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Semanário Independente e Regionalista / Director e Fundador: Fernando de Abreu ANO XLII - Nº 2128 - Quinta-feira 19 de Janeiro de 2017 - Preço: 0,60 Eur. - IVA incluído
Rodrigo Leão & Scott Matthew amanhã na Sé de Viseu
Duas estreias e uma criação própria na nova temporada do Teatro Viriato “É uma
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Museu de Lamego recupera pintura do século XVI Pág.7
A outra Vida do Museu Nacional Grão Vasco
programação tão bela, é nisso que nos devemos focar”, disse Paula Garcia, na sua estreia como diretora-geral do Teatro Viriato, sem querer prolongar a polémica sobre a sua escolha para o cargo. Fausto Bordalo Dias abre a temporada com “chave de ouro”, no próximo sábado. Pág.7
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Memórias de Mário Soares nas páginas de arquivo do Notícias de Viseu Pág. 8
LUATY BEIRÃO E MARCOS MAVUNGO EM VISEU
Em defesa da Liberdade sem “mas” e sem “vírgulas” Pág. 3
DIA MUNDIAL DO Mágico 31 DE JANEIRO
Europeade 2018 em Viseu já dança em tom de polémica Pág. 6
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2 Opinião
Quinta-feira 19/01/2017
50º Dia Mundial da Paz
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Por Maria Helena Marques (Prof.ª Ensino Secundário)
“Glória a Deus nas alturas e na Terra Paz aos homens!”, é o grito de alegria e esperança ecoado pelos Anjos aos pastores e a todos os homens na Noite de Natal! … Paz! Registo DGCS 102220 Depósito Legal 182.842/02 Paz na Terra! … Semanário - sai às 5ªs feiras A Paz, é geralmente definida como um estado SEDE: de calma ou tranquilidade, Complexo Conventurispress uma ausência de perturAv. do Convento, nº 1 bações e agitação. Derivada 3510-674 Viseu Norte do latim Pacem = Absentia Belli, pode referir-se à Redação: ausência de violência ou Telefone: 232 087 050 guerra. Neste sentido, a paz e-mail:geral@noticiasdeviseu.com entre as nações e dentro delas, é o objetivo assumPubliciciade ido de muitas organizações, Telemóvel: 968 072 909 publicidade@noticiasdeviseu.com designadamente a ONU. No plano pessoal desPROPRIEDADE igna tranquilidade na Nodigráfica - Informação ordem, um estado de ese Artes Gráficas, Lda. pírito isento de ira, de deEmpresa Jornalística nº 223518 sconfiança – de um modo Contribuinte: 501 511 784 geral – de todos os sentiNº Registo Conservatória: 1299 mentos negativos. Deste Capital Social: 75.000,00 Euros modo, ela representa um
janeiro 2017 quinta-feira
SÓCIOS Fernando Mateus Rodrigues de Abreu - Administrador Graça Maria Lourenço de Abreu Anabela Lourenço de Abreu - Gerentes COLABORADORES Sofia Meneses Acácio Pinto Laurinda Ribeiro Fernando José Ribas de Sousa Celso Neto Armindo Amaral Serafim Marques Maria Helena Marques Pedro Gomes de Almeida Humberto Pinho da Silva Gabriel Bocorny Guidotti Vitor Santos DELEGAÇÕES Lisboa - Pais da Rosa São Paulo - Adriano Costa Filho Ourense - Sílvia Pardo Pau (França) - Laurinda Ribeiro Gabande (Espanha) - Enric Ribera TIRAGEM Mês de Outubro 30.000 exemplares Dec. Lei 645/76 de 30/7 ÍNDICE DESTA EDIÇÃO Opinião .................................. ...............2 Sociedade..............................................3/4 Educação.......................................5 Cultura.......................................6/7/8 Saúde...............................................9 Desporto..............................................10 Passatempo............................................11 Últimas..............................................12
bem desejado por cada pessoa para si própria e, eventualmente, para os outros. É consequência de um estado de espírito, encontrando, com isso, a sua total paz interior. “ A não-violência: um estilo de política para a paz” é o título da Mensagem para o 50.º Dia Mundial da Paz, a quarta do Papa Francisco.
Assinala-se no dia 1 de Janeiro de 2017. O texto pontifício é enviado aos Ministérios dos Negócios Estrangeiros de todo o mundo para salientar a linha diplomática da santa Sé para o ano que se inicia. As três anteriores mensagens do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz (“Fraternidade, funda-
mento e caminho para a paz”, 2014; “Já não escravos, mas irmãos”, 2015; “Vence a indiferença e conquista a paz”, 2016), foram divulgadas publicamente a 8 de Dezembro. A violência e a paz estão na origem de dois modos opostos de construir a sociedade conforme vimos presenciando. A proliferação de surtos de viloência dá origem a gravíssimas e negativas consequências sociais que o Santo Padre Francisco tem designado com a expressão de “terceira guerra mundial em pedaços”. A paz, ao contrário, tem consequências sociais positivas e permite a realização de verdadeiro progresso. Deste modo, ninguém pode sentir-se dispensado de semeador e construtor de paz nos espaços do que é possível, negociando vias de paz, mesmo onde elas
parecem ambíguas e impraticáveis. Assim, a não-violência poderá adquirir um significado mais amplo e novo: não só como aspiração, desejo, recusa moral da violência, das barreiras, dos impulsos destrutivos, mas também como enfoque político realístico, aberto à esperança…Tratase de um método político fundado sobre o primado do direito. Se o direito e a igual dignidade de cada ser humano são salvaguardados sem discriminações nem distinções, a não-violência, entendida como método político, pode constituir uma via realista para superar os conflitos armados. Nesta perspetiva, é importante que se reconheça cada vez mais não o direito da força, mas a força do direito. Com esta mensagem o Papa Francisco deseja apontar um passo importante, como caminho de es-
Mário Soares não morreu… Por Celso Neto Mário Soares partiu para parte incerta Em cruzada pela Liberdade A sua vida entre nós é um alerta Para toda a humanidade Remou contra os ventos e as marés Percorreu o mundo de lés a lés Granjeou o respeito Universal Honrou a Bandeira de Portugal… Fez coisas muito boas e outras nem tanto Mas só não erra quem se refugia no seu canto A olhar para o umbigo e a caluniar Quem ousa fazer e sonhar… Mário Soares é um cidadão do mundo Por quem sinto um respeito profundo Enquanto teve energia Lutou dia após dia Pela causa Portuguesa Às vezes dando um murro na mesa Quando se tratava de defender a Liberdade Causa que assumiu de “tenra” idade Sinto revolta quando ouço alguém Falar dele com rancor ou desdém Mário Soares foi um Estadista Que colocou Portugal na lista Dos Países com Democracia Em plena Guerra fria Com a União Soviética a lutar desesperadamente Para abrir uma porta a ocidente…
Há quem o acuse de uma má descolonização Como se estive nas suas mãos a solução… Há quem defenda que a guerra devia continuar Como se houvesse quem quisesse “lá” ficar… Os filhos do Povo estavam fartos de guerra E não se sentiam donos daquela terra… Apesar de alguns cenários horríveis As decisões foram as possíveis Por culpa da ditadura de má memória Que não soube ler e interpretar a história Pensando que Portugal Era mais forte que a Comunidade internacional! Para o Campeão da Liberdade, que partiu em viagem… Aqui deixo expressa a minha respeitosa Homenagem!
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Sociedade 3
Quinta-feira 19/01/2017
LUATY BEIRÃO E MARCOS MAVUNGO EM VISEU
Câmara aprova votos de pesar Na reunião da Câmara Municipal de Viseu do dia 12 de janeiro foram aprovados três votos de pesar. O Município expressa desta forma o sentimento colectivo de luto e de perda, pelos falecimentos do ex-Presidente da República Mário Soares, do fadista Avantino Sousa e do professor José Moreira.
“Nós podemos denunciar, mas vocês podem reagir” Os ativista angolanos Luaty Beirão e Marcos Mavungo estiveram em Viseu, num debate sobre “Liberdade de Expressão”, em que denunciaram a violência da “ditadura do dinheiro” e lançaram um apelo para que Portugal reaja e ajude Angola a respeitar a Declaração dos Direitos Humanos. “Nós podemos denunciar, mas vocês podem reagir, porque têm, pelo me-nos, a ilusão da democracia que cá existe”, disse Luaty. “O que está em causa é a própria consciência e o futuro da humanidade”, afirmou Marcos. Muito antes da hora marcada, já não havia lugares sentados no salão da Associação de Comerciantes de Viseu, onde decorreu a sessão, organizada pela Amnistia Internacional – núcleo de Viseu, em parceria com os Jardins Efémeros. O espaço encheu-se de pessoas que, em cadeiras, de pé ou sentadas no chão, não quiseram perder o encontro com aqueles dois testemunhos vivos de luta e resistência pela liberdade. Sim, vivos, porque outros ativistas não escaparam com vida, como foi o caso de Kamulingue e Isaías Cassule, assassinados barbaramente (o corpo de Isaias foi atirado aos crocodilos), quando tentavam organizar um manifestação, como ali foi lembrado. Luaty Beirão e Marcos Mavungo contaram os seus casos pessoais - com destaque para o pesadelo que ambos passaram na prisão, julgados por crimes que não cometeram -, mas não esqueceram
lhanças da planta com as características dos ativistas. Marcos insistiu na necessidade de Portugal, em vez de “prestar vassalagem”, fazer um amplo debate sobre Angola, para não correr o risco de se tornar numa “lavandaria de dinheiro sujo”, que colocará em perigo a própria democracia portuguesa. “Não sei se a minha filha poderá ver uma Angola melhor, mas se não conseguirmos construir uma estrada nova, vamos tentar fazer, pelo menos, a terraplanagem”, defendeu Luaty.
outras vítimas da repressão. Pessoas, homens e mulheres jovens, intimidadas, perseguidas, torturadas, presas ou mesmo assassinadas por quererem exercer uma “atividade criminosa chamada manifestação”. Luaty e Marcos agradeceram a todos os que, em Viseu, como noutras partes do país e do mundo, fizeram vigílias e pressionaram o poder político, em defesa da liberdade e dos Direitos Humanos. “A minha prisão foi um troféu” Luaty, o rosto mais conhecido dos jovens ativistas angolanos, por uma greve de fome de 36 dias que quase o levou à morte, salientou: “A minha prisão foi um troféu”, pois mostrou ao mundo inteiro o que se passa em Angola, dando origem a uma grande pressão internacional. Músico rap desde os 13 anos, Luaty cantou, durante a
sessão, com a alegria que o caracteriza, excertos dos seus primeiros temas: “É melhor viver simples para morrer feliz”. Em Angola, a sua voz foi-se tornando cada vez mais interventiva à medida que tomou consciência de que a queriam calar. Percebeu que expressarse livremente não lhe iria facilitar a vida. Mas... “Vai e, se der medo, vai com medo mesmo”. “Temos sempre escolhas. Tudo são razões válidas para ter medo, mas até quando vamos aceitar viver sobre a prisão do medo?”, questionou Luaty. Marcos Mavungo, membro da Associação Cívica de Mpalabanda, deu a conhecer a ação desenvolvida em Cabinda, por este coletivo que tem denunciado a opressão, a corrupção e as violações de direitos humanos. “Mpalabanda é o nome de um arbusto que cresce em zonas áridas e que cada vez que se queima renasce das cinzas e torna a afirmar a sua vida”, explicou, fazendo notar as seme-
Liberdade sem “mas” nem “vírgula” Na sessão, que contou com a participação de muitas pessoas do público, intervieram também Pedro Neto, da Amnistia Internacional, Carla Marcelino Gomes e João Luís Oliva, ambos ligados à Universidade de Coimbra. Coube a este último iniciar e encerrar o encontro, lembrado que a liberdade “não tem território”, “não tem partido”, “não tem idade” e não pode ter “mas” nem vírgulas a “armadilhá-la”. Luís Oliva desconstruiu a frase, tantas vezes repetida, ‘a minha liberdade acaba quando começa a dos outros’ – “Não é verdade”, sublinhou. “É aí que começa a minha liberdade. Porque só em Liberdade se pode pensar o Outro, com o Outro”. Sofia Meneses
309-1 à freguesia de Germil, no concelho de Penalva do Castelo. Na cerimónia, que se realizou na sede da Junta de Freguesia de Germil, marcaram presença os presidentes das duas autarquias, João Azevedo e Francisco Carvalho, e o presidente do conselho Intermunicipal Viseu Dão Lafões, José Morgado Ribeiro.
Para João Azevedo este “é o primeiro sinal da coesão territorial”, numa comunidade que tem objetivos comuns, “para que possamos criar condições competitivas para que as pessoas possam ficar cá e que tenham esperança naquilo que é o emprego, a coesão territorial, a oferta de serviços e a comunidade”. Neste sentido, sur-
A quinta Loja Europa Jovem do país abriu em Viseu. A Sala do Pórtico do Fontelo vai ser gerida pela Adamastor, associação que administra a Pousa da Juventude e resulta de um protocolo entre a Câmara, a associação e a Fundação Bracara Augusta.. O objectivo é informar sobre a Europa dos 27.
Turismo do Centro Em Madrid A Entidade Regional do Turismo do Centro de Portugal, através da Agência Regional de Promoção Turística do Centro (ARPTC), apresenta-se na 37ª edição da Feira Internacional de Turismo de Madrid - FITUR 2017. O certame decorre desde ontem, dia 18, a 22 de janeiro, na capital espanhola.
Pintura inspira Vinho Índio Rei O Museu de Grão Vasco foi palco da apresentação do Vinho Índio Rei (região do Dão), inspirado no quadro “Adoração dos Reis Magos”. Este vinho foi instituído como “vinho oficial” do Museu de Arte Indígena (MAI) de Curitiba, Estado de Paraná, Brasil, na sequência dos contactos com Susana Melo Abreu, da Amora Brava, que viajou com seu marido, o enólogo Carlos Silva, a Curitiba, tendo-se deslocado ao MAI. A apresentação do vinho, em Viseu, teve lugar na sala onde estão expostos os 14 quadros do antigo retábulo da Sé, incluindo “Adoração dos Reis Magos”, obra quinhentista, em que um dos reis é representado pela figura de um índio do Brasil.
Viseu reduz fatura energética A Camara Municipal de Viseu irá proceder a um novo contrato anual de fornecimento de energia elétrica, que lhe deverá garantir uma poupança de cerca de 320 mil euros. Ou seja, uma redução de 5% dos custos totais da fatura energética de 2016, que ascendem a 6,4 milhões de euros. O contrato de fornecimento da iluminação pública de Viseu e dos equipamentos da Câmara e Águas de Viseu será agora entregue à GALP Power. Anteriormente estava entregue à EDP Comercial.
Iluminação LED em Nelas
Penalva do Castelo e Mangualde dão exemplo de coesão territorial As Câmaras Municipais de Mangualde e de Penalva do Castelo e a Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões assinaram, dia 12 de janeiro, um Contrato Interadministrativo de Delegação de Competências. Esta assinatura surge no âmbito da requalificação da Estrada Municipal 604 que liga a Estrada Nacional
Loja Europa Jovem no Fontelo
girão outros projetos conjuntos, nos próximos meses, “para o desenvolvimento dos produtos endógenos dos concelhos de Mangualde, Penalva, Nelas e outros aqui à volta”, disse o autarca.
A Câmara de Nelas aprovou por maioria o início de um concurso público com vista a substituir todas as suas cerca de 6200 luminárias de sódio por iluminação LED (sendo dessas 6200, 500 com regulador de fluxo incorporado), substituição essa a ocorrer ainda durante o ano de 2017. A esta substituição acrescerá aquela que a EDP, concessionária da rede de iluminação pública fará progressivamente até 2020 (sendo 500 até 2018) das 2000 luminárias de mercúrio que existem ainda na rede.
Jornal de Beira apaga 96 velas O Jornal de Beira, semanário da Diocese de Viseu, celebrou, dia 9 de janeiro, 96 anos de existência. O Notícias de Viseu envia-lhe sinceras felicitações.
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4 Sociedade
Quinta-feira 19/01/2017
“Ano Oficial” com entrada de Leão O Concerto de Abertura do “Ano Oficial para Visitar Viseu” terá lugar amanhã, dia 20, pelas 22 horas, na Sé Catedral, com Rodrigo Leão & Scott Matthew. A entrada é livre. A abertura de portas ao público será pelas 21H30. Como o NV noticiou na edição de 5 de janeiro, esta iniciativa do Município e da Viseu Marca, quer atrair visitantes e turistas e envolver a comunidade local, apostando em três eixos: Cidade de Viriato, Cidade Jardim e Cidade Vinhateira. O calendário desta ação começou com uma apresentação interna e com a consulta ao Conselho Estratégico do Município e à Entidade do Turismo do Centro (TC). No final desta reunião, o presidente da Câmara de Viseu e Pedro Machado, presidente do TC, disseram à comunicação social que este evento se destina, em
primeiro lugar, ao mercado interno, o qual representa mais de 60% do turismo em Viseu, mas pretende também atrair turistas de Espanha (segundo maior mercado) e França (terceiro mercado). 190 mil dormidas em 2017 Pedro Machado adiantou que um dos objectivos é consolidar os resultados registados nos últimos três anos, sempre com tendência para crescer no número de dormidas (110 mil, em 2013; 120 mil, em 2014; 145 mil, em 2015). Em 2016, embora ainda por apurar, a taxa deve atingir o recorde de 165 mil ou 170 mil dormidas. Questionado sobre as expectativas para 2017, o presidente do TC mostrou-se confiante de que será possível alcançar o número de 190 mil dormidas. Almeida Henriques fez notar a
Rodrigo Leão & Scott Matthew consistência e durabilidade deste plano que pretende consolidar Viseu como destino turístico de qualidade, potenciando o seu património, cultura, gastronomia e vinhos, aliados a uma grande concentração de unidades de 5 estre-
las. O “Ano Oficial para Visitar Viseu” será apresentado na BTL 2017 (15-19 Março) e incluirá uma campanha promocional nos aviões da TAP, tendo como alvo, sobretudo, as regiões de Castilha e Leão.
“Viseu, Temos Visitas” é a assinatura da campanha promocional, que realça a letra “V” de Viseu, Viriato, Vinho, Visita, Vamos. O programa inclui um conjunto de ações internas, entre as quais: “Um viseense, um embaixador”, acção de formação e sensibilização sobre os atributos de Viseu, através de visitas guiadas à cidade e apresentações do “Visit Viseu”; “Timeline Viseu” – edição impressa (e disponível na Web) de uma régua do tempo histórico de Viseu, da Idade do Ferro (séc. IV a.C.) ao séc. XX, que narre e ilustre as camadas mais marcantes dos 2500 anos de história de cidade; “1 viseense, 1 convidado”, desafio para que, durante 2017, cada viseense convide alguém a visitar Viseu. Grande parte das acções internas são voltadas para as escolas.
Moimenta da Beira apoia natalidade com bens de primeira necessidade
Projetos de valorização turística com candidaturas abertas
Em vez de dinheiro, a Junta de Freguesia de Moimenta da Beira aposta em bens de primeira necessidade como política de incentivo à natalidade e apoio à família. Fraldas, leite, iogurtes, leite em pó, farinhas (papas), soro fisiológico, biberões, chupetas e carrinhos de transporte de bebés, entre outros produtos específicos, fazem parte da lista de bens a que as famílias candidatas podem ter acesso, desde que, explica Francisco José Rebelo Gomes, o presidente da Junta de Freguesia, “residam e estejam recenseadas na freguesia, e preencham os requisitos previstos no regulamento”. O valor total varia entre os 50 e os 250 euros (por cada criança nascida desde 15 de dezembro de 2016), dependendo da condição financeira de cada família, e os bens constantes da lista são obrigatoriamente adquiridos nas lojas que aderiram ao
A linha de apoio à valorização turística no âmbito do Programa Valorizar, no valor de 10 milhões de euros, acaba de ser publicada em Diário da República, segundo informação divulgada pela secretaria de Estado do Turismo. As candidaturas podem, por isso, começar a ser entregues, o prazo acaba no dia 31 de dezembro de 2017. “Esta linha destina-se a apoiar o desenvolvimento dos projetos turísticos previstos no Programa Nacional para Coesão Territorial lançado pelo Governo”, especifica o governo. Estão abrangidos todos os projetos que promovam a valorização do património e dos recursos endógenos das regiões; a diversificação da oferta, nomeadamente de passeios de bicicleta e caminhadas (cycling & walking), turismo de natureza, turismo
projeto. A transação, essa é feita com a apresentação de “vales”, atribuídos pela Junta de Freguesia, ao balcão daquelas lojas. Os “vales”, que não podem ser trocados por dinheiro, têm o valor mínimo de 10 euros. O objetivo da medida é contribuir para o aumento da taxa de natalidade que, “embora tenha recuperado nos últimos anos, decresceu na década de 2001 a 2011”, fundamenta o autarca, acrescentado ainda que, com este conjunto de estímulos, pretende também “fixar e atrair pessoas à freguesia e travar o envelhecimento da população”. Outro propósito que quer alcançar, tendo em conta que as compras dos bens serão feitas obrigatoriamente no comércio local aderente, “é contribuir para o incentivo e fomento da atividade económica da freguesia”.
SM
equestre, revitalização das termas e dinamização turística das aldeias, diz a secretaria de Estado do Turismo, acrescentando ainda que estão incluídas medidas que “visem a estruturação de programas de visitação turística no interior e o desenvolvimento de calendários de eventos com potencial turístico e com impacto internacional”. Em causa está o financiamento de projetos de entidades públicas e privadas, com apoios financeiros que ascendem a 90% do valor das despesas elegíveis. Os projetos e iniciativas de empresas têm como limite máximo de apoio 150 mil euros, enquanto as entidades públicas e privadas sem fins lucrativos podem candidatar projetos com apoio até 400 mil euros.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO JOVEM E ESCOLAR DE VISEU
António Marques Luís reeleito provedor da Misericórdia de Lamego António Marques Luís foi reeleito provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lamego para o quadriénio 2017-2020. A eleição dos corpos gerentes da instituição decorreu a 27 de dezembro, sendo o atual líder o único candidato que se apresentou a sufrágio. Dos 380 irmãos que podiam exercer o seu direito de voto, 118 foram às urnas. No final, 117 votaram a favor da reeleição de António Marques Luís para um segundo mandato. Foi também registado um voto em branco. Para o mandato que agora se inicia, Fernando Sousa será o novo presidente da Mesa da Assembleia Geral, enquanto que
Espaço público e espaços verdes em foco na maioria das propostas
Jorge Vieira Fonseca mantém-se como presidente do Conselho Fiscal. Com um legado histórico de quase cinco séculos, a Santa Casa da Misericórdia de Lamego é hoje uma instituição de referência, no concelho e na região, na área da solidariedade social.
A maioria das propostas apresentadas ao Orçamento Participativo Jovem e Escolar de Viseu, centra-se nas áreas de intervenção no espaço público e espaços verdes, num total de 13. Seguem-se as propostas na área da educação e juventude (11), saúde e alimentação saudável (10) e inclusão social (9). Decorre até 31 de Janeiro, a fase de análise técnica das 78 propostas apresentadas pelas 13 escolas participantes do ensino secundário, profissional e superior do concelho. Até ao dia 17 de fevereiro, as escolas poderão reclamar da exclusão ou adaptação das suas propostas pelos serviços, recebendo uma resposta por parte da equipa até 13 de março, data de publicação dos projetos definitivos.
A 14 de março irá arrancar a fase de votação, abrindo-se assim o 1º Orçamento Participativo Jovem e Escolar de Viseu a toda a comunidade, dado que até aqui todo o processo de apresentação era restrito às escolas. Até 28 de abril, todos os viseenses e amigos de Viseu, maiores de 16 anos, poderão votar até um máximo de 7 projetos. O 1º Orçamento Participativo Jovem e Escolar de Viseu disponibiliza uma dotação financeira de 250 mil euros, sendo esta a maior dotação do país para um Orçamento Participativo desta natureza. Cada proposta tem um orçamento máximo de 25 mil euros e cada escola pode ter um ou mais projetos vencedores, desde que o valor global não exceda os 40 mil euros.
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Educação 5
Quinta-feira 19/01/2017
COMBATE AO INSUCESSO ESCOLAR
Perto de cinco milhões para Viseu Dão Lafões O Programa Centro 2020 abriu um concurso dirigido às Comunidades Intermunicipais, em parceria com as autarquias locais, para promover planos integrados e inovadores de combate ao insucesso escolar dos alunos da educação préescolar e dos ensinos básico e secundário da Região Centro. Com uma dotação total de 30,6 milhões de euros de Fundo Social Europeu, perto de cinco milhões serão destinados à CIM Viseu Dão Lafões, que tem o segundo valor mais alto, a
seguir à CIM da Região de Coimbra (mais de seis milhões). O concurso tem como objetivo contribuir para as metas do Plano Nacional de Reformas, e do Portugal 2020, que preveem a redução para 10 por cento da taxa de abandono escolar precoce até 2020. Serão consideradas para efeitos de financiamento medidas de promoção do sucesso escolar englobadas numa estratégia de ação que envolva escolas, municípios, professores, famílias, empre-
gadores, associações locais e outros stakeholders da comunidade educativa. As dotações a alocar ao concurso por territórios NUTIII são: CIM da Beira Baixa - 2.257.060; CIM das Beiras e Serra da Estela – 3.250.000; CIM do Médio Tejo – 4.462.500; CIM do Oeste – 4.016.568; CIM da Região de Aveiro – 3.400.000; CIM da Região de Coimbra – 6.293.919; CIM da Região de Leiria – 2.210.000; CIM de Viseu Dão Lafões – 4.781.963.
Requalificação da Escola Grão Vasco adjudicada por 1,2 milhões de euros A Câmara Municipal de Viseu (CMV) aprovou, na reunião do dia 12 de janeiro, a adjudicação da obra de requalificação da Escola Básica 2,3 Grão Vasco, com um valor de 1,2 milhões de euros, que será comparticipado pelos fundos comunitários do Portugal 2020. O contrato seguirá agora para visto do Tribunal de Contas. A obra poderá arrancar no final deste ano lectivo e terá uma duração de dois anos. A execução será transversal a todo o equipamento (espaços exteriores e interiores) e faseada de modo a minimizar o seu impacto no funcionamento escolar. Um dos objectivos é conferir um “elevado padrão de eficiência energética e acessibilidade para alunos com mobilidade reduzida”, adianta o Município. Para Almeida Henriques, trata-se de dar “uma resposta social a 1244 alunos, suas famílias e a várias dezenas de profissionais”.
Sete milhões em Educação Ainda na área da Educação, a reunião de Câmara aprovou o conjunto de 30 projetos e parcerias do programa municipal “Viseu Educa” para a 2017. Em termos globais, este ano, o orçamento municipal em Educação no concelho será de sete milhões de euros, considerando os investimentos previstos nas escolas Grão Vasco e Viriato. Face ao ano anterior são mais cinco os projectos desenvolvidos e quatro outros reforçam a sua dimensão e abrangência. No total, segundo nota do Município, serão investidos mais de 165 mil euros em projetos educativos em vertentes artísticas, desportivas, linguísticas e de inclusão social, para além da aposta reforçada na componente de salas de estudo. “Face a 2016, os projectos ed-
ucativos complementares do Viseu Educa crescem mais de 60 por cento em termos financeiros”, adianta a Autarquia. No domínio da formação são abrangidos 3912 alunos e em salas de aula de estudo, 1112 alunos. No financiamento de refeições de crianças, a CMV irá dispender 1,2 milhões de euros e, nos transportes escolares, um milhão. Cem mil euros são dedicados a programas alimentares complementares e outro tanto é para a ação social escolar. No 1º ciclo do Ensino Básico e Pré-Escolar, o concelho integra 5248 crianças. Considerando todos os níveis de ensino (excluindo o superior), são mais de 15 mil crianças e jovens. Por isso, Almeida Henriques diz que estes investimentos “são sementes para um futuro melhor”.
Conselho Técnico-Científico toma posse na Escola Superior de Educação de Viseu
“
Conversas com…” dias 21 e 28 janeiro
Auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu acolhe o Ciclo de Conferências “Conversas com…”, dias 21 e 28 janeiro, entre as 8h30 e as 16h30, no âmbito do projeto “Se houvera quem me ensinara…”. Organizado pela Associação Grão Vasco e pelo Agrupamento de Escolas Grão Vasco, o ciclo destina-se a pais e encarregados de educação, docentes, psicólogos, outros profissionais da educação e da saúde. Haverá vários painéis sobre “Problemas de Desenvolvimento e Inclusão”, “Necessidades Educativas Especiais e Transição Para a Vida Ativa”, “O Papel da Família no Desenvolvimento das Crianças e Jovens”, “Comunicar, Partilhar, Pôr em Comum” e “Os Benefícios da Música e do Desporto na Intervenção Educativa”.
Avaria impede aquecimento nas salas de aula do Agrupamento de Escolas de Oliveira de Frades O deputado do CDS, Hélder Amaral, questionou o Ministro da Educação sobre a falta de aquecimento nas salas de aula do Agrupamento de Escolas de Oliveira de Frades, no sentido de saber como e quando irá o Governo para resolver a situação. Também o deputado José Luís Ferreira, do Grupo Parlamentar Os Verdes (PEV), entregou na Assembleia da República uma pergunta em que questiona o Governo, sobre a falta de aquecimento na Escola Básica e Secundária de Oliveira de Frades, “registando-se que por vezes as temperaturas no exterior são superiores aquelas que se verificam dentro das salas de aula, situação que compromete a aprendizagem dos alunos e coloca em risco a sua saúde e a do pessoal docente”, segundo o PEV. Desde o arranque do novo ano escolar o aquecimento na sede do Agrupamento de Escolas de Oliveira de Frades “nunca foi ligado, mesmo nos dias mais frios”, afirma o deputado do CDS. O sistema está desligado “devido a uma avaria nos mecanismos que fazem funcionar a ventilação, alguns dos quais nunca chegaram a trabalhar desde a abertura da escola que foi intervencionada pela Parque Escolar, cuja requalificação, praticamente de raiz, teve um custo de 18,5 milhões de euros”, diz Hélder Amaral. O estabelecimento de ensino “também não tem dinheiro para comprar gás”, acrescenta. Ambos os deputados referem que as escolas intervencionadas pela Parque Escolar são ineficientes do ponto de vista energético. Entretanto, cerca de uma centena de alunos organizou uma manifestação de protesto, descontentes com o problema que os afeta.
Assembleia Municipal de Viseu reclama “Universidade Politécnica” Fernando Sebastião, presidente do Instituto Politécnico de Viseu (IPV), conferiu posse, dia 11, ao novo Conselho Técnico-Científico da Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV). O ato público, que decorreu na sala do Conselho Geral da instituição na presença da comunidade académica, surge na sequência dos resultados do processo eleitoral para a constituição do referido órgão e do despacho de homologação do presidente do IPV. Na cerimónia de tomada de posse, o presidente do Politécnico
de Viseu, num breve discurso, agradeceu e reconheceu o trabalho realizado pelo órgão anterior, felicitando de seguida os membros agora empossados, formulando votos de realização de um trabalho de excelência. “O Conselho Técnico-Científico é um órgão de grande responsabilidade para os membros que o constituem e de grande importância para o pleno funcionamento da Escola”. O Conselho Técnico-Científico (CTC) é um órgão de gestão da Escola Superior de Educação de Viseu do IPV, com mandato para um exer-
cício de dois anos. O novo CTC é composto pelos docentes: Abel Figueiredo, Alberto Cartagena, Ana Paula Cardoso, Anabela Novais, Antonino Pereira, Belmiro Rego, Emília Martins, Esperança Jales Ribeiro, Filomena Sobral, Francisco Mendes, Isabel Aires de Matos, João Nunes, João Paulo Balula, Jorge Fraga, José Luís Menezes, José Manuel Pereira, Cristina Azevedo Gomes, Dalila Rodrigues, Isabel Abrantes, Maria João Amante, Teresa Antas de Barros, Nídia Morais, Paula Rodrigues, Sara Felizardo e Susana Fidalgo.
O deputado municipal do BE, Carlos Vieira e Castro, apresentou na última Assembleia Municipal de Viseu (AMV) uma moção, aprovada por maioria (PS absteve-se), no sentido de apelar ao Governo para que dê abertura legal à reivindicação do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, para alterar a designação “Instituto Politécnico” para “Universidade Politécnica” ou “Universidade de Ciências Aplicadas”, mais de acordo com a terminologia usada a nível europeu. A alteração é importante para que estas instituições do Ensino Superior, desde que possuidoras das condições previstas na lei e acreditadas pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior - A3ES, possam oferecer cursos de doutoramento e outorgar o respectivo grau académico. A AMV irá enviar esta moção para o primeiro-Ministro, para o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para os grupos parlamentares da Assembleia da República, para todas as assembleias municipais e todas as CIM que, à semelhança da CIM Viseu Dão Lafões, tenham na sua área de influência institutos superiores politécnicos, para o presidente do IPV e para o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos.
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Quinta-Feira 19/01/2017
EUROPEADE 2018 EM VISEU JÁ DANÇA EM TOM DE POLÉMICA
Etnólogo Lopes Pires critica “falta de rigor” da organização 2017 ainda mal começou, mas 2018 já espreita na preparação de projetos que não podem perder tempo, acompanhados, por vezes, de polémicas que também não se fazem esperar. É o caso da Europeade que, no próximo ano, transformará Viseu na capital europeia do folclore, com mais de 30 países e um total de cerca de cinco mil participantes. Quem não se deixa entusiasmar por estes números é o presidente da Assembleia Geral da Federação de Folclore Português (FFP), Lopes Pires, etnólogo com cerca de 40 anos de dedicação à área da Cultura Tradicional e Popular. Lopes Pires (falando em nome pessoal e não em nome da FFP) critica “a falta de rigor” da Europeade, pois, segundo diz, a organização aceita qualquer grupo que se queira apresentar, mesmo que não se enquadre naquilo que a Unesco define por Cultura Tradicional e Popular (CTP) - Folclore, no verdadeiro significado do termo. “É um erro pensar que Cultura Tradicional e Popular é, apenas, um conjunto de pessoas vestidas de certa maneira, aos pinotes em cima de um estrado”, enfatiza. O etnólogo explica que os requisitos necessários para que algo seja considerado CTP são ser de autoria desconhecida, ter sido transmitido por via oral e representar uma comunidade culturalmente significativa. “Não sei quanto é que vai custar a Europeade, mas lamento profundamente que se gaste dinheiro na defesa de fogos-fátuos, quando há tantos aspetos importantes da Cultura Tradicional e Popular que precisam de ser preservados e divulgados, e que não têm o apoio que merecem”. Lopes Pires dá, como exemplo, a necessidade de salvaguardar a literatura de cordel ou a cultura dos pregões tradicionais de Viseu e chama a atenção para a inexistência de um cancioneiro da região, projeto em que, na sua opinião, se deveria apostar. Quanto à participação dos grupos de folclore locais na Europeade, Lopes Pires receia que estes venham a ser meros acompanhantes dos estrangeiros, sem qualquer protagonismo. Concluindo, Lopes Pires diz que não é contra a realização deste evento, mas preferia que fosse dada maior atenção à Cultura Tradicional e Popular, na sua dimensão mais autêntica. Os nossos grupos são mais genuínos” Daniel Café, novo presidente da direcção da Federação de Folclore Português, que tomou posse
dia 8 de janeiro, disse ao NV que comunga da opinião de Lopes Pires, embora manifeste uma maior complacência relativamente à falta de rigor de alguns grupos admitidos pela Europeade. Na sua perspetiva, o atraso no desenvolvimento do nosso país, durante a ditadura, fez com que as comunidades mantivessem as suas matrizes culturais até tarde, o que não aconteceu nos países mais cedo desenvolvidos. Por isso, os nossos grupos são mais genuínos, representando uma tradição popular assente numa recolha rigorosa das suas tradições, transmitidas de geração em geração. Os grupos estrangeiros apenas se podem inspirar em tradições recriadas, sem o mesmo rigor e genuinidade. Também por esse facto – explica Daniel Café -, os grupos portugueses têm uma aparência mais pobre, espelho da pobreza em que viviam as comunidades rurais, enquanto que os grupos de fora tendem a apresentar um folclore mais rico e vistoso, que até pode ser mais atrativo, mas que não retrata verdadeiramente a Cultura Tradicional e Popular. Seja como for, Daniel Café considera que a Europeade. em Viseu. será uma boa oportunidade para tomar contacto com estilos diferentes dos nossos, para conviver, partilhar ideias e trocar conhecimentos. Município quer desafiar Ministério da Cultura Salvaguardando o facto de, entretanto, haver eleições autárquicas e de não se saber ainda qual virá a ser a composição do executivo camarário em 2018, Almeida Henriques, disse ao NV que programa está já a ser concertado com o Comité Internacional da Europeade e que este evento, embora centrado no Folclore. será uma grande ação de marketing ter-
dúvidas de que “haverá um enorme retorno”, pois “é uma iniciativa de grande significado para a indústria turística”. A Autarquia pretende “desafiar o Ministério da Cultura, para que, através da Europeade, se faça uma acção de grande promoção do folclore e dos valores tradicionais portugueses”. Quanto ao papel dos grupos de folclore da região, o presidente da Câmara disse que “temos bons grupos inscritos na Federação de Folclore Português”, que irão ter oportunidade de mostrar quanto valem. Até lá, a autarquia pretende “dar-lhes condições para se prepararem e receberem com dignidade todos os nossos convidados”. Por outro lado, a Câmara tenciona apostar numa “boa representação de todo o país, de norte a sul”, para trazer a Viseu a diversidade cultural existente nesta área, “desde o Corridinho do Algarve, aos Pauliteiros de Miranda, passando pelo Vira do Minho, o Fandango do Ribatejo, sem esquecer a riqueza das tradições existente na Madeira e nos Açores”. “Reconciliar o País com o Folclore”
“É um erro pensar que Cultura Tradicional e Popular é, apenas, um conjunto de pessoas vestidas de certa maneira, aos pinotes em cima de um estrado”, critica Lopes Pires. O etnólogo lamenta a falta de investimento em áreas importantes da Cultura Tradicional e Popular” ritorial que envolverá o Turismo do Centro e os 24 concelhos do distrito de Viseu. As despesas serão repartidas e haverá apoios de mecenas. Os grupos pagam a sua inscrição, o que reverte como receita para o Município, adiantou. O edil disse ser cedo para saber o custo total do evento, mas não tem
“Queremos que esta Europeade em Viseu seja um estímulo para que o país se reconcilie com o Folclore que é, muitas vezes, erradamente, associado a uma vertente menos cultural. “O Folclore pertence aos nossos valores, às nossas raízes e não devemos menorizá-lo”, defende Almeida Henriques. A candidatura viseense à Europeade 2018 foi aprovada por unanimidade, atendendo a fatores como a dimensão histórica e patrimonial da cidade, as acessibilidades, a capacidade hoteleira e a experiência na organização de grandes eventos. O autarca está confiante de que a 55ª Europeade, de 25 a 29 de julho de 2018, em Viseu, será “uma edição muito especial”, até porque está já “a despertar um grande interesse de outros países europeus”. Sofia Meneses
Associação Verde Gaio realiza IX Encontro de Cantadores de Janeiras A Associação Verde Gaio, de Lordosa, realizou, na sua sede, no dia 14 de Janeiro, o IX Encontro de Cantadores de Janeiras. Uma noite de convívio e tradição em que, para além do grupo da casa, participaram, também, o Rancho Os Camponeses de Mesquitela - Mangualde, e o Rancho As Costureirinhas de Cavernães.- Viseu. Na próxima edição, daremos o devido destaque a esta iniciativa.
“Ela” no Cine Clube de Viseu O Cine Clube de Viseu começou 2017 com “O Ornitológico” de João Pedro Rodrigues e “Eu, Daniel Blake”, de Ken Loach (vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2015). Segue-se, dia 24 janeiro, “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro (Brasil, 2015, 101') e, a 31 janeiro, “ELA”, de Paul Verhoeven (França, Alemanha, 2016, 97'), protagonizado por Isabelle Huppert, um dos filmes mais arrojados e desafiantes de 2016.
Oficina criativa na Quinta da Cruz No próximo dia 21 de janeiro, a Quinta da Cruz, em Viseu, desafia as famílias a uma tarde criativa no seu espaço museológico. No âmbito da exposição temporária “Fernando Lanhas: Fragmentos. Algumas obras da Coleção de Serralves", da Fundação de Serralves, será realizada uma oficina criativa para famílias, partindo do interesse do pintor e arquiteto português pelo conhecimento do universo. “Da arte ao espaço” lança o convite a miúdos e graúdos à exploração do espaço através do desenho e da colagem, promovendo a partilha de conhecimentos e o gosto pela arte. A oficina terá lugar entre as 15 e as 17 horas. A participação é gratuita mas requer uma inscrição prévia limitada a 25 inscrições.
M ostra de M aratona Fotog ráf ica Até 29 de Janeiro, a FNAC Viseu apresenta as fotografias distinguidas no âmbito da 8ª edição da Maratona Fotográfica FNAC Viseu, com uma exposição no piso 0 do Palácio do Gelo Shopping. A edição de 2016 decorreu no dia 16 de julho e, pela primeira vez, levou os participantes para fora da cidade de Viriato, mais propriamente Serra do Caramulo.
O Vinho no Tempo da Guerra no Solar do Dão A apresentação do livro «O Vinho no Tempo da Guerra – O Dão, o Douro e os Vinhos Verdes nas Fotografias da Casa Alvão», realiza-se, amanhã, dia 20, pelas 18h30, no Solar do Dão, em Viseu. A obra tem a chancela do Público, em parceria com as Comissões de Viticultura dos Vinhos Verdes e da Região do Dão e Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.
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Quinta-Feira 19/01/2017
Duas estreias e uma criação própria na nova temporada do Teatro Viriato “É uma programação tão bela, é nisso que nos devemos focar”, disse Paula Garcia, na sua estreia como diretora-geral, sem querer prolongar polémicas sobre a sua escolha para o cargo. A nova temporada do Teatro Viriato (TV) começa, sábado, 21 de janeiro, com o concerto de Fausto Bordalo Dias. Abre com “chave de ouro”, disse Paula Garcia, que, dia 16 de janeiro, fez a sua estreia, enquanto diretora-geral, na conferência de imprensa de apresentação do programa. “Será uma programação bastante intensa”, afirmou logo de início. No final, confrontada com a polémica substituição de Paulo Ribeiro, acrescentaria com mais ênfase: “É uma programação tão bela, é nisso que nos devemos focar”. Até final de março, dezenas de criadores e intérpretes, de todas as áreas performativas, contribuirão para a “busca incansável de novos significados para a vida”. Haverá duas estreias “A Tundra”, de Luís Guerra (dança), dia 2 de fevereiro, e “Ivan ou a Dúvida”, de Sónia Barbosa (teatro), dia 4 - e uma criação própria: a encenadora Joana Craveiro foi desafiada a criar uma performance sobre a importância de se habitar uma casa como o TV, a apresentar a partir de 23 de março, sob o título “De dentro para fora e de pernas para o ar (e para o chão). Henrique Amoedo artista residente Henrique Amoedo será o Artista Residente, durante
FOTO: JOSÈ ALFREDO
tinção que constitui, também, um motivo de orgulho para a equipa do Teatro Viriato. Paula Garcia disse que o TV continuará a privilegiar as residências artísticas, a internacionalização e as parcerias locais e nacionais. Hallo: “Momento especial”
Odete Paiva e Paula Garcia 2017 - uma escolha que visa “criar condições para o desenvolvimento da criação artística na região, em estreita relação com o público local, regional e nacional”. Paula Garcia congratulou-se com a “boa escolha” feita pelo TV, quando trouxe para Viseu este coreógrafo que aqui tem vindo a desenvolver trabalhos no domínio
da Dança Inclusiva. “Dançando com a Diferença”, projeto de que é fundador e diretor, foi selecionado como um dos 10 melhores a nível Europeu, podendo vir a integrar o catálogo ‘Un Label’, que apresenta as boas práticas existentes no continente europeu nos trabalhos que envolvem a Arte e a Deficiência. Uma dis-
Atempadamente, o NV irá dando conta dos espetáculos, concertos, oficinas e conferências da nova temporada. Desde já, porém, adiantamos que, a 15 de março, Martin Zimmermann apresentará “Hallo”, solo que circula pelo mundo, desde 2014, na área do Novo Circo. “Um momento especial que ficará inscrito na memória do percurso do Teatro Viriato” e que Paula Garcia considera “imperdível”. Presente na conferência de imprensa, a vereadora da Cultura, Odete Paiva, considerou a programação “extraordinária” e deu os parabéns a Paula Garcia, sublinhando os laços de proximidade entre o Município e o TV, materializados numa verba de 300 mil euros anuais, sem contar com os custos de manutenção. A vereadora referiu, a propósito, a necessidade de reparar pequenas infiltrações. SM
Paula Garcia, questionada sobre o descontentamento manifestado pelo presidente da Câmara Municipal de Viseu (CMV), quanto à sua escolha para substituir Paulo Ribeiro, foi antecipada pela vereadora Odete Paiva que logo tomou a palavra, para sublinhar “tudo está garantido e a funcionar normalmente”. Por insistência dos jornalistas, Paula Garcia limitou-se a considerar que “uma mudança é sempre algo complexo” e lembrou que, desde sempre, tem acompanhado este projeto, cuja equipa “não se acomoda” e que “já deu provas de bom funcionamento”. “Esta casa apenas precisa do que sempre teve: serenidade; serenidade e conforto para trabalhar, investigar e ensaiar”, frisou. De resto, “É uma programação tão bela, é nisso que nos devemos focar”. Recorde-se que o presidente da CMV manifestou o seu desagrado pela escolha de Paula Garcia para o cargo de directora geral (ver última edição do NV). Apesar de a considerar uma pessoa competente, o edil teria preferido Cristina Carvalhal, atriz e encenadora de Lisboa, pelo seu potencial criativo e mediático. Reagindo às declarações do autarca, a direção do CAEV (Centro de Artes do Espetáculo de Viseu, que programa e gere o TV ao abrigo de um protocolo de financiamento tripartido assinado com a CMV e Ministério da Cultura) disse que aquela criadora não aceitou o cargo proposto. Cristina Carvalhal “foi desconvidada” Dias depois, Almeida Henriques voltou a falar no assunto aos jornalistas, afirmando que Cristina Carvalhal aceitou o convite feito pela Câmara, mas, posteriormente, terá sido “desconvidada” pelo CAEV. “Há muitas formas de desconvidar, como por exemplo, subtrair-lhe autonomia e liberdade”, disse. Segundo Almeida Henriques, a criadora “lamentou não ter condições para aceitar, pois seria uma figura meramente decorativa”. Distante de questões comezinhas, Paulo Ribeiro assina o editorial do programa da temporada, com palavras de agradecimento e sentimento de dever cumprido. “Escrever o editorial foi um pedido dele, uma forma de se despedir desta casa ao fim de 18 anos”, explicou Paula Garcia. Registamos as últimas linhas do seu texto: “O Teatro Viriato é um colectivo que funciona em osmose com a orientação geral e programática. O Teatro Viriato atingiu a maioridade… Deixem-no viver. Ele será sempre melhor!”
Almeida Henriques “deu um tiro no pé”, diz BE
AGENDA IMEDIATA
Viajar com Fausto e rir com o Filho da treta - Fausto Bordalo Dias irá revisitar, no próximo sábado, dia 21, pelas 21h30, no Teatro Viriato, temas de “Por este rio acima”, “Crónicas da terra ardente” e “Em busca das montanhas azuis”, obras que compõem a sua Trilogia sobre a diáspora lusitana e que é hoje uma referência incontornável da música popular portuguesa. Considerado um dos mais imprtantes nomes da música popular portuguesa, Fausto abre a nova temporada, com um concerto que se adivinha único e memorável. - “O filho da treta”, de José Pedro Gomes e António Machado, sobe ao palco , dias 26 e 27 de janeiro, espetáculo para rir e refletir sobre a vida, que “antigamente era uma selva e agora é uma selfie”...
“Esta casa apenas precisa do que sempre teve: serenidade”
Ainda este mês, haverá duas oficinas: - “E tu Camões, não dizes nada?”, oficina desenvolvida em contexto de sala de aula, por Graeme Pulleyn e Fernando Giestas, tendo como público-alvo o 9º ano do 3º ciclo do ensino básico; - “3 Movimentos”, oficina orientada por Vanessa Chrystie, em que os participantes são desafiados a registar, com recurso a tinta da china e aguarelas, o que veem e sentem nas performances que lhes são apresentadas. - Exposição: No foyer do TV estará patente, até final de março, a exposição de imagens do fotógrafo José Alfredo, sobre o projeto Por Delicadeza.
O Bloco de Esquerda, em comunicado, congratulouse com a nomeação de Paula Garcia para directora-geral e de programação do Teatro Viriato e critica o que diz ser uma “reacção grosseira” do presidente do executivo municipal, que classificou esta solução como “uma resposta interna, de transição e destituída de ambição”. Ao preferir “um criador e programador com dimensão nacional”, o presidente da Câmara “mostra, mais uma vez, que dá preferência ao foguetório mediático, em detrimento da competência, da experiência e do trabalho consolidado”, ataca o BE. Em seu entender, Almeida Henriques “deu um tiro no pé, ao desvalorizar o serviço público prestado pelo Teatro Municipal de Viseu, precisamente no ano em que todas as estruturas que, como o Teatro Viriato, recebem apoios plurianuais da DirecçãoGeral das Artes, irão ser avaliadas num novo concurso para o quadriénio 2018-2021”
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Quinta-feira 19/01/2017
MUSEU DE LAMEGO RECUPERA PINTURA DO SÉCULO XVI
outras visões
Obra será mostrada pela primeira vez no dia do 100º aniversário do museu
Por José Mateus
O programa comemorativo dos 100 anos do Museu de Lamego (ML), em 2017, terá um dos seus momentos mais esperados, dia 5 de abril (data em que se completa o centenário da instituição), durante um jantar em que será apresentado, pela primeira vez, o restauro de “Quo Vadis”, pintura do século XVI. Esta obra, veio da Sé de Lamego para as reservas do Museu e nunca esteve exposta ao público. Luís Sebastian, diretor do ML, disse ao NV, que a obra sofreu várias repinturas no século XVIII, as quais, lamentavelmente, encobriram o quadro original, entretanto revelado através do método de Raio-X. De há uns tempos a esta parte, a obra tem vindo a ser restaurada, aos poucos, “consoante a doação de verbas para o efeito”. O objetivo é devolver ao quadro a sua versão original. Resta saber se, depois de concluído o trabalho de restauro, será possível perceber quem foi o autor da obra, um mistério ainda por revelar. Luis Sebastian explicou que o jantar de aniversário do Museu será limitado a
70 inscrições, e para além de constituir um momento festivo, pretende angariar fundos para o restauro. Cerca de um mês depois da apresentação de “Quo Vadis”, no referido jantar, a obra será exposta no Museu, podendo ser apreciada pelo público em geral. Ao longo de 2017, o ML irá celebrar o seu centenário com um programa que pretende ser “surpreendente e atrevido”. Luís Sebastian lembra que as comemorações tiveram início com a exposição dedicada a João Amaral, primeiro diretor, tendo-se seguido, em 2016, a mostra de homenagem aos doadores, “graças aos quais o museu cresceu muito”, realça. Contar a história: a “ameaça” de Viseu Entre as iniciativas previstas para 2017, o responsável destaca a inauguração, dia 20 de maio, de uma exposição que contará a história do Museu de Lamego, instalado no antigo Paço Epis-
copal. Não foi fácil a criação do museu, apesar dos esforços desenvolvidos, durante anos e anos. Refira-se que uma das tentativas, em 1914, ficou a deverse à ameaça da criação de um museu regional em Viseu, para onde seriam deslocadas as pinturas de Grão Vasco existentes nos mosteiros de Santa Maria de Salzedas e de São João de Tarouca. Perante essa ameaça, a autarquia de Lamego opôs-se veementemente, alegando que as pinturas deveriam vir para Lamego, causa que viria a ser acarinhada por destacadas figuras da política e cultura portuguesas. No ano de 1917, o Decreto n.º 3074, de 5 de abril, cria finalmente o “Museu de Obras de Arte, Arqueologia e Numismática”. Para diretor, foi nomeado o artista lamecense João Amaral que abriu o Museu, ocupando cinco salas do edifício, a 21 de maio de 1918. Atualmente, o Museu de Lamego tem 18 peças consideradas Tesouro Nacional, incluindo cinco obras de Grão Vasco.
Clara Gomes com poesia no cais Carlos Clara Gomes lançou o livro de poesia «Retrato de mulher no cais durante», com a chancela das Edições Esgotadas, que foi apresentado, dia 7 de janeiro, imediatamente após o anúncio da morte de Mário Soares e 662 anos depois de Inês de Castro ter sido degolada, como lembrou o próprio autor. Estes factos não concederam à apresentação um ambiente fúnebre ou sombrio. Pelo contrário, houve música, recitação de poemas e um clima de alegria inerente ao nascimento de um livro. Dividido em dois lados impressos em sentidos opostos, sem a convencional capa e contracapa, o livro parte do “Cais” e, a meio do volume, surge uma pergunta transformada em verso: “e virá por fim o fim?”. Então, há que virar o livro ao contrário e partir, de novo, “no lá-longe”, até que, a meio, encontramos “por fim o fim”, poema que nos pode reconduzir ao “Cais” ou fazer-nos viajar outra vez “no lá-longe”. Confuso? Não. É simples, porque “chegará o fim / ataviado ou não / de flores ou azedumes / nu decrépito ou vestido de gala // e com ele virá o renascer: / a porta de entrada de um / é a saída do outro // e não confundiremos as portas / pois um imenso adeus / ficaremos acenando (…)” [Pág. 84] Clara Gomes não quis falar muito sobre o livro, mas foi dizendo que o mesmo inclui poemas escritos entre 1998 e 2001, ditados, metaforicamente, pelo afastamento da viagem, pela lonjura e por muitos estados de sofrimento, inquietação e angústia. Quanto à divisão
do livro em duas partes, explicou, simplesmente, que “um lado é o prisma de quem fica e o outro é o prisma de que vai”. Na perspectiva de Ricardo Fonseca Mota, vencedor do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2015, “o livro dá-nos duas entradas e não tem saída”, o que só por si “é extraordinário” – “é como se o livro se sequestrasse”, realçou. Ricardo Mota desejou ao autor a continuação das suas viagens, “porque há paisagens muito bonitas no parapeito dos teus versos”. A apresentação do livro contou com a presença de outro poeta e escritor, António Gil, amigo de longa data do autor, que falou sobre a viagem comum, feita de partilhas, sonhos e lutas, que os tem unido desde a juventude, sempre projetando, em cada reencontro, algo de novo para o futuro. Juntos no movimento “Que se Lixe a Tróica”, António Gil
disse ter aí confirmado que Clara Gomes “não é uma pessoa capaz de se render às circunstâncias” e que ambos partilham a convicção de que é possível alterar a realidade adversa e continuar a acreditar na vida. No “pré-posfácio” (palavra inventada pelo autor, como fez notar Teresa Adão, das Edições Esgotadas), António Gil escreve, a linhas tantas, que “É, efectivamente, a poesia, aqui, a luta continuada de quem não se deixa submergir pelas sucessivas vagas do ocorrido, resistindo ao caos (…)”. No “pós-prefácio” (também uma invenção do autor), assinado por Ricardo Fonseca Mota, lemos que este livro “podia chamar-se E se de repente o mo-tim?. Sentimos-lhe a respiração dos ‘dias passados em atalaia’, com esperança na madrugada (…)”. Agostinho Ribeiro, diretor do Museu Grão Vasco, onde decorreu a apresentação do livro, elogiou Clara Gomes, pelo seu “desassombro e inquietação permanente”, considerando-o “um livre pensador na sua dimensão mais ampla”. «Retrato de mulher no cais durante» é o segundo livro de poesia de Clara Gomes, autor que também tem obra publicada noutros géneros literários: ópera, teatro e romance. Nascido em Viseu, em 1958, é compositor, cantautor, encenador e dirige a Companhia DeMente. Em 2016, completou 45 anos de carreira. Sofia Meneses
A outra vida do Museu Nacional Grão Vasco O Museu Nacional Grão Vasco é suficientemente conhecido de todos os viseenses, que certamente o referem quase como fazendo parte da sua própria identidade. Todos devem ter, de alguma forma, uma história para contar, ao longo da sua vida, relacionada com o Museu. Mas há uma outra dimensão da vida do museu, que talvez passe mais despercebida. É que além da sua coleção permanente, sobretudo a relacionada com Grão Vasco, que o torna único e o levou até a ser classificado com a categoria de museu nacional, passam também por aquele espaço um outro tipo de atividades culturais. Refiro-me a apresentação de livros, conferências e colóquios, exposições temporárias, performances. Quase se poderá dizer que o museu assume uma outra identidade: a de centro cultural. Só para citar as artes visuais, o museu tem tido recentemente quatro exposições temporárias, paralelamente à exposição permanente. Começo por referir uma de que não falarei nesta crónica. Chama-se “Além de Grão Vasco” e é uma exposição com um valor excecional, que dificilmente será repetida, dada a proveniência das suas diversas obras. Estará no museu ainda mais alguns meses e atendendo à sua importância, espero dedicarlhe uma crónica específica. “Cidades Invisíveis”, de Maria Barros Abreu, está de partida, depois de 3 meses de exposição, na sala habitualmente destinada às exposições temporárias. Destaco dois aspetos que me despertaram curiosidade, pois provocaram-me associações a outros artistas. Num primeiro olhar, ainda à distância, uma certa associação visual à pintura de Vieira da Silva. Mais perto percebe-se que a situação é diferente. Aquilo que em Vieira da Silva é cerebral, tridimensional, portas laboriosamente abertas para além da superfície da tela, em Maria Barros Abreu é emocional, sensações fluidas, momentos. Alguns dos nomes que dá às suas telas testemunham isso: “lusco fusco”, “cidade dos anjos”, “cidade ao contrário”, “nevoeiro sobre a ponte”, “fragmentos / retalhos” de uma cidade”. Depois, lembrei-me obrigatoriamente desse livro vertiginoso de Italo Calvino chamado precisamente “As Cidades Invisíveis”. Marco Polo, o maior viajante de todos os tempos, descreve 55 cidades diferentes, a um Imperador da Ásia, cujo império era tão grande que não o podia conhecer todo. Aconselho vivamente a sua leitura, quanto mais não seja a propósito destas pinturas. “Janelas indiscretas”, um projeto de Ana Barbero, traz vida às janelas “cegas” do pátio do Museu Nacional Grão Vasco, e a algumas das janelas das fachadas frontal e la-teral do edifício do Museu. Depois de ter andado tanto tempo curioso àcerca daquelas imagens, que conferem uma teatralidade muito própria, sobretudo ao pátio, só agora fiquei a compreender a dimensão e alcance do projeto. Partindo do tema do filme de Hitchcok, a artista propõe-nos a visão “voyeurista” de uma seleção de obras do museu, apresentadas em 4 fases temporalmente diferentes. No seu site na internet o projeto encontra-se bem documentado. Ruy Silva, na escadaria e numa sala do segundo andar, desenvolve uma reflexão sobre a pintura do Renascimento. As suas obras adquirem diferentes configurações. Algumas referem-se à estrutura renascentista dos quadros, com uma imagem de maior dimensão, e três “pradelas” em baixo. Outras são pinturas objeto, curiosas, de forma circular. Outras, ainda, desenvolvem-se de forma horizontal. Todas têm uma mesma característica: referem-se explicitamente a um detalhe de outras obras existentes no museu. Pode ser um detalhe de panejamento, ou uma transição do corpo para o vestuário. Esse efeito de “ampliação” transforma o detalhe noutra coisa, uma espécie de território pictórico não identificado, mas com uma certa sensualidade. Muitos motivos para visitar o museu. Para todos estes artistas, aconselho uma passagem pela internet, onde é possível contextualizar de outro modo o seu trabalho.
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Saúde
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Região Centro inicia formação de 106 internos de medicina geral e familiar Drª. M. Lurdes Botelho CLÍNICA GERAL E DOMICÍLIOS
Policlínica Srª da Saúde Quinta da Saudade (rotunda de Nelas, em frente ao Restaurante Perdigueiro)
Telefones: 232 181 205 / 967 003 823
No início deste ano, 106 novos internos de medicina geral e familiar iniciaram a sua formação, em diversas unidades de saúde da região Centro, representando um aumento de mais de 30% em relação ao ano anterior (em que começaram a formação 81 licenciados). Rui Nogueira, coordenador do Internato de Medicina Geral e Familiar da Zona Centro, disse na recepção aos médicos, na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, que a formação em medicina interna e familiar “tem vindo a crescer na região Centro” e que “fazemos questão que assim continue a ser por mais um ou dois anos”, mas, depois, “não faz sentido” manter essa tendência”. Os médicos que agora começaram a formação deverão entrar em funções 2021, ano em que Portugal deverá debater-se com falta de clínicos desta área, já que coincide com “um pico de aposentações”.
ALEXANDRE LIBÓRIO CENTRO HOSPITALAR TONDELA-VISEU TERESA LOUREIRO Formalizada candidatura para Oncologia de Adultos MÉDICOS DENTISTAS
NOVOS PROTOCOLOS ADSE ( GNR - PSP )
Consultas de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h30; e das 14h30 às 19h. Consultório: Rua 21 de Agosto Centro Comercial “Happy Dream” - 3510 VISEU Telefone: 232 435 141 / 917 264 605 Urgências: 917 882 961
O Conselho de Administração do Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) formalizou, no dia 9 de Janeiro, junto da Direcção Geral da Saúde, a candidatura ao reconhecimento de Centro de Referência para as áreas de Oncologia de Adultos: Cancro do Reto e Cancro Hepatobilio/Pancreático. Esta candidatura contou com a estreita colaboração do Serviço de Cirurgia Geral, segundo refere um comunicado do CHTV. Refira-se que, aquando do anúncio
das obras de alargamento e remodelação das instalações dos Serviços de Urgência Polivalente, que deverão arrancar ainda este ano, Ermida Rebelo, presidente do Conselho de Administração do CHTV, disse que Oncologia é a maior unidade do Hospital em número de utentes e que espera que a instalação da Unidade de Radioterapia, em 2017, conforme anunciado pelo Ministério da Saúde, seja uma oportunidade para transferir para o mesmo espaço toda a área de Oncologia,
dando uma maior dignidade a essa unidade. NV corrige-se No último número publicámos, por engano, que as obras de alargamento e remodelação das instalações dos serviços de urgência polivalente deveriam estar “concluídas no 4º semestre de 2018”, quando, obviamente, queríamos escrever 4º trimestre de 2018.
Extensões de saúde garantidas em Carvalhal Redondo e Santar
DR. ADELINO BOTELHO Chefe de Serviço de Clínica Geral
Consultório Clínica de S. Cosme Clínica Geral e Domicílios Tel: 232 435 535 - 963 309 407 Praça de Goa - 3510-085 VISEU
Martha Santos GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA ECOGRAFIAS
CONSULTAS: SEGUNDAS E QUINTAS, DAS 14H ÀS 20H Rua Miguel Bombarda, nº 66, Sala BU - 1º - VISEU Telefone: 232 426 695
As extensões de saúde de Carvalhal Redondo e de Santar, no concelho de Nelas, permanecerão em funcionamento no ano de 2017 nos moldes habituais, tendo tal garantia sido dada pelos Responsáveis pela Saúde. Os Serviços manterão, assim, disponíveis a Unidade de Saúde Familiar Estrela Dão-Nelas e Unidade de Cuidados de Saúde Personalizado de Canas de Senhorim com o seu quadro médico plenamente preenchido, sendo 5 médicos em Nelas e 3 médicos em Canas de Senhorim. “Tal quadro clínico permitirá, segundo nos foi transmitido pelo responsável do ACES, garantir os serviços médicos de proximidade na Extensão de Carvalhal Redondo com os médicos da USF de Nelas e na Extensão de
Saúde de Santar com os médicos de Canas de Senhorim”, asseguram, em comunicado, o presidente da Câmara Municipal de Nela e as Juntas de Freguesia da União de Freguesias de Santar e Moreira e da União de Freguesias de Carvalhal Redondo e Aguieira, que sobre a matéria vêm reunindo regularmente. O apoio médico será assegurado, em Carvalhal Redondo, por Irene Ligeiro e outros clínicos, e em Santar o apoio médico será assegurado por Ana Rita Silva e outros colegas, pelo período de 6 horas semanais em cada Extensão, em horário, em princípio, todas as sextas feiras, desde dia 6 de Janeiro. José Borges da Silva, presidente da Câmara Municipal , afirma que o Município dará todo o apoio administra-
Enfermagem e Psicologia na Freguesia de Viseu A Freguesia de Viseu tem, desde finais de dezembro, e em parceria com a Cruz Vermelha/ Centro Humanitário do Vale do Dão, um novo serviço de Enfermagem e Psicologia. Designado "+ Perto + Saúde", este serviço está disponível à comunidade todas as 3ªs feiras entre as 9:30 e as 12:30 no Auditório da Travessa de S. Lázaro.
tivo e logístico, e colocará à disposição do corpo clínico viaturas para transporte adequado. As autarquias acima referidas reafirmam que, não obstante a matéria da saúde ser da responsabilidade da Administração Central, acompanham de forma muito próxima tal realidade, e, como tal, “congratulam-se por neste momento o quadro médico das instituições estar plenamente preenchido e manifestam o seu desejo que a melhoria dos cuidados prestados às populações nas quatro unidades de saúde (Nelas, Canas de Senhorim, Carvalhal Redondo e Santar) seja uma realidade agora e no futuro, agradecendo a todos os seus profissionais todo o seu trabalho e empenhamento em favor da comunidade”.
Faleceu o Dr. João Pipa O médico cardiologista Dr. João Luís Leitão Pipa faleceu, dia 5 de janeiro. Muito dedicado aos doentes e ao Centro Hospitalar Tondela-Viseu, onde exercia a sua actividade profissional, era reconhecido pela sua grande competência e generosidade. O seu nome está ligado desde a primeira hora à criação da Hemodinâmica do CHTV, à implantação do Cateterismo de Diagnóstico e à Cardiologia de Intervenção. Foi membro da Sociedade Portuguesa de Cardiologia e pertenceu ao Grupo de Estudos de Hemodinâmica, tendo exercido vários cargos ao longo do ser percurso médico.
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Quinta-feira 19/01/2017
Pepa substitui Petit na CD Tondela – Futebol Pedro Filipe - Pepa, como é conhecido no mundo do futebol – é desde o dia 11 de janeiro de 2017, o treinador principal da equipa profissional da CD Tondela – Futebol, SDUQ. Pepa substitui Petit, depois do técnico ter apresentado à gerência da CD Tondela-
Futebol, o seu pedido de demissão, logo após o jogo da 16ª jornada da Liga NOS, a 8 de janeiro. Apesar de alguma resistência e ponderação, a gerência entendeu aceitar a pretensão de Petit, segundo revela a própria em comunicado. A CD Tondela- Futebol diz que lembrará
para sempre o trabalho do técnico ao longo do último ano, de que se ressalva a campanha de sucesso que guiou o CD Tondela à manutenção na Liga NOS 20152016. A gerência deseja-lhe o maior sucesso pessoal e profissional e concluiu afirmando que
“Peti será sempre um orgulhoso auriverde”. Pepa tem 36 anos e uma carreira já ligada também ao CD Tondela, onde esteve em 2010-2011, como treinador adjunto. Partiu depois para formação do SL Benfica e deu o salto enquanto treinador
principal para a AD Sanjoanense, clube que promoveu ao campeonato de Portugal logo na 1ª época. Duas épocas depois, a experiência profissional pelo Feirense, na 2ª Liga, e esta época no Moreirense, da Liga NOS.
S. Pedro do Sul assina contrato programa com associações desportivas tacruzense, a Footlafões – Associação Académica, o Termas Óquei Clube, a União Desportiva Sampedrense e a União Desportiva Vilamaiorense. O Município continua a apoiar as atividades desportivas de interesse municipal, nomeadamente as associações que colaboram na promoção da atividade física e desportiva, fomentando uma maior participação dos jovens, e qualificando os espaços desportivos e de lazer para a realização de iniciativas promovidas pelas coletividades. Ao longo do ano serão ainda apoiados eventos desportivos pontuais organizados pelas diversas coletividades do concelho.
Decorreu, dia 11 de janeiro, no Salão Nobre da Câmara Municipal, a assinatura dos contratos-programa de desenvolvimento desportivo para 2017, com a presença do vice-Presidente Pedro Mouro. O apoio às dez coletividades abrangidas traduz-se num valor total de 162 mil euros, sendo 124.500 euros pagos em 9 parcelas durante o corrente ano e 37.500 euros refletidos em horas de uso das instalações desportivas. Assinaram o contrato-programa a Associação Academia de Andebol, a Associação de Educação Física e Desporto, a Associação Unidos da Estação, o Clube Bola Basket, o Clube de Montanha Alto Trilho, o Clube Desportivo San-
Atletas de Mundão em bom plano no ranking nacional de ténis de mesa A FPTM divulgou os rankings Nacionais de Ténis de Mesa relativos às competições realizadas até ao dia 31 de dezembro. Os atletas de Mundão aparecem mais uma vez em destaque, com vário top 20. Assim nos mais jovens, iniciados, a Matilde Pina mantém o 10º lugar do ranking de dezembro. Em infantis masculinos, o Simão Marques cai do 9º para o 12º posto, enquanto que os companheiros de equipa Pedro Pereira, Diogo Pacheco e Pedro Amorim surgem respetivamente nos 33º, 38º e 40º lugares. Em cadetes masculinos o Diogo Rodrigues sobe 2 posições para o 17º lugar, registando-se a entrada dos atletas Simão Marques e Tiago Mendonça para o 81º e 82º lugares. Também em juniores masculinos o atleta melhor classificado é o Diogo Rodrigues que subiu 7 lugares para o 19º, entrando assim no top 20 nacional. Neste escalão regista-se ainda a subida de 28 lugares por parte do Rodrigo Mendes, que é penalizado por não ter realizado os 2 primeiros torneios da época. Em juniores aparecem ainda o João Magueija (60º), o Diogo Costinha (83º) e o Tiago Mendonça (89º). Também em seniores masculinos se encontram representantes de Mundão com destaque para o Ro-
drigo Mendes que aparece em 102º lugar seguindo-se-lhe Euclides Santos (188º), Hélder Almeida (199º), Diogo Rodrigues (286º) e Jorge Loureiro (322º). Mas, em seniores, o destaque vai para os femininos onde a Sónia
Neves subiu 19 posições para o 10º posto, seguida da Ana Santos em 52º, da Rita Borges e Joana fernandes em 62º e da Mélanie Costa em 84º. “Estas classificações aliadas aos resultados e exibições dos atletas
de Mundão vêm demonstrar a qualidade do trabalho desenvolvido e dar força e alento a todos o clube (dirigentes, treinadores, atletas e encarregados de educação) para prosseguirem e fazerem crescer ainda mais o clube
levando cada vez mais longe o nome de Mundão e de Viseu”, refere o Clube de Ténis de Mesa de Mundão.
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Passatempo 11
Quinta-feira 19/01/2017
NOVO DESAFIO
Teste à cultura geral viseense
Sabe o que é que em tempos funcionou junto do local que vemos na imagem?
Na sequência do desafio lançado na última edição do NV, aqui ficam as respostas às perguntas que lhe colocamos sobre a Catedral de Viseu, a Misericórdia, o Museu Grão Vasco e os Paços do Concelho, instituições centenárias que transformaram 2016 num grande ano comemorativo :
(Na próxima edição, o NV dará a resposta?)
SÉ CATEDRAL - Qual o nome do bispo que, entre 15281534, mandou edificar um novo claustro na Sé, segundo o risco do arquiteto italiano Francesco de Cremona? Resposta: D. Miguel da Silva. - Quantos volumes tem a obra «História da Diocese de Viseu» (que cobre um período de cerca de 1500 anos de história), apresentada, dia 23 de Julho de 2016, na Sé, integrada na comemoração dos 500 anos da Dedicação da Catedral? Resposta: Três volumes. - Em que ano foi criado o Museu-Tesouro da Sé, reaberto durante as comemorações dos 500 Anos da Dedicação da Catedral? Resposta: 1932. MISERICÓRDIA - Qual o rei que, no ano de 1516, fez a outorga do primeiro compromisso fun-
dador da Misericórdia da Cidade de Viseu? Resposta: Rei D. Manuel. - Onde está guardado o documento da outorga, referido na pergunta anterior, de grande importância histórica e capa de pergaminho? Resposta: No Museu da Misericórdia de Viseu. - Onde fica situado o Museu da Misericórdia de Viseu? Resposta: Fica situado no Adro da Sé e está integrado no edifício da Igreja da Misericórdia (alas norte e sul, com ligação pelo coro alto). MUSEU GRÃO VASCO - Quem foi o fundador e 1º Director do Museu Grão Vasco? Resposta: Francisco de Almeida Moreira - Qual o verdadeiro nome do pintor Grão Vasco? Resposta: Vasco Fernandes.
- Quantas obras consideradas Tesouros Nacionais estão expostas no Museu Nacional Grão Vasco? Resposta: Vinte e duas obras. PAÇOS DO CONCELHO - Quem foi o autor da planta original do projeto do atual edifício da Câmara Municipal? Resposta: Engenheiro José Matos de Cid. - O interior dos Paços do Concelho de Viseu é rico em motivos decorativos, chamando especial atenção o medalhão central e a galeria de retratos de viseenses ilustres. A que pintor se deve esse admirável trabalho? Resposta: Almeida e Silva. - Os sinos do relógio dos Paços do Concelho de Viseu voltaram a soar no dia 1 de Maio de 2016, depois de um silêncio de quantos anos aproximadamente? Resposta: Cerca de 25 anos.
“ Honradez de um beirão ” Do livro de Aguente-se com o seu marido !
Fernando de Abreu CAPITULO XIX
AUGUSTO CUIDA DO CAVALO Regressada da casa da Amélia, foi pedir ao encarregado Augusto Pereira para a ajudar a escovar e lavar o cavalo à luz do gasómetro a carboneto. Ana Maria gostou da ajuda de Augusto e a partir desse dia ambos passavam as manhãs a dar comida e a preparar e arrear aquele animal doméstico de lindíssimo porte, tocando, uma vez por outra, com as mãos dela nas do Augusto, fingindo ser casual quando escovavam o animal. Nessa altura, Augusto pedia desculpa, mas os olhos brilhavam quando se refletiam nos da Ana Maria que logo desculpava, não ter qualquer importância. Os dias foram passando, Augusto mantinha a distancia social que os separava, enquanto Ana Maria começava a ver no encarregado, dos seus padrinhos, um homem agradável fisicamente, disposta a ser amada por ele, sentimento que cada vez mais se arregaçava dentro do coração, disposta a lutar por aquele desejo que começava a avassala -la. Naquele dia, chegado a tarde, Augusto olhava para o pôr do sol, pouco a pouco, com tanta ansiedade, nunca mais o via descer ao levante desapare-
cendo na escuridão para se encontrar com Ana Maria, por ela assim o desejar... Não fazia nada de jeito e sentia soluços com dores e desejosos, numa ascensão amorosa ardente e doce. Finalmente, chega a noite, Augusto escondido à espera que Ana Maria aparecesse, para logo depois dar conta que ela se dirigia para o lugar que lhe tinha dito em que lhe aparecia. Olá, Augusto, és pontual!... Sim. Já aqui estou à pedaço, não desejava, jamais que a menina estivesse um minuto, sequer, à minha espera. Quanto desejava estar consigo... Mas, por que me chama a estas horas, com o seus padrinhos já a dormir, se eles sabem despedem – me e não sei que mais... -Não tenhas medo, eles não te vão fazer nada, essa te garanto... Fui eu quem te chamei para vires aqui teres comigo, não és tu que me estás a seduzir, mas eu a que te estou a chamar para vires ao meu encontro, há essa diferença para te defender caso haja algo que nos possa surpreender... E corro esse risco porque estou a gostar da pessoa simples que tu és. Tenho tido pretendentes ricos, mas não
os quero, passei a gostar dos teus bons sentimentos . A riqueza a mim não me diz nada. Sou filha de pessoas modestas, mas com os valores que eu sinto que tu também tens. - Mas, oh, menina Ana Maria, para namorarmos firme é preciso enfrentar e ultrapassar barreiras acima das possibilidades dos nossos saltos de corrida se pretendermos viabilizar namoro, sobretudo eu que sou um pé descalço, sem leira nem beira, filho de pai incógnito, sem estudos, um mero empregado do seus padrinhos que me pagam dez reis de mel coado, pelo meu trabalho e que tenho de aceitar por não teria outro quem me dê mais, sem direitos sociais, por tudo isto o namora não iria resultar, não pode dar em nada, é um engano, só nos iria magoar, sabido quanto os seus padrinhos pretendem um rapaz rico e com estudos para ser seu noivo. Portanto, este namoro só nos vai magoar, caso pretenda levar para a frente este seu interesse por mim... - Desculpa, Augusto não entendeste aquilo que eu te acabei de dizer. Não vou atrás de riquezas. Gosto de ti, e a ti que eu quero e com quem desejo casar...
Esta minha convicção é forte e irei lutar para que assim aconteça, mesmo contra a vontade de tudo e de todos. Logo, portanto, contra aquilo que meus pais e padrinhos possam pensar do nosso namoro. Estou – me marimbando para o que eles desejam para mim. Eu a que sei o que quero e por isso irei lutar, pelos valores que me irão fazer feliz. Convictamente, sinto - me atraída por ti, evidente, não pelos teus bens, nem pela tua cultura, mas sim pelos teus sentimentos e pela tua pessoa. Repito para que esta minha vontade entre bem na tua cabeça e não voltes a falar na tua deficiente situação económica. Jamais me casaria por dinheiro, fa-lo-ei, sim por amor... Com esta certeza do que pretendo, se os meus fizerem questão em não aceitar este nosso namoro, não me importa de os perder como familiares, somente para te ter a ti... Daí que esteja disposta a levar, por diante, estes nossos encontros que agora começam. - Se assim deseja, poderá ter a certeza de que tudo farei para a merecer.
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Memórias de Mário Soares perpetuadas no Notícias de Viseu O Notícias de Viseu, fundado em 1975, é uma fonte caudalosa de história do distrito de Viseu e até do país. O seu arquivo, porém, sofreu danos, alguns irreparáveis, mas ainda é possível encontrar na suas edições mais antigas, verdadeiras jóias da memória, escritas pelos jornalistas e acompanhadas pelo olhar dos repórteres fotográficos ou pela opinião dos comentadores. Após o falecimento de Mário Soares, quisemos, em jeito de singela homenagem, recuperar artigos relativos às suas deslocações a Viseu e Região, elaborados, na maioria, pelo fundador e director do jornal, Fernando de Abreu (que aliás, acompanhou a comitiva de Mário Soares, na sua primeira oficial ao Brasil, em setembro de 1985). Artigos, esses, que são tam-
bém o retrato de uma época em que a nossa Democracia, ainda jovem, se afirmava no combate de ideias e na conquista dos ideais de Abril. Aqui publicamos dois títulos publicados no NV, em 1985. O primeiro - “Mário Soares manifestou preocupação em impedir vazio governamental” - é datado de 4 de outubro, quando o governo liderado por Mário Soares estava demissionário (já depois de assinado o tratado de adesão de Portugal à CEE). Em Mangualde, como refere o texto, o então primeiro-ministro, afirma que a acção do seu governo “só será compreendida daqui a uma década, pois foi nesse sentido que o orientámos, tendo em vista o futuro e progresso de Portugal”. Em visita à Feira de S. Mateus,
Mário Soares, depois de cumprimentar cordialmente alguns adversários, assistiria a confrontos entre militantes e simpatizantes do PSD e PS, que levariam alguns dos envolvidos a receber tratamentos hospitalares, embora sem gravidade, como se lê na reportagem. O segundo título - “Candidaturas de Zenha e Freitas do Amaral são perigosas” -, datado de 20 de dezembro de 1985, surge no fervor da campanha às eleições presidenciais de Janeiro de 1986, em que Mário Soares, entrando na corrida com 5% das intenções de voto, viria a ser empossado Presidente da República (a 9 de Março de 1986), tendo, então, afirmado ser “o Presidente de todos os Portugueses”, frase que desde essa altura entrou no discurso político nacional. Este
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Mário Soares na toponímia de Viseu e Santa Comba Dão artigo jornalístico dá conta da deslocação de Soares a Viseu, “a fim de inaugurar a sede do MASP – Movimento Nacional de Apoio Soares à Presidência”. Durante a sua vinda à cidade, Mário Soares foi recebido no Salão Nobre da Camara Municipal, pelo presidente da autarquia de então, Francisco Pimentel, do PSD, que surpreendentemente, apelou ao voto em Mário Soares, “pela sua integridade e sentido democrático”. Muito tempo passou desde que estes artigos foram publicados, mas continuam válidas as palavras de Mário Soares, expresas na campanha presidencial de 1986: “A verdade não pertence em exclusivo a ninguém e não há nada que substitua a tolerância”.
Viseu e Santa Comba vão passar a incluir o nome de Mário Soares (1924-2017) na sua toponímia. Ambas as autarquias aprovaram, em reunião camarária, essa forma de homenagear o combatente pela Democracia, falecido a 7 de janeiro. Em Santa Comba Dão, o antigo Presidente da República (1986-1996) será nome de uma avenida. Em Viseu, a proposta apresentada pelo presidente da Câmara e aprovada por unanimidade, será enviada à comissão de toponímia, a quem caberá avaliar e escolher a via contemplada.