Caminhoneiros evitam tragédia Ambiental
Um movimento unindo cerca de 50 caminhoneiros, evitou que uma tragédia ambiental eclodisse em Campos do Jordão: o descarte descontrolado de grandes quantidades de entulho descartado diariamente nas matas da cidade. Na verdade, o despejo clandestino vinha pipocando há meses e chegou a ser denunciado várias vezes pelo vereador Ricardo Castelfranchi. Porém, um grande aumento de casos desse tipo teve início há um mês, quando a Justiça proibiu a deposição de resíduos sólidos no aterro de inertes, nas redondezas do sanatório S-3 onde os caminhoneiros descarregavam entulho, galhos de árvore e poda de jardim, isto é, os resíduos sólidos. O ponto alto do movimento foi o protesto realizado no início de dezembro, quando em comboio os caminhões entraram na Vila Abernéssia e pararam em frente ao fórum, perfazendo uma fila que ia até a Caixa Federal. Foi um ato de ousadia, pois os participantes haviam sido aconselhados a não parar em momento nenhum – receita para o movimento ter pouco ou nenhum efeito. Encabeçando o protesto, a proprietária de um dos ferros velhos da cidade Dayane Toledo iria passar direto pelo centro da cidade. Porém em conversa com Ricardo Castelfranchi resolveu Dayane resolveu parar no Fórum. Afinal a reivindicação era principalmente ambiental e isso era um fator importante para estacionar em frente ao Fórum. A PM não foi chamada, mas observava de longe. O DSV, por sua vez, fazia pressão para
os caminhões saírem da Abernéssia. Ao mesmo tempo, os caminhoneiros haviam se aglomerado na calçada. Foi então que Castelfranchi sugeriu que eles deveriam pedir uma audiência com a promotoria. Deu certo: Dayane e o próprio vereador acabaram recebidos no gabinete do Ministério Público pelo promotor Jamil Simon. A líder dos caminhoneiros disse que classe estava há 25 dias sem trabalhar. Já Castelfranchi foi bem mais incisivo, chamando a atenção para o cenário caótico de entulho sendo despejado em níveis alarmantes na natureza, com a tendência de ainda aumentar pois alguns caminhoneiros para não perder o serviço estavam burlando a Lei. O panorama preocupou o promotor. Entretanto, ele explicou que solução estava principalmente nas mãos do prefeito. Os caminhoneiros então seguiram em massa até a Prefeitura, onde uma reunião foi marcada para o dia seguinte. O gabinete ficou apinhado. De novo os caminhoneiros diziam que precisavam trabalhar. E novamente também a discussão mudou de patamar quando Castelfranchi destacou que o grande problema era a o entulho jogado nas matas. Ou se achava um local para os resíduos sólidos, ou montanhas de entulho iriam parar na natureza. O alerta fez o prefeito tratar os acontecimentos como situação de emergência. Assim, Fred disse que usaria de diálogo ou até saídas jurídicas para convencer o Judiciário a
autorizar a reabertura da área do “bota fora”. Com as licenças prévias dadas pela Cestesb, junto com outras, o executivo teve também de se comprometer a recolher os entulhos jogados pela cidade inteira e que dessa vez, a partir de agora, os resíduos seriam finalmente separados e processados. Pois, segundo o promotor Jamil Simon, faz 11 anos que a Prefeitura descumpre a obrigação de processar e, ainda, reduzir o volume de resíduos depositados no aterro. Ou seja, desde 2004 o aterro só cresce. E em função disso, alguns moradores pediram e conseguiram que a promotoria instaurasse uma Ação Civil Pública, com o fim de se eliminar qualquer descarte no local. Felizmente, porém, promotor e juiz foram sensíveis ao cenário dramático do entulho. Na sexta, dia 11, ambos, juntamente com o prefeito, fizeram uma vistoria no aterro de inertes. Dali resultou um acordo, cujo ponto principal foi a autorização para que os caminhoneiros pudessem se desvencilhar do entulho, depositando-o no terreno que eles já utilizavam anteriormente. Como contrapartida, precisariam recolher restos de construção despejados nas matas. O fato é que a decisão foi bastante comemorada. Também face ao acordo, os líderes dos caminhoneiros fizeram Leandro Gonzalez fez um elogio aberto a Castelfranchi pelo auxílio dele ao movimento.“O Ricardo esteve com a gente o tempo todo, ajudou, negociou. Foi o cara”, destacou Leandro.