Catolicismo, N° 837, Setembro de 2020 - Ano LXX

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Nº 837 – Setembro de 2020 – Ano LXX


E XC E R TO S

O MÍTICO CEDRO DO LÍBANO O Líbano, país que é vítima de um processo revolucionário de destruição, foi enaltecido por Plinio Corrêa de Oliveira a propósito dos seus legendários cedros.

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Plinio Corrêa de Oliveira

levei-me como o cedro do Líbano (Ecl. 24, 17) – Esta passagem do Livro Sagrado é aplicada a Nossa Senhora. Certas pessoas lembram tal ou qual tipo de árvore; e algumas, como a Santíssima Virgem, podem lembrar mais os cedros do Líbano. A frase tem muita poesia e beleza, sobretudo quando a sabemos relacionada com Aquela que foi escolhida para ser a Mãe de Deus. Com base nas lições da arquetipia, podemos imaginar um cedro mítico, com a altura perfeita para um cedro, alteando-se numa montanha mítica do Líbano. Pode-se imaginar esse cedro com uma imponência e candura absolutas. O Líbano aparece como o padrão de todas as montanhas. Mesmo sabendo-se que o Himalaia é muito mais alto, somos percorridos por uma emoção e podemos preferir as legendárias montanhas do Líbano. Podemos imaginar o cedro do Líbano de vários modos: uma mocinha poderia imaginar um cedro gracioso;

um homem adulto poderia imaginar um cedro carolíngio, algo como um Carlos Magno das árvores; e ainda vários outros cedros sumamente aristocráticos e majestosos, tanto como as maiores árvores. Quando vi o verdadeiro cedro, não tive nenhuma decepção. Na linha das árvores classificadas como coníferas, pareceu-me que aquele poderia ser um invólucro do outro cedro que eu imaginara antes de conhecê-lo. Analogicamente, Nossa Senhora deve ter algo parecido com o cedro do Líbano, sobretudo por ter dado sua aquiescência para seu Filho ser imolado a fim de redimir o gênero humano. Além da analogia com o cedro do Líbano, por outros motivos Ela poderia também ser comparada a outros tipos de árvores, à rosa de Jericó, a pedras, a rios etc. São analogias que envolvem mistérios, como o cedro envolve um mistério. No fundo, de algum modo tudo é reflexo d’Ela, que é a síntese e modelo de tudo. n Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 16 de junho de 1977. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

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SUMÁRIO

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2 EXCERTOS

42 SANTOS E FESTAS DO MÊS

4 EDITORIAL

44 VIDAS DE SANTOS 750 anos da morte de São Luís IX, o santo rei da França

5 PÁGINA MARIANA Trasladação da Santa Casa de Nazaré para Loreto – Ano Santo

49 AÇÃO CONTRA-REVOLUCIONÁRIA 52 AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES Pão de Açúcar, fonte natural de inspiração para o povo brasileiro

10 DESTAQUE Carta aberta do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira à CNBB 14 CORRESPONDÊNCIA 16 REALIDADE CONCISAMENTE

N O S S A C A PA

18 INTERNACIONAL Agenda LGBT na Itália – ameaça de caráter ditatorial 22 VARIEDADES A flecha de Notre-Dame deverá ser restaurada como era antes do incêndio 26 CAPA Novo recorde do agronegócio, apesar da pandemia e dos ecologistas

Agronegócio no Paraná – Brasil 61 / Foto: Antonio Costa

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EDITORIAL DIRETOR:

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Fausto Jorge Borsato JORNALISTA RESPONSÁVEL:

á uma agenda mundial dos ecologistas radicais para difamar o agronegócio no Brasil. Apesar dessa mobilização tendenciosa e desleal, nossa produção agropecuária continua de vento em popa. Malgrado os efeitos da atual pandemia, a safra de grãos 2019/2020 bateu novo recorde, atingindo 252 milhões de toneladas. A inquisição ambiental dos ecologistas — verdes por fora, vermelhos por dentro — com o apoio inescrupuloso de certa mídia nacional e internacional, parece ter a intenção de impedir o sadio aproveitamento e desenvolvimento de nossas terras. Espalham boatos como o desaparecimento da floresta amazônica, debitando-o a incêndios e desmatamento generalizados, e nos atribuem a culpa pelo aquecimento global, nunca honestamente comprovado. Qual o objetivo real dessa campanha difamatória? Seria útil para eles denegrir a imagem do Brasil no exterior e desvalorizar nossos produtos no mercado internacional? Estaria isso vinculado a alguma palavra de ordem ditatorial, com vistas ao ‘novo normal’ dentro da propalada e marxista ‘nova ordem mundial’? Qual a relação disso com a anunciada implantação da tecnologia 5G, que pode vir acompanhada de uma verdadeira tirania virtual? Essas e outras candentes questões são desenvolvidas e esclarecidas na matéria de capa desta edição, redigida pelo Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, juntamente com três jornalistas colaboradores de Catolicismo. Os autores mostram, por exemplo, que o Brasil preserva 70% de suas florestas; que o agronegócio brasileiro planta em apenas 9% do território; a pecuária ocupa apenas outros 16%; com somente esses 25%, estamos alimentando 1,5 bilhão de pessoas no mundo inteiro, e logo passaremos a alimentar dois bilhões; e a produtividade do País tem aumentado sem ampliar significativamente a área cultivada. Numa constatação fácil de entender, mas difícil de comprovar, o agronegócio brasileiro parece estar imune à ação do coronavírus. Não só por termos atingido novo recorde real — enquanto a indústria e o comércio estiveram paralisados pela pandemia —, mas também pelo provável índice de mortes menor que nas outras atividades produtivas, um dado que as estatísticas não apresentam, mas o bom senso indica. Os esclarecimentos desse importante estudo clamam pela nossa gratidão a Deus, por nos ter favorecido com um território de dimensões continentais, tão fértil e tão rico. Nossa Terra de Santa Cruz caminha assim, de acordo com os planos e a proteção do Cristo Redentor, para se tornar uma potência não apenas material, mas sobretudo espiritual, influenciando o mundo agora e nos séculos futuros. 4

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Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 ADMINISTRAÇÃO:

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CATOLICISMO

Publicação mensal da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda.


PÁ G I N A M A R I A N A

SANTA CASA DE LORETO A TRASLADAÇÃO ANGÉLICA

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á 100 anos, em 24 de março de 1920, o Papa Bento XV proclamou Nossa Senhora de Loreto Padroeira dos Aeronautas. Para comemorar esse centenário, iniciou-se em 8 de dezembro de 2019 um Jubileu Lauretano para os viajantes de avião, militares e civis, bem como para fiéis do mundo inteiro que visitarem a Santa Casa de Loreto (Itália). O Ano Santo, durante o qual se pode receber a indulgência plenária, se encerrará em 10 de dezembro de 2021. O bispo de Loreto, Dom Fabio Dal Cin, lembrou que “a indulgência plenária de ano jubilar incentivará os fiéis que atravessarão a Porta Santa a pedir o dom da conversão a Deus e a reviver sua devoção filial Àquele que nos protege nas viagens aéreas”. Quase concomitantemente com o anúncio do Jubileu, a Congregação para o Culto Divino introduziu em 7 de outubro de 2019 a Memória facultativa de Nossa Senhora de Loreto no Calendário Romano Geral, a ser celebrada em 10 de dezembro. Mas omitiu-se totalmente qualquer referência à trasladação milagrosa da Santa Casa; e também não se enfatizou que, ao longo dos séculos, precisamente esse fato miraculoso está no cerne da veneração dos fiéis. Formulações assim, insuficientes, ambíguas ou contraditórias, infelizmente tornaram-se típicas

Trasladação da casa de Maria para Loreto – Anônimo, primeira metade do séc. XVI.

em muitos membros da Hierarquia católica nas últimas décadas. Note-se também que Nossa Senhora de Loreto foi declarada Padroeira dos Aeronautas, mas esta é uma profissão que nem sequer existia quando se deu a traslada5

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ção da Santa Casa de Loreto (de 1291 a 1296, em várias etapas – Ver adiante). Vincula-se a escolha desse título de padroeira a um reconhecimento tácito da trasladação aérea miraculosa por meio dos anjos, pois não se justificaria se ela


tivesse sido trasladada por via marítima, graças à perícia de homens do mar. Além disso, a liturgia secular sempre celebrou a trasladação das paredes, e não da imagem de Nossa Senhora venerada em Loreto. Os textos escolhidos para a missa e o decreto do culto divino ignoram todos esses aspectos milagrosos.

Basílica da Anunciação, em Nazaré, lugar onde originalmente se encontrava a casa da Sagrada Família.

HISTÓRICO COMPROVADO DAS TRASLADAÇÕES Entre 9 e 10 de maio de 1291, quando se aproximava o fim da presença dos cruzados na Terra Santa, um acontecimento extraordinário ocorreu em Nazaré, na Palestina. Naquela noite desapareceu da Basílica da Anunciação uma preciosa relíquia, guardada ali durante séculos: a Santa Casa onde residira Nossa Senhora. Nela a Virgem Santíssima recebera o anúncio do arcanjo Gabriel e dera o seu consentimento (Fiat). O Verbo então se fez carne, iniciando-se assim a Redenção da humanidade. Quem fosse àquele vilarejo da Galiléia a partir de 10 de maio de 1291 não encontraria mais as três paredes que compunham o lar da Sagrada Família, ali presentes até o dia anterior. Eram apenas três paredes, porque a quarta correspondia ao fundo representado por uma pedreira, num tipo de construção comum na Palestina. As paredes reapareceram na manhã do mesmo dia na floresta de Tersatto (hoje um distrito da cidade de Rijeka, na Croácia). A partir de então, durante exatamente três anos, a famosa relíquia se tornou um destino de peregrinações e devoção. Na noite entre 9 e 10 de dezembro de 1294, a Santa Casa desapareceu milagrosamente de Tersatto, do mesmo modo como ali chegara. As três paredes, marcadas pela presença da Sagrada Família, chegaram depois à Itália na região das Marcas, território pertencente aos Estados Pontifícios. Historicamente, antes de chegar aonde é hoje venerada, sua presença foi confirmada em três lugares: em Ancona (na localidade de Posatora) e em Loreto, primeiro na planície (atual local de Banderuola); depois no campo de propriedade de dois irmãos (em frente ao atual santuário); e finalmente, em dezembro de 1296, instalou-se onde se encontra hoje. Segundo a tradição, imortalizada em inúmeras pinturas e esculturas, todas as trasladações mencionadas ocorreram milagrosamente pela ação de anjos.

Ninguém no mundo católico duvida de que se encontra em Loreto a Santa Casa de Nazaré. No entanto, há algumas décadas sua trasladação angélica foi infelizmente reduzida a uma mera lenda, difundida assim por eclesiásticos que se obstinam em seguir os passos maliciosos de protestantes, iluministas e modernistas. Seria crível o transporte das paredes sagradas ter ocorrido por meio de homens? Como explicar tanta troca de lugares? Muito estranho também seria operações assim, de si complexíssimas, não terem sido planejadas, executadas nem documentadas de nenhuma forma por ninguém. Teria sido tecnicamente possível enviar por navio, tantas vezes, pedras que depois se reorganizariam de modo perfeito? Por que colocar a Santa Casa numa via pública, sendo que a lei local proibia ali qualquer construção, sob pena de prisão? O arquiteto Federico Mannucci, em um documento de 1923, afirmou: “É absurdo pensar que a casa poderia ter sido transportada por meios mecânicos [...]. O que é surpreendente e extraordiná6

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Foto: Michael Gorre

Interior da Santa Casa de Loreto

rio é o edifício da Santa Casa permanecer inalterado, sem a menor sustentação e sem o menor dano às paredes; pois não possui fundação e está localizado em terreno sem consistência, dissolvido e sobrecarregado, ainda que parcialmente, com o peso da abóbada construída no lugar do telhado”. O arquiteto Giuseppe Sacconi afirmou que “a Casa Santa é parcialmente apoiada no final de uma estrada antiga e parcialmente suspensa acima da vala adjacente”, razão pela qual não pode ter sido construída ou reconstruída como está, no local onde se encontra. A TRADIÇÃO SUSTENTADA PELA CONSTRUÇÃO

Nossa Senhora e o Menino na Santa Casa de Loreto, anônimo, séc. XVII

Outro elemento comprobatório provém da técnica de construção. A argamassa com a qual as pedras 7

em Loreto são ligadas vem da Palestina na época de Jesus. Como compatibilizar esta evidência com uma reconstrução posterior a um eventual transporte por navio? Como seria possível também, após muitas mudanças e várias reconstruções, não ser alterada a geometria perfeita da Santa Casa, que combina inteiramente com as dimensões das fundações deixadas em Nazaré? O transporte humano da Santa Casa é uma mera hipótese, sem nenhuma prova, e serve apenas para minar a fé do peregrino, contradizendo séculos de estudos e demonstrações, além de numerosos pronunciamentos pontifícios e testemunhos de santos. Como geralmente acontece, a tradição da Igreja é muito mais confiável e “científica” do que a suposta modernidade dos progressistas católicos.

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Santuário da Santa Casa de Loreto, Itália.

BALUARTE NA LUTA CONTRA O ISLÃ E LUGAR DE MILAGRES

Foi entre aquelas paredes que São Luís Maria Grignion de Montfort teve a inspiração para escrever seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. De fato, que lugar haveria mais adequado para fazer a escolha de viver o cativeiro de amor por Nossa Senhora? Assim como Nosso Senhor, encarnado no ventre de Maria Santíssima, se tornou completamente dependente dela, também os católicos que fazem a consagração pregada por esse santo vandeano se entregam totalmente à Mãe de Deus.

Para conhecer com mais profundidade sobre a “questão lauretana”, recomendamos a leitura do livro O milagre da Santa Casa de Loreto, escrito pelo jornalista italiano Federico Catani (lançado recentemente em português pela Ambientes & Costumes Editora, São Paulo). A obra se destaca por seu rigor histórico sólido e convincente, tanto quanto pela riqueza do material iconográfico. É um excelente guia para quem, neste ano do Jubileu Lauretano, deseje conhecer melhor aquelas paredes onde a Virgem Mãe de Deus foi concebida imaculada e recebeu o anúncio do arcanjo Gabriel. O livro não apenas comprova a veracidade histórica das trasladações milagrosas da Santa Casa, como trata de toda a história do Santuário de Loreto e de seu papel essencial na história do cristianismo universal e na defesa da Europa; por exemplo, dos papas e dos generais que se voltaram para Nossa Senhora de Loreto antes de travar as batalhas mais decisivas da Cristandade contra o Islã: a de Lepanto (1571) e a de Viena (1683). Centenas de homens ilustres — reis, rainhas, santos, homens de letras, filósofos e músicos — foram como peregrinos a Loreto, onde milagres extraordinários de cura e conversão ocorreram e ainda ocorrem.

PRINCÍPIOS NÃO NEGOCIÁVEIS Nas páginas finais do livro, o autor afirma que a Santa Casa pode e deve ser vista pelos fiéis do terceiro milênio como o Santuário dos princípios não negociáveis, e também como ponto de referência para os desafios que nos aguardam no futuro próximo. Em Loreto, portanto, é possível encontrar a energia espiritual para combater, com especial vigor nestes tempos calamitosos, o bom combate em defesa de princípios inegociáveis: a sacralidade da vida inocente desde a concepção até a morte natural; a verdade antropológica do homem e da família; a intangibilidade do casamento como uma união fecunda sacramental e indissolúvel entre o homem e a mulher; e o direito prioritário dos pais de educar seus filhos. n 8

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Lançamento!

Temos em Loreto um milagre vivo que ainda suscita perguntas e curiosidades. Como se pode demonstrar que as três paredes são exatamente as da Casa da Sagrada Família? Como vieram elas de Nazaré para a Itália? Esse transporte foi obra dos anjos ou dos cruzados? A Casa veio diretamente para Loreto ou parou em algum outro lugar? O que dizer da importância do Santuário Lauretano na luta entre a Cristandade e o Islã? Que milagres aconteceram ali e que santos e personagens famosos a visitaram? Este livro pretende responder a

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essas interrogações e valorizar esse

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escrínio de história, fé e tradição que a Itália tem a graça de guardar.

Petrus Editora Ltda. Rua Javaés, 681 – 1o andar – Bairro Bom Retiro CEP 01130-010 – São Paulo-SP Fones: (11) 3331-4522 – 3331-4790 – 2843-9487 E-mail: petrus@livrariapetrus.com.br Visite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br 9 S E T E M B R O 2020


D E S TA Q U E

VIREM A PÁGINA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO! Carta aberta do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira ao Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil “Errar é humano, mas perseverar no erro por arrogância é diabólico” (Santo Agostinho)

volução marxista promovida pelos corifeus da Teologia da Libertação. Após o colapso da URSS, esses prelados — e outros da mesma corrente ideológica — se reciclaram com as utopias ambientalistas e indigenistas, e em outubro passado promoveram o escandaloso culto à pachamama nos jardins do Vaticano. Enquanto estavam na ativa e à frente das suas dioceses, esses prelados foram os mentores do Partido dos Trabalhadores (PT), seus maiores promotores, por meio das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), e seus principais aliados quando o partido conseguiu chegar ao poder e tentou implantar no Brasil o regime socialista com o qual sonhavam. Descontentes com o “aburguesamento” dos quadros do PT e sua demora em fazer as reformas estruturais que

EXCELÊNCIAS: CHEGOU A HORA DE VIRAR A PÁGINA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO! Segundo notícias de imprensa, o Conselho Permanente da CNBB irá discutir a “Carta ao Povo de Deus”, vazada para uma colunista da Folha de S. Paulo e assinada presumidamente por 152 bispos. A carta é um forte ataque ao atual Governo, com base muito mais em uma posição ideológica de esquerda do que na doutrina social da Igreja. Os primeiros nomes dos signatários, que se tornaram públicos, são representativos de uma corrente episcopal cuja doutrina claramente inspirou a redação do documento. São prelados de ascendência alemã, hoje aposentados, que vibraram na sua juventude com a re-

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a passagem para o socialismo necessitava, esses prelados aliaram-se ao MST e aos “movimentos populares”, que representavam a ala ardida da esquerda. Por meio da Pastoral da Terra, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e de outros organismos eclesiais, incentivaram e abençoaram as invasões de terras e de prédios urbanos, a destruição de campos de pesquisa científica, as greves e os distúrbios nas ruas, os arrastões e a impunidade para os criminosos, como meio de pressão política sobre a opinião pública nacional e sobre um Governo que, para eles, não estava sendo suficientemente radical em suas reformas. Mas esse desgosto não impediu esses prelados de manter seu apoio ao sistema petista quando este compensou a relativa lentidão na aplicação das reformas econômicas com uma radicalização apressada da agenda de corrupção dos costumes, mediante a legalização de alguns casos de aborto, o reconhecimento das uniões extraconjugais e de parceiros homossexuais, a paulatina introdução da ideologia de gênero na educação das crianças, o financiamento de expressões “artísticas” imorais e blasfemas etc. Por fim, quando explodiu o descontentamento da população pelo aparelhamento do Estado, promovido pelo PT, e pela instalação do maior sistema de corrupção financeira da história do Brasil e talvez da história da humanidade, esses prelados fizeram tudo que estava ao seu alcance para salvar esse Governo que eles julgavam ser o mal menor. Mas, acima de tudo, para evitar que a onda conservadora das ruas se traduzisse em um movimento de restauração moral em nosso País, apressando-se a retirar qualquer apoio religioso aos que se levantavam contra o processo de socialização do Brasil. Entretanto, a atuação militante dessa ala mais à esquerda do episcopado não impediu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a posterior eleição do Sr. Jair Bolsonaro à Presidência da República. Amargurados pela derrota eleitoral, incluindo o estrondoso fracasso do Sr. Boulos e das outras correntes da extrema esquerda com as quais esses prelados melhor se identificavam, ainda viram ser eleito, escolhido pela maioria dos brasileiros, um homem que representava o oposto ideológico do que defendiam.

Foto: Antônio Cruz / ABr

Dom Tomás Balduíno entra na catedral de Brasília com o MST (16-4-2004)

Diante do gradual desmantelamento dos fracassados assentamentos de Reforma Agrária, dos guetos indígenas, do combate à impunidade, esses Bispos, minoritários e aposentados, vociferam agora sua frustração, voltando-se raivosamente contra as autoridades federais com o pretexto da má condução da crise sanitária. Trata-se provavelmente de sua derradeira tentativa (que seria incongruente qualificar de canto de cisne), de persuadir o povo brasileiro da bondade de suas utopias, agora já nas vésperas de deixar o palco e passar a engrossar a longa série dos “iluminados” que fracassaram nessa missão de levar o Brasil para a esquerda. De tal maneira esses prelados derrotados estão cientes do abismo que os separa das aspirações da maioria da população brasileira que, na sua carta-vitupério, sequer tiveram a coragem de afirmar alto e bom som os princípios comunistas que os animam. Servindo-se de circunlóquios e de outras ginásticas verbais, procuraram exprimir seu pensamento: o Brasil seria uma “sociedade estruturalmente desigual, injusta e violenta”; o sistema do atual Governo colocaria no centro “a defesa intransigente dos interesses de uma ‘economia que mata’, 11

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centrada no mercado e no lucro a qualquer preço”; seu desprezo pela educação e a cultura ficaria visível “no desconhecimento e depreciação de processos pedagógicos e de importantes pensadores do Brasil” (não teria sido mais simples e transparente dizer “a ‘pedagogia dos oprimidos’ de Paulo Freire”?). O fanatismo ideológico desses prelados leva-os a ver o cisco no olho alheio e a não perceber a trave no próprio. “Até a religião é utilizada”, afirmam eles incautamente, “para manipular sentimentos e crenças, provocar divisões, difundir o ódio, criar tensões”, como se não fosse precisamente isso que fizeram durante décadas por meio das CEBs e das pastorais de apoio às atividades incendiárias dos movimentos ditos “populares”. Por terem sido esses prelados os responsáveis em promover, durante décadas, a luta de classes e o comunismo, são eles que se fazem merecedores da apóstrofe que dirigem ao presidente Bolsonaro e ao seu Governo: “Como não ficarmos indignados diante do uso do nome de Deus e de sua Santa Palavra, misturados a falas e posturas preconceituosas, que incitam ao ódio, ao invés de pregar o amor, para legitimar práticas que não condizem com o Reino de Deus e sua justiça?”. Na realidade, o que os bispos signatários da “Carta ao Povo de Deus” rejeitam é, sobretudo, o apoio que o Presidente Bolsonaro recebe de católicos conservadores, assim como de lideranças pentecostais que contam com um eleitorado também conservador nos costumes. Paradoxalmente, os principais responsáveis pela perda de fiéis católicos e pelo crescimento dessas igrejas pentecostais, tão atuantes na política, foram esses mesmos bispos da “esquerda católica”, que hoje se queixam do resultado de seus próprios desatinos. Os próprios protestantes não hesitam em reconhecer que seu crescimento exponencial se deu no período em que a corrente desses prelados, adeptos da Teologia da Libertação, dirigia a CNBB. Ao apoiarem o PT, o MST e outros movimentos de esquerda, conferindo um viés político às suas pastorais, esses bispos católicos desagradaram milhões de fiéis que, sentindo-se órfãos de uma verdadeira assistência religiosa, migraram para as seitas protestantes. Em 2001, o então líder da Convenção Batista do Brasil, o pastor Nilson Fanini, resumiu para a revista americana Time,1 em um comentário ao qual não falta uma nota de sarcasmo, como e por qual motivo isso se deu: “A Igreja Católica optou pelos pobres, mas

os pobres optaram pelos evangélicos”. Por quê? Simplesmente porque “essas pessoas estavam famintas de algo mais do que simplesmente comida; os evangélicos supriram melhor as necessidades emocionais e espirituais do povo”, afirmou para a mesma revista o Sr. Henrique Mafra Caldeira de Andrada, diretor do programa protestante no Instituto de Estudos Religiosos do Rio de Janeiro. Em nome da interpretação marxista da “opção preferencial pelos pobres”, feita pela Teologia da Libertação, as conferências episcopais da América Latina deram apoio à agenda revolucionária de esquerda. O resultado foi o abandono de milhões de almas, sobretudo das pessoas mais simples, nas mãos dos pastores protestantes. Um estudo do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) revelou, no fim dos anos 1990, que, já naqueles anos, 8.000 latino-americanos abandonavam a Igreja Católica por dia e passavam para os evangélicos!2 Em apenas quatro décadas — levando-se em conta o crescimento populacional do Brasil —, essa mal interpretada “opção preferencial pelos pobres”, de viés esquerdista, fez com que os protestantes ganhassem 30 milhões de adeptos e a Igreja Católica perdesse mais de 50 milhões de fiéis, para eles ou para as diversas seitas, ou até para a irreligião. Essa é a triste evidência dos fatos. Ela é uma prova flagrante de que foi por ter apoiado correntes revolucionárias e demagógicas que a Igreja Católica se desacreditou junto aos pobres e aos “excluídos”. Os mesmos “excluídos” que esses bispos “foice e martelo” dizem querer libertar! Em 1975, Plinio Corrêa de Oliveira, inspirador do Instituto que leva o seu nome, em carta a Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, lembrou que a população desse Estado, embora continuasse a frequentar os sacramentos e a encher as igrejas, não acompanhava o clero esquerdista na sua subversão. O que ele notava, àquela altura de nossa história, bem pode ser aplicado à situação atual. Dizia ele: “Atitudes como a dos signatários do documento de Itaici vão abrindo um fosso cada vez maior, não entre a Religião e o povo, mas entre o Episcopado paulista e o povo […]. A Hierarquia Eclesiástica, na própria medida em que se omite no combate à subversão comunista, vai se isolando no contexto nacional. E nos parece indispensável que alguém lhe diga que a subversão é profunda e inalteravelmente impopular entre nós, e que 12

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Já em 1975, Plinio Corrêa de Oliveira, em carta a Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, lembrou que a população desse Estado, embora continuasse a frequentar os sacramentos e a encher as igrejas, não acompanhava o clero esquerdista na sua subversão. O que ele notava, àquela altura de nossa história, bem pode ser aplicado à situação atual.

Quando os Srs. estudaram no seminário, o latim já tinha sido abandonado no currículo acadêmico. Mas ser-lhes-á fácil compreender a frase, outrora famosa, de Santo Agostinho: “Humanum fuit errare, diabolicum est per animositatem in errore manere”.3 Na atual emergência nacional, que requer a união de todos os brasileiros num projeto que atraia a imensa maioria da população, seria realmente diabólico obstinar-se no erro humano que levou à trágica perda de incontáveis fiéis e grave prejuízo para todo o País. Apelamos, portanto, para o bom senso do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pedindo a Vossas Excelências que repudiem, com a máxima energia, o documento escandaloso assinado por 152 dos seus irmãos no episcopado e o façam saber do alto dos púlpitos. É preciso ficar claro, à maioria conservadora do público brasileiro, que essa posição minoritária não corresponde à dos bispos do Brasil. A mais importante reforma de que o Brasil tanto necessita — e que espera ver encampada por seus bispos — é a moral: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo”. É com essas esperanças que nos dirigimos respeitosamente a Vossas Excelências, pedindo suas bênçãos.

a Hierarquia paulista tanto menos venerada e querida vai ficando, quanto mais bafeja a subversão”. Vossas Excelências não são da mesma geração desses frustrados e fracassados bispos que assinaram a famigerada Carta ao Povo de Deus. E, como os jovens israelitas nascidos no cativeiro da Babilônia, podem justificadamente murmurar: “Os pais comeram uvas verdes, e prejudicados ficaram os dentes dos filhos” (Jer 31, 29). Em outras palavras, a atual direção da CNBB herdou uma situação catastrófica que foi criada pelos seus antecessores imediatos. Incumbe agora a Vossas Excelências reparar o dano. Para isso foram sagrados Bispos da Santa Igreja, chamados por Deus à altíssima missão de restaurar o Catolicismo no Brasil, para cujo cumprimento podem contar com o apoio dos fiéis católicos que frequentam os sacramentos, muito mais numerosos do que as minguadas tropas dos militantes das CEBs. Se Vossas Excelências não abandonarem resolutamente a via errada pela qual se embrenharam seus predecessores, e entrarem em clara consonância com as aspirações religiosas profundas do povo brasileiro, em particular de seu próprio rebanho católico, o abismo psicológico que hoje separa as ovelhas dos pastores não fará senão crescer, com a perda suplementar de milhões de almas!

In Jesu et Maria, Eduardo de Barros Brotero Diretor INSTITUTO PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA São Paulo, 4 de agosto de 2020 Festa litúrgica de S. João Maria Vianney, o Cura d’Ars Notas: 1. http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,156277,00.html 2. https://www.ncronline.org/blogs/all-things-catholic/dramatic-growth-evangelicals-latin-america 3. Sermões 164.14. • Para participar do abaixo-assinado: https://ipco.org.br/

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CARTAS Articulação mundial de revolucionários O movimento Black Lives Matter deve ser enquadrado como grupo terrorista. Seus componentes agem impunemente devido à incrível condescendência das autoridades. Estas, imaginando que poderiam ser mal vistas pelos defensores dos direitos humanos, acabam cedendo para não perder. Mas se continuarem assim equivocadamente, acabarão por perder absolutamente tudo. Não se trata de um movimento isolado. BLM está articulado com outros movimentos internacionais, para que dê certo o plano maquiavélico da “nova normalidade” e para substituir nossa herança cultural. Para isso precisam queimar igrejas e catedrais, apagar da memória histórica os grandes descobridores, os grandes bandeirantes, os grandes missionários. Realmente, isso não é uma revolução qualquer, é uma grande “revolução cultural”, subvertendo todos os princípios morais, conturbando todas as nações. (A.E.J. — MG)

Demolição do que representa o passado católico Muito simbólica a ação orquestrada para a destruição de imagens sacras (Jesus, Maria, santos) e a derrubada das estátuas (Colombo, Churchill,

DOS

LEITORES

Vieira), assim como os incêndios das catedrais de Paris e de Nantes. Tudo isso representa o passado católico que os conjuradores anticristãos detestam. Trata-se de uma ação simbólica do mundo “novo” que eles almejam implantar. Coloquei o qualificativo “novo” entre aspas, pois o que visam na verdade é mais velho que o paganismo. Simbólico também o empenho dos vândalos hodiernos em promover campanhas contra as forças policiais. Estas representam as forças da ordem. No Brasil estamos vendo este mesmo filme. O STF, com a desculpa esfarrapada da pandemia, proíbe as ações policiais nas favelas. Àquele tribunal supremo agradecem as forças da marginalidade. Agora os bandidos poderão agir livremente, até mesmo formar estados paralelos. (S.C.E.N. — BA)

Rumando para uma anarquia generalizada? Claramente a morte do americano negro George Floyd foi mero pretexto para desencadear uma grande revolta nos Estados Unidos e impedir a reeleição de Donald Trump. A história se repete. Acho que intentarão a mesma estratégia nas vésperas das próximas eleições presidenciais no Brasil, a fim de impedir a reeleição de Jair Bolsonaro. Não discuto aqui essas duas personalidades, o que discuto é o

desencadeamento de uma rebelião rumo a uma anarquia generalizada. O mesmo poderá acontecer em outros países para se alcançar o objetivo anarquista, sonhado pelo demônio, que odeia a Cristandade. (G.N.H. — SP)

Uma guerra mundial contra a civilização Estamos atravessando uma 3ª guerra mundial, só que sem bombas, por enquanto. Há uma guerra mundial contra tudo que esteja de acordo com o estabelecido por Deus. Guerra contra seus mandamentos, contra a moral, contra a família, contra os dogmas católicos, contra todos aqueles que desejam continuar no caminho reto. O que pretendem os mentores de tal guerra mundial instituir, no lugar da ordem até agora vigente? Não será a tal “nova ordem mundial”? Quais serão os deuses dessa N.O.M.? Com certeza, pessoas que desejam o fim da civilização ocidental. Elas almejam uma desordem de coisas oposta ao Criador, que tudo fez ordenadamente. (E.M.A.N. — RS)

Papel da instituição familiar na economia Excelente a entrevista com o Prof. Ettore Gotti Tedeschi. Ele expôs magistralmente a visão católica de economia, de família e da so-

Há muitas pessoas que gostariam de receber Catolicismo, mas não têm condições de arcar com uma assinatura. Se nossa situação financeira o permitisse, gostaríamos de enviá-la gratuitamente a tais pessoas. Nossos leitores poderiam nos ajudar neste apostolado, contribuindo com o valor de uma ou mais assinaturas anuais, ou mesmo com parte de uma? Os que puderem, por favor, enviem sua doação para a conta corrente da Editora Padre Belchior de Pontes: Bradesco, Agência 3130 – Conta 44.711-0. CNPJ: 60.939.410/0001-24. Que Nossa Senhora os recompense! Sua doação pode ser feita também através da página do site de Catolicismo:

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ciedade. Infelizmente vemos muitas instituições afundarem na desgraça porque não têm essa visão das coisas, mas uma visão marxista de tudo. Quando se planeja uma sociedade baseada só no material, excluindo os valores morais, intelectuais e espirituais, ela afunda como uma casa construída sem alicerces. Achei uma preciosidade a última, breve e insinuante resposta do ilustre professor italiano. [Em certas circunstâncias “misteriosas”, na Igreja pode ser mais fácil e mais remunerador fazer o mal do que o bem…]. Não precisa dizer mais nada... (D.F.D.C. — SP)

Conjuração anticristã X conspiracionismo falso Minhas felicitações ao grupo que publica a revista. Leio-a do início ao fim com muito agrado, e sempre lucro com a leitura de todos os artigos. Adquiri este hábito com meu saudoso pai, que todos os meses a esperava ansiosamente pelo correio e dedicava o melhor de seu tempo com a leitura de Catolicismo. Ele me formou nos princípios católicos, a melhor herança que dele recebi, herança que espero deixar para meus filhos. Inclusive já lhes expliquei bem a questão da conjuração anticristã, a fim de que saibam bem com quem lidamos ao nos defrontarmos com os inimigos do catolicismo, e saibam discernir o que é “conjuração anticristã” e o falso “conspiracionismo”. Conheço alguns amigos que embarcaram nessa onda da “teoria da conspiração”. Tenho dificuldade em fazê-los discernir o que é verdade e o que é falso nesse contexto. Pelo que

gostaria de sugerir outros artigos a respeito na luta contra os revolucionários. Não será dos padres e bispos progressistas da Teologia da Libertação que receberemos esclarecimentos a respeito, pelo contrário seus ensinamentos são sempre para favorecer os petistas. (P.E.N. — SC)

Aborto, crime contra Deus e a humanidade Devemos preservar o direito à vida, todo ser humano tem o direito de viver, de ter uma família, de estudar, de trabalhar e ser feliz. Por isso devemos ser contra o aborto. O aborto sempre será um crime contra Deus e contra toda a humanidade. Vamos olhar com respeito para Deus e fazer o que o bom Deus nos pede, ou seja, zelar pela vida humana. (P.A.D.F. — RJ)

Lutamos e Deus nos encaminha à vitória Devemos estar sempre alertas. Se nós católicos não defendermos a civilização cristã, quem lutará por ela? Nessa luta devemos também rezar e até fazer jejuns e outros atos de penitência pedindo a Deus sua proteção indispensável. Lutamos, mas Ele é quem nos encaminha à vitória contra a agenda filmes-família que se alastra mundo afora. Tenhamos confiança. Venceremos todas essas perversidades espalhadas pelos ateus, comunistas & companhia. Estes, é evidente, atuam com ajuda de muitos magnatas, que financiam e fazem pressão psicológica sobre seus adeptos instrumentalizados para que sigam a agenda destrutiva da família. (S.M.E. — BA)

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FR ASES SELECIONADAS “A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civilização genuinamente católica, apostólica, romana, e em iluminar amorosamente todo o mundo com o facho desta grande luz, que será verdadeiramente o lumen Christi que a Igreja irradia”. (Plinio Corrêa de Oliveira)

“Não há outro molde em que se possam fundir raças, sociedades, individualidades mesmo, senão o molde religioso. Se o Brasil tivesse sido lançado em outra fôrma, há muito que se teria feito em pedaços”. (Joaquim Nabuco)

“Eu me tornei inteligente indo ao Brasil. O espetáculo que tive diante dos olhos era um tal espetáculo de história, um tal espetáculo de gentileza social, que eu compreendi a vida de outra maneira. Os mais belos anos de minha vida eu passei no Brasil”. (Fernand Braudel)

“O melhor produto do Brasil ainda é o brasileiro” (Câmara Cascudo)


REALIDADE CONCISAMENTE Rússia evacuou cidade, e nuvem radioativa se espalha

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yonoksa, uma pequena cidade no Ártico, virou “zona de perigo” devido a um teste militar da marinha russa [foto]. Seus moradores foram evacuados como emergência e os navios se afastaram da área. Nos mesmos dias os níveis de radiação no norte da Europa ficaram acima do normal. O Kremlin nunca dirá o que aconteceu. Putin anunciou vários mísseis do “juízo final”, mostrando como exemplo em vídeo um ataque à Flórida. Em 2019, o míssil de propulsão nuclear Burevestnik explodiu perto de Nyonoksa, e a cena relembrou o abandono de Chernobyl.

O “croissant”: símbolo do Islã derrotado em Viena

P

oucos sabem que o croissant (meia-lua ou crescente, em francês) comemora uma das maiores vitórias da Cristandade sobre o Islã. Em 1683, nas portas de Viena sitiada por um imenso exército turco, sapadores islâmicos cavaram túneis até as muralhas, e de madrugada encheram-nas com tonéis de pólvora. Mas os padeiros, que têm o conhecido costume de acordar bem cedinho, perceberam e deram o sinal de alerta. Depois de uma renhida batalha, os turcos foram derrotados pelo rei polonês João Sobieski. O imperador premiou os padeiros, concedendo-lhes o privilégio de portarem espadas. Em retribuição eles criaram Halbmond (meia-lua), para zombar do crescente que é símbolo do Islã. Ao saborear essa delícia, é reconfortante associá-la a essa histórica vitória dos católicos sobre os sequazes de Maomé.

Covid-19 reforçou mercado negro do PC cubano

O

regime comunista de Cuba promete carne bovina às crianças, mas ela não chega e as famílias a procuram por outros meios. Nem perto do matadouro de Nueva Paz se consegue comprá-la, pois vai tudo para o mercado negro, dependente da corrupção do Partido Comunista. É punido por lei procurar “carne vermelha”, que vem do roubo, e os ladrões se entrematam para apreendê-la. As medidas contra a pandemia só pioraram o acesso à carne ilegal. Nos bairros da nomenklatura comunista a carne fresca é levada até a porta da casa por 20 dólares o quilo. Enquanto isso o Ministério da Saúde garante que Cuba é o único país da América Latina e do Caribe que eliminou a desnutrição infantil...

Educação online não leva a nenhum porvir verdadeiro

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egundo Charlotte Fillol, do prestigioso Instituto Sapiens de Paris, o ensino à distância não é a fórmula do futuro para a educação, pois traz mais problemas que soluções. Ela considera que a educação envolve atos psicológicos complexos, mutáveis e desiguais desde o momento em que a criança entra na escola até o jovem se diplomar, determinados pela relação aluno-professor. É necessário recolocar no centro aquilo que escola alguma jamais conseguiu mudar desde Platão, há 2.500 anos: a educação é um diálogo constante, uma conversa. O sistema digital no ensino não passa de um falso remédio.

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Argentina não quer esquerda nem com pretexto do coronavírus

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paralisia econômica decorrente da pandemia aflige as empresas privadas argentinas. Uma delas foi a Vicentín, o quarto maior exportador agropecuário. A empresa pediu concordata, e o presidente filo-socialista Alberto Fernández a expropriou, reavivando assim a lembrança dos confiscos venezuelanos. Os argentinos sabem que depois de um ataque contra a propriedade privada de uma grande empresa seguem-se outros ataques a pequenas e médias propriedades, aos comércios e patrimônios familiares ou pessoais. Diante dos protestos populares em 70 cidades, o presidente fez repetidos pedidos de perdão: “Não sou um doido solto. Pensei que iam sair para festejar. Errei. Começaram a me acusar de coisas horríveis. Dizem que sou um chavista, e que só quero expropriar”. Cresce cada vez mais a impressão de que a pandemia está sendo manipulada com objetivos ideológicos de esquerda.

Venezuela: espiral de fome, hiperinflação e pandemia

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classe média desapareceu na Venezuela, os ricos fugiram para o exterior e somente os sectários chavistas nadam em ouro. Uma pesquisa sobre condições de vida (ENCOVI / 2019-2020) constata que “96% das famílias caíram para abaixo da linha da pobreza, sendo que 79% do total mergulharam no subsolo da extrema pobreza”, ou seja, não têm nem comida para o mês. Entre 2013 e 2019, o país perdeu 70% do PIB e a renda média caiu para 0,72 centavos, o que não dá nem para a cesta básica. Previam-se 32 milhões de habitantes, e só há 28 milhões. A mortalidade infantil é de 26 por mil, quando deveria estar em 12 por mil, enquanto a expectativa de vida caiu 3,7 anos. A ausência de dados sobre o coronavírus dá a pior das impressões. A pesquisa conclui que o país terá logo um colapso humanitário total, numa espiral infernal de hiperinflação, fome e pandemia.

Brutais mercenários russos atuam no exterior

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ídeos e relatórios de equipes de investigação mostram a brutalidade das milícias privadas que agem no exterior sem ostentar emblemas do exército russo. Amy Mackinnon, do Foreign Policy de Washington, exemplificou com o vídeo de um adversário sendo torturado e decapitado sadicamente por criminosos russos alistados como soldados da milícia Wagner. Paul Stronski, da Carnegie Endowment for International Peace, disse que as ações foram documentadas. Mackinnon e Stronski concordam que esses grupos estão alinhados com o regime putinista. Eles adotaram um nacionalismo exacerbado contra uma conspiração capitalista mundial. Putin nega, mas ninguém acredita nele.

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INTERNACIONAL

Organizações Pró-Família exigem que ela seja protegida na Itália

NA ITÁLIA, O ESPECTRO DE UMA DITADURA LGBT

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Julio Loredo Correspondente de Catolicismo na Itália

Parlamento italiano está discutindo o projeto de lei Zan (do deputado Alessandro Zan), também conhecido como projeto de lei Zan-Scalfarotto (o deputado Ivan Scalfarotto foi o autor do primeiro rascunho), ambos do Partido Democrático, herdeiro do Partido Comunista. A intenção do projeto de lei é “opor-se à homofobia e transfobia”, modificando o Código Penal com artigos sobre “violência ou discriminação devido a preferên-

cias sexuais ou identidade de gênero”. O projeto de lei pretende tratar de uma “emergência de gênero” na Itália, como se a violência contra homossexuais e transgêneros fosse desenfreada. Tudo no projeto é errado e perigoso. Para começar, não existe uma “emergência de gênero” na Itália. Muito pelo contrário, pois infelizmente a Itália é considerada um dos países europeus mais “amigos dos homossexuais”, logo abaixo da ul18

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nisso tudo. n


tra-permissiva Grã-Bretanha. Mais de 70% dos italia“transfobia” não estão definidas em nenhum código legal, seja italiano ou europeu. Nem são definidos nos apoiam direitos iguais para os homossexuais. Um em nenhum texto científico, como o DSM (Manual número impressionante de 27% aprovaria a formação Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) de um partido homossexual, e 6,7% votariam a favor. ou o CID (Código Internacional de Doenças). Quem O serviço de estatísticas da União Europeia mostra decidirá o que constitui um crime de “homofobia” ou que a Itália tem uma das menores taxas de violência de “transfobia”? Uma possibilidade é que os próprios relacionada ao gênero: apenas 29 casos por ano. juízes decidam, caso a caso, se um ato constitui ou Tivemos dois presidentes regionais abertamente não um crime de homofobia ou homossexuais: Nichi Vendola, transfobia. Isso levaria diretamenda Puglia, e Rosario Crocette à arbitrariedade judicial. ta, da Sicília. Há um deputado Se considerarmos que a transgênero: Vladimir Lussuria. grande maioria dos juízes italiaUm comentarista conhecido da nos está à esquerda no espectro TV é travesti: Mauro Coruzpolítico, podemos imaginar que zi, também conhecido como tipo de decisão seria proferida. Platinette. Números em mãos, Outra maneira de definir esses podemos concluir firmemente crimes, ainda mais perigosa, que não há na Itália “emergência seria pelo conceito de “violência de gênero” que exija uma legispercebida”, que vai ganhando lação especial. terreno lentamente na teoria Em segundo lugar, a legisjurídica. O crime existiria caso lação atual na Itália já protege a a vítima se julgasse ofendida. integridade física e a dignidade Portanto, constituiria crime moral de todos os cidadãos. O qualquer ato ou palavra entenCódigo Penal pune severamente didos pela própria vítima como qualquer ofensa — seja física, ofensivos. verbal ou por imagens — motivada por ódio ou desdém (Art. Se o projeto de lei for aprovado, um sacer- ENSINO DO CATECISMO 604 bis). Além disso, penaliza dote que pregar do púlpito o Catecismo PODERÁ SER PENALIZADO “qualquer propaganda ou insda Igreja Católica, no que se refere aos tigação à ofensa com base em mandamentos sexto e nono, estará sujeito Mas aprofundemo-nos no à penalidade máxima. discriminação racial, étnica ou projeto de lei Zan-Scalfarotto. religiosa”. A pena é agravada se Sem dúvida, é a legislação mais a ofensa for motivada por “motivos fúteis ou despreditatorial, absolutista e fascista já produzida na Itália. zíveis” (Art. 61), como orientação sexual. Em outras Já foi aprovado na Comissão de Justiça da Câmara palavras, homossexuais e transgêneros já estão sufidos Deputados, e deverá ser apresentado em breve. cientemente protegidos. Vereditos regionais e fedeApoiado por todos os partidos de esquerda, o projeto rais recentes mostram que, com base no atual Código foi contestado apenas por Fratelli d’Italia e Lega. O Penal, os tribunais italianos já usam o conceito de Forza Italia de Silvio Berlusconi se absteve, confirhomofobia. Não há absolutamente nenhuma necessimando sua tendência para a esquerda. dade de nova legislação. Se for aprovado, o projeto punirá qualquer “disEm terceiro lugar, a teoria jurídica estabelece criminação baseada em gênero, orientação sexual ou que não pode haver punição sem uma definição clara identidade de gênero”. Eis as penalidades: do que constitui um ato criminoso. Em outras pala— de 18 meses a seis anos de prisão, se o agresvras, os cidadãos não podem ser condenados por crisor pertencer a uma organização que rejeita a homosmes que não são definidos como tais. “Homofobia” e sexualidade do transgenerismo; 19

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Se for aprovado, o projeto punirá com as seguintes penalidades: — de 18 meses a seis anos de prisão, se o agressor pertencer a uma organização que rejeita a homossexualidade do transgenerismo; — revogação da carteira de identidade nacional; — revogação do passaporte; — revogação da carteira de motorista; — toque de recolher depois das 18 horas; — perda de direitos políticos por três anos.

Câmara dos Deputados Italiana

É CRIME EXPRESSAR A PRÓPRIA OPINIÃO CATÓLICA? A pandemia do covid desestruturou o país até as suas raízes, interrompendo a vida política e cultural especialmente no campo conservador. As reuniões públicas, embora não totalmente impossíveis, tornaram-se muito difíceis de organizar, devido às restrições sanitárias. No entanto, à medida que o projeto de lei tramitava no Parlamento, grupos pró-vida e pró-família começaram a se reunir, formando a coalizão Restiamo Liberi (Permaneçamos Livres). O objetivo da coalizão é muito simples: interromper o projeto de lei Zan fazendo ouvir a voz do povo. Em um comunicado à imprensa, Restiamo Liberi definiu o seu objetivo: “Dizemos NÃO à instituição de um novo crime, o da ‘homotransfobia’, não definido pelo legislador, deixando assim enormes espaços para interpretações e desvios liberticidas, que atingirão todos aqueles que se expressarem de maneiras não alinhadas com o pensamento politicamente cor-

— revogação da carteira de identidade nacional; — revogação do passaporte; — revogação da carteira de motorista; — toque de recolher depois das 18 horas; — perda de direitos políticos por três anos. A sentença de prisão poderá ser comutada mediante “serviços civis” realizados em centros LGBT, onde o infrator será devidamente “reeducado”. Sim, RE-EDUCADO! Se essa lei for aprovada, um sacerdote que pregar do púlpito o Catecismo da Igreja Católica, no que se refere aos mandamentos sexto e nono, estará sujeito à penalidade máxima. E o autor deste artigo poderá tornar-se presidiário em um cárcere de segurança máxima quando escrever o próximo... Tal ataque à liberdade religiosa não ocorreu sem oposição. 20

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Papa Francisco não pronunciou uma só palavra. Pelo contrário, apoiou publicamente algumas das políticas adotadas pelo governo de esquerda. Num país profundamente católico, onde a voz da Igreja poderia ter um efeito retumbante, esse silêncio é extremamente prejudicial. A Conferência Episcopal Italiana (CEI) emitiu um comunicado criticando o Projeto de Lei Zan-Scalfarotto, mas em termos tão moderados que o tornam praticamente ineficaz. Ademais, ele não foi seguido por nenhuma ação concreta. Nas manifestações do Restiamo Liberi não havia bispos, mas apenas um punhado de sacerdotes. As paróquias e associações católicas os evitaram, de acordo com o tratamento “prudente” adotado pela CEI em relação ao governo. Isso se traduz em uma atitude de não resistência a qualquer mal resultante dele. Apenas dois bispos alertaram os católicos sobre as consequências sinistras que esse projeto de lei teria. Nem sequer no âmbito político existe uma figura nacional capaz de coordenar esses grupos de base e transformá-los em um movimento politicamente eficaz. O ponto importante, porém, é que na base as pessoas estão dispostas a lutar em defesa da liberdade de expressão e religião. Enquanto elas não recuarem, tudo é possível. n

reto. Numa época em que o poder está cada vez mais concentrado nas mãos de poucos, a instituição do crime de opinião é mais um passo rumo à repressão da divergência, de qualquer dissidência. Este é um fato que deve preocupar a todos”. No sábado, 11 de julho de 2020, o Restiamo Liberi organizou 100 manifestações públicas em diversas cidades italianas. Em Monza participaram mais de 150 pessoas, enquanto em Roma foram quase mil, evidenciando a penetração popular que o movimento pró-família alcançou. Os membros da Associazione Tradizione Famiglia Proprietà, da qual sou presidente, participaram de várias dessas manifestações. Massimo Gandolfini, líder do Dia da Família, declarou: “A liberdade de expressão e a liberdade de professar a religião estão em risco. Quem se preocupa com a liberdade e a democracia, independentemente de suas crenças religiosas ou políticas, é chamado a apoiar a campanha”. E Antonio Brandi, de Pro Vita & Famiglia, confirmou: “A homofobia não é uma emergência e o projeto de lei Zan representa a ditadura do LGBTQ, uma lei que reduz a liberdade de opinião garantida constitucionalmente”. O ELOQUENTE SILÊNCIO DO VATICANO

Nas manifestações do Restiamo Liberi não havia bispos, mas apenas um punhado de sacerdotes. As paróquias e associações católicas os evitaram, de acordo com o tratamento “prudente” adotado pela CEI em relação ao governo.

As manifestações foram um sucesso? Irão influenciar o Parlamento? Em um mundo sempre em movimento, como o nosso, é difícil responder. Dadas as atuais circunstâncias, obviamente elas foram um sucesso, pelo menos em termos relativos. Mas é um fato infeliz que a barreira do horror à homossexualidade e ao transgenerismo esteja diminuindo, assim como ocorreu em relação ao controle da natalidade, divórcio e aborto. A opinião pública italiana está se deteriorando gradualmente, tornando cada vez mais difícil reunir apoio a causas pró-vida e pró-família. A menos que algo muito profundo aconteça no campo espiritual — isto é, uma conversão —, esse curso dos acontecimentos não mudará. Temos uma dificuldade imediata, que é a liderança. Os católicos italianos não receberam nenhuma orientação do Vaticano em relação a esse projeto de lei. O 21

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VA R I E D A D E S

A FLECHA DE NOTRE-DAME E O REINO DE MARIA Ficou decidido que a catedral de Notre-Dame de Paris será restaurada como era antes do incêndio, mas opositores ainda agem para reverter a decisão

A

Luis Dufaur

fumaça ainda envolvia a catedral de Notre-Dame quando, em 17 de abril de 2019, o então primeiro-ministro francês Édouard Philippe prometia solenemente, no palácio presidencial do Élysée, um “concurso internacional de arquitetos”1 para refazer o telhado devorado pelas chamas e erigir uma nova flecha na catedral. Comunicou que o presidente Emmanuel Macron aspirava por um radical “gesto arquitetônico contemporâneo”,2 acenando para um referendo sobre

as mudanças que “dariam à catedral características de nossa época”. Aproveitando-se do impacto emocional causado pelo incêndio, o presidente Macron achou que seria o momento de desnaturar a catedral, como outros já tentaram, e fez o anúncio de um concurso de projetos modernizantes de restauração. Pressurosamente acolhida pela grande mídia, essa proposta parecia indicar que os franceses aprovavam a mudança de estilo auspiciada pelo presidente. Mas se ele o fizes-

Um dos vários projetos “contemporâneos” proposto para a restauração da catedral de Notre-Dame

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se, incorreria em flagrante violação da lei francesa e dos tratados internacionais, que obrigam o país a restaurar os monumentos históricos no estado em que estavam no momento da catástrofe (à l’identique, segundo a concisa expressão francesa). Redes sociais e a grande mídia anunciaram pouco depois uma avalanche de projetos elucubrados por conceituados estúdios de arquitetura contemporânea. Rivalizavam eles entre si no item feiura, sobressaindo a nota panteístico-ecológica, bem ao gosto dos próceres do Sínodo Pan-amazônico, além de sugestões posteriores para o mundo pós-pandemia. NO TEMPO DE LUÍS XV, “PROJETO ECOLÓGICO” RECUSADO Há muito se tenta desfigurar Notre-Dame. No Ancien Régime,3 chegou à mesa do rei Luís XV um plano radical do arquiteto Pierre Patte, reunindo muitos outros projetos. Assim o descreve Yvan Christ, o maior historiador da arquitetura de Paris: “Eis a Île de la Cité reunida à Île Saint-Louis. Notre-Dame destruída, ao mesmo tempo que dezessete pequenas igrejas inteiramente inúteis, por sua falta de tamanho e porque não têm grandeza e dignidade para representar o ‘Ser Supremo’. A esse ‘Ser Supremo’ se dedicaria um templo no local da Place Dauphine [que desapareceria]”.4 Já emergia então sob Luís XV esse ‘Ser Supremo’ dos agnósticos, tão enaltecido depois pela Revolução que se aproximava. O plano previa destruir a catedral de Nossa Senhora de Paris e dedicar-lhe a ilha onde ela se encontra, incluindo uma estátua do rei e de outros monumentos a serem construídos entre tufos de vegetação, tudo ao gosto do bon sauvage de Jean-Jacques Rousseau, precursor do ecologismo. Outras reformas previstas para ambos os lados do rio Sena deformariam para sempre a fisionomia da Paris medieval. Entretanto Luís XV se opôs, porque a demolição de incontáveis casas particulares, lojas e ateliês poderia suscitar um motim popular. O projeto ficou arquivado e não se realizou.

Campanha da TFP francesa nas ruas de Paris

Propriété (TFP francesa) saiu às ruas de Paris numa campanha de assinaturas, a serem entregues ao presidente e ao ministro da Cultura, pedindo que essa joia da arte gótica medieval fosse restaurada sem qualquer concessão à arte dita moderna ou contemporânea. A petição da TFP francesa afirma: “Notre-Dame é um lugar sagrado que pertence a Deus e à História, o qual não pode ser transformado em joguete nas mãos de arquitetos ávidos de ganhar fama, e que desprezam a nossa identidade”.5 A campanha de rua foi acompanhada de um abaixo-assinado digital, atingindo 143.000 assinaturas. A iniciativa presidencial foi perdendo apoio, enquanto os apelos pela restauração “à l’identique” se multiplicavam. Opuseram-se à mudança os que amam a França antiga, tradicional, católica, nascida na Idade Média; do lado modernizante insistiam os cultores da França revolucionária, gerada pelos crimes da Revolução Francesa (1789). Um entrechoque não apenas teórico, mas muito concreto, e diz respeito ao reerguimento da agulha neogótica de 169 metros de altura, criada no século XIX pelo genial arquiteto Viollet-le-Duc. Os especialistas mais categorizados produziram um relatório de 3.000 páginas, entregue ao Ministério da Cultura pelo arquiteto-chefe de Notre-Dame, Philippe Villeneuve. Em 9 de julho de 2020, diante da

A OPINIÃO PÚBLICA A FAVOR DA TRADIÇÃO Pouco depois do incêndio de 2019, a Société Française pour la Défense de la Tradition, Famille et 23

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A Associação Carpinteiros Sem Fronteiras, integrada por marceneiros profissionais, demonstrou ser possível reconstruir “à l’identique” a armação de carvalho do telhado de Notre-Dame.

forte insistência da opinião pública e dos argumentos irretorquíveis dos especialistas, o presidente Macron renunciou à sua fantasia modernista.6 Definia-se assim o pleito que a revista Connaissance des Arts qualificou de “querela entre os Antigos e os Modernos”.7 Apareceram e ainda aparecerão tentativas de bombardear a decisão. Por exemplo, alegou-se ser um absurdo restaurar o telhado com madeira de carvalho, porquanto o antigo pegou fogo; e ao invés disso deveriam ser utilizados materiais modernos, como o concreto ou o aço, que seriam mais duráveis, econômicos e de rápida montagem. Mas logo a Associação Carpinteiros Sem Fronteiras, integrada por marceneiros profissionais, demonstrou ser possível reconstruir “à l’identique” a armação de carvalho do telhado de Notre-Dame. Acompanhados por testemunhas, em menos de uma semana fizeram uma das 25 “tesouras” no bosque do castelo de Ermenonville (em tamanho real, incluindo o abate das árvores e seguindo as mesmas técnicas e instrumentos dos carpinteiros medievais). Essas tesouras são estruturas triangulares de 10 metros de altura por 14 de largura, que sustentam a cobertura da catedral. As toras seculares de carvalho que sustentavam o telhado duraram desde a Idade Média, e, se não fosse o incêndio, poderiam servir por mais oito séculos! Esse “teste” provou que com apenas um milheiro dos milhões de carvalhos que o Estado possui nos bosques nacionais, e por um custo quase irrisório, toda a estrutura do telhado de Notre-Dame ficaria pronta entre cinco a oito meses! O transporte se faria pelo rio Sena, e a madeira seria trabalhada ao pé da

catedral, “strictement à l’identique”8 do legado medieval. Esse teste ficou registrado em vários vídeos no Youtube. A AGULHA DA CATEDRAL E A VOZ DO ANJO O que há na agulha de Notre-Dame para dividir de tal maneira os franceses e empolgar milhões de estrangeiros que visitam a catedral? Passeando pelo jardim junto ao Sena, vi muitas vezes pessoas contemplando em silêncio essa maravilhosa peça arquitetônica, cuja beleza material “fala”, como um anjo falaria na ordem sobrenatural. A agulha age sobre os que a admiram como os anjos agem sobre as coisas boas, ajudando a amar seus aspectos mais altos. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira comentou: “Quando me dei consciência da flecha de Notre-Dame, foi uma alegria enorme para mim e uma espécie de alívio. Pois a magnífica fachada de Notre-Dame poderia ser comparada a um leão, mas sem juba; e a flecha completa o que faltava, alivia, põe uma nota de graça, fantasia, delicadeza, e de um quase irreal que satisfaz. Pode-se conceber que o anjo da flecha de Notre-Dame seja um anjo que proteja todas as belezas do gênero da agulha no mundo inteiro. A mensagem das torres é robustecida e aliviada pelo cântico gracioso da flecha!”9 As duas torres falam colossalmente do real. Mas a flecha fina e esguia, subindo rumo ao infinito, representa o irreal, que aprimora o melhor da realidade da catedral e sua legenda. É como se um espírito an24

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gélico tivesse a agulha como residência (num sentido analógico, pois o anjo é puro espírito), e a partir dali interviesse em favor de todas as belezas do mundo afins com aquela flecha. Não espantaria se demônios jogassem em sentido contrário, como os que favoreceram também o incêndio recente da catedral de Nantes. Em sua fachada, o maravilhoso templo exibe uma ordenação grandiosa nos episódios da História Sagrada, esculpidos em cada portal, assim como na fileira dos Reis da genealogia de Jesus Cristo, que tem paralelismo com a genealogia dos reis da França, e assim por diante. Porém, quando a fraqueza humana se posiciona diante de tanta grandeza, começa a sentir fome do imprevisto. E a flecha é imprevista, como também o são os dons do Espírito Santo quando surpreendem uma pessoa. Ela fornece o charme que completa o vigor das torres — as quais, aliás, não foram terminadas.

A agulha de Notre-Dame

A catedral foi negligenciada, incompreendida, tendo, inclusive, o Conselho de Luís XVI decidido destruí-la. A decisão só não foi cumprida porque estourou a Revolução Francesa, e todos passaram a se preocupar com outras coisas.10 Porém, no fundo da “querela entre os Antigos e os Modernos” ainda arde a oposição furiosa entre os que desejam o reino do Imaculado Coração de Maria e os que blasfemam pelo reino do demônio que infecciona o mundo. Do alto da fachada onde está entronizada, aureolada pela imensa rosácea, Nossa Senhora sorri para seus filhos que passam pela praça parisiense, como que convidando-os a lutar pela restauração da Cristandade; e também impedir para sempre a desfiguração de sua catedral com projetos contemporâneos e monstruosos. n

Foto: Luis Dufaur

A CATEDRAL E O REINADO DE CRISTO EM MARIA

período entre o reinado do primeiro dos Bourbons (Henrique IV, 1594-1610) e a Revolução de 1789. 4. Yvan Christ, “Paris des utopies”, Ed. Balland, Paris, 1977. Prefácio. 5. Cfr. Catolicismo, Junho/2019. https://catolicismo.com.br/ Acervo/Num/0822/P48-49.html 6. https://www.lefigaro.fr/culture/notre-dame-emmanuel-macron-renonce-a-son-geste-architectural-contemporain-20200709 7. https://www.connaissancedesarts.com/archi-jardin-et-patrimoine/pas-de-geste-contemporain-pour-notre-dame%E2%80%89-la-fleche-sera-reconstruite-a-lidentique-11142908/ 8. https://www.francetvinfo.fr/culture/arts-expos/architecture/notre-dame-la-charpente-pourrait-etre-construite-a-l-identique-en-bois-et-en-moins-de-huit-mois-assure-charpentiers-sans-frontieres_4038753.html 9. Apontamentos de 28-11-85. 10. Apontamentos de 11-01-89.

Notas: 1. https://www.lefigaro.fr/culture/notre-dame-de-paris-le-retour-en-force-des-partisans-d-une-restauration-fidele-20200708 2. id. Ibid. 3. Chama-se Ancien Régime o antigo regime político-social vigente na França, na época anterior à Revolução Francesa. Expressão comumente usada para indicar o

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C A PA

BRASIL C

DO M

EFICIÊNCIA E NA MIR

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L CELEIRO

Dom Ber trand de Orleans e Bragança Hélio Brambilla, Nelson R. Barretto e Paulo Henrique Chaves

O MUNDO

À

CIA E SUSTENTABILIDADE A MIRA DOS DETRATORES

medida que o agronegócio cresce de modo espetacular no Brasil, e sua produção alcança recordes cada vez mais expressivos, cresce também o empenho de nossos concorrentes em produzir obstáculos e empecilhos ao desenvolvimento do País. Não começaram ontem as insistentes lamúrias da mídia internacional pela preservação da floresta amazônica. Desmatamento, queimadas, incêndios, aquecimento global, tudo se junta indiscriminadamente nesse vozerio orquestrado, difundindo para a opinião pública mundial a pior das imagens negativas. Com que interesse? Qual o objetivo de nos apresentar como vilões ambientais? Algum desses acusadores já teve o cuidado de verificar in loco a veracidade do que divulgam? O que essa campanha difamatória tem a ver com a proposta de um controle internacional sobre a Amazônia? Quem lucraria com essa difamação, e quanto? São perguntas para as quais não é tão difícil encontrar respostas. Não por acaso, administradores de fundos de investimento internacionais estão se articulando para novas investidas e ameaças. Desta vez a proposta é suprimir investimentos, se não nos enquadrarmos no figurino ambientalista. Como ninguém ignora, o objetivo de tais investidores é um só: lucro. Questões ambientais entram aí apenas como pretexto. O agronegócio brasileiro tem envergadura de sobra para oferecer a tais detratores uma convincente proposta do ‘dono da bola’. Ela está descrita na última parte do texto, como sugestão aos nossos governantes, e possui todos os predicados para produzir, nesses que se ocupam em insultar-nos e depreciar nossas atividades produtivas, o salutar efeito de moderar o seu rompante.

Colheita de soja no Mato Grosso

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Os efeitos da pandemia, que alcançaram dimensões mundiais, são também manipulados e orquestrados pelos agentes da globalização. Divulga-se que, por serem mundiais os prejuízos, devem ser sanados por uma entidade supranacional atuando sob as ordens deles, naturalmente. Cavalgando a pandemia, portanto, aí vemos claramente o espectro de uma ‘nova ordem mundial’, com inegáveis propósitos ditatoriais. É bom destacar que, paralelamente a essas pretensões, cresce o seu oposto, que reivindica mais au-

tonomia, menos tirania. A população bem intencionada se organiza e se articula cada vez mais solidamente através das redes sociais, e sua voz já se faz ouvir alto e bom som. Não queremos ceder nada ao ‘novo normal’ escravizante, e sim retornar ao normal milenar que nos trazia felicidade. Ao longo deste texto, redigido a quatro mãos, o prezado leitor encontra matéria abundante para esclarecer e orientar suas próprias decisões e atitudes. Assim uniremos nossas forças em prol da Nação que tanto amamos.

O AGRONEGÓCIO IMUNE AO CORONAVÍRUS

A

imprensa tem noticiado a luta que os heroicos agentes de saúde vêm travando no cumprimento de sua missão, enfrentando o coronavírus com as poucas armas de que dispõem, chegando alguns a praticar jornadas de 12 a 14 horas para salvar vítimas da pandemia. Militares e policiais são mostrados em diversas atividades alheias à sua rotina habitual, fiscalizando pontos específicos, higienizando locais públicos, transportando recursos urgentes para o acompanhamento terapêutico. Industriais reestruturam suas instalações para produzir insumos cujo consumo se multiplicou. Profissionais do ensino tentam adaptar a transmissão dos seus conhecimentos à nova modalidade de ensino à distância. Costureiras adaptam seus modelos e máquinas para abastecer o País com as impositivas e incômodas máscaras; cuja eficácia, aliás, tem sido contestada.

lembrados pelo noticiário. Enquanto outros trabalhadores se tornaram titulares de benefícios diversos, eles prosseguiram de-sol-a-sol no seu batente, sem nenhum refrigério nem reconhecimento. As normas sanitárias impostas pelos governantes confinaram a população urbana numa condição equivalente à prisão domiciliar; e chamaram-na de quarentena, como se toda a população estivesse doente. Não é isso o que poderíamos esperar, de acordo com a definição aplicável a ‘quarentena’: “Conjunto de medidas e restrições que consistia especialmente no isolamento (originalmente de 42 dias) de indivíduos e mercadorias provenientes de regiões onde grassavam epidemias de doenças contagiosas. Isolamento, por períodos de tempo variáveis, imposto a indivíduos ou cargas procedentes de países em que ocorrem epidemias de doenças contagiosas” (Dic. Houaiss). Quarentena, portanto, nunca foi o confinamento de toda a população. Essa ‘quarentena’ e outras medidas estão sendo amplamente contestadas, mas o nosso objetivo aqui não é este. Queremos apenas ressaltar que certos profissionais não podem parar, como o da cançoneta conhecida: Pobre do leiteiro, coitado, não conhece descanso, domingo nem feriado. Substitua leiteiro por caminhoneiro, fazendeiro, vaqueiro, e estará atendida até a rima. Ainda assim faltarão muitos com outras atribuições dentro desse imenso ramo de atividades essenciais, pois de todos eles depende ‘o pão nosso de cada dia’.

O PÃO QUE VAI DO SOLO À BOCA A lista enorme iria muito além do nosso limite de espaço, mas ainda assim correríamos o risco de esquecer muitos outros que mereceram a nossa gratidão. Porém não queremos deixar sem agradecimento — um agradecimento muito especial — aos heroicos profissionais da enorme cadeia de produção e distribuição conhecida hoje como agronegócio. Não queremos cometer a injustiça de esquecer esses beneméritos, pouquíssimo 28

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Com o fechamento dos postos de gasolina e restaurantes às margens das estradas, decretado por governantes inconsequentes, os caminhoneiros chegaram a ficar sem comida e sem banho.

distantes das aglomerações urbanas, alheios às ‘normas sanitárias’ impostas. Prova disso é que o trabalho deles continuou produzindo, levando-os a atingir mais um recorde. Parece até que o trabalho do campo os tornou imunes à pandemia, antes mesmo de existir o coronavírus. É muito provável, aliás, que as contaminações por coronavírus e as respectivas mortes tenham tido entre eles um percentual muito menor que o dos trabalhadores urbanos. As amedrontadoras estatísticas diárias não avaliam as vítimas de acordo com suas atividades profissionais, mas temos amplas bases para conjecturar que a parcela desses números referente aos trabalhadores do agronegócio é muito menor — um recorde ‘negativo’, diríamos. Basta lembrar que historicamente, durante as inúmeras epidemias antigas, muitos habitantes da cidade fugiam para casas de campo, a fim de se protegerem. E, uma vez passado o perigo, voltavam saudáveis. A partir das constatações acima, interpretações distorcidas podem induzir alguns a atitudes desesperadas. Não é o que desejamos, apenas fornecemos elementos para quem gosta de pensar seriamente.

CORONAVÍRUS POUPANDO O AGRONEGÓCIO Não se deve pensar que esses profissionais apenas prosseguem seu trabalho normal, ganhando com isso o salário combinado, o que lhes suprimiria o direito de reclamar. O fato concreto é que para eles até o trabalho normal tornou-se mais difícil. Um bom exemplo é o dos caminhoneiros. Com o fechamento dos postos de gasolina e restaurantes às margens das estradas, decretado por governantes inconsequentes, eles chegaram a ficar sem comida e sem banho. Segundo as declarações de um líder caminhoneiro, seus liderados foram prejudicados também financeiramente pela quarentena. Depois de trazerem alimentos para as cidades, seus veículos não encontram frete de retorno, pelo fato de as indústrias estarem paradas. O prezado leitor reconhecerá facilmente um grande privilégio e vantagem dos profissionais do agronegócio: não foram paralisados por decreto. Prosseguiram seu trabalho normal, sem uso das máscaras, quase sempre ao ar livre e despoluído, banhados pelo sol benéfico, 29

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O Ministério da Agropecuária já deu todas as informações pertinentes de caráter ambientalista, e a elas se acrescenta agora o articulado esforço empresarial para incrementar a exploração sustentável no clima amazônico. Apesar disso, prosseguem o vozerio e as ameaças. Haverá a intenção de desvalorizar os produtos brasileiros no mercado? Será para nos excluir da concorrência? Se assim for, o mínimo a dizer é que se trata de deslealdade, e não se pode ficar na dependência de parceiros desleais.

CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DO AGRONEGÓCIO Enquanto a mídia dirigia a atenção da maioria para o coronavírus e a caotização política, o agronegócio não perdeu tempo, não paralisou as suas atividades. Plantou, colheu, distribuiu alimentos para a população brasileira e exportou como nunca. A safra 2019/2020 produziu 252 milhões de toneladas de grãos, recorde atingido apesar de uma seca temporã em dois Estados expoentes de produção — Paraná e Mato Grosso do Sul — e agora atingindo o Rio Grande do Sul. 122 milhões de toneladas correspondem à soja, principal produto brasileiro de exportação, que ultrapassou pela primeira vez a colheita dos EUA. Vários outros recordes contribuíram para o valor bruto superar 700 bilhões de reais. Nas exportações, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério da Economia, em abril exportamos o maior volume de soja em um único mês em toda a nossa história: 16.300.000 toneladas, totalizando 5,5 bilhões de dólares, montante 65% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado (Valor Econômico, 7-5-20). Para diversificar as exportações brasileiras e não depender só da China, abrimos mercados em mais 18 países nos quatro primeiros meses de 2020.

DECRÉSCIMO POPULACIONAL SOB ENCOMENDA Ecologistas radicais consideram que a Terra esgotou seus limites. Por isso querem eliminar rapidamente um bilhão de pessoas pelo aborto, evitando nascimentos, usando o desumano modelo chinês de um só filho por família, eutanásia para milhões de idosos etc. E não esqueçamos que uma pandemia — natural ou encomendada — pode fazer tudo isso sozinha. Surgem então algumas perguntas: Será que nos almanaques e agendas desses ecologistas constam guerras para acelerar esse extermínio? Isso tem alguma semelhança com o extermínio promovido pelos nazistas no século XX? Teria a pandemia sido produzida sob encomenda?

Ecologistas radicais consideram que a Terra esgotou seus limites. Por isso querem eliminar rapidamente um bilhão de pessoas pelo aborto, eutanásia para milhões de idosos etc. E não esqueçamos que uma pandemia — natural ou encomendada — pode fazer tudo isso sozinha.

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RECUSAR O “NOVO NORMAL” ESCRAVIZANTE E RETORNAR AO NORMAL MILENAR

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urante a quarentena, que vai se prolongando ao sabor de mandos e desmandos, a leitura dos antigos sábios pode lançar luzes sobre os problemas atuais. Sócrates, Platão, Aristóteles e Sófocles, por exemplo, tiveram de lidar com problemas equivalentes a pandemias, política, corrupção. Santo Agostinho afirma, na Carta nº 7: “Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder; ou antes que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente”. E o grande Papa São Pio X sintetizou, com clareza e inigualável segurança doutrinária: “A Civilização não mais está para ser inventada, nem a Cidade nova para ser construída. Ela existiu, ela existe: é a Civilização cristã, é a Cidade católica. Trata-se apenas de instaurá-la e de restaurá-la sem cessar, sobre os fundamentos naturais e divinos, contra os ataques renascentes da utopia malsã, da revolta e da impiedade”.

Nesse tremendo caos em que nos encontramos, vem-se repetindo à exaustão que a humanidade irá entrar num ‘novo normal’. Provavelmente será uma sociedade utópica, igualitária...

DEUSES CRIMINOSOS QUE APROVAM CRIMES É conhecido o fato histórico de que Sócrates foi condenado à morte sob a acusação de ter corrompido a juventude. Mas leituras recentes feitas nesta quarentena informam-nos que a tal corrupção da juventude consistia apenas em contrariar os deuses atenienses. Esses deuses, em cuja ‘vida’ mitológica debitavam-se crimes abomináveis, agiam assim como se fossem cúmplices dos pecados ‘epidêmicos’ em Atenas, coonestando-os nos seus mandatários, e daí na população em geral. Platão esclareceu que Sócrates foi condenado por ter concluído que só poderia existir um único Deus verdadeiro. Assim negava, portanto, a pluralidade dos deuses existentes ao seu redor. Foi além, pois o pensamento monoteísta o conduziu a crer na existência da alma, e que a morte é o rompimento da alma com o corpo. Deduziu daí uma série de conclusões envolvendo

a moral e a ética, o que o levou a viver como pensava e combater os tiranos corruptos detentores do poder — a política de sempre. Podemos avaliar quão acertado e profundo era o pensamento de Sócrates, analisando sua sábia resposta a alguém que lhe perguntou como proceder para o povo voltar a ser feliz: “Volte a fazer aquilo que fazia quando era feliz!”. Simples assim, não lhe parece? O NORMAL QUE NOS TORNA FELIZES Nesse tremendo caos em que nos encontramos, vem-se repetindo à exaustão que a humanidade irá entrar 31

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Estátua de Winston Churchill, herói inglês na luta contra o nazismo e o comunismo, ameaçada de ser jogada no chão pelos ardidos apregoadores da “nova normalidade”. Uma ditadura raivosa e anárquica se insinua, nada discreta, para um futuro não tão remoto.

num ‘novo normal’. Mas que normal é esse? A julgar por muitos indícios, provavelmente seria uma sociedade utópica, igualitária, em que os ricos ‘opressores’ fossem obrigados a dar tudo aos pobres, passando todos a viver em igualdade completa, em libertinagem total, sem Deus, sem ordem, sem moral. Uma sociedade na qual fosse proibido proibir. Não estranharia se nessa proposta de ‘novo normal’ estivesse incluído tudo isso. Os ecologistas radicais, por exemplo, pregam o fim da sociedade de consumo, por eles considerada poluidora, e começam a trombetear que o confinamento exigido pelos administradores da pandemia tornou os canais de Veneza mais limpos; a Baía de Guanabara e o Rio Tietê ficaram menos poluídos; o ar está mais puro; as florestas reverdeceram (exceto quando se trata da Amazônia pegando fogo...); as flores ficaram mais coloridas; o canto dos pássaros transmite mais alegria etc. Vai longe a cantilena bucólica dos ambientalistas, mas a evidência nos dispensa de demonstrar que ela não corresponde à realidade nem nos torna felizes. Em tudo isso está em jogo o conceito de normal, pois alguns começam a enaltecer um novo normal ainda desconhecido. Mas estamos interessados numa sociedade em que o normal nos torne felizes. Etimologicamente, normal é aquilo que segue a norma. No entanto, examinando os critérios adotados ao longo

dos séculos e milênios para aplicar as normas, podemos afirmar que, grosso modo, elas foram pautadas pela lei divina, ou lei natural, referendada depois pela lei positiva. Quanto à lei natural, ela é bem definida por São Paulo como a lei de Deus posta no coração dos homens. É o cumprimento dessa lei que nos torna felizes. E não adianta tentar nos impingir algum ‘novo moderno’ como sendo melhor que esse antigo. IMITAÇÕES GROTESCAS DO VERDADEIRO NORMAL O que se pretende nos impingir como ‘novo normal’? Nos primórdios da informática, os teóricos do assunto já falavam em ‘sociedade tribal superconectada’. Já caminhamos muito nesse rumo, e o que se pode observar é um aumento constante e exponencial do aspecto ‘conectado’, paralelamente ao aumento equivalente do aspecto ‘tribal’. Não nos estenderemos sobre este assunto, pois nosso objetivo é mostrar quanto decaiu a sociedade civilizada com as medidas sanitárias impostas no mundo inteiro a propósito da pandemia. Examinemos inicialmente um aspecto simples, facilmente verificável — o uso das máscaras. Os ‘mascarados’ sempre foram vistos como criminosos que não 32

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Quarenta e oito instrumentistas de uma orquestra tocando no esquema de teleconferência. Algum connaisseur aplaudiria?

querem ser identificados. O prezado leitor já deve ter constatado que, principalmente por causa das máscaras, cada transeunte, cada vizinho, cada amigo tornou-se de repente um potencial inimigo, um criminoso, provável veículo de um vírus perigoso. Isto contribui para aprimorar a civilização? Para requintar o contato social? Como recomendação para o relacionamento pessoal foi ‘sugerida’ a obrigação de abolir o aperto de mãos, o ósculo facial, os abraços. Será que isto contribui para incrementar amizades, manifestar confiança, apreço mútuo? Para não deixar sem substituição tais manifestações de amizade, carinho e respeito, propuseram cumprimentos com chutes e cotoveladas. O leitor aderiu a isso? Acha que está presente em tais propostas algum progresso do convívio social? As autoridades impuseram uma prisão domiciliar coletiva, a pretexto de quarentena. De repente, por decreto anônimo, toda a população mundial se tornou ‘provável portadora de doença’. Terá melhorado o sistema sanitário mundial? Parece que a única solução verdadeira na qual se empenham é a possível descoberta de uma vacina cara. Mas isso o organismo sabe fazer muito bem, desde os tempos longínquos em que passamos a nos entender por gente.

Sabe-se que a presença em um concerto de orquestra, uma ópera, uma peça de teatro é insubstituível por qualquer equipamento domiciliar de som ou imagem, mesmo os de melhor qualidade. Mas já se vêem orquestras tocando para públicos imaginários, sendo assistidas ao vivo em muitos domicílios. No final, aplausos imaginários... reproduzidos em gravadores. Progredimos? Festas familiares e de outros gêneros estão sendo realizadas como teleconferências, cada participante confinado na sua prisão domiciliar. Você considera isso festa? Até onde chegamos! Escolas, colégios, faculdades estão se adaptando para o ensino à distância. Aprenderá todo o necessário uma criança a cujo ensino faltou o contato pessoal? Será confiável um cirurgião que fez todo o curso médico nesse esquema? Com o pretexto de evitar ‘aglomerações’, foram fechadas todas as igrejas, negando acesso aos recintos mais adequados para se pedir a ajuda d’Aquele que prometeu: “Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á” (Mt 7, 7). Terá havido algum progresso espiritual com as ‘missas de televisão’? São estes apenas alguns efeitos colaterais do medicamento purgante chamado ‘Novonormal’, que nos fizeram engolir. Bastam estes para dimensionarmos 33

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quanto retrocesso, quanta escravidão querem impor ao nosso mundo civilizado... SE NÃO REAGIRMOS!

de pessoas pelo surgimento de problemas financeiros, morais e psicológicos de toda ordem. Mas o seu âmbito vai muito além dos horizontes de um Xi Jinping, pois abarca toda a sociedade mundial. A China é apenas um palco de marionetes, do qual se lançam olhares carrancudos para os espectadores. Todos nós somos os espectadores. Melhor dizendo, vítimas.

GRILHÕES ELETRÔNICOS DA ESCRAVIDÃO UNIVERSAL 5G

Ao que tudo indica, o ‘Novonormal’ deve corresponder à etapa final do processo revolucionário, conforme foi explicitado pelo Prof. Plinio Corrêa de COM SÓCRATES E Oliveira em seu livro Revolução e Contra-Revolução. SEM GRILHÕES MODERNOS Tendo o Ocidente abandonado o normal benfazejo da civilização cristã medieval, o processo revolucionário Voltando ao ensinamento de Sócrates, cabem agora vem inventando outros ‘normais’ sucessivos, rumo ao algumas perguntas: O prezado leitor se sente mais feliz objetivo final que é sempre o mesmo: uma sociedade usando incômodas máscaras, antes privativas de crimiigualitária, tribal e ateia, sem tradição, nem família, nem nosos? Está satisfeito com as restrições tirânicas à sua propriedade, tendo como ditador um déspota universal. liberdade de ir e vir? Com a prisão domiciliar garantiOs meios utilizados desde então da pela polícia? Facilitou sua vida o para forjar essa sociedade ateia e iguadistanciamento social, através do qual litária foram ora graduais e pacíficos, cada vizinho, parente, amigo se tornou ora draconianos e brutais, como no-lo um potencial inimigo? Tranquilizou-o mostra claramente a História. Mas o a ‘avalanche de mortes’ alardeada pela que vem sendo agora implementado imprensa, que parece aguardar-nos não tem aparentemente nada de brutal em cada esquina, cada escola, cada e tirânico. Parecem apenas artefatos estabelecimento comercial ou social? de reconhecimento facial, aplicativos Começam a aparecer os protes5G de alta tecnologia, estímulos e ortos multitudinários veementes condens dirigidos ao cérebro das pessoas. tra tudo isso. Se o leitor aceitou sem 5G convidando ao desapareciCâmeras aos milhões, webcams, ceprotestar todos esses instrumentos de mento definitivo da privacidade lulares, acompanhando cada diálogo, tortura mental e social, lamentamos, cada passo, cada pensamento. Munipois essas medidas coercitivas estão ciada por toda essa tecnologia, qualquer transgressão se perenizando, e nada faz crer que cessarão. Parecem das ordens, voluntária ou não, será punida no ato, por fazer parte deste ‘Novonormal’ tirânico. Pretexto para meios também eletrônicos. mantê-las? Ora, as ‘normas sanitárias’... Mas veja bem Privacidade? Liberdade? Onde? Como? Consta que essas normas são discutíveis, ninguém sabe de onde mesmo que o mandarim não dispõe de palavra equielas vieram, nem sequer nós concedemos autoridade valente para privacidade. A que ficaria reduzido o ser legítima aos governantes para impô-las. humano? O que sobraria de civilização no mundo? Ainda é tempo de reagir, protestar, esbravejar, mas Tudo pacífico e consensual — apenas na aparência, o silêncio da maioria dos prejudicados permanece enrepetimos —, mas na verdade um conjunto terrível de surdecedor. Não o nosso, pois todas estas linhas estão grilhões tecnológicos escravizantes. Evidentemente os esbravejando. artífices do processo não falam em escravidão. Mas qual Decididamente, Sócrates estava com a razão. Prea diferença? Se esses grilhões tecnológicos esmagam cisamos voltar a fazer o que fazíamos quando éramos nossa liberdade de ir e vir, nossa felicidade de filhos felizes. Alguém aí se sente feliz, depois de ter espezide Deus, qual outra denominação devem ter, além de nhados todos os seus direitos à liberdade? Pelo contráescravidão? rio, cada um pode dizer por si mesmo: Eu era feliz, e O vírus proveniente da China tem exercido o papel não sabia. Quem conferiu a esses ditadores o direito de favorecer esse desígnio, causando danos a milhões de destruir nossa felicidade? 34

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OBJETIVOS INCONFESSÁVEIS, NOTÍCIAS NÃO CONFIÁVEIS

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ÓBITOS SUBDIMENSIONADOS NO ORIENTE

s notícias da China sobre o coronavírus parecem tão misteriosas como sempre foram as que veem de lá. Não se sabe se o vírus foi criado ou manipulado nos laboratórios de Wuhan, se foi disseminado proposital ou acidentalmente, se foi solto depois de a população chinesa estar imunizada por alguma vacina desconhecida no Ocidente. Mistérios que podem vir a ser esclarecidos... ou não. Transcorridos cinco meses da presença do coronavírus entre nós, os transtornos que as medidas sanitárias impuseram à população continuam produzindo em cada brasileiro, em cada cidadão mundial, um clamor íntimo, profundo e generalizado: Quando nossa vida voltará ao normal? Que resultado prático tiveram os sacrifícios que já fizemos, ciosos de obedecer à risca as imposições sanitárias governamentais?

Ainda não se sabe ao certo o número de mortes provocadas pelo coronavírus na China, mas os dados fornecidos são insignificantes quando comparados à sua enorme população. Terão sido divulgados números reduzidos, a fim de mostrar a eficiência chinesa no combate à epidemia? Denúncias nas redes sociais salientaram número de mortes muito maior, e o jornal espanhol El País afirma (9-6-20) que o foco inicial da pandemia na China começou a desenvolver-se bem antes, em agosto de 2019. De 12 de fevereiro a 13 de março do corrente ano, o número de infectados subiu quase 40%, levando o Centro de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos a acusar a China de subnotificação viral. O bilionário Guo Wengui, exilado por sua oposição ao governo chinês, denunciou situação muito mais grave que a noticiada pelo partido comunista, dizendo que os infectados passavam de cinco milhões, com mais de 200 mil mortes.

Funcionários chineses retiram o corpo de uma vítima de covid-19

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chinês em manipular e disseminar vírus. Por que não foi adotada política dissuasória preventiva? MORTICÍNIO SUPERDIMENSIONADO NO OCIDENTE Se os números foram diminuídos na China, no Ocidente foram superdimensionados. Para criar pânico e neurose nas pessoas? Como se sabe, números assim inflacionados assustam, e acabam permitindo impor políticas autoritárias, habituais em regimes tirânicos. Circularam nas redes sociais centenas de vídeos denunciando que parentes e amigos de pessoas devidamente identificadas faleceram por razões outras que não o coronavírus, e também não apresentavam os sintomas característicos; mas nas certidões de óbito constava como causa mortis a covid-19. Essas pessoas reuniram força moral e psicológica para denunciar, mas não se sabe quantas centenas de outras deixaram de fazê-lo. Dando ou não crédito à inteira objetividade dos dados, o fato é que mais de meio milhão de pessoas morreram no mundo em decorrência da pandemia.

Nos EUA, numa pesquisa feita pela Kaiser Family Foundation entre 25 e 30 de março, 45% dos adultos consideraram que a pandemia havia afetado sua saúde mental.

TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS EM RÁPIDO CRESCIMENTO

A reportagem informava ainda que um incinerador chinês podia queimar 30 cadáveres por dia, e que foram enviados para Wuhan 40 modernos equipamentos desses, com capacidade para incinerar diariamente 1.200 cadáveres. Demonstrando imparcialidade, a reportagem ponderava que o fato de a China os ter enviado para lá não significa que operassem 24 horas por dia (blog Coin Times). No entanto, se somarmos este número ao dos crematórios fixos lá existentes, cujo total em Wuhan é desconhecido, a cifra ultrapassa confortavelmente 1.000 cremações diárias. Foram detectados sinais claros de aquecimento no solo da região, além de fumaça gordurosa não devidamente filtrada sendo expelida para a atmosfera. Muito estranho também foi um relatório divulgado na Alemanha em 2012, com a previsão de uma pandemia no início de 2020, ou seja, uma antecipação de oito anos. Como explicar que as autoridades religiosas e políticas ocidentais não conhecessem ou não avaliassem o relatório, a ponto de serem surpreendidas pela pandemia? Quando isso circulou, já fora previsto o protagonismo

No jornal Valor (29-5-20), sob o título O grande trauma pandêmico, o jornalista Carlos Rydlewski relata a tragédia psicológica brasileira, e fornece alguns dados: “É assim no Brasil. É assim no mundo. Nos EUA, numa pesquisa feita pela Kaiser Family Foundation, entre 25 e 30 de março, 45% dos adultos consideraram que a pandemia havia afetado sua saúde mental. Para 19% deles, houve um ‘grande impacto’. Além do mais, uma linha telefônica pública de emergência, à disposição de pessoas com sofrimento emocional, registrou um aumento de mais de 1.000% das ligações em abril, em comparação ao mesmo período de 2019”. Em seguida o jornalista cita o psiquiatra André Brunoni, do Instituto de Psiquiatria da USP: “No atual contexto de isolamento, muitas pessoas passam por uma primeira fase de euforia. Quem tem condições, fica em casa, assiste aos seriados, filmes na TV, e acha que está tudo ótimo. Depois de algum tempo, no entanto, começam a cair na real e percebem que as coisas podem não voltar a ser como eram. É nesse instante que os transtornos podem começar a agir”. 36

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A psiquiatra Anne Sorgi, da UFRGS, diz com muito propósito: “O abalo por causa do desemprego que virá daí, por exemplo, não repercute somente na renda, mas está associado à sensação de fracasso e até humilhação. As pessoas perdem planos de saúde e passam a ter um acesso mais limitado a serviços. Por fim, milhares de mortes vão desorganizar e abalar as famílias”. O psiquiatra Mario Eduardo da Costa Pereira, da Unicamp, referiu-se à lógica do processo civilizatório, que foi quebrada a partir do surgimento do coronavírus: “Antes disso, ninguém poderia imaginar que estaríamos diante dessa catástrofe. A atual situação estava fora das nossas categorias mentais. Agora temos de nos defrontar com a ausência absoluta de garantias. Entendemos que tudo pode virar de ponta-cabeça, apesar da ciência e da organização social. Mergulhamos em um momento de grande incerteza, e ela é a mãe de todos os fantasmas. Assim, a pandemia é algo que entra em nossas vidas arrombando a porta”. Segundo Rydlewski, no Centro de Valorização da Vida (outro termômetro da saúde mental no País) o telefone gratuito 188 recebia desde 2018 cerca de um milhão de ligações mensais, mas em 2020 deverá alcançar 3,5 milhões. Tal salto levou o sistema ao limite, e a fila de espera do chat da instituição chega a demorar até três horas. Se acrescentarmos que as estatísticas mundiais

apontam um aumento de mais de um bilhão de pessoas abaixo da linha de pobreza, e em torno de 800 milhões de mortes de crianças por desnutrição e ausência de vacinação, concluiremos que estamos diante de uma das maiores tragédias da humanidade. Não podemos esquecer, no entanto, que esses números ‘invejáveis’ coincidem com os objetivos de muitos ambientalistas, que devem estar exultantes. PRETENSÕES GLOBALISTAS E BELIGERÂNCIA CHINESA Examine atentamente, caro leitor, a fisionomia enigmática de Xi Jinping e dos dirigentes do Partido Comunista chinês. Impassíveis, imperturbáveis, indecifráveis... como sempre. [foto abaixo] A propósito de uma matéria sobre Hong Kong, Larry Rohter afirma na revista “Época” (1-6-20): “Isto mostra o roteiro que a China, cada vez mais poderosa e beligerante, pretende implementar em suas relações com o mundo. Tratados e acordos não valem nada, qualquer oferta de cooperação é apenas um pretexto para aumentar o poderio do PCCh, e nenhuma oposição será tolerada. Uma vez um chanceler brasileiro me disse, conversando ‘em off’ sobre a China, que o mundo ainda vai ter saudades da hegemonia americana”.

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PRODUTIVIDADE QUE INCOMODA E GERA CALUNIADORES

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Brasil foi violentamente golpeado pela mídia, em âmbito internacional, a propósito do Sínodo da Amazônia. A mesma parcela da grande mídia serviu-se também da marionete Greta Thunberg e do establishment mundial para superdimensionar as queimadas na Amazônia, espalhando a falsidade de que ela estaria sendo destruída; mas ao mesmo tempo poupava a Austrália, cujo incêndio consumiu território equivalente ao de Portugal. As tubas da mídia esquerdista promoveram, também no Brasil, um estrondo publicitário de caráter ambientalista, com base em tais notícias, ameaçando o País com a suspensão de fundos de investimento internacionais. Ao que tudo indica, submissos à palavra de ordem da ‘Nova Inquisição Ambiental’ dirigida por Macron e Merkel.

os incêndios provocados por raios, que são abundantes na Amazônia. A equipe de ‘inquisidores’ externos, que se dedica a supervisionar as atividades agropecuárias, deveria ter notado que a destruição florestal na Europa disparou 69% (Diário do Poder, 13-7-20); e a revista científica Nature denunciou o crescimento de 69% no desmatamento ligado ao “mercado da madeira”. Ambos tiveram recente expansão, pois desmatamento e madeira caminham juntos. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, no Diário do Poder. Segundo o colunista, imagens de satélite revelam que a área devastada na Europa deve afetar a biodiversidade, provocar erosão e ameaçar fontes d’água. Não por acaso, a madeira da Amazônia rivaliza com esses mercados... e sofre também a vingança. Países como Suécia, Finlândia, Espanha, França e Alemanha têm as maiores áreas de florestas da Europa. Na França, o desmatamento cresceu 30%. Estudo coordenado pelo cientista Guido Ceccherini, do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia em Ispra, Itália, concluiu que em Portugal o desflorestamento cresceu 56%.

CÁ E LÁ, DESMATAMENTOS HÁ Bem ao contrário das notícias, a realidade grita alto. Dados do INPE negam aumento das queimadas na Amazônia, pois de 1º de janeiro a 11 de julho de 2020 foram registrados 8.766 pontos de calor no bioma amazônico, contra 11.273 no mesmo período de 2019. Uma redução de 22% nas queimadas, e não o crescimento propalado falsamente por certas emissoras de TV. O INPE registrou em 2020, em todo o Brasil, 27.900 pontos de calor contra 27.780 pontos em 2019; ou seja, uma variação insignificante de 0,43% (Agro Revenda, 13-7-20). Em época de estiagem esses pontos de calor aumentam. Surgem com mais facilidade, pois podem ser provocados até mesmo por cacos de vidro ou garrafas plásticas, que funcionam como verdadeiras lentes de aumento e concentração dos raios solares. Nas margens do pequeno trecho da rodovia de São Paulo a Aparecida, peregrinos contaram quatro focos de incêndio. Talvez isso consiga explicar a grande discrepância nos dados referentes à Amazônia, pois satélites ‘analfabetos’ não distinguem incêndios, queimadas, desmatamentos, fogueiras de São João. Além disso, devem-se considerar

Plantação de soja

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Terá alguém ouvido alguma manifestação de Merkel, Makron, Greta Thunberg ou autoridades vaticanas sobre tudo isso? Alguém poderia sugerir a tais personalidades mais conhecimento de causa, amor à verdade e respeito pelo Brasil, pois preservamos 70% das florestas, enquanto na Europa esse percentual mal chega a 30%, mesmo incluindo áreas reflorestadas. O agronegócio brasileiro planta em apenas 9% do território e a pecuária ocupa outros 16%. Portanto, apesar de nossa grande produção se concentrar em apenas 25% do território, com ela alimentamos 1,5 bilhão de pessoas no mundo inteiro. Caminhamos celeremente para alimentar dois bilhões de pessoas, apenas aumentando a produtividade nessa mesma área. Não se pretende negar que uma parte considerável do desmatamento, incêndio e queimadas seja ilegal, violando nosso código ambiental. O que é ilegal deve ser detectado e punido, da mesma forma que as atividades legais devem ser estimuladas e protegidas. Foram muito oportunos os esclarecimentos da ministra da Agricultura Tereza Cristina, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo (7-7-20), sob o expressivo título “O Agronegócio não precisa da Amazônia”. Embora o Brasil seja no mundo um dos maiores produtores de alimentos, é também o que mais preserva suas florestas. Com dados irrefutáveis, ela mostrou que a floresta amazônica não tem aptidão para agricultura; nem para pecuária, em algumas partes. O grande aumento

de produção obtido nos últimos anos não se deve a devastação ambiental, mas sim ao uso de tecnologias que aumentaram assombrosamente a produtividade nos territórios já ocupados pela própria agricultura (Entrevista completa disponível no link: estadão.com. br\e\terezacristina). Um dos maiores líderes do agronegócio brasileiro afirma que os números podem fazer calar certos inimigos falaciosos. Vamos então aos números, extraídos do livro Tons de verde (2018) do Prof. Evaristo Miranda, com atualizações do Boletim da Confederação Nacional da Agricultura (vide quadro à p. 41): AVALIANDO O ‘ARSENAL ALIMENTÍCIO’ DO BRASIL A Bíblia nos ensina que Jacó partiu para o Egito com seu povo porque não tinham comida. Os romanos dominaram Cartago para suprir Roma de alimentos. Napoleão foi dominado pelo frio da Rússia, mas a fome teve grande papel na dizimação de seu exército de 600.000 homens. É fácil constatar que no mundo de hoje predominam potências em vários campos: petróleo, energia, armas nucleares, dinheiro, armas bacteriológicas e psicológicas, tecnologia 5G. Mas é oportuno perguntar qual o real valor de todo esse poderio, caso não exista a alimentação, parte principal de qualquer serviço de intendência. Em outras palavras, estas considerações visam ressaltar a importância dos alimentos na geopolítica atual. O Brasil de hoje atingiu a condição de potência, como detentor do maior ‘arsenal’ alimentício do mundo. E não precisa disso para chantagear quem quer que seja, nem mesmo como instrumento de poder. Porém, se formos forçados a mostrar a importância desse manancial, poderemos fazê-lo exigindo apenas respeito pelo ‘dono da bola’. É o que se exige nos jogos de bola entre meninos; caso contrário não há jogo. O Brasil precisa superar o que um jornalista denominou ‘complexo de vira-lata’ — uma referência àquele cachorro sem pedigree que aguenta desaforos e pontapés sem oferecer reação, e sai grunhindo com o rabo entre as pernas, mesmo ignorando o motivo da agressão. Para inverter esse jogo, basta mostrarmos a todos quem é o ‘dono da bola’. Pois a nossa ‘bola’ é indispensável para qualquer ser vivo, e sem ela não há jogo, não há vida. 39

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Sem orgulho, sem mesquinharia, mas altaneiros, temos o direito e o dever de ocupar nosso lugar no concerto das nações. Tudo isso é bonito e fácil de dizer. Mas no mundo real, na prática, como é que se pode conseguir esse resultado? Simplesmente deixando de pensar e reagir como um vira-lata, e passando a negociar na qualidade de ‘dono da bola’.

sores (também recompensar os eficientes que atuam dentro da legalidade, evidentemente), além de incentivar a exploração sustentável. Isso nos daria condições para aplicar corretamente a legislação ambiental existente; e a aceitação da sobretaxa pelos importadores confirmaria sua lealdade e suas boas intenções. Assim estaremos também dando a eles a oportunidade de colaborar em todo esse processo para o qual nos faltam recursos. Linguagem respeitosa, sem petulância, mas firme. Isso resolve muita coisa. Enquanto isso, sejamos felizes com as riquezas que Deus nos concedeu. Cultivemos o solo pátrio com o suor do nosso rosto, e afastemos para bem longe a ameaça de escravidão tecnológica, que a propósito da pandemia se apresenta disfarçada como ‘Novonormal’.

DE VIRA-LATA A DONO DA BOLA, A NOSSA ARMA PACÍFICA De acordo com o ensinamento de um economista, em um ambiente onde haja liberdade um negócio só se efetua quando as partes se consideram satisfeitas. Ora, se examinarmos o modo como o Brasil vem sendo tratado a propósito da preservação da Amazônia, não podemos de nenhum modo declarar-nos satisfeitos. Especialmente no que se refere a queimadas, incêndios, desmatamento. Vemos em primeiro lugar que as acusações são injustas, nem sequer podem ser comprovadas; vemos que os acusadores pouco ou nada conhecem dos problemas amazônicos reais; temos presente que uma parte significativa do interesse pela preservação desse nosso patrimônio está relacionada com o bioma, de grande valor para inúmeros efeitos; outra parte do interesse prende-se ao valor incalculável das riquezas minerais. E a conclusão lógica a propósito de tudo isso é que não podemos concordar com esse modo de nos tratarem. Mas somos os ‘donos da bola’ neste caso, e podemos recusar-nos a fechar negócio com quem insulta, calunia ou pressiona o Brasil; tanto mais quanto muitos mentem com conhecimento de causa, visando desprestigiar-nos ante o mundo para conquistarem ou manterem algum lugar na concorrência. Ou para conseguirem aviltar nossos preços... Daí a proposta de incluirmos na mesa de negociações o fator sobretaxa. Ou seja, se continuarem a nos acusar injustamente, os produtos brasileiros não lhes serão disponibilizados. Se não cessarem tais acusações, só os cederemos mediante o pagamento de uma sobretaxa em relação ao preço de mercado. O valor da sobretaxa será estipulado pelos brasileiros, os ofendidos, e faremos a avaliação estritamente em função dos prejuízos que nossa imagem esteja sofrendo. A sobretaxa terá como finalidade específica erguer um sistema eficiente para fiscalizar e punir os transgres-

NO PÓS-PANDEMIA, UMA DECISÃO CRUCIAL O quadro depressivo criado pela pandemia colocou o mundo num momento decisivo. Nosso futuro está ameaçado, e a opção que agora fizermos orientará os séculos vindouros. Queiramos ou não, o que está em jogo para os homens é uma escolha suprema e insofismável para o porvir da humanidade. Uma decisão que se faz entre Deus, onipresente e onisciente, ou Satanás, inimigo revoltoso do Criador e dos homens. O demônio pretende comandar a ferro e fogo as nossas vidas, para afastá-las de Deus. Para isso não lhe faltam asseclas, a cujo alcance pode estar o poderio de toda a tecnologia disponível. Nessa batalha de Deus contra Satanás, a posição do prezado leitor é importante, e queremos contar com ela para promover o reinado de Jesus Cristo na Terra. Como filhos de Deus, só seremos felizes lutando ao lado d’Ele. O Brasil cristão, ordeiro e pacífico não pode hesitar em escolher por Nosso Senhor Jesus Cristo e pela Cristandade. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em uma de suas afirmações impregnadas de esperanças, desafiou: “Os céticos poderão sorrir. Mas o sorriso dos céticos (e acrescentamos: a perfídia dos conspiradores) jamais conseguiu deter a marcha vitoriosa dos que têm fé”. Em suma, nosso futuro está marcado no alto do céu pelo Cruzeiro do Sul. Nessa marcha, contamos com a proteção perseverante de nossa Padroeira, a Senhora Aparecida. n 40

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NÚMEROS INVEJÁVEIS QUE PROVOCAM INVEJA... E CALÚNIAS ● Açúcar – primeiro produtor mundial – com 40% da produção. ● Café – primeiro produtor mundial – com 30% da produção. ● Laranja – primeiro produtor mundial – com 76% da produção. ● Soja – primeiro produtor mundial – com 40% da produção. ● Bovinos – primeiro lugar em rebanho comercial – com 220 milhões de cabeças. ● Feijão – primeiro produtor mundial – com 20% da produção. ● Mamão – primeiro produtor mundial – com 12% da produção. ● Abacaxi – primeiro produtor mundial – com 1 milhão e 800 mil toneladas. ● Goiaba – primeiro produtor mundial – com 424 mil toneladas. ● Castanha do Pará – primeiro produtor mundial – com 45 mil toneladas. ● Palmito – primeiro produtor mundial – com 110 mil toneladas. ● Cachaça – primeiro produtor mundial – com 1 bilhão de litros. ● Sisal – líder em exportação. ● Carne de frango – segundo produtor – com 30% da produção. ● Carne bovina – segundo produtor – com 20% da produção. ● Tabaco – segundo produtor – com 867 mil toneladas. ● Algodão – terceiro produtor – com 25% da produção. ● Milho – terceiro produtor – com 20% da produção. ● Celulose – terceiro produtor – com 20 milhões de toneladas. ● Óleo de soja – quarto produtor – com 12% da produção. ● Farelo de soja – quarto produtor – com 22% da produção. ● Carne suína – quarto produtor – com 11% da produção. ● Mandioca – quarto produtor – com 23 milhões e 700 mil toneladas. ● Equinos – quarto produtor – com 5 milhões de cabeças. ● Coco – quarto produtor. ● Leite – quarto produtor – com 35 bilhões de litros. ● Seda – quinto produtor. ● Manga – sétimo produtor – com 1 milhão de toneladas. ● Hortaliças – produção de 63 milhões de toneladas. ● Frutas em geral – produção de 44 milhões de toneladas. ● Álcool – produção de 30 bilhões de litros anuais.

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Santos e Festas de Setembro 1 Santa Margarida de Riéti, Virgem

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+ Florença, 1770. De família abastada, ingressou aos 19 anos no Carmelo, onde permaneceu até o seu falecimento aos 23 incompletos. Pelo seu empenho em não aparecer, essa grande mística ficou conhecida como a Santa da Vida Oculta.

2 Santo Antônio, Mártir

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+ Síria, séc. IV. “Jovem cristão de 20 anos, cortador de pedras por profissão, quebrou em pedaços ídolos pagãos. Foi por esse motivo condenado a morrer na própria construção de uma igreja em que estava trabalhando” (do Martirológio Romano – Monástico).

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+ Roma, 604. De família senatorial romana, quando ainda muito jovem foi prefeito da cidade. Herdou enorme fortuna e fundou seis mosteiros, fazendo-se beneditino em um deles. Delegado Apostólico em Constantinopla, e depois Papa, exerceu com firmeza e energia o governo da Igreja, destacando-se sua atuação na organização do culto e do canto sacro. Seus escritos lhe mereceram ser um dos quatro Doutores da Igreja Latina.

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+ Palestina, séc. XIII a.C. Profeta e legislador, Moisés “recebeu de Deus a missão de libertar o povo de Israel oprimido no Egito pelo Faraó. Falava com Deus face a face como se fala a um amigo” (do Martirológio Romano – Monástico). Primeira sexta-feira do mês.

5 São Bertino, Confessor + Luxeuil (França), 700. Este patriarca fundou com Santo Omer a abadia de Luxeuil, da qual 22 monges foram elevados às honras dos altares. Primeiro sábado do mês.

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do-lhe a graça do martírio durante uma inesperada e cruel perseguição.

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Santíssimo Nome de Maria

Santa Regina de Alésia, Virgem e Mártir

Festa instituída por Inocêncio XI em 1683 para agradecer a Nossa Senhora a vitória de João Sobieski, rei da Polônia, contra os mouros que assediavam Viena, ameaçando o Ocidente.

+ Borgonha, séc. II. Seu culto na Borgonha “é documentado desde o século V por uma basílica edificada sobre seu sarcófago. Uma tradição designa assim o lugar do martírio de Alésia: ‘Aqui César venceu a Gália; aqui uma virgem venceu César’” (do Martirológio Romano – Monástico).

8 NATIVIDADE DE NOSSA SENHORA

9 São Pedro Claver, Confessor

São Gregório Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja

Patriarca Moisés, Profeta

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ceram suas vidas pelos seus rebanhos durante a perseguição do Rei Hunerico” (do Martirológio Romano).

6 Seis bispos africanos, Mártires + África, séc. VI. Estes prelados, “como verdadeiros pastores, ofere-

+ Cartagena (Colômbia), 1654. Apóstolo dos Negros. Nasceu na Espanha e partiu para a então Nova Granada, dizendo: “Quero passar toda minha vida trabalhando pelas almas, salvá-las e morrer por elas”. Foi o que fez, vivendo por mais de 40 anos no apostolado entre os escravos negros, morrendo vítima de moléstia contraída ao atender os empestados.

10 Santa Pulquéria Imperatriz, Viúva + Bizâncio, 453. Batizada por São João Crisóstomo, ainda jovem fez o voto de virgindade com suas duas irmãs mais novas. Aos 15 anos sucedeu ao pai durante a minoridade de seu irmão, Teodósio II. Tendo que se afastar da corte devido aos ciúmes da cunhada, voltou a ela a pedido do Papa São Leão, para combater as heresias de Eutiques. Com a morte do irmão, tornou-se imperatriz. Para estabelecer sua autoridade, casou-se com o general Marciano, com quem viveu em castidade.

11 São João-Gabriel Perboyre, Mártir + China, 1840. Depois de ter trabalhado na formação da juventude em várias escolas católicas da França, foi enviado às missões na China. Deus atendeu ao seu pedido, conceden-

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13 São João Crisóstomo, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Armênia, 407. Um dos quatro grandes doutores da Igreja Oriental e bispo de Constantinopla, notabilizou-se pela rara eloquência, de onde seu nome Crisóstomo (boca de ouro). Perseguido e desterrado pela Imperatriz Eudóxia, morreu a caminho do exílio. São Pio X declarou-o patrono dos oradores cristãos.

14 EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ “Devemos nos orgulhar na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque nela está a nossa salvação, vida e ressurreição, e por ela é que recebemos a libertação” (São Paulo, Gl 6, 14).

15 NOSSA SENHORA DAS DORES Festa instituída por Pio VII em 1814, em substituição a duas outras muito antigas, para rememorar as dores da Co-Redentora do gênero humano.

16 Santa Edite, Virgem + Wilton (Inglaterra), séc. X. “Filha do Rei Edgar, da Inglaterra. Consagrada a Deus desde a mais tenra infância (no Mosteiro de Santa Maria, em Wilton), morreu aos 23 anos, pranteada unanimemente por suas irmãs” (do Martirológio Romano – Monástico).

17 São Roberto Belarmino, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Roma, 1621. Jesuíta, autor das admiráveis Controvérsias, nas quais refuta os sofismas protestantes. Foi arcebispo de Cápua, cardeal, consultor das principais congregações romanas, conselheiro de vários Papas e confessor de São Luís Gonzaga no Colégio Romano.


18 + Lima, 1645. Contemporâneo de São Martinho de Porres e dominicano como ele, embora em outro convento de Lima, foi modelar em todas as virtudes, principalmente na obediência e na pureza.

de virgindade, saindo incólume do tormento da fogueira, dos leões e das serpentes. Embora a tenham deixado livre depois disso, é considerada pelos Padres da Igreja como a “primeira das mulheres mártires”, e “semelhante aos Apóstolos” (do Martirológio Romano).

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São João Macias, Confessor

Aparição de Nossa Senhora em La Salette (França) Em 1846 a Santíssima Virgem denunciou em termos candentes aos pastorinhos Maximino e Melânia os pecados do clero, recomendando a oração quotidiana e a santificação dos domingos.

20 Santos Eustáquio e companheiros, Mártires + Roma, 120. Eustáquio foi um dos maiores generais do exército romano imperial e notável por sua caridade, apesar de pagão. Numa caçada, o cervo que perseguia voltou-se para ele com uma cruz entre os chifres. Eustáquio converteu-se e sofreu o martírio com a esposa e dois filhos, assados dentro de uma enorme estátua de metal aquecida.

21 São Mateus, Apóstolo e Evangelista

Nossa Senhora das Mercês Esta festa comemora a aparição de Nossa Senhora a São Pedro Nolasco e São Raimundo de Penhaforte, pedindo-lhes a fundação de uma Ordem religiosa para o resgate dos cristãos aos mouros. Em 1696 foi estendida à Igreja universal.

25 Beato Hermano Contractus, Confessor + Baden, 1054. Filho de condes, ao nascer foi vítima de um traumatismo obstétrico, tendo de ser carregado durante toda a vida, de onde o cognome de Contractus ou Entrevado. Mas a Providência compensou essa lacuna corporal com dons de inteligência que lhe mereceram outro cognome, o de Maravilha do século, por sua ciên­cia e virtude.

26 Santa Teresa Couderc, Virgem + Lião, 1885. Fundadora da Congregação de Nossa Senhora do Cenáculo, dedicada à obra dos retiros espirituais para senhoras, sofreu toda sorte de humilhações, ingratidões e rivalidades, sendo-lhe arrebatado o cargo de superiora da obra que fundara e negado o título de fundadora.

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São Vicente de Paulo, Confessor

Santo Emerano, Bispo e Mártir

23 São Pio de Pietrelcina, Confessor Santa Tecla, Virgem e Mártir + Selêucia (Turquia), séc. I. Convertida por São Paulo, sofreu inúmeras perseguições para conservar seu voto

28 São Venceslau, Rei e mártir Santa Eustóquia, Virgem

+ Antioquia, séc. I. Deixou sua mesa de arrecadador de impostos em Cafarnaum quando o Senhor, fixando-o, disse-lhe simplesmente: “Segue-me”. Foi o primeiro que, por inspiração divina, escreveu o Evangelho. Segundo a Tradição, foi martirizado em Antioquia ou na Etiópia (não a da África), onde teria instituído um convento de virgens.

+ Alemanha, séc. VII. Apóstolo da Baviera martirizado pelos pagãos. Sobre o seu túmulo foi erguida a abadia beneditina de Kleinhelfendorf, que se tornou lugar de peregrinação.

contra a Inglaterra, que naquela época perseguia cruelmente os católicos. O empreendimento não foi possível devido à oposição do Cardeal de Richelieu.

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+ Paris, 1660. Cognominado o grande Santo do grande século na França, fundou os Lazaristas e as Irmãs de Caridade. Praticamente não houve atividade religiosa ou de caridade a que não estivesse ligado. Os membros das congregações por ele fundadas foram peças fundamentais para fazer o protestantismo retroceder e perder força naquele país. No Conselho de Regência, foi responsável pela nomeação de bispos virtuosos, o que auxiliou a realização de uma verdadeira reforma religiosa. Incentivou uma cruzada

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+ Palestina, 418. Virgem romana que se mudou para a Palestina com sua mãe Santa Paula a fim de se tornarem religiosas sob a direção de São Jerônimo.

29 Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael

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30 São Jerônimo, Confessor e Doutor da Igreja Santo Honório, Bispo e Confessor + Cantuária, 653. Discípulo e sucessor de Santo Agostinho na Sé de Cantuária, tendo lhe seguido os passos na evangelização dos anglo-saxões. Nota: Os Santos já referidos em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

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Intenções para a Santa Missa em setembro Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções: Em honra da Exaltação da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo (celebração do dia 14), pedindo para todos os colaboradores, assinantes e leitores de Catolicismo o amor à Santa Cruz e as forças necessárias para suportarem corajosamente as cruzes que se apresentarem ao longo de suas vidas. Também pedindo graças especiais para que os católicos perseguidos na China comunista não esmoreçam, mas que, pelo contrário, sejam cada vez mais fortalecidos na fé. Intenções para a Santa Missa em outubro Para que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, proteja maternalmente o povo brasileiro de qualquer tipo de corrupção, tanto material quanto moral, e lhe conceda especial devoção ao Santo Rosário. Na Missa pediremos também pelo fim da pandemia e pelo povo libanês, flagelado pela gigantesca explosão em sua capital.


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Sao Luiís IX,, Rei Há 750 anos morria atingido pela peste o Rei da França, um guerreiro intrépido, um dos mais belos florões do apogeu da civilização cristã na Idade Média, um modelo ímpar de estadista cristão Renato William Mur ta de Vasconcelos

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ão Luís havia comandado em 1248 a sétima cruzada para reconquistar os Lugares Santos em Jerusalém. Desembarcou no Egito, mas a delonga de seis meses para o início das operações militares lhe foi fatal. Quando afinal avançou sobre o Cairo, uma inundação do rio Nilo impediu-lhe a passagem e a conquista da cidade. Em seguida uma peste de tifo assolou os franceses, que foram obrigados à retirada. Em 1250, na batalha de Mansurá, o Rei santo caiu nas mãos dos maometanos. Resgatado por 800.000 moedas de ouro, entretanto só retornou à França em 1254. A oitava cruzada, em 1270, teve como origem os ataques do sultão mameluco Baybars aos Estados latinos no Oriente, especialmente a queda de Antioquia dois anos antes. Em vez de atacar diretamente o Egito, São Luís se dirigiu a Túnis, de cujo rei esperava a conversão. Essa seria a primeira etapa da campanha militar. O rei de Túnis não se converteu e a peste irrompeu furiosa nas hostes francesas. Apesar de contaminado,

Vitral da catedral de Notre-Dame de Senlis, Oise, França.

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O Rei Luís IX prisioneiro no Egito – Gustave Doré (1877). Da ”Bibliothèque des Croisades”.

Iluminura de São Luís IX partindo para o Egito na sétima Cruzada (séc. XIV).

no mundo”, segundo Beaumanoir, jurista contemporâneo, constitui um cristal onde brilham o zelo real pela proteção dos direitos da Igreja, pelo bem sobretudo moral do reino e de seus súditos, pela perseverança e progresso de seus filhos na virtude. Na simplicidade e candura do texto [vide pp. 46-47], São Luís aparece em toda a sua estatura: o santo, o modelo do governante cristão, o espelho do direito e da justiça.

o heroico Rei não se deixou abater pela febre. Pelo contrário, para evitar o desânimo dos seus, continuou a dirigir as operações de guerra; a receber embaixadores, como os enviados de Miguel Paleologue, Imperador de Constantinopla; a tomar medidas para o financiamento da cruzada. Inclemente, a morte ceifava altos personagens. Em 3 de agosto morreu Jean-Tristan, Conde de Nevers, seu filho mais novo, com apenas 20 anos, a bordo de um navio para o qual fora levado. Enfim, o progresso da doença obrigou o Rei a recolher-se ao leito, para não mais se levantar. Pressentindo a derradeira hora, ordenou que viessem seus filhos — Philippe, o herdeiro do trono, e Pierre — e lhes entregou uma Instrução com suas últimas vontades. No umbral da eternidade, na iminência de seu encontro com o “Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, o justo Juiz”, o testamento do “melhor Rei que existiu

GOVERNO HARMÔNICO ENTRE AS COISAS ESPIRITUAIS E TEMPORAIS No testamento do bom rei, São Luís empenhadamente aconselha o filho a respeitar e defender os interesses dos hierarcas da Igreja; mas ao mesmo tempo, e com igual vigor, convida-o a fazer imperar o direito e a justiça, a vigiar os governadores, juízes e prepostos, a proteger as cidades — fontes de riqueza e poder —, a não oprimir o povo com impostos excessivos, a amparar os necessitados e a escolher bons conselheiros. 45

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É o bom pai que traça uma regra de vida para o filho, porque só pode governar bem aquele que sabe dominar a si mesmo. Regras de bom governo temporal para o bem de toda a sociedade; normas de conduta pessoal para alcançar a santidade e o Céu. É desta harmonia entre as coisas espirituais e temporais, iluminada pela Fé; desta profunda compenetração de que exercia o múnus real pela graça divina (Dei gratia) — “per me reges regnant” (Prov. 8, 15); — e de que era responsável por seus súditos diante de Deus, que se evola o perfume de sacralidade que nimba a personalidade de São Luís. Chateaubriand exprime esta realidade em belas palavras: “Pode ser que um homem perto de morrer, desapegado já das coisas do mundo, dirija sábias instruções a seus filhos. Mas quando essas instruções são apoiadas por toda uma vida de inocência, quando elas saem da boca de um grande príncipe, de um guerreiro intrépido e do coração mais puro como jamais houve; quando elas são as últimas expressões de uma alma divina prestes a entrar nas eternas moradas, feliz então o povo que pode se gloriar dizendo: O homem que escreveu essas Instruções foi o Rei de meus país!” (Itinéraire de Paris à Jérusalem, p. 70)

São Luís, no seu leito de morte, dá os últimos conselhos a seu filho, o Príncipe Felipe – Jacques-Antoine Beaufort (1721–1784). Chapelle SaintLouis de l’École Militaire, Paris.

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oinville, o biógrafo de São Luís, anexou às suas Memórias a instrução abaixo, que é um verdadeiro testamento. Páginas admiráveis, escritas ao fio do pensamento, sem um plano prévio, que refletem exatamente a personalidade do Rei da França e suas preocupações religiosas e políticas. Aí se manifesta claramente o homem de fé exemplar e o estadista.

“NÃO É DADO AO HOMEM LEVAR A VIRTUDE AINDA MAIS LONGE” No domingo, 24 de agosto de 1270, Geoffroy de Beaulieu, confessor de São Luís, encontrou-o com as mãos postas, ajoelhado sobre a areia, junto de seu leito. Ao apresentar-lhe a hóstia para a santa comunhão, perguntou-lhe se cria que ela continha realmente o Corpo e Sangue de Nosso Senhor. Ao que o rei respondeu que acreditava com mais certeza do que se O tivesse visto ressuscitar e subir aos Céus. Uma das preocupações de São Luís em seus derradeiros momentos foi como converter os muçulmanos, e qual seria o melhor pregador para esta missão. E indicou um dominicano que era conhecido do sultão de Túnis. No dia seguinte, por volta do meio-dia, São Luís entrou em agonia. Suas últimas palavras foram: “Pater, in manus tuas commendo spiritum meum”. Pediu que o colocassem sobre um leito de cinzas em forma

“Querido filho, a primeira coisa que te indico é que deves amar a Deus de todo coração, porque sem isso ninguém pode se salvar. Evita fazer o que desagrada a Deus, isto é, o pecado mortal; prefere antes sofrer toda espécie de vilanias e de tormentos a cometer um só pecado mortal. Se Deus te enviar provações, recebe a adversidade com paciência e agradece a Nosso Senhor

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TESTAMENTO DO REI SÃO LUÍS por isso, considerando que tu a mereceste e que tudo será para o teu bem. Se Ele te der prosperidade, agradece-lhe humildemente, a fim de que não fiques pior, seja por orgulho ou por outro modo que não possas avaliar. Confessa-te com frequência, e que teu confessor seja um varão prudente, que saiba te ensinar o que deves fazer e o que evitar. Deves ser de tal modo, que teu confessor e teus amigos ousem te repreender por teus erros. Acompanha devotamente a Santa Missa, com o coração e a boca, especialmente no momento da Consagração. Tem o coração doce e bondoso para com os pobres, os pequenos, os infortunados; ajuda-os na medida em que possas. Mantém os bons costumes do reino e destrói os maus. Não cobices os bens de teu povo e não o sobrecarregues de impostos. [...] Empenha-te em ter em tua companhia pessoas prudentes e leais, religiosos ou leigos, que não sejam cheios de cobiça; foge e evita a companhia dos maus. [...] Ama a tua honra e o teu bem e odeia todo o mal em qualquer lugar onde ele esteja. Que ninguém tenha o atrevimento de proferir diante de ti palavras que atraiam ao pecado, nem falar mal dos outros pelas costas com a intenção de prejudicar. Não toleres também que vilanias contra Deus sejam proferidas diante de ti. Dá frequentemente graças a Deus pelos bens que Ele te concedeu, a fim de que sejas digno de receber mais. Sê leal e ávido de fazer justiça a teus súditos, sem virar à direita nem à esquerda, mas apoia o direito e sustenta a causa do pobre até que a verdade se esclareça. E se alguém te apresentar uma queixa, não o creias até que se saiba a verdade, porque assim teus conselheiros julgarão mais livremente e de acordo com a sua consciência, a favor ou contra ti. Se tens algo de outrem, por ti ou por teus antecessores, e se for coisa certa, restitui sem tardar; se for coisa duvidosa, manda inquirir imediata e diligentemente por pessoas prudentes. Põe tua aplicação em saber se teus próximos e teus súditos vivem em paz e retamente sob a tua lei.

Mantém também as cidades e os costumes de teu reino no estado e na liberdade com que teus antecessores os guardaram; e se houver algo a retificar, retifica-o e o corrige. Conserva as boas cidades no favor e no amor, porque a força e as riquezas das grandes cidades impedirão os particulares, os estrangeiros de se indisporem contigo, sobretudo os barões e teus pares. Honra e ama todos os membros da Santa Igreja e toma cuidado para que não se lhes subtraiam os donativos e as esmolas que nós lhes tenhamos dado. [...] Honra e reverencia teu pai e tua mãe e observa o que mandarem. Concede os benefícios da Santa Igreja a pessoas boas e de vida irrepreensível, segundo o conselho de homens prudentes e probos. Evita fazer guerra contra cristãos, sem grande necessidade. E se for inevitável, preserva a Santa Igreja e aqueles que não fizeram mal algum. Se surgirem guerras e contendas entre teus súditos, pacifica-os o mais depressa que possas. Sê diligente em ter bons governadores e juízes, e inquire com frequência a respeito deles e dos que os cercam, de como eles se comportam e se há neles o vício da cobiça, da falsidade ou do engano. Trabalha para que todos os pecados feios sejam retirados da Terra; especialmente, faze todo o possível para acabar com as blasfêmias e as heresias. Toma cuidado para que as despesas de tua casa sejam razoáveis. Enfim, caríssimo filho, manda rezar Missas por minha alma e rezar pelo teu reino, e dá-me uma parte especial e plena em todo o bem que farás. Belo e caro filho, eu te dou todas as bênçãos que um bom pai pode conceder a seu filho. E que a Santíssima Trindade e todos os santos te guardem e te protejam de todos os males, e que Deus te conceda a graça de fazer sempre a sua vontade, a fim de que Ele seja honrado por ti, e que tu e nós possamos, depois desta vida mortal, estar junto a Ele e O louvar para todo o sempre. Amém”. (Apud Bordonove, Les Rois qui ont fait la France, pp. 312-314).

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Morte de São Luís na Batalha de Túnis, 1270 – Grandes Crônicas de França, iluminuras de Jean Fouquet (1455-1460). Departamento de Manuscritos, França.

de cruz. De mãos cruzadas sobre o peito, os olhos voltados para o céu, esperou o momento final. Sua alma deixou o corpo às 3 h da tarde, na mesma hora da morte de Jesus Cristo. Acabava-se assim a vida de inocência de um grande príncipe, de um guerreiro intrépido, que tinha o mais puro coração, uma alma maravilhosa. Como não admirar? Voltaire, o inimigo encarniçado da Igreja e da civilização cristã, um dos fautores ideológicos da Revolução Francesa, falando de São Luís foi obrigado a confessar: “Não é dado ao homem levar a virtude ainda mais longe”. PERMANECE O EXEMPLO DO GRANDE HERÓI SANTO Ao longo dos séculos, a descendência de São Luís deixou exemplos por vezes luminosos, por vezes obscuros. Um exemplo triste: Felipe IV, seu neto, mandou

esbofetear em Avignon o Papa Bonifácio VIII, que em 1297 havia canonizado São Luís. Outro exemplo esplendoroso: Luís XVI, prestes a ser guilhotinado, aconselhado pelo sacerdote irlandês Pe. Edgeworth de Firmont, que o acompanhava, se sujeitou à humilhação de ter suas mãos amarradas, para “ter assim mais semelhança com Nosso Senhor Jesus Cristo”. Quando a lâmina caía, o Pe. Edgeworth exclamou: “Filho de São Luís, subi ao Céu”. O sangue de São Luís corre ainda nas veias da alta nobreza europeia. Corre também na atual Casa Imperial brasileira. Seu chefe, o Príncipe Dom Luís de Orleans e Bragança, e seu irmão Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, são entre nós impertérritos defensores dos princípios e valores da civilização cristã. Filhos e herdeiros autênticos de São Luís, são eles outros exemplos luminosos em nossos dias. Para o Brasil, uma honra incomensurável, uma oportunidade insigne. n

Obras consultadas: – BORDONOVE Georges, Les Rois qui ont fait la France – Saint Louis; Editions Pygmalion, Paris, 1984. – CHATEAUBRIAND René de, Oeuvres Complètes, Itinéraire de Paris à Jérusalem, P. H. Krabbe, Paris, 1852. – WEISS Johann Baptist von, Weltgeschichte – Der heilige Ludwig, Styria, Graz-Leipzig, 1903, vol. V, pp. 637-672. – SCHMIEGEL Sindy, Gerechtigkeitspflege und herrscherlische Sakralität unter Friedrich II. und Ludwig IX. – Herrschaftsauffassungen des 13. Jahrhunderts im Vergleich, Dissertation, Universität Passau, 2007. – Sobre a biografia de São Luís, ver também Plinio Maria Solimeo, São Luís – Monarca exemplar nos anais da Cristandade, Catolicismo, agosto/2017.

Apoteose de São Luís, St. Louis, Missouri (EUA).

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Fotos: Arquivo fotográfico Sociedade Americana para a Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP)

AÇÃO CONTR A-RE VOLUCIONÁRIA

CRUZADA DE ORAÇÃO PELO RETORNO À ORDEM

St. Augustine - Flórida

C

FR AN C I SCO JOSÉ S E I D L

om a presença da imagem milagrosa de Nossa Senhora de Fátima, membros e voluntários da Sociedade Americana para a Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), com os característicos estandartes rubros marcados pelo heráldico leão dourado, saíram às ruas dos Estados Unidos, percorrendo de costa a costa seus 50 Estados, numa ousada e histórica Cruzada de Oração. Iniciada em junho passado na cidade de Saint Augustin, no local onde foi celebrada a Primeira Missa na América do Norte, logo após Colombo aportar no Novo Mundo, a campanha se prolongou até o mês de agosto. Nesses dias de grande agitação e confusão, a recitação pública de rosários em todas as capitais desse imenso país teve uma intenção especial: o retorno urgente dos Estados Unidos à ordem. Esse extraordinário e épico esforço de orações é urgente porque, mais do que nunca, precisamos erguer os olhos para Deus e Sua Mãe Santíssima, e implorar

A imagem milagrosa de Nossa Senhora de Fátima esteve presente nos eventos da “Cruzada de Oração”

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com calma, confiança e coragem a intervenção celeste. Tal esforço atrairá bênçãos sobre a nação norte-americana, que sofre neste momento com as grandes agitações provocadas por violentos distúrbios com vistas a desestabilizá-la e atirá-la no caos. Nessa Cruzada de orações também têm participado voluntários da campanha America Needs Fatima, da TFP americana, que há vários anos vêm realizando dezenas de milhares de rallies do rosário em praça pública. “Quase todo o mundo está sofrendo de alguma forma com os confinamentos, a perda de empregos, o medo e a turbulência geral. As soluções humanas só vão até certo ponto. Precisamos de um remédio duradouro para restaurar o tecido moral de nossa nação. O que Nossa Senhora de Fátima pediu em 1917 é hoje ainda mais relevante: conversão, oração e penitência” – declarou Robert Ritchie, diretor de America Needs Fatima. Nos dias em que os promotores da campanha se apresentaram no Alasca, um de seus participantes comentou a proteção de Nossa Senhora de Fátima ao evento: “Aqui tem chovido ininterruptamente nas últimas três semanas. Mas agora, de repente, nestes últimos dois dias temos tido um céu azul claro”. Durante a campanha em todos os Estados da Federação, a oposição encontrada foi mínima. A maioria aplaudia, e só de vez em quando alguém surgia para vaiar; ou, por exemplo, gritar Black Lives Matter. Foi o que fez um anarquista, ao ver um cartaz ostentado por um membro da TFP com os dizeres: Honk for Our Police (Buzine a favor da nossa polícia). Em todos os atos realizados nas capitais americanas, a presença da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima produziu inegáveis benefícios às almas dos transeuntes; muitos, ao verem a imagem sagrada, faziam o sinal da cruz, alguns choravam. Era comum ouvir frases como estas: “É exatamente disso que precisamos nestes tempos confusos”; “Deus os abençoe por este trabalho”; “Precisamos rezar em reparação à destruição de monumentos históricos e estátuas religiosas”; “A polícia precisa de nossas orações públicas e apoio moral”; “Com a recente anarquia, saques e distúrbios que invadiram as ruas dos EUA, esta campanha de orações chegou no momento certo”. Sem dúvida, a solução para a grave crise que atinge os EUA é nos voltarmos para Nossa Senhora, na certeza de que Ela salvará o país com a principal arma que colocou nas mãos dos americanos — o Santo Rosário — sem desprezar as demais. n 50

San Juan de Puerto Rico - Praça Colombo

Saint Pa

No extremo sul dos EUA continental, a 90 milhas de Cuba

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Diante do Capitรณlio, em Washington

Saint Paul, Minnesota

Nas cataratas do Niรกgara

Em Miami, Flรณrida

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P linio Co rrêa de Ol i vei ra

O PÃO DE AÇÚCAR REFLETE O QUE O BRASILEIRO DEVERIA SER

A

cho muito bonito no Rio de Janeiro o Pão de Açúcar. Gosto extremamente daquele monumento natural, ele é um colosso! Há algo de contemplativo no Pão de Açúcar. Quando se está lá em cima e se vê aquele mar arrebatador, que se espraia por entre as ilhas, pode-se considerá-lo como tendo sido feito para ensejar uma contemplação muito alta das coisas, muito elevada, muito silenciosa, de caráter confidencial, própria a ser contada apenas para poucas pessoas. Ele convida o espírito a considerações extraordinárias, como se nos mistérios dele estivesse pensando em coisas colossais, adequadas para serem conversadas só com Deus. Aquele morro parece ter algo de dominador sobre toda a paisagem. Dá a impressão de ter garras invisíveis, com as quais retém em torno de si todo o panorama, como se dissesse: Nada nem ninguém se mexe sem que eu queira, porque tudo depende de mim. E eu dependo do meu pensamento, estou envolto em considerações que vocês da planície não entendem. Deus pode criar panoramas e moldar os povos de acordo com os panoramas. Pode fazer com que naquele ambiente se produzam belezas, enriquecendo um conjunto panorâmico de primeira categoria que Ele criou. O Pão de Açúcar não reflete bem o que o brasileiro é, mas reflete o que o brasileiro deveria ser. Assim eu o entendo, e assim desejaria que o brasileiro fosse. n Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 7 de dezembro de 1993. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.


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