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2 Opinião
24 junho 2021 Quinta-feira
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ÍNDICE DESTA EDIÇÃO
Opinião....................................... 2 Viseu ......................................... 3 Diversos .................................. 4/5/8 Regional ................................. 6 Saúde........................................ 7
Quinta-feira 24/06/2021
UMA HISTÓRIA DE AMOR Por Humberto Pinho da Silva Vou-vos contar um grande amor, que deu origem a belo livro de poesia, entre portuense e gentil menina mineira, cuja primeira edição veio a lume, em 1792. Apesar do poeta mostrar-se apaixonado pela jovem de dezoito anos, não obstou que viesse a casar com senhora, um pouco boçal, filha de mercador de escravos. Refiro-me a Tomaz Gonzaga, ouvidor de Vila Rica, que participou na conspiração, que ficou conhecida por: “Inconfidência Mineira”, cujo fim era implantar o regime republicano. Movimento revolucionário, que todos os brasileiros conhecem. Será que conhecem? Creio que sim, apesar de alguns factos históricos serem, em quase todas as nações, propositadamente esquecidos ou encobertos. Quem era Tomaz Gonzaga, que muitos julgam ser brasileiro? Nasceu na cidade do Porto, em 1744, filho de brasileiro e de portuense, batizado na igreja de S. Pedro de Miragaia. Consta, o seguinte, no livro de Registos Paroquial, do dia 2 de Setembro do ano de 1744: “Thomaz filho do Licenciado João Bernardo Gonzaga e de Dona Thomazia Isabel Gonzaga, moradores na rua dos Cobertos desta freguezia, nasceo a onze de Agosto de mil sete centos e
quarenta e quatro, e foy por mim baptizado a dous de Setembro do mesmo anno, sendo padrinho o Reverendo Domingos Teyxeyra de Abreu, digo Domingos Ferreyra de Abreu assistente na Cidade de Lisboa; tocou por elle com procuração o Reverendo Licenciado Antonio de Deos Campos Conego Mageatral da Sé desta Cidade; e tocou também o menino o Doutor Desembargador desta rellação João Barrozo Pereyra assistente na rua dos Ferradores, da freguezia de Santo Illdefonço suburbio desta Cidade; forão testemunhas as abaixo comigo assinadas desta mesma freguezia; e por verdade fis este assento, que assiney hera ut supra. O Abbade Manoel da Cruz, O Pº. Raymumdo Darque, Antonio Gomes de Castro” Tomaz Gonzaga (Dirceu) embarcou com o pai, para o Brasil com oito anos. Era ouvidor em Vila Rica (andava pelos 45 anos) quando se apaixonou por delicada menina de 18, rica e órfã: Maria Joaquina Doroteia de Seixas Brandão (Marília). Nos versos que escreveu, versos de amor, deixa a dúvida, a quem os lêrem, que não tinha a certeza da cor dos cabelos de sua amada: umas vezes diz que são pretos; outras vezes louros… Apesar da enorme diferença de idade, parece que havia, entre os
Igreja de S. Pedro de Miragaia, onde foi batizado o poeta Gonzaga.(desenho de Pinho da Silva)
namorados, grande e mutuo afeto. O certo é, que se envolveu na preparação da revolta contra a Monarquia, inspirada nas ideias democratas, que José Joaquim da Maia, difundiu influenciado por ideologias, em voga, nos Estados Unidos. Argumentavam os conspiradores, que a razão eram os demasiados impostos, que a Coroa impunha aos mineiros. Denunciados, foram presos e condenados: uns a prisão; outros à morte. Passava-se isto em 1787-89. A rainha perdoou-lhes a pena capital, comutando-a em degredo, menos ao Tiradentes, como se sabe. Tomaz Gonzaga, depois de pas-
sar pela prisão da ilha da Cobra, no Rio, foi para Moçambique, onde viria a casar com D. Juliana de Sousa Mascarenhas, senhora de abastada fortuna. Do enlace nasceram: a Ana e Alexandre Mascarenhas Gonzaga. Consta que advogou e levou vida abastada. A menina mineira (Marília) ainda o foi visitar – dizem que engravidou, –, que leva a crer que o amor dela era mais sólido. Tomaz Gonzaga (Dirceu) faleceu em 1807. Maria Joaquina (Marília) ainda viveu até 1853, e está sepultada em Ouro Preto. Em 21 de Abril de 1955, foi transladada para o Museu da Inconfidência.,
O QUE FAZ FALTA É DE BOAS MÃES Por Humberto Pinho da Silva O que forma o carácter do homem e o torna cidadão digno, não é a escola, mas a mãe. O escritor Julien green – da Academia Francesa, – aprendeu a recitar, em criança, a: “ Caridade” de S. Paulo e os Samos: 1 e 22. No parecer de sua mãe, eram excelentes, e serviam de base para alicerçar, sólida formação espiritual. Embora a educação da criança se deva a ambos progenitores, é principalmente à mãe, que cabe, quase inteiramente, a árdua e difícil tarefa. É com seu exemplo, a forma como se exprime, e o vocabulário que usa, que os filhos irão beber a base da formação espiritual e até intelectual, que lhes servirá de bitola ao longo da vida. Luís António Verney, em 1746, já recomendava a necessidade das mulheres estudarem. Como futuras mães, deviam ser bem preparadas intelectualmente, visto serem com elas que a criança tem o primeiro contacto. Não só ensinam a língua, como transmitemlhes as primeiras ideias e conceitos. Todos conhecemos a enorme influência de Dona Filipe de Vilhena, na corte e na educação dos filhos. João Ameal, escreveu na sua “ História de Portugal”, que a Rainha modificou num sentido firme e austero a corte. “ (A)
Família Real, a que preside a virtuosa Rainha Dona Filipe de Lencastre, cujo lar é perfeito modelo de amorável e disciplinada harmonia”, fez que a corte soubesse portar-se com verdadeira nobreza. Claro, que devemos aos que conviveram connosco, nos primeiros anos de vida, a nossa educação moral e intelectual. Mas é a mãe, que inculca: modos de ser e estar, que acompanham toda a vida. Eça de Queiroz escreve: “ A educação dos primeiros anos, a mais dominante e que mais
penetra, é feita pela mãe: os grandes princípios, religião, honestidade, bondade, é ela que lhos deposita na alma.” - “Uma Campanha Alegre”. Ao prefaciar o livro: “Snu”, Marcelo Rebelo de Sousa – atual Presidente da Republica” – baseando-se no parecer de psicólogo, lembranos: “ Como somos educados em criança, assim seremos, em larga medida, quando adultos e educadores de outras crianças, os nossos filhos. Ou posto de outro modo, a educação marca de forma apreciável o destino de cada qual”. Eu diria: não só marca o nosso destino, como o destino da própria nação. As mulheres costumam queixar-se da sociedade, e do mau comportamento de muitos homens; todavia deviam, antes, queixarem-se delas próprias, porque não souberam educar, devidamente, os filhos, para serem bons cidadãos. A Pátria, cujas mães sabem educar os filhos moralmente, serão no futuro países, onde haverá: respeito, honradez, honestidade e bemestar. Infelizmente poucas são, que sabem ser MÃES. Que eduquem, a prole, no sentido de serem exemplares cidadãos. O resultado, é o declino moral e cívico da coletividade.