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Da Exposição ao Museu da Medicina

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REFERÊNCIAS

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A originalidade de um imóvel que foi desenhado para destinação específica, já com mais de treze décadas de idade, está na base do desafio de requalificação de uso do prédio da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba.

A estrutura inicial do conjunto, cuja fachada é voltada para a Praça Rui Barbosa, possui todos os atributos de preservação de prédios históricos, sendo assim uma Unidade de Interesse de Preservação, na órbita do poder público Municipal, protegida por lei.

Ao mesmo tempo, não possui mais os atributos funcionais exigidos das unidades hospitalares contemporâneas, ainda que esteja coligada com novas construções que foram sendo implementadas e adequadas para substituição das antigas áreas médicas, que serve no presente somente como espaço de tráfego, recebendo agora visitantes e não mais os pacientes.

É neste espaço restaurado que se propôs a implantação do Espaço Cultural da Santa Casa de Curitiba, uma nova visão de uso que pretende a dinamização das funções potenciais que a área histórica edificada permite, notadamente pela qualidade da estrutura presente, como pela centralidade que ocupa na paisagem do entorno, desde quando ainda somente ela ali estava edificada.

A perspectiva de um local de múltiplas funções culturais, notadamente as de memória, induz à implantação de uma unidade museal de conteúdos voltados para atividade fim da organização, que ainda persiste servindo como um mecanismo de humanização do prédio. Agora, possibilitando oferecer atividades de deleite cultural, como exposições permanentes e temporárias, além de atividades realizadas nos espaços internos e externos, desde seminários no Salão Nobre até recitais de música nos jardins preservados.

Neste cenário de perspectivas possíveis, a implantação de uma exposição voltada à História da Medicina no Paraná foi a estratégia de materialização da proposta. A grande coincidência de propósitos com a Associação Médica do Paraná, histórica parceira de lutas que foi fundada nos corredores da Santa Casa na década de 1930, levou a um casamento perfeito entre o acervo de objetos colecionados pelo heroico médico rionegrense Dr. Ehrenfried Othmar Wittig, cuja detentora é a AMP, com a magnitude e unicidade do prédio de feições arquitetônicas lusitanas.

A complementaridade entre espaço e coleção é o fator crucial para a implantação definitiva do Museu da História da Medicina no Paraná, que poderão continuamente estabelecer diálogos variados, ora exaltando as tecnologias médicas em desenvolvimento constante, ora exaltando a natureza da arquitetura médica, enquanto sempre valoriza o ser humano: o médico, o enfermeiro, o voluntário, o paciente e os visitantes.

Planejando-se a utilização desde os jardins até os cômodos internos, respeitando-se inicialmente a natureza original de alguns espaços (como a farmácia e o salão nobre) e a dimensão mutável de outros (como o sótão), a estrutura de alas foi desenvolvida a propósito de discursos de coleções de objetos, funções, ambientes e circulação propositiva. Levou-se em consideração também que ainda neste momento se integram na entrada principal as recepções do hospital e do espaço cultural.

Foi nesta lógica de mediação entre funções candentes que a visitação da exposição foi proposta de forma dirigida, mediante agendamento, onde se pode prever o volume, o momento e a natureza do interesse do público recebido para este fim.

Esta primeira exposição produziu também dados relevantes para mensuração de novas propostas culturais que levarão à implantação definitiva de um museu, onde o prédio deverá qualificar-se técnica e estruturalmente.

Além da formação de um quadro profissional especialista que permita o inventário e manejo da enorme coleção de objetos formada inicialmente, bem como sua expansão ao longo do tempo, de acordo com as políticas organizacionais em formação. Além da formação de um quadro profissional especialista que permita o inventário e manejo da enorme coleção de objetos formada inicialmente, bem como sua expansão ao longo do tempo, de acordo com as políticas organizacionais em formação.

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