Maicon Damasceno/O Caxiense
Caxias do Sul, fevereiro de 2010 | Ano I, Edição 12 | R$ 2,50
U cu m gu CU ltu ral ia pa RTA da ra Fe apr NO sta ov da eita SSA Uv r to F a a da ES ol ad T on iv A go ers da ida sem de an a |S20 |D21 |S22 |T23 |Q24 |Q25 |S26 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
MATO SARTORI: beleza aprisionada Vítima de projetos malfeitos, problemas de execução, vandalismo e atrasos, o parque não consegue abrir seus portões ao público
Roberto Hunoff analisa o conflito entre metalúrgicos e a Randon | Renato Henrichs fala da luta pelo retorno do trem | A dupla CA-JU reflete sobre seus erros | Biblioteca Pública, um cenário de aventuras para a infância
Índice
www.OCAXIENSE.com.br
Um resumo das notícias que foram destaque no site
Roberto Hunoff | 4
Com quem o Sindicato dos Metalúrgicos travará sua próxima queda de braço?
Verde aprisionado| 5
ORKUT Pr D ou efeitu IL co ra EM nc ed tenta A N e 13 de ,63% cidi A C A r de se co TR reaj rta A uste be CA no nefíc s ôn io ibus s
Caxias do Sul, fevereiro de 2010 | Ano I, Edição 11 | R$ 2,50
|S13 |D14 |S15 |T16 |Q17 |Q18 |S19
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Pare, olhe, escute e vibre:
A FESTA DA UVA ESTÁ CHEGANDO
Há 100 anos, Caxias recebia o trem e se tornava cidade. A partir de quinta-feira, a agora metrópole reverencia o passado, celebra o presente e antecipa o futuro em sua maior festa
O que deu errado – e continua dando – no Parque Municipal Mato Sartori Assis Melo, líder do protesto na Randon: “Fui preso no exercício do trabalho” | Roberto Hunoff conta que há 1,5 mil vagas à espera de profissionais capacitados em Caxias | Um guia das primeiras atrações da Festa da Uva
Festa da Uva | 8
Maicon Damasceno/O Caxiense
Maicon Damasceno/O Caxiense
A Semana | 3
11ª capa | Nossa! Na minha opinião, nota 10 pra fotografia. Parabéns mesmo. Todos os detalhes: céu nublado, típico de Caxias. Essa fumaça mostra que o vinho e uva estão associados a esse magnífico trem. J. M. Costa, em 15 de fevereiro Muito fera! Parabéns! Douglas Cavalheiro, em 13 de fevereiro
Feito por muitos e para todos, o corso alegórico faz história na Sinimbu
Guia da Festa | 10
11ª capa | @GabiAlcantaras Jornalismo de qualidade. Deu gosto ver na 11ª capa de @ocaxiense uma síntese do que a Festa da Uva representa para a cidade em 2010. Gabriela Alcantara, às 11h43 de 23 de fevereiro
(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)
Programe-se para curtir as múltiplas atrações culturais nos Pavilhões Adriana Paula Sirena, Divulgação/O Caxiense
Artes | 13
Primeiro, o beijo e o silêncio. Depois, a descoberta
Noitada infantil | 14
A incrível experiência da leitura ganha vida na Biblioteca Pública
Guia de Cultura | 16
Samba com documentário, rock com tributo e cinema nacional com preço reduzido
No Jaconi | 18
Formado às pressas, o time alviverde quer aproveitar a folga para se armar melhor
@gabi_marcon Bela capa! Parabéns ao @ocaxiense. Gabriela Marcon, às 10h06 de 13 de fevereiro @regesschwaab @ocaxiense E a gente vibra com o belo trabalho de vocês. Reges Schwaab, às 9h de 13 de fevereiro Randon | @danieldalsoto @ocaxiense Como sempre, um jornalismo novo e dinâmico. Ouvem todos os lados, e no caso Randon, sempre imparciais! Parabéns! Daniel Dalsoto, às 11h de 16 de fevereiro de 2010
Guia de Esportes | 20
@ElFaustman @ocaxiense Parabéns, a cidade gritava por um serviço competente como o de vocês. Fausto Rodrigues, às 9h59 de 16 de fevereiro
No Centenário | 21
@betoaloha Parabéns @ocaxiense pela cobertura da confusão na Randon. Beto Grazziotin, às 15h16 de 12 de fevereiro
Modalidades peculiares ganham atenção durante a Festa da Uva Apesar da boa campanha, o Caxias revisa suas engrenagens para o 2º turno
Passagem de ônibus | @juju_cl @ocaxiense sobre a tarifa do ônibus: eu pego azulzinho e ele também sofre reajuste e não tem gratuidade nenhuma. Júlia Lemos, às 11h57 de 17 de fevereiro
Renato Henrichs | 23
Presenças e ausências que marcaram a abertura da Festa da Uva
@brunascomor @ocaxiense E como esperam reduzir o número de veículos na rua? Então desacelerem a modernização e mantenham as tarifas (já altas). Excelente matéria. Parabéns! Bruna Scopel Moreira, às 10h07 de 17 de fevereiro @rafaelalgures @ocaxiense Lembrando que o passe livre para idosos é lei. Quero ver o que o serviço que quase 90% dos caxienses aprovam vai aprontar agora... Rafael Algures, às 8h25 de 17 de fevereiro
Expediente
Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
Assine
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
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O Caxiense
20 a 26 de fevereiro de 2010
SER Caxias | @MartaDetanico @ocaxiense Muito legal a reportagem com Soster. Este tipo de imprensa, com notícias mais aprofundadas, era o que estava faltando por aqui Marta Detanico, às 10h39 de 19 de fevereiro
(Acompanhe em www.facebook.com/ocaxiense) Passagem de ônibus | Será preciso mesmo um aumento? =/ Aline Ponzoni , às 22h26 de 17 de fevereiro Tá na hora de quebrar o monopólio da Visate... aí eles param com essa palhaçada. Bruno Zulian, às 01h45 de 18 de fevereiro E ainda por cima defendem a privatização. Tava na cara que a população não ia sair ilesa desse acordo camarada. Ângelo Félix, às 10h24 de 18 de fevereiro
S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .
A Semana
Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense
Maicon Damasceno/O Caxiense
Márcio Schenatto, Divulgação/O Caxiense
Conflito entre o Sindicato dos Metalúrgicos e a Randon dominou o noticiário
Trabalhadores protestaram debaixo de chuva; a coleta de lixo será ampliada; turistas lotam hotéis para a Festa da Uva
SEGUNDA | 15 de fevereiro Randon
300 protestam sob chuva Cerca de 300 funcionários da Randon marcharam pelas ruas de Caxias do Sul. O grupo saiu da empresa e seguiu a pé até a sede do Sindicato. Os trabalhadores, protegidos por guarda-chuvas, prejudicaram o trânsito no Centro. Os metalúrgicos protestaram por revisão do valor do Programa de Participação nos Resultados (PPR) e contra a violência ocorrida durante a mobilização na sexta-feira passada. Na assembleia, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, insistia para um maior engajamento na paralisação. O presidente afirmou que a greve é um direito dos trabalhadores e que, portanto, os funcionários não poderão ser demitidos por causa disso.
TERÇA | 16 de fevereiro Randon
Empresa diz que não demitirá grevistas Os metalúrgicos da Randon paralisados desde a noite da quartafeira passada não correm risco de ser demitidos por causa do protesto. A gerente administrativa da empresa, Maria Tereza Casagrande, diz que a Randon Implementos precisa apenas que os funcionários
voltem a trabalhar normalmente. “O trabalho está esperando por eles, clientes estão esperando pelos produtos. Não vamos ter medida de revanche. Só precisamos que retornem ao trabalho”, explica a gerente administrativa, afirmando que as horas que não estão sendo cumpridas não serão pagas.
QUARTA | 17 de fevereiro Lixo
Coleta terá 800 contêineres novos Caxias terá novos contêineres para coleta de lixo. A Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca), em parceria com a prefeitura, fará o investimento de R$ 10,8 milhões para melhorar a o serviço na cidade. Atualmente, a o município possui 2 mil contêineres, que são alugados. Além destes, mais 400 contêineres verdes (orgânicos) e 400 amarelos (seletivo) serão comprados e distribuídos pelas ruas para ampliar a área de coleta. No total, portanto, serão 2.800 contêineres para a coleta de lixo na cidade. Completando o investimento, dois caminhões de lavagem e quatro veículos para coleta serão adquiridos. O diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomênico, explica que além dessa aquisição de material a empresa receberá a tecnologia necessária para a manutenção dos caminhões e contêineres.
Randon
Empresa de ônibus acusa Sindicato de depredação Um dos ônibus que conduziam funcionários para a Randon foi parado e, conforme a empresa Giratur, apedrejado por membros do Sindicato dos Metalúrgicos. O motorista do ônibus ficou ferido. Segundo o proprietário da Giratur, Márcio José Lorenzet, na madrugada de sábado um sindicalista teria usado uma corrente para bater cinco vezes no ônibus. As correntadas teriam atingido o parabrisa do veículo e o motorista ficou ferido com os cacos de vidro que se estilhaçaram. Conforme Lorenzet, foram registradas 18 ocorrências contra o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul desde o início da mobilização em frente à Randon. A Giratur contabiliza ter sofrido um prejuízo de mais de R$ 10 mil.
QUINTA | 18 de fevereiro Randon
Juiz revoga multa de R$ 500 mil Decisão do juiz da 2ª Vara do Trabalho, Guilherme da Rocha Zambrano, revoga a decisão anterior de obrigar o Sindicato dos Metalúrgicos e a Randon a solucionarem o conflito a respeito da participação dos resultados no Tribunal Regional do Trabalho em Porto Alegre. Com isso, ambas partes tinham cinco
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dias para ajuizar o dissídio coletivo. Além disso, a Randon deveria estar aberta a negociações. Se o processo de conciliação não iniciasse nestes cinco dias, a multa para ambas partes seria de R$ 500 mil. Com a revogação, passa a valer novamente a decisão da juíza Magali Mascarenhas Azevedo, que proibia manifestações a menos de 100m da Randon, bloqueios e restrições da entrada de funcionários sob multa de R$ 25 mil por dia.
SEXTA | 19 de fevereiro Festa da Uva
Mais de 70% dos hotéis estão ocupados Com a chegada de turistas para a Festa da Uva, mais de 70% dos hotéis de Caxias já estão ocupados. Os números oficiais só serão divulgados depois que a festa terminar, mas o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho estima que a ocupação passe dos 70% e chegue muito próximo aos 83% dos leitos ocupados na edição de 2008. São 23 hotéis na cidade, que somam um total de 3,5 mil leitos, e a procura por hospedagem durante os 18 dias de festa, segundo a diretora executiva do Sindicato, Márcia Ferronato, aumentou muito nos últimos dez dias. “Gostaríamos de superar a festa anterior. Até alguns motéis, como o Giro D’água, cederam diárias com café da manhã para os turistas”, explica Márcia.
20 a 26 de fevereiro de 2010
O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
Novidades no varejo
Ritmo muito acelerado
E as Americanas?
Projetos aprovados (em mil m²)
A eleição do Sindicato do Comércio Varejista terá apenas uma chapa concorrente, representando a atual diretoria. Composta por 22 nomes ela é presidida por Ivanir Gasparin, que terá como vice-presidentes Sadi João Donazzolo e Nadir Pedro Rizzi. As eleições ocorrem nos dias 22 e 23 de fevereiro na sede da entidade e a posse está programada para 1º de abril.
Premiação
O Iguatemi Caxias do Sul aproveita a Festa Nacional da Uva para lançar nova campanha. Por meio da promoção denominada “A Festa passa por aqui”, irá sortear um veículo dentre todos os visitantes do Parque de Exposições que preencherem um cupom que será entregue no acesso ao Centro de Eventos e validado no quiosque da promoção no Iguatemi Caxias do Sul. Os cupons devem ser depositados até as 22h do dia 10 de março, e o sorteio será no dia seguinte, às 20h.
Queda nos lucros
A Adcointer Administradora de Consórcios Intermunicipais, responsável pela gestão da Ceasa Serra Caxias do Sul, apontou recuo de 49% no lucro de 2009. A empresa pública, formada por 11 municípios da região, obteve resultado de R$ 74,3 mil contra R$ 143,3 mil do ano anterior. Uma das causas é a queda de 10% na receita bruta, para R$ 470,9 mil. As despesas com pessoal e as administrativas cresceram 6,5% para mais de R$ 311 mil, parcialmente compensadas por redução nos gastos com vendas e serviços em mais de 50%. Também influenciou no resultado final o declínio de 35% nas receitas financeiras.
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O Caxiense
20 a 26 de fevereiro de 2010
Jan./2009
Industriais
41,854 88,4 0,844
Residenciais Comerciais
3,527
23,708 Comerciais
1,778 1,774
11,513 5,902
25,034 Residenciais
Jan./2008
Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo
Institucionais
Alavancas do setor
Mais moradias
O grande destaque de janeiro é o segmento residencial, com 49,4 mil metros quadrados divididos em 110 novos projetos. Na comparação com janeiro de 2009 o crescimento é de 97% e 69%, respectivamente. Outro expressivo aumento é na atividade industrial com aprovação de 23,7 mil metros quadrados distribuídos em cinco projetos, mais de seis vezes que o mesmo volume de janeiro de 2009. Já a atividade comercial recuou 46%, de 11,5 mil para 5,4 mil metros quadrados. O segmento residencial/comercial manteve-se na casa de 1,7 mil metros quadrados.
A liberação de habite-se caiu 14% em janeiro deste ano na comparação com igual mês de 2009. Foram 41,2 mil metros quadrados contra 47,8 mil anteriores. Porém, o número de unidades cresceu de 99 para 125. A causa está concentrada nos empreendimentos industriais, com queda de 40%. Já o segmento residencial cresceu 10%, para mais de 27 mil metros quadrados. Em todo o ano passado a Prefeitura liberou 697.831,65 metros quadrados para ocupação, totalizando 1.593 unidades. Em torno de 57%, mais de 444 mil metros quadrados, foram para ambientes residenciais.
Marketing em ônibus
A Uniserra, de Caxias do Sul, desenvolveu um novo modelo de pegador de mão para o transporte coletivo. Denominado de Midiamobil, o sistema já está funcionando em ônibus da companhia Stadtbus nas cidades de Santa Cruz do
O Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho firmou convênio com o Sebrae-RS para realizar o projeto Desenvolver o setor plástico da Serra Gaúcha com o objetivo de aumentar o faturamento das micro e pequenas empresas por meio da melhoria na gestão, aprimoramento e ampliação da relação comercial em sua carteira de clientes. O projeto foi apresentado nesta sexta-feira. Após a adesão das empresas, que é gratuito, será feito um diagnóstico personalizado para que, a partir dos dados captados, seja realizado um levantamento do que cada uma necessita. O projeto inclui oito municípios da região de abrangência do Simplás e Simplavi (Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Vale dos Vinhedos), onde estão localizadas mais de 400 empresas do setor e responsáveis por mais de 8 mil empregos diretos.
Reações diferentes
Total
Sul e Bagé. O pegador de mão foi desenvolvido de forma a se tornar também um meio de mídia. Confeccionado em policarbonato possui um espaço de 14 cm x 9 cm para a veiculação de campanhas. A empresa está no mercado desde 2007. Mídia Móbil, Divulgação/O Caxiense
Chapa única
Gerson Bisol, Divulgação/O Caxiense
O espaço a ser ocupado pela Etna estava previamente reservado para a rede de lojas Americanas, anunciada como uma das âncoras do projeto de ampliação do Iguatemi. Tudo leva a crer que a Americanas não terá mais unidade no shopping, embora informações extraoficiais de que não existem mudanças de projeto e que há espaço para acomodar a rede. Esta, por sua vez, é uma das candidatas a ocupar as antigas instalações da Casas Bahia, no Centro, disputadas por mais três redes. Isto que o aluguel gira na faixa de R$ 90 mil. Mas há outro ponto de análise: o shopping teria se cansado de esperar por definição das Americanas, que passa por momento de reorganização, e buscado novas alternativas, caso da Etna.
o pior desempenho mensal no ano passado. Na comparação com dezembro último houve recuo de 10%. Em relação à média de 2009, 74 mil metros quadrados mensais, este ano começou em alta de 9,5%, confirmando as estimativas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil de crescimento de 10%. A maior preocupação do setor é com a escassez de mão de obra para atender a demanda que vem por aí. Situação já identificada no Rio Grande do Sul.
81,164
Os primeiros dados do ano sobre a construção civil de Caxias do Sul liberados pela Secretaria Municipal de Urbanismo revelam que a atividade deve bater recordes de produção. Em janeiro os técnicos ligados à Divisão de Edificações aprovaram 134 novos projetos para construção, em alta de 67,5% sobre igual mês do ano passado. Em metros quadrados o volume é praticamente o dobro: saltou de 41,8 mil para 81,1 mil. É preciso considerar, apenas, que janeiro teve
49,434
A loja da Apple, que será administrada pelo Grupo Herval, abrirá suas portas ainda neste mês no Iguatemi Caxias. Na sequencia virá a Etna, megastore brasileira focada em decoração e móveis com mais de 10 mil itens à disposição dos consumidores. Serão cerca de 3 mil metros quadrados no primeiro investimento da rede paulista no Rio Grande do Sul – por enquanto há apenas seis lojas em todo o País. A unidade irá gerar 86 empregos diretos. A Etna integra o mesmo grupo da Vivara, que possui 100 lojas no Brasil, quatro no Rio Grande do Sul, uma delas no Iguatemi Caxias do Sul.
Convênio
A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços e sindicatos patronais de Caxias do Sul vieram a público manifestar contrariedade ao formato do movimento patrocinado pelo Sindicato dos Metalúrgicos que parou parcialmente a produção da Randon por uma semana reivindicando mudanças nos valores pagos pelo Programa de Participação nos Resultados. As entidades empresariais cobraram o diálogo como caminho mais apropriado e indicado para o enfrentamento de divergências. Criticaram o uso de métodos de intimidação, de cerceamento da liberdade e de incitação à violência. Também reagiram às manifestações de vereadores que contestaram liminares da Justiça do Trabalho em ações de interdito proibitório e teriam usado palavras consideradas ofensivas à classe empresarial. Já por parte das entidades representativas dos trabalhadores o silêncio foi sepulcral. Não se soube de nenhuma manifestação pública a favor do movimento. Sequer dos sindicatos que têm linha de atuação similar a dos metalúrgicos.
E as demais?
O questionamento é se outras empresas do setor metalúrgico também serão alvo do sindicto. Há quem garanta que somente aquelas que no ano passado reduziram a jornada de trabalho e descontaram os salários. Quem fez banco de horas estaria fora do raio de ação. Das cerca de 30 organizações com quem o sindicato fechou acordo, apenas cinco adotaram o sistema do banco de horas, que garantiu salários totais e recuperação posterior das folgas.
S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .
Maicon Damasceno/O Caxiense
Patrimônio inacessível
MATO FECHADO
Atolado num pantanoso terreno de equívocos e atrasos, o Parque Mato Sartori continua sem data para inauguração
O
Vista do observatório, limitada a 5 pessoas por vez, a 20 metros de altura
do parque, o secretário foi cauteloso em não fixar prazos. Na última quartafeira, repetiu a mesma frase ao jornal Mato Sartori é uma área de 6,8 hecta- O Caxiense: “Já temos na cabeça uma res no centro da cidade, com vegetação data para inauguração, mas ainda não nativa, que resistiu à expansão urbana vamos divulgar”. Conforme Teles, expara lembrar de um tempo em que ceto por alguns ajustes, o parque está Caxias era só mato. Em 2005, no pri- pronto para receber os esperados 75 meiro ano da administração Sartori, a visitantes por dia. Só falta instalar as prefeitura desengavetou um projeto do câmeras de segurança, repor a estrugoverno Pepe Vargas. O diagnóstico tura de iluminação e reforçar a segujá detectava naquela degradada e pe- rança do observatório, uma estrutura rigosa área, adquirida pelo município de 20 metros de altura, da qual se pode em 1984, uma forte vocação para dar ver uma grande cidade cinza além das lições de ecologia. A prefeitura reti- copas das árvores. Desde a primeira rou 200 caminhões de lixo do mato e previsão de conclusão, fevereiro de encheu-se de expectativa com a obra. 2008, deu tempo de chegar outra Festa Em 2007, o projeto foi reformulado e da Uva, mais uma ótima oportunidade a administração alimentou o sonho de para inaugurar o Mato Sartori. E mais abrir os portões do parque antes das uma vez a chance foi desperdiçada. eleições de 2008, em 21 de setembro, o “Não vai dar pra abrir na Festa da Uva. Dia da Árvore. A falta de tempo hábil Até porque os turistas iriam querer vir e uma série de impedimentos, inclusi- pra cá... E o parque não foi feito para ve eleitorais, adiaram a inauguração. receber turistas”, diz o secretário. Ganhou-se tempo, mas faltou fazer o No lento andar da construção, prejuprincipal: retirar os entraves à constru- dicada por atos de vandalismo e longos ção do parque, iniciada em março de períodos de mau tempo, segundo Te2008. les, chegou-se a pensar em inaugurar o A obra já começara com atraso con- Mato por etapas. A primeira estrutura siderável. Quando a anunciou, em ju- da lista de inaugurações seria o pórtilho de 2007, a Secretaco, seguida do prédio ria Municipal do Meio que comporta sala de Ambiente (Semma) Vias de acesso audiovisual, escritório estimava que o parque para a segurança administrativo, cozificaria pronto para a nha, guarita, sanitários e trilhas para Festa da Uva do ano see sala de exposições. guinte, uma boa opor- visitação haviam Hoje, Teles concorda tunidade para inaugu- sido planejadas que abrir o parque aos rações. Foi a primeira ignorando a poucos não seria útil à frustração: na data em comunidade e apóia a topografia e que deveria estar aberdecisão do prefeito de to, o parque nem esta- a cobertura esperar a finalização va sendo construído vegetal das obras. “Quando ainda. E muitas outras concluirmos, o prefeito viriam. vai vir aqui olhar. Só Em dezembro de 2008, quando rece- vamos inaugurar quando tudo estibeu o cargo de secretário municipal do ver pronto e com segurança absoluta.” Meio Ambiente, Adelino Teles – que Quando fala em segurança, Teles se era assessor técnico do titular anterior, refere ao observatório, além das câmeAri Dallegrave –, assumiu um projeto ras de vigilância. A torre de madeira, perfeito no papel mas pouco realista na que receberá cinco pessoas por vez, prática. As vias de acesso para a segu- é cercada com telas. Mas o secretário rança e as trilhas para visitação haviam precisa ter mais certeza de que a maior sido planejadas ignorando a topografia atração da visita não oferece qualquer e a cobertura vegetal. Teles obrigou-se risco. “Eu sou leigo, e não técnico em a fazer adaptações e, com elas, novas segurança. Mesmo assim acho que ainprorrogações do prazo de conclusão. da falta um corrimão. Isso está sendo estudado. Vamos receber crianças aqui O Parque Municipal Mato Sar- e a responsabilidade pela segurança é tori, que quando aberto deverá ser um do município”, preocupa-se. dos grandes acertos do governo José Foi também por cautela em relação à Ivo Sartori, por enquanto tem tentado segurança que Teles riscou do projeto aprender com os erros. Teles já deco- um lago artificial. Segundo ele, essa foi rou respostas. Em uma entrevista no a principal alteração na obra. “Achei ano passado, depois de não conseguir melhor não fazer por enquanto. No fucumprir datas previstas para entrega turo a gente pode fazer. Ficaria bonito, por MARCELO ARAMIS marcelo.aramis@ocaxiense.com.br
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20 a 26 de fevereiro de 2010
O Caxiense
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Enquanto esperam visitantes, os monitores Alan e Costanza acham o que fazer no parque. Dias atrás, ocuparam-se de salvar as bromélias de um tronco que caiu na trilha
mas temos que avaliar o risco que terá O muro de cinco metros ao redor do para as crianças.” Teles desistiu do du- parque também não estava no projeto vidoso lago antes de começar a cons- inicial, que contava com o cercamento truí-lo. O mesmo não aconteceu com já existente no parque, com 2,5 metros o prédio do parque, que foi projetado de altura. A via pavimentada que cirpara ter um teto verde. A construção cunda toda a área interna estava preestá localizada logo na entrada, na par- vista, mas também necessitou adaptate mais baixa do Mato ções. No ano passado, Sartori, em um lugar o acesso, que é utilinaturalmente úmido, “O prefeito vai zado para rondas de para onde escoa toda a vir aqui olhar. segurança, começou a água da chuva que desser calçado da entrada, Só vamos ce pelo morro. Leigos na parte mais baixa, seriam capazes de des- inaugurar para os fundos do parconfiar da viabilidade quando tudo que, na parte mais alta. do plantio de árvores e estiver pronto No decorrer da consgrama sobre o teto natrução, o transporte e com segurança quelas condições. Teles das pedras para a área também suspeitou do absoluta”, diz mais íngreme do mato, equívoco logo no início o secretário feito de caminhão, codo projeto, quando ainmeçou a rebaixar a pada era assessor, mas a vimentação já assentaobra prosseguiu. Encostada no morro, da. Foi necessário desmanchar a parte a edificação teve as paredes e a espessa danificada e recomeçar a obra do jeito chapa de concreto do teto imperme- certo, partindo do topo. abilizadas. Uma escavação na parte de trás da construção tentou afastá-la As falhas de projeto não foram da encosta e proteger as paredes da as únicas responsáveis pelo atraso do umidade. Mas a natureza manteve-se Parque Municipal Mato Sartori. Hisirredutível e as infiltrações obrigaram toricamente, o terreno era utilizado a mudança de planos. “A arquiteta er- como pátio, depósito e acesso pelos rou. Eu não me dei conta de que já era moradores dos arredores. E o messecretário e podia mudar isso. Quando mo uso se manteve após o início das eu erro, eu admito.” Teles mandou ins- obras. As primeiras cordas instaladas talar um telhado comum, como teria ao redor das trilhas foram retiradas alertado sua sensatez no início da obra. por crianças para construir balanços O secretário não sabe precisar quanto dentro do mato. O espaço continuou teria sido economizado se tivesse to- servindo como depósito de lixo. Para mado essa decisão antes da construção conscientizar a população sobre a nova equivocada, mas garante que a diferen- função do parque e tê-la como aliada ça de custo entre o reforçado prédio de na preservação, a prefeitura optou pela teto verde e uma estrutura mais sim- política da boa vizinhança e chegou a ples é mínima. Para ele, futuramente, realizar alguns projetos de inclusão soo prejuízo ainda pode se converter em cial. Integrou a comunidade em uma lucro. “O prédio sustenta um segundo oficina de grafitagem dos muros, reandar. Conforme for necessário, existe alizou uma edição da Troca Solidária essa possibilidade”, projeta. (projeto da Codeca que troca lixo por
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alimentos) e fez algumas melhorias no insuficiente para impedir os atos de entorno, como o encanamento do es- vandalismo. Responsável pelo patrigoto, que antes era depositado em um mônio público, a Guarda Municipal pequeno arroio que corre pelo mato. A passou a realizar rondas noturnas. Eniniciativa melhorou a relação dos vizi- tretanto, como atua desarmada, não nhos com a área mas não foi capaz de pode fazer muito para evitar os furtos. evitar o vandalismo. “Não se pode cul- Teles é sensível à situação de perigo à par a comunidade inteira. São alguns qual os guardas ficariam expostos em que danificam o parque”, esclarece Te- investidas mais diretas contra vândales. los e ladrões. O secretário não divulga Desde que começaram a chegar os a estratégia, mas diz que está estudanprimeiros materiais de construção, o do melhorias e pretende abrir o parque Mato Sartori se tornou alvo de ladrões. com um sistema mais eficaz de segu“Com a madeira que foi levada daria rança. para construir dois observatórios”, O Parque Municipal Mato Sartori calcula Teles. Segundo o secretário, foi orçado em R$ 1,9 milhão. A obra porém, os furtos atrasaram o trabalho é uma parceria entre a prefeitura, que mas não oneraram os custos. “Tínha- custeou o material para construção, e a mos uma reserva de madeira, placas e Viação Santa Teresa (Visate), que assucordas. O que realmente custou mais miu a mão de obra. A partir da abertufoi a iluminação, onde gastamos R$ ra do parque, a prefeitura vai operacio16 mil.” O furto de 50 lâmpadas e 30 nalizar as visitas e a Visate vai cobrir as postes de luz, em novembro de 2009, despesas de manutenção. Como é uma poucos dias antes de mais uma data área de preservação ambiental, o Mato prevista para inauguração, foi a última Sartori tem a vantagem de conseguir investida de vândalos na obra e a pri- recursos de multas e medidas commeira a merecer a dipensatórias – o que, vulgação de uma nota segundo o secretário, oficial da prefeitura. “A arquiteta elimina a necessidade “Nas outras vezes, tam- errou. Eu não de licitação para albém registramos ocorguns serviços. Conforme dei conta de rência, mas não divulme Teles, o muro foi gamos. Não queríamos que já era construído com uma alarmar. Em represália, secretário e verba de R$ 137 mil poderíamos sofrer mais podia mudar isso. proveniente de uma vandalismo”, justifica compensação do SerQuando eu erro, Teles. viço Autônomo Munieu admito”, cipal de Água e Esgoto Antes do início afirma Teles (Samae) pelas interfedas obras, a intenção rências ambientais no da prefeitura era levar Sistema de Abastecia Guarda Municipal para o parque mento Marrecas. Outros R$ 180 mil somente quando ele começasse a fun- foram investidos graças a um termo de cionar. Com os furtos de material, o ajustamento de conduta aplicado a um trabalho dos guardas no Mato Sartori frigorífico por danos ambientais. foi antecipado. A presença da Guarda impôs um clima de segurança, porém Quando abrir, o Mato Sartori
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época em que os pássaros começaram a retornar ao mato, depois que o lixo saiu. Costanza também aplica no Mato Sartori o conhecimento obtido com os livros e não fica parada. “Se não tem trabalho, a gente arranja.” A cada nova previsão de inauguração, ela alimenta a expectativa de aprender coisas diferentes em mais um ano de estágio que lhe resta. “Quando o parque abrir, a minha função vai ser monitorar as visitas, interagir com as pessoas.” O secretário Adelino Teles estima que a obra seja concluída em 30 dias (a contar da última quarta-feira, dia 17). Essa previsão, entretanto, não é suficiente para determinar uma nova data de inauguração, que deverá ser feita em quatro etapas: primeiro para a imprensa, depois para os moradores vizinhos, em seguida para os alunos de biologia e finalmente para grupos de estudantes. Isso, claro, se todos os entraves que atrapalham a obra forem superados. Enquanto Teles conversava com O Caxiense no Parque Municipal Mato Sartori, um guarda municipal interrompeu a entrevista para trazer mais problemas ao secretário. “Não vai dar pra instalar as câmeras naqueles postes. Estão soltos”, informava, agitado. Teles sugeriu que os postes deveriam ser concretados, mas o guarda insistiu. “Já foram concretados. Mas se empurrar com um dedo, o poste cai.” Acostumado aos contratempos da obra, o secretário se manteve tranquilo. “Então vão ter que refazer. Não tem mistério.”
Maicon Damasceno/O Caxiense
vai colocar em prática diversos projetos educacionais, que têm sido intensamente estudados pela equipe que trabalha no parque. Há quase um ano, o estudante de Engenharia Ambiental Alan Gabriel da Silva, 21 anos, sai de casa para trabalhar no Mato Sartori, assim como outros três monitores, uma gerente, um guarda municipal e dois funcionários da limpeza. Com o parque fechado, Alan não exerce o papel de educador ambiental, área que mais gosta no seu curso e a principal função do seu estágio. Entretanto, ele garante que não faltam atividades. “A gente trabalhou bastante nos projetos das trilhas. Cada vez que uma mesma pessoa visitar o parque, poderá fazer um passeio diferente.” Além disso, Alan trabalha em pequenas manutenções e faz da área, que será uma sala de aula de ensino médio e fundamental ao ar livre, um laboratório universitário. “Um dia, com a chuva, uma árvore cheia de bromélias caiu no meio da trilha. Pensamos no que poderia ser feito. Decidimos deixar a árvore onde estava, recuperamos as bromélias e desviamos a trilha. A árvore estava perdida, mas as bromélias não sugam nutrientes dela para sobreviver e gostam de luz. No clarão que se abriu, as bromélias vão vingar”, ensina Alan, que tem aprendido diariamente sobre botânica e identificação de espécies. A estudante de Ciências Biológicas Costanza Formolo Ferronatto, 19 anos, foi a primeira estagiária a chegar no parque, em janeiro de 2008, na mesma
Secretário Teles garante que já tem uma data “na cabeça” para abrir o parque
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Corso cultural
135 ANOS
Os 1,7 mil figurantes, divididos em 10 quadros, mostram roupas e coreografias que representam a trajetória do município desde 1875
EM UMA HORA
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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br m encontro de gerações que passa a limpo a história de uma cidade. O desfile de carros alegóricos da Festa da Uva 2010, que teve sua primeira apresentação na última quinta-feira, mostrou por que esse é o principal atrativo do maior evento de Caxias do Sul. Em aproximadamente uma hora, os cerca de 1,7 mil figurantes se apresentaram na Rua Sinimbu com figurinos e coreografias que representavam a trajetória do município e das pessoas que viveram e ainda vivem aqui. O desfile foi dividido em 10 quadros. O primeiro representa Caxias desde 1875, ano da chegada dos primeiros imigrantes italianos, até 1910, quando foi elevada à categoria de cidade. Os outros nove contam a história do município a partir dessa data. Em cada um deles, uma coreografia diferente ajuda a fazer o público entender a trajetória dessa cidade agrícola, industrial, italiana e multicultural. Nada de gaudérios ou colonos vestidos a rigor. Eles estavam presentes no corso, mas vestidos de Festa da Uva, como define o diretor de desfiles, Vinicius De Tomasi Ribeiro. “Para ser gaúcho não precisa usar bombacha, basta morar no Rio Grande do Sul. Acredito que já superamos essa discussão sobre o pluralismo cultural de Caxias e da Festa da Uva.” E mais do que um encontro entre gaúchos sem bombacha e colonos sem a enxada, quem foi para Sinimbu – ou ainda pretende ir – presenciou um en-
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contro democrático de gerações e de classes. Crianças e velhos, operários e profissionais liberais fazendo a mesma coreografia no ritmo da mesma música, que não era só a tarantela. Norma Sembrani Segat, 82 anos, era uma dos cerca de 30 mil espectadores do desfile, mas dançava junto com os figurantes, abanava e batia palmas. Ela até se sentou, porque um espectador que estava próximo cedeu o banquinho que havia levado de casa. Mas, na maior parte do tempo, Norma preferiu se divertir. E Helena Girardi, 67 anos, neta de imigrantes, que assiste aos desfiles de Festa da Uva desde que se conhece por gente, se emocionou. “É muito bonito ver isso tudo.” Marta Silva Detogni, 42 anos, que adora Festa da Uva, fez questão de ir no primeiro desfile deste ano por um motivo muito especial. Ela queria apresentar o corso ao filho João Deivid, de dois aninhos. Quando foi questionado pela reportagem de O Caxiense, o menino, encabulado, se escondeu atrás da mãe. Mas Marta garante que ele adorou. “Ele estava pulando até agora de tanta alegria”. Se para os espectadores ver parte da sua história passar pela Sinimbu é emocionante, mais ainda é para os figurantes do desfile, que recebem a oportunidade de representar essa história. Afinal, essa é a finalidade dos desfiles de carros alegóricos desde que eles começaram a ser realizados, em 1932. Na época, a cidade era muito diferente e o corso também. O desfi-
O desfile de carros alegóricos da Festa da Uva reconta a história de Caxias do Sul na Sinimbu
le se chamava Cortejo Triunfal da Teresinha Zanchin Gemelli, 56 anos, Uva. Ele passava pela Avenida Júlio acompanha essas mudanças desde de Castilhos e tinha as alegorias pu- criança, sendo a maior parte do temxadas por juntas de bois. As carroças po desfilando na Festa da Uva. Ela viu eram enfeitadas pelos próprios co- passar quase todas as fases do corso lonos com motivos ligados à uva, ao alegórico: a da simplicidade do trabavinho e ao trabalho na terra. E, em lho dos colonos, a dos carros luxuosos vez de cachos de uva, era vinho mes- patrocinados pelas grandes empresas mo que se distribuía aos espectadores. da cidade, as visitas dos presidentes, a E não pense que essas pessoas que es- primeira transmissão de tevê em cores tavam lá olhando e bebendo apenas no Brasil e, agora, a retomada daquela assistiam ao desfile. Não. Elas real- simplicidade que existia lá no começo. mente participavam de tudo, porque “Minha primeira lembrança da Festa as carretas decoradas não passavam da Uva era de quando eu tinha oito simplesmente pela anos. Meu avô, que era avenida, elas iam do Exército, pegava um conduzindo as pes- Quem foi para a caminhão e ia para a cosoas que assistiam Sinimbu viu lônia. Lá, ele enfeitava a ao desfile e que se- um encontro carroceria com plantas guiam o tal Cortenaturais e colocava em jo Triunfal da Uva democrático de cima as mulheres bonitas praticamente pen- gerações e de da comunidade, que se arduradas nas alego- classes. Todos rumavam e vinham para rias, sem figurinos com a mesma cidade desfilar na Festa especiais, sem coreda Uva. Minha mãe era ografia e sem cor- coreografia uma dessas mulheres, e eu dões de isolamento. e o mesmo ritmo lembro de ter vindo junNo final, era prato nesse caminhão para ticamente imposacompanhá-la”, recorda. sível saber quem desfilava e quem es- O primeiro desfile em que Teresinha tava lá só interagindo com o desfile. realmente participou, abanando para O tempo passou, os desfiles evoluí- as pessoas e se sentindo protagonista ram. Os figurantes foram separados do de verdade, foi em 1965, aos 11 anos, público e a bebida alcoólica, em uma e justamente por causa de uma figura decisão politicamente correta, perdeu que até hoje encanta os caxienses naso lugar. Mas o fato é que, com todas cidos aqui e também os chegados mais essas diferenças, o sentido dos desfiles tarde: a rainha. “A Silvia Ana Celli era nunca mudou. A única transformação minha profe na Escola Maguary. Ela foi na apresentação dele. me deu uma foto autografada e me convidou para desfilar. Então eu fui.” A professora de cultura árabe Na década de 60, assim como hoje, a
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a mãe deles na década de 60, quan- é a sétima Festa que ele trabalha. Ou do ela se mudou de São Marcos para seja, era praticamente um adolescente Caxias. “A mãe era florista e prestava quando começou. E isso só não aconserviço para o senhor Isac Menegotto, teceu antes por falta de oportunidaque por muitos anos foi o responsável de. “Minha primeira experiência com pelos carros alegóricos de Caxias. E a Festa da Uva foi em 1996. Desfilei nós, os filhos, começamos a nos en- vestido de macaco do Brique dos Mavolver também”, conta Roberto. Em cacquinhos. Eu mesmo fiz a fantasia, 1984, a família assumiu a execução que era pesada e quente”, diverte-se. dos carros. E, por muitas edições, Gnatta está realizando um sonho de construiu sozinha todas as alegorias. infância. “Desenho desde criança. Eu “Em 1986, fizemos 20 carros em 30 ia nos desfiles e pensava ‘bah, que ledias”, lembra Roberto, que também gal. Eu podia fazer isso’. Nem parece teve participação nos anos de 1991 e verdade que isso aconteceu mesmo”. 1994, quando foram construídos car- O artista plástico não desfila mais ros comestíveis. “Eram decorados com durante o corso. Não teria mais temuvas e, no final dos desfiles, as pessoas po para fazer isso. Desde 20 dezempodiam pegar os cachos que decora- bro, ele trabalha em um pavilhão vam os carros e comer. Era fantástico.” com uma equipe de aproximadaOs carros mudaram nos últimos anos. mente 30 pessoas, das 7h30min à As empresas deixaram de patrociná- meia-noite para deixar os carros los. Eles empobreceram, perderam o em dia para os corsos alegóricos. luxo e diminuíram em quantidade. A E entre a equipe que Gnatta coordeFesta da Uva teve que se adaptar a uma na, tem mais gente jovem. Um deles nova realidade econômica na qual os é o grafiteiro Dygo de Farias Rodridesfiles deixaram de receber a atenção gues, 26 anos. Essa é a terceira Festa financeira de décadas atrás. da Uva que ele trabalha nos detalhes e Roberto também mudou. Ele não se acabamentos das alegorias. Natural de dedica mais como antes à Festa da Uva, Porto Alegre, Dygo mora em Caxias e, por ele, seria tudo há apenas sete anos, e bem diferente. Mesmo sua única relação com assim, não consegue se “O desfile é a a Festa da Uva é artíslivrar do evento tão fa- parte mais legal tica. Mas ele também cilmente. “Este ano eu da Festa da Uva já está começando não ia fazer nenhum a sentir aquele afeto carro alegórico. Mas a porque conta pelo evento, típico de minha irmã (Ana Chia- uma história”, quem nasceu aqui ou radia) pegou uma ale- diz o grafiteiro adotou essa cidade. goria para fazer e eu me portoalegrense “O desfile é a parte comprometi a ajudá-la.” mais legal da Festa da Dygo de Farias Uva porque conta uma Mas esta é uma Fes- Rodrigues história. Quem é daqui ta envolvente, e, mesmo gosta porque se recocom menos dinheiro e nhece nele e quem é de menos glamour, conseguiu conquistar fora tem a oportunidade de aprender também as novas gerações, que nos úl- sobre a cidade.” E Dygo garante que timos anos têm se encarregado de dar isso já não é mais exclusividade de desseguimento ao trabalho dos mais an- cendentes de italianos. Para ele, essa já tigos. O artista plástico e coordenador é uma questão superada. “Faz sete anos da construção dos carros alegóricos, que eu estou aqui. Agora faço parte André Gnatta, tem 37 anos e essa já dessa história também.” Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
rainha e as princesas eram as grandes Àquela altura, Teresinha já havia inatrações da Festa da Uva e as estrelas corporado o sentimento que boa parte dos desfiles de carros alegóricos. O dos caxienses tinha e tem ainda hoje ano em que Teresinha desfilou foi um pela Festa da Uva e pelas histórias de marco porque, pela primeira vez, foi lutas e vitórias contadas nos seus desrealizado um concurso para escolher files de carros alegóricos. O envolvios projetos e desenhos das alegorias. mento dela com essa comemoração Também pela primeira era tão grande que seu vez, a uva passou a dicasamento, em 18 de vidir espaço com a in- “Acredito que já fevereiro de 1978, teve dústria da região, que superamos essa que dividir atenção já ganhava muita im- discussão sobre com o evento. “No dia portância. do meu casamento, eu Na edição seguinte, o pluralismo acordei com uma ideia em 1969, foi realizado cultural de fixa: abanar para o preo primeiro corso no- Caxias e da Festa sidente Ernesto Geisel turno, com iluminação da Uva”, diz o quando ele passasse própria nos carros, um pela Rua Moreira Cégrande avanço para um diretor de desfiles sar – que na época era tempo em que muitos Vinicius Ribeiro mão dupla – para ir em lugares de Caxias aindireção aos Pavilhões. da não tinham sequer Lembro da minha mãe energia elétrica. Era tanta modernida- dizendo pra eu largar o rádio e me prede para a época que, além da uva e das parar para o casamento. Fiz isso só no indústrias, as alegorias faziam referên- final da manhã, quando deram a notícia a acontecimentos mundiais e aos cia de que o presidente havia chegado progressos científicos. Até a chegada do no aeroporto e eu pude correr para a homem à lua foi homenageada naque- Moreira. Depois voltei para casa mais le ano, que teve 60 carros alegóricos. tranquila para me preparar para o caAí ficou fácil se preparar para a Festa samento.” de 1972, quando o desfile entrou para a história do país como a primeira A comparação entre Festa da transmissão de tevê ao vivo e em co- Uva e casamento, aliás, é pertinente. res do Brasil, com direito à presença Quem trabalha uma vez para o evendo presidente da República Emílio to e se deixa envolver por ele, quanGarrastazu Médici. “Eu havia ganha- do nota, já transformou a relação em do o concurso de Mais Belas Pernas de rotina, com obrigações e uma fideliCaxias – naquela época havia concur- dade – e amor também, é claro – que so para tudo (risos) – por isso ganhei ultrapassa até gerações. É o caso da um lugar de destaque no carro alegó- família Chiaradia. O artista plástico rico da Madal. Era um robô que mo- Roberto Chiaradia, 54 anos, tem uma vimentava os braços. Eu ficava, junto série de restrições em relação à Festa com outras duas moças, em um dos e ao estilo dos carros alegóricos, que, braços desse robô. Então, quando che- na opinião dele, deveriam ser mais lugou na frente da arquibancada onde xuosos e menos conceituais. Mesmo estava o presidente, o robô ergueu os assim, lá estava ele este ano, trabalhanbraços e eu e uma outra moça, entre- do mais uma vez na confecção de uma gamos nas mãos do Médici uma ces- das alegorias, junto com a irmã, a tamta com uvas de mesa que formavam bém artista plástica Ana Chiaradia. o desenho de uma flor. Fiquei cara a Esse envolvimento dos Chiaradia com cara com ele, que foi muito simpático.” a Festa é muito antigo. Começou com
Para Roberto Chiaradia, o trabalho nos carros alegóricos é tradição de família; o grafiteiro Dygo, de Porto Alegre, se sente em casa no desfile
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Guia da Festa
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Diversidade é apresentada com teatro interativo, música para todos os gostos e danças típicas
Roupa Nova é pedida certa para os românticos de plantão e saudosistas de trilhas de novelas como Roque Santeiro e Rainha da Sucata
SÁBADO | 20
Música
l Fellicci Personne | Filó. 15h | Estação das Soberanas l Viegas Trio | Rock. 14h | Banda toca músicas próprias e covers de Led Zeppelin, Pink Floyd e Muse, entre outros. Estação da Convivência l Bico Fino | Samba rock. 22h | Estação da Convivência l Bonde do Forró | Forró. 22h | Show nacional da noite, banda toca sucessos como Saia e Bicicletinha e Mulher do vuco vuco. Durante a festa será realizada gravação de CD e DVD da banda. Estação da Música – Palco Principal l Brasiliáh | Rock nacional. 15h | Estação da Convivência l Cancioneiros da Tradição | Nativista. 19h | Estação do Gaúcho l Caterpillar | Rock gaúcho. 19h | Estação da Convivência l Cesar de Freitas | 18h | Estação da Colônia l Charlotte Rock | Rock. 16h | Estação da Convivência l Coral Nova Trento | Típica italiana. 18h e 20h | Estação da Serra lCoro Feminino Sylvinha Araújo | 14h | Regido por Daiana Melo, coral tem nome em homenagem à estrela da Jovem Guarda. Estação das Soberanas
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l Estação Sul | Baile. 18h | Estação da Convivência l Estância | Tchê music. 19h | Estação da Música – Palco Auxiliar l Evidência | Baile. 18h | Estação da Música – Palco Auxiliar l Jota Batista | 7h e 20h | Estação da Colônia l Jota Júnior | 12h | Restaurante Tulipa l Linha de Frente | Baile. 13h | Estação da Convivência l Los Medonhos | Baile. 20h | Estação da Música – Palco Auxiliar l Luiz Carlos | 11h e 13h | Apresentação ao violino. Estação das Soberanas l Miguel Angelo | Típica italiana. 14h | Estação da Colônia l Osmar Ferreira | 21h | Estação da Serra l Poder da Criação | MPB e outros gêneros. 17h | Estação da Convivência l Samuel Sodré | MPB. 12h | Salão da Igreja l Só Batidão | Pop. 17h | Grupo faz show com covers ecléticos, que passam por Legião Urbana, Victor & Leo e Maria Gadú, entre outros. Estação da Música – Palco Auxiliar
Teatro
l Associação Artística Sempre Amigos | 15h | Estação da Colônia
l Cia. Uerê | 10h | Grupo recepciona com abraço aos visitantes. Estação do Abraço l Grupo Aprontação Experimental | das 13h às 18h | Apresentação de teatro de bonecos. Palácio das Uvas l Grupo Quiquiprocó | 13h e 13h30 | Espetáculo Isto que é festa! com de teatro de bonecos. Estação da Serra l Grupo EDZ – Foco 3 Eventos | 14h30, 15h30, 16h30, 17h30 e 18h30 | Quatro artistas, interpretando pessoas que viveram na época da chegada do trem – um maquinista, um empresário, um agricultor e uma dona de casa -, interagem com os visitantes. Estação da Convivência l Tem gente teatrando | 10h | Com trajes típicos que fazem referência às réplicas da Estação, o grupo interage com os visitantes. Réplica
Teatro
l Associação Cultural Germânica de Caxias do Sul | Folclórica alemã. 15h e 19h | Estação da Convivência l Cia. Matheus Brusa | 21h | Estação da Convivência l CTG Ginetes da Tradição | Tradicionalista. 10h | Estação da Serra l CTG Chegando no Rancho | Tradicionalista. 12h e 17h | Estação da Serra l Grupo de dança italiana de Salto Veloso | 16h |
Estação da Serra
DOMINGO | 21
Música
l A festa chegou | Típica italiana. 15h | Estação da Colônia l Cesar de Freitas | Nativista. 12h | Restaurante Tulipa l Coral Pamiatki | Típica polonesa. 11h e 13h | Estação das Soberanas l Coro Masculino Monte Carlo | Música italiana. 15h, 17h e 19h | Estação das Soberanas l Domênico Anzolin Trio | Pop rock italiano. 17h | Estação da Convivência l Edgar Pozzer | Música italiana. 12h | Estação da Convivência l Ernesto Nunes | Nativista. 17h | Estação da Música - Palco Principal l Gauchinha Vacariana e Integração Sul | Nativista. 18h | Estação do Gaúcho l Gaúcho Lacerda | Nativista. 14h | Estação do Gaúcho l Grupo Musical Imagem | Baile. 19h | Estação da Música - Palco Principal l Ibanês de Oliveira | Nativista. Domingo, 20h | Restaurante Tulipa l Italian Crazy Band | Música italiana. 16h | Estação da Convivência
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l Danças Folclóricas da Sociedade Caxiense de Auxílio aos Necessitados (SCAN) | 14h e 17h | Estação da Serra
l Jota Junior | 12h | Salão da Igreja
l Escola de Danças Maristela Gadens | 13h | Estação da Serra
l Júlio César | 10h, 12h e 14h | Apresentação ao teclado. Estação das Soberanas
l Grupo de dança italiana de Salto Veloso | 15h | Estação da Convivência
l Linha de Frente | Baile. 13h | Estação da Convivência l Nenito Sarturi | Nativista. 18h | Estação da Música - Palco Auxiliar
l Oito Tempos Escola de Dança | 20h | Estação da Serra
l Os Campeiros | Nativista. 15h | Estação da Música - Palco Principal
Teatro
l Os Tiranos | Nativista. 20h | Estação da Música - Palco Principal l Paulo Roberto | Pop italiano. 11h | Estação da Convivência l Pegadão | Batidão. 14h | Estação da Convivência
l Sul Paion | Música italiana. 18h | Grupo apresenta show folclórico italiano. Estação da Convivência l Tranco Serrano | Nativista. 14h | Estação da Música - Palco Auxiliar l Volmir Martins | 17h | Gravação do programa nativista Coisas do Sul, do SBT. Estação da Colônia
l Alexandre Gomes | 20h | Apresentação ao teclado. Estação da Colônia l Orquestra Municipal de Sopros | 22h | Espetáculo Beatles – a razão e a paixão traz músicas do quarteto de Liverpool, como Here comes the sun e Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Estação da Música – Palco Principal
Música
l Bajo La Luna | 17h e 19h | Trio instrumental. Estação das Soberanas l Daniel Barros | Nativista. 21h | Estação da Música – Palco Auxiliar l Daniel Torres | Nativista. 22h | Estação da Convivência l Délcio Tavares | Nativista. 21h | Estação da Convivência
l Cucas Tortas | Pop. 21h | Estação da Convivência
l Grupo Aprontação Experimental | das 13h às 18h | Alameda em frente aos parreirais
l Luiz Carlos | 18h e 20h | Apresentação ao violino. Estação das Soberanas
l Tem gente teatrando | 10h | Réplica
l Paulo Johann | 17h e 19h | Estação das Soberanas
l Grupo de Canto Vozes do Sul | 17h e 19h | Estação da Serra
l Pedro Lima e Daiane Show | 20h | Estação da Serra
l Luciano Cesa e Grupo | Nativista. 21h | Estação da Serra
l Nanetto Pipetta | Lançamento do livro com histórias do folclórico personagem em seis línguas, pela Editora São Miguel. Estação da Convivência
SEGUNDA | 22
Música
l Coral Vívere | Típica italiana. 17h e 19h | Estação da Colônia l Coral Stella Alpina | Típica italiana. 18h e 20h | Coral apresenta músicas italianas, trentinas e austríacas. Estação das Soberanas l Coral Anima D’Itália | Típica italiana. 18h e 20h | Estação da Serra
Dança
l CTG Sinuelo | Tradicionalista. 17h e 19h | Estação da Serra l Escola de Flamenco La Cueva | Flamenco. 20h | Estação da Convivência
Teatro
l Casa das Marocas | 15h e 15h30 | Apresentação de teatro de bonecos. Estação da Serra
l Grupo de Câmara Coral Municipal de Caxias do Sul | 20h | Estação da Colônia
l Os Bertussi | Nativista. 20h | Estação da Música – Palco Auxiliar l Os Serranos | Nativista. 22h | Estação da Música – Palco Auxiliar l Trupe Acústica | 19h | Estação da Convivência l Xiru Pereira | Nativista. 20h | Estação da Convivência
Dança
l Cia. Uerê | 14h | Estação do Abraço
l CTG Raízes do Rio Grande | 18h e 20h | Estação da Serra
l Médicos do Sorriso | T15h | Os atores Everton Pradella e Grasiela Müller apresentam a esquete Não é
l Escola de Danças Carla Barcellos | 18h30 | Estação da Convivência
Maicon Damasceno, Divulgação/O Caxiense
l Vozes da Terra | Nativista. 14h | Estação da Colônia
Música
Simone Ramme, Divulgação/O Caxiense
l Sol de Verão | 16h e 18h; 20h | Estação da Serra e Estação da Colônia
QUARTA | 24
l Cia. Uerê | 10h | Estação do Abraço
Literatura
l Sidinei Lucas | 19h | Apresentação ao teclado. Estação da Convivência
TERÇA | 23
Cadinara Calabró, Divulgação/O Caxiense
l Itamone | Nativista. 16h | Estação da Música - Palco Auxiliar
Irmãos Viegas fazem rock; Xiruzinho toca músicas nativistas; atores representam caxienses de 100 anos atrás
l Xiruzinho | Nativista. 16h | Músico apresenta canções tradicionalistas gaúchas como Milonga dos sete povos. Estação da Colônia
l CXRS | Pop rock. 19h | Banda caxiense toca músicas próprias e covers de músicas do pop rock nacional. Estação da Convivência
l Y Tangos | Tango. 20h | Banda caxiense que mistura tradicionalismo e tango. Estação da Convivência
l Luiz Carlos | 17h e 19h | Músico apresenta seu repertório ao violino. Estação das Soberanas
Dança
Dança
l CTG Ginetes da Tradição | Tradicionalista. 15h e 19h | Estação da Serra
l Escola de Dança Maristela Gadens | Segunda, dia 22, 18h | Estação da Convivência
sempre a mesma história – O fabuloso encontro entre o mui valoroso Don Quixote de La Mancha e a Chapeuzinho Vermelho. Os personagens da literatura encontram-se na Festa da Uva, onde Don Quixote, ao mesmo tempo em que busca seus companheiros, ajuda a perdida Chapeuzinho. Também serão encenadas as esquetes de palhaço que o grupo Médicos do Sorriso costuma levar aos hospitais. Estação da Leitura l Tem gente teatrando | 14h | Réplica
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Teatro
l Cia. Uerê | 14h | Estação do Abraço l Grupo EDZ – Foco 3 Eventos | 14h | Estação da Convivência l Grupo Quiquiprocó | 15h e 15h30 | Estação da Serra l Médicos do Sorriso | 15h | Estação da Leitura
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l Tem gente teatrando | 14h | Réplica
QUINTA | 25
Música
l ACOrDA | 18h e 20h | Estação da Serra l Adão Léo | MPB. 17h e 19h | Apresentação ao saxofone. Estação das Soberanas l Alexandre Gomes | 20h | Apresentação ao teclado. Restaurante Tulipa l Cancioneiros do Sul | Nativista. 19h | Estação do Gaúcho l Família Potter | 18h e 20h | Estação das Soberanas l Galpão Crioulo | Nativista. 22h | Antonio Augusto Fagundes e Neto Fagundes celebram mais um programa nativista. Estação da Música – Palco Principal l João de Almeida Neto e Bonilha | Nativista. 20h | Estação da Música – Palco Auxiliar l Miguel Angelo | Típica italiana. 20h | Estação da Colônia l Orquestra Sinfônica da UCS |
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20h | Estação da Convivência
SEXTA | 26
l Robson Boeira | 19h | Apresentação com acordeon. Estação da Música – Palco Auxiliar l Xiruzinho | Nativista. 20h | Estação do Gaúcho
Dança
l CTG Ginetes da Tradição | 19h e 21h | Estação da Serra
Teatro
Música
l Banda Base | Rock. 19h | Estação da Música – Palco Auxiliar l Cesar de Freitas | 20h | Estação da Colônia l Coral da Universidade da Terceira Idade | 15h e 17h | Estação das Soberanas l Delta Revival | Rock. 20h | Estação da Música – Palco Auxiliar
l Cia. Uerê | 14h | Estação do Abraço l Cia. Nazareno Bonecos | 14h | Apresentação do espetáculo Nanetto Pipetta – Um herói às avessas com teatro de bonecos. Réplica l Grupo Aprontação Experimental | das 17h às 21h | Palácio das Uvas l Médicos do Sorriso | 15h | Estação da Leitura l Molhados na Chuva | 15h, 16h e 17h | Apresentação do espetáculo Pérola das Colônias. Estação da Colônia l Tem Gente Teatrando | 15h | Réplica
l Elio Beux | 18h e 20h | Estação das Soberanas l Latino Show | 20h | Estação da Serra l Osmar Ferreira | 21h | Estação da Serra l Paulo Johann | 16h e 19h | Estação das Soberanas l Roupa Nova | Romântico. 22h | Atração nacional da noite, banda traz sucessos como Dona, Coração pirata, Linda demais e Whisky a go-go. Estação da Música – Palco Principal l Sidinei Lucas | 20h | Restaurante Tulipa l Som Duetos | 17h30 |
Estação da Convivência l Toque Fandangueiro | Nativista. 19h | Estação do Gaúcho l Velho Vinil | Pop. 21h | Estação da Música – Palco Auxiliar
Dança
l Ballet Margô | 18h | Estação da Convivência l Cia. Municipal de Dança | 20h | Estação da Convivência
Teatro
l Casa das Marocas | 15h e 15h30 | Estação da Serra l Cia. Nazareno Bonecos | 14h | Réplica l Cia. Uerê | 14h | Estação do Abraço l Grupo Aprontação Experimental | das 17h às 21h | Palácio das Uvas l Grupo EDZ – Foco 3 Eventos | 14h, 15h, 16h30, 17h e 18h | Estação da Convivência l Médicos do Sorriso | 15h | Estação da Leitura l Tem Gente Teatrando e Cia. Nazareno Bonecos | 15h | Réplica
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Artes artes@ocaxiense.com.br
Marcos Clasen | Beijos |
A pintura explora o desejo humano de beijar. Na visão do artista, os beijos são a primeira estratégia de sedução. O gesto frágil, que esconde tabus, vergonhas e fantasias, é retratado por meio da técnica de óleo sobre tela.
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PRIMEIRO E DEPOIS por MAQUIAM MATEUS SILVEIRA Primeiro o silêncio com fome e sem guerra e sem tudo. Depois o cansaço sem fome por guerra e por nada. Depois perdido e tudo para dentro de si, tudo fechado sem porta sem luz sem fora depois só descoberta e certeza: não tem nada depois.
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Adriana Paula Sirena, Divulgação/O Caxiense
A aventura das letras
O misterioso
Interpretado pela funcionária Marta Pulita, o ardiloso Conde Drácula aproximou-se dos pequenos leitores falando de Crepúsculo e Harry Potter
prazer de ler
s
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por MARCELO ARAMIS marcelo.aramis@ocaxiense.com.br
eria difícil cuidar da saúde das crianças se a maioria dos medicamentos infantis não tivesse sabor adocicado. E não adiantaria explicar os benefícios da medicação. Para elas, embora sejam capazes de curar, remédios são antipáticos. Em geral, só de pensar no gosto amargo, preferem a dor. No último dia 12, a Biblioteca Pública Municipal Dr. Demétrio Niederauer recebeu 10 crianças, de 12 a 14 anos, para passar uma noite inteira entre os livros. O encontro Dormindo no Contapete: histórias de uma noite de verão, encontrou a fórmula ideal para construir leitores. Na programação da madrugada, sessões de filmes, performances teatrais, brincadeiras e um empolgante clima de suspense adoçaram a cultura da leitura, um santo remédio para o qual tantas pessoas torcem o nariz. No início da noite, as crianças chegaram na biblioteca acompanhadas pelos pais. Nas mochilas, trouxeram colchonetes, desnecessários pijamas e a emoção de passar uma noite inteira fora de casa – para muitos, pela primeira vez. Ao som de gritos de terror e rangidos de portas foram levados a cenários sinistros pelo Conde Drácula, interpretado pela funcionária da biblioteca Marta Pulita. Do alto das páginas de Bram Stocker, Drácula curvou-se aos bestsellers de Stephenie Meyer. E foi falando sobre a série juvenil Crepúsculo que o clássico conde conquistou a garotada e conseguiu mostrar que não foi Stephenie Meyer quem inventou os
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vampiros. Em um movimento rápido, Drácula livrou-se da capa preta e se transformou em Harry Potter, o bruxo mais popular da atualidade. O personagem de J.K. Rowling, íntimo das crianças, revelou que a noite seria uma conversa. “A gente escolheu um clima de terror porque é o que as crianças dessa faixa etária gostam de ler. Pelas fichas de leitura, sabíamos que eles leem a saga Crepúsculo e Harry Potter. Mas encontramos uma maneira para inserir os clássicos”, explica Marta.
Depois de conhecerem o prédio, as crianças acomodaram-se sobre almofadas em uma sala no segundo andar. Ali, viajaram nas histórias contadas por três funcionárias da biblioteca. A cada conto, discutiam o enredo e falavam sobre como tinham sentido as palavras. Em um diálogo intimista, também ouviam sobre o dom e o poder da leitura. “Na barriga da mãe, ouvimos quando os nossos pais conversam, quando a mãe canta... Quando nascemos, ainda podemos lembrar do compasso da batida do coração. Já nascemos com histórias dentro da gente. Todos somos contadores de histórias. E quando começarmos a transmitir isso, o mundo vai se transformar em algo muito melhor”, incentivava a contadora de histórias Heloísa Bacichette. Gabriela Turcatti, 13 anos, estudante da 8ª série na Escola Municipal Padre Antônio Vieira, sabe que sua relação com a leitura é incomum para a sua faixa etária. “As pessoas da minha idade não leem muito. Elas gostam mais de ficar no computador, o que eu também
Em clima de suspense, a Biblioteca Pública recebeu 10 crianças para passar a noite. A atmosfera não assustou muito, mas a experiência literária foi de arrepiar adoro. Mas, quando pego um livro Lolita, de Vladimir Nabokov, um marpara ler, eu leio.” Os livros que fazem co da literatura russa. Para a fome de sucesso entre os adolescentes de hoje leitura de Gabriela, a grande caixa vai Gabriela leu ainda na época em que durar pouco tempo. seria comum preferir os contos de fadas. Foi Harry Potter quem lhe abriu Heloísa Bacichette trabalha na as portas do mundo literário, aos sete biblioteca, conta histórias e tem estuanos, quando cursava a 2ª série. “De- dado bastante o que prefere chamar morei mais de um mês para ler o pri- de cultura – e não hábito – da leitura. meiro livro”, diz GabrieEla explica o que Gala, em tom de exagero, briela quer dizer com como se a demora fosse “A pessoa “todo mundo pode ler demasiada para uma só tem que e gostar”. Dos estucriança vencer as quase descobrir o dos, Heloísa tira mais 300 páginas. “Hoje leio questionamentos do um livro inteiro em três tipo de que respostas. “Existe livro certo dias.” uma linha de pensaGabriela lê – e se co- para ela. Todo mento, por exemplo, munica – como gen- mundo pode que critica a contação te grande. Há pouco de histórias. Defende tempo, o pai dela, que ler e gostar”, que quanto mais se é marceneiro, chegou diz Gabriela faz ao redor da leituem casa com uma caixa ra, mais deixamos o cheia de obras clássicas, livro de lado. E o que que havia ganhado de uma arquiteta. aparece é o resto. É algo para refletir. “Acho que ela compra e não lê. Al- Mas, se nossa realidade cultural necesguns livros ainda estavam no plástico”, sita criar artifícios para estimular a leiespanta-se a menina. Gabriela tem um tura, temos que usá-los a nosso favor.” gosto apurado para leitura, mas não Heloísa prefere não classificar a leitura despreza literaturas menos sofistica- por níveis de qualidade. Pressupõe que das. Para quem acredita que o gosto para um não leitor o bom livro é aquepelos livros é privilégio de poucos, ela le que o atrai. “Os críticos de literatura desmente a hipótese do dom. “Não podem distinguir o que é literário ou existe quem não goste de ler. A pessoa não. Nós não podemos ter a pretensão só tem que descobrir o tipo de livro de dizer o que é bom ou ruim para o certo para ela. Todo mundo pode ler e jovem ler”, explica. Conforme Heloísa, gostar.” Enquanto os pais preferem li- mesmo os livros desprezados pela crítivros espíritas, Gabriela se aventura nos ca literária são capazes de transformar. clássicos. Da caixa dos tesouros que “Tem gente que só lê livros espíritas e o pai lhe trouxe, já devorou O Nome autoajuda, mas desenvolve uma maior da Rosa, de Umberto Eco, e está lendo compreensão e capacidade crítica do
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misturava o clássico ao popular, testava a atenção das crianças durante as performances didáticas que elas tinham visto e premiava com doces as que acertavam. Quase ninguém ficou sem. No jogo, Vítor de Abreu Rodrigues, 11 anos, estudante da 6ª série da Escola Municipal Machado de Assis, teve a tarefa de ler a sinopse de Sonho de Uma Noite de Verão, obra de Shakespeare que inspirou o título do encontro. O tímido Vítor mostrou desenvoltura na leitura, resultado de treino. Uma vez por semana, ele sai de sua casa, no bairro Mariani, e retira um livro na biblioteca. “Não custa nada, e tem um monte de livro aqui.” Vítor gosta de ler porque consegue imaginar os cenários e os personagens do seu jeito. Além disso, diz que todas as histórias ensinam algo. “Terminei de ler o Capitão Cueca, que é um super-herói com uma cueca que tem várias utilidades. Na história, tem o Doutor Fraldinha, que ri do nome do Capitão Cueca (!?!?). Eu aprendi que não se deve rir das pessoas, mesmo que os nomes sejam engraçados.”
Nove funcionários da biblioteDepois do jantar, à meia-noite, ca esticaram o expediente, ampliaram as crianças vestiram seus pijamas e a suas funções e improvisaram para ga- sala de contação de histórias virou um rantir atividades durante uma noite cinema democrático. Alguns não levainteira. Enquanto as crianças ouviam ram pijamas e deitaram sobre colchas. histórias, a diretora da biblioteca, Ma- Outros levaram colchões de ar ou saria Cristina Tiburi Picos de dormir. E, consoni, cozinhava uma forme a diretora Maria sopa de letrinhas – lite- “Se nossa Cristina, o contraste ralmente – na cozinha realidade cultural de classes também era do setor de pesquisa, intenção do projeto. “A transformado em uma necessita criar biblioteca fazia projemisteriosa sala de jan- artifícios para tos voltados às escolas tar com os pratos que estimular a municipais. Passamos ela trouxe de casa. leitura, temos a oferecê-los às partiCom a trilha do filme culares também. Nosso Psicose, os convidados que usá-los objetivo é dar acesso e tomaram seus lugares a nosso favor”, democratizar a leitura. nas mesas decoradas defende Heloísa E isso quer dizer que a com aranhas e lagartibiblioteca é de todos.” xas de plástico. Marta Além de consolidar um Pulita saiu de trás de um grande livro espaço plural, Maria Cristina lança um para transformar terror em romance desafio ainda maior: construir leitores. e serviu a entrada: literatura. Carac- “O nosso público-alvo não é o pessoal terizada como William Shakespeare, que já vem aqui e retira seu livro com Marta falou dos bastidores da vida do frequencia. Queremos aquele que não escritor e leu trechos de suas obras. lê.” Humilde, esse Shakespeare se despeA programação foi ingênua ao prediu citando o escritor espanhol Carlos ver que no segundo filme, depois do Ruiz Zafón: “Cada livro, cada volume intervalo para a pipoca, as crianças deque vês, tem alma. A alma de quem o veriam pegar no sono. Maria Cristina e escreveu e a alma dos que o leram, vi- sua equipe têm planos para reeditar o veram e sonharam com ele”. Dormindo na biblioteca, mas a palavra Com a melhor gargalhada de bruxa, “dormindo” deve ser substituída. Da Jurema Goularte Teixeira, que trabalha janela da sala onde espalharam colchono setor de pesquisa, entrou na sala netes, o relógio do Eberle se destacava para preparar, em um caldeirão, uma na escuridão, mas ninguém percebeu repugnante – e imaginária – poção o passar das horas. Para preencher o para adicionar à sopa. “Uma delícia”, tempo, histórias sobre as rondas do esdizia a cada item da receita. E as crian- pírito do Dr. Niederauer na biblioteca e ças concordavam. “Sirvam a sopa, seus outras lendas populares entraram para pamonhas!”, gritava a bruxa aos fun- as sessões extras de bate-papo. Mais recionários da cozinha. Jurema, que já frigerante, mais idas ao banheiro, mais interpretou a Cuca e a Emília de Mon- filmes. Só no último, quase de manhã, teiro Lobato em outras atividades da alguns cochilaram. Mas todos estavam biblioteca, não é atriz, mas sabe como acordados às 7h, quando Marta, deestimular a leitura através de uma his- pois de uma noite em claro, encarava tória encenada. “O que faz a gente con- seu último personagem. Vestida de seguir interpretar é a paixão por ler e galo, treinou o canto do despertar e enfazer com que outros também tenham trou na sala para se decepcionar com essa vontade. E para isso a gente se co- a inutilidade de seu personagem. Para loca no lugar das crianças. Precisamos reforçar o embaraço, cantou sem ritmo saber o que eles gostam de ouvir.” a música Meu pintinho amarelinho e Na sobremesa, mais literatura. Um amenizou o desgosto das crianças pela jogo de perguntas e respostas também diversão ter chegado ao fim.
Fotos: Adriana Paula Sirena, Divulgação/O Caxiense
que quem não lê.” Há uma convenção de que a prática da leitura no ambiente familiar é fundamental para desenvolver jovens leitores. Para Heloísa, esse incentivo é importante, mas a falta dele não determina o desestímulo à leitura. Ela diz que a leitura deve ser entendida como um prazer, não como hábito ou obrigação. “O escritor (francês) Daniel Penacc diz isso. Compare o verbo ler com o verbo amar. Não se pode obrigar alguém a amar alguém. O verbo ler não aceita imperativo.” Heloísa declara-se compulsiva por livros e fala de um prazer desenvolvido em uma infância sem eles. Seus pais não tinham condições de comprar livros. Enquanto a família assistia TV, o pai sentava em um canto e ficava horas lendo o jornal. “Eu ficava pensando o que poderia haver naquelas letras que o prendia de tal maneira que ele nem olhava para a TV. Ele era mecânico e me trazia revistas de mecânica, em inglês. Eu tentava ler. Queria ler como meu pai. Às vezes você é instigado por aquilo que não tem.”
Poção mágica, aparição fantasmagórica e contação de histórias animaram noitada
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Guia de Cultura
guiadecultura@ocaxiense.com.br
Documentário sobre samba, rock com bandas tributo e filme nacional a R$ 1,99 CINEMA l 2012 | Aventura. De sábado a quinta, 20h | Mensagem de que uma catástrofe iminente irá destruir a Terra, baseada no calendário maia, é espalhada por um radialista de estação pirata. Com John Cusack, Danny Glover e Woody Harrelson. Dirigido por Robert Emmerich. Censura 12 anos, 161 minutos, dublado. UCS Cinema R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, professores e funcionários da UCS) | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | Galeria Universitária l A princesa e o sapo | Animação. De sábado a quinta, 16h | Jovem beija sapo para ele voltar a ser príncipe, mas algo dá errado: a jovem é que vira sapo. Censura livre, 97 minutos, dublado. UCS Cinema l A outra face da raiva | Drama. Quinta, dia 25, às 15h | Mulher passa por transformação emocional depois do desaparecimento do marido. Vendo-se na posição de ter que justificar a ausência dele, ela passa a beber e se afasta das filhas, até conhecer um novo amor. Dirigido por Mike Binder. Com Kevin Costner e Joan Allen. A exibição faz parte do projeto Matinê às 3. Legendado, 118 minutos. Sala de Cinema Ulysses Geremia Entrada franca. A participação pode ser confirmada por agendamento de sua entidade, retirando ingresso no local ou por reserva de ingresso, pelo
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telefone 3901.1312, com Tatiéli | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares l Alvin e os Esquilos 2 | Comédia. De sábado a quinta, 14h e 16h | Trio de esquilos participa de um concurso de bandas, mas um dos concorrentes é grupo formado por três fêmeas, as Chipettes. Dirigido por Tim Hill. Censura livre, 94 minutos, dublado. Pepsi GNC 6 - Shopping Iguatemi Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional) Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453 nº 2.780, Distrito Industrial | 3209-5910 l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 18h | Ex-fuzileiro naval é enviado ao planeta Pandora, onde encontra a raça humanoide Na’Vi. Dirigido por James Cameron. Censura 12 anos, 166 minutos, dublado. Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemi l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 21h20 | Classificação 12 anos, 166 minutos, legendado. Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemi l Embarque imediato | Comédia. De sábado a quinta, 16h10, 18h20 e
20h20 | Supervisora impede que garçom de aeroporto embarque clandestinamente em voo e acaba se envolvendo com ele. Dirigido por Alla Fiterman. Com Marília Pêra e José Wilker. Classificação 14 anos, 87 minutos. Pepsi GNC 1 – Shopping Iguatemi l Eu me lembro | Drama. De quinta a domingo, dia 28, 20h | Vida de jovem, desde o nascimento, passando pelo impacto da morte da mãe e pela raiva do pai, até a fase adulta, se desenvolve paralelamente aos principais acontecimentos do Brasil nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Dirigido por Edgard Navarro. Com Lucas Valadares. 108 minutos. Sala de Cinema Ulysses Geremia R$ 1,99 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares l High School Musical – O Desafio | Musical. De sábado a quinta, 13h45 | Versão nacional do sucesso americano, adolescentes voltam às aulas e resolvem participar de concurso de música. Dirigido por César Rodrigues. Com Olavo Cavalheiro, Renata Ferreira e Wanessa Camargo. Censura livre, 97 minutos. Pepsi GNC 3 – Shopping Iguatemi l Invictus | Drama. De sábado a quinta, 15h45, 18h30 e 21h10 | Nelson Mandela, recém saído da cadeia, depois de quase 30 anos de prisão, e eleito presidente da África do Sul, resolve usar o rúgbi como meio de unir a população da nação ainda devastada pelo apartheid. Para isso, incentiva a seleção nacional a ser campeã da Copa
do Mundo de Rúgbi, realizada pela primeira vez no país. Dirigido por Clint Eastwood. Com Morgan Freeman e Matt Damon. Censura livre, 134 minutos, legendado. Pepsi GNC 3 – Shopping Iguatemi l Lua Nova | Aventura. De sábado a quinta, 17h40 | Nova aventura da saga Crepúsculo. Vampiro adolescente rivaliza com lobisomem pelo amor de uma humana. Censura 14 anos, 130 minutos, dublado. UCS Cinema l O lobisomem | Suspense/Terror. De sábado a quinta, 15h, 17h40, 19h50 e 22h | Ao voltar para sua terra natal, homem depara com o mistério da morte do irmão. Quando investiga o caso, acaba mordido por estranha criatura e sofre transformações na época de lua cheia. Baseado em clássico de 1941. Dirigido por Joe Johnston. Com Benicio Del Toro e Anthony Hopkins. Censura 14 anos, 102 minutos, legendado. Pepsi GNC 2 – Shopping Iguatemi l O mistério do samba | Documentário. Sábado, 16h | Cotidiano e histórias da Velha Guarda da Portela, escola de samba carioca. Dirigido por Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor. 88 minutos. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 l Percy Jackson: o ladrão de raios | Aventura. De sábado a quinta, 13h40, 16h15, 18h50 e 21h30 | Baseado em livro de Rick Riordan,
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DreamWorks Studios, ivulgação/O Caxiense
Luciana Ruzzarin Basso, Divulgação/O Caxiense
New Line Cinema, Divulgação/O Caxiense
Superação feminina com ajuda de Kevin Costner; cover de Bon Jovi em noite hard rock; menina acompanha do céu o que acontece na vida dos pais e amigos
filme conta a descoberta de que Percy é filho de um deus da mitologia grega com uma humana. Ele então vai para um campo de treinamento para aperfeiçoar seus poderes e tentará evitar uma guerra entre os deuses. Dirigido por Chris Columbus. Com Logan Lerman e Pierce Brosnan. Censura livre, 123 minutos, legendado. Pepsi GNC 4 – Shopping Iguatemi l Premonição 4 | Terror. De sábado a quinta, 14h15 e 22h10 | No quarto filme da série, jovens escapam da morte em autódromo, mas depois são perseguidos um a um. Dirigido por Davir R. Ellis. Com Bobby Campo e Shantel Van Santen. Censura 18 anos, 81 minutos, legendado. Pepsi GNC 1 – Shopping Iguatemi l Um olhar no paraíso | Drama. De sábado a quinta, 13h50, 16h15, 18h50 e 21h30 | Menina de 14 anos é assassinada e acompanha do céu como sua família e amigos vão seguindo a vida. Dirigido por Peter Jackson. Com Mark Wahlberg, Rachel Weisz e Susan Sarandon. Censura 14 anos, 135 minutos, legendado. Pepsi GNC 5 - Shopping Iguatemi
EXPOSIÇÃO l Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva | De segunda a sexta, das 9h às 17h | Sob curadoria de Véra Stedile Zattera, mostra com trajes, desenhos, adornos e painéis traz história da indumentária de soberanas, evidenciando contribuição da costureira Corina Frigeri e artista plástico Darwin Gazzana. Museu Municipal Entrada franca | Visconde de Pelotas, 586, Centro | 3221-2423
DANÇA l Dança contemporânea | 24 e 25 de fevereiro, 19h30 às 21h | O bailarino Evandro Peroni ministra workshop de dança contemporânea. Inscrições pelo telefone 3901-1316 ou pelo email ciadedanca@caxias. rs.gov.br. Sala da Cia. Municipal de Dança Inscrições gratuitas | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316
TEATRO l 12° Caxias em Cena | De 22 de fevereiro a 14 de maio | O Festival Internacional de Artes Cênicas abre inscrições para grupos e companhias interessadas em participarem do evento, que devem enviar ficha de inscrição, ficha técnica, currículo do espetáculo, necessidades técnicas, material de divulgação, clipping e DVD/Vídeo do espetáculo na íntegra. O material pode ser entregue pessoalmente ou pelo email caxiasemcena@caxias.rs.gov.br. Regulamento e ficha de inscrição estão disponíveis no site www.caxias.rs.gov.br. Unidade de Teatro da Secretaria Municipal de Cultura Luiz Antunes, 312,Bairro Panazzolo | 3901-1316 l Curso intensivo de teatro | De 25 a 28 de fevereiro, das 19h às 21h30 | A atriz Tefa Polidoro ministra aulas sobre desinibição, improvisação e dramaturgia do ator (ação física e partituras corporais). São 14 vagas para atores e público em geral, com idade mínima de 15 anos. Sala de Ensaio Centro Cultural R$ 130 ou duas parcelas de R$ 70 | Júlio de Castilhos, 1.526, sala 2, Centro | 3028-0261 ou (51) 9268-4269
MÚSICA l AC/DC Cover RS | Rock. Sábado, 23h30 | Banda realiza tributo aos 30 anos da morte do vocalista Bon Scott. Roxx Rock Bar R$ 12 (até 23h30 com nome na lista) e R$ 15 (depois) | Av. Júlio de Castilhos, 1.343, Centro | 3021-3597 | 400 pessoas l Bad Medicine | Hard rock. Sábado, 23h | Banda caxiense faz cover de Bon Jovi, trazendo sucessos como Keep the faith e Have a nice day. Show de abertura com a banda Baby Sitters. Vagão Bar R$ 15 ou R$ 12 (com nome na lista e até meia-noite) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www. vagaobar.com.br | 500 pessoas l Dona Dita | Rock. Sábado, 22h30| Dupla toca sucessos do rock’n’roll
britânico. Leeds Entrada franca | Os 18 do Forte, 314, N. Sra. De Lourdes | 3238-6068 | 150 pessoas l FlashBack | Pop rock. Sábado, 23h | Banda porto-alegrense traz sucessos dos anos 1970, 1980 e 1990. Depois, DJ Eddy. Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas | www.portalbowling. com.br l Jorge da Macedônia | Rock nacional. Sábado, 22h30 | Acústico. São Patrício Bar Entrada franca | Tronca esquina com Marechal Floriano, Centro | 30285227 | 50 pessoas l Libertá | Nativista e outros gêneros. Sábado, 22h30 | Grupo com repertório variado, desde música gaúcha e sertaneja até MPB, passando por axé music e pagode. Libertá Danceteria R$ 10 (feminino) e R$ 20 (masculino) | 13 de maio, 1.684, Cristo Redentor | 3222-2002 | 700 pessoas l O Diabo Veste Prada | Música eletrônica. Sábado, 23h | Com apresentação de Vilma Classic, será realizado concurso de Moda e Estilo. Depois, festa sob comando dos DJs Bebezão e Gui. Studio54Mix R$ 12 | Visconde de Pelotas, 87, Centro | 9104-3160 | www.studio54mix.com l Pitchuritchus | Música eletrônica. Sábado, 23h | Banda se apresenta na festa Sensual Seduction. Festa continua com DJs Marcelo Falcas, Daniel e Juliano Pontalti no Lounge. DJs Leo Z e Elias Capellero e VJ Gustavo na Pista. Pepsi Club R$ 20, com flyer R$ 15 (feminino) e R$ 40, com flyer R$ 35 (masculino) | Vereador Mário Pezzi, 1.450, Exposição | 3419-0900 | www.pepsiclub.com. br | 1.100 pessoas l Reloaded | Música eletrônica. Sábado, 22h | Festa comandada pela DJ Mary Olivetti, acompanhada pelos residentes
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Fran Bortolossi, Alibu e Thobias Wolff. Havana Café Feminino: R$ 20 e R$ 10 (com nome na lista). Masculino: R$ 40 e R$ 20 (com nome na lista) | Augusto Pestana, 145, São Pelegrino | 3215-6619 | www.havanacafe.com.br l Seresteiros do Luar | Samba. Sábado, 18h | Show especial com músicas de compositores da escola de samba carioca Portela, sambas-enredo da escola, sucessos da Velha Guarda e clássicos do samba de gafieira. Participação especial da cantora Nara Aguiar e apresentação de samba de gafieira da Escola de Dança Oito Tempos. Largo do Centro de Cultura Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 l The Headcutters | Blues. Sábado, 23h | Banda de Itajaí (SC) se apresenta novamente no palco blueseiro de Caxias, trazendo músicas próprias e sucessos do blues. Mississippi Delta Blues Bar R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br l Club.Com | Pagode. Domingo, 20h | Roda de samba com grupo e depois, a festa continua com DJ Anderson. A partir das 3h, café da manhã. Europa Lounge Garden Feminino: R$ 10 ou R$ 5 (com nome na lista). Masculino: R$ 20 ou R$ 15 (com nome na lista) | Feijó Júnior, 1.062, Via Decoratta | 3536-2914 ou 8401-2029 | 400 pessoas l Joel Rodrigues e Alessandro Weber | Jazz. Sábado, 22h30 | Duo toca jazz instrumental. Leeds Entrada franca | Os 18 do Forte, 314, N. Sra. De Lourdes | 3238-6068 | 150 pessoas l Tubarão 75 | Rock. Sexta, dia 26, 23h | Banda caxiense faz a 60’s & 70’s Rock Party, com covers de clássicos. Vagão Bar R$ 15 ou R$ 12 (com nome na lista e até meia-noite) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www. vagaobar.com.br | 500 pessoas
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Jefferson Bernardes, Vipcomm, Divulgação/O Caxiense
Tempo de trabalhar
Ainda em formação, o Ju do capitão Calisto (que assumiu a faixa no lugar de Umberto, lesionado) até considerou lucro a derrota por apenas 2 a 0 para o Inter
Torcida espera OUTRO JUVENTUDE
Técnico Osmar Loss vê evolução na equipe, apesar do fraco desempenho no 1º turno
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por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br altou tempo para treinar e o grupo de jogadores ainda não está completo. Não são desculpas, mas os principais fatos e argumentos citados por direção e comissão técnica que comprometeram o desempenho do Juventude nos primeiros dois meses da temporada 2010. O clube foi o último entre 16 equipes a montar um time e iniciar a preparação física para o Gauchão, talvez pelo adiamento do processo eletivo da direção, ainda no ano passado. Enquanto jogadores continuam chegando ao Estádio Alfredo Jaconi, o técnico Osmar Loss é otimista: o segundo turno do Estadual tende a ser diferente. Nesses dois meses, nem Nossa Senhora do Caravaggio ajudou. A santa que teve um Santuário no estilo romano erguido em sua homenagem no interior de Farroupilha pelos imigrantes italianos recebe com certa frequência a visita de alguns funcionários do clube, acima de tudo, juventudistas. A primeira vez no ano foi no dia 16 de janeiro. No dia que antecedeu a estreia no Gauchão contra o São José, a delegação parou em Caravaggio para rezar. Mais recentemente, na quinta-feira, dia 18, um grupo menor esteve no distrito farroupilhense.
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Na quarta-feira a equipe profissional treinou e viajou para Porto Alegre em um ônibus normal, não o oficial, todo verde, com o símbolo do Juventude. Até para despistar prováveis encrenqueiros. Na tarde de quinta, mais precisamente às 15h50, faltando exatamente seis horas para o confronto das quartas de final, o veículo oficial estacionou ao lado do templo de Caravaggio. Dele desceram o médico Iran Cercato, o assessor do departamento de futebol, Juarez Marcarini, e o roupeiro Nilton Antônio Soares, o Zico, além de alguns seguranças. Foi Zico quem foi até o bagageiro para pegar duas bolsas. Com passos rápidos, ele seguiu para o interior da igreja. Cercato ajoelhouse e orou. Nas bolsas estavam os fardamentos a serem utilizados pelos jogadores no jogo contra o Inter, no Beira-Rio. Menos de 10 minutos foram necessários para o auxiliar do Santuário, padre Leonel Pergher, abençoar o material esportivo. Eram 16h05 e o ônibus já estava na estrada, rumo à Capital, ao hotel Holiday Inn. Mas, desta vez, nem a bênção nem a Santa ajudaram. O Ju foi derrotado por 2 a 0 para o Inter, quinta-feira à noite, dia 18 de fevereiro, em jogo válido pelas quartas de final do primeiro turno do Gauchão – Taça Fernando
Carvalho. O alviverde acabou elimina- das estratégicas. Ele trabalha com um do dessa fase. O resultado não deixou modelo de jogo, respeitando a posição Osmar Loss satisfeito. “Uma derrota de cada profissional dentro de campo. não deixa ninguém satisfeito”, emen- “Se formos avaliar os resultados, não da. Porém, o treinador gostou do que está nada bom. Já disse anteriormente viu. Nas últimas partidas da competi- que, com tempo e um plantel formado, ção ele acredita que conseguiu dar um vamos evoluir ainda mais. É estranho padrão ao time, apesar das constantes dizer isso, mas mesmo com a derrota trocas por problemas de lesão. “Nesse para o Inter tivemos evolução”, pondejogo eu consegui fazer as primeiras ra. substituições táticas, e não por um problema que fosse obrigado a trocar. Sobre os resultados, Loss tem Enfrentamos um Inter que está pron- toda a razão. Em 10 partidas à frento para estrear na Copa te do Ju (nove pelo Libertadores. Nosso deGauchão e uma pela sempenho foi bom, bem Os números não Copa do Brasil), condiferente daquele que são favoráveis quistou apenas uma tivemos na quarta ro(3 a 2 contra ao treinador: em vitória dada”, explica Loss, refeo Universidade, no rindo-se à goleada de 5 a 10 jogos foram dia 23 de janeiro, no 0, na fase classificatória, seis derrotas, Jaconi). E é isso que para o mesmo Inter. está deixando a papatrês empates e Para o treinador, outro da receosa. Quando apenas uma Juventude está tomanassumiu a presidência do forma. Até a partida vitória, contra do clube, Milton Scola contra o Inter-SM, dia 3 o Universidade pediu seis meses para de março, em Santa Maa torcida, com o arguria, na abertura da Taça mento de que o foco Fábio Koff (2º turno), Loss quer fazer é subir para a Série B. Até lá, o plano o que não conseguiu até então: treinar. é montar um time que consiga a faça“Quando treinava o time B do Inter, no nha que o rival Caxias tenta há anos. ano passado, demorei seis meses para Seguindo com os resultados, Loss tem acertar a zaga”, compara. Seu método ainda três empates e seis derrotas. A consiste em apresentar aos atletas joga- estreia no Gauchão foi no dia 17 de ja-
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neiro, 2 a 2 com o São José, no Estádio Copa do Brasil – do dia 24 de fevereiro Passo D’Areia. Depois, veio a vitória para 10 de março. Na partida de ida, ante o Universidade. Na sequência, dia 10 de fevereiro, o Ju foi derrotado duas derrotas (5 a 0 para o Inter, dia por 1 a 0 pelo Corinthians-PR (precisa 27, no Beira-Rio; e 1 a 0 para o Veranó- vencer por 2 a 0 para avançar na compolis, dia 31, no Antônio David Farina) petição; 1 a 0 leva a decisão da vaga e um empate – 1 a 1 no CA-JU 265, dia para os pênaltis). No argumento de 4 de fevereiro, no Jaconi. Scola e de Loss, os prováveis próximos No dia 7 de fevereiro o Santa Cruz adversários também não jogam até venceu, nos Plátanos, por 1 a 0. Pela essa data. A estreia no segundo turno Copa do Brasil, dia 10, mesmo placar do Estadual é dia 3 de março. a favor do Corinthians-PR, no EstáDessa forma, o treinador teria tempo dio Janguito Malucelli. No dia 13, o para trabalhar com os novos reforços fechamento do turno, 3 a 3 em casa (bem como o departamento de futebol com o São Luiz (eliminado pelo Novo regularizar suas documentações) e reHamburgo por 2 a 0 ceber do dr. Iran boas nas quartas de final) notícias. Até a derrota e, no dia 18, derrota Estreia do para o Inter, seis atletas para o colorado por 2 alviverde no estavam lesionados ou a 0. Fora as derrotas, a segundo turno em fase de recuperação maioria ocorrida por do condicionamento do Gauchão falhas na marcação físico (zagueiro Ferreidefensiva, os empates está marcada ra, volante Tiago Renz, também preocupam. para o dia 3 de meia Alan, volante Isso porque em todos março, contra Umberto, lateral direito eles o Ju saiu na frente Luiz Felipe e atacante o Inter-SM, em no marcador, mas não Amoroso). Sem falar teve tranquilidade ou Santa Maria no zagueiro Douglas, competência para seque simplesmente não gurar o resultado. Se apareceu mais no clube fossem somados nove pontos (ou seja, e é considerado ex-jogador do Juvenem vez de três empates, três vitórias) tude e nas dispensas de Dirley (zagueiaos seis conquistados realmente, o al- ro) e Ivo (meia). viverde teria 15, teria ficado em segunNa avaliação de Scola, o grupo teve do na Chave 1, atrás do Grêmio, não uma evolução, no comparativo com o teria pego o Inter nas quartas de final... primeiro jogo do Gauchão. “Não tiveMesmo com esse retrospecto, Loss mos medo de enfrentar esse poderoso concorda com a frase do atacante Mar- time do Inter. Hoje temos uma cara tácos Denner, dita quarta-feira, depois tica. Os garotos, que sentem um poudo treino: “Melhor classificar com co o peso da responsabilidade, estão poucos pontos do que ficar de fora”. dando conta do recado.” Para Marcos O centroavante deu a declaração após Denner, “o segundo turno é promisser questionado que o aproveitamento sor”. Sobre contestações ao trabalho de da Chave 1 do Gauchão foi muito in- Loss, o presidente é calmo em responferior ao da Chave 2 – os oito times da der: “Seria simplista da nossa parte deprimeira somaram 52 pontos na fase mitir o técnico. Ainda vamos contratar classificatória, enquanto que a segunda mais jogadores de bom nível para que chegou a 127 pontos. O quarto coloca- o Osmar monte um time competitido da Chave 1, ou seja, Juventude, se vo”, adianta. Para Loss, sem dúvida as classificou com seis pontos. Na Chave vitórias estão fazendo falta. Inclusive, 2, o Veranópolis conquistou 17 pontos mexem com o sentimento dos atletas. na mesma posição. “Eles estão ansiosos. Estamos conversando bastante para amenizar essa anPara conseguir um melhor siedade. Temos um plantel reduzido, aproveitamento na Taça Fábio Koff, por consequência da situação finanMilton Scola encaminhou solicitação ceira do clube”, ameniza o treinador. ao presidente da Federação Gaúcha de “Sei que torcida ainda está temerosa, Futebol (FGF), Francisco Novelletto, mas eu projeto uma equipe melhor em para que seja pleiteada junto à Con- março”, complementa Scola. Ansiosa, a federação Brasileira de Futebol (CBF) papada aguarda. E reza, também para a troca da data do jogo de volta pela Nossa Senhora do Caravaggio.
Loss pede paciência: “Com tempo e plantel formado, vamos evoluir mais”
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Guia de Esportes Claiton Stumpf, Divulgação/O Caxiense
Italo J. Franzoi, Divulgação/O Caxiense
Festa da Uva traz competições de bolão, pesca e bocha de areia
No fim de semana, concorrentes lançam suas iscas artificiais para ver quem é melhor pescador; na terça, vôlei da UCS começa o returno da Superliga em casa
BOLÃO l Campeonato Aberto de Bolão Festa da Uva 2010 | sábado, às 9h | Paralelamente à Festa da Uva, ocorre o Campeonato Aberto de Bolão. Os tradicionais jogos serão realizados neste sábado no Centro Esportivo do Sesi. A competição é dividida em duas categorias: a A, com seis grupos, e a B, com cinco, sendo que cada equipe é composta por 10 integrantes. O grupo que fizer mais pontos é o campeão. Serão distribuídas medalhas e troféus para os três primeiros colocados de cada categoria. O jogo consiste em derrubar o maior número de pinos rolando cinco bolas em quatro canchas. Ao arremessar, o jogador deve encostar a bola na pista até o final da zona de arremesso, caso contrário a bola será considerada queimada. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Rua Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima |
PESCA l Pesca com Isca Artificial | sábado, às 12h30, e domingo, às 9h | Neste fim de semana, a Associação Gaúcha de Pesca com Iscas Artificiais (Agapia) e a Festa da Uva 2010 promovem uma prova de pesca com isca ar-
tificial. No sábado, a competição será embarcada, ou seja, os competidores estarão usando um barco, com ou sem motor elétrico. A prova será realizada na Barragem Dal Bó, começando às 12h30 e se estendendo até as 18h. Os barcos podem conter um ou dois pescadores. A embarcação que conseguir mais quilos com cinco peixes é a vencedora. Além disso, será premiado quem pescar o peixe mais pesado. Qualquer pessoa que pagar a taxa de R$ 25 pode participar. No domingo, é a vez da prova desembarcada, também chamada de pesca de barranco. A disputa é individual, e o pescador que conseguir os cinco peixes mais compridos é o vencedor. As inscrições podem ser feitas na hora, às 8h, com o pagamento de uma taxa de R$ 25. A competição começa às 9h e se estende até as 13h. A organização espera a participação de pelo menos 60 pescadores. Barragem Dal Bó e Lago Lambari Entrada gratuita | Rua Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima; e Rota do Sol, Km 171, próximo à sede da Neobus, no distrito de Vila Seca |
CICLISMO l Passeio Ciclístico | domingo, às 9h | O cicloturismo no interior de Caxias
do Sul é uma prova que visa à apresentação dos roteiros turísticos da cidade aos participantes. Não é uma prova competitiva. A concentração será às 8h30 e a largada às 9h, ambas em frente à Igreja Nossa Senhora da Saúde. Ao todo, serão percorridos 22 quilômetros, metade de ida e metade de volta, até a localidade de Santa Justina. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no local até momentos antes da largada. A organização estima que 150 ciclistas participem do evento. Igreja Nossa Senhora da Saúde Inscrições gratuitas | Rua Ludovico Cavinatto, Nossa Senhora da Saúde |
BOCHA DE AREIA l Torneio Festa da Uva de Bocha de Areia | domingo, às 10h | Os classificados das duas seletivas realizadas no início deste ano se enfrentam na semifinal do Torneio de Bocha de Areia, neste domingo, às 10h. Os 17 melhores quartetos disputam vagas para a grande final, que ocorrerá no dia 28, nas quadras cobertas dos Pavilhões da Festa da Uva. Logo no início desta etapa, a organização faz um sorteio que coloca uma equipe direto na final e define os oito jogos das restantes. Das 16 equipes, as nove melhores colocadas, mais a sorteada, se classificam para a final.
Pavilhões da Festa da Uva Entrada gratuita | Rua Ludovico Cavinatto, 1431, Nossa Senhora da Saúde |
VÔLEI l Superliga de Vôlei | terça, às 20h | A equipe de Caxias terá seus primeiros jogos em casa no returno, pela quinta e sexta rodada da Superliga. O time treinado por Jorginho Schmidt terá dois adversários que amargam posições no fim da tabela. Na terçafeira, enfrenta o Cuiabá, e na quinta, a equipe do Brasília. Os dois jogos serão às 20h, no Ginásio Poliesportivo da UCS. O resultado desses confrontos deve colocar a equipe caxiense na disputa pelas primeiras oito posições. No primeiro turno, o time local atingiu a meta de se classificar entre os oito primeiros, e nesta segunda etapa tenta manter o desempenho. Caso se classifique, disputará os jogos eliminatórios das fases finais da Superliga. Ginásio Poliesportivo da UCS Ingressos: para jogo único, R$ 4 para funcionários da UCS e estudantes em geral mediante identificação e R$ 8 para público em geral. Para rodada dupla (os dois jogos), R$ 5 para funcionários e estudantes e R$ 10 para público em geral | Francisco Getúlio Vargas, s/n, Vila Olímpica, Petrópolis |
EXTRAVIO DE BLOCO DE NOTA FISCAL
Ind. e Com. Confecções AS Ltda, estabelecida na Av. Rubem Bento Alves, 8405 - Cinquentenário - Caxias do Sul, comunica que foi extraviado bloco de notas fiscais D1 nº 213 a 250. Não nos responsabilizamos pelo uso indevido do mesmo. Caxias do Sul, 20 de fevereiro de 2010
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Revisão grená
Analisando os erros que eliminaram o Caxias a despeito da boa campanha, o comandante Julinho Camargo planeja como chegar à fase final no 2º turno
esquadrão, avançar! No Estádio Centenário, a ordem é deixar a frustração de lado, corrigir as falhas e partir com tudo para o segundo turno
A
por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br queles dias cinzas e arrastados do início da semana passada refletiam o humor do torcedor grená. Uma estranha mistura de frustração e melancolia lá naquele empate em Santa Cruz, contra o Avenida, na última rodada da primeira fase do Gauchão, fez desaguar esse oceano de tédio nas imediações do Centenário e onde houvesse um torcedor grená. Em qualquer mesa de boteco na segunda-feira, o Caxias virou o assunto. Porque maior surpresa do que o Juventude classificar-se na sua chave foi o Caxias não seguir adiante, mesmo com pouco mais que o dobro de pontos do co-irmão. Se naquele empate do CA-JU a corneta ficou muda, ao término da primeira fase do 1º, com o Caxias ficando por ali mesmo, ela voltou a soar. Um culpa o regulamento, outro se lembra do empate do Caxias contra o Inter-SM em casa, outro conta do gol imperdível que Everton perdeu contra o Grêmio, e assim a vida segue. Porque a missão é dura. Tentar explicar o inexplicável é tão inútil, com o perdão da palavra, quanto tentar refazer o passado. O que o Caxias vai fazer é corrigir falhas do passado, mesmo recente, para que os erros não se repitam. Porque ao final do segundo turno, torcida, comissão técnica, direção e jogadores querem ver o Caxias entre os quatro melhores clubes do Estado. É bom lembrar que em 2010 o Caxias completa 75 anos de história. E mesmo que o objetivo seja a Série B,
não dá pra ficar de fora das finais do Gauchão. “O objetivo é disputar a Série C para subir, sim, mas estou frustrado por não ter ido às finais do Gauchão. Queria estar concentrado para o jogo contra o Grêmio, lá no Olímpico, mas fazer o quê. Agora é trabalhar para mudar essa situação”, prega o presidente Osvaldo Voges. Todos os entrevistados para esta reportagem usaram a palavra frustração para descrever o sentimento depois da queda. Queda é a melhor palavra, porque ocorreu quando o Caxias parecia ter retomado o equilíbrio após alguns tropeços. No meio desse caminho, no entanto, houve muitas pedras. A primeira, diante do Inter de Santa Maria, pode ter sido a mais pesada. “Aquilo era mais um jogo de polo aquático do que futebol”, recorda Voges. E o tombo veio diante do Avenida, o pior time do campeonato, com o pior aproveitamento, pior defesa e que só não terminou a primeira fase como o pior ataque porque marcou dois gols contra o Caxias. Alguns relevam, pois mesmo se tivesse vencido, e não empatado, o clube não passaria à fase final. É que o Veranópolis, orientado por Gilmar Dal Pozzo, venceu o Ypiranga. Quem diria, um dos heróis grenás na conquista do Campeonato Gaúcho de 2000, que pegou até pênalti de Ronaldinho Gaúcho na final, ganhou na última rodada, tirou o Caxias e de lambuja ajudou o Juventude a se classificar. E essa é a graça do futebol, que reafirma o que todo fã do esporte já sabe:
não pode bobear. Aquele golzinho, que menos de 15 minutos de bola rolando, parecia não fazer tanta diferença na- o Caxias travou. quele momento de uma partida qualAo final da partida, depois de ceder quer, poderia amenizar o desespero o empate ao Avenida e ficar sabendo futuro. Parece papo de doido varrido, da notícia de que o Veranópolis vencemas é a mais pura filosofia do mundo ra o Ypiranga, o clima no vestiário foi da bola. E só tem acesso a esse mun- de terra arrasada. “Sabe como é, né, no do maravilhoso quem vestiário a turma eschuta de vez em quantava chateada por não do uma pelota de cou- “Estou frustrado ter conseguido pasro, ou quem se esforça por não ter sar para a outra fase. para relacionar a vida Principalmente porque ido às finais com o esporte. Só pra nos últimos seis jodeixar muito intelectu- do Gauchão. gos tínhamos vencido al boquiaberto, até Al- Agora é trabalhar quatro”, conta Julinho. bert Camus, escritor e para mudar Ninguém que pretenda filósofo francês, nasciser reconhecido, como essa situação”, do na Argélia, enxergou é o caso dele, está conuma metáfora entre a prega o formado de ficar de sociedade e o futebol. presidente Voges fora das finais, mesmo Camus escreveu: “fuque seja apenas da pritebol é inteligência em meira fase do Gauchão. movimento”. Talvez Nelson Rodrigues E mesmo que grenás possam cornetear tivesse retrucado, “então manda tirar o os papos por mais uma derrota para o perna de pau de campo”. Inter, os alviverdes vão retrucar: “pelo menos a gente se classificou”. Essa digressão, na verdade, é Ficando de fora, o Caxias ganhou uma ponte para o que Julinho Camar- 15 dias de treinos para colocar a casa go, treinador do Caxias, pediu para em ordem. O volante Edenílson, 20 sua equipe antes de entrar em campo anos, que foi entrando aos poucos no contra o Avenida. Inteligência, clama- time, tateando espaço entre os titulava Julinho. Inteligência para fazer uma res, ganhando confiança do treinador e boa partida, sem se desfocar da vitória aplausos da torcida, já entendeu o recae, de preferência, com muitos gols, mas do. Ainda no vestiário do fatídico jogo ao mesmo tempo jogar com o regula- contra o Avenida, ouviu atento as palamento, ou seja, dependendo dos resul- vras do treinador: “O Julinho nos disse tados paralelos, destroçar o inimigo ou que se lutarmos ainda mais no seguncozinhá-lo em banho-maria. Infeliz- do turno poderemos ter um resultado mente, o tiro saiu pela culatra, porque melhor. Nossa equipe está evoluindo, estranhamente o time parou diante do mas quanto mais trabalharmos, sabeAvenida. Depois daqueles 2 a 0, em mos que vamos colher melhor”.
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Resta ao Caxias e a toda a sua so contratar bem, para minimizar os massa de torcedores assistir pela televi- equívocos, porque temos de ser reasão a briga pela taça do primeiro turno listas, o Caxias trabalha com um orçado Gauchão. Mas enquanto alguns clu- mento limitado”. bes seguem disputando, o esquadrão grená vai aproveitar essa paradinha Que as águas de março tragam para ajustar algumas peças da engre- um outro sentimento ao torcedor do nagem. O que o Caxias tem de bom, Caxias. Não mais de melancolia e aquilo que funcionou, o torcedor pode frustração, como terminou fevereiro. ficar tranquilo que não vai ser modifi- O esquadrão grená volta a campo, no cado. Mas são visíveis – e nem Julinho Centenário, dia 4 de março, contra o nem Voges se furtam de comentar – as Universidade, às 19h30min. Com chudeficiências do time. va ou céu estrelado, Voges já conclama: “O Caxias ainda care“Quero ver o pessoal ce de alguns pontos que com um sentimento são trabalháveis, e com “A gente ainda de comprometimento a sequência de jogos va- passa por ainda maior, de busmos melhorar. A gente pequenos sustos car o que faltou nesse ainda passa por pequeprimeiro turno. Apenos sustos nas bolas aé- nas bolas aéreas. sar de termos feito um reas. Tomamos gols de Espero que aproveitamento digno bola parada neste turno não se repitam de classificação pra Lique eu espero que não no returno”, bertadores, não foi suse repitam no returno”, ficiente, porque outros analisa Julinho. “Leva- avisa Julinho foram melhores”. mos gol de bola parada Camargo Para 2011 essa fórcontra o Inter-SM, Grêmula de disputa do mio, Juventude, Avenicampeonato deve ser da. E esse é um ponto que precisa ser revista. Voges revela que por mais de melhorado, e tem muito a ver com a uma vez foi procurado pelo presidenentrada do Neto. Ele é bom nesse po- te da Federação Gaúcha de Futebol sicionamento, mas foi ruim pra ele, (FGF), Francisco Novelleto, para coporque entrou na quarta partida e teve mentar que mesmo ele, chefe maior do de pegar ritmo de jogo e ganhar entro- esporte no Estado, foi pego de calças samento jogando. Vamos aproveitar curtas. “Ninguém imaginou que ocoresses dias de treinamento para melho- reria uma situação dessas, de disparirar isso. Até mesmo o posicionamento dade entre as chaves. Para o ano que na bola parada, o zagueiro marcando vem há várias opções, já estão pensanum e cobrando do colega que não des- do em definir os finalistas como os oito grude do outro, esse ambiente não tem melhores pontuados, ou um misto, ainda, mas precisamos ter. Isso vem com os seis melhores em cada chave, com treino e entrosamento.” mais os dois melhores do geral. Sei lá. Voges também dá seu parecer sobre Isso só para 2011, claro. Porque para o elenco. “O time é bom, mas as alas este ano não tem o que reclamar, todos não estão à altura. Estamos atrás de nós estávamos lá, foi definido por soropções, mas não está fácil. E quem vier teio, foi na bolinha”, pondera Voges. vem pra disputar o segundo turno, mas Também por causa de sorteio, o também jogar a Série C”, avisa. Tudo Caxias jogará apenas três partidas em isso, é claro, endossado pelo planeja- casa, sendo uma delas com o Internamento que é feito através de um fórum cional. Se alguém esperava vida mais encabeçado por Julio Soster, o gerente fácil, pode esquecer. Só um aviso aos de futebol do Caxias. E que referenda adversários desse returno: o Caxias o que Julinho tem dito ao longo deste está mordido. Do presidente ao masano, desde a pré-temporada: “É preci- sagista.
Cristian Borja, o Gladiador Colombiano, foi um dos destaques grenás no 1º turno
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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br
Elementos essenciais
Hoje Caxias é plural, multicultural, multiétnica: uma cidade exigente. Não somos melhores que ninguém. Somos diferentes, um jeito muito próprio de ser brasileiro
O corso alegórico da Festa da Uva surpreendeu positivamente. Revelou sintonia entre a fala, a música, a concepção e execução dos carros, distanciando-se do amadorismo – às vezes confundido com simplicidade. Os elementos essenciais que traduzem o conceito da festa estão presentes, representando a união entre forma e conteúdo em alegorias, figurinos e efeitos cênicos da apresentação dos figurantes. A tradução dos valores do trabalho, do gene do empreendedorismo, da base fornecida pela colonização italiana, sem esquecer da atração que Caxias exerce para populações internas, são o fio condutor de todo o trabalho. O momento marcante do desfile é a passagem dos figurantes – homens e mulheres – todos de branco, em leves e delicadas vestimentas, carregando cestos com pães, oferecidos ao público no simbólico gesto de dividir e compartilhar o alimento que é signo universal da satisfação humana. Percebe-se uma retomada da abordagem dos corsos de 1994 e 1996, reconstruída à luz da modernidade e de novas contribuições. É só conferir em nova apresentação, neste domingo, às 18h.
Prefeito José Ivo Sartori, no discurso inaugural da Festa da Uva 2010
perguntas para
Antônio Feldmann
A Festa da Uva 2010 marca os 100 anos da chegada do trem e os 100 anos de cidade. O secretário da Cultura entende que, ao abordar o tema, o evento torna-se capítulo importante na reativação e na popularização da proposta do trem regional
A que se deve a até agora incompreensível ausência de algum representante do governo federal na abertura da Festa da Uva? - Falta de representatividade de Caxias do Sul em Brasília? - Falta de prestígio dos políticos governistas da cidade junto ao Palácio do Planalto? - Falta de empenho desses mesmos políticos? - Falta de consideração governamental?
Em 2006, tivemos o pórtico; em 2008, o Centro de Eventos; agora, o Espaço Multicultural. O que esse novo local junto aos Pavilhões vai significar para a Festa da Uva e para grandes eventos culturais?
O Espaço Multicultural tem um significado que transcende a própria Festa da Uva. Nós temos a maior arena coberta de shows do Brasil. E quem disse isso foi um paulista (o locutor do Rodeio de Barretos, Adriano do Valle). Temos um local apropriado e com condições de receber atrações internacionais. Aliás, já há negociações em andamento para que isso ocorra ainda no primeiro semestre deste ano. Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense
O que está sendo feito de prático para a reativação do trem? Desde o primeiro ano do primeiro mandato do prefeito Sartori estamos tratando a respeito do trem. Vários eventos foram realizados, como o Seminário Serra Gaúcha nos Trilhos, e foi criado o Comitê do Trem Regional, além dos contatos mantidos com autoridades. No próximo dia 5 será realizada solenidade de assinatura da ordem de início dos estudos de viabilidade do trem regional, na Festa da Uva. Quanto à area da Estação Férrea, a prefeitura tenta, desde julho de 2006, a renovação do convênio de cessão de uso da área, sem sucesso até hoje. Todos os bens da antiga RFFSA pertencem à União, o que impede o município legalmente de dar andamento a qualquer nova intervenção nas áreas, mesmo que sejam de restauro e recuperação.
Como transformar também as comemorações de 100 anos da chegada do trem em um marco para Caxias? Há 100 anos Caxias tinha ligação a Porto Alegre por via férrea e hoje não tem mais. Sob esse ângulo, nós involuímos, nós regredimos. Não se trata de nenhum capricho ou saudosismo, mas de uma alternativa ao modelo saturado do transporte rodoviário. Temos que aproveitar as comemorações para sensibilizar as autoridades, principalmente federais, de que nós precisamos reativar a linha férrea Caxias-Bento.
Estado presente
A governadora Yeda Crusius (PSDB) faturou com a ausência de Lula ou representantes do governo federal na inauguração da Festa da Uva. Ao afirmar, por exemplo, que “nosso governo está todo presente aqui nesta festa”, ressaltou a participação de secretários estaduais na solenidade e o patrocínio do Banrisul. Depois, lembrou que foi convidada quando recebeu as soberanas no Piratini. Ao contrário de Lula, que se avistou com a Comissão Comunitária em audiência de cinco minutos na pista do Aeroporto Salgado Filho, antes de embarcar de volta a Brasília no último dia 5.
Alegria
O prefeito José Ivo Sartori e o presidente da Comissão Comunitária da Festa da Uva, Gelson Palavro, experimentam, com satisfação, o conforto
do ônibus da Marcopolo exposto nos Pavilhões, sob o olhar do empresário Valter Gomes Pinto e das soberanas da Festa.
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Sartori afirmou, em sua fala na abertura da Festa da Uva, que há 100 anos a chegada do trem significou grande impulso para Caxias do Sul. “Hoje reivindicamos um novo aeroporto”, acrescentou. Yeda Crusius não assimilou a pequena provocação, já que a localização do futuro aeroporto é uma decisão do governo do Estado. O tema não foi tocado por ela no discurso que se seguiu ao do prefeito. Mas, ao conversar com jornalistas, momentos antes, a governadora prometeu que vai revelar em março o local para a obra. Talvez na reunião-almoço da CIC no próximo dia 1º, na qual será palestrante.
Ginete
Na quinta-feira, era difícil encontrar autoridade mais animada do que o vice-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT). O motivo extra da alegria era o local da cerimônia de abertura da Festa da Uva: o Espaço Multicultural, a famosa cancha de rodeio coberta que os tradicionalistas (entre eles, Alceu) tanto queriam. Orgulhoso pela arena, o vice-prefeito só fez uma ressalva: “A cancha, na Festa da Uva, está nota 10, mas minha vontade mesmo é estar aqui a cavalo, mandando laço, como diz o gaúcho”. Isso já tem data para acontecer: 18 de março, na prova de laço entre prefeitos e vices que abrirá a Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fecars).
Reeleição
Maicon Damasceno/O Caxiense
Maicon Damasceno/O Caxiense
O que falta
Céus de Caxias
Pouco antes da abertura da Festa da Uva, a governadora Yeda Crusius falou sobre reeleição. Citando os deputados federais tucanos Ruy Pauletti e Claudio Diaz como principais articuladores, Yeda admitiu que, agora, o trabalho é para aglutinar outros partidos em torno de seu nome. “Há muita coisa para fazer, problemas novos a enfrentar, como o das mudanças climáticas. O partido está cuidando de montar a maior coligação possível.” Otimista, Pauletti acrescentou: “A candidatura é certa, e ela terá uma supresa muito agradável nas próximas pesquisas.”
Recuperada
Com a ausência injustificada de representantes do governo federal, a governadora reinou absoluta em todos os momentos da inauguração da Festa. Assediada não só por repórteres, mas por prefeitos da região, empresários e populares. Todos queriam cumprimentá-la e até mesmo tirar fotos com ela – uma cena inimaginável há menos de um ano, quando Yeda Crusius enfrentava acusações diversas, CPI e ataques violentos da oposição. Sempre solícita e afável, comprovou que está em plena campanha à reeleição ao Palácio Piratini. Com chances (algo também inimaginável há menos de um ano).
20 a 26 de fevereiro de 2010
O Caxiense
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