PraLer #29

Page 1

29 número

OUTUBRO DE 2015

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO - FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO - CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO

Novos tempos para o jornalismo As mudanças do currículo do curso de Jornalismo se baseiam em três pilares: a história do curso de jornalismo dentro da Universidade de Passo Fundo, as Novas Diretrizes nacionais curriculares da Educação e o processo histórico que mobilizou a criação dessas Novas Diretrizes e por fim, a mudança de cenários no qual o jornalismo é aplicado hoje: o cenário das convergências.

O

s cursos da área da comunicação no Brasil tem herança do fim da Segunda Guerra Mundial, quando os EUA, que determinou uma decisão da Unesco, entendeu que deveria se investir em cursos de comunicação de massa. A Unesco, baseada nessa preposição, entendeu que os países de terceiro mundo não teriam cursos de Jornalismo, porque não eram desenvolvidos o suficiente para ter jornalistas que pudessem atuar na lógica da liberdade de expressão e da vigilância dos poderes, mas, precisavam de comunicadores polivalentes que pudessem incentivar o desenvolvimento social e econômico. Em 1969, a Unesco emitiu um documento, acatado pelo Conselho Federal de Educação no Brasil que incentivava a criação de cursos de comunicadores polivalentes, ou seja, comunicadores como um todo, que tivessem habilidades em diversas linguagem e que usassem a lógica da comunicação mais educativa. “Uma perspectiva válida, mas que não é a principal perspectiva dos cursos de jornalismo”, opina a professora e coordenadora do curso de Jornalismo, Bibiana de Paula Friderichs. Quando essa demanda chegou ao Brasil, o país já tinha alguns cursos de Jornalismo, que tiveram que se adaptar às mudanças. Houve resistência desses cursos em abandonar as habilitações especificas e formar comunicadores polivalentes. Então, para atender a demanda do Conselho Federal de Educação, criaram-se cursos de Comunicação Social com habilitações em jornalismo, publicidade e relações públicas. “O problema dessa demanda é que a comunicação social não é uma profissão e sim uma área do conhecimento”, explica a professora Bibiana. Neste contexto, toda a perspectiva teórica dos cursos de Comunicação com Habilitação em Jornalismo caminhava em uma direção e a perspectiva prática em outra. A professora Bibiana destaca as diferenças entre a prática e a teoria: “Havia uma distância do que se aprendia em sala de aula e aquilo

que se fazia na prática, nos veículos de comunicação”, diz. SURGE CURSO DE JORNALISMO NA UPF Dentro deste contexto de cursos de comunicadores polivalentes, surge o curso de Comunicação Social com habilitação em jornalismo na Faculdade de Artes e Comunicação, em 1996. Em 18 anos, três reformas curriculares foram feitas. A primeira, para fundir o curso de Radialismo ao curso de Comunicação Social em Jornalismo e misturar prática e teoria. A segunda reforma caminhou no sentido de criar um curso instrumental, voltado para o mercado de trabalho. A terceira criou um currículo menos interdisciplinar e ofereceu grande carga teórica. O INÍCIO DAS MUDANÇAS Em 2006, o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, a Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo e a FENAJ emitiram documentos ao MEC com o pedido de revogação da proposta de Comunicação com habilitação e a formação de cursos com de formação profissional em Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas. Ao mesmo tempo, a Unesco reconheceu o seu equívoco e produziu um documento sugerindo a

criação de cursos de Jornalismo. Diante deste movimento, o Ministério da Educação formou uma comissão de pessoas para pensar esses novos currículos que contemplariam o jornalismo. A conservação de um “núcleo duro” de disciplinas especificas do Jornalismo fazem surgiu as Novas Diretrizes curriculares, que são a base para a mudança atual do currículo do curso de Jornalismo da UPF. A REFORMA DO CURSO DE JORNALISMO No novo currículo, o “núcleo duro” de formação específica do jornalista foi ampliado. A segunda mudança significativa foi o estágio curricular obrigatório, substituindo o Projeto Experimental. (Saiba mais na página 11) As disciplinas de laboratórios também são novidade. “Os acadêmicos terão espaço para desenvolver produtos jornalísticos reais e publica-los periodicamente”, conta a professora Bibiana, que também cita a mudança da duração do tempo do curso, que passa de três anos e meio para quatro anos. “O período de três anos e meio é um tempo curto para amadurecer, percebemos que os acadêmicos vêm com uma bagagem pequena em relação aos princípios do jornalismo”, explica a coordenadora do curso de Jornalismo.

Migração: As Novas Diretrizes indicam que os últimos dois vestibulares, ou seja, 2014/2 e 2015/1 podem mudar para o currículo novo. Para migrar não é preciso fazer vestibular novamente. Programas de auxílio como o ProUni e Fies não são alterados pela migração. Aproveitamento: O acadêmico que migrar para o novo currículo poderá aproveitar disciplinas que mantém a mesma ementa. Já as disciplinas que foram extintas, como Organização da Produção e Iluminação não poderão ser aproveitadas. Pré-requisitos: No currículo antigo, existiam poucos requisitos impeditivos, ou seja, que impedem a matrícula em uma disciplina. “Esse método causava grande prejuízo para os alunos e professores, já que alguns alunos realizavam disciplinas sem ter o conhecimento básico da área”, diz a professora Bibiana. Um exemplo disso é um acadêmico que realiza a disciplina de Redação II sem ter feito a Redação I. No currículo novo, são vários os pré-requisitos. “Sem Teorias do jornalismo, uma base que fundamenta o entendimento das praticas jornalísticas, o acadêmico não pode fazer Redação, por exemplo”, explica a coordenadora do curso de Jornalismo.

Os acadêmicos terão espaço para desenvolver produtos jornalísticos reais e publicálos com periodicidade

Prof. Drª Bibiana de Paula Friderichs Coordenadora do curso


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.