Event Point 04

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. ANO II . NÚMERO 4 . TRIMESTRAL . JULHO / AGOSTO / SETEMBRO . 2012 . 5,00 € (CONT.)

. EVENTOS . CONGRESSOS . FEIRAS . INCENTIVOS . DESTINOS .

EVENTOS PARA TODOS

ENTREVISTA AO GURU DOS EVENTOS: JOE GOLDBLATT TRANSPORTES: A PRIMEIRA IMPRESSÃO DO EVENTO SKYROS: HÁ 25 ANOS A FAZER CONGRESSOS W W W.E VENTPOINT.COM.PT


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FICHA TÉCNICA

EDITORIAL

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PROPRIETÁRIO Estação Livre . Comunicação Tel: 226053936 info@eventpoint.com.pt www.eventpoint.com.pt SEDE DA REDACÇÃO Rua Visconde de Bóbeda, 70, 2º Frente 4000‑108 Porto DIRECTOR Rui Ochôa (rui@eventpoint.com.pt) EDITORA / DIRECTORA DE INFORMAÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) REDACÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt) Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt) DEPARTAMENTO COMERCIAL Helena Pereira ASSISTENTE DE DIRECÇÃO Rita Coutinho Costa COLABORAÇÃO Ana Godinho (agodinho@eventpoint.com.pt) Maria Pereira (mpereira@eventpoint.com.pt) COLUNISTAS Ana Marreiros Diogo Assis Filipe Canto Moniz João Tovar Julian Treasure Sérgio Vieira DESIGN Norma Design (geral@normadesign.com) FOTOGRAFIA Minifoto IMAGEM DE CAPA Pormenor de lápis da Viarco com sistema de identificação de cores para daltónicos da ColorADD (www.coloradd.net) IMPRESSÃO Norprint Zona Industrial Alto da Cruz ‑ Fontiscos Apt.: 172 . 4780‑583 Santo Tirso DISTRIBUIÇÃO VASP – Distribuidores de Publicações Nº REGISTO ERC 126066 DEPÓSITO LEGAL 330066/11 TIRAGEM 3.500 exemplares PERIODICIDADE Trimestral É estritamente proibida a reprodução parcial ou integral de textos ou ilustrações da Event Point. As informações contidas nos anúncios são da exclusiva responsabilidade dos anunciantes. Consequentemente, não podemos ser responsabilizados por qualquer informação incorrecta que se possa verificar.

RUI OCHÔA

CLÁUDIA COUTINHO DE SOUSA

TEMPOS DESCONCERTANTES É terrível viver com medo, seja ele qual for. O medo paralisa-nos, ou pelo menos tolhe-nos os movimentos. São de medo, os tempos de hoje? Para muita gente, sem dúvida que sim. O medo de perder o emprego, o medo de perder clientes, o medo de ver a empresa soçobrar perante tantas adversidades, o medo de pensar no futuro dos pais, dos filhos, dos amigos. Resta-nos por isso enfrentar esses medos - o Medo. Ao longo desta edição da Event Point encon‑ tramos variadíssimas pistas que nos ajudam a reflectir, e a agir, perante as mudanças que se operam nesta indústria. Desde logo pela importância dos eventos acessíveis a todos, independentemente do facto de andarem numa cadeira de rodas, serem cegos, ou surdos, ou alérgicos, ou daltónicos, ou outra coisa qualquer que os torne ligeiramente diferentes. A inclusão é uma exigência, mas também uma oportunidade. Joe Goldblatt, americano radicado na Escócia, fundador da ISES – International Special Events Society, esteve na conferência “A economia dos eventos: Captar e criar eventos com impacto económico e social”, organi‑ zada pela EGP – UPBS, a Escola de Negócios da Universidade do Porto. Numa entrevista exclusiva à Event Point, Goldblatt aponta

caminhos, e estabelece uma fascinante relação entre eventos, objectivos e felicidade. Ainda no Porto, assinalamos os 25 anos da Skyros, uma casa ligada aos congressos. Conversámos com as responsáveis da empresa, Adelaide Mocho e Carmo Marques, que não se escusaram a comentar o passado, o presente e o futuro, da Skyros, do mercado, da cidade onde vivem e trabalham. 9 de Julho de 2012, a data do primeiro voo da Emirates, que passa a unir diariamente o Dubai e Lisboa. Com esta ligação, operada por uma das grandes companhias aéreas do mundo, o país fica mais perto dos Emirados Árabes Unidos, e a partir daí mais perto de dois gigantes, a Índia e a China. Veja a reportagem que fizemos sobre o Dubai, onde petróleo, turismo, deserto, arquitectura, compras e negócios, muitos negócios, se cruzam. A importância dos transportes terrestres, o valor que as ondas podem ter na promoção dos destinos, nada escapa à nossa vontade de saber cada vez mais sobre eventos, e partilhá-lo consigo. É também isto que nos faz enfrentar os nossos próprios medos, seja hoje, amanhã ou depois.

Boa leitura, e até Outubro.


ÍNDICE 5

6 8 10 12 14 20 24 28 34 40 44 46 48 50 51 52 55 56 58 60 64 67 68 70 74 80 84 86

Colunistas Espaço APECATE New Events lança-se no Brasil Notícias SKYROS COMEMORA 25 ANOS GRANDE ENTREVISTA: JOE GOLDBLATT A nova realidade, por Diogo Assis DOSSIÊ TEMÁTICO: TRANSPORTES EVENTOS PARA TODOS Case-study: Congresso de Design Inclusivo Como está afinal o mercado dos eventos, por Filipe Canto Moniz Volvo Ocean Race Optimus Alive Congresso da UNIFIB Jantar-debate APECATE Melhor som, reuniões mais produtivas, por Julian Treasure Espaços: Area Vip Internacionalização de empresas ou internacionalização de conceitos, por Sérgio Vieira Formação: A importância da comunicação no turismo de negócios Consultório de protocolo Produtor de eventos para tótós, por João Tovar Sustentabilidade: Transportes e mobilidade Tecnologia: Europalco investe nos clientes Eventos a pender para o verde, por Ana Marreiros Portugal como destino de ondas Destino internacional: Dubai Empresas Directório

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COLUNISTAS 6

ANA MARREIROS Depois de responsável pelo departamento de comunicação e imagem de uma empresa de cons‑ trução, consultoria e mediação imobiliária, Ana Marreiros integra a Inforpress onde trabalha há quase 10 anos. Como Account Manager tem vindo a planear, organizar e coordenar um conjunto de eventos internos e externos de vários âmbitos e sectores.

DIOGO ASSIS Formado em Gestão Hoteleira e Turismo, trabalhou no departamento comercial e de marke‑ ting de algumas das principais cadeias hoteleiras do país, assim como no International Hyde Park em Londres. Em Novembro de 2002 decidiu lançar-se numa nova experiência e co-fundar a TLC. O objectivo era tornar esta empresa o DMC líder em Portugal. A TLC mudou de nome para events by tlc, tendo iniciado operações no Brasil.

FILIPE CANTO MONIZ Trabalhou na área de Recursos Humanos em empresas como a Soconstroi, Assiconstroi e Somague. Em 1999 muda-se para a Volkswagen Autoeuropa, para o Gabinete de Relações Públicas e Assuntos Governamentais. Mantém-se na empresa até 2002, embora colaborando até 2007. Em 2002 funda a Canto Moniz RP| Eventos.


COLUNISTAS 7

JOÃO TOVAR Bacharelato em Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Possui diversas formações em cinema e vídeo, tv interactiva, animação e pedagogia musical, formação de formadores, multimédia, webdesign, financiamentos culturais e, ainda seminários e congressos nas áreas da cultura, artes e comunicação. Sócio Fundador e Director Geral da Restart, Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias.

JULIAN TREASURE Autor do livro Sound Business, que despertou o interesse da imprensa mundial, incluindo a revista Time, The Economist, The Times, entre outras. As suas três TED talks foram vistas quatro milhões de vezes. Julian é responsável pela The Sound Agency e tem como clientes empresas como a BP, Harrods, Sonae Sierra, Nokia, Honda ou Nestlé, na optimização do som nos vários aspectos dos seus negócios.

SÉRGIO VIEIRA Frequentou o Curso de Economia na Universidade Portucalense Infante D. Henrique. Desde 2010 é administrador da empresa The Bee Was Bean S.A., onde realiza a coordenação geral de projectos. Antes, foi gestor e coordenador da equipa de trabalho da empresa Ideias & Companhia e assistente de produção e coordenação em eventos produzidos pela empresa Realizar - Impact Marketing. Foi gestor de projecto das “7 Maravilhas de Portugal”, para a Realizar - Impact Marketing .

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ES PA Ç O A P EC AT E 8

REVOLUÇÕES NO SECTOR TURÍSTICO À HORA A QUE ESCREVO ESTAS LINHAS, O NOVO DIPLOMA QUE REGULA O ACESSO E EXERCÍCIO DA ACTIVIDADE DAS AGÊNCIAS DE VIAGENS E TURISMO (AVT) JÁ FOI APROVADO EM CONSELHO DE MINISTROS (CM) E, SEGUINDO OS TRÂMITES LEGAIS, ESTARÁ NA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA PARA RATIFICAÇÃO. PELA REACÇÃO DE AGRADO JÁ EXPRESSA PELA APAVT, SUPOMOS QUE A ÚLTIMA VERSÃO A QUE TIVEMOS ACESSO, NO ÂMBITO DA CONSULTA EFECTUADA ÀS ASSOCIAÇÕES DO SECTOR, SEJA A QUE FOI AGORA APROVADA. TRATA-SE, POIS, DE UMA BOA NOTÍCIA PARA O TURISMO QUE, COM MAIS ESTE EPISÓDIO LEGISLATIVO, PROSSEGUE UMA MUDANÇA SOBRE A QUAL VALE A PENA REFLECTIR. No que nos diz respeito, o que hoje se passa no sector inspira-nos três temas de reflexão, não sob o ponto de vista jurídico – que é fundamental, mas compete aos juristas -, mas na perspectiva meramente empresarial e associativa. Refiro-me a algumas consequências positivas da aplicação às empresas turísticas da Directiva dos Serviços; às oportunidades que o novo diploma das AVT abre para as Empresas de Animação Turística / Operadores Marítimo–Turísticos (EAT / OMT) e para os Organizadores Profissionais de Eventos e de Congressos; e, finalmente, à separação de águas que a Directiva sugere entre a regulação e as políticas de qualidade.

CONSEQUÊNCIAS POSITIVAS DA DIRECTIVA DOS SERVIÇOS

Tivemos, como seria normal, uma primeira reacção de apreensão, em particular no que respeita às facili‑ dades previstas no acesso à actividade. Mas, à medida que as questões foram sendo discutidas e decididas, penso que todos acabámos por considerar que o resultado final seria muito positivo para o sector. Mesmo a facilidade do acesso se revelou importante, uma vez que permitiu a legalização de múltiplos projectos cuja dimensão não era compa‑ tível com as exigências anteriores, contribuindo assim para a diminuição da chamada economia paralela. Neste contexto, e salvaguardadas as diferenças entre EAT/OMT e AVT, o que trouxe de mais positivo e inovador para o sector turístico a aplicação da Directiva dos Serviços? Fundamentalmente, uma nova noção de regulação que se traduz nos seguintes aspectos:

Relembremos um pouco da história. Para a APECATE, o processo começou quando, algures em 2008, recebemos da Secretaria de Estado do Turismo a informação de que a revisão do diploma da Animação Turística ia ser a primeira experiência de aplicação ao sector turístico da dita Directiva (Directiva 2006/123/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de Dezembro de 2006, transposta para a ordem jurídica interna pelo Decreto-Lei nº 92/2010 de 26 de Junho).

- simplificação administrativa, através da criação de um balcão único de licen‑ ciamento e da desmaterialização dos procedimentos administrativos; - substituição do alvará pela inscrição no Registo Nacional do Turismo (RNT), com tudo o que isso implica de agilização processual e menor respon‑ sabilização / interferência do Estado; - facilitação do acesso à actividade através da abertura a todas as formas societárias, do fim da obrigatoriedade

ANA BARBOSA PRESIDENTE DA APECATE

de capital social mínimo e da adequação das taxas de licenciamento aos serviços prestados pelo Estado (neste caso, a criação e manutenção do RNT); - maior responsabilização das empresas na defesa dos direitos dos consumidores; - e reforço da fiscalização (pelo menos ao nível das intenções). Em síntese, um sector que sempre foi olhado como demasiado tutelado pelo Estado, nomeadamente ao nível da protecção de interesses corporativos, aparece-nos hoje com uma regulação mitigada, que ninguém esperaria ver há uns anos . O Estado delega num instituto público – o Turismo de Portugal, IP – a responsabilidade pelo Registo necessário ao exercício da actividade em questão, limitando-se a afiançar ao consumidor que o dito agente, com o nº de Registo X, se consta desse Registo é porque cumpre os requisitos definidos na lei – e apenas esses – para estar no mercado a desen‑ volver aquelas actividades. E, inovação interessante, assume-se também como plataforma de informação / promoção: quando o RNT estiver a funcionar em pleno, com todas as valências que deve ter, poderá transformar-se numa boa, ordenada e elucidativa montra do sector. É, de facto, outro paradigma. Há quem se interrogue se vai dar bons resul‑ tados. Na perspectiva das EAT/OMT, três anos passados sobre o novo enqua‑ dramento, parece-nos que sim.


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OPORTUNIDADES DO DIPLOMA DAS AVT Quem tem seguido a história do subsector da Animação Turística sabe que a sua grande reivindicação era a possibilidade de organização e comercialização dos produtos de animação em pacote turístico, exclusivo por excelência das AVT, à luz de uma outra não menos famosa Directiva que definia, sem apelo nem agravo, o que era uma viagem turística e quem a podia organizar e comercializar. Para quem tinha produto próprio, não queria perder a sua identidade e estava vocacionado para a internacio‑ nalização, era um espartilho terrível – além de ser uma tremenda injustiça – funcionar no âmbito do enquadra‑ mento jurídico das EAT. A alteração desta situação não podia conseguir-se a não ser com a alteração da lei das AVT. Como, finalmente, sucedeu. Nesta perspectiva, as EAT/OMT são, talvez, as primeiras beneficiárias deste novo diploma, graças ao qual surge no mercado um novo tipo de operador, que cria, vende e acompanha o seu próprio produto. Hoje, com custos suportáveis, uma EAT pode continuar a ser quem é e acumular o seu RNAAT – Registo Nacional dos Agentes de Animação Turística, com o RNAVT –Registo Nacional das Agências de Viagens e Turismo. E já são muitas as que o fizeram. Mas a oportunidade é também para as empresas de eventos e de congressos: os empresários que têm a óptica da internacionalização encontram neste novo diploma, se for esse o seu objec‑ tivo, a possibilidade de gerirem de A a Z todos os serviços que, directa ou indirectamente, precisam de prestar. Para todos, as vantagens na promoção são evidentes: da agilização na construção do produto à definição e controlo do preço final, passando pela total liberdade na escolha dos parceiros, os benefícios serão enormes por comparação com a situação actual. Quer isto dizer que o mercado das

agências vai ser afectado por novos concorrentes? Por estas razões, penso que não, embora a concorrência leal seja sempre um excelente factor de desenvolvimento do mercado. O que me parece que vai acontecer no futuro é uma nova relação, muito mais saudável do que a que existe hoje, entre a produção e a distribuição. Ao mesmo tempo que o funcionamento em rede ganhará outros contornos, também se tornará mais claro, através do RNT, que o que diferencia as empresas turísticas não é chamarem‑ -se agências de viagens ou de animação turística: são os produtos que organizam e/ou comercializam, as competências que exigem e as obrigações que têm que cumprir.

REGULAÇÃO E POLÍTICAS DE QUALIDADE A FUNÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES SECTORIAIS

Este é um tema a retomar em próximas edições. Neste momento, gostaria apenas de o enunciar, como um dos aspectos inspiradores da Directiva dos Serviços. Refiro-me à forma como nela se coloca a questão das Políticas de Qualidade. Diz o artigo 26º que “os Estados-Membros, em colaboração com a Comissão, tomam medidas de acompanhamento para incentivar os prestadores a assegu‑ rarem voluntariamente a qualidade da prestação de serviços, nomeadamente através de um dos métodos seguintes: a) Certificação ou avaliação das suas actividades por entidades indepen‑ dentes ou acreditadas; b) Definição da sua própria carta da qualidade ou participação nas cartas ou nos símbolos da qualidade elabo‑ rados por organismos profissionais a nível comunitário. No que respeita à promoção da qualidade, temos aqui uma clara política de incen‑ tivo à auto-regulação sectorial, que nos obriga a um intenso trabalho interno mas, também, à atenção e participação em tudo o que está a ser feito ao nível da Comissão Europeia para a Normalização e da ISO. Pela parte que nos toca, iniciámos a tarefa: a elaboração da Carta de Qualidade para os sectores que repre‑ sentamos foi um exercício interno muito fecundo, cujos resultados espe‑ ramos poder pôr à disposição de todos

a muito curto prazo. Em simultâneo, a solicitação do Turismo de Portugal, que, sob a égide do IPQ [Instituto Português da Qualidade], coordena os trabalhos em curso da Comissão Portuguesa de Normalização para o Turismo – a CT 144, estamos a participar, com várias outras entidades, em diversas subcomissões que têm como objectivo propor ao IPQ normas de qualidade em várias áreas do Turismo. Através da Sub-Comissão Turismo de Natureza e Outdoor, estamos também a acom‑ panhar a elaboração da ISO para o Turismo de Aventura. Penso que hoje ninguém tem dúvidas de que uma das funções mais impor‑ tantes das associações sectoriais do séc. XXI passa precisamente por aqui. Ana Barbosa Presidente da Direcção da APECATE

O Registo Nacional de Turismo inclui, neste momento, três grandes grupos: o RNAAT – Registo Nacional dos Agentes de Animação Turística; o RNET – Registo Nacional dos Empreendimentos Turísticos; e o RNAVT – Registo Nacional das Agências de Viagens e Turismo. Pode ser consultado em: https://rnt.turismodeportugal.pt/ConsultaRegisto.aspx

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EM DESTAQUE 10

ANTÓNIO BRITO DIRECTOR DA NEWEVENTS

NEWEVENTS LANÇA-SE NO BRASIL A empresa portuguesa de organização de feiras e eventos NewEvents vai avançar para o Brasil, com a abertura de um escritório em São Paulo. Este passo tem como objectivo poder localmente agilizar projectos de consultoria e formação em gestão e marketing de feiras para empresas brasileiras que participam neste tipo de certames, e assessorar promotores de feiras que pretendam maximizar os eventos que organizam. A New Events, que junta agora à marca a palavra Global, pretende ainda constituir-se como uma plataforma para empresas europeias e americanas desen‑ volverem negócios no Brasil, sendo um apoio ao nível comercial e de marketing. A decisão de avançar para o Brasil apoiou‑ -se em duas razões, conforme explica à Event Point António Brito, responsável da empresa. “Primeiro porque o Brasil assiste a um crescimento económico de alguma forma sustentado, está ávido de

conhecimento e de maior profissionali‑ zação”, explica. A segunda razão prende‑ -se com a partilha da língua, e “esta é uma vantagem competitiva que nós portugueses temos e podemos oferecer ao mundo, facilitando nos dois sentidos negócios e oportunidades em português”. O processo que culmina na abertura de instalações em São Paulo foi lento. “Começou há dois anos quando fomos convidados pela IAEE [International Association of Exhibitions and Events] para representar a associação no Brasil”, detalha António Brito, que explica que a partir deste convite foi desenvolvida uma exaustiva prospecção de mercado, houve uma avaliação de oportunidades de negócio e o esta‑ belecimento de parcerias. A presença física no país é “fundamental para quem pretende desenvolver negócios”, afirma António Brito que destaca

também a importância da proximi‑ dade na construção de credibilidade no mercado. Em 2013, a empresa espera ter um portfólio de clientes “que nos permita o reconhecimento como stakeholders no mercado”. António Brito considera que o Brasil está muito evoluído no sector das feiras. No entanto é preciso “entender com humildade a mentalidade brasileira e a sua forma de traba‑ lhar”, acrescenta o director da New Events. Brito lembra que as maiores feiras do país pertencem aos grandes operadores internacionais como a Reed Exhibitions, Nuremberg Messe, Feira de Milão ou Grupo Informa. No entanto, existem algumas lacunas, explica o responsável. “O crescimento rápido da indústria de feiras e a sua profissionalização, muito pela procura ser superior à oferta, não exigiu ainda um maior avanço técnico nos processos organizativos, principalmente na gestão e qualificação de visitantes e internacionalização”. Também do ponto de vista da montagem e logís‑ tica há “uma janela de oportunidade”, uma vez que a aposta tem sido mais em mão-de-obra do que em equipa‑ mentos, adianta à Event Point António Brito. Não existindo ainda empresas de marketing integrado que ofereçam às empresas soluções completas, os profissionais portugueses podem ser uma mais-valia naquele país. Além disso, regista Brito, estão abertas as portas das empresas portuguesas que queiram internacionalizar-se e cuja estratégia passe pela participação em feiras, “pois o profissionalismo e diferenciação permitem obter vanta‑ gens competitivas. No entanto existem mais de duas mil feiras no Brasil, pelo que a participação deve ser seleccio‑ nada em função do objectivo e equacio‑ nada com um planeamento estratégico de marketing a médio prazo. Não basta aparecer, é preciso saber estar lá e saber ficar lá”. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)


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NOTÍCIAS 12

RÚSSIA OLHA PARA PORTUGAL COMO DESTINO DE EVENTOS Portugal está entre os destinos que despertam mais interesse na Rússia para receber futuros eventos. A Turquia é, com larga margem, o destino favorito do país devido às infraestruturas, voos, preço e pelo facto de não exigir vistos. Mas as empresas estão à procura de alterna‑ tivas. Na lista de potenciais destinos aparecem o Chipre, Espanha, Itália, Croácia, Reino Unido, Irlanda, Emirados Árabes Unidos e Portugal. Esta foi uma das conclusões do rela‑ tório MICE da Rússia, publicado pelo Moscow International MICE Forums. Em termos dos destinos de longo curso surgem Hong-Kong, Singapura, México, República Dominicana, Tailândia e as Fiji.

O mesmo relatório faz um retrato do sector no país, apelidando-o de “resiliente”. “Apesar do que é lido na imprensa, o estado financeiro das empresas russas é forte, a inflação está controlada e o consumo continua a crescer”, diz o estudo. As empresas russas estão muito atentas aos produtos da meetings industry, nomeadamente no que diz respeito aos incentivos. O mercado MI russo é dominado pelos grandes operadores com departa‑ mentos MI (37%), companhias espe‑ cializadas (29%), pequenas agências não especializadas (24%) e organi‑ zadores de eventos (10%). Durante o último Moscow International MICE Forum, um inquérito junto de 1300 visitantes profissionais mostrou que

37% organizam todos os anos 10 a 12 eventos fora do país; 52% organizam eventos entre 40 e 100 participantes; os eventos mais populares são os incentivos e seminários com 66%. Finalmente, 63% antecipam que os clientes vão aumentar o investimento em eventos em mais de 35%. O relatório MICE da Rússia regista que apesar de não ser fácil trabalhar com o mercado russo, a maioria dos grupos está disposta a pagar pelas melhores infraes‑ truturas e por eventos memoráveis. A grande barreira é a situação dos vistos. Os russos não gostam de ser apanhados desprevenidos, diz o estudo, pelo que é importante deixar claro o que está ou não incluído. O contacto pessoal é primordial para se estabelecer negócio.

GALA DOS EVENTOS COM COMISSÃO DE HONRA Os Prémios da Gala dos Eventos têm agora uma Comissão de Honra. Segundo a organização, “a Comissão de Honra dos Prémios da Gala dos Eventos vai tornar-se num instru‑ mento de grande valor para a definição das categorias, prémios e critérios que constam do regulamento, reforçando ainda mais o rigor dos processos de candidatura e a apreciação final dos mesmos por parte do Júri”. Até este momento fazem parte da comissão: António Manuel Brito, CEO da NewEvents, consultor internacional para Feiras e Eventos; Carlos Coelho, presidente da Ivity Brand Corp; Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP - Associação da Hotelaria de

Portugal; Fátima Madureira, direc‑ tora do Departamento de Marca e Comunicação da Câmara Municipal de Lisboa; Gonçalo Coelho de Sousa, director do Fontana Park Design Hotel Lisboa; Henrique Conceição, director de Marca do Sport Lisboa e Benfica; Isabel Amaral, consultora em RP e presidente da Associação Portuguesa de Protocolo; João Lagos, CEO da João Lagos Sports; João Sacchetti, director da Moda Lisboa; Linda Pereira, CEO da L&I Communications Group e directora da CPL Events; Manuela Botelho, secretária geral da APAN – Associação Portuguesa de Anunciantes; Miguel Neves, responsável de Eventos e Projectos na IMEX; Paula Oliveira,

directora executiva da Associação de Turismo de Lisboa – Lisboa Convention Bureau; Pedro Dionísio, director do Mestrado Executivo Marketing e Gestão do Desporto do INDEG/ISCTE; e António Silva e Sousa, director da Publihappening e da ExpoEventos. Esta comissão já se reuniu, pelo que a organização da ExpoEventos informa que o anúncio do regulamento e a abertura de inscrições para a próxima edição da Gala dos Eventos estão previstos para breve. Entretanto foram já anunciadas as datas da próxima edição da ExpoEventos. O certame vai realizar-se a 18 e 19 de Março de 2013, no Fontana Park Design Hotel.


NOTÍCIAS 13

EUBEA: CANDIDATURAS ABERTAS O Grupo ADC dá as boas-vindas à 7ª edição dos European Best Event Awards, os EuBEA, prémios criados para reconhecer a excelência no sector dos eventos e para dar visibilidade a esta indústria ao nível europeu. Podem concorrer empresas, agências de eventos, de relações públicas, de comu‑ nicação ou de publicidade, produtoras, organismos públicos e associações cuja sede seja na Europa. São elegíveis os eventos que tenham decorrido entre 1 de Julho de 2011 e 30 de Julho de

2012, organizados por uma entidade europeia. O júri que avalia as candida‑ turas é composto por representantes do universo corporate, associativo, jorna‑ listas e especialistas em comunicação. Lembre-se que a Event Point faz parte do júri. Os resultados serão conhecidos na terceira semana de Novembro, em cerimónia a realizar em Milão. Os EuBEA têm premiado, desde 2006, a criatividade e o que de melhor se faz por essa Europa fora, e Portugal tem sido reconhecido todos os anos. Em 2011,

por exemplo, foram vários os prémios para as agências portuguesas. Essa última edição contou com cerca de 100 candidaturas, de doze países: Áustria, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Lituânia, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia e Reino Unido. Este ano vai ser de novo publicado o European Events Annual, com toda a informação sobre todos os eventos a concurso. O anuário tem uma tiragem de 10 mil exemplares, uma versão online, e é distribuído durante um ano.

TURISMO DE PORTUGAL REDUZ APOIO A EVENTOS EM 70% O Turismo de Portugal reduziu em 70% as verbas para apoio a eventos em 2012. Esta estratégia resulta, segundo o comunicado, da necessi‑ dade de concentrar investimento na promoção externa. Assim, o orça‑ mento previsto para eventos é de 5 milhões de euros, menos 12,5 milhões do que no ano transacto. Para além da aposta na Volvo Ocean Race, que se cifrou em um milhão e cem mil

euros, o Turismo de Portugal investe em outras seis realizações internacio‑ nais que considera importantes para afirmar turisticamente as regiões onde decorrem e o país. A saber: Portugal Masters (€ 2.250.000), Rally de Portugal (€ 800.000), RipCurl Pro Portugal (€ 250.000), Madeira Island Open (€ 250.000), TallShips Race (€ 122.500), e Extreme Sailing Series (€ 200.000).

De acordo com Luís Matoso, adminis‑ trador do Turismo de Portugal para a área da Promoção, “o objectivo, de futuro, é concentrar o investimento em eventos de turismo, como congressos e reuniões de incentivos, que tragam retorno econó‑ mico imediato para o sector, equilibrando assim o apoio concedido a eventos desportivos e /ou culturais”.

EXECUTIVE MASTER EM COMUNICAÇÃO DE EVENTOS A Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE) vai lançar, através do seu Centro de Estudos de Turismo CESTUR, a primeira edição do Executive Master em Comunicação de Eventos. O curso arranca em Outubro e pretende consolidar a oferta formativa da ESHTE no âmbito da gestão de eventos. Com coordenação de Nuno Gustavo e Sofia Aureliano, este curso conta

com a participação de profissionais da comunicação, que irão reforçar a forte componente prática desta formação avançada, que une a Comunicação e os Eventos. Este Executive Master durará um ano lectivo, e destina-se a todos aqueles que se interessem em obter formação especializada na área da comunicação de eventos. Integram o corpo docente profissionais

como Carlos Coelho (Ivity), Carlos Martins (Guimarães 2012), Carla Grou (PURE ativism), Luís Rasquilha (AYR/ IBT), Miguel Soares (TVI), Paula Ramos (LIFT Consulting) ou Paulo Querido. As candidaturas dividem-se por duas fases: a primeira está a decorrer até ao fim de Julho. A segunda, que abrirá apenas se existirem vagas, decorrerá de 8 de Setembro a 8 de Outubro.

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ENTREVISTA 14

EQUIPA DA SKYROS CONGRESSOS © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

“NO PORTO FAZEMOS MILAGRES, EM LISBOA FAZEM-SE CONGRESSOS” Um das mais antigas empresas organizadoras de congressos em Portugal comemora 25 anos. Adelaide Mocho e Carmo Marques percorreram connosco a história da Skyros, a sua “casa de congressos”, como carinhosamente lhe chamam. Mas olharam também para o que aí vem e não se escusaram a reflectir sobre os temas mais quentes do sector. Da casa da Avenida Antunes Guimarães, no Porto, para o mundo, o próximo passo é a internacionalização.


ENTREVISTA

. SKYROS CONGRESSOS 15

Como surgiu a Skyros? Adelaide Mocho: Começámos com o objectivo de ser uma empresa de organização de congressos. Na altura pouco se falava de PCO [Organizador Profissional de Congressos], eram as agências de viagem que tinham departamentos de congressos, como por exemplo a Abreu, que talvez seja das mais antigas. Na altura todos nos disseram que era uma loucura. Hoje é um dos mercados emergentes e espero que continue a ser. Em que áreas trabalhavam antes de formarem a empresa? AM: A Carmo Marques tem formação de Direito. Eu venho do turismo, trabalhei três anos numa agência de viagens, que depois fechou. E como os congressos são adjudicados normalmente com muita antecedência e nós já tínhamos os trabalhos adjudicados, e com a ilusão dos vinte e tal anos, pensámos em montar uma casa de congressos. No fundo, as pessoas que ficaram no desemprego, tiveram a capacidade de dar a volta, e montar uma empresa. Na realidade achávamos que era mais fácil do que aquilo que se tornou. Passámos os sacrifícios todos de uma casa nova e só com a área de congressos. Toda a gente dizia que era uma loucura e perguntavam por que não fazíamos também festas ou casamentos. Na altura como é que era a oferta em termos de congressos? AM: Era praticamente inexistente. As agências de viagens marcavam terreno. Seis ou sete anos depois de existirmos, começaram a aparecer mais empresas de congressos, nomeadamente em Lisboa. Quais foram os primeiros congressos que organizaram? AM: Começámos primeiro com coisas muito pequenas. A partir de 1990 é que surgiram mais contactos inter‑ nacionais. Em 1993, com a entrada da Carmo Marques, dá-se a reviravolta informática desta casa. Chegou e virou

ADELAIDE MOCHO E CARMO MARQUES © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

tudo ao contrário. Voltámo-nos para o exterior e para a informática e cres‑ cemos muito. Durante um determi‑ nado tempo, fomos a única empresa que tinha um software específico. Hoje as coisas estão mais acessíveis a todos. Mas na altura foi uma revolução em termos informáticos, os clientes come‑ çaram a ver aqui coisas que só viam lá fora. O nosso crescimento deu-se em 1995 quando começámos a ter clara‑ mente uma posição mais internacional. Já estávamos de igual para igual em sistemas informáticos e de gestão.

ESTAR NO PORTO É UMA ENORME DESVANTAGEM O facto de estarem no Porto algum dia foi um problema, ou é uma vantagem? AM: Estar no Porto é uma enorme desvantagem. Em tudo. Os maiores congressos, os maiores centros de congressos são em Lisboa. Digo sempre esta frase: no Porto fazemos milagres e em Lisboa fazem-se congressos. Para fazermos um jantar para mil pessoas temos dois ou três espaços disponí‑ veis, enquanto que em Lisboa podem

negociar o que querem, como querem, porque a oferta é imensa. Uma empresa como a nossa tem tudo para dar certo em Lisboa, para ganhar grandes congressos. Já nos aconteceu chegar a candidaturas internacionais, ter as melhores propostas, e não ganhar porque estamos no Porto. Carmo Marques: E depois cria-se também um efeito de bola de neve. Como não temos eventos grandes no curriculum, o cliente vai pensar que não fazemos eventos para seis mil pessoas. E claro que fazemos, mas não no Porto. Assim nunca ganhamos curriculum. AM: Candidatámo-nos ao Congresso Europeu de Dermatologia em Lisboa, e no final ficámos dois PCO, e uma das razões porque não ganhámos foi porque não tínhamos no curriculum a organi‑ zação de congressos de grande porte. Depois surge sempre aquela pergunta fatal: e instalações em Lisboa têm? E algum dia sentiram essa tentação de ir para Lisboa? AM: Muitas vezes (risos). Ainda hoje é um assunto que colocamos em cima da mesa. Mas claramente não temos nada porque não fazer um congresso para cinco mil pessoas, bem feito, em

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Lisboa. Nada. E sentimos que o facto de não estarmos na capital é impe‑ ditivo. Mas depois vem a outra parte. Então quem vai tomar conta da Skyros Lisboa? Estar no dia-a-dia, acompa‑ nhar, é importante. Para além da questão dos venues, quais são as outras limitações do Porto? AM: A capacidade hoteleira, as liga‑ ções aéreas. CM: As ligações aéreas nem estão mal agora. Já estamos melhor. A importância dos venues no Porto. http://www.youtube.com/watch?v=Hm7W3rTKgbk&feature=plcp

E as mais-valias? CM: É viver no Porto (risos). AM: O Porto tem características muito positivas. Se me disser que quer fazer um congresso para mil pessoas, se for preciso escolher entre o Porto e Lisboa, claramente digo fazer no Porto. Se forem três mil, não posso sequer pensar nisso. Mas é uma cidade que ainda consegue ter tradições. Tem paisagens únicas, o Douro está a duas horas de caminho, o centro histó‑ rico é fantástico. Temos as pessoas, a gastronomia, a hospitalidade. Receber no Porto ou em Lisboa, é totalmente diferente, as comissões organizadoras não têm nada a ver. As pessoas no Porto são mais sentimentais.

“O Porto neste momento não é um destino de excelência de congressos” http://www.youtube.com/watch?v=Tpm4Y-rlPBA&feature=plcp

E tem fornecedores? AM: Temos excelentes fornecedores de autocarros, de audiovisuais, de informática, de catering, de tudo aquilo que envolve um congresso. No Porto não falta rigorosamente nada. Faltam as estruturas, os venues e depois os hotéis. Mas neste momento se o Porto tivesse um venue para três mil pessoas já tinha capacidade hoteleira para organizar um congresso. E pela conjuntura internacional, as pessoas procuram cada vez mais hotéis de quatro estrelas, do que de cinco. O Palácio de Cristal [Pavilhão Rosa Mota] poderia ser uma solução? AM: Acho que o Palácio seria um passo. É melhor ter do que não ter.

SEGREDOS DO SUCESSO O facto de terem personalidades assim tão diferentes é uma das chaves do sucesso da Skyros? AM: É, sem dúvida. A chave do sucesso passa muito por este mix de ligação que temos, que funciona há 18 anos em sociedade, e em trabalho diário. Cada um faz aquilo que gosta, de modo que o faz por prazer. CM: Eu detesto o que a Adelaide faz. E ela detesta o que eu faço (risos). E ninguém quer ocupar o lugar de ninguém. Ninguém quer brilhar mais. Até prefiro nem brilhar. A maior parte das pessoas não me conhece, só os fornecedores e os clientes mais antigos. E o que é importante é que conheçam a Skyros. É bom que o prato vá para a mesa e eu saber que foi bem cozinhado, que vai ser bem apresentado. E que outros ingredientes é que são exigidos para o prato sair bem? CM: Todo um trabalho de backoffice muito bem organizado e uma boa gestão interna de relações humanas. Não temos aqui uma grande equipa, somos seis pessoas, mas gerir pessoas não é muito fácil por vezes. A gestão informática é também muito impor‑ tante, para criar alicerces, oferecer algo ao cliente que não há no mercado e uma tecnologia que não falha. AM: Há um ingrediente fundamental que é a planificação, algo que em Portugal quase não existe. Estamos muito mais preparados para as surpresas que acontecem. A Carmo tem uma obsessão pela planificação. Uma semana antes do congresso são feitas maquetas ao detalhe, quem fica onde, quem faz o quê. Sabemos rigorosa‑ mente quantos computadores vão, quantas pessoas estão e em que salas, quem coordena as salas, quem está em espaços de exposições.


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EQUIPA DA SKYROS CONGRESSOS © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

Como os congressos estão a mudar http://www.youtube.com/watch?v=ix2rbl94OxM&feature=plcp

Conseguem encontrar um momento alto e um momento menos bom deste percurso de 25 anos? AM: Estamos sempre muito ligados ao que acontece no país. É inevi‑ tável. As pessoas fazem congressos porque gostam, não é por neces‑ sidade, normalmente. Não tenho nenhuma ilusão de que 2012 e 2013 vão ser anos muito difíceis. As pessoas querem organizar os congressos com cada vez menos budget e com menor duração. Fazemos programação para um congresso de 700/800 pessoas e quando chegamos às portas do congresso temos metade das pessoas esperadas. Isto não significa que não haja trabalho, mas as características do trabalho mudaram radicalmente e temos de nos adaptar, inovar e criar dinâmicas novas. Os anos de 1999 e 2000 foram anos de sucesso, e que catapultaram a empresa. Também 2005 foi um ano bom, com uma série de eventos grandes.

Em relação ao mercado aqui no Porto, qual é a relação entre os profissionais? AM: As pessoas falam, há uma inte‑ racção. E com Lisboa também. Temos excelentes relações comerciais e de contactos humanos em Lisboa. Não é pelo facto de perdermos congressos para Lisboa que vamos estar de costas voltadas. No Porto há menos empresas, chegam os dedos de uma mão para contar os organizadores de congressos e conhecêmo-nos todos bem.

A CRISE E OS PRÓXIMOS DESAFIOS Acham que esta crise vai ajudar a limpar do mercado as empresas de pouca qualidade? AM: Desejo ardentemente que sim. (risos) Acho que isso vai acontecer com tudo. Quem tiver neste momento estrutura para aguentar estes dois anos de crise, vai ficar no mercado e vai poder fazer coisas interessantes. Não desejo mal a ninguém, desejo é que as coisas se reposicionem, e quem ficar que faça um bom trabalho. E se traba‑ lhar num destino como o Porto que faça mais ainda um bom trabalho. Porque cá quando um evento corre mal é um péssimo cartão de visita. É um passa a palavra com grande velocidade. CM: Quem se organiza internamente

mal não vai conseguir debater-se com o que se está a passar exteriormente. Se forem maus gestores não se aguentam. O sucesso profissional passa pela boa gestão também. Este contexto não pode propiciar mais colaboração? Candidaturas conjuntas a determinados eventos? CM: Isso dificilmente existirá. Já existiu em tempos. Aliás, participámos numa dessas associações momentâneas de apresentação de candidatura. Mas foi um acto esporádico. Dificilmente as pessoas se associam, porque têm maneiras de trabalhar diferentes. É muito difícil existir este tipo de cola‑ boração. Claro que temos as nossas

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guerras, mas temos todos uma questão cívico-emocional, se me permitem esta criação, porque vamos para além da chamada higiene social, e muitas vezes apoiámo-nos sem que as pessoas se apercebam disso. Muitas vezes há um apoio que não tem a ver com essa associação efectiva, mas que tem a ver com dicas, por exemplo. Passados estes 25 anos o que é que ainda vos motiva? AM. Fazer congressos. Não há dois congressos iguais. É muito bonito fazer congressos. Continuo a gostar muito daquilo que faço. Tenho uma enorme paixão pela Skyros e é uma motivação apresentar um destino, defender uma proposta, defender a casa. Uns clientes privilegiam a parte cientifica, outros a parte social, uns querem hotéis mais caros, outros mais baratos, são todos diferentes. E as pessoas também estão sempre à procura de coisas novas. Esse é também um grande desafio para vocês, estar a par das tecnologias que vão aparecendo? CM: Sobretudo a criatividade que é exigida para cada trabalho. E o gozo de ver que se conseguem soluções que não existiam, que são eficazes e que dão mais valor ao trabalho. Estamos atentos, e estamos a preparar uma nova solução tecnológica, de forma a que se consiga dar respostas mais rápidas, e haja uma margem de erro diminuta. E isto é absolutamente viciante. Como imaginam a Skyros daqui a cinco anos? CM: Estará a funcionar muito melhor. (risos) AM: Espero que a Skyros se mantenha a funcionar nestas instalações, que já são para o futuro. Acho que vai ter uma plataforma para congressos, que está a ser preparada este ano, que estará no seu melhor, e eventualmente a ser lançada em termos internacionais. Esse é um desafio muito grande, lançar a Skyros em termos internacionais.

O reconhecimento da profissão de Organizador Profissional de Congressos http://www.youtube.com/watch?v=5paDkVt3ews&feature=plcp

Obviamente esperamos passar estes dois anos e espero que daqui a cinco possamos estar a fazer concursos lá fora, da mesma forma que vem cá uma Kenes ou uma MCI e trazem congressos para aqui, nós podermos estar de igual para igual numa associação internacional, a debater-nos cara a cara com tecnologia, com estruturas. Daqui a cinco anos ou estamos internacionalizados ou estamos muito parados. Esta é uma actividade muito stressante? AM: Sim, é. Nós temos uma equipa de colaboradores, que é uma das mais-valias da Skyros, cujas pessoas estão connosco, em média, há 10 ou 12 anos. E isso para nós é muito gratificante. Damos imenso valor às relações humanas. Acho que os bons negócios se fazem por amizade e não só pelo aspecto comercial. Porque as pessoas se conhecem, acreditam que podem criar coisas novas juntas, desenrascar coisas juntas e o nosso staff está connosco há muito tempo. É um dos grandes pilares desta casa.

Olham com optimismo ou pessimismo para o futuro? AM: Tenho esperança de que isto vá passar. Mas também tenho quase a certeza de que não vai ser este ano, nem para o ano. As coisas nunca mais vão ser iguais, não haverá aí dinheiro como há dez anos atrás. Vão reposicionar-se as coisas, vão ser melhores do que o que são, mas não tão boas como o que foram. Vai haver uma gestão de custos de participação de congressos mais rigorosa, uma gestão cuidadosa daquilo que a taxa do congresso inclui, a quem se paga viagens, quem tem direito. Vão ser parâmetros muito bem pesados na organização de congressos. Mas acho que vai haver uma recuperação. Não posso deixar de notar que chamam “casa” à Skyros... CM: É a nossa casa. Parece que vivemos aqui... Não, mas é quase. E acho que isso se sente no sucesso da empresa. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)


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JOE GOLDBLATT PROFESSOR NA UNIVERSIDADE QUEEN MARGARET, EDIMBURGO © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT


GRANDE ENTREVISTA 21

OS EVENTOS ESTÃO LIGADOS À FELICIDADE

Não é todos os dias que o nosso entrevistado tem uma entrada na Wikipedia. Isso não quer dizer tudo, claro, mas lendo o curriculum de Joe Goldblatt percebe-se porquê. Este americano, a residir na Escócia, foi o fundador do ISES - International Special Events Society, autor de mais de 20 livros sobre gestão de eventos, e organizou mais de mil mega eventos, inclusive para os presidentes Reagan e George W. Bush e para personalidades como Donald Trump. Golblatt esteve no Porto, no mês de Junho, para uma conferência na Escola de Gestão, EGP - UPBS. No final, falou com a Event Point. Como é que se tornou um gestor de eventos? Quando tinha uns sete anos, enquanto que as outras crianças vendiam limonada, eu organizava um festival e vendia bilhetes. Portanto começou tudo muito cedo. E desde então não parei. Há 50 anos que estou ligado aos eventos. E 50 anos depois, ainda o entusiasma este mundo dos eventos? Ainda me entusiasma mais! E isso tem a ver com todos os problemas do mundo neste momento, a começar pelo 11 de Setembro e agora a crise económica global. Acredito, mais do que nunca, que enquanto os bancos se desmoronavam, os festivais e os eventos subiam de importância. Há uma necessidade humana das pessoas se juntarem. E a Internet, por estranho que possa parecer, não nos afastou, juntou-nos. Quando conhecemos alguém no facebook, a consequência lógica é querermos conhecer pessoalmente esse novo “amigo”. Vê, portanto, a crise como uma oportunidade para a indústria dos eventos... Vejo como uma oportunidade e como um desafio. Esta é uma de muitas crises. Há uma peça chamada “A pele dos nossos dentes” [The skin of our teeth], em que o dramaturgo [Thornton Wilder] fala de como a humanidade sobreviveu à Idade do Gelo, à I Guerra Mundial. Ninguém consegue prever qual será o próximo cisne negro*, o próximo evento crítico. O que posso assegurar é que vamos estar à altura de cada um desses eventos. Em Trinidad, quando estive a fazer entrevistas aos locais, disseram-me que, quando os aviões bateram nas Torres Gémeas, eles correram para os pubs para tomar mais um copo. Não para celebrar a tragédia, mas como forma de se aguentarem firmes.

Este ano, em Portugal, tivemos um corte significativo no apoio público a eventos. Como é que a indústria pode reagir a isso? Há duas coisas. Primeiro a indústria tem de identificar os políticos simpa‑ tizantes que sirvam como “Event Champions”, que possam ser a nossa voz junto do governo, que entendam e defendam o sector. Depois há que procurar novas fontes de receita, porque isto não vai melhorar muito em termos de apoios públicos. Não vai voltar ao que era antes da crise.

*

Teoria do cisne negro: um acontecimento com impacto

imprevisível ou um evento raro aparentemente inverosímil, para lá das expectativas normais históricas, científicas, financeiras ou tecnológicas.

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GRANDE ENTREVISTA

. JOE GOLDBLAT T

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Foi desafiado na Escócia para criar um sistema classificação de eventos consoante a relevância para efeitos de apoio público ou patrocínio. O modelo pode ser replicado em outros países? Quando fui convidado para ir para a Escócia o objectivo era encontrar um sistema, que nunca tinha sido usado no mundo, que olhasse para os eventos de forma holística e exaustiva. Criámos um sistema, a que chamamos “FactorFelicidade”, e envolve etnografia, obser‑ vação, entrevistas, e também pesquisas e inquéritos. Realizámos inquéritos, e eu sei que vão achar surpreendente, mas algumas pessoas mentem quando os preenchem. Por exemplo, mentem em relação à idade, ao ordenado. De modo que a juntar a este inquérito, observámos essas pessoas durante o evento e fotografámos. De seguida, analisámos as fotografias. Chamamos a isso triangulação. No final do dia, o que queremos saber é o que faz as pessoas felizes nos eventos. Quando fazemos esta avaliação, sabemos quais os eventos em que devemos investir mais e aqueles em que temos de fazer alterações. E como os eventos estão muito ligados à felicidade, chamamos a este estudo “Factor-Felicidade”. Nos tempos em que vivemos fala-se muito de retorno do investimento. Como vê essa questão? Não é só o retorno do investimento, mas também o retorno dos objectivos. O investimento económico é algo que tem que ser medido, mas os objectivos maiores incluem por exemplo saber se o evento é mais verde em resultado das práticas sustentáveis que aplicamos; ou se criou coesão social. Acho que temos que olhar para além do retorno financeiro e olhar mais para o retorno dos objectivos. Quais são as grandes tendências para os próximos anos? Acho que há três coisas que vão impactar o mundo dos eventos nos próximos tempos. Uma é a tecnologia.

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

Um amigo meu, antigo responsável da Microsoft, chama ao uso das aplicações para eventos “eventos sem um fim”. De modo que já não há nem um princípio, nem o fim de um evento. Começa online, continua até ao momento do clímax, do evento propriamente dito, e depois continua online. O segundo impacto será a demografia, a mudança em termos populacionais de quem vai aos eventos e de quem os produz. Por causa do envelhecimento vai existir uma enorme população idosa para quem é preciso produzir eventos.

sustentabilidade. Só quando cheguei ao liceu e à universidade. Hoje as crianças tomam contacto com o tema no jardim-de-infância. Faz parte do seu ADN. E elas vão tomar uma decisão de participar neste ou naquele evento pela pegada de carbono. Isto é significativo. Os organizadores de eventos têm que encontrar o argumento económico para que os eventos sejam verdes, não pode ser só uma questão moral ou ética. Porque no final do dia se custar o dobro organizar um evento que seja verde, ninguém vai pagar para participar.

E acha que a indústria já está a pensar nesses eventos? Acho que não. Normalmente a indústria dos eventos, tal como outras ligadas a serviços, fica para trás, até que de repente um tsunami de acontecimentos a faz acordar. Quem pensar por exemplo naquilo que uma mulher de 75 anos real‑ mente gosta de fazer pode dominar esta indústria. Isto porque vai haver muitas mulheres de 75 anos, até solteiras ou viúvas, que vão ter necessidades sociais que os eventos podem fornecer.

Até que ponto as redes sociais mudaram o rosto dos eventos? Melhoraram os eventos. Agora temos os tais eventos sem fim. É uma oportunidade!

Referiu três tendências. Qual é a terceira? Os eventos verdes. Quando era criança não aprendi nada sobre

Acha que ainda há espaço para os mega eventos? Acho que sim, mas os mega eventos, tal como todos os eventos, estão a ser redefinidos. Algumas empresas não querem que os media saibam que fazem eventos. Claro que continuam a fazê-los e a gastar muito dinheiro, mas não querem dizer ao mundo. Só que o impacto dos eventos na motivação dos colaboradores é brutal. Por isso vão continuar a existir, nem que seja de forma escondida.


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Falando agora de destinos. Que impacto podem ter os eventos nos destinos? Há dois aspectos a considerar. Um é o impacto que os políticos podem esperar e que é económico. Outro é o impacto que os cidadãos desejam e merecem. O cidadão médio não deseja o impacto económico, não entende, nem lhe interessa. O que lhe interessa é a qualidade de vida, qualidade do destino. Se o evento produzir infraes‑ truturas, que podem ser usadas no futuro pela população local, essa é uma grande contribuição. A isto se chama capital social. A proposta de valor deve combinar estes dois aspectos? Chamamos a isso Geração de Valor Agregado (GVA). Como se mede isto? Somando o impacto económico ao impacto social.

Como vê o destino Portugal? Este é um destino rico em história, em cultura, pelo que o futuro, na minha opinião profissional, não tem limites. O segredo vai ser a forma como esta geração de estrategistas se foca nas mais‑ -valias de Portugal e articula as mais‑ -valias dos eventos às necessidades de futuro. É uma questão de equilibrar as necessidades de anfitriões e convidados. Que tipo de eventos interessariam ao país? Primeiro do que tudo seria preciso fazer uma auditoria às mais-valias do país. Da pesquisa que fiz há três áreas em que acho que Portugal se poderia concentrar: grandes eventos desportivos; basta pensar que o Ronaldo é de cá; eventos culturais, o Fado foi declarado há pouco tempo Património Imaterial da Humanidade; educação, atrair reuniões e congressos. Recapitulando: desporto, cultura e educação.

Que tipo de conselho gostaria de deixar aos profissionais de eventos em Portugal?

Deixarem constantemente um pé no passado, na história, nos rituais, nas tradições, e dois pés no futuro. Porque se não estamos atentos às mudanças, à forma como a demografia ou a economia mudam o mundo, o estilo de vida, outros destinos vão ultrapassar Portugal. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)

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DIOGO ASSIS DIRECTOR DA EVENTS BY TLC


OPINIÃO 25

A NOVA REALIDADE

De acordo com o “MPI Business Barometer” do passado mês de Junho, a ansiedade dos organizadores profissionais de eventos está a aumentar. Os seguintes factores têm retirado o sono a muita gente num panorama de incerteza instalado: . Preocupação crescente com a crise da dívida na Europa; . Eleições Presidenciais nos Estados Unidos em Novembro próximo; . Mercado está muito short lead in time (muitas vezes menos de 30 dias); . Aumento previsto no preço dos combustíveis; . Aumento das reuniões virtuais e tecnologia híbrida; . A gestão da percepção. Profissionais da indústria têm espe‑ rado por melhores condições nos últimos seis meses, mas a incerteza económica em curso desafia as suas capacidades para executar, planear e criar estratégias de longo prazo. Em termos práticos esta situação reduz a eficiência na gestão orçamental e tem, muitas vezes, um impacto directo na qualidade do próprio evento. Para celebrar os 10 anos da IMEX, e com objectivo de ajudar e potenciar o desenvolvimento da indústria dos eventos na próxima década, foi feito um estudo, “The Power of 10”, envol‑ vendo entrevistas a líderes, executivos, pessoas reconhecidas por pensarem e inovarem a indústria com um total de 765 pessoas inquiridas, de 68 países e seis continentes.

TRÊS TEMAS DOMINANTES RESULTARAM DESTE TRABALHO Contra um cenário de uma “tempes‑ tade perfeita de mega-tendências”, o estudo identifica três temas princi‑ pais que parecem dominar a próxima década e, portanto, a ter em conta para que a indústria como um todo tenha sucesso. E em particular para que as empresas, associações e os destinos que a servem tenham sucesso. Os três temas dominantes deste estudo são: 1. A incerteza da economia global e os desafios de prever alterações nos quadros macroeconómicos; 2. A rápida disponibilidade e pene‑ tração de novas tecnologias cuja quan‑ tidade, custo e diversidade tocam cada aspecto das nossas vidas; 3. A realidade do dia-a-dia dos ciclos económicos mais curtos e mais rápidos.

Dos inquiridos, 71% pensam que a incerteza e instabilidade económica mundial vão ter impacto em todo o sector, a nível mundial. 49% acreditam que se vai começar a sentir o impacto da qualidade e do custo da tecnologia na indústria dos eventos. Os ciclos económicos mais curtos e mais rápidos têm um papel significativo em 47%, enquanto 46% antecipam uma cres‑ cente influência política e económica vinda da Ásia.

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OPINIÃO

. A NOVA REALIDADE, POR DIOGO ASSIS

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A NECESSIDADE DE REPENSAR A EXPERIÊNCIA DE EVENTOS Ao nível operacional, há uma expecta‑ tiva muito clara de que a indústria vai precisar de se submeter tanto a uma evolutiva mudança como a transfor‑ mações mais radicais, em uma série de áreas. Do design à interactividade, in loco e com a comunidade exterior ao evento, partilha de informação, medição do sucesso, etc. O relatório aborda conclusões e recomendações específicas para as empresas, associações, proprietários de locais públicos, hotéis, agências de convenções, agências e prestadores de serviços da indústria. 91% dos entrevistados concordaram que, “para reduzir a vulnerabilidade da indús‑ tria aos ciclos económicos, os eventos devem demonstrar um retorno tangível sobre o investimento para os proprie‑ tários, participantes, patrocinadores, expositores e restantes stakeholders.”

DETERMINAR O SUCESSO Já abordei este tema em artigos ante‑ riores: a nossa indústria tem que se profissionalizar, tem que saber justi‑ ficar o valor dos seus profissionais e o valor dos eventos para as organizações que nos contratam. O preço não pode viver sozinho, assim como os crité‑ rios emocionais e a venda de sonhos também não. Não há nada mais importante para determinar o sucesso de um deter‑ minado evento e o retorno do investi‑ mento (ROI) do que ter os objectivos bem definidos à partida. Se isso existir, mais facilmente,

durante a cadeia de valor do evento, conseguimos confrontar os resultados com o objectivo e medir o sucesso. Temos que deixar de ter medo de medir o nosso trabalho e o resultado de cada acção que desenvolvemos:

. Executamos melhor o evento, porque os objectivos estão bem definidos; . Podemos defender melhor os nossos budgets , porque conseguimos medir os resultados; . Acrescentamos valor a todos os stakeholders , porque nos concentramos nos objetivos; . Conseguimos gerir melhor a questão da percepção versus a realidade. Vivemos num clima de instabilidade global, em que as organizações não se querem comprometer com orçamentos elevados, nem com grande antece‑ dência, para, dessa forma, diminuírem a exposição ao risco. Vivemos rodeados de tecnologia que permite às organizações juntar os seus quadros e clientes em plata‑ formas online.

Mais do que nunca precisamos de respostas colectivas a estes desafios instalados, de profissionalizar as nossas organizações e credibilizar a indústria com ferramentas que nos permitam medir o sucesso. Nunca esquecer que cada crise tem as suas oportunidades!


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DOSSIÊ TEMÁTICO 28

© FIDALGUIA

EMPRESAS DE TRANSPORTE

A PRIMEIRA IMPRESSÃO DO EVENTO Chegar a um evento a tempo e horas, e sem problemas, define a imagem e qualidade que um país passa a quem lá se desloca para um congresso ou um negócio. Por isso, os transportes são uma das componentes importantes da organização de qualquer evento que queira ter sucesso. Fomos conversar com um organizador de congressos e com empresas de transportes e perceber de que forma tem evoluído esta área no nosso país, e quais são os pontos críticos da relação entre os transportes e os eventos.


D O S S I Ê T E M Á T I C O . EMPRESAS DE TRANSPORTE, A PRIMEIRA IMPRESSÃO DO EVENTO 29

Foi o Euro 2004 o motor da revolução que aconteceu no sector dos trans‑ portes, sobretudo nos privados. Maria José Teixeira, directora da Acrópole, empresa de organização de congressos, contou à Event Point que, “quando Portugal ganhou a candidatura ao evento, houve uma necessidade enorme de preparar os profissionais que fazem o transporte das pessoas”. Falar inglês, cuidar da apresentação, “evitar uma certa fama negativa”, foram alguns dos aspectos tidos em consideração. Houve igualmente uma manifesta preocupação em mudar as frotas, pelo que hoje em dia “é difícil arranjar maus transportes privados”, refere a responsável. E ainda bem, porque “eles são a primeira impressão que os nossos convidados têm do país e da cidade que os acolhe”. Quando se trata de um evento inter‑ nacional, a Acrópole tem o cuidado de fazer a recepção dos visitantes logo no aeroporto. “É o primeiro contacto com a cidade, temos sempre um transporte especializado, que pode não ser individual porque tentamos agrupar voos”, desde que o tempo de espera no aeroporto não ultrapasse os 30 minutos. “Os motoristas ou as empresas de transporte são briefadas antes, e muitas vezes fornecemos uma fotografia para melhor identificar o passageiro”, detalha Maria José Teixeira. Também o convidado está avisado de que o esperam. No caso de perda de bagagem, ou de voo, “os transferistas com quem traba‑ lhamos têm acreditação junto dos aero‑ portos, de modo a poderem apoiar no que for preciso”. Aliás, têm autorização, conta-nos, para, no caso de perda de mala, irem imediatamente a um centro comercial onde os afectados possam fazer algumas compras. “Não há muitos países em que se faça isto”, refere. “Os pickups correm sempre linda‑ mente. São pessoas com uma dispo‑ nibilidade e uma paciência incríveis”, comenta Maria José Teixeira. A respon‑ sável deu o exemplo do vulcão de 2010,

que espalhou o caos em termos de voos, e em que as empresas de transporte “tiveram um papel fundamental”. “Ajudaram-nos a ver estratégias para transportar as pessoas e conseguimos não cancelar os nossos eventos.” Em relação aos autocarros, uma preo‑ cupação constante para a Acrópole é que estejam em bom estado e que sejam confortáveis, além de saber se os alvarás e os seguros estão em dia, e se os motoristas estão de facto credenciados enquanto motoristas de turismo. Uma hospedeira, com treino especial, segue sempre no autocarro e está preparada para dar algumas indicações sobre a cidade. “Temos o cuidado de procurar saber se algum dos convidados tem dificuldades motoras. Nesse caso, de uma forma discreta, mas personalizada, alguém acompanha essas pessoas”. Também os motoristas são avisados desse facto, explica a responsável. Tudo é pensado ao detalhe para conforto dos participantes, e às vezes é complicado convencer o cliente nacional a ter este investimento, diz a directora da Acrópole. “O cliente nacional, quem paga, tem que perceber que isto tem um custo diferente de um vulgar táxi. Os seniores, ou as pessoas com um estatuto diferente, já esperam de Portugal uma recepção diferente. Temos de investir no cliente”. Uma dificuldade, que não tem propria‑ mente a ver com as empresas de trans‑ porte, mas que condiciona o trabalho, são as acessibilidades. Nos locais mais antigos do Porto e Lisboa o acesso dos autocarros é complicado. “Muitas vezes as pessoas ficam distantes do destino ou é necessário arranjar vans mais pequenas, o que nos obriga a nós profissionais de congressos a ter algum tacto. Do ponto de vista do custo, ele aumenta exponencialmente”. Por outro lado seria necessário, no entender de Maria José Teixeira, que houvesse mais colaboração por parte das forças de segurança na questão

do estacionamento, por exemplo. O organizador de congressos paga uma taxa à Autarquia para estacionar os autocarros, e o que acontece por vezes é que são multados ou está algum carro no estacionamento que lhes é devido. “Os reguladores de trânsito deviam facilitar, ajudar”, refere, e uma falha a este nível “destrói a imagem de um evento”. “Se há essa preocupação nos eventos que implicam o governo, de briefar todas as entidades, por que é que nos eventos tecnológicos, de saúde, não há essa preocupação?”, pergunta a responsável da Acrópole. “Não tem o mesmo mediatismo, mas é importante em termos de imagem”. Outra dificuldade passa pela excessiva formatação das empresas. A falta de programas pré-feitos com distâncias curtas, que não impliquem mais tempo ou que as pessoas faltem a compro‑ missos, era uma mais-valia. “Eles têm, na minha opinião, o poder de alavancar o evento, vendendo a cidade de uma forma quase gratuita e isso não é cultura das empresas de trans‑ porte”. Um constrangimento é muitas vezes o parco domínio das línguas. Os profissionais dos transportes devem “no mínimo saber cumprimentar, despedir-se, perguntar como foi a viagem e é simpático se for na língua‑ -mãe, isto se estivermos a falar de inglês ou espanhol”.

A diferença de preços praticados no Porto e em Lisboa é muito grande, diz Maria José Teixeira, que incentiva a que se reveja esta situação. “Num evento de três, quatro dias a diferença são uns 20%”.

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© FIDALGUIA

FIDALGUIA 50 viaturas Sedans de marca BMW e Mercedes das séries 5 e 7 e das classes E e S Minivans de 5 a 9 lugares Minibus de 12 a 37 lugares Autocarros até 70 lugares

© GRUPO BARRAQUEIRO

GRUPO BARRAQUEIRO 300 viaturas disponíveis para o serviço turístico, eventos e congressos, distribuídas pelas suas empresas vocacionadas para o transporte para Agências de Viagens e Turismo, sedeadas em Lisboa e no Algarve. Dispõe ainda de mais de 200 viaturas alocadas a outros serviços que podem ser um reforço ao turismo.

IMAGEM, SEGURANÇA, CONFORTO Para a Fidalguia o conforto e a segu‑ rança são aspectos muito importante, conforme relata Nuno Costa, director da empresa. “Destacamos os estofos em pele, e os sistemas de entreteni‑ mento [para passageiros]. As nossas viaturas estão equipadas com águas, toalhetes. Nos carros corporativos ainda temos as notícias do dia”. Nenhuma viatura tem exposição da marca e todos os motoristas andam fardados. Os colaboradores têm formação nas áreas de línguas, atendimento, geografia e história. “Regularmente, realizamos cursos de condução defensiva”. O domínio de línguas é “indispensável”, considera Nuno Costa. “Como base temos o inglês e o espanhol. Depois contamos com vários colaborares que dominam outras línguas, italiano, alemão, entre outras”, detalha. Também para o Grupo Barraqueiro o domínio de línguas estrangeiras é “cada vez mais importante”, explica Martinho Santos Costa, administrador do Grupo.


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RELAÇÃO ENTRE AGÊNCIAS E EMPRESAS DE TRANSPORTES

© GRUPO BARRAQUEIRO

“Num mercado extremamente concorrencial e muito atomizado o conhecimento de línguas pode tornar-se num elemento diferenciador”, argumenta Martinho Santos Costa. O inglês e o espanhol são línguas‑ -chave. No recrutamento dos colabora‑ dores, e porque a empresa monitoriza a sua actividade através das normas internacionais ISO 9001 e 14001, os requisitos de admissão são definidos com base no Sistema de Qualidade e Ambiente. Em termos de formação a empresa dá especial destaque à condução defensiva, condução económica e relações públicas, explica

Martinho Santos Costa. Estes cuidados são tão mais importantes se se considerar que muitas vezes as empresas de transporte dão a primeira impressão de um evento ou destino. “Se este primeiro contacto correr bem, a disponibilidade dos clientes torna-se diferente. Ficam mais bem dispostos e com uma visão diferente da forma como são recebidos”, refere Nuno Costa, da Fidalguia. “Uma má escolha de caminho, uma falta de reconhecimento de percursos poderá pôr toda uma operação em causa, e criar nos clientes uma falta de vontade de estar presente ou de defraudar as suas expectativas. Consideramos assim que somos peça fundamental no tratamento do cliente e em bem servir”, sublinha. “Os nossos motoristas são os nossos embaixadores, pois depende muito deles a imagem que as pessoas levam dos locais que visitam”, corrobora Martinho Santos Costa, do Grupo Barraqueiro. E por isso nada pode falhar, o que passa pelo profissionalismo do motorista, pelo cumprimento dos horários e pelo apoio às operações, diz.

“As nossas relações com os principais angariadores de clientes para o nosso país é sempre a melhor. Tentamos ao máximo passar uma imagem de segurança e de confiança, para que, quem fala com o cliente, possa estar confortável a vender um serviço nosso”, conta o director da Fidalguia, que informa ainda que foram refor‑ çados “todos os canais de distribuição e de conteúdos para que os principais organizadores possam mostrar o nosso produto da melhor forma”. Também no Grupo Barraqueiro a relação funciona bem, “dentro de elevados padrões de qualidade, em que a empresa procura adaptar-se às necessidades do cliente. A disponibilidade imediata dos nossos colaboradores é determinante para o sucesso do relacionamento que mantemos com as AVT [Agências de Viagem e Turismo]”, explica o administrador.

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D O S S I Ê T E M Á T I C O . EMPRESAS DE TRANSPORTE, A PRIMEIRA IMPRESSÃO DO EVENTO 32

RETRATO DO SECTOR No entender de Martinho Santos Costa, se existem empresas que prestam um bom serviço, outras há que “não preen‑ chem os requisitos mínimos de quali‑ dade e que acabam por transmitir para o exterior uma má imagem do sector”. “Esta situação só poderá ser resolvida através da publicação de legislação rigorosa, acompanhada de uma forte fiscalização por parte das autori‑ dades”. O responsável explica que a fiscalização é o ponto crítico, uma vez que é “claramente insuficiente”. “As empresas cumpridoras e que prestam serviço de qualidade acabam por ser as mais prejudicadas, porque nem sempre se verifica a chamada discriminação positiva”, refere. E por isso, se pudesse fazer alguma alteração a este sector, beneficiando-o, Martinho Santos Costa escolheria a fiscalização. Esta deveria “funcionar em pleno, para todos, de forma a diminuir as condições de concorrência irregular. A simplifi‑ cação da legislação e o controle da sua execução, beneficiaria as empresas cumpridoras e geradoras de emprego estável e correctamente remunerado”. O facto de uma empresa colocar apenas um motorista, em vez dos dois a que estaria obrigada por lei, para respeitar o número máximo de horas de condução seguidas, é o bastante para introduzir desde logo um elemento de concorrência desleal. A longo prazo, os tacógrafos digitais podem ajudar a controlar este tipo de situações, mas por enquanto o problema persiste. Nuno Costa, da Fidalguia, diz que este é um sector em desenvolvimento e que “pode melhorar bastante”. “Infelizmente, muitas vezes ainda somos vistos apenas como empresas de transferes, o que não ajuda muita à nossa imagem. Apesar de estarmos

incluídos no sector dos transportes, vemos a Fidalguia e empresas como a nossa mais relacionadas com o sector do turismo. Somos empresas de serviços ocasionais e prestadores de serviços exclusivos que não se enqua‑ dram no sector regular de transportes”.

país”, diz o administrador do Grupo Barraqueiro, “existem pontualmente alguns problemas, por vezes motivados por falta de compreensão, e outras vezes por situações difíceis de ultrapassar. Mas não podemos dizer que temos razões de queixa importantes”.

Se pudesse mudar algum aspecto, “permitia que os nossos motoristas, desde que formados e com reconhecimento pelas entidades competentes, pudessem efectuar tours e circuitos. Um motorista bem formado tem todas as capacidades para fornecer aos clientes um serviço de qualidade”.

ASSIMETRIAS ENTRE PORTO E LISBOA

As condições de acesso aos lugares e o estacionamento são pontos críticos. Será que há falta de sensibilização das autoridades para o trabalho das empresas de transporte? “Existe essa sensibilização, mas poderia ser bastante melhor. Hoje em dia em locais turísticos as nossas viaturas ainda têm dificuldade em estacionar ou mesmo parar para conseguir deixar os clientes”, responde Nuno Costa. Um exemplo flagrante é o aeroporto de Lisboa. Além disso, “seria importante alocar estacionamentos próprios para viaturas de turismo ocasional, como é o nosso caso. Desta forma a qualidade do serviço prestado seria certamente melhorada”. “Como em todos os sectores de actividade do

Existe uma diferença considerável entre os preços praticados, por exemplo, entre o Porto e Lisboa. Mas, para Martinho Santos Costa, “vivemos num mercado de livre concorrência pelo que temos de nos saber adaptar e estar atentos às características do mercado. Alguns dos custos das empresas têm também grandes assimetrias regionais, obrigando a praticar preços diferenciados”. No entender de Nuno Costa esta situação é normal. “A procura e a oferta ditam as leis principais do mercado. Contudo estes pontos podem apro‑ ximar-se tendo em linha de conta a qualidade do serviço prestado. Lisboa, como destino, neste momento é muito mais procurada do que o Porto. A necessidade de recorrer a serviços personalizados de carro com moto‑ rista está mais implementada no destino Lisboa. Seria importante que noutras zonas do país, onde a procura existisse, os serviços pudessem ter uma boa oferta”.

Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)


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REPORTAGEM 34

E VE N TOS PARA TODOS Quando Paula Teles começou a trabalhar o tema das acessibilidades, ainda havia muito para fazer em Portugal a esse nível. “Fomos a primeira empresa em Portugal a derrubar barreiras”, conta a responsável da m.pt. Hoje há mais empresas a trabalhar neste mercado, um mercado que Paula Teles apelida de “extremamente entusiasmante”, e cujo grande motor é neste momento o turismo.


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Na m.pt trabalham-se as acessi‑ bilidades do ponto de vista global. “Começou por ser um trabalho dedicado ao espaço urbano, depois passamos a trabalhar a acessibilidade dentro dos edifícios, nos sistemas de transportes e mais tarde percebemos a importância da área da comuni‑ cação”. Era preciso comunicar para as pessoas com mobilidade reduzida, cerca de 60% das pessoas da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). Estamos a falar de pessoas grávidas, idosos, pessoas com deficiência, crianças. “Era importante derrubar as barreiras, transformar os espaços tornando-os acessíveis, mas essen‑ cialmente era preciso comunicar”, explica Paula Teles. Outra área de trabalho é comunicar no espaço web. “Descodificamos os conteúdos para que a pessoa limitada na mobilidade possa a partir de casa conhecer o mundo”, detalha. PAULA TELES © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

Barcelona é, no entender de Paula Teles, um caso de estudo mundial a este nível. E tudo motivado por um grande evento, os Jogos Olímpicos de 1992. A cidade aproveitou a ocasião para se tornar acessível. Cá, o território que começou por levar mais a sério esta questão foi o Algarve, onde existe “quase uma corrente de municípios a trabalhar as acessibilidades”, explica a responsável. Mas praticamente todo o litoral está a agir nesta matéria, escla‑ rece. “As pessoas já perceberam que há um nicho de mercado muito forte no turismo acessível, no turismo sénior”. Na questão das acessibilidades as autarquias têm um papel muito impor‑ tante, “mas o privado tem que perceber que tem de andar a par”.

“É preciso que as lojas, o comércio tradicional, os restaurantes, os hotéis, sejam acessíveis”, alerta Paula Teles. O mesmo se aplica aos centros de congressos e restantes venues. “Saber receber as pessoas diferentes não é pelas traseiras do evento”, lembra Paula Teles. “Essa coisa de desenrascar uma porta lateral, uma entrada pela garagem... é preciso mudar”, incita a especialista. “Não se pode receber uma pessoa com mobilidade reduzida e pô-la numa mesa à parte, num canto. É um cliente como os outros e deve ser tratado na

sua verdadeira dimensão”. Os espaços são um factor crítico para organizar um evento inclusivo. “Muitas vezes tele‑ fonam-me do governo a perguntar onde devem fazer uma reunião”, confessa Paula Teles, que lembra o facto do ministro das finanças alemão se deslocar em cadeira de rodas. “Como é que se pode organizar uma deslocação de polí‑ ticos deste nível, da Europa, para virem a Portugal, sem o senhor ficar sozinho? Imagine-se o que é fazer uma coisa dessas!”. Apesar de considerar que há “um desleixo muito grande nos eventos”, quando se chama a atenção ao gestor do evento de que há uma pessoa com limita‑ ções, “nota-se um esforço muito grande para resolver o problema”.

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CENTRO DE CONGRESSOS DO ESTORIL PREPARADO Em relação aos equipamentos, muito embora o período não seja de grandes investimentos, o importante é que a acessibilidade seja contemplada de origem. Como aconteceu no caso do Centro de Congressos do Estoril (CCE). “Aquando da construção do CCE, em 2001, as preocupações com as acessi‑ bilidades sempre estiveram presentes no projecto de arquitectura tendo sido logo determinadas no projecto inicial e estando desde logo garantidos os percursos adequáveis a pessoas de mobilidade condicionada, interligando o exterior ao interior, as diversas zonas e os diferentes pisos do edifício”, explica Teresa Farias, do departamento de Corporate Business & Sustainability do CCE. Além disso, já após a construção, e de modo a cumprir o disposto no DL nº163/2006, de 8 de Agosto, “foi desen‑ volvido um Plano de Acessibilidades abarcando as seguintes áreas: acesso ao centro de congressos, acesso aos escritórios, estacionamento, acessos verticais (ascensores), instalações sanitárias, largura das portas”. Estando o equipamento preparado para receber participantes com mobilidade reduzida, será que para os clientes a questão da acessibilidade é uma preocupação? “Por parte de alguns clientes começa a ser notória a preocupação, sobretudo em eventos de maior porte e internacionais. A nível nacional, geralmente os clientes só colocam a questão quando algum dos participantes tem mobilidade condicionada”, refere Teresa Farias. Em termos de fornecedores ainda há um “longo caminho a percorrer”, diz. No entanto realça os fornecedores de catering como exemplo positivo. “Respondem sempre com prontidão, flexibilidade e excelência a pedidos de refeições ‘especiais’”.

CENTRO DE CONGRESSOS DO ESTORIL

A PENSAR NOS CEGOS Peter Colwell, Coordenador do NEIA (Núcleo de Estudos e Investigação para as Acessibilidades) da ACAPO, Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, não tem dúvidas, a acessibili‑ dade dos eventos é um tema que ainda não recebe muita atenção. No que diz respeito à deficiência visual a acessibi‑ lidade pode ser dividida em três cate‑ gorias: acesso à informação, acesso ao local, orientação no local. Percorremos com Peter Colwell estas três vertentes. Em relação ao acesso à informação, a boa prática manda que seja disponibi‑ lizada antes, durante e após o evento, de forma acessível. O website deve cumprir as directrizes da e-acessibili‑ dades. “Para além disso, é importante quando a divulgação é feita através de e-mails, que o texto permita a leitura através de um leitor de ecrã. Isto porque é comum enviar uma imagem com um cartaz, ficando inacessível para pessoas que pretendem ouvir a informação no seu computador ou

transformá-la em Braille”, lembra o responsável da ACAPO. No que diz respeito à ficha de inscrição do evento, esta deveria conter uma opção para solicitar informação em formatos alternativos como por exemplo o Braille, letra ampliada, formato digital ou áudio. Também as imagens projec‑ tadas “deveriam ser descritas oral‑ mente e em texto”, sublinha Colwell. Em relação à legibilidade dos textos, nas várias plataformas, “é essen‑ cial criar um forte contraste entre as letras e o fundo, e este último deve ser monocromático, livre de imagens e sem brilho. Deve usar-se um tipo de letra simples, sans serif, de tamanho 14 no caso de materiais impressos, e com a opção de alterar o tamanho no caso dos websites”. “Todos os parti‑ cipantes devem ter a oportunidade de avaliar o evento”, refere Peter Colwell, “e naturalmente as respectivas fichas têm de ser disponibilizadas em formatos acessíveis”.


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PETER COLWELL © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

A segunda vertente é a do acesso ao local. Há pelo menos dois aspectos a considerar. No site do evento devem estar especificadas as indicações de como chegar ao local e que transportes públicos servem a zona. “Um mapa só não chega porque, mais uma vez, é uma imagem que não pode ser lida por muitas pessoas com deficiência visual”. Peter Colwell aconselha a por exemplo incluir dicas de como iden‑ tificar a entrada e colocar um número de contacto, no caso de dificuldades. Outro aspecto prende-se com o local propriamente dito, “os organizadores devem garantir que a via pública na zona circundante é acessível”. Isto pode implicar “falar com as autoridades para assegurar a ausência de estacionamento ilegal no dia do evento e a sinalização adequada de andaimes e obras”.

Uma vez dentro do espaço, é preciso ter em conta a orientação. “O trajecto entre a porta de entrada e a recepção do evento deve ser intuitivo e em linha recta. Quando não for possível os organizadores devem colocar uma passadeira entre a porta de entrada e a recepção, constituindo uma indicação para caminho a seguir, não apenas para as pessoas com deficiência visual, mas para todos os participantes”.

Se tal não for possível, “deverá ser disponibilizado pessoal junto à porta, de modo a poderem acompanhar as pessoas com deficiência visual até à recepção, utilizando as técnicas de guia adequada‑ mente.” Também a sinalética é funda‑ mental. Idealmente deveria ter “letras em alto-relevo e Braille ou fornecer infor‑ mação em áudio”. Uma questão impor‑ tante é a de facilitar a distinção entre as casas-de-banho. Para além das casas‑ -de-banho, o público deve estar a par da localização das saídas de emergência ou do local do coffee-break, informa o responsável da ACAPO.

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MIGUEL NEIVA © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

O ELEMENTO COR A cor tem uma importância grande nos eventos, do ponto de vista da comuni‑ cação. Mas há 350 milhões de pessoas, na sua esmagadora maioria homens, que não a conseguem identificar correctamente. O número é lançado por Miguel Neiva, mentor do projecto ColorADD, um código de identificação de cores dirigido aos daltónicos. “A cor é universal, menos para aqueles que não a conseguem identificar, e esse universo não é assim tão pequeno”, diz.

Além disso, “é uma limitação não visível aos olhos dos outros. E estamos a falar de homens, que nunca pedem indica‑ ções...” (risos). O facto da maior parte da comunicação ser feita através da cor, exclui o daltónico. Se o estacionamento de um evento estiver organizado por cores, ou os locais disponíveis para sentar, ou os crachás... levanta-se um problema para quem tem esta limitação. Se um organizador de eventos quiser usar o código e tornar o evento mais

acessível pode comprar uma licença à ColorADD. Estas são ajustadas em função da dimensão da entidade que a quer usar e a utilização é ilimitada. “A validação do código é feita por nós e damos todo um apoio de consultoria, que pode ou não ter custos”, explica Miguel Neiva. Nos Jogos da CPLP a ColorADD interveio tornando o evento acessível a daltónicos. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)

COLORADD: UMA DAS 40 IDEIAS QUE VÃO MELHORAR O MUNDO O projecto demorou oito anos a desenvolver. “Não existia nada no mundo, não havia referência, teve de ser construído do zero”, conta o designer gráfico. Miguel Neiva começou por investigar, junto de alguns médicos, o que era o daltonismo. “Havia a ideia de que o daltónico troca as cores, mas ele confunde é as cores e por isso tem que ser orientado”. Depois disso, Neiva foi procurar a opinião dos daltónicos, “perceber o que eles queriam, quais as necessidades”. Seguiu-se uma pesquisa e estudo dos elementos da comunicação universal: sinais de trânsito, código internacional de bandeiras, sinais de terra-ar. “A cor e a forma são dois elementos essenciais, pelo que a forma podia muito bem tomar a função da cor”, explica. Com apenas três elementos gráficos o daltónico consegue identificar todas as cores. O projecto passou depois pelo reconhecimento e acreditação da comunidade científica. Neste momento as três áreas prioritárias de intervenção passam pela educação, transportes e saúde.


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CASE‑STUDY 40

© CLÁUDIA VARGAS . ACAPO

CONGRESSO DE DESIGN INCLUSIVO

A ACESSIBILIDADE ESTÁ NOS PORMENORES A ACAPO organizou no final de Junho o Congresso de Design Inclusivo. O objectivo passou por identificar e partilhar boas práticas nesta matéria. Estiveram presentes cerca de 100 pessoas, entre arquitectos, designers, gestores do espaço público e alunos. O próprio congresso procurou ser o mais inclusivo possível. Peter Colwell, da ACAPO, partilhou com a Event Point todas as acções desenvolvidas para o tornar acessível.


CASE‑STUDY

. CONGRESSO DE DESIGN INCLUSIVO, A ACESSIBILIDADE ESTÁ NOS PORMENORES 41

Em relação aos cães-guia foi deixado ao critério dos participantes o local onde os deixar. No estrangeiro é relativamente comum colocar um tapete na secretaria para os cães se deitarem. Cá, os participantes preferiram levar os cães para o auditório.

© CLÁUDIA VARGAS . ACAPO

“Não fizemos o suficiente, mas fizemos mais do que o normal”, avisa Peter Colwell. A grande dificuldade em termos organizativos prendeu-se com o espaço do evento. “Foi muito difícil encontrar um espaço acessível em Lisboa”, explica, “ou não têm todas as condições reunidas, ou não têm transportes acessíveis, ou são muito caros”. O espaço encontrado, o BES Arte e Finança, reuniu algumas condi‑ ções importantes: “as casas-de-banho têm qualidade, e não são usadas como armazém, o anfiteatro é plano, as cadeiras saem, de modo que é possível às pessoas em cadeiras de roda sentarem-se onde quiserem, não as obrigando a ficar ou atrás ou à frente”, refere Colwell. A grande dificuldade

prendeu-se com as colunas que a sala tem e que “complicam a orientação de quem tem deficiência visual”, refere o responsável. Neste caso não foi possível criar um pavimentado para se seguir, como acontece noutros eventos, pelo que a ACAPO compensou essa situação disponibilizando pessoas para guiarem os deficientes visuais. O evento contou com alguns voluntários, bem como pessoas da própria instituição, para ajudarem no que fosse preciso. A organização procurou arranjar mais cadeiras, além das que o espaço tinha, e diferentes. “Se alguém não gostasse de uma cadeira, podia trocar para outra”. Porque “o segredo da inclusão é oferecer alternativas”.

Por outro lado, em termos de acesso ao espaço, o facto de se localizar em plena Praça Marquês de Pombal, facilitava em termos da diversidade de trans‑ portes. A própria estação de metro tem um elevador. No que diz respeito às apresentações, a ACAPO sugeriu aos oradores aumentarem a legibilidade dos slides. Além disso pediu o envio da apresentação com antecedência para se trabalhar a descrição das imagens. Naturalmente para os deficientes auditivos havia uma intérprete de língua gestual. Peter Colwell comenta que um dos aspectos a melhorar em próximos eventos é o de solicitar ante‑ cipadamente aos oradores que falem mais devagar, devido justamente à linguagem gestual.

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Por outro lado, e também antecipada‑ mente, deveria ter sido fornecida uma lista de expressões a não utilizar, de modo a não ferir susceptibilidades.

A colocação de um estrado para os oradores foi posta de parte. Quatro monitores compensaram qualquer falta de visibilidade, nomeadamente dos oradores em cadeira de rodas. Além das conferências propriamente ditas, havia um espaço expositivo, que contou com algumas empresas que trabalham o tema da acessibilidade.

© CLÁUDIA VARGAS . ACAPO

© CLÁUDIA VARGAS . ACAPO

Em termos da informação, importante é fornecê-la em diferentes formatos. Foram disponibilizados alguns exemplares impressos em braille e letra ampliada, e o resto enviado por email.

Quanto ao almoço, este foi volante. “Havia muitas opções para as pessoas se sentarem, cadeiras altas, baixas, sofás”, conta Peter Coldwell. O catering foi fornecido pela Go Natural, e os participantes apreciaram o facto de ser comida saudável, comenta o respon‑ sável. Mais uma vez foram fornecidas alternativas em termos de menu. Só um dos participantes tinha alergias alimentares, pelo que tinha possibili‑ dades de escolha. A oferta final aos oradores foi alvo de discussão. O ideal seria não oferecer flores, por causa das alergias, mas “infringimos a regra e, como está‑ vamos no período dos santos popu‑ lares, decidimos oferecer um manjerico com uma quadra”.

A organização do evento foi tratada internamento, tendo a ACAPO contado com a colaboração do IADE (Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing ) na elaboração de um cartaz inclusivo.


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FILIPE CANTO MONIZ DIRECTOR DA CANTO MONIZ RP/EVENTOS


OPINIÃO 45

COMO ESTÁ AFINAL O MERCADO DOS EVENTOS? BOM? MAIS OU MENOS? OU MAU?

Muito se fala sobre este tema “o mercado dos eventos”. Como está ele afinal? As respostas variam entre bom, mais ou menos e mau. Vão poder ver neste pequeno enquadramento que as três respostas estão certas... O BOM... O mercado desenvolveu-se, profissiona‑ lizou-se e adquiriu uma drive de criati‑ vidade superior. Algumas agências atin‑ giram a excelência no que diz respeito à criação e organização de vários tipos de eventos. É um sector repleto de exce‑ lentes profissionais e onde o empreen‑ dedorismo está muito presente. Já temos em Portugal grandes eventos, tanto a nível nacional como internacional.

O MAIS OU MENOS... Os mercados em geral atravessam crises profundas e vivem grandes dificuldades, aguardando ansiosamente por uma luz ao fundo do túnel. Esta crise habituou‑ -nos a ouvir questões do género: . As empresas reduziram os orçamentos? . As empresas reduziram na quantidade de eventos? . As empresas querem mais por menos? Todas estas questões são pertinentes e todas têm a mesma resposta “Sim”. E porquê? Porque as empresas já não conseguem

viver sem os eventos, sejam eles encontros com as forças de vendas, apresentações de produto, acções de activação de marca e team buildings. Reconhecidamente os eventos vivem profundamente nos planeamentos estra‑ tégicos de comunicação e marketing. Em termos qualitativos, o sector dos eventos está nas mãos dos clientes que têm vindo a ter decisões mais quan‑ titativas. Voltando às questões acima referidas, é preciso saber: . Como cortar nos orçamentos . Quais os eventos que se devem reduzir . Que mais por menos não existe Cabe-nos a nós estar ao lado dos nossos clientes e apoiá-los neste tipo de decisões. Se todos trabalharmos em conjunto, em prol do mesmo objectivo, conseguiremos criar eventos de exce‑ lência, e que perdurem no tempo.

O MAU... Nem tudo é um mar de rosas. Da mesma forma que existem agên‑ cias excelentes a criar eventos de

excelência, existem agências medío‑ cres sem qualquer tipo de know how, sem responsabilidade orçamental e sem qualquer tipo de cuidado no que diz respeito a questões de segu‑ rança. Estas agências estão para os concursos como as ervas daninhas estão para os relvados. Estas agên‑ cias, por vezes, podem até descredi‑ bilizar o sector. É preciso, por isso, que as empresas estejam atentas porque nestes casos vai acontecer o oposto, vão pagar mais por menos... A conjuntura actual afecta as grandes agências, com know how, e favorece as pequenas, sem know how, que não oferecem nada de novo. Andam apenas a reboque do bom que as agências líderes oferecem.

NO GERAL... O mercado dos eventos está bom e recomenda-se. E para ter um bom evento basta convidar as agência certas para concurso, agências que ofereçam segurança e muita criatividade...

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EVENTOS 46

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

V O LV O O C E A N R A C E ÊXITOS E FRACASSOS DA ETAPA PORTUGUESA, NA MAIS FAMOSA REGATA À VOLTA DO MUNDO COM ESCALAS Entre 31 de Maio e 10 de Junho, a Volvo Ocean Race (VOR) instalou-se na doca de Pedrouços. Pela primeira vez, Portugal acolheu uma das etapas desta competição de elite, considerada a Volta ao Mundo à Vela. Lisboa foi de resto a única capital europeia a ser contemplada com a presença das seis equipas da edição de 2011-2012, e toda a estrutura, pessoas e equipamentos, que acompanha os velejadores de porto em porto. No dia da partida para a penúltima etapa da prova, Lisboa - Lorient (França), o promotor do evento, João Lagos, falou em exclusivo à Event Point, fazendo um primeiro balanço da etapa portuguesa da VOR.


EVENTOS

. VOLVO OCEAN RACE 47

© CLÁUDIA COUTINHO DE SOUSA . EVENT POINT

“Tratou-se de um estrondoso êxito, do ponto de vista desportivo, social e económico”. João Lagos referia-se ao agrado das tripulações, aos milhares de visitantes, e ao impacto que a passagem da prova teve na economia local e do país. “Mais uma vez, provou-se que os eventos desportivos contribuem para a promoção das modalidades, mas também que são capazes de provocar intervenções urbanísticas importantes, e melhorar as infraestruturas de um país, de uma região”. No caso da Volvo Ocean Race, foi preciso criar condi‑ ções para que a prova viesse a Portugal. Recuperou-se “uma doca abandonada [e a sua envolvente], com dois ou três barcos afundados lá no meio. Um inves‑ timento que fica para o futuro, e de que muitos outros podem beneficiar”. Mas se olharmos apenas para uma perspectiva financeira, e do ponto de vista da João Lagos Sports (JLS), a VOR apresenta-se com outra cara. “Na exploração directa, o evento foi deficitário para nós. Só não consigo

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

dizer que foi uma perca porque quero vê-lo como um investimento”, garante o responsável da JLS. Claro que o objectivo não era esse, transformarem‑ -se de promotores em investidores. “O panorama económico teve uma reviravolta a meio do caminho, mas enfim, era uma vergonha desistirmos quando tudo estava já comprometido há muito tempo para trazer até Lisboa a Volvo Ocean Race”. Este é um negócio “de risco”, admite sempre João Lagos, “felizmente tenho parceiros na área financeira que me ajudam, especial‑ mente nestes momentos mais difíceis”. O objectivo agora é transformar Lisboa num porto obrigatório na rota da VOR, a cada três anos. E atrair duas ou três equipas destas para que treinem em Portugal, beneficiando das “condições excepcionais de clima e de mar”. Se isso se conseguir, “podemos até aspirar a uma academia, vocacionada em especial para a vela oceânica. Mas para isso é preciso continuar a investir no desenvolvimento das infraestruturas”.

A 10 de Junho, Dia de Portugal, estiveram na doca de Pedrouços “o Presidente da República, que é um homem que defende o mar, a Ministra da Agricultura e do Mar, e o Secretário de Estado do Mar. Se houver uma maior sensibilidade política para o nosso projecto, então direi que estes anos de trabalho com a Volvo Ocean Race foram bem empregues”, afirma João Lagos. Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)

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BAR DE VINHOS NA ZONA VIP DA OPTIMUS

MY MOM ROCKS, DA N SEGUROS

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

OPTIMUS ALIVE

“FOMOS UMA ESPÉCIE DE SEDE DAS NAÇÕES UNIDAS” Durante os três dias do Optimus Alive 2012, 155 mil pessoas passaram pelo Passeio Marítimo de Algés, numa edição que bateu o recorde de visi‑ tantes estrangeiros. Num balanço final do evento, Álvaro Covões, da promotora Everything is New, revelou que o festival contou com a presença de pessoas de 54 nacionalidades, e recebeu 16 mil estrangeiros. “Fomos uma espécie de sede das Nações Unidas durante estes dias”, disse, em entre‑ vista à Event Point. Álvaro Covões referiu que, “pela primeira vez, um evento de música trouxe mais estrangeiros do que o futebol”. E se os espanhóis costu‑ mavam ser em maioria, logo após os portugueses, agora são os britânicos a segunda nacionalidade presente no festival, o que, segundo Álvaro Covões, tem a ver com o facto de as bandas presentes serem “bandas fortes” no mercado inglês. O responsável calcula que 13 mil dos estrangeiros ficaram, em média, três noites em hotéis, o que significa 39 mil noites de hotel. Além disso, o festival captou a atenção dos media estrangeiros.

Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, esteve na conferência de imprensa de encerramento e garantiu que o Passeio Marítimo de Algés continuará a receber o festival nos próximos anos, numa colaboração com a Administração do Porto de Lisboa. O autarca frisa a importância do evento no município de Oeiras e na Área Metropolitana de Lisboa. “Os hotéis e restaurantes estão cheios. É uma cidade de 50 mil habitantes por dia que está montada dentro do festival”. Crise foi coisa que não se viu no Alive. Os bilhetes custavam 53 euros para um dia e 105 euros para os três dias, e esgotaram para o último. Os outros dois dias, no total, ficaram a 10 mil pessoas dessa mesma lotação máxima. O orçamento para esta edição também não foi reduzido. O valor rondou os 5,2 milhões de euros, proporcional‑ mente o mais elevado de sempre, uma vez que o de 2011 foi de 6,4 milhões de euros, mas tinha quatro dias de duração, em vez dos três deste ano, revelou Álvaro Covões. As datas para a edição de 2013 já estão confirmadas. O próximo Optimus

Alive realiza-se nos dias 12, 13 e 14 de Julho. E o patrocínio da Optimus, segundo Hugo Figueiredo, director de Marketing da empresa de telecomuni‑ cações, “é para manter”.

Pela primeira vez, a organização convidou jornalistas estrangeiros para acompanharem o Optimus Alive, um grupo de 18 pessoas vindo de Inglaterra. Este foi um investimento “considerável”, revelou fonte da organização, com o objectivo claro de dar maior visibilidade à marca, e garantir que em próximas edições os britânicos continuam a vir ao Alive. A Event Point encontrou alguns desses jornalistas. Emma Gritt, da revista Notion, garantiu estar bem impressio‑ nada, destacando o preço dos bilhetes, bem mais baixo do que em Inglaterra, o bom tempo e a simpatia dos seguranças. Para além destes, houve ainda outros 80 jornalistas estrangeiros que acom‑ panharam o Optimus Alive deste ano, perfazendo um total de quase 100 repórteres de meios como o NME, The Guardian ou Channel 4.


E V E N T O S . OPTIMUS ALIVE 49

ESPAÇO EDP

JARDIM VERTICAL, DA EDP

© EDP

© EDP

A MARCA DAS MARCAS

O JARDIM VERTICAL DA EDP

JÁ NÃO É DIFÍCIL SER VIP

Conforto, estilo e tratamento VIP. Estas foram as apostas-chave das marcas presentes no Optimus Alive 2012. Cada vez menos se opta pelos brindes inúteis, até porque as preocupações ambientais são cada vez maiores, ou pelo menos a preocupação em mostrar uma atitude ambientalmente responsável. As marcas tentaram perceber as neces‑ sidades dos festivaleiros e adequar os brindes, optando por oferecer agasa‑ lhos, t-shirts personalizáveis e, claro, “o melhor lugar para ver o festival”.

Sim, é um jardim a sério, só que instalado na vertical. Nele vivem 500 plantas, regadas e alimentadas duas vezes ao dia, todos os dias. Este jardim estará em vários eventos patroci‑ nados pela EDP, e bem mais crescido, quando o Verão chegar ao fim. A EDP quer sensibilizar os festivaleiros para as questões da sustentabilidade, do ambiente, mas de um modo diver‑ tido: t-shirts da marca que podem ser personalizadas com carimbos e tachas, um carregador solar para telemóveis, uma máquina trituradora para reciclar copos de plástico e a compensação das emissões de carbono são apenas algumas das acções implementadas.

Acabaram-se os tempos em que era preciso ser figura pública para ter um lugar VIP num festival. Conseguir um lugar numa das varandas do topo dos stands muitas vezes está só à distância de uma (longa) fila, e de um pouco de sorte para vencer os passatempos reali‑ zados pelas diversas marcas. Como é habitual, a verdadeira sala VIP, aquela que está realmente só reser‑ vada a convidados, foi da responsa‑ bilidade da Optimus. Além de contar com uma discoteca, tinha várias zonas chill‑out, a varanda fronteira ao palco para assistir aos concertos, e diversos bares. Entre eles, uma inovação que a Optimus lançou no Primavera Sound 2012, no Porto, um bar de vinhos da região do Douro, com vinho a copo.

MY MOM ROCKS Quando se fala em conforto, não se pode pensar só no clima. A N Seguros criou um espaço inovador no seu stand, o My Mom Rocks: um lugar reservado a grávidas e acompanhantes. Uma bancada situada no topo do stand permitiu às futuras mães assistirem aos concertos sentadas, evitando o incómodo das muitas horas em pé, com direito a uma vista privilegiada e em segurança, ou seja, a salvo dos encon‑ trões tão comuns no meio da multidão.

Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt)

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EVENTOS 50

DECORE ESTA PALAVRA: ENVOLVIMENTO Os profissionais do sector das feiras da Península Ibérica e da América Latina reuniram-se no Porto para o Congresso da UNIFIB (União de Feiras Ibero-Americanas). Nas feiras, como na actual economia, as duas zonas do globo seguem em sentido contrário. Em Portugal e Espanha assiste-se a uma situação de tensão que afecta o sector, enquanto que na América Latina, sobretudo em países como o Brasil, México, Argentina e Colômbia, a indústria das feiras floresce. Em ambos os casos, o futuro passará, inevitavel‑ mente, pela capacidade de envolver expositores e visitantes. A América Latina revela-se uma oportunidade. Mas existem algumas questões-chave que devem ser tidas em conta, conforme explica o presidente da AFIDA (Associação Internacional de Feiras da América), Andrés López Valderrama. “Há oportunidades, mas é preciso saber lidar com o contexto”, diz Valderrama, referindo-se a problemas como a inflação, segurança, corrupção, baixo nível educativo e 180 milhões de pobres. Importante mesmo, segundo o responsável, é não copiar modelos, porque cada país é uma realidade diferente, identificar aliados locais, desenvolver relações com instituições públicas e pensar no longo prazo, Lá, como cá, a reflexão sobre o modelo actual das feiras é um assunto em cima da mesa. Arie Brienen, presidente da UFI, The Global Association of the Exhibition Industry, apontou alguns desafios: melhorar a articulação entre o online e os eventos presenciais, chegar à geração facebook, e lidar com as pressões decorrentes das viagens

de negócio, nomeadamente o controlo de custos e os constrangimentos ambientais. Uma coisa é certa, o papel das feiras mudou. “Não se trata só de vender espaços”, lembra Brienen, “mas de actuar como interpelador da comu‑ nidade, fornecedor de conhecimento, fórum de discussão e plataforma presencial das redes sociais”.

O DESAFIO DA WEB 3.0 A importância de recorrer a diversas plataformas informáticas que permitem, entre muitas outras coisas, manter actualizadas bases de dados de expositores e visitantes, podendo segmentá-las, e gerir os complexos programas de hosted buyers, juntou em debate Maria Martinez, respon‑ sável de Tecnologias de Informação do IFEMA, em Madrid, Juan Puchalt, consultor da Feira de Barcelona, e Jorge Oliveira, director de feiras da FIL. Mark Eddy, director comercial na Europa da International Global Experience Specialists (GES), e Didier Scaillet, vice-presidente da Meetings Professional International (MPI), concentraram-se nas profundas mudanças que eventos como as feiras estão a experimentar. No arranjo dos espaços, que contemplam por exemplo áreas mais pequenas, espalhadas pelo recinto de exposição, onde muitas coisas acontecem em simultâneo, de

apresentações a seminários, dando a chance a cada visitante de construir a sua própria experiência. Mas também no passo que se exige agora a esta indústria, transitar do plano da comu‑ nicação para um outro, de envolvi‑ mento, de comprometimento (enga‑ gement). Scaillet apresentou ainda aquele que, no entender deste espe‑ cialista, é o factor que determinará as próximas grandes mudanças no sector: a mobilidade. A web 3.0 é isso mesmo, possibilidade de aceder a informação e a aplicações, através de smartphones cada vez mais sofisticados, sempre ligados a net de banda larga.

ENVOLVER DURANTE 365 DIAS No final dos trabalhos, Jorge Miguel Corais, presidente da Associação Portuguesa de Feiras e Congressos falou em exclusivo à Event Point. Para ele, as principais conclusões deste Congresso da UNIFIB passam pela clara necessidade de estabelecer um triângulo entre a Península Ibérica e a América Latina, com um outro vértice em África, respeitando as particula‑ ridades de cada uma destas regiões, mas beneficiando de uma efectiva colaboração entre elas. Depois, conferir a algumas feiras de cada país um cunho eminentemente inter‑ nacional. Isto passa, entre outros, pelo reforço dos programas de hosted buyers ou pela transferência de produtos para outros mercados, através de parcerias. Finalmente, a componente de inovação que é necessário atrair para as feiras, com ferramentas essenciais para envolver expositores e visitantes ao longo de 365 dias por ano, e já não apenas nos cinco ou seis que dura cada evento. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)


EVENTOS 51

PRÉMIOS APECATE ANUNCIADOS PARA 2013 O anúncio foi feito por Ana Barbosa, presidente da APECATE, durante este jantar-debate. A iniciativa de premiar as empresas e os trabalhos deste sector insere-se no plano de actividades da Associação, e deverá ter a sua primeira edição no último trimestre de 2013, coincidindo com o Congresso da APECATE. Ambas as acções devem assumir, a partir daí, um carácter anual. JANTAR-DEBATE APECATE

“PORTUGAL VIVEU UMA LONGA BEBEDEIRA” A afirmação foi proferida por João César das Neves, convidado do segundo jantar‑debate da APECATE (Associação Portuguesa das Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos), que decorreu a 26 de Junho passado, no Porto Palácio Hotel. Na plateia, ou nas mesas, para sermos mais precisos, estavam meia centena de profissionais, ligados a empresas de eventos, de congressos e de animação turística. O economista e professor catedrático da Universidade Católica descrevia a história longa da nossa actual crise, que teve início com a adesão de Portugal ao Euro, em Janeiro de 2002, dando origem ao que César das Neves chamou “uma longa bebedeira”, marcada pelo acesso extremamente facilitado, dema‑ siado até, ao crédito. E contou depois a história curta dessa mesma crise, determinada pela queda do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers, em Setembro de 2008. Durante quase hora e meia de prelecção e debate, discutiram-se temas como o papel do Estado na economia do país,

as características do tecido empresarial português – boa parte das empresas de eventos são micro ou pequenas empresas –, as consequências da polí‑ tica de ensino, ou o poder centrípeto da capital, capaz de atrair a maioria dos órgãos de poder e de decisão. Adoptando uma linguagem directa e acessível, fugindo ao vulgar “economês”, João César das Neves garantiu que Portugal é uma economia extremamente flexível, que vai saber adaptar-se aos desafios que se lhe colocam. E recordou que nos últimos cinquenta anos só nove economias no planeta cresceram mais do que a nossa.

O catedrático defendeu ainda que o papel dos ministros não é o de deter‑ minarem os caminhos que as empresas hão-de seguir. Devem ser estas, e as associações que as representam, como é o caso da APECATE, a apontar aos políticos os caminhos que consideram adequados. Mesmo porque, alega João César das Neves, “se os ministros soubessem gerir empresas não esta‑ riam no governo”.

Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)

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JULIAN TREASURE PRESIDENTE DA THE SOUND AGENCY


OPINIÃO 53

MELHOR SOM, REUNIÕES MAIS P R O D U T I VA S

São poucas as salas de reunião ajustadas à sua função, quando as ouvimos convenientemente. Os principais requisitos, em termos de som, para qualquer espaço de reunião contemplam uma elevada relação entre sinal e ruído (S/R) (em particular bom isolamento das pessoas e de outras fontes de ruído próximas), confidencialidade (mais uma vez, isolamento) e uma boa acústica, de modo a que múltiplas vozes não causem o caos sonoro. Demasiadas vezes um, ou mais, destes requisitos não está presente, produzindo um ambiente com efeitos adversos no resultado das reuniões, uma vez que exige uma tensão, um esforço para ouvir, muito por culpa do barulho de fundo intrusivo, e mexe com o sistema nervoso das pessoas, dada a reverberação desagradável. De um lado, temos os open-space ou os espaços divididos por cortinas. Estive presente em reuniões de empresas de uma dimensão considerável, realizadas em open ou semi-open spaces, localizados perto das frenéticas equipas comerciais e de vendas, e é difícil imaginar uma reunião produtiva nestas circunstâncias, sem exigir um imenso esforço. Tentar negociar ou comunicar infor‑ mação complexa, enquanto se vai ouvindo alguém ao telefone, com

o cliente preferido, a falar sobre o incrível fim-de-semana que teve, é muito desgastante. Aquilo que as orga‑ nizações poupam em design de inte‑ riores ao criar estes espaços, perdem muitas vezes mais em reuniões pouco produtivas, resultados pobres, cola‑ boradores stressados, más decisões, boatos, conflitos e perda de clientes. No meio, temos as salas de reunião divididas de forma económica, geralmente através de painéis de

poliestireno, o vulgar esferovite, suspensos do tecto. Infelizmente, neste cenário o som é muito bom a contornar os obstáculos. Não existe isso de ser “90% à prova de som”. Os profissio‑ nais de estúdios de gravação podem confirmar que um simples buraco de fechadura invalida qualquer material à prova de som do mundo. O som arranja sempre maneira de sair. Em espaços divididos como este, o som sai pelo topo da divisória, que sendo assim

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OPINIÃO

. MELHOR SOM, REUNIÕES MAIS PRODUTIVAS, POR JULIAN TREASURE

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mais valia não estar lá, dada a escassa privacidade que oferece. As divisó‑ rias são normalmente feitas de placas baratas, sem propriedades de absorção acústica, ou então de vidros simples, que reflectem algumas frequências, permitindo a outras circularem, absorvendo quase nenhum som. Como resultado, reunir nestes espaços é um pouco mais fácil do que em espaços abertos, mas basta um orador que fale mais alto, ou um debate aceso numa sala ao lado, para produzir o mesmo efeito que no caso que anterior. Se as reuniões são importantes para a sua empresa, providencie condi‑ ções para que decorreram de forma apropriada. Crie espaços de reunião com bom isolamento, o que significa paredes até ao tecto, de modo a serem eficazes em termos acústicos. Contrate um especialista em acústica para fornecer as especificações ao arquitecto ou designer de interiores, porque cada espaço é diferente. Como regra de ouro, recomendaria que qualquer espaço de reunião não seja mais ruidoso do que o standard NC* 25, tendo no NC 35 o máximo absoluto. As características de isolamento do som das paredes da sala, do chão e do tecto para alcançar este standard dependem da quantidade de ruído que existe à volta. Como guia (e eu sublinho que isto deve ser revisto caso a caso), uma sala de reuniões localizada num espaço muito barulhento provavelmente vai exigir que as margens das superfícies tenham um nível de performance de Sound Transmission Class à volta dos 50 – ou seja, atenuam cada som que passe por elas em 50dB**. Isto significa que, mesmo num escritório barulhento com, digamos, 75dB, a sala de reuniões pode ter uns confortáveis 25dB de nível de ruído.

*

Colocar o espaço à prova de som é só metade da batalha. Também temos que considerar a qualidade do som, que tem que ver, segundo os especialistas em acústica, com a inteligibilidade do discurso. Além do ruído, o maior inimigo da inteligibilidade é a reverbe‑ ração. Dentro de uma sala de reunião, o objectivo deve ser uma acústica quente e seca; sugiro apontar para um RT*** à volta dos 0.3 a 0.5 segundos, e sempre abaixo de 1 segundo. Para atingir isto, precisa de evitar a obsessão comum do design pela madeira, pedra e vidro, materiais que reflectem a grande maioria do som, criando confusão e reverberações irritantes que aumentam os níveis de stress de todas as reuniões. Comece por arranjar uma alcatifa. Todas as salas de reunião deveriam ser alcatifadas, independentemente do aspecto do resto das instalações. Depois, considere o tecto. Os especia‑ listas em acústica mal entram em qual‑ quer espaço olham imediatamente para cima, porque a absorção dos sons inde‑ sejados tem que ver com a cobertura: quanto mais elementos de absorção de som instalados, melhor é o resultado, e na maioria dos casos significa usar o tecto. Instale placas de cortiça, ou de outro material isolante, ou então, se isso for impossível, peça a um espe‑ cialista para construir uns painéis acústicos e que os suspenda do tecto. Se ainda assim existir reverberação, pendure mais painéis nas paredes. Eles podem assemelhar-se a telas de uma qualquer cor, e até podem ter fotos impressas ou outro trabalho artístico, de modo que podem tornar-se bastante atraentes, enquanto cumprem a sua função de absorver o barulho. No limite, pode mesmo intervir por baixo do tampo da mesa de reuniões. Finalmente, se instalar um sistema

NC é a abreviatura para Noise Criteria

**

dB é o símbolo para decibel, uma unidade de medida usada pela acústica

***

RT é a sigla para Reverberation Time

de conferências à distância, lembre‑ -se de que o A no AV é o elemento mais importante. Só é possível ter uma conferência produtiva com uma boa qualidade de áudio - o mesmo já não se aplica ao vídeo. É tentador ficar seduzido por um ecrã gigante HD, mas o mais importante é a boa acústica nas duas extremidades, uns microfones específicos e bem posicionados e um sinal digital apro‑ priado que evite o eco, a distorção e outros problemas. Um simples tele‑ fone com alta-voz, no centro de uma enorme mesa de reuniões, numa sala agradável mas reverberante, é ainda demasiado comum.

Fale com um especialista em som e invista no melhor: vale cada cêntimo. O investimento sensato para criar salas de reunião eficazes, em termos acústicos, vai ter um retorno muito superior nos anos seguintes, graças a centenas de reuniões muito mais produtivas.


ES PA Ç O S 55

FICHA TÉCNICA O aluguer do espaço inclui: SALA NORTE . Sistema de som para música ambiente e discurso: Som FOH: 4 colunas Work Clube 8 100w cada + 2 sub Work ARC10 . Palco 3x2m . Ecrã LED: 1 Painel roadside 2196mm x 1342mm NT7.62R . Ar condicionado . Iluminação branca de sala . Chão, estrado forrado a vinil em textura parquet . WC´s Homem, Mulher e Deficientes SALA SUL . Sistema de Som para música ambiente e discurso: Som FOH: 8 colunas Work Clube 8 100w cada + 4 sub Work ARC10 . Palco 4x3m . Ar Condicionado . Iluminação branca de sala . Chão, estrado forrado a vinil em textura parquet TERRAÇO: . Bengaleiro e recepção . Ecrã LED: 1 Painel Roadside Dupla Face com 2196mm x 1342mm cada, NT7.62R . Iluminação de chão . Chão, estrado forrado a vinil em textura parquet

PARQUE DAS NAÇÕES COM NOVO ESPAÇO PARA EVENTOS Chama-se Area VIP Event Space e é um novo espaço para eventos em Lisboa. Aberto desde o início de Julho, o espaço está localizado em plena Marina do Parque das Nações, e detém uma área total de 1100m2 e capacidade máxima para 1500 pessoas. O projecto da Atomic, em parceria com a Casa do Marquês, é composto por três áreas distintas: Sala Norte com 225m2, Sala Sul com 487,5 m2 e um Terraço com 300m2. A servir estas áreas está um parque de estaciona‑ mento com 180 lugares.

“Este espaço vem dar um novo um novo fôlego à industria dos eventos e acredi‑ tamos que seja uma solução premium para o turismo de negócios de Lisboa” afirma Paulo Alexandre Lopes, director geral da Atomic.

ÁREA (M2)

MESA EM U

PLATEIA

ESCOLA

COCKTAIL

225

200

150

105

400

SALA SUL

487,5

400

300

220

600

TERRAÇO

250

100

-

-

500

SALA NORTE

CADA SALA TEM TAMBÉM: . 1 Mesa Yamaha MG 16 . 1 Rack . 2 Amplificadores . 1 Crossover . 1 Equalizador . 1 Leitor de CD . 1 Microfone Shure SM58 (de cabo + tripé de girafa) . 1 Microfone Audio-Technica emissor AT 3000 . 1 Microfone de púlpito Audio-Technica . Energia da rede, trifásica. LIMPEZA: . Durante o evento manutenção de WC´s com duração máxima de 5 horas.

O aluguer do espaço não inclui: . Licença de Ruído. . Segurança para o evento . Gerador

CONTACTOS Marina Parque das Nações Passeio dos Navegadores 1990 Lisboa- Portugal Telefone: 912 265 121 info@areavip.pt

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SÉRGIO VIEIRA ADMINISTRADOR DA THE BEE WAS BEEN


OPINIÃO 57

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS OU INTERNACIONALIZAÇÃO DE CONCEITOS Está mais do que provado que somos um país dotado de experiência e know‑how para produção de eventos. Fazemos muito bem, temos boas empresas, bons profissionais e bons meios. Os grandes eventos internacionais que ocorreram no nosso país foram bem sucedidos e muito elogiados. Já fizemos a Expo98, o Euro 2004, a declaração das Novas 7 Maravilhas do Mundo, a Volvo Ocean Race, oRed Bull Air Race. Recebemos ainda em Portugal conceitos internacionais como o Primavera Sounds, o Rock in Rio, o Lisboa Dakar. Importamos formatos internacionais e produzimos de forma exemplar. Numa altura em que a economia portu‑ guesa padece de uma grande enfer‑ midade, com redução significativa do poder de compra e desaceleração nos patrocínios por parte das grandes marcas, não faria sentido privilegiar a exportação de eventos portugueses?

As empresas portuguesas de eventos não são capazes de exportar conceitos, salvo raras e honrosas excepções. Parece-me que, no que toca a eventos, estamos como o Vale do Ave estava nos anos oitenta para o têxtil. Produzia, vendia, mas não tinha marca. Vendia a feitio. Recebia desenhos, fabricava e exportava. A receita do Vale do Ave mostra-nos que a aposta não foi bem sucedida. Não assentava numa estratégia de longo prazo, num posicionamento adequado e carecia de valor acrescentado. Apenas produziam bem, mais barato e com prazos de entrega muito aceitáveis.

Os eventos já representam em Portugal um significativo volume de negócios, que emprega milhares de pessoas e que gera receitas em sectores paralelos muito interessantes. Ainda assim não conseguimos exportar!

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OPINIÃO

. INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS OU INTERNACIONALIZAÇÃO DE CONCEITOS, POR SÉRGIO VIEIRA

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FALTA-NOS MARCA Seria extremamente interessante internacionalizar conceitos de eventos nacionais. Criar um produto passível de ser realizado em qualquer parte do mundo e apetecível para parceiros e instituições internacionais. Uma marca que gerasse mais-valias para o país, que fosse capaz de se implementar no estrangeiro. Nós que tão bem acei‑ támos os conceitos como o Rock in Rio ou Red Bull Air Race, não temos a capacidade de passar fronteiras com os nossos. Não temos tido a capacidade de gerar eventos implementáveis noutras regiões. Seria, certamente, mais uma prova de que sabemos fazer e bem. Seria uma forma de mostrar a nossa bandeira e de gerar riqueza para o país. Poderíamos alavancar o mercado e aumentar a notoriedade das nossas empresas.

QUAL A ESTRATÉGIA E A FÓRMULA PARA INTERNACIONALIZAR EVENTOS? Penso que estaremos exactamente no mesmo patamar de qualquer outro produto. Qualidade, posicionamento, target, etc. Teríamos que criar um conceito capaz de apaixonar os nossos clientes. Que os faça ter vontade de o comprar, de estar e de ver os nossas produções. A grande questão prende-se com as apostas e solicitações que nos são pedidas. Hoje em dia, pedem‑ -se formatos vencedores logo nas primeiras edições, especialmente no sector autárquico. As Câmaras Municipais, também elas endividadas e com orçamentos reduzidos, pretendem eventos marcantes, com dimensão e com altos índices de notoriedade. Pretendem, as que ainda têm crédito, eventos que as catapultem para as páginas dos jornais e revistas, sem, contudo, terem uma estratégia onde assente o conceito.

As exigências de sucesso prematuro e a baixo custo não são compatíveis com eventos de sucesso a longo prazo.

As estruturas de poder, públicas ou privadas, deveriam perceber que a pere‑ nidade e a perseverança fazem, irreme‑ diavelmente, parte do sucesso. Temos todos que apostar em formatos inova‑ dores, diferenciadores e dar-lhes tempo de maturação e afirmação, para que ganhem a dimensão e notoriedade sufi‑ ciente para se tornarem uma referência. Infelizmente, grande parte dos clientes, especialmente públicos, não conseguem ter esta visão. Assim, preferem eventos sem qualquer refe‑ rência territorial mas que, testados noutras localidades, lhes garantem, erradamente, um sucesso imediato. E, agora que estamos no Verão, lá começam as feiras de artesanato, as feiras medievais e os festivais gastro‑ nómicos por este país fora. Umas iguais às outras. Todas iguais a todas. Sem inovação. Sem criatividade. Sem relevância. Apenas mais um evento onde se gastam os poucos euros que restam nos cofres.

Está na altura de fazermos apostas de longo prazo, perenes, sustentadas. Temos que ter formatos com capacidade de internacionalização, temos que procurar novos caminhos e não estarmos sedentos de sucesso. Esse vem com o tempo.


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FORMAÇÃO 60

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NO TURISMO DE NEGÓCIOS

RITA MOORE

O clima de segurança e estabilidade, instalado após o final da II Guerra Mundial, contribuiu para que a activi‑ dade económica se desenvolvesse mais eficazmente e com maior velocidade. A dinâmica empresarial alterou-se, seguindo no sentido da exploração de mercados para além do nacional, ou seja, da internacionalização. Este processo resultou num aumento das viagens de negócio e do número de reuniões inter‑ nacionais. Também a troca de conheci‑ mentos, em termos de ciência, medi‑ cina, tecnologia seguiu o caminho da globalização. A comunicação é, portanto, essencial, e o modo como se comunica pode influenciar positiva ou negativa‑ mente o resultado de uma reunião, de um congresso, de um evento. Nos eventos, congressos, feiras, pessoas de diferentes culturas inte‑ ragem a todo o instante. E por isso este é um sector em que poderão

O turismo internacional motivado pelos negócios tem vindo a assumir um papel cada vez mais importante na economia das cidades e dos países. Por isso, a comunicação entre as diferentes culturas ganha uma importância extrema, sobretudo pelo facto da multiculturalidade poder criar barreiras à comunicação entre todos. existir conflitos multiculturais e de comunicação. Especialmente no que toca a estes eventos a comunicação deve ser pensada mais eficazmente de modo a garantir e a assegurar o normal funcionamento do evento. Segundo Samuel Huntington, “no mundo pós-guerra fria as diferenças mais importantes entre os povos não são ideológicas, políticas ou econó‑ micas. São culturais.” No momento do contacto entre pessoas de países diferentes, estas poderão modelar ou adaptar a sua maneira de agir perante o outro, considerando que o outro pode gostar ou interessar-se mais, ou menos, por isso. O problema acon‑ tece quando algum dos membros, ou mesmo os dois, desconhece total‑ mente a cultura do outro e age apenas e somente com base na sua, e chocam claramente pelas enormes diferenças que estas possam ter.

A verdade é que o primeiro contacto com o outro é sem dúvida um dos pontos mais fulcrais num processo de internacionalização. Essa aproximação tem de ser pensada e modelada de modo a que a primeira impressão dê uma imagem positiva e adequada. É neste contexto que faz todo o sentido citar Isabel Amaral, especialista em protocolo, quando diz que “um bom negociador é aquele que é sensível ao quadro de referência dos seus interlocutores”. Por exemplo, os povos latinos são conhecidos por serem pessoas mais afectivas, que tendem para uma proximidade física


FORMAÇÃO

. A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NO TURISMO DE NEGÓCIOS 61

muito maior do que os japoneses ou os naturais dos países anglo-saxónicos. Mas claro que estes traços não podem ser alargados a toda a gente ou tidos como representativos de todas as pessoas. Neste caso, deve haver sempre uma ponderação e moderação face a estas características. Os intervenientes devem, para que a comunicação seja frutífera, deixar os costumes mais marcantes “em casa” e não transmiti‑ -los de forma clara se o outro não os pratica. Por exemplo, mulheres ocidentais que viajam a um congresso num país muçulmano deverão tentar compreender o modo como as pessoas desses países comunicam entre si, em termos verbais e não verbais, e modelar o seu comportamento, sob pena de criar situações desagradáveis.

Comunicação não se resume à linguagem verbal. Tal como escreve Isabel Amaral, “quando não conseguimos dominar a linguagem verbal, somos tentados a usar a linguagem corporal. Mas como não há uma linguagem universal de gestos, é preciso ter cuidado: duas pessoas de culturas diferentes podem atribuir significados diferentes ao mesmo gesto ou atitude”.

Seguidamente há que ter cuidado com os estereótipos. A maior parte dos povos tem ideias preconcebidas sobre outros povos e estas concepções têm vindo a passar de geração em geração, criando muitas vezes ilusões, que vão necessa‑ riamente condicionar a comunicação. Quem participa em eventos, quem os produz, quem decide onde eles decorrem, neste contexto de turismo de negócios há que ter em atenção que as pessoas têm backgrounds muito distintos, têm crenças, valores e preferências díspares, e isso deve ser respeitado. O diálogo e a tolerância são condições sine qua non para trabalhar, intervir na meetings industry. Neste ambiente destaca-se a impor‑ tância do protocolo como meio ou ferramenta para agilizar e facilitar a

comunicação entre pessoas de países e culturas diferentes, com base em regras e preceitos que à partida são comummente aceites um pouco por todo o lado. Ajuda à sistematização de comportamentos de modo a que a comunicação flua e os intervenientes consigam alcançar o sucesso.

Rita Moore (Este texto é um trabalho de Rita Moore, aluna do Mestrado em Turismo, ramo de especialização em Gestão Estratégica de Eventos, da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Estes e outros trabalhos foram realizados no âmbito da cadeira de Programação e Gestão de Eventos com orientação do docente Fernando Completo.)

Bibliografia . AMARAL, Isabel - Imagem e internacionalização. Como ter êxito no mercado de trabalho. 2ª Edição. Lisboa: Editorial Verbo, Abril 2009. . AMARAL, Isabel - Imagem e Sucesso. Guia de Protocolo Para Empresas. Lisboa: Editorial Verbo, 1999. . HUNTINGTON, Samnuel P. - O Choque de Civilizações e a Mudança na Ordem Mundial. (trad.) Henrique Ribeiro. 4ª Edição. Lisboa: Gradiva Publicações S.A., Fevereiro 2009. . JANDT, Fred E. - Intercultural Communication, An Introduction. 2ª Edição. California: SAGE Publications, 1998. . LAMPREIA, J. Martins - Comunicação Empresarial, As Relações Públicas na Gestão. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, Junho de 1998. . MOWLANA, Hamid - Global information and World Communication. 2ª Edição. London: SAGE Publications, 1997. . PEASE, Allan e PEASE Barbara - Linguagem corporal. 3ª Edição. Lisboa: Editorial Bizâncio, 2009. . SAMOVAR, Larry A., PORTER Richard E., e McDANIEL, Edwin R. - Intercultural communication. 11ª Edição. USA: Thomson Wadsworth, 2006. . SERRANO, José de Bouza - Livro do Protocolo. 1ª Edição. Lisboa: A esfera dos Livros, Novembro 2011.

Consultas online: . Negocios y Protocolo - Protocolo.org [Consultado em 28 de Janeiro 2012]. Disponível em http://www.protocolo.org/ laboral/reuniones_negociar_y_etiqueta/negocios_y_protocolo.html . Turismo de Negócios - Turismo de Portugal [Consultado em 20 de Janeiro 2012]. Disponível em http://www. turismodeportugal.pt/PORTUGU%C3%8AS/TURISMODEPORTUGAL/Documents/Turismo%20de%20Neg%C3%B3cios.pdf . Understanding Tourism: Basic Glossary - Organização Mundial do Turismo. [Consultado em 28 de Janeiro 2012]. Disponível em http://media.unwto.org/en/content/understanding-tourism-basic-glossary

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LEITOR 62

C O N S U LT Ó R I O D E PROTOCOLO

Como é habitual, Cristina Marques Fernandes e Susana de Salazar Casanova respondem às perguntas dos leitores. Nesta edição, as nossas especialistas dão conselhos sobre bibliografia, abordam a questão dos cumprimentos e de como gerir os casos de participantes no evento com alergias alimentares. Para colocar também as suas dúvidas sobre protocolo e imagem envie-nos um email para info@eventpoint.com.pt. Sou estudante. Que livros, formações, cursos aconselham que abordem a temática do protocolo?

Cada vez mais existe a preocupação com restrições alimentares, alergias, etc. Como abordar os participantes num evento em relação à temática da comida?

SN, Setúbal

MG, Sintra

Antes de mais, permita-nos que a parabenizemos pelo seu gosto por este tema do Protocolo e matérias conexas. Quanto ao aconselhamento de cursos, por uma razão de ética e deontologia profissional, não nos parece adequado aconselhar com precisão cursos e forma‑ ções. Contudo, aconselhamos, isso sim, a que independentemente da instituição que escolha, se certifique quanto ao curriculum do docente ou formador, informando-se não só quanto ao respec‑ tivo percurso académico como, sobre‑ tudo, quanto à experiência profissional nas matérias em questão. Sobre literatura específica, acon‑ selhamos vivamente o último livro editado em Portugal sobre esta matéria, intitulado “O Livro do Protocolo”, da autoria do Embaixador Bouza Serrano.

Existem, contudo, outros autores credíveis e prestigiados nestes temas como Isabel Amaral, Elizabete Canha de Andrade ou Lídio Lopes. Se tem facilidade em ler em espanhol, sugerimos todas as obras de José António Urbina, Carlos Fuente, Maria Teresa Otero, Francisco López-Nieto, Felio A. Vilarrubias e Fernando Ramos. Existem igualmente obras brasileiras importantes e interessantes, mas mais difíceis de encontrar à venda em Portugal. Em língua francesa são menos os títulos disponíveis, sendo que Jean Serres é um clássico. Ao contrário, em língua inglesa, existe uma variedade enorme sobretudo de nacionalidade norte-americana, sendo que Leticia Baldrige ou Emily Post são de leitura incontornável.

É um facto que a indústria dos eventos está cada vez mais exigente e nem todos os requisitos especiais dos convi‑ dados são solucionados com recurso a um prato vegetariano. Tal como refere, existe uma grande variedade de situa‑ ções que precisam obrigatoriamente de ser acauteladas, na fase de pré-evento. Para se oferecer um bom serviço é neces‑ sário conhecer os requisitos dos convi‑ dados. Assim, os participantes podem e devem ser abordados pelo anfitrião (ou quem o represente – agência de eventos) sobre as especificidades alimentares que eventualmente possam ter. Em micro eventos o tema tem normal‑ mente menor complexidade. O número de participantes é reduzido e estas perguntas podem ser colo‑ cadas aos profissionais de assessoria/


LEITOR

. C O N S U LT Ó R I O D E P R O T O C O L O 63

SUSANA DE SALAZAR CASANOVA E CRISTINA FERNANDES

secretariado, mas sempre de forma discreta. Já num evento de maior dimensão, como por exemplo num congresso, a questão pode surgir aquando do preenchimento da ficha de inscrição e do pedido de informação sobre as refeições em que o congres‑ sista vai participar. A pergunta sobre “necessidades alimentares específicas” ou “pedidos especiais” deve ser clara e objetiva. O convidado responderá em conformidade, por exemplo: alimen‑ tação Kosher (religião Judaica), alimen‑ tação Halal (religião Islâmica), alergias (especificando o alimento/produto), alimentação vegetariana devendo detalhar o tipo de vegetarianismo (ovo-vegetariano, lacto-vegetariano, ovo-lacto-vegetariano ou vegana).

Gostaria que abordassem a questão dos cumprimentos num evento internacional. Pelo seguro é sempre preferível um aperto de mão?

Gostaria de saber se é correcto dizer “Com licença” na altura de terminar uma chamada.

AA, Lisboa

MO, Porto

Em contexto internacional, o cumpri‑ mento com aperto de mão é um “valor seguro” e, claramente, o mais utilizado. Como é sabido, os beijos no rosto, bem como os abraços, devem ser reservados para pessoas com quem se mantenha uma relação de proximidade, pelo que não são aplicáveis ao ambiente formal e internacional que refere. Quanto a cumprimentos mais específicos de certas culturas, como o Namaste indiano ou a vénia oriental, podem ser gestos praticados por cortesia e genti‑ leza face ao interlocutor destas culturas, mas não são obrigatórios nem substi‑ tuem, salvo raras excepções, o aperto de mão a praticar neste ambiente. Na realidade verifica-se que, num universo globalizado, gestos como o aperto de mão e o sorriso são prati‑ camente universais, e transversais a todas as culturas.

A resposta à sua questão é “não”. Ao finalizar uma chamada é acertado dizer “muito grato pela atenção”, “tive muito gosto em falar-lhe”, “agra‑ deço o seu telefonema”, ou terminar simplesmente com um “Bom dia/ tarde e muito obrigado”. O encerra‑ mento de um contacto telefónico deve ser cortês e positivo deixando junto do interlocutor uma mensagem de confiança e de profissionalismo.

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JOテグ TOVAR DIRECTOR DA RESTART


OPINIÃO 65

PROD U TOR DE E VE N TOS PARA T ÓT Ó S Não sendo propriamente um produtor de eventos, estou numa escola onde se fazem e em que se participa em muitos eventos, a que acresce estar em contacto regular com muitos formadores, que são produtores ou trabalham na produção e gestão de todo o tipo de eventos, e, ainda, já ter assistido a algumas centenas deles, enquanto público ou nos bastidores. Estas dicas que se seguem são um pequeno resumo do que tenho ouvido, visto e reflectido, e, nalguns casos, feito mal e bem. Claro que são sobretudo para a nova geração de estudantes e juniores do mercado, mas é sempre engraçado relembrarmos assuntos que, no fundo, nunca esquecemos.

TRABALHAR EM EVENTOS É GIRO! Não, não é nada giro. Pode ser frustrante, stressante, desgastante, mas também compensador e até fantástico, em diferentes eventos e até tudo num só evento. Giro não se aplica a produzir profissionalmente um evento. Já a umas sandálias novas de uma colega posso eventualmente aplicar o termo.

OS VERDADEIROS GRANDES EVENTOS SÃO COM AS ESTRELAS E AS MASSAS!

O PRODUTOR TEM QUE SER UM SUPER HOMEM OU SUPER MULHER!

Eventos bem sucedidos com grandes estrelas internacionais e muito público podem ser marcantes, mas muitas das vezes a estrela está cansada da tournée, tem tiques e é desinteressante, e a gestão dos públicos é extenuante. E acabámos por não ter tempo para ver nada. Eventos memoráveis são os que fazem a diferença e marcam na memória afectiva, geralmente porque impressionaram, não só a equipa mas, e sobretudo, um público que não estava à espera e que se envolveu de uma forma exponenciada. Pode ser um evento de team buiding em outdoor só com meia dúzia de pessoas, mas se ajudou a mudar a vida delas, é um dos tais.

É verdade que existem muitos tipos de eventos e situações. Cada evento é um evento diferente. Claro que ao fim de uns anos já somos “especialistas” em tapas, ecrãs de LED, arranjos de flores e protocolo militar. Mas, na maioria das vezes, um produtor experiente é um verdadeiro especia‑ lista numa área do evento ou num tipo de evento, e tem conhecimentos razoavelmente sólidos em todas as outras áreas complementares. Como seres humanos e imperfeitos que somos (felizmente) vamos ser sempre melhores numas esferas de compe‑ tências ou num tipo de eventos do que noutros. Até porque gostamos mais.

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OPINIÃO

. P R O D U TO R D E E V E N TO S PA R A T Ó T Ó S , P O R J O Ã O TOVA R

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TRABALHAR EM EVENTOS É MUITO DESGASTANTE E NÃO É PARA TODOS! É sim, senhor. Mas todas as profissões que levemos a sério cansam, mesmo que com prazer à mistura. Desgastante é trabalhar na estiva ou num infantário. E muitas vezes é desnecessariamente desgastante por falta de organização e competência (nossa ou dos outros). E já agora, o stress? Em eventos trabalha‑ -se frequentemente sobre pressão, o que não se deve é deixar o stress tomar conta de nós. Até porque verdadeiramente stressante pode ser trabalhar num bloco operatório de urgências ou numa torre de controlo de aviões.

ELE OU ELA ESTÁ SEMPRE A CORRER, É MUITO DINÂMICO! A maior parte das vezes é por falta de planeamento, preparação e organização. O chamado “tapar buracos”. Quanto mais preparação, mais tempo sobra em cima do evento para imprevistos inevitáveis, melhorias de última hora e até conseguirmos “gozar” um pouco o prazer do evento estar a correr bem. Em terra de cegos, quem tem um olho é rei, ou melhor, quem juntar ao lusitano “desenrascanço” (que é uma qualidade) a organização, sobe vários degraus em profissionalismo.

O CLIENTE TEM SEMPRE RAZÃO! Não, não tem. O foco deve ser no cliente, compreender os seus objec‑ tivos e ajudá-lo em tudo o que estiver ao alcance. E tem que existir jogo de cintura para pequenas contrariedades e “singularidades”, dar mesmo o nosso melhor, admitir uma falha e corrigi-la se possível, mas existem regras de segu‑ rança, de respeito, etc. que não devem ser ultrapassadas. Um dia surgirá a necessi‑ dade da palavra “Não”. A sua.

ser a pessoa que está sozinha no topo, que tem que pagar os impostos e salários e que tem que dar a cara sempre. O tal produtor. E é verdade que ainda se “sobe” nem sempre pelas boas razões, e que a meritocracia e a distribuição de glórias e rendimentos sofre frequente‑ mente de parca justiça. A escolha é sua, mas gostar do que se faz e fazer o melhor possível é sempre bom investimento.

NAS ESCOLAS NÃO SE APRENDE O PRODUTOR‑EMPREENDEDOR NADA SOBRE EVENTOS! Eventos existem desde o início da humanidade e escolas com cursos de eventos não. Portanto, pode não ir para nenhum curso e vir a ser um bom profissional. Mas o que os bons cursos fazem é criar um contexto próprio para aprendizagem, preferencialmente com formadores que sabem do que estão a falar, que colocam os alunos em práticas e que, sobretudo, os tornam fervorosos aprendizes para o resto da sua vida profissional.

O QUE EU QUERO É SER PRODUTOR, NÃO É SERVIR CAFÉS! Correcto, servir cafés não é ser produtor. Mas passar por todas as fases, incluindo carregar vasos com flores e o diabo a quatro (não sei de onde vem esta expressão, mas gostava), faz de nós melhores produtores e mais respeitados por todos, porque sabemos quanto custa, quanto tempo leva. Se necessário ajudamos mesmo a carregar. E pode-se ser incrivelmente feliz toda a vida sem

Existem produtores, ou momentos na vida de um produtor, de glória especial. E um dos maiores é quando o produtor empreende a sério: identifica necessidades, vê mais longe, concebe e cria o “seu” próprio evento, atrai marcas e público, e torna o evento numa marca. Que cria memórias e afectos, ou muda mesmo comportamentos e atitudes. Nesses momentos, raros porque difíceis, o produtor pode então acrescentar um P maiúsculo à palavra. Que de tótó não tem nada.


SUSTENTABILIDADE 67

TRANSPORTES E MOBILIDADE

Um indicador de sucesso da maioria dos eventos passa pela quantificação do público que consegue atrair. De facto, a expressão, “sala cheia” serve muitas vezes para fazer o balanço positivo de um espectáculo musical ou de outros eventos com performance ao vivo. Também a quantificação dos meios logísticos envolvidos num evento são um indicador da dimensão do espectá‑ culo organizado. Na verdade, desde a preparação das acções de comunicação, até à montagem e desmontagem de toda a infraestrutura associada à organização de um espectáculo, qualquer empresa de eventos está obrigada a uma forte operação logística de pessoas e bens. As características desta operação dependem do tipo de evento, mas também dos próprios protagonistas que entrarão em cena. A forma como o público se desloca também depende daqueles factores, mas é fortemente influenciada pelo local onde ocorre, pela hora e pela duração do espectáculo. Para qual‑ quer leitor é claro que, por exemplo, um festival de dois dias ao ar livre tem impactes completamente distintos dos de um espectáculo de teatro num recinto fechado. Seja qual for o espectáculo de que estejamos a falar, tudo o que envolve a organização de um evento tem impactes positivos e negativos. Em condições normais tem impactes económicos e sociais positivos, mas não raras vezes tem impactes ambientais negativos.

No que respeita à mobilidade, estes impactes respeitam não só ao consumo de energia e às emissões dos meios de transporte envolvidos, mas também aos impactes sobre o espaço público na envolvente mais próxima ou no próprio local do evento. A pergunta que fica é: “Como conciliar estes desígnios e minimizar os impactes negativos?”. Já em edições anteriores desta revista foi referido que a comuni‑ cação da sustentabilidade não é sufi‑ ciente para tornar um evento sustentável. É necessário proceder a uma gestão cuidada e coordenada de todos os intervenientes. No caso do transporte de passageiros, quando a mobilização do público assim o justifica, é cada vez mais comum falar de ofertas especiais de transportes. As soluções encontradas são as mais diversas, para um público que é cada vez mais exigente. O espírito, a forma de estar, a reputação das marcas e os pequenos detalhes podem fazer a dife‑ rença na hora de decidir por um evento, ou por um modo de deslocação para o evento a que não queremos faltar. Uma coisa é certa, se as soluções devem continuar a ser estruturadas com ante‑ cedência para poderem ser devidamente comunicadas aos diversos segmentos do

público, a decisão sobre a forma como cada um se desloca é, cada vez mais, feita “em cima do acontecimento”. O evento começa muito antes da deslo‑ cação do público para o local do espec‑ táculo e pode acabar muito depois de se voltar a casa. Assim, as redes sociais (que funcionam sobre a internet) e outras ferramentas de base tecnológica são, não só uma forma de comunicar, mas também um instrumento para envolver e fidelizar os consumidores e outros stakeholders. Este envolvimento diz respeito ao espec‑ táculo propriamente dito, mas também a um conjunto diversificado de actividades e de marcas que estão associadas à orga‑ nização do evento. A deslocação eficiente das pessoas e bens é apenas mais uma, mas não menos importante, vertente que tem que estar presente num evento sustentável de sucesso. Neste contexto, existe, pois, um conjunto de oportunidades que poderão e deverão ser capitalizadas pelos agentes económicos, que, numa altura de crise, poderão ver aqui uma forma de se diferenciarem e ganharem quota de mercado.

Bernardo Alves | E.Value

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TECNOLOGIA 68

PEDRO MAGALHÃES © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

E U R O PA L C O I N V E S T E NOS CLIENTES Numa altura em que tudo no mundo dos eventos decorre com grande velocidade, a Europalco apresenta ao mercado três ferramentas, complementares, disponíveis no site, que pretendem facilitar a vida ao organizador e diminuir os tempos de planeamento do evento.


TECNOLOGIA

. E U R O PA LC O I N V EST E N O S C L I E N T ES 69

Que tela usar neste evento? Que altura de palco? Qual o melhor projector? Quantas mesas cabem naquele espaço? Estas são perguntas do quotidiano de um gestor de eventos e que podem ter resposta com a Event Calc. Pedro Magalhães, director da Europalco, explica como. “A Event Calc é a tradução em fórmulas matemáticas das questões que se colocam no dia-a-dia. É uma aproximação quase exacta da realidade”. O gestor pode desenhar o evento que pretende nesta ferramenta - estão disponíveis vários formatos de sala -, obter as respostas técnicas durante o processo e até encomendar o material da Europalco. Outra das ferramentas é O Meu Evento que não é nada menos do que uma loja online, desenvolvida para o aluguer. Permite verificar a disponibilidade dos materiais, o seu custo, e gerar a reserva. Articulada com estas duas, sendo provavelmente a ferramenta mais inovadora das três, está o Space Planner. “Hoje em dia qualquer evento tem que ter um desenho, nem que seja muito simples”, lembra Pedro Magalhães, pelo que esta aplicação em 2D, passível posteriormente de converter para 3D, disponibiliza a planta de diversos venues nacionais, permitindo ao cliente desenhar o evento pretendido. “As prin‑ cipais salas do país já lá estão”, conta o responsável e há várias outras que têm

contactado a Europalco para poderem constar do Space Planner. Também é possível criar espaços (interiores ou exteriores) de raiz e iniciar o processo a partir daí. “As pessoas podem criar aqui o seu evento, montar palco, mesas, fazer a decoração”, e por isso todos os artigos da Europalco foram carregados na apli‑ cação, permitindo a impressão do plano do evento já com a lista detalhada dos materiais escolhidos. A ferramenta é gratuita, mas só está acessível a clientes registados. E há registos que não são permitidos, como de emails do hotmail, e semelhantes. Esta foi a forma encontrada para proteger as agências de eventos, as principais clientes da Europalco, explica o director da empresa. Ambas as partes ganham com esta apli‑ cação, diz, “Para a Europalco é uma ferra‑ menta de trabalho que permite diminuir a carga que temos e a que não conseguimos dar resposta no desenvolvimento de projectos para os nossos clientes”. No fundo, a Europalco passa a concentrar-se na fase final do projecto. Isto não significa que o papel de consultoria e aconselha‑ mento desapareça. “A consultoria continua a ser feita”, explica Pedro Magalhães. “Os eventos vivem muito da personali‑ zação, mas queremos dar respostas mais rápidas”. Muito embora não haja nenhum tipo de obrigatoriedade em utilizar mate‑ riais da Europalco, o objectivo é também “gerar mais negócio”.

O feedback tem sido positivo por parte dos clientes, apesar da estranheza e resistência inicial. “Com a velocidade a que isto tudo decorre, não se pode esperar ou estar dependente de outras pessoas. Isso atrasa tudo. Com o tempo, os clientes vão perceber que têm aqui uma grande ferramenta”, explica o responsável. “Num mês conseguimos cerca de 200 registos. O objectivo é chegar aos 500 até ao final do ano”. O investimento da Europalco nestas ferramentas foi de 40 mil euros. Para já não está prevista a venda da ferra‑ menta, “queremos apenas melhorá-la e transformá-la em 3D. É esse o nosso objectivo nos próximos dois anos”.

Introdução ao Space Planner http://www.youtube.com/watch?v=uaw8MnfqUTE

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ANA MARREIROS ACCOUNT MANAGER INTERNAL COMMUNICATION & SUSTAINABILIT Y . GRUPO INFORPRESS


OPINIÃO 71

EVENTOS A PENDER PARA O VERDE

O verde está na moda. A tendência verde começou a despertar há já alguns anos, está em todo o lado e vai continuar, resultado das preocupações ambientais que a sociedade mundial tem vindo a reter. Este pensamento, amigo do ambiente ou verde, passou rapidamente de escolhas de vida dos consumidores para o planeamento de eventos. Quando assistimos a um evento, não pensamos no que está por detrás dele, em termos de preparação e de limpeza. Normalmente os grandes eventos acarretam um elevado impacto ambiental devido ao excesso de consumo de energia e da grande quantidade de lixo produzida. Também os materiais usados no evento acabam por não ter utilidade fora dele. Convites, panfletos, brindes e até os cenários criados não voltam a ter uso. Os estudos apontam que apenas 17% do material é reutilizável.

Para assumirmos um papel prepon‑ derante no combate a este tipo de estatísticas, temos de começar por estabelecer políticas ambientais deta‑ lhadas e por definir a estratégia para as implementar no nosso evento de forma eficaz. Desde catering orgânico, mini‑ mização de resíduos, eficiência energé‑ tica a baixas emissões de carbono, tudo conta para tornar o evento mais amigo do ambiente. O local a seleccionar para o evento pode ser feito tendo em conta os espaços com iluminação natural. O sistema de refrigeração de ar deve ser eficiente do ponto de vista energético, diminuindo o gasto de eletricidade. Porque a ilumi‑ nação pode consumir até 75% de toda a energia elétrica do evento, o ideal é optar por equipamentos com melhor aproveitamento de energia, como a iluminação LED. Porque consomem combustíveis fósseis para funcionar e, consequentemente, emitem CO2 o uso de geradores deveria ser evitado. Os convites para o evento podem seguir via email, via aplicação para smartphone ou então serem impressos em papel reciclado ou papel

proveniente de florestas sustentáveis. As flores e plantas de decoração são livres de tratamento com pesticidas e herbicidas, e podem vir de forne‑ cedores locais, porque assim viajam menos, chegam mais frescas e a comunidade é envolvida. As refeições sustentáveis são outra das formas de impulsionar as credenciais verdes do evento. Os ingredientes e menus, tanto quanto possível, são orgânicos e de produção local e esta é também outra forma de envolvimento com a comunidade. Os vinhos podem provir de quintas que mantêm técnicas artesanais e sustentáveis. As restantes bebidas também podem ser amigas do ambiente, nomeadamente, licores orgânicos, café proveniente de planta‑ ções sustentáveis e sumos naturais. O sal, pimenta, açúcar e outros condi‑ mentos podem ser servidos a granel, evitando as saquetas individuais. Os pratos, talheres, copos, taças devem ser preferencialmente laváveis e reutilizáveis. Dê preferência a loiça em detrimento dos materiais descartáveis. Já há também disponíveis pratos que depois do uso vão directamente para a

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O P I N I Ã O . E V E N TO S A P E N D E R PA R A O V E R D E , P O R A N A M A R R E I R O S 72

compostagem ou podem ir para o lixo porque o processo de biodegradação é feito de forma muito rápida. Use guar‑ danapos de pano porque são fáceis de lavar, duram muito tempo e os parti‑ cipantes no evento preferem-nos. Há também a tendência para guardarmos o guardanapo de pano durante todo o evento, enquanto que, se forem guarda‑ napos de papel, vamos usando vários. Os grelhadores a gás natural são o método mais limpo e mais eficiente do ponto de vista energético para os barbecues. O sabor final da confecção é diferente, mas se pensarmos nisto antes e prepararmos os ingredientes naturais certos, ninguém vai notar qual o tipo de grelhador usado. Aproveite a luz solar o mais possível e, antes de acender as luzes, recorra a velas de cera de abelha. No que toca a equipamento, é preferível recorrer a computadores portáteis porque reduzem o consumo de energia em 10%, impressoras de jacto de tinta com possibilidade de impressão dos dois lados da folha, monitores LCD em vez de CRT. Peça ao staff do evento para desligar o equipamento, iluminação e termostatos sempre que possível. Pode haver pontos de reciclagem para papel, cartão, metal, vidro, plásticos e separação de resíduos orgânicos para compostagem. Os convidados podem ser chamados a fazer esta separação, consciencializando-os da importância de todos participarem na melhoria do ambiente. Como brinde ofereça plantas verda‑ deiras ou um kit com as sementes

Potenciar eventos através de estratégias alinhadas com respeito pelo ambiente e sustentabilidade traz vantagens. Liderança, diferenciação e compromisso com o Para fechar o evento, a desenvolvimento sustentável, comida que não chegar a ser reconhecimento e proximidade confecionada pode ser doada para com os públicos envolvidos no associações locais. Pode também evento, resultados económicos, ser feita uma doação para alguma sociais e ambientais, tanto associação local ou nacional que para a organização como para se dedique a causas ambientais. os envolvidos. O segredo é De forma a que a medição não fique tornar o evento tangível - a esquecida, já há ferramentas online que geram relatórios completos com sustentabilidade é mais fácil de o cálculo das emissões do evento e a seguir quando se vê o caminho. tendência é, no pós evento, plantar o total de árvores que venham a compensar as emissões totais dos Só custa organizar o primeiro gases emitidos. Não é a solução ideal porque a libertação de CO não evento verde, os outros depois é imediata e as árvores podem até são bem mais fáceis. não resistir os anos necessários. O para os participantes continuarem a ser amigos do ambiente também em casa. Ofereça sacos feitos de algodão orgânico ou bolsas recicláveis. Ofereça um livro sobre como ser sustentável em casa – isto vai fazer com que os convidados levem a preocupação para casa, ajudando-os a perceber que há alternativas. Hoje em dia as opções de brindes saudáveis já são muitas.

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correcto é mesmo repensar a organi‑ zação do evento de forma a reduzir ao máximo as emissões.


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PORTUGAL, PORTUGAL 74

PRAIA DO NORTE . NAZARÉ © POLVO . JORGE LEAL & WILSON RIBEIRO

PORTUGAL COMO DESTINO DE ONDAS UM MAR DE POTENCIALIDADES

Portugal tem um mar de potencialidades no turismo e nos negócios. É um país de clima temperado, com montes, serras, praias, sol e natureza digna de retratos dos mais prezados pintores e poetas. É um país de letras, do vinho, de tradições e de modernidade. E de recursos como as ondas.


P O R T U G A L , P O R T U G A L . PORTUGAL COMO DESTINO DE ONDAS 75

QUANTO VALE UMA ONDA PORTUGUESA? Investigadores, economistas, ambien‑ talistas e surfistas juntaram-se num estudo académico para responder a esta pergunta e esperam divulgar uma resposta a 16 Novembro, Dia Nacional do Mar. “Value of Waves and Ocean Culture (VoW) – Quanto vale uma Onda” é o nome do estudo, que tem como objectivo a promoção da preser‑ vação das ondas como recurso natural nacional, que deve ser explorado de forma sustentável, e o reconhecimento do valor das zonas de surf. Uma equipa de voluntários está a realizar inquéritos nas praias, em zonas como a Costa da Caparica, Nazaré e Figueira da Foz, para determinar o valor económico, ambiental e social do surf em Portugal. Para já, sabe-se que as empresas associadas ao mar conseguem facturar cerca de dois milhões de euros.

Ao longo da costa portuguesa há locais privilegiados para a prática dos desportos de ondas, há spots – uns mais secretos do que outros – onde surfistas e body‑ boarders se lançam à água. Este é um mercado que está a ser explorado em Portugal. Existe uma aposta forte neste sector por parte de algumas autarquias e existem eventos de reconhecimento nacional e internacional que atraem, em várias épocas do ano, surfistas e body‑ boarders de todo o mundo. Peniche é uma dessas localidades portuguesas que apostam no mar e nos desportos de ondas, promovendo e recebendo eventos, como etapas do circuito nacional e mundial de surf. “Trata-se de uma modalidade susten‑ tável e sem impactes relevantes sobre os recursos naturais que, conjuntamente com outros desportos de deslize, está há vários anos em crescimento, quer em número de praticantes, quer em

RIP CURL PRO 2011 © WORLDSPOON.PT

volume de negócios (material despor‑ tivo, surfwear, turismo de surf) e para as quais Peniche apresenta caracterís‑ ticas ímpares à escala mundial, uma vez que dispõe de uma oferta de ondas muito diversificada, desde as ondas indicadas para a aprendizagem, até às ondas da mais elevada complexidade técnica, como por exemplo a onda de Supertubos, reconhecida como de qualidade premium”, refere à Event Point o autarca António José Correia. Uma das dez etapas do Campeonato do Mundo de Surf voltou a Portugal no ano passado. Peniche foi o palco do evento por onde passaram cerca de 120 mil pessoas, segundo a organização do Rip Curl Pro Portugal, que resulta de uma parceria público-privada entre a Câmara Municipal de Peniche e a empresa Rip Curl. Um evento com impacto turístico, tendo sido registadas no sector hoteleiro taxas de ocupação

que rondaram os 100 por cento durante os dias de competição. “Os impactos do evento para o município são sobretudo ao nível das receitas (em particular no sector hoteleiro), aliado ao facto de se realizar fora da época alta atenuando a forte sazonalidade turística. Outro efeito relevante em termos de promoção turística nacional e internacional é o facto de mais de um milhão e duzentas mil pessoas terem assistido ao evento em directo, através da internet”, sublinha o presidente da autarquia de Peniche. Além dos eventos, Peniche conta ainda com um Centro de Alto Rendimento de Surf que, apesar de não estar em funcio‑ namento, a autarquia acredita que venha a receber praticantes profissio‑ nais e amadores, dispostos “a realizar estágios de treino ou aperfeiçoamento, contribuindo para a rentabilização do equipamento durante as alturas de

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RIP CURL PRO 2011 © WORLDSPOON.PT

menor procura e para a oferta na área do turismo desportivo especializado”. As ondas de Peniche – a “Capital da Onda”, como assumiu a autarquia – são variadas, têm características adequadas para diferentes tipos de desportos e praticantes. O autarca destaca três ou quatro ondas, entre as quais a dos Supertubos, “com qualidade e complexidade técnica compatível com a realização de provas de âmbito mundial”. Essa “qualidade e variedade” de ondas é já reconhecida pelos adeptos da modalidade “que viajam pelo mundo à procura de novas experiências e em busca da ‘onda perfeita’”. No entanto, as provas mundiais têm tornado a promoção de Peniche e de Portugal “mais intensa e constante”. Diz António José Correia que o país tem passado “a ser identificado internacionalmente como um destino de excelência para a prática deste desporto, com uma oferta turística complementar bem estrutu‑ rada e competitiva”. Para que Portugal aproveite todas as potencialidades das suas ondas, o autarca deixa algumas dicas: “O país tem que continuar a reforçar o

investimento na formação das novas gerações e na criação de condições de treino e especialização para os atletas de competição. Por outro lado, a admi‑ nistração central e regional descentra‑ lizada tem que alterar a forma como aborda a gestão do Litoral e passar a reconhecer a sua importância para a economia nacional, abandonando a postura rígida e irredutível que vem seguindo e que tem resultado num enorme atraso do país em termos de geração de riqueza. É necessário abandonar o modelo de gestão exis‑ tente, excessivamente limitador de investimentos de baixo impacte nos ecossistemas litorais e que contribuem para a melhoria das condições para a prática destes desportos náuticos amigos do ambiente, que actualmente já são responsáveis por atrair ao nosso país milhares de turistas estrangeiros por ano, muitos dos quais fora da época balnear. É ainda fundamental manter a política de apoio à realização dos eventos internacionais de surf por parte do Turismo de Portugal, e de divulgação da marca Portugal no estrangeiro, associada a este desporto.”

MARGEM PARA PROGREDIR A Rip Curl é uma das marcas ligadas ao surf mais reconhecidas no país, também pela organização de uma das dez etapas do circuito mundial de surf, o Rip Curl Pro Portugal, “evento que passa por Portugal desde 2009 e que desde então tem sido ano após ano classificado como um dos melhores do circuito a todos os níveis”, como explica Francisco Spínola, marketing manager da Rip Curl em Portugal. Mas a empresa contribui com outras acções para a promoção da modalidade e do sector, como desfiles, festas de apresentação de novos produtos, sessões de autógrafos e iniciativas de cariz solidário. “A indústria do surf está presente em Portugal há 30 anos. Desde então o crescimento tem sido exponencial até aos dias de hoje. Actualmente, a modali‑ dade ocupa um lugar de destaque nos mais diversos quadrantes (publicidade, eventos, endorsement, etc.), uma vez que a ideia um tanto ou quanto depreciativa sobre os seus praticantes está hoje em dia completamente dissipada, sendo cool fazer surf e estar associado ao mesmo”,


P O R T U G A L , P O R T U G A L . PORTUGAL COMO DESTINO DE ONDAS 77

A PERSPECTIVA DO PATROCINADOR Quando uma marca se associa a um evento de desportos de ondas, o que procura? Qual o target e de que forma pretende “passar a mensagem” ao longo do evento? Qual é afinal a perspectiva do patrocinador? Para responder a estas questões, a Event Point falou com a operadora portuguesa de telecomunicações PT/Moche, que tem uma estratégia de comunicação de marca que passa pelo surf. Primeiro como tmn, depois como Moche, a marca está presente em diversas iniciativas ligadas a esta modalidade: desde 2007 apoia vários campeonatos de surf nacionais e internacionais, desde 2009 patrocina o Rip Curl Pro Portugal (sendo que a etapa deste ano vai contar com a Moche como principal sponsor), tem a Moche Surf Team (uma equipa composta por surfistas conceituados como Tiago Pires, Carina Duarte, Francisca Pereira dos Santos, Frederico Morais e Vasco Ribeiro) e organiza um evento próprio – o TMN Saca Tour –, um surf camp orientado por Tiago Pires, entre outras acções e apoios. De acordo com Luís Avelar, da PT/Moche, há valores no surf que se cruzam com os da marca. “O principal motivo da ligação da marca a esta modalidade prende-se com os valores que têm em comum, entre os quais a juventude, a irreverência e a liberdade”, refere o responsável explicando que a transferência dos patrocínios ao surf para a marca Moche prende-se com o facto de esta ter um target jovem. Para a activação da marca no terreno, durante as competições mais impor‑ tantes, as agências que trabalham com a marca são envolvidas no processo. Nas provas mais pequenas, a marca trata de tudo, desde o projecto à implementação. “O nosso objectivo é ter sempre uma forte presença de marca no local, bem como expe‑ riências que envolvam o público e, dentro da medida do possível, que estas estejam relacionadas com a modalidade e o espírito e valores do surf”, afirma. Para chegar ao seu target, a marca utiliza também as redes sociais, que o responsável considera “essenciais”, visto o público estar “100% online”, pelo que é “uma forma mais directa e eficaz” de comunicar. “Temos vindo a apostar bastante nesta área através de transmissões live dos principais campeonatos, assim como através do apoio aos sites de referência da modalidade. Lançámos recentemente um portal agregador destes principais sites (www.mochewildsports.sapo.pt) para que qualquer praticante ou interessado na modalidade consiga ter acesso a todas as informações que procura, desde as notícias, ao estado do mar das principais praias através de câmaras, passando por vídeos, tudo agregado num único site”, explica Luís Avelar. O retorno deste investimento é, neste caso, medido por uma entidade independente, a empresa Cision, que fornece mensalmente o retorno mediático de todos os eventos e patrocínios. “Este retorno é depois analisado interna‑ mente para compreendermos melhor quais os eventos que nos trouxeram maior retorno e de que forma podemos melhorar os que trouxeram menor”, conclui.

refere o responsável, acrescentando que apesar de este ser um sector bem explorado em Portugal ainda existe “uma grande margem de progressão”. Embora a crise esteja a afectar a vontade das empresas em patrocinar os eventos de surf, os que o fazem vêem neste mercado uma aposta ganha. “Com a situação económica e financeira que vivemos actualmente tem sido bastante difícil conseguir atrair novos patrocinadores para os nossos eventos. No entanto, sempre que o conseguimos a taxa de sucesso e continuidade dos mesmos é de 100 por cento, pelo que podemos dizer que estão satisfeitos com aquilo que fazemos e com os resultados obtidos”. Para Francisco Spínola, o surf é uma modalidade que só precisa de um recurso natural como a onda para ser

praticado, por isso “Portugal com a sua vasta orla costeira apresenta-se como um destino providencial para a prática do surf”. E essas condições privile‑ giadas podem ser difundidas através de vídeos e fotografias em diversos canais. Para o país aproveitar os seus recursos da melhor forma, “falta criar condi‑ ções de acessibilidade, saneamento e principalmente a profissionalização de alguns serviços que lidam directamente com este tipo de turismo”.

“MAIOR CUIDADO COM AS PRAIAS” Os eventos são a melhor forma de divul‑ gação destas modalidades, pois é através deles que podem ser conquistados mais adeptos e maior reconhecimento do trabalho de quem os organiza. “Os

eventos são a montra de todo o trabalho efetuado pela Federação Portuguesa de Surf [FPS] e a notoriedade vem da presença no terreno, portanto uma maior interligação com atletas e público nas praias”, diz Rui Félix, director técnico nacional da FPS. Paulo Costa, presidente da Associação Portuguesa de Bodyboard (APB), acrescenta que “uma boa organização e uma pitada de sorte com as ondas podem catapultar um evento de forma exponencial”, explicando que havendo boas ondas e boas condições haverá boas imagens do espectáculo, que vão “atingir e seduzir públicos diferenciados, proporcionando um maior alcance de comunicação ao evento e à modalidade”. Exemplo disso, são as imagens de eventos de bodyboard como o Special Edition, na Praia do Norte, na Nazaré,

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“OLHAR O MAR COMO UM RECURSO ‘PARCEIRO’ DE UMA ESTRATÉGIA NACIONAL” e o Sintra Pro, na Praia Grande. “São eventos com uma grande visibilidade a nível internacional e que elevam o nome de Portugal, posicionando o nosso país lado a lado com os melhores destinos de ondas do globo. Isso pode ser facilmente traduzido em mais promoção de uma forma positiva e, consequentemente, em maior fluxo de turismo ligado às ondas, o que por sua vez pode originar o que todos nós precisamos nesta época particular‑ mente difícil: oportunidades de cres‑ cimento e de negócio”, adianta Paulo Costa. Rui Félix frisa a relação entre o surf e o turismo na promoção do país, lembrando que “existem muitos atletas e até surfistas ocasionais estrangeiros que se deslocam a Portugal somente para fazer umas férias de ondas”. Para aproveitar as potencialidades do mar, o director técnico nacional da FPS refere que é necessário um “maior cuidado e um aproveitamento racional das nossas praias”, além de “uma maior promoção turística relativa a um Portugal com praias e surf todo o ano”. Na mesma linha segue o presidente da APB, afirmando que Portugal deve “encarar a economia do mar realmente como algo de futuro e essencial para a nossa independência”. “As ondas são uma grande riqueza, é património natural e não exige investimento inicial, exige sim investimento em preservá-las, é essencial que haja respeito pelas nossas ondas, que haja estratégias de desenvol‑ vimento assentes no seu valor. Falta-nos reconhecer que o nosso desenvolvimento e crescimento passam inevitavelmente pelo mar e pelas ondas”, conclui Paulo Costa. E de norte a sul do país não faltam praias de referência para a prática do surf e do bodyboard, com excelentes condi‑ ções, garantem os responsáveis.

Foi a 1 de Novembro de 2011 que o extreme waterman Garrett McNamara surfou na Praia do Norte, na Nazaré, aquela que foi considerada a maior onda de sempre. Este feito aconteceu no decorrer do ZON North Canyon Show, um projecto de três anos de exploração das ondas nazarenas, iniciado em 2010, promovido pela Câmara Municipal da Nazaré e pela Nazaré Qualifica, E.M.. A maior onda de sempre, premiada nos Billabong XXL Big Wave Awards, colocou a Nazaré na boca do mundo. Mas será que este feito levou mais surfistas às praias nazarenas? “Certamente que sim. A notoriedade que este evento trouxe ao spot de surf da Nazaré foi importante para a sua afirmação. A Nazaré conta neste momento com uma oportunidade única de dar a conhecer aos praticantes de ondas de todo o mundo o que nos diferencia, ondas de um a 30 metros, desde pequenas e grandes, perfeitas e surfáveis. Temos a nossa convicção de que o impacto no número de praticantes será muito maior nos próximos dois anos”, afirmou à Event Point Miguel Sousinha, administrador da Nazaré Qualifica, E.M.. Apesar de não ser possível quantificar o impacto desta “onda” em termos turísticos e económicos, o responsável explica que neste momento conta com um “retorno de notoriedade quantifi‑ cado que ascende a mais de 20 milhões de euros”. Relativamente ao nível do impacto na economia local, “só será possível quantificar no final deste ano. No entanto, pela opinião reco‑ lhida junto dos empresários, tem sido bastante positivo”. Na Nazaré existem ondas para todos os gostos e tipos de desportos e anualmente a localidade promove pelo menos um grande evento de surf ou bodyboard. “Estes eventos

fazem parte de um planeamento a médio prazo que consideramos ajustável aos nossos recursos. No entanto, temos tido algumas oportunidades de experimentar outros eventos, como o que aconteceu em 2011 de Kite Surf, podendo assim associar novos produtos ao destino”, disse Miguel Sousinha. O adminis‑ trador da Nazaré Qualifica frisa que as ondas são um “factor de diferenciação” relativamente a outros países, pelo que o nosso só tem a ganhar em “acrescentar valor ao seu produto”. “A autenticidade da marca Portugal está ligada ao mar, somos vistos como um povo de cultura marítima, com uma excelente gastro‑ nomia e com uma costa sustentada em recursos naturais. Acrescentar valor a este produto só através das ondas é claramente um factor diferenciador para com os destinos nossos concorrentes”, afirma Miguel Sousinha, adiantando ser “essencial o desenvolvimento de uma estratégia ligada ao mar nas diversas vertentes, onde as ondas terão um papel fundamental para a promoção de Portugal”. O país precisa de aproveitar as potencialidades das suas ondas mas ainda há um caminho que tem de ser percorrido. “Como em muitas coisas, eu diria que falta fazer quase tudo. O nosso potencial de ondas ainda é muito virgem, existem alguns spots de surf com notoriedade nacional e internacional, mas não chega. É necessário pensar o mar e aproveitar o potencial natural das ondas. Falta mesmo uma ‘visão do todo’, potenciando as diferenças, formando um produto comercializável ao nível interna‑ cional. Temos quase tudo, só precisamos mesmo de olhar o mar como um recurso ‘parceiro’ de uma estratégia nacional”, conclui. Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt)


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ONDAS PARA TODOS Porque o mar é para todos, porque é possível criar condições para que alguém com deficiência possa praticar um desporto de ondas, porque é possível... Um antigo nadador paralímpico, ex-praticante de bodyboard, percebeu que mesmo tetraplégico poderia voltar à água. E voltou. E agora quer ajudar outros a fazer o mesmo. Para isso, Nuno Vitorino criou a SURFaddict – Associação Portuguesa de Surf Adaptado. “A ideia da SURFaddict surge da vontade de levarmos a paixão pelas ondas a mais e mais pessoas portadoras de deficiência”, motora, visual ou cognitiva, explica à Event Point Carlos Nogueira, vice-presidente da associação, portador de sequelas de poliomielite nos membros inferiores. Há cerca de dois anos que pratica surf adaptado. E esta modalidade, tal como a associação que é pioneira na Europa, tem todas as condições para contribuir na promoção das ondas portuguesas. “No que diz respeito ao surf adaptado, e tendo em conside‑ ração que na Europa existem 50 milhões de pessoas com alguma deficiência, o nosso país é certamente um destino muito apetecível para este mercado, assim os responsáveis e empresários saibam potenciar e capitalizar estas condições. Da parte da SURFaddict a disponibili‑ dade para trabalhar com estes agentes é total”, refere o vice-presidente desta associação, que tem “um papel determinante” na organização de eventos de surf adaptado, bem como na construção e organização desta modalidade. Vontade para aproveitar o mar não falta. “Nós, os surfistas (d)eficentes, temos a paixão pelas ondas e a determinação de quem está habituado a ultrapassar obstáculos, prova disso é a quan‑ tidade de pessoas portadoras de deficiência, aproximadamente 150 praticantes, que até ao momento experimentaram o surf adaptado”, acrescenta. Para além de ajudar à promoção da prática de surf por pessoas com deficiência, a SURFaddict pretende também defender a melhoria das condições de acesso às praias. E será que Portugal tem praias acessíveis? “É de realçar o importantíssimo trabalho que tem sido realizado em algumas praias, onde a oferta ao nível dos acessos e apoios atinge um nível muito bom. No entanto, é inegável que muito mais há ainda a fazer no sentido de alargar estes benefícios a todo o território nacional, garantido que o acesso à praia é um direito de todos”, conclui Carlos Nogueira. Informações sobre esta associação em www.surfadaptado.pt.

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DESTINO INTERNACIONAL 80

EMIRATES TOWERS © CONVENTION BUREAU DO DUBAI

DUBAI

OÁSIS DE LUXO NA CIDADE DO PETRÓLEO Quando Saddam Hussein invadiu o Kuwait em 1990, os bancos do Dubai sofreram um pequeno “Armagedão” com milhões de euros a desaparecerem das contas em poucos dias. A instabilidade durou pouco, no entanto.


DESTINO INTERNACIONAL

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PALMEIRAS DO ESPAÇO A cidade do Dubai tem sido palco de um movimento de construção em altura, com arranha-céus e hotéis de cinco estrelas a povoarem o emirado. As famosas palmeiras, ilhas artificiais com resorts e hotéis a aproveitar o sol e as águas do golfo Pérsico são um ex-libris difícil de imitar em qualquer parte do mundo. As ilhas são uma das maravilhas da construção e enge‑ nharia mundiais e a escala não escapa até a quem está mais longe: algumas das imagens mais emblemáticas das palmeiras foram tiradas pela NASA, do espaço.

A península arábica é um entreposto comercial milenar, uma rota de passagem entre o Ocidente e o Oriente. Há 500 anos, quando os portugueses partiram a descobrir o mundo, a viagem durava meses, mas agora quem vai em negócios ao Dubai chega em menos de um dia.

© NASA

O verdadeiro desafio para o pequeno emirado, que integra os Emirados Árabes Unidos (EAU) começou em 2008 com a queda espectacular do mercado do imobiliário, um tsunami que começou nos Estados Unidos e que varreu o Dubai, obrigando a região a pensar em formas alternativas ao investimento desenfreado em imobiliário e produtos associados. O governo dos EAU não pensou muito: o emirado é rico em petróleo e facilmente o dinheiro das exportações é canalizado para cobrir os buracos do “subprime” e fazer face às necessidades dos cidadãos. A riqueza trouxe o resto do mundo à

região. Cerca de 80% da população dos EAU é constituída por estrangeiros e o Dubai não escapa a essa tendência. Em 2011 o Governo dos EAU anunciou um programa de construção de infraestruturas de 1,6 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros), em benefício sobretudo das regiões mais pobres dos EAU. Isto porque o Dubai não quer só ser um país de petróleo e desertos. A instabilidade do sistema financeiro e a excessiva dependência das receitas de petróleo são uma preocupação real no emirado e uma das apostas mais fortes tem sido o turismo e, sobretudo, o turismo de negócios.

E para quem viaja de Portugal, a nova rota da Emirates, que abriu no dia 9 de Julho, vai ser mais uma razão para visitar os EAU (e o Dubai). “Acreditamos certamente que há potencial em Portugal”, disse à Event Point fonte oficial do Convention Bureau do emirado. “Não interessa as circunstâncias económicas, há sempre quem tenha o Dubai em conta para prazer e negócios. No Dubai pode-se ter acesso a um destino fabu‑ loso, independentemente do orça‑ mento”, acrescenta a mesma fonte. O Convention Bureau acredita, no entanto, que apesar das dificuldades

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. DUBAI, OÁSIS DE LUXO NA CIDADE DO PETRÓLEO

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BURJ - AL ARAB © DOMINIC SAYERS

PORTUGAL: PORTA PARA O BRASIL E ÁFRICA “as empresas portuguesas têm uma grande oportunidade para, através do Dubai, expandir os seus negócios no emirado e na região”. Talvez o Dubai não seja para todos. Um dos grupos hoteleiros mais famosos da região é a cadeia Jumeirah, dona do Burj Al Arab, um hotel de seis estrelas, com jacuzzi em todos os quartos e uma frota de “Rolls Royce” para transportar os poucos afortunados que podem pagar um quarto ou um evento no resort, construído numa ilha artificial, ligada à costa por uma ponte com 280 metros. O hotel tem vários espaços para eventos, desde um anfiteatro, a jardins para reuniões com vista para o Golfo da Arábia. É apenas um dos hotéis e resorts luxuosos do Dubai.

Os EAU estão a partir de Julho mais perto de Lisboa. A Emirates começou a voar diariamente para Lisboa, com um pé em Portugal mas atenção nos países de expressão portuguesa. “Enquanto que Portugal tem uma população de 10 milhões, estima‑ -se que haja 200 milhões de pessoas que falam português, espalhadas por todo o mundo, muitas das quais servidas pela Emirates”, segundo um comunicado da companhia aérea. A Emirates aponta, assim, as suas baterias a países como o Brasil e Angola, com Portugal a servir de eixo nesta estratégia. O aeroporto do Dubai movimentou 51 milhões de pessoas em 2011. Rotas em expansão como as da Emirates e outras 120

companhias aéreas irão trazer ainda mais passageiros ao emirado, acre‑ ditam os responsáveis.

“Esperamos que os novos mercados continuem a abrir-se e tragam novas oportunidades à cidade. Uma grande parte deste crescimento virá dos mercados que falam português e espanhol, bem como do Leste”, diz o Convention Bureau.


DESTINO INTERNACIONAL

. DUBAI, OÁSIS DE LUXO NA CIDADE DO PETRÓLEO 83

© CONVENTION BUREAU DO DUBAI

NEGÓCIOS, DESERTO E COMPRAS A meetings industry (MI) chegou recen‑ temente, mas já está a “invadir” o Dubai e os EAU, que têm no sector uma opor‑ tunidade de fugir de negócios imobiliá‑ rios arriscados e da total dependência do petróleo. No ano passado, diz o Convention Bureau, houve um cres‑ cimento de 34% em novas oportuni‑ dades de negócios, mais 30 mil metros quadrados de espaço de conferências e feiras no Dubai. “Nos próximos oito meses irão abrir vários novos hotéis e centros de conferências, incluindo o Jumeirah Creekside, JW Marriott Marquis e o Conrad by Hilton”, refere o Convention Bureau. A cidade do Dubai é agora candidata à Expo 2020.

Em 2011 o Dubai World Trade Centre (DWTC) recebeu 1,65 milhões de visi‑ tantes para assistir a congressos, feiras e outros eventos. Comparativamente, o Dubai tem pouco mais de 2,2 milhões de habitantes. A construção em altura permite ao emirado receber quase metade da sua população durante um ano em congressos e feiras. E o número está a crescer. A cidade foi em 2010 a 51ª do ranking da ICCA (International Congress & Convention Association) a receber congressos internacionais. Em 2009 estava no 68º lugar. O Convention Bureau realça que a procura de empresas para realizar eventos no DWTC aumentou 7% e

abrange empresas de 120 países. Os vários hotéis da cidade e do emirado também recebem incontáveis congressos e visitantes, atraídos pelas oportuni‑ dades que o emirado oferece e que não se reduzem apenas ao mundo dos negó‑ cios. “Quem visita o Dubai pode fazer uma visita ao deserto ou andar de barco, mergulhar, fazer esqui aquático”, diz o Convention Bureau. Parques aquáticos e visitas culturais, sobre a história da Arábia e do Islão, também são acessíveis. E para quem gosta de compras, o Dubai garante que há muito por onde escolher. Ou não fosse um país de mercadores. Maria Pereira (mpereira@eventpoint.com.pt)

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EMPRESAS 84

FONTANA PARK HOTEL Reuniões no coração de Lisboa O primeiro Design HotelTM da capital começou por ser, no início do século XX, a metalúrgica Lisbonense. A recuperação arquitectónica, da autoria de Francisco Aires Mateus, e o design de interiores, assinado por Nini Andrade Silva, trouxeram‑no até aos nossos dias como uma estrutura moderna, minimalista, depurada de formas e cores. Um refúgio zen, claramente marcado pelo gosto oriental, beneficiando de uma localização extraordinária, na zona do Saldanha, a pouco mais de dez minutos do aeroporto, e a uns passos da Avenida da Liberdade. O Fontana Park Hotel dispõe de nove salas para reuniões, ou outro tipo de eventos, com três metros de pé direito, áreas que vão dos 14 aos 420 m2, podendo acolher até 400 pessoas. As salas estão localizadas no piso 00, com acesso directo à garagem, por onde podem ser movimentados todos os materiais e equipamentos. Existe uma moderna rede de comunicações que suporta vídeo‑conferências, serviço de tradução simultânea, uso de equi‑ pamento audiovisual (datashow e ecrã incorporados) e acesso a Internet sem fios e por cabo. Paredes amovíveis e inso‑ norizadas permitem que oito das nove

salas sejam ajustáveis e combináveis. O trabalho não é tudo, e o Fontana Park oferece dois espaços gastronó‑ micos com identidades bem vincadas. O Restaurante Saldanha Mar, com o melhor da cozinha nacional e mediter‑ rânica, destacando‑se ao almoço a rica oferta de peixe bem fresco e ao jantar uma cozinha mais elaborada, de autor. O Restaurante Bonsai, como o nome deixa adivinhar, é um convite a que se descubra a gastronomia japonesa. Quem optar por ficar alojado no Fontana Park pode esperar quartos sóbrios, espaçosos, elegantes, em tons de branco, preto e cinzento,

mobiliário contemporâneo, e muita luz, os argumentos que em 2008 lhes valeram uma distinção nos European Hotel Design Awards. Apesar do ambiente minimalista, o Fontana Park Hotel não esquece a importância dos afectos, e oferece a quem o visita diversos momentos de descontracção. Experimente o Bar Lounge, ao som de boa música, mesmo para uma bebida com os colegas ou os amigos ao final da tarde, ou um digestivo no jardim interior, depois de uma boa refeição. Para mais informações visite: www.fontanaparkhotel.com


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DIRECTÓRIO 86

DIR EC TÓ RI O Ambiente

Animação turística

E)MISSION Lisboa 210 157 161 sergio@e‑missionneutral.com www.e‑missionneutral.com/pt

BIG TIME Fátima 249 533 770 julio.santos@bigtime.pt www.bigtime.pt

E‑VALUE Lisboa 213 845 260 evalue@evalue.pt www.evalue.pt Ver página: 67

CAMPO AVENTURA Óbidos 262 968 870 geral@campoaventura.pt www.campoaventura.pt

SMART WATT Porto 220 114 366 info@smartwatt.pt www.smartwatt.pt Animação 2THE LOVE PROJECT Lisboa 962341955 2theloveproject@gmail.com ADEREÇO PRODUÇÕES Porto 225 322 720 geral@adereco.com www.adereco.com ASES NA MANGA Braga 253 283 483 ases@asesnamanga.com www.asesnamanga.com CONCEPT 4 TALENTS Lisboa 213 940 242 geral@concept4talents.com www.concept4talents.com FADUS Estoril 214 662 550 geral@faduspecialevents.com www.faduspecialevents.com MOVE IT Cova da Piedade 212 581 980 info@moveit.pt www.moveit.pt PMP PRODUÇÕES Lisboa 218 619 375 pmp@portugalmail.com www.pmpeventos.com RITMOS URBANOS Lisboa 210 168 452 geral@ritmosurbanos.com www.ritmosurbanos.com TOCÁ RUFAR Aldeia de Paio Pires 212 269 090 tocarufar@tocarufar.com www.tocarufar.com WINE SOLUTIONS Sintra 964 370 633 info@winesolutions.com www.winesolutions.com

EQUINÓCIO Lisboa 210 155 139 info@equinocio.com www.equinocio.com GRAU 5 Barroca 934 743 519 contacto@grau5.pt www.grau5.pt JAVSPORT Sto. Tirso 252 850 621 aventura@javsport.pt www.javsport.pt MARGENS Barrosinhas 234 648 571 margens@margens.pt www.margens.pt

RITMOS & BLUES Paço D’Arcos 214 694 050 info@ritmoseblues.pt www.ritmoseblues.pt UAU Lisboa 213 303 500 uau@uau.pt www.uau.pt Audiovisuais ADLC AUDIOVISUAIS Carnaxide 218 621 440 comercial@adlc‑av.com www.adlc‑av.com ALFASOM Amadora 214 967 000 info@alfasom.com www.alfasom.com AUDINOVA Leça da Palmeira 229 961 930 geral@audinova.pt www.audinova.pt AUDIOMEIOS Venda do Pinheiro 219 663 843 geral@audiomeios.pt www.audiomeios.pt

Catering B HOLDING Abóboda 214 658 420 geral@bholding.com.pt www.bholding.com.pt CASA DO MARQUÊS Lisboa 214 118 152 casadomarques@casadomarques.pt www.casadomarques.pt CATERI Alcabideche 214 608 830 geral@cateri.pt www.cateri.pt COISAS DO VINHO Colares 219 282 733 coisasdovinho@coisasdovinho.pt www.coisasdovinho.pt COOKING LAB Lisboa 911 559 666 info@cookinglab.net www.cookinglab.net COZINHA DIVINA Lourinhã 917 898 555 contacto@cozinhadivina.com www.cozinhadivina.com

PROMÓBIDOS Caldas da Rainha 262 843 579 promobidos@promobidos.com www.promobidos.com

BACKLIGHT Setúbal 212 349 740 backlight@verylight.pt

ENCONTRUS Carregal do Sal 232 960 200 mail@encontrus.com www.encontrus.com

ROTA DO FRESCO Vila Nova da Baronia 284 475 413 info@rotadofresco.com www.rotadofresco.com

DIGITAL FRAME Vila Nova de Gaia 227 870 175 info@digitalframe.pt www.digitalframe.pt

MOJITO BAR CATERING Paço de Arcos 210 992 980 . 919 186 029 info@mojitobarcatering.com www.mojitobarcatering.com

RUSTITUR Évora 266 978 043 info@rustitur.com www.rustitur.com

ELECTROAUDIO S.Domingos de Rana 214 531 223 info@electroaudio.net www.electroaudio.net

SILVA CARVALHO CATERING Sintra 219 105 860 comercial@gruposilvacarvalho.pt www.gruposilvacarvalho.pt

SAL Setúbal 265 227 685 sal@sal.pt www.sal.pt

EUROLOGISTIX Almancil 289 419 199 info@eurologistix.pt www.eurologistix.net

SOLINCA EVENTOS E CATERING Porto 707 502 220 comercial@solincacatering.com www.solincaeventosecatering.com

TURAVENTUR Évora 266 743 134 turaventur@turaventur.com www.turaventur.com

MAINVISION MEDIA SOLUTIONS Lisboa 939 117 564 marcia.ferreira@mainvision.pt www.mainvision.pt

TRÊS SÉCULOS Vila Nova de Gaia 223 742 800 general.office@tresseculos.pt www.tresseculos.pt

Artistas e espectáculos

RXF Sintra 210 189 366 geral@rxf.pt www.rxf.pt

TROPICAL CATERING Funchal 291 700 840 restaurante.tropical@clix.pt www.tropicalcatering.pa‑net.pt

EVERYTHING IS NEW Lisboa 213 933 770 geral@everythingisnew.pt www.everythingisnew.pt MÚSICA NO CORAÇÃO Lisboa 210 105 700 musicanocoracao@musicanocoracao.pt www.musicanocoracao.pt

SERVICE PACK Leça da Palmeira 229 942 944 geral@servicepack.pt www.servicepack.pt

C o n v e n t i o n B u r e a u x / Tu r i s m o s ALGARVE CONVENTION BUREAU Faro 289 800 403 www.algarveconvention.com


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ESTORIL & SINTRA CONVENTION BUREAUX Estoril 214 668 167 geral@estorilmeetings.com www.estorilmeetings.com

THE HOUSE OF EVENTS Porto 228 348 940 info@the.pt www.the.pt

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE LISBOA Lisboa 213 224 050 sm@acl.org.pt www.acl.org.pt

COLISEU DO PORTO Porto 223 394 940 coliseu@coliseudoporto.pt www.coliseudoporto.pt

PORTO CONVENTION BUREAU Porto 223 326 751 portocvb@portocvb.com www.portocvb.com

TOP ATLÂNTICO DMC Lisboa 218 925 800 topatlantico@topatlantico.com www.topatlantico.pt

CAMPO PEQUENO Lisboa 217 998 450 vascocornelio@campopequeno.com www.campopequeno.com

ESTÁDIO DO DRAGÃO Porto 225 083 027 portoestadio@fcporto.pt www.fcporto.pt

TURISMO LEIRIA FÁTIMA Leiria 244 848 771 info@rt‑leiriafatima.pt www.rt‑leiriafatima.pt

TURANGRA Angra do Heroísmo 295 401 515 angra@turangra.com www.turangra.com

CASINO ESTORIL Estoril 214 667 700 info.cestoril@estoril.sol.com www.casino‑estoril.pt

EXPONOR Matosinhos 229 981 400 info@exponor.pt www.exponor.pt

CENTRO CULTURAL DE BELÉM Lisboa 213 612 697 dac@ccb.pt www.ccb.pt

FUNDAÇÃO DE SERRALVES CONGRESS CENTER Porto 226 156 500 serralves@serralves.pt www.serralves.com

TURISMO DA MADEIRA Madeira 291 211 900 info@madeiratourism.com www.madeiraislands.travel TURISMO DA SERRA DA ESTRELA Covilhã 275 319 560 info@turismodaestrela.pt www.turismoserradaestrela.pt

Espaços Multiusos AVEIRO EUROPARQUE Santa Maria da Feira 256 370 200 eventos@europarque.pt www.europarque.pt

CENTRO DE CONGRESSOS DE LISBOA Lisboa 213 601 400 lisboacc@aip.pt www.lisboacc.pt

BEJA TURISMO DE LISBOA VISITORS & CONVENTION BUREAU Lisboa 210 312 700 atl@visitlisboa.com www.visitlisboa.com TURISMO DO ALENTEJO Grândola 269 498 680 geral@turismodoalentejo.pt www.visitalentejo.pt TURISMO DO CENTRO DE PORTUGAL Aveiro 234 420 760 geral@turismodocentro.pt www.turismodocentro.pt TURISMO DO DOURO Vila Real 259 323 560 info@douro‑turismo.pt www.douro‑turismo.pt TURISMO DO OESTE Óbidos 262 955 060 info@turismodooeste.pt www.turismodooeste.pt

EXPOBEJA Beja 284 315 602 expobeja@mail.telepac.pt www.expobeja.com BRAGA MULTIUSOS DE GUIMARÃES Guimarães 253 520 300 geral@tempolivre.pt www.tempolivre.pt PARQUE DE EXPOSIÇÕES DE BRAGA Braga 253 208 230 peb@peb.pt www.peb.pt COIMBRA CENTRO DE ARTES E ESPECTÁCULOS DA FIGUEIRA DA FOZ Figueira da Foz 233 407 200 geral@figueiraturismo.com www.cae.pt FARO

Destination Management Companies ABREU Porto 222 043 520 congressos.exp@abreu.pt www.abreu.pt AIMS Lisboa 213 245 040 lisbon@aims‑international.com www.aims.pt

CENTRO DE CONGRESSOS DO ARADE Portimão 282 410 440 geral@expoarade.pt www.expoarade.pt PORTIMÃO ARENA Portimão 282 410 440 geral@portimaoturis.pt www.portimaoarena.com LEIRIA

CITUR TRAVEL Linda‑a‑Velha 217 712 610 lisbon@citur.pt www.citur.pt

CENTRO CULTURAL E CONGRESSOS DAS CALDAS DAS RAINHA Caldas da Rainha 262889650 secretariado@ccc.eu.com www.ccc.eu.com

DOC DMC SERVICES Lisboa 213 242 000 events@doc-dmc.com www.doc-dmc.com

EXPOSALÃO BATALHA Batalha 244 769 480 info@exposalao.pt www.exposalao.pt

EVENTS BY TLC Lisboa 213 213 060 events@tlc.pt www.eventsbytlc.com

LISBOA

IMAGINE MORE Lisboa 213 628 393 ana.telo@imaginemore.pt www.imaginemore.pt

AUDITÓRIO DA FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA Lisboa 217 922 625 auditorio@fmd.ul.pt www.fmd.ul.pt

CENTRO DE CONGRESSOS DO ESTORIL Estoril 214 647 575 info@estorilcongresscenter.com www.estorilcongresscenter.com COLISEU DE LISBOA Lisboa 213 240 580 mjoao@coliseulisboa.com www.coliseulisboa.com CONVENTO DO BEATO Lisboa 210 109 923 conventodobeato@cerealis.pt www.conventodobeato.com ESTÁDIO ALVALADE XXI Lisboa 217 516 522 eventos.corporate@scp.pt www.sporting.pt

MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA VITÓRIA Porto 223 401 900 larcher@tnsj.pt www.tnsj.pt SANTARÉM CNEMA Santarém 243 300 300 centrodecongressos@cnema.pt www.cnema.pt VALE D’ALGARES Vila Chã de Ourique 243 709 321 geral@quatroancoras.com www.valedalgares.com VISEU EXPOVIS Viseu 232 422 018 geral@expovis.pt www.expovis.pt AÇORES

ESTÁDIO DA LUZ – BENFICA EVENTOS Lisboa 217 219 565 bsa@slbenfica.pt www.slbenfica.pt

AÇOR ARENA Vila Franca do Campo 296 539 390 acorarena@acorarena.pt

FIL – FEIRA INTERNACIONAL DE LISBOA Lisboa 218 921 500 fil@aip.pt www.fil.pt

CENTRO CULTURAL E DE CONGRESSOS DE ANGRA DO HEROÍSMO Angra do Heroísmo 295 206 120 culturangra@culturangra.pt

MUSEU DA CARRIS Lisboa 213 613 087 museu@carris.pt http://museu.carris.pt

MADEIRA

PAVILHÃO ATLÂNTICO Lisboa 218 918 409 info@pavilhaoatlantico.pt www.pavilhaoatlantico.pt PLAZA RIBEIRO TELLES – CENTRO DE EVENTOS Vila Franca de Xira 263 288 559 mrtelles@plazaribeirotelles.com www.plazaribeirotelles.com PORTO CAVES CALÉM – SOGEVINUS FINE WINES Vila Nova de Gaia 223 746 660 turismo@sogevinus.com http://www.calem.pt CENTRO DE CONGRESSOS E EXPOSIÇÕES DA ALFÂNDEGA Porto 223 403 024 cce@amtc.pt www.amtc.pt Ver página: 33

CENTRO CULTURAL E DE CONGRESSOS DE PORTO SANTO Porto Santo 291 980 600 MADEIRA TECNOPOLO Funchal 291 720 000 admin@madeiratecnopolo.pt www.madeiratecnopolo.pt Estruturas e aluguer de material ALUGOCLIMA Aldeia de Paio Pires 212 549 550 info@alugoclima.com www.alugoclima.com (Ar‑condicionado) Ver página: 19 ALUGU’AQUI Sintra 219 108 003 info@aaqui.com www.aaqui.com (Mobiliário, louça)

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EURODOME Fernão Ferro 917 224 866 eurodomes@gmail.com www.eurodome.pt (Domes e outras estruturas) EUROPALCO Mem Martins 219 605 520 vanessa.fonseca@europalco.pt www.europalco.com (Palcos e outras estruturas) EVENTPACK Braga 253 283 483 pedro@eventpack.net www.eventpack.net (Estruturas, mobiliário, decoração) EVIDÊNCIA DISPLAY Lisboa 214 603 620 geral@evidenciadisplay.com www.evidenciadisplay.com (Stands)

ETIC Lisboa 213 942 550 info@etic.pt www.etic.pt ISLA Lisboa 808 203 544 elpme@lx.isla.pt www.isla.pt RESTART Lisboa 213 609 450 info@restart.pt www.restart.pt Fotografia e vídeo CITY LAB Marco de Canaveses 255 539 230 citylab@citylab.pt www.citylab.pt

TRYP CONFORT D. MARIA Covilhã 275 310 000 tryp.dona.maria@solmelia.com COIMBRA

FONTANA PARK HOTEL Lisboa 210 410 600 geral@fontanaparkhotel.com www. fontanaparkhotel.com Ver página: 84

HOTEL QUINTA DAS LÁGRIMAS Coimbra 239 802 380 comercial@quintadaslagrimas.pt www.quintadaslagrimas.pt

HOTEL DOM PEDRO LISBOA Lisboa 213 896 600 lisboa.reservations@dompedro.com www.dompedro.com

HOTEL VILA GALÉ COIMBRA Coimbra 239 240 000 coimbra@vilagale.pt www.vilagale.pt

HOTEL REAL VILLA ITÁLIA Cascais 210 966 000 realvillaitalia@hoteisreal.com www.realhotelsgroup.com

ÉVORA

HOTEL VILLA RICA Lisboa 210 043 000 hotelvillarica@viphotels.com www.villaricahotelsgroup.com

HOTEL MAR DE AR Évora 266 740 700 geral@mardearhotels.com www.mardearhotels.com FARO

GL EVENTS Alcochete 212 317 430 info@glevents‑portugal.com www.glevents‑portugal.com (Mobiliário) MODELSTAND Braga 253 300 320 comercial@modelstand.pt www.modelstand.pt (Stands) MULTIARCO Lisboa 218 483 740 info@multiarco.pt www.multiarco.pt (Ar‑condicionado)

FABRICE ZIEGLER Lisboa 218 877 719 fabriceziegler@netcabo.pt www.fabriceziegler.com MINIFOTO Lisboa 217 567 330 minifoto@netcabo.pt www.minifoto‑estudio.com Ver página: 73

CS SALGADOS GRANDE HOTEL Albufeira 289 598 331 groups.algarve@cshotelsandresorts.com www.cshotelsandresorts.com

NV STUDIO Porto 226 180 741 nvstudio@nvstudio.co.pt www.nvstudio.co.pt

HOTEL FARO Faro 289 830 830 comercial@hotelfaro.pt www.hotelfaro.pt

Hotéis PEBÊ DESIGN Terrugem 219 188 720 geral@pebe.pt www.pebe.pt (Stands) POP COMMUNICATION GROUP Lisboa 218 650 400 popgroup@popgroup.pt www.popgroup.pt (Stands, sinalética) PUBLIACÇÃO Almargem do Bispo 210 106 295 geral@publiaccao.com www.publiaccao.com (Road‑show) SIRAM Funchal 291 230 350 siram@siram.pt www.siram.com (Palcos e outras estruturas) SPORMEX Braga 253 673 689 geral@spormex.pt www.spormex.pt (Stands) Formação

CROWNE PLAZA HOTEL Vilamoura 289 381 600 geral@cpvilamoura.com www.crowneplazavilamoura.com

AVEIRO GRANDE HOTEL DA CURIA Anadia 231 515 720 geral@grandehoteldacuria.com www.grandehoteldacuria.com PALACE HOTEL BUSSACO Luso 231 937 970 bussaco@almeidahotels.com www.almeidahotels.com

LE MERIDIEN PENINA GOLF E RESORT Portimão 282 420 200 reservations.penina@lemeridien.com www.lemeridienpenina.com MONTE DA QUINTA Almancil 289 000 300 mqreservas@mqclub.com www.montedaquintaresort.com SHERATON ALGARVE HOTEL & RESORT Albufeira 289 500 100 pinecliffs.reservations@luxurycollection.com www.sheratonalgarve.com

BEJA BEJA PARQUE HOTEL Beja 284 310 500 reservas@bejaparquehotel.com www.bejaparquehotel.com BRAGA AXIS OFIR Esposende 253 989 800 reservas@axisofir.com www.axishoteisegolfe.com

TIVOLI MARINA DE VILAMOURA Vilamoura 289 303 303 htmarinavilamoura@tivolihotels.com www.tivolihotels.com GUARDA HOTEL LUSITÂNIA CONGRESS & SPA Guarda 271 238 285 lusitania.dir@naturaimbhotels.com www.naturaimbhotels.com LEIRIA

MELIÃ BRAGA Braga 253 144 000 melia.braga@meliaportugal.com www.meliabraga.com BRAGANÇA

ESCOLA DE GESTÃO E NEGÓCIOS Lisboa 213 177 607 egnegocios@universidade‑autonoma.pt www.egnegocios.ual.pt

HOTEL SÃO LÁZARO Bragança 273 302 700 comercial.hsl@hoteis‑arco.com www.hoteis‑arco.com

ESCOLA SUPERIOR DE HOTELARIA E TURISMO DO ESTORIL Estoril 210 040 700 isabel.sousa@eshte.pt www.eshte.pt

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MARRIOT PRAIA D’EL REY & BEACH RESORT Óbidos 262 905 100 info.pdr@marriott‑pdr.com.pt www.praia‑del‑rey.com LISBOA ALTIS BELÉM Lisboa 210 400 200 info@altisbelemhotel.com www.altishotels.com CORINTHIA LISBOA HOTEL Lisboa 217 236 363 lisboa@corinthia.pt www.corinthiahotels.com

LISBON MARRIOTT HOTEL Lisboa 217 235 400 claudia.ventura@marriotthotels.com www.marriott.com/hotels/travel/ lispt‑lisbon‑marriott‑hotel/ PALÁCIO ESTORIL Estoril 214 648 000 front‑desk@palacioestorilhotel.com www.palacioestorilhotel.com PESTANA PALACE Lisboa 21 361 56 00 sales.portugal@pestana.com www.pestana.com RITZ FOUR SEASONS HOTEL LISBOA Lisboa 213 811 400 fsh.lisbon@fourseasons.com www.fourseasons.com/lisbon SHERATON LISBOA Lisboa 213 120 000 sheraton.lisboa@sheraton.com www.starwoodhotels.com VIP EXECUTIVE ART’S Lisboa 210 020 400 hotelarts@viphotels.com www.viphotels.com PORTO PORTO PALÁCIO CONGRESS HOTEL & SPA Porto 226 086 600 geral@portopalaciohotel.pt www.portopalaciohotel.pt SHERATON PORTO HOTEL & SPA Porto 220 404 000 sheraton.porto@sheraton.com www.sheratonporto.com THE YEATMAN Vila Nova de Gaia 220 133 100 reservations@theyeatman.com www.theyeatman.com TIARA PARK ATLANTIC Porto 226 072 500 reservas.porto@tiara‑hotels.com www.tiara‑hotels.com SANTARÉM DOM GONÇALO HOTEL & SPA Fátima 249 539 330 mail@hoteldg.com www.hoteldg.com


DIRECTÓRIO 89

VIANA DO C ASTELO AXIS GOLF PONTE DE LIMA Ponte de Lima 258 900 250 reservas@axispontedelima.com www.axispontedelima.com FLÔR DE SAL Viana do Castelo 258 800 100 reservas@hotelflordesal.com www.hotelflordesal.com VILA RE AL VIDAGO PALACE HOTEL Vidago 276 990 900 vidagopalace@unicer.pt www.vidagopalacehotel.com VISEU AQUAPURA DOURO VALLEY Lamego 254 660 600 aquapuradouro@aquapuradouro.com www.aquapurahotels.com HOTEL MONTEBELO Viseu 232 420 000 montebeloviseu@visabeiraturismo.com www.montebeloviseu.pt MELIA CONFORT GRÃO VASCO Viseu 232 423 511 geral@hotelgraovasco.pt www.hotelgraovasco.pt

BLOOM UP Lisboa 217 611 010 bloom@bloom.pt www.bloom.pt CI – CONGRESSOS E INCENTIVOS Sintra 219 246 342 cicongressos@sapo.pt www.ci‑congressos.com CPL EVENTS Cascais 214 003 540 events@cplevents.pt www.cplevents.pt LEADING – CONGRESS & ASSOCIATION MANAGEMENT Linda‑a‑Velha 217 712 634 leading@leading.pt www.leading.pt MTP – ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS Lisboa 217 583 325 correio@mtp.pt www.mtp.pt MUNDICONVENIUS Lisboa 213 155 135 info@mundiconvenius.pt www.mundiconvenius.pt

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SKYROS Porto 226 165 450 skyros@skyros‑congressos.com www.skyros‑congressos.com

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Limpeza VADECA Matosinhos 229 397 800 vadeca.servicos@vadeca.pt www.vadeca.pt CLIMEX Lisboa 21 847 58 54 comercial@climex.pt www.climex.pt Organizadores Profissionais de Congressos ACRÓPOLE Porto 226 199 680 geral@acropole‑servicos.pt www.acropole‑servicos.pt

ADEREÇO PRODUÇÕES Porto 225 322 720 geral@adereco.com www.adereco.com B+ Estoril 214 689 668 geral@bpositivo.com www.bpositivo.com BAIXA 62 Cacém 214 278 660 joana.botelho@baixa62.pt www.baixa62.com BEST EVENTS Braga 253 204 053 info@bestevents.pt www.bestevents.pt

CANTO MONIZ Lisboa 213 430 240 diana.martin@cantomoniz.pt www.cantomoniz.pt Ver página: 27

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GL EVENTS Alcochete 212 317 430 info@glevents‑portugal.com www.glevents‑portugal.com INFORPRESS Lisboa 213 240 227 lisboa@inforpress.com www.inforpress.com Ver página: 43 KRIAEVENTOS Lisboa 217 955 424 ke@kriaeventos.pt www.kriaeventos.pt LAGOS PREMIUM EVENTS Carnaxide 213 034 900 geral@lagossports.com www.lagossports.com

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