O deficiente visual tem uma incapacidade de visão significativa ou total que, mesmo depois de corrigida, afecta negativamente o quotidiano da criança, incluindo a
realização escolar. De um modo geral, as crianças com dificuldades visuais são classificadas em dois grupos principais: Cegos; Crianças com visão parcial ou reduzida.
A criança que não vê pode viver de modo muito idêntico ao das outras da sua idade, se as pessoas que a rodeiam a ajudarem a valorizar as suas capacidades e a superar as dificuldades.
Bengala dobrรกvel
Cรฃo guia
Jogos adaptados
Computador (sistema DosVox)
Equipamento de รกudio e auscultadores
A aprendizagem de uma criança que nunca teve visão é diferente da que perdeu depois de já andar e falar. É importante ser aceite nos grupos, especialmente de crianças da sua idade. Para que isso aconteça é necessário que aprenda a cuidar da sua aparência, lavando-se, penteando-se, vestindo-se sozinha, adquira independência a comer, movimentar-se, brincar, etc.
Pequenos contactos informais, o braço por cima do ombro ou um toque na mão, ao mesmo tempo que se conversa, podem informar a criança da predisposição para a comunicação.
A criança que nunca teve acesso a informação visual tem graves dificuldades em se movimentar e em se orientar no espaço. Antes de mais tem de aprender posições e movimentos porque não pode imitá-los visualmente. Pode pedir-se à criança que olhe e procure no espaço objectos, e os vá buscar, que siga brinquedos móveis e sonoros, que distinga as diferenças entre os objectos que estão perto de si e que procure essas diferenças com eles distantes.
Na escola, devem ajudá-la a familiarizar-se com o espaço da escola para que se oriente e movimente, primeiro guiada e mais tarde sozinha.
Se a criança for pequena, deve ir de mão dada com o educador ou com outra criança que segue um passo à sua frente para lhe ir anunciando os obstáculos, indicando os degraus, as esquinas, etc.
Se for uma criança mais velha utiliza-se a técnica de guia:
A criança segura a parte superior do braço do guia, um pouco acima do cotovelo. O polegar fica virado para fora e os outros dedos na parte de dentro do braço. Os braços de ambos devem ir encostados ao tronco, de
modo que a criança vá um pouco atrás, lendo os movimentos que o guia lhe transmite através do contacto do braço e do corpo.
A aprendizagem da leitura e da escrita para uma criança cega, significa a iniciação numa técnica de comunicação escrita destinada a
pessoas cegas - o sistema Braille. O professor pode ensinar a ler, um aluno com visão deficiente, recorrendo para isso a técnicas e materiais adequados. É necessário que prepare material com antecedência.
Para esse efeito usará:
Marcadores negros ou de cor sobre papel branco e baço;
Acetatos, de preferência amarelos, colocados em cima da página impressa. Escurecem as letras e aumentam o contraste do papel; Letras e números de madeira, plástico ou cortiça, pintados de cor viva;
Livros não muito coloridos nem brilhantes com ilustrações simples relativas a cada objecto, e letras e objectos não sobrepostos.
Ao copiar textos para o aluno, o professor deve:
Desenhar letras grandes, espaçadas, com intervalo entre linhas; Utilizar um tipo de letra arredondada ou que não tenha letras semelhantes; Não usar itálico; Semicerrar os olhos para ver se consegue ler o que está escrito; Fotocopiar e ampliar textos; Desenhar diagramas simplificados, sem pormenores excessivos.
Para certas disciplinas há estratégias e recursos específicos. Por exemplo:
Para o ensino da matemática usam-se ábacos, conjuntos de materiais tridimensionais e representação em relevo de esquemas, diagramas e figuras geométricas, bem como balanças e medidas; O cubaritmo permite às crianças cegas efectuarem cálculos simples. Consiste numa pequena base plástica com um quadriculado cavado com pequenos espaços, onde são inseridos os cubaritmos que têm nas faces símbolos Braille para números ou outros indicadores em código.
Punção Reglete Lê-se da esquerda para a direita e escreve-se da direita para a esquerda.
Cubaritmo
Braille
Ábaco ou Sorobã
Livros digitalizados Livros falados
Livros em Braille Imagens em relevo
Equipamento de ampliação
Mapas em relevo
Para estimular a motricidade fina:
A caixa de areia, onde a criança deverá fazer desenhos na areia com os dedos. Confeccionar mini-pizzas ou biscoitos em forma de rosquinhas, onde a criança tem que fazer "minhocas" e depois juntar as pontas. Amarrotar e rasgar folhas de revistas velhas.
Atar o cordão do boneco e da boneca. Esta actividade, embora seja complexa e mais difícil para o deficiente visual executar, é muito importante para o desenvolvimento da criança e também para a sua independência no que diz respeito a atar os próprios sapatos. Bonecos de montar cujo o corpo é de argolas. Jogos de encaixe com formas geométricas, através dos quais a criança descobrirá onde deverá encaixar cada peça através do tacto. Esculturas em massa de modelar ou com massa confeccionada com jornal molhado, de molho de um dia para o outro, acrescentando farinha de trigo, misturar, amassar bem e deixar secar. Depois é só modelar as "esculturas": bonecos, animais, etc.
Para que a criança se movimente com à vontade e em segurança nas ruas e locais públicos, é necessário a ajuda de todos. Assim os educadores poderão auxiliar a criança a conhecer bem os locais que ficam no percurso casa/escola, apresentá-la-ão às pessoas que trabalham nesses locais e que podem fornecer informações necessárias à utilização dos serviços. É necessário que a criança aprenda os sinais característicos que ajudam a identificar passagens de peões ou locais perigosos e acompanhe sempre os colegas em visitas de estudo ou passeios. Os alunos do grupo devem ser motivados para ajudar a criança durante a visita e no percurso, observando objectos e situações, o que enriquecerá a experiência, não só da criança, mas de todos.
Identifique-se. Ofereça ajuda sempre que um invisual parecer necessitar e não ajude sem que ele concorde.
Se não souber em quê e como ajudar, peça explicações de como fazê-lo. Para guiar uma pessoa cega, ela deve segurar-lhe pelo braço. À
medida que encontrar obstáculos, oriente-a. Não evite palavras como “cego”, “ver”, “olhar”. Eles também as usam. Ao explicar direcções a um invisual, seja o mais clara e específica
possível, indicando todos os obstáculos do caminho que ela vai seguir. Ao guiar um deficiente visual a uma cadeira, guie a sua mão para o encosto e informe se esta tem braços ou não.
Na presença de uma pessoa cega fale em tom normal, não faz sentido GRITAR. Por mais tentador que seja acariciar um cão-guia, lembre-se de que estes cães têm a responsabilidade de guiar um dono. Desta forma o cão nunca deve ser distraído do seu dever de guia. Em convívio social ou profissional, não exclua as pessoas com deficiência visual das actividades a desenvolver. Deixe que elas decidam como podem ou querem participar. Quando se ausentar, não se esqueça de avisar ou despedir-se do deficiente visual. As pessoas cegas ou com visão deficiente são iguais a nós, têm é dificuldade em ver. Trate-as com o mesmo respeito e consideração como trata todas as pessoas.
http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2000/icm32/invisuais/ind.htm http://especialid.blogspot.com/2009/10/actividades-de-inclusao-nee.html http://somosespeciaismesmo.blogspot.com/ http://acampamento.wikidot.com/metodo-braile http://proa7-deftec.blogspot.com/2007_04_01_archive.html http://www.cmodemira.pt/PT/Viver/accao_social/programas_projectos/apoio_deficiencia/Pagi nas/comoagir.aspx
Módulo: Crianças com Necessidades Específicas de Educação Formadora: Rute Labisa
Neide Correia Novembro, 2009