intervir estão todas submetidas ao Executivo e dispostas a obedecer totalmente àquilo que lhes for mandado. A oposição deve estar totalmente unida para enfrentar o chavismo nessa contenda, com um esquema que nada tenha de concessivo ao regime imperante. A recente eleição presidencial equatoriana com sete candidatos de "oposição" já deixou totalmente claro um dos modos pelos quais esses candidatos favoreceram a quem diziam combater. Por sua vez, a eleição venezuelana de outubro mostrou que um tom de semi-oposição equivale a dar por antecipação a vitória ao governo. Se esse tom prevalecer na próxima eleição, os mais de um milhão de venezuelanos que estão refugiados no exterior por causa da prepotência chavista nem sequer votarão no candidato opositor. Este deve denunciar os excessos abusivos da propaganda oficialista, máxime se é paga pelo Estado e se compromete a fundo a economia do país, coisas que ele não fez na eleição de outubro. De qualquer modo, cumpre olhar de frente e desde agora que se Nicolás Maduro - o continuador designado por Chávez - perder a eleição, o regime não entregará o poder, salvo se for absolutamente obrigado a fazê-lo . E é muito provável que nesta circunstância opte por uma violência repressiva brutal, para cujo desencadeamento conta com dezenas de milhares de cubanos comunistas enquistados em todos os ambientes venezuelanos, além de uma milícia de 150 mil membros fortemente armados e sedentos de violência, e incontáveis infiltrados nas Forças Armadas. Aliás, isto é o que os
CATOLICISMO
Trajes e gestos dizem muitas vezes mais do que as palavras: indicado por Chávez para seu sucessor, Nicolás Maduro (à direita) concorrerá às eleições para a Presidência da Venezuela neste mês de abril
hierarcas do regime insinuam continuamente, atribuindo conspirações e tramas golpistas à oposição por questionar o silêncio oficial sobre a saúde de Chávez. Quem o disse foi o próprio Maduro, de filiação conhecidamente comunista. Importa finalmente mostrar de modo palpável a todo o país que a opção não é entre a continuidade do chavismo e a oposição, pois o primeiro está totalmente descartado: a economia está inteiramente arruinada e requer enormes esforços, tanto para a sua recuperação quanto para a supressão de todos os desperdícios típicos do regime, a começar pela enorme ajuda a Cuba. Obviamente, a confluência em Caracas de quase todos os presidentes sul-americanos para assistir aos funerais de Chávez - uma homenagem cuja desproporção demonstra quão pouco lhes importa a destruição operada pelo chavismo na Venezuela e o perigo que corre todo o continente - não é algo que ajude à oposição. Pelo contrário, é uma amostra das dificuldades que esta deverá saber enfrentar custe o que custar. E fazêlo convicta de que a Divina Providência não abandonará um povo que se aferre de verdade à sua condição de católico, ainda quando esteja caindo no abismo.
Ora, se o regime vencer a eleição - o que infelizmente parece ser o mais provável - encontrará uma situação totalmente diferente daquela quando Chávez estava vivo. Pois, além de não mais poder contar com ele para manipular o populacho através da invenção e difusão de sofismas visando justificar a miséria, não disporá dos recursos econômicos indispensáveis ao dia-a-dia, nem terá a possibilidade de obter crédito junto a países como a Rússia, o Irã ou a China, que estabelecem condições duríssimas em matéria de juros, garantias e prazos. Assim, a situação se tornará facilmente desesperadora, com o que o prestigio do governo cairá verticalmente ... e será esta a hora da oposição. A partir de então, o fator que mais deteriorou a opinião publica venezuelana na ultima década - a ânsia de gozar a vida, de se divertir em contínua festa, ainda que em meio ao caos e ao perigo - poderá ser substituída pelo espírito de luta em condições muito duras e de alto risco, mas com um fundo de esperança de recuperar a Pátria das garras marxistas e restaurar o convívio de índole cristã. Então, ao se lembrar do regime chavista, a Venezuela se sentirá como se estivesse acordando de um pesadelo atroz.
Segundo a pres idente, o Conse lho da Magistratura tem atualmente "um critério corporativo", pois "os próprios advogados e juízes têm a possibilidade de eleger seus pares "; indi cou que "os j uízes não podem ter coroa para serem reeleitos por eles mesmos "; e di sse ainda que, quando há cri ses, as pessoas "incendeiam o Poder Executi vo e o Parlamento ", mas ninguém olha "para o Poder Judiciário, onde os magistrados não são votados por ninguém ". O que ela não quer entender é que o fato de "não serem votados por ninguém " - ou seja, a circunstância de os magistrados estarem por cima da política partidári a - é prec isa mente o que os leva a goza r ainda de algum prestígio - ao contrári o do que acontece com todos os mov imentos peroni stas. É por isso que ela pl anej a liquidar os juízes.
Pelo fato de eles represe ntarem uma eli te de competência j urídi ca, alt11ra de vistas e respeito pelos princípios lega is, ca racterísti cas que lhes outorgam uma condi ção de autênti ca respeitabilidade. A mandatária anunciou ainda a tríplice criação das câmaras de Cassação Civil e Comercial, do Contencioso e Administrativo e da Prev isão e Traba lho, a fi m de "que tenhamos uma terceira instância que apresse e dê transparência ao sistema j udicial". Disse que enviará ao Legislativo o registro de Causas e Penas, bem como a reforma de duas leis: de Medida Cautelar, que "se transformou em uma verdadeira distorção do direito e.fonte de injustiça e iniquidade", e do Código Penal. Ou seja, ela projeta impor sobre o já deteriorado e ameaçado sistema judicial argentino uma séri e de reformas si multâneas, para que este lhe fique totalmente
Argentina: zig-zag rumo ao clcsastrc
A inauguração das sessões ordinárias do Congresso argentino no ano em curso, rea li zada no di a 1° de março último pela presidente Cri stina Fernández de Kirchner, constituiu um marco para a instalação - gradual, mas em marcha rápida - de uma hegemonia sem di sfarces do Poder Executivo sobre os demais. Co m efeito, tendo dominado por mais de dois anos o Poder Legislativo pela via da manipulação eleitoral, ela as pira agora es magar o Judi ciári o, sentenciado nesse di a a fica r, como veremos, em condi ção de servili smo diante do Executivo, cuj o domínio se estenderá a todas as outras institui ções nac ionais. A manobra projetada pela presidente é simpl es e brutal. Ca lcada no melhor estilo das chamadas democracias populares, ela consiste em estabelecer por lei que os ca rgos do Poder Judiciário, tanto dos magistrados quanto dos in tegrantes dos organi smos que o regul am, vigiam e julgam, serão eleitos por voto popular. Com isso a Justiça deixará de ser ela mesma, não apenas porque ta is eleições serão manipuladas pelo Executivo, mas também porque a clave delas será a agitação e a di fa mação dos juízes, como ocorre agora com os líderes da tão questi onável e débil oposição.
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ra a governar numa democracia com falsos aditamentos, que é a forma com a qual o autoritarismo sempre destruiu a democracia. Como no Irã. Como na Venezuela. Como no Equador". A pres idente não parece, contudo, disposta a ceder, pois pensa que no fundo isto seria uma derrota. Cansada de ter seus planos hegemônicos obstaculizados pela Justiça, ela quer dispor de uma maioria automática como a que obteve no Legislativo . Só que neste último ela o conseguiu mediante uma rnise-en-scene de suposta moderação, pouco antes das eleições legi s lau'vas, nas quais essa manobra significou uma vitória vital para ela, mas funesta para a nação. Quererá Cristina Kirchner simular agora novas moderações? E haverá em tal caso alguém que lhe dê crédito? Na realidade, esses parênteses de supostas moderações não são senão intervalos antes de novos ataques .
Corte Suprema de Justic;a: novo alvo de Cristina Kirchner
submetido. É assim que se destrói um país! É como se um médico prescrevesse várias operações cirúrgicas concomitantes a um paciente, imaginando que o curaria de suas doenças quando de fato o estaria praticamente matando! Para isto ela dispõe em princípio do apoio do submisso Congresso, que provavelmente não hes itará em aceitar a imposição. E essa será a chave para dominar o resto das in stituições do país ... Durante quase quatro horas a presidente sublinhou as supostas conquistas de dez anos do kirchnerisrno "em criação de emprego, crescimento econômico, reindustrialização, redução da pobreza, melhorias nos ingressos, avanços na educação e saúde pública, etc. ". E jactou-se das medidas adotadas na última década, como a da nacionalização dos fundos de aposentadoria e pensão. Mas não se referiu à inflação galopante, à crescente delinquência, à explosiva corrupção e ao estatismo voraz, inepto e ruinoso que esbanja os recursos e prostra a Argentina como nunca antes ocorreu. O discurso de Cristina Kirchner foi aplaudido em mais de I 50 ocasiões, evidenciando que uma "claque" governista foi instalada na sede do Legislativo e que os próprios congressistas se transforma-
CATOLICISMO
ram em ajudantes servis do governo, sem manifestar mesmo um pouco de vergonha. Ao mostrar uma voracidade de poder incompatível com a democracia - que fixa limites aos poderes de Estado que ela representa - Cristina Kirchner está tirando a Argentina do concerto das nações ocidentais de modo parecido ao comunismo quando estabelecia as chamadas "democracias populares". O comentarista Joaquín Morales Solá (Ahora, La Justicia militante, in "La Nación", 2-3-13) foi incisivo ao analisar esta atitude: "Sua ofensiva para colonizar politicamente a Justiça, o último bastião independente do Estado, é, por isso, uma ruptura com a democracia tal como nós argentinos a conhecemos até agora. Direta ou indiretamente, a presidente porá a administração da Justiça nas mãos de maiorias eleitorais circuns tanciais. Diluirá o poder da Corte Suprema e das Câmaras atuais em uma nova instância judiciai cujos juízes serão nomeados integralmente pelo cristinismo [de Cristina]. "No fundo, sua guerra contra a Corte Suprema de Justiça encerra uma dissidência .fundamentai. A Corte de.fende uma democracia republicana, portanto ocidental, enquanto a presidente aspi-
Equaclol': reeleição de Ra/'ael Correa com maioria 110 C011gl'esso
Já tratamos de passagem do fracionamento da opos ição equatoriana, com sete candidatos à Pres idência e a obtenção total de 43% dos votos. Foi um favo r inadmi ss íve l que ela fez ao pres idente Rafae l Correa e uma punh alada pelas costas no próprio Equador, cuj a defesa relegou como algo suba lterno ao cul tivo de ambi ções pessoa is tota lm ente desproporcionadas de seus respectivos candidatos. Entretanto, esse resul tado não representa em term os rea is um a vitóri a do "Enche-me de orgulho trabalhar em 'EI Universo"', diz a faixa. Amordaçados, funcionários desse jornal protestam em Guayaquil contra o governo por cercear a liberdade de expressão.
pres idente reeleito e muito menos que sua va ntagem será du radoura ; pelo contrári o, mostra que se houver no Equador uma opos ição verdadeira, o período de Correa poderá concluir-se mui to antes do qu e ele espera , basta ndo para tal que swj am líderes séri os e di spostos a reagir, nos termos garantidos pelas leis vige ntes, e, so bretudo, a repudiar os colaborac ioni stas. Em todo caso, o previsível é que o governo prossiga em sua escalada contra a imprensa e a TV opositoras, assim como contra a empresa pri vada agríco la e as elites locais, dominando a seu talante o Legislativo com iniciativas cada vez mais ousadas, inclu sive com rad ica lizações esquerdi stas inseridas na Constituição. Mas, em prazo longo, isso poderá acarretar o surgimento de obstáculos e adversários imprevistos. *
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Ass im, em vá ri os países da Améri ca do Sul , os governos populi stas de inspi ração marxista vão tira ndo gradualmente as máscaras que de início lhes serviram para conqui sta r o Poder, passando a adotar ares mais rad ica is e bruta is. Ele alentam com isso as fo rças de opos ição, propi ciando a fo rmação de dois po los em crescente polari zação, delineando-se aos poucos um gra nde embate no qual a fração da opini ão pú bli ca que não toma partid o é cada vez menor. É o que em graus diversos se pode prever para as três nações ac ima anali sadas, a menos que algum inusitado elemento de cordura nas mentes dos socialistas e tota li tári os os leve a renunciar a seus projetos de descri stin ianização ace lerada. Pois não se deve de nenhum modo desejar que os setores cri stãos se deixem levar por um ânim o de conciliação com as correntes marxistas, quaisquer que sejam seus sofismas ou seus porta-vozes. Pelo contrário, quanto mais acossados pelas fo rças revo lucionárias, tanto mais devem os fie is católi cos proclamar fo rtemente sua perseverança nas verdades da fé e em tudo o que delas se deduz, confia ndo que Deus nos concederá fin almente a vitóri a. • E-mail para o autor: catolicismo@terra com br
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Santo Estêvão Harding, Confessor C o-fundador e alma da Ordem religiosa de Cister, na qual São Bernardo de Claraval ingressou, dando a ele grande incremento
■ PUNIO M ARIA So uMEO
e
erto dia sete anacoretas que viviam na floresta de Co ll an, na França, procuraram Roberto, abade do mosteiro de São Miguel de Tonerre, pedindo-lhe que se tornasse seu superior. Mas os monges desse mosteiro, embora não dessem grande apoio ao abade nas
CATOLIC ISMO
reformas que ele queria empreender, impediram-no de sair. Os anacoretas apelaram então ao Papa São Gregório Vil, obtendo o que desejavam. Em 1075 , no mosteiro de Molesmes, no vale de Langres - do qual Roberto se tornara abade - , os monges seguiam a antiga disciplina monástica: viviam em extrema pobreza, executavam traba lhos manuais e dedicavam a maior parte do tempo à oração.
Inglês de nascimento, Estêvão Harding nasceu em meados do sécu lo XI em Dorset, tendo sido educado primeiro no mosteiro de Sherborne e depois em Paris e Roma. Certo dia, ao passar pela França de volta para casa, ouv iu fa lar do mosteiro de Molesmes, recém-fu ndado e em seu primitivo fervor. Nele decidiu ingressar. Edificado com a vida dos monges, o povo da redondeza se pôs a faze r tantas doações a Molesmes, que sua ab und ância esfr iou in fe li zme nte o esp írito ini c ia l da in stitui ção, que começou a decair. Após várias tentativas frustras de reviver o anti go fervor do mosteiro, o abade São Roberto se retirou com Sa nto Alberico, Santo Estêvão e mai s 18 religiosos desejosos de reforma. Foram para um luga r deserto da diocese de Châlons-sur-Saône - hoje diocese de Dijon - , hab itado somente por bestas se lvage ns, onde deram iníci o a uma nova vida. Assim começou Cister. Um ano depois São Roberto fo i chamado de vo lta a Mo les mes. Na mesma ocas ião faleceu Sa nto Alberi co, que hav ia ficado como superi or de Cister. Santo Estêvão teve então de arca r com todo o ônu s da fundação , tornando-se a alma de Cister.
"Que mag11ílica empl'esa <le sa11ti<la<le!" A sábia direção de Santo Estêvão deu tanto lustro a Cister, que um histori ador contemporâneo, Guilherme de Malmesbury, não duvidou em escrever: "A religião [a Ordem religiosa] de Cister apareceu de repente como o caminho mais excelente para se chegar ao Céu. Que magnifica empresa de santidade! Que esplêndida reforma realizada por estes heróis do deserto! Os séculos bendirão eternamente a memória destes cavaleiros de Cristo, que venceram a natureza. Dormem sobre uma tábua nua, vestidos e cingidos. Levantam-se à meia-noite para Matinas, ejá não voltam ao dormitório. O trabalho, a oração e a salmódia enchem seu dia. O abade cumpre a Regra
como os demais. Desde setembro até a Páscoa só tomam alimento uma vez por dia. Não saem do mosteiro senão para ir ao trabalho no campo. Nunca rompem o silêncio. É angélica sua ternura com os pobres e os peregrinos e, para dizer em uma só palavra, eles são o grande espetáculo que oferece nosso tempo como modelo para osfervorosos, e aguilhão para os tíbios". Como na época os livros eram ainda escritos à mão, continham muitas incorreções por defeito dos copistas. Homem de letras, Sa nto Estêvão ordenou a rev isão dos livros litúrgicos usados em Cister, e mesmo da Bíblia. Para sanar as incorreções, consultou numerosos manuscritos e ped iu ex pli cações a alguns judeus sobre o texto em hebraico. Com isso pôde pôr à disposição de seus monges novas ed ições desses livros, nos quais primavam a si mplicidade e a clareza. Sa nto Estêvão queria também , por um esp írito de pobreza elevado ao auge, que o estudo dos monges se restringisse aos conhecimentos necessários ao sacerdóc io e à leitura esp iritual. Não podiam ler os cláss icos, nem os jurisconsultos, nem estudar línguas, nem mesmo o grego e o hebra ico. Sua igreja era simpl es e sem nenhum ornato, interd itada a estranhos e reservada exclusivamente para uso dos monges. Suas jane las não tinham vitrai s coloridos, mas vidros brancos. O altar e as im agens era m ba stan te simpl es. As gra nj as do moste iro ficavam a cargo de um monge-mordomo e dos irmãos leigos - os "ba rbados" monges obreiros aos quais Cister deve muito de sua prosperidade material. Seu ofício se reduzia ao trabalho, executado por obed iência e amor. E ass im se desenvolveu e prosperou Cister. É claro que se tratava de uma vocação especial, mas digna de ser admirada mesmo pelos que não eram chamados a ela. 1
"Dá-me espaço pal'a que eu habite" Porém, neste vale de lágrimas tudo
se dessora, até mesmo a adm iração pelas boas obras. Por isso, às ac lamações entu siásticas segu iu-se com o tempo a frieza. Começaram depois as murmurações. Passou-se destas à ca lúni a. Pelos anos 1111 e 111 2, os religiosos mais anti gos de Cister foram morrendo, não havendo quem os substituísse. Santo Estêvão estava perplexo. Queria manter a todo custo a antiga observância, apesar de seus ri gores. Co mo último recurso, apelou para o sobrenatura l: ordenou a um re li gioso que estava na agon ia, em nome da sa nta obed iência, que voltasse depo is da morte para dizer se o rigor da vida que os monges levava m em Cister era ou não agradáve l a Deus. Brilhante de luz, o reli gioso apareceu-lh e certo dia, di zendo que não só o gê nero de vida qu e levavam agradava muito a Deus, mas que em breve viriam tantos ca ndidatos que Sa nto Estêvão poderia bem repetir as palavras de !sa ias: "É apertado para mim este lugar; dá-me espaço para que eu habite " (49, 20).2
São JJemanlo e a f'll11<lação <le ClaraJ1al Foi o que aconteceu no ano 111 3, quando com 30 com panheiros chegou um jovem cheio de vida e fervo r que iri a assegurar a Cister um papel predominante durante os sécul os vindouros: "Era São Bernardo. A palavra deste noviço revela-se logo tão forte como umfúracão afim de arrastar as almas para o claustro, desperta,~ excitar e esporear os espíritos e criar neles ânsias de sacriflcio e de penitência. Os postulantes c!fluem dos palácios, das universidades nascentes, dos campos, dos castelos f eudais. Os bispos deixam suas Sés para trabalhar nos hortos cistercienses. A bênção desceu sobre o deserto para.fazê-lo germinar e.florescer ".3 Agora Sa nto Estêvão podia pensa r em novas fundações . Co meçaram então a florescer mosteiros cistercienses em outras partes da Fra nça, na Alemanha e na Inglaterra. Até a mo rte do
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santo, 13 desses moste iros tinham se ori gin ado de C ister. Em l l l 5 o abade enviou São Bernardo e um grupo de monges para fundar novo mosteiro num loca l chamado "Claire Valée" (Vale C laro). Este se tornou o fa moso mosteiro de Claraval, intimamente ligado ao nome do grande santo. Santo Estêvão era um organizador excepcional. rnsti tuiu o sistema de capítulos gera is e de visitações regulares aos mosteiros dependentes de C ister. Os abades de La Fe rté, Po nt ig ny, Claraval e Morimond, chamados os primeiros quatro Padres da Ordem, tinh am o dire ito de faze r a visitação às outras casas de Cister. Rodeado de numerosos abades dos vários moste iros fund ados a partir de C ister e com vistas a assegurar a unifo rm idade de suas fu ndações, Santo Estêvão promulgou em 111 9 a fa mosa Carta da Caridade - ou co leção de estatu tos - para o governo de todos esses mosteiros. Ta is estatu tos foram aprovados pelo Papa Cali xto l1 nesse mes mo ano. 4 Redi g iu també m um apanhado das cerimôni as e costumes de Cister, a ser seguido po r todos os moste iros da Ordem. Com o te mpo, "o abade de Cister tornou-se ipso facto o primeiro conselheiro úJrimus consiliarius natus) do Parlamento da Borgonha, com direito a ser chamado para a assembleia dos Estados Gerais do reino e para a dos estados da província da Borgonha. Nos concílios ele se sentava imediatamente depois dos bispos, recebendo as mesmas honras e prerrogativas ". 5
"Esf)erai-me tora, pe11samentos estl'a11hos" Ze loso da pobreza e do recolhime nto mo nást ico , Santo Estêvão pro ibiu os D uqu es de Bo rgo nh a, seus grandes benfe ito res, e mesmo qua isquer prín c ipes, de estabe lecer sua corte em C ister, co mo estavam habi tuados a fazer em outros moste iros, prin c ipa lme nte nos di as de grande fes ta.
CATOLICI SMO
Resse ntido pe la proibi ção, o Duque cortou os abundantes donativos que dava ao mosteiro, que deveu então recorrer às es molas . A condição de abade não impedi a Santo Estêvão de também sair, com um cesto aos ombros, ao encalço de las. Mas só recebi a o que era própri o para os monges. E re preende u seve ram ente um de les por te r recebido esmo la de um padre simoníaco, isto é, que cobrava pelos seus ofíc ios ec les iásticos. Os mil agres vinham às vezes em socorro dessa bendita pobreza. Contase que uma vez, no dia de Pentecostes, nada tendo para comer, os monges fora m cantar o Oficio D ivino como se tudo estivesse normal. Quando termi nou a Mi ssa, chegaram alimentos de di versas partes, não só para esse dia, mas também para os seguin tes. E m o utra ocas ião es tava m os monges prestes a morrer de fo me e de fr io. Santo Estêvão mando u então um de les co nt rata r no mercado de V éze lay três carroças pu xadas por fo rtes cavalos, e de as carregar com os tec idos e com a fa rinha que necessitavam para o mosteiro. Espantado, o monge lhe perguntou como pagar, po is não tinham dinheiro. O abade lhe di sse: "Toma estas três moedas, que é tudo o que temos. E esteja persuadido de que Jesus Cristo proverá o resto com sua misericórdia, e enviará seu anjo adian te de ti, para preparar os teus caminhos". O irm ão partiu e, encontrando-se no ca minho com um ami go do mosteiro , conto u-lhe sua perpl ex idade. Este o condu z iu imediatamente a um rico vizinho que, prepara ndo-se para morrer, qu eri a faze r grandes esmo las em sufrágio de sua alma. E deu ao monge tudo o que ele necessitava. 6 Todas as vezes que entrava na igreja para o oficio divino, Santo Estêvão parava à porta e diz ia a seus pensamentos: "Esperai-me aqui, p ensamentos estranhos, c!feições terrestres: mas tu, minha alma, entra só e põe-te na alegria de teu Deus ". Ele legou essa prática a São Bernardo.
"Vou a Deus com temor e tremor" Se nt ind o-se muito idoso pa ra continuar na di reção de Cister e dos moste iros a ele fili ados, Santo Estêvão se demitiu do cargo de superior no capítul o gera l de 11 33. Des ignou para sucessor Roberto de Monte, que fo i então eleito pelos monges. Mas a escolha de Santo Estêvão não fo i fe li z, pois o novo abade permaneceu apenas dois anos no cargo. No dia 28 de março de 11 34 era chegada a hora da morte do grande batalhador e fu ndador. Estavam presentes em C ister 20 abades da Ordem, vindos para receber suas últimas recomendações. Disse-lhes Santo Estêvão: "Asseguro-vos que vou a Deus com o mesmo temor e tremor que eu teria se não tivesse j eito nenhum bem; porque se algum fruto a divina Bondade produziu de minha Ji-aqueza, temo não ter correspondido à graça como devia ". 7 Sua fes tividade é ce lebrada no dia 17 de abril. Os monges de Santo Estêvão Harding e de São Bernardo dominaram se u séc ul o : "Pregam as cruzadas, lutam contra a heresia, negociam entre o Papado e o Império, anunciam o Evangelho nos países eslavos, evangelizam as terras virgens, criam uma rica literatura ascética, governam as dioceses e, com Eugénio III, sobem até a Cátedra de São Pedro ". 8 • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br Notas: 1. Justo Perez de Urbe!, O.S.B ., San Esteban de /-/arding, Afio Cri stiano, Ed ic iones Fax , Madri , 1945, tomo li , p. 153. 2. C fr. Les Petits Bollandistes, Saint Etienne, Vi es des Sa ints, Bloud et Barra i, Paris, 1882, tomo IV, pp . 454-454 . 3. Urbe! , op . c it. p. 154. 4. C fr. G. Roger l-l uddleston, St. Stephen of /-fording, T he Catho li c Encyc lopedia, C D Rom ed ition. 5. F.M . G il das, Abbeyc>{Citeaux, The Catho lic Encycloped ia, C D Rom ed ition. 6. Les Petits Bo ll and istes, op. c it. pp. 454-455 . 7. Les Petits Bo ll andistes, op. c it. p. 455. 8. Urbe!, op. c it. p. 157.
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Vícios do século XXI ■ GREGÓRIO VIVANCO LO PES
este mês, não me proponho a comentar algo, mas sim a reprod uzir para o leitor testemunhos da maior va lia a respeito de dois vícios que assolam este nosso século XXI. O primeiro testemunho, a respeito das drogas, é de um especialista no assunto, Dr. Os mar Terra, que põe em realce quão absurdo é querer liberar seu consumo. O segun do é a confissão de um a conceituada jornali sta, Marion Strecker, uma das pionei ras da Internet no Brasil, cofu ndadora do UOL. Ela reconhece, meritoriamente, ter caído no chamado cibervicio, enqu anto muitos usuári os compul sivos da Internet se negam a reconhecer sua dependência. Mas vamos aos depoimentos. Dispenso as aspas, pois t11do é citação.
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Os mar Terra: "Enfrentar ou liberar as drogas?" ("O Globo", 31-12-12)
O dilema entre enfrentar ou liberar as drogas no Brasil exige mais do que uma opinião ideológica ou sociológica sobre o tema. Um ponto central desse conhec imento científico sobre as drogas, e que é rigorosamente ignorado pelos defensores da liberação, é o de que a dependência química produz uma mudança estrutura l, defi nitiva, no cérebro humano. Essa estru tura modificada passa a
comandar a motivação do dependente e irá direc ionar seus interesses e ações na busca da droga, em detrimento de todas as demais atividades . Mesmo tratado, o dependente reca irá de forma cíclica. Como méd ico estudi oso do assunto, como secretário estadual da Saúde que fu i por oito anos no Rio Grande do Sul e ex-pres idente do Conse lho Nacional de Sec retá ri os de Sa úde, afirmo que estamos di ante do ma is grave probl ema de saúde públi ca e de segurança no Brasil. A progress iva liberação das drogas produzirá um a oferta ampli ada e mul tipli cará rap idamente o número de dependentes. Todos os países que liberara m as drogas, co mo a Suéc ia, até 1969, e a China, no sécul o XIX, tiveram que voltar atrás, em fu nção dos problemas sociais e de segurança, e têm hoje leis duríssimas sobre o assunto. As ex periências pontuais de liberação parcial do uso como a de Portugal fracassa ram, aumenta ndo o número de dependentes em tratamento e multiplicando os homicídios. *
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Marion Strecker: "Vicio " ("Folha de S. Paulo", 7-1-13)
No meio dos fe ri ados, por puro vício, acabo abrindo a caixa de entrada de email s no celular. Vejo dezenas de e-mails enviados desde a véspera. Sem pensar muito, começo a selecionar aqueles que vou apagar sem ler. E, como sempre, vou
deixar na caixa postal outros e-maiIs, para ler talvez um dia, talvez nunca. Meu e-mail entrou em colapso. Às vezes perco mensagem importante soterrada numa pilha imensa de bobagens. O que seria so lução viro u também um problema que me consome mui to tempo. Poderi a dizer o mesmo do Facebook, qu e só não aba nd ono de vez porqu e virou uma imensa agenda de contatos. Mas vejo em vo lta, com meus ami gos, como pode ser um a compul são. Penso nos dias angustiantes que precederam o momento em que me dei conta de que estava totalmente viciada em Internet. A produtividade em queda, a ansiedade em alta, a mania de pular de aparelho em aparelho, de aplicativo em aplicativo, de rede social em rede social, sem necessidade nenhuma, sem objetivo defi nido, vagando pelo mundo on-line como zumbi. Tento ser honesta comigo mesma e me pergunto: superei o vício? Controlei a compul são? A resposta é nã.o. Não tinha nenhu ma compulsão antes da Internet. Não estou substituindo um vício por outro. Juro. Olho minha fi lh a de 14 anos, e ela está muito mais viciada que eu no seu iPhone. Usa Facebook, Twitter; WhatsApp, Instagram, essas co isas. Minha preocupação é a angústia, a ansiedade que a In ternet é capaz de prod uzir. Eu co nh eço esse es tado bem demais. É como andar de ba r em bar, procura ndo algo que não se va i encontrar. É intoxicante. Faz mal à sa úde. • E-mail para o autor: catoljcjsmo@terra com hr
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extremos harmônicos. no firmamento da Igreja .P elo seu equilíbrio, clarividência e atualidade,. Catolicismo brinda seus leitores com o artigo ~baixo, publicado em suas páginas há mais de meio . século. · · PUNIO C O RRÊA DE ÜUVEIRA*
.Um aspecto da SaJJta Igreja Numa cela cheia de. penumbra, antç um crucifixo que relembra a morte mais dolorosa qL!e.jamais houve, um m9.nge cartuxo folheia um devócioriário. Revestido de um simples e pobre burel , com uma longa barba, esse r<?ligioso parece a personificação de todos o·s elementos. que impregnam o ambiente que o rodeia: gravidade extr~ma, res,oiução varonil · de só viver para o que é profundo, verdadeiro, eterno, nobre simplicidade, espírito de renúncia a tudo quanto é da 'ferra, pobreza material enfírn, iluminada pelo's reflexos sobrenaturais da mais alta riqueza espiritual.
Outro aspecto da Santa Igreja Na imensa nave central da Basílica de São Pedro, movimenta-se majestoso o cortéjo papal. Na fotografia, percebe-se .
CATOLICISMO
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a ostentação e o recolhimento? Pode-se a um tempo louvar o abandono de todas as coisas da Terra, e a reunião de todas elas para a constituição de un) quadro em que reluzem os mais altos valores terrenos? O problema é muito atual , no momento em que Sua Santidade o Papa João XXf[[ se mostra tão edificantemente zeloso das esplêndidas tradições vaticanas, .com manifesto desconcerto de elementos que têm pma mentalidade à Aneurin Bevan (o líder trabalhista que foi paladino na luta contra todas as pompas, e assistiu de costas a uma parte da cerimônia de coroação da Rainha Elizabeth U). Não, entre uma e outra ordem de valores não existe contradição, senão na mente dos igualitários, servos da Revolução. Pelo contrário, a lgi·eja se mostra santa, precisamente porque com igual perfeição, com a mes1na sobrenatural genialidade, sabe organizar · e estimular a prática das virtudes que esplendem na vida obscura do Monge, e das_- que reful gem no cerimonial sublime do Papado. Mais ainda. Uma coisa se equilibra com a outra. Quase poderíamos di zer que UITJ -apenas uma parte dele, isto é, alguns Cardeais e os dignitários extremo (no sentido. bom da palavra) compensa a outro e eclesiásticos e.leigos que precedem imediatamente a sedia com ele se concilia. gestatória. Nesta, o Sumo Pontífice, ladeado dos famosos O fundo doutrinário no qual estes dois santos extremos jlabel/i e segL1ido da Guarda Nobre·. Ao fundo, ergue-se o Altar se encontram e se harmonizam é muito claro. Deus Nó'sso da Confissão, com .suas elegantíssimas colunas e seu esplênSenhor deu-nos as criaturas, ~ fim de que _estas nos sirvam dido dossel. E l::iem mais atrás a célebre Glória qe Bernini. As . para chegarmos até Ele. Assim, cut11pre que a cultura e a arte, ·altas paredes1·ecobertas de mármores admiráveis e adqrnadas inspiradas pela Fé, ponham em evidência todas-as belezas da de relevos, os arcos a um temp,o leves e imensos, as luzes criação irracional e os esplendores de talento e virtude da alma que resplandecem como se fossem estrelas ou fulgidíssi·mos hu1í1ana. É o qúe se charna cultura e civilização cristã. Com isto, brilhantes, tudo enfim se reve_ste de uma grandeza, de üma os homens se formam na ·verdade e na beleza, no amor da su-. riqueza que é beriJ o supra-sumo do. que a Terra pode apreblimidade, da hierarquia e da ordem que no univ.erso espelham sentar de mais belo. É a mai•or pompa de que o homem seja a perfeição d' Aquele que o fez. E assim as criaturas servem, c~paz, realçada pela mágnificência d'a arte e pelo esplendor de fato, para a nossa salvação e a glória divina. Mas, de outro dos recursos naturais da pedra:. : · · lado, elas são contingentes, passageiras· só Deus é absoluto e ·· ·eterno.Cumpre lembrá-lo. E por isto é bom afastar-se dos seres * * * ·criados, para no desprezo de todos eles pensar só no Senhor. Do segundo modo, considerando tudo o que as cri:aturas . O que e111. um quadro é gravidade recolhida, no outro é ·são, se sobe até Deus; e do outro modo, se vai até Ele consiglória irradiante. O qt1e em um é pobreza, no out'ro é fausto. derando o que elas não são. A Igreja convida seus filhos a irem O que em um é simplicidade, no outro é requinte. O que em por uma e outra via simultaneamente, pelo espetáculo sublime um é rénúncia às criatura~, !'!-º outro é a superabundância das ae suas pompas, e pel a consideração das admiráveis renúnc mais esplêndidas dentre elas. cias que só Ela sabe inspirar e fazer realizar efetivamente. ~ Contradição? É~ que muitos diriam: pode-se, então, amar * Catolicismo, Nº ..96 - Dezembro/1958. a um rempo a riqu_eza e a pobreza,. a simplicidade e a pompa, ABRIL 2013
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EPISODIOS HISTORICOS
Um país "talhado à espada" 113 GUILHERME FÉLIX DE SOUSA M ARTIN S
N a edição de novembro passado, consideramos nesta seção os antecedentes do nascimento da nação portuguesa. Exporemos agora a consolidação do Reino com a providencial missão de D. Afonso Henriques. D. Afonso Henriques no Campo de Ourique
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A
s façanhas dos heróis do passado foram por muito tempo motivo de orgulho para os portugueses. O positivismo, porém , veio pôr em xeque as conv icções de um povo, procurando abalar, no dizer de João Ameai, "asfúndas razões da nossa jornada de povo crente e guerreiro". Para a concepção positivista, a obra de apostolado é convertida em obra de cobiça e de rapina. As figuras dos reis foram amesquinhadas com rancorosa sanha. "A vida duma Nação que deveria explicar-se à luz dos Evangelhos, dos Roteiros e das Crônicas - foi descrita à luz da Declaração dos Direitos do Homem e da teoria do materialismo histórico" . 1 A batalha de Ourique, cuja importância para o nascimento de Portugal é inegável, ainda hoje é alvo de disputas. É verdade que os detalhes se perderam nas brumas do passado; mas os efeitos da batalha não fizeram senão confirmar o p lano da Providência Divina: formou -se um povo soberano, marcado a fundo em sua personalidade pela fé verdadeira, povo que tomou a peito o ideal da propagação dessa mesma fé até os confins da Terra. E Nossa Senhora, aparecendo em so lo português nos albores do sécu lo XX, ao profetizar os castigos, afirmou, entretanto, que "em Portugal se conservaria sempre o dogma da Fé". 2
/Jatalha ele Ourique Comandando seus homens nos campos de O urique - situados quer no Baixo Alentejo, quer no Cartaxo, cerca de Santarém, quer junto às nascentes do Liz, próximo a Leiria, a discussão é grande a tal respeito 3 - e certo da vitória, garantida por Nosso Senhor1, D. Afonso Hemiques dá batalha à multidão de mouros que cercavam seu exército. Não fosse a promessa recebida, teria sido temerária a empresa: as narrativas falam na proporção de cem muçulmanos para cada cristão. Tal era o desejo de vingança do rei Ismar, o maior entre os cinco reis mouros reunidos e o comandante supremo das tropas muçulmanas, que, para engrossá-las, chegara a incluir mulheres disfarçadas na cava laria, fato que depois foi constatado. Estimu lados pela bravura demonstrada desde o início por D. Afonso, os portugueses avançam invocando São Tiago, e com o brado "Real, real! Por Afonso, Rei de Portugal! ", selam assim, como o próprio Cristo afirmara a D. Afonso, sua esco lha como rei. Os feitos de valentia multiplicam-se de ambos os lados e figuras de destaque dos dois exércitos tombam por terra. Estando já avançada a tarde, D. Afonso divisa o coração do inimigo: "EL Rei D. Afonso entendendo como a principal força dos contrários consistia em hum esquadrão muy forte, que servia de guarda a el Rey Jsmário, em o qual vinha por Capitão hum seu sobrinho por nome Homar Alago,; homem de incredíveis forças, se resolveu em rematar contas, e juntos a si os mais.fortes de seu campo o investiu com tanto valo,; e bom sucesso, que mortos os principais delle com seu
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! Capitão, se começou a desordenar o exército dos Árabes. Vendo el Rey fsmário o perigo que corria sua vida, sem poder remediar a ruína de seu Campo, se pôs em jitgida ".5 Vencida a batalha, D . Afo nso Henriques permanece ainda du ra nte três di as com sua gente naquele campo, seguindo o costume da Cava lari a medi eval, para certifi car-se da des istência do inimigo. E a fim de cum pri r a ordem de Cristo crucificado: "Para que teus descendentes conheçam quem lhes dá o reino, comporás o escudo de tuas armas do preço com que eu remi o gênero humano, e daquele por que fa i comprado dos judeus "6, manda em seguida que se desenhe no seu brasão de armas ci nco escudos - recordando as cinco chagas de N osso Senhor - cada qual com cinco moedas, simbolizando os trin ta dinheiros pe los qua is fora ve ndido o Salvador aos seus algozes. Camões ass im imortali za a vitóri a em Os Lusíadas:
Estátua de D. Afonso Henriques no castelo de Guimarães
Já.fica vencedor o Lusitano, Recolhendo os troféus e presa rica; Desbaratado e roto o Mauro Hispano, Três dias o grão Rei no campo fica. Aqui pinta no branco escudo ufano, Que agora esta vitória certifica, Cinco escudos azuis esclarecidos, Em sinal des tes cinco Reis vencidos. 1
"EI Rei " D. AJ'onso D. Afo nso sa i vitorioso, e aclamado por seu povo como rei. Entreta nto, mui to te mpo ainda transcorrerá até que os outros povos o reconheçam. Desde logo, D . Afonso dirige-se ao Papa para prestar-lhe vassa lagem, com a ca rta Clavis regni coelestis ( 13- 12- 11 43).8 Na carta Devotionem tuam, de 1°-5- 1144, o Papa L úc io li ag radece efusiva mente a D. Afo nso, cujos propós itos louva, mas chama- lhe, em vez de rex , apenas dux (não rei, mas duque). É só mais tarde, em 11 79, que recebe a bula Manifestis probatum, do Papa Alexandre Ul, reconhecendo-lhe fi nalmente o títul o de Rei (AMEAL, pp . 69-7 1).
Novas lutas, novas vitórias Mas o mouro não desca nsa. Q uer manter a todo custo seus domíni os na Penínsul a Ibérica, e convoca para isso contí nuos reforços do norte da África. D. Afonso respo nde à a ltura, como um g igante infatigável e onipresente. A promessa de Nosso Senhor cumpre-se a cada novo empreendimento. Em março de 11 4 7, o Rei ataca o caste lo de Santarém em poder dos infié is. Mortas as sentine las, vencidas as res istênc ias, ab re-se a mac iça porta de ferro aos cava leiros portugueses. E há um momento de profu nda be leza: no me io da torrente que se p rec ipita para o inte rior do caste lo, aureolado pelo clarão puro do so l nascente, D. Afonso reza de j oe lhos, dando graças a Deus, que lhe protegeu a empresa. Nesse mes mo ano de 1147, com a aj uda decisiva de urna grande fro ta de cru zados alemães , fra nceses, ingleses e fl amengos de retorno da Terra Sa nta, efetua-se, de julho a outub ro, a labori osa conqui sta de Lisboa. Assédio longo e sangrento, com alte rnativas inúmeras, terrenos di sputados pa lmo a pa lmo, mortíferos engenhos bé li cos. Sintra, Almada e Palmela, ante a queda de Lisboa, entregam-se. Anos de po is, e.m 11 58, ca i Alcácer do Sa l, praça que defende urna importa nte zona entre os ri os Sado e Tej o. E m 11 59, Évora, logo perdida; Bej a, perdida ta mbém e, em 11 62, retomada . "Portugal alarga-se, talhado à espada sobre a
Bula Manifestis probatum, do Papa Alexandre Ili, reconhecendo finalmente o título de Rei a D. Afonso
A BRIL 20 13
decomposição do velho império almorá vida. O prestígio de D. Af onso cresce, impõe-se, quer na península, quer além dela".'1
O lcgaclo ele D. Al'onso D. Afo nso Henriques de ixa um reino fi rmado e defi nido. A sua espada o traço u em ri scos de sa ng ue. Mas se o reino é um fato político, as inté rminas guerras, saques e devastações miserave lmente o desca rnaram. O Fundado r mal tem tempo o u sossego para outros emp ree ndimentos que não sejam os das arm as. A inda te nta, com a doação de largos domínios ao sul do rio Douro à O rde m C isterc iense insta lada, desde 11 53 , no Mosteiro de Alcobaça - pro mover a sua co loni zação e va lori zação sob o incomparáve l influxo dos monges de São Bernardo. "Ta lh ado à espada", pode-se di zer que Portuga l está em ca rne viva, exaurido por mil fe ridas, enfraquecido nas suas energias vita is. Assim o recebe Dom Sancho, fi lho e sucessor de D. Afonso, com a morte deste em 11 85, após me io séc ulo de gra ndes esforços, de vi tó ri as consecutivas, de atividade incríve l. E logo, cônsc io do papel da rea leza, se entrega à dili gente enfe rmagem do corpo exangue que lhe é confi ado. A sua atividade exerce-se na resta uração de fo rtalezas em ru ínas, no repovoamento de luga res devastados pela guerra, no estímul o a todos os aglomerados que mostrem tendências de estabilidade e desenvo lvimento, nas numerosas doações fe itas às O rdens Militares. Os tra balhos agríco las são igualmente auxili ados com medidas propíc ias, para qu e o so lo português ac uda às necess idades dos seus habi ta ntes . E então o so lo, regado por anos pelo sa ngue dos prime iros heró is, vai co meça r a produ z ir as novas gerações de heró is e mi ss ionári os que herdarão o dever de "publicar o nome do Salvador p elas terras mais estranhas". • E- mail para o autor: ca tolicisrno@terra.corn .br Notas :
1. AM EAL, João. l·lislória de Porlug al. Porto: Ta vares Ma rtin s, 1940, p.X111. 2. WALS H, Will ia m Thomas. Nueslra Sei1ora de Fá1i111a . Madrid: Espasa-Calpc, 1960, p. 111 3. AMEAL, op. c it.. , p.66 4. Vide artigo anteri or, janeiro/20 13. 5. BRANDÃO, An tôni o [et ai.] . Terceira Parle da Monarchia L11si1ana. Lisboa, 1632. p. 120. Mantive mos a grafia original. Disponíve l cm: http://books.googlc.eom.br/books? id=xDsUNklTp PoC&pg=RA I-PA258IA4&dq=cron ica+de+do m+a f'onso+hcnriqucs. 6. Idem, p. 127. 7. Os Lusíadas, canto Ili , estância 53. Disponível ern htlp://www.his1oria.com.p1/lusiadas/ouriq uc.ht111. 8. Oito sécul os mais tarde, esse alo de va ssa lagem será lembrado por Pio XII na Encícli ca Sceculo Exe11111e Oclavo, de 13 de junho de 1940. " /. O VI11 cenlenário da j itndaçcio de Por111gal e o 111 de sua reslauração, que a vossa g loriosa e nobre pá Iria celebra esre ano com g rande solenidade e unidade de inrenros, não podiam deixar i11d/fere111es o vig i/an/e inleresse desra Sé Aposró /ica, nem, 11uli10 menos, o nosso coração de pai comum dos fiéis. 2. Temos ig ua/111e111e morivo especial para parricipar da comemoraçcio de vossa primeira indep endência, sendo um j à ro que a San/a Sé, como é 110/ório, colaborou para q11e lhe viesse dada uma consliluição j urídica. 3. Os aros com os quais os nossos predecessores do século X II, Inocêncio 11, Lúcio 11 e A /exandre 111 aceilaram a homenagem de obediência preslada por 1(/ànso f-lenriq11es, conde e, em seguida, rei de Por/ugal, lendo-lhe promelido sua p roreçcio, declararam independência de lodo o /el'l'ilório, que ao preço de duríssimas luras linha sido valorosamenre recuperado do domínio sarraceno, ./ài o prêmio co111 o q11al a Sé de Pedro co111penso11 o g eneroso po vo porrug uês por suas ex rraordinárias benemerências em /àvor da .fé carólica. 4. Ta / f é caró/ica, lendo sido, de cerro modo, a linha virai. que a/i111e111ou a nação porrug uesa desde seu 11asci111e11/o. assim ./ài senão a única, cerlamen /e a principal jànre de energ ia, que ele vou a vossa pá Iria ao apogeu da sua g lória de 11açcio civil e naçcio missionária, ·expandindo a .fé e o império'". Disponí ve l cm htt p://www. vatican. va/holy_fa th cr/pius_x ii/cncyc li cals/
docum enls/h f:__p-x ii_ cnc_ 1306 1940_sacc ulo-cxe un tc-octavo_po. htm 1 9. AM EAL, op. c it., p.70.
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CATOLICI SMO
Mosteiro de Alcobaça, doado por D. Afonso Henriques à Ordem Cisterciense
desejo de ter uma festa dedicada ao Corpo de Cristo. Perseguida em sua própria comunidade, teve que se desterrar seis vezes até sua morte. Primeira Sexta-feira do mês
grande zelo p elo Templo e p ela Lei. Como Profeta, centrou sua pregação sobre a renovação interior do coração " (do Martirológio).
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Santa Gema Galgani, Virgem
São Marcelino de Cartago, Mártir + África, 413. Representante do
1 São Macário, o Milagroso, Abade + Ásia Menor, 830. Abade de Pelecete, nas proximidades de Constantinopla, tornou-se famoso pelos milagres que operava. Foi duas vezes exi lado pelos imperadores bizantinos contrários ao cu lto das imagens, fa lecendo devido aos sofrimentos que lhe foram infligidos.
2 São Francisco de Paula, Confessor + Plessis (França), 1508. Itali ano, fundou a Ordem dos Mínimos. Luís XI obteve do Papa que fosse enviado à França para preparar o Rei para a morte.
3 São Ricardo de ChichesL r, Bispo + Inglaterra, 1253. Chanceler da Un iversidade de Oxford, conse lheiro dos arcebispos de Cantuária Santo Edmundo Rich e São Bonifácio, teve que lutar contra a prepotência do Rei Henrique III.
imperador Honório na África para fazer cessar a agitação produzida pelos hereges donatistas, estes o mandaram assassinar quando lhes propôs retornar à · verdadeira fé . Primeiro Sábado do mês
7 Santo Henrique Walpole, Mártir + Inglaterra, 1595. Reconciliado com a Igreja após ter aderido ao cisma de Henrique VIII, foi ordenado em Roma no Colégio dos Ingleses. Como jesuíta, voltou a seu país, onde socorria os católicos perseguidos, sendo por isso martirizado. Domingo da Divina Misericórdia
8 São Dionísio, Bispo + Corinto, l80. "Devido à ciência e à graça de que foi dotado, {. ..} ilustrou o povo não somente da sua cidade e província, mas [. ..] também bispos" (Do Martirológio).
9 Santa Valdetrudes, Vtúva
4
+ Bélgica, 688. "Mãe de família
Santo I idoro de S vilha, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
cristã, depois de ter criado seus quatro filhos, todos honrados como santos, abraçou uma vida de oração e solidão. Juntando-se-lhe outras mulheres, originou-se o mosteiro em torno do qual formou-se a cidade de Mons" (do Martirológio).
+ 636. Sucedeu a seu irmão, São Leandro, na Sé de Sevilha. A ele se devem a criação de seminários, a unificação da li turgia, a regulamentação da vida monástica e outras importantes obras da disciplina eclesiástica.
10 Santo Ezequiel, Profeta
5
+ Palestina, séc. VI A.C .. "Le-
Santa Juliana de Cornillon, Vtrgem + França, 1258. Re ligiosa agos-
vado cativo para a Babilônia alguns anos antes da queda de Jerusalém, aí exerceu a maior parte de seu ministério profético. Como sacerdote, mostrou
tiniana, grande devota da Eucaristia, Deus comunicou- lhe o
11 + Lucca, 1903. Grande mística do século XX, tinha visões contínuas de seu Anjo da Guarda, que a admoestava e aconselhava como um irmão. Foi favorecida também por visões de Nosso Senhor, recebendo os estigmas da Sagrada Paixão. Perseguida cruelmente pelo demônio, foi livrada algumas vezes de suas garras pelo seu Anjo. Faleceu aos 25 anos de idade depois de muitos sofrimentos.
12 São ítor de Braga, Mártit' + 306. "Ainda catecúmeno, recusou-se a adorar os ídolos e confessou Cristo Jesus, Filho do Deus Vivo . Após muitos tormentos foi decapitado, e assim mereceu ser batizado em seu próprio sangue" ( do Martirológio).
13 Santa Margarida de Métola, Virgem + Itália, 1320. Filha de condes, disforme, cega, coxa, aleijada e feia, foi abandonada numa igreja. Recolhida por piedosa famíl ia, ensinava o catecismo e encantava a todos pela inocência, alegria e confiança na Providência.
14 Santa ~dwina de Schiedam, irgem + Holanda, 1433. Como vítima expiatória, fo i por mais de 20 anos atingida por quase todas as moléstias imagináveis, em meio à extrema miséria. Tinha constantes visões de Nosso Senhor, do Paraíso, do Pw·gatório e do Inferno.
15 Santas Balissa e Anastácia, Mártires + Roma, 66 . Ilustres matronas romanas, discípulas de São Pe-
dro e São Paulo, sofreram crue l martírio por terem recolhido as relíquias do Príncipe dos Apóstolos para dar-lhes sepu ltu ra.
direitos da Igreja. Fo i o verdadeiro criador da esco lástica, a qual orientou definitivamente os estudos filosóficos.
Por sua oposição às heresias de hussitas locais, teve que fugir para Moscou, onde fa leceu.
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São Patemo Bispo, Confessor
Santo Agapito 1, Papa e Conl'essor
Santo AnLimus, Bispo e Mártir
+ França, 564. Monge num mosteiro do Poitou, que deixou para se fazer eremita com São Escubí li o na Normandia. A santidade de ambos logo lhes atraiu inúmeros segu idores, que se reuniram numa abadia.
+ Constantinopla, 536. Eleito já ancião para a Sé de Pedro, morreu em Constantinopla, onde fora tentar convencer o imperador Justiniano a não invadir a Itália e a remover seu patriarca monofisita da Sé de Constantinopla. Heresia influente naquela época, o monofisismo negava que em Nosso Sen hor Jesus Cri sto houvesse duas natmezas, a divina e a humana.
"por sua confissão de Cristo, obteve um glorioso martírio por decapitação. Quase todos seus fiéis o seguiram, alguns dos quais o juiz mandou que .fossem decapitados à espada, outros queimados vivos, outros colocados num navio e afogados no mar " (do Martirológio).
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+ França, 1716. Ardente mis-
Santo Apolônio, o Apologista, Mártir
São Jorge, Mártir
sionário popular apaixonado pela Cruz de Nosso Senhor e doutor mari al por excelência, sua sublime doutrina da Sagrada Escravidão a Nossa Senhora fo i reconhecida e assumida pelo Papa São Pio X.
17 Santo Estevão Harding, Confessor (Vide p. 36)
+ Roma, 185. "Senador romano que, sob o imperador Cômodo, .foi entregue por um escravo, como cristão. Quando lhe .foi p edida explicação de sua .fé, compôs um .famoso livro, que leu no Senado " (do Martirológio).
-19 São Leão IX, Papa e Confessor
+ Lyd ia (Palestina), 303. Patrono da Inglaterra, Portugal, Alemanha, Aragão, Gênova e Veneza. Urn dos santos mais populares do mundo, dele se sabe com certeza somente que sofreu o martírio em Lydia, devendo ter pe1tencido à Guarda Imperial.
24 Santa Maria Eut'rásia PelleLier, Virgem
+ Angers, 1868. Nascida em
plena Revolução Francesa , co nservou intactas sua fé e têmpera de espírito. Fundou o Instituto das Irmãs do Bom Pastor, para regeneração de mulheres transviadas e amparo 20 Santo Alfege, Bispo e Mártir · às que se encontravam em perigo de se perder. + Greenw ich (Inglaterra), 101 2. Abade, bispo de Winchester e 25 depois arcebispo de Cantuária. São Marcos Evangelista, De grande austeridade de vida, Bispo e Mát'tit' dedicou-se em sua diocese a ajudar os necessitados. Durante + Egito, 86. Discípulo de São a invasão dos dinamarqueses na Pedro e apóstolo do Egito, onde foi martirizado. No século XI, Inglaterra, foi mattirizado por se seus sagrados restos mortais recusar a pagar seu resgate com foram trasladados para Veneza. o dinheiro destinado aos pobres.
+ 1054. Lutou contra a simonia
(venda de bens ec lesiásticos) e a incontinência eclesiástica (imoral idade dos clérigos).
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Santo Anselmo de Ca ntuária, Bispo, Confessor e DoutOt' da Igreja + Inglaterra, li 09. Italiano de
Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano Santo Estêvão de Perm, Bispo e Confessor
origem, Arcebispo de Cantuária, foi perseguido e desterrado pelo monarca por defender os
+ Moscou, 1396. Monge russo, foi missionário nos montes Urais e depois bispo de Perm.
27 + Nicomédia, 303. Bispo que
28 São Luís Maria Grign ion de MontF.ort, Confessor
29 Santa Catarina ele Siena, Virgem + Itália, 1380. A maior glória femini na da Ordem Dominicana, trabalhou para a volta do Papa de Avinhão a Roma, pediu a reforma do clero e a organ ização de uma cru zada contra os infiéis. Declarada Doutora da Igreja por Paulo Vl.
30 Santo Eutrópio ele Saintes, Bispo e Mát'Lit' + França, 404. Natural de Roma, acompanhou São Dionísio à França, sendo o primeiro Bispo de Saintes. "Após ler exercido durante longo tempo o oficio de pregado1;.foi decapitado em testemunho a Cristo, morrendo em triw1fo " (do Martirológio). Nesse dia comemora-se também São Pio V, Papa e Confessor. Nota:
Os Santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em abril Será ce lebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, na s segu intes inte nções: • Pedindo a Nossa Senhora do Bom Conse lho as graças de que mais necess itam os le itores de Catolicismo. Que Ela in cre mente cada vez mais as sad ias rea ções ao nefando c rime do aborto no Bra s il e no mundo. Tamb ém pedindo à Santíssima Virgem para incre mentar as reações sadias no povo vene zue lano, a fim de imped ir que a Ve nezue la se ja su bjugada por um regim e co muni sta do tipo cubano.
Intenções para a Santa Missa em maio • Neste 96° aniversário da primeira apa rição de Nossa Senhora aos três pastorzinhos de Fátima , Mi ssa e m seu louvor e suplicando a ple na correspondênc ia da humanidad e à Me nsagem que Ela ve io traze r ao mundo e m 1917. A Sa nta Missa te rá uma men ção espec ial dedicada a todas as mães dos leitores e simpatizantes de Ca to licismo.
A
O que explica a reação conservadora no mundo? ■ EosoN DE ÜLIVEIRA
o di a 2 1 de feve re iro de 201 3 rea li zo u-se no CLub Homs, situado na Avenida Pauli sta, mais um importante evento promovido pelo Instituto Plinio Corréa de Oliveira. Aprox imadamente 150 pessoas compareceram para ouvir três confe rencistas versarem sobre as reações conservadoras que estão oco rrendo no Brasil e no mundo, polari zando a opinião pública e coloca ndo séri os obstácul os à marcha do nefasto processo revolucionário. Qual é a origem nos mais diversos países dessa reação sa lutar cuj os atores são frequentemente jovens (de)formados pelo sécul o, mas que estão abrindo os olhos e reso lvidos a enfre ntar a avalanche revo lucionári a? A resposta a esta pergunta, fundamental para se entender os rumos dos acontec imentos atuais, fo i o que o públi co presente ao evento qui s ouvir com atenção. O primeiro elemento da res posta proveio do pres idente do Instituto, Dr. Adolpho Lindenberg, que abriu a evento fazendo a apresentação dos conferencistas e enfa tiza ndo que as reações
N
CATOLICISMO
conservadoras têm sua fo nte primeira em uma graça susc itada pela Prov idência Divina.
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O Dr. Nelson Ribeiro Fragelli , diretor da assoc iação antiaborti sta ita liana Voglio Vívere [Quero Vi ver] , ini ciou sua palestra de maneira inusitada. Como um impress ioni sta da linguagem, fo i pintando na imaginação dos ouvintes um quadro sobre a hi stóri a de Nossa Senh ora de Lourdes e sua vitória sobre as correntes pos itivistas, iluministas e ateias que dominavam intelectualmente o sécul o XlX . Através de uma jovem chamada Bernadete, nasc ida de um povo simples que ainda tinha fé, a Virgem Maria venceu todos os obstáculos que o establishment da época colocou contra as apari ções na gruta de Massabi ell e. Com o apoio de Napoleão J11 , houve proibições da prefe itura da região de Lourdes para impedir o povo de visitar o loca l das apari ções. Chegou-se a co loca r em volta da gruta uma cerca com guardas para a vigiarem. Ta is medidas pareciam sufic ientes para combater a "supersti ção". Mas qual não fo i a surpresa do admini strador regional, quando o chefe da guarnição poli cial o procurou um di a com a roupa toda rasgada, para avi sá- lo do inesperado: os fié is hav iam ex pul sado os guardas - algun s dos quais aderiram ao povo - e removido a cerca. Nossa Senhora hav ia dado àquela popul ação católi ca coragem para enfre ntar a onda anti-reli giosa que varri a naquele momento as cúpul as políticas e inte lectuais. E ass im como os fi éis reag iram para defender o loca l das apari ções de Lourdes das hostes anti católicas, a Mãe de Deus
faz fl orescer no fund o das almas fi bras conservadoras para que elas possam defender a "gruta Massabi ell e" de nossos dias: a instituição da fa míli a, tão combatida pelas correntes revolucionárias. Segundo o confe rencista, a fa míli a é o úni co tema que nas pesqui sas francesas de opini ão recebe o apoio de pessoas de todas as vertentes (da esquerda, do centro e da direita). O que explica a extraordinári a marcha com I milhão de participantes contra a aprovação do "casamento" homossex ual, ocorrida recentemente em Pari s. É preciso lutar para que a famíli a não pereça, e uma larga maioria dos fra nceses parece di sposta a fazê- lo, do mesmo modo como o povinho dos Pirineus lutou outrora para proteger a gruta de Lourdes. No tocante à Itália, o orador pôs em rea lce a benéfica influência exercida pelo pensamento de Plínio Corrêa de Oli veira nos movimentos conservadores daquele país. Lembrou, a título de exemplo, o recente li vro intitulado Spaghelticons, de Luigi Copertino, que descreve as ori gens do neoconservadori smo na Itália e a importância dos escritos do pensador católi co bras il eiro. Ressaltou também as reações conservadoras na Hungria, que, segundo o Dr. Fragelli, se refl etem nas pos ições do atual governo e na aprovação de uma constitui ção de teor conservador. Apesar de o pres idente Vi ctor Orban ser ca lvinista, em uma confe rência que pronunciou em Madrid no ano passado, ele afirm ou que a Hungria é a "Terra de Mari a". O confe rencista ainda observou que tais atitudes inesperadas do povo húngaro certa mente são fr utos das graças obtidas pelo martírio do hero ico cardea l József Mindszenty, que após sofrer indi zivelmente nas masmorras comuni stas,
ABRIL 2013
fo i perseguido pela esq uerda católi ca no Ocidente, por rejeitar a coexistência co m o governo marxista. Os mentores da Uni ão Europeia laica e anticatóli ca não estarão surpresos diante desses acontec imentos como outrora esteve o prefe ito ela região ele Lourdes di ante ela reação ele almas simpl es em defesa ela gruta bendita? Com essa pergunta o Dr. Nelson Fragelli deu o último toque ele pincel em seu quadro sobre a situação da Europa, concluindo: "Maria Vinci!!". *
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Outro confe rencista, o Dr. Mario Navarro da Costa, diretor de ca mpanhas do i nstituto Plinio Corrêa de Oliveira, falo u sobre os mov imentos conservadores nos Estados Unidos. Descreveu em Iinhas gerais a im portância desse país para a ex pansão do processo revo lucionário no passado, e as esperanças de seus fu ndadores em cri ar uma nação baseada nos fu nestos princípi os da Revolução Francesa. Mostrou também toda a influência desagregadora que Hollywood exerceu - e ainda exerce - na Revolução cultural visando à mudança da mentalidade dos povos. Ressa ltou o avanço revolucionário no tocante ao "casamento" homossexual (já aprovado em vários estados da Federação); a imposição legal de homossexuais declarados às Forças Armadas e a tentativa ele fazer o mesmo quanto aos grupos escoteiros; os 40 anos da aprovação judicial do aborto em qualquer momento da gestação; e a investida socialista na economia. Perguntou em seguida ao auditório se nesse contexto era possível ex istir alguma reação sad ia. Exp licou então que nos EUA ex iste, ao lado de uma eni gmática coex istência de fato res conservadores e revo lucionári os, uma ascensão do conservadori smo militante ini ciada há décadas. Nos momentos em que a Revo lução dá seus últimos go lpes no que restou da civili zação cri stã, no ocaso dessa civili zação surge a aurora de uma graça nova semelhante à do Filho Pródi go do Evangelho, de voltar à casa paterna. Segundo o pa lestrante, nos EUA as pessoas despertaram para o fato de que, na luta contra a destrui ção dos bens da civili zação, importam não somente as eleições e os fato res políticos, mas ta mbém atuações no ca mpo da cul tura. Ele exemplifi co u com o fato de que a Revolução cultural não parou de avançar mes mo durante os governos de Reaga n e dos dois Bush (pa i e filh o). Destacou ainda a importância que a TFP americana sempre atribuiu à necess idade de alertar a opinião pública sobre os problemas cultu ra is, e as ini ciati vas que a entidade empreendeu nesse sentido, a mais recente das quais fo i a publicação do espl êndido li vro Return to Order.
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A última palestra coube ao jornalista Nelson Ramos Barreto. Iniciou di zendo que se referir ao florescimento de mov imentos conservadores no Brasil não é otimismo, pois se trata de um fenômeno reconhecido em todo o mundo, até por elementos da esquerda. Citou então o escri tor fra ncês Gilles Kepel, que em
CAT OLICI SM O
seu li vro intitulado A Revanche de Deus comenta e lamenta a crescente onda do espíri to reli gioso no mundo. Outro ponto importante exposto pelo conferencista fo i sua ex pli cação sobre a vertente conservadora no Brasil. Segundo ele, sempre que há consultas de opinião públi ca, fi ca patente que o público brasil eiro é conservador, espec ialmente em pontos referentes à fa mília. Mas como explicar que essa mesma massa conservadora eleja políticos de esquerda que elabora m leis contrári as aos anseios desse eleitorado? A resposta fo i a seguin te: o conservadori smo bras il eiro não é ideo lóg ico. Portanto, as vitórias eleitorais obtidas pela esquerda não representam uma vitória do soc iali smo. Decorrem de manobras eleitora is (qu e ev itam tratar de aborto, homossexuali smo, maioridade penal, etc.) visando perpetuar os esq uerdi stas no poder e tenta r aprova r subrepticiamente projetos ele lei antifa mília no Congresso Nac ional. Incumbe ao mov imento conservador no Brasil alertar a opinião públi ca - conservadora, mas adormecida - e fazêla reagir. Apesar dessa inação, os governos peti stas sentem difi culdade em aprovar leis abortistas e a chamada " lei da homofobia", que criminali za todos os bras il eiros contrários à pro paga nda homossex ual. O Dr. Nelson Barreto enfa tizou um importante exempl o dessa reação, ocorrido por ocas ião das últimas eleições pres idenciais. A esq uerda esperava uma vitória da candidata Dilma no primeiro turno. Mas quando diversos segmentos conservadores da sociedade e um corajoso bispo leva ntara m o tema do aborto, as eleições fora m empurradas para o segundo turno. A vitóri a de Dilma se tornou tão in certa, que ela se viu obrigada não somente a faze r di scursos ambíguos sobre sua pos ição a respeito desse tema, mas ta mbém a visitar o Santuário de Aparec ida - oúde, ali ás, teve dific uldades em fazer de modo correto o Sinal da Cruz. O palestra nte se referiu em seguida ao fato de que, apesar da atual cri se na Igreja católica, e da consequente influência e contro le ainda exercidos por elementos progressistas nos seminários, surge um fato novo: seminari stas e padres jovens conservadores e defensores da doutrina católica tradi cional. Como expli car tal ocorrência, a não ser por uma benfazeja ação da Providência Di vina nas almas?
* * * O Príncipe Imperi al do Bras il, Dom Be1trand de Orleans e Bragança, fi nalizou brilhantemente o evento reafirm ando que essa reação conservadora - que se desenvo lve em mundo sob o domínio da esquerda - é realmente uma ação de Nossa Senhora. Eis suas palavras fin ais: "Saibamos, como dizia São Luiz IX, 'enfrentar as coisas do ponto mais alto do nosso batismo '. Não tenhamos medo de nos opor à mídia e ao laicismo moderno, porque nós j ogamos com as cartas marcadas. Nossa Senhora já previu em Fátima: 'Por fim, meu Imaculado Coração Triunfará!"'. • E- mai l para o autor: catoli cismo@terra.com.br
Marcha em Palermo contra o aborto ■
Juuo Lo REDO
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a presença de milhares de pes. soas que atuam c..ontra a iníqua "Lei 194" e a favor da vida nascente, rea li zouse no dia l l de feve reiro de 2013 em Palermo (Itáli a) a terceira edição da marcha contra a lega li zação do aborto. A manifestação foi organi zada pelo Fórum Vita, Famiglia, Educazione, que reúne 50 organizações, entre elas a associação ita li ana Tradizione Famiglia Proprietà (TFP). O Cardeal Raymond Leo B urke, Prefeito da Signatura Apostólica do Vaticano, e o Cardea l Paolo Romeo, Arcebispo de Palermo, bem como numerosas autoridades religiosas e c ivi s, enviaram mensagens de apo io ao evento. Compareceram também delegações de movimentos anti abortistas da França e da Bé lg ica, cuj os representantes saudaram os manifestantes, conv idando-os a participar nas marchas pela vida ora em preparação em vários países europeus. Aberta por policiais uni form izados portando a bandeira de Palermo, a Marcha partiu da Praça da Liberdade, cruzou o Teatro Massimo e terminou com um concorrido comício dirigido pelo porta-voz do Fórum, Diego Torre. "Nós, cristãos, não podemos deixar de dar testemunho da vida, que é um valorfimdamental e não negociável " - afirmou Torre. 0 Na Itália, o próximo grande evento contra o abo rto está 1l programado para o dia 12 de maio (dom ingo), em Roma, a ~ partir das 10 horas, no Co li seu. • 0111
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ABRIL 2013
■ PUNI O C O RRÊA DE ÜUVEIRA
turíbu lo estão bem simbolizadas as três vi rt11des ologais - Fé, Esperança e Caridade. A meu ver p ·incipalmente a Fé, mas também as outras duas virtudes estão simbolizadas no turíbulo. U ma pessoa olhando para ele percebe um vislumbre da ordem sobrenatural. A Fé está para a alma humana como os grãos de incenso estão para o fogo. Assi m, quando a alma é arde nte, coloca acima de tudo a virtude da Fé, e esta recebe do calor da alma humana uma realidade, uma vida. Mas, de outro lado, nunca dos nuncas apenas o carvão sozinho emitiria aquele perfume desprendido do incenso. É preciso que os grãos de uma outra essência caiam sobre as brasas, para, no fogo, desprender aquela fumaça perfumada. Não há ninguém que, vendo queimar o incenso no turíbulo e vendo como ele se eleva, não tenha a sensação de que sua oração está se alçando como incenso para Deus. É a Esperança! Nesta meditação, o que dizer quanto à virtude da Caridade? Naquela fumaça sente-se um certo calor, e ela tende a se espraiar general izadamente por todo o ambiente - como a Caridade, que é generosa, abarcante e deseja se estender a todos. Na alma de um católico esses símbolos permanecem meio intuitivos e o leva a pensar: "Faz bem olh ar para o turíbulo! ". Ana logamente, é o mesmo efe ito que produz a lamparina no al tar com o Santíssimo Sacramento. Se no lugar dela se colocasse uma lâmpada elétrica, não produziria esse efe ito. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 15 de julho de 1988. Sem revisão do autor.
,J PUNI O CORRÊA DE ÜLIVEIRA
A Paixão de Cristo revive na Paixão da Igreja II homem contemporâneo é um adorador do prazer, do gáudio, da diversão, e tem horror ao sofrimento. Ora, aqui se está [a como que atual Paixão por que passa a Igreja Cató licavide "Excertos" da ed ição ante rior] em presença de um padecimento agudíss imo. Pode-se compreender, pois, embora tal atitude não sejajustificáve l, a posição de tantas almas que evitam pensar nisso e considerar a fundo o que está se passando para não sofrer em união com Nosso Senhor esta situação trágica
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como trágica foi a Paixão. Em face do drama em que se encontra a Santa [greja, muitas a lmas procuram, então, assumir uma posição de indiferença, parecida com a de num erosos contemporâneos de Nosso Senhor. Estes acred itavam que Ele era Homem-Deus, mas vendo-O passar durante a Via Sacra, em vez de se compadecer por seus lancinantes sofrim entos, achavam melhor não considerá-los, e pensar em outras coisas. E eis a prova: Nosso Senhor pregou maravilhas e fez milagres portentosos que devem ter impressionado pelo menos uma parte consideráve l do povo que O cercava. Não é concebíve l como essa parte, santamente impressionada, tenha se mantido numa atitude tão quieta , inerte, diante do que se passava. E que a única pessoa que fez a lgo em prol do Redentor, durante a parte inicial da Via Sacra, tenha sido a Verónica com o seu . véu , no qual ficou estampada a face sagrada do Salvador. Verdadeiramente, mais ninguém a não ser e la tomou tal atitude (i lu stração ao lado).
-CATOLICISMO
As santas mulheres e Nossa Sen hora juntaram-se mais adiante a Nosso Senhor e foram até o alto do Ca lvário. A Virgem Santíssima está acima de todo e logio. As santas mulheres, que A acompanharam, merecem um elogio que participa do louvor a que Nossa Sen hora fez jus. Mas, fora disso, inércia. Assim , o que mais se deve pedir é que Ela nos liberte desse estado de espírito, de tal mental idade. Se nosso Redentor está sofrendo, devo querer padecer aqu ilo que O atormenta. E sofrerei isso meditando nas dores d'Ele. Esse é o meu dever, dada a união que Ele
condescendeu misericordiosamente em estabelecer entre Si mesmo e mim. E o que não for isso não pode deixar de ser qualificado senão de abominável. Os dias em que vivemos são de grav idade, de tristeza, mas na última fímbria do horizonte aparece uma alegria incomparavelmente maior do que qualquer gáudio terreno: a promessa de um sol que nascerá - o Reino de Maria, anu nciado no ano de 19 17 por Nossa Sen hora em Fátima. • Segunda parte de artigo do Prof: Plínio Corrêa de O li ve ira, distribuído à imprensa em 25-2- 1994.
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França se insurge contm "casamento" homossexual
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A Santíssima Virgem enquanto Mãe de Deus EUA reagem ao "casamento" homossexual
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52 Ai\mrnNT..:s, Cosn1Mi-:s, C1v11,11,Açfms Cardeal Merry dei Vai: a altivez cristã não é contrária à humildade, mas seu complemento harmonioso
Nossa Capa: No pórtico à esquerda da fachada da Catedral de Notre Dame (Paris), na denominada "Porta da Virgem", encontra-se esta majestosa imagem gótica de Nossa Senhora coroada, tendo nos braços o Menino Jesus. Foto: Pau lo Robe rto Ca mpos
MAlO2013 -
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n• 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo • SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3331-5631 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031 -970 São Paulo • SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catollclsmo@terra.com.br Home Page: www.catoliclsmo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Maio de 2013: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ 132,00 R$198,00 R$ 340,00 R$560,00 R$ 12,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTOA.
Seguindo a boa praxe de no mês de maio abordar como matéria de capa um tema dedicado a Maria, oferecemos aos leitores admiráveis considerações de um abal izado mariólogo, o Pe. Émile Neubert, fa lecido em meados do século passado. Ele pertenceu à Sociedade de Maria, ou Marianistas, congregação fundada no sécul o XIX pelo Pe. Gui llaume-Joseph Chaminade, um ardente devoto da Virgem Santíssima que prenunciou a seus discípulos - como também ao Papa Gregório XVI, em carta a ele enviada - que a próxima era da humanidade seria a do triunfo de Nossa Senhora, de Cristo e de sua Igreja. Previsões similares às de São Luís Grigni on de Montfort, o grande missionário francês e doutor marial dos sécu los XVII e XVIII. A obra do Pe. Émi le Neubert, Maria Santíssima como a Igreja ensina, teve em vista preencher uma lacuna apontada pelo autor. Embora ele reconheça que houve um considerável avanço doutrinário no plano da mariologia na época contemporânea, tal progresso se afirmou predominantemente entre os teólogos. E, segundo seu parecer, seriam necessárias obras de mariologia que contivessem ensinamentos metódicos estabelecendo a vinculação entre os tratados profundos e os livros de devoção mariana; que fossem simples para a intelecção dos devotos de Maria, mas suficientemente só lidas para fundamentar essa piedade. A mencionada obra - de cujo primeiro capítu lo transcrevemos excertos em nossa matéria de capa - atinge em larga medida o anseio do autor. Julgamos mais apropriada a transcrição desses excertos, para que os leitores tomem contato direto com o esti lo teo lógico, sólido e preciso da parte inicial do livro - fundamento dos capítulos seguintes, apenas enunciados na matéria que aqui publicamos. Almejamos assim aj udar os leitores a realizar um desejo comum a todos : o de se instruir com certa profundidade no conhecimento de nossa Mãe Santíssima. E dessa forma complementar suas leituras de piedade marial que visam, na expressão do Pe. Neubert, mais a edificar. Nesse sentido, ele observa no prefácio da obra: "É fácil prever que, se a devoção a Maria se baseia menos no dogma do que no sentimento, será tão instável como o sentimento ". Que Nossa Senhora, junto com a admiração, conceda a todos os prezados leitores esse fecundo aprofundamento intelectual das maravilhas da doutrina mariana.
Em Jesus e Maria,
~~7 DIRETOR
catolicismo@terra.com.br
A
quem aproveita?
alvez algum leitor estranhe o fato de tratarmos do probl ema do desarmamento nesta seção ded icada a rea lçar os fatos do mundo moderno que, por sua ma li gnidade pecaminosa, ofendem seriame nte o Coração Imac ulado de Maria. Entreta nto, o tema cabe pe rfe itamente aq ui , dado o ca ráter ignomini oso das campa nh as de desarma mento também chamadas "pac ifi stas" - que buscam desarmar os homens honestos, deixando-os à mercê de quantos bandi dos, cada vez mais numerosos, tendentes a ameaçá- los com suas armas. E também porque tais campanhas, em vez de co laborarem com a observâ nc ia do preceito divino de " não mata r", favo recem ass im a sua transgressão. Com efei to, não se tomam med idas eficazes para ev itar que de linquentes de todo gênero formem quadrilhas or-
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gani zadas, contrabande iem s uas armas, e tornem com freq uência reféns de seus in stintos mal évo los os c idadãos se m culpa e até os matem. Mas querem que a população abdique de um direito fundamental da pessoa humana: o de legítima defesa, sua e de sua fa mília. O pl ebisc ito sobre o desarmamento, realizado no Brasil em outubro de 2005 , mostrou que a grande maioria dos elei tores brasileiros não quer ficar à mercê dos de linquentes e votou em massa contra o desarmamento. Apesar disso, sob a férula do governo Lula, foi mantido um conjunto de le is denominado Estatuto do Desarmamento , aprovado em deze mbro de 2003, o qual dificulta enormemente a aq ui sição de armas de defesa pelos cidadãos honestos. Co mo e ra de es pe ra r, dev id o às numerosas restri ções legais, a uma fis-
ca lização draconiana e ao apoio incondi cional da mídi a, a compra de armas de defesa diminuiu mui to. Ademais, houve um aumento de l l % no preço destas. Assim , estud o in édito divul gado em abril último pe lo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (lpea) revela que a compra de armas de fogo no Brasil ca iu 35% depoi s do ta l Estatuto. Com que resultados? Vejamos os dados publi cados no diário carioca "O Globo" (2-4-13). Os homicídios em residência com uso de armas de fogo cresceram cerca de 26% desde a promul gação do Estatuto do Desarmamento até hoje, passa ndo de 2.503 para 3. 155 ocorrências. Segundo o Mapa da Violência 2013, as mortes no Nordeste, por cem mil habitantes, a umentara m de 19,4% em 2003 para 27 ,7% em 2009. No Norte, s ubiram de 13,4 para 22, 1. No Sul, cresceram de 15 ,9 para 19,3. Apenas o Sudeste registrou redução: de 28 para 16,4 homi cídi os (na médi a do Brasil, a taxa ca iu 1%). Ou seja, a diminui ção de armas legais em mãos de cidadãos honestos não deteve o a umento da criminalidade ... com armas de fogo. Pelo contrário! Assim sendo, por que continuar colocando empec ilhos aos brasileiros que desejem ter acesso aos meios normais de defesa, numa soc iedade tão asso lada pelo crime como a nossa? Por que lhes restringir esse dire ito? Quando se torna dificil para a polícia desco brir que m possa ser o autor de determinado crime, uma pergunta de primeira ev idência se coloca: a quem aproveita o crime? Também a respeito dessa sanha em coarctar os direitos de leg ítima defesa do cid adão honesto, pergunta-se: a quem aproveita? •
MA102013-
DESTA lJE
Mais de um milhão de franceses marcham novamente contra o "casamento" homossexual ,
M ARCELO DUFAUR Correspondente em Paris
A
imensa Avenue de La Grande Armée - do Arco do Triunfo até a ponte que comunica Pari s com La Déf ense - foi pequena para co nter a multidão que se mani festo u mais uma vez contra o proj eto sociali sta de "casa mento" homossex ual, que o equipara ao casamento entre homem e mulher e permite a adoção de crianças por casais homossexuais. Nem mes mo os orga ni zadores aguard ava m tam anh a adesão. Após idêntica manifestação rea li zada no dia 13 soc!ALISTES .. insultant Moscov1C1, de janeiro último, supunha-se , ■ En Mé\enchon met \e leu 4 à gauche r,-G11 1rrc L1lllfOA1AL uma certa diminuição, dev ido 111 à proximidade das datas. Em janeiro, a "guerra dos números" enfrentou o cálcul o prév io da polícia (350 mil ) co ntra o dos orga ni za dores (entre 800 mil e 1 milhão de participantes). Uma contagem ma is ponderada, organizada pe lo general de exército Bruno Dary, ex-governador militar de Paris, estimou então o comparec imento entre 800 mil e 900 mil pessoas. Desta vez, no dia 24 de março, o número fo i muito superior a olhos vistos. Enquanto a polícia, av isando que rev isaria seus cá lcul os, estipulou "pelo menos 300 mil", os organi zadores fa lara m em I milhão e 400 mil mani festa ntes. O deputado da UMP (centro-direita), Henri Guaino, um dos muitos po líticos presentes - eles estão sempre ao lado do vento ... - disse: "Se em 13 de janeiro vós éreis um milhão, hoje sois ainda mais numerosos" - segundo publicou "Le Figa ro" (24-3- 13). Infelizmente nas mãos de um a gra nde propulsora do sociali smo e da agenda homossexual, a Prefeitura de Paris interditou a manifestação na prestigiosa avenida dos Champs Elysées, cônsc ia de que se a permitisse contribuiri a para abri-
-CATOLICISMO
lhantar ainda mais a marcha de protesto. Contudo, os Champs ELysées não teriam sido suficientes para tanta gente. Tal foi o comparecimento, que a polícia prec isou liberar a Avenue Foch, outrn imensa artéria que va i do Arco do Triunfo até o Bois de Bouiogne e a Avenue Carnot. Satélites capturaram com sensores de ca lor a área ocupada pelos manifestantes nessas gra ndes avenidas e nas ruas adjacentes : oito quil ômetros de ruas inteiramente repl etas! *
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Mais notório do que o número foi o entu sias mo e o fervor dos participantes. Uma não exp li cada ojeriza e até proibição da parte dos organizadores ao uso de cartazes, bandeiras, símbolos não-oficiais, cânticos e slogans, bem como de outras formas para exprimir adesão, na prática não conseguiu se impor. Ordeiros, mas aguerridos, os mais distintos grupos vindos de toda a França cantavam, agitavam bandeiras de suas regiões, ergu iam cartazes fe itos em casa, faziam rufar caixas e tambores. Os sloga ns espontâneos abandonaram a linguagem " po....,euse \ Le sauvetage La mort myst.,., de Chypre fait liticamente correta" dos oficiais, aLOndres l .... , ·..--~ """"'~·não poup ando o pres id e nte francês: "Hollande, <iemite-te", "Hollande, não queremos a tua lei". Uma confusão episódica envolveu 200 ou 300 manifestantes e a polícia. Esta utili zou gases lacrimogêneos e força excessiva, mas passou despercebida para a imensa maioria da concentração. Na hora da di spersão, tornou-se inevitável utilizar a contíguaAvenue Champs ELysées, que ficou repleta de manifesta ntes voltando para as suas casas. O fato serviu de pretexto para a polícia, que sob ordem do governo investiu contra os populares, bem no estilo da falsa tolerância socialista! Este episódio colatera l foi explorado pela grande imprensa para desviar a atenção do público do aspecto centra l do evento: majoritariamente católico e conservador, VATICAN
Apres sa rencontre avec . Benolt XVI, \e pape François célebre les Rameaux '"""
rt""h1.-, ... ...,..... ,.. ,,,, ......
Um " mar" humano ocupou a Avenue de la Grande Armée, em Paris
o povo fra ncês mostro u que recusa o proj eto de "casamento" homossexual.
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Houve mani festações análogas e simul tâ neas em muitas cidades da França, bem como diante de embaixadas, consul ados e órgãos oficia is fra nceses em numerosos países, inclusive no Dubai, no Congo e no Afegani stão. Os conchavos políticos continuaram e os parlamenta res de esquerda apressaram-se para aprovar o projeto à revelia da vontade popular. Por sua vez, nenhúma autoridade eclesiástica de relevo, na França como no Exterior, se destacou pela adesão a um protesto popular em defesa de princípios essenciais da Lei de Deus, dos Evangelhos e do Direito N atural. Os promotores da agenda homossex ual, com o Partido Sociali sta do presidente François Hollande à testa, mostraramse incapazes de mobilizar apo iadores em número pelo menos comparável. Dec idiram então atropelar a vontade popular e aprovar o proj eto em ambas as Casas, passa ndo por cima até dos prazos habituais. E m face de mani fes tações como as de 24 de março, fi cará patente aos o lhos de Deus e da H istória que a aprovação do "casamento" homossex ual na França se deveu a uma confa bul ação de po líticos e eclesiásticos de esquerda, em fl agrante desrespeito ao sentimento da expressiva ma iori a do povo francês - o qual, entretanto, anuncia uma res istênc ia inteligente e dinâmi ca que ainda dará muito que falar. • E-mail para o autor: catoli cismo@tcrra.co 1n.br
M AI0 20 1 3 -
venezuelano: Hugo Chávez passou o "cetro" para Nicolás Maduro. Não deu para acreditar naquela imitação de eleições livres. Também, quando morreu o déspota Kim li, este passou seu "cetro" para o filho, sem qualquer eleição entre os norte-coreanos. E a dinastia Kim continua. Não é engraçada essa "lógica" esquerdista?! (H.T. -SC)
CJ,avismo sem Chá11ez
Publicação i11dispe11sá11el l2l Se não tivesse lido a revista com a matéria principal sobre as questões que aterrorizam a América do Sul [artigo de Alfredo Mac Bale], sobretudo com as ameaças da revolução chavista, estaria como me encontrava: mais perdido que cego em tiroteio. Com essa leitura, o que estava muito emaranhado no quadro sul-americano ficou ordenado em minha cabeça. Por isso, não quero mais perder em nenhum mês essa publicação indispensável para as famílias e para todos aqueles que se esforçam por compreender os acontecimentos do ponto de vista católico. (G.M.S. -
RJ)
"Mo11arquia" comunista ... l2l Acho engraçado constatar contradições quando leio manifestações de esquerdistas contra a monarquia, corno por exemplo a que rege o império britânico, sob o cetro da soberana, sempre elegante, Rainha Elizabeth II. Esses mesmos esquerdistas acham inteiramente natural que o irmão de Fidel Castro o substitua no "trono", sem qualquer eleição do povo cubano para a escolha de seu novo "soberano". O mesmo digo em relação à sucessão no " império"
-CATOLICISMO
12] As mesmas parlapatices do falecido Chávez são agora apresentadas por Maduro. Uma "reencarnação" do defunto coronel, que reapareceu num "pajarito chiquitito ", em seu sucessor... Este chegou à paranoia de dizer que o câncer que abateu o coronel Chávez foi inoculado pela conspiração organizada pelo "imperialismo ianque" ... Não entendo como a Venezuela não deu um basta nessa comédia chavista. Com as eleições teria sido uma boa ocasião para acabar com a comédia. Mas não: saiu um fanfarrão e entrou outro. Será necessário Maduro cair de podre para a Venezuela voltar a acordar e voltar à normalidade?
(V.L.V. -
BA)
Malel'ícios do rock
l2l Sem gostar muito, mas por modismo costumo (costumava) ouvir Rock, mas vou evitar e ver se consigo o mesmo de minhas duas filhotas. A entrevista do Mathias [von GersdorffJ mostra o Rock como música de ódio e violência. No início objetei, fiquei incrédula, depois apenas estranhei , mas no final da leitura estava convencida do prejuízo que esse tipo de música causa nas mentes, incentiva coisas diabólicas e nos afasta de Deus. Recomendo aos pais e professores estudarem essa entrevista para se darem conta dos danos que o Rock pode causar e passarem esse ensinamento para os jovens. (M.J.C. -
MG)
Cristo Rei do U11iverso
l2l Muito obrigado por facultar-me o privilégio de receber a revista Catolicismo todos os meses. Neste mês [abril], por exemplo, fiquei bem instruída quanto aos problemas que atingem nossa Santa Igreja. Não tinha muita noção do problema de se exaltar a pobreza desprezando o aspecto do brilho e do grandioso que devem ter as coisas católicas. Claro, nosso Deus é grandioso e não um simples miserável. Ele é Rei e não se reduz à simplicidade de um miserável. (F.O. -SP)
Culto da feiura em Bll l2l Excelente a entrevista com o padre norte-americano Anthony Brankin. Um artigo majestoso, com o título "O culto à feiura no mundo revolucionário". A feiura da nov.a "catedral" da Arquidiocese de Belo Horizonte encontra eco nas palavras desse grande sacerdote, com senso artístico aprimoradíssimo e sofisticado, quando nos apresenta o diagnóstico dessa patologia que é o modernismo, expandindo sua infecção no mundo das artes. Aliás, não me canso de dizer: feiura essa que custará cerca de 100 milhões de reais! A modernidade, de fato , expulsou a Beleza das igrejas católicas e, em seu lugar, impôs o vazio, o confuso, o feio, o deprimente. (L.A.-MG)
La Salette e Fátima
Acredito, salvo melhor juízo, fazer parte da natureza da Verdade ser ela Una e Coerente. Como católico conservador, tradicionalista - como me rotulo com orgulho, venho acompanhando o trabalho de Catolicismo e do instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Deixo claro não estar rotulando nada nem ninguém, a não ser eu mesmo, de conservador e tradicionalista;
detalhe estritamente pessoal. Fora isso, observando-se a coisa em conjunto, percebe-se a evolução e o trabalho da Igreja Católica - único repositório da Verdade - no sentido de preservar todo o ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo, contido no Novo Testamento, no mais alto escalão dentre os conceitos humanos, visando à constituição de uma civilização eminentemente católica voltada à salvação de todas as almas. É preciso levar em conta o simbolismo de Nosso Senhor Jesus Cristo ter nascido em uma manjedoura, deixando-nos clara sua natureza humana e o ensinamento da virtude da humildade, mas sendo sempre considerado como Rei e como Deus, devendo assim ser sempre considerado e louvado. Não há no mundo um rei ou um deus que habite uma caverna. Basta considerar com que pompa todo e qualquer povo pagão venera seus ídolos, construindo templos magníficos para abrigar alguma estatueta qualquer. Historicamente falando , a Igreja Católica vinha caminhando - e conduzindo a humanidade - sempre na direção de tudo o que fosse mais elevado e nobre no espírito do homem , a fim de conduzi-lo a Deus. Com tal intenção, acredito eu, deve ter sido erigida a primeira catedral do mundo. E assim todos os mosteiros, palácios e castelos de nobres e religiosos identificados com a Verdade dos Santos Evangelhos. Mesmo a forma das Igrejas, se se for ver, dirigidas para o alto, com as torres em forma de mãos postas em oração. Não é difícil observar, no entanto, especialmente do início do século XX para cá, mais intensamente após o Concílio Vaticano II, mudanças significativas no comportamento de nossos pastores de alma, algo que tem gerado bastante desconforto espiritual no seio dos fiéis, dúvidas, crises. Deixando de lado as razões da renúncia do então Papa Bento XVI e
partindo para as atitudes inaugurais do atual Papa Francisco l, tenho comigo que algo deva estar errado, mas muito errado mesmo. Se a primeira impressão for a que vale, temos um Papa que caminha para o despojamento total de atitudes, incluindo toda a pompa e circunstância que sempre orientou a civilização católica e, sem entrar em detalhes nesse inopinado e insólito comportamento como desprezar vestes e cerimoniais, vem receber figuras políticas de duvidosa relevância, notoriamente socialistas, abo1tistas e de outros comp01tamentos destruidores da família . De modo que chego a temer que os próximos passos sejam demolir os mais significativos símbolos da multissecular doutrina católica, incluindo sua multissecular Verdade. Por tudo o que me tem sido mais caro em toda minha vida, não creio que este seja o caminho traçado pela lgreja, nos últimos dois mil anos, para alcançar o Reino dos Céus. O que mais me intriga e me impeliu a tecer tais considerações, é o fenômeno inusitado que gerou um consenso mundial em torno da defesa da "simplicidade", tornando-se quase unanimidade universal ("toda unanimidade é burra", já disse alguém): de todos os meus conhecidos pessoais, desde ateus, de esquerdistas a direitistas, até católicos fervorosos, passando por aqueles conhecidos como "católicos de sacristia", até alguns ditos radicais. Não é possível que não haja algo, senão de errado, ao menos de muito estranho. Algo me diz que estamos fazendo um sinistro retorno aos mais elementares princípios esposados pela dupla Marx e Lênin , em termos de materialismo e igualitarismo. Deus queira que eu esteja equivocado e que Nossa Senhora me ilumine, porque o que mais vejo agora são as predições de La Salette e de Fátima se aproximando da concretização . (N.A.T.G.P. -
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FRASES SELEC IONADAS "Não me cansarei áe áizer que não acuso o rico, mas o úu!rão. Rico não é sinôninw áe úu!rão, nem opulento o é áe avaro. Distingui 6em, e não conjíuuíais coisas tão áiversas . Sois ricos? Não fui nenhum md nisto. Sois úu!rões? Eu vos acuso. Tenáes o que vos pertence? Gozai-o em 6oa hora. Vos apoáerais do 6em áe outro? Levanto minha voz para vos áefa.tar... Os ricos são meus Jiffws i os po6res tam6ém'1 (Sêiojoêio C.rLsóstoV\,\,o)
"Ser rico áe fato e po6re no afeto é a 9ranáe ventura dos cristãos, porque ao mesnw tempo têm as conwáufaáes das riquezas para esta vida. e os merecimentos áa po6reza para a outra:'1 (Sêio
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MAI02013-
.1 Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
Pergunta - Estou sem saber o que fazer. Sou católica e encaminhei minhas filhas dentro da Igreja, enquanto pude. Agora elas estão indo para a igreja evangélica. Por favor, me dê uma luz, me diga o que devo fazer e como devo me comportar diante dessa situação, pois quero que elas voltem para o Pai. Resposta - O gri to de afli ção desta mãe refl ete de modo pungente a situação da lgreja Católica em nossos di as, situação essa que tem sido obj eto da atenção e tentativas de so lução de autoridades ec les iásticas, a be m di ze r, nos últimos 100 anos. Ou mui to mais, se qui sermos ver o probl ema em toda a s ua extensão. A isso consagraremos a maté ri a deste mês. Porém, a dor de uma mãe pede a ntes uma pa lavra que fa le ma is di reta mente ao seu coração. Aquela transmi ssão da fé de pais para fil hos, que ocorria de modo mais ou menos tra nquilo na primeira metade do século XX, sofreu uma infl exão ab rupta para baixo. Já vinha declinando lentamente nos decêni os anteriores, mas a partir de meados da década de 60 a queda fo i quase vertica l: a Revolução da Sorbonne, em maio de 1968, pode ser tomada como um marco hi stórico. Por uma coincidência não destituída de significado, essa época ass inala também o período da implantação de uma nova visão de Igreja inculcada pelo Concí lio Vaticano II ( 19621965). Os Padres Conc ili ares afirmava m que consegui riam uma renovação da vida reli giosa abrindo a Igreja para o mundo moderno. Foi o fa moso aggiornamento, preconizado pelo " bom Papa João" [João XXIII], de "abertura das janelas" da Igreja, para que nela entrasse ar pw·o e renovador. O Pontífice seguin te, Paulo V[, registrou ter penetrado a "fum aça de Satanás" na Igrej a de Deus. E tal constatação trágica ocorreu poucos anos depo is do término da Assembleia Conciliar...
Apostasia sile11ciosa Esses do is movimentos concomi ta ntes - a abertura da Igreja para o mundo moderno e a liberação dos costumes nos âmbi tos pri vado e públ ico desencadeada pela Revolução da Sorbonne - produziram, contra os prognósti cos otimistas então imperantes, dois efeitos gravemente negati vos: um número considerável de católicos abandonou a Igreja e se bandeou para as seitas ditas evangélicas (até agora chamadas de protestantes); outros, sem negarem ostensiva mente sua pertencença à Igreja, adota ram um teor de vida de lax ismo mora l, pouco se importa ndo com os princípios doutrinários e éticos da lgreja. Foi o que um documento recente do Sí nodo de Bispos, rea lizado em Roma, defi niu como "apostasia silenciosa ". Os do is ca minhos produzira m o mesmo efeito : o esvaziamento dos te mplos cató li cos. A afli ta mãe que nos pede socorro está di ante do primeiro ca minho escolhi do por suas fi lhas: a adesão a um culto evan-
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CATOLI C ISMO
gé li co (portanto não cató li co); outras mães v iram suas filh as e filh os tomarem o caminho da "apostas ia sil enciosa" - e talvez elas mesmas o tomaram! Que conse lho dar para a mãe que nos pergunta o que fazer? Uma vez que recebeu a graça de conservar íntegra sua fé e a confia nça inabalável no auxílio di vino, deve elevar preces fe rvo rosas à Mãe de Deus para que E la chame de vo lta suas filh as. Do Céu, Nossa Sen hora velará por elas, espreitando os seus corações, à espera da hora oportuna para inspirar-lhes o desej o do retorno ao se io da Igrej a. Q ue elas comp reendam que apesar dos males doutrinários e morais que atualmente penetram a Igrej a, esta permanece a única verdadeira e de les poderá e deverá livrar-se. Reze mui to, muito e muito, que isso, ma is di a, menos di a, acontecerá !
Apostasia ruidosa e agrnssi1'a Para que a descrição do quadro d iante do qua l nos encontra mos seja obj etiva e completa, cumpre observar que, ao lado da apostasia silenciosa de muitos, há também a apostasia ruidosa de um a minori a. São pessoas que ap ostatara m da fé cató li ca e propugnam agress ivamente a liberação total dos costumes: a borto, aprovação da e uta nás ia, concessão de "casamento" aos homossex uais, class ifi cação da " homofobia" como "crime" etc. E di zem permanecer na Igrej a! Por trata r-se de uma apostas ia ruidosa - e adema is agressiva - e la é mais perceptíve l do que a si lenciosa.
Dessa maneira, os ruidosos transmitem a impressão de constituírem a maioria da Nação. Mas, de fato, não passam de uma minoria. Por isso, os movimentos atuantes em defesa dos princípios autenticamente cristãos devem lutar de cabeça erguida, não só por estarem defendendo os princípios do Evangelho - o que é o mais importante - como também por falarem em nome da maioria, princípio "sacrossanto" da democracia! Não há razão, portanto, para se acovardarem diante do barulho feito pela minoria agressiva: seus agentes se gabam de falar em nome do progresso, da liberdade, da modernidade. Assim, consideram-se no direito de impor seus falsos princípios à maioria. Se os defensores dos princípios católicos lutarem com inteligência e coragem há condições de vitória. No mesmo sentido, há também alguns movimentos protestantes, realmente combativos em várias das questões atualmente em foco.-Principalmente se os católicos não se deixarem influenciar pela "boca mole" de alguns membros da Hierarquia eclesiástica, inclusive ocupando cargos de destaque na CNBB. É penoso dizê-lo, mas a realidade está à vista de todos: frequentemente, quando se pronuncia, a CNBB tem sido a voz que adormece e a mão que apaga, procurando extinguir a chama da luta dos batalhadores da boa causa (leigos, clérigos e alguns bispos). Na prática, eliminam o qualificativo característico da Igreja na Terra: militante. No momento, pontos inegociáveis da doutrina católica estão sendo postos em xeque, como no projeto de Código
Penal, em discussão no Congresso Nacional, o qual subverte totalmente os princípios mais elementares da justiça e do bom senso em matéria penal. Mesmo desencorajados pelas atitudes concessivas de autoridades que deveriam estar na linha de frente dessa luta, ninguém tem o direito de esmorecer na defesa do que ainda resta da civilização cristã; pelo contrário, todos devem crescer em coragem e dedicação propugnando o acatamento total dos princípios da Lei natural e da Lei divina.
Restaurar a clviIJzação cristã E aqui chegamos ao ponto crucial que explica à nossa consulente a razão dos sofrimentos pelos quais ela passa atualmente. Muito tempo antes de ela nascer, o mundo ocidental vinha sendo transtornado por um processo multissecular de descristianização. Esse processo constitui uma verdadeira Revolução (com "R" maiúsculo), como veio sendo chamado por autores de renome, principalmente depois do Iluminismo e da Revolução Francesa, e cuja última e mais perfeita explicitação foi feita pelo intelectual e líder católico brasileiro de projeção mundial, Plínio Corrêa de Oliveira, em seu livro Revolução e Contra-Revolução. Esse processo revolucionário multissecular visa destruir a Igreja e a civilização por ela criada - a civilização cristã - e desencadeia contra ambas em nossos dias seu derradeiro assalto. A nós, católicos do século XXI, coube a honra de sermos chamados a enfrentar esse último assalto. Somos poucos a lutar, somos parcos e fracos em recursos humanos. Porém, como não somos nós que lutamos - é Deus que luta pelos nossos braços - podemos ter a certeza da vitória. Cumpre, portanto, afirmar com altaneria que a restauração da civilização cristã não só é necessária, mas possível, pois será a Providência divina que dará força aos nossos braços, de si inermes e impotentes. Nessa luta, distingue-se, porém, uma novidade importante: na primeira linha de combate aparece Aquela que Deus armou "terrível como um exército em ordem de batalha" - terribilis ut castrorum acies ordinata (Cântico dos Cânticos 6,9). Será a Santíssima Virgem que comandará a batalha em que serão esmagados todos os inimigos de seu Divino Filho. Esse triunfo foi anunciado 100 anos atrás, quando Nossa Senhora apareceu em Fátima, a três pastorzinhos portugueses, também eles inermes: Lúcia, Jacinta e Francisco. Depois de descrever todo o processo pelo qual o mundo passaria, Ela terminou dizendo: "Porfim, o meu Imaculado Coração triunfará ". E São Luís Maria Grignion de Montfort especifica: "Para que venha o Reino de Cristo, venha o Reino de Maria" (Tratado da Verdadeira Devoção, nº 217). Note-se bem: o triunfo de Maria significa o triunfo de Cristo Rei! • E-mail para o autor: cato licismo@terra.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE China: 330 milhões de crianças abortadas em apenas 40 anos
Carros chineses batem recorde ... de insegurança Programa de Avaliação de Carros Novos para a América Latina, Latin NCAP, testou 28 modelos de carros vendidos no Brasil. Os carros foram levados à Alemanha, onde passaram por severos testes de colisão. Mais uma vez, o recorde abso luto de insegurança ficou com os carros chineses. O JAC 13 só não foi o pior porque um outro mode lo chinês - o Geely CK - ficou sem nenhuma estrela, muito embora seus motoristas se arrisquem a ver constelações. Os produtos chineses confirmaram assim sua reconhecida fama de péssima qual idade, da qual misteriosamente pouco se fala na grande mídia. •
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Dakota do Norte: aumento de rigor em legislação anti-aborto estado de Dakota do Norte (EUA) promulgou as leis mais restritivas ao aborto no país. A primeira proíbe todo aborto desde o momento em que as primeiras batidas de coração da criancinha no ventre materno são perceptíveis. Isto ocorre por volta da sexta semana após a concepção, quando muitas mulheres ainda ignoram que estão grávidas. A lei não admite exceção a lguma, nem mesmo em caso de vio lação, incesto ou perigo para a saúde da mãe. A segunda obriga os médi cos que fazem abortos a se afil iarem a algum hospital, restringindo as práticas " por fora" desse crime. A terceira interd ita abortos por razões genéticas ou em função do sexo da criança conceb ida. Dakota do Norte não está só. Cerca de vinte estados também votaram leis restritivas ao abominável crime, e supõe-se que outros ainda o farão. De seu lado, os arautos da morte confiam em que o Judiciário, muito infiltrado pelo esquerdismo, invalide essas le is aprovadas democraticamente. •
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CATOLICISMO
336 milhões de seres humanos foram exterminados na China pelo aborto entre 1971 e 201 O, segundo números do Ministério da Saúde do país. O número equivale a mais de uma vez e meia toda a população brasileira e supera em mais de 400% as ferozes chacinas praticadas pela utopia socialista chinesa descritas em o Livro Negro do Comunismo. O Ministério da Saúde chinês - que poderia se chamar Ministério da Morte - também comemorou como vitória mais de 196 milhões de esterilizações e a inserção de 403 milhões de dispositivos intrauterinos, impedi ndo que pelo menos 400 milhões de bebês nascessem. O antinatal ismo socialista está causando o envelhec imento demográfico e a red ução da população ativa. Porém , rac iocínios humanitários ou econômicos não resistem ao fanatismo ideológico desumano professado pelo comunismo e ex igido pelos seus segu idores. •
Senado americano recusa proibição de venda de fuzis automáticos Senado americano enterrou em votação definitiva o projeto que vetava a venda de fuzis automáticos nos EUA. O projeto entrou bafejado por uma onda midiática cava lgada pelo presidente Obama, após um crime coletivo acontecido em Newtown. Até os senadores do partido de Obama perceberam a repulsa da população a uma proibição que, além de nada resolver, afaga a demagogia soc ialista e faci lita o crime. Os senadores democratas dos estados conservadores ou rurais, nos quais a propriedade de armas é generalizada, não votaram a favor do projeto de lei , porque temem perder suas cadeiras na próxima eleição. •
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Alemanha: educação diferenciada por sexo não fere Constituição
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6" Vara do Tribunal Administrativo Federal alemão julgou em definitivo que a ed ucação de crianças em aulas separadas por sexo não fere a Constituição do país. O juiz Werner Neuman n, presidente do Tribunal, sublinhou que "a Constituição não proíbe a educação diferenciada por sexos, mas a admite", concedendo justiça ao pedido de pais que desejam estabelecer uma escola só para meninos. A ministra socialista da Educação de Brandenburgo, Martina Münch, deplorou a decisão do Tribunal. De fato, a filosofia igualitária julga estar por cima dos cidadãos, da razão, da lei , da Constituição, do Judiciário, da natureza, e até do próprio Deus. •
Falta de reciprocidade leva Noruega a vetar mesquitas Ciberataque 11 norte-coreano" contra Coreia do Sul partiu da China
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astos ataques cibernéticos contra redes de telev isão e bancos da Core ia do Sul tiveram sua ori gem em um endereço IP (Internet Protocol ou Protoco lo de Internet) da China, informaram responsáveis sul-coreanos. O ataque afetou redes de telev isão, a rede de caixas eletrônicas automáticas e serviços bancários on-line. Os serviços de inteligência da Coreia do Sul estimam que 3 .000 especialistas em informática norte-coreanos estão mobilizados nesta guerra cibernética, desfechando contra o Sul 40.000 ciberataques em 201 2. Enqua nto a Coreia do Norte multiplica ameaças bélicas e bravatas contra os EUA, essa denúncia patenteo u mais uma vez que a ditadura marx ista de Pyongyang é em tudo dependente dos ti ra nos de Pequim. •
governo norueguês proibiu a construção de mesquitas financiadas pela Arábia Saudita enquanto esse país não permitir a construção em seu território de igrejas de outras religiões. Jonas Gahr Stor, ministro das Relações Exteriores norueguês, esclareceu que não serão aceitos nem os donativos particulares de milionários ou empresários muçulmanos. Embora somente à Religião católica - a única verdadeira - assista o direito de ter culto público, ele arguiu que "seria um paradoxo antinatural aceitar essas fontes de financiamento de um país onde não existe liberdade religiosa ". A prática da reciprocidade é esquecida por governos e líderes religiosos do Ocidente, que adotam uma atitude capitulacionista em relação ao Islamismo . Ao menos a Noruega rejeita essa aberração.
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Católicos vietnamitas condenados por "homicídio" Tribunal Popular de Haiphong condenou uma família catól ica, porque seu chefe, o engenheiro agrônomo Pierre Doan Van Vuon e mais três parentes, defenderam à mão armada sua pequena criação de peixes e crustáceos no distrito de Tiên Lang . Policiais e militares tentaram ocupar a propriedade e destruíram a casa familiar e as instalações. O bispo da diocese defendeu o bom nome e os méritos de Pierre Doan. O primeiro ministro Nguyên Tân Dung reconheceu a ilegalidade da operação ; o chefe do exército Vo Nguyên Giap patenteou sua indignação e os comandantes policiais foram demitidos. Entretanto, os católicos foram condenados injustamente a cinco anos de prisão por um inexistente crime de "homicídio". Na verdade, ser católico e ter projeção social é um "delito" imperdoável para o socialismo, que pratica toda sorte de injustiça para reprimir aqueles que se opõem ao comunismo .
º Argentina: produejão de gás e petróleo de xisto governo argentino está inviab ilizando a extração de petró leo e gás de camadas de xisto na mega-jazida de Vaca Muerta, Patagôn ia - a terceira maior do mundo. A desastrosa gestão populi sta da reestati zada petrolífera YPF redundou num a carência de combustíveis fósse is que até poucos anos atrás eram exportados pe la Argenti na. Acuado pelas críticas popul ares, o governo queri a recuperar a independência energética com o petróleo e o gás de xisto extraído por empresas pri vadas. Porém, estatizações e atropelos legais bloquearam a prod ução. Na Argentina, os "verdes", que tentam sabotar a produção dessa fonte imensa de combustível, também cooperam com os "vermelhos" instalados no governo para empobrecer um país riquíss imo em fo ntes de energia. •
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VARIEDADES
Um Paquiderme ameaça a escola privada /
Há um ditado segundo o qual "o bem que o Estado faz é 1nal feUo, e o mal que ele faz é bem feito". Apesar de
haver exagero nessa afirmação, é inegável que ela contém muito de verdadeiro. li
GREGÓRI O VIVANCO LO PE S
om o slogan falacioso de que "a educação é um direito do cidadão e um dever do Estado ", o governo brasileiro busca açambarcá-la toda, de modo a incutir no ensino as ideias do partido dominante, no caso o PT. São então os kits para crianças e adolescentes, a pregação do aborto, da contracepção e de uma "educação" sexual que mais parece iniciação à libertinagem do que outra coisa. Sem falar da imposição de um laicismo agressivo . Em tempos passados, a educação era atributo especialmente da Igreja e das famílias, tendo produzido frutos além de toda a expectativa, porque era conforme com a ordem natural das coisas. Não trataremos aqui do absurdo em se proibir a homeschooling, tão difundida em outros países - por exemplo, nos Estados Unidos - , a qual consiste em ministrar o ensino fundamental em casa ou em pequenos núcleos educacionais sob a orientação dos pais. O que examinaremos é a prepotência estatal
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CATOLIC I SMO
de querer abarcar a escola privada, em seus diversos graus, apesar da evidência de que o ensino particular costuma ser muito mais efic iente.
* * * Nesse sentido é muito preocupante o projeto de lei proposto pelo governo federal , tramitando atualmente na Câmara dos Deputados (http://www.camara.gov. br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?i dProposicao=554202) que tem por fim
criar um novo paquiderme estatal, o INSAES (Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior) para controlar o ensino particular. Entre suas muitas atribuições estão a de interferir nos processos de credenciamento das esco las superiores, mediante "pareceres", decretar intervenção e designar interventor para essas escolas, além de constituir e gerir um sistema público de informações cadastrais de instituições, cursos, docentes e discentes. E o incrível é que esse projeto tra-
mita em regime de prioridade, podendo ser aprovado apenas nas comissões, sem passar sequer pelo plenário. Atualmente se encontra na Comissão de Educação e Cultura da Câmara, cujo relator é o deputado petista Waldenor Pereira. Para que esse paquiderme possa funcionar, fica ainda criado um Plano de Carreiras e Cargos do INSAES, com inúmeros cargos que evidentemente servirão de cabide de emprego para os apaniguados do governo. Fixam-se, ademais, diversas taxas para alimentar o paquiderme, que em boa medida deverá ser sustentado por suas próprias vítimas, quais sejam os institutos de ensino particulares. Assinam o projeto três ministros - Miriam Aparecida Belchior, Aloizio Mercadante Oliva e Guido Mantega - , que o submeteram previamente à presidente Dilma Rousseff.
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de multas, a intervenção, com retoques de perversidade, como o pagamento de altíssimas taxas para sustentar a burocracia e comprometer a gerência financeira das escolas". Seguindo a mesma orientação invasiva da ação governamental, há certos conglomerados educacionais que acabam por inibir o ensino privado. Diz o Prof. Adernar: "Por outro lado, o que vemos são os grandes grupos do ensino superior disfarçados em diversas associações e num Fórum Nacional trocando a liberdade, a autonomia e o direito de ensinar por um 'prato de lentilhas '". Ora, "a educação privada é constituída de milhares de pequenas instituições, de educação infantil, ensino fundamental e médio, cursos técnicos e faculdades, espalhadas por este imenso Brasil, as quais, com propostas focadas e segmentadas, contribuem decisivamente para o pouco desenvolvimento que temos nos últimos anos, empregam formalmente
milhares de educadores de nível superior e colaboram decisivamente para o desenvolvim ento das cidades e do entorno onde atuam, movimentando o comércio, o mercado locatício e o setor de serviços. "A estatização da escola privada está a caminho ", conclui ele.
* * * Em outro setor do ensino, mas sempre dentro do viés estatizante de açambarcar a educação em todos os níveis, tornarse-á obrigatório para os pais matricular seus filhos na escola tão logo estes completem quatro anos de idade(!). A lei foi publicada no "Diário Oficial da União" em 5 de abril. É o ideal nazi-comunista de tomar conta das mentes infantis desde muito cedo, subtraindo-as o quanto possível à influência do ambiente familiar. • E-mail para o aulor: catoli cis111o@tcrra .co111.br
A respeito dessa ameaça ao ensino particular, o Prof. Adernar Batista Pereira, presidente da Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul, em artigo intitulado "A estatização da escola privada " ("O Estado de S. Paulo", 1-1-13), comentou o que segue. "O governo do PT e seus movimentos sociais que estão encastelados no Ministério da Educação (MEC) e Secretarias de Educação estaduais e municipais vêm seguidamente invadindo a liberdade de ensinar do povo brasileiro. "Nos últimos dez anos, o MEC e seus burocratas emitiram milhares de portarias, enviaram grande número de projetos de lei ao Congresso Nacional e alteraram outras tantas, sempre com a desculpa de que a escola privada precisa ser avaliada. Na prática, vêm invadindo a liberdade da escola privada. "A cartada final está no Congresso, com o Projeto de Lei n °4.372/2012, que pretende criar mais um órgão público. Trata-se da maior aberração jurídicopolítica dos burocratas do MEC", que "reserva à escola privada uma verdadeira estatização. Para a iniciativa privada a proposta do governo prevê, além
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ENTREVISTA
"Desconstrução", nova "palavra-talismã"
uvimos com frequ ência palavras cujo significa?º não conhecemos bem . A força de serem repetidas terminam entrando de modo impreciso no vocabulário e na mentalidade do público. Uma delas é "desconstrução". Qual é a sua origem? O seu sentido mais profundo? A rad icalidade de sua meta? Estas e outras perguntas nós as formulamos ao Sr. Juan Antonio Montes, chileno , autor de um livro de recente publicação intitulado Da Teologia da Libertação à teologia eco-feminista. Co-autor de duas outras obras sobre a atual crise da família publicadas no Chile , Juan An tonio Montes é presidente da Fundação de Estudos Culturais Roma e diretor da Associação Ação Família, de cujo boletim informativo é o redator. Foi durante muitos anos diretor da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) e já tem colaborado para Catolicismo.
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Catolicismo - O Sr. poderia explicar aos nossos leitores como e em que medida eles podem ser afetados por esse novo conceito de "desconstrução" que está sendo posto em voga?
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CATOLICISMO
Alll,onio Montes:
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"O 'desconstrutivismo ', que parece uma espéci e de absurdo rnlativista, está influenciando cada vez mais a vida de todos os dias de cada um de n6s"
Juan A. Montes - Mais do q ue à primeira vista pode parecer. Na real idade, mu itas vezes os fenômenos soc ia is são vistos dissociados e distantes da vida de cada um de nós. Mas, para percebê-los me lhor, imagine o leitor saindo de sua casa e sendo abordado por um desconhecido que lhe d issesse ao ouvido que sua famí lia deveria ser "desconstruída". Certamente o olharia com descaso, pensando tratar-se de um louco ou de um brincalhão pouco oportuno, e prosseguiria seu cami nho. Imagi ne ainda que, c hegando ao loca l de traba lho, encontrasse na entrada do estacionamento uma placa com os estes dizeres : "Atenção, estacionamento .fechado por desconstrução". Com certeza fra nziria a testa, pensando tratar-se de uma coincidência. Imagine, finalmente, se já em seu escritório, sentado diante do computador, recebesse algumas mensagens escritas de modo abreviado ou simp lesmente fonético. Por exemplo, oferecendo um serviço para sua "ksa", em vez de "casa". Perguntando a um colega sobre o porquê desse modo de escrever, este lhe expli ca que é uma linguagem "desconstru ída", habitua l nas comunicações rápidas da Internet. Todo esse conjunto de sit11ações convergindo sobre uma mesma pa lavra chamaria provavelmente a sua atenção, mas a sua tendência seria procurar esquecer esse mau começo.
Se no final de semana o leitor quisesse ir à Missa dominical e ouvisse o pároco dizer no sermão que a religião e a teologia deveriam ser "desconstruídas", começaria certamente a considerar o tema importante e grave. Então se perguntaria qual o significado dessa enigmática palavra "desconslrução" e sua recorrência nas mais diversas circunstâncias de sua vida diária, podendo perceber o quanto ela o afeta. Catolicismo - Mas qual é o significado de "desconstrução"? Juan A. Montes - Com vários significados nem
sempre iguais, o conceito de "desconstrução" foi criado pelo sociólogo francês Jacques Derrida (19302004), discípulo do filósofo alemão Heidegger. Ambos fo1jaram uma corrente de pensamento de fundo inteiramente relativista baseada na ideia de que não existe nenhuma verdade objetiva e que tudo quanto se aceita como normal ou verdadeiro não é senão a imposição de um estereótipo cu ltural anterior. Em função desse pressuposto, de acordo com Derrida, em qualquer ordem de coisas deve-se aplicar um critério de "suspeita" para cada afirmação feita. Isto é, deve-se perguntar o que cada uma delas representa dos estereótipos cu lturais e quais são os conceitos ausentes na afirmação realizada. E, uma vez vistos tais estereótipos e ausências, dever-se-ia "desconstruir" o afirmado para ver como se sa lvar deles. Isto, que parece uma espécie de absurdo relativista próprio de filósofos encerrados em dissertações bizantinas, está influenciando cada vez mais a vida de todos os dias de cada um de nós . Catolicismo - O Sr. poderia dizer que doutrina está por detrás disso e quais são as suas consequências na vida quotidiana de cada um? Jtum A. Montes - Darei alguns exemplos concre-
tos para se compreender melhor essa doutrina e sua
Prédio em Dusseldorf, Alemanha
'l'ls ciclacles moclel'nas vão se povoando de edifícios pol' assim dizer 'desco11strutil'os', os quais vão introduzindo um caos visual e mental nas almas"
influênci a na vida diária . Tomemos a arquitetura, que influi sobre os que vivem numa cidade. Provavelmente todo mundo já se deparou com edifícios que dão a impressão de estarem prestes a cair, ou nos quais o arquiteto se esqueceu de ap licar as leis da simetria e da lógica, produzindo um malestar indefinido em quem os vê. Tais impressões não são fruto nem de uma casua lidade nem de um mau arqu iteto; representam precisamente o desejo "perturbador" da arquitetura "desconstrutivista". De acordo com aqueles que os estudaram, "o desconstrutivismo é um movimento arquitetónico nascido em fins da década de 80. Caracteriza-se pela.fragmentação, pelo processo de desenho não linea,; o interesse pela manipulação das ideias da superficie das estruturas que se empregam para distorcer e deslocar alguns dos princípios elementares da arquitetura. A aparência visual.final dos ed/ficios da escola desconstrutivista se caracteriza por uma estimulante imprevisibilidade e um caos controlado". Um dos principais arq uitetos· que
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As cidades modernas vão se povoando de edificios por assim dizer "desconstrutivos", os quais vão introduzindo um caos visual e mental nas almas de seus habitantes. Isso exerce naturalmente uma importante influência em nosso modo de pensar e sentir.
BIERTOS DE FUNDA CEPTOS QUE ESTÁN
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CAMBCION TELEFÓN ICA IANDO EL FUTURO
RESINTONIZAN(?O LA EDUCAC ION
transformaram essas ideias em edificios foi o norteamericano de origem judaica Peter Eisenman, que traçou as bases filosóficas do movimento literário da desconstrução e colaboro u com Derrida em alguns projetos (para se conhecer algumas de suas obras, ver: htt ://www. lataformaar uitectura.cl/ 1ªgigeter-eisenman/). Este caos intelectual produz um profundo malestar naqueles que possuem ainda vivas as noções de ordem, pois a desordem sempre causa desagrado e choca-se com as noções de beleza, bondade e verdade impressas nas almas de todos os homens. Produzir esse efeito chocante, mas ao mesmo tempo "encantador" como uma serpente diante de um pássaro prestes para ser devorado por ela, é o desafio da desconstrução da arquitetura. De acordo com seus postulados, "a tentativa do desconstrutivismo é libertar a arquitetura das regras modernistas que seus seguidoresjulgam construtivas, como 'a forma segue-se à.função ', 'a pureza da forma' e 'a verdade dos materiais ' ". Este movimento é na arquitetura o que os subversivos são na ordem política: pretende subverter a ordem vigente e transformá-la em edificios ou construções que estabeleçam outro modo de ser ou de se ap resentar.
CATOLICISMO
Alejandro Piscitelli: '"A ruptura entre o
ócio e o estudo para aprender também jogando e divertindo-se"
"Outro alvo da desconstr ução é o ensino. Como é natural, a educação transmite as convicções e os modos de ser de uma geração à que se lhe segue"
Catolicismo - Quanto à arquitetura moderna, creio que com a sua explicação a intenção dos chamados "desconstrutivistas" ficou bem clara. O Sr. poderia fornecer outro exemplo? Juan A. Montes - Permito-me uma precisão. Não se trata da "arquitetura moderna", pois esta ainda aceitava certas normas de estética. A arquitetura desconstrutivista distingue-se da moderna e adota o nome de "pós-moderna". Respondendo agora à sua pergunta, é necessário sublinhar que esta corrente afeta todas as manifestações da vida. Por exemplo, outro alvo da desconstrução é o ensino. Como é natural, a educação transmite as convicções e os modos de ser - os "estereótipos cultmais", diriam os desconstrutivistas - de uma geração à que se lhe segue. Impõe-se, pois, acabar com essa transmissão pela introdução de uma nova forma de educar. Sintomático nesse sentido foi o seminário sobre o tema "Re-sintonizando a educação", organizado em 2012 pela Fundação Telefónica do Chi le, o qual contou entre os palestrantes com A lejandro Piscitelli. Na sua intervenção, tentando responder à pergunta "que coisas estamos fazendo para transformar (re-sintonizar) a educação? ", ele descreve um contexto marcado pelo signo de uma nova ecologia do conhecimento. Entre os princípios fundamentais dessa nova forma de ensinar encontra-se a necessidade de "fragm entar o binômio mestre-aluno para gerar uma multiplicidade de vias, mediações e mediadores de aprendizagem ". Ele continua: "A ruptura entre o ócio e o estudo para aprender também jogando e divertindo-se; que os sujeitos sejam ativos não só na construção do conhecimento, mas também de uma cidadania guiada p elos valores de justiça, colaboração e solidariedade". Como se pode intuir desta ou de outras normas da desconstrução no aprendizado, o estudo já não seria penoso para as crianças, pois se transformaria em um entretenimento, em um jogo que elas fariam diariamente com seus professores em ambiente lúdico e igualitário. Subsidiária da empresa mundial do mesmo nome, a Fundação Telefónica concedeu o "Prêmio à inovação educativa 2012" a esta iniciativa de nova aprendizagem, da qual participaram mais de três mil professores de 30 países atendendo a milhares de crianças - melhor seria dizer de vítimas - de vários
continentes. (Para maiores detalhes, pode-se consultar h_ :// remioeducacion.fundaciontelefonica.comL).
Catolicismo - Pobres vítimas! Qual será o futuro dessas crianças se elas forem ensinadas de acordo com tal sistema revolucionário? Juan A. Montes - Um dos aspectos mais importantes da nossa forma de comunicar é a linguagem. São as palavras que necessitam de nossas ideias. Um vocabulário rico e variado ajuda a expressá-las com maior precisão e clareza. Segundo o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, o vocabulário é a roupa do pensamento. Por todas estas razões, os "desconsttutivistas" também têm sido impiedosos em "desconstruí-la". Segundo o jornalista Fernando Núfiez Noda, espec iali sta em comun icações de internet, ex istem três ações de "desconstrução cultural" que a internet - mas, de modo especial, as redes sociais - pode fazer incidir sobre a linguagem: a substi tuição da memória, a volatilização da privacidade e a lige ireza do micro-blogging. De acordo com esse jornalista, tratar-se-ia de desconstt·uir a linguagem, pois esta "é um dos pilares fundam entais da cultura, um elemento aglutinador que lhe forn ece suporte e permanência ". O autor
"Essas desconst1·11ções não poderiam tenninar sem atingi,' a própria 11atureza da pessoa Jwmana e, em conseq11ê11cia, as bases da sociedade e do Dfreito"
cita sobre este assunto o jornalista e escritor inglês Jolm Humphrys, "quem adverte que aqueles que 'texteiam ' (escrevem mensagens de texto em canais eletTônicos) oufazem 'netspeak ' (conversa na rede) estão cometendo 'pilhagem em nossa pontuação, destruindo as nossas orações e violando o nosso vocabulário ". Segundo Humphrys "As tecnologias de comunicação criam diferentes usos para a linguagem atual. Alguns observadores inclusive pensam que o 'te.xteio 'e o 'netspeak 'são ef etivamente uma linguagem nova e d/ferente". (O escritor Nufiez Noda comenta em seu blog outrns aspectos dessa revolução: http://www.lapati lla.com/site/2011 / l 2/22/ internet-y-la-deconstruccion-del-lenguaje/j.
Catolicismo - De fato, nota-se por toda parte que esse tipo de linguagem está influenciando a$ novas gerações. Além da cultura, tal mudança atinge também o aspecto moral e religioso? Juan A. Montes - Evidentemente, uma transformação tão profünda dos aspectos centrais de nossa cultura ocidental e cristã não poderia deixar de tentar a "desconstrução" do pensamento teológico. Com efeito, caso se queira desconstruir uma Estrutura da "nova" educação, baseada na proposta de Alejandro Piscitelli
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com a 'desconstrução' e a construção de outros símbolos religiosos e imagens ". Todas essas desconstrnções não poderiam te1minar sem atingir a própria natureza da pessoa humana e, em consequência, as bases da sociedade e do Direito. A doutrina pós-modernista, tanto dos Direitos Humanos quanto da pessoa, considera que a natureza é uma realidade que se constrói a si mesma de acordo com as diversas opções e preferências de cada indivíduo. Daí procede a denominada "doutrina de gênero", isto é, a determinação da pessoa independentemente de seu próprio sexo, guiada tão-só por suas tendências, vícios, caprichos etc.
cultura baseada num pensamento moral e religioso oriundo do cristianismo e da doutrina católica , deve-se logicamente começar por desconstruir as bases da religião. Encarregaram-se disto, fa z a lguns anos, os continuadores da Teologia da Libertação, transformados em teólogos da ecologia e do feminismo. Mas tratar de todo este aspecto demandaria várias entrevistas ... Catolicismo - Mas como o Sr. exporia em poucas palavras esta questão? ./mm A. Montes - Basta dizer a este respeito que os novos teólogos adeptos da corrente desconstrutivista negam todos os dogmas da fgreja e a própria divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Imaculada Conceição e a virgindade de Maria Santíssima. Nessa "ciência" desconstrutivista nada fica de pé. Segundo seu pensamento, todos os cu ltos e invocações marianas não seriam senão substituições dos antigos cu ltos à "deusa mãe" ou à "Pachamama". Em seu livro Chuva para florescer, Judith Ress, missionária norte-americana residente no Ch ile e adepta dessa corrente teológico-feminista, entrevista a "teóloga" chilena Doris Mufíoz: "Por que p ermanecemos dentro da Igreja ?" Ao que esta descaradamente, entre outros absurdos, responde: "Na América Latina não podemos não levar em conta o dado da.fé, entre aspas, da relig ião. Não podemos prescindir de seus símbolos porque é ali
onde estão os freios mais potlerosos ou suas resistências. Isso é algo que cumpre apro.fúndar, e se estou dentro é porque penso que posso colaborar
CATOLICISMO
A "teóloga" chllena
Doris Munoz: se estou dentro
11 ...
[da lgrela católica] é porque penso que
posso colaborar com a 'desconstruçóo' e a construçóo de outros simbolos rell9losos e Imagens".
"Pareceria nos encontrarmos em um dos últimos estágios da guel'l'a psicológica revolucionária clescrista pelo Prol'. Plínio Col'J'êa <le Oliveira em seu livro 'Baldeação ideológica"'
Catolicismo - Dir-se-ia que é o relativismo mais extremado, arruinando o próprio ser humano . .Juan A. Montes - De fato, as últimas redações constitucionais - para citar um exemplo da radica lidade dessa ideologia - incorporaram na ordem jurídica os "direitos à diferença". Como destaca o jurista argentino Fernando Segovia, "o construtivismo antropológico significa escolha do eu, escolha do nosso cmpo, escolha de nossa biografia, escolha de nossa sexualidade. E estas escolhas são reversíveis: podemos nos desfazer delas e adotar outras" . Mais adiante ele afirma: "Os direitos à livre sexualidade, ao casamento dos homossexuais e ao aborto.fazem parte destas desconstruções culturais ". Esta "esco lha" ou "autoconstrução" que, segundo essa corrente, o Estado e o Direito devem reconhecer como sendo a primeira das liberdades do indivíduo, nega obviamente a ideia do "bem comum" que até agora era a própria base das leis e das constit11ições. Contudo, quando não se considera um "bem comum" relativo a todas as pessoas e ao conjunto da soc iedade, é-se suplantado pelas mil "escolhas" distintas, não harmônicas e contrad itórias, diametralmente opostas à finalidade da sociedade como ela existiu em todos os tempos e civi lizações. Catolicismo - Aqui no Brasil, o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), decretado pelo governo Lula às vésperas do Natal de 2009, parece que vai muito no sentido da "desconstrução". .Juan A. Montes - Com certeza! Acompanho com muita atenção este "P lano" do governo brasileiro, possuo aqui sua íntegra e vejo no PNDH-3 muitos dos objetivos "desconstrutivistas". Por exemplo, a diretriz nº 1Orelativa ao que ele denomina "Garantia da igualdade na diversidade", não tem como objetivo senão a "A.firmação da diversidade para a construção de uma sociedade igualitária ". Tal
"Programa" estabelece que se devem "realizar campanhas e ações educativas para [a] desconstrução de estereótipos relacionados com diferenças étnico-raciais, etárias, de identidade e orientação sexual, de pessoas com deficiência, ou segmentos profissionais socialmente discriminados". Do mesmo modo, em seu "Objetivo estratégico V", consagrado à "Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero", o PNDH-3 estabe lece que se devem "reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com base na desconstrução da heteronormatividade ". Outro aspecto abordado pelo PNDH-3 sobre a desconstrução é o da saúde mental. De acordo com esta corrente de pensamento, deve-se acabar com o conceito de pessoas mentalmente " normais" e "doentes", pois, segundo ela, também "o normal " não passa de um "estereótipo cultura l". Assim , em suas "Propostas de ações governamentais", o PNDH-3 estabelece "apoiar a divulgação e a aplicação da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, com vistas à desconstruçiio do aparato manicomial sob a perspectiva da reorientação do modelo de atenção em saúde mental". Como se pode notar pelos textos que citei, este verdadeiro pesadelo relativista de que falamos no início está longe de ser mera fantasia. Pelo contrário, está consubstanciado em programas e objetivos governamentais expressos c laramente no PNDH-3 brasileiro.
"Cremos que este Pl'OCesso de 'baldeação ideológica ' continua em plena execução, só que menos ina<l1 1el'tido e mais clal'amente COntl'ál'iO à Ol'dem social Cl'lstã"
suas posições e conv icções contrárias ao comunismo para as de simpatizantes ou indiferentes em relação a ele. O método utilizado pela seita vermel ha era a utilização de "pa lavras ta li smânicas" . Cremos que esse processo de "ba ldeação ideológica" continua em plena execução, só que menos inadve1tido e mais claramente contrário à ordem social cristã. Hoje se procura baldear as pessoas cada vez menos imbuídas de princípios rumo a uma apostasia cada vez mais completa de tudo quanto possa ainda restar de bom e sadio em suas consciências e de verdadeira religiosidade. Para a obtenção desse fim , a Revo lução se vale das palavras ta lismânicas, uma das mais características das quais é precisamente a que acabamos de descrever: "desconstrução" . Analisá-la equivale de algum modo a exorcizála. Pois, como todas as tentações do mal , ela vive mais de insinuar-se do que de impor-se. Faço votos de que as presentes considerações possam ser úte is para premunir os leitores da prestigiosa revista Ctitolicismo contra esta nova e eficaz arma do processo de Guerra Psicológ ica Revo lucionária camufl ada sob o nome de "desconstrução". •
Catolicismo - O Sr. crê que essa revolução "desconstrutivista" está avançando em diversos países sem que muitas vezes as pessoas se deem conta de seu verdadeiro escopo? Juan A. Montes - Parece-me que sim. Como já observei , o conceito de "desconstrução" é utilizado em diferentes campos, como na arquitetura, na educação e nos Direitos Humanos, entre outros. O que os une é o desejo de acabar com uma ordem de coisas cristã e tentar instaurar em seu lugar um estado de coisas completamente anárquico e igualitário. No entanto, nem todos se dão conta do conjunto dessa transformação. Pareceria nos encontrarmos em um dos últimos estágios da Guerra Psicológica Revolucionária descrita pelo Prof. Plínio Corrêa de O li veira em seu livro Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo , publicado no ano de 1965. Ele advertiu então que um dos principais meios de expansão do comunismo internacional consistia em baldear inadvertidamente os anticomunistas de
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Santo Agostinho de Cantuária M onge beneditino que por suas virtudes e seu zelo apostólico se tornou o "Apóstolo da Inglaterra", para onde o enviara São Gregório Magno. Ili PUNIO M ARIA SOLIMEO
tiga tradição inglesa reconhece orno introdutor do cristianismo o país nada menos que José de Arimatéia, o rico discípulo do Redentor que depôs seu santíssimo corpo no sepulcro. Tertuliano (c. 155- c. 222) afirma que a Religião cristã já havia penetrado "na Caledôn ia" - nome que os romanos davam à Grã-Bretanha - no século II, isto é, no território para além dos limites
CATOLICISMO
da província romana. Essa cristandade já teria seus mártires na perseguição de Diocleciano, e o nome de seus bispos aparecido nos primeiros concílios do Ocidente, como o de Arles (314 ), no qual três prelados da região haviam participado. No ano 429, bispos da Grã-Bretanha enviaram um ape lo ao continente pedindo reforços para combater os hereges pelagianos. O Papa São Celestino enviou então São Germano de Auxerre e São Lobo de Troyes. Após combater vitoriosamente os asseclas de Pelágio, São
Germano permaneceu algum tempo na Grã-Bretanha, pregando e estabelecendo escolas para a formação do clero. 1 Quando as legiões romanas deixaram o país, no início do século V, este foi invadido pelos saxões, que se estabeleceram no sul e no leste, e pelos anglos, que fundaram a East-Anglia. Os invasores destruíram a maior parte do que sobrara da civilização romana, inclusive as estruturas econômica e religiosa. Embora os remanescentes celtas fossem já cristãos , eram pouco numerosos para converter os invasores. Ademais, odiavam seus conquistadores - que formavam a maior parte da população - e não empreenderam a sua conversão. A Igreja dos celtas desenvolveu-se então isolada de Roma, sob a influência dos monges irlandeses, e desse modo centrada mais nos mosteiros do que nos bispados, sem espírito missionário.
São Gregório Magno: "Non sunt angli, sed ai,geli" No final do século VI , quando ainda era abade do mosteiro de Santo André, que fundara em Roma, teve o futuro São Gregório Magno seu primeiro encontro com os anglos . Passando ele um dia - relata São Beda, o Venerável - pelo Foro Romano, viu alguns jovens escravos loiros, de muito boa aparência. Quando lhe informaram que eram anglos, ele proferiu a frase famosa : "Non sunt angli, sed angeli " - não são anglos, mas anjos . Fracassada sua tentativa de ir como missionário evangelizar esse povo, no
ano de 596, quando já era Papa, São Gregório enviou finalmente à GrãBretanha a missão apostólica que ele tanto desejara. Para ela escolheu cerca de 40 monges de seu antigo mosteiro de Santo André sob a chefia de seu prior Agostinho, de cuja vida trata o presente artigo. A respeito dessa iniciativa, o escritor inglês Edward Gibbon pôde afirmar: "César teve necessidade de seis legiões para conquistar a Grã-Bretanha. Gregório conseguiu isso com 40 monges ". Foi por esse tempo que a GrãBretanha começou a ser denominada de Inglaterra, em memória do nome da tribo dos anglos que a povoavam, e foram notícias oriundas desse país que levaram o Papa santo a enviar a mencionada missão . Com efeito , tendo Etelberto ( ou Edilberto) se tornado rei de Kent em 559, conseguiu em menos de 20 anos estabelecer seu domínio em grande parte do país. Casou-se com Berta, filha do rei de Paris, o qual condicionara a união ao direito de sua filha professar a verdadeira Religião. Um bispo acompanhou-a então à Inglaterra.
Papa impede <lesistê11cia dos missionários Praticamente nada se conhece da vida de Santo Agostinho antes de sua entrada no mosteiro de Santo André, antiga casa paterna de São Gregório. Foi na qualidade de prior desse mosteiro que se deu sua escolha pelo Sumo Pontífice para chefiar os 40 monges enviados à Inglaterra.
De passagem pela Gália, o grupo de missionários deveria procurar em Arles - a primeira Sé das Gálias - o bispo São Virgílio. "Eu não duvido que recebereis Agostinho e seus companheiros com uma doce benevolência, que os encherá de consolação ", diz São Gregório em carta a São Virgílio. Entretanto, sempre vigilante, acrescenta: "Ao mesmo tempo, examinai esses missionários, e se notardes neles qualquer coisa de repreensível, adverti-os, corrigi-os, para que eles estejam aptos a operar a conversão dos povos. Que Deus vos tenha em sua guarda, meu reverendíssimo irmão ":2 Ora , tendo chegado à Gália , o grupo de missionários recebeu notícias muito desanimadoras da situação na Inglaterra. O próprio Agostinho voltou, a fim de propor ao Papa de rever a questão. São Gregório enviou então aos monges enérgica carta incitando-os a seguir avante.
No Natal, a co1wersão de Santo Etelberto São Beda, o Venerável , descreve a entrada de Santo Agostinho e de seus monges em Kent, carregando "a santa cruz junto com uma pintura do soberano Rei, Nosso Senhor Jesus Cristo ". 3 O grande orador sacro francês Bossuet comenta: "A história da Igreja não tem nada de mais belo do que a entrada do santo monge Agostinho no reino de Kent, com 40 de seus companheiros ".4 Santo Agostinho, cuja estatura sobressaía à dos demais, era alvo de todos os olhares. Os monges foram bem acolhidos em Kent por Etelberto, que lhes con- · cedeu licença para pregar. "A evidente sinceridade dos miss ionários, sua retidão, sua coragem nas provações e, sobretudo, o caráter desinteressado do próprio Agostinho e a nota não mundana de sua doutrina causaram pro.fimda impressão na mente do rei. Ele p ediu para ser instruído na f é católica, e seu batismo foi marcado para o dia de Pentecostes ". 5 No dia de Natal de 597, mais dez mil saxões, a exemplo do rei, receberam o batismo.
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Como prova da sinceridade de sua conversão, o rei Etelberto cedeu a Nosso Senhor seu palácio, que desde então se tornou a catedral de Cantuária e Sé principal da Inglaterra. Elevado mais tarde à honra dos altares, dele diz o Martirológio Romano (em 24 ou 25 de fevereiro, conforme o ano) : "Na Grã-Bretanha, Santo Edilberto, rei de Kent, que Santo Agostinho, bispo dos Anglos, convertera à f é de Cristo". "Um historiador antigo diz que a rapidez das conquistas de Agostinho era ef eito não só do zelo do santo missionário e do espetáculo de suas virtudes, mas também das maravilhas que Deus operava por seu ministério ".6
Exaltação papal pelo sucesso apostólico Ao saber o que ocorria na Inglaterra, o Papa santo escreveu a Santo Agostinho: "Glória a Deus, glória a Deus no mais alto dos Céus; glória a Deus, que não quis reinar somente nos Céus; [.. .} cujo amor nos envia a buscar até nas ilhas da Britânia irmãos desconhecidos; ciua bondade nos faz encontrar o que buscávamos sem conhecê-lo. Quem poderá contar a exaltação de todos os corações fiéis pelo fato de a nação inglesa, pela graça de Deus e vosso trabalho fraternal, estar inundada da santa luz e se prosterna diante do Deus Todo Poderoso ? ".7 Sabendo que muito desse sucesso era devido aos inúmeros milagres operados por Agostinho, São Gregório o exorta à humildade, eleva-o a arcebispo de Kent e lhe dá sábios conselhos sobre a organização da missão no país. Santo Agostinho foi então receber a sagração episcopal das mãos de São Virgílio, retornando em seguida para seu campo de batalha, pois a messe era grande e poucos os operários. Por isso pediu reforços a São Gregório, recebendo pouco depois um novo grupo de monges. Entre eles se destacavam São Melito, um de seus sucessores na Sé de Cantuária; São Justo, mais tarde bispo de Rochester e arcebispo de Cantuária; e São Paulino, depois arcebispo de York. São Gregório lhe envia em 601
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o pálio arquiepiscopal , dando-lhe o poder de erigir quantos bispados julgasse conveniente.
Atitude anti-apostólica e castigo atingem o clero Como a seara era muito abundante e poucos os missionários, Santo Agostinho apelou para o clero celta, do outro lado da Ilha. Mas este se esquivou, chegando o abade de Bangor - sua principal autoridade, cujo mosteiro possuía três mil monges - a responder ao santo: "Não, não pregaremos afé a essa cruel raça de estrangeiros, que traiçoeiramente expulsaram nossos ancestrais de seu país e despojaram a posteridade deles de sua herança ". Diante dessa recusa tão pouco cristã, Santo Agostinho respondeu-lhe: "Pois que não quereis ensinar aos ingleses o caminho da vida, recebereis deles o castigo da morte". Essa profecia realizou-se alguns anos mais tarde quando Etelfrido, rei dos anglos, ainda pagão, invadiu a região onde estava o mosteiro de Bangor, e vendo que os monges rezavam pela vitória de seu oponente, matou impiedosamente mais de mil deles. Conservaram-se duas cartas de São Gregório a Santo Agostinho, a segunda das quais é resposta a um questionário que ele enviou sobre dúvidas a respeito de como agir na Inglaterra. 8 O Papa aconselha o Apóstolo da Inglaterra a não destruir os templos pagãos, mas a purificá-los, consagrando-os ao verdadeiro Deus; a não extinguir com violência certos costumes dos gentios, mesmo quando não fossem muito louváveis - com tal de não serem absolutamente incompatíveis com a Religião; a dissimular e passar por cima, até que essa nova planta esteja forte e seja capaz de abraçar inteiramente todo o rigor da disciplina eclesiástica. 9
Convertidos, forneceram grandes missionários Baldadas suas tentativas para persuadir os bispos celtas de se submeterem à autoridade de Santo Agostinho, viu-se São Gregório Magno obrigado
a estabelecer bispos romanos em Londres e Rochester, em 604, pouco antes de morrer. Ele também fundou uma escola para a formação de sacerdotes anglo-saxões. Santo Agostinho, por sua vez, consagrou bispo seu futuro sucessor, São Lourenço de Cantuária. E também morreu em 604, dois meses após São Gregório Magno, seu grande benfeitor. Em seu livro Morais, o Papa santo escreve a respeito da conversão dos ingleses: "Os ingleses, que antes não sabiam senão uma língua bárbara, começaram a louvar a Deus em língua hebraica; e o oceano, que estava antes dilatado e .filrioso, está agora siueito e vassalo dos servidores de Deus. Os povos 01g ulhosos, que os príncipes da Terra não podiam domar p elas armas,foram subjugados p elas palavras simples dos sacerdotes". 10 Toda essa epopeia viria a desmoronar-se no século XVI pela lubricidade de um rei adúltero - Henrique Vlll - que para satisfazer suas paixões separou a Inglaterra da verdadeira Igreja, fundando uma igreja cismática e depois herética da qual se tornaria a cabeça. • E-ma il para o autor: catolicisrno@terra com b_r Notas:
1. Cfr. Andrew A. MacErl ean, Saint Germain, bishop of Auxerre, Th e Catholic En cyclopedia , CD Rom edition . 2. Les Petits Bollandi stes, Saint Virgi/e, Religieux de l érins, Vies des Saints, Bloud et Barrai, 1882, 101110 111 , p. 161. 3. Corneliu s Clifford, Saint Aug ustin e of Camerbwy, Th e atholi c Encyclopedia, DC Rom edition. 4. Les Petits Bollandi stes, Saint Augustin de Canterbwy , tomo VI , p. 195 . 5. Cornelius Clifford, op. cit. 6. Pe. Pedro de Ribadeneira, S.J ., San Agustín, obispo e conf esor, Fi os San ctorum, in Eduardo Mari a Vilarrasa, La Leyend a de Oro, L.Gon zá lez Y Co mpaíli a - Editores, Barcelona, 1896, tomo li , p. 344. 7. Apud Fr. Ju sto Perez de Urbe l, O. S.B. , San Agustín de Canterbwy , Ano Cri sti ano, Edi ciones Fax, Madri , 1945, tom o 11 , pp. 469-470. 8. Livro XI , Carta 64, in St. Gregory 1, l ellers, The Catholi c Encyclopedia, CD Rom edition. 9. Cfr. Les Petits Boll andi stes, Saint Grégoire /e Grand, tomo Ili , p. 37 1. 1O. Les Petits Boll andistes, id. , p. 372.
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DISCERNINDO
Aborto a granel I]
Cio ALENCASTRO
ma proposta do Conselho Federal de Medicina (CFM), a ser enviada ao Senado, propugna pela liberação do aborto até a 12ª semana de gestação. A finalidade é influenciar os senadores que debatem naquela Casa legislativa o infausto projeto de Código Penal , que entre outras aberrações propõe uma ampla liberação da matança de inocentes no seio matemo. Mas o CFM vai ainda mais longe do que o projeto, pois, diferentemente do texto legislativo em discussão, não exige qualquer aprovação ou opinião de médico ou psicólogo para que se efetue o aborto. Bastará à gestante querer ver-se livre de seu filho, para poder fazê-lo ... " legalmente" até a 12" semana de gestação. Dada a conhecer pela imprensa , essa proposta do CFM serve larga mente aos objetivos dos abortistas mai s assanhados. Imediatamente se regozij aram com a iniciativa as tais "Católicas pelo direito de decidir", uma ONG feminista que usa de modo indev ido o nobre título de "católicas" para melhor fazer engolir suas posições anticatóli cas. Para o presidente do CFM, Roberto D ' Ávila, "o País precisa avançar" ("O Estado de S. Paulo", 21-3-13). Para onde? perguntamos nós. Para o abismo? Mas, felizmente, o pronunciamento do CFM não tem o apoio da generalidade dos médicos brasileiros. Mesmo entre os conselheiros não foi aprovado por unanimidade, pois a terça pa1te deles se manifestou contra. A Regional de Minas Gerais votou em bloco contra a liberação do aborto. Afirmou o preside nte do CRM-MG, João Batista Soares: "enquanto médi-
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cos, entendemos que nossa obrigação primeira é com a vida ". Soares teme ainda que o apoio ao projeto possa
passar o recado de que o médico está liberado para praticar o aborto (cfr. "Fo lha de S. Paulo", 2 1-3- 13).
* * * Os abortistas costumam temer os argumentos de índol e reli giosa, poi s conhecem a sua eficác ia junto ao público brasileiro. Por isso se esforçam para que o tema aborto não seja tratado sob o ângulo da reli gião, mas sim do ponto de vista da saúde da mulher. Isso é uma falácia por duas razões principai s. Primeiramente porque a Religião Católica não tem uma pregação contrária à saúde da mulher e não é verdade que o aborto seja propício ao bem-estar físico da gestante . Pelo contrário, e le é uma fonte de remorsos e sensação de má consciência que produz com frequência doenças psíquicas de todo gênero. Ademais, se a posição anti-abortista é apenas de quem pratica religião, isso significaria que o homem sem re li gião
pode matar à vontade! Quem poderá defender tal insânia? E m má hora o CFM entrou na liça para defender causa tão inglória. Entretanto, o tiro pode sair pela culatra, pois muita gente que estava desmobilizada por achar que o aborto não tinha condições de ser aprovado, levou um susto sa lutar ao se inteirar dessa declaração. Com isso acordou para luta, que se apresenta como muito necessária. Entre os diversos pronunciamentos co ntrários à proposta do CMF, destacamos o do presidente da Associação Paulista de Medicina, Dr. Florisval Meinão, e o do presidente da Associação Médica Brasileira, Dr. Florentino Cardoso (cfr. "O Estado de S. Paulo", 1-4-13). Os abortistas porém não dormem, e até o último momento podem excogitar uma cilada para aprovar a matança de inocentes. Não durmamos nós. Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil nos ajude e fo1taleça. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
Site da ONG ,,Católicas pelo direito de decidir" +-
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Biblioteca • Legalização do Aborto Existem 1 reglstro5 cadastrados.
ABORTO • Conversando li Gente se Entende Cartilha de Católicos lnstituclonnl
pelo Dlrolto de Decidir aborto é Uo evtden te e tão Intrigante que não há como fugir do debate sobre o mesmo. tlo Congresso tlaclonat tramita um projeto de lei sobre o aborto, que propõe a regutamentaç.\o de uma tet que já eKlstla hA mais de 50 anos. Os Meios de Comunicação Soctal deram multo destaque ao tenia e milhares de brastlelros e brasltetras tiveram a oportunidade de se pronunciar a respeito do nsunto, ficando milnlfes ta a opinião ravor~vel a essa regulamentaçào para uma grande parte da população.
A rt alldade do
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campanhas odttorlnl
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CATO LI C I SMO
A
fim de proporcionar um conhecimento mais profundo da doutrina mariana e o consequente incremento da devoção a Nossa Senhora, Catolicismo oferece a seus leitores, neste mês de maio dedicado esp·e cialmente à Mãe de Deus, alguns excertos do primeiro capítulo do livro Maria Santíssima como a Igreja ensina, de autoria do Pe. Émile Neubert, S.M. , traduzido recentemente para o português pela Editora Petrus (www.livrariapetrus. com.br). O autor nasceu em Ribeauville Pe. Émlle (França) em 1878 e faleceu em Friburgo (Suíça) em 1967, tendo escrito várias outras obras de mariologia. Esta, publicada em 1945 com o título original Marie dans le dogme, foi por ele dividida em duas partes: As junções de Maria Santíssima e Os privilégios de Maria. Quem considerasse apenas os títulos dos capítulos, a seguir reproduzidos, já teria uma noção do caráter excepcional dessa obra mariológica, a qual revela claramente as maravilhas, grandezas e privilégios com que Deus cumulou sua Mãe Santíssima, obra-prima da criação. Parte I Capítulo I -A Maternidade divina, grandeza fundamental de Maria Capítulo II - Maternidade espiritual, complemento da maternidade divina Capítulo III - A mediação universal Capítu lo IV - A missão apostólica de Maria Capítulo V - A realeza de Maria Parte II Capítulo VI - Imaculada Conceição Capítulo VII - A virgindade de Maria Capítulo VIII - A santidade de Maria Capítulo IX - Significado da Assunção Capítulo X - A Bem-aventurança de Maria No prefácio, o Pe. Neubert lamenta a falta de conhecimento dos católicos - por vezes até dos mais devotos - a respeito de Nossa Senhora. Com efeito, ele escreve: "Somos obrigados a reconhecer que o avanço dou-
trinário [sobre o conhecimento de Maria} só se afirmou entre os teólogos. Não é necessário proceder a uma p esquisa minuciosa para constatar a ignorância da grande maioria dos fiéis a respeito da Mãe de Deus, mesmo daqueles que se consideram instruídos, mas cuja bagagem mariológica se resumiria a algumas linhas contendo a enumeração dos principais privilégios e a afirmação do seu poder e bondade. "É fácil prever que, se a devoção a Neubert Maria se baseia menos no dogma do que no sentimento, será tão instável como o sentimento. Pode manifestar-se muito terna ou entusiasta em certos momentos, mas quase desaparece ou apenas subsiste com eficácia limitada em outros, nos quais ela sobretudo é necessária: nas tentações da idade crítica e na época das aspirações viris ao· apostolado. De uma doutrina rudimentar, não pode brotar mais que uma devoção amesquinhada. "Até essa devoção amesquinhada pode, em certas ocasiões, produzir resultados surpreendentes, que no entanto representam apenas uma ínfima parte do que obteriam os que são dotados de sólida devoção à Virgem. Quem conhece de perto certas almas mariais, encanta-se com as maravilhas de santidade e f ecundidade apostólica que nelas opera a união com a Mãe de Jesus. São essas as almas que 'descobriram a Santa Virgem '. Para a maioria, esse descobrimento ainda não se f ez ". *
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Embora os trechos que seguem não deem uma ideia completa dos ensinamentos expostos pelo autor, servirão entretanto para aumentar não somente a admiração pela grandeza d' Aquela que, segundo ele, "foi predestinada a dar Cristo ao mundo e o mundo a Cristo ", mas também o desejo de ler a íntegra da obra, que nos faz compreender ainda mais os ensinamentos contidos no inigualável Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Maria Grignion de Montfort. A Direção de Catolicismo
"De acordo com uma percepção comum, a maternidade divina não é somente a razão de ser das outras grandezas, mas também da própria existência de Maria "
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Capítulo I
A MATERNIDADE DIVINA, GRANDEZA FUNDAMENTAL DE MARIA
A
s grandezas de M aria podem ser divididas em dois grupos. O primeiro é constituído pelas que representam sobretudo funç ões: maternidade divina, maternidade espiritual, medi ação universal, papel de Mari a no aposto lado católico, realeza universal. O segundo grupo eng loba as grandezas que represe ntam privilégios concedidos a M aria em razão de suas funções, ou como consequências delas: Imaculada Conceição, virg indade, pleni tude de graça etc. [ .. .]
Signil1ca<lo da maten1idade divina A grandeza fund amenta l de Maria, razão de ser de todas as outras, é a maternidade divina. De acordo com uma percepção comum , a maternidade di vina não é somente a razão de ser das outras grandezas, mas também da própria ex istência de Mari a, po is E la fo i criada espec ificamente para tornar-se a Mãe de Deus. Na bul alnejf abilis, o Papa Pi o IX ensina, ao defi nir a Imac ulada Conceição de M aria, que "a origem de Maria e a Encarnação da Sabedoria
divina fora m decididas por um único e mesmo decreto ". A ssim, a maternidade divina expli ca tudo em Maria, e sem essa maternidade nada nela pode ser explicado. A importânc ia excepc io nal da maternidade divina torna evidente a necess idade de se entender bem o que ela significa, e deixar isso ma l expl icado equivale a deixar incompreendidos todos os privilégios da Virgem . Além di sso, neste caso nosso espírito se encontra di ante do mi stéri o da Encarnação em toda a sua profundidade, mais do que ocorre em re lação a outras grandezas de M ari a. O assun to ultrapassa também a doutrina marial propriamente di ta e se estende ao domínio da cri sto logia. [... ]
O títul o de Mãe de Deus não sign ifica , nem jamais signifi cou entre os fie is, aquil o de que N estório nos ac usava no sécul o V e certos protesta ntes e rac ionali stas nos acusam ainda hoj e, isto é, que consideramos Ma ri a como mãe da div indade, ou como uma espéc ie de de usa como as da mi to logia. Afirmamos sim que Mari a é Mãe de Deus, mas não que E la é mãe da d ivindade; Mãe de uma Pessoa que é Deus, e não mãe dessa Pessoa enquanto Deus. Para ente nder o que significa a matern idade divina, é necessário compreende r a un ião das naturezas divina e humana na pessoa de Jesus, ta nto quanto isso seja possível no que se refere a um mi stéri o. [ .. .] Entre a humanidade e a d ivindade de Nosso Senhor Jesus Cristo ex iste uma uni ão muito semelhante à do corpo com a alma, po rém não idê nti ca. 2 A natureza div ina e a humana fo rmam um único todo, uma única pessoa, de ta l modo que as ações de uma e outra podem ser atri buídas a essa pessoa, e E le pôde di zer: "Antes que Abraão existisse, Eu sou " (Jo 8, 58); e ta mbém: "Minha alma está numa tristeza mortal " (Mt 26, 38). A pessoa a que pertence m todas as ações de Cristo é di vina, pe lo que todas as suas ações, mesmo aque las prati cadas pe la natureza humana, tinham mérito infi nito, po is eram ações de Deus. Pode-se portanto afirm ar com toda rea lidade que Deus pregou, que Deus sofreu, que Deus morreu. Conseq uente mente pode-se também d izer que Deus nasce u. Acontece que a mulher da qual um ser nasce é sua mãe. Como Deus nasceu de Maria, Maria é Mãe de Deus. Poder-se-i a arg umentar que Jes us recebeu de Maria apenas seu corpo, e não sua d ivindade. Esta obj eção teri a valor no caso de uma uni ão moral, como aq ue la que N estório e lucub ro u, não porém no caso de uma uni ão substancial. O corpo que Maria gerou era, desde o primeiro instante, o de um Deus, portanto é de um De us que Maria se torno u Mãe . Da mesma for ma nós recebemos de nossas mães apenas o corpo, mas somos plenamente seus fi lhos . É verdade que a concepção de um corpo humano ex ige naturalmente a cri ação e a infusão da alm a, ao passo que a concepção operada em Mari a não ex igia naturalmente a união do F ilho de Deus com a hu mani dade que a Virgem concebia. N ão hav ia ta l ex igênc ia do ponto de vista natura l, porém existia do ponto de vista sobrenatura l, de modo mais sublime e mais d ig no de Deus e de Maria do
que tudo o que se passa na ordem natural. Tal concepção foi preparada por meio de virtudes e privilégios únicos: concepção virginal, só adequada a um Deus; concepção operada pelo Espírito Santo, a qual, de acordo com a explicação do anjo, fa ria do filho de Maria o próprio Filho de Deus; concepção consentida pela Virgem , somente após ter E la recebido a promessa de que culminaria com a geração de um Deus. Maria é realmente Mãe de Deus, da mesma forma que qualquer mulher é mãe de seu filho. De certa forma pode-se afirmar que Ela merece mais este qualificativo do que as outras mães. Em primeiro lugar porque ela sozi nha, sem a contribuição de um pai, formou aquele corpo que, desde o primeiro momento de sua existência, era o corpo de um Deus. Além disso, porque foi chamada a cooperar para essa função em condições únicas. Houve jamais uma mãe que, como Maria, foi escolhida por seu futuro filho e preparada por E le para essa função? Uma mãe que, como Maria, recebeu do Céu o aviso da mi ssão rese rvada ao seu filho e o convite para consentir em tal missão? Uma mãe que, como Maria, cooperou com as intenções de Deus sobre seu filho e sobre E la mesma, e se submeteu plenamente às consequências dolorosas dessa cooperação? Num exame superficial, podemos ser tentados a acreditar que se joga com as palavras quando se dá a Maria o qualificativo de Mãe de Deus. Porém um exame atento nos leva a indaga r se é possível imaginar uma maternidade de tal modo verdadeira e de tal modo plena como a de Maria em relação ao Filho de Deus. Podem se r plen ame nte sat isfató ria s ao no sso espírito essas explicações e comparações qu e apresentamos? Respondemos qu e, se elas o pudessem, seriam certamente falsas , pois fariam desa parecer o fator mistério. Admitir que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus não re presenta dificuldade maior do que acreditar que Jesus nos resgatou verdadeiramente, sac rificando-se por nós na
CATOLICISMO
cruz; ou em professar que Ele nos une realmente à sua divindade quando nos dá o seu Corpo em alimento. Nos três casos o mistério é o mesmo - a união hipostática. A razão pode explicá-lo até certo ponto, mas só a fé pode obter de nós o assentimento.
A maternidade divina, verdade revelada A ideia da maternidade, embora sem usar a expressão, já estava contida muito claramente no conhecimento dos primeiros cristãos, e resultava naturalmente de duas verdades que lhes eram familiares: Maria é verdadeiramente Mãe de Deus; Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem. Não resta nenhuma dúvida de que Maria era reconhecida como Mãe de Jesus pelos judeus. Que Ele é homem, também o admitiam todos . E também era evidente aos olhos dos cristãos primitivos que Ele é Deus, pois havia falado e agido como só um Deus poderia fazer: atribuíam-se direitos que nenhuma criatura ousaria arrogar-se; pregava e mandava em nome próprio; perdoava os pecados por sua própria autoridade; fazia milagres por seu próprio poder; exprimia-se sobre suas relações com Deus como fazendo com Ele um .ser único. É possível que inicialmente os discípulos o tenham visto como sendo apenas o Messias, e que no fim de sua vida mortal alguns dentre eles tenham começado a reconhecer sua divindade, mas após a Ressurreição puseram-se todos a pregá-la abertamente. Desde antes de serem escritos ' os evangelhos, pelo menos os I três últimos, São Paulo havia proclamado Jesus "Aquele
que está acima de todas as co isas, o Deus eternamente bendito " (Rom 9, 5). Essa humanidade e essa divindade que os primeiros cristãos reconheciam no F ilho de Maria apresentavam-se a eles unidas na mais íntima união que se possa imaginar, a qual será mais tarde denominada hipostática. Daquele que acabava de ser batizado no Jordão, o Pai tinha dito: "Eis meu
·filho bem amado, no qual ponho minha complacência " (Mt 3, 17).
"O corpo que Maria gerou,
desde o primeiro instante, o de um Deus, portanto é de um Deus que Maria se tornou Mãe" Após atravessar o lago numa barca, Ele disse ao paralítico: "Homem, os teus pecados te são perdoados"; e como os fariseus se escandalizavam sobre esse poder de perdoar os pecados - pois só o reconheciam como pertencendo a Deus, mas Ele o atribuía a si mesmo - não argumentou que estariam sendo perdoados por Deus habitando em mim, ou por Deus ao qual estou unido, mas proclamou em alto e bom som que esse poder residia nele mesmo: "A fim de que saibais que o Filho do Homem tem na Terra autoridade para perdoar os pecados, [disse ao paralítico}: Levanta-te, toma o teu leito e retorna à tua casa" (Me 2, 1-12). São Paulo registrou num texto bem conhecido essa convicção dos primeiros cristãos sobre a união substancial da divindade e humanidade em Jesus: "Tende os sentimentos de Cristo Jesus, que subsistindo na natureza de Deus, não considerava uma usurpação a igualdade com Deus. Porém Ele se aniquilou, tomando a forma de servo e tornando-se semelhante aos homens, reconhecido como homem pela sua aparência" (Fil 2, 6-8). Portanto o Apóstolo afirmava que a natureza divina e a humana estavam reunidas em Jesus Cristo, e consequentemente Ele era reconhecido pelos primeiros cristãos como sendo ao mesmo tempo Deus e homem. Tendo Ele nascido de Maria, conferiam a Ela o título de Mãe de Deus. A dedução acima é de todo rigor, mesmo supondo-se que a Sagrada Escritura não aludisse também à divindade do seu Filho, nas partes em que menciona a Mãe de Jesus. Porém, de fato a divindade de Jesus está afirmada, ou pelo menos subentendida, em várias ocasiões em que se menciona sua Mãe. O anjo Gabriel afirmou a Maria que Ela se tornaria mãe sem perder a virgindade, porque "aquele que nascerá de ti será chamado Filho de Deus" (Lc 1, 34-35). Qualquer que possa ter sido para os judeus de então o sentido da expressão Filho de Deus, é fora de dúvida que a Virgem entendeu tal expressão como significando algo diferente do que eles entendiam por Messias. Com efeito, o anjo lhe explicou que o Messias que
nasceria dela respeitaria sua virgindade, precisamente porque tratava-se do próprio Filho de Deus. É fora de dúvida também que os primeiros cristãos, que ouviam contar ou liam a narração da Anunciação, atribuíam à expressão Filho de Deus o sentido Iiterai, o sentido pleno de segunda Pessoa da Santíssima Trindade, e que portanto Maria era para el es Mãe de Deus, de acordo com a declaração do enviado divino. No episódio da Visitação, entendiam que Isabel disse à sua jovem prima : "De onde me vem a graça de que
a Mãe do meu Senhor venha visitar-me?" (Lc 1, 43). Evidentemente Isabel dava à palavra Senhor o sentido que encontrara ou ouvira nos textos sagrados, isto é, que significava Deus. No próprio capítulo em que encontramos a perg unta feita por Isabel , a palavra Senhor é mencionada outras 15 vezes, todas elas com o significado de Deus. Por exemplo, logo após a saudação inicial , Isabel prossegue: "Ditosa
aquela que acreditou no cumprimento das co isas que lhe f oram ditas da parte do Senhor " (Lc 1, 45). Seguramente os primeiros cristãos entendiam ig ualmente neste relato a palavra Senhor no sentido de Deus, e aí viam Maria honrada como
Mãe de Deus. Do mes mo modo eles se lembravam de que Isaías, o maior entre os profetas messiânicos, havia predito que "uma virgem conceberá e dará à Luz Emanuel, que significa Deus conosco". Pouco importa o modo como os contemporâneos de Isaías ou o próprio profeta entendiam que o Filho da Virgem seri a Deus conosco . Para os primeiros cristãos, a palavra desi gnava Deus f eito homem, entendendo portanto que E la havia concebido Deus e o dera à luz, sendo portanto Mãe de Deus. Antes mesmo da publicação dos evangelhos, os cristãos ouviram de S. Paulo: "Quando se chegou à plenitude
dos tempos, Deus enviou seu Filho, concebido da mulher " (Gal 4, 4). Daí se conclui que essa mulher era Mãe do Filho de Deus. [ ... ]
Grandeza i11efável da mate1'11idade divil1a O título de Mãe de Deus soa tão familiarmente aos nossos ouvidos, que nem sequer conseguimos imaginar
sua espantosa grandeza . Por pouco que nos ponhamos a refletir sobre seu significado, a avaliar o que representa o fato de uma criatura humana ter sido escolhida para tornarse realmente a Mãe do Criador, invade-nos uma sensação como de vertigem. Percorrendo a escala de todos os seres em estado de graça - desde a criança recentemente batizada, passando pelos inúmeros graus de almas medíocres, almas fervorosas, almas santas, e pelas hierarquias celestes até chegarmos àquele anjo ou homem que ocupa a primeira posição entre os servos de Deus - diante de nossos olhos se abre um novo espaço, incomensuravelmente mais amplo, que se estende entre o maior dos servos de Deus e a Mãe de Deus. Segundo Caietano, "a maternidade divina toca nos limites da divindade ".3 Assim o explica Santo Tomás: "A Santíssima Virgem possui certa dignidade infinita, devido à sua
maternidade divina resultante do bem infinito que é Deus. Nada de superior a Ela pode ser f eito por tal Criado,; da mesma forma que nada pode existir superior a Deus".4 Ao contemplar essa grandeza, e após ter acumulado tít11los, qualificativos e comparações, os santos concluiram sempre por confessar que nenhuma palavra humana poderia exprimi-la, nenhuma inteligência humana poderia compreendê-la. 5 Na verdade, nem a própria Virgem Maria, nem a inteligência criada do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, pode compreendê-la inteiramente,6 pois para compreender em toda sua plenitude a dignidade da Mãe de Deus seria necessário compreender plenamente a dignidade de Deus, seu Filho. Os próprios inimigos do culto de Maria, pelo menos os que mantiveram a fé na sua maternidade divina, por vezes têm manifestado seu espanto ante tal elevação. Lutero escreveu sobre Ela palavras que um Padre da Igreja teria podido subscrever: "Essa maternidade divina Lhe
valeu bens tão altos, tão imensos, que ultrapassam todo entendimento. Daí Lhe vem toda honra, toda santidade, a ponto de ser a única pessoa superior a todas, em todo o gênero humano, e à qual nenhuma se iguala, pelo fato de possuir tal Filho em comum com o Pai celeste. O simples título de Mãe de Deus contém toda honra, pois nenhum outro a pode exprimir, ainda que houvesse na Terra tantas línguas quantas são as flores e ramos de ervas, quantas são no céu as estrelas, e no mar os grãos de areia ".7
"Graças à maternidade divina, Maria tornou-se Esposa do Espírito Santo, pois foi mediante a ação do Espírito Santo que Ela concebeu Jesus" No século XIX, o anglicano Pusey, depois de ter chocado todos os católicos de seu país com seus ataques contra a devoção da Igreja a Maria, confessou que, por assim dizer, tinha sido "tomado de assombro quando pela primeira vez, como num relâmpago, brilhou diante do seu espírito a verdade de que uma criatura humana havia sido colocada tão perto de Deus, acima dos coros de Anjos e Arcanjos, Dominações e Potestades, acima dos Querubins que comparecem diante de Deus, dos Serafins com seu amor ardente, acima de todos os seres criados, a única em toda a criação e em todas as criações possíveis, pelo fato de que, no seu seio, se dignou tornar-se consubstancial com Ela aquele que é consubstancial com o Pai". 8
A Mãe de Deus e a Sa11tíssima Tl'imlade É possível considerar alguns aspectos especiais dessa dignidade, não tanto a fim de a compreender, mas de melhor conjeturar sobre tal sublimidade. Veremos esses aspectos nas relações da Mãe de Deus com a Santíssima Trindade, nas que existem entre a maternidade divina e os outros privilégios de Maria, e ainda nos que a Virgem compartilha com o resto da Criação. Tornando-se Mãe de Deus, Maria associou-se ao Pai na criação de Jesus, no sentido de que a mesma Pessoa que é F ilho de Deus é também Filho dela. O Pai gera eternamente o Filho, como Deus; Maria o gera no tempo, como homem. Porém não há dois filhos, dois seres gerados, pois o mesmo filho é Deus e homem. Como o Pai não cessa de gerar seu Filho, gera-o como Deus ao mesmo tempo em que Maria o concebia como homem. Da mesma forma que o Pai, Maria pode dizer de Jesus: "Eis meu Filho bem amado, no qual pus minha complacência". Maria pode ainda ser denominada Filha privilegiada do Pai. Toda-s as almas em estado de graça são filhas de Deus. Maria, por causa de sua maternidade divina, é filha de Deus por muitos motivos especiais: 1) Porque Deus a tomou como sua Filha, antes de todas as outras criaturas. Por uma anterioridade de importância, e não de tempo, pois Deus não está restrito ao tempo, para E le tudo está no presente. Nosso Senhor Jesus Cristo é "o primogênito entre todos os filhos" (Rom 8, 29), e como a noção de Filho de Deus feito homem lem-
bra imediatamente a de sua Mãe, Maria é a primeira em importância entre todas as puras criaturas, a primogênita de todos os filhos de Deus, "que a escolheu, e a escolheu antes - elegit eam et prcelegit eam ". 2) Porque, sendo concebida em graça devido à sua vocação para a maternidade divina, dentre todos os filhos de Adão Ela era F ilha de Deus desde o primeiro momento de sua existência. 3) Porque E la foi amada por Deus e emiquecida de prerrogativas em medida absolutamente excepcional. Neste sentido, pode-se dizer que Ela é Filha única de Deus. 9
Com relação ao Fi lho de Deus, Maria preenche as funções e usufrui os direitos de uma mãe em relação ao seu filho. Como toda mãe - melhor que todas elas, pois Jesus era somente dela - Maria formou com sua própria substância a substância de seu Fi lho, e se prolongava nele. Depois de dar a ex istência humana àquele que criou o mundo, nutriu com seu le ite quem alimenta todas as criaturas, vestiu quem reveste de luz os seus anjos e ado rna os lírios cios campos, carregou em seus braços quem sustenta o universo. Bem ma is do que isso, E la dava ordens ao Senhor soberano do Céu e da Terra, pois exercia sobre E le autoridade de verdade ira mãe. Como mãe, pouco a pouco Ela conduz ia a sua educação humana, fazendo o F ilho ele Deus atingir o pl eno desenvol vimento de todas as suas fac uldades. Q uando amava seu Fi lho com amor materno, sobretudo Ela amava a Deus. Sendo Maria verdadeira Mãe de Deus , seu F ilho que é Deus cumpria diante dela todos os deveres da piedade fi lial: obedecia, venerava, assistia, amava com um amor único, amor fili a l. Atualmente, como se confere a Maria o título de Esposa do :E;spírito Santo, parece contrad itório denominá-la ao mesmo tempo Mãe e Esposa de Jesus, por isso se dá preferência àquele título. Mas os autores antigos atribuíram por vezes a Maria o título de Esposa do Verbo, tendo em v ista que : l) Todas as a I mas fieis , sobretudo as almas virgens, apreciam seu qualificativo de esposas de Jesus, porque se dão inteiramente a Ele. A Virgem das virgens é a este título sua Esposa por excelência. 2) Graças a Maria, de algum modo o Verbo desposou a natureza humana desde a Encarnação. 3) Maria é a nova Eva, ao lado do novo Adão que é Jesus Cristo. 4) Como a Igreja, E la é a esposa imaculada de Cristo. 10 Graças à maternidade divina, Maria tomou-se Esposa do Espírito Santo, pois foi mediante a ação do Espírito Santo que E la concebeu Jesus. De fato toda a Santíssima Trindade cooperou para o mi !agre que a tomou fecunda, no
entanto essa obra é atribuída por apropriação ao Espírito Santo, porque se trata antes de tudo de uma obra de amor, e o Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho. Consequentemente, o fato de o Pai e o Filho terem cooperado para produzir a humanidade de Jesus não subtrai nada à ação do Espírito, e é plenamente verdadeiro o que professamos diariamente no Credo: "[. ..} foi concebido do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem"; e verdadeira também a saudação que fazemos a Maria como Esposa do Espírito Santo. O Papa Leão XIIl, na encíclica Divinum Illud (95-1 897), refere-se a Maria como "Esposa imaculada do
Espírito Santo ". Elevando Maria à di g nidade de Mãe de Deus, as três Pessoas divinas estabeleceram com E la relações de uma sub limidade incompreensível ; mas além disso, por essa mesma maternidade, Maria confere às Pessoas divinas uma glória nova e única, motivo pelo qual Ela tem sido por vezes chamada Complemento da Santíssima Trindade. 11 Intrinsecamente - ou seja, dentro de si mesma - nada falta à adoráve l Trindade, pois Deus é infinitamente completo, inf;in itamente perfeito e infinitamente feliz. Mas extrinsecamente - na glória e no amor que a lcançam a Trindade a partir do exterior e da sua relação sobre o exterior - Maria contribui de modo muito especial como instrumento, e não como causa principal. 12 Graças à maternidade divina de Maria, o Pai adquire sobre o Filho - que é igual a E le na sua natureza e nas suas perfeições uma autoridade real. Recebe desse Filho encarnado manifestações de respeito, submissão e abandono, homenagens de adoração e amor superiores às que lhe são rendidas por todo o conjunto das criaturas. O Pai ouve o Filho proclamar: "Meu Pai é maior que eu" (Jo 14, 28); contemp la-o oferecendo um sacrifício digno dele: "Não quisestes nem sacrifícios
nem oblações, porém preparastes para mim um corpo; os holocaustos e vítimas expiatórias pelo pecado não vos foram agradáveis, portanto eu vos disse: Eis-me aqui, ó Deus, eu venho para fazer a vossa vontade" (Hebr l O, 5-7). E le sabe que ininterruptamente o Fi lho se dedica a revelar seu Pai aos homens, convidando-os a abandonar-se
"Dentre todas as criaturas humanas, somente Ela foi concebida sem pecado. Só Ela foi preservada de toda concupiscência. Foi a única que sempre correspondeu plenamente aos menores desejos de Deus" a Ele com toda confiança, a orar todos os dias: "Pai nosso que estais nos céus". Os homens, por seu lado, compreendem melhor esse Pai depois que conheceram seu Filho nascido de Maria, e instintivamente reconhecem que esse Pai celeste é verdadeiramente seu pai ao constatarem ao seu lado a presença da Mãe celeste. A maternidade divina de Maria confere ao Filho uma existência nova, uma existência temporal. Graças a essa maternidade, o Filho pode render ao Pai homenagens de submissão e adoração, reconhecimento e reparação, que sua natureza divina não lhe permitiria oferecer. Trata-se de homenagens reais, pois vêm de uma natureza inferior, no entanto são infinitamente agradáveis, posto que oferecidas por uma Pessoa divina. No que se refere aos homens, a maternidade divina tornou o filho o Bem Amado da humanidade. Para o Filho dirigem-se nossos pensamentos, nossos afetos e nossas vontades, antes que ao Pai ou ao Espírito. É pelo Filho que se vive, se trabalha, se imola e se morre. Foi pelo pensamento nesse Filho crucificado que os mártires alegremente deram sua vida. É ao Filho, esposo das almas, que as virgens se sentem estimuladas a consagrar sua pureza. É ao Filho na Eucaristia que os desejos ardentes de milhares de crianças inocentes e de almas amorosas de todas as idades e condições se voltam. É aos pés do Filho consolador, força e vida, que comparecem todos os que sofrem, sentem-se fatigados ou desalentados. Ele é assim o centro de nossas almas, o centro da religião e da humanidade, e isto se deve à maternidade divina. Sendo o Espírito Santo infecundo no que se refere à processão divina, graças à maternidade divina de Maria Ele recebeu fecundidade para gerar o Filho, contribuindo para dar-lhe um corpo. Ao mesmo tempo em que torna esse Filho o ·grande adorador do Pai e o Bem Amado da humanidade, adquire sobre Ele uma autoridade, à qual o Filho se submete durante toda sua vida, como indica o Evangelho: "Jesus foi então conduzido pelo Espírito ao deserto " (Mt 4, l); "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me coriferiu a unção" (Lc 4, 18). Em relação aos homens, o Espírito Santo exerce uma fecundidade análoga por meio de Maria, gerando nas almas a vida de Jesus, fortificando-a e conduzindo-a com Ela à perfeição.
Por sua natureza, Maria é infinitamente inferior à divindade. Sem esquecer que entre Deus e Maria existe toda a distância que separa o agente principal do instrumento, devido às suas funções Maria foi introduzida, em certo sentido, na própria família de Deus, tão próximo da adorável Trindade. O que a grandeza da maternidade divina mostra, em segundo lugar, são as relações entre esse privilégio e os outros privilégios da Mãe de Deus. Cada um deles situa Maria numa categoria à parte. Dentre todas as criaturas humanas, somente Ela foi concebida sem pecado. Só Ela foi preservada de toda concupiscência. Foi a única que sempre correspondeu plenamente aos menores desejos de Deus. A única plena de graça. A única que é virgem e mãe. Só Ela foi solicitada por Deus a dar seu consentimento para o resgate do mundo . É a única distribuidora de todas as graças. Todos esses privilégios da Virgem decorrem estritamente da sua maternidade divina, em relação à qual eles são a preparação ou a consequência, e nenhum deles lhe teria sido concedido sem essa maternidade. Para avaliarmos quão grande é o significado dessa maternidade, basta ter em vista que cada um dos seus requisitos ou consequências constitui prerrogativa tão gloriosa e tão excepcional que torna a Virgem uma criatura absolutamente única.
A Mãe <le Deus e o restante da criação A grandeza da maternidade divina se deduz, em terceiro lugar, da categoria à qual essa dignidade eleva Maria em relação ao restante das criaturas. As características singulares dessa categoria não podem deixar a menor dúvida: todas as outras criaturas, mesmo os mais sublimes serafins, são apenas servos de Deus, porém Maria é Mãe de Deus. Quantos desses servos valem uma mãe? Quis o Criador elevar os seus servos à dignidade de filhos. Por filiação adotiva, sem dúvida, mas não como as adoções humanas, que constituem uma ficção legal. Tratase de uma realidade íntima, que atinge a profundidade do ser e nos comunica a vida de nosso Pai celeste, nos torna "participantes da natureza divina " (2 Ped 1, 4). Sem dúvida, dignidade incomparável. Não obstante, a dignidade da maternidade divina a
MAIO2013
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eleva incomensuravelmente acima da que tem um filho de Deus. Não só porque em qualquer família a dignidade da mãe é superior à dos filhos, mas sobretudo porque a elevação da maternidade divina ultrapassa de modo inconcebível a da nossa filiação. Por sua realidade, tanto quanto por sua dignidade, nossa filiação é superior a qualquer outra adoção, porém permanece uma filiação adotiva, pois só Jesus é F ilho de Deus por sua própria natureza. Porém Maria não é mãe adotiva do Fil ho de Deus, e sim sua Mãe verdadeira. Por sua maternidade divina, Maria pertence à ordem hipostática. Não pertence à união hipostática, e sim à ordem hipostática, ou seja, ao conjunto das realidades que se orientam diretamente para essa uni ão, da mesma forma que a ordem da graça compreende o conjunto das
realidades que se orientam diretamente para a união com Deus por meio da graça habitual. Como Mãe de Jesus, Maria contribuiu com a natureza humana de Cristo, que é um dos dois elementos da união hipostática, e desde o primeiro instante a natureza humana de Cristo esteve unida hipostaticamente à divindade do Verbo . Da mesma forma que a ordem da graça ultrapassa de modo incomensurável a ordem da vida natural , também a união hipostática ultrapassa de modo incomensurável a ordem da graça, e ainda a ordem da glória. Maria ocupa portanto um lugar destacado na criação, infinitamente abaixo de Deus, mas incomparavelmente acima de todas as outras criaturas. Quando pela primeira vez se leem algumas expressões dos santos, onde afirmam que Deus preferiria a Santíssima Virgem ao conjunto de todas as outras criaturas, e que lhe concedeu uma graça superior à de todos os anjos e santos reunidos, pode-se ser tentado a qualificar tais expressões de exageradas. No entanto, o fato espantoso não é que a Mãe de Deus seja superior ao conjunto de todas as outras criaturas, e sim que uma criatura tenha sido elevada à dignidade de Mãe de Deus.
A maternidade divina, função de amor A maternidade divina é uma grandeza tão sublime, que nos arriscamos a ver nela somçnte sua sublimidade, esquecendo que ela é uma função de amor, mais ainda do que qualquer outra maternidade. Certos autores afirmam que a humilde Virgem teria preferido a este seu maior privilégio algum outro, como sua Imaculada Conceição, sua virgindade, sua participação nos sofrimentos de Cristo. O que parece justificar essa maneira de ver são algumas palavras de Nosso Senhor e da Santíssima Virgem. Quando uma mulher do povo, enlevada de entusiasmo diante do poder e da sabedoria de Jesus, bradou
"bem-aventurados o ventre que vos gerou e os seios que vos amamentaram", o Mestre respondeu: "Antes bem-aventurado quem ouve a palavra de Deus e a põe em prática" (Lc 11 , 2728). Com esta retificação, não teria Ele declarado que acima da felicidade de ser Mãe de Deus está a felicidade de ser fiel à palavra de Deus? A própria Virgem, quando o anjo Gabriel anunciou que Ela seria Mãe de Deus, replicou : "Como se fará
isso, se não conheço varão?" (Lc 1, 34). Não terá Ela mostrado então que preferia sua virgindade à maternidade divina?
"A única plena de graça. A única que é virgem e mãe. Só Ela foi solicitada por Deus a dar seu _c onsentimento para o resgate do mundo. , E a única distribuidora de todas as graças" Não se pode po1tanto sustentar esses pretensos argumentos escriturais, é preciso exam inar a questão em si mesma. Se quisermos ver na maternidade divina apenas o fato fisiológico - o qual , mesmo sob este aspecto limitado, seria superior como dignidade à filiação adotiva - seria evidentemente preferíve l a ele o menor grau de graça santificante, e sem nenhuma dúvida Maria teria co locado acima de tal honra a fel ici dade que lhe podia trazer a lgum outro privilégio: a Imaculada Conceição, que lhe possibilitou ter sido sempre a bem amada de Deus, capaz de amar seu Criador desde o prime iro momento de sua existência; sua virgindade, que lhe permitiu amar a Deus sem compartilhamento; sua associação com Cristo sofredor, que lhe possibilitou dar a Deus a prova suprema de seu amor. Na sua realidade concreta, a maternidade divina, tal como foi desej ada e reali zada por Deus e por Maria, acrescida de todos os privilégios e graças que lhe trouxe, é infinitamente amada pela Virgem . Tanto que, sob a inspiração do Espírito Santo, lsabe l excla mou : "Bem-
aventurada sois, por ter acreditado no cumprimento das coisas anunciadas p elo Senhor! ". E Maria, enl evada num entusiasmo divino, cantou: "Minha alma glorifica o Senha,; e meu espírito exulta de alegria em Deus meu salvador. Eis que todas as gerações me chamarão bemaventurada" (Lc 1, 46-48).
Tais interpretações não têm fundamento. A resposta de Jesus à mulher que o enaltecia só tinha por objetivo combater ne la e nos que a c ircundavam um preconceito inveterado no espírito dos judeus, para quem os laços sanguíneos prevalecem sobre a conduta pessoal. Limitava-se a lhes mostrar que praticar a le i de Deus tem maior valor do que ser mãe de um profeta. Jesus não pretendi a definir nada relativámente à matern idade divina de Maria, que tanto aquela mulher quanto a multidão ignoravam. Quanto à pergunta de Maria a Gabriel , trata-se de um pedido de explicações, não de uma objeção. Maria deseja saber como poderá cooperar com as intenções de Deus a seu respeito, tendo em vista que E la é virgem. Não lhe vem ao espírito que Deu s lhe pede para abandonar o voto de virgindade. Se tal ide ia lhe tivesse ocorrido, demonstrari a insensatez em preferir suas tendências pessoais aos desejos de Deus. 13
A maternidade rejubila tanto o coração de Maria, não só porque Deus teve por bem acrescentar a ela toda sorte de favores sobrenatura is. Pelas próprias exigências da sua natureza, a maternidade divina foi fonte de infinita alegria para Maria, poi s em relação ao próprio Fi lho de Deus encarnado ela comporta tudo o que signifi ca uma mãe humana em relação ao seu filho . Toda verdadeira maternidade humana supõe um amor único da mãe pelo filho , e atrai como consequência um amor único do filho por sua mãe. Sem esse amor, a maternidade não passa de um ato animal, portanto uma maternidade monstruosa num ser humano. Como mãe de Cristo por verdade ira maternidade humana, Maria dev ia amar seu filho, e amá- lo por inteiro. U ma mãe humana ama o corpo de seu filho , porém mais ainda a sua a lma. E Maria, para amar inteiramente seu filho , não poderia limitar esse amor à humanidade de Jesus (corpo e alma), tinha que estendê- lo muito mais à sua di vi ndade. Portanto, devia necessariamente estar em
estado de graça. E Jesus devia amar sua Mãe como Deus e como homem, pois era inteiramente seu Filho, e por mais esta razão Ela devia possuir a graça divina. Como poderia amá-la, sendo Deus, se Ela tivesse sido sua inimiga? O que afirmamos acima é o que sempre entendeu a tradição cristã ao ensinar que o Todo-Poderoso fez de Maria uma digna Mãe de Deus. Assim o afirmou Santo Agostinho, declarando que a maternidade material não teria em nada beneficiado a Virgem Maria se Ela não se alegrasse mais em ter Jesus em seu coração do que em seu seio. 14 Ele escreveu: "Quando se fala de pecado, não
admito que o assunto possa alcançar a Santa Virgem, por causa da honra de Nosso Senhor ". Trata-se da honra do Senhor a propósito da maternidade divina. Santo Agostinho ainda afirma: "Essa tão grande graça foi dada a Maria porque Ela mereceu conceber Deus e dá-lo à luz". A Santa Igreja o professa na sua liturgia e nos seus documentos oficiais. Na oração da festa da Imaculada Conceição: "Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da
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Virgem preparastes uma digna habitação para vosso Filho". Na oração que se segue à antífona do Salve Regina: "Deus Todo-Poderoso, que preparastes pela cooperação do Espírito Santo o corpo e a alma da gloriosa Virgem Maria, para que ela merecesse tornar-se a digna morada de vosso Filho". Na bulalneffabilis, que definiu o dogma da Imaculada Conceição: "Convinha absolutamente que uma Mãe tão venerável brilhasse sempre com os esplendores da santidade mais perfeita". Segundo a doutrina da Igreja, a maternidade divina exigia não apenas o estado de graça, mas exigia-o no seu grau mais elevado possível. Ela o afirma expressamente, em especial na bulafneffabilis, a propósito da plenitude de graça em Maria. Pois Deus devia amar sua Mãe imensamente mais do que a qualquer outra criatura; e Maria devia amar seu Filho imensamente mais que às outras criaturas. Para que Maria, em todas as circunstâncias da sua vida, pudesse amar seu Filho com toda a perfeição concebível, toda a pureza, toda a fortaleza, toda a continuidade possível, Deus lhe concedeu junto com essa plenitude de graças uma multidão de outros privilégios realmente excepcionais. Para que pudesse amá-lo desde o primeiro momento de sua existência, criou-a imaculada; para que pudesse amá-lo sem estar limitado o arrebatamento desse amor, isentou-a de concupiscência; para tomá-la capaz de amar sem fraquezas, preservou-a de toda imperfeição; para poder amá-lo com exclusividade, tomou-a Virgem das virgens; para lhe permitir amá-lo com um amor que atingisse sua manifestação suprema, associou-a à sua Paixão redentora; para que o amasse com todo o seu ser, não tardou em unir seu corpo glorioso à sua alma bem-aventurada; para que esse amor se comunicasse a todas as criaturas, estabeleceu-a Mãe dos homens e distribuidora de todas as graças. Sendo função de amor, de acordo com a vontade de Deus, a maternidade divina está presente em todas as fases da sua realização, e foi o amor que preparou Maria para receber esse privilégio. Esse amor ultrapassava o dos serafins desde a sua Imaculada Conceição, e aumentou a cada instante até a vinda do mensageiro que lhe anunciou sua escolha. Pode-se dizer, de acordo com os santos e com a própria Igreja, que tal amor mereceu para Maria essa infinita dignidade. Não se trata de um mérito dela em caráter absoluto, pois uma dignidade tão sublime não podia, em estrita justiça, provir de uma pura criatura. Mérito de conveniência, portanto, pois Maria correspondeu o mais perfeitamente possível a todas as graças dessa maternidade. Maria recebeu essa incomparável dignidade numa perfeita disposição desse amor. São Lucas nos mostra o anjo Gabriel lhe anunciando os desígnios de Deus a seu respeito, e Maria pedindo explicações para inteirar-se bem de tais desígnios. Ela conhecia através dos profetas, e também pelo entendimento que Deus não podia negar-
1/
"Na maternidade divina há algo que nos toca de mais perto ainda do que essa honra: a Mãe de Deus é também nossa Mãe. Veremos que é pelo fato de ser Mãe de Deus que Maria é nossa Mãe" lhe, tudo que o seu consentimento acarretaria para Ela. A vontade de Deus era clara, e a Virgem só podia responder "Eis a serva do Senhor,faça-se em mim segundo a vossa palavra ". Resposta de obediência, resposta de amor, pois amar a Deus é fazer a sua vontade. Resposta também de um amor incompreensível, que permite ao Filho de Deus realizar por meio dela sua incompreensível obra de amor. Não foi somente por sua intensidade que o amor de Maria a Deus foi singular, mas também por tratar-se de um amor materno. Há na Terra muitas almas santas, e no Céu milhões de espíritos sublimes nos quais jamais houve pecado. Entretanto, o amor deles por Jesus jamais terá essa característica exclusiva do amor de Maria, que é o de ser materno. Somente Maria pode amar a Deus como seu Filho. O amor da jovem Virgem de Nazaré pelo pequeno ser que durante nove meses carrega e molda em seu seio; o amor da terna Mãe, contemplando em seu leito ou abraçando o mais belo dos filhos ; o amor da Mãe do divino adolescente, expandindo-se durante longos anos numa inefável intimidade; o amor da Mãe do Messias, acompanhando ansiosamente os êxitos e dificuldades do apostolado de seu Filho; o amor da Mãe dolorosa, unindose ao sacrificio da divina vítima. Todos esses amores só podem ser da Mãe de Deus. Maria os teria conhecido, sem a maternidade divina? Poder amar a Deus por um amor tão singular, foi a primeira bem-aventurança que a divina maternidade concedeu a Maria. Eis uma segunda, não menor que a primeira: saber-se amada por Deus com um amor ainda mais singular. Se o Filho de Deus quis que Maria fosse uma digna Mãe de Deus, também quis, desde o início, mostrar-se digno Filho de sua Mãe, e por isso quis amá-la com o amor filial que cabe a um Deus. Qual não terá sido a consolação de Maria, por se ver amada com um amor tão singular! ·[... ] Entre o amor de Jesus por Maria e seu amor pelos outros escolhidos existe ainda uma diferença não só de grau, mas também de natureza. Às outras criaturas, o Filho de Deus ama como se ama a servos, irmãos de adoção. Mas Jesus ama Maria como sua verdadeira Mãe. Ele a ama, e só a Ela, com amor filial, chama-a minha Mãe desde o início, quando ainda criança, depois como adolescente, depois como adulto, demonstrando um amor filial infinito.
Incomensurável é essa bem-aventurança de saber que Ele a amou com esse amor filial desde toda a eternidade, e que esse amor não terá fim, pois Jesus será sempre seu Filho, e sempre Ela será sua Mãe. Considerando pois a maternidade divina - não sob o aspecto abstrato de uma relação fisica com a humanidade de Cristo, mas sem separar o que Deus uniu - nós a contemplamos na sua realidade concreta, tal como ela é e deveria ser. Quem não conclui então que, dentre os privilégios da Virgem, é essa maternidade que goza de sua preferência? Qual outro privilégio lhe possibilita ao mesmo tempo amar tanto a Deus e ser por Ele tanto amada?
Pontos de vista cat6Jlco e protestante Dentre os protestantes, os que conservaram intacta a fé no mistério da Encarnação admitem a maternidade divina de Maria. No entanto, divergem de nós por não a considerarem uma fonte de grandezas incomparáveis. Para eles, Maria não passa de um instrumento fisico necessário à Encarnação, pois o Verbo precisava de uma mulher para ser gerado e nascer, e Maria foi essa mulher, mas qualquer outra teria servido para a mesma finalidade . Ser chamada para esta função constituiu para Ela, sem dúvida, uma distinção especial, mas segundo eles isso não resultou em nenhum mérito real. [.. .] Completamente diferente é a atitude dos católicos e a de certo número de cismáticos orientais. Aos olhos destes, Maria foi escolhida não apenas como instrumento fisico para uma obra material, e sim como o instrumento moral de um mistério divino, agindo de modo consciente e livre. Ela foi preparada, no que se refere ao seu corpo, para formar o corpo de Jesus. E quanto à sua alma, para tornar-se digna Mãe de Deus. Já mostramos como a atitude católica se justifica com base na Sagrada Escritura. Também a justifica o procedimento geral de Deus em relação aos instrumentos de que se serve para suas obras de misericórdia. Quando Deus quer servir-se do homem para punir culpados, geralmente o toma como instrumento inconsciente, não o elevando por isso a uma perfeição especial. Os madianitas e os filisteus, no Antigo Testamento, serviram muito bem para castigar os israelitas por sua idolatria; e Átila tornou-se o flagelo
de Deus no mundo cristão, sem para isso tomar-se santo. No entanto, tratando-se de desígnios de misericórdia, em geral Deus não se serve dos homens como instrumentos cegos. Mesmo não precisando de ninguém para realizar sua vontade, Ele se compraz em escolher certos homens para se tornarem cooperadores livres em suas obras de amor. Nesses casos, prepara os escolhidos para tal missão por meio de graças e aptidões especiais. Quanto mais a missão é sublime, mais as graças e aptidões são excepcionais. Aos 11 Apóstolos que escolheu para dar continuidade à sua obra, tornou-os santos. Cada vez que deseja estabelecerJ1a sua Igreja uma grande obra de amor, suscita como colaborador um homem de virtude extraordinária; basta lembrar os fundadores de Ordens religiosas e os grandes reformadores. Poderia Ele agir de modo diferente no que se refere àquela que viria a ser o instrumento de sua maior obra de amor aos homens? O que são todas suas outras obras, comparadas com a Encarnação? Não são elas simples preparações, ou então consequências parciais? Para suas missões secundárias, Deus sempre teve a preocupação de preparar dignos ministros (2 Cor 3, 6). O que não terá feito então no que se refere à criatura que escolheu desde toda a eternidade para essa obra infinita, em torno da qual gira toda a História do Céu e da Terra? A atitude dos católicos em relação a Maria Santíssima é a única compatível com nossa ideia do amor de um filho em relação à sua mãe, sobretudo quando Jesus Cristo é esse Filho. A mãe é a obra-prima de Deus, criatura maravilhosa, inefavelmente doce e terna, amorosa e sagrada. Para formar seu filho, a mãe dá não somente sua cooperação física. Mais ainda, põe a esse serviço sua inteligência, seu coração e sua vontade, tudo o que tem de melhor em si mesma, para transmiti-lo ao pequeno ser que é seu prolongamento. Nenhum outro dá de si tanto, nem durante tanto tempo, nem ao preço de tantos esforços, sacrificios e angústias. Existe algum outro amor criado que possa igualar-se a este? Ao amor materno corresponde a piedade filial. Todo filho bem nascido venera e ama sua mãe, tomando-a como um ser infinitamente santo. Seus defeitos pouco importam, ela é sua mãe, é soberanamente digna de respeito e afeição. A criança conhecerá outros sentimentos na sua vida, alguns deles mais arrebatadores, aos quais concederá algum espaço antes destinado ao amor filial. Porém jamais conhecerá outro tão puro e desinteressado, tão durável, tão apaziguador e nobilitante, pelo menos no campo da ordem natural. Nas pessoas cuja piedade filial não teve a quem se manifestar, falta algo essencial à alma, ainda que dotada de grande retidão. Naquelas em que a piedade filial deixou de existir, toda nobreza está definitivamente
extinta. Onde ela persiste, mesmo em meio ao vício, a esperança de uma ressurreição continua a brilhar. Deus é o criador da mãe, tornando-a essa maravilha. É também o criador da piedade filial, posta no coração de todos os filhos. Para que o filho jamais esqueça seus deveres em relação à sua mãe, deixou expressamente um Mandamento no Antigo Testamento, inscrito no alto da segunda Tábua da Lei. No Novo Testamento, o Filho de Deus feito homem reivindicou com altivez para a mãe os seus direitos, contra as deformações hipócritas dos fariseus (Mtl5,4-6;Mc7, 10-13).
Acaso não teria esse mesmo Filho de Deus compreendido as infinitas delicadezas do amor materno nem as sagradas obrigações da piedade filial? Se nós, apesar de todas as nossas maldades, daríamos à nossa mãe todas as perfeições que pudéssemos, teria tido o Filho de Deus menos amor à sua Mãe do que nós pelas nossas? Não a honraria Ele tanto quanto pudesse? O conceito católico sobre a Mãe de Deus corresponde simplesmente à convicção de que Jesus foi um Filho perfeito, no qual triunfou a piedade filial. Quanto ao conceito prqtestante, não passa da suposição de que a piedade filial não é uma virtude, ou então que Jesus teria sido um mau filho, pelo menos um filho que não conseguiu compreender um dos sentimentos mais delicados e mais puros do coração humano. [ ... ]
"Maria ocupa portanto um lugar destacado na criação, infinitamente abaixo de Deus, mas incomparavelmente acima de todas as outras criaturas ". O que procuramos contemplar nas páginas precedentes nos deixa entrever, ainda que vagamente, a glória inconcebível e a felicidade sem limites da Mãe de Deus. Dessa glória e dessa felicidade nós participamos, pois Maria nos pertence. Não foi entre os anjos, e sim na nossa raça decaída, entre as nossas irmãs em Adão, que Deus escolheu uma criatura para torná-la sua Mãe, elevando-a a tal grau, ornando-a com tal beleza, amando-a com tal amor, que ultrapassa tudo o que jamais fez por todas as inteligências celestes. Na maternidade divina há algo que nos toca de mais perto ainda do que essa honra: a Mãe de Deus é também nossa Mãe. Veremos que é pelo fato de ser Mãe de Deus que Maria é nossa Mãe. Os Padres da Igreja afirmam: "Deus se tornou homem para que o homem se torne Deus". E podemos acrescentar: "Tornando-se homem, Deus tomou paras i uma Mãe humana, para que o homem tivesse por Mãe a Mãe de Deus ". • Notas:
l. Editions Spes, Paris, J945. 2. A alma humana só constitui normalmente uma pessoa quando em união com o seu corpo, ao passo que o Filho de Deus era uma Pessoa antes da sua união com a natureza humana. 3. Caietano, Commentaires de la Somme, 2, 2, q. 103, a. 4, ad. 2. 4. Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1, q. 25, a. 6, ad. 4. 5. Terrien, La mere de Dieu, parte 1, cap. 2. 6. Bula Jneffabilis. 7. Super Magnifi-cal, citado por A. Nicolas, La Vierge Marie d'apres l 'Évangile, p. 13 . 8. Eirenikon, parte li, p. 24. 9. Maria é filha não somente do Pai, mas de toda a Trindade Santíssima. No entanto, como a paternidade é atribuída à primeira Pessoa - por apropriação, de acordo com a terminologia dos teólogos - pode-se também dizer, por apropriação, que Maria é a Filha privilegiada de Deus Pai. 1O. Ver Terrien , op. cit., t. 1, cap. Ili. 11. A expressão·Complemento da Santíssima Trindade pode gerar certa ambiguidade, implicando que a Trindade precisou ser completada, e que a Santíssima Virgem é como uma quarta pessoa da divindade. Por isso se deve dizer Complemento extrínseco da Santíssima Trindade, o que descarta toda suposição nesse sentido. 12. Ver E. Neubert, ViedeMarie, Ed. Salvator, pp. 134-137, 35-36. 13. Cfr. De saneia virginilate, c. 3. 14. Cfr. De natura e/ grafia, c. 36. Obs.: Recomendamos de modo especial a leitura da obra do Pe. Émile Neubert, que poderá ser encomendada à Editora Petr11s (www.livra1·iapetrus.com.b1·).
SOS FAMÍLIA
Estados Unidos: defesa da família tradicional desconcerta ativistas do "casamento" homossexual !i'J FRAN CISCO JOSÉ SAIDL Pennsylvania - EUA
e
ondicionados pelo mito muito difundido nos Estados Unidos de que o púb lico americano é majoritariamente favoráve l ao "casamento" entre pessoas do mesmo sexo, ativistas do movimento que propugna por esse "casamento" ficaram desapontados ante o quadro com que se depararam no último dia 26 de março diante da Suprema Corte, na capital americana. Na ocasião, os juízes da mais alta instância judicial do País ouviriam os argumentos dos advogados favoráveis às leis de adoção do "casamento" homossexual. E o que motivou o desapontamento dos componentes desse movimento? Em frente à Suprema Corte havia uma multidão - pelo menos cinco mil pessoas - reunida para protestar. Julgando que se tratava de membros do mesmo lobby para o qual tinham sido convocados, os pró-"casamento" homossexual tiveram um primeiro impulso de juntar-se a eles; mas logo notaram , com grande espanto, que eram de um grupo oposto. Tiveram então de se aglutinar ao magote que defendia seus pretensos direitos . Entre os defensores do matrimônio tradicional destacavam-se 50 membros da Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP e algumas dezenas de jovens estudantes da Academia São Luís Grignion de Montfort. Os manifestantes da TFP e demais participantes se comportavam de modo ordeiro e pacífico. No magote do lobby oposto notava-se tumulto e agitação. Portando seus característicos estandartes e suas capas rubras, os membros da TFP distribuíram fo lhetos nos quais esclareciam que não os movia o ódio pessoal, mas o amor aos princípios imutáveis da Lei natural e da Lei Divina. Nas páginas que seguem transcrevo excertos do folheto.
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E- mail para o autor: ca tolicismo@terra.com.br
CATOLICISMO
Dez razões para não aceitar o chamado "casamento" homossexual (Tradução do inglê s por Francisco José Saidl)
Ao
redig ir esta declaração, não temos qualquer intenção de difa mar ou menosprezar ni ng uém. Não somos mov idos pe lo ód io pessoal a ninguém. Opondo-nos inte lectua lm ente a pessoas ou organi zações que pro movem a age nda ho mossexual, nosso úni co objeti vo é a defesa do casamento tradicional, da famíli a, e dos valores preciosos da civili zação cri stã.. Como cató li cos praticantes, temos compaixão e reza mos por aque les que lutam contra a tentação impl acáve l e vio lenta do pecado homossexua l. Rezamos por aqueles que caem neste pecado por debilidade humana. Q ue Deus os ajude com a sua graça. Estamos consc ientes da enorme dife rença ex istente entre essas pessoas que lutam contra suas fraquezas esforçando-se para superá-las, e as que tra nsformam seus pecados em moti vo de orgulho e tentam impor seu estilo de vida à sociedade como um todo, em opos ição fl agrante à mora l cri stã tradi cional e à Le i natura l. Entretanto, rezamos por elas também.
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Rezamos ainda pelos juízes, legisladores e füncionários do governo que, de uma forma ou de outra, tomam medidas que favorecem a homossexualidade e o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo. Não julgamos suas intenções, disposições interiores ou motivações pessoais. O mesmo documento elenca dez razões para a não aceitação do chamado "casamento homossexual" :
1. Não é casamento O simples fato de chamá- lo de casamento não o torna tal. O casamento fo i sempre a a liança entre um homem e uma mulher com vista, segundo a sua própria natureza, à procriação e educação dos filhos , à unidade e ao bem-estar dos cônjuges . Os promotores do "casamento" homossexual propõem algo totalmente diferente: a união entre dois homens ou duas mulheres. Negam eles assim as evidentes diferenças biológicas, fisio lógicas e psicológicas entre homens e mulheres, que encontram a sua complementaridade no casamento. Também negam a finalidade primária específica do casamento: a perpetuação da espécie humana e a ed ucação dos filhos. Duas coisas completamente diferentes não podem ser consideradas uma mesma coisa.
2. Viola a Lei natural Casamento não é apenas qualquer relacionamento entre seres humanos; é uma relação enraizada na natureza humana e, portanto, regida pela Lei natural. Eis um preceito elementar da Lei natural: "O bem deve ser procurado e o mal deve ser evitado". Por sua razão natural , o homem pode perceber o que é moralmente bom ou ruim para e le. Assim, ele pode conhecer o fim ou a fina lidade de cada um de seus atos, e como é moralmente errado transformar os meios que o ajudam a realizar um ato em fi na lidade desse mesmo ato. Qualq uer s ituação que institucionalize a neutralização da fina lidade do ato sexual viola a Lei natural e a norma objetiva da moralidade. Sendo radicada na natureza humana, a Lei natural é universal e imutáve l, aplicando-se de modo igual a todo o gênero humano. Ela comanda e proíbe, de forma consistente, em todos os lugares e sempre. São Paulo ensinou na Epísto la aos Romanos que a lei natural está inscrita no coração de cada homem. (Rom. 2: 14-15)
3. Nega à criança o direito de ter um pai e uma mãe É do maior interesse da criança que e la seja criada sob a influência de seu pai natural e de s ua mãe. Esta regra é confirmada pelas evidentes dificuldades enfrentadas por muitas crianças órfãs ou que são criadas por uma mãe solteira, um parente, ou um pai adotivo. A lamentáve l situação dessas crianças será a norma para todos os filhos adotivos de um "casal" homossexual. Uma criança nessas condições sempre será privada de sua mãe ou de seu pai. Será necessariamente criada por pessoas sem
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CATOLICISMO
THEAMEJ
nenhuma relação de sangue com ela. Será sempre privada de qualquer mãe ou um pai que lhe sirva de modelo.
4. Promove o estilo de vida homossexual A denominação de "famíl ia" a esse tipo de união serve para validar não apenas essas uniões, mas o estilo de vida homossexual em todas as suas variantes, bissexuais e transgêneros. As leis c ivi s são princípios que estruturam a vida do homem em sociedade. Como tais, desempenham um papel muito importante e por vezes decisivo para influe nciar os padrões de pensamento e comportamento. Elas configuram externamente a vida da sociedade, mas também modificam a percepção de todos e a ava li ação das formas de comportamento. O reconhecimento legal da união homossexual obscu receria necessariamente ce rtos valores morais básicos, desvalorizaria o casamento tradicional e enfraqueceri a a moralidade pública.
5. Introduz um erro moral no Direito Civil Os ativistas homossexuais afirmam que esse "casamento" é uma questão de direitos civis seme lhante à luta pela igualdade racial nos anos 1960. Isso é fa lso . Antes de tudo, comportamento sexua l e raça são realidades essencialmente diferentes. Um homem e uma mulher desejosos de se casar podem ser diferentes em suas características: um pode ser negro outro branco, um rico outro pobre, um alto outro baixo. Nenhuma dessas diferenças constitui obstácu lo insuperável ao casamento, pois ambos continuam homem e mulher, respeitando, portanto, as exigências da natureza. O "casamento" do mesmo sexo opõe-se à natureza. Duas pessoas do mesmo sexo, independente de sua raça, riqueza, estatura erudição ou fama, nunca serão capazes de se casar em razão de uma impossibilidade biológica intransponível. Em segundo lugar, características raciais herdadas e imutáveis não podem ser comparadas com comportamentos
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não-genéticos e mutáveis. Simplesmente não há analogia entre o casamento inter-racial entre um homem e uma mulher e o "casamento" entre duas pessoas do mesmo sexo.
6. Não cria uma família, mas uma união naturalmente estéril O casamento tradicional é geralmente tão fec undo que para a frustração de seu fim se requer uma violência à natureza a fim de impedir o nascimento de crianças através da contracepção. Mas, naturalmente, ele tende a constituir uma família. Ao contrário, o "casamento" homossexual é intrinsecamente estéri l. Se os "cônjuges" querem uma criança, e les devem contornar a natureza por meio caros e artificiais, ou empregar substitutos. A tendência natural de tal união não é constituir famí lias. Portanto, não podemos chamar a união do mesmo sexo de casamento e dar-lhe os benefícios do casamento verdadeiro.
7. Elimina os benefícios do estado matrimonial Uma das principais razões pelas quais o Estado concede inúmeros benefícios ao casamento é que, por sua própria natureza e finalidade, este proporciona as condições normais de uma atmosfera estáve l, afetuosa e moral benéfica à educação dos filhos , fruto do afeto mútuo dos pais. Isso ajuda a perpetuar a nação e forta lecer a sociedade, que é um interesse evidente do Estado. O "casamento" homossex ual não fornece essas condições. Seu objetivo principal, objetivame nte fa lando, é a gratificação pessoal de duas pessoas, cuja união é estéri l por natureza. Não pode ter direito, portanto, à proteção que o Estado deve dar ao casamento verdadeiro.
8. Impõe a sua aceitação por toda a sociedade Ao lega lizar o "casamento" homossexual, o Estado se torna o seu promotor oficial e ativo: ape la a seus funcionários para oficiar a cerimônia civi l, ordena as esco las públicas a
ensinar às crianças a sua aceitabilidade, e pune o que expressar desaprovação. Na esfera privada, os pais que estão em desacordo verão seus filhos expostos mais do que nunca a esta nova "moralidade"; as empresas que oferecem serviços de casamento serão obrigadas a fornecê-los para uniões do mesmo sexo; e os proprietários de imóveis de aluguel terão de concordar em aceitar como inquilinos "casais" homossexuais. Em qualquer situação na qual o casamento afeta a sociedade, o Estado obrigará os cristãos e todas as pessoas de boa vontade a trair suas consciências através da apologia, do si lêncio, ou do ato. Um ataque à ordem natural e à moral cristã.
9. É a vanguarda da revolução sexual Na década de 1960, a sociedade foi pressionada para aceitar todos os tipos de relações sexuais imorais entre homens e mulheres. Hoje uma nova revolução sexual está conv idando a sociedade a aceitar a sodomia e o "casamento" homossexual. Se o "casamento" homossexual for universalmente aceito como a etapa presente da " liberdade" sexua l, que argumentos lógicos poderão ser usados para barrar as próximas etapas que seriam o incesto, a pedofilia, a bestialidade e outras formas de comportamento antinatural ? Na verdade, os elementos radicais de certas vanguardas da contra-cu ltura já estão defendendo essas aberrações. O desenvolvimento do movimento pró-homossexual na nação norte-americana torna cada vez mais claro aqui lo que o ativista homossex ual Paul Varnell escreveu no "Free Chicago Press": "O movimento homossexual, quer o reconheçamos ou não, não é um movimento de direitos civis, nem mesmo um movimento de libertação sexual, mas uma revolução moral destinada a mudar a visão das p essoas sobre a homossexualidade ". 10. Ofende a Deus Esta é a razão mais importante. Sempre que se viola a ordem moral natural estabe lec ida por Deus, comete-se um pecado e ofende-se a Deus. O "casamento" homossexual faz exatamente isso. Assim , quem professa seu amor a Deus deve se opor a esse " casamento" . O casamento não é invenção do Estado. E le foi estabelecido por Deus no Paraíso para os nossos primeiros pais, Adão e Eva. Como lemos no Livro do Gênesis: "Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem. Deus os abençoou, dizendo: Sede.fecundos, multiplicai, enchei a Terra e sujeitai-a ". (G n 1:28-29) O mesmo foi ensinado por Nosso Sa lvador Jesus Cristo: "Desde o inicio da criação, Deus osfez homem e mulher: Por este motivo, o homem deixará seu pai e sua mãe, e unir-se-á à sua mulher " (Me 10:6-7). O Génesis também ensina como Deus puniu Sodoma e Gomorra pelo pecado do homossexualismo: "O Senhor f ez chover fogo sobre Sodoma e Gomorra. Subverteu aquelas cidades e toda a planicie, junto com os habitantes das cidades e da produção do solo ". (Gn 19:24-25). •
MAIO 2013
11111111
co nve rtido po r se u pa re n te Santo Honorato, a quem seguiu no mosteiro de Lérins e sucedeu depois no bispado de Arles.
São ,José, Esposo da Santíssima Virgem. De estil'pe rea l e operá,·io
2 Santo Atanásio, Bispo, Confessor e Doutol' da lgl'eja
+ A lexa ndria (Eg ito) , 373. G rande defensor da fé contra a heres ia ariana. Ex ilado c inco vezes po r imperado res fa voráveis aos heres iarcas, suportou toda sorte de ca lúnias de seus inimigos.
3 Santos Felipe e Tiago Menor; Apóstolos
+ Século 1. São Fe lipe de ixo u a casa, mulher e filhos em Betsa ida para seguir Nosso Senhor, sendo martiri zado em J-Ii erápolis, na Fríg ia (Ásia Menor). São Tiago Menor, primo de Nosso Senhor, fo i o prime iro Bispo de Je rusa lém, onde sofreu o martíri o. É autor de uma admirável epísto la. Primeira sexta-feira do mês
4 São Roberto Lawrence, Abade, Mártir
+ Ty burn ( Ing late rra), 153 5 . Abade da ca rtu xa de Beauvale, e m N o ttin g ha mshire. Tend o recusado o Ato de Supremacia , pelo qual o rei herético Henrique Vlll se nomeava cabeça da Igrej a na Ing laterra, fo i barbaramente tortu rado e enfo rcado. Primeiro sábado do mês
5
na e obras. Defendeu o Papado no Concílio de Bas iléia e a sã doutrina católica no de Florença, contra os autores do cisma grego.
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11
São João Apóstolo, na Porta Latina
São Francisco de Ci rolamo, Co11l'esso1·
+ Século LO imperador Domi-
+ N á po les, 17 16 . Prega do r
ciano o fez lançar, aos 90 anos, em uma caldeira de aze ite fe rvente junto à Porta Latina, em Roma mas o Apóstolo virgem saiu rejuvenesc ido. Foi então desterrado para a ilha de Patmos, sendo o úni co Apósto lo que não morreu mártir.
popular, j esuíta, passou a vida evangeliza ndo o sul da Itá lia, onde seus sermões atra íam multidões. "Mostrou maravilhosa caridade e paciência em procurar a salvação das almas" (do Marti ro lógio Romano).
7 São João de Beverly, Bispo
São Domingos de la Calzacla, Confessor
+ Inglaterra, 721 . Monge benedi-
+ Es panha, 11 09. Este eremita
tino e depois bispo de York, onde sucedeu a São Bosa. Notável por sua contemplação contínua, santidade de vida e dom de milagres, teve sua biografi a escrita por São Beda, o Venerável, a quem ordenara sacerdote.
teve a singul ar vocação de tornar menos rude o caminho dos inúmeros peregrinos que iam a Composte la, construindo para eles uma estrada (ca/zada), uma ponte e uma hospedari a.
8
Primeira aparição de Nossa Scnliora em l•'átima, em 1917
São Pedl'o de Tarantésia, Bispo e Con[esso1·
+ França, 1174. Entrou para o moste iro c isterciense de Bonnevaux. Nomeado arcebispo de Tarantésia, reformou a disciplina ecles iástica, substituiu o c lero com1pto de sua catedral por cônegos regulares e desapareceu, para ser i1111ão leigo em um convento na Suíça. Encontrado, teve que reassumir suas fun ções.
9 ASCL<;NSÃO IJE NOSSO SENI IOR JESUS CRISTO São Beato de Vendôme, Confessor·
+ F ran ça, séc. III. Mi ss ionári o na Gáli a anti ga. P or suas palavras, exemplo e sa ntidade de v ida, conve rteu inúme ros pagãos.
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Santo l lilál'iO de Arles, Bispo
Santo Antonino de Florença , Bispo e Confessor
+ França, 449. D e fa míli a pagã,
+ Florença, 1459. Antonio, co-
d a a Ita no breza , exe rce ndo e leva d o ca rgo no go ve rn o , re nunc io u a tud o qu ando fo i
nhec id o pe lo diminutivo por causa de sua pequena estatura, tornou-se célebre por sua doutri-
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14 São Matias, Apóstolo e Má rtir + Sécul o I. Um dos 72 Di scípul os de Cri sto, fo i e le ito à sorte para substituir o infa me traid o r Jud as I sca ri o tes no Col égio Apostólico (a ntes sua ce le bração e ra no di a 24 de fe vereiro) .
15 Santo Isaías ele Rostov, Conl'cssor + Rússia, 1090. M onge, abade do moste iro de São Demétrio, em Kiev. Por fim , bispo de Rostov. Tra ba lhou para conve rter os pagãos.
16 São ,João Ncpomuccno, Mál'Lir + Praga, 1393 . Consagrado a Deus pelos pais desde o nasc imento, tornou-se confesso r da rainha e "cónego da catedral. Tentado em vão (pelo rei Wenceslau) a trair o sigilo conf essional,
foi lançado ao Rio Moldávia, merecendo assim a palma do martírio " (do Martirológio Romano).
17 São Pascoal Bailão, Conl'eSSOI' + Valência, 1592. Irmão leigo franciscano, de pureza angélica, passava horas diante do Santíssimo Sacramento. Recebeu aí a profunda ciência com que refutava os hereges e explicava sabiamente os mistérios de nossa fé .
18 São João 1, Papa e MárLir + Ravena (Itália), 526. "Aprisionado por Teodorico, rei ariano da itália, por causa de sua f é católica, foi longamente afligido na prisão até morrer. Seu corpo foi levado a Roma e enterrado na basílica de São Pedro" ( do Martirológio Romano).
19 DOMINGO DE Pl~NTECOSTES Santos Puclêncio, Má rtir, e Puclenciana , Vit·gem + Roma, séc. JI. Pudêncio foi um senador romano batizado pelos Apóstolos e martirizado por sua fé , sorte que coube também a uma de suas filhas, Santa Praxedes . A outra filha, Pudenciana, após ter reverentemente sepultado muitos mártires e distribuído sua fortuna entre os pobres, faleceu santamente aos 16 anos de idade.
20 São Bernardino ele Siena, Conl'essor + 1444. "Astro luminoso para toda a Itália por sua doutrina e santidade " (do Martirológio), difundiu a devoção ao Santo Nome de Jesus, convertendo muitas almas e aplacando discórdias civis . Foi um precursor das reformas adotadas mais tarde pelos concílios de Latrão e Trento.
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da Polônia, entrou para a Companhia de Jesus, dedicando-se à pregação na Lituânia e depois na Polônia. Foi martirizado por cossacos russos cismáticos com tais requintes de maldade que a Sagrada Congregação dos Ritos afirma ter sido o martírio mais cruel já apresentado àquela Sagrada Congregação.
22 Santa RHa ele C,íssia + Itália, 1457. Durante 18 anos suportou as asperezas e infidelidades de um marido de caráter brutal, a quem converteu com sua paciência e espírito sobrenatural. Tendo ele sido assassinado, pediu a Deus a morte dos filhos, que queriam vingar a do pai. Após a morte do marido e dos filhos, entrou para o convento das agostinianas, onde recebeu na fronte um dos espinhos da coroa do Salvador. Operou tantos milagres, que passou a ser conhecida como a
"advogada das causas perdidas " e "santa dos impossíveis ".
23 São Desidério, Bispo e Mál'til' + França, 607. Por reforçar adisciplina eclesiástica (que estava relaxada), combater a simonia (venda de bens eclesiásticos) e denunciar a conduta imoral da rainha Brunilda, esta o acusou de paganismo ao Papa. Exonerado e banido, retornou quatro anos depois, sendo assassinado por ordem do rei Teodorico, a quem também tinha publicamente censurado.
24 Nossa Senhora Auxiliaclora
25 São Beela, o Venerável, Confessor e Doutor ela Igreja + Wearmouth-Jarrow (Inglaterra), 735 . Um dos homens mais sábios de seu tempo, é considerado o Pai da história inglesa.
Santo Ancll'é Bobola , MárLir
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+ Polônia, 1657 . Oriundo de
Domingo ela SanLíssima 'l'r'inelacle
uma das mais antigas famílias
São Felipe Néri , Conressor + Roma 1595. Fundador da Congregação do Oratório, que tinha como principal finalidade a renovação da vida cristã entre os leigos de Roma.
27 Santo Agostinho de Cantuária , Bispo e Confessor (Vide p. 22)
28 São Bemarclo ele Monljoux, Confessor + Aosta, 1081. Vigário Geral da diocese de Aosta, durante mais de 40 anos trabalhou como missionário na região dos Alpes. Fundou duas hospedarias nos passos chamados Pequeno e Grande São Bernardo, onde estabeleceu um mosteiro de monges agostinianos que se dedicaram a socorrer, com seus grandes cães, viajantes extraviados na neve.
29 São Cirilo ele Cesaréia, MárLir
Intenções para a Santa Missa em maio Será ce lebrada pe lo Revmo. Pad re David Francisqu ini , nas seg uintes intenções: • N este 96° aniversário da prime ira aparição de Nossa Senhora aos três pastorzinh os de Fátima, Missa em seu louvor e suplicando a plena correspondênc ia da humanidade à Mensagem que Ela veio traze r ao mundo em 19 17. A Santa Missa terá uma menção espec ia l dedicada a todas as mães dos leitores e simpatizantes de Cato licismo.
+ Ásia Menor, 25 l. Menino ainda, abraçou o cristianismo sem o conhecimento do pai. Este o expulsou de casa e o denunciou. Como se negou a renunciar à verdadeira fé, foi decapitado.
30 Santíssimo Corpo e Sa ngue ele Cristo São Femanelo Ili ele Castela , Confessor + Sevilha, 1252. Primo-irmão de São Luís IX de França, expulsou os mouros de Ubeda, Córdoba, Cádiz e Sevilha. Sábio governante e excelente administrador, fundou a Universidade de Salamanca, reconstruiu a catedral de Burgos e converteu a mesquita de Sevilha em catedral.
31 VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA A SANTA ISABEL Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em junho • Sup li cando ao Sagrado Coração de Jesus (festa comemorada pe la Igre ja no dia 7 de junh o) e ao Im acu lado Coração de Ma ria (neste ano, sua fest ividade é ce lebrada no dia 8 de junho) graças e bênçãos especia is para todos os nossos co laboradores e suas respectivas fam íli as . E também rogando a São Pedro e São Pa ulo (celebrados no dia 29 de junho) especia l proteção à Santa Igre ja contra as i nvest idas do demôn io e de seus asseclas.
Da esq. para a dlr.: Dr. Pllnlo Vldlgal Xavier da SIiveira, Dr. Evaristo de Miranda, Dr. Adolpho Llndenberg, D. Bertrand de Orleans e Bragança, Dr. Calo Vldlgal Xavier da SIiveira e Dr. Marlo Navarro da Costa
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O Brasil desconhecido Professor Evaristo Eduardo de Miranda ■ EDSON CARLOS DE ÜLIVEIRA
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Instituto Plinio Corrêa de Oliveira realizou na noite do dia 18 de abril último, no auditório lotado do Club Homs, em São Paulo, importante conferência do Pro-
fessor Evaristo Eduardo de Miranda sobre o Brasil que os brasileiros não conhecem. O Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto, abriu o evento relatando o combate de 50 anos empreendido por Plínio Corrêa de O liveira e seus discípulos contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória no Brasil, panaceia cujas origens remontam à Revolução bolchevista de l9 l 7 na URSS. Tirar os pretextos pseudocientíficos desse surrado chavão revo lucionário é um trabalho ao qual o Instituto atribui importância capital. Por sua vez, graças à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) é possível defender cientificamente a eficácia da atual agricultura brasileira e ajudá-la a progredir cada vez mais.
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CATOLICISMO
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Coube ao Dr. Mario Navarro da Costa, diretor do Bureau da TFP norte-americana em Washington , apresentar o vasto currículo do conferencista - sem dúvida um dos maiores conhecedores da agricultura, da riqueza do solo e do potencial econômico do Brasil. Além de pesquisador da Ernbrapa, o Dr. Evaristo Miranda é consultor da FAPESP, FAO, OEA e UNESCO, bem corno autor de diversos livros e artigos, além de renomado conferencista internacional.
* * * Os dados apresentados pelo Dr. Evaristo desvendaram ao auditório um Brasil desconhecido e enfatizaram corno a agricu ltura é por excelência o setor moderno e pujante da economia nacional. O mais importante, segundo o conferencista, não é saber se o Bras il é o maior produtor disso ou daquilo, mas como ele chegou a esse patamar. O conferencista mostrou como um incremento de vo lume e qualidade de pesquisas em biotecnologia e em transgênicos vem se verificando na zona agrícola, sem necessidade de expandir o respectivo território. Um exemplo - - - - - - - - surpreendente foi o resultado produzido pelo sistema de plantio direto. Ele red uziu tanto a erosão de terra no Paraná que chegou a modificar a cor das cataratas do Iguaçu de vermelho barrento para verde cristalino. O Brasil é o País que mais protege sua fauna e sua flora, a ponto de 30% de seu território serem compostos de áreas ambientais - áreas, a bem dizer, que serviriam para a agricultura ou a pecuária. Basta comparar com dois outros grandes países - Estados
MAIO2013
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Unidos e China - , o primeiro dos quais protege o Alasca e o segundo o deserto de Gobi, ou seja, áreas não produtivas. A lém do mais, a atua l legislação brasileira obriga o proprietário a manter reservas florestais inclusive dentro de suas próprias terras. Não obstante isso constituir um abuso da parte do Estado, serve como mais uma prova da potência agrícola que é o Brasil. Assim, somos o celeiro do mundo; produzimos grãos para alimentar I bilhão de pessoas e oferecemos três de cada quatro copos de suco de laranja bebidos mundo (75% da produção mundial); abatemos anualmente 42 milhões de bois, 35 milhões de suínos e 5,5 bilhões de frangos; nosso meio rural ainda produz 31 bilhões de litros de leite e 2,5 bilhões de dúzias de ovos. E quem é o maior beneficiário de tudo isso? O agricultor? Não, a população urbana! Em 40 anos, ela teve o valor da cesta básica reduzido em 50%. A conferência foi extremamente elucidativa, sendo impossível relatar aqui todos os dados apresentados pelo Dr. Evaristo Miranda. Por isso conv idamos nossos leitores a assistirem ao vídeo completo no site do Instituto PLinio Corréa de
Oliveira (h.ttp:Uwww.ipco.org..br)
* * * No encerramento, o príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança chamou a atenção do público para a vocação agrária do Brasil e pediu à Providência Divina para nos ajudar a realizá-la na sua plenitude. • E-ma il para o autor: ca to licismo@tcrra.com.br
CATOLICISMO
Acampamento da Primavera 2013: Convocação para a Cavalaria ■ CÉSAR FRANCO
e 1° a 4 de abril, um grupo de jovens reuniu-se no Parque Estadual Fontainebleau para um programa do Aca m-
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pamento de Primavera da TF P da Loui siana (E UA). A alegria da Ressurreição de Nosso Senhor e seu posterior triunfo permearam o ambiente. Os participantes desfrutaram de grande va riedade de jogos e palestras sob o leitmoli v "Convocação para a Cava lari a" . O tema do acampamento deste ano fo i Plantando as sementes da honra e inspirou-se no recente livro Retomo à Ordem, de autori a do Sr. John 1-Iorvat li , vice-pres idente a TFP americana, no qual ele afi rma: "Honra transmite a definição de uma
autêntica estima a tudo quanto é excelente, em uma atmosfera social de respeito, carinho e cortesia [ .. .}. Honra transmite a ideia de valores que não podem ser comprados nem vendidos. Ela d!fúnde a atmo~fera de tranquilidade e temperança que desejamos". A honra fo i o fi o de ouro que Iigou todas as ativi-
dade do evento. Do is sa ntos servira m de modelo ao acampamento: São Luís, Rei de França, e Sa nta Joana d' Are. Estas fig uras altamente representativas prova ram ser exce lentes exemplos para ilustrar o tema da honra. Na palestra sobre São Luís, os jovens ouvira m como ele fo i capaz de concretiza r o padrão de um monarca honrado. Eles ta mbém estudaram a vida de Sa nta Joana d' Are, que co ntrastava muito co m a de São Luís, pois a donzela de Domrémy surgiu em um momento de grande caos e desonra. Toda a Cri sta ndade viu nela a sa nta que restaurou os ideais da cava lari a. Continuando com a hi stória da França, a palestra seguinte descreveu os horrores da Revo lução Francesa, através dos quais os jovens pudera m med ir a que profu ndezas de brutalidade, caos e depravação homens sem Deus e sem honra puderam arrastar uma soc iedade. A séri e de palestras fo i co roada com um a ex pos ição sobre a necess idade da devoção a Nossa Senh ora. Em sintoni a com o tema do aca mpamento, sa li entou-se que entre as inúmeras in vocações com as quais a Santíss ima Virgem é louvada na Ladainha La ureta na, fig ura Vaso de Honra. A programação se encerrou com uma peregrinação de dez quil ômetros a pé, dentro da cidade de Sa in t Louis, da Catedra l a ele consagrada até o Sa ntuário Nacional de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. • E-ma il para o autor: catolicis111o@terra.com.br
MAlO 2013 -
Altivez é harmonioso complementó ~a humil~a~e ■ PuN10 C o RRÊA DE Ouv E1 RA
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ulto yaronil, de uma força cheia de harmonia e propo'rção em que o vigor do corpo é como quepenetrado e embebido pela presença forte e luminosa de uma grande alma. Traços fisionômicos muito definidos, mas igualt;nente proporcionados. Belo? Sem dúvida. Mas, por-assim dizer, quase não se tem tempo de analisar a be: leza fisica, pois o olhar profundo, sério, sereno, pensativo, grave e suave a ·um tempo; retém toda a atenção. E isto a tal ponto que quase não se pode rçparar no mais. É um olhar de pensador e de homem de ação. Pensador que vê as coisas do mais alto dos cumes da Filosofia e da Teologia. Homem de ação que tem as vistas muito postas ,na realidade, que sabe ver a fundo as pessoas, as coisas, os · fatos. Uma nota de melancolia no olhar, um quê de firme e enérgico nos lábios, a atitude nobre e sobranceira de toda a sua pessoa, as mãos que parecem feitas para o comando, fazem ver neste homem extraordinário um lutador que não tem ilusões sobre o mundo, to,mou definitivamente posição ante ele, e está pronto para todos os embates que a vida lhe apresentar. Tudo isto se apresenta como que iluminado por uma subtileza de expressão e uma aristocrática afabilidade que deixam ent1:ever o fidalgo e o diplomata. Tal foi a riquíssima personalidade daquele que nesta vida se chamou Rafael Cardeaf'Merry dei Vai , Arcebispo titular de Niceia, e que passou para a História como Secretário de Estado de São Pio X. Oriundo de estirpe aristocrática, pois era filho do Marquês Merry dei Vai e da Condessa de Zulueta, em st1as veias corria sangue ilustre de vários países da Europa: Espanha, Inglaterra, Holanda. Consagrando-se ao serviço da Igreja, ao receber as Sagradas Ordens e a plenitude dÓ Sacerdócio não perdeu nada de seus dotes naturais, antes os elevou. Pois o próprio da graça é não destruir a natureza, mas elevá-la e santificá-la. Sua sabedoria profunda brotava de urna fé ardente, de uma piedade adniirável. Sua força ern a expressão de uma temperança sobrenatural. Sua dignidade ~ra fruto de uma alta consciênc,ia do respeito que devia a si próprio por tantas razões naturais e principalmente sobrenaturais. Numa época em que um vento de vileza sopra em tudo, e procura até mediocrizar o Sacerdócio, preconizandó um
(
.
tipo de Clé°rigo amesquinhado, vulgarizado, secularizado, ao sabor da demagogia rei1iante, a nobre figura do Cardeal Merry'del Vai se apresenta como um admirável modelo de . dignidade sobrenatural , que nos faz entend,er bem a dignidade inefável do Sacerdote na fgreja de Deus. Dignidade esta que pode refulgir tanto em um Prelado como Rafael Merry dei Vai quanto no mais modesto Vigário de aldeia. A altivez cristã não é o contrário da humildade. Ante,s é seu complemento harmonioso . O Secretário de Estado de São Pio X era uma alma profundamente humilde e a ele se deve uma das mais bela:;; paginas sobre a humildade cristã: A "Ladainha da Humildade". Verão assim nossos leitores como num 'coração verdadeira e sobrenaturalmente católico a mais alta dignidade coexiste com a mais profunda humildade: imitação daquele Coração Sagrado do qual a lgreja nos diz que, a um tempo, é Manso, Humilde, e de uma infinita Majestade. (Catolicismo, Nº 44 - Agosto de 1954). •
-CATOLICISMO
'ª
PUNIO C ORR ÊA DE OLIVEI RA
"Idade nova" - O Reino do Sagrado Coração de Jesus N o dia 7 deste mês a Santa Igreja celebra a festividade do Sagrado Coração de Jesus, em cuja memória transcrevemos abaixo um breve trecho cheio de unção, extraído do livro Em Defesa da Ação Católica.* unca nos esqueçamos de que na Religião Católica nada, mas absolutamente nada, se faz sem o amor, e que, portanto, ainda mesmo a severidade imposta pelas exigências da caridade deve ser exercida com os olhos fitos nos limites que a circunscrevem. [... ] Fala-se muito em "idade nova", "tempos novos", "ordem nova". Queiram-no ou não queiram os nossos adversários, essa "idade nova" será o reino do Sagrado Coração de Jesus, sob cuja suavíssima influência o mundo encontrará o único caminho de sua salvação. Adoremos este Coração Sagrado, no qual a iconografia católica nos mostra a Cruz do sacrifício, da luta, do combate, da austeridade, assentando suas raízes no mais perfeito dos Corações, e iluminada pelas chamas purificadoras e deslumbrantes do amor.
N
• Plínio Corrêa de Oliveira, Em defesa da Ação Católica, Editora Ave Mari a, São Paul o, 1943, p. 336.
,lUNI [0 ele 2013
2
Excmnos
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CARTA oo D11mToR
5
MEMúRlA
8
Co1umsrONDÊNCIA
to
A
12 A
"Opção preferencial" não exclusivista
PALAVRA DO SACl<:IWO'l'E
RJ,:f\LIDAOE CONCISAMENTE
Ameaça de invasão do Brasil por médicos cubanos
14
NACIONAL
16
INTERNACIONAi,
20
ENTREVISTA
24
SANTOS E FESTAS DO .M.ÊS
26
CAPA
38
DESTAOUE
44
VmAs DE SANTOS
47
VARJEDAJ)Es
48 AçÃo 52
Nº 750
França: Um despertar contra-revolucionário?
Retorno à ordem cristã
Notre-Dame: 850 anos da catedral-júbilo da Cristandade Restauração dos sinos de Notre-Dame São Francisco Caracciolo
São Pio X e os direitos da Igreja
CoNTRA-REvm,uc10NÁ1UA
Al\mmNTES, COSTUMES, CIVll,IZAÇÕES
Torre de Belém - além da razão militar, alto valor estético
Nossa Capa: Catedral de Notre-Dame de Paris, vista da margem esquerda do rio Sena Foto: Frederico Yi otti
Papa São Pio X
JUNHO2013 -
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito FIiho Jornallata Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF aoboni 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo • SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (Oxx1 1) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo • SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E•mall: catollclamo @terra.com.br Home Page: www.catollclamo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mãa de Junho de 2013: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação meneai da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTOA.
Em 1163, no apogeu da civilização medieval, iniciou-se a construção da fabulosa catedral de Notre-Dame em Paris, cujo 850º aniversário está sendo comemorado. Por que Catolicismo consagra a essa obra-prima do estilo gótico a presente matéria de capa? Pelo seu insuperável valor simbó lico, edificada que foi numa época em que floresceu a mais perfeita concretização histórica dos ideais católicos. A França possui numerosas e magníficas catedrais góticas, como as de Saint-Denis, Reims, Chartres, Amiens, Bourges etc. Entretanto, nenhuma delas inspirou tanto os literatos e os artistas quanto Notre-Dame de Paris. E é também oportuno lembrar que ela tem o privilégio insigne de abrigar as sagradas relíquias da Paixão de Nosso Senhor. Ao analisar alguns detalhes de sua portentosa construção, convém ressaltar a harmonia das cores de seus vitrais e rosáceas; a majestosa imagem de Nossa Senhora de Paris no transepto; os alto-relevos coloridos que circundam o coro, ilustrando episódios da História Sagrada; a estatuária externa com toda a sua riqueza simbólica; as gárgulas medonhas para lembrar a ação maléfica do demônio a fim de perder as almas. Em Notre-Dame ocorreram não só acontecimentos gloriosos, mas se praticaram infâmias ignominiosas, como sua transformação em templo da "deusa razão", representada por uma mulher impudica durante a Revolução Francesa. É igualmente digna de menção a restauração realizada por Viollet-le-Duc, no século XIX. Este artista estava convencido de que a arquitetura medieval era o esti lo que melhor se adequava ao gênio francês. O movimento restaurador das antigas obras-primas da Cristandade permite aos nossos contemporâneos, abalados pelos desvarios da arte moderna, apreciar as belezas de um mundo que foi destruído ou desprezado. Por isso compreendese que Notre-Dame e outras catedrais francesas estejam em nossos dias entre os monumentos mais visitados da França. Nesta edição publicamos também il ustrativo artigo sobre a restauração dos famosos sinos de Notre-Dame - destruídos no período da Revolução Francesa, numa manifestação de ódio à Igreja. Mais de 30 mi l pessoas se comprimiram nas proximidades da catedral para assistir ao início de sua recolocação, ouvir suas primeiras badaladas e comemorar os 850 anos da "Igreja de uma beleza perfeita, alegria do mundo inteiro". Desejamos aos diletos leitores uma proficua leitura dessas atraentes matérias.
Em Jesus e Maria,
9:~7 DIRETOR
catolicismo@terra.com.br
MEMÓRIA
Uma opção não excludente "Com grande vantagem para a concórdia social, se complementem harmonicamente uma opção preferencial pelos pobres e uma opção preferencial pelos nobres, como por todas as elites análogas".
li PAULO ROBERTO CAMPOS
Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, magnífica obra de Plinio Corrêa de Oliveira, publicada em 1993, completa 20 anos. No vigésimo aniversário dessa obra de repercussão mundial - publicada inicialmente em português e depois em alemão , espanhol , francês, inglês e italiano - , e em homenagem ao seu autor, que foi o inspirador e principal colaborador de Catolicismo até seu falecimento em 1995, transcrevemos abaixo alguns trechos do livro. Sirvam eles de incentivo aos leitores para lerem a obra completa, que se encontra disponível na seção "Livros" do site www.pliniocorreadeoliveira.info Entre diversas cartas de felicitações a Plínio Corrêa de Oliveira pela obra, salientamos as dos Cardeais Alfons Stickler, Bernardino Echeverría Ruiz, Mario Luigi Ciappi e Silvio Oddi, bem como dos renomados teólogos Pe. Anastasio Gutiérrez, CMF, Pe. Raimondo Spiazzi, OP e Pe. Victorino Rodríguez y Rodríguez, OP. A respeito desse livro , Georges
Bordonove, célebre historiador francês, escreveu no Prefácio: "[.. .] notável em todos os pontos, especialmente p ela abundância e exatidão rigorosa da documentação, pela cultura universal do autor, pela solidez da argumentação e pela transparência do pensamento ".
Versão alemã do livro
A rnzão da trnnscrição dos trechos escolhidos Os trechos abaixo se opõem à pretensão de movimentos vinculados à Teologia
JUNH02013-
da Libertação , que tentam "desenterrar" Opção preferencial: o que é? velhos sofismas para interpretar erronea" Opção pref erencial pelos nobres : mente o conceito de "opção pref erencial a expressão quiçá possa surpreender à p elos pobres". Cabe lembrar que, apreprimeira vista aos que se familiarizaram texto da luta pela proteção dos pobres, o com a fórmula cara a João Paulo II, "opregime comunista subjugou diversos paíção pref erencial pelos pobres". Porém, ses, entre os quais Cuba que por mais de é exatamente uma opção pref erencial 50 anos jaz na mais negra miséria. Dessa pelos nobres que anima este livro. mesma Cuba, da qual o atual governo A grande objeção que essa afirmação brasileiro pretende "importar" seis mil pode suscitar é que, ex natura rerum médicos, cuja atuação em nosso território causará a pior das epidemias: a disseminação do comunismo. Contrariamente à doutrina ;. 11,1-; da Teologia da Libertação, no ;l,!.l l• . ,;i;, primeiro capítulo de Nobreza e J!.l :,Jl, elites tradicionais análogas, o 9~.0:~ autor afirma: "Na nossa época, ~:I • na qual tão necessária se tornou 1ü•Jlk ,!!l.:J:j ' a opção preferencial pelos pobres, também se faz indispensável uma opção preferencial pelos nobres , desde que incluídas nesta expressão também outras elites tradicionais expostas ao risco de desaparecimento e dignas de apoio". Neste mesmo sentido, mais adiante ( capítulo 5) encontramos: "Muito se fala hoje do apostolado em benefício das massas e, como justo corolário, de uma ação preferencial em favor das suas necessidades materiais. Mas importa não ser unilateral em tal matéria, e jamais perder de vista a alta importância do apostolado sobre as elites e, através destas, sobre todo o corpo social; bem como, pelo menos - um nobre é relacionado, de modo correlato, de uma opção aposimportante e rico. Ele tem, pois, múltólica preferencial pelos nobres. De tal tiplos meios para sair de uma situação de penúria em que incidentalmente se sorte que, com grande vantagem para a concórdia social, se complementem harencontre. A opção pref erencial já foi monicamente uma opção preferencial exercida a favor dele pela Providência, que lhe deu tudo quanto é necessário pelos pobres e uma opção preferencial para que ele se soerga. pelos nobres, como por todas as elites análogas". É precisamente o contrário o caso do pobre. Ele não é ilustre, não dispõe de A autêntica doutrina católica sempre ensinou a legitimidade da desigualdade relações úteis, frequentemente faltamlhe recursos para rem ediar as suas entre as classes sociais e a harmonia que deve reinar entre elas, assim como sempróprias carências. E, em consequência, pre condenou a luta de classes. É o que uma opção pref erencial que o ajude a destaca o trecho a seguir, extraído das atender às suas necessidades - pelo primeiras páginas, após o Sumário, de menos as essenci ais - pode ser de estrita justiça. Nobreza e elites tradicionais análogas.
-CATOLICISMO
Assim, uma opção pref erencial pelos nobres parece quase um sarcasmo atirado contra os pobres. Na realidade, essa antítese entre nobres e pobres tem cada vez menos razão de ser, se se considera a pobreza que vai atingindo gradativamente um número maior de nobres, conforme é lembrado por Pio XII nas suas alocuções ao Patriciado e à Nobreza romana. E
o nobre pobre encontra-se em situação mais confrangedora do que o pobre não nobre. Pois este último, pela própria limitação das suas condições, pode e deve despertar e pôr em ação o senso de justiça bem como a generosidade do próximo. Pelo contrário, o nobre, pelo próprio fato de ser nobre, tem razões para deixar de pedir auxílio. E prefere esconder o seu nome e a sua origem, quando não tem remédio senão deixar transparecer a sua pobreza. É o que, em linguagem expressiva, se chamava outrora a pobreza envergonhada. O ate ndimento das necessidades desse gênero de nobres - como, aliás, também dos empobrecidos decaídos, de qualquer nível da sociedade - era obje-
to de especiais encômios dos antigos, e a caridade cristã encontrava mil artificios para aliviar a situação dos pobres envergonhados, a fim de que recebessem a ajuda necessária sem que nada lhes magoasse o senso da dignidade própria. 1 Mas não é só o pobre de recursos materiais que merece opção preferencial. São-no também aqueles que, pelas circunstâncias da sua vida, têm deveres particularmente árduos a cumprir, e aos quais incumbe maior responsabilidade no cumprimento desses deveres pela edificação que daí pode resultar para o corpo social, como, em sentido oposto, pelo escândalo que a transgressão de tais deveres pode trazer ao mesmo corpo social. Nessas condições encontramse frequentemente membros da nobreza contemporânea, como se mostra na presente obra. 2
A opção preferencial pelos nobres e a opção preferencial pelos pobres não se excluem, e menos ainda se combatem, segundo ensina João Paulo II: "Sim, a Igreja faz sua a opção preferencial pelos pobres. Uma opção preferencial, notese, não, portanto, uma opção exclusiva ou excludente, porque a mensagem da salvação é destinada a todos". 3
Essas diversas opções são modos de manifestação do senso da justiça ou da caridade cristã, que só podem irmanarse no serviço do mesmo Senhor, Jesus Cristo, que foi o modelo dos nobres e modelo dos pobres, segundo nos ensinam com insistência os Romanos Pontífices.4 Sirvam estas palavras de esclarecimento para os que, animados pelo espírito de luta de classes -de momento, num evidente declínio - imaginam existir uma relação inevitavelmente conflituosa entre o nobre e o pobre. Esta intelecção equivocada levou muitos deles a inter-
pretar as palavras opção preferencial, usadas por S.S. João Paulo II, como se significassem preferência exclusiva. Tal interpretação, apaixonada e facciosa, carece de qualquer objetividade. As preferências de uma pessoa podem incidir simultaneamente, e com graus diversos de intensidade, sobre vários objetos. Pela sua natureza, a preferência por um deles de nenhum modo indica uma forçosa exclusão dos outros." • Notas: 1. Plínio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Livraria Civilização Editora, Porto, 1993. Documentos Ili. 2. Op. cit., Capitulo I, 1 e 3; Capitulo II, 1; Capitulo IV, 9 e I O; Capítulo VII, 8. 3. "Ad Patres Cardinales et Curieae Pontifical isque Domus Prelatos, imminente Nativitate Domini coram admissos", 21 / 12/84, Acta Apostolicae Sedis, Typis Polyglottis Vaticanis, 1985, vol. LXXVII , nº 5, p. 511 . 4. Nobreza e elites tradicionais análogas, Capitulo IV, 8; Capitulo V, 6; Documentos IV.
JUNH02013-
Festa parn a Mãe agrada o Fllho IEI Os protestas andam dizendo que nós católicos só celebramos a Mãe de Deus. Enganam-se. Temos também muitas festas em honra de Nosso Senhor. Por exemplo, aqui em Portugal, festeja-se , além de muitas festas litúrgicas, o Corpo de Deus; a festa do Sagrado Coração de Jesus; o Senhor Morto; o Senhor dos Milagres; Senhor dos Navegantes; Senhor do Bonfim; Senhor Bom Jesus de Fão; Senhor Bom Jesus da Cruz; Senhor Bom Jesus de Matosinhos; Senhor dos Passos aqui e também nos Açores, onde tem o Santo Cristo dos Milagres. Isto tudo entre muitos outros festejos religiosos. A Igreja Católica festeja, sim, muito e muito a Jesus Cristo, assim como celebramos festas em honra de Nossa Senhora, nossa querida Mãe.
Santa Mãe de Deus IEI "Maravilhas, grandezas e privilégios"! Procurava conhecer melhoresses atributos em nossa Mãe Santíssima e os encontro nesta revista. Já comentei em minha paróquia esta revista ímpar no Brasil. Especialmente comentei o texto sobre Nossa Senhora enquanto Mãe de Deus. Na nossa reunião das 2°. feiras começamos a estudar melhor esses atributos mariais. Estamos gostando muito e vamos compartilhar com o grupo de oração. Parabéns colaboradores da revista Catolicismo. Que nossa Mãe celeste vos abençoe! (M.C.A. -
MG)
Aparição de Nossa Senhora? IEI No dia 9-12-2004 sofri uma grande tragédia: um grave acidente de automóvel. Nele perdi quatro pessoas e tive traumatismo craniano. Sobrevivi, mas no desespero eu quis me matar. Neste momento, não sei como, Nossa Senhora surgiu olhando para mim e pedindo que eu tivesse paciência! Estou até hoje viva graças a Ela. Estou sofrendo as perdas e tomando medicamentos, mas na certeza de que foi Ela quem me salvou. Uma certeza absoluta. Eu posso dizer, mais do que ninguém, que Ela nos acompanha sempre, está a nosso lado todos os dias. (G.N.S. -
-CATOLICISMO
SP)
(J.P. -
Portugal)
"Manifestação para todos" IEI Como é bom ver uma manifestação assim [A "Manifestação para todos" em Paris, contra a legalização do "casamento" homossexual e a adoção de crianças por duplas do mesmo sexo]. Um acontecimento grandioso que a nossa mídia abafou. Felicito os franceses que participaram dessa grande parada pela família. Que coisa mais antinatural estão reivindicando os homossexuais. Meu Deus! Nem consigo entender como pode uma coisa dessas! Nem os animais, de tal modo isso é contrário à natureza! Como seria bom se houvesse uma manifestação assim no Brasil, aqui no Rio, por exemplo. Acho que aqui só não acontece uma participação massiva do povo, porque este não é convocado pelas paróquias. Nossos padres estão demasiadamente ocupados com "teologias" da libertação. Isso não move o povo, como moveu o povo em Paris. VIVE LA FRANCE! !! (L.L.- RJ)
O MST, o peixe e o Brasil IEI Quero saber se na conferência do Dr. Evaristo Miranda esteve presente algum político. Observei bem as fotografias e não notei nenhum. Estou
enganado? Acho que não. A classe política deveria estar lá, e com bom número de representantes, para ver o que é realmente o Brasil que produz, que nos alimenta e alimenta o mundo. Os políticos deveriam propagar isso e não ficar em demagogias baratas como temos visto e tenho ouvido (por obrigação de trabalho, digo de passagem) no programa radiofônico "A Voz do Brasil". Quero sugerir uma conferência dessas no Congresso Nacional, pois os congressistas não podem continuar alheios a este Brasil verdadeiro (mas muito sabotado) e devem parar de vez de dar qualquer apoio ao MST. Ao contrário dos agricultores, o MST representa o Brasil improdutivo que só reclama pelo "peixe de cada dia", sem a menor intenção de "aprender a pescar". Por isso é que repito: Ou o Brasil acaba com o MST ou o MST acaba com o Brasil! (J.A.N. - PR)
Altivez cristã IEI Gostei muito da analise da foto do Cardeal Merry dei Vai. Este poderia ser o modelo de autoridade eclesiástica para os cardeais brasileiros. Estes precisam abrir os olhos, pois, como a analise evidenciou, a altivez cristã não é oposta à humildade. Mas grandiosidade de alma, sim, é contrária à mediocridade. (R.O.J. - RJ)
"Fuga" da verdade IEI Solidarizo-me com a mãe católica que está perdendo suas filhas para a "igreja" evangélica [vide "A Palavra do Sacerdote" de maio/2013]. Fiquei muito penalizada com a situação dela. Infelizmente isso está acontecendo também aqui [em Vitória], principalmente porque os padres não falam contra dos erros que estão pregando os evangélicos e sobre as verdades católicas que condenam o protestantismo. (E.V. -
ES)
Protesto enviado ao CFM IEI Transcrevo abaixo cópia fiel da carta que mandei ao "Conselho Federal
de Medicina" (CFM), criticando-o por seu apoio ao aborto até a 12ª semana de gestação. Se gostarem e quiserem, publiquem-na e solicitem às pessoas de fé e caráter, para também mandarem suas cartas, e-mails etc. [NdR: Devido à limitação de nosso espaço destinado às cartas dos leitores, transcrevemos apenas o início da excelente e extensa missiva do Sr. Evandro José Faganelli]. "Prezados Doutores. Sempre tive e tenho o maior respeito pelos médicos, que eu carinhosa e respeitosamente chamo de 'doutores'. Quem me dera ter a capacidade de ser um. Torço e rezo sempre para que Deus ilumine e se utilize os médicos e funcionários da área da Saúde, para prevenir e curar doenças, salvar a vida e amenizar o sofrimento das pessoas. Nisto consiste minha intenção de que todos sejam : 'éticos' e 'morais'. Aí veio minha indignação, pois quando soube que o Conselho Federal de Medicina aprovou o apoio ao aborto até a 1211 semana de gestação, meu chão ficou abalado, parece que meus pés ficaram sobre areia movediça. Seja católico, evangélico ou outro tipo de cristão, ou seja judeu, muçulmano, agnóstico, ateu, etc., todos fazemos parte da maioria que diz NÃO ao aborto. E eu com meu pouco conhecimento na área, mas com ceita experiência de vida, penso: ' ONDE FICA O TAL JURAMENTO DE HIPÓCRATES?'"[ ... ) (E.J.F. -
PR)
Página Mariana
l8J Prezado Sr. Valdis Grinsteins Alguns títulos dados à Santíssima Virgem Maria, eu os considero desrespeitosos. Nossa Senhora nada tem a ver com um cisne, com uma Estrada ou com um Cadeado e muitos outros seres. A Mãe de Jesus não deve ser associada a meros objetos. Atenciosamente, (F.S.C. -
SP)
Responde o autor de nossa seção "Pagina Mariana": Prezado Sr. Francisco de Castro Embora Nossa Senhora seja uma só, são tais as suas virtudes e dons, que
Ela é designada por uma infinidade de invocações, algumas mais, outras menos sonoras aos nossos ouvidos. Mas nunca de forma esdrúxula ou irreverente, o que não se coadunaria com a majestade e a santidade d' Aquela que é a obra-prima de Deus. E quase todas elas nascem de modo espontâneo, de acordo com as circunstâncias. Assim, há invocações como a de Nossa Senhora da Estrada, para nos proteger nos ince1tos caminhos da vida, ou de Nossa Senhora do Cadeado, cuj a corrente com um cadeado que pende de suas mãos pode bem simbolizar tanto nossa escravidão de amor a Ela quanto nossa libertação da escravidão do pecado - só para ater-me a estes dois exemplos citados pelo Sr. Quanto à denominação de Nossa Senhora do Cisne, se a ave que lhe serviu de inspiração não fosse bela e nobre, mas ao contrário, feia e vulgar, concordo que não conviria aplicá-la a Nossa Senhora, que, no fundo , é quem inspira o "miúdo povo de Deus" - para utilizar uma bela e antiga qualificação - a escolher os incontáveis nomes com que é adornada. Assim, se tais títulos fossem dados a Nossa Senhora por algum erudito, que os estudasse previamente, aí sim, poder-se-ia legitimamente levantar objeções quanto a este ou aquele título. Mas, segundo meu conhecimento, na totalidade dos casos, eles nascem espontaneamente da devoção dos fiéis, com base em algum milagre ou alguma graça obtida através da Virgem Santíssima. E não podemos esquecer que Nossa Senhora é Mãe, e a Mãe recebe com carinho e amor as carícias do filho, mesmo quando estas carícias são, por vezes, ingênuas e de estilo do povo simples. De qualquer forma, Sr. Francisco, agradecemos sua correspondência, pois bem pode ser que outros tenham também dificuldades desse tipo, apresentando-nos assim a oportunidade para este esclarecimento. Escreva-nos sempre. Atenciosamente, Em Jesus e Maria, Valdis Grinsteins
FRASES SELECIONADAS
"Eis aqui o Coração que
a.mou os homens, que não poupou. nada a.té esgotar-se e consumir-se, pa.ra. testemu.nfia.r-ffies seu a.mon e, por reconhecimento, não reafie áa maior pa.rte cfefes senão i11:9ra.tiáões, por su.a.s irreverências, sac.riíégios e pefus indiferenças e desprezos que têm por Mim no Sac.ra.mento do a.mor. Mas o que Me é a.ináa mais penoso é que corações que Me são consagra.dos agem assim" tanto
(Nosso SeVsVJOY Cl SClVstCl MMgiirLciii MClrLCl Alcicoque)
';unto ao vosso Coração Divino, não temo os áardos do inimigo, não temo nada"
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
JUNH02013-
Pergunta - Poderia explicar o papel dos santos na oração? Que acontece quando rezamos aos santos? Quais são as orações que todo católico deveria fazer diariamente?
Resposta -A pergunta é oportuna para tratarmos de um tema mais necessário do que nunca e sobre o qual precisamos ter ideias muito claras. Tanto mais por vivermos num mundo em que a fé vai minguando a ponto de poder ser comparada a uma grama rala e escassa, num terreno seco e árido. Para quem não tem fé, a oração entra na lista das coisas inúteis e sem sentido. Aliás, para muitos, sem nenhum sentido. Estamos na era de um avanço tecnológico assombroso posto ao alcance de todos, desde a mais tenra idade. Até crianças de menos de dois anos chegam a agarrar o smartphone de algum irmãozinho mais velho, e deslizam o polegar sobre a telinha, procurando imitá-lo. A pequenina vê os irmãos falarem com seus (ou suas) coleguinhas de escola através daquele aparelho e forma imediatamente a noção de que esse objeto transmite a voz deles para outras crianças que estão não se sabe onde. De qualquer modo, ela vê que o tal aparelhinho faz essa conexão "mágica". Diante desse fato, que se tornou banal hoje em dia, o adulto, que não vive mais no embalo dos sonhos de infância, pode se perguntar: para os homens se comunicarem entre si, a ciência e a tecnologia colocaram à nossa disposição vários meios; mas para eu me comunicar com Deus, que instrumento usar? Não há nenhum instrumento humano! Nada há neste mundo que possa estabelecer minha comunicação com Deus! Para responder à pergunta do consulente, que versa sobre a questão específica da oração aos santos, convém esclarecer primeiro como se faz a oração dirigida diretamente a Deus.
Como pode o homem comunicar-se com Deus? Ora, numa definição muito simples, a oração consiste precisamente em falar com Deus! Definição essa que tem a chancela de um grande Doutor da Igreja. Segundo Santo Tomás de Aquino, a oração é a elevação da mente a Deus: elevatio mentis apud Deum. Portanto, uma elevação de minha alma, que é espírito, até Deus, que é puro espírito. Obviamente, para realizar essa operação, não existe nenhum smartphone espiritual. Colocado diante da definição de Santo Tomás, e tendo em mente os avanços da ciência, talvez alguém levante a hipótese abstrusa de que nosso cérebro possa emitir algum tipo de onda ou feixe de partículas eletromagnéticas que transmitam até Deus nossa oração. Tanto mais quanto nossa atividade mental - intelectiva ou volitiva - deve, de alguma maneira, repercutir nos elementos constitutivos de nosso cérebro. Aliás, a literatura médica apresenta como certo
que idosos com atividade intelectual intensa estão menos sujeitos a certos tipos de degenerescência cerebral. Portanto, nossa oração exclusivamente mental produz repercussões físicas e biológicas benéficas em nosso próprio cérebro. Voltando ao tema que nos ocupa, o dado mais relevante a ter em consideração é que um dos elementos envolvidos nessa comunicação espiritual é um Ser infinito. Então, se procurarmos no homem que faculdades ele tem para comunicar-se com a infinitude de Deus, a resposta pareceria negativa, porque o finito não pode atingir o infinito! Mas a resposta deve ser procurada do outro lado, isto é, do lado de Deus: como pode Deus colocar-se ao alcance do homem para ouvir o que ele tem a dizer-Lhe? Então, a solução do problema fica muito fácil. Aprendemos no Catecismo que todos os atributos divinos são infinitos. Assim como Ele é onipotente - tudo pode fazer e criou o mundo do nada - também é onisciente, isto é, conhece tudo o que se passa no universo, inclusive os anseios mais íntimos e secretos do coração humano. Basta, portanto, formularmos em nosso coração um desejo ou pensamento que Deus imediatamente toma conhecimento dele. Para falarmos com os grandes deste mundo, precisamos pedir audiência (que não nos será concedida sem os devidos apadrinhamentos .. .). Mas para falar com Deus, o atendimento é instantâneo, a qualquer hora do dia ou da noite. Que grande honra e felicidade sermos atendidos na hora, pelo Senhor e Criador do Universo!
Os santos veem em Deus as orações que lhes dirigimos A oração dirigida diretamente a Deus fica assim explicada. E as orações que a Ele dirigimos através de Nossa Senhora e dos santos? É claro que estes não têm uma visão direta do coração humano como Deus tem . Mas Deus quis associá-los na suprema tarefa da salvação das almas. Sobretudo Maria Santíssima, sua Mãe Imaculada, a quem Ele constituiu como Medianeira de todas as graças. As coisas então se passam assim: a alma faz uma oração, digamos a Santo Antonio, fazendo determinado pedido; em sua contínua contemplação de Deus, Nossa Senhora e o santo invocado veem que aquela pessoa suplica sua intercessão para a obtenção de determinada graça; Nossa Senhora, constituída como tesoureira dos méritos de Jesus Cristo, obtém de Deus a concessão daquela graça; e Deus então atende ao pedido daquela alma, associando os méritos de Santo Antonio aos méritos de Jesus Cristo. No fim do processo, a alma tem a sensação verdadeira de que obteve a graça pela intercessão de Santo Antonio. Tudo muito justo, autêntico e razoável. A objeção protestante de que os méritos dos santos de nada nos valem perante Deus não leva em conta que eles valem muito, por estarem associados aos méritos de Jesus Cristo, que são o fundamento absoluto de todas as graças concedidas
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aos homens. O papel de Nossa Senhora, como Medianeira de todas as graças, fica também devidamente realçado. Máxime se tivermos em vista seu título de Co-Redentora, ainda não proclamado, mas cujo fundamento teológico é defendido por mariólogos de peso. Suponho que seja exatamente esse o esclarecimento que o missivista pedia em sua pergunta: "Que acontece quando rezamos aos santos? ".
Que orações fazer? Que graças pedir? O missivista pergunta, por fim, que orações deve fazer diariamente. Aí é melhor deixar ao critério do próprio interessado. Vale um princípio geral: reze aquelas orações que mais lhe tocam o coração. As quais, aliás, podem variar de acordo com as disposições de alma no momento em que a pessoa se encontra. Não obstante, nunca o fiel deve deixar de fazer a oração da manhã, ao levantar, e a oração da noite, antes de dormir. Um bom católico nunca deixará de rezar o terço diariamente, e se possível o Rosário inteiro (três terços). A oração do Angelus ao meio-dia e às seis horas da tarde costuma fazer parte do rol diário de orações. Mas há uma prática que não poderia deixar de ser destacada: o oferecimento das ações e sofrimentos do dia segundo as intenções do apostolado do Sagrado Coração de Jesus, largamente difundido nas associações religiosas arraigadas na Igreja antes do Concílio Vaticano II. Se bem que, em seguida ao Concílio, essas associações tenham sido postas de lado, combatidas como antiquadas, e mesmo fechadas em consequência de uma mal -~ entendida participação dos fieis no Santo ;i Sacrificio da Missa - que dispensaria as devoções tradicionais - o oferecimento ê do dia permaneceu como prática normal ~ de um certo número de católicos. Conviria Cll~ revalorizá-lo. ~ Mas a dessacralização e a laicização ~ do mundo avançaram muito nos últimos &' 50 anos. Seria bom - e a nosso ver, ! ' . . § mesmo necessano - que nas mtençoes "i' do oferecimento do dia fosse incluída a F eliminação do laicismo e a restauração da } civilização cristã. Sem isso, não haverá a ~ reevangelização do mundo, tão preconi- ~ zada pelos últimos Pontífices; a semente !l do Evangelho seria lançada em terreno ~
árido e pedregoso, e se chegasse a brotar, logo se extinguiria, segundo a célebre parábola do semeador de que falou Nosso Senhor Jesus Cristo (cfr. Mt 13,5-6; Me 4,5-6; Lc 8,6). Assim, tomo a iniciativa de propor a seguinte fórmula, que sugiro aos leitores, submetendo-a, porém, respeitosamente, à autoridade eclesiástica competente: Ofereço-Vos, ó meu Deus, em união com o Santíssimo Coração de Jesus, por meio do Imaculado Coração de Maria, as orações, obras, sofrimentos, más surpresas e decepções deste dia, em reparação de nossas ofensas, e por todas as intenções p elas quais Vós Vos imolais continuamente sobre o Altar. Eu Vo-los ofereço muito especialmente pela restauração da civilização cristã, e sua extensão em todo o mundo, com o cumprimento das promessas de Nossa Senhora em Fátima, em particular a implantação do Reino do Imaculado Coração de Maria ali anunciado. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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JUNH02013 -
A REALIDADE CONCISAMENTE Vigília de 500.000 filipinos pede defesa efetiva da família ais de 40 organizações integradas por católicos filipinos realizaram na capital do país uma vigília com a participação de 500.000 pessoas a favor da vida e da família. O povo teme ser novamente enganado pelos políticos, que simulam defender a família e depois atuam de modo contrário ao que prometeram. O povo sente-se enganado pelo atual presidente Benigno Aquino e pelo Parlamento, responsáveis pela aprovação de uma Lei de Saúde Reprodutiva anti-vida. Os participantes da vigília prometeram só votar nos candidatos que se engajassem contra a referida lei e promovessem uma legislação a favor de Deus, da vida e da família. Os políticos pela "Saúde Reprodutiva" já preparam novos projetos favoráveis ao divórcio, ao "casamento" homossexual e à eutanásia - a panóplia anticristã bem conhecida dos promotores dos chamados "direitos humanos", que atualmente constituem monstruosos "direitos da morte". •
M
FAO propõe comer insetos, e não carne normal
A
organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) propôs reduzir a poluição planetária mediante o consumo de .. . insetos - besouros, gafanhotos, formigas - em vez de carne bovina e suína! Num relatório de 200 páginas divulgado em Roma, a FAO defendeu que comer insetos beneficia o meio ambiente, enquanto o gado consome demasiadamente vegetais e ração. O documento elogia os insetos porque estes se alimentam de "resíduos, lixo humano, compostagem e chorume animal". A proposta chama-se Programa de Insetos Comestíveis e também examina o uso alimentar de aranhas e escorpiões, embora não sejam insetos. Propostas como esta preanunciam o futuro almejado por pseudos-ecologistas - o de um mundo que renegou Jesus Cristo, sua Igreja e a civilização e por isso se degrada, acrescentamos nós. •
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CATOLICISMO
Organiza(jão irlandesa recusa despenaliza(jão do aborto
A
lrish Medical Association, principal organização nacional dos médicos da Irlanda, recusou a lei que despenaliza o aborto. Para o Dr. Sean O. Domhnaill, médico psiquiatra e membro do Life lnstitute (pró-vida), o voto dos médicos "significou um golpe importante na tentativa do governo. [ .. .] Enquanto médicos, fomos formados para salvar vidas e a maioria dos médicos irlandeses quer continuar a prática de proteger a mãe e o filho durante a gravidez". O Dr. Domhnaill sublinhou que uma abertura "limitada" do aborto precipitaria a sociedade rumo à matança irrestrita de inocentes. •
Coreia do Norte: tapea(jÕes paranoicas inspiradas por Pequim ditador comunista norte-coreano, Kim Jong-un (foto), em meio a mil outras bravatas, ordenou preparar seus mísseis para atingir o continente americano e as bases dos EUA no Pacífico. Mas do que valem esses mísseis norte-coreanos? O Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS), de Londres, avaliou que "a utilidade militar desse arsenal seria muito limitada por causa da fraquíssima precisão daquelas engenhocas". Os mísseis de médio alcance Hwasong-5 e 6, variantes de SCUDs soviéticos dos anos 70, têm uma margem de erro de pelo menos um quilômetro. A margem de erro do Nodong é de mais de 2,5 quilômetros. Os mísseis de longo alcance na realidade não vão além de modelos em elaboração, que falharam em numerosos testes e não possuem um sistema capaz de guiar a pontaria. Depois das bravatas o ditador marxista silenciou, sem se preocupar com a honra, talvez após uma simples ordem proveniente de Pequim ... •
º
Climatólogo deixa a NASA e profetiza o fim da vida na Terra climatólogo James Hansen (foto) abandonou o Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS), da NASA, que presidia e a partir de cujo cargo fazia estarrecedoras previsões climáticas. Mas, "nestes últimos anos , ele esgotou suas ideias. Por vezes foi longe demais" - disse seu admirador, o climatólogo francês Jean Jouzel. Saindo da NASA, Hansen vaticinou que "se nós queimarmos todos os nossos combustíveis fósseis, certamente o nível dos mares subirá dezenas de metros ... nós herdaremos o clima de Vênus, [.. .] os humanos não poderão sobreviver, {. ..]. A imagem da Terra será a de uma Antártida sem gelo e um planeta desolado sem habitantes ". Se essa não fosse a declaração de um "profeta" ambientalista, talvez Hansen tivesse sido transportado logo por uma ambulância. Mas não foi o caso. Pior do que problema psiquiátrico é sua ideologia neocomunista .. . •
º
Heroísmo de seminaristas chineses fieis ao Papado omás Zhang, seminarista católico chinês no exílio, revelou que ele e oito companheiros "viveram, dormiram, alimentaram-se, estudaram e rezaram" durante um ano e meio, num só quarto de poucos metros quadrados, ocultando-se da polícia. Outro seminarista narrou que 30 vocacionados viveram numa gruta cavada pelos seminaristas maiores e que servia de capela, aula e refeitório, sem saberem quando a força policial comunista chegaria. A gruta (uma nova catacumba?) era fria e úmida, e o refúgio, a oração e o estudo. Sofriam dores de estômago devido à fome, mas se consolavam ouvindo histórias de resistência de sacerdotes que passaram pelos cárceres socialistas. "Quando Deus abençoa, o faz com uma cruz", ensinavam eles. Certo dia a polícia prendeu alguns, tendo o reitor do seminário clandestino lhes ordenado fugir. Camponeses os acolheram, mas eles tinham de mudar incessantemente de local. Até hoje, conta ele, "os seminaristas de minha diocese continuam levando esse estilo de vida, fugindo de um canto para outro". O seminarista julgou necessário expor sua experiência porque no Ocidente alardeia-se falsamente uma "abertura na China e até a melhoria das relações diplomáticas entre a Santa Sé e a China , como se nesta vigorasse liberdade religiosa".
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Assassinato em Moscou restabelece tensões da Guerra Fria {\jurista russo Serguei: Magnitski morreu devido a torturas sofridas
U na prisão Butyrka, em Moscou, no ano 2009, enquanto denunciava a corrupção das estatais russas e as práticas criminosas da polícia contra empresas privadas. O caso repercutiu no Ocidente e o Congresso dos EUA publicou uma lista negra de 18 autoridades russas que teriam participado na morte do dissidente. Os bens dessas autoridades ficarão congelados nos EUA e quem comerciar com elas se expõe a sanções penais. Putin revidou proibindo a entrada em território russo de 18 americanos responsáveis pela prisão de Guantánamo, onde estão detidos terroristas islâmicos, bem como de americanos que condenaram o traficante de armas russo Viktor Bout. A vingança de Moscou constitui uma das medidas mais hostis em relação aos EUA desde o fim da Guerra Fria. •
JUNHO2013 -
NACIONAL
Não à cubanização do Brasil! I mportação maciça de 6.000 médicos cubanos é novo Cavalo de Tróia
Ili HÉLIO DIAS VIANA
e
orno se já não bastasse a importação pelo Brasil dos péssimos "produtos 1,99 " da China, com os seus irreparáveis danos à economia nacional ainda não suficientemente computados, chegou a vez de o governo petista, numa medida ressumando chavismo, anunciar sua intenção de "importar" 6.000 médicos cubanos.
.
11tario
Em se tratando de saúde e fazendo abstração da conotação comunista de muitos de tais médicos - cujos grandes contingentes que atuam hoje na Venezuela são vistos como membros do
exército cubano ou agindo sob as ordens deste - constitui sumo desdém o fato de um governo que se pretende popular entregar a saúde do sofrido povo de regiões recônditas e das periferias das grandes cidades do Brasil a médicos totalmente despreparados. Para dar dois exemplos recentes de "grandes líderes" tratados em Cuba, é só recordar que o Coma-andante Fidel Castro apelou para médicos espanhóis para continuar sua vida vegetativa, e consta que o mesmo sucedeu com Hugo Chávez, embora de modo tardio, pois de início ele parece ter acreditado na propaganda sobre a medicina da Revolução. Ou seja, a elite comunista não confia nos médicos formados pelo regime cubano e por isso se faz tratar por profissionais estrangeiros. Ora, são precisamente esses médicos que se quer agora "importar". De um lado, O presidente Hugo Chávez no ato de boas-vindas aos novos médicos cubanos, parte dos milhares que chegaram à Venezuela para
a Missão Bairro Adentro
- - - CATOLICISMO
isso causaria aos incontáveis profissionais brasileiros, presentes e futuros, um dano análogo ao provocado pelos produtos chineses às nossas indústrias. De outro lado, e muito mais grave, entregaria a saúde de incontáveis brasileiros - a qual não é um "produto" qualquer - nas mãos de incompetentes "médicos 1,99 " que, incapazes de curarem os corpos, são eficientíssimos em contaminar as mentes. E, crescendo de ponto, por mais grave que seja o cuidado da saúde pessoal de inúmeros brasileiros entregue a tais médicos, todavia muito mais grave é a "saúde da Nação" em face do caráter ideológico da inusitada "importação". Tanto mais quando sabemos que a Venezuela de hoje, por razões análogas, se tornou um virtual protetorado cubano, com milhares desses médicos espalhados por todo o seu território, monitorados in loco por cerca de meia dúzia de generais que ditam normas em pontos vitais daquela nação. *
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Encontramo-nos assim diante de uma ofensiva multiforme e continental do eixo bolivariano e de seus coadjuvantes, preocupados talvez em apressar o passo diante da perda de Hugo Chávez - e, sobretudo, da crescente rejeição de seus postulados revolucionários pelas respectivas populações. Eles querem nos "presentear" agora com um Cavalo de Tróia, não da Grécia com os seus inúmeros problemas atuais, mas de Cuba com os seus problemas eternos derivados do regime comunista ali vigente. Nessas condições, todos os brasileiros - de modo particular a nossa classe médica, a exemplo do que algumas de suas entidades representativas vêm fazendo - necessitam reagir com energia, dentro da lei e da ordem. Fazendo-o, estarão colaborando para preservar a soberania do Brasil e a saúde fisica e mental de nossa população, tão infensa à subversão e desejosa de ser tratada com competência e carinho, coisas que os médicos cubanos, por falta de capacidade profissional e excesso de formação ideológica, são incapazes de proporcionar.
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Mas este não é um problema isolado, o que o torna ainda muito mais preocupante. Com efeito, tal plano de " importação" coincide com a tentativa de revitalização das famigeradas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Empreitada de fins pouco claros que, após um semi-silêncio de cerca de três décadas, a CNBB chamou novamente a si, delegando-a, pelo visto, nada menos que ao Frei Beto, o grande amigo da Revolução cubana e instigador da subversão religiosa no Brasil e no Continente. Tal revitalização foi tema prioritário da recente assembleia da CNBB em Aparecida, e Frei Beto anda no presente momento pelo Nordeste, como participante oficial de simpósios sobre o assunto, a exemplo dos organizados pelas Arquidioceses de Maceió e Natal. Ora, as CEBs, que atuaram como verdadeiros soviets , são um dos péssimos frutos da Teologia da Libertação. Desta falsa teologia da qual o próprio José
Dirceu declarou certa vez ter ouvido diretamente de Fidel Castro em Havana a afirmação de que se ele a tivesse conhecido antes, teria evitado muitos erros para a Revolução comunista cubana. Não se pode, por outro lado, deixar de recordar que em 1983 o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira escreveu, juntamente com os irmãos Gustavo e Luís Solimeo, o importante livro: As CEBs, das quais muito se fala e pouco se conhece - A TFP as descreve como são, a partir de cuja larga divulgação por todo o Brasil as referidas CEBs encolheram. Concluindo, nós nos encontramos diante de uma tentativa desesperada de um assalto final das esquerdas religiosas e políticas, com a finalidade de conquistar o Brasil e a América Latina para o comunismo. E tanto a " importação" dos médicos cubanos quanto a preocupante tentativa de revitalização das CEBs constituem elementos de suma importância nesse plano. • E-mail para o autor: caloli cismo@terra.com.br
JUNHO2013
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1NTERNACIONAL
Estará nascendo a
Contra-Revolução Francesa? U m acontecimento fascinante de alcance mundial n ALEJANDRo
EzcuRRA NAóN
A
inda há pouco, a Revolução* que devasta o Ocidente cristão avançava com suma cautela, evitando o quanto possível reações na população que escapassem a seu controle e comprometessem o êxito de sua marcha rumo à utopia igualitária e anárquica. Mas agora essa cautela parece ter ficado para trás: à medida que uma maré conservadora vai se consolidando por todas partes, as forças revolucionárias parecem ter optado por atropelar sem comedimento a opinião pública, procurando impor-se através da via dos fatos consumados. É o que vemos em países como Venezuela, Argentina, Brasil, Colômbia ou
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Uruguai, cujos governos e parlamentos implementam leis e políticas anticristãs cada vez mais despóticas, sobretudo em matéria de família, alvo central da atual Revolução cultural. E também em temas como o cerceamento da propriedade privada, as "negociações de paz" com as FARC na Colômbia etc. E o fazem passando por cima do sentimento das maiorias e do próprio Estado de Direito.
Soclallstas, os "vitoriosos"... vencidos O caso de maior ressonância desse atropelo se deu em fins de abril na França, com a aprovação de um projeto legislativo de "casamento" entre pessoas do mesmo sexo, impulsionado pelo governo socialista. As pesquisas revelavam
que a maioria dos franceses se opunha a essa absurda paródia matrimonial. E as impressionantes mobilizações de protesto realizadas em Paris nos dias 13 de janeiro e 24 de março p.p. (a última das quais com 1,4 milhão de pessoas, a maior manifestação pública da história da França) e em muitas outras cidades, constituíram uma imagem visível dessa tendência. Conscientes da falta de apoio na opinião pública e para evitar que a recusa desta ao projeto crescesse até se tornar incontenível, o governo socialista e a Assembleia Nacional dominada pela esquerda optaram cinicamente por antecipar de um mês a votação parlamentar, prevista para fins de maio. Assim, no dia 23 de abril o projeto foi votado e
aprovado, diante do protesto de uma multidão calculada em 200 mil pessoas. Enquanto os deputados esquerdistas festejavam a votação com aplausos rítmicos e gritos de "igualdade! Igualdade", das galerias um grupo de jovens interrompeu o sabbat revolucionário desfraldando uma bandeira branca com a palavra "Referendo". Então o presidente da Assembleia, o socialista Claude Bartolone, fora de si, ordenou aos gritos: "Retirem daqui esses inimigos da democracia (sic), eles não têm o direito de estar aqui! " 1• Como se vê, a "democracia" socialista consiste em reduzir ao silêncio os que pedem a democracia de verdade. Essa bofetada contra o sentimento popular, por pura e cega obstinação ideológica, custou caro à esquerda. Os socialistas saíram vencidos de sua "vitória". A aprovação ao governo Hollande despencou de modo "inexorável": em abril caiu até 25%, "o índice mais baixo jamais alcançado por um presidente na V República ", enquanto a recusa de sua gestão subiu até 74%.2• 3
Um novo e hlst6rlco fenômeno de opinião Esses números não indicam apenas uma conjuntura política. Eles correspondem a um novo e extraordinário fenômeno de opinião, que toca no fim-
do dos espíritos e se estende por toda a França. É um estado de resistência ativa à ofensiva revolucionária marcado por quatro notas inéditas: 1) uma raiz ideológico-religiosa; 2) seus protagonistas são jovens de ambos os sexos, casados e solteiros; 3) sua estratégia é inovadora e eficiente; 4) tem todas as características de ser irreversível. Nas semanas prévias à aprovação do projeto ocorreram multitudinárias manifestações de recusa em cidades de toda a França, as mais importantes das quais foram as já mencionadas de Paris. Outras manifestações estão sendo anunciadas e prometem grande afluxo de participantes. Ao mesmo tempo em que essas demonstrações se desenro lavam, as ruas de Paris e das principais cidades do interior eram cenários de constantes manifestações-relâmpago de grupos, cada qual com uma vintena de jovens, que deixavam a polícia desconcertada. Sua estratégia consistia em ocupar diferentes pontos da cidade, interrompendo durante alguns minutos o trânsito e proferindo vigorosamente ditos chibantes, como este, dirigido a Hollande: "Touche pas au mariage,/ occupes du chômage" ("não toques no casamento, ocupa-te do desemprego"). Quando a polícia chegava, eles se dispersavam velozmente, para reaparecerem depois em outro ponto combinado pelo celular. Alguns desses grupos eram
de ciclistas, que convergiam a um lugar pré-determinado - por exemplo, na Ponte dos Inválidos - , sentavam-se na pista, faziam uma barreira com suas bicicletas, e depois de executar suas proclamações e cânticos, partiam, às vezes aplaudidos pelos motoristas. Com a polícia sobrecarregada por esse "jogo de esconde-esconde" de vários grupos atuando simultaneamente em Paris, Manuel Valls, ministro do Interior, ordenou dispersá-los com abundantes cargas de gás lacrimogêneo. Represália inútil: sua ordem foi rapidamente ridicularizada, e ele passou a ser chamado de "Manuel Gas ". Em matéria de estratégias inéditas, cabe destacar os bem-organizados "comitês de recepção" ao presidente Hollande e a seus ministros. Em todos os atos públicos a que algum deles assistia, grupos de jovens os recebiam com canções, vaias e slogans muito bem escolhidos - a charmosa e fulgurante chispa francesa não podia estar ausente - , a ponto de eles, humilhados e atemorizados, se sentirem obrigados a cancelar vários de seus compromissos públicos. Também sit-in noturnos de protesto - vigílias com velas, cânticos religiosos ou patrióticos e recitação do Rosário são realizados durante algumas horas em lugares simbólicos, como os jardins de Luxemburgo ou do Louvre. Tais ações continuam até hoje, embora em muitos
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casos sejam duramente reprimidas pela CRS (tropa de choque). O saldo dessa repressão tem sido centenas de manifestantes presos diariamente, vários deles feridos (inclusive sacerdotes e crianças), só pelo fato de protestarem de modo pacífico. Indignado por esse abuso da polícia, Tugdual Derville, um dos principais porta-vozes dos protestos, desafiou: "Quantos carros foram incendiados? Quantos vidros foram quebrados? Nenhum!". A própria polícia começou a expressar mal-estar, tendo alguns de seus membros felicitado os estudantes por sua valentia; lamentavam prendê-los e queixavam-se de que estavam sendo utilizados com fins políticos: "Sentimos vergonha de fazer o que estamos fazendo". 4 Outra estratégia publicitária é o chamado "balcão para todos", aplicado em várias cidades: nas sacadas das casas pendem uma infinidade de faixas e bandeiras iguais à dos manifestantes que passam pelas ruas,5 formando um vistoso espetáculo. Seria longo referir o extraordinário ímpeto de uma população que se sente maltratada por um poder político que, a menos de um ano de ter assumido, se divorciou tão rápida e drasticamente dos cidadãos, ignorando suas expectativas e reivindicações. Um bom "sismógrafo" para se medir esse estado de resistência é o fato de 15 mil prefeitos (sim, exatamente 15 mil!) terem declarado sua negativa formal de celebrar em suas jurisdições
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"casamentos" civis entre pessoas domesmo sexo. O próprio jornal "Le Monde", favorável ao governo, comenta que quem quiser conhecer até onde vai o país, basta colocar em alguma busca da Internet duas palavras: "Hollande demissão". 6 O comentário mais difundido é: a esquerda perdeu a juventude, perdeu a rua, perdeu o povo ... e perdeu a bússola.
Os cat6licos na vanguarda da "direitização " da sociedade Embora a nefanda lei tenha sido aprovada, a população não se dá por vencida e os protestos redobram. Inclusive agora, tendo os estudantes veillants (participantes das vigílias de protesto) entrado no período de provas, suas mães os substituem . São por isso chamadas "meres veilleuses" (mães em vigília), que por um jogo de palavras o público converte em "merveilleuses" (maravilhosas). 7 A participação de famílias nos protestos indica que a sociedade como um todo se sente envolvida neles e que o francês médio passou, em muito larga medida, do centro para a direita: estamos perante "a emergência de uma geração conservadora orgulhosa de seus valores, que está encantada por difundi-los ruidosamente na rua ... Abundam os grupos de famílias jovens, católicas na sua maioria, acompanhadas de bandos de jovens encantados por protestar". 8 São setores que nunca antes foram contestatários, mas que agora "descobrem o per/ume particular da insurreição". 9
Nessa frente, a presença católica é determinante. E isso tem um alcance incalculável. O site "Boulevard Voltaire" traça o perfil dos contestatários: "Estes resistentes são... católicos! [. ..] Eles começam a compreender o fracasso de um liberalismo que enlouqueceu; procuram criar outra coisa, e não cristianizar o socialismo. Trata-se de famílias e, sobretudo, de jovens " que "saíram à rua para dizer 'basta' aos destruidores da sociedade". 1 Completa outro site: são pessoas "de alto nível espiritual e dogmático, seguros de sua fé e de seu sangue, pelo qual correm 1500 anos de França, e conscientes dos deveres que esta herança contém". 11 Um dos jovens "em vigília" explica por que estão ali: "Somos a luz e o sal do mundo: somos católicos franceses e nada poderá nos fazer vacilar". 12 A revista do Episcopado francês "La Croix" - cuja posição no caso é ambígua e concessiva - se alarma com a polarização criada. Ela explica que, para a esquerda, "retroceder é impossível, seria renegar a si mesma"; e acrescenta que o fato de os católicos constituírem
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convicção e perseverança, pode-se esperar desse movimento o que Plínio Corrêa de Oliveira observou: "Quando os homens resolvem cooperar com a graça de Deus, são as maravilhas da História que assim se operam: é a conversão do Império Romano, é a formação da Idade Média, é a reconquista da Espanha a partir de Covadonga, são todos esses acontecimentos que se dão como fruto das grandes ressurreições de alma de que os povos são também susceptíveis. Ressurreições invencíveis, porque não há nada que derrote um povo virtuoso e que verdadeiramente ame a Deus ". 15 •
Notas: (*) Empregamos o termo "Revolução" no sentido que lhe dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu ensaio Revolução e Contra-Revolução, de processo histórico de destruição do Ocidente cristão.
a "maioria hostil ao projeto ", o vigor de sua resi stência faz com que se fale inclusive de "ameaça de uma 'guerra civil' ". Comentário impensável até muito pouco tempo atrás. 13
Um "despel'tar" co11tl'a-re1r0Jucio11ário tallrez il'l'eversível Esse apaixonante fenômeno de opinião pública tem a França como ponta-de-lança, mas meios de (des) informação o escondem quanto podem. Assim o define o conhecido jornalista Ivan Roufol : "A esquerda esfrega os olhos. Ela foi despojada do que lhe era mais querido! Ela não viu chegar, com efeito, a nova indignação populat: Ela, que tanto adulou a juventude, descobre estupefata que esses indignados lhe voltam as costas: milhares de jovens desafiam o poder es tabelecido , recusando seu projeto de 'casamento' e de adoção para os homossexuais ".[.. .] Por outro lado, a esquerda não compreende o que acontece: "Ela só vê nos manifestantes 'extremistas', 'ultras ', 'exaltados', 'homofóbicos'[.. .]. Essa
grosseira demonização deixa de lado o essencial: o que está chegando é o despertar de uma juventude[. ..] que segue uma direção oposta à da herança da velha sociedade que chega a seu fim: a dos adeptos ,le maio de 1968 e de sua ideologia relativista do 'politicamente correto '". Daquele legado revolucionário esses jovens "recusam tudo, a começar por seu desprezo p ela família, pela nação e p ela cultura. Há já vários anos que as pesquisas de opinião identificaram esse novo perfil da juventude, que se inscreve em uma reação a 40 anos de desastres ideológicos: ela quer doravante escrever uma nova História ". 14 O ciclo da Revolução Francesa - que se tentou revigorar e acrescer em maio de 1968 - esgotou e a "nova história", que agora começa a ser escrita, aparece como um acontecimento exatamente oposto: o nascimento de uma ContraRevolução Francesa dotada de um formidável potencial de propagação decorrente da irradiação cultural que a França conserva até hoje. Se esses resistentes atuarem com
1. http ://www.lifesitenews.com/news/francepasses-gay-marriage 2. www.lex press.fr/actua l ite/politique/la-cotede-popu Iari te-de-ho l land e-poursui t- so ninexorable-chute_ 1232729 .html 3. www . francei n fo. fr/ politiqu e/ francois-ho11 a nd e-a u-p 1u s - b a s -da n s- 1es-sond ages-96048 1-2013-04-2 1 4 . www . nona u m ar ia ge h o mo . fr/spi p. php?article l 24 5.Ver por ejemplo: http://www.facebook.com/ pages/ Balcon-Pour-Tous/573556362675 102 ?ref=stream 6. h ttp :/ / www.lemonde . fr/po 1i tique / artic le/20 13/03/3 0/le-web-se-dechaine-contrehollandouille-ier_3 150860_823448.html 7 .http :/ /w ww. laman i fpourtous . fr/fr/toutes-lesactualites/248-merveilleuses-meres-veilleuses 8.www.abc.es/i nte rn ac iona l/2 0130421 /abc ima nifestac io n-anti-matrimonio-gay-fran cia-20 13042 11856.html 9. www. ma i res pour len fance. fr/les-meres-veilleuses-une-merveille-saluee-par-les-mairespour- lenfance 1O. www.bvoltaire.fr/francoisteutsch/le-peupleca tho Iiq ue-sest-leve-et-i l-a-de-beaux-restes, l 8934 11 . www.gloria.tv/?media=428401 &postings 12. http://www.ndf.fr/poing-de-vue/ 19-04-20 13/ une-soiree-en-hollandie 13. B RUNO FRAPPAT, Sommes-nous devenusfous? ("1,Nos hemos vue/to focos?"), "La Croix" 19-4-20 13 . 14 .http ://v ideo .lefigaro. fr/figaro/video/rioufolla-jeunesse-veut-ecrire-une-nouvelle-histoire/23 1011 7 112001 / 15. Plínio Corrêa de Oliveira, Revolución y Contra Revolución, Ed. Tradición y Acción por un Perú Mayor, Lima 2005, Parte II, Cap. IX, 3.
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''A melhor resposta ao império
do dinheiro é a lei da honra" R etorno à ordem cristã para superar uma economia baseada na "intemperança frenética" - espírito inquieto e precipitado que provoca violenta aceleração no ritmo de vida.
Sr. John Horvat li é pesquisador, educador, palestrante internacional, articulista e autor do livro Retorno à ordem, lançado recentemente nos Estados Unidos pela Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), da qual é vice-presidente e diretor do website (www.tfp.org). Seus escritos têm sido reproduzidos em publicações como "The Wall Street Journal", "FOX News", "The Christian Post", "The Washington Times", "ABC News", "C-SPAN", além de outros órgãos de imprensa e sites. As pesquisas, escritos e conferências do Sr. Horvat sobre a crise sócio-econômica dos Estados Unidos se estendem por mais de duas décadas, culminando no lançamento de sua obra inovadora Retorno à ordem, útil não só para os americanos, mas para todos os nossos contemporâneos. O Sr. Horvat reside na sede da TFP americana em Spring Grove, Pennsylvania, onde lidera a Comissão de Estudos Americanos Tradição, Família e Propriedade. Foi nessa bela propriedade que ele concedeu a presente entrevista a Catolicismo, na qual responde a questões sobre temas tratados no referido livro. Ele defende que não bastam as leis para a solução dos graves problemas de nosso século, como os econômicos, mas cumpre restaurar os valores culturais, morais
e religiosos, como, por exemplo, a prática das virtudes cardeais e a consideração da Lei natural.
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Catolicismo - O que há de novo na solução proposta em seu livro Retorno à ordem? John Horvat - Quando a maior
John Jlorvat:
''A. família surge de alguns princípios gerais que se fundam no Direito natural, como seu caráter de união monogâmica entre pessoas de sexos opostos"
parte das pessoas excogita soluções, pensa em termos de sistema, isto é, em um plano a ser posto em prática para resolver todos os problemas. As soluções propostas no livro Retorno à ordem partem de um pressuposto totalmente diferente. Elas são orgânicas e derivam de alguns princípios básicos da Lei natural e da doutrina católica. Porém, tais princípios se desenvolvem depois de maneira imprevisível, adaptando-se às circunstâncias concretas de cada realidade, muito variáveis. Não é um sistema rígido, uma espécie de plano quinquenal socialista que impõe uma série de normas e regulamentos para a sociedade inteira. Não é uma solução planejada sobre uma mesa. Eis o aspecto novo e, ao mesmo tempo, antigo das soluções propostas no livro. Propomos soluções que levam em consideração o lado humano das coisas, ou seja, soluções flexíveis, mas, ao mesmo tempo, com uma base sólida. Catolicismo - Poderia dar um exemplo de uma solução cristã orgânica?
John Horvat - Vem-me à mente a família. Não se pode inventar um novo tipo de família e impôla a um povo. A família surge de alguns princípios gerais que se fundam no Direito natural, de onde provém o seu caráter de união monogâmica entre pessoas de sexos opostos. Catolicismo - O que não funciona no atual sistema econômico? John Horvat -Hoje, temos um tipo de economia constantemente voltado para o frenesi . É o que chamamos de "intemperança frenética", um termo cunhado para descrever o espírito inquieto e precipitado que domina vários setores da economia. Tal espírito anula toda restrição legítima e visa somente satisfazer as paixões desordenadas. A intemperança frenética produz não só avidez e ambição, mas também uma expansão explosiva de desejos humanos além do limite da razão e da moral. Leva a realizar atividades econômicas que anulam a própria ideia de moderação e os valores espirituais, religiosos, morais e culturais que normalmente deveriam temperá-las, introduzindo um elemento quase irracional, causador de relações agitadas, especulação e risco exagerado. É impossível resolver nossos problemas econômicos com leis ou com regras. O problema está no homem, em sua alma. A única resposta real à intemperança frenética é um retomo à temperança. E isto exige uma conversão espiritual. Catolicismo - Poderia citar um exemplo do que o Sr. denomina "intemperança frenética"? John Horvat - Nos Estados Unidos, a crise das hipotecas anterior a 2008 é um exemplo. A fim de adquirir uma casa a qualquer custo - a famosa bolha imobiliária - um número enorme de pessoas fez uma hipoteca bancária sem ter como pagá-la. Pensando apenas no lucro, os banqueiros não se preocuparam em controlar os riscos. Vieram em seguida os operadores financeiros, introduzindo essa hipoteca má em pacotes de títulos para revender aos investidores. A prudência foi literalmente atirada às urtigas. Bastou que a bolha se desinflasse e os juros aumentassem para que o sistema viesse abaixo. A intemperança frenética tende a eliminar toda restrição, visando somente vantagens e interesses pessoais. Ora, são exatamente essas restrições de ordem moral que devem temperar a economia, humanizando-a e mantendo-a no limite do razoável. Por outro lado, a intemperança frenética provoca uma violenta aceleração no ritmo de vida, que ela tende a manter anulando o elemento humano pela utilização de máquinas cada vez mais velozes e
A crise das hipotecas anterior a 2008 é um exemplo. Bastou que a bolha se desinflasse e os juros aumentassem para que o sistema viesse abaixo.
''A economia tornou-se fria e Impessoal, veloz e frenética, mecânica e Inflexível. Cumpre reintroduzir o elemento humano na economia e na sociedade"
reduzindo as pessoas à condição de engrenagens de uma gigantesca economia. Essa intemperança também elimina o calor das relações humanas na economia, torna a vida brutal, exclui os aspectos morais e extingue o senso de comunidade. Quando as pessoas se comunicam exclusivamente por celular ou via Internet, o contato humano de outrora deixa de existir. Anula-se aquilo que alguns economistas chamam de "capital social". Praticamente perdemos a ideia de comunidade orgânica, isto é, de uma estrutura social onde as pessoas se relacionam com laços de confiança e amizade, sem as quais não se pode garantir um caráter humano à economia. Catolicismo - No livro, o Sr. trata da importância da moeda, do império do dinheiro. John Horvat - Quando a intemperança frenética prepondera, o dinheiro tende a governar. Os homens colocam à parte os valores culturais e morais e adotam um sistema diverso de valores que sobrepõe a quantidade à qualidade, o útil ao belo, a matéria ao espírito. Seu efeito trágico foi que a economia moderna tornou-se fria e impessoal, veloz e frenética, mecânica e inflexível. Cumpre reintroduzir o elemento humano na economia e na sociedade. Impõe-se um retomo à ordem cristã. Catolicismo - Qual é a melhor resposta ao império do dinheiro? John Horvat - A melhor resposta ao império do dinheiro é a lei da honra. A honra afirma valores que não podem ser comprados nem vendidos. Pressupõe a valorização das coisas de qualidade. Difunde no mercado um clima de tranquilidade e temperança. A lei da honra conduz naturalmente os homens a estimar e procurar as coisas excelentes. Introduz no mercado uma série de valores como qualidade, beleza, bondade e caridade. Na honra encontramos a influência temperante das virtudes cardeais. Alguém poderá objetar: mas é possível implementar tal lei nos dias de hoje? Comecemos
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por difundir princípios, ideias, valores morais na sociedade e veremos como a influência do dinheiro começará a desaparecer. Catolicismo - O Sr. é contrário ao sistema capitalista? John Horvat - Não, eu defendo muitos dos princípios básicos da economia de mercado: a propriedade privada, a livre empresa, o governo limitado e a fiscalização contida. O problema é que a palavra capitalismo tem muitos significados dificeis de avaliar. A esquerda utiliza-a para descrever os erros ou os excessos do atual sistema de mercado, enquanto alguns libertários usam-na para promover uma anarquia radical. Este é o motivo pelo qual evitei acuradamente essa palavra no livro. Preferi seguir o sábio conselho do jesuíta Pe. Bernard Dempsey, segundo o qual é impossível definir cientificamente o capitalismo. Ele mesmo utiliza o termo com muita relutância, dizendo: "Só um general demente aceitaria a batalha no terreno escolhido pelo adversário". Catolicismo - O que aqui é um sistema orgânico de mercado? John Horvat -A concepção orgânica de mercado repele o gigantismo na indústria, no comércio e nas finanças, em favor de uma economia de proporção humana. A concepção orgânica rejeita a padronização em massa dos produtos, porque esta empobrece cultmalmente a sociedade, diminuindo a tendência de cada região a desenvolver sua própria riqueza cultural com os recursos de seu território. Apreciamos o uísque, o queijo Camembert e o champanhe, por entender que constituem expressões de cultura local. A vida proporcionaria uma riqueza muito maior se houvesse mais produtos locais. Catolicismo economia?
Como definir essa visão da
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Apreciamos o uísque, o queijo Camembert e o champanhe, por entender que constituem expressões de cultura local
"Nos dias de hoje, comecemos por difm1dil' na sociedade pl'incípios, valores morais e veremos como a inll11ê11cia do dinheiro começal'á a desaparecer"
John Horvat - É certamente diversa da visão moderna. Creio que a economia deve basear-se nos princípios que norteavam a sociedade préindustrial. Entendamo-nos, não digo voltar atrás historicamente, mas falo de retomar aqueles princípios perenes que constituem a base de uma economia sã e equilibrada. Os problemas começam quando o pensamento econômico se desliga da filosofia moral. Esta ruptura tomou-se evidente com o advento da Revolução Industrial ( 1760-1840). Os economistas começaram a sustentar que a economia não deveria estar sujeita a nenhuma norma ética superior. Quer dizer, trouxe consigo a intemperança frenética da qual falei acima. Um segundo problema da economia moderna é sua dissociação de toda legítima consideração social. Na visão católica, economia e sociedade são realidades complementares. Precisamos reintroduzir retamente o elemento social na economia. Necessitamos de uma ordem econômica vinculada aos princípios gerais das relações sociais, da caridade e da justiça. Cumpre dar maior relevo às instituições que auxiliam a reforçar tal ordem social: a família, a comunidade, o Estado cristão e a Igreja. Ao invés de ser um instrumento para ajudar o homem a alcançar seu fim último, a economia tornou-se um patrão autoritário. Devemos reconduzi-la ao seu limite natural. Eis por que o livro propõe um retomo à ordem. Catolicismo - A solução para a atual crise, portanto, seria um retorno à ordem cristã? John Horvat - Para resolver a atual crise não necessitamos de novas leis, mas de algo mais profundo . Precisamos redefinir as nossas prioridades, reordenar a nossa vida, começar a praticar a temperança e outras virtudes cardeais. Impõe-se um retorno à sociedade orgânica cristã, que não trata as pessoas como peças de uma máquina, mas como seres humanos que somos. Ela repõe o elemento humano no centro da sociedade moderna e favorece o papel temperante da tradição, da moral, da família e da comunidade, ajudando a reconstruir o tecido social e acalmar o mercado. Essa sociedade será cristã, isto é, fundada sobre as virtudes cristãs; guiar-se-á pela Lei natural, orientada ao bem comum e à vida virtuosa em comunidade; será cheia de matizes, poesia e paixões ordenadas. Catolicismo - Quais são as perspectivas? John Horvat - As soluções orgânicas não podem ser impostas; devem desenvolver-se de modo natural. Nosso livro demonstra que o atual modelo sócioeconômico está em crise, com os dias contados, e que haverá naturalmente uma procura de outros modelos.
Temos, portanto, necessidade de procurar um modelo alternativo que nos permita superar a crise. Devemos estar prontos para afastar os modelos que serão propostos pelo socialismo, por ecologistas e outros, e apresentar aqueles derivados de uma concepção católica das coisas. Devemos voltar aos princípios da ordem cristã, que fazem parte do nosso patrimônio e de nossas tradições. São princípios que funcionaram no passado. O livro coloca esta opção sobre a mesa e mostra como já é possível mover-se nessa direção. Catolicismo - O que o Sr. entende por princípios que funcionaram no passado? John Horvat - O testemunho da História vem em defesa de tais princípios, cujos antecedentes são extraordinários. As pessoas tendem a pensar que a civilização anterior à Revolução Industrial era primitiva e retrógrada. Isso está longe da verdade. De fato , a civilização cristã preparou o caminho para o verdadeiro progresso. Os princípios do cristianismo muito têm contribuído para inaugurar um período de incrível dinamismo e enorme progresso tecnológico. O historiador Samuel Lilley, por exemplo, demonstra que o progresso tecnológico foi proporcionalmente muito maior na Idade Média do que em toda a história precedente. A Idade Média não era inimiga da tecnologia. Na Europa medieval foram introduzidas máquinas em urna escala desconhecida de qualquer civilização anterior. Alguns historiadores sustentam que a Revolução Industrial foi na realidade um prolongamento (eu diria uma con-osão) do processo iniciado na Idade Média. O historiador Lynn White afirma que a Cristandade foi a primeira civilização não construída sobre os ombros de escravos. Esse progresso dinâmico não se limitava à tecnologia, mas se estendia também ao campo do direito, da instrução, da medicina, da economia e do governo. Os que não confiam nos livros de História poderão visitar os monumentos da época: catedrais, universidades, castelos. Aí terão uma ideia do que se fez.
"Creio que a eco110mia deve basear-se 11Os pl'incípios que 110,·teavam a sociedade pré-industl'ial. EI1te11damO-llOS, 11ão digo mltar atrás llisto1'ica-
mente"
Os que não confiam nos livros de História poderão visitar os monumentos da Idade Média: catedrais, universidades, castelos, como transparece na foto abaixo
massa que alimentam a intemperança frenética. E também de restabelecer o contato com o elemento humano deficiente na sociedade e na economia. Seja a medida qual for, se ela concorrer para reforçar a família e a comunidade local, para aumentar nosso apreço pela reflexão, pela beleza, pelo dever e pela virtude, ela será uma medida positiva para o retorno à ordem. Temos por isso necessidade de entender a crise e participar do debate sobre o futuro da civilização cristã. O livro Retorno à ordem nos convida a participar desse debate, o qual acreditamos que vai crescer em importância na medida em que a crise se agravar. Ainda a propósito de sua pergunta, gostaria de acentuar que meu livro é dedicado ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, pensador católico, um brasileiro campeão da luta pela civilização cristã cujo exemplo de grande virtude e coragem serviu de inspiração para muitos. Foi sua visão católica que inspirou o livro, o qual está profundamente irrigado pelos pensamentos contidos nas dezenas de reuniões que ele de bom grado condescendeu em ter com a Comissão de Estudos norte-americanos. Catolicismo - Por que o retorno à ordem é tão urgente neste momento? John Horvat - Um dos principais motivos que o torna urgente é o fato de o bissecular modelo ocidental moderno parecer ter entrado em declínio. Mesmo o American way ofltfe não é mais aquele de outrora. Quando se evidenciar o declínio de nossa sociedade, com seus fundamentos sendo postos em discussão, creio que muitos compreenderão a importância do retorno à ordem. Mas tal retorno só será possível mediante um retorno a Deus e à Santa Igreja. Uma sociedade ordenada é necessariamente virtuosa, confia na Providência e nos leva a amar a Deus. Ela é possível e para ela devemos retornar. •
Catolicismo - Seu livro foi escrito só para os norte-americanos? John Horvat - Todos nós individualmente fazemos parte da cultura da intemperança frenética. Ou melhor, sob alguns aspectos, somos seu elemento mais ativo. O livro Retorno à ordem trata também de como devemos agir em nossa vida pessoal para nos desligarmos dos ritmos frenéticos que criamos. Ele foi escrito não somente para os americanos, mas também para todas as pessoas do mundo moderno. Creio que estamos em condições de rejeitar o império do dinheiro e a lógica dos mercados de
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o apóstolo da Alemanha. Resignou a sua Sé episcopal para trabalhar nos últimos anos de sua vida na reconversão dos frísios (holandeses), que haviam recaído no paganismo, sendo por eles martirizado.
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1 São Panfílio e Companheiros, Mártires + Cesaréia (Palestina), 309. O maior dos exegetas do seu tempo, Panfílio fundou uma escola bíblica, centro de saber e virtude. Encarcerado e torturado em virtude de sua fé, foi depois martirizado com alguns discípulos e companheiros de prisão. Primeiro Sábado do mês
2 São Nicolau, o Peregrino, Confessor + Trani (Itália), 1094. Jovem grego, ele visitava a pé os santuários do sul da Itália, carregando uma pesada cruz e cantando o Kyrie Eleison . Faleceu aos 19 anos de idade. Muitos milagres se operaram em seu túmulo.
3 São Carlos de Luanga e 22 Companheiros, Mártires + Uganda, 1886. Carlos, oficial do Rei de Uganda, convertido com outros funcionários pelos Padres Brancos, foi com eles queimado vivo.
São Norberto, Bispo e Confessor + Magdeburgo (Alemanha), 1134. Clérigo mundano convertido por causa de um raio, tomou-se pregador itinerante; fundou depois os Cônegos Regulares (Premonstratenses). Foi nomeado posteriormente Arcebispo de Magdeburgo.
7 Sagrado Coração de Jesus Primeira Sexta-feira do mês
8 Imaculado Coração de Maria (neste ano) São Medard, Bispo e Confessor + França, 558. Irmão de São Gildard, Bispo de Rouen, foi eleito para a diocese de Noyon, à qual Toumai foi unida mais tarde.
9 Beato José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, Confessor + 1597. Converteu inúmeros índios à fé católica, arrancando-os das trevas do paganismo. Operou numerosos milagres.
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São Francisco Caracciolo, Confessor (Vide p. 44)
Santo Itamar; Bispo e Confessor + 656. Natural de Kent, foi o primeiro bispo anglo-saxão nomeado para uma sé inglesa, sucedendo a São Paulino como bispo de Rochester.
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São Bonifácio, Bispo e Mártir + Dokkun (Holanda), 754. Inglês de nascimento, ele foi
São Barnabé, Apóstolo + Chipre, séc. 1. Fiel companheiro de São Paulo na evan-
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gelização, este o chama de Apóstolo, embora não fosse um dos Doze.
12 São João de Sahagurn, Confessor + Salamanca(Espanha), 1479. Da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho. Por denunciar o mal existente nos mais altos postos da sociedade onde vivia, sofreu vários atentados, sendo por fim envenenado pela concubina de um nobre.
13 Santo Antonio de Pádua, Confessor e Doutor da Igreja + 1231. Nasceu em Lisboa, onde se fez agostiniano e depois franciscano. Na Itália, São Francisco o encarregou da pregação e chamava-o de "meu bispo ", por sua erudição. Cognominado Martelo dos hereges.
14 São Metódio de Constantinopla, Bispo e Confessor + Constantinopla (Turquia), 84 7. Italiano de nascimento; tocado pela graça, fez-se monge; valente opositor dos iconoclastas. Por interferência da imperatriz Teodora, foi nomeado Patriarca de Constantinopla.
15 Santa Germana Cousin, Virgem + Pibrac (França), 1601. Pobre, escrofulosa, negligenciada pelo pai e maltratada pela madrasta, morreu abandonada em seu leito de palhas no celeiro da propriedade paterna, aos 22 anos.
16 São Ciro e Santa ,Julita, Mártires + Síria, séc. IV. Julita, por não querer renegar a fé, estava sofrendo o martírio quando
seu filho Quirico (ou Ciro), de apenas três anos, que lhe fora arrancado dos braços, juntou-se a ela para morrer, afirmando que também era cristão.
17 Santa Teresa de Portugal, Viúva
+ 1250. Filha do rei Sancho I de Portugal. Tendo seu casamento sido declarado nulo por motivo de consanguinidade, fundou um convento cisterciense.
18 Santos Marcos e Marcelino, Mártires
+ Roma, 287. De acordo com a Tradição, na perseguição movida por Diocleciano, esses dois irmãos gêmeos "tive-
ram o lado traspassado por lanças, entrando assim no Reino dos Céus pela glória do martírio" (do Martirológio Romano).
19 Santos Gervásio e Protásio, Mártires
+ Milão, Séc. III. O primeiro foi açoitado com pontas de chumbo até a morte; e o segundo, depois de flagelado, foi degolado. Santo Ambrósio descobriu seus corpos em 386. De Milão seu culto expandiuse até as Gálias, onde várias igrejas lhes foram dedicadas.
20 Santo Adalberto de Magdeburgo, Bispo e Confessor
+ Alemanha, 981. Enviado pelo Imperador Otão, o Grande, como chefe de um grupo de missionários para evangelizar os eslavos, todos seus companheiros foram massacrados. Adalberto voltou então à Alemanha, onde foi designado bispo da nova sede episcopal de Magdeburgo, na Saxônia.
21 São Luís Gonzaga, Confessor
+ Roma, 1591. De família principesca, ingressou aos 17 anos na Companhia de Jesus. De uma pureza angélica, morreu aos 24 anos como mártir da caridade, vítima de uma epidemia contraída ao assistir enfermos. É o patrono da juventude.
22 São Paulino de Nola
+ 431. Pagão oriundo de nobilíssima família, ainda jovem foi prefeito de Roma e senador, casando-se com uma cristã. Ao converter-se, de comum acordo com a esposa, renunciou a tudo e fez-se sacerdote.
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Constância,.filha do imperador Constantino. Ambos obtiveram a palma do martírio, sob Juliano o Apóstata, morrendo pela espada" (do Martirológio Romano) .
27 São Ladislau da Hungria, Confessor
+ Nitra (Boêmia), 1095. Considerado um dos heróis da Hungria , esse rei derrotou sucessivamente os poloneses, os russos e os tártaros. Pela morte da irmã, anexou a seu reino a Dalmácia e a Croácia. Apoiou São Gregório VII contra o imperador Henrique IV, incentivou o trabalho missionário em seus territórios e construiu vários mosteiros e igrejas.
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São José Cafasso, Confessor
São João Southworth, Mártir
+ Turim (Itália), 1860. Con-
+ Tyburn (Inglaterra), 1654.
temporâneo, conterrâneo e mestre de São João Bosco, formou o clero piemontês nos bons princípios de São Francisco de Sales e Santo Afonso de Ligório.
Ordenado sacerdote na França, foi enviado à missão na Inglaterra. Preso várias vezes, conseguiu sua libertação pela intercessão da rainha Henriqueta, esposa de Carlos 1. Após a execução deste rei, sob o regime ditatorial do herético Cromwell, foi aprisionado e martirizado.
24 NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA
25 São Próspero de Aquitânia, Confessor + França, 463 . Leigo e casado, devotou-se ao estudo da teologia. Correspondiase com Santo Agostinho, a quem admirava e com o qual combateu a doutrina herética dos semipelagianos sobre a graça. Dirigindo-se a Roma, tornou-se secretário do Papa São Leão Magno.
26 Santos João e Paulo, Mártires + Roma, 362. "O primeiro era o governador de palácio, e o segundo, o camareiro da virgem
Intenções para a Santa Missa em junho Seró celebrada pelo Re vmo . Padre David Fran cisquini, nas seguintes inten ções : • Suplicando ao Sagrado Coração de Jesus (festa comemorada pela Igreja no dia 7 de junho} e ao Imaculado Coração de Maria (neste ano, sua festi vidade é celebrada no dia 8 de junho) graças e bên çãos especiais para todos os nossos colaboradores e suas respectivas famílias. E também rogando a São Pedro e São Paulo (celebrados no dia 29 de junho} especial proteção à Santa Igreja contra as investidas do demônio e de seus asseclas .
29 São Pedro e São Paulo
30 São Teobaldo de Provins, Eremita, Confessor
+ Salonigo (Itália), 1066. Filho dos condes de Champagne, trocou a carreira militar pela vida eremítica. Depois de uma peregrinação a Roma, entrou para a ordem dos Camaldulenses em Salonigo. Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em julho • Pedindo a Nossa Senhora do Carmo (celebra-se no dia l 6) que frustre ·as articulações dos adversórios da Igreja Católica, que tramam a sua aniquila ção, e não permita a a pro vação de leis imorais e a nticristãs no Brasil. Também em repara ção pelos atos blasfemos cometidos em nossos dias.
CAPA Foto: Frederi co Viotti
(1163 - 2013) ■ G ABRIEL
J.
WILSON
850 anos da Rainha das Catedrais. Magnífico testemunho da fé que impregnava a Idade Média - a "Doce primavera da Fé" na qual a beleza da arte gótica nasceu e vicejou esplendorosamente.
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mais célebre catedral do mundo, dedicada a Nossa Senhora na capital francesa, comemora 850 anos de existência. Jóia do estilo gótico, ela é um testemunho vivo do alto grau de civilização de uma época denegrida durante séculos por toda espécie de inimigos da Religião católica, inclusive os modernistas. Se pudessem, estes teriam derrubado todas as antigas igrejas e catedrais românicas, góticas, barrocas ou clássicas, para erguer em seus lugares templos do absurdo, do monstruoso e do esotérico, como são a catedral do Rio de Janeiro, no estilo brutal ao gosto divulgado por Le Corbusier, a catedral de Brasília, projetada pelo comunista de carteirinha Oscar Niemeyer, ou ainda o projeto da nova catedral de Belo Horizonte, também do mesmo arquiteto e uma afronta ao estado que deu tão belos exemplos de sua religiosidade através da arte barroca. O modernismo que se infiltrou na Religião católica rompeu com a tradição, à semelhança do movimento artístico. Este último tinha como imperativo moral e filosófico desenvolver uma "estética" com base em formas hediondas, avessas aos princípios clássicos e sem qualquer referência histórica, adotando ao mesmo tempo materiais desenvolvidos pela revolução industrial, como o aço e o cimento. O modernismo religioso ou progressismo serviu-se dessa arte para manifestar sua adesão ao mundo. 1
"Doce primavera da Fé''. Mas, à medida que o progressismo devastava as fileiras católicas no século XX, providencialmente estudiosos e especialistas sem preconceitos foram pondo a nu a grande mentira dos que manipulam os povos e as sociedades: a Idade Média, longe de constituir "mil anos de trevas ", conforme apregoado, foi ao contrário uma das eras em que as artes, as ciências e o descortino de horizontes do espírito humano mais progrediram. Melhor do que ninguém a descreveu o Papa Leão XIII com estas palavras memoráveis: "Tempo houve em que a.filosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a Religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao favor dos Príncipes e à proteção legítima dos Magistrados. Então o Sacerdócio e o Império estavam ligados entre si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa de bons oficios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda a expectativa, cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artificio algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer ''.2 Um desses ''frutos superiores a toda expectativa " foram as catedrais góticas, graças à "permuta amistosa de bons oficios " entre as três classes que compunham a ordem social
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medieval: clero, nobreza e povo. O estilo gótico ou ogival, então recém-descoberto, alcançou notoriedade com a edificação da basílica de Saint-Denis pelo célebre Abade Suger, consagrada em 1140. Pouco depois começaram a surgir no horizonte, em terras do domínio real, as flechas e torres brancas das maravilhosas catedrais. E o coração do povo encheu-se de entusiasmo, porque "toda a França está nas cateqrais como toda a Grécia se resume no Partenon", como exclama Rodin. 3 O gótico floresce na arte medieval e as catedrais são o mais grandioso testemunho do pensamento, da fé e do ideal daquele período histórico. Sente-se uma emoção peculiar na França ao contemplar as catedrais. Assim a de Senlis com sua flecha esguia, vista através das árvores da floresta; ou, ao longe, encimando a colina que domina a planície, a silhueta da catedral de Laon, a figurar a quilha de um navio fantástico; ou ainda admirar a sólida e possante fachada de Notre-Dame de Paris, as réndas em pedra da catedral de Reims, a elegante harmonia de
lógica e proporção da t' catedral de Amiens, a umbrática nave da catedral de Chartres, ressaltando o esplendor das cores e belezas dos seus incontáveis vitrais ...
A luz da Idade Média A arte gótica caracteriza-se por abóbadas formadas por ogivas cruzadas, sustentadas por contrafortes de arcosbotantes. Sobretudo a partir da segunda metade do século XII, com a criação das universidades e o aparecimento de luminares como Santo Tomás de Aquino e São Boaventura, novas aspirações se manifestaram nos campos da cultura, das ciências e das artes. Na arquitetura, a tendência era para que as linhas se lançassem rumo ao céu, e no interior penetrasse. a luz em abundância. Era precisamente isso que o estilo gótico permitia, ao diminuir o peso sobre as colunas e distribuí-lo por todo o edificio. · "Esse esplendor da luz para o qual tend~m os esforços de todos os arquitetos da Idade Média não responde apenas ao desejo de iluminar os fiéis reunidos na nave central e nas laterais, mas também ao desejo de instruí-los pelas representações das verdades dafé nos vitrais das altas janelas. Sabe-se bem'como os medievais gostavam dos vitrais em cujo azul do céu se desenrolavam cenas do Antigo e do Novo Testamento e as histórias dos santos da Legenda Áurea", escrevem Marcel Aubert e Simone Goubet. 4 O mesmo pensamento encontra-se em Emile Mâle. 5 "A Idade Média concebeu .a arte como um ensino. Tudo o que era útil ao homem conhecer - a história do mundo desde a sua criação, os dogmas da religião, os exemplos dos santos, a hierarquia das virtudes, a variedade das ciências, das artes, dos oficias - era-lhe ensinado pelos vitrais da igreja ou pelas estátuas do pórtico".
Bíblia dos pobres Por isso a catedral mereceu dos primeiros impressores do século XV este epíteto tocante: "A Bíblia dos pobres". "Os simples, os ignorantes, todos os que compunham 'a santa plebe de Deus ', aprendiam pelos olhos quase tudo o que sabiam sobre a fé. Essas grandes figuras tão religiosas pareciam dar testemunho da verdade do que ensinava a Igreja. As inumeráveis estátuas, dispostas segundo um plano sábio, eram como uma imagem da ordem maravilhosa que Santo Tomás fazia reinar no mundo das ideias; graças à arte, as mais altas concepções da teologia e da ciência chegavam confusamente até as inteligências mais humildes". 6 Sim, na Idade Média toda forma continha um pensamento, porque a fé é racional: rationabile obsequium. Nesse sentido, os belíssimos vitrais não representam apenas uma janela para o mundo maravilhoso e quase celeste da religião, mas constituem verdadeiras aulas de catecismo, que podem ser lidas quase como histórias em quadrinhos. Assim o povinho simples (le menu peuple de Dieu) aprendia sobre a História Sagrada, os dogmas
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da fé, os exemplos dos santos e a vida eterna. Igualmente a estatuária, fortemente expressiva da linguagem dos símbolos, servia a essa função didática. Infelizmente essas riquezas, mais espirituais que materiais, foram abandonadas na idade moderna, levando Emile Mâle a dizer que "o simbolismo, que era a alma da nossa arte religiosa, acabava de morrer ". 7 Entretanto, parece lícito perguntar se de algum modo ele não ressuscitou no século XIX, quando um movimento artístico e literário começou a revalorizar as riquezas da Idade Média.
O1·dem na sociedade, 01·dem nas mentes Germain Bazin, que foi conservador do museu do Louvre, assim destaca o papel da catedral na evolução dos espíritos na Idade Média: "A catedral é a expressão monumental dessa preocupação pela ordem que domina o mundo da ação como o do pensamento". Por outro lado, "os centros intelectuais se deslocam dos mosteiros para as universidades; a iniciativa artística não pertence mais aos abades, mas aos bispos, levados por um impulso de entusiasmo popular. Como o templo antigo, a catedral é o monumento da cidade; de todas as formas monumentais criadas pelas civilizações, ela é a que melhor exprime o esforço consentido de toda uma sociedade. A progressiva expansão do estilo gótico em toda a França coincide com esta força de coesão que tende a reagrupar o território da antiga Gália num Estado possante, em torno do poder real". 8 No mundo medieval, a catedral é a figura da Cidade de Deus, da Jerusalém celeste - como afirma a liturgia da dedicação das igrejas. As suas paredes laterais são a imagem do Antigo e do Novo Testamento, os pilares e as colunas representam os Profetas e os Apóstolos, que sustentam a abóbada, da qual Cristo é a chave; o portal é a entrada do Paraíso, embelezado pelas estátuas e baixos-relevos pintados e dourados, bem como os suntuosos batentes de bronze. A casa de Deus deve ser iluminada pelos raios do sol, deslumbrante de luz como o próprio Paraíso ... Deus é luz e a luz dá beleza às coisas; assim devemos identificar a beleza essencial divina na luminosidade que, com a harmonia e o ritmo, reflete a imagem de Deus. Por isso, era preciso au-
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mentar a luz interior da catedral abrindo janelas tão grandes quanto possível. Por ocasião da dedicação do novo coro de sua igreja, em 11 de junho de 1144, o Abade Suger explica que a beleza da obra deve iluminar a alma de quem a contempla. O .espírito é incapaz de atingir a verdade suprema sem servir-se de representações figuradas (ou símbolos); mas, por meio daquela iluminação da alma, é capaz de conhecer a Jesus Cristo, que é a verdadeira "luz que ilumina este mundo ". 9
Em busca da perfeição É o momento de nos ocuparmos da história da construção da catedral de Nossa Senhora (Notre-Dame) de Paris. A Paris de 1160 devia ter pouco mais de 20 mil habitantes quando Maurício de Sully, com o favorecimento do rei Luís VII, foi escolhido para ocupar sua Sé episcopal. O rei fora educado na inrancia pelo Abade Suger, o qual, como vimos, concluiu com sucesso a primeira basílica em estilo ogival. D . Maurício apresentou ao rei, naquele mesmo ano, seu projeto de construir em estilo gótico uma nova catedral em honra da Santíssima Virgem (o padroeiro da Sé anterior era Santo Estêvão). O povo da cidade tomou-se de entusiasmo pela ideia. Obtida a ampliação do terreno em volta da antiga igreja carolíngia, os trabalhos começaram em 1163. A pedra fundamental foi colocada pelo Papa Alexandre III, ocasionalmente refugiado na França para escapar à ira do imperador germânico Frederico Barba Roxa, que teve a ousadia de fazer eleger um antipapa e por isso foi excomungado. Em 1182, estavam concluídos o coro e seus dois deambulatórios. Paris crescera, tendo então mais de 50 mil habitantes. A catedral, incompleta, foi consagrada pelo legado papal, com a presença do rei Filipe Augusto. Mas faltava ainda muito para concluir a obra. Em 1196 faleceu Maurício de Sully, sendo sucedido na Sé episcopal no ano seguinte por Odon de Sully. Apesar do mesmo nome de família, este último, de sangue nobre, não tinha nenhum parentesco com D. Maurício, que era de origem modesta. D. Odon continuou os trabalhos com afinco.
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850 1.1105 Seguiu-se a construção da nave, da fachada e dos campanários. O campanário sul foi terminado em 1240, decidindo-se então que as torres não seriam mais encimadas pelas flechas que figuravam no projeto inicial. Em muitas ocasiões faltou dinheiro e foi preciso recorrer ao rei, aos nobres, aos burgueses e à população em geral. Finalmente ficou pronta a torre norte, em 1250. A catedral estava então em condições de ser aberta ao culto, embora faltassem muitos detalhes, aperfeiçoamentos e correções, por vezes de importância. Mas a obra já aparecia em todo o seu vulto, como fruto e símbolo de uma nova era.
Rex regum et Domlnus domlnantlum Nessa ocasião reinava em França Luís IX, o rei santo. Em 10 de agosto de 1239, junto com seu irmão o conde Roberto de Artois e sua mãe Branca de
Castela, ele foi receber a Coroa de Espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo em Yilleneuve1'Archevêque, antigo burgo perto de Sens. A sagrada relíquia, símbolo da derrisão com que os homens coroaram o Divino Mestre, foi conduzida em cortejo a Paris, venerada solenemente pelo caminho nas , catedrais e abadias. Em Paris, as relíquias são recebidas ao som de hinos e cânticos, enquanto ressoam os sinos da catedral e das 17 igrejas capelas circundantes. Recentemente, em uma bela edição da revista "Le Figaro" hors-série sobre Notre-Dame de Paris, 10 Irina de Chikoff fornece os elementos dessa descrição. A Coroa de Espinhos fora encontrada juntamente com a Santa Cruz e outras relíquias da Paixão pouco depois do Concílio de Niceia, no século IV, por Santa Helena, mãe do imperador Constantino. Tais relíquias passaram às mãos dos cruzados após a queda de Constantinopla, em 1204. Mais tarde, crnzado também ele, São Luís empregou todos os recursos para obter as sagradas relíquias, agora por fim em suas mãos. Para abrigá-las faz edificar a Sainte Chapelle, junto ao seu palácio na Íle de la Cité, distante apenas 300 metros da catedral. Enquanto essa jóia da arquitetura gótica era construída, as relíquias permaneceram em Notre-Dame. As relíquias da Paixão - a Coroa de Espinhos, três cravos e um fragmento da verdadeira Cruz onde morreu Nosso Senhor - constituem o mais precioso tesouro da catedral. São expostas à veneração pública todas as primeiras sextasfeiras de cada mês, à tarde, sob a custódia dos Cavaleiros da Ordem Hospitalar de São João de Jerusalém, em cuja capela, atrás do altar-mor, ficam guardadas. A santidade, o heroísmo e a sabedoria de governo caracterizam o longo reinado de São Luís, que marcou a fundo seu tempo. Para Gennain Bazin, o século de São Luís é o grande século da arte gótica, comparável ao 5° século grego:
" Vê-se então, na Idade Média, o primeiro estabelecimento de um sistema político e social coerente; o dogma religioso e o pensamento filosófico são fixados em obras como a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino; o verdadeiro centro dogmático e intelectual da Cristandade não é Roma, mas a Universidade de Paris, onde ensina o italiano Santo Tomás ". 11 E também seu conterrâneo São Boaventura. Esse sistema não é senão o Reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei dos reis.
Ralnl1a das catedrais A França possui ainda hoje um número elevado de catedrais, abadias, igrejas e capelas góticas. Alguns desses monumentos são merecidamente célebres, como as cate-
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drais de Reims, Chartres, Amiens, Bourges, Estrasburgo, para citar apenas estas. Mas existem inúmeras outras igrejas como que perdidas em longínquas províncias ou em cidades modernizadas. · Sem dúvida, cada catedral possui sua beleza específica, algumas de valor excepcional. Mas nenhuma terá inspirado tanto os poetas, artistas e escritores quanto Notre-Dame de Paris. Bastaria o privilégio insigne de abrigar as relíquias da Paixão. Também tem seu peso o fato de ser a Sé da capital do reino, do império e da república. Mas possui ainda outros trunfos que fazem dela a rainha das catedrais. A respeito de Notre-Dame de Paris, exclamou Plinio Corrêa de Oliveira: "Igreja de uma beleza perfeita, alegria do mundo inteiro". Ocupando a metade leste da Íle de la Cité (Ilha da cidade), que é o coração de Paris, a catedral situa-se num lugar privilegiado, como uma grande nave acariciada pelas águas do rio Sena. No século XX, a população de Paris teve o bom senso de opor-se à construção de arranha-céus no centro histórico. Assim, de vários ângulos a catedral pode ser vista, total ou parcialmente, em sua beleza única. A sua agulha aponta para o céu com a doce violência de uma prece, como uma flecha que arranca os maiores perdões do Coração divino. Sua fachada e suas torres são de urna harmoniosa força e doçura, que conqúistam qualquer alma aberta à beleza. "Em uma extraordinária vertical, sua fachada associa o
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CATOLICISMO
mistério da Encarnação a Cristo Juiz, mostrando seu corpo martirizado e os instrumentos da sua Paixão no momento de separar os eleitos dos condenados. Jesus Cristo como Mestre no tremó (a coluna que divide a porta central) alinha-se à Cruz de glória sobreposta, no coro, à Virgem das Dores que.oferece a Deus seu Filho supliciado para expiar os nossos pecados ", observa Michel De Jaeghere.12 Se analisarmos os detalhes, descobriremos novas riquezas: a doçura incomparável da harmonia de cores de suas rosáceas, especialmente a do portal Sul; a majestosa e maternal imagem de Nossa Senhora de Paris no transepto, à direita da mesa da comunhão; os altos-relevos coloridos que circundam o coro, visíveis do deambulatório, ilustrando episódios da história da salvação; a sua estatuária externa hierática e monumental, com toda a sua riqueza simbólica; as suas gárgulas representando figuras hediondas, a lembrar a presença do maligno, sempre à espreita para perder as almas ... Sob o signo da luta entre o bem e o mal, entre anjos e demônios, manifesta-se um dos aspectos mais interessantes de Notre-Dame de Paris.
O neto de São Luís contra o Papa! De acordo com M. De Jaeghere, se Notre-Dame de Paris ocupa um iugar especial no imaginário dos franceses, não é apenas por ser um catecismo em pedra, mas também um compêndio e palco da História, conforme um dito do Cardeal
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850 1110,5 Feltin: [Em Notre-Dame] "a França recita o rosário perpétuo das suas alegrias, dos seus lutos e das suas glórias". Com efeito, se aí ocorreram acontecimentos gloriosos, também se cometeram pecados imensos. Assim a transformação da catedral em templo da deusa razão, figurada por uma mulher impudica que nela se exibiu nua num episódio da Revolução Francesa - classificada por Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra-mestra 13 como a segunda Revolução. Também a primeira Revolução, fautora da destruição da Cristandade medieval, está ligada à história da catedral de Paris. Com efeito, foi em Notre-Dame que o rei Filipe IV, dito o Belo, presidiu os primeiros Estados-Gerais em abril de 1302. Com que objetivo? - Obter apoio para a sua política religiosa. O rei inaugurara um novo estilo absoluto de governo, cercando-se de legistas. Eliminou costumes e privilégios locais da antiga sociedade feudal e criou novos impostos, provocando descontentamento geral. Extinguiu a isenção da Igreja de pagar tributos e por fim mandou prender D. Bernardo Saisset, bispo de Pamiers, que representava o baluarte da ortodoxia católica na luta contra a heresia cátara ou albigense na sua diocese ao sul de Toulciuse. Esses fatos levaram o Papa Bonifácio VIII a enviar ao rei, em 1301 , a bulaAusculta, jili (Ouça, meu.filho), em defesa da autoridade papal, e a pedir um tribunal especial parajulg_a r o bispo de Pamiers. No ano seguinte, o Pontífice escreveu a bula Unam saneiam, demonstrando a supremacia do poder espiritual sobre o poder temporal. Em 1303, dois enviados do rei - Guilherme Nogaret e Sciarra Colonna - partiram ao encalço de Bonifácio VIII, retirado em Anagni (pois Roma encontrava-se em poder dos Colonna). O Pontífice foi por eles insultado, acusado de heresia, humilhado e esbofeteado, vindo a falecer de desgosto poucos dias depois. Esse episódio, conhecido como o Atentado de Anagni, constitui um marco na História. É o começo do fim da Cristandade medieval e o anúncio da primeira Revolução, inaugurando a era do absolutismo real, do humanismo e do renascimento do paganismo. Mais tarde o protestantismo veio selar essa revolução no campo doutrinário e especificamente religioso. Ao ver a obra demolidora de seu neto, o grande São Luís deve ter-se movido de indignação em seu túmulo! Mas Filipe o Belo foi mais longe: mandou prender os cavaleiros Templários e confiscou seus·bens (a Ordem possuía muitas propriedades na França). Há algum tempo já circulavam contra esses religiosos as lendas mais abjetas. "Menti, menti. Algo sempre ficará ", dirá mais tarde o ímpio Voltaire. Depois de um processo iníquo a Ordem foi dissolvida, e no dia 18 de março de 1314, em frente de Notre-Dame de Paris, seu grão-mestre Jacques de Molay e outros cavaleiros foram queimados vivos. Em novembro do mesmo ano Filipe o Belo, o rei maldito, teve de prestar contas de seus atos a Deus.
de D. Pierre Cauchon, bispo de Beauvais e depois de Lisieux . Aliado dos ingleses, este bispo fora o carrasco de Santa Joana d' Are no julgamento iníquo que a condenou a ser queimada viva como feiticeira na praça do mercado de Rouen. A coroação de Henrique IV era uma impostura, pois o rei legítimo, Carlos VII, já fora sagrado em Reims. Em 1437, Carlos VII recuperou o trono e em 1455 abriu-se em NotreDame o processo de reabilitação de Joana d' Are, beatificada por São Pio X em 1909 e canonizada por Bento XV em 1920.
O voto de Luís XIII Os limites deste artigo nos levam a saltar para o reinado c;le Luís XIII, no século XVII. O soberano, casado com a princesa espanhola Ana d' Áustria, aproximava-se da maturidade sem filhos, com graves problemas de saúde e uma guerra dificil contra os calvinistas, entrincheirados em La Rochelle.
Martírio e reabilitação de Santa Joana d'Arc Em dezembro de 1431, Henrique IV da Inglaterra foi sagrado rei da França em Notre-Dame, na presença
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O rei recorreu então à Santíssima Virgem: fez-lhe o voto de construir uma igreja, se fosse atendido. Em 1628, depois de 13 meses de cerco, os calvinistas renderam-se. Em agradecimento, o soberano fundou a igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris. Em 1630, ele se viu curado de uma grave disenteria. Mas nenhum sinal de um herdeiro! Ao longo de uma década, o voto de Luís XIII sofreu alterações em sua formulação, sendo finalmente apresentado ao Parlamento em 163 7. Ele instituía uma celebração anual em todas as igrejas do reino, a 15 de agosto, com procissão solene em honra da Assunção da Virgem. No mesmo ano, um religioso agostiniano teve uma visão da Mãe de Deus segurando em seus braços o herdeiro do trono que, di sse Ela, Deus queria dar à França. Nossa Senhora pedia ainda que se fizessem publicamente três novenas a Nossa Senhora das Graças de Cotignat, a Nossa Senhora de Paris e a Nossa Senhora das Vitórias. Efetivamente , no ano seguinte, depois de 22 anos de casamento, Ana d' Áustria deu à luz Louis Dieudonné (Luís dado por Deus), que viria a ser o Rei-Sol. Em 1643 falecia Luís Xm. Uma parte importante de seu voto fora cumprida. Luís XIV terminaria de cumpri-la por seu pai in extremis, no fim de seu reinado . Para marcar sua consagração a Nossa Senhora, Luís XIII prometera "construir de novo o altar-mor da catedral de
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Paris, com uma imagem da Virgem tendo em seus braços seu precioso Filho descido da Cruz; nós ( o próprio rei) seremos representados aos p és de ambos, oferecendo-lhes nossa coroa e nosso cetro". A cena foi esculpida em 1715 no mais puro estilo do Grand Siecle por Guilherme Couston, em contraste com a austera sacralidade gótica da catedral. Foi preciso, ademais, refazer todo o claustro do coro. Mas ninguém nega tratar-se de uma grande obra. Além da Pietà e da expressiva escultura de Luís XIII, figura também na cena o próprio Luís XIV.
Condé e Turenne: dois estllos Em Notre-Dame foram sepultados os dois maiores gênios militares do século de Luís XIV: Turenne e o Grand Condé. Como Luís II de Bourbon-Condé era primo de Luís XIV, quis o rei oferecer-lhe "a mais bela, a mais magnifica e a mais triunfante pompa fún ebre jamais realizada ", conforme os superlativos de Madame de Sevigné. Para pronunciar seu elogio fünebre na catedral, diante do Rei-Sol, subiu ao púlpito o mais célebre dos oradores: o borguinhão Jacques Bénigne Bossuet, bispo de Meaux. Não era sem razão que o príncipe de Condé morria coberto de glória: ele era o mais brilhante dos improvisadores numa batalha, surpreendendo o inimigo pelo seu ímpeto e pela sua audácia. O que supõe um golpe de vista preciso e um discer-
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Os mais belos aspectos da alma católica são perceptíveis na catedral 11!1 PUNIO C0RRÊA DE OLIVEIRA
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a catedral de Notre-Dame em Paris, bela em cada um de seus pormenores, consideremos inicialmente as três portas do primeiro pavimento, encimadas por lindíssimas ogivas. Em cada portal aparecem vários episódios da História Sagrada, esculpidos de um e outro lado da ogiva. Acima das portas ogivais, uma fileira de estátuas. Não satisfeita em decapitar Luís XVI, a Revolução Francesa - cuja infâmia supera qualquer outro acontecimento histórico, exceto a traição de Judas - incitou alguns vândalos a subirem até essas esculturas e degolá-las. Imaginemos que não existisse a parte superior do edifício, mas apenas o andar térreo coroado por essa espécie de balaústre acima das estátuas dos reis. Mesmo despojada dessa forma, ela seria uma edificação linda. Podemos imaginar também outro edificio formado apenas pela grande rosásea central e pelas duas laterais acima de duas pequenas ogivas superiores. Se esse conjunto estivesse no solo, poderia ser também a fachada de uma igreja belíssima. Poderíamos ainda imaginar cada uma das pontas das torres do terceiro piso transformadas em oratórios e colocadas no rés do chão, e veríamos que, mesmo separadamente, elas seriam ~xtraordinárias. Na fachada da catedral há três belezas superpostas, mas a finura dos franceses - o charme mais belo que a beleza - fê-los sentir que alguma coisa faltaria, se ficasse só nisso. Percebe-se então uma cúpula atrás, e nó alto uma flecha - a famosa flecha de Notre-Dame, que dá um arremate, um toque de leveza, de graça e de grandeza às torres inacabadas.
As torres da catedral deveriam ter sido mais altas, mas o estilo gótico morreu ao sopro maldito da Renascençij e do Humanismo, e por isso elas não foram concluídas. Entretanto, mesmo assim, têm encanto e beleza. Notre-Dame provoca uma impressão muito agradável pelo contraste entre a altura e a largura do edifício. Ela é graciosa e leve, mas possui um quê de fortaleza. É esguia, no entanto não pode de nenhum modo ser considerada frágil. Reflete bem a plenitude do espírito da Idade Média: hierático e hierárquico, sacra) e ordenado, tudo voltado para o que há de mais alto. A maior seriedade se compagina bem com a graça e a delicadeza, e os mais belos aspectos da alma católica aparecem a todo propósito em todos os ângulos da catedral. Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 11 de janeiro de 1989. Sem revisão do autor.
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nimento notável nas batalhas. Assim foi ao atirar seu bastão de comando no meio de um quadrado de tércios espanhois, desafiando seus homens a recuperá-lo .. . O recalcitrante pelotão ibérico foi destroçado! · Ao marechal Henri de La Tour d' Auvergne, visconde de Turenne, nobre protestante convertido ao catolicismo, atribui-se, ao contrário, um estilo militar em que prevalece a estratégia, o método, o planejamento, a análise do terreno e o cuidado na execução. Tudo isso conduzia quase implacavelmente suas tropas à vitória. A perfeição da arte de guerrear talvez esteja numa sábia combinação desses dois estilos.
As profanações e o saque da catedral Impressionou-me ter ouvido certa vez um professor afirmar que, infelizmente influenciado por certas ideias revolucionárias, Luís XVI já teria aprovado a demolição da catedral de Notre-Dame para erguer em seu lugar um templo em estilo grego, a exemplo da igreja de La Madeleine, em Paris. Felizmente esse terrível desígnio não se realizou. Como se sabe, no dia 21 de janeiro de 1793, a Revolução cortou a cabeça de Luís XVI na praça da Concórdia. O monarca, aliás, se houve no momento da morte com um valor e uma resignação cristã exemplares. Impedindo inicialmente que o carrasco lhe amarrasse as mãos, olhou interrogativo para o sacerdote que o assistia junto ao cadafalso. O Pe. Edgeworth lhe disse então que se deixasse atar, pois assim mostraria mais um sinal de semelhança com Nosso Senhor Jesus Cristo, injustamente condenado. Em uma atitude digna de um mártir, o rei cessou de imediato qualquer resistência. Mas se a catedral não foi demolida, algo pior aconteceu: no período da Revolução Francesa, a Convenção revolucionária decretou que a igreja passava a chamar-se templo da deusa Razão. Na realidade, Notre-Dame já vinha sendo degradada desde 1790. Não se sabe por que nem por quem a flecha foi desmontada entre 1786 e 1792. Durante a Revolução, os demolidores destruíram toclos os brasões, coroas e escudos da catedral. Sinos e bordões foram fundidos para fazer canhões. [A respeito da restauração dos sinos de Notre-Dame, vide matéria às págs. 38) As imagens foram condenadas à destruição como "simulacros góticos". Derrubadas, mutiladas e quebradas, as estátuas da galeria dos reis de Judá, na fachada, foram precipitadas ao pátio. Cacos e fragmentos foram roubados e vendidos. Em 1977, importantes fragmentos de 21 das 28 cabeças foram encontrados durante escavações. As cruzes foram igualmente derrubadas . Os mármores, quebrados. Os vitrais que continham a flor-de-lis, lambuzados grosseiramente com tinta a óleo. Todos os altares foram sistematicamente destruídos e os túmulos profanados. "Façamos tábula rasa do passado! Soem os tambores! Que corra o sangue! A pátria está em perigo. Todos os indulgentes são suspeitos. Todos os suspeitos são culpados. O Terror é uma espiral infernal que se enrola sobre si mesma · não poupando ninguém". 14 A catedral foi transformada depois em depósito: enquanto
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seus móveis e madeiras eram vendidos em leilão, guardavamse tonéis de vinho em sua nave. Pilhada pelos exploradores como a carcaça de um animal pelos abutres, ela era no final quase como um barco fantasma. Passado o tufão revolucionário, sobe Napoleão, "a Revolução em botas". Os fatos são bastante conhecidos: o general faz vir à força o Papa Pio VII para a sua coroação imperial em Notre-Dame. Não terá sido fácil convencê-lo a casar-se com Josefina, para que também ela pudesse ser coroada como sua esposa. O matrimônio só foi celebrado na véspera, discretamente. Napoleão - que roubou sacrilegamente da Casa de Loreto e depois mandou derreter a imagem do Menino Jesus de ouro, cujo tamanho e peso era o mesmo do recém-nascido Dieudonné, oferecida por Luís XVIII e Ana d' Áustria em ação de graças pelo nascimento de Luís XIV - fez esperarem pacientemente, na nave de Notre-Dame, o Papa, os bispos, o corpo diplomático e toda uma legião de convidados ilustres e autoridades representativas da nação ... Duas horas de atraso! Finalmente, a cerimônia desenrolou-se. Sob o olhar penalizado do Pontífice, Napoleão coroou-se a si mesmo, e depois a Josefina. Era 2 de dezembro de 1804.
A restauração criadora de Vlollet-le-Duc "Deus escreve certo sobre linhas tortas". É a única explicação para o despertar do interesse pelas catedrais góticas num século XIX já infectado pelos preconceitos positivistas. Para ser breve, recorro uma vez mais a Irina de Chikoff,15 : Eugênio Viollet-le-Duc tinha 17 anos quando em 1831 Victor Hugo publicou Notre-Dame de Paris , verdadeiro manifesto a favor da arquitetura medieval desprezada durante séculos. É surpreendente, pois Victor Hugo é o revolucionário que escreveu também Quatrevingt-treize. Recém-casado, Viollet-le-Duc visitou Chartres e o Monte Saint-Michel em 1835. Foi para ele uma revelação, deixando-o
NOCR_,C:-D AlY)C DE pARJ.5 850 1.1105 convencido de que a arquitetura medieval era o estilo que melhor se adaptava ao gênio de seu país. Pouco depois ele aceitava o convite de um amigo para fazer o levantamento dos principais monumentos medievais da França. Tratava-se de Prosper Merimée, nomeado secretário da Comissão dos monumentos históricos pelo rei Luís Filipe. Merimée confiou-lhe inicialmente a restauração da abacial de Vézelay e depois a da Sainte-Chapelle, em colaboração com Jean-Baptiste-Antoine Lassus, arquiteto e historiador de arte decorativa medieval. O projeto de ambos venceu o concurso para a restauração de Notre-Dame, iniciada em 1845. Lassus e Viollet-le-Duc começaram restabelecendo os ateliês das antigas corporações de oficio, necessários à execução de trabalhos de escultura, carpintaria, cantaria, montagem de vitrais, confecção de imagens, etc. Se Victor Hugo era fascinado pelas 8. "duas torres formidáveis" de NotreDame, Viollet-le-Duc se impressionava j mais com a pureza de suas linhas e com ~ a doce luz difusa de suas rosáceas. Seis ] • o.. anos antes, ele expenmentara uma ver- 8 <ladeira emoção estética ao contemplar ~ os vitrais da catedral. Igualmente admirador e profundo conhecedor do estilo gótico, Jean-Baptiste Lassus transmitiu a Viollet-le-Duc grande parte de seus conhecimentos. Arquiteto diocesano de Chartres e de Le Mans, ele projetou a nave da catedralbasílica de Moulins e restaurou várias outras igrejas, como a catedral NotreDame de la Treille, de Lille e a de São
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Eugênio Viollet- le- Duc e a agulha de Notre- Dame
Pedro de Dijon. Faleceu em 1857. Em 1859, Napoleão III inaugurou a nova e fabulosa flecha da catedral. Apesar de todas as dificuldades, principalmente a falta de verbas, em 19 anos (1845-1864) a restauração de Notre-Dame de Paris estava concluída. Após árduos estudos não só de Notre-Dame, mas também das catedrais de Reims e Amiens, Viollet-le-Duc e Lassus souberam criar, introduzindo muitas alterações e melhorias. Foi do primeiro, por exemplo, a ideia de povoar o exterior do edifício com gárgulas e figuras fantásticas. Esse movimento restaurador das antigas jóias da Cristandade permite aos fiéis desnorteados de nossa época vislumbrar a beleza de um mundo maravilhoso que foi destruído ou abandonado. Por isso, Notre-Dame, o Monte Saint-Michel, e em menor proporção outras catedrais francesas, encontram-se hoje entre os monumentos mais visitados da França. A catedral é figura da Jerusalém celeste para a qual todos somos chamados. E nela resplandece Aquela que, conforme a rezamos na Salve Rainha, é a nossa vida, doçura e esperança:
a clemente e piedosa sempre Virgem Maria. • B-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br Notas:
1. Cfr. Comprendre /'art dês églises, Denis R. McNamara, Dessain et Tolra/Larousse, 2012, p. 5 2. Encíclica lmmortale Dei, de lº-11-1885, Bonne Presse, Paris, vol. 11, p. 39. 3. M. Aubert e S. Goubet Cathédra/es et trésors gothiques de France, Arthaud, Paris, 1971, p. 7. 4. Op.cit., p. 22. 5. L'art religieux du X/Ile en France, Armand Colin, Paris, 1969. 6. Op. cit., vol. I, p. 10. 7. Cfr. Histoire de I' Art, Garamond, Paris, 1992, p. 11. • 8. lbid, pp.13 7 e ss. 9. Evangelho de São João que encerra a Missa tradicional. Veja-se o desenvolvimento dessas ideias na citada obra de M Aubert e S. Goubet, p. 23 . 1O. l. de C., la Couronne du Roi des Rois, in "Le Figaro" hors-série Notre-Dame de Paris, Janeiro/2013 . li. Idem, p. 138. 12. Em editorial para o número hors-série de "Le Figaro" de janeiro de 2013. 13. Revolução e Contra-Revolução, publicada em pcimeira mão por Catolicismo, Abril/1959. 14. Cfr. 1. de C., le temple de la déesse Raison, in "Le Figaro" hors-série Notre-Dame de Paris, p. 38. 15. Viollet-le-Duc, le Néogothique, in "Le Figaro", p. 42.
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A fundição tradicional, Cornille Havard fez os sinos para Notre-Dame
e que poderiam dar vida a réplicas fiéis. Quando se soube do projeto, um entusiasmo que raiava à loucura empolgou mestres e operários, segundo Paul Bergamo, presidente da fundição. A emoção, a alegria e a veneração tomaram conta de Villedieu-les-Poeles quando um dos sinos, já sobre a carreta, foi tocado em homenagem aos fundidores. O veículo partiu em meio aos aplausos dos populares. Por sua vez, a Fundição Real Eijsbouts, da Holanda, encarregou-se de fazer o bourdon (sino de tamanho excepcional), batizado "Marie", cujos custos foram cobertos com doações de particulares. A chegada dos novos sinos a Paris, no dia 31 de janeiro de 2013, foi uma apoteose. As autoridades montaram uma arquibancada para o povo que queria vê-los. Na realidade, durante uma viagem de mais de 300 km, o transporte dos sinos deu origem a uma série de acontecimentos: na autoestrada, as pessoas aguardavam sua passagem de cima das pontes; em Paris, o serviço de segurança teve trabalho especial por causa da multidão - aliás, ordeira e respeitosa - que assistia os
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braços mecânicos descerem os imensos sinos. "Emanuel", o venerável bourdon do rei Luis XIV, o único dos sinos que escapou da sanha dos revolucionários, recebeu seus futuros "irmãos" de campanário tocando sozinho. Eles só foram exibidos a partir da bênção solene, ocorrida no dia 2 de fevereiro (sobre o significado, efeitos e importância desta bênção, ver na página ao lado a explicação de Mons. Gaume). Os sinos se fizeram ouvir pela primeira vez em 23 de março, véspera do Domingo de Ramos, ainda em fase de teste. O primeiro toque oficial foi o "Grand Solernnel" no Domingo de Páscoa, diante de uma multidão emocionada, entusiasmada e exultante. - "O som dos sinos simboliza a presença de Deus na cidade- comentou um parisiense -,porque seu som é como o próprio Deus: é a suma beleza". - "Com o som dos sinos é todo o Universo que se põe em movimento", acrescentou uma senhora presente na catedral. - Faith Fuller, turista de São Francisco (EUA), não pôde conter as lágrimas: "Isto representa 850 anos de história de
Simbolismo e importância do sino para a Igreja Eis uma substanciosa explicação das bênçãos do toque do sino feita por Mons. Jean-Joseph Gaume (1802-1879), célebre por sua ciência teológica. "Como todas as coisas grandes e belas, é à Igreja que devemos o sino. O sino nasceu católico, por isso a Igreja o ama como a mãe ama seu filho. Ela benze o metal de que é feito. Logo que ele veio ao mundo, a Igreja o batizou e fez dele um ente sagrado. Com razão, porque o sino é destinado a cantar tudo o que há de santo e de santificante na Terra e no Céu. Pelas orações e cerimônias que o acompanham, o batismo vai dizer-lhe a sua vocação. A Igreja sempre considerou com muito respeito o sino, o que se constata com novo esplendor nas preces e nas cerimônias de seu batismo. Reunidos os fiéis em tomo do sino suspenso a alguns metros acima do solo, chega majestosamente o bispo em hábitos pontificais, acompanhado do clero e seguido do padrinho e da madrinha do sino. Em nome de Deus, de quem é ministro, o bispo invoca sobre essa maravilhosa criatura a virtude do Espírito Santo, tomando-a fecunda no primeiro dia de sua criação. Certo de ser atendido, o bispo asperge o sino com água benta, conferindo-lhe o poder e o dever de afastar de todos os lugares onde seu som repercutir, as potências inimigas do homem e de seus bens: os demônios, os redemoinhos, o raio, o granizo, os animais maléficos, as tempestades e todos os espíritos de destruição. Vejamos sua missão positiva. A sua voz proclamará os grandes mistérios do cristianismo, aumentará a devoção dos cristãos para cantarem novos cânticos na assembleia dos santos, e convidará os anjos a tomarem parte nos seus concertos. O sino fará tudo isto, porque esta missão lhe é confiada em nome d' Aquele que possui todo o poder no Céu e na Terra. Cada badalada faz retinir ao longe os dois mistérios da morte e da vida - alfa e ômega- necessários para orientar a vida do homem e consolar suas esperanças. Não admira, pois, que o bispo, dirigindo-se ao próprio sino, o dedique a um santo ou a uma santa do Paraíso dizendo-lhe, com uma espécie de respeitosa ternura: "Em honra de São N., a paz doravante esteja contigo, caro sino".
Como o sino deve ter um nome, cumpre que tenha também um padrinho e uma madrinha. O nome do sino é gravado abaixo da cruz em relevo, que o marca com o selo de Nosso Senhor e o consagra ao seu alto culto. Daí vem um fato pouco notado: o amor dos verdadeiros filhos da Igreja ao sino e o ódio que lhe votam os inimigos de Deus. Uma das mais doces alegrias de nossos pais, ao se libertarem da Revolução Francesa, foi ouvir os sinos, emudecidos durante muitos anos. Esse incontestável poder do sino contra os demônios do ar justifica as virtudes de que ele goza: dissipar os ventos e as nuvens, afugentar diante de si o granizo e o raio, conjurar as tempestades e os elementos desencadeados, pois que todas essas perniciosas influências da atmosfera provêm muito menos de coisas naturais do que da maldade desses espíritos maléficos. Nossos pais, na hora do perigo, faziam ouvir pelo Pai Celeste o som dos sinos, seu primeiro grito de alarme. O Senhor não permanecia muito tempo insensível à voz de seu povo. A corda que serve para tocar o sino, que sobe e desce sem cessar, indica o trabalho do pregador, e é também uma imagem da nossa vida" (Mons. Gaume, L 'Angelus au dix-neuvieme siecle, Editions Saint-Remi, 2005).
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uma catedral fantástica e eu estou neste momento histórico ouvindo os sinos pela primeira vez. É emocionante e belíssimo", narrou à rádio oficial alemã "Deustche Welle". - "A ideia foi recriar um conjunto de sinos tão magnífico quanto aquele que havia antes da Revolução Francesa", declarou Paul Bergamo à "Deustche Welle". - "Os sinos são uma das vozes da catedral porque ecoam a glória de Deus", acrescentou o reitor-arcipreste da catedral, Mons. Patrick Jacquin. Segundo Mons. Jacquin, num período de três semanas após a bênção solene, entre 1.000.000 e 1.500.000 pessoas foram visitar, tocar e fazerem-se fotografar junto aos brilhantes sinos.
Símbolos gravados em cada sino Os novos sinos são : O bourdon "Marie" (6.023 kg; 206,5 cm de diâmetro), dedicado a Nossa Senhora, protetora especial da catedral. Ele é reprodução de idêntico bourdon que tocou de 1378 a 1792, ano do infame saque republicano. Nele estão gravados a "Ave Maria" e um medalhão de Nossa Senhora com o Menino Jesus rodeado de estrelas; tem friso representando a Adoração dos Reis Magos e as bodas de Caná, e por fim uma Cruz de Glória com a inscrição "Via viatores quaerit" ("Eu sou a via em busca de viajantes"). O sino "Gabriel" (4.162 kg e 182,8 cm de diâmetro) é dedicado ao arcanjo São Gabriel que anunciou a Nossa Senhora a encarnação do Verbo. Neste sino está inscrita a primeira frase do Angelus "O anjo do Senhor anunciou a Maria "-, além de 40 faixas que simbolizam os 40 dias que Jesus passou no deserto e os 40 anos de travessia dos judeus pelo deserto do Sinai; na coroa do sino há flores de !is e, rodeados de estrelas, Nossa Senhora e o Menino Jesus. No corpo do sino há também uma Cruz de Glória com a inscrição "Via viatores quaerit" e um perfil da catedral no coração de Paris. O sino "Ana Genoveva" (3.477 kg; 172,5 cm de diâmetro) é dedicado a Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, e a Santa Genoveva, padroeira e protetora de Paris. Nele está inscrita a segunda frase do Angelus "E ela concebeu do Espírito Santo". Três faixas simbolizam a Santíssima Trindade; labaredas de fogo evocam a tenacidade de Santa Genoveva; no demais, repete o sino "Gabriel". O sino "Dionísio" (2.502 kg; 153,6 cm de diâmetro) lembra a São Dionísio, primeiro bispo de Paris. Enviado pelo Papa, o bispo sofreu o martírio. Neste sino está inscrita a terceira jaculatória do Angelus: "Eis a escrava do Senhor". Sete faixas simbolizam os sete dons do Espírito Santo e os sete sacramentos da Igreja. Há também desenhos simbolizando o martírio, Cruz de Glória, inscrições e desenhos idênticos aos anteriores. O sino "Marcelo"(l.925 kg; 139,3 cm de diâmetro), em memória de São Marcelo, nono bispo de Paris, muito venerado pelos parisienses por sua caridade para com os pobres e os doentes. Neste sino está inscrita a quarta frase do Angelus: "Faça-se em mim segundo tua palavra ". Cinco faixas simbolizam as três pessoas da Santíssima Trindade e as duas naturezas formando um só Deus em Jesus Cristo encarnado. No demais, acompanha os modelos anteriores. O sino "Estêvão" ( 1.494 kg; 126,7 cm de diâmetro) relembra a catedral de Paris que precedeu a atual e que era dedicada a Santo Estêvão. Neste sino está gravada a quinta jaculatória
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do Angelus : "E o Verbo se fez carne". Uma faixa em honra dessa jaculatória e motivos diversos evocam o martírio de Santo Estêvão. Cruz de Glória, frases e imagem de Nossa Senhora, Menino Jesus e perfil de Notre Dame como nos anteriores. O sino "Bento-José" (1.309 kg; 120,7 cm de diâmetro) em alusão ao então Papa Bento XVI e a São José. Inscrição com a sexta frase do Angelus: "E habitou entre nós". Doze faixas simbolizam os doze Apóstolos sob as chaves de São Pedro. Cruz de Glória e outros detalhes como nos anteriores. O sino "Maurício" (1.011 kg; 109,7 cm de diâmetro) em memória de Maurício de Sully, 72º bispo de Paris, que colocou a primeira pedra da catedral de Notre Dame em 1163. Nesse sino está inscrita a sétima frase do Angelus: "Rogai por nós, Santa Mãe de Deus"; oito faixas simbolizam a plenitude (7+ 1); há ainda elementos arquitetônicos do plano da catedral, evocação de. seus construtores, Cruz de Glória etc. , como nos anteriores. O sino "Jean-Marie" (782 kg; 99,7 cm de diâmetro), o menor deles, recebeu esse nome em alusão ao cardeal Jean-Marie Lustiger. Nele está inscrita a oitava e última frase do Angelus: "A fim de que sejamos dignos das promessas de Cristo "; nove faixas simbolizam as nove hierarquias angélicas; no corpo do sino, as iniciais dos quatro evangelistas, cada um com seu símbolo. Cruz de Glória, inscrição e imagens como nos anteriores. Além dos dez sinos mencionados acima, há outros três na flecha da catedral, totalizando 13.
Toques e melodias Os toques e as melodias dos sinos de Notre-Dame de Paris se subdividem em quatro grandes categorias: - o carrilhão das horas das cerimônias litúrgicas; - o carrilhão do Angelus três vezes por dia: 6h00, 12h00 e 18h00, segundo costume do rei Luís XI, que se generalizou na Cristandade; - o carrilhão das horas (toque breve a cada quarto de hora; melodia curta a cada hora, e mais de 50 toques e melodias diversas do fundo musical de Notre-Dame que variam ao longo do ano litúrgico); - o carrilhão das grandes ocasiões: acontecimentos ligados ao Papado ou de outra índole, de importância nacional e internacional, datas históricas, grandes desgraças na humanidade etc. Os sinos continuarão a fazer-se ouvir com a mesma frequência respeitada até agora. A grande variante será dada pela riqueza do novo conjunto, que permitirá uma diversidade maior de melodias e toques. O "Emanuel" fica reservado para as grandes solenidades como Natal, Epifania, Páscoa, Ascensão, Pentecostes, Assunção, Todos os Santos etc. O entusiasmo pela restauração dos sinos da grande catedral de Paris não se cingiu a um evento meramente religioso; foi uma amostra a mais das profundas inversões de tendências que estão ocorrendo na opinião pública da França hodierna. • E-mail para o autor: catolicisrno@ terra.com.br
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São Francisco Caracciolo C urado da lepra aos 22 anos, dedicou-se inteiramente ao serviço de Deus na Ordem dos Clérigos Regulares Mínimos, que fundou ■ PLINIQ M ARIA SOLIMEO
eus Nosso Senhor suscitou no século XVI várias Ordens religiosas para fazer frente à heresia protestante e à decadência de costumes. Uma delas foi a dos Clérigos Regulares Mínimos, fundada por São Francisco Caracciolo e pelo Venerável João Agostinho Adorno para o cuidado das paróquias e da vida conventual. Ascânio Caracciolo (nome de batismo) nasceu no dia 13 de outubro de 1563 em Vila Santa Maria, no reino de Nápoles, numa ilustre família da nobreza local. Desde pequeno destacou-se por sua
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suma gentileza, retidão, amor à penitência e uma tema devoção à Santíssima Virgem. Tão Jogo aprendeu a ler, começou a rezar diariamente o Pequeno Oficio de Nossa Senhora e o terço, e a jejuar aos sábados em honra da Mãe de Deus. Na adolescência, a fim de evitar a ociosidade e vencer a concupiscência da carne, mantendo uma ilibada pureza, Ascânio dedicava-se à caça e a outros exercícios corporais. Entretanto, não havia ainda escolhido um estado de vida quando, aos 22 anos, contraiu violenta lepra, que lhe provocou uma chaga no estômago, colocando sua vida em risco. Ascânio sentiu então na
própria pele quão frágil e efêmera era sua existência terrena, e pensou na eternidade. Prometeu então a Deus que, se fosse curado, consagrar-lhe-ia o resto de seus dias. Esse era o beneplácito divino, pois ele foi curado milagrosamente com tanta prontidão e eficácia, que não lhe restou no corpo nenhuma marca da mortal doença.
Uma carta: um engano provide11cial Ascânio comunicou então a seus pais sua resolução e, de posse da parte que lhe tocava da herança paterna, distribuiu-a aos pobres e dirigiu-se a Nápoles, a fim de principiar seus estudos eclesiásticos. Em 1587, graças à sua portentosa inteligência e aplicação, foi ordenado sacerdote. Havia em Nápoles uma benemérita confraria chamada dos Penitentes Brancos, cujos membros se ocupavam particularmente em preparar para a morte os condenados, auxiliar espiritual e materialmente os cativos e condenados às galés, e evangelizar os pobres e necessitados. O santo ingressou nessa confraria, passando a dedicar, até o fim de seus dias, parte de seu tempo a esse apostolado. Entretanto o Pe. Ascânio suplicava muito a Deus que o fizesse compreender o que queria dele, pois sentia que ainda não tinha encontrado sua verdadeira vocação. Foi assim que, em certo dia de 1588, ele recebeu uma carta de um parente seu, Pe. Fabrício Caracciolo, que mudou sua vida. Com efeito, tratava-se de um convite para que o destinatário fosse à residência do Pe. Fabrício para conversar sobre algo que lhe poderia interessar. Lá encontrou também um outro sacerdote, o Pe. João Agostinho Adorno, de ilustre família de Gênova, que tinha abandonado o mundo e desejava fundar uma nova Ordem religiosa unindo a vida ativa à contemplativa. O mais extraordinário é que o destinatário da missiva era outro com o mesmo nome do nosso Ascânio, mas ela, por um engano, foi entregue a este. Os três sacerdotes viram nisso a
mão da Providência, tanto mais quanto o futuro santo interessou-se muito pelo projeto e quis dele participar. Ascânio e Agostinho dirigiram-se então a uma camáldula perto de Nápoles para, no recolhimento e na oração, amadurecerem o projeto. Como eram pessoas sérias, para alcançar as bênçãos de Deus estabeleceram entre si um turno de penitências, de maneira que enquanto um jejuava a pão e água, o outro se disciplinava. Surgiram assim os Clérigos Regulares Mínimos, para maior glória da Igreja.
Cuidado parnqulal e vida conventual O que distinguia esses clérigos regulares dos simples sacerdotes e dos religiosos com votos? "Por clérigos regulares entende-se esses corpos de homens na Igreja que, pela própria natureza de seu instituto, unem a perfeição do estado religioso com o oficio sacerdotal. Isto é, sendo essencialmente clérigos, devotados ao exercício do ministério da pregação, da administração dos Sacramentos, da educação da juventude, e de outras obras de misericórdia espirituais e corporais, são ao mesmo tempo religiosos no mais estrito sentido da palavra, professando solenes votos, e vivendo a vida de comunidade de acordo com a regra solenemente aprovada pelo soberano Pontífice". 1 Os dois fundadores encontraram logo muitos seguidores: "os clérigos regulares foram tão bem sucedidos e populares quanto bem adaptados às modernas necessidades, que seu modo de vida foi esco lhido como modelo para várias comunidades de homens, quer religiosas ou seculares, vivendo sob uma regra, no que a Igreja tem sido tão prolífica em tempos recentes ". 2 Os primeiros religiosos a adotar esse modelo de vida tinham sido os Teatinos, fundados por São Caetano de Tiene em Roma, em 1524. Assim, congregação fundada por São Francisco Caracciolo e pelo venerável Adorno era ao mesmo tempo contemplativa e ativa. E aos três votos
usuais - pobreza, obediência e castidade - acrescentavam um quarto: o de não aspirar a dignidades eclesiásticas fora da Ordem, nem procurá-las dentro dela. Faziam adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento em turnos. A Ordem também prescrevia frequentes exames de consciência, a prática contínua da oração, e rigorosas mortificações. Assim, os irmãos se alternavam nos sacrifícios diários: enquanto um jejuava a pão e água, outro aplicava a disciplina e um terceiro portava o cilício, de modo que a penitência não cessasse jamais de aplacar a cólera de Deus e atrair suas bênçãos. 3 O moto da Ordem era Ad majorem Dei Resurgentis gloriam, escolhido por Francisco e Adorno quando fizeram sua profissão no Domingo da Paixão de 1589. 4 Quando perfizeram o número de 12, Ascânio e Agostinho dirigiram-se a Roma para tentar a aprovação de sua Ordem. "Ao recebê-los, o Papa Sixto V, com aquela doçura e amabilidade que o caracterizavam,jixou neles seu bondoso e penetrante olhar, e em um instante mediu a prodigiosa sabedoria, piedade e prudência do mais jovem, Ascânio, que tinha 25 anos, e ficou muito agradavelmente surpreso. Encomendou o exame do projeto da nova ordem religiosa a uma comissão de três cardeais, que ele mesmo nomeou. [. ..] Transcorreram dois meses quando, contra toda a esperança, no dia 1 º. de julho de 1588, Sixto V expediu uma bula criando a Ordem dos Clérigos Regulares Mínimos". 5 O Papa deu-lhes então o convento de Santa Maria Maior ou Pietrasanta, em Nápoles. Ascânio Caracciolo mudou então seu nome para Francisco, por devoção a São Francisco Xavier.
Em perigo de naufrágio, recurso à Estrela do Mar Seguindo o desejo do Sumo Pontífice, no ano seguinte os dois fundadores partiram para a Espanha com o intuito de lá fundar uma casa de sua Ordem. Mas esta não estava ainda nos planos da Providência e os dois religiosos tiveram que voltar à Itália. Passando por Valência, um religioso inglês que fugira da Ingla-
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terra por causa das perseguições da ímpia rainha Isabel I, predisse aos dois religiosos: "Vós sois os fundadores de uma Ordem nova, que se espalhará em breve para a glória de Deus e a salvação das almas, e que florescerá particularmente neste reino". 6 O que confortou muito os dois amigos. Antes de partirem para Nápoles, São Francisco Caracciolo reuniu toda a tripulação do navio em uma ermida às margens do Mediterrâneo, exortando-a a colocar-se sob o amparo da Estrela do Mar, pois haveriam de correr grandes riscos na travessia. Realmente foi o que aconteceu, só se evitando um naufrágio graças às orações dos dois religiosos. O navio desgovernado acabou encalhando num banco de areia de uma praia deserta. Para fugir às manifestações de regozijo e agradecimento da tripulação, os dois mínimos entraram em um bosque. Nele se perderam, mas foram salvos milagrosamente. João Agostinho Adorno faleceu, em odor de santidade, em setembro de 1591, com apenas 40 anos. São Francisco foi então escolhido por unanimidade como Superior Geral dos Mínimos.
A glória de Deus é a única nnalldade São Francisco Caracciolo foi novamente à Espanha para tentar fundar uma casa. Desta vez o monarca Felipe II entregou seu pedido para estudo ao cardeal Quiroga, Arcebispo de Toledo, que se manifestou favorável à empresa. Fundou-se assim a primeira casa na Espanha, dedicada ao glorioso patriarca São José. A obra progredia a olhos vistos, de maneira a suscitar o ódio dos adversários que toda obra de Deus encontra. Um poderoso e influente senhor da corte conseguiu que o Conselho Real mandasse fechar imediatamente a Casa, concedendo um prazo de dez dias para que os religiosos saíssem da Espanha. Após várias tentativas, como último recurso, São Francisco foi lançar-se aos pés de Felipe II, implorando sua
CATOLICISMO
ajuda. O monarca ficou tão impressionado com o santo que, apesar de seu Conselho Real, ratificou a fundação e a permanência dos religiosos no país. Numa terceira viagem à Espanha, São Francisco fundou também uma residência da Ordem em Valladolid e outra em Alcalá de Henares. Inúmeros milagres e prodígios marcaram sua estadia em Madrid, de modo que o povo passou a chamá-lo de Apóstolo do amor divino, pois o santo tinha sempre nos lábios as palavras de Davi: "O zelo de tua casa me devora" (SI 68, 1O), sendo a glória de Deus o único fim de todos os seus atos. Ele curava fazendo o sinal da cruz sobre os doentes que lhe eram levados, e do mesmo modo expulsava o demônio dos possessos.
Lugar do repouso pelos séculos dos séculos São Francisco escolheu para seu aposento em Nápoles um vão muito pequeno e incômodo embaixo da escada da Casa, onde entrava frequentemente em êxtase. Foi lá que o encontraram os eclesiásticos que, da parte do Papa Paulo V, foram lhe oferecer o episcopado, que ele rejeitou. Apesar de ser relativamente novo pouco mais de 40 anos de idade - São Francisco obteve dispensa de todos os cargos e oficios para, como dizia, preparar-se para a morte. Mas teve que ceder quando lhe pediram que fosse estabelecer uma fundação em Agnona, pois no caminho poderia venerar a Santa Casa de Loreto. Lá, passando a noite em oração, viu-se de repente rodeado por uma claridade celeste, aparecendo-lhe então Agostinho
Adorno, resplandecente de luz: "Caríssimo irmão, disse-lhe ele, sou mensageiro de Maria para dizer-te, da parte dessa bondosa Mãe, que Ela amorosamente cobre com seu manto nossa família, convertendo-se desde já em sua Protetora e Advogada. Deu-me Ela outro encargo: de dizer-te que, dentro de poucos dias, serás chamado à bem-aventurança eterna". 7 Desse modo, quando chegou a Agnona, o santo exclamou jubiloso: "Haec est requies mea in saeculum saeculi " (Eis aqui o lugar de meu repouso pelos séculos dos séculos). Os religiosos não entenderam o que ele queria dizer com isso. Em sua estadia em Agnona, São Francisco encontrou um jovem que levava vida muito licenciosa. Instou-o então a se converter ao Senhor, para evitar a perdição eterna. O insensato acolheu essas palavras com um sorriso de superioridade, caçoando da ameaça. Então São Francisco disse-lhe, com um olhar severo: "Está bem, já que caçoas desse último apelo da misericórdia de Deus, dentro de uma hora cairás nas mãos de sua justiça! " Antes que terminasse a hora predita, o jovem mundano caiu morto. Pouco depois, atacado por uma febre que se tornava cada vez mais alta, o santo veio a falecer no dia 4 de junho de 1608, aos 44 anos. Ele foi beatificado por Clemente XIV em 1O de setembro de 1769, e canonizado por Pio VII em 27 de maio de 1807. • E-mail para o autor: catoljcismo@terra.com.br
Notas: 1. John F.X. Murphy, Clerks Regular, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition. 2. ld. ib. 3. Cfr. Les Petits Bollandistes, Saint François Caracciolo, Vies des Saints, Bloud et Barrai, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo VI , p. 449. 4. Cfr. Francesco Paoli, St. Francis Caracciolo, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition. 5. Edelvives, San Francisco Caracciolo , El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1947, tomo III , pp. 355-356. 6. Bollandistes, op. cit. p. 450. 7. Edelvives, p. 361, Bollandistes, p. 454.
O Santo e o Imperador 313-2013: dezessete sécu1os do Edito de Milão,
através do qual o Imperador Constantino concedeu liberdade à Igreja, após longa perseguição sangrenta que obrigou os cristãos a se refugiarem nas catacumbas. ■ GREGÓRIO VIVANCO LOPES
A
propósito da evocativa comemoração do Edito de Milão, transcrevemos alguns comentários de São Pio X, o grande Pontífice que há um século celebrou os 1.600 anos da libertação da Igreja. Com efeito, no dia 8 de março de 1913, para evocar o aniversario desse magno evento, ele pronunciou memorável discurso aos fiéis reunidos em Roma, do qual extraímos os trechos abaixo.*
Em meio aos graves problemas do início do século XX, o santo Pontífice exprime seu ardente desejo "[ ... ] de que retorne aquele tempo no qual se concedia à Igreja poder gozar aquela liberdade que lhe é necessária para exercer frutuosamente o seu ministério para o bem das almas e da sociedade. "Pois é bem doloroso ver que, enquanto agradecemos à Divina Providência ter chamado Constantino das trevas da gentilidade para aquela Religião que os seus antecessores, por três séculos, tentaram exterminar, a restituir aos cristãos os bens usurpados, e conceder ao cristianismo plena liberdade religiosa; nós, entretanto, em meio a tão apregoado progresso da civilização e tantas luzes de ciência, temos de reclamar em vão para a Igreja, mesmo de governos cristãos, aquela liberdade que eles mesmos
Imperador Constantino
reconhecem, ou deveriam reconhecer, necessária ao desenvolvimento de sua ação sobrenatural nesta Terra. "A Igreja recebeu de Deus a missão de ensinar, e sua palavra deve chegar ao conhecimento de todos sem obstáculos que a detenham e sem imposições que a freiem. Pois Cristo não disse: a vossa palavra seja apenas para os pobres, os ignorantes, as massas; mas sim para todos sem distinção, porque vós, na ordem espiritual, sois superiores a todo poder soberano na Terra. "E estes direitos [da Igreja] são tão sagrados que a Igreja sempre se achou no dever de sustentá-los e defendê-los,
sabendo bem que, se cedesse só um pouco às pretensões de seus inimigos, não cumpriria o mandato recebido do Céu e cairia na apostasia. "E disto estão de tal maneira persuadidos nossos próprios adversários, que dizem abrigar à sombra de sua bandeira toda espécie de liberdade; mas de fato a liberdade, ou melhor, a licenciosidade, é para todos, mas não a liberdade para a Igreja. Liberdade para qualquer um de professar o próprio culto, de manifestar o próprio sistema; mas não para o católico. "Liberdade de ensino, mas sujeito ao monopólio dos governos, que permitem nas escolas a propagação e a defesa de todos os sistemas e de todos os erros; e que proíbem até para as crianças o estudo do Catecismo. Liberdade de imprensa e portanto liberdade ao jornalismo de vituperar as coisas mais sagradas e as pessoas mais veneráveis; mas não ao jornalismo católico que, por defender os direitos da Igreja e propugnar os princípios da verdade e da justiça, deve ser vigiado, chamado ao dever e apontado a todos como contrário às instituições livres e inimigo da pátria. "Esta, como vós bem sabeis, é a liberdade de que goza a Igreja, mesmo em países católicos! E portanto temos bem razão de encontrar um consolo em vós, que reclamais essa liberdade, lutando por ela no campo de ação que até agora vos é concedido. "Nesta luta certamente não faltarão dificuldades, aborrecimentos e fadigas: cuidado para não perderdes o ânimo, porque vos sustentará na luta o Senhor, com ajuda abundante e favores celestes". •
(*) http://www.vati can. va/holy _father/piu s_x/ speeches/documents/hf_p-x_spe_ l 9130223_ pace-costantino_it.html
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A TFP italiana participa em Roma da Marcha contra o aborto ■
Juuo LoREDO
dobro do ano passado. Vinte mil pessoas, segundo os dados da Polícia. Vinte e cinco mil, segundo os jornais. Agora em sua terceira edição, a Marcha Nacional pela Vida, realizada na capital italiana no domingo, 12 de maio, foi um sucesso sob todos os pontos de vista, a começar pelo número dos participantes. De grupos pró-vida a ordens religiosas masculinas e femininas, das diversas delegações estrangeiras (Roma não é o centro do mundo?) aos numerosos grupos paroquiais e associações civis, todos estavam na Cidade Eterna para se manifestar contra o aborto e protestar contra a iníqua Lei 194 de 1978, que autoriza o aborto nos primeiros 90 dias de gravidez. A Associação Italiana Tradição, Família, Propriedade ali esteve presente com os seus característicos estandartes rubros com o leão rompante dourado. Juntamente com os sócios e voluntários da TFP italiana, marcharam representantes de diversas TFPs da Europa. Da Sicília veio uma expressiva delegação do Círculo Plínio Corréa de Oliveira. Após anos de hesitação, durante os quais alguns haviam mesmo hostilizado a ideia de realizar a Marcha, o entusiasmo do povo italiano pró-vida encontrou finalmente a sua expressão. O objetivo é claro: nenhuma exceção, :;; ·.; nenhuma concessão. O aborto é "crime abominável". Ficam para trás as políticas contemporizadoras, com as quais se procurava "aplicar bem a lei 194", contudo sem ~
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tocar nela...
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Agora é claro que a referida lei deve ser abolida. Em um primeiro momento dever-se-á voltar à situação legal precedente. Isto como passo para uma emenda constitucional protegendo a vida desde a concepção até a morte natural. A Marcha partiu do Coliseu, seguindo pelos Foros Imperiais, Piazza Venezia, Corso Vittorio Emanuele, terminando no Castelo de Sant' Angelo. Depois, os manifestantes dispersaram-se em ordem pela Via della Conciliazione até a Praça de São Pedro, onde participaram do Angelus rezado pelo Papa. O Pontífice deu as boas-vindas aos manifestantes. • E-ma il para o autor: cato lic ismo@terra.com.br
CATOLICISMO
NON VCCJDIAM J
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Cardeal Raymond Burke conversa com participantes da Marcha
irginia Coda unziante na foto, primeira dir.), porta-voz o movimento areia Nazionale er la Vita
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O que o governo está fazendo
com a economia? ■ DANIEL
F. S.
MARTINS
uando ouvimos falar de economia, a não ser que sejamos estudiosos da matéria, costumamos ter impressões sucessivas. Primeiro, que não sabemos nada, pois para muitos de nós a linguagem do economês é tão ou mais estrangeira do que o polonês ... Mas depois, acabamos percebendo que entendemos vários dos fenômenos, apenas não temos o vocabulário para dar nome a cada um deles . Como leigo no assunto, foi o que senti após ter acompanhado a esclarecedora palestra sobre a situação atual da economia no Brasil, proferida pelo Dr. Marcel Domingos Solimeo, economista e superi ntendente do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo. A palestra teve lugar no Club Homs da Avenida Paulista, promovida pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, no dia 16 de maio último. Passo a dar algumas pinceladas a respeito da densa exposição.
Da esq. para a dlr.: Dr. Pllnlo V. Xavier da Silveira, Dr. Marcel Sollmeo, Dr. Adolpho Lindenberg, Dr. Eduardo de Barros Brotero, Dr. Gustavo Sollmeo
O
Ciclo "vll'tuoso" No passado recente, vivemos alguns anos de relativa prosperidade. Isso se deveu a um cic lo "virtuoso" da economia, gerado por: a. um "bônus externo", isto é, tivemos a nosso favor uma demanda de bens, sobretudo referentes à agricu ltura, o que acabou beneficiando também os setores da indústria, do comércio etc. ; b. um "bônus demográfico", isto é, tivemos mais gente trabalhando e produzindo do que vivendo da previdência social; c. a expansão tecnológica, sobretudo na agropecuária; d. a expansão do crédito, gerando uma inclusão gigantesca de pessoas no mercado consumidor (o que gerou um
CATOLICISMO
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j Dr. Marcel Domingos Sollmeo
crescimento a curto prazo e consequências funestas a longo prazo, de onde as aspas de "virtuoso").
Ciclo vicioso Entretanto, esse panorama róseo logo se evanesceu, dando lugar a um ciclo vicioso, no qual vivemos hoje. O "bônus demográfico" em breve já não estará de nosso lado. Por causa do hedonismo, do aborto e de outras causas similares, a natalidade vai diminuindo a cada dia, e logo veremos no Brasil o que acontece hoje na Espanha e outros países europeus: o número de pessoas que ainda trabalham é insuficiente para manter a população que depende da previdência social.
Cl'ise ele con/'iança
A ex pansão despropos itada do créd ito pode gerar consequências indesejadas. Em primeiro lugar, porq ue as pessoas começa m a ter um padrão de vida que não podem sustentar. O crédito fác il gera a tentação de comp ra r ma is do que eu cap ita l permi te. O preju ízo é sempre postergado, po is, afin a l, podemos paga r em 12 vezes ! Ao cabo de algum te mpo vem a inadim plênc ia, faze ndo com que o pa ra íso pro metid o pe lo crédi to fác il se vo lte contra o cons umido r, com o pesade lo da inso lvênc ia e em certos casos do nome suj o. A lé m di sso, o a um e nto exa ge rado do c réd ito s upera qu ece o cons um o, faze ndo inchar o setor de se rviços. Como não há concorrênc ia
ex tern a, o seto r de se rviços gera um aumento no preço dos produ tos. A par di sso , co mo há po uca mão- de-o bra q ualifi cada, o preço dos sa lári os para os serviços qua lificados cresce. O setor de serv iços pode paga r, mas a ind ústria não, pois enfre nta concorrência externa. A indústri a decai, e seus défi c its cedo ou tarde tra nsbord am para os dema is setores. A pesa r di sso, seg und o mostro u o co nfe re nc ista , o gove rn o co ntinu a aquecendo o cons um o pe la ex pansão in te mperante do crédi to, pois isso e leva, na fac hada, o padrão de vida da população e atra i votos. Em outras pa lavras, o governo faz co mo alguém que gasta toda a despensa da casa em uma só fes ta, para faze r boni to junto aos convidados, mesmo sabendo que nos dias segui ntes virá a caresti a. O gasto excess ivo do governo, somado ao gasto excess ivo das fa míli as atra íd as pe lo crédi to fác il , gera a infl ação genera li zada e a perda da competitividade da ind ústri a. É o ciclo vicioso que co ntinua a do minar o cenári o.
Mas o pi o r es tá e m o utro fato r. Segundo o pa lestra nte, o desenvo lvimento econômico de um pa ís depende dos investimentos que ne le são feitos. E esses inv estim entos depe nd em da confi ança que os investidores tenham nas institui ções daquele país. Ora, tal confiança está sendo aba lada no atual governo, em vários pontos. Por exemplo: 1) Po lítica interve ncioni sta - at rapa lh a e s ufoca a li vre inic iati va; 2) Desrespeito aos contratos; 3) Desrespeito ao direito de pro priedade; 4 ) Leg is lação t ra ba lhi s ta abusiva; 5) A justi ça traba lhista gera in segurança, pe las atuais súmulas vincula ntes que sufoca m os empregadores; 6) Po lítica de desapropriações a pretexto de favorecer indígenas, quil ombo las etc., gerando medo de in vestimento em várias áreas. 7) Excesso de medidas "casuísticas", isto é, favo recimento de áreas e prod utos específicos du ra nte um curto período de te mpo, sem co nsideração pelo conj un to dos setores.
Conclusão A so lução de curto prazo seria vo lta r a um padrão temperante de consum o e a uma retração razoável do crédi to, ev ita ndo a inflação e a q ueda da indústri a. Sobretudo, se ri a necessá ri o que o governo abdi cas e de sua tendê ncia soc ia li sta e intervenc ioni sta, e passasse a defender o di re ito de propriedade, incentiva r a li vre ini ciativa e to mar todas as medidas para recobrar estavelmente a confia nça dos in vestido res. Entretanto, como mostrou em suas palav ras de encerra mento o Dr. Adolpho Lind enberg, pres id en te d o Jn slilulo Plinio Corrêa de Oliveira, por detrás de todo o jogo econô mi co do governo há um a tendênc ia socializa nte, com o que toda e qua lquer so lução razoáve l fica comprometida. • E-ma il para o aulor: ca lo licis mo@terra.co m.br
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■ PUNIO CORRÊA DE ÜUVEIRA
A
Toff, d, Belém, , m Lósboa, de tal maneira causa a impressão de ser um castelo, e não uma simples Torre, que até se poderia perguntar como uma Torre pode ser tão be la! Ela ostenta a pompa e a imponência de um castelo de conto de fadas , co m sua pedra branca que brilha ao oi. As paredes da Torre sã.o li sas, mas a mo notonia delas é remedi ada pela pequenas janelas ge minadas, divididas por um arco grac ioso, e o terraço. Também aj udam a quebrar a monotonia as guaritas, bem nos ângu los da Torre. Temos então reunidos, numa superfíc ie pequena , uma sobreca rga de ornatos que lembra uma ca ixa de joias, um esc rínio . Assim , ficamos com a sensação de um a harmo ni a perfeita. Cons id eremos as ameias em torno da Torre. Eram destinadas aos guardas que vig iavam a edificação, concebida para a defesa de um ataque adversário . E la apresenta também uma série de esc udos co m a Cruz de C ri sto, lembra ndo as g lórias do reino. A beleza artística coinc ide com a utilidade militar. No alto da Torre, com dimensão menor do que ela,
ergue-se um torreão mai s estreito, que po sibilita a ronda dos guardas. Mas, além da razão militar, há uma vantagem estética. A primeira linha de defesa da Torre é o terraço. Em baixo, notam-se pequenas abe rturas gradeadas, indicando a presença de calabouços. A largura do terraço tem uma certa relação estética com a altura da Torre, mais ou menos como a rainha estaria para a cauda de eu vestido. A rainha de pedra tem uma cauda de pedra, olha altiva para a cidade de Lisboa e, dominadora, encara o mar. No terraço, quando partiam as esq uadras portuguesas para a conquistas ultram arina , o próprio re i comparecia para apreciar a partida da armada. Às vezes acompanhado da rainha, de membro da famí lia real , da Corte, de prelados, guerreiros, magistrados, todos esp lendidamente vestidos. Eles ocupavam os terraços dos quais pendiam tapeçarias. O co lori do era magnífico! Pode-se imaginar a beleza do cenário com aquelas naus avançando com o esta ndarte e a Cru z da Ordem de Cristo nas velas. A esquadra , com vários navio passando diante de EI Rei , os navegantes fazendo reverências, tiros de obus disparados e as naus desaparecendo .a os poucos nas ág uas do rio Tejo e depois no Atlântico. Por essa Torre passou a esquadra de Cabra l, que iri a introduzir no mundo essa rea lidade chamada Brasil! •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 15 de janeiro de 1977. Sem revisão do autor.
m PuN10
C oRRÊA DE OuvE 1RA
Tensão geral isse Nosso Senhor Jesus Cristo: "Se um cego guia outro cego, ambos caem na cova " (Mt
D
15,14). Daí resultam, em grande parte, as incertezas em que o Brasil se encontra. Para só considerar os problemas econômicos e financeiros, é flagrante - nesta matéria - a ausência de dados vigorosamente documentados, cristalinamente analisados, e sem os quais o "homem da rua" desta democracia cambaleante não pode sequer saber o que quer ou não quer. De onde as notícias nos jornais, sobre as alternativas sucessivamente propostas para a solução desses problemas, darem ao "homem da rua" - a mim, por exemplo,
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que em matérias econômico-financeiras me tenho na conta de tal - a impressão de que os debates ou os cambalachos efetuados nos altos bastidores de nossa vida pública são meras sessões de prestidigitação. Em outros termos, quando a experiência desgasta várias sugestões apregoadas como "milagrosas", há urna tensão geral. E desta tensão emergem então um, dois, ou três "gênios", com novas soluções tão mirabolantes ou inverossímeis quanto seria tirar um coelho de dentro de uma cartola, ou um ovo de dentro de uma lapiseira. • Excertos de arti go do Pro f. Plíni o Corrêa de Oli ve ira, publicado na " Fo lha de S. Paulo", em 11 de abril de 1988.
SUMÁRI 2
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O agro brasileiro que escapou da Reforma Agrária
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INDÍGENA
Absurdas demarcações de terras indígenas
Insetos comestíveis? Repugnante!
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CAPA
O Santo Escapulário - segura proteção
36 VmAs 39
O impraticável "acordo de paz" com as FARC
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São Tiago Maior
Apelo aos bispos da França
40 EP1súoms H1sTútu<:os Navas de Tolosa - batalha decisiva 44 VAmEDADEs Pobreza evangélica: seu verdadeiro conceito 45 46
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Médicos cubanos afinados com o castrismo
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Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito FIiho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sobonR3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo • SP Serviço de Atendimento ao Aaalnante: Fone/fax (Oxx11) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031•970 São Paulo• SP lmpreaaão: Prol Editora Gráfica Lida. E•mall: catollclsmo@terra.com.br Home Page: www.catollclsmo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da aaalnatura anual para o mês de Julho de 2013: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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A Santa Igreja comemora em 16 de julho duas festividades das mais importantes do culto mariano: a de Nossa Senhora do Carmo, como também a entrega do Santo Escapulário a São Simão Stock. Ambas são de urna atualidade marcante para os católicos de nosso tempo, imersos numa das maiores crises da História da Igreja. Assim , Catolicismo apresenta a seus leitores urna análise da devoção a Nossa Senhora do Carmo, cujas origens remontam ao Antigo Testamento, com o Profeta Elias, em meados do século IX a. C. Segundo a tradição carmelitana, o vínculo da Ordem do Carmo com Santo Elias já era conhecido no ano 83 da era cristã, quando os errnitães considerados filhos espirituais do Profeta Elias se converteram ao cristianismo. Esses seguidores teriam constituído então urna capela no Monte Carmelo, situado na Palestina. E quando os Cruzados, no século XI, foram resgatar o Santo Sepulcro e libertar os cristãos subjugados pelos infiéis, entraram em contato com os monges do Monte Carmelo. Vários desses cavaleiros cristãos abraçaram a vida erernítica. Em meados do século XIII, devido à virulenta perseguição dos muçulmanos contra os eremitas do Monte Carmelo, os sobreviventes destes abandonaram o Oriente e estabeleceram-se no Ocidente. No dia 16 de julho de 1251 , o monge inglês Simão Stock, Prior Geral da Ordem, recebeu o Escapulário do Carmo diretamente das mãos de Nossa Senhora, quando Lhe suplicava proteção contra a perseguição movida à Ordem do Carmo. A Mãe de Deus na ocasião qualificou o Escapulário como sinal de salvação, e acrescentou : "Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno ". E no século XIV, a Virgem Santíssima apareceu ao Papa João XXII, prometendo especial assistência aos que portassem com dedicação religiosa o Escapu lário do Carmo, dizendo que os livraria do Purgatório no primeiro sábado após sua morte. Essa última bondosa liberalidade de Maria Santíssima, concedida a seus filhos carmelitas, tornou-se especialmente valiosa nesta época em que o processo revolucionário e o neopaganismo atingiram um clímax. Assim , após prometer na aparição anterior a salvação eterna aos que usassem piedosamente o Escapulário, a Virgem Poderosa concedeu, adernais, aos carmelitas das três ordens (a I11. a 211 • e a 311 . ) o chamado Privilégio Sabatino , que abrevia as penas temporais do Purgatório. Não poderia ser maior a misericórdia d' Aquela que na litaniae Lauretanae é invocada como Porta do Céu. Posteriormente, a Santa Igrej a estendeu o uso do escapulário aos fiéis em geral, conforme explica o artigo. Que as considerações acima sirvam de estímulo para que nesta época crepuscul ar todos os estimados leitores de Catolicismo se beneficiem das promessas do Escapulário e aproveitem as imensas graças concedidas pelo Privilégio Sabatino. Estes são nossos sinceros votos!
Em Jesus e Maria,
CATOLICISMO
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Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTOA.
catoli cismo@terra.com.br
DIRETOR
Só para a França ... ? cebemos há pouco um e-mail da França, enviado por uma conheida e benemérita associação que batalha meritoriamente nas terras de São Luís IX e de Santa Joana d'Arc pelos princípios da civilização cristã e que está no momento empenhada em uma louvável campanha. Seu nome: Avenir de la Culture. Traduzimos aqui os tópicos principais desse e-mail, através dos quais o leitor poderá dar-se conta da grave ofensa aos Corações de Jesus e Maria que o governo socialista de François Hollande empreende naquela nação, outrora merecedora do glorioso título de Primogénita da Igreja.
"' "' "' "A ideologia de gênero desembarca em roupas infantis nas escolas primárias. "A lei Peillon [Vincent Peillon é o ministro da Educação da França] quer fazer crer a nossos filhos, a partir de seis anos, que depende de cada um decidir se ele é menino ou menina. "Para os militantes da teoria do gênero, os pais são os inimigos que cumpre abater, pois as diferenças entre homens e mulheres são 'construídas e socialmente reconstruídas' pela célula familiar". Avenir de la Culture convoca então o público para uma campanha de protestos .. . " ... contra o desembarque da 'teoria do gênero' nas escolas primárias, sem debate e contra o direito dos pais de educar seus filhos em conformidade com a doutrina cristã e a Lei natural.
"Permiti-me explanar um pouco mais sobre esta teoria e sobre o modo
Protestos nas ruas de Paris contra a nova "teoria do gênero"
pelo qual ela já está sendo ensinada nos manuais escolares utilizados nas aulas do curso elementar. Nada é mais obsceno, nada é mais perverso: "- nega-se a realidade física do sexo masculino ou feminino e pretendese que a identidade sexual não é senão uma construção pessoal e mutável; "- a masturbação é encorajada e a sexualidade não deve ter outro objetivo senão a busca do prazer, desconectado da procriação; "- a maternidade seria o primeiro dos estereótipos sociais! "Como vedes, é a negação da moral, seja ela natural ou cristã. "É urgente reagir. Os militantes da teoria do gênero querem destruir toda regra moral e impor seus dogmas a nossos filhos. "Nunca nós, pais e avós responsáveis, tivemos tanta dificuldade para proteger nossos filhos e netos. E, em lugar de nos apoiar, os políticos torpe-
<leiam todos os nossos esforços. Eles trabalham sem descanso para poluir o olhar de nossos filhos . "Influenciando assim as nossas crianças, eles torpedeiam o futuro do nosso país. "O que restará de nossa herança cristã quando tudo estiver destruído no coração de nossos filhos? Não, eu não quero ser uma testemunha impotente desse desastre e, estamos certos, vós também não".
"' "' "' E o pungente e-mail tennina com um apelo aos franceses para que protestem e provoquem um clamor indignado (provoquer un tollé !). Será que isso não se aplica também ao Brasil? A "teoria do gênero" não será uma das causas das lacrimações de imagens de Nossa Senhora? Pense um pouco, leitor. • JULH02013-
sobre ela. Gostei enormemente e repassarei xerox para minha irmandade. Vou fixar estas páginas no quadro mural da irmandade. Parabéns aos escritores da revista Catolicismo. (M.S.G. -
Beleza X horror 181 Sobretudo em nosso século, com o progresso na técnica de edificação e as facilidades criadas pela moderna engenharia, por que não se construir, por exemplo em Belo Horizonte, uma catedral do alto nível de Notre-Dame de Paris? Por que levar a cabo o projeto Niemeyer da nova catedral de BH? Esta é mais feia ainda do que a de Brasília. Um horror de projeto, sem nada de sagrado. Pela maquete que vi, a construção não é apropriada nem para terminal de ônibus, aeroporto ou shopping center. Nada da nova catedral lembra Cristo e o Céu. O medieval tinha a cabeça ordenada e construía coisas ordenadas, hoje a desordem está instalada nas cabeças, daí nossas construções "modernas". A catedral de Notre-Dame é, realmente, "bela em cada um de seus pormenores"; a de BH é horrorosa nos mínimos detalhes. Gostei muito também dos comentários sobre a Torre de Belém, igualmente "bela em cada um de seus pormenores" . (A.E.J. -
MG)
Notre-Dame e seus sinos 181 Maravilhosas as explicações sobre a Catedral de Notre Dame e os sinos. Eu procurava conhecer mais
-CATOLICISMO
SP)
para o mundo, e, em precisa simultaneidade, apreciaremos seu aroma, exalado do incenso, perfumar todo e qualquer resquício provocado por essa fétida essência. (R.L.V. - PA)
Época de Fé
"Médicos" lldelcastristas
181 Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Um milagre os gloriosos 850 anos da Catedral de Notre Dame. Os inimigos da Igreja já há muito desejariam tê-la derrubado , como se desejou na Revolução Francesa, mas por milagre escapou da sanha dos Dantons daquela época. Ela é testemunha da Fé Católica e de quão luminosa foi a Idade Média, nada a ver com as calúnias que os autores ateus escrevem contra a época medieval, que eles odeiam porque representa uma época de Fé, de Cruzada de Amor de Deus. Ela é uma prova da intercessão de Nossa Senhora na História da França e do Mundo. (R.L.C. - PR)
181 É deveras bastante preocupante a importação de "médicos" cubanos que o governo pró-Cuba pretende fazer. Favorece Cuba e prejudica muito os brasileiros, sobretudo aqueles que seriam atendidos pelos cubanos, ou seja, nosso povo de regiões mais carentes. Isto porque é muito menos prejudicial a dificuldade em ser atendido por bons médicos do que ser facilmente atendido por péssimos médicos. "Médicos" (entre aspas), pois de fato são comunistas a fazer "catequese" marxista junto ao nosso povo. Os pacientes brasileiros mais carentes seriam doutrinados para servirem de massa de manobra para uma revolução de luta de classes, típica do sistema comunista, como ocorreu na pobre Venezuela, devido à invasão de "médicos", agentes de Fidel Castro.
Impedir a "fumaça de Satanás" 181 Esperemos atuantes, Monsenhor José Luiz Villac, heroicamente consistentes e submissos a DEUS, pelas promessas transmitidas em Fátima. Lutemos, diariamente, transportando e emanando para além a LUZ SALVÍFICA, SANTA e ETERNA, para vermos amiúde e em suas minúcias, o retomo da Santa Madre Igreja às suas primícias. Se nós que pedimos perseverantemente a CRISTO que nos conceda a perfeição de seu SANTO ESPÍRITO, exortarmos nossas próprias famílias a estarem presentes aos cultos ofertados à SANTÍSSIMA TRINDADE. Com FÉ, ESPERANÇA e CARIDADE, vislumbraremos a fumaça do turíbulo impelir para fora das entranhas da ESPOSA DE CRISTO toda a jactância maligna que satanás soprou para dentro d 'Ela, a partir do primeiro instante em que, · pecaminosamente, a descerraram
(P.E.N. -
SC)
Ilha-Lixão 181 Parece que Lula pegou não só as péssimas ideias de Chávez, mas também a enfermidade. O governo PT sempre mente ao falar que não se pode intervir na soberania de outro país, pois deu claro apoio à eleição de Maduro, o sucessor do falido presidente venezuelano. Só espero que nosso País não siga a Venezuela rumo ao abismo no qual jaz a pobre Cuba comunista. Sobre esta ilha, certamente o Papa Francisco, quando vier ao Brasil, fará algum discurso contra o empobrecimento (um fruto do comunismo cubano que fez a opção preferencial pela pobreza do povo), que transformou Cuba numa ilha-lixão. A solução: O RETORNO
r À ORDEM! Tema sobre o qual falou muito bem o americano John Hovart na entrevista sobre seu livro, que eu desejaria comprar se houver tradução em português ou espanhol. (D.S.A. -
AS)
Artimanha da TL ~ A "opção preferencial pelos pobres", pregada pelo projeto da "Teologia da Libertação", é um engodo. Como se pode constatar em todos os países que "optaram" pelo socialismo, tirando a prosperidade dos ricos, elimina-se o meio de ajudar os pobres a prosperarem. Inclusive eliminam-se os meios próprios para se socorrer os mais pobres. Os "teólogos da libertação" não são realmente católicos, pois a Igreja é mãe de todos, dos pobres, dos remediados e dos ricos. Ela não exclui ninguém e a todos ampara. Os que afirmam o contrário sabem que não têm razão, pois é negar o óbvio, mas usam dessa artimanha para enganar os pobres, pretextando a defesa deles. (P.G.C.F. - AS)
Cristo Rei ~ Admirabilíssimo o artigo de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira (Pobreza e fausto: extremos harmônicos no firmamento da Igreja). Ele comprova admiravelmente que não há contradição no fato de a Igreja promover a pobreza tipo franciscana e também promover o fausto que deve revestir os templos católicos e suas cerimônias religiosas. Deus é Rei, Soberano Senhor do Céu e da Terra, e merece todo fausto. Os "teólogos" da libertação tentam, mas jamais conseguirão criar a imagem de um Deus miserável.
(M.U.N- AJ)
"Ninguém aguenta mais" ~ Envio-lhe para eventual aproveitamento na revista Catolicismo, que tão bem tem mostrado a doutrina
católica sobre o homossexualismo, uma carta publicada na "Folha de S. Paulo" do dia 4 de junho. A carta é da Sra. Maria Cristina R. Azevedo (Santa Catarina), que fala do cansaço gerado tanta propaganda da mídia a favor das paradas homossexuais: "Além da chuva, um fator pesou muito na redução de público na Parada Homossexual (Parada Homossexual encolhe e leva 220 mil às ruas de São Paulo). O assunto cansou! Ultimamente, só se fala nisso, com reportagens e mais reportagens sobre o assunto. O resultado de tanta militância é o cansaço do 'público pagante'. Ninguém aguenta mais! O efeito tem sido o contrário do pretendido. Os assuntos da maioria anônima e não militante acabam sobrepujados pelas causas de minorias muito bem organizadas e influentes. Quando a dose é demasiada, mata o paciente". (J.A.F. - SP)
Exponencial ~ Jesus e Maria representam os expoentes de minha vida, que agora ficou mais iluminada com os conhecimentos que adquiri lendo o que ensina o marianista Pe. Émile Neubert no livm Maria Santíssima como a Igreja ensina. Já o encomendei. Obrigado. (J.G.W. - PE)
Inegavelmente ~
Não dá para negar o quanto é linda a Mãe de JESUS e como é misericordioso o seu coração.
FRASES SELEClONADAS
"A veráaáe não é
áemocrá.tica, mas aristocrática:'' ('Pe . SCll/\,HClgo RCIV\,\,Crez)
"Que vantagem têm os
mentirosos? A cfe não serem acreáitaáos quando áiwn a veráaáe". (Avist6teLes)
"Uma mentira áá. uma volta inteira ao mundo antes mesmo cCe a veráaáe ter oportuniáacfe cCe se vestir''
"t preciso áiu.r a veráaáe apenas a quem está. áisposto a ouvi-Ca" (S€1/\,eCCl)
(1.G.T. - SC)
Um sonho ~ Antes de conhecer a igreja de Nossa Senhora das Cabeças, sonhei com Ela. Um dia antes eu nem imaginava como era sua imagem, mais foi uma surpresa quando a vi, pois era igual a que eu tinha visto no sonho, só que com vida.
(A.S. -SP)
JULH02013-
■ Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
Pergunta - Tenho uma dúvida que acredito seja a de muitos católicos. Vejamos meu caso, real: Na minha casa reside uma pessoa protestante. Ela não interfere em nossos rituais de católicos, mas sabemos que não concorda com muita coisa, como, por exemplo, rezarmos pelos mortos. Pergunto: quando esta pessoa protestante falecer, não haverá problema em colocá-la no mesmo jazigo onde estão sepultados meus pais e tios, todos católicos fervorosos e agarrados a Cristo através do manto da Virgem Maria? Minha preocupação está no fato de que, quando formos ao cemitério para as orações e outros rituais cristãos a favor de nossos entes queridos, a pessoa protestante, de alguma forma, não irá interferir/atrapalhar o direcionamento de nossas preces?
Resposta -Quando recebi esta pergunta, lembrei-me de uma dúvida simétrica que deixou embaraçado Santo Agostinho. Simétrica porque a questão apresentada ao grande luminar da Igreja referia-se à vantagem espiritual que poderia trazer aos defuntos o ser inumado junto ao corpo de algum mártir ou outro santo. A pergunta do leitor é oposta: que mal pode acarretar a um bom católico o fato de ser sepultado junto ao corpo de um protestante? Porém, para elucidá-la, convém começar por ver o que Santo Agostinho (354-430) respondeu a São Paulino de Nola (353-431), ilustre convertido e um dos melhores poetas da época, que elogiou o bispo de Hipona com estas palavras hiperbólicas: "Vossas cartas são como um colírio de luz espargido sobre os olhos de meu espírito" (apud Choix d'écrits spirituels de Saint Augustin, tradução e introdução de Pierre de Labriole, Librairie Lecoffre, Paris, 1932, 3ª ed., p.8).
ferentes e tão afastados um do outro, seja no lugar em que se erguem suas Memórias [o monumento em que suas relíquias foram colocadas], seja em outro lugar em que sua presença se faz sentir; ou se, permanecendo na morada que convém ao seu mérito [isto é, no Céu, para onde subiram após sua morte], longe de todo comércio com os mortais, eles intercedem de uma maneira geral segundo as necessidades daqueles que suplicam a sua ajuda - como nós mesmos rezamos pelos mortos sem nos mostrar a eles e sem saber onde estão, nem o que fazem. É Deus, neste caso, o Deus todo-poderoso, presente em toda parte, e que não está fundido em nós, nem afastado de nós, que, ouvindo as preces dos mártires, serve-se do ministério dos anjos, disponível em toda parte, para distribuir aos homens as consolações que Ele julga que eles têm necessidade nas misérias desta vida. É Ele que, com o seu poder, sua bondade admirável e inefável, põe assim em destaque os méritos de seus mártires, onde Ele quer, quando Ele quer, e, sobretudo, nos lugares onde se erguem as suas Memórias, porque Ele sabe quanto aproveitamos estes milagres para firmar a nossa fé em Cristo, à qual os mártires deram testemunho pelos seus sofrimentos.
Deus se serve do ministério dos anjos São Paulino, bispo de Nola, havia, pois, apresentado exatamente a consulta que destacamos em negrito, no primeiro parágrafo acima. Santo Agostinho respondeu com um pequeno tratado - De cura pro mortuis gerenda (Dos cuidados a tomar com os defuntos) - cuja tradução francesa ocupa as páginas 31 a 78 do opúsculo que acabamos de referir. Uma longa resposta de 4 7 páginas que, para a perfeita compreensão do problema, enquadra-o em todos os seus aspectos, mas que reduzimos ao elemento essencial, para ir diretamente ao ponto levantado pelo missivista. " Diz, pois, Santo Agostinho:
l
"Este problema ultrapassa as forças de minha inteligên- g eia. Eu não vejo de que modo os mártires dão apoio àqueles ~ sobre os quais estendem certamente a sua proteção; se estão o pessoalmente presentes, ao mesmo tempo, em locais tão di- :§._____.
-CATOLICISMO
"Sim, é uma questão muito alta para que eu possa atingi/a, muito profanda para que seja capaz de sondá-la em toda a sua profundidade. Das duas hipóteses que indiquei, qual a verdadeira? Não ouso decidir. Talvez os dois procedimentos sejam empregados alternativamente, os mártires intervindo por vezes em pessoa, os anjos assumindo às vezes o papel dos mártires. Eu preferiria segui!; a propósito disso, o parecer dos doutos " (op. cit. pp. 70-71). Quase ao fim de seu tratado, Santo Agostinho observa: "Quanto à sepultura junto às Memórias dos mártires, ela não me parece útil senão enquanto o ardor tia prece pelo dejimto cresce ao recomendá-lo à proteção dos mártires. Tal é, sobre as questões que vós [São Paulino de Nota] me pusestes, a resposta que está na minha capacidade fazer" (op. cit. p. 77).
O 'sensus fldellum' precedeu a elaboração dos teólogos
A laboriosa resposta de Santo Agostinho não vai além. Diante disso talvez se possa dizer que o sensusfidelium intuiu e precedeu a elaboração dos teólogos, buscando a proteção dos santos junto aos seus túmulos. Por isso diz um autor que
"é uma lei da hagiografia que o culto aos santos começa em torno do seu túmulo,, (Dom Anscario M. Mundo O.S.B., El culto y las fiestas de San Benito, in San Benito su vida y su Regia, BAC, Madrid, 1954, Apéndice I, p. 698). Na bula de canonização de São Clemente Maria Hofbauer, o Papa São Pio X confirma essa intuição dos fieis: "Os restos mortais de Clemente foram honrados no cemitério de Santa Maria d'Enzersdorf, com um grande culto. Com efeito, a seu túmulo afluíam pessoas de todas as classes e condições sociais, tanto de Enzersdorf como das localidades vizinhas, e até mesmo de Viena, venerando este túmulo que elas ornavam com coroas de flores e relva. Houve mesmo quem, para testemunhar sua devoção para com o Santo, pedisse para ser enterrado junto dele. Entretanto, os discípulos de São Clemente [ .. .] não se consolavam com o fato de que as relíquias de seu bem-amado Pai repousassem e fossem veneradas tão longe deles. Por esse motivo, em 4 de novembro de 1862, ao repicar dos sinos, e no meio de uma enorme multidão de fieis, eles as reconduziram a Viena, na sua igreja de Santa Maria da Escada, e muito piedosamente as depositaram em um magnífico túmulo. Naquele momento, uma mulher [ .. .] desenganada p elos médicos, recobrou subitamente a saúde. Assim, a devoção a São Hojbauer foi crescendo, e de dia para dia as manffestações de culto junto ao seu novo túmulo se fizeram mais grandiosas ,, (São Pio X, Bula de Canonização do Beato Clemente Maria Hojbauer, 20 de maio de 1909, Actes de Pie X, Maison de la Bonne Presse, Paris, pp. 2 15-2 17).
A prnsença de um Jnflel atrapalha?
Resta considerar o caso concreto proposto pelo missivista, da presença de um protestante no túmulo de fervorosos católicos. Aí me cabe imitar a modéstia de Santo Agostinho e dizer que é uma questão nova que ainda não vi esclarecida pelos doutos. Ouso apenas emitir uma opinião. Em primeiro lugar, observo que o protestante contestador das doutrinas e ritos católicos ainda está vivo e, portanto, pode ainda se converter e salvar sua alma. Se, entretanto, recusar a graça da conversão que Deus oferece mesmo na última hora, pode atrair demônios para o túmulo onde defuntos que morreram na fidelidade à Igreja são protegidos pelo menos por seus anjos da guarda. Estabelecer-se-á talvez, em torno do túmulo, uma luta entre anjos e demônios? Parece-me que, neste caso, o poder de Deus todo-poderoso não permitirá que os demônios prejudiquem as orações que ali se fizerem pelos fieis católicos que co-dividem o mesmo túmulo. Faço então como Santo Agostinho: sem condições de emitir uma opinião abalizada, submeto-a simplesmente ao parecer dos doutos! • E-mail para o autor: catoljcjsmo@terra.com.br
JULHO 2013
A REALIDADE CONCISAMENTE Estônia: abaixo assinado recorde contra 11casamento" homossexual
A
Fundação Estoniana pela Defesa da Família e da Tradição realizou o maior abaixo-assinado da história do país: 38.000 assinaturas contra o "casamento" homossexual que se tentava aprovar. Após a entrega do abaixo-assinado às autoridades do Parlamento de Tallinn ( capital do pequeno país), o projeto de "casamento" homossexual foi retirado. As ONGs e movimentos LGBT receberam verbas milionárias da Europa Ocidental para promover o referido projeto. E as embaixadas dos EUA, Canadá, Grã-Bretanha e Áustria hastearam bandeiras com o arco íris em apoio do mesmo. Para os defensores da família, a ofensiva da agenda homossexual opõe-se aos costumes da Estônia, faz uso de métodos de "ocupação ideológica" não democráticos e de muito dinheiro estrangeiro. •
Mais de 100 mil cristãos são martirizados anualmente no mundo ais de l 00 mil cristãos são mortos todos os anos em razão do fanatismo anticristão, segundo levantamento entregue na ONU pelo embaixador do Vaticano, D. Silvano Maria Tomasi. As regiões em que a perseguição é mais furibunda são a África, o Oriente Médio e a Ásia, onde existe forte presença islâmica. Além dos Estados muçulmanos, outro país em que ocorrem graves atentados contra a fé cristã é a China. O apelo insistente para a realização de "diálogo" por parte de certos líderes religiosos, inclusive de altas personalidades católicas, não se tem revelado eficaz em nenhum caso. Pelo contrário, parece ter estimulado os muçulmanos, que promovem o "sectarismo, a intolerância, o terrorismo e leis marginalizadoras" do cristianismo, como a malfadada legislação islâmica. •
M
CATOLICISMO
UE: Tentativa de proibir azeite em galheteiro indigna os ingleses
A
Comissão Europeia, órgão máximo da União Europeia, proibiu servir azeite em galheteiros nos restaurantes. O azeite só poderia ser servido em vidros com a etiqueta da fábrica. A resolução foi recebida como mais uma invasão da UE na vida cotidiana. Sam Clark, um dos mais cotados cozinheiros britânicos, qualificou a decisão de autoritária e danosa. O ministro do Tesouro inglês, Danny Alexander, qualificou-a de "tonta". Diante da indignação suscitada, a Comissão Europeia cancelou seu diktat. Mas prepara novas propostas no mesmo sentido, disse um porta-voz da organização. Em outras palavras, os autocratas de 1 Bruxelas não cessarão de trabalhar em prejuízo do cidadão europeu, que os considera verdadeiros carcereiros a serviço da UE. •
Homens atuais são menos inteligentes que os da era vitoriana a época das tecnologias inteligentes, os homens estão ficando menos inteligentes que seus antepassados - segundo estudo produzido por pesquisadores europeus. Segundo ele, a média do QI (Quociente de Inteligência) no Ocidente caiu 14, l pontos em relação ao do século XIX. "Nós avaliamos que os homens da era vitoriana eram mais clarividentes que as populações modernas ", afirmam os autores. Os professores Michael A. Woodley, da Universidade Vrije de Bruxelas, Jante Nijenhuis, da Universidade de Amsterdã, e Raegan Murphy, da Universidade College Cork, da Irlanda, compararam dados colhidos desde 1889 até 2004. "Com o devido respeito à inteligência geral dos homens hoje, a inteligência da população da era vitoriana era substancialmente melhor que a das populações do Ocidente moderno " - conclui o estudo. •
N
1.
Alemanha: diminui a populaejão e multiplicam-se os islâmicos
A
popul ação da A lemanha atinge a cifra de 80,2 milhões, aprox im ada mente 1,5 milhão abaixo do que se p rev ia em 1987. A queda é causada pelas espantosas formas de imoralidade, como o aborto e os casamentos deliberadamente infé rteis. Regiões inteiras do país caminham para o despovoamento, e certas c idades podem deixar de ser a lemãs, embora pertençam ao te rritór io e à h istór ia d a nação. Na A le ma nh a, há 17 milhões de idosos e apenas 12,6 milhões de cri anças, segundo o úl ti mo censo. U m de cada c inco habitantes é imi grante o u desce nd e de imi grantes. E m Offenbac h-am-Main , p o r exe mp lo, a p ropo rção e ntre imi grantes e alemães natos é de 50% a 50%. Na área da capital, B erlim, os imi grantes e seus filhos atingem 23,9% do total. N ão espanta, portanto, que líderes muçulmanos apregoe m que o Islã conqui stará a E uropa: não com armas, mas pe lo seu crescimento populac ional. •
Croácia reieita 11educaejão sexual" e 11casamento" homossexual Tribunal Constitucional croata rec usou um programa de "educação sexual" nas esco las introduzido pelo Partido Soc ialista no poder, que incluía a pro moção do homossexualismo, da pornografia, de condutas promíscuas e da pedofil ia. A Corte Constitucional reconheceu a procedência do recurso da associação "A Voz dos Pais das Crianças" (GROZD) e reafirmou que os direitos dos pais devem ser respeitados. Essa assoc iação recolheu mais de 500 mil assi naturas para que o Parlamento efetue um referendo sobre o "casamento" homossexual. O partido socialista e o lobby LGBT manifestara m sua fúria contra essas ini ciativas, po is sabem que a população do país é favo rável à fam íli a tradi cional. Mini stros soc iali stas atacaram a Corte Constituci o nal e anunciaram que não respeitariam a decisão do referendo . Aliás, é o que tais grupos costumam fa zer em vári os países, invocando a democrac ia e os direitos da população ! •
º
China: camponeses repelem atos de expropriaejão de terras
R
evo ltados pela expropriação de suas pequenas propri edades, cerca de 1000 camponeses da região de Q uanzhou (província de F ujian) reagiram co m violência, prenderam um so ldado da tropa de choque e amarraram-lhe as mãos. Os demais so ldados fug ira m. Acalmados os ânimos, os camponeses libertaram o agente em troca de 13 colegas. Os comuni stas chineses prometeram dar te rras aos que não as possuem, mas, após ass umi rem o poder, mandam tro pas confi scar as últimas e miseráve is propriedades dos camponeses. O mal-estar que lavra em me io à desordem sociali sta está gerando dezenas de milhares de motins populares todos os anos e aba lando a estabilidade do pa ís. •
Apostasia coletiva anima ativismo pró Estado laico na Argentina movimento anticatólico Apostasia Coletiva da Argentina organizou apostasias em grupo de pessoas que pedem às respectivas dioceses para remover seus nomes dos livros de registro de batismo. Ademais de ser uma impiedade, isto constitui um absurdo, pois o batismo é sacramento indelével. Se tais pessoas não acreditam mais na Igreja católica, deveriam julgar que esse sacramento não tem importância alguma. Organizando tais paródias, elas deixam claro que, no fundo, sabem que o batismo é algo muito importante; como também o é a Igreja que o administrou. O movimento não apresenta números referentes a seus seguidores , e seu ativismo em prol de um Estado laico se reduz a um anticatolicismo primário, análogo ao anticlericalismo rançoso de épocas passadas.
º
Polícia bloqueia romeiros no santuário da Padroeira da China polícia comunista sitiou dia e noite com homens armados a cidade de Donglu, a fim de impedir que os peregrinos participassem da procissão solene da Padroeira do país, Nossa Senhora Imperatriz da China. O cerco policial tornouse habitual, mas os habitantes da cidade sustentam que "os milagres se repetem sem parar". A importância desse santuário para a China é comparável ao de Nossa Senhora Aparecida para o Brasil. É o maior templo católico da nação chinesa. A cada ano comparecem dezenas de milhares de fiéis provenientes de toda a China, sobretudo os chamados "católicos das catacumbas" ou "subterrâneos", fiéis a Roma . E, por isso mesmo, eles são perseguidos e odiados pelo governo comunista .
A
JULHO 2013
NACIONAL
mi C ARLOS PATRICIO DEL C AMPO
m grande amigo ofereceu-me dias atrás o livro Agricultura no Brasil do século XXI, de autoria do Dr. Evaristo Eduardo de Miranda, doutor em Ecologia pela Universidade de Motpellier, na França. Autor de várias obras e Pesquisador da Embrapa, ele é atualmente assessor da Presidência da Republica para assuntos ligados à gestão e monitoramento territorial. "Viajei" encantado pelo País através das páginas do livro-álbum do Dr. Miranda, brilhantemente ilustrado e muito bem redigido, contendo farta documentação e dados atuais sobre a agricultura do Brasil, e lembrei-me das palavras do saudoso Dr. Plinio Corrêa de Oliveira sobre esta grandiosa e abençoada nação: "Tempo houve em que a História do mundo se pôde intitular Gesta Dei p er fi·ancos . Dia virá em que se poderá escrever Gesta Dei per brasilienses [As ações de Deus por meio dos brasileiros]. A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civilização genuinamente católica, apostólica, romana, e em iluminar amorosamente todo o mundo com o facho dessa grande luz, que verdadeiramente será o lúmen Christi que a Igreja irradia.
U
-,i
CATOLICISMO
"Nossa índole meiga e hospitaleira, a pluralidade das raças que aqui vivem em fraternal harmonia, o concurso providencial dos imigrantes que tão intimamente se inseriram na vida nacional , e mais do que tudo as normas do Santo Evangelho, jamais farão de nossos anseios de grandeza um pretexto para jacobinismos tacanhos, para racismos estultos, para imperialismos criminosos. Se algum dia o Brasil for grande, sê-lo-á para bem do mundo inteiro." De fato, pelo menos do ponto de vista econômico, o Brasil já é grande, e isso para o bem do mundo inteiro. É o que mostra a obra em questão. Neste sentido, cito aqui algumas palavras que figuram na apresentação do livro do Dr. Miranda, escrita por Roberto Rodrigues, ex-ministro de agricultura do Brasil: "Agricultura no Brasil do Século XXI nos dá uma fotografia atualíssima desse grande interior em que homens e mulheres
de distintas origens étnicas, com culturas diferentes e realidades edafoclimáticas, tecnológicas e fundiárias díspares, se irmanam na maravilhosa montagem de um gigantesco quebra-cabeça de sucesso: o nosso agro. "
exportado aumentou 615% naquele período. Sem os números positivos da agropecuária, o saldo da balança comercial ficaria negativo. Em 2012, o recorde de exportações do agronegócio foi batido: mais de US$100 bilhões."
A força da agropecuária nacional
A agropecuária cumpl'iu sua função social
Muitas outras informações poderiam ser adicionadas; Vejamos agora alguns dados fornecidos pelo livro, reveporém, as aqui citadas parecem suficientes para mostrar como ladores da extraordinária pujança da agropecuária brasileira: a agropecuária brasileira tem cum"Em 1972, a safra de grãos foi prido sua função social alimentando de 30 milhões de toneladas para fartamente a população e contribuinuma área plantada de 28 milhões Prof. Pllnlo Corrêa de Oliveira do decisivamente para o progresso de hectares. Hoje, a área plantada do País. E, paradoxalmente, não é da ordem de 50 milhões de hecsó alimentando a população das tares, e a produção ultrapassou cidades, mas também os próprios as166 milhões de toneladas. A área sentados da Reforma Agrária. Estes cultivada cresceu 80%, e a produção ocupam 80 milhões de hectares com mais de 500%. Em quarenta anos, o tão baixa produção, que para não país multiplicou em mais de cinco passarem fome o próprio governo se vezes a produção de grãos. Além vê obrigado a distribuir-lhes cestas de toda a produção de tubérculos, básicas e bolsas-família. Tamanho é frutas e hortaliças. Dono do maior o contra-senso! rebanho comercial de bovinos, o Ora, essa realidade brutal deixa Brasil é grande produtor de suínos, às escâncaras uma verdade frequenaves, ovos, leite y laticínios. É esse temente olvidada, a qual se poderia estoque capaz de nutrir mais de 1 expressar mediante uma pergunta: bilhão de pessoas todo o ano. o que seria do Brasil se a Reforma "Além dos alimentos, a agriAgrária, tão desejada pela esquerda cultura também produz energia. O católica e pelas hostes esquerdistas Brasil tem uma das matrizes energéem geral , fosse implantada como ticas mais limpas do mundo, graças à eles exigem? Poder-se-ia descrever agricultura. Mais de 30% da energia, a realidade contida no magnífico o equivalente a 68,3 milhões de topanorama da agropecuária brasileira neladas de p etróleo (TEP), vem da narrado no livro Agricultura no Braagricultura, que produz combustível sil do século XXI? Obviamente não. Seria um panorama de sólido (lenha e carvão), liquido (etanos e biodiesel), gasoso abandono e desgraça como o dos assentamentos, verdadeiras (biogás) e eletricidade (cogeração de energia elétrica). Com favelas rurais. Panorama esse que seria não só da agricultura, tecnologia, a agricultura consome apenas 4,5% de energia mas também - mutatis mutandis - de todo o Brasil, pois, sem fóssil na matriz energética e produz mais de 30% de energia a colaboração da agricultura, não teria sido possível alcançar renovável. o grau de desenvolvimento conseguido pelo País. "Provedora de alimentos e agroenergia, a agricultura também tem papel destacado na produção diversificada de Plinio Corrêa de Oliveira: .fibras de origem vegetal e animal. Em 201 0,foram produzidas baluarte anti-Reforma Agrál'ia 14 milhões de toneladas de fibra de celulose e 9, 9 milhões de Igualmente, poder-se-ia perguntar: não estavam com a toneladas de papel. O país tornou-se o terceiro exportador razão aqueles que vêm lutando ardentemente contra a immundial de algodão." plantação da Reforma Agrária? A resposta a esta pergunta Mais adiante continua: "Em trinta anos, o Brasil deixou é evidente: claro que sim. Eles não só têm evitado que o a posição de impo1tador de alimentos e assumiu o lugar de Brasil caia no subdesenvolvimento e até na miséria, mas, quarto maior exportador mundial" .... "O sucesso da agropecualém disso, contribuem decisivamente, por via indireta, para ária permitiu queda de mais de 50% no valor da cesta básica criar o ambiente e as condições para a prática de uma política entre 1975 e 2005. O barateamento da comida foi tão grande econômica e de fomento tecnológico que possibilitou alcançar que, nos anos 1990, alterou-se a composição dos índices de os vitoriosos resultados descritos no livro aqui comentado. inflação dada à redução do peso da alimentação no orçamento Entre as figuras que combateram a Reforma Agrária, familiar" ... "O saldo comercial da agricultura cresceu 574% destaca-se de modo sobressalente Dr. Plínio Corrêa de Oliveientre 1992 e 2011 . E continuou superavitário entre 1995 e ra. Seu amor pelo Brasil, e sobretudo pela civilização cristã, 2000, quando o conjunto do comercio foi deficitário . O total
JULHO 2013
refletiu-se numa luta permanente em defesa do País contra a ação deletéria dos agentes da Revolução, desejosos de impor o socialismo, de modo especial no campo, por meio de uma Reforma Agrária socialista e confiscatória. Ele sabia muito bem que a implantação de tal reforma significaria a queda do País no socialismo marxista, com todas as danosas consequências morais, sociais e econômicas que esse regime acarreta. Seu primeiro lance contra a Reforma Agrária foi o livro Reforma Agrária - Questão de Consciência, escrito por ele com a colaboração de dois bispos e um economista. A obra alcançou tal repercussão, que muitos comentaristas e estudiosos dessa conflagrada época da historia do Brasil atribuem a ele uma contribuição decisiva para a queda do governo socialista e pró Reforma Agrária de João Goulart.
Declaração do Morro Alto: diretrizes para uma sadia política agrária Posteriormente à difusão do livro Reforma Agrária Questão de Consciência foi lançado o estudo Declaração do Morro Alto, no qual seus autores apresentam os pontos essenciais de um programa positivo de política agrária, conforme os princípios da doutrina católica e da boa economia defendidos em RA-QC. , É interessante constatar como alguns dos princípios ali expostos coincidem ou estão muito ligados à política de desenvolvimento econômico e tecnológico depois aplicada no Brasil, a qual propiciou o brilhante panorama descrito
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na obra do Dr. Evaristo de Miranda. Destacam-se de modo especial a necessidade e a importância da pesquisa tecnológica e sua divulgação no meio rural, a conveniência de fomentar o adequado armazenamento e industrialização dos produtos in natura por meio de cooperativas de produtores, o razoável uso de insumos modernos para melhorar os rendimentos, etc. Seria longo enumerar todas as atuações de Dr. Plinio em defesa do setor agrícola e de combate aos inúmeros intentos de implantar a Reforma Agrária no País. Cinjo-me a ressaltar aqui que toda essa atividade evitou que o Brasil fosse dominado pelo socialismo marxista - cujos principais "produtos" são a miséria e a fome - e favoreceu, pelo contrário, o desabrochar do campo brasileiro através de políticas governamentais específicas que deram origem a um surto de crescimento e desenvolvimento em favor não só da agricultura, mas de todo o País. Ação magnífica que anima seus seguidores a prosseguir implacavelmente esse glorioso combate, merecedor do reconhecimento de todos aqueles homens de bem que procuram não só seu beneficio particular, mas o bem comum desta nação destinada pela Divina Providencia a cumprir uma missão especial nos destinos da América Latina e do mundo. • Carlos Patrício dei Campo é engenheiro agrônomo pela Universidade Católi ca do Chile e Master o/Scienceem Economia Agrária pela Universidade de
Berkeley (Califórnia-EUA). Escreveu diversos estudos sobre a agropecuária brasileira e é co-autor, juntamente com Plínio Corrêa de Oliveira, de duas obras sobre o mesmo tema.
QUESTÃO INDÍGENA
"Fábrica" de índios para invasões durante febre demarcatória 1111 NELSO N RAMOS BARRETTO
"Um
relatório da Empresa Brasileira de Produção Agropecuária (Embrapa) põ e em xequ e dados usados p ela Funai em estudos para a demarcação de terras indígenas nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, no Paraná. O do cumento informa que não existem índios em pelo menos quatro áreas indica,las pela Funai como território indígena. A Embrapa tamb ém informou à Casa Civil da Presidência que índios vim/os do Paraguai estariam ocupando terras no Paraná, em busca de demarcação de território próprio. As informações da Embrapa ajudaram a embasar a decisão do governo de mudar as regras de demarcação de terras indígenas ". 1 Em face da situação acima descrita pelo jornalista Jailton de Carvalho, compreende-se que os fazendeiros lesados fossem obrigados a recorrer "à Justiça Federal pela posse de 15 áreas em Guaíra e Terra Roxa, quatro delas em áreas urbanas. As duas cidades estão na faixa de fronteira com o Paraguai e próximas ao lago da hidrelétrica de Itaipu ".2 Os falsos laudos antropológicos da FUNAI - que servem de base para as demarcações - sustentam que uma área de cem mil hectares, numa faixa de cem quilômetros de fronteira, seria habitada pelos índios. "Mas o relatório encaminhado pela Embrapa à Casa Civil informa que em quatro áreas reivindicadas p ela Amai como áreas indígenas não existem tribos ", 3 mas também que nas demais áreas se encontram paraguaios trazidos para o Brasil entre os anos de 2007 e 2010. Segundo o movimento dos produtores rurais de Guaíra e Terra Roxa, já são pelo menos 18 áreas invadidas. Para Roberto Webber, representante dos ruralistas, essas invasões tiveram início em 2006, acentuando-se em 2012, quando foi aberto um escritório da FUNAI em Guaíra. "O pref eito de Guaíra, Fabian Vendruscolo (PT), reforçou a acusação sobre a suposta invasão de índios paraguaios. Segundo ele, índios começaram a chegar à região há menos de dez anos. Em 2006, 50 índios reivindicavam duas áreas na cidade. Agora, o município já tem 800 índios, que disputam
posse de oito áreas. Guaíra e Terra Roxa são celeiros agrícolas e têm algumas das terras mais valorizadas do Paraná. [. ..} Nós somos da fronteira. Nós sabemos quais são os índios daqui e quais não são". 4
Ocupação indígena a partir de 2007 Parece que os "índios" da FUNAI não querem mais florestas para caça e pesca, mas tão-só terras produtivas e prontas para o cultivo. "Em um quadro para exibição em Powerpoint, a Embrapa p ergunta: 'Hoje há indígenas no local?'. Na mesma página, o autor do documento responde que não existem índios em quatro áreas". "No documento, a Embrapa informa ainda que dez áreas
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foram ocupadas por índios a partir de 2007. As conclusões da empresa ligada ao Ministério da Agricultura estão amparadas em imagens históricas de satélite. As imagens mostram o avanço da ocupação humana na região a cada ano. As áreas reivindicadas pelos índios estão cercadas de plantações".5 Revolução feita em nome dos índios ... Não seria temerário afirmar que nos encontramos seriamente ameaçados por uma grande revolução feita em nome dos índios! Quanto ao produtor rural pequeno, médio ou grande, produzindo ou não, pouco importa. Ele se acha no momento ameaçado pelos pretensos índios "fabricados" pela FUNAI, pelo CIMI e por ONGs. Minas Gerais, Roraima, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e outras regiões encontram-se à beira de muitas expropriações em decorrência da "lamentável e caótica política indigenista ", segundo declaração do general Augusto Heleno, ex-Comandante Militar da Amazônia. Em sua obra Tribalismo indígena, ideal comuna-missionário para o Brasil no século XXI, (1977), Plínio Corrêa de Oliveira denunciou a conspiração de uma corrente de neomissionários contrários à catequização e à civilização dos índios . Segundo o autor, além de criticarem missionários da estatura de Nóbrega e Anchieta, os comuna-missionários de hoje pregam a estagnação dos índios no primitivismo de seus ancestra is, apresentando-os ademais como modelos do tipo humano do III mil ên io, enquanto o homem civilizado não passaria de um intruso. As terras indígenas já representam 13% do território
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nacional ou 1,1 milhões km 2 para uma população estimada em 250 mil silvícolas na área rural! Ou seja, o dobro da área da França (543.965 km 2 com 60 milhões de habitantes), ou quase duas vezes o território do Estado de Minas Gerais (586 528,293 km 2 com 20 milhões de habitantes). E tais demarcações parecem estar longe do fim, pois a FUNAI pretende criar mais 611 reservas, fazendo a área pertencente aos índios chegar a 25% das terras brasileiras. Sobre esses absurdos, a CNA emitiu uma Nota moderada, cobrando a suspensão das demarcações de terras indígenas até manifestação definitiva do Supremo Tribunal Federal. Para a entidade, o lamentável confronto entre os índios e a Polícia Federal, na Fazenda Buriti, em Sidrolândia (MS), constitui o que se pode chamar de crônica de uma tragédia anunciada. Segundo a nota da CNA "A Confederação da Agricultu-
ra e Pecuária do Brasil (CNA) reiteradas vezes advertiu o Ministério da Justiça e a Advocacia Geral da União (AGU) para o risco de acontecimentos como esse, dada a notória política de confronto e de conflito promovida há anos pela FUNAI, CIMI e ONGs aliatlas. "Incentivam o antagonismo entre produtores rurais e índios, desservindo a ambos e ao País. Fazem dos índios, que dizem defender, massa de manobra de uma luta ideológica que leva insegurança jurídica ao setor produtivo rural, responsável por 25% do PIB e há décadas sustentáculo da economia nacional. "É injusto, desumano e inadmissível que os índios, cidadãos brasileiros, sirvam de instrumento a essas iniciativas hostis e ilegais, que desta vez produziram uma vítima fatal. "É mais do que hora de o governo f ederal suspender
A ex-deputada constituinte Sandra Cavalcanti explica muito bem â diferença entre nação e tribo indígena: ·
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·, . .' . ' "Para começo de conv'ersa, o mundo, naquela manhã de 22 de abril de -\500, era completatnei;ite outro. Quando a poderosa esquadra do almirante porfüguês· · ancorou naquele ·imens.o tetritório, encontrou silvícolas eri'i-plena idade da pedra lascada. Nen~um deles tinli~ noção de nação O\i país. Não e~istia o BrasiL · "Os .àtu~is' c'ompêii°dios de história do.Brasil informam, sem muità base, que 1 a popuh19t o indígena _ andava por volta de çinco milhões. No correr dos anos seguintes:•segundo os documentos .que fora~ con~ervados, foram identificadas •t mais de duzentas e cinquenta. tribos ~iferentes. Falando mais de 190 .língu~s diferentes. Não eram dialetos de uma mesma língua. Era\TI idf ornas próprios 1 que impediam as tribc;,s de se· entenderem entre si. Portanto, Cabral .não conqui~tou · país. CabraÍ_n~o· invadiu um~ ·na,ção, Çàbral apenas ·descobriu um .pedaço· novo do planeta terra e, em m1>me do rei ,.dele tomou posse. '·'O vocabulário dos atuaís compêndios não usa a pala1vra tribo. Eles adotam a denominação implantada por dezenas de ONGs qu~ se espalham pelaAmazônia, sustentadas misteriosamente por_países .europeus. Só se falí! em nações indígenas, · "Existe. uma intenção solerte. e venenosa por tras disso . .Segundo àlguns integrantes dessas ONGs, ligados à ONU, essas nações deveriam ter. assento nas assembleias mundiais, de forma 1 independente. Dá para entender, não? É o olho na nôssa .A mazônia. Se o Bra~il aceitar· a ideia de que, dentro dele, existem outras naçõ.es, lá se foi a n'ossà unidade. · "Nó's debates aa Constituinte de 88, eles bem que ten_tarall').: de forma ardilosa, fazer a troca das palavras. Mas nfnguéni estava dormindo de _touca, e a Carta Magna ficou com a palavra tribo.. Nação, só a brasileira". ("Jornal do Brasil", 21-4-2000).
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A pressão pela demarcação de terras Indígenas é continua e não poucas vezes violenta
o processo de demarcação de terras indígenas, conduzido de modo arbitrário, e .frequentemente ilegal, pela FUNAI, e aguardar que o Supremo Tribunal Federal estabeleça em definitivo o regime jurídico de demarcações de terras indígenas no País". Em pronunciamento na Câmara, o deputado federal Lael Varella (DEM/MG) considerou a Nota da CNA até muito contida. Para ele, não precisamos esperar pelo STF, uma vez que a Constituição Federal estabeleceu um marco temporal às terras ocupadas em 5 de outubro de 1988. O parlamentar mineiro citou o jurista lves Gandra M artins, que afirmou categoricamente que a Constituição não deixa dúvidas : "O artigo 231 fala em direitos originários sobre as terras que os índios ocupam e não sobre aquelas que ocupavam. O verbo é no presente do indicativo e não no passado ".
A l'ebre demarcatória Também o jornal "O Estado de São Paulo" denunciou essa febre demarcatória: "Determina a Constituição que no prazo de cinco anos após a sua promulgação, em 5 de outubro de 1988, fossem demarcadas por seu proprietário - a União - as terras públicas tradicionalmente ocupadas p elos índios, as chamadas terras indígenas. E o artigo 231, inciso Ida Carta Magna de.fine o que são as terras indígenas: 'São terras tradicionalmente ocupadas pelo · índios, as por eles
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habitadas em caráter p ermanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução fisica e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições'. "Terras 'tradicionalmente ocupadas' são aquelas nas quais os índios estão desde os tempos passados e continuam no presente. Não se referem, portanto, àquelas que já foram ocupadas em alguma época e deixaram de o ser - pois, se assim.fosse, até as áreas urbanas de São Paulo, Rio de Janeiro e de todas as cidades brasileiras poderiam ser 'demarcáveis ' em favor dos índios que já as habitaram. De acordo com o dispositivo constitucional, além de ocupadas, as terras, para ser 'indígenas', precisam ser 'utilizadas para suas atividades produtivas ', 'imprescindíveis' à preservação dos recursos ambientais e 'necessárias ' à sua reprodução fisica e cultural. "Estará o processo demarcatório, conduzido pela FUNAI em vários pontos do território nacional, obedecendo a estas delimitações constitucionais? A resposta é um definitivo não! " 6 • E- mail para o autor: cato licismo@terra.com .br
Notas: 1, 2, 3, 4 e 5: "O Globo", 8-6- 13, Embrapa questiona dados da Fimai em processos de demarcação no Paraná, Jaílton de Carvalh o. 6. "O Estado de S. Paulo", 29-9-08.
INUSITADO
Ter nojo é coisa boa? E sse título causa natural estranheza. Entretanto, ele se justifica diante da recomendação da ONU, através da FAO, para se consumir insetos - alimento "nutritivo, abundante e não-poluente".
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m matéria de asco, a barata parece exercer uma espécie de liderança incontestável. Que conc lu sões tirar dos assuntos conexos? Caro leitor: já tomou conhecimento de uma campanha internacional incentivando a que se comam insetos? Va i a lém de todo limite. Parecia uma empreitada apenas midiática, quando a própria ONU a endossou, no relatório divu lgado dia 13 de maio p.p. através da FAO, recomendando o aumento do consumo de insetos, por ser "nutritivo, abundante e não-poluente". É expressivo no mesmo sentido o artigo de Alexandra Forbes. Não publicaria o que dele segue, se não fosse necessário documentar minha matéria. Num restaurante mexicano, o garçom lhe disse: "Coma os bichos primeiro,
E
com as mãos. Eram dois, a passear por cima da comida e a tentar.fugir da morte, escalando a borda branca de porcelana. [.. .} Capturei um chumil (seu nome em espanhol) e enfiei-o vivo na boca. Fechei o maxila,; respireifundo para ganhar coragem e crac! Foi morte súbita. O suco das entranhas misturouse aos p edacinhos da carapaça espatifada em uma só massa negra " ("Folha de S. Paulo" , 5-6-13). Sem comentários! Mas há mais : o Nordic Food Lab se dedica ao estudo da
entomofagia (alimentação de insetos), desenvolvendo receitas com baratas, cigarras e formigas , entre outros bichos. No mês de abril, em parceria com o movimento Pestival (ou festival das pestes), um laboratório dinamarquês serviu, em um evento londrino, " tiragostos" feitos com insetos. O menu incluía mousse de larva de mariposa e caldo de gafanhoto. Os jornais, ao menos os de São Paulo, têm consagrado páginas e páginas a esse repugnante assunto, qualificando de puritana e antiquada a sensação de nojo que muitos sentem. Pensei então em oferecer algumas linhas sobre o nojo. Trata-se de uma sensação válida nestes e em outros casos? Ou de uma sensação errada que deve ser reprimida? Que é o nojo?
É uma emoção tipicamente associada a coisas percebidas como sendo sujas, incomestíveis ou infecciosas, ou dejetos de um organismo. O nojo é uma enfática reação de rejeição. Envolve uma expressão facial característica, e está também associado a uma queda nos batimentos cardíacos, em contraste, por exemplo, com o medo ou a raiva . Um estudo recente descobriu que mulheres e crianças são mais sensíveis ao nojo do que os homens. Muitos pacientes que sofrem da doença de Huntington - uma moléstia neurodegenerativa progressiva transmitida hereditariamente - são incapazes de reconhecer expressões de nojo em outrem. Tampouco demonstram reações de nojo a odores e sabores nauseabundos. A incapacidade de reconhecer o nojo em outrem surge em portadores do gene Huntington antes que outros sintomas se manifestem. Portanto, doentio não é o nojo, mas antes a ausência habitual dele. Há ainda o nojo moral. Há certos pecados que a lém de produzir indignação por ofenderem a Deus, devem produzir nojo pela maneira como são cometidos. Eis aí uma brevíssima exp lanação da razão pela qual o nojo é coisa boa e natural. Além disso, cada vez mais necessária, pois, juntamente com o asco, faz parte da civilização. É um pouco complicado dizer isto, mas sem nojo não há civi lização! • E- mail para o autor: catolicismo@terra .com.br
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Com os narcoguerrilheiros marxistas das FARC:
acordo de paz, ou combate sem tréguas? raças ~ política do presi dente Alvaro Uribe - que de 2002 a 201 O combateu energicamente e imobilizou a ação das guerrilhas-, a Colômbia vive um momento de prosperidade. Entretanto, o atual governo do presidente Juan Manuel Santos está tomando um rumo oposto: iniciou a não sabendas da nação conversações em Cuba com os chefes guerrilheiros das FARC , visando ao estabelecimento de um acordo de paz com um adversário muito fragilizado do ponto de vista militar. Pode-se confiar em acordo de paz com terroristas marxistas que nunca ocultaram seu propósito de conquistar o poder? Esta e várias outras perguntas Catolicismo dirigiu por intermédio de seu colaborador Hélio Dias Viana ao Sr. Eugenio Truj illo Villegas, diretor da Sociedad Colombiana Tradición y Acción. Fundada em 1999, esta entidade atua com destemo r, alertando e esclarecendo a opinião pública do país vizinho contra os riscos de políticas concessivas à narcoguerrilha marxista. Eugenio Trujillo tem feito conferências sobre a situação colombiana e organizado foros nacionais e internacionais a respeito da devastação que as FARC produziram em seu país.
Catolicismo - O governo da Colômbia está adiantando um processo de paz com as guerrilhas das FARC, muito divulgado pelos meios de comunicação. O Sr. crê que esse processo segue pelo bom caminho? Eugenia Trujilla - Minha resposta está na contramão daquilo que dizem quase todos os observadores, tanto nacionais quanto internacionais. Simplesmente, o processo de paz segue por um caminho muito ruim. Sua realidade é completamente diferente da veiculada nos meios de comunicação.
G
Eugenio Trujillo: "Simpl esmente, o processo de paz segue por um caminho muito r uim. Sua realidade é completamente diferente da veiculada nos meios de comuni-
cação"
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Catolicismo - Como diretor de Tradición y Acción, qual é, em sua opinião, a principal falha desse processo? Eugenia Trujilla - É um processo secreto, realizado sem levar em conta a opinião pública. Ninguém sabe o que está sendo negociado nem quais são os compromissos, tanto da guerrilha quanto do governo. A única coisa que se conhece é que as partes dizem que tudo está indo muito bem e que em novembro próximo ass inarão um acordo de paz . Como confiar neste acordo, feito dentro do mais completo hermetismo com terroristas marxistas em Cuba? Catolicismo - Em síntese, o que pedem as guerrilhas das FARC e o que oferece o governo do presidente Santos? Eugenia Trujilla - O que se disse até o momento é o seguinte: se a guerri lha cessar sua agressão de
50 anos - indevidamente chamada de conflito contra as instituições e a população da Colômbia, o governo promete em contrapartida a impunidade dos guerrilheiros, indultá-los, perdoar seus crimes, e permitir que se convertam em partido político com garantias constitucionais. Em troca, os chefes das FARC exigem aqu ilo que não conseguiram através das armas: reformas nas estruturas do Estado, as quais, segundo eles, estariam na origem do "conflito". Ou seja, querem derrubar a atual ordem de coisas baseada na família, no direito de propriedade e na livre iniciativa, pois, não tolerando essa ordem, dizem que ela é a causadora da desordem! Catolicismo - E quais são as reivindicações das FARC no plano político? Eugenio Trujillo - Além das reivindicações acima citadas, as FARC ainda exigem um sistema político que lhes garanta presença no Congresso da República, nos governos estaduais e nas prefeituras. Põem especial empenho na Reforma Agrária e pleiteiam uma Reforma Financeira. Querem ainda o estabelecimento de reservas camponesas com traços semelhantes aos das reservas indígenas que vêm sendo implementadas no Brasil, a diminuição do Exército (como se este já não estivesse diminuído, com mais de 12 mil de seus ativos - de generais a simples soldados - presos em decorrência de processos iníquos baseados em testemunhos falsos) e a cessação das operações militares contra os redutos subversivos. Generosos, ·não? Catolicismo - Parece que os chefes guerrilheiros se julgam mestres do plano econômico, não é verdade? Eugenio Trujillo - Sim. Além de, nas horas vagas, poderem contemplar de seu luxuoso hotel em Havana as "maravi lhas" de progresso alcançado pelo regime comunista, eles têm ainda um insuperável know-how em matéria de narcotráfico e extorsões ... E por isso ex igem o cancelamento da atual política econômica do governo, voltada à criação de tratados de livre comércio com todas as nações, o que eles consideram uma prática capita li sta a ser abolida. Há certamente muitas outras coisas que não conhecemos e das quais tomaremos conhecimento à medida que avancem as negociações. Catolicismo -Aonde então as FARC querem chegar com esse processo de paz? Eugenio Trujillo - Em outras palavras, seus representantes estão exigindo um modelo econômico similar ao aplicado em Cuba e na Venezuela, cujos catastróficos resultados o mundo felizmente
Líderes guerrilheiros reunidos em Havana. Os holofotes da mídia os converteram em celebridades que o povo colombiano olha com desconfian~a.
''.1s 1'11.RC querem o estabelecimento de reservas campo1wsas com trnços semelhantes aos das reservas indígenas que vêm sendo implementadas no Brasil"
conhece. As guerri lhas são marxistas e o marxismo só produziu miséria, como a que Cuba vive até hoje e a Venezuela está começando a viver. Não podemos, portanto, impor à Colômbia um sistema sócio-econômico absurdo sob o pretexto de que assim se consegu irá a paz. Muito pelo contrário, nos distanciaremos da paz, gerando ainda mais violência. Catolicismo - Alguém na Colômbia já fez essas advertências? Eugenio Trujil/o - Muito poucos, mas foram feitas. Alguns co lunistas corajosos, por exemplo. No setor empresarial, a única voz que se levantou - aliás, com valentia - foi a do presidente da associação dos pecuaristas. Os demais empresários não d isseram absolutamente nada. E, evidentemente, Tradición y Acción não poderia deixar de denunciar. Ela o fez publicando há alguns meses uma página inteira no principal jornal do País - "El Tiempo". Estou persuadido de que em determinado momento o efeito surgirá, tirando as pessoas de seu sono, como já sucedeu outras vezes. Catolicismo - Como seria a Reforma Agrária proposta no processo de paz? Eugenio Trujil/o - Novamente sou obrigado adizer: não se sabe exatamente. Mas foram ditas algumas coisas que permitem intuir o que se pretenderia fazer. Ao ini ciar as negociações, em novembro de 20 12, as guerri lhas exigiram a criação de 150 "Zonas de Reserva Camponesa", distribuídas por toda a Co lômbia. Nessas regiões - que gozariam de certa autonomia - o Exército não poderia entrar e seriam estabelecidas cooperativas de camponeses. Se isso for feito, será um desastre. Equivaleria à criação 150 repúblicas independentes governadas pelas FARC, onde a autoridade legítima do Estado não poderia chegar. Algo análogo se tentou fazer no ano de 2000, quando um processo de paz com as
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FARC lhes granjeou um vasto território na região de EI Caguán - um reduto com imensa produção de coca para o qual eram levados todos os sequestrados sem que o Exército pudesse nele entrar, pois estava proibido pelo governo. Foram tais os abusos e arbitrariedades cometidas ali contra a população, que o clamor do País inteiro obrigou o governo de então a suspender essa experiência abstrusa. Mas creio que é isso que a guerri lha está novamente exigindo. Só que em vez de um território, seriam 150, o que significaria o desmembramento da Colômbia. A guerri lha o está propondo e o governo concedendo, tendo sido anu nciado como o primeiro acordo obtido nas atuais conversações. Uma verdadeira loucura! Por outro lado, quando fa lam dos " camponeses", as FARC se referem na realidade aos guerrilheiros. Portanto, o que devemos entender é que estão pedindo algumas "Zonas de Reserva Guerrilheira" nas quais possam permanecer impunemente. Para as FARC, os verdadeiros camponeses não são seres humanos; elas os escravizam e submetem aos maiores crimes e arbitrariedades. Catolicismo - E o que a opinião pública da Colômbia diz de tudo isso? As pessoas comuns, o "homem da rua", quer ou não quer a paz com as FARC?
E11ge11io Tn~iillo - É claro que, se perguntarem às pessoas se elas desejam a paz, responderão que sim. E é nessa base que o governo faz suas pesquisas sobre a popularidade do processo de paz. Mas quando se lhes pergunta se desejam a paz com essas cond ições - impunidade, reformas econômicas, redução do Exército, etc. - elas dirão evidentemente que não. E não o dizem de qualquer forma,
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A maioria dos colombianos condena as FARC
mas de modo decidido e categórico. Isso não é um acordo de paz, mas a entrega do País aos terroristas. E isso a Colômbia não quer, por nada neste mundo. Catolicismo - Caso se chegue a assinar um acordo de paz em Cuba, qualquer que seja ele, o Sr. crê que as FARC o cumprirão?
E11ge11io Trujillo - As guerri lhas colombianas ass inaram nos últimos 30 anos dezenas de acordos de paz e até agora não cumpriram nenhum. Por que deveríamos acredi tar que cumprirão este? Aliás, sendo marxistas, sua conduta não poderia ser outra: "moral" é tudo aquilo que serve aos seus interesses. Portanto, não cumprirão com absolutamente nada do que for estabelecido.
'its FARC estão exigindo um modelo ec011ômico similar ao aplicado em Cuba e 11a Venezuela, cujos catastl'6flcos resultados o mundo felizmente conhece"
Catolicismo - Os governos da Venezuela e de Cuba são os garantidores do acordo de paz que se discute em Havana. O Sr. acha que essa participação ajuda ou prejudica o processo?
E11ge11io Trujillo - Eu creio que isso não ajuda em nada. Como pretender que algo de bom possa sair de uma reunião realizada numa ilha-prisão, de cujos sanguinários carcereiros uma das partes é cúmplice confessa? Além disso, Cuba abasteceu com sua péssima doutrina comunista e suas armas todos os grupos guerri lheiros da Colômbia nos últimos 50 anos. Quanto à Venezuela bolivariana, ela é o refúgio e o apoio político das FARC, além de aliada em negócios do narcotráfico. O que de bom pode sair? Absolutamente nada. Catolicismo - Como é visto na Colômbia o processo de paz, segundo a ótica do novo governo venezuelano dirigido pelo presidente Maduro?
E11ge11io Trujillo - Desde o início da era Chávez o apoio deste às guerrilhas das FARC foi total. Os comandantes guerrilheiros vivem na Venezuela protegidos pelo chavismo, têm ali seus acampamentos, praticam seus crimes na Colômbia e vivem nababescamente na Venezuela. Isso foi assim durante a presidência de Chávez e continua sendo na de Maduro. Mais uma vez, que garantia de paz a Venezuela pode oferecer nessas condições? Em minha opinião, nenhuma. Catolicismo - Como a atual situação venezuelana é vista pela Colômbia? E11ge11io Trujillo - De modo muito preocupante. Até a ascensão de Chávez, a Venezuela foi sempre tida como um vizinho próspero, rico e admirado, a ponto de cerca de três milhões de colombianos a demandarem em busca de oportunidades de trabalho e de progresso. Agora, devido ao chavismo, esse país se tornou um desastre econômico de tais proporções, que dele fogem, totalmente empobrecidas, coortes cada vez maiores desses mesmos colombianos outrora atraídos pelo Eldorado ... Lá, oportunidade de trabalho e prosperidade são coisas do passado. O regime marxista aplicado pelo chavismo destruiu a riquíssima economia da Venezuela, que agora carece de alimentos e produtos básicos necessários para manter dignamente qualquer lar. O país rola para o abismo do marxismo ante a indiferença da América Latina e do mundo. Catolicismo - Por diversas vezes - antes Hugo Chávez e hoje seu sucessor Nicolás Maduro - acusaram a Colômbia de planejar complôs e atentados contra o governo da Venezuela. Como os colombianos veem essas denúncias? Eugenio Trujillo - Como absolutamente ridículas! A cada semana estala um escândalo na Venezuela, segundo o qual alguém da Colômbia deseja assassinar ou o presidente venezue lano, ou algum de seus ministros, ou ainda qualquer fantoche da revolução bolivariana. E essa calúnia se transforma em verdadeiro carnaval, cuja única finalidade é obter apoio nacionalista para o regime e fazer com que as pessoas se esqueçam das penúrias pelas quais estão passando. De rica e próspera, a Venezuela passou a ser um país miserável onde não há arroz, açúcar, leite, ovos, carne, frango, azeite, papel higiênico, creme dental - além de tantos outros bens elementares da vida cotidiana que não faltam a ninguém nos demais países da região. Nem sequer no Haiti existe tal escassez. Esta é a grande "conquista" da revolução bolivariana de Chávez, tão aplaudida e ajudada por Lula da Silva:
uma revo lução que em 12 anos conseguiu levar um país rico à miséria.
''Ao inicial' as negociações, em noyembro de 2012, as guel'rilhas exlgirnm a cl'lação de 150 'Zonas de Reserva Camponesa', distl'lbuídas po1· toda a Colômbia"
O presidente da Colômbia Juan Manuel Santos ao lado de Hugo Chávez. Os governantes venezuelanos recentes levantam com frequência teorias conspiratórias de ameaças colombianas contra líderes de seu país.
Catolicismo - Como Tradición y Acción vê o futuro da Colômbia no papel que a América Latina é chamada a desempenhar no concerto do mundo ocidental? E11ge11io Trujil/o - Graças à política de pacificação do presidente anterior, Álvaro Uribe, que durante oito anos perseguiu com eficácia as guerri lhas e praticamente as dizimou, a Colômbia desfruta hoje de um momento de prosperidade muito significativo - uma verdadeira "herança bendita" deixada por ele ao presidente Santos, cujas atitudes de distensão em relação às FARC não o tornam o curador de confiança para guardar com empenho e fazer crescer essa herança, pois ele está estendendo a mão precisamente àqueles que a querem desbaratar. O Prof. Plínio Corrêa de Oli veira afirmou que a América Latina seria o continente do futuro . E agora vemos que essa realidade está chegando. Não só para a Colômbia, mas para muitos dos países da região que respeitaram os princípios da propriedade privada e da livre iniciativa; princípios reconhecidos como legítimos pela verdadeira doutrina social da Igreja e tão odiados e combatidos pelos adeptos da Teologia da libertação. E não só o progresso de nossos respectivos países estará sempre na proporção em que eles forem fieis a esses princípios, como a sua destruição advirá se penderem para o oposto. Que o digam Cuba e a Venezuela chavista - bem como suas respectivas miniaturas, que são os assentamentos da Reforma Agrária no Brasil: verdadeiras favelas rurais. Portanto, os países que respeitam a propriedade privada e a livre iniciativa progridem, enquanto aqueles que as liquidam se afundam na pobreza, na miséria e no subdesenvolvimento. •
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1 BENOiT BEMELMANS
C2.Ylfiuz penetra pela janela e ilumina a noiva, que é o centro desta cena. Ela assina o registro diante do oficial do cartório civil, tendo ao seu lado o esposo e atrás de si a jovem dama de honra que segura o seu buquê de flores um tanto emocionada; os parentes assistem à cerimônia. O véu e o vestido branco falam de pureza e dignidade - da esposa como do marido, que se unem pela vida inteira. O casamento entre um homem e uma mulher é uma realidade anterior ao Estado cujas raízes penetram no que há de mais fundo na natureza humana. O contrato nupcial, segundo a expressão do Papa Pio XI na sua imortal encíclica sobre o matrimônio cristão, foi elevado por Nosso Senhor Jesus Cristo à categoria de sacramento indissolúvel : "Que o homem não separe o que Deus uniu "!
Loucura do mundo atual: este quadro (Signing the register, de Edmundo Blair Leighton - 1853-1922), que se encontrava no salão de casamentos da prefeitura de Bristol (Reino Unido), foi retirado dali para não "ofender" os adeptos de práticas contra a natureza! • E-mail para o autor: carolicjsmo@1erra com br
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JULHO 2012
C oincidindo a festa de Nossa Senhora do Carmo - 16 de julho com a entrega do santo Escapulário a São Simão Stock, dedicamos o presente artigo a este grande meio de salvação. l!!I
PUNI O M ARIA SOLIMEO
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uem entra hoje em qualquer igreja ou abre uma publicação católica, encontra em geral um clima de euforia e de festa, um estado de espírito de franco otimismo. Nas missas, à hora da comunhão, quase todos se aproximam para receber o Corpo e o Sangue de Cristo. Via de regra, nada na aparência interior das igrejas é de molde a indicar a existência de uma crise. Entretanto, é difícil encontrar alguém que olhando para fora das janelas do templo religioso, negue que: a) a família, já tão enfraquecida pelo divórcio, esteja sendo atacada de todos os lados e virtualmente questionada por leis que põem no mesmo pé as uniões livres e o casamento católico, ou, ainda, que equiparam uniões espúrias de pessoas do mesmo sexo com a sagrada instituição do matrimônio; b) a escola, em lugar de educar crianças e jovens para a vida normal em sociedade, esteja se tornando cada vez mais um centro de corrupção, devido ao ensino de doutrinas desvairadas e à tolerância, quando não o incentivo, de práticas deletérias; c) a violência, a imoralidade, o desprezo pela vida humana, o materialismo prático, o hedonismo mais desenfreado, em suma, a negação dos Mandamentos da Lei de Deus, sejam hoje mais dominantes do que em qualquer época anterior da história do cristianismo. Diante desse quadro assustador, numerosos católicos sentem-se abandonados, como que órfãos, indo infelizmente procurar em seitas diversas as "palavras da vida eterna" que só a verdadeira Igreja de Jesus Cristo possui (Jo 6,68).
Escapulário do Carmo: "colete salva-vidas"
Empregando uma linguagem metafórica, dir-se-ia que estamos navegando em meio à borrasca. O que fazem todos - tripulantes e passageiros - quando o mar está perigosamente encapelado, havendo risco de naufrágio? O primeiro pensamento é procurar saber onde estão os escaleres destinados ao salvamento, ou buscar ao menos um colete salva-vidas. Ora, a Mãe de Deus e nossa colocou ao nosso alcance esse "colete salva-vidas", ou "tábua de salvação": o Escapulário do Carmo. JULHO 2013
Os profetas Elias e Eliseu já teriam venerado a futura Mãe do Messias, simbolizada pela nuvenzinha, prenúncio da chuva redentora que, a rogos de Elias, fertilizou a terra ressequida de Israel.
A própria Virgem Santíssima insistiu em sua necess idade para os tempos atuais. A impress ionante sequência das grandes apa ri ções marianas - que se intensificaram a partir do século X IX e nas quais a Virgem pede com insistência conversão e penitência a um mundo cada vez mais pecador - apresenta um ví ncul o com a devoção ao E capu lário. Vínculo que por sua vez remonta à "Doce Primavera da Fé", denominação atribuída à Idade Média . Com efe ito, a última aparição de Nossa Senhora em Lourdes ocorreu no dia 16 de ju lho de 1858, ou seja, na festa litúrgica de Nossa Senhora do Carmo e ani versário da entrega do Escapu lário a São S im ão Stock. Por sua vez, na sexta aparição em Fátima, em outubro de 19 17, durante a qual se produziu o milagre do so l para provar a autentic idade de sua Mensagem, a Santíss ima Virgem quis aparecer aos três videntes - Lúcia, Francisco e Jacinta - sob a invocação de Nossa Sen hora do Carmo, revestida com o Escapulário e portando o Menino Jesus nos braços. Posteriormente, a Irmã Lúcia contou que Nossa Senhora desejava que o Escapu lário fosse considerado parte da Mensagem , acrescentando: "O Santo Padre afirmou assim ao mundo inteiro que o
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Escapulário é o sinal de consagração ao Imaculado Coração". E acrescentou : "O Rosário e o Escapulário são inseparáveis".1
Origem da Ordem do Carmo Segundo a tradição da Ordem do Carmo, sua origem remonta aos profetas E lias e Eliseu, que viveram em Israe l no século IX a.C. Na luta entre o bem e o mal, entre a verdade e o erro, a qual deve durar até o fim do mundo, o Profeta Elias ocupa um lugar único. Invicto lutador da ortodoxia contra os idólatras de seu tempo, ele foi reservado por Deus para preparar a última vinda de Jesus Cristo que precederá o fim do mundo. Com efeito, Elias foi levado num carro de fogo para local desconhecido, devendo voltar, no fim dos tempos, para lutar contra o Anticristo. 2 Esses dois grandes profetas já teriam venerado a futura Mãe do Messias, simbolizada pela nuvenzi nha que prenunciou a chuva redentora que, a rogos de Elias, fertilizou a terra ressequida de Israel. Seus discípulos foram denominados "Fi lhos dos Profetas" (instituição surgida na época do profeta Samuel, que apresentava certa semelhança com os institutos religiosos atuais).
A Santa Igreja aceitou essa tradição, como consta, por exemplo, no Missal Carmelitano, no prefácio da Missa de J6 de julho, festa de Nossa Senhora do Carmo: "Senhor, Pai Todo-poderoso e Deus Eterno, que fizestes que o santo profeta Elias visse de um modo prodigioso a Imaculada Virgem Maria em uma pequena nuvem que se elevou do mar, e que fosse venerada por seus discípulos, os Filhos dos Profetas ..." 3 Os Filhos dos Profetas teriam sido continuados mais tarde pelos essênios e,já na era cristã, pelos ermitães que povoaram o Monte Carmelo, na Palestina. Segundo a tradição carmelitana, o parentesco da Ordem do Carmo com o Profeta Elias já era reconhecido no ano 83 da era cristã, quando aqueles ermitães se converteram ao cristianismo. Esses seguidores de Elias teriam construído então uma capela no Monte Carmelo. "No século lll ou IV, o Monte Carmelo converteu-se num centro de romarias. [ ... ] No ano 622 hav ia no Monte Carmelo monges carmelitas [... ] São Cirilo de Constantinopla, que havia sido ermitão no Carmelo antes de 1185, traça a história desses ermitães desde o domínio da Palestina pelos muçulmanos no ano de 639". 4 Em 1185 , João Focas, monge grego que visitou os Lugares Santos, encontrou no Monte Carmelo o monge calabrês São Bertoldo, filho do Conde de Limoges, que dirigia cerca de dez ermitães que viviam com ele junto à gruta do Profeta Elias. Ao morrer São Bertoldo no ano de 1208, São Brocardo, seu sucessor, pediu ao Patriarca latino de Jerusalém, Santo Alberto de Vercelli (+ 1214), que compusesse uma regra para esses ermitães. Essa regra foi depois confirmada pelo papa Honório Ill. Narra-se que os cruzados, quando foram resgatar o Santo Sepulcro e libertar os cristãos da escravidão dos infiéis, entraram em contacto com os monges do Monte Carmelo, admirando-se com sua austeridade e espírito contemplativo, tendo vários deles abraçado a vida eremítica. 5 Alguns desses monges fariam depois fundações em vários pontos do continente europeu, como Chipre, Sicília, França (Valenciennes, Marselha), Espanha e Jnglaterra.6 Na "[lha dos Santos" - como era conhecida a Grã-Bretanha na Idade Média - a
Santíssima Virgem aparecerá depois ao Geral dos Carmelitas, São Simão Stock, para entregar- lhe o esca pulário. Esses carmelitas provinham originariamente da França, para onde os havia conduzido São Luís IX, ao regressar da Cruzada. 7 Em meados do sécul o XJII, diante dos ataq ues frequentes dos muçulmanos, os ermitães tiveram que aba ndonar várias vezes o Monte Carmelo. Finalmente, em 1289, Trípoli caiu diante da horda dos mamelucos de Qalawun. No ano seguinte, os muçulmanos do Egito ameaçaram São João d' Acre, que, após resistir heroicamente, capitulou no dia 18 de maio de 129 1. Haifa foi ocupada logo depois, e queimado o co nv ento do Monte Car melo. Os monges foram martirizados enquanto cantavam a Sa lve Regina. Assim desapareceram os carmelitas do Oriente. 8 Entretanto, a Ordem subsistiu. E, segundo uma revelação da Santíssima Virgem ao carmelita São Pedro Tomás(+ 1366), mártir, bispo e legado do Papa no Oriente, a mesma há de perseverar até o fim dos tempos .9
Ol'igem <lo Escapulál'io O Escapulário - que passou a ser usado por diversas Ordens religiosas - in spirava-se no utilizado na Idade Média pelos servos, o qual trazia as cores do sen ho r a quem serviam. O escapu lário relig ioso passou então a ser o símbo lo do jugo aceito voluntariamente, amado enquanto vínculo com Jesus Cristo e um escudo para proteger a cabeça e resguardar a vista da vã curiosidade. A Santíssima Virgem Maria, ao atribuir graças a esta peça de vestuário, teria querido indicar que aqueles que a portassem estariam a seu serviço. 10 Com o tempo, as Ordens religiosas masculinas (ou Ordem Primeira) foram se expand indo em ramos fem ininos (Ordem Segunda) e, mai s tarde, na assoc iação de simpl es sec ulares que viviam no mundo e participavam dos bens espirituais e de alguns privilégios das Ordens Primeira e Segunda (Ordem Terceira). Esses " irmãos" leigos recebiam um háb ito religioso simplificado que usavam sempre, ou mai s comumente nos domingos e dias de festa . Para os secul ares, que por motivos vários não podiam ingressar nas Ordens Terceiras, foram fundadas as Confrarias. A Confraria de Nossa Senhora do Monte Carme lo, segundo
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tudo indica, foi urna das primeiras a surgir. O Libra degli ordinamenti de la compagnia de Saneia Maria dei Carmine, escrito em 1280, prova que ela já existia nessa época. 11 Por sua vez, para as Confrarias em geral , surgiu então urna miniatura do escapulário dos religiosos, corno sinal de um parentesco mais remoto, embora efetivo, com a respectiva Ordem. Finalmente, várias Ordens religiosas receberam da Igreja a faculdade de benzer pequenos escapulários e impô-los aos fi éis, independente de que estivessem vinculados ou não às confrarias. Isso provocou uma ampla difusão de alguns desses escapulários - como o do Carmo, que se tornou mundialmente conhecido como "o Escapulário" por excelência. Ao longo dos séculos, os Papas foram concedendo numerosas indulgências aos escapulários dessas Confrarias. O do Carmo conta, além disso, com uma singular promessa feita pela própria Mãe de Deus, que passaremos a expor.
São Simão Stock e o Escapulário
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Simão nasceu em 1165 no castelo de Harford, no condado de Kent, Inglaterra, do qual seu pai era governador. Seu nascimento foi obtido pelas preces de seus piedosos progenitores, que uniam à virtude a mais alta nobreza. Alguns escritores julgam mesmo que tinham parentesco com a família real. Cinco anos após receber a Primeira Comunhão e consagrar sua virgindade a Nossa Senhora, atendendo a uma voz interior que lhe inspirava o desejo de abandonar o mundo, deixou Simão aos 12 anos o lar paterno, encontrando refúgio numa floresta isolada. Um enorme carvalho, cujo tronco carcomido formara uma cavidade suficiente para nele colocar uma cruz, uma imagem de Nossa Senhora e recostar-se, serviu-lhe de oratório e habitação. Empregava o tempo na contemplação das coisas divinas, na oração e nas austeridades. Bebia água de uma fonte existente nas proximidades e alimentava-se de ervas, raízes e frutos silvestres. De vez em quando, porém, um misterioso cão levava-lhe um pedaço de pão. Assim viveu cerca de 20 anos. Nossa Senhora revelou-lhe então seu desejo de que ele se juntasse a certos monges que viriam do Monte Carmelo, na Palestina, para a Inglaterra, "sobretudo porque aqueles relig iosos estavam consagrados de um modo especial à Mãe de Deus". Apesar do grande atrativo que a solidão exercia sobre ele, Simão regressou à casa paterna e retomou seus estudos. Formou-se em teologia e recebeu as sagradas ordens. Enquanto aguardava a chegada dos monges preditos, o agora Pe. Simão Stock dedicou-se à pregação. Finalmente, no ano de 1213 , com a chegada de dois frades carmelitas, ele pôde receber o hábito da Ordem em Aylesford . Em 1215 , tendo o segundo Superior Geral latino do Carmo, São Brocardo, tomado conhecimento da fama das
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A Santíssima Virgem apareceu a Honório Ili, ordenando-lhe que aprovasse as Regras do Carmo, confirmasse e protegesse a Ordem contra os seus adversários.
virtudes de Simão, quis tê-lo como coadjutor na direção da Ordem; assim, nomeou-o Vigário Geral de todas as províncias européias em 1226. São Simão teve de enfrentar a verdadeira tormenta que homens supostamente zelosos pelas leis da Igreja, mas na verdade suscitados pelo demônio, lançaram contra os carmelitas na Europa. Estes queriam suprimir a todo custo a Ordem, sob pretexto de que era nova e instituída sem a aprovação da Igreja, contrariamente ao que dispunha o IV Concílio de Latrão. Simão enviou delegados ao Papa Honório III para informá-lo da perseguição de que os carmelitas estavam sendo vítimas e pedindo a sua proteção. O Sumo Pontífice delegou dois comissários para examinar a questão. Conquistados pelos adversários dos carmelitas, ambos opinaram pela sua supressão. Mas a Santíssima Virgem apareceu a Honório III, ordenando-lhe que aprovasse as Regras do Carmo, confirmasse a Ordem e a protegesse contra seus adversários. 13 O que foi feito pelo Sumo Pontífice mediante uma bula em que declarou a existência da Ordem dos Carmelitas legítima e conforme
com os decretos de Latrão, autorizando-a a continuar suas fundações na Europa. Em 1245, no Capítulo da Ordem, São Simão foi eleito VI Prior Geral dos Carmelitas. Carente de auxílio humano, ele recorria à Virgem com toda a amargura de seu coração, rogando-lhe fosse propícia à sua tão provada Ordem, e que desse um sinal de sua aliança com ela.
"Recebe este Escapulário de tua Ordem"
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Na manhã do dia 16 de julho de 1251, São Simão suplicava com todo empenho a proteção da Santíssima Virgem recitando a bela oração Fios Carmeli, por ele composta. Segundo ele próprio relatou ao Pe. Pedro Swayngton, seu secretário e confessor, de repente "a Virgem apareceu-me em grande cortejo, e tendo na mão o hábito da Ordem, disse-me: "'Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem, como sinal distintivo e marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno'. "E [... ] disse-me Ela ao desaparecer, que bastava eu enviar uma delegação ao Papa Inocêncio, Vigário de Seu Filho, que ele não deixaria de me mandar remédio para os nossos males". 14 Imediatamente difundida nos lugares onde os carmelitas estavam estabelecidos, essa graça especialíssima foi autenticada por muitos milagres que, ocorrendo por toda parte, fizeram calar os adversários dos "Irmãos da Santíssima Virgem do Monte Carmelo". São Simão atingiu extrema velhice e altíssima santidade, operou numerosos milagres e foi dotado com o dom das línguas. Por fim, chegando já centenário a Bordeaux, na França, quando se dirigia a Toulouse para o Capítulo Geral da Ordem, entregou sua alma a Deus no dia 16 de maio de 1265.
A G1·a11de P1·omessa Nossa Senhora afirmou a São Simão Stock que o Escapulário "é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos - sempt'terna " . perigos, aliança de paz e de uma proteçao Poderia haver algo de mais extraordinário que esta promessa de salvação eterna? Um piedoso autor assinala que isto é tão excelso, que "nunca se poderia descer demasiado em suas profundezas. É só penetrando para além do sensível que se chega a conhecer os tesouros espirituais que esta Veste Celestial oculta". E continua com muita propriedade : "Especialmente hoje, quando o poder de Satanás ameaça sacudir os próprios alicerces do mundo, precisamos ter um conhecimento racional das nossas devoções e, sobretudo, das que se relacionam com Aquela que esmaga a cabeça da serpente infernal". 15 Ao que acrescenta outro autor: "Temos a certeza de que todos aqueles que, ao morrer, têm a felicidade de usar o Escapulário, obtêm graças perante Deus, e são preservados do fogo do inferno. lsso porque acreditamos que, para manter a sua promessa, Maria retira para eles, dos tesouros divinos de que é depositária, as graças necessárias para a sua perseverança no estado de justiça, ou para a sua conversão. E, assim fortificados e reconciliados com Deus pelos Sacramentos ou pela contrição perfeita, e morrendo com este santo hábito, os associados do Escapulário não caem sob os golpes de uma justiça inexorável". 16
Sentido autêntico dessa promessa Qual é o sentido exato dessa sublime promessa da salvação eterna? Evidentemente não pode ser o de que, morrendo em estado de pecado mortal, uma pessoa venha a se salvar. Isso seria absurdo e anti-teológico. Então, a promessa só pode significar o seguinte: não morrerá em pecado mortal quem morrer revestido com o Escapulário. É por isso que a Santa Igreja insere muitas vezes na Promessa a palavra "piamente": "aquele que com ele morrer
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piamente, não padecerá das penas do inferno". O que leva os teólogos a entender que, ou a pessoa ao morrer com o Escapulário receberá naquele momento de Nossa Senhora a graça da perseverança no estado de justiça se nele estiver, ou, caso contrário, receberá d'Ela a graça da conversão e da perseverança final. Foi o que levou o Papa Pio XI a afirn,ar: "E1nbora seja muito verdade que a Virgem Santíssima ama a todos aqueles que A amam, aque les que desejam tê- La como auxi liar na hora da morte têm de merecer em vida um favor tão assinalado abstendo-se do pecado e trabalhando em sua honra". 17 Esta "grande promessa" é válida não só para os religiosos que morrem com o seu longo Escapu lário, mas também para os fiéis que levem o pequ eno Escapulário ou a medalhaescapu lário.
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O Pl'ivilégio Sabatino A predileção de Maria Santíssima pelo Carmelo foi ainda confirmada de modo inteiramente maternal no sécu lo XIV, quando aparecendo ao futuro Papa João XXIl, então cardeal em Avignon , na França, Ela prometeu uma especial assistêneia para os que levassem o Escapulário do Carmo, dizendo que os livraria do Purgatório no primeiro sábado depois de sua morte. Esta segunda promessa é conhecida como Privilégio Sabatino e foi promulgada pelo referido Pontífice na Bula Sacratissimi uti culmine, de 3 de março de 1322. 18 Vários Papas confirmaram com a sua suprema autoridade essa Bula, entre outros Alexandre V, Sixto IV, Clemente VH, C lemente X, Bento XIII e Bento XlY. Em sua Bula de 13 de fevere iro de 1566, São Pio V nos diz: "Nós [ ... ] aprovamos as letras de todos e cada um dos privilégios, indulgências e outras graças, inclusive o [privilégio] Sabatino, a teor dos presentes .. ." 19 Falando desse privilégio, assim se expressa o Papa Paulo V: "É permitido pregar[ ... ] que, após a mo1te, a Santíssima Virgem socorrerá, com a sua contínua intercessão, com os seus sufrágios e méritos, e com a sua especial proteção, sobretudo no sábado, dia particularmente consagrado pela Igreja à mesma Santíssima Virgem Maria, as almas dos frm ãos e Irmãs da Confraria da Santíssima Virgem Maria do Monte Carmelo que, durante a vida, tiverem usado o hábito [Escapulário], guardado castidade segundo o estado, e recitado o Oficio Menor [ou a oração indicada pelo sacerdote que o impôs] ... ou, não sabendo recitar o Oficio, tiverem observado os jejuns da Igreja e guardado abstinência de carne nas quartas-feiras e sábados (a menos que qualquer destes dias coincida com a festa do Natal)". 2º O que foi confirmado por Pio Xll: "Certamente a piedosíssima Mãe não deixará de fazer com que os filhos que expiam no Purgatório suas cu lpas alcancem o quanto antes possível a
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"" pátria celestial por sua intercessão, segundo o chamado Privilégio Sabatino, que a tradição nos transmitiu". 2 1 E Bento XV acrescentou: "O Escapulário de Maria [... ] goza do singular privilégio de proteger mesmo para além da morte". 22 Como vimos, a Igreja concedeu depois a várias Ordens religiosas a faculdade de benzer também pequenos escapulários e impô-los nos fiéis independente de estarem ligados ou não a Confrarias; e estendeu as promessas da Mãe de Deus também aos que portam o Escapu lário do Carmo. Quer dizer, para gozar desses privilégios não há mais necessidade de estar afiliado a uma Confraria do Monte Carmelo. Foi o que provocou a tão universal divulgação do Escapulário do Carmo, que juntamente com o Rosário passou a ser um dos símbolos mais característicos do católico piedoso e verdadeiro servo de Maria. Joseph Hilgers, autor dos verbetes "Sabbatine Privilege" e "Scapu lar" na CathoLic (Continua na p. 34)
Recomendações para o uso da medalha-escapulário:
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Para se gozar do privilégio da medalha-escapulário do Carmo, "é de todo necessário que se receba antes a bênção e imposição do Escapulário de lã, com a fórmula prescrita, e cumprindo os demais requisitos. Se antes não se impõe o Escapulário uma vez para toda a vida, a medalha não serve, mesmo que benta por um sacerdote com faculdade para tal, e com a intenção de que valha como Escapulário". 23 A medalha-escapulário de modo nenhum exime a pessoa das obri~:::;:::=::-,... gações próprias ao Escapulário de lã; ela deve cumprir estritamente todas as prescritas para o dito Escapulário. 24 Os Irmãos Terceiros de qualquer Ordem ou nome não podem usar a medalha em substituição ao Escapulário próprio. Ao contrário do que se dá com o Escapulário de lã (ao qual basta que só o primeiro seja bento, pois, como se diz, "esse benze os demais"), cada medalha-escapulário que se troca deve ser benta. Embora condescendendo em conceder à medalha as graças do Escapulário, São Pio X declarou muito explicitamente "seu desejo veemente de que todos os fiéis continuassem levando o Escapulário da mesma forma que antes", e que a medalha só fosse usada quando houvesse um inconveniente real em se levar o Escapulário de lã. Corroborando esse desejo de São Pio X, seu sucessor Bento XV disse ao Geral dos Carmelitas Descalços em 8 de julho de 1916: "Para que se veja que meus desejos são de que se leve o Escapulário, concedo a ele uma graça que não tem a medalha". E concedeu uma indulgência ao fiel cada vez que oscule seu Escapulário. 25 Podemos concluir, então, que o Escapulário de lã deve ser definitivamente preferido à medalha-escapulário, na realidade chamada impropriamente de escapulário. Cabe destacar que o Escapulário do Carmo é um sacramental, ou seja, um sinal sagrado com o qual , "imitando de alguma maneira os Sacramentos, se expressam efeitos, sobretudo espirituais, obtidos pela intercessão da Igreja". Com efeito, por meio dos sacramentais, "os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos, e se santificam nas diversas circunstâncias da vida". 26
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Encyclopedia, como tantos outros autores modernos, põe em dúvida a autenticidade da Grande Promessa e do Privilégio Sabatino. Entretanto, o Pe. Simón Maria Balduch OCD, em sua Enciclopédia dei Escapulario dei Carmen, refuta sábia e sobejamente os argumentos e autores que assumem a posição de Joseph Hilgers.
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A verdadeirn prática desta devoção Insistimos novamente em que, como é óbvio, o uso do Escapulário não nos exime da prática dos Mandamentos. O grande doutor da devoção marial do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort, nos adverte precisamente sobre a astúcia diabólica para perder as almas "divertindo-as e acalentando-as no pecado, sob pretexto de algumas orações mal recitadas, e de algumas práticas exteriores [de devoção à Virgem Maria] que lhes inspira". 27 Depois de assinalar o que caracteriza as falsas devoções à Santíssima Virgem, esse incansável missionário exorta o fiel a adotar a verdadeira, a saber, a que se distingue por ser "interior, terna, santa, constante e desinteressada". 28 Santa porque o autêntico devoto de Nossa Senhora evita o pecado e imita as suas virtudes. Portanto, é evidente que Maria Santíssima não pode permitir que se abuse de seu Escapulário, como acentua com vibrantes palavras São Cláudio de la Colombiere: "Não por isto deveis fiar vossa salvação a tais milagres. Sereis uns temerários se esperais semelhantes milagres. A Mãe de Deus, para salvar-nos, tem meios mais naturais, mais conformes com a conduta ordinária da Providência. Ela tem em suas mãos todas as graças, todas as misericórdias de Deus. Diz São Pedro Damião: 'Em suas mãos estão todas as misericórdias de Deus'. [... ] Não quero lisonjear-vos: não se pode passar de uma vida" licenciosa e desregrada à vida eterna senão por uma sincera penitência. [... ] Se morreis em meio de vossas desordens, morrereis em vosso pecado, mas não morrereis com o Santo Escapulário". 29 Pelo contrário, se temos a graça de viver como bons católicos, devotos da Santíssima Virgem, podemos aplicar a nós as consoladoras palavras do grande bispo e missionário catalão do século XIX, Santo Antônio Maria Claret: "Consolai-vos, vós que vos esforçais em seguir as santas leis de vossa Mãe, e uni ao Escapulário que vestis a prática da vida cristã, porque, alentados nos últimos momentos com este piedoso sinal de salvação, desafiareis os vossos mais terríveis inimigos, e triunfareis gloriosamente sobre eles". 3º
A medall1a-escapulário Através de regulamentação de 16 de dezembro de 1910, emanada pelo Santo Oficio, São Pio X concedeu a permissão de usar, em vez de um ou mais escapulários pequenos de
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diferentes Ordens, uma só medalha de metal. Esta deve ter em uma das faces o Sagrado Coração, e na outra a Santíssima Virgem. Muitas das pessoas validamente investidas com um escapulário de tecido adequadamente bento podem, como veremos, trocá-lo pela medalha de metal. Esta pode ser benta com bênção simples por qualquer sacerdote. Tais medalhas devem ser usadas constantemente, penduradas ao pescoço, ou "de outra maneira conveniente", ganhando-se com seu uso quase todas as indul gências e privilégios concedidos aos pequenos escapu lários. 31 Não foi para atender às exigências da moda ou do tempo que o Papa santo concedeu o mesmo privilégio do Escapul ário à medalha-escapulário. Fê-lo depois de madura reflexão, para atender aos apelos de missionários de zonas tórridas, em favor dos nativos. Pois sujeitos às desvantajosas condições atmosféricas locais, e muitas vezes à fa lta de asseio de seus possuidores, os dois pedaços de lã do Escapulário ficavam logo em condições intoleráveis, inteiramente disformes. Essa iniciativa de São Pio X mostrar-se-ia providencial pouco depois : "Quatro anos mais tarde rebentou a I Guerra Mundial, e se não fora a medalha-escapu lário, milhões de almas literalmente teriam ido enfrentar a morte sem essa garantia mariana da salvação. Naquela terrível guerra, não só se tornou difícil obter escapulários de lã, mas deu-se ainda um fato mais trágico. Na imundície das trincheiras, os escapulários que os soldados nunca tiravam, transformaramse em ninho de vermes. E os soldados foram oficia lmente privados dos seus escapulários! Mas, para estes casos, já havia a Medalha".32 Para concluir, cumpre dizer que a devoção a São José fo i sempre muito especial entre os carmelitas. Segu ndo a tradição,
o Santo Escapulário como uma libré mariana, prenda e sinal da proteção da Mãe de Deus".36 • E- mai l para o autor: catolicismo@terra.com.br
Notas:
tendo sido eles os primeiros no mundo a dedicarem uma igreja à Santíssima Virgem, assim também a eles se deve a primeira igreja erigida em honra de São José na Europa. "Quando os Carmelitas emigraram para o Ocidente, trouxeram do Oriente o cu lto público de São José", diz o sábio Pontífice Bento XIV; e esta é a opinião comumente sustentada por todos os eruditos. 33 O imortal Santo Tomás de Aquino afirma que "há três coisas que Deus não poderia ter feito mais sublimes do que são: a Humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, a glória dos eleitos, e a incomparável Mãe de Deus, de quem se diz que Deus não pôde fazer nenhuma mãe superior. Podeis acrescentar uma quarta coisa, em louvor de São José. Deus não pôde fazer um pai mais sublime que o pai adotivo do Homem-Deus".34 Ao que acrescenta o sublime São Bernardo: "Já que tudo o que pertence à esposa pertence também ao esposo, podemos pensar que José pode distribuir como lhe parecer os ricos tesouros de graça que Deus confiou a Maria, sua casta Esposa". 35 Escapulário: li/Jré mal'ia11a, si11al <le proteção da Mãe <le l)eus
Por tudo quanto foi acima exposto, torna-se claro que é mais do que nunca indispensável o recurso Àquela que sozinha esmaga as heresi as do mundo inteiro. E, dentre as inúmeras devoções à Mãe de Deus, uma das mais consoladoras e que mais favorecem a sa lvação eterna é a do Santo Escapulário do Carmo, como diz Pio Xll: "E, na verdade, não se trata de um assunto de pouca importância, mas da concessão da vida eterna, feita segundo a tradição pela Santíssima Virgem Maria; trata-se, em outras palavras, do mais importante dos negócios do mundo, e de levá- lo a cabo com segu rança. É certamente
1. Entrevi sta concedida ao Pe. Howard Rafferty, O.C.D, in P.Rafael Maria L. Melús, Carmelita, "Enquiridi on - Doctrina dei Magisterio Eclesiástico sobre el Santo Escapu lario dei Carmen", Saragoça, 1957, p. 192 e ss. 2. Cfr. Renato Vasconce los, Elias, o profeta de fogo. Catolicismo, n. 607, julho de 2001. 3. Emi lio Garcia de la Ca ll e, EI Escapulário y la Orden dei Carmen, Editorial Guadalu pe, Buenos Aires, 1956, pp. 18- 19. 4. Enciclopédia Espasa-Calpe, Bi lbao, tomo li , p. 11 8. 5. Cfr. P. Lorenzo Arias de la lnmaculada C., O.C.D., La Virgen dei Carmen - Historia y Cullo, Parroquia dei Carmelo, Buenos Aires, 1990, pp. 20-21. 6. Enciclopédia Espasa-Calpe, tomo li, pp. 11 18 ss. 7. R.P.Rafael Maria L. Melús, op. cit. p. 54. 8. Cfr. Emilio García de la Ca lle, op. Cit., pp. 30 a 35. 9. P. Lorenzo Arias de la lnmacul ada C., O.C.D., op.c it., p. 72. 10. The Catholic Encyclopedia, Scapular, CD Rom ed ition. 11. Cfr. P. Simón Besalduch, OCO., Enciclopedia dei Escapulario dei Carmen, Librería Católica Internacional, Barcelona, 193 1, pp. 515 a 517. 12. Cfr. Plinio Maria Solimeo, São Simão Stock, Prior Geral da Ordem do Carmo, Catolicismo n. 629, maio de 2003. 13. Cfr. Les Petits Bollandistes, Vies eles Saints d 'apres le Pere Ci,y, par Mons. Paul Guérin, Paris, Bloud et Barra i, 1882, tomo V, p. 588. 14. Les Petits Boll andistes, op.cit. p. 592. 15. J.T.Saraiva, Le Scapulaire, Montreal, 1898, p. 11 O. Apud John Mathias Hafferl, Maria na sua Promessa do Escapulário, Ed ições Carmelo, Aveiro, 1967, pp. 45-46. 16. J.T.Saraiva, op. cit., apud HafTert, pp. 45-46. 17. Carla de S.S. Pio XI no 6°. Centenário do Privi lég io Sabatin o. Cf. E.P.Magennis, in The Sabbatine Privilege ofthe Scapular, N.Y., 1923. 18. Cfr. "Enquiridion", pp. 99- 100, 285-286-287. La Virgen dei Carmen f-listoria y Culto, pp. 36-37 . 19. Cfr. "Enquiridion", pp. 100-1 O1. La Virgen dei Cannen - Historia y Culto, p. 38. 20. Ana lecla O. Cann ., vol. IV, p. 250. Apud Haffert, p. 11 3. 2 1. Doctrina Pontifícia, apud Hafferl, id. ib. 22. ld. ibid ., p. 113. 23. Enciclopedia dei Escapulario, p. 293. 24. ld., p. 294. 25. Enciclopedia dei Escapulario, pp. 43 1-432. 26. Cateci smo da Igrej a Católica, 1667. 27. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Vi,gem, Editora Vozes Limitada, Petrópolis, 1961, cap. Ili, p.95. 28. ld. ib. pp. 107 e ss. 29. Púlpito de la Vi,gen dei Carmen, t. 11, p. 204, apud "Enquiridion, pp. 269-270. 30. Colección de Selectos Panegíricos, Vol. IV, pp. 322-323, Barcelona, 1860. Apud "Enquiridion", pp. 450-451. 31. Cfr. The Catholic Encyclopedia, Scapular, Espasa-Calpe, tomo li , p; 111 8. 32. John Mathias Hafferty, op.cit. , p. 38. 33. Benedictus XIV, De Serv. Dei Beatif Apud HafTert, pp. 186- 187. 34. Cfr. Huguet, "The Power of Saint Joseph", Mcditalion IO, in Haffert, pp. 201 -202. 35. (lei. ib. Meditation 20, apud Haffert, p. 20 1. 36. in Pe. Lorenzo Arias de la lnmaculada C., op.c it., p. 11 .
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São Tiago Maior, escolhido do Senhor Irmão de São João Evangelista e um dos três primeiros apóstolos esco1hidos por Nosso Senhor, pregou o Evangelho na Espanha 1111
PUNIO M ARIA SOUMEO
a época em que Nosso Senhor Jesus Cristo habitou visivelmente entre nós, a Terra Santa dividiase em quatro províncias : a Judeia, a Samaria e a Gali leia, de um lado do Rio Jordão ; e a Pereia, do outro. Dessas quatro regiões, o Divino Salvador percorreu principalmente a Judéia, ao Sul, e, mais ainda, a Galileia, ao Norte, onde desenvolveu a maior parte de sua pregação e recrutou seus discípulos ; fez apenas rápidas incursões na Pereia e atravessou quase só de pas-
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CATOLICISMO
sagem a Samaria, a caminho ou de volta de Jerusalém. Naquele tempo havia uma faixa de cidades e povoações em torno do Mar da Galileia - também conhecido como mar ou lago de Tiberíades, ou ainda Lago de Genesaré - , entre as quais Cafarnaum, Betsaida e Genesaré, repetidamente mencionadas nos Evangelhos. O Apóstolo São Tiago era natural de Betsaida, não distante do local onde o Rio Jordão lança suas águas naquele mar, localidade habitada sobretudo por rudes marinheiros e pescadores. Tiago e João eram fill1os de Zebedeu, que exercia a profissão de pescador
naquele lago na companhia de seus dois filhos (Mt 4, 21-22). Vivia provavelmente com relativa abastança, já que tinha em seu serviço trabalhadores assalariados (Me 1, J 9-20), possuía pelo menos uma barca (Mt 4, 21 ). Ademais , sua esposa servia a Jesus com seus haveres (Mt 22,55). Dada a facilidade com que deixou que seus filhos seguissem a Jesus quando Ele os chamou, é lícito presumir que Zebedeu era dos judeus fiéis que aguardavam a vinda do Messias. A mãe de Tiago, Salomé, é mencionada em três cenas do relato evangélico. Ela era uma das Santas Mulheres que seguiam a Nosso Senhor e O socorriam com seus bens (Mt 27, 5556). Foi ela também uma das que O acompanharam até o alto da Cruz (Me 15, 40). E, depois da Ressurreição, uma das que, indo a seu sepulcro, teve a visão do Anjo anunciando a Ressurreição (Me 16, 6ss).
Um dos escoll1i<los entre os escolhidos Nas quatro listas de relação dos Apóstolos, Pedro e André, Tiago e João formam sempre o primeiro grupo citado, portanto com certa preeminência sobre os outros Apóstolos. Mas Pedro, Tiago e João são os escolhidos entre os escolhidos. Assim, só a eles foi dado presenciar o milagre da ressurreição da filha de Jairo (Me 5, 37; Lc 8,51), a Transfiguração (Me 9, l; Mt 17, 1; Lc 9, 28) e a agonia no Getsemani (Mt 26, 37; Me 14, 33). É de se supor que os filhos de Zebedeu fossem associados na pesca com Pedro e André (Mt 4,18-21 e Jo 1,44; 21 ,3- 7), poi s viviam unidos também por estreita amizade e pelo mesmo fervor na prática da Lei , sendo todos discípulos de João Batista. Estando um dia São João Evangelista e Santo André ouvindo a pregação de São João Batista, Jesus passou por perto. O Precursor então exclamou: "Eis o Cordeiro de Deus " (Jo 1, 35). Ouvindo estas palavras, os dois pescadores foram atrás de Nosso Senhor.
A impressão causada pelo colóquio íntimo que tiveram com o Senhor foi tão grande, que voltando para Betsaida, André correu jubiloso para anunciar a boa-nova a seu irmão Simão: "Encontramos o Messias! " (Jo 1, 41). E levou-o a Jesus. É muito provável que João Evangelista tenha feito o mesmo com seu irmão Tiago, pois logo o vemos como discípulo de Jesus. A partir daí, podemos supor que sempre que o Evangelho fala dos "discípulos de Jesus ", Tiago esteja entre eles.
Após o encontro com o Messias, o chamado Por ocasião da primeira pesca milagrosa, que narra São Lucas (Lc 5, 1-10), Simão e os que com ele estavam - entre eles os filhos de Zebedeu ficaram "assombrados" com a pesca que tinham feito. O Divino Mestre disse então a Simão Pedro: "'Não
temas; doravante serás pescador de homens '. E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e O seguiram " (Lc 5, 1-10). Embora tenham seguido Nosso Senhor antes, os quatro Apóstolos não tinham abandonado de vez seu ofício, como vimos. Ressaltemos que falando a São Pedro, Nosso Senhor diz no singular: "Serás pescador de homens". Mas o evangelista acrescenta, no plural, "deixaram tudo e O seguiram ". O que supõe que Santo André, que com ele estava, também seguiu Nosso Senhor. Logo em seguida Jesus "viu Tiago,
filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo. Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram " (Me 1, 14-20). Desta vez, os quatro Apóstolos abandonaram tudo definitivamente, seguindo o Mestre e não mais se separando dele (Me 1, 14-20; cf. Mt 4, 18-22; Lc 5, 1-10). A esse núcleo inicial foram acrescentados outros, até perfazer o número
de doze - como as Doze Tribos de Israel - completando assim o Colégio Apostólico.
'J1ago e João "Filhos do trovão" Aproximando-se o tempo em que Nosso Senhor deveria sofrer a Paixão, resolveu ir a Jerusalém . Como passaria por uma povoação de samaritanos, enviou alguns discípulos na frente para preparar-lhe uma pousada. Ora, os samaritanos opunham-se muitas vezes à passagem dos peregrinos que iam a Jerusalém , por entenderem que se devia honrar a Deus unicamente em sua cidade. Por isso, não os receberam. Foi tanta a indignação que sentiram Tiago e João com aquela descortesia e afronta feita ao Divino Mestre, que disseram a Jesus : "Senhor, queres que
mandemos que desça fogo do céu e os consuma?" (Lc 9, 52-56). Muitos supõem que é pela alusão a essa impetuosidade de caráter dos dois irmãos que Jesus deu-lhes o nome de Boanerges (filhos do trovão) (Cfr. Me 3, 17). "A origem galileia de São
Tiago explica de certo modo a energia da têmpera e veemência de caráter que lhe mereceu, e a São João, o nome de Boanerges. A raça galileia era religiosa, rígida, industriosa, brava, e a maior defensora da nação judia ". 1 "Julgareis as doze tl'ihos de Israel" Como homem prático, a exemplo dos outros Apóstolos, São Tiago queria saber qual seria a sua recompensa por ter abandonado tudo para seguir a Jesus . É verdade que esse "tudo" consistia num barco e numa rede, mas isso era tudo para ele. A recompensa seria demasiadamente grande: "Em verdade
vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Hom em estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos· para julgar as doze tribos de lsrael" (Mt 19, 28). Entretanto, essa promessa só para depois da morte não satisfazia plena-
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mente os Apóstolos. E 1es queriam sa be r q uai seria Já, na Terra. s ua recompensa. Assim fo1 que Salomé, mãe de Tiago e João, di sse um dia a Jes us: ·'Ordena que estes meus dms filhos se sentem no reu Remo. um à tua direita e outro à tua esquerda " (Mt 20. 2J ). Os dois irmãos reforçaram o pedido da mãe (Ur. Me i.0. 30). "Não sabeis o que pedis. retorqum Jesus. Podeis beber o caltce que vou bebe,-; ou ser barizados no batismo em que vou ser batizado? (Me 10, 38), perguntou o Redentor. refenndo-se à sua Paixão. Tiago e João responderam unediatamente: "Podemos '' Ao gue retorqum Jesus : '•Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que devo ser batizado. Mas, quanto ao assentardes à minha direita ou à minha esquerda, isro não dep ende de mim: o lugar compete àqueles a quem está destinado " (Me 10, 4U). Os dois irmãos realmente beberam o cáli ce e foram batizados no batismo de sangue, pois enquanto São Tiago foi o primeiro Apóstolo a ser marti rizado, São João foi colocado numa caldeira de óleo fervente , mas saiu ileso e rejuvenescido.
A abominação da desolação lugar santo
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Já às vésperas de sua Paixão, depoi s de ter profetizado que do Templo não sobraria pedra sobre pedra, o Di vino Redentor dirigm-se ao Monte das Oliveiras. E alguns Apóstolos, entre eles Tiago, perguntaram-Lhe quando isso iria acontecer (Me 13. 3-4j . Jesus então os alertou contra os fal sos profetas que viriam no fim do mundo , sobre as perseguições que deveriam sofrer, e sobre a ''abominação da desolação no lugar santo " O que sena essa abominação no lugar santo"? Nosso Senhor os alertou a respeito dizendo "o que lê, entenda " (Mt 24, l 5), não entrando em maiores detalhes .. . Chegado o mom ento de sua Pai xão, Nosso Senbo1 foi orar no Horto das Oliveiras. E, tornando consigo a
CAlULICI SM ü
agradar os judeus. Isso teria ocorrido nove ou dez anos depois da Ascensão do Senhor aos Céus. O que fez São Tiago nesse intervalo de tempo?
São Tiago na tradição espanhola
Pedro, Tiago e João, afastou-se um pouco para rezar. Começou então " a ter pavor e a angustiar-se " (Me l 4). Entretanto, os três Apóstolos dormiram, ao mvés de vigiar e orar; depois, quando chegaram Judas e os soldados dos fariseus , fugiram covardemente no momento em que Jesus mais precisava deles (Me 14, 50). '·Mas D eus não p ermitiu essa pusilanimidade naqueles que deveriam ser as luzes do mundo e as colunas de sua Igreja, senão para fazer aparecer com mais brilho o poder de sua graça e a/orça do sangue de seu Filho, uma vez que aqueles que fugiram por medo de uma tropa de soldados, em seguida resistiram aos magistrados, aos reis e aos imperadores, e sofi'eriam suplicias e a morte com uma constância invencivet ., 2 Depois da Ressurreição, São Tiago assistiu a todas as aparições do Salvador que estão narradas no Evangelho e à sua gloriosa Ascensão, bem como recebeu o Espírito Santo em Pentecostes. E desaparece do relato bíblico, só reaparecendo na Epístola de São Paulo aos Gálatas, quando este diz que, no chamado Concílio de Jerusalém, por volta do ano de 5 l , lá encontrou "Tiago, Cejàs e João, que são considerados as colunas " (Gl 2, 9-1 O). Vemos. finalmente, nos Atos (12, 2·,, que Herodes, chamado Agripa, mandou decapitar São Tiago para
Diz a tradição das Igrejas da Espanha que depois da morte de Santo Estêvão , São Tiago pregou algum tempo na Judéia, na Samaria, na Síria e nas províncias vizinhas, e que por permissão divina atravessou em seguida o Mediterrâneo, chegando à Espanha, onde pregou o nome de Jesus . Mas quis a Providência Divina que ele tivesse convertido poucos à verdadeira fé . Essa tradição foi de certo modo aceita pela Santa Igreja, que a inseriu nas Matinas da festa desse Apóstolo. 3 Acrescenta essa tradição que estando um dia São Tiago com alguns discípulos na região chamada Celtibéria, na cidade de Zaragoza, às margens do Rio Ebro, muito prostrado e abatido pela recusa dos espanhóis ao Evangelho, de repente ouviu coros angélicos cantarem alternadamente: "Ave Maria, gratia plena ". Ele e seus discípulos viram então Nossa Senhora - que ainda vivia na Terra - sobre um pilar de mármore, rodeada de anjos. A Virgem Maria pediu então ao Apóstolo que construísse naquele local um oratório, pois essa região lhe seria muito devota até o fim dos séculos. Surgiu então o grande Santuário de Nossa Senhora do Pi lar, palco de inúmeros milagres através dos séculos. São Tiago teria depois voltado para Jerusalém, onde participou do primeiro concílio da Igreja. Morto por ordem de Herodes Agripa, sua festividade é celebrada no dia 25 de julho. • E-mail para o autor: catolicismo terra.com. r
Notas: 1. A. Ca merlynck. James lhe Grea/er, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition. 2. Les Petits Bollandistes, Sainl Jacques /e Majeur, Vi es des Saints, Bloud et Barrai , Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo IX, p. 19. 3. Cfr. Les Petits Boll andi stes, p. 20.
DESTAQlJE
Aos Bispos da França Deinitam os membros do Conselho que criara1-n
lílf MARCELO D UFAUR Corresponden te em Pari s
A
conceituada associação fra ncesaAvenir de La Culture está promovendo um Apelo à Conferênci a dos Bispos da França (CBF) para que demita todos os membros do .onselho Família e Sociedade - órgão a ela subordinado - pela postura "escandalosa ., dos mesmos em face da lei de "casamento" homossexual do governo socialista de François Hollan de "É inaceitável - afirma o Apelo - que diante de uma lei ilegítima que contradiz a razão e nega a natureza, os membros desse organismo da CEF possam falar de uma suposta 'complexidade de julgamento ético em situação pluralista "É inaceitável que os membros desse organismo da CEF possam instar a se superar · as oposições manifestadas no decurso do debate apresentando em pé de igualdade os argumentos pró e contra a lei , designando-os como 'diferentes aspectos que parecem se opor · e como 'mal-entendidos entre diferentes pontos de vista · ''. Avenir de La Culture pede que sejam ele itos para o Conselho " membros q1.1e estejam em sintonia com os ensinamentos da Igreja e os sentimentos da imensa i11a1ona dos ü e1s'' E acrescenta: "A reforma de civilização que se pretende nos impor exige dos católicos a única atitude de resistência coerente com a sua fé : 'Não se cede nada. Jamais ! .,, Em seguida, o Apelo defende os jovens que tên1 sido v(tunas de v iolênci a por se manifestarem na França contra a citada lei E termina dizendo : "É por isso que nós resistiremos a esta injunção episcopal de praticar um diálogo de surdos com um governo que despreza a religião e a s11nples razão. !: .1 Resistência pacífica, mas resistê ncia. aquela que nos é permi tida pelo Direito da Igre,1a. o D 1re1to natma l e a lei civil. "É também por isso que nós vos pedimos ins· tantemente que os membros do Conselho Família e Sociedade seJam dem itidos pela Confe rência dos Bispos da França e substitu1dos por personalidades que não temam dar testemunho da verdadeira fé católica e de sua moral "Nesta expectativa, renovamos toda a nossa adesão à Igre.1 a e aos valores não negociáveis desta, bem como a nossa üdeJidade ao Magistério através de nossos legítimos Pastores É neste espírito filial que vos pedimos crer. Ex• celências. na si ncendade de nossos sentimentos respeitosos e devotados" • E-mail para o muor: cJllQJicimtQ.@1em1&om.br
IU I HO 2013
EPISÓDIOS HISTÓRICOS
A batalha de Navas de Tolosa IIll EosoN CARLOS DE O uv EI RA
E sta batalha foi
S
ob um sol escaldante, guerreiros dos mais diversos pontos do mundo se dirigiram para uma planície situada entre as montanhas da Andaluzia. Do lado muçulmano havia combatentes do Senegal, Fez, Marrocos, Etiópia, e Pérsia, e do lado cristão, conclamados para uma cruzada, franceses, ingleses, alemães e italianos uniram-se a seus irmãos espanhóis na imp011ante batalha que poderia assegurar a reconquista do território hispânico para a Cristandade, ou para a islamização de toda a Península Ibérica. Não há divergência entre os historiadores sobre o fato de que a batalha que estava para se travar naquela manhã de 16 de julho de 1212 iria alterar o curso da História.
sem dúvida um dos lances mais épicos e decisivos da gloriosa Reconquista espanhola, iniciada por Don Pelayo em Covadonga no ano de 722 e culminada pelos Reis Católicos com a expulsão dos mouros de Granada em 1492
Antecedentes
O rei de Castela, Afonso VIII
y
O rei de Castela, Afonso VIII, depois da derrota em Alarcos (1195), avaliou encontrar-se em risco uma das mais importantes de suas cidades, Toledo. O monarca enviou então a Roma o arcebispo de Toledo, Dom Rodrigo Jiménez de Rada, a fim de obter do Papa Inocêncio UII a convocação de uma cruzada em apoio a suas tropas, pois a queda de Toledo significaria a de toda a Península Ibérica. Castela era o maior e mais aguerrido reino cristão da Espanha. Sabiam-no os muçulmanos, que o consideravam seu alvo principal. Conseguido o apoio papal, começaram a chegar a Castela guerreiros vindos de várias partes da Europa, bem como os monges cavaleiros das Ordens Militares de Santiago, de Calatrava, da Ordem do Templo (templários) e de São João (também conhecidos como hospitalários). Em seu auxílio acorreram também Sancho VII, rei de Navarra, cognominado o Forte, Pedro II de Aragão, neto de Afonso VIII e conhecido como um justo cavaleiro, além de um exército enviado pelo rei de Portugal , o qual não podia ausentar-se de seu reino naquele momento. No dia 20 de maio de 1212, em Toledo, no quinquagésimo dia após o Domingo da Ressurreição, o soberano castelhano anunciou na catedral uma santa cruzada contra os sarracenos. Os adversários a enfrentar eram os belicosos guerreiros almóadas, que dominavam todo o sul da Espanha. Eles eram liderados pelo imperador Muhammad al-Nazir, que também convocara uma guerra santa contra os cruzados católicos e obtido ajuda de soldados vindos de diversas partes do mundo maometano. Ambos os lados colocavam o melhor de sua força bélica na cavalaria. Os cristãos contavam com cavalaria pesada, formada por homens experientes no manejo da lança e da espada, enquanto os muçulmanos confiavam na cavalaria rápida e leve de que dispunham, armada com arco e flecha.
Partida para a batalha Em 20 de junho, Afonso VIII deixou Toledo, seguindo em direção da Sierra Morena, localizada no atual município de Santa Helena. Ao peso da marcha longa e exaustiva somou-se um desentendimento entre as tropas estrangeiras e espanholas, incidente que levou muitos dos adventícios a desistirem e retornarem às suas terras . Isso ocorreu
CATOLICISMO
logo após a conquista da cidade de Calatrava, que se encontrava sob domínio muçulmano e estava situada bem no percurso para o local da batalha. Seus habitantes, vendo a inutilidade de qualquer resistência, solicitaram a capitulação. Esta lhes foi outorgada pelos reis cristãos, sob a condição de abandonarem a cidade, enquanto homens livres, que conservavam seus pe1tences e armas. Mas infelizmente muitos dos guerreiros estrangeiros consideravam aquela guerra uma oportunidade para obter bens mediante saques. E, por isto, quiseram atacar os refugiados. Não o permitiram os espanhóis, tendo Diego Lopez II de Raro escoltado com seus soldados os habitantes da cidade até que eles se encontrassem a salvo. Tal desentendimento motivou a deserção de muitos cruzados estrangeiros, que preferiram voltar para suas terras sob pretexto de não mais suportar o calor do território castelhano. O bispo de Narbona (França) com seus 150 cavaleiros e alguns guerreiros de infantaria, bem como o cavaleiro Tibaut de Blacon, foram os únicos estrangeiros que não acompanharam tão lamentável atitude. Logo após essa deserção, como que para recompensar o intento daqueles que permaneciam com ânimo, Deus fez chegar Dom Sancho VII de Navarra com seus aguerridos soldados, entre os quais se destacavam membros da mais fina nobreza do reino.
Campo de batalha favorecia os infiéis ... Tão logo soube da deserção nas hostes cristãs, Muhammad al-Nazir se p&s em marcha. Seu plano era conduzir os cristãos para longe de sua base de apoio e enfrentá-los a partir de uma posição forte. Ele esperava que a ausência de logística e a rápida escassez de suprimentos obrigariam os cristãos a recuar, permitindo que fossem perseguidos e derrotados pela ágil cavalaria muçulmana. Mandou fortificar, então, a passagem da Sierra Morena, pouco ao norte de Córdoba e do rio Guadalquivir, e lá esperou os adversários. No dia 11 de julho, chegando o rei de Navarra e Pedro II (neto de Afonso VIII) aos pés da Sierra Morena e analisando a situação, aconselharam o rei Afonso VIII a retroceder e buscar outro caminho para entrar em terras andaluzas. Não era possível combater em circunstância tão desfavorável. Os cristãos estavam na parte baixa e pedregosa da Sierra Morena, precisavam atravessá-la e eram flanqueados por altos penhascos, ocupados por tropas sarracenas que conheciam bem a geografia da região. Mas recuar significava diminuir o moral das tropas, exaustas de tanto marchar e dispostas a não demonstrar nenhum reconhecimento da superioridade do inimigo .
Diego López de Haro
.. . até que algo inesperado aconteceu Apareceu então um desconhecido pastor de ovelhas - que Dom Afonso em carta posterior ao Papa diz ter sido um enviado de Deus - que indicou ao exército cristão um caminho desguarnecido que conduzia a determinado ponto no alto da Si erra Morena a partir do qual a batalha poderia ser favorável aos cruzados. A indicação foi seguida . Primeiramente, um pequeno exército, liderado por Diego Lopez II de Raro, seguiu à noite o pastor, tendo encontrado um espaçoso local. Após o que, o restante das hostes cristãs se pôs em marcha tão logo recebeu a notícia. Quando chegaram àquele vasto local , apareceu o exército muçulmano, o qual para lá acorrera desordenadamente assim que percebeu a inesperada manobra dos cruzados, fixando-se
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na parte mais elevada do terreno . A este tipo de planície, que em geografia denomina-se simplesmente de "campo", na linguagem espanhola daquela época se designava "navas".
A decisiva batalha ele Navas de 1'olosa Não estava nos planos de Muhammad al-Nazir enfrentar os cristãos nas Navas de Tolosa, onde sua cavalaria ligeira não podia ser utilizada com toda a efetividade. As navas consistiam excelente campo para um confronto corpo a corpo que favorecia os católicos. Os dois exércitos se defrontaram. Era o dia 14 de julho de 1212. Embora numericamente muito superiores, as hostes muçulmanas permaneciam acampadas durante dois dias antes de qualquer batalha. Muhammad al-Nazir comandava a maior delas já vista até aquela data em território europeu. Para os historiadores mais conservadores, eram 150 mil sarracenos contra 80 mil cristãos. Para o Atlas de las Batallas, Combates y Sitias, quase 500 mil infiéis se defrontavam contra 180 mil católicos. Sob uma tenda real, no centro do exército muçulmano, Muhammad al-Nazir, segurava numa das mãos uma cimitarra e na outra o alcorão. A seu redor foi construída uma paliçada, protegida por sua guarda pessoal, que contava com cerca de I Omil fanáticos da Guarda Negra do Senegal dispostos a combater até a morte. Muhammad al-Nazir não era dos soberanos que batalhavam à frente de seus exércitos, dispostos em forma de uma meia lua. As forças católicas estavam divididas em três partes. Afonso VIII comandava o maior número, no centro, junto com o arcebispo de Toledo, sendo apoiado nos flancos pelos outros dois reis : à direita, por Sancho VII de Navarra e à esquerda por Pedro II de Aragão. Na frente dos exércitos estavam os monges guerreiros das Ordens de Cavalaria, dispostos a enfrentar o mais duro da batalha, o primeiro choque com o adversário. Sob um sol escaldante de verão, na manhã de 16 de julho de 1212, o arcebispo de Toledo administrou os sacramentos, celebrou a Missa e deu a absolvição geral para as tropas. Após isso, soou a ordem de combate. Dom Diego Lopez][ de Haro liderou o primeiro ataque no centro, com suas tropas, auxiliado pelas Ordens de Cava laria. As a las comandadas por Sancho VII e Pedro II empurraram os flancos muçulmanos para terrenos rochosos ou colinas arborizadas, onde estes perderiam toda a sua mobilidade. Mas no centro, sob a visão do imperador Muhammad al-Nazir, os infiéis fizeram retroceder o exército cristão com sua manobra de atacar, recuar, e tornar a atacar com a retaguarda, tática que foi a causa de sua vitória em Alarcos, prestes agora a se repetir. Os valentes cava leiros de Ca latrava nessa ocasião foram quase exterminados. Na bandeira conduzida pelo rei castelhano Afonso V lll estava impressa uma imagem da Bem-aventurada Virgem Maria, que sempre fora a defensora e protetora da arquidiocese to ledana e de toda a Espanha. Vendo o rei a situação difícil de seus exércitos, disse a Dom Rodrigo Jiménez: - Arcebispo, é aqui que devemos morrer!
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CATOLICISMO
Representac;ão da batalha de Navas de Tolosa, do pintor Horace Vernet (1817). Colec;ão do Museu Francês.
- Não, Senhor, é aqui que devemos viver e conquistar, respondeu o prelado de Toledo. Então o monarca e o arcebispo, cheios de ânimo, passaram à frente dos seus exércitos em retirada, e fizeram recuar os muçulmanos. De novo, exclamou o rei: - Morramos aqui Arcebispo. A morte nestas circunstâncias não é desonrosa. Mas o arcebispo contestou: - O que nos espera não é a morte, mas a coroa da vitória; contudo, seja como Deus quiser, todos estamos preparados para morrer convosco. Vendo o avanço do monarca castelhano, os outros dois reis partiram também para a ofensiva. Um ataque conjunto dos três soberanos com a cavalaria pesada se revelou implacável. Sancho VII, o Forte, demonstrou a razão desse seu apelido, quando atacou a paliçada e dirigiu-se até onde se encontrava Muhammad al-Nazir, cuja guarda pessoal derrotou, fazendo cair por terra a tenda real. "Shah mat", expressão persa para designar o nosso atual "xeque mate" do jogo de xadrez. A batalha terminou e o poderoso exército de Muhammad al-Nazir, constatando que seu líder fugia desesperado, perdeu o rumo e bateu em desordenada retirada. Este foi um dos lances decisivos contra a invasão sarracena em terras de Espanha, a qual ainda se prolongaria por mais 280 anos, até a tomada de Granada pelos Reis Católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela, em 1492, que terminou a heróica Reconquista espanhola. Aparlção de Santo Isldoro
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Dias depois dessa memorável batalha, após a tomada da cidade de Baeza por Afonso VIII, ocorreu o seguinte fato, narrado por Ximénez Patón em sua obra Historia de la antigua y continuada nobleza de la ciudad de Jaén : "Os mouros andaluzes acudiram em grandíssimo socorro, e tinham por fácil a vitória, porque eles eram muitos, e os cristãos poucos, o que preocupava muito o rei católico que pôs suas preocupações nas mãos de Deus. E assim lhe sucedeu que, estando uma noite com esta aflição, sentado em sua tenda e pensativo, apareceu um homem que lhe disse: 'Afonso, por que duvidas? Eu te afirmo que todas as coisas são possíveis a nosso Deus. Vê esta multidão de mouros que te ameaçam, ao amanhecer elas desaparecerão como fumaça e fugirão de ti. O Senhor mandou-me para proteger-te, e também aos que te sucederem se seguires com fé verdadeira, e coração perfeito a Deus'. O rei lhe perguntou quem ele era, ao que lhe respondeu: 'Eu sou Isidro, Doutor de todas as Espanhas e sucessor nelas na pregação do Apóstolo Santiago '". Antigas crônicas afirmam que o Rei Afonso VIII, ao ver o corpo do santo quando de sua trasladação para a Igreja de Santo André, disse diante de todos os presentes: - Este foi o pastor que me guiou até as Navas de Tolosa! Ou seja, o misterioso pastor de ovelhas que acima referimos era o grande Doutor da Igreja, Santo Isidoro de Sevilha, morto em 636. •
REY DE NAVARRA tl60 ·
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Sancho VII, o Forte
E-mail para o autor: catolícísmo@terra.com.br Fontes bibliográficas:
- Willian Weir, 50 Battles That Changed the World, pp, 186 a 189, - "EI País", La Bata/la de las Navas de Tolosa: E/ dia D de la Reconquista, Madrid, 16-7-12. - Modesto La Fuente, Historia General de Espafla, Tomo V, 1851 , pp, 208 a 249,
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VARIEDADES
A pobreza cristã
no ensinamento de um santo ng GREGÓRIO VIVANCO LOPES
m 1858, com apenas 23 anos de idade, o seminarista Giuseppe Melchiorre Sarto, futuro São Pio X, foi ordenado sacerdote e designado para a paróquia de Tômbolo, de l.500 almas, no distrito Trentino, na Itália. Enquanto exercia seu múnus sacerdotal nessa paróquia, veio nela a falecer uma rica senhora, grande benfeitora da Igreja - Isabel Viani - , cujo elogio fúnebre coube ao Pe. Sarto fazer. O conceito de pobreza evangélica enunciado pelo futuro santo nesse sermão é particularmente digno de nota como reflexo autêntico da doutrina da Igreja. Não podendo transcrever aqui a íntegra de seu belo panegírico, limitome à parte em que ele trata do conceito de pobreza cristã. Note-se que a falecida era uma senhora muito abastada. O sublinhado é meu.
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"E não estranheis, senhores, se eu vos afirmar que ela foi pobre [... ]. No meio de tantas espécies de pobreza que vemos sobre a Terra, não há senão uma digna dos carismas celestes, capaz de conquistar a estima e o amor das almas virtuosas e perfeitas. "Não pretendo aqui comentar aquela necessária e inevitável falta de bens a que são condenados todos os que nascem em famílias necessitadas nas quais faltam todos os meios de melhorar o seu estado. Essas, para serem dignas de louvor, devem com paciência transformar em virtude a inevitável necessidade. "Não falo também daqueles que aí vemos errar pelas estradas e que, debaixo de seus farrapos de pobres, escondem riquezas de desejos.
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CATOLICISMO
São Pio X recém-ordenado sacerdote e depois como Papa
"Falo sim, daqueles que seguem a lei do espírito e da verdade, gue não exige o sacrificio material e efetivo de seus bens. Falo sim, daqueles que, na abundância de todas as coisas, renunciam moralmente com o afeto e com a vontade a quanto de bem lhes pode oferecer a Terra. "Esta é a pobreza que tem origem nos exemplos e na doutrina de Jesus Cristo. Pobreza que, no Sermão da Montanha, obteve, entre as bem-aventuranças, o primeiro lugar e as primeiras honras(•).
Pobreza que, com o seu gracioso aspecto, soube cativar a grande alma de Isabel Viani, que durante toda a sua vida não teve um só ato de complacência, e direi melhor, um só olhar para sua grandeza terrena" (D. Frei Vitorino Facchinetti, O.F.M., Pio X, Editora Vozes, Petrópolis, 1945, p. 73). • (*) O Pe. Sarto se refere aq ui à bem-aventurança
expressa no Evangelho de São Mateus (5,3) : "Bem-aven turados os pobres de espírito , porque deles é o Reino dos Céus".
Médicos cubanos e escravidão 11! Cio ALENCASTRO
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ão logo o governo brasileiro acenou com a possibilidade de importar médicos cubanos para trabalhar no País, diversos setores da opinião nacional protestaram, aduzindo a má formação científica desses profissionais. Foram apontados os riscos para a população decorrentes de clínicos pouco conhecedores de suas atribuições. O próprio Conselho Federal de Medicina se opôs fortemente a receber esses médicos, sem que seus conhecimentos fossem previamente avaliados. Em representação entregue à Procuradoria Geral da República, o Conselho diz, ademais, que esses profissionais estão sujeitos a regras provenientes de Cuba "que ofendem a nossa soberania nacional, bem como os direitos fundamentais previstos na Carta Magna, que também são assegurados aos estrangeiros". Muitos se perguntaram então quais seriam essas "regras". Segundo artigo de JuanArias, correspondente no Brasil do jornal espanhol "El País" (21 -5-13), a contratação de médicos cubanos teria sido descartada pelo governo brasileiro. As pressões surtiram efeito! De qualquer modo, é interessante conhecer as tais "regras" a que os médicos cubanos ficaram sujeitos na Bolívia. O jornal carioca "O Globo", de 17 de maio último, traz esclarecedora reportagem a respeito. Vejamos, em síntese.
de pedir empréstimos aos nativos e de manter amizade com outros cubanos que tinham abandonado a missão. Eles também foram impedidos de sair de casa depois das 18 horas sem autorização de seu chefe imediato. Ao pedir permissão, os médicos deviam informar aonde iam, os motivos da saída, e se estavam acompanhados de cubanos ou bolivianos. Se quisessem sair da área onde residiam e trabalhavam, também precisariam de autorização. E se eles fossem sair de um dos departamentos bolivianos (o equivalente aos estados brasileiros), a autorização deveria ser concedida pelo chefe máximo da missão naquele departamento. Eram ainda proibidos de beber em lugares públicos, com algumas poucas exceções como festividades nacionais cubanas, aniversários e despedidas do país de outros médicos cubanos. Pelo regulamento, eles não poderiam sequer falar, sem prévia autorização, sobre seu estado de saúde com seus amigos e parentes que vivem em Cuba. O profissional deveria informar imediatamente às autoridades cubanas caso tivesse uma relação amorosa com alguma boliviana. Além disso, para que o namoro pudesse ir adiante, a parceira do médico deveria estar de acordo com o "pensamento revolucionário " das missões cubanas.
Segundo o regulamento, o não cumprimento dos deveres resu lta em infração, o que pode levar o médico a ser processado e punido pela Comissão Disciplinar. Entre as punições previstas consta uma advertência pública, a transferência para outro posto de trabalho no país e o [temível] regresso a Cuba.
* * * Era comum na Antiguidade pagã médicos serem escravos. O presidente do Conse lho Directivo do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, de Lisboa, José Pedro Sousa Dias, em sua obra História da Farmácia, da Farmacologia e da Terap êutica escreve que "em Roma, os médicos eram de origem grega até finais da Antiguidade; primeiro foram levados como escravos". (http :// www.ff. u 1. pt/~ j psdias/docs / Homens-e-medicamentos-partel.pdf). Com o advento do cristianismo, essa situação mudou radicalmente. No século XX, o comunismo trouxe de volta hábitos já exorcizados do paganismo. É o caso de Cuba! Esperemos que, de fato, o Brasil não aceite médicos nessa situação. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
Evo Morales assina uma foto de Fidel na acolhida de médicos cubanos, com os quais é árduo imaginar que ele, o ditador cubano ou Lula se tratariam ...
Mesmo longe de casa, os médicos cubanos não saem do controle do governo de Cuba. Foi o que aconteceu com os que foram trabalhar na Bolívia em 2006, no âmbito do acordo de cooperação firmado entre os dois países. Os médicos ficaram sujeitos a uma série de restrições impostas pelo governo dos irmãos Castro. Pelo Regulamento editado na época, os profissionais foram proibidos de falar com a imprensa sem prévia autorização,
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6 SanLa Maria GoretLi, Virgem e Mártir
1 Santo Olivério Plunkett, Bispo e Mártir + Londres, 1681. Irlandês, foi ordenado sacerdote em Roma. Tomou-se depois Bispo e Primaz da Irlanda. Foi martirizado em Londres.
2 São Bernardino Realino, Confessor
+ Lecce (Itália), 1619. Formado em Direito Civil e Canônico, advogado fiscal de Alessandria, no Piemonte, tudo abandonou para servir a Deus na Companhia de Jesus.
3 São Tomé, ApósLolo + Índia, séc. 1. Segundo a Tradição, pregou o Evangelho na Armênia, na Média, na Pérsia e na Índia, onde foi martirizado. Por seu apostolado e sua morte, confessou a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, da qual por momentos duvidara.
4 SanLa Isabel de Portugal, Viúva
+ Estremoz, 1336. Espanhola de origem, rainha de Portugal, distinguiu-se pela ilimitada caridade para com os necessitados. Obteve várias vezes a paz entre príncipes cristãos litigantes.
5 Santo Antonio Maria Zaccaria, Confessor
+ Milão, 1539. Fundador da congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo, "Barnabitas", dedicou-se à restauração religiosa da Itália antes do Concílio de Trento. Primeira Sexta-feira do mês.
Ordem, enviando-o depois para estabelecê-la em Paris.
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+ Ferriere di Conca (Itália),
São Bento, Abade
1902. Esta menina de 12 anos incompletos preferiu morrer cruelmente a perder sua pureza virginal, belo exemplo para as moças de hoje. Pio XII afirma que ela era "o fruto de lar cristão onde se reza, se educam cristãmente os filhos no santo amor de Deus, na obediência aos pais, no amor à verdade, na honestidade e na pureza". Primeiro Sábado do mês.
+ Montecassino (Itália), 547. Pa-
7 Beatos Rogério Dickenson e Ra ul Milner, MárLires
+ Winchester(Inglaterra), 1591. Agricultor analfabeto, Raul abjurou o protestantismo, sendo preso no dia de sua primeira comunhão. Liberado, passou a auxiliar os católicos perseguidos. Para isso, uniu-se ao Pe. Rogério, a quem ajudou no ministério que este realizava de modo oculto entre os católicos. Encarcerados, ambos se recusaram a abjurar a verdadeira fé, sendo por isso executados.
8 São Quiliano, Bispo e Mártir + Wurtzburg (Alemanha), 689. Irlandês de origem, partiu para evangelizar a Baviera. Quando seu apostolado ia ser coroado de sucesso com a conversão do duque de Wurtzburg, a cunhada deste mandou assassiná-lo na ausência do duque.
9 Sa nta Paulina do Cora ção de .Jesus Agonizante, Virgem
+ São Paulo, 1942. Oriunda da Itália, emigrou com a família para Santa Catarina aos 1Oanos de idade. Fundou a primeira congregação religiosa feminina brasileira, das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.
10 BeaLo Pacífico, Confessor + Bélgica, 1230. Trovador, converteu-se aos 50 anos ouvindo a pregação de São Francisco. Este o recebeu em sua
triarca dos monges do Ocidente, Patrono da Europa. Pela irradiação que fizeram do cristianismo, seus monges reconstruíram aquele continente arrasado pelos bárbaros. São Gregório Magno afirma que ele "estava cheio do espírito de todos os justos " e Bossuet o chama de "síntese perfeita do Cristianismo ".
12 Beatos .João Jones e João Wall , Mártires
+ Inglaterra, 1598 e 1679. De família católica galesa, João Jones entrou na Ordem Franciscana em Roma. Enviado para a missão inglesa, acabou sendo preso, decapitado e esquartejado por ódio à fé. João Wall, também franciscano, trabalhou na clandestinidade durante 22 anos no condado de Worcester, onde foi executado.
13 Santo Hemique li e Santa Cunegundes, imper'adores do Sacro Império
+ Alemanha, 1024 e 103 3. Santo Henrique era duque da Baviera quando recebeu do Papa a coroa do Sacro Império Romano Alemão pelo seu zelo na propagação da fé e sua vida profundamente religiosa. Após a morte do marido, Santa Cunegundes ingressou num mosteiro que ela mesma havia fundado .
14 São Camilo de Lellis, Confessor
+ Roma, 1614. Oriundo de nobre família, ele foi expulso do exército por mau caráter e vício de jogar. Perdeu a fortuna e teve de mendigar. Tocado pela graça, entregou-se ao serviço dos enfermos nos hospitais, especialmente dos pestíferos, fundando para isso a Ordem dos Ministros dos Enfermos. Morreu vítima de sua caridade, com a moléstia contagiosa que contraíra. Leão XIII declarou-o patrono dos hospitais e dos enfermos.
15 São Boaventura, Bispo e Doutor da Igreja
+ Lyon (França), 1274. Discípulo de São Francisco de Assis, distinguiu-se por sua sabedoria e piedade. Seus escritos, impregnados de unção sobrenatural, lhe valeram o título de Doutor Seráfico . Geral dos Franciscanos e cardeal, morreu em Lyon durante um concílio.
16 Nossa Senhora do Carmo
ele foi encarregado pelo Papa de delicadas missões, falecendo nesse exercício em Portugal. Deixou várias obras de controvérsia e exegese.
22 Santa Ma ria Madalena, Peni tente + séc. 1. "Porque muito amou, muito lhe foi perdoado ". Acompanhou o Divino Mestre até a Cruz e foi a primeira a ter notíeia de sua Ressurreição. Antiga tradição diz que morreu no sul da França.
17 Bea to Inácio de Azevedo e Companheiros, Mártires + 1570. A caminho de nossa Pátria, que vinham evangelizar, estes 40 Mártires do Brasil foram vítimas de piratas heréticos protestantes. Em um êxtase, Santa Teresa os viu entrando no Céu.
28 Santo Inocêncio 1, Papa
+ Roma, 417. Papa numa das mais turbulentas épocas da História da Igreja, quando a Itália era invadida pelos godos e pela heresia pelagiana. Condenou esta última, a pedido de Santo Agostinho.
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Santa Brígida da Suécia, Viúva
+ Roma, 1373. Da família real
Santa Marta , Virgem
da Suécia, casou-se com o príncipe da Nerícia, que entrou para a Ordem Cisterciense após o nascimento de oito filhos. Ela partiu com a filha - a futura Santa Catarina - para Roma, onde faleceu. Grande mística, Santa Brígida teve muitas revelações, pelo que é chamada
+ Séc. I. Irmã de Lázaro e Maria
rimo inimigo dos arianos, foi nomeado pároco de Bréscia.
a profetiza do Novo Testamento .
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São Pedro Crisólogo, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
São Charbel Makhlu[, Confessor Santa Luíza de Sabóia, Viúva
18 São Filastro , Confessor
+ Bréscia (Itália), 386. Acér-
Santo Arsênio, Confessor + Mênfis (Egito), 412. Romano, retirou-se para o deserto no Egito, a fim de fugir das ciladas do mundo.
20 Santo Elias, Profeta Séc. IX a.e. Um dos mais extraordinários personagens do Antigo Testamento, "consumia-
se de zelo pelo Senhor, Deus dos Exércitos ". Foi arrebatado
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converteram-se ao cristianismo, sendo imitados por Félix e Liliosa, também cristãos ocultos. Por isso, todos foram condenados à morte junto com um monge palestino, Jorge, a quem davam abrigo.
ao céu num carro de fogo, devendo voltar no fim dos tempos para lutar contra o Anticristo. É considerado o fundador do Carmelo. Na transfiguração de Nosso Senhor, ele estava presente juntamente com Moisés.
21 São Lourenço de Brindisi, Confessor e Doutor ela Igreja + Lisboa, 1619. Religioso capuchinho italiano, pregou durante 20 anos na Itália e na Alemanha, sendo um dos mais terríveis adversários do protestantismo em seu tempo. Hábil diplomata,
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+ Orbe (Suíça), 1503 . Descendente do Beato Amadeu IX de Sabóia, casou-se com Hugo de Châlons. Ao perder o marido 1O anos depois, entrou num convento franciscano.
25 São Tiago Maio1~ Apóstolo e Mártir (Vide p. 36)
26 Santos JoaQuim e Ana, Pais ela Sa ntíssima Virgem + Séc. 1. Descendentes de reis e pontífices, sua maior glória é a de terem sido pais da Virgem Maria e avós do Verbo de Deus Humanado.
Madalena, foi honrada várias vezes com a visita de Nosso Senhor. Representa a vida ativa, enquanto Maria representa a contemplativa. É considerada a padroeira das donas-de-casa.
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+ Córdoba, 852. Natália e o marido, de origem muçulmana,
Seró ce lebrada pelo Revmo . Padre David Francisquini, nas seguintes intenções:
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Pedindo a Nossa Senhora do Carmo (cuja festa celebra-se no dia 16) para frustrar as articulações dos adversórios da Igreja Católica que tramam a sua aniquilação e não permitir a aprovação de leis imorais e anticristãs no Brasil. Também em reparação pelos atos blasfemos cometidos em nossos dias .
+ Ravena, 450. Por sua eloquência foi chamado Crisólogo, isto é, palavra de ouro. Grande moralista, combateu as superstições vindas do paganismo. Suas 160 homilias densas de doutrina lhe valeram o título de Doutor da Igreja.
31 Santo Inácio de Loyola, Confessor + Roma, 1556. "Tudo para a maior glória de Deus", foi o lema deste santo que, segundo o Papa Gregório XV, "tinha a alma maior que o mundo ". Para combater a pseudo-reforma protestante e impulsionar a Contra-Reforma, fundou a Companhia de Jesus. Seus Exercícios Espirituais, escritos por inspiração de Nossa Senhora, levaram muitas almas à perfeição.
27 Santa Natália e Companheiros, Mártires
Intenções para a Santa Missa em julho
Nota:
Os Santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em agosto • Em honra à festivi dade celebrada pela Santa Igreja no dia 15 de agosto : a gloriosa Assunção de Nossa Senhora aos Céus em corpo e alma . Nesse dia, em que se comemo ra uma das mais antigas festas marianas, pediremos à Virgem Santíssima que abençoe maternalmente os lares e as famílias de todos os leitores e colaboradores de Catolicismo .
Pedra, areia e golfinhos valem mais do que uma criança! P or mais exagerada que pareça a afirmação, é o que sucederá caso seja aprovado o projeto de Código Pena] , atualmente no Senado. A denúncia é do Dr. Gilberto Callado de Oliveira, que aponta o fundo ideológico contido em tal projeto e conclan1a os brasileiros a reagir. •
DANIEL
F. S.
M ARTIN S
unição ao cidadão e liberdade ao ladrão - a verdadeira face do projeto de novo Código Penal. Esse foi o título do evento promovido pelo Instituto Plínio Corrêa de Oliveira no último 13 de junho, no auditório do Club Homs , na Avenida Paulista, o qual lançou importantes luzes sobre a questão do mencionado projeto. Em sua conferência, o Dr. Gilberto Callado, Procurador de Justiça do Estado de Santa Catarina, serviu-se de sua vasta experiência acadêmica e prática para destrinchar o verdadeiro sentido desse iníquo projeto que com propriedade chamou de "Código de Morte" . Para o palestrante, o Código Penal é a lei mais importante do País, depois da Constituição. Diz respeito aos bens mais preciosos em uma sociedade, como a moral, a vida, ajustiça, a liberdade de ir e vir, etc. Uma modificação desse código pode significar verdadeira reviravolta nos acontecimento e na própria moralidade pública. Ora, doutrinas eivadas de positivismo e relativismo infestam o ambiente jurídico atualmente. Uma dessas correntes é o garantismo p enal, para o qual a maior ameaça não é o criminoso, mas a ação punitiva do Estado. Ela pretende garantir o indivíduo (não o cidadão de bem , mas o criminoso), contra a repressão da autoridade. E sob essa base teórica foi redigido o novo Código Penal (NCP), em detrimento da paz social e da ordem pública. Segundo o conferencista, o NCP contém em si o "tumor maligno da não punição ". Os crimes de aborto, eutanásia e infanticídio são inteiramente relativizados. Foram criadas cinco novas hipóteses de aborto legal. Por exemplo, o "aborto sentimental" (caso a mulher não tiver condições psicológicas para ter o filho , poderá matá-lo). Ou ainda, o "aborto terapêu-
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CATOLICISMO
tico" (se a gravidez trouxer algum dano à saúde da mulher, esta poderá abortar). Com o NCP, o infanticídio na prática ficará sem punição. Para a eutanásia, o NCP concede o perdão judicial, sem necessidade do laudo médico. Quem decidirá a morte da vítima será ela própria, ou um parente ... Deixa de ser punido o uso de drogas e o seu armazenamento, desde que seja por cinco dias (sic). Novamente, para os redatores do NCP, o que importa não é acabar com o tráfico e o uso de drogas, mas proteger seus usuários e traficantes menores e garanti-los contra qualquer ação repressiva! Admoestar alguém por sua conduta sexual errática poderá acarretar de quatro a l Oanos de cadeia, pois para o NCP, isso pode configurar tortura psicológica. Crime cometido contra um homossexual, além da pena já estabelecida, receberá um acréscimo de um a dois terços. Assim, se um homossexual matar um militar por ódio à farda, será condenado de 12 a 30 anos de detenção. Se o contrário ocorrer - o militar matar um homossexual e o advogado alegar que foi por sua "opção sexual" - o réu poderá ficar de 16 a 40 anos na prisão. O que é isso senão a formação de uma nova casta de privi legiados? O atentado contra a família é claro no NCP. Nele, os filhos são "garantidos" contra o poder dos pais, da mesma forma como no mal sucedido projeto de "lei da palmada". Se o filho menor alegar violência física ou psicológica, poderá haver uma representação judicial contra o pai ou a mãe. Se, por exemplo, foi o pai que lhe deu uma palmada e a mãe não quiser representar contra o marido, será nomeado um curador para fazê-lo diante do juiz. A condenação do pai então poderá ser de quatro anos de prisão, por cumprir seu dever de educador, seguindo o conselho da Sagrada Escritura: "O pai que poupa a vara a seu filho, odeia seu filho". A garra do Estado garantista (ou socialista, se preferir) chega a ponto de proibir os pais comprar estalinhos e bombinhas de São João para os filhos, sob pena de ficarem seis anos atrás das grades! Até a relação entre irmãos fica afetada. Se um irmão mais velho
cometer "bullying" contra o mais novo, poderá O conferencista é o ser condenado de um a quatro anos de prisão ... segundo da esquerda A pedofilia será facilitada, pois a idade para para a direita consentimento de tal prática será reduzida para menor de mais de 12 anos! Legitima-se assim a prostituição infantil, e abrem-se as portas para todo o tipo de abusos, sob o abrigo da lei. O NCP não esquece de garantir a flora e a fauna. A mesma pena aplicada devida ao crime de homicídio será imposta a um caçador de animal silvestre. Se alguém for molesto ao sossego em um bairro, de forma grave, poderá ser condenado a seis meses de prisão. Se, porém, produzir ruídos perto do habitat de baleias ou golfinhos, sua prisão será de cinco anos. Se em briga uma das partes ficar com algum membro mutilado ou inutilizado pelas lesões, permanecerá menos tempo preso do que participantes de rinhas de galo em que os galináceos perderem alguma pata ou bico. Além disso, as pedras e a areia dos parques de preservação não poderão ser alteradas sem severa punição penal. O NCP não penaliza os crimes de terrorismo "movidos por propósitos sociais ou reivindicatórios". Assim, se um movimento sem-teto invadir uma casa, usar explosivos, armas de fogo e derramar sangue, não será penalizado, pois estaria lutando pela "melhoria das condições de moradia ". Resumindo, pode-se matar uma criança no ventre da mãe, mas não se pode mexer nas pedras e areia dos parques. Pode-se matar um idoso para se livrar dos encargos de sua saúde, mas os golfinhos não podem ser incomodados. Esse conjunto assustador, que garante o terrorista, o viciado e o assassino, e desprotege a família e o cidadão de bem, só pode ter um nome: "Código da Morte". Um código que afetará a crença na justiça penal, e facilitará na sociedade a eliminação de toda e qualquer noção de justiça. Se aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidente da República sem que haja uma reação da opinião pública, o que resta de civilização cristã no Brasil será extirpado! O conjunto do NCP é tão contrário à Lei de Deus e à Lei moral natural, que pode ser chamado de anti-lei, reflexo da anti-ordem que satanás e seu processo revolucionário querem impor no mundo como ato de revolta contra Deus. Nas pa- 8. lavras de encerramento, o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança ressaltou esse aspecto, e ê sugeriu que além de "Código da Morte", o projeto .Js.s~ de Código Penal fosse também denominado de "Código de satanás". •
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E-mai l para o autor: catolicismo@terra.com.br
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"A mais bela aventura do mundo é a nossa!" ■
al era o lema da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo, conhecida como Ordem dos Templários, a mais famosa ordem de cavalaria da época das Cruzadas. Também esse poderia ser o lema dos jovens que se reuniram de 30 de maio a 2 de junho último em mais um acampamento promovido pela Ação Jovem pela Terra de Santa Cruz, em Brasília. A Epopeia de Skanderbeg, A Vida de São Bento e Contrastes Revolução X Contra-Revolução foram temas de algumas das conferências. Também foi projetado um audiovisual sobre as Cruzadas e encenadas pequenas peças teatrais.
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CATOLICISMO
Luls
FELI PE
EscocARD
Como parte do sadio lazer, não podiam faltar diversos tipos de entretenimento, como os concorridos jogos medievais, além de passeios pelas cercanias. Não foi a convocação de uma cruzada armada, mas sim de ideais, tendo como base a devoção à Santíssima Virgem, reforçada pelo terço diário e a recitação do Oficio de Nossa Senhora. Iluminado com tochas e velas, um banquete medieval encerrou em grande estilo as atividades. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
o fe ri ado de Corpus Christi, a Ação Jovem pela Terra de Santa Cruz promoveu um acampamento
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em l ta peceri ca da Serra (SP). Os 32 participantes reuni ra m-se para momentos de estudo, lazer e oração, visando uma só lida e verdadeira fo rmação católica. A cada dia, os jovens assistiam duas reuniões sobre temas diversos: a Cristandade Medieval, as epopeias de São Luis IX, Rei
de França, ou as faça nhas de Don Pelayo, das Astúrias, na Reconquista espanhola. Esti veram na pauta as três grandes Revoluções: a Protestante, a Francesa e a Comunista, suas conju rações e aspectos macabros poucos divulgados das mesmas. Houve espaço para representações teatra is a respeito das classes soc ia is da Jdade Média (clero, nobreza e povo) e ass untos de piedade (Medalha de São Bento, devoções a Santíssima Virgem
e Corpus Christi).
Fizeram parte da progra mação di versos tipos de ati vidades, como os tradicionais jogos med ievais, um farto churrasco, a aventura "caça-ao-tesouro" e, no encerramento, um "jantar medieva l". Fora m di as de meditação, laze r e bom convív io, di sta nc iados das fr ustrações que o excesso da técni ca traz aos j ovens de nossos di as . • E-mail para o autor: catoli cis111o@terra.com.br
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VENEZA
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PUNI O C O RRÊA DE OLIVEIRA
Cuidado com os pacatos! bservando as recentes manifestações de rua que se alastraram de norte a sul do Brasil , nota-se um generalizado descontentamento da população em relação ao governo. Em alguns casos, o povo chegou a manifestar profunda indignação. Como um povo tão ordeiro, pacífico e pacato como o brasileiro pôde chegar a essa atitude tão feroz? Plínio Corrêa de Oliveira, em artigo com o título em epígrafe, publicado na "Folha de S . Paulo" (14-12-1982), apresentou uma explicação de fundo de tal questão e fez um prognóstico. Eis um e lucidativo trecho desse texto .
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* * * "Se a esquerda for açodada na efetivação das reivindicações ' popul ares ' e niveladoras com que subiu ao poder; se se mostrar abespinhada e ácida ao receber as críti cas da oposição; se fo r persecutóri a através do mesq uinho casuísmo legislati vo, da picuinha admini strati va o u da devastação polic ialesca dos adversá ri os, o Bras il sentir-se-á frustrado na sua apetênci a de um regime bon e11fàn1de uma vida di stendida e despreocupada. Num primeiro momento, distanc iar-se-á então da esquerda. Depois ficará ressentido. E, por fi m, furi oso. A esquerda terá perdido a partida da popul aridade. Em outros termos, se os esquerdi stas, o ra tão influe ntes no Estado (Poderes 1, 2 e 3), na Publi c id ade (Poder 4) e na estrutura da Igrej a ( Poder 5), não co mpree nde re m a presente av id ez de distensão do povo bras ileiro, de ixarão de atra ir e afu ndarão no iso lamento. Falarão para multidões sil enciosas no começo, e pouco depo is agastadas. A Hi stóri a dá inúme ros exempl os de regimes que não se mantiveram porque não so uberam entender co isas destas. O Brasil de hoj e quer abso lutamente pacatez. Se a esq ue rd a vitoriosa não soube r oferecê-la , evanesce r-se-á. Se o centro e a direita não souberem conduz ir sua luta num c lim a ele pacatez, terá chegado a vez de les de se evanescerem. Bem concebo que algum leitor exasperado me perg unte: M as, afi na l, quem
CATOLICISMO
ganha com essa pacatez? - Até aqui não tratei di sto. Mostre i que perderá quem não a souber ter. Quem ga nhará : a direita? o centro? a esquerda? - Quem conhecer as verdade iras fibras da alma brasileira e souber entrar em diálogo pacato co m essas fibras. Sej a Governo, seja opos ição, pouco importa. A influência será de quem sa iba fazer isto. Insisto. Se o Governo, a Publicidade e a estrutura ecles iástica não souberem manter-se no c lima de pacatez, e passa rem para a violência física , lega l ou public itária contra a oposição, os pacatos lhes dirão : mas, afina l, qual é a sinceridade, qual a cli gniclacle de vocês, que quando eram opos icionistas rec lamavam para si liberdade e respeito, e agora que são governo usam ela perseguição e da difamação para quem é hoj e oposição? E se os pacatos notarem ac rimôni a nos de centro e de dire ita, dir-lhes-ão: está bem provado que é imposs ível conviver com vocês, porque, nem ve nc ido , sabem ser de um trato distensivo. E cuidado com os pacatos que se indignam, senhores da esquerda, do centro e ela direita. A hora não é para carrancas, mas para as discussões arejadas, polidas, lógicas e inteligentes. Os pacatos toleram tudo, exceto que e lhes pert11rbe a pacatez. Pois então fac ilmente se fazem fe rozes ..." •
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UMARI ACOSTO ele 201 ~J
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CAUTA DO DIRETOR
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PÁGINA MARIANA
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Padroeira da Croácia
PAl,AVl{A DO SACERDOTE
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Protestos contra o "casamento" homossexual
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CAPA
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Vida de pensamento Alemanha: Juta pela causa dos nascituros
BrasH: Manifestações do Descontentamento
FAMÍl,IA
Santa Micaela do SantÍssimo Sacramento
PLC 3/2013-será sanCÍonado ou vetado?
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SantuárÍo da Virgem PadroeÍra da Croácia
ArgenUna: pão, arUgo de luxo?
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Nº 752
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CoNTRA-Rrwor.ucioNÁRIA
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Cosn1m:s, C1v11.11.Açõ1<:s
A Grande Chartreuse - Ísolamento, oração e penUênCÍa
Nossa Capa: Foto: Tomaz Si lva / A Br
AGOSTO 2013 -
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito FIiho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n• 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo• SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax(Oxx11)3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo· SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catollclsmo@terra.com.br Home Page: www.catollclsmo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual
pera o mês de Agosto de 2013: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
Sempre atento em acompanhar os acontecimentos da atualidade sob o prisma da doutrina católica - autêntica, em consonância com a Trad ição e a milenar História da Igreja - , Catolicismo não poderia deixar de expor a seus leitores uma análise objetiva e documentada das manifestações de protesto realizadas em todo País a partir de 11 de junho. Ele o faz em seu artigo de capa da presente edição, ressaltando de início a multiplicidade comp lexa do clamor surgido nas ruas, seu surpreendente desenvolvimento e sua rotação. Apesar dos aspectos confusos que marcaram esses acontecimentos, os mani festantes - jovens em sua maioria - não se sentiam representados por nenhum partido político, sindicato de classe ou qualquer tipo de ONG. Tudo começou com uma obscura entidade esquerdista - o Movimentos Passe Livre, oriundo do Fórum Social de Porto Alegre de 2005 com o apoio de partidos de esquerda como o PT, o PSOL, o PSTU - , a qual foca lizava inicialmente um objetivo determinado: a rejeição do aumento das passagens de ônibus, metrôs e trens suburbanos. Entretanto, pouco depois, a entidade promotora e seus apoiadores perderam inteiramente o controle das manifestações, cujos protestos se generalizaram. Bandeiras partidárias foram recusadas e queimadas, sendo então a bandeira nacional ostentada por um número crescente de manifestantes: símbolo revelador de anseios patrióticos mais profundos da população e da rejeição de partidos políticos existentes, especialmente dos agrupamentos de esquerda. Após descrever essa rotação verificada nos diversos tipos de protesto, a matéria de Catolicismo se reporta a uma tese defendida por Plinio Corrêa de Oliveira em seu best-seller de 1987 Projeto de Constituição Angustia o País. Por ocasião do debate sobre a atual Constitu ição brasileira, o insigne líder católico advertiu para o perigo de a futura Carta Magna estabelecer uma fratura entre o Brasi l real , fiel a suas tradições históricas, e o Brasil legal, isto é, o Estado brasileiro. Infelizmente, essa advertência profética não foi ouvida. E assim, 26 anos depois, os protestos de que nos ocupamos são de molde a escancarar a ruptura entre o País real e o País legal. E no início de 1990, em manifesto publicado em 50 jornais e revistas do Ocidente, o mesmo autor sintetizou numa palavra a causa do então esboroamento do império sov iético: Descontentamento (com D maiúsculo) . O paralelismo com a atual situação brasileira é flagrante. Descontentamento é, pois, a denominação apropriada para qualificar os protestos do Brasil profundo em relação ao Brasil legal. Que Nossa Senhora Aparecida - a quem seus súditos do Brasi l profundo veneram como Rainha e Padroeira - nos proteja especialmente na atual conjuntura, são os nossos ardentes votos.
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTOA.
Em Jesus e Maria,
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cato licisrno@terra.co rn .br
Uma visita ao Santuário de Marija Bistrica D esde o século XV, centenas de milhares de peregrinos vão todos os anos a este santuário implorar a proteção da Virgem Padroeira da Croácia 11 VALDIS GRINSTEINS
oi como se Nossa Senhora arranjasse tudo para que eu fosse até o Santuário de Marija Bistrica. Com efeito, tendo surgido uma dificuldade de último momento a um membro de TFP da Polônia que deveria entrevistar-se com uma personalidade na Croácia, ele não pôde ir. Pediu-me então que o substituísse. Como eu nunca havia estado ali e desejava conhecer o país, aceitei o convite, tendo recebido do amigo polonês a passagem e a reserva de hotel. Tão logo cheguei à localidade, comprei um mapa para saber onde se encontrava o Santuário Nacional de Marija Bistrica, cuja história eujá havia abordado em matéria publicada em Catolicismo (abril/1999). Ele ficava a poucos quilômetros do hotel e as estradas até ele eram extremamente pitorescas. %1 Como a personalidade objeto de minha visita dissera que só ·= õ poderia receber-me à tarde, aquela ida ao Santuário mariano ~ pareceu-me oportuna. ~
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Ordem e limpeza Marija Bistrica é uma cidadezinha com cerca de mil habitantes. O Santuário situa-se no topo de uma colina, dominando o ambiente. E le não só é imponente e colorido, mas ocupa o centro de tudo. A primeira impressão de limpeza agrada enormemente, pois esta é uma característica da alma ordenada. A sujeira, pelo contrário, reflete o pecado. A segunda impressão - típica de muitos santuários católicos - é que, mesmo sendo grande o número de peregrinos, quase não existe polícia no entorno. Pela simples razão de reinar a ordem, as pessoas se comportam retamente, com paciência e calma, bastando uma corda para que ninguém avance para a zona interditada. Bem ao contrário dos locais de concertos de rock pesado, onde não há barreira capaz de controlar a intemperança dos assistentes.
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A entrada do Santuário situa-se na principal praça do vilarejo. Nesta há um busto do heróico cardeal Aloisi Stepinac, hoje beatificado, vítima do regime comunista do ditador Josip Broz Tito - aliás, bastante celebrado pela mídia pseudoconservadora do Ocidente nos anos 70. Do cardeal, existem retratos por toda parte; do segundo, de si ni stra memória, ninguém quer se lembrar...
Galeria dos milagres Logo à esquerda da entrada encontra-se a denominada Galeria dos milagres. Trata-se de um corredor com belos arcos e colunas, ostentando na parede esquerda numerosas placas com agradecimentos de graças materiais e espirituais conce-
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Santuário de Marija Bistrica
d idas por Nossa Senhora. Na parte superior da galeria são lembrados vários dos milagres mais conhecidos operados por intercessão da Virgem de Bistrica. Há pinturas alusivas ao incêndio de 1880, quando o interior da igreja ficou totalmente queimado, exceto o altarmor, onde se encontra a imagem de Nossa Senhora. ...,_ Os soldados foram especialmente beneficiados por vários milagres, pois a liberdade do povo croata esteve bastante ameaçada. Ele teve de lutar incessantemente durante vários séculos contra os inimigos da fé católica, tanto os turcos muçulmanos quanto os greco-cismáticos, ou ainda os liberais anticatólicos do século X[X. Em face disso, compreende-se que a placa situada logo à entrada recorde a segunda vez em que a imagem foi encontrada de forma milagrosa. Com efeito, em meio às guerras contra os turcos, eram frequentes as cavalgadas inimigas chegarem de repente a um local, destruindo ou profanando tudo. Para preservar a imagem, em 1545 o pároco escondeu-a pela primeira vez. Por algum motivo, não chegou revelar a ninguém o local onde a deixara. Por isso, só em 1588, graças a uma luminosidade milagrosa, ela foi descoberta . Em 1650, foi preciso escondê-la por uma segunda vez, tendo sido novamente recuperada graças a um milagre ainda mais impressionante, conforme o relato publicado na edição de Catolicismo (abril/ 1999).
ano. Há sempre um sacerdote para quem deseja se confessar. O altar é ornamentado com bonitos arranjos de flores colocados por uma religiosa. E algumas freiras se esforçam por manter a ordem no ambiente de forma impecável. Vestidas com hábitos tradicionais de cor marrom , elas podem ser --·-·. " vistas rezando nas proximidades do altar. A imagem miraculosa é negra e tem mais ou menos um metro de altura. Análises recentes revelaram que o negro não é sua cor original. Ela é piedosa sem ser artística, não podendo,sob este ponto vista, ser comparada com as imagens sevilhanas ou francesas, por exemplo, que constituem verdadeiras obras de arte. O artista era alguma pessoa do local , cujo nome não se conservou. Mas Deus o conhece. E o premiou, pois ele teve o reto desejo de honrar Nossa Senhora empregando o melhor de seu talento para esculpi-la. E é justamente isso que a torna atraente. Ela representa a mãe por excelência - a Mãe de Deus e nossa. Embora a beleza de Nossa Senhora seja natural e sobrenaturalmente insondável, o que importa acima de tudo para um filho é que sua mãe tenha beleza espiritual. A imagem representa bem essa mãe - uma senhora virtuosíssima e solícita em relação a seus filhos. Já a coroa e as vestes da imagem são artísticas, o que ajuda a atrair os devotos, pois é natural que todo filho deseje para sua mãe o que há de melhor. Percebi em Marija Bistrica, como também em outros santuários marianos, uma nota típica: mescla de melancolia e de esperança. Basta, para isso, analisar as fisionomias dos que entram e dos que saem do santuário. Por vezes entram aflitos, com passos rápidos, mas saem distendidos, caminhando lentamente ... A boa Mãe apaziguou a alma de seus filhos provados com as cruzes deste Yale de Lágrimas ... • E-mail para o autor: catolicismo@terra com br
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O sa11Wál'io Encontro-me na entrada da igreja. Sua fachada é imponente, ornada com várias imagens. Acima de todas elas existe uma de Nossa Senhora como Rainha da Criação, ladeada pelos Apóstolos São Pedro e São Paulo; num nicho central está colocada uma imagem do Sagrado Coração de Jesus . Ao entrar na igreja, tem-se uma primeira surpresa. O templo é bem menor do que sua fachada faz supor. No entanto, milhares de peregrinos acorrem ao Santuário a cada
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DESTAQUE
Estranho luxo estadeia na Argentina M HEUO DIAS VIANA
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arece uma ironia, mas na Argentina o luxo está se disseminando como pão quente .. . Contudo, sob o governo populista e demagógico de Cristina Kirchner, tão afim ao miserabilismo progressista e ao comunismo, não é o luxo decorrente do bom gosto e da natural tendência do homem de progredir com vistas ao mais excelente que toma conta; é outra forma de luxo, aque le que nasce da carência de quase tudo, fazendo com que até os gêneros mais comezinhos vão se tornando ... artigos de luxo. Como em C uba, como na Venezuela, e como, se não abrirmos os olhos, poderá vir a ser proximamente no Brasil, se persistir a perseguição do governo e do ambiental ismo radical à propriedade privada e à li vre iniciativa. Com efeito, notícia de 11 de julho da BBC Múndo ass inada por Verônica Smink, relata que na Argentina o pão teve um au mento de 700% nos últimos sete anos, diminuindo entre os argentinos o hábito de ir às padarias. Em apenas seis meses de 20 13, a farinha subiu 50%! Representantes da classe rural disseram à BBC que a escassez de trigo - e, portanto, o consequente aumento disparatado do pão - decorrem das políticas intervencionistas do governo, que através da Lei de Abastecimento usou os estoques de trigo do país, suspendeu a exportação de sua farinha e foi o responsável pela minguada co lheita de 20 12, a menor desde 1899. Entre 1996 e 2005, a produção anua l de trigo na Argentina era de 15 milhões de toneladas. Mas passou a cair a partir de 2006, quando a limitação de sua exportação teve início no governo de Nestor Kirchner. Sem acesso ao mercado externo, que absorvia dois terços da produção, o preço do produto caiu no mercado interno, que consumia entre cinco e seis milhões de toneladas. De acordo com o economista Jorge Elustondo, da Universidade de Buenos Aires (UBA), em decorrência da política do governo, os agricultores tiveram de vender o trigo 40% mais barato no mercado interno. Ta l política levou-os então a plantar outros cereais, como a cevada, que não sofria as mesmas restrições de exportação que o trigo, cuja produção caiu em 20 12 para nove milhões de toneladas . Elustondo comenta
que o mesmo ocorreu com a carne, tendo o país perdido dez milhões de cabeças de gado no ano passado.
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A moral de tudo isso é que, ao vio lar a ordem natural estabelecida por Deus na criação, o socia li smo, o comunismo e os regimes populistas da América Latina que tendem para eles, violam o que há de mais viscera l na a lma humana, qual seja o seu desejo de conhecer a verdade, aperfeiçoar-se e progredir em conformidade com ela - e, por que não, em certas circunstâncias, " luxar" - ; e não de viver nas trevas, na ignorância e na estagnação. Tudo na contramão da quadra histórica em que vivemos, na qual as classes menos favorecidas são as que mais demonstram essa apetênc ia. Já não dizia o falecido Joãozinho Trinta que pobre gosta de luxo, e quem gosta de miséria é o intelectual? Não se espantem depois, tais governos, quando ondas de indignação, provenientes da natureza sistematicamente violada no interior das a lmas, das famí li as e das instituições, se insurgirem contra e les; como ta lvez também não esteja distante o dia em que, sequiosas de verdades eternas e fartas de prosaísmo e de contemporização com os piores erros do mundo moderno, essas mesmas almas reclamarão de seus pastores pelas pedras que deles receberam quando lhes pediam o pão da verdade, conforme já advertia o evangelista: "Qual de vocês, se seu filho p edir pão, lhe dará uma pedra? " (Mateus 7:9). • E-mail para o autor: catoli cismo @terra .com.br
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Sua Mãe, para fazer alguns pedidos pela minha saúde e pelas almas do purgatório, especialmente do meu marido que morreu. Gostaria de colocar esse quadro na capela de Nossa Senhora do Carmo, que foi construída pelo meu saudoso pai , nascido em 24/12/1903 e falecido em setembro de 1995. A capela foi construída no ano de 1928 e lá o quadro ficará à disposição de alguns devotos que quiserem rezar. (D.M.-SP)
Sagl'ada Família
Consagl'ação 1:8:1 Conhecendo o artigo sobre Nossa Senhora do Carmo e a origem do Escapulário, fiquei com vontade de me consagrar a Ela, como adepta do Escapulário. Agradeço a graça recebida. (R.C.O. -
SP)
Fé e devoção 1:8:1 As imagens de Nossa Senhora do Carmo são deslumbrantes e o escapulário nos dá uma segurança da salvação. A leiturl:l, fortificou minha fé e minha devoção a Ela. Agora quero conhecer mais da história de São Simão Stock. (J.A.A.P. -
BA)
Cornções endurecidos 1:8:1 Acredito piamente em todos os milagres e promessas de Nossa Senhora. Peço a Ela que me proteja e aumente minha fé pela paz no mundo e amoleça esses corações duros da humanidade. (C.A.M.S. - SP)
Capela do Cal'mo 1:8:1 Eu gostaria muito de conseguir este quadro de Nossa Senhora para meu contato com Jesus através de
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1:8:1 A pintura do matrimônio [no salão de casamentos da prefeitura de Bristol, no Reino Unido] é uma maravilha! [Vide Catolicismo Julho/2013] Agora que foi retirado do salão, o que vão colocar no lugar? Uma foto de uma união de dois homens ou de duas mulheres?! Isto é um absurdo! lsto, sim, seria ofender a humanidade e o bom senso. Eles alegam que a maravilhosa pintura ofenderia os homossexuais. Por quê? Então um casal que anda junto, de mãos dadas, por exemplo, ofende os homossexuais? Então uma família pai mãe e filhos - ofende os homossexuais? Se é assim, o problema não está no sacramento do matrimônio, nem na família, o problema está é na cabeça de quem pensa assim, de quem retirou a pintura daquele salão, o problema está na cabeça de quem aceita as práticas contra a natureza. Que venham tentar retirar o quadro da Sagrada Família de minha casa para verem o que vai acontecer! (H.T. -AL)
não contrariar os LGBTs. Viva a Croácia, que rejeitou a educação sexual nas escolas e o "casamento" homossexual. Gostei foi desta notícia! (E.D. -SP)
Dltadurn 1:8:1 A retirada do quadro dos noivos foi um ato ditatorial imposto pelos sodomitas. Fiquei indignada com a retirada do quadro! A conclusão que se pode tirar é que, na lógica eles, o que perpetua a humanidade é ofensivo. Querem é abolir os valores da família abençoada por Deus. Querem a aberração! (L.K.A. - SC)
Repugnante 1:8:1 Os homens que começam concordando com certos absurdos que temos visto nos noticiários diariamente acabam no que escreveu o articulista Leo Daniele sobre o nojo. Homens assim, perdendo o nojo de costumes depravados, perderão também o nojo de comer baratas. (S.V.G. -
Pel'gunta não ol'ende ... 1:8:1 O governo não percebe que importando "médicos" cubanos para o Brasil estará importando ideologia comunista? Ou será justamente por isso que o governo insiste, a qualquer custo, em importar tais " médicos"? Caso essa importação de fato aconteça, os membros do governo serão medicados pelos cubanos? Ou eles só vão atender os pobres, que, para o governo, não necessitam de bons médicos? (O.J. -MS)
Absurdos ainda plorns 1:8:1 Não podemos aceitar de jeito nenhum essas imposições do movimento LGBT, como a pressão para se retirar o quadro de Blair Leighton da prefeitura inglesa. Com isso tal movimento foi longe demais no fanatismo. É inaceitável. Se aceitarmos isso, logo mais estaremos aceitando absurdos ainda piores a pretexto de
RS)
Bússola esph'ltllal ~ Há quatro anos uma piedosa senhora da paróquia da qual faço parte, me doa todos os meses um exemplar da revista Catolicismo. Esta para mim é uma bússo la espiritual, um martelo para esmagar blasfêmias e heresias, pois sou católico praticante de origem tradicional e conservado-
ra, de tempos em que se defendia a moral e os bons costumes nos ambientes sagrados e sociais. Tempos em que as pessoas de ambos os sexos se vestiam com decência e muito pudor. Ainda hoje em minha casa existe uma boa quantidade de livros antigos, livros estes que edificam a fé de um cristão. Possuo uma série de livros da editora Petrus. Oxalá se todas as editoras publicassem livros como e la. Sou admirador profundo do Doutor Plinio Corrêa de Oliveira. Como gostaria de tê- lo conhecido e de ser seu discípulo! (A.S.L. -
PA)
Retorno à o,·dem [81 Simplesmente excepcional a entrevista com o Sr. John Horvat n. Faz tempo vinha esperando que o tema abordado por ele em se u livro fosse tratado em Catolicismo . Creio ser de muita relevância sabermos distinguir entre princípios de acordo com a santa doutrina católica, como o direito a propriedade privada, livre iniciativa e outros, lembrados pelo autor do livro Retorno à Ordem, e a deturpação de alguns desses princípios, que infe li zmente vem ocorrendo desde a Revolução Industrial. Aliás , tal revolução deveria ser desmascarada com mai s frequência, nesta revista.
(G.C. -
RJ)
Anti-modismos [81 Co mo tardio estudante de Dire ito (47 anos), andava triste com os " modismos" do legislativo e do judiciário. Fico contente em saber que há vozes como a do Dr. Gilberto Callado de Oliveira.
(G.R. -
RJ)
Vertigem e manil'estações [81 Para quem ainda usa colarinho,
uma das coisas que mai s causa malesta r é quando e le está apertado. É uma sensação de falta de ar que impede o cérebro de funcionar bem. Porém, tal mal-estar não é senão uma tênue analogia de outro muito maior,
que é o mal-estar causado pela sensação de um problema mal resolvido. Assim, lendo o noticiário das últimas semanas sobre as manifestações que tomaram conta de todo o território nacional, eu me perguntava o que teria levado tanta gente a, de repente, sair de seu sossego, tão ao gosto dos brasileiros, para se aventurar por ruas e até estradas, obedecendo muitas vezes à liderança de Black Blocks que não se sabe de que profundezas teriam surgido. Lembrei-me então de um princípio fundamental ensinado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para quem queira estudar opinião pública. A História com H maiúscula é regida majestosamente por Deus. E isto por intervenções d 'Ele nos acontecimentos através dos anjos e dos homens, ou por misteriosas permissões de que neles atuem os demônios. E tais incursões de cima ou de baixo se caracterizam sobretudo pela criação de estados de espírito, que em geral têm o nome de quem os produz. No que diz respeito aos demônios, sua atuação tem data certa para ser permitida por Deus. Assim, o Profeta Isa ias ( 19 14) fala do estado de espírito da vertigem nos seguintes termos: "O Senhor difundiu entre eles um espírito de vertigem, e eles vagueiam por todo o Egito sem desígnio certo, como um bêbado que cambaleia em seu vômito ". Lendo essas palavras, minha falta de ar começou a melhorar e até cessou completamente ... Não que todos os que andam pelo Egito - ou seja, pelo Brasil afora - o façam como quem vagueia sem desígnio certo, ou até como um bêbado que cambaleia em seu vômito. Certamente haverá aqueles bem intencionados que veem nisso uma solução para seus problemas, embora entre eles possa haver quem esteja possuído pelo espírito de vertigem. Terá chegado a hora do espírito ou do demônio da vertigem?
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FRASES
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SELECIONADAS
"Para os que creem, nenhuma exp(icaçoo é
necessária. Para os que não creem, nenhuma exp(icaçoo é suficiente" (SClVl-tO IVl-tÍC~O ele l.oi:jOLCl)
"São Tomé teve que
ver para crer, mas líá
aqueles que precisam crer para ver... " (AVI-ÔVl-~V\A.O)
"Fé é saber que fuí um oceano, quando se viu um riacho" "Com afé crê nas veráaáes que não entendes" (Provfrb~o)
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
(PRCR-RJ)
AGOSTO 2013 -
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, Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
Pergunta - Gostaria de um esclarecimento sobre o que era a Pia União das Filhas de Maria bem como os Congregados Marianos. Quais eram suas regras e insígnias, por que não existem mais?
Resposta -Antes do Concílio Vaticano II, as paróquias eram estruturadas de maneira bem diferente da que se vê hoje. Os católicos mais fervorosos se reuniam em associações religiosas segundo a sua idade ou devoções particulares. Assim, havia a Cruzada Eucarística Infantil, para as crianças até 15 anos, com reuniões separadas para meninos e meninas. Para os rapazes maiores de 15 anos havia as Congregações Marianas , e para as moças as pias uniões de Filhas de Maria. Para estas existiam também as congregações marianas femininas, mas no Brasil as pias uniões de Filhas de Maria eram mais comuns. Um pouco mais tarde surgiu a Legião de Maria. As senhoras casadas formavam Associações do Sagrado Coração de Jesus, Associações de São José ou outras, sendo comum uma pessoa pertencer ao mesmo tempo a mais de uma associação. Homens casados constituíam associações do Santíssimo Sacramento ou continuavam nas Congregações Marianas. As Conferências de São Vicente de Paulo congregavam homens casados ou solteiros que se dedicavam ao auxílio de famílias pobres. E assim havia vários tipos de organizações paroquiais, reunidas em geral em confederações de âmbito diocesano. Ademais, as Ordens religiosas costumavam criar "ordens terceiras", constituídas de pessoas não obrigadas ao celibato, mas ligadas à "ordem primeira" (dos sacerdotes) por um voto ou promessa de obediência. A "ordem segunda" era a das freiras. Todas essas associações tinham como finalidade a santificação de seus membros, bem como promover a aproximação dos católicos tíbios da prática dos sacramentos e consequentemente incitá-los à observância dos Mandamentos da Lei de Deus. Ademais, entendia-se que a vida social, cultural, econômica e política devia estar de acordo com os princípios do Evangelho. A atuação de seus membros não se restringia, pois, ao âmbito interno da Igreja, mas visava à constituição de uma ordem temporal cristã. Faziam, portanto, uma obra de apostolado - ou ação católica - no mais amplo sentido da palavra. No pontificado de Pio XI ( 1922-1939), criaram-se por todo o mundo organizações específicas denominadas de Ação Católica. Havia setores para homens e mulheres, bem como para jovens estudantes, universitários ou colegiais, e ainda para profissionais de diversas categorias, operários, etc. Não demorou muito a se estabelecer um conflito com as organizações paroquiais de tipo tradicional , seja porque as organizações Ação Católica reivindicavam a exclusividade do termo "ação católica" - negando-o, portanto, às de tipo
CATOLICISMO
tradicional, que viam assim o seu campo de atuação restringido ao âmbito paroquial - , mas sobretudo porque as recémcriadas vinham imbuídas de ideias novas que se chocavam com as práticas, metas e métodos até então praticados pelos católicos em geral. As ideias novas refletiam-se especialmente na posição preconizada em relação ao mundo moderno, já então muito paganizado, que deveria deixar de ser hostilizado pelos católicos. Pelo contrário, os católicos deveriam entrar em diálogo com o mundo laicizado, não criticando e até adotando muitos de seus costumes e critérios morais, a fim de "converter" as pessoas que os adotavam e atraí-las para a fgreja . No Brasil, essas ideias chegaram por volta de 1935 , ano em que foi oficialmente constituída em nosso país a Ação Católica. Tomados de um espírito novo, otimista, saltitante, seus membros começaram a frequentar os ambientes e festejos do mundo, abandonando as precauções recomendadas pela Moral tradicional da Igreja. Para " levar o Cristo" a esses ambientes, diziam . A meta última de tal procedimento era, ne m se mpre confessadamente, conciliar a Igreja com o mundo moderno. Na prática, isso não conduzia ninguém, ou quase ninguém , à
conversão à Fé católica; em muitos casos levavam fieis que adotavam essa tática ao abandono da Fé e da Moral católica ...
Em defesa da Ação Católica Considerando que tais concepções e práticas significavam uma deturpação do verdadeiro conceito de Ação Católica, Plinio Corrêa de Oliveira escreveu, em 1943, o livro Em Def esa da Ação Católica, para prevenir os católicos dos perigos a que elas conduziam. Na sua qualidade de presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo , cargo para o qual fora nomeado pelo arcebispo D. José Gaspar de Affonseca e Silva, o referido livro, prefaciado pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Bento Aloisi Masella, despertou muitos para os perigos que corriam. Mas os adeptos das novas doutrinas, muito afeiçoados a elas, mostraram publicamente seu desacordo, desatando-se acesa controvérsia. Vinte arcebispos e bispos manifestaram por escrito seu apoio ao autor; outros, porém, não ocultaram sua categórica oposição; um deles chegou a queimar o livro em público. Não caberia aqui descrever os diversos lances dessa polêmica. Basta consignar que o Papa então reinante, Pio XII, incumbiu o substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé,
Mons. João Baptista Montini, futuro Paulo VI, de enviar um caloroso elogio em carta ao autor, datada de 26 de fevereiro de 1949. Pio XII havia feito mais: publicara três documentos, a encíclica Mystici Corporis Christi ( 1943) seguida da Mediator Dei (1947), e da constituição apostólica Bis saeculari die (1948). No seu conjunto, esses três documentos enunciavam, refutavam e condenavam os erros censurados no livro. O último documento, especialmente, considerado a carta magna das congregações marianas, afirma: "Às Congregações Marianas, quer se lhes considerem as leis, quer se atenda à sua natureza, não se pode negar característica alguma das que distinguem a Ação Católica " (Parte II, 2,b ). Desse modo, os brasileiros ficaram cientes de quem tinha razão e puderam se prevenir contra os desvios doutrinários e morais denunciados por Plinio Corrêa de Oliveira.
Após o Concíllo, dissolvem-se as associações tradicionais Embora nenhum documento conciliar determinasse a dissolução das associações católicas tradicionais, procedeuse por toda parte a uma demolição meticulosa delas. Até as simpáticas e inofensivas Cruzadas Eucarísticas Infantis foram desarticuladas, começando por mudar-lhes o nome para Movimento Eucarístico Jovem em Marcha, pois - dizia-se - João XXIII abominava o termo cruzada, que lembrava as expedições guerreiras da Idade Média, organizadas com apoio dos Papas para liberar o Santo Sepulcro e demais lugares santos na Judeia, cujo acesso era impedido aos cristãos. Fato análogo se deu com as Congregações Marianas. Supostamente para ajustá-las ao " impulso renovador" do Concílio Vaticano II, seu nome foi mudado para Comunidade de Vida Cristã, e suas Regras Comuns - aprovadas pela Santa Sé em 1587 e atualizadas em 1910 - foram substituídas pelos Princípios e Normas Gerais, aprovados de modo definitivo pela Santa Sé em 31 de maio de 1971 , e depois de modificações sucessivas, aprovados por Decreto do Pontificio Conselho para os Leigos, em 3 de dezembro de 1990. Com tudo isso, as paróquias tomaram outra forma, de acordo com os novos conceitos em vigor após o Concílio; e as Congregações Marianas, como as demais associações católicas tradicionais, praticamente deixaram de existir, subsistindo esparsamente aqui e acolá. O seu desaparecimento certamente contribuiu para o esvaziamento das igrejas, do qual se lamentava um bispo auxiliar de São Paulo, dizendo: "Nós fizemos a opção preferencial pelos pobres, e os pobres fizeram a opção pelas igrejas evangélicas " .. . • E-mail para o autor: cato)jcjsmo@terra com br
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A REALIDADE CONCISAMENTE Letônia proíbe exibição de símbolos soviéticos Letônia proibiu a utilização de qualquer símbolo da era soviética em eventos públicos, inclusive os do Partido Comunista Letão e do nazismo, que cooperaram com os soviéticos para esmagar o país. Também ficaram proibidas as manifestações ou reivindicações contrárias à independência do país ou que ameacem sua integridade territorial. O tema é altamente sensível, pois Vladimir Putin não esconde seu desejo de "reconquistar" os países bálticos. A Rússia já promoveu numerosas provocações contra a pequena Letônia, tendo a recente lei sido motivada pelo temor de que agentes russos aproveitem as festas populares para incitar a população do país ao ódio, à violência e à apologia da ditadura soviética contra o governo letão. Ou então para forjar um atrito que servisse de pretexto para uma chantagem militar por parte do Kremlin. •
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Crianças seduzidas pelo Facebook caem em mãos de inescrupulosos ontando apenas 11 anos, N sumiu de casa e ninguém a encontrava. Bairro, amigas, escola, percurso, vizinhos foram vasculhados. Nada! A mãe se lembrou que ela passava horas no Facebook e a Polícia Informática Federal da Argentina identificou seu chat com um homem que a convidara para um encontro. A menina apareceu ferida no dia seguinte. Segundo o Conselho de Direitos de Crianças e Adolescentes, LO% dos desaparecimentos estão ligados ao uso do Facebook. "Fazem amizades com amigos virtuais que não sabem quem são. Mocinhas se encontrarem com homens que não tinham a idade delas, adultos ou membros de redes de pornogrqfia infantil " - explicou Li dia Grichener, presidente da organização Missíng Children. O Facebook e outras redes sociais escondem entradas a túneis de desgraças que podem destruir a vida da criança. •
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Fiasco do 11Salão do 1 casamento' homossexual 11 em Paris s balconistas consumiram o champanhe, o suco de frutas e as montanhas de salgadinhos compradas para o " Salão do 'casamento' homossexual" em Paris. Os cerca de 60 expositores só receberam 150 visitantes .. . Um vendedor de bijuterias do "Comptoir La Fayette" se queixava : "Já estou 40 anos neste oficio e jamais vi algo igual. Investi 30.000 euros e só vendi um par de alianças para um casal hétero !" Joana, organizadora de eventos Eden Day, acrescentava: "Foi uma catástrofe ! ". "Fiasco total ", exclamava o DJ Emmanuel Attiach, do 1dream 1event. Os empresários não conseguiam se livrar da miragem da popularidade do movimento homossexual. A organizadora do Salão, Sandra Bibas, culpou os "homofó bicos que teriam tentado p erturbar o salão". Mas ninguém os viu, nem mesmo os seguranças do prédio ... •
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Crianças crescem mais sadias fazendo as refeições em casa ma mesa barulhenta e grande repleta de comida, ocupada pelos filhos e pelos pais, faz bem ao coração e à digestão! A conclusão é do Centro de Ciências para a Saúde da Universidade de Edimburgo no Reino Unido. Segundo o Centro, as crianças que fazem as refeições com os pais têm menos deficiências alimentares, enquanto as que comem sozinhas padecem patologias derivadas de maus hábitos. "Perdeuse o costume de os jovens terem a comida aguardando em casa " - deplora o Dr. Sílvio Schraier, diretor de Nutrição na Universidade de Buenos Aires. "É bom que todos comam a mesma comida e que esta seja caseira " - garante Graciela González, chefe da Divisão Alimentação e Dietoterápica do Hospital Fernández, um dos maiores de Buenos Aires. Em seu livro Saber Comer, Michael Pollan, colunista de gastronomia do "The New York Times", recomenda não comer nada que não seja semelhante à comida de nossos avós. Os especialistas descobrem agora essa fonte de saúde enquanto muitas famílias choram no seu íntimo a tristeza que invadiu os lares que se pretendem "modernos". •
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Dia da União Europeia: deprimente manifesta~ão de fracasso iall Ferguson, professor nas Universidades de Harvard, Sta nfo rd e Oxford, considerado pela revista "Time" como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, julga que após 50 anos o balanço da União Europeia (UE) é decepcionante. Seu cresci mento é quase zero . Os mercados de valores da UE são os piores do mund o. E a União Monetária? É um " Deus nos acuda", segundo Ferguson, para quem os europeus fora m fo rçados a engolir uma un ião políti ca cada vez mais asfi xiante. A experiência também consiste num fracasso geopolítico retumbante. "Para quem vou telefo nar quando quiser falar com a Europa ?", teria perguntado o ex-secretário de Estado americano Henry K iss inger. A resposta chegou anos mais tarde: telefone à baronesa Ashton de Upholland . O único problema é que ninguém a conhece ! Apesa r disso, os eurocratas de Bruxe las parecem decididos a passar o ro lo compressor sobre os costumes e as raízes cristãs dos povos europe us. •
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Fé e religião laicas e eliminação da Igreja Católica atual polêmica na França sobre o "casamento" homossexual revelou o pensamento oculto dos inimigos da Igreja Católica . Em recente entrevista que dispensa comentário , Vincent Peillon, ministro socialista de Educação, explicitou o ódio satânico do laicismo de Estado: '~té agora foi feita uma revolução essencialmente política, mas não a revolução moral e espiritual. Deixamos à Igreja Católica o controle da moral e do espiritual. Agora é preciso substituir isso[... ]. Jamais poderemos construir um país de liberdade com a religião católica. É preciso inventar uma religião republicana que deve ir junto com a revolução material, religião que, de fato, é a laicidade. E é por causa disso, aliás, que no início do século XX se começou a falar de fé laica, de religião laica ".
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Países africanos rejeitam pressão de Obama urante sua recente viagem à África, o presidente americano Barack Obama censurou países que não aceitam o "casamento" homossexual. Mas recebeu uma resposta à altura . William Ruto, presidente do Quênia , por exemplo , falando numa missa na igreja católica de São Gabriel , em Maili Kumi , declarou que seu país defende a família segundo a Sagrada Escritura. '~os que acreditam em outras coisas, isto é problema deles. O Quênia é soberano e teme a Deus ", acrescentou . Por sua vez, o presidente do Senegal , Macky Sall , redarguiu que seu país "não é homofóbico", mas até "muito tolerante ", não aplicando, por exemplo, a pena de morte. Ao longo da viagem , Sasha , filha de Obama, portou uma sacola com o símbolo do arcoíris, em apoio à agenda repelida pelos anfitriões. Segundo uma pesquisa do instituto Gallup, a aprovação de Obama na África nunca esteve tão baixa , em parte devido à promoção de sua agenda homossexual.
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China perde o controle de sua economia Frankenstein mundo acredita que os líderes chineses são hábeis administradores. Mas as políticas do Banco da China sugerem que as fi nanças comuni stas se assemelham a um Frankestein fora de controle, segundo Will iam Pesek, da Bloomberg News. Novas e imensas cidades fa ntasmas, rodovias, aeroportos e hidrelétri cas inflaram o PlB chinês, obnubilando os investidores otimistas. Mas ninguém conhece a saúde dos bancos chineses, cujas variáveis cruciais da tabela de dados são um mistério. A economia chinesa viro u "um monstro como Frankenstein. Uma criatura poderosa e gigantesca nascida de experimentos não ortodoxos da qual seus criadores perdem cada vez mais o controle" - explica Pesek. E os criadores do monstrengo não parecem determinados a refreá-lo, por razões ideológicas que escarnecem das leis econômicas "capi tali stas". •
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A França desperta.
E o mundo também? A pós dois meses da gigantesca marcha de 26 de maio em Paris, que reuniu cerca de um milhão de pessoas em protesto contra a lei do "casamento" homossexual, o que resulLou dessa mobilização? Que balanço podemos fazer dela e do ciclo de protestos que se estende até hoje? li!!
ALEJANDRO EZCURRA NAóN
Correspondente
udo indica que está nascendo o movimento de opinião pública de tendência conservadora mais forte e profundo de nossa época. Demonstram-no as consecutivas "giga-manifestações" em Paris - quatro em menos de seis meses - , e a série ininterrupta de protestos menores que se reproduzem diariamente em todo o território francês. Nesse sentido, a Marcha do dia 26 de maio (M-26) teve várias características dignas de nota:
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O número de participantes não decaiu - A aprovação em abril da chamada "lei Taubira" (nome de sua promotora, a ministra de Justiça) não arrefeceu o ânimo dos manifestantes. Estes não se desmobilizaram: o público presente à M-26 foi similar ao da marcha precedente do mês de março, tendo se revelado ainda mais motivado e fervoroso. Predominam os jovens - Aproximadamente 60% dos manifestantes eram pessoas com menos de 35 anos, indicando um enorme potencial futuro.
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Eles são alheios a ideologias e posições partidárias -Um efeito singular desse movimento, segundo o sociólogo Guillaume Bernard, é que ele "politizou pessoas alheias ao 'militantismo '". Eles surgem de uma "França silenciosa " 1 que agora deixa de sê-lo: é "a França dos invisíveis que se tornou visível", comenta Patrick Buisson2 : eles começaram como oponentes de uma lei e terminam como ativistas de uma causa. Conscientes do que está em jogo - Esta mudança se deve, segundo Bernard, ao fato de os manifestantes se darem conta de que, ao recusar o "casamento homossexual", em concreto "eles opõem um modelo de sociedade a outro ";3 tomam consciência de que essa norma é uma caixa de Pandora da qual saltará toda espécie de novas derivações em matéria de casamento, paternidade e filiação . É o que explica o destacado líder familiar Henri Verrnot: a lei Taubira "levará inevitavelmente à procriação medicamente assistida e à gestação por outrem, à mercantilização dos corpos, a intermediários de todo tipo, à fabricação de bebês em série".4 Ou seja - completa o sociólogo Bertrand Vergely - , abre-se a marcha para "uma humanidade sem.filiação ", 5 o que
em definitivo significa a destruição da família e da sociedade.
Fervorosos e motivados: um "encontro com a História" - O mar humano de 26 de março - composto em sua maior parte de famílias - mostrava, a par de uma alegria calma e jovial, uma firme determinação. Após m~rcharem os manifestantes durante horas vários quilômetros sob o sol, seu entusiasmo se mantinha intacto: todos se sentiam parte de uma gesta; de uma luta não somente justa, mas vital para o porvir da nação e de suas próprias famílias. Tal sentimento era acompanhado pela discreta intuição de que desta vez os ventos do futuro sopram do lado oposto ao da Revolução. "Todos estão convencidos de ter 'um encontro com a História '" comenta Ségolene de Larquier no "Le Point" - no qual se joga "uma mudança de civilização ".6
Clareza de metas e estratégias - O propósito do movimento é bem preciso. Enunciou-o no final da
manifestação Ludovine de La Rochere, presidente da coalizão La Manif pour tous (LMPT - Manifestação para todos):
"Continuaremos a defender sem descanso o casamento homem-mulher, a filiação pai-mãe-filho, as famílias, células básicas de toda sociedade ". Também preveem combater a "ideologia de gênero " no ensino escolar. E o primeiro objetivo concreto é a derrogação da Lei Taubira.7
Inteligência, habilidade, eficiência de métodos - Essa militância se vale de todos os meios lícitos. Além da notável capacidade de convocação demonstrada pela coalizão LMPT, seus militantes de todas as idades e posições fazem alarde de uma infinidade de recursos psicológicos que causam impacto no público e deixam desconcertado o governo . Diariamente, por exemplo, continuam a realizar-se em distintas cidades da França as já habituais vigílias durante algumas horas em lugares centrais, onde se reza, canta-se e toca-se música, lêem-se obras literárias e recitam-se poesias à vista de todos,
sempre de modo calmo e pacífico, sem dar à polícia pretexto para intervir. E se a polícia ameaça prendê-los como sucedeu no início de junho com várias centenas de jovens que faziam vigília na Place Vendôme (Paris)- aparecem subitamente, vestidos a rigor, com toga e barrete, advogados para explicar aos agentes, artigo por artigo, as sanções a que eles se expõem se agirem contra a lei. E os policiais são obrigados a desistir de intervir... Inédito! Também prossegue em todo o país a formação de "comitês de recepção" (com vaias, slogans e assobios) ao presidente François Hollande e a seus ministros quando de suas aparições públicas. O que para as forças da ordem constitui um pesadelo, pois em cada deslocamento do mandatário acompanha-o um enorme contingente de corpos de segurança: "os bairros aonde ele vai são frequentemente bunkerizados "com uma "hiperproteção " de até cem veículos policiais! - comenta "Le Parisien", 8 às vezes simplesmente para evitar que um punhado de inofensivas mães de família dê a Hollande a habitual "bem-vinda" sonora em nome da Manif pour tous ... Paralelamente, outros grupos exercitam seu engenho e sua perspicácia com diversos tipos de demonstraçõesrelâmpago, a pé, de bicicleta ou em motos. Por exemplo, algumas dezenas de motociclistas circulam separadamente em alguma autopista periférica de Paris, e de repente se agrupam em fileiras que formam uma barreira em toda a largura da pista, reduzem a velocidade e obrigam os motoristas que vêm atrás a diminuir por sua vez a marcha. Quando a massa de automóveis que os segue se torna numerosa, os motociclistas exibem então suas bandeiras LMPT. O espetáculo perdura por alguns instantes, após o qual eles aceleram e somem, antes que apareça a polícia motorizada ... e depois reaparecem em outro setor. A respeito, assista o vídeo Mobi2 de la Manif Pour Tous sur le Périph ... Esses lances de surpresa, estilo psyops (operações psicológicas), deleitam o espírito francês, exuberante de agilidade e agudeza. E a criatividade parece não ter limites: desde o burri-
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ca. Esteve de início numa cela com cinco presos. Seu crime? Opor-se à lei socialista do "casamento" homossexual e recusar um controle abusivo da polícia política.
O poder socialista em xeque nho que circula por Paris com o cartaz "Sou um asno, votei por Hol/ande" até os "jogos de esconde-esconde" dos estudantes com a polícia em avenidas ou estações de Metrô de Paris, passando por sit-in em lugares estratégicos como o Pont-Neuf, tudo revela um movimento com capacidade inventiva, sagacidade e grande força de impacto.
Os blogs de protesto, senhores da Internet- Esta ação repercute intensamente na web francesa, que ficou repleta de blogs de protesto como La Man(f pour tous, Printempsfrançais, Le Rouge et Le Nair, etc. Ali milhões de pessoas participam, narram suas experiências, deixam seus comentários, convocam ações locais, etc. O site Le Salon beige, por exemplo, teve - somente no mês de abril - dois milhões de visitas!
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A reação do governo socialista acumula inabilidade sobre inabilidade e revela o desconcerto que vai se apoderando da esquerda, à medida que o fosso que a separa da França real se aprofunda inexoravelmente. A estratégia oficial em face da marcha de M-26 foi primeiramente de subestimá-la: a polícia "decretou" que houve 150 mil participantes, cifra ridícula pelo que tem de irreal. Também procurou desmerecer seu caráter ordenado e pacífico. Quase ao concluir o protesto, cenas súbitas de desordem e vandalismo, amplamente difundidas pela propaganda oficial para dar a ideia de um movimento descontrolado e violento, e assim desacreditá-lo diante da massa da população. Mas isso acabou tendo um ef eito boomerang contra o governo: porque entre os violentos foram identificados
vários policias em traje civil (eles nem sequer tomaram a precaução de ocultar seus braceletes, mini-telefones e cassetetes telescópicos!), além de terem sido também filmados policiais uniformizados jogando garrafas nos manifestantes a fim de provocá-los; outros filmes mostram centenas de manifestantes pacíficos ou simples transeuntes sendo presos sem motivo, enquanto policiais-agitadores, após cumprirem seu "trabalho", conversam distendidos com seus colegas de uniforme. Prisões arbitrárias, violência fisica ( o caso de uma senhora doente, que recebeu no ventre um pontapé de um po1icial, ou do estudante Nicolas BernardBusse, injustamente preso, tornaram-se emblemáticos), transeuntes colocados sob detenção vigiada durante 1O, 15, 20 horas sem explicação nem processo, vexações de todo tipo, inclusive sexuais; tal foi , até agora, a única resposta do
poder socialista aos protestos populares de 26 de maio e posteriores. Mas a repressão não faz senão acentuar a polarização ideológica, pois estimula os resistentes a dar um conteúdo mais sólido e profundo à sua postura jurídica, moral e religiosa. Ou seja, consolida a militância e faz com que a prepotência do poder socialista encontre resposta rápida e à altura. Por exemplo, um grupo de jovens advogados já criou um site de Internet dedicado a recolher denúncias contra os abusos da autoridade pública, como "registrar o conjunto das prisões arbitrárias, permitir às vítimas testemunha,; e denunciar os vexames das f orças da ordem e do Estado ". 9 E já passou à ação: perante o
Procurador da República e das instâncias judiciais chovem queixas contra esses abusos, pondo assim o governo na defensiva.
O salva-vidas inesperndo: o socialismo apoiado pelo progressismo Desgastado diante de um protesto que se fortalece sem cessar, o regime socialista encontrou um salva-vidas inesperado: o progressismo eclesiástico. Nestes sete meses de mobilizações, o papel dos católicos vem sendo de "fermento na massa", o qual a justo título lhes pertence. Como diz o Pe. Guillaume de Tanoüarn, o atual protesto "é francês, é cristão. Pela primeira vez desde 1905, o cristianismo reencontra uma expressão pública " no país.10
O bispo de Nanterre, Dom Gérard Ducourt
Os próprios socialistas reconhecem esta realidade: o deputado do PS-Paris, Jean-Marie Le Guen, admite a "inspiração católica e forte" do protesto. 11 Nada de mais compreensível, considerando que está em jogo uma gravíssima violação da Lei moral. Seria também lógico que o Episcopado francês se dispusesse em peso a conceder apoio, e mais ainda, encabeçar essa reação. Mas, lamentavelmente, salvo poucas e corajosas declarações categóricas condenatórias da lei, as vozes episcopais se mostraram "tímidas e divergentes " enquanto ainda se debatia o projeto, como assinalou oportunamente a aguerrida associação Avenir de la Culture. Ademais, a participação eclesiástica quase desvirtuou a finalidade do protesto: a principal porta-voz de La Manif pour tous , designada sem oposição dos bispos, era uma ex-atriz cômica que havia sido frequentadora de discotecas homossexuais ; mas ela foi repelida pelo público e acabou se retirando da M-26. Outro líder imposto sem qualquer objeção da Hierarquia era um homossexual declarado, embora contrário ao "casamento" homossexual... A Hierarquia não podia propor dirigentes mais apropriados? Alguns prelados - como o bispo de Nanterre, Dom Gérard Ducourt propuseram , como alternativa à lei , "melhorar " o chamado PACS ("Pacto Civil de Solidariedade") que desde 1999 confere status legal às uniões de pessoas do mesmo sexo. O Conselho Família e
Sociedade, da Conferência Episcopal, sugeriu admitir para os homossexuais "uma forma de união mais solene"
do que o PACS . 12 Ou seja, em lugar de apoiar as manifestações dos católicos franceses , esse órgão eclesiástico propunha .. . "solenizar" a união civil homossexual! Posteriormente o mesmo Conselho foi mais longe: sob o título Prossigamos o diálogo, publicou uma declaração em que lamenta uma suposta "homofobia " existente entre católicos, aos quais convida a dar prova de "maturidade democrática " aceitando que "seu próprio ponto de vista não seja admitido ".
Defender a Lei natural e a Lei divina seria um simples "ponto de vista" ... O mencionado Conselho acrescenta que o "laço de amizade" homossexual teria uma '1ecundidade social " similar à do "celibato consagrado " (sic ); que as amizades homossexuais seriam uma "riqueza", e que o fato de que nelas não se guarde a castidade "não desvaloriza esta exp eriência ". 13
Pel'SCl'utando o futuro: uma 110va Gesta Dei per Frnncos? Os milhões de resistentes franceses , no entanto, têm como divisa "Não cederemos nada,jamais,jamais,jamais". E não estão dispostos a transigir nos temas de família e vida humana, declarados "não negociáveis" por Bento XVI: casamento autêntico, educação dos filhos , defesa da vida desde a concepção até a morte natural. Uma petição respeitosa, mas firme, dirigida ao presidente da Conferência Episcopal, Dom Georges Pontier, noticiada na edição anterior, solicita-lhe demitir todos os membros do Conselho Família e Sociedade. Apoiada por milhares de assinaturas, a iniciativa de Avenir de la Culture pede que esses conselheiros sejam substituídos por personalidades de "verdadeira f é católica " e firme moral, "que não cedam à pressão de lobbies ideológicos". 14 O grande valor dessa corrente de protestos se radica precisamente no fato de que ela consegue abrir o caminho, enfrentando ao mesmo tempo a hostilidade do poder socialista e a incompreensão -
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para dizer pouco - de um ponderável setor eclesiástico. O motor dessa marcha que não claudica é uma determinação nascida da fé e uma certeza de triunfo que, com a graça de Deus, podem vir a ser o passo inicial de uma nova Gesta Dei per Francos . Essa certeza encontra notável respaldo em uma luminosa predição do grande Papa São Pio X, em 1911: "Dia virá, e esperamos que não esteja muito distante, em que a França, como Saulo no caminho de Damasco, será envolta por uma luz celestial, e ouvirá uma voz que lhe dirá novamente: 'Minha filha, por que me persegues?' E à resposta: 'Quem és tu, Senhor? ', a voz replicará: 'Sou Jesus, a Quem tu persegues. É-te duro regimbar contra o aguilhão, porque em tua obstinação te arruínas a ti mesma'. E ela, trêmula e atônita, dirá: 'Senhor, que queres que eu faça? ' E Ele: 'Levanta-te, lava as manchas que te desfiguraram, desperta em teu seio os sentimentos adormecidos e o pacto de nossa aliança, e vai, filha primogénita da Igreja, nação predestinada, vaso de eleição, vai levar, como no passado, meu Nome diante de todos os povos e de todos os reis da Terra' ". 15 Estaremos chegando a esse momento bendito? Existem nexos entre La Manifpour tous e movimentos similares de protesto como os que sacodem atualmente o Brasil? É prematuro responder, os fatos o dirão. Mas o certo é que vivemos dias apaixonantes nos quais, na França e em todas as partes, com o fundo de quadro dessa luminosa profecia, um considerável e crescente setor da opinião pública anestesiada pelos artificios da macro-publicidade começa a despertar, agredida pela realidade. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
5.
Notas:
6. 1. http ://www.lerougeetlenoir.org/les-inquisitoriales/guillaume-bemard-le-26-mai-et-apres 2. http :/ /www. lemonde .fr/politiq ue/ar ticle/2 013/06/08/patrick-buisson-sarkozy-s-imposera-aturellement-comme-1-unique-recours_3426588_823448.html 3. Idem nota[!). 4. Henri Vemot é um exemplar pai de família, viúvo com seis filhos . Recentemente lhe foi outorgada a "Medalha da Famflia Francesa" que ele recusou alegando que a mesma é con-
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ferida por um governo que "se prepara para destruir a família". Verhttp://lesalonbeige. blogs.com/my_weblog/2013/05/il-refuse-la-m%C3%A9daille-de-la-famille-en-raison-de-la-loi-taubira.html http://www.atlantico.fr/decryptage/mariage-homosexuel-pourquoi-sujet-est-loin-etre-clos-bertrand-vergely-730186.html http: //www. lepoint.fr/soc iete/man if-pour-to u s-m a i-6 8-de-d ro i te-o u-gen era ti on -jmj-23-05-2013-1671288_23.php http ://www. lamanifpourtous.fr/fr/toutes-les-actualites/561-discours-de-ludovine-de-la-rochere-presidente-de-lmpt h ttp ://www.leparisien.fr/ pol i tiq ue/1-hyperprotec ti on-d u-pre s iden t-normal-22-06-2013-2920063 .php http://www.chretiensdanslacite.com/article•quand-1-etat-devient-policier- l l 8296000. html
IO. http://ab2t.blogspot.com/20 13/05/incontournable-christianisme.html 11 . http ://www.20m inut es.fr / ledirect/ 1158217/201305 19-guen-ps- la-droite-train-etre-transformee-debat-mariage-gay 12. AVENIR DE LA CULTURE, Appel respectueux aux Évéques de Fran ce: N'ayez pas peur!, Paris, diciembre de 20 I2. Puede verse en:http ://www.aven irdelacu lture.fr/
node/39944 13) http://www.eglise.catholique.fr/conference-des-eveques-de-france/textes-et-declaration si poursuivons-le-dialogue--16606.html 14. http://petit.io/petition/aven ir-de-la-culture/ lo i-tau bira-1 es-cath oIiques-po ignardes-dans-le-dos 15. SÃO PIO X, Alocución consistorial Vi ringrazio dei 29 de noviembre de 1911, Acta Apostolicae Sedis, Typis Polyglottis Yaticanis, Roma, 1911 ,p.657.
INTERNACIONAL
VEILLEURS !ili MARCELO DUFAUR Correspondente em Paris
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polêmica originada pela lei de "casamento" homossexual aprovada na França está longe de estar concluída. Católicos franceses estão multiplicando vigílias diurnas e noturnas em locais públicos para protestar contra essa lei. Entre os locais escolhidos figura a sede da Conferência dos Bispos da França (CEF), em Paris, hoje presidida pelo arcebispo de Marselha, Mons. Pontier. Os católicos fazem a vigília segundo o estilo dos "veilleurs debout" (vigilantes de pé). Eles ficam de pé, porém separados. Desta maneira, a polícia não pode alegar pretextos para prendê-los ou praticar violências, como o fez em alguns locais. Os católicos pedem de um modo silencioso, mas muito expressivo, ao Episcopado francês que saia de seu danoso silêncio sobre a lei do "casamento" homossexual e sobre as arbitrariedades policiais contra os fiéis que defendem a família nas ruas da França. Em blogs e redes sociais, os comentários populares são claros. Por exem-
pio, no popularíssimo "Le Salon Beige" : "Nossos bispos dormem quando de veriam estar na frente de batalha!";/ "eu aguardo sempre uma resposta da CEF, que está imersa na letarg ia "; / "como é possível que os bispos da França sequer venham cumprimentar os católicos que fazem vigília ?"; / "é realmente o cúmulo ficar obrigado a acordar o clero para que ele não deixe de ser católico. Parece que para eles a destruição de
Sodoma só f oi uma lenda "; / "vemos bem o mal que causou ao povo.francês o silêncio dos bispos sobre a lei Veil" [lei abortista] ; / "deputados, senadores e bispos abaixaram os braços, só fica o po vo da França aguentando o combate, e a vitória será só dele"; / "os tíbios são piores que os inimig os.francamente declarados e a mensagem da CEF é mais bem inaudível ou muito pouco compreensível "; / "a CEF vive soltando
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declarações sobre assuntos que não são de sua competência. Ela, agora, só vai se mexer se sentir constrangida pelos fiéis , e o fará de má vontade"; / "eu não esperava nada dos políticos e da mídia, mas esperava um pouco mais de coragem dos clérigos. Que eles depois não venham lacrimejar nas folhinhas paroquiais. Se os bispos tivessem ido todos à testa da passeata, esta teria tido uma outra força";/ "precisamente quando eles proíbem 'fazer política', se conduzem como vulgares deputados prestes antes a garantir sua própria reeleição do que defender suas convicções"; / "todos devemos ir diante da CEF para fazer cessar o escândalo de seu silêncio"; / "eu agora percebi o que acontece com alguns de nossos bispos. Com a lei Taubira [lei do "casamento" igualitário ou homossexual] tudo o que estava escondido, larvado, dissimulado, aparece a plena luz do dia"; / "temos mais de 120 bispos e só uma dezena reagiu. Estes bispos não agem como Pastores, um bispo que estava saindo da CEF nos denominou de extremistas ". Na tradicional grande passeata militar do dia 14 de Julho, na avenida dos Champs Elysées, o presidente socialista François Hollande teve de
CATOLICISMO
ouvir amargurado vaias e assovios de reprovação provenientes do público que ostentava bandeirolas do movimento anti-"casamento" homossexual. Por sua vez, a Polícia Nacional fez sentir seu descontentamento porque se julga manipulada pelo governo socialista para impor uma agenda ideológica. Notadamente, dois editoriais co letivos
da revista "Tribune du Commissaire", do sindicato dos delegados dessa Polícia (SCPN), sublinharam "o crescente mal-estar" entre os delegados, forçados a reprimir as manifestações contra o "casamento" homossexual, segundo informou o grande diário de Paris "Le Figaro" (12-7-13) . "Nunca vimos algo parecido", disse um membro desse sindicato que representa 60% dos delegados do país, segundo "Le Figaro". Poucos dias antes, informou o jornal parisiense, o sindicato Alliance , pertencente às famosas CRS (Compagnies Républicaines de Sécurité), tropa de choque da polícia nacional , fez circular um folheto manifestando indignação e qualificando de "missão ridícula" a tarefa encomendada pelo governo contra os "veilleurs debout ". A polêmica está despeiiando o senso da família autêntica e as respostas do governo socialista estão assumindo o ar de gestos totalitários inclusive para aqueles que devem executá-los. Infelizmente não se pode dizer o mesmo da Conferência Episcopal Francesa que, após muitos anos de aproximação com o socialismo e o comunismo, continua imersa num enigmático mutismo. • E-mail para o a utor: catoli cismo@terra .com.br
DISCERNINI)()
Pensar, essa necessidade urgente 1111
Aceita-se que todas as religiões, mesmo as que praticam atos de culto satânicos, têm seu lugar no balaio do ecumenismo e da liberdade religiosa. Aceita-se que o casamento é umfait divers passageiro, que não implica em responsabilidades estáveis, nem mesmo para com a educação dos filhos. Nessa matéria estabelece-se o vale-tudo: divórcio, contracepção, aborto, homossexualidade, e o que mais se queira.
Cio ALENCASTRO
"A vida sem reflexão não merece ser vivida". Esta frase de Sócrates não só é famosa, mas muito verdadeira e atual. De fato, viver sem refletir sobre o mundo, sobre as coisas que nos cercam ou nos acontecem, sobre as pessoas com as quais convivemos, sobre quem somos e para onde vamos, é não viver. A vida do homem sobre a Terra é essencialmente racional. Se não utilizamos nossa capacidade de análise e discernimento para amar o bem e odiar o mal, admirar o belo e rejeitar o feio, aceitar a verdade e refutar o erro, então somos como "a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo" (Mt 6,30) ou como o burro que zurra e nada entende do que está fazendo. Daí o provérbio português: "Zurra o burro, deitem-lhe o cabresto ". Por que dizemos isto? Não é um mero exercício de filosofia. É a triste constatação de que vivemos num mundo onde as pessoas tendem a se deixar levar pela vida, como um galho seco arrastado sem resistência pelo turbilhão das águas. A consequência de tal impostação é que aceitamos sem oposição, e até sem qualquer juízo de valor, as coisas mais irracionais e mais destrutivas de nossa própria natureza. Aceita-se que agora é normal, e até "chique", pedir um gafanhoto assado no restaurante ou uma barata ao molho pardo. Aceita-se que o nudismo seria o modo normal de se apresentar, e vamos caminhando para ele a passos largos, nas modas das jovens, nos protestos de rua, sem restrições.
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Aceita-se que a compostura no apresentar-se e a urbanidade no trato devem ser substituídos por uma postura dita "mais natural", como a do chimpanzé na floresta ou do porco revolvendo-se na lama. Aceita-se que a diferença entre os sexos (homem e mulher) é opcional, fruto de uma determinada posição cultural, e que as pessoas podem escolher seu "gênero" conforme lhes aprouver. Tudo quanto existiu no mundo desde Adão e Eva aos nossos dias se restringe a um "fenômeno cultural" desviado! Aceita-se que os índios não devem mais ser beneficiados com as vantagens da civilização, mas sim retroagir aos costumes pagãos de seus antepassados - mesmo que entre eles figure o infanticídio-, enquanto nós mesmos vamos nos tribalizando cada vez mais. Aceita-se que manifestações teatrais, cinematográficas ou televisivas que transudam ódio a Deus e aos santos, não são blasfêmias, mas sim manifestações culturais que devem ser apreciadas enquanto tais.
Não se analisa o absurdo dessas posições. Nem se pensa a respeito delas. Aceita-se porque é a onda do momento. Mas por que aceitamos ser levados por esse mundo de hipocrisia, absurdo e pecado, sem refletir? Simplesmente porque é mais fácil deixar-se levar do que reagir e lutar. É mais fácil ser um maria-vai-com-as-outras do que ter princípios sólidos. É mais fác il entregar-se aos instintos desregrados do que praticar a moral e ter fé . Pautar a vida por princípios, lutar por eles, ser uma pessoa de fé, exige sacrifício. É bem o caso de lembrar aqui os belos versos do poeta brasileiro Francisco Otaviano de Almeida Rosa ( 1825-1889):
"Quem passou pela vida em branca nuvem, E em plácido repouso adormeceu; Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu; Foi espectro de homem, não foi homem, Só passou pela vida, não viveu". • E-ma il para o autor: catolicismo@terra.com.br
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Da Alemanha um exemplo de luta contra a legalização do aborto P ara se obter bons resuJtados no combate à práLica abortiva em nosso País, podemos também nos inspirar nos , meios utilizados em outras nações. E o que nos mostra esta entrevista com o diretor de ''Ação SOS VIDA'' Aktion SOS LEBEN (Ação SOS VIDA) foi lançada pela Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur - DVCK (Associação Alemã pró-Civilização Cristã - DVCK) pouco depois da reunificação das duas Alemanhas, num momento em que se tornou patente que a maioria dos políticos desejava substituir a já inaceitável lndikationslõsung1da República Federal da Alemanha (BRD) pela muito pior Fristenlõsung2 da República Democrática Alemã (DDR). Contudo, isso só poderia acontecer contra a vontade popular, pois na ocasião a população era majoritariamente contrária a uma liberalização do §218 do Código Penal. '§ A estratégia empregada por SOS LEBEN - desde 1990 ~ dirigida por Benno Hofschulte consistiu em alertar a opinião publica contra a iminente liberalização da lei. O /obbydo aborto e seus políticos contavam com que a reação da população seria fraca, uma vez que os opositores à prática do aborto têm difícil acesso à mídia. A fim de quebrar o muro de silêncio imposto por esta, a Aktion SOS LEBEN se dirigiu diretamente ao grande público com os métodos dos mass mailings (mala direta) , desenvolvendo uma campanha de enorme eficácia. Muitos políticos, não acostumados à reação do público, reagiram com extrema
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t
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s,: /Jcmw llol'sclwllc: "Houve uma grande decepção com a atitude dos pattidos assim chamados cristãos, que 11ão se engajaram a fw1do em prol da causa dos nascituros"
irritação. Mas não puderam evitar que o debate a propósito do §218 se tornasse extremamente acerbo e polêmico. A Benno Hofschulte e à Aktion SOS LEBEN coube o mérito de mobilizar a opinião publica, sem depositar grandes esperanças na CDU, o partido democrata cristão da Alemanha. Muitos achavam que os deputados desse partido iriam agir de modo coeso. Isso, porém , só aconteceria se eles sentissem pressão por parte das bases cristãs - tese defendida por SOS LEBEN. Muitos deputados da CDU não estavam dispostos a lutar pelo direito à vida dos nascituros e mostravam-se inclinados a um compromisso. Catolicismo conversou com Benno Hofschulte sobre os primórdios da luta de SOS LEBEN contra o aborto na Alemanha e seus posteriores desenvolvimentos.
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Catolicismo - Sr. Hofschulte, a Aktion SOS LEBEN teve seu início no final de 1990. Entretanto, a Associação Alemã pró-Civilização Cristã (DVCK) já existia desde a década anterior. Qual foi a razão que os levou a fundar essa entidade pela defesa dos nascituros?
Catolicismo - Que posição tomaram o exchanceler Helmut Kohl, o "Chanceler da Unidade", e Wolfgang Schãuble, o principal personagem nas negociações do Tratado de Reunificação, no que diz respeito à nova regulamentação do §218? Hofsc/111/te - SOS LEBEN tinha concl amado
Hoj~·c/111/te - A DVCK e.V foi fund ada em 1983 na cidade de Frankfurt. Numa época como a nossa, em que reina uma grande desorientação, a DVCK tinha como objetivo pôr em relevo os va lores e princípios da civilização cristã enquanto bastiões morais, indispensáveis sobretudo para a juventude de hoj e. Os anos seguintes fora m marcados por um desenvolvimento pos itivo dev ido ao grande número de contatos e ao estabelecimento em diversas cidades de círculos de amigos e simpatizantes da DVCK. O debate sobre a nova regulamentação do §2 18 do Código Penal na esteira da reunificação alemã, bem como a nossa participação num Congresso pró-Vida em Dresden, em setembro de 1990, levou os membros da DVCK à firme convicção de que era preciso faze r algo de concreto em defesa da vida dos nascituros. Ass im surgiu, no início de 1991 , a Aktion SOS LEBEN, que emprego u um método de contato direto com o numeroso públi co que sentia a necessidade de mani fes tar sua pos ição favo rável ao direito de nascer. O interesse pe la Ação fo i muito grande e pudemos ass im aumentar sistemati ca mente o número de novos membros. Naturalmente tudo isso teri a sido impossível sem a generosidade de doadores. Catolicismo - Depois da ratificação do Tratado de Reunificação, quais eram as perspectivas para uma nova redação do §218 do Código Penal? Hof.~c/111/te -Numa primeira fase das di scussões
era de temer que a lei de aborto da DDR, a chamada Fristenlosung (solução estabelecendo um prazo limite dentro do qual o aborto poderia ser efetuado), que continha uma livre permi ssão de abortar até a 12". semana de gravidez, fosse pura e simplesmente adotada pelo Tratado de Reunificação .
Representantes de Aktion SOS LEBEN participam da Marcha Pro-Life em Wa-
shington, em 2009
seus participantes a enviar um cartão postal ao Chanceler pedindo-lhe que fizesse valer a disciplina partidária por meio de votação nominal, a fim de que os Partidos Cristãos (CDU e CSU) votassem em bloco contra a Fristenl6sung, ou seja, contra o projeto comum dos sociali stas e liberais (SDP e FDP). A coesão dos partidos cri stãos era suficiente para obter a maioria absoluta de votos. Faltaram apenas 15 votos para se conseguir essa maioria. Lamentavelmente, Helmut Kohl e Wolfga ng Schãuble não corresponderam às esperanças do eleitorado conservador e cri stão. Nada fi zeram para angariar votos da opos ição a favor de sua proposta. Pelo contrário, os soc iali stas e libera is conseguiram afinal que 32 membros do CDU votassem a fa vor do projeto que introduzia a Fristenl6sung, atingindo assim fo lgadamente a maiori a absoluta no dia 27 de julho de 1992. Catolicismo - Como reagiu o /obby abortista? Houve atos de hostilidade em relação a SOSLEBEN? lh~f,·c/111/te - O lobby aborti sta esteve o tem-
"Importa va evitai' que a opiJlÍão publica tomasse a matança de 11ascitul'0S como 1101·mal. É preciso ap011tar que 110 ahol'to é executado um ser humano inocente"
po todo ati vo e exerceu fo rte pressão sobre os políti cos . In terveio decididamente a fa vor da Fristen/6sung a deputada do partido liberal Uta Würfe l, que envi ou uma ca rta-propaganda a 120 deputados evangélicos ou sem confissão religiosa do CDU e do CSU, pedindo- lhes que apoiassem o projeto dos sociali stas e dos liberais (SPD e FDP). Esse projeto deveria reformar o "direito ao aborto" - assi m estava fo rmulado - no sentido de uma Fristenl6sung. No que di z respeito a hostilidades, não houve por parte do lobby do aborto e dos abortistas reações consideráveis contra as ini ciativas de SOS LEBEN. Entretanto, é prec iso di zer que lamentave lmente houve ataques contra nós por parte de certos movimentos pró-vida e de algumas dioceses católicas. Catolicismo - O tema do aborto produziu debates acalorados? Conseguiu polarizar as opiniões ou houve tentativas dos políticos de criar uma paz de cemitério? Hoj.~c/111/te - Como se pode depreender do an-
teri ormente dito, o tema da nova regulamentação do §2 18 levou a fo rtes debates no Parl amento e
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era declarado, em certas condições, como "não contrário à lei", o que era inaceitável. Por isso o governo da Baviera e 249 deputados dos partidos cristãos (CDU-CSU) apresentaram uma queixa ao Tribunal Constitucional, pedindo-lhe que verificasse a constitucionalidade da nova lei. O Tribunal Constitucional aceitou a queixa e no dia 28 de maio de 1993 publicou uma regulamentação transitória até que o Parlamento apresentasse uma nova lei de aborto . Isso abriu caminho para a lei aprovada em 1995, atualmente em vigor, que, atendendo às indicações do Tribunal Constitucional, estabelece a obrigatoriedade do aconselhamento como condição prévia para o aborto dentro das 12 primeiras semanas de gravidez, ademais de introduzir a indicação médica (perigo para a vida da mulher) e criminológica (estrupo ). alhures. Houve na ocasião incontáveis manifestações pró e contra o aborto e a Fristenlosung. Infelizmente houve, por parte dos partidos cristãos, a tendência a considerar o tema encerrado depois da votação no Parlamento em 1992. Entre os políticos a palavra-de-ordem que corria era "disponibilidade para aceitar compromissos". Ora, essa era uma via de sentido único, que apenas serviu para obrigar os políticos conservadores e cristãos a cederem diante das exigências cada vez mais extremadas dos abortistas . Catolicismo - Como ficou o estado de espírito dos alemães contrários ao aborto após a derrota de 1992 no Parlamento? fl,d~chulte - Houve naturalmente uma grande decepção com a atitude dos partidos assim chamados cristãos, que não se engajaram a fundo em prol da causa dos nascituros como o fizeram os deputados socialistas e liberais a favor da introdução da lei do aborto. Al iás, não era de esperar dos políticos um engajamento efetivo a favor da preservação dos fundamentos de nossa sociedade cristã. Porém , o movimento pró-vida não perdeu a coragem de continuar lutando. Importava evitar que a opinião publica tomasse a matança de nascituros como normal. É preciso apontar sempre para o fato de que no aborto é executado um ser humano inocente. Catolicismo - Como se chegou à posterior sentença do Tribunal Constitucional? Hoj.\·c/111/te - A lei aprovada em 27 de julho de 1992 deveria estabelecer uma regulamentação única do aborto para toda a Alemanha, acabando assim com as diferenças legais existentes nas legislações da Alemanha Ocidental e da antiga Alemanha Oriental. Segundo a nova lei , o aborto 1
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O tema da nova regulamentação do §218 levou a fortes debates no Parlamento e alhures. Houve na ocasião incontáveis manifestações pró e contra o aborto e a Fristen-
lõsung.
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"SOS LEBEN interveio energicamente junto aos bispos, pedindolhes que proibissem os centros de aconselhamento católicos de emitirem 'licença para matar'"
Catolicismo - Quais são suas lembranças mais vivas desse movimentado quinquênio 1990-1995? Hojic/111/te - Naturalmente, depois de tantos anos, eu poderia contar muita coisa. Uma lembrança especialmente grata que vai permanecer por toda a vida é a de ter conhecido incontáveis pessoas com as quais pudemos lutar em prol dos nascituros. Embora tenha havido situações difíceis e por vezes acontecimentos amargos, foram coisas de pouca monta em comparação com as amizades e os contatos que pudemos estabelecer. Todos os de SOS LEBEN recebemos inúmeras demonstrações de solidariedade, apoio e gratidão. Se muitas pessoas não nos tivessem encorajado - especialmente os participantes de SOS LEBEN - nosso trabalho teria sido muito mais penoso. A luta por um ideal tem a capacidade de unir as pessoas. Catolicismo - Nos últimos anos houve muita controvérsia a respeito da comemoração do jubileu da associação Donum Vitae. 3 Qual foi a posição que SOS LEBEN tomou no debate a respeito dos certificados de aconselhamento? flojichulte - Desde o início SOS LEBEN foi estritamente contrária à emissão pela Donum Vitae de certificados de aconselhamento, de posse do qual uma mulher estava habilitada a praticar um aborto "ilegal", mas " não penalizável". O arcebispo de Fui da, Dom Johannes Dyba, chegou a falar de uma "licença para matar ", e o certificado de aconselhamento é precisamente isto, pois somente com a apresentação do mesmo é que o médico pode fazer um aborto. SOS LEBEN interveio energicamente junto aos bispos, pedindo-lhes que proibissem os centros de aconselhamento católicos de emitirem
tais certificados, pois a Igreja não poderia de modo a lgum participar na matança de crianças inocentes. Decorreram ci nco anos até que os bispos se conformassem com as repetidas cartas de João Paulo II condenando os certificados de aconselhamento. Catolicismo - Se o senhor compara a década de 1990 com os últimos 10 anos, que mudanças houve na temática do aborto? A posição das pessoas é hoje essencialmente a mesma do que naquela época? lltd,~c/111/te - Desde 1995 existe no campo político muito medo desse tema. Há alguns anos o Parlamento debateu a questão do aborto tardio e aprovou uma nova lei que no fundo não modifica nada no sentido de impedir tal aborto. É mais uma manobra para dificultar futuras discussões. Os movimentos contrários ao aborto continuam a levar adia nte sua luta, mesmo quando muitos políticos se comportam como se fossem surdos, mudos e cegos. É importante continuar o combate, porque devemos manter o tema sempre presente na opinião pública. Trata-se afinal de um direito humano fundamental que não pode ser esquecido pelo silêncio e por uma paz de cemitério. O que alenta grandes esperanças é o fato de incontáveis jovens estarem tomando o tema a sério, não se conformando com a atual situação. O tema do aborto é muito importante precisamente entre os jovens. Por outro lado, podem-se notar sinais de cansaço no lobby abortista e em grupos fem inistas, antigamente muito ativos. Catolicismo - Como o debate sobre o direito à vida se desenvolveu nos partidos políticos? Hoje é mais fácil tratar do tema do que antes? Ou ele terá perdido algo de seu conteúdo ideológico? llo.fsc/111/te - Como mencionei anteriormente, é preciso salientar que não ficou fáci l tratar do tema do aborto com os políticos, uma vez que a maioria deles não vê necessidade de debatê-lo ou discuti-lo.
"Movimentos contrários ao abo1·to co11tinuam a levar adiante sua Juta, mesmo qua11do muitos políticos se comportam como se tossem surdos, mudos e cegos"
prática. Nessas circunstâncias, é preciso continuar com as manifestações de protesto contra essa injustiça praticada contra seres inocentes. Ao dizer isso, gostaria de acrescentar que o trabalho de SOS LEBEN só foi possível graças ao apoio de seus incontáveis participantes e benfeitores, tanto idealista quanto financeiro, ~em o qual teria sido impossível levar adiante nosso engajamento em prol dos nascituros nestes últimos 20 anos. Quero aqui, mais uma vez, lhes agradecer cordialmente. Eles foram os responsáveis para que até o dia de hoje não houvesse uma paz de cemitério no tocante ao direito à vida. Porém, antes de tudo, preciso agradecer a Deus por nos sustentar nesta luta contra o poder da "cultura da morte". Possa Ele continuar a conceder sua graça e abençoar nossa iniciativa e a todos os que nos acompanham e acompanharão ao longo desta via rumo à plena restauração dos direitos dos nascituros. Catolicismo - Muito obrigado por suas palavras, Sr. Hofschulte. Desejamos que a Aktion SOS LEBEN continue a se expandir pela Alemanha. • Notas:
March For Life 2013, em Cracóvia
1. A República Federal da Alemanha só aceitava a Jndikationslosung, que permitia o aborto em casos restritos e por indicação médica. 2. A lei de aborto na Alemanha comunista autorizava a morte do nascituro até 12 semanas depois da concepção. 3. A Associação Donum Vitae (Dom da Vida) fo i fundada em 1999 por membros do Comitê Centra l dos Católicos Alemães logo depois que João Paulo li proibiu aos centros cató licos li gados ao Episcopado de emitirem o "certificado de aconselhamento", condição prévia para a efetivação de um aborto sem penalização. A Donum Vitae - associação de cató licos leigos - teve como objetivo preencher esta "lacuna", entregando às consulentes grávidas o "certificado de aconselhamento" - em franca oposição à moral católica e às instruções papais.
Catolicismo - Como o senhor vê o futuro? As pessoas acabarão por se conformar com o número altíssimo de abortos, ou será possível manter vivos os protestos? llo.f.'<.·c/111/te - Conformar-se, de modo algum. Sobretudo no que diz respeito ao direito à vida. Enquanto o aborto estiver vigente sob as atuais condições legais, ele não sofrerá reduções substanciais. A liás, o que contribui para que o aborto seja aceito pela sociedade é o fato de seus custos serem cobertos pelos serviços de saúde pública. Não existe praticamente qualquer obstáculo à sua
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A s manifestações de protesto ocorridas no Brasil a partir de 11 de junho - com passeatas, cânticos, slogans, cartazes, mas sem carros de som - encheram as ruas de numerosas cidades, sobretudo das capitais, prolongando-se ao longo do mês e adentrando julho. Elas saturaram as páginas dos jornais e os programas de televisão, fizeram transbordar a internet com seus sites, blogs, twUers, facebooks e o que mais se queira, e extravasaram, por fim, para o Exterior.
1ff! GREGÓRIO V1VANCO LOPES
número incomum de participantes nas recentes manifestações (na casa do milhão), sua persistência dias e semanas a fio, a predominância da classe média e a pluralidade das reivindicações deixaram atônitos analistas e comentaristas, políticos, dirigentes de todos os níveis e, por vezes, os próprios manifestantes. - O que está acontecendo? Pululavam as perguntas, rareavam as respostas. "Este movimento que aí está não dá para não perceber. Os interesses e as ideias de cada qual são díspares, desencontrados uns dos outros, como seria de esperar numa sociedade que não mais reflete sobre si, que destituiu a política da sua dignidade e converteu os partidos políticos em instrumentos sem vida, máquinas eleitorais especializadas na reprodução política dos seus quadros". 1 Leitores nos pedem uma pal av ra explicativa. Não nos furtamos a dá-la. E é nas considerações feitas por Plínio Corrêa de Oliveira a respeito dos acontecimentos que, segundo ele já previa, ocorreriam em nossa pátria, que encontramos base para uma resposta, algo à maneira de uma chave para interpretar o que se passa no Brasil de hoje. E tais considerações vão além. Se de um lado explicam o fundo de tudo aquilo que temos visto nas ruas e praças de nossas cidades nestes últimos meses, de outro lado ultrapassam as contingências de momento, para situar-se no patamar mais elevado que interpreta o que é autenticamente o modo de ser brasileiro. Por isso não titubeamos em qualificar tais considerações de verdadeiramente proféticas. Antes disso, porém, é preciso que desçamos ao campo dos fatos , pois sem uma avaliação cuidadosa da realidade, corre-se o risco de ficar em generalidades e não entendermos bem o que se passou (e se passa) neste nosso Brasil, tão pacato e ameno, mas tão complexo.
O
Estudo cuidadoso de uma erupção vulcâ11ica Não se trata de fazer um relato minucioso do dia-a-di a dos aco ntecimentos. Tal tarefa seria de desmesurada extensão, cansativa para o leitor e, no total, de pouco interesse.
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Importa conhecer, isto sim , os fatos marcantes , a linha geral seguida pelas manifestações, seus componentes principais, suas contradições reais ou aparentes, a repercussão que tiveram os acontecimentos. Acompanhamos cuidadosamente o desenrolar dos fatos e mantivemôs sobre eles um debate constante com colaboradores de Catolicismo e com amigos devotados do Instituto Plinio Corrêa ,le Oliveira. Além disso, recolhemos um caudal de repercussões, opiniões , análises , críticas, inclusive vindas do Exterior, para enriquecer e matizar nossa própria visão dos acontecimentos. Neste estudo citamos apenas alguns dos numerosos pronunciamentos que temos colecionado, mas em quantidade suficiente para o esclarecimento do leitor. Pois é mister conhecer um número significativo de opiniões diversas para poder dar-se conta do tamanho da perplexidade gerada pela erupção inesperada desse vulcão surgido das entranhas insuspeitadas da terra brasileira.
Uma organização anárquica, ecológica e autogestio11ária Iniciada s após um moderado au-
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mento das passagens de ônibus, metrôs e trens suburbanos - apenas R$ 0,20 em São Paulo, abaixo da inflação - , as primeiras manifestações foram convocadas para pedir o cancelamento desse aumento. Elas eram lideradas pelo Movimento Passe Livre (MPL), praticamente desconhecido da massa dos brasileiros, mas profundamente revolucionário, no pior sentido do termo. Gerado nas obscuras entranhas do Fórum Social de Porto Alegre em 2005, o MPL é um movimento anárquico 2 cujo objetivo é a implantação de uma sociedade autogestionária e ecológica que vá além do comunismo. Líderes do MPL pediram ao Greenpeace orientação sobre como organizar protestos e receberam uma aula de ativistas desse movimento ecológicorevolucionário.3 Da convocação feita pelo MPL participaram, além do conhecido Partido dos Trabalhadores (PT), outras legendas menores, como o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido Soçialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e o Partido da Causa Operária (PCO). 4 Portanto, aquilo que a esquerda consegue aglutinar de mais extremamente
comunista no Brasil. Punks , feministas e homossexuais também engrossaram as fileiras da manifestação. A meta era óbvia: começar com um movimento pela derrogação do aumento das passagens e estender depois as reivindicações para campos sempre mais extensos e mais à esquerda, na tentativa de abalar as estruturas sociais e econômicas do País, ou pelo menos lhes dar uma primeira chacoalhada; sempre com vistas a um comunismo anárquico, sua meta final. O método passaria por uma democracia direta, impulsionada por líderes revolucionários, sob o olhar complacente das autoridades. Se as manifestações alcançassem êxito, seria para o PT como sopa no mel , pois a pretexto de seguir a vontade popular, o governo Di lma Rousseff poderia impor ao Brasil uma agenda chavistabolivariana, tão cara a Lula da Silva, mas que vem encontrando oposições crescentes na opinião pública nacional.
A grande smpresa A ocasião parecia propícia: inflação em alta, poder aquisitivo das pessoas diminuindo, efervescência no campo em decorrência da agitação promovida
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entre os índios pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), invasões de prédios urbanos por membros dos movimentos sem-teto conduzidos em grande parte pela esquerda católica. O MPL acreditava ainda no apoio que lhe viria da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tradicionalmente na vanguarda - e por vezes na origem - dos movimentos da esquerda mais ardida. A montagem parecia, como dizem os castelhanos, inmejorable. A surpresa veio quando o movimento de protesto tomou características insuspeitadas. Primeiramente quanto ao número de participantes - acima de toda expectativa - e sua perseverança dias a fio ; depois, quanto à qualidade dos manifestantes - provenientes em grande número da classe média; por fim , quanto à pluralidade das reivindicações - muitas delas de caráter antes conservador que " progressista". "Nada houve de espontâneo na etapa inicial. Os movimentos pelo 'passe livre' são constituídos por autointitulados 'anarquistas', seitas esquerdistas e jovens indignados que se movem à margem dos aparelhos da esquerda oficial (PT, PCdoB, sindicatos, UNE)[ ... ] Mas
a escala faz a diferença: 'Brasil, vamos acordar, o professor vale mais que o Neymar ', cantou-se em São Paulo. Na segunda-feira, o ' passe livre' já era só um pretexto coletivo para manifestações que exigiam o reconhecimento de um 'direito ao protesto' e exprimiam uma frustração difusa e crescente. As quimeras das seitas esquerdistas tornaram-se inaudíveis nos protestos de multidões". 5 "O clamor das turbas ganha volume em todo o País, a denotar insatisfação com o establishment. Os tempos são outros". 6 "Essas manifestações traziam consigo outras motivações que não se revelaram no primeiro momento . Logo pôde-se ver que o aumento das tarifas foi apenas o detonador de um descontentamento maior que põe em questão o próprio sistema político que nos governa". 7
Uma vaia desvenda a realidade Para o prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, "as bandeiras conservadoras já vinham se expressando no Brasil, sobretudo nas eleições. E agora elas ganharam expressão fora do período eleitoral, o que é uma novidade". 8 Falando sobre as manifestações de rua no Brasil, o escritor e jornalista fran-
cês Gilles Lapouge afirma que "a ciência política não dispõe de instrumentos que expliquem choques da magnitude do atual. Nem Tocqueville nem Karl Marx nem Raymond Aron nos ofereceram as chaves desses movimentos. O Brasil 'não está jogando o jogo' previsto pelos teóricos da política". 9 Em 15 de junho, na abertura da Copa das Confederações no Estádio Nacional de Brasília, a presidente Di lma Rousseff foi solenemente vaiada pelo público por três vezes, ficando visivelmente constrangida. Para evitar novas vaias, a presidente não compareceu à final do campeonato, vencida pelo Brasil contra a Espanha. Entretanto, na "Marcha para Jesus", dos evangélicos, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ao anunciar que estava ali em nome da presidente Dilma, foi fortemente vaiado. Igualmente em 1Ode julho, em Brasília, na Marcha dos Prefeitos, evento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Dilma foi vaiada pela plateia de prefeitos, não obstante acabasse de lhes destinar polpudas verbas. Ademais, os institutos de pesquisa começaram a mostrar que o prestígio da presidente caía vertiginosamente: 27
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pontos (de 57% para 30%) em três semanas. Antes das manifestações ele já havia caído oito pontos. Portanto, despencou 35 ponto (mais da metade dos 65 que tinha de aprovação) em tempo recorde . Alguns se perguntaram se o prestígio tinha caído mesmo, ou se foi apenas uma adaptação à realidade, em face de uma popularidade antes inflacionada. "A perda de mais da metade da popularidade deixa o PT em pânico, desequilibra as peças no PMDB e mexe com os cálcu los de toda ordem na complexa base aliada". 1º
•~ vaia sai às ruas" e até a Copa é visada O MPL sentiu que as rédeas lhe escapavam das mãos. Seus aliados da esquerda, quando apareciam com suas bandeiras e insígnias partidárias, eram rechaçados, seus slogans a favor da reforma agrária e da reforma urbana não encontravam eco nos manifestantes. Em seu lugar, faziam-se ouvir brados como "abaixo o PT", " abaixo Dilma", " fora Renan Calheiros", "abaixo os políticos". O combate à corrupçã.o, a defesa dos professores mal remunerados, os recursos exagerados para a Copa ganharam papel saliente nos brados e cartazes da multidão, efeito não prev isto nem
desejado pelos organizadores. A falta de punição aos réus do mensalão também causava mal-estar. acentuado depois que o ministro Dias Toffo li declarou que a conc lusão do processo poderia levar ainda dois anos. 11 Houve até grupos que pediam a volta do regime militar. Bandeiras do PT e do PCR (Parti do Comunista Revolucionário) foram pisoteadas ou queimadas . Em sentido contrário, a bandeira nacional passou a ser empunhada por um número crescente de manifestantes: sintoma em desuso em manifestações anteriores e revelador de anseios patrióticos mais profundos da população. cansada em depararse com bandeiras de partidos políticos vazios e desgastados. "Estamos atordoados . O Brasi l não é um país de sair à rua, sa lvo em Mund iais . Que saia agora, em massa, ainda por cima
para protestar também contra as obras da Copa, é de atordoar qualquer um. O que já está evidente é que a vaia ouvida no sábado no estádio Mané Garrincha saiu às ruas". 12 Segundo o Prof. Wolfgang Leo Maar, titular de Ética e Filosofia política da Universidade Federal de São Carlos (SP), "a novidade não é a mobilização popular. A novidade é a visão conservadora despertada para a mobilização popular". 13
MPL como barata tonta Afina l, o que está havendo? - indagava o MPL. Mas não só ele; representantes da mídia, políticos, CNBB e a população em gera l faziam aná loga pergunta . Uma das organizadoras do Passe Livre, Nina Cappello, deplorou que os dirigentes haviam perdido o contro le da manifestação. 14 A tal ponto, que num primeiro momento o MPL desistiu de continua r os protestos: "Após um a mudança no perfil dos manifestantes na
publicou nota de que n ão concordava com a postura de a lgu ns manifestantes e reafirmou sua origem de esq uerda. Um dos líderes chegou a dizer no Instituto de Estudos Avançados da USP, que o movimento foi raqueado pela direita, que ele próprio havia parado de ir para a rua e que agora era preciso 'control ar o monstro que pôs na rua"'. 15 Outros integrantes do MPL acrescentaram que o motivo de suspender as manifestações "é a participação de ativistas de causas não apoiadas pelo grupo, como criminalização do aborto e redução da maioridade penal", De acordo com Rafael Siq ueira, Valt er amprinato / ABr
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também do MPL, o grupo "considera que surgiram pessoas com objetivos conservadores, incompatíveis com o pensamento do Passe Livre". 16
Contra uma "ditadura difüsa" Como as manifestações prosseguiram sem o MPL, os dirigentes deste voltaram atrás, dizendo que não estavam suspendendo os protestos, os quais continuaram mesmo após vários prefeitos e governadores terem anunciado que ficava sem efeito o aumento das passagens de ônibus, metrô e trens suburbanos. O Instituto Datafolha informou que os manifestantes são brasileiros e estrangeiros, jovens e idosos, aposentados e estudantes, filiados a partidos políticos e "sem-partido", membros de um movimento ou lutando por uma causa própria. O retrato dos manifestantes é de uma insatisfação generalizada. 17 "Isso pode ser o início de uma 'primavera brasileira ' . Contra ditadores? Em parte sim, uma ditadura difusa , ditada por entendimentos silenciosos que formam uma rede de interesses mutuamente atendidos. Nossa rede
corrupta tem uma lógica complexa, mas sólida, em que a perversão pavorosa do Congresso se soma à incompetência tradicional dos petistas e sindicalistas do Executivo e um STF querendo acordar, sob uma chuva de embargos". 18 Comenta a jornalista Mi riam Leitão: "O movimento é heterogêneo, apartidário, sem lideranças claras. As reivindicações são muitas . O Brasil sofre uma aguda crise de representação política [... ] O maior erro dos jornalistas e das pesquisas de opinião foi não ter percebido o avanço do descontentamento". 19 As repercussões no Exterior foram múltiplas, até no Vaticano. Veja-se esta, de um jornal espanhol: "O governo está perplexo. Ninguém esperava que esta multidão, formada por pessoas de todas as idades e de todos os grupos sociais, saísse de repente às ruas para dizer: ' Queremos mudar o Brasil"'. 2º Comparações foram feitas com as manifestações na Turquia, no Egito e com a Primavera Árabe, mas sem aprofundarem o tema.
A "co11tl'ibuição " dos 1râ11dalos Ademais, alguns grupos de militantes
- que alguns qualificaram como infiltrados e outros como fazendo parte dos planos iniciais para criar baderna, tornando os protestos mais incisivos - promoveram saques, destruições, roubos e vandalismos de todo gênero. Ônibus foram queimados e as forças da ordem hostilizadas. O policial Wanderlei Paulo Vignoli foi apedrejado e violentamente agredido aos gritos de
''Lincha, lincha, tira a arma dele, mata ".21 Para se defender, ele chegou a apontar a arma para os agressores. Mas não atirou, sendo por isso elogiado. Tais grupos também atiraram pedras contra edifícios , quebrando suas vidraças, destruíram pontos de ônibus e atingiram estações do metrô. Segundo o jornalista Marco Antonio Vila "o ·movimento ' está desesperadamente procurando um cadáver". 22 Houve depredação do Palácio do ltamaraty, em Brasília, tentativa de invasão das prefeituras de Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo, bem como da Assembleia Legislativa do Rio, que resultou em móveis e vitrais franceses originais destruídos, com um prejuízo estimado em 2 milhões de reais .23
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Tal situação levou a polícia a endurecer a repressão aos vândalos, por meio de balas de borracha, gás, bombas de efeito moral, sendo então asperamente criticada pela mídia. Passou depois a uma atitude mais passiva, apenas de acompanhamento das passeatas, pois parecia intimidada pelas repercussões na imprensa, sempre tendente a condenar a ação das forças da ordem.
CNBB vê "desigualdade" A CNBB também se pronunciou e, como era esperado, depois de criticar a violência, incentivou as manifestações em seus aspectos mais esquerdistas. Em seu comunicado, ela diz, por exemplo, que as mobilizações "atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade ", sem distinguir as desigualdades proporcionais e legítimas das
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injustas. 24 Na mesma linha, o bispo de Jales (SP), D. Demétrio Yalentini , escrevia: "Queremos participar da elaboração de um projeto de país que corresponda aos sonhos de maior igualdade social". 25 Enquanto isso, o prestígio do governo desabava, como constatou o Instituto Datafolha: "Há dez anos , 51 % dos habitantes da capital paulista achavam que o Executivo (Presidência e ministérios) tinha muito prestígio. Em 2007, o percentual caiu para 31 %. Hoje, são apenas 19%. Essa década analisada pelo Datafolha coincide com a administração do PT no Planalto". 26 Sobre a queda de prestígio da presidente Dilma, já nos referimos acima. A perplexidade era geral. "Sejamos francos : ninguém está entendendo nada. Nem a imprensa nem os políticos nem os manifestantes". 27 "Ninguém pode determinar com precisão o motivo dessas manifestações. Dizem que há inflação e superfaturamento, inclusive nos estádios de fu-
tebol. Todos os políticos ficaram iguais no seu narcisismo e na sua surdez". 28 "Se há um reconhecimento consensual de que o aumento das passagens foi um simples detonador, nenhuma autoridade, de nenhuma instância, soube até agora ao menos arriscar uma avaliação do que está acontecendo no país. [ ... ] O que está ocorrendo no Brasil? Por enquanto, a única resposta é que há uma insatisfação e uma irritação difusas e até então não devidamente percebidas. O momento não é de respostas, é de dúvidas, de interrogações. Dilma simplesmente não tem o que dizer. Aliás, ninguém tem. A palavra está com os manifestantes, mas são tantos e tão diferentes que talvez nem eles tenham ainda respostas . Algo ocorre. O quê, ninguém sabe exatamente". 29
Lula, Dilma, Haddad e Alckmin na berlinda Fatos antes impensados ocorreram. Seiscentas pessoas protestaram em frente ao prédio de Lula em São Bernardo do Campo, enquanto em São Paulo, na Sé, pedia-se a renúncia da presidente Dilma Roussef. "Fora Dilma, fora Dilma! " , e queimavam-se bonecos com a cara do prefeito Fernando Haddad (PT) e do governador Geraldo Alckmin (PSDB). 3º A tal ponto que José Arthur Giannotti, professor emérito de Filosofia da USP, pôde escrever: "Está morto o projeto lulopetista [ .. .] ele se esgotou na repetição esclerosada, na incapacidade de se ajustar às novas situações que ele mesmo, às vezes, propiciou". 31 O conhecido economista Carlos Alberto Sardenberg relata o fato de uma moça que colocou em xeque a própria existência das chamadas bolsas famílias: " A gente paga IPTU, tanto imposto, e o governo fica dando dinheiro para quem não trabalha. Dar emprego, tudo bem, mas dar bolsa não é justo, o senhor não acha?" - exclamou ela. 32 Nesse ambiente, é alvissareiro constatar que voltam à tona conceitos e palavras que haviam desaparecido do quotidiano da mídia e do trato em geral,
como ( des )honra, ( des )pudor, respeito, (a)moralidade, vulgarização dos modos, princípios. Vejamos. "As ruas começaram a falar sobre aumento nas tarifas e os péssimos serviços dos transportes públicos, mas seguem falando de muito mais: de corrupção, de descaso, de desmandos, de desonra, de desvios de conduta.[ ... ] Na política os Poderes abusaram do despudor, os valores foram dissolvidos. As pessoas não querem apenas de volta a estabilidade na economia. Elas desejam também recuperar o respeito perdido, a dignidade aviltada pela vulgarização dos modos e a celebração da esperteza. Lula, que representava a esperança, que foi urna referência, acabou encarnando o personagem do herói sem princípios que a todos vence mediante o uso de quaisquer meios, liderou um processo de rebaixamento dos padrões a níveis nunca vistos, incorporou a amoralidade como regra cotidiana".33
O governo do P1' tellta cooptar o movimento popular Os mais de l Oanos de governo do PT, com sua tendência estatizante e seu aparelhamento do Estado, agravaram enormemente o descontentamento no País. Agora, ante a onda de reclamações, esse mesmo governo tenta cooptar o movimento por meio de lançamentos bombásticos e aventureiros, como a convocação de uma Constituinte (ideia logo abandonada por ser inconstitucional). Mais modestamente, a presidente Dilma quis então levar à frente um plebiscito imediato sobre a reforma política, para valer já em 2014, o qual também se mostrou inviável. "O governo prefere apresentar o plebiscito sobre a reforma política como a solução para todos os males do país e insistir em que as eventuais novas regras passem já a valer na eleição de 2014, mesmo sabendo que dificilmente haverá condições de ser realizado a tempo".34 "Ao sugerir um plebiscito com perguntas diretas, o Planalto [ ... ] poderá atrair mais críticas dos que veem nas iniciativas de democracia direta um flerte com o pior do bolivarianismo preconizado pelo já morto Hugo Chávez".35 "O plebiscito é uma fuga para frente,
isto é, não podendo ou querendo fazer o possível agora, dilui-se o desafio na geleia geral das coisas remotas e impossíveis".36
Políticos
se dividem
Na realidade, surfando as manifestações, o governo buscava aplicar o programa do PT, como se isso pudesse atender a voz das ruas. Ledo engano ou passa-moleque? O partido chegou a incentivar a cobrança de impostos sobre as grandes fortunas - medida de caráter comunista, que ninguém pediu - para financiar o atendimento das reivindicações populares! Essa dificuldade da esquerda em açambarcar o movimento das ruas acabou por produzir divisões entre os políticos, inclusive dentro do PT. "A equipe do prefeito Fernando Haddad (PT-SP) rachou em relação à reação que ele deveria ter quando as passeatas pelo passe livre começaram. Uma parte, seguida pelos irmãos Tatto e até pelo grupo da vice-prefeita, Nádia Campeão (PCdoB-SP), apoiava o endurecimento, julgando que o movimento estava sendo 'instrumentalizado pela direita'. A ' ala jovem' e secretários mais ligados ao próprio Haddad chiaram" .37 O ex-presidente Lula da Silva foi o grande ausente nesses acontecimentos. Tão loquaz e opinativo a respeito de tudo, ele se limitou a observações mínimas e sem importância. Por quê? A imprensa levantou diversas hipóteses. Ele estaria com a popularidade em queda livre e preferia não aparecer, ou teria achado mais prudente agir nos bastidores, ou então estaria doente e muito cansado. O fato é que não se falou mais nas antes anunciadas festas pelo aniversário do PT e pelos dez anos do partido no poder.
A miragem fmstra Na elaboração da miragem segundo a qual as manifestações visariam sobretudo ações em favor da esquerda, a presidente passou a receber militantes dos movimentos impropriamente chamados "sociais" (muitos deles, na verdade, são anti-sociais), como se tais agremiações representassem a multidão que saiu às ruas!
"Na lista dos que foram ou serão recebidos estão organizações recentes, como o MPL (Movimento Passe Livre), mas principalmente militantes com relações antigas e desgastadas com o PT, como gays, indígenas, camponeses, feministas e ativistas digitais".38 Um dos líderes do MST, Gilmar Mauro, deu uma longa entrevista a respeito dos protestos. Destacamos algumas de suas frases: "As manifestações pegaram a esquerda e os movimentos sociais fragmentados. Vamos para as ruas disputar espaços com a direita. Não daremos nenhum passo atrás e nem entregaríamos o poder à direita. Esse é o limite. E se houver uma tentativa de impeachment para derrubar o governo, resistiremos do jeito que for necessário . O importante é unificar trabalhadores rurais e urbanos numa pauta comum".39 Essa "pauta comum" deu seus primeiros passos. Muito incomodada com a péssima imagem que resultou para o PT e demais partidos satélites das últimas manifestações, a esquerda programou um "revide" para mostrar que ainda tinha força e garra . Não alcançou êxito. Vejamos .
Sill(/Jcatos, MS1' e bolsa JJl'Otesto Com o pomposo título de "Dia Nacional de Lutas", as principais centrais sindicais do Brasil (CUT, Força Sindical , CTB, CGTB , UGT e Conlutas), juntamente com o MST e os "sem-teto", convocaram para o dia 11 de julho uma greve geral acrescida de manifestações. O pretexto era diminuir as horas semanais de trabalho, reforma agrária, além de outros pontos. Na realidade, tratavase de uma pretendida demonstração de força. Eles conseguiram arrebanhar os militantes de sempre, mas nada que se comparasse, nem de longe, às manifestações multitudinárias de junho e começo de julho. À imitação da Bolsa Família, que infla de modo artificial o eleitorado do PT, foi preciso inventar ad hoc uma espécie de Bolsa Protesto que escorregasse um dinheirinho para atrair oportunistas ou necessitados. O Portal Terra detectou pelo menos l 00 manifestantes que receberam dinheiro para participar
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da manifestação em São Paulo, pagos pelas centrais sindicais ou por sindicatos. Alguns falam em R$ 50 outros em R$ 70. Ou seja, parece ter havido uma 'terce irização ' de manifestantes! "Os brados de guerra dos líderes não encontravam repercussão na plateia. A maioria das pessoas não prestava atenção, não aplaudia, não vaiava, não puxava refrões. A exceção eram pequenas claques, que erguiam bandeiras quando seu presidente falava[ ... ] Uma representante da CUT desfilou durante algum tempo diante do carro de som com um rolo de bandeiras debaixo do braço, procurando militantes para empunhá-las. Não encontrou". 4º Segundo a imprensa,já na véspera as " centrais sindicais acertaram que a presidente Dilma Rousseff deverá ser poupada de críticas ácidas". Mas no total não ficou bem para o governo, pois as centrais sindicais são ricas e não se sabe quem está por detrás dessas manifestações. Os manifestantes bloquearam numerosas rodovias em 18 estados, interrompendo o trânsito por algumas horas.
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Em Belo Horizonte, os organizadores esperavam 30 mil manifestantes. Apareceram quatro mil , segundo a Polícia Militar. Em São Paulo , no auge da manifestação, havia sete mil. O maior contingente - calculado em 10 mil foi reunido no Rio, onde houve confrontos; grupos anarquistas atacaram até a Polícia, fizeram barricadas e depredaram bens públicos e privados.
Problemas-chave: falta de representatividade e descontentamento Passamos agora a analisar o ponto que foi objeto de apreciação praticamente unânime da parte de cientistas políticos, comentaristas e jornalistas em geral: os manifestantes de junho,jovens em sua maioria, não se sentiam representados por nenhum partido político, sindicato de classe ou ONG de qualquer espécie. Muito menos pela imprensa. "Os jovens não se sentem representados por nenhuma instituição e desconfiam de todas. Tampouco a imprensa lhes merece crédito". 41
"Não nos representa ! Não nos representa! é o refrão mais repetido na cacofonia de pleitos dos cartazes das manifestações". 42 Estamos ante um "povo irritado, indignado e furioso , mais ainda por sentir-se impotente nas mãos de políticos que não são representativos senão deles mesmos". 43 Em face de tudo quanto até aqui nos foi dado constatar - o caráter multiforme das manifestações, a pluralidade das reivindicações, a falta de uma liderança definida, os pacíficos e os vândalos, a indefinição de tendências, a perplexidade dos políticos e analistas - , duas realidades parecem emergir do fundo desses acontecimentos como resultantes sólidas e inconcussas: a existência de um grande, um imenso descontentamento, e a sensação viva, vivíssima, da falta de representatividade dos atuais líderes da Nação.
Um livro profético É o momento de nos reportarmos às considerações feitas por Plinio Corrêa
de Oliveira há duas décadas e meia, cujo acerto e ampl a visão nos servem de guia e de rumo para interpretar os fatos atuais. O leitor dirá. Em 1987 discuti a-se no Brasil o projeto de Constituição que daria depois origem à atual Carta Magna. Preocupado com a orientação que então tomava a Constituinte, Plinio Corrêa de Oliveira esc reve u um livro, que em breve se tornaria bestseller, intitulado Projeto de Constituição Angustia o País. 44 Nele, o renomado líder católico prevê uma separação, um desmembra mento, uma fra tura entre a soc iedade e o Estado, entre a população e os diri gentes do Pa ís, entre o País real e o País legal, caso se v iesse a aprovar uma Constituição com os princípios contid os naque le proj eto. Na referida obra, ele sugeriu aos constituintes que se limitassem a aprovar naq uele momento algun s pontos sobre os quais havi a praticamente un animid ade no Pa ís. Quanto aos outros: "É ev id ente que a e laboração da parte sóc io-econôm ica da nova Constituição não se poderi a faze r desde j á, em razão da notória carência de informações e de debates, em que se ac ha nosso corpo e le itoral a respeito de tais assuntos. " Mas se num prazo de três anos por exempl o - nosso ele itorado lúc ido e ágil receber a preparação necessária para opinar madu ra mente sobre tais assuntos, encontrar-se-á ele em condições suficientes para e leger uma Constituinte autenticamente representativa, na qual se refletirá com fi de lid ade - e portanto com autentic idade - o que ele pensa e deseja sobre matérias soc iais, econômicas, sóc io-econômicas e sóciopolíticas". (p. 200).
A li'atura prevista por Pllnio Corrêa de Oliveira Ele não fo i ouv ido e a Constituição foi aprovada. Ass im , vemos hoj e se escancarar a imp ressio nante fratura entre o País lega l e o País rea l, que de modo ve rdade iramente profético e
para a improvisação, a ventura, quiçá o caos. Disto é exemplo a Rússia contemporânea [.. .] "É de encontro a todas essas incertezas e riscos que estará exposto a naufraga r o Estado brasile iro, desde que a Nação se constitua mansamente, jeitosamente, irremediavelmente à margem de um edifício legal no qual o povo não reconheça qualquer identidade consigo mesmo. "Q ue será então do Estado? Como um barco fendido, ele se deixará penetrar pelas águas e se fragmentará em destroços. O que possa acontecer com estes é imprevisível". (p. 201). É impossível não ver nos multitudinários protestos que se desenrolaram nestes meses de junho e julho um espelho fiel dessa acertada prev isão.
quase lin ear com tanta a ntecedênc ia e le previu . A qual faz lembrar a fa lta de representatividade que muitos cató li cos atribuem ao Concíli o Vaticano lJ e ao pós-Concílio. 45 Prossegue Plini o Corrêa de Oliveira: "Se tal não ocorrer, convém in sistir em que o divórcio entre o País lega l e o País rea l será in ev itáve l. Criar-se-á então uma daquelas situações hi stóri cas dramáticas, nas qua is a massa da Nação sai de dentro do Estado, e o Estado vive (se é que para ele isto é viver) vazio de conteúdo autenti camente nac ional. "Em outros termos, quando as leis fundamentais qu e mode lam as estru turas e regem a v ida de um Estado e de uma sociedade, deixam de ter uma sincronia profunda e vital com os ideais, os ane los e os modos de ser da nação, tudo caminha nesta para o imprev isto. Até para a vio lênc ia, em circ un stâncias inop inadas e catastróficas, sempre possíve is em situações de desacordo, de paixão e de confusão. "Para onde ca minh a ass im a nação? Para o imp rev isíve l. Por vezes, para so luções sáb ias e orgâni cas que seus di rigentes soubere m encontrar. Por vezes,
Desco11te11tame11to na U11ião Soviética como 110 Brasil Embora de passagem, Plinio Corrêa de Oliveira traça um paralelismo entre o que e le previa para o Brasil e os fatos que naq uele final de 1987 ocorriam na Rúss ia, ainda sob o jugo do tacão soviético . Tal paraleli smo nos leva naturalmente a considerar um outro documento do mesmo autor, publicado menos de três anos depois, e que igualmente lança luz sobre os aco ntecimentos que hoje presenciamos no nosso querido Brasil. Trata-se do Manifesto Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio, publicado no início de 1990 em 50 jornais e/ou revistas do Ocidente, 46 no qual o Autor coloca em ev idência o fundo comum de todas essas reiv indi cações, por ma is diferentes que elas sej am: o Descontentamento. Depoi s de noticiar os diferentes abalos que se processavam nos diversos países que então compunham a União Sov iética, Plini o Corrêa de Oliveira comenta: "Toda esta contemporânea movimentação do mapa europeu se reveste, aqui e aco lá, de circunstâncias e significad os diversos. Mas a todos eles sobrepaira um significado genérico, que
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os engloba e a todos penetra como um grande impulso comum: é o Descontentamento. "Escrevemos esta última palavra com 'D' maiúsculo, porque é um descontentamento para o qual convergem todos os descontentamentos regionais e nacionais, os econômicos e os culturais, por muitas e muitas décadas acumulados no mundo soviético sob a forma de apatia indolente e trágica de quem não concorda com nada mas está impedido fisicamente de falar, de se mover, de se levantar, em suma, de externar um desacordo eficaz. Era o descontentamento total, mas por assim dizer mudo e paralítico, de cada indivíduo na sua casa, no seu tugúrio ou na sua choça. "Em uma palavra, se contra este ou aquele aspecto da realidade soviética se enunciam queixas, contra o conjunto :~ dessa realidade os fatos mais recentes f- - - - tornam evidente que lavra um incêndio tada em seus anseios pelas leis que se de verdadeiro furor. Furor que, pelo querem aplicar, pela corrupção moral próprio fato de atingir o conjunto, atinge e financeira de seus dirigentes, enfim pelo modo como o Estado vem sendo o regime, e põe em fogo todas as capaciconduzido. dades de indignação da pessoa humana. Terminado o ciclo das grandes mani"Assim, de passo em passo, poderá festações pulularam protestos menores, desenrolar-se o característico processo embora significativos. O mais importande ascensão dos movimentos insurreciote talvez tenha sido o dos médicos, que nais que caminham para o êxito, o qual reuniu nove mil profissionais em várias se desenvolve contemporaneamente capitais contra a importação de médicos com o declínio dos establishments de cubanos e outros, sem passarem pelo governos obsoletos e putrefatos". Não é também um enorme , um "revalida", exame que avalia a competência e idoneidade dos candidatos. monumental descontentamento que Inexplicavelmente (ou talvez muipresenciamos nas manifestações de to explicavelmente .. .), a pretexto de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre e por todo o Brasil? Não é ele melhorar o atendimento no campo da saúde, o governo tinha planos de trazer que explica, pelo fundo, as diferentes e médicos de Cuba sem fazê-los primeiro por vezes contraditórias reivindicações? passar por uma necessária avaliação, Ma11/l'estações 111e11ores, quando se sabe que tais profissionais po1·é111 slg11/flcatlvas costumam não estar habilitados para o Alguém poderia objetar que o paexercício de suas funções , pondo em ralelismo não é perfeito, pois em 1990 risco a saúde da população. Sem falar a oposição era a um regime comunista, que são por vezes agentes do regime 47 enquanto agora estamos numa democrae controlados pelo governo comunista cia. A objeção tem algo de pueril. É claro cubano mesmo quando estão em terrique toda comparação por alguns lados tório estrangeiro. claudica. Não se trata de identidade, e O aspecto Imprevisível do futlll'O sim de semelhança. Mas o paralelismo é gritante no que tange ao fundo do proNo que vai dar tudo isso? Vejamos o blema, ou seja, ao desagrado profundo que dizem alguns comentaristas sobre o de uma Nação que não se vê represenfuturo dos protestos:
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"Estes jovens saíram da condição de torcedores por um time ou um partido e estão militando concretamente. O perigo é serem esvaziados. [ ... ] Se não houver 'núcleos ' duros dos fatos , dos acontecimentos presentes e prováveis, as denúncias caem no vazio abstrato tão ibérico e tão do agrado dos corruptos e demagogos" .48 "Torna-se imprevisível o desfecho do movimento. Pode resultar em algumas mudanças ou dar em nada. Até agora não há vasos comunicantes com o establishment da política". 49 "É dificil prever onde esse caudal irá desembocar. Nem os manifestantes sabem". 5º "Há quem diga que isso vai acabar no impeachment da presidente Dilma. Já tem até petição online" .51 Portanto, a incógnita permanece. Se os protestos servirem para robustecer as reivindicações justas - o fortalecimento da propriedade privada e do casamento cristão , o combate eficaz ao crime, inclusive com a redução da maioridade penal , a moralização dos costumes políticos e dos cidadãos em geral - elas terão tido sucesso. Porém , se as forças de esquerda conseguirem operar a transposição do rio da indignação popular - ou seja, desviá-lo de seu leito para fazê-lo servir
ao programa socialo-comunista com o aumento de impostos, as estatizações, o fortalecimento do PT, e outras coisas do gênero, tudo rumo ao anarquismo-ecológico, ou então, numa hipótese mais modesta, conseguirem fazer com que as manifestações não deem em nada-, tudo terá fracassado ... aparentemente.
O aspecto previsível do futuro Se não der em nada, de que terá valido a manifestação de tão monumental descontentamento? Na aparência terá fracassado. Na realidade valeu muito, pois uma vez externado tenderá a crescer, mesmo se artificialmente silenciado. No Manifesto acima citado, Plinio Corrêa de Oliveira enfrenta essa possibilidade ao falar do Descontentamento com o regime soviético cujo desfecho final - a extinção da URSS - levou Putin a reconhecer pesaroso que foi o acontecimento geopolítico mais importante do século XX. O paralelismo novamente se impõe: "A imprensa de todo o mundo ocidental não tem deixado de notar que a vitória desse gigantesco Descontentamento ainda não é indiscutível. Pois ninguém pode garantir que o esmagamento da rebelião [... ] não possa reeditar-se ainda várias vezes em outros focos do Descontentamento. Admitamos, por fim, que esses sucessivos esmagamentos cheguem a impor ao Descontentamento uma caricata máscara de paz. Da paz cadavérica dos que já não possuem vida. "Um tal desfecho produziria, por certo, efeitos múltiplos globais, a maior parte dos quais ainda não são previsíveis neste momento. Contudo, do ponto de vista do Descontentamento, ele só agravaria a exasperação e os queixumes".
Anallsando os aco11teclmentos com os olhos da fé Sendo o Brasil consagrado a Nossa Senhora Aparecida, um católico não pode encerrar estas linhas sem se perguntar sobre o papel nesses acontecimentos da graça divina, da qual a Virgem Santíssima é o maravilhoso canal para todos nós. Nada pior do que os tempos de modorra que precederam o início das
manifestações. Embalados num sono sujo e feio, os brasileiros iam sendo conduzidos para uma situação muito próxima do totalitarismo, já com vistas a preparar um estado de coisas anárquico e caótico. Esse repentino acordar de muita gente - que deixou a tantos atônitos e intrigados-, ultrapassando e negando as metas iniciais anárquicas do MPL, não terá sido produzido por uma ação da graça? Se Deus não abandona o pecador no seu pecado, mas procura continuamente que ele se converta e viva, a fortiori não fará o mesmo com as nações, de modo especial com esta Terra de Santa Cruz que Ele tanto ama? Essas perguntas nos levam a uma indagação de cúpula. Se assim é, para onde nos conduzirão tais acontecimentos, tão impressionantemente previstos por Plinio Corrêa de Oliveira? Quais são as suas relações com as profecias feitas por Nossa Senhora em Fátima aos três pastorzinhos? Teremos chegado aos bordos dos acontecimentos terríveis, mas libertadores, que nos levarão à vitória do Imaculado Coração de Maria? Trata-se de perguntas, é bem evidente. Mas pode um católico que ama o Brasil deixar de fazê-las? Neste mundo em convulsão, no qual a própria Igreja de Deus passa pelo tormento da autodemolição e "os fiéis encontram na Igreja a nauseabunda 'fumaça de Satanás', a que se referiu pública e oficialmente Paulo VI",52 não será lícito esperar e desejar para o Brasil dias melhores, sob a égide maternal de Maria? Ainda que para chegar até eles tenhamos de atravessar o valo profundo das provações, também elas previstas em Fátima!? • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br Notas:
1. Luiz Wemeck Viana, 18-6- 13, .lillp..Jlp...Qilfil,J2P...s..
.Q.rgJwportal/showData/250800 2. Ver a Carta de Princípios do MPL: hlli2;LLmJ;tl.
org.br/node/5. 3. Painel da "Folha de S. Paulo", 19-6-13. 4. "Folha de S. Paulo", 11-6-13. 5. Demetrio Magnoli, "O Estado de S. Paulo", 20-6-13. 6. Gaudêncio Torquato, "O Estado de S. Paulo", 16-6-13. 7. Ferreira Gullar, "Folha de S. Paulo", 30-6-13. 8. "Folha de S. Paulo", 30-6-13.
9. "O Estado de S. Paulo", 25-6-13. 10. Eliane Cantanhêde, "Folha de S. Paulo", 30-6-13. li. "FolhadeS . Paulo", 11-6-13. 12. Clóvis Rossi, A Vaia saiu às ruas, "Folha de S. Paulo", 18-6-13. 13. "Folha de S. Paulo", 24-6-13. 14. "A gente não tem controle. Ficou claro que a manifestação se transformou numa revolta popular na cidade contra o aumento da tarifa", "Folha de S. Paulo", 12-6-13. 15. Portal lG, 22-6-13 16. "O Estado de S. Paulo", 21-6-13. 17. "Folha de S. Paulo", 20-6-13 18. Arnaldo Jabor, "O Estado de S. Paulo", 25-6-13. 19. "O Globo", Rio, 19-6-13. 20. Juan Arias, "El Pais", Madrid, 18-6- 13. 21. "Folha de S. Paulo", 13-6-13 22. "Veja", S. Paulo, 13-6-13. 23. "Veja", 26-7-13. 24. "Ouvir o clamor que vem das ruas", 21-6-13, in site da CNBB 25. "Correio da Cidadania", 22-6-13. 26. "Folha de S. Paulo", 19-6-13. 27. Antonio Prata, "Folha de S. Paulo", 19-6-13 28. Roberto Damatta, "O Estado de S. Paulo", 19-6-13. 29. Eliane Cantanhêde, "Folha de S. Paulo", 17-6-13. 30. "O Estado de S. Paulo", 19-6-13. 31. "O Estado de S. Paulo", 19-6- 13 32. "O Globo", 20-6-13. 33. Dora Kramer, "O Estado de S. Paulo", 19-6-13. 34. Merval Pereira, "O Globo", 29-6-13. 35. lgor Gielow, "Folha de S. Paulo", 26-6-13. 36. Rubens Ricupero, "Folha de S. Paulo", 8-7-13. 37. Mônica Bérgamo, "Folha de S. Paulo", 196-13. 38. "Folha de S. Paulo", 8-7-13. 39. Portal do lG, 30-6-13. 40. "O Estado de S. Paulo", 12-7-13. 41 . Notas e Informações, "O Estado de S. Paulo", 19-6-13. 42. Fernão Lara Mesquita, "O Estado de S. Paulo", 24-6-13. 43. Francisco Daudt, "Folha de S. Paulo", 10-7-13. 44. Editora Vera Cruz, S. Paulo, novembro/ ! 987, 210 pp. Livro disponível integralmente no site: h.ll~.pliniocorreadeoijvejra info/ ~ 45. A respeito do delicado assunto do Concilio, ver: Roberto de Mattei, O Concílio Vaticano li - Uma história nunca escrita, divulgado no Brasil pela Editora e Livraria Petrus. 46. "Folha de S. Paulo", 14-2-90; "Wall Street Journal", N . York, 27-2-90; "Corriere della Sera", Milão, 7-3-90; num total de 50 jornais e/ou revistas do Ocidente. 47. O Instituto Plínio Corrêa de Oliveira tem publicado várias matérias de interesse sobre a "importação" de médicos cubanos: www.
ipco.org.br. 48. Arnaldo Jabor, " O Globo", 18-6-13 49. Fernando Rodrigues, Portal de Noticias do Senado, 18-6-13. 50. "Folha de S. Paulo", Editorial, 19-6-13. 51. Agostinho Vieira, "O Globo", 20-6-13 52. Plinio Corrêa de Oliveira, "Folha de S. Paulo", 20-3-1978.
AGOSTO 2013 -
Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento Igreja de Santa Maria Mlcaela em Guadalalara, Espanha
V iscondessa de Jorbalán e grande dama do século XIX, fundou a congregação das Adoradoras, Escravas do Santíssimo Sacramento e da CaI'Ídade ■ PUNIO MARIA So UMEO
icaela Desmaissieres y López de Dicastillo era filha de um opulento aristocrata e valente militar espanhol que em 1809 combatia as tropas de Napoleão que tinham invadido a Espanha. Sua mãe, Bemarda, era camareira da rainha Maria Luiza de Parma e tinha um irmão - Diego, depois conde de la Veja dei Pozo - que foi embaixador do governo espanhol em Bruxelas e Paris, tendo falecido prematuramente aos 49 anos de idade.
M
Austera, Bernarda educou os filhos à maneira das grandes famílias de antanho. Por isso quis que a filha, apesar de aristocrata, aprendesse a cozinhar, passar, e ocupar-se de todos os afazeres domésticos. Dizia que isso era "para o que possa suceder ". Micaela aprendeu também a tocar vários instrumentos musicais. Bemarda legou também à filha o hábito de passar de duas a três horas na igreja, o que Micaela fazia "embevecida
em ternos afetos ". Aquela mãe prudente proibia a filha de ler novelas. E se lhe dava alguma que - •••
CATOLICISMO
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considerasse boa, Micaela diz que ':jamais terminava sua leitura, porque me dizia: se isso é mentira, não sucedeu".
E abandonava o livro. Em sua juventude Micaela costumava visitar os doentes e costurar para vestir os pobres. Reunia também em casa meninas pobres para ensinar-lhes a doutrina católica.
Viscondessa - cilícios sob mupas de seda Absorta em suas devoções e obras de caridade, Micaela chegou aos trinta anos sem pensar em casamento. Falecendo então a mãe, à qual era muito unida, ela herdou o título de Viscondessa de Jorbalán. Como encontrasse nos hospitais de Madri muitas mulheres que, depois de levar vida devassa, sofriam as consequências de seus desmandos, veio-lhe a ideia de fundar uma casa de refúgio para a redenção dessas pecadoras. Foi o que fez com seus próprios recursos. Mesmo quando estava no exterior, a viscondessa não deixava de favorecer essa fundação com conselhos e dinheiro. Diz um seu biógrafo: "Seu irmão, o embaixada,; apreciava tanto suas requintadas qualidades de gentileza no trato, sua discrição no.falar e seu senso de oportunidade em tudo, que não podia separar-se de sua companhia. Para comprazer-lhe, a viscondessa aceitava aquela vida de sociedade, procurando harmonizá-la com uma intensa vida interior ". 1 Desse modo viveu vários
anos nas principais capitais europeias.
Sua 1rida em meio às grandezas do mundo Ela mesma nos conta como passava seus dias: "D e manhã, em obras de caridade; o resto do dia em visitas, passeios a cavalo ou de carro; e, à noite, no teatro, em reuniões e baile. Acrescente-se a isto o excessivo luxo e o primor na mesa".2 Isso, que poderia
ser uma vida de dissipação, para ela era ocasião de sacrifícios. Pois, sob os ricos vestidos de seda, levava rudes
Mlcaela ainda muito jovem
cilícios e, no teatro, assistia à cena usando óculos sem vidros. Mas não se cingia a isso, pois ela acrescenta: "Como tudo o que eu pedia ao Senhor Ele me concedia, supliquei-lhe que, quando.fosse a bailes ou tertúlias, não visse nada, para não ofendê-Lo nem venialmente. E o consegui: de modo que saia do teatro e dos salões sem ter p erdido por um só momento a presença de Deus ", 3 o que
mostra seu domínio sobre si mesma, conquistado a duras penas. Pois ela mesma revela a luta que tinha que enfrentar para vencer seu orgulho e seu caráter impetuoso e demasiado ativo: "Levo em Paris uma vida tão tranquila - diz ela em carta a uma amiga - , e tenho uma consciência tão sã que isto só deveria fazer-me f eliz se fosse melhor minha condição. Mas este meu 'geniaço ' não se doma sem pena ".4
Atravessando barricadas em SOCOl'l'O de fel'i(IOS Às vezes sua caridade exigia uma virtude heróica. Por exemplo, nos terríveis dias da revolução de 1847-1848, quando uma multidão de amotinados invadiu as ruas de Paris, levantando barricadas e enfrentado as forças da ordem. O saldo foi a mo1te de mais de 370 pessoas, além de inúmeros feridos, a queda do rei Luís Felipe e a implantação da Segunda República. Micaela não teve dúvidas em atravessar os
fossos e as barricadas para ir socorrer os feridos e os desamparados. Em 1848 ela voltou à Espanha, disposta a seguir o caminho que a Providência Divina lhe indicasse. Continuou enquanto isso a se vestir com muito luxo. Um dia ela foi assim toda ataviada se confessar. O sacerdote, ouvindo o froufrou das sedas, disse-lhe bem espanholamente: "A Senhora vem demasiado oca para pedir perdão a Deus". Ela desculpou-se: "São as saias ". O sacerdote retrucou: "Pois arranje outras ". No dia seguinte a santa apresentou-se no extremo oposto; tão desajeitada que chamava a atenção de toda a igreja. O sacerdote increpou-a novamente: "Como vem tão ridícula? Tire as sedas, mas se vista como essas senhoras virtuosas que vê na igreja". Santa Micaela mandou
fazer então um vestido simples de lã. Ela tinha um cavalo ao qual prezava muito por sua fidelidade e elegância . Logo percebeu que era um apego muito mundano, e confessa: "Envergonhei-me de amar tanto o meu cavalo; para suprimir este apego a uma coisa terrena, mandei-o vender no mercado ".5
Desem1olvimento de sua obra apostólica Entrementes sua obra para a regeneração de mulheres de má vida ia progredindo. O local se ampliava e o número de moças recolhidas crescia. Em 1850, Santa Micaela decide mudar-se para junto delas. "Seu talento organizado,; sua penetração psicológica, seus dotes de mando e sua arte para dominar os espíritos mais rebeldes se revelam subitamente, com estupefação de todos que seguem o desenvolvimento da obra ".6 No prin-
cípio tem que fazer de tudo: cozinhar, varrer, costurar, ensinar. A família fica chocada ao vê-la entre gente tão desclassificada, os círculos da aristocracia fazem vazio em torno dela, e seu irmão cai desmaiado ao ver a pobreza de seu quarto. Ao palácio real chega a notícia de que ela "endoideceu". A rainha Isabel Jl per-
AGOSTO 2013 -
gunta então a uma parente da santa o que pensar, e esta, contrariando o sentimento geral, elogia muito Micaela. A rainha deseja vê-la. E aí nasce entre ambas uma amizade profunda, muito aprovada pelo confessor da rainha, Santo Antônio Maria Claret. Para vencer qualquer tentação de mundanismo nessas visitas, Santa Micaela ia pobremente vestida, calçando mesmo alpargatas, a que tinha natural aversão : "Tive uma grande repugnância às alpargatas, e as pus para ir ver a rainha". 1 Aos poucos, entretanto, a obra da santa começou a se impor aos olhos do público como força mora lizadora e de grande significado reiigioso e social. Algumas moças da sociedade se uniram a Santa Mi caela, surgindo assim, em 1858, a congregação das Adoradoras, Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade, para a adoração perpétua do Sacramento do Altar e regeneração das mulheres perdidas ou moças com ri sco de se perderem.
a ela. Se ela não tivesse morrido, eu não me teria perdido ". Uma luz interior gui ava a santa no que ela deveria fazer e co mo fazêlo: "É para mim d!ficil de explica,; mas direi o que sei: quando o Senhor quer algo de mim, pressiona-me de um modo muito certo e interior o que quer de mim ". Assim, com essa verdadeira premonição, vai um dia de encontro a uma jovem pensionista e, com bom jeito, a leva para seu quarto. Perguntalhe então à queima-roupa: "O que leva nesse bolso ?" Atônita, a jovem responde: "Nada ". Sa nta Micae la re plica: "Nada mesmo ? Você traz veneno". E examinando o aventa l da culpada, encontra ópio suficiente para matar muita gente. A desgraçada confessa então que tinha o veneno para pôr no café que a superiora costumava tomar ao meio-dia. O demônio aparec ia- lhe sob di versas fo rm as, ato rm entava-a com estrondos e empurrões e mais de uma vez a lançou escada abaixo.
Salll;a /ll(/Jgnação - uma sonora bol'eta<la
Expansão ela obra e fim heroico
Santa Micaela soube unir a bondade à energia no trato com as desgraçadas. Um dia pergunta a uma delas, que desejava ir embora, para onde iria. Esta lhe responde descaradamente que ia voltar para o bordel. Ao ouvir isso, a Santa indignada desfere-lhe sonora bofetada no rosto. Ajovem lançou-se então a seus pés e disse: "Só minha mãe me castigou assim. Eu vou obedecer à senhora como
CATOLICISMO
Aprovada pela Santa Sé em 186 1, sua congregação religiosa continuava a crescer de maneira a possibilitar a fundação de outras casas em diversas cidades da Espanha. No verão de 1865, chegou à casamãe de Madrid a notíci a de que várias monj as da casa de Valência hav iam sido atacadas pela cólera. Santa Micaela comentou: "Saio para Valência, pois aquelas.filhas que tenho lá não
são valentes, e temo que se acovardem ao ver tanta mortandade". Fo i um protesto gera l. As irmãs procuravam dissuadi-la, mostrando o perigo de contágio e alegando que estava em jogo o futuro de sua obra. Santa Micaela respondeu a tudo isso: "É inútil. Os que fazemos as coisas de Deus, não temos medo da morte ". E partiu para o campo de batalha. Alguns di as depois de chegar a Valência, sentiu os primeiros sintomas da peste e com preendeu que sua vida chegava ao fim. No dia 24 de agosto comentou : " Vou padecer um pouco; mas às doze horas tudo terá passado ". Efetivamente, à meia-noite ela entregou sua valorosa alma a Deus. Os biógrafos descrevem Santa Micae la como sendo severa e maternal, não muito afetuosa, mas nem por demais esquiva, di sposta a rir quando se contava algo engraçado; cheia de esp írito e de agradáveis comentários de muito propósito, inimiga das lágrimas, mesmo no momento dos maiores transes, tranquila nas dificuldades, e co ntente em ver as demais contentes. Fisicamente não era muito bonita, mas impunha-se por sua graça e simpatia, bem como pelo seu atrativo sem igual. Tinha o aspecto maj estoso e cheio de uma di stin ção ari stoc rática. Em suma, por muitos traços de seu corpo, bem como por sua psicologia, Santa Mi cae la do Santíssimo Sacramento lembrava muito Santa Joana de Chantal, a co-fu ndadora das visitandinas. Sa nta Maria Micaela do Santíssimo Sacramento foi beatificada em 1925 e canoni zada em 1934. Sua festa é ce lebrada no dia 23 de agosto. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br Notas:
1. Fr. Ju sto Perez de Urbe!, O.S.B., Santa Micae/a, o la Madre Sacramento, Edi ciones Fax, Madri, 1945, tomo 111 , p. 422. 2. Pe. José Lei te, Santa Micae/a, Santos ele Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomo 11 , p. 584. 3. Urbe!, p. 422. 4. ld. lb. 5. Le ite, p. 584. 6. Urbe!, pp. 423-424. 7. ld., p. 427 .
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SOS FAMÍLIA
Projeto herodiano de lei aprovado sorrateiramente no Congresso Nacional Ü PLC 3/201 ~3, que amplia ainda mais os casos de aborto no Brasil, agora depende da sanção (ou do veto) da presidente Dilrna. Reações pelo veto integral manifestam-se pelo País. PAULO ROBERTO C AMPOS
ma notíci a verdadeiramente trágica para a famí li a ec lodiu no mês de julho: o antigo Projeto de Lei 60/ 1999 - agora renomeado como
U
PLC 3/2013 - foi maquiavelicamente reformulado por um passe de "mágica" e aprovado pelo Congresso Nacional. O PL 60/1999 normatizava uma questão em certos aspectos até louvável : o atendimento nos hospitais à mulher vítima de violência sexual. Ma s ele
sofreu uma reformulação a fim de poder ampliar ai nda mais os casos de abortamento " lega l" (sic) no País, sem empregar a palavra "a borto". A pretexto de uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pediu ao deputado
AGOSTO 2012
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Henrique A lves (PMDB-RN ) que, em regime de urgência, colocasse tal proj eto em votação na Câmara dos Deputados.
Um venladefro complô monta<lo pal'a a/Jl'Ovar o PLC Em 5-3-1 3, devido a uma manobra regimental, a nova redação fo i aprovada pe lo plenári o da Câ mara, de form a subreptíc ia para que não houvesse reações. Muito s d epu ta d os sequ e r to mara m conhec imento do texto. Encaminh ado ao Senado, ele fo i rapidamente aprovado pela Comissão de Direitos Humanos em 10-4-1 3. Repetind o a mes ma manob ra a nteri or, e le fo i re no meado com o PLC 3/201 3 e posto em votação no pl enári o do Senado, sendo aprovado também de modo re lâmpago e por una nimid ade no di a 4 de julho último. Até mesmo co ng ress istas co ntrá ri os ao a bo rto afirm aram ter s ido surpreendidos e que votaram sem tempo para conhecer precisamente as reformulações inseridas. N o fundo, cochilaram! Ca íram naannadilha montada pelo Mini stro da Saúde e por a lg un s dep utados peti stas. Aca bara m aprova ndo o P roj eto de Lei da Câ mara, tão co ntrári o à mora l e ao se ntir da imensa maiori a do povo bras ileiro, que se opõe à práti ca aborti va. Uma vez aprovado, o proj eto foi encaminhado à Presidência da Repúbli ca. N o momento em que escrevemos este artigo (22-7-1 3), e le se encontra sobre a mesa da p1:es idente Dilma Rousseff para ser sancionado (ou vetado) até o fi nal de julho. Se ela o aprova r, "todos os
hospitais integrantes da rede do SUS " serão obrigados a encaminhar a mulher que se di sser "vítima de violência sexual " a um servi ço de aborta mento a fim de se submeter a uma "profilaxia da gravidez" - eufe mi smo de aborto empregado ve lhaca mente para não assustar e evitar possíveis reações. Co nfo rme e s tabe lece o p roj e to , todos os hospitais devem prestar "in-
formações às vitimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis " e deve m oferecer "atendimento emergencial e integral decorrentes de violência sexual, e o encam inhamento, se fo r o caso, aos
CATOLICISMO
serviços de assistência social". E por vítima de " vio lência sexual " a nova lei entende qualquer mulher que dec lare uma re lação sex ual " não consentida" ainda que tenha sido com o próprio marido. Não há sequer obrigação de provar, por exemplo por meio de um laudo do Instituto Médico Legal, ou de apresentar bo letim de ocorrência polici al. Basta a declaração da gestante .. .
Vigornsas reações pelo veto total do PLC Logo que a espantosa notíci a da aprovação c irculou pelos movimentos que lutam contra a legalização do aborto no Pa ís, a reação foi imediata e de muita indignação. A primeira fo i urna ca mpa nh a pa ra ex igir da pres ide nte Dilm a Rousseff que honre a pal avra dada por ocasião do segundo turno das últimas eleições, quando, além de di zer que pessoalmente era contra o aborto, ela garantiu que nada fa ria a favor da prática abortiva durante seu mandato do que ternos urna farta documentação, inclusive gravações em vídeos. Ass im , o ga bin ete da pres ide nte fo i inund ado de mensagens co m pedidos para que e la não sanc ionasse o PLC 3/201 3. Com o mesmo objeti vo, movim entos anti a bo rti sta s moveram outras inic iativas por meio de abaixoass inados; pedidos à CNBB (Con fe rênc ia N ac io na l d os Bi s pos do Bras il ) para que press ione o governo; contatos em Bras ília ; te lefon emas, envios de e-mail s, fax, notícias de sites e blogs ; tudo, enfim , com o obj etivo de obter qu e o hedi o nd o projeto seja vetad o INTEG RALM ENTE.
Notas Pastol'ais <le três eminentes Prelados
e bl ogs ped indo aos fi é is orações e mani festações d irigidas à pres idente Oi lrna pe lo VETO TOTAL do PLC . Fo ra m di gnos pasto res q ue sa íra m a púb li co em defesa da moral cató li ca e de seus rebanhos. Seguem trechos de cada um dos documentos dos mencionados Prelados. Da Nota Pastoral de Dom Aldo Pagotto: "Manifesto o meu veemente
Vimos com júbilo que logo no início das reações, pelo que tenhamos conhecimento, três eminentes Prelados - o arcebi spo da Paraíba, Dom Aldo di C illo Pago tto, o bi spo de Frederico Westphalen (RS), Dom Antonio Carlos Ross i Kelle r, e o bi spo de Apucarana (PR), Dom Ce lso Marchi ori - ergueram suas vozes para protestar contra a aprovação do proj eto abortista e lançaram notas pastorais publicadas em di versos sites
protesto público e pedido de veto ao proj eto, j unto à Presidente da República Federativa do Brasil, a Sra. Dilma Rousseff O Senado aprovou recentemente o Proj eto de Lei 3/2 0 13, a1 ós rapidíssima tram itação, sem quaisquer debates. A estratégia utilizada.focou a obrigação de of erecer assistência integral de saúde às vítimas de violência sexual. Passaram batidos os itens que representam a legalização proposital
PLC. Será que a CNBB não percebeu que o "veto parcial" deixará uma brecha através da qual entrará a ampli ação de casos de aborto praticados no País? Com essa reação tão insufi ciente, ao mesmo tempo em que cresceu nos movimentos anti abortistas a indignação contra a "matança de inocentes", cresceu também a perp lex idade em relação à CNBB , por não sa ir a público manifestando uma justa indi gnação contra o abjeto Proj eto de Lei e conclamando todos os cató li cos à reação, numa verdadeira cruzada contrn um Projeto atentatório ao 5° Mandamento da Lei de Deus: NÃO MATAR. Nossos Pastores não nos atendem; apelemos ao Pastor cios Pastorns
do aborto, apresentado, pois, como 'profilax ia '. O projeto está nas mãos da Sra. Presidente para sua aprovação". Da Nota Pastoral de Dom Rossi Keller: "Não se encontra, naturalmente no texto [do PLC}, a palavra 'aborto'. Mas as intenções são suficientemente claras: proporcionar aos profissionais da Medicina e do Direito a base legal para a realização pura e simples de abortos. Esta é e sempre/oi a estratégia usada: fugir dos termos contundentes, mas implanta,; de forma disfarçada a devida autorização para que se possa agir de acordo com a ideologia abortista ". Da Nota Pastoral de Dom Celso Marchiori: "A atitude do Governo Federal e dos parlamentares que lhe dão sustentação no Parlamento é criminosa
e caminha em direção oposta à defesa da vida. Tenho comigo que a legalização do aborto, mesmo que não às claras, é uma saída mais barata, pois a df~fesa da vida envolve investimentos na saúde da mulher e da criança". A tímida e insuficiente nota da CNJJB
Mas, in fe lizmente, também vimos que enquanto o Brasil parecia acordar, com reações pipocando por todas as partes, a CNBB parecia dormir. Demorou em fazer algo, mes mo depois de inúmeros pedidos de mov imentos e fiéis católicos; e quando o fez, manifestou-se insuficientemente. Apenas lançou, sem destaque e por meio de seu site, uma nota tímida, não para ex igir o VETO INTEGRA L, mas apenas PARCIAL do
Como até o momento (22-7- 13) a presidente Dilma não se mani festo u e como a CNBB se pronunciou de maneira tão fraca , a so lução pode ser apelar ao Pastor dos Pastores, ou seja, ao Papa. Assim sendo, o movimento "Brasil pela Vida" (www.b ras ilpelav ida.org) está empreendendo uma campanha de mensagens diri gidas ao Arceb ispo do Ri o de Janeiro, Dom Orani Tempesta, pedindo-lhe que faça chegar a Francisco 1nosso desejo do VETO TOTAL ao PLC 3/20 13, a fim de que o Pontífice o mani feste à presidente Dilma, exortando-a a veta r IN TEGRALMENT E, e não apenas alguns itens. No di a da chegada do Papa, em 22 de julho, as primeiras 2.844 mensagens foram entregues na Cú ria do Rio de Janeiro. Pouco depois, tinha-se notícia de que o número de ass inaturas já ultrapassava a casa dos 4 mil , e continua crescendo. Queira a Sagrada Família - do mesmo modo como li vro u o Menino Jesus da sanha do rei Herodes, quando este ordenou a " Matança dos Inocentes" em Belém - li vra r o Brasil de uma nova "Matança de inocentes", que ocorrerá se o herod iano projeto fo r sancionado pela presidente Dilma. E rezemos para que ela cumpra sua promes a de que nada faria que favo recesse a ampliação do aborto em nossa Pátria. • E-mail para o a utor: catolicismo@terra.com.br
AGOSTO 2012
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5 Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior
6 Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo
7 Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
+ Pagani , 1787. Grande doutor da devoção a Nossa Senhora, fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, dedicada à pregação de missões populares. Padroeiro dos moral is tas.
2 São Pedro Julião Eymard, Confessor + França, J 868. Fundador do Jnstituto do Santíssimo Sacramento para a adoração perpétua, seus últimos anos foram cheios de sofrimentos. Dizia a Nosso Senhor: "Eis-
me aqui, Senhor, no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me, dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça ". Primeira Sexta-feira do mês.
3 São Pedro de Anagni , Bispo e Confessor
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1J
São Sisto II, Papa, e Companheiros, Má1tires
Santa Susana, Mártir
+ Roma, 258. O perverso
+ Roma , séc. III. Matrona
imperador romano pagão Valeriano estabelecera a pena de morte no Império Romano
"sem julgam ento, só com verificação da identidade", contra bispos, padres e diáconos cristãos . Sisto n foi executado na Via Ápia , no mesmo lugar onde celebrava clandestinamente os santos Mistérios. Com o Pontífice foram martirizados seis diáconos que o assistiam.
8 São Domingos de Gusmão, Confessor
+ Bolonha, 1221. Cônego de Osma, na Espanha, oriundo de nobre família . Ao se dirigir em peregrinação a Roma, viu o dano que a heresia albigense fazia no sul da França . Ali ficou para pregar e defender a verdade, fundando a Ordem dos Pregadores. Recebeu o Rosário diretamente de Nossa Senhora, com ordem de divulgar a sua recitação.
+ Anagni , 1105. De família nobre, tendo entrado ainda jovem num mosteiro de Anagni , foi nomeado bispo da cidade pelo Papa lá exilado, e por ele enviado a Constantinopla como embaixador junto ao imperador bizantino. Primeiro Sábado do mês.
ja. Negando-se a entregar ao prefeito da cidade esses bens, depois do martírio daquele Papa, foi cruelmente assado a fogo lento numa grelha . É um dos mais famosos mártires da Cidade Eterna, que lhe dedicou várias igrejas.
9 Santos Juliano, Mariano e Companheiros, Mártires
+ Constantinopla, séc. VIII . Esses IO eclesiásticos, por terem defendido o culto das imagens, sofreram "inúmeros
tormentos e foram mortos pela espada " ( do M arti rológio ).
romana, foi decapitada por ódio à fé em sua própria casa, transformada depois, no século VI, em igreja dedicada ao seu culto.
12 Santo Euplúsio, Mártir
+ Catânia, séc. lY. Movido pela graça, esse intrépido cristão apresentou-se à entrada do tribunal da cidade e gritou :
"Desej o morre,; porque sou cristão ". Depois de diversas torturas, foi decapitado.
J3 Santa Radegunda Rainha , Viúva
+ Poitiers , 587. Esposa de Clotário J, rei dos francos, por sua virtude exerceu grande influência na corte. Retirou-se depois para um mosteiro que fundou em Poitiers.
14 Santa Anastácia, Abadessa + Egina (Grécia), séc . IX . Por duas vezes teve que se casar contra sua vontade. Mas tendo seu segundo marido, com o qual se dedicava às boas obras, resolvido fazer-se monge, ela fundou no deserto de Tímia um mosteiro, que governou até sua morte.
15 ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AOS CÉUS
São João Maria Vianney, o Santo Cura d'Ars
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+ Ars , 1859. Sua fama de
São Lourenço, Mártir
São Roque, Confessor
pregador e confessor atraía pessoas de todas as partes da França. São Pio X o nomeou patrono de todos os párocos e pastores de almas.
+ Roma, séc. TIi . Espanhol de
+ Montpellier, séc. XIV. Per-
origem, foi o primeiro dos sete Diáconos de Roma . O Papa São Sixto I[ confiou-lhe a administração dos bens da lgre-
dendo os pais aos 20 anos, partiu para Roma em peregrinação, passando pelos lugares empestados para tratar dos
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enfermos. Voltando à sua cidade natal , foi tomado como revoltoso e levado à prisão, onde morreu de miséria ao cabo de cinco anos .
17 São Jacinto, Confessor + Polônia, 1257. "Depois de ter estudado em Cracóvia, recebeu o hábito dos fi'ades pregadores em Roma, das mãos do próprio São Domingos. Fundou a província dominicana da Polônia e estendeu seu apostolado para a Rússia e a Prússia " (do Martirológio).
18 Santo Agapito, Mártir
+ Palestina , séc. m. Com apenas 15 anos, mas já inflamado pelo amor de Deus, foi duramente flagelado com nervos de boi, depois entregue aos leões, que não o tocaram ; finalmente foi decapitado.
19 São João Eudes, Confessor + França, 1680. Dele disse São Pio X: "Ardendo com amor extraordinário aos Sagrados Corações de Jesus e Maria,foi o primeiro a pensar, e não sem inspiração divina, em tributarlhes um culto litúrgico". Fundou o Instituto de Jesus e Maria (Eudistas) e as Filhas de Nossa Senhora da Caridade.
20 São Bernardo, Abade
+ França, 1153. O monge mais ilustre de seu século, fundador da Ordem Cisterciense. Foi conselheiro de Papas e príncipes. Pregou a Segunda Cruzada e combateu vigorosamente os hereges . Devotíssimo de Nossa Senhora, recebeu o título de Doutor Mel(fluo. É considerado o último dos Padres da Igreja latina.
21 São Pio X, Papa e Confessor + Roma, 1914. O lema de seu pontificado foi Restaurar tudo em Cristo. Por sua admi-
rável atuação, é considerado o grande Papa da Eucaristia, do Catecismo, do Direito Canônico e do Canto Gregoriano . Sobretudo, foi ingente batalhador contra os erros da heresia modernista, que hoje renasceu com a denominação de progressismo.
22 NOSSA SENHORA RAINHA (Antigamente esta festa comemorava-se a 31 de maio. No dia 22 de agosto celebravase o Imaculado Coração de Maria) .
23 Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento (Vide p. 40)
24 São Bartolomeu, Apóstolo + Armênia, séc. I. Segundo autores antigos , seu verdadeiro nome seria Natanael , de quem Jesus disse : "Eis
um verdadeiro israelita no qual não há dolo ". Levou o Evangelho a vários países , como Pérsia, Índia, Arábia e Armênia ; neste último teria sido esfolado vivo.
25 São Luís IX, Rei de França e Cruzado, Confessor + África, 1270. Árbitro entre reis da Europa, e mesmo entre infiéis, quando empreendeu a VI Cruzada. Foi pai de seu povo , juiz para os ímpios e defensor da fé contra os muçulmanos. Morreu vitimado pela peste nas costas da África, durante a VIJ Cruzada.
26 Santa Teresa de Jesus Jornet-e-lbars, Virgem
+ Líria (Espanha), 1897 . "Nascida na Catalunha, de uma família de agricultores, consagrou -se inicialmente ao ensino, e depois.fundou o Instituto das Irmãzinhas dos Idosos Abandonados" (do Martirológio Romano - Monástico). O Instituto logo se
espraiou por toda a Espanha e também para o exterior.
27 Solenidade de Nossa Senhom dos Prazeres Um de seus santuários mais famosos no Brasil é o dos Montes Guararapes, onde se travou a batalha miraculosa e decisiva dos brasileiros contra os hereges calvinistas holandeses, na qual estes foram definitivamente derrotados.
28 Santo Agostinho, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
+ Hipona, 430. Dele disse Leão XIII: "É um génio vigo-
roso que, dominando todas as ciências humanas e divinas, combateu todos os erros de seu tempo"'. Morreu quando os vândalos punham cerco à sua sede episcopal, a cidade de Hipona, ao norte da África.
Intenções para a Santa Missa em agosto Será celebrada pelo Revmo . Pad re David Francisq u in i, nas se guintes intenções: • Em honra à festivi dade ce lebrada pela Santa Igreja no dia i 5 de agosto : a gloriosa Assu nção de Nossa Senhora aos Céus em corpo e alma . Nesse dia, em que se come mora u ma das mais antigas festas marianas, pediremos à Virgem Santíssima que abençoe maternalmente os lares e as famílias de todos os ieitores e colaboradores de Catoiicismo .
29 Martírio de São João Batista
30 São Fiacre, Confessor
+ França, 670. Filho do rei da Escócia, instalou -se na França, onde construiu um mosteiro. Monge desbravador venerado pelos jardineiros e horticultores, tornou-se muito popular na França.
31 São Paulino de Tréveris, Bispo e Confessor
+ Tréveris , 358 . Defensor da fé durante o Concílio de Nicéia e grande partidário de Santo Atanásio, foi por isso exilado para a Ásia Menor pelo imperador Constâncio, que era ariano. Morreu no exí1io entre não católicos, vítima de sofrimentos e fadigas . Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em setembro • Rezaremos para que u es<,.a m ainda muito mais no Brasil as sadias reações contra os fatores de desagregaçéio da sociedade, pedindo à Divina Providência que c...1 itive na aima de todo bra siieiro o amor aos vaiares autenticamente cristãos . infelizmente , nossa Pátria tem não poucos defensores de prá tic as ant ic ri stãs , como o aborto, a eutan ásia , o divórcio, o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo , a s ,nvasõ es de pro priedades etc. . Que a Santíssima Virgem não permita a expansão de tais práticas na Terra de Santa C ruz.
AGO
CATOLICISMO
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FRANCISCO JOSÉ SAIDL
undada pela Sociedade Americana de Def esa da Tradiçc7o, Familia e Propriedade em 1995, a Academia São Luiz Grignion de Mon(fort forma jovens do 7° ao 12° grau. No dia 1° de junho p.p. ela encerrou mais um ano de atividades. Após o período de férias , que ora se inicia, a instituição receberá um novo contingente de alunos em suas novas e amplas instalações na cidade de 1-lerndon (Pensilvânia). O encerramento deste ano letivo constou de Missa solene segundo o rito tradicional, seguida de entrega do certificado de conclusão do curso e diplomas aos alunos que mais se destacaram a títulos diversos. Em nome dos formandos falou o jovem texano Matthew Muller. O Dr. Mário Navarro da Costa, diretor do Escritório da TFP americana em Washin gton, saudou o corpo docente e discente, bem como o público, constituído sobretudo por familiares dos formandos . Eis alguns trechos de sua saudação: As palavras que vos dirigirei.foram inspiradas no dis curso pronunciado pelo Prof Plínio Corréa de Oliveira como Paraninfo da turma de 1936 do Colégio Arquidiocesano em São Paulo. Os costumes estabelecem que todo discurso de.formatura deve ser carregado de otimismo e cheio de esperanças pelo fitturo dos graduandos. Enquanto eu expresso ilimitada esperança no potencial de nossos caros formandos e no fitturo do mundo, com a certeza de que nc7o estamos muito dislantes do cumprimento das promessas de Nossa Senhora em Fátima, de que Seu imaculado Coração triunjàrá, é d!ficil ser otimista em 2013. Estou pessoalmente convencido de que vivemos a pior crise em dois mil anos de história da Cristandade. Mais ou menos tudo está de cabeça para baixo, tudo está subvertido. Como o Prof Plinio Corréa de Oliveira afirmou em Revolução e Contra-
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AGOSTO 2013
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Revo lução, o terrível inimigo que está processivamente destruindo a civilização cristã tem um nome: chama-se Revolução. Aborto, eutanásia, homossexualidade, perseguição religiosa, politicamente correto, etc. [. . .J. Para um jovem, fora da escola, educado no amor à Fé e à Pureza, o mundo dirige uma mensagem que é oposta ao que São Remígio disse ao convertido Rei dos Francos, Clóvis: 'Curva a cabeça, j ovem cristão. Queima o que adoraste e adora o que queimaste'. Deste choque nasce para os jovens a necessidade escolher entre Cristo ou o contrário d 'Ele. A necessidade de escolher é maior para uns do que para outros, mas, na realidade, ela é para todos. Esta luta interna em suas almas é, em síntese, o que a crise da adolescência é para todos. Acima de tudo, nossa luta é interior: Se des~jarmos o reinado de Cristo no mundo contemporâneo, devemos começar por querer que Ele reine em nossas almas. Nossa grande batalha, nosso primeiro combate é interior: Combatemos o mundo moderno dentro de nós, este mundo que quer nos introduzir numa vida que nossos princípios condenam. Num mundo impuro, nós permanecemos puros. Num mundo imerso no prazer; nossa vida é de trabalho e austeridade. Num mundo que anseia por dinheiro, nossa vida é de renúncia e abnegação. Num mundo que ama a desordem e a indisciplina, vivemos na disciplina e no amor à ordem. [. . .} Meus caros amigos.formandos: ponde Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Mãe Imaculada no centro de vossas vidas. Fazei convergir a Eles todos vossos ideais. Em.face da g rande batalha, que é a mais nobre vocação da vossa geração, dizei ao Redentor e Rei, quando Ele vos indagar se quereis compartilhar Seufàrdo: 'Domine, 11011 recuso laborem ' (Senha,; não recusarei o labor que me p edis'). Meus caros, esta é a alegria que vos desejo. Profimda alegria, completa aleg ria, alegria.fúndada na g rande.fonte de alegria que existe, a paz do coração que vive consoante a Lei divina. Com Jesus Cristo e Sua Mãe Santíssima, caros amigos, alegrai-Vos ". • E-mail para o autor: cato ljcismo@terra com br
CATOLIC ISMO
CATECISMO DA DOUTRINA CATÓLICA Organizador:
CATECISMO ,,,
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CATÓLICA
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Padre David Francisquini O Catecismo é como uma verdadeira joia; pequenino, mas precioso. Afirma o Padre Spirago: "Um famoso e célebre pregador, ao subir ao púlpito, habitualmente levava consigo um catecismo e falava assim ao povo: 'vede este livrinho: minúsculo, mas de ouro! Ele encerra todos os tesouros da sabedoria!'" Este livrinho, que agora vem a lume, visa nos ajudar a crescer no conhecimento de Deus e dos Sacramentos da Santa Igreja, das principais virtudes a serem praticadas e dos vícios a serem evitados, tudo explicado de modo claro, lógico e fácil.
254 páginas, Ilustrado, tamanho 9,5x15cm.
Frete R$7 ,00
Petrus Editora Ltda. Rua Visconde de Taunay, 363 - Bairro Bom Retiro CEP 01132-000 - São Paulo-SP Fone/Fax (11) 3333-6716 E-mail: petrus@livrariapetrus.com.br Visite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br
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IV III /J\<,:rns
A Grande Chartreuse PuN10 CoRRÊA DE OuvEtRA
Imenso turíbulo do qual sobem continuamente ao Céu os sacrifícios da oração e da penitência
e
hama a atenção nesse panorama o aspecto soberbo da neve. Ela cobre o edificio tão amp lamente que torna muito clara a razão de ser dos telhados e das torres em ponta. Não é propriamente um prédioi é quase uma c idadezi nha, com a praça central , uma série de construções e a igreja, que se destaca. As montanhas fazem parte de um maciço impróprio para a construção de cidades. Assim, a vastidão completamente erma, marca o esp írito da in stitu ição a li estabe lecida. Qual é essa instituição? Por que esse iso lame nto? O que significa a vida de um homem nesse lugar? - É, como se diz em português, a Cartuxa - incomparavelmente menos bonito do que em francês: Chartreuse. É um nome que canta. A ilustração é da Grande Chartreuse na França, porque havia várias Chartreuses, se_ndo esta · a maior de todas. O que é a Ordem dos cartuxos ou dos chartreux? E la foi fundada por São Bruno na Idade Média. Tem por objetivo separar do convívio humano alguns homens que
receberam de Deus altíssima vocação: estar constantemente pensando em assuntos relacionados com a doutrina católica, com o espírito da Igreja, com a teologia, com a filosofia , com os documentos do magistério eclesiástico. Assim, os cartuxos reservam larga parte de seu tempo à prece: oficios rezados de dia e de noite na cape la do mosteiro; jejum rigoroso; trabalhos manuais; leituras e penitências. E les vivem comp letamente isolados. Qual é a razão disso? É um propósito muito belo: em atenção ao fato de todos nós pertencermos ao Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo - a Igreja Católica Apostólica Romana - há uma reversão entre os homens, mediante a qual os méritos e sacrificios de uns podem se transformar em méritos e perdão para outros. Dessa forma, os cartuxos oferecem seus méritos pelas almas a respeito das quais Nossa Senhora tem planos especiais, para a glória d ' Ela e expansão da Santa Igreja. Assim, compreendemos a verdadeira beleza desse cenário, com homens perpetuamente silef!ciosos, postos na oração e no sacrifício, pensando nas coisas de Deus e oferecendo isso por almas que e les ignoram . ímaginemos o rigor do inverno, o uivar dos ventos e as tempestades nessas montanhas. A Chartreuse pode ser comparada a um imenso turíbulo do qual sobem contin uamente ao Céu os sacrifícios da oração e da penitência. Compreende-se então que há qualquer coisa de · tranquilo, de sereno, de crucificado e varonil nesse gênero de vida, que realmente incute enorme veneração e respeito sem fim! •
Excertos .da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 15 de j aneiro de 1977. s·em revisão do autor.
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CRISTIANOFOBIA ·
!,1 PUNIO CORRÊA DE ÜUVEIRA
Face a virulentas perseguições, o triunfo da Santa Igreja
A
o centro da Praça de São Pedro, no Vati cano, erg ue-se um monólito monumental que parece desafi ar, com seu porte soberbo, a ação dos sécul os e das vicissitudes. Este obe lisco não é um mero ornamento; mais do que isto, é um símbolo da própria Igreja, que no po nto central do imenso campo da Históri a se ergue monumental, monolítica e altiva, num desafio perene ao tempo e à maldade humana. Pe r eguições re li gio as, j á as sofreu muitas e muitas vezes a Igrej a. A persegui ção religiosa bolchevi sta não fo i a primeira, e está muito longe de ser a última. Sob este ponto de vi sta, a política re ligiosa dos soviets nada apresenta de mais inqui etador do que a dos demais inimi gos da Igreja. -
CATOLI C I SMO
Poucas vezes, depois dos Calígulas e dos Neros, se tem visto a Igrej a em face de perseguidores tão orgulhosos de sua maldade. Mas eis a Ig reja [que representa] a vitóri a da verdade sobre a ca lúnia, da inocência sobre a má-fé, de Deus sobre o demônio. E, ao contemplarmos tantos triunfos em me io de tantos perigos, tanta nobreza moral opondo-se a este mar de decadências que é hoj e o mundo, só nos resta exclamar exultantes : Pleni sunt caeli et terra maiestati s gloriae tuae Os Céus e a Terra estão che ios da tua glóri a e maj estade ! • Excertos do artigo de Plínio Corrêa de O li ve ira publicado em "O Legionário", nº 55, 6-4- 1930.
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UMARI SETEMBRO de 2013
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EXCERTOS
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CARTA DO DIRl~TOI~
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PoR oua~ NossA
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PÃ(;INA MARIANA
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CORRESPONDl~~N<:IA
12 A
Nº 75:3
S1,:N110RA CmmA
Nossa Senhora da Luz
REAUDADI~ CONCJSAMlWl'E
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01,:sTAQtm
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ENTREVISTA
Holanda: eutanásja de recém-nasCÍdos Arcebjspo de São Franôsco em defesa da moral
20 LornmEs Reconhechnento oflôal de novo mHagre 22
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farn:RNAc10NA1. D1scr-:RNINDO
ColômbÍa: cotas também para as FARC?
Pésshnas jnfluênôas das novelas
24 Mr•:Mé>mA Persegtúções, lutas e 0tó1ias 26
CAPA
GlobaHzação de persegiúções anUcatóHcas
36 VmAs m,: SANTOS São Lourenço JusUnÍano 39 VARmDADES Ufop: Centro de Difüsão do ComtmÍsmo
40 SOS FAMíuA Sub-repUôamente aprovam lej aborUsta
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LmTURA EsPHU'l'UAI,
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SANTOS E )<'ESTAS DO M1~;s
46 AçAo
Danila Castelli curada em Lourdes
Pen$amentos Consoladores VI
CoNTRA-REvo1.11cmNARJA
52 A~1mK,rns, Cosn1.,ms, Cn'11,1zAçõ1•:s Nossa Senhora de Coromoto, Padroejra da Venezuela: ÍJÍeráUca, medÍeval, mas sumamente acessível Nossa Capa: Demolição da igreja de Saint-Jacques d'Abbeville, Picardie, França
SETEMBRO 2013
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n• 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo· SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax(0xx11)3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo· SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catollclsmo@terra.com.br HomePage: www.catollclsmo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Setembro de 2013: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$146,00 R$218,00 R$374,00 R$616,00 R$ 13,50
Em sua edição de fevereiro de 2012, Catolicismo tratou de um tema de grande atualidade: a cristianofobia, foca lizando especialmente as perseguições aos cristãos em nações muçulmanas. Na presente matéria de capa é abordada essa mesma questão, só que focalizada em países comunistas, faze ndo um histórico da perseguição anticristã em tais países e também de perseguições no Oc idente laico. No decurso de sua longa existência, nossa revista tem muitas vezes abordado o martírio sofrido pelos cristãos, tanto no passado quanto nos dias atuais, em áreas dominadas por regimes que propugnam o materialismo pseudocientífico. Mas temse ocupado menos com outro tipo de cristianofobia - a que vem se disseminando com celeridade em Estados ocidentais secu larizados. Diante de tal quadro, recomendamos ao leitor especial atenção para esse aspecto da matéria. Trata-se de uma aversão aos valores da Cristandade muito mais subtil e propícia a subverter a fé dos cristãos no Ocidente. Seria ingênuo pensar que nossos regimes políticos conservaram a democracia burguesa e liberal nos mesmos moldes daquela que nasceu da Revolução Francesa. A partir da década de 1980, invocando o princípio da não-discriminação e da nova interpretação da doutrina dos Direitos Humanos, as democracias ocidentais caminham, de fato, para um regime dito "multicultural". Assim, ao invés da tradicional integração dos imigrantes com os valores comuns que fundamentam a identidade nacional, o "multiculturalismo" transforma o país numa miscelânea de sociedades separadas vivendo lado a lado. Cada uma delas alimentando estilos de vida peculiares não raro contraditórios com a identidade nacional. O relativismo cultural daí proveniente desemboca necessariamente no relativismo moral, uma vez que a miscelânea de várias culturas e critérios de análise elimina a possibilidade de se aceitarem princípios evidentes e reconhecidos como tais em todos os tempos e lugares. Constitui flagrante contradição dizer que presenciamos a mais tolerante de todas as eras da História. É precisamente o contrário: trata-se da "ditadura do relativismo", increpada diversas vezes por Bento XVI. Tal "ditadura do ·relativismo" é a mais cruel forma de perseguição religiosa, pois impõe a nós católicos uma "atitude de abertura" para tolerar estilos de vida em conflito com a Lei natural e divina. Qual a posição do verdadeiro católico em face dessa trágica situação? Reagir e defender por todos os meios legais nossos direitos, sobretudo os direitos de Deus e da Santa Igreja. Desejo a todos os estimados leitores uma proveitosa leitura dessa candente matéria,
Em Jesus e Maria,
CATOLICISMO
9:~7
Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
catolicismo@terra.com.br
DIR ETOR
Elevando os bichos, rebaixando os homens
P
ossuir animais domésticos e tratá-los bem é um costume imemorial, sobretudo em se tratando de cães. E é claro que não se deve submetê-los a sofrimentos sem razão proporcionada. Ninguém defende isso. Contudo, uma moda induzida e irracional tem levado muita gente a colocar os animais num patamar superior ao dos humanos, o que é extravasar de todo bom senso e chega a ser pecaminoso, pois contraria a hierarquia estabelecida por Deus na Criação. A Sagrada Escritura é muito clara a esse respeito. Deus disse ao primeiro casal: "Enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra" (Gen. 1,28). Ademais, o Catecismo da Igreja Católica, promulgado por João Paulo Il, determina: "Deus confiou os animais ao governo daquele que foi criado à Sua imagem [o homem]. É, portanto, legítimo servimo-nos dos animais para a alimentação e para a confecção do vestuário. Podemos domesticá-los para que sirvam o homem nos seus trabalhos e lazeres. As experiências médicas e cientificas em animais são práticas moralmente admissíveis desde que não ultrapassem os limites do razoável e contribuam para curar ou poupar vidas humanas" (2417).
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Sem embargo disso, o infausto projeto de Código Penal, que está sendo analisado no Senado, chega a impor penas maiores ao abandono de um animal do que ao abandono de uma criança. - Loucura? - Desvario? Muito mais. Faz parte do processo de rebaixamento da natureza humana, atualmente em curso. Os desatinos desse projeto estão levantando protestos e dificultando sua aprovação imediata (esperamos que seja rejeitado). Contudo, cá e lá começam a aparecer projetos parciais na mesma direção, o que mostra um estranho desígnio de levar à frente certas matérias absurdas. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou há pouco um projeto que estabelece incríveis punições para os homens no trato destes com cães e gatos. As penas são severas. Assim, quem matar um cão ou um gato vai para a cadeia pelo prazo de cinco a oito anos. E o regime é de reclusão, o mais fechado, reservado para crimes graves, em que o criminoso não tem possibilidade de abrandamento num futuro próximo. É inimaginável alguém purgar oito anos atrás das grades porque matou um gato! Mas há mais.
Se a pessoa matou o animal para evitar contágio de alguma doença transmissível aos humanos, precisa provar de modo "irrefutável" que não havia tratamento possível para o animal. Se não conseguir fazer essa prova, sua pena aumenta para seis a dez anos. O mesmo acréscimo de pena se aplica se o canino ou felino for morto com veneno ou algum meio cruel. Mas não é só matar; também se deixar de prestar assistência ou socorro ao cão ou ao gato que corre perigo grave e iminente nas vias e nos logradouros públicos, bem como nas propriedades privadas, corresponderá uma pena de dois a quatro anos de detenção. Se abandonar o bicho, três a cinco anos de detenção. Tampouco se poderá deixar o animal amarrado com um cordão ou corrente para que não fuja de casa nem ataque ninguém: detenção de um a três anos . É preciso ainda dar uma alimentação cuidadosa ao bicho, pois expor a saúde do cão ou gato equivale a uma detenção de dois a quatro anos. Se o agente for o proprietário ou o responsável pelo bicho, todas essas penas serão ap licadas em dobro: 16 anos de cadeia porque matou um gato!
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Essa equiparação, ou mesmo superação, do animal em relação ao homem constitui um rebaixamento irracional e inconcebível da natureza humana, pois Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Rebaixá-lo dessa forma é profanar a imagem de Deus, é ofender o Criador. Quem gostaria que a imagem do próprio pai fosse rebaixada ao nível de um cachorro? Esta ofensa ao Criador é uma das razões das lágrimas de Nossa Senhora! • SETEMBRO 2013
O milagre de Nossa Senhora da Luz N a origem da fundação da capital paranaensc, a chegada da imagem da Santíssima Virgem com os primeiros habitantes cidade
M IVAN RAFAEL DE ÜUVEIRA
Q
uand.o os primeiros colonizadores chegaram em meados do século XVU aos campos de Curitiba, foi às margens do rio Atuba, distante do atual centro da cidade, que eles ergueram suas primeiras moradias. A mudança para o local onde se encontra hoje a cidade ocorreu devido a um milagre de Nossa Senhora da Luz.
- C A T O L I C ISMO
Membro de uma importante família paulista, Francisco Soares do Vale fo i um dos primeiros habitantes da futura cidade de Curi tiba. Conta-se que sua viagem ao Paraná foi causada por atritos com o governador de São Paulo, que o obrigou a fugir da cidade. Dias depois, passando pela região dos campos de Curitiba, considerou a região um bom local para começar nova vida. Voltou então a Cananéia, no litoral paulista, de onde podia enviar uma carta e esperar a chegada de sua família. Enquanto a
aguardava, Francisco conheceu Lourenço Rodrigues de Andrade, um português recém-chegado com sua família a Cananéia. Como este desejava dedicar-se à procura de ouro, decidiu fixar-se com Francisco Soares nesta nova terra. Em seus empreendimentos, o gmpo levava consigo uma pequena imagem da Virgem Maria, sob a invocação de Senhora da Luz. Em esti lo ban-oco e sem pretensões artísticas, entretanto ela ence1rnva em si toda a fé e a esperança desses desbravadores que partiam para expedições. A devo-
ção a Nossa Senhora da Luz já era muito conhecida em São Paulo e em Portugal.
Edificação da vila junto ao rio Atllba Ao chegarem ao local onde antes tinha estado Francisco, escolheram um ponto próximo ao rio Atuba, hoje bairro que conserva o mesmo nome. Aos poucos, também outros forasteiros que passaram pela região foram se fixando no local , nascendo assim um vilarejo. Edificou-se no centro da vila uma pequena capela para abrigar a imagem - construção muito simples, proporcionada às privações por que passavam os recém-chegados. Havia realmente a necessidade de uma especial proteção da Virgem Santíssima, pois na região viviam perigosos índios caingangues que aterrorizavam a população. Conhecidos como Tinguís por terem narizes muito finos ("Tin" "guí", - nariz afilado), esses indígenas construíam suas habitações em covas abertas no solo. Certo dia, do interior de sua capela, Nossa Senhora, considerando a miséria e o primitivismo desses silvícolas , penalizou-se com sua situação. É o que veremos a seguir.
O milagre de Nossa Senhora da Luz Numa manhã do ano de 1654, grande alvoroço se manifestou na vila, pois a imagem de Nossa Senhora amanhecera em seu nicho voltada para o Oeste. No dia seguinte o fato se repetiu. Como ninguém fora o autor da mudança, seus habitantes perceberam que se tratava de um milagre, que se repetiu durante muitos dias pela manhã. Não demorou a se darem conta de que Nossa Senhora, por meio do milagre, indicava a solução para um problema que eles enfrentavam: o local onde estava construída a vila já não agradava mais aos habitantes . Segundo alguns geógrafos , a ra zão disso seria o excesso de umidade do ar daquela região. A Mãe de Deus lhes indicava assim a direção para onde deveriam ir. E ntretanto, exig ia deles um ato de confiança, pois nessa região situava-se a aldeia dos Tinguís. Até então ninguém tinha
se aventurado nessa direção, temendo um ataque dos índios. Reunidos para decidir o que fariam e confiantes em Nossa Senhora, eles resolveram tentar um primeiro contato com os selvagens. Os homens mais corajosos foram convocados para formar a comitiva que executaria tal empreendimento. Portando as armas de que dispunham para sua defesa, esperavam encontrar hostilidade. Ao final de tensa caminhada, encontraram-se frente a frente brancos e índios. Enquanto isso, em sua capela no Alto do Atuba, Nossa Senhora transformou o espírito dos terríveis Tinguís. Os índios não lançaram o esperado grito de guerra, mas fizeram um aceno de paz. Arcos e flechas foram lançados ao chão. A recepção foi generosa e cordial. Revestido de seu manto branco, portando o cocar multicolor, símbolo de sua autoridade, e empunhando o bastão inseparável dos Caingangues, destacava-se entre os silvícolas o cacique Arakxó, nome que significa Gralha Branca , também conhecido como Tindiquera. Como símbolo de sua hospitalidade, os indígenas ofereceram aos brancos a cuia de erva-mate, a qual foi bebida por todo o círculo dos guerreiros. Pôde-se, assim, tratar tranquilamente do motivo do encontro. Com inesperada naturalidade, os Tinguís aceitaram deixar a região. Arakxó ordenou a um de seus guerreiros que se retirasse. Passados alguns instantes ouviu-se ao longe o som grave de uma buzina indígena convocando os índios da tribo. Do meio das matas uma multidão deles logo se acercou do cacique. Quando todos estavam reunidos, Arakxó fincou solenemente seu bastão na terra, marcando o ponto onde os brancos deveriam tomar como centro da povoação que seria estabelecida. Também denominou -a " Coré-etuba", cujo significado é "muito pinhão", a qual depois seria o nome da cidade futura capital do Paraná. Após o que, movimentando-se lentamente, os caingangues se retiraram rumo às florestas situadas mais ao ocidente. A comitiva retornou ao vilarejo, narrou o ocorrido, e todo o povoado comemorou o sucesso. Um novo êxodo
se deu nessa ocasião. Abandonando o vilarejo, seus habitantes formaram o novo povoado no local ocupado pela antiga tribo. Narram ainda as crônicas que, chegada a primavera , o bastão germinou, dele nasceram ramos e, por fim , floriu , transformando-se em frondosa árvore. Símbolo, talvez, de futuras graças que Nossa Senhora concederia àquela povoação.
A nova capela e a catedral de Curitiba Os índios não se afastaram das imediações de sua antiga morada, o que facilitou o trabalho dos missionários. Logo lhes foi ministrado o catecismo, e renegando o paganismo, receberam da Senhora da Luz a luz da verdadeira fé. Tais fatos bem explicam o porquê da intervenção de Nossa Senhora na mudança do antigo vilarejo. Esses índios também foram tomando parte na vida dos colonizadores. Ufanos de sua ancestralidade, seus mestiços predominaram durante largo tempo em muitas cidades circunvi z inhas de Curitiba. Em suas rixas, costumavam avisar seus contendores:
"Cuidado, porque eu sou Tíngui! " A imagem de Nossa Senhora da Luz também obteve sua nova morada. No local onde o bastão floresceu - e no qual se ergue hoje a catedral da cidade - foi construída a nova capela. C uritiba comemora sua Padroeira no dia 8 de setembro. • E-mail para o autor: catoli cismo@terra.corn .br Bibliografia: -
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Antonio Vieira dos Santos, Memória Histórica. Cronológica , Topográ,[,ca e Descritiva da Cidade de Paranaguá e de seus Municípios, Curitiba, Livrari a Mundial, 1922. Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo, Conquista Pacífica de G11arapua va, Edição Farol do Saber, 1995. Ruy Chri stovarn Wachowicz, As moradas da Senhora da luz, Curitiba, Gráfica Vi centina Lida., 1993. Ruy Chri stovam Wach owicz, Hislória do Paraná, 4" Edição, Gráfi ca Vicentina Lida . Rornário Martins, O primeiro milagre de Nossa Sra. Dos Pinhais de Curitiba, "Gazeta cio Povo", 8-9- 1933. Martins, História do Paraná, 3" edição, Editora Guairá Lida. Ermelino Leão, Diccionário do Paraná. Empreza Gráfica Paranaense, Curitiba, 1927, vol. 3.
SETEMBRO 2013
para o bem de todos os brasileiros de boa vontade, no sentido da mudança exigida pela multidão de jovens na França: a volta aos valores familiares e a rejeição a toda imoralidade como, por exemplo, o absurdo casamento de pessoas do mesmo sexo, que querem impor à sociedade como se fosse uma coisa normal. (V.O.W. -
SP)
Anacronismo esquerdista
Indignação popular 181 Nestas manifestações que surgiram em diversas cidades brasileiras, não consigo ver claramente o que está por detrás de tudo isto, o que tem de espontâneo e o que tem de artificial. Mas, aparentemente, a esquerda está fazendo o possível para conseguir orientar as manifestações segundo os interesses dela. O que precisamos saber é se o povo se deixará orientar ou, percebendo o jogo da esquerda, sairá da inércia e ficará ainda mais indignado, exigindo mudanças profundas , o fim da corrupção e líderes verdadeiros no governo do País. (U.C.S. -
MG)
Rejeição a toda imoralidade 181 Gostei muito de ver na revista Catolicismo o artigo [de Gregorio Vivanco Lopes, edição de agosto/2013] interpretando o rumo que estão tomando as agitações que encheram ruas e avenidas. Nesta confusão , a leitura da análise oferecida pela revista deste mês me ajudou a perceber melhor o que está realmente acontecendo no Brasil. As advertências feitas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira também me ajudaram muito para entender esses acontecimentos e que futuro nos espera se as boas reações aumentarem ainda mais . Queira Deus que haja uma mudança
-CATOLICISMO
181 Os protestos revelaram mesmo o "gigantesco descontentamento de norte a sul do país". Esse descontentamento parece ser sobretudo em relação ao atual governo com sua política alinhada às ideias velhas e malucas do falecido Hugo Chávez da Venezuela. É urgente romper com tal política anacrônica (tão anacrônica como o comunismo, também falido) e que representa o suicídio da nação, como se deu nos países do leste europeu e em Cuba. (L.J. - ES)
PLC 3/2013- lei abortista 181 Parece que nos aconteceu o pior possível: o aborto foi aprovado sem necessidade de um procedimento transparente - manobra realizada, e provavelmente incentivada, pelo próprio governo - e como a melhor parte de um plano sinistro, sistemático , continuado e expansionista, espécie de eugenia, arquitetado por um Estado socialista-comunista com todo o aval internacional, contando com toda a benevolência inimaginável da grande mídia e o assentimento velado de milhares de brasileiros. Fui avisado do problema pelo Padre Ricardo logo que a PLC 3/2013 chegou à Presidência, mas apesar de meu empenho (fax assinado a esta, redes sociais, etc.) vejo até mesmo minha esposa, apesar de católica relativamente praticante , querer minimizar o episódio alegando que é uma decorrência inevitável em todo mundo e que se trata apenas de uma interrupção em fase muito
inicial. Pior, a CNBB foi vacilante, não avisou sequer o Papa em sua visita ao Brasil, quatro dias antes; titubeou, propondo arremedos parciais, com exceção da Região-Sul que, justiça seja feita, fez uma carta pública bastante firme e claramente exigindo veto total. O que fazer? Não seria o caso de, como em Nínive, pelo menos os católicos baixarem a cabeça em luto por sua cota de mea culpa e também protestarem, pela forma grotesca, inconstitucional e corrupta com que tudo foi conduzido? Não seria o caso de todos, desde os cardeais, padres, diáconos e cada leigo fazer um voto de penitência? Quem sabe um evento público, como 72 horas de jejum completo, nos três dias que antecederem ao prazo de 90 dias de entrada em vigor dos assassinatos, poderia ter uma forma pública mais contundente - perante a imprensa; deixar-se-ia que fosse chamada de "greve de fome" , para dar maior impacto, apesar de, entre nós, sabermos perfeitamente que não se trata de uma rebelião contra si próprio, mas seria um procedimento bíblico; e afinal ninguém iria morrer por causa disso ... Sabendo que na China o genocídio alcançou a cifra de 300.000.000 de crianças mortas, e enfim, lembrando o sinal claro apresentado por Nossa Senhora sobre o caminho para a total degradação da civilização, acho que a Igreja precisa tomar medidas enérgicas. (M.C.V. -
SP)
Infanticídio 181 Devemos nos unir para contrapor o plano petista de legalizar o aborto no Brasil. Se continuarmos na pacatez brasileira, em breve aparecerá um outro projeto de lei, também aprovando sorrateiramente a legalização do infanticídio e depois da pedofilia. Fiquemos atentos, no próximo ano teremos eleições e não podemos eleger candidatos que não respeitam o cristianismo. (G.T.K. -
RS)
Direção única
121 Estamos vendo que esta insistência em aprovar o aborto no Brasil faz parte de um programa dirigido por uma central que atua no mundo inteiro. Pretende-se instalar um governo único e diabólico para derrubar todos os governos que não cantam pelo mesmo diapasão e não dançam a mesma mús ica diabólica. Em uma palavra, derrubar as leis de Deus e substituí-Ias pelas leis que estejam de acordo com o programa da mesma central marxi sta. (F.B.P. -
BA)
Excomunhão
121 Precisamos rezar e agir para impedir o crime do aborto, do contrário algo dessa culpa poderá recair em nossas costas. É bom relembrar que os políticos que aprovem o aborto são excomungados. (A.F.G.T. -
AL)
Internacional pró-aborto
121 Este ( des)governo petista passa a metade do ano mentindo e a outra metade não dizendo a verdade. É o que comprova este ministro da saúde Padilha (candidato-poste do Lula-poste-apagado para disputar o governo de São Paulo) ao dizer que a pílula do dia seguinte não é abortiva. Ele sabe qual é a verdade, mas não a diz para enganar. O mesmo se pode dizer do Gilberto Carvalho, da Menicucci e de tantos outros do atual governo. Será que os aborteiros petistas pensam que o brasileiro é bobo? Eles estão comprometidos com a internacional pró-aborto, que organiza e financia o programa de distribuição da pílula do dia seguinte em muitos países e agora quer implantar este programa no Brasil. E m vez de usar este dinheiro (que é o nosso dinheiro) para ajudar a mulher a gerar e manter seu filho, eles usam bilhões e bilhões de dólares para financiar a distribuição da pílula do dia seguinte gratuitamente. VAMOS NOS UNIR E DIZER NÃO!!! JA-
MAIS!!! NUNCA ACEITAREMOS TAL IMPOSIÇÃO QUE OBJETIVA ELIMINAR UM INOCENTE NO VENTRE DA MÃE!!! (M.D.M. -
RJ)
FRASES SEL EC IO NADAS
Cumbuca niemeyeriana
121 Absurdamente a Arquidiocese de Belo Horizonte contratou o projeto da sua nova "catedral" do falecido ateu comunista Oscar Niemeyer. A obra faraônica está orçada em cerca de 100 milhões de reais! A pálida, branca e horrorosa "cumbuca niemeyeriana" já está despontando no horizonte da capital mineira, para o espanto de inúmeros clérigos e fiéis da nossa cidade. Os membros da CNBB deveriam reunir-se para fazer algo em prol do abandono desse projeto cínico. Os mesmos senhores da CNBB, que vivem tecendo discursos em prol de uma suposta "opção preferencial pelos pobres", deveriam convidar seus irmãos de episcopado da Arquidiocese de Belo Horizonte e convencê-los a evitar que cerca de 100 milhões de reais sejam utilizados na construção escandalosa dessa "cumbuca". Aliás, o Papa Francisco I deveria conhecer melhor o que está acontecendo na Arquidiocese de Belo Horizonte. Eu tenho certeza de que o Santo Padre se oporia a esse gasto escandaloso. (L.F.A.P. -
MG)
Reação: ontem e hoje
a verdade}} (SClVl-tCl TeresCl ele ÁvLLCl)
"Na Civilização Cristã, a grandeza áo se-
nhor não humilha o SeJVÜÍolj
mas
O efeva!}
(PLLVI-LO CorrêCl ele oLLveLrCl)
"A simulação áa h.umifdrufe é verdadeira so6er6a!} (SClVl-tO AgostLVI-VlO)
"A fu.tmifáaáe não pas-
sa às vezes áe um rutifício áo orgu[fw, que se a6aixa para feva.ntar-si} (LCl R.ocviefoucClulel)
"Não seja tão orgu[fw-
121 Nas cenas sucessivas da batalha reluz o senso da beleza histórica do acontecimento. Fé, diplomacia arguta, mistério e milagre descrevem essa Cruzada contra o agressor muçulmano. Papa, bispos, reis e cavaleiros acorrem à luta contra o Islã. E vencem. Esta pobre Europa atual já quase sem fé a todo instante vê bispos e chefes de Estado acorrerem em louvor dos maometanos, sempre mais agressivos em sua invasão silenciosa. O artigo ["A batalha de Navas de Tolosa", Catolicismo, Julho/2013] é uma admoestação. (N.R.F. -
"A h.umifáacfe é
so áe sua liumifcfruíe!}
França)
SETEMBRO 2013
Ll
Pergunta - Meu noivo é protestante, mas não foi batizado, nem frequenta esse culto. Ele convive bem com toda a minha família, que é católica. Tenho lhe explicado os princípios da nossa religião e ele inclusive declarou-se disposto a receber o batismo. Receio, porém, que ainda não esteja maduro para isso e pode estar se sentindo meio coagido a aceitar o batismo, em vista de minha exigência de nos casarmos na Igreja. Sintoma disso é que um dia me propôs nos casarmos apenas no civil, diante de algumas dificuldades levantadas por um sacerdote que procuramos para marcar o batismo. Pareceu-me mais prudente deixar o batismo dele para depois do casamento, quando espero que tenha completado o processo de sua conversão. O que estabelece a Igreja para esses casos? Preciso aproveitar o intervalo que no momento me deixam meus deveres profissionais para fazer o casamento o mais proximamente possível.
Resposta - A consulente faz bem em não coagir seu noivo a receber o batismo enquanto ele não estiver definitivamente convertido. E faz bem , ademais, em querer receber o sacramento do matrimônio, pois tendo sido batizada na Lgreja católica, seu casamento meramente no civil seria nulo. O Código de Direito canônico é muito claro nesse sentido. Veja o que diz o cânon 1086: Cân. 1086 - § 1. É inválido o matrimônio entre duas pessoas, uma das quais tenha sitio batizatla na Igreja católica ou nela recebida e que não a tenha abandonado por um ato .formal, e outra não batizada. A Igreja, porém, pode dispensar deste impedimento, como se vê no parágrafo seguinte do mesmo cânon: § 2. Não se dispense desse impedimento, a não ser cumpridas as condições ref eridas nos cânones 1125 e 1126. A dispensa compete ao Ordinário do lugar, isto é, simplificando os conceitos, o Bispo da diocese do interessado, o qual deve ser procurado pelos noivos para esse efeito.
Batismo e educação <la pl'Ole 11a Igreja católica O mais importante e necessário para obter a dispensa do bispo é o que está estabelecido no cânon 1125: Cân. 1125 - O Ordinário tio lugar potle conceder essa licença se houver uma causa justa e razoável; não a conceda, porém, se não se verificarem as contlições seguintes: 1" a parte católica tleclare estar preparada para afastar os perigos tle tlefecção da fé, e prometa sinceramente fazer todo o possível a fim de que toda a prole seja batizada e etlucatla na Igreja católica;
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CATOLICISMO
Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
2" informe-se oportunamente à outra parte desses compromissos tia parte católica, de tal modo que conste estar ela verdadeiramente consciente do compromisso e da obrigação da parte católica; Pelo que a consulente explica em sua consulta, seu noivo não se oporia a essas condições, de modo que o bispo certamente pode conceder a dispensa pedida.
O casamento deve
ser realizado na igreja
Ademais, o casamento não só pode, mas deve ser realizado numa igreja católica, conforme estipulam os cânones I L15 e ll 17: Cân. 1115 - Celebrem-se os matrimônios na paróquia omle uma das partes tiver domicílio, quase-domicílio ou residência há um mês, ou, tratando-se de vagos, na paróquia onde de/ato se encontram; com licença do próprio Ordinário ou do próprio pároco, podem celebrar-se em outro lugm: Cân. 111 7 - Deve observar-se a .forma acima estabelecitla, se ao menos uma tias partes contraentes tiver sido batizada na Igreja católica ou nela tenha sido recebida, e dela não tenha saído por um ato.formal, salvas as prescrições do cânon ll 27, § 2.
1- - ~ - - - - _ _ J Preparação para r eceber o sacrame11to do matrimônio Dada a importâ ncia do sacramento do matrimôni o os noivos devem preparar-se para ele, sobrel11do pela rece~ção dos sacra mentos da peni tência (ou Confissão) e da santíss ima Eucari stia, como lembra o cânon 1065 § 2. Também seria normal que tivessem recebido anteriormente o sacramento da confi rmação (ou crisma), como observa o§ J do mesmo cânon. Obviamente, seu noivo não poderá receber nenhum desses sacramentos, por não esta r ainda batizado. O bati smo é a porta de entrada necessári a para receber qualquer outro sacra mento. A santi<lade <la vida matrimonial A observância destas prescri ções é importante, sobretudo nos tempos que estamos vivendo, em que o laicismo dos Estados invadiu todos os aspectos da vida temporal, penetrando abusiva mente até na intimidade do lar. A obri gação dos esposos de darem uma educaçã.o cri stã. aos filh os se vê ameaçada até por di spos ições legais absurdas, como a chamada lei da
palmada que se quer impor aos brasileiros. Qualquer pai ou mã.e sa be que, devido ao pecado origi nal - cuj as "consequências temporais", como a "inclinação para o pecado", permanecem em nós mesmo depois do bati smo (Catecismo da igreja Católica, § 1264) e nos leva à revolta contra toda lei - às vezes torna-se necessária a impos ição de um castigo corpora l, que é a úni ca fo rma de faze r a cri ança co mpreender que procedeu mal. Se isso fo r fe ito de fo rma equilibrada, contribuirá pos itivamente para ori entar a cri ança no caminho do bem e da virtude. Por isso di z a Escritura que "o pai que poupa a vara a seu filho, odeia o seu filho" (Prov. 13, 24). Os seguidores da esco la fre udi ana lança m brados de indi gnação di ante de admoestações desta es péc ie, mas basta acompanhar as notícias que nos chega m de todos os lados para ver a que horrores conduzem os preceitos do "liberou geral " freudi ano. Mas para a boa fo rm ação dos filh os, nada supera os exempl os de virtude que devem marca r toda a vida do casa l. A amenidade do trato entre os esposos e o tratamento, fir me mas sempre ca rinhoso, dos pais em relação aos fi lhos, mesmo quando é prec iso co rrigi-los, e inclu sive castigá- los, é a melhor rece ita para criar no lar um
ambi ente favo rável ao fl oresc im ento da virtude em todos os componentes da fa míli a. Faço votos de que a consul ente que procurou a nossa orientação seja fe li z no seu matrimônio constituído sob os princípi os sacrossa ntos da doutrina e da Mora l da Sa nta lgreja. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
SETEMBRO 2013
A REALIDADE CONCISAMENTE Texas aprova uma das leis mais restritivas ao aborto nos EUA Estado de Texas - terceiro mais importante dos EU A - aprovou lei que ex ige a presença de um médi co no hospital durante o aborto, que este só seja prati cado em instalações médicas equipadas, e proíbe os abortos após 20 se manas de gravidez. Só cinco das 42 clínicas da morte do Texas preenchem essas condi ções. Os propri etári os de muitas delas vão fec har o sinistro "negócio" ou mudar para outro estado. Militantes contrári os e pró-aborto mani fes tara m-se di ante do Capitóli o durante a votação. A polícia confi scou vas ilhames contendo urina e excrementos que os militantes cultores da morte tencionava m joga r nos senadores que defendem a vida. Royce West, líder abortista, vai recorrer à Justiça, da qual, in fe lizmente, o mov imento pró-aborto já obteve sentenças ideo lógicas e antidemocráticas favo ráveis a seus tri stes intentos. •
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Entusiasmo universal pelo nascimento do herdeiro real inglês nasc imento do filh o do príncipe William e da duquesa de Cambridge Kate Middl eton desencadeou uma onda de alegria e simpati a no mundo in te iro. Sociólogos, peritos e com entari stas "progress istas" qu eimam os neurôni os tentando "explicar a enorme pop ularidade da.família real britânica ", comentou o jornal parisiense " Le Monde". Ele conclui que a sobrev ivência da dinastia remonta à noite dos tempos, repousa sobre a aprovação de seus súditos, e que "os Windsor compreenderam pe,f eilamente isso ". De outro lado, segundo o referido matutino, o Lobby antifa mília rea l só recruta adeptos no j et-set intelectual e artístico de Londres. •
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Hungria acusa Parlamento Europeu de usar métodos stalinistas 11
Parl amento Europeu aprovou o " Relatório Tavares", que critica 500 pontos da legislação húngara e " recomenda" 30 iniciati vas para que a Hungri a se ajuste às normas comunitárias, como se aquela nação não fosse independente e soberana. A votação se deu após tenso debate em que o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán comparou o órgão pan-europeu co m o regime comunista que oprimiu e devastou seu país: "Eu sei o que significa ser um cidadão de segunda classe. [. ..} Eu.fui contra o comunismo e não quero voilar a passar por essa experiência. Lutaremos contra isso". Por sua vez, o deputado húnga ro József Szájer, recl amando do escasso tempo concedido para a sua intervenção, afi rmou: "Até Stalin dava mais tempo aos dissidentes. " Martin Schul z, soc iali sta alemão e pres idente do Parlamento Europeu, cortou-lhe abrupta e "democrati camente" a palavra, gritando: "Chega! ". - Mais uma demonstração de procedimentos ditatori ais de cunho marxista nos altos órgãos da Uni ão Europeia! •
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CATOLICISMO
Demência digital'' alarma cientistas da Coréia do Sul e da Alemanha
m dos países mais "conectados" do mundo, a Coréia do Sul registra desde l 990 a adição de adultos e de jovens à Internet. Tal vício está evoluindo para o que os sul-coreanos chamam de "demência digital", ou seja, a deterioração das capacidades cogniti vas que antes só eram observadas em pessoas que sofreram graves lesões no cérebro ou doenças psiquiátricas. "O uso excessivo de smartphones ej ogos digitais dificulta o desenvolvimento equilibrado do cérebro ", explicou o médico Byun Gi-won, do Centro para o Equilíbrio Cerebral da capital sul coreana. Por sua vez, o neurocienti sta alemão Manfred Spitzer publicou o li vro Digital Dementia, alertando pais e professo res para o perigo que correm as crianças que fi cam muito tempo di ante de Laptops, tabLets, ce lul ares ou outros aparelhos eletrônicos. Os d1ficils no desenvolvimento cerebral são irreversíveis e os equipamentos digitais deveriam ser banidos das esco las, escreveu Spitzer. •
U
Sacrílego atentado contra Nossa Senhora em Roma o dia 14 de julho - data da queda da Bastilha durante a Revolução Francesa - profanadores em Roma 'Jogaram um líquido semelhante a sangue contra a imagem da Virgem, cujo rosto e vestimentas ficaram sujos de sulcos vermelhos ", denunciou a associação "Pela Villa Pamphilj". É nesta Villa que se encontra a imagem de Nossa Senhora, no centro de um monumento dedicado aos soldados que em 1849 lutaram contra as tropas anticatólicas que estabeleceram uma espúria República Romana . O bemaventurado Pio IX , legítimo monarca dos Estados Pontifícios, havia partido para o exílio poucos meses antes da proclamação dessa sacrílega república. Os continuadores dos revolucionários daquela época e prováveis autores do presente atentado cristofóbico contra a Santíssima Virgem talvez o tenham perpetrado por julgarem existir clima propício para por esse meio atacar a monarquia papal.
N
No Canadá, serpente mata duas crianças enquanto dormiam
J
ean-C laude Savoie, dono de um pet shop em Campbe llton (Canadá), guarda va em sua casa seu " pet" preferido: uma serpente píton de Seba afri cana de 45 quilos e 4,3 0 metros. Jean-C laude hospedava nesses dias duas cri anças - N oah e Conn or Barthes, de 5 e 7 anos filh os de se u me lhor ami go . Segundo o inquérito, à no ite a serpente fu g iu , indo pa rar na cama dessas crianças. Ninguém saberá desc rever o horror da cena, que teve como desfecho a morte de ambas, asfi x iadas pela serpente. "Eram crianças comportadas, gentis, bem educadas ", di sse Stéphanie Bernatchez, cuj os filh os brincavam com as vítimas . Essa espéc ie "é muito agressiva ", di sse Hervé Maranda, cri ador de répte is, referindo-se à serpente, e "muito d/fiei/ ser domesticada ". A natureza - afortiori, o reino animal - não é de uma bondade imac ulada como faz crer a propaga nda ambi entali sta que, no entanto, apresenta o homem como o ma ior predador do Planeta. •
Escritos do "Che" Guevara: "Patrimônio da Humanidade" ...
E ,.
m so lenidade rea lizada em Havana, a Orga ni zação das N ações U nidas para Educação, C iênc ia e C ultu ra (UNESCO) in c luiu os escritos do g uerrilhe iro-terrori sta E rnesto "C he" G uevara no Program a Memóri a do Mundo, declarando-os " patrimôni o da humanidade". Pobre humanidade ! A cerimônia fo i rea lizada no cárcere La Cabana, onde G uevara perpetrou inúmeros assass inatos. O ato incluiu a ex ibi ção de " re líqui as" dos crimes praticados pelo subversivo, como armas e obj etos li gados à sua guerra de propagação do comuni smo. Num di scurso célebre, ele exa ltou "o ódio intransigente
ao inimigo, o qual impulsiona para além das limitações naturais do ser humano e converte-o numa ef etiva, violenta, seletiva e .fi-ia máquina de mata,'. Nossos soldados têm que ser assim; um po vo sem ódio não pode triunfa r ". Isto pode ser considerado " patrimôni o da humanidade", ou opróbri o e vergonha da humanidade? •
Católicos de Xangai resistem à perseguição com heroísmo angai , a maior diocese da China , passa por uma difícil crise em decorrência da repressão comunista. Segundo o governo comunista , ela tem 150 mil fiéis, mas os sacerdotes julgam que eles sejam o dobro. Tendo seu bispo, Dom Aloísio Jin Luxian, falecido em abril último aos 96 anos, deveria ser sucedido pelo bispo auxiliar, Dom Tadeo Ma Daqin . Mas este "foi desaparecido" pela polícia comunista, que o mantém em prisão domiciliar. "Nesta nação, você não ama o país se não amaro Partido Comunista. Mas muitos católicos chineses amam o país, mas não amam o Partido ", afirmou o Pe. Michael Kelly, diretor da agência de notícias "UCA News". Sacerdotes e fiéis encaram com coragem a atual provação, e comentam: "Se a Igreja não passasse por provações e desafios, não existiria Igreja nenhuma. Nós somos cristãos, temos fé, e podemos esperar."
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SETEMBRO 2013
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DESTAQUE
A eutanásia de recém-nascidos
na Holanda abre nova fase na luta contra o aborto M ATHIAS VO N G ERSDO RFF*
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notícia sobre a planej ada matança de recé m-n asc id os doe ntes da Ho landa fo i sem dúvida chocante e indignante. A introdução da eutanás ia para neo natos está abrindo um a fase compl etamente nova na luta pe lo direito à vida. A partir de ago ra será poss ível matar recém-nasc idos , ev identemente sem a sua anuência. A matança de neonatos não é nenhuma invenção dos tempos modernos. Já era prati cada entre os povos pagãos. Somente com o advento do cristi ani smo é que houve uma mudança de consc iênci a e cessou essa práti ca tão inumana, injusta e crue l como o aborto. Ass im , a introdução lega l da eutanás ia para recém-n asc idos docum enta não a pe nas a d ec resce nte influ ê nci a qu e o cri sti ani s mo exerce e m nossos dias, mas també m para onde se dirige a nossa soc iedade em razão do desaparec imento da influência cristã. Ela está vo ltando, em sua decadência, à ba rbári e e ao paga ni smo. Essa notíc ia, por ma is ass ustadora que sej a, não surg iu de modo inesperado. Como j á fo i larga mente descrito, o di agnóstico pré-natal (DPN) - isto é, a investigação médi ca da cri ança no útero materno - ca lcul a a poss ibilidade da ocorrência de doenças genéticas ou outras quaisquer no nasc ituro. Na práti ca , tra ta-se de verifi car princ ipalmente se ex iste no fe to a ocorrênc ia de trisonomia 13, 18 ou 2 1 (s índ ro me de Down ou mongo l ismo), portanto as derivações genéticas mais frequentes. Cerca
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CATOLIC I SMO
de 90% das crianças com a síndrome de Down são abortadas depois de tais controles médicos. Em v ia de reg ra o c rim e do aborto é a perspectiva ma is iminente num di agnóstico pré-nata l, uma vez que apenas numa parte cada vez menor dos casos é poss ível faze r operações o u empregar te rapias efetivas . Ass im , vi a de regra, o obj etivo vi sado pe lo diagnóstico pré-natal e pelos testes genéticos
é claramente a se leção de crianças com defeitos fís icos. É importante saber que os dife rentes processos de di agnósti cos pré- natais (DPN) só podem fornecer uma probabilidade sobre a ex istência de doenças e de modo algum uma certeza abso lu ta. Des te modo são mortas até mes mo crianças sadias (e doentes sobrevivem). Posto que mui tos desses abortos são fe itos tardi amente - sendo por isso chamados de abortos tardi os - , muita gente apela pura e simplesmente para o infa nticídio: "De fa to seria melhor deixar que a criança viesse ao mundo de modo natural para então matá-la, se ela estiver realmente doente. Neste caso se teria absoluta segurança sobre o estado de sua saúde e os médicos evitariam o risco de serem responsabilizados".
Do aborto à e11ta11ásia de recém-11asciclos Na Al emanh a, por ocas ião da rev isão do parágrafo 21 8 do Có di go
Penal - qu e tratava da penalid ade apli cável a uma mulher que prati casse o aborto - no in ício dos anos 90, sob o nome de " indicação embri opáti ca", fo i introduzida na legislação a respeito do aborto a "indi cação eugêni ca" (§ 2 l 8 a do Códi go Penal), que desembocou depois na indicação "medicinal" ampliada. Essa indicação médica permi te abortos até pouco antes do nascimento caso haj a perigo para a saúde da mãe. Porém, isso é mera teori a. Na práti ca, o simples ri sco de nascer uma cri ança seri amente defeituosa (os testes ge néti cos e o di agnós ti co prénatal não dão uma certeza de l 00%) já é considerado como um peso psíquico de tal maneira grande pa ra a mãe, que não se pode im pedi -la de abortar. Isso, por sua vez, é o pressuposto lega l que alimenta o grande desenvolvim ento do di agnóstico pré-natal e dos testes genéti cos. A medi cina pré-natal é hoje em dia um segmento_eco nômi co com fo rte cresc imento. A esse ponto chegamos !
Essas considerações não são novas. [berto Giubilini e Fra ncesca Minerva, dois aca dêmi cos qu e exe rce m suas atividades em Melbourne (A ustráli a), argumentam na rev ista espec iali zada de medi cina Journal of Medical Ethics que do ponto de vista lógico deveri a ser permiti do mata r recé m-n asc id os cuj o estado de saúde corpora l ou mental justificasse um aborto do ponto de vi sta lega l. É um reconhec im ento de que aborto e infanticídi o se equi va lem. Esta colaboração científi ca de ambos no Journal of Medical Ethics sobre a valoração mora l do assass inato de crianças, tal como se faz com o feto no aborto, provocou uma onda de indi gnação no mundo inteiro. Os autores co locam no mesmo nível o "statu s" mora l do assassinato de um recém-nascido e o de um fe to. A ambos - ao feto e ao recémnasc ido - fa ltari am, segundo Giubilini e Minerva, as capac idades que justificam o reconhec imento de um di re ito à vida. Nossa preocupação não deve restringir-se à situação na Holanda, pois na Alemanha já fora m também estabelec idas as condi ções prév ias para a práti ca da eutanásia em recém-nasc idos ... Também na Alemanha vai se colocar a pergunta: para que fazer testes caríssimos e extremamente estressantes para a fu tura mãe? Se a cri ança pode ser morta um minuto antes de seu nascimento natural, por que então não poderia alguns minutos depois do nascimento, quando se pode constatar claramente seu estado de saúde? Aqui fica evidente uma co isa: a lega li zação do aborto representou o rompimento de um dique que nos conduz de uma catástrofe moral a outra. Assoluções de compromisso não conseguem sustar este processo. A pro pósito da vida é prec iso manter o que o cristianismo ensinou desde o início: não é poss íve l faze r compromi ssos ! A completa proibi ção do aborto deve continuar o obj eti vo da luta em pro l do direito à vida. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
* Mathi as von Gersclorff é pu bli cista cató li co e diretor da Aktion Kinder in Gefahr (Ação Crianças em Pe ri go) com sede em Fra nkfurt (A leman ha).
SETEMBRO 2013
"Casamento" e casamento D om SalvaLore Cordileone, Arcebispo de São Francisco (Califórnia), prognosLica nesta entrevista que se os católicos não reagirem, temíveis perseguições sobrevirão para a Igreja CaLólica, por pregar uma moral segundo os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
e o mundo católico não reagir , dias difíceis nos aguardam . Inúmeros fiéis já são perseguidos pelo "crime" de perseverar e defender a moral segundo a doutrina do Magistério da Igreja Católica. Mais difíceis ainda serão os dias daqueles que têm por obrigação combater a imoralidade infrene e as leis que viabilizam a prática do aborto e o "casamento" de pessoas do mesmo sexo. Em entrevista concedida ao Sr. Michael Drake , membro da TFP norte-americana - e que Catolicismo reproduz nesta edição - o Arcebispo de São Francisco (Califórnia) , Dom Salvatore J. Cordileone, responde , entre outras, a estas preocupantes questões: O que acontecerá com sacerdotes que pregam a verdadeira moral católica? Serão condenados? E com os pais de fam ília que ensinarem a seus filhos que o matrimônio só deve ser entre um homem e uma mulher, em união monogâmica e indissolúvel , com vistas à procriação e educação da prole? Sofrerão . eles análogas condenações? Convém lembrar que, em conformidade com o Evangelho, é uma honra sofrer perse 0 guição por amor à Justiça: "Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos
amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a minha palavra, hão de guardar também a vossa " (Jo 15, 18-20).
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Catolicismo - Existe uma ligação direta entre os esforços para promover a contracepção e os destinados a promover relacionamentos intrinsecamente estéreis entre pessoas do mesmo sexo? Dom Salvatore - J-l á certamente li-
D. Salt1awrc Cordileone:
"O início da e1·osão neste ass1111to ['casamento ' homossexual] foi a mentalidade co11trace1Jti11a separando a proCl'iação do ato conjugal"
gações fi losófi cas. Aqueles dentre nós que estudamos isto sabem que o início da erosão neste ass unto fo i a mentalidade contracepti va separando a procri ação do ato conjuga l. O sexo fi cou reduzido apenas ao prazer. Cheguei a ler recentemente algumas colunas na imprensa, que o afi rmam ex plicitamente. Uma delas em particular criti cava os mórmons porque eles também não aprovam a co ntracepção. Esse coluni sta simplesmente não podia acreditar que alguém pudesse olhar o sexo a não ser como recreação. Contudo, se este fo r prati cado exclusivamente como recreação, não haverá limites; qualquer coisa prazerosa será legítima.
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São Lourenço Justiniano Primeiro Patriarca de Veneza D epois de ter sido religioso exemplar, foi modelo de bispo e de patriarca. Venerado já em vida como santo. Ilha de São Jorge, onde o santo foi bispo
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havia grande alvoroço na cidade. Talvez levada por esse sentimento patriótico, Querina, ao saber que tinha dado à luz s Ju stini an i de Veneza, que se · um filho , exc lamou: "Deus e Senhor meu, disponde que este menino seja um diziam descendentes dos imperadores de Bizâncio, possuíam ricos dia o sustentáculo de nosso país, e o terpalácios , tesouros magníficos, terras, ror de seus inimigos." Foi-lhe concedido nobreza, muita históri a e vários santos muito mais, pois Lourenço Justiniano se na famí li a. tornou uma das maiores glórias não só Bernardo Justiniano, casado com da República Sereníssima, mas de toda Querina, dama de igual nobreza, fo i a Igreja, e terror dos espíritos infernais. o pai de São Lourenço, que nasceu no Entretanto, antes que isso sucedesse, dia l º de julho de 138 l. Celebrava-se Q uerina teve que suportar uma grande então em Veneza a reconquista da ilha dor: seu marido deixou-a viúva aos 24 de Chioggia do domínio dos genoveses e anos, com cinco filhos pequenos. "ApeLINI O M ARIA SO LIMEO
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paimente em suas fa míli as; em segundo lugar, em suas co munidades educac ionais e de fé . Essa é a ideia do casa mento como ele sempre ex istiu . É por isso que ele goza desse status especial na lei. Não há nenhum outro relacionamento com o sÚrtus da lei do casa mento. Ex istem outros tipos de belas relações humanas: a relação de amizade, a relação entre pais e fi lhos, entre um pastor e seu rebanho. Todas essas são relações humanas belas e elevadas. Mas o casa mento é dife rente de todo o resto. A outra ide ia de casa mento é a de que e le pode ser de maneira como você quiser defini -lo. E, ass im, não há di f-erença mora l entre o chamado "casamento" entre pessoas do mesmo sexo e as uni ões heterossex uai s entre maridos e esposas; qu em pensa r de modo di fe rente é tac hado de " preconceituoso". Então, se você é um " preconceituoso" à maneira das pessoas que duas gerações atrás se opunham ao casa mento inter-racial, será tratado como tal. Se você quiser saber como será a sociedade se a ideia do "casa mento" do mesmo sexo preva lecer, é só considerar como a soc iedade tra ta hoje os racistas, aos quais ela nega autorização para o exercício de profissões . A Uni versidade Bob Jones teve revogado seu status ele orga nização sem fi ns lucrati vos porque proibi a namoros inter-rac iais após a decisão da Suprema Corte no loving versus Virgínia, em 1967. Não havia um processo judicial, não havia legislação aplicáve l, mas um burocrata no IRS revogou seu status de orga ni zação sem fins lucrati vos. A mesma coisa aconteceu com um Acampamento Metodi sta em Ocean Grove, NJ , dono de um pavilhão em frente à praia que ele alugava para quem qui sesse fazer fes tas de casamento. Tendo se recusado alugá-lo para
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"O que está aco11tcccn<lo cm nossa sociedade é a JJl'Cscnça sob1·c a mesa de <luas ideias <le casamento que são excludentes. Elas 11ão po<lcm cocxislil'"
a cerimônia de união civil de um "casal" de lésbicas, um burocrata revogou o status ele instituição sem fins lucrativos no tocante àquela parte confrontante com a praia. Há muitos, muitos outros casos, por exemplo, o da Charities Católica, na Arquidiocese de Boston. O outro lado vai foca liza r com muita frequência sua atenção em igrejas para rea li za r "casamentos" de pessoas do mesmo sexo. Bem, isso é apenas um fa tor entre muitos outros. Segundo as leis de acomodação pública, as igrejas que aluga m seus sa lões paroqui ais para o público em gera l seriam obrigadas a fazê-lo para recepções de uniões do mesmo sexo. Sob a lei trabalhi sta do emprego, as universidades e as escolas se veriam obrigadas a contratar pessoas unidas por "casamentos" do mesmo sexo e aceitar crianças por elas adotadas, não importando o quanto elas exterioriza m e ex ibem seu "casamento" homossex ual. Quanto à questão de se obrigar a rea liza r "casa mentos" do mesmo sexo, o " Washington Bi ade", um jornal homossex ual muito influente, di sse que ela será resolvida por meio desta frase: 'ºFluxo constante de processos judiciais". Então, você verá uma enxurrada de processos judiciais por causa disso. Entretanto, o jornal observo u que isso não era certo... E quanto ao currícul o esco lar? A ev idência e a ex peri ência são claras, apesa r da afirm ação em contrári o de funcionários de esco las: estas serão obri gadas a ensi nar a equi va lência entre o "casamento" de pessoas mesmo sexo e o casamento heterossex ual. Isso já está acontecendo em Massachusetts. E é perfe itamente lógico: as esco las não poderi am ensinar o "fa nati smo", e a opinião comum admitida pela soc iedade - que acredita na ex istência de algo de único na uni ão de maridos e esposas, com exclusão de pessoas compro metidas com o casa mento do mesmo sexo - seri a uma fo rma de intolerância. As esco las terão de ensinar a equi va lência das uniões conjuga is do mesmo sexo com as heterossex uais. É perfeitamente concebível que todas as escolas - inclusive, porta nto, as escolas pri vadas - teriam de ada ptar seu currículo a fim de receber a chancela do Estado. Nossas esco las católi cas não seguirão isso. O que acontecerá se fo rmos fo rçados a fec har nossas esco las? O que va i acontecer se fo rmos obri gados a fec har nossos hospitais? Já houve o caso de um hospital ca tóli co em São Francisco, o qual fo i so licitado a faze r para uma operação compl eta de mudança de sexo. O Estado não te rá como se manter se ele fec har os hospi ta is ca tóli cos. A Igreja Católi ca ofe rece uma quarta parte dos serviços de sa úde deste país. Catolicismo - Vossa Excelência prevê qualquer tipo de lei da mordaça ou proibição de
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externar, a partir do púlpito ou de outra forma, o ensinamento verdadeiro e a pregação da Igreja em oposição às uniões do mesmo sexo? Dom Salvatore -Por enquanto parece dificil. Mas não considero impossível, porque isso já ocorreu na Suécia. Um pastor foi preso por pregar do púlpito sobre esse tema. Pelo menos um bispo no Canadá foi obrigado a retirar uma Carta Pastoral sobre a santidade do casamento do site diocesano. Haverá leis do chamado discurso de ódio que poderão ser aplicadas contra nós. Mas elas poderão chegar tão longe, até o púlpito? Eu não diria que seja certo, mas é possível. Catolicismo - Na parte referente ao casamento, especialmente na Califórnia, uma votação sobre a Proposição 8 [estabelecendo que o casamento é só entre homem e mulher] constatou que a maior mudança demográfica na opinião pública situava-se na faixa etária inferior aos 25 anos. Como aconteceu isso? Dom Salvatore - Isso se deu tanto no aspecto temporal quanto no espiritual. No temporal, aconteceu logo depois de iniciadas as campanhas da mídia. Penso que foi por causa de tais campanhas - os comerciais de TV, por exemplo - que os votantes perceberam realmente a índole da questão e seu impacto, bem como que a aprovação da Proposição 8 seria realmente para proteger os direitos, e não o contrário. Espiritua lmente, houve muitas pessoas de fé que se uniram, fazendo 40 dias de jejum e oração. O jejum iniciou-se uma semana ou duas antes da mudança . Achamos que o esforço espiritual teve algo a ver com isso.
''A fé ainda tem o podei' de transfol'mal' a cultul'a. Cul'iosamente, ten/10 cel'teza de que tudo isso faz pal'te do plano da Pr011idência dilrina"
A Proposição B, na California, estabelece que o casamento é só entre homem e mulher
Mas muitas lições foram aprendidas. Há ainda grande quantidade de pessoas com fé, mesmo na Califórnia. A fé ainda tem o poder de transformar a cu ltura. Curiosamente, tenho certeza de que tudo isso faz parte do plano da Providência divina . Em setembro, pouco antes da eleição, quando esta questão estava realmente aquecendo, eu estava nas Filipinas. Alguns anos atrás, a comunidade filipina de minha diocese tinha me convidado a visitar seu país, seus locais sagrados, e a participar de uma determinada festividade que eu havia celebrado para o povo de San Diego; e encontrei algum tempo em setembro para fa zê- lo. As igrejas estavam cheias. Os múltiplos santuários estavam lotados em todas as missas celebradas de hora em hora . Na festividade mariana que eu celebrei , as igrejas e as ruas da cidade estiveram lotadas durante toda a novena. Minha reflexão foi de que as pessoas com mentalidade pós-modernista olhariam para isso como se tratasse de um curioso costume pitoresco e folc lórico antiquado sem nenhum nexo com a vida real. Eu estava empenhado desde o início neste esforço e existiam diferentes grupos que não seconheciam. Tivemos que confiar. Não havia esco lha. Se não confiássemos, não poderíamos ter feito isso. E essa foi a nossa única chance de fazê- lo. Então, praticamos um ato de grande confiança. A razão disso foi porque todo mundo provou ser digno de confiança. Ninguém estava ali por si só para sua própria glória. Preocupávamos somente com uma coisa: preservar e promover o casamento. Ninguém se impmtava em obter vantagem. Isto simplesmente não importava. •
Catolicismo - Olhando para frente , que lições tirar da recente campanha? Inicialmente com a DOMA (Lei de Defesa do Casamento) da época de Clinton, em seguida a mesma lei na Califórnia, em 2000, a qual foi aprovada com 61%, e agora essa queda de nove pontos, para 52%, na emenda estadual da Proposição 8. Qual é o futuro desta batalha pelo casamento? Dom Salvatore - A queda preocupa, uma vez que o discernimento está erodindo. Embora real , ela não é tão grave como indica, porque os peritos nos dizem que perdemos pelo menos três pontos percentuais, talvez mais, sete pontos; alguns dizem mesmo 10, por causa da mudança do texto. Foi o melhor texto para derrotar uma iniciativa - e liminando um "direito". Então, se isso não tivesse ocorrido, teríamos obtido pelo menos 55%. No entanto, é uma queda. O que preocupa .
SETEMBRO 2013
Mais um milagre em Lourdes R econhecido pela Igreja e pela ciência, a cura foi oficialmente registrada em 20 de junho deste ano li M ARCELO DUFAUR Correspondente em Paris
o último mês de junho a Igreja reconheceu canonicamente o 69° milagre de Lourdes. A beneficiada foi a Sra. Danila Castelli, nascida em 1946 na cidade italiana de Bereguardo, casada, mãe Danila Castelli ende família e residente em Pavia. As curas oficialmente reconhecidas em Lourdes constituem trevistada por uma apenas uma pequena porcentagem do imenso número de milagres que lá se operam. revista italiana Até os 34 anos a Sra. Castelli teve uma vida normal, quando começou a padecer de graves crises de hipertensão. Em 1982, exames radiológicos e ecografias revelaram a existência de um tumor para-uterino e de um útero fibromatóide. Danila foi então objeto de uma histerectomia (ablação do útero) e de uma anexectomia (excisão de anexos uterinos) . Com o agravamento de seu quadro clínico, em novembro de 1982 ela se submeteu a uma ablação parcial do pâncreas. No ano seguinte, uma cintilografia (exame que permite a visualização dos órgãos) confirmou a presença de "feocromocitomas" (doença tumoral que Poofo Mok)nl "~·MMl:o produz catecolaminas, ou tumores raros que se desenvolvem na região medular i mediei non c'cnno piUsper,r,nzo, Quel lumo. rc lc /asciav1 solo pochi das glândulas supra-renais e adjacências). Até 1988 Danila passou por diversas mcsl d i viu1. E lei, a il intervenções cirúrgicas para extrair os focos que provocavam as crises de tensão ;~r::~:~j 1le:!•=:l: = !'C III J)C/leKriiuiggio II Lounlu, m Fra~i•, d.Ili marito. «Pregai arterial, mas que não eliminaram tais crises. d1va nh 11lh1 8l'OIII dove r1t1I 1858 n Dcmadcuc 1pparvc 1 A partir de 1983 ela começou a realizar peregrinações a Lourdes e a tomar ~adon~•-', mccon111, "JIOi mi 1mmcr,1 ncl/11 piscina dove srora11 l'acqua mU"I\COJosa» os banhos na água da Gruta, como Nossa Senhora pedira a Bernadette: "Vinde E quando D111icla Cas1clli 66 lmnf, lpoSlta, qu1111ro Rgli, 't0rà gruta para beber a água e vos lavar". nó 11 ~ 11 Bcrt1t,,'1Jardo, ncl Pa~~!e~u'!r~a~orc nem c'cra piU, A peregrinação de 1989 parecia ser a uouui sono qui última. "Estava desenganada", conta ela. araccontar1011 ~ Sitio un mir1C<1lo. Ho ri Mas foi nessa romaria em que tudo parecia CC~fo Unt'I 1tmii11, Lc mtc pregh1crc nlla Vcrginc Mnrill mi perdido - ela tinha então 43 anos, nove hanno ~ lvat11, O&&,i posso ~ qu, a raccontarto con gio'~· con fcl icilj chc condidos quais de sofrimentos contínuos - que VJdo ~ la 1ni11 f.ll11lgli11 e con ln 111111 l>llfT9CChia», dlco /'ex Nossa Senhora operou o milagre. lnsegnan1c oql Jn pensione. Nc/lc scor.cu scuimanc dopo ~cn1i1rc_anni di,c011trolli: studi, No dia 4 de maio, após tomar aquele n,ce1~hc anchc 11 Comi1oto ,ne-d1co mtcn111zion.a/c d/ Lourdc.s ~urdcs in cuisl ditochelpo. ~11111 1011.01,osie a 0 110 !>Cltnti gun.rita ero que parecia ser seu derradeiro banho nas h1tctrtiJ'ica10Qfficialmcntochc ll h: dopo tan1i anni, sono 11,ri. mtcrvcn11 chin1rgici~. v1t1aunaconclU3,iooc ufficiaJc il nuo 1~ ,u1 gu1rig1onc d implega- odofin,11vas1 d mio Ciso~ 11Ho vtssuto momenll &lll0! 11Riu1 b1le IIIIOstflto 1utu11lc dellecopiscinas do santuário, Danila sentiu um li cah'arlo lnlzfÔ ntl intcnsamcm no,ccnzcS(licnritlcllO». 1/Uandu le dllli,IIIO!lllc•• dl lntlml!à con 01 J.981, 'J 011 croce?1►• Qu11nd,p. e da chi ha H pulo rono untmnorc. UnA fed e bem-estar extraordinário. Apresentout.h 1 1111 '1 u1r1a1onei.rra11 ' •• S0Jlp0 rt a• «€! s1a1a una hn-a• bot1i1all• rt COlllCl'lusclva. a11dare iu consfdcrata un n1lracolo? ru1ta qucst11offcrc u? con_ lro un tcirlbilc malc inc:uLourdts. dl de i Burcau «Con la fedo, UI pteghitn1 se então ao Bureau des Constatations fl l.lt l)run 11 Medical di Lourdes 11011 par- 11rab1lc, l mediei mi diucro chc ,~I ~• dllto la foru e li corogglo vovo un pt1f'llgo11slio111a, un Lourdcsfu1 ln cspllchnmenre dl mimcolo 111111 ~rc mro e maligno. Stovo di_fu•ore q_~ntl. Lu sloria dclln ma.lata. Prim Médicales de Lourdes (Escritório de Dcflniscc, la 111i1 guarfalonc u~ mal11111 C un• bclla Slonua f~to inspicgabilc per la mcdi- ma.h~lmo. Em 1onnc111111t1 dt na d'amon.: con li Sianorc, Jo dolon l1ncin1nli. Mi som,ni• ::~:::~•d~\1 ~na. lo l'ho saputodal Constatações Médicas de Lourdes) e queall 0110 11nnl ho viemo modi, Pa_v(11, monsignor Giovanni nl51ravnno non 1o ph\ n~nche mcn1i dl ln1/mi11I con Dlo chc Poi dall'8J o 01ud1c1, chc a su11 voh11 lia rlcc- qiiami fà1111aci J>er permeucnní credo Ili 1)0.UllllO J)fOYlll'C $010 gio, ho fane declarou o acontecido. vuto una lcttcra rlillla diocc.1i di di so1>1~rtarlo. Tunendo como quando stai ,vcrameme ma/e. glo. E lnthc chc rio• dai 1981 alP89 sono 1tu1leeraon11.1 Pamdomlmente qUMdo sono horinunci1,10 @mli) Como de praxe, ela foi analisada, teve que fornecer os resultados dos exames anteriores, passando a apresentar os posDom Giovanni Giuteriores, bem como responder a todas as perguntas médicas. dici (esq.), Bispo de O Bureau realizou cinco reuniões (em 1989, 1992, 1994, 1997 e 201 O), tendo constatado a cura. Pavia - onde reside Danila - declaOs médicos tiveram ainda que dar seus votos sobre o caso. Com um voto formal e unânime, rou no dia 20 junho declararam: "A Sra. Castelli está curada de maneira completa e durável, desde sua peregrinação deste ano o caráter a Lourdes em 1989, da síndrome que ela sofria, e isto sem relação com as intervenções e os trata"prodigioso e milamentos médicos. " groso" da cura.
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O caso de Danila foi revisto pelo Comitê Médico Internacional de Lourdes (CMIL) - uma espécie de segunda instancia médica que revisa e critica a decisão dos médicos do Escritório de Constatações Médicas de Lourdes - que é autônomo e composto de outras autoridades, muitas vezes residentes no exterior. Por fim, reunido em Paris no dia 19 de novembro 2011, o CMIL confirmou e certificou "que o modo da cura continua sendo inexplicável no atual estágio dos conhecimentos científicos ". A ciência havia dado sua última palavra. Era chegado o momento de a Igreja falar, pois o milagre é um fato religioso. Sem temer os céticos e a cristianofobia, Dom Giovanni Giudici, Bispo de Pavia - onde reside Danila - declarou no dia 20 junho deste ano o caráter "prodigioso e milagroso" da cura. Tratou-se da 69ª cura milagrosa operada em Lourdes com reconhecimento canônico, ou seja, de acordo com a lei da Igreja, não havendo mais razão para se duvidar. Desde o dia do milagre Danila Castelli passou a ter uma vida inteiramente normal. Hoje ela é voluntária em Lourdes, onde presta auxílio aos doentes. Talvez algum leitor já tenha passado ao lado dela sem saber que era uma miraculada. • E-mai l para o autor: cato licismo@terra.com.br
Doentes peregrinam a Lourdes com a esperanc;a de receber uma grac;a de Nossa Senhora
(Fonte: Bureau des Constatation s Médical es du sa nctu a ire de Lou r des http :/ / fr. lo urdes- france . o rg/ e ve n e m e n t/ 69e me g ue ri so n -reco n n ue-m iraculeuse-danila-castelli)
SETEMBRO 2013
INTERNACIONAL
Cotas para as Farc na Colômbia HEUO D IAS VIANA
ão do agrado do lulo-petismo e de adeptos da corrente bolivariana, o sistema de cotas parece estar tentando um novo desdobramento . Agora na Colômbia, sob o governo do presidente Juan Manuel Santos. Com efeito, no novo Acordo de Paz que ele vem tentando estabelecer com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) nas conversações de Cuba, está prevista - entre outras coisas extremamente danosas ao país - nada menos que a participação dos sanguinários terroristas das FARC em cargos públicos! Só que, como estes não têm a menor chance de ganhar eleições, pretende-se simplesmente dispensá-los desse "vestibular" eleitoral e guindá-los diretamente às 14 cadeiras que nos anos 80 do século passado pe1tenciam à agremiação de esquerda União Patriótica... Cotas para os guerrilheiros!
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Essa esdrúxula ideia foi proposta, segundo o diário " EI Tiempo", de Bogotá, por León Valencia, diretor da fundação Paz y Reconciliación e membro do grupo de memória histórica uma versão colombiana da Comissão da Verdade que atua no Brasil. Para Valencia, isso seria "um ato de justiça e de reparação para com essa força política e um sinal importante de paz". E poderia materializar-se através de um decreto presidencial ou de um projeto a ser votado pelo Congresso. Nascida no ano de 1986 de um Acordo de Paz entre o então governo colombiano e as FARC, a Unión Patriótica' obtivera naquela ocasião expressiva participação política: nove senadores e cinco deputados no Congresso Nacional, 23 prefeituras próprias e 102 em coalizão, além de mais de 52 vereadores e 14 deputados em todo o país. Entretanto, de acordo com "EI Tiempo", a UniónPatriótica teria sido objeto de perseguição e extermínio responsáveis pela morte de
pelo menos três mil membros (ou seja, de guerrilheiros; mas o jornal não menciona as dezenas de milhares de colombianos, civis e militares, que foram suas vítimas). *
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A conclusão é que, não conseguindo vencer pelas armas, as FARC estão apelando para a via política, contando para isso com o apoio de líderes considerados democráticos e da esquerda católica. O principal expoente desta última é o sacerdote jesuíta Javier Giraldo, que se diz continuador da obra do malogrado padre-guerrilheiro Camilo Torres, embora reconheça a inviabilidade da conquista do poder pelas anuas. Por isso, o padre Giraldo adotou a luta pelos assim chamados "direitos humanos", que ele vem levando a cabo impunemente e com eficácia ao longo das quatro últimas décadas através do Centro de Investigação e Educação Popular (CINEP). • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
DISCERNINDO
O bobo é cavalo do demônio n Cio ALENCASTRo xistem três modos de fazer aceitar um princípio revolucionário imoral. Simplifico para ser breve. Um é através da lei. Trata-se de uma imposição legal que obriga a fazer o que é contrário à consciência e aos Mandamentos da Lei de Deus. Outro é por meio da propaganda. É o marketing, quando usado para propagar o vício. O terceiro modo é a ação subliminar exercida através do teatro, da novela etc. Como os dois primeiros são muito conhecidos, passo a falar do terceiro, mais especificamente das novelas de televisão.
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* * * Sob aparência de divertir, descansar do quotidiano, as novelas têm atuado como importante veículo de perversão social. Através delas, a moral católica vem sendo vilipendiada abertamente, mas como quem não quer, utilizando o recurso da ficção e não o da polêmica ou da argumentação racional. É sem conta o papel das novelas no sentido de influenciar a introdução nos costumes do nudismo, das vestes imorais, do aborto, do "casamento" homossexual, de divórcios, da falta de respeito e de compostura no trato, da luta de classes, do igualitarismo mais abjeto. Em entrevista ao blog da jornalista Maíra Kubík Mano, da revista "Carta Capital" (21-7-13 ), um autor de novelas da rede Globo, Ricardo Linhares, explica que "os autores [de novelas] que são progressistas podem abordar movimentos e transformações que já estão embrionários na sociedade e ampliá-los, com a discussão na ficção ". Em outras palavras, as novelas ajudam a impulsio-
nar " movimentos e transformações" que são do agrado dos "progressistas". Por que não dos conservadores? Por que essa tendência (a)moral ou (i)moral única? Um exemplo dado pelo mesmo entrevistado mostra bem do que se trata. Linhares conta que a personagem de uma de suas novelas defende claramente o aborto dizendo : "Eu acho um absurdo o aborto não poder ser f eito às claras, em clínicas boas. A mulher é dona do próprio co,po, é a gente que decide se quer ter o filho ou não. " Tal afirmação, porém, corresponde àquilo que o autor entende por "progressismo", tanto mais que, perguntado pela entrevistadora a respeito de sua posição sobre o aborto, Linhares afirma taxativamente: "Sou a favor do direito de escolha da mulher." Ou seja, ele colocou na boca de sua personagem aquilo que ele mesmo defende ... Como se vê, as novelas estão longe de ser ingênuas ou um mero dive11imento! E o público, como fica? Para ele, "hoje em dia, o público está acostumado a ver a realidade na TV" . A generalização pode parecer excessiva, mas é inegável que grande número de telespectadores se deixa irrefletidamente seduzir pelo que aparece na telinha. A consequência é que a pessoa adapta sua vida não aos princípios da moral e da boa ordem das coisas, mas sim ao
que um autor de novelas quis que ele seguisse. É a tirania da novela. O jornalista Maurício Stycer publica na "Folha de S. Paulo" (28- 7-13) um interessante artigo intitulado "É só uma novela?", no qual realça o fato de que as novelas influenciam a fundo os que as seguem. "Acho curioso - diz Stycer - ver gente ignorar o lugar que a novela ocupa na vida do brasileiro. Para além da diversão (ou não) que oferecem, novelas infl.uenciam,fazem pensar, confimdem ". Após dar vários exemplos da ação psicológica exercida pelas novelas, ele mostra como essa influência é consciente e desejada pelos autores: "Nenhum autor de novela ignora o poder que tem em mãos. " Daí a pergunta contida no título de seu artigo: "É só uma novela?".
* * * Cuidado , poi s, leitor, as novelas frequentemente têm sido veículo de transformações sociais degradantes , demolidoras da moral e dos bons costumes. Não podemos fazer como tantos ingênuos, que querem apenas se divertir e acabam sendo levados pela onda da corrupção moral. Lembremo-nos do sábio dito popular: "O bobo é cavalo do demônio ". • E- ma il para o autor: catoli cismo@terra.com.br
SETEMBRO 2013
MEMÓRIA
Leão XIII e nossos dias n LEo DANIELE
or ocasião do 25° aniversário de seu longo pontificado, sentindo aproximar-se o momento augusto de sua morte - "pouco distante como estamos da porta da eternidade" - escreveu o Papa Leão XIII, "queremos deixar aos povos " uma Carta Encíclica, considerada por ele quase como um testamento. Estávamos no ano de 1902, o século XX começava. Redigida assim há 111 anos, a Parvenu à la 25eme Année, por seus acentos majestosamente proféticos, confirmados com o desfiar dos tempos, constitui uma verdadeira surpresa. O Pontificado de Leão XIII teve lances muito discutíveis. Não vamos abordá-los aqui. Mas é fora de dúvida que - com enorme amplitude de horizontes, grandiosa visão histórica e nítida assistência sobrenatural - ele esquadri nha nesse documento o passado, o presente e o futuro da Santa Igreja e da Cristandade. Recordando que Nosso Senhor foi um verdadeiro sinal de contradição, o Pontífice descreve a História da Igreja com enérgicas pinceladas. Mostra o que foi sua luta através das perseguições da Antiguidade e como Ela acabou vencendo. "Triunfando de todos os obstáculos, violências e opressões, dilatando sempre mais sua pacifica tenda, salvando o glorioso patrimônio da arte, da ciência, das letras, e fazendo penetrar profundamente na sociedade humana o espírito do Evangelho, formou esta civilização que foi chamada cristã, que trouxe às nações que não lhe impediram a benéfica irifluência, a equidade das leis, a elevação dos costumes, a proteção dos fracos, a compaixão para os pobres e infelizes, o respeito ao direito e à dignidade de todos, e ainda, quanto é possível dentro da humana inconstância, a paz na vida civil, que deriva da perfeita harmonia entre a liberdade e ajustiça". Esta foi a Idade Média.
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1'ragédia e vitória Com a chegada dos Tempos Modernos, a Igreja foi assaltada "até certo ponto mais dura e dolorosamente que nunca". Leão XIII recapitula duas grandes Revoluções que acometeram a Cristandade - o Protestantismo e a Revolução Francesa - mencionando a terceira Revolução (o Comunismo), em gestação naqueles dias, como poder político efetivo.* Vaticinou, a seguir, que a sociedade "marcha para destinos ainda mais tristes, pelo abandono das grandes tradições cristãs". "Se não se repara a tempo [essa lamentável perturbação}, vacilarão as bases da própria sociedade. " O Pontífice explica: "Quando um ser orgânico se enfraquece e decai, isso resulta de cessar o irifluxo das causas que lhe davam forma e consistência; e não resta dúvida que, para torná-lo de novo são e florescente, é necessário restituir-lhe o irifluxo vital dessas mesmas causas. Pois bem, na louca tentativa de emancipar-se de Deus, a sociedade humana rejeitou o sobrenatural e a revelação divina, subtraindo-se, por este modo, à vivificante eficiência do Cristianismo, isto é, à mais sólida garantia da ordem, ao mais poderoso vínculo de fraternidade, à fonte inexaurível da virtude individual e pública. " E, já em 1902, o Papa fala de problemas que hoje, um século depois, nos são familiares: "A liberdade, tal como hoje a entendem, aceitando simultaneamente o verdadeiro e o falso, o bem e o mal, não faz mais que rebaixar o que há de nobre, de santo e generoso. " E seu diagnóstico desfecha em uma terrível palavra: apostasia.
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CATOLICISMO
Sepulcro do Papa Leão XIII na Basílica de São João de Latrão
"De tal apostasia sacrílega derivou a desorganização da vida prática. Ao seio do Cristianismo deve, portanto, retornar a transviada sociedade, se quiser o bem-estar, o repouso e a salvação. " Mas as últimas palavras do documento não são de amargura, e sim de vitória: a Igreja vencerá! "Se conseguiu transformar os pagãos, o que foi uma verdadeira ressurreição, pois que cessava a barbárie onde surgia o Cristianismo, do mesmo modo [a Igreja] vencerá o
terrível abalo da incredulidade, endireitando e recolocando na ordem os Estados e a sociedade hodierna. " No ano seguinte, Leão XIIl fechava os olhos para sempre. O drama dos séculos XX e XXI não fazia senão começar. • E-mail para o autor: catolic ismo@terra .com.br
Nota : * Sobre as três Revo luções, ver Plinio Corrêa de Oli veira, Revolução e Contra-Revolução, 1, 111, 5.
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Yo,
ABORTO
A umentam a cada dia as perseguições físicas ou morais contra católicos no mundo inteiro. EnquanLo muiLos transigem., escondem-se, toleram o relativismo moral imperante, aceitam a condição de cidadãos de segunda classe e levam uma vidinha tipo "católico de catacumba", outros se mantêm intransigentemente fiéis à doutrina católica, lutam em defesa dos direitos de Deus, conservando inabalável a certeza da vitória final da Santa Igreja.
mJosÉ ANroN10
URETA
m extensa matéria, Catolicismo já abordou o tema da cristianofobia em nossa época, sobretudo das perseguições aos cristãos no mundo muçulmano (vide edição Nº 734, fevereiro/2012) (*] ; trataremos neste artigo das perseguições nos países comunistas e no Ocidente. Cumpre de início enfatizar que duas formas de cristianofobia - do Islã e do hinduísmo - estão baseadas em crenças e práticas de religiões pagãs, enquanto duas outras - do comunismo e dos Estados laicistas do Ocidente, com suas respectivas instituições internacionais - resultam diretamente da própria Revolução, conforme descrita na obra R evolução e Contra-Revolução, de Plínio Corrêa de Oliveira. Com efeito, no Capítulo II dessa obra ("A crise do homem ocidental e cristão"), o Prof. Plínio enfatiza que a crise produzida pela Revolução "é p rincipalmente a do homem ocidental e cristão. [ .. .] Ela afeta também os outros povos, na medida em que a estes se estende e neles criou raiz o mundo ocidental. Nesses po vos tal crise se complica com os problemas próprios às resp ectivas culturas e civilizações e ao choque entre estas e os elementos p ositivos ou negativos da cultura e da civilização ocidentais. ". De onde se deduz que, embora a perseguição muçulmana e hindu possa ser mais sangrenta hoje, a comunista e laicista é intrinsecamente pior e, portanto, potencialmente mais sangrenta amanhã. Isto porque: • enquanto os pagãos adoram um falso deus e atacam os cristãos em nome e como forma de submissão àquele falso deus, os comunistas e seculares rejeitam a Deus e a todas as formas de religião, revoltando-se contra qualquer forma de submissão; • enquanto as religiões pagãs constroem sociedades misturando respeito e desrespeito à moralidade e à ordem natural, as sociedades comunistas e laicistas constituem urna subversão total da moralidade e da ordem natural (por exemplo, a imposição do aborto, do "casamento" homossexual e da " ideologia de gênero"); • enquanto a cristianofobia pagã conduz a ataques brutais diretos e a mortes, propondo como alternativa uma apostasia aberta (aumentando assim o senso de iden-
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tidade cristã e a necessidade de união), a cristianofobia comunista e laicista sopra de modo subreptício, através de ataques tortuosos, propondo-nos um suave "compromi sso" (erodindo assim a identidade cristã e nos dividindo) ; • enquanto a cristianojàbia pagã moderna produz mártires, a cristianofàbia comunista e laicista produz cristãos relapsos. Vejamos ma is detalhadamente por que as ideolog ias revolucionárias do comunismo e do laicismo conduzem de modo forçoso à cristianofobia e à perseguição aos católicos. Lembremos de início que tanto o comunismo quanto o laici smo são herdeiros do ílumini smo do século XVIII - filosofia que considerava a religião como uma superstição obscurantista dos primeiros tempos do gênero humano, quando as pessoas não possuíam nenhuma explicação científica dos fenômenos naturai s. Por esse motivo, a Revolução Francesa , fruto do Ilumini smo , adorou a deusa Razão e emitiu a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão , na qual Deus não apenas era ignorado, mas erradicado das origens da autoridade social e da lei . Apesar de essa dec laração assegurar que "ninguém deve ser incomodado por
causa de suas opiniões, incluindo suas crenças religiosas ", os revolucionários franceses proibiram os votos religiosos, suprimiram todas as Ordens religiosas e criaram uma Igreja Nacional cismática, perseguindo de modo inclemente os bispos e sacerdotes que não aderiram a ela.
Perseguição comunista aos cristãos O comuni smo foi além e declarou guerra total à religião. Afirmou que a origem de tudo não é um Deus espiritual , mas a matéria que, apesar de inerte e inconsc iente, entretanto possui propriedades de vida, consciência e alma. No prefác io de sua di ssertação de doutorado, Karl Marx adotou como lema a paráfrase do heroi grego Prometeu , que desafiou os deuses a trazerem fogo
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CATOLICISMO
à humanidade: "Odeio todos os deuses que não reconhecem o subconsciente humano como a mais alta divindade". "A religião é o ópio do povo: esta afirmação de Marx é a pedra angular de toda a ideologia do marxismo sobre a religião. Todas as religiões e igrejas modernas, todas e cada espécie de organizações religiosas são sempre cons ideradas pelo marxismo como órgãos da reação burguesa, usados para a proteção da exploração e da estupefação da classe trabalhadora " (Lênin V. I. , Sobre a atitude do partido dos trabalhadores para com a religião, Obras selecionadas, v. 17, p.41 ). Em nome deste credo materialista, o comunismo tentou erradicar todas as religiões, transformando "o crime de
massa em um sistema desabrochado de governo ", nas palavras de Stéphane Courtois, editor-chefe de O Livro Negro do Comunismo . De acordo com este estudo metódico, o número de mortes causadas pelo comunismo em todo mundo totaliza 94 milhões de vítimas!
público no exterior dos edifícios da Igreja Católica, restringiu o direito de propriedade das organizações religiosas, impediu padres e monges de vestirem seus hábitos e negou-lhes o direito de julgamento por violação dessas leis anticlericais. A primeira embaixada soviética no mundo foi aberta no México, tendo o embaixador observado que "não há
outras duas nações que revelem mais semelhanças do que a União Soviética e o México" . Nessa ocasião, alguns governos ocidentais começaram a se referir ao "México Soviético". Quando a Igreja Católica condenou publicamente as medidas anticlericais, o presidente ateu Plutarco Calles promulgou uma legislação anticatólica adicional conhecida como "Lei Calles". Os efeitos da perseguição à Igreja foram profundos. Entre 1926 e 1934, pelo menos 40 padres e milhares de leigos foram mortos. Em diversas partes do país, iniciou-se uma rebelião popular
União Soviética A União Soviética foi o primeiro Estado cujo objetivo ideológico era eliminar a religião. Para esse fim , o regime bolchevista confiscou as propriedades da Igreja cismática, conhecida como Ortodoxa, destruiu dezenas de milhares de igrejas, quando não as transformou para outros usos, e 13 mil sacerdotes "ortodoxos" foram presos entre 1917 e 1940. Uma extensa campanha de propaganda e "educação" foi empreendida para convencer as crianças e os jovens a abandonarem as crenças religiosas. A crítica ao ateísmo era estritamente proibida e resultava em prisão. Esta perseguição acarretou o assassinato de milhões de russos " ortodoxos" ou de católicos de minorias étnicas, como os lituanos.
México A campanha do governo contra a Igreja Católica após a Revolução Mexicana culminou com a Constituição de 1917, que tornou ilegais as Ordens religiosas monásticas, proibiu o culto
r.
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Heróicos mártires crlsteros que entregaram suas vidas pela causa católica no México. Foto do ano 1929.
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Fuzilamento de um sacerdote durante a guerra dos cristeros
denominada Guerra dos Cristeros , a qual foi objeto do filme Cristiada, lançado recentemente com muito sucesso.
Espanha Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) ocorreu a "mais extensa e violenta perseguição ao Catolicismo na história ocidental, de algum modo até mais intensa do que a da Revolução Francesa " (Stanley Paine). O governo republicano confiscou todos os ediftcios da Igreja Católica residências episcopais, casas paroquiais, seminários e mosteiros - , obrigandoª a pagar aluguéis e impostos sobre aquilo que lhe fora tomado de forma violenta. Paramentos religiosos, objetos litúrgicos, imagens, pinturas, vasos, joias e objetos similares, necessários ao culto, foram também confiscados ou profanados. Numerosas igrejas e templos foram incendiados, após terem sido nacionalizados. Todas as escolas privadas católicas pertencentes a Ordens e Congregações religiosas foram expropriadas e a educação religiosa proibida, mesmo em escolas particulares. O número de mortos no clero incluiu SETEMBRO 2013
Profanação de túmulos e destruição da igreja de São Miguel do Alto, em Toledo
Durante a Guerra Civil Espanhola, os republicanos incendiaram numerosas igrejas e templos. Na foto à esq., a igreja dos Jesuítas é consumida pelo fogo.
13 bispos, 4. 172 padres diocesanos e seminari stas, 2.365 monges e frades, 283 relig iosas, perfazendo um tota l de 6.832 ví ti mas, além de m ilhares de leigos. Fora m beatificados ou canonizados até agora quase mi l mártires espa nhó is. Ex istem ainda cerca de dois mil mártires adiciona is cujos processos de beatificação estão em curso.
Cllina A Chi na torno u-se co muni sta e m 1949. Se u governo formo u os Três Movimentos Autônomos para ind uzi r o clero a abandonar sua ligação com a Santa Sé sob pretexto de patriotismo e nac ionalismo.
11111111m
CATOLIC I SMO
Por volta de 1953 fo ram presos numerosos bispos chineses e estrange iros, be m co mo padres e leigos. Di versos de les mo rrera m no cárcere. Em 1955 houve uma prisão em massa em todas as dioceses, obrigando a Igreja a se refugiar na c landestinidade. Fracassando no seu intento de erradicar a Igreja Católica, o governo chinês criou em 1957 sua própria igreja, chamada Associação Chinesa Católico-Patriótica (CCPA no seu acrônimo inglês). Apesa r das reformas econômicas e da abertura das fro nteiras da China ao co mérc io, o Parti do Comuni sta a inda co ntro la todos os as pectos da v id a po líti ca, econômica, socia l e cultural, inc lu s ive a re lig ião . Para esse fim , o
governo chinês mantém a infame Ad-
ministração Estatal para os Assuntos Religiosos , encarregada de vigiar as operações das organizações religiosas chinesas registradas, a fim de assegurarse de que as mesmas apoiem e realizem as prioridades políticas do Partido Comunista Chinês. A Administração exerce absoluto controle sobre as nomeações religiosas, a seleção do clero e até sobre a interpretação da doutrina religiosa! (Por exemplo, a CCPA é totalmente subserviente ao regime e apoia inclusive sua política de "filho único"). Por outro lado, até hoje o governo chinês considera ilegal o grande setor da Igreja Católica Romana que está na clandestinidade. Assim , a Santa Missa, as aulas de catecismo, o batismo e outros serviços religiosos de milhões de católicos romanos clandestinos devem ser realizados em casas particulares, sob segredo e com o risco de multas exorbitantes, quando não de cadeia, prisão domiciliar, torturas físicas e internamento em campos de trabalhos forçados. Atualmente, cada um dos cerca de 25 bispos clandestinos está escondido, ou se encontra na cadeia ou prisão domici-
Ngo Dihn Diem, presidente católico do Vietnã, com sua família e seu irmão, o arcebispo Ngo Dihn Thuc
liar sob estrita vigilância. Muitos foram mortos ou desapareceram . O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, arcebispo emérito de Hong-Kong, afirmou numa entrevista: "Eles [as autoridades comunistas] estão empregando métodos
cada vez mais p erigosos e requintados, não se atendo apenas a ameaçar as pessoas; pelo contrário, agora eles as estão conduzindo à tentação. "Eles não querem fazer mártires, querem encorajar renegados. Para a Igreja isso é muitíssimo pio1'. Eles dispõem dos meios para testar as pessoas, boas, .fi·acas ou tímidas, e reduzi-las à obediência. Seus instrumentos são o dinheiro, mas também o prestigio, a honra ou posições na sociedade." Apesar desta admoestação, há " inocentes úteis" na China que pensam ser melhor apertar a enganosa mão estendida pelas autoridades comunistas, sob o pretexto de tornar assim possível " difundir o Evangelho", do que ir corajosamente para a clandestinidade.
Vletllã Em 1954, o Vietnã foi dividido entre o Norte comunista e o Sul democrático. Havia cerca de 1.600.000 católicos no país, dois terços dos quais nas regiões que ficaram dominadas pelos comunistas.
Enquanto no Su l o presidente Ngo Dinh Diem (1901-1963) consagrou a nação à Virgem Maria , estendeu os direitos da Igreja Cató li ca e promoveu um maior número de oficiais militares e servidores públicos si nceramente católicos, no Norte a perseguição religiosa começou logo, o que determinou que 670 mil católicos e 2 1Omil não cató licos fugissem para o Sul. Quando a guerra do Vietnã se tornou ostens iva , os que permaneceram no Norte (bispos, padres, religiosos e leigos) foram enviados para campos de concentração e "centros de reeducação". As esco las cató li cas foram fechadas. Formou-se e ntão uma associação "patrióti ca" subserviente ao regime denominada Comitê de Ligação dos Católicos Patriotas Amantes da Paz. Hoje ela se intitula Comitê de Solidariedade dos Católicos Vietnamitas (CSVC no seu acrônimo inglês) e dispõe de capítulos em 37 cidades e províncias do país. Após a retirada americana em 1975, o Vietnã foi reunificado sob a égide comunista , adotando o nome de República Socialista do Vietnã. Cerca de um milhão e meio de sul-vietna mitas buscaram refúgio em diversos países, especialmente no s Estados Unidos. Muitos bispos do Su l foram enviados a campos de reeducação, juntamente com grande número de párocos e cape lães
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militares. O mais famoso foi o Cardeal Nguyên Vãn Thuân. Preso de 1975 a 1988, ele passou nove anos em confinamento solitário. No início da década de 1990, o governo vietnamita seguiu o modelo chinês de abertura econômica e ditadura política. A lei vietnamita exige que todos os grupos religiosos sejam registrados no governo e operem sob a tutela de organizações religiosas aprovadas por ele. O governo moveu múltiplas repressões e um novo contingente de fieis foi enviado à prisão; houve ainda crescentes restrições. Particularmente afetado foi o grupo étnico dos Montanheses, da Cordilheira Central, onde as autoridades dissolveram reuniões religiosas realizadas em casas, orquestrou sob coação renúncias à fé, e fechou a fronteira para evitar que as pessoas pudessem fugir para o Cambodge em busca de asilo. A Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional, dos EUA, relatou que, "apesar de um marcante incremento da prática religiosa no povo vietnamita nos últimos dez anos, o governo continua a suprimir pela/orça as atividades religiosas organizadas, a monitorar e controlar as comunidades religiosas".
Cuba Após a revolução comunista de 1959, o regime de Fidel Castro adotou a política de promoção do ateísmo. As crenças religiosas eram consideradas reacionárias e os Comitês de Defesa da Revolução alertavam a população: "Não é bom para as suas crianças ir à igreja ". Muitos crentes entraram em confronto com o regime e pagaram este "crime" com suas vidas ou com longos anos de prisão. Castro tentou então criar uma Igreja nacional, lançou uma campanha contra os bispos católicos, efetuou prisões maciças de religiosos e profanações de igrejas. Em maio de 1961 , o governo confiscou o vasto sistema privado de escolas e muitos seminários. Em setembro, a tradicional procissão realizada em Havana para honrar a Virgem da Caridade, Padroeira de Cuba, foi reprimida violentamente, resultando na morte de um dos partici-
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CATOLICISMO
Dom Boza Masvidal, expulso em 1961 pelo governo comunista cubano juntamente com outros 131 religiosos
pantes. Esse incidente levou à imediata expulsão de 131 religiosos, inclusive do bispo Dom Boza Masvidal. Muitas pessoas religiosas se viram impelidas ao exílio por coerção, intimidação, ou pela impossibilidade de exercerem a sua religião. De 1959 a 1961 , 80% dos padres católicos e ministros protestantes deixaram Cuba, refugiando-se nos EUA. Em 1965 foram criadas as Unidades Militares de Ajuda à Produção, tendo muitos padres católicos e seminaristas sido enviados para tais entidades. Implementou-se no decurso desses anos uma repressão mais sutil e indireta, embora muito efetiva, usando a educação e o lugar de trabalho como seus principais veículos. Os estudantes possuíam um Registro Acadêmico Cumulativo que supervisionava a sua "integração ideológica". O envolvimento religioso dos estudantes e de seus pais constituía um "demérito" nos registros e seria usado para negar acesso à universidade e às carreiras. Exercia-se também um controle similar em relação aos funcionários nos locais de trabalho. A política religiosa de Castro consistia abertamente em 'Jazer apóstatas, e não mártires". Por volta do fim dos anos 1980, após a publicação do livro Fidel Castro e Religião - uma entrevista com o
"teólogo" da libertação Frei Betto - , houve um relaxamento da repressão por conveniências táticas. As pessoas começaram a frequentar em maior número cerimônias religiosas. O arcebispo D. Pedro Meurice, de Santiago de Cuba, alertou que muitos fiéis católicos na ilha estavam desconfiados da atitude colaboracionista das autoridades da Igreja em relação ao regime: "Eles nos consideravam uma Igreja de mártires e agora alguns estão dizendo que nós somos uma Igreja de traidores " (Cfr. "La Voz Católica", Arquidiocese de Miami, 14-3-1986, p. 15). Nos anos subsequentes e após o colapso da União Soviética, o Estado cubano adotou uma posição mais conciliatória em face da religião e diminuiu a promoção do ateísmo. Em julho de 1992 a constituição foi emendada para remover a definição de Cuba como estado baseado no marxismo-leninismo, tendo sido adicionado o artigo 42, que proíbe a discriminação com base na crença religiosa. Contudo, a atividade e as instituições religiosas ainda são regulamentadas pelo Escritório de Assuntos Religiosos. As Igrejas ainda enfrentam restrições de comunicação escrita e eletrônica e só podem aceitar doações provenientes de fontes de financiamento aprovadas pelo Estado. As autoridades não permitiram
O arcebispo de Havana, Dom Jaime Ortega, acusado de alinhamento com o governo cubano, dialoga sorridente com o ditador Raúl Castro à sua frente
a construção de novas igrejas e com frequência ignoraram ou responderam negativamente aos pedidos para se efetuar reparos estruturais em igrejas construídas antes de 1959. A Igreja Católica evita uma confrontação política direta com o regime que, sem cessar de reprimir os dissidentes, soube utilizar-se de duas visitas papais para reabilitar sua imagem. Na esteira da visita de Bento XVI, só no mês de fevereiro houve mais de 600 detenções. O arcebispo de Havana é acusado de alinhamento com o governo cubano, particularmente depois de ter pedido à polícia para reprimir dissidentes católicos que clamavam por liberdade, aos quais acusou mais tarde de perturbar o processo de transição democrática! Aparentemente, os Castros estão de algum modo tendo sucesso em "fazer apóstatas, e não mártires" ...
Perseguição laicista aos cristãos Entretanto, o primeiro prêmio deste campeonato de engano não se destina aos regimes totalitários, mas sim aos nos sos próprios Estados ocidentais secularizados. Qual é a ideologia que está por detrás desta forma de cristianofobia? Nosso regime político tem sido de
fato chamado de "democracia sem valores" - um sistema que não reconhece uma Lei Superior ou mesmo uma natureza estável e, portanto, cria e modifica a seu bel-prazer seus próprios valores, o que facilmente leva a um totalitarismo aberto ou pouco disfarçado. Seria ingênuo pensar que nossos regimes políticos permaneceram fié is ao tipo de democracia burguesa e liberal - ainda mais ou menos respeitosa da ordem natural - nascida da Revolução Francesa. A partir dos anos 1980, em nome do princípio da não-discriminação e de uma nova interpretação dos Direitos Humanos, inclusive o dos assim chamados "direitos de minorias visíveis", as democracias ocidentais evoluíram de fato rumo a um regime "multicultural". Além do mero fato de reconhecer a presença da diversidade cultural de determinada nação por causa da globalização, o Multiculturalismo é uma doutrina que promove a institucionalização dessa diversidade cultural, em nome do direito de dife rentes grupos a um igual respeito e reconhecimento. Assim, em vez da tradicional integração dos imigrantes nos valores comuns que nutrem a identidade nacional, o Multiculturalismo transforma o país numa miscelânea de micro-sociedades separadas, centradas em si próprias e vivendo lado a lado, cada uma portando valores
(e anti-valores) culturais e estilos de vida pec uli ares e por vezes contraditóri os com a identidade nacional. Isto é particularmente agudo em nações europeias, que encontram dific uldades em controlar massas de imigrantes inassimiláveis, provenientes na sua maioria de países muçulmanos; ou então nas nossas nações latino-americanas, que devem faze r face a uma rebelião de tribos de índios aborígines, manipuladas pelo ClMl, por teólogos da libertação, antropólogos de avançada e ON Gs estrange iras. Nesse co ntexto, o progressismo advoga uma pretensa abertura de espírito para respeitar os di fere ntes valores culturais e tolerar os estil os de vida deles derivados, ainda quando em co nflito com as leis do país. Para esses antropólogos e teó logos progress istas não ex istem cul turas primitivas ou atrasadas. Cada cultura deve ser julgada a partir da própri a visão do mundo daquele grupo soc ial específi co, e as sociedades ocidenta is não podem pretender di spor de um paradigma superior para julgá- la. Foi em nome dessa ideologia multicultura lista e relativista que o conse lho executivo da Associação Americana de Antropologia se reti ro u em 1947 das discussões que conduziram à "Declaração Uni versal dos Di reitos Humanos", alegando que tal declaração não seria aplicáve l a todos os seres humanos. O relativismo cultural conduz necessariamente ao relativismo moral, porque as culturas só podem manifes tar uma tão ampla gama de preferências, motivações e critéri os de análi se se nenhum princípio moral puder ser declarado evidente e reconheci do como tal em todos os tempos e lugares. Ao proc la mar qu e a consc iênc ia autônoma do indi víduo preva lece sobre qualquer rea lidade obj eti va, esse relativismo moral conduz a aberrações inimagináve is, como a de promover o dire ito da mãe de matar se u filh o recé m-nasc id o e m nome do dire ito dela à saúde ou à fe licidade, como fo i recentemente defendido sob o nome de "aborto após o parto" por dois professores univers itári os qu e e nsinam em Me lbourn e, na Austráli a, em art igo
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publicado pelo conceituado "Journal of Medical Ethics". Ou o suposto direito ao casamento de pessoas do mesmo sexo, com todos os privilégios próprios a um casal bem constituído, incluída a adoção de crianças. Ou ainda o pretenso direito de se autodefinir aleatoriamente como homem ou mulher, independente do sexo fisiológico de cada um e até sem cirurgia de "mudança de sexo" ou tratamento com hormônios. Tudo isso, em nome da "experiência de gênero como cada pessoa a sente", conforme o estabelecido na Lei de Identidade de Gênero aprovada por unanimidade pelo Senado argentino. Em nome deste novo "dogma" de liberdade total para os indivíduos e para as minorias visíveis - uma liberdade absoluta que recusa a ideia da natureza humana, a qual passa a ser considerada
como uma superestrutura opressiva a ser superada - e também em nome de seu subproduto chamado de "luta contra a discriminação", nossas democracias ocidentais estão pressionando os cristãos para agirem na vida pública contra as suas próprias convicções, apesar de todas as constituições democráticas assegurarem o direito à objeção de consciência. Vimos isso no decreto de Obama, segundo o qual os hospitais cristãos e o pessoal de saúde nos Estados Unidos deveriam ser forçados a realizar atos imorais como cirurgias de esterilização, enquanto instituições católicas seriam obrigadas a fornecer contraceptivos artificiais, e mesmo abortivos a seus empregados. Assistimos servidores públicos cristãos no Reino Unido serem despedidos por
se recusarem a abençoar uniões antinaturais como sendo casamentos. Assistimos escolas católicas terem que readmitir professores abertamente homossexuais ou transexuais (em Viena, até mesmo um Conselho Paroquial teve de admitir um conselheiro homossexual eleito, não por ordem do Estado, mas pelo coração "misericordioso" do Cardeal Schõnborn!). Assistimos pais serem colocados na cadeia por não permitirem que seus filhos sofram uma "reeducação" - corrompidos por programas de educação sexual imorais . E se eles decidirem ministrar-lhes aulas em casa, o Ministério de Educação de Alberta (Canadá) enviará supervisores para interrogar os
Profanação de imagens religiosas durante a "marcha das vadias" no Rio, na semana da Jornada Mundial da Juventude. Uma clara afronta aos católicos.
Vivemos a "ditadura do relativismo" denunciada diversas vezes por Bento XVI. A pior e mais insidiosa forma de perseguição religiosa. Faixa do mesmo movimento também em São Paulo.
Católicas e Até movimentos pseudo católicos engrossam as forças contrárias à boa doutrina (foto ao lado). Os únicos a não terem suas consciências absolutamente respeitadas são, de fato, os membros da maioria cristã!
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CATOLICISMO
católicas pelo direito de decidir
fi Ihos, a fi 111 de assegurarem de que o ensinamento que estão recebendo não é " homofóbico" .. . Isso fo i denunciado pelo Papa Bento XVI como flagrantes exemplos de "hostilidade e p reconceito contra cristãos, porque eles resolveram orientar suas vidas de um modo coerente com os valores e princípios expressos no Evangelho". A fl agrante contradi ção co m qu e nos depara mos consiste em dizer que vivemos numa era da hi stóri a humana considerada como a mais "tolerante" de todas ! O que temos, pelo contrári o, é a "ditadu ra do relativi smo" denun ciada diversas vezes pelo mesmo Bento XVI. Esta "ditadura do relativismo" é a pi or e mais insidi osa fo rma de perseguição reli giosa, por nos forçar, a nós cri stãos, a cultivar uma "atitude de abert11ra" subj acente ao mul ticultu rali smo e ao relativismo cul tura l, bem como adotar uma total ace itação dos "estil os de vida alternativos" de várias minori as vi síveis. Os úni cos a não terem suas consc iências abso lutamente respeitadas são, de fato, os membros da maiori a cri stã! E isto sob as penas da lei. O probl ema que se põe para nós, cató li cos, é que urna tal renúncia interna às nossas própri as convi cções equi va le a uma apostas ia. Porque a fé consiste prec isamente em sustentar co m vi gor corno verdade tudo aquilo que Deus nos ensinou, urna vez que Ele não se engana nem pode nos enga nar. Portanto, a fé é incompatível com a atitude voluntári a perm anente ou mes mo transitóri a de dú vida, press uposta na atitude de "tolerância" que nos é prescrita pelas nossas sociedades.
,anhapela
AboliO mento
Fazendo-o, o Estado laicista moderno desencadeia urna persegui ção du ra e insidiosa, muito mais bem-sucedida que a dos islâmi cos, dos hindus radica is, ou mesmo dos reg imes comuni stas no seu des ígni o de transformar os católi cos em apóstatas, ao invés de mártires.
Conclusão Qual deveri a ser a nossa reação em face desta crescente persegui ção? Nem o otimi smo cego daqueles que ingenuamente julgam que nunca serão confrontados com o dilema entre transgredir a lei ou permanecer fi el ao Credo católi co, nem o pess imismo esmorec ido daqueles que pensam que as soc iedades modernas estão definitivamente instauradas e, portanto - como di zem algun s - , que a úni ca coisa a ser fe ita é sa lvar individualmente as almas através de um apostolado catacumba!. .. Devemos reagir e defender por todos
os meios lega is nossos direitos - e, ac im a de tudo, os direitos de Deus e da lgrej a - , sa bend o qu e o nosso nobre exempl o de res istência tocará os corações e as mentes de nossos contemporâneos, apressando a sua conversão do mesmo modo co rn o o sangue dos mártires derram ado nas arenas romanas pav imentou o caminho para o surgimento da mara vilhosa civilização cri stã da Idade Médi a. Possa a Santíss ima Virgem nos obter do Divino Espíri to Santo o dom sobrenatural da fo rtaleza e a confi ança no triunfo fi nal da lgreja Católi ca sobre todos os seus perseguidores da atualidade. • E-mail para o auto r: catoli cismo@terra.com.br Nota :
* A res peito, vide 1a111 bém enlrev ista concedi da a Ca10 /icis1110, ed ição de outubro/20 11 , pelo Pro f.
Alexa ndre de i Vall e, renomado espec iali sta e111 mundo mu çulmano, na qu al ele alerta para o peri go islâ111ico que ameaça o Oc idente.
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Catolicismo - Uma palavra sobre a reação à violência que estamos observando ser perpetrada contra aqueles que apoiam o casamento tradicional. Haveria uma resposta para isso? Como devemos apresentá-la?
Deve haver uma resposta ao ódio e à violência. Hà muito para se dizer sobre isso. Deve haver uma preocupação em saber o que o outro lado rea lmente quer. Essas pessoas estão do lado que prega a to lerância. Mas quando não conseguem o que desejam se tornam os mais intolerantes. Referem-se a "tirar um direito fu ndamental"; mas como pode ser fund amental um direito cri ado que nunca ex istiu antes? Número dois: ele não fo i cri ado através de um processo democrático. Em cada estado onde o "casa mento" homossex ual fo i lega li zado, criaram-no quatro j uízes da Suprema Corte. Nós fize mos uso de um processo democráti co: ti ra mos o poder das mãos de uma pequena corte e co locamo- lo de volta nas mãos das pessoas, para que o povo pudesse decidir de fo rma democráti ca em que tipo de soc iedade gosta ri a de vi ver. Ex plicamos que essa atitude não se voltava contra ninguém, não era discriminatória. O casa mento é algo dife rente. Co nsideráve l número de pessoas recebeu essa mensagem e a entendeu. Se os que se opõem a nós desejam prega r a tolerância, devem praticá- la. Eles precisam usa r meios democráticos, pacíficos e honestos. Acabei de receber esta manhã e-mail de um sacerd ote amigo de minha di ocese. Ele anexou a co luna que escreveu para seu boletim , comparando a atitude de les à Kristallnacht [A noite dos cristais], na Alemanha nazista em 1938, quando fo ram atacadas Dom S(I/V(lfore -
O Padre Norman Weslin, de 80 anos, foi preso nos Estados Unidos no Campus da Universidade Católica de Notre Dame. Que "crime" cometeu? Liderou um protesto contra o aborto ...
"Eles /do motrime11to /Jl'Óhomossexual/ estão do la<lo que prega a tolerância, mas <1mm<lo não co11seguem o que desejam se to1·11am os mais i11tolera11tes"
pessoas, instituições e entidades judaicas por serem israe litas. Nenhum fun cionário públi co censurou a co luna. O mesmo está acontecendo agora contra os mórmons e nenhum fun cionári o público está cri tica ndo, simpl esmente por serem mórmons que participaram do processo democrático que eles e nós acreditamos visa r o bem comum, e não ter em vista sua própria vi são religiosa particular. Catolicismo - Se o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo for levado adiante, como isso afetará diretamente a Igreja - ou, de modo indireto, as organizações a ela filiadas? Ou ainda as organizações não filiadas e sem fins lucrativos?
Não é uma questão de viver e deixa r vi ver. Na verdade, essa é a situação exi ste nte com as leis de parceria doméstica, segundo a ideia deles de tolerância. O que está acontecendo em nossa sociedade é a presença sobre a mesa de duas ideias de casamento mutuamente excludentes. Estamos lutando para que uma delas prevaleça. Tai s ideias não podem coex istir. Uma ideia consiste no modo como o casamento sempre fo i entendido em toda a sociedade humana, desde o início da civili zação, ou seja, uma união para toda a vida de um homem com uma mulher, com fi delidade duradoura mútua, para a procriação e educação dos filh os, e o bem dos cônjuges. A sociedade tem um interesse nessa ideia. O governo tem interesse e participação no casamento por causa da procriação e da próx im a geração de cidadãos . Para a soc iedade fl orescer, os cidadãos devem ser virtuosos. As cri anças aprendem a virtude princi-
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sar de sua j uventude, ela não pensou senão em santificar-se em seu novo estado, resolvida a não mais mudá-lo. Considerou-se devotada à penitência e ao retiro, e não se ocupou mais senão do j ejum, da prece e das boas obras. A educação de seus.filhos/oi também um de seus principais cuidados. " 1 Essa mulh er fo rte logo notou em Lourenço uma doc ilidade pouco comum e uma grandeza de alma extraordin ári a para sua idade. Em vez dos jogos infanti s, o menino procurava entreter-se com pessoas razoáveis e a ocupar-se de co isas séri as.
Um misterioso e11co11tl'o com a Sabedoria Quand o adolesce nte , Lourenço "era magnânimo, entusiasta, sonhado,: Tudo respirava elegância em sua pessoa, em seus gestos, em seus costumes. Como todos os de sua raça, sentia o anelo de coisas grandes, a ambição do irrealizável, do cavalheiresco ". 2 Sua mãe, para premuni-l o contra o orgulho, às vezes chamava-lhe a atenção. E o borbulhante rapaz respondi a rindo: "Mamãe, não tenha medo . A inda vai me ver convertido em um santo. " Foi então que, aos 20 anos, Lourenço teve um a visão qu e mud ou sua vida. Conta ele: "Eu era então como todos os demais. Com ardor apaixonado buscava a paz nas coisas exteriores, sem poder encontrá-la. Até que um dia apareceu-me uma vúgem mais brilhante que o sol, cuj o nome eu desconhecia. E, acercando-se de mim, disse-me com doces palavras e um sorriso: 'Ójovem amável. Por que derramas teu coração em tantas coisas inúteis ? O que buscas com desatino eu te prometo se quiseres tomar-me por esposa '. Perguntei-lhe o nome e qualidade, e ela me disse que era a Sabedoria de Deus. Dei-lhe minha palavra sem vacilação alguma, e depois de abraçar-me, desapareceu. "3 Lourenço julgou então que o melhor meio de adquirir essa sa bedoria seri a na vida religiosa. Mas qui s consul tar um tio materno, cônego regul ar
da Congregação de São Jo rge, dita da Alga, cuj o moste iro fi cava num a das ilhas de Veneza com esse nome. O tio, vendo nele a ação da graça, aconse lh ou-o a ir pouco a pouco se habitando em casa à práti ca das austeridades do claustro. O que o jovem fez com tanto rigor, que assustou seus parentes. Ele lhes repeti a então: " Vejo que os mártires caminhavam para o Céu derramando o sangue, e os confessores macerando a carne. Não encontro outros caminhos." Com essa disposição ele fo i recebido na congregação de São Jorge. Estava tão contente no mosteiro, que di zia ser por providência especial de Deus que os homens desconhecem a graça da vida religiosa, pois, se a conhecessem, não haveri a ninguém tão nésc io que não quisesse goza r semelh ante di ta. Com relação à mortificação dos sentidos, dizia também que "dar sati~fáção aos sentidos e querer ser casto, é como pretender apagar um incêndio com lenha". Mortificava também a sede, di zendo: "Como poderemos so.fi,-er os ardores do Purgatório, se agora não podemos suportar a pequena moléstia da sede? " Comparava a humildade a um curso d'água que é quase insignifica nte no verão, mas que no inverno, acrescido da água das neves derretidas, torna-se grande e vo lumoso. "Domesmo modo, dizia, a humildade, ainda que escondida na prosperidade, deve tornar-se magnânima nos soji,-imentos e nas tribulações. " Uma mortifi cação bem du ra pa ra aquele virtuoso ari stocrata consisti a em pedir es molas para o co nvento . Um di a em que dev ia passa r por uma praça cheia de gente da soc iedade, o reli gioso que ia com ele sugeriu que mudassem de ca minho. Ele respondeu categorica mente: "Caminhemos valentemente. De nada nos adiantaria ler renunciado ao mundo com palavras, se não o desprezamos também com os.fàtos. " Um seu bi ógrafo comenta: "Sempre era o mesrno. Ninguém u viu nem como vido p ela ira, nem dissipado pela
prosperidade, nem perturbado pelo praze1; nem encolhido p elo medo, nem acovardado pela dor. "4 De volta de uma viagem ao Oriente, um se u antigo co mpanh eiro de juventude qui s tirá-l o a todo custo do mosteiro. Para isso diri giu-se para lá com uma banda musica l e um grupo de alegres rapazes. Entreta nto Lourenço fa lou-lhe de ta l modo do desprezo do mundo e da alegri a que há no serviço de Deus, que o amigo acabou ingressando no moste iro .
Nomcmlu bispo ele Castelo pelo papa Eugê11io IV Lourenço fo i eleito prior geral de sua co ngregação. Nessa qu alid ade, redi giu suas consti tui ções defi ni tivas, esforçou-se pela observância regular, e fez mui to para propagá-l a. Consideravam-no por isso seu segundo fundador. Em 1433 o Pa pa Eugê ni o IV no meo u-o bi spo de Caste lo, um a das vá ri as ilhas na região de Veneza, obrigando-o a ace itar o cargo em nome da santa obedi ência. São Lourenço tinha então 52 anos. Quando de sua nomeação episcopal, ainda ressoava m as du ras palavras de Santa Catarina ele Siena a respeito da situação da Igreja: "/-fá três vícios que atormentam sobretudo o coração de Cristo: a avareza, a luxúria e o o,g ulho. Esta triplice corrupção invadiu a esposa de Cristo, quer dize,; os prelados, que só buscam as delícias da vida, o aumento do pode,; e a abundância das riquezas. "5 São Lourenço convocou um sínodo di ocesano do qual sa íra m sá bias constituições, mui tas delas para a reforma do clero. "Não esqueçamos que, um século mais tarde, um ex:frade alemão iria buscar pretextos para sua pseudoreforma nos costumes decadentes dos eclesiás ticos. Mas se de ve também saber que na Espanha, na itália, na Fran ça, e mesmo na A lemanha, os santos se anteciparam aos hereges pelo caminho reto. Os séculos XI V e XV são testemunhos da aparição de vários milhares de livros intitulados
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'De R~fàrmatione Ecclesiae in capita et in membris' (Sobre a r~forma da igreja na cabeça e nos membros). "6 Por isso, conquanto quisesse que seu palácio episcopal espelhasse o espírito de pobreza, São Lourenço o mantinha ordenado e limpo. Reduziu a cinco o número de seus domésticos, mas aumentou o número de sacerdotes e cantores em sua catedral, para dar maior esplendor ao culto litúrgico.
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"Seguindo o exemplo da primitiva igreja, que para o exercício da caridade lançava mão de viúvas de avançada idade e de virtude bem provada, o bispo de Castelo solicitou também o concurso voluntário e abnegado de umas tantas senhoras virtuosas para aumentar sua ação caritativa emfàvor dos necessitados. Ele as encarregava especialmente da delicada missão de descobrir as misérias envergonhadas. Deste modo, muitas familias que antes viviam na abundância e passaram desta para uma terrível e humilhante estreiteza, puderam ser socorridas de modo oculto em momentos de apuro p elo caritativo e solícito prelado. " 7 Um biógrafo assim se refere a Dom Lourenço: "Teve um dom ma-
ravilhoso: todos os que estavam com ele, depois se despediam com a alma cheia de gozo e de paz. Os bons o queriam, e os maus o respeitavam. Tudo nele inspirava o amor: sua conversação, seus olhares, seus movimentos, o quefàzia, e mesmo o que dizia. " Pois São Lourenço Justiniano "sabia impor o dever sem tornar-se
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odioso; sabia ser austero sem deixar de ser amável. Juntava a prudência humana com a sabedoria divina, e seus conselhos eram oráculos para os que governavam a cidade ". 8 O próprio doge Foscari irritou-se com São Lourenço; chamou-o ao palácio e intimou-o a cuidar das coisas da Igreja, deixando as ruas sob a vigilância da autoridade secular. O santo respondeu-lhe com tanta gravidade e mansidão que o doge lhe pediu perdão dizendo: "Ide, Padre, e cumpri vosso
ofício. " E depois dizia a todos: "Não foi com um homem com quem falei, mas com um anjo". Acrescentava depois o primeiro magistrado da República de Veneza que o único homem com quem mudaria sua alma era Dom Lourenço Justiniano. Por sua vez, o santo afirmava que o oficio de doge era uma brincadeira em comparação com o de bispo, por causa da responsabilidade com a cura das almas. 9
Patriarca <la Sei·enísslma República de Ve11eza Em 145 l o Papa Nicolau V suprimiu o patriarcado de Grado, nas vizinhanças de Veneza, bem como a diocese de Castelo, transferindo todos seus privilégios para a capital da Sereníssima República. Com isso São Lourenço tornou-se o primeiro Patriarca de Veneza. Autor de muitas obras ascéticas, entre as quais A Árvore da Vida ,
Tratado acerca da humildade, A Vida Solitária, Desprezo do mundo e, no fim da vida, Os Graus de Pe,feição,
o santo patriarca conduziu com o mesmo espírito sobrenatural e a mesma seriedade seu oficio durante os quatro anos em que exerceu o cargo. Sua morte ocorreu no dia 8 de janeiro de 1456 e foi recebida por ele com o mesmo espírito: "Por que
temer a morte se nosso adorável Redentor a padeceu por nós? Ó bom Jesus e bom Pastor, acolhei a ovelha extraviada que a Vós retornai Vossa misericórdia constitui minha única esperança ". Seu corpo sem vida exalava suavíssimo aroma, permanecendo incorrupto durante os 67 dias que mediaram seu sepultamento, delonga esta causada pelas divergências quanto à escolha do local. São Lourenço Justiniano foi canonizado por Alexandre VIII em outubro de 1690. Sua festa foi fixada pela Congregação dos Ritos para o dia 5 de setembro. • E-mail para o autor: cato lic ismo@terra.com.br Notas:
1. Les Petits Bollandistes, Saint Laurent Justinian, Yies des Saints, Bloud et Barrai, Libraires-Éditeurs, Pari s, 1882, tomo X, p. 500. 2. Frei Justo Perez de Urbel , O.S.B., San Lorenzo Justiniani, Afio Cristiano, Ediciones Fax, Madri , 1945, tomo 111, p. 534. 3. !d. p. 535. 4. ld, 537. 5. ld. 538. 6. Antonio Montero Moreno http://www.mercaba.org/SANTORAL/Yida/09/09-05 _S_ Lorenzo_Justiniano.htm. 7. Edelvives, San Lorenzo Justiniano, EI Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A. , Saragoça, 1955, p. 57. 8, Urbel, pp. 538-539. 9. http://www.magnificat.ca/cal/es p/09-05.htm
VARIEDADES
■ G REGÓRIO VIVANCO LO PES
á pessoas que põem o sossego acima de tudo. E não são poucas. "Desde que não me amolem dizem - o mundo que vá para onde bem entendet: Cada qual se arranj e como quiser e como p ude,; só não p erturbem meu descanso. " Não se trata apenas da pregui ça física, cujo símbolo é a pessoa esti rada na sua rede ou refestelada na sua poltrona; há uma preguiça psicológica e moral muito mais perniciosa, que faz do indivíduo por ela afetado um bichopreguiça do raciocínio e da previsão. Ele é encontradi ço não tanto na classe mais popular de trabalhadores manuais, mas na classe mais abastada dos ri cos e dos bem-estabelecidos. Preocupados com sua indústria, seu comércio ou sua carreira, em relação aos quais são uns leões de perspi cácia e intransigência, não se preocupam com nada do que acontece fora desse estreito (estreitíss imo) limite de seus interesses pessoa is. "Mudar o mundo não depende de mim; é um esforço inútil, vou me desgastar à toa, ficar estressado, deixa o barco correi·: " Sobretudo o que não querem é prever e lutar. Depois que o comunismo sanhudo deixou de ameaçar visivelmente o Brasil e passou a usar táticas mais aggiornati e insidiosas - não menos ameaçadoras ! - o nosso adorador do sossego exultou: "O comunismo morreu! ". E não adianta querer abrir-lhe os olhos para os programas de certos partidos políticos, para o marxismo que se ensina em não poucas uni versi dades, para a infil tração nos meios de comunicação social e na própria Igreja. Nada o move nem comove. Desve nd ar-lhe qu e o comuni smo continua bem vivo e apenas se metamorfose ia em certas correntes cul turais e eco lógicas, irrita-o profund amente.
Se quiser, tente. Mas é inútil
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Nada exacerba mais o preguiçoso aferrado a seu sono do que sacudi-lo para que acorde e abra os olhos. Então ele vira uma fera . De modo que a info rmação que dou abaixo ao leitor não vi sa mover esse gênero de poltrões. Eles são inamovíveis. Vi so, sim, esclarecer aqueles para quem a moral , o bem do Brasil e da Igreja ainda fa lam alto no in te ri or de suas consciências. Fe li zmente eles ex istem em número ponderável, e até crescente.
* * * Mes mo em época de di sfarce e metamorfose , o comunismo tem necessidade de manter alguns focos nos quais se mani fes ta por inteiro, não só para alentar seus arditi, como também para manter um polo de atração para todos os que são ali ciáveis por ele. No pl ano das nações, esse papel é exercido pe la presença de Cuba na Améri ca Latina. Em níve l nacional, reproduzo aqui para o leitor alguns trechos da notícia publicada pela "Folha de S. Paulo" (9-7-1 3), sob o título "Universidade oferece curso para difu ndir comuni smo": "Um p lano para propagar o comunismo está em curso na região de Ouro Preto. Ali a doutrina avança por um programa de extensão da Universidade Federal de Ouro Preto, que propaga ideias comunistas a estudantes e moradores do interior mineiro desde 20 12.
"O programa do chamado Centro de Difusão do Comunismo da Ufop tem cunho abertamente ideológico. A maioria [dos alunos] é composta p or moças de classe média baixa e estudantes de serviço social. Todas as atividades do centro são gratuitas. O programa consome R$ 60 mil por ano em bolsas mensais de R$ 250. "Coordenador do Centro de Dijúsão do Comunismo, André Mayer,.filiado ao PCB, diz que a iniciativa permite aos participantes 'colocar a sociedade em xeque; é uma proposta muito clara de buscar as contradições dessa sociedade e tran~formá-la '. "
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Se o leitor conhece alguém com a menta lidade acomodatícia que descreve mos ac ima, aco nse lhamos que não lhe dê essa notícia. De nada adi anta. Ele se sa irá com evas ivas, fa lará em plura lismo, liberdade de ensino e co isas do gênero, mas não se preocupará com o futuro do Brasil, podendo chegar mesmo a invectivar o leitor que tenta esc larecêlo. Dirá qualquer coisa, contanto que não tenha que sa ir de sua modorra . Se qui ser, tente. Mas é inútil. • E-mail para o aulor: ca1oli cis111o@terra.co111.br PS : Este artigo já estava escrito, quando nos chegou a notícia de que uma límínar da Justiça Federal proibiu o referido programa comunista.
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SOS FAMÍLIA
PLC 3/2013
Lei do aborto no Brasil A pesar do pedido de jnúmcl'os brasileiros, a pr'esidcntc Dilma aprovou o aborto, contrário às Leis divina e natural que o condenain como grave pecado e séria violação da natureza humana. PAULO ROBERTO C AMPOS
o trata r na ed ição a nte ri o r do PLC 3/20 13 - o proj eto de le i a bo rti sta qu e v isava a mpli a r sub-repti c iamente os casos de aborto no Bras il - , encerráva mos nosso artigo manifes tando o temor de que uma nova "matança de inocentes " pudesse ocorrer no País caso a pres ide nte D ilma
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CATOLICISMO
Rousseffsanc ionasse o referido proj eto. Eis, com efeito, as nossas palavras: "Rezemos para que ela cumpra sua promessa de que nada faria que favorecesse a ampliação do aborto em nossa Pátria ". 1
1° de agosto de 2013: <lia <le luto na Histól'ia do Brasil Mas ta l não aco ntece u, po is no di a l O de agosto, sem vetar qualquer de seus arti gos, a pres idente Dilma sanc ionou o
P LC 3/20 13. Isto chocou inúmeros brasil eiros, que se recordam perfe itamente da promessa fe ita por e la. Agora não se tra ta mais de um proj eto, uma vez que a nova le i entra rá em vigor 90 di as após a sua aprovação. E o que di zer daqueles congressistas que não pro moveram diretamente esse proj eto? Se e les não co laborara m de modo consc iente para sua ap ro vação, co ntudo e mitiram vo tos favo ráve is,
alegando depois que não perceberam a manobra porque não havi a nele menção ao aborto. Mas não se deram conta tais congress istas de que o texto abusava de eufe mi smos justamente para enga nar e não leva nta r reações junto àqueles que lutam para evitar a legalização do aborto? Teri a m sido tão desav isados esses parl amentares caso se tratasse de algum assunto pessoa l? Desse modo, os hospitais da rede públi ca se rão obri ga dos a pres ta r "atendimento imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS "; a enca minhar a mulher que alega r ser " vitima de violência sexual "
(a inda que não apresente evidênci as de ter sido violentada) para um servi ço de "profilax ia da g ravidez" (eufe mi smo para des ignar o abortamento); ou ainda o ''.fo rnecime nto de informações às
vitimas sobre os direitos legais e sobre todos os ser viços san itários disponíveis " , ofe rece nd o-lhe, por exempl o, o "contracepti vo de emergência " (a
abortigêni ca " Pílula do Dia Seguinte"). A gestante sequer prec isará provar que rea lmente sofreu " violência sexual ", ou ao menos apresentar um laudo do IML ou um 8 0.
Governistas procuram amortece,· reações
anterior. Ela não é um mero anti concepcional, mas uma fo rte droga que conduz ao aborto quimicamente induzido, pois elimina o ser concebido (o embri ão humano) ao evitar que o óvulo fec undado se implante no útero materno. Sobre isso não tem a menor dúvida a renomada cienti sta, bi óloga e biomédi ca bras il eira Lili an Pifíero Eça, quando dec larou : "A p ílula do dia seguinte nada mais é do que uma bomba hormonal que provoca um aborto ".2
Deputa<lo Federal co11/'cssa que foi e11ga11a<lo O deputado Eduardo Cunha (PM DBRJ) admitiu oficialmente qu e e le e muitos de seus co legas fo ram enga nados qu ando da aprovação do proj eto pró-a borto e pediu perdão a Deus por isso. Em reparação, no di a 6 de agosto último, ele deu entrada no Congresso Nac ional a um proj eto revoga ndo a Lei 12.845/201 3, sancionada pela pres idente Dilma, tendo dec larado: "É sabido que nc7o hou ve o debate apropriado do tema e a Câmara dos D ep utados votou a matéria desconhecendo o seu conteúdo e a profundidade do seu alcance, sendo assim, é preciso a imediata re vogaçc7o desta Lei ". O deputado ainda afirm ou: "Fomos todos enganados na boa f é, mas isso
não tira a responsabilidade de todos nós, inclusive a minha. Quem fo r a .fàvor da vida nos acompanhe [. ..}. Eu, sinceramente, peço perdão a Deus por ter sido enganado e não ter visto a trama que armaram contra a vida. Farei tudo que estiver ao meu alcance para tentar reverter esse lamentável quadro. "3
Não se pode julgar o fo ro interno ele ninguém, mas essas declarações se asse melh am às de políti cos da Costa Rica que, após a recente aprovação cio aborto naquele país, também di ssera m que havi am "cochilado" e pedi am perdão a Deus. Em todo caso, que Deus ouça o nobre deputado e dê-lhe fo rça para reverter tamanha tragédi a. De nossa parte, elevemos também envidar nossos melhores esforços pela revogação ela nova lei, pois do contrário presenciaremos uma nova "matança ele inocentes". • E-mail para o autor: catoli cismo@tcrra .com.br Notas:
1. No dia 7-8- 13, cm pronunciamento na Câmara dos Depu tad os, o Deput ado Federa l La el Varel\ a (D EM-MG) fe z leitu ra desse arLi go pu bli cado na edi ção anterior de Catolicis1110 e o registrou nos anais da Câ mara. 2 . ht t p :// www . b ioe t ica.or g .br /?s it e Acao=Noti cias&id= 106 1 3.hllp://www.zeni l.o rg/pt/arl iclcs/dcpulado-confcssa-q uc-c le-e-m ui tos-de-scus-co legas- fora m-cnganados-na-aprova cao-do-projeto-pro
Como a referida aprovação despertou mani festações indi gnadas de norte a sul do País, membros do governo, sobretudo o Mini stro da Saúde, Alexandre Padilha, tentaram amortecer as reações. Este chegou a declarar que a " Pílula do Dia Seguinte" não é abortiva; pílula que, com a sanção do referido projeto, passará a se r di stribuída nos hospitais a todas as mulheres, inclusive adolescentes, que independente de provas declararem que ti ve ram algum a "relação sexual não consentida ".
Co mo subsídi o aos nossos leitores, há no quadro à p. 42 alguns itens de um precioso documento elaborado por especiali stas que apontam os rea is efeitos da " Pílula do Dia Seguinte" ou RU-486. O própri o fa to de ser denominada "do dia seguinte" é porque tal pílula impede a natural impl antação na parede uterina do embrião possivelmente gerado no dia
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#D efendea Vida
SETEMBRO 2012
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PONTIFICIA ACADEMIA PARA A VIDA Comunicado sobre a ''pílula do dia seguinte" Como sabemos, fo i posta à ve nda nas fa rmác ias da Itáli a a denominada " pílul a do di a seguinte". Trata-se de produto quími co (de tipo hormonal) que frequentemente tinha sido apresentado por muitos da área e pe la mídia como um simples contracepti vo ou, mais precisamente, como um "contrace ptivo de emergência", que se usado dentro de um curto te mpo depois de um ato sexual presumive lmente fé rtil , deveri a uni camente impedir a continuação de uma gra videz indesejada. As inev itáveis reações po lêm icas daqueles que leva ntara m sérias dú vidas sobre como esse produ to fun c iona, em outras palavras, que sua ação não é mera mente "contrace ptiva", mas "abortiva", recebera m rap idamente a resposta de que ta is preocupações mostrava m-se sem fund amento, uma vez qu e a " pílula do di a seguin te" te m um efe ito "anti-impl antação", ass im sugerindo impli citamente uma c lara di stinção entre o aborto e a intercepção (impedimento da implantação de um ovo fe rtili zado, isto é, o embri ão, na parede uterina). (... ] 1. A " pílul a do di a seguinte" é um preparado à base de hormônios (pode conter estrogênio, estrogêni o/progestogê ni o ou somente progestogêni o) que, dentro de e não mais do que 72 horas após um ato sex ual presumi velmente fé rtil , tem uma função predominantemente "anti-implantação", isto é, impede que um poss íve l ovo fe rtilizado (que é um embri ão humano), agora no estág io de blástula de seu desenvo lvimento (c inco a se is di as de po is da fe rtili zação) seja implantado na parede ute rin a por um processo de alteração da própri a parede. O res ul tado fi nal será ass im a ex pul são e a perda desse embri ão. [... ] 3. Porta nto, é ev idente que a compro vada ação "anti-impl antação" da " pílul a do dia seguin te" é rea lmente nada ma is do que um aborto quimi ca mente indu zido. Não é inte lectualmente consistente nem cientifi camente justifi cáve l dizer que não estamos tratando da mesma co isa. A lém di sso, parece sufi ciente mente claro que aque les que pedem ou oferecem essa pílula estão busca ndo a interrupção direta de uma poss íve l gravidez j á em progresso, da mesma fo rma que no caso do aborto. A gravidez, de fa to, começa com a fe rtilização e não com a implantação do blastocisto na parede uterina, que é o que tem sido sugerido impli citamente. 4. Como resultado, a partir do ponto de vista ético, a mesma abso luta ilega lidade dos procedimentos aborti vos ta mbém se apli ca à distribuição, prescri ção e uso da " pílula do dia seguin te". Todos os que, compartilhando ou não a intenção, cooperam diretamente com esse procedimento, são também moralmente responsáve is. ( .. .] 6. Fina lmente, como tais procedimentos estão se tornando mais di sseminados, nós encorajamos fo rtemente a todos os que trabalham nesse setor a faze r uma firm e obj eção de consciência moral, o que gerará um testemunho práti co e coraj oso do valor inali enável da vida humana, espec ia lmente em vi sta das novas fo rmas oc ultas de agressão contra os ma is fracos e mais indefesos indi víduos, co mo é o caso de um embrião humano. C idade do Vaticano, 3 1 de outubro de 2000 A íntegra desse documento encontra-se à di spos ição dos leitores no seguinte link: http://www. va tica n.va/roman_curia/pont i fica i_academies/acd li fe/documents/rc_pa_acdli fe _doe_2000 103 1_pillola-giorno-do po_fr.htm 1
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CATOLICISMO
A cruz e a glória Dando prosseguimento à transcrição de trechos do livro
Pensamentos Consoladores, de São Francisco de Sales,*
seguem alguns outros, nos quais o santo aconselha a receber como uma honra os sofrimentos por amor de Deus
elizes os que sofrem as perseguições por amor à justi ça. Esta bem-aventurança, a úl tima na categoria é a primeira na estima, e considero-a como a suprema fe licidade da vida presente. Os que são injustamente perseguidos tê m mais semelhança com o Sa lvador e levam uma vida oculta com Jesus Cri sto em Deus. [.. .] Sofrer é quase o úni co bem que neste mundo podemos praticar; porque raramente praticamos algum bem que lhe não juntemos o mal. [.. .] Bem-aventurados os cru c ifi ca dos ! Neste mundo a nossa herança é a cru z; mas na outra será a glóri a. Tudo passa. Após poucos di as desta vida mortal que nos resta m, vi rá a infini ta eternidade. Pouco nos importa que tenhamos aqui comodidades o u não, contanto que sejamos feli zes por toda a eternidade. Seja nossa conso lação a eternidade santa que nos espera, e o sermos cri stãos, filhos de Jesus Cri sto regenerados com o seu sangue, porque a nossa g lória consiste em Jesus C ri sto ter morrido por nós. Bem-aventu rados os que sofrem as persegui ções por amor à justi ça, porque a sua vida está oculta com Jesus Cri sto em Deus e confo rme à sua imagem, porque Ele fo i toda sua vida perseguido. "Sereis muito f elizes, di z N osso Senh or, quando os homens disserem toda a qualidade
F
de males contra vós por causa de mim ". "Se o mundo, di z São Paul o, nada tivesse de dizer contra nós, não seríamos verdadeiros servos de Deus ". Não vos importe is com o que o mundo di sser de vós e tereis paz inte rior; espera i o juízo de Deus e julgareis então os que vos tiverem julgado. Se o mundo nos despreza, regozijemo-nos, porque tem razão, vi sto sermos tão dignos de desprezo. Se nos estima desprezemos a sua estima e juízo, porque é cego. Importai-vos pouco com o que o mundo pensa ; não vos dê isso cuidado; despreza i o seu louvor e seu desprezo e de ixa i que e le di ga o bem o u o mal que quiser. [ .. .]
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O Cardeal Mindszenty, Arcebispo metropolitano de Esztergom, perseguido por amor à justiça. Preso pelo regime comunista em 1949 (foto acima) e libertado por ocasião da Revolução Húngara de 1956 (foto à esq.)
Q ue é a reputação, visto que tantos se sacrifica m a esse ído lo? Afina l de contas é um sonho, uma opinião, uma fumaça, um louvor no qua l a memória morre co m o som, uma estima que é tão fa lsa que muitos se admi ra m que lhe louvem as virtudes, quando têm os víc ios opo tos; e que lhe censurem os víc ios de que estão isentos. Convém que estimemos ser censurados, porque se o não merecemos por uma fo rma, merecemo-lo por outra. [ ... ] Considerando isso, deveis receber com paciênc ia e doçura as tribul ações que tiverdes por amor d ' Aque le que as permite uni ca mente para vosso bem. Eleva i, po is, o coração a Deus; pedi-lhe auxílio e fund ai a conso lação na fe li cidade de lhe pertencerdes. Poucas serão para vós as ocasiões de desgostos se ti verdes um tal ami go, auxíli o e refúg io. • • São Fra ncisco ele Sa les, Pensamentos Consoladores, Li vra ria Sa lesiana Editora, São Paul o, 1946, pp. 2 13 a 22 1.
SETEMBRO 2013
Deus face a face como seja/a a um amigo" (MRM).
5 São Lourenço ,Justiniano (Vide p. 36)
6 Seis Bispos africanos, Mártires
1 Santa Margarida de Rjeti , Virgem
+ Florença, 1770. De abastada família, grande mística, entrou para o Carmelo aos 19 anos, vindo a falecer aos 23 incompletos. Ficou conhecida como a Santa da Vida Oculta, pelo seu empenho em não se colocar em evidência.
2 Santo Antonio, Már.tir + Síria, séc. lV. "Jovem cristão de 20 anos, cortador de pedras por profissão, quebrou em pedaços ido/os pagãos. Por esse motivo,foi condenado a morrer na construção da própria igreja em que estava trabalhando " (MRM).
~J São Gregório Magno, Papa , Confessor e Doutor da fgreja
+ Roma, 604. De família senatorial romana, ainda muito jovem foi prefeito da cidade. Herdeiro de enorme fortuna, fundou seis mosteiros, fazendo-se beneditino num deles. Delegado apostólico em Constantinopla e depois Papa, exerceu o governo da Jgreja com firmeza e energia, destacando-se pela organização do culto e do canto sagrado. Sua amplidão de vistas provinha das graças do Espírito Santo e de sua origem nobre.
+ África, séc. VI. Estes prelados, "como verdadeiros pastores, ofereceram suas vidas por seus rebanhos durante a perseguição do rei Hunerico" (MR). Primeira sexta-feira do mês
7 Santa Regina de Alésia, Virgem e Mártir
+ Borgonha, séc. II. Seu culto na Borgonha "é documentado desde o século V por uma basílica edificada sobre seu sarcófago. Uma tradição designa assim o lugar do martírio de Alésia: 'A qui César venceu a Gália; aqui uma virgem venceu César '" (MRM). Primeiro sábado do mês
8 NATIVIDADE DE NOSSA
SENHORA
9 São Pedro Clavei; Confessor
+ Cartagena (Colômbia), 1654. Apóstolo dos Negros, nasceu na Espanha e partiu para a então Nova Granada, dizendo: "Quero passar toda minha vida trabalhando pelas almas, salvá-las e morrer por elas". Foi o que ele fez por mais de 40 anos entre os negros, morrendo vítima de moléstia contraída no atendimento de empestados.
10
4
Santa Pulquéria Imperatriz, Viúva
Patriarca Moisés, Profeta
+ Bizâncio, 453 . Batizada
+ Palestina, séc. XCII a.C. Profeta e legislador. ''Recebeu de Deus a missão de libertar o povo de Israel oprimido no Egito pelo faraó. Falava com
por São João Crisóstomo, ainda jovem fez com suas duas irmãs mais novas o voto de virgindade. Aos J 5 anos sucedeu ao pai, pois seu irmão Teodósio II ainda não havia
atingido a maioridade. Tendo que se afastar da corte devido aos ciúmes da cunhada, voltou a pedido do Papa São Leão a fim de combater as heresias de Eutiques. Com a morte do irmão, tornou-se imperatriz. Para estabelecer sua autoridade, casou-se com o general Marciano, com quem viveu em estado de continência.
1t São João Gabriel Perboy1'e, Mártir
+ China, 1840. Depois de trabalhar na formação da juventude em várias escolas católicas da França, foi enviado para a missão da China. Deus atendeu seu pedido, concedendo-lhe a graça do martírio numa inesperada perseguição.
12 Santíssimo Nome de Maria
13 São João Crisóstomo, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
+ Armênia, 407. Um dos quatro grandes doutores da Igreja Oriental, foi bispo de Constantinopla, onde sua rara eloquência lhe valeu o cognome de Crisóstomo (Boca de Ouro). Perseguido e desterrado pela imperatriz ariana Eudóxia, morreu a caminho do exílio. São Pio X declarou-o patrono dos oradores cristãos.
14 EXAt.:l'AÇÃO DA SANTA CRUZ
15 NOSSA SENHORA DAS DORES
16 Santa Edite, Virgem
+ Wilton (Inglaterra), 984. "Filha do Rei Edgar, da inglaterra. Consagrada a Deus desde a mais tenra infância (no Mosteiro de Santa Maria, em Wilton), morreu aos 23 anos, pranteada unanimemente por suas irmãs" (MRM).
17 São Robe rto Belarmino, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Roma, 1621. Jesuíta, autor das admiráveis Controvérsias, obra em que refuta os sofismas protestantes. Foi arcebispo de Cápua, cardeal, consultor das principais Congregações romanas e conselheiro de vários Papas.
martirizado em Antioquia ou na Etiópia, onde teria instituído um convento de virgens.
superiora e o título de fundadora.
22
São Vicente de Paulo, Conressor + Paris, 1660. Cognominado
Santo Emerano, Bispo e Mártir + Alemanha, séc. VII. Apóstolo da Baviera martirizado pelos pagãos. Sobre seu túmulo foi erguida a abadia beneditina de Kleinchelfendorf, que se tornou lugar de peregrinação.
18 São João Macias, Confessor + Lima, 1645. Contemporâneo de São Martinho de Porres e dominicano como ele, embora em outro convento de Lima (Peru). Foi exímio em todas as virtudes, principaimente na obediência e na pureza.
19 Aparição de Nossa Senhora em La Salette ([,'ra nça) Em 1846, aos pastorzinhos Maximino e Melânia, recomendando a oração quotidiana, a santificação dos domingos e prevenindo contra a corrupção moral nas fileiras do clero.
20 Santos Eustáquio e Companheiros, Mártires + Roma, 120. Um dos maiores generais do exército romano imperial, Eustáquio foi notável por sua caridade, apesar de pagão. Durante uma caçada, o cervo a cujo encalço ia voltouse para ele com uma cruz entre os chifres. Eustáquio se converteu e,juntamente com a esposa e dois filhos, foi martirizado dentro de enorme estátua de metal aquecida.
21 São Mateus, Apóstolo + Antioquia, séc. 1. Deixou sua mesa de cobrador de impostos em Cafarnaum quando o Senhor, fixando-o, disse-lhe simplesmente: "Segue-me". Foi o primeiro que, por inspiração divina, escreveu o Evangelho. Segundo a tradição, foi
23 Santa Tecla , Virgem e Mártir + Selêucia (Turquia), séc. 1. Convertida por São Paulo, sofreu inúmeras perseguições para conservar seu voto de virgindade, saindo incólume do tormento da fogueira, dos leões e das serpentes. Embora depois disso a tenham deixado livre , ela é considerada pelos Padres da Igreja como a "prim eira das mulheres mártires ", e "semelhante aos Apóstolos " (MR).
24 NOSSA SENHORA DAS MERCÊS
25 Beato Hermano Contractus, Confessor + Baden, 1054. Era filho de condes e foi vítima de um traumatismo obstétrico ao nascer. Por isso teve que ser carregado no colo durante toda sua vida, de onde o cognome de Contractus ou Entrevado. Mas a Providência compensou essa lacuna corporal com dons de inteligência, ciência e virtude que lhe mereceram outro cognome, o de Maravilha do
século.
26 Santa Teresa Courdec, Virgem + Lião, 1885. Fundadora da Congregação de Nossa Senhora do Cenáculo dedicada à obra dos retiros espirituais para senhoras. Sofreu toda sorte de humilhações, ingratidões e rivalidades, tendo-lhe sido subtraídos o cargo de
27 Intenções para a Santa Missa em setembro
o grande santo do grande século na França. Fundador dos Lazaristas e das Irmãs de Caridade. Praticamente não houve atividade religiosa a que não estivesse ligado. Os religiosos e religiosas das congregações que fundou foram peças fundamentais para fazer o protestantismo retroceder e perder força naquele país. No Conselho de Regência foi responsável pela nomeação de bispos virtuosos, o que auxiliou a realização de uma verdadeira reforma religiosa. Incentivou a realização de uma cruzada contra a Inglaterra, que perseguia cruelmente os católicos. Tal cruzada não se realizou devido à oposição do Cardeal Richelieu.
28 São Venceslau, duque da Boêmia Santa Eustóquia, Virgem + Palestina, 418. Virgem romana, mudou-se para a Palestina com sua mãe Paula, a fim de se tornarem religiosas sob a direção de São Jerônimo.
Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções: • Rezaremos para que cresçam ainda muito mais no Brasil as sadias reações contra os fato res de desagregação da sociedade, pedindo à Divina Providência que cultive na alma de todo brasileiro o amor aos valores autenticamente cristãos. Infelizmente, nossa Pátria tem não poucos defensores de práticas anticristãs, como o aborto, a eutanásia, o divórcio, o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo, as invasões de propriedades etc .. Que a Santíssima Virgem não permita a expansão de tais práticas na Terra de Santa Cruz.
29 Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael
Intenções para a Santa Missa em outubro
30 São Jerônimo, Conressor e Doutor da Igre ja + Palestina, 420. Nascido na Dalmácia, foi o oráculo de seu tempo e temível polemista contra os hereges. O Papa São Dâmaso confiou-lhe a tarefa de traduzir a Bíblia para o latim. A Igreja atribuiu-lhe o título de Doutor máximo na ciência da interpretação das Sagradas Escrituras. Nota: MR- Martirológio Romano; MRM - Martirológio Romano-Monáslico.
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Pedindo a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, cuja festa secomemora neste mês, que proteja especialmente o País nas dificuldades presentes e aumente o fervor religioso de seu povo . Que o torne forte e resoluto no combate a todo tipo de corrupção, sobretudo a corrupção moral que tanto enfraquece as almas, deixando as famílias vulneráveis à imoralidade .
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CATOLICISMO
li D ANIEL
F.
s. M ARTINS
Q
uanto mais os inimigos da Santa Igreja e da civilização cristã tentam avançar, mais os que as defendem devem se levantar para reparar a glória de Deus. Esta afirmação, muito bonita na teoria, pouco valeria se não fosse posta em prática. É por esta razão que o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira tem promovido, com fervor sempre crescente, a Caravana Cruzada pela Família. Seu objetivo é percorrer o território nacional, conclamando o Brasil real, o Brasil profundo, o Brasil católico, a reagir contra a onda de imoralidade que ameaça destruir todas nossas tradições e instituições, sobretudo a família . No mês de julho último, 38 jovens voluntários do Instituto sacrificaram suas férias para proclamar em alta voz a doutrina católica a respeito de temas como aborto, "casamento" homossexual, direito de propriedade, entre outros. Em três semanas, foram percorridas 21 cidades dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Munidos de livros,* folhetos e slogans, portando a bandeira nacional e os estandartes dourados do Instituto , os caravanistas iniciavam cada período do dia rezando a Nossa Senhora Aparecida e entoando o Hino Nacional , acompanhado de fanfarra. Em seguida, os jovens passavam a conversar diretamente com a população, denunciando projetos de leis anticristãs, como o novo Código Penal e o recém-aprovado PLC 3/2013 (que na prática legaliza o aborto). Mostravam também ao público como a agenda abortista e homossexual tem penetrado até em meios católicos, para adormecer as sadias reações. Denunciavam também a "Psicose Ambientalista" que, pretextando preservar a natureza, procura criar uma nova religião de tipo tribal, igualitária e anticristã.
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A acolhida da população foi excepcional. Um rapaz nos abordou e disse: "Eu conheço a obra de Dr. Plínio, Revolução e Contra-Revolução. Todo católico deveria ter aquele livro. Continuem esse trabalho! Vocês são a voz da Igreja! ". Na cidade de São João dei Rey, um senhor adquiriu os livros e disse: "Estou comprando para ajudá-los com o que está a meu alcance. Conheço o trabalho de vocês e tenho certeza que vocês vão atingir·seus objetivos, porque são muito devotos de Nossa Senhora. " Essa simpatia do público para com a Cruzada pela Família mostra como a população em grande parte é conservadora e avessa às tentativas de certa mídia e de setores SETEMBRO 2013
do governo de subverter os princípios cristãos. Sinal de como a opinião pública está ávida de iniciativas como a de nossa Cruzada é que em duas semanas os jovens venderam 2.400 livros! Mal eram mencionados pelos jovens os temas da campanha, a grande maioria dos transeuntes já tomava posição, geralmente muito favorável. Na terceira semana, a Caravana se dirigiu à cidade do Rio de Janeiro, para uma campanha especial. Catolicismo já tratou (edição de agosto) das manifestações havidas em todo o País nos meses de junho e julho, que evidenciaram um descontentamento difuso na população a respeito de quase tudo. Ora, há na juventude católica também um descontentamento com a atual onda de imoralidade, lpco2013.0Jg.br blasfêmias, socialismo, etc. Quem representará essa juConclamação à Juventude: ventude?
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defender publicamente os Dez Mandamentos da Lei de Deus 50(:icdatk oo~nosdci Mandiin~IOS ookfl1na1uml q1,cd.."\cimpcnr~ ae«mol~p:lotiolmigosdlS3nl:al~
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publicn:~11\c os pri11CtJ)t0$ d4 eh illlaçào:l cnsll. . Foi diante dessa situação 1UfO l'LI NIO C:OltK11' IJ~ OU Vl!lltA Ndo~ .cnltdo, • Afllil J.,w:m do INS11 l a n:afimw os squintcs ()'hM.:lpi08: roflVid,, toJa1j1m:n1udccopoput.-;.,-.cmsmi que a Ação Jovem do Instituto 1. Deus, Supremo senhor do Uf\NefSO, tem o direito de sor obedeektO Plinio Corrêa de Oliveira e honrado publlcaiMnte decidiu ir até a capital do Rio de Janeiro na semana da Jornada Mundial da Juventude, para conclamar os jovens do mundo inteiro a defender os Dez Mandamentos da Lei de Deus; e para fazê-lo não apenas na esfera particular, mas publicamente, de forma ordeira e pacífica, com denodo e ufania. Milhares e milhares de folhetos (fac-símile ao lado] fodisponível em nosso site www.ipco.org. ram distribuídos, em português, francês, br). Um rapaz do Pará nos disse: "Nós inglês e espanhol. Jovens não só do acompanhamos a caravana de vocês, e Brasil mas de todo o mundo acolheram eu afirmo que seu trabalho nos confirma com calor essa conclamação. Muitas na/é, e nos ajuda a suportar as dificulmanifestações de apoio. dades que hoje encontramos para ser Surpreendeu-nos a repercussão da católicos de verdade. " Cruzada em todos os rincões do País. Delegações da Itália, da França e de Inúmeros jovens vieram nos procurar e vários países latino-americanos vinham parabenizar pelas campanhas anteriores nos cumprimentar, dizendo que conhede que tomaram conhecimento através ciam o trabalho de associações inspirade vídeos do Youtube, sobretudo a das no pensamento de Plinio Corrêa de campanha em Curitiba, quando tivemos Oliveira, como luci Sull 'Est (Itália), que enfrentar a intolerância de um moTradition Familie et Propriété (França), vimento pró-homossexual (o vídeo está Acción Família (Chile), entre outras. \ll!R'.lll:t
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CATOLICISMO
Novamente pudemos constatar como a mídia engana ao apresentar a juventude brasileira como sendo libertária e revolucionária. Há um Brasil profundo que pouco se manifesta, mas que vai começando a faze-lo. Quando ele de fato se fizer ouvir, será a grande surpresa para o Brasil "de superficie". Rezemos para que isso ocorra o quanto antes, e que, pela graça de Deus, essa voz oponha uma barreira às ações maléficas dos inimigos da civilização cristã. • E-mail para o autor: catoli cismo@terra .com.br
* Os livros vendidos foram Catecismo contra o A borla - Por que devo def ender a vida humana inocente; Homem e Mulher Deus os Criou - As relações homossexuais à luz da doutrina católica, da lei natural e da ciência médica, ambos do Pe. David Francisquini, bem como a obra Psicose Ambientalista - Os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma nova religião ecológica, igualitária e anticristã, de autoria de Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil.
A "maré conservadora"na Europa: o que é e para onde vai? ■ ALEJANDRO EzcuRRA N AóN correspondente
o dia 19 de junho, a associação peruana Tradición y Acción reuniu seus amigos e simpatizantes em Lima (Peru), para atualizá- los sobre um tema que ganha cada vez mai s importância: a pujante reação conservadora que a partir da França se expande pela Europa contra a Revolução Cultural que pretende impor ao mundo a aceitação do aborto, da agenda homossexual e outras aberrações morais. O tema foi abordado por Julio Loredo de Ízcue, membro fundador de Tradición y Acción e atual presidente de Tradizione Famiglia Proprietà (TFP) na Itália, e pelo jovem estudante francêsAntony Burk.hardt, voluntário daFédération Pro Europa Christiana (FPEC), entidade com sede na França e escritório em Bruxelas, onde representa as TFPs da Europa e associações afins junto aos organismos da União Europeia. Julio Loredo descreveu a gênese da atual reação conservadora na Europa em favor da família. Ao eclodir a Revolução Cultural dos anos 60, suas pontas de lança foram o movimento hippy nos EUA e o movimento de Maio de 1968 na França. Graças a torrenciais apoios publicitários, financeiros e políticos, bem como à chamada crise pós-conciliar, que impediu o surgimento de uma reação proporcionada no campo católico, essa revolução nas tendências humanas obteve importantes avanços em matéria de degradação dos costumes (linguagem, vestimenta, estilos de vida, moral sex ual, etc.), sem gerar maiores sobressaltos. Mas quando quis impor aberrações antinaturais como o massacre de seres humanos indefesos pelo aborto, as experiências com a vida humana, o "casamento" homossexual etc., avançando assim contra a própria natureza humana e da famí lia, tudo mudou : grande parte da opinião pública foi sendo tomada por um crescente mal-estar, passando deste à franca recusa, como pode ser visto nos movimentos de protestos maciços surgidos das entranhas da sociedade em países da Europa e do Ocidente, especialmente na França. O expositor analisou as características desses movimentos, mostrou imagens de sua atuação na Itália e em outros países, e destacou seu preponderante componente juvenil, penhor de sua expansão e de seu futuro. Por sua vez, Antony Burkhardt, testemunha privilegiada da multitudinária maciça manifestação de 26 de maio passado em Paris, explicou a origem, os objetivos e a estratégia do movimento la Manifpour tous (A Manifestação para todos), de defesa da famí li a tradicional. [lustrou sua dissertação com fotografias e vídeos atestando o alcance e a vitalidade dessa
N
corrente de inspiração católica, da qual os jovens constituem o principal componente. As exposições mostraram um panorama verdadeiramente alentador, geralmente desconhecido do público peruano por causa da endêmica desinformação que recebe dos meios de comunicação locais. Ao concluir a sessão, os numerosos assistentes puderam conversar com os expositores e com os diretores de Tradición y Acción, trocando ideias sobre formas de co laboração recíproca na grande causa do século XXI: a defesa da fam ília e da sociedade. • E-mail para o autor: ca tolicismo@terra
com br
SETEMBRO 2013
TFP
Curso de verão
na Polônia ■ LEONARDO PRZYBYSZ
P
atrocinada pela Associação Polonesa Padre Piotr Skarga - entidade co-irmã das várias Associações
de D4esa da Tradição Família e Propriedade (TFP) da Europa - , realizouse no castelo de Niepolomice, na Polônia, entre 27 de julho e 1° de agosto, a Xi Univer~·idade de Verão (UV). Intitulada Retorno à Ordem, única solução para a crise, a edição de 2013 da UV foi abençoada pela presença da Imagem Pereg rina de Nossa Senhora de Fátima - a mesma que em 1972 verteu lágrimas em New Orleans (EUA) - e contou com a participação de 120 pessoas provenientes de diversas regiões da Polônia e dos seguintes países:
CATOLICISMO
Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Brasil , Colômbia, Croácia, Equador, Eslováquia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, França, Holanda , Hungria, Irlanda, ltália, Portugal. Todas as palestras - ilustradas e seguidas de círculos de estudos - foram proferidas à luz do livro Revolução e Contra-Revolução, de Plinio Corrêa de Oliveira, que com base na doutrina católica delineia os princípios de análise da História da C rista ndade, do Protestantismo aos nossos dias. A sociedade orgânica, fundamentada em regras de convívio e de produção econômica hauridas no ensinamento dos Pontífices romanos, foi apresentada em contraste com a sociedade industrial atua l, movida pelo desejo frenético de produção e de lucro a qualquer preço.
O direito sagrado de propriedade e seu reto uso, aliado a uma ordenada livre iniciativa conduzem a sociedade à sua mais alta fin alidade. O delineamento da sociedade orgânica inspirou-se no livro Retorno à Ordem, de John Horvat, recentemente apresentado ao público norte-americano. A doutrina exposta nessa obra magi stral reflete estudos conduzidos durante décadas por Plinio Corrêa de Oliveira, assessorado por destacados membros da TFP norte-americana - da qual Horvat é diretor - , que provam com coragem e argúcia que a economia reflete as condições de alma de quem a gere. A perda da temperança e da honra no domínio econômico-social conduziu à atual crise. Por que a hoje tão em voga "teoria do gênero" destrói os fundamentos de qualquer sociedade? Porque ela é antinatural e inumana ao representar uma revolta contra regras sagradas estabele-
cidas por Deus para suas criaturas. Para uma juventude intoxicada por currículos escolares desviados - substancialmente os mesmos no Brasil e na Europa - e pela mídia , os argumentos simples e de impecável lógica, apresentados durante esses dias de estudo, baseados no ensinamento da Igreja suscitaram entusiasmo pela luta contra os torpes erros contemporâneos. Quem desejar combater no âmbito da Contra-Revolução não pode deixar de ter devoção à Virgem Santíssima. Que surpresa revigorante para uma juventude dedicada ver a Mãe de Deus apresentada como Aquela que esmaga todas as heresias! A devoção a Maria cresce assim em seriedade e interesse. Ao final do Curso de Verão grande número dos participantes recebeu o Escapulário do Carmo - devoção fundamental à vida de um católico, hoje tão negligenciada . Despertou viva aprovação dos participantes a crítica feita à degradação
das modas e dos costumes, cuja análise revela as transformações por que nossa vida quotidiana passa continuamente pela adoção de novas indumentárias, novas músicas e novos comportamentos. Grande parte dos participantes se surpreendeu, por exemplo, com o fato de que blue~jeans e rock 'n rol! ou o modo de se alimentar no McDonald's possam contribuir para deteriorar nas mentes princípios sagrados da filosofia e da teologia. O programa comportou também visitas cult11rais a lugares históricos. Por exemplo, ao castelo de Wawel , próximo à Catedral de Cracóvia, onde repousam os corpos da rainha Santa Jadwiga e de Jan Sobieski, vencedor em 1683 da batalha de Viena, que aniquilou o exército do agressor maometano Kara Mustafá, Grão-Vizir tlll"co. A catedral é magnífica como a quase totalidade das igrejas de Cracóvia. Logo após a queda da União Soviética, a grande nação polonesa ain-
da pobre e depauperada pelo comunismo, visou primeiramente a restauração de suas igrejas. Entretanto, mais do que o ouro, a prata e os mármores, nelas se respira a fé de um povo mantido fiel nas terríveis provações sofridas durante sete décadas de dominação comunista. E vocar tais fatos faz parte de uma reta formação da juventude. Relatos das atividades contra-revolucionárias reali za das na Polôni a, na Estônia, na Croácia e na Irlanda em 2012 foram intensamente aplaudidos. Utilizando fotos e vídeos, os jovens militantes desses três primeiros países mostraram como sua inteligente e ousada atuação barrou planos da Revolução de estabelecer leis aprovando o "casamento" homossexual. N a Croácia foi também impedida a aprovação da lei do aborto através da mobili zação popular, para grande desconcerto dos propugnadores da revolução sexual. Na Jrlanda, por manobras parlamentares escusas semelhantes às recentes manobras do governo brasileiro , o aborto foi praticamente liberalizado. Mas alertados, os irlandeses - como também os brasileiros - continuam em sua grande maioria rejeitando o aborto. Os esplendores do antigo cerimonial dos reis poloneses residentes no Castelo de Niepolomice foram revividos por uma noite no solene jantar de encerramento realizado na Grande Sala do Conselho Real. Piano e flauta deram a nota inicial do convívio. Trompetes, tambores e gaitas-de-fole escocesas evocavam combates passados e futuros. Os discursos de despedida revelaram participantes gratos pelo vislumbre de horizontes novos então descortinados na obra de Plinio Corrêa de Oliveira. A oratória dos jovens - ora afogueada, ora reflexiva - delineava programas de ação para os diversos países ali representados. O clima de congraçamento que se estabeleceu ao longo do congresso culminou em despedidas "até o ano que vem! " . Retornavam a seus respectivos países munidos de uma bagage m de bons argumentos para refutar a ditadura do relativismo denunciada por Bento XVI. E disposição para a luta. • E- mail para o autor: ca tolicis111o@terra .co111.br
SETEMBRO 2013
Nossa Senhora de Coromoto Harmonia suprema, nívea, régia e maternal PUNIO C O RRÊA DE OLIVEIRA
A
primeira impressão que causa esta imagem de Nossa Senhora de Coromoto* é que, a qua lquer hora do dia, ela apresenta um branco de uma brancura tal que parece ser fe ita de matéria que não é terrena. E la se afirm a no caráter v irg ina l, na extrema deli cadeza dos traços e na harmonia ex istente entre eles. É uma imagem hieráti ca com a lgo medieva l, mas ta mbém há uma nota de sumame nte acess ível do estilo sulpi ciano. O manto drapej ado e amplo é muito bonito e maj estoso. Ele tem qualquer coisa da toga de um magistrado e do manto de • uma ra inha. A imagem é verdade ira mente de um a Rainha. Diante d ' Ela poder-se-ia exclamar: "Ó Mãe níveo! Ó Rainha níveo! Ó majestade nivea! Ó misericórdia nivea! Ó virgindade níveo!" É a harmon ia suprema, nívea, régia e mate rna l de tudo quanto existe em N ossa Senhora enq uanto obra prima da Criação . O que nos encanta nesse ní veo, é que nos dá uma ide ia sensível de uma condição da maté ri a - uma condi ção do própri o bra nco, que é di fe rente de todos os outros que conhecemos, que tra nscende todos os outros bra ncos. É o níveo, que está para o bra nco comum ma is ou menos como as co isas de Deus estão para as coisas c ri adas. Ele tem a lgo da luz incriada. •
* Nossa Senhora de Coromoto é a Padroe ira da Venezuel a. Sua fest ividade é ce lebrada no dia 8 de setembro. A pri me ira parle dos co mentári os do Prof. Plini o sobre esta imagem fo i publi cada na ed ição de dezembro/2009. Para conhecer melhor a hi stória de Nossa Senhora de Coromoto, vide Catolicis1110 setembro/1998 e nove mbro/2009.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 5 de janeiro de 1975. Sem revisão do autor.
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PuN1 0 C o RRÊA DE OuvE1RA
Batalha de Lepanto Ü católico não combate para ser humilhado na derrota, mas para vencer e sair da luta com a glória conquistada pela Igreja
m outubro celebra-se a festa de Nossa Senhora do Rosário, instituída para comemorar a vitória de Lepanto, alcançada em 7 de outubro de 1571 contra os turcos islamitas do Império otomano, que ameaçavam a Europa. Por que admiro especialmente a batalha de Lepanto? Em gera l, se criou um vício segundo o qual , quando se fa la de heroísmo católico, heroísmo consiste em morrer ou então em receber bordoada. Entretanto, a plena figura do heroísmo cató lico não consiste apenas em suportar o sofrimento, mas em combater. E se há um belo heroísmo em perder na luta, ele não consiste somente em perder, mas em ganhar e triunfar! Esse aspecto militante, atacante, triunfal, que há na batalha de Lepanto, me encanta! •
E Quadro da Batalha de Lepanto, e duas bandeiras conquistadas dos turcos durante o combate
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 7 de outubro de 1968. Sem revisão do autor.
Ili CATOLICISMO
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DmF.TOR SENHORA Cm)RA
MARIANA
Portentoso milagre na Colômbia
O milagre ele Valledupar
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PAl ,AVRA 00 SACEROO'l'I•:
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R1•:At.1DAD1<: CoNCISAMEN'n:
t 4 D1sc1mN1Nno Marxismo continua no PT
t 5 NA<:10NA1, Méclicos cubanos: escravidão comunista? 19 VmmAoEs Esoui-:cmAs lncrepação ao sultão do Egito
20 M1o:MómA Na. Sra. da Esperança, Belmonte e os Cabrais 22 EN·1·1rnv1s1·A Estônia: vitória da família tradicional 26 CAPA Analisando prof'tJndamente Santa Teresinha 44
SocmoAoJ<: ORGÂNICA
46
SANTOS ..:
Ci vilização autenticamente cristã
F'EsTAS no M 1;:s
48 AçÃo CoNT1u-R1wm.uc10NAmA 52 AMnnwn-:s, CosTUMES, Civn.1Mç(ms
Santa Teresinha: visão clef'ormada em imagem e visão aulênlica em f'otogra/Ja
Nossa Capa: Fotografia de Santa Teresinha com 23 anos de idade
OUTUBRO 2013 -
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n 2 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência : Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo @terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Outubro de 2013: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Desde seus primórdi os, a devoção a Santa Teresi nha do Menino Jesus ocupou um luga r espec ial na hi stória de nossa rev ista. Os Manuscritos Autobiográficos da santa carmeli ta de L isieux fo i um dos li vros que exerceram pape l marca nte na vida de nosso inspirador e princ ipal colaborador, Prof. Plínio Corrêa de O li ve ira. Juntamente com outras obras excepcionais de espi ri tualidade católi ca, como o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São L uís Maria Grigni on de Montfort, e A alma de todo apostolado, do ca maldulense fra ncês Dom Chautard , a extraordin ári a autobiografia de Santa Teresinh a desve ndou para o P rof. P línio a célebre "Pequena Via" - uma nova esco la de esp iritualidade mais adaptada às novas gerações que surgira m aproxi madamente em fi ns do sécul o XIX e in íc ios do sécul o XX. Embora tivesse nascido no co meço do sécul o XX (13 de dezem bro de 1908), Plínio Corrêa de Oli ve ira se mp re afi rmou que sua escola esp iritual não era a "Pequena Via", mas a esp iri tualidade característi ca de épocas anteriores, especia lmente a pregada por Santo lnác io de Loyo la em seus inspirados Exercícios Espirituais. A lém de insigne líder e escritor católi co, ele era um ardente apósto lo, que desde tenra idade mani festava uma ardorosa "sede de a lmas". Dotado de invulgar senso psicológico para conhecer as a lmas, era um fo rmador excepcional com vistas a diri gi-las à p rática de um a sólida virtude. Nesse sentido, a doutrina da "Pequena Via" constituiu para e le uma prec iosa e providenc ia l bússo la a fi m de ori enta r várias gerações de seus di scípulos à prática da virtude e à vocação mili tante contra-revo lucionária do católico. E m vista di sso, pareceu-nos adequado apresenta r como matéri a de capa desta edi ção - uma vez que no dia l O de outubro se comemora a festa de Sa nta Teresi nha, bem como o tra nscurso neste ano do 140º ani versári o de seu nasc imento e 90° de sua beatificação - uma penetrante e singul ar análise de du as fotografias da "maior santa dos tempos modernos ", segundo afirmação do Papa São P io X . A lém dessa análi se - na qua l se co mprova o agudo sendo psicológico de Plínio Corrêa de Oliveira - , fora m acrescentados excertos importantes dos Manuscritos Autobiográfico, verdade iras prec ios idades que enl evaram a alma e fo rtaleceram a virtude de vá ri as gerações de católi cos. Estamos certos de que ta is matérias também robustecerão a inda mais a vida esp iritual de nossos prezados leitores.
E m Jesus e Mari a,
9~7 DIR ETO R
catolicismo@terra.com.br
Mentes infantis destroçadas
P
oucos crimes causaram tanta perplexidade no Brasil quanto o do menino Marcelo Pesseghini , de 13 anos, residente na capita l paulista, que recentemente matou o pai , a mãe, a avó e a tia-avó, e em seguida se suicidou. Tão inverossímil parecia o fato que diversas hipóteses foram levantadas, apontando para vários possíveis autores da chacina. Não é crível , dizia-se, que um simples menino, no início apenas da ado lescência, seja capaz de tais monstruosidades . As investigações, porém, tanto quanto se saiba, derrubaram completamente todas essas conjeturas. Os sinais de que o crime foi mesmo cometido pelo garoto se mostraram de uma evidência sem contraditório. E não apenas os indícios colhidos no local do crime, mas depoimentos de colegas de classe de Marcelo atestam que e le vinha falando em matar os pais; e, mesmo após tê-los matado, foi até a escola e contou a um colega o que tinha fe ito . Este não acreditou, tal era o absurdo da cena. Achou que era fruto de imaginação ou brincadeira de mau gosto. Mas, infelizmente, era realidade. Marcelo voltou para casa e suicidou-se.
Personagens do violento logo
Assassln's Creed
Estabelecida assim a verdade dos fatos, permanece a pergunta: por que ele fez isso? O Instituto de Criminalística (lC) de São Paulo debruçou-se sobre o insólito acontecimento à busca de uma exp li cação e apresentou seu laudo, no qual aponta os mecanismos mentais e psicológicos que levaram o menino Marcelo a tornar-se um monstro. Se essas causas psicológicas foram cavalgadas ou não por alguma forma de possessão diabólica, não é função do IC se pronunciar sobre isso. A possibilidade fica de pé para ser considerada por algum exorcista. Mas, seja como for, interessa altamente conhecer as conc lusões do [C, inclusive para prevenir outros casos semel hantes que possam surgir. Diz o laudo que o garoto "teve um
surto psicótico quando matou os pais, a avó e a tia-avó " ("O Estado de S. Paulo", 7-9-13), como resultado de várias causas que se somam, mas a ênfase é co locada no que qualifica de "excesso
de jogos violentos ". "De acordo com a perita Vera Lúcia Lourenço, o estudante teve uma 'alteração de pensamento ' e passou a acreditar
que era um 'matador de aluguel ', inspirado no jogo Assassin '.\· Creed. 'Todo o tempo que passava emjogos eletrônicos caracteriza uma fug a da realidade, limitando o contato social. ' " Assassin '.s· Creed é uma série de jogos eletrônicos de ficção , centrados numa eterna batalha travada entre assassinos e templários ao longo da hi stória da humanidade.
"Seguindo a história do jogo, conforme depoimentos de colegas, Marcelo montou um grupo na escola chamado 'Os Mercenários' e convidou outros adolescentes a matar os pais. Esses pensamentos violentos seriam p ersistentes, até que ele 'confundiu .fàntasia e realidade' ". "Marcelo, no momento do crime, passava por um 'estreitamento de consciência ', que só terminou quando voltou da escola. 'Quando se deparou com o ato cometido (os homicídios), entrou em estado de neurose e, não suportando a culpa, cometeu suicídio ', afirmou Vera Lúcia". Evidentemente, o laudo do lC não conduz a uma certeza absoluta. Mas é um forte indicativo de algo confirmado por inúmeras outras fontes, ou seja, que os jogos eletrônicos produzem perturbações psíquicas nas crianças e ado lescentes, podendo chegar a consequências mentais e psicológicas dramáticas. O caso do menino Pesseghini deve servir de alerta aos pais e educadores a respeito de jogos eletrônicos, cujas desastrosas consequências têm sido notic iadas em esca la universal. Vai longe o tempo em que meninas brincavam com boneca e meninos com carrinho, formando uma estrutura mental sadia e ordenada para enfrentar a vida . O atual processo de destrnçar as mentes infantis só pode provocar as lágrimas da Santíssima Virgem. •
OUTUBRO 2013 -
PÁGINA MARIANA
Nossa Senhora do Milagre de Valledupar M aria Santíssima não é neutra na luta entre os que defendem a verdade e os que a atacam. Fato histórico confirma esta tese. ,1 V ALDIS GRINSTEINS
A
hi stóri a da conqui sta e da colonização da América Latina nos é com frequência apresentada como uma luta racia l de índios com brancos, ou como um confronto entre espanhóis ou portugueses contra os nativos. E muitos historiadores revolucionários preferem esquecer a existênc ia em todo o processo de um não desprezível componente moral: enquanto alguns traziam a verdadeira Religião, com todas as vantagens e virtudes que e la comporta, outros deviam tomar posição em face dela: aceitá- la ou reje itá- la. Se à verdade co rrespondem direitos, o mesmo não va le para o erro. Os relativistas de todas as épocas fingem desconhecer onde está a verdade, e nisso agem como Pilatos, que diante de Nosso Sen hor e ouvindo a frase: "Todo o que é da verdade ouve a minha voz ", respondeu: "Que é a verdade?" (Jo 18-38, 38). Portanto, na conquista da América há de um lado cató licos aos quais se somam pagãos que ace itam a verdade e são batizados; e de outro lado, pagãos infensos à verdade. Estes são ajudados muitas vezes por cató li cos que, para manter várias mulh eres, rejeitam sua Rei igião e passam a viver como pagãos. Com frequência , tribos ele índios pagãos preferiam a li ar-se aos cató li cos contra os outros pagãos que os escrav izavam - verdade que os hi storiado res revo lucionários preferem desconhecer. Como é muito ingrato justificar uma revolta contra algo de bom alegando dificuldade para cumprir os Mandamentos,
-CATOLICISMO
busca-se então um pretexto que sirva de justificação. Foi o que fizeram os índios da região de Valledupar, na Colômbia. E é também neste ponto que começa a hi stória ele Nossa Senhora do Milagre.
Durante o combate, apal'ição da Santíssima Vil'gem Valledupar é uma cidade próxima da atua l fronteira com a Venezuela. Foi uma região difícil de conquistar pelos espanhó is, pois os índios caribes eram muito belicosos - alguns até canibais - e viviam ma ltratando os silvíco las de raça arawak, que acabara m sendo expulsos da região. Mas os espanhóis, mesmo em número muito reduzido, contin uaram a c ivilizar e catequizar os ca ribes. Estes nem sempre aceitavam pacificamente o ensi no da verdade, sobretudo as verdades morais; e quando ocorria uma apa rente calma, na real ida-
de estava se ac umulando madeira para um futuro incêndio religioso. Faltava apenas um pretexto para iniciar o conflito religioso. Ta l pretexto apareceu no dia 27 de abril de 1582, quando Ana da Penha , esposa do português Antonio de Pereira, humilhou diante de toda a comu nidade a índi a Francisca cortando- lhe os cabelos. Outros a legam que o pretexto cons istiu no fato de os espan hóis terem retido duas índias, impedindo-as de vo ltar a sua tribo . Mas seja verdadeira esta hi stória ou a outra, terá sid o apenas um pretexto; na verdade os índios se revoltaram porque não queriam aceitar a verdadeira Religião. O caciq ue Coroponiaimo, que vivia nos arredores de Valledupar, aproveitouse do pretexto para rea lizar seu intento com o apoio dos caciq ues Coroni aimo e Uniaimo. Congregados os índios das
tribos cariachiles, tupes, chimilas e ilotos, iniciou-se o ataque à no ite. Os bra ncos fo ra m co lhid os de surpresa, tendo todas as casas de Valledupar sido qu e im adas . A ig reja fo i incendi ada, levando os espanh ó is a se dedi ca rem a um só tempo às ingentes tarefas de rechaça r os sil vícolas e sa lva r o te mplo. Acontece u então o prim e iro mil agre: em me io às chamas aparece u N ossa Senh ora, que as apagava com as mãos e desv iava as fl echas. Vendo o mil agre, os indígenas fu g iram espantados. Ta nto a igrej a quanto os cató licos fo ram salvos.
Segundo milagre da Santíssima Virgem Se o ve rdadeiro problema res idi sse no atrito entre duas mulheres ou na retenção de pessoas, essa nova intervenção sobrenatu ra l teria servido para restabelecer a paz. Mas a prova do contrário está no fa to de que nem uma segunda apari ção fo i sufic iente para apaziguar os índi os pagãos. Estes tinham fug ido para a região da lagoa de Sicarare, embora soubessem que os espanhóis iriam ao seu encalço. Decididos a manter a guerra e defender ass im os seus vícios, o cac ique Coroponi aimo convenceu os ind ígenas a envenenar a água ela lagoa mediante o uso de algumas plantas, de fo rma que ao abeberar-se dela os soldados espanhóis morressem. E fo i o que aco nteceu. A pós chega rem sob o comando cio capitão Anto nio Suárez de Flórez, à medida que iam tomando a água envenenada sentiam-se mal e começavam a morrer lentamente. Notando que aquelas tropas não estavam mais em estado de combater, os índ ios se preparara m então para exterminá-las. Entretanto, surpreendeu-os um segund o mil agre: vestida com um reluzente manto branco e empunhando um bastão de ouro apareceu uma Senhora que, à medida que tocava os católicos, estes iam sendo curados. Certamente mais de um leitor pensará que os índios decidi ra m por fim , nesta circunstância, reconhecer a ex istência de uma aliança entre a Santíssima Virgem e os cató li cos . Mas a verdade hi stóri ca é di fe rente. Mes mo constatando esse segundo mil ag re, ocorrido no di a 30 de abril ele 1582, e apesar de desmora-
lizados por ele, os sil vícolas atacaram no vame nte os cató li cos. M as fo ram derrotados e ti veram de voltar a fu g ir. A partir deste dia o loca l passo u a ser conhecido como Lagoa do Mil agre.
A Religião vel'dadeira del'endida pol' Nossa Senhora Como em muitos o utros mil ag res ocorridos durante a conquista da Améri ca, a Santíss ima Virgem apo ia aqui dec ididamente o lado cató li co e atua visando à conversão dos índios - o que os historiadores de modo geral silenciam. Apesar da abundânc ia de documentos históricos, uma escola de hi storiadores decidiu "decretar" a inex istênc ia de Deus, de mil ag res e de fatos sobre natura is. O utros ainda são pi ores: rej eitando as evidências mais pa lpáveis, insistem em
afirmar que os cató licos - e a fortiori Nossa Senhora - nunca deveri am to mar posição em nenhum confl ito, cing indo-se a pacifi ca r as partes e não tomar partido. Como se fosse possível ser neutro na luta travada desde o inicio da criação, quando o Criador dis e à serpente: "Porei inimizades entre li e a mulher. .. ". O u sej a, o própri o Deus é o auto r e uma das partes desta guerra, na qua l se enfre nta m bo ns e maus, defensores e opos itores da verdade. Im aginar que em face dessa luta a V irgem Im ac ul ada possa se abste r ou permanecer neutra e indi fe rente é negar tota lmente o amor subl ime d 'E la para com Deus e os homens. Ta l não se pode dar, e o Milagre de Valled upar consti tui um fato concreto a confirmar essa tese. • E-mai l para o autor: cato lic ismo
terra .com.br
OUTUBRO 2013 -
Cf'istianol'obia
lembra r o "di reito" (sem que a po lícia e os passantes reagissem) que gozaram no Ri o de Janeiro, du ra nte a Jornada Mundia l da Juventude, aque les sacrílegos e blasfemadores de profa narem image ns re ligiosas em praça públi ca. Pode-se im ag ina r se acon tecesse o contrário: cató licos queimassem livros tidos como "sagrados" pe los muçulmanos .. . Na capa de Clltolicismo (edição de setemb ro) vemos a demolição de uma igreja a fi m de ceder o lugar para a constr ução de um prédi o. Qual foi a reação cató li ca? Se houve, fo i tão débil , que não fo i sufi ciente para impedir que ta l ato fosse executado. Agora imagine que fosse uma mesquita muçulmana, certa mente a reação dos seguidores de Maomé im pediria a demo li ção. (C.E.A. -
[gJ Perseguições contra a Santa Igrej a se mpre existira m ao longo de s ua hi stóri a m ilenar, como doc um ento u a revista do mês de sete mb ro, passando pe las Revo luções Protesta nte, F ra ncesa e Co muni sta . Mas neste iníc io de século e milêni o parece que se tem reacendido aque la virulênc ia anticatólica dos primeiros séculos da Igrej a no I mpé ri o Ro ma no. Novos Ca lígulas e novos Neros têm aparecido em di versas reg iões do mundo. Mas ten hamos confia nça, como diz o Prof. Plini o Corrêa de O liveira: "A Igreja representa a vitória da verdade sobre a calúnia, da inocência sobre a máfé, de Deus sobre o demônio". É a Igreja dos mártires que pode renascer no meio do ód io into lerante deste sécul o, no qu al, contudo, tanto se exa lta, como um ído lo, a " to lerânc ia". (J.S.S. - BA)
E os direitos de D eus? [gJ Hoj e "dire itos humanos" apenas são invocados, e de modo contraditó ri o, em casos como, por exempl o, o " di re ito" d a mulh e r de a bo rta r. Entretanto, católi cos são perseguidos por defender os direitos da Igrej a e discriminados por defender os princípi os cató li cos. O "dire ito" de praticar atos imorais e até antinatu rais encontra cada vez ma is toda cidadania neste mundo, in fe li z me nte. Um exe mpl o? Bas ta
-CATOLICISMO
ES)
Engano? Quem acf'edita ? [gJ N a recente aprovação da le i do a bo rto, qu ase todos os deputados e senadores "des info rmados" fora m enganados? Enganados por quem? E les não têm assessoria para alertá-los? Não leem os proj etos? Imaginaram que a o pini ão públi ca não reag iri a? E les estariam tão " desavisados" e seri am de tal fo rma enganados, em sua quase tota lidade, se o proj eto prejudicasse seus vencimentos e regali as? É pueril acreditar nas desculpas apresentadas para esse "enga no".
(J.B.R. -
RJ)
Cf'ueldade [gJ Com o abo110, é a sociedade da morte que entra em campo! Condena-se o nascituro que não cometeu nenhum deli to. Enquanto os criminosos matando, não recebem pena alguma. Um absurdo esses po líti cos sem amor ao próx imo.
(A.G. -MA)
PCJ1a de morte ao inocente [21 "Não Matarás !" Abo rto é crime, que r que iram o u não . Assass in atos " legais" fi nanc iados por pessoal que está a servi ço do ma ligno, o Demôni o. Re nega r a De us Nosso Senho r deu nisso: aprovação de um crime. Não conseguindo matar a Deus numa cruz, matam seus filh os, criados por Ele à
sua imagem e semelhança, abortando os inocentes nascituros nos primeiros momentos de vida. (S.B. -MG)
"1'mdição Cllltllrnl"? [gJ A respeito do artigo de Mathias von Gersdorff sobre "euta nás ia de recémnasc idos", apenas comento: há tribos de índios no Bras il qu e consideram uma " tradi ção cul tura l" a matança de recé m nasc idos com certos tipos de anoma li as e po ucos p ro testa m. E o CIMI, organismo da C NBB , não protesta contra essa " tradição" ... (T.S. -SP)
Brado <le alel'ta [gJ E utanás ia de recé m-n asc id os é infa nticídio. Hoj e na Ho landa, amanhã no Brasil, se continuarmos de braços cruzados e deixarmos agir à vo ntade os age ntes do movimento pró-a borto. O mesmo posso di zer do artigo sobre Cotas para as Farc na Colômbia: hoj e querem impl anta r isso na Co lômbia, a manh ã deseja rão o mes mo para o B ras il também. Absurdas notícias que servem de alertas para nós.
(U.N.J. -
PI)
Sedento de vel'dade Comunico que no di a 4 de setembro pag uei a prime ira parce la da renovação de minha assinatura. Não fi co sem a rev ista, que é como água para a alma neste deserto de princípios, fé e esperança que é o mundo contemporâneo ! (M.A.-GO)
Pef'gw1ta não oJ'ell(/e Pergun ta r não ofende? Então, eis aqui du as perguntinhas: Esses " médi cos" cubanos vão cuidar da doença do Lula como cuidaram da doença do Hugo Chávez? Será que as auto ridades do atual governo federa l não procurarão mais os médicos do Sírio-libanês em São Paulo e passa rã.o a se tratar com médi cos c uba nos? Ta is a uto rid ades poderi am dar o exempl o ... (B.A.-SP)
Rainha e Mãe [gJ N ossa Se nh o ra de Coromo to, é
uma verdade ira Ra inh a, uma verdadeira mãe. Ó Mã.e Nívea, concedei a harm onia a mim e à minha fa míli a. M aterna lmente abençoa i-nos. R oga i por nós junto ao vosso F ilho Divino, tão misericordioso! (H.T.C. -
SC)
O que pensai' <las tawagens? 121 Caro M onsenhor, tenho lido por demais referências e textos mostrando a lgreja Cató lica contra o uso de tatuagens. Sou cató lico apostólico romano, músico da "Renovação Carismática" e da Pastoral. Há alguns anos, eu e minha esposa tivemos a graça de termos uma filha e resolvi naquela época tatuar o nome dela no meu braço, nada escandaloso. Para mim, fo i simplesmente uma maneira de expressar meu sentimento. Sofri um pouco o preconceito na comunidade, mas, enfim, tudo passo u. Esse ano, resolvi faze r uma nova tat1iagem e ne la expressar o que para mim são coisas eternas, o meu amor por Jesus e as graças a lcançadas através do meu ministério. Então fi z uma tatuagem da face de C risto e um piano no mesmo braço. O significado é c laro para mim: qu a nto a mo esta r ado ra nd o a De us através da música. Confesso que fiqu ei um tanto preocupado com a situação e até pensei que Deus poderia não me perdoar se errei e até mesmo me pri var das graças. Gostaria muito que o senhor se pos icionasse a respeito, para poder continuar o meu mini stério sem estar com o coração aflito, como estou. Por favo r, não hesite em fa lar a verdade ... (R. D. -
RJ)
Nota da Redação : Prezado Sr. Duarte A execução de tatuage ns apresenta inconveni entes - que apontaremos a seguir - mas seria um juízo rigorista afirmar que sua ação envolveu pecado e, portanto, um afastamento das graças de Deus. Sua ação de si fo i fe ita com boa intenção de se aprox imar de Deus, o qua l vê até o mais íntimo de nossos corações, e ass im Ele levará em conta sua boa intenção. O ma l das tatuage ns situa-se em outro campo: vivemos numa época em que as pessoas faze m cada vez ma is
coisas extravagantes, e com isso, vão perdendo o senso do decoro na utili zação do própri o corpo . E dessa forma, o convív io social vai deca indo ao nível dos povos selvagens, de modo que a dife rença entre um homem civilizado e um se lvagem vai diminuindo. E, de queda em queda, a soc iedade caminha para a barbárie. Basta pensar nas tribos de índi os qu e utili zavam processos para alargar os max il ares infe ri ores ... Ora, tal processo de decadênc ia da civilização rumo à barbárie é um mal , do qual devemos nos di stanc iar e afastar os outros, tanto quanto possamos. Ass im , o que o senho r fez, com a melhor das intenções, insere-se num rumo mau da sociedade moderna, o qual o senhor repudia com toda acerteza. Infe lizmente, os que deviam al ertar a opini ão pública, ou não têm di scernimento para perceber isso, ou sentem qu e a lerta r co ntra isso seri a rema r contra a corrente, e não têm coragem de fazê-lo. Para alguns conhecidos que fa laram em tatuar o corpo para louvar a Deus e a N ossa Senhora, nós sempre aconselhamos: use uma correntezinha, co loque então no pescoço (no bolso, na ca rte ira ou no chaveiro) uma medalha, por exempl o, do Sagrado Coração de Jesus, da Sagrada Face, de N ossa Senhora (a meda lha Milagrosa de N ossa Senhora das Graças, por exemplo) . Se o senhor compreende a expli cação que demos, peça a ajuda de Deus para remar contra a corrente, cobrindo decorosamente as partes do corpo, templ o do Espírito Santo, o nde prati cou essas tatuage ns, e conserve-as só para si, evitando mostrá-l as aos o utros. E em tudo mais que puder - inc lus ive no ca mpo da música, qu e é especificamente o seu - procure remar contra a corrente malsã que afasta de Deus a sociedade. E Deus o abençoará . Com saudações cordi ais, em Jesus e Mari a, Mons. José Lui z Villac. Nota - Nossa revista já tratou de outros as pectos do tema tatuage m nos arti gos de autori a do Mons. Villac que se encontra m no site da revi sta Catolicismo : www.catolici smo.com.br (maio/2007, abril/2010 e abril/201 2).
FRASES
I
SE LEC IO NADAS
1
"A conversão da
propriedade particufar em propriedade cofetiva, tão preconiza.da pelo socialismo, não teria outro efeito senão
1,
tomar mais precária a situação dos operários, retirando-lhes a livre disposição do seu safário e roubando-lhes, por isso mesmo, toda a esperança e toda a possi6i[idruíe de et19randecerem seu patrimônio e melfwrarem sua situação"
1
!
(Leifo XII I)
"
"O socialismo perdura
enquanto cfurar o dinheiro dos outros" (MC! rgcwetl,,i TC!cl,,iter)
1 -
Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endere~os que figuram na página 4 desta edi~ão.
OUTUBRO 2013 -
t , Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
ti
Pergunta - Casado só no civil não se divorciar e casarse novamente. - Catecismo 1650. Se a pessoa casou-se só no civil, divorciou-se e contraiu nova união, não pode casar na Igreja. Muitas pessoas casam somente no civil para evitar a indissolubilidade no caso de 'não dar certo'. Mesmo não sendo matrimônio, houve um casamento, uma união com direitos e deveres. A Igreja não pode estimular o casal a separar-se, justificando que, se não casou na Igreja, é solteiro. Isso é uma mentira, pois mesmo vivendo sem se casar no civil, comprovada a união, esta gera direitos para as partes no civil.
Resposta - Reprodu z imos a pergunta tal qual nos foi enviada , corri gindo apenas defeitos evidentes de redação, concordância gra matica l e falhas de pontuação, para não desfigura r, perante os demai s leitores, a objeção do missivista. Aliás, contamos com a compreensão del e por esta liberdade. A prime ira frase que sublinhamos na pergunta é certamente uma espécie de títul o com que o mi ss ivi sta resume a sua tese, a qual , entreta nto, não é enunciada claramente. Em seguida, e le abre parágrafo (que s ubstituímos por um travessão) e c ita, sem maiores ex pli cações, o nº 1650 do Catecismo da Igreja Católica, ao qual voltaremos a nos referir. A obj eção surg iu na mente do mi ssiv ista, segundo a referência consta nte em sua carta, após a leitura da matéri a desta secção de agosto de 201 O. Esta, por sua vez, responde à pergunta de uma le itora que se ini cia co m a frase : "Estou muito triste porque descobri que vivo em pecado mortal, pois meu marido é divorciado há muitos anos, vivemos juntos também há muitos anos. " Da resposta por nós dada, dedu z iu o objetante que a Ig rej a estimul a a separar sem ma iores preocupações apenas os casais unidos no civil , pois, de aco rdo com a legislação ec lesiástica, eles são so lteiros, o que é uma mentira, segundo o miss ivista. Este lembra, em seguida , que a coabitação de um casa l, mesmo não tendo hav ido sequer a uni ão civil, gera direitos e deveres para as partes. Vê-se que o mi ss ivi sta não leu com a dev ida atenção a matéria por nós publicada no referido número de Catolicismo, a qual responde a duas consultas parale las. N a segunda delas está categori ca mente afirm ado que o casamento religioso, em seguida ao prime iro que fo i nulo, é poss íve l, sim , porém não e limina as consequênci as da primeira uni ão: "Não poderá esquece,~ entretanto, as obrigações morais decorrentes da primeira união, sobretudo em relação às duas criaturas que o senhor gerou, e por cuj o destino continua responsável. Elas não estão riscadas da sua vida!". Nesta frase estão incluídas não somen te as obri gações c ivis decorrentes do primeiro casamento (que fo i nulo), como, principa lmente, as obri gações morais - muito mais a ltas
-
CATOLICISMO
- decorrentes de sua primeira uni ão. Por isso, nosso arti go concluía: "Nenhum ato humano é inconsequente, e por suas
consequências responderá perante o Supremo Juiz, Jesus Cristo, no dia do Juízo Final."
O primeil'o <lesiderato da Igreja é mgulariza,· e manter a união Começa mos, pois, por responder à obj eção do mi ss ivi sta afirmando que o primeiro des iderato da Igreja nunca é estimular o casal em dificuldades a separar-se - mesmo não estando legitimamente casados - e sim tentar a reconcili ação e aregul ari zação do casa mento, quando esta fo r poss íve l. Somente depoi s de fracassadas as tentativas de reconcili ação é que se lhes lembra da possibilidade de um novo casamento, no caso de o primeiro não ter sido legítimo, ou de ter sido reconhec ido como nulo pe la autoridade ec les iástica competente. Isto está muito c laro em nosso artigo em questão, onde está dito: "Permita-me, entretanto, dar-lhe um conselho do
ponto de vista espiritual. Se o senhor conseguiu uma vez reatar o convívio - muito embora pecaminoso - com a primeira mulher, com a qual ligou-se pelo casamento civil, isto indica um esjàrço seu ou de ambos para restabelecer a união, possivelmente em vista do bem dos.fiJhos . .É pena que não tenha dado certo, pois em seguida o senhor poderia regularizar a sua situação perante a Igreja. " É uma pena também - ac rescento - que o missivista não tenha lido nossa matéri a com a necessá ri a subtil eza, para perceber a delicada prudênci a da Igreja que, diante de uma uni ão em fase de desfazimento, sua prime ira intervenção é sempre no sentido de "sa lvar o casa mento" (se e le fo i legítimo), o u de reconcili ar o casa l em vista da ua regularização (se e le fo i ilegítimo). Pensamos ter de ixado isso muito c laro.
'l'ambém o Catecismo <la lgmja Católica preconiza a mconciliação O objetante menciona o nº 1650 do Catec ismo da Igreja Católica sem nenhuma indicação de como ele serve de amparo à sua acusação de que a Igreja estimul a sem mai s a separação dos casais que se uniram somente no civil. Entretanto, o refe rido Catecismo é mui to categórico em preco ni zar a reconciliação dos casa is legítimos. Diz o nº 1649 do Catec ismo :
"Existem situações em que a coabitação matrimonial se /orna praticamente impossível por razões mui diversas. Em tais casos, a Igreja admite a separaçãofisica dos esposos e o fim da coabitação. Mas os esposos não deixam de continuar marido e mulher perante Deus; não são li vres de contrair nova união. Nesta situação dificil, a melhor solução seria, se possível, a reconciliação. A comunidade cristã é chamada a ajudar estas pessoas a viverem crislãmente a sua situação, na.fidelidade ao vinculo do seu Matrim ônio, que continua indissolúvel. " E no caso de uma uni ão ilegítima? De la trata o Catecismo
Enquanto Imperar na sociedade moderna o agnosticismo dos Estados, nada tem solução. Então, segundo o pitoresco llnguajar de meados do século passado, é preciso "arrepiar caminho", isto é, voltar para as vias benditas da clvlllz:ação cristã.
no nº 1650, menc ionado pelo missivista: "Hoje em dia e em muitos países, são numerosos os católicos que recorrem ao divórcio, em co11formidade com as leis civis, contraindo civilmente uma nova união. A igreja sustenta, por.fidelidade à palavra de Jesus Cristo ('qu em repudia sua mulher e casa com outra comete adultério em relação à primeira; e se uma mulher repudia seu marido e casa com outro, comete adultério ': Me, JO, 11-1 2), que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro Matrimônio.foi válido. Se os divorciados se casam civilmente,.ficam numa situação objetivamente contrária à lei de Deus. Por isso não podem aproximar-se da comunhão eucaristicc,, enquanto persiste tal situação. " O que está dito aqui é que os divorciados recasados estão ilicitamente unidos, em vista da existência da união anterior, que continua válida. O apelo do mi ss ivista ao nº 1650 do Catecismo não serve, portanto, de base para sua objeção de que a Igreja descuida dos deveres e obrigações decorrentes de um casamento ilegítimo no âmbito civil. O que o nº 1650 está analisando é simplesmente a iliceidade da nova uni ão em seguida ao rompimento, pelo divórcio, de um matrimônio legítimo.
a respeito do qual Mons. Angelo de ll 'Acqua, substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, em carta ao cardeal D. Ca rlos Carmelo de Vasconcelos Motta, então arcebispo de São Paulo, declarou o seguinte: "O de ver de·render a Deus o preito de homenagem e de gratidão pelos benrqficios recebidos
tliz respeito não só aos indivítluos, mas também às famílias e às nações e ao Esta tio como tal. [. ..}Amortecido ou quase perdido na societltule moderna o sentir tia Igreja e vist"s as consequências tio agnosticismo religioso dos Esttulos, impõe-se a necessidade tle arrepiar caminho, de modo que todas as nações, irmanadas aos p és do alta,~ reafirmem publicamente a sua crença em Deus e ergam o louvor de vido ao Supremo Regedor dos povos. Para que surta todo o seu rqfeito, é necessário também que tal ato público de religião
não seja puramente.f<,rmal, mas seja cada vez mais sentido e vivo pela consciência do povo cristão " ( O Estado de S. Paulo, 2 de junho de 1955, p. 1O). Portanto, enquanto imperar na sociedade moderna o agnosticismo dos Estados, nada tem solução. Então, se-
à praga do divórcio, que se disseminou por todo o mundo .
gundo o pitoresco linguajar de meados do século passado, é preciso "arrepiar caminho", isto é, voltar para as vias benditas da civilização cristã. Em 1917, Nossa Senhora anunciou em Fátima que se isso não se fizesse viria um grande castigo de proporções mundiais. Será que a humanidade ouvirá esse apelo de "arrepiar caminho" e fazer penitência por seus pecados? Como dizem os franceses , quem vive,; verá! •
E quem abriu as portas para o divórcio foi o Estado laico,
E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
A ol'igem <lo mal: o laicismo dos Estados mo<lernos Todos esses transtornos são em grande parte atribuíveis
OUTUBRO 2013
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A REALIDADE CONCISAMENTE Cartas em produtos chineses trazem apelos aflitivos
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ulie Keith, senhora residente no estado de Oregon (EUA), comprou um produto made in China em cujo interior havia uma carta narrando cenários de horror. O autor estava num campo de trabalhos forçados na China e conseguiu roubar um pedaço de -papel e uma caneta para escrever: "Se ...... ,.~ .~LW-;
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você comprar este produto, por favo,,; mande esta carta para a Organização Mundial de Direitos Humanos. Milhares de p essoas na China, que sofrem a p erseguição do Partido Comunista, ficar-lhe-ão gratas para sempre". Por sua vez, um ex-prisioneiro de 55 anos, Chen Shenchun, escreveu: "Os guar-
das às vezes me puxam pelos cabelos, colam na minha pele barras ligadas à eletricidade, até que o cheiro de carne queimada encha a sala". As violências se concentram naqueles que se recusam a renegar sua fé . Da próxima vez que o leitor for comprar algum produto chinês, lembre-se de que poderá estar sustentando tragédias semelhantes. •
Japão: viciados na Internet precisam voltar à realidade Japão planeja introduzir campus dirigidos por especiali stas na educação a fim de resgatar mais de 500 mil adolescentes escravizados pelo mundo online. "É cada vez mais e mais um problema" - disse Akifumi Seki ne, portavoz do Ministério da Educação. "Nós queremos tirá-los do
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mundo virtual e encorajá-los a manter comunicações reais com outros jovens e adultos" - expli cou. O vício da vida virtual vem provocando desordens, como distúrbios no sono e na alimentação, em crescente número de crianças japonesas. Nos casos mais extremos foram constatadas síndromes de depressão e tromboses arteriais associadas às posições fixas diante dos monitores. Ademais, a obsessão prejudica o rendimento esco lar. •
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CATOLICISMO
Socialismo apela ao agronegócio americano para sobreviver presidente venezuelano Maduro (foto) viu-se obrigado a ape lar para o " império", que e le tanto tripudia, e para os "oi igarcas" do agronegócio norte-americano. Isso porque as medidas de Chávez nacionali za ndo propriedades agríco las, redistribuindo terras e impondo contro les de preços aos alimentos - tudo " por amor aos pobres" - deixaram a Venezuela sem arroz nem feijão. Hoje ela se tornou o quarto maior comprador de arroz americano e suas carências atingem o inimaginável. Em maio, fa ltou até papel higiênico. Segundo o Banco Mundial, 30% das pessoas outrora "não pobres" caíram na pobreza. O d~ficit orçamentário está pior que na zona do euro e a inflação galopa pelos 43%. "Perdemos nossa soberania nacional no aço, alumínio e bauxita", diz Damian Prat, autor de um livro sobre a indústria venezuelana. O Brasi l ajuda a tampar o rombo, exportando US$ 5,1 bilhões em 2012 ante US$ 800 milhões dez anos atrás, segundo a Associação de Comércio Exterior. Por outrn lado, se é bem verdade que os agricu ltores americanos se beneficiam com as compras da Venezuela, eles compartilham a dor de seus colegas desse país. Os que não se importam com o povo venezuelano são aqueles inimigos viscerais dos " ricos" e dos detentores de qualquer superioridade legítima. Em suma, os sectários socia listas de Caracas e alhures ... •
O
Tristes por não verem mais o rosto de suas mães paqui stanês A., de 24 anos, fo i jurado de morte por parti c ipar da Jo rnada Mund ia l da Ju ve ntude no Rio de Ja ne iro e está pedi ndo as ilo ao Brasil. "Não posso voltar: Já avisaram que matam não só a
º
mim, mas toda a minha.familia. Estou triste por não ver mais o rosto da minha mãe antes de dorm il; mas lá não consigo um bom emprego pelo simples.fato de ser cristão. " Al gun s dos 40 j ovens em situação análoga traze m marcas de tortura no corpo e um hi stórico de mortes e humilhações de fa mili ares . "Em minha comunidade, se você é cristão
e não muçulmano, não te dão nem um copo d'água. Sou coagido o tempo lodo a virar muçulmano, mas podem cortar a minha cabeça que eu não viro, pois tenho muito orgulho da minha.fé. " O utro ref-ugiado re latou: "Mataram meu pai e minha irmã quando ela tinha sete ai10s. Minha mãe leve que .fugir da nossa cidade." E ainda há que m di ga que o Islã é uma "relig ião de paz ". •
Jee Heon-a, ex-preso polltlco na Coreia do Norte, comparece diante da Comissão de Inquérito da ONU em Seul
Católicos colombianos impedem evento imoral Cardeal -arcebispo de Bogotá , o Núncio Apostólico, o Preposto Geral dos Jesuítas e o Provincial dessa Ordem vetaram o escandaloso "Ciclo Rosa Acadêmico" , que seria realizado na Pontifícia Universidade Javeriana da capital da Colômbia . Entre os temas anunciados figuravam : "Reivindicações LGBTI: entre o maximalismo penal e a consciência jurídica"; "Carne de prisão: gêneros e sexualidades não normativas sob o castigo penal neoliberal", e "Nem histéricas, nem manhosas, nem renegadas, nem paranoicas: Transgeneristas" (sic!). O evento, ofensivo à moral, acontece há doze anos naquela Universidade Pontifícia! Mas desta vez, devido a uma campanha de assinaturas organizada por "Voto Católico Colômbia", ele foi suspenso e levado para outro local pelo sacerdote jesuíta que o promove. Segundo o secretário-geral da Conferência Episcopal da Colômbia , a Hierarquia eclesiástica proibiu o evento por causa "da pressão que fez o comum dos fiéis ".
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Martírio dos cristãos no Egito e na Síria ilitantes da Irmandade Muçulmana ata caram pelo menos 38 igrejas no Egito , alegando que os cristãos apoiaram a deposição do presidente fundamentalista Morsi. Eles aplicam o que está escrito no livro básico do Islã: é preciso, humilhar, perseguir, escravizar ou matar os cristãos sem exceção. Na Síria , segundo o Pe. Nader Jbeil, diretor da Rádio Sawt e/ Samae, os rebeldes islâmicos desencadearam um oceano de violência contra os cristãos . Ele descreveu esses islâmicos como "animais" sedentos de sangue e responsabilizou-os pela morte de 35 cristãos com requintes de sadismo. Também reduziram à escravidão mais de 200 mulheres na aldeia de Der ai Zor e prometeram "estuprá-las até a morte". Segundo o sacerdote, os islamitas visam aniquilar locais que há dois mil anos viram a expansão da Igreja e forçar todos os católicos a adotar a falsa religião de Maomé.
M Coreia do Norte: mãe foi obrigada a matar o próprio filho
A
s execuções públi cas e as torturas são ocorrências di ári as nas prisões da Coreia do N orte, testemunharam ex-presos diante da Comi ssão de Inquérito da ONU em Seul. Jee Heon-a, de 34 anos, descreveu o estado dos prisioneiros: "Todos se pareciam com animais.
Rãs eram p enduradas nos botões de suas roupas dentro de um saco plástico. Eles comiam isso" - disse. Jee viu uma mãe ser fo rçada a matar seu bebê: "Fo i a primeira vez que vi um recém-nascido e eu eslava f eliz. Mas de repente ouvi passos, um guarda entrou e disse à mãe para colocar o bebê de cabeça para baixo numa bacia com água. Como a mãe implorou, ele passou a espancá-la. Então, com as mãos trêmulas, ela mergulhou a cabeça do bebê na água. O choro parou, uma bolha subiu e o bebê morreu. " Contudo, Kim Jong Un, o rechonchudo e ma is recente ditador, não dá s inais de mudar a cruel di tadu ra sociali sta apo iada escancaradam ente pe la China. •
OUTUBRO 2013
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DISCERNINDO
Desfazendo um equívoco !!
Cio A LENCASTRO
e
resce o número dos que se dizem decepc ionados com o Partido dos Trabalhadores. As mani fes tações de rua e as páginas dos jornais o atestam com ex uberância. O PT do Mensa lão, da introdução da Venezuela no M ercosul , das capitulações di ante de Evo Mora les, do favo recimento do governo comunista de C uba, ter-se- ia tornado fi sio lógico, oportuni sta, enga nador e, ademais, só preocupado com o avanço da esquerda no mundo, pouco ligando para o interesse público. Uma decepção inteira mente ex plicáve l, mas que repousa sobre um equívoco, e é deste que desej amos aqui tratar.
* * * O equí voco consiste em achar que houve uma mudança no PT. Não, não houve. O PT nunca fo i aquele partido idea li sta que a p ro paga nda anunc iava tempos atrás, impo luto, vo ltado para o bem do País. Aqui res ide o enga no. Ex pli co-me . Desde sua ori gem o PT sofre fo rte da influência marxista, que lhe vem ta nto da esquerda católica quanto da esquerda leiga que o constituí ra m. O PT não é nem nunca fo i um partido vo ltado para reso lver os probl emas da vida presente, nem para ate nder os anseios legítimo dos brasileiros; pelo contrário, se tivo é confo rmar a sociedade e o segundo os di tames teóricos traç sécul o X IX por Marx e seus
marx ismo, seja em sua sej a gra msciana.
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CATOLICISMO
Acontece que, coerente com a doutrina marxista ex iste a moral marxista - na rea lidade, a não-moral ou imora l - segundo a qua l é bom tudo que ajuda a impl antar o soc iali smo, e mau o que impede o u difi culta sua impl antação. Apropriar-se dos bens públicos é bom, se ajuda a soc ia li zação , e ma nter a palavra dada ou desmenti-la será fe ito na medida em que ajudar a causa. Perseguir a lgué m ou fa vorecê-lo, sej a ele dipl omata bras il e iro, as ilado político ou quem quer for, independente de seus méritos pessoa is, o importante é saber o que convém ma is à causa. Já o teóri co comunista V. Kolbanoski escrevia em 194 7: "Só é moral a conduta dos homens baseada na grande luta p ela libertação da humanidade de todos osj ugos e de quaisque,-fàrmas de exploração. [. ..} Durante a tran~formação socialista da sociedade, realiza-se entre os homens uma reno vação do sistema moral. [...}
Ensinar a moral comunista é, antes de tudo, educar os homens soviéticos, a ju ventude soviética em particulw; no espírito de uma dedicação sem limites à causa do comunismo e de abnegação ao serviço da pátria socialista" ( " A Moral Comunista", Problemas - Revista Mensal de C ultura Política nº 17 - Rio de Ja neiro, Fevereiro/Março de 1949). De aco rdo com essa lógica, para um peti sta autê ntico, nada do que o PT tem fe ito é imoral. Tudo concorre para as fina lidades do Partido. De modo que o PT não mudou. É o mesmo de sempre, desde que foi articulado pela esquerda católica e a esquerda leiga . F ica a pergunta: os novos impo lutos que estão aparecendo no cenário político serão di fe rentes? •
NACIONAL
Mais médicos ... ou mais comunismo! P rograma do governo brasileiro para "importar" médicos cubanos é tachado de mentiroso, escravocrata, favorecedor do totalitarismo comunista dos irmãos Castro, contrário à Constituição e impulsionador de um socialismo latino-americano. rJ GREGORIO VIVAN CO LOPES
I
niciada entre o governo petista e o Conse lh o Federa l de Medicina (CFM), a acirrada polêmica ora em curso no Brasil em torno do programa "Mais Médicos" alastrou-se para diversos outros setores da sociedade brasileira e repercutiu fortemente no Exterior.
Se os termos da polêmica ficassem reduzidos a esses aspectos, não haveria muita razão para que e la se expandisse a outros setores da sociedade e extravasasse mesmo para o Exterior. Acontece, porém, que no decorrer do debate foram aparecendo razões mais profundas que
norteiam o " Mais Médicos". E essas razões são de interesse de todos os brasi leiros e mesmo dos latino-americanos de modo geral. E las dizem respeito à introdução sub-reptícia de e lementos de desagregação comu ni sta em nossa sociedade dita democrática . Um rápido quadro da situação ajudará o leitor a se situar no problema.
tt1is-c-vc11s ocultam algo Em 6 de maio deste ano, o então Ministro das Relações Ex teriores, Antonio Patriota, an unciava para um Brasi l perplexo que o governo Dilma Rousseff iria "importar" seis mil médicos da Cuba comun ista. A razão alegada era a fa lta de profissionai s da saúde nas regiões mais carentes do território nacional , para onde seriam dirigidos os cubanos, sem neces-
Por <JllC tanto barulho? O PT e a equipe governamental defendem o programa com unhas e dentes, entre outras razões porque o êxito do mesmo seria um importante trunfo para a anunciada candidatura a governador de São Paulo do atua l Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Como também para a pretendida reele ição da presidente Dilma Rousseff. O Conse lh o Federa l de Medicina (CFM), por sua vez, o critica acerbamente, tanto por considerá-lo uma fa lsa so lução ori unda de quem deveria resolver de outro modo o problema - pois no Brasil o que falta não são médicos, e sim uma estrutu ra hospitalar e de enfermagem que garanta a adequada inserção dos profissionais da saúde no hinterland nacional - quanto por constituir concorrência desleal , fr uto da impos ição de médicos estrangeiros sem a devida comprovação de competência.
OUTUBRO 2013
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sidade de passar pelos testes necessários para revalidação de seu diploma. A notícia ca iu como uma bomba , houve muito burburinho, muita opos ição, sobretudo tendo em vista o histórico de ação de Lula e do PT em favor dos comunistas cubanos. Manhosamente, o governo então deu marcha à ré, ficou o dito pelo não dito, e anunciou que não viriam mais médicos da ilha com unista, mas espec ia lmente de Portugal e Espanha. As coisas estavam nesse pé quando o Ministério da Saúde an unciou de modo inesperado que quatro mil médicos cubanos viriam ao Brasil até o final do ano, sendo que 400 deles chegariam em seguida. Soou o alarme. O que haveria de ocu lto por detrás desses vai-e-vens do governo petista? Começaram as indagações, as desconfianças, e ass im as primeiras informações fo ram surgi ndo.
"O governo mentiu várias 11ezes" O governo pura e s impl esme nte tinha mentido, pois havia meses que a vinda dos cubanos estava sendo preparada na surdina. Até professores tinham sido enviados à ilha-prisão, para ensinar a língua portuguesa aos futuros "importados". O programa " Mais Médicos" seria principalmente um disfarce para trazer os cubanos ao Brasil. Segundo o conhecido jornalista econômico Carl os A lberto Sardenberg,
"o governo brasileiro mentiu várias vezes nesse episódio. Em maio último, o então chanceler Patriota havia dito que se preparava a importaçcio de 6 mil cubanos. Dada a reação ruim, o ministro Padilha disse que o governo havia desistido doprojeto. Agora, assim de repente, aparecem 4 mil médicos preparados para vir ao Brasil. O governo apenas aproveitou o momento para lançar o Mais Médicos, com esse propósito principal de trazer os cubanos ". 1 "Provavelmentejá prevendo reações contrárias à sua ideia, o governo f ederal tratou o caso dos médicos cubanos em surdina, omitindo informações importantes a respeito, que agora começam a vir à tona. A vinda desses médicos estava sendo providenciada há p elo
..m
CATOLICISMO
menos seis meses, bem antes, portanto, de o governo anunciar o seu plano. [.. .] O governo não tem o direito de tratar dessajàrma, com essejogo de escondeesconde, a população e as entidades médicas ".2 Estratégia para f'avornce,· a ditac/ura cubana Mas por que mentir? Simp lesmente porque havia motivos não confessados nesse imbróglio. Como é sabido, C uba funciona como uma espécie de último bastião declaradamente comunista na América Latina. E as esquerdas em geral, em particular a petista, têm a peito manter o comunismo em Cuba custe o que custar, mesmo a preço de tiranizar a infeliz população local.
"O contrato para envio de médicos cubanos ao Brasil é conquista estratégica - diplomática e econômica - para o governo de Cuba. A chancela da maior economia da América Latina ao programa médico cubano alarga o prestigio conseguido pelas chamadas 'missões médicas ', iniciadas nos anos 1960 por ideia de Fidel Castro. A atuação dos médicos, formados no sistema cubano .fitnciona como propaganda automática do regime ".3 Adema is, como o pagamento aos médicos não é fe ito diretamente a e les, mas sim ao governo cubano, que lhes repassa uma pequena porcentagem, o contrato redunda num considerável aumento de divisas para o governo de um país que o comu ni smo reduziu à miséria . Prossegue o editori al: "Com o negó-
cio, Cuba conseguiu alinhar ideologia e diplomacia ao pragmatismo,já que hoje a exportação de serviços médicos é a maior entrada de dólares na economia ". Façamos os cálcu los: "um total de 480 milhões de reais por ano será entregue ao governo cubano, que decidirá quanto repassará aos seus médicos. [.. .] Apesar das condições injustas, muitos médicos cubanos as aceitam porque é a única f orma de subir alguns degraus na escala de miséria a que são submetidos em seu pais. O agenciamento internacional de profissionais de saúde tornou-se tão rentável que o regime cubano passou a/armar médicos em série.
A exportação de médicos rende quatro vezes mais que os ingressos obtidos com o turismo ".4 'l'rabalho escravo O fato de os médicos não receberem o sa lário que lhes é destinado tem sido verberado como trabalho escravo. Os líderes do PP no Senado, Francisco Dornelles, e na Câmara, Jai r Bolsonaro , uniram-se para aprovar a lteração à Medida Provisória que introd uz o "Mais Médicos", a fim de tentar imped ir a transfe rência ao governo cubano do sa lário devido aos médicos. A proposta é obrigar o governo de Dilma Rousseff a abrir uma conta bancária para pagamento dos médicos. "Nós não podemos permitir trabalho escravo ", defendeu Dornelles. A cond ição de escravidão ainda é acentuada porque "o passaporte dos 'in-
e um enfermeiro, que conseguiram escapar da Venezuela e estão atualmente nos Estados Unidos, pretendem entrar com processo num tribunal de Miami contra Cuba, Venezuela e a estatal petrolífera PDVSA por impor trabalho escravo.
'ít luta socialista é i11temacio11al" Chegaram os primeiros cubanos a Fortaleza. E o que aconteceu? De um lado, foram recebidos no aeroporto por manifestações contrárias, organizadas por setores médicos que apontavam o regime de escravidão a que os mesmos estão sujeitos, frequentemente sem culpa. Mas a recepção mais significativa não foi esta , e sim a proveniente da esquerda brasileira, enfaticamente favorável à vinda dos médicos cubanos. Os slogans que gritavam em coro, de modo bem treinado, falam por si: "Brasil,
Cuba, América Central, a luta socialista é internacional"; "Segura o imperia-
er qualidade duvldOS ender vocl: vai a ternacionalistas ', como são chamados os médicus pelo regime castrista, não pode receber visto algum. Dessa .forma, eles.ficam impedidos de sair do país enquanto durar o contrato ". 5 Para o jornalista Ca rlos Alberto Sardenberg, "os
médicos fi cam presos no Brasil, suas .famílias, em Cuba. Parece exagerado, mas é a pura verdade". Vários médicos cubanos residentes na Venezuela declararam em entrevista reproduzida no Youtube que os médicos da ilha são pura e simplesmente trocados pelo petróleo venezuelano, como se tratasse de mercadori a. Sete desses médicos
-;;,,\a\ s,,,o \.\\anês. Para os políticos, - méll\co \Ue nn,u\açao, Para a r t 'a nort\19\lêS, ~-:;;,• "
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REVALIDA, alidação auto omas estran9
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lista, a América Latina vai ser toda socialista"; " Viva Fidel e a Revolução ". Como se vê, o que desejam importar para o Brasil não são médicos, mas sim a revolução comunista de Cuba. Uma jornalista potiguar, examinando a aparência das médicas cubanas que chegavam, concluiu que elas têm "cara de empregada doméstica ". Fortemente pressionada, e acusada até de racismo (!), ela teve de pedir desculpas.
As desavenças vão parar na Justiça Vários Conselhos Regionais de Medicina disseram que vão negar registro a esses profissionais, e o governo ameaça entrar na Justiça contra os Conselhos. Por sua vez, o Tribunal de Contas da União se propõe analisar os contratos de trabalho, pois estes não se coadunam com a legislação trabalhista brasileira. Também o Conselho Federal de Medicina pretende buscar os meios judiciários contra o programa. É importante notar que os petistas fazem habitualmente campanha para que sejam expropriadas sem indeni zação as propriedades rurais onde se constate a existência de trabalho análogo à escravidão , entendendo por tal até infrações trabalhistas de pequeníssima monta . Mas no caso dos médicos cubanos, não tem importância serem eles escravos do regime comunista. Mais ainda. É tal o receio do governo de que alguns desses médicos busquem a liberdade e peçam asilo ao Brasil para se livrarem da canga dos irmãos Castro, que o Advogado Geral da União declarou, previamente à chegada deles, que não lhes será concedido asilo se fugirem , e nesse caso serão deportados para Cuba. É de uma crueldade sem nome!
Protesto de médicos em Blumenau
OUTUBRO 2013
IFall
Vozes q11e não q11e1·e111 calai' Prev idente foi o prefe ito de Flo rianópo li s, Cesar Souza Jr, que proibiu no municípi o a contratação de qualquer profissio nal médi co com diploma de graduação emitido por Universidades estrange iras, sem a posterior reva iidação de seu diploma por Universidades Públicas brasileiras. O conhec ido tributarista brasile iro, Prof. lves Gandra M artins, após descrever o caráter inconsti tuc ion a l dessa " impo rtação" , di z: "A pref erência da presidente Dilma Rousseff'p elos regimes bolivarianos é inequívoca [. ..}.financia o regime cubano com dinheiro que melhor poderia ser utilizado para atender às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS) ". 6 Depo is de co nj etura r que os serv idores cubanos poderiam ter outro objetivo di stinto do medici nal , o Prof. Gandra esc larece: "A hipótese que levanto me preocupa mais ainda porque foi a presidente guerrilheira e muitos de seus companheiros de então treinados em Cuba, e pretendiam impor um governo semelhante no Brasil [ .. .] Receio de que suas preferências ideológicas estejam na raiz dos problemas que vivemos, incluída a importação de agentes públicos de Cuba que se intitulam médicos ". O ex- pres id e nte d a Ordem d os Advogados do Brasil - SP, Antonio C láudio Mariz de Oliveira, após mostrar que a lei brasileira está sendo burl ada no caso dos médi cos cubanos , pe rgunta por que razão se faz essa aj uda financeira ao governo de C uba . E em seguida adverte que "nós, advogados, deveremos verberar mais essa conduta, no mínimo, esdrúxula do governo. Não esqueçamos, amanhã o mesmo poderá ocorrer conosco, com os engenheiros, econom istas, etc. , etc. E, de repente, será decretada a incompetência dos pro,fissionais brasileiros, para gáudio de cubanos, venezuelanos, bolivianos e outros alinhados".7
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CATOLICISMO
"Uma medicina q11ase de c11ra11deiro" N ada do que afirmamos neste artigo é dito em desabono dos médi cos cubanos, mes mo quando não estej am capacitados para suas funções . De modo geral e les são mai s vítimas do governo dos irmãos Castro do que culpados. A não ser, é claro, quando não se trate de médi cos, mas de agentes do regime comunista di sfarçados. N esse sentido são esclarecedores os dados apresentados em entrev ista pe lo Dr. Gilberto Velazco Serrano, méd ico que conseguiu fugir da mi ssão cubana na Bolívia e que se encontra atualmente em Miami. 8 "Em Cuba, se é obrigado a tudo, o governo diz até o que você deve comer e o que estudai'. As brigadas médicas são apenas uma extensão disso. "Fomos enviados J40 médicos para a Bolivia em 2006. Disseram que íamos ficar no país por três meses para ajudar a população após uma enchente. Quando cheguei lá,fiquei sabendo que não chovia havia meses. Era tudo mentira. Os três meses iniciais viraram dois anos. O pior
de tudo é que o grupo de J40 pessoas não era.formado apenas por médicos - havia pelo menos JO paramilitares. A chef e da brigada, por exemplo, não era médica. Os paramilitares estavam infiltrados para impedir que a gente fi1gisse. "Não me esqu eço do que disse a chef e da brigada: 'Vocês são guerrilheiros, não médicos. Não viemos à Bolívia tratar de doenças parasitárias, vocês são guerrilheiros que vieram ganhar a luta que Che Guevara não pôde terminar '. " Ele prossegue, di zendo que a formação de um médico em Cuba "é muito ruim. É uma graduação extremamente ideologizada [. ..] não havia reativo de glicemia parafazer um exame, por exemplo. Não dava para.fàzer hemograma. A máquina de raio-X só podia ser usada em casos extremos. Os hospitais tinham barata, ratos e, às vezes, faltava até ág ua. Vi diversos pacientes que só.foram medicados porque os parentes mandavam remédios dos Estados Unidos. Aspirina, por exemplo, era artigo raro. É triste, mas eu diria que é uma medicina quase de curandeirv. Você fala para o paciente que ele deveria tomar tal remédio. Mas não tem. Aí você acaba tendo que indicar um chá, um suco ".
0 apelo <lo Pl'ÍllCÍpe O escâ nd a lo da " importação" de médi cos cubanos chamou a atenção do C hefe da Casa Imperi al do Brasil, Prínc ipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, que lançou a respeito um comuni cado lúcido e altamente esclarecedor. "Aumenta, dia a dia, em considerável parte de nossa população - afavel, ordeira e laboriosa - o sentimento de incoriformidade e rejeição ante os crescentes desmandos de algumas de nossas mais altas autoridades, obstinadamente comprometidas com metas ideológicas avessas ao sentir da alm a cristã de nosso povo. O País assiste nestes dias, estup~fato e incrédulo, ao que algumas vozes ponderadas já não hesitam em qualificar de um moderno tráfico de escravos ideológicos.
"A se consolidar esta espúria operação, o Brasil terá sido empurrado decididamente para os descaminhos do totalitarismo. Hoje escravidão de p obres cubanos, amanhã talvez de brasileiros. É, pois, com repulsa que vejo autoridades da República, corn profundos laços ideológicos com o regime comunista de Cuba, fazerem semelhante acordo, .fàvorecendo ademais a sobrevivência de uma ditadura que visa estender pelo território brasileiro os males com que o expansionismo castrista fustiga há décadas países de nosso Continente".
E Dom Luiz, digno descendente de nossos imperadores e da Princesa Isabel, termina com um ape lo: ';Urge que os brasileiros, das mais diversas condições, abandonem certa inércia desavisada na qual se encontram e se articulem para fazer refluir as ameaças que, contrárias ao modo de pensa,; de agir e de vivet; da grande maioria de nossa população, vão baixando sobre o País. É neste sentido que elevo minhas preces a Nossa Senhora Aparecida, a quem Dom Pedro 1 consagrou o Brasil, logo após nossa Independência, como Padroeira e Rainha ". 9
Neste final de artigo, fazemos nosso esse tão oportuno apelo de Dom Lui z. • E-ma il para o autor: cato lic ismo@tcrra.com.br Notas:
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
"O G lobo", Ri o de .Janeiro, 29-8- 13. "O Estado de S. Paul o", 1º-9- 13. "Fo lha de S. Paul o" (edi tori a l), 3-9-13. "Veja", S. Paul o, 28-8- 13. Idem, ibidem. "O Estado de S. Paulo", 29-8- 13. Idem , 2-9- 13. " Veja", S. Paulo, 3 1-8- 13. http ://www.paznocampo.org.br/ B log/ bl og_ db.a sp
Verdades E li e idas São Francisco de Assis repreende sultão muçulmano "Eis o que o Poverello [São Francisco de Assis] respondeu, em 1219, ao sultão do Egito Malik al-Kâmil, que lhe dissera: 'Vosso Senhor vos ensinou em seus evangelhos que não deveríeis pagar o mal com o mal, e também que abandonassem o manto ... Então os cristãos não deveriam invadir meus Estados, não é?'. "O santo lhe deu esta resposta: 'Vós pareceis não ter lido o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cri por inteiro, porque nele está dito em algum lugar: Se teu olho te escandaliza, arranca-o e atira-o lo de ti... (Mt 5,25). Ele quis com isso nos ensinar que não existe homem mais caro ou parente mais pr de nós que seja tão precioso quanto o nosso olho, do qual entretanto devemos nos s arrancando-o e atirando-o longe de nós, se ele nos desviar da fé e do amor de No so É por isso que os cristãos têm razão em invadir as terras que ocupais,pQtgu contra o nome de Cristo e subtraístes de seu culto to4os aguei onhecer nosso Criador e nosso Redentor, cçm.fess • vos amarão c~mo s
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MEMORIA
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Nossa Senhora da Esperança, Os Cabrais e o Brasil Ü OM
uitas vezes as lendas não estão inte ira mente em consonância com a rea lidade, mas com frequência e las têm o condão de reve lar algo que a supera. l sto ocorre com o relato apresentado a seguir. Por ocasião de uma viagem que fi z anos atrás a Portugal, passe i pela cidadezinha medi eva l de Be lmonte, situada no alto da Serra da Be ira anterior, não di stante da Serra da Estrela, no centro do país.
M
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CATO LI C I SM O
Luiz DE
ÜRLEANS E BRAGANÇA*
N o to po de um mo nte, atra iu minha atenção um po rte ntoso caste lo medi eva l, mui to rú sti co, em cuj a mu ra lha princ ipal via-se um escudo de armas de pedra entalhada, no qual fig urava m uma ca bra e um cabrito. Desse lu ga r descia uma rua em curva, d ivi sa nd o-se ne la, à direita, como que pendu rada sobre um abi smo, uma igre-
jinha românica, bem antiga, cuja invocação era de Nossa Senhora da Esperança. Não sendo possível visitar o castelo naquele momento, o guardião das tradições do lugar - um homem de certa idade e de pequena estatura, que juntamente com o presidente da câmara 1 da cidade e mais uma ou duas pessoas recebeu a meus amigos e a mim - narrou-nos a história que passo a relatar aos leitores de Catolicismo. No século Xll, vivia naquel a região um aldeão que não encontrava meio para se libertar da miséria em que vivia. Por mais que se empenhasse, não arranjava emprego nem outro meio honesto de tornar sua existência menos árdua. Entretanto, como era muito devoto de Nossa Senhora da Esperança e confiava que Ela lhe concederia uma so lução para o problema que o afligia, não esmorecia em suas orações: rezava e rezava, dias, meses a fio, sem desanimar, sem que seu pedido fosse atendido. Certa noite, uma voz comunicoulhe durante o sono: "Vá a Belém, vá a Belém ". E a mesma voz, em noites sucessivas, se fez ouvir com o mesmo conselho. Em desespero de causa, o pobre homem resolveu ir à Terra Santa. Conseguiu que um navio de cruzados nórdicos e ingleses, que fez escala em Portugal, o admitisse a bordo. E seguiu até o porto de Haifa, de onde se dirigiu a Belém. Ali procurou longamente encontrar o auxilio que esperava da Santíssima Virgem. Por fim , desanimado pelo insucesso de suas buscas, foi se confessar com um ermitão. Este lhe passou uma descompostura : "És um tonto, um bruto, um selvagem! Onde já se viu acreditar em sonhos! Há uma semana sonho toda noite que em Portugal, na cidade de Belmonte, há um tesouro enterrado ao pé da oliveira centenária que fica ao lado da igreja de Nossa Senhora da Esperança. Eu nem penso em me deslocar para lá, pois não sei onde .fica Portugal, nem se existe essa cidade de Belmonte, e não tenho a intenção de averiguar!" Após ouvir tudo em silêncio, o português saiu célere e embarcou no primeiro navio que passaria por Portugal. Lá chegando, dirigiu-se como um raio até Belmonte, cavou junto da oliveira e encontrou uma cabra e um cabrito ... de ouro maciço! Mas se pôs a partir daí para o aldeão o problema do que fazer com todo aquele ouro! "Se tento
vender a cabra e o cabrito, me acusarão de tê-los roubado e o alcaide me prenderá; se os escondo, alguém poderá achá-los, eu os perco e poderei também ser preso!". Finalmente, chegou à conclusão: "Vou oferecê-los ao Rei! Ele é um homem bom, acreditará em minhas palavras e recompensar-me-á!". Dito e feito! Aproveitando que o rei Dom Afonso Henrique encontrava-se próximo a Coimbra preparando-se para uma nova campanha contra os mouros, ele se apresentou na entrada do acampamento do soberano dizendo que desejava falar com o rei. A tarefa não foi fácil, pois os escudeiros não lhe permitiram o acesso. Mas ele tanto insistiu que um deles teve pena do aldeão e o apresentou com estas palavras: "Senhor, aqui está um homem que des~ja falar convosco e diz que tem algo a vos entrega,: " O rei benevolamente o acolheu e perguntou o que trazia. "Senhor respondeu ele - quero dar-vos uma cabra e um cabrito ". Pensando que o cabrito seria mais tenro para o jantar, disse-lhe o rei: "Dê-me o cabrito. " Mas, ao ver que este era de ouro maciço e necessitando dinheiro para a planejada guerra, quis o monarca ter também a cabra, e acrescentou: "O cabrito vai sentir saudades da mãe. " O aldeão fez-se de rogado, mas afinal entregou também a cabra. O rei então lhe disse: "Vejo que és um homem honrado e quero recompensar-te: toma o melhor cavalo de minha estrebaria, e todas as terras que puderes percorrer com ele em um dia serão tuas. " O aldeão não pestanejou: montou o animal e galopou o quanto pôde em torno de Belmonte, delimitando uma grande extensão de terras e tornando-se com isso um homem muito rico. Dele descenderia a nobre estirpe dos Cabrais 2 que sempre foram muito devotos de Nossa Senhora da Esperança e em cujas armas figuram uma cabra e um cabrito; armas que eram as do descobridor do Brasil: na nau capitânia de esquadra que chegou a Porto Seguro Pedro Álvares Cabral trazia, em lugar de honra, uma imagem de sua celeste Protetora. •
.'
E-mail para o autor: catolicismo@terra.com .br Notas: 1. Presidente da câmara é o título que em Portugal tem os prefeitos. 2. De fato, os Cabrais só receberam o feudo de Belmonte no século XI V.
* Dom Luiz de Orleans e Bragança é o Chefe da Casa Imperial do Brasil.
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ENTREVISTA A
ESTONIA Reação à desagregação da família Nocombate em prol da família tradicional,
normaJmente constituída:
'1/1. graça divina sempre
nos ajudará. O necessário é ter coragem!"
que alguns chamariam talvez de imprudência, outros poderiam até classificar de louca temeridade defender valores morais num país considerado pela mídia como protótipo de tolerância e indiferença religiosa, o mais integrado à Internet (por cujo meio se pode até votar) e . onde quase 70% das crianças nascem fora do casamento. Dominado assim pela "modernidade", de acordo com a teoria apresentada pela mídia liberal do Ocidente, tal país não deveria se interessar por valores como a família tradicional baseada no matrimônio. Mas essa visão da Estônia revelou-se falha e equivocada, pois lá foram coletadas e entregues ao Parlamento milhares de assinaturas visando evitar a legalização do "casamento" entre pessoas do mesmo sexo. E a iniciativa obteve sucesso, como veremos. A entrevista que a seguir apresentamos foi feita pelo colaborador de Catolicismo Valdis Grinsteins com o jovem estoniano Varro Vooglaid, diretor da Associação Estoniana de Defesa da Tradição e Família, e fornece amplo esclarecimento a respeito desse tema.
Catolicismo - Para o público brasileiro, o que o senhor poderia dizer sobre o atual panorama social e moral da Estônia?
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CATOLICISMO
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ttu·,·o Vooglai<I: "O comu11ismo, llagelo que <l11ra11te 50 a110s declicou-se a dest,•ui,• a família de l'ol'lna deliberada, i11sta111·011 o ahol'to, destruiu o JJátrio/JO<le, · etc. "
V<1rro Vooglaid - A melhor palavra para se descrever o panorama moral é: devastação. Nosso país foi devastado ao longo dos séculos por vários füracões morais. Primeiro pelo protesta ntismo, que depois de 400 anos transformou em coisa " norm al" a ideia de divórcio, perdendo-se assim a noção de que família é uma instituição permanente. Mais tarde su rgiu o comuni smo, flagelo que durante 50 anos dedicou-se a destruir a fam íli a de forma deliberada , insta urou o aborto, destruiu o pátri o- poder e, com seu anticristianismo militante, apago u nas mentes das pessoas as ideias de bem e mal , da mora l e imoral etc. E agora, nestes últimos 20 anos, foi- nos inoculada uma ideia deformada da modernidade ocidental, que não é senão uma variante do mesmo anticri stiani smo com uni sta . Ela não só mantém o di vórcio, o aborto e todos os outros vícios do passado, mas instaura a ditadura do relativi smo na sua fo rma mais si ni stra, introd uz o uso das drogas, a prática do homossex uali smo etc. Como consequência, num país muito pequeno como a Estônia, de menos de um milhão e meio de habitantes, os cató li cos constituem apenas O, 1% da população, e as pessoas que afi rmam acred itar em Deus não chegam a 10% do total.
Tallinn, capital da Estônia
ou mais pessoas, sem levar em consideração o sexo, seja considerada fa mília. Portanto, uma vez abandonado o que é normal, abrem-se as portas para todos os tipos de anormalidades ...
Catolicismo - Quais são os perigos nos dias de hoje com que se defronta a instituição da família na Estônia? Varro Vooglaid - Os perigos são em gera l
os mesmos que ataca m a cultura ocidental, porque o inimigo ideológico que nos atinge é o mesmo. Como estamos vivendo em meio ao culto do relativismo, do libera lismo e do indi viduali smo, a instituição da famíli a e do matrimônio está se ndo " redesenhada", ou "desconstruída", como di zem hoje. Neste momento estamos sentindo uma pressão crescente para redefinir a instituição da fa mília de modo a se poder nela incl ui r as relações homossex uais ... Primeiro os homossex uais pedem que sua união seja reconhecida por lei como uma fo rma de fa mília. Depois passa m a ex igir o direito de lega lizar a adoção de crianças. E fi nalmente ex igirão a desconstrução e redefini ção do significado do matrimônio e da fa mília. É ass im que os mov imentos homossex uais vêm trabalhando em diversos países. Mas podemos estar seguros de que este processo não term ina aí, pois se exigirá que uma uni ão íntima qualquer entre duas
Catolicismo - Como se efetuou a oposição do movimento Defesa da Tradição e Família a esse programa? Varro Voog/aitl - Prepara mos uma petição Localização da Estônia na Europa
"Estamos vfrcnclo cm meio ao culto cio 1·clatfrismo, cio lihcmlismo e cio imliviclualismo, a instiWição ela l'amília e cio mall·imonio está scnclo 'clesconstruícla "'
dirigida aos parl amenta res, com a intenção de obter o máx imo de adesões, de fo rma a fazê- los sentir que o povo da Estônia - tanto os estonianos como os russos que aqui vivem - não estão de acordo com tal plano de cunho ideológico, visa ndo redefi nir a instituição fa mili ar, que é, de acordo com a nossa Constituição, o fundamento da sociedade. Trabalhamos du ra mente para conseguir enviar um exemplar dessa petição a cada uma das casas de todo o país. O esforço va leu a pena, pois no fi nal obti vemos mais de 38 mil assinatu ras, o que em proporção com a popul ação da nação estoni ana eq uivale a seis milhões de assinaturas no Brasil. É interessante notar que nunca na hi stóri a
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da Estônia se coletaram tantas ass inaturas contra alguma modificação de lei. Isto demonstra um fa to que é necessário entender: a fo rma como a opinião pública estoniana é apresentada pelos meios de comunicação Uorna is, te levisão, rev istas etc.) não está de acordo com aquilo que a vasta ma iori a do país rea lmente pensa . Portanto, nossa fin a lidade é apresentar ao públi co em gera l o verd adei ro pensamento das pessoas e defender ass im os fu ndamentos morais de nossa cult1ira contra as atuais tentativas de desconstru ção. Catolicismo - Que tipo de reações suscitou a campanha de coleta de assinaturas? Vt-11·ro Vooglai<l - De modo geral, as reações dos estonianos fora m notoriamente pos itivas. Muitas pessoas nos telefonava m ou escreviam du ra nte a ca mpanha para comuni car seu apo io. M as, por outro lado, a mídia organi zo u um ataque contra nós, publicando numerosos arti gos criticando nossa atuação. Depo is que entregamos as assinaturas no Parla me nto, o Pres idente da República afirm ou em confe rênc ia pública que se sentia altamente atrapa lhado pe la nossa inic iati va, po is, segundo e le, está vamos difundindo o ód io. Obvi amente, consideram os isso como um elogio, porqu e nosso presidente é socialista e apenas 20% da população confia ne le .. . Também o pres idente do Partid o Socia lista dedicou a maio r parte de discurso pronunc iado no congresso anua l de seu partido para criticar e tentar ridi culari za r nossa ação do modo
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CATOLICISMO
"1'rabalhamos duramente para conseg11Íl' envia,• um exemplar de petição [COJltJ'a o prnjeto <le redefinÍl' noção <le L'amília] a cada uma <las casas de todo o país".
ma is radi ca l poss ível. E, para completar o quadro, várias embaixadas decidi ra m colocar na fac hada de seus prédi os a bande ira homossex ua l, co mo mane ira de expressar so lidariedade a esse mov imento. Tampouco fa ltou a reação indi gnada dos ati vistas homossex uais. Eles não apenas tentaram causa r danos materi a is contra a nossa entidade, enviando de vo lta pelo corre io petições destruídas ou com todo tipo de insultos, mas empenhara m-se também em press ionar as pessoas para as qua is tra balhamos numa tentati va de causa r nosso desemprego. Por fi m, fo ram à delegacia de po lícia e preencheram um boletim de ocorrência solicitando que fôsse mos investigados como criminosos, sob a ac usação de "difusão de ódio socia l". Felizmente a polic ia teve sufi ciente bom senso para não dar continuidade a esse pedido tota lmente destituído de fund amento jurídi co. Entreta nto, os ativistas homossex uais estão agora faze ndo lobby para que o governo modifique a lei de " incita mento ao ódio", de fo rma a se poder tomar medidas lega is contra pessoas que como nós não estão de aco rdo com sua age nda ideo lógica e estej am dec ididas a defender os fund amentos mora is de nossa sociedade. Catolicismo campanha?
E o que aconteceu após essa
Varro Vooglaid - Fo i uma campanha vitori osa. Paradoxa lmente, todas aque las crí ticas terminaram trabalhando a nosso favo r, po is os estonianos começaram a constatar que estáva mos sendo atacados
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sem que houvesse qualquer acusação verdadeira. Muitos nos têm agradecido por termos empreendi do essa ação, manifesta ndo a esperança de que continuemos tal luta. E outro não é nosso desejo, pois pretendemos continuar a importante mi ssão de dar voz a nossos compatriotas que amam as tradições morais e culturai s da nação, não desejando que elas seja m substituídas por pretensos va lores da anticultura moderna e hedonista. Foi justamente o que eu disse à presidente do Parlamento no momento de apresentar as assinaturas: não aceitamos que se acuse de fanatismo, intolerância e bloqueio mental os que defendem os valores mora is, du ra nte séculos a base da nossa sociedade. Estamos absolutamente convictos de que nosso país não sobrev iverá, caso não retorne aos princípios e valores cristãos. Portanto, faremos todo o poss ível para defender esses valores. Já começa mos novas campa nhas e estamos obtendo até agora tudo aquilo que nos propusemos. Por exemplo, nosso último esforço se concentrou em deter uma ca mpanha promovida pela tristemente fa mosa Federação Internacional Planned Parenlhood, a qual, medi ante propaganda com linguagem e outdoors extremamente cru s, desejava difundir o uso de preservativos e a prática das relações sex uais casuais. Nossa iniciativa os levou a suspender a referida propaga nda muito antes do tempo anunciado.
Catolicismo - E o que os senhores preparam para o futuro?
':4s reações dos estonianos /'oram notoriamc11te positivas. Muitas pessoas nos telefonavam ou escl'eviam durante a campanha para comtmicar seu apoio"
Varro Vooglaid - Nossa meta é continuar lutando, seja qual for o preço a paga r. Esta é a verdadeira forma de vida de um católico, pois estamos nesta Terra, como a Igreja Militante, para servir a Verdade, e não para faze r concessões em matérias morai s. Temos a esperança de que, reintroduzindo em nossa sociedade o ensinamento tradicional da Igreja, sejamos capazes enquanto nação de rejeitar de alguma forma os erros que nos levam à decadência e, assim, nos regenerarmos. Na aparência é um cenário altamente improvável, mas nossa missão é a de lutar, e não ficar tentando fazer adivinhações ou compromissos espúrios. Estamos preparados para vários combates muito sérios que encontraremos pela frente. Sabemos perfeitamente que a ideologia do relativismo e do liberalismo continuará avançando, que haverá muitos outros ataques midiáticos contra nós, mas também que a sociedade vai se polarizar. E tudo isso conduzirá a uma situação favorável, porquanto finalmente os nossos compatriotas verão que existe uma rea l oposição à ditadura do liberalismo laico e uma possibilidade verdadeira de reagir. Devemos nos lembra r de que há uma dignidade especial no fato de se militar por Nosso Senhor Jesus Cristo. À medida que mantivermos uma atitude verdadeiramente humilde e uma vida virtuosa, a graça divina, que é invencível, estará conosco. Se isto é assim, por que nos atemorizarmos? Só necessitamos de coragem e perseverança para continuar o combate e seguir para frente. A graça divina sempre nos ajudará. O necessário é ter coragem! •
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CAPA
C omo matéria de capa de suas edições de outubro, Catolicismo publica tradicionalmente alguma artigo em homenagem a seu inspirador e principal redator, Prof. P1inio Corrêa de Oliveira, falecido cm 3 ele outubro de 1995. Desta feita, reproduzimos uma admirável palestra proferida por ele cm 30 de n1aio de 1968 para propagandistas de nossa revista, na qual faz uma profunda e sutil análise de duas fotografias de Santa Tercsinha do Menino Jesus (1873 - 1897). Após essa matéria, associamos a ela excertos da autobiografia da santa carmelita de Lisieux, cuja festa celebra-se no dia 1° de outubro e de quem comemoramos neste ano o 140° aniversário do nascimento e o 90° da beatificação. , PuN10 C o RRÊA DE OuvE1RA
J A personalidade de i, Santa Teresinha revelada em fotografia ~
CATOLICISMO
ulgue i que nada seria melhor do que traze r [para a pa lestra de hoje] pr!meiramente esta magnífi ca fo tografi a de Santa Teres inha do Menino Jesus. E rea lmente magnífi ca; fa lta apenas o relevo, para se dizer que ela está viva. Para comentar essa alma, eu pedi ria aos senhores esforço um pouco singular, que é o seguinte: não prestarem tanta atenção no que irei descrevendo, mas em si mesmos. É um tipo singular de conferência. Procurarei explicitar, não o que eu penso de Santa Teres inha, mas o que uns tantos ou quantos dentre os senhores pensam dela. Quer di zer, que impressão a visão desta fotografia produz. Naturalmente, vou improvi sar; essas co isas quando são preparadas perdem toda a vida. É possíve l que, ao longo da improvisação, eu faça do is ou três quadros sucessivos, de acordo com o que Santa Teresinha possa parecer para esses ou aqueles dentre os senhores.
Visualizações ele uma alma Primeira impressão-A primeira impressão, ao olhar para ela, é a seguinte: "Que menina!" A primeira explicitação, o primeiro jorro, deve ser assim. E la é ainda menininha, cheia de vida, de frescor, sa ltitante, e com essa espécie de extroversão própria de uma menina ainda bem na infã1;1c~a. Aí se vê a beleza de uma alma de criança, na delicadeza, na fragilidade, na louçania da iiatur(iza em.inina. Como essa fotografia é bem apanhada, e como exprime bem essa menina! Essa é a primeira impressão.
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Ideia de pureza - Por detrás dessa impressão entra uma outra, pela qual a pessoa reconhece tudo aquil o, mas ao mesmo tempo em que se embevece com a inocênc ia, com a vivacidade e a louçani a dessa menina, sente uma ide ia de pureza associada a isso. E sente-a mais ou menos em tudo. A pureza está presente, antes de tudo, no seguinte: nota-se nela, no sentido verdade iro da palavra, uma boa esponta ne idade. É uma menina que não esconde nada, que não te m o hábito de esconder nada, e que sabe perfe itamente que não tem o que esconder. Ela não tem fraude nem di ssimulação. De la se pode di zer o que N osso Senhor di sse de Nata nae l: "Aqui está um verdadeiro israelita, no qual não háfi·aude" (J oan. l, 4 7). Aqui está uma verdade ira menina, pura, filh a de uma fa míli a católica, que te m em si toda a pureza, toda a candura de uma vida de fa mília cató lica, toda aque la de licadeza virg ina l que a vida de fa míli a cató li ca comunica espec ialmente a uma menina. E isso sem fraude nenhuma. Ela tem isso inteira, e não tem o hábito de pecar. Inocência batismal - Olha-se para ela, e a pessoa analisada está inteira. Ela vai falar, vai andar, mas com uma naturalidade, com um élan, com uma espontaneidade que te m muito da leveza e graça fra ncesas, mas sobretudo muito da inocência bati smal nunca rompida. Essa alma não foi desfi gurada por nenhum pecado. Ela tem uma fo rma de pureza que não é só o recato. N ão situo isso no seguinte comentário aguado: "É verdade: os bracinhos dela estão cobertos, e a saia desce até abaixo dos j oelhos ". Refiro-me a uma pureza do o lhar. Essa pureza do o lhar, essa pureza da a lma, não é apenas a pureza da castidade, é a pureza de quem nunca pecou . .É o estado de inocência batismal com todo seu perfume, com uma forma de candu ra que é mais ou menos como a vida no corpo. A v ida no corpo não é loca lizável: está aqui e está a lí, está em tudo, no corpo vivo. Aqui também a inocência batismal está em tudo, está por toda parte. Estamos faze ndo um itinerário de impressões: a primeira impressão fo i a de menina; na segunda impressão entrou a ide ia de pureza ; da ide ia de pureza subimos para a ide ia de pureza virg inal, que j á é uma coisa tão alta; e daí passamos para algo maior do que isso, que é a inocência batismal, o estado de graça nunca quebrado numa a lma. Aqui também se poderi a aplicar uma pa lavra francesa que não sei como traduzir: o estado de graça j amais flétri [fa nado, murchado, desonrado] em uma alma. Ordenação refletida - Começo agora uma análise que se faz melhor pelo processo comparativo. Até ago ra não tinha adotado nenhuma comparação, porque não era necessári a. Eu pergunto: é só isso? É uma menina tão viva, mas não é nem um pouco estouvada, irrefl etida. Se e la começasse a brincar com a corda de pular, não pularia de modo ridículo, apa lhaçado, irrefl etido. E la de repente sairia correndo, mas não, por exemplo, de modo bobo. Todo mundo percebe que essa espontaneidade que há nela
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é presidida por uma certa regra, mediante a qual ela nunca faz aquilo que não deve. E que, portanto, dentro do seu espírito há toda uma ordenação, todo um pensamento, toda uma reflexão. Naturalmente, reflexão de criança, pensamento de criança, ordenação de criança; instintiva e subconsciente, mas real , na qual tudo o que fizesse seria de criança e de verdadeira criança, nem um pouco de uma sabiazinha, uma mulherzinha metida a filosofinha. É o contrário disso. Ela é inteiramente natural , mas sumamente ordenada, possui em si uma grande ordem interna. Não se imagina essa menina fazendo qua lquer desatino, compreende-se que ela não o faria. Através disso compreende-se a ordem que existe dentro dela.
O sorriso - Numa parte mais delicada da análise, percebemos que a boca é reta, com os lábios finos e muito firmes. É uma firmeza na qual nã.o existe uma gota de amargura. Pelo contrário, há um certo sorriso indefi nível. Falam tanto do sorriso da Gioconda, mas isto que é sorriso!
Ela não está nem um pouco sorridente, mas há um sorriso indefinível nos lábios dela. Há qualquer coisa nela que sorri, sem que se possa propriamente dizer que esteja sorrindo. Tem-se a impressão de que o fotógrafo disse-lhe para sorrir, e ela, para não desatender-lhe, esboçou qualquer coisa vagamente à maneira de sorriso. Há algo de sorriso espalhado em seu rosto: está um pouco nos olhos, um pouco nos lábios, está numa afabi Iidade geral da pessoa. Ela está numa posição muito afável e acolhedora, numa posição de muito boa vontade em relação a todo mundo. No entanto, é uma atitude risonha que indica ao mesmo tempo força de alma e caráter, no sentido próprio da palavra. É o contrário dessas imagens sulpicianas [diz-se de imagens de aspecto adocicado que se vendiam no bairro da igreja de Saint-Sulpice, em Paris] de Santa Teresinha que se encontram por aí: derramando rosas e sorrindo não se sabe de que jeito.
Não há nada deste sorriso. Aquele é um sorriso de boneca de louça, mas esta criança não tem nada da boneca de louça. É um sorriso por detrás do qual há um pensamento . E é o lado pensamento que propriamente se deve atingir.
O nariz, a boca e a testa -Analisem agora o nariz: ele apresenta uma forma um pouco proeminente, há um pouco de combate, um pouco de luta . Os lábios, apesar do sorriso , são finos e firmes, de quem é dotada de verdadeiro caráter. Analisando-se a testa, vê-se que é ligeiramente bombeada e, aliás, muito alta. A pessoa que a penteou, até puxou o cabelo para baixo, para disfarçar isso. Vê-se que ela tinha até muito cabelo. E u vi em Lisieux - nos Buissonnets, a casa que habitou com sua família - a trança dela, uma trança loura magnífica, de cabelos abundantes. Mas a nascente era um pouco alta.
Os olhos - Considerando agora os olhos observa-se que é sobretudo neles que reside aquele sorriso. Notem que a expressão de fisionomia, a expressão do olhar, reflete um pouco do que o francês chama de espiegle - ou seja, um tanto de esperteza e de graça. Concentrando-se a atenção nos olhos, acaba-se percebendo que há nesse olhar todo um firmamento, um mundo de reflexão, de início de reflexão. A contemplação - Para quem esse olhar está mirando? Ele não olha para nada definidamente. Mira um ponto vago,
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importa com o efeito que va i causa r no fotóg rafo; está de pé, do modo como ela é. Disseram-lhe que fosse posar para uma fotografia , e ela fo i, obed iente como os meninos do Evangelho, que Nosso Senhor aca riciou, e aos quais é reservado o Reino dos Céus (Mt 18, 3). Não é uma menina filósofa , nem um pouco. Seri a uma ca ri catura. Ela não é vesga, está numa pose e prestou atenção na máquina fotog ráfica, mas isso é como uma parte do rés-do-chão da alma dela. Por cima desse rés-do-chão, que funciona perfe itamente bem, há toda uma outra construção. Nessa idade, ela poderia dizer-nos aqui lo que Nosso Senhor afi rmou, pela boca do profeta Isaías - uma das frases mais tristes, uma das suas queixas mais bonitas, onde a divina superioridade d'Ele e afirmou do modo mais magnífi co: "As minhas cogitações não são as vossas cogitações, nem as vossas vias são as minhas vias " (Is 55 , 8). É magnífi ca essa ligação das ideias de cogitação e via : a cogitação do homem como que dirigindo a sua via, e sendo prenúncio de todas as harmoni as da via. E a elevação das cog itações d'Ele! Pensem um pouco no Santo Sudário. Que cogitações! Aquilo é cogitar! Que vias! Aquela face do Santo Sudário não poderia dizer para nós as mesmas palavras de Isa ías? Poderi a, perfeitamente. Santa Teresinha aqui também poderi a nos dizer - Christianus alter Christus (o cri stão é um outro Cri sto) - ''as minhas cogitações não as vossas cogitações, nem as vossas vias são as minhas vias ". Caberia que ela o dissesse. Por quê? Porque ela está numa impostação de alma supinamente medi tativa, pouco comum . Ela aq ui é toda sacra!. Não é a med itação de uma filósofa ou de uma teóloga , mas de uma santa. É a oração - que propri amente é o convívi o da alma com Deus - que está posta aí.
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Esta relíquia dos cabelos de Santa Teresinha encontra-se no seu quarto dos Buissonnets, casa onde ela residiu com sua família
indefi nido, mas com uma espécie de enlevo, de consideração, de contemplação enl evada, afetuosa, respeitosa. Em última análi se, é o próprio de um espírito possantemente contemplativo. Na sua aurora, na sua primavera, é verdade, mas possantemente contempl ativo, meditati vo, interi or, própri o a olhar as coisas do espírito, a consi derar as coisas metafís icas, a descortinar hori zontes mentais mai s ou menos infini tos. É um olhar que paira no infinito, numa esfera compl etamente diforente daquela onde paira comumente o pensamento dos homens. Santo Agostinho di sse de si, nas Confissões, a respeito da sua infância: ''Tão pequeno menino eu era, ejá tão grande pecador". Dela se poderia di zer: "Tão pequena menina era, e já uma tão grande santa ". Porque o seu olhar tem qualquer co isa que me custa ex primir adeq uadamente, mas que é aquela impostação da alma em coisas que são intei ramente superiores. Não indi fe rentes, nem hostis, nem alheias, mas superiores ao concreto, ao contingente, ao tran sitório, ao passageiro, ao individual. Não é uma pessoa preocupada consigo. Ela aqui não se
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A i11/'â11cia me<litativa
No li vro História de uma Alma [os manuscritos autobi ográficos de Sa nta Teresinha] isso se confirma em numerosos trechos [vide pp. 34 a 43]. Ela tinha , por exemplo, o costume de subir a uma parte mais alta da casa, para ver as estrelas à noite, etc. E o livro fa la das infinitudes que hav ia em seu pensa mento, dos espaços que hav ia ali. Fica-se com a impressão de que Santa Teresinha continha em si toda a doutrina ultramontana [o ultra montanismo fo i um movimento contra-revolucionário do século XLX, na França, em deíesa do Papado, que continuou a ter seguidores ardorosos nos séculos posteriores], mas não tinha a missão de explicitá- la. Sua mi ssão era de morrer pelos ultramontanos, de viver, de traçar a " Pequena Via" que torna a Contra-Revo lução acessível ao grosso dos que a seguem. Mas havia todo um firmamento de ideias nela, o qual já desde essa idade se prenuncia. Era uma criança altamente meditativa. No fim de sua vida, quando estava madu ra para o Céu,já tendo atingido, portanto, a santidade a que o desígnio da Providência a hav ia desti nado, ela narra quando possuía aprox imadamente dez anos - um pouquinho mais velha do que aparece na foto - , ia com a
irmã a um belvedere lá dos Buissonnets, e mantinham conversas em que ela recebi a tantas ou mai s graças do que aquelas que receberam Santo Agostinho e Santa Môni ca no fa moso co lóqui o da hospedari a de Óstia, pouco antes ele Santa Môni ca morrer. Portanto, quando a santidade desta santa estava consumada , ela estava pronta para o Céu. No fund o, nota-se isso no olh ar dela. Pode-se descrever um olhar? Se se perguntassem a São Pedro o que lhe di sse o olhar de Nosso Senhor, o que poderia ele responder? Responderi a: "Ele disse algo em virtude do qual eu chorei a vida inteira. As lágrimas mais amargas e mais doces que j amais se derramaram, depois das de Nossa Senhora, derramei-as eu". E não teri a outra co isa para di zer, pois o olhar é al go de inefável. Ou se vê aqui esse olhar e se o sente, ou não se o vê, e não posso faze r nada. A um só olhar estava reservado algo que é supra-excelente: ver, olhar co m as pálpebras descidas. Este é o olhar do Santo Sudári o. Ali Nosso Senhor está com as pálpebras descidas, mas Ele olha. E que olhar! Nós só não choramos porque não somos São Pedro ... Escultura existente no jardim dos Buissonnets: Teresinha pede autorização ao pai para entrar no Carmelo
A principal etapa <la ,1i<la
Quero insistir sobre o seguinte ponto: Santa Teresinha morreu aos 24 anos, e se considera muito sua infância. Essa época marcou tão profundamente os rumos de sua vida, que é a mais ilustrati va para se conhecer o seu espíri to. Tenho a impressão de que na vida de Santa Teresinha os pontos culminantes são a sua in fâ ncia e o fi m, às vésperas da morte. Um de nossos colaboradores lembrou-me que, quando ela redigiu sob obediência seus Manuscritos Autobiogrqficos, não descreveu quase nada de sua vida no convento. Só mais tarde, para atender sua Priora, é que abordou sua vida de freira. A infâ ncia, para ela, fo i tudo. Por quê? Porque foi uma in fâ ncia profundamente consciente, meditada e raciocinada. Encontra-se aqui , a meu ver, um elemento precioso para o conce ito de infâ ncia espiri tual. Não é bobeira, não é toli ce, muito menos irrefl exão. É, de dentro de uma alma pequena, de uma alma de criança, ser capaz das maiores coisas com uma apresentação amável, afáve l e autênti ca; não a pura apresentação do espírito de uma criança. Eis a questão, e aqui , a meu ver, está a nota : Santa Teres inha poderi a repetir que as nossas cogitações e as nossas via · não são as dela. Mas não é só o que ela nos diri a. A sua mi ssão é a de, pela sua presença - e como num .fiash (numa ação espec ial da graça) - apresentar a via dela e atra ir, arrastar para essa via. E isso com o afável, com o pequeno, o acess íve l, o encantador própri os à infâ ncia. Mas que in fâ ncia meditativa! Que infância fec unda! Uma infâ ncia que se pode comparar ao fim da vida de Santa Mônica ! É um a santa fa lando ele si mesma. Veem-se os tesouros de maturidade, ele meditação, de pro fundidade, e, se necessári o fo r, de atividade, que cabem dentro da verdadeira infâ ncia espirit11al. Foi ela quem disse: "Para o amor nada é impossível ". Isso se poderia traduzir ass im : "Para o enlevo, para o zelo do contra-revolucionário, nada é impossível ". Eis Santa Teresinha do Menino Jesus, com todo o tesouro ele meditação que tinha, e que pode exi stir numa alma de criança, como a que ela conservou até o summum de sua maturidade. É prec iso ver bem: viveu a infânci a fi el a si mesma, sendo ela mes ma até o apogeu de sua maturidade. É uma co isa magnífi ca. l)iversas at,itll(les <fiante <las almas
Imaginemo-nos num hotel, enqu anto sa ímos de nosso quarto. Do quarto em frente ao nosso, onde está alojada uma famíli a, sa i um a menina. E a menina é essa da fotografia. É bom saber que desconhecemos que essa criança será Santa Teresinh,a: a jovem Teresa Martin. Daqui a alguns anos será Mademoiselle Martin, e ri,1-ais nada. Qual seria a nossa reação diante dessa menina? Fiá muitas reações possíveis.
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In<lif'ern11 tismo A primeira reação - e creio que seria a mais frequente - seria a de não perceber: "Hum! Uma menina ... " Ou então: "Que bobagem, com esta corda na mão". Ou ainda: "Essa menina vai brincar com esta corda ". Ou qualquer outro pensamento ultra-rasteiro desse gênero. A pessoa passaria por Santa Teresinha e não perceberia quem ela é. Temos bem certeza de que nós perceberíamos? É uma pergunta que podemos fazer, porque o normal seria que percebêssemos. Não é normal que um santo passe por nossa vida e nós não o percebamos. Santa Teresinha, no entanto, passou despercebida. Ninguém no convento, nem as próprias irmãs dela a imaginavam santa. Era um convento deplorável , com uma priora cheia de caprichos. Diga-se entre parênteses que Santa Teresinha sabia o que a aguardava ali , porque quem possui esses olhos sabe radiografar dentro da própria cabeça e vê para além dos muros de um convento. Deviam tê-la percebido, e foi um sinal de tibieza das religiosas desse convento não terem atinado quem era Santa Teresinha. Perceberíamos nós?
Egoce11t11smo Vamos virar a página. Não estamos mais num hotel , mas imaginemos estarmos hospedados nos Buissonnets , a casa
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Atitude clesinteressacla
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dela. Alojados pelo pai, Monsieur Martin, e pagando por casa e comida. Teríamos percebido quem era essa menina? Que impressões ela nos teria causado? Talvez uma vaga impressão de santidade, vaguíssima. Essa impressão, nós a externaríamos com algumas reações. Nós a julgaríamos engraçadinha, brincaríamos um pouco com ela, gostaríamos de ouvir um pouquinho o timbre de sua voz, acharíamos graça em alguma coisa que ela dissesse. Quando muito, concluiríamos: "As filhas de Monsieur Martin são todas muito agradáveis. A que mais me distrai é a Teresinha ". E não iríamos adiante. Não acham possível que isso acontecesse, pelo menos a um ou outro? Essa é uma reação egoística, utilitária. Percebese vagamente a santidade, ela nos agrada, pensamos no prazer que ela nos causa, e a tomamos como instrumento de prazer. Um prazer santo, legítimo, sem nada de censurável contra o sexto mandamento. Equivale a considerá-la como uma bonequinha, um gatinho, um ratinho: é uma criança engraçadinha. A santidade dela não nos atingiria. De repente, percebemos que a menina praticou um insigne ato de caridade para conosco: privou-se do jantar e passou a noite inteira com fome, para que sobrasse comida para nós. Diríamos: "Ah! Estou encantado! Como ela me quer bem! Como lhe fico agradecido! É uma menina de coração de ouro! No fundo, ela percebeu o que há de deleitável na minha pessoa. Ela, sim, me compreendeu. E compreendeu quanto eu mereço esse ato de abnegação ". E poderiam seguir-se algumas reações: "Vem cá, menina. Eu comprei um brinquedo para você". Ou: "Eu gosto muito dessa menina ". Ou: "Essa menina gosta muito de mim". Ou ainda: "Essa menina tem uma virtude excepcional. Eu gosto de ver a virtude dessa menina ". Em todo caso, gostando mais da menina como distração do que como espelho de virtude.
Quão poucos chegariam a dizer o seguinte: "Essa menina tem oito anos. Quantos riscos ela correrá ao longo da vida! Que linda alma ela terá quando chegar ao termo da carreira que Deus lhe estabeleceu! O que poderei fazer para que essa obra-prima não se deteriore? O que poderei fazer para que essa alma suba no firmam ento da santidade? Eu desejo isso mais do que tudo. Deus f ez essa maravilha. O que eu posso fazer ? Rezar; dar um conselho, proteger de todo modo, para que essa maravilha chegue a seu termo ? Tenho sede dessa santidade. Quero ver realizado esse des ignio de Deus. Quando o vil; serei como Simeão quando viu o Menino Jesus. A inda que eu seja velho e encanecido, poderei dizer: 'Senho,; mandai agora em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram aquela que reflete o meu Salvador ' " (cf. Lc 2, 29). Esse último é que tem o senso e a sede das al mas - o desejo da salvação das almas. As observações dos outros poderiam ser etapas para um caminho, mas etapas para se percorrerem rapidamente. O ponto termina l - mesmo que se tratasse de uma fi lha nossa - não era que aquela alma nos quisesse bem, ou que nos devolvesse o afeto que como pai nós lhe déssemos, mas que fosse, como alma, aquela obraprima criada por Deus, e que Deus quis elevar a tal grau de perfeição. É isso que faz de nós apósto los: é o vermos uma alma e termos sede da perfeição dessa alma.
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Consideremos agora uma outra fotografia (acima) de Santa Teresinha. No fim da vida, quando ela está diante do cálice do sacrifício, para bebê-lo ou quando já o está bebendo: ela tem uma fisionomia de tristeza, mas ao mesmo tempo de uma simplicidade, de uma candura, de uma naturalidade, de uma afabi Iidade, de uma força e de uma elevação, de uma capacidade de contemplação levada à plenitude, ao supra-sumo. Ali vemos esse desígnio de Deus que chegou à perfeição. Então, acompanhando a trajetória dessa alma, constatamos como ela se santificou, e podemos cantar o Magnificai! •
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CAPA
Manuscritos Autobiográficos: Santa Teresinha do Menino Jesus
descrita por ela mesma C atolicismo presta à autora da "pequena via" especial homenagem com este artigo. Nenhuma santa dos tempos modernos conheceu um tão impressionante "furacão de glória". Célebre mesmo antes de ser canonizada, a devoção à "pequena Teresa" difundiu-se pelo mundo inteiro.
PuN10 M ARIA So uMEO
ilotos franceses na I Guerra Mundial ostentavam a foto de Santa Teresinha em suas aeronaves e soldados da infantaria se recomendavam a ela nas trincheiras. Seus escritos, reunidos inicialmente sob o título de História de uma Alma - traduzida para numerosos idiomas, com tiragem de milhões de exemp lares - edificaram e encantaram gerações sucessivas e até hoje entusiasmam multidões. A que se deve tanta glória? Como uma simples carmelita de clausura, vivendo num convento secundário da França, pôde se tornar uma das santas mais populares do mundo? Esses são mistérios da Providência Divina. Mas certamente não está alheia a tal nomeada a divulgação extraordinária de seus Manuscritos Autobiográficos. A le itura desses despretensiosos escritos abalou, no melhor sentido da palavra, o mundo, concorrendo para a popularidade extraordinária dessa doutora da Pequena Via. Entretanto, apesar de Santa Teresinha ser uma das santas da qual mais se conservam ditos e fotografias , divulgadas na obra Visage de Thérese de Lisieux, pode-se dizer que o fundo de sua alma é relativamente pouco conhecido. Desconhecimento que se deve em boa medida ao fato de sua autobiografia
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ser lida sem muita análise, sem reflexão aprofundada, apenas como uma encantadora história. Neste artigo visamos contribuir para sanar essa lacuna, apresentando a vida da autora da "pequena via" como e la própria no-la conta em seus Manuscritos Autobiogrqficos 1 e focalizando alguns traços de alma menos ressaltados, contudo marcantes, de sua personalidade.
Não calai' os benefícios concedidos po1· Deus a ela
É certo que Santa Teres inha é uma santa encantadora que nos enche de admiração. Com uma comparação graciosa, refere-se ela a si própri a: "Parece-me que, se uma fl orzinha pudesse fa lar, diria simpl esmente o que Deus fez por ela, sem tentar esconder seus beneficios. Sob pretexto de uma fa lsa humildade, não diria que é desgrac iosa e sem perfume, que o so l lhe roubou o encanto, e que a tempestade lhe quebrou a haste, quando reconhece em si justamente o contrári o" (pp. 33-34), isto é, as be las qualidades com que fo i agraciada. No in íc io de sua autobiografia, ao enumerar as graças que recebeu de Deus desde a infância, afirma: "Foi E le que a fez nascer numa terra santa, toda impregnada de virginal perfu me. E le que a fez preceder de cinco lírios cintilantes de bra ncura. Em seu amor, qui s preservar sua fl orzinha do sopro corruptor do mundo; sua corola começava apenas a entrea brir-se, quando este di vino Sa lvador a transplantou para a Monta nha do Carmelo" (p. 34). E acrescenta: "ap ro uve a Nosso Senhor cercar-me de amor durante toda a minha vida [ .. .] Mas, se colocou, junto de mim, muito amor, E le o pôs também em meu coraçãozinho, criando-o amoroso e sensível" (p. 37). U ma santidade precoce ! Teres inha afi rma: " o Senh or concede u-me a graça de abrir, bem cedo, minh a in te li gência e de grava r-me tão pro fund amente na memóri a as recordações de minha infâ ncia, que me parece passaram-se ontem as co isas que vo u contar" (p. 3 7). E faz esta afirmação marav ilhosa me nte surpree ndente: " Desde os três anos, não neguei nada a Deus" .2 Por isso acrescenta: "Se tivesse sido edu cada por Pa is se m virtudes [ ...] te r-me- ia tornado má e ta lvez me perdido" (p. 46), pois "é preciso saber reconhecer desde a infâ ncia o que Deus pede às almas, e secundar a ação de sua graça, sem jamais anteceder-se a e la ou diminuir sua fo rça" (p. 15 1). "Mct1 bom canítel' mudot1 com11lctamc11te" Nem tudo fora m fl ores na vi da de Santa Teres inh a. Longe disso ! Desde muito pequena ela deveri a experimentar o sofrimento. A partir da morte de sua mãe, quando tinha po uco mais de quatro anos, ela conta que " um novo período ia co meçar para minha alma; dev ia passar pe lo cadi nho da provação e sofrer desde minha infâ ncia, a fim de ser oferecida mais depressa a Jesus" (p. 54). O sofrim ento começou com a doença da mãe, atacada de câncer. A pequena Teresa, mui to apegada a e la, o sofreu bastante, sobretudo com seu precoce
Durante a cerimônia de Corpus Chrlsti, Teresinha joga pét~las ao Santíssimo Sacrame~to
fa lec imento, ocorrido em 28 de agosto de 1877. "Tive de entra r no segund o pe ríodo de minh a existência, o mais doloroso dos três, sobretudo a partir da entrada para o Carmelo daq uela que eu escolhera para segunda 'Mamãe ' [sua irmã. Paulina]. Este período se estende desde a idade de quatro anos e meio, até aos 14 anos, época em que, entra ndo no séri o da vida, reencontrei o meu caráter de criança" (p. 58). Du ra nte esse lo ngo período, " meu bom caráter mudou completamente ; eu, tão viva, tão expansiva, tornei-me tímida e meiga, sensível ao excesso. Um olhar bastava para desfazer-me em lágrimas. Pa ra eu fica r contente, era preciso que ninguém se ocupasse de mim ; não podia suportar a companhia de pessoas estran has, e só encontrava minha alegria na intimidade da fa míli a" (p. 58).
Espfrito meditativo, um dos uaços da santida<lc Teres inha fo i sempre muito refl ex iva. Fa lando de suas boas disposições quando tinha em torno de quatro anos -
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portanto ainda antes do falecimento da mãe - , ela faz Meu Deus, escolho tudo. Não quero ser santa pela metade, esta afirmação que surpreende numa criança nessa ..llm:-"'l.-.~... não tenho medo de sofrer por Vós, a única coisa que tenra idade: "A virtude tinha encantos para mim, temo é guardar minha vontade, tomai-a, pois Eu e parece-me que eu estava nas mesmas disposiescolho tudo o que quiserdes! .. ." (pp. 50-51 ). ções em que me acho agora, tendo já um grande Entretanto, ela reconhece que "os dons que império sobre minhas ações. [... ] Já então amava Deus me deu (sem que lhos pedisse) em vez de me prejudicarem e induzirem à vaidade, levam-me para o longínquo ... O espaço, os pinheiros gigantescos cujos galhos tocavam a terra, deixavam-me no coração Ele, que vejo ser o único imutável, o único que pode impressão semelhante à que provo ainda hoje à vista da satisfazer meus imensos desejos" (220). 3 /natureza ... " (p. 53). "O encantador sorriso Note-se a diferença de seu modo de ver a 1 natureza com a de certos ecologistas de hoje. da Salltíssima Virgem" A natureza é para ela um meio de subir até ,.1 Um dos sofrimentos de Teresinha, lá pelos nove anos de idade, foi uma estranha Deus pela contemplação, e não um ser quase divino e intocável. doença que a acometeu: "Não sei como Com o passar do tempo, ela descrever uma doença tão estranha. progredia em virtude e sabedoEstou persuadida agora de que era ria, sobretudo por seu espírito obra do demônio, mas por muito meditativo, traço constante tempo, após minha cura, acreditei de sua santidade. Assim , ela ter ficado doente de propósito, e afirma: "Meus pensamentos eram , enisto foi um verdadeiro martírio tão, bem profundos, e sem saber o que para minha alma ..." (90). era meditar, minha alma mergulhava-se "Não é surpreendente que eu temesse ter-me mostrado doente sem sênuma real oração" (p. 61 ). lo de fato , pois dizia e fazia coisas que eu Ainda a esse respeito, um pouco mais não pensava; quase sempre parecia estar tarde, quando já estudava na Abadia beneditina, ela conta que "uma de minhas mestras na Abadia em delírio, dizendo palavras sem sentido, perguntou-me o que eu fazia nos dias feriados, quando e entretanto estou certa de não ter sido privada um só instante do uso da razão ... estava sozinha. Respondi-lhe que ia a um espaço vazio que havia atrás de minha cama, e que era fácil fechar "Frequentemente parecia desmaiada, então com a cortina, e que lá eu p ensava. - Mas, pensais em [podiam] fazer de mim o que quisessem, mesque? disse-me ela. - Penso em Deus, na vida ... na mo matar-me, e no entanto, ouvia tudo que ETERNJDADE, enfim, eu penso![ ... ] Compreendo se dizia ao meu redor, e ainda me lembro agora que, sem saber, fazia meditação, e que Deus I de tudo. [... ] Acho que o demônio recebera já me instruía em segredo" (p. 102). um poder exterior sobre mim, mas não podia aproximar-se de minha alma nem de meu espí"Não <Jt1ero ser· sallta pela metade" rito, a não ser para inspirar-me grandes temores Outro traço marcante da personalidade de de certas coisas, por exemplo, de remédios muito simples que se esforçavam, em vão, Santa Teresinha pode ser visto no seguinte por fazer-me aceitar" (p. 91). episódio. Um dia sua irmã Leônia, julgando-se já crescida para brincar com bonecas, pegou as Como resultado da doença, "a florzinha suas com todo o enxovalzinho e ofereceu-as às suas duas enlanguescia e parecia ter murchado para sempre ... Entreirmãs mais novas. Celina pegou algumas fitas de que gostara. tanto, possuía, junto dela, um Sol, este Sol era a Imagem Santa Teresinha então, pegando todo o resto, exclamou: "Eu miraculosa da Santíssima Virgem , que falara duas vezes a escolho tudo ". Mamãe" (p. 93). Sobre este gesto infantil, ela afirma: "Este traço de minha Homem de fé, não achando remédio para a doença da infância é o resumo de toda minha vida; mais tarde, quando a filha, o Sr. Martin mandou celebrar uma novena de Missas na perfeição me foi desvendada, compreendi que para se tornar igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris, pedindo-lhe uma santa, era preciso sofrer muito, procurar sempre o mais que a curasse. Teresinha comenta: "Era preciso um milagre, perfeito, e esquecer-se de si mesma; compreendi que havia e foi Nossa Senhora das Vitórias que o fez". muitos graus na perfeição, e que cada alma era livre de responEsse milagre ocorreu no auge de uma crise durante a qual der às solicitações de Nosso Senhor, de fazer pouco ou muito ela parecia não reconhecer suas irmãs, que rezavam fervoropor Ele: numa palavra, de escolher entre os sacrifícios que sarnente junto à sua cama pedindo a Nossa Senhora sua cura. Ele pede. Então, como nos dias de minha infância, exclamei: "Não achando socorro algum sobre a Terra, a pobre Teresinha
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voltara-se também para sua Mãe do Céu, suplicando-lhe de todo seu coração que tivesse, enfim, piedade dela ... De repente, a Santíssima Virgem pareceu-me bela, tão bela como jamais vira algo semelhante; seu rosto respirava uma bondade e uma ternura inefável; porém, o que me penetrou até o fundo da alma foi o 'encantador sorriso da Santíssima Virgem'. Então, desvaneceram-se todas as minhas penas, duas grossas lágrimas jorraram-me das pálpebras e correram silenciosamente pelas faces, eram lágrimas de uma alegria sem mescla ... Ah! pensei, a Santíssima Virgem sorriu-me, como sou feliz" (pp. 94-95). Teresinha estava curada.
"Uma verdadeira pena de alma" Paradoxalmente, essa graça seria para ela motivo de nova tristeza. Ao narrar à sua irmã Maria o que ocorrera, e esta, por sua vez, contar no Carmelo, "como eu pressentira, minha felicidade ia desaparecer e mudar-se em amargura; durante quatro anos, a lembrança da graça inefável que recebera foi para mim uma verdadeira pena de alma", porque, ao ver as pessoas interpretarem de maneira diferente o que tinha visto, "parecia-me ter mentido". "Sem dúvida, acrescenta, se eu tivesse guardado meu segredo, teria guardadotambém
minha felicidade. Mas Nossa Senhora permitiu este tonnento para o bem de minha alma. Sem ele, talvez tivesse tido algum pensamento de vaidade, ao passo que a humilhação, tornando-se minha partilha, eu não podia olhar-me sem um sentimento deprofimdo horror... Ah! só no Céu poderei dizer o que sofri!. .. " (pp. 96-97).
"Pensava que eu nascera para a glória" O resultado desse sofrimento recebido com resignação foi uma grande elevação de alma, surpreendente em uma menina . O que se reflete também no seguinte fato, ocorrido um pouco mais tarde, quando Teresinha tinha cerca de IOanos: "Lendo a narração das ações patrióticas das heroínas francesas, em particular da Venerável Joana d' Are, tinha grandes desejos de imitá-las. [.... ] Recebi então uma graça que sempre considerei como uma das maiores de minha vida, pois naquela idade não recebia luzes como agora, em que me sinto inundada. Pensava que eu nascera para a glória, e procurando o meio de consegui-la, Deus [... ] fez-me compreender que minha glória não apareceria aos olhos mortais, que consistiria em me tornar uma grande Santa!!! ...". Depois dessa afirmação inspirada, ela acrescenta: "Não
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pensava, então, que seria preciso sofrer muito para chegar à santidade; Nosso Senhor não ta rdou em me mostrar isso ..." (pp. 98-99). Mas, para ela, segundo sua Pequena Via, "o próprio sofrimento torna-se a maior das al egrias quando é procurado como o mais precioso tesouro" (p. 276). É por isso que, apesar do sofrimento sempre presente em sua vida, ela fo i uma santa alegre.
"O /Jl'imei,·o l1eijo ele ,Jesus
à minha alma " Teres inha fez a Prime ira Comunhão aos doze anos, cuidadosamente preparada por sua irmã Maria. Sua uni ão com Deus j á era ta l, que e la comenta a esse respeito: "Como fo i doce o primeiro beij o de Jesus à minha alma!... Foi um be ijo de amor, sentia-me amada e di z ia também: 'E u vos amo, eu me dou a Vós para sempre ' . N ão houve pedido, lutas, sacriflc ios; desde há muito Jesus e a pobre Teres inha se haviam o lhado e compreendido ... Naquele di a não era mais um olhar, mas uma fusão; não éramos mais dois, Teresa desaparecera como a gota de ág ua que se perde no oceano. Ficava só Jesus, Ele era o Mestre, o Rei! " (p. 106). Como consequênc ia dessa enorme graça, " a partir desta Comunhão, meu desejo de receber Nosso Senhor tornouse cada vez ma ior; obtive a permi ssão de fazê-lo em todas as fes tas principais. Na vés pera destes fe li zes dias, Maria punha- me, à no ite, sobre seus j oelh os, e preparava- me co mo fizera pa ra a minha prime ira Comunhão" (p. 108). Pouco depois Teres inha recebeu o sacramento da Cri sma. É notáve l a se ri edade co m a qu a l, tão nova a inda, ela se preparou para receber esse di vino Sacramento: "Prepare i-me com cuidado para receber a vi sita do Espírito Santo. Não compreendia que não se desse toda atenção à recepção desse Sacramento de Amor. [... ] Como os Apóstolos, eu esperava com júbilo a vi sita do Espírito Santo ... Al egrava-me o pensa mento de ser logo cristã perfe ita, e sobretudo o de ter eternamente, sobre a fronte, a cruz mi steriosa que o Bispo faz, impondo o sacramento. [ ...] Recebi , neste dia, a força de sofi·er, pois logo ia começar o martíri o de minha a lma ... " (pp. 109- 11 O). Estudar então na Abadi a beneditina, sobretudo depo is que
~li~:T :•:,:::~:itul, para elagrandesofrimento,pois
não sabia brincar com as outras meninas. E princ ipa lmente porque suas aspirações e cogitações eram de uma outra ordem, muito mais e levadas que os passatempos infa nti s.
"1'omara-me venladeiramente insuvortável... " Sej a por des ígnio de Deus, para conservar a humildade de sua serva, sej a pela ma ldade dos homens, seja por ambas as causas, o fa to é que suas be las qu alidades não foram devidam ente apreciadas no mundo; de certo modo, nem mesmo pelos seus ti os, que não obstante a conhec iam tão de perto. O que também acontece ri a depoi s co m suas irm ãs de hábito. Quando j á estudava na Abadia beneditina, apesar de tirar quase sempre os prime iros lug.a res, por causa de sua timidez e extrema sensibilidade, Santa Teres inha co nta qu e " passava po r ig no ra nte, boa e me iga, tendo um julgamento reto, mas incapaz e desaj eitada" . E la reconh ece : "Co nsidero isto como uma graça; querendo N osso Senhor meu co raçã o só pa ra s i, o uvi a j á minha oração Múdando em amargura as consolações da terra.'1 Isso me era ta nto ma is necessári o qu a nto não teri a fi cado insensível aos louvores. Muitas vezes elogiava-se di ante de mim a inteligência das outras; j amais, porém, a minha. Conc luí, então, que não a tinh a e res igne i-me com esta privação ... " (pp. l 12-ll 3). E para piorar a opini ão que muitos fo rmavam a seu respeito, ela diz que até qu ase o s 14 anos " torn a ra- me ve rd ade iram e nte in s upo rtáve l por minha extrema sensibilidade; se me aco ntec ia ca usar invo luntari amente desgosto a uma pessoa querida, em vez de reagir e não chorar, o que aumentava a fa lta em vez de diminuí-l a, chora va como um a Madalena; e quando começava a conso lar-me pe la co isa em si, chorava por ter chorado ... Todos os raciocíni os eram inúte is, não conseguia corrig ir-me deste terrível defeito" (p. 128).
O mais belo l'l'uto ela graça do Natal "Não sei como a limentava o doce pensamento de entrar para o Carmelo, estando ainda nos cueiros da il?fáncia ... Fo i prec iso que Deus fi zesse um pequeno milagre para faze r-me crescer, num instante, e este mil agre E le o fez no dia inesquecível de N atal" de 1886 (p. 129). Teres inha ex plica que para e la era uma fe licidade encon-
trar os presentes que seu pai colocava sobre seus sapatos,junto à lareira, na noite de Natal. E que o Sr. Martin se alegrava com a alegria da filha. Mas nesse ano, voltando cansado das cerimônias e julgando a filha já muito crescida para essas manifestações, o pai mostrqu certo desagrado, que ela percebeu. Entretanto, em vez de chorar "como uma Madalena", Teresinha reagiu como se não tivesse percebido nada, indo alegremente tirar os objetos de seu sapato, mostrando-se feliz como uma rainha. Essa graça de vencer assim sua extrema sensibilidade "era uma doce realidade; Teresinha encontrara a força de alma que perdera aos quatro anos e meio e deveria conservá-la para sempre! ... " (p. 130). O mais belo fruto dessa graça foi que "desde esta noite abençoada, não fui mais vencida em nenhum combate; ao contrário caminhava de vitória em vitória e comecei, por assim dizer, uma carreira de gigante"! (p. 129). Como isso fala de sua santidade! "Senti a caridade e11tra1· em meu coração"
Essa graça foi tão marcante, que Teresa afirma ainda que "nesta noite de luz começou o terceiro período de minha vida, o mais belo de todos, o mais cheio das graças do Céu .. . O trabalho que eu não pudera realizar em I O anos, Jesus o fez num instante, contentando-se com minha boa vontade, que jamais faltou" [pp. 130- 131 ]. Nesse dia bendito o Divino Menino Jesus "fez-me pescadora de almas ; senti o grande desejo de trabalhar pela conversão dos pecadores, desejo jamais sentido tão vivamente ... Numa palavra, senti a caridade entrar em meu coração, a necessidade de esquecer-me para dar prazer, e desde então fui feliz! ... ". Como consequência dessa caridade que lhe abrasava o coração, Teresinha afirma: "Olhando certo domingo uma fotografia de Nosso Senhor na Cruz, fiquei emocionada vendo o sangue que corria de uma de suas mãos divinas; senti grande dor pensando que este sangue caía por terra sem que ninguém se apressasse em recolhê-lo, resolvi conservar-me em espírito ao pé da Cruz para recolher o divino orvalho que dela corre, compreendendo que deveria, em seguida, espalhá-lo sobre as almas ... O grito de Jesus na Cruz ressoava continuamente em meu coração: Tenho sede. Estas palavras acendiam em mim um ardor desconhecido e muito vivo ... Queria dar de beber ao meu Bem-Amado, e sentia-me devorada pela sede das almas .. .'' (pp. 130-131 ). O amor se prova através das obras. Em seguida Santa Teresinha narra a graça que obteve com a conversão de um grande criminoso chamado Pranzini, que ia ser executado. Mas ela havia pedido a Nosso Senhor um sinal de seu arrependimento, a fim de consolar-se. Pranzini não se confessara e estava para colocar a cabeça no orifício da guilhotina quando
de repente se voltou e osculou por três vezes o Crucifixo que o sacerdote lhe apresentava: "Obtivera o 'sinal' pedido, e este sinal era a reprodução fiel das graças que Jesus me concedera para levar-me a rezar pelos pecadores" ( 133). "Graças como as concedidas aos gran<les santos"
Foi por essa época que ocorreram as conversas de Santa Teresinha com Celina, no belvedere da residência dos Buissonnets, a propósito do livro Fim do mundo presente e mistérios da vida futura , de autoria do Pe. Arminjon. A santa afirma que ambas tiverain verdadeiros êxtases durante essas conversas: "Não sei se me engano, mas parece-me que a expansão de nossas almas assemelhava-se à de Santa Mónica com seu filho, quando, no porto de Óstia, perdiamse no êxtase à vista das maravilhas do Criador!. .. Parece-me que recebíamos graças de uma natureza tão elevada quanto as concedidas aos grandes santos. [... ] A dúvida não era possível, já a Fé e a Esperança não eram mais necessárias, o amor fazia-nos achar sobre a Terra Aquele que procurávamos" (pp. 137- 138). "Não prncisava outrn guia a não ser ,Jesus"
Uma coisa rara até entre os santos é que Santa Teresinha não tivera até então, e não teria depois, um diretor espiritual para guiá-la na senda da virtude. A esse respeito ela afirma : "A via pela qual eu caminhava era tão reta e luminosa, que não precisava outro guia a não ser Jesus ... Comparava os diretores a espelhos fiéis que refletem Jesus nas almas e dizia que, para mim, Deus não se servia de intermediários, mas agia diretamente ... " (p. 139). Pois "Jesus não tem necessidade de livros nem de doutores para instruir as almas. Ele, o Doutor dos doutores, ensina sem ruído de palavras .. . Jamais ouvi-O falar, mas sinto que está em mim; a cada instante guia-me e inspira-me o que devo dizer ou fazer. Descubro, justo no momento em que tenho necessidade, luzes até então nunca vistas; não é, muitas vezes, durante a oração que são mais abundantes, é antes no meio das ocupações do dia .. ." (p. 225). Mortil'icações: domar a própria vontade
Enquanto esperava poder entrar no Carmelo aos 15 anos, Santa Teresinha continuava a receber graças muito assinaladas: "Sobretudo eu crescia no amor de Deus, sentia em meu coração impulsos desconhecidos até então; tinha, por vezes, verdadeiros transportes de amor. Numa tarde, não sabendo como dizer a Jesus que eu O amava e quanto desejaria vê-lo, por toda parte, amado e glorificado, pensei com grande dor que, no inferno, Ele não poderia receber, jamais, um único ato de amor. Disse então a Nosso Senhor que, para lhe causar
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prazer, eu consentiria em ver-me mergulhada ne le, a fim de que Ele fosse eternamente amado nesse lugar de blasfêmia... " (p. 148). O que representa um ato heroico de caridade! Nos três meses que antecederam sua entrada no Carmelo, "resolvi entregar-me, mais do que nunca, a uma vida séria e mort!ficada. Quando digo mortificada, não é para fazer crer que eu fazia penitências. Ah! jamais fiz alguma; longe de assemelhar-me às belas almas que, desde sua infância, praticam toda sorte de mortificações, não sentia por elas nenhum atrativo. Sem dúvida isso vinha de minha pusilanimidade, pois poderia encontrar, como Celina, mi I pequenas invenções para me fazer sofrer, ao passo que sempre me deixava afagar e tratar bem como um passa rinho que não tem necessidade de fazer penitência ... Minhas mortificações consistiam em domar minha vontade, sempre pronta a impor-se, em reter uma palavra de réplica, em prestar pequenos favores sem deixá-los transparecer, em não me apoiar quando sentada, etc. etc .. .. Foi pel a prática desses nanadas que me preparei para ser a noiva de Jesus" (p. 188). Este modo de ser está na essência de sua " pequena via".
"Necessitava da água vivificante da Jmmilhação " Finalmente, no dia 9 de abril de 1888, Santa Teresinha entrou no Ca rme lo . Bela, esguia, fina , cheia de espírito, a adolescente poderia ter-se tornado "a queridinha da Comunidade", e principalmente da Madre Maria de Gonzaga, a priora. Mas não foi assim . Dirigindo-se a ela, Santa Teresinha afirma : "Muitas irm ãs pensam que, desde minha entrada na arca santa, amimastes-me, e que não recebi de vós senão carícias e louvores. Entretanto, não foi ass im. [ ... ] Agradeço-vos do mais profundo de meu coração por não me terdes poupado. Jesus sabia que sua florzinha necessitava da água vivificante da humilhação. Era fraca demais para lançar raízes sem este recurso, e foi por vós, minha Madre, que lhe foi proporcionado este beneficio" (pp. 260-261). A santa acrescenta que "Deus permitiu que, sem o saber, ela [Madre Maria do Gonzaga] fosse MUITO SE VERA , não podia encontrá-la sem beijar o chão, aco ntecia o mesmo nas raras entrevistas que tinha com ela.. ." (p. 193). Sobretudo Santa Teresinha tinha que adaptarse às manias e caprichos da neurastênica priora ...
"Jamais cometestes um só pecado mo,·tal" Doi s meses depois de sua entrada no Carmelo, Santa Teresinha pôde fazer uma confissão geral com o Pe. Pichon, que era também confessor de suas irmãs. Esse sacerdote "ficou surpreso ao ver o que Deus fazia em minha alma; disse-me que, na véspera, considerando-me rezar no coro, cria meu fervor todo infantil, e meu caminho muito doce". No fim da confissão, "o padre disse-me estas palavras, as mais consoladoras que vieram ressoar ao ouvido de minha alma: Em presença de Deus, da Santíssima Virgem, e de todos os Santos, DECLA RO QUE JAMAIS COMETESTES UM SÓ PECADO MORTAL. Depois acrescentou: Agradecei a Nosso Senhor o que f ez por vós, pois se Ele vos abandonasse, em
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vez de serdes um af!jinho, tornar-vos-íeis um demo ninho ' " (pp.192-193). Sobre essa consoladora afirmação, ela comentará mais tarde: "Prefiro confessar, simplesmente, que o Todo-Poderoso fez grandes coisas na alma da filha de sua divina Mãe, e a maior é a de lhe ter mostrado sua pequenez, sua impotência" (p. 265). Pelo que exclama: "Jesus, sou pequenina demais para fazer grandes coisas ... Minha loucura consiste em esperar que teu Amor me aceitará como vítima... Minha loucura consiste em suplicar às Águias, minhas irmãs, obtenham-me o favor de voar até o sol do Amor com as próprias asas da Águia Divina ..." (p. 254). "Ele 11ão me perdoou muito, mas 1'UDO" É verdade que Santa Teresinha foi amparada de maneira especial por Deus Nosso Senhor desde sua mais tenra infância para que não caísse: "Reconheço que, sem Ele, teria podido cair tão baixo quanto Santa Madalena, e a profunda palavra de Nosso Senhor a Simão ressoa em minha alma, com grande doçura ... Eu sei que 'AMA menos aquele a quem se p erdoa menos' (Lc 7, 47). Mas sei também que Jesus p erdoou-me mais do que a Santa Madalena, pois perdoou-me de antemão, impedindo-me de cair" (l14). Santa Teresinha imagina então um jovem que, andando pelo caminho, tropeça numa pedra e quebra um dos seus membros. O pai , que é médico, corre solícito e cuida de suas feridas com todo carinho. O filho tem então um grande amor
Por isso ela ao mesmo tempo afirma: "Não desejo também por ele. Mas ela imagina também um outro pai que, sabendo que há uma pedra no caminho do filho, apressa-se a ir retirar a o sofrimento nem a morte, e entretanto amo os dois; mas é só o amor que me atrai ... Ambicionei-os por muito tempo; pospedra antes que o filho passe. Esse filho "se vem a conhecer o suí o sofrimento e cri abordar as praias do Céu, pensei que a perigo de que acaba de escapar, não o amará mais? Pois bem, sou este filho , objeto do amor previdente de um Pai que não florzinha seria colhida em sua primavera ... Agora, porém, é só o abandono que me guia, não tenho outra bússola!" (p. 224). enviou seu Verbo para resgatar os justos, mas os pecadores (Mt 9, 13). Ele quer que eu O ame porque Ele me perdoou, "Deus está contente convosco. Contentíssimo." não muito, mas TUDO. Não esperou que eu O amasse muito Santa Teresinha narra .um sonho que teve em 1896, no anicomo Santa Madalena, mas quis que eu SOUBESSE como versário do dia em que Nossa Senhora lhe sorriu em 1883. No me amou com um amor de inefável previdência, a fim de que sonho, "aos primeiros clarões da aurora[ ... ) percebo de repente eu agora O ame até a loucura!. .. ". três ca1·melitas revestidas com suas capas Ela então conclui com esta afirmação No papel de Santa Joana e véus grandes" aproximarem-se de onde ousada: "Ouvi dizer que não se encontra d'Arc numa representação ela estava com a Madre Maria de Gonzaga. uma alma pura que ame mais do que uma no Interior do Carmelo Teresinha, ainda no sonho, pensou: "Ah! alma arrependida. Ah! Como eu quisera como gostaria de ver o rosto de uma desdesmentir esta palavra!. .. " ( 114-115). sas carmelitas". Uma delas se aproximou O cerne da "pequena via" então. Teresinha caiu de joelhos, e ela a Esta via que Santa Teresinha trilhava cobriu com seu véu, prodigalizando-lhe "as mai s ternas carícias". Reconheceu pode parecer à primeira vista sem grandes então a Venerável Ana de Jesus, fundadora percalços, muito suave, e cheia de consodo Carmelo reformado na França. Santa lações. Entretanto, não é assim. Tem suas Teresinha perguntou-lhe então se ficaria aridezes e grandes provações. Por isso, na parte de sua autobiografia que dirige à sua muito tempo na Terra, ou se Deus viria buscá-la logo. À resposta afirmativa à irmã Maria, ela afirma: "Não crede que segunda hipótese, ela perguntou então se eu nade em consolações. Ó, não! Minha , suas pequenas ações e seus desejos agraconsolação é não tê-la sobre a Terra. Jesus davam a Jesus. "Seu olhar e suas carícias instruiu-me em segredo, sem se mostrar, eram a mais doce res posta. Disse-me sem fazer ouvir sua voz. Fá-lo não por entretanto: 'Deus não pede outra coisa de meio de livros, pois não compreendo o vós. Ele está contente, contentíssimo! ... " que leio. Mas às vezes, uma palavra como (p. 243). Uma provação pela qual a santa esta, colhida ao acaso, no fim da oração passava se desvaneceu então como por (após ter ficado em silêncio e secura) vem encanto. consolar-me: Eis o mestre que te dou. Ele O que fez Santa Teresinha exclamar: "Ó ensinar-te-á o que devesfazer. Quero que meu Bem-Amado! Esta graça era apenas o leias no livro onde está contida a ciência 5 prelúdio de graças maiores ainda, com que do Amor'. [ ••• ] Compreendo muito bem querias me cumular[ .. .] Hoje é o sexto anique só o amor pode tornar-nos agradáveis versário de nossa união ... [Teresinha fizera a Deus, e este amor é o único bem que no dia 8 de setembro de 1890). sua profissão ambiciono. Jesus apraz-se em mostrar-me Ah! perdoa-me se devaneio querendo redio caminho único que conduz a esta fornazer meus desejos, minhas esperanças que lha divina. Este caminho é o abandono da tocam o infinito. Perdoa-me e cura minha criancinha que adormece, sem temor, nos alma, dando-lhe o que ela espera" (p. 244). braços de seu Pai". (p. 236). Nessas palavras pode-se discernir tam"Sinto em miJ1lla alma bém o cerne de sua "pequena via". Tanto c01·agem de wn Cmzado" a mais que ela acrescenta: "Ah! Se todas as E o que ela espera? Santa Teresinha, almas fracas e imperfeitas sentissem o que num ousado voo, formula todos os seus sente a mais pequenina de todas, a alma desejos: " ... Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, por de vossa Teresinha, nenhuma delas desesperaria de chega1· ao minha união contigo, a mãe das almas, isto deveria bastar-me ... cume da montanha do amor, já que Jesus não pede grandes Não é assim ... Estes três privilégios, Carmelita, Esposa e Mãe ações, mas unicamente o abandono e a gratidão.[ ... ) Eis t11do são, sem dúvida, minha vocação. Entretanto, sinto em mim o que Jesus reclama de nós. Ele não tem necessidade de nossas outras vocações. Sinto-me com a vocação de GUERREIRO, obras, mas somente de nosso amor" (p. 237).
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Exultando, Santa Teresinha exclama: "Encontrei, enfim , de SA CERDOTE, de APÓSTOLO, de DOUTOR, de MÁRTIR. o repouso ... Considerando o corpo místico da Igreja, não me Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por ti, Jesus, reconheci em nenhum dos membros descritos por São Paulo, todas as obras mais heroicas ... Sinto em minha alma a coragem ou antes, queria reconhecer-me em todos ... A Caridade deude um Cruzado, de um Zuavo pontiflcio . Quisera morrer sobre me a chave de minha vocação. Compreendi que, se a Igreja um campo de batalha pela defesa da Igreja... " . tinha um corpo, composto de diferentes membros, não lhe Mas isso não é tudo : " Apesar de minha pequenez, quisera faltava o mais necessário, o mais nobre de todos. Compreesclarecer as almas como os Profetas , os Doutores, tenho endi que a Igreja tinha um Coração, e que este Coração era vocação de ser Apóstolo ... Quisera percorrer a Terra, pregar ARDENTE DE AMOR. Compreendi que só o Amor fa zia agir teu nome e implantar no solo infiel tua Cruz gloriosa. Mas, ó os membros da Igreja, e que se o Amor viesse a se extinguir, meu Bem-Amado, uma só missão não me bastaria. Quisera, os Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas cinco partes do recusariam derramar seu sangue ... Compreendi que o AMOR mundo e até nas ilhas mais afastadas ... Quisera ser missionáENCERRA TODAS AS VOCAÇÕES, ria, não somente durante alguns anos, QUE O AMOR É TUDO, ABRAÇA mas quisera tê-lo sido desde a criação TODOS OS TEMPOS E TODOS OS do mundo e sê- lo até a consumação LUGARES. .. NUMA PALAVRA, QUE dos séculos ... Quisera, sobretudo, ó ELE É ETERNO! ...". Note-se outra vez meu Bem-Amado Salvador, derramar que todas estas maiúsculas são da santa meu sangue por ti até a última gota ... " . para ressaltar seu pensamento. Ao falar do martírio, sua alma se E muita enfática, ela afirma eninflama: "O Martírio, eis o sonho de tão : "No excesso de minha alegria minha juventude. [ ... ] Meu sonho é delirante, exclamei então: ó Jesus, uma loucura, pois não me limito a meu Amor... encontrei, enfim, minha desejar um gênero de martírio ... Para vocação ... MINHA VOCAÇÃO É O satisfazer-me precisaria de todos ... AMOR!" [ .. .] Evocando os tormentos que serão "Sim, exclama ela, encontrei meu a partilha dos cristãos no tempo do lugar na 1greja, e este lugar, ó meu Anticristo, meu coração exulta, e quiDeus, fostes Vós que 111'0 destes ... sera que estes tormentos me fossem No Coração da Igreja, minha Mãe, reservados ... Jesus, Jesus, se quisesse eu serei o Amor ... Assim serei tudo ... escrever todos os meus desejos, serassim será realizado meu sonho!!! ... " me-ia preciso emprestar o livro da vida, (pp . 246-247). onde são relatadas as ações de todos os santos, e essas ações quisera tê-las Doce expressão de seu rosto já sem vida "Sou Filha da Jgrnja, realizado por ti ... ". e a Jgrnja é Rainha" Tal impostação, que para uma alma Mais adiante acrescenta: "Pois bem! Sou a Filha da Igretíbia poderia parecer devaneio, ou mesmo "loucura", faz com ja, e a igreja é Rainha, pois é tua Esposa, ó Divino Rei dos que ela diga a Nosso Senhor: "Ó meu Jesus! O que vais resReis ... Não são as riquezas e Glória (nem mesmo a Glória do ponder a todas as minhas loucuras? ... Haverá uma alma mais Céu) que reclama o coração da criancinha ... Ela compreende pequenina, menos importante que a minha? ... Entretanto, por que a glória pertence, por direito, a seus irmãos, os anjos e causa de minha fraqueza aprouve-te cumular meus pequenos os santos ... Sua glória será o reflexo da que jorrará da fronte desejos infantis, e hoje queres realizar outros desejos, maiores de sua Mãe. O que ela pede é o Amor. .. [ ... ] Como, porém, que o universo. (pp . 244-245-246). testemunhará seu Amor, já que o Amor se prova pelas obras? O anlente amo,· de Deus era sua vocação Pois bem! A criancinhajogaráftores, embalsamará com seus perfumes o trono real, cantará com sua voz argentina o cântico Procurando compreender então como os seus anseios se do Amor ..." . E conclui triunfante: "Sim, meu Bem-Amado, realizariam , Santa Teresinha diz que, "na hora da oração, eis como se consumirá minha vida ... " (p. 249). E realmente fazendo-me estes desejos sofrer um verdadeiro martírio, abri Santa Teresinha consagrou-se como "Vítima de holocausto as epístolas de São Paulo a fim de procurar alguma resposta. ao Amor Misericordioso de Deus" (p. 330). [... ] Sem desanimar, continuei a leitura e esta frase aliviou-me: Procurai com ardor os DONS MAIS PERFEITOS, mas vou "Há vudadeiramcnte almas que não têm lê" mostrar-vos, ainda, uma via mais excelente ([ Cor 12, 31 ). Na Quaresma do ano de 1896, Santa Teresinha pôde obE o Apóstolo explica como os dons mais PERFb1TOS nada servar em todo seu rigor o jejum prescrito pelas Regras. Mas são sem o AMOR ... e que a Caridade é a VIA EXCELENTE na noite da Sexta-feira Santa ela teve uma primeira hemoptise, que conduz, seguramente, a Deus".
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que na época era sinal seguro de uma breve morte: "Gozava, então, de uma fé tão viva, tão clara, que o pensamento do Céu fazia toda a minha felicidade. Não podia crer que houvesse ímpios sem fé. Achava que falavam contra seu pensamento, negando a existência do Céu, do belo Céu, onde Deus mesmo deseja ser sua eterna recompensa". Uma graça veio esclarecê-la: "Nos dias tão alegres do tempo pascal, Jesus fez-me sentir que há verdadeiramente almas que não têm fé, e que perdem, pelo abuso das graças, este precioso tesouro, fonte das únicas alegrias puras e verdadeiras" (pp. 267-268). Aqui se situa um dos sofrimentos que Santa Teresinha diz ter sido dos maiores de sua vida, uma prova de fé, que foi para ela um verdadeiro martírio: Deus "permitiu que minha alma fosse invadida pelas mais espessas trevas, e que o pensamento do Céu, tão doce para mim, não fosse mais do que objeto de combate e de tormento ... Esta prova não devia durar alguns dias, algumas semanas, devia prolongar-se até a hora marcada por Deus e ... esta hora ainda não soou ... " (pp. 268-269). E não soaria até a hora de sua morte. Mas Santa Teresinha não se deixa abater: "Contudo, embora não goze dafé, procuro, ao menos, fazer as obras. Acho que fiz mais atos de fé desde há um ano, do que durante toda a minha vida. [ .. .] Assim, apesar desta prova que me tira todo gozo, posso, entretanto, exclamar: - Senhor, vós me cumulais de ALEGRIA por TUDO quanto fazeis (SI 91). Pois haverá maior alegria do que a de sofrer por vosso amor? ... Quanto mais íntimo é o sofrimento, quanto menos aparece aos olhos
das criaturas, tanto mais ele vos agrada, ó meu Deus!". Ela faz então esta declaração sublime de caridade: "E supondo que Vós mesmo devêsseis ignorar meu sofrimento, sentir-me-ia ainda feliz de possuí-lo, se por ele eu impedisse ou reparasse uma só falta cometida contra afé .. ." (pp. 270-271 ). Santa Teresinha entregou sua bela alma a Deus no dia 30 de setembro de 1897, num êxtase de amor. "Depois de minha morte farei cair uma chuva de rosas", disse ela. E realmente, como um rastilho de pólvora, como dissemos, começou o chamado "furacão de glória" como nenhuma outra santa tivera: ela foi beatificada em 1923 por Pio XI, canonizada em 1925 pelo mesmo Pontífice, e declarada padroeira de todas as missões dois anos depois; em 19 de outubro de 1997 João Paulo 11 declarou-a Doutora da Igreja, subida honra concedida pela Igreja até o presente a somente outros 32 santos. • E-mail para o autor: catoli cismo@terra.com.br
Notas:
1. Utili za mos para este arti go a edição dos Manuscritos Autobiogrqficos do Carmelo do Jmaculaclo Coração ele Maria e Santa Tcresinha, Cotia, SP, 1959. No fim ele cada citação, colocamos o número ela página em que ela aparece. 2. Pe. José Leite, S.J. , Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomolll , p. Ili . 3. Esta santa extraordinári a é muito enfática, servindo-se de muitas das ex'clamações, reticências, itálicas e maiúscul as que aqui conservamos para melhor ex primir seu pensa mento. 4. lmitação de Cristo, L 3, cap. 26, 3. 5. Palavras de Nosso Senhor a Santa Margarida Mari a Al acoque.
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SOCIEDADE ORGÂNICA
Orgânico ou mecan1co, eis a questão A
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n LEo D ANIELE
A
mão apara o go lpe destinado à cabeça, mesmo que se machuque muito. Pois a mão vale menos que a cabeça, e, por assim dizer, "sabe" disso. "Sabe" e "aceita" imediatamente e sem a menor hesitação. Por isso se sacrifica e protege rapidamente o crânio. É a sabedoria de nossos instintos, nada igualitários. Todo organismo humano é assim : entrosamento instantâneo, harmônico, hierárquico. A ordenação do organismo humano pode
CATOLICISMO
servir de inspiração para a sociologia? Certamente. A ideia de comparar a sociedade ao corpo humano vem de muito longe. "Os membros e o estômago", era o nome do apólogo elaborado pelo cônsul romano Menenio Agripa (503 a.C.) para apaziguar um conflito surgido entre o Senado e a plebe. Ele mostrava que, assim como a revolta de uns órgãos contra os outros levaria o organismo à morte, o mesmo aconteceria com a sociedade se não houvesse harmonia entre as classes sociais. Nada de luta de classes. A analogia estabelecida por Agripa entTe a sociedade e o organismo humano ficou famosa. Também Platão e Aristóteles teceram comentários a respeito do tema. Dessa analogia nasceu o termo organicidade, e a expressão sociedade orgânica: o contrário da maneira de pensar comunista, nazifascista, hippie, estatizante de "direita" ou de esquerda. A concepção de organicidade é de bom senso. A característica geral da sociedade deve consistir nesse caráter orgânico, ou seja, um modo de ser e de operar que tem analogias com os organismos. Explica John Horvat II, em um esplêndido best-seller lançado recentemente nos Estados Unidos : "A sociedade orgânica é a ordem social orientada para o bem comum que ela desenvolve natural e espontaneamente, p ermitindo que o homem vise a p erfeição de sua natureza, essencialmente social". 1
1'ecnicismo hipertrol'iado Fica fácil entender o que é "orgânico", considerando seu contrário, que é " mecânico". Num todo orgâni co todos os componentes têm vida própria, e possuem uma individualidade característica. Enquanto numa máquina as partes que a compõem são inertes e só se colocam em movimento quando conjugadas a um elemento exterior a elas. Quando esse elemento pára, a máquina deixa de funcionar. Assim sendo, pode- s e
dizer que é "mecânica" uma sociedade que para funcionar depende de fatores externos - por exemplo, de certo tipo de estatismo; e, pelo contrário, "orgânica" a que é dotada de vida própria. Afirma Plínio Corrêa de Oliveira: "A Contra-Revolução não pactua com o tecnicismo hipertrofiado de hoje, com a adoração das novidades, das velocidades e das máquinas, nem com a deplorável tendência a organizar 'more mechanico ' (de maneira mecânica) a sociedade humana". 2
Sociedade 01'gânica Vamos imaginar, como exemplo, uma festa de Natal. Se todos se interessam, cantam, tomam parte e têm iniciativas para a montagem da festa, deparamos com uma manifestação de organicidade. Mas se a festa exige pagamento de alguém para a organizar, ela é acompanhada com desinteresse, e preponderaria algo de mecânico, artificial. "Comojimciona um tecido do co,po humano? A célula é viva e tem uma como que individualidade própria, riquíssima. Cada célula está para o tecido, como o elemento constitutivo da célula está para a célula: porque é vivo, tem uma como que individualidade própria, meio insondável, inesgotável e indescritível, que caracteriza aquele elemento constitutivo da célula, e o d[ferencia de todos os outros ".3 A sociedade mecânica característica é a totalitária, com ou sem um Führer, um Stalin ou algum outro tipo de ditador. Tudo existe sob um governo centralizador, que monopoliza as várias atividades inferiores. Toda a autoridade vem do centro, e as autoridades menores não são mais do que acólitos da autoridade central , não exercendo qualquer autoridade em nome próprio. Os organismos, pelo contrário, são formados de partes diferenciadas, vivas, mas conjugadas numa unidade poderosa. As partes são todas interligadas entre si , de maneira íntima e natural.
Unidade na val'ieda<le Variados "ismos" disputam e afligem o homem moderno. Assim , o excesso de autonomia gera o individualismo, enquanto seu contrário produz o totalitarismo, conduz ao excesso de dependência, e assim por diante. Nessa ciranda de "ismos", o homem ora é considerado uma criança irresponsável, ora um semi-deus intocável , ora um centauro: semi-deus e criança ao mesmo tempo. Ao passo que ele não é, nem uma coisa, nem outra. Constitui um mérito da organicidade fugir desses extremos, de um ou de outro lado - nem individualismo exacerbado nem totalitarismo - através do bom senso. Focalizando a necessidade de haver verdadeira vida na sociedade, podemos indagar como essa vida deve manifestar-se. Como vimos, muitas respostas vamos encontrar observando o organismo humano. Nos Evangelhos, lemos passagens que consubstanciam a doutrina sobre o Corpo Místico de Cristo. 4 Um organismo é um todo centralizado ou descentralizado? Ele tem um princípio de unidade, mas esse princípio de unidade não absorve as diversas partes. Ele é também descentralizado. Há, portanto, uma unidade nessa variedade. No corpo humano, verifica-se um entrosamento recíproco e uma hierarquia entre as partes: nossos órgãos são desiguais, conjugados e hierarquizados entre si . Uns são subordinados aos outros, uns servem aos outros. Assim deve ser a sociedade humana : natural , regionalista e típica; não mecânica, não desfronteirizada, não estandartizada. A sociedade orgânica verdadeira só se realiza plenamente numa civilização autenticamente cristã. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br Notas:
1. Re/111-n lo Order - From a Frenzied Economy lo an Organic Christian Society. American TFP,
1-lanover, Pensilvânia (EUA), 201 3. p. 142. 2. Re voluçcio e Conlra-Revoluçcio, Plinio Corrêa de Oliveira li, Ili , 3. 3. Plínio Corrêa de Oliveira, conferência pronunciada em 23-5- 1989. 4. !Cor. Xll-1 2 e ss, Rom. Xll-1 e ss.
OUTUBRO 2013
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(l Santa Maria Francisca das Cinco Chagas, Virgem
J SanLa Teresinha do Menino Jesus, Virgem, Doutora da Igreja (Vide p. 26)
2 SANTOS ANJOS DA GUARDA
3 São l•rancisco de Borja, Confessor + Roma, 1572 . Vi ce- Re i da Cata lunha e Duque de Gand ia re nun c io u às atrações do ;nundo ao ver o cadáver da o utro ra belíss ima ra inha Isa be l. E nviu va nd o aos 40 anos, ingressou na Companhia de Jes us, da qua l fo i depo is Superior Gera l.
4 São Francisco ele Assis, Confessor + Assis (I tália), 1226. O Poverello de Assis a mo u tão apaixonadamente o Salvador, que adquiriu seus estigmas e até uma semelhança fisi ca com Ele. Participou de uma expedição militar contra os infiéis no Egito. Com São Domingos, fo i uma das co lunas da Igreja em seu tempo. É uma das maiores glórias da Santa Madre Igrej a em todos os tempos. Primeira Sexta-feira do mês.
5 São Benedito, o negro, Confessor + Palermo, 1589. Escravo liberto e cozinheiro, primeiro fo i eremita e depo is irmão leigo no convento fra nc isca no de Palermo. Era tal sua santidade, que fo i eleito superior e depois mestre de noviços, apesar de não saber ler nem escrever. Primeiro Sábado do mês.
+ N ápoles, 179 1. E ntrou aos 16 anos para a Ordem Terceira de São Francisco, entregando-se à oração, ao jejum e à penitênc ia. Seu anj o da guarda a v isitava animava e fo rta lecia. Fo i retirada do convento pe lo pa i, qu e a e nca rrego u d os cuidados da fa míli a.
7 NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
8 Santa Taís, Penitente + Egito, séc. IV. São Pafú ncio, in s pi rado por De us, de ixo u se u retiro no dese rto para conduzi-la ao bom caminho.
9 São Luís BelLrão, Confessor + Va lênc ia, 158 1. Sacerd ote domini cano, aos 23 anos fo i mestre de no viços. Se u ex trao rdinári o ze lo levo u-o a desejar co mbate r os protestantes . Mas a Prov idência encaminhou-o para a Co lômbi a onde du ra nte sete anos eva;1gelizou os índios.
10 São Paulino de York, Confessor + In g laterra, 644. E nvi ado por São Gregório M agno para evangelizar a Ing laterra, realizou fr utuoso aposto lado nas regiões de Kent e N ortúmbri a. Converteu o rei Edwin e fun dou o bi spado de York.
11 São Sármatas, Mártir + Tebaida(Egito), 357. Discípulo de Santo Antão, fo i morto pelos sarrace nos por ódio à fé . Di zia: "Prefiro um homem que, tendo pecado, reconhece esse pecado e.fàz penitência, a um que não tenha pecado e considere-se j usto".
12 NOSSA SENHORA APARECIDA, RAINHA E PADROEIRA DO BRASIL
1~J Santos Fausto, Januário e Marcial, Mártires + Córd oba, 307. Esses três irmãos increpara m o novo governador romano da Espanha, Eugê ni o, po r s ua cru e ldade para com os cristãos. Em resposta, sofreram o suplício do cava lete e depois o da fogueira.
14 São João Ogilvie, Mártir + G lasgow, 16 15. Ca lvi ni sta inglês convertido pelo célebre exegeta jesuíta Cornélio a Lápide. Entrou para a Companhia de Jesus, voltando a seu país para socorrer os católi cos perseguidos. Depois de conve1ter muitos hereges, fo i traído e entregue ao arcebispo protestante. Na prisão, fo i constantemente perfu rado por agulhas e estiletes du rante três dias, e depois executado em ódio à fé.
15 Santa Teresa de Ávila, Virgem, DouLora da Igreja + Alba (Espanha), 1582. Alma ardente e enérgica, empreendeu a reforma do Carmelo, tendo sido auxiliada por São João da Cruz no toca nte ao ramo masculino. "Sqfi'er ou morrer" fo i seu desejo mais plenamente satisfeito, nos mui tos trabalhos e doenças que suportou. Unia a mais sublime contempl ação a uma extraordinári a capacidade de ação. Por seus admiráveis escritos, fo i declarada Doutora da Igreja.
16 Santa Margarida Maria AJacocque, Virgem + Paray-l c-Moni al (F rança), 1690. Reli g iosa visitandina, d es d e ce d o se e ntrego u à co ntempl ação da Pa ixão do Redentor. Recebeu de N osso Se nh or a me nsage m so bre a devoção ao se u Sag rad o Coração e a incumbênc ia de difu ndi -la no mundo inteiro.
17 Santo Inácio de Antioquia, Bispo e Mártir + Séc. li. Di sc ípulo dos Após-
to los e sucessor de São Pedro na Sé de Antioquia, junto com São Po licarpo fo i o mais ilustre dos Padres A postó li cos . Suas cartas às igrejas da Ásia e de Roma são os documentos mais prec iosos da época. Condu zido a Roma, fo i devorado pe las fe ras no Coliseu.
18 São Lucas Evangelista , Mártir + Séc. 1. M édico de Antioquia convertido por São Paulo, a qu e m aco mpa nh o u e m vá ri as v iage ns, é auto r do III Eva nge lh o e dos Atos dos A pós to los. E mbora não se tenham dados concretos sobre sua morte, tradição autori zada afi rma que sofreu o martí rio.
19 Santos João de Brébeuf, Isaac Jogues e Companheiros, Mártires + Amé ri ca d o N o rte, séc. X VIT . Jesuítas fra nceses que eva nge li zava m o então Canadá (atua l norte dos Estados Unidos), cuj as terras regaram co m se u sa ng ue ao se re m ma rtiri z a d os pe los índi os iroq ueses.
20 São Pedro de Alcântara, Confessor
+ Are nas (Espanh a) , 1562 . Padroeiro principa l do Brasil e admirável por suas mortifi cações e penitênc ias. Reformado r dos fra nc isca nos da Espa nh a , in ce nt ivo u Sa nta Te resa na reforma do Carme lo e aux ili ou-a com seus conselhos .
21 Santo Hilarião, Abade + Pa lest in a, séc . JY. Filh o de pagã.o s , qu e o envi ara m para estuda r em Alexa ndria, conve rteu-se e partiu para o dese rto, onde fo i d irig ido por Santo Antão.
tíss ima Virgem e mãe de São T iago e São João Evangeli sta, a lém de uma das Santas Mulheres que estavam ao pé da Cru z.
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mente a fé di ante de Daciano, governador romano em Ta lavera, fu g iu com suas duas irmãs para Ávila. Apri sionados, não cessaram de louvar o Senhor, até terem suas cabeças esmagadas com pedras.
São João de Capistrano, Confessor
+ Hungria, 1456. Franciscano ita li a no e g ra nd e pregad o r da cruzada contra o Islã, que c ulmin o u e m B e lgrad o no a no de 1456 co m a v itória do exérc ito c ri stão sobre o muçulmano quase duas vezes ma is numeroso.
24 Santo Antônio Maria Claret, Bispo e Confessor + Fontfro ide (F rança), 1870. Pregado r popul ar, fund ou a Congregação Mi ssionária dos Filhos do Coração fm aculado de Ma ri a (Cordim a ri a nos). Fo i Arcebispo de Santiago de Cuba, confesso r e conse lheiro da Ra inha Isabe l li , da Espanha. Destaco u-se no Concí li o Vat icano J co mo intré pid o defe nso r d a in fa libilid a de pontifíc ia. Morreu ex il ado na F rança, onde se refu g iara .
25 Santo Antônio Sant'Ana Galvão, Confessor + São Paulo, 1822. Franciscano natura l de Guaratinguetá (SP), fund ou na capital pau1ista o R eco lhim ento Mosteiro da Luz, diri gindo-o até a morte.
26 Santos Luciano e Marciano, Mártires + Ni comédi a, séc. m. Condenados a serem que imados vivos por se terem convertido ao cri sti ani smo, di sseram ao jui z: "É a glória dos cristãos
gan har a verdadeira vida eterna ao perder aquilo que tu crês ser vida ".
28 Santos Simão e Judas Tadeu, Apóstolos + Séc. 1. São Judas Tadeu era fil ho de C leófas e Mari a, primos de Nosso Senhor, e irmão de São Tiago Menor. Pregou o Evangelho na Judé ia, Samaria, Síria e M esopotâmi a. Escreveu uma epístola exorta ndo os fié is a perseverarem na fé, atacando vigorosamente os soberbos, os luxuriosos e os fa lsos doutores . São S imão, cogno min ado Ca na ne u, o u Ze lador, era o ri g in á r io d a Ga lil e ia . Sup õe-se qu e tenha pregado na Mauri tâ ni a e em outras regiões da África, di rigindo-se depois ao Ori ente . N a Pérsia e nco ntrou -se com São Judas Tadeu, sendo ambos ali martiri zados.
29 São Zenóbio, Mártir
• Pedi ndo a N o ss a Se n ho ra Apare c ida, Ra inha e Pad roeira da Brasil, cu ja festa se comemora neste mês, que proteja materna lmente o País na s prese ntes dificuldades. Qu e Ela aume nte o fervor reli g io so de se u po vo, tornando -o forte e reso luto no combate a todo tipo de corrupção, sobretudo a corrupçã o mora l, que enfraquece as a I mas e deixa as famí lias vul neráve is à imora lidade.
"na derradeira perseguição, exortava os outros ao martírio. Por isso tornou-se também digno dessa graça " (do Martirológio Romano) .
30 São Marcelo Centmião, Mártir
+ Tanger, 298. Pai dos santos mártires C láudio, L uperco e Vitório, esse centuri ão espanho l fo i decapi tado po r te r dec larado que era cristão e servia a Jesus C risto.
31 Santa Joana Oelanoue, Virgem
+ França, 1736. Herdou do pai
Santa Maria Salomé, Viúva + Palestina, séc. 1. Segundo a
+ Áv il a , séc. IV. Vi ce nte ,
Trad ição, era prima da Sa n-
depo is de defender coraj osa-
Providência.
27 Santos Vicente, Sabina e Criseta, Mártires
Será ce lebrada pelo Revmo. Padre Da vid Fran c isquini , na s segu intes intenções:
+ Ás ia Menor, séc. IV. Médico, to rnou-se sacerdote, e
um modesto bazar, faze ndo-o habilmente pros pera r. Começou a ded icar-se também a obras de ca ridade, a ponto de ser chamada mãe dos pobres. Fundou um asil o ao qual denominou A
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Intenções para a Santa Missa em outubro
Intenções para a Santa Missa
em novembro • M iss a d e Finad os em sufrágio das almas d o Purgatório, especialmente pelas almas d e n ossos par e nt es já fal ecidos . Também e m honra d e N oss a Senhora da Meda lh a Mi lagrosa - fes tividad e qu e se ce lebra no d ia 27 de novembro p edindo - lh e graças es pec iais para os assinantes, leitores e c o laboradores d e
Catolicismo .
OUTU
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Portugal e Brasil: a vocação dos povos li EosoN CARLOS DE ÜUVEIRA
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira realizou no audi tório do Clube Homs, em 22 de agosto, mais uma de suas concorridas reuniões na capital paulista, desta fe ita para ouvir o Prof. Ibsen Noronha, da Universidade de Coimbra. O conferencista foi apresentado pelo Engº Adolpho Lindenberg, presidente da entidade, que destacou a afinidade de seu pensamento com o do Instituto, como também sua formação na UnB , obras e títulos - professor de História do Direito Português, História do Direito Romano e Administração Pública na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra - e o relevante fato de ser o primeiro brasileiro a lecionar nessa hi stórica Facu ldade. O Prof. lbsen ini ciou sua exposição com um preito de gratidão ao Prof. P línio Corrêa de Oli veira, de quem havia recebido va liosa orientação para seus estudos, particularmente sobre a noção de Cristandade e de como ver e entender o mundo luso. Afirmou que "pensar a vocação dos povos numa época
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marcada pela tentativa f eroz de diluir todas as formas de diferenças num caldeirão global é, de si, uma ousadia ". Recordando a célebre distinção entre povo e massa, feita pelo Papa Pio XU, e indagando o que vem a ser uma civilização - particularmente a civilização cristã - sustentou que a vocação comum a Portugal e ao Brasil fo i, e continua sendo, ajudar a edificar esta última . O caráter providencial dessa vocação se faz patente pela desproporção entre os meios empenhados e os ef eitos alcançados. Refutando uma visão economicista da gesta lusitana, enumerou testemunhos hi stóricos acerca dos objetivos nacionais portugueses, imbuídos sempre da noção do "serviço de Deus", como condicionava o rei D . João I para empreender a conquista de Ceuta. Citou a esse propósito o historiador su l-africano Sid ney Welsh e a inglesa Elaine Sanceau, insuspeitos por não serem cató li cos. Quanto ao Brasil destacou, entre outros, D. João li 1, que determinava no Regimento do Primeiro Governador-Geral: "Eu, E! Rei, faço saber a vós, Tomé de Sousa,
CATOLICISMO
fidalgo de minha casa, que, em quanto serviço de Deus e meu.. . a principal coisa que me moveu a mandar povoar as ditas terras do Brasil.foi para que a gente dela se convertesse à nossa santa Fé católica ". A impregnação do Brasil nascente dessa transcendente
visão de mundo se patenteia no célebre Triunfo Eucharístico celebrado em Ouro Preto em 1733 para a inauguração da nova Matriz de Nossa Senhora do Pilar e narrado, de modo eloquente e com ortografia da época, por Simão Ferreira
Machado: "Excede as povoações de toda a América este opulento Emi4'ério das Minas, onde avulta, mais que as riquezas, o fausto dos Templos, e a preciosidade dos Altares. A nobilíssima Vil/a Rica, mais que esfera da opulência, he teatro da Religião; develhe Portugal grandiosos auxílios, e quantiosos redditos: sem dúvida os mayores a Coroa do Monarca; a América a gloria, e afluência das riquezas, que lhe reparte; todo o Mundo o copioso, e fino ouro, que recebeu em seus Reynos; mas sobre
tudo deve Portugal ao Brasil, e todo o Mundo, hum continuado, e de presente novo exemplo de Christandade. " Concluiu o Prof. lbsen: " A ideia da construção de Cristandade aparece cristalina nessa passagem do Triw1fo. Portugal e Brasil , nesta obra, são irmãos de vocação! " A exposição ensejou muitas perguntas do público, respondidas com brilho e precisão pelo conferencista, seguindo-se um animado e prolongado coquetel. • E-mail para o autor: catoli cismo@terra.com.br
OUTUBRO 2013
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Curso de verão para Jovens norte-americanos •
1i1 FRANCISCO JOSÉ SAIDL
os primeiros di as de agosto, vá rias dezenas de jovens reuni ram-se na Academia São Luís de Montf'ort, na Pensil vânia (E UA), para uma intensa programaçã.o du rante as fé rias esco lares. O even to, Chamado à Cavalaria, constou de di versas ati vidades intelectuais e físicas, visando dar conhecimento aos jovens das virtudes cri stãs autênticas que inspiraram a cavalaria de outrora. As reuni ões, em geral sobre vidas de sa ntos e epi sódi os da luta contrarevo lucionári a da Cri stand ade, eram entremeadas com exercícios de vivacidade tais como natação, esca ladas de montanh as e outros j ogos de campo. Não fa ltou a tradi cional caça ao tesouro. Uma fasc inante aprese ntação do in strutor de esgrima, Sr. Roa rk Mitze l, trouxe ao conhec imento dos jovens a hi stóri a dos combates e das di versas armas utilizadas pela cava lari a medieval. "A ação contra-revolucionária é dirigida aos adversários de hoj e ", nos ensina o Prof. Plíni o Co rrêa de Oli veira . Imbu ídos deste princípio, os participantes do curso deram um a demonstraçã.o de que não são sonhadores qui xotescos de uma cavalari a qu e se perde nas brumas do passado, mas têm noção clara de quem são e onde estão os verdadeiros inimigos da civili zação cri stã. Ass im , antes de ence rra r o curso de verão, os parti cipantes do evento se reuni ram diante de uma clinica de aborto, rea li zando ali um protesto pacífico
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CATOLI C ISMO
em defesa dos nascituros. Constou da rec itação do Rosári o, a di stribui ção de fo lhetos e a ostentação de cartazes para os que trafegava m pelo loca l. "Buzine contra o aborto", "A criança é uma bênção, não uma doença ", "Pureza é a resposta ", di ziam os cartazes.
Um jantar em estil o medieval, cuj a sobremesa fo i um giga ntesco bolo em fo rm a de castelo daquela época, encerrou esses dias de fo rmação contrarevolucionária. Vári os pais dos participantes enviaram depois mensagens aos diri gentes da Academi a, di zendo qu e na vi agem de retorno e ainda em casa, os filh os não cessavam de comentar com gra nde entusiasmo os vários episódi os vi vidos naqueles di as . •
Acampamento na Irlanda ''Chamado à Cavalaria'' 1
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RORY O' H ANLON
romovido pela Sociedade Irlandesa por uma Civilização Cristã, rea li zou-se no Condado de Wexford o acampa mento anual de verão, denominado Chamado à Cavalaria. O obj etivo do evento, rea lizado de 4 a 11 de agosto último, é incutir nos jovens participantes um maior amor aos grandes idea is da Igreja e da civili zação cristã. Para esse efe ito, proc ura-se estimular o interesse deles pela cultura e pe la doutrina cató li ca através da esco lha cu idadosa dos temas das reuni ões, bem como loca is de interesse reli gioso, hi stóri co e cultu ra l para serem visitados. As reuni ões abarcaram desde grandes eventos épicos da H istóri a da Igreja, como as Cruzadas, o Cerco de Czestochowa e o martíri o do jovem cristero José Sá nchez dei R ío, até devoções cató1icas popul ares. Foram ainda ex postos outros temas de cul tura católica, como a importância das boas maneiras e as influências que a música, a arte, a arqui tetura, a li turgia e a moda exercem sobre a alma humana. O dia começava com a ce lebração da Santa Mi ssa e terminava com a rec itação do terço. A re uni ão fi nal consistiu numa exortação aos j ovens para que sa indo do acampamento eles fi zessem uso do que aprendera m, a fi m de
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cohstruírem um mund o segundo os princípios que plasmaram a civilização cristã. Constou da progra mação cultural uma visita ao Caste lo de Ba ll yhack, construído pelos cruzados em 145 0, be m co mo à hi s tó rica Abad ia de Tintern. Houve ainda um a excursão à Ilha de Nossa Senhora, situada a curta di stância do lo .al do aca mpamento. O Chamado à Cavalaria foi cercado de um ambiente propício a despertar na alma dos jovens altos ideais. Isto fo i especia lmente enfa tizado no úl ti mo dia, quando a tarde fo i dedicada a jogos de cava laria e a noite a um banquete medi eva l. Pres idida por uma imagem Nossa Senhora de Fátim a e co m os j ovens portando tochas e bandeiras, reali zou-se após o banquete uma procissão com a rec itação do terço. Após um a semana de intenso e agradável convív io católico e cava lheiresco, os jovens se despedi ram cheios de convicção, alegria 1 e entusiasmo. • 1 E-ma il para o autor: ca tol icismo@lerra. co m.br
Fotos: ISFCC l'hotos Archivc
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• PUNIÓ CORRÊA Q . E ~.
santificação im pli ca o maior dos hero ísmos, pois supõe não só a reso lução firme e séri a de, se prec iso fo r, sacrifica r a vida para conservar a fi delidade a Jesus Cri sto, mas aind a de vive r na Te rra um a ex istência prolongada, se tal aprouver a Deus, renunciando a todo momento ao que se tem de mais caro, para se apegar tão-somente à vontade divina. Certa iconografia, infe li zmente muito em uso, apresenta os santos sob aspecto bem diverso: criaturas moles, sentimentais, sem personalidade nem fo rça de caráter, incapazes de ideias sérias, só lidas, coerentes, almas levadas apenas por suas emoções, e, pois, totalmente inadequadas para as grandes lutas que a vida terrena traz sempre consigo.
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A fig ura de Santa Teres inha do Menino Jesus foi especialmente deformada pela má iconografi a. Rosas, sorrisos, sentimentalismo inconsistente, vida suave, despreocupada, ossos de açúcar-candi e sangue de mel , eis a ideia que nos dão da grande, da incomparável santinha. Como tudo isso di fe re do espírito vasto e profundo como o firm amento, rutilante e ardente como o sol, e entretanto tão humilde, tão filial , com que se toma contato quando se lê a Histoire d 'une  me [ou Manuscritos Autobiográficos].
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Estas duas fotog rafias apresenta m por ass im dize r duas "Teres inh as" diversas e até opostas uma à outra. A primeira nada tem de heroico, é a Teresinha in significa nte, superfic ial, almiscarada, da iconografia romântica e sentimenta l. A segunda é a Teres inha autêntica, fotog rafada em 7 de junho de 1897, pouco antes de sua morte, que ocorreu em 30 de setembro do mesmo ano. A fisio nomia está marcada pela paz profu nda das grandes e irrevogáve is renúncias. Os traços têm uma nitidez, uma fo rça, uma harmoni a que só as almas de uma lógica de fe rro possuem. O olhar fa la de dores tremendas, ex perimentadas no que a alma tem de mais recôndito, mas ao mesmo tempo deixa ver o fogo , o alento de um coração heroi co, reso lvido a ir adiante custe o que custar. Contemplando esta fis ionomia fo rte e profunda, como só a graça de Deus pode tornar a alma humana, pensa-se em outra Face: a do Santo Sudári o de Turim, que nenhum homem poderi a imaginar, e talvez nenhum ouse descrever. Entre a Face do Senhor Morto, que é de uma paz, uma fo rça, uma profundidade e uma dor que as palavras hum anas não co nseguem exprimir, e a face de Santa Teres inha, há uma semelhança imponderável, mas imensamente real. E o que há de estranhável em que a Santa Face tenha impresso algo de Si no rosto e na alma daquela que em religião se chamou precisamente Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face? •
Plínio Corrêa de Oliveira, Catolicismo, excertos de Ambientes, Costumes, Civilizações, Nº 30, junho/1953
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PUNI O C ORRÊA DE ÜUVEIRA
Vantagens espirituais primam sobre as materiais Em Defesa da Ação Católica , obra escrita por Plínio Corrêa de Oliveira em 1943, completou 70 anos. Prefaciada por Dom Bento Aloisi Masella, então Núncio Apostólico no Brasil e depois elevado a Cardeal-Camerlengo da Santa Igreja , o livro denunciou os erros do progressismo nascente infiltrados no movimento Ação Católica . Em memória desta efeméride , segue trecho a respeito da preocupação que se costuma ter com os males materiais em detrimento da cura dos malefícios morais. Após sete décadas, tal problema continua de suma atualidade.
A Freira da Caridade George Hardy, séc. XIX. Royal Academy, Londres
ar preferência às assoc iações neutras sobre as assoc iações oficia lmente católi cas, em paridade de condições, é índice de mentalidade libera l e naturali sta. Com efe ito, esta preferência provém quase sempre de um ze lo imoderado pela so lução de problemas soc iais de caráter sobretudo econômi co, pela sede de rea li zações im ediatas e tangíveis, como a construção de grandes orfa natos, as ilos, hosp itais, etc .. É a estes objetivos que se sacrifica o ca ráter confessio nal do mov imento, na esperança de encontrar maior apoio financeiro em certas esfera . Mas o aumento das vantagens tem porais implica neste caso em renúncia a importantes vantagens espirituais, já que as assoc iações confessio nai são mai favo ráveis à persevera nça dos bons, e permitem um aposto lado mais declarado e mais efic iente junto aos pecadores, hereges ou infi éis [O quadro abaixo ilustra esse meritório apostolado exercido por uma religiosa, revelando um empenho espec ial dela em conso lidar a fé no ambi ente de uma fa míli a cató li ca, que vive com poucos recursos materi ais]. A simpl es cura de males materiais e transitórios pode prejudicar a cura dos males eternos e esp irituais que são os mais graves, como di sse Pi o XI : "N<io se potle certmnente conceber pobreza, indigência, tlebilitlatle, fome e setle maiores que as tias almas privadas tio conhecimento e tia graça tle Deus; aos que man~festam sua misericórdia para com os mais indigentes tle todos os homens, a misericónlitt e as recompensas divinas n<io poderiam faltar " (Pio XI, Encícli ca Rerum Ecclesiae, de 28 de feve reiro de 1926). •
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Inconcebível culto em Aparecida
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POR ()l/E NOSSA SENIIOR/\ CIIORA
18 EP1súoms lllsTú1ucos Fernando 111 e a conqtústa de Córdoba Rei Fernando Ili de Castela
22
ENTREVISTA
Lituânia Juta pela preservação da familia
25 V ARmDADEs O desvelo de uma mãe
26 CAPA Informática e o sonho da substituição de Deus
36
VmAs DE
SANTos Santa Isabel da Hunglia
39 D1s<:1mN1Noo Arte moderna e socialismo 40 VmmAn..:s EsQ1mcmAs Finalidade e importância da seção 42
SANTOS 1,: l◄' i-:sTAs oo
44 A<.;ÃO 52
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CONTRA-REVOl ,l/CIONt\lUA
AMBIIWl'ES, COS'l'llMES, CI\IIIAZAÇÜES
Glória e felicidade da completa realização
Nossa Capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo. Na foto, um humanoide robô "Nao", da empresa Aldebaran Robotics, nos braços do presidente francês, François Hollande, por ocasião da exposição de tecnologia e design industrial no Palácio do Eliseu, em Paris no dia no 12-10-13.
NOVEMBRO 2013 -
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração : Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (Oxx11) 3333-6716 Correspondência : Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail : catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Novembro de 2013: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
A matéria de capa desta edi ção aborda um dos temas mais candentes da atualidade: a Revo lução nas tendências por meio da info rmática e a devastação que ela vem causando na mente humana e na sociedade em gera l. Desde o primeiro número de Catolicismo, em janeiro de 195 1, uma das seções mais originais e atraentes da publicação, Ambientes, Costumes e Civilizações, despertava nos leitores um interesse ímpar. Ideali zada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - cuj o extraord inário senso psicológico analisava as mais profund as ca usas do multi ssecul ar processo revolucionári o atuando nas almas indi vidualmente e na soc iedade - , a seção foca lizava de modo espec ial a cri se nas tendências do homem ocidental e cri stão. Compreende-se que tais análi ses despertassem singul ar atração no espírito dos leitores. Era um tema novo que mesmo autores católi cos bem orientados prati ca mente não tratavam. As tendências desordenadas, que por sua própria natureza luta m por rea li zar-se, começa m por modificar as mentalidades, os modos de ser, as expressões artí sticas e os costumes, sem alterar de modo direto as ideias. E para tornar mais compreensível essa crise, o autor costumava apresentar análises de personagens, costumes e ambientes diversificados, tanto do ponto de vista cronológicohi stóri co quanto geográfi co, englobando as mais di versas regiões. Com seu fa lecimento em outubro de 1995 , o Prof. Plín io não teve contato com a Internet e com o " mundo cibernético" da atualidade. Ma ele já prev ia as incomensuráve is alterações que o processo revolucionári o, atu ando a partir das tendências, acarretaria nas mentes e nas sociedades. O arti go de capa desta edição e as recentes "descobertas" da cibernética vêm confirmar tais previ sões, que tendem a " robotizar" nossos contemporâneos. A simbi ose entre a inte ligência humana e a máquina, genera li zando-se numa progressão como que geométri ca, a que extremo de despersonalização conduzirá o ser humano? Apresentado como "criação divina", o homem digital anunciado por órgãos da grande mídia - como o fez o jornal alemão " Di e Zeit", de Hamburgo em relação ao Google Glass e a diminutos computadores incorporados ao corpo humano e criando o Cyborg - superará os limi tes inte lectuais do homem? Na verdade, tais inovações constituem métodos para tentar neutra li zar a personalidade humana, superando a inteli gência e a vontade indi viduais por progra madores ocultos que através de in venções supersofi sti cadas tentam di ta r seu "oráculos" ateus e neopagãos. Entretanto, tais programadores não levam em conta que o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, reagirá de alguma fo rma a essa tentati va de anul ação da Le i divina, da Lei natural e da graça divina, para afirm ar, baseado em seu li vre arbítrio, a suj eição da criatura humana ao Cri ador. Que este artigo seja um necessá rio brado de alerta para os diletos leitores, no sentido de não se deixarem contaminar por essa mais recente e brutal investida do processo revoluci onário. Supliquemos à Virgem Sa ntíssima que preserve todos seus filh os contra tal manobra revolucionári a.
Em Jesus e Maria,
~~7 DI RETOR
catolicismo@terra.com.br
Estranha novena na Basílica de Aparecida ■ FREDERICO
R.
DE ABRAN CHES V1orn
A
o mesmo tempo em que tribunais brasileiros procuram retirar os crucifixos de seus recintos, permitindo apenas símbolos pagãos ou laicos - como a famosa "deusa da justiça" - , esses símbolos começam a penetrar em ambientes católicos. Na Basílica de Aparecida, em procissão solene realizada no último dia 5 de outubro, a estranha imagem da "deusa da justiça" (representada por uma mulher vendada, segurando uma balança ou uma espada) ocupou lugar de destaque durante a novena preparatória para a festa de Nossa Senhora Aparecida (foto à direita). Durante séculos, a Igreja foi substituindo os símbolos pagãos, cristianizando as festas populares, impregnando todas as instituições com o orvalho bendito da Cruz de Cristo. Sob o influxo dessa Cruz, o paganismo primitivo cedeu lugar ao catolicismo, a barbárie foi vencida pela civilização, e uma miríade de santos percorreu toda a Terra dando testemunho da Verdade, muitos dos quais com o próprio sangue. Entre esses mártires, não poucos foram mortos pela Justiça dos homens, cega não por uma venda que lhe tapa os olhos, mas pelas máximas do mundo - pagão ou neopagão - , pelas paixões suscitadas por um conceito de justiça estranho à Verdade. A Cruz de Cristo, por sua vez, nos recorda o julgamento iníquo por excelência, onde o Inocente foi condenado pelos culpados, onde o Justo foi julgado pelos injustos e crucificado por seus pecados. Poucos atos humanos são tão próprios de Deus onipotente como a administração da Justiça. Por isso, sua prática é revestida de tanta cerimônia e cuidado, de tanta seriedade. Desse ofício participaram santos como Santo Ivo, padroeiro dos advogados, ou mesmo São Tomás Morus, que resistiu ao rei inglês Henrique VIIl, em sua rebeldia contra a Igreja. Fruto dessa ação evangelizadora, o cristianismo elevou a Justiça ao mais alto grau ao subordiná-la à Verdade e temperála com a Caridade. Sem isso, a Justiça não passaria de uma mulher vendada, segurando uma espada, inerte em seu trono de pedra às
portas dos Tribunais. Uma Justiça alheia à Verdade, incapaz de conhecer o certo e diferenciá-lo do errado. Distinção esta alcançada através das leis - da Lei divina, da Lei natural e das leis positivas, subordinadas às anteriores. Leis positivas que contudo, no Brasil, podem mudar como mudam os ventos ou como são interpretadas pelos novos juízes ...
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Voltando à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, não consta que a referida procissão tenha incluído o símbolo pagão da Justiça (a deusa grega denominada por alguns Dice e, por outros, Têmis) como objeto de culto. O que seria não apenas escandaloso, mas gravemente herético . Entretanto, o que fica evidente é a existência de um novo influxo: já não é mais o da Igreja cristianizando o mundo, aspergindo com as bênçãos da Cruz todas as instituições, mas sim o mundo neopagão que penetra paulatinamente nos ambientes católicos com suas doutrinas e seus símbolos. O mais triste é ver como esses fatos ocorrem com inteira "normalidade" entre aqueles que foram chamados a ser o "sal da Terra" e a "luz do mundo". Que Nossa Senhora Aparecida - em cuja basílica se adora o "Sol da Justiça", Nosso Senhor Jesus Cristo (Malaquias 3, 20) e se venera a Rainha e Padroeira do Brasil, possa aquecer os corações dos católicos de nossa época, transformando-os em novos apóstolos capazes de moldar a face da Terra. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
NOVEMBRO 2013 -
de uma A !ma com comentários do Sr. Solimeo. Todas as outras matérias da revista também exce lentes. A história da Virgem de Yalledupar, por exemplo. (T.G. -
Co11fldências l8l O Dr. Plínio Corrêa de Oliveira sempre nos surpreendendo . Desta vez nos revelando sua altíssima compreensão da a lma de uma grande santa, Santa Teresinha do Menino Jesus. Realmente fiquei surpreso com a análise que ele faz das lindas e expressivas fotografias dela. Análise tão profunda que se fica com a impressão de que ele conviveu com a santa carmelita e a descreve como se tivesse ouvido confidências dela. Gostei muito e por isso escrevo este comentário. Muito obrigado também pelos trechos dos Manuscritos Autobiográficos de Santa Teresinha, que, quando mais jovem, desejei ler. Acabei esquecendo e agora tive essa oportu nidade. (C.K.P. -
SC)
Co11hecinwnto Rogai por nós, Santa Teresinha. Também rogai a Deus em agradecimento por ter dado ao Brasil este grande escritor que tenho conhecido nas páginas da revista Catolicismo. Sempre lamento não tê-lo conhecido pessoalmente. Que pena! (T.D.F. - SP)
Graça Felicito a revista Catolicismo pela exce lente matéria sobre Santa Teresinha do Menino Jesus, tão bem apresentada com fotografias. Ficou magnífica . Uma graça ler o texto de Dr. Plínio e os excertos de História
-CATOLICISMO
ao dos países bolivarianos que seguem o socialismo na Venezuela e alhures. Quando não há independência dos poderes, marchamos para o totalitarismo. (J.N.K. -
Argentina)
RS)
Modelo <le vida
Co11tl'a-Re11OJução
l8l Santa Teresinha é um espe lho para todas nós, apesar de não sermos religiosas , mas mães cató li cas . Em nossa casa temos um quadro de Santa Teresinha, mas vamos substituir por um quadro com uma foto verdadeira dela, pois a figura do nosso quadro realmente é um pouco sentimenta l. Com essa substituição, sempre que o lharei para a foto lembrarei que ela deve ser espelho para nós no sentido de faze rmos todas as coisas de nossa vida com muito amor de Deus. Assim fazia a "maior santa dos tempos modernos", segundo a frase do Papa São Pio X.
l8l Estou admirado com a divulgação desta revista, que só conheci no início deste ano. Espero poder divulgar aqui lo que aprendo nas leituras mensais. Sempre que termino de ler esta publicação sinto um aumento na fé, sinto que fiquei mais católico, mais apostólico e mais romano. Mas também, mais uma coisa que eu nem sabia que se pudesse ser, e que também aprend i com essa revista: mais "contra revolucionário". Deus lhes abençoe.
(M.A.A.P. -
RJ)
Entl'ega a Deus l8l Santa Teresinha, sua vida retratada em História de uma Alma é impressionante pela simplicidade e pelo amor com que se entregou em tão tenra idade ao amor misericordioso do Bom Deus. (M.G.D.P. -
SP)
(J.A.F. -
1'mmenda facilidade l8l Todos os meses eu não leio o artigo do Monsenhor José Luiz Villac, eu os estudo com muito carinho. O que eu precisaria gastar em semanas de leituras em livros para aprender, encontro tudo já sintetizado e exp li cado nas respostas do reverendo. Para mim, é uma tremenda facilidade. De coração agradeço e peço suas preces. Também rezarei por ele. Peço o favor de transmitir-lhe minhas saudações marianas. (G.J.S. -
Santo, sábio, profeta Eu era vestibulando quando conheci as ideias do Dr. Plínio. De início, julguei-as absurdas e retrógradas. Poucos anos depois, fiquei convencido de sua solidez e profundidade. Ele era, para alegria (e responsabi Iidade) nossa, um santo, um sábio e um profeta. (E.J.T. -
PR)
PR)
Redescobrindo Muito bom o artigo do Sr. Leo Daniele sobre o que é melhor: uma sociedade orgânica ou mecânica? Creio existir um desconhecimento tão grande sobre o que é - e já foi - uma sociedade orgânica, que definitivamente precisamos "redescobrir tal sociedade". (G.C . -
Sup,·emo abSlll'dO l8l No processo do Mensalão, a admissão dos embargos infringentes apresentados ao STF frustrou nossa esperança de acabar com a impunidade. A Justiça é tão morosa que os ministros foram se aposentando e ensejando ao governo a oportunidade de substituí- los pelos novatos, em geral afinados ideologicamente com o Executivo . Assim, constatamos um supremo absurdo: o STF brasileiro tendendo a igualar-se
MG)
RJ)
1'rabalho escravo l 181 Um resumo do que li sobre os médicos cubanos: a) são escravos de uma ditadura criminosa; b) não são dignos de possuir um passaporte; c) não têm direito ao próprio salário; d) não podem emigrar da sua Ilha-prisão (Cuba); e) o governo brasileiro não lhes poderá dar asilo político; 1) se fugirem, serão presos e deportados para Cuba; g) são produtos cubanos para exportação, por
isso têm que se mostrar dóceis e amáveis com o país importador. Todos os envo lvidos nessa trapaça deveriam ser punidos por violarem os verdadeiros direitos da pessoa humana. (H .Q.S. -
RS)
1'rabalho escravo II
B Não podemos e não devemos aceitar pagar a escravidão. Muito menos tolerar a contaminação socia li sta de nosso povo. Os médicos cubanos são uma brigada de militantes disfarçada de médicos . Não adia nta a mídia e certos cartu nistas de esq uerda te ntar nos enganar. (J.S.V. -
SC)
Cabral e o Brasil
B Goste i muitíssimo do artigo sobre Pedro Álvares Cabra l e Nossa Senhora da Esperança narrada por Dom Lui z de O rl eans e Bragança. Pena que foi breve ... Se possível, aguardo do Príncipe outras narrativas. (N.A.B.-AM)
1'ransl'erência de J)resos
B No caso os médicos cubanos, sem questionar a discutíve l competência deles, trata-se apenas de uma simp les transferência de presos. Estavam presos em Cuba, agora ficam presos no Brasil, sem salário real, longe da famí lia, sem direitos traba lhistas, sem passaporte, sem direito de pedir asi lo político. Mas o mais incompreensível é o fato escabroso: um governo que colabora com todas estas transgressões. (M.N.J. -
RN)
Não J)recisa dizer nada mais ...
B Na discussão a respeito do programa para trazer médicos cubanos para o Brasil, concordo com a opin ião de uma pessoa insuspeita, pois conhece Cuba melhor do que ninguém: Yoani Sánchez. A dissidente cubana que foi vaiada pelos deputados petistas - sinal favoráve l para e la - ao visitar o Co ngresso Nacional disse : "A medicina cuba na é uma das mais atrasadas do mundo. A maioria dos seus profissionais se forma sem nunca ter visto um aparelho de ultra-som, sem ouvi r fa lar em stent
coronário e sem poder se atualizar pela internet". Não preciso dizer mais nada! (D.S.R. -
RS)
FRASES
Lei absurda
SEL EC IO NADAS
B A própria Bíb lia Sagrada nos informa sobre inversão de va lores, homens corruptos de mente , amantes de si mesmos, presunçosos, avarentos, mais amigos de deleites do que de Deus. Temos que orar por nossas autoridades, para que elaborem leis que beneficiem os seres humanos, e não os animais irracionais. Não estou dizendo que devem ser abandonados os animais irracionais, não! Por favor, devemos cuidar deles. Mas essa lei que está tramitando é um absurdo! Não há dinheiro para cuidar das crianças, dos jovens e dos adu ltos; os hospitais estão sem recursos, o povo está morrendo nos corredores dos hospitais, é uma aberração nossas autoridades ficarem se preocupando com cachorros, gatos e outros animais! Uma coisa devo dizer: será preciso construir muitas penitenciárias, caso essa lei seja aprovada! Então vai aparecer muito dinheiro para construir os edifícios para guardar em segurança o povo que mata, maltrata os animais! Deus tenha misericórdia dos políticos do Brasil! (1.J.G. -
CE)
Verdes JJOI' fora .. . Notam-se os verdadeiros objetivos desses ambientali stas radicais quando examinamos carteirinhas que eles trazem no bolso. A maior parte deles pertence a movimentos e entidades contra a vida, como a ONU , que apoia essas pessoas. Elas não têm idoneidade intelectual. A ONU é a maior patrocinadora dos programas pró-aborto do mundo. Cerca de dois terços do que ela recebe, que deveriam ser revertidos em favor das crianças, são aplicados nesses controles da nata lidade. Mais informações sobre o tema : basta consu ltar a revista italiana de apo logética "I I Timone". Essa atividade é um verdadeiro sacrifício em prol da "deusa" Gea; tudo isso sustentado por esses ambienta lis tas que atuam mais como idólatras do que como homens de ciências. (1.J. -
((A viáa é um instante
entre duas etemú:faáes"
{(A viáa inteira é um
segredo, uma espécie de parêntese enigmático entre o nascimento e a agonia, entre os olfws que se abrem e os olhos que se fecham'' (v~ctor f-1ugo)
{(Que coisa é o homem
neste mundo? Comediante no tablaáo, hóspede na estalagem, uma candeia exposta ao vento, padecente caminhando para o suplício" (Pe. MClV\,ueL 'BerV\,cir~es)
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Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na . pógina 4 desta edição.
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Pergunta - Gostaria de saber se... uma esposa que não ama mais o seu marido, porque ele a decepcionou muito em 8 meses de casada. Ela não tem filhos com ele: quando se casou, ele era divorciado e já tinha duas filhas. Já havia feito operação para não poder ter mais filhos. Não os quer, pois diz que não tem paciência com crianças, não é o sonho dele, e já tem duas. A família dele também não quer que ele tenha mais filhos e ademais vive se intrometendo nesse assunto. Pelo contrário, esse sempre foi o sonho da esposa, quer ser mãe, vive triste e sofre muito com isso ... Já não ama o marido e se sente muito mal em ter relações conjugais com ele, fica enojada e chora escondido, porque faz isso só por obrigação de casada. Teria alguma maneira de solucionar? Esse não seria motivo para pedir anulação do casamento na Igreja?
Resposta - A frase final da pergunta indica que ela se casou regularmente na Igreja , pois o primeiro "casamento" do marido teria sido - é de supor - apenas no civi 1, dissolvido em seguida pelo divórcio. A ser assim, o "casamento" anterior foi nulo perante a Igreja, e o divórcio produziu apenas efeitos civis (tais como pensão para a mulher, ajuda na educação das filhas, etc.) . Por isso ele podia casar-se legitimamente na Igreja, e a mulher com quem se casou é sua legítima esposa. Sucede, porém que, tendo ele feito anteriormente uma operação para não ter filhos , e sendo a propagação da espécie uma finalidade primária do matrimônio, esse casamento foi nulo desde o princípio. Cabe, portanto, perfeitamente entrar com pedido de declaração de nulidade do matrimônio. Note-se bem que a expressão " anulação do casamento" é totalmente imprópria, pois não se pode anular o que desde o princípio foi nulo. Com estas explicações, a consulta está essencialmente respondida, e poderíamos considerar como concluída a resposta. Mas ela dá ensejo a considerações da maior importância, que convém recordar ao leitor.
J)eterioraçãu moral do mundo moderno Lendo com atenção a consulta que nos foi enviada, vê-se o dédalo moral em que vive o mundo contemporâneo. Uma moça que desej a ter um casamento normal , com o sonho de ser uma esposa fiel e mãe dedicada à criação de seus filhos , depara-se com um candidato que já tem duas filhas de um casamento fracassado e dissolvido pelo divórcio. E, ademais, quer ele casar-se novamente, embora tenha realizado uma cirurgia para não ter mais filhos, fraudando o fim primário de todo casamento. Antigamente - dirá alguém - também aconteciam coisas
-CATOLICISMO
□ Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
assim. É verdade, mas no conjunto da sociedade prevalecia a normalidade. Hoje a normalidade de outrora virou exceção. E as novelas de TV se encarregam de mostrar um mundo ainda pior que a realidade. Com o que disseminam ainda mais a anormalidade. E assim estamos diante de um mundo que, humanamente falando, não tem mais conserto!
A Igreja tem os elementos necessários para restaurar tudo Alguém poderia objetar que não se pode declarar o mundo totalmente perdido porque a Igreja dispõe dos elementos necessários para restaurar a boa ordem que deve imperar na sociedade. Ela dispõe, em primeiro lugar, da doutrina que recebeu de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que, com a assistência do Espírito Santo, vem explicitando e disseminando ao longo dos séculos. Tem ademais os Sacramentos, instituídos também por Jesus Cristo, para santificar e regenerar todas as almas, e consequentemente as famílias e todas as sociedades formadas pelo homem. Assim, não há situação, por mais degradada que seja, que não possa ser restaurada pela ação da Igreja. Foi o que viu e quis o Papa São Pio X, que escolheu como lema de seu pontificado justamente a frase de São Paulo: "Jnstaurare omnia in Christo" (Restaurar todas as coisas em Cristo - Efésios 1, 1O).
Fátima: um decrnto de condenação do mundo moderno Mas as graças do pontificado de São Pio X (1903- 1914) não foram correspondidas pelos homens. Já no pontificado seguinte, de Bento XV (1914- 1922), Nossa Senhora veio anunciar em Fátima ( 1917) que pendia sobre a humanidade um juízo severo de condenação da sociedade moderna, construída sobre os princípios do Iluminismo de Voltaire e dos enciclopedistas. E que se os homens não se convertessem, abandonando esses princípios anticristãos, laicos e ateus, viria um enorme e devastador castigo sobre o mundo. A advertência de Nossa Senhora não foi transmitida aos homens de supetão, mas aos poucos - ao longo do século XX - com mansidão e serena firmeza, como convém a um recado materno. Mas a mensagem é clara, e pode ser sintetizada pela frase de Ezequiel (18,30): "Convertimini et agite poenitentiam " (Convertei-vos e fazei penitência); do contrário virá o castigo previsto em Fátima: um Anjo do Senhor, com uma espada de fogo, destruirá tudo que não está conforme à Lei de Deus e aos princípios do Evangelho. A figura do Anjo com espada de fogo é evidentemente uma metáfora que pode significar muitas coisas. A primeira ideia que vem é a de um meteorito como o que caiu na Rússia em fevereiro deste ano, e que se incendiou ao penetrar na atmosfera terrestre, reduzindo-se a uma rocha de pequenas
proporções que se precipitou no lago de Tcherbakul , sem ca usa r ma io res estragos. O estrago ma ior decorreu da onda de choque produ zida pelo meteorito ao penetra r na atmosfera, onda essa que estilhaçou milhares de vid raças na loca lidade de Tcheli abinsk, o que resul tou em mais de J .200 pessoas fe ridas. Mas a metáfo ra a que aludimo pode referir-se também aos artefatos produ zidos pe lo homem, dos quais são exemplos inesquecíve is as bombas atrozes lançadas sobre Nagasaki e Hi ros him a, nos estertores da li G uerra Mundi al. O u, mais recentemente, os obuses de gás sarin utilizados na guerra civil síria, que desencadeara m lág rimas e horro r ao redor do mundo. Tudo isso recorda aos homens que acatar o conse lho de Ezequi el - convertimini et agite poenitentiam - ainda seria o melho r negóc io .. .
A família no ce11t1·0 cio fürncão Essas considerações nos trazem de vo lta à situação da fa míli a nos di as de hoj e, que se encontra no olho do furacão da desordem mora l reinante. Casa is que se junta m sem maiores fo rmalidades e passa m a conviver como se casados estivessem. N a me lhor das hipóteses regul ari za m o matrimôni o a lgum tempo depo is. Enquanto isso, vivem em estado de pecado morta l, sem acesso aos sacra mentos da Igrej a. Antes do casamento, j á v iviam em no itadas de impureza, algumas vezes com desfecho tra umático, como o que vitimou uma casa de
espetác ulos no Rio Grande do Sul. O B ras il todo chorou as vítimas da tragédia, mas poucos se perguntaram como as almas dos que morreram na ocas ião se apresentara m diante de Deus: quantos fizera m um ato de contrição perfe ita, pedindo perdão pe los pecados ali cometidos? A hi pótese da contri ção perfei ta não é de excluir, porque a mi sericórdia de Deus é infinita, e c hama as almas para si até no derradeiro momento. Mas ... Quando se vê que fa mílias, algumas delas com práti ca relig iosa, têm um linguajar espontâ neo - moças inclusive, o u moças sobretudo ! - que antes era pri vativo de homens de boca suj a, pode-se imaginar qua l terá sido o juízo de Deus a seu respeito. A fa míli a, hoje, porta nto, está no olho do fu racão da deterioração moral que devasta a sociedade de alto a baixo. Então não é de estranhar que uma pessoa, como a que nos consulta, veja-se numa situação lamentável, que seria impensável meio século atrás. Que estas considerações, fe itas a propós ito do seu caso, lhe faça m ver que o probl ema que enfrenta tem uma amplitude e uma profundid ade que abra ngem toda a sociedade moderna. A verdade ira esperança é que as profecias de Fátima se cumpra m quanto antes, com a efusão das graças de regeneração que lhe estão anexas. Vinde, Senhora de Fátima, não tarde is! • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
NOVEMBRO 2013 -
A REALIDADE CONCISAMENTE 11
Chuva sólida 11 pode tornar a seca problema do passado
quími co mex ica no Sérgio Rico Velasco (foto embaixo) desenvo lveu um polímero superabsorvente criado originalmente pelo Departamento de Agri cultura dos EUA, denominado "chuva só lida". Poucas gramas absorvem uma enorme quantidade de água e depois a liberam aos poucos, permitindo que as pl antas se desenvolvam em período de estiagem. A "chuva sólida" é utilizada há l Oanos no México, onde o governo ca lcula ampliar as colheitas em até 300%. O produto é natura l, não prejudica o so lo, dura vários anos, não é tóx ico e ao se des integrar é ass imil ado pelas pl antas. Já recebeu milhares de encomendas de países com territóri o áridos, como a Índi a, Austrália; e até mesmo o Reino Unido, onde as secas não constituem difi culdade. O engenho humano pode ameni za r problemas que o catastrofismo verde apresenta com estardalhaço - como a escassez de água doce - a fim de indispor a opinião pública contra a vida civilizada e o progresso materi al no pl aneta. •
º Dragão chinês domina hidrelétrica argentina grupo chinês Gezhouba recebeu do governo argentino a mega-obra da hidrelétri ca de Santa Cruz, na Patagôni a, e anunci ou que já está de olho no milionário projeto de Chihuido, na província de Neuquén. A sabotagem do governo pl atino contra as empresas qualifi cadas como "capitali stas" e "antipopulares" é a causa da aflitiva fa lta de energia no país vi zinho. E a China não teria conseguido as li citações se não estivesse assoc iada aos atuais ocupantes da Casa Rosada. Gezhouba apresentou como seu grande argum ento para obter a mencionada construção a promessa do Banco de Desenvo lvimento da China (CDB) de fin anciar 85% da mega-obra. O populismo nac ionali sta argentin o, ass im , estreita os laços co m o marxismo radi ca l, mas procura se di sfarçar, alegando as aparentes vantagens econômicas desse fi nanciamento. •
º
Impressionante caminho de iovem ateia ao catolicismo
I
nforma o "The Cath ol ic Herald" (23-5-1 3) que Mega n Hodder era uma jovem para quem "a relig ião era irrelevante na vida pessoal ". Devoradora de li vros de ateus e evolucioni stas, ela começou a pesqui sar argum entos contra os que imaginava serem "os piores inimigos da razão" : os católi cos. "Fo i aqui, ironicamente, que os problemas começaram ". E acresce ntou: "Percebi que arg umentar contra Deus era um erro. Informando-me melhor sobre as teses aristotélico-tomistas, eu as considerei uma explanação bastante válida contra a qual os.filósof os ateus não tinham conseguido apresentar um ataque coerente. " Mega n nunca hav ia praticado a reli gião. Mas ex pl icou que "o catolicismo, como uma verdade viva, eu só entendi observando aqueles que já serviam a Igreja, mediante a vida da graça di vina ". E o bom exemplo valeu mais do que a montanha de livros. Na Páscoa de 201 3, ela ca iu em si: "A vida dafé começou a fazer sentido para mim, a ponto de eu não poder maisficar parada. Eufii i batizada e corifirmada na igreja Católica. " •
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CATOLICISMO
Gigantismo da comunicação: xeque às liberdades! pres idente da Fundação de Software Livre da Europa (FSFE), Karsten Gerloff, fa lando no 21 °Euskal Encounter da entidade, realizado em Bilbao (Espanha), afirmou que giga ntes info rmáticos como Google, Microsoft ou Facebook, "sem nenhum aviso prévio, roubam nossa info rmação. Nós só lhesfornecemos dados porque acreditamos que eles protegerão nossa privacidade". Acrescentou que ta is giga ntes "criaram estruturas de controle". Gerl off qualifi cou esse procedim ento como " tra ição", exemplifica ndo com " a entrega por parte de Yahoo de info rmação co,?fidencial de seus clientes ao governo chinês ". E deplorou : "Agora isso é f eito por todos ". É bem conhecido o fa to de que o governo marxista da China utiliza esses dados para perseguir os cidadãos que não afin am com as pos ições reli giosas, ideológicas ou políti cas da ditadura do Partido Comuni sta chinês. •
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Europa: povos em via de desaparecimento?
A
população alemã encolhe significativamente . Na zona ru ral, há filas de casas vazias, quinta is cobertos de mato, janelas fec hadas com tábuas e sistemas de esgoto estragados por fa lta de uso. Nas cidades, os operári os enve lhecem e as linhas de montagem reduzem as tarefas corporais, pois não há substi tutos capacitados. Segundo o último censo, a A lemanha perdeu 1,5 milhão de habitantes. Até 2060, a população poderá encolher mais 19%, ca indo para 66 milhões. O governo quer ma is mulheres nas fáb ri cas. Mas essa intenção contradiz os estímulos de 265 bilhões de dólares anuais para que e las tenham ma is filhos . Os países europeus que adotaram a mesma agenda anti -vi da devem cai r nesse mesmo despenhadeiro. Em 1960 nasceram 7,5 milhões de crianças nos 27 pa íses que hoj e faze m parte da U ni ão Europe ia. E m 20 11 nasceram apenas 5,4 milhões. A úni ca solução seria a prática das ações segundo a Lei de Deus. Mas esta única tábua de sa lvação não é adotada pelo governo la icista germâni co, nem mesmo pregada pe lo c lero católico a lemão . •
Ártico se recupera, desmentindo previsões de ambientalistas
A
superfície gelada do Ártico ating iu em 21 de agosto de 20 13 uma extensão 60% maior do que apresentava na mesma data do ano passado, segundo a NA SA. No Polo Norte não há terra debaixo do gelo, o qual forma uma ca lota de cinco metros de profundidade médi a. Muito sensível a ligeiras mod ifi cações, sua superfíc ie se altera basta nte de ano para ano. Ex iste uma farta documentação científi ca sobre o ciclo de crescimento e decrescimento da superfíc ie ge lada do Ártico. Contudo, o alarmi smo ambi entali sta exagera e suas profec ias catastróficas não se confirmam. Por exempl o, seis anos atrás, a BBC inglesa anunciou que o Ártico ficaria sem gelo em 20 13 . O derretimento tota l não aconteceu. Vinte iates que tentaram atravessar o Polo N orte "sem ge lo" ficaram avariados e estão sendo socorridos pela marinha ca nadense. A recuperação do ge lo no Ártico co incide com o ingresso da Terra numa fase de resfriamento global. •
Novos martírios de católicos na Síria erdadeiros martírios de católicos em mãos de maometanos aconteceram em Maalula, aldeia ao norte de Damasco, na Síria. No dia 7 de setembro último, os seguidores de Maomé invadiram casas de católicos, destruindo imagens e objetos familiares. Numa delas estavam Mikhael Taalab, seu sobrinho Antoun Taalab e seu neto Sarkis el Zakhm. Intimado pelos sequazes do Corão a se perverter ao Islã, Sarkis respondeu alto e bom som: "Sou cristão, e se quereis me matar porque sou cristão, fazei-o!" O jovem e seus parentes foram fuzilados a sangue frio. "O que aconteceu com Sarkis é um verdadeiro martírio, um assassinato por ódio à fé (in odium fidei)", disse a Irmã Carmel. As exéquias foram celebradas pelo Patriarca Gregório Ili Laham na catedral católica do rito greco-melquita em Damasco.
V
Ditadura persegue peregrinos à padroeira de Cuba ais de 200 católicos cubanos puderam chegar até o santuário da Virgen de la Caridad dei Cobre, no dia de sua festa. A celebração teve uma conotação heróica, pois a ditadura castrista proibiu as romarias e bloqueou as estradas principais que levam até o local. A polícia comunista encarcerou um número desconhecido de peregrinos. Para fugir da repressão, os romeiros utilizaram vias alternativas, como trilhas no meio do campo , evitando estradas e vias mais frequentadas. A Virgen de la Caridad dei Cobre é a padroeira de Cuba e sua devoção está crescendo entre os cubanos, desiludidos com o regime e com a atual falta de alternativas políticas. Nada hoje os une mais do que a Virgen de la Caridad .
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NOVEMBRO 2013 -
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DESTAQUE
Em tempos de extrema confusão, "permanecer firmes, mantendo as tradições que nos foram ensinadas" n
Luiz SÉRG10
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o dia 19 de setembro, "C iviltà Catto lica", a principal revista da Companhia de Jes us, simu ltaneamente com outras publicações da mesma Ordem, publicou uma entrevista concedida pelo Papa Francisco, a qual fo i comentada favorave lm ente pela mídia internacional. O impacto da entrevista sobre a opinião pública foi enorme e deu origem a muito debate. Inúmeros setores católicos conservadores ficaram perplexos, enquanto os secularistas - incluindo os movimentos abortista e pró-homossexual - lhe deram um surpreendente apoio. Causaram particularmente escândalo as afirmações do Papa de que "não podemos insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e ao uso dos métodos contraceptivos. Isto não é possível ". E que "uma pastoral missionária não está obcecada pela transmissão desarticulada de uma multiplicidade de doutrinas a se impor insistentemente ". 1 Posteriormente, no dia l º de outubro, o mesmo Soberano Pontífice concedeu uma entrevista ao jornalista e político ateu Eugen io Sca lfari, fundador do jornal secularista radical "La Repubblica".2 O destaque desta última entrevista foi para as afirmações do Papa de que "não existe um Deus católico "; de que o proselitismo "é um solene disparate" (solenne sciocchezza); de que ao encontrar um clerical, ele ( o Papa) se "torna imediatamente anticlerical"; de que cada um pode seguir a sua concepção do
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CATOLICISMO
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bem e do mal ; de que os chefes da Igreja foram com freq uênc ia narcisistas, etc.
Não foi empenhada a int'alibilidade É bem evidente que em tais entrevistas o Papa não fez uso de sua prerroga-
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tiva de infalibilidade, isto é, não falou empenhando sua suprema autoridade apostólica, nem definiu doutrinas em matéria de fé e moral que devem ser aceitas por toda a Igreja. 3 "Lifesitenews.com" publicou estudo de um teólogo romano especializado
em eclesiologia, que após exp li car que as entrevistas do Papa não envo lvem infalibilidade, afirmou: "Nós podemos olhar para as palavras e ações do Papa e, com espírito de humildade e caridade, chegar à conclusão de que elas não são de nenhuma ajuda particula,; ou que são positivamente contraproducentes e mesmo perigosas. Nesse caso, podemos ler a obrigação de nos pronunciar ou mesmo de resistir ao Papa. Eu digo podemos: uma pessoa não tem sempre a obrigação de agü; especialmente quando percebe que a ação não resultará em um bem, ou que ela poderia, inclusive causar um mal maior".'1
"Nós saudamos o desejo do Papa Fran c isco de enco ntrar 'um novo equilíbrio ' dentro da Igreja Católica e assegurar que ela s~ja verdadeiramente um 'lar para todos '. " O reconhecimento de que a Igreja está fora do ritmo dos tempos modernos não poderia chegar em momento melhor: quando os líderes mundiais es tão reunidos nas Nações Unidas para discutir os parâmetros da agenda do novo desenvolvimento global e da saúde, em que os direitos das mulheres e dos j ovens de vem ser priorizados. Isso signijica assegurar acesso a uma ampla educação sexual, contracepção
e .facilidades para o aborto seguro necessidades às quais o Vaticano tem se oposto com veemência. "Nós esperamos que este seja um passo adiante na linha de tornar as violações dos direitos reprodutivos e sexuais uma coisa do passado. " 6 Em uma entrevista à Rede de televisão MSNBC, a freira Jeannine Gramick, co-fundadora do New Ways Minislry, uma orga nização oposta à doutrina católica em rel ação à prática homossexual , contou que chorou de a legria ao ler a entrevista do Papa. 7 Da mesma maneira, Marianne T. Duddy-Burke ("casada" com uma ex-fre ira),8 diretora executi va do movimento ho mossex ual "católi co" DignityUSA, declaro u: "LGBTs católicos e seus aliados se regozijarão com a conclamação do Papa para que os líderes da igreja focalizem mais em ser pastores do que aplicadores de leis. Esperamos que os bispos atendam a essa diretriz e cessem imediatam ente suas campanhas antiLGBT, [como também] as demissões de empregados da igreja pelo que eles são [i sto é, por serem homossexuai s], os ataques às pessoas que questionam os ensinamentos oficiais [da lgreja], e a retórica exclusiva e crítica que muito .fi··equenlemente se ouve dos púlpitos ". E continua: "O Papa não teve ambiguidades: abandonem as intimidações dos púlpitos e acompanhem seu povo. " 9
O movimento alJol'tista agmdcce ao Papa O porta-estandarte do movimento abortista nos Estados Unidos, a National Aborlion and Reproductive Rights Action League - NARAL-Pro-Choice America, co locou uma nota de agradecimento ao Papa em sua página do "Facebook" com os dizeres: "Caro Papa Francisco: Obrigado. Assinado, mulheres pró-escolha de todas as parles. NARAL Pro-choice America ". 5 Por seu lado, Carmen Barroso, diretora regional da Inlernalional Planned Parenlhood Federalion - Weslern Hemisphere Region, que promove o aborto em todo o mundo, escreveu esta carta ao editor do "The New York Times", publicada em 21 de setembro:
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A moral católica, conjunto de doutJ•h1as desconjuntadas?
Confusão e11trn os católicos Por sua vez, o Arcebispo de Fi ladélfia , D. Charles Chaput, na sua coluna de 25 de setembro no jornal diocesano, diz que entre as mensagens que recebeu sobre a entrev ista do Papa: "As mais comuns eram os emails de catequistas, de pais e de católicos comuns que se sentiam confusos p elas manchetes da mídia sugerindo que a Igreja, de algum modo, tinha mudado seu ensinamento numa variedade de questões morais. " E exemplifica: "Ouvi de uma mãe de quatro .filhos - um adotado, outro d~ficiente desde o nascimento - e que passou anos aconselhando.Jovens grávidas [a não abortarem] e abrindo clinicas pró-vida. Ela queria saber por que o Papa parece rejeitar os seus sacrifícios. Um padre disse que o Papa 'implicitamente acusou de serem obtusos seus irmãos no sacerdócio que tomam com seriedade os problemas morais ' e que '[se você é um padre], ser moralmente sério é mais provável que venha a ser agora classificado publicamente como um problema. 'Um outro padre escreveu que 'o problema é que [o Santo Padre] torna feliz as p essoas erradas, p essoas que nunca irão acreditar no Evangelho e continuarão a perseguir a Igreja'". 10
"Questões sobrn as quais devemos sei' incisivos"
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Em uma declaração ao jornal "The
CATOLICISMO
Press Democrat", de Santa Rosa (Ca lifórnia) , o bispo dessa cidade, Dom Robert Vasa, disse que não tem visto obsessão a respeito do aborto, contracepção e homossexua lidade. E comentou: "Conheço pessoas - entre as quais certamente me incluo - que acreditam ftrm emente que essas são ques tões culturais fundamentais sobre as quais se deve ser incisivo". E acrescentou: "Mas eu não estou obcecado com elas. A grande maioria das coisas que escrevo não inclui os temas da contracepção ou do divórcio e novo casamento". Ele se pergunta: "Há uma necessidade de se pregar sobre essas questões?" E responde com firmeza : "Não há dúvida". 11
E m carta publicada num boletim católico na Internet, Germain Grisez, professor emérito de Teologia Moral no Seminário Mount Saint Mary, de Maryland , e autor de inúmeros livros sobre a matéria, fez o seguinte comentário: "Qual a razão de dizer que o ministério pastoral da Igreja não pode estar obcecado com a 'transmissão desarticulada de uma multiplicidade de doutrinas a se impor insistentemente'? Fazer essa afirmação sugere, infelizmente, uma caricatura dos ensinamentos dos recentes pontificados. [. ..] Afrase é impactante. Ela repercute no nosso íntimo. Mas se ela foi sugerida por um espírito, nãofoi o Espírito Santo, porque ela conjimde e engana". 12
"Obsessão " ou "dedicação"? A Dra. Janet E. Smith, professora de Teologia Moral no Seminário Maior do Sagrado Coração, em Detroit, no Michigan , disse que se sentiu "perturbada " com o comentário do Papa de que há uma "obsessão" em relação ao aborto, à homossexualidade e à contracepção, porque e la passou a maior patte de sua vida tratando dessas questões. Mas, diz que, em vez de "obsessão", ela crê que foi a "dedicação" e o "empenho" que a levaram a tratar dessas matérias. E exp li ca: "Ajudar as p essoas a entender por que o aborto, a contracepção e os atos homossexuais não estão de acordo
Mas, como a maioria do movimento pró-v ida, a Dra. Miller não desanimou: "Mas - apesar de tudo - das declarações ambíg uas e perturbadoras do Papa e da zoeira da mídia, isto representa apenas uma coisa a mais que Deus nos p ede para sofrer por Ele. Portanto, NiO nos desencorajemos! Fa çamos noss o traba lho sal vador. Isto é o que Deus nos p ede e devemos ser seus fiéis servos. Em frente, meus amigos. " 14
"Cobel'tlll'a" pa ra os políticos cató.licos
com os p lanos de Deus para a f elicidade humana é um meio muito ef etivo de tornar as p essoas mais próximas de Jesus e da Igreja e é por isso que passei a maior parte de minha vida adulta evangelizando dessa maneira. " Pensam do mesmo modo as legiões de lutadores pela vida, os educadores dos métodos nat11rais de planej amento fa miliar e de abstinência sexual, e aqueles que se dedicam em organizações como Coragem, que ajudam pessoas com tendências homossex uais a viverem castamente e que se sacrifica m por amor a Deus e à Igreja. A Dra. Janet diz que pode haver um ou outro exagero, mas que ela nunca se deparo u com um deles na vida real. 13 "Movime11tos pró-vida atirados aos lobos"
a sensação de ter sido deixado em uma posição diflcil na tarefa, já de si dificil, de lutar p elo f im do aborto legalizado - certamente não somente pela entrevista do Papa - mas, naturalmente, p elo modo como os militantes pró- vida, deliberadamente ou não,.fàram atirados aos lobos.[. ..] Eu mep etgunto se o Papa Francisco está inteiramente consciente do tamanho da injustiça que significa o aborto. Eu não estou certa de que ele leva suficientemente em conta o quanto custa aos ativistas pró-vida salvar bebês do aborto. Faço aqui uma analog ia sobre as consequências concretas das afirmações do Papa - seria como se o Papa Pio XJJ tivesse dito a Oskar Schindler: 'pare de estar obcecado com o Holocausto dos judeus' ".
O Pe. Mi chae l P. Orsi, pesq uisador assoc iado de D irei to e Reli gião na Ave Ma ri a Schoo l of Law, ass ina la que a afirmação do Papa Fra nc isco em sua entrev ista - de q ue e le é "um filho leal da igreja " - "não é suficiente para mitigar o estrago que suas palavras causaram no mo vimento pró-vida e naqueles que estão procurando def ender o casamento como sendo entre um homem e uma mulhet: Suas palavras ef etivamente deram uma arma para aqueles que querem reprimi-los". Do mesmo modo, diz ele, "as reflexões do Papa providenciaram uma cobertura para os políticos católicos que apoiam as leis abortistas liberais e a legalização do casamento homossexual. Eles podem agora argumentar que, a exemplo do Papa, estão ocupados com questões mais graves, como a pobreza e a preocupação com os pobres ". 15
Por sua vez, a D ra . Mô ni ca M igliorino Miller, professora de Teologia na Madonna U ni versity, de Michigan, e diretora do Citizen s for a Pro-life Society (C idadãos por uma Sociedade Pró-Vida), ex pressou muito bem a fr ustração do mov imento pró-v ida com as declarações do Papa: "Eu não estou qfirmando que o Papa quis deliberadamente desaprovar, deslegitimar ou desacreditar o trabalho dos movimentos pró-vida. Mas há suficiente ambiguidade em sua declaração, f eita ademais num certo tom - que, infelizmente, essas são as consequências de sua entrevista. Estou certa de não ser o único líder ativista pró-vida que tem
NOVEMBRO 2 013
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"Cl'isto o che/'e da lgl'eja " Deixamos de tran screver aq ui os comentários a respeito da entrev ista do Papa ao jornal "La Repubblica" porque alongariam por demais este artigo. Só chamamos a ate nção para a dubiedade da afi rmação do Papa Francisco ao ate u Scalfari de que "não existe um Deus católico, existe Deus". Co rn o e nsi na São Paulo, "Cristo é o chefe da igreja, seu corpo, da qual ele é o Salvador"
(Ef 5,23). Portanto, a uni ão de Cri sto,
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o Verbo Enca rnado, com a sua Igreja 6 '"' é tal, que não se pode separa r, pura e ~ simpl esmente, Deus de Sua Igreja. LJ
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Fidelidade à lgl'eja E m tempos de extre ma co nfu são como o nosso, no qual domina a sede de nov idades, devemos nos lembrar da exortação do Apósto lo São Paulo: "permanecer.firmes, mantendo as tradições que nos.fora11i ensinadas" (2Tes 2, 14). Peçamos a Nossa Senhora a graça de termos um a consta nte fide lidade à Igrej a, Una, Sa nta, Cató li ca, Apostólica, Romana, a única verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jes us Cristo. •
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E- mai l para o autor: cato lic ismo@terra .com.br Notas: 1. Íntegra da entrevista do Papa Francisco à 'Civiltà Ca110 /ica ', in "Brotéria", Julh o de 0 0 2. l~a!fàri: cosi cambieró la Chiesa - "'Giovani senza /avaro, uno dei 111ali dei mondo", in "La Repubblica", OI ottobre 20 13. 3. Cf. Denzinger, Enchiridion Symbolomm, 1839. Ver Arna ldo Vidigal Xavier da Si lveira, Qual a autoridade doutrinária dos docwnenlos pontif,cios e conciliares?, in Catolicismo, nº 202, outubro de 1967. 4. A de.finition ofinfatlibitity in light ofthe Pape Francis i111ervie1vs, in "Lifesitenews.com"; ver também Plinio Corrêa de Oli ve ira, A politica de dis tensão do Vaticano com os governos co111u11istas - Para a TFP: omitir-se? ou resistir? ln "Folha de S. Paulo", 1Ode abri l de 1974, http://www.pliniocorreadeo li veira. in foi MAN%20-%20 1974-04-08_ Resistcncia.htm#. Uk9 1sF Pimos 5. https://www.facebook.com/photo.php?fbid= I O15 1858307 18432 1&set= a. 146691269320. 1O 51 15.80562389320&type= I&theater 6. "The New York Times", September 2 1, 20 13. 7. Em ma Margo lin, Progressive Catholics hail Pape Francis' position 011 social issues, in MSNBC - NewNation with Tam ron Hall, 09/ 19/20 13. 8. Cf. 15 Years in the Lives o.fa Catholic Lesbian
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CATOLICISMO
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Co11ple, in "The Huffin gton Post" -
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Voices, 09/19/20 13. 9. Pope's Commenls Signal Ne1v Direction for Ca1holic Church - LGBT Ca1holics Welcome Pastoral Tone anel S11bstance, in Dign ityUSA,
September 19, 20 13. 10. POPE FRANCIS ANO 'THE INTERVIEW' - Week ly Co lumn by Archbishop Charles J. Chap ut, O.F.M. Cap., September 25, 20 13. 11 . Catholics dive,ge un pupe 's message, By MARTrN ESP INOZA , "The Press Democrat", September 20, 201 3.
12. Lei ter #90: Editorial 011 Pape '.s /11/erview, September 29. 13. Janet E. Sm ith, Are We Obsessed? ln "First Things", Seplember 25, 20 13. 14. Unpacking lhe Pope's PR Debac/e - Whal J-/appened anel Whal // Means.for Pro-Lifers A Critique o.fthe Pape 's America /11/erview, By
Monica Migliorino Miller, in "Citizens for a Pro-L ife Society". 15. The pope's blurred red fines, By Mi chae l P. Ors i, in "The Washington Times", September 26, 20 13.
Intromissão da ONU no Senado brasileiro
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ONU continua inúti l e contraproducente. Exemplo recente disso é a indevida e absurda tentativa de intromissão desse organismo no Senado brasileiro. Em 27 de junho deste ano, a Comissão de Constituição, Justiça e C idadania (CCJ) do Senado aprovou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) originária da Câmara, estabe lecendo " a
expropriação de propriedade rural e urbana onde for constatada a exploração de trabalhadores em condições análogas ao trabalho escravo ", sem qua lquer indenização. A proposta a inda deve ser aprovada pelo plenário do Senado e, se houver emendas, voltar à Câmara. À primeira vista, a proposta parece simpática e até necessária. Quem quer o restabelecimento da escravidão no Brasil? Ninguém . Entretanto, nesse caso, uma é a teoria e outra é a prática. A acusação de manter trabalho escravo tem sido utilizada como arma contra a propriedade privada pelo MST, CPT e inimigos do agronegócio em geral. Usam qualquer pretexto para brandir essa acusação contra os pro-
prietários. Simp les irregularidades são qualificadas sumariamente de trabalho escravo, como fa lta de carteira assinada (sendo que grande parte do trabalho no Brasi l é informal), atraso no pagamento de salário, condições precárias de higiene e coisas do gênero. Todas elas, situações sanáveis. Tendo em vista essa perseguição, ao aprovar a citada PEC, a CCJ teve pelo menos o pudor de pedir ao presidente do Senado que institua uma com issão especia l a fim de definir o que seja o tal trabalho escravo, para evitar, ou ao menos dificultar, as arbitrariedades que vêm sendo perpetradas no Brasi l a esse pretexto. *
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E is que a ONU reso lveu intrometerse no assunto, afirmando os absurdos mais disparatados. Para esse inútil órgão mundial , o Brasi l estaria sujeito a um terrível regime de escravidão e, assim sendo, o Senado precisaria aprovar com urgência a tal PEC, mesmo sem definir o que seja escravidão. A asnice de querer criminalizar um
Guinara Shahlnlan, relatora da ONU para o combate à escravidão
ato não definido só se expl ica pelo ódio marxista à propriedade privada e aos proprietários. Notícia publicada na col un a de Jamil Chade, no "Estado de S. Pau lo" (25-9- 13), informa que a ONU "cobra o
presidente do Senado, Renan Calheiros, que vote uma emenda à Constituição que endurece as punições contra a escravidão. A entidade enviou a cada um dos senadores brasileiros uma carta apelando para que o tema entre na agenda do Senado ". "A escravidão não pode nem estar presente e nem continuar para as pessoas no Brasil " - escreveu a relatora da ONU para o combate à escravidão, a armên ia Gui nara Shahinian. Para ela, a PEC ajudaria a "restabelecer.Justiça e
dignidade a muitos no Brasil que foram vítimas da escravidão". Ma s Guinara não quer sabe r de definir nada: "Estou preocupada com o
fato de que a discussão sobre a redef i,nição do conceito de escravidão possa desnecessariamente frear a adoção da Emenda Constitucional PEC 57A, tão esperada por muitos homens, mulheres e crianças, trabalhando como escravos na agricultura. " De onde tirou e la que há tanta gente trabalhando como escravo no Brasil? Imaginação doentia ou preconceito marxista? Quer ainda medidas policialescas:
"Tenho enfatizado a necessidade para uma maior aplicação da lei e fortalecer as ações da Polícia Federal. " Pôr a Polícia no encalço de algo que não está definido, e que, portanto, não se sabe o que é! Nenhuma preocupação com os direitos humanos dos proprietários! Esperemos que os senadores tenham o devido senso de honra e de justiça para rejeitar essa descabida intervenção da ONU na soberania de um dos poderes da República . Ta l intervenção seria mais um motivo para lágrimas de Nossa Senhora sobre o Brasil. •
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EPISÓDIOS HISTÓRICOS
A conquista de Córdoba e
o revide dos sinos "Senhor, Vós que sondais os corações, sabeis que busco vossa glória e não a minha. Não 1ne proponho conquistar reinos perecíveis, mas difundir o conhecimento de vosso No1ne" (Fernando IIl, o Santo) Representação medieval do Rei Fernando Ili
n D AN IEL F.
s. M ARTINS
ão logo subiu ao trono de Castela, o jovem rei Fernando llI traçou a meta de seu governo: a propagação da Fé cató lica e a libertação da Espan ha do atroz jugo muçulmano. De fato, após ter resolvido problemas políticos internos, ele vo ltou seus ol hos para a vasta região da Andaluzia, que ai nda vivia sob o domínio sarraceno. Mais uma g lori osa página da Reconquista estava para ser escrita. Para ating ir esse árd uo objetivo, Fernando de Caste la sabia ali ar ações diplomáticas a intervenções militares, aprove ita ndo as rixas entre os líderes muçulmanos e a decadência que grassava nos reinos mouros, conseq uência da vitória dos cató licos em Navas de Tolosa, liderados por seu pai , Afonso Vlll de Castela, no ano de 1212 (ver Catolicismo, julho/ 2013). Com efe ito, em 1229 iniciou-se séria dissensão entre dois dirigentes dos muçulmanos: de um lado lbn Hud, que comandava Granada, Almería, Jaén, Córdoba, Málaga e Sev ilha, e de outro lbn AI-Ahmar, fundador da dinastia Nasrid, que governou o reino de Granada até 1492. Proclamando sua independência do jugo muçulmano em 1232, este último logo conseguiu o reconhecimento de outras cidades e tornou-se um sério desafio para Ibn Hud. Tirando vantagem dessa disputa, Ferna ndo III nesse mesmo ano cercou vários caste los na região de Úbeda e conquistou diversos deles . Três virtudes principais caracteri zavam o jovem monarca : a rap idez, a prudência e a perseverança. Q uando os inimigos pensavam que e le estava em um lado, aparecia em outro, e sabia prolongar os cercos para evitar derramamento de sangue. 1 "Seu exército era um exército cristão. A Santíssima Virgem era sua padroeira e sua imagem era transportada como símbolo de proteção e vitória. O rei era o exemplo. Jejuava, usava um ci/icio em forma de cruz e passava em oração as noites que antecediam as batalhas. Essas guerras contínuas nunca o induziram a carregar seu povo de impostos. Confiava no auxílio da Providência e afirmava temer mais as maldições de uma mulher pobre do que todo um exército de mouros. "2
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As pl'imeiras conquistas A primeira cidade importante a cair sob o domínio do exército católi co fo i Quesada.
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CATOLICISMO
Pouco antes da aurora, os castelhanos colocaram escadas junto às suas mu ra lhas. O rei Fernando subiu rapidamente, sendo o primeiro a nelas pôr os pés. Com um go lpe rij o e certeiro afastou o sentinela que tentou matá-lo. Logo depois subiram os cava leiros com o brado "Santi ago e Castela!", para proteger seu valente rei, que sempre estava à frente. Após fe roz batalha, conqui staram as mu ra lhas e torres; abriram os portões, permitindo ao restante do exérl cito entrar e ca pturar ruas e praças. Os primeiros rai os de so l viram a cidade já sob domíni o cri stão. 3 De posse da torre mais alta, o rei Fernando, coberto de sangue decorrente da batalha, ali instalou a Cruz, e olhando com enlevo o sinal da Cri standade, di sse: "Senha,; Vós que sondais os corações, sabeis que busco vossa glória e não a minha. Não me proponho conquistar reinos pereci veis, mas difimdir o conhecimento de vosso Nome". 4 Nos se is anos seguintes à batalha de Quesada, o rei Fernando fez incursões em toda parte central da Andaluzia, secu ndado por seu irmão, Alfo nso de Molina, pelo bravo Álvar Perez de Castro, pelos cavaleiros das Ordens Mi litares de Ca latrava e Santiago, e por Dom Rodri go Jimenez de Rada, arcebispo de Toledo. Juntos, devastaram os campos da Andaluzia em posse dos muçul ma nos, dific ultando seu abastec imento de víveres. Nesse período, Fernando 111 empreendeu uma gra nde ofensiva e cercou Úbeda, ponto estratégico para a defesa de Baeza e Quesada. Os muçulmanos dessa cidade se rendera m pac ifica mente em julho de 1233 , com a condi ção de levar consigo tudo o que pudessem ca rregar. Logo depois o rei combinou um a trégua com lbn Hud , que prometeu paga r 1.000 dinare di ári os de tributo. A ofensiva castelhana continuou então em outros setores. No ve lho reino muçulmano de Badaj oz, as Ordens Militares ca pturaram Medellín, Alange, Sa nta Cruz em 1234, e Magace la em feve reiro de 1235. Na primavera o rei renovou a trégua com lbn Hud, que, como sinal de vassa lagem, prometeu paga r um tributo de 430.000 maravedís. 5 Isto fe ito, Fernando 111 devastou as terras de lbn al-Ahm ar, rei de Jaén e Arj ona, conqui stando vári os castelos ao norte de Úbeda e Baeza. Mas um evento inesperado, provocado pela ousadi a de alguns so ldados cató licos e a bravura do rei, ace lera ri a essa fase da Reconqui sta: Córdoba. \.A
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Mapa da situação da Península Ibérica na época de São Fernando
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O cerco ele Córdoba
Ao lado de Granada e Sevilha, Córdoba era o orgulho dos muçulmanos in vasores. O fa usto, o luxo e o esplendor materi al dessas cidades constituíam para os seguidores de Maomé um verdadeiro jardim de delícias e uma contínu a humilhação para os católi cos. Quando, por exempl o, o domíni o mouro estava em seu auge, o tirano AI-M ansur (a no de 1002), após conqui star a igreja de Santiago de Composte la, ao norte da Espanha, fo rçou os católi cos captu rados a ca rrega r os giga ntescos sinos da Bas ílica até a mesqui ta de Córdoba (cerca de 900km! ). O ano 1236 ia pôr termo a essa provação. Estava Fernando com sua mãe à mesa para o almoço, na cidade de Benavente, em janeiro daquele ano, quando de repente chega um mensage iro: alguns bravos guerreiros ca tóli cos tinham se apoderado de um bairro nas cerca ni as de Córdoba. Os que dentre eles fa lavam árabe vestira m-se de muçulmanos, esca laram as muralhas e, tendo antes se info rmado a
Biblioteca do Califato de Córdoba
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respe ito dos pontos fracos cio adversário, dominaram o bairro de Ajarquía. Entreta nto, não tinh am fo rça suficiente para enfre ntar por muito tempo os inúmeros muçulmanos que os cercavam (a cidade nesta época contava com 300 mil hab itantes). Alguns dos cortesãos do rei tentara m di ssuad i-lo de ag ir logo, pois estava m em pl eno inverno, quando as estradas ficava m intransitáve is dev ido às chuvas e à neve; temiam , além di sso, qu e lbn 1-lud e os marroquinos pudessem virem socorro ela cidade. "Colocando sua esperança em Jesus Cristo, Fernando 111, um miles Chrisli [soldado de Cri sto], fechou seus ouvidos a esses conselhos, e resolveu ajudar aqueles que se colocaram em tão grande risco. " 6 Sem perder tempo convocou todos seus vassa los e, antes mesmo que estes viessem, moveu-se para o sul com apenas 100 cava leiros, chega ndo a Córdoba em 7 ele fevereiro. E uma vez obtido o reforço de outros 100 cava leiros, ocupou o rei a área sul do rio Guada lqui vir, para impedir que os muçulmanos tivessem li vre a sa ída da cidade. lbn 1-lud juntou uma fo rça de aprox im adamente 5.000 cava leiro e 30.000 infa ntes, bem co mo 200 cava leiros renegados (católi cos apóstatas que se hav iam bandeado para o lado cios muçulm anos), mas nem ass im conseguiu sobrepuj ar os castelhanos. Recuou então para Sev ilha. Depois ela Páscoa viera m reforços para o exército cristão proven ientes de Castela, Leão e Ga lícia. À med ida que os católi cos iam apertando o cerco, seus adversári os perceb iam que era imposs ível vencer, e negoc iara m um acordo. Entretanto, ao saber que os cri stãos estava m com pouca comida e que os leoneses pretendiam partir após os três meses de serviço combinado, os cordobeses renegaram o contrato. Para intimidá- los, Fernando fez uma aliança com lbn al-Ahm ar (rival de lbn 1-lur). Desanimados, os citadinos oferecera m a rendição, com a condição de que pudessem leva r seus bens móve is com sa lvo-conduto até as próx imas cidades muçulmanas. Alguns cava leiros católi cos aconse lhara m o rei a tomar a cidade de assa lto, mas este optou por aceitar a condição dos venci dos e Córdoba se rendeu em 29 ele junho ele 1236. Uma trégua ele seis anos fo i estabelec ida com lbn Hud , que novamente prometeu pagar um tributo anual ele 156.000 maraveclís. Assim , a 'famosa cidade de Córdoba [. ..} que por tanto tempo tinha.ficado cati va, isto é, desde o tempo de Rodrigo, rei dos Visigodos, fo i agora devolvida ao culto cristão ". 7 Aby Haza m, governador de Córdoba, "entregou as chaves para nosso senhor o rei que, como vir catholicus, deu graças a nosso Salvador". Ele ordenou que o esta ndarte ela cru z e seu própri o esta ndarte fosse m co locados na mais alta torre ela mesq uita. No fim da tarde, o bispo Juan ele Osma, chance ler rea l, e o Mestre Lopo, que tinha co locado os estandartes da cruz na torre, fi zeram os preparati vos para qu e "a mesquita se /ran.iforme em igreja[. ..] depo is de expulsar de lá toda a superstição e imundície de Maomé". Quando o rei, seus barões e o povo entraram na cidade no dia seguinte em so lene procissão, os bispos de Osma, Cuenca e Baeza, juntamente com todo o clero, receberamnos na anti ga mesquita, agora dedicada como igreja ele Sa nta Maria. Após a celebração ela Mi ssa pelo bispo ele Osma, o rei entrou no palácio rea l cios muçulmanos e sentou-se no trono ele glóri a cio reino de Córdoba. Logo depois, fo rçou os cativos muçulmanos a ca rrega rem em seus ombros, de vo lta a Sa nti ago ele Composte la, os sinos que al-Mansur tinha conqui stado 300 anos antes e co locado, "para qf!ição do povo cristão, /. endurados como lâmpadas" na mesquita de
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CATOLICISMO
Interior da mesquita de Córdoba durante a dominac;ão muçulmana
Córdoba. Séculos depois al-Maqqari lamentava que Córdoba, "a sede do cali/ado do Ocidente, repositório das ciências teológicas [muçulmanas] e abrigo do islã, passou para as mãos dos malditos cristãos ". 8
Fol'taleza e sabecloria O duro go lpe assestado contra os invasores muçulm anos com a reto mada de Có rdoba abriu ca minho para a capitul ação de Jaén e para o sucesso do cerco de Sev ilha em 1248, após o qual Fernando 111 entregou sua alma a Deus. A mentalidade moderna - eivada de ecum en ismo e tendo horror à virtude da fortaleza - pode, por vezes, nos influenciar a ver com estranheza um rei que com denodo, sagac idade e decisão exp ul so u os muçulmanos invasores de uma grande fa ixa do território espa nhol. Será isso uma atitude católica? A resposta de ta l maneira é afirmativa, que Fern ando HI , rei de Castela e Leão, fo i elevado à honra dos altares pelo Papa Clemente X em 167 1, e até hoje é venerado pelos fi éis de todo o mundo co mo o grande São Fernando de Castela. •
Muçulmanos derrotados carregaram em seus ombros, de volta a Santiago de Compostela, os sinos que al-Mansur tinha conquistado 300 anos antes e colocado, "para aflição do povo cristão, pendurados como lâmpadas" na mesquita de Córdoba
E-mail para o autor: caLoli cismo@terra.com.br Notas:
1. Fr. Ju sto Pérez de Urbe!, O.S.B. , Ano Cri sti ano, Ediciones Fax, Madrid, 1945, tomo 11 , p. 484. 2. La vie eles saints, obra atribuída a Edo uard d' Arras. Citação ex traída de conrerência prolc rid a por Plínio Co rrca de Oli ve ira cm 29 de maio de 1968. 3. Well s, Jeremias. Three Monarchs: T,vo Sainls anel a Tvrant. "Cru sade Magazine" nº 52. Julho/ Agosto de 200 1, Pens il vâni a (EUA). 4. Essa fra se famosa é reg istrada por diversos hi stori ado res, enlre os qua is Jeremias Well s e Edouard Daras, supracitados. 5. O'Ca ll aghan, Joseph F. id . ib. p. 95. O Mara vedi ou morab ilin o ro i uma moeda de ouro cunhada na Penín sul a Ibérica, inicialmenle pelos Almoráv idas, e depois utili zada na Espanh a no período da Reconqui sta. 6. O'Call aghan, Joseph F. Reconq11es1anel Cr11sade in Medieval Spain. Uni ve rsily of Penn sy lvani a Press. Philadelphi a, 2004 (p. 94). 7. Chron ica lalin a, ca pílulos 73-74, pp. 11 5- 11 8; Rodri go. Hi storia, li vro 9, cap ílulo 17, p. 299. Apud O'Ca ll aghan , id. ib. p. 95. 8. O'Ca ll aghan , Joseph F. id . ib. p. 95.
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LITUANIA A defesa do verdadeiro conceito de família E ntrevista do P1 of. Kestutis Masiulis, membro do Parlamento da Lituânia, que aborda problemas da atualidade em seu país, por exe1nplo, a luta para impedir a desagregação da instituição da família naquela nação báltica, corno pretende1n movimentos homossexuais 1
Prof. Kestutis Masiulis pertence ao Partido Conservador Tevynes Sajunga (União Patriótica) e é membro do Parlamento lituano desde 2008. Ele representa uma nova geração de deputados que se engajam decididamente em defesa dos princípios cristãos em seu país, em particular da instituição da família . Nesta interessante entrevista que concedeu, em seu escritório no Parlamento, ao correspondente de Catolicismo, Renato Murta de Vasconcelos , o Prof. Masiulis fala sobre a situação atual da Lituânia no que diz respeito à manutenção dos valores cristãos , bem como seu presente desenvolvimento econômico.
Prof: M{lsiulis -É rea lmente lamentáve l que a enunciação do conce ito de fa míli a, simpl es e fác il de se r entendido até pelo bom senso, tenha sido rejeitada pe lo Parlamento. No proj eto, a famí lia era definida como uma comunidade (pai, mãe e filhos), derivada da paternidade e da maternidade. Ex presso de outro modo, não ex iste famí li a sem a ex istência de um dos pais. Hoj e estamos discutindo o que devemos fazer proximamente. Há, por exemplo, a proposta de promover uma coleta de ass inaturas em pro l de um plebi sc ito, pedindo uma mudança constitucional no próx imo período legislati vo.
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Catolicismo - Prof. Masiulis, para defender a instituição cristã do matrimônio, seu partido se empenhou na aprovação de um projeto de lei que definia com maior clareza o que é a família. Infelizmente tal projeto não foi aprovado pelo Parlamento. O senhor admite a possibilidade de sugerir outras medidas a favor da família? Quais, por exemplo?
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CATOLICISMO
l'rnl: KesWl.is Masiu/i.<;: "Família <lelinida como com,mi<la<le (pai, mãe e lilhos), é <le,fra<la <la paiemi<lade e <la maierni<lade. Não existe família sem a existência <le um <los pais"
Catolicismo - Hoje em dia podese notar uma grande diferença na posição dos países europeus face ao conceito de família - o que ela é, como se compõe etc. Enquanto alguns governos consideram como família quase todas as relações estáveis, outros, mais conservadores, entendem o instituto da família segundo a definição cristã, ou seja, uma relação permanente entre um homem e uma mulher. Do ponto de vista político, esta temática é considerada atualmente na Lituânia?
Prof M{lsiulis - Defin ir a instituição da famí li a é importa nte e cada vez mai s atual, porque também na Lituânia vão se desenvolvendo novas formas
de convivência . Há, por exempl o, sugestões de definir co rno farníl ia a convi vência de pessoas homossex uai s. Isso já se pode ouvir na Lituânia. Urna famíli a pobre com cri anças poderi a pedir ajuda fin ance ira ao gove rno. Por isso, surge a necess idade de se estabelecer o co nceito de família, para saber que fo rma de fa míli a deve ser fa vorec ida pelo Estado. Na tentativa de definir a fa míli a, cri stali zou-se no Parl amento urna imensa resistência ao conce ito ca tóli co da institui ção da fa míli a. Os soc iaisdernocratas, influenciados pelos partidos sociali stas europeus, fo ram contrários a essa defini ção e defendera m a parceria homossex ual. Depois das votações, fo i ampliado o conceito de fa míli a, abarcando comunidades fa mili ares incompletas . Neste processo participaram também representantes da Igreja Católica. Este proj eto não passo u, fa ltando um voto para a sua aprovação. Estamos pensando em voltar a este tema, coletando ass inaturas dos deputados, para introduzir a definição de fa mília na Constituição. Catolicismo - Nas instituições europeias há grupos de pressão com muita influência. Todos eles querem a desconstrução do conceito de família e já alcançaram grandes êxitos por meio de algumas resoluções do Parlamento Europeu. O senhor considera isso como uma ameaça vinda da União Europeia para o seu país? Pn~f: Masiulis - De fa to, nota-se na Lituâni a
certa pressão para ampli ar sem limites o conceito de fa míli a. Isso prové m de muitos países membros da comunidade europeia. A li ga dos homossexuais é ativa na Lituâni a e possui três adeptos no Parlamento. Entretanto, a maioria dos parlamentares ass ume quanto a essa questão uma pos ição mai s conservadora. É verdade que foi recusada urna defini ção católica do conceito de fa mília, mas penso que apesa r di sso poderemos ainda chegar a urna de caráter mais conservadora do que progress ista. Catolicismo - Existe uma aliança no Parlamento europeu de políticos lituanos, poloneses, húngaros e de outros países, a fim de diminuir a influência do lobby anti-familia? Prof Masiulis - Há concordância nestas questões
· entre políti cos de algun s países. Porém, não se poderia classifi ca r isso como aliança. Catolicismo - O povo lituano percebe que existe um perigo proveniente da União Europa em relação ao instituto da família e às raízes cristãs da Lituânia?
PNd; Masiulis - É difícil responder a essa pergunta, porque o povo lituano está desunido. Uma parte dele defende os princípios católicos e naturalmente é a fa vor da vi são católica de fa mília. As tentativas de desconstrução da fa mília são rejeitadas por esta parte da população. Durante a ocupação sov iética, a secularização do país fo i muito fo rte, de modo que até hoj e urna parte significativa da popul ação se encontra sob essa influência. O povo também sofre forte influência da mídia. Entretanto, mesmo nesta parte da população, preva lece uma pos ição conservadora face ao conceito de fa míli a. Creio que apenas pequena parte da população aprova a desconstrução da institui ção da fa mília.
"J)unmte a ocu-
11ação soviética, a secularização do l)aís /'oi m11il,O forte. Até hoje 11ma /)arte significativa <la /JO/Julação se encontra sob essa influência "
Catolicismo - No passado, quando a Lituânia e outros países sofriam sob o jugo soviético, viu-se que a maioria dos políticos era favorável a uma Europa unida e não faziam qualquer crítica às resoluções de outros países europeus, mesmo quando eram contrárias à família e à moral cristã. Qual a posição dos políticos lituanos a esse respeito hoje em dia? Em relação a leis contra a discriminação e a homofobia, tornaram-se eles mais críticos? Prr~f: Mmiufü - Na Lituânia ouvem-se as mesmas
opiniões que circulam nos outros países membros da Uni ão Europeia. Em comparação com os políticos escandinavos e dos países do Benelux, o povo e os políticos lituanos são de modo geral mai s conservadores. Contudo, há tentati vas contínuas de doutrinar a soc iedade e os meios políticos li tuanos com as ass im chamadas nov idades, até agora, porém, sem grande sucesso. Catolicismo - O governo anterior, do qual participava o seu partido, tomou severas medidas para combater a crise econômica. Assim, a Lituânia pôde vencer a crise com sucesso. Mas seu partido perdeu as últimas eleições e agora se encontra na oposição. Quais são as perspectivas de que a União Patriótica volte ao poder nas próximas eleições? PN~/: Masiuli.,· - É difícil prever. As L1ltimas
eleições fo ram pos itivas para o nosso partido. Das 14 1 cadeiras, obtivemos 35 . De acordo com as cadeiras, somos hoje o segundo maior partido no Parlamento. As medidas de economia assumidas para debelar a crise econômica fo ram de fato severas, porém, coroadas de êx ito. Os gastos com o serviço pL1blico fora m reduzidos drasticamente. Agimos de modo cri stão e os sa lários não fo ram reduzidos de maneira igual para todos. Os salários dos políticos
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so freram uma redução muito maior. Um ano depoi s, tornaram-se visíveis os sinais ele superação ela crise, e os eleitores que compreenderam o processo social e econômico votaram em nosso partido. Durante a crise a União Patriótica tomou decisões importantes e estratégicas. Ten ho esperança que nas próx imas eleições o partido obten ha uma maioria que lhe permitirá fo rmar o governo. Catolicismo - Atualmente a Lituânia é governada por socialistas que não estão interessados especialmente na preservação dos valores cristãos. Desde que conquistaram o governo, tentaram eles fazer algo contra a instituição da família cristã- como por exemplo, a introdução do chamado "casamento homossexual" ou a ampliação da lei do aborto? Prof Ma .~iulis - Os soc ia is-democ ratas não
fi zeram nada até agora. Fe li zmente, ta mbém nada nestes mencionados ca mpos. O que, ali ás, lhes seria dificil fozcr, porque a coa li zão que atualmente está no poder é formada por quatro partidos. E os dois peq uenos partidos ela coa li zão adotam uma posição muito conservadora em relação aos va lores cri stãos. Catolicismo - Antes da crise econômica centenas de milhares de jovens saíram do país para trabalhar no exterior. Agora que a situação econômica da Lituânia melhorou, esses jovens estão voltando? PmJ: Masiufü - A Lituâni a tem hoj e cerca ele três
milhões ele habitantes e aproxim adamente meio milhão emigrou para a Grã-Bretanha, Irlanda, Alemanha e Noruega. Ademais, cerca ele 1,5 milhões de pessoas, descendentes de emigrados durante a 11 Guerra Mundial, vivem espalhadas pelo mundo. As consequências ela cri se econômi ca na Europa não foram ainda debeladas. Entretanto, a Lituâ nia tem cresc ido e atualmente ocupa o segundo luga r na taxa ele cresc imento na Un ião Europeia. O número dos emi gra ntes tem diminuído e aumentado o número daqueles que voltam. Espero que a população crescerá e ficará mais estáve l. Catolicismo - Quais são hoje em dias as principais fontes de recursos naturais e de riqueza econômica da Lituânia? Prof: Mas iulis - O cresc im ento ela Lituâ nia
esteve condic ionado pela redu ção el e sa lári os e pela crescente exportação. Esta aumentou mais ele 100%. A Lituâni a ex porta hoje lrês vezes mais cio que a Hungri a ou a Bulgá ri a, pa íses que são três vezes ma iores cio que ela. É importante notar que temos in vestido na eco nomi a fund amentada na
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CATOLICISMO
tec nolog ia - tecnolog ias ele lase r e bioquími ca. Outra fonte im porta nte de recursos é o alto grau ele profissiona li zação ela população. Por ca usa di sso os e mi gra ntes litu a nos são fac ilm ente aco lhid os nos pa íses el e eco no mi a a ltame nte dese nvolvida. A maior parle desses emi grantes dominam pelo menos duas línguas estrange iras. E por essa razão empresas internacionais têm fund ado fi liais na Lituâni a, porque encontra m aqui mão-de-obra qualifi cada. Outro fator positivo é a exce lente infraestru tura cio país. A Lituânia encontra-se hoje entre os países que possuem o sistema ele internet mais veloz cio mundo e seu sistema ele telefonia móvel é o mai s barato que ex iste.
"Os asl)ectos católicos não são, inl'e/izmente, <le 1110<10 clal'o, al'ticula<los na União E111·01,eia, to1·11an<lo-se <lilicil salientá/os <lc mo<lo a<lequa<lo"
Catolicismo - Como o povo lituano considera a inclusão na União Europeia? As pessoas têm consciência dos perigos que ameaçam os valores cristãos, vindos da Europa Ocidental? Prof: MasÍll/is - O povo ela Lituâni a cons idera
a Uni ão Europeia como um espaço ele economi a comum e ele li berdade. O as pecto va lores ela Comunidade europeia é apreciado dentro deste contex to - como um espaço ele orientações comuns po líti co-econômi cas. Os as pectos católi cos não são, infe lizmente, ele modo claro, articulados na Uni ão Europeia, tornando-se difícil sa li entá- los ele modo adequado. A Lituâni a pertence ao grupo ele países para os quais é importante a manutenção dos princípios ca tóli cos. Catolicismo - Desde algum tempo , o presidente da Rússia, Vladimir Putin, vem se apresentando para o público como um político decididamente empenhado em favorecer princípios conservadores, como, por exemplo, a proteção da instituição familiar. Como o senhor considera esta sua nova e estranha postura? Existe o perigo de que forças conservadores possam considerá-lo como um "salvador da pátria? PrnJ: Masfoli.,· - Considero que a pos ição do
pres idente Putin a re~peito cio pseudo-casamento homossex ual não refl ete valores; ela refl ete mais propriamente a situação políti ca ela Rúss ia, que, hoje em di a, é contra o casa mento homossex ual. *
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Prof. Mas iuli s, desejo-lhe muito sucesso em sua fec unda atuação no Parlamento Iitua no em prol cios princípios da civilização cristã. Muito obrigado por conceder à rev ista Catolicismo esta entrev ista. •
VARIEDADES
A propósito
do velho deitado m GREGóR10 V1vANco Lo PEs
fa to se passou na sa la de es pera de um consultório médico. Vári as pessoas aguarda vam sua vez de serem atendidas, entre elas eu. Chamou-me a atenção uma senhora, ainda jovem, com seu filhinh o. Ela se portava com muita dignidade e di stinção. Vestido ca indo abaixo dos joe lh os, bem composta, olhar recatado. O menino estava nessa fase da ex istência em que se descobre a alegri a de viver, de fa lar, de andar. Serelepe, ele corri a de um lado para outro dentro da sa la, mas sempre voltando a um ponto fixo, a mãe. Ela o vi giava com o olhar, parec ia co mprazida com a mov im entação do pimpolho, mas não lhe dizia nada. Em certo momento, porém, ele começou a mexer no abajur da sa la. Temerosa talvez de que ele provocasse um pequeno desastre, o que não era de se excluir, ela o chamou. - Lui zinho, vem cá. Meu filh o, não mexa no abajur. Di z um ve lho ditado que um menino prevenido vale por dois. É arri scado o abajur ca ir e o médi co fica rá za ngado com você. - Sim senhora , mamãe, di sse ele, continuando suas andanças pela sa la, sem mexer mais no abajur. Em certo momento, volta ndo para onde estava sua mãe e pondo as pequenas mãos sobre os joelhos dela, perguntou, numa atitude inocente de intimidade e confi ança: - Mamãe, o que é mesmo que di sse o velho deitado? Todos na sa la esboçara m um sorri so. Menos a mãe, que com toda a seriedade respondeu.
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- Não, meu filho, não é o ve lho deitado, é um ve lho di tado. - E qual a di fe rença, mamãe? Fo i aí que, junto com todos os presentes, pude apreciar uma cena deli cada e admirável a uma só vez. A senhora se inclin ou li geiramente para o menino e, aca ri ciando-o, ex pli cou-lhe detalhadamente, em linguagem acess íve l àquela mente infa ntil, com numerosas imagens e comparações, ad iferença ex istente entre um velho deitado e um ve lho di tado. Entretanto não eram apenas as palavras. Enquanto fa lava, ela fa zia sentir ao menino tanto afeto, tanta proteção, tanto ca rinho, tanto esmero no que di zia, sem dar a entender em nada o quanto sua pergunta era cômi ca e até extravaga nte, que o garoto olhava para ela encantado e embevec ido. Ao mesmo tempo, ela fa lava com autoridade, seu tom ele voz era o ele quem ensina e quer ser compreendida, mas sem qualquer aspereza nem ac idez.
Na sa la, o sil êncio se fez. Nin guém sequer se mex ia. Todos estavam emocionados di ante daquela cena tão singela, mas que tocava ao sublime. Lem brei-me então de outra senhora que tive a dita de conhecer - eu ainda jovem, e ela já na extrema velhice. Era a mãe do Dr. Plínio Corrêa ele Oli ve ira, a tradi cional dama pauli sta Da. Lucilia Ribeiro dos Santos Corrêa ele Oliveira . Era aquela bondade, aquela afabilidade, aquela fi rmeza ele princípi os mora is e reli giosos, tra nsmi tidos com inaba láve l certeza e incomparáve l suav idade! Chegara a vez de o menino ser atendido no consultório. Sua mãe o tomou com delicadeza pela mão - "Vamos meu filh o" - e passou pela porta divisória. Pense i: "Q ual! Esta senh ora só pode se r cató li ca!" Só o esp írito cató lico é capaz de, com tanta certeza e determinação, transmi tir uma seriedade tão afável, de modo tão aprazível e com tanta ternu ra. Lembrei-me ela Virgem Mari a e do Menino Jesus. • E-mail para o autor: catol icismo@terra .com.br
O menin o se nti a be m, embora de modo in cipi ente, tanto quanto a uma criança é dado sentir, que e andasse no bom ca mi nho, teri a sempre a seu lado a proteção materna a ampará-l o nas dific uldades e agru ras ela vicia. Sentia também, por contraste, que caso viesse a ro lar por desca minh os, ca usa ri a uma dor incomensuráve l à sua mãe e não teri a seu apoio nem seu benep lác ito.
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CAPA
Rob6 dirige os
exercidos fĂsicos em escola
CATO LI C ISM O
Pais e mães nos têm manifestado sua preocupação a respeito da influência do "mundo cibernético" sobre seus filhos e sobre eles próprios, pois reconhecem que a internet, a par de grandes vantagens, vai mudando as relações na família . Preferindo as informações e as sensações vistas na tela do computador, as crianças e adultos também - se isolam, a,comunicação se torna delicada, pois, às vezes, se irritam quando solicitadas pelo convívio . Com as novas tecnologias a dificuldade se agrava. Oferecemos algumas considerações que poderão auxiliar o leitor a se aprofundar na análise do problema . O que está em mutação não é apenas a feição do lar; virá a mudança do modo de ver o mundo que nos cerca e da própria percepção humana . A "magia" exercida pela cibernética pode levar à realização de uma como que simbiose entre a inteligência e a técnica, entre o homem e a máquina - rumo ao sonho utópico de tornar o indivíduo todo-poderoso como Deus.
N ELSON FRAGE LLI
esde as prim eiras ed ições de C<1tolicismo, em 195 1, uma seção da rev ista [então pu blicada no for mato de jornal] deixava os leitores agradados, mas atôni tos. Embora gostasse m de ler em ta l seção pensa mentos que era m os se us, eles ac red itavam que não pudessem ser ditos. Como é poss ível - perguntava m-se - mostra r de modo tão claro a relação dos ambi entes, das modas e cios costumes, constantemente ca mbiantes de nossos di as, das mani fes tações artí sticas e dos regimes políticos com o bem das almas e a sa lvaçã.o etern a? Sim, o espírito cató li co sentia vagamente essa relação. Mas não estava habituado a vê-la claramente ex plicitada. E muito menos comentada. Plínio Corrêa de Oli veira era o autor da mencionada seção, intitul ada Ambientes, Costumes, Civilizações, na qu al analisava a rea lidade hi stóri ca e atual, objetos e vestimentas, estilos arquitetôni cos ou boas maneiras à lu z de princípi os ex postos em seu li vro Revolução e Contra- Revolução. Regozij avase o leitor vendo como o quotidi ano corriqueiro, os estil os artísticos, os modos de vida, etc. , são sempre penetrados e interpretáveis pelos mais altos princí pi os da Fil osofi a e da Re-
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ligião. Tais princípios atuam no espírito das pessoas que estão em contato com os objetos, com as artes, com os costumes do dia-a-dia. E inspiram a prática do bem , como podem conduzir ao mal. A verdade ou o erro, a virtude ou o vício estão aí implicados. O leitor ficava agradavelmente atônito: se o que lia era inteiramente novo, também era, de algum modo, uma verdade há muito pressentida. De onde seu agrado . E seu pasmo. A realidade tem com frequência feições enigmáticas. A quem não agrada encontrar uma explicação para aspectos misteriosos de circunstâncias humanas as modas que surgem e desaparecem, por exemp lo - com as quais todos amiúde se deparam? Por que a imensa maioria, homens e mulheres, usam ca lças bluej eans? Os uniformes desapareceram das escolas, das associações cató li cas, tornou-se até mesmo raro ver nas ruas um militar inteiramente fardado - mas o blue j eans se impõe a todos como se fosse um uniforme global. O que leva muitos homens a usar brincos e a se tatuarem? Quando a rea lidade apenas vagamente entrevista ganha uma exp licação cabal aos olhos do espírito humano, este se rejubila. A seção Ambientes, Costumes, Civilizações retirava da visão brumosa do mundo uma imagem apenas percebida ou sentida e dava à realidade uma elucidação estruturada e lógica.
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Coisas ela vida quotidiana e suas i11/luê11cias sobl'e as 11essoas Plínio Corrêa de Ol iveira sistematizou este tipo de aná li se. Em muitos de seus artigos e incontáveis conferências, seus surpreendentes comentários a ninguém deixavam indiferente. Assim, ele traçou paralelos entre o prédio
da ONU , em Nova York , e a prefeitura de Middelburg, na Holanda; entre o efe ito psico lógico ca usado nas cri anças
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por brinquedos monstruosos com quais elas se habituam [foto l ] e os contos de fa das inocentes e form ativos [foto 2] ; co mparou a beleza da alma camponesa ex pressa no A nge/us, de Mil let, com a brutalidade materi ali sta mani festada no quadro de Yves Ali x, " Le ma'itrc dcs moissons". A a rquitetura, a pintura, os brinqu edos fo ram rea li za dos por arti stas co m a intenção de ca usa r um a impressão em qu em os vê. Eles passa ram a faze r parte da vida quotidiana. Mas bem poucos se dão
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conta de que, ao preferir um estil o arquitetôni co, optam por uma impressão que ele lhe ca usa - seja de fo rça e elevação, como a de um castelo, e/ou a so mbri a dureza própria a penitenciári as, como a do edifício da ONU. Quem esco lhe um quadro se lec iona vi sões de uma grandeza míti ca ou prefere a banalidade mecâni ca. Não só as artes, mas sobretudo os obj etos da vida quotidi ana exercem ações sobre as mentes, como este lustre [foto 3] ou este outro [foto 4] . Ambos influenciam as psico logias, tran smitindo-lhes de modo sil encioso os princípi o encerrado em suas linhas, em suas cores, em suas proporções. Quem possui em casa o primeiro candelabro recebe co ntinuamente o influxo da inteli gência ordenadora de tantos elementos, a elevação de quem - tomando a luz,
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em si tão bela - mode lou-a e aperfe içoou-a. Ter em se u quarto ou em sua sa la de trabalho o segundo lu stre significa submeter-se ininterruptamente à ação da extravagância vulgar que põe no a lto aquilo que não deveria nunca sa ir do chão. A sensibilidade humana é acio nada por impressões ca usadas pe la vida quotidiana. E os princípios ne las contidos inclinam o espírito à ace itação do bem ou do ma l, da verdade ou do erro.
As <lescobertas ela ciência e <la técnica e s11as i11/111ê11cias Os computadores trouxeram um novo modo de perceber a rea lidade . O prédi o da ONU , os brinquedos monstruosos ou o Angelus de Millet predi spõem os espíritos a uma ação moral. Contudo, enquanto a pessoa sujeita a essa ação tem a liberdade de aceitá- la ou de recusá-la, a rea lidade virtual criada pe los computadores tende progressivamente a tirar sua capacidade de julgar a rea lidade, e o uso obsedante de les a escravi za r seu espírito. É o que passaremos a descrever. Desde a Renasce nça, no sécul o XV, nota-se em esco las filosóficas neo pagãs o desejo de levar o conh ec imento científico a superar as contingê ncias humanas. A ciência mecâ ni ca, segundo os renasce nti stas, libertaria o homem de tantas de suas fa di gas. Ele não mais andari a a cava lo, mas se des loca ria em confo rtáve is veículos. A e letric idade, o automóve l, o av ião, a máquina fotográfica etc., eram então sonhos a serem rea li zados. A bi ologia, a química e a med ici na liberta ri am a humanidade de seus sofrimentos, pro longando a vida até mes mo, se poss ível, à imortalidade. Tão atuante foi esse desejo que algumas dessas esco las, não tendo ating ido ainda o necessário desenvolvimento c ientífi co para desenvolver suas máquinas, apelavam para a mag ia . De fato, a técnica fo i superando ao longo dos sécul os muitas conti ngênc ias humanas. Suas conqui stas foram dando ao homem a impressão de que novas fo rmas de conhecimento científi co rea li zava m mil agres. O avião entusiasmou a humanidade. Com a e letricidade, o telégrafo tornava habitual um modo de comunicação até então sonhado apenas pelos uto pistas. Ou pe los magos que diziam ler pensam entos. A concepção de que a c iênc ia e a técnica confe ri am ao homem poderes ilimitados fo rtaleceu-se ainda ma is no decorrer do séc ulo XX : o compu tador surg iu como um implante nas capac idades inte lectuais do homem. Este pode ass im chegar à lua e planeja colonizar o universo sidera l. Robotização e mani'pulação genética visam a aperfeiçoar a natureza humana, a lterando "aspectos nos quais Deus não p ensou ". Assim, a técnica tende sempre mais à formação de um modo de vida onde o sobrenatural, a graça e o própri o Deusestão cada vez mais distantes. E nquanto e la apaixonava de modo progressivo, a Re li g ião adq uiria ares de costume antiquado, velharia do passado, incapaz de satisfazer os novos ardores da humanidade. A técnica trazia consigo encantos dos quais
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fa lava m os magos: a velocidade trazia volúpias e conquistas sempre novas que assombrava m o homem. Deliciando-se com o recente modo de vida, este se deixava aos poucos des locar de sua fi nalidade primordial que é conhecer, ama r e servir a Deus. E passava a fruir as novas sensações, como bem o comprova a ilustração ac ima sobre as ex peri ências de Santos Dumont.
Simbiose eJJtre a i11teligê11cia h11ma11a e a máq11i11a Uma regra fundamental da psico logia - talvez o móvel principal que levou Plínio Corrêa de Oliveira a tratar de Ambientes, Costumes, Civilizações - di z que todo homem tende
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A técnica foi superando ao longo dos séculos muitas contingências humanas. Suas conquistas foram dando ao homem a impressão de que novas formas de conhecimento científico realizavam milagres. O avião entusiasmou a humanidade.
a incorporar a sua mentalidade o objeto de sua adm iração. O espírito se transforma naquilo que o deslumbra. Quem adm ira o edifício da ONU cedo ou tarde terá em sua personalidade traços da vulgaridade brutal daquelas linhas; quem contempl a o Angelus, trará para sua mentalidade algo do repouso e do espírito de recolhimento expressos na tela de Millet. Séculos de adm iração pela técnica conduziram as pessoas ao desejo de incorporá- la a seu ser, formando com ela uma simb iose. Os computadores, por assim di zer, trouxeram
Albert Hubo, robô de tecnologia sulcoreana. A cabeça do aparelho imita a figura tão conhecida do cientista Albert Einstein.
essa possibilidade. Criou-se o termo CYBORG para indicar o resultado da incorporação da máqu ina ao corpo humano. A expressão traduz a intenção de fazer uma si mbi ose entre a inteli gência e elementos informáticos, superando assim limi tes intelectuais. O jornal alemão " Die Zeit", de Hamburgo, publicou em maio deste ano uma série de artigos sob a epígrafe O homem digital. O primeiro deles proclama em seu título: O mundo chega à pe1:fe ição - a mais recente criação de Deus. Esta criação "d ivina" se chama Google Glass . Trata-se de uma espécie de ócul os criado pela Google, mas que nada tem a ver com a cri ação divina nem com a obra dos homens de Deus. Deverá ser lançada no mercado no início de 20 14 e não esconde a intenção de reali zar a simbi ose entre a inteligência e a máq uina. Passamos a descrevê-la.
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Uma realie/ade traml)olim l)arn a l'Cali<laclc vfrwal Seme lhante aos ócul os, o Google Glass é um dispositivo que fixado em um dos olhos disponibiliza uma pequena tela aci ma do campo de visão. Mas tal dispositivo terá o poder de estabelecer im ed iata mente a li gação do o lh o humano com a vasta rede da internet. Nele se encontra um minúscu lo moni tor sob a forma de um prisma. Se o olhar da pessoa se dirigir para frente, se m fixa r o prisma , ela verá a cena real vista por todos ; se deslocar-se li ge ira mente para cima verá, co mo numa tela normal, a "u ltra-rea lidade", na qual aparecerão textos, dados, filmes, fotos relacionados com a real idade que os o lhos têm diante de si. O o lhar porá em funcionamento a rede da internet e esta fa rá aparecer na pequena te la, ao lado do prisma, esses dados. Se, por exemp lo, o o lhar ordenar: " gravar esta cena em
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Google Glass
vídeo", os óculos obedecerão, sem que ninguém - nem sequer a pessoa mais próx ima - se dê conta. Ninguém notará que suas palavras e gestos estarão sendo film ados. Esse v íd eo pode rá ser co locado imediatamente na rede da inte rnet ou numa pág ina do.facebook. Com um simpl es mov imento do olho. Não haverá limites para a imaginação: po líti cos poderão ass im ler seus di scursos preparados minutos antes num escritório a milhares de quil ô metros; c irurg iões rea li za rão operações simpl es mente seguindo instruções aparecidas em seus ócul os.
Ao vi sitar o jardim zoológico, a descri ção de cada animal é instantânea; ao entrar num restaurante, o Google Glass indicará imediatamente se sua mesa habi tual está vaga, quai s as personalidades presentes, se a pizza preferida pode ser encomendada - bastando apenas que essas coi sas e pessoas tenham sido previamente registradas na web. Mas o que não está hoj e registrado na g igantesca rede internet? Este é o lado espetacular e prático com que a ciênc ia torna aceitável seu novo produto. Jamais houve meio de comunicação tão intimamente ligado ao corpo humano e de tal modo sobreposto à percepção da realidade no próprio momento em que esta aparece. Logo que o o lhar foca li za um obj eto - por exemplo, em vi sita ao j ardim zoológico - uma info rmação é dada ao usuário : "Você vê um tipo de antílope da Áfi'ica meridional". A info rmação pode ser também de outra natureza: "A pessoa emfi·ente é um nobre italiano, amigo dos socialistas e do milionário Carsten Maschmeyer ". Pela manhã, ao tomar o metrô, o Google Glass poderá info rmá- lo a respeito de um eventual acidente, de uma greve ocasionando o fechamento de sua estação, ou apresentar so luções alternati vas de tra nsporte para ma is fac ilmente chegar ao escritóri o. Em sua edição de l O de outubro 201 3 o j ornal "Frankfurter Allgemeine Zeitung" re lata a vi sita fe ita à sua redação pelo apresentador do Google Glass. O produto deve ser lançado no mercado norte americano no iníc io ele 2014 e custará cerca de 1500 dólares. A impressão causada é estranha. Durante toda conversa, habitualmente, os interlocuto res se olham de frente. Mas com esses óculos a postura é dife rente. O apresentador se di straía entre consultas fe itas aos óculos com o o lhar e a vi sta de seu interl ocutor. Portar esses óculos significa consultá-los continuamente a fim de trazer à conve rsa elementos info rmativos sensacionais. Info rmações inesperadas, mal absorvidas, sem se harmonizar com a linha elas idéias tratadas, tornavam a conversa artificial. Os óculos causavam estra nheza. Tornavam difícil a interl ocução. M as Google está disposto a impingir o seu uso. Não fa ltarão espíri tos sequ iosos de modernidade para adotá-los, face iros por estar na moda.
O "homem-máquina " - tentatilra de sei' 011ipotente como Deus Considerando os "óculos Google" toscos, a lguns cientistas já se põem a desenvolver um bio-chip, a ser implantado junto ao cérebro e conectando seu portador com a rede da internet. Tai s ci enti stas não se pej am em externar seu desejo de superar assim a natureza humana, criando uma humanidade ele super-homens. F ina lmente - dizem - poderemos aprimorar a C riação, pois em si mesma ela é defi ciente. Os homens em cuj os cérebros um bio-chip fo r impl antado estarão em contínuo contato com a inte li gência superior dos programadores. U ns e outros superarão assim tantos erros cometid os e tantas dores sofrid as no passado. A reli g ião promete mara vilhas poss íve is apenas para o além, após a
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O verlchlp, Implantado no cérebro, permitirá acompanhar uma pessoa em todos seus movimentos. Em outras palavras, orientará o cérebro Hgundo modelos programados.
morte - dizem os progra madores ava nçados - , mas nova tecnologias cibernéticas rea liza rão muitas delas sobre a Terra. O homem-máq uina se chamará o ser pós-humano. Afirmam alguns de modo bl asfemo que Deus onipotente passa rá a ser chamado de " Deus-Google" - um "deus" que reorgani za rá a cabeça do homem e, em consequênci a, o rpundo visível. E se o Google não di spuser de in fo rmação sobre alguma coisa .. . será simpl esmente porque tal co isa não foi criada. Cada uma dessas tecnologias torna a mente humana pass ível de análi ses aprofund adas, faze ndo com que a pessoa fiqu e mais controlável. Ela tenderá à máquina humani zada. Di z o ex-chefe do Google, Eric Schmidt: "Sabemos onde você está, onde você estava, e mais ou menos o que você pensa ". Assim vai se rea li za ndo o so nh o científi co de tran sferir às máquinas o comportamento humano. Sonho da suhstituição ele Ocus JJCla tecnologia
Um a primeira fo rma de im orta lidade está ass im prev ista. Pelo que acaba de ser descrito, os "óculos Goog le" permitirão conhecer os mínim os mov imentos do espírito e a menor
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CATOLICISMO
Bio-chip
reação de quem os usa. Gostos~preferências, inclinações, paixões - tudo será registrado num im enso "di sco duro", de tal modo que a personalidade será con hec ida em profundidade. Após a morte de quem tiver usado habitualmente o Google-Glass, a massa de dado registrados naquele "di sco duro" permitirá o convívi o virtual de parentes e ami gos com o defunto. Verdadeiro computador-clone da personalidade defunta, o referido di sco sa berá reproduzir opiniões, reações psico lógicas e preferências do morto. Para o ano de 2045 está prev isto o transplante do cérebro de um agonizante para um robot: será o humanóide-robot. E aquele a quem o cérebro pertenceu continuará desse modo "presente" na Terra após a morte. Outro giga nte da infor máti ca, a IBM - que publica anualmente um relatóri o obre as rea li zações tecnológica mais em vista - também se pronun cia sobre a matéria . No rel ató ri o de 20 11 , ela descreve suas pesq ui sas para estabelecer Iigação permanente entre o cé rebro humano e os computadores. O principal obj etivo dessa li gação, segundo os técni cos da empresa, seri a tornar obsoletos os atuais teclados dos computadores. Mas a ideia dominante, subj acente a este proj eto, é a poss ibilidade de se controlar máquinas atra vés do pensamento mediante a insta lação no corpo humano de co mputadores em miniatura. A empresa Applied Digital Solutions vem desenvolvendo o verichip - um componente eletrônico de fun ções várias que fun cionará de modo semelhante ao já conhec ido " marca-passo" cardíaco. Enqu anto este últim o regula as pulsações ca rdíacas, o verichip , impl antado no cérebro, permitirá acompanhar uma pessoa em todos seus
A realidade virtual criada pelos computadores tenderá a eliminar a livre formação de um juízo sobre a realidade. Tenderá, pois a escravizar os espíritos.
movimentos. Em outras palavras, orientará o cérebro segundo modelos programados. A tentativa de modificar a percepção da realidade e de interferir mecanicamente na formação do pensamento conduzirá, como previa Plínio Corrêa de Oliveira, a profundas modificações "dos modelos de r<qfiexão, de volição e sensibilidade individual. Os modelos conhecidos se extinguirão gradualmente, sendo substituídos porformas de sensibilidade, de pensamento e de deliberações sempre mais coletivos". A orientação dominante da história dos últimos cinco sécu los se caracteriza por uma revolta contra Deus. É o que fizeram três grandes etapas da Revolução: o Protestantismo, a Revolução Francesa e o Comunismo. Mas não contente em levar a humanidade à revolta contra Deus, a Revolução deseja aviltar sua natureza espiritua l.
Ji'1111ção da rnflexão e Ambientes, Costumes e Civilizações Em razão dessa imensa mudança da mente humana, a análise feita segundo o método de Ambientes, Costumes, Civilizações, descrito no início deste artigo, passa também por profunda adaptação. Como dissemos, ta l método consiste no exame da realidade feito à luz de princípios expostos no li vro Revolução e Contra-Revo lução. Constatamos, entretanto, que a realidade já não será mais percebida como o foi até agora. Com o Google Glass e o verichip, a sensibi lidade humana
assumirá um papel secundário na formação de uma ideia sobre a realidade, a qual será menos percebida pelos sensos naturais do homem e cada vez mais ditada pelos programadores da rede internet. Objetos da vida quotidiana, estilos arqu itetônicos, situações soc iais etc. - logo sejam vistos - serão explicados no ângu lo "superior" dos "óculos Google" ou diretamente inseridos no cérebro pelo bio-chip. A realidade virtual criada pelos computadores tenderá a eliminara li vre formação de um juízo sobre a realidade. Tenderá, pois a escravizar os espíritos. Esta investida da Revolução tem aparência apocalíptica . Através da técnica, o homem passará a agir em profundidades da a lm a, obstruindo de modo possante o exercício do livre arbítrio - característica essencia l de sua semelhança com Deus. Esse processo de sujeição do homem ao computador representa, sem dúvida, um auge do processo revolucionário e de perversidade da Revolução . Diante desse apocal ipse nós nos sentimos pequenos e com a impressão de nos fa ltar meios para combatê- lo. Contudo, essa impressão não é verdadeira. Sempre que o processo revolucionário atinge um auge, a Providência Divina interfere na luta prodigali zando novas graças aos que o combatem. Assim , quando a avalanche do Protestantismo parecia soterrar a Europa sob suas negações, a Contra-Reforma cató lica trouxe novo vigor à lgreja. Quando, no início do século XIX, as armas de Napoleão impunham às nações a ideologia ímpia da Revolução Francesa, esta recuou, monarquias foram restauradas e o catolicismo revigorou-se. Da União Sov iética, o que resta? E, no entanto há pouco mais de 20 anos, governos oc identais tremiam diante da ameaça comunista e muitos diziam "better red than dead" (melhor vermelho do que morto) . Também ago ra, diante deste novo aspecto da investida revolucionária, aos que a-combatem não faltarão os meios para denunciá-la através da meticulosa aná li se de suas características, da descrição de sua ação nas profundidades da alma e de seus efeitos maléficos sobre as mentes, exp lici tando aos o lhos de todos o procedimento da Revolução. Fiel ao método Ambientes, Costumes, Civilizações, essa denúncia deverá também acentuar o contraste entre o homem pós-humano parvo, acarne irado, robótico - e a posição de alma reta e harmônica com a natureza humana dotada de vontade. Em outras palavras, os meios de combate de que dispomos são aque les inicialmente descritos ao caracterizarmos o método de observação, de aná lise e de explicitação das impressões utilizados por Ambientes, Costumes, Civilizações, que continuam perenemente válidos. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com .br
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Santa Isabel da Hungria M octelo de resignação nas maiores provações, sua vida foi um contínuo sofrimento e um portento de caridade. ■ PUNIO M ARIA SOUMEO
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sabel nasceu em Presburgo, hoje Bratislava, no dia 7 de julho de 1207. Era filha de André II, rei da Hungria, ilustre por sua piedade e justiça, e de Gertrudes, filha do duque da Caríntia, da família dos condes Andechs-Meram. Pe lo lado materno Isabel era sobrinha de Santa Edwiges, duquesa da Silésia e da Polônia, e por seu irmão Bela IV - grande e santo rei que sucedeu a seu pai no trono - foi tia de Santa Cunegundes, que conservou a virgindade no casamento com Ladislau, rei da Polônia, e de Santa Margarida da Hungria, que se santificou no claustro.
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O segundo irmão de Isabel, Colomã, foi rei da Galícia e príncipe da Rússia, tendo guardado continência perpétua com a bem-aventurada Salomé da Polônia, sua esposa. 1 Por fim , Santa Isabel da Hungria foi tia-avó de outra grande santa - sua homônima, rainha de Portugal - e prima segunda de Santa Inês de Praga. Foi apanágio da Idade Média a glória de ter tantos santos nos mais altos escalões da sociedade. Diz um de seus biógrafos que Isabel "ainda não tinha três ano, ejá dava sinais inequívocos de santidade precoce. Seu coração e seu espírito se abriram para as verdades dafé e, ao mesmo tempo, aos sentimentos de caridade". 2
Mortiflcação 110 esple11dor da corte da 1'urí11gia Em 1211, o landgrave 3 Herman l, duque da Turíngia, príncipe de Hesse e da Saxônia e conde palatino, pediu ao rei da Hungria a pequena Isabel em casamento para seu filho Luís. Em consequência, seguindo os costumes da época, a menina foi enviada à Alemanha, a fim de ser educada com o futuro esposo.
os crescentes atos de piedade de sua futura nora. Todos na corte julgavam excessiva a piedade da jove m princesa, menos seu futuro esposo, Luís. E, por isso, tudo faziam para desviar seu amor por ela. Certo dia, mostrando uma montanha aos seus cortesãos, ele lhes disse: " Vede essa
montanha? Pois ainda que me désseis uma quantidade de ouro maior, eu não
"A corte da Turíng ia era, nesse período, famosa por sua magnificência. Seu centro era o imponente castelo de Wartburg, esplendidamente localizado num monte na floresta turíngica, perto de Eisenach, onde o landgrave Herman vivia cercado de poetas e menestréis, de quem era generoso patrono. Não obstante a turbulência, a vida puramente secular da corte e a pompa dos que dela participavam, a pequena cresceu como criança muito religiosa, com evidente inclinação para a prece e piedosa observância de pequenos atos de mortificação". 4 À medida que crescia, iam se acentuando em Isabel as inclinações piedosas. Não raramente abandonava os brinquedos em que se entretinha com outras meninas nobres, para com elas visitar a capela ou fazer alguma oração. Também gostava de levá-las ao cemitério, onde lhes dizia: "Lembrai-vos de
que um dia nos veremos reduzidas a pó e a nada. Estas pessoas que jazem aqui tiveram vida como nós e agora estão mortas, como estaremos também. Ajoelhai-vos, pois, e dizei comigo: 'Por vossa Paixão e Morte e pelas dores de vossa queridíssima Mãe, Maria, livrai, Senhor, das penas essas pobres almas; e, por vossas chagas sacratíssimas, salvai-nos'". 5 A menina contava apenas nove anos, em 1216, quando morreu o landgrave Herman , que tinha sido para ela um verdadeiro pai. Como seu futuro esposo era ainda muito jovem para governar, a regência passou para a mãe deste, a duquesa Sofia. Esta via com desprazer
inocência inverossímil em um cavaleiro rodeado de todos os prestígios do pode,; do luxo e dos perigosos azares de uma vida agitada. "6 Por isso o casamento foi muito fe li z. É muito conhecido o milagre das rosas, que todas as biografias de Santa Isabel contam, e que também ocorreu com Santa Isabel de Portugal. Apesar de o marido ser muito compreensivo para com seus atos de caridade, uma vez Santa [sabei se viu em apuros. Tinha acabado de colocar em seu manto uma boa quantidade de ca rne, ovos e outros alimentos, e dirigia-se à cidade a fim de doar aos pobres. Nesse instante encontrou-se com o marido, que vinha da caça. Vendo-a vergada sob o peso do que carregava, perguntou-lhe do que se tratáva. Olhando para o céu, e la abriu o manto e nele estavam belíssimas rosas encarnadas e brancas, a despeito de se estar em pleno inverno. O marido, percebendo o milagre, tranquilizou a esposa e guardou consigo uma das rosas do milagre.
Incentiva o marido a partir parn a Cruzada
consentiria jamais em apartar-me do carinho de Isabel. "
Exemplo do pel'l'eito casal nobre e cristão A boda dos dois príncipes foi finalmente celebrada no castelo de Wartburg, no ano de 1220. Luís tinha então vinte anos, e [sabei quase quatorze. Havia uma afinidade de alma muito grande entre esposo e esposa. Luís apreciava a virtude de Isabel, e e la a retidão e piedade do marido. "A um valor legendário nos
torneios e nos combates, luís unia uma
Entretanto, esse feliz matrimônio durou pouco, pois, acudindo à voz do Sumo Pontífice, que no ano de 1227 convocou uma quinta cruzada para reconquistar o Santo Sepulcro, Luís, como verdadeiro príncipe cristão, a li stou-se para acompanhar o imperador Frederico LI. Apesar de sua aflição, disse-lhe Isabel :
"Não permita Deus que tu fiques a meu lado contra sua adorável vontade, mas antes bem que Ele te conceda a graça de fazer sempre e em tudo seu adorável beneplácito".7 O va loroso príncipe morreu da peste em Otranto, antes de chegar a Jerusalém. Apesar de não ter sido canonizado pela Igreja, a voz do povo alemão o chama de santo, bem como a Gertrudes, sua filha . Após um movimento de violenta dor Isabel se dominou e, submissa, aceitou a vontade de Deus.
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Manifesta-se o ódio contrn Santa Isabel Começou então para ela o que poderíamos chamar a "sua paixão". Seu cunhado - que deveria ser o regente, por causa da minoridade de seu filho - deu-lhe ordem de sair do castelo, levando somente os filhos. Isabel apenas murmurou : "Levaram-me tudo, mas ainda tenho a Deus ". Santa Isabel teve três filhos: Hermano, nascido em 1222; Sofia, em 1224, e Gertrudes, em 1227, todos ainda muito pequenos, contando a última apenas dois meses de idade. Eles acompanharam a mãe em sua desgraça. Na cidade de Eisenach, que havia sido palco constante de seus incontáveis atos de caridade, não a quiseram receber, por medo de descontentar o regente. Por caridade, ela encontrou finalmente abrigo em um estábulo. Foi então quando uma tia de Isabel - Matilde, abadessa de um mosteiro beneditino em Wurzburg - veio em seu socorro, encaminhando-a depois a seu tio Eckbert, bispo de Bamberg.
filhas foram encaminhadas para serem educadas num convento, conforme costume do tempo, onde depois uma delas professou . A outra se casou com o duque de Brabante.
construíram em sua honra. Seu túmulo atraía tantos peregrinos, que chegou a rivalizar com Santiago de Compostela. Sua festividade é celebrada no dia 17 deste mês.
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CATOLICISMO
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No século XVI, a Revolução fazia sentir seu bafo diabólico: no dia 18 de maio de 1539, o landgrave Felipe de Hesse, descendente em linha direta de Santa Isabel, fez celebrar pela primeira vez o culto protestante na própria igreja onde estavam seus restos mortais. Depois desapareceu com a urna que continha seus ossos. Entretanto, em 1548, tendo sido feito prisioneiro pelo imperador Carlos V, o facínora foi obrigado a restituir à igreja de Santa Isabel suas relíquias, algumas das quais já se haviam espalhado pela Europa. Mas não é tudo. Depois do protestantismo, a Turíngia caiu, no fim da II Guerra Mundial, sob o jugo do comunismo. Finalmente, em 1990, com a reunificação da Alemanha, ela se tornou mais uma vez livre, mas grande parte de sua população permaneceu ateia, como os dirigentes semDeus que a escravizaram durante cerca de cinquenta anos. •
Jngl'essa na OJ'dem 1'erceira frnnciscana Algum tempo depois, voltaram os cavaleiros que tinham acompanhado o Duque da Turíngia à cruzada, trazendo seu corpo. Enfrentando com coragem os irmãos deste, eles os exprobraram pela crueldade praticada contra a viúva de seu irmão e seus sobrinhos. Não resistindo às palavras dos cavaleiros, os príncipes pediram perdão a Santa Isabel e restit11íram seus bens e propriedades. Graças a isso, seu filho foi declarado herdeiro, sob a tutela do tio. Numa sexta-feira Santa de 1228, foi recebida na Ordem Terceira de São Francisco, no convento de Eisenach, juntamente com duas de suas damas que dela não haviam querido se separar. Foram então das primeiras terciárias franciscanas na Alemanha. Suas duas
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Santa Isabel tinha como confessor o Pe. Conrado de Marburgo, mais tarde inquisidor papal. Muito austero para consigo e para com os outros, ele retirou de Isabel as damas que a haviam acompanhado, e pôs em seu lugar mulheres rudes e severas, às quais a santa deveria obedecer. Santa Isabel faleceu na noite de 19 de novembro de 1231 , com apenas vinte e quatro anos de idade, sendo canonizada em 1235, tal era a fama de sua santidade. Nesse ano foi exumado seu corpo, que estava perfeitamente incorrupto e exalava agradável perfume. Ele foi trasladado para a magnífica igreja gótica que os habitantes de Marburgo
E-ma il para o autor: catolicismo@terra.com.br Notas:
1. Les Petits Bollandistes, Sainte Elisabeth de Hongrie, Vies des Saintes, Bloud et Barrai, Paris, 1882, tomo XIII, p. 500. 2. Edelvives, Santa lsabel de Hungria, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A. , Saragoça, 1949, p. 191. 3. Dicionário Houaiss: título ou dignidade de alguns príncipes ou nobres alemães que julgavam pleitos em nome do Imperador. 4. Michael Bihl, St. Elizabeth o/Hunga,y, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition. 5. Edelvives, op. cit. p. 192. 6. Frei Justo Perez de Urbe! , Santa Isabel de Hungria, Ano Cristiano, Ediciones Fax, Madri , 1945, tomo IV, p. 375. 7. Edelvives, op. cit. p. 197.
DISCERNINDO
Mediocridade custa caro ... 1i11
Cio ALENCASTRO
roponho-me a tratar dois temas bem diferentes entre si, mas que se ligam por um fundo comum, que lhes dá atualidade. Deixo para o fim essa ligação e passo diretamente aos temas.
P
* * * O leitor já deve ter ouvido falar do dadaísmo. Trata-se de um ramo da arte moderna que busca uma ruptura total com as formas de arte tradicionais. Portanto, um movimento com forte conteúdo anárquico, que pouco tem a ver com a verdadeira arte. Como tudo quanto costuma ser apresentado como moderno, vai afundando no esquecimento. A figura que ilustra esta página constitui uma escultura dadaísta, de 24x 18 cm, feita em 1921, na qual se pode ler, entrelaçadas, as palavras "eternité" e "Misia". É uma homenagem à pianista polonesa Mísia Sert (1872-1950). Há ainda outras letras e figuras (foto acima). A representação é de uma banalidade ululante. Pois bem, essa escultura foi leiloada na França em 22 de abril último e comprada por 600 mil euros, sendo que, incluídas as diversas taxas, o adquirente pagou 761.460 euros 1, aproximadamente 2 milhões e 245 mil reais. Faz parte do desvario do mundo moderno dispender tal quantia para comprar uma figura tão medíocre como essa!
* * * Passo agora ao segundo tema.
É notória a má vontade do governo petista com a agricultura brasileira. O produtor rural sofre uma verdadeira perseguição da parte dos meios oficiais. Tudo se inventa para interferir nas propriedades agricultáveis. Descobrem-se novas terras indígenas ou quilombolas, antes insuspeitadas, que precisam ser transformadas em reservas intocáveis; qualquer irregularidade trabalhista é passível de acusação de patrocinar trabalho escravo; exigências legais que não acabam mais; dificuldades insanáveis para escoar a produção e tanta outras coisas. Enquanto a agropecuária se desenvolve por seu próprio dinamismo, apesar da insana política governamental, a indústria se arrasta, recorrendo continuamente ao Estado para tentar resolver seus problemas. Não obstante tudo isso, "a agricultu-
ra e a pecuária aumentam sua produção ano a ano, sem ocupar novas áreas, e suas exportações crescem no mesmo ritmo. Se o resto do Pais - em especial
a indústria - andasse no mesmo ritmo, o Brasil estaria noutro patamar. Mas os números mostram que a agricultura está rebocando o restante da economia - que se arrasta como um carro com o ji·eio de mão puxado. [... ] "No ano passado, o saldo comercial da agropecuária foi de US$ 79,4 bilhões e o da economia brasileira como um todo, de US$ 19,4 bilhões. 'Se não fosse o agro negócio, o saldo teria acabado há muitos anos ', estima Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura entre 2003 e 2006. [... ] De 1990 a 2011, a área plantada de grãos expandiu 40%, enquanto a produção cresceu 220%." 2 Como explicar essa política demencial do governo petista? Por razões ideológicas de esquerda, é claro. Mas não queremos aqui aprofundar o aspecto socialista do governo, que é evidente, e sim mostrar como essa política conduz à mediocrização econômica do País, que se arrasta a duras penas, quando poderia estar entre os mais ricos e influentes do mundo. Que relação tem isto com a notícia do leilão da escultura dadaísta? Tanto uma concepção equivocada do que seja a arte, quanto uma distorção socialista do que deva ser a economia de um país, levam a frutos de mediocrização insuperáveis, com o consequente desperdício de milhões de euros (ou reais). Com a agravante, no caso brasileiro, de que quem paga é a população. • Notas:
1. La Gazette Drouot, 27-9-13 (revista francesa especiali zada em leilões). 2. O Estado de S. Paulo, 5- 10-13 , Cad erno econômico .
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Em nossa edição de outubro último, publicamos um texto na seção denominada VERDADES ESQUECIDAS. Nossos leitores mais antigos se lembram que, durante muito tempo, tal seção era estampada regularmente - por vezes sob a epígrafe Virtudes Esquecidas. Mas, como os novos assinantes da revista não a conheceram , transcrevemos a seguir excertos mais aplicáveis aos nossos dias de um artigo do inspirador de Catolicismo ressaltando a finalidade e importância dessa seção , que passaremos novamente a publicar.
A Direção de Catolicismo
Um apostolado especializado:
difusão das "Virtudes Esquecidas" /
E necessário que se ponham em foco as máximas que o demônio, o mundo e a carne procuram a todo momento relegar para segundo plano g PU NIO C O RRÊA DE OLIVE IRA Catolicismo Nº 16 - Abril/1952
ntre ou tras seções de Catolicismo. , Ambientes, Costumes, Civilizações, por exemplo, di zia-me um amigo, desagrada-me principalmente a que se intitula Verdades Esquecidas. Serão verdades? É esta a primeira pergunta. O j ornal [hoj e no fo rmato de rev ista] transcreve textos isolados. Com um texto isolado, tudo se pode demonstrar. Seria preciso ler todo o contexto, para ver qual o pensamento autêntico, por exemplo, de um santo citado. E, para essa obra de erudição, quase ninguém tem tempo. Fica-se, pois, com uma ideia muito imprecisa sobre o valor documentário dos textos publicados. [... ] Acho provável que mais de um leitor pense como este amigo. Por isto publico a resposta que lhe dei.
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CATOLICISMO
Órgão pam um escol religioso Antes de tudo, uma observação sobre Catolicismo. Num contato permanente com um público que se estende das margens do Amazonas até a parte meridional do rio Grande do Sul; desde o Rio de Janeiro até rincões perdidos do sertão goiano ou paranaense, desejando servir inteiramente à causa da Igreja, este jornal tem defi nido aos poucos, e de modo muito especial, a sua fisionomia. So mos um país católi co. Ass im , nosso problema de apostolado mais essencial não consiste na conversão dos infiéis, mas na salvação eterna dos católicos. Para que o católico se salve, para que se santifique, não tem outro caminho senão conhecer e praticar a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. [...] À vista destes dados, é que o jornal estabeleceu sua missão. A um mensário não seria possível fazer com eficácia e em grande escala um apostolado exclusivamente
popular: só a imprensa diária é o verdadeiro e ideal instrumento para uma ação extensa sobre a massa. [ ... ] Assim, pareceu acertado a Catolicismo tomar o caráter de um órgão de informação e análise a serviço da elite. Não propriamente da elite intelectual ou social, mas do que se poderia chamar a elite religiosa. [... ] Qual o interesse deste apostolado? Um mensário destinado especialmente a informar e orientar os organismos católicos teria por escopo algo para o que seu feitio de mensário seria plenamente adequado. Informar, orientar, e isto a um público muito vasto e ao mesmo tempo muito definido e demarcado, como é a elite católica, eis o objetivo de Catolicismo.
Missão especinca: um sino do can·ilhão Informar a que respeito? Orientar de que maneira? Evidentemente, no sentido da melhor realização daquilo que a causa católica espera dos leigos. E, assim, os redatores e colaboradores de Catolicismo, foram sendo chamados insensivelmente a insistir sobre os problemas habitualmente menos focalizados, sobre as notícias que a imprensa diária não difundiu ou não pôs em suficiente relevo, sobre os aspectos menos conhecidos de nossa realidade religiosa ou social. Catolicismo não se propôs informar a respeito de tudo, nem orientar em todos os sentidos os seus leitores. Seria uma tarefa por demais ambiciosa para suas forças. Limitou-se ele a um objetivo mais modesto: a acentuar aquilo que menos claramente se acentua, a ser uma nota complementar num imponente conjunto de esforços e de ensinamentos. E, deste papel, não deseja sair. [...] Católicos de uma certa cidade do norte da Itália doaram ao campanário da matriz um conjunto de sinos, dos quais cada qual tinha o nome de uma das Encíclicas do Papa Pio XI, então reinante. O toque de conjunto do carrilhão simbolizava o conjunto dos ensinamentos do ilustre Pontífice. No carrilhão das atividades católicas, este jornal não pretende ser senão um sino. Não se procure nele a melodia toda, mas apenas uma das notas. Esta nota, que é grave, não poderia aliás faltar para a perfeita harmonia do conjunto.
Uma preocupação constante: completar a bondade pela fortaleza Com efeito, ninguém pode fechar os olhos à grande realidade de que a formação religiosa do Brasil se ressente - falamos da massa - de um evidente ressaibo de liberalismo. Diante de nossos inimigos, preferimos não lutar. A atitude dos braços cruzados é justificada por toda uma
série de falsas noções de moral. Entende-se que perdoar pecados é deixar em impunidade perfeita os que pelo mau exemplo ou pelo ensino de falsas doutrinas corrompem as almas. Entende-se que fustigar o vício triunfante, a impiedade insolente, é falta de caridade. Entende-se que a severidade é sempre um mal, a luta é sempre um pecado, a franqueza é sempre uma grosseria, a intransigência é sempre uma brutalidade. Neste ambiente, quem se pode surpreender vendo que famílias católicas toleram a frequentação dos piores cinemas por seus filhos, as leituras mais perigosas, as companhias mais reprováveis? Quem se pode surpreender vendo que uma tolerância criminosa beneficia na vida social os casais constituídos à margem da lei de Deus? Quem se surpreende, vendo que não combatemos o comunismo com a energia devida? Em sentido contrário, se todos os católicos temperassem suas outras virtudes com uma orientação antiliberal pronunciada, se soubessem combater em seus filhos os maus costumes e as ocasiões de pecado. [... ] Em última análise, de tudo que nos falta, nada nos é tão necessário, tão urgentemente necessário, quanto uma combatividade intrépida e temperante. Com ela nos salvaríamos. Perecemos à míngua dela.
O ensinamento dos santos Compreende-se, pois, que esta folha procure destroçar estes preconceitos de um falso pacifismo. E nenhum meio seria mais adequado para isto, do que a publicação de trechos atribuídos a santos [... ] e que não seriam santos se tivessem de qualquer forma- enquanto pessoas já no ápice da vida espiritual-violado a caridade. Daí a seção "Virtudes esquecidas".[ ... ] Mas, dirá alguém, nem todo o mundo entende isto. É claro que não se pode reimprimir estas explicações em cada número de Catolicismo. [... ]
Teste de ortodoxia Que é, pois, essa seção? Um verdadeiro teste de catolicidade. Pensamos habitualmente de acordo com aquela doutrina? Então estamos certos. Pensamos de outro modo? Então precisamos retificar nossa formação. Numa época de confusão, não é bem verdade que uma tal seção pode prestar grandes serviços? [... ]
Pedido inexequível Quanto ao valor documentário da citação, meu amigo pede algo impossível. Quer todo o contexto, mas, se se atender seu pedido, ele declarará não ter tempo de ler coisa alguma e sugerirá que se destaquem os textos decisivos. Isto é o que os antigos diziam ser alguém preso por ter cão e por não ter cão. •
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4 São Carlos Borromeu, Bispo e Confessor
1
+ Milão, 1584. Cardeal aos
10
21 anos, depois arcebispo de Milão, seu ideal de episcopado foi realizado plenamente em sua arquidiocese mediante as reformas do Concílio de Trento. Faleceu aos 46 anos, sendo considerado como uma das figuras exponenciais da Contra-Reforma.
São Leão l Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja
TODOS OS SANTOS Celebrada já no século V como festa de Todos os Mártires, posteriormente adquiriu um caráter mais universal , sendo fixada neste dia. É a comemoração da Igrej a Triunfante, formada por todos os bem-aventurados, mesmo os não-canonizados, que já gozam da glória eterna. Primeira Sexta-feira do mês.
2 COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS Comemoração da Igreja Padecente, formada pelas numerosas almas que sofrem no Purgatório. "Aos que visi-
tarem o cemitério e rezarem p elos defuntos , concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos ; diariamente, do dia 1° ao dia 8 de novembro, nas condições costumeiras, isto é: confissão sacramental, comunhão eucarística oração nas intenções do Sumo Pontifice; nos restantes dias do ano, Indulgência Parcial (Enchir. Indulgentiarum, nº 13) ". Primeiro Sábado do mês.
e,
·3 São Martinho de Porres, Confessor
+ Lima, 1639. Mestiço, descendente pelo lado paterno de cruzados , sua mãe era uma escrava liberta. Entrou como "doado" para um dos conventos dominicanos de Lima , onde levou uma vida extraordinária pela humildade, penitência, caridade e dom de milagres .
culto cristão, ela foi consagrada por São Silvestre em 324.
5 Santos Zacarias e Isabel, pais do Precursor, São João Batista + Palestina, séc. I. Sua fé mereceu-lhes, já na velhice, gerar aquele que prepararia os caminhos do Salvador.
6 São Nuno Álvares Pereira, Confessor + Lisboa, 1431. Armado cavaleiro aos 13 anos, Condestável de Portugal aos 25, a ele D. João I deveu seu trono, e Portugal sua independência, pela retumbante vitória em Aljubarrota.
7 São Vilibrardo, Bispo e Confessor
+ Alemanha, 739. Nascido na Irlanda, foi sagrado bispo de Echternach, de onde seus missionários partiam para evangelizar a Renânia. Seu zelo chegou até a Dinamarca.
8 São Claro, Confessor
+ Tours, 386. Pertencente a família de alta nobreza, foi ordenado sacerdote ainda jovem, deixando tudo para ir viver junto ao grande bispo de Tours, São Martinho.
9 Dedicação da Basílica de São João de Latrão, Roma Catedral dos bispos de Roma e uma das primeiras basílicas dedicadas por Constantino ao
+ Roma, 461 . Governou a Igreja durante 21 anos, por ocasião da invasão dos bárbaros. Lutou contra os hereges eutiquianos e donatistas, deteve o huno Átila às portas de Roma, defendeu intrepidamente os direitos da Sé Apostólica, incrementou e deu novo esplendor às cerimônias litúrgicas. Por tudo isso, recebeu da posteridade o título de "Magno".
11 São Martinho de Toms, Bispo e Confessot'
+ Candes (França), 397. Originário da Hungria, seus pais eram pagãos. Já como soldado imperial, foi batizado aos 18 anos e tornou-se discípulo de Santo Hilário de Poitiers. Como bispo de Tours, sua atividade pastoral foi infatigável e fecunda, sendo considerado um dos apóstolos das Gálias.
·12 São Josafá, Bispo e Mártir
+ Vitebsk (Rússia Branca), 1623. Bispo de Polozk , na Polônia. "Em ódio da unidade
e verdade católica, foi cruelmente trucidado pelos cismáticos " (do Martirológio).
13 Santo Estanislau Kostka, Confessor
+ Roma, 1567. Pertencente a uma das mais nobres famílias da Polônia, sua vida foi palmilhada de maravilhas. Recebido por São Pedro Canísio como noviço da Companhia de Jesus na Alemanha, foi enviado a Roma e paternalmente acolhido por São Francisco de Borja.
14 São José Pignatelli , Confessor
+ Roma, 1811 . Nobre espanhol de origem italiana, entrou
aos 15 anos para a Companhia de Jesus. Ordenado sacerdote dedicou-se ao magistério e ~ mini stérios apostóli cos.
15 SanLo J\lbecto Magno, Bispo e DouLOI' ela Igreja + Co lônia (Al emanha), 1280. Pouco dotado para o estudo, mas grande devoto de Maria d'Ela recebeu a ciência qu~ lh e va leu de se us co ntemporâneos o títul o de Doutor Universal. Fo i professor de Sa nto Tomás de Aquino.
1fi SanLa Get·Lrueles, Virgem + Helfta (Al emanh a) 1303. Entrou para o mosteiro aos cinco anos de idade, fo i discípul a de Sa nta Matilde, com qu em escreveu vári as obras místi cas, e é considerada um a das maiores místicas da Idade Médi a. Te ve reve lações do Sagrado Coração de Jesus.
J7 Sa nLa Isa bel ela llungr·ia, Viúva (Vide p. 36)
18 Deeli cação elas basílicas ele São Peelro e São Paulo Na primeira, loca li zada no Vaticano, encontra-se o túmulo de São Pedro, o primeiro Papa; a segunda, na Via Ósti a fo i co nstruíd a no loca l d~ sepultamento de São Paulo.
19 SanLos Roque González e Companheiros, Má rLil'es + Ri o Gra nde do Sul , 1628. Mi ss ionári os j es uítas qu e evange li za ram a reg ião das Missões. Na de Caaró (RS), quando o Pe. Roque terminava a mi ssa, índi os subl evados pelo pajé partiram-lh e a cabeça com a clava. F izera m o mesmo com o Pe. Afonso Rodrí guez . O Pe. Ju an dei Castillo hav ia sido martirizado anteri ormente, na mi ssão de Pi ra pó.
20 São Félix ele Va lois, Conl'essor + Ce rfro id (F ran ça), 12 12. Da fa míli a rea l fra ncesa, di stin guiu -se desde cedo pe la imensa ca ridade para com os pobres e desvalid os. Fundou com São João da Mata a Ordem da Santíss ima Trindade para a libertação dos cativo~ entre os mouros, um dos mais gra ves probl emas da época.
21 APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA
22 Sa nLa Cecília, Virgem e MárLir + Roma, séc. Ili. Uma das mais ve_ne~·~das mártires da Igreja pnm1t1 va, Cecí li a tinha fe ito voto de castidade quando o pai a casou com Valeriano a quem ela converteu junto c~m o cunhado Tibúrcio. Os três sofreram o martírio pela fé, sendo o corpo da mártir reencontrado em 822 e transferido para a igreja de que é titulai·, no Trastevere, em Roma. E honrada como a padroeira dos músicos.
23 São ClemenLe l, Papa e Má rtir + Roma, séc. 1. Terce iro suce sor de São Pedro, conhece u os Apóstolos e co nviveu com eles. Sua ca rta diri gida aos Co rín tios é doc um ento fund amental para comprova r as teses do primado universa l do Bispo de Roma e da constitui ção hi erárquica da Igreja.
24 NOSSO SENHOR füSUS CRISTO, REI DO UNIVERSO F~sta in stituída em 1925 por Pi o Xl , para proclamar a realeza soc ial de Nosso Senhor Jesus Cri sto.
25 Sa nLa CaLal'i na ele Alexa nell'ia, Virgem e Mé:í rLi l' + Séc. 1V. Um a das sa ntas
mais popul ares dos primeiros sécul os, aos 17 anos recebeu o dom da sa bedori a, se nd o considerada a mais sá bi a das jovens do Império.
2() São Peelro ele Alexa nell'ia Bispo e Má t'lir ' + 3 11. "O historiador Eusébio saudava-o como um desses pas tores divinos pela vida virtuosa e por sua sagrada eloquência. Fo i uma das últimas vítimas das perseguições romanas" (do Marti ro lóg io Romano).
27 fESTA DE NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAG ROSA Sa nLa CaLal'ina Labouré, Virgem + Pari s, 1876 . Recebeu de Nos a Senhora a revelação da Medalha Milagrosa, que tantas graças, conversões e mil agres tem obtido em todo o mundo.
28 Sa nto Estêvão e Companheiros, MárLit·es + Consta ntinopla, 764. Monge do Mosteiro de Studi os, fo i martiri za do co m ce nte nas de outros co mpanheiros por terem defe ndido o culto às imagens.
29 São l<'t·a ncisco Antonio l•'asani , Confessor + Itáli a, 1742. Francisca no no convento dos Frades Menores Conventuais de Lucera do uto rou-se em Teo log ia: tornando-se ex ími o pregador, diretor de almas, conse lheiro, defe nso r dos pobres e dos humildes.
~JO Sa nLo Anell'é Apóstolo, Má l'tir + Séc. 1. Irmão de São Pedro fo i dos primeiros di scípulos d~ J,esus. Pregou o Evangelho na As ia Menor e nos Bálcãs, onde fo i crucificado numa cruz em X (Cruz de Santo André). É o patrono das vocações.
Intenções para a Santa Missa em novembro Se rá ce lebra da pe lo Revmo . Padre Dav id Franc isq ui ni, nas seguintes intenções: • Mi ssa de Fin ados em sufrág io das alm as do Pu rga tó ri o, es pecia lm ente pe las almas de nossos pa re ntes já fa lec idos. Ta mbém em ho n ra de N ossa Sen hora da Meda lha M il agrosa - fes ti vida de q ue se ce lebra no dia 27 de novembro p edin do- lh e graças especiais para os ass in antes, leito res e co laborado res d e Ca to licismo.
Intenções para a Santa Missa em dezembro • Pelos méritos infi nitos do nascimento do Divino Me nino Jesus, reza remos especialmente pelos leitores de Catolicismo e respeclivas famílias, bem como por todos aqueles que nos apoiara m ao longo deste ano, para q ue Ele co nce da um Sa nto N atal a todos e abundantes graças para o Ano Novo. Orações que e l evare mos ao Céu por intermédio da Santíssima Virgem, cuja Imaculada Conceição é celebrada no dia 8 de dezembro.
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Rio de Janeiro - Marcha por um Brasil sem Aborto n EosoN CARLOS oE OuvE1RA
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Folos: M(ircio Coutinho
I" Caminhada em Defesa da Vida, por um Brasil sem Aborto, no Rio de Janeiro, ocorreu no dia 5 de outubro, com aproximadamente dois mil participantes. Iniciada na praça em frente à igreja da Cande lária, ela se encerrou no Largo da Carioca. Nessa ocasião, personalidades civis e religiosas, como o Arcebispo da cidade, Dom Orani Tem pesta, incentivaram os presentes à luta contra a legalização do aborto no Brasil. Com seus estandartes e sua fanfarra, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira participou da manifestação portando num andor uma bela imagem de Nossa Senhora de Fátima. Os cooperadores da entidade ostentaram também uma grande faixa
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CATOLICISMO
com os dizeres: "A força ,tos maus está na .fi·aqueza dos bons"-Lutar contn, o aborto sem hesitação: Eis a chave da Vitória!" O evento teve como objetivo forta lecer a reação contra o aborto e defender o nasc ituro - agora especialmente ameaçado com a recente aprovação pelo Congresso Nac ional e sanção pela presidente Dilma Rousseff, de uma lei que, a pretexto de proteger a mulher, favo rece ainda mai s a prática abortiva. • E-ma il para o autor: catoli cismo@terra .com.br
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SE VOCÊ ME SALVARIA, POR QUE NÃO SALVA OS MEMBROS DE SUA PRÓPRIA ESPÉCIE?
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NOVEMBRO 2013
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SÉRGIO DINIZ BIDUEIRA
umeroso e se leto público acompanhou com muito interesse a brilhante ex posição "Geopolítica e Defesa da Amazônia", do General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, Co ma ndante Militar da Amazônia. Promovida pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, a palestra ocorreu no dia 19 de setembro no Club Homs, na capital paulista. Entre as autoridades presentes, merecem especial menção o General de Exército Adhemar da Costa Machado Filho, Comandante Militar do Sudeste, e o Vice-Almirante Liseo Zampronio, Comandante do Vfll Distrito Naval. Após a abertura da sessão, proferida pelo Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do instituto Plinio Corrêa de Oliveira, o General Villas Bôas desenvolveu profundas e ilustrativas considerações, tanto geopolíticas quanto históricas, sobre a consolidação de nossas frontei ras na Amazônia. Ressaltou o enorme
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CATOLICISMO
potencial econômico da região ; sua estratégica ocupação; seu importante papel como centro de integração com nossos vizinhos latino-americanos; a cobiça internacional por tantas riquezas ali presentes; as dificuldades para a guarda de suas fronteiras. Referiu-se ainda às ameaças resultantes da atuação de ONGs internacionais, que agravam questões de demarcação de áreas indí-
genas e de conservação, estando concentradas essas áreas onde se encontram importantes jazidas minerais. Também alertou sobre a presença do narcotráfico, com plantações de coca nas áreas fronteiriças e a tentativa do crime organizado se estabelecer na região. O ilustre conferencista salientou que a ausência do Estado - e, pior ainda, a atuação repressora de certos órgãos deste
O Príncipe Dom Bertrand de Orleans e BraganCja pronunciando as palavras de encerramento
O primeiro à direita, General Eduardo Villas Bôas
- criam uma situação que deixa sem alternativas a população local quanto a suas atividades próprias: garimpo, extração de madeira, criação de gado, caça e pesca, quando essas atuações são exercidas legalmente. São 23 milhões de brasileiros que necessitam de liberdade de produzir para seu sustento e o bem do País. Falta, por exemplo, uma Política Federal bem coordenada e assistência sanitária em vários municípios. Por fim , ressaltou a presença das Forças Armadas, com seu papel dissuasivo na defesa do País, evitando guerras. Não há desenvolvimento sem forte atuação das Forças Armadas. Na Amazônia, o Exército se faz presente ao longo das fronteiras com 28 pelotões, imitando nossos antepassados portugueses que semearam seus fortes por toda a região, favorecendo a integração com os indígenas. Ao concluir sua conferência - calorosamente aplaudida de pé - o General Vi lias Bôas agradeceu o apoio do instituto Plinio Corréa de Oliveira pelo ânimo que incute nos que exercem a missão grandiosa de vigilância na solidão da Amazônia. E, emocionado, recitou a Oração do Guerreiro de Selva:
Senhor! Tu que ordenaste ao Guerreiro de Selva: Sobrepujai todos os vossos oponentes! Dai-nos hoje, da floresta , A sobriedade para resistir; A paciência para emboscar; A perseverança para sobreviver; A astúcia para dissimular; A fé para resistir e vencer. E dai-nos, também , Senhor, A esperança e a certeza do retorno Mas se, defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus, Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA! E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
NOVEMBRO 2013
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Sucesso editorial da obra Psicose Ambientalista Fotos: Nelson Barretto
li HÉLIO BRAMBILLA
m recente visita ao Brasil, um especialista americano em divulgação de livros afirmou que nos EUA - com 300 milhões de habitantes e o generalizado hábito da leitura - a tiragem de cinco mil exemplares para uma obra doutrinária é considerada muito boa. Para a diretora de uma grande rede de livrarias do Brasil, a edição entre nós de dois mil exemplares de um livro desse gênero constitui temeridade, e de três mil, uma loucura. Pois bem, o livro Psicose Ambientalista - Os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma 'religião ' ecológica, igualitária e anticristã, de autoria do Príncipe Dom Bertrand de Orleans Bragança, já ultrapassou 15 mil exemplares difundidos, um ano após seu lançamento no prestigioso Nacional Club da capital paulista, em 2 de outubro de 2012. Desde então, o ilustre autor participou de eventos similares em Ribeirão Preto, Franca, Salvador, Recife, Uberaba, Bauru, Belo Horizonte, Sabará, Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Curitiba, Florianópolis, Unaí, Paracatu, Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro, Campo Grande, Fortaleza, Orleans, Porto Alegre e Pelotas. No total foram 23 cidades, muitas das quais são importantes centros de influência econômica, política e social. Os lançamentos foram efetuados quase sempre em livrarias, e contaram com a presença de prestigioso e numeroso público que, em algumas cidades, excedeu 200 pessoas. Nesses lançamentos, normalmente, depois de saudado por uma autoridade local, Dom Bertrand pronuncia uma alocução, quando não uma palestra sobre ambiental ismo. Em seguida, autografa os livros, ocasião em que troca algumas palavras com seus leitores. Enquanto alguns fazem fila para aguardar sua vez, outros com mais tempo preferem fazer pequenas rodas comentando a obra. •
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E-mail para o auto r: cato lic ismo@ terra.com.br
CATOLICISMO
Fotos: Fláv io de Brito
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Fotos: Ivan Rafael de Oli veira
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LIVRARIA SARAIVA Shopping lguatemi Av. Washington Soares, 85 lojas 420/424
Convite para o lanรงamento na cidade de Fortaleza NOVEMBRO 2013
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Paul von Hindenburg Glória obtida e proporcional à própria capacidade ■ PUNIO C0RRÊA DE OLIVEIRA
embro-me de uma fotografia do Hindenburg.* Ele um tanto grisalho, com aquela cabeça perfeitamente quadrada, cabelo en brosse carré. Uma fotografia tirada num período em q ue ele conservava ainda o ca lor e as emoções da guerra. Embora não tenha sido vitorioso, na I Primeira G uerra, ele foi um vencedor. Ele combateu com tanta glória, com tanta eficác ia que se retirou com todos os louros de um vencedor internacional. Estava velho, tranqu il o, afável, e dava a impressão de um homem que é o que desejava ser e não muda mais. Um varão que conseguiu bens segundo suas superiores apetências e que o homem comum não a lcança. Esses bens indicam uma zona apetente de fe licidade que precisaria ser definida, e que é um ponto dentro da zona de fe licidade do homem reto . Hindenburg, apesar de ser protestante, era um homem que carregava uma tradição católica atrás de si, que o protestantismo não conseguiu destruir inteiramente. Na foto, e le não aparece ofegante de sua glória, mas repousando sobre ela. Uma g lória que era proporcionada ao que ele podia querer e que correspondia à sua própria capacidade. Portanto, não julgava haver ga nhado uma loteria e que se apresentava sem compreender o que lhe tinha acontecido. E nesta adequação entre o que podia desejar e o que obteve, e le conservava a placidez da apetência boa proporcionada e satisfe ita. Ao lado disto, vê-se que e le experimenta um júbilo de sentir internamente não só a alegria de como os outros o consideravam e da glória que tinha obtido, mas ostentava a alegria da árvore que deu fruto. Também a alegria de contemplar internamente a boa ordem de quem olha para dentro de si mesmo e reflete : "Eu fiz o que devia". Por fim, percebe a estabi lidade daque la situação. Enquanto ele estiver vivo leva os louros que ninguém lhe tira. Portanto, está estabi li zado e alcança uma situação de alma não excitada, não super gaudiosa, mas numa orla verdadeiramente sensível da alma, a qual é amortecida na maior parte das almas. •
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* Nota da Redação : Paul Ludw ig Hans Anton von Bencckendorff und von Hi ndcnburg ( 1847- 1934), marecha l alemão e político, fo i importante fi gura du rante a I Guerra Mundi al e pres idente da Alemanha dura nte a chamada República de Wcimer. Apesar de contar então com 84 anos e ter sa úde precá ria, e le fo i convenc ido a candidatar-se à presidência para as e le ições de 1932, pois era con iderado o ún ico ca ndidato que pod ia derrotar Adolf Hitler. Embora Hindenburg tenha cometido erros no plano políti co, a sintéti ca aná lise fe ita de le, segundo a linha d ireti va desta seção, descreve-o apenas do ponto de vista ps ico lógico: o traço essenc ia l do personagem e seu estado de espírito no fi nal de sua traj etória biográfi ca. An álise aná loga às de outras figuras hi stóricas, como por exemp lo, Churchill e Adenauer, j á estampadas nesta seção.
Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 22 de setembro de 1977. Sem revi são do autor.
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CIVILIZAÇAO CRISTA
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O Menino Jesus e o Poder da Fé Católica
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No Menino Jesus, a majestade de verdadeiro rei
Nossa Capa: Quadro de pintor anônimo. Coleção particular.
Concílio Vaticano 1
DEZEMBRO 2013 -
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRTIDF sob o nº 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra .com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502
Preços da assinatura anual para o mês de Dezembro de 2013: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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146,00 218,00 374,00 616,00 13,50
CATOLICISMO Publicação mensal da Ed itora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
É natural que por ocasião do Natal nossa matéria de capa seja referente ao nascimento do Divino Redentor da humanidade. Para comemorar neste ano esse magno acontecimento, reproduzimos a narração de um impressionante fato ocorrido pouco antes do Natal de 1956, na Hungria, quando uma professora ateia e comunista de escola primária tentou convencer agressivamente suas pequenas alunas de que o nascimento do Menino Jesus era mera lenda. Para isso montou uma armadilha, insuflando as crianças a chamarem por Ele, na certeza de que o Divino Infante não apareceria .. . Logo, " provaria" sua inexistência. "Vem, Menino Jesus! - bradaram em uníssono as 30 vozes infantis daquela classe. E o milagre aconteceu ... Ele veio! Como testemunhou uma das meninas: "Vestido de branco e parecia um sol pequenino! " Aterrada com o inusitado acontecimento, a malévola professora materialista gritava desesperada: "Ele veio! Ele apareceu! " Transtornada, foi internada num manicômio. Roguemos também nós ao Divino Infante, que recompensou a fé daquelas crianças inocentes: " Vinde, Menino Jesus! Para nós católicos, mas também para todos os homens, especialmente os incrédulos, afim de que se convertam! "
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Acrescentamos à matéria de capa um artigo estampado em Catolicismo em dezembro de 1952, no qual o inspirador e então principal colaborador da revista, Plínio Corrêa de Oliveira, mostra que o "Santo Natal.foi o primeiro dia de vida da civilização cristã ". E esclarece que essa vida germinativajá continha em si todos os ricos elementos da estupenda maturidade a que se destinava nos séculos posteriores. Aquele Menino, nascido numa manjedoura, no interior de uma simples e pobre gruta, transformaria o curso da História.Uma transformação que parecia impensável: sobrepujar pela fé e a doutrina cristã um mundo pagão apodrecido por superstições, imoralidades e ainda pelo ceticismo completo. As graças que o Menino-Deus trouxe ao mundo começaram a frutificar pelo admirável trabalho dos Apóstolos, pelo martírio dos cristãos e pelos monges e heroicos missionários; e também pelos santos e reis que edificaram a civilização cristã medieval. Assim, a graça divina e a ação da Igreja superaram e venceram a podridão pagã e a decadência, bem como a barbárie. Entretanto, infelizmente, a civilização cristã veio sendo devastada pelo processo revolucionário neopagão; e agora, dois mil anos após aquela noite santa e memorável, esse processo atinge seu apogeu. Mas a graça do Divino Infante não abandona os homens, desde que reconheçam seus pecados e se arrependam como o filho pródigo da parábola evangélica.
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Desejo aos nossos diletos leitores e seus familiares um santo e abençoado Natal, pedindo à Santíssima Mãe de Deus que lhes obtenha a excelência da graça de uma fé ardente no Infante Divino que veio ao mundo para nos salvar!
Em Jesus e Maria,
9:~
DIR ETOR
catolicismo@terra.com.br
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DISCERNINDO
Pais e escola unidos contra as crianças Cio ALEN CASTRO
estilo atual de viver, bafejado pelas ideias de gozo da vida, igualitarismo geral, liberdade para tudo e para todos vai produzindo seus efeitos em cascata na sociedade. Vão ficando para trás os saudosos tempos das famílias unidas, do convívio ameno, da ordem soc ial estabelecida. O homem moderno é fortemente atormentado pelos fantasmas da frustração, da ansiedade, da insegurança, e por aquilo que os ingleses chamam de "nonsense", que numa tradução livre corresponderia a falta de sentido da vida. Tal situação calamitosa lança metástases em todas as categorias de pessoas, estando entre as mai s ating idas as crianças e os jovens em idade escolar. O slogan "menos crianças, mais f elicidade", ou seu equivalente "mais anticoncepcionais, mais satisfação " vai se mostrando altamente pernicioso. A promessa de que tendo menos filhos estes poderiam ser tratados com mais carinho e atenção, não passa de propaga nda enganosa. Acontece exatamente o contrário. Aparece então a figura do filho-trambolho , que atrapalha a liberdade dos pais, a do filho-descartável que se quer pôr na esco la o quanto antes e pelo maior tempo possível. E a escola de hoje, seguidora subserv iente das mesmas idéias, o que faz com as crianças? Também procura incutirlhes as quimeras de liberdade total, ou seja, do vício total. Em grande número de casos a escola deixou de ser formadora e passou a ser deformadora.
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* * * Sob o título "Maconha na escola", o psiquiatra Jairo Bouer apresenta dados dignos de serem meditados ("O Estado de S. Paulo", 13-l 0-13) . Pesquisa realizada em 2013 , entre estudantes do 8º ano do fundamental até o 3º do ensino médio, de 67 escolas, em 16 Estados do Brasil, revela que a maconha havi a sido experimentada por quase 10% dos alunos . O uso aumenta com a idade. Aos 17 anos, 16% já haviam tomado a droga. A metade dos que a experimentaram teve o primeiro contato entre os 14 e 15 anos . Entre os que já tinham consumido maconha, 18% a usaram todos os dias ou quase todos os dias no mês anterior à pesquisa. Ou seja, estão viciados ou a caminho do vício.
O leva ntamento foi fe ito em esco la particulares. Imagi nese as públicas! Prossegue o psiquiatra, "os números mais surpreendentes
da pesquisa atuai são os obtidos quando se cruzam os dados sobre emoções e rendimentos na escola com os de uso da maconha ". Dos alunos que usa m maconh a, 31 %, ou seja, quase um em cada três, já hav iam sido reprovados na esco la (entre os que não usa m, só 13%). Dos que usam macon ha, 63% disseram ter dificuldade em manter concentração na sala de aula (entre os que não usam, 48%). Dos que usa m maconha, 51 % di sseram ter dificuldade para entender as aulas ( entre os que não usam, 35%). Essa relação entre o consumo da droga e o mau resultado nos estudos, como também "o uso da droga e dificuldades
emocionais ", "merecem uma avaliação mais cuidadosa, principalmente no momento em que países vizinhos e políticos do mundo todo discutem uma maior flexib ilização nos controles de venda e consumo de maconha ", diz o Dr. Bouer. Para o méd ico Joaquim Melo, pres idente da Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas, se os jovens experimentam maconha cada vez mai s cedo, "parte relevante
desse grupo deve evoluir para um quadro de dep endência química, com a adição de outras drogas, inclusive o crac/c" ("O Globo", 24-8-13). Quando as crianças sentem que são um peso em casa, quando não têm irm ãos nem irmãs para brincar, quando percebem que são "atiradas" nas esco las para que os pais se vejam livres, não fica difícil compreender que e las busquem refúgio nas drogas. E as escolas de hoje parecem feitas sob medida para incentivar esses de vios de conduta . • E-mail para o autor: calo licjsmo@terracom.br
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diretamente no quotidiano. Para mim o artigo valeu como uma vacina para não me contagiar com os aspectos maléficos desse mundo e não deixar que o aspecto máquina das relações prevaleçam. (R.V.W. -
MS)
Ambientalistas radicais 121 Li e recomendo o livro de Dom Bertrand! O meu livro já passei adiante, pois não devemos engolir o que a mídia nos empurra. Devemos estar bem informados para não sermos enganados por esses ambientalistas radicais! (M.T.B.S. -
Permanecer llrmes
Novas tecnologias 121 Oportuníssimo o artigo principal da revista do mês [novembro], porque alerta sobre os perigos que as novas tecnologias podem causar; é indispensável. Todo mundo fala dos beneficios, que são reais, mas também os perigos são alarmantes, particularmente para as crianças e adolescentes que estão amarrados ao uso de computadores, cada vez mais sofisticados. Muitas vezes, noto nas visitas que recebo que os adolescentes não querem mais fazer visitas como antigamente para um bate-papo gostoso, falando de tudo que nos rodeia, mas preferem ficar obcecados por joguinhos de internet. Como serão essas crianças quando crescerem? Quando vejo essas cenas nas visitas, fico pensando nisso e muito temerosa dos estragos nas mentes infantis que essas coisas podem causar. (L.A.-MG)
Despersonalização 121 A atração que a robotização exerce sobre nós é enorme, mas, sem dúvida, todo cuidado é pouco para não nos iludirmos com ela. Do contrário, acabamos nos esquecendo dos valores humanos e nos despersonalizaremos. (J.L.L. - PR)
121 O "mundo cibernético" é artificial , mas nele estamos colocados e por isso valeu muito a pena a revista trntar de frente o problema, que nos a•.inge
-CATOLICISMO
121 Estava muito preocupada com as confusões causadas pelas publicações de entrevistas do Papa Francisco. Achava melhor que o Vaticano não as divulgasse porque quem sai perdendo somos nós católicos. Os adversários da Igreja Católica acabam aproveitando dessas confusões para nos impugnar. Com todo respeito, gostaria que o Papa Francisco fosse mais comedido no que fala para evitar essas confusões. O mundo já está tão confuso e agora elas geram desentendimentos entre nossos próprios irmãos católicos. Rogo a Deus pela nossa firmeza e defender a verdade como a Igreja sempre ensinou e como o artigo propõe com a transcrição de São Paulo: "permanecerfirmes, mantendo as tradições que nosforam ensinadas". (N.E.J. - SP)
Uma analogia 121 Respeitante aos mensaleiros, desejaria que se fizesse com eles o que São Fernando fez com os muçulmanos, que foram obrigados a devolver todos os sinos roubados, carregando-os nas costas de Córdoba até Santiago de Compostela. Os corruptos do PT deveriam ser obrigados a devolver toda a dinheirama que saquearam. (P.E.N.-SC)
Mídia alarmista 121 Excelente livro Psicose Ambientalista. Gostei tanto que adquiri outros cinco exemplares e os doei. Três para Universidades, um para a Biblioteca Municipal local e um que enviei para o novo procurador-geral da República. Excelente obra. Recomendado para todos que queiram se atualizar rapidamente sem correrem o risco de ficarem desinformados pela mídia alarmista. (V.M. -RS)
RJ)
Recordação 121 Varão insigne, paladino indiscutível da Contra-Revolução. Graças a Plinio Corrêa de Oliveira chegou-me a verdade católica plena, neste século de tanta covardia, tanta traição, tanto bem-estar miúdo . À fidelidade dele devemos a ortodoxia pura, a honra católica sem mancha, a intransigência absoluta com os erros modernos e a excelência do ideário católico. Sua recordação constitui uma âncora para nossa perseverança. Pedi neste seu aniversário de falecimento graças da fidelidade e da confiança na Providência de Deus. (C.A.B.M. -Argentina)
Católico pleno 121 Plinio Corrêa de Oliveira, católico pleno de virtudes e de amor a Nosso Senhor Jesus Cristo à Santa Igreja e ao Papado. (M.G.D.P. - SP)
Desagravo a Na. Sra. Aparecida 121 Nos tribunais criminais uma foto pode ser apresentada como prova do crime. A imagem da "deusa" apresentada na matéria "Estranha novena na Basílica de Aparecida" é autêntica e difundida pela mídia. Não houve da parte do episcopado uma justificativa e nenhuma nota negando. Quem cala consente. (J.C.V. - SP)
Desagravo - li 121 Meu Deus! Minha Nossa Senhora Aparecida! Como esta barbaridade foi acontecer dentro do Santuário de Aparecida? Essa "deusa" Thêmis entrando triunfalmente na Basílica? QUE ABSURDO!!! Será que Dom Damasceno tem alguma justificativa para tamanho absurdo?! Foi realmente
IMPERDOÁVEL esta procissão com essa 'deusa' adentrando ao nosso Santuário Sagrado! (J.C.B. -
PR)
Desagravo - III 12] Se para os seguidores da "Teologia da Libertação", Leonardo Boff, Frei Betto etc., as deusas cultuadas na Antiguidade são hoje nada mais que figuras iguais a Nossa Senhora Aparecida, o que esperar de seus seguidores? Esperem mais um pouco que verão coisas mais terríveis. Tudo esta previsto, para que se peça conta de cada ato destes falsos profetas vestidos de pele de cordeiro.
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RJ)
Lamentação 12] É triste verificar a inundação de pornografia e vandalismo, atentados à moral de uma sociedade já tão destruída por seus programas de televisão. É lamentavel saber que neste país,
chamado "G igante que dorme", tantos permanecerem inativos diante da destruição do futuro de nossos filhos e netos. Triste constatar que a Igreja qualificada como da prosperidade omitir-se de pregar a verdade e advertir os crentes quanto ao caos que se aproxima. Triste saber que muitos esperam um caos repentino e não percebem que o diabo trabalha em suas cabeças, silenciando esse caos programado para enganar os que desejam realizar seus desejos da carne. Sinto vergonha desses líderes políticos que se associaram ao demônio para destruir o bem maior de uma sociedade: a família normal. Triste saber que o que eles propõem é pior do que qualquer epidemia. Triste! Sinto vergonha! (N.C. -AL)
que está acontecendo com as mulheres na atualidade!? Como a maternidade é vista para a mulher na sua vida moderna, agitada e cheia de compromissos? Infelizmente as mulheres deixaram que lhe surrupiassem o dom de ser mãe em prol do egoísmo, da profissão, do prazer pelo prazer, da competição com o homem. Quem mais saiu perdendo com isso foi toda a humanidade. Que homens teremos no futuro, se a maternidade perdeu seu espaço para as babás, para os meios de comunicação, para as creches, deixando as nossas crianças carentes do amor e da educação que só uma mãe presente pode suprir? (C.L.X. - RJ)
O dom de ser mãe 12] Essa cena [descrita no artigo
propósito do velho deitado"] retrata a verdadeira missão de "ser mãe". O
Petrus Editora Ltda. Rua Visconde de Taunay, 363 - Bairro Bom Retiro CEP 01132-000 - São Paulo-SP Fone/Fax (11) 3333-6716 E-mail: petrus@livrariapetrus.com. br Visite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br
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Kl Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
Pergunta - Estou com uma dúvida: sou católica praticante, estava afastada, mas estou retornando à comunhão diária. Retomei todas as práticas necessárias para estar de acordo com a Igreja, como frequentar missas, confissão, etc. Rezo o terço diário, mas estou com problemas cm meu matrimônio. Estou separada a aproximadamente quatro meses. Gostaria de restaurar minha família, mas meu esposo não tem vontade de reatar o casamento. Como devo proceder diante de um pedido de divórcio? Pelo que sei, para que eu possa continuar minha comunhão, preciso me manter casta e não procurar um novo relacionamento. Diga-me, por favor, como devo agir para não estar em pecado diante da Deus. Obrigada! Resposta - Curiosamente, nos três últimos meses, as consultas que respondemos nesta seção referiam-se a problemas matrimoniais . Esta é a quarta ... [sto de si é um sinal que mostra a fragilidade da instituição fa miliar hoje em dia . Essa fragilidade é a consequência direta da perda da noção da força do vínculo que os noivos estabel ecem ao se casarem. Os noivos se unem para uma vida que, segundo as exigências do sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus C risto, deve durar "até que a morte os separe". Não se trata de di zer que os casais que se separam não têm a noção da existência desse vínculo; apenas acontece que perderam a noção da força desse vínculo, que é tão forte que somente a morte pode rompê-lo! E assim, diante das desavenças ou desencantos que inevitavelmente surgem, a ideia de separação vem logo à mente. A separação deixou de ser aquele fantasma que antigamente nem passava pela cabeça dos casais, mesmo diante de situações até muito dolorosas . E o resultado é uma família logo destroçada! Menos mal que a consulente voltou logo à prática da Religião, retomando a confissão, a frequência às missas dominicais e até mesmo à comunhão diári a, além de devoções normais de um bom católico. lsso é um sinal auspicioso de que seu caso possa encontrar logo uma solução, por sua devoção ao Rosário, com a prática do terço di ário. Nossa Senhora não deixará de ampará-la nessa difícil situação. Outro sinal altamente significativo e alentador é o fato de ela se encontrar na disposição de querer permanecer sem pecado diante de Deus. Quer permanecer casta e sabe que não pode procurar outro relac ionamento. Sua única dúvida é como proceder di ante de um pedido de divórcio que venha a ser feito pelo marido .
O clivól'cio é inválido diante de Deus A le itora terá notado qu e estamos chamando o seu marido de marido . E ela é a legítima esposa dele, mesmo vivendo
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separados. Ela não pode, pois, dar sua anuência ao pedido de divórcio que ele venha a fazer. Pode ser que, nesse caso, ele recorra à Justiça, e esta venha a decretar o divórcio, à revelia da esposa. O divórcio é inválido diante de Deus e da Igreja. E como a Igreja é o conjunto dos fiéis, estes também devem proceder de acordo com a sua fé, e não reconhecer a separação dos esposos legítimos decretado abusivamente pela Justiça. Neste caso, inaugurar-se-á para a esposa uma situação dificil , para a qual ela deve pedir graças em suas comunhões e orações. Muitos católicos relaxados a criticarão por se ter oposto ao pedido de divórcio, e ademais a tacharão, no mínimo, de tola, por não procurar outro relacionamento. Mas ela indicou em sua carta que quer ficar sem pecado diante de Deus; por isso, deve permanecer firme perante a investida dos maus católicos, mesmo que sejam parentes ou amigos muito próximos. Nossa Senhora, a quem ela recorre todos os dias com o Terço, a ajudará.
O instituto da separnção Judicial não foi abolido Alguém poderia objetar que a doutrina da Igreja admite ao cônjuge fiel recorrer, em ce11os casos, à lei do divórcio, como consta do nº 2383 do Catecismo da Igreja Católica: "Se o ,iivórcio civil for a única maneira possível de garantir certos direitos legitimas, tais como o cuidado dos.filhos ou a defesa do patrimônio, pode ser tolerado sem constituir/alta moral ". Não é o caso do Brasil, pois a emenda constitucional nº 66, promulgada em 201 O, que suprimiu a exigência de separação judicial prévia de um ano para a obtenção do divórcio, não suprimiu, entretanto, o instituto da separação judicial em si, que permanece em vigor. Assim o pensam competentes juristas, e o Judiciário tem acolhido e despachado favoravelmente pedidos nesse sentido, na contramão do que apregoavam os divorcistas eufóricos com o "liberou geral" que viam na emenda constitucional nº 66. A separação judicial seria, pois, uma alternativa que nossa consulente poderia lembrar a seu marido, se ele persistir no desejo de não reatar o casamento e quiser apelar para o divórcio. Esta última solução ela não pode de forma alguma aceitar.
A sociedade ateia de nossos dias Já mencionamos, na matéria publicada no mês de novembro, nesta seção, que os inimigos da Igreja querem substituir a sociedade cristã, que tivemos no passado, por uma sociedade ateia, que não reconhece a Deus - ou, mais precisamente, reconhece a todos os deuses, o que equivale a dizer que não reconhece a nenhum como verdadeiro. Ora, é uma injúria ao Deus verdadeiro ser equiparado aos deuses falsos. O Estado laico sacode os ombros, dizendo que não deve opinar sobre matéria religiosa. Mas sendo obrigação de cada homem procurar conhecer, e reconhecer, o Deus verdadeiro, essa mesma obrigação cabe ao conjunto dos homens reunidos em sociedade, e
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ao seu órgão máximo que é o Estado. O princípio da tolerância religiosa, que a Igreja admite em certas circunstâncias, não pode ser levado ao limite de desrespeitar os direitos da única Igreja verdadeira, do único Deus verdadeiro. Nessas condições, o Estado deve reconhecer a validade do casamento religioso (isso está inclusive na Constituição federal), bem como a sua indissolubilidade (que a lei do divórcio transgrediu). O que lamentavelmente acontece em nossos dias é que uma grande maioria de católicos esmoreceu na sua fé, e não se vê outra solução senão uma grande chacoalhada divina nesse culpável esmorecimento da fé. Daí a adve1tência que Nossa Senhora fez em Fátima, em 1917, de um grande Castigo que paira sobre o mundo, se não fizer penitência. Já lembramos isso no mês passado, mas a situação é tão dramática - e quiçá tão próxima - que não é supérfluo repetir. Fazemo-lo, em especial, para ajudar nossa consulente deste mês, para que ela permaneça firme em seus propósitos e enfrente com altivez e coragem aqueles que quiserem fazer pressão sobre ela para aceitar o eventual pedido de divórcio que lhe venha a ser proposto.
Recomem/ações adiclo11ais A consulente não entrou em detalhes - nem devia fazê-lo numa consulta pública - sobre as circunstâncias que levaram ao desfazimento de seu convívio conjugal. Desconhecemos as suas razões, bem como as de seu marido. Falando em tese, se ela deu algum motivo de queixa ao seu marido, ainda que por simples inadvertência, deve pedir-lhe perdão, prometendo ser mais atenciosa de futuro . Por seu lado, o marido deve considerar que um casamento destroçado será sempre uma "derrota a dois", e que nenhuma segunda união suprirá o fracasso da primeira. Além de ser ilegítima, será urna lembrança negra que ambos - marido e mulher - carregarão por toda a vida. À parte dessas considerações, pode também investigar-se se o casamento teve alguma causa de nulidade em sua raiz, pela qual ele foi nulo desde o princípio. Não parece ser o caso, do contrário a consulente certamente a teria mencionado . Lembramos isso apenas para deixar claro que, nesse caso, a solução não estaria no divórcio - totalmente inepto em qualquer circunstância - mas num processo eclesiástico de declaração de nulidade. Repito: estou falando em tese, porque a presunção do juiz eclesiástico é sempre em defesa do vínculo conjugal existente. Só me resta pedir a Nossa Senhora, Auxiliadora dos Cristãos, que venha em socorro desse pobre casal , que teve suas legítimas aspirações de construir uma família feliz truncada por um dos mil fatores de desagregação que o demônio disseminou de alto abaixo na civilização ex-cristã em que vivemos. • E- ma il para o autor: catolic ismo@lerra.com.br
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China: 11 Neo-maoizaejão" promovida por Xi Jinping presidente chinês Xi Jinping peregrinou até a luxuosa casa de campo onde Mao Tsé-Tung passava férias nos anos 1950 enquanto ordenava exterminar classes sociais inteiras. Para ele, aquele lugar de lazer do cruel líder comunista deveria tornar-se centro de educação da juventude no espírito da revo lução. Xi reforçou nos últimos meses a retórica " mística" maoís ta e a repressão policial. Ele passa horas lendo li vros de teoria marxista e maoísta, anunciando que "isto é apenas o início". Segundo ele, a ex-URSS fracassou pela fa lta de convicção ideológica e de um " homem" que freasse a liberalização. Ele quer ser esse " homem" que impedirá o abrandamento de uma ditadura que já ceifou pe lo menos cem milhões de vidas. •
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Franceses batem sadio recorde de tempo à mesa
"Lar"
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é a casa onde o fogo da lareira está aceso. Na França, manter esse fogo sempre vivo era um ponto de honra, e deixá-lo extinguir, um sinal de desgraça. Sempre havia uma panela no fogo e alguma delícia case ira saindo dela. E em torno do fogo, a fam ília, na qual a dona de casa era como uma rainha. A modernidade extinguiu os fogos, e sem estes a família foi deixando de comer na mesma mesa. Os fi lhos foram sumindo e um dia os casais passaram a se separar. Agora, os franceses estão voltando à mesa familiar, segundo o Instituto Naciona l da Estatística. E les passam nela em média 2h35m diários, quando fora de casa. No lar, cada refeição consome Ih 35m. No Brasi l, gastamos lh54m diariamente com todas as refeições, segundo o IBGE. O soció logo Dominique Audoit defende que "o importante é
estar juntos. Está fora de discussão começar a jantar antes que todos estejam presentes. E ninguém assiste à TV nem usa o celular durante a refeição". •
CATOLICISMO
Jornalista tenta curar sua dependência digital att Haber, do "The New York Times", sentiu uma vibração no bolso onde carregava seu iPhone. Porém era pura imaginação. Então ele percebeu que estava realmente viciado e que fizera bem participando de um curso de férias na Califórnia para se livrar da dependência digital. As atividades do curso incluem hasteamento da bandeira e ações ''tranquilizantes e regressivas ". As regras são simples: nada de telefones, computadores, tablets ou relógios. N um a noite em que estava contemp lando o céu noturno, Matt pensou que fora do acampamento os iPhones vibravam com as últimas notícias. Mas se desinteressou : "Eu estava procurando ver estrelas cadentes, não estrelas de TV". E ficou satisfeito: o tratamento estava dando certo. •
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Totalitarismo tributário 11verde" indigna franceses ara milhares de agricu ltores da França, a arremetida "verde" virou uma hostil realidade. O governo socialista "vermelho" foi baixando sucessivos impostos para "salvar o planeta" . Mas a gota que fez transbordar o copo foi a chamada "ecotaxa", que incide sobre os caminhões e acaba sendo paga pelos produtores rurais . lmpressionantes portais foram sendo instalados em auto-estradas e simples rodovias da França com diversos sensores para flagrar caminhões, cargas, emissão de CO,, etc. Esses enormes sistemas de controle são vistos como símbolos de uma ditadura "verde-vermelha" que asfixiaria mortalmente as regiões agrícolas. Na cidade de Quimper, 30 mil pessoas protestaram e pelo menos cinco portais de controle foram derrubados e/ou danificados. O governo compreendeu que a partida estava perdida e anunciou a suspensão da "ecotaxa". Os políticos "verdes" receberam a suspensão como uma ducha de água fria . Os homens que de fato cuidam da natureza estão sendo perseguidos pelos ambientalistas, que dizem pretender salvá- la! •
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Origem das evocativas bolinhas de Natal e onde vêm as bolas coloridas de Natal? Antes , colocavam-se frutas na árvore de Natal, sobretudo maçãs vermelhas e bem brilhantes, que as crianças comiam na festa de Reis . Porém, em 1847, Hans Greiner, um mestre vidreiro de Lauscha , Alemanha , quis agradar seus filhos e imitou com vidro as frutas e as nozes que pendiam da árvore natalina. Em 1858, tendo uma grande seca eliminado as maçãs e outras frutas na região de Vosges e Mosela , na França, um artesão vidreiro de Meisenthal fabricou então suas maravilhosas bolinhas. No século XIX , quando a rainha Vitória manifestou seu entusiasmo pela árvore de Natal cheia de adornos cristalinos, todo o mundo quis ter algo semelhante. Após a li Guerra Mundial, o socialismo soviético - espécie de protótipo da feiura anticristã - estatizou as fábricas de Lauscha, que acabaram fechando . Com a queda do comunismo, reviveram as antigas tradições e retomou-se a produção das bolas natalinas na cidade.
D Tribunal da França manda desmontar torres eólicas s proprietários do castelo de Flers, na região fra ncesa de Pas-deCalais, obtiveram ganho de causa no Tribunal de Grande fn stância de Montpe lli er, o qual ordenou a desmontage m de dez torres eó licas responsáve is por danos à saúde e ao horizonte vi sual do castelo e da alde ia vizinha. Uma fili al da elétri ca G DF-Suez foi condenada a paga r indenizações e vai recorrer. As queixas contra as torres eó li cas g iram por todo o país, enquanto cienti stas e economi stas criticam seu custo e sua real utilidade. Para o ambiental ismo, há o risco de se abrir uma "caixa de Pandora" de processos contra as torres eóli cas, até ago ra totens intocáveis das chamadas "energias limpas". Os castelões de Flers invocaram os danos sonoros e visua is sofridos pe la popul ação e " a desnaturação total da paisagem bucólica e campestre" - argumentos que agradam muito aos ambientali stas, os quais se enfu receram contra os defensores do natura l e sadio meio-ambiente ! •
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Eutanásia ameaça ser aplicada até em crianças belgas om a proximidade do Natal, deputados belgas introduziram no Parlamento o debate sobre a euta násia infa ntil. Sua aplicação é legal em adul tos desde 2002, mas os legisladores favo ráveis a essa prática imoral querem estendê-la aos menores de idade. Os opositores de tão sini stra pro posta arguem que a criança não é capaz de compreender o alcance de semelhante decisão. Representantes das principai s relig iões do país se manifes taram contrários à proposta, só que em tom ecumênico, com argumentos genéricos e sem vigor, o que vem se revelando incapaz de deter a eutanásia ao longo de mais de uma década. •
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A Coroa do Advento, símbolo natalino ntre os costumes do Natal figura o de montar uma coroa de galhos de pinheiro, ou equivalente, ornada de flores, frutas, bolas, fitas e - o mais importante - quatro velas . É a "Coroa do Advento". Advento significa "vinda" ou "chegada". Foi instituído pelo Papa São Gregório 1 Magno a fim de preparar os fiéis para a vinda de Cristo quatro domingos antes do Natal. No século XVI , na Alemanha, acendia-se a cada domingo uma das velas , de maneira que , quando todas estivessem acessas, o Natal estava imin ente . Lá as velas são vermelhas , cor do fogo da graça e da Luz que o Menino Jesus veio trazer ao mundo. Na Suécia elas são brancas, para evocar a pureza da festa . E roxas na Áustria , cor litúrgica do Advento, simbolizando a penitência que nos prepara para receber bem o Divino Redentor.
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NACIONAL
Africanoduto e cubanoduto do PT?
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H EUo V 1ANA
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pós o escândalo do Mensa lão que estarreceu todo o Brasi I e pôs a nu a manobra do governo peti sta para aparelhar o Estado e eterniza r-se no poder - , toda atitude obscura do governo passo u a ser vista com desconfia nça. Uma delas di z respe ito aos empréstimos bili onári os concedidos a duas di taduras comunistas, para serem mantidos sob absoluto sig ilo até 2027, segundo o previ sto. Por oportuno, transcrevo aqui o artigo "Segredos bili onários", que sobre este te ma esc re ve u o j o rn a Iista Jo sé Casado ("O Globo", 15-10-1 3): "O s bras il e iros estão obrigados a esperar mais 14 anos, ou sej a, até 2027 pa ra ter o dire ito de saber como seu di nheiro foi usado em negóc ios bilionários e sig ilosos com Angola e Cuba.
CATOLICISMO
'' Pe las estim ati vas ma is conservadoras, o Bras il j á deu US$ 6 bilhões em crédi tos públi cos aos governos de Luanda e Havana. Deveri am ser operações comerci ais normais, como as realizadas com outros 90 pa íses da Áfr ica e da América Latina por um age nte do Tesouro, o BNDES, que é o principa l fi nanciador das ex portações bras il eiras. No entanto, esses contratos aca baram virando segredo de Estado. "Todos os documentos sobre essas transações (atas, protoco los, pareceres, notas técni cas , memorandos e correspondências) permanecem c lass ificados como "secretos" há 15 meses, por dec isão do mini stro do Dese nvo lvimento, Fernando Pimente l, virtual candidato do PT ao governo de Minas Gerais. " É insó lito, inédito desde o reg ime militar, e por isso proliferam dúv idas ta nto e m in st itui çõe s e mpresar ia is qu a nto no Co ng resso - a qu e m a
Constitui ção atribui o poder de fis cali za r os atos do governo em operações fin anceiras, e manda 'sustar ' resoluções que ' exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de de legação legislativa' . "Questi onado em recente audiência no Senado, o presidente do banco, Luc iano Coutinho, esboçou uma defesa hierárquica: 'O BND ES não trata essas operações (de ex portação) sigilosamente, sa lvo em casos como esses doi s. Por qu ê? Por observância à legislação do país de destino do fin anciamento. ' O senador Á lvaro Di as (PSDB-PR) interve io: 'Então, deve o Brasil emprestar dinheiro nessas condições, atendendo às legislações dos países que tomam emprestado, à margem de nossa legislação de transparência absoluta na atividade públi ca?' O silêncio ecoou no plenário. " Dos US$ 6 bilhões em c réd itos class ifi cados como 'secretos', supõe-se
que a maior fatia (US$ 5 bilhões) esteja destinada ao financiamento de vendas de bens e serviços para Ango la, onde três dezenas de empresas brasi !e iras mantêm operações. Isso deixaria o governo angolano na posição de maior beneficiário do fundo para exportações do BNDES . O restante (US$ 1 bilhão) iria para Cuba, dividido entre exportações (US$ 600 milhões) e ajuda alimentar emergencial (US$ 400 milhões). " O governo Dilma Rousseff avança entre segredos e embaraços nas relações
com tiranos como José Eduardo Santos (Angola), os irmãos Castro (Cuba), Robert Mugabe (Zimbabwe), Teodoro Obi a ng (Guiné Equatorial), Denis Sassou N guesso (Congo-Brazzaville), Ali Bongo Odimba (Gabão) e Omar ai Bashir (Sudão) - este, condenado por genocídio e com prisão pedida à Interpol pelo Tribunal Penal Internacional. "A diferença entre assuntos secretos e embaraçosos, ensinou Win ston Churchill, é que uns são perigosos para o país e outros significam desconforto para o governo. Principalmente, durante as temporadas eleitorais."
* * * Comentando o tema com um amigo, à saída de uma Missa no rito tridentino, em Belo .Horizonte, este me respondeu com a arg úcia própri a das Alterosas:
"Onde tem.fiimaça, tem.fogo. Você não se dá conta de que isso pode pe1feitamente ser uma espécie de a.fhcanoduto com vistas a canalizar uma parcela de toda essa dinheirama para o PT usar nas eleições a .fim de eternizar-se no poder?". Mais segl'edos do governo Um governo que ex ige transparência dos outros, entretanto dá-se bem com segredos. Depoi s de ter contratado pesq uisas de op ini ão pública por R$ 6,4 milhões, com vários in stitu tos espec iali zados, para ava li ar a receptividad e de suas políticas públi cas, o Planalto mantém sob segredo os resultados já obtidos. As pesq ui sas fora m encomendadas pela Sec reta ri a de Co muni cação da Pres id ê nc ia (Seco m) e os co ntratos asseguram peremptoriamente qu e os in stitutos de pesqui sa deverão manter "i rrestri to e total sigilo" sobre os "assu ntos de interesse" do governo. Em ed itori al de 22 de outubro último, o j orn al "O Estado de S. Paulo" informa que solicitou o conteúdo desses levantamentos com base na Lei de Acesso à Info rm ação (LA I), mas a Secom reje itou o pedido. Comenta o editorial: " não há justificativa aceitável e lógica para manter fechados a sete chaves alguns resultados desses levantamentos de op inião, que serão fe itos até as vésperas da di sputa e le itora l" . A Co nt ro lado ri a-Ge ra l da União (CGU), órgão federa l responsável pela transparência dos atos públicos, reconheceu que o segredo imposto contraria o princípio do acesso à in fo rmação. Também o procurado r do Ministério Público junto ao TCU, Marinus Marsico, condenou a decisão da Secom de manter o sigil o das pesqui sas e acrescentou : "Todos têm de entender que isso envo lve dinhe iro públi co". O j ornali sta Cláudi o Abramo levantou a suspe ita de que as info rmações obtidas possa m ser usadas com exclusividade pelos estrategistas da ca mpanha de Dilma pela reeleição. Depois do Mensalão, os segredos. Estranho, mui to estranho ! • E- mail para o autor: catolicis111o@tcrra.co111.br
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Os novos acordos de paz da Colômbia com as FARC em Havana A política do presidente Santos, o novo Kerensky colombiano, sua arma de baldeação ideológica inadverUda e a evidência do impasse no processo de paz El Lu 1s FERNANDO ESCOBAR Especial da Colômbia
s di álogos de paz entre o govern o co lombi ano e a guerrilh a das FA RC, em Hava na, chegara m a um novo acordo, que concede participação política aos guerrilheiros através da cri ação de circunscrições eleitorais transitórias para que representem no Congresso as zonas de violência (as quais coincidem com os enclaves das FARC), dispondo que se negoc ie um estatuto para a oposição '. Entretanto, não se trata de nenhum avanço em termos concretos, como insinua a propaganda midi áti ca, pois os líderes das FA RC não terão direito de exercer fu nções públicas nem cargos de representação popul ar, por serem culpados de delitos de lesa humanidade, crimes de guerra e genocídi o2 •
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Obstáculos insuperáveis para
a guerrilha
O referido acordo silencia deliberadamente esses obstácul os jurídicos, imposs íveis de transpor. Co m efe ito, pesa m sobre os diri gentes guerrilheiro-terrori stas graves crimes perpetrados, tipificados no Estatuto de Roma em 16 modalidades de crimes de guerra, l 2 modos de crimes de lesa humanidade e cinco tipos de genoc ídio. Os guerrilheiros pretendem, sem reconhecer seus crimes, que se aprove uma lei de ponto fin al, para gozarem de impunidade total, recusando de modo taxativo as ofertas de uma '~ustiça de transição", não obstante esta pudesse reduzir fo rtemente as penas a que seus membros poderiam ser condenados. No entanto, tais pretensões não têm nenhum valo1 jurídico, porque a Corte Constitucional da Co lômbia, máx ima autoridade neste domíni o, e a Corte Penal Internacional, através da fisca l Fatou Bensouda, já se pronunciaram contra. Trata-se, pois, de um debate jurídico concluíd ). Ass im sendo, qualquer j ui z da Co lômbi a, ou inclusive de qualquer
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CATOLICISMO
país do mundo, poderia apli car uma "exceção de convencionalidade", pelo fato de o acordo desconhecer os compromissos internacionais que impedem a impunidade. 1'erl'Íveis experiências que não devem ser ,·cpeti<las
Além do mais, nós, colombianos,já ti vemos a experiência de uma paz sem justiça, ass inada em 1986 entre o M-1 9 e o então pres idente Belisario Betancur, pela qual muitas vítimas da guerrilha vira m seus agressores li vres e decidindo os destinos do país em cai:gos públicos. [sso levou algumas dessas vítim as, em face da impunidade, a faze r justiça com as próprias mãos, eliminando numerosos integrantes do partido da Unidade Popul ar, composto por guerrilheiros supostamente pac ifi cados. Essas vinganças il ega is poderiam ter sido ev itadas caso se tivesse chegado a uma paz com justiça; impondo-se uma paz fi ctícia, a indignação das vítimas e de seus fa mili ares tornou-se in contenível. Por isso, pretender dar impuni dade aos guerrilheiros, longe de condu zir à paz, abrirá ca minh o a novos estalidos de violência.
Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia
Alternai' as <luas formas <le luta, política e armada, é ilegal No entanto, as FARC prolongam as conversações, buscando acordos favoráveis para alcançar sua meta de combinar duas formas de luta: a política e a armada. De início já obtiveram, no primeiro ponto da age nda 3 , a criação pelo governo das "Zonas de Reserva Camponesas" em regime de grande autonom ia, as quais servirão de refúgios ideais para a guerrilha, e onde, além do mais, esta escrav izaria os camponeses. Os guerrilheiros querem obter gratuitamente cargos de representação popular, para infiltrar-se nas instit11 ições e poder desenhar as políticas públicas, juntando o poder da lei à potência das armas, em v io lação às normas mais elementares do Direito.
Sa11tos, o 110,10 Kere11sky colombiano Preocupam , isto sim, as fa lsas expectativas de paz, que não consegui ram enganar inteira mente a opinião nacional , pois esta vê nas negociações uma capitul ação do país diante do comun ismo, ameaça ndo arrasta r a Co lô mbia para o eixo chavi sta, ao qual res istiu até agora com valentia. Mas essa integridade pode vir a ser gradualmente minada por um curso lento e incerto das negoc iações, impulsionadas com insistência pelo novo Kerensky co lombiano, d isposto a fazer todas as· concessões: o presidente Sa ntos. O efe ito de tudo isso é que nós co lomb ianos vamos nos habituando a ver o secreta ri ado das FARC comodamente insta lado em Havana, longe do perigo de ser desmantelado pelas fo rças militares que o estavam encurra lando nas se lvas de nosso país; a ver uma imprensa sedenta de declarações bombásticas dos guerrilhe iros para dar-lhes urna tribuna política que até hoje não possuíam , enquanto eles repetem
até o delírio as palavras "paz" e "d iálogo" - como armas de baldeação ideológica inadvertida - , o que não passa de um engano. Não obstante, através da insistência, do eco da imprensa e do apo io de organi smos internacionais, procura-se produzir um aparente consenso nacional para impor a pretensa refundação do país, com base nos postulados marxistas, sob a tutela de Cuba e da Venezuela. Pior ainda, alarma e causa profundo desconcerto ver importantes Prelados co lombianos impulsionar e avalizar o Acordo, sem dar ate nção às fortes objeções jurídicas da Corte Constituc ional, da Corte Penal Internac iona l e do Procurador Geral da Colômbi a, os quais fazem notar que tal acordo é legalmente inviável , e que na prática, se fo r imposto, terá efe itos altamente nefastos.
l11timidações russas A essa guerra psicológica que visa transformar gradualmente a Co lômbia num país refém da guerrilha, somam-se as recentes violações de nosso espaço aéreo no início de novembro por dois bombardeiros Tupolev-160 de bandeira russa, no decurso de voos entre a Nicarágua e a Venezuela . Essas aeronaves podem levar cargas nucleares e figuram entre os aviões russos mais ava nçados. No marco do conflito da Co lômbia com a Ni carágua pela posse de vastas extensões marítimas e dos arquipélagos de San Andrés e Providencia, esta ameaça russa é uma clara tentativa de nos intimidar e impor-nos uma política entregui sta diante das crescentes ex igências nicaraguenses, as quais procuram, por sua vez, lesar nossa soberania. Em suma , uma guerri lha virtualmente derrotada no campo de batalha das se lvas colombianas pode terminar vitoriosa através de artificios psicológicos e políticos. Tudo porque altas personalidades se negam a ver que os guerrilheiros, os castristas e socialistas bolivarianos são modalidades diversas, mas articu ladas, da in vestida comunista de âmb ito internacio nal.
Conclusão A Co lômbia se encontra mais uma vez na necessidade de resistir à guerra psicológica, reconhecendo que os obstácu los acima mencionados obrigam a mandar para os ares os acordos de Havana propiciados pela política entregui sta do presidente Santos. Para atingir esse objetivo necessitamos da proteção da Santíssima Virgem , a fim de que Ela nos conceda santa astúcia , forta leza de ânimo e firmeza em nossos princípios e direitos, a fim de enfrentarmos as terríveis ameaças que se projetam sobre nossa Pátria. • E-mail para o autor: catoli cismo@terra.com.br Notas:
1. Comunicado Conjunto após o acordo de participaci ón política: http:// www.e lticmpo.com/politi ca/ART ICULO- WEB-NE W NOTA INT ERIOR- 13 163052.htm l 2. http://www.eltiempo.com/pol itica/proceso-de-pa z-e n-co lombia-procurndor-d ice-q ue-110-ve-ava nces 13 1648153. ht1p://www.e ltiempo.co111/pol ilica/ A RCH IVO/ A RCHIVO-12 193994-0. pdf
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"Sobrevivi para contar" L ições de alguém que sobreviveu a um genocídio para contar sua história da confiança ern Deus e do poder da recitação do Santo Rosário. E també1n do sofrirnenLo na vida, que "conslituÍ para nós uma espécÍe de cha1nado a dcspccU:11; porque quando ludo está Índo n1uUo bem ficamos 1niinados e nossa alma dorn1e", afirn1ou a entrevistada.
mmaculée llibagiza é autora do famoso livro Left to Te// (Sobrevivi para contar), uma história pungente e verdadeira de sua sobrevivência no infame "Genocídio de Ruanda de 1994". Exaltados pelo assassinato do presidente de Ruanda , pertencente à etnia Hutu, muitos membros desta começaram a exterminar os da etnia Tutsi. Segundo algumas estimativas, mais de um milhão de pessoas foram mortas em 100 dias. Ao fim do genocídio, quase todos os Tutsi da comunidade de nossa entrevistada haviam sido assassinados. Ela só sobreviveu porque conseguiu esconder-se com outras sete mulheres num pequeno banheiro durante 91 dias! Moviam-se apenas duas vezes por dia e nunca conversavam . lmmaculée descreve nesta entrevista - concedida a Michael Whitcraft de "Crusade Magazine", uma revista da TFP norte-americana - algumas lições que aprendeu durante aquela terrível provação.
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Catolicismo - Em seu livro, a senhora descreve a ajuda sobrenatural que recebeu durante o "Genocídio de Ruanda". Poderia nos dizer como ta l acontecimento mudou sua ideia da confiança?
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lmmaculéc lli/Jagi:,-a: "Quando el'a cl'iaJ1ça, /embrome que eu pensava que minha mãe nunca se afastaria <le mim. Mas dumnte o ge1wcí<lio ela seque,· sahia onde eu estava "
/111111ac11/ée llibagiza - Durante o genocídio, minha ideia da confiança realmente mudou. As pessoas são " confiantes" porque pensam que possuem uma boa família , relações, diplomas, saúde, e coisas serrielhantes. Eu vi tudo isso se esvair: pessoas com dinheiro pagando seus assassinos para usar revólver ao invés de machado; líderes ou pessoas com diplomas sendo mortas por causa de sua tribo ou porque alguém não gostava deles; aqueles que um dia antes eram "confiantes" sendo despojados de seus sapatos e de suas roupas por meninos da rua, e obrigados a correr despidos. Quando eu era criança, lembrome que minha mãe me colocava na cama, e eu pensava que ela nunca se afastaria de mim. Mas durante o genocídio ela sequer sabia onde eu estava. Somente Deus estava comigo e eu senti que Ele me conduzia para O conhecer melhor. A confiança só pode existir se você realmente confiar em Deus, porque Ele é o único que permanece o mesmo. Se na famí lia não existe confiança, é devido ao egoísmo. Se nela não há paz, é porque os Mandamentos de Deus não são respeitados. De fato, a verdadeira liberdade de consciência é conhecer a vontade de Deus. Como Ele deseja que ajamos? Como Ele agiria hoje? Mesmo se você estiver sendo açoitado e cair, se estiver fazendo o que deve, terá confiança.
Curiosamente, a verdadeira confiança contagia as pessoas e elas perguntam: "Como você pode ser tão confiante?". Depois do genocídi o, o único lugar para se trabalhar nas proximidades era o centro das Nações Unidas. Todos os dias eu ia lá à procura de um emprego. Os empregados da ONU trajavam ternos ou unifo rmes de trabalho e eu era um esq ueleto de vi nte e nove quilos e meio, envo lto na mesma roupa que vestia durante meses. Eles riram de mim, mas eu sabia que Deus era quem contro la o mundo, e não as pessoas. Confi ei n' Ele e desprezei o ri so deles. Impossibi litada de arranjar um trabalho, fui para casa e rezei meu rosário. As pessoas perguntavam: "O que a leva a voltar àquele lugar? Por que não se envergonha de si mesma?". Porque eu verdadeiramente confiava em Deus. Ele era o único com Quem eu me preocupava . A verdadeira confiança só pode prov ir de uma fé profunda e de se faze r o que é mora lmente correto, independente de quão difícil seja. Pode ser penoso e você poderá morrer, mas se a pessoa morrer há o Céu. Catolicismo - Poderia falar sobre o papel exercido pelo Rosário em sua vida e sua importância? lm11wc11lée Jli!Jllgiw - Em primei ro lugar, eu so u
cató lica e creio que Maria, a Santa Mãe de Deus, é a verdadeira Rainha do Céu e da Terra. Em suas aparições a São Domingos, Nossa Senhora nos comunicou as 15 promessas do Rosário, e quem as ler também o rezará.
Localiza~ão de Ruanda na África
'i1 venla<leira confiança só /JO<ie pl'OVÍJ' <le 11ma /'é /Jrofün<la e <le se fazei' o q11e é moralmente COl'l'eto. l'o<le ser penoso, mas se a pessoa mor1·er há o Céu"
Como todo mundo, eu também passei por uma crise. Numa crise você deve rezar especialmente, e o Rosário é a oração màis poderosa. Nossa Senhora disse que nada é impossível se pedirmos a Ela por meio do Rosário. As pessoas se pergu ntam por que ele é tão poderoso: é porque você medita sobre a vida de Jesus. Desde o início, quando o Anjo Gabriel aparece a Nossa Senhora até o momento em que Nosso Senhor nasce; depois a perda e o encontro; em seguida, a crucifixão por nossa ca usa, até o momento em que Ele va i para o Céu e envia o Espírito Santo; depoi , quando Ele leva sua Mãe para o Céu. É a Palavra de Deus, é toda a história de sua vida. Durante a matança em meu país, quando rezava o Rosário, eu começava a chorar com Jesus e Mari a, em vez de fazê-lo sozi nha. Maria fo i tão boa por ter tido Jesus, mas não foi fác il. Ele nasceu numa manjedoura, e assim por diante. Então, comece i imed iatamente a pensar como minha vida era dura, mas veja o que Deus e sua imaculada Mãe tiveram que suportar por mim! Lentamente, o Rosário nos cura e ensina-nos a viver. Com o Rosário, você aprende todos os dias como viver e ser um cató lico verdadeiro, não egoísta. A chave para a compreensão do Rosário é rezá- lo com sinceridade. Fo i o que aprendi . Catolicismo - Achei encantadora a história de sua família. Poderia nos falar a respeito dela e de como ela a formou para a senhora se tornar quem é hoj e?
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A entrevistada fala do papel do Rosário em sua vida
Minha família foi realmente um presente de Deus, mas sua força provinha do fato de que minha mãe e meu pai se apoiavam em Deus. Nenhuma noite terminava sem urn a oração da família. Às vezes os homens resistem em rezar, mas como chefe da fa mília nosso pai nos conduziu na fé e fazia questão de rezarmos todas as noites. Mesmo quando não estava se sentindo bem , minha mãe sempre dizia: "Seu pai neio.ficará contente se neio rezarmos ", e rezava conosco de sua cama. As pessoas faziam a meu pai perguntas como estas: - ''Por que seus.filhos veio à escola"!" - "Por
O genocídio em Ruanda chocou tardiamente o resto do mundo
que o senhor neio bebe como os outros homens? " - "Por que o senhor permanece com sua e5posa?" - "Por que sua.família continua crescendo, e neio sedesjáz? " - "Porque o senhor é leio lranquilo? ".
"Com o Rosál'io, ,rocê aprende como ,rível' e ser um católico venlacleiJ'o, 11ão egoísta. A chave para a compreensão cio Rosário é l'ezá-Jo com sincericlacle"
/111111ac11lée llibagiza -
A resposta era a insistência de meu pai em manter a fé de todos. Quando ele precisava sa ir por dois dias ou uma semana para trabalhar, sempre designava meu irmão mais velho para dirigir as orações, e na volta cobrava dele. Quando meu irmão mais velho foi para o internato, meu pai disse ao caçula para puxar as orações, pois ele sempre quis que isso fosse feito pelos homens. Minha mãe sempre di zia: "Teu pai te mcmdou.fázer isso, enteio tens que .fázer". Eu ria e perguntava a ela: "Temos mesmo? " Meu irmão respondia: "Sim, lemos, porque neio quero e17ji--enlar o papai quando ele voltar; mentindo para ele dizendo que rezamos".
E o fazía mos ao modo de nosso pai, ele joelhos, diante do crucifixo. Demorava ao todo dez minutos: Atos de contrição, de fé e de amor, o Credo, o PadreNosso, a Ave-Maria, um canto ou a lada inha de Nossa Senhora ou do Espírito Santo. E, antes de ir para a cama, urna oração ao Anjo da Guarda. Tivemos que decorar, porque ela se tornou a fo rça de nossa fa mília.
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CATOLICISMO
Nosso pai também nos corrigia e passava boa parte da noite nos dando conselhos. Se você estivesse ouvindo música má, ele dizia: "Desliga isso". Eu lhe perguntava: "Porquê? Eu gosto. Acho bonito". Então ele perguntava: "Você sabe que eles estão cantando sobre como pecar contra Deus? É disso que você gosta ?"
É tão rev igorante pensar nisso, porque com suas modas o mundo ficou louco e você prec isa que alguém lhe ensine a verdade. Cfltolicismo - Fiquei realmente tocado em ver seu equilíbrio entre o perdão pessoal e evitar o ódio, mas ao mesmo tempo o desejo de ver a justiça restabelecida e os criminosos punidos por ela. Poderia dizer uma palavra sobre como o verdadeiro perdão deve ser praticado? /11111wc11lée llibflgiw - Um dos equívocos ni sso
é o de que ao perdoar você está di zendo que aquilo que a pessoa fez é bom ou que você está errado se quiser impedi-la de fazê-lo. Urna idei a fa lsa de perdão é a de você correr e abraçar o ofensor, procurando esquecer tudo e dando-lhe o direito de fazer o que bem entender. Isso é urna falta de verdadeiro amor pelo tran sgressor. Sempre que alguém peca, ele o faz sob urna forma de cegueira. Todos nós às vezes ficamos cegos, mas então vamos nos confessar. Todas as vezes que me confesso, penso: "Como eu não vi isso? Eu estava cega quando.fiz uma promessa que neio podia cumprir " - ou o que seja.
Em Ruanda , um grupo de pessoas estava matando outras. Eu realmente as perdoei, mas pensei: "Espere um momento, eles não mudaram e continuam matando!" Então, qual é a verdadeira coisa a
ser feita? Sair e abraçá-las? Não, elas te matari am! Posso ver alguém agir por egoísmo, medo ou
có lera. Todas estas são for mas de cegueira . O verdadeiro perdão quererá primeiro remover essa cegueira da pessoa. Deve-se desejar que ela se dê conta de sua cegueira, ai nda que isso tarde dez ou vinte anos. Você deve tomar medidas que possam ajudá-la a ver a verdade. Ainda que para isso seja necessário mantê-la na pri são, a fim de que ela tenha oportunidade de ver sua fa lta. Se nós a perdoamos, por que prendê-la? Porque ela não pode prejudicar os outros e necessita de tempo para aprender a lição. E se ainda assi m não se der conta de sua culpa, o Estado pode usar de sua punição para, pelo menos, remover a cegueira de outros, mostrando-lhes que aquilo que ela fez é errado. Essas coisas são corretas e precisam ser fe itas, pois do contrário o perdão pode ser uma fraqueza e o assassino se torna outra vítima de seu cri me. Catolicismo - Nossa sociedade procura evitar o sofrimento, embora a Igreja o considere necessário para a sa lvação. A senhora teria alguma consideração a fazer sobre isso? lmmaculée 1/ibagiza - Um provérbio popular da Ruanda diz: "Quando o corpo está muito atendido, a alma dorrne ". Então, o sofrimento constitui para
nós uma espéc ie de chamado a despertar, porque quando tudo está indo muito bem, ficamos mimados e nossa alma dorme. Com o jejum, dizemos ao nosso corpo: "Não te darei ludo aquilo que queres. Dar-te-ei somente o que necessitas para que minha alma p ermaneça desperta ".
É só sofrendo que nos despertamos e vemos o que está ocorrendo em torno de nós. As pessoas esco lhem entre acordar e embebeda r-se ou drogarse para dormirem mais. Portanto, não tente fugir do sofrim ento: abrace-o e procure compreendê-l o. Poder-se-ia perguntar: "O que estou lentando ver
"É só sofrendo que nos despertamos e vemos o que está ocorrendo em torno de nós".
"É tão r evigonmte pensar nos conselhos ele meu pai, pol'que com suas moelas o mune/o ficou louco e ,1ocê /JJ'ecisa que alguém lhe ensine a verclacle"
aqui?" Ou ainda: "O que posso aprender com isso?" Quanto mais a gente prestar atenção nele,
mais depressa o sofrimento passa. Quando Deus nos permite sofrer, Ele está procurando um modo de, no sofrimento e por meio dele, vir até nós. Catolicismo - Outra epidemia atual é a solidão. Nunca se viveu em cidades tão gra ndes e tão densamente povoadas e, ao mesmo tempo, creio que não houve na História nenhuma época em que as pessoas se sentissem tão sós. A senhora poderia nos dizer como enfrentou a solidão? lm11wculée 1/ibagiza - A parte triste disso é a impressão de que quanto mais abençoados somos, mais nos tornamos isolados. Mas, de outro lado, tantas mais co isas nós adq uirimos para ficarmos auto-suficientes, mais isolados nos tornamos, porque deixamos de pedir ajuda. Alguém disse: "Quando você se sentir desamparado, vá e ajude alguém". Certa vez um padre me deu um conselho que jamais esquecerei. Eu estava chorando por causa da morte de minha mãe, quando ele me disse: '·o único modo seguro de você readquirir o a.feto que perdeu é dando-o, não somente a alguém, mas àqueles que mais necessitam dele. " Instruiu-me então que fosse aos hospitais visitar aq uelas pessoas que ninguém visita, demonstrar-lhes amor, levar-lhes comida, rir com elas; que procurasse os órfãos, os abraçasse e permitisse que brincassem com você. Acrescentou que esse amor me seria retribuído, ficando meu coração preenchido com o amor que estava falta ndo. Comecei a coloca r em prática e, quando penso nisso, reporto tudo a Jesus. Ele fo i a Pessoa mais inteli gente que houve e deu-nos esta dica de como enca minhar nossas vidas: "Ama teu semelhante como a ti rnesmo ". Eis o segredo de toda fe licidade. •
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Cabe ressaltar que a Reforma Agrária foi implantada em considerável medida - hoje existem quase 100 milhões de hectares de terras agro-reformadas nos chamados projetos de assentamentos sem-terra - , e que o resultado de tão dispendiosa política foi a criação não da apregoada prosperidade dos beneficiados, mas de deploráveis favelas rurais. Com a proliferação destas, o tempo deu razão ao clarividente Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e à corrente de pensamento por ele liderada. Com efeito, o elevado custo dos assentamentos implantados ao longo desses 50 anos por órgãos como o mastodôntico INCRA e até um Ministério exclusivo, representou e ainda representa verdadeiro ralo a absorver o dinheiro dos impostos. E por uma ironia sempre presente nos projetos utópicos, enquanto os assentados continuam sem terra, colhendo miséria e desolação - pois as terras são públicas como os kolkozes soviéticos, não lhes pertencem nem pertencerão - numa área inferior, os proprietários particulares sobressaem-se a cada safra com recordes de produção devido à pujança do agronegócio.
"Pá de cal na Reforma Agrária" No mês de setembro veio a lume um artigo cujo título .chega a surpreender, pois é raro em nossa imprensa: "Pá de cal na RefomwAgrária". Antigo defensor e ativista da Reforma Agrária, o autor, Zander Navarro é sociólogo e professor da UFRGS . Em matéria para "O Estado de São Paulo" (21-913), ele explica: Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Réquiem sem dor parn a Reforma Agrária
Há mais de 50 anos, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira denunciou a Reforma Agrária socialista e confiscatória pelas páginas de Catolicismo e da imprensa, de livros e manifestos. Isto lhe custou ferrenhos ataques da esquerda católica e mesmo de alguns produtores rurais desavisados . Com efeito, corria entre os menos politizados a visão ingênua de imaginar a Reforma Agrária como uma iniciativa que resolveria muitos problemas de nossa agropecuária, alavancando-a com produção e renda para proprietários e trabalhadores rurais. Muitas matérias e livros, produzidos pelo Dr. Plinio ou sob a inspiração dele, demonstraram que por trás da "Reforma Agrária" se ocultava a violação do direito de propriedade através da luta de classes entre trabalhadores rurais e patrões, objetivo último do socialo-comunismo. A luta foi - e continua - renhida entre os patronos da implantação da Reforma Agrária e os defensores da propriedade privada, da livre iniciativa e do princípio da subsidiariedade. Luta desigual, aliás, pois ao coro dos demagogos de plantão favoráveis à revolução no campo sempre se somaram a Conferência Nacional dos Bispos e uma considerável parcela da mídia.
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" Desde 1996, em torno de 1 milhão de famílias recebeu suas parcelas e aproximados 80 milhões de hectares foram arrecadados para constituir os assentamentos rurais - mais de três vezes a área de São Paulo". Entretanto, "é preciso reconhecer desapaixonadamente o .fàto, agora definitivo: morreu a reforma agrária brasileira. Falta apenas alguma autoridade intimara/a para presidir a solenidade de despedida. Atualmente a ação governamental nesse campo é um dispendioso e inacreditável faz de conta, sendo urgente a sua interrupção". Navarro continua tratando da agonia do MST e da evasão dos assentamentos: "Outro fator a ser considerado diz res-
peito às organizações que demandam reforma agrária, responsáveis pelas pressões que ativaram esta recente "bolha" redistributiva. O MST agoniza simultaneamente ao desaparecimento da r~forma agrária, a razão de seu nascimento. Não soube refundar-se nessa nova .fàse do desenvolvimento agrário e vai se apagando melancolicamente". "E a Contag, poderosa em razão de sua capilaridade, insiste na bandeira empurrada somente pela tradição. Seus dirigentes sabem ser outro o maior desafio: tentar salvar da desistência os milhares de pequenos produtores ameaçados pelo acirramento concorrencial instalado no campo ". E mostra o contraste: "Outra razão a ser considerada decorre do desempenho da agropecuária no mesmo período, o qual inundou os mercados com volumes crescentes e,
graças ao espetacular aumento da produtividade, barateou os alimentos. Tal transformação eliminou o velho argumento econômico da necessidade da reforma agrária e, se a população rural mais pobre migrou para as cidades, igualmente a justificativa social deixou de existir ". «Mas há ainda um aspecto decisivo: oferecer uma parcela de terra a famílias rurais não produz mais nenhum ef eito prático, apenas garante uma sobrevida temporária. Em nossos dias, chegar à terra própria nada significa para os mais pobres do campo ". "Trata-se de dura vilania política, pois, enquanto a miséria no campo se esconde atrás das muletas das políticas sociais, o governo f ederal coleta números destinados meramente ao autoelogio ". Navarro encerra: "Por tudo isso, a Reforma Agrária brasileira concluiu o seu ciclo tle vitla". ,.
Caçada à pl'Opl'iedade rural Uma comissão do Senado acabou de aprovar projeto (PEC 57A) determinando a expropriação de terras onde for identificada prática de trabalho escravo. Os imóveis rurais e urbanos expropriados serão destinados à Reforma Agrária e a programas de habitação popular, sem indenização
ao proprietário. Pelo projeto, a expropriação deve ocorrer após sentença judicial transitada em julgado. A expropriação não isenta o proprietário de outras sanções penais, como a prisão ("O Estado de São Paulo", 30-10-13). A Campanha Paz no Campo enviou um alerta aos senadores, afirmando que o Estado precisa deixar de hipocrisias, pois o Ministério do Trabalho impõe uma Norma Regulamentadora - a NR 31 - com 252 exigências impossíveis de serem cumpridas, para em seguida os fiscais começarem a aterrorizar os agricultores com multas escorchantes. Paz no Campo vem alertando sobre os efeitos da eventual aprovação da PEC 57 A, pois o Brasil ganhará mais uma fonte de conflitos no meio rural , onde os agitadores e invasores profissionais não desejam outra coisa! O que o País precisa é de uma reforma das leis trabalhistas para atender mais eficazm ente às atividades econômicas, '1 sobretudo as do campo. Leis que facilitem a '1!. 1, '' 'h geração de emprego e a legalização de milhões de trabalhadores infor', ,. mai s, bem como o real acesso .,,... à propri edade particular ; , 1 ,, agnco a.
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Para a FUNAI, índio não pode progredir A FUNAI notificou o indígena Janegildo Lima Barros e sua mãe, Regina Pereira Lima, para que se retirem da reserva Raposa/Serra do Sol em até 30 dias. Ambos são acusados pela Procuradoria do órgão de comercializar gado na terra que detém na área, o que está proibido desde a demarcação em área contínua, em 2009. Na notificação, a FUNAI argumenta ainda que os dois não possuem "condições/qualidades de indígenas". Ou seja, seriam não índios e por isso não podem vi- /, :!,. -·~: ver no interior da reserva. Mas eles asseguram que são d,: ! . <. indígenas e que têm o direito de permanecer na terra. // / ~ (. Para comprová-lo, apresentaram vários documentos emitidos pela própria FUNAJ, [em] que aparecem -1~ /~ com? indígenas. ("O Globo" , 29-10-13 - Evan- / dro Eboli). / 1 Em face dessa notícia, uma pergunta se · impõe : será que a verdadeira intenção da · FUNAI não será a de impedir qualquer / trabalho - como, por exemplo, a atividade I l : comercial - por parte dos indígenas? Para , . · , eles só viverem de caça e pesca como faziam :.~ seus ancestrais? Desejará condená-los à vida • selvagem?
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Santa Francisca Xavier Cabrini Ardente missionária das Américas "Santa ativa, audaz sem desfalecimento, sempre unÍda a Deus e confiada no Coração de Jesus, ahna de cruzado e coração compadecido com lodas as desgraças " 1
u PUNIO MARIA SOUMEO Francisca com 10 anos
ssim a descreveu o Papa Pio XJl: "Heroína dos tempos modernos [ ... ] imagem da mulher fort e, conquistadora do mundo, com passos audazes e heroicos através do curso de sua vida mortal". 2 Maria Francisca, filha de Agostinho Cabrini , foi a mai s nova de uma fa míli a de treze filhos. Sua mãe co ntava ci nquenta e doi s anos quando ela nasceu prematuramente em Sant' Angelo Lodigiano, na Lombardia, no di a 15 de julho de 1850. Nasceu miúda, frágil e de aspec lo tão doentio, que a levaram
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CATOLICISMO
imed iatamente à igreja para o batismo de medo que fa lecesse pagã. Cecc hin a, co mo a chamava m em casa, apesar de débil e enfe rmi ça, crescia com uma só lida pi edade. "Mesmo ainda criança, aprendeu a amar a prece, seguindo o esplêndido exemplo de seus pais, irmãos e irmãs ".3 Fo i cri smada aos sete anos, e fez a Primeira Comunhão com dez. Aos 11 fez voto de castidade. Quando terminava o trabalho em sua pequena propri edade rural, Agostinho tinha o háb ito de reunir a num erosa prole na grand e coz inha e ler algum livro de piedade. Frequentemente li a as aventuras dos mi ss ionários pelo mundo. Cecc hin a ouv ia co m muita ate nção,
abrasada pelo desejo de um di a também ser mi ssionária. Aos 13 anos entrou na esco la diri gida pelas Filhas do Sagrado Coração, onde estudou por cinco anos, fo rmando-se professo ra. Nessa altura, co m 18 anos, pedi u admissão entre aquelas reli giosas, mas não foi ace ita por ca usa de sua saúde débil. ll'mãs Missionárias cio Sagrado Coração
e recomendou-lhe que, em vez de ir para o Oriente como pedi a, deveri a dedicar-se ao Ocidente. Sucedeu então que o bispo de Placença, Dom João Batista Scalabrini, morto em odor de sa ntidade, tinha fundado exatamente a Congregação de São Carlos Borromeu, para atender aos milhares de imigrantes italianos que se dirigiam ao Novo Mundo. E persuadiu Madre Cabrini de juntar-se à sua obra, secundando os miss ionário .
Co meço u então a lec ionar e ensinar o Catecismo às cri anças. Em 1874 foi chamada para reorga nizar um orfa nato muito mal diri gido em Cadogno. Mais tarde, o bispo de Lodi , reconhecendo suas extraordinárias qualidades morais, intelectuais e admini strativas, di sse-lhe um dia: '' Vós quereis tornar-vos missionária. O tempo está pronto. Não conheço nenhuma comunidade de irmãs missionárias. Portanto, deveis .fi111dar uma". Francisca apenas res pond eu: " Vou procurar uma casa ". E no di a 14 de novembro de 1880, co m sete com panheiras, tomou posse de um anti go convento franciscano abandonado, co loca ndo em sua porta o letreiro: "Instituto das Irmã · Missionárias do Sagrado Coração ". Estava fundada sua obra. Como patronos do novo in st ituto Francisca esco lh eu São Francisco de Sa les e São Fra ncisco Xavier. 4 O novo instituto cresce u rapi damente e em poucos anos possuía casas em toda a Itália. Madre Cabrini pensou então em fundar uma na cap ital da Cri sta nd ade. Mas o ca rdea l vi gári o da Santa Sé respondeu-lhe: "Como ?! Uma comunidade.fúndada há apenas sete anos quer estabelecer-se em Roma e ser aprovada ? Iss o é demais ! ". Sa nta Franci ca não es morece u. E pouco depois o mesmo card eal a autori zava a abrir não uma, mas duas casas na Cidade Eterna. Leão XI11 a encorajou a continuar suas fundações
"Quase aos 40 anos de idade, começa aquela série ininterrupta de viagens, realizadas com o entusiasmo e ardor que afaziam escrever; ao sulcar as águas do mar do Caribe, esta .fi-ase digna de um novo Alexandre: 'O mundo parece-me muito pequeno, e não descansarei enquanto sobre o rneu Instituto não se puser o sol '".5 Sa nta Francisca mais se is freiras desembarcaram em Nova York no dia 3 1 de março de 1889, na primeira aventura dessa longa epopeia. Em pouco tempo, apesar da extrema pobreza
e de toda sorte de difi culdades, um orfanato foi fund ado. Para alimentar o número crescente de órfãos que acudiam, as freiras tinham que sa ir às ruas pedindo esmolas de roupas, alimentos ou dinheiro. "'l'ullo posso naquele que me co11/'orta"
Fazendo suas as palavras de São Paul o "Tudo posso naquele que me conforta " (Fi l. 4, 13), Madre Ca brini abriu jardins de infâ ncia, escolas, colégios, hospitais e clínicas para imi gra ntes pobres. Em pouco tempo, com uma energia in suspeitad a naqu ele corpo pequeno e frágil, ela abriu casas na América do Sul - inclusive no Brasil - na Espanha, na França e na In glaterra . Em 1909, considera ndo vantajoso para seu in stituto, Santa Fra ncisca Xavier se tornou cidadã dos Esta dos Unid os aos cinquenta e nove anos de idade. "Ela entendeu a mentalidade americana e, por outro lado, os americanos, em sua admiração pela completa dedicação da 'pequena irmã 'ao trabalho de Deus, a assistiram generosamente".6 Em 22 de dezembro de 19 17, com 67 anos de idad e, Madre Cabrini fa lece u repentin amente no hospital que fundara em Chicago, vítima de feb re palúdica contraída no Brasil. Logo depo is de sua morte começou a fa ma de sua sa ntid ade. Todos queriam sua beatifi cação. Mas acontece que, de acordo com o cânone 21 OI do antigo Código de Direito Canôni co, deveriam decorrer cinquenta anos após o fa lec imento do Servo de Deus antes que se exa minasse a hero icidade de suas virtudes. Pio Xl, que co nhecera Madre Cabrini , concedeu a di spensa necessá ri a. Assim , no dia 2 1 de novembro de 1937, Francisca Xavier fo i declarada Venerável e, no ano seguinte, 13 de novembro de 1938, tornou-se a primeira cidadã ameri ca na
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a ser beatificada. Como os milagres por sua intercessão continuavam, ela foi canonizada no dia 7 de julho de 1946, apenas 29 anos depois de sua morte, e declarada Padroeira dos Imigrantes.
"Cartas que respfram chamas de amor" Em suas longas viagens de navio, Santa Francisca Xavier aproveitava o tempo para escrever às suas filh as que haviam ficado na ltál ia ou em alguma das casas do lnstituto espalhadas pelo mundo. Essas cartas são o seu testamento espiritual. Nelas se espelha sua alma pura e límpida, cheia de alegria e bom senso, mas sobretudo de espírito sobrenatural e zelo pela salvação das almas. O Pe. Otávio Turchi , S.J., que fez a introdução às suas cartas, exclama: "O primeiro grito ouvido dessas páginas é a voz de um apóstolo, que anseia vencer almas para o Coração de Jesus. São cartas que respiram chamas de amor". 7 O maior apostolado que Madre Cabrini fazia em suas viagens era o de presença, atraindo a todos por sua bondade, afabilidade e espírito sobrenatural. Ela não tinha sido contagiada pela mentalidade moderna, pela qual
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CATOLICISMO
o religioso deve viver como todo mundo para pretensamente conquistar a todos. Pelo contrário, esmerava-se em viver como virgem consagrada, e não como pessoa do mundo. Com as religiosas que a acompanhavam em suas viagens marítimas, ela procurava viver a vida do convento, rezando o ofício, novenas, cantando hinos em louvor de Nossa Senhora. O que chamava muito a atenção dos outros passageiros, que as tinham em grande estima, como ela mesma diz: "Os outros passageiros cuidam mais de nós do que de si próprios. Dão-nos tudo que podem para não nos ver sofrer. Eles nos tratam com muito respeito e reverência, e têm o hábito religioso em grande veneração. Alguns mercadores pedem nosso conselho para seus negócios, e nós tentamos confortá-los com as inspirações que recebemos do Sagrado Coração" (viagem de Gênova a Nova York, setembro de 1894).
Zelo apostólico, exemplos comove11tes Das muitas coisas belas, edificantes e saborosas que Santa Francisca Xavier transmite às suas filhas , vamos citar apenas alguns exemplos que mostram seu zelo pela verdadeira Religião .
Da segunda viagem que fez da Itália a Nova York em abril de 1890, ela conta: "Um senhor protestante veio ver-nos ontem à noite[. ..] Nós tivemos uma discussão, e ele terminou dizendo que eu estava certa. [...] Ele tem muita estima por nossa Religião, mas não a quer abraçar porque tem visto muitos padres sem o verdadeiro espírito. Mas também nesse ponto ele entendeu bem as razões que eu lhe dei". Como ela viajava frequentemente da Europa para os Estados Unidos e vice-versa, encontrava assim muitos protestantes. Eis mais uma pessoa a quem ela fez bem na viagem de Londres a Nova York, em agosto de 1902: "Uma senhora inglesa protestante, grande escritora e colaboradora do "Chicago Tribune", veio conversar comigo, e no decorrer da conversação mostrou um secreto desejo de se tornar católica. Ela observou que continuaria a escrever até que a igreja Anglicana voltasse a ser católica de novo, porque a Inglaterra é a nação que deu mais reis santos à Igreja, mais que qualquer outro pais". Mas seu zelo dirigia-se também para a tripulação. Tudo o que podia fazer por esses pobres marinheiros, ela fazia. Há muitos exemplos nesse sentindo, mas não temos mais espaço .. . Cremos que esses poucos fatos podem dar uma ideia de como uma religiosa, sendo o que deve ser, não contagiada por falsos ecumenismos e tendo verdadeiro zelo pela salvação das almas, pode operar maravilhas. Sobretudo sendo santa. • E- mail para o autor: catolicismo@terra.com.br Notas: 1. Pe. José Leite, S.J., Santa Francisca Xavier Cabrini, Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomo Ili , p. 471. 2. Apud Pe. José Leite, id. ib. 3. Ca rdeal Amleto G. Cicognani, Traveis of
Mother Cabrini, The Missionary Sislers of lhe Sacred Hearl of Jesus, Chicago, 199, Foreword, p. vii. 4. Cfr. http ://www.ewtn .com/library/MARY/ CAB RJNI.HTM 5. Pe. José Leite, op. cit., p. 472. 6. Cardeal Cigognani , op. cit., p. x. 7. Traveis, lntroduction, p. 27. As citações das cartas serão sempre desta fonte.
Zumbis marcham. • • para o inferno , 'M archas dos zumbis" realizam-se pelo mundo todo,
atraindo milhares de pessoas. Nos Estados Unidos, na Europa, nas Américas, no Brasil e por toda parte. O que significa isso? Vamos por partes. É próprio da natureza humana ordenada tender para a perfeição . Mesmo que não se consiga alcançá- la na sua plenitude, deve-se sempre estar à procura da verdade, do bem e da beleza. Em escala social, uma magnífica realização histórica nos foi legada pela Idade Média. Basta olhar para as imponentes catedrais góticas, para a harmonia entre as classes diferentes, para a beleza do canto gregoriano. Foi a civi lização cristã. Com as limitações, é claro, de tudo quanto é terreno, algo de celeste foi ali realizado, com a ajuda da graça divina. Daí os tão grandes elogios feitos à Idade Média pelo Papa Leão XU I. Se, como diz Tertuliano, a imitação da pessoa sagrada de Nosso Senhor Jesus Cristo faz do indivíduo um alter-Cristo, um outro Cristo, também a busca ordenada da perfeição faz da sociedade um alter-Céu. Pelo contrário, quando as pessoas não buscam a perfeição, mas a si mesmas e aos prazeres fugazes, elas vão descambando, ainda que insensivelmente e por degraus, para as piores abominações, até chegar a formar uma anti-civi lização em que os parâmetros não sejam mais a verdade, o bem e o belo, mas sim a mentira, o mal e o horrendo. Parafraseando Tertuliano, poderíamos dizer que a imitação do demônio vai fazendo da pessoa um . alter-demônio; e da soc iedade, · um alter-inferno. É esta sociedade que as marchas dos zumbis buscam representar e, talvez , de algum modo, iniciar. O pretexto para atrair os incautos é divertir-se e brincar, ceder à apetência de extravagância , total, sem levar em conta que o homem se asseme lha àqui lo em que se compraz. Figuras horrendas, monstruosas, repugnantes, em atitudes criminosas ou de demência, sa ídas não dos túmu los, mas dos infernos. Um olho
que cai da órbita e fica pendurado, uma boca inchada e apodrecida, uma criancinha servindo de alimento a um monstro, e vai por aí afora. Os organizadores fazem uma espécie de proselitismo, pois em algumas dessas marchas colocam cabi nes de maquiagem à disposição de quem queira se tornar zumbi para ganhar a aparência de recém-saído da tumba. *
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Como se chega a isso? Ev id entemente, por etapas. Começa-se sendo indiferentes em relação ao belo; depois vem o rock, acompanhado de outros sons desvairados; o gosto de usar roupas rasgadas e amarrotadas, não por pobreza, mas por prazer; o sentir-se bem na suje ira; a imoralidade ostentada de modo despudorado e a conivência com atos contra a natureza; o modo degradado de apresentar-se em público; a linguagem habitualmente chula e imoral; apreciar baratas e outros bichos repugnantes na refeição. Tudo isso não é indiferente, mas produz um reflexo profundo nas almas, fazendo-as adquirir traços semelhantes aos do pai da mentira. Já advertiu o Profeta Oséias (9, 1O): "Tornaram-se tão abomináveis como as coisas que amavam". Em meio a uma passeata de zumbis, se um demônio de verdade nela se infiltrasse, provavelmente nem seria notado, tal é a seme lhança. Em outros termos, tais demonstrações de horror, tomadas como naturais e até engraçadas, preparam as almas para o convívio com Satanás. Para onde está caminhando nossa civ ilização ex-cristã? Como pode Nossa Senhora não chorar? •
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CAPA
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ossos Natais vêm sendo lamentavelmente cada vez mais laicizados. Substituem-se por figuras e temas neopagãos os fatos sublimes ocorridos há pouco mais de dois mil anos em torno do maior acontecimento não só da Cristandade, mas de toda a História, o nascimento de nosso Divino Redentor em Belém. As graças e bênçãos que tanto impregnavam os dias precedentes e posteriores às comemorações do Natal são relegadas em favor de uma festividade meramente comercial, que gira em torno de compras e presentes, na qual a figura laica de um Papai Noel vai aos poucos substituindo o Presépio com o Menino Jesus - símbolo por excelência do Natal católico e que constituía a alegria de crianças e adultos. Com o desejo, que é uma suplica, de que o Divino Infante retorne a todos os lares, para que todas as famílias vivam um Natal ainda mais : abençoado e impregnado pelas graças de Jesus, Maria e José, Catolicismo publica nesta edição natalina uma história verdadeiramente impressionante, reveladora do poder da fé católica. Ela transcorreu pouco antes do Natal de 1956, no dia 17 de dezembro, na Hungria, quando aquela nação se encontrava ainda subjugada pela bota do regime comunista. O narrador é um sacerdote húngaro, expulso de sua paróquia pelos dominadores marxistas. Ele a escreveu após colher depoimentos de várias testemunhas, e jura não ter encontrado contradições nas respectivas narrações que colheu. O texto abaixo é transcrição de matéria de autoria de Maria Minovskca, estampada na revista "Magnificat" (Ano XVI, Nº 2, fevereiro/março de 1966) de Braga, Portugal.
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Padre Norberto, testemunha da insurreição na capital húngara, Budapeste, em 1956, fora -A um dos últimos fugitivos a chegar ao campo de efugiados húngaros. Seu aspecto revelava ainda as privações, as insônias e as provas terríveis por que passara. Tinha as feições crispadas e endurecidas, e nos seus olhos havia urna expressão de fria revolta. Olhando-o, compreendi o choque psicológico que a derrota lhe causara.(*) Ele chegava da fogueira horrível onde se queimara a seiva ardente de almas sedentas de liberdade e de independência. Nós éramos os que, na retaguarda, nada tínhamos feito. Como começar? Como interrogá-lo? Como quebrar esse ressentimento hostil, que o seu rosto nos transmitia? Tateando, eu lhe fiz meu pedido: - Conheço a tragédia que lhe esmagou a alma, e não quero reavivá-la. Mas peço-lhe que me fale da resistência espiritual do povo húngaro, da sua vivência, a despeito da derrota ... Transcrevo a seguir, com suas próprias palavras, o depoimento do Padre Norberto.
Vivi horas de esperança e de terror, mas o que mais me impressiona não é o sacrificio heroico dos adultos, e sim a coragem, a resistência das crianças, a grandeza das suas atitu-
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CATOLICISMO
des e das suas palavras. Dão lições aos grandes, e em seguida permanecem pequeninos, simples, humildes. Eu poderia contar-lhe o que se passou na escola da minha paróquia. Mas para quê? Contar um milagre é, tantas vezes, despertar os sorrisos de vã superioridade de uns ou a incredulidade de outros. Crentes ou descrentes nos escutam, tanto uns quanto outros esquecidos de que o milagre é uma manifestação do poder divino. Na escola da paróquia da qual fui expulso deu-se um fato surpreendente. O que aconteceu não poderia ser a alucinação coletiva de trinta e duas crianças e da sua professora, mas tem que ser aceito como um fato. Gertrudes, a professora da escola, era uma ateia militante. Todas as suas lições giravam em torno da impiedade e da negação de Deus. Tudo lhe servia para denegrir, ridicularizar ou conspurcar a nossa Religião. O seu programa de ensino era simples: arrancar da alma das crianças a fé e formar legiões de pequeninos "sem Deus". As crianças, intimidadas, não ousavam defender-se. No entanto, as suas famílias eram católicas e profundamente crentes nas suas práticas religiosas. Eu era o cura da igreja paroquial, e reunia essas crianças para as lições do catecismo. Na Hungria, como nos outros países além da "cortina de ferro", o ensino é assim: na família , na igreja, luta-se para que a crença não se perca, mas nas escolas semeia-se e impõe-se o ateísmo. Como pode sustentar-se a criança, nessa situação tão dificil e díspar? É então que a graça se manifesta e ampara as criancinhas. Mesmo intimidadas, elas não se deixavam convencer com as zombarias que a mestra lhes fazia. Por meu lado, eu lutava para destruir no espírito delas qualquer má semente que tentasse germinar, e as fazia frequentar os sacramentos. Coisa curiosa: Gertrudes, a professora, parecia adivinhar quais as alunas que tinham comungado, e eram essas as mais perseguidas. Certamente alguém espiava e lhe indicava as crianças ... Mas a denúncia não vinha destas, sempre unidas e leais. Na quarta classe havia uma menina de dez anos, chamada Ângela. Muito inteligente, muito bem dotada, era a melhor aluna da escola. As condiscípulas não invejavam a sua superioridade, porque ela tinha um coração de ouro e estava sempre pronta a ser prestativa. Um dia, veio pedir-me licença para comungar diariamente. Perguntei-lhe: - Tu sabes a que te expões ? Ela riu-se, numa expressão alegre, e respondeu: - Senhor Padre, a mestra não conseguirá apanhar-me em.falta, asseguro-lhe, e trabalharei me/ho1'. Não me recuse o que lhe peço. Nos dias em que comungo, sinto-me mais.forte.
O Senhor Padre disse-me que eu devo dar bons exemplos. Para os dar, preciso de sentir-me.forte. Acedi, mas sentia-me inquieto. Desde esse dia, Ângela viveu um verdadeiro inferno. Apesar de saber sempre as lições, a mestra implicava continuamente com ela. A criança resistia, mas eu a sentia abatida. E perguntei-lhe: - Ângela, a perseguição que sofres é demasiado dura, não é verdade? - Jesus sofreu muito mais, quando O injuriavam. Não se compara com o pouco que sofro. Ante esta coragem, fiquei maravilhado. Ângela não se queixava, mas as suas condiscípulas vinham contar-me os maus tratos que a mestra lhe infligia. Chorando, diziam que, de dia para dia, Gertrudes se tornava pior. Nem já se preocupava com as lições, o que queria era destruir a fé daquela alma tão forte, que se escondia em tão fraco corpinho. As investidas contra Ângela revestiam-se de crueldade. A mestra esquecia o programa escolar, para espalhar em toda a classe as manhas dos "sem Deus". Ângela lutava sozinha, e nem sempre sabia defender-se. Então ficava de pé, muda, a cabecinha curvada, o peito cheio de soluços, que vinham morrer-lhe na garganta. Sua fé continuava inquebrantável, mas como podia aquela criança defendê-la, ante a perversidade daquela mulher? A partir de novembro, as lições da quarta classe passaram a ser autênticos duelos entre a professora e a pequena discípula. Aparentemente, a mestra triunfava e dizia sempre a última palavra. Todavia, a sua irritação era tão grande que até o silêncio de Ângela a punha fora de si. Aterradas, as outras crianças pediam-me que lhes valesse. Mas que podia eu fazer? Graças a Deus, Ângela continuava firme na sua fé, e a nós restava-nos rezar, e rezar com absoluta confiança na misericórdia divina. O que se passava na escola tornou-se conhecido na cidade e arredores. No entanto, ninguém me censurava por continuar a consentir que Ângela comungasse diariamente. Não era mistério para ninguém que a mestra pretendia apenas roubar àquela frágil criança o tesouro da sua religiosidade. Os próprios pais a encorajavam a resistir, conhecendo bem a perseguição que fazia chorar tantas lágrimas àquela filha querida, e a crueldade que martirizava o seu pequeno coração. Ângela tornou-se o ídolo de toda a gente. Todos admiravam a sua força de vontade, a persistência da sua crença, mas ela se entristecia, sentindo-se impotente para se defender e receosa de não possuir os argumentos para justificar a sua fé. Compreende-se esse desânimo. Que pode a inocência duma criança contra a astúcia duma mulher mal intencionada? Pouco antes do Natal, no dia 17 de dezembro, a professora inventou um estratagema cruel, com o qual pretendia dar um golpe mortal nas "superstições ancestrais" que infestavam a
escola. E preparou a cena com todo o entusiasmo. Naturalmente, a pobre Ângela foi a vítima escolhida. Com voz doce, a professora a interrogou: - Dize-me, minha pequena: quando os teus pais te chamam, o que fazes? - Vou imediatamente- respondeu Ângela com timidez. - Muito bem! Tu ouves chamar e vais logo, como filha bem educada e obediente. E se teus pais chamarem um limpachaminés, o que acontece? - Ele vem - respondeu Ângela. O seu coraçãozinho pulava desordenadamente. Pressentia uma cilada, mas não sabia qual seria. A professora tinha uma expressão falsa, traiçoeira, os olhos brilhavam como os de um gato que brinca com um ratinho. Mais tarde as alunas contaram-me também: - Sentíamos medo. Ela tinha o ar tão mau, tão mau!.. . O interrogatório continuou: - Muito -bem! Muito bem! Tu vens porque existes. O limpa-chaminés vem, porque existe. Ele existe! Após um breve e deliberado silêncio, ela prosseguiu : - Mas supõe agora que teus pais chamam a tua avó, que já morreu. Ela vem? - Não, não pode vir. .. - Bravo! Muito bem! E se eles chamarem o "BarbaAzul", ou a "Princesa de pele de burro"? Tu conheces.essas histórias. Dize-me: eles vêm? - Não, não vêm, porque só existem nas histórias. Ângela ergueu os olhos para a mestra e baixou-os logo.
Sentiu que o olhar dela a transpassava, lhe fazia mal. Mas o diálogo continuou: - Esplêndida resposta! Parece que hoje estás mais esperta... Reparem, minhas.filhas, reparem todas: os vivos, os que existem, respondem quando os chamam. Os outros não respondem, não vêm, porque não estão vivos ou porque não existem. Compreendem, não é? - Sim! - responderam em coro. - Agora vamos fazer uma pequena experiência - e voltando-se para Ângela, ordenou-lhe: - Sai, minha.filha. A garota hesitou. Depois levantou-se do banco, saiu, e a porta fechou-se pesadamente sobre a sua figurinha miúda. - Agora, meninas, chamem-na! - Ângela! Ângela! - gritaram trinta vozes de garotas, convencidas de que estavam participando de uma brincadeira, um jogo que as divertia. Ângela entrou , intrigada, sem saber o que pensar. A professora preparava-se manhosamente para saborear os frutos do seu maquiavélico plano. - Afinal, estamos todas de acordo. Quando chamamos aqueles que vivem, que existem, eles vêm. Quando chamamos os que não existem, eles não podem vii'. Ângela está aqui, viva, em carne e osso, ouviu que a chamamos e veio ter conosco. Suponhamos que chamássemos o Menino Jesus. Parece que há entre vós quem acredite nele... Houve um silêncio, de medo talvez. E aque las vozes tímidas responderam: - Acredita mos! - E tu, Ângela, crês que o Menino Jesus te ouve, quando o chamas? Ângela sentiu-se bruscamente esclarec ida. Eis a cil ada que ela pressentira, mas da qual desconheci a a perversidade, e respondeu com ardente fervor: - Sim! Creio que Ele me ouve! - Muito bem! Façamos a experiência: as meninas viram que Ângela, quando a chamávamos, veio imediatamente. Se o Menino Jesus existe, Ele ou virá que O chamam. Gritem todas, ao mesmo tempo e com.força: " Vem, Menino Jesus!" Vamos! Um, dois, três! Vamo.·! Chamem! As crianças baixaram as cabecinhas. Um sil ênc io pesado, angustioso, desceu sobre elas. Gertrudes soltou uma gargalhada prolongada, diabólica : - Vamos! Eu quero que vocês O façam vir! Quero que me provem que Ele existe!.. . Ah! Não se atrevem a chamá-lo, porque sabem que o vosso Menino Jesus não virá!. .. E sabem por que não vem? Porque Ele não existe, não ouve, é como o "BarbaAzul", como a "Princesa de pele de burro ", "Chapeuzinho Vermelho ", que são apenas mitos, histórias para as velhas contarem nos serões. Histórias que ninguém toma a sério!. .. intimidadas , as garotas continuavam cal adas. Mas os argumentos da mestra as tinham impressionado, ferido em pleno peito. É preciso desconhecer a psicologia infantil , para não avaliar a angústia dessas crianças ante a argúcia duma mulhe r experiente e malévola, que executava um plano preconcebido. Em algumas a dúvida surg ia, como me confessaram mais tarde.
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- Sim! - insistia a mestra - se Ele existe, por que não vem? Ângela continuava de pé, pálida como uma morta. As suas companheiras receavam, ao vê-la assim, que caísse ao chão. A professora saboreava a aflição das alunas. Enfim , triunfava e esmagava a fé naquelas pequeninas almas ... De repente, o imprevisto se deu . De um salto, Ângela atirou-se para o meio da sala. Nos olhos, tinha um clarão de esperança confiante. Olhou em volta e gritou : - Ouçam-me! Vamos chamá-lo! Gritemos todas: '' Vem, Menino Jesus! ". Num instante, todas se puseram de pé, com as mãos erguidas numa prece, os o lhos brilhantes, os corações a pul sar numa imen sa esperança. Num uníssono vibrante, as suas vozes se ouviram : - Vem, Menino Jesus! A professora não esperava esta súbita reação. Instintivamente recuou, com os olhos fitos em Ângela. Um sil ênc io profundo se seguiu, pesado como
uma lenta ago ni a. Depo is, de novo se ouviu aque la vozinha de cri stal: - Vamos! Chamemos mais! Gritem muito alto! E um clamor forte, imenso, capaz de tra nspassa r as paredes, vibrou: - Vem, Menino Jesus! Vem, Menino Jesus! O medo, a dúvida, por um momento jugul ados, podi am renascer, mas o sentido da camaradagem deu o impul so que as reuniu em torno daquela que se revelava "chefe" e esperava o milagre. Tinham os olhos fitos, não na porta, por onde poderia entrar o Menino, mas na parede branca, em que se destacava a figurinha de Ângela, e continuavam a repetir: - Vem, Menino Jesus! Nesse instante a porta abriu-se sem ruído, e as crianças pensaram que toda a luz do dia entrava por ela. Era uma
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claridade intensíss ima, que cresc ia, cresc ia, como a chama vi olenta dum enorme fogo. No meio desse clarão, um globo cheio de luz. O medo invadiu-as, mas nem tiveram tempo para gri tar ou fu gir: o globo abriu-se e apareceu um M enino lindo e ri sonho, como nunca tinham visto. O Menino sorria sem ' proferir uma palav ra, e todas sorriram também, tra nquilas e contentes. Algumas garotas esfregavam os olhos, para me lhor contemplarem o Menino vestido de luz, outras olhavam-no de olhos espantados, sem pestanej arem. O Menino sorria, não fa lava, sorria para todas. Depois o g lobo fec hou-se, de mansinho, e desapareceu devagar. A porta cerro u-se sem que ninguém lhe tocasse, e as crianças emoc ionadas, os coraçõezinhos inundados de fe li cidade, sem uma pa lav ra abraçavam-se, a chorar de fe lic idade. O Menino as ouvira! O Menino viera!
Q ue tempo durara a aparição? Uns instantes? Uma hora? Cada criança ca lculava a seu modo, ao testemunhar a aparição do Menino. Todas diziam: "Estava vestido de branco, e parecia um sol pequenino ". As cri anças o lhava m ainda a porta. Subi ta mente, um grito agudo quebrou a emoção desse silêncio. Aterrada, o lhos esgazeados, braços estendidos, mãos enc lav inhadas, a professora gritava como louca: - Ele veio! Ele apareceu! Em seguida fu giu, batendo com fo rça a porta. Ângela mexeu-se, enfi m, como quem desperta dum sonho: - Vocês viram? - Sim, vimos! - Ele é que trazia a luz - di zia uma. , - A luz do dia é negra, comparada àquela claridade acrescentava outra. - Vocês viram ? - repetia Ânge la - Ele existe!
Toda a gente fa lava deste aco ntecimento, que as crianças contavam marav ilhadas. Os pais vieram ve r-me, acompanhados das filhas. Interroguei-as, uma por uma. Pois bem, posso declarar, sob ju ramento, que nas suas pa lav ras não encontre i contradi ções. Isto surpreendeu-me, tão ex traordinári o era o que se tinha passado. Uma garota dizia-me, muito satisfeita: - Senhor; nós estávamos com muito medo, e bem precisávamos que o Menino nos acudisse .. . O mundo inte iro j á conhece este fato . Mas agora devo dar o epílogo. A Sra. Gertrudes deu entrada num ma nicômi o.
O cérebro ressentiu-se do tremendo aba lo que sofreu, e não cessava de repetir: "Ele veio! Ele veio". Tente i v isitá-la. Em vão, pois recusam abso luta mente entrada aos padres nas casas de a li enados. É que são frequentes os casos de obsessão re lig iosa ... Os profa nadores de igrej as, em gera l, aca bam loucos. Todos os dias, ao celebra r a Mi ssa, rezo por ela e por todos . Concluídos os exames, Ângela fo i para casa, ajudar a mãe. É a filha ma is velha dum ra ncho de irmãos . A minha partida precipitada nada ma is me de ixo u saber a seu respeito. • Nota:
• A insurreição da nobre nação húngara contra o comuni smo fo i tão fo rte e extensa que chegou a derrubar o governo títere de Moscou e a li berta r da pri são o res istente Cardeal Mindszenty, juntamente com numerosos outros prisioneiros. Pouco depois, porém, um poderoso exército russo entrou na Hungria, dizimou a popul ação com seus tanques de guerra, conseguindo novamente dominar o país. O Cardeal Mindszenty mal teve tempo de refugiar-se na embaixada norte-america na.
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CAPA
■ PuN10 CoRRÊA DE OuvEtRA (Catolicismo, dezembro de 1952)
onsiderando os fatos numa vasta perspectiva histórica, o Santo Natal foi o primeiro dia de vida da civilização cristã. Vida ainda germinativa e incipiente, como os primeiros clarões do sol que nasce; mas vida que j á continha em si todos os elementos incomparavelmente ricos, da esplendida maturidade a que se destinava . Com efeito, se é bem verdade que a civilização é um fato social, que para existir como tal nem sequer pode contentar-se de influenciar um pequeno punhado de pessoas, mas deve irradiar sobre uma coletividade inteira, não se pode dizer que a atmosfera sobrenatural que emana do presépio de Belém sobre os circunstantes já estava formando uma civi Iização. Mas se, de outro lado, consideramos que todas as riquezas da civilização cristã se contém em Nosso Senhor Jesus Cristo como em sua fonte única, infinitamente perfeita, e que a luz que começou a brilhar sobre os homens em Belém havia de alongar cada vez mais seus clarões, até se estender sobre o mundo inteiro, transformando mentalidades, abolindo e instituindo costumes, infundindo espírito novo em todas as culturas, unindo e e levando a um nível superior todas as civilizações, pode-se dizer que o primeiro dia de Cristo na Terra foi desde logo o primeiro dia de uma era histórica . Quem o haveria de dizer? Não há ser humano ma is débil do que uma criança. Não há habitação mais pobre do que uma gruta. Não há berço mais rudimentar do que uma manjedoura. Entretanto, esta Criança, naquela gruta, naquela manjedoura, haveria de transformar o curso História. E que transformação! A mais dificil de todas, pois que se tratava, não de acelerar o curso das coisas no rumo em que seguiam, mas de orientar os homens no caminho mais avesso a suas inclinações: a via da austeridade, do sacrificio, da C ru z. Tratava-se de convidar à Fé um mundo apodrecido pelas superstições, pelo sincretismo re ligioso e pelo ceticismo completo. Tratava-se de convidar para ajustiça uma humanidade afeita a todas as iniquidades: o domínio despótico do forte sobre os fracos , das massas sobre as elites, e da plutocracia - que reúne em si todos defeitos de umas e outras - sobre a própria massa. Tratava-se de convidar ao desapego um mundo que adorava o prazer sob todas as suas formas. Tratava-se de atrair para a pureza um mundo em que todas as depravações eram conhecidas, praticadas, aprovadas. Tarefa evidentemente inviável , mas que a Divina Criança começou a realizar desde o seu primeiro momento nesta Terra, e que nem a força do ódio judaico, nem a força do domínio romano, nem a força das paixões humanas poderia conter.
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Dois mil anos depois do Nascimento de Cristo, parecemos ter voltado ao ponto inicial. A adoração do dinheiro, a divinização das massas, a exasperação do gosto dos prazeres mais vãos, o domínio despótico da força bruta, as superstições, o sincretismo religioso, o ceticismo, enfim o neo-paganismo em todos os seus aspectos invadiram novamente a Terra. Blasfemaria contra Nosso Senhor Jesus Cristo quem afirmasse que este inferno de confusão, de corrupção, de revolta, de violência que temos diante de nós é a civilização cristã, é o Reino de Cristo na Terra. Apenas um ou outro grande lineamento da antiga Cristandade sobrevive, abalado, no mundo de hoje. Mas, em sua realidade plena e global a civilização cristã deixou de existir, e da grande luz sobrenatural que começou a fulgir em Belém poucos raios brilham ainda sobre as leis, os costumes, as instituições e a cultura do século XX. Por que isto? Teria a ação de Jesus Cristo - tão presente em nossos tabernáculos como na gruta de Belém - perdido algo de sua eficácia? Evidentemente não. E, se a causa não está nem pode estar n'Ele, por certo está nos homens. Vindo a um mundo profundamente corrompido, Nosso Senhor e depois dele a Igreja nascente encontraram almas que se abriram à pregação evangélica. Hoje, a pregação evangélica se
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dissemina por toda a Terra. Mas cresce assustadoramente o número dos que se recusam com obstinação a ouvir a palavra de Deus, dos que pel as ideias que professam , pelos costumes que praticam , estão precisamente no polo oposto à Jgreja. "Lux in tenebris lucet, et tenebrae eam non conprehenderunt" (A Luz resplandece nas trevas , e as trevas não a compreenderam - Jo 1, 5). Nisto, só nisto, está a causa de ruína da civilização cristã no mundo . Poi s se o homem não é, não quer ser católico, como pode ser cristã a civilização que nasce de suas mãos?
ti_ Espanta que tantos homens perguntem qual a causa da crise titânica em que o mundo se debate. Basta imaginar que a humanidade cumprisse a Lei de Deus, para que se entenda que ipso facto a crise deixaria de existir. O problema, poi s, está em nós. Está em nosso livre arbítrio. Está em nossa inteli gência que se fecha à verdade, em nossa vontade que, solicitada pelas paixões se recusa ao bem. A reforma do homem é a reforma essencial e indispensável. Com ela, tudo estará feito . Sem ela, tudo quanto se fizer será nada. Esta é a grande verdade que se deve meditar no Natal. Não basta que nos inc linemos ante Jesus Menino, ao som dos hinos litúrgicos, em uníssono com a alegria do povo fiel. É necessário que cui·demos cada qual de nossa reforma, e da reforma do próximo, para que a crise contemporânea tenha solução, para que a luz que brilha do presép io recobre campo livre para sua irradiação em todo o mundo.
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Mas como conseguir isto? Onde estão nossos cinemas, nossos rád ios, nossos diários, nossas organizações? Onde estão nossas bombas atômicas, nossos toques, nossos exércitos? Onde estão nossos bancos, nossos tesouros, nossas riquezas? Como lutar contra o mundo inteiro? A pergunta é ingênua. Nossa vitória decorre essencialmente e antes de tudo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Bancos, rádios, cinemas, organizações, tudo isto é exce lente, e temos obrigação de o utilizar para a dilatação do Reino de Deus. Mas nada disto é indi spensáve l. Ou, em outros termos, se a causa católica não contar com estes recursos, não por negligencia e falta de generosidade nossa, mas sem nossa culpa, o Divino Salvador fará o necessá rio para que vençamos sem isto . O exemplo deram-no os primeiros séc ulos da Igreja: não venceu esta, a despeito de se terem coligado contra ela todas as forças da Terra? Confiança em Nosso Senhor Jesus C ri sto, confiança no sobrenatura l, eis outra lição prec iosa que nos dá o Santo Natal.
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·~ ;z; .,.,g E não terminemos sem colher mais um ensinamento, suave como um favo de mel. Sim, pecamos. Sim, imensas são as dificuldades que se nos deparam para voltar atrás, para subir. Sim, nossos crimes e nossas infidelidades atrairão sobre nós a có lera de Deus. Mas, junto ao presépio, temos a Medianeira clementíssima, que não é juiz mas advogada, que tem em relação a nós toda a compaixão, toda a ternura, toda a indul gênci a da mais perfeita das mães. Olhos postos em Maria, unidos a Ela, por me io dela, peçamo neste Nata l a graça única, que realmente importa : o Reino de Deus em nós e em torno de nós. Todo o resto nos será dado por acréscimo.
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A Infalibilidade da Igreja Emnovcrnbro de 1976, sobre oLema em epígrafe, nossa revista publicou substancioso resumo de um artigo da revista belga Mysleriurn Fidei, de julho desse ano. Devido ao interesse e à atualidade do assunto, aqui o reproduzimos.
Representação do ato de Proclamação do dogma da lnfallbllldade Papal, no Concilio Vaticano 1, publicada pelo "The lllustrated London News", de lulho de 1870
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Bem-aventurado Papa Pio IX, proclamador da lnfallbllldade Pontlficla
au lo Vl lamentou as ambigu idades que surg iram na Igreja após o Concílio, perturbando a consciência de muitos fiéis e extenuando o vigor da Fé. Podemos ver nessa constatação um efeito da "fumaça de Satanás", que po luiu os a mbi entes eclesiásticos e constitu i um dos meios de autodemo lição da lgrej a, ou seja, de uma destruição por elementos que se encontram nela instalados . Uma das maneiras de alimentar as ambiguidades nefastas entre os fiéis é a imprec isão com que se exprimem hoj e certos dogmas da Fé. Ora diminuindo-lhes o vigor, ora exagera ndo-os, ora co nce itua nd o-os em termos elásticos, a consequência é sempre o desassossego causado pela insegurança doutrinári a. Entre os dogmas cuja impreci são na terminologia causa maior confusão e intranquilidade está o da Infalibilidade Pont[flcia. Alguns o ampliam , atribuindo inerrância a qualquer pronunci amento do Papa, chegando a confundir infalibilidade com impecabilidade, como se o Romano Pontífice, pelo fato de ser Papa, fosse incapaz de fa lhar na prática da virtude cristã. Outros há que restringem em demasia o âmbito da infalibilidade, questionando até verdades já defi nidas por todo o sempre, como acontece com vários pontos do ensinamento cató lico fixado pelo Concí lio de Trento. Para esc la rec im e ntos de nossos le itores so bre a maté ria , res umimos aqui um substancioso artigo da rev ista belga Mysterium Fidei (nº 33 de julho de 1976).
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do ensinamento do Mag istério, sempre, porém, dentro do âmbito delimitado pelo mesmo Magistério. Semelhante cuidado se impõe também quando se trata da infalibilidade pontifí c ia . - É exato que o Papa é sempre infa lível ? " L' Homm e N o uv ea u" , pe ri ódico francês , responde, em sua edição de 6 de junho deste ano: "Como todo homem, o Papa pode pecm: Mas, como todos os seus predecessores, ele é ú1/alível para manter a Fé e os Cos tumes ". Jean Madiran emltinéraires Uulho/agosto 1976), ao comentar a afirmação imprec isa de "L'Hom me N ouvea u", sa li enta que o tratar-se de Fé ou Costumes é uma condição nece sária para que o ensinamento possa envolver infa li bilidade, mas não é sufi c iente.
O texto da definição Co m efe ito , o texto da definição deste dogma de nossa Fé não pede apenas que o obj eto do ensinamento sej a ass unto de Fé ou Costumes. Impõe ainda outras condições. Ei-lo, na sua clareza e prec isão: "O Romano Ponttfice, quando fala ex cathedra, isto é, quando, no desempenho de sua fun ção de Pastor e Doutor de todos os Cristãos, define, em virtude de sua suprema autoridade apostólica, que uma doutrina concernente á Fé ou aos Costumes deve ser aceita por toda a l gr~ja, goza, graças à assistência divina, a ele prometida na p essoa de São Pedro, daquela infalibilidade da qual quis o Divino Redentor fosse dotada a sua Igreja ao definir uma doutrina sobre a Fé ou os Costumes; assim, tais definições são por si mesmas irreformáveis, e não pelo consentimento da igreja " (destaque nosso). 1
A /11/'alibilidade Na locução de 18 de setembro de 1968, por ocasião da audiência gera l de Castelgandolfo, Paulo Vf insistia sobre o cuidado em procurar a informação exata e completa. Tal recomendação aplica-se também às definições da Santa Igreja. É indi spensáve l conhecer todo o alcance
Magistério extrnordinál'io Seme lhantes atos pontifícios constituem a ex pressão do seu Mag istério extraordinário (ou so lene), isto é, de sua Autoridade docente de Príncipe dos Apóstolos, excepc iona lmente afirmada sobre toda a Igreja, dentro das condições
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Tiara usada pelo bem-aventurado Papa Pio IX durante seu pontificado
de sua estrita competência, com termos de uma precisão canônica, impondo-se à consc iência cató li ca e exc luindo toda poss ibilid ade de ulterior mudança. O modo de clelinfr
A garanti a de autentic id ade destes atos so lenes não res ide no luxo do aparato exteri or. Para uma definição, o Papa poderia utili za r igualmente uma Encíclica, uma Radio-mensagem, como um Breve ou uma Con ·tituição Apostólica. Ele permanece livre de esco lher o modo de ex pressão que julgar mais oportuno 2 • Porquanto basta - mas é absolutamente necessário - que o Papa proceda co nfo rm e as co ndi ções req uerid as , dogmatica mente definidas, para que um ato ex cathedra tenh a sua ex istência objetivamente comprovada como infa lível, sem lugar a dúvidas. " omo o uso constante da Igreja e dos Sob eranos Pontífices consagra certas f órmulas, para assinalar sem possibilidade de dúv ida , a toda a Cristandade, o julgamento supremo d~finitivo [. ..}, segue-se que, se o Papa negligencia tais.fórmulas e não exprime e/aramente que, apesar desta omissão, entende ele e des~ja d~finir como.Juiz supremo da Fé, deve-se pensar que não exprimiu seu julgamento como infalível " 3 (destaque nosso). "De si e não pelo consenti11w11to <la Jgl'cja "
É prec iso ev itar o pensamento de que o carisma da infalibilidade é totalmente independente da Igreja. Pessoal embora, e poss uindo um va lor independente do consentimento da Igreja, não está ele desvinculado da Igrej a, um a vez que o Romano Pontífi ce o possui precisamente enquanto chefe da Igreja e na sua função de doutor e pastor dessa Igreja. Recusando-se a ver no consenti mento da Igreja a/onte da in fa libilidade pontifícia, o Concíl io do Vaticano abso lutamente não quis dizer que o Papa - ali ás, órgão da Trad ição - deveria no exercício do seu Magistério infalível
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CATO LI C IS MO
Chefe. Contudo, enquanto no Magistério solene a ga rantia pode nos ser dada pelo julgamento de um só, tomado à parte , no ensin amento ordinário ela só pode provir de uma continuidade e de um conjunto. Fora dos julgamentos so lenes, a autoridade das diversas expressões do ensinamento pontifício comporta degraus e matizes. Todos, não obstante, se integram autenticamente nessa Tradição contínua e sempre viva, cujo conteúdo não poderia estar sujeito a erro sem que periclitassem as promessas de Jesus Cristo, e a própria economia da instituição da Igreja 6 . O Magistério e a 1'ra<lição
Assim, o critério para se avaliar um ensinamento isolado é relacioná-lo com o ensinamento continuado através dos séculos, verificado em toda a Igreja. Continuidade. - Ensin a Pio XU: "Desde os tempos mais remotos, encontram-se diversos testemunhos, indícios ou vestígios que manifestam a Fé comum da Igreja no decurso dos séculos" 7. A mesma conclusão emerge do costume habitual dos Papas, pois, percorrendo as Atas dos Pontífi ces Romanos, pode-se perceber o cuidado que tiveram eles em citar, a propósito de cada problema, as dec isões de seus predecessores e de se situar, através de suas múltiplas referências, no conjunto da Tradição. Vale dizer que eles quiseram, assim, sublinhar uma fidelidade pastoral e doutrinária, da qual depende o valor da inerrância do julgamento pre~~,N~~~sente, proceda ele do Magistéri o solene ou do ordinário. prescindir do co ntato estreito co m o Com efe ito, o Espírito Santo não 4 foi prometido aos sucessores de São . sensus Ecclesiae Pedro para lhes permitir publicar uma Magisl,ério Onlinário doutrina nova, sob sua inspiração; mas Além do Magistério extraordinário, para guardar de modo estrito, e ex por so lene, exe rce o Papa um Magistério fielmente com sua assistência, a Reveordinário. lação transmitida pelos Apóstolos, isto é, o Depósito da Fé 8 • São Vicente de Sem dúvida, distintos, seria erro grave opor Magistério so lene e ordinári o, Lérins resumiu muito bem o critério na segundo as categori as muito simpli stas matéria : "Na lgr~ja Católica deve-se de infa lível e fa lível 5, uma vez que, ter o máximo empenho em professarmos seja qual fo r a via pela qual nos chega a aquilo que, em todo o lugm; sempre e Doutrina, esta é sempre infa livelmente por todos foi crido 9. verdadeira, quando certamente ensinada Fora deste conjunto e desta contipela Igreja inteira, ou somente pelo seu nuid ade, que são os doi s as pectos da
escandaloso , de um Papa herético, de um Papa cismático ... Res ulta , ali ás, que os casos nos quais a infalibilidade pessoa l do Papa está engajada são marcadam ente raros. Quanto ao Concilio Vaticano 11 , Paulo VI , forma lmente, ex cluiu-o do magistéri o in falível. Eis suas palav ras: "Dado seu caráterpastoral, o concilio evitou pronuncim~ de maneira extraordinária, dogmas dotados de nota da infàlibilidade " 10• Alguns exemplos históri cos ilustram a doutrina exposta. João XXJJ e Bento XJJ
Tradição, e fora da ass istência divin a prometida ao Magistério, agindo em sua ordem de acordo com o costume, não há espécie alguma de garanti a formal, para o exerc ido correto do cargo supremo na Igreja, e, portanto, nenhum dever de obed iência incondicional. Assim, é necessário, portanto, para nossa sa lvação, que a virtude da obediência comporte esforços de discernimento, que sejam a contrapartida meritória do Dom do Conse lho.
Alguns exemplos J1istóricos Bem examinada a defini ção da infa libilidade, proclamada no I Concílio do Vaticano, vê-se que o exercíci o do magistério pessoa l infalível, cons iderando-se seu ca mpo e suas condi ções, não atinge todos os atos pontifícios, como também se evid enci a qu e "não será preciso crer que a infalibilidade abarca todos os domínios da atividade pontfficia ". É isso ele tal modo verdadeiro, que os teó logos estudam o caso ele um Papa
Em três se rm ões, pro nun c iado s res pectivamente em 1° de novembro de l 33 1, 15 de dezembro de 133 1 e 5 de janeiro de 1332, o Papa João XXLI expôs suas opiniões singul ares sobre a sorte dos homens depois da morte. Ele ensin ava, espec ialmente, que as almas dos eleitos dev iam aguardar a ressurreição da ca rne e o Juízo fina l, antes de poderem goza r da visão beatifica de Deus, e que, de maneira semelhante, nem os demônios nem os homens condenados nã.o iam para a pena eterna antes desse dia. Tal op ini ão parec ia ter algum fundamento em certas passagens da Sagrada Escritura ; mas o conjunto da Tradição lh e era co ntrári a, embora naquela época todas as verdades reveladas, concernentes a este assunto, não tivessem ainda sido definidas. Estribado, no entanto, em certos teólogos e em suas interpretações dos Doutores da Igreja, o Sobera no Pontífice persistia em sua opini ão, publi ca ndo mes mo, em 1333, um libelo para sustentá- la. A oposição dos fiéis ameaçava ser vio lenta. A pedid o do Rei da França, as sumidades da Uni versidade de Pari s e das Ordens reiig iosas es tudaram o ass unto e chegara m a um a conclusão co ntrária à opini ão do Papa. Este, no Co nsistório ele 3 de janeiro de 1334, dec laro u-se di sposto a retratar-se, se se verificasse que seu pensamento se opunh a à Doutrina com um ... E o fez realmente. Em 3 do dezembro de 1334, na véspera ele sua morte, assinou a Bu la Nec super his, pela qual, na presença do co lég io dos Ca rdea is, revogava solenemente a do utrina que ensinara.
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Seu sucessor, Bento XII , publicou a Bula da retratação , e alguns anos mais tarde definiu solenemente, como verdade de Fé, a opinião contrária à de João XXII. O fato hi stórico torna patente que o Papa não é infalível em todos os seus ensi namentos 11 •
Clcmc11tc Vil No século XVI, tentou-se um conúbio entre o Paganismo da Renascença e a Igreja . Daí o fato de homens da Igreja se proporem a celebrar as festas cristãs valendo-se de odes clássicas ao sabor da Antiguidade pagã. Tratava-se de "adaptar" os textos litúrg icos às necess idades da época! Nos hinos, reformados pelos cuidados do Cardeal humanista Zacarias Ferreri 12 , a Virgem Maria é muitas vezes des ig nada como
'/elix dea, deorum máxima, nympha candidíssima". A Santíssima Trindade é chamada "tr[forme numen O~ympi". Personagens da mitologia pagã, como Baco e Vênus, foram também introduz idos na Liturgia. Apesar do que há de profanação das
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CATOLICISMO
coisas sagradas em todo esse delírio renascentista, o resultado dessas "experiências" foi aprovado em 11 de dezembro de 1525 pelo Papa Clemente VII em um Breve. Neste, após um elogio entusiasta das inovações, leem-se estas palavras:
"... por determinação própria e de nossa ciência certa, Nós concedemos e mandamos com autorülatle apostólica, pelo teor das presentes letras, que todo o fiel, mesmo Padre, possa usar estes hinos, mesmo nos Ofícios divinos" ( destaque nosso). Compreende-se que São Pio V, ao coibir os abusos que se filtravam na celebração da Santa Missa e dos Oficias litúrgicos, nem se refira a tão inaudito documento pontifício. Considerou-o como não existente. Não obstante, encontraram-se naquele tempo pessoas que pensavam cumprir seu dever vagando à deriva do sentimento, do mimetismo, da estultícia e da tibieza . Possa o exemplo servir para orientar a legítima obediência aos superiores, de acordo com o pensamento de Santo Tomás de Aquino: "Non in
omnibus praelatis est oboediendum"
[Não é preciso obedecer em tudo aos Prelados] 13•
Estê1 1ão VI e Sérgio llf Com a finalidade de fazê-lo passar por um simulacro de processo, Estêvão Vl mandou desenterrar o corpo do Papa Formoso, falecido nove meses antes. Fê-lo revestir dos ornamentos pontifícios, colocá-lo num trono e submetê-lo a um interrogatório cerrado, no qual um diácono, ao lado do cadáver, se encarregava de responder pelo defunto. Em seguida, o Papa insultou, numa alocução, os restos de Formoso, cuja eleição contestava. Declarou inválidas todas as suas sagrações de Bispos e fez cortarem-lhe os dedos que estendia quando abençoava. Toda a "cerimônia" se processou em Sínodo, com Prelados assistindo o Papa e coonestando sua ação. Enfim, despojaram o cadáver de suas vestes, e não conseguindo arrancar o cilício, incrustado já na carne, deram-lhe uma Extrema-Unção. [Como se vê, para esse Papa, não contava nem o respeito dos Santos Sacramentos, nem o dogma sobre o valor dos Sacramentos administrados
para pecadores, infiéis ou hereges]. Um tremor de terra, que abalou a Basílica de Latrão, passou despercebido pelos autores do ignominioso processo, conhecido
destroem. Elas não podem, pois, ser obra da Sé Apostólica" 15• Sob o impulso da cólera, Inocêncio IV quis punir Roberto Grosseteste, mas
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na História como Sínodo Cadavérico. • - - -. . O povo, profundamente indignado, alguns meses depois prendeu Estêvão VI, vestiu-o de monge e estrangulou-o na prisão. Os sucessores de Estêvão VI repararam as injúrias feitas a Formoso pelo tristemente célebre Sínodo Cadavérico. Entretanto, Sérgio III (Papa de 904-911 ), homem cruel, mundano e de maus costumes - o qual inaugurou a "pornocracia" em Roma - novamente reeditou as medidas contra as ordenações de Formoso, obrigando os Bispos sagrados a serem novamente sagra dos e os Padres ordenados por esses Bi spos a serem novamente ordenados, sob pena de exílio , prisão ou mesmo excomunhão 14 •
"Precisamente por causa da obediência que me liga e do meu amor de união à Santa Sé, no Corpo de Cristo, como .filho obediente eu Vos desobedeço, eu Vos contradigo, eu me rebelo. E Vós não podeis tentar nada contra mim, porque minhas palavras e meu ato não são uma rebelião, mas o afeto filial exigido pelo Mandamento de Deus a pai e mãe. E assim que o digo, a Sé Apostólica, na sua santidade, não pode destruil; mas unicamente construir. Eis o que signifi.ca a plenitude do poder: pode-se fazer tudo, com vistas à edifi.cação. Mas as prebendas em pauta não edifi.cam. Elas
seus conse lhe iros o di ssuadiram : seria um escândalo para toda a Cristandade.
Co11clusão Como se viu, é na medida de sua conformidade com a Tradição católica - que transmite o Depósito da Fé - que os atos do Magistério da Igreja podem ter um valor de inerrância, quer se trate do Magistério supremo, solene, que r do Magistério ordinário. Os casos aduzidos mostram bem que o Soberano Pontífi ce, o Papa, não é impecável, nem pode erigir-se em proprietário supremo da Re li gião. E le é um administrador 16, que há de se ater a determinar as normas no exercício de seu mandato. São Paulo as aponta:
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"Guardar o Depósito da Fé" (I
Tim. 6,20);
- "Transmiti!; antes de tudo, o que recebeu" ( 1 Cor. 15,3); - "Ed[ficar e não destruir " (2 Cor. 10,8);
- "Guardar as Tradições" (2 Tes. 2,14);
A ra zão é que os Bispos e o Papa , sucessores dos Apóstolos e do Príncipe dos Apóstolos, São Pedro, têm uma mi ssão determinada pela constitui ção divina da Igreja. Pois esta d eve co ndu z ir os homens a Deus, a fim de que eles se entreguem ao Criado r sem rese rvas .. . A igreja não pode jamais pe rder de vista esta final id ade estrita me nte rei igiosa, sobrenatural 17• E a ma neira como a Igreja rea li za esta sua fi nalidade sobre natural é indi cada pela mesma Revelação. Daí a obri gação de seguir a Tradição, segundo a frase de São Pa ulo aos Gá latas, ap licada aos B ispos por Paulo Vl: "Se eu
ou um anjo do Céu vos evangelizar diversamente do que vosfoi evangelizado, que seja anátema (1,8) " 18• •
/J10cê11cio/V Robe rto Grosseteste (Bispo de Lincoln , na Inglate rra , de 12351253), erudito, piedoso e cheio de zelo, cuidou da reforma do seu C lero, voltando sua atenção especialmente contra os abusos dos prebendados que não cumpriam seus deveres. O Papa Inocêncio IV, no entanto, não hesitou em nomear seu sobrinho para o Cabido de Lincoln, impondo ao Bispo que o e mpossasse sem delongas. Como se tratava de uma pessoa que não merecia a dignidade a que era elevada, Roberto res pondeu tranquilamente ao P a pa:
- "Manter-se afastado de todo irmão que vive na desordem sem seguir a tradição recebida " (2 Tes. 3,6); - "Mostrar-se.fiel " ( 1 Cor. 4, 1-2).
Notas: 1. Vatica no 1, Const. Pastor Aeternus. 2. São Pio X, Const. Apost. Promulgandi, de 29 de setembro de 1908 . 3. Gregório XV I, !l trionfo dei/a Santa Sede, Veneza, 1838. 4. R. Aubert, Va. 1, co l. Hi st. des Conciles, Docurn . nº 12, Pari s, 1964, pp. 292-298. 5. D. Nau, OSB, l e Magistere pont/fical ordinaire, lie11 teologique, So lesmes, 1956, Club du Livre C ivique, 1962. 6. Ibidem. 7. Const. Apost. Magnificentissimus, A.A.S. 42 . 1950, p. 75i. 8. Vaticano 1, Const. Dogm. Pastor Aeternus, 18 de j ulho de 1870. 9. São Vicente de Lérins, Commonitorium, 2, 5, in Kirch. Enchiridion Fontium Historiae Ecclesiasticae Antique, 742. 1O. Marqu ês de la Fra nqu e rie , l 'infa/libilité pontifica /e, le Sy ll ab us, la condamnation du Modernisme et la crise actuelle de l'Église, C hiré-en- Montreuil , 1973, p. 35. 11 . Denziguer-Schmetzer, Enchiridion Symbolon111·1 et D14finitionwn , nº 980. 12. Ludovico Pasto r, Storia dei Papi, Desclé de Brouwer, vo l. 1V, p. 418. 13. Suma Teológica, 2.2, q. 104, a.5 . 14. Mangenot Vaccant e Michel Amant, Dictionaire de Théologie Catho/ique, vol. 14, coluna 19 18 e ss. 15. Christian Order, vo l. 16, nº 12, dezembro de 1975 . art. Robert Grosseteste: Pi/lar of the Papacy. col un as 722-723. 16. 1 Cor 4, 1-2. 17. Pio XII , Alocução de 6 de março de 1956. 18. Exortação por ocasião do primeiro lustro após o encerramento do Concilio.
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Após vida eremítica nos desfiladeiros do Cedron, reuniu e dirigiu numerosos eremitas, fundando o mosteiro que levou depois seu nome.
6 São Nicolau, Bispo e Conf'esso1·
1 SanLos E:dmunclo Campion, Roberto SouU1well e Compan1·1ei1•os, Má tt ires + Inglaterra, entre 158 l e 1679. Desses dez jesuítas, oito eram ingleses e dois do País de Gales. Foram todos martirizados pelos protestantes por ódio à fé católica.
2 São Cromácio, Bispo e Confessor + Itália, 407 . Bispo de Aquiléia, no Vêneto, desenvolveu em sua Sé uma vida clerical em comunidade. São Jerônimo denominou-o "o mais san-
to e o mais douto dos Bispos".
3 São
l◄'ra n c isco
Xavier, Conressor
+ Sancião, 1552 . Discípulo de Santo Inácio de Loyola , Apóstolo da Índia e do Japão, seu zelo alcançou Málaca e as Molucas. Faleceu aos 46 anos de idade em face à costa da China, que pretendia evangeli zar. São Pio X declarou-o patrono es pecial da obra da Propagação da Fé e das Missões católicas.
+ Mira, 324. Bispo de Mira, na Ásia Menor. De eminente caridade, foi desterrado pelo imperador romano Licínio. Derrotado este por Constantino, voltou à sua diocese, onde operou estupendos milagres . No Concílio de Nicéia, foi dos mais ardorosos adversários do arianismo. Primeira Sexta-feira do mês.
7
+Séc. Ili ou IV. Não foi possível prec isar o lugar de seu nascimento e martírio. Padroe ira da Artilharia, é invocada co ntra raios, morte súbita e impenitênci a final.
5 São Sabas, Corrressor + Pal estina, 532. Cognominado a " Péro la do Oriente". CATO
12 ossa Senhora ele Cuaclalupc, Paclt·oeir•a Principal da América LaLina
13 SanLa Luzia , Virgem e MárLir + Siracusa, séc. IV. Consagrando a Cristo sua virgindade e renunciando em favor dos pobres seu rico patrimônio, foi degolada à espada. Santo Tomás de Aquino a cita duas vezes na Suma Teológica. É invocada nas doenças dos olhos.
14
Santo Ambrósio, Bispo, Conressor e Doutor da Igreja
Sflo João ela Cruz, Confessor e DouLor· da Igreja
+ Milão, 397 . Governador de Milão e depois bi spo, conselheiro de imperadores e do Papa, teve um papel decisivo na conversão de Santo Agostinho. Primeiro Sábado do mês.
+ Ubeda (Espanha) , 1591 . Co-reformador, com Santa Teresa , do ramo masculino da Ordem do Carmo. Poucos penetraram mai s a fundo nos arcanos da vida interior.
H
São l•'olcuíno , Bispo e Confessor
FESTA DA IMACU LADA CONCEIÇÃO D/\ SANTÍSSIMA VIRGEM
9 São Pedro l•'ourTier·, Confessor + França, 1640. Entrou para a Congregação dos Cônegos Regulares, à qual deu novo vigor por sua virtude e talento.
4 SanLa Bárbara , Virgem e M(11ti1•
deu novo esplendor ao culto divino .
10 Traslada ção ela SanLa Casa ele LOl'CLO
11 São Dâmaso 1, Papa e Con fessor + Roma, 384. Espanhol de origem, encarregou São Jerônimo da tradução da Sagrada Escritura, ocupou-se em anotar a história dos mártires e das catacumbas de Rom a, e
15 + França , séc. IX. Primo-irmão do glorioso imperador Carlos Magno, por sua autoridade e energia foi designado bispo para governar a região ainda bárbara de Thérouanne (norte da França).
l(j SanLas Virgens, Mó rtires + África, 480. Quando da invasão do norte da África pelos vândalos arianos de Hunerico, estas numerosas virgens consagradas a Deus "defenderam
a honra da Igreja de Cristo em meio a atrozes torturas " (do Martirológ io Roman o Monástico) .
17 Cinque11La Solclaclos ele Gaza, Mártires + Egito, 630. Ao general árabe
que os intimava a apostatar sob pena de morte, responderam: "Ninguém poderá nos separar do amor de Cristo; nem nossas mulheres, nem nossos .filhos, nem as riquezas do mundo, pois somos servidores de Cristo, Filho do Deus Vivo, e estamos prontos a morrer por Aquele que morreu e ressuscitou por nós " (do Martirológio).
18 São Ga Liano, Bispo e Confessor
+ Tours (França), séc. IV. Primeiro a ir pregar o Evangelho na região de Tours, da qual foi bispo.
19 São Nemésio, Mártir
+ Alexandria, séc. III. Absolvido de uma falsa acusação de roubo durante a perseguição de Décio, quando saía do Tribunal foi denunciado como cristão e condenado pelo juiz a ser queimado vivo, recebendo assim a coroa do martírio.
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Sa nta Juta, Virgem
São ,João, Apóstolo e Evangelista + Éfeso, séc. 1. O Discípulo Amado por sua virgindade
+ Alemanha, séc. XI. Foi ter com ela, aos oito anos de idade, a futura profetisa do Reno, Santa Hildegarda. Juta instruiu-a, dando-lhe noções de latim, medicina e História Natural, familiarizando-a com os textos litúrgicos e a Sagrada Escritura. Ao falecer, santa I-lildegarda substituiu-a como abadessa.
Santa 1'r'ancisca Xavier Ca brini (Vide p. 22)
23 São Sérvulo, Confessor
+ Roma, 590. São Gregório Magno relata sua vida nos Diálogos. Paralítico, vivia de esmolas sob o pórtico da igreja de São Clemente em Roma.
24 São Charbel Makhlouf, Confessor
+ Líbano, 1898 . Segundo
20 São Teófilo de Alexandria e Companheiros, Mártires + Séc. IIJ. "Estes soldados cristãos do tribunal imperial, vendo um de seus irmãos na f é vacilar diante do juiz, fizeramlhe sinais para encorajá-lo. Ao perceber os seus gestos, o juiz os intimou e eles não hesitaram em confessar sua f é, sendo imediatamente condenados à morte" (do Martirológio).
Pio XII, esse monge libanês do Rito Católico Maronita, modelo de contemplação e recolhimento, "já gozava em vida, sem o querei; da honra de o chamarem santo, pois a sua existência era verdadeiramente santificada por sacr[ficios, j ejuns e abstinências ".
25 N/\T/\L DE NOSSO SEN IIOR JESUS CRJ STO
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São Pedro Ca nísio, Confessor e Douto1· da Igreja
Santo Estêvão, Protornárti1·
+ Friburgo, 1597. Discípulo de Santo Inácio, notabilizou-se pela eficácia com que combateu, pela palavra e por escritos, a heresia protestante, especialmente entre os povos de língua alemã. Graças a ele a Renânia e a Áustria permaneceram católicas.
+ Jerusalém, séc. I. Um dos sete primeiros diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. Segundo os Atos dos Apóstolos, "fazia prodígios e grandes sinais entre o povo ". Não podendo suportar sua atuação , membros da sinagoga alegaram que e le blasfemava, e o lapidaram.
representou a humanidade ao receber, junto à Cruz, Nossa Senhora como Mãe . Foi o Evangelista por excelência da divindade de Cristo. Perseguido pelo imperador Domiciano, foi levado a Roma e mergulhado num tacho de azeite fervente , de onde saiu rejuvenescido. Foi então condenado a trabalhos forçados na ilha de Patmos, onde permaneceu por 30 anos e escreveu o Apocalipse. Com a morte de seu perseg uidor voltou a Éfeso, onde residia, tendo escrito então, a pedido dos fiéis , seu Evangelho e três epístolas, para refutar as heresias nascentes que negavam principalmente a divindade de Nosso Senhor, bem como pregar o amor entre os cristãos.
28 l?l~STA DOS SANTOS INOCENTES, MÁRTIRES
Intenções para a Santa Missa em dezembro Será ce lebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas segu intes intenções: • Pelos méritos infinitos do nascimento do Divino Menino Jesus, rezaremos especialmente pelos leitores de Catolicismo e respectivas famíl ias, bem como por todos aqueles que nos apoiaram ao longo deste ano, para que Ele conceda um Santo Natal a todos e abundantes graças para o Ano Novo. Orações que e levaremos ao Céu por intermédio da Santíssima Virgem, cu ja Imacu lada Conceição é celebrada no dia 8 de dezembro.
29 SAGRADA FAMÍLIA JESUS, MARIA E JOSÉ
~JO Santo Anísio, Bispo e Confessor
+ Macedônia, 407. Discípulo de Santo Ascólio e seu sucessor na Sé de Tessalônica, foi nomeado Vigário Pontifical na llíria por São Dâmaso e seus sucessores.
31 São Silvestre 1, Papa e Confessor
+ Roma, 335. Foi dos primeiros santos não-mártires que recebeu culto público. Sob seu pontificado a l.grej a começou a sair das catacumbas e a construir basílicas magníficas. Iniciou a série de Papas-reis, como fundador dos Estados Pontifícios.
Intenções para a San ta Missa em janeiro • Missa pelas intenções dos assinantes, leitores e colaboradores de Catolicismo, a fim de que, neste novo ano que se inicia, seus lares se jam especia lmente proteg idos pela Sagrada Família, para serem preservados do pecado, da violência, do desemprego e das drogas - males que flagelam gravemente nossos con temporâneos.
FRANKFURT
Feira Internacional do Livro P articipação do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, Editora Petrus e
TFP alemã na Feira do Livro [!I NELSON
S
R.
FRAGELLI
e a F'..eira Internacional do Livro, realizada em Frankfurtam-Main (Alemanha), não é a mais antiga das exposições de livros, ela é a maior do mundo. A cidade de Mainz, a poucos quilômetros de Frankfurt, foi o local onde Gutenberg inventou a imprensa. De lá saíram os primeiros livros impressos de modo mecânico. Guerras e outras vicissitudes interromperam momentaneamente a feira, mas desde então ela não deixou de se realizar. Neste ano, o convidado de honra foi o Brasil. Editoras nacionais se esforçaram para mostrar o que leem os brasileiros. Entre 9 e 13 de outubro a Feira do Livro foi visitada por 276.000 pessoas, metade das quais eram profissionais. A li :;; trocam-se ideias, informa-se a respeito das novidades, dos j temas preferidos, das atividades editoriais. Provenientes de ~ .5; 11O países, cerca de 7.300 editoras se fizeram representar. O ;,; Brasil mostrou em numerosos stands sua literatura, história, & cu linária e seus aspectos paisagísticos. Entre os expositores de obras em língua alemã encontravaO Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, a Editora Petrus se - como em todas as anteriores Feiras do Livro - o stand e a TFP alemã estiveram presentes. Expuseram livros reda Sociedade Alemã pela Civilização Cristã, dirigida pelo jolacionados a problemas candentes da atualidade, como as vem Mathias von Gersdorff, em colaboração com a Sociedade investidas do governo contra a propriedade privada através da Alemã de Defesa da Tradição Família e Propriedade. Von "questão quilombola", do chamado "trabalho escravo" e do Gersdorff promoveu a campanha Kinder in Gefahr (Crianças ambiental ismo, bem como obras de caráter religioso. Foram em perigo), a qual adverte, especialmente as famílias, aresapresentadas em conferências bilíngues as obras Psicose peito da crescente incitação sexual na infância, através de ambientalista, do Príncipe da Casa Imperial do Brasil, Dom programas escolares. Nesse stand acorre, entre outros, um Bertrand de Orleans e Bragança; Agricultura - atividade de público já fidelizado, desejoso de encontrar esse autor de alto risco, de Nelson Ramos Barretto e Paulo Henrique Charenovadas campanhas orientadoras de uma educação baseada ves; A revolução quilombola, de Nelson R. Barretto. em princípios católicos. Foi consolador encontrar expositores remando contra a Grave incidente corrente dita "moderna". No stand do Instituto PLinio Corrêa de Oliveira atraía especialmente a atenção o livro Psicose Brasília também enviou representantes à Feira do Livro Ambientalista, que denuncia a política ecológica brasileira, de Frankfurt uma vez que o Brasil era, neste ano, o convidamovida por motivos ideológicos, com o objetivo de enfrado de honra. Na sessão de abertura, o escritor Luís Ruffato quecer o direito de propriedade, estabelecendo uma política leu seu discurso como primeiro orador. Em seguida falou o socia l de esq uerda. As medidas eco lógicas fundam-se em vice-presidente da República, Michel Temer, e a presidente da geral sobre falsidades e exageros. Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado. Ruffato,
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CATOLICISMO
em estilo petista eivado de rancor, denegriu a formação da nacionalidade brasileira, apresentando uma falsa imagem de nossa Pátria. Não houve a quem suas fabu lações anárquicas não escandalizassem, até mesmo entre próceres do revisionismo histórico. O Instituto Plínio Corrêa de Oliveira não poderia deixar de replicar àque le escritor. Distribuiu aos jornalistas presentes um comunicado de imprensa protestando firmemente contra a inqualificável exposição. ''O orador - diz o comunicado abusou da boa vontade do público alemão, pois esse discurso jamais poderia ter sido pronunciado em terras brasileiras. [ .. .} Ruffato aproveitou-se da compreensão do povo alemão num momento de congraçamento de sua amizade. Mas este grande povo não se deixa iludir por uma retórica que ele tão bem conheceu e que era a oratória p erpassada de ódio dos líderes de Pankow. Ela os atormentou nos tempos em que outros alemães, seus irmãos ou seus pais, divididos por um Muro, gemiam sob implacável ditadura. "Segundo Ruffato 'Nascemos sob a égide do genocídio [ .. .} a assimilação (nacional) se deu através do estupro das
nativas e negras p elos brancos colonizadores '. A afirmação finge desconhecer a dedicação portuguesa à formação da nacionalidade, trazendo para a Terra de Santa Cruz instituições e costumes de uma nação heroica e profundamente cristã. O orador passa sob silêncio os ingentes esforços dos bravos jesuítas cujo trabalho junto aos selvagens abriu-lhes as portas da civilização europeia - superior a todas as outras. " Em entrevista à Estação Centra l de Frankfurt, Ruffato não ocultou seu desagrado: "Até a TFP (Tradição, Família e Propriedade) soltou aqui nota, em alemão, muito agressiva, falando que sou comunista, que estou incentivando a luta de classes. Como se tivesse de incentivar alguma coisa. Enfim, acho que, de certa maneira, infelizmente, tanto a esquerda quanto a direita estão desfavoráveis a mim. " Além de visitantes portugueses ao stand do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, procurando o texto do comunicado de imprensa, também o jornal alemão "Junge Freiheit", em sua edição de 23 de outubro, noticiou de modo simpático essa tomada de posição do Instituto. • E- mail para o autor: cato licis mo@terra.com.br
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Delegação internacional de TFPs visita a Lituânia
20 anos de presença no país 11 RENATO M URTA DE V ASCO NCELOS.
m 1990, por ini ciati va do Prof. Plínio Corrêa de Oli ve ira, a TF P brasileira e entidades co irm ãs de uma dezena de países organizaram um abaixo-ass inado mundi al apoiand o a declaração de independência da Lituânia face à Rúss ia sov iética. Decorridos 23 anos, os di as e os lances glori osos dessa ca mpanha - que representou um estímulo inestimável aos patriotas lituanos em seu corajoso levante contra o colosso comunista - já caíram no Ocidente num esquec imento compl eto. Na Lituâni a, entretanto, o engaj amento idea li sta ini ciado por Plín io Corrêa de Oli ve ira em prol de sua liberdade mantém-se ainda vivo duas décadas depois. Em virtude di sso, desde 1993 TF P da E uropa tê m sid o reiteradamente co nvid adas a visita r o pequeno e valoroso país bá lti co. Ass im , todos os anos, na úl tima semana de agosto, uma delegação co mposta por membros de di versas Tf Ps parti cipa de atos cív icos e reli giosos que co meçam no dia 23 do mesmo mês, data em que se recorda a assinatura do om inoso pacto Ri bbentrop-Molotov, responsáve l pela entrega dos países bálticos, pouco antes da ec losão da li Guerra Mundial, ao imperiali smo comuni sta. A delegação das TF Ps aproveita a oportunidade para tomar contato com autoridades ec lesiásti cas, políticas e o povo li tuano. Em 20 13, a de legação esteve na Li tuâni a entre os dias 23 e 30 de agosto. Compuseram-na representantes de TF Ps e orga ni zações irm ãs da Alemanh a,
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CATOLI C I SMO
Franca, Itália, Portuga l, Polôni a, Bras il e ami gos da Bielo-Rússia. A peregrinação ao Santu ári o mari ano de Siluva, pequ ena loca lidade onde Nossa Senh ora apareceu a dois pastores no ano de 1608, quando o país se encontrava praticamente dominado pelos protesta ntes ca lvinistas, e que representou o marco de seu retorno ao seio da Santa Igreja Católica, é um dos atos religiosos mais importantes e signifi cati vos de que a delegação participa todos os an os. Neste ano a peregrinação se reali zou no domingo, di a 25 de agosto. fni ciada em 1973 , ainda sob a dominação sov iéti ca, ela recorda o longo período de agruras ~ e persegui ções, agradecendo a Deus a ~ libertação da pátri a e da Igreja Católica ~ na Li tuâni a. ~> .,: Na ocas ião, membros da delegação ~ de TFPs da Europa - que portavam a ~ sua característi ca capa vermelh a com o escudo dourado do leão rompante quarta maior do país, foram recordados tiv era m a oportunid ade de di stribuir os bravos católicos que caíram em demilh ares de ca lendári os de 201 4, sob fesa da Igreja, bem como os milhares o tema A TFP e a Lituânia, com textos de co mb atentes anti co muni stas qu e alu sivos à campanha de co leta de as- morreram na luta contra o comunismo, sinaturas e às viciss itudes da luta pela praticamente cem anos mai s tarde. independência. Na ocas ião fez uso da pal avra, entre outros oradores, o chefe da delegação, * * * que fa lou sobre a cri se moral que tem atingido o mundo inteiro - inclusive a Co me morara m-se também ago ra Lituânia - , muito mais insidiosa do que os 150 anos do leva nte contra o regime o avanço brutal do comunismo, e da necza ri sta, sob cuj a dominação o país se cess idade de se lhe opor uma res istência encontrava . Ta l regime persegui a fo rte- efi caz. Fazendo menção às palavras de mente os cató li cos e tentava implantar admoestação da Santíssima Virgem no na reg ião báltica a igreja soi-disant ano de 19 17 em Po1tugal, e apontando ortodoxa de Moscou. Nu ma cerimôni a para a cópia da imagem peregrina intercívica rea li zada na Praça dos Insurgen- nacional de Nossa Senhora de Fátima, tes, no centro da ci dade de Siauli ai, a portada num andor por quatro membros
da delegação, relembrou que sem ajuda de Maria Santíssima será impossível levar a cabo qualquer reação eficaz e duradoura. Ao final da cerimônia uma proci ssão conduziu a imagem de Nossa Senhora de Fatima à catedral, onde Dom Eugêni o Bartulis, bispo de Siauliai, celebrou a Santa Missa. No sermão, Dom Bartulis agradeceu o empenho realizado pela TFP na libertação da Lituânia e discorreu sobre a impottância dos princípios da tradição, família e propri edade como pilares da civilização cristã.
ção a anti ga Presidente do Parl amento, Sra. lrena Deguti ene, e o ex-Primeiro Ministro, Sr. Andrius Kubilius. Durante um almoço no restaurante do Parlamento os membros da delegação tiveram ocas ião de conversar longamente com um grupo de jovens conservadores interessados em travar contacto com a longa experi ência das TFPs em seus confrontos ideo lóg icos com a revo lução cultural em seus respectivos países. A delegação das TFPs teve ainda oportunidade de vi sitar diversas localidades da Lituânia, grandes e pequenas . Esteve na lgreja da Ressurreição, de Kaunas, onde foi recebida calorosamente por Mons. Vytautas Gri garav icius. Nessa mesma cidade, a segunda do país, vi sitou ainda um dos maiores compl exos hospitalares li tuanos, cujo diretor lhes dirigiu palavras amáveis de agradec imento pelo empenho da entidade em prol da liberdade e da difusão dos princípios cató licos através de livros e outras publicações. O Instituto pró-Civilização Cristã, orga ni zação lituana co irm ã de TFPs, já publi cou livros em defesa da fa mília e do matrimônio cristão, como Em defesa de uma lei superior, obra que expõe a posição do ensinamento católico face ao problema do homossexuali smo. E se prepara agora para publicar em lituano Re volução e Contra- Revolução - obra-mestra do Prof. Plínio Correa de Oliveira. *
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No último dia de sua estadia a delegação das TFPs visitou a capital Vilnius, tendo sido recebida no Parl amento pelo deputado do Partido conservador Prof. Kestuti s Masiulis (ver entrevista especial para Catolicismo na edição anterior), que pôde discorrer longamente sobre a situação reli giosa de seu país, bem corno explicar aspectos sociopolíticos de relevância da Lituânia de hoje. Vieram também cumprimentar a delega-
Há 20 anos, em 1993 , quando a primeira caravana de TFPs participou de mani festações cívicas e reli gio as naquela nação bálti ca, numerosos lituanos - a começar pelo saudoso e pranteado Cardeal Vincentas Sladkev icius - nos pediram que não nos esq uecêssemos de seu país. Desde então, TFPs nunca deixaram de envi ar todos os anos uma delegação à Lituânia. E continuará a fazê-lo nos anos vindouros. • E-m ail para o autor: catolic ismo@terra .com.br
DEZEMBRO 2013
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Congresso Conservador na Polônia g LEONARD PRZYBYSZ
o ensolarado dia 5 de outubro, nas belas dependências do castelo Real de Niepolomice, em Cracóvia (Polônia), por iniciativa da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga, realizou-se o 10º Congresso Conservador, sob o interessante tema: Os católicos na viragem da História. O evento reuniu aproximadamente 200 pessoas provenientes de vários pontos do país. Considerando a crescente desorientação reinante nos meios católicos diante da avassaladora crise de valores e de princípios que atualmente presenciamos, compreende-se o interesse que a temática despertou entre os participantes. Abriu o congresso Slawomir Olejniczak, presidente da Associação Padre Piotr Skarga, fazendo um diagnóstico do atual estado da civilização ocidental. A cargo do historiador Grzegorz Kucharczyk, professor do Instituto de História da Academia Polonesa de Ciências e da Universidade Adam Mickiewicz de Poznan, foi desenvolvida a temática A queda do Império Romano - analogias com nossos dias. Guido Vignelli, da revista Radiei Christiane (Itália), discorreu sobre o Apogeu da descristianização do mundo de hoje. Afirmou o conferencista que o processo revolucionário na Europa não teria obtido tanto sucesso se não contasse com a legislação da União Europeia. Para deter a crise atual é necessário realizar uma contra-revolução espiritual, moral e política. A primeira condição para isso é a recuperação, por parte da Igreja Católica, da posição que ela detinha no passado durante vários séculos. Valdis Gristeins, conhecido colaborador de Catolicismo , desenvolveu o abrangente tema A visão católica da História . Afirmou o expositor que, contrariamente às tendências atuais - segundo as quais a Revelação é reduzida unicamente a uma coleção de informações históricas sujeitas a uma análise crítica - o católico deve considerar a História da humanidade segundo a perspectiva da Criação e da História da Salvação. Por fim, Luís Dufaur, representando o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, encerrou a série de conferências discorrendo sobre a transcendente questão: A vitória virá por meio de Maria - catástrofe da civilização, chance do renascimento. O palestrante destacou a necessidade de nos voltarmos para a Virgem Santíssima nos momentos de cansaço e de dúvida, lembrando-nos de suas grandiosas promessas em Fátima. Como nos anos anteriores, o evento foi encerrado com um belo concerto de música clássica e um solene e animado jantar. Alguns participantes só lamentaram que tenha sido de apenas um dia ... •
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E-mail para o autor: cat olicismo@terra com br
CATOLICISMO
Estados Unidos: recitação do Rosário em 11 mil locais públicos! 11 FRANCISCO JOSÉ SAIDL
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ecitai o rosário diariamente " foi o pedido de Nossa Senhora em Fátima há quase um século. Este apelo da Virgem Santíssima continua a ecoar nos Estados Unidos. Por iniciativa da Campanha América Necessita de Fátima, da TFP norte-americana, fiéis de todo o país se reúnem em número crescente desde 2007, para recitar o Rosário em logradouros públicos. Neste ano a cifra de rallies (reuniões) atingiu exatamente J 1.247 locais! A data escolllida para esse significativo evento é o sábado mais próximo do dia 13 de outubro. Neste ano, portanto, realizou-se no dia 12. O número total de participantes foi superior a 100 mil pessoas. Na semana anterior aos rallies, a costa leste americana foi fortemente atingida por ch uvas torrenciais que, segundo faziam prever alguns boletins meteorológicos, poderiam se estender até o final de semana. Entretanto, na manhã daquele sábado a chuva cessou, não apenas em Nova York, mas também em estados vizinhos, apresentando um céu azu l e temperatura outonal amena. Na 5". Avenida da cidade de Nova York reuniu-se grande número de cooperadores da TFP americana, da Academia São Luís de Montfort e mais de uma centena de convidados. Uma cópia da imagem peregrina de Nossa Senhora Fátima presidiu solenemente o evento. A curiosidade dos passantes era enorme. Muitos se detinham, fotografavam ou filmavam , enquanto outros pediam informações. "- Esta imagem irá depois para a catedral?", perguntou uma senhora
mexicana, nas adjacências da Catedral de São Patrício. Um cooperador da TFP prontamente lhe respondeu: "Seria ótimo que fosse, senhora, mas não está no programa. A.finalidade deste encontro é recitar o Rosário em lugares públicos; rezaremos aqui mesmo na calçada. A senhora sabe que muita gente vai à igreja, mas depois leva uma vida que não condiz com a sua condição de católico. O ateísmo prático é o grande mal de nossos dias. Portanto, nós queremos levar esta devoção aos locais públicos. " Da cidade de Cincinatti, Ohio, nos informaram: "Mais de 400 pessoas juntaram-se a nós no Fountain Square, que é o coração da área metropolitana de Cincinnati. Nossa Cruzada do Rosário contou com a presença de Cavaleiros de Colombo, de Dom Joseph Binze1; Bispo Auxiliar de Cincinnati, acompanhado
de dois sacerdotes. Além da excelente homilia mariana, o prelado rezou os mistérios dolorosos do Rosário e a ladainha da Santíssima Virgem Maria. " A Sociedade Canadense de Defesa da Civilização Cristã, com sede em Montreal, quis associar-se a essa manifestação de piedade e elevar suas as preces à Virgem do Rosário de Fátima por aquela nação vizinha, também muito necessitada de orações. Uma delegação da TFP americana partiu para Portugal, a fim de depositar 15 mil rosas no local das aparições de Fátima. As rosas foram ali co locadas em nome de cada um dos líderes que organizaram os rallies, bem como de outros fiéis que desejaram homenagear Nossa Senhora nessa data. Também um número significativo de velas foi levado a Fátima pela mesma de legação. • E- ma il para o autor: catolicisrno@terra.corn .br
DEZEMBRO 2013
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Congresso de Correspondentes e Simpatizantes da TFP norte-americana ,1 FRANCISCO JOSÉ SAIDL
encontro anual de Correspondentes e Simpatizantes da TFP norte-americana, que se realiza anualmente na última semana de outubro, caracterizou-se no ano de 2012 pela perspectiva que se abria para o livro a ser lançado poucos meses depois: RETURN TO ORDER. Uma análise da importância desta obra de autoria de John Horvat, que já alcança a cifra de LO mil exemplares divu lgados, ocupou todos os dias daquele encontro. Se no encontro do último ano foi o preview do referido livro, neste ano foi o seu view, como um dos organizadores qualificou os temas a serem abordados. Duas centenas de pessoas de ambos os sexos, idades muito variada e vindas dos mais diversos estados da Federação, incluindo o longínquo Hawai, reuniramse para ouvir e debater questões em torno do tema do retorno à ordem em face da crise contemporânea, comp lexa demais para se red uzir a um problema econômico. Fruto de 20 anos de preparação e pesquisas, com mais de dez mil horas de estudos, John Horvat traçou con sid erações em torno do livro de sua autoria : RETORNO À ORDEM: de uma economia frenética a uma societüule orgânica - onde estivemos, como chegamos aqui e para onde devemos ir. O evento iniciou-se com um jantar se rvido na tarde do dia 25 de outubro. Nos doi s dias sucess ivos houve cinco reuniões di árias, e no domingo, Missa so lene no rito tridentino na igreja do Imacul ado Coração de Maria, na cidade de York.
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CATOLICISMO
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Resumimos a seguir os tópicos abordados por alguns conferencistas: Sr. Mathias Von Gersdorf, diretor da TFP alemã, conv idado especial , di ssertou sobre a Cultura da Intemperança, traçando a história da cultura popular e ias modificações drásticas provocadas pela Revolução [ndustrial , destacando o papel dos meios de comunicação na extensão de uma cultura perigosa que levou à massificação global. O jovem James Bascom, um dos dirigentes da Ação Estudantil da TFP, discorreu sobre a Sociedade Orgânica,
citou numerosos exemplos e enumerou os princípios que a regem. Ao Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança coube a tarefa de di rigir as palavras finais, após o banquete em estilo medieval. Sua Alteza ressaltou que o caminho de retorno a uma sociedade cristã orgânica nos Estados Unidos não será fáci l e parece impossível. Entretanto, vemos coisas aparentemente impossíveis que se rea lizam, como por exemplo a recente recitação pública de mais de 11 mil rosários em todo o País, por iniciativa da campanha A América necessita de Fátima . • E-mail para o autor: catoli ci 111o@tcrra.co111.b1:
São Boaventura: Prodígios ocorridos no dia do nascimento do Menino Jesus* eus libertou sua cidade no dia de hoje, rpanifestando sua majestade ao povo pecador, ' não só fazendo nascer o Filho, mas também decorando e adornando com seus milagres o dia, a hora e o tempo da Natividade. Estes são, segundo diversas descrições, os milagres manifestados ao povo pecador no dia do nascimento de Cristo: 1º) Uma estrela brilhantíssima ªRareceu no céu, do lad? do oriente, na qual se via a figura de um be· (íssimo menino, em cuja cabeça refulgia uma cruz, para manifestar que nascia Aquele que vinha iluminar o mundo com sua doutrina, sua vida e sua morte. 2°) Em Roma, ao meio-dia, apareceu sobre o Capitólio, junto ao so l, um círcu lo dourado - visto pelo Tmperador e pela Sibi la - , tendo ao centro uma virgem belíssima, portando um menino, a fim de manifestar que Aquele que nascia era o rei do mundo, que se dava a conhecer como o esplendor da glória do Pai e exteriorização de sua própria substância. Vendo esse sinal, o prudente imperador ofereceu incenso ao menino, e recusou desde então ser chamado deus. 3°) Em Roma desmoronou o templo da paz, a respeito do qual , ao ser construído, os demônios se perguntavam quanto tempo duraria; tendo-lhes sido respondido: até o momento em que uma virgem dê à luz, como sinal de que nascia Aquele que haveria de destruir os temp los e as obras pagãs. 4°) Em Roma uma fonte de azeite de oli veira irrompeu e fluiu abundantemente, por muito tempo, até o Tibre, para ficar patente haver nascido a fonte da piedade e da misericórdia. 5°) Na noite da Natividade, as vinhas de Engadda, que produzem bálsamo, floresceram, cobriram-se de folhas e produziram licor, para significar que nascia Aquele que faria o mundo florescer, reverdecer e frutificar espiritualmente, e atrair com seus odores o mundo inteiro.
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6º) Cerca de trinta mil rebeldes foram mortos pelo imperador, a fim de manifestar o nascimento d' Aquele que sujeitaria o mundo inteiro à sua fé e arremessaria os rebeldes no inferno. 7°) Todos os sodomitas, homens e mulheres, morreram por toda a Terra, conforme disse Jerônimo, comentando aquele Salmo: "A luz nasceu para o justo", para evidenciar que Aquele que nascia vinha reformar a natureza e promover a castidade. 8°) Na Judéia um animal emitiu palavras, para que se compreendesse que nascia Aquele que aos bestiais transformaria em racionais. 9º) No momento em que a Virgem deu à luz, todos os ídolos do Egito se espatifaram, segundo o sinal que Jeremias dera aos egípcios quando esteve entre eles, para que se entendesse que nascia Aquele que era verdadeiro Deus, único a ser adorado com o Pai e o Espírito Santo. 10°) Logo que o Menino nasceu e foi reclinado no presépio, um boi e um asno ajoelharam-se e, como se fossem dotados de razão, O adoraram, para que se compreendesse que nascia Aquele que a seu culto chamava o povo judeu e os gentios. 11 º) Todo o mundo gozou da paz e se ordenou, para que ficasse manifesto que nascia Aquele que amaria e promoveria a paz universal e os seus eleitos marcaria para a eternidade. 12º) No Oriente três sóis apareceram , e aos poucos se transformaram em um só corpo solar, pelo que se mostrava que se aproximava do mundo o conhecimento da unidade e trindade de Deus, e também que a Divindade, a Alma e a Carne em uma só Pessoa convergiram. Por todos esses milagres nossa alma deve bendizer a Deus e venerá-Lo, porque nos libertou, e sua majestade - com tão grandes milagres - se manifestou a nós, povo pecador. •
* Sermão pronunciado por São Boaventura (século XIII) na igreja de Santa Maria de Porciúncula (Itália), Obras Completas, in Natividade Domini, Sermão XX 1. Tradução portuguesa do orig inal latino da edição dos Padres do Colégio São Boaventura, 1901 .
DEZEMBRO 2013 -
A MBIENTES C OSTUMES CIVILIZAÇÕES