Edição 67

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Março | 2011

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67 Ano ii

Um perfil do ex-prefeito

Mansueto

O FUTURO DOS

Serafini Filho

PEDÁGIOS

Renato

Henrichs Pressões internas e externas entravam o novo aeroporto

Governo estadual abre o debate sobre o que fazer com as rodovias concedidas a partir de 2013, quando vencem os contratos, sob duas premissas: o modelo atual não será mantido e a praça de cobrança em Farroupilha será extinta

Bastidores da resistência do

Carnaval

nos clubes

Roberto

Hunoff As injustiças tributárias que azedam o vinho gaúcho

Dupla

André T. Susin/O Caxiense

CA-JU A chance de se reerguer no segundo turno

R$ 2,50


Índice

www.OCAXIEnSE.com.br Março | 2011

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A Semana | 3 As notícias que foram destaque no site

Hunoff Prefeitura pede mais R$ 48 milhões ao BNDES para concluir o Sistema Marrecas

Ecad, o fiscal da música que você ouve, terá filial em Caxias

Dupla

cA-Ju Caxias joga contra o Grêmio e contra o próprio retrospecto

Para onde vai o lixo do Shopping iguatemi

Pedágio | 5 Governo retoma o debate e reafirma promessas

Boa Gente | 13 Flores para alegrar a indústria e prêmios para engrandecer o comércio e o Carnaval. Os melhores lugares para caminhar. Educação | 14 O que a Escola João Prataviera tem de especial Guia de Cultura | 16 Tango no futuro teatro da Estação Férrea e concerto no novo teatro do Ordovás Carnaval | 18 Música eclética, fantasia deslocada e outras histórias do último baile de clube Dupla CA-JU | 21 As perspectivas de Caxias e Juventude para o segundo turno Guia de Esportes | 22 O Gauchão do futebol de mesa e o Estadual de tiro Renato Henrichs | 23 Direções contrárias confundem a localização do novo aeroporto

Expediente

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo Distribuição: Dinâmica Assessoria de Distribuição

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Adorei ver a Lurdes Grison na coluna Boa Gente. Orgulho de ter pessoas com a lisura dela em nossa cidade! Patrick Mezzomo

Renato

Entidades arrecadam meio milhão de reais por ano com empresários, cidadãos e prefeitura para garantir o suporte básico ao funcionamento dos órgãos estaduais – do conserto de viaturas à confecção da identidade

André T. Susin/O Caxiense

HEnRicHS Localização do novo aeroporto se complica

Fotos: André T. Susin/O Caxiense

Artes | 12 Um homem de três mulheres e outro de muitas

Ano ii

Roberto

Roberto Hunoff | 4 Como o iCMS alto penaliza o vinho nacional

Perfil | 8 A trajetória pública e privada de Mansueto Serafini

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R$ 2,50

@AbenevenutoJr Parabéns pelo prêmio. Demonstra a preocupação com busca das pautas esquecidas nas gavetas. Texto competente. Repórter observador #prêmiosantosdumont @tiago_valtrick Parabéns a O Caxiense pela divulgação do esporte que cresce cada vez mais em Caxias do Sul. Mostra a sintonia com a comunidade! #rugby @Fernando_Rato Assistir ao jogo pela TV e acompanhar a melhor cobertura pelo twitter do @ocaxiense. Quem mais poderia ser? #aovivocaxias @urizentech Ontem visitamos a exposição ‘O CAXiENSE 1 ano’. Foi ótimo rever todas as belas capas. Parabéns! #exposiçãoumano @Janaina_RSilva Muito interessante a resenha do @m_aramis, do @ocaxiense, sobre o Doc. Criadoras de Moda. #edição66

Creche no Mariani | É uma pena que tenhamos políticos que não pensam nas necessidades de seus eleitores. Só espero que estas mães respondam nas urnas nas próximas eleições. Carla Zdonek Projeto para evitar pichação | Para evitar pichação é preciso investir na educação. Especificamente no sentimento de pertença daqueles que depredam os bens públicos. Bens que não reconhecem como seus enquanto cidadãos. Para diferenciar grafite de pichação é preciso compreender o limite transgressivo da arte. Maria Cristina Schefer

NO SITE

Sala de Teatro | A cidade precisava de um espaco cultural como este. Resta agora saber como será utilizado. A mentalidade de nossa comunidade é que precisa mudar. Finais de semana não são somente para ir ao shopping e assistir futebol. De qualquer forma a cidade ganha muito. Parabéns aos responsáveis. Raquel Fonseca iPad e iPhone | Toda a coleção de edições do jornal O Caxiense está disponível para download gratuito no iPad. No aplicativo para iPhone, fique informado diariamente com as notícias do site. O Caxiense é o 1º jornal do Sul do Brasil no iPad e o único no iPhone.

Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


A Semana

editada por Felipe Boff | felipe.boff@ocaxiense.com.br

SEGUNDA | 7.mar Loja caxiense é escolhida a melhor do mundo

para a definição de políticas para o desenvolvimento econômico e social do Estado no período de 2012 a 2015. Será no dia 21, no UCS Teatro, a partir das 18h30. O ponto mais importante: ajudar a escolher as ações prioritárias para os investimentos públicos. O seminário, promovido pela Secretaria do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã, tem ecos do Orçamento Participativo, porém sem poder deliberativo. De qualquer forma, é a oportunidade para que as lideranças interessadas compareçam e apresentem suas sugestões.

A melhor loja do mundo em utilidades para o lar fica em Caxias. É o que diz o Global Innovator Award (GIA), e foi com esse título, recebido em Chicago, nos Estados Unidos, que a loja Marli Trentin começou a semana. Há duas décadas no ramo, o estabelecimento caxiense já havia conquistado o 1º lugar da etapa nacional da premiação, que o credenciou a concorrer com os outros 22 melhores pontos de venda do segmento de diversos países. Leia mais sobre a empresária MarQUARTA | 9.mar li Trentin na página 13.

TERÇA | 8.mar Seminário discutirá políticas para os próximos 4 anos

Caxias do Sul será a primeira cidade do Estado a sediar um seminário regional do Plano Plurianual Participativo (PPA), voltado

Shopping faz parceria com site de ofertas

O San Pelegrino Shopping Mall definiu uma ousada estratégia para abocanhar de vez sua fatia no varejo local. Fechou parceria com o Groupon, pioneiro entre os sites de compras coletivas, e promete atrair consumidores com duas ou

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três ofertas diárias ao longo deste SEXTA | 11.mar mês, oferecendo descontos a parConselho rejeita mudança tir de 50%.

de doentes mentais

QUINTA | 10.mar Juiz comunica que vereador Guiovane está inelegível Foi quase uma carta-bomba. A correspondência lida na sessão da Câmara de Vereadores na quintafeira surpreendeu a cena política local com a afirmação do juiz eleitoral Sérgio Fusquine Gonçalves, da 169ª Zona, de que o recém-empossado vereador Guiovane Maria (PT) está inelegível, ou seja, não poderia ter assumido o mandato. No ofício, o juiz pediu ao presidente da Casa, Marcos Daneluz (PT), que tome as providências que entender necessárias. Guiovane foi condenado por obstrução de autoridade em um caso de boca de urna na eleição de 2006. A cadeira ocupada por ele era de Clauri Flores, falecido em 7 fevereiro, que a herdara de Assis Melo (PC do B), eleito deputado federal.

Pressionado pela prefeitura, o Conselho Municipal de Saúde teve a independência e a prudência necessárias. Pediu mais tempo para avaliar a ideia de transferir pacientes com transtornos mentais, hoje integrados à sociedade morando em casas terapêuticas, para um novo complexo, junto com dependentes químicos. O orgão conheceu o novo local, ouviu especialistas e acabou dizendo não à proposta. Foi, também, coerente: a rejeição limitou-se à criação do Condomínio Residencial Terapêutico. Os demais pontos do projeto, que traz ao Município o reforço da Associação Cultural e Científica Virvi Ramos (Grupo Fátima), foram aprovados: criação de 20 leitos para internação de dependentes químicos, com mais 10 leitos para atendimento em um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) 24 horas, e uma Casa de Abrigo com 60 leitos para atendimento clínico.

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Wagner Meneguzzi, Divulgação/O Caxiense

Gestão eficiente

Nos últimos seis anos, de 2005 a 2010, a prefeitura precisou injetar quase R$ 7 milhões na Codeca visando dar-lhe condições de retomar a normalidade de suas atividades. Nesta semana, em exposição na Câmara Municipal, o diretor-presidente Adiló Didomênico anunciou que os ativos da companhia de economia mista aumentaram 50% no mesmo período, passando de R$ 17 milhões para R$ 26 milhões. Os investimentos nos seis anos totalizaram R$ 13,6 milhões, dos quais R$ 10 milhões somente em 2010 na compra do sistema de coleta mecanizada. O balanço do exercício passado apurou lucro superior a R$ 320 mil. JAC Motors, Div./O Caxiense

CONCORRÊNCIA

Segunda chinesa

Depois da Chery, que chegou à cidade no final do ano passado por meio da Sulbra, agora é a vez de o consumidor caxiense conhecer a linha de automóveis da JAC, segunda chinesa a se estabelecer por aqui. A apresentação oficial ocorrerá na sexta-feira, 18, durante atividades no Shopping Iguatemi. O mesmo ato se dará de forma simultânea em outros 45 locais, que também receberão a concessionária. Já a inauguração oficial da loja, que será comandada pela família Restelatto, responsável pela marca Citroën em Caxias do Sul, está marcada para 25 de abril. A JAC chega ao Brasil por meio do empresário Sérgio Habib, por vários anos presidente da Citroën do Brasil, e hoje representante de marcas de veículos de luxo, como a Jaguar.

Lançamento

O Simecs programou para segunda-feira, 14, o lançamento da obra Por que Somos Como Somos, de autoria de Charles e Tânia Tonet. O livro apresenta um estudo histórico do desenvolvimento econômico regional, de 1875 até 1957, quando se consolida o setor metalmecânico. Também aborda 25 empresas e traz depoimentos de 49 empreendedores. O trabalho de 416 páginas e 126 fotografias será lançado a partir das 19h30 no InterCity Premium Caxias do Sul.

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DESLEAL Muito se tem discutido sobre o preço do vinho brasileiro, considerado elevado por boa parte dos consumidores e especialistas. Para defender a ideia citam exemplos de produtos importados, aqui vendidos por valores bem menores. Esta análise é simplista e traz informação imprecisa quando se considera os efeitos dos tributos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o vinho nacional paga em torno de 30% de ICMS. Outros estados, para atrair investimentos de dis-

tribuidoras, trabalham com índice de 7% sobre o produto importado. Além disso, é preciso lembrar que o vinho chileno, hoje o principal concorrente do brasileiro, chega aqui com zero por cento de importação contra 27% cobrados em 2005. Neste período os desembarques aumentaram 160%. Estão aí postas razões determinantes na participação de 75% dos importados no volume de vinhos finos consumidos no Brasil. É um tema que precisa urgentemente de redefinições.

Aumentos menores

Pelo terceiro mês consecutivo a cesta de produtos básicos de Caxias do Sul apresentou aumento no seu valor, que chegou a R$ 531,35 em fevereiro. No entanto, o índice vem declinando e representou 0,85% de alta sobre janeiro, que havia subido 1% na comparação com dezembro.

Desta vez quem puxou o preço para cima foi o grupo de produtos não alimentares com 2,86%, enquanto os alimentos ficaram em 0,36%. O aumento é de 2,72% no bimestre e de 7,11% em 12 meses, segundo o estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da UCS.

Vice-líder

O resultado líquido de R$ 15,1 milhões no balanço de 2010 da Sicredi Pioneira RS foi o segundo melhor dentre as 119 cooperativas de crédito. O montante representou 5% do total das sobras de todo o sis-

Mudanças acertadas

O Shopping San Pelegrino Mall, inaugurado em novembro do ano passado, ainda não se impôs como nova opção para o consumidor regional. Tenta acertar agora com duas campanhas de marketing arrojadas e diferenciadas, uma delas envolvendo o site de compras coletivas Groupon, numa iniciativa sem similar no varejo mundial. É preciso destacar também a mudan-

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tema Sicredi. A primeira colocada foi a Sicredi Região dos Vales RS, com resultado de R$ 15,6 milhões. A Sicredi Pioneira é a 5ª maior cooperativa de crédito do Brasil, contando com 63 mil associados.

ça em duas áreas que comprometiam o melhor relacionamento do shopping com a comunidade: Cláudio Luiz Brueckheimer, gerente comercial regional da Gazit Brasil, proprietária do shopping, é agora seu superintendente efetivo, e a assessoria de imprensa foi entregue a Insider 2, de Porto Alegre, empresa de bom trânsito e conhecedora da cultura de Caxias do Sul.

Autoatendimento

O presidente do Sindilojas, Ivanir Gasparin, está convicto de que em breve a maioria das operações comerciais deixará de ter o vendedor tradicional e adotará o sistema de autoatendimento. Várias organizações que recentemente chegaram à cidade adotam a medida, comum em demais centros. Segundo ele, um dos motivos é a falta de mão de obra especializada na área. Sua estimativa é que em Caxias do Sul existam 300 oportunidades de trabalho em aberto. Sequer as vagas temporárias são preenchidas. Das 1 mil ofertadas para no final do ano passado, apenas 700 tiveram candidatos e destes em torno de 400 foram contratados.

Negociações

Professores da rede particular de ensino de Caxias participam neste sábado, 12, de ato público em Porto Alegre que marcará o lançamento da campanha salarial 2011. Mas as negociações com o Sindicato das Escolas Particulares do RS já se iniciaram. Os professores querem 9% de reajuste, que contempla a reposição salarial de março de 2010 a fevereiro de 2011 e aumento real.

Moda

A Associação dos Centros de Compra da Serra Gaúcha promove nos dias 15 e 17 de março desfile e jantar para o lançamento da coleção Outono/Inverno 2011. Os eventos ocorrerão no Clube União Forquetense, localizado no centro de Forqueta. A entidade promotora representa mais de 400 lojas e designers, seis centros de compras e 26 fábricas, que recebem mais 7 mil excursões ao ano.

Curtas

A CIC de Caxias do Sul abre na segunda-feira, 14, o calendário semanal de reuniões-almoço deste ano. O primeiro encontro terá como palestrante a médica gaúcha Themis Reverbel da Silveira, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Vacinas e do Laboratório de Hepatologia e Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O Sindicato da Indústria do Plástico também programou para segunda (14), a primeira reuniãojanta do ano na CIC. Rui Chammas, vice-presidente executivo da unidade de polímeros da Braskem, e Laércio Gonçalves, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Resinas Plásticas palestrarão.

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O entrave das cancelas

N

COMO ESTÁ

nãO FICA

André T. Susin/O Caxiense

Governo abre debate sobre o modelo de pedágio no Estado, mas já adianta que o atual não será mantido e, principalmente, reafirma: a praça de Farroupilha será extinta

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por ROBIN SITENESKI robin.siteneski@ocaxiense.com.br

berativo, é consultivo. As decisões não serão votadas. Conforme determinação do governador, elas devem ser consensuais de todos os membros. A ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) queria a renovação por mais 15 anos. Teremos que fazer concessões para chegar a um denominador comum”, prevê Schneider. O presidente da Assurcon-Serra aponta que, entre as propostas, descartada a eliminação completa das praças, a melhor seria a dos pedágios comunitários. “Mas é uma posição inicial, precisamos de mais dados para decidir.”

o dia 7 de julho, em pleno calor do início da campanha eleitoral, o então candidato ao governo estadual Tarso Genro (PT) participou de uma reunião em Caxias do Sul para tratar de um tema polêmico: pedágios. Depois de pacientemente ouvir por cerca de uma hora e meia as reivindicações de entidades de classe, Tarso prometeu o fim da praça entre Caxias e Farroupilha e a não renovação dos contratos das rodovias concedidas, que terminam em 2013. Mais do que isso: o petista assinou um compromisso de campanha no dia 6 do mês seguinte afirmando O impasse dos pedágios que cumpriria esses dois pontos começou, no entanto, bem antes se eleito. A vitória nas urnas veio do governo Olívio. Na década de e, passada a lua de mel de início 40, o Fundo Rodoviário Nacional de governo, o Piratini decidiu co- passou a concentrar uma poumeçar a ouvir a sociedade organi- pança, formada com impostos zada – o que, é preciso lembrar, já sobre os combustíveis, por exemhavia sido feito no governo Olívio plo, para a construção e a maDutra (PT) sem os resultados que nutenção de rodovias. Segundo os críticos das conAgenor Basso, atual cessões e usuários secretário-geral da esperavam. Até um “Já nos Assurcon-Serra e dos personagens comprometemos que participa da encentrais é o mesmo: de estar com tidade desde a sua o secretário estadual martelo e marreta criação, em 1998, de Infraestrutura e um lobby para conLogística, Beto Al- na mão para cessões de rodovias buquerque (PSB), derrubar essa se formou na décapraça (de que reassumiu a da seguinte. “A parpasta (em sua gestão Farroupilha)”, tir da construção anterior, chamava- diz Silvano de Brasília, empreise apenas Transporteiras passaram a tes) e também protrabalhar e infiltrar meteu não renovar os contratos agentes públicos nas mais diverdurante a campanha. sas esferas de poder.” Os recursos Apesar das semelhanças, repre- do fundo rodoviário começaram sentantes de entidades de classe a ser repassados ao Fundo de que participarão do Grupo de Desenvolvimento Nacional em Trabalho que discutirá o tema 1986. “O golpe final foi dado com estão otimistas. A primeira reu- a Constituição de 88. Retiraram nião do grupo no Conselho de da Constituição o Fundo RodoDesenvolvimento Econômico e viário. Então, não tinha lei e não Social do Estado está marcada tinha dinheiro. O mote que até para a próxima terça-feira (15). hoje ouvimos das concessionárias O presidente da Associação dos é que, como o governo não tem Usuários de Rodovias Concedi- dinheiro, elas podem fazer a madas da região (Assurcon-Serra), nutenção desse patrimônio.” Paulo Afonso Schneider, adianta No Rio Grande do Sul, depois que o governo apresentou cinco de uma visita técnica à Europa, propostas para debate no grupo. o governo Alceu Collares (PDT), A continuidade do modelo atual é no período 1991-1994, escolheu o imediatamente rechaçada. “Terí- modelo comunitário para operar amos 30 anos sem investimentos pedágios no Estado. O Departanas estradas, seria praticamente mento Estadual de Estradas de impossível trafegar.” As possibi- Rodagem (Daer) faria os projetos, lidades que serão estudadas são: fiscalizaria as praças e contrataria uma nova concessão de rodovias as empresas que executariam as com novas bases, principalmente obras de ampliação das rodovias na previsão de investimentos; um pedagiadas. As prioridades sesistema de administração misto riam definidas pelos Conselhos entre governo federal e estadual; a Regionais de Desenvolvimencriação de Parcerias Público-pri- to (Coredes). Três praças foram vadas para concessão das estradas construídas no Estado seguindo a empresas, que seriam ressarci- esse modelo: Portão (ERS-122), das pelos gastos; a adoção do mo- Campo Bom (ERS-239) e Passo delo comunitário; e a eliminação Fundo (ERS-135). São os pedápura e simples dos pedágios, caso gios com as menores tarifas. “Em em que o grupo de trabalho de- 94, ganhou o Antônio Britto (enverá indicar uma fonte de receitas tão no PMDB, hoje no PPS) e as substituta. empreiteiras passam a ter gran“O grupo não tem caráter deli- de influência no governo. Fo12 a 18 de março de 2011

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ram para a Argentina conhecer o modelo de concessão, as estradas foram retomadas pelo governo no ano seguinte, e trouxeram o projeto a toque de caixa. A lei foi apresentada na Assembleia em sessão extraordinária no dia 18 de dezembro de 1995, aprovada no dia 28 e sancionada no dia 12 de janeiro”, rememora Basso. As críticas dele se estendem às administrações seguintes. “O governo Rigotto (do PMDB, de 2003 a 2007) fez com que toda a receita das praças comunitárias integrassem o caixa único do Estado e retirou dos Coredes (Conselhos Regionais de Desenvolvimento) a definição das prioridades de investimento. Foi o mais grave ataque ao pedágio comunitário. Quando Olívio Dutra assumiu (de 1998 a 2002), o então secretário Beto Albuquerque chamou a Assurcon e outras entidades, inclusive as concessionárias, para dar sugestões sobre o modelo de pedágio. A mesma coisa que está acontecendo agora, é como bater xerox, mas desta vez acho que vai ser diferente. Na época, sugerimos que o governo encampasse os polos de pedágio. As concessionárias perderiam dinheiro, mas essa discussão se daria nos tribunais, elas até poderiam ser ressarcidas com os valores dos pedágios comunitários.” O Rio Grande do Sul tem hoje, além dos três pedágios comunitários, sete polos concedidos: Metropolitano, Lajeado, Carazinho, Gramado, Vacaria, Santa Cruz do Sul e Caxias. Ainda existem dois polos de concessão federal, na Freeway e em Pelotas.

Tribunal Federal (STF) Luiz Fux deu ganho de causa à concessionária quando ainda fazia parte da primeira turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e relatou o processo. Procurado pela reportagem, o presidente da Univias, empresa que administra o polo de Caxias sob o nome de Convias, Guillermo Deluca, não quis comentar as modificações alegando que a empresa não foi chamada a integrar o grupo de trabalho. O diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias na região (ABCR-Sul), Paulo Oiama de Macedo Silva, estava de férias, e a entidade também não quis se manifestar sobre o assunto. O importante, porém, é que se depender das promessas do governo, o pedágio de Farroupilha está com os dias contados. “Está dito e escrito que não haverá praça entre Caxias e Farroupilha. Qualquer cenário que iremos pensar parte desta premissa”, reafirma Beto. O presidente do Setcergs, Silvano, já sabe como pretende comemorar o fim do que chama de “um erro histórico”. “Já nos comprometemos com o povo das duas cidades de estar com eles com martelo e marreta na mão para derrubar essa praça de pedágio. É um escárnio.” Outro desacordo no modelo atual é sobre quem deveria fiscalizar os polos. Por lei, a obrigação é do Daer, mas uma auditoria operacional do Tribunal de Contas do Estado apontou que o órgão não cumpria o papel. O TCE verificou o cumprimento dos contratos entre 1997 e 2009 e apurou que nos dez primeiros meses de 2009 o Daer gastou só 0,70% do que tinha disponível para fiscalização – sobraram R$ 7.007.832,66. A auditoria também traz o apontamento da Procuradoria-Geral do Estado de que houve superfaturamento dos preços nas propostas apresentadas pelas vencedoras das licitações. Tafael Medeiros, Seinfra, Divulgação/O Caxiense

O impacto dos pedágios não é sentido apenas quando diminuímos a velocidade e paramos para pagá-los. As tarifas representam 20% do valor do frete cobrado por empresas de transporte, o que é repassado para o consumidor final. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs),

José Carlos Silvano, o valor das em relação aos concedidos à inicobranças já é o segundo maior ciativa privada. “A concessionária componente do preço do trans- usa o guincho para tirar o carro porte. Só perde para o impacto do para o primeiro acostamento e combustível – já superou o valor larga lá o acidentado. Dali para gasto com pneus. frente, o usuário que se vire. No “Hoje nós temos no Rio Gran- caso de socorro médico, o que se de do Sul um dos pedágios mais faz é o que a polícia rodoviária caros do mundo, já fazia, levar para o especialmente em hospital mais próxiPelotas. E, na rea- “Seria um erro mo. Ninguém morlidade, são todos fatal para o Rio reu por falta de salvade manutenção e Grande do Sul mento em nenhuma conservação. Não cair no conto do dessas rodovias dusão pedágios de plicadas. Até porque ampliação, moder- pedágio sem jamais teremos um nização ou melho- manutenção choque frontal entre rias nos traçados. novamente”, dois veículos nas duHá um atraso de alerta o secretário plicadas com defen13 anos no Estado Beto Albuquerque sas interiores e acosnesse sentido”, critamento.” tica Silvano. O SeO secretário Beto tcergs participa do grupo forma- Albuquerque, no entanto, não do pelo governo para rediscutir os considera o modelo comunitário pedágios. Uma das reivindicações o ideal. “Não podemos pensar do sindicato é a cobrança ponto a apenas em tarifa. Preço baixo com ponto, substituindo o atual mo- pouco serviço também não nos delo de polos. Nesse sistema, os adianta. No pedágio comunitário motoristas pagariam proporcio- você paga R$ 3, mas o governo nalmente à quilometragem ro- do Estado coloca duas vezes mais dada no trecho concedido, com para poder fazer obra. Pedágio praças em todos os acessos à es- para manter estrada faz parte do trada. Hoje, nos sete polos esta- passado. Se é para ter, devemos duais, cobra-se um valor médio ter os pedágios que dupliquem, em todas as praças, o que serve de construam e ampliem estradas”, compensação. Na prática, quem afirma. Ele assevera que o goverpaga pedágio em Farroupilha, no vai cumprir a promessa de não por exemplo, está financiando renovar os contratos atuais. “Não trechos com arrecadação menor, há nenhuma hipótese de prorrocomo o da praça de Vila Cristina, gação desse modelo que aí está. É na BR-116. Silvano acredita que um modelo caro, de poucas obras a simples extinção dos pedágios e muita insatisfação.” ao término do contrato é “pratiO secretário também garante camente impossível” e, portanto, que a praça entre Caxias e Faranuncia que o sindicato vai de- roupilha deixará de existir com o fender o modelo “menos ruim”: término do contrato. A cobrança os pedágios comunitários. “Pelo entre as duas cidades foi motivo menos ele trouxe algum benefício de polêmica desde a sua criação. em duplicação, em Campo Bom e Não prevista na lei que implantou Portão – em Passo Fundo, não, lá as praças de pedágio, sua conceso governo gaúcho arrecada e não são a partir do edital gerou ação investiu nada.” judicial do Ministério Público. O presidente do sindicato não O processo quase revogou todos considera relevante a falta de os contratos no Rio Grande do guincho e de socorro médico nos Sul. Depois de o MP vencer em trechos geridos por pedágios co- instâncias inferiores, o recémmunitários, uma das diferenças nomeado ministro do Supremo

“Teremos que fazer concessões para chegar a um denominador comum”, diz Schneider, da Assurcon-Serra, que integra o grupo de trabalho

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Dentro do pacote de leis em regime de urgência enviado à Assembleia nos primeiros dias do novo governo, Tarso encaminhou um projeto que dá à Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos (Agergs) a prerrogativa de multar e advertir concessionárias que não cumpram suas obrigações. A proposta também modifica as regras para escolha dos conselheiros da Agergs, motivo de crítica durante o último governo. Beto lembra que, como a administração Yeda Crusius (PSDB) devolveu ao governo federal a prerrogativa de administrar as rodovias pedagiadas com exceção dos polos comunitários, quem atualmente acompanha a maioria

das praças de pedágio é a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT). O projeto, que deverá entrar na pauta da Assembleia até o dia 15, deve gerar polêmica. Um grupo de quatro deputados já protocolou um substitutivo para que a Agergs não possa aplicar multas. “O Estado tem que ter o direito de multar”, diz Alceu Barbosa Velho (PDT), ex-vice prefeito e expresidente da Assurcon-Serra, em defesa do projeto governista. “As sanções são aplicadas pelo Daer, qualquer modificação precisa de um estudo mais profundo do que o que pode ser feito em 30 dias. Já está praticamente acertado que o governo vai fazer um acordo para

que esse item não entre em vota- comunitário, exigem a construção”, rebate o oposicionista Frede- ção de rotas alternativas – hoje, rico Antunes (PP). são utilizadas as estradas vicinais existentes, e algumas tiveram O debate sobre o futuro que ser calçadas pelo Município, dos pedágios já mobiliza lideran- como o desvio de Farroupilha. “O ças de Caxias do Sul. Em audiên- governo não tem proposta acabacia com o secretário Beto Albu- da sobre o que fazer com os pequerque na última quinta-feira dágios. Temos que avaliar tecni(10), o vereador Edio Elói Frizzo camente o equilíbrio econômico, e o secretário municipal de Plane- a financiabilidade e os prazos de jamento, Paulo Dahmer, ambos concessão para ver se vale a pena do mesmo partido do secretário voltarmos a ter pedágio a partir de estadual, o PSB, ressaltaram que 2014. Não é uma solução simples a prefeitura e a Câmara de Vere- para se encontrar nem há espaço adores têm posição firme sobre a para opinião amadora. Mas seria praça entre Caxias e Farroupilha: um erro fatal para o Rio Grande querem a sua extinção. A Assur- do Sul cair no conto do pedágio con-Serra e o Setcergs adicionam sem manutenção novamente”, que, além de defender o pedágio alerta Beto Albuquerque.

EDITAL A Sociedade de Surdos de Caxias do Sul, convoca ASSEMBLÉIA para alteração no Estatuto. Dia 19/03/2011 Na S.S.C.S, Rua Stos Dumont, 630 Às 14h e 30 min Tibiriçá Vianna Maineri - Presidente

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Perfil

O PREFEITO DE

ANDRÉPOLIS André T. Susin/O Caxiense

Um político enfezado, um pai amoroso e, mais recentemente, um avô dedicado. A história de Mansueto Serafini de Castro Filho, o homem que por mais tempo governou Caxias do Sul

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por CAROL DE BARBA caroldebarba@ocaxiense.com.br

ansuetinho era conversador. O que mais gostava de fazer era discursar – dom pelo qual é famoso até hoje. Desde os oito anos fazia seus discursos inflamados. Ia para a janela da frente de casa na Sinimbu e ficava lá, falando para quem quisesse ouvir. Dizia muita besteira, é claro, porque também não era nenhum gênio indomável com aquela idade, mas já tinha gosto e até tratava de política. Algumas pessoas ignoravam, faziam cara feia, mas sempre tinha aquelas que paravam para ver aquele gurizote falar que nem político de verdade. E como os políticos de verdade, Mansuetinho sempre deu trabalho. Começou seus estudos no tradicional colégio Nossa Senhora do Carmo, onde não se adaptou. “Não conseguia prestar atenção na aula”, lembra. O pai, então, contratou uma professora particular para alfabetizá-lo, Aidê Iuchen, que muito tempo depois, já investido de um cargo público, Mansueto premiou com uma medalha “pela façanha”. Das aulas de Aidê passou aos estudos na Escola Normal Duque de Caxias, hoje Presidente Vargas. Fez ali o Primário, equivalente ao Ensino Fundamental, o exame de admissão do Ginásio e começou o Primeiro Clássico, atual Ensino Médio, só que direcionado às Ciências Humanas. “Sempre gostei de Português, História, Geografia, e tinha pavor de Matemática,

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Química e Física”, explica. Mas Mansueto escolheu o Clássico, também, porque na época já estava envolvido com as duas profissões e paixões de sua vida: o jornalismo e a política. No colégio, ele sempre participou do movimento estudantil, era presidente do grêmio, representante de turma, essas coisas todas. Com 15 anos fundou seu primeiro jornal, O Estudante, uma publicação independente que circulava apenas na sua escola. Aos poucos, foi ampliando seu interesse e atuação e transformou O Estudante no Jornal da Mocidade, um periódico de caráter geral. “Mas eu falava tanto de política que comecei a ser sabotado pelos anunciantes, que me achavam nacionalista e esquerdista demais. Aí o jornal não resistiu, quebrou”, reclama. Não demorou muito já fundou outro, o semanário Caxias Magazine, um jornal mais leve e que, segundo ele, dava oportunidade a todos os lados de se manifestarem politicamente. E mesmo que o próprio Mansueto fosse candidato, sempre tinha anúncios de outros candidatos de todos os partidos. Por exemplo, na sua primeira campanha para vereador, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1963, quando apoiava a candidatura de Júlio Costamilan a prefeito. “Um dia, apareceu na Redação do jornal o falecido Afonso José de Almeida, coordenador da campanha do concorrente, depois eleito, Hermes João Webber. Almeida queria comprar

o anúncio de rodapé da primeira crever, numa salinha da casa na página, o mais valioso, para fazer Sinimbu. A impressão era feita, propaganda de Webber”, lembra. inicialmente, na gráfica do Abrigo Como o jornal era seu ganha-pão, de Menores, o Murialdo, onde já Mansueto teve que vender. De- existia uma linotipo – grande propois, foi obrigado a dar de graça gresso para a época. Depois, pasum espaço, dentro do jornal, para sou a ser feita no Pioneiro. Quem o próprio partido – essa foi sua redigia a maioria das matérias contribuição para a campanha era Mansueto, usando pseudônidaquele ano. Mas Mansueto não mos para assinar os textos, mas era só o dono do jornal: ele era o com o tempo foram se agrupanrevisor, o redator, o contato co- do alguns colunistas voluntários, mercial, fazia um pouco de tudo. como o colega de advocacia e A ideia de montar o semanário também futuro prefeito de Caxias veio de uma viagem que ele fez a do Sul Mario David Vanin. Vanin São Paulo, onde cotinha uma coluna nheceu o Shopping chamada Mosaicos “Eu falava tanto News, distribuído Universitários, digratuitamente, de de política que vidida em pequenos casa em casa, toda comecei a ser tópicos, notas, que semana. Mansueto sabotado pelos variavam desde pofez o Caxias Malítica estudantil até gazine de maneira anunciantes, que algumas fofocas dos semelhante, a não me achavam estudantes. Graças ser pela distribuição nacionalista e ao jornal, Mansue- aí veio sua grande esquerdista”, to recebeu também sacada. “Naquela diz o jornalista seu primeiro conviépoca, o grande dite para trabalhar em vertimento da porádio. pulação de Caxias, especialmente Nestor Rizzo, fundador da Ráda classe média, eram os cinemas dio Caxias, era leitor fiel do jorde calçada. Nas tardes de sábado nal e, por admirar o trabalho do todos iam às matinês, então eu editor, chamou-o para redigir o distribuía o jornal lá. Entregava Jornal Falado, na rádio. Depois, o exemplar na entrada e, como o Mansueto passou a fazer tamformato era pequeno, o pessoal bém um comentário pela manhã já podia começar a ler enquanto e uma reportagem gravada com aguardava o início do filme.” entrevistas para a edição da noite. Nessa época, teve a oportunidade O jornal foi seu primeiro de entrevistar Fernando Ferrari, emprego e o que lhe deu susten- que fora presidente do PTB e cantação financeira durante muito didato a governador do Estado, tempo. A Redação era uma mesa um dia antes de ele sofrer um acicom uma única máquina de es- dente aéreo no Morro do Chapéu.

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Quando chegou a notícia da morte de Ferrari, Mansueto dirigiu-se imediatamente aos estúdios da Rádio Caxias para pegar o gravador – “o ‘geloso’, um enorme de um gravador” – e rever a entrevista. “Ia pensando no caminho: ‘uma coincidência dessas é quase inédita, daria para fazer uma bonita homenagem’. Quando chego lá, descubro que ninguém mais, ninguém menos que Dante Andreis tinha gravado o treino do Juventude em cima da fita e apagado toda a entrevista do Fernando Ferrari”, conta. Como já exercia a profissão no Caxias Magazine, Mansueto queria estudar Jornalismo na faculdade. Como Caxias ainda não tinha esse curso específico, acabou escolhendo Direito. O menino que não prestava atenção em nada melhorou quando entrou na faculdade, embora admita que nunca foi de estudar muito. Ele se dava bem no papo mesmo. No primeiro ano, uma das disciplinas que Mansueto cursava era de Introdução às Ciências do Direito. “Uma matéria imensa, muita filosofia, que a gente chamava de sebenta, porque ficava engraxada de tanto mexer e remexer com os assuntos. O professor era Ari Zatti Oliva, de saudosa memória, e fui para o exame dessa matéria tendo lido só 20% de tudo que caía.” Na época, o exame era divido em duas provas, oral e escrita. Na escrita, eram três questões. As duas primeiras ele sabia. Da terceira, não fazia ideia. Então, para responder, ligou o “atochômetro”, que fez todo o trabalho sujo: foi mentindo, escrevendo, enrolando. O detalhe é que Mansueto precisava de sete pontos para ter a chance de fazer a prova oral, pois fora muito mal no exame anterior e quase não tinha frequência na aula. Se não atingisse a nota, ia direto para a segunda época, ou seja, rodava. Uns dias depois, foi perguntar ao doutor Ari como se saíra no exame, mas já com a certeza de que reprovara. Olhou os números de soslaio na mesa do professor e viu que tinha ti-

rado nove. E o doutor Ari ainda lhe disse: “Não lhe dei 10 porque na primeira e na segunda questão o senhor se limitou a dizer o que diziam os concluintes. O seu nove é por essa terceira”.

ao quartel ver o que é que tinha acontecido. Chegando lá, foi recebido pelo comandante, tomaram um cafezinho, conversaram e o militar, afinal, pediu a ele o que queria. Queria que soltassem o vereador, oras, que era um bom No segundo ano da faculda- sujeito, tinha família. “O Bernarde, Mansueto se elegeu vereador di não é comunista, isso é bobapela primeira vez. Uma surpresa gem”, garantiu Mansueto ao copara ele, pois foi o mais votado do mandante. Este, então, disse que partido mesmo sendo um guri, de iria soltá-lo – “sob a sua custódia”, 23 para 24 anos. Nesse primeiro acrescentou brincando a Mansuemandato, foi o parlamentar que to. Um tempo depois, trouxeram mais projetos de leis lá o Bernardi. A e indicações apreprimeira coisa que sentou. São realiza- “O Clóvis Drago o Mansueto disções dele, por exem- (vice-prefeito) se foi: “Agora tu te plo, a Semana de está anunciando comportas, né.” O Caxias, o Concurso que vai beber militar, para tirar Anual Literário de a prova, chamou o toda a água da Caxias do Sul, o Sadetido e perguntou: lão Popular de Belas represa e vamos “O senhor é comuArtes (que não exis- ficar em situação nista?”. E o Bernarte mais) e a lei que difícil de novo”, di, todo posudo, tornou obrigatório o provocou o prefeito com o maior oruso do flúor nas higulho, respondeu: dráulicas de Caxias. “Sou!”. “Quase que Naquele tempo, a figura vai presa de tanto as aulas quanto as sessões volta”, lembra Mansueto. na Câmara aconteciam à noite, ou seja, foi uma correria até o fim da Em 1968, aos 29 anos, Manfaculdade, em 1966. Espertos, os sueto concorreu e foi eleito viceformandos deixaram para colar prefeito, e em 1972 foi candidagrau em 1967, ano em que a fa- to a prefeito, sempre pelo então culdade tornou-se universidade, MDB. Quem ganhou a eleição foi e assim se tornaram a primeira Mário Ramos, abocanhando a últurma graduada em Direito pela tima vitória da Arena em Caxias. Universidade de Caxias do Sul. Mas Mansueto considera essa sua Depois de formado, Mansueto eleição “mais bem perdida”. Foi até tentou, mas nunca conseguiu um período de grandes brigas inde fato advogar, porque logo se ternas no MDB, e quem saiu de elegia para algum cargo público e vítima e pronto para a próxima ficava impedido. eleição foi ele. Como já era vereador quando Em 1976, Mansueto saiu cancursava a faculdade, Mansueto didato do partido e obteve a participava apenas indiretamente maior votação do Rio Grande do da política estudantil, a partir de Sul naquelas eleições. “Foi uma 1964, os tempos difíceis da dita- avalanche de votos”, diz, falandura militar. Dessa época, guarda do da vantagem de 12 mil sobre uma frustração: nunca ter sido o concorrente, Victor Faccioni. preso. “Diz que eu não era um Por determinação do governo perigo para a sociedade”, lamen- militar, os mandatos de todos os ta. Nadyr Rossetti, seu colega de prefeitos foram prorrogados por legislatura, foi preso. Outro vere- mais dois anos (para que a eleição ador, Ernesto Bernardi, também. coincidisse com as demais, de goMenos ele. Quando prenderam vernador e, prometia-se, de presiBernardi, Mansueto era o lí- dente), ou seja, Mansueto acabou der da bancada na Câmara, e foi ficando não quatro, mas seis anos

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na prefeitura, o que lhe deu tempo de fazer muita coisa além do que tinha previsto. A principal delas foi a primeira etapa do Sistema Faxinal. Pouco antes daquelas eleições, Caxias já passava por uma seca muito grande e enfrentava racionamentos drásticos no abastecimento de água. Surgiu até um boato de que, no desespero, Mansueto tinha contratado índios para fazer a dança da chuva no Parque da Imprensa. Os índios realmente vieram até Caxias, não para batucar, mas para fazer alguma outra coisa, só que a lenda da dança da chuva é tão forte que ninguém mais lembra o motivo real da visita. O fato é que, coincidentemente, choveu. Não o suficiente para evitar o racionamento, que começou quando a Maestra ficou sete metros abaixo do nível normal e o sistema de represas Dal Bó ficou completamente vazio. “Eu ataquei o Arroio Dal Bó com a palma da mão, que tinha virado apenas um filete de água”. Caxias já tinha passado por 40 racionamentos, e Mansueto fazia questão de que aquele fosse o último. “Essa foi a única promessa que fiz quando fui candidato: combater com coragem e decisão o problema da água”. Ninguém acreditava que uma obra daquela envergadura pudesse ser feita por uma prefeitura, mas ele ia tentar. Nem o seu vice, Clóvis Drago, confiava no taco do prefeito. O vice chegou a dizer na imprensa que, se Mansueto terminasse a obra até o fim do mandato, ele tomaria toda a água do Faxinal no dia da inauguração. De cara, o prefeito encontrou todas as fontes de financiamento fechadas, pois o governo federal queria que todos os órgãos de saneamento fossem do Estado. Assim, teve de fazer a primeira etapa do Faxinal com recursos próprios do Município. A segunda etapa, que foi a represa maior, também feita na primeira gestão de Mansueto, não teve tanta repercussão quanto a primeira. Quando

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o Faxinal entrou em operação, acabaram os racionamentos. E Mansueto declarou à imprensa: “Estou preocupado, o Faxinal está pronto, fornecendo água para todos vocês. Bom, agora temos só um problema: o Clóvis Drago está anunciando que vai beber toda a água da represa e nós vamos ficar em situação difícil de novo.”

O neto Arthur assumiu a cidade de brinquedo que Mansueto criou para o filho

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Mansueto era apontado pelos críticos como um ditador. “O prefeito tem que ser assim mesmo, tem que mandar, senão cada secretaria vira uma prefeiturazinha e aí só dá confusão”, opina. Na escolha do secretariado, ele diz que nunca deu bola para partido. Chamava quem queria, procurava dentro dos partidos e, se não achasse ninguém que lhe agradasse, ia Ao encerrar o mandato, buscar fora. No primeiro goverMansueto trabalhou um ano e no, Mansueto foi extremamente meio para a Câmara de Verea- centralizador. No segundo, já que dores como diretor de expedien- havia sido tão criticado, resolveu te. “Só aceitei o cargo porque o descentralizar. Deu seis meses presidente eleito da Câmara na e ele centralizou tudo de novo, época, Norberto Susin, que era “porque estava uma bagunça”. Secretário de Obras e não tinha Mansueto era enfezado. Por experiência alguma causa de suas brina função, insistiu gas, trocou de par“O prefeito muito para que eu tido várias vezes, ajudasse.” Logo de- tem que ser “fez a roda”, como pois, foi convidado assim, tem que dizem alguns. Ele para ser diretor-pre- mandar, senão se defende. “Nunca sidente da Empresa tive partido, sempre de Trens Urbanos cada secretaria disse que não queria de Porto Alegre, a vira uma compromisso neTrensurb, onde tra- prefeiturazinha e nhum. Os caras mebalhou até fevereiro só dá confusão”, tiam pau porque eu de 1988. trocava de partido, opina Mansueto Naquele ano, mas o meu partido é Mansueto voltou Caxias, e basta”. Seu para Caxias bem na época em que histórico de desentendimentos estavam escolhendo os candida- políticos é vasto. Em 1988, brigou tos a prefeito. A pressão era gran- com Vanin, que resolveu apoiar de, e ele acabou concorrendo. Os Rigotto. Por isso, juntou-se a Ovíoutros candidatos eram Germano dio Deitos e, em protesto, ambos Rigotto, Nadyr Rossetti, Ovídio apoiaram Pepe Vargas. Deitos e Roque Grazziotin. ManMas a briga com Brizola foi a sueto repetiu a dose de 1976 e mais marcante. Quando Mansueganhou de Rigotto com uma dife- to candidatou-se a prefeito pela rença de 12 mil votos. primeira vez, Brizola não veio a No segundo mandato, Man- Caxias ajudá-lo na campanha. Na sueto investiu no asfaltamento. segunda vez, quando ele já estaEm sua administração anterior, va fora do PDT, Brizola, vingaticonseguira verba federal para um vo, veio três vezes a Caxias para estudo sobre o transporte da cida- tentar derrotá-lo. Numa delas, o de. Porém, com o Faxinal e uma líder pedetista foi a um programa porção de outras coisas para fazer, de TV e chamou Mansueto até de o asfalto ficou de lado. Deixou os traidor do trabalhismo. Mansueto estudos prontos, mas eles não fo- gravou o programa numa fita e, ram utilizados pelo prefeito que o logo em seguida, quando chegou substituiu, Victório Trez. Na volta a sua vez de fazer o programa, reà prefeitura, Mansueto só com- petiu toda a fala de Brizola. Em pletou os estudos que deixara e seguida, acrescentou: “Vocês acaasfaltou, de uma vez, 70 quilôme- baram de ouvir o doutor Brizola, tros de ruas – todas as principais, a quem eu ajudei a fundar o PTB, o Centro e os acessos aos bairros. me chamando de tudo isso. O “Quando as obras estavam sendo doutor Brizola não conhece Cafeitas, até causaram transtorno xias. Não conhece a tradição do na população, mas depois, prin- nosso povo, senão ele jamais diria cipalmente com a diminuição do o que disse aqui. Porque nessa cibarulho, a saúde das pessoas me- dade nunca nenhum caudilho nos lhorou”, avalia. ensinou a votar. Desde os tempos Foi seu último mandato na po- de Júlio de Castilhos e Borges de lítica caxiense. Ao sair da prefei- Medeiros que, aqui, caudilho não tura, o então governador Alceu tinha vez”. Collares chamou-o para ser direOs dois só foram se entender tor do Banrisul. Nunca havia pen- anos depois, em um comício da sado em ser diretor de banco, mas candidatura de Kalil Sehbe. Para teve que aprender. “Eu peguei o surpresa de Mansueto, Brizola fez jeito rapidinho, e dirigir o Banri- um discurso que o elogiava. “Tosul foi tão tranquilo quanto diri- mamos caminhos diferentes, mas gir a Trensurb. Passava três dias Mansueto foi um grande prefeito”, por semana aqui, atendendo a re- teria dito. Depois disso, Brizola gião, e dois dias em Porto Alegre, pegou Mansueto pelo braço e o num apart hotel”, conta. levou até a casa do tio, Darwin Corsetti – outra briga do ex-preDurante seus governos, feito –, onde todos acabaram fa-

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Arquivo Pessoal/O Caxiense

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Jornalista forjado na prática e orador nato, Mansueto se comunicava de um modo especial com o filho mais novo, André, que faleceu em 1999 zendo as pazes. O desentendimento com Vanin ele resolveu não faz muito,. Foi em 2003, quando teve um problema no coração – Mansueto tem dois stents nas artérias, para desobstruí-las. Ainda no hospital, recebeu a visita do velho companheiro. Mas, apesar de todas essas rivalidades políticas, ele acha que não se pode guardar rancor. “Mágoa faz mal para a saúde.” Outra peculiaridade do prefeito Mansueto era a adivinhação de estatísticas eleitorais. Reza a lenda que ele era certeiro em suas previsões. Para isso, contava com uma ajuda muito especial, dos taxistas, que pegavam os passageiros e, conversa vai, conversa vem, perguntavam em quem a pessoa iria votar ou quem ela achava que ganharia a eleição. Anotavam tudo e, depois de um tempo, levavam para Mansueto na prefeitura. Quando saía o resultado da eleição, era igualzinho ao que haviam dito, até a diferença entre o primeiro e o segundo. Os taxistas, aliás, eram como “fiscais” de Mansueto. Quando foi prefeito pela primeira vez, pediu que, como eles estavam na rua o dia inteiro, tomassem nota de tudo que viam de errado pela cidade. E eles cumpriam a tarefa. A vida política de Mansueto foi tão ativa que sobrou pouco tempo para a vida pessoal. Conheceu a esposa Suzel em 1962, ainda não era vereador, mas os dois ficaram de namorico uns três, quatro anos. Casaram-se em 1969, quando ele já era vice-prefeito. Suzel sempre foi muito participativa como primeira-dama, criou grupos de mães, projetos sociais, trabalhava nas campanhas, reunia as esposas dos candidatos a vereador para

visitar os bairros, acompanhava Mansueto aos eventos ligados à prefeitura – aliás, toda a família sempre esteve muito presente, e o registro disso está na maioria das fotos que apareciam nos jornais da época. Quando deixou a prefeitura, Mansueto também parou de fumar cigarro – jogou o último dentro do Faxinal: “fiz uma barbaridade, mas é que era o último” –, porém, foi por insistência de Suzel que ele largou um outro vício que adorava: fumar cachimbo. “Cachimbo dá uma mão de obra danada. A Suzel ficava louca porque eu sujava todas as pias da casa. Se fosse por mim, azar da sujeira, não parava nunca. Cachimbo é uma delícia, até hoje eu tenho saudade.” Mansueto e Suzel tiveram dois filhos, Márcio, que hoje é jornalista, e André, que sofria de autismo e faleceu há 12 anos. Márcio cuidava de André com amor, sempre foi um orgulho para a família. Quando decidiu prestar vestibular para Jornalismo, Mansueto avisou que ele não iria ganhar muito, mas o guri gostava de escrever, desde pequeno. Hoje, trabalha no jornal Pioneiro, na editoria de Esportes. “Puxou ao pai, ou seja, como jogador de futebol é um ótimo jornalista”, ri Mansueto. Com André, as preocupações eram maiores. O autismo do menino foi descoberto aos três anos, pois ele ainda não falava. No começo, achavam que era surdo. Levaram André a um médico de Porto Alegre e, quando constataram que o problema não era na audição, ele foi encaminhado a um especialista, que deu o diagnóstico. Como não havia recursos

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em Caxias, Suzel levava o meni- grande tristeza, um mês depois da no para a Capital, consultar-se morte de Suzel. Adora ir na casa com um psiquiatra, sem grandes do vô, onde brinca com os brinprogressos. Lá, existia uma escola quedos de André e depois guarda especializada em tratar de crian- tudo certinho no lugar. Aliás, ele ças autistas, e o restante da famí- é tão parecido com André que lia insistia muito para que matri- Mansueto até confunde os nomes culassem André. Mas Mansueto de vez em quando. Além de Arouviu falar de uma professora de thur, Márcio tem a caçula Luíza, Santa Maria que era especialista de apenas três anos, mas que já é na doença e resolveu contratá-la tinhosa. Mexe em tudo, faz uma para cuidar do filho. A professora bagunça na casa do avô, mas enparticular visitava o menino três che o lugar de alegria. vezes por semana. Suzel morreu um Ele adorava as auano e meio depois las. Quando André “Os caras do falecimento de estava no auge de metiam pau André, vítima de seu desenvolvimen- porque eu leucemia. Mansueto, aos 20 anos, em trocava de to ficou sozinho 1999, morreu de inno apartamento. suficiência cardíaca partido, mas Manteve tudo como o meu partido enquanto dormia. Suzel gostava – o André vivia isola- é Caxias, e piano na sala, fotos do em seu mundo, basta”, discursa e pratinhos de pornão queria contato, o ex-prefeito celana nas paredes mas sabia de tudo – e acrescentou deque precisava. Não corações temáticas passava fome, não passava frio, para agradar os netos. No Carnanada. No início, ignorava o pai. val, teve serpentinas e máscaras. Depois, só queria andar agarra- Mas é no Natal que o apartamendo nele, abraçava, puxava, gru- to ganha os enfeites mais bonitos. dava nele. Nas muitas fotos que Na sala, não pode faltar o cantiMansueto tem nas paredes de nho mais caprichado de todos: o seu apartamento, André aparece pinheirinho que André ajudava a olhando para a câmera em todas, montar, todos os anos. “O pinheicomo se tivesse consciência de rinho que eu montava para ele e que deixaria nelas sua memória eu sempre monto”, emociona-se imortalizada. Mansueto. Junto ao pinheiro, ele ergue todos os anos uma cidade Mansueto largou a polí- em miniatura com luzinhas dentica há muito tempo e não quer tro das casas, uma praça no meio mais saber dela. “Porque, a bem e uma placa indicando que aquela da verdade, política virou um é a cidade do Andrezinho – que, negócio hoje em dia”. Dedica-se, agora, Mansueto administra em atualmente, a viajar, frequentar a conjunto com o neto Arthur. hidroginástica e ser avô, o que ele Uma cidade limpa, uma cidade acha espetacular. Arthur, 11 anos, bem planejada, linda, a cidade primeiro filho de Márcio, é um dos sonhos do prefeito, onde tomimo, e nasceu a tempo de con- dos vivem felizes no seu próprio fortar a todos em um momento de universo: Andrépolis. 12 a 18 de março de 2011

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Artes artes@ocaxiense.com.br

Mario Palermo | Serranas |

“Serrana é toda a mulher que passa por aqui”, explica o escultor Mario Palermo, que é italiano de origem, mas e uruguaio e brasileiro de passagem, sobre a série Serranas, que homenageia as mulheres na vitrine da Galeria Arte Quadros. Mario, que mora em Canela ha oito anos, veio para o Brasil em 1983, depois de estudar no Uruguai. O artista sempre trabalhou com a mesma temática: a mulher, “que é a própria arte”. Esta última série, mais colorida, descontraída e brasileira, já tem cerca de 40 esculturas, em fibra de vidro e resina. E o tema preferido do artista ainda tem muito chão pela frente. “Não conheço ainda nem uma pequena parte do Brasil. E não saio do país até conhecer tudo”, diz o italiano de sotaque castelhano que escolheu o Brasil porque gosta de tudo nesse país, “começando pelas mulheres”.

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MUITO ACERTADAMENTE por LUIZ CARLOS PONZI

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ispensou a esposa e a amante: a namorada, não.

Participe | Envie para artes@ocaxiense.com.br o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

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Ângelo

Henrique De Boni É por causa de Ângelo De Boni, 55 anos, que a Unidade de Ana Rech da Marcopolo é repleta de flores. Há 10 anos, ao ganhar a oportunidade na empresa após um período de desemprego, Ângelo ficou tão grato que, por iniciativa própria, decidiu tornar o espaço florido. “Fiz por amor a empresa, aos funcionários”, conta. A maioria das flores são margaridas amarelas, escolhidas por Ângelo. Responsável pela manutenção dos vestiários masculinos, ele não é jardineiro profissional. Aprendeu na prática. Quando as flores estão secando, ele as retira para que brotos possam nascer e manter tudo colorido. As plantas recebem água todos os dias, logo cedo, entre 7h40 e 8h30. Mais do que isso, as flores recebem atenção e um pedido diário de Ângelo: “Cuido bem de vocês, então tratem de pegar”.

Jovi Souza

Em uma fábrica de cadeiras, onde trabalha no setor administrativo, Jovelino tem pilhas de trabalho acumulado, resultado de 30 dias de afastamento da empresa para trabalhar voluntariamente pelo Carnaval da Protegidos da Princesa, escola do Clube Gaúcho, do qual ele é presidente. O esforço valeu a pena. Os R$ 20 mil que a Protegidos recebeu do Município para fazer o desfile desse ano não foram suficientes. E angariar fundos foi um dos principais desafios do presidente. A Protegidos venceu o Carnaval e Jovi lembrou dos tempos áureos do clube que frequenta desde os 16 anos. "A protegidos entrava na avenida e já ganhava o Carnaval." Depois de prestar contas da verba recebida esse ano, a Protegidos tem direito ao prêmio de R$ 45 mil, para fazer em 2012 um desfile no mínimo duas vezes melhor.

Saúde | Caminhada

Parque dos Macaquinhos | Com be-

bedouros, academia da terceira idade e equipamentos para alongamento, o Parque dos Macaquinhos oferece a melhor estrutura para quem quer caminhar. O espaço é o mais procurado pelos adeptos do exercício, mas sempre há espaço para caminhadas em qualquer ritmo.

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por Paula Sperb e Marcelo Aramis

Marli

Trentin O comércio caxiense agora está à altura da indústria da região, que há tempos conta com prestígio internacional. A loja Marli Trentin ganhou o prêmio Global Innovator Award (GIA) de melhor loja de utilidades do mundo depois de passar pela etapa nacional da premiação, que há 10 anos é promovida pela Grafite Feiras no Brasil. Orgulhosa, a proprietária que dá nome ao estabelecimento teve uma grande surpresa no último domingo (6), no Hotel Four Seasons, em Chicago. Estava preparada para receber o troféu nacional e recebeu também o mundial, dado para cinco de 23 finalistas espalhadas pelo mundo. O prêmio é resultado de um trabalho cuidadoso e incessante. Marli é responsável por tudo, do mix de 12 mil produtos até as famosas vitrines, trocadas quinzenalmente. A loja fica em uma casa tombada pelo patrimônio histórico mas abriga milhares de itens modernos, que apostam no design como diferencial. Quando fala do reconhecimento da loja prestes a completar 20 anos, Marli usa os verbos no plural. Isso para incluir a filha Jordana Trentin, que há 10 trabalha na loja. “Ela é meu braço direito.”

Lagoa do Rizzo | A beleza do parque

Júlio de Castilhos | A principal avenida de Caxias

Vila Olímpica UCS | Espaço para focar no exercício sem distrações da rua. Siga as instruções de alongamento do painel.

Ana Rech | Não foi pela estrutura, mas sim pelo uso, que o quilômetro entre a rótula da Marcopolo e a vila de Ana Rech se tornou pista de caminhada. O trecho plano e bem arborizado da Avenida Rio Branco é uma boa opção para o exercício no início ou no fim do dia. Leve água.

mais afastado do centro da cidade compensa a distância entre o Desvio Rizzo e o Centro. A lagoa, a completa estrutura para o lazer e boa parte de sombra sobre a pista de caminhada atraém frequentadores que andam alguns quilômetros de carro para poucas voltas a pé em bela paisagem.

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pode ser amigável aos pedestres. Para uma caminhada de 30 minutos, vá e volte da Praça Dante Alighieri até as proximidades do Monumento ao Imigrante. O trecho mais tranquilo é em Lourdes, onde é possível admirar a Capela do Santo Sepulcro e o Arquivo Histórico Municipal.

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Desafios da inclusão social

ESPECIAL COMO A ESCOLA DEVE SER Em Caxias do Sul, 172 alunos com necessidades especiais encontram na Escola Estadual João Prataviera um reduto de atenção e ensino

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Escola foi concebida já com a estrutura física adaptada

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por CAMILA CARDOSO BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br

as características estruturais ao serviço prestado, passando pelo corpo docente, muita coisa diferencia uma escola de educação especial de outra regular. O prédio, normalmente cercado de muros e pátios, ganha um elemento essencial para a acessibilidade: rampas. As salas de aula comuns, daquelas com classes e quadro negro, são espaços pequenos, comportam no máximo 12 alunos, que são divididos em sete níveis. Nessas aulas, o foco inicial não é o ensino de conteúdos como Língua Portuguesa ou Ciências. Lições básicas de convivência, coordenação motora e noções de linguagem são os primeiros ensinamentos, enquanto a alfabetização fica para um pouco mais tarde. Nas aulas de atividades da vida diária, alunos em idade escolar, ou seja, a partir dos seis anos, aprendem a escovar os dentes, vestir-se, amarrar o cadarço do tênis, comer com garfo e faca, mastigar. Também há lugares dedicados a aprendizagens peculiares. Numa ampla cozinha, os alunos fazem pães, bolachas, descascam e cortam legumes, aprendem a lavar e passar. Em uma espécie de estúdio de dança, com espelho e barras de apoio, movimentos primários, como caminhar e alcançar um objeto, são estimulados e desenvolvidos nas aulas de psicomotricidade. O laboratório de informática tem computadores com programas específicos e equipamentos adaptados, como as letras do teclado isoladas uma a uma para facilitar a digitação. Em Caxias do Sul, alunos com necessidades educativas especiais encontram um espaço como esse na Escola Estadual de Educação Especial João Prataviera. Entretanto, a possibilidade de transformar a instituição em somente um centro de apoio levaria os 172 alunos de volta para as escolas regulares, por onde a maioria já passou colecionando históricos

de discriminação e dificuldades de aprendizado. Esse temor ronda a comunidade escolar, paradoxalmente, conforme surgem políticas públicas que pregam a inclusão social. Desde a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, o tema consta na legislação federal. Mas foi um decreto de 2005, conhecido como a Lei de Inclusão Social, que definiu o fim das escolas de educação especial. Conforme a lei, os alunos devem frequentar escolas regulares durante um período e, no turno inverso, recorrer ao apoio dos centros, as ex-escolas especiais, para compensar as dificuldades. Para preservar as nove instituições estaduais de educação especial, a João Prataviera entre elas, o Conselho Estadual de Educação emitiu no fim de 2010 um parecer pela permanência das escolas, contrariando a determinação federal. No Brasil, apenas São Paulo e Santa Catarina, além do Rio Grande do Sul, ainda mantêm essa modalidade escolar. Com problemas intrínsecos ao ensino regular, seria preciso primeiro estruturar o espaço físico dos colégios normais para garantir acessibilidade e capacitar os profissionais para que alunos regulares e com necessidades especiais fossem atendidos de forma eficiente. “Inclusão não é só colocar na escola regular, é aceitar o aluno como ele é. Turmas regulares costumam ser heterogêneas, os alunos acompanham um mesmo ritmo. Colocar os nossos alunos lá e querer que eles acompanhem esse ritmo é injusto. Também há a preocupação com a sobrecarga dos alunos nesse sistema. Alguns deles não têm tolerância para longas horas de atividades, como seria em dois turnos de aulas”, argumenta Claudia Oliveira, supervisora da João Prataviera. “A gente recebe críticas, dizem que somos assistencialistas e protecionistas. Não é verdade. Somos a favor da inclusão, mas conhecemos cada um dos nossos alunos. Sabemos que cada um tem potencialida-

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se torna uma pessoa melhor trabalhando com eles, não se torna nunca mais”, constata Giani. Cabe à supervisora escolar a missão de acolher as famílias, que normalmente chegam resistentes à condição dos filhos e com preconceito em relação à escola. “Eu mesma tinha uma ideia de que era uma escola excludente antes de vir trabalhar aqui. Depois de ingressar, percebi que é uma escola mais inclusiva do que qualquer outra. Hoje a escola especial é essencial porque, em alguns casos, o único convívio social saudável que os alunos têm é aqui”, afirma Claudia. Se em escolas regulares é difícil garantir que os pais acompanhem a educação dos filhos, nem que seja comparecendo à entrega dos boletins, o problema se agrava em famílias que não aceitam a condição de um filho com necessidades especiais. “Sem um tratamento completo, que se estenda para a casa, o trabalho pedagógico fica trancado”, lamenta a professora Roseli Leopoldina dos Santos.

não sou especializada”, reconhece. Na casa de Maria Luisa Lefeu Silva, 48 anos, não se ouve mais as frases que deixavam angustiado o coração de qualquer mãe. “Eu sou burra, né, mãe? É por isso que eu apanho”, dizia Isabel, hoje com 16 anos, que frequentou a escola regular durante um ano. Ela não conseguia acompanhar o ritmo dos colegas de pré-escola e não contava com a paciência da professora para ensiná-la. Isabel costumava ir recreio adentro copiando o conteúdo do quadro, ficando sem merenda e sem amigos. Maria Luisa decidiu não insistir na escola regular e procurou a João Prataviera. Os primeiros progressos vieram na identificação das cores e no manuseio dos objetos. Da resistência à escola, Isabel passou a alimentar a curiosidade e o entusiasmo: aprender a ler e alcançar o nível em que possa trabalhar na padaria do colégio são seus principais objetivos. Enquanto isso, aproveita a nova vida que ganhou. “Ela era muito retraída, ficava sempre pelos cantos da casa e da escola. Agora semHá quatro anos, quando a pre tem assunto com os parentes, dona de casa Janete Rosa Peres, professores, colegas. Acho que 38 anos, matriculou o filho Jader, conversa até demais”, orgulha-se a 11 anos, que tem retardo mental mãe. Para ela, ainda não é hora de moderado e dificuldade moto- a filha ir para uma escola normal. ra, ficou chocada com a realida- “Se lá as crianças se comportam de dos outros alunos. Passada a mal, têm preconceito, é porque os primeira impressão, pais educam assim”, Janete comemora a lamenta Maria Luievolução do peque- “Quem não sa. no. “Toda mãe espe- se torna uma “Hoje eu entendo ra que o filho evolua. pessoa melhor que não adianta o Uma vez eu queria trabalhando filho ter inteligência que ele aprendesse se ele não for educom eles, a ler e escrever, mas cado. Ela é tão amohoje eu entendo que não se torna rosa com a gente, ele não tem essa ca- nunca mais”, tudo de bom. Não pacidade. Ele gosta constata a adianta apressar, de computadores e diretora Giani tem que ser devacalculadoras, talvez gar, o aprendizado esteja aí uma posformal não é tudo”, sibilidade de desenvolvimento. conclui a mãe, que agora escuta Que ele aprenda a socializar, por- da filha os próprios sinais de aceique eu não vou viver a vida toda tação: “Ninguém nasce sabendo, para cuidá-lo. Eu sou mãe, mas né, mãe? Tem que ir devagaripor mais que eu queira ensinar nho”. Fotos: André T. Susin/O Caxiense

des muito específicas e como elas extensão ou pós-graduação, e ser precisam ser trabalhadas. Só que- aprovado em concurso público remos que essa condição seja res- do Estado para o cargo específico. peitada”, defende a diretora, Giani Além disso, a vocação para ensiWiebbelling Vargas. nar tem que ser ainda mais sólida. A escola, que Na escola especial, existe há 49 anos cabe aos professoe surgiu dentro da “Inclusão res a tarefa de situAssociação dos Pais não é só ar no tempo alunos e Amigos dos Ex- colocar na escola com idade de oito a cepcionais (Apae), regular, é aceitar 50 anos, explicar o ganhou sede próque eles comem nas pria nos moldes o aluno como refeições, acompaele é”, argumenta específicos de insnhá-los em cada ida tituições especiais Claudia Oliveira, ao banheiro. Com em 1995, com pré- supervisora da a capacidade de dio construído pelo João Prataviera aprendizagem dos Estado e terreno alunos mais lenta, é doado pela prefeinecessário saber litura. Lá, a inclusão dar com a frustração social é feita de forma gradativa. de o trabalho não ter resultados Aqueles estudantes que evoluem imediatos. Alguns estudantes não nos sete níveis são encaminhados chegam a alcançar a alfabetização. para escolas que ofereçam Edu- Deixa-se de lado a lógica da escocação de Jovens e Adultos (EJA). la regular, em que o avanço no Os alunos também são inseridos conteúdo programático é um sino mercado de trabalho, con- nal evidente da evolução dos aluforme conquistam autonomia e nos, para valorizar pequenos prodesenvolvem habilidades. Hoje, gressos, como a identificação das a escola mantém parceria com cores ou o manuseio correto de os supermercados Zaffari e Big um lápis. Os professores também e com as indústrias Marcopolo e encaram o desafio constante de Agrale. Além de serem encami- resolver problemas que vão além nhados para o EJA e para a vida da educação. “Precisamos de um profissional, os alunos continuam aluno organizado psiquicamente contando com o suporte da esco- para dar conta da questão cognila. “Às vezes, pode acontecer de o tiva”, ressalta a supervisora Claumercado de trabalho absorvê-los dia. Como a rede pública costuma mais por uma exigência legal do não suprir todas as necessidades que por vocação. Tem alunos que de assistência em saúde, cabe aos não toleram um turno de oito ho- professores a tarefa de superviras ou um chefe brigando e dando sionar medicação, acompanhar o ordens, então precisam de acom- agendamento de consultas médipanhamento para que se adap- cas e conter surtos. tem”, explica Claudia. Como resultado de uma convivência tão intensa, quem trabalha Com um professor para cada na João Prataviera vai além da sete alunos, na João Prataviera relação professor-aluno. Lidando não há quem não tenha a indi- com crianças e adolescentes navidualidade valorizada. Todos turalmente afetuosos, os funciosão tratados pelo nome, cada um nários sentem-se recompensados aprende e desenvolve as tarefas com gestos que vão desde longos no seu ritmo e a avaliação é feita abraços a cada início de turno diária e particularmente. Para le- letivo até homenagens em trabacionar na escola especial é preciso lhos de aula. “Primeiro criamos o ter formação na área de defici- vínculo afetivo para depois partir ência mental, como um curso de para o aprendizado. Quem não

Diretora defende a inclusão com responsabilidade; teclado dos computadores é adaptado; trabalhos escolares revelam integração das turmas

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Guia de Cultura Luiz Gonzales, Divulgação/O Caxiense

Maicon Dmasceno, Divulgação/O Caxiense

por Carol De Barba | guiadecultura@ocaxiense.com.br

Os argentinos Sebastian Arce e Mariana Montes ensinam tango no Clube Ballroom; Nova Sala de Teatro, no Ordovás, abre com Orquestra de Sopros

CINEMA l Sexo sem compromisso | Comédia romântica. Sábado (12), 21h30 (leg.) | Iguatemi O filme é a pré-estreia da semana, portanto, tem sessão única. Depois do denso (tenso?) papel que lhe rendeu o Oscar por Cisne Negro, Natalie Portman pega leve ao lado do galã Ashton Kutcher. Os dois interpretam grandes amigos que, um belo dia, resolvem transar e, é claro, complicam tudo. Dirigido por Ivan Reitman. Com Kevin Kline e Cary Elwes. 12 anos. 108 min.. Promoção: Ingressos grátis GNC A partir de domingo (13), os três primeiros leitores que enviarem e-mail para guiadecultura@ocaxiense.com.br com nome completo e telefone e o título da promoção no assunto da mensagem ganham ingressos para assistir de graça qualquer filme no GNC Cinemas, de segunda a quinta.

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l Matinê Sessão Banzai | Animação. 15h, sábado (12) | Ordovás Nem só de Cavaleiros do Zodíaco se faz a cultura pop japonesa. Na sessão, temática, Samurai Horror Tales, que usa folclore, contos e superstições nipônicas para criar um ambiente mórbido e sinistro; Level E, que conta a história do planeta Terra após ser povoado por milhares de estrangeiros de toda a galáxia; e Mahou Shoujo Lyrical Nanoha A’s, sobre uma garota mágica e sua amiga, que combatem vilãs que querem preencher as 666 páginas do Livro das Trevas com o poder mágico roubado de qualquer ser que elas possam achar pelo caminho. AINDA EM CARTAZ: Bruna Surfistinha. Drama. 14h30, 17h, 19h30 e 21h50. Iguatemi | Caça às Bruxas. Ação. 16h40 e 19h10 (leg.). Iguatemi | Cisne Negro. Suspense. 14h e 21h20 (leg.). Iguatemi | Desconhecido. Suspense. 17h15 e 22h (leg.). Iguatemi | Enrolados. Animação.

16h (dub.). UCS. | Esposa de Mentirinha. Comédia romântica. 13h45, 16h10, e 21h (leg.). Iguatemi | Gnomeu e Julieta. Animação. 13h30, 15h20, 17h30 e 19h20 (dub.).Iguatemi | Justin Bieber: Never Say Never. Musical. 21h10 (dub. 3D). Iguatemi | O Discurso do Rei. Drama. 14h40 e 19h40 (leg.) Iguatemi. | O primeiro que disse. Comédia. De quinta a domingo, 20h (leg.). Ordovás | O Ritual. Suspense. 18H50 (leg.). Iguatemi | O Turista. Ação. 19h (leg.), sem sessão na terça (15). UCS | Rango. Animação. 14h10, 16h30, 19h e 21h30, sem sessão às 19h no sábado (12). Iguatemi. INGRESSOS: Iguatemi: Segunda e quartafeira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial).

Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 32095910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

MÚSICA l Concerto Caxias do Som de Verão | Sábado (12), às 20h | A Orquestra Municipal de Sopros de Caxias do Sul é uma das atrações que marca a reinauguração do antigo Salão de Artes, agora um teatro alternativo, que poderá abrigar espetáculos das mais diversas manifestações culturais. Sala de Teatro Entrada franca | Luiz Antunes, 321 | 3901-1316 l Águas de Março Adulto | Sábado (12), às 23h | Apesar de marcar o fim da temporada das piscinas do clube e acontecer após a folia, o Águas

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Recomenda l Triathlon de Show – Tributos Blackbirds | Quarta (16), quinta(17) e sexta(18), às 22h | Os passarinhos estreiam o aguardado tributo a Pink Floyd, dia 18, com participação do tecladista Rafael Vignatti, acompanhado de um desafio olímpico de shows. No dia 16, o tradicional Tributo a Beatles, com algumas novidades no repertório, e no dia 17, homenagem ao The Who, ambos com participação de Cheddar Tomazzoni nos teclados. Mississippi R$10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Estação Férrea | 3028-6149

que | De quarta (16) a sexta, das 8h às 22h30 | Seu Amaro é funcionário do Campus 8 e trabalha há 30 anos “fazendo a parte técnica” das gravuras, como diz. Sem temática específica, escolheu o que de melhor já imprimiu para a mostra, que abre na terça (15), às 19h30, e faz parte do Projeto Mostra UCS Campus 8 Cidade das Artes, ligado ao Programa de Linguagens da Arte (PLA). Hall do Campus 8 Entrada franca | RS 122, Km 69 | 3289-9000

De segunda a sexta, das 8h30 às 18h30, sábados das 8h30 às 12h30. Farmácia do Ipam. 32229270 | Abre alas. Fotos do acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami. De segunda a sexta, das 8h às 18h. Câmara de Vereadores. 3218-1600

DANÇA Recomenda l sobreVIVENTES | Quarta (16) e quinta (17), às 20h30 | A concepção e coordenação do projeto são de Daggi Dornelles. O trabalho é fruto de intercâmbios de arte, realizados por meio de parcerias, compostos por desdobramentos entre performances e a imagem. A composição coreográfica é de Daggi e dos bailarinos da Cia. Municipal. Os figurinos foram feitos pelo elenco, sob orientação de Cristina Lisot, a partir de material coletado no lixo. Sala de Teatro do Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312| 3901-1316

l Aromas, texturas e cores | De quarta (16) a sábado, das 10h às 19h30, domingo, das 16h às 19h | A mostra da artista Leonor de Alencastro Guimarães Aguzzoli reúne trabalhos feitos com uma técnica nada usual, a encáustica, que utiliza cera de abelha para fazer relevos na tela. Ou seja, os obras envolvem o espectador não só pela visão, mas também pelo olfato e pelo tato. A curadoria é de Mona Carvalho. Recomenda Catna Café Entrada franda | Júlio, 2854 | l Inscrições Tango Gaucho 3212-7348 | | De segunda (14) a sexta (18), das 9h às 12h, e das 13h30 às Recomenda 18h30 | l KIT de Sobrevivência | A dança mais sensual e intensa De quinta (17) a sexta, das 9h às do mundo, o tango, será ensinada 19h, sábado e domingo, das 15h no evento Tango Gaucho - O meàs 19h | lhor do tango mundial, que o CluA mostra abre quarta (16), às be Ballroom promove nos dias 25, 19h, e traz registros fotográficos, 26 e 27 de março. No dia 25, aconpor Frank Jeske, e experimenta- tece jantar, shows e baile no Reções visuais na dança contem- creio da Juventude. As aulas serão porânea, por Jorge Soledar, do nos dias 26 e 27, no Clube Ballprojeto sobreVIVENTES, coor- room e nas futuras instalações do denado por Daggi Dornelles e Teatro Moinho da Estação, e seexecutado no ano passado. Após rão ministradas pelos professores: a abertura, às 20h30, na Sala de Sebastian Arce e Mariana Montes Teatro do Centro de Cultura, será (Argentina); Sebastian Possada apresentado a versão cênica do e Eugenia Eberhadt (Argentina) projeto, na Sala de Teatro. e Rafael Bush e Susanne Optiz Galeria do Ordovás (Alemanha). As inscrições poEntrada Franca | Luiz Antu- dem ser feitos nos níveis iniciannes,312 | 3901-1316 te, avançado e professores (valores sob consulta). EXPOSIÇÕES AINDA EM EXPOSIÇÃO: A Clube Ballroom l Acervo de gravuras do arte está em esconder a arte. R$40 (baile e show) | Estação Férimpressor Amaro Albuquer- Artes Karem Sartor dos Santos. rea | 3223-2159 Jorge Soledar, Divulgação/O Caxiense

TAMBÉM TOCANDO: Sábado (12): Barbaquá. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | DJs Audiotronic. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Encerramento do Verão da Move. Eletrônica, pagode e sertanejo universitário. Move. 3214-1805 | Fabiano e Piti Acústico + Banda Flashback. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Recital de Verão do Coral Municipal de Caxias do Sul. 20h30. Sala de Teatro do Ordovás. 3901-1316 | Sábado Underground. Black Phyton. Rock. 22h Vagão Classic. 3223-0616 | Samba House. DJ Flávio Steffli. Eletrônica. 23h. Pepsi Club. 3419-0990 | Triplice. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Projeto House Concept. DJ Gui Oliveira. Eletrônica. 22h. The King Pub. 3021-7973 | Quem Samba Fica 10. 22h30. Boteco 13. 32214513 | Caixa Acústica + Banda Fullgás. Pop. 23h30. Buku’s Anexo. 3285-3987 | Tenente Casca-

vel. Rock. Vagão Bar. 3223-0007 | Domingo (13): Ana Jardim e Banda Sambaêh. Samba de gafieira. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Domingueira Zarabatana. Eletrônica. 17h. Zarabatana. 3228-9046 | Happy Hour DJ Gui Oliveira. 18h. The King. 3021-7973 | Segunda(14): The Cotton Pickers. Blues. Mississippi. 3028-6149 | Terça (15): Acústico Disco. Rock nacional e internacional. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Acústico Maurício Santos. Samba. 22h30. Boteco 13. 3221-4513 | Happy Hour DJ Gui Oliveira. 18h. The King. 3021-7973 | Rafa Gubert & Tita Sachet. Rock clássico. Mississippi. 3028-6149 | Projeto Rock e Cultura. Vagão Classic. 3223-0616 | Quarta (16): Classic Gamer. Vagão Classic. 3223-0616 | Happy Hour DJ Gui Oliveira. 18h. The King. 30217973 | Marício e Daniel. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Maurício Santos Trio. 22h30. Boteco 13. 3221-4513 | Triplice. Pop rock. 22h. Bier Haus. 32216769 | Quinta (17): DJs Audiotronic. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Happy Hour DJ Gui Oliveira. 18h. The King. 30217973 | Noite do Rock. Agente Ed. 22h30. Boteco 13. 3221-4513 | Rádio Country. Sertanejo universitário. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Sweet Beetle Juice. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta-feira do Beijo. Vagão Classic. 3223-0616 | Grupo Macuco. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Sexta (18): Aquece. Vagão Classic. 3223-0616 | Branco no Preto. Samba rock e som Brasil. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Banda Vice Verso. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Happy Hour DJ Gui Oliveira. 18h. The King. 3021-7973 | Pátria e Querência. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 |

Frank Jeske, Divulgação/O Caxiense

é um dos remanescentes dos antigos carnavais de clubes (veja matéria na pág. 18). As atrações são Djs Big Brothers, Puracazuah, Musical Abertura e Núcleo Tholl. Sócios devem retirar as senhas gratuitas na secretaria do clube. Sede Social Recreio da Juventude R$35 (antecipado) e R$ 45 (na hora) para não sócios | Pinheiro Machado, 1762 | 3028-3555

Projeto sobreVIVENTES realiza exposição fotográfica e espetáculo de dança contemporânea a partir do diálogo entre performance e imagem

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A folia que restou

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ECOS DE CARNAVAIS No Guarany, o último dos clubes a promover bailes carnavalescos, a festa também já não é mais a mesma

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OUTROS

fantasiada. Usa um longo vestido bege e lenço na cabeça. “Estou vestida de camponesa medieval. i, você aí, me dá um dinheiro aí, Mas só eu acreditei que era baile me dá um dinheiro aí, canta a fa- de Carnaval. Ninguém me avisou mosa marchinha que sai das cai- que não era para vir à fantasia”, rexas de som do salão principal do clama ela, que, devido constranclube Recreio Guarany. São 23h gimento da situação, preferiu não de terça (8), e apenas 10 pessoas, dizer o nome. “Eu sou do Rio de integrantes da diretoria do clube, Janeiro. Vim a passeio. O Carnaacompanham a música, dançan- val lá é completamente diferente. do de um lado para o outro com E olha só. Vim passar o Carnaos dedos indicadores para cima. val justamente na terra onde não “Eu acho divertido, embora não tem”, conclui. Naquele instante, se tenha mais bailes como anti- um jovem passa por ela e dá um gamente e esteja meio fraco. O tapinha em suas costas, dizendo pessoal está desmotivado, os inte- bem alto: “Ôôô, freira!”. “Freira?!”, resses são outros. Eu venho aqui revolta-se a mulher, colocando desde a infância. Altas lembran- a mão na testa. “Sou camponesa ças. O Guarany sempre foi muito medieval!”, grita para o rapaz. Enanimado, sempre foi referência”, quanto isso, um grupo de garotos conta Sandra Lima, 45 anos. De fazia embaixadinhas com um bamaquiagem azul brilhante nos lão feito de preservativo. “Olha a olhos, Solange Bartagnolli, 47 camisinha!”, grita um deles quananos, naquela hora da noite aju- do o balão se afasta do grupo. dava o marido, presidente do clu- Puf!, alguém a estoura com o pé. be, a resolver os detalhes da orga- As embaixadinhas terminam. nização da festa aguardada pela “Eu venho por causa da animafila que já estava formada do lado ção. É uma mistura de idades”, diz de fora. “Acho que o Bruna Casara, 18 pessoal perdeu o inanos, que subia as teresse no Carnaval. “Estou vestida escadas em direção Tenho a impressão de camponesa. ao salão. “A Bruna que as pessoas eram Mas só eu é nossa ex-rainha mais participati- acreditei que mirim do Carnaval”, vas. A gurizada se empolga-se Sandra, era baile de pega muito à Ivete, que a acompanhava. Carnaval. Ninguém à Claudinha Leitte, e “Foi antes dos meus quando põe marchi- avisou que não 15 anos”, lembra a nha de Carnaval eles era à fantasia”, moça, envergonhafogem”, diz Solange. diz uma turista da, assumindo o “Eles querem pagogosto pelas marchide, funk e eletrôninhas de Carnaval. ca”, completa Sandra. “Tem que tocar as marchinhas”, Por causa disso, este ano o Gua- defende. “Então por que a ala jorany abriu dois espaços carna- vem foge para o pagode quando valescos: “Um tradicional, com toca marchinha?”, questiona Sanuma banda tocando marchinhas, dra. Bruna dá de ombros. e outro com diferentes tipos de música. É para atrair mais públiDe fato, no outro espaço, co, porque a faixa etária que vem há muito mais gente do que no hoje é de 16 a 22 anos”, diz o presi- salão principal. Guris de regata dente do executivo do clube, Leo- e boné predominam e três gurias ne Bartagnolli. Ele se orgulha em dançam atraindo olhares. “A gendizer que o Guarany não é apenas te adora pagode! Mas aqui é baile o mais tradicional Carnaval de funk também”, diz Bruna Oliveira, Caxias, mas também o único. En- 17 anos. Ela tá de saia, de bicicletretanto, reconhece que os bailes tinha, uma mão vai no guidão, oumudaram muito, principalmente tra tapa na calcinha, diz um forró em popularidade. Anos atrás, o transformado em funk. O salão público chegava a 4 mil pessoas enche cada vez mais. Amor eu fiz por noite – o dobro do baile de um samba na cadência, para mossábado passado (5), por exem- trar a minha polivalência, canta plo – e as portas precisavam ser um pagode interrompendo o fechadas, deixando gente de fora. funk. A música faz o chão tremer. Dois jovens dançam em um caA decoração do Guarany marote abanando-se para aliviar no sábado é de TNT amarelo, en- o calor. “A gente é muito presente feitado por máscaras coloridas. na sociedade caxiense”, explica, Um sofisticado lustre em cima sem falsa modéstia, Eric Finkler, das escadas está com as lâmpadas 21 anos. “Vamos para outra festa acesas e os degraus já estão co- depois. Sábado fomos em duas, e bertos por confetes e serpentinas. disseram que aqui deu 2 mil pesUm manequim enrolado em um soas, daí viemos ver.” “As pessoas tutu verde recepciona as pessoas que estão aqui você encontra em que começam a entrar exatamen- qualquer outra festa”, observa o te à meia-noite. Um anão com os outro rapaz, Ícaro Miranda, 20 dois braços tatuados, corrente de anos. “Acho que aqui em Caxias o prata e regata preta entra no clu- Carnaval é uma festa normal. Só be. Atrás dele, chega uma mulher que temática”, constata Eric. por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

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1. Salão do Guarany na época de Carnaval gordo, no ano 2000, com salões lotados; 2. Sandra, da diretoria do clube, avalia a decadência dos bailes: “O pessoal está desmotivado, os interesses são outros”; 3. Espaço de funk e pagode atraiu a maior parte do público no Guarany nos bailes deste ano: jovens de 16 a 22 anos; 4. Na década de 20, melindrosas no Carnaval do Clube Juvenil demonstram o requinte que a festa ostentatava; 5. Antigos adereços, a serpentinas e os confetes ainda enfeitaram a noite de terça-feira (8).

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Júlio Calegari, Clube Juvenil, Divulgação/O Caxiense

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Acervo do Clube Guarany, Repordução/O Caxiense

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Um repertório mais do que eclético, que vai do funk ao forró, do axé a uma versão ininteligível de Lady Gaga, anima os jovens carnavalescos “Eu eras de uma tequila”, sugere uma jovem à amiga ao passar pelo bar. Teria que se contentar com uma cerveja, dose de vodka, copo de absinto, refri ou água, as bebidas vendidas no local. “Boa noite, gurizada. Bem-vindos ao Carnaval do Guarany, o melhor Carnaval de Caxias”, anuncia o vocalista da banda no salão principal. Uma das pessoas que não se empolgam com isso é Mariana Pozzer, 15 anos. De estilo emo, ela se destaca no meio do colorido exagerado do Carnaval vestindo calça preta comprida, tênis e camisa xadrez. No rosto, uma maquiagem bem marcada. Preta. “Eu vim porque a minha irmã está trabalhando aqui na produção”, justifica. “Não gosto de Carnaval”, diz, com sinceridade. Ela aguarda pela irmã na entrada do salão, sozinha, segurando o casaco preto. “Essas músicas me incomodam”, queixase ao som de Ivete Sangalo. É 1h10 e, nos arredores do salão, várias mesas com toalhas brancas estão vazias – quatro delas, inclusive, reservadas para a Liga Carnavalesca. Os poucos que dançam uma sequência de axés parecem muito animados. Subitamente, a banda começa a tocar Bad Romance, de Lady Gaga. Duas dançarinas surgem vestindo enormes plumas cor de rosa, botas brancas até o joelho, blusa azul e minissaia da mesma cor, que deixa à mostra calcinhas tipo fio dental. A vocalista canta em um inglês incompreensível. Quatro jovens se aproximam do palco para ver de perto as dançarinas. “Meeeeeeu Deus!”, gritam eles ao final da música, que as duas encerram com uma pose ainda mais exibicionista. Ivete Sangalo volta ao repertório, e alguns guris começam a coreografia considerada universal

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para todas as músicas, a de Ma- Franks, do departamento cultural carena. À 1h40, alguém decide do Clube Juvenil, que encerrou os começar um trenzinho – que não bailes na década de 90. “Quando vinga. A banda ataca de O Arake- não há bom público o baile de tu, o Araketu, quando toca, dei- Carnaval não funciona”, justifica. xa todo mundo pulando que nem Elizabeth guarda as antigas fopipoca, seguida de Quer andar tos do clube, do tempo em que as de carro velho, amor? Que venha, festas eram sofisticadas e os sótudo aos passos de Macarena. cios esmeravam-se nas fantasias. Chega a ser meio triste ver uns A foto mais antiga é de 1905, ano poucos jovens dande fundação do Juçando no salão que venil. “Não dá para por muitos anos “Essa decadência dizer que em Caxias, permaneceu lota- dos bailes de por ser de colonizado durante quatro Carnaval começou ção italiana, não tinoites de Carnaval. há 15, 20 anos. nha Carnaval. Havia Um dos membros sim. Temos muita da diretoria tenta Mas não foi só influência portugueanimar o local jo- em Caxias, foi sa na cidade, e em gando serpentina em todo o Portugal o Carnana garotada mais Brasil”, observa val é uma tradição. empolgada com o Muller, do Cruzeiro Aqui, o requinte das eclético repertório fantasias era muida banda. Sentada to forte”, recorda, sozinha em uma mesa está a cam- mostrando fotos da década de ponesa medieval, com a cabeça 20, onde se vê melindrosas, dos apoiada nas mãos, olhando para anos 30, nas quais um grupo de o nada. homens do bloco dos toureiros olha seriamente para a câmera, e Pouco a pouco foram de- da década de 60, quando o grupo saparecendo os bailes lotados de das Falenas revolucionou as vesCarnaval em Caxias. Acabaram timentas de Carnaval da época, por causa do desinteresse, da usando saias na altura dos joelhos mudança de costumes, de gera- e blusas com decotes. “As Falenas ções, de gostos musicais. Houve dominavam os blocos. As fantauma época em que os caxienses sias eram baseadas na moda e nos podiam escolher entre os clubes. costumes europeus.” Comitivas Havia Carnaval no Guarany, Ju- de outros clubes se visitavam nas ventude, Juvenil, Cruzeiro, Reno, noites de Carnaval e “existia uma Roda Viva, Palermo, na boate rivalidade sadia entre os associaAmadeus e em vários casas ou dos”, segundo Elizabeth. clubes menores. “Foram transforNo Recreio da Juventude, os mações sociais. Hoje, a caracterís- bailes surgiram em 1912 e existica de Caxias é o esvaziamento da tem até hoje, mas de uma forma sociedade nos Carnavais. As pes- diferente. Há cerca de 20 anos, soas procuram a praia, procuram conforme José Carlos Brustolin, descanso. Não é que os jovens não gestor do clube, um incêndio na gostam mais de Carnaval, é que sede social impossibilitou a renão existe mais Carnaval na cida- alização do baile de Carnaval e de”, explica Elizabeth Ana Longhi o departamento social resolveu

adiá-lo para março. “De lá para cá, ficou só Águas de Março. Foi uma estratégia adotada por causa de um problema, que acabou nos beneficiando”, analisa. Ele atribui à aproximação com o litoral, facilitada pela Rota do Sol, o esvaziamento da cidade e a falta de público para um baile de Carnaval na data tradicional. Hoje, o Água de Março reúne cerca de 1,2 mil pessoas, que dançam ao som de marchinhas e dos “hits do momento”, salienta Brustolin. O vice-presidente de promoções do Recreio Cruzeiro, Jorge Muller, explica que o clube parou de promover bailes carnavalescos em 2008, já que a sede social deu espaço ao que será um centro empresarial. “Uma vez os clubes eram a única diversão. Não tinha shopping, casas noturnas. Hoje a meninada faz isso ou vai para os postos. Essa decadência dos bailes de Carnaval começou há 15, 20 anos. Mas não foi só em Caxias, foi em todo o Brasil. Porque os clubes eram os centros de recreação.” Ele conta que o Cruzeiro foi o último a desistir do Carnaval, deixando apenas o Guarany. “Nos últimos 10 anos o clube teve despesas muito grandes com os bailes. E agora fechamos a sede. O pessoal nem voltaria a comparecer nas festas de Carnaval se elas voltassem a acontecer”, acredita. O Guarany parece pensar diferente. Além de ser o único a manter a tradicional festa em duas noites, no sábado e na terça – mesmo com um público focado no pagode e no funk –, pretende tirar da gaveta um projeto de promover bailes de Carnaval fora de época, no inverno. Os mesmos que, no passado, também costumavam lotar o clube.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Dupla por FABIANO PROVIN Até então auxiliar técnico de Lisca, Ricardo Cobalchini assumiu interinamente o comando do grupo do Caxias para a estreia na Taça Farroupilha. A direção pretende anunciar o nome do novo treinador em breve, pensando também na Série C – Lisca tinha contrato até o término do Gauchão. Será de Cobalchini a responsabilidade de armar o Caxias para enfrentar o Inter. O desafio do interino é grande. Isso porque quatro jogadores estão suspensos – os zagueiros Marcelo Ramos (foi expulso contra o Grêmio) e Édson Rocha, o volante e meia Edenílson e o lateral direito Alisson (os três últimos pelo terceiro cartão amarelo). Para a zaga, os reservas imediatos são Neto (que entrou no segundo tempo em Porto Alegre), Gere e Vanderlei. Na lateral, surge outra oportunidade para Patrício. No meio-campo, se a opção for mais ofensiva, Zé Carlos está pronto para compor o setor com Marcos Rogério, Dê e Itaqui.

Lembrança

Torcedores do Grêmio, principalmente aqueles das sociais do Olímpico, vaiaram e chamaram o Caxias de “timinho” quando os jogadores foram receber a taça de vice-campeão do primeiro turno do Gauchão. Acho que devido à euforia e à sorte que tiveram nos pênaltis esqueceram que até os 50 minutos do segundo tempo a equipe de Renato Gaúcho perdia por 2 a 1. O Caxias estava com uma mão na taça quando foi punido pelos acréscimos dados pelo árbitro Márcio Chagas da Silva. Alguns papos chegaram a postar no Twitter e no Facebook que “o mundo dá voltas”, referindo-se ao empate em 2 a 2 no CA-JU do returno da Série C de 2010, quando o Caxias empatou a partida aos 50 minutos do segundo tempo, após o árbitro Vinícius Costa da Costa dar seis minutos adicionais.

Retorno

O meia Jander, que ficou oito meses parado no Ju, voltou a treinar normalmente com o grupo. O jogador teve o ligamento do joelho esquerdo rompido no amistoso contra o Flamengo de São Valentin (Bento Gonçalves), vencido por 5 a 0, no dia 12 de junho de 2010. Desde então passou por cirurgia, sessões de fisioterapia e tratamento no departamento médico.

André T. Susin/O Caxiense

Interino

UM DIA PARA O

CAXIAS ESQUECER Depois de tudo o que ocorreu com a SER Caxias no dia 10 de março, nada melhor do que erguer a cabeça e retomar o trabalho. Afinal, neste domingo, o time enfrentará o Inter na estreia da Taça Farroupilha, o segundo turno do Gauchão. O pedido de dispensa do técnico Lisca, feito por telefone no final da manhã de quinta-feira (10), foi uma das informações mais noticiadas pela imprensa esportiva do Estado e em parte do país. Notícia que, infelizmente, acabou apagando a belíssima atuação do Caxias contra o Grêmio, na final da Taça Piratini. Mas vamos aos fatos: Lisca telefonou para o presidente Osvaldo Voges e comunicou seu desligamento. Lisca atendeu todos os telefonemas possíveis e conversou rapidamente com muitos jornalistas durante o dia. Para todos foi um pouco evasivo e repetiu basicamente as mesmas respostas. Para a imprensa da Capital, alegou que teria recebido ameaças de torcedores no telefone particular. “Foi um ciclo que terminou. Sobre as ameaças, é um assunto chato que já passou. Não sou mais o técnico do Caxias”, resumiu Lisca, por telefone. Ele foi contratado no dia 9 de novembro de 2010. O treinador garantiu que o pedido de demissão era estudado há algum tempo, e que independentemente do resultado da final da Taça Piratini deixaria o comando

Ataques

No trajeto da Capital para a Serra, na companhia do fotógrafo André T. Susin, nos deparamos com um ônibus que transportava torcedores do Caxias parado alguns perto do pedágio comuni-

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do time grená. Lisca contou que na tarde de quinta assistiu à goleada de 8 a 0 do Cruzeiro sobre o Porto Alegre, no Estádio Estrelão, em Porto Alegre. O presidente Voges, bastante sereno, disse que a ligação de Lisca o surpreendeu. “Não sei o que houve. Agora, precisamos contratar um técnico”, declarou Voges. A prioridade é por um profissional que também dê atenção para as categorias de base. Entretanto, a declaração de Voges soou tranquila demais, como se já soubesse de algo. Há quem diga que Lisca deu pistas, na coletiva do Estádio Olímpico, de que sairia do clube. Conheço a torcida do Caxias e acredito que as supostas ameaças citadas por Lisca não partiram de grenás verdadeiros. Principalmente aqueles 489 que pagaram ingresso e foram à Capital, segundo o borderô da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Estes viram de perto a melhor atuação do Caxias nos últimos anos, deixando o Grêmio acuado principalmente no primeiro tempo. Nos 90 minutos o jogo terminou 2 a 2, com o gol de empate tricolor aos 50 minutos da etapa final. A decisão nos pênaltis avançou a madrugada de quinta-feira (mesmo dia que Lisca se demitiu), e o Grêmio conquistou o primeiro turno – Victor defendeu as cobranças de Dê e Diogo. Sem dúvida, um dia para ser esquecido pelo Caxias.

tário de Portão. Duas viaturas da Brigada Militar (BM) e uma do Grupamento Rodoviário atenderam ao chamado de que o veículo fora atingido por pedradas. Os autores não foram identificados.

Problemas para Picoli

Na última semana de trabalho antes da estreia na Taça Farroupilha, o técnico Picoli (foto), do Juventude, esperava boas notícias do departamento médico. Mas não as obteve. Para enfrentar o Pelotas às 18h30 deste domingo, no Estádio Boca do Lobo, ele não poderá contar com os zagueiros Bruno Salvador (edema ósseo no joelho esquerdo) e Édson Borges (lesão na coxa direita) e os atacantes Zulu e Rafael Aidar (lesões musculares). Bruno ficará parado por pelo menos três semanas. Os demais devem estar à disposição de Picoli para a segunda rodada, dia 19, contra o Santa Cruz, no Estádio Alfredo Jaconi. Fred e Jean Coral, que também estavam em tratamento, foram liberados pelos médicos. Assim, o técnico papo deverá abandonar o esquema com três zagueiros e, de acordo com o que trabalhou nos treinamentos, ter apenas um atacante na frente. O time que treinou na semana que passou teve Jonatas; Anderson Pico, Rafael Pereira, Fred e Tiago Silva; Umberto, Jardel, Gustavo, Ramiro e Cristiano; Júlio Madureira. Depois, Jean Coral entrou no lugar de Ramiro. E tem ainda Ismael Espiga... O único teste feito por Picoli antes do confronto com o Pelotas ocorreu no dia 5, um jogo-treino contra os reservas do Brasil-Fa, no Estádio das Castanheiras. Madureira atuou sozinho, mais próximo de Cristiano e Christian. Ramiro fez o gol da vitória por 1 a 0, no segundo tempo, quando o treinador modificou todo o time.

Taça Farroupilha

Os jogos do Juventude 13/03, 18h30 | Pelotas x Juventude 19/03, 18h30 | Juventude x Santa Cruz 23/03, 16h | Cruzeiro x Juventude 27/03, 18h30 | Juventude x InterSM 30/03, 20h | Juventude x Grêmio 03/04, 18h30 | Juventude x Porto Alegre 10/04, 16h | Veranópolis x Juventude Os jogos do Caxias 13/03, 16h | Caxias x Inter 20/03, 18h30 | Lajeadense x Caxias 23/03, 21h50 | Caxias x Canoas 27/03, 16h | São José x Caxias 30/03, 19h30 | Novo Hamburgo x Caxias 03/04, 16h | Ypiranga x Caxias 10/04, 16h | Caxias x São Luiz

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Guia de Esportes

André T. Susin/O Caxiense

por José Eduardo Coutelle | guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Depois de perder o título da Taça Piratini e o técnico, Caxias precisa se reerguer contra o Inter, em casa, neste domingo

FUTEBOL Recomenda l Caxias x Internacional | Domingo, 16h | Com praticamente as duas mãos segurando a Taça Piratini, a equipe grená não conseguiu manter a calma e trazer o título do primeiro turno do Campeonato Gaúcho para Caxias do Sul. Após a derrota nos pênaltis para o Grêmio – que, para muitos, contou com uma mãozinha do juiz, que deu oito minutos de acréscimo – e a saída do técnico Lisca, o time grená precisa renovar o ânimo na estreia da Taça Farroupilha, o segundo turno do Gauchão, diante do Internacional. O auxiliar técnico Ricardo Cobalchini será o treinador interino. Centenário R$ 30 (arquibancada), R$ 40 (acompanhante de sócio) e R$ 50 (cadeira) | Thomas Beltrão de Queiroz, 898 l Pelotas x Juventude | Domingo, 18h30 Após ser eliminado pelo São José na segunda fase da Taça Piratini, o Juventude estreia no segundo turno do Gauchão diante do Pelotas. Picoli experimentou diversas formações táticas na vitória sobre o Brasil de Farroupilha por 1 a 0, em jogo-treino re-

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alizado no dia 5 de março. Uma das possibilidades é que o treinador alviverde mantenha a equipe com três zagueiros (Fred, Bressan e Rafael Pereira), com Umberto e Jardel no meio-campo. As ausências já anunciadas são do atacante Zulu e dos defensores Edson Borges e Bruno Salvador, que seguem no departamento médico. Já o Pelotas, comandado por Armando Desessards, precisa bem mais do que sorte para superar o Juventude, levando-se em consideração a campanha realizada no primeiro turno: em oito jogos, venceu apenas duas partidas. Boca do Lobo R$ 20 (arquibancada) e R$ 10 (idosos, feminino e estudante, mediante apresentação de documento) | Av. Bento Gonçalves, Centro, Pelotas

FUTSAL l Campeonato Interbairros de Futsal | Sábado, Domingo, 9h40 e 10h20 Os atletas das categorias feminino e ouro entram em quadra neste final de semana para 16 jogos, nos ginásios do Enxutão, Cruzeiro e Andi. A equipe do Reolon luta para manter os 100% de aproveitamento das duas primeiras rodadas, quando derrotou o Monte

Castelo e o Monte Carmelo. O próximo desafio é contra o time do Belo Horizonte, que soma um empate e uma vitória. O jogo está marcado para as 9h40, e o palco é o ginásio do Cruzeiro. Ginásios Enxutão, Cruzeiro e Andi Entrada gratuita

domingo, a partir das 9h Atiradores de diversas cidades do Estado vão testar a pontaria em Caxias neste final de semana, na primeira das sete etapas do Campeonato Gaúcho. Ao todo, cerca de 100 participantes são esperados na sede do Clube Caxiense de Caça e Tiro. O evento é dividido em cinco categorias: Classe A, B e C, Feminino e Veterano. A manhã FUTEBOL DE MESA deste sábado está reservada para os treinos, com início da compel 3º Estadual de Futebol de tição à tarde. Mesa em Equipes – Modali- Clube Caxiense de Caça e Tiro dade Liso | Sábado, 8h às 22h | Entrada gratuita | Estrada para Representantes das cidades de Ana Rech, divisa com São Gotardo Pelotas, Porto Alegre, Santa Vitória e Caxias disputam neste final de semana o Gauchão da modaLITORAL lidade. A solenidade de abertura e os primeiros jogos ocorreram l Finais do Circuito Sesc na tarde da sexta (11). As demais de Verão | Sábado e domingo, a partidas ocorrem neste sábado, partir das 9h | Torres o dia todo. O campeonato é por Neste final de semana chega ao pontos corridos. Caxias compe- fim o Circuito Sesc de Verão. As te com as equipes AFM Caxias e modalidades de futebol de areia, AABB. vôlei de areia, futevôlei, handbeaPersonal Royal Hotel ch e basquete de areia conhecerão Entrada gratuita | Garibaldi, 153, seus campeões. Os jogos ocorrem Pio X simultaneamente nas quadras armadas na Praia Grande, em Torres. Nas partidas decisivas, que serão disputadas com qualquer TIRO tempo, participarão 2,7 mil atlel 1ª Etapa do Campeonato tas de todo o Estado. Estadual de Trap America- Praia Grande, Torres no | Sábado, a partir das 13h, e Entrada gratuita

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes anuncia a retomada de estudos a respeito da viabilização do aumento da frota de táxis da cidade. Não são necessários muitos estudos para saber que os 277 táxis são insuficientes para atender a população. O número de táxis em Caxias é o mesmo desde 1999!

Exoneração

A confirmação de que o diretor da Secretaria de Obras, Francisco Rech, é sócio-majoritário da empresa que comercializa o empreendimento imobiliário Puerto Vallarta custou-lhe o cargo que mantinha em paralelo no governo municipal.

Improviso

Grupo de moradores ocupou sexta-feira (11) a sede do Centro Comunitário do bairro Mariani e montou, por conta e risco, uma creche para 40 crianças que costumam ficar com vizinhos e parentes no horário de trabalho. A ocupação foi a resposta da comissão que reivindica a construção de uma creche – em vez de uma área de lazer – no bairro. Em reunião na quinta, os secretários Carlos Búrigo, das Finanças, e Antonio Feldmann, Chefe de Gabinete interino, mais o coordenador do Orçamento Comunitário, Gelson Marcon, descartaram a possibilidade de construção da creche. Segundo eles, a prefeitura teria recursos para fazer o prédio, mas não teria condições de mantê-lo. O prefeito Sartori, mesmo cumprindo expediente interno, não recebeu o grupo das mães.

AEROPORTO

SOB PRESSÃO

O secretário estadual Beto Albuquerque, da Infraestrutura e Logística, pretende acompanhar o governador Tarso Genro na vinda a Caxias no próximo dia 21. Há muita expectativa em relação ao posicionamento de Tarso sobre o local do futuro Aeroporto Regional de Caxias do Sul. O presidente da CIC segue apostando que o governador anunciará oficialmente a opção por Vila Oliva. Apesar das pressões partidárias. Os deputados federais Henrique Fontana e Gilberto Pepe Vargas, do PT, procuraram o secretário estadual Beto Albuquerque (PSB) para pedir novos estudos a respeito da localização do futuro aeroporto. Apesar dos levantamentos já realizados, ambos defendem que Monte Bérico, no município de Farroupilha, contemplariam melhor os interesses de toda a região.

Especialistas garantem que não há outro local adequado na Serra, além de Vila Oliva, para a construção de um aeroporto. O distrito caxiense é a única área adequada para abertura de uma pista de 4 mil metros de extensão, sem implicações ambientais. Isso, é claro, se a proposta for um modelo de aeroporto de cargas, para utilização mais duradoura – e não um novo Hugo Cantergiani. O futuro vereador Vitor Hugo Gomes (se for confirmada a saída de Guiovane Maria) circulou esta semana por alguns setores em busca de subsídios a respeito da localização do futuro aeroporto regional. Segundo Vitor Hugo, as informações seriam encaminhadas a Tarso Genro. Como se o governador ainda precisasse de subsídios a respeito.

Isso é ânsia da vereadora Ana, de buscar chifre de boi em cabeça de minhoca Vereadora Geni Peteffi (PMDB), líder do governo na Câmara, diante das denúncias da parlamentar petista sobre as vinculações do diretor da Secretaria de Obras, Francisco Rech, com a empresa que comercializa o empreendimento Puerto Vallarta.

Aprovado

Presidente do Conselho Municipal de Saúde, Paulo Cardoso Alves, é quase só elogios para o projeto da secretária Maria do Rosário Antoniazzi de ampliação da rede de saúde mental para tratamento de dependência química. Na implantação de uma nova comunidade terapêutica e de um centro 24 horas para tratamento, há a bem-vinda parceria com a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos - Centro de Preservação à Vida Clélia Spinato Manfro. A exceção foi o residencial terapêutico para doentes mentais, rejeitado por ora.

Pré-candidatos

Executiva e diretório municipal do PDT vai se reunir no próximo dia 19 para debater a antecipação da convenção partidária – de outubro para maio deste ano. A decisão de adiantar a definição de candidaturas para as eleições do ano que vem é do diretório estadual pedetista.

Em discussão

Ciente de sua responsabilidade como concessionária de um serviço público, a Visate realiza neste sábado (12) a primeira edição deste ano do fórum de avaliação do transporte coletivo. Os presidentes de associações de bairros, na condição de avaliadores do serviço prestado pela concessionária, vão expor as necessidades de que cada região da cidade, além de ouvir planos da empresa e da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes – não necessariamente nessa ordem.

Julio Soares, Divulgação/O Caxiense

Viável e necessário

Pela Serra

O candidato da Serra à presidência da Fiergs, Astor Schmitt (foto), vai manifestar-se a respeito do processo eleitoral na entidade empresarial gaúcha nesta segunda-feira (14), durante a reuniãoalmoço da CIC. O diretor do grupo Randon tem sofrido pressões para não ser responsabilizado por uma suposta divisão no sistema Fiergs/Ciergs. O empresariado da região está unido em torno da candidatura Schmitt – agora ou num próximo mandato.

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