Resumo da obra. Imagens do bçogue “Homem do Leme”
Era uma vez uma casa branca, com sete janelas, uma porta e uma varanda pintada de verde. Ă€ volta da casa havia um jardim de areia. A casa estava construĂda nas dunas e vivia lĂĄ um rapaz. O rapaz adorava brincar na praia, nos rochedos. Ele gostaria de ser um peixe para poder conhecer o fundo do mar sem se afogar. A praia era grande e tinha pouca gente.
Era Setembro, o mês do equinócio. De repente, formou-se uma grande tempestade, cheia de relâmpagos e trovões. As marés altas varriam a praia e subiam até à duna. As ondas gritaram tanto, uivaram tanto, bateram e quebraram-se com tanta força na praia, que, no seu quarto caiado da casa branca, o rapazinho esteve até altas horas sem dormir.
No dia seguinte, a manhã estava calma e com sol. A maré estava vaza. O menino vestiu o fato de banho e foi brincar para a praia, nos rochedos. De repente, começou a ouvir umas gargalhadas. Espreitou por entre duas rochas e viu um polvo, um caranguejo, um peixe e uma menina. Era uma menina muito pequenina, devia medir um palmo de altura. Tinha os cabelos verdes, os olhos roxos e usava um vestido de algas encarnadas. Os quatro tomavam banho numa poça de água. A menina dançava, o peixe batia palmas coma as barbatanas, o polvo tocava guitarra com os seus sete braços e o caranguejo tocava castanholas. O menino observava-os. Eles entraram numa gruta. O rapaz quis ir atrás deles, mas a entrada da gruta era muito pequena e ele não cabia. Foi para casa.
Na manhã seguinte, o menino foi a correr para a praia. A menina, o caranguejo, o polvo e o peixe brincavam numa poça de água. O menino apanhou a menina do mar. Ela ficou muito assustada. - Ó polvo, ó peixe, ó caranguejo, salvem-me! - gritou a menina do mar a chorar. - Eu não te faço mal nenhum! - respondeu o rapaz. - Vais-me fritar! - disse a menina do mar.
O rapaz pegou na Menina do Mar com muito cuidado na palma da mão e levou-a outra vez para o sítio de onde a tinha trazido. O polvo, o caranguejo e o peixe lá estavam os três a chorar abraçados - Eu só quero conhecer-te porque nunca na minha vida vi uma menina tão pequenina e tão bonita! - Então eu conto-te a minha história: eu sou uma menina do mar e não sei onde nasci. Uma gaivota trouxe-me no bico até esta praia. O polvo, o peixe e o caranguejo tomaram conta de mim e vivemos os quatro numa gruta. Eu sou a bailarina da Grande Raia que é a dona destes mares. - Que giro! Vocês amanhã voltam cá? - Sim! Amanhã, quando vieres, trazes-me uma coisa da terra?
O rapaz passou a noite a pensar no que haveria de levar para mostrar Ă menina. Qualquer coisa que representasse a terra, mas que tivesse um significado especial. Finalmente decidiu-se, e na manhĂŁ seguinte, o rapaz levou uma rosa vermelha para a Menina do Mar. A Menina do Mar adorou a flor da terra, tĂŁo linda e perfumada!
Como a menina continuava a pedir coisas da terra, porque tinha pena de não a conhecer, o rapaz, no dia seguinte, levou-lhe uma caixa de fósforos. E o rapaz soprou o fósforo e o fogo apagou-se. - Tu és bruxo - disse a Menina - sopras e as coisas desaparecem. - Não sou bruxo. O fogo é assim. Enquanto é pequeno qualquer sopro o apaga. E a menina continuava a pedir: -Traz-me mais coisas da terra…
Então, no dia seguinte, o rapaz levou-lhe um copo de vinho e explicou: lá na terra, há uma planta que se chama videira. No Inverno parece morta e seca. Mas na Primavera enche-se de folhas e no Verão enche-se de frutos que se chamam uvas e que crescem em cachos. E no Outono os homens colhem os cachos de uvas.
Depois de saborear e apreciar os presentes do rapazinho, a menina ficou curiosa. Ela queria conhecer a terra do rapazinho. E o rapazinho teve uma ideia: -AmanhĂŁ trago um balde, encho-o de ĂĄgua, e levo-te nele para conheceres a terra. - Vou ver a tua casa e vou ver o teu jardim e vou ver passar os comboios: e vou ver a noite numa cidade cheia de luzes, de gente e de carros. E vou ver os animais da terra, os cĂŁes, os cavalos, os gatos: e vou ver as montanhas, as florestas e todas as coisas que me contaste.
-Mas os búzios têm muito bom ouvido, ouvem tudo, são os ouvidos do mar. E ouviram as nossas conversas e foram contá-las à Raia que ficou furiosa e agora eu já não posso ir contigo. - Mas a Raia não está aqui. Mete-te dentro do balde e vamos embora depressa. Eles tentaram fugir mas não o conseguiram porque a praia estava rodeada de polvos. O rapaz desmaiou. Quando acordou tinha o corpo dorido, cheio de marcas dos tentáculos dos fortes e vigilantes polvos.
Passaram vários dias. Na praia encontrou uma gaivota que lhe entregou um frasco com um suco de plantas mágicas. O menino bebeu-o e ficou igual à Menina do Mar. A gaivota avisou-o e que um golfinho lhe ensinaria o caminho. O rapaz viajava agarrado à cauda do golfinho. A viagem durou sessenta dias e sessenta noites. Chegaram a uma ilha rodeada de corais.
O golfinho deu uma volta à ilha e parou em frente a uma gruta. Aí encontrou a Menina do Mar, o caranguejo, o polvo e o peixe. Foi uma alegria quando se encontraram! O rapaz decidiu ficar a viver no mar com os seus amigos. O Rei do Mar deu uma festa no seu palácio e a Menina do Mar dançou muito bem toda a noite.
FIM