Tangerine#3

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ISBN 978-85-98387-29-1


EXPEDIENTE Conselho Editorial Bernadete Teixeira Joana Alves Rita Ribeiro Silvestre Rondon Curvo Orientação do Projeto Gráfico Joana Alves Organizadores Roxane Sidney R. de Mendonça Rogério de Souza Projeto Gráfico e Diagramação Heider Reis Desenvolvimento da Marca Mariana Rena Priscila Lie Sasaki Revisão de Texto André Borges Meyerewicz Coordenação do Centro de Estudos em Design da Imagem Rosemary Portugal Apoio Laboratório de Design Gráfico - Escola de Design/UEMG Realização Núcleo de Design e Fotografia do Centro de Estudos em Design da Imagem Escola de Design/UEMG Editora Emcomum Estúdio Livre LTDA ISBN 978-85-98387-29-1


EDITORIAL texto por: Roxane Sidney

A Tangerine mais uma vez, surpreende pela qualidade dos ensaios fotográficos. Em seu terceiro número, os trabalhos selecionados exploram a relação do fotógrafo com dois extremos: a paisagem que o cerca e o seu ser interior. Imagens de caóticas cidades reveladas em “Retratos urbanos” e “Cidade dos Homens,” o campo estrelado de “O céu não é o limite”, a poesia do olhar em “De flor em flor,” a visão do feminino em “Vargas Girls”, a criatividade em “Saudek Revisitado” e as imagens do “Ser em Desconstrução” representam as diversas visões do mundo em que vivemos e dos conflitos que travamos com o nosso ser. A fotografia em Tangerine é suave e intensa, colorida e acinzentada, florida e feminina, sensual e singela, retratam rostos e rastros humanos, representam várias maneiras de se ver o que está fora e extravasar o que está dentro de nós. Por fim, nesse número, ainda apresentamos a técnica Lightpainting em Joias para a valorização da tridimensionalidade do objeto fotografado, mantivemos a nossa Galeria com diversas fotos decorrentes de trabalhos de alunos da Escola de Design (ED/UEMG) e a divulgação de resultados das Oficinas oferecidas em 2014 para jovens por meio de uma ação conjunta entre a Subsecretaria de Atendimento à Medidas Socioeducativas (SUASE) e o Núcleo de Design e Fotografia (NUDEF) da ED/UEMG. A nossa capa é oferecida ao brilhante trabalho do aluno de artes visuais Matheus Sá Motta que se dedica à fotografia de rua e que foi nosso braço direito durante as oficinas ofertadas. A cada número da Tangerine nos orgulhamos de estarmos cumprindo com o intento do NUDEF que é compartilhar conhecimentos e experiências em fotografia, um diálogo entre a universidade e a comunidade externa. Aos amantes dessa arte e técnica, dedicamos mais uma viagem ao mundo das imagens fotográficas. Sejam bem vindos e apreciem a intensidade e a sutileza desse trabalho resultante de um esforço coletivo de alunos e professores da ED.


ÍNDICE


6.

RETRATOS URBANOS

30.

VARGAS GIRLS

52.

SAUDEK REVISITADO

66.

DE FLOR EM FLOR

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O CÉU NÃO É O LIMITE

94.

GALERIA

122.

CIDADE DOS HOMENS

140.

O SER EM DESCONSTRUÇÃO

158.

LIGHTPAINTING EM JOIAS

168.

OFICINA


RETRATO URBANO

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textos: Citações de Walter Benjamin fotos: Matheus Sá Motta



Ou seja, transformou-se num fisiognomonista ou, no mínimo num observador de fisionomias, e na minha experiência vivenciei algo absolutamente único: literalmente encarnei-me nos rostos que me circundavam e que, em parte, eram de extraordinária rudeza. Rostos que comumente teria evitado por duas razões: não teria querido atrair sobre mim seus olhares nem teria suportado seu aspecto brutal... Extraído do conto “Haxixe em Marselha”Walter Benjamin


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Sem cessar a meu lado o Demônio se agita, E nada ao meu redor como um ar impalpável; Eu o levo aos meus pulmões, onde ele arde e crepita, Inflando-os de um desejo eterno e condenável. Às vezes, ao saber do amor que a arte me inspira, Assume a forma da mulher que eu vejo em sonhos, E, qual tartufo afeito às tramas da mentira, Acostuma-me a boca aos seus filtros medonhos. Ele assim me conduz, alquebrado e ofegante, Já dos olhos de Deus afinal tão distante, Às planícies do Tédio, infindas e desertas, E lança-me ao olhar imerso em confusão Trajes imundos e feridas entreabertas - O aparato sangrento e atroz da Destruição!

Poema do livro “As Flores do Mal” Charles Baudelaire, 1857




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Compreendi de súbito como a um pintor- não terá acontecido a Rembrandt e a vários outros? - a feiúra pode aparecer como o legítimo reservatório da beleza, ou melhor, como seu escrínio, como uma montanha rasgada que encerra todo o ouro interior da beleza que lampeja nas rugas, nos olhares, nos traços.

Extraído do conto “Haxixe em Marselha”Walter Benjamin

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Matheus SĂĄ Motta ĂŠ aluno da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais no curso de Artes Visuais. Seu trabalho autoral consiste na captura da humanidade comum em meio Ă massa e ao caos urbanos.

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VARGAS

GIRLS fotos e textos: Januária Vargas

Góticas, bailarinas, clown ou pinup. O cuidado na produção, na técnica e na direção são alguns dos ingredientes que integram o trabalho da talentosa fotógrafa mineira Januária Vargas. O feminino em suas múltiplas facetas.

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Januária Vargas é formada em jornalismo, fotógrafa profissional e mediadora do grupo online “Retratos Femininos”.

001 a 003 - Joelma Marques e Izabel Colling/ Make & Hair: À LaCarolina | 004 e 005 - Ana Buhr | 006 - Ananda Ferreira | 007 - Naiara Rodrigues | 008 - Naiara Rodrigues e Ana Buhr | 009 - Ana Buhr | 010 - Kym Rezende/ Makeup: Iasmim Christine | 011 - Fabielle Giulia / Prod. de Moda: Frances Amaral | 012 a 018 - Jéssica Stephane/ Make & Hair: À LaCarolina | 019 a 021 - Naiara Rodrigues | 022 e 023- Ana Buhr | 024 a 027 - Naiara Rodrigues/ Figurino: Era uma vez fantasias | 028 a 031 - Juliane Guimarães/ Make & Hair: À LaCarolina | 032 a 035 - Camila Sol | 036 a 039 - Eliatrice Gischewski/ Make & Hair: À LaCarolina | 040 a 042 - Bruna Betito Esbrilli/ Make & Hair: À LaCarolina | 043 e 044 - Lorrana Reis/ Editorial Relicário Bolsas e Pastas/ Prod. Frances Amaral 51


SAUDEK revisitado



Os polêmicos trabalhos do fotógrafo e artista tcheco, Jan Saudek, foram o ponto de partida para a proposta de se fazer uma reapropriação de sua obra.


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Sobre Jan Saudek Jan Saudek nasceu em Praga no dia 13 de maio de 1935. Durante a segunda guerra mundial, Saudek e sua família foram feitos prisioneiros e levados a um campo de concentração próximo à divisa da Polônia. No final dos anos 40 teve acesso a sua primeira câmera amadora Kodak Brownie e alguns anos mais tarde, adquiriu uma 6x6 “flexaret”. Seu interesse pela fotografia se tornou maior quando teve contato com a exposição “The Family of Man” de Edward Steichen. Durante os anos 70, produziu fotografias na então comunista Tchecoslováquia, de forma clandestina por conter conotações políticas. O caráter erótico presente em seus trabalhos, foi com frequência alvo de censura. Sua obra ficou mais conhecida no ocidente com a derrubada do muro de Berlim e a consequente queda do comunismo no leste europeu. Jan Saudek é atualmente o mais renomado fotógrafo da república tcheca. Ele já teve até hoje mais de 400 exposições individuais e suas fotografias fazem parte das mais das importantes coleções ao redor do mundo.


Fonte: http://www.saudek.com/en/jan/fotografie.html?r=1991-1995&typ=p&l=0&f=732&set=&ts=

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As fotos desta matĂŠria foram feitas por alunos do sexto perĂ­odo do curso de Artes Visuais da Escola de Design da UEMG durante o segundo semestre de 2013.

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DE FLOR EM

FLOR

fotos e textos: Luiza Zuim Galvez


Fotografia é poesia dos olhos, uma canção estática formada por momentos, como o desabrochar de uma flor e um alçar vôo de um pássaro. Esta serie fotográfica segue os passos do natural e sua dialética com o artificial, a partir da transgenia de homens, pássaros e flores. Mostra em paralelo os limites de liberdade que sentimos ao viver. O elo entre a flora e a fauna,

postos na leveza de uma alma inquieta, de uma beleza que aflora. E nesse intervalo povoado de sonhos que são postos os mais belos cenários, que surgem a vontade de tirar os pés do chão, ser livre e voar. Se o homem usasse seu conhecimento instintivamente, como no vôo de um pássaro, migraríamos por estações, de flor em flor, em busca de novos horizontes.

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Luiza Zuim Galvez é fotógrafa por paixão e estudante de Design Gráfico na Escola de Design da UEMG.

Modelos: Ana Jablonski | Luiza Mendonça | Luiza Zuim Galvez (autorretrato) | Mariana Lucchesi

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CÉU NÃO É O

LIMITE

fotos e textos: Felipe Ferreira






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O ensaio fotográfico é composto por uma série de fotografias do céu, realizadas em longa exposição. As fotografias foram tiradas em ambientes afastados dos centros urbanos, pois a poluição luminosa da cidade ofusca o brilho das estrelas. Para realizar as fotografias, dependo de basicamente de duas questões: clima e lua. O brilho da lua atrapalha a visibilidade das estrelas. Prefiro fotografar com a lua nova ou minguante côncava. O céu precisa estar limpo, com pouca ou nenhuma nuvem. Comecei este ensaio em 2012 e não pretendo

parar. Existe o ditado que diz: “o céu é o limite”, mas para esse ensaio eu não acho que o céu seja o limite, mas o começo. A cada mudança de abertura do diafragma, velocidade de exposição, ISO ou ângulo, eu crio algo totalmente diferente e inesperado. As possibilidades de criação são tão infinitas quanto o universo que eu fotografo. O resultado onírico das fotografias me surpreende, pois revela algo que muitas vezes não enxergamos a olho nu. Considero uma grande reflexão existencial. É uma bela maneira de refletir no tamanho de nossa insignificância perante o universo.


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Felipe Ferreira cursou Artes Visuais na Universidade do Estado de Minas Gerais. Utiliza fotografia e produção audiovisual como suporte artístico. Destaca-se por sua versatilidade em fotografar retratos, natureza morta, paisagens, arquitetura e ensaios de fotografia artística. Produz videoarte, videoperformance, registro de exposições e demais produções audiovisuais voltadas para a arte. Colabora na produção de arte de diversos artistas, além de possuir projetos autorais.

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GALERIA



Foto: Ana Carolina


Foto: Karina, Roberto e RĂşbia


Foto: Silvia Xavier

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Foto: Raoni Coelho


Foto: Isabela J.

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Foto: Fernanda Andrade


Foto: Jo達o Victor Rodrigues

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Foto: Weslley Neiva


Foto: Thaís Bárbara


Foto: Diego Rodrigues

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Foto: Élcio Camargo


Foto: Breno Batista

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Foto: Mateus Gazzinelli


Foto: Flรกvia Luiza M. Lana

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Foto: Laurent Porto, Carla Regina, Carolina Franรงa


Foto: Ana Carolina Magalh達es, Caroline Pagnan, Mayra Bernardes


Foto: Lucas, Roberto e Thainan Noronha

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Foto: Mayra Bernardes



Foto: Jacimar de Souza

Modelo: Ana Viveiro


Fotografias produzidas por alunos de Design de Produto, Design Grรกfico, Design de Ambientes e Artes Visuais para disciplina Fotografia Bรกsica.



CIDADE DOS

HOMENS fotos e textos: Wenderson Fernandes




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Grande parte do trabalho que executo tem como objeto de interesse fenômenos urbanos, imagens que nascem das marcas que esse ambiente “caótico” que a cidade causa em mim. Grande parte desse interesse talvez seja devido ao fato da forma como as cidades são configuradas. Uma cidade manifesta a estética coletiva de seus habitantes. Muros, fachadas, paredes pintadas, tudo isso manifesta cultura, opinião. São interfaces de uma relação de amor e ódio pelo caos da babel. A cidade é o lugar onde tudo o que temos de pior e melhor se

manifesta de forma intensa. Nossos medos estão estampados nas grades e muros, circuitos fechados de tv. Levantamos muros, demarcamos território, nos isolamos em um pedaço de terra e adiamos o terror que o homem da tv anunciou. A cidade é um paradoxo: um aglomerado de indivíduos que sabem o quanto é benéfico viver em sociedade, mas que fazem o possível para se evitarem. Vivemos uma batalha silenciosa por espaço, seja uma vaga de garagem ou os 15 minutos de fama que Warhol prometeu mas não cumpriu.

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Quando o custo da privacidade é o risco de se tornar anônimo nasce a angústia de existir além da mediocridade, não queremos estar sós, mas também não queremos ser confundido com nossos pares, nadar contra a correnteza do mito do vencedor. Não se constrói cidades com concreto e tijolos. A babel é feita de carne fresca, sangue, solidão e suor. Se existe um norte no meu trabalho ele aponta para uma arqueologia urbana, revirar as cinzas desse presente que me encanta e sufoca. Acredito na fotografia como uma espécie de caderno de anotações onde guardo as impressões que coisas, pessoas e situações causam em mim.

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Wenderson Fernandes artista visual, vive e trabalha em Belo Horizonte. Formado em Comunicação Social pela Estácio de Sá, atualmente cursando Especialização Artes Plásticas e Contemporaneidade pela Escola Guignard. Participou de mostras coletivas e individuais, entre elas: Festival Internacional de Fotografia - FIF BH, Exposição Fotografia Mineira Contemporânea em Tiradentes, Theoria V no Museu do Homem do Nordeste em Recife, Salão Nacional de Arte Fotográfica de São Caetano do Sul e Bejira Photo Festival na Espanha.


SER EM

DESCONSTRUÇÃO textos e fotos: Rogério de Souza


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Na maior parte do tempo, fazemos parte de uma multidão sem rosto. Nossas ações se tornam automatizadas e seguimos um fluxo de atitudes comandadas por normas. Em alguns momentos, no entanto, caímos em um estado de autoconsciência.


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Rogério de Souza é graduado em Design Gráfico e pós-graduado em Cinema. É atualmente professor de fotografia da Escola de Design da UEMG.

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LIGHTPAINTING em JOIAS textos e fotos: Toninho Mattos


A técnica da lightpainting, literalmente “pintura com luz”, não é uma técnica recente. Era utilizada na fotografia com película e consiste em se expor o negativo por períodos longos de tempo enquanto se ilumina com uma fonte pequena de luz, uma lanterna ou um light brush (aparelho usado especificamente para esta técnica). As fotografias destas páginas ilustram bem o trabalho e o resultado conseguidos pelo professor Toninho Mattos que tem uma pesquisa pessoal sobre a utilização de várias fontes luminosas que ele mesmo cria. Segundo Toninho, a utilização de “Leds” é uma forma de iluminação que dominará a fotografia. Ele pretende inclusive aprimorar esta técnica, o que futuramente pode vir a consolidar um projeto de pesquisa específico para este fim.


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Com o advento da era digital a light painting foi um pouco esquecida como explica o fotógrafo e professor da Escola de Design da UEMG, Toninho Mattos: “A lightpainting foi deixada de lado pelo fato de as primeiras câmeras digitais não conseguirem atingir grandes tempos de exposição sem que o sensor digital, CCD, se aquecesse a ponto de se queimar”. A tecnologia digital recente superou estas limitações permitindo tempos de obturador tão longos quanto os obtidos pela câmera de película. Toninho Mattos que atua no Centro de Gemas e Joias da Escola de Design retomou a técnica em suas produções: “com o lightpainting a fotografia adquire características tridimensionais valorizando e ressaltando o produto” afirma Mattos.

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Toninho Mattos Professor de Fotografia, integrante do Centro de Gemas e Joias e do Núcleo de Design e Fotografia pertencente ao Cento de Estudos em Design da Imagem na Escola de Design da UEMG.

Joias desenvolvidas por (ordem que aparecem): K.Newman, Cristal Gemas Ltda. Stone Keller Com. Ind. Exp. Ltda., Gems from Brazil Exportação e Importação Ltda., Gemas da Terra 167


OFICINAS


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Em 2014, o Núcleo de Design e Fotografia (NUDEF) continuou sua parceria junto a Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) da Secretaria de Defesa Social do Governo do Estado de Minas Gerais, firmada em 2013. Desta vez, o NUDEF ofertou duas modalidades de oficinas para público jovem que cumprem medidas socioeducativas: “Fotografando a Cidade” e

“Lightpainting”. “Fotografando a Cidade” foi ministrada pelo aluno de Artes Visuais, Matheus Sá Motta, com a colaboração da aluna de Design Gráfico Marina Takeishi. O objetivo dessa oficina foi representar a experiência dos adolescentes na cidade através da técnica colagem fotográfica. Halef Oliveira juntamente


com Lunna Campos e Luiza Zuim, alunos de Design Gráfico, ministraram a oficina “Lightpainting”. O objetivo dessa oficina foi introduzir a técnica lightpainting aplicada em objetos e pessoas, explorando seu potencial criativo. O aprendizado para todos, alunos, professores da ED e adolescentes foi enorme, sendo uma grande

oportunidade de promover a integração dos envolvidos através do olhar da fotografia. As oficinas fazem parte do projeto de extensão, PAEx/UEMG, Mixirica e Tangerine: iniciativas de compartilhamento de conhecimento e experiências em fotografia pelo NUDEF.

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MAIS DO QUE “MAIS QUE MIL PALAVRAS” texto por: Rogério de Souza

O grande espanto causado pela divulgação pública da fotografia, na primeira metade do século XIX, deve-se em grande parte ao fato de, nunca antes na história, terse visto uma imagem com tamanha riqueza de detalhes e realismo. Este poder de representação tão verossímil, fez da fotografia uma espécie de prova inconteste de como todas as coisas e pessoas são de fato. Essa credibilidade foi tanta que a antiga citação de que uma imagem vale mais que mil palavras logo foi apropriada pelos fabricantes de material fotográfico. Por mais que se tente descrever com palavras, a imagem fotográfica fala mais alto. Esta opinião, no entanto, não permaneceu por muito tempo sem oposição. É bastante plausível que admitamos que aquilo que se vê impresso em uma fotografia, um dia correspondeu à existência de seu referente, mas quando observamos qualquer retrato, por exemplo, é possível que nos perguntemos se aquela ali capturada é de fato uma imagem fiel da pessoa retratada, uma espécie de espelho da realidade, como já se pensou no passado.

A qualidade de imagem-espelho, que um dia foi considerada para definir a fotografia, hoje pode ser repensada: a observação da imagem especular é uma experiência, até certo ponto, individual e fugaz visto que esse reflexo depende da presença de seu referênte e ainda assim o compromentimento com uma informação “real” contida nesta imagem, depende da nossa própria vontade diante do espelho. A imagem fotográfica, filtrada pelo aparelho físico e pela ótica das objetivas, já nasce como um simulacro. Há inumeráveis possibilidades de se mostrar diante da câmera e não raro a pessoa retratada não querer que sua imagem seja um registro fiel de si mesma. A preparação, produção, pose, luz enquadramento são responsáveis por uma imagem não daquele que sou, mas de quem eu gostaria de ser. Uma exteriorização de personagens adormecidos à espera de serem libertados. Meu retrato deixa de ser minha própria imagem e passa a ser a imagem daquilo que me representa.



UE MG

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