Na “Noite Sandinista” O INCITAMENTO À GUERRILHA

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NOITE SANDINISTA DE 28 DE FEVEREIRO DE 1980

EM SEU NU 1MER 0 35-1 írnarço de 1

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198 0) . c·atolicis·mo,. num esforço de reportagem, apresent,ou a seus l eit0,.. re.s, com o,bjetiva tm,par cia l idade o texto i:nt,e,g rali do-s principais d iiscursos pronunciad:os. d.urante· a Noite S.an1.. din i sta", r,eal izada no dia 28, ,de feve· 1

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Programa 1 . Homenag m a,os. guerrilheiros sandi:nista da Nicarágua. 2. Outo·r,ga de um unjf,orme de guerrilheiro sandinista a D. P'edro Casaldáliga, Bisp,o. . Pr,elado de São Félix d,o Araguaia (MT) . 3 . O Prelad.o, veste o uni.f.orn1e de gu erriJheiro e prom.ete 1

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. en,gaJar--se ate o ~

sa·ngue. 4 . Discursos dos guerr:il hei ros sandi.nistas ' tristão~;'' .

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rei'ro últim 0 no, aud1 ít6rio· da P'U,C em S,ão IPaullo,. f .ais discurs,os não foram1 pub1I icados por .q ualquer órgão da imprens,a bras il1ei ra . s in1tomátic.a exceção fe ita . entretanto., dos sema·n,ários Movi .. mento" e ' O São Paulo" . Estes , pro,-fundam.ente: si mpát1 icos a qllanto n.a,que Ia sess.ão fo'i dlto e feito, reproduziram r esumos de ,aIgu1·ns di scurs.os . O re·ferido, nú1mero de C,a tolicismo fo i aco~h ido com avldez não sô ,em n,osso País . mas também no, Exteri,0 r , tendo a. Administração recebido nu1 m,e·roso·s pedi:do,s de· remess,a de·s . sa ediç.ão ,. proveni,e·ntes incl us ive de Ro,ma. Certo de co,rresponder ao g ra nd e interesse d,e seus leit,or,es,,. C'atolicismo dedica este número diuplo (n .os 355..3;57, julho..,a gosto de 1980).r apresentad·o em formato especial. a u ma no·va edição, dos t extos estampados. no, m1ês de rn,arço, co:mo ta·m,bém de 1

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Pat.rocinado·res Ass,ocia,ç.ão, Ecumênic.a de Teólogos do erceiro Mun do. ln ti tato ,de Estu,dos _Esp•eieiais ,da ·po,ntif.ícia Universida.de Católica de Sã:o :Paulo. 1

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Anf:ilrião S.. E. Card.eal o,. Paulo Ev·aristo Arns . Arcebispo de São Paulo e G rão""Chan,celer da Pontifícia Univ,ersí,dade c ·atólica de São Paul:o

:Local Teatr•o da P'ontifícia Universidade Católica de São Pa.ulo (TUCA).

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outros, corres:p ondentes a expo,si,çõ es 1

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durante a mesm1a UN feitas ·_·. oite· s· ·_.·_ an~ d:i'nista,u •. A presente edi ção vem enriqueci-da por· introdução e com-entário•s do ins íg ne co1·abor,ador d e Catollc·1smo, P1 ro,f.. P'linio Co•rrêa de OUveir.a, P·residente do c .ons.el ho Nac:ional d,a TFP . Marc,a--os a. acuida,det ,a coerê.n.. ci.a e a c:lareza tão características do grainde pensador .bras,ileir·o. 1

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. Mend1rlo com aprev1çlo c_cletfisth::• CAMPOS, -

ESTADO DO RI0

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Dl'rttor! P1ulo C'oni:1 d,t Brito, Filho

Dlretod1r Av. 7' de S~tembro 247,, caixa

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pc) tat

333'. 28JOO Campos RJ. .Admini1tnç:ie: R. Dr. Mlar.tinico Prado 27 l ,. 012:24 São, Pa.ulo. SP.. Comros:t,o e i,n1pn-cs,o na Artpr,e~s - Papéis e Arles ú .raficas Lida. R. Garibaldi 1 404 - O t.3,S São Paulo., SP. 111 ,C■t:ollcllmoff é um.a. publicação mensal da :Edito:ra Pe. Belchior de Pontes S/C. Auin1·tur.1 •n1.11I: comum CrS 500,00;. ooopcrador Cr.S 800,00; bc-n.feJtor C.rS l .500.00; gJr.ande benfeilo:r Cr$ :2.S00,,00; sieminaristas e estudantes CrS 400.00. Eit+r:l:orr ,comum USS 20,.00; bcnfcito,r USS 4(),00. · (h pagamentos. sem.prc ,cm nome de EdJtor.1 Padrr Be,tch·Eor de•:Po.n tu S/C, poderl.o .ser en;cami.nhados: à Adminisuação Parai mu.dança de ~ndereço de asiSinantcs,; é. neces-

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sário meticioi:Ht:r U1m:bém1 o c:ndc[eçó 1.1.ntigo. A correspondincia relativa a ass:irnuuras e 1

vendia avuls.a deve ser ,e,nviada. à Adm,l1ni1traçlo: R. Dr.

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Pr•d•o,. 271 SP

M■rHnico

011224 - Slo

P;■ ul' o,

CAPA: Da torre da igrejia, gue-rrilheiro contr,ola o centro ·de L,eo:n, IN icarág,ua O 1emplo1de Deus transformado em cidadela revo,lucionária. " " tFoto .AP) 1

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Anál,ise e comentá:rios pelo

:Prof. Plinio Corrêa de Oliveira 1

Presidente do Conselho Na1cional da TFP 1

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De punho, cerrado (saud.açao comunista), Daniel o,rtega,, m,embro da ,Junta de governo da N.~carágua- exalta ua r1 evo.. lução cu bania heróica e ma.gnífi ca com, Fidel Ca.stro à frent•e , sob os ap;lausos de Fre•i Uriel M:,onna (primeír,o, à esquerda) Frei 'B,etto !e• ·p,e Migueil D'E.scolo (à direi:ta). 1

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Na ''Noite Sandinista'' di.rigido por sandinistas ''cristãos'' à esquerda católica no Brasil e na América Espanhola CATOLICJ'SM O 1

,J ulho/Ago,sto de 19·80

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O ''CASO'' DA NICARÁGUA: .,,.

''IGREJA'' - DOUTRINA; GUERRILHA - VITORIA Como a ''Igreja-Nova'' inocula seus erros de doutrina em uma guerrilha

política encalhada... e concede a esta ,, . ~ ., d ~, . ,:.,,, , . popu,anua ·. e, pres,1g,o, v,,ona. IV Çongresso Internacional Ec:umênico ,de T,eologia, pro,movid.o pela Associação Ecumênica de Teó!!! l~gos. d,o T·erceiro M11ndo - o,- ga:nização 1nt grada por protestantes e católico,· - se realizou no I n.stituto Paulo VI (Centro de Treinamento de Líderes da Ar,q,uidi,ocese de São Pau-· lo) n,o tnun.icípio de Tab,o.ão da Serra. O tema gera] d.o Congre so, era "' ele.-· · iologia das comunida1d,es eclesiais de. bas•e' . 0 Instituto, Paulo VI, ,qu, ocup,a O

·•• T aboüo d<1 S ~,. .. ra": Con :,te:f. ·o de ·Teol'ogia cercad'o d opa,·ato polici,t-

lesco . . .

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um terreno de setece.ntos mil metros quadrados, esteve,, durant,e o Con,gre ... so sob a estrita vigilância de guardas

armad,os. Est-s eram funcion.,ários de uma en11presa priva.da especializada em serviços tais.

O Congres .o - cuja programação interna foi cercada d~ ,grande sigilo conto·u com a p,articipaçã.o de m.ais de. 160 Bispos, Pa.dres, fr iras, li igos d.e amb,o,s os -ex,os (soci6logo .,. econo-• n1i sta-, agentes de pastoral, membros das Co·munidades de Base) e pasto-r,es protestantes de 42 países., Segundo ,o noticiário, da imprensa, e tiveram. p,res,entes, entre ,outr,os, os seguintes ecl siásticos: 2

. . . . . . do Brasil, D. Jo-_ é. Maria P'i-res A.rce·bis,po de João Pe .· -oa; D. P,edro Casaldáliga, Bi po d,e S.ão . élix do Araguaia'. p, . Ed nio ,do Vali.e Vice"'"Reitor da P'ontifícia Univ,e r ida-de Católica ,de São· Paul,o;, Frei Gilber-

.. . . coni a presença ,de Bisp·os e pa-

dr s . ..

to Gorgu]ho O.P.,. Coorden.ador d,e Pasto ral .m São P'aulo· r .i Leo,nardo Boff., O.F.M., teó1.og.o,, redator da HRevtsta Eclesiástica B.ras H ira ,,' Frei c ·arlo,s. Me:sters O. ,c arm. exe.g ta· Pe. Jo,-.é ,Qscar Beozzo 1d·retor do Instituto T,eológico de Lins;. Pe. Paulo S,uess, ·ecretá1 io--geral do IMI C,on elho- lndigeni ta Mi ,ionár10· ·p,_ . Joiio Batista Libânio, S.J. , A··s, s ·or da CNBB· Frei Carlo · Alb,_ rt,o, Ljbânio Christo,. ,Q.P. ·· -'·rei B tto) , secr,e. .. tárioa;oexecuti.v,o do c ·o,ngresso•· Hug:o Assmann teólog,o · - do• Chile, P . Pablo Richa··d teólo,go~ Pe. Ronaldo, Mufi z teólogo; 1

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Pe. Se:rg;io Torf s,, teól,ogo·· - ,d,e EI Salvado:r, Jon Sobrino, te,ó]ogo~ - da J'amai,ca,, Pe. Alff'edo Ride·. - do México, D. Samuel R·uiz . Bisp·o de Charpa .; Fr1ei Migu _l Co n,cha O..P..; - ,da Nicarágua,, Pe . Miguel D E··. . co to Ministro das Relações Exte.rio1

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C·ATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980


... sendo Presidente de honra 11111

Cardeal e presidente efetivo 11111 pastor protestante.

u,n

Congresso de

Teologia

da

Li-

bertaçiío.

/1 se111l111a do TUCA, prolo11Ka· 111ento de "Taboão".

res desse País, e Frei Uriel Molina, O.F.M.; - do Peru, Pe. Gustavo Gutiérrez, teólogo; - de Sri Lanka (Ceilão), Pe. Tissa Balasuriya. A presidência-executiva coube ao pastor metodista Paulo Ayres de Mattos, sendo presidente-honorário o próprio Cardeal-Arcebispo de São Paulo; participou igualmente o pastor n1etodista argentino J . Míguez-Bonino, presidente do Conselho Mundial das Igrejas, organismo ecumênico protestante, alé1n de outros teólogos e teólogas protestantes. A simples nominata dos participantes (a par dos temas que, segundo a i1nprensa, foram tratados) é suficiente para caracterizá-lo con10 um Congresso de Teologia da Libertação. Enquanto presun1iveln1ente se procedia e1n Taboão da Serra a secretas elaborações doutrinárias e articulações táticas, realizava-se no teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - TUCA (Rua Monte Alegre, l 024), u1na Sen1ana de Teologia subordinada ao título A Igreja na An1érica Latina, pron1ovida pelo Departamento de Teologia do Instituto de Estudos Especiais da mesma Universidade. A Se,nana de Teologia se estendeu de 21 de fevereiro a 1. 0 de . 1narço, con1 sessões públicas e diárias. Conforn1e declaração do Cardeal Arns, no discurso de abertura, a Se-

n1ana de ·rcologia resu lLou de:: dl11 pedido da Associação Ecu1i-1ênica de Teólogos, que desejava "entrar cn1 contato" con, os 111en1bros das Co n,unidades Eclesiais ele Base e n1ovin1~ntos populares da periferia de São Paulo. As sessões noturnas e.lo l ' UCA constituían, un, desdobran1ento do Congresso, e111 que os ren1as tratados cm Taboão da Serra eram en, algun1a medida transn1 itidos aos militantes das Con1unidades de Base, os quais representavan, a 111aiori a dos assistentes. Sendo fac ultado a qualquer dos presentes gravar as palavras dos conferencistas, a TFP poss ui fitas ,nagnéticas en1 que estão registradas todas as conferências, e pode pô-las à disposição de quem se interesse seriamente pelo assunto. Revestiu-se de particular aparato a sessão do dia 28 de fevereiro, en, que foran1 recepcionadas e homenageadas iinportantes figuras da Revolução Sandinista, vitoriosa na Nicarágua. Várias delas fizeram uso da palavra durante a sessão. O ponto alto da noite consistiu na entrega a D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia {região sen1i-selvática no

Bispo de Sào /•elix veste jaqueta ele

g11errilheiro.

Estiveram presentes ao Congresso•, que se intitulou ecumênico, "teólogos" de várias confissões religiosas. No centro, Pablo Richard, antigo membro do grupo " Cristãos para o Socialismo", do Chile.

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E ·t ·ido de M at,o •r x~su'I i ncl u.i ndo ,1 tlha do Bananal,. en1• G,oi1s). de u111 uniforn1 _ de gu:erril heiro sa1i.dinista .·u." a jaq u ta. o Prel-i,do ve ·.ti u no n1es-. m.o ~ns.tant · ( l ). 1

R··p,roduz-se - a eguir o t ~xto mnt,· gr, ,l d,o ·. discur,:o então ,p,ronunciad ·s p _los r _p resen'ta ntes sand in i ta ben1 como a. palavra . proferidas pelo cu~ orde r,ado r da sessão, Frei B tto pelo ho111enage·1do Bi ·po . Pedro \: .· .aldál iga. Os tópiDos tna:is in1eressa ntes de ·.. s .· varias pronunc1·u 1ento,s sao a.q tn ·.bj •t . d _ co,,n, nt{ rio · precedidos ~

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s .mpre do, .· inal g.r·ifico • ·. T,o do os · 'lftul,o · ,e ·ubtítulo··~ b·e.m. co □10 destaque " int ro,duz.ido no t xto · ão d 1 con1entad .·r. "'

San d Jn i.~1110 e conuu1 is1no .

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D,o ,_s udo de dí cur " O.' s depre ~ nde que: l .º) .A Revol uçã SandinL~ta . on .. tém u:m: sub tra o de progr: ma sóieio-· econômico ainda não inteiran,ente defin.ido, ma · d.o qua .j á ..,ão ,dados 'J público of ici,1lmen·te, vário . linean1,entos gera·· bem c•omo pont,o,s programático·....ranto un, ,quanto ,o·utros correspo nd · ·111 ao que ,o · partido . comuni .· ta · da lbe• o-.América pedem ao· . eu. mai f ntimo ·, chegado'. "companheiro d:e viagem" . O carttt_r rudi .. calment . igu~:,titário da ideologia · u,. . d j ni ,ta n.ao deixa dúvida · de qu.e o andini mo, ou se identifica com o co.mu.nL .n10 ou se ,itua no subúrbios ideológico . deste . 2. 0 ) O saodinisn10, se te111 em conta de mera expressão nicaragüense d e um.a revo,lução sócio-,econôm:ica _tina a ,quai eus seguidor_.. afirmam. q.ue e.stá lavrando em. todo o mundo ibero• americano. 3..0 ) Por sua vez,, essa re:v,olu,ç,ã,o ~ ati n0-americana seria ma:nifestação ·do descontentan1ento geral dos gru,po sociais marginalizad·os., ·bem. com,o em. escala internacional, tambétn d,o'· po·vo - s.ubdesenvolv ido , 4. º) Na política interna da -__ica-ràgua, o sandinismo é un1 a f.rente 1

Unui R.evoluçc]o la! ino-a,n f)ricana.

O Arcebispo de· M,a,nág ua, D . Mi,guel Orb,and,o., 'f,ala aos reféns

ap.rísionad,os ,p,elos sand1nisias no PaJáci.o, N;acional, na c,apital da Nicarágua.

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"O S,ão P.au~o'i ........ ôrgã,0 oficioso· da Arquidiocese paulopoUtana,

diri.g1ido por D. An.g,éliico Sân,dalo Bernardino - exullanite com ··· p..:.a1·avr. · - a-s- 'd as · -o··, e.arda.ai • _ , .~ . . Arlí<i· . ,111s·, • ·' A.· e·•0·. ·1sa• a .. ·pena·s _. _ . -· e-.omer.ou :__ . _ T __ • • • • t

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Frente única d vâria.,· f orç11s . ..

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JVICA ll1i <; .

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A Imp ,·tn sa quotidiana deu pouco realce a e sa se ã.o b _,m como ,às demaJ da tieman,~ d _ Teologia,, que e tealizava entretanto ·. aberta ao público, no teatro da P'UC. E, pelo con.'trário dedicou farto no,t~ciádo ao Congres' o de Taboao da Serr~1 , com ,en, 1 evi 'ta bombás·ticas concedida , pelo . partici,pantes des .. te. ParadoxaimeRte . o Cong ·esso ·e des,envolvia como foi dito,, d forma .sigilo ,h · ,ob forte esquema d,e · gurançaJ send.o e:lritan1ente vedado 0 comparecimento de pessoa· não in critas. A UNojte Sand:inista foi po teriorm nte ,explo1 ada pe a chamada · i:mpren'. a alternativa' - semanários conte.stat6rios de ,extrern.1-eS•querda (cfr. 'Movimen o~ 3 , . 9 de março de 1980) O semanário da Arq,uidioce e. cro,uxe amph1 reportag . m s:obre a ( t)

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matérja com a significativa chamada de l .a págin( _ Nicarágua " apena um começo '·O São Paulo' 7 / 13-3 .. 80)

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Quem é D. Pedro

Casaldáliga D, Pedro Casaidéliga, Bispo..Pre,lado· de São Félix do A1 rag1 ual:a (,MT-GO).

A. ''esq_uerda catól:ica.''. brasileira se manteve Jrn. . passíve] ante e.s.sa denúncia, co1no s,e ela não exis< .- __ .. ,· ._. 'd ,' , · .-. .."'. .-,, - d"d .. t1ss.e, emb_ora tl.vessem Sl _10 ven "-l _OS 51 . m•·l1 exem plares d,o livro. A meia dúzia ,d•e protestos e.pisc,opais j ndignados, se b,em que vazios de argumentos; que c-o:ntra ele se lan,çaram - aos quais rep,licou o autor com a serenidad.e preceituada p,e]o resp,eito - :não fazem sequer alusã.o às desc,oncerta.n tes poesr.as do B,ispo de São Fé]ix. Pouco depois da XV Assembléia Geral da CNBB, em fevereiro de 1977, D. Gerald,o Sigaud, Arceb ispo de Diamantina, acusou D. Pedro Cas.aldáliga d,e favorecimento d.o comunism.o Foi ele resp,alda·do, nessa dec'lara.ção, por D.. José Pe,dro, Costa, ,e·ntã:o Arce. . bispo-CoadJutor e Adm.1nistrador Apostólico, ,de Uberaba .. Os dois .Arce.bispos fizeram, pois,. por seu- tu.rno, acusação análo,ga à de A Igreja. ante a escalad.a da ameaça c•omu■ista. E ain,da esten d•eram a ·mputação a D.. Tomás Balduíno, Bisp•o d,e G,oiás Velho. Levantou--se na ocasião ·uma. gra.n,de céleuma. A Santa Sé design 0 u então um Vjsitador Apo stólico D. J,osé Freire Falcão, Arcebig,:po de Teresioa para ,estud.ar as ac~sações. d9s ,dois Prelado~ de Minas Gerais. Mas o assunto po uco d.epois m.orreu.,, se.m que nada s,e sou·besse d,o c:onteúdo, do relatório que, segundo se deve admitir . o Arcebispo d,e Teresina d.,everia mandar à Santa Sé. Não obstant,e, o episódio deu ensejo a que 3 3 Arcebispos e Bispo se pro·nunciassem a favo r d,e D. Pedro Casaldáliga e D. T,ornás B-alduíno, discor,d.a.ndo •explícita ou implicitamente das declarações de D. Geraldo· Sigaud e D. . José Pedro Co,sta (cfr. M,eio sécu1l.o de epopéia anticom11nist1, E,ditora. Vera Cru.z, São P'aulo, 19.80, pp. 275 a 285). D.. Casald:áliga foi também ap ontado . em novem.bro de 1977, como r·epres.entante perttnaz da cor-rente. neomissi,onária q11 e advoga a ,estranha co,nce,p,ção, d.o índio con10 mod.elo para o civilizad,o, ao mesmo tempo q·u,e prega urna espéc:1e de luta d,e raças an.álo.ga e paralela à luta de classe.s - entre silvíco ... 1as. e branco,s. A ,denúncia consta d,o livro Tribalis1no indígena, idea'I comuno-mission.ário para o Brasil. no séc11l.o XXI (Plínio Corrêa. de Oliveira, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1977, 13 8 pp.). Nao ,obstante ter sido esse estud.o largam.ente difundido ,em. t,odo 0 País 86 :mil exemplores vendi d,os - não sofreu qualquer ""' o por p· · arte d•.a " esquerd.·a ca_ -to1·1··1ca · ,,. . contes.taça: De lá para cá, D. P'ed.ro Casa'ldáliga contin·ua atuan do desenvo'ltamente, sen.do, notório fomentador das Comuní.dades Eclesiais de Base e da Teologia da Lib,ert.ação e.m nossa Pátri.a. -·'

D. Pe,dro Maria Casaldáliga Pla, ·C.M.F'., nasceu na Catalunha (Es.panha) em 1928. Orden,oll!-se Sacerdote em 1952, e em 1968 chegou. ao Brasil como inissi.onár-io ,c]aretiano. Em 1970 f,oi nomead.o Admini:strador Apostólico de São Félix do Araguaia, e no ano seguinte elevado a Bi.sp.o da mes·m.a Prelaz.ia., situada ao nord,este do .Esta do de Mato Grosso, na área chamada Amazônia Legal. ~ auto,r d,e várias poesias, que reuniu primeira111.entie no vo1.ume Clamor· elemen!tal (Ediciones Síg:uen1,e, Salamanca,, 19·7 1, 103 pp. ), depois e.m Tierra nuesfra, libertad (Editorial Guadalupe, Buenos Aires, 197 4 15 ] pp .), ,e mais. recentemente e.rn Antologia .reti.rante (Civiliza:ção, Bra ilei.ra, 'Rio de Janeiro, l '978, 240 pp·.). Su.a a.utobiografia, Yo c·reo ,en la j'11sticia y en la esperanza! (Descl,ée de B.r,ouwer, Bilbao,, 197 6. 202 p·p.) tam'bém foi p ublicada na Itália (Quaderni . A.sal, Roma,. n. 0 27, 197 6, 22,0 pp ) e no Brasil (Civiliz,a,çã,o Brasileira, Rio de Jan.eiro 1978, 249 pp . ). Ao ser sa,gra,do Bispo, D. Ca~,aldãli,ga escreveu. .a Cart, Pasto,ral intitula.da Uma lgre,ja da Amazônia em co,nflito ,com o latifúndio e a 1narginali'z:aç.ão•so,cial ( 1O de outubr,o de 1971) em que ma·nifes'ta ,o seu repúdio a.o "latifúndio capita1ista, como ·préMestn1t11ra so cia·1 radicalmente. injusta". D. ,casald.áliga c,omeçou a aparecer nas ma n. . ch,et,es dos jorn.ais ju.stam.ente a p,ropósi to da agitação agrária pro,inovida na locali,dade de Santa Teresioha, Prelazia de Sã.o Félix., pelo missi onári,o francês Pe. Francisco Jen tel, que o Govern,o, b.rasiieiro acabou p,or expulsar do País, c,o,1n.o subversivo, em d.ezembro de I 97'5. Dura.nte todo o tempo, D. Casal dáli,ga de1t mão forte ao Sacerdote. Em razão d.isso e de outras atividades do Prelado, 0 rigi nou-se uma te.nsão entr,e e),e e o G·overno federal. Correram. e.ntão insist,entes runílores ide que elie também seria expulso d.o País. Na ocasião, levantaram a V·OZ, em fa.vor do Prelado, nun1erosas f igu.ras da Hierarquia eclesiástica brasileira, algu·mas da maior projeção. A posição ostensiv·amente :pr ó--comunista. de D Casaldáliga foi denunciada no livro A Igreja ante a escala.da da ameaça. comunista . . . . . . Apelo .aos Bispos Sil.enciosos (Plínio CoJr·ea de Oliveira, •E'.ditora Vera Cruz, São Paulo, 197 6, pp. 13 a 30), no qual são t1·anscritas várias p,oesias e outr 0s textos do Prelado .. 1

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C.ATOLICISMO

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Julho/ Agosto de 19,9,0

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ÍJnica de várias forças. Entre essas, ocupam posição de destaque os "cristãos revolucionários". 0 ) Estes últimos se agrupan1, por 5. ... en tre as quais sua vez, em uma só frente constítuícla as Co1111111idades <Í<! Base. por Comtanidacles Eclesiais ele Base e movimentos análogos. Contarn eles con1 o apoio de vários e ativos Sacerdotes ainda jovens. Discutível ,1111e11ti• 6. º) O 1nínin10 que se pode dizer • cidade católica. desses grupos - segundo os fazem ver os oradores sandinistas - é que sua pertencença à Igreja Católica é absol·utamente discutível: a) eles pro,noveram tuna revolução interna na Igreja na Nicarágua, pos-~~~\~. santemente coadjuvada segundo :.b,~~ '& eles - pelo afastamento das autoridades eclesiásticas conservadoras, e ~~ sua substituição por cooperadores ou ·.t-,;. . "inocentes-úteis" da Revolução San~-e,.,.,.·., ,.. dinista· ' b) desses cooperadores, vários Sa- O jornal " Barricad a" da FSLN comemora a vitória. "Confi scar cerdotes atuaran1 co1110 verdadeiros tudo que foi roubado ao povo!" diz a manche,t e. Estará nos planos da Revolução Sandinista extinguir a propriedade privada? pregadores e capelães da Revolução Sandinista. 7. 0 ) Essa revolução eclesiástica é [~evolução Sa11diuma moral social nova, inspiradora 11ista e Teologia de índole teológica. E identifica-se da libertaçiío. com a Teologia da Libertação, que de uma luta de classes sócio-econôten1 por 1nestre o Sacerdote peruano n1ica, a qual não é possível distinguir Gustavo Gutiérrez, participante do I V da que Marx ensinava. Essa a luta, a Congresso Internacional de Teologia, ser travada, quando necessário, até de armas na mão. O que, tudo, a identie um dos oradores da sessão de abertura da Semana de Teologia, presente, fica assim com a subversão. 1O.º) En1 suma, a en1itir um juízo aliás, à "Noite Sandinista". Ela é tão radicalmente igual itária no terre- sobre o "cristianisn10 sandinista" ou no eclesiástico quanto a Revolução o "sandinis1no cristão", pode-se afirSandinista o é no terreno civil. A mar com segurança que constitui pelo reversibilidade entre esses dois movi- menos uma possante corrente de fiéis mentos é tal que o sandi11ista se tem "companheiros de viagem" do con1 upor cristão porque é sandinista. E o nisn10. Ou u1na mal velada secção do cristão, adepto da Teologia da Li- con1unisn10 internacional, especializabertação, se tem e1n conta de sa11di- da em confundir e iludir os n1eios re- f:,'stribo paro o <º0ligiosos, neles infiltrar-se, e, por fim, nista por que cristão. 1111111is1110. 8. º) O igt1alitarismo eclesiástico da os utilizar como estribo para alcançar /gualitaris1110 eclesiâstico e "profe- Teologia da Libertação chega a ponto o poder. ris,no" popular. J J.0 ) Os oradores da sessão do dia de não admitir mais uma Igreja Hierárquica, dividida em duas classes 28 de fevereiro - todos personagens nitidarnente dist intas, das quais cabe con1 participação intensa na Revolua un1a ensinar, governar e santificar, ção Sandinista, ou no governo nicarae à outra ser ensinada, governada e güense atual - constituen1 uma equipe santificada (cfr. São Pio X, Encíclica coesa e bem articulada. Seus discursos Vehementer de Jl de fevereiro de consistem em apelos, ora mais ora 1906, Actes de Pie X, Bonne Presse, menos explícitos, a que os espectadoParis, vol. IT, pp. 133-134). Pelo res - quase todos filiados a n1ovicontrário, Deus falaria à sua Igreja mentos ou correntes católicas de es- L::111p11rr11r o /Jrasil por meio de impulsos que o povo 1na- querda - redobrem de esforços para pelas vias da Nicar<ÍRllª. nifesta. Cornpetiria à Hierarquia dei - empurrar o Brasil pelas vias a que xar-se orientar por essa forn1a de eles conseguiram arrastar a Nicarágua. Co1n a aparência e,nbora de i1nprofetisn10 popular. 0 ) Em suma, o ouvinte se vê posprovisados, cada u1n dos discursos / 111provisos bc111 9. ''/!,!reja-Nova'' subp!al!ejados. dessa noite conté1n n1a'téria bastante to assim e1n presença de uma Igrejaversivc1. Nova, corn uma estrutura nova, co1n definida: \

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CATOLICISMO

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Julho/ Agosto de 1980

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Ni.c.ar{ gua f rutif Equ... na. An1 ".rica La~ ti n.a (D. · a ·aldálig, S,ocor1 o G1J1erre. ro '. 0 man,d ante ,Q,rtega) te. o ,est1 rnaneira a Noite Sandinista' no t,-a tro d,a Pontifícia Universidade : atólict em S,ão PG u1o en1 em·bargo de ·u.a aparência leve ( v· rio· orado. . res musicas e cançó s ·•. te.) constitui_u uma inoculação carregad·a de toxinas revolL1c10:nári •s no auditório... ,C ada orad r soube ap,roveitar seu temp,o, 1

a) o h.ic·tó ~ico do n1,ovin1 ···nlo r . vo ...

luci nári,o sandinlst 1 d ·de u·1s ori, .. g ~ n . h· a cinq u,_nta anos~ l te a vrtor1 a en1 197·9; a · fase"' de desenvolvi:tnento :i nt rno do n1ov]m,en1o a et~tp, da Iuta externa · te. ( rei Betto)· b) orno a, dona d casa quis se.r 1

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qua. e ate,,, a' u· ura. Para o· leit,o.r não brasileiro, pare- r.-- ,escapar a es a r _·gra o, pr sidente !a ·es .ão Frei B.,_tto, qu,·· em, cada

intervenção pareci a n1ei-o repetidor do

orador ,~ue acab,- va ,de fal·ir. •11tre-· tanto, o papel de F 'r · i B,etto ta.mbém ra necess·írio,, poi.·. o, . or·ido,re · falagu rril heira ( · ,o,corro Gu,err · ro, das Vêtn1 e111. espanh,ol, a despeito da afin id, de d,e · e idio1n:a co,n1 o po rtuguê , C,on1u:nldades d" Ba. _ de Ma:t ,; hua). e) com o, se fez guerrilheiro o trai-• eran1 oom.preendidos irnperfeitt mPn baJ hado r t1r bane , (Da vi.d · ha va.rr.1a, te p~,r boa - p,·1rte d,o, "tuditório. da · ,Co1nunid'. ad, de .·· a e d,- Ma~fudo isto po to, os discur ·o , andi n{1gua); ni tas não ··r .ã:o, devidan,ente entend) id m o trabalha,dor rural (A.gu. - ·l ido . e s ~ co ns i.d rar cada qua,'l abs . . tÍn Zd.n,bo]a); traçã,0 'feita d.o ,o,utro. Impõe-se pois •~) Id,em •O Pad.re (Pe. Uri 1 Mo-- Lu11a vi ão d,. oonj'unto da , vária li nu) peças, o q11 ·_ parece mais ,el uci dati v,o -·-n1 ·t1ma com,o ,.e fez guerrilheira faz r 11 . sta análise introdut,ó,ria (2). toda a na,ção. ~ * * Aq.ui, alj e aoolá, outro · a · ·un.to . importante · fo, a1n apresentado - ao (2) Todo ~ os f-1tos aqui mencjonados -. 0

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público. Por ,ex,em.plo.: __, as várjas fa ·e> do proce so subversivo•: aglutinação, conscientiza,ção, ·1gitação. revolução, e conquista do poder (Frei B,etto);.

- o p rigo de u1na revanch . somoz..m ·ta-norte-an1.er1car1a ,(S ·, ocorro Guerrero); - o apelo a cru ,o exemplo, da

I 1ulis/Jen1)·d, ,e/ 11isüo de coniunto

ou ~ã,o d . :notorie-

d tde púbtic.·1 ou tê.m cumo font, · a" narT'l .ões fei.tas pelo . v,Ílrio oradores da 'Noite Sandini ta .

Os o,r,ad·o,res da ' Noite Sandinista' (da direita para a es1 querd.a),: Agustin Zarmbola, ativista rural nicaragüens.e; s.o·corro Gue:rrero,, m,ilitanle das Comunidades de !Base de Manágua; 'Pe. Mig,ue1: D tEscoto, Ministro d.as, Re:l.ações Exte:rio,res da N'icarágua; Fr·ei

B,e,Uo, coordenad,o,r da sessão,; o,,a;niel Orte•g.a. membr,o da Junta Re,v·o I1.u,cio,nária da Ni'carã,gua ; David Chavarri,a1 guerrilheiro sandinista.. Pe. Uriel Molina, pároc,o em Manágua. 1


A revol'u ção vitoriosa na Nicará... 1

gua compunha. .s,e de d.ois segmentos distinto,s, o politic,o e o religioso. O segmento pol.ítico apresentava. . da apresenta - a ·f"'1s1ono.m1a . ca-e amn racter.ística. de um n1ovimento con1t1. . nista constituíd,o segundo os 1noldes clássicos, para a reonq uista do poder: a) Frente úoic.a de gru.po,s p·olíticos esquerdistas de vá.ti.os matiz.e , ntre os quais .a 1ndefectível esquer,da bur. . guesa (011. ''b·u.rguesia nacional , como é d,esi.gnada na literatura co,mu1

. . , b . ... ,, nista; isto, ,e a "urgues.1a 118:0 .-comprometida' ' com o capitalis1no internacio,nal) ~ os ".inocentes-úteis''' etc,

Estes s.ão ,o ''companheir,os de viagem'' que seguirão lado a lado •Com ,o,s comunistas até a vitória e a final 1

consolidação d.o p,rocesso, revoluci·o" nar10; b) Inviscera,do nessa fren.te úni,ca,.

.

e dir.i.gindo--a p·ela rad1c.alid.ad,e e. precisão de suas metas, pela eficácia. de · eus métod,o,s. e pela i_nteir.a disciplina de seus quadro,s,. figura o Partido, Co-

. .. clirigü:la

pelo

PC,.

·munista.. Este logo pass,a a ser a alma d.a frente única; e o, polo de atração tanto d·outrin.ário quanto· político, ,dos ou.tros agrupa.mentos. Bem e11tendid,o,. a frente única se 1

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destina em p·a rte ,a criar no pú.blico a ill1sã 0 de ,que a vitória da evolução 1

n.ão s,erá ipso, facto a d,o comu.nism,o,.. Por isto 1nesrno, este último f a v,o,rece, po r vezes rixas episó,di.cas o,st n ·•1vas d,o,s "comp,anheiros de viagem ' entre si,, ou até com o n1esmo p,c .. E o qu.e

U 1n blefe: a vitórit;z não .será do

co,nunr• 1n,0

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sos f.0 ram cond·uz1dos pelos p·oliciais .à alameda Casa Branca, local ap,1az.ado com Mari.ghela,, e ali deixados, sob, algemas . dentro, de um carro . O chefe terrorista,. confiante, caminh.ou ,de encontro a seus. dois cúmpiic eclesiást.icos. S10 breveio imediatame.nte a Polícia _ ,e _segt1iu se um tir,oteio no, qual Marighela foi morto. Como conseqü.ência, toda uma r;ede de-e·lementos terroristas caiu nas malh.as da Po1ícia,. entre ele.s Frei B,etto (Frei C.ar]os Alberto Libânio Chris:to), preso no 1

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Quem e

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Frei Betto 1. .Protagonista no caso Marighela O ex-deputado fed:eral c.omunista Carlos Marighe-• la, conv·encera--se da inoperância do · métodos de Lu.ís. Carlos Prestes. -e da necessidad,e de a.ce]erar o pr,ocesso ,evolucionário p la adoção, de uma. linha política vio·. . lenta. Expulso d,o, Partido, fund•0U a Aliança Lib(prtad1ora Nacional (ALN), com o intuito ,de -tomar o poder atra.vés da g·uerrilha urbana ,e rural. Escreveu. ele a.s. ru.moro,sas Cartas de Havana e ,o Mano.ai do G11enilbeiro Urbano profusam._· nte distrib1uídos entre os mil"tantes das o-rganições sub,versivas brasil,eiras e editado ta1;11bém na Eutopa, o·nde ain,da ·em agosto de 1.977 - segu.ndo, n,oticiou a imprensa - esteye na raiz de um atentado terrorista de reper-· .cuss:ão internacional, ocorrido na, Alemanha. Em 1969, Marighela ,estava sendo ativame.11te procur~do pela P. olícia. Noticiaram os j:orna ·s que esta,, nao consegu1ndo 1encontrá.--lo, deitou mão sobre um militante da Aliança Liberta do,ra Nacio,nal, desco,. . brindo e·ntão que um grupo1 de frades ,domin1canos - Padres e sem·1naristas - pres.tava auxílio àqn,ela or,g.anização terrorista, resp·o·nsáv,el p,or uma série. d,e atentados à bom·ba, morticín:1os, a · .alto,s a . ancos roubo,s de a.rmas e autornóveis etc. Foram presos 1

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inicialmente em. São Paulo, Frei F,ernando, de Brito

(Sacerdote) e F'rei Yv·,es do A1na.ral Les·baupin (seminarista),. No dia 4 de n.ovembro, p·oliieiais levaram Frei F,ernan do .à ]ivraria Duas ,Cidades, •o·nd,e trabalb.ava ,e o o:brigaram a telef,011ar a Marighela- ma.rcand.o um encontro urgente. Em segui.da, os dois religiosos pr'e1

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Fre·i Bett.o (na foto aciima, à esqruerd.a) rara ao, ouvido do 'P,e.. ~ 1 M:i,gue1 I D· Escolo Mii'n i·sfro das Relaç•õ•es d a Nlc,arágua. 1

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Fre11 Bello·,. um dos ,protagon:istas d,o ''caso, Mariigheran, foi o arHculadc,r da " iNoHe Sandinis·ta,, ...

._. . e, to·rnou-se .ainda uma espé,cie de, ueminêneia parda" da rec,ente _greve dos metalúrgic.os do ABC "é: ele que·m em purr·a1 Lula (na foto ao lado, de, barba.) pa,r.a a f rent,e ", di:.z um militant,e sindi'caf 1


tem. acontecido, em .algum.a m e,dida, na Nicarágua.. E foi também o ,que 1

o,correu na "Noite Sa,ndinista'' no T,eatro da p·u,c. Nesta última., .nenhum d,os eien1entos prese.ntes - ·nicaragüe·nses ot1 'bl'asileiros . . . . . . se afirmo·u c,o,munista ou simpatizante d,o comunismo1. Mas. a referência à faixa co·1o-cada a título de hoinenagem na cadeir,a em qu,e devia sentar. .se 0 repres,en. . tante ide Cuba no Congresso de Teo,. . ]agia, em Taboão das.erra, bet11 como as palavras d.itas, n1ais de uma vez s0 bre Fid.el Castr,o, não deixam. dúvi. . d.a s01bre. •O prestígio e a influência ,de'terminant1e da Revolução Cubana e de seu chefe, e·m todos os movimentos oongên,ere - da An1é.rica ]uso-espanhola . 1

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.Rio G·rande ,do Sul, onde atuava par·a f'acilitar a f11ga de •elementos s11bversivos para fora do País. Os tr,ês do1ninicanos referidos fo ram condena do 1

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em p,rime.ira instância ( 13 de setembro d,e 197 I) a q11atro anos <le reclusão,, pela 2. ª Circ-un cri,ç~ão Judiciária Militar:· em S,ão Paulo·. O Superior 'T·-1.bunal Militar confirmou a sen.tença em segun.da i.nstânci a ( 17 d,e julho, de 1'972),, aplicand.o-lhe ainda a pena aces ória ,de suspensão dos direitos. po'Iíticos por dez an os. O Supremo Tribuna] F,e,deral, considerando que os frades co,n,denados não eram ' organiza:dores ou , rnan t -nedores ' da ·''s,ocietas ,-,celeris' , n1as apenas par icipantes d,o chamado ··'setor ,de apoiai u "setor log(stic,o'", reduzi u--lhes a pena - em supren1a in:stâncía (25 de Setembro de 1973) para •dols anos de re•t:l usão. 1

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2. 11E'minência parda'' nas greves do ABC Sobre a mais recente atív":dades. d - Frei Betto

é si ntomá ti,co ,o que registr o ·~·Jornai do B,rasil · (21-4-80) do Rio d._ Ja.neiro E1n reportagem sobre a greve dos metal'úr,gicos I

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0 mo do p,elo qual os oradores se dirigem ao pú.blico dá a impressão de ·que cons1dera.m a Rev·oluçiã.o Nica-• ragüense a espoleta de a·nálo·g:o· movi... - ras1·•1. ,e e.m. to - d .,; .mento no B _--a a A .-:· meri. ca. Latina.. A entr,ega solene d ·_ um unifo:rme de gue.rri]heiro sandin'ista ao Bispo D. Pedro Casa]dáliga, Ptelado de São Félix do Araguaia, é o ato c.ulminante da noite. Po d.er-se-ia dizer que é 0 sho,w dessa 11oit e. E co.m .razã.o. E]e constitui um ieon . . vite a t,oda. a. ,',es,qu:erda católica'·' brasileira a que, a exemplo do P'e .. Uriel 1

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Molina; se engaje .na ,guerrilha. O ato do Bispo vestind.o a jaqueta do uniforme que lhe era assin1 oferecido t m . "f1cad_o ,d . •O s1gní _- _ ·. e. uma ,ostens1va ac -l·•. . tação d.o convite.

Convite aceito por D. Casaldáliga.

do ABC, na G-rande São Paulo, o jornal no ta a pre--- •: dje San:-t-o ,A_-._nd_re, ' n· ·.-._1;,au. . s,e-nç a 'os.te _.:_ •n- s1.-_·-· va-'' d-_ O "B1 ··. -_ ·spo , .e dio H um_m·es, q·ue aparec,e n.as assembléias--gerais [dos tra·balhadores.] em mom.entos cruciai -· co,mo o da de-cr,etação da gre.ve e o da prisão de .Lula [líder sindical] e .nã,o, apenas. transmite. mensagens e instruções precias como estimula o movin,,ento ,com sermões de fé e d.e·· a-p-0-1·0-" "O representante mais evidente da. Igreja junto ao, c cntro ela organi.zação da g:reTe., contt1!do .......... pros-· segue a reportagem •- - não é o bisp 0, ma.s um ho,. mem. ,de s1I.a c·onfia.11,ça, o irmão leigo ,carlos Alberto Libâ·nio, Cristo con·hecido nac.ion.almente como• F~·i Beto, um. do,s quatro dotnin1cano,s acusados pela polícia po]ítica de terem 1narcad,o 11m ·ponto co.m o líder da ALN, Carlos Marighela, na noite d•e 4 de novembro de 1969 na Ala·meda Casa Branca, em São Paulo. Naque]a noite, Carlos Mar1ghela foi morto 1

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pelos policiais do DO PS de São Pa.1110'''., Sen1pre segu·nd,0 o "J orna do Brasil" , "a partir de então, Frei B,eto, a.o contrário de um de seus compíinh,eiros, sumiu d0, noticiári,0 Foi pres,o,, solto, 1

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viaJou para. o Exterior,1,e voltou, sem·,c1andest1namente, ao Brasil,. _para fazer um trabalho junto a uma co-· 1nunidade 1d.e base em. fav,ela em Vitória . no Espírito Santos . antes de se instalar no ABC ·-. ''Frei Beto tomo11-se uma es:pécie de emin,êncio parda d'a greve.. Amigo, pessoal e hon1em de co·nfiança de L11la, passou. a morar co:m o líder oper.ário em sua casa, no J'ardi1TI Assunção, em São Bernardo do Campo,. Frei Beto é collheci,Io por suas instru ções. tá1i,cas e, segundo 11m militante sindical,, ''é ele quem emp,urra Lula para a f.rente, n,a hora em q1Ie os pessimistas ,,êm cont seus conselhos ne:gali.vos e s11as lamentações''.. (Os g ifos sã.o, 110:ssos)., A rep,o,rtagem acrescenta ,qu '· a0 contrário, de o:rganizadores evidentes da greve '., Frei B,etto "mantémse à .ombra d.e Lula. S.ua única ap,arição p úbl1ca fo•i quando ajudo•u o, Bisp•O d.e Santo André,, o .om Cláudio Hum1t1es, na. celebração da Missa de Páscoa, no mes. ., ~. n10 e tádio distrital (. . . ) na Vila Eu.elides, em que < se realizaram as gigantescas assembléias-gerais das grev,es do· ano, 'pass~do ,e d!este ano'' 1

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CATOL1C.IS.MO

Julho/ Agosto de ·1980

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r 1et hJlH' i:.:n te n ler ~ al "a 1c al q u con "titui con1 ) que o

Para Auita .'(1o pullnca , J,'H nl a a t StJ uerd,, couíficu.

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•o··cu]c da guerrilha nicar· gli . nse vitori · sa à gu rrilha bras~leira q u _ e ·tá en, ge. tação basta t,er pre ent" o papel de 1elevo que D. P' d ro a ·ald.áHga 1

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'esq1ierda catór ca

d,· s n1p,enha na

O segmento relig.ioso · e UL' .lhes O " ,\·egnui1lfo relitraz e.· ~· apoio. p•or for,ça d ~l tradici,· . gioso'' é o /ator de vitória. nal e profunda infl uên,ia da Igreja nos paí. e. de fo,rn1•1,ção ibérica. f·1tor d cisivo, da vit,ória está pois,, n Cl . ro . qu,erdista. Por i to a gra nd •. pergunta- ,e,n função da qu.al se ordena a análise .los discur _· p:rofe.rido· , na ·No1.te· ' -. . ,, ; . /, .S_an d · .1n 1:s: a , , ·. ,es'ta: como po1 de ·uc,elnf luêucia da /µreder q1:1e a ir1f'I t1ênc1a da Igreja tiv·esse ja in "tr,onentalizas.id,o de 'tal m.a11eira instr11 1menf··alizada da p ~los co1nLuil.~tc1; ·• para o êxito do plano c,om11.11ista? O· dep,oin1ento •do P Uriel Mol1 na ,. talv . z o, mais signif~cativ,o, e impo ·.. tante a tal r,e .peito. Nele 'e ·v como un1 grt1po, d. joven q_u chegaran1 ao Sacer,dóci,o (o P· . Uriel dep,oi . de . tudos en1. e·tabe]ecim.ent os con p,ícuo ·) con tittiiu terreno fácil para a prega.,ão revol uci,o,n,ária. O ,que faz p·· n· ar na onda d,e e qu · rd1smo q,,ue te:m varrido larga, ,áreas da Igreja na•· úi tin1 as décadas. Po ·tos en1 con ·ato com a subversão que começa a gern1inar n ·. N'icarágua t , Sacerd.o,tes, em lugar de averiguai . com itnparcialidad.e, ·ité 1q·ue ponto · xistem ab,u, os sócio-·ec-onô1n1cos . para ,em •,eguida ,. tra balharern no sen-· tido d .· o, . sanar s. g11nd,o· os n1étodos trad.icionais da Igreja . pelo co n'trário nvo! v,ein s · com o: sti b,v :rsi vos . e ncetan1 u:ma caminhada que o levará. ao apoi,o entush;\s t1co (e at , marcado: p•or certo comp]exo de inferioridadv) •la subversao. A , várias . ·'tapas. d . . s a caminh.ada aí estão hi toria,das:· o, ch.oq.·ue 'I nterior entre a formação tradicional e •OS pendor -s para a subve.rsão, as c1ises de conscjência, o, ,encontro ,com a Teo logia da Libertação os co·nfli tos com a Hierarquia eclesiástica trad icionaJj, ,ta ,e , pari. p,assu, o envolvimento cada vez maior com. a guerrilha, na qual ,desfeeh.ara a f er111en tação s.ub ver :iva. inicial. A guerrilha , assim vista, toma para o Sacerd,ote, •Como para as C,o,munidades EcJ-..·iais de Base - tan1bém e]as inteiramente trag.adas pela R,e. . Verdad "'ll'a "'G uer .. e,n prof vol ução Sandinista - o caráter de rad oSan,ta0111 un.ls,no uma verdadeira ''guerra sa.nt.a.". O ob·-· ,11eu. jeti.vo dessa guerra é, aliás, tempo,1ai. Como s · verá pelos discursos vi ·a o bvn1 terren,o de massas real ou .uposta1nen te injustiçada·. Em suma no ,ca o típico d.o u. andinismo cri tão - se v,ê uma p•rofun,da revolução teológica q u · de: água na

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nacio,na.l. Assim . o ó . e ulo da · :ub ver ã,o n icd-

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r agUen se d stinou de imediato à ·~e. ·.qu -rda católi.ca brasi]eira.

Esta parecia, aliá ., int ir,·u11 . . n· pr,._;. hspo ~ta. a recebê-lo. - sintornático que a ~Noit, Sandinista · tiv ss _ :realizado num eatro c,edido pela P··on-tif ícia Univer ']dad Cató,Hca a q uai t n1 por cf1ancel r ;. · . o Cardeal D. 'Paulo v. ri •. to Arns, Arce'bi ,:p,o d . São Paulo,, 1

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, ;t D. Pauto E.\l'aris·to Arns, Ca1rd,e.aJ-,Arc,ebispo, de São, Paulo, Chan:.. ç,ele.r da Pontif'ícia Univers,idade Católica, cedeu ,o teatro da PUC para ,a realizaçio1 da uNoHe Sand1nist.a';.

mbém significativ 0 , que tenha sido de i,gnado para ''coordenar''' os 'trabalhos de sa no,ite F'rei Bett:o,., co111,enado a dois anos de pri. ão p,e)a J ustíça bra il ira por sua participa. . ção na gu:erril.ha urbana pron10,vida pel,o lídeI c,om11m.ista Carlos Marighela,.. A ,e u.mplicida,de de Frei Betto .,,. 0 utros fra,des ..dom1:n1cano .. e de vario . (Sacerdotes e ·eminarista -·,) com o ma ... lograd.,o líder g,ue.rrUheiro, e a .maneira j nf ame co:mo doi ·.. dele -.·., o traíra1n. con :titui u.n1. dos maiore · escândalos da História da Igreja no Brasil. Como de c,o tu.n1e na A1nérica ,· .atina esse segment0 político se mostra radicalm _nt,e lnsttficiente para obter~ ,por si só, a co,nq uista do poder. Bem. ·uced1do em ambientes de int lectua-· tóides e de burgues -s sn:obs, não lo,gra v rdadeiro apoio na mas as inerte e de pr ocupa,da ·. jj. t,

N ,1:

coordenaçâo

,dos 1rab.alho~,\ uni Jrade c1í n1plice do terrorisnuJ ,

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0' ' ,,'il!J:lll ,t!.f !JUO f)Ofít i ·o ' nrio (U'IYlSfU us 1nasJ·as .

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rev,o,lução social.


J. Frei Betto introduz o tema

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Locutor~ - Para iniciarn o· a ·olenjdades e o trabalhos dest, noite chan10, a. coordenar esta me a o no~ o conhecido e popa.lar Frei Betto (palmas cal oro a ) .

Frei .Betto., -

i

H o,nenaµen 1 ao r ~ . l!in1 cubano. j

1

C.ATOLICISMO

Ben1, en1 prj n1ei ro•

lugar vo·cês J-~ p rceberan1 q u.e e tão pr ·sentes hoje, aqui conosc,o- o, participantes do· Con.gres ·.o Inter.nacional Ecumênico de eologia que reprentamn 42 naço s do mundo s,endo ,que a n aio ri a do erceiro Mundo, e ·todas a · nações da An1érica Latina . 1), com e.X eçao de Cuba poi·q_ue o n•os .o, Gov,-rno n.ão man tén1 reJ açõ,e. cc)n1 go·vern, · cubano (2). Mas du. . rant - t odo o Congres o nó··• fizen10 1q u ~ ·tão d · manter u1 na Ct. deira com a faixa d. _ Cuba na, s -ssõ ·. do on .. gr~s o, (palma·. ca]orosa . as o,blos).

Ju:lho/ Agosto de 1980

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Frei Be·tt,o f,oi o coord,enador dos t'rabathos na ' 1N o,ite Sandi .. nista' '. At:rás, partl,cip,anites. d0 Congresso Internacional Ecumê.. ni1,co de Teologia, q:ue reuniu delegados de 42 nações _ 1

1

.De·c lara,ção, :1 mportainte,, ,porque de·~xa ,entrever que a es-• q1uerda ecumênica no, B,rastl'. ln tegra um,a imensa arti:culaçã1 0 inte rn a,c i.01n,a11. • · (2) A única r,azã,o ale,ga,da pa:ra a .au'sê,ncia ide Cu 'ba é essa . Num c.o,n,gresso de I libe,rtação ", íl enhu tTI1 outro, ,obstác uIo h,á a q1u,e s,e receb-a como p,arcei'ro o

( 1)

rep·res.,e ntante de um r,e gime sob cujo ju·go tirân,i ,co (j a·ma is exce-

d 1do em, am1píitude, d'e pod!er,es e em trucui ênci,a de puni çõe s e,m todo ,o, ,mundo lbero . amer'· . cano-} jaz todo o povo cuba,n,o. O 1

lJ


despotismo só é atacado como odioso·, n'?ssa sessão, quando é inculpado por ele o regime capitalista. É-se propenso a admitir que a hostilid ade do Congresso contra o capitalismo visa muito menos a opressão do que o capitalismo em si. O te,na: ação pastoral e ação política na Nicarágua.

O tema de hoJe seria: Prática pastoral e prática política. Mas nada mais adequado do que apresentar a "convertude" (sic) histórica da prática pastoral, com as suas conseqüências políticas, como foi o caso da Nicarágua (3). •

Elogio da Revolução Nicaraguense.

(3) A transpos ição do tema

oficialmente anunciado, para o tema que vai ser tratado, deixa ver com clareza que o "caso da Nicarágua" constitui, segundo a mente dos organizadores da Semana de Teologia em geral, e de Frei Betto em particular, um exemplo histórico perfeito de Prática pastoral e prática política, cuja narração esgota a matéri a. A Nicarágua é um pequeno país da

América Central, pequeno comparado às dimensões do Brasil, mas grande porque já realizou aquilo que nós ainda buscamos, que é a libertação de seu povo. A Nicarágua tem cerca de três milhões de habitantes e uma área de 132 mil quilômetros quadrados. A luta do povo nicaragüense por sua libertação, um povo oprimido desde o século passado, principalmente Meio século para pelos norte-americanos, se iniciou preparar u,na re- mais decisivamente a partir de 1927, volução. liderada por Sandino. Sandino levou essa luta, plantou a semente , dessa luta até 1934, quando foi assassinado pelo pai do ditador Somoza, derrubado no ano passado. De 1934 a 1956 a luta se dá principalmente nas montanhas e entre os camponeses. E em 1956 os guerrilheiros vingam a morte de Sandino com a morte de Somoza. De 1956 a 1963 surge a Frente Sandinista de Libertação Nacional, fundada pelo revolucionário Carlos Fonseca Amador, que foi assassinado pelas forças da repressão e1n 1976. 63 a 67 são os anos de implantação e de expansão dos grupos guerrilheiros. 67 a 1974 é a fase de ac11mulação de forças, inclusive nas cidades. De 74 a 77 se desencadeia uma for-

12

te repressão sobre a Frente Sandinista e os combatentes revolucionários. Mas a partir de outubro de 1977, a Frente Sandinista de Libertação Nacional consegue unificar os grupos de oposição da Nicarágua e consegue desencadear o processo de luta (4) que efetivamente resulta na queda da ditadura da fain11ia Somoza, que estava no poder há 45 anos. E no dia 19 de julho de 1979, a Frente Sandinista e o povo da Nicarágua passam efetivamente a viver num país livre (5). •

(4) A exposição divide a história da Revolução Nicaragüense nas etapas por que habitualmente passam os movimentos congeneres: a) longa e confusa pré-história corpuscular; b) acumulação de forças; c) desencadeamento da revolução. • (5) O processo desfecha, pois, em vitória. ~

* * * Eu gostaria de anunciar os nomes dos companheiros nicaragüenses que participaram efetivamente da luta (6) e que estão aqui presentes (7):

Ho,nenagent à delegação nicaraguense. E in1plicitcunente . à víolên. Cla . . ,

(6) Afirmação que constitui um implícito elogio da Revolução Nicaragüense à mão armada, e dos que efetivamente dela participaram. O que importa em admitir a legitimidade da violência, pelo menos nas condições em que estava a Nicarágua. E que a demagogia pode afirmar, a qualquer momento, como existentes em outro país. Por exemplo, o Brasil. • (7) Notar, na nom inata que segue, a importância e o número dos integrantes da representação enviada• pela Revolução Nicaragüense, para participar da sessao.

Entre nós estão presentes: - O Comandante Daniel Ortega Saavedra (palmas calorosas) que é membro da Junta de Governo de Reconstrução da Nicarágua e é da Direção Nacional da Frente Sandinista de Libertação Nacional; - Está presente também o Pe. Miguel D'Escoto, que é o Ministro das Relações Exteriores da Nicarágua (palmas); - Está presente o Sr. Manuel Espinoza, que é o Diretor de Divulgação e Imprensa da Junta de Governo de Reconstrução da Nicarágua (palmas); CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980


D,elegação cuban,,a ude sa1 údle·11' rece,bida com h•on~ r.as pelo •gov,erno rev·,ofucion.ário e1 m Manágua. Cuba foi u·m dos primeiros p,aís:es ,a reco,nhecer o regime san.dini·sta d,a Nicarágua.

- R,osário MurUJo . As .iste.nte da Junta de Govern,o (p·alma ·) · - Vanil Lacano. Dir -tor do Instituto Nica.rag.üense d·e ·Cinema (pal . .

1nas)· . . . . . . Davi,d Gutiérrez, do jornal ·'Barricada da Frente Sandinista (p,almas)·. - Adrián Carra co, ,do S•ervi,ço de Divulgação ,e ' inprensa dai Junta de G·overno (pa[mas)· - Raf a,el Ruiz, do Instituto 'Nicaragüense de ·Cinema (palmas)~· - Socorro Guerrer,o, das ·Çomunidades de B.ase de M.anág11a (palmas) (8);

-

Em primeiro lugar eu chamo .a m.esa a S.ra. Soc,or. o Guerr-ero , das Com·unidad es de Base d,e Manágua

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1

(palmas)·· - Cha.mo a.g,o-ra um rapaz que memb,ro das Comunidades •d Base da IgreJ a nicaragUense que esteve preso e. com·bateu efetivamente na Frente Sandinista. pela libertação d.e b seu povo, e tam _em. participa conos-· co do Con,g r sso, qu> é o Comanda.nte David Chava.rría (pa]mas) (9); e, (9) Idem comentário 8 ., - Chamo, u:m h,om.em cujo trabalho se d,esen.vol veu sobretudo junto aos campon•eses., mas que empunh.a 'tan11bém a ban.deira de luta d e emancipação dos negros na América Lati--• na qu,e é Agustín Zam'bola (palmas}; - Chamo agora um Vigário da periferia de Manágua, ,e ,de cuja Paró1

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[8] A prese:nça d·e·s.ta Iutad,ora, e ,dos outros gueriri Ihei ·ros .a 1

seguir a.n,unc.ia,d'os , a,centu1,a o prestígio da violência como fa.tor representativo ida Rev,olu1,ç:ão Ni cara,gu,ense. - Da·vid ·Chavarría, membro da. F':rente San,dinista d.e Libertação Nacional (pa1mas) e também das Com unida.d,es· de Base da Nicarágua (pai1

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.mas),. - Agustín Za.mbola,. que trabalha j unt,o a:os camp oneses da Nica1·água· - ,e 0 Pe.. Uriel Molina, que é P'ároc-o- na periferia de Ma.nág·ua (palmas). 1

1

E·u ,gosta,ria d:e chamar a n1esa, en. . tão, aqueles ,qu,e vã 0 ter a '0·.PO•rtuni~ da:d•e de falar para nós. boj,e e nós o pri vilégro ,de o·uvi-lo,s.

1

CAlOLICISMO

Julho/ Agosto de t9B0

1.3


se engaJ• aram na luta ,de libertaçã,o, Pe. Uriel Molina (palmas) (1 0); ..

,JI'

ill

lIUia vario •, Joven 1

(1O) Idem comentário 8. -- E a_ gora tenho a ho,nra de eh a.. mar o P,e. Miguel D' Escoto, que é o Ministro ,d.as Relações Exteriore- da Ni.car~gua (palmas)" •

os irmã.os Ca 11iJo H un1b rto e Daniel Ortega Saavedra (pal1nas pro]o.ngadas). Camilo, Ortega Saa.vedra mor~ reu em combate en1 1978 .. Humberto Comandante Humberto é hoj,e Mini· . . tro da n ,efesa da Nicar,águ,__ . Q, ,C omandante Daniel O,rteg,a Saa ved Ia., aqui c.onosco é m•embro da Jurl a de Governo de. Reco,nstrução da Ni.carágua, e da Direç.ão Nacional da Frente Sandi.nista de Lib · rtação · ac1 0,na1 1

-

A Frente Sandi11ista deve mui.,. ,. d,e sua 1uta a tre_ ,. · 1.rm. . a- os to a vrtor1a que nascera1n num peq_ueno povoado da Nicarágua chamado Libertad.,, São

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1

(11). •

r,de·m c,ome·ntário

( 11)

8.

2. Uniforme guerrilheiro para um Bispo do Brasil Frei 13,etto. - E para iniciarmo · ,-,,. t esta sess,ao, nos v·am,os o·uv1r uma homenagem d.o G·rupo•-Teatro União e O.lho ·vivo (pa]n1as) . ldibal Piveta. Con1p anhei--• M â.tica . .nicortl. gUetlS UUCUZ U ros ,, a primeira rn úsica desta noite ,., sa sao. desta noite da América La tina, da li. . berdad•e e da justiça · ocial, é um.a. m(i ica_- como, não, poderia de:ixar de s· r da Nicar,água, uma música do povo da Nicar,ág·ua, ·feita para Sau-dino·. - Mús.1ca (palmas). Esta mú·ica é uma n1 úsica de,d:ica. . da ao comandante. em cbef e ,d,a Re-voJução da Nicarágua ·Carlos Fons -e.a Amador, morto no Departamento ,d,e Zelaya em 1977 lutando pela liber. . dade da América Latina e pelos povos do Terceiro Mundo. Qu.and,o nó _ esti vem,os_ em d,ezem.bro, na Nicará,gua,, levando f no · p,equena olidariedad,e ao povo da Nicarágua e da América Latina, nó,: Pre:i·e1zte si nrbdl i- rec · b,emos alguns t1n.if 01·n1 ,e s ,e p res n-t:o: nniforn1e tle te · do guerri1hei1 o . da Nicarágua ,rtuerri lh eito. para ,gue n.,ós dê . _em.os a co.n1 panheiro brasileiros (12). Par.a ho,mena,gear aqueles brasi]etros que t em lutado pelo seu pov,o, pela liberdade e pela 11

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beram então, 1d est es - expre·ss~vo símbo,lo d,e comu·nhão de ,m·etas e 1 m éto d0s - alguns un ·~.. formes de guerri l heiro, para qu e os distribuíssem, n.ão ·mienos .,gn ,"f". t" . s,1 1·1ca_1vame,ntet a campa .. nheírosln 'brasil,eiros. Um d,os ,galardoado1s, com a i, h10 1 nraria" fo i D. Pedr,o Casaldáli'ga. 0 que por sua vez, é r·ico de signrfrica~ ,çã,o,. . , (13) Nota:r 0 alcance s:imbóli .. co da ,01uto,rga do uni.fo,rme: pa-• r,ece c·on:·v idar os presentes a 1

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que, 'p0,r seu turno, :se entre,.. 1

guem à vi,ol·ê,nci1a. 1

V,erdad,eiro a,r.sen;al numa es,cola dirigida por Padres sal,es,ianos, em Masaya1, a Ileste de Maniágua: ri.ffes, granadas, munição Três. Sac,e'li"do,tes for,am presos, s,egundo a agência UPI 1

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ju .tiça social (13) . • (12) C0.mo s,e v·ê, ,a outorga é, 1

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fe;ta pell•o c.o,0rdena do•r do conjunto m:us·ical bra:sileI·ro União e O lh10 Vivo, cuj 0,s integ antes tinha1 m ido a Nica,rágua v[sita ·- ã: seus irm ãos sand r nistas . Rece- ::i 1

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·

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14

CA TOLI c·1s:M0 1

Julho/ Ag,ost·a de 1980


Eu go ta.ria ,de entre 0 ar e t . unifarme,. dado por uma. co,npanheira guerr tl heira da N"carágu., . a D Pedro Ca•· ald,ilíga! (.palm.a.s ,e trondo a· . assobio grito,~) (14) .. • · { 14) D. :Pe-d:ro Casaidál ~ga Bi s;p,o d!e S.ão Fél íx do Araglla ia é .aqu~ aclamado ,. e por assim dizer inv,e st1id·o, na qual idad,e de chefe ,do que se poderla desi:gnar c om 0, a ala do 'esquerd ismo catóJ ic.o,.., bras·i Iei ro exp!l:i e:,ta . 1

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. u sacrart·11·. ,erro: 1nen to de li/;erlução '.

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.ação do mesmo gê·ner,o, do que, merec-e 0 seu ap,Lauso 1

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1

Uniforn1t:. de jRJ,ner-

Apen.a para term.inar , gostarma d pedir para todos voe" ,q u, sejamos . o,ns . qüente •. O q.ue estamos c,e '•.~ . . brando o, ,que estamos aplaudind :no . comprum.ete até o fim (1.'9). • ( 19) D. Casa l1d,á~ iga p,ro,c ura desde log,o arrastar os ,o uvintes para a efetivação de um t i·po de

mente partidária da revolu,ção .social ,à mão arma-d·a. D.. Pedro Casaldáliga, - Eu vou procurar ag1adecer com o feitos voy

a p•rocurar agradecer este s·1cr.a.mento de liberac16n ,que aca·bo de recibir. con los hechos. ( 15) . Este colar verde é verde da cor como as no,. as .matas ~acrificadas ,da.. Amazônia . À veze ·

significou a repressão, a tortura. Ten1 significado tan1bém., na Nicarágua a •1.açao. ~ ,,,,...,·1a nov a. . .l .b 1. •er1 , a vi:'d. a, um.a pau • (15) O Prelado re-ceb e 0 pr,e~ 1

1

sente simbóHco e promete en .. B'ispo f)to1uete tRrtulecer até ·01u ,\',Clfl'IJUl!.

g,ajar,..se. Di:go, que vo1_ proc11rar .ag,r,adecer com ,os. f-ei.tos e s,e for p,reciso., com o

sang,ue

palmas) ( 16). J1.1ntar ·- n101 no .sa esperan,ça. comttm q·u e,, ·f'e · n1 D us fé no· povo do... pobres vontade de termos uma América nova ~ livre; von ,ade ,d- conq ui .· tarmo,·, .~. lis herdade que não e dá., se con quista. Unido dentro de cada ·p átria o . dif .r. ntes povo · - indíg,en· -~ negr _ - unidos pátria c,om patria. • ( 1,6) ld em, a.té •to s.an,g1ue º. Este dia ,de hoj,e para rnim.- par~ todo nós, , um dia V _r,dad "iran1 n, ·. ,; . h.t. torJc, o. Por pri.me.fra v · no Bra il rio mundo - ·G- fé da lgr ja :pens d.a em teo,1o,gia, a fé da IgreJa par Hh ad, · ecumenicam,ent . Tgr,e ~ a Católica. ( 1.7) igreja evangélica é te temunhada pela prá t1ca. p,eJ,o. c,o,.m:p·1omi so de umt_ ,, rida,de qu .· e torna social política até a morte (18) para ganht•r a vida. • · ( 17) D. C,asaldá 11:ga pro-cura ~

1

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c·{M'lll

!a/ig{I,'

so ·ial .· ~ político ué

. ·0111

pronusso

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á 1norte.

c,om,prom eter ve·lad.ament,e· a própriia Igreja Cat ó,I,c-,a no símb,0J10 que rec.,ebe. ,e ( 18) Maii s uma apolo,g ~a da 1

1

viiolência. Eu me sinto vestido de gt1erri 1h1,.,iro co1110 me p,od,eria sentjr paramentado de padre (paln1 as calor o ·as) . É a m .111a celebr.ação qu nos empurra a" m ·.ma esperança. 1

jc.u1ueu, de }{Ue1 ri! hei ro • para1nen ta.d o ·01110 pa.. C'0111

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CATOLl,CIS MO

Julho/ Ag osto d,e 1·98D 1

1 Na al'ça de mira da pr,opa-ganda gu,e-rrUheiro,-revolucionári·a] a Brasil. Os sandinistas vi,er·am aqui para di,zer que a revolução em nos.s•o Pais unão é im·possível"'. 1

lcar,á gua nos deu o exen1plo: todos .nó .. , todo o ·. po-v,o da Améf' ca. Lat·na. todo os povo . do Terc iro

Mundo,, v·amo· atrás!: (paln1as prolongadas) (2 0). • (20] ,o P'r,e-lado incita a uma revolução internacion,a l do ti1po, 1

n icaragüense .

Membro do Grupo ..Teatro União e Olho V1vo. ~ Nó .· van10, cantar es: ,a mus~iea, qu.e é dedicada. ao co1n.andante Cario Fon· ,ec . Amador va-1nos p-edL · ao púb]ic,o que acom·p,anh o ·, frão -do · ··tribilho . qu é muito fácil·. é 'Ulna músic,.- d,e to,d, · , icarágua. 0 e tr1b1Ih,o, é eguint ·: ''Comand, ,nte Carlos Fon ...,ca Comandan:. e arlos, ·. arlo Fonse~atan gran v nced.or de la muerte 1

nOlho Vrvon: cô nrt ·o de horn na-

nag ~rn

l.l

ªtnartiru.

1

.

novio de l.,rt patria roja y negra. · 1. aragu nt ·a t grita: pres nt . E. l " o retra ,o do comand nt Carlo ,·n· ,e . a An ador. '

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M ·úsica (pa 1mas).

15


a1s~ po 1

VE1 S TE

1 2

1, .. D . !P,edr01 Casaldál i1ga (à di reita) recec·e be da.si mãos d'o

advo gado, ldiba11 Pive1a ,o uniforme d,e g1uerrHhei'r10 S,iandinisla traz1tdo da N:u:::a:rágua , .. 1

1

2 . . . . e, ent1 ra. numa espécie de

3.

~

ê.x·tas.ei! ao vestir· a jaqueta~

•·•vou

p·r,o curar ag1rade.cer est,e sacram einto de, l lb erta.ção ,que ac·abo de ~irecebe:r ( . , ) ,com. os feitos e, se ter pr,ec·iso, com 10 .s angu,e ' , garante o Bíspo...Preiladc de Sã,o- Félbt do,

Aragua,,a~ 4 . Reafir1 mando ,o propó.s ito de Iuta r e de lestem:unlh,ar pe.la p·rátic.a ,.. até a m,orte' o co·m pr,o mi.sso de uma carrda,de "social'

e paUbca", D. Casalldálig,a. conclui: "' Eu me s,i nt,o, v,estid 0 d-e guerrilhe:iro, como m,e pod,eria sentir paramenlado de, Padre" . · 1

1

5,. D. Casai'd,á'liga (à di're,ita) abr.aça :ldiba.t Piv·,et.a no ato e1 m q:ue es'te entrega .ao Pr,el.ado o· und'orme· gue·ririlheiro,. Um s:imbo.. .,. t e d".e aI"'I1ança progr,essIsmo.-su • b_versao, - . 1o, e1oquen

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16

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CATOLIC:ISMO

Julho/ Agosto d:e 1:980


UNIFORME DE GUERRILHEIRO

5

3

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CAT',Q,LICISMQ, Julho/ Agosto de 1980 1

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3. Fala uma guerrilheira das Comunidades de Base -

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Frei BeHo. - Van1os ouvir dep,o,Js desta bel.a apresentação do Grup,o União e Olho Vivo, vamos ouvir a con1 p.anheira Socorro Guerrero :sob re o problema (p,almas) . So,cor,ro G11errer0., ---- Boa n.oite companheiros (21 ) . Em nome das Co1nunidades Cristãs (22 e dos movi. . m,entos populares da Nicarágua. vou contar-lhes minha p,equena experiên..-• eia como um.a _n1 ulher proletária, uma inulher dos bairr,os margi'naliza•do, , da Nicarágua, como tantos desses que vocês têm aqui no Brasil (23}. Uma mulher que em ,nome de to da,s as mães - eu me atrevo, a tomar o direito ,d e dizer-lhes - que em nom : de todas as mães da Nicarágua de t odas aquelas mães sofridas a1 qu,eia mães que f ora:m ex:ploradas po,r cer. . ca de q,uarenta e c1ne,o anos de dura ditadura, e que. g,r.aç:as .a Deus. e a vanguarda, que é a Frente Sand.ini. ta, e ao povo todo da Nicará.gu.a, ho" e p,odem,o diz.er: 'Pátria livre ou n1orrer!'' (2.4). • (21) · Compaiieiro,s ": saud,açã,o eq uiv.a~e·nte ao, c.l áss,ico cam,a-· 1

1

1

Co,n a palavra o~

u icaraRU ;ns,es: f a. . Ja u1na xnerri!hel-

r(,.

1

1

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1

1

s.ocorro Guerrero

Vou contar tninha exp .riê.ncia. mais ou menos em. 69 eu era uma p,essoa. por assim diz,er. que não p,ensava já qu,e n.ão me. h.avia dado conta d.as n1inhas realidades alé mai · o,u me.nos em 70 em qu _ ,e c,omieçou radas" marxista. É o t ra.tame1nto a -conheçer lá n,a 'Nicarágua o m•o·viqu'e se dão os comunistas, de mento da·_ Cornun.ídades de Base (25). 1rng ua espanhol ,a, c,om 0, por, Me intere-ssei por -1e, e cheguei [ a ex,em1plo,i em Cuba· ,e n10 Ch1te-de fre,qüentá. . Jo] n,o, bairro onde n1oro A'l leridle. 0 nd,e o Pe,, Uriel Molina tem a -eu • ('22) As narra,çõ·,es hist óricas cargo 0 tra baiho paroquial (26) . dos diversos 0 rado re·s s.ão tod,as • (25) .A.s, Com,unidades d,e BaV'Oltadas a reai·çar a p,a.rtic'ipação se, primeiro p,asso para o enga,.. religios,a na frente 1 ú.nlca ,de c,o,.. fa m·en to tota n,a revo I,ução. munistas e não comunistas .a ,e (2 6) A •vi,d.a de piledade da r,e.. qual ,derr,oto·u O· governo d,e Socruta pa.ssa a exer·cer-se na pa .. moze . · ,Comu,ni1 d,ades Cristãs" róquia de, um Pa,dire que é partíou Co•munidades Cristãs popu .. cipe da agita,çã 0. Vai surgindo o l:ares é c·omo sã 0 chamadas em car,á.ter religio•so dl,a v'io~ ência muitos pafs;es •de língua espar evo:1uc1 0 n,ária. nhol a as Comunida. des IE:cl esta.is E começamo,s,. 1en tã,o,,. a questiona _.. d:e Base. (23) C [ara ins.1nua çã,o de qu e nos através da Bíblia. É s·abiament , a situação do Brasi'f apr es.enta que Deus deu esse carisma, de qu.e asp,ectos tão próp r-:i,os a pr,ovo- a ,ra vé ,da P a.lavra d.e. Deu.- · nós che . . car a revo l uç,ão soc.ial, 1quant 0 ga:mos a descobri . nossa realidade sa . . aos da s~tua,ção 1nicaragü ens,e cial, a real' d.ade ein que vivía.mo·, afu,ndad,os, em que. não tínhamos hoje aboHda. (24) Mais um1 in1citamento à água,, não tínhamos luz, não tínha1no. ali.inenta.ção, o, serviço hospitalar era viol ê.ncia. prec,ário e,nfim, U'ma série de coisas

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CATOLIC·ISMO

.Julho/ Agost,o, de 19810


assin1. E , sobretudo, o que descobrimos, melhor dizendo, redescobri mos, é o don1 que Deus nos havia dado desde que nascemos, mas que ás vezes, pelas circunstâncias em que a gente se desenvolve. . . ainda n1ais un1a pessoa como eu, sen1 preparaçao - pois lhes digo que cheguei apenas ao terceiro ano primário, sem saber quase escrever, apenas a ler - cheguei a con,precnder esse tesouro que só se descobre através de Deus (27), e do companheiro que reinos ao 1ado ...

aí que realmente se to1na consciência do problen1a social cm que se vive. Surge então o segundo passo. A pessoa tinha já um certo matiz po1ítico, pode-se dizer, porque quando a pessoa se 111ete nos problemas sociais de seu país é já un1 homem político (29), u1n ho1nem que de fato ten1 que ser político, porque tudo o que o rodeia o tem que questionar.

Aconteceu então que os companheiros que hoje estão na Frente Sandinista - Juan Silva, Joaquín Cuadra, Osvaldo Lacayo, Carlos Nunez - e u1na série de companheiros que hoje estão. . . que são nossos comandantes. . . Eles me disseran1 que precisava1n de uma casa que, 1nais ou 1nenos, desse uma aparência de 111na casa norn1al de fan1ília. Eu tive n1edo, por que não vou dizer? Mas o meu próprio cristianismo, 111inha própria necessidade. . . Eu dizia: "Algum dia nós vamos ver unia Nicarágua livre. . . Tenho que fazer algo" (30). Aí então n1eu con1pro111isso tornouse já 111ais forte; então eu aceitei e fui colaborar con1 os con1panheiros da Frente Sandinista (3 1).

(27) A partir dos fatos comentados nas duas últimas notas, verifica-se que a oradora -foi motivada em sua atitude revolucionária pelo contato com ambientes da "esquerda católica". Por estes foi ela conduzida a uma visão peculiar da Bíblia e da doutrina católica, própria a estimul ar a Revolução. A mesma luta que os comunistas desenvolvem em nome do ateísmo expi ícito, e até proclamado, começa por afigurar-se a essa recruta católica do sandinismo revolu. , . uma como que " guerra c1onar10 ,, santa .

E cheguei a con1preender que o problema era grande. Mas isto se fez através de estudos bíblicos, quando questionávan1os nossas realidades através do Evangelho (28). •

(28) "Conscientização".

(29) À "conscientização" se segue a politização. É o roteiro clássico do trabalho comunista de agitação.

lJa 1>oli1izaçáo â açrio revolucionlÍ-

.

/"/(/ .

Assistentes aplaudem o incitamento à re,volução, no Brasil, feito pelos sandinistas nicaragüenses. Não faltaram os punhos cerrados, gesto característico dos comunistas.


(30) f\~otivada pela Religião , a oradora dá outro passo no mesmo roteiro: da politização ' passa a açao. • (31) Sempre engajada pela mesma motivação religiosa, a oradora entra numa frente única com comunistas. Estes, imensamente superiores em técnicas de ação e recursos econômicos, em articulações políticas internacionais, constituem - não é difíci l prever - o elemento verdadeiramente aglutinador e diretivo de frentes do gênero. ~

Eu sei que todos os que estão aqui tên, bom coração, que são cristãos. Mas questionem um pouco n1ais, me parece, esse monstro que vocês têm de uni capitalismo. . . (aplausos). Não quero que entendam isto como uma repreensão.,, mas sin1. como .. algo que. . . que nos, os nica raguenses, estamos conscientes de que o capitalismo é o pior, o maior inimigo (34). °Ét aquilo que cham,amos o diabo, na Bíblia. Porqtte o diabo em si, não existe, mas. . o capitalismo. sim,.,, existe, e nos apr1s1ona e nos tira ate nosso ser, esse ser que Deus nos deu (35).

·ra111bé111

para

o

Brasil: a11ticapi1alis1110.

U 111a " ca1ólica re-

vo/ucio,uíria" proc!tuna: "11ão creio 110 den1ô11io".

/11cita111e1110 re vol11 cio11ário para o

Brasil.

Vivemos n1omentos felizes, mon1entos difíceis. Porque - vou lhes dizer - quando a gente tem un1a Guarda co1no aquela de Somoza, que a gente sabia bem que faziam operações de "limpeza", e que sabíamos que estávamos bem comprometidos, tínhamos medo de morrer. Porém, já nos havíamos decidido, e especialmente eu já não tinha medo de morrer. Eu sabia que era melhor morrer assim do que ficar tão velha, chegar aos 80 ou 90 anos morrendo lentamente (palmas). E o que eu quero dizer-lhes co1n isso é que animo a todas as Comunidades de Base e aos movimentos populares, porque é verdade que aqui no Brasil - que, pelo pouco que conheci, é tão grande - vai ser difícil uma Revolução, mas não vai ser impossível (palmas) (32). •

(32) O incitamento aos descontentes do Brasil é explícito. •

necessário que todos se ajudem n1utuan1ente, porque é da união que nasce a força. Não podemos deixar. . . Vocês. . . E algo que me questionou, pois é verdade que em meu país existen1 ainda, mas que logo, pouco a pouco, vão desaparecer, isso que vocês chamam "favelas". :E: algo que senti terrivelmente, quase chorei. Porque é - dizia eu - que eu estou aqui neste Instituto tão lindo, onde tenho cama, onde há de tudo - comida, cobertor, colcha, sei lá o que - e estes irmãos ... Porque são nossos irmãos, aí está o Corpo de Cristo. Eu queria que vocês se questionassem u1n pouquinho 1nais ... É

A t,

co111eçt1r •

pela -

,,

co11sc1ent1zaçao .

(33). •

(33) A oradora põe mãos à obra, procurando começar o processo revolucionário no Brasil pela primeira etapa, isto é, a conscientização" dos ouvintes. 11

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'

(34) A" conscientização" acentua o seu caráter anti-capitalista. • (35) Notar que a oradora, que se diz católica, nega entretanto expl ici tamente a existência do demônio, como quem está segura de que sua afirmação tem apoio em teólogos que lhe obtiveram a inteira confiança. •

por isso que eu lhes digo: nós, na Nicarágua, hoje vivemos felizes. ·E essa felicidade, nós a vamos conquistar seja como for. Porque, se é verdade que eu nunca peguei num fuzil, agora eu digo aos companheiros: "Preciso que vocês me ,ensinem a usar um fuzil". Porque o dia em que nós formos invadidos, eu não vou pern1jtir! Eu vou pegar essa ar1na que não pegt1ei antes, porque tinha medo de dizer a alguém: "Pegue o fuzil ". Mas eu tenho que pegá-lo. E todos os nicaragiienses estamos dispostos a pegá-lo (36). Porque se nós não o pegamos logo. . . porque, não acrediten1: não há Revolução sem Contra-Revolução. .Nós não estamos esperançosos, não estamos iludidos: de que não nos vão invadir. De um modo ou de outro vamos ser invadidos. Porque, creiam-me, o inimigo é grande e lhe foi tirado o melhor que ele tinha da Nicarágua. E então nós conseguimos isso, com a van guarda e a Frente Sandinista e o povo em geral. É

A

"dese11gajada·· ti11ha ,nedo.

(36) Quais são os invasores conjecturados pela oradora? Ela não o diz. O ouvinte fica a pensar em uma eventual revanche somozista ", possivelmente com o apoio de amigos de Somoza nos Estados Unidos, em cujo território o ex-Presidente se refugiou logo depois de deposto . De qualquer forma, merece destaque a explicação dada pela oradora do porquê ela não pegou II

CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980

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ern. armas durante a Revoluç·ão Sandinista. Não foi nen1hurm1a ra .. zão de consciênci,a, decorrente

. 1 . de· prJ,nc1;plOS re .1g1 0·S os, m,as tã.o..somente um f.ator ps:Icol óg íco: tinha m:,ed,o ,.,• O· que faz· ·v,er que o ensino• rei igioso que ela 1

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recebeu não e: ontinha qualq·u er censura à vio1ência. 1

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P'orque todo o p,ovo é que 1utou .. v·ocês não ima,ginam con10 no,sso .· 111eni.n,o,s lutavam: fazia·m. barricadas. atiravam pedras recolhiam os feridos das ruas (37}. Eles eram f elizes, os m ninos. Não sei, eles nasceram. cotn essa f eliieid ad.e que ag ora conqu.ista. . ram. • (37). O co,n1 vite ,à Revai uçã 0 se estende i:mpíiicitam1ente até às 1

dtt

.l~evolnção.

1

F.rei Betto. - A Sra. S,ocorr,o Guerrero disse que em nome d,a com11ni-dadc cristã e dos movimentos popu-, :lares (38), ela ia co,ntar sua

x.periência como n1ulh r p•roletária da

periferia de Manágua. E -,obretudo '- 1n. no1ne de todas as mãe · nicara-

güense , expio, adas •durante 45 an•o ,. m.as quie hoje, gra,ç.as a Frenite Sandinista. de Lib,ertaçã.o, Nacio•nal, po,dem dizer: Pá tr ·a livre ou 1n orr,e ~ ., 1

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(38) Também Frei Betto en .. tendeu que a ,orad,ora p,retend.ia

fa~ar ",em nom,e, da comuní1da,de

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cristã 11 , e ,não apenas dos ~, mo-• . 1 r, vt ment,os p0P'U ,ares . 1

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E ela c,ontou então que, em 1969., ~ nao p,ensava e1n na·da, nao s,e ··d· ava ,cr1an,ç,as. .Mui to o,·brigad.a, comp~1nheiros, po,r conta da realidad , .até que, em 1970 esta calorosa ho,ntenagem ,qti•e m:e c,on... com.eçou a p,articipar das Co,munidades . . . (gravação interrompida). cederam. . . (aplausos). ,. ,

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4. Discursa um guerrilheiro ''cristão'' -

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()' se 1 undo orad'or 1zica, agu "IM' :i': .,.n.illlan le das .· ·o,nunldacle r ti e Ba .e.s e

D·avid c ·havarría. - Obrigado, ,com~ panheiros! O testemunho qu,e eu poderia ofer,ecer esta noite é o testen1\1guerrilheiro., .nho de toda uma ,experiência vivida e.m cerca de doze anos. de integração em u111a co·munidade cristã., da ,qual já falo u a co mpanhe1ra Socorro (39) .. De uma :militân,cia de qnas,e sete anos nas fileiras da Frente Sandinista., • (39) O pr,es,ente discurso· cons .. titu'i po1·s uma versão masculína de vida e luta em "comunidade.s cristãs'' [ou seja, em Comuni1 da . . d,es Eclesiais de 8,ase} rev·olu .. ci'oná:rias, simétrica. com a. ver.. são feminin1a, d,a ,r1c,ompa·n,heí.ra .. u S ocorro . A companheira Socorro, explicava com 0 se d.á este passo de integração, m,otivad,o .na c,onsciência e no despertar do ·> pirobl,emas de ·um povo sob a perspect1va crista. Quero diz,er que é precisamente un1a profunda con:vicçã.o cristã, que U ,n stranho con-• ceita d ~ ."ll ear ,u,- somente se realiza em uma encarnação,, na identificaçã:o· dos sofrimentos ç.a o,. e d·ores de um povo ,que sofre debaixo da di tad.ura oprobriosa dos gorH as militares irnpostos. por p otências e tran ... 1

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gelras (40). CATOLICl,SMO

1 Daviid Chavarría

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,Julho/ Agos:lo de 19801

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(40) Mere·c.e análise, o em1pre1

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go metafórico, mas dúbi'o,, que o "c 0.mpanhefro David,, faz da 1

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p,a1.a·vra encarnaç.ao , a qua, , no v,ocabulárlo cr'istã 0 correto , tem seu si g nificad,o..·pri nceps, qu•e é a Encarnação, do Verbo de Deus . Di'r-·se-i a qu·e· enc.arn.ação,'' a;lu!de aí à "consclentizaç.ã,o ", ,à p,ofltização, e a,o e,nga1,ame,n,to do re:voi1 uc·ioná~ r10 Na 'tlde.nt.ilica . 1

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ção, ,com· os sofrim,ento·,s e d'ores .do p,ov,o ,, etc., haveri,a um símile co,m a vida púb,Ilca de Noss,o Senhor Jesus Cristo. o qual re .. 1

nunciou à .sru,a vida,. a su.a famí..

lia ,etc. A "convicção eri stã . . . . so~ me,nte se .reallza ,, quand•o o ieris.. tão se i1dentlfi·ca dl1esta maneira com .a luta de classes. encarna os sofrimentos d,o po,v·of 1 re·n1un ... cii'.a a tu,do p ara i ibert,á-lo,. expõe sua vi•d·a e at,é a ·perde etc. 1

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u Somen'te

'1 : não

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há ·outra ,fif ..

te rnati·va para o cri .stão s en ã,o 1 ,; ' trava:r a [ru ta de c,ass,es.. so. mente'' ass,~m ·im Ílt.a ele ,a Jesus; Cr-ist,o., Esta af i rm aç,ão p are,ce ter ca .. :m o co,ro Jári,01que ,o, próprio Jesus Cristo• ri.ão foi senão isto: um r,evolu,cionári ,o. Essa p•rofunda c.onvicç.ão cristã 1

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· lle,uin ·ia à vitln, à f an1f.Ua e ao , . proprro urune.

se somos conseqüentes com ela te:n1 que nos leva1 irrem.ecU·1velm·e.nt· . •d ., p.r·.1a v1•a:~ª. a. a.. ren.,u,, nc1a · · e no ~,.s,a pro. r,enúncia de nossa familia, ,à ·l'.ienúncia lnt,ervalo na luta, atrés das barrii,cadas gu,errUheiras

de nosso próprio nome. Não há nada n1aior em u.m ser humano•,. como já o dis :e Cr~sto, que a ,certeza de que .a vida,, d,e q u mor·,dur a vida pelos ,o,utro . Esta renú·n.,cia de um nome ig.nifica rer·,, somente tem .senti.do quando se· ,, negar--se a si .mesmo negar sua pro- vive na lut·a de um povo (4] ). p.ria existência em ·f avo:r d.e todo, 'Um • ( 41) Nestas frases cárcer,e, povo,. Nós para c,ombater dentro da torturas ,et,c., in,crus ive a morte; ,organização, tiv,em.os que. renunciar são an.áfogos aos fato•.s corr,e s ao n.osso nome e adotar outro, c,om, pond,entes da Paíx,ão1:e Morte de o· qual nos identificamos na luta . Nosso Se1 nh,or Jesus ·Cristo. Mas Mas atos são realidades ,e não p ao ,obJeti·vo decl,arad 0 d,e tais, palavras.. A. ,experiência d,o trabalh.o ,deci'm,entos n·ão é o serviço do levou-m·e a ac~itar este trab·alh.o até Redentor 1n em se inse,r,e na. o,r.. às últimas conseqü,ências . quer dizer d,em s,obren,atur,a1 O o,bJ,et~vo é , ·· ..p, · o [-.1. ;ot 1c· • o· ,: r, ,a vi"da· ", bem -soc,,o até à morte. Tive :a honra de sofrer o cárcere c,o·mo ª mo,rrer somente tem sen·. . tid·o q.uando· s,e vfv·e n.a luta ,de e a tortura, debaixo, da op,robr1osa u,m pov·o " . ditadura militar. Torturas que não são sequer apl1,cá veis aos animais. Dias Nao claudicar , não ser derrotad.o e noites deb·aixo d•e interrog,at,órios nu.nca' E u.n1a experj,ência qu·e s,e debaixo de pancadas 1 pontapés,, coro .. adquire no c,o.mbate, quando comp·anhadas . até chegar a urinar sangue. nhejr,os nossos, ao nos.so l a.d,o, caíam Vendado com um··.- máscara ch,eia ,de deb.aixo das b,ala da dita.dura,. da sabao, até ficar c.om :parte da cara ·Guarda g,enocida,. e s.ó :podiam ter e·m carne viva. Choques ,elétrico..: .. alento, p,ara. dizer-nos: '·' Co1npanheiros, Torturas cuja magnitude não se p,od,e avante, a. vitória ,t nossar conh,ec,er mas que assim m,esmo se Essas p,alavras, a gente leva tão d aceita. ,qu.an -o se tem a consc1en.c1a e dentro de s1, que ·em e.ada cidade que 1

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trávarnos para lib,ertar, libertáv·amos a este povo (42) . .A.li estava n.o,sso com.panheiro caído. Não havia mor,r1do. Nossos c·ompanheiros realment.e vi.vem na l11ta diária de 11m pol'O· (43).

22

C.AT'OLICISNIO

Julho/ Agosto de 1980

UPI


o orador parece atribuir, entre dentes, algo de redentor: "em cada cidade (" pueblo ") que se libertava . . . . sentíamos que, quando entrávamos para libertar, libertávamos a este povo(" a este pueblo ") ".

O orador, como se vê, parece Jogar com os dois sentidos da palavra "pueblo" em espanhol. • (43) "A li estava nosso companheiro caído. Não havia morrido" . Alusão ao Céu? - Não, mas à terra: "Nossos companheiros realmente vivem na luta diária de um povo" . Dir-se-ia que

a vida do companheiro morto se difunde pan-psiquicamente nos companheiros que continuam a lutar, e que o espírito e as energias dele continuam a animar as destes. Este sentimento de esperança, que

Sac:rif icar-se [)OVO.

pelo

son1ente pode dar-se debaixo de u1na . . ,.., , perspectiva crista, mas, que nao e somente esperar um futuro bom, mas que se está disposto a continuar a se sacrificar pelo desenvolvimento e bem-estar de todo um povo (44). •

cipação no esforço da Revolução universal, como ad iante se verá.

(42) À ação do revolucio nário,

E este povo não precisa ser necessaria1nente o povo da Nicarágua. Este povo é precisamente a Pátria Grande, a pátria-livre, a América Latina inteira. Essa pátria com que sonhou Bolívar na Venezuela, Martí em Cuba, Villa no México, Guevara na Bolívia, Sandino na Nicarágua. Que son1ente foi possível pelo sacrifício e pela dor dos filhos de Sandino e de Carlos Fonseca, que hoje vivem e são exemplo para a A1nérica Latina, neste pequeno povo da Nicarágua. Ob rigado (aplausos) (45). (45) Tal Revolução é univer-

sal. E por isto tende a espraiarse por toda a América Latina . Esta afirmação confere a todos os discursos inter-solidários pronunciados na noite de 28 de fevereiro de 1980, no teatro da PUC, um caráter, definido e imediato, de incitamento do povo brasileiro à luta de classes e à subversão. Frei Betto. - O companheiro David

à mera expectativa de um futuro

disse que o testem unho que ele pode dar é de experiência de vida integrada na comunidade cristã, uma militância de sete anos na Frente Sandinista de Libertação Nacional. Sua integração se deu pela consciência despertada na

feliz (eterno? terreno?). A revolução sobrevive aos que tombam nela. E a estes cabe, no plano para o qual acena a frase F.lnterior, urna enigmática parti-

Padres, freiras e militantes das Comunidades Eclesiais de Base constituíam a maioria da assistência que compareceu ao Tuca na "Noite Sandinista". Nas duas páginas seguintes, outro aspecto do auditório.

(44) " Esperança . ... que não é somente esperar um futuro bom ... ": isto é, não se cifra

..

Frei Betto endossa a "perspectiva cristã" revolucionária do orador.




pc.rspe('.·li va cristã. Eie te n1 profunda. convicção cristã de que se ,encarnar no sofri.n1ent,tJc de· um povo é assumir toda ·. as. conseqüências de uma luta , "obr _tudo numa na ·ã.o esmagada por gorilas m.iHtar s e p,ot"' ncia. .· tran•

ge1ras É ., ". nec

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ario _ntao que renuncL ... mo a n,ossa vid:_~. 'Na.o h{ nada n1aior . . . . . . já dizia .Jesus - do que dar a vida pelos ot1tro . Negar a su:, pr,ó,-· pria ... , (gravaçã,o interro,n1pi~a), . . . . tortura ,q11e não s · apl :ca.rn nem a animais chegou a urinar ·, n-g·ue.. 1cot1 muitos ,dia · coberto p,or uma máscara emb,ebida em ·abão r,eceb ·u choques elétricos. E , _ :a umi u essas tortu.ras, foi p·orqt1 co·mnpreendi a que a v·ida só ten1 sentj do 1 " ·

na J.uta de ·um povo. Nã.o valia a p . na viver ·por outra 1 a.:za,o. 1

,1.

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E quand•o· os companheiro . cafam. na .luta, •eles dizi _111 ~ ·Companheiro -,, a,diante, a vitória é nossa~ Sentiann que a hb·ertação d u1n povo na ]i b·ertaç.ã.,o do povo so,brevi ve·rn os companheiros tombado na luta. E ess,a esperança nasce da pers-p·ectiva ,cristã., E o pov,o não é s.Ó· ,o pov 0 de Nicarágua, é todo· o povo da pátria ,grande latino-americana a pátria. sonhada. por Bolívar, M·arti., ·Gue:vara., San,dino . ·Carlos Fonseca- que conti .. nu.am vivendo na n.ossas lu. as e nas o.assas esperanças (46).. • (46) As pala·v ras de Fr,ei ·s ,etto nã.o sã,o senão um. end,osso pe[o frade do mi nicano.r da. u perspec1

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tlva c-rfstã ,,. revoluci ,onãria ex p osta 1 no discurso anterior. Po,r sua vez elas d,e tx.am, bern cl,aro no que ieonsiiste a p,ecu~ iar iinterpreta ção do Cristi·a,n1ism·O,, que li eva os teó '.l·ogo,s d.a Ii'b . ertação e s,eu.s .sequazes a uma ,espéci e de ,, guerra sant.a '', ,qu·e é como vêem a 'luta de classes. Co·m quanta vantagem para. a guerra ps.ico l'·ó,g ica comunista, 1

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nem e n,ec es sa r, o enc.a re·c,er. Ouvindo Fr e i Betta f aze'r ,um a apol,o gia. pú'bl ica do heroísmo 1

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fan,ático de set1s c,onsectários, fica-se pasmo. N,ão se n·ota, em s,uas ,pa~av ras. qualquer reflexo

da cir cu:,nstânci a tão 1m.arcante de qu,e e e - confo rme se·ntença do mais ialto órgã10 1udi ci ar io civil d!o P·aJs, 0 Suprem10 Tribun1ar Federal: fõra C 0.nde,nad 0 .a d,o is anos d.e prisã·o, por parti cipar, juntamen1te com seus pouco h.,eróiicos i:r:mãos de hábito envoil,.. vidos n·0 c.as,o M:arigheia de u mia c·ons,pi ração t,e-rror1 i s.ta. Desc.oncerta igua1·m1,ente que ao exc 1tadíss:i mo público d,e ex.. trema-esquerda. que ai i' se ac·h,a.. va.. não ti'ves.se partid:o um1a .só v·o·z evoca.n,d0 nessa ,ocasiã 0 0 dram:a IM,arighela.. 0 silêncio pa-re·ce· 1 m:ostrar ,quanto é di sei pi ii n1,ad,a a grei· comunista . O ex:-.subv1 e-rs ivo e se ntefl eiad,o Fr~ ;: B.etto se ach.ava bem ·instalado· em· tal g:reL 1

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5. Oagitador n,ral apresenta seu trabalho ~-

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Frei B,eíto - Nó'. vamo ~ouvir agora o co mp1ll nheiro Ag,ustín Zam bola, qu,e tra·balha ju.nto aos camponeses d.a 1

P,ala um ,guerrilheiro do campo.

N··carágua (palmas) . A,1ustin Zambol.a. - Boa n•o•i t , ,companheiras e companh iros . Q·uero con1 partilhar cor11 v,ocês um pouquinho d•e minha experiência no trabalho com. os .irm.ãos c.an1po:neses (47) da zona do· Departan1ento de .Zelaya, na Nicará.gu.a,. Irmão,s com quem trab a]ham.os braço a braço e ombro a ombro no campo. no lo do do caminho, nos rios. 1

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Agu:stin Zamb,ofa


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(4'7) Depois da g·uerri.l:h,eira e do ,guerr11 hei ro urbanos. um g ue,rrt Ihe íro do campo comunJca 1

.. ex·per,,e.nctas . ·v·,.e.. se que a sessão ,está perfe·itam.ente arquiteta,da para arrastar ,à guerr'i l1ha as vár~as: faixas d0· públi,co trabal ha,dor. Algo· ,que lhes qi1ero, contam\ qu:anto a n1inha.. expe.ri ênci'l é o trabalho n·1 Con1un idades com o . tr1n ,ãos campo. . Jt

suas

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A ç.ão junto às . ,o rnllnidade de B,, . . • s,e rurais.

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s~s, ,t: o C.fUt: L·to signi:•'icou dentro do processo da Revolução na Nical l·

1he i ro do• ca:mpo torn,a patente sua origem r,e [i giosa, e a ded:i .. caçao a urma guerra, s.an:t,a • O ,diálogo e o. compartHhar a palavra por n1uito ternpo ];1 aju dando a~ Com 1:111idad'es a descobrirem suas ne ces idade ·. Não ..omente o f · to, de falar sobre a Palavra, mas. ao me n10 ten1 p·o en1 que ia lom.and.o consc:iê·nciu d:e si,. iam-· e dand , con a (49) dn s.i ·uação e111 que vivían1,os. Situaçã · 1

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Mlilitantes sandinistas dominam as. ru.as de Leon,, Nica. r,ág,u.a.

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ragua .. D, sde 1968 iniciamos um tra-balho 1nuito mais intenso na Costa Atlântica da Nicarágua: o trabalho com os delegados da Palavra 11.as Comunidades de Base. U.tn trab.alho motivado p•elo · irmãos ca:puchínhos que atuam naque1a zona. Foi então q,ue os irn1ãospela primeira vez, co1n,eçaram a dialogar sob.re a Palavra de D,eus.. ·Come. . çaran1 a dar-,~ · co·nta do significado do diál,ogo, do ato de co·mparti lh ·1r o :pa · da Palavra (48). • ( 48,) A gu,e rrj Ihe,i ra e o g uerri lheiro urbanros ,ap o•ntaran1 o ca i"áter essencial·mente rei igioso da sua luta. També :n o, guerrr•1

CATOLl1CIS'MO

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Jut·h o/ Agoisto de 188 0 1

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de pobrt:zu - f 0 1tt:l 1ente - ··.ít.uaçâu de i ,olam,.· nto s.ituaç-í. o de explor~çao. P·o·uco a po 1co ~ m-se. dando conta de sua p,rópr.ma ·ituaçao a p·1rt.ir da l,eitura e. d.o diálogo da. Palavra .. • i(49) M'ais ,u ma vez ~ conscien .

·eons, ientizaçlio' · ido.. lavradores.

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Me,nbros das Cotnunidades de Base na luta g11errill1eira.

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Essas experiências dentro das Comunidades, é muito interessante, porque é necessário conhecer, ou experimentar, a linguagem do camponês. f: uma linguagen1 cíclica, uma linguagem que não vão às coisas diretas, mas vão [os camponeses) participando pouco a pouco, falando sobre sua própria experiênci a da vida, quen1 são e • como v1ve1n e, con10 querem compartilhar isto con1 outros. O fato da existência destas Comunidades . . . f: bom pensar um pouq uinho no isolamento em que vivemos na Costa Atlântica. Ou seja, não existem caminhos para lá; se penetra por meio de. . . vamos por mula ou a pé. Ou por rio, em canoas, ou botes, para visitar as Comunidades. Nossas visitas a essas Comunidades são duas vezes por ano que conseguimos vê-los, con1partilhar com eles. Estas Comunidades de Base manifestara1n algumas coisas muito interessantes e bastante fortes (50), a partir da forte repressão da Guarda Nacional daquela zona, e1n que muitos destes irmãos sofrera1n, 1nuitos irmãos perderam a vida, muitos irmãos tivera1n que testemunhar sobre a fé como ab_ertura à Palavra, que se faz realidade na vida (51). •

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· (50) O orador se esqui va de dizer no que consistiram essas "coisas . ... bastante fortes". A

Com seu fuzíl-metralhadora, sandínista patrulha o setor norte de Estelí, Nicarágua, controlado pelos revolucionários durante a guerrél civil.

instrumentalização das Comunidades de Base pela subversão não poderia estar mais claramente afirmada. • (51) O fato é que houve uma "repressão forte", com sofrimentos, mortes e até "martírios ". Mas o orador se esquiva de dizer quantos defensores da ordem e da lei foram abatidos pelos rebeldes sandinistas, quantos foram presos, e que trato lhes foi dado. A narração procura dar, quanto possível, um aspecto de massacre de inocentes sandinistas, ao que foi uma guerrilha revolucionária autêntica, com seus horrores clássicos.

Um dia, quando caminháva1nos pela montanha, durante o tempo difícil da luta, quando encontrávamos patrulhas da Guarda Naciona1, um camponês me perguntou: "Agustín, o que você pensa da situação em que vivemos?" - "Homem, eu acho que vivemos en1 uma situação bastante dura e que é necessário lutar". Foi o que eu lhe disse. E o camponês perguntou: "Agustín, você não é casado, não é verdade?" - "Não sou casado". CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980


''Você não tem filhos, não é?" "Não, não tenho filhos". - "Não tem sítio?" "Não tenho sítio''. "Bon1 - n1e diz ele - Agustín, você ·não ten1 nada a perder. Deve ter ,nuito valor para acompanhar-nos na luta. Eu tenho minha esposa, tenho meu sítio, tenho meus filhos, e estou decidido a dar minha vida pela causa da Revolução" (aplausos) (52). •

Un1 novo "sacra1ne11to": o con1ba1c revolucionário.

(52) No diálogo de Agustín com seu amigo, ambos já passaram pela politização e pelo engajamento e enfrentam de armas na mão o adversário. Ambos estão na fase do sacrifício rumo à morte.

Este fato 1ne ani,nou tren1endan1enle. Ou seja, a partir tiesse rnome nto, entrou en1 111im um espírito novo, ou seja, o sacra111ento n1e foi comunicado através do irmão camponês (53).

Outro fato que tan1bén1 é muito significativo, naquela zona da região do companheiro Carlos Fonseca Amador, que trabalhou intensamente naquela zona, e em toda a Nicarágua. Mas ao falar de Sinica - Sinica é um n1onte, é uma montanha ben1 alta - os camponeses que vivem naquela zona n1e contam as experiências de trabalho e co1no eles participaran, no processo de libertação, como eles deran1 sua casa, partilharam sua co1nicla, partilharam sua vida. E isto é tan1bérn un1 sinal forte de mudança, u,n sinal forte de libertação (54). • (54) Todo o tópico conduz a que, para a guerrilha, o ímpeto do batalhador não basta. É necessário tan1bém o apoio logístico da população rural.

Aqui, talvez alguns irn1ãos, algun1as irmãs perguntassern: "Bem, Agustín, e o que aco11teceu, então, no plano da Igreja, com os carnponeses daquela zona? Como foi sua participação em todo o processo de libe1t ação?" - Eu diria que, quanto à participação naquela zona, especialn1ente na zona que chamamos Sinica, 11aquela região montanhosa, os camponeses participaram fortemente e continuam .. , , . . a part1c1par, porque nao e so part1c1par para uma transforn1ação en1 un1 n1omento, mas acompanhar todo o processo, tanto de luta, como •de vitória e de reconstrução de nosso País (55). • (55) E o apoio da Igreja? O

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(53) O companheiro de Agustín, que tem o que perder e o quer perder, parece mais entranhado nos mistérios da iniciação revolucionária. Passa-se então, entre ambos, um fenômeno, que vem descrito em termos ambíguos, de sorte que o ouvinte ignora qual é, segundo o orador, o conteúdo desse fenômeno: se parapsico lógico, preternatural ou sobrenatural. O fato é que as pa lavras do amigo de Agustín transm item a este "um esp1r1to novo : o sacramento me foi comunicado através do irmão camponês", comenta o agitador rural, sem mais esclarecimentos . Pensa-se numa espécie de pentecostal ismo revolucionário ... Esse underground da doutrina "cristã" -revolucionária apresenta importância essencial. E jamais será suficiente estudá-lo. 1•

CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980

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próprio Agustín o proporcionava como agente pastora l da Comunidade de Base. Aí está, portanto, o que quis com-

partilhar com vocês, esta pequena experiência. E, uma coisinha mais, de caráter muito pessoal. Em uma das ocasiões em que visitava as Comunidades, encontramos dez patrulhas da Guarda Nacional, em uma Comunidade pequena, chamada Rosa Grande. Estive sozinho na capela, rodeado de guardas, e a pergunta era: "Bom, Agustín, qual vai ser a proclamação da Palavra para estes e para a Comunidade?". Nesse momento, o que fiz foi ler, proclam?.r o capítulo 58 de Isaías. E logo começamos a dialogar um pouco sobre isto. Mais tarde vocês poderão descobrir de que trata o capítulo 58 de Isaías (risos).

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f "oran _mo,men t,o ortes e n · pi an0 pastoral poderíam,os vier três partes, não?' U.ma pastoral .: té c,erto ponto de sacr,; mentalização~ um.a pastor,! em ;, empo de persegu.ição~ e un1a pa.torai ~n11 te1npo de reco·nc truç:ãio (56). • (5-6) A distinção entre '-' Pasto .. ,., . p I • açao r,aI ,d,e s·acra,men t,a.,z, ··as~ to.ral em temp,os de persegui.. ção" e PastoraJ em, te,mpo de reconstrução n t,em. af ini!dade· com 0 ,que foi dito .acJma s,obre enc,arnaçã 0· morte e: r e,ssu rre~ ção no pr·ocesso rev,o,fucio,n1á.rio {cfr. comentários 40 41, 43, e 1

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44). Obrigado (palro.a ).

:Frei Betto. ~ A.gustín ZamboJa djsse que ia partilhar um, pouco as suas exper1enc1as Junto ao, - camp ones s com. quem ele trabalha no campo 1ha. ·c,o m nas- e ·tr-ada·-s ·n-,o-· 1··ios · ·tr·aba e; , _L1 _ .. · L os irmãos camponeses gostaria de falar so·bre isso. Em 68, el intensificou o seu trabaB lho na Costa Atlântica da Nicarágua junto à for.m.açã.o de animador . s da Palavra .nas Com unidades de B a · ·. os campo,ne es co·meç·1ra.m a díalo,gar sobre a P'aJavra, e foran1 desco,- rindo 1 A

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o direito de partilhar a Pal vra.

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isso ajudou as Com.unidad•es camp,onesas a ·descobrir suas necessidad,es,

,-~ a · Co.munidade · n1 anife ta ran1 alguma . coI-a. . i1n portante . Sobr t U·d.o a p·1rti r da repr -. ão da G·ua rda Nacjo nal na r gião n1uito camp,o ne1"'e ofr '. ram, perd.eram .· ua vida, tiveram d,e te t munhar a Palavra na r ·alidade ,concreta d,e• ' _ .·ofrhn.ento. Um dia, Agu tín ia pelas m, ntanha . e um camponês lhe perguntou; Agus'tin, o. q_ue você pen a da ·ituação que a gente vive.? O ,que voce p nsa do qu.e passa em Nicarágua'? Ele res... p·ondeu·: Penso que .. difícil, e é nec ssãrío lutar. - Ma . Agust:ín ~ voc,ê não é casa.d,o, não ten1 filho voc,ê nao te.m na,da a perder Você deve lter mui to valor p·-ira nos aco,n1p anh ar na luta. Agora, eu tenho filho,s espo .. '.a família,. n1.as estou decidi ido a lutar até o firo. E a parti ~ daí Agustf n viu qu,e ele tin.h.a recebido um n.ovo acra.mento,. um novo esp,írito qu - o comprometia def in ·tivamente com o 1

camp,oneses. Os campones,e.s g:ue vivem na região _ 1

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nessa reg1ao, e a mesm.a reg1ao que foi trab·alha,d.a pelo fundador da Fr nte Sandinista de Li b.ertação Nacional _ Car]o Fonseca A1nado,r. "

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~- o que t,êm a ver a Igreja e o -

can1poneses, na região?' - di,. · •._- ram t:1 Agu tín. Ele diria que., como parti . . cip,ação -obretudo nas monta·nhas, hoj, 0s camponeses con.tinua.n1 atuan . .. do na reco,nstruçã,o do _p,aís. E uma c,ois, im.p,01 tante. em um< de suas visitas as Conit1nid ades -Je enc.on _·r,o,u dez patrulhas da Guarda ·_· acio,nal . e se encontra.va _ozinho na capela rodeado pelo - guardas. Então ele s _per. . guntou:. Qual vai ser a proclamaçao da Pal.avra para esses guarda - e p•ara a Comunidade? Leu então o· capítulo 5•8 d.o Profeta !saía;; . ·' a partir daí começaran1 a .d1alog.ar. E disse à assem bléí a qu:e, mai tarde todos ter.ao• op·ortu:n.idade de d · sco bri r o cap ftu l,o 58 d"!,,, IsaJa -. (risos) Mas desta proclamação d.a P'a lavra. 1

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a ton1ar co,nsc1enc-la ·_._- e ~1. da ·1tua,

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ção em que v·iviam e d __ si tu ação de pobreza marginalidade, explo ta ._ ão que pesava sobre elas Foram S·_ dando conta, a partir d,essa r11editação. E so·bretudo ele v.iveu, n.e· se contacto,. d um:a exper1.enc1a interessante: , ~e conhecimento d.a linguagem campone a que é uma linguagen1 cíclica, de quem fala a partir de sua experiênc1.a v·ivida .• De quem faia do que é, do que qu,er e do que pretend•e. E que na região onde e] e traba ha na c :osta Atlâ.ntica não há. estradas. Ele: catninham c,01-n mulas ou a pé ou ·em bo,tes e barc os, para visitar as Comu·n1idades. ff· A

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ele ti.r 0,u a conclusão de que a Pa -to ... ral na Nicarágua viveu. _rês mom.en r,os 1

importanties: uma pastoral de sacram.entos . uma pastoral da per _,eguiç:ão e agora u.ma pasto,ral da reconstrução. CA.TOLIC·ISMO

Julh0 Ag,osto ,de 1980 1

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6. A palavra de

. , d , . ., um cape1ao •· a suuversao

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eHr aL: t riza ri a t:.om .·. u111 trabalho profético de re· gate co•ntra uma Igreja qu . stava co111pro.m.etida com o regj-. n,e governante. Co·ube-nos a nó•, alguns Padre , a tarefa d, .resgatar a n1en·-· agem. evangélica da apropriação que dela haviam feito desde muito tempo a · ela ·ses. oligárquicas (5 7) ,i.:

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(57) O frade f ran ciscano Frei Ur~ei M•or in.a, faz uma des,crição

Ação ,,' proféti'ca . ..

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do que sejam. a luita de cla.sses e a .R,evoluçã,o, não m,a~s no am .. biente te·mp,oral (cidade e cam~ po), mas. no a·mbi ente espiritua l ( l,g r•ej,a J. Havia na Ni1 cará gua uma Hli era rq ui a .Pró-•gove rn10·, pró ..c Iasses altas Era preciso af.astá.. la ou cercear. :lhe a 1nfluê nc:ra. A ,c,onsecução dess:,e ob jeti' vo parece coinstitu i r "um trab,alho profétf .. 1

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co~, o que faz pensar que ao Pe. Urilell MoUna

a1 póst0J o da Rev,ofu,ção :e da luta de classes dentro da l greja, . a Teolog·ia d.a 'Li bertaçã.o confere o título de p·rofet.a ". 1

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Fr·ei Betto,- N ás van10 · •. ,ou vir ago ·a o Vi,gário de Socorro . q_·ue é •O P ad 1.e Uriel Molina (palmas) . Padre Uriel Molina. - Quero falar-J' -h hes com. muita simplicidade de mi-n. a exp·er1enc1a ness,e processo revolu.cionário• nicaragü.en:·e. Falo a partir de minha exp,eri ência sacerdotal e reli-

A ,exp.e1 i'êncla r volucionárla de tun sacerdotf!. 1 ·-

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• g1osa . 'Nasci ,e vivi a prim ira part . d minha juventude, até os 18 ano , de

b,aix 0 d,o, regime ,da escravidão som,oziana. Coube---I11e estudar três anos de Direito na Universjdade Nacional que tinha sua sede entã,o em Léon. Depois entte na O dem dos Fran.cjs . . canos e,n As ·is ,onde concluí os studos sacerdotai que tne lev,, 1raon fiogo a um inten. ·O trabalho de pós-gradu.aiÇão uni vers.i tá!ri a em ,estudo· bíblicos em Roma e Jerusalém. Depo,is die doze longos . nos, regressei a meu País e1n 196.5 p•ouco 1! empo depo,is d te1· sido fundada a Frente Sand.ínista de Lib,ertação N·acional. Comec,ei a realizar ,em Manágua, junto com outros Sacerdotes o ,que 1

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,C.A.TQ,LICISMO

Ju lho/ A.gos.to de 19·80 1

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Levou-no também a esse co1npromi so profético a valente ação g·uerrilheíra de no sos -;..mãos andi.nistas (58) realizada. em afil,gun p,onto· d·o território nacional. •

(S8) A

guerriU,a

leva à ação ,guertilheir.a.

... . ,q ue

profético--

ecl:es i ástica parece ter sido d,e.. f l a,grada por inf ~uêncl.a s.and in ista.

Cert-o dia,.

algun · co·mpan.heiros -andinista . foram desco,berto,s . m seu esc,o,nd,e ijo . m um bairro de Manágua. Foratn cha.madas as for,ça · de ~egu1an,ça e a Po]íc1a, e eles f oran1 ~netralh .. dos sem mi -ericórdia por e arro . bH nd ados. R•estara m apenas seu ,e rpo · desp _daçad,os ••u · pla. . no,s de .açã•o 111ir'tat. Reu.nimo-•n,os set S,ac º rdotes pa a lev·2u1t~ ·r n.oss,, voz d.e defesa ant o que víamo .· con1 to,da a clareza: un1a inJustiça na desp,ropor,çao, ,dos meio ·. para com b·ater os sandinistas. 11 un.1 ina1no o caminho do que devia .e r a futura Nicarágua, a p:artir ,de alguns .

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pontos claros e concretos, indicando o

pa,lres: " se. te . 1rniaos em. MarX'" . ..

Sete

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que a Bíblia nos ens inava: o Êxodo rumo a urna Pátria Grande. A reação não se fez esper:ar: o Diário Nacional, do regi1ne govern:tnte, da ditadura, batizou-nos a partir daí con10 "os sete irn1ãos em Marx" . E desde então não cessou nunca seus ataques contra nós, n1arginalizandonos de todo o processo, e fazendo-nos sofrer profundas contradições em nosso trabalho sacerdotal (59). •

... estir1111fa1n Co1r11111idades de Base e participa,n de greves.

Líderes g11errilheiros s11sc;itados por urna Co1n1111idade de Base de univer. , . sttar1os . ..

. . . . co,n o que " u1legra,n" fé, política e revolução.

(61) Contatos com a Teologia da Libertação e com a luta de classes na América Latin a.

(60) Os Padres proféticos incitam os cristãos revolucion ários, operários ou estudantes.

Fomos realizando, durante vários anos, um longo processo de integração entre fé e política, entre fé e revolução. Uma leitura simples e franca do Evangelho, como unia análise de nossa realidade enraizada em uma História que era preciso "resgatar". Confessolhes com hun1ildade e franqueza que nem sempre foi fácil para mim, con10 Padre, sem nenhum apoio - nen1 na Ordem a que pertenço, nem 11as estruturas da Igreja - para poder alirnen- . tar n1inha esperança e minh a fé, de urn claro delineamento doutrinário que indicasse o caminho a seguir.

Mas eu n1e sentia sobretudo carregado corn o peso da instituição eclesiástica. Pressionado forte1nente pelos superiores, entrava en1 conflito comigo mesmo quando procurava conciliar aquelas frases que tínha,nos aprendido: "O Evangelho é para todos"; "·Tambén1 os ricos têm que se salvar"; "Temos que tomar cuidado con1 a instrun1entalização"; "Precisamos expressar nossa fé no aspecto religioso"; "Temos que condenar a violência; a violência não é evangélica". Un1a série de frases que eu ia acun1ulando como que em espiral, com grande devoção à Igreja a que pertenço, n1as que significaram sempre um pro[undo obstáculo para aceitar o co,npromisso e a .militância, dentro das pessoas que estavam iJun1inadafi pelo meu trabalho pastoral (62). •

(62) Na alma de um Padr e como tantos outros, o choque entre Teologia e Hierarquia de estilo antigo, e a Teologia e o Clero do estilo novo.

Entretanto, dentro daquela 11ebulosa, eu sentia que havia uma realidade que era preciso tomar en1 conta, e que essa realidade não era quin1ica• m.ente pura, e que o Evangelho havia sido apropriado, durante um bon, ten1po, pelas classes ricas, pelas classes poderosas, que era o que me in1pedia de entrar nun1 compromisso 1nais diáfano e simples, que 1ne era oferecido por parte da juventude (63). •

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A "Iºeologia da Libertação" fornece, .a base doutrf11ar1a para a revolução.

· (59) Um acontecimento fortuito desencadeia o amálgama entre o sandinismo profético e o sandinismo guerrilheiro.

Experiência significativa desse mo111ento histórico foram alguns con1pro1nissos que, nós, como Padres, realizarnos, em um trabalho de estímulo das Cornunidades Cristãs, e integrando-nos en1 greves nacionais significativas, como a greve dos. professores, então dispensados pelo Governo. Mais adiante, concretamente ern em 1971 , un, grupo de jovens unive rsitários ve~o propor-me ele formar con1 eles uma comunidade cristã universitária, vivendo nas próprias instalações n1ateriais de minha paróquia. Eu disse que sirn, simplesmente. Via que era uma grande oportunidade de entrar em diálogo com a juventude que estava sofrendo. (\lguns · desses jovens são hoje comandantes ou figuras destacadas na Frente Sandinista de Libertação Nacional (60) . •

Não tínhan1os então ne11hun1 esclarecin1ento doutrinário, nem conhecíamos sequer o que mais tarde foi o sín1bolo para nossos círculos de estudos, o livro "Teologi a da Libertação", do teólogo peruano Gustavo Gutierrez (61 ). Tínhamos algun1as claras e poucas inforn1ações do que acontecia no plano latino-an1ericano.

(63) Enquanto clérigos, duvidam e se detêm . CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980


1 rabcilho clande, tino junto às Co-

1nu11idatles de Ba-

Os j,oven eguir,1.m adiante eu compr,omisso: continuar urn trabalho de cla.n.d.esti ri idade de,ntro da· fileira · da F'rente Sa ndi ni,-ta de Li b -rt ·~ção Nacional. :E _. d , de e·ntão d.e ,cl,e [ 973, desapareceram para in egr·1r . .:·, rtL1m, atividade ela nde, ti na de trabalho _- ~u.t i~ e :intenso com o - n1ovimentos populc, res alimentados nas Cot11unidade8 Eclesiais de Ba _e. As i1n, fo1no, a.oompanhando o po .. vo atra vé , d,es -e processo de clarificaça,o (64 . Senti a 11ecessidad1e. imperio -,c, de aco,,npanhá . .]o atra vé d, pr,egação, de vigHia - q u e f azkt 11 na i,greja a noite tod:a atravé · da correspond.ênci.a. Ma· devo dizer, a,prend1 so·bretudo que era preciso, dar u1n salto além., at.ravé do com.pron1J· ·o j nten. o, profun,do , d.os joven - que rn.i Htavam. nes. t C·Omu.nidad, un.Jv r~ i•tária ,( 65).

(64] ,Dll r,ante, a própr ia a,ção. os j,ove·ns ~ encabeçand·o o pov,o c:on,duzem o "p,roce·sso ide clari. . fícaç,ão o,u· seja , de s1ub·versão . Eles sã 0 ,ajudados. pe'l'as Comu n idad es E·cf es iai s de Bas.e. 11

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: ntre ·es Joven -_ v Jces tem a rninha esquerda o,avt,d (Chavarria),. A. -e]e cre~,o- d,ever mu.1to minha vocação. Não t _nho n nhtu11 ·,entirn nt d _ c ,· n o direi? - de re"'erva -e1n con •es .. ·.á-lo p1ihl"can1 n, . P'orq u I, un d i.. f i pre .,o 1- ado par~1 c.1 • ·p risõ _s da -egur·1 nça acio nal, ond, - o n1 ·iJtrataran1 El -~ cc ntou só um '.I p,art _, , J ; ,. nh( .11 !'TI u 'ora.ç;ão. e ._ m u.n1 e·· ri.te, prof un lo gu, ele e ·creveu -m ... - ' l arta ven1 d· _prisã - o , 1.u ~ ·1-- p \$SOU ·u·1 tortura .-. u en antro con1 Cristo cru.cif icacL dao. . . le I l - nvio,u 1tma carta em ", qu. · d1zta: _a e1 se .·a1.r,e~ vtvo ,. " • • ,e1· :t t carc re ma~ ·1 un1ca. c c) I ·.'t qu sei I que minha convicçâo é f rte. ~

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Ro,0 o-lh :· 1,u.e como p·1~to.: · ,da n unidad -· Sr. ]eia - ta e 1ta · d.,_ nun--• ci e -mo l.h ' comp,ete. ·O qu, - ·,e e ·t·í perpet rn nd,o n·~ · p,rí ~.õ •~ da Nica r,íe

gu a ".

Guerrilhe1 --, 1,k l\ 11 atagal·•·-- a-• A·- re v,·o•1uçao -.... nica • raguense • _iros· e·m ..,_.. . 1 p ap1r1· se:n1tou ..a,e como hcristiã • anles da· vil.ó-ria. Com o t,em.po, .a máscara vai ca m ndo e os sandinistas mostram·-se ca:da vez maJs p.róximo,s da, tirania comunista. 1

,

1

1

(65) A perplex1 i'dad,e de um clérigo se ,escll arece por um "s·entir a necess1dadta ". E se põe a se,gu ir o impulso dos pr,ofetas

e do povo. CA f ,OLICISMO

Ju-lha/ Agost·o de 1980

'i.11ha me,d,o de faz.ê--Jo tambén1 por sua segurança pess aL ,c ontudo o omoron1i· so foi mais fort o fi· . E denur1ci -,i ao inundo dentro fora da N:icarágua o que lhe havia aco,nte-. _i,do: e logo começa.rn.os um diálogo d _· u.ma:'. · e e cartas. E ,eu enviava a

33


1 n~.i nha , a., a d 'J e p,o ·ta n ren1ea d.'. de 1·1a es da ·,- . crit ra - _·om ucari·tia par, qu ,-l _ omung.. , e., · par'"t qu - -·. pude,. e nutrir no, trem ndo nri rtir10 qu - ,_,of1 i'.t (6,6). 1

(66) O ped ido e o exempl,o de

um ,leigo de •erm_inam o clérígo a engajar-se. 0 car,át,er de Q1Ue·rra relig iosa , da revoluç.ão sôci:o,e,conôm:ica s.and inistar é posto em rea:1,ce c:0 m, a maio•r •cla:reza :pe:l,o S,acerdote sand i'nista . ,Quando ele -amu da prisao,,, tinha jiá pl· no d- int _grar... a in,_ urre· ç,ão nacio,1al que ,-ra i1ninent-- . Pa -~, ou. p -la rninh a .d -·i _ou-1ne u1na _art : qu ainda e n - rvo: Qu.is cele-· l- r, r - -nvo oo tuna -· ucari ti·__ ., nt ,d _· int gra -1n _ n:' l 1ta ·. . íU qu .ria p,ara. t_rmina.r -. ª ''•"tn1lar hnplesment g·u .· , ~ _u testemunh . n fazia p=:-nsar r11uit,o rl'iqu J· fra e do Mestr :. 0 di cípu , r,ã, é 1naior que seu me tre·· . e te ca o _ na mi. . nha Con1unidad ~ d vo d.iz -· O· con, . : os , I"Isc1p1uos " -• u·,1r10. for,an1 maiores q~e, o. mestre (aplausos). O qu · ti nao fui capaz: de da·r·, deran1 el 1

1

.

.

... utgres,\:tuu nu 1n.

. urr i ,ão na ional.

1

1

ntao., n

, tia

m qu

e n1eçou:

a 1n urre1,ça - nacional iv - a ~úl1ima liçlo de u,m povo inteiro, que nunca . _pa · >u te or ,ç.ã - ,da luta. rev· 1u..·1on~tr1,. ,. uand . o .a - bo1nbas de · o n10 -a n1etralha vam a p p lação, civil de m u b i ro eu vi" que co,n10 ii:nica re p a por tri das raj das d,_ 1neItralh() d.ora que se d fe11d~am ·havia um grito de ·p -rança para tod nô,s~ Pátria Iivr _ ou morr r . E m r ti, ava na minha , olidao n1 pro unda oraçao ·n1uita _- v ze ·· diant _ d,o ab · r. . nácl lo . e sen·; ia que o Ev,angelho não1 1

~

1

1

ra. e11 que1n ·pregava~ co1neçav,a · 1 a pregá-lo os ·ove.n .sandinistas da _- i.carág.t1a I aplau ·o ) ( 67') ..

(6,7] A verdadeira p,rédica é ma is a do fuzi,[ que a d,o púlpito. !Note-se que entre os u jo,ven's s·.an,dín istas ,, ,que pregavam peM• las a.rmas, havia n;oto•riamente comu:n istas Segundo Frei U rie 'I, parece que também eles pregam ma rs ,a utenticamente •O Evange lho d,o q!ue os própri·os Sacer-· dotes. 1

1

Flagra:nte do audilório

QU "'ln'

/1'

'E · on " !IJo'

o. ,

a

u , ,i,

u . rri/J' _iro., .


1·rei .Betto,,. - O Pe.. Uriel no · diss que a prin1,e ira p,arte de sua Juve ntud.e eie viveu ob o regi.me d. e··c.ravi Jão de Som,oza. D, poi · el- estudou, tre.s anos, Dii·,. ito na Univ ~ rs.idad . acio .. na] da NL arágu.a, n1 Léon. lngr . ssou na Ord 111 do - Franci canos. em As i, e realizou estudo ,de Bíbl1·1 e1n Roma e Jerusalén. . A.pó · •do,ze a no ·,. e] rere ·_ou '.l ~ eu p 1ís em. 65. q u· nd,o já acab' va de formar a F nte · a.ndini .· ta de ib rtação Nacional. E el1· con1eç,o u a realizar junto e .n1 outros Padre , uma atividade profética, .n,o, , _ntido de renovação d,. lgreja qu . eta cornp,rotn,-tid·a con1 o, regime que i1nperava no pa '"s. E sobretu,do . ssa ativid.a,de profét·,ca cons~ . ti• a en1 recuperar a men age.1n evang . lica que h via sido apropr1.ada pela~, ela . ·· .· don1 ina.nte ·. E, cert,o di . · um grupo de andinis tas fora·m .descoberto,s nun1a. casa. A Guarda Nacional foi chamada e assa sinou ,a ·to,d,os, d.estruind,o os seu ·

1

1

"uma a·.n·álise do Evange/h,o à luz da Hi.st,órla a ser resgatada,,,. Isto equiv,al·e ,a dizer que também1,ere ent,einde a ,doutri'na e a

1

prática da Te 0,to,g ia da L,berta1

1

.

1

corpos. Então, o Pe.. U ri · e mais seis Padres - um grup,o de sete . . . . . . protestaran1 E con1eçaram a abrir camfnbo para o qu · seria a futura ·ica rágua den tr,o, da pe ~spec· iv.a bíblica do

Bxo,do. E logo veio a reação do Governo. ·O Diário Oficial d,o regin1e batizou o. padres de ''os ·.•. · e irmão d.e Marx p,as ou a atacá-los

Experiências que ele viv,e;u ju.nt,o às ,c om uni dades Cri tã -, como partici-paçã•o em greves - a greve dos professores - fe:z com que, a partir de 1971, fo,rma:sse com um grupo d · un;ver itários 11ma Com·unid.ade ,em ua Paróquia. viu nisso uma ,opo,rtuo.idade pdra dialogar com a juven1

tude so~rid.a. E alguns ide •. e> jov 1s da sua Paró,quia são hoje co·mandantes da Frente. Sandinista de · 1be:rtação Nacional Eles procura van1 realizar un1, inte . . graçao fé, e política, fé e revolDção , f'azendo uma análise do E,angelbo à lu·z ,da História a ser res:gatada (68). Não foi fácH para ele ';ttua · junto a es a Corn uni dade,. porque não ntia ap io na Orde1n- na. , e: truturas da Igreja nen1 po suía u"fic:L nte ,esclar cin1entos doutrinários. E ó m.ai· tarde v· ran : o ·_ n_ a 'T olog~ a da Libert•1,çco··= d · leólogo pe uan,o ,Gu ·tav · Gu .iér-·cz qu es 1 aqui p· e,·ente entr~· nós esli n 1ite (p·aln1a . calorosas}. 1

1

1

(68) Em sua versã,o do que acaba de d:izer 0 orador, Frei' Betto afirma adequadamente qu,e este d·,escrev,eu uma , , ínte ... graçãoJ' entre "f.é e polítiiea, fé e revolução'", c,om· base e·m

1

çêto como uma pec.u1[rar análise do .Ev.angelho·,, com pro j e,ção e intera,ção nos. campos rei·ig1ios,o , 11

1

polft:le:o, e da ação armada. Oiu seja, trata ..se de u:ma nova 1

Teo,[og~,a que abre caminho para um,a n·ova era da Hl~stória da Igreja e d'. a ci·v·il ização . Tudo be:m 1pesado, tfm!a. nova era, de uma nova l,gr,eJa:, e de u1 ma nova ci'vi1 i.zação, na qua] t,o,mam parte tami'bém marx.i stas. le ,entiu um pe o ·m uito gr,• nd · •e ntr. a in. ·titu.ição da Igreja e o com-promisso con1 o po ·. ,o,. Era 111 Li to pre, sion.ado pelo, , up ri,o,re· , e i to fazia co.m ,qu - : J,e ~entisse algum _on•flito, · obre udo, ,quando· lhe fa av,·u11 . nao, ... po d" . trumcn-· que a I greJa _ia ..· · r 1ns taJiz .d, que a vio,lência n;ão é ev·, n,gélica etc. r1.tão ele viu ,q u,e precisava a,·,. umir a realidad.e, e q u. a ·e ali da d• 1

1

1

a se.r a sumida não , ra un1a realidade quitnican1.. nte pura. ,e ,q ue u, vangelho havia sid.o apropriado pel a classe do.m.inantes., e dev r ... e-ia ai:. r er r,esgatad,o. · ·sse joven. da sua Co,01u.nidade foran1 adiante no seus compromisso·t . e se integraram na F'rente Sand ~ ni ta. A partir de 73 caíram na cland . sti .. nidade e atuavam junto aos grupos p,op,ulares alimentados pelas Co·n1unídades. E n ,ua Par óqu· a o, Pe. Uriel continuou a,com.panhando o povo e a,j u.. 1

i

1

d·1nd,o na conscÍlentização a iravt , d -

vigHia , ,à noite) e ·obretud.o de corr spon.dêncla, E ,q·ue u.1n, das c,o rr sP' .:ndências qu.e mais n1arcou foi. a qu Je 1nantev · oo.n1 Davi,d enqu, nlo David , t ve ,pre , ,. Un1. dia David ]he e crevera: · e o ·.ei , vou so·breviv · r. Ma co1no pa· tor . você pode denuncia. · o qu _ pa , a aqur ~ ,d ;sse f Pc Urit:l qu -

1

35


tev n1., do sobretudo por c ,l: u.~a da · egura nça de David.. Mas açlnal denunciou_ dentro e fora da Nicar .. gua o que se p•assava no, c,árceres do p,aí -.. lncl u ·ive atr a. vés dessa ca.r a, . ele conseguiu enviar a E ucari ti a p,ara David.. Q □ ando D·avid '" aiu ,da prisão ele ctuis ceE,ebrar con ele co1n o grup,o dele} a E11caristia antes de ingres ar na guerrilha. ,Q Evang lh,o diz ,que o ,di,·cípul,o 1

I

nao é n1aior ,qu _-

o Mestre. Mas . nú

ca o do Pe,. Uriel, os, di cípulos dizi· , el , foram n1aiores. d.o, que o- mestr -. O qu _ n,ã,o fui capa.z d_ dar ele _d r . 1n. quand.o Somoza m, tralhou ·:i população civil ,de seu bairro- .-l ~ S· n.-t ia. ,que e re· p,osta . ra um grito de esperança: -'P,átria liv ·e ou moirre:r! , .., . 1 E_ sen.1ia que nao era ma 1 e e que pr gava o Evangelt10· o, ·vangelho na Ni _arágua estava en.d.o pr gado pelos ,and inistas (p,almas).

7. Alocução do Padre-Ministro ---

Fala nn1 padr ., d ~

e. querda .(hoje Mi · nl tro

da · -du-, cação· .

-

--

-

Frei Betto1- Nó vamos te - a alegria e "l honra de ou vir agora a p,alavra do pa,dre Mig-.1e.l D'Escoto·, que é o Ministro das Rela,ções Exteriore _ da Nicarág11a (palmas) . P'a.dre 1\tlig11el D'Esco'fo,. - Pediram-, me que fale sobre algo que, e -eio nã.o apresenta :nenhu.ma no·v·d.ade para to. . 1rmaos . - e 1rn1as . ... d-_ e d d _o · v,oces, . .1"f·er ·.n'te , p•aíses do Terceiro Mund,o. Porque creio ,qu.e t,o,dos 0 s anelo so b,re o quais vou falar. os nossos e: n lo · para a Nicarágua são os 11r1,e: mo,s anelo, . que têm todo os habitantes do Terceiro Mnndo p, ir a seu. paíse -. Pediram-me co,n,cretamente que so nhasse um po•Uco em voz alta, ,que . . rn1nJl1a 'I!... oomparti·1h-asse. com voces v1 ao do futuro de minha pátria libertada. ... s,o,moz1s . ta, nao L1.b•.ert.a. d-a. •da opressao libertada das conseq·Uén,c.ias d,e tantos ano - de corrupção e :xploração por parte d.o regime. ,01nozista, da oligarquia e ,da interven,ção do im.p eri ·!ismo • aruericano. A Nica ·água - como vo,cês sabem - acaba de pa-- ,ar por uma guerra ., 1,. Terr1ve e ., I pe1o o• "d.10 . . pe1a d'.es. . terrive . - causa d-a pell). - opr. ,-sao ... son10,. . truiçao zista _porém ma ·avilhosa pelo amor e pela entrega- pelo patrioti ·moe pelo heroísmo evid,enciado pelo ·nosso po·v,o:, que é cristão ,e sandt1u ta a,o m.esmo tempo,. e é cristao precis,amente por ser sa11dini~t3;; ~, qu,e •- ignifi.ca e·s:t:ar ~ con1prom.e. t"d 1 , o por· at,os, e nao so por pala,v·ras, com a , or1e de seu, . irmãos c,o,m os que têm fom,e e sed, de justiça (69). 1

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A

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1

Povo crlstão

por-

que sand /nista . . .

§

36

-

Pe. !Miguel D'Es,coto,

1(69) A alocuç,ão do Padr,e M'i.. n:i strio das A,,eJaçõ,es Exteriores da N:iicarág ua. faz ver, c,o,m a m,aior ,clareza, o am1áJga.ma entir,e sandiniis'mO e, cristianis·mo:,: "N t~ªo· ,e,º --,os·,so p ovo,= ~ q· ,ue· .e--,.,. .c,1~s-_ sandit1ista ao· mesmo tempo, ,e é cristão precisamente por s,er sand lnfst,a ".. Não, s,e poderia af ir.. mar miais ,energicam1e·nte esse a1 m,á~ga ma. s,,om1,ados cristian i3... mo, 1e sand'in1ismo , a :resultante qual é? ,r Esta'r comprome,t i,do, p,o,r a-tas, e ,n·ão s,ó por palavra,s " c,omI ,os pobres ,. Durante doi:s mi 'I anos de vida, durante dois m ri an1os, de ci·vu ·.. zação cri'stã . a lg·reja s,o,ube agf r 1

1

C,ATO LICl!S,MO

Julho/Agos.to de 1980


,com glo,rios.a ef i1cá ciia em pr,o~ amilia de nicaragüen es,, unido , não somente pel,o am,ar pátria mas tamdos p,olbres e dos 1r1e cessi·tados A ela ,deve o gênero hu:mano a bém pelo an1or entre todos nós. e·xti nção da. es,crav·i dão em todos Ou seja" o ,que ,quer m,os é uma ,os povos c.'ivHizados, e m:iais tar.. ·icará,gua que s,eja autenticamente de a libertaç,ão do s servos da cr,istã.. Qu,e seja s:andinísta, solidá.ria .gleba. S,oube ,ela d·enunci'at\ co,m fraternal, o •que implica ne.ce aria . . a necess,árta e:n,er,gla, os male·s. ment, .· 1Ima Nicarágua sem capi.tali.sn10 o,cas.io,n1ados pei,a 1ndustrla:liz,a- e sen1 nenhuma ingerên,ci.a do impeção e pel'o po,der in1vasor ,do ,o,u ro, rialismo nas decisõ,es po,lí'ticas. d · n,o . . nos. sécu'f os X.lX e XX. E sob o so pais. " b.afeJ0 ,del,a se org,an:i·zaram ,e Essa ,é a oss,a 111eta., es ., · :: o nosso "floresce,ra;m, em númer 0 sem sonho conta, obras ,de t,o,da ord.em , mo .. Agora. o mundo se pergu.nta:: -''E . .. en.se , :.alca.nvi•das pelos r1robres, idet1i's •da como pensam os mcaragu, Justiça e da caridade cristã.s. çar esta m ta.? ·' - P'e ·guntam.-se ;SO·b·re Mas tudo, Isto f,o,i ,a.lcança.d:o na qual é a ideologia que con,dl1zirá nos o paz, sem iamai',s t ,ende·r para o avanço rum,o· a esse obje ,iv·o E a . co•nfisco,, para a sulbvers.ão. nem respo- ta ·' ,que no caso da N. ·1car· gua, par·a a v1·,o.'f ênei'a.. .depois de. tantos anos de 1uta contra Surgem a,gora os S,ace·rdotes, a opre são nós r,ea]mente não tivee [eigos. católi'c:o,s fascinados mos que sair ao mercado ~nternac1onal pelo apelo do com1 un ism:o a sub .. das ideologias, p,or assim dizei'·. par a versão.. Deixam~se picar pe[a Vi r 1qua] a ideologia que melhor nos m·osca v·e·nenosa da Teolo gia da convém Nas pirópri as entranhas, nas Li'bertaç.ão, es.quecem o.s. pri·ncí.. mo·nta,nha · e nas cid. ad,_ s, da Nicarápios d,e do,ut:rina e dre ,ação ao s gua, está em gestação., ao longo d.e 1

a

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quais ,a lg,reja dev·,eu, 'n,esta ma~

meio séct1lo,. um pensam n.to t1ma. té,ria, toda.s as. suas glórrias pas-ide,olog.iEl autenticamente aicaragüen.. sad'as ,. e aber1rando de do~s m, 1 an,os de tra·balh,os, frutí'feros e se. E essa ideologia é o, qu.e o mundo de v ft16rias pa,cfficas;, s:e trans-- t,o do já está conhecendo co~o san... foirmam emI fauto,res de,,cis 'iva- dinismo,. É v·,erdad,e que esse pensame■to m,ente influentes da luta de eras ... .ses pregada p· 1□1 ir Marx. E1 .. 10 s sandinista ainda não fo:i sistematiza• que~ am,algamados na Nic.ar,água. do. Já está sendo criado o Insfit11to s,an1d in.1stas e catóf icos se ati~ de Estudos San.dinistas, para q11,e as: ra.m nessa Iuta, c,omi p:rete ri ç.ão pessoas co·m capacida,de p,ara sistema~ 1

1

Sa1.zdi.ni's1110,

ideologia ,nal d,'e-

"da,.

J.. • 1lfH

1

do,s. asp,ecto·s espirituais e· sobrenaturais d'a sua m,ssão, d·e S,acerdo,te,s.. ·Oh. como, tê:m :razão a.s advertên·ci as de .João, Pau1lo 11 em Puebla~

urna

,Na ent:rad,a do T'uca, Ht,e1ra1ura marxista à venda, c:on,o as obr·as uA Sagr,ad.a Famil:ia" ·',S,obre a Religião' de _Marx . ,~ Engels ,e uDtaléhca da Nat,ureza" de l!n{l els, na 2~1 e 3}1 1

fileir,as. Parllcipanles do co.ngress,a de- teolo,gila _p,odlam ,com .. prar também c,artaze.s coloridos co:m a figura de ºChe'' G·uevara .

Nossa ambição para a n.ova Nica-r:água é uma Nic,ará,gua ,ond.e nunca jamais na História voltem a repetir-se os ho:rrores e S•Of rim,entos de. uma guerra ,como, a ,q.ue vivemos.. E para alcançar est,e obj~.tivo é D:ecessário erradicar as cau.sas da guerras de libertação Desejamos que n,ossa pátria, que no,ssa Nicarágua seJa realmente uma Ntcar,água. de to.dos n6s, ,e não de un1 grup·o d,e privilegia-dos. Querem os viver em uma Nicarágua onde n.ã,o s6 n,os ch,amemos, ma.s o,nde .realmente sejamos irn1ãos·, porque todos partici,pamos. Uma. Nicarág:ua sem fo,m· . sem analfabetismo, com. ho,spitai:s e assistência para to,dos, com. ·m,oi-a.dias, co,m •empireg,0 para todo,s.. Onde tod.o . se sintam membros de uma grande 1

1

1

1

37


-

O~ quaclro 1nlare ·

do -andhzt ,no~·

1.

0 )

Nacio.na.lisn10.

izu,lr estas COIS, s • açam. Ma.. ..- : d iri qu tendo lado na-o ·ome-J1te o e e· 1tos de s .a11.d111.o 11 • tam l1 "1n - p ·, t •. rio 111 nt,_ , escritos de todos · q11•~ les qu . nr1queceram este pe.ns~1n1 _1to d1.nâmico, qu.e é o sand"'nismo, eu diria que ele t_m quatro-pilares fundamenai" · O -andinism , é profun-damen. ·

11a,cionalista. Mas

m nte no

nti, lo

d, que 110s o•p , mos rotunda111ente --

,qu _ e tamo di postos a ,d., -rramar . f no . · .Jngue se or n ce sarto p 1a q,ue os n1caraguen es · 1a·n10 ., empre o · p-rotago,n1.sta - d no o pro'!Í

1

ih

prio de:- tino nacionali ta - O san din.:ismo t taro bém proft1n1

2 .P

Derno rac:ia pop1:J·I ar.

dan1ent democrático. Ma -, não n 1gni-·1cado qu se co tun,a dar a · - a palavra t10, vazia de con eq üência . pa a 0 p _v An -]amo um. demo .. cracia co1n verdadeira , e :n ·.. qiiência , pa.ra o p vo.. Um., ,. den10 _ra ia 11ao 1

1

rtlembro da Junta re,vo'lucíonária que assumiu ,o po·der na Nicarágua, há um ano.. A,o centro,, entre Vio leta C!ham,orro e· Danie•I O·rtega (o segund,o da dir·e1ta p,ara a e.squerda), o Pres,iide•nte ,da Costa Rica.. Vi,o:tet.a Ch8'morro, bu.rguesa ab.astada e viúva do diretor de u a Prensa'-, demiUu-se da J:unta meses dep,oi:S assustada com o proc·esso de comunistizaç.ão do país. A:ih1n.so Rob elo (ú1ltimo, da direita para a es,quer,~a:) af aslou .se igua lmenle do g.overno e ref.ug·ou-se no,s 'Est.ado:s Unidos 1

1

1

.38

1--· ra · -n , f. rmal - u e car·_•C rizt: p 1 f at, d _ q u - um.· , h te . u p · ,, nta ·7 a 8% d pop,ula ão u titui a e· ,da quatro ou i .tno.\ n cad ·ira p.r idenci ai. · ~, q11eremo _ uma de.111ocracia polít1ca, social _ ec-on.ômica com autênti.ca participação de no .·o p vo ent to,do (JS níveis {7( ). • (70) Esse sandinismo só ago1

ra está s,endo estudado, confes . sa o P'adre-Mh1istro. D·e qualq·uer forma (c·fr as pa lavras g1rifadas no texto,), o sandi1 n ismo tem. um

forte· sabor radical.mente· 'igual j,.. tário, o qual desf ec:ha nrum anti.. c.apjta Iismo categórico. e: nu ma signi'f ie:ativa ,om ig,são,, sobretud,o quanto seja o papel da propriedade privada ness,a Nicar,águ.a s.andiniza·da. . O · an, ini. n1 " tan1 bé1n pr _f u 1-• damen •_ · c·r1stão. eu di ·ia qu e e é un1. dos pHar :. pr1ncip ai de -te pe 1arn nto ,de a cone pçã d ocie1

1

1

· . ) - ri tianl.r,no , anduii. f a.

dade . O crisüa111s1no, dentro do sand1n1sn10 t: rn manife"1ado 1n muita .forn1a·_·. Já o c,on1p,anh iro .... o P _.

ri ..1 Molit -a acaba de faz r refer 1... ia a· ssa al gria pa -ai ao fato d q u - ,enq-ua nto o irai o gen,ocid a .lt nçava bo1nba de 50·0 · d - 111jl H1 a.1

CA'TOLICISM.O

UPI

Julho/ Agosto d•e 19·80

1


o.: bdifr >S petiféri · de Manúgu( - - - povo respcndia com canto ·.

~0\)1· _,

reio _ surpre _nd ~u pelo fat • de que depois dts u1na r volução que triunfou d for1na tã.o , t :_:o: .. rica não houve na Nicarágua fuzilaJnento nem recMu - e . T o é que o mundo int iro e· per 1va que acontece s-. - . . . (grav~ çã-o int rr m-

() n1undo in -_iro

1

1

1

1

·pid ). 4.·0 J Just.içt1

oci.al

autêntica ..

. . . . [ Uma 0 ciedc d onde] haja aut,: m, u _a justiça ·_ ocial. -·sta é a ideologia de no ·sa r:. vo- , o s_, n, ·d·1n.1. .sn10, nnas e,. 1n ' d"1scut1,, ]uça, v l que i .to t" m que ser ajudado do n10,Jo qu for ,pelo seu lóg,ico, p o, seu n1ai ló,gico aliado: a Igreja. D ssa man iJa e te ideal tão 1naravjlho 1, 1n ,ente evangélico s r,i alcançud•O; s•erá obtid de forn1a mai .ráp•id.a. A. Igreja tem na N'icarágua uma oport11nida,le í1nic.a. Po qu ,. 1am. _nta,., vel n1ente., não ·:ou be e tar .n1pre ao lad _ do q u têm fo-rn e _de d.e Ju ti,. ·. d.,o que querem transform ai n1 un,do para convertê-lo ,en1 un1 n1undo mai · frat= rna! _ olidário. A Igreja,, l' 1mentave l:m.ente é pr eci ·o r _conhec ·r. nen1 empre soube reconhecer· o 1

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''O rnai J gico aliado da Revolu-

ao 1;,uu!ini··ta: a .f gr ja .

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S 'Jgundo Sac r.dote-Minl....tro . up·oio,. . . ,10 sane1,,usrno e portunu1a,le uni.. ·.a P<Jt,i a lf{reja • ;·er .fiel au S ·nhor' '.

apelo do Se-nhor no clamor de seu povo. · -a Nica ·.água -im, ela o e tá fazendo e é de ,e p,erar que o continu. a fazer s mp,re, para o pró·.pr10 b·e1n da lgrej a p ara que continue a ser autêntica, para que contin11.e a ser fiel ao S,enhor·. E para o bem não só da Nicarágua, mas do mundo int,e1ro (71). • (71 J Pa.ra 0 Pe. o,'E·sc oto, .a tarefa da fgreJa nã.0 p.a·r,ec,e con . s1sti r· em conci 11.ar v,enc·edores e ·v,enc ,,dos . A "o,portunid.,ade úni .. ca ", pa.r,a e·(e LI cons 1ste em c:olo-

C.r ic, q u ja f al j u sul·~c1enl -. aplausos). Frei B-etto. O P_. D Escoto di se qu-e a Nic'trá,gua 'lcaba de viv- r uma terrfv ·l gueira,, terrível p lo ódi,o pela. de t "llição cau ada pelo opres. ão on1' Zi· ta inas ab1 ilb,an: ad.a pel • amor lo .P·O·VO que é ,cristão e que é sandin.i'sta ao mesmo ten1po., E mais cristao por ser sanclin1 ta.. O que , ignifica e tar con pron1etido, con fato,- ,e nã -6 com palavras.. Cristãias que :_ tão do lado ,do s qr1e têm :01n,e e sed de j u: tiça. . o qu,e ele · qu, retn na Nic-, ragua e que nune a ma1s se 1-_p1tan1 o h rror :s e o .ofrin1.iento iCl, guerra que ·ofr ram. ne.c s .ária. - obretudo ,erra,dica.r ·i- causa' das gu rr~1 , de Ifbertaç,ão. _le queren1 qu-e a Nicarágua ag-or., sej de to-do·· e não _[e un1 grup 0 de privilegiado, : un1d Nica: água em fo,me en1 anal fab. ·r mo com. ca a e emprego pa1 a to-lo ; uma gra.nd.e f., mília 11nida, nã _ .. , . l 1 ap:en·(:1 pe o amor ·1 patrl'1 m.a, . pel · amor ntre· tu do, . 0 q·u queren1 ' unia 1car1 gua a11tent1cament crista sa11,dinist-a., solidária, sem capitalismo e nenhu1na ingerência do Íl11periaHsn1l) na. decisõe po,lítica do ·- ,eu paí. . O ·mund,o ·pergtinta: Corno os nica1

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car.. se se.mpre na rinha do,s atuai·s vencedores, "r,eco·nh.e c.endo o apelo do ,Senhor no clam,or d,o seu pov 0 " . 0 1u sej'a, é .s.ó dei:xa.ndo se di .. r:l,gr r 1 peia voz pr ofétfc.a do p,ovo que a !greja (,e•mbo,ra hierárquica por ess,ê-n1cia] pode· ucon't.inuar a 1

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,continuar

ser autêntica, par.a

a

s,er f ief a,o Senhor" . D'i r-se-..ia que tud 0 111ud,ou na rg reja . Outrora D,euis dJ 'r igi a o 1

povo ;pio r meio da

Hierarquia. Agora Deus dirig:e a Hi erar,qu:ia p,or meio do pov-o. Deus teri·a feito, pois, um1a R•evo 1u1ção dentro da Igreja . Bas .. tante análoga, diga--se entre parêntesis, à que 0 marxi:smo fa.z n•o mundo . 1

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c·AT D·LICISMO 1

.. ,Julho/ Agosto de '1980

ragü.ense vão alcançar esta m ta? Qual a ideologia? E ele respon.dem: .no cas-0 da Ni~ cará.gua, após tantos anos de 1uta contra a opr · são, nós não te.m,os que -air no mercado internacional das 1de,ol,ogia - p:ara saber qual é a m.ielhor. A nossa ide0Iogia n.a .ceu na . entranhas dos rios, da mont.anhas . do cain . . po, da _ ci dad,es da Nicarágua.. Aí s•e for.meu a ideolo gia autenticamente nicaragüense o sandinis.m110 Um.a 1deologi a que não se s1.· tematizou. ain da . mas estã,o criando agora Instituto de Estu-do Sand.inistas para. que isso ocorra. E, qu · lendo os escritos d Sandino e de todos aquel s qu,e ,enri•quecerain o seu pens,amento:, ele foi desc•o·bri:ndo· alg·uns ponto s fundamentai -. como o ·nacionalismo a de• mocrac1a . 1

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E que o ,cristianismo dentro, do san-, di,n.is.mo se manifestou de muic·as formas. Urie:1 f.alav,a da al.egria .P•ascal q11e hav.ia no povo enq11ant'o os tiranos lançavam bomba.s em ManáguaE O povo respondia com can·to•s.. E o m11ndo, se s11rp1eendeu após a r·evol11.-• ção, por não existir na Nicar,ág:ua f11zi... lament,os. Talvez muitos esperasse111 isto,, m.as eles têm u·m lema: ser gen e.ro,so na vitória. E para eles o perd.ão e o amo· são importantes no sandi. . nismo. De·ve-se chegar a um.a s,ocied.ade a.o,nd -. haja autê.ntica justi ça sociaL que a N icarágu,a ql1er ser aj·udada p,ela. lgreja. para que eJ a própria co1no naçã,o·, possa r ea]izar ,o ideal evangé-1

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li.c,o. E que a Igr,eja ,agora 11a Nicarágua tem u.ma op·ortunidad,e única, porque lamentavelmente. n m sempr ela soube estar do lado dos que têm f,om,e e s,ede de jus.tiça,.,

A lgrej a a.f.l tes não sabia rec onbe. . cer no clamor do pov,o o chamado do Senhor., A.gora na Nicarágua, ele pode dizer que a Igreja reco,nhece a voz ,d,e Deus nesse ela.mor (7'2) . 1

[72) O de.staque em n•egrito no text,o realça que Frei· B,etto, exp~ res.sivo el:emento da ,extrema n esquer1 d:a. catóI ica ' n·o Br,asiI. ao repetir os c.,o:nceitos do Pa .. dr·,e.. Chance·ler da Nicarágua, ne .. nh1uma ressalva l'hes faz. 1

B. A voz de um membro da Junta Revolucionária -

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Frei Betto - Nós tem,os, sem d.úvi-da n,enhu. ma, o privilégio de esc·utar ago•ra a palavra ,do co man,dant,e Daniel Ortega S,aavedra, da Junta de Governo da Nicarágua e ,da Direç,ão Nacional da Frente Sandinista de. Libertação Nacio,nal (palmas, assobi,os) . Dani,el ·Ortega., - Deixem-me agra . . Fal'a 1ne1nbr.o da Junta Revol ucio·.. decer estes aplausos, es.te ,entusiasmo nária. de vocês, em no.me de nossos. heróis ,e mártires qu,e vivem na. Revolução Ni1caragüense, que v·.ivem no ,c,o·raçio do.s povos da Amérk·a Latina,, Nossa r,e·volução é. uma revolução que não podem,os.,. in:dts,cutivelmente não podemos, isolar d.a ]uta dos p,ovo·_ . A Re·v.o·l'ução veng Se a revol u,ç,ão, foi possí'vel na Nica ceu graças ao . !' . rá,gua. é po rqu,e os povos da América. apoio 1.n ernac10-rial . La.tina, os pov,os ,do mundo, .a apoiara1n a. respaldaram, d.e mane·ra de . . ,cidida. Não so,1nos alheios a este esfo·r,ço, não so1n,os alheios tampouco a.o sanN lncita,nento à .r'li. . ,g.ue derr.amado em nosso Continente·, ' . . ,· ·d·-·.·a A-· rn- e-. .. ber.1.aça.o em luta permane·.nte para alcan~ar a rica Latina. sua libertação (73 )..

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(73:) Para um memibro da Juinta Governativa da Nic:ar,águ·a, mandante Ortega Saave,dra, é: cla.ro q~u.e a R,evolução S,andiinis~ ta c.,onstitu'i um1só tod 0 com as agitaç ões que sacodem no, ,mome·nto a América Latf na.: a) os "her,óls e mártires·n· san-

co . .

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40

1 . O comandante Daniel Ort.ega ,chega à sess.ão, para o,cupar a mes.a~

.n1·st as "v.1"vem n, · o, coraç,a. . o_ ,d,os ,d1 povo,r; da A m,éri,ca lati na,,,; b) a vító;ri.a do sandinis,mo se d__ eva ao ap,0-,10 dos "p·ov,os da· América latina 1\ dos "pov,o·s ,do

mun,d·a..,,!:

CATOLICISMO •

Julho/Agosto de 1'980


c) há uma correlação entre o esforço dos sandini st as e " o sangue derramado em nosso Continente, em luta p.e rmanent e para alcançar a sua l ibertação ".

E vendo à distância esse passado, nós confirmamos na prática quanta razão tinha nosso irmão sandinista.

É claro que nem todos os dias po-

Saudação dos "re-

volucionários

. 1

ni-

caraguenses" aos brasileiros.

dem ser de vitória. Mas esse esforço diário, esse sacrifício que ê catalogado por alguns con10 estéril, soma forças, soma vontades, soma decisão e ajuda a ser possível, o. triunfo revolucionário e1n. nossa patr1a. Hoje, aqui no Brasil, sentimo-nos contentes com o entusiasmo de vocês. Sentiino-nos contentes com o otimismo de vocês. E trazemos. ao povo do Brasil, aos trabalhadores brasileiros, aos operários, aos camponeses bra~i.leiros, aos patriotas brasileiros, a saudação, o abraço. franco dos trabalhadores nicaragüenses, dos camponeses nicaragüenses, dos patriotas nicaragüenses, dos revolucionários nicara.. guenses. Um companheiro n1uito querido, tombado em combate em 1970, comentava numa roda com outros companheiros, lá por volta de 1964, comentava que a grande dificuldade que tínhamos nos movimentos de libertação, era que na direção dos movimentos de libertação todo mundo queria ser Fidel Castro (risos). '

2 . Incita o público à revolução.

3. Erguendo o punho, agradece os aplausos da assistência.

Porque ha\;'ia, sobretudo, uma tendência de cai.r: na cópia fiel' de uma revolução triunfante. Havia, inclusive, a tendência de procurar um Fidel Castro para cada revolução latino• americana. E nossa revolução, com ·o passar do tempo, se veio persuadindo de que a Revolução Cubana era única na América Latina, de que a Revol11ção Cubana - heróica e magnífica, com Fidel Castro à frente - não podia repetir-se da 1nesma maneira (palmas). Em nosso país, nossa Vanguarda tem Jim dirigente máximo, que se chama Direção Nacional, e é composta por nove membros. Não se podia repetir, com pontos e vírgulas, o fenômeno da Revolução Cubana (74). • (74) Merece nota o elogio à

"Revolução Cubana heróica e magnífica".

"Revolução Cubana, heróica e magnífica com Fidel Castro à frente". A divergência só está na direção "monárqu,ica" do movimento castrista, e do caráter colegiad o da direção sandinista. Vê-se bem que castrismo e sandinismo são, em substância, a rnesma co isa, ou seja, comunismo. CATOLICISMO

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l 11s11rreíçào urba• 11a, decisiva na guerra , revolucío. ll(lr1a .

Na Nicarágua, a part1c1paçüo das 111assas inssurectas nas cidades foi decisi va, e a guerrilh a nos can1pos e nas 1nontanhas foi parte dessa .insurreição e não o eixo da guerra revolu. , cionária. E isso nô-lo ensinou. a pratica; ensinou-nos o povo, ens inou-nos nossa História. Enq uanto não penetramos en1 nossa Histó ri a, enq uanto não procura rnos as raízes de nosso processo, não conseguimos encontr<1r a resposta acertada. Enquanto isso, tínhamos estado " divagar, a divagar con1 exper1enc1~s jú acabadas, en1 lugar ele saber ass1.milar de maneira criadora essas ex periências. Tendían1os a cair no 111ecanicismo. no esquen1atis1no, no teoricismo. E era preciso vencer tudo isso. E tudo isso son1ente podia ser vencido à custa de prática, à custa de experiência, à custa de fracassos, à. custa do nosso povo. E muitos se perguntarão con10 foi possível a vitória dos sandinistas .. mos dito e repetido que nossa . , v1tor1a foi possível, não . porque t1vesse1nos adqu irido de arma. un1 pouco .mais , 111ento, não porque t1 vessemos organizado um pouco n1elhor o povo, não porque somásserr1os um ?ún1e~o n1aior de combatentes. Mas foi poss1vel porque houve decisão, porque ho~1ve energia e, sobret udo - porque e o 111ais difícil - porque pude111os ler um pouquinho de humildade para p~)cler unir-nos. Sen1 unidade não teria sido possível a vi tória revolucionúria na Nicarágua (pal mas). Para nós, indiscutiveln1ente, foi di fíci l conseguir a unidade. Não foi tarefa si1nples. Porque cada qual neste caso, cada Organização - tende a fazer-se clona absoluta da verdade e a negar a participação aos de1nais. Porque caín1os co1n facilidade no sectarismo. Porque en, lugar de ap resentar u1n só punho, apresentamos cinco dedos apontando para diferentes direções (palrn as). • h

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Unidade dos Revol11cio11ários, indispe11.l'<Ível para a

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v1tor1 a .

E 111

vez de cinco

dedos "11111 só pu-

nho".

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Então nao é possível pensar G1n avanços, pensar en1 transformações, pensar en, revolução, ainda que _o ~r~gue1nos e o repitamos. Ternos 1ns1st1do, e insistimos, quando nos pe rgunLr11n qual é a experiência qu~ tra~ a Revolução Nicaragüense. Pois cl1zen1os: a maior experiência que a Revolução Nicaragüense traz é que não se deve copiar e que se ~ev~rn bu~~ar as respostas e1n sua propr1a realidade (pa ltnas). Mas acred itamos que haja uma excessão a essa afirrnação. E é a de que a un idade é pedra angular, é elemento decisivo e fundamental para que possa haver revolução. A isso. sim, nos aferran1os, e cre1nos que cleven1os copiar e deve111os repeti r outras experiências (paln1as). Nós nos sentimos orgulhosos de estar aqui, com os cristãos revolucionúrios ( risos, palmas) . . . se bem qu e 111e parece uni pouco _red~ndant~ a palavra (paln1as): na N1caragua d1~e- "Ser cristâo . , é. ,,ser r evo luc1011ar10 • mos que ser cristão é ser revol uc10nc1rio! (aplausos) (75). • (75) É expressiva a afirmação do caráter revolucionário da mescla entre sandinismo e cristian ismo. E1n nosso país coincid iram no tern po u1na Igreja renovada, un~a [~rela ativa e combativa, uma Igre,1a crista, "Igreja renovada" e R evolução. con1 um povo cristão, sandinista,. 1L}tando contra un1a ditadura sangu 1naria (76). • (76) A "Igreja renovada" e o "povo cristão, sandinista" são respectivamente os aspectos harmônicos - espiritual e temporal - que integram a fisionomia da nova Nicarágua revolucioná ri a. Ontem explicávan1os a outros co111panheiros - quand<:_ nos pe:guntavan1 a respeito das relaçoes Tgre_Ja-R~volução - que se a Revoluçao N1caragüense se tivesse dado no .ªº? de 1957, quando acaba va de ser Justtça~ o o tirano Anastasio Son1oza Garcia. CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980

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a RLvoluçao t · ia . n·1,oq·u,. 1 co,.·m- ' Ig·r-· J. ".'I. ·p·,o.. ,,-q·u.-·

s · 1 ur un ~nc

trn·.d· - e·111 :t lgre ja ~ na ·ua · _1 r·1rq uia, na m-:d r1a d, . us repr s ~ntant slava agi e-di n 1 . e entrando en: eh( que com o . t

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pov, fazia um bom ti::;111pcl. E uni.a da,, m.a n.ifestaçõe. inais cl a-

ra.· d.e/. a gressão ,da Jgre ja to no·!~ o :pov.o . f,oi qu - q uaJ1do o tí.ra11,o, quando• assassin Som,oza García ·o·i cnterr.·1d,) quand · lhe riendia11 , honra ante· de levtí-lo a ..,ep,ultura, as altas autoridad .• da Igreja na Nicarágua o enterraram com honra de Príncipe ,da Jgr ja (murmúrios). · - lhe· garanto que,. nessa: c0,11diçõ _s , ~1•0 triu.nfar uma revo1.uçã.o, o .· primeiro -_, a fugir co,m o · restos da famnília Somo,za teriam i

1

'~Pa,·ticipação decidida f PcuJres rev.ol,ucionári'os'". 1

: ido e. se . senhor que ocupavam a ·11ta autoridade a alta rep r · sen t a,ç,; o da Igreja em 110s o pa í. . Mas, para sorte de nosso povo de nosso continente a hi tóri, d.·, vitóri.a revolucionária n1 no··so, ·paf.. co·n-to1u com ·-=' partiieipaçã.o d, c:idid,, de Padres revoh.1ci,onár~os. cont u 0111 o sangue d'errarnado d ·. P•t, tr ~s rev0Ji11 cionários, con1,o no•s. o herói in .• ,que-

O t ri u.nf o r ~v l ucionú rio, en,, n ).'.s· · p·tís., di'" íarn , s r 1i p l ·síi e~ p ·rqu n~.t h uve •· : _m·1ti. n10 fui· po•ssiv "'I. porc• u · 1 .ã,o hou.v ·· ·ctari L,1110 f JJ pos.· ív,: I p, .rque a ninguém fecharam ,t· pc.lrt·1s, foi. po,- Jve·1 p·o•rq ue todo o povo a ·s.1n, o exigia., e porque sua Vangu, rda 1 se . ube interpretar. Hoje, no ·s 1 país,. ncJ ·.so p,ov(l, s.e debate em uma · ituação difícil. sta1n ) · ~ utando con ra i destrui,ção que 1

o :~omoziisn10 deixo,u. .Estamos lutando ontra as dfvi da"'. que a ditadura son101 .

1

zista de.~x,ou comTI ,o ·. banco ·. estrangei ... ros e con1 o·· ,o rgan ~· mo . ·i nt.ern acionai ,.. sta1nos lutando co ntra o an· 1. . fab~tismo , porqlte também. tem 0 · dito • repetl: mos ,qu,e n,o ·so povo o qu · 1

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,conquistou, fo i a liber,dade para ·po,deJ

s :·r Jivr,e ~ (palmas). - n,~ ce ita m.os do• apoio do,s p,ovos. Neci;ss.itamo d,o ap,oio d,os homen~ con?c · ,nt, ·. ,deste oontinente . Neces.ita~n,os do apo,io, d.os gov rnos lati no·1merican.o.; e do, mu.ndo . No · a . itua çf,o é d i fícÊ] i não p,od _rnos isolar-nos {i .. ,que é e n1ovimento econôn ico i.n-• t rnacional,. cio que ,. 1nercado i n er1

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c ív I G·isp.,· r Garci.'.l · ah~an 1 (aplau- nacton.aL sr,s ) (77 ). · ssa é um.: reariddd,_ c1ue pe a ·obr,· • (77) O n,exo entre a Revo Iu~ nosso.· povos e, s br . tudo, sobre s çã•o temporal e Revolu·,çã 0 den- povo· n1ci.iS pobre ;. ..obre os povos 1

1

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tro da lgreja vem aqu· claramen-

''( i .

te af irm,,ad o.

M·is Lr(Lta...s, · agora. de cons gu r e negocÊar ,1jud ~1 -1r.prés.tim,os co,m dig-

1

Na. mesa, apolog ia da: vio,lên,cia1. ,cartazes de Sandino e Carios. Amador . ' heróisn da g:uerri lha1 re·vo,luciioná ria nicara.g:ii'ense,.

n1 no· recutso ·. 1

n ida le. D ~ n g,ociar e e, n. _gu.i r ajuda

1

l.!·

cn1pr "stin10 · · -rn ,claud~cai . De n.eg )-

N " e.1·sfrlu /.e

ajuda

de· in t 1rnt1 lo-

na/ .. ~


".. . para

fortale-

c.er nosso ,proce . o revo/úcion:ário" ..

·iar . conse,gu1r aJud.a e empré ·tin1os para fortalecer a economia de um povo•, p,ara for .· ai e. r nosso processo revolu.cionário. Estávamos p•ergunta.n.do a um. com p·anheiro nos .o quais as últimas in.f01 -mações a.ce.rca d.e 75 m"lhores que e. ta-· vam em di cus ã,o, nos Estados Unãd.os há um b·om temp•o: se Já o aprovaram ou nao o aprovaran1. Queren1os deixa · isso clar e já o ueixam,o· claro, para no o povo . qu d ses 75 milhõe· nã•o .dep nd o, futuro da Revolução, . icaragüie:ns,e (.palmas). Porque, d - repente lançaram toda uma can1panha inte ~nac.iona] de impr,ensa e ,quiseram bomba ·d.ear tam é:m. o nosso, povo com essas r•déias d que os 7.5 milh.õ : ., ã,o deci-=-i vos pa·· a o futuro da reco·n _tru.ção da Nicarágu.a. ss,o não é verdade!' To dos sab .m.os que nem. 75 milhõe , nen1 4 00 milhões, nem mil mi1bõ,e · são determinantes. Que o determinan.. te é o espírito e a decisão de nosso ·povo,! :B a disposição d·e nos-o po·vo de ·. er· ]ivr ·. por seu :próprio esforço· de impor-se. uma quota maior d.e sacri.. . fício para poder s,er, por f1m ve.rda•deiram.e:nte livres! (palma-). E _no s Estados Un1dos •enquanto discutem e •discutem s·e emprestam à " ., Nicaragua - porque. não estão dando de pre.s,ente - se à Nicará,gua emprestam 7 5 milhoes de dólar,es, po 1 0 utro lado apr,ov·am rap,idamente ,o ,envio ao Pa,quistão, d.e 400 milhõ,e. ,N

1

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''O dei _rrnin.ant.e é o .espírito e a de .. ·• . .

CJSClO

d· e

povo 1-".

110: S,O

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No grup·o dos uteólogos'~ que assistiam à Noile San.dinfsta ~stava presente O· P,e. Ediua.rdo H:oo·rnaert , p•rofessor d'o 1nsu:tuto de T'eologiia do Rec·He• (.primeiro .à di,reita) _ 1

de dólares para arn1.a ., e que -e, envien1 arm.a ao ex "rcíto salvad,o,renho. se en.vie rap,idamente ajuda eco•n•ômica ao govern 0 • d- -1 Salvador (grito, na p,latéiia: ·CA sass·no!"'). . . E.ssa é a realidade ,das relaç,ões d nosso· povo, de nos O· governo r vo]u. . ,cio,ná1io, com o gov" rno d ,s E ta,dos Unid·OS Enquanto• aprovavan1 conti-nuamente empréstimos atrá de empréstimo a Somoza, en·viavam. ajuda a Somoza, saben,do, qu.e Som.oza a rou·bava para i por outr·o lado,, põem dif iculdad.es e fazem delongas para um empré timo a noss·o• país. Quando a Nicarág·ua tem todo o, direito· de r ela... .mar do governo dos Estados Unido ·.· un1a. in,de.niza.çao histórica pelo dano qu,e fizeram a nosso povo! (aplaus.os calorosos, gritos). Achamos que é preciso também d· nunc1ar, por onde f,ormo ;. f az er--nos solidários -com ,o povo de E'l s.alvador., com esse valente Arc,ebisp·o que tem El Salvador, ,que se chama Dom Ro,n1,ero (aplausos)., que tem denunciado o perigo de intervenção ·contra ·eu país (78). • · (7,8] A solidariedade· da ·revo .. 1ução· s,ócio•.. econô·m1ica e rei igio-sa nlcaragüense, com .a de EI Salvador constitui mais u·m,a 1

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CATO·LICISMO

Solidariedade

à guerrilha ,em El Salvador.

Julho/ Agost·o de 1980


·· que quando n, 17. ª reunião de c,onsulta da O ~A O' E t·~dos Unid ,: ,rpre entara.m a propost. , de que se jnvadi. s.º a N'icarágua o.. r . pire entan-t .· d . s governo.· latino-am,eri.canos al~ na O -A a maioria d represen .. tante - s op,u eram ·1 tat n1 dida. atitude nã ra. casu.aJ. '- '"sa atitud . nã , ,era produto do r1to in1p,u l ivo d _ alguén1 ou 1 ·. algun1a p · soa . por 1·í, Ma . t:l a era pr,od uto d. 1uta e . n t ·1.n t · e per1na.nente do· povo · de nos · e n-rin,ent. · e ue t,ên1 pre . ionado pel ·.· ·1 utodet.ern1in'"1 ·ão . p, r uma atitude unti . . in1.p · ri alista , por un1 · atitude sc)beran'l,, por unia ·1titude r · vo·1uci " • 'I ,( ,pa~ma.· ·. nar1a..

man i fest aça,o da: t en denc · a da Revo,luç.ão N ic.a tra,gü ense a alas .. 1

trar-se por todia a Améri ca la-

ti iíla. [,odo · sal-,en1os que o · setores ma.ís re.acion,á,rios do · EstHdos Unido, os "etor, · militarista ·. e o :s tor · b· l~cj ~tas estão tratando, d ·1pr 1v _ha.r- · da ·itua,çao d A:f egani tão• da. pr s . nça d tropas ·:oviéti _~] · n,o A leg .nistão, para ju ,tificar qualqu, r int ;'lrvençã e é gre.-- ão contra os ·po os ,d•1 Améric·a Lati n.·1 . e em pa ti cul: r co n-tra e pov .- ia icar:igua (apl au, os gritos). Q,uer n10 · diz .r-Jhe~\ e tnpanh . irtJis q uer·e111os dize:r . . Jh .· -, irn1ao • que o ~ forço de to,do _. nã e. · ·1 s, nd,· Qu. : a uni. iade ~.eja a I n -ta irned i.ata en, vão Qu, a 1uta dos pov,o ·· nã,o · . ,d • que lut( n . p Ia Hb,ertaçã ,· n·1ciodet "m aind.a quando s lh _· agrid _. na~. Q'l1 . , unida.d,. ej'I a meta in · ... q uand.0 s,· !he · as~· . .:,in ,. qu't ndo ..'e diata a alcançar par, pod e.r an1inhar lh _s at rroriza ! com pé f:irn1e ! Pois s na An1,. rica Lati na . há vir1t · Viva , povo do Br . H! Viva ,o pov,o ano . não h, via g·overnos di p,o .t,o · ,• do Bra · í1 ! Viv·:t , povo do Bras~] ! dizer n,ão, ! ·10 in1periali mo ianque em nenhun1a ctrcun· tância ·1g ra J-í (aplau ·o cal oro o ·.,. grito ). exi "t 111 gover.n ,. n,e t ontinent d~ O a.11<litório . - ·Ni-ca-rá-gua ! N ~- ap•o · t:os a dizer ·~·n;.o !' . ao imperí.alismo .r.{-gua 1 Ni-ca.-rá-gua ~ Ni--ca-rá-gua r ianque,. (paln1as). ,Ni-ca-rá-g.ua?. . . (gritos ritmado). I

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Mais unza vez ap .,,. lo à urudt1de.

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lisn10 ianque ·J.

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9. Frei Betto resume pronunciamento do -. --. . . . . . n-. . . ·. ·rtega. Comanda ··.tie O E endossa~ '

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Fr.eí Het.fo. -· A pe dido dos e, ·1111

pa n.hei ros das com unidadeg, da períferi a que tên1 d1fic·uldade de entend r ·1lgumas expresso,es em •espanhol :1 gente vai fazer un1 resuJ110 ,da fala . lo 1

con1 an,dan te Dan.iel Orte.ga. Eu agradeço , enttt ,ia mo em

n()n1c

d· no o he ·c)r~e n .ãrtire · que vivern no povo nica1·agüe nse e no c,ora .·ao do · pov,os da América Latina. . N·oss 1 r, volução ·é uma revolução qu nã. pit .. de tnos i o lar da luta do ·. povo:. - a revoluçao foi possível n 1. Nic'.1 rá,gua, é porque o,s povos. da An1éric·1 Latin~, do 111undo, a apoiaram :• su ·Lentaram d,e ~nodo, d,eci ·ivo .. Nã , ·.on1os alhei s a ~ ste · :forço ~ n n1 1

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CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980

Frei B·•Ho


ao sangue dcrran1ado e,n nosso (~onlinente, na luta pern1anente para alcançar a libertação. Claro, ·nem todos os dias são dias de vitória. Mas esse esforço diário, q_ue alguns acha111 estéril, so111an1 forças, vontade, decisões, e tornam possível o triunfo revolucionário en1 nossa pátria. Hoje, no Brasil, esta111os fel izes pelo entus ias1110 de vocês, o otimisn10 de vocês, e trazendo ao povo do Brasil, trabalhadores e can1poneses, patríotas, a saudação, o abraço fra.nco dos trabalhadores, can1poneses, patriotas e revolucionários nicaragüenses. Un, companheiro 1nuito querido, n1orto en1 con1bate, em 1970, co111entava numa roda de co1npanheiros, que por volta de 64, a grande dificuldade que tinha1n os movin1entos de libertação é que, na direção deles, todos queriam ser Fidel Castro. Olhando à distância esse passado, nós consegui mos na prática verificar quanta razão tinha o irn1ão sandinista. Havia a tendência de copiar

u111a revolução Lriunfante. ·rendência inclusive de buscar un1 Fidel para cada revolução latino-americana. A nossa revolução co111 o ternpo, convenceu-se que a revolução cubana era unia revolução na América Latina. Heróica e n1agnífica, 111as não podia se repetir do mesrno modo. Em nosso país, nossa Vanguarda tem hoje uni dirigente 111áxin10 que se chama Direção Nacional, e é integrada por nove rnembros da Frente Sandinista de .Libertação Nacional: Não se podia repetir o fenômeno da revolução cubana. En, Nicarágua, a participação na insurreição do povo, na insurreição das cidades, foi decisiva, complementada pela luta no campo e nas montanhas. Isto nos ensinou a nossa his, . tor1a ao nosso povo: que só buscando as raízes do nosso processo encontra1nos a resposta adequada. Contudo, andávamos divagando sobre, outras experiências, e por .isso . . caiamos no 1necan1c1smo, no esque-

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~11atis1110, 110 Leoricis1110. Supera1noc; isto pela prática, inclusive através do fracasso; 1nas graças à força do nosso povo. Muitos se pergunta111 como foi possível a vitória dos sandinistas. Falan1os e repetimos: nossa vitória foi possível, não por termos un1 pouco 111ais de arn1as, organizado un1 pouco melhor. o povo. Ou, porque tínha111os o , 1na1or nu,nero de combatentes, n1as porque houve decisão, energia e, sobretudo, o 111ais difícil, porque tiven1os un1 pouco de humildade e de unidade para podermos estar juntos. Sem unidade não teria sido possível a vitória na Nicarágua. Para nós foi difícil de ter unidade, não foi simples. Cada organização tende a se tornar dona absoluta de sua verdade e ' a negar a participação às den1ais, porque caímos com facilidade no sectarisn10, pois em lugar de apresentarmos um só punho, apresenta1nos cinco dedos apontando em diferentes di reções. Assim não é possível pensar en1 n1udança, en, revolução. Insistimos, q_~an?o nos perguntam qual a exper1enc1a da Revolução NicaragUense, a n1aior é que não se deve copiá-la> n~a s buscar a resposta en1 sua própria realidade. Mas, cremos que há lllna exceção nesta afirmação. A de que a unidade é pedra angular, fator decisivo para que se possa ter revolução. Nisso nos pegamos, devemos copiar e repetir outras experiências. Temos o orgulho de estar aqui con1 os cristãos revolucionários. É um pouco redundante o ter1no. Em Nicaráoua => sen1pre falamos que ser cristão é ser revolucionário. Em nosso país conseguiram coincidir no tempo unia Igreja renovada, uma Igreja ativa e combativa, uma Igreja cristã com o povo cristão sandinista, lutando contra a ditadura sanguinári a.

CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980


Onten1 nos perguntava1n sobre a relação Igreja e revolução. Se a Revolução Nicaragiiense se desse em 1957, quando foi justiçado o tirano Somoza, a revolução teria se chocado com a Igreja que estava do lado do opressor. Quando o tirano Somoza García foi enterrado, na cerimônia fúnebre, as altas autoridades da [greja da Nicarágua o enterraram com honras de príncipe. Porém, para sorte do nosso povo, do nosso Continente, a história de nossa revolução contou com a participação de padres revolucionários, con10 o heróico e an1ado Pe. Gaspar García Labiana. A vitória revolucionária e1n nosso país foi possível porque não houve dogmatismo, sectarismo, porque o po• • vo assim o ex1g1a. Não podemos nos isolar no n1ovin1ento dos 1nercados internacionais. Essa a situação que pesa sobre os povos mais pobres. Agora queremos consc- , guir ajudas e emprésti1nos, con1 dignidade, sem ceder ou conceder. Estamos pedindo u1n empréstimo de 75 milhões de dólares, que está sendo discutido nos EUA. Será que eles vão aprovar? 0 'ueremos deixar claro que desses 75 milhões de dóla•

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res . não depende o futuro da Revolução Nicaragilense. Há toda uma campanha de imprensa internacional no sentido ue querer provar que os 75 milhões são decisivos para a Nicarágua. Isso é mentira. O determinante é o espírito de decisão de nosso. . . (gravação interro1npida) .. . : decisão de seu país. Setores conservadores dos EUA se apegan1 aos fatos que ora ocorrem no Oriente, para justificar a agressão à An1érica Latina, especialmente a El Salvador. Nós queremos dizer: Companheiros, irmãos, o esforço de todos não está sendo em vão. Que a luta dos povos não se detén1 quando se agride, se assassina ou se aterroriza u1n povo. Na An1érica Latina, h,i vinte anos, não ha.via governos dispostos a dizer "não" aos Estados Unidos, ao imperialismo norte-americano. Agora, há governos neste Continente dispostos a dizer "não" ao imperial-ismo ianque. Na reunião de consulta da OEA, os Estados Unidos propuseram a invasão da Nicarágua, e os governos Símbolo da confraternização entre o progressismo e a guerrilha: Irmã Martha Fre.ch cuida de um combatente ferido em Matagalp-a. Sem o apoio progressista, a Revolução Sandinista não teria alcançado êxito .


]atino-amei icanos s . ,opuseram. ,s · l não foi ca ual n.em f.rut,o de u·m ato. impulsivo, mas fruto da lu.ta d,os po,v·o

do nosso Continente que pressionam. por u,ma atitud,e so,berana e revo,luc1onar1 . 11

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Que a unidad,e eJa ,d m ta d 1s qu lutam. pela libertaç,ão nac1.on~ L qu , ,r\ln.idade s ja a m ta que nos p rmmta. ca:ininhar com. pe firme. Viva o povo d,o B rasH ! (palmas)

10. Encerramento com música .. ta e ,,1ema sand,n,s ·_ / , -

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Frei Betto - N6s q u,er en1.os avisar que a Semana de Teol ogia p,ros egue amanhã , agrad . e r :a presença d~ . to dos aqui - e para encerrarmos no. vamo • ouvir o grt1po de t.-atro Uniã,o e Oih,o Vivo, ,que vai nos ap,resentar ma1s utn .núm ro ,musical. Memb,ro do, Grupo-Teatro União e ., . - · N ..· ,o;s quer1.amo. " prestar ºIh·,o. v··· 1vo, uma homenag·e1n ao h,eró-ico povo d a · icarágua que te1n mostrado que . stá mo,strando o caminho, para O'· povos d,a Ainériiea Latina. Go tar!amos d,e de:ixa, uma p,equena 1embran,ça :a tod.os os membros d,~: deleg,ação da Nicarágua. Como isto, é impossível, nós varnos entregar uma peq,u,ena lembrança. ao Co1n,andante Da,niel Ortega,. Uma letn . . brança que pe,rtence à ,cultura brasi]eira, qu,e é um instrumento n1usical ,chamado agogô. Este instru:1ne:nto ten1 para nó~, o T-eatro União e O[ho Vivo,, uma Ífnp,ortâ·n,cia ,n1uito grande,, e, creio para toda a j uventud,e brasileira, ,das Pas-torais, da União . · a,ci,onal dos E tudantes, dos campo,nes,es,, dos trabalhadores. Este i,nstru1nent,o,, este ago,g,ô nos foi dado pelo Edval Nune dn

Silva, o ,e.,,já que t'-m muit,o que v ·r con1 a Igreja, que tem m.uít,o, que ver

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e m a libertação do p,o,vo (palmas). A. musica ,qu.e no, · van1os mostrar é a nossa tn úsica, é a música ,que fala d,e unidade é a música da unida ~

d,e sandinista. Pediríamos a todo que ficassem d.e pé, p,orque é o ,hino da Fr,ente 'Nacional Sandinista d ·. L.i,ber-

Música da unida, ,de san1,lini.ita.

....

taçao.

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Mú ,ica.

,. .. 1 Q Frei 8 ,etto,. ueremo, p · .· 1r a · pessoas pre ·ente,. ., ,en1 no111e do s com-, panheir . s nicaragüenses r,esponsáve1 · pela seguran ça d.o comandante Daniel O.rte g, do, Pe. Migu 1 D' 'E!scoto . . d· est·a cer:1mon1.a . ... . n.1ngue. . , . n1 que ao f11n subisse ao p,a:tco 1 e pr,ocurasse:m facilitar, sobretudo os ,que estão ao fund,c>, a saída deles, E agradecemo,s. S E, para ,encerrar,. pedimos un1a sa.1va de palmas ao bravo p,ovo nicara.güense (palmas estron,dos.as, gritos brados, assobios),. Uma voz. - Patria 1~ bre 'f Todos. ---- 0 1n.o rir ! 1

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O lema aandinista ,auditór:io.

No ettcerta1nento,

aclamações e o le.11ta sandinista: Palria Ubre! - O rnorir.l''

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•Pátria

Hvre ou

morrer'

dominava

o


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Na vé-s pera do p.rim,e iro ên1 iversar1 io da Revolução Sandiniistaf Fíde~ conversa com o embaixado1 r n 0-rle--a,me·r i·carno em1 Managua

.. COM FIDEL, SANDINISTAS COMEMORIM UM ANO DE REVOLUÇIO 1

1

Ven1 os con1 alegria c-on1,o a vit·ória '.andinista se consolida;'! escr,eveu F:ideJ Custro .· m carta ao gov .·. r-r1,o da Nicarágua por ocastão do prirn.eiro aniv rsário da R _vol ução Sa.nd in.ista a 19 de )ulho ,do C(; rrente. Reafirm:ou ai·nda o chefe comuni: ta cubano a '~solidarie;dade fiel e iniC1uebrantáver· de seu r"'g,ime ao de Maná,gua.. elogiou a '' a'ti v a. política :n'ternacional da Revolução Nicaragii,ense, q_ue cum_pre um honro,so papel de primeira lin.ha no ·m.ovi111ento pr,ogressista e revolucio,nário mundial" . O ditador barbudo :fo.i ievar sua soiidaried.ade aos sa.nd.tni.stas, nas com,emora,çoes em .Manágua, ao lado de Yasser Ara:fat - da Organ.ização de Liberta çã.o da Palestina - e de ch,efes de go v-erno ou rep resen tan tes de países comunistas. A administração do ultra-conces·iv,o, J immy Carter - também el,ogiada po,r c ·astr,o com 0 ~( ínteligente ·· - · envi,0 u rep,.resen'tantes apesar dos fu.ribu·n·dos ataques que tem recebido de n1emhros da J un·ta nica ra.güense. A p,resença brasileira qu e 1na1 s ,eh a m,ou a atenção ~rn Manágua foi a do ex-presidente do Sindicato dos

Metalúrgico, de Sa.o Bernardo do Campo· ,e Diad ema.., Luís Inácio ,da Silva (Lula). ,Segundo o ''J ornai do Bra -ir' i. 3/7;s,o do Ri 0 de Janeiro,, o ex--líder sindical •- · ,que t,em por assessor" Frei Bietto d.evería

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encontrar-se e.m Manág.ua com Fidel Castro e outros

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ch.,efes •de govern,o• marxistas.. Na cap,ital nicaragüense,

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Lula declarou ainda que a. única alterna.trva para os tra bal hador.es é ' a :1u.ta coo tra a burguesia naciona·1 e muitinaciona]·,,.

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Aliança comuno-pr·ogr,essista

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Pouco an.tes de J ,cixar Manágua com. destino a

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Ha·vana, F.i del Castro reuniu-se com u.m grupo de 46 reiigios,os - católicos e pr,otestant.es - aos quais ·ma . . nifes.to,u a sua int,enç.ão de formar ·uma ' •'·aliança entre marx istas. .len inis tas e .rei igi,osos cristãos. pr,ogressistas ''', para ajudar a Revolução Nicar.agüense. Na ocas.ião,, o tirano cubano- fez esta imp-ressionante declaraç:ão : "O perf,eit:o co.munista ,deve ser ant·es de ·tudo marxista e cristão''"~ 1

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UM CONGRESSO CERCIDO DE SIGILO Os mais. ,conhecidos d fens•ores lat]n.o .

São Paulo -

·u11•ericanos da. chan,a.da Teol,ogia da :Li'b,ertação' reuni I

ram s · duran'te un1·] en1.an.a em ·Taboão da Serra, municipi10 vizinho de· Sã,o Paulo,. C,on1 ua pr,ogra.n1ação interna cercada ,do ma1or .·ig,ilo essa r :u11ião foi rotL1la,da de . ongresso lnternacio·aal - cun1ênico d:e . eologia' ,. e 1

on t-ou - ·.egundo º ·-= orga niza,dor•e , co111 a participação ,de

repr ·~ ntantes de 42 países.

_- oi v,edada a apro,ximação de qualquer pess a ,que 1

não eionstasse da Usta do,s co,n·vid.ados, s-end.o liberado ~

í!i

para a 1mpren-a apena -, pequenos e s1ntet1cos c,o,m uni . . cado . O rigoiros ., , igilo de gu.e se cercou o Congre ·so do · ·'t, -ólogos da li b·ertação º causou estranh :.za • I!

..

'

I'

.En1 sessões noturnas, no· teatro d.a PUC, em São P·11.i'lo- pro,1nove u. . se uma c.om unicação s.eJe.cionad,a d,o Congre s0 destina.d a sobr tud,o a. padres . :n:Iigiosos e teigos das Comuni,dades de Base. 1

1

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A 'Te.o fogia da Lib.er.tação" leva a fr,ei.ra a pegar o fuzil ao lado, da guerrilhelra, na Nicarágu·a, cuJa revoiluçã,o é agora ,a·present,ada eiom.a exemplo para toda a .A.mé'rica Lalina

CIRDEIL IPROVI VIIGENS i NICIRÍGUI ''PIRI IPRENDER''. Co,ube ao ,Carde.al-Arcebispo de 1

São Paulo, D Paulo, Evaristo A.rns na qual idade de pr:esid.ent,e-h.o:nor.t'iri,o, do Co·ngr s o Interna.cional Ecun1ên ico de Te,o],ogia ncerrar o 1

1

ciclo de conferências n.o TU,CA a 1.0 d.e n1arço p . p. •is suas .-,i gnif ica-

COll:CllH,r"?

conclu.s.i o.l A

~

co1s.a

Nã.o há ap enas

mau s:al.ári.o, d·a ·fa11,ela. Que esta

"Agora, nã.o convém e.,.ncerrar. Não é noite·. Estan1,os na. aurora . . . Vamos agradecer aos márti·re,s aqui 11a A111érica Latina e ■o Br·asil. Eu recordaria .aqi1i os n1á1rtires possei1·os e C>s mártires índios... l . . . ] 'Não

N'a saída d•o teatr,o,, lln1.a jo,v m

se.mana seja um ,compromisso no sang1Ie de Cristo. Importa ago,ra, t"rad·uzi'r a pala.11r.a n.u a testemunho.

rea,I'' (cfr. '·'Q, São P.a.ulo", 7 a 13 ,de· · mar,ço, •de 1980).

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ti vas palavras na oca.si ão: uco·n 10

e·stão os grupos que 'Vã,o para. a N·icarágua, para apren,der? Eu respond,o: sle1 q11.e, em São Pa _lo,. h.á gr11pos se preparando e de malas pronta ·] p.ara p.a:rtir. Até com a permissão d,o Arcebispo de São, Paulo , . -

lllDá,

co-

n1eçouil [ . . . ] ''Vejam esta perg1111ta cheg;n de teologia e vamos à p,r,í lica: onde

se irata d,c unia liberta,ção românti-

ca, mas ,1,ma libc·rtação da f o.me, do

oferecia um produto· .à v,enda.:

'Ê

un1 p,o,ster 1n uito b,onito. V oc,ê não

qu · r levar'?'" Tratava--se da figura do,

guerrilheiro C.he.H G u,evara, a c·,ores, 1

. :mn custosa apr -sentação gráfica. Pr o: r 80 c.ruzeir,os ... 1 ~

·


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