Terceirização: Sondagem especial no Espírito Santo
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Indicadores da indústria capixaba no primeiro semestre de 2014
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Publicação do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo – Ideies – Entidade do Sistema Findes – Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
Análise – Ideies
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Carta Ideies
Economia criativa ainda é um conceito em evolução Caro leitor, O conceito de economia criativa é muito novo, não existindo uma definição única para tal. Parece que há apenas uma unanimidade: as indústrias criativas fazem parte da economia criativa. Assim mesmo, algumas localidades, instituições internacionais ou nacionais e cada setor acadêmico colocam as indústrias culturais como parte das indústrias criativas, enquanto outros fazem uma desassociação entre elas. Por esse motivo, apresentamos, neste número da revista Análise, vários modelos envolvendo tanto as indústrias criativas como os setores tradicionais que formam a chamada economia criativa e são utilizados desde o primeiro, criado no Reino Unido pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esporte (DCMS, na sigla em inglês), em 1998, até o proposto pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) em 2008 e atualizado em 2010, que teve por base o modelo desenvolvido pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) em 2008. Também trazemos, nesta edição, o resultado de uma sondagem especial realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) sobre a terceirização na indústria capixaba, no qual destaca a insegurança jurídica como a principal dificuldade enfrentada pelas empresas. Por último, a matéria sobre os indicadores da indústria capixaba no primeiro semestre deste ano mostra que o faturamento médio real cresceu, mas o mesmo não ocorreu com a massa salarial e o rendimento médio real, que retraíram. Boa leitura! Doria Porto Diretor-executivo do Ideies
Publicação do Ideies • SETEMBRO 2014 • nº 21 • ano 04
Diretoria Plenária 2014 – 2017 Presidente da Findes – Marcos Guerra 1º Vice-presidente da Findes – Gibson Barcelos Reggiani 2º Vice-presidente da Findes – Aristoteles Passos Costa Neto 3º Vice-presidente da Findes – Benízio Lázaro 1º Diretor administrativo da Findes – Elcio Alves 2º Diretor administrativo da Findes – Luciano Raizer Moura 3º Diretor administrativo da Findes – José Augusto Rocha 1º Diretor financeiro da Findes – Tharcicio Pedro Botti 2º Diretor financeiro da Findes – Ronaldo Soares Azevedo 3º Diretor financeiro da Findes – Flavio Sergio Andrade Bertollo
Diretores Almir José Gaburro • Atilio Guidini • Elias Cucco Dias Emerson de Menezes Marely • Ennio Modenesi Pereira II Jose Carlos Bergamin • José Carlos Chamon • Luiz Alberto de Souza Carvalho • Luiz Carlos Azevedo de Almeida • Luiz Henrique Toniato • Loreto Zanotto • Mariluce Polido Dias • Neviton Helmer Gasparini • Ocimar Sfalsin • Ortêmio Locatelli Filho Ricardo Ribeiro Barbosa • Samuel Mendonça Sérgio Rodrigues da Costa • Silésio Resende de Barros Tullio Samorini • Vladimir Rossi
Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo Presidente Marcos Guerra Diretor para Assuntos do Fortalecimento Sindical e da Representação Empresarial Egídio Malanquini Diretor-executivo do Ideies Antonio Fernando Doria Porto Coordenadoria de Gestão da Informação – CGI Cintia Peterle Tavares Pedruzzi Coordenadoria de Gestão Estratégica – CGE Marcela Moulin Brunow Freitas Coordenadoria de Gestão do Conhecimento - CGC Aline Elisa Cotta Davila Coordenadoria de Economia Criativa – CEC Karina Goldner Fideles Biriba
Equipe de Produção: Antonio Fernando Doria Porto • Cintia Peterle Tavares Pedruzzi Andressa Kelly de Oliveira • Cleide Maria Perin Motta Flaviana Silva de Oliveira Santos
Contatos: Endereço: Avenida Nossa Senhora da Penha, nº 2.053, Ed. Findes - 3º andar Bairro: Santa Lúcia, Vitória/ES - CEP: 29.056-913 Telefone: (27) 3334-5626 - site: www.ideies.org.br Siga o Ideies no Twitter: @Ideies
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Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
Análise – Ideies
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Modelos de indústrias criativas
A
economia criativa, um conceito em evolução, é centrada sobre a dinâmica das indústrias criativas. Não existe uma definição única da economia criativa, nem há um consenso quanto ao conjunto de conhecimentos baseados em atividades econômicas em que as indústrias criativas têm como pilares. No coração da economia criativa encontram-se as indústrias criativas. Nos últimos anos, vários sistemas de classificação e modelos foram desenvolvidos para mostrar o entendimento das características estruturais da economia e das indústrias criativas. Cada um deles leva a uma classificação diferente das indústrias que pertencem ao núcleo e das que estão no entorno recebendo influência e contribuindo para a chamada economia criativa. Dentre todos os modelos, destacam-se: Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
Modelo DCMS 13 Em 1998, o Departamento de Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido (DCMS, na sigla em inglês) lançou o documento “Mapeamento das Indústrias Criativas”, definindo o que são indústrias criativas e priorizando os indicadores para medir a contribuição destas para a economia, além de analisar as oportunidades e desafios enfrentados para desenvolvê-las. Esse relatório foi atualizado em 2001. A partir daí, muitos estudos sobre o desenvolvimento das indústrias criativas em nível nacional, regional ou local foram feitos ao redor do mundo. No Reino Unido, as indústrias criativas são definidas como “as que exigem habilidade, criatividade e talento, com o potencial de riqueza e a criação de emprego por meio da exploração de sua propriedade intelectual”.
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O modelo DCMS13 é composto por 13 setores e lista todas as atividades que estão relacionadas com cada um deles, a partir de três aspectos: núcleo das atividades, atividades relacionadas, e indústrias relacionadas. Cada classificação foi detalhada para que os pesquisadores pudessem facilmente separar as indústrias criativas das tradicionais e encontrar dados para medir a contribuição delas (ver os detalhes na tabela 1). O modelo DCMS13 destaca alguns indicadores para medir a contribuição das indústrias criativas para a economia:
mprego: emprego em tempo integral dentro das indústrias E criativas, de acordo com as classificações das atividades profissionais oficiais; Atividade-fim: número de empresas, volume de negócios e grau de concentração das indústrias criativas; Contribuição para o PIB: medida de acordo com as tabelas nacionais de entradas e saídas, ou através de pesquisas especializadas; Valor das exportações: O valor das exportações das indústrias criativas obtido a partir de estatísticas oficiais de exportação de produtos e serviços. Tabela 1
As atividades criativas incluídas no Modelo DCMS SETOR
Publicidade
Arquitetura
Artes
ATIVIDADES PRINCIPAIS
ATIVIDADES RELACIONADAS
INDÚSTRIAS RELACIONADAS
Pesquisa de consumo e perspectivas; Gestão de cliente marketing; Atividades/ planos de comunicação; Identificação de gostos e respostas dos consumidores; Criação de publicidade e promoções; Campanhas de RP; Planejamento de mídia, compra e avaliação; Produção de matérias de publicidade.
Estúdios criativos e autônomos; Facilidades de edição; Panfletos/publicações; Fotografias; Filmagem e gravação digital; Produção de multimídia e internet; Consultoria de marketing; Exibições.
Relações Públicas; Promoções Rádio – filme Pesquisa de Mercado.
Construção do design; Aprovação de planejamento; Informação da produção.
Ambiente estrutural, paisagem e outros; Especialista e design; Planejamento urbano; Custo, planejamento e controle da construção; Conservação do patrimônio; Sumário escrito, Estudos de viabilidade; Gestão de design; Avaliação de concurso; Documentação; Monitoramento da construção; Internet/comércio eletrônico.
Construção; Engenharia estrutural; Levantamento de quantidade serviços prediais.
Comércio em arte e antiguidades, incluindo pinturas, esculturas; trabalhos em papel; Belas Artes (ex. tapeçarias); Coleção; Massa que produz cerâmica e artigos de vidro; Brinquedos e casas de boneca; Publicidade/embalagens; Alta costura. Antiguidades têxteis; Armas e armadura; Trabalhos com metais; Livros; Ligações; Assinaturas e mapas; Comércio por meio de leilão, galerias, feiras especializadas, lojas, armazéns, lojas de departamento e internet. Fornecimento de materiais; Distribuição venda e varejo. Venda on-line; Embalagem e exposição; Feira de artesanatos; Lojas de artesanato e livros; Ferramentas e maquinários.
Design de moda; Mercado de Arte e Antiquários; Merchandising (Mercadoria); Turismo.
Design
Consultoria em design (inclusive serviços; identidade da marca; Identidade corporativa; design de informação; desenvolvimento de novo produto); Componentes do design da indústria; Design de interior e ambiente.
Belas Artes; Design Gráfico; Design de Moda; Artesanatos (mercado de móveis em pequena escala); Multimídia; Design de web site e mídia digital; Gráficos televisivos; Design da indústria de transformação; Pesquisa e desenvolvimento com indústria; Modelagem e feitura protótipo.
Consultoria e gestão de relações públicas; arquitetura; embalagem; Design de moda; Publicidade; Móveis e adereços; Produtos de cuidados pessoais; Transporte; Remédios; Eletrônicos; Bens da moda e de luxo; Recursos financeiros; Telecomunicações; Produtos farmacêuticos; Setor público; Comidas e bebidas; Bens de Consumo; Varejo.
Moda
Design de roupa; Fabricação de roupas para exibição; Consultoria e difusão de linhas.
Publicação de revista; Design educacional; Design gráfico; Fotografia de moda; Cuidados com o cabelo e cosméticos; Design de criação de perfumes; Modelagem.
Produtos têxteis; Roupas; Fabricação; Principais ruas comerciais para a venda de roupas.
Artesanato
Criação; produção e exibição de artesanatos. Produtos têxteis, cerâmicas; Joias/pratas; Metal; Vidro.
Feiras e exibições; Transporte; Restauração; Impressão; Fotografia; Seguro; Negócios bancários; Lei; Turismo.
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SETOR
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ATIVIDADES PRINCIPAIS
ATIVIDADES RELACIONADAS
INDÚSTRIAS RELACIONADAS
Roteiro; Produção; Distribuição; Exibição.
Trilhas Sonoras; Promoção; Design de construção; Restauração; Fabricação de equipamento; Fotografia; Iluminação; Gravação de som; Design de roupa; Venda de filme e vídeo; Direitos de distribuição; Armazenamento e entrega de filme e fitas; Pedido de vídeo; Distribuição de filme digital; Sites de filmes; Pós-produção/ Efeitos especiais; Jogos de computador; Multimídia e mídia digital.
Televisão; Produção de filme para TV; Música; Publicação; Publicidade; Mídia digital; Artes cênicas; Mercadorias; Treinamento.
Desenvolvimento de jogos; Publicação; Distribuição; Venda a varejo.
Sequência de vídeos (usando atores, diretores, equipe); Trilhas sonoras; Jogos digitais de TV; Jogos on-line; Jogos para celular; Distribuição e varejo de produtos de consoles de games; Merchandising; Roupas, miniaturas e colecionáveis
Televisão; Software; Internet; Filme e vídeo; Música; Venda a varejo; Publicação; Esportes.
Música
Produção, distribuição e venda de gravações de músicas; Administração de direitos autorais e gravações; Apresentação ao vivo (não clássico); Gestão, representação e promoção; Letras de música e composição.
Impressão de música; Conteúdo multimídia; Distribuição e venda de música digital via internet; Música para jogos e computador; Estúdios de arte e criação; Produção, distribuição e venda de música impressa; Produção, venda e distribuição de instrumentos musicais; produção de jingle; Fotografia; Educação e treinamento.
Internet/ Comércio eletrônico; Publicação; Televisão e rádio; Filme e vídeo; Publicidade; Artes cênicas; Software de lazer interativo; Serviços de software e de computador.
Artes Cênicas
Conteúdo original; Produção cênica; Apresentação ao vivo de balé; Dança contemporânea, dramática, musical e ópera; Arte itinerante; Design e produção de figurino; Iluminação.
Turismo, Bares e restaurantes; Patrocínio de negócios; Gestão de festivais; Gestão de locais de teatros, salas, lugares de divertimento público; Educação, música da comunidade; Merchandising; Restauração; Trilhas sonoras; Publicação de programa.
Música, televisão e radio; Design, Filme e vídeo; Publicação; Efeitos especiais.
Publicação de livros originais; Publicação de revista de ensino; Publicação de jornais; Publicação de revistas digitais.
Mídia digital e internet; Produção de disco com base na mídia; Armazenamento eletrônico; Educação e biblioteca; Pesquisa de mercado; Consultoria de gestão, Pesquisa acadêmica; Distribuição e impressão de papel e fabricação de tinta; Exibição e conferências; Programação de cabeçalhos.
Televisão e rádio; Música; Software de lazer interativo; Serviços de software e computador. Filme e vídeo; Internet e mídia digital.
Desenvolvimento de softwares; Integração de sistemas; Design e análise de sistemas; Design e arquitetura de software; Gestão de projetos/ Design de infraestrutura.
Gestão de instalações; Consultoria e treinamento; Fornecimento de pessoal contratado; Software e equipamentos de trabalho; Manutenção de software; Desin, produção e manutenção de software; Fornecimento e distribuição de informação; Serviços de comunicação; Pesquisa e desenvolvimento.
Consultoria de gestão; Telecomunicação; Internet e mídia digital; Software de lazer interativo; Televisão e rádio; Música; filme e vídeo; Design; Arquitetura.
Produção; Programa e acondicionamento (biblioteca, vendas e canais); Radiodifusão (agendamento e vendas na mídia); Transmissão.
Internet e rádio digital; Radiodifusão da mídia digital; Televisão interativa e digital; Jogos de computador; mídia digital e multimídia; Gravadores de vídeo pessoais; Pedido de vídeo; Arte e estúdios criativos. Empresas de RP, Produção de comerciais, fotografia, fornecimento de hardware.
Televisão; Produção de filme para TV; Música; Publicidade; Mídia digital; Artes cênicas; Mercadorias; Treinamento.
Filme e Vídeo
Lazer Interativo e Software
Publicação
Serviços de Software e Computador
Televisão e Rádio
Modelo de Círculos Concêntricos Esse modelo baseia-se na proposição de que o valor cultural dos bens culturais é a característica distintiva das indústrias criativas. Nele, as ideias criativas se originam no núcleo de artes criativas, na forma de texto, som e imagem, e essas ideias se difundem através de uma série de camadas ou “círculos concêntricos” (ver figura 1). Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
Em 2001, David Throsby introduziu o termo “valores expressivos” para ampliar o entendimento e o significado cultural, abrangendo todas as dimensões no campo das ideias, incluindo o valor estético, o valor espiritual, o valor social, o valor histórico, o valor simbólico e o valor da autenticidade dos produtos e serviços culturais.
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v
MODELO DE CÍRCULOS CONCÊNTRICOS (THROSBY)
Figura 01
Indústrias culturais mais abrangentes:
Principais artes criativas: Artes de performance Artes visuais Literatura
trias Relacionad as Indús
Gráfica/Publicações Rádio/TV Exibições cinematográficas Gravação de áudio
Ou tr
is ipa
rais mais ab ran Cultu s a gen i tr s tes ú d ias Criativas In r t s ú Pri Ind nc s a
Principais Artes Criativas
Indústrias Relacionadas: Publicidade Arquitetura Vestuário/Moda/Design
Outras indústrias criativas principais: Museus, biblioteca, serviços fotográficos, produção de filmes, Serviços para as artes
Fonte – Throsby, 2005:5
Modelo da KEA European Affairs Em 2006, a empresa KEA European Affairs (consultora belga especializada em cultura, criatividade, mídia e esportes) elaborou o estudo “A Economia da Cultura na Europa” para a Comissão Europeia, cujo primeiro passo foi definir quais setores e atividades seriam analisados, o que não foi considerado uma tarefa fácil, dadas as divergências de abordagens nacionais e internacionais sobre essa questão. Nesse estudo, no âmbito das chamadas “indústrias culturais tradicionais” (cinema, música e publicações), foram incluídos e os meios
de comunicação (imprensa, rádio e televisão), os setores criativos (design de interiores e moda) e os campos tradicionais das artes (artes cênicas, artes visuais e patrimônio). O estudo também abordou o impacto do setor cultural no desenvolvimento de indústrias relacionadas como o turismo cultural e indústrias de tecnologia da informação e comunicação (TIC), as mais importantes. Ainda explorou as relações entre cultura, criatividade e inovação. Para isso, o estudo incluiu os setores culturais os criativos (ver tabela 2). Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
Análise – Ideies
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Modelo da KEA European Affairs CÍRCULOS
Tabela 2
SETORES
SUBSETORES
Artes visuais
Artesanatos - pintura - escultura - fotografia.
Artes cênicas
Teatro - dança - circo - festival.
Patrimônio
Museus - bibliotecas - sítios arqueológicos - arquivos.
Filmes e vídeos
–
TV e rádio
–
Videogames
–
Música
Mercado de música gravada, Desempenhos de apresentações ao vivo, receitas de sociedades de gestão coletiva visuais no setor de música
Livros e impressão
Publicação de livros, publicações de revistas e impressão
Design
Design de moda, Design gráfico, Design de interior, Design de produto.
Arquitetura
–
Publicidade
–
Campo do Núcleo das Artes
Círculo 1: Indústrias Culturais
Círculo 2: Indústrias e Atividades Criativas
Círculo 3: Indústrias Relacionadas
Fabricantes de PC/ fabricantes de MP3 player, indústria de celular, etc.
Modelo da The Work Foundation Em 2007, o modelo da The Work Foundation (Reino Unido) foi construído com base na noção de “valor expressivo” de Throsby, bem como na análise realizada pela empresa de consultoria KEA, que criou uma tipologia e um modelo de indústrias criativas para a Comissão Europeia (detalhado anteriormente). Nesse modelo, as indústrias criativas são mapeadas por meio de uma série de círculos concêntricos que saem do núcleo de criação de “valor expressivo”. A tipologia estilizada das indústrias criativas apresenta a relação entre os campos do núcleo criativo, as indústrias culturais, as indústrias criativas e o restante da economia, bem como a noção de valor expressivo e saídas ao contrário do modelo de círculos concêntricos originais. O modelo destaca as conexões, semelhanças e pontos de diferenciação entre os “campos do núcleo criativo”, as “indústrias culturais” e as “indústrias criativas” (ver figura 2). Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
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CARACTERíSTICAS • Atividades não industriais • As produções são prototípicas e "potencialmente trabalhos de direitos autorais" (Isto é, esses trabalhos têm uma alta densidade de criação que seria elegível com os direitos autorais, mas eles não estão, sistematicamente, protegidos, como é o caso da maioria dos trabalhos artesanais, algumas produções de artes cênicas e artes visuais, etc,
• Atividades industriais com o objetivo de reprodução maciça • Produções baseadas nos direitos autorais.
• Atividades não necessariamente industriais e que devem ser prototípadas • Embora as produções sejam baseadas nos direitos autorais, elas devem incluir outros insumos de propriedades intelectuais (marca registrada, por exemplo) • O uso da criatividade (habilidades criativas e pessoas criativas originárias nas artes e nos campos das indústrias culturais) é essencial para os artistas desses setores culturais. • Esta categoria é solta e impossível de circunscrever sob as bases de critérios claros. • Envolve muitos outros setores econômicos que são dependentes dos “círculos” prévios, tais como o setor de TIC
O “olho de boi” (núcleo criativo de valor expressivo) representa onde o conteúdo criativo puro é gerado. Esse é o domínio do autor, pintor, cineasta, dançarino, compositor, ator, artista, e desenvolvedor de software. Em termos da classificação atual da indústria, as artes voltadas para espetáculo, artes, antiguidades e artesanato estão situadas nessa parte do diagrama, como está a criação de puro conteúdo de qualquer uma das indústrias criativas. O círculo seguinte, o das indústrias culturais, representa as indústrias que se concentram, principalmente ou exclusivamente, na comercialização de valor expressivo puro na classificação industrial, tais como música, televisão, rádio, publicações, jogos de computador e filmes. O próximo círculo concêntrico representa o foco das indústrias criativas. Estas são, analiticamente, primas de primeiro grau das
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indústrias culturais. Distintas, porém pertencentes à mesma família de atividades. Arquitetura, design, moda, serviços de software para computador e publicidade são todas atividades consideradas indústrias criativas.Elas envolvem valores tanto expressivos como funcionais. Tendem a responder às demandas dos clientes que solicitam ofertas criativas e se constituem em insumos intermediários de outros setores da economia. As indústrias criativas e culturais são altamente capilares. As pessoas podem seguir carreiras em ambas, pois cada vez mais existe uma colaboração entre elas. Há também muitas interdependências, como despesas financeiras com publicidade, comercial de TV e de rádio, o que acabam interligando-as. Além disso, as indústrias criativas são uma importante ponte para o restante da economia. Um número crescente de designers, publicitários e desenvolvedores de software não trabalham apenas dentro de empresas situadas nas indústrias criativas mas, também, em outros setores econômicos. O último círculo concêntrico representa a criatividade no restante da economia e as ligações que existem entre ela e as indústrias criativas.
O modelo ajuda a descrever toda a ambiência criativa atual porque, na presente era da economia do conhecimento, certos países têm indústrias criativas mais ou menos bem-sucedidas, conforme se destacam a seguir: Núcleo criativo: o país que tem altos níveis de habilidades individuais, coletivos artísticos e criativos pode criar produtos culturais que possuam alta demanda e alta qualidade, por causa da força do núcleo criativo onde esses produtos são concebidos. Indústrias culturais: um país com criatividade e com força em seus produtos culturais fornece forte conteúdo (uma série de TV, por exemplo) para as organizações dentro de uma visão mais ampla de indústrias criativas. Indústrias criativas: Produtos de alta qualidade cultural podem atrair, por exemplo, publicidade inovadora que os tornam acessíveis com um preço favorável ao consumidor, com distribuição via internet e sendo disponibilizados através de uma mídia inovadora. Restante da economia: Como as pessoas ficam entusiasmadas com as mídias de alta qualidade, querem comprar mais produtos por meio de canais de distribuição (como é o caso atual dos sites de venda em grupo).
MODELO DO RELACIONAMENTO ECONÔMICO ENTRE AS INDÚSTRIAS CRIATIVAS E O RESTANTE DA ECONOMIA
Figura 2
o da economia O rest e ativid ades c
ústrias Culturai Ind s
Centro do conteúdo criativo:
Resultados comerciais possuem um alto nível de valor expressivo e invocam proteção com os direitos autorais.
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Fonte: The Work Foundation
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Modelo da Unctad (Conferência das Nações O Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, 2010) Em 2004, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), durante a Unctad XI na cidade de São Paulo, colocou o tema das indústrias criativas na agenda econômica internacional. Para a entidade, as indústrias criativas: São os ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam a criatividade e capital intelectual como insumos primários; C onstituem um conjunto de atividades baseadas no conhecimento, com foco nas artes, mas não se limitando a elas, potencialmente gerando uma receita do comércio e dos direitos de propriedade intelectual; Compreendem produtos tangíveis e intangíveis, serviços intelectuais ou artísticos com conteúdo criativo, valor econômico e objetivos de mercado; Estão no cruzamento do artesão, serviços e setores industriais; Constituem um novo setor dinâmico do comércio mundial. A Unctad, em seu “Relatório sobre a Indústria Criativa 2010”, atualizando o primeiro documento sobre tema em 2008, destaca que as indústrias criativas dependem da ampliação do conceito
de “criatividade”, vindo de ações que possuem uma forte componente artística para “qualquer atividade que fabrique produtos simbólicos com uma expressiva dependência da propriedade intelectual e de um mercado tão amplo quanto possível” (Unctad, 2004). A Unctad ainda faz uma distinção entre “atividades a montante” (atividades culturais tradicionais, como artes cênicas ou artes visuais) e “atividades a jusante” (muito mais próximas do mercado, como a publicidade, a publicação ou atividades relacionadas à mídia) e argumenta que o segundo grupo deriva seu valor comercial a partir de custos baixos de reprodução e fácil transferência para outros domínios econômicos. Assim, a Unctad coloca as indústrias culturais como um subconjunto das indústrias criativas. Conforme a entidade, “as indústrias criativas são vastas em alcance, lidando com a interação entre vários setores. Eles vão desde atividades criativas enraizadas no conhecimento tradicional e no patrimônio cultural, tais como artesanato, arte e festividades culturais, até a tecnologias e serviços orientados para subgrupos, tais como audiovisuais e as novas mídias”. A Unctad classifica as indústrias criativas em quatro grandes grupos: patrimônio, artes, mídia e criações funcionais. Estes foram subdivididos em nove subgrupos (ver figura 3).
Classificação Unctad das Indústrias Criativas
Figura 3
PATRIMÔNIO
Sítios culturais:
sítios arqueológicos, museus, biblioteca, exposição, etc.
Expressões culturais tradicionais:
Artesanato, festivais e celebrações
ARTES
ARTES
Artes cênicas:
Artes visuais:
Musica ao vivo, teatro, dança, ópera, circo, fantoches.
Pinturas, esculturas, fotografias e antiquários.
MÍDIA
MÍDIA
Mídia publicada e impressa: Livros, impressões e outras publicações.
Indústria Criativa
Audiovisual:
Filme, TV, rádio, outros radiofusores.
CRIAÇÕES FUNCIONAIS
CRIAÇÕES FUNCIONAIS
Design:
Mídia nova:
Livros, impressões e outras publicações.
Software, videogames, conteúdo criativo, digitalizado.
Serviços criativos:
Arquitetura, publicidade, R&D cultural, recreacional. Fonte: Relatório Economia Criativa, 2010 – Unctad
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O pioneirismo da Firjan Em 2006, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) elaborou o “Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro” com o objetivo de planejar as ações para o desenvolvimento local até 2015. Naquela oportunidade, a indústria criativa foi considerada um dos segmentos-âncora, dada a vocação do estado, em termos nacionais e internacionais, para os setores ligados à cultura, ao entretenimento e ao potencial tecnológico, como publicidade, arquitetura, artes e antiguidades, design, moda, audiovisual, música, artes cênicas e espetáculos, editoração, software e televisão. Em função disso, em 2008 a Firjan divulgou o documento “A Cadeia da Indústria Criativa no Brasil”, o primeiro levantamento realizado sobre o tamanho da indústria criativa brasileira e a estimativa de sua importância econômica no país. O estudo da Firjan utilizou os dados primários do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do IBGE, mostrando que os empregos formais nessas indústrias respondiam por 21,8% do total nacional em 2006, com 16,3% do PIB brasileiro. Em outubro de 2011, a Firjan divulgou uma Nota Técnica atualizando o estudo de 2008, com dados de 2010. Foram levantados o número de trabalhadores e a renda do trabalho para cada um dos 12 segmentos da indústria criativa definidos no estudo de 2008. Com base nesses dados, a Firjan estimou a participação da indústria criativa no PIB brasileiro e em 13 estados, entre eles o Espírito Santo. Em outubro de 2012, novamente a Firjan atualizou o documento original sobre a indústria criativa com o título “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil”. Nessa nova edição, a federação, além, de analisar a cadeia produtiva das indústrias criativas com foco nas empresas e na produção, analisou, também, os profissionais criativos. Conforme destaca a Firjan, “isso é fundamental uma vez que estes não trabalham exclusivamente nas empresas que produzem bens e serviços criativos. Por exemplo, um designer não está empregado apenas nas empresas criativas, ele pode trabalhar na indústria automotiva, siderúrgica ou de máquinas e equipamentos”.
Assim, enquanto as edições anteriores se restringiam à análise dos dados da Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE), a atual também utiliza a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Outra novidade desta edição é a agregação de dois novos segmentos aos 12 pesquisados anteriormente: pesquisa & desenvolvimento e biotecnologia. A inserção desses dois novos nichos está alinhada aos estudos internacionais sobre o tema. A inclusão do segmento de pesquisa & desenvolvimento é uma proposta de Howkins, enquanto a da área de biotecnologia está alinhada com a ênfase da Unctad sobre o papel da economia criativa no desenvolvimento socioeconômico sustentável. Agora são 14 segmentos criativos: arquitetura & engenharia; artes; artes cênicas; biotecnologia; design; expressões culturais; filme & vídeo; mercado editorial; moda; tv e rádio; música; pesquisa & desenvolvimento; publicidade e software, computação & telecomunicação. Em continuidade ao proposto no Mapa em 2008, a Firjan – tomando por base o relatório sobre as indústrias criativas do mesmo ano da Unctad que definiu as indústrias como “os ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam a criatividade e o capital intelectual como insumos primários” – expandiu essa abordagem adotando uma visão de cadeia produtiva e definiu a indústria criativa em três esferas: Núcleo. Composto por 14 setores líderes, é o centro de toda a cadeia produtiva da indústria criativa, formado por atividades econômicas que têm criatividade como insumo principal para geração de valor; Atividades Relacionadas. Envolve segmentos de provisão direta de bens e serviços, em grande parte, indústrias e empresas de serviço fornecedoras de materiais fundamentais para o funcionamento do Núcleo; Atividades de Apoio. Ofertantes de bens e serviços de forma mais indireta. O esquema a seguir mostra o conceito de cadeia produtiva da indústria criativa adotada pela Firjan, e na figura 4 é apresentado o fluxograma da cadeia produtiva brasileira.
Cadeia Produtiva da Indústria Criativa
Núcleo
Relacionadas
Apoio
Fonte: Firjan
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Figura 4
Núcleo Criativo Artes Cênicas
Criação artística; produção e direção de espetáculos teatrais e de dança
Artes
Serviços culturais; ensino superior de artes; gastronomia; museologia e produção cultural
Música
Gravação, edição e mixagem de som; criação e interpretação musical.
Filme e Vídeo
Produção, edição, fotografia, distribuição e exibição
TV e Rádio
Produção e desenvolvimento de conteúdo: programação e transmissão
Mercado Editorial
Edição de livros, jornais, revistas e conteúdo digital
Software, computação e Telecom
Desenvolvimento de softwares, sistemas, consultoria em TI e robótica
Pesquisa e Desenvolvimento
Desenvolvimento experimental e pesquisa em geral, exceto biologia
Biotecnologia
Bioengenharia, pesquisa em biologia, atividades laboratoriais.
Arquitetura e Engenharia
Design e projeto de edificações, paisagens e ambientais; planejamento e conservação
atividades Relacionadas • Materiais para artesanato • Materiais para publicidade • Confecção de roupas • Aparelhos de gravação e transmissão de som e imagens • Impressão de livros, jornais e revistas • Instrumentos musicais • Metalurgia de metais preciosos Industriais
• Curtimento e outras preparações de couro • Manufatura de papel e tinta • Equipamentos de informática • Equipamentos eletroeletrônicos • Têxtil
Design
Design gráfico, multimídia e de móveis
Moda
Desenho de roupas, calçados e acessórios: modelistas
Expressões Culturais
Criação de artesanato, museus, biblioteca, folclore.
Publicidade
Atividades de publicidade, marketing, pesquisa de mercado e organização de eventos
• Cosmética • Produção de hardware • Equipamentos de laboratórios • Fabricação de madeira mobiliária
• Registro de marcas e patentes • Serviço de engenharia • Distribuição venda e aluguel de mídias audiovisuais Artes
• Comércio varejista de moda cosmética • Livrarias, editoras e bancas de jornal • Suporte técnico de hardware e software • Restauração de notícias • Comércio de obras de arte e antiguidades
apoio • Serviços especializados: Gerenciamento de projetos • Construção civil: Obras e serviços em edificações • Indústria e Varejo de Insumos, Ferramentas e Maquinário: Componentes eletro-eletrônicos, mobiliário • Turismo • Capacitação técnica: Ensino universitário, unidades de formação profissional • Infraestrutura: Telecomunicações, logística, segurança e energia elétrica • Comércio: Aparelhos de som e imagem, instrumentos musicais; moda e cosmética em atacado • Crédito: Instituições financeiras – Patrocínios culturais • Serviços urbanos: Limpeza, pequenos reparos e restauração • Outros: Seguro, advogados, contadores.
Fonte: Mapeamento da indústria Criativa no Brasil (2012), FIRJAN
Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
Análise – Ideies
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Terceirização Sondagem especial no Espírito Santo Insegurança jurídica é a principal dificuldade enfrentada pelas indústrias capixabas que utilizam serviços terceirizados
71% 80% 57% 82% 75% 67%
das empresas industriais (transformação, extração e construção) informaram que contratam ou contrataram serviços terceirizados nos últimos três anos. das empresas industriais que utilizam serviços terceirizados pretendem manter ou aumentar a utilização nos próximos anos. das que utilizam serviços terceirizados acreditam que seriam afetadas negativamente se não fosse possível terceirizar. das empresas industriais que utilizam serviços terceirizados verificam se a empresa contratada cumpre com os encargos trabalhistas. das empresas industriais que utilizam serviços terceirizados verificam se a empresa contratada cumpre com as normas de saúde e segurança do trabalho. das empresas afirmaram que a principal dificuldade enfrentada no processo de terceirização é a insegurança jurídica e/ou possíveis passivos trabalhistas.
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Análise – Ideies
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Utilização de serviços terceirizados Das empresas industriais capixabas (transformação, extração e construção) consultadas, 71% informaram que utilizam ou utilizaram serviços terceirizados nos últimos três anos (ver gráfico 1). Na indústria nacional, esse percentual é de 70%. Os principais serviços terceirizados, em ordem de importância, foram: consultoria técnica (59%), montagem e/ou manutenção de equipamentos (54%), logística e transportes (52%), segurança e/ou vigilância (38%), tecnologia da informação (TI) e/ou segurança da informação (37%), pesquisa e/ou desenvolvimento (21%), limpeza e/ou conservação (21%), etapa da cadeia de suprimentos (15%) e SAC (serviço de atendimento ao consumidor) e/ou telemarketing (2%). Ver gráfico 2. Na indústria brasileira, os três serviços mais contratados nos últimos três anos foram:
Utilização de serviços terceirizados: Participação (%) das respostas sobre empresas capixabas pesquisadas
Gráfico 1
Não terceirizam
22% Terceirizam
71%
Não sabe/em branco
7%
Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI
Serviços terceirizados contratados pela empresa nos últimos 3 anos – Participação (%) das respostas sobre empresas capixabas que terceirizam
Gráfico 2
59
Serviços de consultoria técnica
54
Montagem e/ou manutenção de equipamentos
52
Logística e transportes
38
Segurança e/ou vigilância
37
Tecnologia da informação (TI) e/ou segurança da informação Pesquisa e/ou desenvolvimento
21
Limpeza e/ou conservação
21 15
Etapa da cadeia de suprimentos SAC (serviço de atendimento ao consumidor) e/ou telemarketing Outros Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI
Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
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Percentuais não somam 100% pela possibilidade de múltiplas respostas.
Análise – Ideies
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montagem e/ou manutenção de equipamentos (56%), segurança e/ou vigilância (51%) e logística e transportes (51%). I mpactos sobre o negócio da empresa na impossibilidade de terceirizar Os empresários capixabas foram questionados sobre como o negócio de sua empresa seria afetado caso não fosse possível utilizar serviços terceirizados. Mais da metade das empresas teria impacto negativo (57%), sendo que para 40% haveria perda de competitividade e em 17% inviabilizaria uma ou mais linhas de, produtos. Outras 24% das empresas não seriam afetadas (ver gráfico 3). Para 42% das indústrias brasileiras, haveria perda de competitividade, e para outras 15%, uma ou mais de suas linhas de produtos seriam inviabilizadas, se não fosse possível terceirizar.
Impactos sobre o negócio da empresa na impossibilidade de terceirizar – Participação (%) das respostas sobre empresas capixabas terceirizam Em branco
16%
Gráfico 3
Não seria afetado
24%
Não sabe
3%
Invibializaria uma ou mais linhas de produtos
17%
Haveria perda de competitividade
40% Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI
Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
Análise – Ideies
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Importância para a decisão de terceirizar – Participação (%) das respostas sobre empresas capixabas que terceirizam Redução dos custos
40,6
Ganho de tempo
37,7
Aumento da qualidade do serviço
Muito importante
37,7
55,1 Não importante
10,1
4,3 8,7
50,7
21,7
Importante
11,6
49,3
27,5
Uso de novas tecnologias de produção ou gestão
Gráfico 4
10,2
11,6
11,6
11,6
Não sabe/em branco
Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI
Importância para a decisão de terceirizar O ganho de tempo é o resultado mais importante para a decisão de terceirizar, assinalado como muito importante ou importante por 87% das empresas que terceirizam (transformação, extrativa e construção). Em seguida, tem-se a redução de custos, avaliada como muito importante e importante por 78,3% dos empresários. O aumento da qualidade do serviço foi citado expressivamente por 78,2%, e o uso de novas tecnologias de produção ou gestão por 76,8%, considerando as respostas “muito importante” e “importante” (ver gráfico 4).
Ações adotadas em relação aos trabalhadores terceirizados Segundo os empresários, as principais ações adotadas em relação aos empregados das empresas prestadoras de serviços terceirizados são: verificar se a empresa contratada cumpre com os encargos trabalhistas, como FGTS, INSS e outros (82%), verificar se a empresa contratada cumpre com as normas de saúde e segurança do trabalho (75%), proporcionar aos terceirizados o mesmo tratamento dado aos trabalhadores da sua empresa (55%), e estimular a empresa contratada a capacitar os terceirizados (45%). Ver gráfico 5.
Ações adotadas em relação aos trabalhadores terceirizados – Participação (%) das respostas sobre empresas capixabas que terceirizam
Gráfico 5
Verifica se a empresa contratada cumpre com os encargos trabalhistas (FGTS, INSS e outros)
82
Verifica se a empresa contratada cumpre com as normas de saúde e segurança do trabalho
75
Proporciona aos terceirizados o mesmo tratamento dado aos trabalhadores da sua empresa
55
Estimula a empresa contratada a capacitar os terceirizados
45
Estimula a empresa contratada a adotar benefícios extrassalariais semelhantes aos oferecidos a seus empregados Outras Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI
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Percentuais não somam 100% pela possibilidade de múltiplas respostas.
Análise – Ideies
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Principais dificuldades enfrentadas no processo de terceirização – Participação (%) das respostas sobre empresas capixabas que terceirizam
Gráfico 6
67
Insegurança jurídica/possíveis passivos trabalhistas Qualidade menor que a esperada
51
Custos maiores que o esperado
35 30
Fiscalização trabalhista Falta de oferta de serviço
21
Excesso de rotatividade
21 19
Aumento do risco no processo produtivo
7
Oposição dos sindicatos
5
Perda de motivação do pessoal interno
Percentuais não somam 100% pela possibilidade de múltiplas respostas.
2
Oposição do pessoal interno Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI
P rincipais dificuldades enfrentadas no processo de terceirização As principais dificuldades enfrentadas no processo de terceirização, de acordo com os empresários, são: insegurança jurídica/possíveis passivos trabalhistas (67%), qualidade menor que a esperada (51%), custos maiores que o esperado (35%), fiscalização trabalhista (30%), falta de oferta de serviço e excesso de rotatividade (ambos com 21%), e aumento do risco no processo produtivo (19%). Ver gráfico 6.
P erspectivas de utilização da terceirização para os próximos anos Quando questionados sobre as perspectivas de utilização de serviços terceirizados nos próximos anos, a maioria dos empresários (61%) acredita que isso deverá manter inalterada. Outros 19% afirmaram que pretendem aumentar o uso, percentual maior do que os que querem reduzir (10%). Ver gráfico 7. A pesquisa, cuja amostra é selecionada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), contou com a participação de 99 indústrias capixabas (extração, transformação e da construção), sendo 31 de pequeno porte, 52 médias e 16 grandes.
Expectativa de utilização de serviços terceirizados nos próximos anos – Participação (%) das respostas sobre empresas capixabas que terceirizam Aumentar
19
Manter-se constante
61
Reduzir
10
Em branco Não será utilizado
Gráfico 7
9 1
Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI
Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
Análise – Ideies
Indicadores da indústria capixaba no primeiro semestre de 2014
A
indústria capixaba registrou acréscimo no faturamento real no primeiro semestre de 2014, em comparação com o mesmo período de 2013 (+8,2%), bem como nas horas trabalhadas na produção (+1,1%). A utilização da capacidade instalada também obteve pequena alta no período (+0,6%). Entretanto, o mesmo não ocorreu com a massa salarial e o rendimento médio real, que decresceram 5,8% e 8,0%, respectivamente, Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
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Setor produtivo obteve alta no faturamento, apesar da baixa atividade industrial
de acordo com a pesquisa Indicadores Industriais realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) e coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Apesar dos acréscimos observados, a situação da indústria capixaba continua preocupante, já que estes não são generalizados entre os setores. A indústria nacional caminhou no sentido inverso à do Estado, pois registrou queda no faturamento e nas horas
Análise – Ideies
18
Indicadores da Indústria – Desempenho no 1º semestre 2014 contra 1º semestre 2013 (%) 8,2
Gráfico 1 Brasil Espírito Santo
3,8
2,9
1,1 -1
-2,2 -8
-5,8 Faturamento
Horas trabalhadas
Massa salarial real
Rendimento médio real
Fonte e elaboração: Ideies/Findes/CNI
trabalhadas nesse primeiro semestre (-1,0% e -2,2%, respectivamente) e aumento na massa salarial (+3,8%) e no rendimento médio real (+2,9%). Ver gráfico 1. A indústria do Espírito Santo teve no segundo trimestre de 2014 um desempenho melhor no faturamento que no primeiro trimestre, se comparados com os respectivos períodos do ano anterior: acréscimo de 6,1% no primeiro trimestre contra 10,3% no segundo. O contrário ocorreu com os demais indicadores: a massa salarial caiu 4,4% no primeiro trimestre e 7,2% no segundo. O rendimento médio real seguiu a mesma tendência: queda menor no primeiro trimestre (-7,6%) do que
no segundo (-8,5%). As horas trabalhadas cresceram 5,1% no primeiro trimestre e caíram 2,5% no segundo. Aqui vale lembrar que no segundo trimestre, especificamente em junho, ocorreram interrupções da jornada devido à Copa do Mundo. A UCI cresceu 0,5% no primeiro trimestre e 0,7% no segundo trimestre (ver tabelas 1 e 2). Em termos de Brasil, o faturamento subiu 2,6% no primeiro trimestre de 2014 em relação a igual período do ano passado e, depois baixou 4,3% no segundo trimestre. O rendimento médio real, que havia avançado 4,9% no primeiro trimestre, expandiu-se apenas 0,7% no segundo. Tabela 1
Indicadores Industriais do Espírito Santo – Junho/2014
Variação percentual
Jun14 / Mai14
Jun14 / Jun13
1º sem 14 / 1º sem 13
12 meses / 12 meses anteriores
1º trim 14 / 1º trim 13
2º trim 14 / 2º trim 13
Faturamento real¹
11,6
7,8
8,2
8,5
6,1
10,3
Massa salarial²
-1,8
-4,2
-5,8
1,2
-4,4
-7,2
Horas Trabalhadas na Produção
-1,6
-2,9
1,1
2,3
5,1
-2,5
Rendimento Médio Real²
-1,9
-4,7
-8,0
-1,5
-7,6
-8,5
Utilização da capacidade instalada
-1,0
-0,5
0,6
-1,5
0,5
0,7
INDÚSTRIA GERAL
1 Deflator: IPA/OG-FGV - 2 Deflator: INPC-IBGE Fonte e elaboração: Ideies/ Findes/ CNI
Tabela 2
Utilização da Capacidade Instalada na Indústria Capixaba – Junho/2014 INDÚSTRIA GERAL Utilização da capacidade instalada
Percentual médio
jun/14
mai/14
jun/13
média 1º sem 14
média 1º sem 13
80,5
81,4
81,0
80,1
78,5
Fonte e elaboração: Ideies/ Findes/ CNI
Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
Análise – Ideies
Quando se aprofunda a análise sobre o aumento do faturamento da indústria capixaba no segundo trimestre de 2014 (+10,3%), observa-se que a base de comparação não é boa, pois o segundo trimestre de 2013 teve desempenho aquém do esperado: uma queda de 6,1% entre abril e junho de 2013 frente a igual período do ano anterior. Já a indústria nacional mostrou desempenho inverso: o resultado no segundo trimestre de 2013 foi além do esperado (+7,4% entre abril e junho frente ao mesmo período de 2012), o que para alguns analistas deve ser considerado quando se avalia a queda do segundo trimestre de 2014 (-4,3%). De maneira geral, a leitura da CNI é que a indústria venha registrar alguma recuperação em relação a junho, que para a indústria brasileira foi muito ruim, mas que o ritmo mais baixo deve permanecer por algum tempo, devido ao consumo doméstico mais contido e as exportações afetadas pela crise na Argentina. A indústria do Espírito Santo apresentou em junho de 2014, em relação ao mês anterior, acréscimo de 11,6% no faturamento, após dois meses seguidos de queda, impulsionado principalmente pelos avanços nos setores de metalurgia (+38,7%) e indústria extrativa (+21,4%). Por outro lado, caíram as horas trabalhadas na produção (-1,6%), a utilização da capacidade instalada - UCI (-1,0%), a massa salarial (-1,8%) e o rendimento médio real (-1,9%). Para se ter uma ideia melhor da situação da indústria capixaba, em 2014, nesse tipo de comparação (mês/mês anterior), a massa salarial e o rendimento médio real registraram queda pela quarta vez, as horas trabalhadas pela terceira, e a utilização da capacidade instalada pela segunda vez, não necessariamente seguidas. O faturamento também já recuou quatro vezes nessa comparação em 2014, apesar de dois acréscimos expressivos que levaram ao aumento no semestre. Na indústria brasileira, em junho, com exceção do rendimento médio real com +0,1% (na série dessazonalizada), todos os indicadores caíram frente a maio: faturamento (-5,7%), horas trabalhadas (-3,0%), UCI (-0,5%), massa salarial (-0,8%). O nível médio de utilização da capacidade instalada da indústria capixaba ficou em 80,1% no primeiro semestre de 2014, contra 78,5% no primeiro semestre de 2013, considerando os mesmos períodos de comparação. Em junho de 2014 se situou em 80,5%, não muito diferente da média do semestre. Considerando somente 2014, a UCI média do segundo trimestre foi melhor que a do primeiro: 80,7% contra 79,5%. Os dados do Caged-MTE mostram que o emprego da indústria estadual aumentou no primeiro semestre de 2014, tanto na indústria de transformação (+2,29%), como na indústria extrativa (+3,19%). Em junho de 2014, frente ao mês anterior, cresceu levemente na indústria de transformação (+0,27%) e caiu na indústria extrativa mineral (-0,10%). No Brasil, também aumentou no semestre na indústria de transformação (+0,53%) e na indústria extrativa (+0,59%), mas em junho de 2014, em relação a maio, houve queda na indústria de transformação (-0,34%) e se manteve praticamente estável na indústria extrativa mineral (-0,03%). A produção física da indústria capixaba mostrou queda no primeiro semestre de 2014, em relação ao primeiro semestre de 2013 (-2,0%), segundo dados e informações divulgadas pelo IBGE, mas em junho, relativamente a maio, cresceu 3,5% Setembro 2014 – Nº 21 – Ano 4
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(com ajuste sazonal). Frente a junho de 2013 também apresentou acréscimo (+4,1%), segunda maior das três taxas positivas verificadas dentre os locais pesquisados no Brasil. Os dois dos cinco setores investigados que mostraram crescimento nesse confronto foram indústrias extrativas (+9,0%), e metalurgia (+10,0%) e a maior queda ocorreu no setor de produtos alimentícios (-14,3%). Já a indústria nacional registrou retração em todos os períodos analisados. Apesar dos resultados positivos de junho, em relação a maio, no faturamento e na produção, os industriais capixabas não estão otimistas com os rumos da economia, mesmo porque boa parte desse resultado se deveu aos novos e grandes projetos que entraram em operação. As baixas previsões de crescimento econômico, face aos juros altos, ao aumento de preço das matérias primas e insumos, ao consumo retraído, ao aumento dos preços dos combustíveis e da tarifa de energia elétrica, entre outras razões, levam os industriais a frear ou reduzir investimentos e, consequentemente, não estarem otimistas para os próximos seis meses. Esse pessimismo é observado também no estudo que apura o Índice de Confiança do Industrial capixaba (ICEI), já que este caiu 2,5 pontos em julho de 2014, em relação ao mês anterior, permanecendo abaixo da linha divisória de 50 pontos (45,6 pontos). O índice acumula uma queda de 7,5 pontos desde fevereiro, quando registrou o último acréscimo, sinalizando que o industrial capixaba está cada dia menos confiante. A queda foi influenciada tanto pelo indicador de condições atuais quanto pelo de expectativas, já que ambos recuaram. O ICEI da indústria brasileira também decresceu em julho de 2014, frente ao mês anterior (-1,1 ponto) e se manteve abaixo da linha divisória de 50 pontos (46,4 pontos). Segundo a CNI, trata-se da quarta queda consecutiva do índice, que acumula recuo de 6,1 pontos desde março. Em julho, o índice se afastou ainda mais da linha dos 50 pontos e atingiu o menor valor da série histórica, iniciada em janeiro de 1999.