Revista Análise - Ideies

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A desindustrialização nacional nos setores têxtil e do vestuário

Ideies: Índice de Confiança do Empresário Industrial 6

A indústria capixaba no 1º trimestre de 2014 10

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Publicação do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo – Ideies – Entidade do Sistema Findes – Maio 2014 – Nº 19 – Ano 4


Análise – Ideies

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Carta Ideies

A inovação também pode ser obtida por meio do design

Publicação do Ideies • Maio 2014 • nº 19 • ano 04

Diretoria Plenária da Findes - 2011/2014

Caro leitor, É sabido por todos a importância da inovação para a competitividade da indústria. A maioria das empresas, instituições e órgãos governamentais, porém, considera que essa ferramenta tem apenas por base a Pesquisa e o Desenvolvimento (P&D), esquecendo-se de que ela também pode ser não tecnológica, voltada inclusive para o modelo de negócios, o marketing e a administração. Nesse sentido, o design adquire papel fundamental como condutor da inovação. E é isso que mostramos na matéria de capa desta edição da revista Análise. Nela, ainda apontamos os obstáculos que as pequenas e médias empresas enfrentam para a utilização do design como fator de inovação. Por outro lado, destacamos em outro texto o processo de desindustrialização que o Brasil vem sofrendo, principalmente nos setores têxtil e do vestuário, que enfrentam forte concorrência externa de países asiáticos, cuja principal causa é o chamado Custo Brasil. Ainda neste número da Análise mostramos a evolução do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) do Espírito Santo sobre a economia nos últimos 12 meses, com queda desde dezembro de 2013, atingindo em abril de 2014 o menor nível em 48,9 pontos, o que significa falta de confiança no crescimento do país. Esse quadro negativo desestimula o investimento (abaixo dos 50 pontos) e alcançou o pior nível desde julho de 2013, quando chegou a 48,3 pontos. Por último, trazemos uma matéria sobre o desempenho da indústria capixaba nos últimos sete anos e no primeiro trimestre de 2014, com aumentos verificados em 2008, 2010 e 2011 e decréscimos nos demais anos. Boa leitura! Doria Porto Diretor-executivo do Ideies

Presidente – Marcos Guerra 1º Vice-Presidente – Manoel de Souza Pimenta Neto 2º Vice-Presidente – Ernesto Mosaner Junior 3º Vice-Presidente – Sebastião Constantino Dadalto 1º Diretor Administrativo – Ricardo Ribeiro Barbosa 2º Diretor Administrativo – Tullio Samorini 3º Diretor Administrativo – Luciano Raizer Moura 1º Diretor Financeiro – Tharcicio Pedro Botti 2º Diretor Financeiro – Ronaldo Soares Azevedo 3º Diretor Financeiro – Antonio Tavares Azevedo de Brito

Diretores Alejandro Duenas • Flávio Sérgio Andrade Bertollo Egídio Malanquini • Benízio Lázaro • Gibson Barcelos Reggiani • Vladimir Rossi • Wilmar Barros Barbosa • Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi • Leonardo Souza Rogerio de Castro • Mariluce Polido Dias • Luiz Alberto de Souza Carvalho • Luis Carlos de Souza Vieira • Ademar Antônio Bragatto • Edvaldo Almeida Vieira • José Domingos Depollo • Ademilse Guidini • Elcio Alves • Ortêmio Locatelli Filho • Rogério Pereira dos Santos Paulo Alexandre Gallis Pereira Baraona • Wilmar dos Santos Barroso Filho • Evandro Simonassi

Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo Presidente do Sistema Findes / Cindes Marcos Guerra Diretor para Assuntos do Fortalecimento Sindical e da Representação Empresarial Egídio Malanquini Diretor-Executivo do Ideies Antonio Fernando Doria Porto Núcleo Estratégico de Conjuntura – NEC Cíntia Peterle Tavares Pedruzzi – Coordenadora Núcleo de Inteligência Competitiva – NIC Marcela Moulin Brunow Freitas – Coordenadora Núcleo de Defesa de Interesse – NDI Karina Goldner Fideles Biriba – Coordenadora Núcleo de Competitividade Industrial -NCI Aline Elisa Cotta d’Avila - Coordenadora

Equipe de Produção: Antonio Fernando Doria Porto • Cintia Peterle Tavares Pedruzzi Andressa Kelly de Oliveira • Cleide Maria Perin Motta Flaviana Silva de Oliveira Santos • Gustavo Bergami

Contatos: Endereço: Avenida Nossa Senhora da Penha, nº 2.053, Ed. Findes - 3º andar Bairro: Santa Lúcia, Vitória/ES - CEP: 29.056-913 Telefone: (27) 3334-5626 - site: www.Ideies.org.br Siga o Ideies no Twitter: @Ideies

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Maio 2014 – Nº 19 – Ano 4


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A importância do design como condutor da inovação

O

enfoque tradicional da economia e das políticas públicas voltadas para a inovação tem sido com base em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), bem como na ênfase na indústria de transformação, principalmente nos setores de alta tecnologia. Embora existam claras ligações entre a criatividade e a P&D, o design é, também, uma importante forma de inovação Maio 2014 – Nº 19 – Ano 4

para setores que nela investem, como os de baixa tecnologia e intensivos em mão de obra (vestuário e móveis, por exemplo). Assim, a ideia de que a inovação vem apenas a partir do desenvolvimento tecnológico é limitada e restringe os processos de criação das empresas voltadas para as inovações. Os termos design e inovação são usados com muitos significados, e de maneira frequentemente errada.


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No caso do design, muitas pessoas acham que ele se refere apenas ao aspecto exterior do produto, às vezes relacionada à aparência e ao estilo. O design, porém, tem a ver também com a forma como se usam os produtos, com a sua utilidade e funcionalidade, como os produtos são fabricados, como eles se comunicam com o usuário e sua marca, como são armazenados, distribuídos e colocados nos pontos de venda. Além disso, é uma ferramenta de inovação, especialmente para as pequenas e médias empresas, e de competitividade. Ele pode ser usado para determinar uma variedade de características diferentes nos produtos e serviços, como durabilidade e estilo, por vezes mais importantes do que o preço na geração de demanda. São capazes, ainda, de reduzir os custos de produção por meio da escolha de materiais mais econômicos. É importante para a imagem da empresa, ajudando a criar fidelidade à marca. Podem, também, contribuir para a inovação no modelo de negócios das empresas. O design, como um condutor e facilitador da inovação, complementa as atividades das inovações mais tradicionais No clima econômico atual, onde os recursos para inovação ou são escassos ou difíceis de serem conseguidos pelas pequenas e médias empresas, o design, como direcionador de inovação não tecnológica, é menos intensivo em capital e tem períodos mais curtos de retorno do que por exemplo a pesquisa tecnológica. Porém, possui potencial para impulsionar a competitividade.

A ligação entre o design, a inovação e a competitividade O design une criatividade e inovação. Ele molda as ideias para que elas se tornem proposições práticas e atraentes para os usuário ou clientes. Pode ser descrito como a criatividade implantada para um fim específico. Uma perspectiva sobre a relação entre design, inovação e competitividade é considerar as ações de design como ponte entre a inovação e o usuário, colocando-o no centro. A figura mostra um possível mapeamento desse relacionamento. A criatividade e o design atuam como o fator de entrada para a inovação, mas podem, também, ter um efeito direto sobre a produtividade e o desempenho dos negócios, por meio do processo de marcas e marketing.

Ligando criatividade e design na performance da empresa P&D

Inovação

Figura 1

Produtividade

Design

Criatividade

Clima criativo

Desempenho do negócio

Fonte: Swann e Birke

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O design também tem o papel de reforçar a comunicação entre as diferentes partes do processo de inovação - por exemplo entre a P&D e a produção e entre a P&D e o marketing, - para transformar ideias e invenções tecnológicas em produtos e serviços e fazer produtos inovadores comercialmente aceitáveis, amigáveis e atraentes. Nesse sentido, é uma ferramenta para a inovação em mercados novos ou emergentes. Por outro lado, o design pode ser voltado para a inovação em mercados maduros, onde os desenvolvimentos tecnológicos trazem apenas melhorias marginais para o usuário final. Obstáculos à utilização de design nas pequenas e médias empresas Há vários estudos que identificam as razões de as empresas, especialmente as pequenas e médias, permanecerem relutantes em investir em inovação por meio do design. Os fatores mais importantes são, segundo vários autores: • As empresas tendem a fomentar a eficiência a partir de corte nos custos, mudanças incrementais e com foco no dia a dia dos negócios. Com essa cultura, é improvável que a inovação apareça. • As empresas não acreditam ou não têm confiança no resultado se contratarem profissionais criativos. Elas também podem ter pouco conhecimento sobre como encontrar e gerenciar serviços de design. • Em geral, as pequenas e médias empresas não são gerenciadas por meio de uma estrutura construída. Normalmente, elas são geridas de uma forma personalizada que reflete diretamente conhecimentos, habilidades e atitudes de seus proprietários e/ou gerentes. Essas características levam a que eles não tenham consciência do valor potencial do design Maio 2014 – Nº 19 – Ano 4

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para o negócio, ou, então, eles não possuem tempo ou habilidades para utilizar os designers de forma adequada, o que torna difícil a gestão de design na empresa. • As pequenas e médias empresas normalmente utilizam o tempo para pesquisar os benefícios potenciais de um design somente por causa de uma necessidade imediata. • As pequenas e médias empresas estão constantemente enfrentando problemas cruciais para sua sobrevivência, e os problemas críticos colocam restrições internas, tais como falta de recursos financeiros; insuficiência de trabalhadores qualificados; e falta de gestão, marketing e técnicas de vendas. Além disso, elas enfrentam problemas em responder às necessidades dos clientes e do mercado, mudanças tecnológicas e com concorrentes e iniciativas de gestão. • Muitas pequenas e médias empresas possuem falta de informação sobre questões como mercados potenciais, fontes de financiamento, subsídios e legislações de fomento governamentais. • As pequenas e médias empresas são menos capazes do que as grandes para absorver o risco e a incerteza, que são um componente inevitável de atividades importantes como a inovação de processos e o desenvolvimento de novos produtos. Pelo que foi mostrado nesta matéria, fica clara a importância da inovação não tecnológica com base no design, incluindo-a em modelo de negócio, como fator significativo de produtividade e crescimento econômico. Também fica evidente a necessidade de se disseminar a cultura do design nas empresas brasileiras. Por esse motivo, incentivos e financiamentos voltados para o desenvolvimento do design nas empresas, como direcionador da inovação, deveriam ter mais atenção por parte dos formuladores de políticas públicas e dos empresários brasileiros.


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A desindustrialização nacional nos setores têxtil e do vestuário

A

indústria nacional dos setores têxtil e do vestuário, como todo segmento de transformação, vem, nos últimos anos, enfrentando dificuldades crescentes com a baixa competitividade da economia brasileira, consequência, principalmente, do chamado Custo Brasil,

que inclui elevada carga tributária, entraves burocráticos, custo do capital de giro, custo da energia e matérias-primas, infraestrutura e logística deficientes, entre outros fatores, além de uma crônica falta de maiores investimentos em modernização produtiva e em inovação. Maio 2014 – Nº 19 – Ano 4


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Por esses motivos, os setores têxtil e do vestuário, quando expostos à concorrência internacional, vêm perdendo espaço tanto no mercado interno como internacional. Esta matéria mostra como está a evolução da participação da indústria de transformação nacional no Produto Interno Bruto (PIB) e como vêm se comportando os setores têxtil e do vestuário no Brasil. Desde 1985, quando registrou o pico de 27,2%, a indústria de transformação vem decrescendo sua participação no PIB nacional, tendo atingido 13% em 2013, mesmo nível observado em

Evolução da Participação da Indústria de Transformação Brasileira no PIB (%) 30%

Gráfico 1

27,2%

25% 19,2%

20%

19,2% 13,3%

15%

13%

13,1% 10% 5% 1955

1960

1985

2004

2012

Fonte: IBGE Elaboração: Ideies/Findes

2013

1955, primeiro ano do governo Juscelino Kubitschek (ver gráfico 1). Em 1947 (primeiro ano com informações disponíveis), a participação dos produtos manufaturados era 11,3% do PIB. Assim, se reduzir mais 1,7 ponto percentual, o Brasil estará igual ao que era naquele ano: um país rural e exportador de produtos primários. Quanto aos setores nacionais têxtil e do vestuário, eles não vêm acompanhando o rápido crescimento do consumo interno (ver gráfico 2). Enquanto o varejo aumentou 41,3% em volume (período 2006/2013), o setor têxtil caiu 18,1%, e o do vestuário teve retração de 9,6% na produção física. Assim, a oferta no mercado interno vem sendo suprida, basicamente, por produtos importados. Embora não faça parte do conteúdo desta matéria, no gráfico 2 foi incluída a produção nacional de calçados, pois o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contemplou esse setor nas estatísticas divulgadas sobre as vendas no varejo, em volume.

Evolução da Produção Física e do Volume de Vendas no Comércio Varejista da Indústria Têxtil, de Vestuário e de Calçados do Brasil

Gráfico 2

150

Volume de Vendas: Varejo Têxtil, Vestuário e Calçados: 41,3% Produção Física da Ind. de Têxtil: -18,1% Produção Física da Ind. de Vestuário: -9,6% Produção Física da Ind. de Calçados: 20,5%

140 130 120 110 100 90 80 70

jan/06 jul/06 jan/07 jul/07 jan/08 jul/08 jan/09 jul/09 jan/10 jul/10

Fonte: Produção Física e Pesquisa Mensal do Comércio/ IBGE Elaboração: Ideies/Findes * Variação acumulada de janeiro de 2006 a janeiro de 2014

Maio 2014 – Nº 19 – Ano 4

jan/11

jul/11 jan/12

jul/12

jan/13 jul/13

Índice de base fixa mensal com ajuste sazonal (base: Janeiro 2006=100)

jan/14


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Quanto ao comércio exterior do setor têxtil no período 2007 a 2013, as exportações, que chegaram a atingir US$ 3,1 bilhões em 2008, baixaram para quase a metade em 2013 (US$ 1,7 bilhões). Por outro lado, as importações, que tiveram um pico de US$ 4,6 bilhões em 2009, vêm caindo, o mesmo acontecendo com o déficit na balança comercial do setor, que chegou praticamente a US$ 700 milhões em 2013 (ver gráfico 3). Se esse fato pode parecer positivo, o que se observa, na realidade, é que a queda nas importações de produtos têxteis está sendo deslocada por um rápido aumento nas importações de vestuário, com maior valor agregado, deteriorando ainda mais a competitividade do setor nacional (ver gráfico 4).

A balança comercial de vestuário, que estava praticamente equilibrada em 2007 (antes da crise internacional), teve seu déficit aumentando constantemente nos anos seguintes, chegando a menos US$ 3,0 bilhões em 2013, consequência por um lado das crescentes importações e, por outro, da contínua queda nas exportações, indicando a falta de competitividade do setor frente aos concorrentes internacionais que possuem custos muito mais baixos. Com baixa carga tributária, poucos encargos e profissionais mais baratos que no Brasil, os países que lideram as exportações de vestuário conseguem entregar um produto final com um custo menor que a produção brasileira, tanto no mercado brasileiro quanto no internacional.

Evolução do Saldo do Comércio Exterior de Têxtil - Brasil (US$ Milhões FOB) Importação

Exportação

4.175,7

Saldo 4.613,2

4.194,6

3.800,7 3.148

2.720,3 1.877,3

2.431,1 1.868,8

1.514,7

-1.046,7 -1.882,9

1.732,4

-698,7

-1.125,3

-1.092,1

-2.031,3 2008

2.994,2

2.606,8

2.144,4

2007

Gráfico 3

-1.923,4

2009

2010

2011

2012

2013

Fonte: Secex/MDIC Elaboração: CIN/NEC/Ideies/Findes

Evolução do Saldo do Comércio Exterior de Vestuário - Brasil (US$ Milhões FOB) Importação

Saldo

Exportação

779,1 761,5

1.674,9

1.184,8 689,8

-17,6

486,5

487,8

-461,4

-697

374,7

2008

2009

285,6

307,9

-1.188,5 -2.197,9

2007

3.296

3.054,3

2.572,6 1.151,2

Gráfico 4

2010

2011

-2.746,4 2012

-3.010,4 2013

Fonte: Secex/MDIC Elaboração: CIN/NEC/Ideies/Findes

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Já a participação do emprego formal (carteiras assinadas) dos setores têxtil e do vestuário no total de todos os empregos brasileiros vem caindo no período 2006/2012 (ver gráfico 5), e o mesmo tem acontecido na participação desses setores na indústria de transformação brasileira no mesmo intervalo de tempo (ver gráfico 6). Finalmente, quando se analisa a remuneração média do trabalhador entre 2006 e 2012, enquanto no total de empregos do Brasil a variação foi de 62,7%, no setor têxtil esse índice chegou 58,6%, e no de vestuário, a 72,1% (ver gráfico 7). Em resumo, conforme foi mostrado na matéria, os setores têxtil e do vestuário estão passando por um claro processo de desindustrialização, com a perda de competitividade se refletindo na queda da produção e do emprego, e caso não aconteçam reformas estruturais, como a tributária e a trabalhista, mais investimentos em educação profissional e acordos internacionais comerciais para o setor, dificilmente o quadro será revertido.

Evolução da Participação do Emprego Formal das Indústrias Têxtil e Vestuário no Total de Emprego Formal Brasileiro (2006 - 2012) Têxtil

Gráfico 6 Evolução da Participação do Emprego Formal das Indústrias Têxtil e Vestuário na Indústria de Transformação Brasileira (2006 - 2012)

Gráfico 5

Vestuário

Têxtil

1,62

1,62

1,62

1,58

1,60

1,52

1,46

0,83

0,81

0,77

0,72

0,71

0,65

0,63

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Fonte: Rais/MTE Elaboração: Ideies/Findes

Vestuário 8,95

8,86

8,64

8,61

8,72

4,43

4,33

4,15

4,06

3,97

3,73

3,66

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

1.169,6

Têxtil

1.240,6 909,4

562,9

606,1 2007

Fonte: Rais/MTE Elaboração: Ideies/Findes

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Gráfico 7

1.903,1

Total de salários

866

2006

8,53

Fonte: Rais/MTE Elaboração: Ideies/Findes

Evolução da Remuneração Média Mensal (R$ nominal) por trabalhador das Indústrias Têxtil e Vestuário (2006 - 2012) Vestuário

8,68

1.733,2

1.357,3 993,2 659,2

2008

1.461,2

1.065,3 718,9

2009

1.588,4

1.149,7 789,4

2010

1.267,1

1878,4

2011

1.373,2

968,7

2012


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Índice de Confiança do industrial capixaba de abril de 2014 é o menor desde meados de 2013

O

Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), alcançou 48,9 pontos em abril de 2014, o menor valor desde julho de 2013, representando uma queda de 3,6 pontos em relação ao mês anterior. O resultado acentua a trajetória de deterioração do indicador, que há oito meses não ficava abaixo da linha divisória de 50 pontos, e sinaliza a baixa confiança do industrial capixaba. O decréscimo foi influenciado

tanto pelo indicador de condições atuais quanto pelo de expectativas, já que ambos recuaram. Na comparação com abril de 2013, cujo indicador era de 52,8 pontos, o ICEI teve queda de 3,9 pontos (ver gráfico 1). No Brasil, o ICEI levantado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) também vem seguindo a mesma trajetória de queda, estando praticamente igual ao do Espírito Santo, chegando ao patamar de julho de 2013. O ICEI da indústria brasileira decresceu em abril de 2014, frente ao mês anterior

Evolução do Índice de Confiança do Empresário Industrial - ICEI Espírito Santo e Brasil (em pontos)

Gráfico 1

ICEI do Espírito Santo ICEI do Brasil 55,4

55,8

55,5 54,2

55,1

54,8

53,8

54

52,5

52,8 49,9

54,2

54,5 54,4

54,3

53,1

53,2

53,1 52,4

52

51,3

52,5 52,5 49,2 48,9

48,3 abr/13

mai/13

jun/13

jul/13

ago/13

set/13

out/13

nov/13

dez/13

jan/14

fev/14

mar/14

abr/14

Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI

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(-3,3 pontos) e se posicionou abaixo da linha divisória de 50 pontos (49,2 pontos). De acordo com a CNI, a falta de confiança desestimula o investimento e sinaliza que a indústria permanecerá com dificuldades para reencontrar o caminho de uma recuperação sustentada. Em relação a abril de 2013, cujo índice era de 55,4 pontos, o ICEI caiu 6,2 pontos. O ICEI do Brasil é composto pelas informações de Condições Gerais da Economia Brasileira, Condições Gerais da Empresa, Expectativas da Economia Brasileira e Expectativas da Empresa. O indicador do Espírito Santo inclui mais duas questões: Condições Gerais do Estado e Expectativas do Estado. Percepção do Empresário Industrial - Condições Atuais As condições atuais, cujo indicador é apurado com base na percepção dos industriais capixabas em relação à economia, ao Estado e à própria empresa, apresentaram piora em abril de 2014 frente ao mês anterior (-4,1 pontos) e continuam na faixa inferior a 50 pontos (40,5 pontos). A redução foi influenciada por todos os itens que compõem o indicador: condições da economia brasileira (-5,8 pontos), condições do Estado (-4,4 pontos) e condições da empresa (-3,6 pontos). Essas quedas afastaram ainda mais os itens da linha divisória de 50 pontos, deixando-os em níveis bem baixos: condições da economia brasileira (31,5 pontos), condições do Estado (35,7 pontos) e condições da empresa (43,5 pontos). Na comparação com os resultados de abril de 2013, houve retração no indicador de condições atuais (-4,5 pontos) e nos itens que o compõem. As condições atuais da indústria nacional também pioraram em abril de 2014, em relação ao mês anterior (-3,5 pontos), levando o indicador a permanecer na faixa inferior a 50 pontos (41,2 pontos). O decréscimo refletiu as percepções quanto às “condições da economia brasileira” (-4,3 pontos) e às “condições atuais da empresa” (-3,3 pontos). Ambos se situaram na faixa inferior a 50 pontos. Abril de 2014 comparado a abril de 2013 também mostrou queda no indicador de condições (-5,6 pontos) e nos dois itens que compõem esse indicador. Ver tabela 1.

Indicador de Condições Atuais

Tabela 1

ESPÍRITO SANTO

BRASIL

abr/13 mar/14 abr/14 abr/13 mar/14 abr/14

Condições atuais1

45,0

44,6

40,5

46,8

44,7

Economia Brasileira

40,0

37,3

31,5

43,2

38,6

34,3

Estado

37,4

40,1

35,7

-

-

-

Empresa

48,6

47,1

43,5

48,6

47,9

44,6

Maio 2014 – Nº 19 – Ano 4

Tabela 2

ESPÍRITO SANTO

BRASIL

abr/13 mar/14 abr/14 abr/13 mar/14 abr/14 56,7

56,3

53,2

59,6

56,4

53,3

Economia Brasileira

50,4

47,0

42,3

54,1

48,4

44,5

Estado

51,2

49,7

46,8

-

-

-

Empresa

59,8

59,9

57,7

62,4

60,4

57,7

Expectativas2 Com relação à:

Para os próximos seis meses Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI

2

Percepção do Empresário Industrial Expectativa para os próximos seis meses Os empresários da indústria estadual estão bem menos otimistas em relação aos próximos seis meses, pois o indicador de expectativas caiu 3,1 pontos em abril de 2014, relativamente ao mês anterior, contudo permaneceu acima da linha divisória de 50 pontos (53,2 pontos). Esse índice foi o menor de toda a série histórica, recalculada a partir de 2010. Todos os itens de expectativas que o compõem retrocederam: em relação à economia brasileira (-4,7 pontos), ao Estado (-2,9 pontos) e à empresa (-2,2 pontos). Apenas o indicador de expectativa em relação à empresa se posicionou acima da linha divisória de 50 pontos (57,7 pontos). Os indicadores de expectativa em relação à “economia brasileira” e ao “Estado” se posicionaram abaixo: 42,3 pontos e 46,8 pontos, respectivamente. Frente a abril de 2013, a queda foi de 3,5 pontos, e todos os itens que integram o indicador também decresceram. O indicador de expectativas da indústria brasileira também mostrou queda em abril de 2014, em comparação ao mês anterior (-3,1 pontos), mas se manteve na faixa superior a 50 pontos (53,3 pontos), atingindo o menor valor em cinco anos. Retrocederam os itens “com relação à economia brasileira” (-3,9 pontos) e “com relação à empresa” (-2,7 pontos). Apenas o segundo se situou acima da linha divisória de 50 pontos (57,7 pontos). Na comparação com o mesmo mês de 2013 a queda no indicador de expectativa foi de 6,3 pontos, influenciada pelos dois itens que o compõem. Ver tabela 2.

41,2

Com relação à:

1 Em comparação com os últimos seis meses Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI

Indicador de Expectativas

- Os indicadores variam no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam situação melhor ou expectativa otimista. - A pesquisa é realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), sob a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e contou nesse mês com a participação de 80 empresas capixabas (21 pequenas, 41 médias e 18 de grande porte). Dessas, 17 empresas pertencem à indústria da construção.


Análise – Ideies

Foto: Vale

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A indústria capixaba no 1º trimestre de 2014 e seu desempenho nos últimos sete anos

Fonte e elaboração: Ideies/ Findes/CNI

FATURAMENTO REAL O faturamento real da indústria capixaba registrou crescimento no 1º trimestre de 2014, em relação ao 1º trimestre de 2013 (+6,1%), impulsionado principalmente pelos avanços dos setores de extração mineral (+26,2%), celulose e papel

(+22,8%) e vestuário (+20,1%). Considerando os últimos sete anos, observaram-se aumentos em 2008, 2010 e 2011 e decréscimo nos demais anos. A maior alta ocorreu em 2010 (+24,3%), e a maior queda em 2009 (-25,3%).Ver gráfico 1.

Faturamento Real da Indústria Geral do Espírito Santo

Gráfico 1

Variação acumulada no ano em relação ao ano anterior (%) 24,3

8,8

6,1

-0,3

0,9 -1,7 -13,2 -25,3

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

1º Trim. de 2014

Maio 2014 – Nº 19 – Ano 4


Análise – Ideies

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NÍVEL DE UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA O nível médio de utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria estadual se situou em 79,6% no 1º trimestre de 2014, apenas 0,2 ponto percentual acima da média dos três primeiros meses de 2013, que ficou em 79,4%. Contribuíram para esse resultado os setores de derivados de petróleo e biocombustíveis/ álcool (+10,9%), móveis (+5,1%) e impressão e reprodução (+4,2%), principalmente. Na análise da média anual da série de 2007 a 2013, o índice mais alto foi observado em 2007 (85,5%), e o mais baixo em 2009 (79,8%). Ver gráfico 2. Gráfico 2 Nível Médio de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria Geral do Espírito Santo

MASSA SALARIAL REAL A massa salarial real da indústria do Espírito Santo recuou no 1º trimestre de 2014 em relação ao 1º trimestre de 2013 (-4,3%), influenciada, principalmente, pelos maiores pagamentos realizados em 2013 nos setores de celulose e papel (-10,5%) e indústria extrativa (-10,3%). No acumulado do ano da série analisada (2007 a 2013), houve crescimento em todos os anos, destacando-se 2008, com alta de 26,5% (ver gráfico 3).

Massa Salarial Real da Indústria Geral do Espírito Santo

Gráfico 3

Variação acumulada no ano em relação ao ano anterior (%) 26,5

85,5 84,1

83,9

83,1

83,4 9 80,2

79,8

6,2

7,6

6,7

9,6

11,4

79,6

-4,3 2007

2008

2009

2010

Fonte e elaboração: Ideies/ Findes/CNI

2011

2012

2013

1º Trim. de 2014

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

1º Trim. de 2014

Fonte e elaboração: Ideies/ Findes/CNI

Foto: Petrobras

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Análise – Ideies

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RENDIMENTO MÉDIO REAL O rendimento médio real da indústria do Estado, apurado por meio da relação entre a massa salarial e o pessoal ocupado, decresceu no 1º trimestre de 2014 frente ao 1º trimestre de 2013 (-7,3%). O indicador vinha apresentando alta no acumulado do ano em toda a série analisada, sendo que o maior acréscimo ocorreu em 2008 (+19,7%). Ver gráfico 4.

Horas Trabalhadas na Produção da Indústria Geral do Espírito Santo

Variação acumulada no ano em relação ao ano anterior (%) 8,7 3,9

4,7

4,1 1,1

Rendimento Médio Real da Indústria Geral do Espírito Santo

Gráfico 5

2,4

2

2012

2013

Gráfico 4

-6,7

Variação acumulada no ano em relação ao ano anterior (%) 2007

19,7

2008

2009

2010

2011

1º Trim. de 2014

Fonte e elaboração: Ideies/ Findes/CNI

6,4

5

4,7

6

8,4

7,8

-7,3 2007

2008

2009

Fonte e elaboração: Ideies/ Findes/CNI

2010

2011

2012

2013

1º Trim. de 2014

HORAS TRABALHADAS NA PRODUÇÃO As horas trabalhadas na produção da indústria capixaba registraram um aumento de 4,7% no 1º trimestre de 2014 em relação ao 1º trimestre de 2013, impulsionadas em grande parte pelos aumentos nos setores de derivados de petróleo e biocombustíveis/álcool (+31,2%) e metalurgia (+17,8%). O indicador apresentou crescimento no acumulado do ano em toda a série analisada, exceto em 2009, cuja queda foi de 6,7%. O maior acréscimo ocorreu em 2010 (+8,7%). Ver gráfico 5.

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Análise – Ideies

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Custo do Trabalho na Indústria Geral do Espírito Santo

Gráfico 7

Variação acumulada no ano em relação ao ano anterior (%)

PRODUTIVIDADE A produtividade da indústria estadual, apurada por meio da relação entre o faturamento e as horas trabalhadas na produção, aumentou 1,3% no 1º trimestre de 2014 quando comparada ao 1º trimestre de 2013. No período de 2007 a 2013, variações positivas no acumulado do ano só ocorreram em 2008 e 2010, sendo esta última a de maior intensidade (+14,4%). Já o maior decréscimo se verificou em 2009 (-19,9%). Ver gráfico 6.

32,7

29,3

21 15,6

13,5 6,9

-5,5

-5,9 2007

Produtividade na Indústria Geral do Espírito Santo

2009

2010

2011

2012

2013

1º Trim. de 2014

Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI Custo do Trabalho = Massa Salarial/ Produtividade

Variação acumulada no ano em relação ao ano anterior (%) 14,4

4,5 1,3 -0,2 -3,7

-4

2008

Gráfico 6

CUSTO DO TRABALHO O custo do trabalho na indústria capixaba, obtido por meio da relação entre a massa salarial e a produtividade, decresceu no 1º trimestre de 2014, em relação ao 1º trimestre de 2013 (-5,5%). Nos demais anos da série considerada, somente 2010 contabilizou queda (-5,9%). Os anos de 2009 e 2012 apresentaram os maiores acréscimos: 32,7% e 29,3%, respectivamente (ver gráfico 7).

-15,2 -19,9 2007

2008

2009

2010

Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI Produtividade = Faturamento total/Horas trabalhadas

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2011

2012

2013

1º Trim. de 2014

A pesquisa é realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), sob a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa, cuja amostra é selecionada pela CNI, contou nesse mês com a participação de 92 empresas capixabas.


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Análise – Ideies

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