Mampuya

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DEZEMBRO 2015




NAVEGANTES, FADO, NILO, BABILÓNIA & AFINS NO PLANETA CROMADO E lá ganha mundo a obra que se fecunda nos arrabaldes de uma mega urbe, ali, nas curvas indefinidas de um vento de perfumes que não são os das galerias elegantes dos soberanos de palcos e holofotes requisitados. As madrugadas de criação são em alfobre humilde de um entorno dominado pela simplicidade, lugares de gente pacata que sobrevive com pouco e que, do quotidiano, apenas conclama a sobrevivência. Nem sonha que paredes meias com a sua pequenez existencial, ali tão perto, brota a imensidão serena de uma Arte que se sublima, se eleva, se reinventa e se mostra com os indícios inconfundíveis das coisas duradoiras e que o tempo, na sua justiça sem falhas, saberá consagrar com os aplausos certos, na densidade e na pulcritude. Guilherme Mampuya Wola é um criador que veio do Povo, que fez opções na hora que teve de fazê-las, escutou a voz persistente do dom e ofereceu oficina ao talento. Trabalha com o alento e a paciência de um monge tibetano no lugar que escolheu para fazê-lo, o Zango de cartografias omissas na movediça topografia de Luanda. Quem quiser visita-lo, é ali que o terá de visitar, driblando a poeira compacta dos dias secos ou ziguezagueando por entre charcos e lamaçais na época das chuvas. Se há escassos cinco ou sete anos a vivacidade cromática com que presenteia o mundo era raridade num tímido arquipélago de ilhotas soltas, na actualidade as telas de Mampuya são o tesouro disputado que as paredes exigem a gritos, inquietas na sua nudez envergonhada. Saltou para um palco de primeiríssima grandeza o que a essência das pinceladas do príncipe das cores tem de distinto num universo com muitos outros a fazerem caminho igual, portadores de discursos geracionais que, parecendo anular-se, adensam contudo o património imaterial de uma sociedade habituada a contar com a bondade e a generosidade de grandes mestres em todas as épocas. Felizes somos todos, os de hoje e os do futuro, por podermos contemplar a magia festiva que se replica na tela sob formas nunca iguais mas de matriz imperturbável na identificação a olho. Um mampuya é sempre um mampuya, distinguível à distância, sereno na sua comunicação sem ruídos com os cada vez mais amplos públicos em agregação imparável à medida que a obra se avoluma.

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GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO

LUIS FERNANDO

Desta vez é Portugal, tão perto que sempre esteve afinal, aberto ao baile que emerge de África e sobe por aí, espalhando cor, invariavelmente muita cor. O espírito conquistador fez primeiro navegantes destemidos de além-mar e, depois, fora das ondas oceânicas e na quietude fingida dos palcos, deu triunfalmente Amália. E o artista recontou a história nos limites de uma tela, com o fado esplêndido da diva a entrar pelo ouvido rendido de Camões para sossegar Adamastor e todos os medos e perigos adversários da indómita coragem dos marujos. A caravela, pode ver-se, desliza com uma suavidade adocicada sobre as ondas dominadas pelo cantar portucalense da notável mulher. É esta versatilidade poética de Guilherme Mampuya Wola que o torna extraordinário nas suas entregas. Uma capacidade invulgar, surpreendente, de baralhar os dados pois quando se pensa que nos pintará os embondeiros vetustos de uma África milenar, ou se prepara para oferecer à sua plateia as divindades do extenso imaginário bantu, eis que nos leva Nilo acima para se condoer com a sorte infeliz de quantos os tempos atrozes do fundamentalismo religioso destroça. Não satisfeito, sacode-nos sem piedade e amarra os frágeis cordéis da nossa fantasia a potentes asas que nos conduzem para voos picados por lugares tão distantes quanto insuspeitos, como a China que se desentendeu com os princípios da rigidez intelectual para abrir espaço à contrafacção em larga escala. Mas o artista é homem para não nos deixar largados nos labirínticos enigmas da China imensa, dando-lhe gozo o trazer-nos de volta às obviedades da vida mundana. Entrega-nos então, sem complexidades por aí além, o animalesco instinto do sexo, recriando a metáfora da maçã num paraíso babilónico que pode ter sido a génese de todos os males. E na mesma onda, brinca com o quotidiano, com o vício e a perdição, erigindo o mesmo sexo agora aliado às drogas e à corrupção, ao estatuto de perversão escaldante que move uma indústria tão nobre e tão presente como o turismo. Enfim, com as mãos e a mente de Guilherme Mampuya em acção, nunca se conhecem os limites físicos da viagem, muito menos as balizas prováveis da fantasia das cores e das formas. É por isso que o temos, desde há muito, como uma referência singular das artes plásticas de Angola! Luanda, Novembro 2015


QUANDO AS CORES NOS EMBRIAGAM, CONTAGIAM E ALUCINAM

JOSÉ SACRAMENTO NUNO SACRAMENTO

Guilherme Mampuya é um dos mais destacados artistas emergentes da nova plástica angolana. Nasceu a 4 de Novembro de 1974, na Província do Uíge, Norte de Angola.

Procuramos desta forma brindar aos amantes e colecionadores de arte em Portugal a possibilidade de apreciarem ao vivo as obras deste jovem artista angolano em quem depositamos muita certeza pela força do seu talento.

Foi vencedor do Prémio Pintura EnsArte - Angola em 2008. As suas obras já percorreram cidades tão diversas como Luanda, Lisboa e Bruxelas entre outras capitais. Em diversos anos de intensa actividade artística, participou em cerca de 30 exposições individuais e diversas coletivas.

Ílhavo, Novembro de 2015

LUANDA, 2015

Nuno Sacramento, Guillherme Mampuya & José Sacramento

A paixão pela pintura vem desde a sua infância. Já em 1978, com apenas quatro anos, apanhava raízes de árvores para fazer pequenas esculturas e brincar com os amigos. É durante o seu percurso escolar que começa por revelar uma tendência natural para o desenho, rabiscando em tudo o que encontra e desta forma inconsciente começam a nascer as suas primeiras “obras de arte”. Mais tarde em 2006 toma a difícil decisão de abandonar uma carreira de direito e se dedicar de corpo e alma à sua paixão: a pintura. É com vibrações cromáticas que Guilherme Mampuya nos apresenta telas, de um figurativismo expressionista em que o retrato é quase sempre evidenciado, remetendo-nos para leituras pictóricas, umas vezes mais poéticas outras mais acutilantes, mas sempre embrenhado de cor e de um detalhe que marca já a sua chancela. Numa das nossas visitas a Luanda no início de 2014, encontramo-nos pela primeira vez, com Guilherme Mampuya. Conhecendo há já algum tempo a sua obra que muito apreciávamos, não foi difícil de se criar desde então, uma empatia entre ambas as partes. Esta exposição que hoje aqui inauguramos é o corolário de um trabalho que temos vindo a desenvolver proficuamente com este artista plástico, ao longo dos últimos tempos.

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GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO




OBRAS


VELAS ASTEADAS (PORTUGAL)

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Acrílico sobre Tela, 125X200cm, 2015

GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO



GIZEH WELCOME

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Acrílico sobre Tela, 110X120cm, 2015

GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO



PIETA

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Acrílico sobre Tela, 130X160cm, 2015

GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO



TRIBUTO AOS INCORRUPTOS (MANDELA E CHAKA)

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GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO

Acrílico sobre Tela, 120X110cm, 2015



EROFIELD

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Acrílico sobre Tela, 160X130cm, 2015

GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO



ADAM E EVA

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Acrílico sobre Tela, 130X160cm, 2015

GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO



LE MANDARIN DRAGON

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Acrílico sobre Tela, 110X120cm, 2015

GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO



ARARA AZUL (OU AMAZÓNIA DERRETENDO)

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GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO

Acrílico sobre Tela, 160X130cm, 2015



MAR PATRIOTA

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Acrílico sobre Tela, 125X200cm, 2015

GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO



ABUTRES DE QUISSAMA

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Acrílico sobre Tela, 120X200cm, 2015

GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO



LUSOFONIA RITMOS. CESÁRIA ÉVORA

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GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO

Acrílico sobre Tela, 75X90cm, 2015


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LUSOFONIA RITMOS. AMÁLIA RODRIGUES

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GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO

Acrílico sobre Tela, 75X90cm, 2015


LUSOFONIA RITMOS. ALCIONE

Acrílico sobre Tela, 75X90cm, 2015

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GUILHERME MAMPUYA ESTUDOS 2002 Ingresso no Curso de Pintura Básica, no Atelier de Avelino Kenga. 2000 Licenciatura em Direito na Universidade de Kinshasa, Rep. Dem. Congo.

PERCURSO Em 2008 vence o Grande Prémio de Pintura EnsArte. Expõe ainda em diversos locais de Luanda como a Galeria Humbiumbi, o Instituto Camões, o Hotel Trópico, o Hotel Alvalade e o Belas Shopping. Em 2005 torna-se membro da UNAP (União dos Artistas Plásticos Angolanos) e a partir dessa data inicia o seu percurso de exposições com uma frequência quase anual, das quais se destacam duas exposições para a EnsArte, participação na Trienal de Artes de Luanda, várias exposições individuais em Luanda e em Bruxelas (Bélgica) na Galeria Lumieres d’Afrique. Mais tarde aperfeiçoa a técnica do retrato no Curso de Pintura de Retratos, no Atelier de pintura Honesto Nkunu – Luanda.

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS 2015 30ª Exposição “New Generation”, Casa de Angola, Festival Lusofonia, Lisboa. 2015 29ª Exposição “Muxima”, Edifício Escom, Luanda. 2014 28ª Exposição, Hotel Baia, Nova Marginal, Luanda. 2014 27ª Exposição, Galeria Bernardo Marques, Lisboa. 2014 26ª Exposição, Hotel Alvalade, Luanda. 2014 25ª Exposição, Belas Shopping, Luanda. 2013 24ª Exposição, Hotel Baia, Nova Marginal, Luanda. 2013 23ª Exposição, Galeria Bernardo Marques, Lisboa. 2013 22ª Exposição, homenagem Dia de África, Instituto Camões, Luanda. 2012 21ª Exposição, Galeria Bernardo Marques, Lisboa. 2012 20ª Exposição, Hotel Baia, Nova Marginal. 2012 19ª Exposição, permanente ao longo do ano, Torre Escom, Kinaxixe.

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GUILHERME MAMPUYA PLANETA CROMADO

UÍGE ANGOLA, 1974

2011 18ª Exposição, Imperial Palace, Seoul, Coreia do Sul. 2011 17ª Exposição, Belas Shopping, Luanda. 2011 16ª Exposição, Instituto Camões. 2011 15ª Exposição, Hotel Alvalade, Luanda. 2010 14ª Exposição, Hotel Alvalade, Luanda. 2010 13ª Exposição, Belas Shopping, Luanda. 2010 12ª Exposição, Hotel Alvalade, Luanda. 2010 11ª Exposição, Bernardo Marques, Lisboa. 2010 10ª Exposição, Galeria Humbi-humbi, Luanda. 2009 9ª Exposição, Hotel Trópico, Luanda. 2008 8ª Exposição, Galeria Lumieres d’Afrique, Bruxelas. 2008 7ª Exposição, Hotel Alvalade, Luanda. 2007 6ª Exposição, Hotel Trópico, Luanda. 2007 5ª Exposição, Galeria Lumieres d’Afrique, Bruxelas. 2007 4ª Exposição, Belas Shopping, Luanda. 2007 3ª Exposição, Hotel Trópico, Luanda. 2006 2ª Exposição, Hotel Alvalade, Luanda. 2006 1ª Exposição, Galeria Humbi-humbi, Luanda.

EXPOSIÇÕES COLETIVAS 2015 Exposição Internacional de Milão. 2015 ”Escape” Exposição com Jean Di Mampuya, HCTA Talatona. 2014 Exposição com Di Mampuya, Hcta, Talatona. 2014 “Projecto Blue Arte”, pintura sobre latas de refrigerante. 2014 Exposição, Museu Afro Brasileiro, São Paulo, Brasil. 2013 “Palanca Parade” Pintura da primeira Palanca no projeto, Luanda. 2013 Exposição da Lusofonia, Casino Estoril, Lisboa. 2010 Exposição, Bernardo Marques, Lisboa. 2008 Vencedor do Grande Prémio de Pintura EnsArte 2008, Luanda. 2007 Participação na Trienal de Artes de Luanda. 2006 Selecionado para o concurso EnsArte.





CURADORIA Nuno Sacramento MONTAGEM Lília Figueiras TEXTO Luis Fernando José Sacramento & Nuno Sacramento FOTOGRAFIA Nuno Sacramento Arte Contemporânea DESIGN Nhdesign www.nhdesign.pt IMPRESSÃO Greca Artes Gráficas TIRAGEM 500 exemplares LOCAL Nuno Sacramento Arte Contemporânea Ílhavo, Portugal DATA Dezembro 2015




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