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Santa Casa de Campos do Jord達o

Quantos?

...nasceram, quantos morreram e quantos se salvaram aqui?

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Quantos já não foram abrigados por esse telhado?

A

lvo de depredações e saques, as instalações da Santa Casa continuam a se deteriorar e ninguém sabe qual será o futuro do prédio. A percepção de abandono fica mais latente no pátio deserto. Lá repousam carros recolhidos nas fiscalizações de trânsito.

Recentemente, o jornal “O Povo” deu

destaque para o amontoado de veículos em volta do antigo hospital. Agitação de pessoas, só no antigo velório. Em meio a esse cenário, os vereadores cassaram, no dia 4 de abril, o título de entidade de utilidade pública, que isentava a Santa Casa de alguns tributos.

A ironia é que a Santa Casa, Fundação

de direito privado, é credora de alguns milhões referentes a repasses que a Prefeitura não fez entre 2003 e 2005.

Descontada a dívida com os ex-funcionários, estima-se que a sobra beiraria R$ 3 milhões. Já a Santa Casa segue processando a Prefeitura. Sem contar com um quadro diretivo, o último presicampos do jordão 13

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Quantos já não passaram por essa entrada?

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dente, Valter Gonçalves, de dispôs a acompanhar os processos e a tomar providências inerentes ao hospital. Ele se disse favorável à venda do prédio, como atalho às indenizações trabalhistas e quitação dos débitos com fornecedores. A justiça, porém, indicou que quer um outro caminho para a liquidação dos débitos.Por fim, o advogado da Santa Casa acha que no futuro será possível reabri-la como hospital.

Valter calcula que o acerto de contas com a Prefeitura, poria cerca de R$ 6 milhões no caixa da Santa Casa. Desse total, R$ 4,8 milhões resultariam de transferências não realizadas pela Prefeitura, quando o Pronto Socorro era mantido pela Santa Casa. O restante – R$ 1,2 milhão – refere-se a um terreno da instituição que o município desapropriou para construir o Instituto Federal de Educação (vizinho à antiga Casa da Criança).

Em fins de 2003 a Santa Casa foi incumbida de gerir o Pronto Socorro. A conta mensal era de R$ 180 mil em média. “Tinha mês que a Santa Casa não recebia e tinha que se virar”, diz Valter. A isso, diz ele, somava-se o fato de que a entidade tinha um déficit mensal de R$ 10 mil, para desempenhar suas funções de hospital.

O pagamento das prestações do terreno desapropriado, no valor de 16 GUIA CASTELFRANCHI

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Para quantos essa foi a primeira porta.... ou a última?

R$ 10 mil, serviria para zerar as contas.

“Acontece que a Prefeitura pagou dois meses e nunca mais fez depósitos”, diz o presidente.

Paralelo a isso, acrescenta, o governo argumentou que Campos tinha 600 leitos hospitalares. Recursos que antes eram exclusivos da Santa Casa, foram rateados entre cinco hospitais.

Por fim, Walter destaca que no decorrer de 2004 houve muito atraso nos repasses, “mas eles ainda aconteciam”.

“Quando trocou o governo, secou de vez”, afirma. Sem receber, os médicos começaram a faltar. “Chegou num estágio que se uma pessoa chegasse ferida no Pronto Socorro, ela poderia morrer. Foi quando tomamos a decisão de fechar a Santa Casa”, disse Valter. Os cerca de 70 funcionários, incluídos os médicos, perderam seus postos e não viram a cor dos salários.

Um guarda foi destacado para proteger o prédio dos ladrões. Mas, segundo Valter, o assédio de dependentes químicos, prostitutas e até desabrigados foi tamanho que não houve vigia que quisesse ficar. A fiação e tudo o mais que continha cobre desapareceu. Valter diz que para conter os furtos e invasões, aceitou a proposta do dono de um guincho, pela qual ele se incumbiria de dar proteção ao prédio, ao mesmo tempo que pagaria um aluguel de R$ 500,00, cujo valor se destinaria ao abatimento de pendências trabalhistas. Em troca, o dono do guincho ganhou o direito de guardar lá os carros apreendidos pela polícia e o DSV.

Também o aluguel do velório – de R$ 500,00 e que segundo Valter estaria atrasado há meses – deveria ser destinado à quitação do débito trabalhista. Já os R$ 2.500,00 pagos pela Unimed tinham uma finalidade curiosa:

para coibir a impontualidade de duas médicas no Pronto Socorro, impôs-se a elas a marcação da jornada num livro de pontos. Acontece que pelo livro de pontos o empregador era a Santa Casa e não o PS. Como resultado as médicas processaram a Santa Casa em R$ 250 mil. “ O dinheiro do aluguel da Unimed vai direto para a conta delas”, explicou Valter. No começo de fevereiro, a Uni-

med desativou o ambulatório.

Descrente de que a Santa Casa possa ser reaberta, e defensor de alternativas para extinguir o quanto antes o débito trabalhista, Valter diz que gostaria de vender o prédio. “A minha intenção é de fazer esse pedido à justiça”. No entanto, o advogado da Santa Casa acha que a entidade pode ressuscitar suas antigas funções (veja na pág seguinte). campos do jordão 17

E

mbora Valter Gonçalves tome como sensata a venda dos imóveis da Santa Casa, cujo dinheiro serviria para liquidar dívidas trabalhistas, o advogado da entidade, Frederico Scaranello, pensa um pouco diferente. Segundo ele, os bens imóveis junto com o que o hospital tem a receber, superam em dois terços o valor das dívidas. “Acho perfeitamente viável que a Santa Casa reabra algum dia. É uma decisão política”, afirmou.

Perguntado sobre a forma como a diretoria agiu em 2004, para evitar o colapso, após os atrasos nos repasses, Frederico diz que houve uma série de interpelações dirigidas à Prefeitura. “Isso consta do processo”, afirmou. Segundo ele, embora a situação estivesse ficando cada vez mais difícil, a diretoria deu mais peso ao valor social de sustentar o PS. “Havia a opção de se devolver o PS para a Prefeitura, mas houve o entendimento de que o maior prejudicado seria a população”, afirmou.

Recentemente, a Santa Casa sofreu um revés na ação que movia contra a Prefeitura. Uma confusão judicial fez com que o processo voltasse ao ponto de partida. Por conta disso, Frederico Scaranello mudou a estratégia e ingressou com uma cobrança judicial. “É um caminho longo,

Quantas vidas essa janela já iluminou?

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s a ? campos do jord達o 19

porém mais seguro”, afirmou. Ele lembrou ainda que a justiça emitiu decisão favorável à Santa Casa, na causa que exige o pagamento pelo terreno que veio a sediar o Instituto Federal de Educação.

“A dívida está para ser inscrita como precatório”, informou.

Já o advogado Sérgio Honório da Silva, que move uma ação contra a Santa Casa em favor dos exfuncionários, diz que se trata de uma causa ganha, mas cujo desenrolar se arrastará por vários anos. “É líquido e certo que os ex-funcionários terão seus créditos”, disse. Tanta certeza advém das sentenças já proferidas em favor dos ex-funcionários – a Santa 20 GUIA CASTELFRANCHI

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Casa não recorreu. Outro ponto que deixa Sérgio tranquilo é o fato do patrimônio da entidade ser maior do que a dívida dela. Um terceiro e decisivo fator diz respeito à ordem de sequestro, emitida pela justiça do trabalho, dos valores que a Prefeitura deve à Santa Casa.

Por sua vez, a Prefeitura avisou que irá recorrer até o último minuto. O procurador jurídico do

município, Carlos Assaf, explica que está em jogo um valor muito elevado, herdado de outras administrações. “Por ser uma ação envolvendo o município, ele descarta a possibilidade de acordo. “Forçosamente, a Prefeitura tem que esgotar as possibilidades de recurso”, afirma. Ele acrescenta que a quantia cobrada precisa constar do orçamento do município. “O montante é muito expressivo e nesse momento a prefeitura não teria dinheiro para quitar essa dívida. A seu tempo isso exigirá planejamento e a constituição de uma reserva”, assinalou.

Que triste fim...

...para nossa Santa Casa

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Guia: o para-choque d Toda semana é a mesma rotina. Camioneiros desatentos não percebem a sinalização que alerta sobre a altura máxima permitida e acabam colidindo com o

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Escola Dora Lygia Richieri

Dona Vanda Diretora e proprietária da escola Dora Lygia Richieri, a incansável educadora Vanda Kara Pinheiro, moldou e formou várias gerações de jordanenses. E ainda tem muito chão pela frente.

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dentista Vanda Kara José ainda se familiarizava com Auditório Cláudio Santoro e a SP-123. Avenidas eram abertas o consultório em São José do Rio Preto, quando e praças reformadas. Nesse contexto, dona Vanda sentiu que decidiu seguir o marido, Jair Pinheiro, seu ex-colega a cidade precisava de uma escola particular. Com as amigas de classe na Unesp. Já em Campos do Jordão, a informaSalete Padovan, Margarida Padovan, Clarice de Marco e ram que o CENI (atual Funcamp), maior colégio da cidade, Aparecida Ramiro, criou em 1980 o Dora Lygia, alojada iniprecisava de professor. E lá foi ela. A rigor a função seria cialmente numa residência em frente à Casa da Xilogravura apenas de ensinar, mas ela fazia bem mais: auxiliava na (veja matéria na pg seguinte). secretaria, ajudava a montar a folha de pagamento, tentava aprender de tudo. “É qualidade do bom profissional entender o mecanismo em que ele atua e ter participação ampla”, diz. E o resultado não poderia ser outro: Foi indicada ao comando da escola. No que se seguiu, dona Vanda, mostraria o perfil da diretora de pulso, cheia de fibra e uma gestora eficiente. Ainda hoje basta sua presença para os alunos porem de lado a agitação, adotando a postura de atenção.

Numa turma de 100 alunos, dona Vanda foi uma das quatro mulheres a receber o diploma de dentista. Assumiu a cadeira de professora, quando a escola pública era um oásis de excelência. Inaugurado sob seu comando, em 1971, o TCC correspondia ao sonho de professores e alunos: As inseparáveis Salete Padovan Paulo, Vanda e Margarida Padovan “Tínhamos salas ótimas e laboratórios equipados com tudo o que se possa imaginar”, recorda.

Atualmente, dona Vanda cumpre rotina numa sala Além disso, havia o célebre Clube do Livro, o Clube de Cido Dora Lygia, no mesmo prédio que se tornou a sede da ências e uma bela fanfarra. O ingresso direto de ex-alunos escola a partir de 1984. Diariamente ela observa os jovens em cursos renomados como a politécnica da USP – caso do do Fundamental I se aproximarem de sua janela para pegar hoteleiro Alberto Bernardino – e no Instituto Tecnológico da algumas “gostosuras”, deixadas lá. Um afago da direção.

Aeronáutica, atestavam a qualidade do ensino. Também os “Nunca tive trabalho para controlar os alunos. Eles precipais participavam intensamente através da APM, responsável sam de carinho”, assinala, numa aparente contradição à por fornecer uniformes e material a quase 400 alunos. “Para fama de durona. fazer justiça, poucas pessoas ajudaram tanto a APM como o

Prestes a completar 50 anos dedicados à Educação, Abud”, diz dona Vanda numa homenagem ao então profesela traça uma comparação entre as épocas: “Os jovens de sor de História. A essa altura, ela era mais do que dentista. antes tinham mais objetivo de vida”. Ela ressalta que diversas Obtivera os diplomas nas áreas de Biologia e Ciências. E, variantes concorreram para isso. “Os pais eram mais rígidos, curiosamente, um outro dentista ocupava a cadeira de Quíenérgicos. Hoje poucos se dispõem a perder os cabelos. Dá mica, Homero Zen. para migrar com os filhos de um colégio ao outro. Já os alunos

No início da década de 80, dona Vanda levou o liam mais, mostravam-se mais interessados”, pondera.

TCC a duas vitórias seguidas no “É Proibido Colar”, proAinda opinando em tom retrospectivo, dona Vanda diz que grama apresentado por Antonio Fagundes na TV Cultura. o impacto da Internet na Educação foi um evento ambíguo: O entusiasmo se estendeu a outras escolas de Campos e “Muitas vezes ajuda, muitas vezes atrapalha”. ela organizou uma versão menor da disputa, o que fez os

Humilde, ela fica na dúvida se deixou uma marca colégios jordanenses ferverem em competições no Ginásio forte no campo estudantil.

Esportivo.

Mas todos sabemos que sim, ela deixou sim, uma

Por essa mesma época, o então prefeito Fausi Paulo marca muito forte na educação de várias gerações de jora convidou para chefiar a Secretaria de Educação. Campos danenses e fez da Escola Dora Lygia sempre um ponto de vivia uma fase de intenso progresso. Entravam em cena o referência e comparação. campos do jordão 25

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