Noticias de Viseu 8 de Setembro 2016

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Semanário Independente e Regionalista / Director e Fundador: Fernando de Abreu ANO XLII - Nº 2119 - Quinta-feira 8 de Setembro de 2016 - Preço: 0,60 Eur. - IVA incluído

Campanha Europeia “Locais de trabalho saudáveis para todas as idades” chega a Viseu Página 3

MANGUALDE REGISTA PRODUÇÃO TRADICIONAL DO BORDADO DE TIBALDINHO

Mais quintas e eventos na Festa das Vindimas de Viseu Pág.3

"FOI DADO UM PASSO DE GIGANTE, PORQUE ESTA ARTE É FEITA EM MANGUALDE HÁ CERCA DE 200 ANOS POR PESSOAS MUITO DEDICADAS" – JOÃO AZEVEDO Pág 4

FEIRA DE VELHARIAS E ANTIGUIDADES EM CALDAS DA FELGUEIRA

Reconhecidamente, velharias e antiguidades são objetos antigos de valor arqueológico que, de certo modo, envolvem civilização e relacionamento de séculos e que os povos preservam, passando de geração, para geração, como património cultural e artístico. Pág .6

Memórias ocultas na escuridão da noite Página 7

“Viseu Misteriosa” sai à rua pela última vez

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2 Opinião

Quinta-feira 8/09/2016

Coisas & Loisas V

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setembro 2016 quinta-feira Registo DGCS 102220 Depósito Legal 182.842/02 Semanário - sai às 5ªs feiras SEDE: Complexo Conventurispress Av. do Convento, nº 1 3510-674 Viseu Norte Redação: Telefone: 232 087 050 e-mail:geral@noticiasdeviseu.com Publiciciade Telemóvel: 968 072 909 publicidade@noticiasdeviseu.com PROPRIEDADE Nodigráfica - Informação e Artes Gráficas, Lda. Empresa Jornalística nº 223518 Contribuinte: 501 511 784 Nº Registo Conservatória: 1299 Capital Social: 75.000,00 Euros SÓCIOS Fernando Mateus Rodrigues de Abreu - Administrador Graça Maria Lourenço de Abreu Anabela Lourenço de Abreu - Gerentes COLABORADORES Sofia Meneses Acácio Pinto Laurinda Ribeiro Fernando José Ribas de Sousa Celso Neto Armindo Amaral Serafim Marques Maria Helena Marques Pedro Gomes de Almeida Humberto Pinho da Silva Gabriel Bocorny Guidotti Vitor Santos DELEGAÇÕES Lisboa - Pais da Rosa São Paulo - Adriano Costa Filho Ourense - Sílvia Pardo Pau (França) - Laurinda Ribeiro Gabande (Espanha) - Enric Ribera TIRAGEM Mês de março 30.000 exemplares Dec. Lei 645/76 de 30/7 ÍNDICE DESTA EDIÇÃO

EM CONTINÊNCIA PARA A VILA Por Celso Neto

Decorridos quarenta e dois anos sobre o fim da guerra colonial, o concelho de Sátão, através da iniciativa de alguns ex-combatentes e do apoio da autarquia, decidiu honrar os satenses que morreram nela, construindo num local de destaque da vila um Memorial, cujo autor não conheço, mas a quem felicito. Os pormenores estéticos são, para mim, de somenos importância, porque o ato criativo nunca pode (nem deve) agradar a todos. Considero que a implantação deste Memorial foi um gesto digno, de justiça, porque se é verdade que temos que respeitar aqueles que não participaram na guerra colonial (uns por convicção, outros por medo, outros por conforto) não é menos verdade que também temos que respeitar aqueles que nela participaram e honrar a memória dos que morreram em combate. Duvido que a esmagadora maioria fosse combater por vontade própria, mas acredito que muitos o tenham feito com sentido pátrio. Não quero alongar-me na análise desta questão, mas numa altura em que ainda ouvimos dizer “a guerra estava ganha”, “a descolonização foi uma vergonha”, “a culpa foi dos comunistas que entregaram aquilo aos turras” etc., etc., etc. aquele Memorial inaugurado em 20 de Agosto deve, em minha opinião, ser considerado um apelo à Paz e aos respeito que nos devem merecer aqueles (e todos) os jovens que morreram a combater nas ex-colónias. Despojado de armas e outros símbolos bélicos, aquele militar a fazer continência, colocado em cima das lápides que correspondem aos jovens mortos do concelho, deve ser um alerta para os horrores da guerra e também a rejeição do recurso às armas como forma de resolução das divergências que sempre surgem nas relações entre as pessoas e os países. Estão de parabéns os mentores e os executores deste Memorial. Há quem diga que o militar é muito alto… Por enquanto, que eu saiba, ainda não há medidas standard para os Homens! Talvez esteja a chamar à atenção para a nossa pequenez!

CIDADE FM viseu 102.8

Opinião .................................. ...............2 Cultura..........................................:.... 7,8

Tlm: 968072909

Reportagem ................................ .... .5,6 Desporto...............................................10 Saúde................................ ....................9 Diversos ..........................................3.,11 Publicidade.........................................12

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O Grilinho Por Álvaro de Meneses

Tenho uma vaga ideia dele. Era de estatura meã ou mesmo pequena e, talvez, por isso lhe chamavam Grilinho. Alfaiate, de profissão, dedicava-se nas horas vagas a tocar guitarra, a cantarolar e a beber uns copitos. Às vezes, aparecia aqui, em S. Miguel, com o seu instrumento, a fazer uma visitinha a meu Pai, paralisado, havia anos, dos membros inferiores. Estou a vê-los, no patim da casa: meu Pai sentado na cadeira de rodas, a fumar o seu cigarrinho, por si habilmente feito com mortalha “Zig-Zag” e tabaco de onça “Paris”, e o amigo Grilinho, a seu lado, sentado num degrau da escada, a dedilhar na guitarra, com um copo de bom vinho de Pindelo, à mão de semear, para lhe valer na inspiração musical. Por falar em música e em guitarra, veio-me agora à ideia um outro “grande músico”, figura típica de Viseu, o “Perua”, fadista dos quatro costados que, acompanhado da sua inseparável guitarra, usava lenço enrolado ao pescoço, com pontas a cair para as costas e para o peito, como mandam as regras de bem vestir fadista, e uma boina de pala, posta à maneira dos seus congéneres dos bairros Alto, da Alfama e da Mouraria, lisboetas. Além de fadista de alma e coração, era também atirado a filósofo. Tinha, para o orientar na vida, o lema “Deus, Pátria e Fado”, que não o “Deus, Pátria e Rei” dos monárquicos, ou o “Deus, Pátria e Família” do Estado Novo. Homem de ar castiço, cheio de poses estudadas e de frases retumbantes, proferidas com intenção e ênfase. Voltemos, porém, ao Grilinho. Como já disse, apreciava ele a bela pinga e, não raras vezes, apanhava o seu valente pifão. Ora, certa tarde, já bastante ensopado de tintol, deu-lhe para ir curtir a bebedeira para o Cemitério e lá adormeceu. Quando acordou ainda o Sol estava a iluminar os antípodas. Dirigiu-se ao portão e, claro, encontrou-o fechado. Vai de trepá-lo. A caminho da Praça, na rua, passavam duas vendedeiras de ovos e galinhas. Ao verem aquele estranho vulto encarrapitado no portão do Cemitério, logo concluíram tratar-se de uma alma penada: - Ai valha-nos o Santíssimo Sacramento! O Grilinho, nada agradado por o tomarem por fantasma, refilou: - Quem vai, vai; quem está, está! As mulherzinhas, borradas de medo, largaram as canastras no caminho e, arregaçando as saias para correrem melhor, desataram a fugir com uma tal mecha que nem o Diabo, com as suas asas de vampiro, conseguiria apanhálas. O Grilinho, depois de escalado o portão, foi direito aos canastros abandonados pelas fujonas, muniu-se de alguns ovos e de uma franga de crista rubicunda e foi para casa. No dia seguinte, à custa do susto pregado às vendedeiras, convidou dois amigos e foram regalar-se com os ovos e a franga para a tasca mais próxima. Durante uns tempos, na Praça 2 de Maio, não se falava de outra coisa senão na alma penada que aparecera encavalitada no portão do Cemitério…

(Texto publicado no Notícias de Viseu no dia 5 de Dezembro de 1996)

35º ALMOÇO- CONVÍVIO NACIONAL DOS ANTIGOS COMBATENTES DA GUINÉ No dia 15 de Outubro, Sábado, realizar-se-à o referido convívio no CONJUNTO TURÍSTICO QUINTA DOS TRÊS PINHEIROS- Estrada Nacional nº 13050-382 MEALHADA Os interessados (que podem inscrever familiares ) devem contatar: Tlm: 966003293; Tlf :232183926, ou escrever para : Isaías Peralta Apartado 42-3534-909 Mangualde


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Diversos 3

Quinta-feira 8/09/2016

Campanha Europeia “Locais de trabalho saudáveis para todas as idades” chega a Viseu a 15 de Setembro No âmbito da Campanha Europeia “Locais de trabalho saudáveis para todas as idades”, promovida pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA), será coorganizado a 15 de setembro, em parceria com a ACT e o CEC/CCIC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro, um seminário na AIRV - Associação Empresarial da Região de Viseu, que prevê analisar a panorâmica da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) na Região Ibérica e a promoção do trabalho sustentável e do envelhecimento saudável desde o início da vida ativa. A Campanha Europeia de 2016-2017 foca-se no trabalho sustentável, na segurança e saúde no local de trabalho, na prevenção para os riscos ao longo da vida ativa e na promoção de boas práticas laborais. O seminário sobre a Campanha Europeia "Locais de Tra-

balho Seguros e Saudáveis" abordará as diferenças em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) existentes entre Portugal e Espanha num distrito situado junto à Raia, sendo coorganizado pela ACT, na qualidade de Ponto Focal Nacional da EU-OSHA, e pelo CEC/CCIC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro, como parceiro da Enterprise Europe Network e membro da Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças (RIET). No âmbito do protocolo estabelecido entre a RIET e a DNM - Sociedade de Advogados no domínio dos serviços de apoio jurídico, o seminário contará com um ilustre painel com especialistas em legislação laboral em Portugal e em Espanha, que abordará as diferenças jurídicas, divisão de trabalhadores e obrigações para os empregadores nos dois lados da Raia.

Notária Joana Isabel de Matos Cabral – Cartório Notarial em Albergaria-a-Velha, sito na Rua Américo Martins Pereira, 29 A, Albergaria-a-Velha Telefone 234521181/234522112 Fax 234524489 Telemóvel 960055033 JUSTIFICAÇÃO - CERTIFICO, narrativamente para efeitos de publicação que, neste Cartório, de folhas cento e um a folhas cento e dois verso, do Livro de Notas Para Escrituras Diversas Cento e Noventa e Dois - A, se encontra exarado um ato de justificação, titulado por escritura de vinte e três de agosto de dois mil e dezasseis, na qual ADELINO MANUEL PATRÍCIO MOREIRA E CASTRO, casado com MARIA HELENA CORREIA ALVES, sob o regime da comunhão de adquiridos, natural da freguesia e concelho de Ovar, residente na Urbanização Quinta da Fonte, Lote 18, 3º esquerdo, freguesia de Santo António dos Olivais, concelho de Coimbra, justificou, por não possuir título, a aquisição por usucapião, do prédio rústico, sito em Barreiro, freguesia de Fragosela, concelho de Viseu, composto de terreno de regadio com videiras, árvores de fruta e alqueve, com mil quatrocentos e vinte e sete metros quadrados, a confrontar do norte com barroca, do sul com caminho, do nascente com Luísa Cardoso Moreira Melo e do poente com António de Sousa Ferreira, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo 992, em nome de Maria Moreira de Albuquerque e Melo, omisso na Conservatória do Registo Predial do concelho de Viseu. Está conforme o original. Cartório Notarial, em 23/08/2016. A Notária, __________________________________________ (Joana Isabel de Matos Cabral). Conta: Emitidos fatura e recibo. Registada sob o nº. 1662.

Mais quintas e eventos na Festa das Vindimas de Viseu Programa propõe “vaivém” de iniciativas entre centro histórico e 14 quintas do Dão. 30 instagramers vão explorar a cidade vinhateira A Festa das Vindimas de Viseu está de regresso de 21 a 25 de setembro para reconquistar comunidade, amigos e turistas para as experiências e paisagens dos vinhos da região. O seu arranque no “Dia do Município”, a 21, reflete a assunção de Viseu como “a cidade vinhateira do Dão”. O centro histórico promete celebrar a época com diversas propostas enoculturais e as quintas abrem portas para experiências autênticas de vindima. Algumas delas, tal como nas anteriores edições, pela primeira vez. Este ano, juntam-se à Festa das Vindimas 14 quintas aderentes, duas das quais pela primeira vez. Quinta do Chão de São Francisco (Viseu) e Quinta do Quintalinho (Tondela) serão as estreantes.

Para o Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques, “o aumento do número de quintas aderentes renova a atratividade do evento e demonstra a pertinência da aposta em promover Viseu e o Dão como cidade e região vinhateiras de excelência.” O Presidente da Viseu Marca, João Cotta, sublinha por sua vez “o desafio de dar a conhecer ainda mais profundamente a região do Dão, num mix de experiências culturais”. Todos os dias um “Mercado de Vinhos & Sabores” nasce na Praça do 2 de Maio. No antigo mercado de Viseu nasce um espaço premium de prova e descoberta dos néctares e sabores do Dão, com provas dos vinhos, tasquinhas com vários produtos regionais, workshops vínicos (com a participação de diversos enólogos e viticultores), showcookings (proporcionados por chefs da região), um espaço para os petizes con-

hecerem melhor que ninguém o ciclo da terra e um cartaz cultural para todos os públicos. Nesta edição da Festa das Vindimas, Viseu é palco de desejados “regressos a casa”: os “filhos da terra” Darko e Samuel Úria regressam a Viseu para concertos olhos-nos-olhos com os viseenses, visitantes e amigos de Viseu. Será nas noites de 22 e 23 de setembro, respetivamente. Antes, Carolina Deslandes estreia-se em Viseu, dia 21. s do Dão. A palavra de ordem é “partilhar”. Do programa faz ainda parte o espetáculo “Viver Viriato”, produção Trigo Limpo Tetro ACERT, que terá na Festa das Vindimas a sua maior e última récita. Na noite de 24 de setembro, pelas 21H30, no Adro da Sé, a marioneta gigante que veste a pele do herói mítico de Viseu instala-se pela primeira vez no Centro Histórico. As Dão Parties têm regresso garantido

em 2016. A primeira é no dia 23 de setembro, sexta-feira, no Mercado 2 de Maio, com o viseense Jonny Abbey. Na noite do dia seguinte, o local é o Museu Nacional Grão Vasco, dando continuidade ao espetáculo “Viver Viriato”, e a DJ convidada é Rita Mendes. A Meia Maratona do Dão tem regresso garantido para juntar milhares de amantes do desporto na manhã de domingo. Os percursos da Meia Maratona (21k), Mini Maratona (10k) e Caminhada (5k) estão já disponíveis em runningwonders.com. O sucesso das visitas “Viseu Misteriosa”, que chegaram à boleia da Feira de São Mateus, faz prolongar esta experiência na Festa das Vindimas. Duas novas sessões estão previstas para as noites de 21 e 22 de setembro.


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4 Regional

Quinta-feira 8/09/2016

MANGUALDE REGISTA PRODUÇÃO TRADICIONAL DO BORDADO DE TIBALDINHO "FOI DADO UM PASSO DE GIGANTE, PORQUE ESTA ARTE É FEITA EM MANGUALDE HÁ CERCA DE 200 ANOS POR PESSOAS MUITO DEDICADAS" – JOÃO AZEVEDO Com o objetivo de certificar a produção do Bordado de Tibaldinho, a Câmara Municipal de Mangualde apresentou o pedido de registo da produção tradicional do mesmo ao Registo Nacional de Produções Artesanais Tradicionais Certificadas, tendo o mesmo merecido um parecer positivo. Para o presidente da Câmara Municipal de Mangualde, João Azevedo "foi dado um passo de gigante, porque esta arte é feita em Mangualde há cerca de 200 anos por pessoas muito dedicadas, mas sem ter o valor acrescentado que devia". Este produto, que para João Azevedo é uma "joia da coroa" do concelho de Mangualde "vai assim ser mais valorizado quer para quem o faz, quer para quem o compra". Salientando que "a autarquia valoriza e respeita muito as pessoas que se dedicam a esta arte". Para o edil "esta é uma decisão imaterial, mas que tem um significado fundamental para o desenvolvimento do concelho. O município deu o contributo para a valorização definitiva daquele produto". BORDADO DE TIBALDINHO: UM NOME EUMA REPUTAÇÃO ESTABILIZADOS HÁ MAIS DE UM SÉCULO O Bordado de Tibaldinho é um bordado a branco distinguível dos restantes bordados, com um nome e uma rep-

utação estabilizados há mais de um século, com uma gramática decorativa própria e com tradição reconhecida e comprovada. É um bordado manual, executado com linha 100 % algodão ou/algodão mercerizado, em tecidos de 100 % algodão, 100 % linho e meio linho. Desde sempre, foram os artigos ligados ao têxtil-lar o

tipo de peças que ganharam o favor desta específica decoração, sendo que mais tarde peças de outro tipo começaram a ser bordadas, mais ligadas a complementos de vestuário. Sofia Monteiro

História A mais antiga fonte documental relativa a Canas de Senhorim aparece, em 1155, num texto que celebra um escambo entre Soeiro Mendes e sua mulher com o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, de dois casais de Lageosa (Oliveira do Hospital) com dois casais que ficavam «in villa de Cannas que est in territorio de Seniorim». (Livro Santo de Santa Cruz, N.º 201). Trinta anos passados, noutro documento, lê-se que, entre o mês de Outubro de 1184 e Junho de 1186, Soeiro Formariz (ou Fromariguiz) e Dona Mónica, sua mulher, e Pedro Heriz e sua mulher, Dona Maria, e Marílio com todos os seus filhos venderam para sempre a D. João Pires (ou Perez), então bispo de Viseu, a villa de Canas de Senhorim, «com todos os seus termos novos e antigos, com todas suas terras rotas e por romper, com suas águas e pastos e com todas as entradas e saídas… ». Em Novembro de 1186, conforme se lê num velho documento do Cartório do Cabido de Viseu, por uma carta de couto, o rei D. Sancho I doou ao bispo D. João Pires a «Vila de Canas, no limite de Senhorim», com «todas as calúnias (multas), [...] todas as portagens donde quer que vierem aí, [...] e todos os direitos reais que nos pertenciam, para vós, em perpétuo, e para todos os que depois da vossa morte quiserdes nomear e instituir por herdeiros». Em 1192, ano do falecimento do Bispo D. João Pires, o Cabido da Sé de Viseu logo se apressou a tomar posse da Vila de Canas de Senhorim. E foi o referido Cabido que, quatro anos depois, em 1196, aos moradores, presentes e futuros, outorgou CARTA DE FORAL. O outro foral conhecido, o foral novo, foi dado em Lisboa a 30 de Março de 1514 por El-Rei D. Manuel I. Do texto desse foral colhe-se a informação de que já antes vigorava um outro «foral dado por composição entre o cabido e concelho», o que pressupõe, sem dúvidas, que Canas de Senhorim já era concelho antes do foral subscrito por Fernão de Pina - o de 30 de Março de 1514. No Cadastro da População do Reino, de 1527, tombo mandado elaborar por D. João III, registaram, no concelho de Canas de Senhorim, 171 moradores (fogos). Assim distribuidos: « na villa - 93; no lugar de vall de madeyrus - 18; no lugar de lapa do lobo - 7; na pouoa de santarem - 17; no lugar de carualhal redomdo - 36». Duarte Nunes de Leão, na sua Descrição do Reino de Portugal, inclui a Vila de Canas de Senhorim na correição de Viseu. Em 1675, na Instrução e Relação da Catedral da Cidade de Viseu e mais Igrejas do Bispado, o bispo D. João de Melo

apurou, para o concelho de Canas de Senhorim, 945 habitantes. Foi extinto em 1852, embora a sua extinção nesta data não tenha ainda até hoje qualquer justificação legal, porque o decreto que a promulgou nem sequer foi publicado na Folha Oficial. Porém os Canenses, aproveitaram com o desenvolvimento da sua terra e a incerteza concelhia de então a reconquista do seu município em 1866 a que a revolução da Janeirinha determinou (ver António José de Ávila), algum tempo depois a sua extinção. A maioria da população deseja que a freguesia seja elevada a concelho, reavendo o estatuto que a vila já teve anteriormente. Para esse efeito, o Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim (MRCCS) tem realizado diversas acções políticas e mediáticas. Esta pretensão é fortemente contestada pelos políticos do concelho de Nelas, ao qual pertence Canas de Senhorim. Depois das eleições autárquicas de 2005 esta pretensão é tolerada e apelidada de romântica pelo executivo autárquico nelense, eleito por uma coligação PSD/CDS, e as manifestações públicas de exigência pela restauração do concelho praticamente cessaram por motivos estratégicos. A elevação a concelho esteve prestes a acontecer quando a Assembleia da República assim o decidiu em 1 de Julho de 2003, mas, no mês seguinte, o Presidente da República Jorge Sampaio vetou a Lei que possibilitava a restauração do Município, depois de sempre ter garantido que nunca o faria por diversas vezes. Durante muitos anos Canas de Senhorim constituiu o

mais importante pólo industrial da região centro. As suas indústrias mais significativas eram a CPFE – Companhia Portuguesa de Fornos Eléctricos, e a ENU – Empresa Nacional de Urânio responsável em Portugal pela extracção de urânio e que operava na Urgeiriça . Ambas as empresas cessaram a sua actividade, lançando no desemprego mais de um milhar trabalhadores e criando uma situação social muito complicada. Em termos de festividades destaca-se o Carnaval, celebração enraizada entre os Canenses e que conta já com mais de trezentos anos de tradição e a já, também, tradicional Feira Medieval. Refiro também que o Hino Nacional,A PORTUGUESA; nasceu nesta terra, feito por um dos seus filhos, KEIL DO AMARAL (Vive grande parte da infância em Canas de Senhorim, onde completa a instrução primária. Depois de uma permanência em Luanda (1920-1921), onde

o pai era Governador-Geral, frequenta o Colégio Nacional e o Liceu Gil Vicente (1922-28). Um abraço beirão para todos os poetas brasileiros que guardo no coração por causa da maneira carinhosa que me receberam na sua Pátria que hoje canto como se fosse minha. Até breve. António Pais da Rosa


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Quinta-feira 08/09/2016

MONTALEGRE “TRANSFIGURADA” EM SALA DE VISITAS IBÉRICA COM JORNADAS DE GASTRONOMIA, ARTESANATO E PATRIMÓNIO Um Senhor da cultura, mestre e confrade, à frente de dinâmica Comissão - Fernando Silva, tomou a peito realizar encontro

histórico, chamando associações, confrarias/Ordens e altas figuras públicas, de Portugal e Espanha, para participarem nas

várias jornadas, onde se pretende partilhar o conhecimento, a gastronomia e o património, a levar a cabo, nos dias 24 e 25 do correntes mês, na vila do concelho de Montalegre. Segundo Fernando Silva, - “ pretende – se desfrutar de um espaço de reflexão, alegria e partilha, consolidando relações transnacionais e transfronteiriças entre povos, aproveitando para pugnar pela sustentabilidade do território e conhecer o património das suas gentes”. Neste encontro de gastronomia, economia circular e artesanato, conta com o apoio dos Municípios de Montalegre e Ávila; do Desenvolvimento da Região de Barroso e da Universidade Applel; da CIM – A, do Alto Tâmega, da Expourense, da ALL- A. Portuguesa Bio Economia e Economia circular; ; FPNCYRA, da Castilha e Lyon, AXL – de Xinzo de Lima; Universidade Trás dos Montes e Alto Douro, entre outras. Um dos pontos altos, estará no encontro Ibérico de Confrarias/ Ordens Eno – Gastronómicas e Culturais que, após a recepção

MEDICINA POPULAR, TEM NO PADRE FONTES UM DEFENSOR CONVICTO NA DIVULGAÇÃO Na medicina alternativa e popular, tem no Padre Fontes um homem de grande ciência que a divulga ao mundo em conceitos crediveis atraves dos conhecimentos promovendo congressos, com dignidade, e intervenções em equipamentos como centro de iniciativas empresariais e associativas. Acontece em Vale de Perdizes, com centro de medicina alternativa onde toda esta grandeza tem o nome de pessoa empreendedora: padre Pontes um homem estimado e considerado por tantos eventos lançou pela região de Trás dos Montes. Para o fundador, do evento do Vale de Perdizes, Padre Fontes, “ A medicina popular mantém – se com natural evolução e que a troca de sabores entre os seus práticos, médicos, naturalogos e demais, vieram enriquecer o carácter cientifico que a força das circunstancias históricas fitoseficas e éticas se impõem ao empírico real esforço do objetivo de prevenir e tratar as diversas doenças sem prejudicar os pacientes num total respeito pela dignidade da pessoa humana.”

nos Paços do Concelho de Montalegre, se seguirá desfile para o espaço do padre Fontes, figura emblemática das sextas-feiras 13, e pavilhão multiusos onde irá decorrer amostra de artesanato, exposição de artes e ofícios, capítulo especial de entronização luso – galaico, momento lúdico e jantar de gala, finalizando com uma visita ao ecomuseu do Barroso, Montalegre e Boticas. Fernando de Abreu

“Atrás dos tempos vêm tempos – Memórias desta Cidade” A Associação Musicando irá assinalar, no próximo dia 17 de setembro, o seu 19.º aniversário, dando continuidade ao projeto “Atrás dos tempos vêm tempos”, este ano subordinado à temática “Memórias desta Cidade”. Trata-se de um projeto que conta com a parceria institucional da Câmara Municipal de Viseu, no âmbito do Programa Viseu Terceiro. A atividade terá início pelas 14.30h, com um Percurso Etnobotânico por alguns dos jardins da cidade (sujeito a inscrição prévia), um olhar diferente sobre espaços com os quais contactamos diariamente. Às 15.30h, decorrerá, no jardim do Solar do Vinho do Dão, uma Mostra de Artesanato ao Vivo, à qual se seguirá, pelas 17.45h, um espetáculo que conta com a participação das três valências da Associação: grupo de música popular MUSICANDO, coro de câmara VIRIATHUM CANTANTES e Grupo de Teatro VILUSI. Neste espetáculo, com entrada livre, a música e o teatro irão conduzir-nos numa viagem em que serão revisitados figuras e acontecimentos que fazem parte da memória coletiva dos viseenses, num convite a relembrar, de forma inovadora, tempos que ajudaram à construção do nosso tempo. Se as condições atmosféricas forem adversas, o espetáculo terá lugar na Aula Magna do I.P.V.


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Reportagem

Quinta-feira 8/09/2016

NO PENULTIMO DOMINGO, DE CADA MÊS

FEIRA DE VELHARIAS E ANTIGUIDADES PROPORCIONA COMPRA, VENDA E TROCA, NUMA DEMONSTRAÇÃO VIVA DA CULTURA E ARTE DO PASSADO Reconhecidamente, velharias e antiguidades são objetos antigos de valor arqueológico que, de certo modo, envolvem civilização e relacionamento de séculos e que os povos preservam, passando de geração, para geração, como património cultural e artístico. É neste conceito que, um grupo de antiquários, chefiados por Isabel Pires e Isabel Saraiva, está a realizar mensalmente, no Planalto Beirão, mais concretamente nas Caldas da Felgueira, concelho de Nelas, uma feira franca de velharias e antiguidades, possibilitando às pessoas comprar, vender ou trocar artigos velhos, passando, assim, de mão para mão, como uma forte maisvalia para a região que se alonga até às faldas da Serra da Estrela, pelo maior e rico sortido, ali em exposição, no terceiro domingo, de cada mês. Ao convite que nos foi dirigido, fomos encontrar os expositores participantes na feira do mês de agosto, na maior confraternização, no decorrer do almoço e depois em convívio no fim da feira, constituindo laços de amizade e que se acentuam de feira para feira, a provocarem a maior motivação em feiras no futuro. Para Isabel Pires esta iniciativa começou com a Isabel Saraiva pelo conhecimento que tem em velharias e antiguidades, por estar dentro da área, juntando se à minha paixão pelo valor arqueológico, também no intuito de valorizar as Caldas da Felgueira, zona turística por excelência, com águas termais e de saúde balnear, localizadas numa paisagística de grande beleza e que o Rio Mondego oferece na sua passagem entre margens idílicas, com árvores centenárias, a dividir os dois distritos - Viseu e Coimbra e os dois concelhos - Nelas e Oliveira do Hospital. - Por tudo isto, - prosseguiu

Isabel Pires, as pessoas vêm saborear os prazeres de viver ao ar livre, nesta paisagem de sonho, aproveitando também para vir à feira vender, comprar e trocar peças de velharias que os seus antepassados utilizavam na decoração das casas, ou como utensílios no seu dia-a-dia. É uma iniciativa bonita, que atrai pessoas mesmo que seja para recordar o que os seus antepassados possuíam e que, muitas obras de arte e valor na qualidade dos produtos aplicados, agora substituídas pelas novas tecnologias e pelo cimento e tijolo. Isabel Saraiva, professora dava o exemplo da ardósia ou lousa, onde escrevia e fazia as contas, para agora se chama “ Tablete”. Com quatro anos de feira mensal, de maio a setembro, é hoje uma mais-valia firmada para os concelhos de Nelas e Oliveira do Hospital. Daí que, não se compreender, o facto de que aquele es-

O CHIAFA (Centro de Interpretação Histórica e Arqueológica de Fornos de Algodres), inicia um novo ciclo de exposições intituladas “Pinturas Fornenses”, de 01 a 30 de Setembro de 2016 estará patente uma Exposição/Venda dos pintores e desenhista António Simões, Carlos Martins e Ricardo Costa que poderá ser visitada todos os dias entre as 10h00 - 13h00 e as 14h00 - 17h00. “Pintar é fazer aparecer uma imagem que não é a da aparência natural das coisas mas tem a força da realidade” Raoul Dufy “ Emoções” A arte é a mais antiga das expressões do ser humano, é a forma perfeita de comunicação É a transfiguração da experiência humana, naquilo que ela tem mais de essencial…

paço, onde se realiza a feira, junto à ponte e ao antigo balneário termal, não haja uma casa de banho pública para os banhistas e, em dias de feira, servir de apoio às pessoas que a visitam e nela per-

manecem várias horas do dia. Para ambas, mulheres cheias de dinamismo e cultura, voluntárias desta mais-valia regional, Isabel Pires e Isabel Saraiva, além da casa de banho que se afigura de ex-

trema necessidade, não somente para os banhistas desta época balnear praticamente a terminar, mas para a próxima, há que dar ao espaço da feira qualidade funcional, terraplenando o área, de modo a que se possam colocar mesas para exposição dos artigos, armar toldes e acomodar cadeiras, com arruamentos cobertos de gravilha, para não levantar pó, de todo indesejável. A Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e, particularmente, a de Nelas, apoiam e aderirem a esta iniciativa. Se assim vier acontecer, estamos convictas de que as Caldas da Felgueira irão ser objeto de reestruturação urbanística através de uma planificação e requalificação da zona para efeitos de desportos náuticos e ambientais de modo a convencer os turistas e banhistas a permanecerem, mais dias, neste cantinho que a Natureza dotou com as maiores benesses, acabando por ser também uma mais-valia económica, para ambos os concelhos, por não haver nada assim em toda a região. Fernando de Abreu


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Cultura 7

Quinta-feira 8/09/2016

Memórias ocultas na escuridão da noite Hoje, 8 de setembro, “Viseu Misteriosa” sai à rua pela última vez “Felizes os que têm memória”, ouvimos dizer, na penumbra da noite, sob a luz ténue de um velho candeeiro de rua. A frase é proferida por uma das personagens de “Viseu Misteriosa”, iniciativa que consiste num percurso noturno pelas ruas, ruelas e becos mais escondidos da cidade. Cada canto e recanto tem uma história ou uma lenda desconhecida da maior parte da população, que é dada a conhecer, de forma lúdica, por vezes, cómica, e, paralelamente, de forma científica, isto é, com o rigor histórico possível.

Soar, com a encenação de mais um caso de amor proibido, ocorrido em Viseu. Pelo meio, são muitas as estórias e histórias, umas de rir, outras de arrepiar. Um dos pontos mais impressionante é a visita à antiga gafaria ou leprosaria (12961526), que se situava entre a Rua de S. Lázaro e a Rua do Arco. Constituída por hortas, pomares, fontes, poços e uma capela, a gafaria era um lugar de cruel segregação, para onde eram atirados os leprosos e, também, algumas pessoas saudáveis, vítimas de falsas denúncias e erros de diagnóstico, como explicou Fátima Costa, da Neverending. Mais divertido é, por exemplo, assistir às ousadas experiências de João Torto, que tentou voar do alto da Sé para a Cava de Viriato, ou ouvir o diálogo entre Manuel e Lino, pedreiros que, no reino da ficção, construíram as janelas de estilo manuelino… As depressões e insónias do rei D. Duarte, a quem os médicos terão receitado um intenso exercício noturno, é outra das histórias contadas com leveza e graça pelos atores da Zunzum. Com o custo de cinco euros por pessoa, a iniciativa tem registado uma grande adesão de público de todas as idades. Hoje, dia 8 de setembro, “Viseu Misteriosa” volta a sair à rua, naquele que será o passeio de despedida desta primeira edição. A cidade tem mais mistérios para revelar e, face ao êxito obtido, aguarda-se deste já a segunda edição. Sofia Meneses

“Contar Viseu a partir de um lado B” ou “dark side”, como refere a organização, é o objetivo desta nova experiência de turismo cultural, levada a cabo pela Viseu Marca, todas as quintas-feiras, durante a Feira de S. Mateus. Com guião da Neverending, empresa viseense de turismo temático, “Viseu Misteriosa” compreende várias encenações pela Zunzum Associação Cultural. Às lendas e narrativas, junta-se a intensidade dos espaços, a que a noite confere um toque de mistério e fantasia. A viagem no tempo começa às 23 horas, junto da Porta de S. Francisco - cuja fonte está ligada à obra “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco - e termina, quase duas horas depois, na Porta do

Teatro Viriato recebe II Ciclo de Conferências

Hotel Rural Senhora dos Remédios

Grandes Temas da Arte Portuguesa Depois do ciclo de conferências intitulado Obras-Primas da Arte Portuguesa, que decorreu em maio e junho de 2016, o Teatro Viriato ira acolher em setembro e outubro, um segundo ciclo sobre Grandes Temas da Arte Portuguesa. A iniciativa, coordenada por Dalila Rodrigues, historiadora de Arte, é promovida pela Câmara Municipal de Viseu e destina-se ao grande público. O I ciclo contou com uma grande adesão, pelo que tudo leva a crer que este vá, também, suscitar o interesse da população. A sessões começam às 19 horas, terminando pelas 20h30. O programa tem início dia 27 de setembro, com o tema “O Museu Nacional Grão Vasco: As Colecções e o edifício”. Serão oradores Simonetta Luz Afonso, Eduardo Souto de Moura e Dalila Rodrigues. Dia 4 de outubro, Maria José Goulão irá

falar sobre “Morte, Memória e Práticas Funerárias à luz dos túmulos de D. Pedro e D. Inês”. Segue-se, a 11 de outubro, Paulo Pereira com o tema “Iconologia Manuelina. D. Manuel: Da Cavalaria Cristã à Burocracia Imperial”. “Auto-representação na Arte Portuguesa do Século XX” será o título da conferência a proferir por Delfim Sardo, dia 18 de outubro. A 25 do mesmo mês, Helena Freitas dissertará sobre “Amadeo de Souza-Cardoso em Paris”. A participação é gratuita, com inscrição prévia obrigatória. Os interessados deverão enviar um email com a identificação “II Ciclo de Conferências - Grandes Temas da Arte Portuguesa, nome e profissão, para: cultura@cmviseu.pt (António Baptista)

5470-311 Mourilhe - Montalegre

Telefone:+ (351) 276 510260 Fax:+ (351) 276 512869 Telemovel:+ (351) 968032485 E-mail:padrefontes@gmail.com http://padrefontes.com/


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8 Cultura

Quinta-feira 8/09/2016

Tons da Primavera - VISEU Street art, arte urbana, grafiti, entre outras designações, é como chamam a expressão artística que ilegal (ainda o era em Portugal há duas décadas) e detestada a princípio, conquistou mundo, e atingiu um patamar no universo artístico jamais esperado ou imaginado, conquistando uma capacidade de expressão nobre, inclusiva, forte, próxima e, hoje, incontornável da realidade urbana de toda a grande cidade, onde ocorre irregular e esporádica. Entretanto adquirindo uma dimensão própria que demorou a ser reconhecida por causa de seu nascimento rebelde e fora-da-lei, vai agora sendo apreciada e louvada em seus novos contornos. Modificou-se a Lei, incorporouse a expressão, eliminou-se a clandestinidade, revelou-se o artista, celebrizou-se-lhe o perfil, institucionalizouse o excluído, e a sociedade engolfou o marginal, reconheceu-o, estimou-o, elogiou-o, condecorou-o. A arte das ruas veio para ficar. É bem possível que entre meus leitores ainda se encontre alguém que ainda só veja o lado vândalo original desta arte, mas certamente, meio século depois de seu início,

todo mundo reconhecerá seu valor ilustrativo, quando menos, porém segue na sua escala de valoração, passando pela dimensão política (Quantos muros pichei contra a ditadura?) pela sociológica, ao que se designou arte de fronteira, pela dimensão humana, pela dimensão simplesmente artística, que divide a arte urbana do grafite, e até pelo ativismo social que muda as vidas, tanto dos artistas como dos consumidores de sua arte, ainda que, entre esses últimos, alguns involuntária ou compulsivamente. Sempre tive atenção por essa arte, lembro-me de ainda nos anos setenta comprar um livro que certamente se incluirá entre os pioneiros que registram essa forma de expressão, chamava-se Italia grafitti, uma capa branca com essas duas palavras uma por cima da outra bem no meio, porém, como perdi-lhe o rastro, não sei qual seu ano exato de publicação, ficando também por saber se é anterior, contemporâneo, ou posterior aos dois primeiros livros que abordam esse assunto sobre sua manifestação nos Estados Unidos, que curiosamente são italianos, o Grafitti a New York de Andrea Nelli, e o outro

que nunca vi e é de Los Angeles, ambos também dos anos setenta. Era um princípio de um reconhecimento hoje geral. Viseu, desde o ano passado, com segunda edição este ano, montou um festival voltado para a rua, que merece atenção, e, que com certo interesse revela muito do que acontece nesse universo. Com o nome desse artigo, Tons da Primavera, tendo se realizado por quatro dias, de 19 a 22 de Maio ano passado, onde seis artistas discutiram no mercado 2 de Maio a arte urbana. Repetiu-se este ano nas mesmas datas, com quinze artistas convidados, e com um concurso local, desta forma Viseu vai constituindo sua coleção de arte das ruas, e nas ruas, lentamente, como o fez Lisboa, o faz Loures, a Covilhã, Águeda, Coimbra e Cascais entre outras cidades portuguesas, coleção de uma arte que há três anos já tem galeria, e pode dizer-se que é oficial e reconhecida, mas que é mesmo espetacular quando nas ruas. Já tendo seu turismo próprio, seu circuito próprio, seus admiradores, todo um universo que se estabelece e se estrutura entorno dela. É o século XXI no seu melhor!

O outro lado a se destacar desta arte é sua face inclusiva, porque apresentada em bairros tidos como problemáticos, criam toda uma atmosfera de respeitabilidade e, logo a seguir de turismo, que impõe os bairros como um espaço de orgulho e cidadania, o que é certamente um fator de maravilha porque com a instantaneidade da realização artística transmudam seu entorno, dando outras valências, que, de outra maneira seria impossível conquistar, muito mais, como em Viseu, no confronto com seu centro histórico já rico antes da nacionalidade, e, hoje, impossível de ser suplantado por qualquer construção ou arte contemporânea, dando, desta forma, espaço a outras manifestações, pois a vida continua, e não ficando mal mesmo nesse centro histórico, como é o caso da rapariga com o cacho de uvas na mão, alguma dessa arte. Agora que se vai terminar o verão, é bom que permaneçam, e porque não? Para alegria dos olhos, os tons da primavera. Helder Paraná Do Coutto

SÍMBOLOS DE LISBOA A catedral Sé Perdida em épocas ancestrais Testemunha a fé Desde tempos imemoriais A torre em Belém Fala de memórias Daqui, dali e de além, E conta-nos histórias O impressivo Jerônimos Esmaga ante sua visão Pleno de artistas anônimos Em sua consecução O Forte de São Lourenço do Bugio Guardando ao mar a entrada Gera impressão e arrepio A quem olhe a barra estremada

O cais das colunas Imersas no rio e mar Como duas alunas Ensinando a te amar O castelo no alto Brilhante ao Sol refulgente Nos toma de assalto Com visão imponente

De Belém, não se dirá quem O fez presidencial Pois suposto não tem Esse destino especial Das águas, o aqueduto Impressivo memorial Presas ou livres, reduto Do fausto em Portugal As pontes ligando Dois portugais Que mesmo se amando São tão desiguais

D. José no terreiro Em seu cavalo triunfal Altivo, segue faceiro Seu caminho central

Almada segue espraiada Do outro lado do rio Só para ser apreciada Muito além do Bugio

Pombal já lá do alto vê além Alentejo, além terras, além mar Sendo sempre alguém Que não se cansa de olhar

Da Ajuda que ninguém pede É o palácio afinal Que por fim foi sede Do poder em Portugal

Está Lisboa demarcada Em seus marcos titulares Ficando assim delineada Por essas vistas singulares

Das Necessidades que ninguém teve Palácio tão cruel Desterrando, pois, se ateve Ao segundo Rei Manuel

Cada um lembrança Cada qual memória Que nunca se cansa De nos contar sua história.

Da Ajuda a tapada Ajuda a, ninguém, ser de E se vê bem demarcada Grande mancha verde No terreiro, o paço Caminha-se ligeiro E como o passo Também sigo certeiro

Agradecido à Fenix, Helder.


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Saúde

Quinta-feira 8/09/2016

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PROJETO NACIONAL DE TELE-SAúDE PERMITE POUPAR 6,5 MILHõES AO ESTADO A ANCS está a lançar com mais de duas dezenas de Câmaras Municipais um ambicioso projeto de tele-saúde que tem como objetivo apoiar 10 mil idosos mais carenciados e isolados. Este projeto, que é considerado o maior a nível mundial, tem a designação de "10 Mil Vidas" e vai permitir poupar 6,5 Milhões de Euros aos cofres do Estado. Parte desse dinheiro poderá ser canalizado para os Municípios para fazer escalar esse projeto e apoiar muitos mais idosos do nosso País.

fazem-no muito mais tarde. Segundo estudos internacionais, o adiamento é no mínimo de 5 meses e pode chegar aos 12 meses. "Para além de ser muito bom para os idosos manterem a sua autonomia o mais tempo possível, permite também uma poupança significativa que poderá ser aplicada em proporcionar cuidados a muitas mais pessoas", defende Fernanda Carneiro. O projeto "10 Mil Vidas" já arrancou nos Concelhos da Lousã e Almada. Nas próximas semanas vai também arrancar

Drª. M. Lurdes Botelho CLÍNICA GERAL E DOMICÍLIOS

Policlínica Srª da Saúde Quinta da Saudade (rotunda de Nelas, em frente ao Restaurante Perdigueiro)

Telefones: 232 181 205 / 967 003 823

ALEXANDRE LIBÓRIO TERESA LOUREIRO MÉDICOS DENTISTAS

NOVOS PROTOCOLOS ADSE ( GNR - PSP )

Consultas de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h30; e das 14h30 às 19h. Consultório: Rua 21 de Agosto Centro Comercial “Happy Dream” - 3510 VISEU Telefone: 232 435 141 / 917 264 605 Urgências: 917 882 961

De acordo com o levantamento feito pela ANCS, se Portugal tivesse uma abrangência de serviços de tele-assistência equivalente a Espanha (10,5% dos idosos), teria 215 Mil idosos com esse tipo de apoio. A poupança anual seria de cerca de 90 Milhões de Euros e em 3 anos o Estado iria gerar poupanças superiores a 190 Milhões de Euros. A ANCS acredita que o projeto vai apoiar a autonomia dos idosos, tornando-os mais saudáveis e mais felizes, na medida em que se podem sentir seguros em casa ou na rua, dispondo para tal de um telefone móvel especial que os põe em contacto com os cuidadores em qualquer situação de emergência. Para além do apoio nas situações de emergência, é feita à distância a gestão da sua medicação, incluindo lembretes para as tomas, e, para quem precisa, são monitorizados à distância dados como a tensão arterial ou o nível de açúcar no sangue, permitindo assim prevenir situações de crise. "O Ministério da Saúde pode também desempenhar um papel central do projeto, na medida em que poderá mobilizar os profissionais das suas Unidades de Cuidados na Comunidade para verificarem se a medicação que os idosos estão a tomar é a mais indicada e nas doses corretas", declara Fernanda Carneiro, presidente da Associação Nacional de Cuidado e Saúde. Segundo ainda aquela responsável, essa tarefa poderá salvar pelo menos 1% dos idosos de terem uma complicação devido a medicação incorreta. As Unidades de Cuidado na Comunidade (UCC) podem também ter acesso à distância aos dados de tensão arterial e glucose dos utentes do serviço. "Já discutimos com o Ministério os termos da nossa colaboração e apenas aguardamos a assinatura do Protocolo de Colaboração". A ANCS também tem a intenção de apresentar ao Ministro da Segurança Social o impacto que o projeto irá ter naquele domínio. Este tipo de serviços evitam que muitas pessoas sejam institucionalizadas e mesmo aqueles que acabam por ter que ir para um lar como último recurso,

no Fundão, Porto de Mós e Chamusca. O projeto da ANCS conta já com o interesse e a adesão de dezenas de Municípios de todo o País. "Contamos poder contar com fundos comunitários para poder financiar 50% dos projetos liderados pelos Municípios. Caso se confirmem as nossas expectativas, acreditamos que o Estado vai assumir o modelo como seu, conseguindo assim apoiar muitos mais idosos que atualmente, com muito mais qualidade e por menos dinheiro" conclui a Presidente da ANCS. Sobre a ANCS: O bem-estar dos idosos é a nossa prioridade. A ANCS é uma associação portuguesa, sem fins lucrativos, apostada em ajudar a proporcionar às populações mais idosas uma vida mais longa, mais saudável e mais feliz. A nossa missão é ajudar as instituições locais a prestar um apoio mais completo, a mais pessoas, e de forma economicamente sustentável. O projeto “10 Mil Vidas”: É o maior projeto de tele-assistência e tele-saúde a nível mundial. O Projeto 10 Mil Vidas representa uma mudança de paradigma e pretende ser o ponto de partida para um novo modelo de apoio a idosos, que complementa as estruturas de apoios atuais com tecnologia. Permitirá dar mais apoio a mais idosos, agir preventivamente e com menores custos, contribuindo para que possam viver mais tempo, mais saudáveis e felizes. Vamos criar as condições para, numa primeira fase, dar apoio a 10 mil idosos, conjugando o apoio humano com a tecnologia mais avançada em tele-assistência e tele-saúde. Para mais informações sobre o projeto visite: www.ancs.pt

João Paiva

DR. ADELINO BOTELHO Chefe de Serviço de Clínica Geral

Consultório Clínica de S. Cosme Clínica Geral e Domicílios Tel: 232 435 535 - 963 309 407 Praça de Goa - 3510-085 VISEU

Martha Santos GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA ECOGRAFIAS

CONSULTAS: SEGUNDAS E QUINTAS, DAS 14H ÀS 20H Rua Miguel Bombarda, nº 66, Sala BU - 1º - VISEU Telefone: 232 426 695


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Quinta-feira 8/09/2016

Portugal antidesportivo Portugal teve uma participação regular nos Jogos Olímpicos do Brasil. A desilusão estampada em alguma imprensa sensacionalista e por uns tantos pseudointelectuais só demonstra que não conhecem o país em que vivem. Os atletas portugueses presentes nos Jogos Olímpicos merecem consideração e respeito. Portugal só pode aspirar a medalhas em modalidades individuais fruto do talento e dedicação de determinado atleta. As medalhas nos desportos coletivos não são para o país do “desenrasca”. Luciana Diniz, Fernando Pimenta, Filipa Martins, Ricardo Ribas, Rui Bragança são alguns nomes que só ouvimos falar durante o período de competição dos Jogos. Durante o resto do tempo são ignorados e deixados à sua sorte. O título do Euro 216, pela seleção sénior de futebol, é um feito único e irrepetível. As circunstâncias em que ocorreram e o pragmatismo demonstrado foram fulcrais no alcançar desse título. A “receita” utilizada esgotou-se nessa conquista. No futebol em que o mediatismo é muito maior e as aparências são de riquismo e do tudo maravilhoso não

condiz com a realidade. As seleções portuguesas de futebol e os principais clubes portugueses têm excelentes condições de trabalho ao contrário de, quase, todos os outros. Os quadros competitivos em Portugal continuam desajustados, os campos continuam sem público e só a clubite – muito portuguesa, leva alguns espetadores ao futebol. O adepto português dos “3 grandes” trocava o título europeu da seleção pela conquista do campeonato nacional pelo seu clube! Esta é a realidade e constatamos que somos um país em que o desporto é uma atividade menor e que só o talento e trabalho de atletas e técnicos com apoio de alguns dirigentes podem levar a participações em provas de alta competição. O desporto escolar em Portugal regrediu. A educação física – e a visual e tecnológica, são desvalorizadas pelos vários governos. O desporto de formação é, quase, inexistente no interior do país, com enormes dificuldades as crianças e jovens conseguem encontrar competição em andebol, voleibol, hóquei, entre outras modalidades. Este é o retrato desportivo do país.

Os dirigentes partidários eleitos/nomeados para os órgãos governativos não têm tempo para políticas desportivas que não impliquem o resultado imediato. O evento desportivo comprado é mais fácil e mediático. A televisão é um promotor de papagaios que por uns euros prestam-se a fazer figuras ridículas e que atentam semanalmente contra o desporto. Perante as acusações e suspeições que dizem saber como continuam impunes e sem serem sujeitos a provarem tudo que dizem?! Isto não é desporto. Bem vistas as coisas, e perante estes factos, até que a participação olímpica portuguesa é positiva. Obrigado aos atletas e treinadores portugueses. Uma saudação especial para os beirões Tobias Figueiredo e Tiago Ferreira.

vítor santos

Município de Fornos de Algodres promove a 9 de setembro a VI Rota das Formigas Caminhada noturna com destino à Fraga da Pena em que os participantes poderão optar por participar num dos seguintes “formigueiros”: - “Formigueiro do Norte”, com saída de Casal do Monte; - “Formigueiro de Nascente”, com saída de Sobral Pichorro; - “Formigueiro de Poente”, com saída de Maceira. A FRAGA DA PENA, sítio emblemático do património local, bem conhecido da comunidade arqueológica nacional e internacional, continua a exercer um fascínio sobre muitos dos que a visitam constituindo-se como palco ideal para a interação comunitária e para o reforço de identidades coletivas. A permanente redescoberta do Património é também a constante redescoberta das nossas raízes, das nossas referências e da nossa identidade, tornando-se fundamental a sensibilização dos cidadãos para o seu conhecimento e para a sua proteção e valorização.

MUNICÍPIO INAUGURA PERCURSO PEDESTRE NA FREGUESIA DE VILA MAIOR O Município de S. Pedro do Sul em parceria com a Termalistur e colaboração da Junta de Freguesia de Vila Maior, da Associação de Goja e Sendas e da Farmácia da Misericórdia, vai inaugurar no domingo, dia 11 de setembro, o PR10 - Percurso “Nossa Senhora das Colmeias”. A concentração do percurso é pelas 8h15 no parque de estacionamento do pavilhão municipal ou às 8h40 no Parque desportivo Arlindo Ribeiro da Costa na Cobertinha, em Vila Maior. O preço de inscrição é de 3,00€ incluindo acompanhamento técnico, seguro e reforço alimentar ou de 10,00€ com almoço. O pagamento é efetuado no início do percurso. Para mais informações ou inscrições, os interessados devem dirigir-se ao Posto de Turismo das Termas, ou ainda através do endereço eletrónico turismoadm@cm-spsul.pt e tel. 232 720 140, e também através do site www.cm-spsul.pt - enviar: Nome/Morada/NIF/Telm./Email.

São cerca de 100 atletas de nove países europeus (Portugal, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Itália, Noruega e Suíça) em competições de futebol e atletismo no estádio municipal de Moimenta da Beira. As atividades desportivas, que integram a 59ª Edição dos Jogos de Verão EurovisionSports, organizados pela Casa do Pessoal da RTP, com o apoio da Câmara Municipal, estão a decorrer desde segunda-feira, 5 de setembro,


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Diversos 11

Quinta-feira 08/09/2016

“ No centro hípico”

Do livro “recortes dos meus dotes” CAPiTUlo Xv Por Fernando de Abreu

Depois de se despedirem, Cortesão lamentou para o amigo: - Diacho, achas que foi assim tão inconveniente para Ana Maria.... Acredita, quis apenas ser simpático, dando – lhe os elogios referentes as qualidades físicas que vi nela e nada mais. Tanto, que ela própria frisou, disse que eu o fazia com todo o respeito... -Mas para o inicio de uma amizade, tens que reconhecer de que te atiraste de cabeça com gracejos que não vinham a propósito – comentou frivolamente o amigo Teófilo, levando este caso ao espírito de quaisquer reminiscência que os pudesse afetar em romper a citação de amizade em ocasiões futuras, entre ambos. E quanto ao facto de ela gostar ou não de ti terás que ter paciência e esperar por melhor oportunidade. -Então achas que poderei ter alguma chance noutra oportunidade em vir a aceitar namoro... Penso que sim, concordou forçado Teodósio. És um bom rapaz, trabalhador. Tens o teu vencimento e uma profissão simpática de que gostas de trabalhar, especializado e qualificado, logo não vejo nenhum motivo para não continuares a tentar e lançares de novo o barro à parede, porque o próprio ditado o diz: quem persiste sempre alcança...podes vir a ser um bom marido, coisa que eu não sou com a Amélia Carriço. - Apesar de não seres um bom marido, como dizes, isso é motivo pelas amantes que tens, achas que um homem pode amar duas mulheres, ao mesmo tempo, como é o teu caso?! - Evidentemente, mas de modo diferente, como acontece comigo, por a

Amélia não ser suficientemente feminina para me satisfazer. -Essa agora, então como... -Para muitos esposos, que é o meu caso, que não são felizes com a mulher com quem casaram e juraram, no altar, em ser fiéis, tem para com elas, esposas amizade e carinho, quase aquilo que acontece entre irmãos; ao contrário com a amante com quem tem forte amor pela dedicação e trabalho que ela lhe presta, ou concede, para o cativar e prender pela boca e pelo sexo, pormenores essas deveras importantes que, a mulher, considerando – me déspota, não me quer prestar. Logo, será o meu caso com a Amélia, em que somente me considero marido da Amélia apenas por ter sido autenticado pela lei Civil e eclesiástica que, por não gostar da esposa, se sentia no direito de não a respeitar, na sua lealdade de marido. -Meu Deus, Teófilo! Exclamou José Cortesão. Como podes fazer isso à tua mulher que é uma joia, linda, culta e com todas as qualidades de uma senhora digna que te respeita e que te ama. Não será pela vida que tu lhe dás, ao andares com outras que ela não sente desejos teus? - Não me digas que me estás a condenar por não gostar dela... - Claro que não, mas não deixo de ficar surpreendido pelo modo como tu vez a relação entre duas mulheres, acrescentou Cortesão. Teófilo cruzou os braços, visivelmente enfadado, mais que tomado de enleio, com adorável gesto de aborrecimento, como quem diz: “ deixa – me em paz e não me metas na vossa possível aproximação.

José Cortesão apercebendo – se de que o amigo Teófilo não estava para se envolver, numa possível aproximação entre ele e Ana Maria Alas decidiu escrever uma carta nestes termos: “Menina Ana Maria: O nosso primeiro encontro não correu da melhor feição para mim... Desculpou -me e deu – me esperança em possível momento, desde que surgisse uma nova oportunidade. Como não tenho outra maneira de chegar junto de si, tomo a liberdade de o fazer desta forma, escrevendo – lhe esta simples carta a pedir – lhe que me permita voltar a encontrar – me consigo para lhe dizer com sinceridade quanto gostei, daí que lhe volta a pedir para me aceitar namorar consigo. Acredite que a estimaria e encheria de felicidade. Passaram estes dias, após o nosso encontro no centro hípico e continuo apaixonado, daí a minha persistência... Ana Maria não pretendeu ser incorreta e deu – lhe resposta , mas sem qualquer compromisso, deixando no entanto a porta aberta para novos e futuros encontros numa tentativa de ser simpática e na expectativa de esperar para ver... Tempos depois recebeu nova carta de José Cortesão, lamentando: Menina Ana Maria: Nos encontros que me proporcionou, somente vieram a confirmar a antipatia que se registou no primeiro encontro no centro hípico. As nossas conversas aí na Quinta eram eram tristes, sem ponta de chama amorosa, parece – me que quando falava comigo se lhe dava um nó na garganta. Logo, as conversas que mantivemos eram

tristes, terrivelmente sem chama, sem hipótese de virem a ter pitada de amor. Perante este panorama, este namoro, jamais iria dar certo. Depois eram as atenções que dava ao empregado da Quinta Augusto que não saia da nossa volta, quase diria, estar de sentinela, para nos observar Na verdade, não gostei nada das atenções que tinha para com ele, não eram aquelas de uma dona para um empregado, pé rapado como é o Augusto, deixando – me a mim ali a falar com as paredes, que nos rodeavam. Por tudo isto, cheguei à real conclusão de que estava a mais e a perder tempo. Apesar de gostar muito, jamais aceitaria como minha esposa uma moça que não me ame e foi isso que eu vi na Ana Maria. Se mo permitir, adorava continuar a ser seu amigo e, quem sabe, se amanhã poderá haver mais um amanhecer... José Cortesão. Esta nova carta de José Cortesão deixou feliz Ana Maria, acabando com o compromisso que havia entre ambos sem que ela tivesse qualquer interesse. Curiosamente, pensou ela - como ele reparou na consideração que eu dei ao encarregado Augusto Pereira. Na verdade, ao menos o Cortesão tem essa virtude de ser bom observador... verdadezinha também fiz por isso, mais para ele me esquecer mas, sinceramente, nunca pensei ter sido tão evidente.

(continua)


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