Servitudo ex caritate tudo sobre a tfp

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irlresso

Editado e pela Anpress Pa is e Anes Gráficas Ltda. Rua Gariba di, n.• 404 Slo Palllo, SP

datilosrifaco ediçlo junho

Serviço 2.•

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da TFP

de 198S


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Índice PREFÂCIO

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INTRODtx;�O

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·CapÍtulo I - ELEMENTOS INICIAIS DA ANÂLISE I

)

1 . Denúncia: Há

cooperadores

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líder Dr:.

à

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TFP escravidão de sócios. e pessoa de _seu fundador.: ;e

Plínio Corrêa de''" Oliveira·

• ., � ·:.;:•·•

2. Elementos constitutivos do clin\� emo c iona l no qu.a l a denúncia começa a ser feita •"•·• . 3

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na

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Esclarecimento inic;ial da TFP

C.apítulo II - DEPEND�OCIA l.

-/·

Dependência-obediência

f eiç�.b ·eva-ngélica. ··:.

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35 39

40

40 4,1

44

O�EDI�N:l� como ideal qe per�. •

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17

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41 47

47 47 50


6.

!n di ce

b) S e gundo a forma em que é a tingida * Fundamento do c onse lho da o be d i ência" * Vi rtude da obed i ên c i a : e x c e l ênc i a B. O que é a obed i ên c i a e nquanto e l eme n to de perfe ição .

2.

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A d epe ndência: perfe ição t empo ra l f l uên c i a da perfeiçã0 espiritual ·

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!ndi c e 4.

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A de pe ndê�cia tot,a l com<

r e l igioso A.

Motivos a)

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P e l a obediên c i a s e repara c ia de Adão " la�· r,,!·!: �

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b) E s c r avos que e ntravam em mos te i ros c) E s c r av o e l e i to P a pa .

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112

No ção de 's ervi tudo ' e de 'man c ipatio' função dos conc e i tos de e s c ravidão •

l. Di fe r e nç a s entre a e s c rav idão " e s c ravidão .. mo nás ti ca .

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C apÍtul o

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114

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AÇ�O DA IGREJA PARA:.'AÉ.RANDAR A

-

Ação da Igre j a_ para abrandar rom a na

IV

E SC RAVI D ÂO TEMPORAL 1.

'i8

em

.

86

87

A

obediênc ia evangél ica pe rfe i ta _e a ex­ p a ns ão da personali dade do súdi to: p a rado-

.

80

O

Sev e r idade em re lação aos d e s obed i e ntes

.

. d) E s ctavi dão voluntá ris

O

obediên­

.

escravidão

e

-

2

da

v i da e até o in f i n i to b) Obediência cega e obediência de cadáver O

75

.

Ob e di ên c J. a

.

74

.

.

C . Es c ra vidão e cu l to aos sant�s � O. Textos de Papas, Concílios e grave s auto� res sobre a anal o gi a entr e o re ligoso e a e s c.rav i dão , a) P a pa s e -C o nc í l i os �-· b) G rav e s auto res· ; E . E xemp l o s h is tóri cos que nobil i tarn à condi_< .:��-�.,:1� -·�· - "�-· çao- de e s c ravo .- · a ) E s c r avos márti r e s c anon iza�os

73

"

.

.

.

d e so be di ên-

b) P e l a obe diência s e imi ta a pe r f e i ção de C ri s to e se atende aos seus e ns i name ntos c) P e l a obe diên c i a o supe r i o r serve fie me ­ d i ad o r e ntre Cristo e o s úd i t o d ) Pe l a obe d i ênc i a a o nuperior ee a dqui re uma un ião espi ritua.·I �oro Cristo e ) P e l a obedi ência ao 3uperior se imita a os anj os

.

.

73

a

.

Rev o­

com a me nta l idade r ev o lu-

A. Recomendaçõe s da Escritura B . Re comendaçõe s da As cé tic a, da Mo ral J . E xe g é tica

.

l e vam à obediência

e

C a pÍtul o IJI - ESCRAVID�O PAGJ\ � "ESCRAVID�011 MON�S TIC A: ANALOGIAS � DIFER�� RAD IC AL 1.

3.

Confl i to de s s a menta l idade c om a da lução France s a c i onária a :t-ual

58

60

7.

. .•

120

125

e s cr av i d�o •

6

c:

126

I\ (

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)


1ndice

8.

A.

Aos escravos, pregação da conformidade

B . Pregação aos senhores da bondade para os escravos . .

c.

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Resgate de escravos

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12 8

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Liberalização da escravidão

132

Leis protetoras da Fé e dos costumes do .

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Privilégio

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PE RSPE CTIVA .

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constituída

a família de almas da TFP

Como

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Orientador da Contra-Revolução

considera •

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133

a) Grandeza da luta contra-revolucionária.

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. . ... . . .

133

b)

Novas exigências da luta

c)

Novas extensões da ação

d)

Porta-voz dos princípios contra-revolu-

.

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escravidão .

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134

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cionários face da escravidão

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face da escravidão colo-

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2. As palavras

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Posição católica

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E . Para efeitos concretos

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D.

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Ecos da campanha abolicionista .

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.

Laicismo de linguagem

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B . Paladino da devoção a Nossa Senhora ····�· c. Fundador •

D.

Superior .

3.

Posição

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.

de

muitos mem bros da família

da TFP:

além de

1 6O 161

161 166 168 169 171 172 174

de

ideal cívico,

um

157

um

ideal de vida religiosa. Nexo profundo en-

A . C l ima �gualitário

154

contra-revolu-

as necessidades do ideal cívico e

aspirações de vida religiosa

.

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14 1

Se na família de almas da TFP

142 146 146 148 149 152 153

A.

Motivos que levam aos votos

.

B . A quem os votos são dirigidos C. Que gêneros de votos a) Quanto i esp�cie •

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180

D. Legitimidade desses votos E. "Escravidão" e voto perp�tuo de obediência

183

.

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176

.

Quanto à duração

.

.

c)

.

.

Quanto i matéria

.

175

.

b)

.

.

A

há votos.

quem são dirigidos e com que fina�idade

Os princípios

.

.

4. 1.

.

.

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.

família de almas,

s eu fundador

CapÍtulo V - B ELO PA RA DOXO NA A Ç�OiDA IGREJA:

A E SCRAVI DÂO

.

em sociedade civil

almas i

uma

NA .

.

Açã o da Igreja nial

"ESC RAVID�O" VOTOS, NA TFP

.

Ação da Igreja metana

.

A TFP ,

-

.

Ação da Igreja para abrandar a .

1.

2.

b)

VI MONTFORTIANA

131

promulga-

9.

Capítulo

129

a)

dos bárbaros

4.

.

126

131

c)

3.

.

das v&rias leis para abrandar a escravidão

escravo·

2.

.

.

E . Pela influência da Igreja foram

.l

.

Admissão dos escravos ao culto e ao sacerdócio

D.

.

com

índice

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179

1 81

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(

1o . 5.

tndice Se há, na família de almas da TFP, "escra­ vidão" . De que tipo ela é •

.

184

A. Missão do fundador enquanto pai e mediador a) Aquele que gera na Fé b) Aquele que obtém de Deus favores para seus discípulos c) Aquele que tem uma vocação providencial d) O fundador é mediador entre a vocação divina e seus filhos e) O fundador é um pai que ocupa o lugar de Cristo . . . . ..� •

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184 187

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189 190

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192

.

imadi v,:lna a) o fundador, doutr.i�a viva b) o fundador, exemplo de. vida .......... . c) O fundador corno imagem divina d) O fundador enquanto causa eficiente, moral e fo.I1tl.al ��. c. União do discípulo ccxn o fundador . D. Se estes princípios se aplicam a fundado. res nao canon1cos a) Pe. Charles de Foucauld, u.rn �xemplo característico i b) Fundadores de instituições nascentes� sob o ponto de vista canônico E. PRIMEIRA COOCLUS�O F . Espiritualidade'de São LuÍs Maria Grignion de Montfort a) O fim da Sagrada "Escravidão" é Jesus Cristo . . . . . . . . .. . . ..... b) �aria é Medianeira Universal de todas as graças ............................. .* l(edianeir� escolhida por Deus ' * Medianeira necessária aos homens -� .� c) Potque se deve pertencer a Cristo e ·.a . Maria na qualidade de "escravo" �. •

.

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...

sobre a Sagrada Escravidão que na OP, família de almas da TFP foi realizada à s"antíssima Virgem por meio de seu funda­ dor, o Dr. Plínio Corrêa de Oliveira CONSULTA • * O anelo . . . . . * A dificuldade * Vencendo a dificuldade � * Efetividade da consagração * Uma solução de sobrevivência * As perguntas . . . .

219

.

.

209

218

.

.

207

.

e

G. Se um superior ou um fundador pode ser me­ diador entre a Santíssima Mãe de Deus e um súdito dEla, na consagração deste como "escravo" de Maria a) Em princípio relacionam.ento espiritual b) "Escravo": que não é insólito H. A Sagrada Escravidão a Nossa Senhora feita nas mãos e na pessoa do fundador da família de almas da TFP a) Breve histórico b) Em que consistia I. Análise doutrinária, jurídica e espiritual dessa servitudo ex cari�ate a) Sob o ponto de vista doutrinário b) Sob o ponto de vista jurídico c) Sob o ponto de -vista espiritual * Voto de obediência e virtude da obe. . diência * Sagrada Escravidão ?e voto de obediência . . . . . . . . . . . ....� . . . . . . . . . . . . . . . . * Sagrada Escravidão e arnor·à Santíss ima Virgem * Sagrada Escravidão e. a Cristandade persegu.ida . .. .. J . SEGUNDA CONCLUS�O K. Parecer do Revmo. Pe. Arturo Alonso Lobo •

2 00

.

11.

188

B . Missão do fundador enquanto modelo e gem

!ndice

.

.

Cl

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220 221 222

223 224 230 231 231 233 235 235 236 239 241

243

244 245 245

248 248 249 249 250;

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12.

tndlce

RESPOSTAS

.

.

* Direito _de associar-se com fins lícitos e honestos O direito de •

associar--sé, ante a Moral * * Ante o Direito CanQnico * Vínculos hierárquicos necessários: con•

25 0

253

siásticas * Ato de virtude hoje pouco compreendido: a "escravidão" mariana * O superior: uma garantia - O vínculo: fácil rescisão

253

254

254

L. Objeção quanto ao l:lSO da palavra "escravidão " . . .... .......... . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . , 1a. Objeção: "Escra� idão" religiosa, coisa do passado ··················�············ 2a$ Obj_eção: A consagração como "escravos" da Santíssima Virgem é aviltante, e ad emais faz com que estes percam suas digni­ dades e seus direitos temporais .... •

PAREX:ER

UVItON'

B�

vro se.,acha dividido em seis capltulos e uma conclusão, com o total de 1 64 páginas.

Sugeri algumas correÇões, ajudando a precisar termos téc­

propósito.

CONCLUS�O GERAL

I

• .•

o

Bi� liografia Apendice . . .. 1. Consulta ao Revmo. Pe. Victorino Rodríguez y Rodríguez OP sobre a Sagrada Escravidão 2. Texto da Consagração de "escravidão" a Nossa Senhora, segundo São Luís Maria Gr ignion de Montfort •

I

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P!

ginas assinei em sua totalidade, juntamente com o Senhor João S. Cl.á Dias, representante da TFP brasileira.

Além disso,nesse livro, elucidativo de matéria elevada e cuja leitura pode fazer bem a muitas almas, não encontrei

nenh

erro teológico, ético ou canônico, né� incorreções de qualquer

26 0

outro ponto de vista concernente os ensinamentos e práticas da Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana.

264 265

Verifiquei que isso tudo fqi tomado em consideração

na redação final que me foi apresentada para revisão, cujas

255

262

TUI>UÇ.J.ON" E- 7 . 4 9 5 / 65

01

Li com atenção a versão castelhana do livro "Servitudo ex

255

siástica .....................·1·.........

r0l.H4

nicos, aconselhando a suprimir algumas passagens inúteis a seu

O s votos privados e a interférência da Igreja ··························· ; ········· Sociedades nascentes � •

02 6

P A R E C E R

6 . Situação da TFP perante a autoridade ecle-

A.

CUTifiCO c de<. lt, �·-·ot ftao 4c direito qw o texto �ttxo t tr•duçóo fiel de - do<V'I'«Mc •"' fiftt\lo que •• foi �·c....toôo por o••t• de pcuo• .iftt•••tr•o• espanhola

Caritate", de autoria de Atila Sinke Guimarães. O referido li­

PúbUco • Intérprete Com�rclal · Matricula N.0 4t0 da Junta Comerdal do E.tado de Sao 1-auio · Praça da �. 2l • 14.9 A ndar . CJ. l.tOe- Tela: 25g·1002 - 35·2856 - slo Faulo - SP

250 25 1 25 1

sagraçao .............................. . Maturação gradual das associações ecle-

*

MANOE:L ANTONIO SCHIMIDT

Tradutor

Madrid, 9 de novembro de 1984 Fr. Victorino Rodriguez y Rodriguez, O.P. Professor de Teologia NO VERSO:

269

AUTENTICA�O :- EU, GUILLERMO BARQUIM SEGUIN, Tabelião de Ma­ drid e de seu Ilustre Colégio; DOU Fe:

275 29O

-------

De que, por ser�me conhecida, considero legitima a firma e a rúbrica que precedem, do Pe. Don VICTORINO RODR!GUEZ Y RODR!­ GUEZ, Professor de Teologia. -----..... - !'.

290

Madrid, vinte e nove de novembro de mil novecentos e oité

ta e quatro

(ASSINADO). Gullermo Barquin Seguin - Tabelião.

299

Chancela Ofici

al.

l

IN8CRIÇÁO: RG

t.«U39

-

CPF

I� S07 32t·U

-

PMSP

(ISS)

8.&46.237-8

-

IA� AS 110.�.000.74


(

(

-

(

MANOEL ANTONIO SCHIMIDT

.

(

Tradutor Público e ln�rprete Comercial Matrícula N.• 490 da Junta Comerdal do Eatado de Slo Paulo Praça da �. 21 - 14.• Andar - Cj. 1.409 - Tcll.: 259-4002 - 35-2856 - S1o Paulo - SP --\

E- 7 • 4 95I 8 5

N.·

02

Dita:

09.01.85

CARIMBO:

EU, GULLERHO BARQUIN SEGUIN, Tabelião desta Capital, DOU F!: Que conferida por mim a presente fotocópia com aeu original, r�

(

l

( (

Prefácio

( (

sulta ser totalmente exata ao mesmo, em seu verso e _reverso. E,

para que conste, dou o presente testemunho em Madrid, a 29

de novembro de (ASSINADO)

1.984.

Gullermo Barquin Seguin)

al. --------------------------

EIIl fé do que, firmó

São Paulo, 09

1

- Tabelião. Chancela Ofici

�XXXXX ------------------------------

à:.' presente

tradução

de janeiro .•.__1.985 .

�.r,

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oel Antonio

Tradutor

l.

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sd�idt

Público.

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I

A e ficácia da luta anticomun�sta da TFP s e faz notar , antes de tudo , n� resson�ncia nacional alcançada pela entidade ao longo de-s eus 24 anós de eXistência . Atuação esta tão màrcante , que a_ TFP se tornou , dentro do panorama nacional , um dos pólos da atenção e dó pensamento do povo bras ilei­ ro .

Ademais, a irradiação de seu exemplo transpô s em todas as direções nos sas_ imensas frOnteiras , sus citou a fundação de TFPs ; coirmãs e autônomas/ em oito nações sul- americanas ( Argentina , Chile , Uruguai , Bolívia , Peru , Equador , ColÔmbia e Vene• ' zuela ) , e a criação de Bureaux TFP na América Cen- trar-·c são José da Costa Rica ) , na Venezuela (Ca�a­ c as ) e em Washington ( EUA ) , estimulou a fundação da TFP norte-americanà em Nova York , e dos "Jeunes C anadiens pour une Civilisation Chrétienne" no Ca­ nadá ( Montreal , Toronto , 'Edmonton ) *� Mais . O estan� darte da TFP, voando sobre o Atlantico- rumo ao norte , se des fraldou também em Portug à l (Lisboa , Porto ) ; na Espanha ( Madrid , Zaragoz a , Sevilha , Granada , Málaga , Valência e Santander ) e na França. ( Paris ) , ·onde há , a;tém da TFP frances a , um Bureau de representação das lS TFPs . Da1 se f ixou nas se- . des de Bureaux TFP na ttália ( Roma ) , na _Alemanha ( Frankfurt ) , como na Inglaterra . ( Londres ) _ e na Bélgica ( Bruxel as ) . ·

(


Prefácio

18.

mesmo tempo qu e as s im tr a n sp�nh a o Atlân­ tico rumo ao norte , esse est a nd ar te sobrevoava também o Atl ântico sul , fixando- s e no Bur eau TFP da·importante cidade de Johannesburg , na �frica do Sul, onde se constituiu também uma TFP .

a inda seria pouco s e não es tivesse a s e rviço de uma luta inces sante contra a po t ê ncia política contemporânea de maior capacidade de penetraçãoc I sto é , o comunismo internacional.

Ao

*

foi por ém só o Oceano At lântico que es se es tandarte tr anspô s . Cortando o Pa c i f ico , e l e tam­ bém fez sua morada no Bureau TFP da Aus t r ál i a ( Sidney} , e vai des dobrando sua ação benéfica sobre a Nova Zel ândi a , onde também já está em a n­ dqmento a· fundação de mai s um Bu r e au . Não

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Pari pas su , de várias outras nações da �s ia e da �fri ca vêm chegando ins istentes apelos pa ra a forma ção de TFPs ou de Sureaux TFP , qu e só a insu­ f iciê�cia de pe ss o a l impede que s e cons t i tuam . · Não temos notic ia de que , a pa r ti r do Bras il , a ção doutrinária de igual amplitude se haj a e st en ­ dido sobre o mun do . A partir do Bras i l , s im . E, mais concretamen­ te, a partir do punhado de s óc ios e cooperadores da TFP bras ileira , que , neste mom�nto em que é pu­ j ante como nunca a nossa expansao , o número de nos sos s óc ios e cooperadores totaliza cerca de 1.200 pes soas.

Enquanto uma verdadeira epopéia s e vai reali- · zando ass im fora dàs fronteiras pátrias , a s cara­ vanas da TFP bràs i le ira vêm percorrendo ince s s an­ texnente nosso: território-continente , perfazendo ao longo de 1 5 anos de caminhada, 9 veze s o percurso Terra-Lua . Percorrer territórios , i rradiar por sobre in­ findáveis fronteiras , . transpor mares : _ tudo isso

19,

Prefácio

·I

*

*

A confrontação TFP-Moscou, f e ita em es c ala mundial , ou s eria ineficaz , ou teria po r e. f eito neces s ário que o Kremlin desfechas s e contra a destemida coorte espiritual e ideológica das TFPs · a sua contínua reação , pois tal é a contra-ofens i­ va que Moscou jamai s poupa aos adversários de en­ vergadurao E , com efeito , essa reação começou a s e f azer s entir logo em s eguida aos pr im . e i r os · p � s sos da TFP.

Enganam-se os que supõem s e rem hoj e em dia f e itos apenas.àmão armada 09 .,revides comuni s taso Principal�ente nas quadras his tóricas em.que não lhe convém tis ar de violência , o Krem li n utili za h abitualmente ofensivas publici tárias . Destas ofensi-vas , a mai s importante não con­ s iste na nobre controvérs ia ideológ�cao Nada :do que é nobre é , a liás , us ado de bom grado por Mos- . c ou . Por isto, a s inves tidas.publi citárias sus ci­ tadas pelo comunismo internac iona l s ão f er oz es , e ao mesmo tempo procuram s er aviltanteso A grande a rma delas é a calúni a , ora difu;dida de boca - a ouvido com miste rios a celeridade e amplitude , o ra s ervida pe lo apoio mac iço dos meios de comuni cação· s o ci al pertencent es a perto cápital ismo publicitá­ r ico E - dói dizê-lo :._ ampl i a d o com surpreenden te furor por amplos ;:;etores da " esquerda cató l ica" .


(

Prefácio

Prefácio

20 .

a

Arma _de todo esse esforço é,, convém·· insistir, a calúnia. Especificamente a calúnia pessqal, qUe procura atingir de preferência os homens-chave do 'esforço anticomunista - no.empenho de lhes demolir

de

·

medida_ em que procure· simular imparcialidade. E, por sua vez, só obtém êxito nessa simulação se o cultar sua drigem soviética atrás de personalida­ des . "insuspeitas". Ou seja, atrás dos "inocentes úteis". (o mais das vezés muito úteis,· e pouco ino­

com

_ ...

a TFP.

Na

pr

.

os ria,

*

·a

seu auge,, já publicou

que

,.

iin.guagem corrente em vastos se.toreg·:-;•i�d'ti brasileira· qual infelizmente não ruçã� _ - ·se .�ntende po�. conjunto o de atqs de amor, de veneraç� ó

_ "

,'

�çao de graças, de 'reparaÇão e d,e peti ão,. que: fiéis pres�am- . a D.eus, à Santíssima -Virgem ·--Ma�

..

Ç

;e '-:- -aôs· �--iiéfit1

aos -Anjos, bem. como _aos Santos . -_aventurados, , ' q�e foram ele � os ·pelà:·--_o_Ígr�j�� honr�: d�_s,- altar�s., Prestar· culto- a· fa. m _não canoniza,dasl nem béatlfload:a.�;;. -lecldas, · pQré ·

estrondo desencadeado em meados de. 1983 e chegar

·"

população

·- -

agora tende a

de incontáveis n� 4 0 2 ,

(cfr., "Catolicismo",

._

civil anticomunis_ta de inspiração cristã que há no mundo de hoje.

No

rurais

Até o momento,- o estrondo em curso se desen_:. volveu em dois lances. E· com.ambos a-tática utili­ zada pelo contendor é a . mesma.

lume. a hist6ria entremesclada_de episódios herói­ cos e torpes, dramáticos, pitorescos e até joco­ da . luta entre Moscou e a maior organização s_os,

que

con�eqüent� onda ?-e invasões

*

-Até· o momento, foram dez o� 'estrondos publi­ ·cftários de · port - e_, levados a 'ci:ibo contra a_· TFP. Todos; sem exceção, segundo os clássicos processos difamatqrios. Em. momen ' to·· oportuno, a TF dará a

·-*

95 0

est - e:

E' o momento de entrar na descrição do açe:t'ca, de tal estrondo se passa.

parciais" cen�rista� -: ou até direitistas · (entre as quais não negamos que al_gumas- haja, desavisadas mas de boa fé) - que, ·ao longo das· décadas, vêm

.

a

junho de 1 98 4 )

são quase sempre deste estilo as figuras "im­

*

1 98 4 , 2 vq�umes,

Dos _contendores da TFP ne-Ste .estrondo não é dado afirmar que fazem conscientemente o jogô de Moscou. Mas que, isto sim, de um modo au de ou­

. propriêdades

paravento· para 'Moscou.

P

intitulado

prestam ao éomunismo o précioso'serviço de tro, atacar a TFP no-momento presente, qu'ando vai atin­ gindo· seu clímax a_campanha comunista no Brasil

ria

promovendo estrondos p�licitárids' contra

em.dois volumes,

A tal t r abalho se segue imediatamente Ser.v'itudo ex-Caritate.,

calúnias, do gêrtero que �a

de

livro

PP··)·

linguagem· cotrérite qualifico� adequadamente de ''estrond.os ptibiicitários", não é e·fic�ente senão

centes) aptos_ a servir

um

Refutação da TFP. �-� investida frustra (COMISS�O

;

bom})ardeio

entidade

DE ESTUDOS DA TFP, S ã o Paulo,

a credibilidqde junto ao pÚblico, por meio de im-. put�çõês t:als:as, referentes à sua vida privada, à �� ·autenticidade de seus ideais etc. ·Esse

2,.,

__

·

� d

pess�aS\ )S''

:�.i

soa, em cons . eqüê'ncia,_,em �tais· círculos, como· 1di'e i),_. . di<?e! como superstição,;: · cómo transgressão ·aas-.:.bóas non,nas· do Direito CariÔnico.

_( (

(


22 . Pelo

contrário, . segundo

Prefácio

��;�

in

�-

��n�

t

especializada, corrente entre t ólogos, moralistas e canonistas, compreende atos a palavra ;"culto ��dos tanto _ na esfera religiosa, quanto na

esfera "culto uculto

civil (incluem-se �esta esfera o chamado cívico", pÚblico ou privado, do qual o à bandeira" é �a modalidade; como o são

também as homenagens às autoridades·temporais1 ci­

vis ou militares}o Assim, os à.tos de homenagem, de

afeto

etc.,

tributados a símbolos e

civis-são atos de culto. A palavra "culto"

autoridades

abrange, pois, também a es­

reco­

qu�l­

quer campo da vida t�mporal, se mostra superior ao comum: um bom artista, um bom professor, um exce­ lente aluno etco .

autores

:.;::;?}

to religio

PÚblico

Igrej,a,

- sempre segundo os mesmos

- por sua vez também se divide em público

e privadoo

o

culto prestado;:oficialmente pela·

através,.de ministros se1.1-s, em

c_erimônias

instituídas por ela, e· realizadas com preces e ri­

tos também estabelecidos por elai Tal culto só po­

de

ser

licitamente prestado às almas dos

que· a Igreja beatificou ou canonizou. 1

mortos

O culto privado, pelo contrário, é o prestado

�!

odor de. santidadeo Mais ainda:

o

culto

da

pessoa acerca da qual o fiel tenha motivos

-esperar que simplesmente haja falecido na graça de Deuso

Pode o culto religioso privado ter por objeto

pessoas que ainda estão em vida? Dado

que- sempre segundo a linguagem

espe­

cializada de teólogos e canonistas o culto reli­ gioso é essencialmente um reconhecimento das vir­ tudes

relevantes

de alguém, e,sendQ_Óbvio que

UIDa__Eessoa em vida é dado .praticar virtudes rele_vantes, tal culto também pode ser prestado a pe!­ s·oas ainda em vidq.,. Tirando

prove�to desta dualidade de sentidos

4a palavra culto - um popular e outro especializa­

do

e técnico - houve quem te�tasse apontar a TFP entidade heterodoxa e .r-ebelde ao Direito Ca­

corno

nônico,

com

fundamento em que nela se

prestavam

atos de culto a uma pessoa.viva, e a outra já fa­ lecida, porém não beatificada nem canonizada" A

denúncia

- manobrando habilmente a ignorância

em

que está boa parte de nosso público no tocante ao sentido técnico do vocábulo "culton utilizado pÔ'r teólogos e moralistas- era de molde a·desdourar a

TFP junto ao setor de opinião no qual ela natural­ mente se insere, ou seja, o setor c�tólico. Análogo

artifício de linguagem,

que resulta­

ria por demais extenso ser exposto aqui, foi usado com a palavra "profetismo".

ou

publicações da TFP

canonizadas, mas também a todas as pessoas das

quais o fiel presume razoavelmente que tenham mor!

em

privado também pode ser2restado licitamen�

por simples fiéis,. segundo orações por eles esco­ lhidas (as quais só pre - cisam de aprovação. ecle­ siást-ica se fo'rem destinadas à publicação, isto é,

colocadas ao alcance d� público}. O.culto privado pode ser prestado não só às pessoas beatificadas

'I

rido

23.

-

temporal privadao Neste caso, ela é o nhecimento da excelência de alguém que, em fera

Prefácio

Para

balísticas,

desfazer e

- em nível

proporcionado

às

essas capciosas manobras ver­

outras mais que os autores del�s ha�


24.-�-

Prefácio

;�viam

aduzido para re-forço , uma comissão _ de sócios da entidade se entregou a longos e acurados es tu­ dos , dos quais resultou o mencionado livro Refuta­ ção_ da TFP � uma investida frustra.. Importa dest_ a ­ car , a este propósito , que tal livro _ conta_ com o apoio de pareceres de teólogos , moralistas e cano­ ni�tas contemporâneos de - fama mundial� como o consagrado teólogo e filósofq Pe. Vict�rino Rodríguez y Rodrí guez O . P. , ex-professor de Teologia·da'Fa­ culdade Teológica cie San Esteban de Salamanca e da h istórica e célebre Univ.e rs idade Pontifícia da mesma cidàde ,· autor de mais de 2 o o t ítulos em fi:--1-osof i a e _teologia ; o ±lustre Pe . -Arturo- Alonso Lobo C . P. , catedrático de Direito Canônico da Uni­ versidade Pontifícia de Sal�anca, e scritor abali­ zado.em· sua especiali9-�fle e · um dos autores dos Co­ -men.t ários áo Código pio-b�neditino _- da Biblioteca de_ Autores Cristianos , de Madrid , em 4 volumes; e o eminente Pe. Antonio Royo Marin O . P . , Professor da P���jÍÍcia Faculdade do Colégio de San Es teban éni- -Salamanca. e autor de conhecidas obras de Te olo- gia Asc�tica . e Moral.-

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A. obra da TFP · foi acolhida por certos Órgãos de- imprensa com um furor disfarÇado em ares ·a� I sarcasmo . Po r_ ém não foi objeto de ;qualquer refutaçã·o digna _de análise...

·.

*

Um dos mais insignes e fervorosos mariólogos de todos os tempos foi o Sacerdote missionário �rancês São Luis Maria Grignion de Montfort ( 1 6 7 3 - 1 7 1 6 ) . O Papa Leão XIII o beatificou em 1 889 e Pio XI I o canonizou em.1 9 4 7 . Dentre as múltiplas obras desse grande Santo , se destaca . especialmente o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Vir­ gem ( cfr . S . L . M . G . MONTFORT , OEuvres Completes , tditions du Seuil , Paris , 1 9 66 , pp . 4 8 1 a 671 ; Editora Vozes , Petrópolis , 1 9 6 1 , 6a . ed. , 3 20 pp . ) , em que é e�posta , com base em vigorosa argu­ -mentação e ampla erudição , o que ele intitula a " Sagrada Escravidão à Santíssiina Virgem Maria" . Tal " escravidão"� se constitui mediante um ato pelo qual o fiel faz à Mãe de Deus a inteira e ntrega de si mesmo , de todos os s eus bens materiais_ ou espi­ r ituais , de toda. a sua pes -soa , enf im , para que Ela disponha a seu talante ( cfr . Tratado , n� 68- 7 7) . A obra do grande missionârio marial foi estu­ dada com enlevo pelos sócibs e co.op eradores da TFP , os'quais , em épocas diferentes , e de.qtodo in­ teiramente espontâneo , s e foram consagrando poor ess� fom a Nost;; a S enhora .

·

*

Fraçassado _assim o pri�ei ro t entâmen do que s e 'ped�;qualificar o e�t:r:9ndo publicitário nS!. 1 1 , adversá'r io não . trepidou em :recorrer a outra ·.· o· o ferüfi�a que traz a mesma mar ca -de fábrica "made in Moscou " . ·_

Para compreender , ai� - d_a que mui to sumariamen..,. te, . ·esse lance· desferido contra a TFP, ·é neeessá..:.. rio ter.em . vista algühs dadOso

25.

Prefácio

P ersuadidos

de que

é sua

vocação luta):'

Pe

pela

Civilização Cristã - e portanto la Tradição, Fa­ ·m!l.ia e PrOpri e dade ·- contra o comunismo, o so­ cialismo e o "esquerdismo católico", os sócios e ·

cooperadores da TFP passaram assim' a ver, em tal luta, .-·uma preciosa maneira de realizar a · vontade

sua Senhora celestial. E a desenvolver inces­ santerrt e nte· a. mencionada luta dentro d e uma p e r s pe cti va "mo·nt for ti ana" . Como é óbvio; tal luta , cbmo qualquer,outra , s9/ alcança a vitória caso s e trave debaixo da di.;:. J-.'eção, a ce i ta com calorosa disciplina- , de mn diri­ gente lúcido, vigoroso e destro . de

·

(

(


26.

Pre fácio

Pois , uma vez que Ela quer o êxito de tal lu­ ta , e a c"ondição deste êxito é a submis s ão a quem comanda na pele j a , fazer a vontade des te úl timo é ipso facto faze r a vontade dEla . E s te argumento é análogo ao que a doutrina c atólica emprega para demonstrar que a autor idade vem de Deus . O que mos tra quanto o argumento é s ó­ l ido . Ora , estas cons iderações se harmoni zavam in­ teiramente com outras , de Índo l e diver s a . Del ineava- s e em mais de um el emento da famí­ lia de almas da TFP uma tendênc ia a tornar ma i s definido e cons i s tent� o relac ionamento d e cada qual com o Dr . P l inio Corr êa de Olivei ra , o que e lhes atendia as aspirações de vida religios a , correspondia ao mesmo tempo às neces s i dades da caus a . Po is estas requeriam , uma união e uma di s ­ c ipli na cada vez mais def inida deles para com o varão que , na ordem do pens amento , da piedade_ e da . a ção , reconheciam unanimemente como ll der capa z , forte e paterno . Houve pois quem , nas f ile i r a s i da TFP , pens as­ s e em fazer - a título pes s oal - a l ém do voto de c as tidade prestado a Deus , voto de -obediência ao Dr . Plinio Corrêa de Oliveira . Mas este f ez ver a i nexeqÜibi l idade de . ta l des ígnio , à vista de e s t a matér i a apresentar múltiplos aspe ctos morais e ca­ nônicos delicados , e-ntão a inda insu_ f ic ientemente conhec idos na TFP . S urgiu , em cons eqüên c ia , a idéia de , em fun­ ção da cons agra ção montfortiana a Nos s a Senhora que cada interes s ado j á -efetua ra , fazer ao Dr . Pli nio Corrêa de Oliveira uma cons agra ção como in-

27.

Pref á c io

terme d i ário. - tomada a palavra "consagração" no me ro s entido que tem na l inguagem corrente no Bra­ cons agrar que r _dize r o f erecer a fetuosame nte , s il : dedi cár ; devotar , dedicar- s e , dar- s e . Sabiam , all á s , eles que o Dr . P l i ni o C orrêa de Olive ira t ambém es tava cons agrado de-há mui to como " e sc ra­ vo" de amor da S antíss ima Vi rgem <1>·

Nota 1 :

O termo " cons agração" não é us ado por Sã<t>

Luís Mari a Gr ignion de Montfort no s entido pró� prio , mas no s entido f igu r ado , por i s so , neste t rabalho , a palavr a t ambém s erá u s ada no s entido f igurado . O s ent ido própr io de " cons agração" no que se r efere a pes so a s , aplica- s e à con s agração dos bis­ pos , à unção dos rei s e das rainhas; no que se_ re­ fere a Templos e altares, a çons agração toma o no­ me de dedi c ação ; t ambém h�·uma cons agração espe­ c i a l dos vasos s agrados utili zados no culto div i­ no, tais como o c áli c e e a patena ; por firn,há·um s entido de cons agração mai s augusto do que todos os dema is , é o da cons agração da S a nta Mis s a , em que o· pão e o vinho s e t ransubs t an c iam no Co rpo e S a ngue de Nosso Senhor Jesus C r i s to . Além des s es s entidos própr ios , h á outros sen­ ) 3. t idos f igur ados . Por exemp l o : "Con s ag ra r : ( F a ze r consagração de : 'Em Os Lus í adas , C amões con­ s agra os feitos po rtugueses'-. 4 . S ancionar, con­ f irm a r ; r at i f icar : ' A b ata lh a de Guara rapes consa­ grou a vi tóri a dos nativos sobre os invasores ho­ landes es ' . ( ) 7. Oferecer a fetuos amente, dedi­ c a r : 'C ons agrou enorme es fo rço à reali zação do seu i deal' . 8 . Votar, ded�car : ' C o n s agrou sua vida a obra s bene fi centes': 'Que é isto, ó musas! porque •

.


28 .

Prefácio

Del iberaram então confe r ir- lhe a representa­ ção de Maria Sant1ss i.nrá .no que diz respe ito à pro­ messa de " escravidão" qu� a Ela haviam feito . Nessa perspectiva montfortiana , nenhum com­ promisso para com o Dr . Plinio Corrêa de Ol iveira obrigaria sob pena de pecado , nem sequer venial • E dela s e desligaria qualquer pessoa , a qualque r mo­ mento , por simpl es manifestação unil ateral de von­ tade . *

*

Como des ignar ess e vínculo montfortiano , que assim reforçava -e tornava mais eficaz , no pl ano natural como no sobren�t�al , a luta da TFP contra ·a advers �rio suscitado pelo poder das trevas?

a l ira empunho , / A lira que ao s i l êncio consa gra­ ra? ( José Bonif ácio , Poesias , . p . 58 ) . Trans . obj . 9 . : . Eleger , aclamar ; ' A c r 1t.i ca mais exigente o consagra o maiof escritor Vivo. P . 1 0 . De d �c ar s e ; dar-se : ' Filho de umà velha fam11ia pat r i c ia de -

Basiléi a ,

nascido-

em

18t8 ,

consaqra-se

( Jacob

Bur ckhardt ) aos estudos mais diversos • ( otto · Maria ·

Purqatôrio, pj,.

A Cinza do HOLANDA FERRE ÍRA,

·

15- 16 ) " ( AU-,

I

.l

j

29.

Prefácio

Na terminologia militar , quando se qualif ica a situação de um soldado raso j unto ao of�c ial-Ge­ neral Comandante das Forças �rmadas , diz-se que ela é a de um subalterno . Posto o fato de que s ervata omni proportione - o soldado raso não obe­ dece efetivamente a esse Comandante supremo se não obedecer aos escalões intermediários , como por exemplo ao capitão ou ao s imples cabo , diz-se do soldado raso que ele também é subalterno destes Últimos . Isto , que . também é obviamente razoável , re­ sulta do princípio de que a autoridade mais alta s e repete de algum modo , e proporcionAlmente , de alto a baixo de todo relacionamento hierárquico . Um sócio ou cooperador da TFP s e r i a as s im , e de imediato , subalterno do Prof . Plínio Corrêa de Oliveira . E esse mesmo sócio ou cooperador da TFP , bem como o próprio Dr . Plínio Corrêa de Ol iveira , s eriam ambos subalternos . dé Nos sa Senhora .

"Subalterno" ? A palavra , de ressonância tão tipicamente militar ou burocrática , contém em s i toda a: riqueza d e imponderáveis inerent.e • d e modo gener�co , aos temas mariais , e especificamente às perspect,ivas montfortianas? Não parece .,

�- Dicionário :tronteira , 1 a . e d . )

Não haveria , na lógica e na terminclogia montfortiana da Sagrada � Es cravidão" à Santíssima Virgem , algum termo mais ·an\ harmonia ·com 'J tema?

A con s agração de São Lu1$ Maria Griqniori de Montfort ,.. e por extensão o mesmo termo · us a do nes:­ te trabalho � situa-s e no -âmbito do sentido f i qU.­ rado . Pelo que s e deduz que ess e · senti:do de , conS:a.� gração é _ unicamente o de maior união moral c()lll Ma­ r ia , e , cemo cons�qüência , de uma maior . dedicaç�o . �

" es­ A palavra usada pelo próprio Santo. foi cravidãó" . A palavra - é áspera e _ até brutal , se reportada pura e s implesmente ao :séhhor de escra­ vos das civ.:iJ.izações- pagãs . Poréni� ela é nobil i­ tante e maternal , s e reportada Aquela de. quem s empre s egundo são Lu1s Maria Grignion de Montfort

Carpeaux ,

da Língua· Portuguesa ,

�LIO

BUARQUE DE .·

N�va>

·

.

...


30.

o prÕprio Filho de De!is quis ser " escravo" en­ quanto nEla h�b-it�va em du l c i s s ima intimidade , du­ rante o· pt!r1odo da qestação (cfr . Tratado da Verdadeira Devoção ! Sant1s_$ ��: ;\fi�qem , ni. 1 3 9):

E , entre a s ituação de alguém que é meramente " escravo" dEla , a a de outrem que , para Il.\elhor cumprir as ordens dessa excelsa . Senhora , no campo concreto da ação , o é também de um superior ime­ diato , mais nobilitante é a situação do s egundo . Pois o superior imediato o liga mais a Ela

_ _ _

. " Esc:: rav() de ·:M.arh·" J .. cOta() ·se l er á · no excelente estudo $e�ituqo . • ex Cà-rlt•te do sr . Atil a Sinke G\lilaarã�� � : · · ÇC!n�idono :P:t:�s��te volume ( C ap . VI . 5 . L . 2• ) , Ulll Pà� , Um Impe rado r , Reis e Grandes da Te rra . sentird-se honrados em consagrar-s e como " es cr avos " . da Sant ! ss ima Virgem Maria . Numerosas fam1i ia s · r_e liqiosas se ornam com o título de " es­ cravos _ de · Maria" . Até o mais �pagado dos fiéis só · pode honra.r- se etn 11sar o título d� " escravo da Virgem" Pois tal é a Mãe� de De us e Rainha do Uni­ . verso ( que tudo quanto nÊ la toca , só eleva e nobi­ l ita . Ou sej a , tudo quanto participa da " es c ravi­ dã'o " a Ela , toda a subal ternidade imediata ou me­ di�ta em relação a Ela só eleva e nobilita .

As �im o entendeu o autor do livro cláss ico e cons.agrado da espiritua lidade católica , a Imitação de C risto , o q11al , escrevendo sobre o serviço de D eus , que encontra na vida religiosa - e portanto na obediênci a a um superior terreno - sua plena expressão , · exprime� se nestes termos : "0 amável e alegre ·servidão , pel a qual o ho­ mem se torna verdadeiramente livre e s anto !

IJ I

' E ' · o que diz expressamente São LuÍs Maria Gf.iqnion de Montfort : "Desd� que n�o se pode con­ ceber sobre a terra emprego mais r�levante que o s erviço de Deus ; s e o menor servidor de Deus é mais rico , mais pod_e roso e mais nobre que todos os reis e imperadores da terra que não sejam também ' s ervid·o res de Deus , quais não serão as r iquezas I o po4er e a dignidade do fiel e perfeito s e rvido� que se tiver devotado ao serviço divino , tão in­ teiramente e s em reserva quanto for capaz ! ? Ass im s erá um fiel e amoras<;> " escravo" de Jesus e Maria , que , pelas mãos de Mária Santíss ima , se entregar inteiramente ao serviço deste Rei dos reis 1 e que não reserva� nada para s i : nem todo o . ouro da ter­ ra e as bel ezas do céu o podem pagar" (cfr . Trata:-; _ do , ni. 1 3 5 )

31.

Pre fácio

Prefácio

0

s agrada escràvidão da vida rel igios a , que igual aos Anj os , agradável a Deus , homem f az o terrível aos demônios e est,imáve l a todos os. f iéis ! "

.. 6

serviço s empre di.qnd de ser desej ado e abraçado , com o qual se merece o Sumo Bem e s e ad­ quire o gozo que dura sem fim l " ( L ivro III , cap . X)

(2) .

*

Nota

2:

*

latim , o t;b�cho é o seguinte :

rf,

grata et j ucqnda se itus 1. qua homo vera­ citer efficitur '! iber et sandtus 1, " O s acer status re l ig�ds i t'arnulatus , qui ho­ minem Angelis reddit aequal em , Deo placibilem , daemonibus terribilem e t cunctis fidel ibus commen­ dabilem ! ( cont • . na pág . seguinte ) "O

Em

*

l

1 .�


32 .

Prefácio

P r e f ácio

mais estritamente . c o n forme à l'i n gu ag em do grande na esteira da ' piedade catól ica ' magnifica­ S a nto , mente expres s a na ImitaÇão de C ri s to .

As s im , entendida nesta lógica irrecus ave lmen­ montfortiana, qualificar- se " escrav o marial " sob a direção e obediência de seu superior ( 3 ) ou

te

senhor

(4)

im ediato é ,

2 ( cont . ) :

para o fiel ,

o

que

de

Compr eende- s e que pes soas ignorantes de toda a devoção e toda a amb ientação montfortiana s e s intam surpr e s as e at é chocadas com a expres s ãO " escravo ma r i a l do e s cravo x " - n o c a s o concreto , do " e s cravo de Maria " que é o Dr . Pl,inio C orrêa de Mas , 'se a preocupação d� evitar a sur­ O l iveira . presa ou até a estranhe z a dos ignorant-es 'fos s e a única regra a tomar em conta quanto ao modo de ex­ primir- s e alguém m.:nna linguagem · especiali zada , on-· "Comer da de ir�a ter a l inguagem teol Ógica? C a rne de Cristo "· e " beber do Sangue de Cri sto" , s ão expres sões que , des de que.,.Ele as pronunciou Jo . VI , 48- 7:9 )- , produzi ram e s c ândalo . Entre ( cfr . os r�manos , deram pretexto até a requintes de �er­ por a·ç ão de al. gun� pér fidos que ne l as s egul. ç ao , queriam ver a prova de antr.Opo fa.gia pr ati. cada nas E a ignorânc�a de �utros os l eva a c atacumbas . crer ne s s a versão calui\lios a . Ainda . em nossos dias , estas pa lavras proporc ionam a muitos here­ al iás , Porém , ges ocas 1. ao para toda sorte de sofismas . seu contexto doutrinário próprio , no entendidas dev em · elas s e r empregadas . E o vêm sendo ao longo dos s éculos .

" O amplectendum et s empe r optan­

( T . DE sine. fine permans urum l " dium acquiritur KEMPI S , - � I mi t at i one Christi , Edizione critica a cura d i Tiburzio Lupo SOB , Libreria Editri.ce. Vat i­ c ana , 1 98 2 , p. 1 6 1 ) . Como s e vê , o autor medieval da Imitação pas­ s a naturalmente da� noção d e servitium ( serviço ) de Deus , para a de seryi�s ( servidão ) e · famul atus ( escrav idão ) . Os tradutores da Imitação j ogam li­ dwu s�rvitium , que promere�ur summum bonum et gau­

çã o , escravidão, �, subm i s s ão e outras análo­ gas , i ndicando assim a larga extensão que atribuem aos vo c áb ul o s l atinos ac ima dest acados . v remente com as palavras serviço , servidão, sujei-

3 : S empr e que nes s e estudo se us a a pa l avra " superior" para designar aque le "que é . . escolhido como tal , por causa da consaqração. montfortiana, ou · do voto priv ado, ou pel a simples preeminência na ·fam!lia de almas da TFP , não se entende que se atribui à pal avra " superior" · o sentido institucio­ nal segundo o direito canônico .

4:

A pal avra " s enhor" é utilizada aqui de com a língua portuguesa falada no Brasil . se j a , designa aque l e que exerce senhorio, man­

Nota

acordo

Ou do . tem

não em qualquer dos outros s entidos · tal pal avra em espanhol . · • senhor" : ( )

E

que

5. o

tem - domínio, a utoridade sobre si mesmo, sobre certas pes·s oas ou sobre certas coisas " (A. BUARQU E DE HOLANDA 1 op . c i t . ) .

que

·,

33 .

·

· E ' c l aro que os artífices de estrondos pub l i­ c itários , uma vez conhe cida esta expres são " es c ra­ vo" i haveriam de agir como seus congêneres .d.e to­ dos os s é culos . I sto é , pav eri éUl\ de apre s entá- la assuntos grande pÚb�ico des informado _ dos ao mont fortianos -, . omitindo todo o con.t exto doutriná.­ r io fora do qua l -ela s eria de � con_certante e até o dios a .


34 .

Pre f á c io

Para des fazer o alarido publicitário ass � provocado ; este novo es tudo do s r . At ila Sinke Guimarães , Servitudo ex Caritate , vem inteiramente a propós ito . O presente trabal ho leva as

r 1 s ti cas l lmpida ,

do

anter ior

férrea ,

(5):

el evadas

argumenta ção

erudi ção abundante ,

caracte­ serena ,

de

eleva ção

v i s t� s -inteiramente condizente com a bel eza marial e

montfortiana da perspectiva em que

e studado .

o as sunto

é

EX

CFP

5:

N ota

1\tila

S. inke Guimarães fo i um

dos

CARITATE

colabo­

radores dà Comis s ão de Es tudos da TFP que pub l icou

o

livro

f rus tra 1

t or meira

Re-futação

2

volumes ,

i nves t i d a TFP � � da 9 5 0 pp . , j unho de 1 98 4 , o au­

do presente trabalho é respons ável pe la parte da Refutação da TFP ,

C a rtas " { Vol . I , pp .

1

a

389 } .

'

SERVITUDO

pri­

inti tul ada "Tr ê s

�· I NTRODU Ç ÃO �


{ INTROD!Xf!O ( 6 )

Nem bem de s aque cidos os fogos de uma investi­ da frustra contra a TFP . - �e- pretendeu ser a l1 a . grande campanha ' public itári a estrondo publ i­ c itário - tentando destruí- la , j á se notam novos ensaios da parte advers a . Aqui e al i s e sus suram , e alguns j orna i s já deram à lume ( 7 ) , alusõe s mal évolas a uma forma de prática da dévoç_ã o à Nos sa SJ�nhora a Sagrada Escrat) idão, segundo o método de são Luis Maria Grignion de Moritfort - que ex istiu na família de a lmas da TFP , e que tomava po r intermediário na­ tural entre a Santís s ima Virgem e o consa grado a pessoa de Dr . P l in i o Corrêa de Oliveir a . -

N ota 6 : O autor deste trabalho agradece a pr e steza com que as TFPs espanhola e frances a e o Ufficio Tradi z i one , Famigli a , Propr i età , de �oma , atende­ r am os vários pedidos de document:,os . Agradece tam­ b ém a revi�ão dos S r s . Ne lson R. Fragel i i e Wi lson ­ Gabriel da Si lva e ·os pr � stimos do S r . José Coutinho , _ experimentado latinista e hâbil pesqui s ador . Nota 7 : Cfr . " Folha de S . P � ulo" , 3 1 -VI I I - 1 9 84 ; Es tado" , Florianópo li s , 9-IX- 1 98 4 o

"O

I


38 .

In t ro d u ç ã o

A f i nal idade des t e trabalho é exp l i c a r sob todos os po n t o s de vis ta o que e m do cumentos do M a g i s t é r i o · da I gr e j a e em pr onun c i amentos de teó­ l ogos de todos os tempos, mere c e dores do mai s a l to c o n c e i to , s e l ê , sobre a " e s c ravidão 11 e s p i r i t ua l , que r e l a pro c e da do voto de obed i ê n c i a - como é o c as o dos re l i g io s o s - que r e l a s e j a a s e rv i tudo ex c ar i tate p r egada pe l o grande após tolo mar i a l , são Luís M a r i a G r i gnion de Montfort . E expl i c a r , t am­ b ém , a quem que ira s ab e r , o que n a famí l i a d e a l ­ mas da TFP exi s t e . *

Depo i s de f ixar os e l ementos i n i c i a i s da aná ­ l is e , ou s e j a , qua l é a denún c i a que s e trata de rebat e r , este trabalho es tudará qua l é a f o rma ma i s pe r f e i t a de depenaên c ia ent r e inf.e r i o r e su­ pe r i o r , que r no âmb ito r e l i g i os o , que r no âmb ito t empor a l . E s t ab e l e c ida a grande e s ub l ime radi c a l i dade

1 -�

I

ção ev ang é l i c a , favo r e c e uma " es c ravidão" e s p i r i ­ t ua l , enquanto E l a p r e g a a h a rmon i a s o c i a l favore­ ce a abo l i ção da e s c r av i dão temporal ; é urn be l o p a r adoxo . C om es tes pr e s supo stos o e s tudo pas s a r á a a n a l is a r os t ipo s de r e l a c ionamento que ex i s t em n a TFP no que concerne à prát i c a d o cons e lho evangé­ "es­ lico da obe d i ên c i a 1 e no que diz respe i to à c rav i dã o " à N o s s a S enhora , s e gundo o método d e São Luí s Ma r i a G r i gnion de Mont f o r t . *

*

I

'( .

j

t

que a I g r e j a r e comenda pa ra a entrega r e l i g i o s a , p e r guntar- s e- á s e t a l entrega as s emelha- s e em a l go à e s c r av i dão pa gã . S e rão e s tudadas· depo is as medidas que a I g re­ j a empr egou para abrandar a e s t a l fi l t ima . As s im se verá qtie E l a , enqua nto e s t imul a a ' bus c a da pe r f e i­

Capítulo

·-

.I

Elem ento s inic iais da análi se


1.

Denfincia :

H�

na TFP escravidão de s6cios coope radores � pes soa de seu fundador e l íder Doutor P l inio Corrêa de O l iveira

e

*

2.

E l ementos constitutivos do c l ima emocional no qua l a denfinc i a começa a s e r feita

A e s cravidão eram suj eitos pe la lei da força os vencidos de gue rra e , pe lo império de leis e de c os tumes desumanos , mui tos pobre s infe lizes de ou­ t rora eram reduzi dos à condição de. s impl es cois a . i

Desditosos escravos, que s ó � is tarde a in­ f luência c r i s t i ani z ado r a da I grej a suavisaria o t rato que S e dispensava a e l e s ! Como conceber então que - prec isamente me­ d i ante alegações inspiradas na Fé de C r i s to a tal escravidão s e tenham suj eitado homens cultos e e ducados , vil idos e robus tos ? Como conceber isto em nos s a época , que erige a l iberdade no mais al to · bem àa vida? Corno conceber i s to , pre c i s ament e n um s éculo em que o amor à l iberdade fo i levado não s6 a sua plenitude , mas ao exagero mais radi­ cal? Num século que ouv iu , parti ndo dos arraiais

da Sorbonne posta em revolta , o p á rox1stico brado " é proibido proibir " ? E que , a part i r dai , vai rumando para a autogestão e o pag ani smo? Que af inidade pode haver entre a doçura de C risto . e a crue ldade inerente à es c r avidão pagã? Não é a escravidão a · instituição nefanda por exc e­ l ência , que em todo o coração altivo e cristão s 6 pode despertar revolta? *

3.

Es c larecimen to ini c ial da

TFP

denúncia a TFP nega c.ategori ca­ mente , e antes de mais nada , que a s e rv itudo � c ar itate ( es c l avage d ' amour ) ens inada por são Luí s M a r i a Grignion d e Montfort ( 8 ) , qu e s e pratica em Di a nte

de tal

Nota 8 : são Luís Maria Grignion de Montfort , nas­ c ido em 1 673 , foi mis s i onário desde sua ordena ção em 1 700 , até sua mort e , em 1 7 1 6 , . na região oes te da França . Ardoroso pregador da 11 es cravi dão" a Ma r i a S ant ís s ima , deixou várias obras , das qua is a pri n-


42 .

i

i

i 'I

Capítulo

I

s eus ambientes em louvor da Mãe de Deus , pos s a s er , sob qualquer ângulo d e v1s ao , ident i f i cada com as escravidões pagãs de qualquer procedência : quer a escravidão grega , quer a romana afi rmada pelo Jus Gentium , quer a escravidão praticada pe­ l os bárbaros , que r a escravidão maometana , quer ainda a escravidão colonial dos negros e Índios , abolida em noss o País pela Princesa I s abe l , no s impático 1 3 de mai o de 1 8 8 8 . Como adiante s e mos trará , a práti�a da Verda­ deira Devoção a Noss a Senhora pelo método da Sa-

·i .!

c ipal é o "Tratado da V� rdadeira Devoção à Sant í s ­ s ima Virgem " . Sua pregação e o entus i asmo que susc itava va­ l eram- lhe pers egui ções e campanhas dif amatóri as . O relaxamento da Fé abr i ra as portas dos meios e cl e­ s iásticos à infi l tr ação j ansenista . Contra sua doutrina católica autêntica l evantaram- s e todos os bispos das dioces es onde pregou , exceto os de La Rochel l e e Luçon . C om sermões abras ados denunc;:iou os mal es de então , profetizando catás trofes : que haveriam de devas tar seu povo . E o s éculo em que morreu não terminou s em que aquel a sociedade fos s e abal ada em s eus fundamentos pel a explosão da Revolução Fran­ c es a . Fundou o s Mi s s ionários d a Companhia d e Mar i a e a Congregação das Filhas d a S abedoria . O Papa Leão XI I I o beatificou em 1 8 8 8 e Pio XII o canoni zou em · 1 9 4 7 . ( Vi de nas páginas 29 9 - 3 0 2 o texto da Consagra­ ção corno " e scravo" de Maria , de autoria do S anto ) .

i �' l I ·I

I !

j

43 .

Capltulo I

grada Es cravidão , pregado por São Lul a Ma r ia Grignion de Montfort 1 não coincide , s enão pe lo vo­ c ábulo " �scravidão" , com a escravidão antiga o Todo coração catól ico se glori a dos vários documentos ponti fÍcios que sucess ivamente mit iga­ ram a escravidão romana ou bárbara . E nós , bras i­ leiros , cel ebramos de modo especial os que comba­ teram a escrav idão colonial na Ibero-América . Den­ tre estes últimos , destacam-s e de modo es pe c i al : o pedido de LE�O X aos Reis da Espanha e Portugal para a impedir ; o interdito de PAULO I I I contra os que reduzi am os lndios à escravidão ( 1 5 3 7 ) ; a cen­ s ura de URBANO VI I I ( 1 6 3 9 ) e em seguida a de BENTO XIV ; a interferênc ia de P I O VI I no Congres s o de Vi ena contra o tráfico dos negros ; a encíc l i c a de GREGóRIO XVI em 1 8 3 7 e , por f im , a Carta In P lur i­ mis de LE.l\0 XI I I aos Bi s pos do Bras il em 1 8 8 8 . Afirmando de antemão , com toda s erenidade e tranqüil idade de consc iência', que o que s e prati ca na TFP não é a escravidão temporal e coer c it iva , de qualquer procedência que s ej a , pas sar- s e- á a expor o que na entidade é a " es cravidão " toda es­ p i ritual em relação a Nos s a S enhora , segundo são Luís Maria Grignion de Mont fort ; qua l o pa pe l de s eu fundador , Prof . Pl inio Corrêa de O l iveira ; , a prática e a difusão des s a devoção ; qual a pos i ção dos membros que o reconhecem como supe rior , etc . *

Antes porém de s e entrar nestes it en s , é in­ dispensável uma rápida focali zação de vários con­ ceitos e um embasamento his tórico � *

*

*


I

r

J

. Capítulo

II

· Dependência. .:

obediência

(9)

)

l

I

I

i

Nota 9 : N es t e trabalho se an a l is ar i � mat i ri a da dependência ' in genere ' e da obedi ência ' in spe­ c:i,e ' . Como s e veri abaixo ( Cap . VI . S . I . c ) a virtude d a obediência abrange um campo mà is vasto . do que o do s impl es voto ·de obedi ência , por . ser ma is géné­ rica , e ; aproximar- s e consideravelmente do campo- de uma dep endênc ia total . A este t1t�ló haveri a pro­ �. pós ito fazer uma qi§ t i n çã o entrê dependência to­ · tal , correlata . é om a vl r tud e da obediência f . e obe­ .. . di � ncia , c o rre l a t á Clml o voto.. ·. Jf Também nã . out�r�a . S �;)· ei çã o ' que .UlÍ\ homem pode a s �umir , com eficácia imper a t iv a menor do que o .

. .

f' . .

,

• �

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.

voto de obediência . � a ' suj eição temporal - a vas­ como também se verá abàixo s alagem · feudal ( Cap . I I . 2 ) , que caracterizou as- rel ações h�anas . desde a invas ão dps birbaros até a Revolução Fran­ cesa . A este titulo pode- se também falar distinta­ mente em dependênci a como . correla�o de va s s al a gem , e . da obediência como correlato do voto de obediên­ cia . Neste trapalho o · . binômio dependênci-a-obediên­ cia ora se referirá à dependêncià · �yor ' ( virtude de · obe·diênc i a ) gem feudal )

ora à dependênc i a . ,' 11\inor '

( vas sala­


I

1 I

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f J r: i

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,

' esta parte convém analisar o fundamento da s ubmis são , do respeito e da obedi ência , bas es da boa ordenação religios a e temporal , con forme . a doutri na cató lica . A s e guir se cons iderará como o conselho evangél ico da obediência religios a irra­ diou uma influência benéfica para o campo temporal e tro ux e uma nova forma de relacionamento social até então desconhec ida . Ver-s e-a também a que s ub l imes extremos a I gre j a recome�da que chegue o voto de obediência . E , por f im , co� o esta mental i­ dade ; profundamente católica s e ch <? ca com a menta­ l idaqe revoluc ionária , filha da Revolução de 1 7 8 9 .

1.

A.

Dependência- obediência co;no ideal de perfeição ev angéli c a que a per feição evangé}�ca se distingue da vida çorr e n t e

No

a ) S egun�o o e spí r it o *

S ob o p<?n t o d e

.i s t a

v

mo r a l

e qualquer católico deve tender à per­ cri s tã o A per f e i çã o absoluta do homem está res ervada à vida futura , que ele alcança quando entra na pos s e pe rp étua de Deus com a visão beatí.;,.; f i c a . A perfeição relativa do homem s obre esta terra , que s e chama perfeição c r i s tã , consiste em . aprox.imar- s e o mais pas s ível da_ con d ição dos Bem:­ - av en t u r ado s no céu , ou sej a , no pl eno des envolvi­ mento da vida da graça , inicio da vida do c éu . f

Todo

e i çã o ·

I

'I l

'


C ap1tulo I I

48 . A

pe r f e i ção cristã pode ex istir s em o exerc1c io e fetivo dos conselhos evangél icos , porém não s em viv�r o espirita destes . ( 1 0 ) ( 1 1 ) . �r fe i ção cristã requer que o homem ame a geus de modo a evitar �quer pecado venial . pl e: del iberado , e ate qua lque r imperf e ição � ntida . O que importa num e s forço ple para glorificar a Deus em toda c ircunstânc ia , e na j!l.ai or medida possível. }A este amor de unj da necessariamente uma profunda retidão habi-� tual da vontade po r respeito ao Sumo Bem e a todos

o��

Nota 1 O : " Também os nã'o re ligiosos po dem e devem s antif icar- s e pelo cumprimento estrito dos pr ecei­ tos e com a prática afetiva dos conselho s , ou se­ j a , com o espirita dos mesmos " ( Pe . Royo MARIN , Teologia de la Perfección C ristiana , BAC , Madrid , 1 9 5 5 , p . 2 0 2 -2 0 3 ) .

11:

As c itações ao longo des te trabalho obe­ ao s eguinte c r ité r i o . A ipr ime ir a vez que

uma obra for c itada terá suas i�dicações compl e­ autor , título , editora , ano e eventualmente tas : Se a �esma obra for r�ferida em um novo , c idade . ela receberá apenas o nome do autor e o capítulo , título completo . Se ela for referida mais de uma vez no mesmo capítulo , receberá somente a · referên­ c ia do nome abreviado do autor seguido de � c it .

decerão

Como há capítulos muito grandes , s e o leitor não estiver . acostumado ·a este tipo de l eituras fi­ car- lhe-á mais fácil buscar diretamente a Bibl io­ gr a f ia no fim do trabalho do que percorrer todo o c ap í tul o à procura do nome da obra referida . ..

1 I

I

49.

Cap1tulo I I ..p.e

BBAS

)uilire

as

eriaàes 1 e um grande dom1oio façul dades aepsi thras

da

mesma

católico "não tem obrigação de ser per fei­ todas existe a obr iqa cão de se es for­ e portanto para tender , c a da um progredir para ar � ,segundo sua própria can�ição, para a perfeição" ( Card . Franc is co ROBERT!.; Diccionario de T·e ólog1a Moral , Editorial Litúrgica Espanola , Barcelóna , perfección ) . 1 96 0 �o,

O

mas para

A este propós ito ens ina o Pe . Antonio ROYO MARIN O . P . com mais rigor : " são Tomás prova que a per fe i ção cons iste secundária e instrumentalmente nos conse lhos ( cfr . Cap . Il e 1 . A . b ) . Todos os cans e-. lhos - diz - ordenam- se , c omo os prece itos , à ca­ ridade , mas de maneira muito di st i n t a . Porque os preceitos s e ordenam a r emOv e r as coi s as contrá­ r ias à caridade em união com as quais ( a caridade ) não poderia existir , e os conselhos se l tm it am a

os obstáculos que impedem o exercício fá­ con­ trariem totalmente . Pelo que torna-se claro· que os conselhos não são essenciais para a perfeiçã� cristã , mas apenas instrumentos . excelentes para melhor alcançá- la . remover

cil

e expedito da caridade , mesmo que não a

freqüentemente magnifica doutrina , "Desta se deduzem qraves cons eqüênc i as tão esquecida , práticas , S()bretudo _em ordem à obrigatoriedade dà perfeição cristã para todos os cristãos . Porque é evidente · que , se a perfeição cons iste principal­ mente nos preceitos, e não está isento d�les abso-: lutamente' nenhum cristão , segue-se que todas qualquer . que . �ej a seu estado , e c:Ondiçio . ...;; eflti.G qbri gadós a a.Spi:rar ã perfei2ão . , Não ae ,trata; · ,. de UD1. con-selho , . mas de \llll . Pr:ecéito·, l�g-0,. >obriga a todos " ( A . ROYO MARIN OP , op . · cit . , P·�20.2 ) ·

·

•.

. .�


Capítulo I I

50 .

Para a aqui s i ção da �erfeiçãp específi ca é n e c e s s ar 1. a a ausência de -ª._nego· desordenado às � _§as c r i adas� ..::..A busc a da perfeição inclui o espirito de obediência , pois este é indispensável para a ver­ dadeira prática do amor a Deus , do amo r ao próximo e da humildade . *

*

S o b o ponto de vi sta da ex empl a ri d ade

A mais exc e l ente s e.melhan ça com Deus está no conj unto dos seres criados , e hierarquicamente dispostos , como manifes ta DIONÍ S IO AREOPAG ITA em s eu De C ae l e s t e H i erarchi a· ( Saint DENYS L ' AREOPA­ GITE , OEuvres , D a rboy - A . T r al i n editeur , . 1 93 2 , c ap . I , 2 e 3 , pp . 4 -6 ) . Esta hierarqu ia , que é l e­ gít ima e indispe nsável pela ordem natural , foi confirmada po r Nos so Senhor ( Jo . XIX , 1 1 ) . Há auto­

hierarCJ!!i a , enquanto principi o , de Jireita diyino . o amor à hi erarqui a � s e j a bas eada na ordem natural ·, sej a rias Es critura s , s � ria indiret amente o amor de De� , pois quem ama a ! imagem refleti da no espelho , ama aquel e qüe al i se refl ete .

res ser

( 1 2 ) que , bas eados nas Es crituras ,

a

s"u stentam

Daí decorre que a hierarquia humana é imagem de Deus _, que po de remeter possant emente as almas a Ele . Portant o , aquele que sê· submete à hierarq uia _

I t

Capitulo I I

indiretamente a Deus , e a Ele t r ib ut a submete-s e um louvor espe cial . A este t i tul o , o espirito de obedi ência e de dependência glori fica espe cialmen­ te a Deus .

amor genérico da hier arqui a , tributo d e Es se obediência e dependênc ia , está ao alcance de qua l­ que r fiel . Exprime de maneira brilhante e pormenor i z a da este amor à hierarquia o grande Arcebispo de Ot ta­ wa , O . Joseph-Thomas DUHAMEL , fundador , no. s éculo · XIX, da Arquiconfraria de Maria � Rai nha dos Cora­ que depois se estendeu pelo mundo . Di z el e : ções , " s abemos pe los Livros Santos que Deus s e compraz suas em f � z e r reinar a ordem e a harmoni a entre e que o mundo material é a figura dó mundo obras , espiritual , que a natureza é como uma sombra da ( Rom . I , 2 0 ; Hebr . XI , 3 1 ) . Or a , qual é nes t e graça mundo · a conduta d e Deus ? Se� dúvida E l e não tem . necess idade de nin gu ém parér· ·governá- lo ; . Ele pode­

ria , sem s e s ervir de caus as segundas · , produz ir diretamente todos o� e feitos , todos os f e nômen os da vida e do movimento que presenciamos . Entretan­ to sua sabedoria decidiu de outra maneira . E na ordem natural Ele pre fere subordinar suas obras umas às outras , contentanqo-s e em lhes conservar a ex ist ênc ia , em lhes dár seu auxilio , e em mantê­ - las em ordem e harmonia , ttmbre de todas sua s Com E7 Ste �? j etivo , Deus colocou a fraque z)t o br_a s . a'O ladO da força 1 a abundância aO lado da penúri a E , para melhor harm�ni zar as relações , E l e quis •

o fim fos se vantaj oso para ambos os termos . As s im , a frágil l iana s e fixa , adere ao tronco da árvore desprovida de folhas , mas a embeleza com s uas guirl andas perfumadas ; a abelha tira da flor s eu alimento , mas contribui , sabe-se , para sua fe­ cundação ; a criança se al imenta às expensas da

que

Nota 1 2 : A � M . HENRY OP , Obéiss ance commu ne et obé i s s ance rel iqieus e .. in Supplément de .Vie Spiri­ Suma tueile , PP • 2 5 0-2 5 1 ; · e s . TOAAS DE AQUINO , . 4 . 96 . ! , Teológica

51


C apítulo I I

52.

'

mas , em troca , seus . ósculos e car icias a fa­ zem rej ubilar . O rico faz viver o indigent e , mas os pobres lhe dão a al egria de torná- los fel izes . Para próprios as tros seguem esta grande lei . Os noites das não s e transviar no espaço , o astro prende-se à noss a terra como frágil barco ao na­ com ele a acompanha em sua viagem circul ar , vio , e l a s e aproxima do sol s em o risco de ser absorvi­ do . Mas em troca , quando o as t ro do dia nos recus a s ua luz , o da noite nos dá a sua .

+

mãe ,

l I l I

i•

I

" Es sa mesma lei que se encontra por toda par­ t e neste mundo , faz supor uma subordin ação análoga na ordem sobrenat ural . E a Es critura con f i rma esta h ipótese . E l a nos mo,s � �a por toda parte os anj os enc4rreq ados de próteger , guiar e esc larecer os Tob . XI I , 1 2 ; XXXI I , 2 6 ; XLVI I I , 1 6 7 (Gen . �ens sobre as bi­ , s reino os sobre Hebr . t , t2 ) , a velar , a apres en­ a grej I a l pe dade s ; a rez a r , a combater XXX I I I , 2 ) ) . . tar n9ss as prec e s ao Altíss imo ( Ex Sabemos também que ' os santos são . como os anj os no { Marc . XII ,. 25 ) , que eles atuam possantem ente céu • sobre . os desti'nos daqueles que es�ão ainda no ex1) lio (Me XV , . 1 2- 1 4 ) . { •

• • •

.

.

biex-arqui a .de JUediação , é fora .dúvida que Deus , o mais j usto e o mais sábio os· rEt!s , adapta o pode r de cada _aqente

. "E

t�s

de de

' su­

l � nobreza , · suas capacidades e seus ) Maria deve ��ftos ·. . { . •- • ) . . S� . ;isso é ass im ( ��r. o .P:riln�l�9·. Juqar . nesta . hierarqu ia de med.ia­ . �, �t tx-e Pastoral � , Ottawa , S a . çlt.l� air!�.•-, .,n>!�# - �PPr · 40 . a 42 l ·

Pál1:entô .·

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*

b ) Segundo a forma em que é atingida Um catól ico comum está obrigado a seguir os mandamentos da Lei de Deus . Es ses mandamentos fo­ ram confirmados por Nosso Senhor e constituem os preceitos evangél icos . Na medida em que o fiel , movido pelo amor de Deus , quei ra se identificar mais com Nos s o Senhor Jesus Cristo poderá aperfei­ çoar-s e gradualmente no cumprimento dos cons elhos evangél icos . E�ses conselhos não obri gam , mas in­ dicam o ideal da perfeição evangé lica , que foi o do Sal v ador . A prática dos conselhos ev·angélicos conduz , pois , à perfei ção evangélica . Os cónselh6s evangél icos em que está mais especificada a maté­ ria a que se referem são a obe.d iência , a cas tidade e a pobreza . Há entretanto outros menos espec ífi­ cos como a humildade , a dependência ou s ervi ço . Es tes úl timos , a maioria dos autores os cons idera corno cont idos nos três primeiros , mas também há quem os clas s i fique separad�énte . Um fiel movido pelo amor de Deus pode progre­ dir na prática deste ideal de perfeição , com a a j uda da graça , por meio de s impl es propós itos , de promes s as ou de votos , na medida em que s eus deve­ res de estado o permitam •

-nessa

'

I

53 .

Capitulo I I

'

Um fiel que faça um s impl es propós ito , s e o romper n�o comete nenhuma falta , a não ser , pe l a inconstância , diante d e s i mesmo ( Benedictus Hen­ r icus MERKELBACH OP , Summa Theologiae Moral i s , Desclée de Brouwer , 1 93 2 , T . I I , n . 70 6 ) . Aquel e que f az uma promess a a um homem , a um Santo , a um An j o ou à Virgem Maria , se a romper . comete falta �ave ou l ev � , s e gundo ele mesmo tenha del iberado quando f e z · a promes sa ( F . ROBERTI , op . cit . - prome$ s a ; B• H . MERKELBAC H , op . cit . , n . 7 0 6 ) . A ruptura , do voto { promes s a feita a Deus ) impl ica em pecado


! '

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11li ll

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a j us � i ça ( voto de obe d i ênc i a ) ,

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II

contra a virtude da religião tal pecado será grave ou l ey e s egundo a -mat é r i a do voto e a i nt e nç ã o de quem o f e z ; e impo rta a l ém d i s to em pe cado con t r a ( F.

ilJt

C a pí tul o

!

I

I

5 4.

�OBERT I ,

Daque l e

caso

que pronun c i a pr ivadamente os

aos cons elhos e v angél ic o s ,

pub l i c amente s eus votos ,

acha n o e s t a do ' ta do r e l ig i o s o . E s ta ção

confo rm e o

votos

di z - s e

que

à bus c a da per f e i ção evangé l i c a . Daque l e que

e s tá

p r onunc i a

l iga

o u cont ra a cas t i ­

de c a s t i dade ) , et c . , op . c i t . - voto ) e

é

d i z - s e que

se

j ur íd i c o d e pe r f e i ção ( 1 3 ) , o u e s -

a e s c ada ? S c en s iona l da v i rtud e

que

a vida comum de Um f i e l ao es tado de pe r f e i ­

evang é l i c a .

mov i do e st e

por

se

a

gal ga a t é o · ma i s a l to quem é

intenso amor de Deus .

obr i ga a s ançõe s

s erv em de e s t imulo para

não

e

P o r i s so

pe n it ê nc i a s

me smo

que

lhe

r e cuar nem se deter na

a s c ensão .

pr om e s s a s ou votos - não é , em pr incípio , a únic a o E ' pos s íveit a uma pes soa de grande amor de Deus e de e l ev-ad � virtude seguir todos os conselhos evangélicos , e a s s im ident ifi­ c ar- s e com o Espírito de Cristo , sem fazer promes­ s as ou votos . Ela estará também já na po s s e da perfeição evangél ica . Ta l

v i a - a d as

N o ta

13 :

s ão :

1 .2.

c ie dades

4.2.

2�

Os atua i s e s tados j ur i dicos de pe r f e i ção

Ordens e C ongre gações Re l i g io s a s ; d e Vi d a Cons agrada ; 5�

3�

So­

I n s ti tuto s S e cu­

V i r gens C o n s agradas . A e xp r e s s ão " es t a do re l i g i o s o " des igna e s pe c i a lmente l ar e s ;

E r emita s ;

a s O r dens e Congrega ções Re l i g i o s a s .

55.

Capítulo I I

Sobre a liberdade da qual procede a entrega rel igios a e sobre a nobreza de tal ato exprime- s e c om propriedade DOM OLIVI ER ROUSSEAU : " Não

é s enão pela livre escolha que o rel i­ dar- s e por i nteiro ( ). � mesmo como de um ofici al que na gue rra , pr o c u r a um bravo para fazer saltar ponte . A empresa é perigos a , qua s e fatal . o uma oficial não a impõe a ninguém , e l e pe de um vo l un ­ tário . Muitos hes itam; um lembra-s e da esposa , um o utr o de seus pais , filhos , um quarto s e sente s impl esmente tomado pelo medo , um outro ainda não tem vontade . Aparece enfim aquel e que dá tudo , e que ' compreende ' que este sacrif lcio é maior que todo o resto ; e l e ergue a mão e diz ' Eu ' . Ato de e l ib e rdade soberana , po�que feito com s ob rano - de­ s apego . ( ) E l es . são ' maiores ' na s ua hum a nid a­ de , po rque · ma i s ' livres ' em definitivo" ( O livier ROUS S EAU OSB , Monachisme et Vie Rel igieus e , Cheve­ . 1 9 5 7 , p . 1 9 , in P . Claude J. NESMY , Saint togne , . Beno1t et la Vie Religieuse , Editions du Seui l , 1 95 9 , nota 1 1 , pp . 6 7 e 1 6 1 ) . ou o monge reso lve aqui , em subs tância o

gioso

*

Cabe ainda neste item des fazer a idéia errada de que a profissão dos votos é privativa do s reli­ giosos . De fato , qualquer leigo pode fazê- l a . Qualquer pessoa que tenha chegado ao uso da razão pode fazer votos , s egundo as leis da I gre j a , aqui comentadas por dois conhec idos canonistas contemporâneos : "A

-

nao

ser nos casos proibidos pelo D ireito , t o dos os que gozam do uso conveniente da ra zão são c apa z e s de voto . O uso conveniente da razão requer


56 .

Ii I

l . t

* "( ) alcançado o uso da razão requerido para o pecado mortal , qualquer homem , em matéria apta , tem a von tade l ivre e e ficaz para fazer vo­ to 1 a qual ( ) não é impedida por nenhum direi tO ) O Úni co impedi­ divino positivo ou natural . ( mento em um homem j á capa z ( ) pode provir da proibição do supe rior competente . Como o superior neste as sunto , para os fié i s , é apenas a Igre j a , s egue-se naturalmente : qhe todos' os fiéis · que gozam do suficiente uso da razão são capazes de voto , a não ser que s e j am impedidos al iunde pe l a I gre j a " ( P . Franciscus WERNZ S • J . e P . Petrus VIDAL S . J . , Jus C anonicum , t . IV , De rebus , n� S47 , Aedes Un i­ vers itatis Gregorianae , Roma , 1 93 3 ) . •

.

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Fundamento do conse lho da obediência

Postos estes princípios gerais , cumpre foca­ l izar �gora o cons e lho da obediência e , por exten­ são , o da dependência . A bas e do conse lho evangél ico da obedi ênc ia e s tá - no trecho de são Mateus : " Se alguém que r vir após Mim , negue- s e a si mesrno 1 tome a sua cruz e s iga-me " ( Mt . XVI , 2 4 ) . Em tal texto , que dá o fundamento do conse­ lho , "o negar- s e a s i mesmo" , é expl icado por três outras pas sagens que esclarecem o modo de realizar tal negação .

o

*

"Jesus Cristo aniqui lou- s e a s i mesmo , to­ mando a forma de e � cravo" ( Fi l ip . I I , 7 ) .

t,

*

são as segui ntes as citações que expl icam ' texto do cons elho evangél ico j á referido :

57 .

Antes porém de citá- las convém notar que a I grej a propõe tal texto como exemplo pa ra os f iéis , não só nas suas relações diretas com Deus , mas também - como ·f icar á claro ao longo deste tra­ balho - nas relações com o próximo .

naque le que emite o voto ao menos o conhecimento de Deus e da coisa .ou ação prometida pe lo voto , ou s e j a , requer ao ménos aque l� del iberação que é ne­ ces sária para que um pecad � s e j a mort a l " ( P . Mat­ thaeus Conte a CORONATA OFM Cap . , Institutiones Iuris C anoni c i , V . I í . 89 1 , Domus Editorialis Ma­ rietti , 1 94 8 ) .

l

:

Capítulo I I

Capítulo I I

*

" Humilhou- s e a s i mesmo , fazendo- s e obe­ ( Fi l ip . até a morte , e morte de Cruz "

diente II,8 ) .

'* "Eu não vim para fazer a Mi-nha vontad e , mas a de Meu Pai que me enviou" ( Jo . VI , 3 8 ) .

\ '

O cons elho evangél ico da ob�diência indic a o fundo do as semel h ar-se a Jesus Cristo : negar-s e a s i mesmo ; e o modo de real izá- lo : tornando- s e obe ­ diente a um superior até à mor te da pr ópri a .vonta� de ( 1 4 ) , ou , humilhando-s e a si, mesmo até tomar·, para imitar Cristo , a forma de • es cravo" . Tal ainda

em

ideal de servidão e humildade se outras pa s s a gens das · Escrituras :

apo i a

Nota 1 4 : Neste sentido CORNtLIO A LAPI DE SJ , c ita S ão João C l lmaco , S cala Gradu , 4 : "A obe diênci a é a perfeita abnegação da própria alma e corpo , a morte voluntári a , a vida s em solic itude , a navega­ ção sem dano , a s epultura da vontade " ( C . A LAPI ­ DE , Commentari a in Scripturam Sanctam , E d . Vives , Paris , 1 87 6 , Prov . XV ) .

_


58 .

Capítulo I I

Nosso Senhor , dirigindo- s e aos Apóstolos , e a s s tm ens inando todos os católi cos , diz :

* "Quem quis er ser entre vós o primeiro , s e­ j a vosso servo ; as s im como o Filho do homem não veio para ser serv ido , mas para servir e dar a sua vida para a Redenção de muitos " ( Mt . XX , 2 7- 2 8 e também . Mc . X , 4 5 } .

I

l

quanto maior é aquilo que se despreza para s e un ir a Deus . Há , porém , três gêneros de bens que o ho­ mem pode despr ezar por caus a de Deus : o menor gê­ nero é formado pe los bens exteriores ; o interme­ diário pe los bens do corpo ; o supremo pe los bens da alma , dos quais a vontade é o principal , porque pe la vontade o homem usa de todos os outros bens . E , por isso , em si , a virtude da obedi ência é mai s louvável do que a s outras virtudes morais porque , por causa de Deus , despreza a própria vontade , e as outras , por caus a de Deus , desprezam a l guns ou­ { S . TOMAS DE AQUINO ; Suma Teológi ca , tros bens " I I - I I , q . 1 0 4 , a . 3 , São Paul o , 1 9 5 7 ) .

J

"Vós me chamais Mes tre e Senhor , e diz e i s bem , po rque o sou . Se eu , pois , sendo vos so Senhor e Mestre , vos l avei os pés , deveis lavar-vos os pés uns aos outros " ( Jo . XI I I , 1 3 - 1 4 ) .

*

*

s ão Paul o também ens ina com seu exemplo : "Porque sendo l ivre para com todos , f i z -me servo ( 1 Cor de todos I para ganhar um maior número " IX, 19 ) .

E o famoso comentarista da Sagrada Es c ritura Pe . coRNtLIO A LAPI DE SJ vai , de algum modo , a l ém de são Tomás , comparando a virtude da obediên c ia com a car idade : " A obediência vence e supera as ) pois , embora a caridade , em demais virtudes { s i , s e j a a maior das virtu_çiés , e por isto ma ior que a obedi ência , contudo aquele que é perpetua­ mente obediente tem um nexo , uma firmeza e um es· tado de virtude que não tem aquel e que pratica a caridade por sua vontade : pois o obediente � faz escrava de uma vontade ,alheia" ( Cornélia A LAPIDE SJ , Commentaria in Scripturam Sacram , Pari s , 1 8 76 , in Prov . XXI , 28 )�Nota : Os grifos são des te traba­ lho ) .

e

As s im , o ideal da perfei ção evangélica , no que toca à obediência , é uma completa alienação da própri a vontade a um superior , para a imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo e para o . s ervi ço do pró­ x imo . E esse ideal , como se viu , pbde ser atingido por um s impl es leigo ou por um rel � gioso , mediante promes s as e votos , ou não . Rea l iz�r tal ideal , ou t entar reali z á- lo , _ · é a l tiss i:m amente louvável E! re­ c omendável para quem o po s s a f azer . Quem não o pos s a , deve s e contentar com as condi ç5es nobr�s � por ém não tão el evadas , da vida corrente .

S obre a exce l ência da virtude da obediênc ia ens ina s�o TOMÁS , comparando- a com as outras vir­ tudes : " Entre as virtudes morais , uma é tanto ma i o r

*

* * Virtude da obediênc ia : excelência

59 .

Capítulo I I

1

I

I

Ficou , po rtanto , visto no que a perfei ção evangél ica se diferencia da vida corrente , no que a obediência part ic ipa da perfeição evangél ic a , e qual a exce lênc ia daque l a . *


60 . B.

Capitulo I I O que é 4 obedi ência enquanto e l emento de pe� eição

A obediência enquanto elemento de perf e i ção .evangélica é , po i s , o ato de vit:t.ude pelo qual o r e ligioso , ou 6 f i e l , voluntariamente . as sume o c ompromisso de obedecer a um sups�ior med iante vo­ to . Vej a- s e aqui como a doUtrina católica sobre o a ssunto é enuqciada em uma feliz s íntes e , pelo P e . JEAN BEYER SJ , Professor de Teologia Moral e Di­ reito Canônico na Faculd� de de Teologia da C ompa­ nhia de Jesus , em Louvain : "A obediênc ia a Deus s e real iza também n a obediência aos homens , aos re­ presentantes de Deus ;· -�' coloca novas exi gências : perfei ção de execução pela união de intel igênc ias e de corações .

" O homem que s e coloca sob a dependência de superior legítimo pode muito bem executar o t rabalho que· s e lhe incumbiu de fazer , e real izar a vontade daquel e que sobre ele exerce o mando , s em contudo s e unir às intenções e· às vistas deste último . Também a asces e cristã dis h inguiu uma obe­ d iência de execução que não seria � enão a real iza­ ção material , meSlllo impecável , de uma ordem dada . E j � é muito de s e atingir este ponto . um

"Mas ela ( a asces e cristã ) entreviu uma união mais íntima com o s uperior , uma comunhão de almas e uma conformidade de vistas , que tornam a obed iência perfeita em s eus atas . " Ela confere a todo ato humano s eu pleno v·a�, lar de real ização consciente e d � s e j ada pe l a v o n ­ t ade do superior que guia nos s a '\Tida em n o m e ·:i t: D eus o

1

I

Capitulo I I

61.

" Querer o que quer o superior , é dar- se pl e­ namente ao trabalho que este tmpõe , à obra que é neces s ário cumprir , s em opor a menor res istênc ia . nem a menor tardança na execução . I s:to s upõe a prontidão da vontade é o ' élan ' do cora ção .

"Há uma obediência mais perfei ta ainda , aque­

la do espirito , a obediência de j uízo : . agir em fazer plena comunhão de vistas com o superior , suas as maneiras de ver do supe r ior , aceitar s eus motivos , se e l es nos forem conhecidos ou cognosc 1veis , es forçar- se por entrar em suas i ntenções , j ul gar uma s ituação como éle o faz , apreciar os homens e as coisas como ele o faz " ( J e an BEYER SJ , Les I ns tituts S éculi ers , Desclé� de Brouwer , 1 954 , pp . 1 1 G- 1 1 7 ) .

Depois de discutir sob o ponto de vista filo-· s óf ico , teológico e moral s e tal obediência é l e­ gítima , o autor conclui : " Se , portanto , o obj eto formal da obediência · é precis·ámente a submissão do homem a um superior s�ente em razão de sua auto­ r id.ade legitima , o j ulgamento na< ordem prática não ��:· s e . fará s obre o valor intr1nseco do ato a Cumprir pela obediência , mas princi�nte sobre o valor v irtuoso do ato , sobre a homenagem a prestar à au­ toridade livremente recoilhecida , e sobre o mérito dess e . ato de obediência que nos permite , pela in­ tervenção do superior , \mirmo-nos à von�ade de D eus " ( Idem , p . 1 1 8 ) . E s s e pensamento é cqrrente na I qre j a , e ca­ racteri za a obediência pe � f eit a . Em conf i rma ção do que foi dito , vej a- s e o �nsinamento de santo IN�� muito CIO DE LOYOIA;. "Também d� e j o que se fixe da grau em voss as almas s er muitO paixo .o. pr ime i ro �heãiêRci a , que consiste · Iia execuc. ão do · aue . é . man,.. �do, e que não merece o nbme ( de obediência ) , por


1 .!

62 .

Cap1tulo I I

atinqir o valor desta virtud e , se não se sobe -­ SP�Jndo grau, qQQ CºD9 1 Ste em fazer SUa a VOntade do superior De mane ira que . nãô s omente � 1..a execução no e feito , mas conformidade no afenão

AO

:

mesmo to com não querer . Por isso di z . a Es critura que : ue bediencia do o s s acrifícios ' ( 1 Re . XV , 2 2 ) , porque segundo �S ão GREGÓRIO : ' Po r outros sacri fícios mata- se car­ ne alheia , mas pe l a obedi ênc ia sacr i fica-se a von­ t ade própria ' ( Morales i c . 1 4 , n . 28 , PL LXXVI , 7� 5 ) • ( • • • ) " De maneira que , concluo , "ª-- este s e gundo grau de obediência, que é ( al ém da execu ção) fazer sua � vontade do superior , , i s to é , despoj ar- s e d a sua e ves tir- s e da divina por ele interpretada, é ne­ cess ário gue suba aquel e que à virtude da obedi�n­ cia queira subir . "Mas quem pretenda fazer inteira e perfeita abl a ç ão de si mesmo , ademai s da vontade é mister que o f er e ça o entendimento ( que é outro grau , e s upremo , de obediência ) , não somente tendo um mes ­ m o querer , mas tendo um m esmo s entir com o supe­ rior, suj eitando o próprio j uí zo l ao seu , na medi­ da em - que a devota vontade pode incl inar o enten­ dimento .

63 .

Capitulo I I

certo , po i s , que a obediência é um holo­ "E' causto , no qual o homem todo , sem dividir nada de � i , s e oferece no fogo da caridade a se u C r iador e Senhor pe la mão de seus ministros ; e pois é uma resignação inteira de s i mesmo , pela qual se des­ po j a de tudo , para ser possu1do e governado pe la Divina Providênc ia , por meio do Superior ( .- • . ) " DE LOYOLA , Obras C ompl eta s , BAC , ( S . IGNAC IO

1 95 2 ,

PP •

8 3 6- 8 3 8 ) .

*

Poder- se- iam multipl icar as citações . De mo­ o que foi exposto parece sufi ciente pa ra mento , expl icar qua l é a pe rf e i ção da obediência . *

*

2 . A dependência : perfeição temporal por influência da . perfeição espiritual

Depois da morte de Nos so Senhor Jesus Cristo , o mundo começou a ser irrigado pelas virtudes sua­ ves da g_enero�ade e do pgidão d1 fundidas pela Santa Igrej a . Virtudes que eram difundida s ao mes­ mo tem..po em que a I grej a ensinava as v irtude.s aus­ teras , como a j ustiça , pela qual o homem é obriga­ do ao cumprimento , .mesmo .. árduo , de todos oa devee cuj a Última expressão é , · não só o prêmio . res , celes te , maà também· .a. condenação ao Inferno . A do pregação s imultânea de umas e outras io da us t i a ·

"Poi s , ainda que este não tenha a l iberdade que tem a vontade , e naturalmente dá seu· , consen­ t imento àquilo que se lhe apres enta como verdadei­ ro , todavia ; em muitas coisas em que não lhe força a evidência da verdade conhec ida , pode ; com a von­ t ade , incl inar-se mais a uma parte do que ' a outra , e nes tas todo o obediente verdadeiro l deve incl i­ n ar-s e a sentir o que s eu superior sente .

i

A difus·ão dess e eguilthr1 o de esptri t-e- foi um fa�or capi�al para que , pouco a pouco fosse nas­ cendo • um tipo de relacionamento humano s istemati­ camente inspirado na Fé e no exemplo de C risto . �


64 .

Capitulo I I

J

Capitulo II

s uperi ore s

65 .

pendênc ia e do s erviço , que iria modelar as clas­ s es mais al tas para a idéia da v� ss a l a gem ( 1 6 ) . Liberdade e dependência iam ass im do em toda a sociedade , de maneira que to até para o primeiro dos nobres não vas salo de algum monarca , e era normal mo dos servos , em algum sentido foss e nhor ( 1 7 ) .

mor ·s a maridos , como ao' Senhor ( ) " ( Ef . V , 2 1 ) . lhos ) obedecei a vos sos pai s no Senhor , porque is­ to é j usto ( ) . Servos , obedecei a vossos s enho. 1 res tempera i s com reverenc ia e solicitu de , na s in� . c eridade do _ vosso coração , como a Cristo" ( Ef . VI , 1 -5 ) •

• '

"

se permean­ era insóli­ ser t�ém que o Últi­ t ambém s e ­

Estava-se diante do regime da dependência .

·-

"Via- s e , em muitos casos , o mesmo ho�em fa­ zer- s e simultaneamente o dependente de um mai s forte e o proteto r dos mais humildes . Ass im , come-

rl.s s im , foi-se estabel ecendo no geral da so­ c iedade ocidental , a� � ar do desmoronam ento do Im­ p ério Romano e da invasão dos bárbaros , um respei ­ t o mútuo que propiciar ia o nascimento de uma sa-

� ªº mesmo tempo j_�'_§:ta 'i muito impr egnada d&-. l>ond·ade....: .!.,.iustica à â f i rmava hierárqui ca e sole­

a bortdade ·a fazia ·acess ivel e pratetora . Na.s.­ ----..�L.:._ �.� · vinculo proteção- serviço , que consti u a d­ mirável conexãd e a liança as• versas cl as s é§.._SCtt .-.···C"iai s • Por ação da :Iqre j a , e com<b um roc: io benfa� _ zej o , 'uma influência baixava · continuamente dos ,píncaros do, pode r · que conduzia à libertação dos inais humildes ( 1 S ) . E · ao mesmo tempo , também pela ação da Iqrej a , se evolava do âmago das · clas s es mais modestas , como Ulli bom perfume , o ideal da de.

·

·

Nota 1 6 : A palavra " vas s alo" s ignif icava homem l i­ ;;;- dependente , s itua ção j á bem menos onerosa do · que a de escravo , e que abriria caminho para a li­ bertação total . ( cfr . E�nest LAVI SSE e Alfred RAM­ BAUD , Histoire Génerale � IVe . Sfecle .!, nQUS· Jours , T . I , Armand-colin , Pari s , P• 1 4 9 .) •

Nota 1 7 : Na época em que a escravidão deixou defi,.. nitivamente de ex is t i r na Europa , por volta do ano 1000 , era normal que o. mais simpl�s servo , · ainda l igado à gleba do senhp� , já tive ss e alguns pod� res - sobre os filhos , sobre os frutos do trabalho , etc � " D epois do ano mil na ' França JDe4ievái ( �) não se · conheceu a' servidão à mane'ira antiga , que rebaix ava os homens à condição . de anima�s .. ( Georqes OUBY , Histoire d·e l(l Civ!l'ization FrcJtl.� çai s e , t.radução castelhana . : &> FUndo · <J.e: CUltur• E con6mica , México , 195.8 1 P• 42} . ·

� 1.5 :

..

Adi ant e , no Cap . I I I , · s e tratará pormeno­ rizadamente deste · ponto .•

.

-


66 .

C apitulo

II

C ap i tul o I I

çou a s e cons tru i r um vasto s i stema de re l açõe s pessoa is , cuj os f ios entrec ruzados corriam de um a ndar a outro do edif ício soc ial " ( Marc BLOC H , La Sociét é Féoda l e , Ed . Alb i n Miche l , Pari s , t .� 1 9.7 O , 2 a I I c a p 1 , p 2 1 3 ) •

y a s í pagá a sus vas s alos que en la lucha le han s egui do . Lo mismo a los caball eros que a los peones , hizo ricos ; y a no queda ni uno pobre de cuantos le hacen servici� . Aque l que � buen s enor s i rve , s 1. emJZre � � para1.so " ( I dem , p . 9 5 ) .

C omenta ainda � cél ebre histor iador Ma rc BLOCH , tratand o da dependê nc i a : " Se r ' homem ' de um outro homem - no vocabul ário feudal , não hav ia expres são mais corren te do que esta , n em de um s enti do mai s pl eno . Comum ao linguaj ar romano e germâni co , ela servia então para expr imi r a dependência pessoal em si mesma , qualque r que fos s e a . nature za j ur ídica precisa �o vínculo , e s em que se p rende s s e na distinção de c l as se . O conde era ' ho­ mem ' do rei , como o s e rvo o era de seu senhor al­ deão" ( M . BLOC H , op . cit . , p . 2 0 9 ) �

*

"Dí j ol es a todos cómo ha pensado tras nochar � todos , buenos vas sa i os , lo aceptan de volunt ad , pues lo � manda � s enor dispuest os � hacer están . ( ANONIMO , Poema de · Mio C id , Aguil ar , · Madrid , 1 969 , . p . 63 ) " Mío Cid Rodrigo DÍaz - · · a Alcocer t iene vendido ;

iii

* " Oídme , mis cabal l eros , -

este aqui no ha de quedar ; s i hoy ha s ido dia bueno , manana mej or s er á ; c erca del aman ecer armados todos estad , e l obispo don Jerónimo la absoluc ión nos dará y después de o1r su mis a , dispuestos a cabalga� J a atacarlos nos iremos , de otro modo no será , en el nombre de Santiago y del Senor celestial . Más val e que los venzamos que e l los nos coj an e l pan . E ntonces dij eron todos : ' C on � � voluntad ' " ( I dem , P • 1 6 3 ) .

A l ém da harmoni a social no trato senhor- vas­ s alo , . esta ordem de coisas comport ava uma real a l e gria na dedicaç ão per parte do inferio r . são expres sões carac.t erí�tic as disto certas pas sagens dos " Cantare s de Mio Cid" e i ' da "Chanso n de Roland " , os mai s c é l ebres peemas �picos mediev ais . *

67 .

Ro land , o bravo par de Carlos Magno , por sua vez as s im se dispõe para a batalha : *

"Pour son seiqneur . on doit sotif frir gr an ds maux , et endurer les qrands froids , les· grands cháuds ,


68 .

C apitulo I I

qui l ' aura· pourra dire qu ' el le était à un noble vas sal " ( • • • ) ( TUROLDUS , La C hanson d e Roland , i n Poetes et Romancie� du Moyen-xge , · Pl éiade , Pari s ,

1 9 5 2 . p . 49 ) .

t

·

est l ' arciJ.�vêque Turpin . I l pique son cheval . et qravit une lande ; il appelle · les--f rançais et leur fait un sermon : • se fcjneurs bar�ns , Charles � a postés ic i ; . eoitr nQtre roi . nous devons bien mouri r ' " l idém ) .

"

� .

vaus

_,

Se � morro � , � se possa dizeJ: I � . e l a era de um nobre vassalo"

paien, en .avez menti l

(J4ell , _p . 53 )

'�ta t8 :

( 18 ) .

"Pelo �u�u senhor s e devem sofrer qran­ _-ae:s . males I suport�r os grandes frios I os grandes *

-��ores / e perder · · aan.gue e · carne . -Golpeia com tua ' lança e eu com Durendal nha boa espada que o rei me deu . ( cont . ) _

A dependênc i a voluntãr.ta de horr.em a homem .s e apresentava mui to mais como um fruto dos ens ina­ mentos da I grej a do que da propensão de raças ou

:.�c-ltar.l-:, · àon selpeur ,. . .:, : � eE-ot!<Je tOujours " -

"O prime iro dever do bom vas salo é , natural­ mente , de s aber morrer por seu chefe , de espada em punho : f im digno de invej a entre todo s , porque é o de um mártir , e este ato lhe abre o Paralso . Quem f ala assim? Os poetas ? Sem dúvida . Ma s também a I grej a . Um caval eiro , sob ameaça , matou seu se­ nhor : ' Deverias te r aceito a morte por ele ' declara um . bispo , em nome do Conc1l io de Limoges , em 1 03 1 - ; ' tua fi delidade teria feito de ti um mártir de Deus " ( M . BLOC H , op . cit . , p . 3 26 ) .

"( • • •) a l inguagem usual acabará por denomi­ nar correntemente ' vas salagem ' a mais bel a das virtudes que uma soc iedade perpetuamente em armas pode reconhecer , isto é , a bravura " ( M . BLOC H , op . 23 1 ) • C i"t 1 P

" D ' autre part

�!lain

69 .

Não só as poes ia-s atestam essa harmonia , mas também o historiador contemporâneo :

et on doit perdr e du sang et de la cha i r . Frappe de ta lance et moi de Durendal , ma bonne épée que le roi me donna . S i J!:. meurs ici , ·

*'

Cap1tulo I I

·

.

I

mi ­

* "De outra parte está o arçebispo Turpin I e l e esporeia seu cavalo e sobe uma el evação . Chama os franceses e lhes faz um s ermão : S enhores barões , Carlos nos colocou � 1 I P o r --nosso -rei -nós devemos -bem ---�rer"- . *

"Vi l pagão , tu mentiste ! C a rlos , � S enhor , � proteq� sempr e " . ( Os gri fos são des te trabalho ) .


70.

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C apítul o I I

das necess idades concretas . "Não cai amos - diz BLOC H - no erro de procurar na vas salagem e, mais genericamente , na s institui ções feudais , uma f i ­ l ia ção étnica parti cular , i s to é , d e n o s encerrar­ mos uma vez mais no famoso dilema : Roma ou ' as f lorestas da Germânia ' " ( M . BLOC H , op . c it . , p . 2 1 3 } . De fato , era a grande colhe ita social que a I grej a fazia , depo i s de s emear durante séculos o conselho evangél ico da obediência e o espírito de dependência que é correlato a este cons e lho . C onfirma esta idéia o parecer de Auguste DU­ que escreve na documentada Histoire de l ' tgli s e d e FLICHE-MARTI N :

MAS

--

---

"Nesta sociedade ' ( sociedade medieval p6s- ca­ rolíngea ) , onde a autoridade tinha se fragmentado , o s reis não eram os únicos a receber os j uramentos Os grandes em todos os nívei s da de f idel idade .

s oc iedade tinham vas s alos que lhes prestavam fé e homenagem . O feuda l ismo era o fundamento das re l a­ ções sociais . O vas s alo , tornando- se homem de s eu dava-s e a ele sem nenhuma restri ção , por­ s enho r , que e l e se obrigava ao servi ço do senhor de a lma i nteira . Este compromis so , as s � ido para fazer g bem a encargo do s enhor , s6 podia agradar a um s anto bispo com<? Fulbert de Chartres . Consul tad·o · em 1 0 2 0 pelo duque de Guyenne , Guilherme o Grande , respondeu- lhe por carta , na qual des envolvia mag­ n ific�ente a teoria das rel a ções feudais , ne la c olocando o acento cristão : " ' Aquel e

quer dizer que ele não deve causar dano à s e gur an ­ ça dos esconderi j os nem das praças fortes de s eu s enhor ; honestum , que ele não sej a noc ivo -à j us t i­ ça de s eu senhor , ou outras causas que tocam a honra deste ; uti l e , que não lhe cause perdas nos bens ; f a c i l e vel pos s ib i l e que não torne di f ícil o bem que s eu s enhor poderia facilmente faze r , que não torne impo s s ível o que lhe seria poss íve l . Contudo não é suf i ciente abster-se do mal , s e não se faz o que é bom. Por f im , quanto aos s e i s pon­ tos precedentes , que preste fielmente a se� senhor aj uda e conse lho , se quer ser digno das mercês deste e conservar i nta c t a a fidel idade que j urou . O s enhor, por sua vez , deve , em todas as cois a s , ter rec iprocidade para com s eu fiel súdito ; s e ele

não a tem , s e rá a justo título considerado como Da mesma maneira , o fiel que falte às des l ea l . será suas obri gaçõe s , por ação ou determinação , chamado pérfido o u per j uro ' ( FULBERT D E C HARTRES , Epist . PL CXLI , 22 9 ) .

um c r i s tão ,· que tinha ponderação nos pensamentos e " Be l a

anál i s e das relações feudais feita por

nos atos ! Ela teve suces s o ; poi s a carta de Ful­ b ert de Chartres deveri a mai s tarde s e r ins erida

nas coleções j urídicas para s ervir de gui a aos es­ tudiosos . P e l a pena des s e santo bispo a -I grej a da­ va um ideal à sociedade medieva l " ( Auguste DUMAS , La direction morale de la société laigue , in His­ t oi re de �li s e · deEuis les origines . j usqu ' à � j ours , FLIC HE-MARTIN , t . VI I , Ed . B loud et Gay ,

1 94 0 , p . 48 5 ) .

que

j ura f idel idade a s eu senhor , pal avras : incolume , tutum , honestum , ut i l e , facile ,, pos s ibi­ le ( sa lvação , s egurança , honestidade , ut il idade , f acil idade e po s s ib i l i d ade ) I ncolume , pois ele não deve pre j udicar a pes soa de seu senhor ; tutum , deve

71.

Cap ítulo I I

s empre ter no . espí rito estas seis

A I gre j a não s6 estimulou os vínculos de de­ pendência como os protegeu contra abus o s , quer procedes s em das classes altas ( cfr . Cap . IV ) quer viessem das c l a s s es mai s baixa� .


C apitulo I I

Capitulo I I

72 .

Ao correr dos séculos a I gre j a foi destil ando pela ação da graça , pelo Magistério Hierárquico , pel a pregação e pelo exemplo dos Santos e dos Dou­ tores , uma doutrina sobre a obediência que buscava cada vez mais a perfeição . E por isso hoj e pode- se com facil idade admirar o contributo de cada era histórica para levar mais longe o conhecimento e a da perfeição evangélica . Tal esforço é , prática por sua vez , um preito da obediência ao mandato de Jesus Cristo : " Sêde perfeitos como vosso Pai ce­ leste é perfeito" ( Mt . V , 48 ) . Ness e continuo pro­ gresso nas vias da perfeição , apesar das crises e das catástrofes que nunca faltaram em sua His tó­ ria , a I grej a nos dá uma idéia geral dos motivos que a levam a pregar a obediência radical 1 e da ampl itude que a prática da virtude da obediênc ia deve ter .

Exemplo frisante da contenção deste último tipo de abusos é Q decreto do Concilio Grangens e , cuj os principios Cornélia a Lápide apl icava com acerto aos camponeses alemães que , insuflados por Lutero , se revoltaram contra seus senhores . E ' o seguinte o texto daquel e Concílio do sé­ culo IV da I gre j a , cânon 3 : "Se alguém ,· sob pre­ texto de culto divino ou algum pretexto de Rel i­ gião , ensinar o servo a desprezar o S enhor e afas­ tar-s e da servidão , e a não s e rvir aos s eus senho­ r es com boa vontade e com toda honra , s e j a. anáte­ ma" ( C . A LAPIDE , op . cit . , Ef . VI , 5 ) . Do s éculo VI até o f im do século XVI I I a de­ pendência superior- i:n ;,e rior na sociedade temporal foi um ideal , um apanágio de honra e de glória porque era baseado na Fé e no exemplo de Nosso Se­ nhor Jesus Cristo . *

*

*

_: ;

e stado religioso

Acima viu- s e que a obediênc i a sob o ponto de vista mor� l é 6 mai s importante d6 s três conselhos evangélicos principais que conduzem a perfeição .

Agora s e verá que a obediência em relação ao s�perior , e portanto a dependência dentro do esta­ do . . religioso , tende a ser total , na · mé dida em . que tenda a s er perfeita . *

A . Motivos que levam à obediê�cia

a ) Pela obediência se repara a desobediência de Adão

3 . A dependênqia total como ideal do

seguida viu-s e também que o inferior deve Em pr�star ao · superior uma obediência pe rfeita no agir � no querer , no pensar e no s entir .

73 .

t.

Dentre os estímulos para a prática da obe­ diência ao superior está um motivo de origem . Adão , antes de ter pecado , e stava suj eito à obe­ diência . Foi · a ruptura do preceito dado por Deus que constituiu a queda � O homem originário estava , pois , suj eito à obediência , virtude que existiri a , mesmo que os homens não estives sem neste val e de l ágrimas . O liame de dependência e de obediência nãq só é uma característica do estado original de inocência , mas aj uda o homem a recuperá- lo , can auxilio da graça . "Ec

Confirmando esta doutrina diz São BERNARDO : necessário saber que a virtude da obediência


74 .

C ap í tulo I I

t em

s empr e sua s e de nas almas inocent e s ; o S enho r o a f i rma : ' As minhas ov e l h a s ouvem a minha voz , eu as conh e ço e el a s me s eguem ' ( Jo . X , 3- 4 ) . Por consequenc ia , o homem não d�ce a seu e d.en tor , e aque l e 'P'e não obe�

mesmo

nao pode ser �nocente" · f.S . BERNARD , , OEuvres de ....... . Saint · Bernard , Victor Pa lmé , Librairie -tditeur , 1 87 0 , t . v, p . 1 79 ) . ·

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GRAC I ANO em s eu c é l ebre D e c r eto c i ta GREGó R I O MAGNO : " Nem n o Paraíso e x i s t i a uma á rvore má , que Deus proibiu para que não caus a s s e

são

Também

m a l a o home.m , mas para que o homeJ;ll convenientemen­ t e criado melhor c r e s c e sse pe l o mérito da obedi�n­ c ia . Seria bom que também a e l e D�us proibisse al­ go bom , visto que isso que : e l e f a r i a , s eria virtu­ de de modo tão mai s verdadeiro, quanto omitindo a l ­ go bom , ele s e apresentaria com : mai s . hum i l dade , como súd ito ante· seu Criador" ( GRAC IANO , D e cretum Graçiani , Pars Secunda , Causa XI , Quaest . I I I ; M I GNE , Garnier , Paris , 1 8 9 1 , p . 8 7 6 ) .

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obedi ê n c i a s e imita a pe r f e ição de C r i s to e s e a t ende aos s eus ens i namentos

Outra possante ra�ão que e s t imul a à obediência é o f ato de , por meio dela ,

gioso poder viver como Cris to : " nio vim pa ra f a­ zer a minha vontade , mas a de Meu Pai que me en­ v. iou " { Jo . VI , . 38 ) . E de poder atender aos ens ina• de Cristo , como foi m e n te s , preceitos e conselhos visto acima .

c ) Pela obedi�ncia o supe rior serve de mediador entre Cristo e o súdito r e l i g i o s o que vê Cristo n� seu superior re­ a Cristo por intermédio d�l e . são freqü entes expre s s ivos os exemplos : o

c ebe

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A LAPIDE , comentando a passagem : " E ( Jesus ) com eles ( seus pais ) e - veio para Nazaré , · e lhes era submisso" , aproxima tal subm i s são da obe­ d i ência religiosa . E dá as razões de tal suj e i ção : " A razão a priori , a pr im e i r a é que � obedece � . superior , obedece _! Deu á : pois � s uperior é ·2. vigário . de Deus , segundo aquela palavra de Cristq : ' Quem vos ouve a Mim ouve ; e quem vos despreza · a Mim despreza ' ( Lc . X ) . De onde São BERNARDO , em De Praecepto e t Dispens . diz : ' Devemos ouvir aqueles ) Port anto ; quando · que temos � lugar de � • ( des ceu

p r át i c a o

reli-

j ul gue que � superior ordena algo , o obediente como a D eus lho ordena .!:: obedeça alegremente , Deus " ( C . A LAPIDE , op . cit . , Lc . I I , 5 1 ) . *

*

75 .

*

O

mesmo são BERNARDO , c itando São GREGÓRIO MAGNO , toca no tema da obediênci a no Paraíso : "A obediênci a é a única virtude que introduz todas as outras em noss a a lma , e que , depois de as ter in­ t roduzido , aí as conserva . E ' por isso que o pri­ meiro homem re cebeu um mandamento a obs ervar , gra­ ças ao qual ( ) ele . poderia , sem es forço , ga� nhar uma eter na beatitude" ( S . BERNARD , op . c it . , p . 1 78 ) .

Capítulo I I

são BENTO , Patriarca , dos monges do Ociden­ te , diz em sua Regra no cap . V : "O primei ro grau da humildade é a _ óbediência s em d�ora . E ' p e cu­ l iar àquel es que estimàm nada haver ma i s caro que Cristo , sej a por causa do s anto s erv i ço que pr o­ fessam , sej a po r causa do medo do . lnferno , ou por cau s a da· glória da vida eterna . Desconhecem -o que s e j a demorar na execução de alguma coi s a , logo qUe


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ordenada pelo superior , � .:!!:. � Deus ordenada fos se . Deles diz � Senhor : ' E me obedeceu , logo que me ouviu ' ( S l . XVII , 4 5 ) . E do mesmo modo diz aos doutores : ' Quem vos ouve a mim ouve ' ( Lc . X, 16) . { ) A obediência prestada aos superiores é tributada � Deus " ( S . BENTO , Regra de 2_:_ Bento , Tip . Berteditina Ltda . j Salvador , 1 9 58 , p . 2 9- 3 0 ) . •

I

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Capítulo I I

* "Cass iano , lib . IV , Institutionum , diz : ' Qs �onges egípcios s e apres s am em executar todas as coisas , quaisquer que sej am ; ordenadas por seu Superior , como se fossem ordenadas do ·c éu por Deus ' " ( C . ALÃPI DE , op . c it . , Prov . iV;2s� * "A obediência , instrumento de perfeição , é aquela que se submete _:� Deus , � intennédio ( Chanoine Jacques � � representa " daquel e LECLERCQ , La Vocation Rel igieus e , Casterman , 1 96 0 , 4 a . ed . , p . 1 54 ) * " S e a execução material das ordens dádas é suficiente para evitar o pecado , ao menos o pecado grave , o religioso é convidado a não s e contentar com este mínimo , mas a praticar :a obediência de vontade , e mesmo de j ul gamento . Ele triunfará de s uas . . repugnâncias que pode lhe �nspirar a ordem r ece�ida , decidindo-se generosamente a submeter de � " vontade _ àquela de � supe r i or ! � s ej a , D eus ( E . JOMBART , Obéissance des Religieux , in Dictionnaire de Droit C anonique-;;;us la direction de Raoul NAZ , t . VI , Paris , 1 95 7 , col . 1 0 54 ) . _

I

I

77.

Capitulo I I *

·"Nosso superior é repres entante de Deus , e devemos ter fé nel e . Ma s em que consiste tal como supe rior? Cons iste em crer : no e s s a fé

que o superior ocupa � lugar de que representa a Jesus C risto 1 que Deus é � � � manda -�

Deus �

e bo-

que � respeitar , honrar � obedecer ao s uperio r é � Jesus C ri sto que honramos , respeita­ mos e obedecemos ' -- que ao próprio Jesus. C risto faltamos �. ) { EDELVI­ s empre � f altarmos � superior " { VES , op . cit , pp . 23-2 4 ) •

· ;..

são r egras dos diz , ao n .

de

nas Maria , "E:Qdeas\ ra-

* "Santa Teresa tinha � seu supe r ior � � . . d1.v1.ndade , e e fetivamente chamava�o s eu Deus vis ível ; .!:. de -;;u tra s anta � di·z que ch�va o supe­ rior de s;u C r_i sto" { EDELVIVE S , El Superior Per­ f ecto segun la Doctrina del Venerable S iervo de Dios J . B . Marcelino Champagnat , Editor ial Luis Vi-· ves , Zaragoza , p . 23 ) .

Deus•• BAC , Madrid, trabalho ) .

-

L .M.G•

Completas ,

1 954 ,

são

deste

*

d ) Pela obediência. ao su,w:rior se adqu,ire tilll$ união . espi.;ri t\lét.l- com Cristo ·

E ' na · açã.o _ que · .o; fiel se .

*

o

zendo Mim '

-

une

a C-risto " fa­

que Ele· orden� - ' Quem · vos_ ouve , ouve, a e imitandtrO. · em s.ua abneqa.ç.io - •Não .a. ··mi-


C apítulo

78 . nha ,

(

mas

)

a

vos s a vontade ' .

se realiza

(

Es s e modo

de

) pe l a obedian c i a aos

II

I

são

un i ã o

f r a s eando

supe­

C ri sto que faz por mim"' " pp . 6 6 ;_ 6 7 ) .

r i o r e s h i erárquicos enca rregado s por C r i s to d e no s

obj et ivamente sua vontade" ( Adalbert de OSB , La Paternité du Christ , dans l a Reg l e de S aint Be�it et lél Regle du Maftre , inLa V i e Spi r i tue lle , n . S0 1 , j �nv ier 1 96 4 , p . 66 ) . expr imi r

VOGtJ�

79.

II

Capítu l o

·

*

"Para medir as possibil idades de comunhão oferecidas à obedi an cia monástica , é pre c i s o de­ •ter- s e n a imagem muito realista dada pelo Mestre ( 1 9 ) . Segundo ele , o abade é o único artes ão a trabalhar no atelier espiritual do mos t e i r o . O p ac t o de obediência que o une a seus disc ípulos r eali za uma verdadeira transferência de vontade e de responsabilidade.: -· · daí em diante o abade é o úni co a quer e r e a agir , seus filhos lhe deram sua l iberdade uma vez por todas . Mas o abade autenti­ c amen t e repre s enta Cristo , que prometeu estar com ele, as s im como com os outros ' doutore s ' , ' to do s o s dias até a consumação dos s éculos ' . Donde ser o próprio Cristo que atua nos atas dos monges obe­ d i e ntes , ' e no dia do Juízo o diabo não t e r á nada em nós que ele possa reivindicat , dese j oso de to­ má- lo consigo para a geena , uma i vez que o .Senhor terá s empre ' realizado em nós ' á ções que E l e j ul ­ gou dignas d a g�ória ' ( Regle du . Maitre , ! , 9 1 -9 2 ) . O religioso obediente poderia então dizer , para-

Nota 1 9 �·. "Mestre " , tenno usado para designar o abade , � irado da Regra do Mestre , cuj a redação é atribuída aos primeiros tempos da ordem .Benediti­ na . Esta Regra s eria o complemento à Regra dos Discípulos , ou s implesmente Regra de São Bento , r edigida · pelo grande fundador dos beneditinos . ( cfr . A . de vOGUt , _ op . cit • , p . S6 ) .

*

D e po i s

Paul o :

' Não sou (A.

mais eu que faço , é de VOGUt , op . c it . ,

de deixar muito claro ( Cap • I I . 3 . A . c )

o supe rior representa Cristo , o l ivro que ex­ pÕe a doutr i na do B em- av e n tur a d o CHAMPAGNAT , passa que

a mút�a doação entre superior e infe­ "Essas doações constituem a verdad e i ra união , podendo dizer-se então que o superior e o in fe r i o r não · são mais do que um sÓ J e se pode­ r ia a c r e s ce ntar , sem temor de equivocar-s e , que e ntão o i n f e rior participa das luzes , da experiên­ c ia , da sabedoria de seu superior e recebe abun­ dantes graças de direção , de proteção , em uma pa­ l avra , as graças de estado" ( EDELVIVES , op . c it . , p . 29 ) . a con s iderar

r i or e conclui :

*

e ) Pela obediência ao supe r i Ór· se imita aos anjos *

que r

E' que

o

grande São BERNARDO que

diz :

"Deus

o homem sej a instruído pe lo homem, e que

. o i n f e r ior s e j a subm i s so

a seu superior . Os anj os obedecem a um outro anj o , e uma perfeita concórdia existe entre aquel es que se submetem e aquel e que manda . ( ) Por que dizer mais coisas quando uma s ó sentença , caída da boca da própria Verdade é suficiente igualmente · aos obedientes e aos desobe­ dientes? ' Aquele que vos ouve , a Mim ouve - disse Nosso Senhor - aquele que a: v�s despreza a Mim despreza ' ( Lc . X , 1 6 ) . Que se alegrem pois grande- · mente aquel es que , por amor de Cristo , veneram e · honram seus superiores ! " ( S . BERNARD , op . c it . l t . v , p . 1 78 ) . •

*


ao .

Capítulo

II

Fica conhec ida ass im , pe l as palavras dos San­ tos e D o ut ore s , �a rápida expos i ção dos motivos que j ustificam e estimulam o re l i g io s o à entrega de sua vontade . ·

*

B.

Radicalidade da entrega ( 2 0 )

Vej a-s e agora o heroismo que repre s enta a in­ t e i ra entrega da vontade do religioso em mãos do s upe rior .

.

\ 2 0 : Neste item e depois no geral do trabalho , s ê verá a que extr�os . _ · .de radicalidade chega a en­ t rega religios a . Entretanto , é preciso que s e sai� .\{_� que a I gre j a , ao mesmo tempo que estimula tal �

: j

� � �-� 7-

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ba

e ntrega , protej e o rel igioso de todas f orm �s . o rel igioso é aque le que fez votos públicos . Voto público é o " recebido em nome da I gre j a po r . um superior legítimo" ( can . 1 3 0 8 § 1 do antigo C ódi­ go ; can . 1 1 9 2 § 1 do novo Código ) . Tal voto é fei­ to em benefício de uma Ordem Rel igiosa ou Congre­ gação que tenha sua Reqra e Co�s tituições devida� m e nte aprov a das pel a Igre j a . Em vista ,disso _ o reli_gioso fica �uj eito à · obe di ênc ia aos superiores de sua Ordem ou Conqre­ gação , segundo. o que e�teja previsto na Re gra . Ou supe r i ore s não podem mandar o que está $ej a , os fora da Reqra ( cfr . E . JOMBART , op . cit . , in Dict . DJ:o it C anonique , T . VI. , cols . 105 1 - 10 5 2 ) . ·

também suj eito à obedi ência ao Soberano ·que é. a sede do poder de jurisdição na I qrej a , ao qual e s tjo subordinadas todas as Ordens e Congregaçõe s . Pois , " a j urisdição é um poder púb l ico próprio à s oc i e dad e perfeita e destinado ao seu bem comum" ( E . JOMBART , op . c it . , Fica

Pont1f ice ,

81.

C apitulo I I

a)

Extensão do ho loc austo :

e até

o

infinito

até o fim da vida

* "São BERNARDO no Tratado ' De Di spe n s a t . � Praecepto ' diz : ' A perfeita obediência não conhece lei , não está presa com limites , e, não co nte nte

col . 1 049 ) . A l ém diss o , como o rel igioso foi rece­ bido em nome da Igre j a , e o Papa é mona rc a e re­ presentante desta , ele também a. este tl tulo tem poder sobre o religioso . Por fim o voto , como se s abe , é um promes sa feita a Deus . Em virtude dis so o Papa tem poder sobre o religioso , enquanto del e­ gado de Deus . E ' por esta Última razão que para a dispens a d e um voto público o próprio P ap a t em que dar sua aprovação .

As s im postos os princípios , fica muito fácil ver quais são os l im it es do voto e os recursos que

protegem o religioso contra eventuais abusos , até mesmo quando ele - considera a poss ibil idade extrema da anulação de seu voto . Contra o possível abuso de seu supe rior , e l e pode proteger-s e n a letra e n o esp1 rito d a Reqra 1 pode apelar a um superior mai s alto de sua Ord� ou Congregação ; pode apelar à . Suprema direção de· s eu Instituto Religioso e por fim po de apelar à C ongregação dos Religiosos e inclusive ao Papa ( cfr . E . JOMBART , op . cit . , col .' 1 0 5 2 ) . vê- s e , portanto , que a Igr e j a cerca o reli­ gioso de todo respeito e o ouve em suas qu e ixas contra toda inj ustiça . Também ne st a matéria brilha o equil íbrio da Igr ej a . Ela ac e i ta que um filho voluntariamente se entregue a um estado de vi d a que importa em mui to sacrifício . Mas ao Dlesmo tem­ po , o ampara quanto pode .


82 .

C apítul o

com as. estreitezas da profissão ( do voto } , é leva­ da , por uma vontade mais ampla , para a latitude da c aridade , e se estende p�ra tudo o que é imposto com o espontâneo vigor de um ânimo alegre , não cons iderando medida , estende- s e ao inf i�ito" · ( C . A LAPIDE , op . cit . , Prov . XV , 2 8 } . • - "Os beneditinos gostam de lembrar que sua vocaçao visa s impl esmente dar- s e a Deus , sem e spe­ ci�icação que limite a doação" ( J . LECLERCQ , La Vocation Religieuse , p . 1 55 } . *

"São GREGóRIO MAGNO gosta sobretudo de com­ parar o voto rel igioso ao holocausto def initivo ( In Ezech . , I . II hom . VI II ) " ( P . SEJOURN"t , Voeu , i n D ictionnaire de Théologie C atholique , T . XV , VA­ CANT-MANGENOT , Librairie Letouzey et Ané , Paris , 1 95 0 , col . 3 1 96 ) *

" ( • • • ) . Porque ( • • • ) s e trata de morrer . • se o grão não morrer • • • • , dis s e Cristo . A morte não supõe somente um propós ito geral , mas uma r e­ núncia que at inj a todo detalhe da vida , o s menores atos e os menores pensamentos . Como chegar lá s em ajuda , · s em s e colocar .numa esco � a , e a escola da pe_rfeição não é em�entemente aquela onde alguém se c:O loca sob · , -a· direção dos homens de Deus? " {1]' .' ·L!éLB:RCQ , op .. cit . , p . 1 54 ) . • · •o · problema fundamental de to da perfei ção é Q <le eliminar a própria vontade , a s o­ � de ;�!t�p!ritG �la qual o homem s e opõ_e a lj��: ;_( ,,-�:�. ) O .:pe r:f,el,to ( ) está identif icado com ��- 4 ��:":�$ não te� lllai s vontade própria : a \��tJo::;- -Mpón1fltt-� cl• Séu esplr ito é considerar a . ._ Meêrt.. . a _ il-.ta.<le de t>eus� (J . LECLERCQ , il:�t. �-· i: --� . l'J�"l �

--�d��4�

83 .

C apítulo I I

* "O dom1nio do homem começa nele mesmo . Todo o resto não é senão uma extensão , por as sim dizer , des se senhorio que ele tem de sua própria ação . Ora , é precisamente a1 que o voto , prometendo a Deus uma ação , vai testemunhar . E ' a homenagem a Deus do que há de mais radical no dom1nio que nós ... exercemos . ( • • • } Eis o valor da homenagem do voto : é o oferecimento a Deus dess a posse que ele nos deu de nós mesmos , dessa possibilidade de fazer isto ou aqui lo , de usar como nós queremos dos _bens que Ele nos deu" ( J . MENESS IER , La Rel igion , in Somme Theologique de la " Revue des Jeune s " , Pari s , 1 934 , p . 47 2 , cfr . P . SEJOURNt , vocábulo �' in Dic . Théol . Cath . , T. XV , col . 3 2 0 0 ) . * são BERNARDO mostra que o monge deve s e r obediente até a morte : "Como o primeiro homem , por ter querido fazer sua vontade , perdeu as alegrias do paraíso , o segundo Adão , vindo aqui embaixo pa­ ra resgatar os homens , pr ote�tou que fazia a von­ tade de seu Pai e não a sua , a fim de no s ensinar dessa maneira a permanecer nessa vont ad e . ( ) E le nos dá um exemplo que , forçando nossa obediên­ c ia , nos fecha _o caminho para qualquer desvio � As ­ s im , diz ainda : ' Por Mim mesmo nã o tenho poder de fa zer nada , mas j ul go segundo ordens que Me são dadas ' ( Jo . X , 3 0 ) . As s im Ele mesmo nos obriga a ser obedientes até a morte , pois se Ele j ul ga s e­ gundo ordens que Lhe são dadas , obedece ainda quando o j uiz está pres ente . E para que não nos pareça demasiado duro obedece r at i o f� desta vi­ da , nosso Redentor diz que é assim que Ele faz , até mesmo após a vi nda desse juiz . Que - pode pois haver de próprio a causar estranheza em que um pobre pecador se submeta à obedi ência dur ant e uma carreira que passa tão depressa , quando Aquele que é o mediador entre Deus e � homen s permanece obe•


1

'

i' I

!: �

84 .

Capítulo I I

diente até na recompensa que Ele dá aos obedien­ tes? " { S . BERNARD , op . c it , T . V , pp . 1 7B- 1 79 ) . *

b ) Obediência cega e obediência de cadáver ( 'perinde ac cadaver ' ) *

"Ao longo do desenvolvimento da vida reli­ qiosa , a noção de obediência não cessou de tomar que relevo , até vir a ser ' perinde � cadaver ' , c erta literatura acerca da Companhia de Jesus tor­ nou famosa . A fórmula , entretanto , não foi criada por Santo Inácio , porque j á São Franci s co de As s i s compara o verdadeiro obediente a um cadáver" ( J . LECLERCQ , op . cit . 1 : p e 1 56 ) . * "A espiritual idade da obediência ( ) in­ s is tiu sobre a pass ividade do verdadeiro obedien­ te . Dai o ideal do ' periride ac cadaver ' . ' Tomai um cadáver - diz são FRANC I SCO DE ASSIS - e colocai-o onde quiserdes , e l e não oporá nenhuma res istênc ia , nem procurará mudar de posi ção ,· nem, desej ará ir­ -se .� Do mesmo modo deve fazér o perfeito obe­ diente : ele não pergunta por qud s e lhe manda , não se i nqui e ta em s aber aonde vaf chegar , nem f az •

qualquer es forço para se eximir d e sua tarefa

• . trechos exaltam os religiosos que che­ gam a esta pa s s s i v idade " ( J . LEcLERCQ , op . c it . , p . 16 1 ) . •

Numerosos

*

( hollle ns

são NILO :

"

Qua ndo s e encontram tais

mestres

experientes , pruden��s e pac1f icos ) ,

pedem

disc1pulos

parte

deste �

que ren�c!� a

si mesmos

e l es e

a

vontades p�ópr ias , e ·sej am sobretudo s em e ­ lhante s a um cadáver , a · fim de que , tal como a al­ ma faz n o corpo o que quer , sem res i s t ên c i a da suas

ass im também

o

mestre possa pôr

em

Capi tulo II

as .

ação sua ciência espiritual em s eus disc!pulos ma­ l eáveis e obedientes " ( S ão NILO , De Monast . exer­ c it . , c . XLI , in P . SEJOURNt , Dic:-Th&ol . Cath . , t . XV , col . 3 260 ) . * " ' Santos ! Eu quero santos ! Joquai-os na forma de Santo Inácio , e que eles sej am entre vos­ s as -mãos como um co-rpo morto que se deixa levar por tGde&--es lados e manej ar do modo que se quei­ ra , ou como o bastão que está nas mãos , do ancião para o servir em qualquer lugar e para qualquer cois� que sej a ' . Em muitas ocasiões o Cardeal LA­ VIGERIE volta a essas recomendaç5es , ao des e j o de ver sua sociedade de missionários moldada pela Companhia de Jesus " ( Paul LESOURD , Les Peres Blancs , Ed . Bernard Grasset , 1 9 3 5 , p . 5 5 ) . * "O espírito de renúncia supõe e impl ica uma obediência aos superiores , análoga àquela que ca­ racteriza os j esuítas : 'perinde. � cadaver ' . LAVI ­ GERIE achava que esta virtude · era , para os miss io­ nários , não somente a primeira , mas a única verda­ deiramente indispensável , porque nada a supr e , e e la sozinha ass egura todas as out r a s . O fundado r queria que esta fosse a virtude pr ópr i a e particu­ l ar , o principio vital da Sociedade dos Mis sioná­ rios da �frica . · Toda falta contra a obedi ência aos s_uperiores era vista como uma espécie de s a c r il é­ gio , porque , generalizada ou repetida , seria a ruina inevitável da missão . Por obediência Lavige­ rie não entendia somente a obediência exterior. , mas a submissão da vontade e mesmo do própr io j ui­ gamento" ( P . LESOURD , op . cit . , p . 1 8 1 ) . "O monge , como diz a Glosa : ' é tido como mor­ to ' ou como diz I-nocêncio IV : ' pelo fato de pro­ fes sar é tomado como se fos se um morto ' " ( Glossa Ordinaria , ad . c . Si qua mul ier C . XIX , q . 3 v� Non


86 .

C apitulo I I

exstantibus ; ad . c . a , Placuit , c . XVI , q . 1 v� mor­ tuus , in Gera r do KINDT C . S S . R., De P ot e s tate nom i ­ nativa in Re l igione , Des c l ée d� Brouwe r , 1 94 5 , p . 34 ) . *

cJ

Arbitrari edades e minúc i as d a v ida d i á r i a

obediência cristã na

t •

4

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.

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* H ILDEBERTO DE MANS de s c reve o domínio da obediên c ia no pro c e s so de a s c ensão da vi rtude . E l e u s a de uma metá fora para expr im i r e s t e e s f o r ço : é o de um homem que " s e alça pe l a co l ina da ob e­ diência at é a montanha da pe r fe i ção " . Depo i s a c re s c enta , f a lando. das minúc ias a que deve chegar a obediên c ia : "o viver , o ves t i r , o s a f a z e res , o a pe t it e , a voz , a oração , a exortação , a l e itur a , tudo é suj e ito ao j ul gamento de out ro " ( S e rmo L , PL T. 171 , co l . 5 8 9 , in Dict e The o l . C a th . , T . XV , col . 3 2 6 2 ) . *

\'i

" Pa r a e l iminar o homem ve l ho , nada é m a i s e ficaz do que a obediência , que quebra a vontade própria e a busc a de si mesmo . ! E ' por esta razão que s e · j ul ga por bem , na tradi Ção primitiva , man­ dar coisas ab�urdas , cómo pla�tar um bastão na terra e o regar todos os dias , ou levar uma pedra a um lugar e trazê- la de volta aonde fora apanha­ d a , unicamente para formar a obediência . A matéria do ato não tem importância ; só a obediência val e . " Es ta tr a di ç ão se manteve nos novic iados até época muito recent e , e não está totalmente morta " ( J . LECLERCQ , op • c it . , p . 1 5 8 ) .

87.

C apitulo I :i: d ) S ever i d a d e · em r e l ação

aos desobedientes

se ter noção da severidade com que os grandes s antos julgavam aqueles que não obedec iam a seus superiores , considerem-se as seguintes pa­ l avras nasc idas dos · lábios do dulc1s s imo são FRANC I SCO DE ASSIS : '1Há efetivamente muitos rel i­ g i osos que , sob o pretexto de verem coisas pre fe­ olham r íveis às que os seus superiores ordenam , pró­ vontade sua da vômito ao para trás e voltam são tais Estes . ) 1 1 , XXVI . Prov { Lc . IX , 6 2 e pria am caus , exemplos funestos e , pelos seus homic idas , S I ASS DE ISCO a perda de muitas almas " ( S . FRANC , . ed . a 2 , s i Ass Opúsculos de � · Francisco de os Para

E d . Vo z e s ,

1 94 3 , p . 7 9 ) .

*

Ao encerrar este I t em B { Cap . I I . 3 ) , s ur ge n o e spír ito i nevitave lme nte um a pe rgunta : n a ordem c oncreta , em que o e s tado r e l igioso , l evando t ã o l onge o des e j o d e entrega a o superior , s e di f e ren­ c i a da " e s c ravi dã o " voluntária {2 1 ) ? Não s eria es­ t e o des e j o dos monges e a concepção corrente na I gr e j a?

Antes , porém , de responder a essas questões no capitulo seguinte , convém que se dê ainda uma expl icação sobre a obediência .

Nota 2 1 : Adi ant e , no Cap . I I I , se tratará po rmeno­ desta " escravidão" voluntária que r i z adamente constitui a " escravidão" monástic a .


88 .

L i

i I

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I' I.

l: ! ' � ;

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C apítulo I I

C . A o b e d i ê n c i a e v a n g é l i c a pe r f e i t a e a e xpa n s ã o

da pe r s on a l i d a d e d o s ú d i t o :

pa ra doxo f e cun do N e s te

nos s o s éc u l o X X , i ntox i c ado por i n­ de uma p s iqui a t r i a pagã , é bom que se mos tre que a obediên c i a , corno a I g re j a s empr e a c o n c ebeu , e corno s e acabou de mos t r a r , em nada pr e j ud i c a a f o rm a ção e o pl eno des e nv o l v imento da p e r s o na l idade daque l e que a p r a t i c a e C o n c e i tuado s aut o r e s contempo r ân e os abo rdam e s t e t erna . f luênc i a s

* " A f o rm a ção do j es u í t a con s i s t e em urna e s ­ ,écie d e paradox o . D e um l a do e l e deve t e r urn a p e r s o na l i dade d e t a l man e i ra forte que po s s a d i s ­ pensar todo apo i o , as sum i r qua lque r r e spons ab i l i­ dade , permane c e r f i e l à sua voc a ção em todas as c i r­ cun s t ân c i a s , somente pe l o s r ecur s o s d e s u a vida i nt e r io r . E, de outro lado , e l e deve s e r de urn a obed i ê n c i a t a l que s e pos s a i ncumbi- lo ou d e s in­ c urnb i - lo , em qua lquer momento , de qua lquer fun ção

ou at ividad e , e nv i á- lo à ext r em i dade do mun do s em a v i s o prévio nem expli c a ção . E s t a obe d i ên c i a e x i g e o ma i s r a di c a l d e s apego d e s i ; o . j e s u í t a n ã o pode ter ne nhum víncu l o a l ém da vontad� ou da g l ó r i a de D eus , r epr e s entadas po r urna obe d i n c i a cuj o ob j e to é f reqüentemente tomar r e spon s ab i l i dade s ! N i s s o s e vê o p a radoxo ; e s t a r pronto para todas a s re spon­ s ab i l i d a d e s e , a o mesmo tempo , deixar s em demora , s em d i s c us são , a s obras às qua i s e l e s e t e r i a dado s em res e rva dur a n t e anos . A e s te par adoxo , a C om­ p anhi a f a z f a ce há quatr? s é cu l o s , e d e l e não s e s a iu ma l " ( J . LEC LERCQ , op . c it . , p 1 5 7 )

.

.

* " A generos i dade i n i c i a l daque l e que que r s egu i r a C r �s t o tota lmente , o impe l e a tudo do a r , não somentê " tudo o que t em , mas tudo o que é . Le­ var esta gene ros i dade até que re r po s i t i v am e n t e

89 .

C apí tul o I I

nun c a ma i s f a z e r a von t a d e própr i a , submet endo- s e p ara s empr e à dos out ros , é af inal b em exatament e ' a s i mesmo ' . Porque não há me lhor ma ­ r e nun c iar de s e r e l e pr ópr io do que ao s e a f i rmar po r n e i ra ato de que r e r l ivre , que emana do ma i s pro­ e s te f undo de no s s as po tências , como não pode hav e r ma­ forte de renun c i a r a si mesmo do que ma i s n eira a doa ção de s s a l ib e rdade fundam e n t a l " ( O l i­ fazer d ' a­ ROUS SEAU OSB , Obé i s s ance e t H i é r a r ch i e vier

l ' an c i enne T r ad i tion Mona�ique , pre s 26 , l a V i e Sp i r i tue l l e , n . ment de pp . 2 8 4 - 2 8 5 ) .

Supp l é ­ in 1 5 - I X- 1 9 5 3 ,

* "Levar a generos i dade até o extremo de que­ rer po s i t iv amente nun ca ma i s fazer s ua própr i a v ontade , cp loc ando- a para s empr e sob a de um ou­ t ro , é s em dúv id a r em.:mc i ar a si mesmo . PÓ rque não há melhor me io de a l gu ém s e r e l e pr ópr i o do que ao se a f i rma r por e s t e ato de que r e r l ivre que emana do ma i s profundo de suas potênc i a s , c omo não . si pode h av e r man e i r a ma i s for t e de r e nun c i a r a m e smo do que f a z e r a doa ção des s a l ib e r dade funda­ mental . ( ) .

.

" A l ib e rdade que nós tanto pr e z amos é , ape s a r d e tudo , uma co i s a bem pequena , d epo i s do pe cado , s obretudo em razão do dom 'que r e c eb emos de poder l igá- l a à l ib e r dade de C r i s to . E rramos , em suma , ape gando- nos t anto a e l a , po is l i gada à l ib e r d a d e d e C r i s to , e l a s e torna a l go de muito ma i o r . As ­ s im , os Padres do Monaqui smo, de po s s e d e s t a man e i ­ em r a pe r f e i t a d e s e gu i r a C r i sto , que con s i s t e d e spo j a r- s e de l a , encontraram logo os ma i s ricos a s pecto s " (Oo ROU S S EAU , Monach i sm e e t V i e Re l i­ gi eus e , Chevetogne , 1 9 5 7 , PP · 1 4 4 s s . ) .

*


Capítulo I I

90 .

Toda essa nobre e sobrenatural severidade de princípios , os súditos a desej am e os superiores a ens inam . Na prática , porém , a Igrej a , que é Rai­ nha , sabe também ser Mãe . Ela alivia o peso da cruz que seus melhores filhos voluntariamente se impuseram a si próprios por imitação de Cristo . ' Deus qui ponit pondus , supponit manus ' . Ela in­ clina o superior a tratar com ex 1mia bondade s eus f i lhos espirituai s . E o relacionamento religioso que tem o caráter inicial de um s acrifício dif ícil de suportar , logo adquire, sem perder a h e r o i c idade que lhe é própria , as caracter í s t icas da v ida de f amí l i a .

*

*

4 . Conflito des s a mental idade com da Revolução Francesa e com a

a

merital idade rev o luc i onár i a a tua l Quanto do

e s t a conc epção do e s t a do de pe r f e i çã o

na dependên c i a , é opo s t a à idea­ formulada pela Revolução Francesa !

homem bas eada

l i z a ção a t é i a

A ideologia da Revolução de 1 789 acentuou até à exacerbação a opos i ção entre o espírito de de­ pendência-obediênci a e o espírito j de contestação e de rebe ldia . Junto com a dependência-obediência tinha-se Deus e o homem , junto com a revoltà , só o homem . Em opos i Ção à concepção cristã segundo --'â qual o homem está a serviço de Deus , a Revolução erigia o culto à " deusa-razão" , ao "Ser Supremo" a s erviço do homem . De um lado tinha-se a hierarquia s ocial e religiosa como grandes reflexos de Deus na criação ; de outro , a afirmação da igual dade ab­ soluta utópica e at � ia . De um lado a sacralidade e a solenidade na Igrej a , de outro a laic idade e a vul garidade no Es tado . De um lado a pa t e r n a l i dad e , a dependência , a humildade ; de · outro a arrogância d a mera e omnimoda " fraternidade" r evolu c in á r ia .

C a p í túl o

91.

II

pelo es pí r i ­ outro , o homem utópico e nqu a n to produto de uma c onc ep ç ã o abs trata s imbolizada pe l o " e spír ito das leis " . Por f im , aqui a as c e s e c om s ua verdade i ra liberdade ; lá a " liberdade" com sua verdad e i r a t ir an ia . Em uma palavra : a " escravidão" a Deus a t r avés da virtude , contrária à escravidão ao víc io através da ex a c e rb a ção da liberdade .

D e um l ado , to

a l e i e nquanto cod i f i c ada

c r i s tão ,

de

a t é nos sos dias , a se intumesceu e se di­ Revolução C omun i s t a de 1 9 1.7 foi a herdeira de s eus pririclpios e c o n ti nua ­ de sua obra . E , em 1 9 6 8 , correndo pe l a s mes­ dora m as ruas que cerca de 2 0 0 anos antes , eram percor­ Catedral pe l a " deusa-razão" em caminhada à r idas grita­ de Notre Dam e , os anarquistas da S orbonne v am : " a r a zão e s tá morta" , " é proibido p r o i b i r " . E a l ib erdade total somou- se à igualdade completa . Mas ,

da Revolução Franc e s a

revolucionária mental idade por toda a t e r r a . A f undiu

obra " Revolução e c 6ntra-Revolução" ( 2a . Ed . D i á r i o das Leis Ltda . , São Paulo , 1 98 2 ) , o ilustre presidente do Conselho Nacional da TFP , P rof . PLINI O CO�A DE OLIVE IRA , com espÍrito ar­ quitetôn i c o e sintético , penetrante e concatena­ del in e i a os aspectos es senciais do proces s o dor , r evo luc ionário como também d a mentalidade revolu­ c ionária . Pelo que aqui apenas se remete a ela . Na

ed. ,

A mental idade revolucionária hoj e em di a tor­ n a- s e c ada vez mais vaz i a e ma is orgulhosa , semp r e mais

e s c r av a

c ontudo , e nfatuada

ou de

dos víc ios , dos mitos e das modas . E isso mesmo , cada vez mais independên cia . C omo surpreender-se ,

qui ç á po r

pois ,

que

pos s a

despertar todo tipo de incompr e e n s õ e s

ódios ?

a dependência compl eta dos

*

*

*

r e l i giosos

e

de


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Capítulo

III

Escravidã o pagã e i ;

I I 11

escravidão" monástica:

a nalogias e · diferença radical

(22)

Nota 2 2 : Para um espírito não habituado a tratar de temas ecles i ásticos , e modelado segundo as ten­ dências cada vez mais radicalmente igual it árias do mundo contemporâneo , a palavra " escravidão" apli­ c ada ao estado religioso poderá parecer chocant e . Entretanto , corno s e verá ao longo deste capítulo I I I ela � habitual para referir- s e aos monges . Não obst.ante desde j á se assinala que tal " es cravidão" não tr 'ã s cons igo nenhuma· das conotações pej orati- . vas que acompanham á escravidão pagã . Por isso , neste trabalho , s empre s erão utilizadas aspas quando for referida a " es cravidão" monástica , ou genericamente a " es cravidão" espiritual ( Cap . VI ) , e não serão usadas aspas quando for desi gnada a escravidão pagã e

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1 . Obediência e escravidão

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A obediência dos rel igiosos , concebida da ma­ neira radical como ficou visto e ainda o s e rá ao l ongo des te trabalho , ou s e j a , uma obediên c i a s em l imites , até o fim da vida , abrangendo os menores d etalhes d a vida , não parecia , à primeira vista , mui to longe do conceito corrente de e s cravidão . E specialmente a que exis tia nos prime iros s é culos da História da I grej a . E par-a is so contribuí am vá­ r ios fatores .

c h amado no Senhor , é um liberto do Senhor ; i gual­ mente , � � foi chamado sendo livre , é um e s c ravo de C risto ( 1 C or . VI I , 2 1 -2 2 ) .

* como

"Não s ab e is que , s e vos entregais a al guém escravo para lhe obedece r , ficais esc ravos

daquel e a quem obedeceis , quer s e j a do pecado para a morte , quer da obediência p�ra .!. justiça? Porém , graças a Deus , fostes escravos do peca do , mas obe­ decestes de coração àquela regra de doutrina , sob a qual fostes formados . E, l ibertados do pe cado , ( Rom . VI , vos tornastes escravos da justiça "

1 6- 1 8 ) .

A . Re c ome n daçõ es da Es c ritura

quando · éreis escravos do pecado , " P o rque , * estivestes livres quanto à j ustiça . Que fruto ti­

' São vários os trechos das s a gradas E s c ri turas em qlie a condição do religioso em estado de per­ . f ei ção , · ou a condição do · fiel , tem s emelhança com a e s cravidão pagã :

r astes então daquelas coisas , · de que aqora' vos en­ (Nenhum) , pois o f im delas é a morte . vergonhais? Mas agora que estais livres do pecado � feitos .!.:!::.. cravos de Deus , tendes por vosso fruto a s antifi­ c ação , e-par f im a vida eterna" (R� . VI , 2 0 -2 2 ) .

* 11 Foste chamado s endo es cravo? · N ão te dê is­ cuidado ; e ainda que pos s as tornar- te livre , e s c o lhe antes s erv i r . Porque o es c ravo que foi

* "Es c ravos , obedecei a vossos s enhores se­ gundo a c arne com grande temor e respe �to , com um coração leal , como a Cristo ; não por uma obediên-

so


96 .

C a pi tu l o I I I

c ia . toda ext e r i o r , para agradar aos homens , mas como e s c ravos de. C r i sto que f a zem a vont ade de Deus com toda sua a lma . S e rv i de bom coração , c omo s e rvi ndo ao Se nho r e não a homens , s abe ndo que ca­ da um encontrará j unto do S e nho r tudo o que e l e t ive r f e ito d e bem , que r s e j a e s c ravo o u homem l i ­ v r e " ( E f . VI , 5 � 8 ) ( Os gr i fos s ã o deste trabalho ) .

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s impl e s me d it açã o des s e s textos , dua s i ra , prime A . s a r a l c s a m , vêm ent r e c ruzadas i d é i as é de que os que s ã o e s c ravos no pl ano t empo ral en­ c ontr am s ua l ib erdade espi r i tua l em C r i s to : " P or­ que o e s cravo que foi chamado no Senhor é um l i­ berto do S e nhor " ( 1 C o r . VI I , 2 2 ) . A o ut... ra , é de que o s h omens l ivres tornam- s e " es c ravos " de C r i s ­ t o e d a j us t i ça : " O . que f o i chamado s endo l ivre é um e s c ravo de C ri s t o " ( 1 C o r . VI I , 2 2 }

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A e s t e propós ito é s igni f i c at ivo o texto de �nt o AMBRÓSIO : " P o is também tem l iberdade aque l e que como escravo fo i res gatado ( por C r i s to ) ; e a e ste que foi chamado como um l ivr e , é bom que s e r econheça como sendo escravo d e Cristo , s ob quem a escravidão é segura e a liberdade livre de inquie­ ) " ( S . AMBROSIO 1 . De Jab ob et Vi ta Beata t ação ( 1 , I , C . I I I , n . 1 2 , PL XIV , 1 89""'1;" col . 6 0 3 - 6 0 4 ) . •

E também a passagem de são GREGóRIO NAZIANZE­ NO : "Para mim é escravo todo ( homem ) ruim , e todo homem virtuoso é livre " ( S . GREGóRIO NAZIANZENO , _Poemata Moralia , XXV , 2 7-29 , PG XXXVI I , col . 8 5 3 in Dic . Théol . Cath • , T . V , col . 5 04-50 5 ) . Como evitar , então , que acerca do estado re­ l igioso , nasc ido do desej o de perfeição , brotas se a impressão de uma analogia ( não uma identidade ) can a escravidão , uma " escravidão" monástica , inspirada na imitação de Cristo que " tomou a forma

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97 .

Capítul o I I I

de ·e scravo" ( Fil ip . I I , 7 ) e re forçada pe lo Es p í r i­ to Santo , falando a tr av é s de são Paulo nes sas vá­ r i a s Epístolas? *

B . Re c om en daçõe s da As cética , da Moral e

d a Ex egé ti c a

Depois do Apóstolo e dos Santos citados , a I grej a continuOu a ins istir sobre a mesma idéia da " escrav id-ao " , pe 1 a pena de seus Santos e Doutores :

* "São BAê._! L!_O , _que redigiU a pr im e i r a regra monástica , j á ens inava : "As s im , de toda maneira I é , necess ario submeter-se , sej a a Deus , segundo seu mandamento , sej a aos outros , por caus a de s eu man­ d �ento . Po �que está escrito : ' Aque l e que dentre vos qui ser s er grande , que sej a � último de todos , � e�:r av o de todos ( Me . IX , 3 4 ) , al ienado�r con­ s equencia de sua vontade própri a , a exemplo do s e­ nhor : ' Eu desci do céu para fazer , não a minha vontade , mas a vontade do Pai que me enviou ' ( Jo . . VI , 38 ) " ( Jean GRIBOMONT OSB , Obéissance et tvan­ gil e s elon Saint Bas il e , l e Gra;nd , in . Suppl ément de la Vie Spirituelle , T . VI , ni. 2 1 , · 1 5-V- 1 95 2 ,

p . 2 02 ) . * " E ' o mesmo são BASiLIO MAGNO , que , em suas Questões-64 e na sua Pequena ·Regra , dá o princi­ pio : · Jlcomo se deve - obedecer mutuamente? como os escravos .!. � senhores ( J . GRIBOMONT , op . c it-:-;

p . 205 l .

* E, também o Pe . ALVAREZ DA PAZ , j esuíta dos primeiros tempos , no Tratado da Obediência : " O ho­ mem �ence a si mesmo pela obediência po i s mete grilhoes � .!.!.!!. juízo .! prende can cadeias a � tade � substitui � corpo � .! tõdõs � mov�


1 1

C apítulo I I I

98 .

tos da pr ejudic ial liberdade , e o chama ao serviç o de Deus . Vence a s i mesmo , porque fe z violên cia aos seus des e j os e de boa vontad e suj eita- s e por amor do Senhor à vontad e de outrem " ( C . A LAPIDE , Comme ntaria in Scripturam Sanctam , Prov . XXI , 28 ) .

* são TOMAs DE AQU INO em seus coment ários SuI , no � Epi stolam ad Roman os , VI , 1 2- 1 8 , sect . I I , e, o devido é coment ário n. 5 0 1 ensina : "Obede cer que os escravos devem aos senho res . As s im o que obede ce ao pecado ,- pela escrav idão ao pecado é ) o �....porém obede ce condu zido para a morte � ( a Deus , se torna escravo desta obedi encia ; porque Jie lo · hábito de obedecer sua mente mai� e mais� i nclina a obedecer, e com isto chega a perfe i ça� ..duustiç� À ·

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* '" Es ta l iberd ade da j us ti ça , como diz Santo ANSELMO , é chamada liber dade por caus a da j ustiç a da ação reta , e po rque opera liber almente , contudo e l a também é escravidão , - por caus a da obedi ência , 20 ) do prece ito"- ( C . A LAPIDE , op . c it . , Rom . VI •

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expre ssivo e radic al exemplo dis so um coment ário qu� CORNt LIO A LAPI­

* E � muito conclu são de DE f az dos Prové rbios : a

e scrav o •Assim �o um senho r , comprando � J:;; o domínio sobre e�e .!,... o possu i adqu � boi , s eJa l1cit o fa­ cem todo dire ito , de modo � lhe assim igua lment zer can _ el e o � quer que s e à c o rreção a o coraçã � te subme . e l-;-- que avi za , de ma­ r c es � .!. � a a en i al discipl ina � ad­ lhe foi que coisa uma como lo neira · a possu1rvolta lo fazêe lo dobrá a poder �e e quiri da , vidao escra � rém Po . a queir para onde quer que ade , porque do coração dá ...! . e l e ...! ve r dad eir a l iberd , a dis c ioria sabe� pela com que s ej a reqid o

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Capítul o I I I

99.

pl ina , a l ei e o- próprio Deus . Servir a Deus , po­ r ém , é reinar . Portanto , as s im como os céus , diz F ILON , . pelo. fato de carecerem de mente e prudên­ c ia , deixam-$e reger e mover pela intel igência as­ s istente , e isto é o bem deles e de todo universo , assim igualmente os moia jovens e os demais �,e .... .... t....em E?uca exper i"'enc i a e prudencia, se tem aaheda: ... r_:.a, �eixam-na reger, ens inar , governar oor um va­ rao s áb io r �s as s im apreqdem aele a sabede�1 · , a qual de si nao tem, e levam as stm a cabo todas as suas coisas com sabedoria"� ( C . A LAPIDE , op . c it . , "Pr ov . XVT, 32:) . * " O obediente se fez escravo - de uma vontade alheia " ( C . A LAPIDE ,--;;p:-cit . , Prov:-xxi , 2 8 ) .

� São LU! S MARIA GRIGNION DE MONTFORT , na Re­ gra Primitiva das Filhas da Sabedoria , ens ina : "A prática perfeita da s anta obediência s erá a virtu­ de espe c ial qu� distinga as Fi lhas da S abedo r i a . C omo a Sabedoria Divina , ql1e manda nos :céus , veio à terra para obedecer , desde o pr ime i ra instante

da Encarnação até a morte , as s im suas Fil has dei­ xaram o mundo para , a exemplo da Sabedoria , suj ei­ � � entendimento e sua vontade sob o - � da obediência " (S. L . M . G7 �MONTFORT,Obras c om:­ ----pletas , BAC , Madrid , p . 639 ) . * Dis cutindo sobre uma passagem do Evangelho de São . João em que Nosso Senhor diz : "'Eu j á não vos chamo de escravos , porque o escravo não s abe o

que faz o s eu senhor . Eu vos chamei de é.U11 i gos po r­ que tudo o qu.e eu ouvi de Meu Pai , eu "lô- lo mani­ f estei " ( Jo . XV , 1 5 ) , CORN!LIO A LA P I DE dá abal i­ zado parecer apoiado em doutores como ·Maldonado e

Ribera , e sobretudo em Santo I riheu , l ib . IV, c ap . X XVI I . E ' à s eguint e sua op in ião : " o s ent ido cor­ r eto da pa!fsagem é : embora � naturttza � �


C apítulo I I I

1 00 .

dição s ej ais m�us escravos , no entanto Eu vos re­ c ebo com a honra pel a qual Eu vos torno como que ). meus amigos mais próximos e íntimos ( •

"Cristo não nega que eles permanecem escra­ vos , mas af irma que Ele � e l eva , embora escra­ �' para amigos singulares , e os honra com este nome e esta prerrogativa , de maneira que - � � c ravos .!!. tornem amigos " ( C . A LAPI DE , op . cit . , Jo .

xv,

1 s r.

"Os rel igiosos se vinculam livremente como escravos ( ses e liber-;-mancipant ) � cul to � � ­ s erviço divino por meio de uma lei mais estrita , acima daquil o que é ordenado a todos " ( Pe . Fran­ c isco WERNZ SJ e Pe . Petrus VI DAL SJ , Ius C a noni­ �, T. I I I , De Re ligiosis , p. 3 ) .

" Es.ta vida cenobítica s e as sume · pe l a profis­ são ou entrega , pela qual alguém � liga totalmen­ .!! � � s empre � escravo � s erViço divino ( in perpetuum ad servitium divinum mancipat ) ime­ diatamente a uma Ordem .ou I ns tituto Re l igioso , e pel a Ordem ou I ns t i tuto à própri� I gr e j a , é vi �e ­

-versa a · ordem religios a aceita flrmemente tal en­ trega em neme da -I grej a , de onde �dquire um dir e i ­ to e spe c i al sobre. o rel i gioso ( ) .. ( WERNZ-VI DAL , . op . cit . , p . 1 0 ) . •

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obedi. ên c ia religiosa comumente � entende como uma certa abdicação universal da própria von­ tade e UJila e s c rav idã o nas mãos de um out ro ( man­ c ipatioin manib us aiterius ) , pruden t emente elei­ to , que tacita ou expres samente promete a partir de de : então · ser mestre- de perfeição , quer dize r , uma• vida· consaqrada a Deus e ao próximo ( ) " (A. VERMEERSCH SJ e J . CREUSEN SJ , Epi tome Iur! s C ano­ Vol . I , nici , Mech1iniae-Romae , · a . Des s a.í.n , 1 92 8 , •

Capitulo I I I

1o1 .

lib . I I , n� 534 , part . I I , Introd . can . 4 8 7 , p . 3 3 7 ) ( Os gri fos são deste trabalho ) . •

C omo teria sido poss ível evitar que se espa­ lhasse por toda a I grej a , relacionada intimamente com a idéia da vocação religiosa , a noção da .. es­ c ravidão" espiritua l , quando tantos fi l ho s a tomam como ponto de referência? •

c.

Escravi dão e culto aos santos

Para se ve � quanto esta analogi a era di fundi­ da deade os pr imeiros tempos da Igrej a , cons idere­ -'se que a palavra ' dul ia • hoj e tão corrent e no vo­ c abulári o ecles iástico ,- procede do grego ' douleia ' que s ignific a servidão , es cravidão . E , pa ra que não haj a dúvida , leve-se em conta que a origem de ' doul eia ' é ' doulos ' que s i gnifica escravo . A idéia inicial de dulia é a de .que os anj os e· san­ tos merecem ser honrados por terem s ido exímios s ervidor es de Deus . ·

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confirmação se encont ra , por exempl o , na Espasa-calpe : "Dul ia : Etimologia . Do 9rego ' doul eia ' , s ervidão ; derivada de ' doulos ' ­ escravo . Teologi a . A palavra Anlia deriva dg greSQ � doul eia ' , servidão , e foi usada pelos · teólogos para s ignificar o culto que se dá aos s antos e aos anjos pelos bens sobrenaturais que recebe ram de Deus " := (ESPASA�ALPE , Enciclopedia Unive rsal Ilus­ trada Europeo-Amer. icana T . XVI I I , p . 2 4 2 9 ) . Encic lopédia

Sobretudo , tal conceito está claro em são To­ más de Aquino e em Santo Agostinho .


1 02 .

Capítul o I I I

* Diz Sã o -TOMÁS : " A dul ia , que tr ibuta um a .f-, s erv1 d_ao ao hamem colocado no poder , é virtude dis tinta da latria , que r�nde a Deus a s e rvidão que se lhe deve . A dulia· é uma espécie de obs er­ vância , pois pela observância honramos a qualquer pe ssoa constituída em dignidade , enquanto a dul ia p ropr iamente dita é aquela virtude pela qual os e s cravos honram a s eus senhores ; pois , em grego , e s cravidão se diz dul ia" ( S . TOMAS OE AQUINO , o p o c it . , I I -I I , q . 1 0 3 , a . 3 ) o * D i z S anto AGO STINHO , distinguindo : " Uma é a s,e rv i dã o que se deve aos llemella,..p�a qpal o Após­ -­ tolo mandou que os - escravas estivessem submissos a seus s e nhor e s , � �e em gr e g o se chama dul ia ; e outra é · a que re�1 �'? _ç;ül to de Deus e que se eha=- _ ma l atria.. ( S . AGOSTINHO , De C ivitate Dei , PL XVI , . 1 84 1 , l ib . X , c ap . I , in � TOMÁS DE AQUINO , . op . c it . , � I -I I , q . 1 0 3 . a . 3 ) . o.

T extos de Papas , Concíl ios e graves autores s obre a analogia entre o e stado - reli_g ioso e a esc ravidão:

São numerosos os documentos : na I gre j � e os t extos de graves a�tores que as s emelham a cond�ção dos monges à dos e s cravos . C i tam- se ·aqui a l guns deles _ provenientes de várias fontes : a ) Papas e Conc í l ios " Aparece mai s c laramente o poder do Abade por algumas l imitações indicadas pelo Decreto de Graciano . -De um modo geral a regra foi estab e l e c i­ da por GREGóRIO I ( São Gregório Magno ) escrevendo a o Bispo de Natal i ( ) Seguramente � alguns lugares os monges são chamados e scr av os mas às ve*

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Ca pítulo I I I

103.

também são chamados filhos e irmãos ( )" ( Gerardo KINDT C . SS . R , � potestatt dominativa in Rel igione , Desclée de Brouwer , 1 94 5 , PP • 9 - 1 0 ) . zes

* " S oma- s e um novo elemento , ou s ej a , o Jus Romanum , a o qual espec ialmente INOCtNc iO IV com muita freqüência se reporta , principalmente quAndo são propostos os princípios que dizem respeit� à condição jurídica dos monges � � a�semelham � �

cravos . Oe onde a partir de Pedro de Ancharano j á encontramos a influência - de Bartolo de Saxo ferrato a quem os autores posteriores continuamente reme­ tem ( } " ( G . KINDT , op . c it � , p . 1 6 ) . •

·

* " Jul gamo s que devemos advertir , como se ve­ rá melhor depois , que alguris autores chamam � � de de . ' s enhor ' � r el açã o � monges que e l es � s ideram escravos . As sim INOCtOC IO :rv , ad . C . 1 4 C um o lim , X , De privilegia et excess ibus privi l egiato­ rum V . 3 5 ; Hostiensis , Lectura ,. ad.-C . 5 1 Bonae Memo­

r iae , X, De appel lationibus , I I . 28 1 Joannes An� dreae , no mesmo lugar , e outros . Outras vezes não chamam o Abade expressamente por este nome . No en­ t anto , equiparam inteiramente � relações entre Abade � monge , às relações entre s enho r e e s c ravo t emporal . ( G . KINDT ,· op . c it . , p . 1 8 ) .

"Pedro de Ancharano ( ) remet e a Bartolo ad D . XLV , De stip�latione servorum , 3 9 . 1 penúltima s e c . 3 7 ; n e s s e longo texto Bartolo fala da - aqui s i­ ção pelo monge : ' · Todas � coisas ditas .2, respeito da aquis ição f eita pelos escravos , podem apl icar­ � às como nota aqui s ições feitas pelo monge , I NOCtNC IO IV no d . c . Cum olim ( c . 1 2 , X . V . 3 3 ) . Em outro texto e l e enuncia mais claramente o princí­ pio , sec . ad . D . XLI I , De tabul is exhibent i s , v. 3 § 4 , S i penes : ' Pois esta regra diz que quas e todas as coisas � � dizem dos escravos em relação � *

_


1 04 .

C apítulo I I I

s enhor , podem-se dizer dos monges � relação mesteiro ( ) , Inocêncio , C e Cum Olim , ( c . 1 2 V . 3 3 ) ' " ( G . KINÓT , op . cit . , P 2 9 , n . 1 0 4 ) . •

Capítulo I I I

ao X.

1 05 .

De exercitara et institoria actione I . 1 KINDT , op . c it . , p . 3 7 ) .

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6 ) • (G.

*

monge não t em querer ou não querer . Hu­ gucio ass im explica retamente este princípio : ' Mas por acaso � escravo não tem vontade? Na real idade tem mas não é livre ( C . XXXI I , q . II I , patrem . c . 1 ) De modo g;;elhante também � monge tem vontade � não é livre , porque ele estabeleceu um homem acima de si mesmo , no lugar de Deus , como em XIX . q . 3 Statuimus ( c . 3 ) . De onde não pode querer efetiva­ mente em opos ição ao preceito de seu Abade , como em XX , q . 4 , monacho 1 monachum ( cc . 2 e 3 ) , mesmo nas coisas que não são contra Deus ' . Princípio que var1os autores en�ci� do mesmo modo que INOC�N­ C IO IV e depois dele o Hostiense ( ) •porque o monge não tem querer nem não querer ' " ( Hugucio 1 S umma 1 ad . c . 1 1 , Non dicatis 1 c . XI I , q . 1 ; o mesmo princípio enuncia ém c . S Quam s it c . XVI II q . 2 e em c . 3 Statuimus c . XX q . 3 - I nnocentius IV et Hos­ tiensi s em c . 3 Joannes 1 X De Regularibus , I I I . 3 1 ; c fr . sobre isso Hostiens is 1 Summa aurea , De fi­ deius soribus , n . 3 - igualmente Guida de Boysio em c . 2 7 1 De electiorte 1 I . 6 in VI ; ..;. :s peculator , Spe­ culum j ur is 1 l ib . IV , part I I I , De statu monacho­ rum, n . ss - in G . ,KINDT 1 op .. c it . , pp . 30 -3 1 ) .

*

" INOC�NC IO IV e Hostiense , a partir de um duplo pr incípio , ou sej a , que o monge não t em que­ � e é escravo , concluem , geralmente , que ele não pode fazer acordo civil ( ) ( Innocentius IV ad . c . 7 Quanto , X . Oe officio j udieis ordinarii , I . 3 1 ) " ( G . KINDT , op . cit . , p . 39 ) .

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* "JO�O X , De Regularibus , X . I I I . 3 1 n . 6 : ' Não � diz que � religioso tem propriedade , quan­ do administra algum pecúlio com permissão do supe­ rior , pois também � escravo não tem propriedade ' " ( G . KINDT , op . cit . , pp . 42-43 n . 1 52 ) .

* " Aplicando o pr inclpio aos contratos , INO­ CtNc iO IV s ustenta que ' as s im como o e s cravo ao -s c ontrair � . empréstimo obriga o enhor ass im também -� monge ' ( Innocentius IV em c . 4 Quod qui­ busdam 1 X , De Fideiussoribus , I I I . 2 2 ) ; igualmente o · Hostiense ( Le ctura ad . c . 4 Quod quibusdam 1 X, De Fideiussoribus I I I . , 2 2 : ' Pode- s e dizer ( . .. . ) que o monge ( ) _ � � contrato mútuo , obriga � pró:=­ pria I grej a , como � escravo ao s enhor ' ( C . IV . 2 5 , •

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� Como se sabe , era costume entre os bárbaros cortar os cabelos dos homens que eles reduziam ao estado de escravidão . Da1 os _ monges tiraram o s im­ bolismo da tonsura religiosa , · voluntariamente aceita .

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"0 s imbolismo da tonsura se deduz facilmente ritos e orações que acompanham a sua impos i­ ção . Além do que diss eram Santo I sidoro , Amalário , Rabano Mauro , Hugo Vitorino , Goberto , bispo de Laon e tantos outràs --J�pologistas medieyais , tudo está compendiado no c àê� smo Romano e em BENTO XII I na Bul a Catholicae Eccl ' iae , de 2 de ma io de 1 72 5 . ' Os clérigos , diz este ú imo , pelo voluntá­ rio _ corte dos cabelos se fazem e cravos do S enhor , c omo os Nazarenos , totalmente consagrados a s eu s erviço . Com este s inal exterior de religião , s e lhes recorda o dever d e extirpar o s víc ios e pro­ ceder com vida mais perfeita . Depõem e l es a super­ fluidade do cabelo , para despo j ar-se do homem ve­ lho com todos os seus atas , e assim l ivrar-se de toda mancha da carne , renovando-s e na ment e , como


1 06 .

Capitulo I i i

Capitulo I I I

vidão . As s im , s egundo el e , a virtude da rel igião é ' a virtude pel a qual alguém oferece algo para o s �rv i ço e o cul to de Deus ' . Pros segue : ' e por i s s o s e dizem religiosos ·aquel es qu e s e ligam totalmen­ te por escravidão à servidão divina , o f erecendo-s e em holocausto a Deus ' ( I I -I I , q . 1 86 a . 1 ) " (G. KINDT , op . c it . � p . SS ) .

o manife s tam na cabeça , onde os pensamentos t em s eu as s ento ' " ( ESP�SA-cALPE , 1 92 7 , T . LXI I , p . 7 7 5 - tonsura ) ( Os grifos são deste trabalho ) .

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* " As fontes mais longínquas do direito canô­ nico afirmam que a profissão monástica colqcava o monge em uma condição de servidão . E a j urispru­ dência da I grej a , na consideração de · alguns aspec­ tos desta s e rvidão , revela- s e tributária do direi­ to romano .Vários caracteres da escravidão ant iga ( nada possuir em nenhum domínio , nec vel le nec n o l l e propr ium , ser um pertence do--mc;s te i ro . mo­ nasterium pos s idet monachum ; viver em condição de total suj e i ção e verdadeira morte civil ) foram atribuídos aos monges pelos Concíl ios antigos " ( Jour dain BONDUELLE OP , . Le Pouvoir " dominat if " des s upérieurs Fe ligieux , in Supplément de la Vie Spi­ r itue l le·, T . VI , · n.2. 26 , 1 5-9- 1 95 3 , pp . 3 0 2-3 0 3 ) .

* "São TOMAS DE AQUINO ( ) quanto mais algo é naturalmente amado , tanto mais perfeitamente s e­ rã desprezado por causa de Cristo . Nada é mai s amável ao homem d o que a l iberdad-e da própri a von­ tade ( ) Nada há também que naturalmente repugne mais o homem , do que a escravidão : portanto � ho. � nada poderia dispor de mais precioso em favor de um ' outro al ém da entrega da própri a vida d o que a doação de � mesmo � escravo ( ) . Ora al­ guns , em particular , se privam da l iberdade desta vontade por caus a de. Deus ( ) Alguns. ( ) re­ nunciam totalmente à l iberdade da própri a vontade , s ubmetendo- s e a outros por causa de Deus , pelo vo­ to de obediência ., ( S . Thomas , Opuscula , Opuscul um XVI I , De perfectione vitae spirituali s , c ap . X) . Por estas pal avras a intenção de s . Tomás parece c lara : pelo voto d� obediênci a � . reliqioso suj e i ta totalmente sua vontade a Deus e aos superiores en­ quanto ministr'os de Deus ; de maneira que , como f i­ ca privado da l iberdade , é constitu1do em estado de e s cravidão para com os supe riores , quTcomo se­ nhores s eus , têm o domínio sobre s eus atos . •

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b ) Graves autores

TOMÂS há certas expres sões que � estado re l igioso um estado de escr·a -

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* "A extensão do poder do Abade pode ser vis­ t a em con j ru1ção com a condição j ur1dica dos mon­ ges , como é descrita no Decreto de Graciano . E , em primeiro lugar , como diz Santo AGOSTINHO , na epí s ­ t o la a Boni f ácio Comitem ( c . 2;, N o s novimus , c �'VII . q . 2 ) os monges são escravos de �; e s tão . s ob � jugo da escravidão s egundo a ' regra monásti. �· , diz . à C ONC ÍLIO DE ALTHEIM can . 36 ( c . 1 Statu­ tum c . XVI I I . q . 1 ) . A vida deles é descrita po r GREGóRIO I ( São Gregório Magno ) , no CONC ÍLIO ROMA­ NO ( a . 595 ) , como �- s ervidão mais s evera do � � e sc r avidão humana , à cpléll • alguém desej a se suj_e i­ t ar po r amor de Deus ' C c . 23 Multas D . 54 ) " (G. KINDT , op . c it . , p . 7 ) .

põem � �

1 07 .

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são "Contudo , no modo de propo r a matéria , Tomás difere dos canonistas . Ou s e j a , estes , dado que os monges são chamados escravos na lei canôni­ ca , apl icam- lhes as dispos i ções part-icul ares do Direito Romano a respe i to dos es cravos . O Santo Doutor não procede as s im . E l e chega ã mesma con-


1 08 .

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C apitulo I I I

c lusão , mas por outra via : pe l a análise do el emen­ to e s s encial da vida rel i giosa , que é a renúncia à própria vontade . C omo , � ' � privação da l i­ berdade coincidem e s cravos profanos e religiosos , e l e � estes chama também e s cravos " ( G . KINDT , op . c it . , p . 8 8 ) ( Os grifos são des t e trabalho ) .

* * " ( . ) � autores afirmam também expl icita­ m�n�e , � de muitas manei ras , que � monges s ão ju­ r 1d1camente cons iderados � e s cr avos . ·

.

"A GLOSA ORDINARIA j á es tabel eceu o princí­ pio : � monges s ã o escravos ( Glos s a ordinaria ad . ad . c . 1 1 Non dicatis . c . XI I , q . 1 v� po s s idere ; c.9, S i qua mul i�r , c . XI X , q . 3 v� Non exstanti­ - Glos s a recentior ad . c . 4 S criptur a e , X , De bus ; voto et voti redemptione , I I . 3 4 v� imponenda ) , GUILLERME DURAND responde negativamente à questão e acrescenta : s e os monges podem s e r árbitros , ' Pois con$agram o corpo' e a a l�a no própri o in­ ) . Portanto tornam-s e :e s cravos 54 dis t . g re s s o ( ) ' ( Gulielmus qurant i s , Speculum Multas c . 2 3 ( j uri s , l ib . I part . I , ad . c . 1 6 ; cdm deputati , x , De j udieis , I I . 1 ; ad c . 2 7 , Si r e l i gios iosus , De e lec­ t ione , I , 6 in VI ; Antonius de Butr i o , ad c . 9 Prae­ De officio ordinarii , I . 1 6 , in VI - etc . in s enti , op . cit . , p . 36 ) ( Os grifos s ão des te G . KINDT , t r abalho ) . •

.

De vários modos pode originar- s e o poder dominativo : por c erto pel o direito natur a l ; pelo direito das gent e s ou civil e , por f im , " por um contrato humano , c omo o domínio de um e s cravo que e a isto se refere o poder que é a lguém vendeu , conferido pelo voto àque l e a quem se promete obe-

*

1 09 .

Capitulo I I I

diência" ( F . SUAREZ , � Legibus , l ib . I , cap . VI I I , n � 3 , i n G . Kindt , op . cit . , p . 1 58 , n A 8 0 ) .

"O poder pode ser de ordem pr ivada ou de o rdem pÚblic a . o poder de ordem privad a ou é s im­ plesme nte . domést ico , o qual se exerce ao reger uma c as a e sua fami l ia , ele compet e ao chefe da casa enquanto necess ário para guardar a ordem domés ti­ c a ; ou se �atend e até uma certa escrav ização gera l d a pes soa ( usque a d quadam genera lem mancip ationem person ae ) , s e j a por uma fraque za , como no caso dos f ilhos não adulto s , sej a pel a condiç ão servil , co­ mo antigam ente aconte cia com os es éravos propri a­ mente ditos , ou sej a ainda pel a entreg a volunt ár i a c omo n o c a s o dos rel igioso s " ( VERMEERSCH-c REUSEN , op . cit . , l ib . II , pars . II , tit . X , cap . I , c an . 5 0 1 , *

p . 355 ) .

"O rel igioso é um homem que , chamado po r D eus , . dese j a dar- s e · inteir amen�e a E l e seguin do o s c onselh os evangé licos . E l e pretende as sim , d e ma­ neira radica l , seguir a Cristo pela abnega ç�o to­ tal de sua vontade pr&pri a . Esta vontad e l ivre , e l e a submet e à vontade de um outro que e l e esco­ lhe l ivreme nte . Pela escolh a que faz este h omem de s e votar as sim a Deus , e l e conced e à pe ssoa esco­ l hida o poder necess ário a fim de que poss a se en­ e contrar na dependênci� total e absoluta da vontad sur oécret du de um outro• ( G . KINDT CSSR , Autour

*

l e �ouvoir Dominatif , in Supplément �la Vie Spi­ ritue l le , T . VI , p . 34 1 , nJ. 2 6 , 1 5-IX- 1 953 ) . *

E.

Exempl os histór icos que nobil itam a condição de escravp

Na vida da Igrej a o curso dos fatos , sob vá­ r ios pontos de vis ta , soerqueu da abj eção originá-


(

(

1 10.

Capitul o I I I

ria a condição d e escravo e a nobil itou mente .

amoros a­

a ) Escravos mártires canonizados São nume roso s os caso s de escr avos que rnorr e­ ram pela Fé , j untam ente com seus respe ctivos s e­ nhor es ou senhoras . Desd e logo a Igre j a os honrou , mesm o sabendo que eram escr avos : São Vita l com S anta Agri cola , Santa Blandina com sua senh ora S ant a Feli cida de e a nobre Sant a Perp étúa , Sant o Evelpist e com São Just ino . Também houve escravos santo s que mor reram co­ mo márt ires da cast idad e . E ' o caso , por exemplo de Sant a Potamiena , cuj as magn ífic as ·resposta s a s eu j ui z most raram que ela era s enho ra de seu cor­ po e de sua alma para os guar dar para Cris to . Os Padr es e oà relatos dos primei ros sécu los da I gre j a propuser am este s márt ires à admi raçã o , à dul ia e à imit ação das Igre j as , � como s e pode ler em CLEMENTE DE ALEXANDRIA , Stromates IV , 8 , ?8 - PG � I I , 1 2 72a ; GC S 2 , . P • 275; Santo AMBR ÓSIO , De exho rtat ione virginitatis , I , PL xVI , 33 7-3 3ã7 P ALD LA IUS , His tori a Laus iaca .I I I , PG XXXI V , 1 0 1 2 ; e d . c . Butl er , co11 . Texts and Stud ies 6 , Cambrid­ ge , 1 9 04 ,. PP • 1 8- 1 9 ; Pass io sanctorum · Didymi et Theodora s , AS, avri l -t.-.- I I I , Anvex:s , 1 6 7 5 , . p . 572 ; e tc . ( Jean WEE EG R - Andr é· DERVILLE , Spir itua lité de l ' Escl ave , in Dict ionri aire de Spir itua lité !!!.:.. cétigue et Mys tigue , T . IV , Ed . Beauches ne , Pari s , 1 96 0 , 1 à . col .'-- 1 0 79 ) . •

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Capitulo I I I b)

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1.

Escravos que entravam em mosteiros

continua o Oictionnaire � Spiritua: ité As cé­ t ique et Mystique : "Quando as perseg\liçoes cessa� r am , �escravos foram aos desertos e aos mostei­­ ros à procura da perfeição . Se poucos nomes chega­ r am a nós , entretanto muitos indÍc ios permitem a f irmá- lo" ( WEEGER-DERVILLE , op . c it . , col . 1 0 7 9 ) •

Na vida dos mosteiros havia , pois , promis cua­ mente homens livres e escravos , o que levava os abades a sal ientarem aos monges , não mais que uns eram livres e outros escravos , mas que todos eram " escravos " de um novo $enhor , Jesus Crist � . E ' fa­ zendo eco a essa idéia que são BENTO cons igna em s ua Regra : "Que cada um guarde o seu lugar , porque escravos ou homens livres , somos um . � todos c rist ; e nós l evamos igualmente o j ugo . do mesmo s � rvi ço ; mil itando sob o mesmo senhor" ( Regra , I I , PL LXVI , 263c-264a ; trad . , �redsous , 1 93 3 , PP · in Dict . Spirit . As·c et . Myst . , T . IV , col . 1 7- 1 8 , 1 07 9 ) .

c ) Escravo eleito Papa escravo 1 de sucessor de �ol . 1 073 ) . os vários exemplos edif icantes de santidade e de " escravidão" religiosa , �sto , é , de vida religi osa , iam atraindo a a�iração dos católicos , especialmente daqueles que. se dedicavam ,a bus ca da perfeição evangél ica •


C apítul o I I I

1 16.

Tanto mais quanto a s pal avras es cravo e � c ravidão não existiam . O conceituado Dictionnaire de Théo logie C athol ique de VACANT-MANGENOT as s im se refere à origem do termo : " O nome de es c ravo foi atribuído ao grande número de es l avos - o ito� c entos mil , afirma- s e - , reduzidos à s erv idão por Henrique , o Pas sarinheiro , no, século X " ( J . DUTIL­ LEUL, in Dict . Théo l . Cath . , T . V, col . 48 0 - e s ­ c lav a ge ) . *

No mesmo sentido testemunha a Encic lopedia

j

" E s cravidão : palavra que vem do a l emão arcáico ' s lav ' , vocábulo apl icado pelos a l emães aos.- eslavos que trouxeram para o cativeiro" ( EN­ C ICLOPEDIA CATTOLICA, Ci ttà del Vaticano , 1 9 5 3 ) .

*

. Em

s eu livro H is toria de

la

E s c lavitud ,

SACO afirma : "Um historiador alemão , contem­ porâneo das l utas s angrentas entre s axões e e s l a­ vos , a s s equra que ( ) tão grande foi o número de e s l avos condenados à es c r avidão � disseminados pe­ la Germtnia que este nome chegou :a s e · · conv ert e r no qual i f icativo do homem reduzido a es s a condição . ·Jl&---on4e vei q a pa1 avra . ' se lavus ' , qile é �c l avo • em . espanhol ; • esc lav e ' pm francês; ' s chiavo' em > 'italiano ; ' s lave • em ingl ês1 . e • skla.,u • · em válaco . , ' S,s autores árabes também atribuem a todQs os e sc ravos germâni c o s e e s l avo e s l ava , e por is so os c amam de • saç)avi s ' · > As c rôni c as ára­ bes ·. falam muitas . vezes dos _ • s a clav is ' , os quai s , em muitas ocas iões , desempenharam funções das mais impo rtantes , porque a escravidão não imprimia , _en­ tre os . muçulmanos , um timbre de desonra que t inha entre - os o utro s povos " ( J . A . SACO , Hi storia de � E s c l avitud , C o l e c c i ó n Este l la , p . 1 2 0 )

J . Â.

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• .

1 17.

Na segunda fas e , graças ao empenho com �e a I gre j a lutou para abrandar o r egime da s ervidão , o termo foi evoluindo . A medida em que se aproxima do fim da Idade M édi a , servus e servitudo vão cada vez menos s ignificando e s c ravo e e s crav idão . N a terceira fas e , o termo é ambíguo . Pode re­ f eriw- s e à servidão i n icia l - então será sinônimo de escravidão - ou .pode ref�rir- s e à servidão - me­ dieval , e então não terá a mesma conotação . Para evitar a �igüidade de palavras no ��­ f e r ir- s e a um estado de abnegação religiosa , que c l ar ame nte se aproximava do conceito antigo de es­ c ravidão , os Douto re s da Igrej a pas s aram a usar o te.rmo mancipatio , para exprimir a entrada no _esta­ do de inteira alienação em que fica o re1iqioso depo i s do voto _ _de Qbe di ên c ia . A. pa lav ra latina m'ancipatio vem de mancipatus , que s igilifica ' to r­ nado escravo de ' ( cfr . Francisco TORRINHA , Dicio­ nãrio. Latino�Português ) . Com. esse uso a Igre j a re­ t ornava à idéia de escravo no- que ela tinha de mai s central , pois o escravo é definido como � man c ipi ( coisa - alienável ) . "O escravo . era �onside­ rado . como uma c o is a,1 r .!!.! mancipi , portanto um ob­ j eto de propriedade"' ( R . W\Z , Dict . � Droit C anp­ nique , t . v , col . · 448 - esc l avaqe ) . _

Cattolica :

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C apítulo I I I

* Ainda no mesmo sentido depõe a Encic lopedia Giuridica Ital iana : "Os serVos proprialll�te ditos não eram consi-derados como pessoas , ,mas como - � mancipi , e po�que privados de todo dire ito se di- . z i am s ine capit e " ' ( Pasquale S tani s l ao MANCINI , 'En­ c ic lopedia Giuridica I t a l i an a , Società Editrice Libraria , Milano ,-- 1 9 0 5 , vol . XV , P � I , p . 783 ) � *

Sobre a péllavra man c eps assim se exprime o de la J;,angue �tine,

D ict i o nna ire - EtYJ!9loqigue


1 18.

C apÍtul o

III

H i s toire -des --Mots : " ( . . . ) t e nno t écnico dO D i r e it o ; propr i amente ' aque l e que toma em mãos ' ( al guma c o i s a da qua l se torna o aqui s idor ou o r e ivindi­ c ante da pos s e ) ( ) D e .: onde man c ipium , .!_: 1. Manc ipação , fato de tomar em mãos ( para adqui rir um obj eto , cfr . GAIUS ; Ins t . I , 1 1 9 ss . ; MAY­ B ECKE R , Précis , p . 1 1 7 s s . ) ; 2 . No s entido concre­ to ' co i s a adqui rida i11tegralmente , propriedade ' , e e specialmente ' es cravo ' ( A . E�NOUT e A . MEILLET , D i c tionnaire Etymologique de l a Langue Latine , E d . · Kl inks ieck , Pari s , 1 9 7 9 } . •

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* Af irma ainda J . A . SACO : " Em Roma nunca s e c onfun diu o escravo com nenhum indivíduo de outra c l as s e da soc iedade , poi s aquel e se denominava s ervus , manc ipium ; · embora s e tenha us ado a prime ira palavra mai s .comumente do que '.i. s egunda , ambas foram empr egadas indistint amente para expri­ m i r a mesma condi ção . Quando depo is s e estabel eceu o colonato , d eram- s e às pes soas desta c lasse os nomes de colonos , adstritos , tributár ios 1 servos da terra ou da gleba e outros . Mas a pa l avra � c ipium , o mesmo que s e rvus , pura e s impl esmente empregada , s em o comp l emento •. te�ra 1 ou "' gleba 1 , c ons ervou · sua antiga exatidão , s i Sn i f icando exclu­ s ivàmente esc ravo verdadeiro" ( J . A . SACO , op . c it . , p . 1 3 6 ) .

* Martcipium - " Este nome expr es s ivo s i gnif i ca que o escravo é , como qualquer despo j o de guerra , uma coisa conqui stada , tomada à força � rnanu capi­ tum , manc ipium" ( Gaston MAY , E l ements de Droit Ro­ main , p . 6 2 � 6 3 , in S . L . M . G . MONTFORT , op . c it . , p 7 1 , nota 6 5 } •

." Ma ncipium deriva de mancaps - c eps ( manu­ * - capere ) , analogamente a rnanceps e manc ipere ( d�s-

Capítulo

III

1 19.

te último termo seria derivada a pal avra manc ipa­ t io . ( . . . ) } "Nas fontes j urídicas man c ipium designa ( escravo . Nas fontes nas quai s manc ipium des igna 0 esc ravo s e podem citar por ex . : Gaio 3 , 1 4 8 ; Diges­ to ( D . ) 2 1 . 1 . 1 . 1 ; o . 2 1 . 1 . 3 5 1 2 1 . 1 . 36 ; 2 1 . 1 . 3 8 . 1 0 ; o . 2 1 . 1 . 4 8 . 6 ; o . 3 0 . 84 . 1 0 ; o . 3 2 . 4 1 . 2 ; o . 1 . 5 . 4 . 3 ; I nstituta , 1 . 3 . 3 . •

.

) manc ipium ( s ig­ "Nas fontes literárias { e s cravo ( cfr . de e tio a p nci ma de n i f ica } além 4 ; C ícero , ad . 7 2 . evn , Terêncio ; 4 5 P l auto capt . 9 74 . 1 7 } ep . êneca s ; 5 3 . 1 . 5 . l itt . 8 . 1 1 . 4 ; parad o sobre poder ' e , mancipi res , t ambém pr opr i e d a de . ern f . d a ro e !c c ; . 1 . 9 1 escravo ' ( Sênec a , d� ben . 5 . ) 9 3 . 5 . 4 7 . 2 9 . i ; 7 . 3 0 . 2 ; Ov í di o , ep . e x Ponto , ) enfim , é us a do ainda com o s entido muito ge­ ( nérico de ' poder ' , em sentido lato , a inda que s e j a derivado , por ex ten são , de poder sobre o escravo ( C ícero , ad . fem . VI I . 2 9 . 1 ;- VI I . 3 0 . 2 ; Publio S . s ent . 5 93 ; Lucrécio de r . n . , 3 . 96 9 , 9 7 1 , 9 84 } " ( Fabrizio FABBRINI , in Novís s imo Dige s to I t a l i a n o , T . I I , Unione Ti po grafico- Ed i trice Torine s e , ·� J 5 1-; mancipium) •

*

para confirmar não s ó a existência de tal. explicação dif iculdade de terminolog ia , como a da Doutor grande o cita aqui desenvolvi da, �e se cra­ Es " Saqré!-da mar iologia cató lica , o apóstolo da vidão " à Mãe de Deus , São WÍS MARIA GRIGN ION DE E'

MONTFORT :

" Nada há entre os homens que tanto nos faça pertencer a out r o como a escravidão ; nada há tam­ pouco entre os cristãos que nos f aça ma i s ab � o l u­ t amente pertencer a Jesus C r isto e a sua SantLssi-


120.

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Capitulo I I I

ma Mãe do que a escravidão voluntária , segundo o exemplo do mesmo Jesus Cristo , que tomou a forma de escravo por amor nos so : formam s ervi accipiens ; e o da Santíssim a Virgem , que se - chamou a serva e escrava do Senhor . O Apóstolo se honra de chamar­ - s e servus Christi . Os cristãos são chamados vá­ rias vezes na Sagrada Escritura : servi Christi ; e esta pal avra servus , segundo notou acertadame nte um homem ins igne , des i gnava em outro tempo apenas o escravo , porque então não exi stiam os s ervos , tais como os conhecemos hoj e , j á que os ' s enhores ·s ó se faziam servir por escravos ou t ibertos . E para que não haj a dúvida al guma de que somos es­ cravos de Jesus C risto , o Santo Concíl io Tr identi­ no usa um termo i neqúívoco , chamando-no s mancipa­ ti� Christi , ' escravos · de Jesus C risto ' ( C atecismo Romano , P . I , cap . 3 , De S e cundo Symbo l i articul o ) " ( S . L . M . G . MONTFORT , op . c it . , n . 7 2 } . *

trato da Igrej a para com os que se entregam dessa maneira a Ela sej a um trato h�ilhante , bruto , in�ano , com fins lucrativos e interesses mesqui­ nhos , como se dava correntemente na escravidão pa­ gã . Com que cons ideração , afeto e sabedoria a I gre j a trata aque les de seus filhos que ma is que­ rem se as semelhar ao Seu Divino Fundador ! Quanto maior a entrega do- filho , maior o afeto , a dedica­ ção e o respeito da Mãe . Ma ior também é a venera­ ção , a confiança e a generos idade com que cercam os religiosos todos os setores da sociedade civil , onde exista um laivo sequer de verdadeira Fé .

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*

3 . Diferenças entre � escravidão . pagã e a � escravidão • monástica

,

as analogias do ! estado re�igioso a escravidão ant i ga , de modo nenhum impl ica em afirmar sua ident i d ade com el4 . o que há de se­ melhante é o estado de abdicação total da vontade , � o reliqioso faz , e a conseqüente perda de li­ berdade ( 2 3 } • Mas isso não impl ica em di zer que o ccu

did;

salientar

2 3 : Aqui é preciso distinguir entre a liber­ ps i co l ógi ca ( que sempre subs iste naquele que faz. o voto ) e a l iberdade moral que fica comprome­ tida naquel e que faz· o voto .

Nota

121.

Cap Ítulo I I I

S e no presente trabalho se está salientando a abnegação . do monge em re lação a Cristo e ao supe­ r ior , isso não quer dizer que o ônus que toca ao s uper�or não sej a igualmente pes ado . E mais , a I grej a pede ao superior toda a bondade , a solici­ tude e a abnegação � favor de cada um daqueles que se entregaram a ele como se foss e a Cristo . Também ele deve ver nos súditos o próprio Cristo : " todas as vezes que o não f izes tes a um destes mais pequeninos , a Mim não o fizestes " ( Mt . X XV , 45 ) . Caso o superior ass im não proceda , lá es­ tá a ameaça terrtvel , partida dos lábios do pró­ prio Juiz : "Porque tive fome e não me destes de ( Mt . " comer ; tive sede e não me destes de beber •

XXV , 42 ) .

No cotidiano e na vida concreta , as relações entre superior e inferior são .as de pai e filho . Diante do direito são freqüentemente análogas às de senhor e escravo . :· i

Além desse clima famil iar que diferencia o trato rel igioso do trato desumano da escravidão pagã , talve z � principal � mais radical diferença


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C apitulo I I I

1 22 .

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que exi s te entre a s duas instituições - a es c ravi­ dão e o estado r�ligioso - é que o e s cravo antigo e stav a reduzi do àquel e estado contra � vontade , e contra sua vontade tinha . de permanecer e s cravo até o f im da vida . Como também escravos eram todos os s eus descendentes ao longo das gerações . No e s ­ t ado rel igioso , tudo provém de . um ato de vont� s oberano � l ivre , com o qual� súdito se submete ao · superior , à Ordem , à Regra , etc . para gal gar a perfe i ção evangé l i ca . Os trechos que s eguem salientam algumas dife­ _ renças entre os dois estados .

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no d ir e ito da I grej a não se fez , · entretanto , po r transposição pura e simp l es do direito dos escra­ vos ou dos filhos do direito romano" ( J . BONDUEL­ LE , op . cit . , p . 3 0 3 ) .

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tr e cho a s eguir trata da obediência be­ com base na Regra de são Bentp : ·�

n ed it ina diência imediata é o primeiro

au de humil dade · próoria àque es que amam a r s o - ma s do tudo ; e os tr�s motivos que podê ter esta ca=-­ e os monges s a� r � d a dê:s ao a servidao s anta , prof e ssos , o medo do Inferno , ��iÕda a glór ia da vida eterna . Nada nos permite ainda tradttz i r pro­ f e s s i sunt s enao no sentido lato que encontramos até agora : os homens de que se trata decidiram e n­ tregar suas vidas a e s s e servit ium , e l es o. mani ­ f e s taram exteriormente , são pro f i s s i onais d e s s a atividade pre c i s a . Servitium c o n s erv a seu s enti do antigo de estado de servo , próximo da escravidão , mas e s s a servidão é s anta . t , portanto , ao que pa­ r e ce , uma prome s s a que cria um es tado j ur ídico no­ vo . C om efeito , e s s e s homens mos t ram sua perten­ c ença a uma s e rvidão especial que engendra pa r a e l e s uma obrigação de c aridade em relação a Cris­ to . A idéia de obediência é, sem dúvida , inc luída n aque l a servidão , uma vez que é própri o do escravo obedecer a um s enhor . A s eqüêntia mos tra com bas­ tante precisão de quem é súdito o escravo : é do m ayo r de quem vem a ordem a cumprir ' " ( Ca therine C APELLE , Le Voeu d ' obéis s ance des Origines au S ieCle ,�brairie Générale de Droit et de X I Ie . , Paris , 1 9 5 9 , p . 9 1 ) . sprudence Juri

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"Muitos caracteres da · es cr avidão antiga foram atribu!dos ·aos monges pel os Concí l ios antigos . Mas a analogia não foi j mnais levada até o f im . Reconheceu- s e s empr e o caráter muito parti­ cul ar de uma s ervidão na qual o súdito , movido po r uma intenção e s s encialmente religiosa , entrava po r s ua pl ena vontade . A ela e r am apl ic áveis ao mesmo t empo as regras j urídicas que regiam o servus e aquelas que concerniam o f il ius f amílias . Poi s es­ s as duas j ur isprudências s obre os: monges , no di­ reito primitivo da I gre j a latina , ! c avalgaram j un­ tas � Uma nasceu da idéia tão poderosa da autorida­ de paterna do superior sobre o reli gioso . A outra pôs o acento sobre a tutelagem , sob uma autor idade qua s e s oberana , capaz notadamente de inval idar as decisões de um súdito e de lhe tirar toda �utono­ Antes de notar o que vale� , à teoria do po­ mia . der dominativo , a conj unção dessàs· duas j urispru­ é necessário diz e r que elas não e stavam dência s , tão s eparadas quanto parece hoj e . O pater f amí l ias exerc i a s obr� os f i lhos e s obre os e s cravos um po­ der total . A patria potestas e o poder dominativo dos Romanos tinham afinidades j urídicas . A i ntro­ dução de um certo direito . propriamente monás t ico

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1 23 .

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"! neces s ário ins i�tir sobre esta s it uaçâ o

a s anta s ervidão procede da dádiva vo­ l untária do monge à pote stas do Abade" ( C . CAPEL­ LE , op . c it . , p . 9 2 } . j ur ídic a :

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1 24 .

C ap í tul o I I I

* " ( • • � ) o monge � equiparado ora ao es c ravo , ora ao filho ; e deve- s e di z e r com PEDRO DE ANC HA ­ RANO , que a equiparação do e s c r avo ao monge não � i nteiramente perfeita ( P etrus de Anchar ano , a d . c . 2 Rel i giosus , De tes tamenti s et u l t im i s vo lunta ­ t ibus , ! ! ! . 1 1 , i�VI ) . Aderindoa e s t a s r e s o luçõe s o s c anonistas também ens inam em l u ga r e s diversos que o monge se equipara ora a o e s c r avo , o r a ao fi­ lho ' no que concerne à util idade do mos te iro ' ( Pe­ t rus de Ancharano ad . c . 4 Quod . quibusdam X , D e fi-· no­ deiussoribus I I I . 2 2 ) " ( G . KINDT , De P otes t ate -minativa in Religione , PP • 2 9 e 3 0):" 11 0 monge � comparado não apenas ao e s c ravo mas de vez em quando , embora mais raramente , tam­ b ém ao f ilho . Em algun s casos , a l egis l ação romana a respeito do f i l ho � apl i c ad á ao mon g e " (G. KINDT , op . cit . , p . 46 ) . *

*

Comentário de Santo AGOSTINHO s obre a pas ­ s agem d e São João : " Eu j á não vos chamo d e escra­ vos , porque o escravo não sabe o que faz o s eu s e­ nhor ; Eu vos chamei de amigos , porque tudo o que eu ouvi de Meu• Pai , Eu vo- lo manifestei" ( Jo . XI , 1 5 ) . " S anto Agostinho , 'l'ract .! 8 5 , pergunta de que modo isto � verdade ; poi s verdadei ramente os Apóstolos permanec iam esc r avo s de Cristo , que ha­ ve r i a de dizer à e l e s · como aos · demais , no dia do Juizo : ' Eia , escr avo bom e f i el ' , e t c . , e responde que há uma dupla e s cravidão . Uma s e rvil , pel a qua l o s escravos pelo temor s ervem aos s eus s enhores , e outra própri a de l ivres e filial i pela qua l os fi­ lhos s ervem pc>r amor aos pai s ; os Apóstolos , por. tanto , não foram escravos de Cristo no primeiro modo , .porém no segundo ; as s im , pois , são escravos e · também aird gos " ( C . A LAPI DE , op . cit . , Jo . XV , ..

1 5) •

I .

*

*

*

Capítulo IV

Aç ão da lg re j a pa ra ab rand ar a esc rav idã o tempo ral


l i

firmado s todos os pr incipia s que até aqui f oram exposto s sobre a " es c ravidão " monásti ca ou s e rv i tudo � caritat e - " es c r avidão " por amor de De us e tendo ficado c laro o grande us o que a Teolog ia fez e faz das anal ogias entre esta e a e s cravidão romana , cuj os princípios a I gre j a , a li ás , foi modific ando e adaptan do pa ra a procura da perfei ção evangél ica , cumpre cons iderar agora o e s forço ingent e que a I grej a efetuo u ao longo dos s écul os para abrand ar e , por fim , e l iminar os di­ vers os tipos de es cravid ão tempor al . •

Para que s e admire bem a ação civil i zador a da I gre j a e os atos de heroí smo crist ão a que es s a a ção deu lugar , c�pre disti n gui r quatr o fas es na reden ção dos escravos : no Impér io! Roman o , na Euro­ pa dos bárba ros , j unto aos cativ os cri s tãos apri­ s ionad os por armas muçulmanas e na escrav idão co­ l onial dos negro s e índio s . *

1 . Ação da I grej a para abranda r

a escrav idão romana

A . Aos escravo s , a pregação da conform idade O espírito moderno , eivado pelos velhos pre­ conce itos da Revoluçã o Frances a , tolda a vista de ; l-

i� : L .

muitos dos cont emporâneo s no que concerne ao fato de a I grej a pr e gar aos escravos conformidade com s eu estado . Segundo tal espírito , a pregação da conformidade . aos escravos s i gnificar i a a manuten­ ção do regime de escravidão . Ora , i s to não é ver­ dade1 pois o contrário foi o que sucedeu , c omo historic amente s e conhece . Sabendo que costumes largamente enraigados como era a escravidão - dif i c ilmente s e modificam de um momento para outro , a Içrej a pregou aos es­ cravos a conformidade com seu tri s te es t a do . Ela com i s so atendia antes d e tudo ao bem es p i ri tual dos es cravos cristãos que teriam , po r força das c i rcun s tânc ia&� de viver e morrer em s eu duro ca­ t iveiro . E ' São Paulo que exorta : " Es c ravos , obe­ decei a to do s que são vossos senhores segundo a c arne , não cem uma obedi ência toda exterior , · par a agradar o s homens , mas obedecei com um c oração l eal , no temor do Sanhor . Qualquer coi s a que te­

nhais a faze r , trabalhai. com toda voss a alma , como para o Senhor a não para os homens , s abendo que em troca vós recebereis do Senhor uma herança . Servi ao Senhor Jesus Cristo". ( Ca l . III , 2 !-2 4 ) .

Além da uma vantagem s.endo cordatos dos senhores ,

vantagem espir itua l , também hav ia prática , pois os escravos c ri s tãos e obedientes , atraíam o beneplácito e pas s avam a s er naturalmente mais


1 Capítulo

1 28 .

IV

bem tratados . Isso não implicava numa vantagem ex­ c lus ivamente para os cristãos , mas , erigidos estes exemplos , logo o trato pa ra o geral dos escra­ em vos poderia tornar- se mais brando , na medida em que os escravos imitas s em o bo� comportamento dos c r i s tãos . Era , pois , um fator de atenua ção das brutal idades .

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Ao contrário do que poderia parecer a um es­ p írito supe rficial , tal c ompo rtamento não a j udou a p e :petuar a escravidão , mas a abrev i á- la , pois . mU1tos s enhores , vendo a luz da Fé r e f l etir- s e na p a ciência , solicitude e obediência dos escravos , eram inclinados a s e perguntar o que os havia mu­ dado . A partir des s a indagação e da abertura para a graça , que os f az i a reconhecer em s eus escravos a l go muito s uperior · a e l es - a F é - muitos s enho­ res , que nunc a l ibertariam s eus escravos , ficavam . ma1.s propensos a aceder a es s a idéia . Quantos s enhores e s enhoras , naquel e Império Romano apodre­ c ido , s e converteram à verdadei ra F é , movidos pelo bom exemplo de uma morãl idade per feita que lhes v i nha de s eus escravos ! E as s im , l ibertos da es­ c ravidão do pecado , os s enhores ,: po·r sua vez , l i­ �ertavam muitos de s eus escrav os , ! ou até todos , do J ugo temporal . *

B.

Pregação aos s e nhores da bondade para com os escravos ·

Enquanto is s o , a I gre j a favor ec i a de outr a maneira a o s escravos , po i s pregava a o s s enhores a bondade e a cons ideração para com eles . "Uma pas ­ Constituições Apo s tó licas ( . 1 . IV , c . s agem d a s X I I ) é expl icitamente cons agrada z s rel ações entre s enhores e e scravos . S e o s e nhor tem um escr avo f iel , ainda que não renuncie ao s e rviço del e , ame-

l

1 29 .

Cap1tul o IV

- o como um filho e como um irmão , por caus a de sua Fé comum ( cfr . VI I . XI I I )" ( J . DUTILLEUL , in Dic­ de Théologie Catholigue , T . V , col . t ionnaire 4 6 7-468 ) .

Nos Padres da Igre j a , freqüentemen te sur ge a r ecomendação de tratar os escravos com bondade e compaixão : " Que haj a reciprocidad e de servi ço e de s ubordinação ; des sa maneira não haverá escravidão . } E ' melhor que s enhores e escravos s e sirvam ( mutuamente . Val e mais s er es cravo des sa maneira que s enhor em condições opostas " ( São JO�O CRISCS­ TOMO , � Epi s t . ad .!e!!..:_ homil . XIX , n . 5 , PG LXI I , col . 1 3 4 ) . •

E' " . "Dessa maneira não haverá escravidão a meta ideal qu•::! a I grej a sempre teve em vista , e que por f im glorios amente alcançou ! •

Em

outra pass agem do mesmo são JO�O CRISÓSTO­ 354 ) ( I n I Cor . homil . XL , n . 5 , PG LXI , col . MO profissão uma e l e recomenda aos senhores ensinarem aos escravos , e depois os libertarem . *

c . Admis são dos escravos ao culto o

pd.s sem culto .

e

ao sacerdócio

paganismo impedia que os escravos partici­ do s acerdócio e os mantinha afas tados do

Pelo contrário , a I grej a permitiu- lhes parti­ c ipar inteiramente do culto , dos s acramentos , e não os impediu de alcançar até mesmo a dignidade do s acerdócio . de

Quanto ao batismo , são eloqüentes as palavras GREGóRIO NA Z I ANZENO no seu célebre discurso

s ão


1 30 .

Capítulo IV

XL , � � Baptisma onde elé exalta a nobreza con­ f erida por es s e sacramento : "Não consideres como i ndigno de ti ser batizado com os pobres , ó rico , ó patrício , com homen� vis ; ó senhor , com aque l e que foi até aqui teu esc_ravo . Tu não t e humi lharás tanto quanto Cristo , · em nome do qual tu és ho j e batizado , e que por ti tomou a forma de escravo . Neste dia tu estás transformado , os antigos carac� t eres desaparecem; uma s ó marca é imposta a todos : Jesus C risto" ( n . 2 7 , PG XXXVI , col . 3 96-3 97 , in J. DUTILLEUL , Dictionnaire de Théologie C atholi­ que , t . V , col . 4 6 7 ) . Os escravos foram numerosos no sacerdócio , e a té mesmo na Hierarquia Ecl es iás tica ( 2 4 ) . Os es­ cravos , freqüentemente médicos nas maiores famí­ l ias , podiam , com o sacerdóc io , render os mais as­ s inalados serviços . " Mai s de uma vez as i gre j as

131 .

Capítulo IV

fo;am confiadas a escravos . O escravo Onós imo , discípulo de São Paulo , tornou-s e Bispo . Vá rios dentre os primeiros Papas parecem ter nomes de es­ cravos : Evaristo , Aniceto . A elevação de São ca­ l ixto ao Pontif icado é significativa" ( cfr J. DU­ T ILLEUL , op . cit . , t . V, c ol . 468 ) . *

o.

Resgate de es cravos

Desde seus primeiros tempos até a e fetiva trans formação da es cravidão em servidão , a Igrej a s empre praticou e estimulou largamente a prática do . res gate de escravos . Pode-se dizer até que era um dos atas de caridade característicos do cató­ l ico , quando lhe sobras s em recursos , comprar es­ cravos e libertá- los . *

Nota 24 : A condição �ervil , porém , é uma i rregu­ laridade em relação à ordenação sacerdotal ( D ist . LIV C . 2 1 S • . LEXO ; Dis t . 54 C . 1 2 S!O GEÚSIO ; GRE­ GóRIO IX Decretales 1 . I tit . XVII I c . 1 ) . Sem o co1 · nhecimento de seus s enhor�s , os escravos não po­ diam ser ordenadC?S • Caso os senhores consent i s s em , haveria ama i iberta ção ipso facto . Se a ordenação se realizass e s� o conhecimento , o u a contragosto . do senhor , o bispo ou aquele que o tivesse infor­ mado deveria substituir o novo s a ce �do t e por dois escravos ( Dist . Lrv C . 1 9 ) . Se o bispo · fo sse enga­ nado pelo escravo� caberia ao ú l timo fazer- s e substituir , ou serta deposto se fos � e �penas diá­ cono . Se j á fos s e sacerdote , compe n s ari·a s eu · s e­ nhor , no mlnimo, estando a seu s e rv iço espiritual J. DUTILLEUL , ap . cit . , T . V, col . 47 5 - es­ ( cfr . c lavaqe ) . ·

E . Pela influência d� Igreja foram promulgadas várias leis para abrandar a ' escravidão Desde o i ni·cio da Igrej a até a invasão dos bárbaros Ela influenciou os costumes e leis no � pério Romano em bene fic io dos es c ravos . Com a qUe­ da do Império Romano do Oc id ente , tais costumes e l eis sofreram mudanças . No Império Romano do Oriente , entretanto , eles fo ram codificados no f a­ moso Codex Juris. Civi l is de Justiniano . são , um testemunho indiscutiv el do benef i cio que a Igrej a alcançou para os escr�vos . r�

Aqui se citam al gumas dessas leis que re f le­ tem uma evolução gradual que abrandava a escravi­ dão através dos séculos .


1 32 .

C ap í t u l o IV

capitulo IV

a ) L ibera l i z ação da e s c r av idão

b } Leis protetoras da Fé e dos costumes

do escravo

*

Dignif icação paulatina e reconhecimento do cas amento entre escravos ( Code Theodo s i en , I I , XXV 7 Nov , CLVI I ) ;

* Tão numeros a s for� as l ib e rtações de e s ­ c ravos f e i t a s p o r t e s tamento , que to rnaram- s e in­ contáv e i s ;

•.

*

Os menores de idade pa s s a r am a ter t ambém poder de libertar e s cr avos ( Nov . , C X I X , 2 ) ; ( 2 5 )

por op .

* P a r a r e c l ama r a l ibe rdade , o e s c r avo pas s ou não t e r ne c e s s i dade da as s i stência de um ads er­ t o r ( de fensor ) ( Cede Jus tinien , VI I , XVI I , 1 ) ;

um

um j udeu , tornava- se livre ( cfr . c it . , col . 4 74 ) 1

* o es cr av o cri stão , comprado ou c irCunc idado

*

DUTILLEUL ,

o

escravo que denuncias s e a e s cravidão de imposta por um ju�eu , pas sava a s e r l iberto ( I dem , col . 474 ) ;

a

ram a ser . l iv r e s ( Co de · Justinien , I , IV , 2 4 ) ;

cri stão ,

prostitui ção incorreriam em exí l io ou trabalhariam nas minas ( Cede Theodosien , XV , VI I I , 2 ) ;

* As c r ianças encontradas , os expos it� pas s a­

* Quando um s e nhor abandonava doent e , e s t e pas s ava a ser l iv r e ( Cede VI I , VI I 3 } i

1 33 .

*

um

e s c r avo Jus t in i e n ,

Os

senhores que forças s em as

escravas

à

A mulher l ivre que s e entregas s e a um de s eus escravos era punida com ã pena de morte ( Code Justinien , IX , IX , 1 ) . *

* A denún c i a de um f a l s ário de moedas , de um des e rtor ou de um l adrão pas s ou a s er re compens a da p e l a l ib er d ade ( Cede Theodos i en , I X , X X I , 2 } ;

*

c ) Privilégio

E a s s im s e poderia citar mui t as outras normas l eg a i s f avorec edoras da l ibertaç ã o .

* Os escravos pertencentes à I grej a trabalha­ vam para ai próprios metade dos dias úte i s . *

*

Através de inúmeras medidas s eme lhantes - a enumeração acima não visa esgotar a matéria - a I grej a atenuou gradualmente o regime da e s cravidão romana quer no Ori ente , quer no Ocident e , tendendo a fazê- l a desaparecer . Tal processo foi , entretan­ to , interrompido pelo tropel destruidor das hordas bárbaras .

Nota 2 5 : Todas as c itaçõe s dos itens E , a e E , b e s tão contidas no a rt i go " Es c l avage " de J . DUTIL­ LEUL , in bictionn.a i r e de Th é o logie C atho l ique , Vac ant-Mangenot , T . V , col . 4 7 2 -4 7 6 ) .

*

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*


Capitulo IV

1 34 .

Com a queda do Império Romano do Ocidente , recebendo sobre s i as suc e s s ivas vagas das inva­ s ões bárbaras , e o des apareciment � e fetivo da es­

ligados à terra que os vira nascer , esperavam que outros senhores viessem substituir os ant igos , fu­ gitivos ou mortos . Em toda a parte , a voz da I gre­ j a estava pronta para o bom conse lho , e em cada c as o a sua mão estava estendida para prestar ajuda ou para alcançar remédio .

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2 . Ação da Igreja para abrandar a

e scravidão dos bárbaros

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1 35 .

Capitulo IV

trutura politica e j ur íd i ca da soc iedade romana , o da escravidão s e pôs em termos modifica­

guerras freqüentes entre as tribos bárba­ vis igodos , alamanos , francos , borgÚndios , vândalos , s axões , e s l avos , hunos , etc . - iriam dar à Europa um per íodo de instabil idade no qual pro­ l if e raram todo tipo de arbitrariedades , relativa­ mente à es cravidão .

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As

s empre f i e l a S i mesma , a I grej a não ?orém , esmorecia na pregação do bem . são · Remígio , são Martinho de Tours , Santo I s idoro e S�o Le andro de S evilha , Santo Agos tinho de Cantuária , São Bonif á­ c io , São Ful gêncio de Ruspe , e sobretudo o s gran­ des Papas S �o Leão I e S�o Greg6rio Magno conse­ ��ram aos poucos dobrar a ceryiz dura daquel es bárbaros arianos . Aos poucos , e � novos mo ldes , a l grej a recobrava sua influ ê ncia . !

A Ordem Beneditina l ançava sementes nos sul­ cos de de st rui ção daquela Europa arada pe l as hor­ das bárbaras e , em ação conj unta com grandes s an­ tos , l evava avante a obra de recons trução . Aqui e ra um rei convertido que acedia à l ibertação de e s cravos , lã eram blocos de es cravos que se ofere­ c iam a um mos tei ro e que ipso facto f i c avam liber­ tos , mais além e ram refugiados que , s o b a influên­ c ia da Igrej a , contratavam com � s enhor mais po­ deroso um s i s t � a de .p ervi ço e proteção mai s livre que o da e scr av idãa' 1 adi ante e r am es c ravos que ,

Depois do inverno , a primavera . Na ordem nas ­ j á vi nha em germe o reg ime da s e rvidão , que

caracterizaria boa parte da I dade Média e geraria na et apa seguinte de sua evolução , o regime de c amponeses e artesãos l ivres . Em linhas ge r ai s , tal foi a ação da j unto à ·escravidão bá rb ar a . *

I grej a

*

3 . Ação da I grej a em face da escravidão maometana Em seguida às Guerras de C ruzadas , das novas o fens ivas do I s lã contra a Cristandad e , e da toma­ da de Constantinopla , o número dos cativos cris­

tãos reduzidos a es cravos pelos inf iéis aumentou . A partir de 1 4 5 3 , o esforço de penetração turca , s ej a na Hungria , sej a no Arquipél ago , e ao mesmo t empo a constituição de principados _ mar�timos no l it o_r al da !frica multipl icavam as v1tiuias ; depoi � ­ das batalhas , depois do cerco das cidades , havia hab itualmente grupos de cristãos reduzi dos à es­ c ravidão .

Na Hungria " os raptos de j ovens e cr ia nç a s J O povo muçulmano de I s tam­ coisa comum ( do Baixo Impéri o , e s e gostos os herdado bul havia pris ionei ros hún garos e d espetãculo o om c a legrava como gladiadore s " combater a e bósnios forçados Hungrois , t . I I , des e Géneral ( SAYOUS , H i s toir e

eram


1 36 .

Capítulo IV

C apítulo IV

PP •

1 0 0- 1 1 9 , in J . DUTILLEUL i D i c t . Théo l . Cath . , t . V , cal . 4 8 1 )

JÚl io Ma ncine l l i , de quatro anos ; o Pe . qua i s ap� s t o l o voluntário para os pa í s e s maometanos , fo i à Argé l i a e a Constant i nopl a , tendo antes fundado em P a l e rmo uma Confraria para a Redenção dos C at i­ vos .

o

A p r imei r a intervenção da I grej a para a l i ­ bertação des ses cativos , r eduz i do s à e s c r avidão pelos maometano s , foi o env io , por pa rte do Papa

" Os di s c ípul os de S ão Vi c ente de Paul o ocupam n e s t a h i s tór i a o luga r ma is glorioso . Louis Gué­ enviado em 1 6 4 5 po r são Vi c ente de Pau l o , rin, J e an l e Va ch e r , que dever i a s e r po s to n a boca de um c anhão e a s s im en contrar a morte com 2 2 outros c r i s tãos em 1 6 8 2 , e com eles o i rmão Barreau e o i rmã o Fran c i l l on , foram muito z e losos para procu­ r a r a l ib ertação dos cativos , ou para a s s egur a r os i nter e s s e s e s pi r itua i s deles .

Tr ini tá­ I nocêncio I I I , de embaixadas de Padre s Como já se dis s e a c ima ( C ap . I I I . 1 . E . d . ) , a r io s . Ordem dos Trinitárias foi f un d a da em 1 1 98 p o r S ão João da Matha e são F é l ix de Va l ai s , e a O rdem de Nos s a S enhora das Mercês foi fundada em 1 2 2 3 p or Penaforte São Pedro Nolas c o e São Raimundo de ( 26 ) . " Entre os Papas que imitaram a so l ic itude de Nicoláu V , depo is da tomada de I nocêncio I I I 1 C onstantinop l a , foi um dos ma is ativos . As várias Ordens Re l igios as contribuí r am mui to para a r eden­ ção dos cativos . E ' pre c is o c itar , entre os domi­ do depo i s o Pe . E s tevão de Len s i gnan , n i c anos , c erco de Famagus t a e o P e . Ang e l o C a l epino , d epo i s d o cerco de Nicós ia , o s qua i s vieram a C on s tanti­ nopl a e a í trabalharam para a libertação dos cris­

tãos . Entre os francisc.anos , o capuchinho confes­ s or de o . João D ' !ustria , escravó ele próprio , re­ nunciou ao dinhei ro de seu resgate para dar a ou­ tros escravos a $Uprema consolação de um cemitério cristão . Entre ' os j esuítas , o Pe . Mariano Manieri f e z aos domínios bárbaros treze viagens , uma das

Há nas fontes his tóricas des te trabalho uma pequena variação quanto à data de fundação da Ordem dos Mercedários . Acima ( Cap . I I I , l . E . d ) , a Nota

26:

E n c i c l ope dia E spa s a-c a lpe l o ca l i za e s ta fun da ção no ano 1 2 1 8 . Aqui , o D i c ti o nn ai r e de Th éologie C a tholique a dá no ano de 1 2 2 3 .

1 37 .

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instruções dadas pe l o s supe riores àque­ "Nas que s e gui am rumo aos domínios do s bárbaros , les vem este pensamento est imul ant e : " Es ta empresa -é uma das mais caridosas que s e pos s a f a z e r sobr e a Para cumpr i- la dignamente , ( os mi s s ioná­ terra . devem ter uma pl ena devoção para com o m i s ­ rios ) t ério d a Encarnação., pelo qua l Nos s o S enhor des c eu o à Terra a f im de nos tirar da esc r av i dão em que . e sp ír ito mal i gno nos tinha cat ivos " ( Mém . d e � de � Mi s s ion i_ t . I I , p . 2 7 4 ) . A I g r e j a C ongre g . não f a l a de outra maneira na ora ção de são P edro ' Deus qui in tua e caritatis exemplum • . • ' N o lasco : ( c fr . J . DUTILLEUL , op . c it . , col . 4 8 5 ) . 11

"''Os pa�res reduzi dos à escrav i dão podiam em g e ra l exercer s eu min i s téri o . O devotamento dos m i s s i onar1os -encantava S ão V i c ente de �aula . Ele e s c revi a a prop Ô s ito d e Jean l e Vach e r : ' C om que e solic itude e l e sus tenta e s s es c ato l i c idade esc ravos ( • • . ) pregar , c onf e s s ar , c atequ i ­ pobre s z a r cpntinuamente d e s d e as 4 : 3 0 h -. .d a madrugada �té as 1 0 : 0 0 h . , e desde �s 2 : 0 0 h . da tarde até a noite ; o resto do tempo , é o Of í c io e a vis ita aos


Capítul o IV

1 38 .

C apí tulo IV

.!.!, Mi s s ion , in J . DUTILLEUL , op . cit . , t . V, co� doentes .

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verdadeiro mis s ionário ' " ( Mém . de

há cerca de mil anos , na Europa . Uma relação das principais intervenções pontif 1cias visando a abo� l ição da esc ravatura nestes lugares , j á foi apr e­ s entada nas primeiras páginas dest e trabalho .

4 8 2 -4 8 5 ) .

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"O Pe o Jacque s Ca chod , j esuíta , em Constant:i­ nop l a penetra somente à noite , no fundo d� porões dos navios , para al i as s i s t i r aos gal eri anos di­ z im ados por uma epidemia : ' be cinqüenta e dois es­ cravos que eu confessei , e aos quais dei a Comu­ nhão , doze e stavam doentes , e três morreram antes que eu tives s e saldo ' " ( Lettres édif iantes , Le­ vant . 1 707 , t. I , in. J . DUTILLEUL , op . c it . , idem ) . " Em 1 64 1 , morria na Argé l i a o Pe e Ange l i , c arme lita : e l e tinha recebido o dinheiro de s eu resgate , o havi a distribuído em esmol as , e ·· perse­ v erava na s ervidão voluntária , estimado e es cutado por todos como um s anto" ( J . DUTILLEUL , in D i c t . Th é o l . Cath . , T . V , col . 4 8 5 , E s c l avage ) . As crônicas da época estão chei a s de casos t ocantes de catól ic os que , para imitar a bondade de Jesus C r i s to , tornaram- s e esqravos libertando ou atenuando a escravidão de s eu� i rmãos . •

4 . Ação da . I grej a em face da e s cravidão colonia l

N ã o � pre c i s o recordar aos bras i l ei ros a s t ri s tezas d o regime d a e s crav idão f que h á menos de um s écul o deixou de vigorar entre nós . Que r nas três Américas , quer na �fricá co lo­ nial , a I gre j a muito fez para impedir a reins t a l a­ ção da escravidão , da qual E l a j á hav i a triun fado

1 39 .

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C ompraz s alientar que em um dos últimos docu­ mentos oficiais por meio dos quai s a I gre j a lutou contra a escravidão - exatamente a Encíc l ica I n P lurimis , de 5-V- 1 88 8 , d e LE!O XI I I a o s Bispos bra s i l eiros - está presente o mesmo equi l íbrio que s e encontrava j á naque l es primeiros documentos s obre a matéria , que foram as Constituições Apos ­ tólicas , « , antes delas , n a s princ ipai s Epísto l as de São Paul o . Dentro do maior empenho para atingir s eu obj etivo , a I grej a s empre evita que a aquis i­ ção do direito de uns agrida o dir e i to de outros : " Ma s enquanto e s s as prescrições das leis s e cum­ prem , · Nós vos conj uramos a vos dedicardes ativa­ mente com todo vos so poder , e a con s agrardes vos­ sos cuidados mais dil igentes à execÚção des s a obra , que deve superar dif i culdades certamente não pequenas . Es tá a vosso encargo fazer com ct�e - " s e.: _ nhores e escravos se entendam entre s i. - em pl eno­ acordo e em boa fé , que nada. s e j a vli>Iadó :� -rióme da c l emência e da j ustiça , · mas que to(ias _as :t ran.;.� ­ s ações s e j am l egítima e cri s tãmente reso�y idas ; E ' supremamente de se dese j ar que a supre ssão e a abo�i � o da escravatura , querida po r todos , se cumpra d e maneira feliz , sem o menor detrimento do direito divino ou humano , sem nenhum dis túrbio pÚblico , e de modo a as s egurar a uti l i za ção es tá­ vel dos própr ios escravos cuj os int eres s es es tão em c aus a . " A c ada um , tanto àquel es que j á estão l ivres quanto aos que vão se tornar , NÓs as s inalamos com um z e l o pa s toral e um coração paterno alguns s alu­ t ares ens inamentos es colhidos nas s entenças do grande Apóstolo das nações .


1 40 .

C apítul o IV

" Que e l es gua rdem r e li g ios amente um a recorda­ ção e um s entimento de grat idão , e que se e s fo rc em d e o profe s s ar com cui dado , em r� l ação àque l es a cuj a obra e a cuj o des ej o e l es devem 6 ter re­ cobrado . a l iberdade . Jamai s se tornem e l es indig­ nos de um tão grande benefí c io , e j ama i s / confundam a l ib erdade com · a licença das paixõe s . ( ) Q�e cumpram a s s iduament.e , não tanto por medo quanto por e spírito de r e l i gião , - o dever . de re spe itar . ' a maj e stade dos pr íncipe s , de obedecer o s magistra­ . dos , de obs ervar a s l e i s . Abs tenham- se de inve j a r a s . rique·za s e a superi oridade d e outros , porque não s e po deria l ament a r súficient_emente que um grand� 1:1úmero entre os mai s pobrés s e deixem domi­ nar �r e s s a i nve j a , que -é a fonte de \flUitas obras ·de i niqüidade contrár�as � s egur ança e à paz da Qrdem estabe l e c ida . Contentes de s eu e s t ado e de s eus bens , nada que i ram eles e nada d es e j em tanto quanto �s bens c e l es tes , pa r a a obtenção dos qua i s e l e s foram pos tos n a Terra e res gatados po r C r i s ­ to. Estej am e l es anim ados d e pi-e dade par.a com Deus , s eu S enhor e Libertado r , que O amem com to­ das as fo rças e obs e rvem s eus Mandamento s em tod a f id e l idade . Alegrem- s e e l e s pdr s e r em f i l ho s de sua Espos a , a S anta Igrej a , e � e esforc em por s e­ r em dignos dEl a e por cçrre s po n der , t a n to quanto pos s am com ·s eu . amor ao amor dEl a " ( LEriO �I I I , Ac­ � de Léon XI I I 1 T . I , pp 1 6 9- 1 7 1 ) •

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Capítulo

V

Belo paradoxo na ação da Igreja: a escravidão


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stas as coi s as como aqui foram apr es enta­ das , des c obre.;.. s e na ação da I gre j a . um maravilho s o p a radoxo . Por um lado , E l a acolhe e m s i e es timul a o e s tado r e l igioso e , em gera l , a bus c a da pe r f e i ­ ç ã o evançél ic a , que não é s e não a " es c ravidão" vo­ l untár i a ou a s ervitudo � caritate , c omo j á s e Por outro l ado , E l a abranda e , por f im , e l i ­ viu . m i na em todo o Oc idente a e s c ravidão t empo ra l . JOSEPH DE MAISTRE expr imiu este paradoxo " em t e rmos fortes e exatos " , s e gundo a expr e s s ão de J . DUTILLEUL i n Di c t . Théo l . Cath . , t . V , cal . 476 : " O que é o e s tado re l i g i o s o nos dom1nios cató l i ­ cos ? E ' a escravidão enobrec ida ( ) Em lugar de av i l tar o homem , o voto de religião o santifica . Em lugar de o s u j e ita r aos vícios de outro , e la · a l iberta . Submet endo-s e a uma pe,ssoa de escol , ela

opção entre o bem e o mal , e o tornou c apaz de mé­ rito ou de culpa . Essa faculdade fundamental , que é o livre a r­ é tão radical_ que a I grej a - enquanto so­ b ítrio , c iedade vis1vel - não tem meios que impeçam um ho­ mem de pensar o mal . No seu foro interno ., tem ele a faculdade de se matar espiritualmente , aderindo a o �1 e ao demôn i o . Como , analogamente , a liber­ dade que o homem t em de viver permite que e l e abu­ s e dela , suicidando-se . Ora , a servitudo ex caritate em nada contra­ ria a l iberdade espiritual do homem . Como foi dito ( Cap . I li . 3 ) , ela supõe uma liberdade fundamental e dela nasce . Ou sej a ela nasc e por um ato livre e

·

o declara l ivre em relação aos outros c om quem não . t erá mais nada a ver" . ( J . DE MAISTRE , Ou Pape ·, Lyo n , 1 884 , p . 346 ) . Nesse paradoxo cumpre analisar o s princípio s e as palavras •

*

1 . Os princ ípio s A I grej a reconhece ao homem o direito funda­ mental ao . uso de seu l ivre arb1trio . Deus , que c riou o Paraíso Celeste par a o homem e o ameaçou com as penas do Inferno , deu- lhe a facul dade de

s oberano

.

da vontade do religioso , que desej a

en­

tregar-se · a outrem para praticar a virtud e , atin­

gir � perfeição , e com isso imitar a Cristo . Pri. va-se de aqir segundo o s eu livre alvedri o , aquele que assume a servitudo ex caritate . Fixa-s e ass im n o bem , e alcança desde-j á , aqui nesta terra, a l iberdade pe rfeita dos bem-aventurados no C éu. A s ervitudo ex c a rit a te nasce da liberdade · humana e antecipa a l iberdade cel este . Ao contrário , a escravidão temporal ( 2 7 ) não procede da l iberdade do inferior , mas da força do

Nota 2 7 : Nã� se está aqui considerando a hipótes e �uma escravidão temporal exc�pcional e l eq1tima


1 44 .

C apí tul o V

vencedor ou do constrang imento da lei . E atent a c ontra princípios - cuj a trane gres são um catól i co não pode aceitar . Ant e s de atentar cont ra e s t a ou ela aque l a l iberdade ou qua lquer dire ito humano , poi s atenta contra a p rópr i a natur e z a do homem , não trata o e s c ravo como pa rtíc ipe d o gênero huma­ no . Portanto , f a z abs t ração de que o esc r avo s e j a " imagem e s emelhança d e Ó eus " , e seu corpo s e j a " templ o do Espírito S anto " . Nega o direito à vida , p o is ; - · cons ider ando o es cravo como uma co i s a � autoriza a des t rui ção de l e qtiando bem aprouver a o s e nhor , e ni s to part i c ipa do homic ídio ( 5� Mandamento ) . Dá l ib e rdade para toda s o r t e de atos c ontrários à pure za , e n i s to atenta contra o 6.2. Mandamento ( N ão pe car contra a castidade ) e contra o 9.2. Mandamento . ( N ão des e j ar a mul her do próximo } Nega o direi to que <.."t homem tem de c a s a r­ - s e e cons t i tuir famíl i a , e n i s to impede o s a c ra­ mento do matrimônio e o exerc í c io do 4.2. M andamen­ to ( Honrar pai e mãe ) . Atenta contra o di r e ito que o homem tem ao fruto de s eu trabalho , e n i s to ope ­ r a para a vantagem d o s enhor medi ante a transgres­ s ã� do 7.2. Mandamento ( N ão f urtar ) e do 1 0 2 M an­ damento ( Não cobiçar as coi s as a lh e i a s ) ; a l ém dis-

s egundo a Moral cató li c a, que é ob j eto de dos teólogos e mor a l istas .

e s tudo

Sobre tal e s c r av i dão t emporal, legit imada po r c ir cunstânc ias mui t o exc epc iona i s , pode- s e consul­ t ar entre outros s . ANTON INO , Summa The o logi c a r ' P a rt . I I I , c . VI , n : 4 2 5 ; SANC HEZ , Cons i l i a Moral i a , 1 .I, dub . I I I ; LES S IUS , De Jus t it i a et Jur e , 1 . II c . v · LUGO I De Jus t i t i a et --Jur e , disp . VI , s ec t � I I , n . 1 4 , dub . IV ; MOLINA , De . Jus t i t i a et Jur e , T . I I , disp . XXXI I I , n . 1 e n . 3 . I

C a p í tu l o

V

145.

s o , t a l ato , em s i , impo rta em " negar s al ário j u s ­ t o a o opr im i do 11, o que é um pec ado que brada a o c é u e c l ama a Deus por vingança . A l ém des s as ob j e ções fundadas na trans gres s ã o há out r as fundadas s oment e na trans gres são da Le i Divina . A e s crav i ­ dão s u j e ita o escravo a s er coagido po r s eu s enhor a não " gua rdar domingos e f estas de guarda " ( 3 .2. Mandam ento ) ; e l e po de s er pr ivado de receber os s ac ramentos da Con f i s são e da C omunhão . d a l e i nat ur a l e d a Lei D iv ina ,

P o rtanto , a esc ravidão tempo r a l , máxime aque­ la vi gente entre os povos pagãos , tra z óbi c e s do s mais cons ideráveis à prát i � a da virtude , po r pro­ p i c i ar di retamente a tran sgres são de pelo menos s et e Ma ndamentos da Le i de Deus , e indiretamente de todos e l es . Aná l o ga coi s a se pode di z e r quanto ao a c e s s o aos s a cramentos em geral , e em particu­ l ar dos três s a c r amentos menc ionados , a l ém do que , e l a importa n um dos pe cados que bradam a o c éu e c lamam a Deus por vingança . vê- s e , então , que a l iberdade e a v ir tude que s ão o apanágio de ·nobreza e grandez a da " es ­ c ravidão" rel igios a , são t ambém o e s tigma d e vil e­ z a e pecado que acompanha a es cravidão t empora l . A e s c ravidão temporal impede o ex e r c í c i o da l iberdade ; a " es c ravidão " esp i r i tual é um f ruto colhido no mai s alto des sa árvore .

P e l a e s c ravidão temporal , nega- s e ao homem o c aráter de c i dadão da Terra ; pe la " es cravidão" e s ­ pi r itua l adi anta- s e a e l e o t itulo d e c idadão do c éu .


-+

1 46 .

C apítulo V

Favorecendo a " esc rav i dão" espi ritual e com­ batendo a esc ravidão temporal , a I g re j a age na c ompl eta coerênc i a de se�s princípios , e o parado­ xo de l inguagem em nada s i gnif ica uma dicotomia de c r i té r ios . *

*

2 . As pal avras E s c larec idos tais princ ípios que pare cem con­ t er uma contradi ção , importa ana l i s a r agora certas particul aridades que acompanham o us o da pa l avra e s cravi dão em nos sos dias . A . C l ima igua l it á�io ··-

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E s pe cialment e depois da Revoluçã o France s a , a maré montante do igua l it a r i smo foi invadind o os p a í s e s oc identa i s . Segundo essa fals a concepçã o f il o.s óf ic a , os homens seriam igua i s , s e r i a i n j us­ ta qualquer supe r i oridade , e vergonho s a qua lque r d ependên ci a . O princíp io fundame ntal de jus t i ç a n as relações humanas s e r i a a fgual dade . P o r i s s o , c omeçou- s e a apre s entar o s ofr!im ento dos infer i o­ r e s e dos desafort unados de fo �a freqüent emente unil ateral ou e�agerad a . E i s to não tanto para aj udá-los quanto para criar um clima hostil aos superio res , e d e modo geral às es trutura s hierár­ quic a s . o exíguo s alário dos operar�os e campones e s rproviria s empre da exploração dos patrões ·e fazen-· d e iros . Have r i a pobreza para uns , exclus ivamente em cons eqüênc i a da concent r ação da rique za em mãos de outros . A f ome , a i gnor ânci a , muito f reqÜente­ mente a doença , s eriam frutos da inj ustiça soci a l , das leis iníqüas e de inter e s s es vis do Es tado ou

Capítulo V

147.

das c l as ses dominantes . As s im criou- s e um c l ima de antipat i a igual itár i a em rel a ção aos supe riores , e um c l ima de simpatia cúmpl ice e revoltada em re la­ aos inferiores ( cfr . Pl inio coRR2A DE OLIVE I ­ ção ed . , Ed . RA , Revolução !:. C ontra-Revolução , 2 a . D i ário das Leis Ltda . , São Paulo , 1 9 8 2 , p . 3 0 ) . S e gundo essa mental idade revoluc ionár i a , a e scrav idão , sej a e l a temporal ou rel i g io s a , é de s i um supr emo mal , por comportar .a afi rmação pa ro­ x í s t i c a do princípio de des igualdade . Ta l ment a l i­ daqe odeia mai s ainda a " es c ravidão" vol�t ária e rel igios a do que a escravidão temporal , porque na­ que l a é mai s enfática a afirma ção rotunda do pr in­ l egítimas , c ípio de que pode haver des igua l dades mesmo quando es tas des i gual dades são mu i to gran­ des . · E de que es sa l egitimidade é tal que o homem deve ser obj eto de mui tos apl ausos no caso em que e scolha l ivremente para si o viver na suj e i ção compl eta ( é o caso do es tado rel i gioso ) . Não ous ando , porém , atacar de frente o e s tado a mental idade revolucioná r i a pref .e re rel igioso , hoj e em dia " esque c ê- lo" e invectivar in genere contra qualquer dependência ou des igual dade , qua­ l i f ic ando- a de " al iena ção" ou de " remanescência f eudal " . Por isso , quem fosse analisar a palavra es­ c ravi dão , . es tando impregnado por essa atmos fera i gua l itária , demonstraria falta de obj etividade se não distinguisse o s do is campos - o religioso e o t emporal - em que a e s crav idão pode exercer-se , e s eria inj usto ou ins incero se não reconhec esse o grande mérito da " escravidão" religiosa . Pois a l egitimidade desta decorre , como j á foi vis to da escolha l ivre que o homem faz de ( Cap . I I I . 3 ) , viver sob a suj eição . *


1 48 .

C ap itul o V

B . La i c i smo de l inguagem

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T ambém o laic ismo qontr ibuiu pa ra a apre cia­ ção não c lara dos doi s conceitos opos tos , que vêm i nvolucrados na pa l avra esc rav idão .

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C om e fe ito , uma certa nota de i ndependênc i a e que s upe rioridade em rel ação ao mundo rel igios o , tanto l isonj eou a vaidade de muitos homens de f ins do s éculo X I X , apre s entada pelos fi�r inos do po­ s it ivismo c omt i s ta , e do Kul tur-kampf b ismarckia­ no , difundiu uma falsa noção a respe i t o da I gre j a . O " espírito forte " , " c i ent i f i c o " e " emanc ipado 11 cons i derava a dependência monás t i c a como uma ne­ c es s i dade doentia para homens que não tinham atin­ gido a pl ena matur idade menta l . Politi camente ven­ c ido pe lo êxito · da reação cató l i c a dirig ida ao l onge por Pio I X , o chance l er a l emão enro lou as b andeiras de sua luta ' cont ra a I grej a . C omo , po r s ua vez , o l a i c i smo de C omte foi fenec endo na men­ tal idade do Oc ident e . O " espírito forte " s e reve­ l av a fraco , o homem " es c l arecido " ou " evoluído " r etrocedi a , o at eísmo s e curvava ante a Re l igião . Em breve , na Frariça como em toda a Eur opa , as v e­ dete s c�tól i c o�modernistas come � ariam uma traj etó­ . r ia mais promis sora . Não obstan t e a derrota do mo­ delo bismarckiano , a moda do laic ism o morreu l en­ t amente . Depois de uma longa agonia , e s s e figurino de varonil idade atéia foi s endo substituído , no pe­ r ío do ' entre deux guerres ' , pelos mode los ma i s li­ geiros , mai s vul gares e ma i s vaz ios , prov eni entes dos ate l i er s c i nematográficos de Hol lywoo d .

No Bras i l , homens que tenham atua lmente mai s d e 5 0 anos podem ter recebido d e s eus pa is , e e s ­ pec ialmente de s eus avós , a l guns gestos , t imbre s d e voz e atitudes, nas quai s sobrevivem às vezes ,

1 49 .

Capi tul o V

por dis cut lvel gos to do pi tor esco , os modelos an­ t i- c l ericais de outrora . Quem , portanto , for tributário de s s e $ rema­ nesc entes do antigo laicismo , ignorará compl eta­ mente - e onde f i ca então a cultura? - a " es crav i­ dão " rel igios a . E por caus a dessa de f i c ianc ia pro­ v enient e , como s e viu , dos preconceitos laic istas , não re conh e cerá a grandeza da " escravi dão " re l i­ gios a . •

c . Ecos. da campanha aboli cionis ta A e s sas duas tendências genér icas , que levam a ver com maus olhos a " es cr�vidão " re l igios a , acres centa- s e cutra , parti cular aos bras i l e iros . os e cos da campanha abol ic ioni s t a não de s apa­ r eceram ainda por inteiro dos puvidos do bras i l e i­ Não tanto por uma recordação erudita , ou por ro . um " compl exo de cul pa " de certos estratos sociais , mas pel a idéia de que o noss o passado fora macul a­ do por uma grande inj ustiça : a escravidão . Amável , e doce e cordato , o bras i leiro o é por natureza pela influência da Fé Católica . E s empre o foi . C om bondade e com alegria , e l e acolhe todos os po­ espa­ alemães , vos que aqui chegam : italianos , _tantos ainda e , aponeses j , es ibanes l lrios , nhóis outros que encontram no Brasil uma extensão de s uas pátrias . E na terceira geração, s eus ,,�ilhas , com ambientados completamente no espirita loca l , f r eqüên c ia de modo pitores co , j á se afi rmam intei­ r amente bras i l e iros , sem notar que , por vezes , al­ caracter ís ticas étnicas ainda es tão a mani­ gumas f e s tar neles o contrário . Foi a doçura do bras i­ l ei ro que os as s imilou , e lhes deu a i l usão de que essa as s imil ação é maior do que pare c e . S e isto é


1 50 .

C apítulo

Capítulo V

V

por nos s as vastas solidões uma grande suavidade s seu contato foi a primeira fo rma que recebeu a na­ tureza virgem do Pa1s , e foi a que ele quardou s ela povoou- o , como s e foss e uma r e li gi ão natural e viva ; com s eus mi to s , suas legendas , s eus encanta­ mentos ; insuflou- lhe sua alma infantil , suas tris­ tezas sem pes ar , suas lágrimas sem amargor , seu_ s ilêncio s em concentração , suas alegrias s em cau­ sa, sua f�licidade sem dia seguinte E ' e la o suspiro indefin1vel que exalam ao luar as nos sas noites do Norte . Quanto a mim , absorvi-a no leite preto que me amamentou 1 ela envolveu-me , como uma carícia muda , toda a minha infirtcia ; a spirei- a da dedicação de velhos servidores que me reputavam o herdeiro presuntivo do pequeno _domíni o de que fa­ ziam parte Entre mim e eles deve ter- s e dado uma troca contínua de s impatia , de que resul tou a t erna e re conhecida admiração que vim ma i s tarde a s entir pelo s eu pape l . Este pareceu-me , por con­ traste com o instinto mercenário da noss a época , s obrenatural à força de natural idade humana , e no dia em que a escravidão foi abolida , s enti - dis tin­ tamente que um dos mais absolutos desi nteresses de que o coração hum._ano se tenha mostrado capaz não e ncontraria ma i s as condições que o tornaram pos­ s ível . { )

as s im , mesmo com este ou aque le imigrante que aparta aqui com o intuito indi s farçável de enri­ que cer- se em nos s a terra para regre s s a r em s eguida à terra natal , mas que depo i s já não saberia viver s enão no Bras i l , por qu e não o haveria de s e r com o e l emento negro que aqui veio ter , não para s e e nr iquecer , mas para enriquecer nos s a terra? As ­ s im , po i s , era normal que s e encontras s e entre os s enhores de escravos bras i l eiros , com maior f r e­ qüência do que em muitos outros país e s , um trato cheio de bondade em relação ao africano . A ponto de e s te tornar- s e um elemento tão cons t itutivo da nacional idade quanto o luso e o índio � embora a s propo rções d a contribuição d e cada raça vari em conforme a região do país . Nota- s e- o em numerosos documentos como em s igni f i c ativas características da língua , da cul inária , da dança , provenientes dos costumes dos escravos , i ncorporados ao próprio modo de s e r da população . Demons tra- o , s obretudo , e st a indi s cutíve l manifestação de cons ideração e s impatia que o bras i leiro teve para com o preto : a misc i genação .

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A s erenidade com que os senhores acataram a abolição é uma prova a mai s d� bondade bras i le i ra par a com os escravos . Ness e s � nt ido , é not áve l o testemunho insuspei to de JOAQUIM NABUCO , abolic io­ n i st a militant e , que após o 1 3 de mai o escr evi a : " Eu c omb ati a escravidão com todas as minhas for­ ças , r epel i a com toda a minha consciência , como a deformação util itária da criatura , e na hora em que ->. a vi acabar , pensei diz e r o meu " nunc d.imit­ t i s " ; e no entanto , hoj e que ela está extinta , ex­ perimento uma s ingular nostal gia : a s audade do e s ­ c r avo .

" A escravidão permanerã por mui to tempo como característica nacional do Brasil . E l a espal�ou

.

"Não só es s es escravos rião s e tinham queixado sua s enhora , como a tinham até o fim de abe n çoado A grat i dão estava do lado de quem da­ va . Eles morreram acreditando-se os devedores ( s ) Seu cari nho não teria deixado germinar a mais leve suspeita de que o s enhor pudess e ter uma obr i gação para com e l es , que lhe pertenciam . { ) Tenho a convicção de que a raça neqra , por um ple� b iscito s i ncero e verdadeiro , teria des i stido de s ua l iberdade para poupar o menor desqosto aos que s e interes s avam por e l a , e que no fundo , quando •

-

a

,51 .

.

.-


C ap í tul o V

1 52 .

ela

pen s a na madrugada de um pouc o o

a i nda

1 5 de nov embro ,

s eu 1 3 de mai o "

l amenta

( Jo aquim NAB UC.e ,

Mi nha Formação , Livrar i a Jos é O l ím p i a E d i tora , ed . ,

Rio de Jane i r o , ·

pp .

1 2 0- 1 24 e

9a.

137f.

N a perspe c t iva apr e s entada pe l o grande abo l i­

c io n i s t a ,

�o

1 976 ,

a c ampa nha anti - e s c r avagi s t a

ex agerou ,

menos po r un i l ateral idade , o que a e s c r av atur a

t ev e de i n j us t o e de cruel no B r a s i l .

An álogo exa­

gero se pas s o� n a e duc a ção das geraçõe s que se s e ­

gui ram

à abo l i çã o . E ' por . i s to que a

aproxim a ção

e ntre a nobreza do es tado r e l i g io s o .� a es c r av i dão

nun c a o correu ao espír ito do bras i l e i ro .

C apitu l o E.

1 53 .

V

Para efe itos con cretos

Por qua lquer das inf luênc ias que a c abam de , na ordem prática , apes ar de tudo , mencionadas r se a esc ravidão temporal l evou a que da o conteúdo

pa lavra e s c ravo cada vez mai s fo s s e banida da l i n­ abomina­ guagem corrente , como um opróbrio e uma no ada rv e s con foi a l e ao mesmo tempo Mas ção . nguagem i l na l itua espir " de " es c rav idão s enti do ecles i ás t i c a , como expre s são do auge do devotamen­ to , do auge do holocausto a Deus , do auge do ideal S enho r Je s �s n a imitação de No sso per f e i ção de C r i s to . *

o. .

Pos i çã o catól i c a

J á f i cou c lara ,

i

i

c at ó l i c a

sobre

à

A

s a c i edade , qua l é a po s � çao

a e s c r av i dã o .

I gre j a condena

a

e scravi dão tempo r a l e f omenta a " e s c r av i dã o " r e l i ­ g i os a .

V em a pr op ós i to o s egui nte louvor que f a z a I mitação de C r i s t o : " 6 divina e,' amáv e l e s c rav i dã o , que f a z e s o homem ,ver dade i r amenjte l ivre e o s a nt i ­ f ic a s ! / .

" 6 . s a grada suj e ição d a vida rel i gi o s a , que f az e s o homem amado de Deus , i gua l aos a n j os , t e r ­ r ív e l a o s demôni os e digno de s e r hon rado de todos os s e rv�os de Deus ! _ "6 dito s a e nunc a as s az ape t e c i d a e s c ravidão , que mereces em pr êm i o o Sumo B em e a dqu i r e s po r paga a glór i a ete rna 1 " ( Tomás de KEMPI,S , Imitação de III ,

C r i s to , E d . Ave-Ma r i a , c ap . X , PP ·

2 2 3 -2 2 4) . *

S ãd Paul o ,

1 956 ,

Livro

po rtanto , que o paradoxo de l ingua gem v ê- s e , entre a e s c rav i dão temporal e a " es c ravi dã o " re l i­ prin c i ­ se reso lve f a c i lmente no campo dos g i os a o u s o da pa l avra escrav idão par a s i gni f i c ar p i as . duas real idades distintas , nã o ofe rece nenhuma di­ f icul dade para quem tenha i s e nção de ânimo .

*

*

*


Capítulo

VI

. . ''-Escravidão" · - -k \

M•

- -�;, r

'- -�'1;!

�,

...

na

per pectiva

e vo

tos

m on

na TFP

tfortian a


s c lare cidos os conceitos , e f e i tas as foca­ l i za ções h i s tóricas , f i ca muito f á c i l e cômodo tratar do s entido - da al egada " es cravi dão" na f amí­ l ia de almas da TFP , em 1 96 7 , e dos mot ivos que j us ­ t i f icam sua ex i s t ê nc i a .

Antes de e nt ra r na mat é r ia é preciso queno esc l arecimento de ordem jur 1dica .

Para i nteira obj etividade na expo s i ção f a tos , a s e gu i nte ordem s e rá obs e rvada :

A TFP é uma soc iedade civil c om f inal idade inspi rada nos princ1pios c a t ó l ico s tradi­ c 1vic� , c ionais ens inados pelo Supremo Magis tério da I gre­ ja. E l a se rege po r estatutos devidamente regis­ t rados , e os cumpre com normal idad e . M s im , e s tá totalmente em ordem p e r a nte as l e is bra s i­ pois , l e i r as . A finalidade da TFP é a preservação da C ivi­

1 . A TFP , urna f am í l i a de almas , em s o c i édade civi l .

2. Como a f amí l ia de a lmas da TFP s eu fun dador •

dos

cons tituída cons idera

.

Pos i ção de mui tos memb � os da f am í l ia de a lmas da TFP : a l ém de um ideal l cívi c o , um i deal de v i da re l i gios a . Nexo pro fundo : entre as nece s s i­ dades do ideal cívico e as aspi rações de vida re­ l igios a . 3.

4. Se , n a f am í l i a d e a lmas da TFP , h á votos . A quem s ão dirigidos , e com que f inal idade . S. Se h á , na f amíl i a de a lmas da TFP t 01 e s c ra­ vidão " . De que t ipo ela é .

6 . S i tua ção da TFP perante a autori dade e c l e­ s iá s t i c a . *

um

pe­

1. A

TFP , uma famíl i a de alma s , constituída em sociedade c iv i l

l ização Cristã no que concerne diretamente à _ordem temporal , ou no que está a e l a indiretamente r e l a ­ c ionado . Por isso ela combate a ação comunista e social ista , que busca destruir os resqulcios de Ordem no Ocidente � através do favorecimento de tendências , difusão de idéias e real ização de re­ fo rmas inspiradas em sua metafis ica igual itária e l iberal . Defendendo os princlpios básicos da Cristan­ dade - a Tradi ção , a Fam1lia e a Propriedade � a TFP opõe , portanto , um obstáculo à expansão do mo­ vime nt o revolucionário em nos sos dias , do qual o comuni smo é a expres são mais conhecida . Es s a sociedade civil com obj etivos claros e def inidos , t eve origem , pela ação natura l das c i r-


1 58 .

C apítulo VI

cun s t ânc ias , em uP\a f amí l ia de almas na qua l uma s eme nte de pe r f e i ção rel igiosa hav ia c a í do , j á há mui to tempo , mas a i nda hoj e não ge rmi nou i nt e i ra� mente , nem de f iniu a i nda s eus contornos . com e f e i to , des d e os primórdios de s s a famí l i a a lmas , pe los idos de 1 9 3 0 , e j á no Grupo de C ongre gados Ma rianas do qua l r e sul tou mais tarde a fun dação da TFP ( 2 6 de j ulho de 1 9 6 0 ) , h avia ent re s eus membros um pendor de alma muito f reqüent e , que cons istia na aspiração de trans forma r- s e em um i ns t ituto r e l igios o , ou de entrar em b loco em a l ­ gum inst ituto j á exi s tent e , cuj a f amí l i a de a lmas fos s e a f im com a s ua . Foram f e i tas procur a s e t en­ tat ivas neste s enti do , que não é preciso menc ionar ( 28 ) . I n f e l i zment e , a boa s emente da gra ç a de D eus , caída na terra f ért i l des s a famí l i a de a lmas não germi naria tão c edo : um ri goroso e longuís s imo i nv erno - de prov açõe s come çava a se abater s obre a I gr e j a . O modernismo , o progr e s s i smo , e s ua s v er­ s õe s mai s re centes v indas à luz depo is do C oncil io Vat icano I I , tomaram cont a , pouco a . pouco , de lar­ gos s etores da H i e r a rqui a E c l es iástica do Bras i l . I s to criou um clim a de apo io vel qdo ao comun i smo e a o s o c ial ismo , cuj a expr e s são mqi s atual é a cha­ mada. " Teologia da L iberta ção " , s d s tentada por bis ­ p o s e teólogos . T a l c l ima e r a nece s s ar i amente hos­ til à TFP e 1 portanto , também às aspir a ções rel i­ g i o s a s que em s eu meio pudes s em nasc e r . E r am o s ventos frios , a s �eves do i�verno e o g e l o " árti­ co " que formavam- s e s obre uma grande aspi ra ção de _ pe.r f e i ção evangé l i c a , que até hoj e não adqui r i u f orma . de

Nota 2 8 : Uma crôni c a des s as t entativas e um h i s tó­ r ic o des s e ideal r e l igioso talve z a l gum di a s ej am a pÚbl i co . Es t e trabalho menc iona apenas o dados i ndi spensáve l pa ra dar uma idé i a do conj unto �

Capitulo VI

1 59 .

Na traj etória des s a aspi ração religiosa houve urna ocas ião oficial em que vários sócios da TFP s e perguntaram s e não era chegado o momento de cogi­ tar de uma trans forma ção da enti dade de s o c i e dade c iv i l em inst ituto s ecul ar , ou em confraternitas l ai c a l i s . Foram expostos no dia 5 de fevere i ro de 1 9 7 6 , em r eun ião do Conselho Nacional , s érios e aprofun­ dados es tudos sobre a matéri a . A conclusã o , ent r e­ . t anto , foi clara : dada a lamentável at itude , nos de hoj e , de cons iderável parte da H i erarquia d i as c ató l i c a , em face não s ó dos problemas dOutr iná­ j á r e feridos , como ainda de que s tõe s s ó c io­ r ios no Bras il , ficou claro que s er i a im­ - econômicas , prudente fazer qualquer trans formação na TFP , l e­ vando• a a depender da autoridade ecle s i á s t i c a . Es­ ta razão pr eponderante não foi entretanto a ún ic a . Existia outra . Não havia ainda definição s u f i c ien­ t e , em sua famíl ia de almas , para obter a unanimi­ dade das aspirações religio s as de s eus membros : a l guns pens avam na formação de uma soc iedade cuj a constitui ção fos s e animada pe lo espi r i ta das ant i­ gas ordens de caval aria , out r os em uma congregação alguns almej avam uma forma de vida em rel i gios a , que não abandona s s_em s eu estado de leigo s . Por es­ sa razão , também achou- s e -melhor não pre c ipit a r a cons t i tuição de uma entidade que não atende s s e às aspi ra ções do conj unto de s eus m�ros . D ada e s s a s i tua ção , a TFP e . sua famí l i a de � e m uma caracter1stica pecul iar . a lmas t" Enquanto a s so c i ação a TFP é exclus ivamente uma s o c i e dade c ivil . S eus membros individualmente cons iderados , t êm l iberdade para praticar o que qui s e r em como c atóli cos . A TFP f i c a sendo as s im um " locus " , ond e estes católicos individualmente con s i derados , exercem- sua Rel igião , segundo práticas comuns que


160.

Capitulo VI

C apítulo VI

não

a I gre j a sempr e pr opôs a s eus f i é i s . As cons ide ra­ ções que s e guem não afetam o es tado j ur í dico da ent idade como e l e é , motivo pe lo qua l não s e re fe­ r i rão ao conj unto dessas pe s s oas como TFP , mas co­ mo a " f amí l ia de a lmas " da TFP c I s to po s to , ent rar- s e- á *

*

161 .

é s enão uma fam1l ia de almas com incl inação à

vida rel igiosa .

*

A . Or ie n tador da Contra-Revolução

na matéri a .

a ) Grandeza da luta contra- revolucionária A Cristandade , a parti r do Humanismo e da Re­ n as'CenÇa , vem pas sando por uma Revoluçio cuj as

*

_

etapas - principais foram o protestantismo ( 1 a . Re­ a Revolução Francesa ( 2 a . - Revolução ) , o volução ) ,

2 . Como a famí l ia de almas da TFP c ons idera s eu fundador

I

I

truturalismo , a revolução da S orbonne , o surto au­ toqestionário do socialismo e do - CODlunismo rumo ao triba+ �smo e outros movimentos análogos ( cfr . Pl i­

nio

co�

volução " ,

2a .

DE OLIVE IRA, Revolução e C ontra-Re­ ed . , �d . Diário das Leis Ltda . , _

1 982 , p . 7 1 , n . 2 ) . · Vários santos - combateram por -diferentes modos

o Hwuanismo. e a Renascença . Talvez # se São Bernar­

­

dino de S i ena ti�esse tido - continuadores autêpti coa , alguma obr a contra-revol1Jcionária , alcançando

A

toda a Europa , tives s e sido levada a cabo contra o

Humaxiiamo e a Renascença . Bill oposição ao tantismo levantou-se magnificamente

Protes­ Santo Ináéi.o

de Loyola , junto com o bri lho

_

48 personalidades de ordens Reliqiosas , cem qúe.· a Igreja obra portentosa 4a Contra-Reforma , a qual chegou ao seu pleno florecimento COiil o Concilio · de

várias fez a

Fundador e P r e s i dente do Cons elho N a c ional da TFP bra s i l e ir a ; L íder catól ico ; Mest-r e ; Ana l i s t a po líti c o ; E s c ritor e j ornal i s ta con s agrado ; Homem de a ção . A e s s e s t ítulos acrescentar- s e- ão abaixo ma i s a l guns outros que, j untamente com aque l es , consti­ t uem prerrogat ivas mai s do que suf ic ientes para c aracteriza r o fun dador daquilo que, de momento ,

( 3a . Revolução ) . E , presentemente o Es­

Comunismo

Recentement e a TFP f e z editar um l ivro de di­ vul ga ção restrit a , <I\le c i rcunstân c i as imprevi s tas a obrigaram a pôr , pouc o depo i s , ao alcance do grande públ ico . E s s e l ivro tem por título : Re fu­ t ação da TFP � uma inves tida f rus t ra ( COM I S S1\0 DE E S TUDO S DA TFP , São Paul o , 1 9 8 4 , 2 volume s ) . Re spondendo a a cu s a ções de que na ent idade s e prestaria a o D r . P l ínio Corrêa de Ol iv e i r a aque l e culto que a I gre j a res e rva aos S anto s e B em- aven­ turado s , há ali um c apítul o inteiro ( Vo l . I C ap . X ) I .., tulos em que vem enumer a d os a 1 gun s d9s t� pe l o s qua i s na TFP s e tr ibuta a e l e v � nera ção e respei� to . Aqui s � en�eram os t ítulos do men c ionado c a­ pÍtulo :

outras

Trento .

Não

tra tps ·

foi pouco o que se preqou e ee

aqiu 'con­

a Revolução FrancéSa , porém , na ordea elos . ·fa­ ·que · influénciam a História , àó dois qr&n4es

movimentos se fi zeram notar . A

"

Chouanne r ie • ,

nas-


1 62 .

C apítulo VI

c ida das regiões onde 8 0 anos antes são Luís Ma r i a G! i gn io n d e Montfort pregara , e cuj a população en­

f�entava as tropas revoluc ionárias ao som de cân­ t i c os compos tos pe l o grande mi s s ionário . E o movi­ mento contra- rev oluc ionário do sécul o XI X , que precedeu a def ini ção dos dogmas da Imacul ada C on­ c e i ção e da Inf a l ib i l i dade Papa l , no C onc í l io Va­ t i c ano I . Estes movimentos , s e bem que nasc idos de r ea ções opos tas à Revolução Fr ancesa , foram poste­ r iores a ela , e não lhe conseguiram tolher o pas s o p e l o mundo a fora .

1 63 .

Capítulo VI

Porém, infelizmente, deste combate não resultou a form a çã o de um movimento anticomunista tão de fi­ ni do e encorpado - como foi por exemplo a C o nt r a­ -Reforma em fa ce da Ps eudo-Reforma - que o s imbo­ l i zas s e es pe c i a lmente . O nazismo e o fascismo , que ·f oram reações pagãs e socialistas ao comunismo , traziam em · se u bo j o os erros que se j actavam de combater no re g ime russo . A I grej a combateu igualmente o naz i smo e o Non ( Mit Brennender Sorge , PIO XI, 1 93 7 1 f ascismo Abbiamo Bis ogno , PIO XI, 1 93 1 ) •

Mais profundos , e com e fe i tos benfa z e j os que pe rduram até nos sos dias , devem ser as s ina l adas : a reação anti- l iberal magnífica que marcou o pont i­ f ic ado de P i o IX e a luta heróica de s . Pio X con­ tra o modernismo . A I gre j a combateu notave lmente o social ismo e o comunismo através de encí c l icas · e mensagens pa­ pa i s { 2 9 ) , �Je em vár i as de suas partes condenam os erros des tes s i s t emas filosóficos e sociais .

: I . l

N ota 2 9 : "Nostis et nobiscum� , PIO I X , 8-XI I 1 849 ; " Syl labus " , PIO IX , 8-XI I- 1 864 ; " Quod apos­ tolici muneris " , LE!O XI I I ,- 28-XI I - 1 878 ; " D i utur ­ num I l lud" , LEXO XI I I , 2 9-VI - 1 88 1 ; " Aus p i cato con� ces sum" , LEXo XII I , 1 7-IX- 1 882 ; "Humanum G enus " , LEIO XI I I , 2 0 -IV- 1 88 4 ; " Immortale Dei" , LEJ:O XI I I , 1 -XI - 1 88 5 ; "Libertas praestant i s s imum" , LEJ:O XI I I , 2 0-VI - 1 888 ; "Re rum novarum" , LEXo ' XI I I , 1 5--V- 1 8 9 1 ; "Laetitiae Sanctae" , LE!O XI I I , 8-IX- 1 89 3 ; "Gra­ v e s de Commun i " , LEXo XI I I , 1 8-I :.- 1 9 0 1 ; "Parvenu" , , LEXO XI I I , 1 9- I I I - 1 9 0 2 ; Moto pr opri o so bre a A ção Popular Católica , 18-XI I � 1 9 0 3 ; "Notre charge apo s ­ t olique " , São PIO X , 2 5 -VI I I - 1 9 1 0 ; "Ad beatis s i-

Muito se falou e s e f al a com razão contra a violência dos métodos n a z i - fascis tas ; pouco s e atenta , contudo , para seu fun do id e ol ó gi c o .

me" BENTO XV , 1 -XI - 1 9 1 4 ; " So l it i nos " , BENTO XV , 1 5-v"Quadragesimo anno" , PIO XI , 1 1 -I I I - 1 92 0 ; 1 9-I I I - 1 93 7 ; " D ivini Redemptoris " , PIO XI , 1 93 1 ; Radiomensagem de Natal , PIO XI I , 1 944 ; D i s c ur s o s à

9 a . Conferência Internacional das As sociações Ca­ tólicas , PIO XI I , 7-V- 1 949 ; Decreto da Sagrada Congregação do Santo Of ício contra o comunismo , PIO XII , 1 -VI I- 1 94 9 ; Discurso aos 111emb ros do Con­ gresso Internacional de Estudos Sociais e da - Ass o­ Internacional Social Cristã , _ PIO XI I , c iação 0 5 3 -VI - 1 9 ; Dis curso ao Congresso Internacional de 5-VI I I - 1 9 5 0 ; C iências Administrativas , PIO XI I , sobre os nternacional I Discurso ao 1 � Congresso 1 95 1 ; Ra­ I -VI 2 , Proble.mas das Vida Rural , PIO XI I diomensagem ao Katholikentag de Viena , P I O XI I , 1 4-IX- 1 9 5 2 ; C arta a 4 1 a . Semana Social da França , PIO XI I , 1 4 -VI I - 1 954 ; Discurso ao 7 � C ongresso da Un ião Cr istã dos Che fes de Empresas e D i r igen­ t es da Itál ia , P I O XI I , . 7-I I I - 1 9 5 7 .


1 j

Capitulo VI

C apitulo VI

1 64 .

Rar1ssimos são os católicos que , com o vigor de Pio X Í - heroic amente seguido pelo C ardeal von Gal len , Bispo de Münster e pe lo Cardeal Faulhaber , Arcebispo de_ Munique -, combatem ao mesmo tempo o comunismo e os remanescentes do nazismo .

e sacrifÍc ios pela conversão da RÚs s ia e pelo mun­ do ( 3 0 ) . o varão que iniciou tal luta e , quase só , a vem conduzindo no mundo inteiro , pode s e r compara­ do àque l es grandes contra�revolucionários dé · ou­ trora , que enfrentaram as anteriores vagas da

Quem o f i ze s s e revelaria grande descortino para discernir os inimigós da Cristandade , desde o Nascente . até o Poente : quem o . fizess e teria que , por amor à Igrej a , apr eender sua doutrina social e busc ar as soluções para os inúmero� problemas que afl igem a Cris tandade desde os tins do s éculo XIX até hoj e . Seria uma grande mis são , uma grande luta ! Ora , essa mis s_ão não f ico� sem reali.�ação , essa l uta não ficou · s em . che fe -. Um qrÀnde· nome ·sig­ nifica hoj e a mis são e a luta : Plinio C O rrêa , · cie · Ol iveira . Sua vida é um testemunho seguro que con­ . f irma esta verdade ( c fr . COMISSXO DE ESTUDOS DA ''l'FP , � século de eeopéia anticomunista , Ed . Ve­

ra

Cruz ,

são Paulo ,

1 98 0 ) .

A grande:za ��%'f!!oluc:ionFia desta missão é a.aen-ta,_da ainda, quando .se � e111 consideração que Dão se. conta exs o precioso apoio da Hierar­ quia _ Ecl.eaiútica · � - dos . qov�a , . como tiveram os jesuÍtas da - � da eontra�Refoxma , nem com o · 4e Ulll· Papa caao Pio .n- COIIO tiveram os contra-re­ vol..� do século XIX . Acresce a essas di.fi­ C\ll dades a decadên<:da geral Qa. F� e . dos costumes que levava são Pio ' X - já há- 70 anos ! :.. a pergun­ tar-se se não havi:ala cbeqado os tempos do Anti­ -crl.ato (S . PIO X, Eac1clica E Suprem! Apostola­ tua , VI_, Documentos. Pontifícios _, Ed. Vo;Zes , Pet ró­ polis , t9S2 ) . E ,- que. levou a Virqea de Fátima a lamentà.r-se aos pastorillbos , quando pediu orações _

1 65 .

l

Nota 3 0 : Durante o ano de 1 9 1 7 , em Fátima , Portu­ gal , a Vir gem Maria apareceu a três pas torinhos , revelando ao mundo uma mensagem e profecias con­ firmadas então por inúmeros e espetaculares mila­ gres . Algumas dess as profecias j á se real izaram . Outras não . Entre elas f interessa- nos particular­ mente , no momento , a que se refere ao comunismo . Nossa Senhora pediu orações pela conversão da_ RÚS­ s ia . Se o mundo não, se converter e não fize r _ peni­ tência , disse a Virgem , ela " espalhará s eus erros pelo . mundo , promo�endo querras e perseguições à I grej a . ( ) Por fiDt, Meu Imaculado Coraç:ão · triunfará" ( 3a . aparição , l 3--:VI I - f9t7 ) . •

Para uma das videntes , a pequena Jacinta , em aparições indi�iduais citadas pelos melhores h istoriadores de Fátima , Nossa Senhora advertiu : " Os pecados que leValll O maior número de almas para o inferno são os pecados da ca�e . Virão modas que ofenderão muito a Nosso Senhor" ( Our Lady o f Fati­ �, w . T . WALS H , The McMillan C.o . I NY , 4a . ed. I 1 94 7 , PP • 1 6 1 - 1 6 2 ; Era � Senhora � b rilhante do � -� so l , Pe . João M . DE MARCHI , Seminário das Mis sões de Nos s a Senhora de Fát�a , CQva da Iri a , 3 a . ed . , PP • 2 54-2 56 , in A . A . BORELLI MACHADO , � Aparições � .!. Mens agem de Fátima , 1 9 a . e d . , Ed . Vera C ru z , São Paul o , 1 984 ) .


1 66 .

Ca pítulo VI

imens a Revolução que vem des de o s�cul o XV até es­ te s éculo XX . *

b ) Novas ex igências da · luta

Pelej ando sob a ori enta ção de Pl inio Corrêa de Ol iveira , em mei o a tantas dif icul dades , contra a expanção comunista , mas conseguindo muitas ve­ zes , apes a r delas , cortar o pa s s o ao inimigo , no Bras il e po r sua influência em toda a Amér i c a do Sul , a Contr a- Revolução se depara com novas dif i­ cul dades ( 3 1 ) . do enorme ânus des s e es forço ; a C ontra­ -Revolução vê , em menos de 1 0 anos , abrir- s e con­ t r a a C r i standade e a I gre j a duas novas f rentes de luta . Em 1 96 5 , o que se poder i a ' chamar o tufão da

Além

Nota 3 1: Por e xemplo , as campanhas contra a Refor­ ma A�ár ia nos anos; 196 1 a 1 9 6 4 , cont:ra a aprova­ ção da lei do divór c io nos anos 1 96 6 e 1 97 5 , pe l a coleta de mais de do i s milhões de as s inaturas de apoio a uma mensagem a Paulo VI pedindo medidas contra a inf i l tr a çã o comun i s t a nos meios · catól icos brasilei ros e hispano- americanos em 1 96 8 , tudo is­ to além de ampla di fus ão em território nacional dos l ivros que estão acima mencionados ; a l ém do Bras il ; insp i r a r am campanhas análogas nas TFPs h is pano-americanas ( cfr . COMI S SXO DE ESTUDOS DA TFP , Meio s éculo de epope i a anticomunista , Editora Vera C ruz , S ão Paulo , 1 980 ) -.

Capítul o VI

1 67 .

" Revolução pós-c oncil iar" ( 3 2 ) que começa ; em 1 96 8 a 4 a . Revolução estoura nos desvarios da Sorbonne . A 4a . Revo l u çã o ( cfr . Pl inio CORdA DE OLI­ VE IRA , Revolução � C on t r a- Revolução , 2a . ed . , P a r­ te III , cap . I I I , 2A ) exige em contra-partida maior espírito re l i g io s o dos atuantes da C ontra­ -Revolução .

Novas

lutas exigem novas dedicações . Era

na­

t ural que essas dedicações se voltass em para o grande guerreit:O católico ( 3 3 ) que há mai s de 5 0· anos dirige a C ont r a- Revolu ção , Dr . P l inio C orrêa de O l iveira ( cfr . COMI SSXO DE ESTUDOS DA TFP , Me io s é culo de epopé i a anti c omun i st a , cap . V ) . Além� i ncontávei s lances épicos em prol da I gre j a e da C ivil i zação Cri stã j á as sinalados na História do Bras i l , no capítulo X do livro Re f utaçã o da TFP � uma investida f rus tra encontram- se muitas out ras r azões pe l a s qua i s D r . Plinio Corrêa de Ol iveira é

Nota 3 2 : Por " Revolução pós-conciliar" se entende o vendaval que começou a· soprar na Igre j a antes do C oncíl io Vaticano I I , e que oc a s ionou a pe n e tr ação da_ " fumaça de . sa-t an ãs " na Igrej a ( cfr . Sermão de Paulo VI , em _ 2 9-VI - 1 972 ) , e o desencadeamento do misterioso processo de " autodemolição" ( cfr . Alo­ cuyão de PAULO VI ao Seminário Lombardo , em 7 -X I I - 1 968 ) , parecendo chegar ao auqe com a crise trágica em que se debate a Igrej a , provave1mente a maior de sua História .

3 3 : A pa l avra guerreiro aqui não se refere obviamente à guerr� armada , mas à luta ideol ógica , que a Igre j a s empre travou ao longo dos s éculos enquanto I gre j a mil itan·t e .

Nota


C apítulo VI

1 68 .

merec idamente tomado em consideração pertencem à família de almas da TFP .

pe los

que

Capítulo VI

1 69 .

d ) Porta-voz dos princípios contra•revoluc ionSrios

*

c ) Novas extens5es da ação contra- revoluc ionSria A a ção das TFPs tem. aumentado mui to , pelo fa­ vor e pela proteção de Nossa Senhora . Ho j e o movi­ mento da Contra-Revolução , nasc ido em são Paulo , conta com TFPs em 15 países , inclus ive núc l eos de cooperadores e ' bureaux ' de representação em 1 1 países . Cada TFP é independente . Ent�etanto , qua­ l if icados elementos delas ; sobretudo daquelas ain­ �a inexperientes , vêm a são Paulo bene f ic iar- s e do exemplo de Dr . Pl inio Corrêa de Oliveira . Bene f i­ c iar- s e do exemplo val e dizer inspirar- s e nas múl­ t iplas maneiras com as · quai s Dr . Pl inio Corrêa de O l iveira conyid.à tantos ,j ovens a pa rtic ipa r da c aus a que defende · e a receber a formação que lhes dá . Atração e formação sempre feitas pe la inf luên­ c ia que o Dr . Pl inio. Corrêa de Oliveira despreten­ s iosamente exerce sobre os que o procuram , e pel a ace itação lúcida e serena desta influência , por parte dos membro.s da família de almas da TFP . Es s a i nfluência não s i gnifica interferência n a vida in­ terna das ·várias , TFPs exis tentes i no mundo . Independentemente da autonomia de cada TFP . na ação em seu r espectivo PaÍS ; é freqÜente que · as delegações de . sóc ios ou cooperadores das TFPs dos outros paí s es .se interes sem por sua · experiência , s olicitem s eu apoio e acorram a são Paulo para co­ nhecerem Dr . Plinio , partic iparem . de s eus cursos e receberem seus conselhos . Quanto mais aumentam a extensão da ação e o número das TFPs , mai s o auxí l io dele se faz neces­ s ário . *

" Revolução e Contra-Revolução• é o livro de c abeceira do membro da . TFP . Seus pr�nc1pios dou­ trinários ou práticos lhe servem de base para a análise da História e · da atua l i dade , bem como pa·ra o j ul gamento das. situaçõea � -

Mesmo outrós movimentos contra-revolucioná� r ios, . distintos da famíl ia de almas da TFP , edita­ ram a obra do insigne pensador brasileiro . Tradu­ zido para várias línguas ,. foi publicado na Espanha por "Crist i andad" ( 1 9 6 0 ) , no Chi l e pelas Edições Paulinas ( 1 96 4 ) , na . Itália por . "Cristianità " nos Estados Unidos por " Educator Publ ica­ ( 1 972 ) , t ions " ( 1 9 7 2 ) , e no Canadá por " Les Pub l icat ions LSJC " ' ( 1 9 7 8 ) . Em torno da obra 4e_:_ .P linip Corrêa de 01 iveira dá-se o fato Ú:Óico na His tória de nosso País : o Bras il expo � a pensamento em esca la mundial . Com . e feito , foi em torno dos princípios doutrinários e laborado.s pe lo pens �dor bras ileiro que se const i­ tuíram as 1 5 TFPs · existentes hoj e na �frica do Sul , Argentina , Bolívia , Canadá , Chile , C olômbia , Equador , Espanha , Estados Unidos , França , Peru , Portugal , Uruguai e Venezuela , e par a · difundir tais id� i as exis t em êiªemais , 1 1 Bur eaux das TFPs , em Frankfurt , Sidney , Bruxe las , s . Jos é da Costa Rica , .Washington , LOndrtif;i , Roma , Paris e Caracas . No manento desloc am_;se . para a Nova Zelândia os membros da TFP que lá s erão reSponsáveis pelo es­ critório de repres entação da TFP , int:Jistentement·e convidados por s impati zantes na importante ilha . ·

Também os l ivros de Dr . Pl inio Corrêa de Ol i­ veira encontram grande acolhida fora das frontei-


r·.·; · .

'

. ..i

1 70 .

Capítulo

VI

ras do Bras i l . São os seguintes os estudos publ i ­ c ados n o Exterior : * Revolução � C ontra�Revolução ( E s panha , Ar­ gentina , Chi l e , Canadá , Es tados Unidos e I t á l ia ) . * Reforma Agrária - Questão de Consc i ência ( Argentina , Espanha e Co-lômbia ) . * Acordo � � regime comunis ta : para � I gre­ � espe r ança � autodemolição? ( e dições em a l e­ mao , francês , húngaro , inglês , italiano , po l on ê s e v i e tn am i t a ) * Ba lde a çã o ideológica inadvertida � D i álo go ( edi ções em e s p anho l , inglês e al emão ) .. ·

·� ·

*

T rib a l i sm o indígena , ideal comuna-mi s s ioná­

r i o para i nglês ) .

Bras i l . do s éculo

XXI ( traduzi do

para

o

* N a .. Noite S andinista" : o incitamento à gu e rri lha dirigido por sandinistas " cr i s tãos " à e squerda católica � Brasil � � América Espanhol a ( Ar gent in a , Chil e , U rugua i , Equador e C o l Ômbia ) . O s oc ia l i smo aut oge sti o n ário : � vista do ( es pa­ c anuni smo , barr e i r a � cabeça ;, de ponte? nho l , f ranc ês , i ng l ê s , ital iano T alemão ; o resumo foi , além des s as línguas publiÇado em holandês , *

polonês , dinamarquê s , norueguês e sueco ) .

o n s o ciali ste : les têtés tombent à l ' eritrepr i s e , à � mai son , à l ' �le (e'd i t ada pe la TFP f r an c e s a em 1 9 8 3 ) . * Autoges ti

*

A imensa obra que o Dr . P l ínio Corrêa de O l i­ veira v i s ta de um gos ou

l idera dá- lhe um pape l que - sob o ponto de de ori entação - tem sens ível analogi a com a d{retor de alguma grande as sociação de lei­ Co n g regação Re l ig ios a . *

*

171 .

Capítulo VI B.

. ..-

Paladino da devoção

a Nossa S e nhora

Negar que P l inio Corrêa de Ol ivei r a é um dos m a ior e s após to los da devoção à M ãe de Deus , no Bra s il hodi e r no , é negar a ver dade conhec ida como tal . Que r s eu exemplo edif icante , quer s eus l ivros e artigos , quer s eus di scurs os , quer s eus es cri­ tos , estão s empr e imbuídos da d�vota união que o c atólico de v e ter com Aque la que é a Mãe de Deus e

a Mediane i ra Univers al de todas as gra ç a s . In can­ sável em recomendar o recur so a Nos s a S e nhora , há quem testemunhe - em um convívio diár i o de a n o s a f io - nun cà tê- lo visto perder uma oportunidáde de conseguir-Lhe um devoto a mais , de exaltar o Seu nome , de introduzir em al gum local c ab ível uma imagem , de re comendar um ato de pi edade marial a quem quer que dê ocas ião para tal .

A recita ção do Ros ário , a s ua c ons a gr ação como " es cravo •

renovação di ária d e de Maria , a r e c ita­ ção da Ladai nha Lauretana , o uso da Medalha Mi l a­ gros a , a rec itação dos Salmos do O f í c i o P a rvo da Sant í s s ima ·Virgem , a vis ita aos santuários ma ria. nos ou a simpl es imagens piedosàs , são al guma s de s ua s devoções a ss ídua s . Se é verdade que , pa ra des_graça do Bras i l , o movimento das Congregações Marianas , outrora · t ã o

se estiolou nos últimos quarenta f lores cente , anos , é também verdade que , dentro do eoração de P l inio Corrêa de Oliveira , aquele surto de devoção à Mãe de Deus , que caracterizava o movimento ma­ riano , cresceu inces s antemente .

OUtrora , foi e l e o l íder que , com palavras de fogo , estimul ava a j uventude mari ana a altos graus de devoção a Nos s a Senhora . Hoj e , na família de a lma s da TFP , e l e não deixou de progredir no ar-


TI' I . 'r .:

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I

1 72 .

Capitulo VI

Capitulo VI

ex-

s acer dot e s ,

dor , mas sobretudo muito oresceu na madura e t remos a reflexão sobre a Mãe de Deus . c�

Fundador

qu .s e j a. , · orientad or da C�ntra-R evolução e paladino .

Pe las

duas caracter1s t icas aqui

enumerada s ,

da · devoção· marial , · ou por várias daque l as tratadas c·�·: · mais - va ga r . na obra ·"R:Gutação - . da TFP a uma In­ vestida .Frustra " ( Vol-. I .� Cap X ), po d e- s e dize r que D r Pl irtio . Co�a ·. de Oliv.tti:ra., a l ém d e s e r P r es ident e -da Conse1ho Naciori�-1 da TFP , é também o a n imador de ·uma famllia de ·almas que busca um ide�l · de perf e i ·ção evangé l ica . ·

·

•.

·

Agora sê verá- se ca n onicame nte é po s s 1 ve l chamá- lo de fundador , ·.e depois ( Cap . VI , I tens 3 , 4 , e SA ) s e verá s e o ideal que s e persegue po d e s e r qua l i f icado __ d e. ideal de perfeiç ão evangé l ica .

Ao buscar uma · definiçã o clara do que a Santa s é cons i d er a como um fundador, d�para- se inicialmente com uma di f i cu l dade . ·

pr ópr ia Sagrada Con rega ção dos Ritos , que e ra um dos órgãos da Santa s é para atribu i r a al­ guém o título de fundador de uma família religio­ s a , por muito tempb não teve uma definiÇão total­ ment-e e stabelec ida a esse respe i to � A I grej a diri­ ge-s e pe lo sopro da graça ; e mu-i tas. veze s a l ei pode " vi r depois . Entretanto , po r ocas ião do pro­ c e s s o de canoniza ção de são Luís Maria Gr iqnion de Montfor t por Pio XI I ; o probl ema se pÔs . o grande Santo mariano é indis cutive lmente o fundador dos M i s s i o ná r i o s da C ompanhi a de Ma ri a , Congrega ção de

A

e do I n s-t itut o das Filh&8c da Sabedo­ para r e l i gi os as . En t re ta nto , um instituto I rmãos de são Gabriel , também r e ivi ndi ca l ai cal , para . si o te r s ido fundado por são ·Lu! , Ma ria Griqnion d e Montfort . Ta l pr et e ns ã o é contestada pe l os padres da Companhia de Ma ri a , que al egam s er o fundador dos I rmãos. de São Gr abri e l o Pe . Gabriel Deshaye s , Supe rior Geral dos Montfo rti a­ nos , em 182 3 . ria ,

·

Por ocas ião dess a discussão , vinda à luz no proc es � o de São Lu!s Gri qnio n , · é que a Sagrada C ong re gação dos Ritos s e ocupou da de fi n i ção de fundado:r;- . E para isao dirigJ.u consulta sobre a ma­ téria a três. grandes canonis�as da Comissão Espe­ cial da Sagrada Conqreqâção dos Religiosos , para aprovação de novos Institutos e revis ão das r e s ­ pec-ti v.as constitu.içÇ»ea •

o s egui nte o texto da catta de" 1l1ll � , délés 1 E' P e . SERVO GOYENfcHE CMP 1 ptlblic�da pi! l a " Sac�a Ri­ tuum Conqreqatio - Sectio Bist:orica• , . �ob o titulo _..

Griqnion de LOC IONEM

..

1 73 .

Canonlzationis · -aeatt· Lu4ovici

o.rt. . �

ilova

- ---��--

Ipq!iiaitio. ·.

·

Maria�

:::?:·��.l�i::.t::.::=-i

eDcOntra � ae cledu .. P=a - o · f1m4ador de. uma igreja OQ de - bendtcio " t cir. por Ue.plo can . 1-4 1 71 1 45:0, 1544 ) . Considerei tPbh diversos autor-es e dlcionãrl.os jur1dicoa , :velhóa e JaOder­ nos , e nefthula dea ae • e que procurava . trário

se

*De qualquer modo , parece-ate que 1 da qeral cons ideração gue se tem dos fmidadores in _s ubj e cta

discriminatórios ,

ou seja: a ) � fato pelo qual se const i tui uma dê­ terminada sociedade on religi.ió , com um fim espe-

materi.a ,

_emerqem dois el.eaentos

·


C ap í tul o VI

17 4.

c i f ico ; h ) � normas que regem a dita soci e dade ou O pr imeiro e l emento é abso lutamente ne­ r e l i gião . c e s s ar1o , e de s i s u f i c ient e , para que urna pe s soa pos s a diz e r- s e fundador ; o outro , comunls s imo , n em s empre s e ver i f i cou . " E s ta doutrina , de mane i ra um pouco f luida e difus a , s e encontra fac i lmente nos autores de di­ r e i to r e l igios o , e até em documentos pont i f í c ios . A s s im , n a s ua C a rta Apo s tólica "Unigenitus " , de 1 9 d e março d e 1 9 2 4 ( AAS XVI , p . 1 3 5 ) , o Santo Padre Pio XI c onvida o s r e l i g iosos ' ut suum quique C on­ d i to rem Patremque l eg i f e rum exempla intueantur ' , ( pa r a que cada um deles não perca dé vista o Fun­ dador e Pai · l e gi s l ador como s eu exemp l o ) , e chama a inda s imp l e smente o fundador "Pater legife r " . E ' . estes . port anto c laro que , na mente do Pontí f i c e , do i s e l ementos caract·e ri z am o f undador " ( S e rvus GOi::"ENtCHE CMF , Luc ionem - C a nonizationis B e a t i Lu­ dovi c i Ha riae Gr ignion de Mo ntfort , Typ i s P o li­ g lo t t i s Va ticani s , 1 9 4 7 , p. IV ) . *

vê- s e ,

po rtanto ,

dado o exposto neste .

I t em

2 . C . do Cap . VI , que não hav e r ia : nenhum impedimento

c anônico para que se considera � s e Dr . P l ínio C o r­ r ê a d e O l iveira como f undador de uma f am í l i a de a lmas . F amí l i a de almas es t a que como s e verá é t e ndente à pe r f e i ção rel �gios a . *

*

D . Superior Que o Dr . P l ínio Corrêa de Oliveira a virias t ítulos mere c e o qua l i f i cativo de supe rior da fa­ mí l ia de a lmas da TF� e que a es t e propós i to ele é d i gno de venera ção e respeito , j á f i cou dito ( C ap . VI , I t en s 2 . A , B e C ) .

.i:I

,. .

;,

17 5 .

Capítulo VI

Pergunta- s e aqui s e e l e pod·e r e ceber , dos membros da fam í l i a de almas da TFP o ti tulo de su­ anal ogamente ao de um supe rior r e l igioso , p erior , para conduz i r um súdito à perf e i ção r e l i g ios a . Enquanto fundador da famí l ia de almas da TFP , pai da C ontra-Revolução promovida pe l a TFP nos dias de ho j e e mestre , Dr . P l inio Corrêa de O l i­ veira e s ti i nvestido naturalmente de poder pa ra coordenar as at ividades de todos . Enquanto representante de C r i s t o , de Nos s a S enhora , po r e s colha l ivre d e quem que i ra fazer­ - lhe voto de obe diência , esti inve.s t i do de um po­ der anilogo ao que tem um superior r e l igioso s obre s eu s úd ito . D e s s a s virias mane iras , po i s , os membros da f am í l ia de almas da TFP podem cons i deri- lo e a c a­ ti- lo •

.

*

Encerra- s e aqui e s t e I t em 2 do C ap . VI com a cons ideração de vários t ítulos s ob os quai s· a f a­ mí l i a de a lmas da TFP admira e respeita o Dr . P l í­ nio C orrêa de O l iveira : orientador da Contra-Revo­ lução ; pal adino da devoção mar iana ; fun dador des s a f amíl ia d e almas e superior . *

*

*

' 3 . Pos ição de mui tos membros da famí l ia de almas da TFP : a l ém d.e um ideal cívico , um i deal de vida rel igio s a . Nexo profundo entre as neces s idades do ideal . c ívico e as a spiraçõe s de vida rel igio s a No que t o c a à vida espir itua l , ver i f ica- s ê que muitos membros da família de almas da TFP , s em


1 76 .

C apitulo VI

deixarem de ser leigos , vão , aos poucos , tendendo para um ideal pr ivado de perfeição evangél ica . Tal tendênc ia não significa que a TFP , en­ quanto um todo , rume para uma nova estrutura ção c anônic a , deixando de ser uma sociedade c ivil e pass ando . a ser umá as s oci a ção 'r el igiosa . Nem S iCJlli f ica que no trato cor r e nt e entre os membros da TFP , haj a qualquer tentat iva de valori­ z a ção que daqueles que têm vo to , em · r el a ção aos nã o o8 têm � De uns com os· outros · o tr a to é sempre o ·mesmo ; · s em que· a: diferença das respectivas s ituações se faça no ta r . ideal de perfei ção s e . reflete em um de dedic a çã o e - -.de . serviço para o bem da C!-·

Es s e i deal

vil i� à ção Cri,stã e indiretamente para o bem da · rgrej a , que na ínaior parte ' d.os casos· impl ica · espe­ dedic a ção

c ial

e obedi ênc ia Jo superior ao

qual

tenham feito votos .

*

*

*

4 . Se_ na famí l ia de almas da TFP i há votos . A quem são dirigidos e caa qu! f:i.Mlldade

·

almas verdadeiramente católica , no âabito -da TFP não há ·nenhum impedi­ mento a que se pratiquem at as parti.cularea de pie­ dade� segundo a mOção interna de ç:ada um .- E , pelo aesmo motivo , não hã impedimento para que aque les . Como em toda famí.lia de

que o queiram , façam votos privadamente .

E • bom ficar assinalado que não há nenhum ti­ po de coação indúzindo o conj unto dos sócios ou cOoperadores da TFP , ou a l gum deles individualmen­ te , a praticar qualquer devoção .

Capitulo VI

1 77 .

Para o pl eno respeito da liberdade tanto de fazer como de não fazer votos , ficou estabe lec ido , por tác ito e geral cons enso que os votos não são s igilosos , de sorte que - havendo razio suf icien­ te - quem quer que s e j a pode aludir aos votos fei­ tos por si mesmo ou por outrem . Mas que , s em esta razão , não se fale do as sunto . *

A . Motivos que levam aos votos

Imbu1dos da grandeza da luta que são chamados a travar pelo bem da I grej a e da Civil ização Cris­ muitos membros da fam1l ia de almas da TFP s ão tã , l evados a pens ar com especial atenção na neces si­ dade do auxilio da graça . Nada de bom e e stável s e f az s em o auxíl io da graça , quanto mais numa luta de tal porte , e tão desproporcionada com a exigüi­ dade . de meio$ de que as TFPs dispõem . Na cons ide­ ra ção da necess idade da graça e da dispos i ção de abnegação para se conseguir a vitória s obre os i nimigos da I grej a , muitos membros da famllia de. almas da TFP quer em levar ao máximo es s a dedica­ ção : e por isto fazem voto s . são filhos do comba­ te , da luta •

à

OUtros

membros dess a família de almas chegam

conclusão de fazer votos , porém mov i do s mais especialmente por razões de outra 1ndole . To­ mesma

c a-os diretamente o des e j o da imitação de C r is to , o desej o da reparação a Ele e a sua Mãe . S antlss i.ma pelos ul traj es , e humilhações que sofreram , a com­

paixão pel as dores da Paixão e Morte de Nosso Se­ nhor Jesus Cristo e pe l as Dores de Maria e final­ mente a gratidão pela Redenção infinitamente pre­ c iosa que nos foi alcançada pe l o Filho de D eus . e


Ir t

C a p ítul o

1 78 .

VI

pe l a partic ipa ção cc- re dentora de Mar i a Sant í s s i ­ ma . Es t e s que rem que o s a cr i f íc io que f a z em a j u d e em a l go para conso l ar Nos s o S e nh o r , s u a Mãe San­ t í s s im a e S eu C o rpo MÍstico , a I g re j a . São f i lho s da dor .

I.

•\ . I

Por fim , t ambém chegam aos votos aque l e s que z e l ando pe l a própr ia s aúd e e s p i r it u a l f e t eme­ rosos das penas do I n f e rno , opt am pe l a v i a da pe­ nitência , s abendo que é um remédio amargo 6 mas que leva à cura e à s aúde . São f i lhos da prudên c i a e da penitênc ia : s ã o fi lhos do t emo r . São três vias, que a l i á s não s e exc l uem .

l

I!::

I!i l; i·

Il

I I

*

* B.

A quem

os

votos s ã o di r i gidos

A quem e s s e s homens r e c o r r em pa r a fazer po r mei o des t e os votos privados ? P e l a ordem nat ur al das cois as , l ivre e p r ivadament e que r em f a z e r a abne gação compl eta de suas vont ade s , po r amor a J e s us C r i s to e à Sua Mãe S a ntí s s ima , nas mãos de s eu supe rior natura l , o O r e P l i � io Corrêa de O l i­ v e i ra . *

Os votos de obediênci a , f e i tos na famí l ia de a lma s da TFP , não são f eitos a uma institui ção ou a um a r egra , como no caso das Ordens �e l igios a s e d ema i s Institutos de perfei ção , mas a uma pes so a , Or o Pl inio Corrêa de Ol ive i r a , e não pe lo c argo que ocupa · na TFP bras i l ei ra ( pe lo qual o dito voto não é transmis s ível a s eus eventuai s sub s ti tuto s n e s s e c ar go1 � mas c om o varão s ábio e prudente , c a­ paz de conduzi - los no que s e r e fere à matéria do s v otos e nas vias da per f e i ção cristã , de modo ge- · r al .

C a p ítulo

VI

1 79 .

Tai s votos de pe s s oa a pe s s oa , mesmo que aque l e que os aceite s e j a um l ei go , e s tã o to t a l ­ m e n te de acordo com a doutrina e a prát ica da S an ­ ta I grej a , tal como ens inam douto s e grav e s auto­ r e s c i tados no i tem O deste ca p1 tul o o *c.

*

Que gêneros de votos

a ) Quanto

à espécie

São votos privado s , o u s e j a , emitidos nas mãos de uma pe s soa que os a c eita em nome própr io e priva�o . Distinguem- s e , a s s im , dos votos púb l icos , que são emitido s nas mãos de um super ior e c l e s i á s ­ t i c o legítimo que o s aceita em nome da I grej a { 34 } o

Nota 3 4 : Aqui é ne cess ário evitar uma confusão mui to freqüente ne s s es as suntos da parte dos l ei­ tores não f ami l iarizados com a linguagem e c l es i ás­ tica . Os vo to s n não são chamados púb l icos po rque s e emitem na pre s ença de um grupo de pe s soas reuni­ das ; para que a I grej a os recon�e ça como ta i s é neces s ário que t enham s ido aceitos em s eu nome por um s uperior legítimon ( Pe . SABINO ALONSO MORAN OP , in MIGUELEZ -ALONSO-cABREROS , Código de Derecho c a­ nónico B i l íngüe � comentado , BAC , Madrid , S a . ed . , 1 9 8 4 , canon 1 3 0 8 ) . Em s e ntido contrário , s e enten­ da de por votos privados não aque l es feitos fora pre s ença de outras pe s soas , mas os que não t êm a c eitaç ã� ofic i_al "ein nane da I greja . As c ir­ 'cuns tâncias .externa s que cercam o ato de em i s são de votos em nada· altera s ua natur eza de púb l i cos ou de pr ivados .


r,

t I

i t

I i

180 .

C apítul o VI

Cap1tulo VI

181 .

b) Quanto à mat é r i a

o.

O principa l voto ex�stent e n a famll i a de al­ mas da TFP é o voto privado de obediênc ia . A s e­ guir e s tá o voto de castidade . Não há voto de pobreza . Além destes do is há promes sas , que só têm valor real para os que não tenham voto de obediên­ cia ou de castidad e . São as promes sas de s i l êncio , c l ausura e cumpr imento de um regul amento nas resi­ dências e Casas de Es tudos da TFP ; e cel ibato .

A legitimidade da emi s são de votos . privados mão s d e um varão s ábio e prudente , mesmo lei­ g o , se apo ia em graves e doutos autores , tanto an­ t igos como modernos ! assim como no exempl o da v i d a dos santos ( 3 5 ) .

Como em qualquer família de almas piedosa , há a inda outros votos part i culares ou promessas que não vem ao caso mencionar , pelo s eu caráter var ia­ �o e cuj a mat éria , em geral , diz respe ito a defei � tos espiritur a i s que devem s er vencidos ou a gra­ ças que se , desej a consegui r . Nestas riiatérias val e o princípi o de Santo AGOSTINHO : voveat quod vovere voluerit - que cad a um faça o voto que· lhe . agradar ( cfr . S . AGOSTINHO , Enarr . in Ps alm . XXV , n . 1 6 , PL XXXVI , col . 9 6 7 , in Dict . T�ol . Cath . , T . XV , p . 2 , cal . 3 2 0 7 ) . c)

Quanto à duração

O voto mai s raro é o voto d e obediência o u de castidade .

perpétuo ,

sej a e l e

· os votos mai s freqüent e s têm a mesma matér � a , mas são f eitos com duração restrita , e portanto são renovávei s per iodicamen te . O� votos de . obediência e de cas tidade , n a f a­ míl i a 4e almas da TFP , não são feitos a uma insti­ tqição , mas a urna pes soa . C e s s am , pois , pe lo f a l e­ c ime nto do superior . *

*

des s e s

Legitimidade

v

o tos

nas

Entre os anti gos c ítar- s e- á sO�REZ ( 1 548- 1 6 1 7 ) , de quem se diss e : " Muitos são de opi­

nião de que sua c i ência era divinamente infus a " ( Pe . Ioanne P e tri GURY SJ - Pe An tonio BALLE RINI SJ , Compendium Theologi ae Mor ali s , T . I , p . XXI ) . • .

Escreve o Doutor Exímio : " ( ) o voto de obediência ( ) pode ser válido e hone s tamente feito a um homem bom e prudente , a quem s e su­ j eite aque-le que emite o ·voto , à f im de s er gover­ nado por e l e ; quer sej a prometendo a Deus que o bedecerá a tal hom ém , quer sej a prometendo também a esse mesmo homem que o obedecerá em tudo o que. •

Nota 3 5 : Lê-s e na biografia de S iena , s impl e s leiga , terceira

Santa C atarina de dominicana ,

s eus disc!pulos , tanto mulheres como hamens ,

como

f ize­

ram voto de obediência à santa, a quem chamavam pe­

lo

doce nome de MaJnma ,

e como · ela f e z uso dos ·�

nane da santa obediência" , que cada qua l abraçasse o estado de vida que ela ia indicando : a s s im , um d e l e s ( o bem-aventurado Estevão Marconi ) s e fez d e r e$

que ihe conferia es se voto para mandar

monge

cartuxo ,

e chegou a ser Superior Geral

• em

de

s ua O r dem ; outro s e . fez ·agostiniano J outros pro­ f essaram na Ordem Dominicana , etc . ( cfr . Johannes JOE RCiEN SEN , Santa C a tarina de S i ena , Ed . Vozes , P etrópolis , 1 9 4 4 , pp . 3 9 1 - 3 92 ) .

.


C ap í tu l o VI

1 82 . se

r e f e r e ao bem da próp r i a a lma

(

Deus

.

.

)

e

ao s ervi ço

o

" Também da pa rte da pe s s oa a quem é promet i do

a

obediênc i a ,

ou

não é n e c e s s á r i o espe c i a l aprov a ção

mandato da I gr e j a , p a r a que po s s a l í c ita

a c e itar a suj e i ção e obe d i ên c i a de

l idamente t r em .

(

.

.

s e j ul gue que o ato é h o ne s t o

I

Deus ;

i s so ,

com e f e i to ,

e

e

para

s e rv i r. de

ou­ pro­

pruden­

agradáv e l

é suf i c i ent e pa ra que s e

e nt e nda que Deus a c e i ta aqu i l o que um homE>..m 1 lhido

va ­

con f e r i do

Deus , mas b a s t a que po nderando reta

t ement e ,

e

ou

) P a r a a c e i t a r s emelhante voto

mes s a não é nece s s ár i o um poder espe c i a l

por a

de

repre s entá- l o ,

aceita com

o

es c o ­

f im de

O

não é nece s s á r i o que es s e repr e s e ntante

E

um

D eus s e j a

quem

em i

VI I ,

te o

l ib . I I ,

voto " ( F . cap.

Paris , p . i 94 ) . Ai nda f rancês

ma i s do

XV ,

n�

7 - 8 , vol: XV ,

SUAREZ ,

e xp l í c i t o é o

s éculo

pa s sado ,

De Re l igione �

Tr .

Ed. Vives ,

mora l i s t a

famos o

M-DOMINIQUE

BOU I X

( 1 8 0 8- 1 8 7 0 ) : " Suponhamos que T í c i o queira abraçar o e s t a do f a z endo voto dós três conse lhos evangé­ l icos e adotando uma determinada regra de v id a , que a r e t a razão mos tr a s er sumamente legí t im a e ' muito r e comendáve l . P ara f a z e r i s s o , T í c io dir i ge­ - s e a S emprôn i o , v arão privado e leigo , mas ins i g­ ne po r sua prudênc i a e s antidade de costume s c Nas mão s de l e , T í c io emite os três votos , e faz a to­ r e l i gi o s o ,

tal

entr ega e doa çã o d e s i mesmo a Deus

nio , D eus ,

se

..

S empr ô­

de sua parte , a c e it a es sa entrega , em nome de e se c ompr omete a d i r igir .a T Íc i o , que

s ubmete

e n t r e ga de há nada u co rati p ele f eita mau ; mas tudo é reto e agradável a Deus . C om e f e i­ t o , os três votos são legítimos : s ão l egí t imo s po r pois es tamos supondo qu e tenham re s pe i­ hipótese , t ado a forma legítima dos votos . E ' de · s i legitima fez agradável a D e us a entrega total que T 1 c io e s i própr i o a Deus . E ' l egitimo o pa cto pe lo . de qua l Tício se obriga a obedecer a S emprôn i o . Dado , p o i s , que tudo isso é l egit im o e agradáv e l a D eus , logicamente s e conclui que Deus rat i f i ca a a c e i ta ­ ção f eita por S emprônio" ( BOUI X , T r ac tatus de I u r e Regu l ariurn , T. I , Ruf fet , 1 8 6 7 , pp . 5 8 - 5 9 ) . p e r gunto

a

ele

pe l o ' voto de obe d i ênc i a $ P o r qu e razão

eu - Deus não aceitaria e s s a

por T Í c io ? No que

e voto de obe d i ê n c i a ao supe r i o r

E.

" Es c r avidão"

o

voto de obed i ência , perpétuo ou tempo r á r i o ,

min i s t ro pÚb l ico com deput a ção da

I gre j a pa r a o exercí c io ·de s s a fun ção ; mas bas ta que s e j a v o lun t á ria e prudentement e es colh i do por

1 83 .

C ap í tulo VI

A p a r t i r da e nt r e g a libérrima e ra d i c a l que é c onson ânc i a

. a t r av é s

com

o pens ar dos santos

em

doutores

confo�e a c ima j á s e f e z r e ­ votos p a s s am a ver na vontade de seu super ior a vontade de Cri sto e de Sua Mãe Sant í s s ima . A par t i r des s a e nt rega o diretor fica inves tido com um poder aná­ l ogo ao que tem o superior rel igioso . E o mod e l o r e l ig ioso des s e re l acionamento tem , c om a relaç ão s enhor- esc ravo , a analoqia antes enfocada . E ' a " es c rav idão" religiosa , de que s e falou a c ima , meio ideal para a imitação e o s erviço de Cristo . f erência

dos s é culos ,

e

( C ap. I I I. l . B ) , os que fazem e s t e s

Por tudo o que foi v i s to até a gora , e ma i s adiante s e verá , fica c laro que todo po d e r atri­ b� ído a tal t í tulo a Dr . P l inio C o rrêa de O l ive i ­ ra, s ó poderi a provir do �to consc iente , l ivre e c ontratua l daque l es que o e s c o lhes s em por di r eto r .

'*

'*


1 84 . 5.

Capitulo VI

Capitulo VI

merecem as graças pelas quais os homens _,. retornam à amizade divina ; mas além de Cristo , perfe ito me­ di�dor , e de Maria , podem ser chamados mediadores a lguns outros , enquanto pelo mérito , oração , P;Qdêr minis .t erial ou de algum outro modo podem concorrer para a dispensação das graç_as redentoras aos ho­ mens .

Se · há , na famí l i a de alm�s da TFP , " es c ravidão " . De que tipo ela é

Já ficou visto que há na família de almas da TFP uma " es c ravidão" toda ela espiritua l , prove­ niente do voto de obediência , que em e s s ência é a mesma dos rel igiosos .

"As s im , vS bem-aventurados no C éu , OS . j ustOS na Térra , e , em gera l , os s acerdotes , cooperam deste · modo para a reconcil iação dos · homens com Deus , uma vez que são realmente aptos para mediàr porque estão unidos a Deus , ou pela visão beatífi­ ca ; ou pela graça santif icante , ou pelo carisma de um poder sobrenatural , e além disso unidos aos ho­ mens por benevolência , por mis ericórdia ou por s eus deveres ministeriai s .

Aqui s e verá que há outra modalidade de " es­ cravidão" espiritual , afim com a .primeira , muito menos e f etiva em suas conseqüências práticas , e mais· ampl a enquanto des ej o _de entr�ga . Antes porém dé cons ider á- la sob o ponto de vista j urídico , s e rão analisadas as razões de princip io , conj ugadas com razõe s histórica s , que l ev aram ao aparecimento dela na fam1l ia de almas . da TFP . *

"Entretanto , esta mediação supõe a de Cri sto e a de Maria , por cuj a v�rtude. existe - e chega a.t é _ nós e s em a qtial não poderia existir .

S equindo os prin-c ípios j á expostos , a fam1 l ia da TFP vê no Dr . Pl.inio Corr êa de O l ivei­ ra s eu pai_ e spiritua l , superior e fw:lda dor . Vej a­ -se agora o que a I gre j a ensina ; sobre a mane i ra como os súdi tos devem olhar a seu fundador , para se entender que., dom toda tranqiiilid ade de consciência , a famlli.a _ de almas da 'fFP pode : cons i­ derar o Dr . Plini.o corrêa de 01 ive:i.ra como media­ dor entre Nossa Senhora e a dita faDÚ.l.ia de . almas -. de

almas

" As s im diz são Tomás : ' Só Cris to é media"­ perfeito entre Deus e os homens , uma vez - que por Sua morte reconcil iou o gênero humano com � Pelo que , quando o Após to lo dis s e : ' Mediador ent.• Deus e os homens o homem Cristo . Jesus . acr� tou : .' O qual deu a Si mesmo na redenção de todos t,;� N a da , contudo , impede que alguns outros sej am cba•, �adas mediadores entre Deus e os ,.homens ' secundUil quid ' , enquanto cooperam para unir os hpmens com Deus de maneira pos itiva e ministerial ' .

*

A.

Mi ssão do frmdad9r

enquanto pai e . mediador. ·

" E Estio acrescenta : ' Se , em geral ,_ s e enten• de _po r mediador todo aquel e que , de qualquer mo­ do , trata da causa de alguém j unto a outro para r e concil iar- s e . com ele ou cons e guir algo a seu fa­ vor , por súplica ou mérito , não há inconveniente

Ma­ r,ia# _ ni.rujném pode ser mediador na r�-c il iação de Deus COIIl os homens , cooper ando para a redenção ob- · "jetiva, com a qua;L se aplaca a Deus ofendido e s e -E '

1 85 .

indubitável. que fora de Cristo e de

. ' t


1 86 .

C apítul o VI

C apítulo VI

em diz e r que ex istem muitos inter cessores ou me­ diadore s dos homens para com Deus no c éu e na Ter­ ra " ( Gregór i o ALA STRUE Y , Tratado de la V i rge n S a n­ t í s ima , BAC , Madr id t pp . 7 2 3 - 7 2 4 ) .

I

�- r \ i

Em nota i n i c i a l de s eu artigo ' Paternité et Médiation du fondat eur d ' Ordr e ' , apa rec ido na Re­ vue d ' As c ét ique � de Mys tique , 1 9 6 4 , o aut o r J . F o G ILMONT s al i enta que vai tomar a noção de fundador com uma certa f l exibil idade . " Muitos mat izes dis­ t i nguem os fundadores entre s i , na pr ópr ia maneira c om que e l es instituíram s ua s Orden s c Entre s ão B ento , que não pr etendeu organ i z a r s e não s eu pró­ p r i o mos t e iro , o Pe . de Fouc aul d , que não fundou em toda sua vida uma só comunidade , e Sa.nto I n á­ c io , que e s t ruturou até nos detalhes a legi s l a ção d e s ua Ordem , · as d i f e renças são notávei s . Ademai s , o ' c adre ' h i s tór i co traz também co�s igo particul a­ r idades que dão a c ada institui ção sua f i gura pró­ p ri a . A noção de ' fundador ' vai po i s , aqui com uma c erta f l ex ib i l idade " ( J . F . G I LMONT , Paternité et Mediation du Fondat eur d ' O r dre , in Revue d ' A s ceti­ que et Mys t ique , Toul ous e , 1 9 6 4 , p . 3 9 3 ) �

E• com esta mesma f l ex ib i ljidade que se foca­ l i z a o qual i f i c at ivo de fundadór , apl ica do a D r . P l inio Corrêa de O l ivei ra . Sobre a legitimidade d e s s a apl icação , j á se viu acima ao tratar da con­ c e i tuação de " fun dador " que não há nenhum impe d i­ m ento c anônic o . *

a ) Aque l e que ger a n a F é

J. F.

P a s s a- s e a expo r part e s d o artigo c i tado de G ! LMONT , no qua l e l e de f e nde a t e s e de que o

1 87 .

f undador de uma Ordem Re l igios a é pa i e s p i r itua l e medi ado r des s a Ordem .

l

,j • •

!

i

i

D i z São PAULO : " Fui eu que , pe lo Ev ange lho , vos engendrei em Cristo Je sus " ( 1 C o r . IV . 1 5 ; cfr . 1 Te s . ! ! . 1 1 - 1 2 ; F i l em . X ) . Sobre e s te texto comen­ ta J . F . GILMONT : " e l e ( S ão Paul o ) l embra s obr etudo o mi sté rio da transmis são da Fé . P a r a que os cris­ tãos nasçam para uma vida nova e s e tornem ' f i­ lhos ' no Fi lho único , é- lhes nec es s á r i o terem s i do tocados pe l a pr édica de um apó s t o l o ( Rom x . 1 4- 1 7 ) . A paternidade exprime portanto uma di­ mensão es s encial da Fé : a nece s s ár i a media ção dos i ns trumentos humanos no nascimento " ( J . F . G ILMONT , op . c it . , p . 3 94 ) . •

* Adiante diz o autor , referindo- s e ao grande fundador do cenobiti smo : "A paternidade de Pacômio é confundida com a de Deus , a prim e i r a não s e ndo s enão o prolongamento da s e gunda" ( J . F . GI LMONT , op . c it . , p . 3 9 6 ) . *

Na mesma página , c ita o c i s t e r c i ens e AELRED RIEVAULX ( + 1 1 66 } , que pro c l ama : " S ão Bento é DE verdadeir amente nos so Pai , porque foi e l e que , pe­ lo Evan g e lho , nos engendrou em Cri s to Jesus " . *

"O beneditino PEDRO DE CELLES ( + 1 1 8 7 ) diz , por exemplo : ' Deus nos engendrou l ivremente pe l o Ve rbo d a ver dade , e Bento , pe l o Evangelho , n o s en­ gendrou em C r i s to ' . Um autor desconhec ido propõe a mesma trans po s i ção para o fundador de C luny , S anto · Odon : ' P e lo Evange lho , e l e nos engendrou em C r i s­ to ' " ( J . F . GILMONT , op . c it·. , PP • 3 9 6 - 3 9 7 ) • * " D i r i g indo- s e aos monges de C l araval # GEOFFROY d ' AUXE RRE ( + 1 1 8 8 ) apl i ca a mesma f r a s e a S ão Be rnardo , fundador do moste iro . Ga rnier de L angr e s ( + 1 1 9 8 ) , por sua vez , compa r a Bernardo a


1 88 .

C apítulo VI

Abraão , po rque ' e l e foi instituído Pa i de numero­ s a s naçõe s , e a e l e invocamos Abba , P a i ' " (J.F. G ILMONT , op . cit . , p . 3 9 7 ) .

_ -_:( I

. .

!

t I

I

teve da generos idade divina favores dos quais s eus f i lhos s-ão obj eto até o dia de hoj e" ( J . F . GIL­

j ·J

MONT , op . c it . , p . 4 0 3 ) .

"Um s é culo mai s tarde , nas Ordens mendic an­ tes , encont ra - s e a mesma expr e s são de são Paul o . o cardeal EUDES DE CHÂTEAUROUX ( + 1 2 7 3 ) , um s e cul ar , . g ra nd e amigo dos Menores e dos Pregadores , l embra aos dominicanos que s eu fundador os engendrou pelo Evangelho " .

é c orr eto afirmar que o fundador ganhou seus méritoe e es forços a fundação e a conti­ nuidade de uma nova famll ia de almas? Re sponde J . F . G ILMONT : " C u i da doso nas precisões t eoló g i c as , Eudes ( de Châteauroux ) nota muito precisamente qUe s e trata de mér itos ' ex congruo ' , e não ' ex con­ po rque não há nenhuma proporção entre os digno ' , e s forços de um santo e o dom de Peus . Esta obs er­ vação convida a dar um passo a mais . A ca ri d ade do f un da dor , fonte do Instituto , é ela mesma uma gra­ ça divina . Ao se sublinhar as sim a iniciativa di­ vina , a Ordem aparece menos como o fruto de uma r e a l i z a ção humana do que de uma missão divina . N e s sa perspectiva , � im agem da paternidade cede lugar : àgue l a d a me di açã o " ( J . F . GILMONT , op . c it . , p . 4 0 3 ) ( Os gri fos - são deste trabalho ) �

por

* " O primei ro biógrafo o f i_c i a l do s anto ( S an­ to In�c io de Loyo l a ) , RIBADENEYRA { + 1 6 1 1 ) , fala mais d e um a v e z do fundador e d e s eus r e l igiosos cano de P a i e fi lhos " . *

tomad o

" Re c e n t emen te o tema da patern i d ade foi re­ pe los

' P e t i ts

Frere s de Jesus ' .

o

Pe .

VOILLAUME dirige - s e ao Pe . de Fouc aul d , em nome de

todos os s eus di s c ípulo s , chama ndo- o de P a i" G ILMONT , op . c it . , p . 3 9 8 ) .

(J. F.

Mas

*

*

c ) Aqu e l e

Da mesma man e i r a , na famíl iêf de a lmas da TFP , muitos cons ideram o Dr . P l i n i o Çorrêa de O l iv e i r a s eu P a i espir itua l , que os enge�d rou? para a voca­ ção. da luta cont ra- r evo luc ionári a pe l a prega ção da p a l avra de . Deus e · da devoçã o a Nos s a S e nhora e pe­ l o testemunho que dá de C r i s to .

As s im se expr ime J . F . GI LMONT : " E i s outro as­ pe cto da - pater n idade do funda dor . Sua vida terre s­ tre , t o da de despr e nd imento e de zelo arden te , ob-

que tem uma vocação providenc ial _

" Â i n i ci a tiv a divina na ins titui ção das Or­ dens foi fortemente afirmada em todoa os tempos · E i s alguns testemunhos tomados a1;.ravés das épocas :

*

b ) Aquel e que obtém de Deus f avore s par a s eus di s c ipul os

1 89 .

Capitulo VI

·

"P ar a os monges pa�omianos , a aparição do * c enob i t i smo sobre a terra. foi um f avor divino : o • Abba ' ao qual foi confiada por Deus esta grande vocação ' s e mostrou realmente ' o mensageiro de · · ( LEFORT , OEuvres . de s . Pachôme , PP • C-r i sto ' ·

9 5- 5 5 ) .

* "GEOFFROY DE VENoOME ( + 1 1 2 9 1) a f irma de� Ben­ to · que ' Deus o enviou especialmente para que , por


- J

-� · · 1 90 .

Ca pitu l o

C a p í t u l o VI

ma ma i s l onge ; e vai mos t rar que há uma provenie nt e da vocação divina .

s ua vida e po r s eu exemp l o ; e l e s e j a 1 própr i a e pa rt i cul armente # a forma de nos s a v i d a ' ( PL C LVI I , c o l . 2 8 0 D ) . " Em s eu ' Exordium Magnum ' , o futuro abade de EB ERBAC H , C ONRAD ( + 1 2 2 6 ) , ins i s te com força s obre a ori gem divi na da mi s s ão dos grandes fund·adores , em particul ar daque l a de Bento . *

* " Encontra- s ê a mesma inspiração na bu l a de c anoni z a ção de Domingos ; GREGóRIO IX aí pinta um grande quadr q onde a af irmação ' Deus s us c i tou o e sp í rito de são Domingos ' cons t itui um ges to par­ t i cu l a r de urna l onga a ção div ina na H i s tór i a . * " ET I ENNE DE SALANHAC ( + 1 2 9 1 ) retoma o tema n o i n í c io de uma obra s obre sua Ordem : j De us todo poderoso e mis er i cor dios o , que de sde a ori gem da C riação não deixou s em o testemunho de s ua bondade n enhum s écul o , nenhuma época , nenhum instant e , ne­ nhum lugar , produziu no tempo f ix ado po r E l e a or­ dem dos Fr ades Pregado r e s . "' " RIBADENE- YRA consagra mq. cap1.tul o de sua b iogra f i a inac i ana à mesma ver 4ade ( V i da d e l P . Igna c i o , P • 3 7 e pp . 1 4 0 - 1 5 2 ) . *

--

* "Não é , enfim , PIO XI , que ' Quando e s s e s homens notáveis fundaram t·uto , n ã o f i z e ram e l es out ra coisa que i n spiração divina? ' " ( J . F . GILMONT , op . 4 0 3 -4 0 4 ) *

--

pergunta? : s eu I n s t i ­ obed�c e r à c it . p PP •

d ) O f undado r é mediador entre a vocação d iv ina e s eus filhos C orno se não bas ta s s e a med ia ção proveni ent e da paternidade espiritUal , J . F . G ILMONT l eva o t e-

VI

'l. i

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191 .

media ção

"O

j esuíta NADAL ( + 15 8 0 ) não se contenta em a f irmar a inic iativa divina ; e l e es tab e lece esta v er dade como bas e de suas re f l exõe s s obre as fun­ dações religiosas . ' Sempr e D eus chama a nt e s um ho­ mem ' , tal é sua constatação inicial . O f ato histó­ um homem funda uma Ordem - é s i gni f i c at ivo r i co de uma real idade sobrenatur a l : a int e rv en ção de D eus é marcada pe l a e scolha de um _ fundador . ' Quan­ do Nos s o S e nhor des e j a a j udar sua I gre j a , e xp l ica Nadal , E l e us a des s e meio : ele sus c ita um homem , a quem E l e dá uma graça e uma força e spe c ia i s par a o com s e rv i r de mane i ra particular . As s im E l e f e z s ão Franc i s co ' . Antes de continuar a l eitura des s e notemos o nexo e stabe lecido entr e gra ç a e t exto , a mane ira parti cular de s ervir a Cri s to vocação : e s tá def i nida por uma graça espe c ia l . Para Nada l , C r i s to ' não chama ninguém a quem E l e não prometa e não confira a gra ça corre spondente à sua voc a ção ' . -

pre c is a mais o proces so de uma funda­ · "NADAL ção . Tendo evocado a título de exemplo a figura de São Franci s co , e l e continua : ' Deus lhe con f i ou uma graç a e f icaz , para que de l a tire prov e it o e f a ç a out ros d e l a partic iparem ' . Eis sua idéi a e s s encial s obre o fundador : a graç a recebida , qu e de f ine uma man e i ra parti cul a r de s ervir, a Deus e s tá des t i nada s imultaneamente ao proveito própri o e ao de ou­ tros . Encontra- s e no Pe . Vo i l laume a mesma idéia d e uma medi ação do fundador , através do qua l ou­ tros recebem uma graça espe c ia l . E ' em r azão do des ígn i o divino , e s c r ev e e l e , que ' a gra ç a pa rti­ cul ar de cada fundaqor ' é ' transmitida po r ele a s eu s f i lhos e f i lhas ' .


1 92 .

C apítulo VI

"NADAL acresc enta ainda que esta graça , · c onst itutiv a da voca ção de s e u pr ime i ro bene f i c i á­ rio , def ine igua lmente o modo de vida de s eus dis­ c ípUlos : ' As s im , continua el e , quan do e s s e s homens . s e agrupar am # ter- s e- á formado um corpo , uma con­ gregaçã o com esta gra ça própr ia e particu lar ' . ( ) E s s a gra ça , comum aos membros de urna Ordem , é a inda def inida cqmo · ' o modo pa rt i cular que nos diferen c i a das outras religiõ es ' ; ' nó s a s e guimos ( esta gra ç a ) e nós nos dir i g imos s e gundo e l a ' . •

" O papel do fundado r Çiecorre diretam ente des ­ s es princíp i o s . A i n s t itui ção , que e l e real i zou em um momento da h i s tó ri a , é o s in a l de .� ministé rio que s e pr o lqng a na ordem da graça . Há continu idade no des í gnio divino : . o que o S e nhor susc itou por um homem ,. e l e o sus c ita ainda pe l o mesmo homem " ( J . F . G I LMONT , 6p . cit . ; PP • 4 0 4 - 4 0 5 ) . *

mente à pe s s o a de Dr . P l in i o Corrêa de O l ive i ra. o que s e acaba de a f i rmar sobre os fundado res de Or­ .dens ou C ongrega ções Re l i gios � s ; não obstant e , dada certa analogi a de s i tu� çãd , s e a f am í l ia de a lmas da TFP , cons idera que a e l a vêm graças , de E ' c l aro que não s e pr e tende apl i c a r un ivoca­

�es s a S enhora , através da vocação sobrerta tur a l que tem s eu fundado r , o D r . P i inio Corrêa de Ol iveira , n ada há nisso que co�trar ie o modo de pensar hab i­ tual da I gre j a a tal respei to . *

.

e ) O fundador é um pa i · que ocupa o lugar; de C r i s to A c ima ( Cap . I I , , 3 A . b , c e d ) . j á se viu que , para e f eitos da ob ediência re l i gios a o supe ri or •.

1 93 .

C apítulo VI

o cupa o lugar de C r is to . Aqui se ve r á a me s m a ma­ t é ria enfocada de um ângulo diferente . se um fundador ens i na corno seus f i l hos devem ver 0 superior , e l e indiretamente ensina como seus f i lhos devem ver a e l e próprio . E ' po r i s s o que ·aqui se ana l i s arão brevemente os ens inamentos de S ão BENTO e de Santo IN�C I O relativos ao superior . "Para Bento cprno para Inácio , o supe rior ocu­ o lugar de · cr i s to , mas um e outro tiram des s a convicção conc lusões diferentes . A ' Regra dos mon­ g es ' , da mesma maneira que a ' Re gra do Mestre ' , comenta de ste modo a de legação do superior : ' E s t i ­ m a- s e , de fato , que ( o Abad e ) tem o lugar de C r i s ­ to no mosteiro , porque é des ignado por um mesmo , , ape l ativo , s e gundo a pal avra do Aposto 1 o : • vos rec ebestes um espír ito de f ilhos a do tiv o s , que v os leva · a excl amar : Abba , i s to é , Pai ' . O l ei tor mo­ derno s e admi ra diante des s e raciocínio : onde s e e ncontra a lógica d e uma fras e que dá a o superior o nome de Pai , porque ele representa o Filho? De f ato , o legisl ador do monaquismo ocidental a firma pa

a paternidade de Cristo . Ele ret�a um tema cor­ rente na l iteratura patrística , j á insinuado na E s critur a . com e feito , nos sa relação com C r ist o é comparada à condição do Filho no seio da Trindade : ' C omo o Pai me amou , eu também vos amei ' . Ele é p o r tanto pai da humanidade resgatada , o novo Adão que engendra todos os homens para a vida eterna no B a t i smo . D e s de então •a paternidade do Abade , que r emete à de Cristo , contém , pela natureza mesma da i magem·, a idéia de me dia ção . Os dois conc eitos , l onge de se oporem , invocam um ao outro •

" Em" Santo Inácio , a identificação entre o su­ pe r ior e C r i s to conduz à recusa do titulo de Pa i . é C orno a idéia de uma patern�dade de Cris to lhe


1 94 .

Capítulo VI

e st ranha , Inácio não· cons i dera prat icament e nun c a o supe r ior c àm o um pai . Sua. própr ia vi são - lhe su­

imagens :. o superior é o :- minist(ro . de gere outras C r i sto , s eu v igário , - s eu · instrumento ,· o in t é rpr e ­ t e da divina vontade , o anj o da cómunidade o ( o o o )

importância que Inácio confere à subordi­ n ação hierárqui c a dos supe r iore s , pe rmite apl icar e s s e esquema teológico à organização do governo o N ão evoca e l e exp l i citamente três níveis a propó­ s ito da obediência : ' a Divina Providência c ondu­ z i ndo a s eus f ins as co i s a s mai s baixas por aque­ l as do m:e i o e as do me io pe l as mai s e l evada s ' ? N e s ­ . a s a perspe ctiv a , C r i s to tem sua s ede ' no alto ' , h ierarqui a dos supe r iores s e s itua ' no me io ' , e os i nfe riores ' embaixo ' . O s uperior não é portanto_ um P a i que engendra , mas um ' intermedi ário ' que , c om o s e s i tua ' no meio ' . o Ve rbo Encarnado , "A

I I I

Capítul o

1 95 .

VI

e l e também é medi ador gem div i na o

porque

gula :

a ) O fun dador , d o utrin a

v

é mod e l o e ima­

i va

Que o �undador sej a modelo pa ra s eus e spir itua i s , é da pr imeira ev idência o

f i lhos

corrente a no ção de que a Regra de um E' I ns t ituto Re l i g io s o é um compêndio do espírito e das vi rtudes do fundador . Por exemplo : " AELRED DE ) claramente que a Regra é um re­ RIEVAULX diz ( •

s umo das expe ri ências espiritua i s fundador : do ' E l e antes prat i cou o que e l e ens inou , pa r a poder ins trui r , nós que s e guimos suas pegadas , dei­ nos xadas naquilo que ele prati cou ' " { J . F . GILMONT , op . c i t . p . 4 1 2 ) . *

v

fundador , exemplo d e

i da ·

" Recus ando o títul o de Pai ao super ior , S anto I nác io não se opõe de nenhum - modo ao tipo de pa­ t e rni da de proposta por S ão Bento . Há·, s em dúv i d a , de concep ção entre os doi s fundadore s , dif erenças s obre e s s e ponto a divergê�c ia de vocabu l á r i o mas i ndic a uma convicção comum : � � uper ior tem � lu;­ gar de C r i s t o mediador " ( J . F . GILMONT , op . cit . , pp . 4 0 7- 4 0 8 ) ( Os grifos são des te trabalho )

b) O

S e o superior t em o lugar d e Cri s to med iador n o ensinamento dos fundado r es , a fortiori e l es mesmos o têm .

" Uma prime ira concepção , mai s estáti c a , vs no per f e i çõe s . fundador um santo ornado de todas as F ixando s eu olhar sobre o P a i , chegado a uma s an­ t idade consumada , os rel igiosos ne l e encontram co­ mo que um catálogo das vi rtudes própri a s à sua _ vo­ c ação . Toda uma tradição hagiográfica foi redigida ) s egundo es te e spírito . (

*

B.

*'

Mi s são do fundador enquanto mode lo e imagem divina

Dentro da coerênc ia de seu pens amento J . F . G ILMONT pas s a a ana l i s a r o fundador sob outro ân-

" A t r a d i ç ão , não s eparando nunca a doutr ina e os exemplos , tem cons tantemente convidado os r e l i­ a conformar sua vida à de s eu P a i . giosos E s ta imitação foi compr eendida de diver s a s man.e i ra s , s e gundo as mental idades e as épocas . Três grandes o r ie ntações se �nccntram no curs o das i dades .

"Outros mestres são mais atentos ao dinamismo do respe ct ivo fun-

i nerente a toda vida e s p i r i tua l


1 96 .

C a p i t u l o VI

dador . E ' as s im que o Pe . VO ILLAUME a t r a i a a t en­ ção dos ' P etits Freres de J ésus ' pa ra o que ele qua l i f i c a d e pro gr e s s ividade d a mar cha dos ' P e t i t s F reres ' para a pe r f e i ção . ' O Pe . de Fouc aul d não chegou de repent e , mas por etapas suc e s s ivas � à p l ena po s s e de sua voca ção . O própr i o da vida é partir de um germe e c r e s c e r pouco a pouco até a p l ena maturidade • . E as s im s e dará com a a lma de c ada ' Petit Fre r e ' . { • • • )

" Um out ro . t ipo de l e i tura da biogra f i a do· fun dador nos é f ornecida por NADAL . E l e t ambém s e prende menos às vi rtude s de S anto I nác i o do que ao des enrolar de sua expe r i ência espi ritua l . O que lhe interes s a a nt e s de tudo , é a mens a gem i n s c r i ta por Deus no c am i nho que conduziu o ' hi dal go ' b a s c o a fundar uma Ordem . ' C omumente , e s c r ev e e l e , ( os fundadores ) são ante s formados per Deus , são edu­ cados de tal manei r a que Jesus C r i s to introduz em s eu coração , pouco a pouco , o pl ano da congregação fUtura , e lhe s des cobre ,· na prát ica , aqu i l o que e les ·en s i narão aos outros ' • Pa.ra apr o f undar sua própri a vocação , o r e l i g ioso d�ve conhe c e r a_ men­ ' s agem do fundador , quer dizer , vol'tar- s e· à expe­ r i ência deste ú l tilllo . A vida do fundador é o lugar onde se revel am as intençÕe s divinas . sobre o novo I nstituto . Sua biograf i a é , po i s , para o re l igio­ s� , mai s do que um exemp l o que arrasta � é o me io privil egiado d� c ompre ender sua vocação pe s s oa l . N adal nos reconduz aqui à sua concepção de ' graça própria . de r e l igião ' . Oferec ida pe l a med i a ção do f undador , esta graça uni f i cadora e vivi f i c ante es­ tá indi s s o luvelmente l igada . à sua ( da . ' graça pró­ p r ia da r.e l igião ' ) gênes e . A uni dade I no pl ano s obrenatural , se exprime natura lmente na continui­ dade do pl ano dos acont e c imentos e da H i s tór i a .

C a p í tulo VI

1 97 .

" O fundador fornece portanto , na sua expe­ r i ência pe ss oal , um ens inamento do qual seu s f i­ lhos devem tirar prove ito . Cada uma de suas vi rtu­ const itui um exemp�o particul armente adaptado des à vocação do rel igioso . O fundador oferece igual­ mente o modelo de uma tendência perpétua para a imitação de Cristo , que c a d a religioso deve fazer · s ua . A vida do fundador , enfim , e s clarece , pe l o r e l ato de sua trama cotidiana , o s e ntido d a mis são p a rticlJl ar dada à sua Ordem" ( J . F . GILMONT , op . c it . , PP • 4 1 4 -4 1 6 ) . Fabio C IARDI , em obra r ecente , abordando es te tema escreve · na mesmo sent i do : " Os dis clpul os podem ( • • • ) ver a seu funda­ dor como o ' modelo ' a imit a r , o ' es pe lho ' no qual s e r e f l etem , o ' protótipo ' a quem conformar-s e . P r opr i amente porque aquilo- que deve ser com� ic � do , é uma expe riência e os frutos de uma expe r i enc1a , a · pe s soa e a . vida mesma do fundador tornam-s e o .' locus theologicus ' a atingi r . A s ua vida torna- s e paradigmática , não pe l a material idade d e s eus ge � ­ tos ou das várias s ituações contingente s atraves das qua i s o fundador pas s a , . mas pe l as dec isões ( tomadas ) e pelos valores ( a ela subj acentes ) , e que a animaram .

" O fundador al ém dis s o comunica .a própri a ex­ periência espiritual mediante a palavra e o ens i­ namento . Conta .o que foi nele operado ( pela graç a ), Deus pedagogia que escolheu , Deus o como autobiografias as usou para com e l e . A s s im nascem ou as memór i as , de modo que o dis c ípulos s aibam cama · Deus qui s atuar na I grej a mediante o funda­ dor . ( • • • )


C a p í tu l o V I

1 98 .

" Ou

não

tanto

f un da do r de

de um sér ie disc1pulo é chamado a ' reviv e r ' seu fundador , a ' conformar-se ' del lo · com e l e " ( Fabi o C IA RD I , I F u nd ato r i Uomini Spi r i t o , Ed . C i ttà Nuova , 1 9 8 2 , pp . 378-3 7 9 ) de

out ra s ve z e s a comun i c a ç ão d i z r e s p e it o ,

a

urna

h i s t ó r i a , ma s

a

ex t r a i daque l a h i s t ó r i a .

admo e s t a çõ e s ,

e l ementos que

e n tão

qua i s

d á aos

t emas d e s abedor i a , a

f ortui t a s o u p r og r amadas ,

d e c o nv e r s a s

t r av é s da s

a i nda d i s c ípul os o f ruto da pr ópr i a expe r i � n c i a . que a e l a não se re f i ra e x p l i c i t. am e n t e . E l e dá a s � s im o

' se u '

qu e

e n s i namento ;

-:;o n t i nua

n o rma t iv o mesmo depo i s de s u a mo rte .

res ,

o

r e l a ção entre

11 A

c omparada

ap r e s enta

fundador

à de J e s us

e

(

t P :r

seus

e

de s eus

e l ementos s em e lh a nte s .

a

s e gui do­

d i s c íp u l o s ,

T ambém

o

funda­

dor ,

ao comun i c ar a i ns p i r açã o r ec eb i d a , difunde dá uma R e g r a de v i d a que s e o r igina n o Eva n g e l h o e a e l e r em et e ; o f e r e c e- o c o ­ n ovamente o Evange lho :

mo

I: I

i

uma

Ele

da I gr e j a {

ap a r e c e

d i s c ípulós lhe fo i

em c o n s i de r a ç ã o o as ex i gê ú c ia s do. mundo . a s s im c omo um me s t r e que e n s i n a aos v i a d e s ant i dade a qua l por s u a vez

l e itura nov a , que toma

c r e s c ime n t o

��

a

n i f e s t a da

.

e

o

C omun i c a a i nda

própr i o

r I

p ír i to ' , quas e como um ' có d i go genét i cO ' �

I'

as r e l a çõe s n a c omun i dade ,

i: I .

'( í

l. !

p rópr i a

exper i ên c i a e s p i r i tu a l

.

' es ­

isto é a

E l e também or i e nta

., .,

·,_·l

1

,,

1 l

·i

imp r im indo- lhe um e s t i ­

l o de vida evangé l i c a . E n f im ,

e l � con f i a à comuni­

dade o l abor e c l e s i ás t ic o e o mi n i s t é r i o e s pe·c í f i­ c o para o qual e l e mesmo fo i ch amado .

como C r i s to , o mode l o para

Ao l ado de exp r e s s õ e s como

' exemp l o '

f undado r , a n t i gas

f un dado r se

deve

, de mo l de a

os

d i s c ípul o s e

t

\ pr i n c íp i o ' ,

' es pe lho '

in s i s t i r

uma

das des i gnaçõe s ma i s f r eqüe nt e s

e

1

' impr im i r '

c a d a di s c íp u l o p a r ;� qu f'O r e p r o-

,

·1 c or IV , 1 6 i

( cfr .

Gal . IV , 1 2 ; 1 Te s s . I , 6 ) . fundadores reproduzem o ex emp l o

II , 1 ;

a i nda , s e os de C r i s to como imagens v ivas , tê m o deve r ún i c o de c ondu z i r os pr ópr ios s egui dores a C r i s t o e de apa­

Mai s

gar- s e diante _ dE l e " . "Desse

dador

é

modo ,

se diante dos d isc ípul o s o

mes t r e , d iante de · c r i s to e l e

condi s c ípul o ,

se

d ia n t e de C r i s to

,

em

relação

fun­

c om e l es ,

é pa i é irmão " .

a eles

e com e l es , e l e

é,

(

(

.

)

)

com C r i sto e s eus di s c ípul o s f o c a l i z a particularmente o magistério e a exemp l a­ r idade do f un dador em relação a seus seguidores , a analogia · d a geração põe principalmente em evidên­ o p a pe l ativo e pes soal do fundador ao ins t i ­ c ia t uir sua obr a " ( F . C IARDI , op . cit . , p.· 379 ) " Se

a anal o g i a

o

*

c) o

f un d ador

·l

1 l

1

como imagem di vi n a

dupl a f unção d e leg i s l ador e d e modelo d e

"A

na ex emp l a r i dade d o

f o rma ' . o l e g a d a s pela t r ad i çãc· é a de apa r e ce então como uma ' mat r i z � na qu a l

fundador não empana a de en­ o fundador é mode l o , o é s omente Se como uma imagem viva , o p róp r io r e p r o du z S ed e meua imitadores , podem dizer os fun ­ C r is to com s � Paul o , ass im como o sou de dado r e s exempl aridade do

C r i s to . quanto C ri s to .

·

. " T r an smite a própr i a i n s p i r a ç ã o t: & pr óp r i a e xp e r iên cia , não s ó atr avés da Re gra l mas também p o r meio de s ua vida . N e s s e s e n t i do , o f undador s e t orna ,

f i lhos

"A

valor

. ..)

os contornos del e � ' pr otótipo ' que s e lhe as s emelhem . o

duzam

o

Trata- s e

1 99 .

C a p it u l o VI

v ida f o i exp r e s s a em múltiplas imagens ; o f un da dor é o ' espelho ' , o . ' pr in c ípio ' , o ' mode l o ' , o ' ex em­

�· ,

qüente é a de ' fo� • :-Ela se encontra nos bene dia

' árvo r e da v i d a ' . A

expressão mai s

fre­


rI ,_

., 200 .

C ap í tulo VI

t i nos ,

c i ste r c i e n s e s ,

C ap í t u l o VI c i tado ,

franc i s cano s , domin i c a n o s e

de Deus e ' de formada '

' fo rmad a '

pe lo pe c ado ,

fo i

to rnou- s e

P r ev i amente ,

' r e fo rma da '

' forma s e rvi ' .

" Af i rmar de um homem que é um

' farrna w

pens ament·o mui to auda c ioso ,

con s t i tui ,

em

qua i s esta é capaz de atuar, de modo que o e s c r i t o r

r e l a ção

s agrado ut i l i z a o me smo nome o u expr e s s ão para r e ­

f er i r- s e

indivíduo

s i as

ou

c o l e t ividade :

" S e rvo s o f r edor " = M e s ­

e povo e l e ito ; · e outros ) ;

e também da " gera ­

ç ã o espiritual " , pe l a força criadora da pa l avra de tr ansmitida pe l o profeta _ou pe l o apósto lo .

D eus

A

e nv ia do divin o . Querida por D eus , e s t a ' fôrma ' não . pode s er despre z a da sob o pr e t exto de se i r direta­

s e guir se expõem as tentativa s

de exp l i c a ção des s a paternidad e :

mente a C r i s t o . P edro de Soto previne s eus con f r a ­ des de que , p a r a v i v e r aut e n t i c amente sua voc a ção ' é neces sário con s iderar não s omente C r i s to c orno

t e o lÓgi c a s

" Ao f al ar de ' pa ternidade ' , pens a- s e neces s a­

r i amente na c aus a que está pres ente na origem dos s eres . Mas esta caus al idade , no que s e re fere ao n os s o caso , pode ser de natur e z a muito vari ada , j á

nos s o primeiro che fe e imperaõ.o;r , porque é a E l e que nós s eguimos desde que -. a cruf d a p ro f i s s ão f o i

p o s t a para s empre em nos so s omb r o s . Mas é n e c e s s á­ r i o a i nda contemplar a s ão Domingos , n o s s o - po rta ­ - es tandarte im e d ia t o e parti cul ar . Porque nós en­ c ontraremos nel e , como em um modelo , os t r a ço s c a ­ racterís ticos à n o s s a pro f l s são11 ( J . F . G ILMONT , o p . c it . , PP • 4 1 6-4 1 7 ) ( Os g+i fos são d e s t e t raba­ lho ) .

que não s e trata de uma paternidade no s entido es­

trito , mas s omente analógico e aproximativo . " Al guns

pens am numa ' caus al idade

e f i ciente '

do I ns t ituto Re l igioso , enquanto tendo sua origem n o dinam i smo e na atividade do Fundado r , v i s to co­

mo

*

l ivre instrumento de Deus e colaborador do E s ­

p í rito S anto .

O f undador enquanto caus a e f i c i ente , mora l . e formal Em

ao

I s ra el = J a có e povo hebreu ;

v ida e em s eu ens i namento , r eproduz C r i s to de ma­ _ n e ira adaptada � � f i lhos . Há ne s s e t e rmo ' fo r ­ ma ' um s entido de perf e i ção i d e a l que s e conv e r t e em concreta e v i v a po r s eu s entido pe s s o a l que , a dem a i s , é e nrique c ido pe l a alusão ao c a r á t e r de

d)

o Pe . Juberías apre s enta tenta­

t ivas b íb l icas de exp l i ca ção da pat e r n i dade do f undador , e que se resumem na apl ic a ção analógi c a do conc e ito d a exege s e moderna de " p e r s onal idade ( indivíduos qu e reúnem em si todas i ncorporante 11 as caracter í s t i c a s da coletividade e po r me io dos

imediata com C r i s to . Q fundador r epr e s enta para o r e l i g i o s o uma imagem divin a , um mod e l o que , na s ua

poi s ,

pretende um trat ado , o Pe .

ponder a ção sobre a m i s são do fundado r .

à ima g em

pelo E s p í r ito S anto . C r i s to é o mode l o , a imagem , t anto da pr im e i r a quanto da s e gunda c r ia ção , Ele

que d e ' forma D e i '

se

F r a nc i s c o JUB ERÍAS C MF l evanta hipóte s e s dignas de

j es uí t a s . C omo nota Dom LE BA I L , e s ta pa l avra f a z menos a lusão à t e rminologia e s c o l á s t i c a d o que à d outrina da imagem . A c r i atur a ,

não

mas que

201 .

" Outros

pen s am numa ' caus a lidade de tipo mo­ ' s e oferece à imitação de

r al ' , porque ( o Fundador )

um

estudo que recebeu boa aco l h i d a em vá­ r i os me i os , a j ul gar pe l o núme r o de ve z e s em que é

s eu9 ele

1'

f i l hos como modelo mais exc elente ou

porque

pl asmou na s Re g ras ou Con s t i �ui çõe s o idea l a


: '!f !

C apítulo VI

2 02 .

C apí tul o VI ' dar

que devem asp i r a r s eus ª e gu i dores , ou a i nda porque e xe r c e

maior

uma influência cons tante e de c i s iva no s eu

" Que

R e l igios a f Vo l .

céu ,

O

f am í ­

os Fundadore� ex e r çam sob r e suas

p l i c a ção

l ia s r e li gios a s todas e st as e s p � c i e s d e c aus a l i da�

i sto? N ão s e pode r i a pen s a r numa influên c i a de c a ­ r ãter

íntimo ,

dob r amento

ou

direto ,

constante , que f os s e o de s ­

pro longamento d e sua própr i a

vida

s ob r enatural e dos d o n s d a graç a com os qua i s D e u s o

e n rique ceu?

p o de r i a chamar , da

E'

o que ,

em

termos de e s co l a ,

' caus a l idade de tipo forma l ' ,

que s ubord i nada ,

se

a in ­

é Óbv io , à caus a l idade div i n a

e à c aus a l idade de N o s s o S e nhor Jesus C r i s to quanto C abeça da I gr e j a .

}iJl

i•

I

t e n a vida do I n s tituto

antes

" Os

nos

e

d e s eus membros

(

sej a

o

o

)

.

da ' pe r s o n a l idade i n­

corporante • , sej a o da. ' geração pe l a pal avra de D e us ' , par e c em indicar es s e s enti do , i s to � ' o da p r e s en ç a e i n f luên c i a direta s , dinâm i c as ,

cons t an­

t es . JO�O DA C RUZ em Chama de vivo amor

p a l av r as que mer e c em s er recordadas aqui , bem

a propó s ito . As s im di z :

diz

po i s v êm

' Pouc a s

a lm a s

a l c a n ç am tanto a s s im , mas a l gumas a l c ançam ,

s ob r e ­

tudo a s a lmas daque l e s cuj a virtude e esp í r ito d e ­ v e r iam d i f un di r- s e pe l a s uc e s são d e s eus f i lhos . D eus

concede r i que z a e va l o r às ment e s chamadas a

PP •

3 2 2 -32 3 ) .

Pe . Jub e r í a s pa s s a a propor então s ua da pat ernidade do fundado r ,

ex­

bas e ando- s e

b íb l i cos j á as s i na l ados , e nas de S ão João da C ruz . Toma como

c a analogi ca.mente ao fundador o con c e i t o de " capi­ t a l idade " ( caput , i ti s ) em rela ção a sua f amí l i a e s p i ri tua l . " Atendendo a e s tas cons idera ções ,

não nos pa­

nenhum de s propós ito .teológi c o pen s a r que

os

Fundadores exercem em s uas f�Íl ias r e l igio s a s es­

ta e s pé c i e de ' capi t a l idade s e cundá r i a ' o u sej a , s ubordinada à de C r i s to . A e l es C r i sto comun i c a

uma

r e l ativa pl eni tude de graça e d e c a r i sma s , em o rdem ao enrique c imento de s eus f i lhos ao longo dos s é cul o s • Exerc em es s a in fluênc i a e nquanto vi­ v em s obre a terra e continuam (a exercê- l a ) , s obretudo , quando r e i nam j unto a C r i s to na glór i a , porque ' Deus não � Deus de mortos , mas de vivos • ( Mt . XXI I , 3 2 ) . " Trata- s e

" São muit o

i

rece

doi s e sboços de exp l ic a ção b Íb l i c a a que r e f e r imos ,

- ;

1 97 2 ,

ponto de partida o trecho de São Pa ulo s obre o C orpo cu j a Cab e ça é C r i s to , e da qua l vivem todos s eus membros ( E f . IV , 1 5 - 1 6 ; C o r . I I , 1 9 ) . E apl i­

en­

" Se i s to pud e s s e s e r as s im conceb ido , a v i d a e spiritua l do Fundador s e r i a uma re a l idade p r e s e n ­

3 2 , ene- dic ,

nos pr e s s upos to s p a l av r a s c itadas

é indubitáv e l � Ma s s e r á e l a reduz i da a ape n a s

de,

as primíc ias de um esp l r i to , de a co rdo com a ou menor de s c endênc ia que devem te r em dou­

t r i na e em espí r i to ' ( 2 , 1 2 ) " ( P e . Fran c i s c o JUB E ­ R!AS CMF , L a Pat erni dad de l o s Fundado r e s , in V i da

I ns t ituto , pr imei ramente enquanto viveu s ob r e a t er r a , com s eu s exempl o s , e n s i namentos , cons e lhos , m andatos , oraçõe s , e depo i s para s empr e no com a e f i c á c i a de sua rned i a ção o

203 .

de

apl i car a um caso

concreto eminente o dogma da Comunhão dos S a n to s . " Poder i a f l uênc ia

e

e

a inda ilustrar a natur e z a d e s t a in­ capit a l idade dos Fundado r e s , bas e

de

s ua pa ternidade e s p i r i tua l , recordando o que se p a s s a e m c a s os mui to pa r e cidos n a e conomia d a gra­ ça �


r•'{. '

'

·I

C apítulo VI

2 04 .

" S abemos

que o úni co que pos s ui

pl enitude

a

d o .s a c e r dó c i o é C r i s to . S em embargo , pe l o s ac ra­ mento da O r d em to rna al guns hom en s pa rt i c ipant e s de seu s a c e rdóc io , c om capac idade d e transm i t i r

r e a lmente a gra ç a . E ' bem c e rto que a caus a l idade exerc ida pe l o s a c e r dote na comuni c a ção da gr a ç a não s e l im i t a à c aus a l i dade de ordem mor a l ou j u� r idi c a , mas e l a é r e a l .

fís ica ,

inti� a

e

E' nessa pe rspe c t iva , ampla c omo um oceano , que os c a tó l i c os verdade i ros , c omo são os membros da fam í l i a de a lmas da TFP , podem navegar , s em te­

de em nada contrariar o pensa r e o s e ntir

mor

e a l guns del e s d e modo eminent e . Co­

mo suc ede t ambém com o s a cerdóc i o . "O

*

c.

*

União do di s c ípulo com o fundador P e r gunta- s e

então como se daria a un ião pe r­

f e ita de e s p í r itos entre dis c ípul o e fundador , s em r e correr aqui ao vinculo j ur ídico da obed i ênc ia , porém na união que o disc ípulo deve ter com o e s ­ p í r ito d o s uper i or .

mesmo s e pode pens a r a c e r c a da ' capita l i­

d ade ' de C r i s to sobre · a I gr e j a . E l e bem pode f a z e r p a rt i c ipar d e s ta ' capi t a l idade ' , d e modo emi n e nt e , a l gun s membros da I gr e j a . E s t e s exerc e r i am ' capi t a l idade ' sub o rd inada à de C r i s to , mas por i s so menos real e verdade i ra .

da

I g re j a .

dos c a ri smas da rea l e z a e do prof et i sm o , que

s e e ncontram , em s ua pl enitude , em C r i s to , que f a z c om qu e del e s parti c ipem , em a l gum grau , todos o s s �us membros ,

2 05 .

direta e

" Al go de par e c ido poderia s e suger i r a propó­ s ito

C a p í t u l o VI

uma nem

"A

i nf luênc i a dos Fundador e � sabre s eus r e s ­ Ins t i tutos e sobre s e us ! f i lhos , s e r i a um d e s s es c as o s , e dos mais destacados . I s to tem mui ­ to a v e r , em s u a raiz , com o s carismas da r e a l eza e do pro f et ismo de C r i s to , comunicados a seus mem­ bros " ( F . JUBERÍAS CMF , op . c it . , PP • 3 2 2 e 3 2 3 )

L ê- s e em um l ivro que expõe a doutr i na do B em- aventur ado MARCELINO CHAMPAGNAT , fund ador dos I rmãos Ma r i stas : "Para que o r e l igioso não se vej a

mente un i do com � supe r i o r , �· � deve cons i de­ rar como canal da mesma ( Os gri fos são, de ste trabalho ) . pr ivado

p e c t ivos

*

E s ta é a ampl itude com a qua l a tradi ção cor­

r e nt e da I gr e j a cons idera a voca ção do fundador . E l e é mediador a titul o de pai espiritual� de man­ t en e do r da Fé , de homem prov i de n c i a l , de repre s en­ tante . de C r i s to , de mod el o par a s eus f i lhos e , por f im , d e imagem div i na .

do a l imento da gra ça ; deve e s tar

" Os

supe r iores se unem aos súditos d e s ç endo ,

c o locando- s e

dos ,

int ima­

no pl ano de l e s , mos trando- s e abne ga­

compart i lhando s eus padec imentos ,

�l iviando

s ua s dore s , s upo rtando s eus d e f e i tos , enf im f az e n­ do suas as neces sidades de todos . As s im o fez

C r i s to ; g ou

rebaixou- s e para s e uni r a o homem e carre­

todas as nossas m i s é r i a s para as cur a r .

Para

d i z ê- lo de uma vez : · pe l a bondade , c ondescendênc i a , i ndul gênc i a , pe l a caridade e espí r i to de abn ega­

ção , o s upe r i o r se une ao inferior e s e i denti f i ca

c om e l e . "Por f o rma

sua vez , o súdito une- s e ao supe r i o r de

que não cons ti tuam ambos ma is do que um


H

1.

i '

'I ' I

.

C apítulo VI

2 04 .

" S ab emos

que o úni co que pos sui a

pl enitude

do s ac e r dó c io é C r i s to . S em embargo , pe lo s acra­ mento da Ordem torna a l guns homens pa r t i c ipantes de seu s a ce rdóc io , c om capa c idade de transm i t i r r e a lmente a gra ç a . E ' bem c e rto que a caus a l i dade e x e r c ida pe lo s ac e r dote na comun i c a ção da gra ça não s e l im it a à c aus a l idade de ordem mor a l ou j u� r íd i c a , mas e l a é r e a l�

fÍsica 6

E' ne s s a pe r s pectiva , ampl a como um oceano , que os c a t ó l i cos verdadeiros , c omo são os membros da f am í l ia de a lmas da 'rFP , podem navegar , s em te­

mor

e a l guns del e s d e modo eminent e . Co­

mo sucede também ·com o s a ce rdóc io . me smo s e pode pensar acerca da i capi ta l i­ de C r i s to sobre · a I gre j a . E l e bem pode f a z e r p a r ti c ip a r des ta ' capi ta l idade ' , de modo eminent e , exerc e r i am uma da I gr e j a . E s t es membros a l gun s à de C r i s to , mas nem s ubordinada ' capi t a l idade ' por i s so menos real e verdade i r a . "A

*

c.

i n f l uênci a dos Funda do r e � sobre s eus r e s ­

I n s t i tutos e sobre s eus 1f i lho s , s e r i a um d e s s es c a s o s , e dos mai s des t a cad�s . I s to tem mui ­ to a ver , em s u a r a i z , com o s c a r:ismas da rea l eza e do profetismo de C r i s to , c omunicados a s e us mem­ bros " ( F . JUBERÍAS CMF , op . c i t . , pp . 3 2 2 e 3 2 3 ) •

*

P e r gunt a- s e

fundado r .

E l e é mediador a t ít ul o de pai espi ritual7 de man­ t en e do r da F é , de homem prov i den c i a l , de repre s en­ t ánte , de C r i s to , de modelo p a r a s eus f i lhos e , por f im ,

d e imagem div i n a .

então como se dar i a a un ião pe r­

f e ita de e s p í r i tos entre di s c ípul o e fundado r , s em r eco�rer aqui ao víncul o j ur ídico da obe d i ência ,

porém

na união que o disc ípul o deve t e r com o e s ­

Lê-se em um l ivro que expõe a doutrina do B em- aventura do MARCELINO CHAMPAGNAT , fundador dos I rmãos M a r i s ta s : " P ara que o r e l ig ioso não s e ve j a

mente un i do � � super ior , � � deve consid e­ r a r como c an a l da mesma ( Os grifos são_ des t e trapr ivado

b alho )

do a l imento da gra ç a ; deve e s t a r

"Os dos ,

i nt ima­

supe r io res se unem aos súditos de s c endo ,

c o locando- s e

no pl ano de l es , mos trando- s e abne ga­

comp a r,t i l h ando s eus pad ec imento s ,

s ua s dore s ,

ãl ivi ando

supo r t ando s eus de feitos , e n f im fazen­

suas as neces s i dades de todos . As s im o fez do C r i s to ; r ebaixou- s e p a r a se uni r ao homem e carre­ gou

E s ta é a ampl itude com a qua l a tra d i ção cor­ d a I gre j a . con s ider a a vocação do

*

União do dis c ípul o com o fundador

p ect ivos

r ertte

da

p í r ito d o super ior .

"O

d ad e '

de em nada contrariar o pens a r e o sent i r

I grej a .

dos c a r i smas da real eza e do pro f e t i smo , que

se encontram , em s ua pl enitude , em C r i s to , que f a z c om que del e s part i c ipem , e m a l gum grau , todos o s s �u s membros ,

205 .

íntima e direta .

" Al go de parec ido pode r i a s e suge r i r a propó­ s ito

Capí tul o V I

toda s as nos sa s mis é ria s para as cur a r .

Para

d i z ê- lo de uma vez : " pe la bondade , cond e s c endênc i a , i ndul gê n c i a , pe l a c aridade e espí rito de abne g a ­ ção , o s upe r i o r s e un e ao infe rior e s e ident i f i c a com e l e . "Por f o rma

sua vez ,

o súdito un e-se ao supe r i o r: de

que não con s t i tuam ambos mai s do que um


C ap í tu l o VI

2 06 .

franquea ndo- lhe sua cons c i ên c i a po r f r eqüen­ doa ção e mútuas rel a çõe s , pe l a comun i c a çõ e s tes po s s a superior o que c ompl eta de s i . mesmo , de modo ve z sua por e ; r d is po r d o s úd it o como lhe aprouve s er ,

r e ligioso e s tá nas mãos de s eu supe r i or como s e o um bas tão . O s upe r i o r cobre com sua aut o r i ­ f os s e c i ên c i a , súdito , l h e dá s u a atenção , s u a o d ade e expe r i ên c i a , s eus bons exemp l os , s eu a f e to s ua

súd it6 o paterna l . Por sua vez , s o l i c itude con f i a ao s upe r io r s-uas ne c e s s i dades , s eus prob l e­ de todo gêne r o , s eu respe i to , sua do c i l idade , mas aridade e sua total abnegação . c s ua s ua

" Es s as doações cons t i tuem a verdad e i r a união , podendo diz e r- s e então que o super ior e o i n f e r i o r acres­ faz em mai s d o que um s ó . E s e pode r i a não súd i t o o então que , s em temor de equívoco c e ntar ,

das luz e s , da expe r i ênc i a , da s ab e do r i a p a r ti c ipa de e r e c ebe abun dant e s gra ç a s s upe r i o r , s eu de d i r e ção , de p r o te ção ; e m urna pa l avra , a s gr a ç a s de s upe r i o r pe r f e cto , El PP · { EDELVIVE S , e st ado " 2 8- 2 9 ) .

*

que da f amí l i a de a imas da TFP , s eu super ior D r . P l ínio C o r r êa de O l i ­ cons ideram eles , med i a do r entr e Nos s a S enho r a e como veira ele , a e s unirpara r e z a f como ibam a s que para

Os

membro s

s eguirem os pr inc ípios do Beato Champag­ nat . Poi s certamente chegarão a porto s e guro .

b as tará

*

o.

*

.

II

I

�I

' I

C a p Í tu l o VI

I

J

I

I

se

t r atará da po s i ção j ur íd i c a q u e a fam í l ia de almas

207 .

da TFP t em em r e l a ção à H i e rarqu i a E c l e s i á s t i c a e a o e s tado r e l i g ioso . De momento ,

é suf i c i e nte de s ca rt a r a i dé i a de

que os pr inc ípios expos tos sobre os f und adores s e r e f i ram exc lus ivamente a fundado r e s re c onhe c i dos c anon i c amente como tais pe l a I gr e j a . T a l mane i ra e x c lus iva de ver não tem s ent i do no c a s o . Corno ex­ pressão Pe .

di s s o é conveniente con s i d er a r o caso

Fouc aul d e , de modo ger a l , quá l a at i tude

I gr e j a em face das inst i tuições nas ce nt e s . a)

do

da

P e . Cha r l es de Fouc aul d , um exempl o c a ra cterís t i c o s a l i e nta- s e o que diz J . F . G ILMONT

Aqui ,

no

a rt i go que s e rv iu de base à primei r a p a r t e do I t em 5 do C ap . VI .

As

apl i c a ções des s e s pri n c íp i os s ob r e o fun­

dador e o e s p í r ito do fundador , que a c abam de s e r f ei tas , não d i z em r e spe i to diretament e à s i tua ção

c anôn i c a em que se encontre esta ou aque l a famí l ia de

a lmas

r e l i gios a . E '

s egui nt e tre cho :

exemplo f r i s ante dis s o

o

" Para di s c e rnir o verdadeiro espírito do fun­ dado r , uma dup l a aná l i s e é nec e s s ária . Em razão da s i tuação e s pe c ial do Pe . de Foucaul d como funda­ dor , o exemp l o dos ' P etits Freres de J é s us ' é par­ t i cul armente e s c l ar ecedor . Sabe- s e · que o I rmã o Charl es de J e sus não é , no s ent ido c anôn ico , um ' fun dador po rque el�não deixou , quando de sua morte ,

S e e s t e s pr i n c ípios se apl i c am a fun dador e s não c anônicos A d i ante ( Cap . VI . 6 ) , no f iro de s t e t r ab a l ho �

--_-i

qua l quer comuni dade po r e l e organi zada . Os r egul amentos r e d igidos po r s eus futuro s d i s c ípul os nun c a t i nham s ido provados em uma exper i ê n c i a co­ mun i tá r i a . Não é de e s t r anhar que p a r e ça haver c ontradi çõe s

em

e s c r itos de datas di f e rente s .

Para


C ap í tul o V I

2 08 .

a s r e s o lver ,

s eu

é n e c e s s á r io c o l o c a r os do cumentos

contexto .

em

' Ao - contr á r io de outros mes t r e s e s ­

p i r i tua i s , a men s a gem d o I rmão Char l e s de Jesus está i n t imamente l i gada à man e i ra como e l e viveu ; s eus

e s c r itos pe r dem vigor em s er em l idos s em re­

f er ê n c i a à sua vida ' { ) " ( J . F o . GILMON T , op . c it . , PP · 4 1 8- 4 1 9 ) ( Os gri f os são des te trabalho ) . •

P a ra

se

conh e c e r o con c e ito de

fundador

é

C ongregação do s Rit o s , eram n e c e s árias dua s cond i­ çõe s para a lguém ser con s iderado fundador des s a n ov a f am í l i a r e l ig i os a . "a) o f a to pe l o qual s e con s t i tui uma deter­ m i nada s o c i edade ou r e l i g ião , c om um e s c opo espe­ c í f ico . as normas que r egem dita s o c i edade ou re­

l igião .

r io ,

" O p r im e i r o e l emento é abs o utamente n e c e s s á­ e de s i suf i c iente para que uma pes s o a po s s a

d i z e r� s e fundado r ; o out ro , comun ís s imo , nem s em­ s e veri f i cou" ( SACRAM RITUUM CONGREGATI0 1 ·_Lu­ pre c ionem C anoni z at i on i s B . Ludovi c i G r ignion Mont fo r t - N ov a I nqui s i ti o 1 9 4 7 , P • XV ) .

de

n o c a s o do Pe . Cha r l es de Fouc aul d ne­ doi s requi s itos s e veri f i cou , poi s ele . não cons tituiu em vida nenhuma s o c i e d a de o u ins t i ­

n hum

Ora , dos

t uto r e l i gi os o , c omo exigem o bom s en s o e o p a r e ­ c er do P e . G oyenéche . N ã o obs tante , os ' P etits F re r e s d e J é s u s '

o

C ontudo

2 09 . as

re l a çõe s de l e com os .

I rmãos ,

a

j u s to t itul o e l a rgam ente , part i c ipam das caracte­

r i s tic as das r e l a ções fundador- súdito . Salienta- s e que o Pe . Charl e s d e Foucaul d não foi beatificado n em can on i z a d o .

*

e luc i dativo t a l exempl o , po i s , s egundo j á se viu n o c on c e i tuado pa r e c e r do Pe . SERVO GOYENÉC HE CMF , p e r i to da S a grada C ongregação dos Re l ig io s o s , pa­ recer e s te que fo i e l aborado a pedido da S a grada

"b)

C ap i tulo VI

con s i d e r a r am como s eu fundado r .

b)

Fun d �dor e s de instituições nascentes , sob o ponto de vista canônico

Tratando das instituições que ainda não defi­ niram sua forma j ur1dica , diz Jourdain BONDUELLE OP : " Antes da aprovação e ereção pela Igrej a , es­ diante de um livre agrupamento de vida co­ mum , que é o feixe de vontades individuais , orien­ tadas para uma finalidade e para meios comuns , o qual feixe constitui o liame societário nascente . H á maneiras de fazer , de rezaF , de se mortificar , de trabalhar , que não são ainda senão · s impl et:J costumes , ou que não são colocadas por escri to s e­ não em textos absolutamente privados . Elas encon­ tram s eu valor na maior ou menor fidelidade evan. gélica que realizam , no fervor de uma vida comUID ; e notadamente na obediência de cada um ao grupQ .� , s em dúvida , àquele que , pelo consentimento de to­ dos , ou pQr seu prestígio pessoal ( ou em razão de qualquer circunstância que sej a , � colocado ã te(l­ ta do agrupamento . E ' desse modo que , pelo exeza� p l o , pela palavra , pela pena talvez , de um primei­ ro superior - o fundador eventual - e pelo contro­ l e e. consentimento dos outros , ao menos em estado de esboço , s urge uma regra de vida' COIIlUDl · (. • • ) . .A pedra de ângul o é . freqÜentemente.. a pessoa . JÍluito amada de um fundador , seu senso evangélico , sua fisionoÚli a espiritual , o que o faz p.a.i de uina fa­ mília engendrada na sua graça própria" (J . BOMtamos


C apítul o VI

210. OUELLE ,

Le Pouvoir " D ominati f "

l igi eux ,

p.

des Supé r i eur s Re­

315) .

*

Por estes pr incípios , v ê- s e com f a c i l idade que , para a l guém des empenhar as funções de funda­ dor de uma fam í l i a de almas , não necess it a da chancela do reconheqim ento canôniéo . Nem a famíl i a de a�as fundada por ele pr ecisa optar desde logo por uma das formas de associação que existem na I grej a . Portanto , a f amília de almas da TFP pode cons iderar Dr . P l inio Corrêa de Oliveira s eu fun­ dador , e ter por e l e a cons ideração que a Igre j a r ecomenda que ós súditos tenham para com o funda­ dor , s em que nisto s e encontre qualquer empec il ho c anônico . *

*

E . PRIMEIRA C ONC LUS�O tudo o que foi exposto neste - Item 5 do C ap . VI , nas l etras A , B , c , e o , e se deixou abundantem ente documenta do , co�clui - s e que nada impede do po�to . de vista das leis e costumes da I grej a que uma famíLia de almas como a da TFP c on­ s idere Dr . P l in io Cor rêa de Ol iveira como s eu fun­ d ador e como mediador entre Nos sa S enhora e os sú­ d itos del e . Por

*

*

F . E spiritual i dade de S ão Luí s Maria Grignion de Montfort a Não cabe aqui senão l embrar ' en pas s ant ' à evoção D Verdadeira da idade espiritual c onhecida

C ap í tu l o VI

2 11.

segundo o método de são LU Í S Por esse método a de­ voção perfe ita à Mãe de Deus cons iste na " escravi­ es c l avage d ' amour . Quer sua dã o " voluntária pr incipal obra , o Tratado da Verdadeira Devoção à Santí s s ima Virgem , quer o Segredo de Ma ria , trat � do as sunto em tódos os s eus po rmenores . Sobre a l egitimidade de tal método e do des ignativo " e s ­ cravidão" , j á se pronunciou a Santa s é por ocas ião do proces so de canonização do S anto : "A 1 2 de ma io de 1 8 5 3 , foi promul gado , em Roma , o decreto que declara seus escr itos is entos de todo e rro que pu­ desse s e rvir de obs táculo à sua · canoni zação" ( S . L . M . G . MONTFORT , Tratado da Verdadeira Devoção à Santís s ima Virgem , Pe . F . w . Faber , Prefácio , 6 a . e d . , E d . Vozes , 1 9 6 1 , p . 1 1 ) , S an tí s s im a

Vi r gem ,

GRI GN I ON DE MONTFORT .

MARIA

,A.

e s ta aprovação fez menção o ADVOGADO DE D E ­ F ESA na Nova Pos itio sobre �ão Luís Grignion de Montfort , real i zada sob Pio X I I , quando dis cute a pas s agem de s . João : "Já não vos chamo escravos Argúi e l e : "A Acu­ ) mas amigos " ( Jo � XV , 1 5 ) . ( s ação me perdoe , pois não me j ul go professor de S a grada Hermenêut ica , porém eu me pergunto : que gênero de cul to cos tumamo� e devemos ter para com Je sus C r i s to Nos so Senhor , Fi lho Unigênito de Deus , nas cido do Pai antes de todos os séculos? S em dúvida, de latria . E , o. que s i gni f i ca · a culto de latria s enão uma onímoda e estreití s s ima escra­ vidão? Certamente ;s Padres do Concí l io de Trento las pal avras que s e lêem em são não ignoravam aque . João . Contudo , por ordem del e s estão es critas es­ ' Que o �ãroco exorte o povo fiel de tas coisas : ) que tal modo que se persuada ser muito j us to ( nós nos entreguemos e nos cons agremos para sempre ) ' ( Cath . Rocomo escravos ao nos so Redentor ( �' De Symbol . Art . 2 ) . •


, ·,

C ap1tulo VI

2 12.

" Não terá que rido um varão rel igios 1s s imo en­ s inar , na promoção �a Fé , aqu i lo que um pároco en­ s inou po r ordem de um conc í l io ecumên ico? ( • • • ) " Por ac aso a substância e a es s ên c i a de sta devoção poderá ser des aprovada pelos Sumos Pont í­ f ices ? Por acasó t e r á s i do mal es colhida a Medi a­ neira para que nos cons agremos a Cristo? ( • • • ) vê­ �se o Venerável S e rvo de · Deus profetizar · as dif i · culdades qu e s e deveriam levantar contra e s ta ( de­ voção ) , as quais , c ontudo , j á foram há muito tempo rej eitadas e destru1das , tanto pe la d i l igência do Advogado da primitiva Causa s obre os e s c r i to s ; co­ mo pel a doutrina dos teólogos que emit iram s eu vo­ to , como pela s abedoria desta S agrada C ongregaçã o " ( SACRAM �TUUM CONGREGATIO - Luc ionem beaf icatio­ nis et canonization i s Ven . S e rvi D e i Ludovici Ma­ r ia Grlqnion de Montfort , Nova Positio , super _ vir­ tutibus , Roma , 1 96 5 , pp . 2 3 5- 2 3 7 ) . __

*

" es c r avidão" se tratar da ao útil , E' JaOntfortiana , que s e _ considere b sól i do trecho do H . M . GEBHARD , da Companhia �e Maria , · que ex­ Pe . plica como deve ser entendido o 1 conceito de • es · cravidio• esp!ri�ual .

) na · vida de Jesus há uma caracter1stic a · ( qu� podemos . considerar cbmo · a mais importante , cà­ fUndamental . Essa característica é que Jesus ao fói o se rvidor , diqamos a palaVra# o escravo de •

DeUs i de

segundo: sua Humanidade Santa . QUando se fala escrav-idão, mui to facl1mente se chocam certas

. ai nda ent nOSSOS di aS 1 mui tOS S e t"eWSaDl a . ·ad:ilú.tir é Sta pal avr a 1 é 1 Call pr etextO de qu� v.iv�s' na lei do amor , pre ferem . dizer-se uni. c--ente filhos de Deus . Montfort não teve es s e s SUSCeptibilidades ; ..

Cap1tulo VI

213.

escrúpulos . Muito ousadamente ele visual i z a nos s a união com Jesus sob este ponto de vis t a bem deter­ minado : Je sus considerado como escravo de Deus . Nós , sendo outros Je sus , reproduzimos sua · existên­ como c ia ,· e somos po rtanto escravos de Deus , ta l Ele. Não podemos nos deter aqui em j us t i f i cações · d a pa l avra e s cravidão . Quem desej ar leia a es s e propós ito algumas páginas luminos as d e A . LHOUMEAU ( La vie spiritue l le .! l ' école du a . L . M . G r i gnion de Montfort , p . 1 0 7 s s . , Ed . H . Oudin , Pa r i s-P o i­ tiers ) . �ós nos contentaremos em diz e r que a es­ cravidão não é outra cois a , em s i , que a perten­ c ença abs o luta de um s e r a outro , o que em nada r epugna . Portanto , a f i rmar que Je sus e ra es cravo de Deus , é dizer que Ele pertencia comp l e t amente a D eus s eu P a i , e agia como ta l . "E ' fácil de demon strar que es t e ponto de vista é fundamental na vida do Sa lvado r . C onside­ r emo-Lo em Si mesmo . Fa lamos .-de Je sus s.egundo sua Humanidade Santa E s ta Humanidade , per f e i t a como e la é , pe rmanece · entretanto uma criatura e , como t al , é um nada , que não sub s i ste por s i mesma , recebendo tudo de Deus , . e o recebendo a cada i ns tante , conseqüentemen�e não se pertencendo , s endo inteiramente assumida , o que quer dizer sen­ do escrava E' isso que exprime o Após to lo , quando ele d�� �o Salvado r : ' Ele se an i qui l ou to­ mando a tornla de escravo • ( Fi l ip . I I , 7 ) pelo f a to de E l e ter- se dignado as sumir no\S a natureza . Vêde até onde vai e s ta dependência em relação a Deus : toda sua natureza humana está a tal ponto a s sumi da por Deus que ela não tem mais exis tência própr i a , { • • • ) não tem ma i s � humano , uma vez que ela sub­ s i ste na Personal idade divina . Devei s então vos espantar ao ouv i r a Es critura falar ma i s de vinte vezes do Me s s ias como servidor de Deus ? • • • Nota i que a pal avra s e rvu s , s ervidor , não po de s i gnif i•

.


i t

l

2 14 .

I

car outra coisa que escravo ; porque nos sa s i gni f i ­ c ação de servidor é relativamente recente . E ' ne­ c e s s ário ainda expl icar porque es s e caráter domina Desde sua entrada no mundo , a vida de Jesus? E l e diz a Deus : ' Ec ce venio . In capite l ibri s cr iptum est de me ut facerem vo luntatem tuam ( S l . XXXI X , B-9 ) E i s que eu venho , e como está es­ c rito de mim no início 1o livro ; isto é; como to­ das as Es crituras atestam , é para fazer a tua von­ tade ' l ( Be l larm!num , in hom . 1 ) . De fato , o pr imei­ ro exemplo que e l e nos dá , é o de uma submis são i nteira , submis são cândida , submis são de f i lho Trinta dos s eus trinta e três �nos se resumem nes­ ta pa lavra do Espírito Santo : ' Et erat subditus ( Lc . ! ! , 5 1 } Quantas ve zes a E s c ri tura f a­ i l l is l a dess a obedi ênc ia ! ' Factus obediens usque ad ' ( Fi l . I I , 8 ) . Obe­ mortem , mortem autem crucis diência mais perfe i ta do que a de qua lquer criatu­ ra , obediênc i a que val eu a Jesus ter de modo exce­ l ente , o mér i to da Fé , bem como todos os outros , embora gozas s e da visão beatíf i ca ( I I I . PQ VI I a . 3 ad . 2m) . E como poderia a Es cr itura nos f a l ar do medo do Senhor , que encheu a a lma do s_a lvadór ( I s . X I , 3 ) , a tal ponto que mereceu sér s empre atendido por Deus , em razão �es sa suprema ! reverência ( Hebr . V , 7 ) ? Por certo Jesus não temia nenhum mal , nem Mas , mais · do que toda cria­ falta , nem punição t ura , - el e via a soberana excelência do Senhor e s e abi smava d e respeito diante dela . Esquece- s e f a­ c ilmente que a submis são e o medo não têm como c aus a ime d i a ta um ma l que se procura evitar , mas um bem , que nos ultrapassa tanto que s entimos ne­ c e s s idad e de nos faze r pequenos para nos colocar­ mos em nosso l ug ar ( II I . P . Q . VI I . a . 6 , ad 1 m ) .

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I

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C a p í tu l o V I

.

'

.

"Ninguém �onte�tará que a atitude de depen­ dência é a dominante no ant igo Tes tamento . Trata­ - s e s empre do Alt í s s imo ; treme-s e ao se aprox imar

de seu santuár io : é a Maj estade que aparece po r Não toda parte ; em uma palavra , é a lei do medo s e pode esquecer a palavra do Autor da Nova Lei : ' ( Mat� V , 1 7 ) . ' Non veni solve�e , sed adimpl ere E s s e respeito por Deus , essa humi lde submissão , E l e não as aboliu ; Ele as aperfeiçoou . Quando s e Em Jesus a submis são aperfei çoa não se destrói está s empre pres ente . Entretanto ; e l a s e ; torna ma is pl ena e - dpressemo-nos em acres centar - e l a cessa de ser servil e se torna f i l ia l . E ' cont inuamente escravidão - non veni solver e - mas é ' es c l avage d ' amour ' . O amor é o grande aperfeiçoa­ mento traz ido por Jesus . E ' o que logo nos coloca longe da escravidão pela força e bem a c ima da e s ­ cravidão por natur eza . Esta permanece , é verdade , mas se torna voluntária , por ser livremente acei­ ta . •

.

2 15.

·

C a p í tu l o VI

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1 I j·j

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que

uma.

" Se j a- nos permit ido não insistir em provar a dependência de Jesus em relação a Deus era ) dependêncià chei a d e amor ( •

" Se , tendo cons iderado Jesus Cristo em Si mesmo , nós o virmos nes s e prolongamento de sua P e s soa , que se chama s eu corpo mí s t i c o ou a I gre­ j a � igualmente notaremos , como caracter!stica fun- · damental , a submissão inteira em relaÇão a Deus . Vêde a I gre j a na sua vida exterior . No cume de sua h ierarquia se encontra , como um Cristo vis1vel , Abaixo dele , vêm os s eu Vigário sobre a terra pr1ncipes da I grej a , os cardeais ; depoi s os arc e­ bispos , os bispos , os prelados , os padres , o Mas todos dependem ·absolutamente de um s ó , povo e nada é legitimo , nada é cristão , se nã o emana do Soberano Pontífice . Ele , por sua vez , s e incl ina humi l demente diante de De us , diz.endo-s e o • s e rvo dos servos de Deus ' . o que fez com que o Cristia­ n i smo fos se chamado a ' grande escola do respeito ' •


(

r

216.

C apitulo VI

Capitulo VI

Beato de Montfort , e a todos que o lerem damos com vivo afeto a Bên Ç ão apos t ó l i ca " ( Regina dei Cuori , n 1 , Ano I , 1 9 1 4 j

s enão precisamente essa submissão unive rsal , que s e volta antes de tudo para a excelancia divina e honra todo poder que vem do a l to? ( ) •

.

*

Carta de BENTO XV ao superior da C ompanhia de Maria e das Filhas da S abedoria , 2 3 de abr i l de 19 1 6 .: "( } a ' verdadeira devdção à Vi rgem Ma­ r i a � I composta por são Luí s M d ria Grignion de Montfort , de su�víss irna unção e solidís s ima dou­ -·tr i na , · ( ) que :,L r a o C éu que e l a sej a ( difundida ) muito mais ainda , e ressus c ite o espír ito cristão j unto ao maior . número . de almas 1 " ( Regina � C uo­ r i , n . 1 , ano I I I , 1 9 1 6 , p . 3 ) *

*

" Quando , pois , Montfort visualiza Jesus corno e sc ravo de amor de s eu Pai e nos prega urna vida de un ião ( com Deus ) s ob esse ponto de vista e special , e l e está longe de dar pre ferência a algo de aces­ s ório : e l e escolheu o que é a bas e de toda a vida c ri s tã . ' Para n ó s , corno para Jesus , ser es cravo é a primeira atitude em relação a Deus . E como Deus , nos . deu Jesus por Mediador , para que mais per fei­ tamente lhe pertencessemos , tornamo- nos e s cravos de C ri s to " ( H . M . GEBHARD , La dévotion du S aint Es­ c lavage du point de vue dogmatique , Imprimerie J . Poncet , Lyon , 1 9 0 7 , PP 6 a 1 0 } .

Quanto a Sagrada " Es cravidão" a Maria foi i gualmente obj eto de louvor , da parte de Papas :

217.

-- �

. A total dependência , ou s e j a , a e s cravidão de qualquer criatura para com seu Criador , e dos ho­ mens a s eu Redentor , é cons iderada por são Luís Maria Grignion de Montfort em seu Tratado da Ver­ dadeira Devoção , muito especialmente em fun çã� papel de Nos s a Senhora na obra da Redenção e na distribui ção das graças aos homens como Medianeira Univers al . O s anto _ mos tra que , nes s a rica perspe c tiva , o f i el age de maneira excel ente qUando , para un i r- s e inteiramente a Deus , e a El e s e submeter como fi­ lho e " es cravo" , un e- s e e s e .submete como f i lho e " escravo" à _ Santí s s ima Virgem . Dai o dar- s e a s i própri � intei rame�te a Ela , e t ambém dar a E l a to­ dos os seus " bens interiores e exteriores , inclu­ s ive o mérito de ( suas ) bo a s ações pa s s adas , pre­ s entes e futuras" . Doação esta que vale "para o tempo e a eternidade " ; e importa no propós i to de f azer a vontade da Vi rg em em tudo quanto tal von­ tade sej a conhecida , . e também a dit;Jpos i ção de aceitar com conformidade todas as cruzes que E l a lhe deu . ( As palavras entre aspas _ são dO própri o a t o d e cons ag ra ção redigido pelo santo ) . *

São PIO X , em 2 7 de dezembro de 1 9 0 8 , es­ crevia de seu própr io pUl\ho : " Acolhendo o pedido -C-de encoraj amento aos apóstolos da Ver dadeira De­ voção a Maria segundo s . Luí s G . de Montfort ) , re­ comendamos vivamente o Tratado da Verdadeira Devo­ ção a Maria Virgem , admiravelmente composto pe l o *

r

� .

Convém expl icar com al gum pormenor os funda­ mentos teológicos des sa devoção . a ) O f im da Sagrada " Es cravidão" é , Jesus C r i s t o

Deus

"Jesus Cristo , nos so S alvador , ver dade iro e verdadeiro homem , deve ser o fim último de


11.· r.

Capítulo VI

2 18.

todas as nos� as devoç5es ; de outro modo elai se rão f alsas e enganos às . ( ) •

" Se estabel ecermos , portanto , a sólida devo­ ção à Santís s ima Vi rgem , teremos contribuído para e s tabe lecer com mai s perfei ção a devoção a Jesus C r isto , teremos proporcionado um meio fácil e s e­ guro de achar Je sus Cristo . Se a devoção à Santís­ s ima Vi rgem nos a fastasse de Jesus Cristo , seria prec iso rej eitá- la éomo uma ilusão do demônio . Mas é de tal modo o contrário que s e dá , que , c omo j á f i z ver e farei ver ainda nas páginas seguintes , e sta devoção nos é necessária para encontrar Jesus C r isto , amá-Lo . te rnamente e f i elmente servi-L o " ( S . L . M . G . MONTFORT , op . c it . 6 n . 6 1 - 6 2 ) . *

b } Maria é Medianeira Univer s a l de todas as graça s *

Medianeira escolhida por Deus

Capitulo VI

2 19 .

hipotética , devido à vontade dEl e , é muito ma i s neces s ária aos homens para chegarem a s eu último f im . N ão s e confunda , portanto , a devoção· à S an ­ tís s ima Virgem com a devoção aos outros s antos , como se não fos s e mais necess ária que a des tes , e apenas de superrogação" ( S . L . M . G . MONTFORT , op . c it .; , n . 3 9 ) . *

Medianeira necess ária aos homens

"O douto e pi edoso Suárez , da C ompanhia de Jesus , o s ábio e · devoto Justo Llpsio , doutor da Univers idade de Louvain , e mui tos outros , provaram incontes tavelmente , apoiados na opinião dos Santos Padres , entre outros Santo Agostinho , Santo Efrém , diácono de Edess a , S ão Cirilo de Jerus al ém , S ão Germano de Constantinopla , S ão João de Damas c o , S anto Anselmo , São Bernardo , S ão Bernardino , São Tomás e são Boaventura , que a devoção à S antís s ima Vi rgem é necess ária à salvação , e que é um s inal infal ível de · condenação ( ) não ter e s t ima e amor à S an tíssima Virgem" ( S e L . M . G . MONTFORT , op . c it . , n . 4 0 ) . •

Esta verdade de Fé , bas e de toda devoção montfortiana , é expressa pe lo S a p to no texto : "A c onduta · das Três Pes soas da S antl.s s ima Trindade , na Encarna ção e priméira vinda d b Jesus Cri sto , é a mesma de todos os dias , de um modo vis ível na I grej a , e e s s e procedimento há de perdurar até a consumação dos s.éculos , na última vinda de C ri s to" ( S . L . M . G . MONTFORT , op . cit e , n . 2 2 ) . E l e continua , d ando idé i a da univers a l idade des s a mediação : " Maria recebeu de Deus um grande (S. L.M.G. domínio sobre as a lmas dos eleitos " MONTFORT , op c it , n . 3 7 ) •

s endo

" E ' prec iso concluir que a S antís s ima Vi rgem , necessária a Deus , duma neces s idade chamada

" Se a devoção à Virgem Santís s ima é neces s á­ ria a todos os homens para consegui rem s impl esmen­ te a s alvação , ela o é ainda mais par a os que são · chamados a uma perfei ção partiqular ( ) " (S. L . M . G . MONTFORT , op . cit . , n . 4 3 ) . •

"Por meio de Maria começou a s alvação do mun­ e é por Maria que deve ser cons umada " ( S . L . M . G . MONTFORT , op . cit . , n . 4 9 ) . do ,

*


I

Capítulo VI

220.

c ) �l?orque s e deve pertencer a C ri sto e a Maria na qual idade de " es cravo" E' o grande apóstolo mariano , São Lu ís Ma r i a Gr ignion d e Montfort , quem o expl ica : "Digo que devemos - pertencer a Jesus. C r is to e servi-Lo , não só como s ervos merc � nários , mas como es cravos amo­ rosos que ; por efeito de um grande amor , se dedi­ cam a s ervi-Lo como es cravos , pela honra exc lus iva de lhe pertencer . Antes do bati smo éramos e s cravos do demÔnio ; o batismo nos fez escravos de Jesus C risto . Importa , pois , que os cristãos sej am es­ c ravos ou do demônio ou de Jesus C risto . C r i s to , _ qigo abs o lutamente de Jesus d i go- o também da - Vir gem Ma ri a , pois Je sus C r i s to , e s co lhendo-A pa ra sua companhe i ra ins epa ráv e l na vida , na morte , n a glóri a , em s eu poder no c éu e n a Terra , deu- lhe p e l a graça , r e l ativamente à sua ma j estade , os mesmos direitos e privi l ég i o s que

"O

Ele

que

pos sui _ por natur eza . ' Quid�id Oeo

conven it ' dizem os santos . As s im , conforme este ens inamento , poi s que ambo s têm a mesma vontàde e q mesmo poder , têm também os mesmos súditos , s ervod e escravos " (S. L . M . G . MONTFORT , op . c it . , n . 7 3 � 7 4 ) .

.E!:!_ naturam , Mariae convenit per gratiam

*

*

G . S e um . s uperior ou um fundador pode s er mediador entr e a Santís s ima Mãe de Deus e um súdito dEla , na cons agração deste como " escr avo" de Maria U ma vez' que · o superior pode s er mediador en­ t re Cristo e aquel e que fez o voto de obe d i ên c ia , e uma vez que o fundador po de ser med i ador entre C r isto e s eus dis c ípulos que têm a me sma voca ção

capítulo VI

22 1 .

que ele , pergunta- s e aqui se o superior ou o fun­ dador pode ser mediador entre a S antí s s ima Vi rgem e um súdito que queira consagrar- s e a E l a . s egundo -o método da Sagrada "Escravidão" . a ) Em princípio _ Tudo o que até aqui vem s endo visto neste trabalho mostrou à saciedade que o superior ' in genere • , e o fundador em particular , são mediado­ res entre C risto e s eus súditos . Dá- s e , portanto , este ponto por claro e demonstrado . Se é possível haver mediação entre C r isto e o s údito , pelas mesmas razões , é po s s ível entre Ma­ ria e o mesmo súdito . E s e é po s s ívei fazer um voto radicál , como o de obediênc ia , nas mãos de um supe rior , pe las mes­ mas razões é po s s ível fazer também, nas mãos de um s uperior , uma consagração es sencialmente menos ra­ dical , como é a consagração de " es cravo" à Santís­ s ima Virgem , pelo métodó de são Luís Maria Gr i g­ nion de Montfort .

qualifica genericamente quem faz a Sant1:ssima Virgem como "ministro de Maria" e " suas mãos vis!veis sobre a terra" . Est a s são sú.as palavras aos Conejreqados em 2 2 de j aneiro Papa

C onfi rmando PIO

XII ã

esta

possibilidade e'specíf i ca ,

o

consagração

de 1 94 5 :

"A consagração à Mãe de Deus , na Conqreqação Mariana , ê um dom total de ._t para a vida e . Para a eternidade , não- é um doat de mera aparênéia . ou s entimento , mas sim ua dOIIl efetivo que ae coaipl..eta­ com a intensid.ade da vida cristã , marial e apostó1 ica . Nesta , o dOm faz do congregado úm lainistro


C ap i t u l o

222 .

i} i ' l i l , ,,"

VI

de Maria e , po r a s s im di z e r , suas mão s v i s ív e i s sobre a terra , g r a ç a s ao transbor dar e s pont â n e o d e uma v i d a i nt er i o r s up e r abundant e , que s e d e r r ama em t oda s as obras exte r i or e s de cul to , d e c a r i da d e e d e z e l o , em v i r tude d e um a s ó l i da d ev o ção " ( L e s

Ens e i gnements P o nt i f i caux., N o t r e D ame n� 39 8 ) . E' s ab i do que Pio X I I r e t omou e s t a s pal avras em s ua a locu çã o aos p e r e g r i nos do ' G rand Ret our ' , d e 22 - X I 1 94 6 1 in M . BARRE , U n e Route Spi r i tue l l e pour Notre T emps , Un i o n s Ma r i a l e s Mon t fo rt a i ne s , P a r i s ,

.

1i

C apít u l o VI

I

I

Também em relação ao titulo tomado por são MAGNO - servus servorum Dei - e que de­ po is continuamente foi usado po r todos os Papas deve- se di zer o mesmo . Ele signif ica " es c ravo dos esc ravos de Deus " . GREGóRIO

Ainda , Santa CATARINA DE S IENA cos tumava esc rava dos demais c atólicos : " C a r í s s imo irmão no doce Cristo Jesus . Eu , Catarina , s erva � escrava dos s ervos de Jesus C ri sto , vos e s c r evo no S eu precioso Sangue " { Santa CATERINA DE S I ENA , Lettera 2 5 8 - A Mes ser Ristoro di Pietro C anigia­ ni , in. Ras s egna di As cetica e Mistica 1 j an . -mar . , 1 9 7 0 , Fi renze , p . 5 0 ) . chamar- s e

-

1 959 ,

PP •

3 5- 3 6 ) .

As s im ,

por tudo o que a t é aqui f o i

expo s to ,

conclui- se que em p r i n c íp i o é po s s íve l , na f am í l i a d e a lmas d a TFP , pa r a aque l e s que qui s e r em , f a z e r

- E para encerrar estes exemplos v em a . propó­ c i tar um trecho de são PEDRO DAMI�O , no qua l é i ndi s cu tível a presença da idé i a de " es cravi­ dão " : " D i z i a são Pedro Damião a seu superior : ' O lho-vos como a meu pai , � a. � dono , doutor e anj o tutel ar , e tenho mais Fé em vos s as luzes do que n a s luzes de todos os doutores e anj os do C éu ' " ( EDELVIVES , E l Superior Perfe cto , p . 2 5 ) ( Os gri fos são deste traba lho ) .

s ua cons agração como " e s c r avos 11 d e Ma r i a S a n t í s s i ­ fundado r ,

s i to

m a na s mãos de s eu s up e r i o r na tur a l e Dr . P l ínio C o r r ê a de Ol ive i r a . *

b)

" E s cravo" : r e l ac ionamento espir itual que não é insó l ito

P ergunta- s e se s e rá 1 n s ó l i t � que um homem s e d iga " escravo" d e outro . Quem c o n s u l t a a H i s t ó r i a da I grej a deve respo nder que não .

exemp l o s

são num e r o s o s .

C omo

Ja

se

são PAULO d i z : 11 C omo eu fo s s e l ivre d e to­ dos , d e t o dos � f i z e s c ravo ( om n i um me s e rvum f e­ c i ) p a ra pr ove i t o de nm i tos " ( 1 C o r . I X , 1 9 ) .

H . A SG.firada Escrav idão a Nos s a Senho r a , f eita nas mãos e na pessoa do fundador da f ami l ia de almas da ,.TF P

dis s e a c ima ( C ap . I I I . 2 ) , a t é o s é cu l o X o t e rmo e s c r avo não ex i s t i a . N a l í n gua l at i na s e rvu s s i g n i f i c a" exatamente esc ravo . Muitos s an t o s s e cham a r am a s i m e s m os " e s c r avos " - � Os

223 .

I I

Agora s e dará um históri co suscinto do que s e pas sou n a famí l i a de almas da TFP , para dar idéi a d e como o que f o i praticado - a s ervitudo ex cari­ t at e é extremamente brando e suave , comparado com a radicalidade daquilo que na Igrej a s e ens ina c omo s en do o ideal da " escravidão" religiosa .


C a p í tulo V I

230 .

c ia e bondade , c omo também pe la sua grand e z a , o s er chamado " meu s.enhor " , e nquanto " r epr e s e n t a n t e de Nos s a Senhora " .

Em

que cons i s tia

C omo já fo i dito , os ' él ans ' para es s a consa­ gração eram espontâneos , ou s e j a , ninguém sugeria a outrem que a f i zes s e ; eram voluntário s , ou s ej a , j amais alguém foi coagido a fazê- la . A consagração era um compromisso verbal uni­ l ateral entre duas partes , s em nenhuma c l aúsul a que obrigasse � nada de esé�f ico , e � duração i ndeterminada . Podia , pois , ser res c indido por qualquer das partes , a todo momento .

Este vínculo não obri gava , de si , sob pena de pecado grave n em l eve . Ou s e j a , o faltos o contra a f idelidade a e s s e vínculo não tinha nenhuma obri­ gação de � declarar � co�s s ionário , a não s er por razões extríns ecas à mesma Rrome s s a . Tal · consagração , feita à Santís s ima Virgem tomando como s enhor ( cfr . Nota 4 ) imediato a D r . P l inio Corrêa de O l iveira e , sob a sua direção , s e c ingia a o campo espiritual . Era no sentido próprio do termo uma s e�itudo ex caritate , pois s e constituíra e s e mantivera�ão só em razão do de­ s e j o ·· de s empr e cresc er mais no amor e na dependên­ c ia f i l ial em relação à Santíss ima Vi rgem

23 1 .

Ca p1 tulo VI

1

Não havia igualmente o menor obstáculo legal ou can ô nico para que alguém deixass e es ta s itua­ ção , no momento em que deliberasse de ix á- l a .

j

real idade é que , podendo o súdito " liber­ tar- s e " a s i próprio da ' "escravidão" a qualquer momento , esta não pa ssuía a mais essencial e mai s i ndispensável característica da escravidão .

.l 01

f

*

b)

- " Il

A

A Sagrada Escravidão , como nascera na faml­ l ia de almas da TFP , não era s enão uma l ivre pro­ mes s a de fidelidade.

N a ordem concreta dos fatos , tal consa gração homenageava impl icitamente o Dr . Plinio Corrêa de O l iveira , reconhecendo-o como fundador da família de almas da TFP , e acatando-o como mediador entre Nos s a S enhora e aquel e que fazia a consagração . tima . I.

No

item s eguinte se verá . o alcance des ta úl*

*

Análise doutrinária , jur ídica des s a " s ervitudo ex caritat e "

.

espiritual

E ' bom que s e anal ise agora , na s u a e s sência , o que s igni ficou este ato de "escrav idão" a Noss a Senhora , real izado tomando o Dr . P linio Corrêa de O l iveira como intermediário . Es s a anál ise pode fazer- s e de três pontos de v ista diferentes .

•.

C omo j á foi dit� não havia , para quem que r que fosse , a menor obrigação moral de ingres s ar nessa situa ção .

a ) Sob o ponto de vista doutrinário ção

Posto tudo o que já ficou dito sobre a media­ do fundador , s ó apareceria alguma obj eção

-(


C apitul o VI

2 28 .

pos , previstos " Es cravidão" .

pe lo grande pr egador

da

S a grada­

1 A evocação dos últimos tempos , j untamente com a bons ideração da " autodemo l i ção da I gre j a " e do c ontí nuo cresc imento da Revolução gnós tica e i gua­ l i � ria devora�do a antiga Cristandade , e a dis s o­ luÇão geral dos costumes , levavam muitos a fazerem s ua s , por analogi a , aquel as pal avras de São PIO X : "Quem pesa estas cois as tem o direito de temer que uma tal pérversão dos espíritos sej a · o começo dos males anunciados par a .o fim dos tempos ( ) " (S. 'P�O x , .! Suprem! Apostolatus , VI ) E , � om a ev �c � ­ ç�o dos · últimos tempos , estes membros da farn1 l 1a de almas da TFP t inham também especialm�nte volta­ da a atenção para çom a imensa e gloriosa mis s�o do Profeta Elias -, que não viria em uma era chamada de "últimos tempo s " , mas no f im dos tempo s · •

Pas s ada ess a fase inicial , que terá durado aproximad�ente de maio de 1 96 7 a dezembro do mes ­ .. m o ano , a maior parte dos membros da f am1l ia de almas da TFP que j á tinham , a título privado , fei­ to · esta consagração , começaram infel.izmente ·a s e d es intere s s ár dos altos motivoS, que o s tinham l e­ vado àquela, c on s a gr a ção Fr-aquezas da vontade hu� maf\a . . .. · o Bras il entrara então numa f as e de pro�­ peridade excepc ion�l , a febre do ouro e dos praze- · res pas sou ·'a dominar o ambiente nacional . E · produ­ ziu sobre as almas dos que . se haviam consagrado-,- uma influência · deletéria, qué_ resultou em pr o longad a d.i.DJinuição de ferVor ainda ha pouco tão intens o , .los qué a· haviam fe1tq . .•

!

I I

. como . . -� cot;ts a<g:ração não obrigava s 3b pena de . pecado ,. e d-.4o_ que : nenh\JP out. ra · .soluçao er : pra­ ticáv-el , aQ Dr . Plini.o· Cor:l(êa de Oliveira nao to­ ·

·

cou

sf!não �ecordar ,

ent.rlstE!c�dO- E! dé braços cru-

Capitulo VI

229 .

zados , os nobres anseios de há pouco , que ninquim rE!negava mas cuj os efeitos concretos todos deixa­ ram esvanecer . Quanto ao proj etar cons$qüênc ias Ã= , , concretas na vida de cada um , a , escrav--· � o so · o f e z po r pouco mais d e meio ano . Ma is tarde ( 1 9 7 5 ) foram feitos estudos sobre os votos . Viu-se então a grande liberdade que a I grej a dá aos leigos para fazerem votos , inclus ive o voto de obediência , à pessoa que lhes aprouver . Foi · então que vári os , que desconheciam a con­ s agr a ção à S a nt lssima Virgem como "escratJQB ", fe i ­ ta anos antes por outros nas mãos e sob a direção de Dr . P� inio Corrêa de Oliveira , dese j osos �� maior união com o fundador da fam!lia de almas · da TFP , pronunciaram s eus votos tomando . como superior . ao Dr . Plinio Corrêa de Oliveira . Os que antes se cons agraram como "escravos" fizeram também os votos na maior parte dos casos 1 sem que1 entretan­ to , tais votos tiv e s sem qualquer relaÇão com a "escrav idão " de outrora : não se s entiu então a existênciá�;: de uma graça nova , capaz de fazer revi.- ver aquilo que outro r� fÔra realizado 1 mas que por i rreflexão e ingr at i dão , caíra no olvido . Houve coragem para fazer o mais · exigente e não a houve para fazer o mais nobre e menos exigente ( a ·

·

"escravidão " > .

Para es s a "escravidão" o lh a-se ainda com · r es ­ peito e s audades . Mas como algo para que , s em e s ­ peciais graças de .Nos s a Senhora , ainda não há con­ dições de efetiva revivesceriça •

Hoj e , pass ados 1 7 ano s , tal consagração não é s enão uma l embrança , uma s audade dos melhores tem­ p o s de suas vocações ; e um pr ei to contrito de gra� tidão àque l e que nunca desmereceu , po r s ua p ac i ên-


Capítul o

232 .

VI

Capítulo

Erro pr imário , com efe ito , poi s a mediação que Dr . Plínio Corrêa de Oliveira exerce em rela­ ção a s eus f ilhos espirituais e dis cípulos é - co­ mo j á se viu ( Cap . VI , Itens 2 . c . e S . A , B , C e D } análoga àqqe la que os fundadores têm em relação aos Institutos Rel igiosos que fundam e , mais gene­ ricamente , da mediação que qualquer superior reli­ gioso exerce em relação a seu súdito .

I . �.

1

.t

Na premis s a maior da afi rmação há urna verda­ de . A vocação para a Contra-Rev9lução é , em al gum s entido , universal ; pois , corno a ! luta em defe s a da C ris tandade no pr es ente momento atinge todo o Oci­ d e�te Cristão , e até todo o Orbe , � este título e l a é universal . .Na premiss a menor há , da mesma maneira , urna verdade . Na medida em que o comandante de urna luta é mediador entre Deus e s eus súditos , � na medida em que esta luta s e j a universal , a mediação é uni­ v ers al . A

conclusão da obj e ção , contudo , é falsa e deséabida , po is a rned�ação un iversal da Sant í s s ima Vi rgem provém do fato único d e Ela ser Mãe de Deus .

233 .

E tem urna ampl itude proporciona l . E a mediação universal da Contra-Revolução ( e , po� conseqüên­ c ia , do Dr . Pl inio ) , está na proporção da extensão e da importância da luta . Uma coi s a , portanto, não s e equipara à outra . E conclui-s e : a luta contra­ - revolucionária depende do auxi l io da Vir gem e o s upÕe .

quanto à ort.odoxia desta cons agração s e al guém co­ metesse o erro primário de confundir a mediação do D r . Pl inio em relação à famíl ia de almas da TFP , c om a mediação de Nos sa Senhora .

A obj eção s e apresentaria da seguinte manei­ ra : " com adequação se diz que a atuação em prol da C ontra-Revolução , nos dias de hoj e pode ,constituir uma vocação universal ; em conseqüência , é univer­ s al a mediação do Dr . Plinio Corrêa de Ol iv�ira . E , portanto , é a mesma mediação exercida por Nossa S enhora" .

VI

*

b } Sob o ponto de vista j urídico

' 't

Urna consagração a Nos s a Senhora , que os mem­ bros da família de almas da TFP qui s e s s em f a z e r s ob a direção de s eu fundador , para s er coerente com o espírito do ato proposto por s ão Lui s Maria Gri gnion de Montfort , teria que , sob o ponto d e vista da validade j ur ídica , e fetua r� s e na l iberda­ de mais completa . só ass im a s e rvitudo ex c ari ta­ t e ; ou esclavage d ' amour , poderia real iz a r- s e e s er grata a Noss a Senhora e a ,Deus . C omo

acabou de ver ( Cap . VI , S . H . b ) "e scravidão " era : *

*

* * *

se

uma entrega espontânea , voluntária , s em obrigar a nada de específ i c o , s em obrigação de tempo , e cuj a ruptura não implicava , de grave ou leve .

e s ta

s i , falta

P ergunta- s e , sob o ponto de vista j ur ídico , como e sta "e scravidão " poderia ser clas s i f icada . Um nexo as s im concebido s eria , pois , um com­ promisso de dependência entre inferior e superior , por ini c iat iva do primeiro , no qual e l e . del ega , por um tempo não estipul ado, um poder ao superior


234 .

C apitulo VI

para o dirigir pel as vias da " escravidão" de amor a Maria . E s e , movido pela tão vaga s eme lhança de vocabul á rio , alguém que f izes s e esta " esc ravidão" o chamas s e de " s enhor " ou " dominus " , e chama s s e a s i mesmo de " escr avo" ou " s ervo" , isto em abso lu­ t ame nte nada alteraria a natur ez a do compromi s so e s tabelecido , e não conferiria ao Dr . P l inio C o r­ r ê a de O l ive i ra um po der maior do que tem um di re­ tor sobre s eus dirigidos . - Vej a- s e agora s e tal cons agração constituiu , em a l gum s entido , um voto . E s te s e define as s im : " promes sa del iberada f eita a Deus , de um bem poss ível e melhor" . Segun- do os moralistas , 9 voto exige uma verdadeira pro­ mes s a , ou sej a , uma verdadeira vontade de obr"igar­ - s e diante de Deus ; a fazer ou evitar algo . Não basta um s impl e�opós it o � determinação ( c f r . Antonio ROYO MARIN OP , Teologia Moral para S e gl a­ �, T . I , n . 3 94 ) . Ora , essa verdadeira promes sa com vontade de obrigar- s e ante Deus não existi�. na consagração que s e está cc;;si d erando ; unicament:e houve um s im­ p l es propós ito de cumpri r o compromisso de fide l i­ dade as sumido . E ' somente es ta , pois , a responsab i l idade com que arca quem tenha feito a refe rida "e scrav idão " .

*

I · l

Capítulo

VI

235.

c ) Sob o ponto de vis ta espir itual

* Voto de obediência e vi rtude da obediência

No. as s unto em ques tão - obediência - conforme ens ina a I grej a e como acima j á se viu , deve- s e dist ingui r entre a v�rtude e o voto . A virtude da obediência é am�l ís s ima , tem os l imites da caridade , e , portanto , s eu ideal é não ter l imites a não s er os da lei moral e do Di reito C anônico . Ela é toda espiritual , e na sua extensão não é regul ável por leis e normas . Es c apa , pois , à consideração j ur ídica . O voto de obediência visa ser a tradução da virtude da obediência para a vida daque le que bus­ c a a perfei ção evangélic a . A � gre j a concebeu-o tão radical quanto poss ível , para propiciar àquel e que imita a Cristo um caminho seguro , que proporcione a prática c ada vez mais perfeita da virtude da obe­ diência .

Entretanto , por maiores que sej am as exigên­ c ias a que livremente se suj eita aquel e que fez o · voto de obediência , a legis lação a respeito d� voto incide apenas sobre os atos exteriores da voritade . Trata- se de obedecer a um superior e a uma regra . Há um campo espiritual e interior , que não é abarcado j ur idicamente pe lo voto , e o não pode ser . Existe , portanto , uma enorme dif e rença de ex­ t ensão entre a virtude da obediência , que é um . re­ f l exo da caridade , e os l imites do voto de obe­ diência , por mais radical que este sej a .


C apítul o

236 .

VI

Os grandes s antos procuram lembrar conti nua­ mente aos rel igiosos que não se contentem com os l imites do voto , mas ascendam cada vez mais na v i rtude da obediênc ia , que não tem l imites . *

São BERNARDO r e comenda no Tratado De Diset Praecepto : " A per feita obediência não ens at . p c onhe ce lei , não é presa com l imites { • • • ) não cons idera medida , est�nde- se ao infinito " ( C . A LAPIDE , Commentaria in S c riptur arn S a c rarn , Prov . XV I 2 8 ) .

I

I 1: I

I'

I

I;

*

Santo IN�C I O , v i s ando pr eencher esta lacuna entre a virtude e o voto , recomenda · os vários graus de obediênci a : Obedec er a tudo o que manda o s uperior ; ter um s ó querer com ó s upe rior ; t e r um s ó pensar e ter um s ó sentir com o superior { S . I GN�C IO DE LOYOLA , Obras C ompl etas , PP • 8 3 6- 8 3 8 ) . * E'

no mesmo s entido que os benediti nos di­ z em que sua doação não tem lirn.i tes ( J . ·LECLERCQ , La Vocation Re l igieus e , p . 1 5 5 ) .

Escrav idão *

* Sagrada

e voto : de ob e di ênc ia

C omo j á s e viu , n a famí l i a d e almas d a TFP há votos de obediência prestados ao Dr . P l inio Corrêa :,>· de Oliveira . C onsidere- s e o c aso de quem nesta f am í l ia de a lmas tives se fe ito a cons agração como " esc ravo" d a Santís s ima V i rgem e , para fazer m�is efetiva essa " escravidão •! se t ivesse posto sob a autor idade e sob . a direção do D r . P l inio Corrêa de Ol ivei r a , e a l ém disso , quise s s e compl etar sua ent rega a Deus . O voto vinha , em boa hora , trazer este - compl emen­ to .

Capítulo

VI

237 .

prática da Sagrada Escrav idão como concebida na TFP ( 3 8 ) , não s e r i a portanto

A

foi voto

que qui ç á

el a

um

procur as s e s e r mais pe rfe ito , j u­ a que o voto de obedi ê ncia como

r idicamente , do I gre j a o r ecomenda . A s impl es exi s t ê ncia dos dois

mó s traria e servitudo ex -caritate ã que e l es n o se substituiriam , mas se compl eta­ r i am , se a Sagrada Escrav idão nã o t ives s e ca 1 do

voto

atos

em

desuso . Aqui

obe­

se deve dis tinguir entr e o voto de

diência e a s e rv itu do ex caritate . Ambas se rem à vir tude da obedi ên ç ia que , s e gundo s ã o . .. .... e a v�rtud e mor a l que faz pronta a vontade

refe­ TOMA s para

a . 2 -3 ) ,

os preceitos do superior" ( I I - I I , q. 1 04 . ou sej a , nã o s ó os man d atos , mas também a

s imples

vontade deste , por caus a da autoridade re­

executar

c ebida direta e indiretamente de Deus . No

primeiro caso s e submete a vontade

s uperiores devido a um voto ,

ou s e j a ,

àc

dos

uma promes s. .a

deliberada e livre feita a Deus .

mo

é

No s egundo - na s ervitudo ex caritate tal eo­ entendida neste trabalho submete- s e a · von­

:-

t.ade à · de uma pe s soa que escolhemos por interme­ di á rio na cons agração como .. .escravo" de amor à S ant 1 s s ima Virgem e como melh�r mane i ra de s ervi­ -La .

Nota tese : voto

Sagrada

Aqui se est á dis cutindo o problema em Escravidão é subs t itu1d a pe lo de obedi ê ncia . I s to não entra em contradi çã o 38:

se a

can o que foi ac ima exposto quando s e ···afirmou que , os votos substituíram a Sagrada

h is toricamente

Escrávidão,

na

maior parte dos casos . .


2 38 .

Capítul o VI

Capítulo VI

Aliás , não parece ter s i do outra a i ntenção do grande são LuÍs Mar ia Grignion de Montfort , uma vez que nos Mi s s ionários da Companhi a de Maria e no Instituto das Fi lhas da Sabedoria , congrega­ ções rel igiosas por ele fun dadas , ele recomenda i nstantemente a pr ática da esc lavage d ' amour , s em dispensar que em ambas as instituições se façam os três votos que caracteri zam o estado de perfei ção . Nem mesmo em confrarias de leigos , como a Ar­ quiconfraria Mar i a Rainha dos Coraçõesr ded � cada à � divul gação da espiritualidade e a obra de S ao Lu�s Maria Gri gnion de Montfort e à prática da es c l ava­ � d ' amour , cons ideram- s e os votos - como supér­ f luos : " Os membros serão admitidos , segundo pedido f ormal e após o termo de prova necessária , a fazer o s três votos pr iv ados de pobreza , castidade e obediênc ia " , lê- s e em um proj eto de estatutos para . uma s e c ção de elite dess a Confraria ( os esquadrões de Mari a , sugerido pe lo sacerdote montfortiano Pe . Dario Marie Huo t ) ( DOCUMENTATION MONTFORTAINE , j ui l l et- octobre , 1 9 5 9 , p . 7 9 ) .

239 .

mos fera típica da escravidão de amor . ( } Para prossegui r es sa idéia é neces s ário que s e trate de um grupo escolhido , de um grupo de el ite , eu qua s e diria : de um a ' seleção de predestinados ' , que s e comprometam s eriamente a viver marialmente todo o conteúdo dos estados de perfeição s em abraçar s eus contornos j ur ídicos . •

" As . premi s s as repousam em nos s a montfortiana . Porque não tirar delas as sões? " ( AAS , 1 9 5 8 , pp : ·79 e 8 2 ) .

I

•!

o mesmo Pe . HUOT SMM apres· e nta a s eguinte perspe ctiva para os membros lei �os da _ confraria Regina C o rdium , que que iram seguir conse lhos evan­ gél icos fora de qualquer �orma cartônica do estado de per f eição , i ndividualmente ou em grupos pre­ vistos , aprovados e estimul ados por Pio XI I em mais de uma ocas�ao ( cfr . Acta Aposto l ic i S edis , 1 9 5 8 , p . 3 6 e p . 5 66 ) :

heranç a conclu-

Está perfeitamente estabel ecida , ass im , a re­ l ação entre a Sagrada Escravidão a Maria Santís­ s ima e o voto de ob�diência , seqttn d o o espí rito de São Luís Maria Grignion de Montfort � * Sagrada Escrav idão à Santís s ima Virgem

e amor

O s anto doutor marial des ej ava de fato a prá­ t ica da virtude da obediência e da dependênc!a , que não é senão uma das manifestações do a rdent1s­ s imo amor à Vi rgem Mãe , que enchia s eu coração . E ' expres s iva do anel� de obediê nc�a perfei ta e de depend ência total para com Noss a Senhor a , a oração que ele compôs para s er rezada pelos " es ­ c ravos " d a Santís s ima Virgem : I

" Ave Maria , Filha bem- amada do Pai Eterno ; ave Maria , Mãe admi rável do Filho , ave Maria , Es­ pos a fidel í s s ima do Espír ito Santo ; ave Mari a , mi­ nha queri da Mãe , minha amáve l Senho ra e poder osa Sober ana ; ave , minha al egria , minha glóri a , meu coração e minha alma ! Vós me perte nceis toda por miseri córdia , e eu Vos perte nço todo por j usti ça . Mas não Vos perte nço bastan te ainda ; de novo me

" Sob o impulso da graça e a atração da bonda­ de maternal de Maria o.s membros da Confraria que­ rerão cons agrar- s e po r voto a vi ver e pr.opagar a doutr ina montfortiana ; inclus ive se comprometerão por voto a viver os três conse lhos evangélicos de pobr e za , cast idade e obediênc ia , mas s empre na at-

1

I


C apí t u l o VI

240 . dou

a

vós todo inte i ro ,

n a qua l idade de

p e rp é tuo ,

e s c r av o

s em nada reservar para mim ou para ou­ trem . se vêdes em mim qua lque r coisa que não Vos pertença , eu Vos supl ico de tirá- la agora , e de Vos tornar Senhora abs oluta de tudo o que possuo ; de destruir e des arraigar e aniquil ar tudo o que em mim des agrad a a Deus ; e de plantar , promover e operar tudo o que . V.os agradar . Que a luz de vos s a f é dis s ipe a s trevas d e meu espírito ; que vos s a humil dade profunda tome.• o lugar d e meu orgulho ; que vos s a contempl ação sublime suste as dis trações de minha imaginação vagabunda ; que a vos s a vis ta c ontínua de Deus encha a minha memória com sua pres ença ; que o incêndio de vos so coração d'il at � e abras e a tibieza e frieza do meu ; que vossas V.l.r­ tudes subs tituam meus pecados ; que vossos méritos s ej am o meu ornamento e supl emento perant� Deus . · Enfim , mui querida e bem- amada Mãe , faze i , s e pos s ível for , que eu não tenha outro espírito s e­ não o vosso , pa:ra conhecer Jesus Cristo e suas di­ v inas vontades ; que não tenha outra alma s enão a vos s a , para louvar e glorificar o Senhor ; que não t enha outro coração s enão o vosso , para ama r a · Deus com um amor puro e ardente com?. Vós . Não Vos peço v1soes ou revelações ou gqzos ou prazeres , nem mesmo espirituais . E ' privlJl égio vos so ver c laramente , s em trevas ; gozar pl enamente , . s em _ so amargor ; triunfar gloriosamente à direita de vos F i lho , n o c éu , s�� humi lhação alguma ; dominar a�­ s o lutamente sobre os Anj os , os homens e os demo­ n ios, s em res istência , e , enfim , dispor de todos os bens de Deus , s em restrição alguma . Eis , divina Maria , a ótima parte que o Senhor Vos deu e que não Vos será tirada - e isto me deleita sobrema­ neira . Por minha parte , não quero nesta , terra s e­ não o que vós tivestes , a saber : crer puramente , s em nada gozar ou ver ; sofrer a legremente , sem consolação de criaturas ; morrer continuamente a

i

I

C apítulo m 1m

m

mente , c omo

VI

e s m o , s em r e l axament o ; e t raba l h a r res o luta­ até a morte , po r Vós , sem int e r e s s e a l gum ,

o

e

Amen :

e s c rav o s A ún i c a graça que mis ericórdi a , é que , todo s os de mi nha vida , eu diga três vezes

ma i s vil dos

Vos p e ç o , dias

241 .

• .

po r pur a

momentos As s im

s e j a , a tudo que f i z e s te s n a e nquanto ne l a viv e s t e s . .lt� s im . s e j a , a tudo zeis a g o r a n o C éu . As s im s e j a , a tudo que

terra ,

que f a ­ oper a is em mi nha alma , a f im de que n e l a s ó Vós estej a i s p a r a g l or i f i c ar pl enamente a Jesus em mim , no tem­ po e na e t e r n i d ade e Amém " ( S . L . M . G . MONTFORT , Tr a tado da Ve rdadeira Devoção à S antís s ima Vi rgem", E d . Vo z e s , P e trópo l i s , 6a . ed . , pp . 2 9 7- 2 9 9 ) . .

est e

E'

o

a lmas da TFP fez

* Sagrada

e s p í r i to mar i a l

germinar a

de

Escravidão .

*

Escrav idão

a C r i s t and a d e

que na famíl ia

Sagrada

e

pe rs egui da

Es s a depe ndên c i a pe r f e i t a à Mãe de D eu s , a t r av é s da pes s o a de se u fundador , n a família de a lma s

da TFP ,

não e s tá somente l i gada à união c om m a s está também voltada para a lut a contra os i n im igos da I gr e j a e da C ivil i z a ção C r i s tã . So­ mente homens a s s im , d e pe nd en te s dAquel a que é ter­ r ib i l i s u t cas trorum acies ordinata ( Cant . VI , 3 ) . p o d e r i am pô r cobro às invest idas do Inim igo de

·

Mari a ,

D eu s

em

nos s o s di a s .

v e r d a de , grande Deus , que o mundo há de pr edis sestes , grandes c i l adas ao calca­ nhar de s s a Mul h e r mi� terios a , isto é , à pequena C ompanh i a de s eus fil nos que hão de surgir perto do f im do mun do ; é verdade que há de haver grandes i nim i z ades e ntr e es s a bendita posteridade de Maria "E'

armar

1

I

corno


f! ' '

C apítul o

242 .

VI

Capítulo VI

S antíss ima e a ra ça maldita de Satanás ; mas é es s a uma inimi zade todq div ina , a única d e que s e j a i s autor ; Inimicitias panam . Porém , esses combates e e s s a s · pers e gu1 çoes dos filhos da raça de Bel ial contra a raça de vos s a Mãe Santís s ima só servirão para melhor fazer respl andecer o poder de vos s a graça , a coragem d a virtude dos vos sos s ervos e a a utoridade de voss a Mãe , pois que lhe destes , des­ de o começo do mundo , a mis são de esmagar es s e s o­ berbo , pel a humil dade de seu coração e de s eu cal­ c anhar . Ipsa conteret caput tuurn" (S. L.M.G. MONTFORT , Tratado da Verdadeira Devoção à S antís­ s �a Virgem , Ed . Voz� s , Petrópo lis 1 6 a . ed . , 1 96 1 , PP •

J . SEGUNDA CONC LUS!O P e lo que foi exposto neste Item 5 do Cap . VI , l etras F , G , e H , e tomando em conta o que j á dito anteriormente , conclui-s e que a Sagrada Escravidão à Sant1s sima Vi r gem feita por alguns membros da fam1lia de almas da TFP , nas mãos de s eu fundador a quem também tomavam como senhor ( cfr . nota 4 ) imediato ou superior : nas foi

1�) PROC EDEU exclus ivamente DE ATO ESPONT�­ NEO , LIVRE E VOLUNT�RIO DOS QUE SE CONSAGRARAM ;

3 0 5-3 0 6 ) .

S em pretender que tal trecho 1 alus ivo a f i é i s que s ur girão •�perto do f im do mundo" e não -em nos­ s os dias 1 s e apl ique literalmente a es s a f amí l ia d e a lmas da TFP , aque les que a compõem encontram n a " Or ação Abrasada" e espec ialmente _ no trecho a c ima mencionado , que é parte del a , s emelhança de s ituações com a luta contra- revoluc ionária des en­ volvida pelo Dr . P l inio Corrêa de O l iveira e s eus disc ípulos , neste tempo que, s em s er provavelmente o f im do mundo 1 é o f im de um m\llil do � visua l i z a ção s eria um al ento para a Sa­ grada Escrav idão , como na famíl ia de almas da TFP f o i concebida por vários .

2� ) N!O IMPLICOU NA OUTORGA ao Dr . Corrêa de Oliveira de NENHUM PODER MAIOR QUE T EM UM DIRETOR SOBRE SEUS DIRIGIDOS ;

Dá- s e as s im por ana l is ado , sob o ponto de v ista doutrinário , j ur ídico e espiritua l , o que - s ignificaria a Sagrada Es cravidão a Nos s a S enha -: r a , nas mãos do Dr . P l inio C orrêa de O l ive i � a . *

*

P l inio AQUELE

3� )

N!O ACARRETAVA DE SI NENHUM TIPO OBRIGATORIEDADE : moral , canÔnica ou f 1 s ica ;

DE

4 � ) Foi um compromisso verbal que PODIA CES­ SAR PELA DELIBERAÇ!O , A QUALQUER MOMENTO , DE QUAL­ QUER UMA DAS PARTES ;

Tal

*

243 .

. i l !

I

5� ) Não fo i feito voto no s entido próprio , nem -no sentido impróprio , mas unicamente um com­ premi s s a de f idel idade que não obrigava , de s i , s ob culpa grave ou l eve ; 6.2. ) NADA TEVE CONTRA O D I RE ITO CAN0NICO . *

*

DOGMA 1

A MORAL E

O


Capítul o VI

2 44 . K.

Parecer do Revmo . Pe . Arturo Alonso Lobo OP , s obre a Sagrãda Escravidão que na f amília de almas da TFP : foi real izada à S ant 1 s s ima virgem por meio de s eu fundador , o Dr . Plinio C orr�a de Ol iveira

Sobre esta servitudo � caritate , o Dr . P l í­ nio Corrêa de Oliveira mandou consultar um ins i gne c anonista espanhol , o dominicano Pe . Arturo Alonso Lobo OP , C atedrático de Direito C anônico da c é­ l ebre Pontifícia Universidade de Salamanca , autor de numerosas obras especializadas ( 3 9 ) , diretor da

I

! .

Nota 3 9 : Ilustre . canonista , Pe . Arturo Alonso Lo­ bo OP , ordenado presbítero em 1 94 4 , doutorou- s e c om nota máxima n a Univers idade d e são Tomás ( Ro­ ma } em 1 94 4 , e nela foi profes sor . Lec ionou também na Facul dade de Santo Estevão e na Pontifícia Uni­ versidade , ambas em Sal amanca . Em 1 96 6 assumiu a d ireção da prestigios a revista teológica " A Vida S obrenatural " . Pub licou com um grupo de professo­ ·res da Pontifícia Universidade deJ .Salamanca os c él ebres "Comentários ao C ódigo d� Direito C an ô nico com texto latino e c astelhano " , · Madrid , Editorial C atólica , -BAC , 1 9 6 3 - 1 9 6 4 . Es creveu mais de 2 0 obras , dentre as quais c abem mencionar " La icología y Acción Católica" ( Studium , Madrid , 1 9 5 5 ; com tradução para o in­ glês ) ; "Tratados do Batismo e da Conf irmaçãO , in · suma Teológica de S ão Tomás de Aquino " , tomo XI I I ( BAC , Ma d r i d , 1 9 5 7 ; "Tratado da Extrema-Unção" , tomo XIV ( BAC , Ma dri d , 1 9 5 7 ) . e divu l g ou a edição de " Desenvolvi­ e vitalidade da I gre j a " ( 3 vol . ) , P e . Juan

Preparou

mento

Capí tulo

245 .

VI

f amos a revi sta " V i d a S obrenatura l " . A s e gu i r apa­ r ece o texto da consul ta e da r e s po s t a ( 4 0 J p a ra que s e pos s a aquilatar com que s e gurança a famí l i a de alma s d a TFP , s e qui s es s e , poder i a continua r com a práti c a · da Sagrada Escrav idão , c omo foi des­ c ri ta nas letras F , G e H deste I t em 5 do C ap . VI . Consulta O ane lo " I . U m grupo de le igos fervoros amente catól i­ cos está persuadido de ter a vocação de empregar toda a sua vida para a reta ordenação da sociedade tempora l , segundo os Mandamentos de Deus e os en­ s in amentos tradi cionais do magi s tério e c l es iást i­ co .

Gonzále z Arinte ro ; " Aos Cumes da União com Deus " , Pe . J . G . Ar intero e Magdal ena de Jesus Sa cramenta­ do ; " Sobre o Monte S anto" , S . M . Lozano e Magda­ l ena do Santí s s imo Sacramento ; " Apóstolo do Amor" , M . de Jesus Sacramento - estas três ú l t imas obras traduzidas para o inglês . Foi lógicos . O

t ambém autor de centenas de artigos teo­

Pe . Arturo A lonso Lobo OP , foi colh ido rá­ e inesperadamente pe la mort e em 1 2 de agosto

pida de 1 9 8 3 .

Nota 4 0 : Os subtítulos inseridos na Consult a e no Parecer do Revmo . Pe . Arturo A lonso Lobo OP , bem como os sublinhados , são deste traba lho : a exten­ s ão da resposta os tornou con�'en i entes . A numera­ ção da Consulta e do Parecer é do origi na l .


246 .

Capítulo

C a p í tulo VI

VI

membros � � � sobre � tempo disponíve l e � bens , � direção correspondente � plano te r­ reno à autorida de � .!. consaqra cão confere à S a nt:Fs";�a Virgem .

" Para esse obj etivo eles esta r i am norma lme nt e dispostos e com entus iasmo - a constitu i r uma ordem ou congregação rel igios a sob a autoridade da Sagrada Hierarquia , e s egundo os s agrados cânone s '�

--

Efetivid�d e da consagração

A dif-iculdade

" IV . � s ituação � � tal perspect iva , poderia denominar-s e s enhor-es cravo ( segundo o " Tr atado da Verdadei ra Devoção- à Sant 1 s s ima Vi r­ gem" , de São Lu�s Maria Grignion de Montfor t ) , não obrigar ia sob pena · de pecado , .!:!.!:!!!. s equer veni�l . E . � � des l igaria qualquer pessoa , � s impl es manifes tação unil ateral da vontade .

I I . Segue-se uma detalhada expos i çã o de c ir­ cuns tâncias concretas do Bra s i l contemporâneo que exp l icam a inconveniência da TFP s e constituir , n o pres ente , em Ordem ou Congregação Rel igios a . As s im , se _ e l es s e c olocas s em como r e ligios o s , s ob a direção da autoridade competente , estari am convenc idos de fazer um trabalho , não só contrá r i o às suas própri a s consc iências , mas também f un da­ mett talrnente pre j udicial para a I grej a e ruinos o para a C ivi l ização C r is tã .

"V . Entreta nto , enquanto e s s a re lação duras­ s e , ela seria notavelm ente semelhan te à de um s u­ perior r el igio s o � relação � seu súdit-;. - - Em vista disso , pergunt a- s e como julgar s ituação do ponto de vista l egal e do ponto de vista canônico .

Vencendo a dif icul dade E

247 .

pros s egue a C onsulta :

" II I . · Em conseqüência , pens�rarn em outr o me i o d e cada qu a l s e dedicar inteir�ente a tão a ltos f in s : " 1 ) Todos f i zeram em tempos diversos , e a t í tulo indiv i dua l , a cons agração �orno e s cravos de ­ Maria segundo a espiritua l i dade - de são Luí s Mar i a Grignion de Montfor t , e d e acordo com o texto corr ente ; "2 ) P a ra melhor servi r à Santí s s ima Virgem s ervindo à Igrej a e à C ivi l i zação Cristã , o correu a e s s es leigos a idéia de conferir a um del e s - de mai s idade e mai s idôneo - � repr e s entação da �­ t í s s ima Virgem , � que diz r e spe ito à pr ome s s a , para r e c eber � promes s a d e escravidão g� f i zeram . De sorte _gue � le igo 2rove cto teria s obre o s

"VI .

Uma so lução de sobrevi vência

"VI I . E ' preéiso acentuar que os referidos l ei gos estão persuadidos por razões qraves , evi­ dentes e múltiplas que , se não s e unis s em des s e modo , não poderiam oferecer uma res ist ê ncia eficaz ao comuni smo . E que , faltando es s a · res ist ê ncia , o r espe ctivo país logo será comunista . " Dada a situaçã o anormal em .que está a Igre j a n e s s e País , parece a estes leigos que é de Direito N atural organiz ar-se dess a forma , a inda que no có­ d igo de Direito Canôni co atual , ou no que estará em :vigor em 1 984 , isto não sej a pe rmi t ido � E que o único obs táculo a es s a forma de relac�o nament o s e­ r i a a ordem moral . '.

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J n r e J l z• e n t e , J t l c e , p r o rund a• e n t e \ e n o • ne r a l 1 z e d o e n c o l o c a e nt e l o • p r o b l t o a • 1 • •o 1 e \ e r 1 o • b l • • • • te•po r al e de

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CONV[NTO OE• S. UU BAN �"'" o.--.. I AI..A "'-lHCA

� • l ao 1 6 n v i nc ul an t e q u • q u e r a • o • y p o d aN o a a e ta b l e c a r c on � l l a d a b a e a r a l ab ad a y r o a e nt a da . u a h e c h o l a ! g l a a i a · h a v i a t o c an b u e no a o j o e y h a b a nd a c i d o l a c o n a a � r a c i 6 n c o m o e a cl a v o a d a "• r i a • • o 6 n l a a ap i r i • L u a l i d a d _ d a � · n Lui e " • r i a G r i o n o n d a " o n t r a r t .

�o•o • • a x p o n a e n l a o o n a p l t a , a l q u e h a d e h a e a r d a a upa � l o r o d i r e c t o r a n t o a l i d ad o a un o a r a n t a de l a c o n .. g r a c .1 6 n q ua , l o .. 11 i a •b r o e h ac a n a N u a a tr o S a � o r � a a u c r i s t o p o r 11 e d i o d a " • r i a y u n p r o • o t o r da l a . r l d e l i d ad d a a a to a c o n r e a p a ot o a a u a o b l ig a o i o na a . S a a a tipul• c l ar a• • n t e l a l i b e • t • d d e l o a a d a o r i t o a p a r a �ca p t a r a a t a a n o r a a a y t aa b 1 • n p ar a r a a a.1 n d 1 r e u a c o n t r a t o a . P o r c o n a t o u i a n t•, no- h ay a b ao.t c i 6n da la p e r ao n a l i d ad da l o a i nd i v i d u o • p o r u a a up e r i o r r y l o a p a r • \icul a r a a o o n- a a r v a n a i a a p r a l �L l i b e r t a d d a o a a v i n o ul a r a a c:t a l c o • p r o •.!. IDe

L a t a & aon l a a c o n a i d a r a c i o na � q u e • • a a r e c a l a c c n a ul t a p r a p u a a t a , J l a a c o � a l d a r a l a o ! t i a a a an e l o rd e n n a t u r a l , • o r al y c an ó ni c o . Uado

y hacho an

LUCIANO LOB U O

GARC U , .trotnri o del I l us tre Colc gio d e Volladolid , o on ro o i ­

don cia en S alam.nn o a

• · - · -· - --··--- · --·--· ·-·--

IXJ't nz De que la :!inw. 7 rú.bri o a que ante ce de de Dan Ãriuro

oon D . rr . I . núme ro 7 . 6 09 • .3 6 6 , la c ons id e ro l e gi t ima p o r ba be r eido .pue e ta

� oa e o Lobo , Padre Domini o o , vo oino de e s t a o i ud ad , ai proe onola 7 por e e r . d e mi conooida . SalamB.ll o &

jlri ��:�e ro

de Julio de

11 nove oien toe

a

oohent a 7 . t re e .


capítulo VI

250 .

As perguntas

Capl tulo

VI

25 1 .

O dire ito de as sociar-se , �· � Moral

" Pergunta-se : "1 ) E ' legít imo invocar dess e modo o Di reito Natural? " 2 ) Uma vez mais : há contra esse relaciona­ mento algum obstáculo moral? " 3 ) Há algo no direito ecles iás tico que po s s a l imitar o u condicionar esse tipo d e as sociação?

RESPOSTAS Direito de associar-s e com f ins l ícitos e honestos "A primeira pergunta . - Pelo D ireito Natur al o ser humano pode e deve uni r- s e em sociedade com os s emelhantes . Deus pôs na. alma do homem aspira­ ções e desej os que e l e só , isoladamente , não é ca­ paz de real izar com suas forças ipdividuais . Por i s so tem necess idade da colabora ç�o dos demais , e de uni r-:- s e a eles para atingir conj unta e col eti­ vamente essa alta meta .

" I s to vale tanto para � homem cons iderado em s uas apetências � necess idades de ordem temporal , c omo também de ordem �spiritual e re l igios a . " Por isto mesmo , volto a repetir , é � direi­ to natural do homem poder agrupar- s e � soc iedade , � f ins lícitos · � honestos . Tal é , sem dúvida , a i ntenção corporativa que s e propugna nesta consul­ ta .

pergunta . - Aquilo que e s tá em �· A Segunda conformidade com a lei natural não pode estar con­ tra a ordem moral , bem entendida . Pres supõe-se que e ssas as sociações têm por fim bens materiais ou espirituais honestos , uti l i z ando meios também l í­ c itos . Sémpre , poi�i que os meios empregados par a conseguir esse f im bom sej am também bons , está ab­ s olutamente em conformidade com a lei moral promo­ ver � asSociações 2.. ingr;;8ar �as . "A pergunta tem � � respondida a f i rmando rotundamente que não existe nenhum obstáculo mora l que empane � liceidade das associações das quais � fala .!!.! consulta As pessoas que se integram . nas associações coletivas são livres de estabel e­ c er as relações entre seus membros , e destes com s eu diretor ou s eu pres idente . •

.

Ante o Direito C anônico "A Terceira .pergunta . - No Direito ecles iásti­ co , como tal , se pres supõe o direito natura l dos s eres humanos de as sociar-se para f ins honestos . Por cons eguinte não � � autor i dade ecles i ástica proibir � llE2_ de associações . ·;· somente E2de r i a !:. deveria agir quando � programas , � 2! meios empregados P.ara atingir s éus fins � vão contra o dogma � � moral catól ica , � � ponham � �rigo .

"A I grej a pode , nos c asos que . cons idere opor­ tunos , ·chegar até a: recomendar as associações que congregam os cristãos para fi n s bons e com meios corretos . Mas a isso não está obrigada ; , pode c a­ l ar- se e ' pr esc indir de toda recomendação ou repro­ vação .


l I l

I

I

C ap í t u l o V I

252 . .. S e ndo

b ém

c o r ret o t udo o q u e p r e c ede ,

acont e c e r q u e a I gr e j a ,

d e c omum

Capitulo VI

p o d e t am ­

a co r do

V ínculos hierárquicos necess ários : c o n sa g ração

c om

o s moderadores ou d i r e t o r e s d e s s as as s o c i a çõe s ,

dê passo a mais e venha a admi t i r e s s a s a s s o c ia­ ções le igas no organi smo c anônico , conve rtendo- a s

um

em

" Se nas sociedades que têm um f im temporal devem- s e estabelecer normas vinculant e s entre to­ dos os que as compõem , como , por exemplo , as nor­ mas que regul em a dependência entre súditos e su­ periores , também nas as so_ciações leigas que têm um f im moral ou religioso é nece s s ário que os membros que as integram se comprometam de al gum modo a tender a s eu f im na dependência dos l egitimas di­ r etores . � isso � faça P-Qr .E!!! .Y.Q.!:Q _P.riv.a do , E:2!: � 2romes sa � compromisso humano � ' � ato de virtude , � honra de � � , da Sant í s s ima Vi rgem , � inclus ive de � Senhor , é algo mui to d igno � me r i tó r i o , � longe de escandal izar , de­ veria alegrar espiritualmente .

a s s o c ia ções

I gre j a

e c l e s i ás t i c as . Para t a l a po de confe r i r a - s impl es aprovação , ou t ambém

chegar até

a ere ção c an ôn i c a , -

em p e s soas mor a i s ou

j ur íd i c as e c l e s iás t i c a s .

I

I

I

" Há na I grej a a s s o c i ações e c l es i ás ti c as de n aturezas mui to div e r s a s ; i n s t i tutos r e l ig i o s o s , s oc iedades que v i v em em comum s em votos , i n s t i tu­ tos s e culares , a s s o c i a ções de � i é i s le igos , etc . E s s es são outr o s tant o s mol des canônicos nos qua i s se conformar a s as s o c i a ções cp.�e pretendem­ a dqu i r i r a condi ção . de e c l es i ás t i c a s 1 e as s im

podem

·

a c r e s c entar c iações

muito às ant e r i ormente ci tadas

l ei ga s

permanecem

Maturação gradual das associações ecle s i ás ticas as as s o c i a ções formadas por

� c ond i çã o de l e i gas 1 �

cris­ Igrej a

g� nem pode int e rv i r l ega lment e · � r egul a­ de _ � vida interna � de � atividade

mentação s oc i a·l � da

a s s o­

.

" Enquanto t ãos

2 53 .

I s so correspo n de

!

l iv r e dispo s ição de

�­

-� das a s s o c i a9õ e s � deve � a c e i to 2o r- g�

pr e t e n de nel a s ingres s a r .

"Para que toda s o ci edade po s s a des envolver- s e c orretamente , é pr ec i s o que t e nha es tatuto s , d i r e ­ tores , membros , à'e ividades , e tc . , que s e rão apr o ­ v ado s por quem a integra , e cuj os m embros os deve­ rão a c e i tar como r egul ame� t ação m ínima par a que exista a ordem indispensãvê l , e par a que s e j a ga­ r antida a conse cução das metas �l í c itas que v i s am .

" Talvez convenha ter em conta , a este propó­ o que nos ens ina a his tória das as sociações e c les i ás ti c a s . Elas freqüentemente começaram por um s impl es e normal f ato sociológico , que com o correr do t empo foi progredindo _e maturando , até o ponto de cons i derar oportuno , por parte de s eus m embros e da mesma autoridade eclesiás tica , outor­ gar- lhes existência canônica ofic.i al . Além dis so , a I gre j a hoj e em dia não que r criar novas pe s s o a s j ur íd i c a s antes que dêem garantias de cons tância e f e cundidade � rescentes . Por isso exige das novas nas c entes que pas s em gradualmente por a s s o c i a ções diferentes estágios , do menos ao mais de tal modo que , aquilo que hoj e come ça de forma mui t o modes­ t a , po de chegar um d i a a ser um elemento importan­ s ito ,

j

I

t e na v ida s o c i a l e c l e s i ás t i c a .


C apítulo VI

2 54 .

Ato de virtude hoj e pouco compreendido :

� " escravidão ". mariana

" E ' mais freqüente do que se pensa o fato de que existem muitos cristãos de escol que indivi­ dualmente consultam e pedem permis são ao s a cerdo­ te para real izar atas de virtude que , infel izmen­ t e , hoj e são pouco compreendidos pe la general idade d as pes soas , v . gr . , o voto de caridade , o · voto de ma ior per feição , o voto de almas , a e s c r avidão mariana , etc . � P.ara � s acerdote � mui to conso la­ dor poder aquiescer a esses pedidos , pe la glória que dão a Deus e o bem que fazem às almas . Poi s b em , � isto , � · algo parecido , l eigos tentam rea­ l izar � grupos , � compromis sos sociai s , s erá a i nda digno de maior encômio . "Dada a insepar áve l união que , por · vontade de D eus , � S antí s s ima Vi rgem tem na vida da I grej a e dos cris tãos , toda r e lação vincul ante � gue i r a­ mos � pos s amos es tabelecer � Ela deve. s e r lou­ vada � incentivada . De fato a Igrej a viu � bons o lhos � abençoou i! consaqraç:ão çomo e s c r avos de Maria , segundo a espiritual idade de são Luí s Mar i a G r i gnion de Montfort . I

o.

o

superior : llina garantia víncul o : fácil rescisão

" Corno �� � consul ta , ague l e gue deve � o superior � diretor � � rea l idade � garant i a d a consagração � 22 membros fazem � Nos s o Senhor � Cristo � meio de Maria , !:.. um promotor da f idel idade � E l a � gue diz �peito às · obriga­ ções . Es tabelece- s e c l aramente a liberdade dos membros para aceitar � normas � também para r e s c indir � cont ratos . Em cons eqüência , não h á abso rção da personal idade dos indivíduo s po r �

1.\ 'I

255.

C apítulo VI

superior , � � pessoas conservam s empre a liberda­ de de desvincul ar- se do compromisso . " Es tas são as cons iderações � � sugere a consul ta proposta , e as considero legitimas � �­ dem natural , moral � canônica . Dado 1 98 3

e pas sado em Salamanca ,

1 � de j ulho de

Pe . Arturo Alonso Lobo OP" ( 4 1 ) *

*

L . Obj eção quanto ao uso da pa lavra " es cravidão " Es te trabalho , em todo seu Capitulo I I I , mos­ trou como a pal avra e o conceito de " es cravidão" s ão us ados normalmente pelo N ovo Tes tamento , na l inguagem dos Papas e dos Concllios ; nas obras dos c anonistas antigos e modernos ; na vida rel igosa , e no mesmo cul to . *

1 a . obj eção : " Es cravidão" rel igiosa , coisa do pass ado Ta_l vez , entretanto , a lguém quis e s s e ver nos textos citados apenas o reflexo de um · trabalho á r­ duo de pe squi s a para j ustificar unilateralmente os dois tipos de " escravidões " espirituais : aque l a

Nota 4 1 : Este parecer recebeu fé públ ica dada por Luc iano Lobato Garcia , Notário do Colégio de ·· �:mr.mt:i-1 V a l l ado lid - S a l amanca , em 1 � de j ulho de 1 9 8 3 .


lf'

I

2 56 .

I

C a p í tu l o

p r o v e n i e nt e

I I

dos

votos ,

c omo

n a TF P

aque l a pr ov e n i ente da devoção ma r i ana ,

m í l i a de almas da TFP s e f e z . Quem

c omo

em

encont r a r a pa l avra

na

C apítul o VI

que , ao funda r em exemplo o B r a s i l ,

e

f a­

" e s c r av i dã o "

des f a z e r e s t a ob j e ção ,

l ar ga­

obs e rv ador

po.uc o

que poderia supor um

do

ment e a t ento .

E'

o atua l i z a do D i z i onario degl i

I n s t i tuti

( Gue r r i no PELLIC IA i Giancarlo ROC ­

di

P e r fe z i one

CA,

E d i z i oni P a u l i n e ,

1 974 ) ,

que a f irma :

" Es c r av a :

t a l v e z i nút i l r e c o r dar que a denom i n a ção e s c rava foi e s c o lh i d a de propós i to por num e r o­ c ongregações r e l i g i o s a s , que ne l a encontr a r am s as a exp r e s são exat a do s eu apo s to lado , entendido c o ­ E'

d. E s c l avas -del --Amor Misericordioso de Jesús Ma r í a , Reparadoras Eucarísticas ( Es cravas do Amor Mi sericordioso de Jesus e Mari a , Reparadoras Euc arísticas ) , fundada em Santiago do Chi l e em 1 92 6 , erigida em pia união em 7 - 5- 1 92 7 .

de

Não s erv i ç o a f avor d a I gre j a e d a s o c i edade . des s as c o n g r e ga ções , pr e c i s amente a part i r p ouc as n om e e s c r av a , c o n s t i tuí r am urna e sp i r itua l idade do

mo

1. I

_

l.

I. I

li

(

d e s e rv i ço .

.

.

)

e . Ancil lae Christi ( Es cravas de Cristo ) , fundada em Semarang ( Indonés ia) em 1 9 3 7 , aprovada de f initivamente em 1 95 9 , congregação rel igiosa de direito diocesano .

"

a l i s t a das congrégaçõe s .

S e gue - s e

E s t a s s e­

canon � c a . a c ompa nh a d a s da data de sua e r e ção C o rno o s eu núm e r o é e l ev ado , não s e c itarão aqui de aque l as cuj o nome é i n d i s cut iv e lmente o s enã o rão

e s c rava s .

f . Congregatio Ancil larum Divini Redemptori s ( Es cravas do Divino Redentor ) , fundada em Agcmanya ( Ghana ) , em 2 5- 3 - 1 9 5 6 , aprovada definitivam ente em 1 9 57 como congregaçã o mis sionária de direito dio­ c esano .

Omite- s e um número maior de C on g r e gações

que us am o nome d e s e rvas .

omi tem- s e também out r a s

que f i guram n o D i c io n á r i o s ob o nome de a n c e l l e , mas cuj a denom i n a ção no idioma do r e s ­ Omi t e ­ pa í s , n ã o f o i pos s ív e l av e r i gua r . p e c t iv o

C o ng r e ga çõ e s

-se ,

po r

f im ,

i t a l i an a s que

um grande núme ro

têm

de

o nome de Anc é l l e

g . Es clavas del Divino Corazón ( Es cravas do D iv ino Coração ) , fundada em 1 8 8 5 , em C áceres ( Es­ panha ) , aprovada em 5 - 5- 1 9 0 9 ; congregação · religio­ s a de d i r e ito pont i f í c i o .

congregaçõ es { e s c r ava ) /

país es , como par o nome de s ervas .

c . Esclavas del Amor Mi s ericordioso ( Es c ravas do Amor Mi sericordioso ) , fundada em Madrid em 2 5- 1 2 - 1 9 3 0 ; congregação de direito pont i f í c io .

s ob e s t a denom i n a ção f igur am muitos i n s t itutos f e ­ m i ninos , que s erão enum e ra.do s e m ord em al fabét i c a . 11

c a s as em outr o s

a s sumem

b . ---Es clavas - -del Corazón de Jesús ( Es cravas do . Coração de Jesus ) , fundada em 2 9-9- 1 87 2 , em C órdoba ( Argentina ) ; congregação de direito pont i f ício , com aprovação definitiva em 1 7-3 - 1 9 1 7 .

qu e

c on s t at a- s e

t ermo é us ado na I gr e j a h o j e , mui to ma i s

257 .

a . Anc i l l a e a Puero Jesu ( Es crav as do Menino Jesus ) , fundada em 1 8 0 2 , em Zagreb ( Iugos lávia ) , e aprovada definitivamente em 1 9 1 2 ; congregação de direito ponti fício .

mui t a

nos meios cató licos . P a ra

o

faz ,

a s s im pen s as s e ima g inar i a que há

d i f i cul dade hoj e ,

se

VI

mas

1

l


258 .

c apít u l o VI

h . Es c lavas de Je sús , Aliviadoras de los Do­ lores· I nternos de su Amoros í s imo C orazón ( Es c ra­ vas de Jesus , Aliviadoras. das Dores I nternas de s eu Amoros ís s imo Coração ) , fundada nos pr imei ros anos deste s é culo , em Pasto ( Colômbia ) , c omo con­ gregação de direito diocesano . i . Congregatio S ororum Ancil larum ab Irnmacu­ C onceptione Beatae Mariae VirginiS ( Es c ra­ � da Imaculada C oncei ção da Bem-aventurada Vi r­ gem Maria ) , fundada em 1 93 1 em Ples zew Wi e lko­ polski ( Po lônia ) , aprovada defi-n itivamente· - em 2 - 7 - 1 9 4 0 ; congregação de direito ponti f í c io . l ata

j . Esclavas de C risto Rey ( Es cravas de C r i s to Re i ) , fundada �1 92 8 , e rigida canonicamente · :m 3 -5 - 1 94 1 , em Bur lada ( Espanha ) , como congregaçao r e l igiosa de direito dioces ano . k . Es c l avas de C risto Rey de Santa Maria de Guadalupe , ( Escra�s de Cristo Re i de S anta M � r � a de Guadalupe ) , fundada em 1 94 6 na Ci dade do Mex1c o ; pia união . 1. Esc lavas de l a I nmacu � ada N ina ( Divina I nf antita ) ,( Escrav� da Imacula;da Concei ção da Bem- aventurada Virgem Maria Menina ) , fundada em 1 9 0 1 na C idade do México , erigida em 1 9 3 0 ; congre­ gação r e l igiosa de direito dioces ano c

m . Esclavas del D ivino C o razón de Jesús ( Es ­ c ravas do Divino Coração de Jesus ) , erigida em congregação religio s a em 2 7- 1 0 - 1 9 6 3 , em Guadal a j a­ ra ( México ) . n . Congregatio Anc illarum C ordis Imrnacu l ati B e atae Mar i ae Vi rginis ( Es c ravas do Imacul ado C o­ r ação de Maria ) , fundada em 1 9 5 1 em At ambua ( I ndo-

Capítul o VI

� ésia ) ; s ano .

259.

congre gação mis s ionári a de direito dio ce­

o . Es c lavas Merced arias del S smo . S a cramen to ( Es cravas Mercedá rias do Ssmo . Sacrame nto ) , funda­ da em 1 2 -5- 1 94 0 em Sevilha ( Espanha ) como pia união . p . Esc lavas Mi s ioneras de Jesús ( Es cravas Mi­ s ionária s de Jesus ) , fundad�em Mi lagre ( Espanh a ) em 1 9 5 5 ; el .evaqa a congreg ação religio s a em 1 96 3 �

q. Es clavas de Maria Inmacul ada ( Es cr avas de Maria Imacul ada ) , fundad a em 1 8 8 4 , em V a l ência ( Espanha ) ; congre gaçã.o aprovad a defini tivame nte em 1 94 7 e

r . ---Es clavas - -de -l a Pi edad ( Es c ravas da Pi edade ) , fundada na Espanha em 1 6 0 7 ; congreg ação religiosa .

S e Es clavas Reparadoras de � Ssma . Eucari s­ tia ( Es c ravas Reparad oras da Ssma . Eucari s tia ) , fundad a em 1 92 3 , em Santia go ( Chil e ) , erigid a em congre gação de direit o dioces ano em 3 -V- 1 92 8 .

t . Es clavas del Sagrad o Corazón de Jesús ( E s ­ cravas do Sagrad o Coraçã o de Jesus ) , fundad a em 1 8 7 7 , em Madrid , aprova da de finitiv amente em 1 8 8 0 ; congre gação de direit o ponti fício . u . E s c lavas de � S antí s ima Eucari s tia y de Madre de Dias ( Es cravas da Santís s ima Eucari s­ t i a e da Mãe de Deus ) , fundad a em Granad a ( Espa­ nha ) , em 1 9 2 5 ; aprova da defini tivame nte em 1 0 - 1 - 1 9 4 9 , congre gação rel igiosa de d i re i to po n t i ­ f ício .

la


Capítulo VI

260 .

v . Esc lavas del Ssmo . Sacramento y de la l n­ macul ada ( Escravas do Ssmo . Sacramento e da Imacu­ l ada ) , fundada em Málaga ( Espanha ) , em 1 9 44 ; eri­ gida c anonicame nte em 1 9 48 ; congregaç ão religios a d e direito diocesano . x . Es c l avas de la Virgen Doloros a ( Es cravas -da Virgem Dolorosa ) , fundada em Madrid em 1 9 3 5 ; erigida canonicamente em 1 95 7 o z . Ancelles Rural es du S t . Sacrement ( Es c ra­ v as do Ssmo . Sacramento pa-rã' obras do C ampo ) , obra i ni ci ada por volta de 1 8 9 0 ; e rigida em pia união em 3 0-5- 1 94 9 . *

2 a . obj eção :

.i

A

consagração como " escravos " da Santí s s ima Vi rgem é aviltante , e ademais faz com que estes percam s uas dign idades e s eus direitos tempor ais

C omo a " es c ravi dão" à Santís s ima Virgem é um .: r e la ção espiritua l , ela não im� l ica em perda de direitos temperai$ . Por i s so , a �bj eção ,e impro ce­ d ente . Ademais , .. ·n ada tem de avil�ante ( ver C ap . I I I I tens 1 a 3 ) . S entiram-no e dão : exemplo n�erosos . pers onagens , inclus ive grandes dignatários . que embora s endo " e s cravos " espirituais nada perderam de s ua s dignidades nem de s eus direitos no pl ano tem­ po r al . a ) o próprio P apa JO!O VI I consagrou- s e à " escravo" Virgem na qual i dade de S antís s ima Verda­ da ( 7 0 1 -.7 0 7 ) .( S . L . M . G . MONTFORT , Tratado deira Devoção à Santís s ima Virgem , n . 1 59 ) . "Um caso marcante é o do Papa JOIO VI I ( 7 0 1 - 7 0 7 ) que , tendo fe ito executar um afresco e

Capitulo VI

26 1 .

um pÚlpito para a Igrej a Santa Maria Antiga em Ro­ ma , os as s inou - como ainda s e v ê ' João , escravo da Mãe de Deus ' " ( M . BA� , Une Route Spiritue l l e pour notre temps , PP • 3 4 e 3 5 ) . -

b) "A Imperatriz ELEONORA DE; GONZAGA , viúva de Ferdinando I I I , instituiu duas ordens em Viena , na !ustria , sob o nome de ' Es cravas da Virtude ' e a outra dá 1 Verdadeira C ruz ' " ( MIGNE-;-Encyc lopédie Théologigue , T . VI I . 1 , col . 1 0 7 9 s s . , · s ervitium , Paris , 1 84 6 ) . c ) o . JOIO VI , Rei de Portugal , Bras i l e Al­ garves , instituiu no Rio de Janeiro , a 6-2 - 1 8 1 8 a Ordem de Nossa S enhora da Concei ção de Vi l a Vi ço­ s a . E no preâmbulo do alvará da Ordem di z o mona r­ c a : " A rainha D o MARIA I , de boa memóri a , minha s enhora e mãe , que em 1 7 5 1 se al istou na referida C onfraria dos escravos da Conceição . E tendo-me � " também al istado na mesma C onfraria em 1 76 9 . ( Luiz Marques POLÍANO , Ordens Hono rTfi�is-do � s il , I I I ; Impr ensa Nacional , Rio de Janeiro , 1 94 3 , p . 1 02 ) . d ) O s anto Rei DAGOBERTO I I ( s é c . VI I ) consa­ grou-s e à Santís sima Virgem na qual idade de " es­ c ravo" ( Kronenburg "Mar:ia ' s Heerlike i d " 1 . 98 in S . L . M . G . MONTFORT , Tratado da Verdadeira Devoção à S antí s s ima yirgem , n . 1 5 9 , nota 5 ) •

e ) Santo ODILON , abade de Cluny , que viveu no s éculo X , fo i um dos primeiros a pratic ar pub � i­ camente na França esta devoção ( S . L.M.G. MONTFORT , Traité de la Vraie Devotion à l a S a i nte Vierge , Of fice G énéra�du Livre , Paris , p:- 1 3 8 } . 1 0 16 ,

f) o

" O Cardeal Pedro Damião narrou que , em Bem- aventurado MARIN , seu irmão , s e fez


Capítul o VI

262 .

" escravo" da Sant í s s ima Vi rgem , de modo edificante ' di ante do al tar .da Bem-aventurada Mãe de Deus , e le se entregou como um vil esc ravo , como um es­ c ravo mau e pregui çoso , e ·s e fez vergas tar di ante de sua Soberana ' 5 são Pedro Damião , C a rdeal-Bispo de ós ti a , foi declarado pel a I gre j a Santo e Dou� tor , e seu irmão , de quem ele fala , é Bem- aventu­ r ado " ( S e L . M . G . MONTFORT , op . c it . , n ., 7 3 , p . 1 3 9 ) . g ) Grandes Santos - Santo EF�M , São JO�O DA­ MASCENO , São BERNARDO , São BERNARDINO , São BOAVEN­ TURA , São FRANC I SCO DE SALES em nada se s ent i r am aviltados ou ficaram privados de s eus direitos e d ignidades fazendo- s e " es cr avos " de Mar i a , segundo i nforma São Luís Mar i a Grignion· de Montfort ( cfr . T ratado da Verdadeira Devoção à Santíss ima Vi rgem , n . 1 52 ) . -

II ' I

I.

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h) "O Cardeal DE BtRULLE , cuj a memória é abençoada po r toda a França , foi um dos mais ze lo­ s os em espalhar esta devoção ( •· • • } " ( S . L . M . G . MONTFORT , op . cit . , n . 1 6 2 } . i) "A Infanta I S ABEL-cLARA , , nos País es-Bai­ xos , com toda a s ua corte s e con�agrou a Maria no dia 1 5 de agosto de 1 6 2 6 " ( S . L . M . G . MONTFORT , T raité de la Vraie D evotion , Paris , n e 7 6 , pp . 1 3 9- 1 4 0 ) .

*

Para responder a esta questão é indispensá­ vel , antes de tudo , diferenciar a sociedade civ i l TFP , d a f am í l i a d e almas da TFP 1 depoi s , é preciso distinguir na família de almas da TFP aquel es de s eus membros que privadamente têm este ou aque le voto , fizeram esta ou aquel a consagração . SÓ então · s erá po s s ível responder com obj etividade s e ess e s membros devem alguma dependência j urídica maior que a de s imples fiéis à autoridade ecl es i ástica . A TFP é uma sociedade civil , com f ins deter­ minados e notórios . Sua vida está pe r feitamente de acordo - com as exigências da lei bras i l eira , e so­ mente à autoridade civil uma sociedade civ i l deve prestar contas . Bem entendido , em matéria de F é e costumes deve ela suj eitar- se à autoridade ecle­ s iástica . Privadamente , como s e viu , vários dos grantes da famíl ia de almas da TFP f i zeram voto , ou consagração .

inte­ alqum

*

6 . S ituação da TFP per ante a autoridade ecles i istica que TFP um gênero n i ente do voto tempo também s e ·

dão" espi ritua l como forma de viver a consagração Santls s ima Vi rgem segundo o método de são Luis Maria Grignion de Montfort , pergunta-s e s e isto não caracteriza uma fam1 l ia religiosa que devess e submeter- s e à autoridade ecles iástica . à

* *

Dado

26 3 .

Capitulo VI

s e pratica na famí l ia d e almas da de " escravidão " espiritua l prove­ de ()bediênc ±a e que dur ante a l gum pratlc.ou out ro gênero q e ''-es cravi-

Passa- s e a ver qual é o ensinamento da Igre j a quanto aos votos p�ivados , e depois s e perguntar á s e a coincidência de várias pes soas que fazem vo­ tos análogos _ não t:: arac t e riza uma sociedade que de­ va se submeter à autoridade ecles i ás tica . *


2 64 .

Capítul o V I

Mas basta que isso não lhe sej a proibido em vista da natureza do ato . Pois , de um lado , nas coisas l icitas e honestas os homen s podem celebra r con­ tratos entre si e podem obrigar- s e mutuamente , desde que não este j am a isso proibidos , uma vez que um del es é senhor de sua libe rdade , e o outro é hábil para exercer poder ou domlnio sobre o pr i­ meiro . E , de outro l ado , porque � a c e i t a r s eme­ lhante voto � prcmes s a não é necessár io � poder especia l conferido � �' mas basta que , po nd e: r ando reta e prudentem ente , s e j ulgue que o ato e honesto e agradáve l a Deus ; is so , com efei to , é s ufic iente para que se entenda. que Deus aceita aqui lo que um homem , escolhido para repres entá- lo , ace ita com o fim de O s ervir . E não é nece s s á r io que es se repres entante de Deus s ej a � ministr o pÚbli�com deputação da Igrej a para o exerclci o , des sa função ; mas b a s t a que sej a volunta ria e pru: dentemen te esc olhido . por quem emite o voto . Da1 nos s a conclusã o : pois tudo � ac ima d eduz i rmos po de � val idamente fe ito � pos itiva i n d i c amos ) " ( F . SUAREZ , De Re l igio­ aprovação da Igrej a ( VI I , l ib . I I , cap . XV, n . 7 - 8 , vol . XV , Tr . �' E d . Vivés , Paris , p . 1 9 4 ) ( Os grifos são deste trabalho ) .

A . Os votos privados e a interferência da I gre j a Poder-se- ia expor lqngamente a doutrina que mos tra por onde a I grej a não interfere nos votos privados . Aqui , po rém , basta somente transcrever um t recho luminoso do grande j esuíta do século XVI , Pe . F. SUAREZ : "(

) os três votos s impl es , feitos privada­ mente , são por sua natureza vál idos e portanto obrigam , a menos que s e j am dec larados nulos pe l a I gre j a . I s so é de s i evidente quanto aos votos de c as tidade e pobreza , pois não é neces s ário que s e­ j am emitidos nas mãos de alguém que os aceite e aprove . E o mesmo s e dá com o voto de obediênc ia porque , cons iderada apenas s ua natureza , pode s e r v á l ida e hones tamente fe ito a um homem bom e pru­ d ente , ao qua l quem emite o voto se suj eita a fim de s er por ele governado : quer prometendo apenas a D eus que obedecerá a tal homem , quer prometendo t ambém a esse mesmo homem que a ele obedecerá no que diz respeito ao bem da própria alma e ao se r­ viço de Deus . De ambos os modos o voto pode s er f eito , embora o s e gundo s e j a mais conveniente no c aso , como expus no Cap . IV . E de J ambos os modos o voto é por natur e z a l ícito e vál ido , desde que não haj a no Direito Ec les i ástico qualqu e r determina ção proibente ou dirimente . t l íc ito e vál ido porque o homem é serihor de sua liberdade ; e submetê- l a a outrem por amor a Deus , dos re feridos modos , é t ambém de si al go de honesto , desde que s e faça de maneira prudente ; é mesmo se gu i r o conse lho evan­ g é l i co . ( ) •

265 .

Capítulo VI

vê- s e que a I grej a não interfe =e nos votos pr ivados , e que estes podem s e r feitos po r mero contrato entre as partes , sem conhecim ento e apro­ vação da autorid ade ecles iástica . *

de parte da pe ssoa � quem é !(remet i da obedi ên c i a , não é n e c e s s ár i a e spe cial apr qv a ção � m andato da I gr ej a , pa ra que po s s a l í c i t a � val id a­ out r em . mente a c e i tar a s uj e i ção e obediência de " Também

B.

;: ;

da

S o c iedades n a s c ent e s

z em

os membros d a fam í l i a

Escrav idão

votos ,

de almas da TFP que f a ­ consagração da Sagra­ que este es tudo j á ana-

ou que f i z e ram a nos mo ldes


•j I

C apítulo VI

266 .

l isou , f izeram tais atos pr ivadamente . Acontece f reqüentemente nas famílias rel igiosas nascentes , que certos vínculos societários em embrião se vão constituindo em torno de ideais . E ' o que ocorre na TFP , com referência ao ideal de vida rel igiosa que germina na f amí l ia de almas da soc iedade ci­ vil . Os vínculos individuais de ordem espi ritual a gora existentes na TFP desenvolver- s e-ão a ponto de dar lugar , algum dia , a uma outra associação? Em c aso afirmativo , como se estruturarão as rela­ ções desta com a associação c ivil TFP ? são ques­ tões a que s ó o futuro poderá dar resposta adequa­ da . Qual s erá a forma eventual da as sociação a que esses vínculos darão lugar? S erá uma Ordem ou C ongregação ass ina l ada pe lo espírito de caval aria , mas adequada a nos so s éculo em que a guerra ps i co­ l ógica vai ganhando s empre em importância e efic á­ c ia? Será uma Congregação Re l igiosa ? S erá um I nstituto S e cular? E ' imposs ível respondê- lo , por­ que present emente as tendências dentro da f amí l ia de almas da TFP a i nda não adquiriram suf i ciente c lareza e consenso geral para que se pos s a dizer que o futuro del a se deva pauta � por tal ou qua l form�lação j ur ídic a . ·

Qual é então a atual pos ição des sa famí l ia de · almas para com a autoridade e c l e s i ás tica� E ' a de toda a libe·r�ade que a própria I grej a dá aos s im­ p l es . núc l eos germinativos , ou às sociedades c ató­ l icas nascentes . •

� propós ito des s a s ituação , o Pe . ARTURO ALONSO LOBO OP s a l ienta o princípio geral , no pa­ recer que j á foi visto ( Cap � VI . S . K ) : A

I ...l .f 'l

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Capítulo VI

267

" Talvez convenha ter em conta , a este pro� s ito , o que nos ens ina a história das as sociações e cles iásticas . Elas freqüentemente começaram por um s impl es e normal fato sociológico , que com o correr do tempo foi progredindo e maturando , até o ponto de cons iderar ' oportuno , por parte de ' s eus membros e da mesma autoridade ecles iás tica , outor­ gar- lhes existência canônica oficial . Além dis so , a I grej a hoj e em dia não quer criar novas pessoas j urídicas antes que dêem garantias de const ânci a e f e cundidade crescentes . Por isso exige das novas assoc iações nascentes que pass em gradualmente por diferentes estágios , do menos ao mais , d e tal mo­ do que , aquilo que hoj e s e inicia de fo�a muito modesta , pode chegar um dia a ser um e lemento im­ portante na vida soc ial ecles i ástica" ( O grifo é do ori ginal ) . No mesmo sentido , Jourdain BONDUELLE OP , des­ creve a l iberdade que existe , para e s s as assoc ia­ ções nascentes , mesmo quando j á têm vida comum . " Antes da aprovação e ereção pel a I gre j a , es­ tamos diante de um l ivre agrupamento de vida co­ mum , no qual é o feixe de vontades individuais , orientadas para uma f inal idade e meios comun s , que c onstitui o l iame soc ietário nascent e . Há maneiras de fazer , de rezar , . de s e mortificar , de traba­ l har , que não são ainda s enão s imples costumes , ou que não são colocadas por escrito senão em texto s abso lutamente privados . E las encontram s e u valor n a maior ou menor f idelidade evangél ic a que elas r ealizam , no fervor de uma vida comum e notadamen­ te na obediência de c �da um ao grupo , e sem dúvida àquel e que , pelo consentimento de todos , o.u por s eu prestígio pes soal i ou � razão de qualquer · c ircunstância que · s ej a , é colocado à testa do agrupamento . De ssa forma , pelo exemplo , pe l a pa-


C apítulo VI

2 68 .

l avra , pela pena talvez , de um primeiro superior fundador eventual - e pelo controle e cons enti­ mento dos outros , ao menos em estado de esboço , s ai uma regra de vida comum o ( ) A pedra de ân­ gulo é freqüentemente a pessoa muito amada de um fundador , seu senso evangélico , sua f i s ionomia e s ­ piritual , o que o f a z pai d e uma famí l i a engendra­ da na sua graça própria ( ) " ( J . BONDUELLE O P , op . cit . , p . 3 1 5 ) . o

o

Segundo os princípios i nvocados por estes dois especial istas , vê- s e que há inteira liberdade d entro da I grej a para a s i tuação da família de al­ mas da TFP , s em que nada a obrigue a acelerar ar­ t i f i cialmente seu crescimento orgânico com a fina­ l idade de caber desde já em uma das formas j urídi­ qas atualmente existentes . *

Conclui-se pois este Item 6 do C ap . VI dizendo que , na sua atual forma , a TFP , enquanto socieda­ de , e o que se pas s a em sua família de almas a tí­ tul o privado , não depende de licença da autoridade ecles i ástica . *

*

C ONCLU S ÃO

*

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ste trabalho mos trou em sua primeira parte o va lor e o mérito da· obediência , tal como ao longe dos s éculos ela fo i e é ensinada pel a I grej a . -Mos­ t rou depo is a râd"i cal idade a_ que chegou na I gre j a o des ej o de pe·r fed Ção exprimido pe lo voto de obe­ diência , que fez com que os rel igiosos voluntaria­ mente s e tornas s em " escravos " de seus superiores , para imitar a C r isto ( Fi l ip . I I , 7 ) . ·

C omprovada largamente a legitimidade de ta l ideal de perfeição para rel igiosos , como também para leigos , s egui u- se a pergunta s e haveria na f amília de almas da TFP alguma " esc ravidão" des s e tipo , proveni ente d o voto d e obediência c Mostrou­ - s e que neste s entido alguma c a is � existe na farní� l ia de almas da . TFP , um a vez qu� var1os dentre seus membros têm voto _ d� obedi � cia perpétuo ou ternporárià a s eu . orf.entador e superior natura.l , c D r . Pl inio C orrê� � de O l iveira . Entretanto , não foi a partir do voto de obediência que surgiu a idé i a de "escrav idão " na famíl ia d e a lmas d a TFP .

Uma outra dependênc i a toda ela espiritua l r tênue e s em compromis sos , �oi estabelec ida eferne­ r amente entre álguns dis cípulos e o fundador da f amíl ia de almas da TFP . E s te s lhe pedi ram que aceitasse s er o int·errnediário entre a Sant í s s ima. Vi rgem e eles , ao se cons agrarem como "e scrav os " d a Mãe de Deus , segundo o método de s ão Luís Ma r i a G r ignion de Montfort .

A comparação da radicalidade a que chega o voto de obediência usual na Igrej a com o caráter todo espiritual da "escravidão" marial na faml l i a de alméfs d a TFP revela o quanto - esta "escravidão " tem de suave e espontâneo .

Acresce , como s e viu , que tal "esCJPavidão " feita à Virgem Maria na pes soa do fundador da f a­ míl ia de almas da TFP perdeu sua efetividade h á mais de 1 5 anos , e dela hoj e só restam s audades e a esperança de que reviverá em melhores dias . *

Por tudo is so conclui- se que não corresponde a verdade afirmar que na TFP exista de fato esc ra­ v idão a Dr . Pl ínio Corrêa de Oliveir a ,---;s;--I' to po r v ár ias razões : 1 � ) 1Porque está fora de qualque r cogitação a e scravidão temporal ;

2� ) Porque os disc ípulos que fi zeram o voto de obediência visualizam seu voto como em g�ral os l eigos na Igrej a o consideram - s em remis são espe­ c ial à " escravidão " religios a ;

3 � ) Porque os únicos que fizeram uma consa­ gração como " e scravos " à Santís s ima Vi rgem por:, .in ­ t ermédio de sua pessoa , de fato não- conferiram. - . a e le maior poder do que aque l e que tem um diretor sobre seus dir igidos . Al ém di sso , tal consagração perdeu sua efetividade na fam í l ia de almas da TFP .


Conclusão

272 .

I sto posto não se poderá de boa fé e s em co­ met e r inj ustiça fl agrante manusear as pa lavras " es cr avidão " e " esc ravo" para dar a entender que na famíl ia de almas da TFP s e teria voltado aos s ombrios tempos pagãos em que não se cons iderava que todo homem é imagem e s emelhança de Deus , e que tudo; quanto s e faz a um dos pequeninos que ocupam os menores lugares na es cala social , é ao próprio Cristo Noss o Senhor que se faz ( Mt . XXV , 45} . *

Encerrando este trabalho com a idéia de que o auxí l io aos pequeninos é a glória dos grandes e o apanágio de harmonia da C ivil i zação C r i s tã , para quem escreve é. impo s s ível não relac ionar e s s a i d é i a com todo o aux í l io que o grande fundador d a f am í l i a d e almas d a TFP , Dr . Pl inio Corrêa d e O l i­ vei ra , dá a cada um daquel es que a gra ça chamou p_a ra part icipa r de sua vocação tão alta e tão á r­ dua , s endo eles embora fracos e pequenos . Quantos des falecimentos sustentados por sua mão firme , quantos defeitos s anados pel o remédio e ficaz , quantas carênc ias transcendidas pelo amparo contí­ nuo , quanta s ede de bem e de j us:tiça s aciada por · águas l ímpidas da confiança , qua dta fome de verda­ de atendida no banquete da ortod�xia ! C omo pens ar em tantos favores sem agradecer? E c omo agradecer , sem pedir perdão pe lo que não foi f eito?

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i: I.

Mas , por c ima dos agradecimentos e dos per­ dões , uma al egria enche o espírito dos membros da f amí l i a de almas da TFP : é a alegria de que , ao menos em um, Nos s a Senhora foi devidamente s e rvida e glorificadà . Fo i naque l e que , merecendo ser o s enhor de todos , a todos serviu ( 1 C or I X , 1 9 ) pa­ ra s e r o verdadeiro " es cravo" d ' Aquel a que foi a

Conclusão

273 .

" Es c rava áo Senhor" ( Lc . I , 3 8 ) . E a todos s e rvin­ do , a todos vence , pois a grandeza épica de sua vocação , humilhando- se até o nível da pequenez de cada um , revela em sua alma uma tal dedi�ação e mansidão que move para o bem aque les que têm ainda uma f ibra católica em seu coração ( 4 2 ) . Ao fundador da família de almas da TFP , ao orientador da Contra-Revolução , ao pa i ( 4 3 ) , ao mestre , ao senhor , aqui fica prestada a peque na homenagem de quem muito mais deveria ter servido . Atila S inke Guimarães São Paul o , 1 � de setembro de 1 9 8 4 *

*

*

Nota 4 2 : " Se eu , po is ( s endo vos s o ) S e nhor e Mes­ tre , vos lavei os pés , deveis lavar-vos os pés uns aos outros . Porque eu dei-vos o exemplo , para que , como eu vos f i z as s im façais vós também . Em verdade , em verdade vos digo : O escravo não é maior que o senhor , nem o enviado é maior do que aquel e que o enviou" ( Jo . XI I I , 1 4 - 1 6 ) . Nota 4 3 : O atribuir ao fundador da famíl ia de al­ mas o qua l i f icativo de ' pai ' em nada l es a a pi eda­ de f i l ial devida aos progenitores natur ais , e pr e­ ceituada pelo 4.2. Mandamento : " Honrar pa i e mãe " . Sobre isto a posi ção adotada pelos membros des s a família d e almas é a da I grej a , que está c l ara e luminos amente exposta por São TOMAS DE AQUINO na Suma Teológica ( I I -I I , q . 1 0 1 , a . 4 ) . E , aqui , fica ela devid amente acatada .


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C AT EC I SMO ROMANO

CATOLIC I SMO

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Este­

SACRA RITUUM CONGREGATIO

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Super Epistolam ad Romanos , Marietti - Opuscul a , Opusculum XVI I , De perfe ctione Vi­ tae Spiritualis - S criptum Super Sententi is Petri Lombardi , Lethie l reux , Paris , 1 9 3 3

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*

*

*


STO.

UO M J N G O E L R E A. L P P.

C L.l O D I O C O K I. I.O, lll . '.

'8'

D O N I ., l COa

. ... r a a o a

I

Apêndice 1 :

i

I.

:

Un g r upo de segla r e s f e r v o r o s a m e n t e

e s ta ba ,

19 67 ,

en

la

r e c ta

ca t ó l i c c

p e r s ua d i do de te n e r la voca c i ó n de err­

pl ea r toda su vida pa ra promove r su p r o p i a

Consulta ao Revmo. P e. Vict orino Rodrígu ez y Rodr íguez O.P. sobre a Sagrada Escravidão

" .. . "' ti

W A . a I • ·•

C O N S U L I A

i ! !

....

o C" d e n a c i <' n

M a ndami en tos de D i o s

de

y

pe r fe c c i ón

l a •oci edad tempóra l ,

las

en s en a n z a s

del

a e q On lc.

y

Mag i s te r j

e c le s i á s t i co , Para este obj e t i vo el l os es taban n a t ur a l m e n t e. d i a pue s tos

-

y con

e n t u s i a smo -

a con s t i t u i r una O rd e n

A soc i a c i ón Rel i g i o sa ba j o l a a u tor i dad de l a

Sag rada

Je­

r ea l i z ada

e

r a rq u i a , y s eg �n los s a g ra do s cánones . II. el

Dado q ue la me ta a n ted icha s e r ! a

y e n l a e s f e r a tempora l , supon i � -� no solo los pr i n c í p i o s d o c t r i na le s c o n t...t: .­

pl a n o e s p i r i tua l

nece s a r i ame n te , �idos

en

las

es ta ma te r i a , ples

Ens e n a n z a s s i no

la

aprec i a c i ón

e

d e m � l.J�1

r e a l i d a de s tempora l e s , acerca de l a s cua l e s - en el

plano con cre to - les es de

tra d i c i o n a l e s de la I g l e s i a

tam bi é n

f o rm a

d i ve r s a

l i c i to a

y , e n es tas

l os

c a t ó l i co s

ma te r i a s ,

con ve n ! a que es

g r upo de s eg l a res pud i e s e toma r a c t i t udes ba j o r e s po n s a b i l i da d f .i c i l m P n t P

su

prop 1

·

s i n comprome ter con e l l o a la Autor i dad

lkles i á s t i ca , cuyo ca mpo es o t r o . O � T' f �

p e n s a i.

�i

f" l

Y

es te

c om p r om i s o

st

T' P fP r i no C'J T' UpO tom� � l"' P l r.� T' � r.

t e r de una i n s t i t uc i ón e r i g i da y d i r i g i d a

por

la

Sagra·

d a J er a rq u i a . Ademá s la d i ve r s i dad de cr i te r i o s a q ue l

t i empo en

do en lo re f e r e n te a la do c t r i n a Igles ia , de

ya

e r.

s o c i o - e c o n'6'm i c a

de

lr

h a r ! a m á s d i f í c i l , e n d e t e rm i nadas'.: c i r c un s tan­

c i a s , l a ac tuac i ó n ord enadora en ral

ex i s ten t e

l a s a u tor i dades e c l e s i á s t i ca s sobre to·

es te G r upo ,

lo

p r o p i a m e n te

tempo­

s i é l con s t i t uye s e una en t i da d a u to·

r i z a da y d i r i j ida por la Sag rada Jera rq u i a .

e �


••

STO.

UO M I NGO EL R E�L

OLACJ!UO ooa&.LO, ...

':!!:'

• r . DO�N I H I 008 &L Paaoa

_ .. .. . ... .. ..

., ·

81'0. UOM I N G O PP.

.. Á • • • • • •

III.

COIIl o consec u e n c l a , en

o t ·r o

11 ed l o

de

por

esa

y

otras

razones

T od o s

h a blan hecho �

breve ,

en maDentos di fe ren tes ! a

la

M a r t a: ,

e s p i r i t ua l i dad

aegdn

la

C on s a g r � c l ón

de

San

g

G ri gnion de Mon tfor t , y de · acuerdo con el ( cf r .

te BAC ,

-$

1

O br a s

Para

C r i s t ia na ,

a

-

la

r e p r e s e n ta c i ón

de· la

De

I) ·

ma n e r a

m i em bros

#�

d

q ue

ese

ese

sobre

sus

p lano

te r r en o ,

seg l a r

grupo ,

bienes , a

la

I. V �

Esa

esa

provec to su

la. a u t o r i d a d

q ue ,

tend r !a

ti empo q u�

en

la

ta l

I

s o br e los

d i s pon i b l e

cor res pond ien te ,

Y

en el

G r i g n i o n de Mon tfor t ,

Ma r ta

Con s a g r a c i ó n

L ui s Ma r ta G r i"g n ion de . Mon t for t • ,

5 8 9 ) ,- n o ' o b l i g a ba s iq u iera ven i. a l. s o na

de

por

BAC

1954 ,

s r ba j o la

411

pena de pecado ,

y d e e l la s e des l i ga r ! a

cua l q u i e r

em b a r g o .,

en

cuan to

dura s e

s e r ra no tàbl men te ,ariá1:"'0ga a' la de un so en relac i ón a s us s u bor d i n a dos .

v. e s t a ba n

·:Es

preci s o a cen tuar q ue los

pe r s u a d i do s ,

rn t1l t i p l e s , de q ue s: i no

p od r ! a n q ue ,

. ofrece r

f a l ta ndo e s a

u na

po r

r a z ones

uni esen

r:es i s t e n c i a ,

e s t a rna rt e r a ,

no

la s

he c b a s

de s c r i pc i o n e s

de sde

el

pu n t o

a l go e n e l Oe r echo CAnó n i c o de

pa r a

en

de

los

v i s ta

es te

Gr upo

a

q ue

se

oponga 8\18

a s ociarae pa ra

f undamen ta les ? C o n c r e tam e n t e ,

punto de v i s ta e ti co o g r ac i ón

p r i vada

de

una pe r sona prove c ta ,

la

l

hay

a l go que obj e ta r desde el

t e o l ó g i c o - ca n ó n i c o

a

la

Con a a ­

e s c l a v i t �d ma ri ana , e n la s ma nos de acep tada como plenamen t e

pr imera

pr e g u n t a :

n i des de el punto d e

A la

i n co r r e c ta

un

afin

s eg u n d a

fi eles

r e s p C? n a a ­

N i desde el punto d e v i s ta é t i ­ v i s ta

t e o l óg i co - ca n ó n i c o

o q u e obj eta r a esas ac t i t !ldes , co n c r e t a s , · m� s

bien

veo

veo

proyec­ e.n

todo

n o b l e d e autope r fecci ón cris tiana y d e co­

para

y

defensa

de

la

ci vi ­

p r eg u n t a :

El

derecho

es .t á

Ca n ó n i c o ,

plenamen te

tanto

.

r j

hecho

c i ón ,

no

se haya

de

o

de

g a· r a n t l z a d o

( ca n .

�or

298,

299 )

po r

701 ,

El

el

70 7 )

q ue

forma l i zadÔ canón icamente la asocia­

no desca l i f i ca o res,ta v a

pretend i do

a � oc t� �!dn

por el a n t i guo ( ca n .

como por el ac tua lmen te v i gente de

de

f i nes concretos ,. tan dignos como los senal'a ­

dos en el i n forme ,

seg l a r e s

g r a ves , e v i den t es Y

de

ex pe d i t o

l i za ci ón cri s t iana .

re l i g i o­

r e s i s te n c i a e f i ca z al com un i s mo . y e l r e s p e c t i v o pa ! s , e n se

l Hay

Derecho r e f e r i do s

ai s

I V , V y V I s e PREGUNTA r

la boraci ón e f i ca z a la promoci ón

es � v i n cula c i ón ,

sup� r i o r

III ,

a s p i r a c i ón

3 )

éllo

pe r ­

S.J n

A t e n d i da s

II,

tos y rea l i z a c i o n e s

tad .

/

f i nes

cosa

ni

l a . · s imple ma n i fe s ta c i ón un i la te r a l de su vol un­

e s ta

co ,

a

po r

a

A

• obra s de San pa g s .

11 u c h o

RESPUESTA :

pe r spect i va 1

cfr .

c a �a i n o

ble po r e l G r upo ?

p o d r f a . d e n o m i n a r e d e s e n o r -;e s clavo ( se g l1n el • Tr a ta. . ' do de la Verdaderà Oevo c i 6 n a 1 � S a n t r S l.. m a v 1. r g e n • d e

San .Luis

I,

2)

i d o n e i da d

Con s a g r a c i ón .

s o br e

e.

de

di recc i ón

s i t u a c i ón

s i r­

V i rgen e n l o q ue

con f ie r e a la Sa n t !s ima V i rgen .

edad

el

1 ) l-Hay a l go q ue obj eta r

C i v i l i z a c i ón

S a n t l s ima

a tane a las promesas ·prove n i en t e s

·�

la

MI M M

-é tico y teológ i co a su con ten i do ?

se les ocu r r i ó la idea de J>O­

a e s o s s eglar es

n e r en ma nos de uno de e llos - de uyor

cl

Ma r t a

co r r i e n ­

s e r v i r . a e jor a la San t l s ima Virgeri ,

v i endo al miamo t i empo a la I g l e s i a y

!tetas

d e San · L u i s Ma r ta Gri il i o n de Montfor t ,

19 5 4 , pg s . 5 8 8 y 5 $9 ) . 2 . )

Lui s

te x t o

e n co n trar ! a

VI.

e s c l a vo s · d e ·

como

.. ... .

MA D a I D•e

e l com un i smo .

a l tos f l nes r

' 1. )

_

3.

d e.d l ca r s e enteramente a tan

títu lo i n d i v i d u a l ,

O LACJDIO oo a &.LO, ltl

1!"

a a. • • a o a

2.

pe n s a r on

EL R E � L

DO M I H I00 8

al

p r e t e n d e r l l eva r l a

d i s c i p l i na de l a I g l e s i a .

de r e c h o a

de

h-a be r

ca bO de n t ro de la


STO.

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'

UO M I N GO &L

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O LA O D I O C O II: LLO, l U

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Paaoa

4.

� �. ..

A la tercera pregun ta :

c l a v i t u d ma r i a n a ,

I

La

en

Con s a g r a c i 6 n

p r i v a d a.

de

es­

l a s ma n o s d e una pe r sona i dónea ,

.. ten i da por ple na me n te r e s pon sa bl e en e l G r u p o , t a n f r e ­ ��·e n t e m e n t e pra c t i ca da en la h i s tor i a de la espi r i t ua l i -

.� .

;� .::

dad cr i s t i ana , cuya e f i ca c i a d e

Y

t

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b1�� t e1u e n te cOm probada , de

e s t ím u l o

" . .. .. :j ., . . . . ... I

EL R E � L

l" r. D O N I N J 008

pa r a

la

sa n t i f i ca c i 6n

acc i 6n

a p o s t 6 l� c a

pe r s o n a l

e s tá

j

r

s u f i­

es s i empre acepta ble y reco m e n d a -

po n e en el ca s o con s u l t a d o . P r o c l a m a r s e y a c t u a r c o m o ' '':. ...:... ,: ; ;� �-•}. ;4 �:: : (.) t� :t � ':. • s'i e r v o s d e M a r ! a • ba j o la d i r ec c i 6n de una pe r so n a ex· .. ;' L::".� (: · ·.• :� .-"1 ·:, -�J, ��\ � !�· .(} :!J, !;� ,i:":,_ pe r ta , le j o s d e d e s p e r s o n a l i z a r o d e g r a d a r , e l e v a y

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ble ,

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si

se

p r a c t i ca con la obv i a d i s c r e c i 6n , como se s u-

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d i g n i f i c � . l"'a .) :;_,, f _ ·'J -:..�.�:, '<

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pe r fe c t i vo d e l a p r op i a l i be r ta d . P o r l o dem á s , :0 ':- :.-:

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en . cual -

q u i e ,r _ ca s o , los pà r t i cu l a r e s ma n t i en e n el de r echo de d e s :'1: .') :::, -� f� (;r =� �:: :.v � c �}�� � �� de l compr om i s o , s i l o es t ima n con v e n i e n t e < _ E n . . , ,,, c s e es c l a :< ._ � ·; de es ta ri u 0

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c o n d i c i 6n de los f i e l e s y ga ra n t i z a el u s o

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P e . V i c t o r i n o Rod r ! g u E h

c .i• r:.. <tEGTTIII J CIOHt JUJK YJ LLET D!l GOTT.ISOLO. LEGITIIt O por s e rra e c o n o c t da del

RYDO.

P.

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p . R o d r t� . o

No t a r f o de Kad r f d e J t rrn a

l l

-I I

2 de Nov i embre de 1 9 8 4

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y r ú b r t c a q ue a n t e c e de

DON YICTORINO �ODRIG UEZ T RODRIGUEZ.

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1

• � .J':

I'

CON S ULTA

(*)

Um grupo de leigos fervoros amente católicos estava , em 1 9 6 7 , persuadido de ter a vocação de empregar toda a sua vida para promover a pró­ pria perfei çã 6 e a reta ordenação da sociedade t empora l , s egundo os Mandamentos de Deus e os en­ s inamentos do Magistério ecies i ás t i co . . Para e s s e f im , e s tavam natura lmente dispostos - e com entu s iasmo - a co n sti tuir uma Ordem ou As­ soc iação Re l igios a sob á autoridade da Sagrada H ierarquia , e s e gundo os sagrados câno � es .•

I I Dado que a meta acima referida seria rea­ l iz ada num plano espiri tua.l e na esfera temporal , s upunha , neces s ariamente , não s ó os princípios doutrinários contidos nos ens inamentos tradi cio­ nais da I grej a nes s a matéria , más também a apr e­ c iação de múltiplas realidades temporais , sobre as quai s - no plano concreto - é líc ito aos catól icos pens ar de forma divers a . E , nessas maté.r ias , con­ vinha que es s e grupo de l eigos · pudes s e· _tomar ati­ tudes s ob sua própria respons abilidade , s em com­ prometer com i s so a Autoridade Eclesiásti � a , cuj o domínio é outro . E , e s � e compromet imertt c( facilmef1.­ te se dar i a se o referido grupo tomas s e o caráter de · urna ins tituição erecta e dirigida pe la Sagrada H i erarqui a . • .

Além, disso , a di�rs idade de critérias · exi s­ t ente , j á naquel e tempo , entre as autor idades (*)

Os sub l inhados na tradução são des t e trabalho · .


296 .

Apêndi c e

e c l e s iá s t i c as , s o b r e t u d o n o que d i z r e s p� i to � dout rina s ó c io- e conômica da I g r e j a , t o r n a r i a ma i s d i f í c i l , em determ.inadas c i r cun stâncias , . a atuação ordenadora propr i amente tempo ral des s e Grupo , caso ele const ituí s s e uma entidade autorizada e di rigi­ da pe la Sagrada H i e rarquia . I I I . Como cons eqüênc ia , po r essa e outras ra­ zões , pens aram em outro meio de dedicar-se intei­ ramente a tão altos fins :

Apêndice -t ' ; � '

297 .

la � de s l iga ria 9ua lgue r pe s s oa por s impl e s man i ­ f e stação uni l ateral de � vontade . Entretanto , enquanto duras s e , esta vincul ação s eria notave lmente análoga ! de um supe·r ior reli­ gioso · � relação· � � subo rdi nados ,. E ' preciso acentuar que ·os referidos lei­ v. gos estavam persuadidos , por r"a zõés graves , evi­ dentes e múltiplas , de que , . s e não se unis s em des ­ � �odo , não poderiam ofe r-;; e;--uma res istê�a e fi caz � comunismo . !_ de �� faltando � �­ s istência , .9_ respectiVO paÍS 1 � breve 1 encontra­ r i a ô' caminho muito � dee impedido para � �­ nismo . ,

! • : .

1 ) Todos tinham . fe ito , em épocas difer entes e a título indivi dual , � Cons agração � escravos de Maria , . s egundo a espiritualidade de são Luí s · Mar i a Grignion de Montfort , e de acordo com o tex� to corrente ( cf r . " Obras de San · Luis Ma ria Grig­ n ion de Montfort " , :5AC , 1 95 4 , pp . 5 8 8 e 5 8 9 ) . 2) Para me lhor s e rvir à S antís s ima Virgem , s ervindo ao mesmo tempo à I grej ·a e à civilização c ri s tã , ocorreu � � le igos � idéia de EÔr � mãos de � deles - de ma ior idad e !:.. idoneidade - � representaxão da S antí s s ima Vi rgem � � toca � promes s as 2roveniente� des s a C onsagração . De modo gue � l eigo provecto teria sobre .2,2_ membros des s e � , sobre � temE9_ disP?nÍvel � sobre s eus bens , � direção gue · corresponde , no pl ano t erreno , · à autoridade gue � C ons agração confere à S antí s s ima Vi rg� .

i

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! I

IV . Es s a s ituação gue , � tal perspectiva , poderia denominar-se de s enhor-escravo ( s egundo � " Tra:tado da Verdàdeira D evoção à Santí s sima Vir­ gem" I de s·ão Luís Maria Grignion de Montfort , c f r . ·� obras de San Luis Mar í a · Grignion de Montfort" , BAC , 195 4 , pp . 4 1 1 a 5:8 9 ) , não obrigava , E2!_ s i MeStt\a 1 SOb pena de peCadO 1 � meSmO Venial .! de•

. VI .

Atendidas as descrições feitas nos itens

I , II , I I I , IV , V e VI se PERGUNTA :

1 ) Há . �lgo .!. objetar , do , ponto de vista ético e teológic o , � �' conteúdo? a

2) H á algo no Dire ito Canônico _gue � �ponha essa aspf:ração desse GrupO de assoc i ar- s e para

s eus f ins fundamentais?

3 ) C oncre t ament-e há al go � objetar do . oonto de · vista ético � t eológico- canônico à �nsagração privada de escravidão mari ana , nas mãos de uma pes soa p�vecta , a c e ita � pl e�e� resQQnsá­ vel � G:r:uJ22.? RESPO�TA :

!

primeira 2ergunta : � do ponto de vista ético , nem do P.Onto de vis ta teolóqico- canônico veio algo i rtcorreto .ou � obj etar nes sas ati tudes , proj etas � reali zações concreta� ; antes vej o , em tudo is so ,


298 . um

Ap ê n di c e n o b r e a f ã d a própr i a pe r f e i çã o c r i s t ã e

l ab o r a ç ã o e f i c a z pa r a

a

promoçã o

l i z açã o c r i s tã .

I; I ;

de

co­

� d e f e s a da c iv i �

di r e i to de a s s o c i a ç ã o dos f i é i s para fins con c re to s , tão dignos como os as­ s inalados nes ta, consulta , é pl enamente garantido . pel o D ireito Can8nico , tanto pel o anti go ( can . 7 0 1 , 7 0 7 ) , como pel o atualrnent� vigente ( can . 2 9 8 , 2 99 ) . O fato de � não � tenha forma l i zado �­ nicamente 2.. as soc iação , não de sgualifica � dimi­ nui o valor do direito de ter _Rretendido ou . de r;;;t e�de�v"'K= la � cabodehtro da · di s c ipl ina da I grej a . s egun d a

pe rgun t a �

Apêndice 2 : Texto da Consagração de "escravidão" a Nossa Senhora, segundo

São Luís Maria G rignion de Montfort

O

� tercei ra _Rerounta : � Consagração privada d e �­

ma r i a n a , � mãos de � � _Rl e n am e n t e responsável � pr a ticad a � história güe nt eme n t e

pes soa id8nea , Grupo , tão fre­ da �.Ri rituali­ dade ·c r i s tã ' cuj a eficácia de s antificação pes soal e de estímulo para a ação apo s tó lica· está sufi­ c i e n t em e n t e c omp r ovada , � sempre ace itáv e l � �­ rnendáve l ; s e s·e p�atica com · a óbvia di s cr ição , c o­ rno s e supõe no caso consultado . ; Proclamar-se e - � � " s e rvos de Maria" s ob ! � direção � urna pes soa expe r i ente , longe de despe�sonal i za r � de­ gradar , e l ev a � di qni f ic� a condição dos f iéis e garante .2.. � -- perfectivo da _RrÓpri a l iberdade . A liás , em qua lquer caso ; os part�culares mantêm � dire ito de de svincular-se do compromi s so , se as s im a cham convenient e . � nenhum modo � pode estabe­ lecer 2ara lelo entre esta escravidão espi r i tua l e a escravidão soc ial . c r a v i dã o

t ida

Madrid , 2 de novembro de Pe .

V i c tor i no Rodrígue z

y

1 984

Rodrí gue_z ,

o.

P.

Cons agraç ão de si mesmo · a Jesus Cristo, a Sabedoria encarnada, pelas tnãos de Maria


I

o

. Ave , pois , ó Maria Imaculada , taberná culo vi­ vo da Diviridade , onde a eterna S abedoria escondida que s er adorada pelos anj os e pe los homens !

Sabedoria eterna e encarnada ! 6 amabil 1 s s i­ mo e adorável �esus , verdadeiro Deus e verdadeiro homem , unigênlto Fi lho do eterno Pa i , e da ·s empre Virgem . Maria , adorO-vos profundamente no seio e nos espl endores de vos s o Pai , dur á nte a eternida­ de , e no seio vi rginal de Maria , vos sa Mãe dign í s ­ s ima , n o tempo d e vos sa Encarnação . Eu vos ,dou graças . por vos t e rdes aniquilado a vós mesmo , tomando a forina de escravo , para li­ vrar-me .· do crue l �at ive iro do, d�Ônio . Eu vos lou­ vo e glorif ico por vos terdes querido submeter a Mari a , vos s a Mã e · S antl.ssima , em 1j: odas as coisas , a f im . de po r ela t � rnar-me vos so � iel e s c ravo . Mas a i de mim , criatura ingrata e infiel l não cumpr i a s promes s as que vos f iz solenemente no batismo . Não cumpr i com minhas obriga ções ; não mereço s e r chamado vos so filho n em vos so esc ravo , e , c omo na­ da há em mim que de nós não tenha me recido repuls a . e · có le r a :, não ouso aproximar-me por mim mesmo de vos s a s an t l. s s im.a e augustl.ss ima maj e stade . E ' por · es ta razão que recor r o à interces são de vos s a Mãe S antl. s s ima , que m� destes po r mediane i ra j unto a vós , e � por este me io que espe ro obter de vós a c ontri ção e o perdão de meus pecados , a aquis�ção e cons ervação da sabedori a .

Ave , . ó Ra inha do céu e da terra , a cuj o impé­ r io é submetido tudo que está abaixo de Deus ! Ave , ó seguro refúgio dos pecadores , cuj a mi­ s ericórdia a ninguém falece l At endei ao des ej o que tenho da divina S abedoria , e recebei , para e ste f im , os votos e as oferendas , apre sentadas pe la minha baixeza . Eu , N , infiel pecador, r enovo e ratif ico hoj e , em vos sas mãos , o s votos do bati smo . Renun­ c io para s empre a satanás , suas pompas e suas obras , e dou-me inteiramente a Jesus C risto , Sabe­ doria encarnada , para s egui-lo levando minha cruz , em todos os dias de minha vida . E , a f im de lhe s er mais f iel do que até agora tenho s ido , esco­ lho-vos neste di a , ó Maria Santl.s s im·a , em pr es ença de toda a corte �el este , para minha Mãe e minha Senhora . •

. . ,

Entrego-vos e consagro-vos , na qual idade de esc ravo , meu corpo e minha alma , meus bens inte­ r iores e exteriores , e até o va lor de minhas obras


302.

Apênd i c e

boas pas s adas t pr es entes e futuras , d e ixando-vos direito pl eno e i ntei ro de dispor de mim e de tudo o que me pe rtence , s em exceção , a vos so gos to , pa� ra maior glória de Deus , no tempo e na eternidade . Recebe i , ó benign í s s ima Vi rgem , e sta pequena ofe­ r enda de minha escravidão , em união e em honra à s ubmi s são que a S abedoria Eterna qui s ter à vos s a mat ernidade ; e m homenagem a o po d e r que tendes am­ bos sobre este vermezinho e mis er ável pe cador ; em a ção e gra ças pe los privi l égios com que vos favo­ r eceu a S antí s s ima Trindade . Protesto que quero , dora em diante , como vos so verdadeiro esc ravo , bus ca r vos s a honra e obedecer-vos em todas as coi­ s as . 6 Mãe admi ráv�l , apresentai-me a vos so amado F i lho , n a qual idade de e s c ravo perpétuo , para que , t endo-me remido po r vós , po r vós também me receba f qvorave lmente . 6 Mãe de mis e r i córdia , c oncedei-me a graça de obter a verdadeira S abedoria de Deus o e de colocar-me , para este f im , no número daque l e s a quem amai s , ens i nai s , gui a i s , sus tenta i s e prote­ geis como f i lhos e escravos vos sos . ó Vi rgem f i e l , tornai-me em todos os pontos um tão per f e ito di s­ c ípul o , imitador e escravo da S abedoria encarnada , J esus Cristo , vos so Fi lho , que eu chegue um dia , por vos s a i nterces são e a vos so exemplo , à pleni­ tude de sua idade na terra e de sua glória nos c éus . As s im s ej a . [. i. i

I. !

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SEGUNDA EDIÇÃO - JUNHO DE 1 985


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