PROJETO DE MOBILIÁRIO URBANO: DESENVOLVIMENTO DA LIXEIRA PARA A PRAÇA DA SANASA

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PROJETO DE MOBILIÁRIO URBANO: DESENVOLVIMENTO DA LIXEIRA PARA A PRAÇA DA SANASA Débora Paião Luís* João Figueiredo Netto**

RESUMO Este trabalho apresenta os elementos de pesquisa e projeto para desenvolvimento de mobílias urbanas para a Praça Carlos Zara em Campinas-SP. Foram projetados diferentes formatos de pontos de ônibus, bancos, luminárias e lixeiras, que foram votados através de uma pesquisa com vários usuários os desenhos que mais lhes agradavam. A apresentação de dados e das pesquisas mostraram qual o desenho favorito dentre os pesquisados. O objeto escolhido para protótipo em escala real foi a lixeira. É apresentado as imagens do projeto bem como do protótipo realizado pela equipe. Palavras-chave: Projeto de mobiliário urbano. Praça. Lixeira. 1 INTRODUÇÃO Com o intuito de integrar a opinião dos usuários e criar mobiliários urbanos mais específicos para cada grupo de utilização dos espaços, este artigo apresenta uma experiência educacional realizada com alunos do Curso Superior de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paulista unidade Campinas, componente curricular: Projeto de Mobiliário Urbano, que tem por objetivo o desenvolvimento de um projeto de lixeira para uso na Praça Carlos Zara em Campinas, também conhecida como Praça da Sanasa, Praça das Águas ou ainda com a alcunha de “Praça dos Skatistas. Os integrantes deste grupo desenvolveram diversas peças de mobiliário urbano para posteriormente pesquisar e analisar a opinião de pessoas sobre os mesmos. Foram

* Graduanda em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Paulista – UNIP Swift Campinas-SP RA: B435FJ-4 Email: deborapaiao.arq@gmail.com. ** Graduando em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Paulista – UNIP Swift Campinas-SP. RA: B22CDH-7 E-mail: fignetto@gmail.com.


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desenvolvidas peças para Ponto de ônibus, Luminária, Banco e Lixeira, sendo a lixeira objeto de estudo deste artigo. Este projeto foi desenvolvido baseado nas 12 etapas da metodologia de Munari, aprimorando a compreensão sobre este processo e facilitando sua visualização em relação à importância destes conteúdos, como fundamento de qualificação. Como este artigo pretende contribuir com o aproveitamento de novos objetos urbanos, no que se refere à aplicação de metodologia de projeto, apresenta-se na Seção 2 um breve referencial teórico sobre metodologia de Bruno Munari; na seção 3, apresentam-se as aplicações e resultados de cada uma das 12 etapas empregadas durante a disciplina Projeto Experimental III; e na seção 4, apresentam-se as conclusões deste trabalho. 2 DESENVOLVIMENTO Para o desenvolvimento deste trabalho foi adotado a metodologia desenvolvida por Munari (2002). O autor afirma que projetar é fácil quando se sabe o que fazer. Ele compara a metodologia a uma receita de arroz verde e a define como uma série de operações necessárias, dispostas em ordem lógica, ditadas pela experiência. Estas operações estão divididas em 12 etapas, apresentadas na Figura 01.

Figura 01: Etapas da Metodologia de Bruno Munari (2002).


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2.1 METODOLOGIA 2.1.1 Definição do problema O maior problema encontrado, antes de qualquer pesquisa, é o próprio histórico da praça. Criada com intuito de requalificar arquitetonicamente a região teve um projeto que não foi bem sucedido, a intenção era criar um ambiente de permanência para família, e isso não aconteceu, logo uma parcela marginalizada pela sociedade que buscava um espaço, encontrou ali seu lugar. A praça foi adaptada pelos próprios usuários, hoje, em sua maioria, jovens que praticam esportes considerados “radicais” como skate, bicicleta, patins e longboards. Esta praça não cumpriu com seu objetivo principal: de ser destinada a família, mas cumpriu seu papel na sociedade, já que foi adaptada pelos usuários, criando sua própria identidade para o local. Assim encontramos nosso maior desafio, intervir em um espaço urbano, talvez o que possui uma identidade completamente formada sem descaracterizá-lo. Foto 1 – Vista de Satélite da localização da praça em relação a cidade de Campinas

Fonte: GOOGLE EARTH (2013).


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Foto 2 – Vista de Satélite da praça com intervenção proposta pela equipe para novos mobiliários.

Fonte: GOOGLE EARTH (2013).

Foto 3: Lixeira existente na praça

Fonte: Débora Paião (2013) Foto 4: Vista superior da implantação.

Fonte: GOOGLE MAPS (2013)


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2.1.2 Recolhimento de Dados A praça acima citada está circundada pela Rua da Abolição, Rua Álvaro Ribeiro e Avenida da Saudade, Localizada no Bairro Ponte Preta, possui grande circulação de ônibus, carros e pessoas, pois ainda é muito próxima ao centro e fica no caminho para bairros próximos como Vila Formosa, Jardim Carlos Lourenço, Swift, Vila São José, Vila Joaquim Inácio, Jardim Esmeraldina, Vila Marieta, Vila Paraiso entre outros bairros localizados na região sul da cidade, Como citado anteriormente, a praça foi adaptada aos usuários, por eles mesmos. O público alvo é interessantíssimo, exatamente por ter uma identidade social bem definida. Os frequentadores, em sua maioria, jovens que exercem papel fundamental na praça, já que esta serve como referencia para esta “tribo” na cidade, sendo um grande erro descaracterizá-la ou então forçar uma mudança sem embasamento social, teórico, antropológico ou de qualquer outro viés filosófico. Com o objetivo de reforçar esta identidade e trazer maior qualidade ao espaço urbano, teremos como ferramentas para o projeto não somente a teoria e metodologia de projeto, mas a opinião dos usuários ou de praticantes de skate, patins e bicicletas se tornam fundamental para um projeto de sucesso e sua adequação ao local. Criando um mobiliário moderno e inspirado nos usuários o qual terá uma identidade e um design fortemente baseado na área. Assim conseguiremos que o lugar se torne mais agradável a quem mais interessa: o usuário.

2.2.2 Análise de dados Material: Concreto + Plástico. Vantagens: Baixo custo. Desvantagens: Design não muito bem pensado e não é muito ergonômico. Material: Plástico. Vantagens: Uma releitura das lixeiras tradicionais, porém com um design mais atraente e ergonômico, possui baixo custo devido ao material. Desvantagens: Por ser produzida com material plástico, tem uma vida curta.


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Material: Plástico. Vantagens: Design Inovador e de fácil uso. Possui baixo custo. Desvantagens: Por ser produzida com material plástico, tem uma vida curta.

Material: Plástico. Vantagens: Design Inovador e de fácil uso. Possui baixo custo. Desvantagens: Por ser produzida com material plástico, tem uma vida curta.

Material: Madeira + Metal Vantagens: Funcional. Desvantagens: Design não adaptável a diferentes locais.

Material: Metal Vantagens: Design diferente que cria um elemento modular, com diferentes formas para compor. Desvantagens: Ocupa muito espaço.

Material: Metal Vantagens: Design simples e adaptável. Funcional. Desvantagens: Design extremamente simplista pode ser vantagem ou desvantagem, dependendo do ambiente.


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Material: Plástico. Vantagens: É funcional e possui um baixo custo. Desvantagens: Design precário e não é ergonomicamente pensado, além de possuir um curto tempo de vida.

Material: Metal. Vantagens: é adaptável, funcional e possui um longo tempo de vida. Desvantagens: Possui design precário, custo para a produção alto por causa do material, comparado a outras lixeiras de design semelhante encontradas no mercado.

Material: Metal. Vantagens: Design Inovador e atraente, funcional, acessível, durável. Desvantagens: Alto Custo para produção.

2.2.3 Geração de Ideias A técnica de criatividade é baseada na coleta de dados, analisando prós e contras e também o perfil dos usuários da praça, podemos assim canalizar melhor e pensar em formas e modelos que se adaptem melhor ao ambiente. Os pontos principais para a criação dos objetos são funcionalidade, durabilidade, proteção, ergonomia e um design atraente.


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Arquitetura e Urbanismo Projeto do Mobiliário Urbano - PMU Resultado do questionário - Análise do produto Lixeiras

Produto

P1

P2

P3

P4

P5

P6

P7

P8

P9

P10

Os números a seguir são a somatória das notas dadas pelos vinte entrevistados de acordo com o produto

Débora João Resultado geral

1646

1276

1102

1308 1596 1298

1306 1584 1404

1532

1590

1364

1248

1296 1684 1166

1264 1604 1238

1672

3236

2640

2350

2604 3280 2464

2570 3188 2642

3204

Lixeiras P1 11%

P2

12%

P3 9%

10%

8%

11%

9%

P4 P5 P6 P7 P8

9% 9%

12%

P9 P10

CONCLUSÃO A partir da problemática da criação da lixeira, pudemos compreender que para a criação do “objeto ideal” é necessário mais que criatividade, a pesquisa e o conhecimento do problema e do usuário podem definir a forma do móvel, como disse Mies Van der Rohe “A forma segue a função”. No mobiliário urbano não é diferente, porque este tem de dialogar com a paisagem existente, não sendo obsoleto e nem desaparecendo no meio, mas encontrando a medida correta entre aparecer e destacar o entorno. Segundo REIS, é necessário quebrar a monotonia, considerando a ordem e ainda segundo MONTENEGRO é necessário adequar o mobiliário urbano e edificações


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históricas, por exemplo, pois este deve atender a atributos funcionais, simbólicos, históricos e culturais do ambiente. Um ambiente bem pensado passa a ser, não somente considerado agradável pelos usuários como passa a ser mais bem frequentado, trazendo benefícios para os arredores e moradores, com este intuito iremos propor o novo mobiliário urbano. Esta proposta de qualificação do espaço público urbano, o qual é benéfico para todos, tornando o local de maior conforto para transeuntes, usuários e moradores, diminui-se o vandalismo e violência, já que o maior fluxo de pessoas compreende maior segurança até mesmo para comerciantes locais, se tornando benefício até mesmo para o poder público. Assim sendo, nossa proposta maior é criar um ambiente que traga ao usuário uma experiência agradável, que dialogue com a paisagem e que seja um ponto de descanso em meio ao caos urbano, o que trará maior fluxo de pessoas e consecutivamente maior sensação de segurança. DESENHOS LIXEIRA VENCEDORA


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FOTOS


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REFERÊNCIAS

BAXTER, Mike. Projeto de Produto: Guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 2003. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 2000.


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