Conhece-te a ti mesmo Nº4

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Boletim Filosófico da Nova Acrópole

Nº4 | Distribuição Gratuita | Set-Dez 2010

Conhece-te Navegando contra a corrente Regras de Vida de Paracelso Sabedoria contra a Dor A poesia, transformadora do mundo BD - Os três Filtros O Verdadeiro Sentido da Educação O Colosso de Pedralva

Vencer o Medo Filosofia e Psicologia Prática Das antigas civilizações aos tempos modernos

Vide Interior Programa de Actividades: Lisboa | Porto | Coimbra | Aveiro


Boletim Filosófico | Conhece-te a ti mesmo | Nº4

Editorial Sejamos Honestos Um sábio hindu afirmou que viver é criar, transformar-se e triunfar. A vida exige-nos triunfar, mas não ao preço de nos perdermos a nós próprios, não ao preço de entregar a alma à troca, ou seja, de perdermos a honestidade. O contrário da honestidade é a corrupção, a mais grave doença da alma, pois com ela perde-se a verdadeira natureza humana e no espaço desocupado entra a besta astuta e sem escrúpulos, para quem os outros se convertem em meios e deixam de ser fins em si mesmos. Essa besta é o egoísmo, o medo e a soberba que vivem entre as nossas próprias sombras, escondidos na escuridão, esperando uma nova vítima, esperando devorar o melhor de nós mesmos, os nossos valores morais, os nossos sonhos e ideais, a nossa honestidade. Árduo assunto a honestidade. É como uma jóia de puríssimo resplendor que devemos manter limpa e intacta, seja qual for o preço a pagar. Na filosofia egípcia é a pena da Deusa MAAT – a Ordem, Verdade e Justiça – que governa o universo, e se o coração pesa mais do que ela, sentimos que somos devorados pela vida e tornamo-nos rígidos, duros e impiedosos. A honestidade é o resplendor da alma, a beleza interior, a esperança do mundo, pois um mundo sem honestidade caminha inexoravelmente para a destruição. Falta honestidade e qualquer ser humano se converte no nosso potencial inimigo, no nosso futuro predador ou vítima. Aquele que perde a honestidade perde tudo, e é tão fácil perdê-la num mundo onde o dinheiro é a medida de todas as coisas! E por detrás desse dinheiro está, muitas vezes, a sede da sensação sem fim, como mil peixes com a boca aberta pedindo comida, o desejo imoderado de prazer e poder, a falta de peso moral. Um político que busca a honestidade para atrair votos já está corrompido. A honestidade não é um meio para alcançar os nossos fins egoístas, é a natureza mais íntima do ser humano. Cícero diz que a honestidade leva necessariamente à felicidade, por muito esforçado e difícil que seja protegê-la; a perda de honestidade leva à atrofia interior, à morte da alma. Não há paz para quem por medo ou avidez entregou o melhor de si como moeda de troca. Aristóteles dizia que virtude, ou excelência absoluta, é a que tem por finalidade a beleza da alma e a honestidade. Até o famoso treinador português, José Mourinho, hoje treinador do Real Madrid, numa entrevista ao “El País”, de 23 de Agosto, quando lhe perguntaram: “que aprendeu do seu pai?”, responde: “a honestidade”. E continua: “ a honestidade é o mais importante de um treinador e, quem sabe, de um homem (...) Para ser um homem, e para passá-lo ao futebol, para ser um líder, porque um treinador é um líder, parece-me que a honestidade é o mais importante(...) Cometerei erros nas minhas decisões, nas minhas análises, mas guardarei o máximo de honestidade com os meus jogadores. Nunca lhes chegará uma decisão ou uma critica pela boca de outra pessoa.” A honestidade é o espelho da alma que, quando está puro, e, para além disso, é limpo de preconceitos e artifícios mentais, mostra-nos a alma de todas as coisas, a sua vida interior,

os segredos mais íntimos da natureza; e quando se perde, converte-se numa boca escura e insaciável, que tudo arrasta à sua passagem. A honestidade é a água pura das relações humanas e a única que dá valor às nossas palavras e actos. Quando a misturamos com o interesse próprio, é como quando derramamos tinta ou veneno à água que bebemos. Isso é referido na obra mística e literária, Voz do Silêncio: as puras águas de vida interna, puras e cristalinas não podem misturar-se com as correntes lamacentas da tempestuosa monção. Quem é honesto, de verdade finalmente será sempre amado, o que é desonesto, desprezado ou temido. Uma das maravilhas de conhecer-se a si mesmo é que podemos encontrar essa jóia, esse manancial de águas puras, e penetrar nele para descobrir que ali vive o Deus sem nome nem forma. Como diz a filosofia islâmica: Quem se conhece a si mesmo conhece o seu Senhor. José Carlos Fernández

Director da Nova Acrópole em Portugal

Índice Navegando contra a corrente pág.3 Regras de Vida de Paracelso pág.5 Sabedoria contra a Dor pág.7

A poesia, transformadora do mundo pág.8 Rubrica: Tesouros da Língua Portuguesa pág.11 Rubrica: Egipto eterno pág.13 BD - Os três Filtros pág.14

Vencer o Medo pág.15 O Verdadeiro Sentido da Educação pág.20 Rubrica: Eu fui, eu sou... Ecos do passado O colosso pré-histórico de Pedralva pág.23

Ficha Técnica Propriedade Nova Acrópole Portugal Av. Antº Aug. Aguiar, 17 4º esqº 1050-012 Lisboa Director José Carlos Fernández Grafismo Daniel Oliveira Tradução Cleto Saldanha Sónia Oliveira Revisão Cleto Saldanha Sónia Oliveira

www.nova-acropole.pt

Colaboração JORGE ANGEL LIVRAGA Beatriz Diez Canseco Delia Steinberg Guzmán Isa Batista José Antunes José Carlos Fernández Sri Ram Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da Nova Acrópole nem da direcção da revista. Comprometem exclusivamente a responsabilidade do seu autor.


Set-Dez 2010 | Distribuição Gratuita

Navegando

contra a

corrente

«O que diferencia um tronco flutuante de uma barca feita da mesma madeira é que esta última tem remos e pode navegar contra a corrente». Dr. N. Sri Ram (1889-1973) Filósofo Indiano

Escutei estas palavras dos seus lábios na minha já distante juventude. A frase não fazia parte de nenhum dos seus discursos e não sei se a inseriu em algum dos seus livros. Surgiu espontaneamente durante uma conversa. Meditei muito sobre ela e no momento de plasmar os mais altos Ideais numa Escola de Filosofia à maneira clássica, a parábola do tronco e da barca estampou o seu selo em todo o pensamento, sentimento e actividade. Em geral, os homens e as mulheres são como os troncos que foram lançados ao rio da vida e, primeiro inteiros e secos, depois golpeados e humedecidos, derivam sempre no sentido da corrente ou dos braços dessa corrente que os poderosos do Mundo desviaram… Ali vão! … Entrechocando-se em inúteis violências, sujos e enlameados, sem rumo nem porto fixo, até que se desfazem em estilhaços e desaparecem da superfície neste rio que não cessa de correr, que não sabemos de onde vem nem para onde vai. Meros troncos, despedaçados, cortados, arrastados de um lado a outro e apenas opondo a resistência do seu próprio peso à corrente! O obscuro rebanho desliza-se soltando balidos no seu andar incansável e, no entanto… tão cansado! De dia, o sol permite ver a obscura podridão dos córtices e de noite, o tumulto de sombras corre sempre horizontal e, só por excepção, algum levanta uma extremidade em direcção às longínquas estrelas. O rio dos troncos! Cada vez são mais e, uns e outros, entrechocam-se, ferem-se, despedaçam-se… o rio dos troncos! … Quanto meditei sobre isto! Porém, ano após ano fui aprendendo as quase olvidadas técnicas de ir cavando e aliviando a mole de madeira… essa madeira da qual todos somos feitos. Rápidos golpes de enxada na superfície seguidos de carvões incandescentes que se renovam constantemente. A experiência, embora se inspire nos grandes mestres da humanidade, é sempre dolorosa e infinitamente longa. Há que cavar profundamente, aí onde os egoísmos e as cobardias entrelaçam as suas fibras retorcidas, e a ilusão te faz crer que tu és um tronco e que te estás a destroçar a ti mesmo. Mas o tenaz trabalhador, impulsionado pela sua vontade, superior a todos os gemidos da matéria semipútrida, prossegue a sua tarefa. Pouco a pouco, o outrora basto tronco, vai-se convertendo numa embarcação. Perfilam-se a aguçada proa e a redonda popa. A outrora ferida cavidade é, agora, um polido receptáculo para a Alma Peregrina. Com os restos fizeram-se os flexíveis remos que, de acordo como se manejam, serão impulsionadores e também timão. E, com imensa paciência, vão-se polindo os toscos costados até que se convertam em bordas leves e sólidas. E… assim fizemos a barca! A multidão de troncos olha-a com uma mescla de as-

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sombro e de repulsa; parece-lhe vazia, inconsistente, desnecessária, cómica, perigosa, abjecta. Mas o que sucede é que não é um tronco… É uma barca! E, como se isso fosse pouco, pode navegar contra a corrente. Agora, isto já é imperdoável! Não andar na moda, não mudar de cor segundo a lama que vem? Ter cor própria e vogar por cima do lodo, roçando-o apenas? … Inconcebível! E os seus estranhos tripulantes? Dizem estes que não somos todos iguais, que se fôssemos poderíamos equivocar-nos todos juntos sem esperança de ajuda de um a outro, que a igualdade não existe na Natureza nem é coisa possível ou desejável. Que as salutares diferenças embelezam o conjunto e arrancam-no do tédio e do espírito de manada. Também dizem que as diferentes religiões são adaptações no espaço e no tempo de uma única Mensagem e que, portanto, não há uma melhor ou pior do que a outra já que, à parte dessa breve Mensagem, tudo o resto foi acrescentado pelos humanos com as suas ignorâncias e apetites… E que se foram copiando uns aos outros ao longo de milhares de anos. Afirmam que não crêem em Deus, mas que sabem da Sua Existência e que esta é evidente. Basta conhecer e percorrer os caminhos para o Seu descobrimento. Que a Alma é imortal e incorrupta e que não há que a confundir com as roupagens e disfarces que adopta periodicamente. Que, se é que há perdão, este está mais além da redenção, segundo a lei da acção e reacção e que estas são leis mecânicas da Natureza: que quem semeia trigo sempre colhe, cedo ou tarde, trigo, e quem semear espinhos só obterá espinhos. O milagre não existe como tal; só existem planos de conhecimento. O fenoménico é secundário; o sacerdote babilónico que deslumbrava com os seus pequenos relâmpagos artificiais que lhe saltavam de uma mão para a outra, hoje seria um simples electricista. E São Patrício seria um químico que saberia o que ocorre quando deitamos água sobre o fósforo branco ou a cal viva.

O tripulante da barca não necessita muletas de enganos. Busca e encontra, paulatinamente, a verdade. Põe o seu esforço nos remos e distingue coisas que os demais não vêem, pois rema contra a corrente. Vai remontando o rio até às suas fontes puras e descontaminadas. Há entusiasmo na sua Alma e aprecia o riso e as coisas belas. Incomodam-no os ruídos cacofónicos e aprecia as formosas melodias de Strauss, as catedrais de luzes e sombras de Wagner e as íntimas sonatas de Mozart. Não finge ver panoramas por detrás da miscelânea de olhos, narizes e rabos dos modernistas e prefere caminhar pela neve com Goya, observar os céus cinzentos de Velásquez, surpreender as lágrimas cristalinas de um Greco ou perder-se nas ruas fantásticas dos murais de Pompeia. Não crê que as drogas sejam um bem, mas antes um mal, pois os que abusam delas convertem-se em bestas degeneradas, que roubam e matam para as conseguir. Tão-pouco na suja bebedeira do grito alto e do arroto baixo. Pelo contrário, crê na ordem harmónica e vital, que ultrapassa o mecanismo cego de programas já manufacturados por outros. Crê na liberdade, na medida em que haja pessoas que a apreciem e que respeitem a dos demais. Crê na vontade, na bondade e na justiça, e que um mundo sem essas virtudes é uma bola de barro à qual há que dar formas harmónicas, vencendo toda a resistência da matéria bruta. Crê num mundo novo e melhor… mas, para que surja no nosso horizonte, deve haver muitos remadores novos e melhores. Os que se deixam levar pelo rio da vida por debilidade e lamentos são inexoravelmente arrastados para a destruição física, psíquica e mental. Crê numa ciência ao serviço do Homem, do animal, do vegetal e, sobretudo, do planeta em sentido global, pois é a nossa casa cósmica, que estamos a derrubar e a desequilibrar. Crê que as estruturas já velhas e inúteis devem dar lugar, na renovação natural da vida, a outras jovens e fortes, sem complexos e limitações que cheirem a podridão, pois são cadáveres aos quais a força galvânica do dinheiro e do poder faz com que se contraiam e movam os seus membros num horrendo simulacro de vida. E… sobretudo… os tripulantes crêem neles próprios e na barca que fabricaram. Quando passam remontando o rio da vida, muitos homens e mulheres de coração jovem e mente desperta põem-se a trabalhar e a converter troncos em naves, para conhecerem a maravilhosa aventura espiritual de navegar contra a corrente.

Jorge Angel Livraga (1930-1991) Fundador da Nova Acrópole


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Theophrastus Bombast von Hohenheim, PARACELSO Médico e Alquimista (1493-1541)

Regras de Vida de

Paracelso

Umas regras para aplicar na nossa vida se perseguimos a felicidade e a saúde, tanto do corpo como da alma. Primeiro melhorar a saúde. Para isso, há que respirar fundo e ritmicamente com a maior frequência possível, enchendo bem os pulmões, ao ar livre ou aproximando-nos da janela. Beber diariamente em pequenos goles, dois litros de água; comer muitas frutas; mastigar os alimentos da forma mais perfeita possível; evitar o álcool, o tabaco e os medicamentos, a menos que estejas submetido por, alguma razão, a um tratamento. Tomar banho todos os dias é algo que deves à tua própria dignidade. Banir absolutamente do teu ânimo, por mais motivos que existam, todas as ideias de pessimismo, rancor, ódio, tristeza, vingança e pobreza. Fugir como da peste de todas as ocasiões de tratar pessoas maldizentes, corrompidas, ruins, murmuradoras, indolentes, fofoqueiras, vaidosas ou vulgares e inferiores, por natural baixeza de entendimentos ou por sensualismos tópicos que formam a base dos seus discursos ou ocupações. A observação desta regra é de importância decisiva: trata-se de mudar o contexto espiritual da tua alma. É o único meio de mudar o teu destino, pois este depende dos nossos actos e pensamentos. O azar não existe. Faz todo o bem possível. Auxilia todos os desgraçados sempre que possas, mas jamais tenhas fraquezas por alguma pessoa. Deves cuidar as tuas próprias energias e fugir de qualquer sentimentalismo. Há que esquecer todas as ofensas; mais ainda: esforça-te por pensar bem do teu maior inimigo. A tua alma é um templo que jamais deve ser profanado pelo ódio. Deves recolher-te todos os dias onde ninguém possa perturbar-te, nem sequer por meia hora; sentar-te o mais comodamente possível com os olhos meio cerrados e não pensar em nada*. Isto fortifica poderosamente a mente e o espírito e por-te-à em contacto com as boas influências. Neste estado de recolhimento e silêncio, costumam ocorrer-nos às ve-

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zes ideias luminosas, susceptíveis de mudar toda uma existência. Com o tempo todos os problemas que se nos apresentaram serão resolvidos vitoriosamente por uma voz interior que te guiará em tais instantes de silêncio, a sós com a tua consciência. Esse é o daimon de que fala Sócrates. Todos os grandes seres se deixaram guiar por essa suave voz interior, mas não te falará assim, de repente; tens de preparar-te durante algum tempo, destruir as capas sobrepostas de velhos hábitos, pensamentos e erros que pesam no teu espírito, que é divino e perfeito em si, mas impotente pela imperfeição do veículo que hoje lhe ofereces para que se manifeste: a carne fraca. Deves guardar absoluto silêncio de todos os teus assuntos pessoais. Abster-te como se tivesses feito um juramento solene, de referir aos demais, ainda aos mais íntimos, tudo quanto penses, ouças, saibas, aprendas, suspeites ou descubras. Por um longo tempo, pelo menos, deves ser como uma casa fechada ou um jardim selado. É regra de suma importância. Jamais temas aos homens nem te inspire medo o dia de amanhã. Tem a tua alma forte e limpa e tudo sairá bem. Não te creias jamais sozinho ou débil, pois há por detrás de ti exércitos poderosos que não concebes nem em sonhos. Se elevas o teu espírito, não haverá mal que possa tocar-te. O único inimigo que deves temer é a ti mesmo. O medo e desconfiança no futuro são mães funestas de todos os fracassos, atraem as más influências, e com elas o desastre. Se estudas atentamente as pessoas de boa sorte, verás que intuitivamente observam grande parte das regras que antecedem. Muitas das que obtém grandes riquezas, é certo que não são de todo boas pessoas, no sentido da rectidão, mas possuem muitas virtudes que em cima se mencionam. Por outro lado, riqueza não é sinónimo de felicidade; pode ser um dos factores que a ela conduz pelo poder que nos dá para exercer grandes e nobres obras; mas a felicidade mais duradoura só se consegue por outros caminhos: ali onde nunca impera o grande Satã da lenda, cujo verdadeiro nome é o egoísmo. Jamais te queixes de nada, domina os teus sentidos; foge tanto da humildade como da vaidade. A humildade diminuir-te-à forças e a vaidade é tão nociva que é como se disséssemos: pecado mortal contra o espírito santo. *Prática descrita detalhadamente no artigo «Para que te cresça a Alma» na página web www.nova-acropole.pt/artigos.html

Cursos Conferências Tertúlias Workshops Teatro Recitais Concertos Exposições Edições Actividades na Natureza Visitas

Culturais Brevemente nas Bancas

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Sabedoria contra a dor Quais são os conhecimentos que podem atenuar a dor? São muitas as doutrinas, tanto filosóficas como religiosas, que nos ensinam que o sofrimento cessa com o conhecimento. E esta afirmação, que acreditamos entender de alguma forma, leva-nos a colocar algumas questões: quais são os conhecimentos que podem paliar a dor?, que limites têm esses conhecimentos? É evidente que nem todos os conhecimentos servem para trazer a felicidade aos homens, também é evidente que se o conhecimento tivesse limites, também a dor seria limitada... E sem dúvida, a vida mostra-nos continuamente que a dor é infinita, e que quando um conhecimento nos traz alívio, surge de imediato uma nova dor que supera a anterior e exige outro tipo de conhecimento que a acalme. Assim, face à nossa questão sobre quais são os conhecimentos que efectivamente ajudam a vencer a angústia humana, temos que, somente aqueles que apagam a ignorância interior e semeiam uma luz imperecível, cumprem a sua real missão. Nem sempre é suficiente encher a cabeça com dados aos quais chamamos “conhecimento”, pelo contrário é preciso que esses dados signifiquem uma resposta aos nossos anseios e às nossas inquietações. Os conhecimentos também podem medir-se segundo a sua maior ou menor duração, e a estar com os filósofos de todas as épocas, os que mais duram são os que mais se aproximam à verdade. Nesse caso a durabilidade é um equivalente de permanência, de imutabilidade, de estabilidade perfeita. Daqui deriva a nossa “atitude Acrópole” de buscar aquelas ideias constantes, as que sempre são repetidas ao longo da história, numa ou noutra linguagem, porque vemos nestas ideias equivalentes uma mostra da mesma verdade vestida com diferentes roupagens. E quais são os limites destes conhecimentos? “Pois os limites são dados pela própria evolução humana. O horizonte tem a altura dos olhos que o vêem: quanto mais cresce o homem mais amplo se faz o seu horizonte, e quanto mais caminha esse homem elevado, esse Homem Acrópole, mais retrocede o horizonte, abarcando extensões infinitas e hoje desconhecidas. Mas, em troca, perante o Homem que se arrasta e se deixa cair nas dificuldades, o horizonte é apenas uma linha muito próxima sem esperanças e sem vislumbres. O que agora é mistério, pode ser amanhã conhecimento; o que agora é escuridão pode ser luz amanhã; o que agora é horizonte linear pode ser amanhã um caminho longo e cheio de perspectivas. Mas fazem falta homens valorosos, capazes de lutar erguidos e de não parar no caminho por muitos que sejam os espinhos que magoem os seus pés. Só face a esses homens o Conhecimento é tão amplo de modo a anular todo o sofrimento, toda a ignorância, toda a incompreensão, capaz, enfim, de transformar em rosas tudo o que começou por ser espinhos.

Delia Steinberg Guzmán

Directora Internacional da Nova Acrópole

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“Para Platão a Poesia está relacionada com o Belo e o resplendor do Verdadeiro. De tal forma, haveria um fundo de verdade e magia em toda a poesia autêntica.” J.A.Livraga A verdadeira Poesia | Revista NA, Junho 1983

Poesia A

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“O valor das palavras não está no que encerram mas no que libertam...” J.A. Livraga Ankor, o discípulo, 1980

transfomadora do mundo Uma

afirmação assim - a poesia como transformadora do mundo - fará sorrir, sem dúvida, muitos. Não pensariam assim os gregos do Século de Ouro de Péricles, quando as vidas e os conhecimentos estavam conformados seguindo o ritmo dos versos da Ilíada e da Odisseia. Tampouco os guerreiros celtas e os seus sacerdotes druidas, que confiavam a elaboração dos seus “cânticos mágicos” às suas profetisas, mulheres inspiradas pela divindade. A vida da sua sociedade encontrava-se também sob o ritmo destes cantos, que na língua velada expressavam aos mortais ensinamentos que a razão não alcança. a compreender. O próprio Platão afirmaria pela boca de Sócrates que o verdadeiro poeta é porta–voz de um Deus. Que a sua alma é um instrumento musical, que Deus toca quando quer dar a sua mensagem aos homens. Que os sábios não podem refutar o canto de um poeta, pois encontra-se mais além dos seus conhecimentos. Recorda Platão que o poeta canta, mas não ensina, que o próprio não pode explicar o mágico e sublime conteúdo dos seus versos alados. Os primeiros livros da Humanidade são livros de poemas; de hinos aos Deuses, ou de Cantos da Sabedoria. Na Índia, o seu livro religioso “revelado” aos rishis (sábios poetas, semi-Deuses) os Vedas são uma colecção de hinos aos Deuses. Na primitiva língua védica (depois no sânscrito), assim como no hebreu, e atrevemo-nos a afirmar, em todas as línguas das culturas iniciáticas, os seus textos têm sempre uma notação musical: quer dizer, as sílabas expressam um tom e um ritmo musical. Os seus livros não se lêem, cantam-se. São majestosas colecções de poemas sagrados. O Antigo Testamento é um livro de poemas, como o é o Poema Babilónico da Criação; ou os hinos que constituem o livro religioso dos escandinavos, o Kalevala. Todos os códices aztecas, assim como possivelmente os maias, “cantavam-se”. As imagens serviam de recordação para ladainhas muito longas, poesias que conservavam todo o saber da sua cultura. O Império Romano sustentou a sua “consciência nacional” nos versos da Eneida. E mais do que as declarações amorosas de infinitos amantes foi a doçura dos cantos de Ovídio ou de Catulo. O ardor guerreiro de povos como o espartano crescia e encontrava um leito religioso nos seus famosos péanes, os cantos marciais a Apolo. Cícero explica nos seus tratados que quando o fogo do céu se apodera da palavra do orador aparece no seu discurso uma estrutura rítmica e musical; deixa de “falar” para começar a “cantar”; e é este encantamento que desperta paixões no auditório, que o faz “vibrar” ante as suas palavras. É natural pensar que num mundo tão prosaico como o que vivemos a verdadeira poesia se encontre banida.


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Um mundo sem poetas é um mundo sem beleza, pois são os poetas quem fazem inteligível aos homens a formosura da Natureza. Confúcio, no seu esforço para fazer uma pedagogia integral, um ensinamento que faça dos homens príncipes e cavaleiros, e das mulheres, damas e princesas, faz uma recompilação dos melhores poemas da antiguidade clássica chinesa no chamado Livro dos Versos. Poemas de elevado conteúdo moral, destinados a despertarem nos seus discípulos a sensibilidade perante a natureza e o amor a tudo o que é nobre, justo e bom. Quando o Homem sente explodir Deus no seu peito, não fala mas sim, canta. Quando as emoções são tão intensas como inexpressáveis, só a canção e a poesia (música e palavra) podem ser fiéis à exaltação. São cantos os ensinamentos do místico tibetano Milarepa, canções que transpõem as montanhas sempre nevadas dos Himalaias. Shakespeare, quando quer referir-se nas suas obras a mistérios demasiado profundos, faz com que as suas personagens cantem. Os exemplos poderiam multiplicar-se mais e mais, mas a tese é a mesma: em todas as culturas, a poesia, o canto (na Antiguidade canto e poesia são praticamente sinónimos) são as que configuram as consciências, as que despertam nos homens a sabedoria. Recordemos os belíssimos e tão eficazes ensinamentos de Confúcio: “Desperta-te com poesia, educa-te com música e funda o teu carácter no Li”. (Li é a lei de Harmonia que une o Céu e a Terra. Na moral é a Regra de Ouro de conduta, aquela pela qual o homem actua de acordo com a natureza). Mas, se efectivamente, a poesia tem um imenso poder educativo, como poderemos usá-lo. O primeiro, sem dúvida, é voltar às fontes da poesia. Ao partir a prosa não encontramos o verso. Ao fazer “rimar” os parágrafos não damos nascimento ao canto e magia da estrofe. Platão explica que os verdadeiros poetas - e devido à particular disposição da sua alma entram em ressonância com os Arquétipos da Natureza. Ele compara-os a um íman que se impregna de força especial; e transmite-a “imi-

tando” todos os que a ele se aproximam. O que recita a poesia volta a dar-lhe vida; mas antes deve participar e sentir essas ondulações mágicas que o seu criador cristalizou em versos. Todos os verdadeiros poetas são amados das Musas. Estas não são uma “imagem poética” mas, pelo contrário, são mais reais do que podemos imaginar. Conferem ao poeta um afluxo especial que vivifica as suas criações mentais através do ritmo. O ritmo ou encantamento é, pois, da essência da Musa. O ritmo é a alma da poesia. Os filósofos antigos explicavam que as Musas estavam intimamente relacionadas com os diferentes céus, ou com as diferentes órbitas planetárias; e com o reflexo destas na Alma do poeta. O mago renascentista Cornelio Agripa afirmaria que “As musas são as almas das esferas celestes” e o primeiro furor místico é o que provém das Musas, aqui desperta e tempera o espírito e diviniza-o, atraindo pelas coisas naturais, as coisas superiores. São as nove Camenas ou Cantoras, conduzidas por Apolo, o sol, a harmonia. Cada poeta seria “o filho” de uma “Musa”.

Um mundo sem poetas é um mundo sem beleza, pois são os poetas quem fazem inteligível aos homens a formosura da Natureza.

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O professor Livraga no seu artigo “A verdadeira poesia” explica que “Os antigos concebiam que todo o Universo era harmónico, regido pelos números e proporções de ouro. Isto reflectiu-se na ordem dos sons, que alternados com silêncios, deram origem à música, ao canto e à poesia, todos eles expressão do Homem que tratou desde sempre de fazer surgir da sua alma as misteriosas sementes que os Deuses haviam depositado nela, para melhor e mais justa compreensão de si mesmo, da Natureza e de Deus. E como o modelo que podemos chamar “clássico” tem por característica juntar o Bom, o Belo e o Justo - ao dizer do divino Platão -, os ritmos e rimas foram utilizadas com o muito prático fim de ajudar à memória na lembrança de arcaicos ensinamentos”. Giordano Bruno explica que “a poesia não nasce das regras, mas muito acidentalmente. São as regras que derivam da poesia; e por isso há tantos géneros e espécies de regras verdadeiras quantos géneros e espécies de poetas verdadeiros há.” Na sua obra “Os heróicos furores” perguntamlhe: “Como serão então conhecidos os verdadeiros poetas?”, e responde: “pelo seu canto, basta que cantando deleitem ou sejam úteis, ou melhor sejam úteis e deleitem.” Continua explicando que as regras da poesia (por exemplo, as de Aristóteles) servem para aqueles que “por não ter musa própria quiseram fazer amor com a de outro”. Assim, certamente, as formas rítmicas da poesia, por exemplo, de Virgílio, são diferentes das de Vyasa, no Mahabharata; e sem dúvida ambas se ajustam à proporção de ouro que governa a natureza inteira. Cervantes explica no D. Quixote que a única ciência que supera a da Poesia é a Cavalaria Andante, e que a mais terrível maldição que pode experimentar uma inteligência mesquinha é “que as musas jamais atravessem os umbrais de suas casas”. Também recomenda cuidar da vaidade e do perigo de avaliar as próprias poesias. “Sendo poeta, podia ser famoso se se guia mais pelo parecer alheio do que pelo próprio parecer;

porque não há pai nem mãe a quem os seus filhos pareçam feios, e nos que o são de entendimento corre mais este engano”*. A palavra “poesia” vem do grego Poiesis, que significa “criação”. “Verso” é uma palavra latina que vem de vertere, e é “o que se move e gira, o que imprime ritmo e movimento”. Mas é que a verdadeira Poesia é uma criação que imita a Natureza e extrai dela o essencial. A imaginação do poeta converte-se num espelho da Natureza, alentada pela bondosa Musa. O poeta não mente quando diz à sua amada: “Poesia és tu”: senão que a sua alma percebe verdades que aos nossos olhos e entendimento estão vedadas. Por que a Poesia não faz girar a Roda do Mundo? Por que não desperta e transforma consciências? Simplesmente porque está banida. Não se faz um culto ao Belo, mas ao feio e vulgar. E assim dormem os versos na alma dos verdadeiros poetas, esperando um tempo novo e vivo que alente as suas criações. “A que chamamos verdadeira Poesia deve ser transcendental, facilmente compreensível e bela”. Deve elevar a Alma e não submergi-la nos pântanos das paixões animais. As imagens que utilizam devem ser simples; para que a alma siga facilmente o seu curso. Deve ser bela porque... “...a vida é bela e deve ser cantada com perfeição, e quem não possa dar esse contributo à sociedade em que vive, é melhor buscar outros caminhos de expressão.”. - Jorge Angel Livraga Quando o homem deixar de “jogar” com o sagrado e voltar os olhos da sua alma para o Belo, voltarão os poetas, com os seus cantos sublimes a encher de luz a vida humana, voltará a Poesia a ser rainha da Vida e de novo esta comoverá os corações do homem. *Evidentemente isto não é válido quando o poema é directamente transcrito desde o mundo ideal, desde o reinoencantado-dos-sonhos-sempre-vivos, como tantas vezes acontecia com Florbela Espanca e, quase nos atrevemos a dizer, com qualquer verdadeiro poeta.

José Carlos Fernández

Director da Nova Acrópole em Portugal


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rubrica

Tesouros da sa Língua Portugue

O poema ao lado, escrito pelo maior poeta português do século XX, um ano antes da sua morte, destila uma sabedoria profunda, uma profunda visão da alma e é como tantos outros escritos de Fernando Pessoa, uma bela flor aberta, nascida na terra de um conhecimento hermético e teosófico. Expõe, como faz Platão, a existência de um Sol espiritual, o LOGOS, cristalização radiante, soma e síntese de todos os arquétipos divinos, fonte de toda a vida, forma e lei na natureza. Logos do qual o Sol é a sombra e o símbolo. Do mesmo modo que o Sol, com a sua a luz e a sua energia, é quem mantém todo o dinamismo na natureza e é quem rege a vida do “nosso” universo; também o Logos ou Sol espiritual é o equivalente ao Deus de todas as religiões, a causa, a fonte e origem de todo o movimento, de toda a estrutura, de todo o número na Alma da Natureza, a quem os alquimistas e místicos medievais chamaram Anima Mundi. Este Logos é também a fonte de luz espiritual que alimenta e guia a alma nos caminhos da vida. E, como expressa o poeta, “a presença anónima e ausente de quem a alma é o véu”, quer dizer, o Ser verdadeiro de quem toda a alma é veste de luz e sombras.

11 Tu, de quem o Sol é sombra, De quem cadáver o mundo Meus passos guia, a que ensombra O sentir-se, ermo e profundo! Presença anonyma e ausente De quem a alma é o véu A meus passos de inconsciente Dá o consciente que é teu! Para que, passadas eras De tempo ou alma ou razão, Meus sonhos sejam espheras Meu pensamento visão 22- 07- 1934

Senhor, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está - (o teu templo) - eis o teu corpo. Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e meios para trabalhar em teu nome. Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai. Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar. Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te. Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim.

Fernando Pessoa (1888-1935)


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Caminhadas:

A Filosofia da Natureza

Filosofia Prática Língua Hieroglífica

Florais de Bach Como falar em público

Visitas Culturais

Círculo de

Matemáticas

Sagradas Edições

Próximos Lançamentos

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rubrica

Egipto Eterno Texto egípcio do Império Antigo que pode ser encontrado em Saccara e que tem baralhado os Egiptólogos pelas diferenças relativamente a versões mais recentes. Relata um dos mitos cosmogónicos mais antigos do mundo.

R

á caminhava pelos campos da Terra Divina, e cansado de ter percorrido todos os seus recantos recostou-se aos pés da Montanha Sagrada onde Atum, pai e senhor lhe falou perguntando-lhe se o seu coração se encontrava pleno de felicidade. Rá respondeu chorando que viver a plenitude e o conhecimento em solidão lhe causava uma profunda tristeza. Reconhecendo a infelicidade da sua amada criação Atum colheu todas as lágrimas de Rá e conferiu-lhes a forma amável e bela da “Natureza” que rege a estação da abundância, e dividindo ao meio a alma da sua primeira criação, abençoou-a com a imortalidade e a sabedoria próprias dos deuses e chamou-lhe Ísis. A ambos a mente divina doou um utensílio mágico para que sempre se lembrassem da sua origem. A Rá foi oferecido um facho de luz capaz de iluminar a terra inteira, a Ísis foi oferecido um espelho capaz de mostrar todas as coisas existentes na terra. Desejando ver no espelho que apenas a Ísis se encontrava destinado, Rá conheceu a ira, pela primeira vez, quando a sua mulher se recusou a ceder-lho. Tomado pela raiva, Rá bateu com o pé sobre a terra e logo o abismo mais profundo se abriu e para lá atirou o espelho sagrado. Em resposta a este acto, Ísis experimentou as dores próprias do mundo, sentiu a perda, e desejando vingar-se roubou o facho de luz enquanto Rá dormia. Fazendo-se valer de toda a sua força lançou-o para o topo

da mais alta montanha da terra.

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Os trabalhos

&

de Rá

o Espelho

de Ísis

Despojados das suas ferramentas divinas os dois caminharam pela Terra Divina e notaram que as árvores de frutos haviam secado, que os pastos e os animais mirravam e pereciam à fome, e que as pragas cobriam o horizonte. Os seus corpos exaustos e doridos sentiam as dores do cansaço e nos pés abriam-se feridas. Em desespero invocaram a intervenção de Atum que lhes respondeu: Busquem as vossas insígnias divinas, quando as recuperarem viverão novamente como uma imagem viva de mim. A Ísis doou sete véus que a protegeriam em cada uma das sete antecâmaras que deveria atravessar até ao Reino da sua irmã-sombra Nepthys e a Rá doou doze chaves/ferramentas, cada uma das quais o serviria numa das doze provas que teria de atravessar até alcançar o topo da montanha sagrada. Os capítulos seguintes não se encontram na versão original uma vez que as paredes foram várias vezes reaproveitadas, mais tarde existem textos que chegaram por via grega, mas muito mais tardios e muito alterados mantendo pouco desta versão mais antiga. A única parte que prevalece do final deste texto, na sua versão original é: Quando Ísis desvelou o último véu, olhou por fim Nepthys nos olhos e viu que o corpo nu da sua irmã-sombra, mais não era do que o seu próprio corpo. Nas profundezas da Terra Sagrada, encontrou o espelho da sua imagem. Invocou o cântico da bela estrela e Ísis-Nephtys subiu/ascendeu/elevou-se para junto de Atum-Rá. A paz/harmonia/justiça reinou então na Terra dos Divinos Selos durante 16.500 anos e 3000 mil dias. Isa Baptista | Egiptóloga Rá: É o Deus do Sol no Egipto, e o princípio da vontade, o Sol interior em tudo o que existe. Ísis: Deusa egípcia que representa a Natureza, a Lua e o Princípio Feminino, a grande maga transformadora. Atum: Deus egípcio que representa o Ser de todas as coisas, o Primeiro Nascido do abismo das Águas Primordiais (NUN).


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A coragem consiste não em arriscar sem medo, mas em estar decidido quanto a uma causa justa. Plutarco - Filósofo Grego

Vencer o

Medo Extraído do livro Arte de Ser Feliz

Beatriz Díez-Canseco Directora Internacional Adjunta da Nova Acrópole


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A necessidade de vencer o medo O medo – como diria o grande filósofo Jorge Angel Livraga, fundador de Nova Acrópole – é uma pandemia, uma doença que abrange o mundo. O medo esconde-se agachado por trás de cada acontecimento das nossas vidas. Às vezes mostra-se como limitações, outras como dúvidas, desconfiança, insegurança, a própria agressividade é uma forma de medo. O medo paralisa ou faz-nos actuar de maneira irracional. É a raiz de muitos conflitos que se foram acumulando perante a falta de coragem para os enfrentar. O Homem com medo justifica sempre a razão da sua desgraça, do seu infortúnio, dos seus fracassos. O medo é uma das causas de muitos ódios e violência que hoje assolam no mundo. O medo ao fracasso é um dos maiores temores. A todos nos preocupa o futuro, o que será, o que virá, estamos muito dependentes de que o resultado imediato das nossas acções seja sempre agradável, tal como sonhámos. Ensinaram-nos a evitar os erros pois são sinónimo de derrota, no entanto cada erro é um ensinamento da própria vida, que nos ajuda a guiar as nossas acções e nos permite entesourar a riqueza da experiência. O medo ao fracasso supera-se aceitando que nos podemos equivocar. A filosofia ensina-nos que não existe o fracasso, todas as experiências, quer sejam agradáveis ou desagradáveis, positivas ou dolorosas, deixar-nos-ão um ensinamento. O conhecimento não surge do toque da uma varinha mágica, nem de um dia para o outro. Haverá que praticar muitas vezes até conseguir aprender, porque não há uma solução definitiva e para sempre. A vida é um grande treino. Se a primeira vez que aprendemos a caminhar não tivéssemos superado o temor em voltar a cair, jamais teríamos aprendido a caminhar. Devido ao facto de termos caído muitas vezes e de nos termos levantado outras tantas é que hoje podemos caminhar. Tememos o desconhecido, a incerteza das coisas novas e, se o queremos superar, devemos enfrentá-lo. Não há melhor solução contra o medo do que actuar. Não existe outra forma de o dominar, há que dar um passo em frente. Aqueles que esperam que o medo desapareça antes de actuar caiem numa ilusão porque o medo existe sempre e, se não o enfrentamos, cresce com o tempo. Como diria o filósofo Livraga: «O mau não é ter medo mas sim que o medo nos tenha a nós». É normal que, como seres humanos, tenhamos temor frente ao que não conhecemos e o anormal e perigoso é que o temor nos paralise.

O Medo à mudança Tudo se move numa marcha constante. Tudo muda em permanente evolução, a própria vida é uma

procura de perfeição onde tudo se transforma para se renovar. Pretender que as coisas não mudem é desconhecer as leis que regem o universo. Mudam as estações, mudam os tempos, mudam as formas, tudo vibra, tudo se transforma. Todos somos caminhantes e vamos deixando para trás as folhas desgastadas da nossa árvore, para que em cada nova Primavera renasçam novos rebentos carregados de energia e vida. As coisas perecem, a essência é a mesma. O homem que desconhece esta lei natural aferra-se às formas, torna--se rígido e petrifica-se no tempo. O que vale não é o invólucro, mas sim o conteúdo. O que verdadeiramente importa é que o espírito, as ideias, os valores, os sentimentos perdurem para além do tempo. Cronos, o deus do tempo na Grécia antiga, era o grande devorador das formas consumindo-as para as regenerar e devolvê-las novamente jovens e vitais. A nossa atitude filosófica consiste em saber encontrar as melhores e mais belas expressões que permitam manter vivas as ideias e os sentimentos. Há outras formas de mudança que dependem das nossas decisões mas que não queremos realizar por insegurança. Sentimo-nos mais confiantes ante o conhecido, dá-nos segurança psicológica fazer o que os outros fazem. Temos medo de realizar grandes mudanças na nossa vida quando não vão ser aprovadas pelos outros. São as grandes decisões que devemos tomar sozinhos connosco próprios. Temos que aceitar que as mudanças podem ser favoráveis e devemos ter o valor para lhes fazer frente, lutar por aquilo que é bom e consideramos válido para nós e para o que nos rodeia, para além das modas ou costumes, para além do que digam os outros.

As frustrações são o que mais obscurecem a vida À medida que o tempo vai passando os equívocos e fracassos vão deixando frustrações. Elas são o fruto das acções das quais não soubemos extrair nenhum ensinamento e são como o alimento mal digerido: causam-nos danos por dentro. A pessoa frustrada é céptica, agressiva, crítica e desconfiada, tem mau humor e não é feliz.

O que fazer quando começamos a acumular frustrações? Assim como periodicamente limpamos as nossas habitações para eliminar o pó que se vai acumulando nos cantos e nas gavetas dos nossos armários, de vez em quando, também há que limpar a fundo e ordenar no nosso mundo interior. E assim como varremos, lavamos, abrimos as janelas para que tudo no quarto possa ser

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arejado, também temos que varrer o nosso interior, lavar, arejar e purificar para que não fiquem frustrações dentro de nós. É necessário rever as recordações das experiências que ainda nos geram mal-estar e encontrar o ensinamento que contêm para eliminar as emoções e pensamentos negativos que naquele momento se

engendraram. A acção generosa é a água mais pura e cristalina que nos permitirá purificar e clarificar o nosso mundo interior. O que significa abrir as janelas para que entre o ar no nosso mundo interior? No plano mental vão-se acumulando ideias fixas, frutos da ignorância e da pouca reflexão, que nos vão tornando inflexíveis, preconceituosos e rígidos ante a vida. Isto sucede porque falta «ar» à nossa mente, «espaço» e é necessário ampliá-la. Todos os filósofos da antiguidade afirmam que a Sabedoria amplia os limites da nossa mente, abre-a a novas dimensões, a novos ensinamentos. Para dissipar as nossas dores e penas não basta fazer uma viagem de fim de semana para ver coisas novas que relaxem as nossas tensões porque, quando regressemos, nos encontraremos com os mesmos pensamentos de sempre, as mesmas ideias rotineiras, as mesmas pessoas, as mesmas situações. A solução não a vamos encontrar nas mudanças superficiais mas sim em contacto com os ensinamentos profundos, com a filosofia que nos permite abrir as asas para ampliar o nosso horizonte de vida. O fogo é outro elemento que limpa e purifica. O que representa o fogo no nosso interior? O que fazemos quando queremos despejar os papéis velhos? Seleccionamo-los e queimamo-los numa

Filosofia é saber como dominar as emoções, como vencer os temores, como dissipar as dúvidas, como conhecer as leis da natureza, como enfrentar a velhice e a doença, como superar as mudanças grande fogueira porque o fogo tem a propriedade de transformar aquilo que consome. Nós necessitamos isso, um poder que nos transforme por dentro, que faça morrer o velho e desnecessário e nos permita renascer, mais fortes, maiores. Este grande poder interior é a nossa Vontade. Não poderemos mudar nada e nada nos poderá limpar se não recorrermos à grande força da nossa vontade. O homem tem dois grandes poderes: a inteligência, que é a capacidade de discernimento, é saber o que fazer, quando e como fazê-lo, e a Vontade que nos permite realizá-lo. De que nos serve saber o que fazer se não temos a vontade para o pôr em prática? E de que é que nos serve ter essa força se não sei para onde a dirigir? Necessitamos de nos aproximar à sabedoria pois só ela desenvolverá as nossas potências interiores e nos permitirá ver com clareza o caminho a percorrer. Todos temos poderes internos que devemos desenvolver. Muitas vezes afirmamos que temos força de vontade, mas quantas vezes começámos projectos e planos com grande entusiasmo e os deixámos de lado sem terminar? Porquê? Porque nos faltou constância, a mais notável expressão da vontade.

O vazio interior Um velho conto diz-nos que na origem dos tempos, quando se construiu o Universo, os homens eram como anjos e vivíamos num mundo celeste cheios de felicidade. Um dia assomámo-nos a contemplar as infinitas águas do espaço e do alto vimos um belíssimo mundo material, pelo menos assim nos parecia e, enamorados dessas sugestivas formas, mergulhámos e submergimo-nos nele. Pouco a pouco, conforme fomos caindo, perdemos as nossas asas e simultaneamente esquecemos a nossa divindade. Quanto mais descíamos mais esquecíamos. O ilusório brilho da matéria deslumbrou a nossa jovem Alma até fazê-la prisioneira dos seus encantos e enganos. Passou o tempo e já não foi como antes, um sentimento de perda começou a nascer. É este sentimento de saudade o que nos faz voltar. É a nostalgia da pátria perdida, a necessidade de plenitude que nos converte em peregrinos de um caminho, procurando a razão pela qual nascemos, pela qual vivemos e pela qual temos que voltar. A reminiscência, dizia o sábio Platão, é o chamamento da Alma que recorda o seu mundo


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celeste e que necessita das suas asas para voltar. Essa é a finalidade da filosofia, abre a porta da nossa jaula interior e deixa a Alma livre para que possa voar, ensina-a e ajuda-a a recuperar as suas asas. A filosofia permite ao homem elevar-se por cima da vida material e horizontal para conquistar as maiores alturas, sem limites nem confins. Fá-lo penetrar desde o exterior, desde o seu redor, até ao profundo do seu ser. À medida que o homem aprende, à medida que o homem sabe, começa a actuar e a viver segundo esse conhecimento que vai conquistando. Vai desenvolvendo cada vez mais essas asas que lhe permitem voar até ao mundo espiritual. O que nos falta é vida interior, é identificarmo-nos a nós próprios, conhecermo-nos por dentro, reconhecer que há algo mais do que somente estes planos materiais. Reconhecer que existe em cada um de nós um plano espiritual que não conseguimos ainda descobrir e que para o desenvolvermos necessitamos da Sabedoria e de um Ideal que nos aproxime a ela; é precisamente isso que possui a Filosofia. A autêntica Filosofia é a que nos permite levar à prática aquilo que vamos aprendendo, ajuda-nos a integrar o conhecimento nas nossas vidas; mas não se trata de qualquer conhecimento, é saber beber das fontes dos sábios, mas não de uma maneira intelectual porque a Filosofia não é um tratado para nos encher de teorias que compreendemos pouco e de quase nada nos servem. Filosofia é saber o que é o homem e como pode ser melhor. É saber como dominar as emoções, como vencer os temores, como dissipar as dúvidas, como conhecer as leis da natureza, como enfrentar a velhice e a doença, como superar as mudanças, isso é Filosofia. E todos os filósofos da Antiguidade deixaram valiosos ensinamentos que nós podemos fazer nossos para sermos felizes e viver melhor. Devemos alcançar a ACROPOLIS, a cidade alta da qual nos falaram todos os povos da Antiguidade. Devemos ter um Ideal que ilumine a nossa vida e justifique a nossa existência, que nos inspire a trabalhar por nós e pelos que estão à nossa volta. É importante ser idealista porque um Ideal, como o de D. Quixote, é como uma estrela que nos ilumina o caminho, da mesma forma que as estrelas na noite escura guiam a rota dos marinheiros. Devemos ter um Ideal filosófico para encontrar as nossas raízes na História, no passado, na experiência da humanidade. Não somos novos, vimos desde o fundo do tempo, passámos por ciclos de ouro e de prata, mas hoje o nosso ciclo é escuro e difícil. Tocou-nos viver numa época de decadência, de perda de valores, mas é a que nos tocou viver e não podemos virar-lhe as costas, não podemos fazer marcha-atrás, não nos podemos encerrar nem fugir para orar na montanha. Temos que fazer algo aqui, no nosso momento histórico e para isso é necessário ter um Ideal. Só um Ideal nos dá a certeza de que é possível construir um mundo melhor, mesmo quando as nossas forças fraquejem. Não devemos deixar-nos apanhar pela inércia ou pela indiferença, esperando que as coisas

mudem por si só ou acreditando que o meio em nosso redor não nos vai afectar, o certo é que estamos imersos no mundo e é nosso dever construir uma ponte que nos permita passar de um lado para o outro no meio da decadência ou, como diz o Dr. Livraga, construir um módulo de sobrevivência, um barco que possa navegar no meio da tempestade. Podemos começar a construir no presente um mundo melhor. Não vamos poder mudar absolutamente tudo, mas sim podemos mudar a nós próprios e o que está ao nosso redor. Queremos que a nossa vida seja diferente, queremos que a nossa vida seja como um oásis no deserto, que não só nos oferece água mas também a todos os peregrinos que se aproximam dele. Isto sim é possível, não é uma ilusão, não é uma fantasia. Se trabalhamos, nos esforçamos e lutamos, então alcançamos e possuímos. É como a felicidade que todos estamos a procurar, se é desejada e por ela se trabalha, conquista-se. O crescimento que cada um de nós anseia alcançar é infinito, mas vamos avançar passo a passo porque a felicidade não é um dom, não é uma prenda dos deuses, é o resultado do nosso esforço, da nossa dedicação. “É um estado da Alma que é própria dos que souberam semeá-la em si mesmos”. E para concluir esta reflexão recordamos uma antiga história hindu que simbolicamente nos fala da divindade do homem, da sua origem celeste e da importância da filosofia para voltar a encontrá-la. «Contam que, há muito tempo, os homens eram como os deuses mas abusaram desse divindade que lhes permitia serem felizes pois concedialhes plenitude. Então Brahma, o rei dos deuses, disse: ‘Vamos tirar aos homens a divindade e vamos escondêla onde nunca mais a possam encontrar, visto que abusaram e a não souberam aproveitar. Assim, reúne num conselho todos os deuses menores para decidir onde esconder a divindade do homem.’ Todos reflectem e propõem: ‘Vamos esconder a divindade no fundo da terra.’ Mas Brahma responde: ‘De nada serviria, porque o homem cavará a terra, encontrá-la-á e a extrairá.’ ‘Então escondamos a divindade do homem no fundo dos mares.’ ‘Não’ disse Brahma ‘porque algum dia os homens submergirão no fundo dos mares e a encontrarão.’ Então ficaram todos indecisos: ‘Não sabemos onde ocultar a divindade do homem, porque o homem encontrá-la-ia em qualquer lugar onde a escondêssemos.’ Dizem que Brahma lhes respondeu: ‘Vamos guardar a divindade do homem dentro dele mesmo, porque é o único lugar onde não lhe ocorrerá procurar’.» E dizem que é assim desde há muito tempo. O homem cavou profundamente a Terra, deu inumeráveis voltas em redor dela, explorou cada canto do planeta, escalou cada montanha procurando conquistar os mais altos cumes, mergulhou em todos os mares, mas nunca penetrou no interior de si mesmo procurando aquilo que tanto necessita: essa parte divina que, algum dia, reconquistada, restituir-lhe-á a felicidade e a plenitude perdida. Esta plenitude é o que nos faz verdadeiramente felizes, porque o homem é feliz quando se sente pleno e realizado no seu interior.

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O Verdadeiro Sentido da Educação

Nilakantha Sri Ram

(1889-1973)

filósofo indiano

Esse esforço começa no nascimento da pessoa, se não antes. Devemos ter em mente que o fenómeno da expansão começa com uma natureza que não é condicionada nem autoconsciente e, portanto, é extremamente maleável. Ela pode facilmente ser afectada não apenas por acções que tenham o propósito de influenciá-la, mas também por influências subtis. Embora o ambiente tenha grande importância, o mais importante para a criança são as pessoas mais próximas a ela. Mesmo que no ambiente haja muito sofrimento, se a influência dessas pessoas for do tipo certo, até mesmo o sofrimento em torno pode ser um meio de evocar na criança sentimentos de compaixão e simpatia. A compreensão de que certas coisas não são agradáveis, que elas deviam ser diferentes ou não deviam existir, produz uma mudança na consciência e faz brotar a vontade e a capacidade de modificá-las. Portanto, o instrutor deve ser uma pessoa que possua conhecimento amplo e cuja natureza, incluindo os seus pensamentos e emoções, sejam úteis à criança a cada momento. Podemos tentar entender como um instrutor deve ser, e procurar pessoas que se aproximem desse perfil. O ambiente para o crescimento da criança deve ser o melhor possível para esse propósito. O objectivo deve ser extrair de cada uma delas as suas melhores qualidades e capacidades. Esse é o significado da palavra educação.

A

educação deve fazer parte do processo da expansão da vida, que sempre começa de dentro. A criança é maleável e ainda não possui o nível de auto percepção dos adultos; por isso, é extremamente importante que qualquer ensinamento seja oferecido de maneira agradável, sem forçar o seu crescimento natural.

Se tudo o que houver de bom numa criança for fortalecido tanto quanto possível nos seus primeiros anos de vida, ela poderá mais tarde partir para o mundo, onde as influências estão muito misturadas, e enfrentar o que quer que seja com a sua força já desenvolvida. Na educação, parece haver uma teoria segundo a qual a criança deveria ser deixada completamente livre para fazer o que quiser e aprender com as experiências. Mas não deveríamos dizer às crianças que não mergulhem em águas profundas sem saber nadar, ou que


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fujam de uma cobra venenosa? Deve-se dar às crianças o benefício das experiências de outras pessoas. Se em nome da liberdade a criança fosse deixada vagueando pelas ruas e aprendendo por si mesma, não desenvolveria a capacidade de se proteger e de manter a sua liberdade. Qual deve ser a principal característica da educação nos primeiros anos de vida? Obviamente, a influência que cerca um novo ser – novo para todos os propósitos práticos – deve ser estimulante e salutar. A creche, a sala de aula e o lar devem ser coloridos, não “anémicos” ou indefinidos. Deve-se rodear a criança com coisas que propiciem o desenvolvimento da sua inteligência, a sua capacidade de afecto e tudo o que há de melhor na sua natureza. Não pode haver nada mais proveitoso para qualquer ser humano do que as influências da natureza, as árvores, as flores, a água corrente, etc. A criança tem um interesse natural por qualquer coisa viva, como as plantas e os animais. Não sei se todos nós compreendemos o quanto o medo, na educação, é um factor inibidor e prejudicial. Mesmo que haja algo a ser corrigido na criança, o melhor método é explicar e convencê-la de que tal coisa é indesejável. O processo de crescimento é um processo de trazer para fora o que está dentro: as suas qualidades inatas, o seu génio, o seu talento. Isso só é possível numa atmosfera de liberdade. O instrutor deve adaptar-se ao crescimento da criança, encarando os processos desse crescimento como pontos onde o auxílio, a instrução ou a orientação são necessários. A criança tem uma natureza tripla: a natureza do corpo, das emoções e da mente. Ela relaciona-se com

tudo à sua volta nesses três níveis. Cada um desses aspectos precisa ser ajudado para se expandir de um modo natural, sem distorção. Nos primeiros anos de vida, talvez o crescimento e o controlo do corpo requeiram mais atenção. Não é preciso dizer que a criança deve ser alimentada apropriadamente e que o corpo não deve ser negligenciado. O domínio do corpo físico, o seu perfeito ajustamento e a sua utilização de maneira graciosa e naturalmente expressiva torná-lo-ão um instrumento apropriado para ser usado espiritualmente. Deve-se ajudar a criança a atingir uma certa medida de autocontrolo, a coordenar os seus movimentos, a usar adequadamente as suas pernas e braços e a aprender boas maneiras. A criança precisa aprender, desde os primeiros anos de vida, a manter-se limpa. Depois deve haver um treino dos sentidos, incluindo as cores e os sons. Uma das maneiras de entrar em contacto com a vida na natureza é ouvir os seus sons. Os sentidos são as janelas da alma. Quando o seu alcance aumenta, toda a superfície de contacto com a vida também é aumentada. O pensamento e a formação de imagens, que é parte do nosso pensar, baseiam-se nas impressões dos sentidos. A imaginação não acontece no vácuo; ela é estimulada pelas nossas reacções. A apreciação das artes e a prática de uma arte específica para a qual a criança tenha aptidão deve ser parte do programa educacional. Esta é, com certeza, uma maneira de refinar e educar as emoções.

Continua no próximo número

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Filosofia e Psicologia Prática Das antigas civilizações aos tempos modernos O ser humano caminha pela Vida e ao mesmo tempo questiona-se porque caminha. A viagem iniciou-se há muito tempo, mas sempre surge a pergunta: Para onde vamos? A Filosofia (philo: amor, procura + Sophia: sabedoria, conhecimento vivencial) mostra-nos a possibilidade de encontrar resposta para esta e muitas outras questões. O ser humano necessita de caminhar com convicção, e para fazê-lo precisa de conhecer os motivos e os fundamentos. Se tu és um buscador e queres descobrir as respostas que estão por detrás de alguns dos puzzles da Vida, este curso é para ti, pois a FILOSOFIA guarda um tesouro para aqueles que se atrevem a abrir os seus horizontes.

Descobre o nosso legado ancestral - A filosofia como meio para aprender e entender a história. - Ideais que inspiraram os homens e transformaram a história. - A Mitologia: uma forma de entender os ensinamentos mais além do tempo. - O Homem e o seu destino. - Como ser protagonista da nossa própria existência.

Descobre-te a ti próprio - As sete dimensões no Homem e no Universo. - O equilíbrio como meio para alcançar a felicidade. - Os caminhos da sabedoria: o Amor, a Beleza e a Filosofia. - Índia: Guerra e harmonia interior. - Karma e Dharma: o Homem e o sentido da vida. - Filosofia Budista: Vias para a superação da dor.

Descobre o mundo que te rodeia - O filósofo como protagonista de uma mudança no mundo. - Grécia: a política e a arte de governo de si próprio. - O mito da caverna: como conseguir ser autêntico. - O despertar da alma e a educação à maneira clássica.

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rubrica

Eu fui, Eu sou… Ecos do passado

O Colosso de Pedralva

Séculos e séculos percorrem a linha do tempo e eu aqui me mantenho com o braço direito erguido. Sei que não me reconhecem e que adenso o mistério das origens dos humanos que povoaram estas terras de Entre Douro e Minho, mas que poderei mais vos transmitir senão o simples e profundo enigma humano? Deram-me o nome do local onde me encontraram, Pedralva, e apelidam-me de Colosso que muito bem me fica comparando-me com o vosso tamanho! Nunca deixais de medir as coisas comparando-as com o que conhecem, comparando-as com vós mesmos? Esta última vida que tenho tido - pois sim que das minhas anteriores vidas, finalidades, funções nada poderão conhecer senão elaborar especulações que muito vos aprazem - esta última vida, dizia, foi iniciada nos finais do século XIX, mais precisamente em 1876, quando esse grande amante do passado Francisco Martins Sarmento foi ao meu encontro por indicação do padre da freguesia de Pedralva. Estava eu no Monte dos Picos, num sítio chamado Chã do Ferrujal, num estado lastimável, confesso, pois este corpo granítico de que sou formado estava dividido nas suas três partes que o constituem e estas distantes entre si. Martins Sarmento, nesta primeira vez que me viu, até pensou que eu apenas fosse a parte inferior pois somente viu as minhas pernas! E este investigador de antigualhas ficou deslumbrado com o que encontrou: umas pernas bem esculpidas com o joelho direito dobrado, a perna esquerda estendida, numa posição sentado em que faço recordar as clássicas estátuas de Zeus ou Poseidon, e também ficou admirado pelo traçado das minhas pernas que reflectem até alguma beleza feminina, como diriam hoje. Já aquela saliência que tenho apoiada entre as minhas pernas foi e tem sido interpretada como um falos, deduzindo-se daí a minha profunda antiguidade porque nunca obra igual poderia ser esculpida em épocas cristãs! Mas tão pouca virilidade transparece desta saliência… Esqueceram-se que a virilidade é sempre representada por um falos e este é o membro masculino erecto? Onde está essa pressuposta erecção? Será que os humanos não conseguem observar objectivamente e estão condenados às suas interpretações mentais, isto é, àquilo que conseguem referenciar do seu rol do mundo conhecido? Quase que faz rir uma estátua a interpretação dada pelo padre local de que eu era uma representação do bíblico Golias que iria ser levado para o Bom Jesus de Braga! Continuando com a história desta minha nova vida, devido ao interesse do sr. Sarmento pela minha aquisição (ou a esta minha parte inferior) levaram-se a cabo prospecções nas proximidades e encontraram os restos que me faltavam. A pouca distância estava a minha parte superior: braço direito erguido como que empunhando uma lança, braço esquerdo apenas um toco, cabeça toscamente desenhada com um capacete tipo sumério mas de rosto liso sem olhos nem nariz nem boca, apenas uma pequena saliência onde seria o olho esquerdo… realmente desiludi. Mas não é pelo simples valor estético que actualmente me valorizam, antes pelo mistério desse povo que me esculpiu. Após esse encontro das minhas diferentes partes, fui adquirido pelo grande investigador de Guimarães que me queria levar para a Citânia de Briteiros mas não houve forma de me transportarem para lá. Ali estive até que na primeira metade do século XX me conseguiram transportar para o Museu da Sociedade Martins Sarmento no centro da cidade. Que bem fiquei junto ao antigo claustro gótico do Convento de S. Domingos rodeado por outros “colegas”, também eles com elevado interesse histórico e arqueológico. Recordo-me muitas vezes das expressões admiradas dos visitantes quando se deparavam frente a mim, intrigados com o meu tamanho e rudeza. E muito gostaria que as minhas memórias terminassem aqui, infelizmente assim não acontece. Onde estão os herdeiros culturais de Sarmento que não sabem dignificar o seu património? Retiraram-me do claustro para me colocarem no meio de uma arborizada avenida mas com imenso tráfego automóvel pois é uma entrada da cidade, tendo como vizinhança um grande centro comercial onde circulam, suponho, milhares de pessoas diariamente. E sou completamente ignorado por esses transeuntes, e quem visita o museu já não se pode admirar comigo, e nem uma pequena placa indicando o nome pelo qual vós me chamais! Pois agora sinto que em lugar de provocar o espanto pelos mistérios do passado humano, apenas sirvo para algum comentário jocoso sobre “arte urbana”. Se o meu rosto tivesse bem marcada uma boca estaria sempre a gritar: tirem-me daqui!

José Antunes | Director da Nova Acrópole do Porto

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Boletim Filosófico | Conhece-te a ti mesmo | Nº4

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Porto programa

Actividades 2010

outubro Dia 8 | Sexta-feira | 21,30h Conferência

A Cultura Árabe no Ano 1000 e o seu contributo para a Formação de Portugal Por Alberto Santos Autor do livro “A Escrava de Córdova” da Porto Editora

Entrada livre

setembro Dia 14 | Terça-feira | 20h Curso

Sabedoria de Sempre para os Problemas de Hoje

Introdução à Filosofia do Oriente e Ocidente Todas as terças e quintas-feiras das 20,00 às 22,00H (32 horas) Participação: 150 € (jovens até 30 anos 50% desc.)

Inscrições abertas

Dia 17 | Sexta-feira | 21,30h Conferência

Os Sonhos e o Poder do Inconsciente Por José Antunes | Dir. Nova Acrópole Porto

Entrada livre

Dia 13 | Quarta-feira | 19,30h A Hora do Mito

Mitos Aztecas: Tezcatlipoca e Quetzalcoatl Entrada livre à apresentação do curso:

Os Mitos Universais

Respostas poéticas às eternas questões humanas:

quem sou? donde venho? para onde vou? Este curso funcionará em horário a ajustar com os participantes (32 horas)

Participação: 150 € | (jovens até 30 anos 50% desc.) Inscrições abertas

Dia 15 | Sexta-feira | 21,30h Conferência

A ACTUALIDADE DO ESPÍRITO TEMPLÁRIO Por Paulo Loução, autor da obra “Os Templários na Formação de Portugal”

Entrada livre Dia 22 | Quarta-feira | 19,30h A Hora do Mito

O Mito do Graal

Entrada livre à apresentação do curso:

Os Mitos Universais

Respostas poéticas às eternas questões humanas:

quem sou? donde venho? para onde vou?

Este curso funcionará todas as quartas-feiras das 19,30 às 21,30H (32 horas)

Participação: 150 € (jovens até 30 anos 50% desc.)

Dia 16 | Sábado | 9,30 - 12,30h Workshop

Matemática e Geometria Sagradas

Figuras Geométricas Simbolismo e Práticas (Módulo II) Por Paulo Loução | Escritor e Investigador

Participação: 25 € (jovens até 30 anos: 20€)

Inscrições abertas

Programa: http://www.nova-acropole.pt/porto.html

Dia 24 | Sexta-feira | 21,30h

Dia 19 | Terça-feira | 20h

Conferência – apresentação livro

A Experiência e o Mistério da Vida depois da Morte Por Juan Manuel de Faramiñan Catedrático da Universidade de Jaen Na sessão será apresentado o livro da editora Ésquilo:

«E DEPOIS… Sobre a Experiência e o Mistério da Vida Depois da Morte»

Entrada Livre

Curso

Sabedoria de Sempre para os Problemas de Hoje

Introdução à Filosofia do Oriente e Ocidente Todas as terças e quintas-feiras das 20,00 às 22,00H (32 horas) Participação: 150 € (jovens até 30 anos 50% desc.) Inscrições abertas


Set-Dez 2010 | Distribuição Gratuita

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Dia 22 | Sexta-feira | 21,30h Conferência

A Mulher na História: viagem pelo papel feminino na história das civilizações Egipto, Incas, Grécia, Roma Por Graça Lameira

Entrada livre

novembro Dia 5 | Sexta-feira | 21,30h Recital de Poesia

dezembro Dia 3 | Sexta-feira | 21,30h Conferência-concerto

A Filosofia e Estética do Romantismo Interpretação ao piano e comentado por Jorge Fontes, pianista

Actividade de encerramento das comemorações do bicentenário de Chopin e Schumann

Entrada livre

A Noite é dos Poetas!

Dia 4 | Sábado | 9,30 - 12,30h

Uma noite para dizer poesia com as palavras dos poetas. Aberto à participação do público.

Workshop

Entrada Livre Dia 10 | Quarta-feira | 19,30h

Acertos e desacertos na Língua Portuguesa Por Maria Emília Palha

A Hora do Mito

Participação: 25 € (jovens até 30 anos: 20€)

Entrada livre à apresentação do curso:

Dia 10 | Sexta-feira | 21,30h

O Mito do Eterno Retorno Os Mitos Universais Respostas poéticas às eternas questões humanas:

quem sou? donde venho? para onde vou? Este curso funcionará em horário a ajustar com os participantes (32 horas) Participação: 150 € (jovens até 30 anos 50% desc.)

Conferência

A Pintura de Botticelli e a Linguagem Simbólica Por Maria Emília Ribeiro

Entrada livre

Semana da Filosofia Dia 16 | Terça-feira | 21,30h

Oficina de Filosofia Prática O Pensamento Crítico Por Bebiana Cunha

Dia 17 | Quarta-feira | 21,30h

Dia 15 | Quarta-feira | 19,30h A Hora do Mito

Os Avatares de Vishnu Entrada livre à apresentação do curso:

Os Mitos Universais

Oficina de Filosofia Prática O Pensamento Criativo

Respostas poéticas às eternas questões humanas:

Por José Antunes

Este curso funcionará em horário a ajustar com os participantes (32 horas)

Dia 18 | Quinta-feira | 21,30h Café filosófico

quem sou? donde venho? para onde vou? Participação: 150 € (jovens até 30 anos 50% desc.)

A Filosofia Aplicada à Vida Dia 19 | Sexta-feira | 21,30h Conferência

Os Upanishads e a Filosofia Mística da Índia Por José Carlos Fernández | Director da Nova Acrópole em Portugal

Entrada livre em todos os eventos

Contactos para informações e inscrições Av. da Boavista 1057 | 4100-129 PORTO

Tel: 22 600 92 77 / 918 058 623 info@novaacropoleporto.org


Boletim Filosófico | Conhece-te a ti mesmo | Nº4

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Dia 25 | Sábado | 24h

Lisboa

Caminhada Nocturna na Serra da Arrábida

Caminhada filosófica ao som do Dhammapada de Buda até ao nascer do Sol na Praia dos Coelhos Por Paulo Alexandre Loução

programa

Actividades 2010

Escritor, investigador e coordenador da Nova Acrópole de Lisboa

Dia 26 | Domingo | 15h Visita Guiada

JARDIM ORIENTAL «BUDA ÉDEN» Por José Carlos Fernández

setembro

[Encontro às 15h junto ao portão do Buda Éden]

Dia 4 | Sábado | 22h

Dia 27 | Segunda-feira | 19h30

Observação astronómica na Serra da Arrábida

Conferência de Apresentação de Curso

UMA VISÃO MÁGICO-SIMBÓLICA DO CÉU ESTRELADO

FILOSOFIA E PSICOLOGIA PRÁTICA A Sabedoria Viva do Oriente e do Ocidente

[Curso em 16 sessões – segundas das 19h30 às 21h30]

Por José Carlos Fernández | Director Nacional da Nova Acrópole

[Encontro em lugar a designar] Dia 17 | Sexta-feira | 19h30 Conferência

O OVO DO MUNDO Ciclo «A Doutrina Secreta de H. P. Blavatsky “Simbologia Arcaica”» Por José Carlos Fernández

Entrada Livre Dia 21 | Terça-feira | 18h30 Curso

LÍNGUA HIEROGLÍFICA Por Isa Baptista | Egiptóloga

[Horário: terças das 18h30 às 19h30]

outubro Dia 6 | Quarta-feira | 18h30 Atelier

Farmácia da Natureza Por Isa Baptista

[Quartas das 18h30 às 20h00]

Dia 8 | Sexta-feira | 19h30 Conferência

A SABEDORIA DOS UPANISHADS E AS NOVAS TEORIAS COSMOLÓGICAS Por José Carlos Fernández

Dia 21 | Terça-feira | 18h15

Entrada Livre

Início de aulas de dança

BHANGRA DANÇA TRADICIONAL INDIANA Por Adira Gram | Professora de dança indiana e oriental

[Horário: terças, das 18h15 às 19h15]

Dia 24 | Sexta-feira | 19h30

Dia 9 | Sábado | 08h Visita Guiada

TOMAR – CIDADE TEMPLÁRIA Por Paulo Alexandre Loução Autor da obra «Os Templários na Formação de Portugal»

Conferência

Dia 10 | Domingo | 10h

Guerreira, sacerdotisa, esposa e mãe

O Simbolismo das Árvores

O ETERNO FEMININO EM CADA MULHER Por Selma Nascimento | Formadora da Nova Acrópole

nos jardins do Museu do Traje

Entrada Livre

Por Carmen Morales | Formadora da Nova Acrópole


Set-Dez 2010 | Distribuição Gratuita

Dia 11 | Segunda-feira | 18h30 Início de Curso

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Dia 24 | Sábado | 16h

O PRINCIPEZINHO

CURSO PRÁTICO PARA JOVENS

Pelo Grupo de Teatro «Mythos» da Nova Acrópole de Coimbra

Filosofia para Gerir a Vida | Psicologia Prática Desenvolvimento Interior | Falar em Público Este curso integra o Programa Kairós que conta com o apoio do IPJ – Instituto Português da Juventude e dá acesso ao programa de voluntariado da Nova Acrópole

Dia 24 | Sábado | 09h30

[Curso em 16 sessões – segundas das 18h30 às 21h30]

Visita Guiada MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS E TORRE DE BELÉM Na demanda do simbolismo profundo da arte manuelina Por Paulo Alexandre Loução

Dia 12 | Terça-feira | 07h30 Conferência de Apresentação de Curso

FILOSOFIA E PSICOLOGIA PRÁTICA

novembro

A Sabedoria Viva do Oriente e do Ocidente

[Curso em 32 sessões – segundas das 07h30 às 08h30]

Dia 15 | Sexta-feira | 19h30 Conferência

ESTOICISMO

Uma Filosofia Prática para Tempos de Crise Por Cleto Saldanha | Formador da Nova Acrópole

Ciclo «Filosofia Aplicada à Vida»

Entrada Livre Dia 20 | Quarta-feira | 18h30 Conferência de Apresentação de Curso

Dia 5 | Sexta-feira | 19h30 Conferência

A Actualidade do Espírito Templário Por Paulo Alexandre Loução

Entrada Livre Dia 6 | Sábado | das 10h às 13h e das 15h às 18h Seminário

MATEMÁTICA E GEOMETRIA SAGRADAS Módulo I

[Curso em 9 sessões – quartas das 18h30 às 20h30]

Por José Carlos Fernández e Paulo Alexandre Loução [Actividade realizada no âmbito do Círculo de Estudos de Matemática e Geometria Sagradas «Lima de Freitas»]

Dia 21 | Quinta-feira | 18h15

Dia 7 | Domingo | 10h

A FILOSOFIA HERMÉTICA E A CIÊNCIA

Início de Curso de Dança

Visita Guiada

SEVILHANAS Por Carmen Morales

DA «CASA DOS BICOS» AO CASTELO DE S. JORGE

[Horário: quintas, das 18h15 às 19h15]

Por Ana Cristina Simões e Cláudio Craveiro

Ciclo «Os Segredos de Lisboa»

Dia 21 | Quinta-feira | 19h30 Conferência de Apresentação de Curso

FILOSOFIA E PSICOLOGIA PRÁTICA A Sabedoria Viva do Oriente e do Ocidente

[Curso em 16 sessões – quintas das 19h30 às 21h30]

Dia 10 | Quarta-feira | 18h30 Início de Curso

FILOSOFIA PRÁTICA E VOLUNTARIADO Sabedoria Viva do Oriente e do Ocidente

Ética do voluntário e valores para um novo humanismo

FESTIVAL DE TEATRO [Local a designar]

Dia 22 | Sexta-feira | 21h30

A VIAGEM D’O PROFETA Pelo Grupo de Teatro da Nova Acrópole de Lisboa

Dia 24 | Sábado | 16h

Ecologia Humana e Reencontro com a Natureza

Este curso dá acesso ao programa de voluntariado da Nova Acrópole

[Curso em 16 sessões – quartas das 18h30 às 20h30]

Dia 12 | Sexta-feira | 19h30 Conferência

A SABEDORIA HERMÉTICA NO ANTIGO EGIPTO

O MITO DA CAVERNA

Textos milenares herméticos vindos finalmente à Luz

Pelo Grupo de Teatro da Nova Acrópole do Porto

Entrada Livre

Por Isa Baptista

Continua 


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Boletim Filosófico | Conhece-te a ti mesmo | Nº4

Dia 14 | Domingo | 10h

Dia 30 | Terça-feira | 19h30

Visita Guiada

Início de Curso

JARDINS INICIÁTICOS DA QUINTA DA REGALEIRA Por José Manuel Anes Autor da obra «Jardins Iniciáticos da Quinta da Regaleira»

Dia 15 | Segunda-feira | 18h30 Início de Curso

FILOSOFIA ORIENTAL Tibete, Índia, China e Egipto

[Curso em 8 sessões – segundas das 18h30 às 20h30]

FLORAIS DE BACH Por Carmen Morales | Formadora da Nova Acrópole

[Curso em 8 sessões – terças das 18h00 às 19h30]

dezembro Dia 3 | Sexta-feira | 19h30 Conferência-Recital

FLORBELA ESPANCA

A MAIOR POETISA DE LÍNGUA PORTUGUESA?

Semana da Filosofia

Pelo Grupo de Poesia «Florbela Espanca» da Nova Acrópole

Actividade no âmbito das comemorações do LXXXº Aniversário da morte de Florbela Espanca

Dia 18 | Quinta-feira | 19h30 Conferência e Teatro

FILOSOFIA

CONTRA A CORRUPÇÃO Conferência por José Carlos Fernández e Sketchs teatrais por Membros da Nova Acrópole

Dia 19 | Sexta-feira | 19h30

Dia 4 | Sábado | Das 10h às 13h e das 15h às 18h Seminário

MATEMÁTICA E GEOMETRIA SAGRADAS Módulo IV Por José Carlos Fernández e Paulo Alexandre Loução

Conferência-Recital

[Actividade realizada no âmbito do Círculo de Estudos de Matemática e Geometria Sagradas «Lima de Freitas»]

Homenagem no bicentenário de Schumann

Dia 8 | Quarta-feira | Hora a confirmar

Pelo Pianista Jorge Fontes

Visita Guiada

Dia 23 | Terça-feira | 19h30

Os Lugares e as História de Florbela Espanca na sua Terra Natal

SCHUMANN E A DRAMATURGIA DO ESPÍRITO ROMÂNTICO

Conferência de Apresentação de Curso

FILOSOFIA E PSICOLOGIA PRÁTICA A Sabedoria Viva do Oriente e do Ocidente

Actividade no âmbito das comemorações do LXXXº Aniversário da morte de Florbela Espanca e em parceria com a Associação dos Amigos de Vila Viçosa

[Curso em 16 sessões – terças das 19h30 às 21h30]

Dia 26 | Sexta-feira | 19h30 Conferência

O ENIGMA DE CRISTÓVÃO COLOMBO Por António Vicente (historiador) e Carlos Neves (investigador)

Actividade do Centro de História e Cultura Portuguesa da Nova Acrópole

Dia 27 | Sábado

Dia 10 | Sexta-feira | 19h30 Teatro

UMA VIAGEM PELA ALMA DE FLORBELA ESPANCA Pelo Grupo de Teatro da Nova Acrópole de Lisboa

Actividade no âmbito das comemorações do LXXXº Aniversário da morte de Florbela Espanca

ACTIVIDADE DE PLANTAÇÃO DE ÁRVORES NO ÂMBITO DO PROJECTO «PLANTAR PORTUGAL»

Dia 28 | Domingo | 10h Visita Guiada

HISTÓRIA E SEGREDOS DA MADRAGOA Por Conceição Norberto | Historiadora

Ciclo «Os Segredos de Lisboa»

Contactos para informações e inscrições Av. Antº Augusto de Aguiar, 17 – 4º Esq. | 1050-012 Lisboa

Tel. 213 523 056 / 939 800 855 lisboa@nova-acropole.pt


Set-Dez 2010 | Distribuição Gratuita

Dia 27 | Quarta-feira | 21h

Aveiro

Conferência

As raízes ancestrais de Portugal Por João Ferro | Formador da Nova Acrópole

programa

Actividades 2010

Entrada Livre

novembro Dia 5 | Sexta-feira | 21h

setembro

Conferência

Os cristais da alma Por Françoise Terseur | Filósofa e escritora

Dia 24 | Sexta-feira | 21h Conferência

A Ciência da Vida Por João Ferro | Formador da Nova Acrópole

Entrada Livre

outubro Dia 1 | Sexta-feira | 21h Conferência

Entrada Livre Dia 9 | Terça-feira | 20h Início da Formação

Filosofia para jovens

Uma preparação para a Vida Horário: Terças-feiras das 20H às 22H Participação: 15€ inscrição e 4 mensalidades de 30€ (50% redução para estudantes, desempregados e reformados)

Inscrições abertas

Sê tu mesmo

(assistência livre à aula de apresentação)

Por José Ramos | Director da Nova Acrópole em Aveiro

Dia 18 | Quinta-feira | 21h

Individualidade Vs Massificação Entrada livre Dia 8 | Sexta-feira | 20h Início da Formação

Arte de Saber Viver

Das antigas civilizações aos tempos modernos Horário: Sextas-feiras das 20H às 22H Duração: 16 semanas Participação: 15€ inscrição e 4 mensalidades de 30€ (50% redução para estudantes, desempregados e reformados)

Inscrições abertas

(assistência livre à aula de apresentação)

Dia 16 | Sábado | 16h00

Conta-contos Por Ana Costa e Sónia Oliveira

Parque do Rossio | Assitência Livre

Projecção-debate

Celebração do Dia Mundial da Filosofia

O Preço da Verdade

Filósofos que desafiaram o seu tempo Entrada Livre

dezembro Dia 13 | Segunda-feira | 21h Conferência-Recital

FLORBELA ESPANCA A MAIOR POETISA DE LÍNGUA PORTUGUESA? Por José Carlos Fernández | Dir. Nacional da Nova Acrópole

Actividade no âmbito das comemorações do LXXXº Aniversário da morte de Florbela Espanca Local a designar Contactos para informações e inscrições Rua Tenente Resende, Nº 15 - 1ºB | 3800-268 Aveiro

Tel. 93 702 60 70

aveiro@nova-acropole.pt

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Boletim Filosófico | Conhece-te a ti mesmo | Nº4

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Coimbra

outubro Dia 9 | Sábado | 15h às 18h

Oficina de Origami programa

Actividades 2010

Por Ana Costa Participação: 10€ Inscrições abertas até 6 de Outubro

Dia 12 | Terça-feira Início do Curso

setembro Dia 5 | Domingo | 10h Visita Cultural

Ruínas Romanas e Museu de Conímbriga

Cultura Humanista e Formação Filosófica Horários disponíveis

Terças-feiras das 15H às 17H | Terças-feiras das 20H às 22H

Duração: 16 semanas

Participação: 15€ inscrição e 4 mensalidades de 30€ (50% redução para estudantes, desempregados e reformados)

e Rita Figueiredo | Arquitecta

Inscrições abertas (assistência livre à aula de apresentação)

Participação Livre e gratuita com inscrição obrigatória até 2 de Setembro

Dia 17 | Domingo | 16h00

Por José Ramos | Director da Nova Acrópole em Coimbra

Conta-contos

Por Ana Costa e Sónia Oliveira

Dia 16 | Quinta-feira | 21h Caixa de Música

Bach, Beethoven e Ligeti Paradigmas musicais

Interpretações ao piano executadas e comentadas por Jorge Fontes | Pianista

Entrada Livre

Parque Verde do Mondego | Assistência Livre

Dia 21 | Quinta-feira | 21h Conferência

Profecias

O que pensa a Filosofia acerca delas? Por Françoise Terseur | Filósofa e escritora

Entrada Livre

novembro Dia 23 | Quinta-feira | 21h Conferência-Lançamento

A experiência e o mistério da vida depois da morte Por Juan Manuel de Faramiñan Professor Catedrático da Universidade de Jaen

Na sessão será lançado o livro da editora Ésquilo “E DEPOIS… A experiência e o mistério da vida depois da Morte”

Dia 3 | Quarta-feira | 20h Início do Curso

Oratória

A arte de falar em público Por José Ramos | Director da Nova Acrópole em Coimbra

Horário: quartas-feiras das 20h às 22h Duração: 9 semanas | Participação: 95€ Inscrições abertas até 29 de Outubro

Entrada Livre

Dia 3 | Quarta-feira

Dia 28 | Terça-feira | 21h

Filosofia para jovens, uma preparação para a Vida

Conferência de apresentação de Curso Cultura Humanista e Formação Filosófica

Quartas-feiras das 10H às 12H | Quartas-feiras das 20H às 22H

Os Cristais da Alma

Participação: 15€ inscrição e 4 mensalidades de 30€ (50% redução para estudantes, desempregados e reformados)

Início de formação

Por Françoise Terseur | Filósofa e escritora

Entrada Livre

Horários disponíveis

Duração: 16 semanas

Inscrições abertas (assistência livre à aula de apresentação)


Set-Dez 2010 | Distribuição Gratuita

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Dia 7 | Domingo | 10h às 13h e 15h às 18h Curso

dezembro

Morfopsicologia

Dia 4 | Sábado | 16h

O rosto e a personalidade Por José Ramos | Director da Nova Acrópole em Coimbra

Participação: 60€ Inscrições abertas até 3 de Novembro

Dia 11 | Quinta-feira | 21h

Caixa de Música

A Filosofia e Estética do Romantismo

Chopin e Schumann

Interpretações ao piano executadas e comentadas por Jorge Fontes | Pianista

Actividade de encerramento das comemorações do Bicentenário de Chopin e Schumann

Entrada Livre

Conferência

O agora e a ilusão do momento presente

Dia 5 | Domingo | 10h às 13h e 15h às 18h

Por Françoise Terseur | Filósofa e escritora

Por Elisabete Ramos | Psicóloga

Seminário

Interpretação de Sonhos Participação: 60€

Entrada Livre

Inscrições abertas até 30 de Novembro

Semana da Filosofia

Dia 14 | Terça-feira | 21h

Celebração do Dia Mundial da Filosofia

FLORBELA ESPANCA

Dia 18 | Quinta-feira | 20h30 Dia Mundial da Filosofia

Representação teatral

Conferência-Recital

A MAIOR POETISA DE LÍNGUA PORTUGUESA? Por José Carlos Fernández | Dir. Nacional da Nova Acrópole

Actividade no âmbito das comemorações do LXXXº Aniversário da morte de Florbela Espanca

Local a designar | Entrada Livre

Pelo Grupo de Teatro Mythos

+

Dia 16 | Quinta-feira | 21h

O Preço da Verdade

As raízes ancestrais de Portugal

Filósofos que desafiaram o seu tempo Projecção-debate

Por João Ferro | Formador da Nova Acrópole

Entrada Livre

Dia 19 | Sexta-feira | 21h

das 15h às 17h ou das 19h às 21h

Dia 22 | Quinta-feira | 21h

Mãos Criadoras Exposição-Venda de Arte e Artesanato A decorrer até 17 de Dezembro

Entrada Livre

aulas

Por José Ramos | Director da Nova Acrópole em Coimbra

Entrada Livre para todas as actividades

Horário: Sexta-feira

aulas

Individualidade vs Massificação

Pintura Prof.ª Françoise Terseur

chi kung Prof. José Ramos Horário: Segunda-feira

Mensalidade: 30€

das 18h30 às 19h30 Mensalidade: 25€

Iniciacao ao Piano

guitarra Prof. Mário Morais

Prof. Jorge Fontes

Aulas individuais em horário a combinar Mensalidade: 40€

aulas

Sê tu mesmo

aulas

Conferência

Aulas individuais em horário a combinar Mensalidade: 40€

Contactos para informações e inscrições Rua do Brasil, 194 R/C Dto. | 3030-775 Coimbra

Tel.: 239 108 209 / 933 931 022 coimbra@nova-acropole.pt


NOVA ACRÓPOLE Uma ONG para promover o enriquecimento do Homem interior e a fraternidade filosófica entre os humanos

A Nova Acrópole é uma organização Não Governamental Internacional de carácter filosófico, cultural, social e ecológico. Foi fundada em 1957 em Buenos Aires pelo Prof. Jorge Angel Livraga (1930-1991), historiador e filósofo. A Nova Acrópole promove o enriquecimento do Homem Interior e a fraternidade entre os humanos através de actividades de carácter filosófico, cultural e de voluntariado social e ecológico. Num espírito ecléctico fomenta a prática dos ensinamentos dos grandes sábios de todos os tempos, sabendo que a aplicação do conhecimento gera um indivíduo melhor que, por sua vez, pode dar o seu contributo na construção de um mundo novo e melhor. Como afirmava Ghandi, devemos ser a mudança que desejamos para o mundo. A experiência viva da Filosofia sustenta um modelo de cultura activa e participativa que desperta as melhores qualidades de cada um e amplia o horizonte mental, que se abre a todas as manifestações do espírito. Este estilo de cultura torna-nos livres e melhores. A vocação do serviço à humanidade concretiza-se num decidido compromisso com a sociedade de hoje e com o futuro, através de uma vontade de encontrar respostas e soluções para as grandes interrogações que provoca em nós um mundo cheio de contradições e desafios.

A acção da Nova Acrópole tem como eixo fundamental a FORMAÇÃO filosófica que se reflecte em duas vertentes fundamentais de actividades: VOLUNTARIADO social e ecológico e CULTURA. A sua carta de fundação assenta nos seguintes três princípios: I. Reunir os Homens e Mulheres de todas as crenças, raças e condições sociais em torno de um ideal de fraternidade universal; II. Despertar uma visão global através do estudo comparado da Filosofia, das Ciências, Religiões e Artes; III. Desenvolver as capacidades do indivíduo para que possa integrar-se na Natureza e viver segundo as características da sua própria personalidade.

Todos aqueles que partilhem estes princípios podem associar-se à Nova Acrópole como Membros depois de fazer o 1º nível do programa de formação.

www.nova-acropole.pt


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