Edição 73

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Abril | 2011

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73 Ano ii

Secretária

um estranho

Maria do Rosário

acolhido

analisa a greve dos médicos

no ninho

Dos 118 menores que vivem em abrigos de Caxias, só 14 podem conviver com uma família emprestada nos fins de semana e nenhum desfruta de um lar provisório por mais tempo. Famílias voluntárias contam como essa experiência transforma vidas – de crianças e adultos

Roberto

Hunoff A reação da Agrale e o crescimento da Randon

As origens do galeto al primo canto Dupla

CA-JU O ritual gospel de Júlio Madureira antes dos jogos

Jaime Rocha,

André T. Susin/O Caxiense

a fome de rock & roll

R$ 2,50


Índice Roberto Hunoff | 4 Agrale reage e alcança lucro de R$ 27 milhões O Caxiense entrevista | 5 A secretária da Saúde, Maria do Rosário Antoniazzi, diz que há exageros na greve dos médicos Infância | 7 Voluntários abrem suas casas e emprestam uma família a crianças que vivem em abrigos Perfil | 10 Jaime Rocha, o chapeiro que virou roqueiro e criou um hit gastronômico Culinária | 13 Como surgiu o galeto al primo canto, uma especialidade caxiense Guia de Cultura | 16 Três noites de dança no Teatro Municipal e uma noite de circo no Mississipi

Fotos: André T. Susin/O Caxiense

A Semana | 3 As notícias que foram destaque no site

www.OCAXIENSE.com.br Excelente a matéria sobre os problemas que envolvem a educação. Me faz pensar o quanto temos a reconstruir no século XXI! Breno Dallas

@NewagersProp Muito boa a matéria “O ensino sob tensão” com abordagem sobre a perda da autoridade do educador #edição72 @maikelialves Muito boa essa capa, como sempre! Parabéns! #edição72

@mfurlann Linda essa capa do jornal @ocaxiense #edição72

Artes | 19 Brincadeira antiga de criança e o sorriso do velho

@gustavotoigo Excelente matéria “O ensino sob tensão” do @ocaxiense que trata os tristes casos de violência sofridos pelos professores #edição72

Guia de Esportes | 20 Domingo de clássico no Gauchão e semana de poucas esperanças na Copa do Brasil

@Clariiiiissa A matéria do @ocaxiense “A Educação Ameaçada” mostra que não são só os alunos que sofrem violência nas escolas, mas os professores também! #edição72

Dupla CA-JU | 21 A concentração do Ju e as indefinições no comando do Caxias Boa Gente | 22 Quatro galos, um polvo e um filho de peixe. Top 5 de comida vegetariana Renato Henrichs | 23 Um balanço da atuação dos deputados estaduais e federais de Caxias

Expediente

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

No Site

Greve dos médicos | Estranho ver prefeituras bem próximas como Bento e Garibaldi com salários bem melhores do que Caxias. Acho que falta bom senso da prefeitura em admitir os salários defasados e a falta de compromisso de alguns médicos em não cumprirem horário. Enquanto isso Caxias segue em dívida na saúde. Diego Tomazzoni A partir de segunda-feira, assista aos melhores momentos de Juventude x Inter captados pelo fotógrafo André T. Susin. iPad e iPhone | Toda a coleção de edições do jornal O Caxiense está disponível para download gratuito no iPad. No aplicativo para iPhone, fique informado diariamente com as notícias do site. O Caxiense é o 1º jornal do Sul do Brasil no iPad e o único no iPhone.

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Agradecemos | Amanda Guzzo e Edson Velho, do Canil BR Zambia (Rua Luiz Modena, 1.447, bairro Cruzeiro, fone 30274958), pela foto de capa; e Martina Sipp, Kelly Treis da Rosa, Eliane Cristina Bressan e Samara de Mello, da Lupi Banho e Tosa (Rua N. Sra. Medianeira, 349, bairro Rio Branco, fone 3225-5523).

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


A Semana

Rodrigo Fatturi, Divulgação/O Caxiense

Google Maps, Divulgação/O Caxiense

editada por Felipe Boff | felipe.boff@ocaxiense.com.br

Traçado alternativo desviaria serranos do tráfego entre Portão e Canoas; Voges recebeu medalha de Tarso em Porto Alegre

SEGUNDA | 18.abr

TERÇA | 19.abr

Entidades propõem traçado alternativo a Porto Alegre

Sindicato dos Médicos rejeita trégua para negociar

Aproveitando o embalo da Rodovia do Parque (BR-448), lideranças da iniciativa privada se mobilizam por uma segunda alternativa ao complicado tráfego da BR-116 rumo a Porto Alegre. A ideia é usar parte de uma estrada de chão – que sai no viaduto de Portão – para ligar a RS-240 à BR-448, com previsão de conclusão até o final de 2012. O trajeto seria de 17 quilômetros, 14 deles sobre a via existente, e já foi apresentado ao governador Tarso Genro (PT). A sugestão partiu do dono do Farina Park Hotel, Jaime José Farina, que resolveu pesquisar na internet alguma solução para o engarrafado caminho até a Capital via BR-116. Descobriu a estrada vicinal no Google Maps. Depois de sobrevoar a área de helicóptero, os empresários preparam um esboço de projeto para ganhar apoio dos governos estadual e federal – a intenção é incluir a obra no mesmo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que está custeando a Rodovia do Parque.

O jornal O Caxiense acabou tendo que cumprir, em parte, o ingrato papel de mensageiro no impasse da greve dos médicos. Depois de apurar – e noticiar –, com o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Paulo Cardoso Alves, que o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) estava disposto a negociar com a categoria se a paralisação fosse suspensa, o jornal ouviu o presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei Silveira dos Santos: “Terminar a greve para negociar é inaceitável”. De volta à estaca zero, o chefe de Gabinete, Edson Néspolo, que também pedira publicamente aos médicos para voltarem ao trabalho a fim de negociar, avisou, sem dar detalhes: “Estamos com outras alternativas em andamento. Só não posso revelar quais. O que não pode é ficar parecendo que a prefeitura não está fazendo nada”.

ra para avançar com o projeto de construção do Terceiro Anel Viário, pensado, principalmente, para desafogar o trânsito do trecho urbano da BR-116 em Caxias do Sul. Com 27 quilômetros, o percurso sairia das proximidades do Campus 8 da UCS até Vila Oliva, local indicado para o futuro aeroporto (ainda à espera de confirmação do governo estadual). Agora, a prefeitura vai elaborar um projeto de lei para a obra e encaminhà-lo à Câmara. Depois, vem a parte mais difícil: conseguir apoio financeiro do Estado e da União.

QUINTA | 21.abr Osvaldo Voges ganha medalha de Tarso Genro

QUARTA | 20.abr

A solenidade em homenagem ao Dia do Policial, 21 de abril, rendeu também uma medalha de bronze ao diretor-presidente do Grupo Voges e do Caxias, Osvaldo Voges. A distinção foi entregue pelo governador Tarso Genro, na Capital, em reconhecimento à contribuição de Voges para o desenvolvimento da comunidade – o que inclui apoio à segurança pública e fomento das atividades esportivas.

Geração de empregos perde força em Caxias

SEXTA | 22.abr

Ainda que positiva, a geração de empregos em Caxias do Sul no mês de março apresentou queda de 65% na comparação com fevereiro. Foram abertos 807 postos de trabalho, contra 2.333 do período anterior. Quando a comparação é março do ano passado, mês com 1.004 novas vagas, o declínio é de Conselho aprova o 20%. A indústria, principal geraTerceiro Anel Viário dora de vagas, criou apenas 201 O Conselho Municipal de Pla- em março, queda de 78% diante nejamento deu o aval à prefeitu- do mesmo mês de 2010 e 83% em

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relação a fevereiro de 2011.

Assis é reeleito presidente do sindicato metalúrgico Com um processo eleitoral que culminou na véspera do feriado, o Sindicato dos Metalúrgicos elegeu seus dirigentes para a próxima gestão, que se estende até 2013. Deu o óbvio: concorrendo em chapa única, o deputado federal e atual presidente da entidade, Assis Melo, foi reeleito – para o quarto mandato.

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Nova diretoria

Está marcada para o dia 29 de abril, sexta-feira próxima, assembleia geral da Lupatech para definição do próximo mandato da diretoria, atualmente presidida pelo empresário Nestor Perini. Mas as primeiras mudanças já ocorreram. Alexandre José Guerra de Castro Monteiro será o novo diretor de relações com investidores da empresa, em substituição a Thiago Alonso de Oliveira, e responderá pela vicepresidência de finanças que será criada na nova estrutura diretiva da empresa de Caxias do Sul.

Feriadão

Os trabalhadores do comércio de Caxias do Sul quase nunca têm a oportunidade de usufruir de um feriadão. Pois, por meio de inédito acordo firmado entre Sindilojas e Sindicomerciários, várias lojas da cidade não deverão trabalhar neste sábado. Os funcionários serão dispensados da atividade sem prejuízo de salário e as horas não trabalhadas vão ser compensadas em outra data, determinada pelo empregador, desde que neste ano. As lojas que optarem por abrir poderão trabalhar normalmente.

REAÇÃO E

CRESCIMENTO Depois de amargar prejuízo de R$ 6,7 milhões em 2009, a Agrale fechou o balanço financeiro do ano passado com lucro líquido de R$ 27 milhões, representando margem final de 4,2%. Além do aumento da receita, contribuíram para o desempenho a redução dos custos de produção em 3,5 pontos percentuais, elevando o lucro bruto em 54%, e do resultado financeiro negativo, que passou para pouco mais de R$ 3,6 milhões, ante R$ 14,7 milhões de 2009. A montadora de Caxias do Sul atingiu receita bruta consolidada de R$ 790,5 milhões, em alta de 29%, e líquida de R$ 646,9 milhões, crescimento de 30%. O resultado se originou da venda de 6.850 veículos, dentre chassis de ônibus, caminhões e utilitários, e de 1.950 tratores (foto). No número estão in-

Divina Cozinha

Encerra-se em 28 de abril a votação para a escolha do Divina Cozinha Top 2011, iniciativa da Dolaimes Comunicação. A eleição é feita por voto popular pelo site www.dolaimes.com.br. O resultado do Divina Cozinha será divulgado no dia 28 de junho.

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Arquitetura

A 14ª edição da mostra Sala de Visitas terá início no dia 29 de abril, sexta-feira próxima, em residência da família De Carli. A atividade se estenderá até 12 de junho com algumas inovações: ampliação no número de ambientes e de arquitetos participantes, maior tecnologia e visitação orientada. O presidente da associação, Alexandre Pinheiro Machado, diz que o evento deste ano será referência para o segmento da arquitetura da Serra Gaúcha.

Premiação

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Júlio Soares, Divulgação/O Caxiense

Especializada em soluções em gestão pela qualidade, a EJRos Brasil completa seus primeiros 10 anos de existência. A data será comemorada na segunda-feira (25) na reunião-almoço da CIC de Caxias do Sul, que terá a participação de Marcos Pontes, primeiro astronauta do país e representante do Programa Espacial Brasileiro. Ele falará sobre o tema A importância da visão, atitude, planejamento, gestão, organização e qualidade na superação de desafios. A EJRos Brasil, com sede em Caxias do Sul e estruturas em Bento Gonçalves, Lages, Rio do Sul e Joaçaba (SC), atende mais de 250 clientes em todo Brasil e atuou no assessoramento de 160 certificações nas mais variadas normas de processos e produtos.

Agrale, Divulgação/O Caxiense

Primeira década

cluídas as unidades produzidas na planta da Argentina, onde a Agrale já é vice-líder no segmento de chassis para ônibus. A receita líquida das Empresas Randon, de Caxias do Sul, teve elevação de 22% no primeiro trimestre na comparação com igual período do ano passado, ficando próxima de R$ 954 milhões. O faturamento bruto atingiu a marca de R$ 1,643 bilhão, em alta de 24%. Em março o resultado líquido de vendas cresceu 28,6% em relação ao mesmo mês de 2010, alcançando valor de R$ 374,4 milhões. Sobre fevereiro passado o acréscimo é de 17,5%. Já a receita bruta, de R$ 580,5 milhões, aumentou 32% sobre março de 2010 e 19% na comparação com fevereiro.

O diretor de relações com investidores da Marcopolo, Carlos Zignani, é um dos seis indicados para receber o 38º Prêmio Apimec na categoria Profissional de Relações com o Investidor. A iniciativa é da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais, que fará o anúncio dos vencedores no dia 2 de maio. Também haverá escolha nas categorias Profissional de Investimento, Companhia Aberta e Veículo de Comunicação. A escolha é feita pelos associados das Apimecs regionais, e a solenidade de entrega está marcada para 20 de junho em Porto Alegre.

Moda diferenciada

A Yang Modeladores, especializada em modeladores corporais, iniciará a fabricação de peças com a utilização de fio diferenciado, produzido em poliamida. Ele tem a capacidade de ativar a microcirculação sanguínea na área do corpo em contato com a roupa, proporcionando benefícios ao organismo. As primeiras peças confeccionadas com a nova tecnologia serão apresentadas na 27ª Jornada Sul-Brasileira de Cirurgia Plástica, marcada para o período de 28 a 30 de abril em Gramado.

Parque tecnológico

Em sua passagem por Caxias do Sul nesta semana, o secretário estadual de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, Cleber Prodanov, cobrou das lideranças locais movimento para a imediata localização de Parque Tecnológico na cidade. No encontro da CIC de Caxias do Sul anunciou o lançamento do programa RS Tecnópole, na segunda-feira (25), em Porto Alegre, que destinará R$ 12 milhões para três parques já existentes e 11 em implantação. Segundo ele, é incompreensível que Caxias ainda não tenha o seu parque. De imediato, o presidente da CIC, Milton Corlatti, rebateu com a informação de que até maio o projeto do parque, possivelmente denominado TecnoUCS, sairá do papel. A iniciativa é da UCS, CIC e prefeitura. Corlatti lembrou que agora ficará mais fácil com os recursos que o governo do Estado aplicará nos parques tecnológicos.

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Acervo pessoal de Maria do Rosário, Divulgação/O Caxiense

O Caxiense entrevista

Conflito com os médicos, segundo a secretária, é uma questão nacional: “Caxias é mais um dos 5 mil e tantos municípios do país nessa situação”

“O GREVISTA DEVE ESTAR NO posto,

NÃO ESCONDIDO”

Secretária diz que o Município assumiu a tarefa de explicar à população por que os médicos não estão trabalhando

A

por CAMILA CARDOSO BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br

secretária municipal da Saúde, Maria do Rosário Antoniazzi, parece ter uma personalidade oposta à do presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei Silveira dos Santos. Não usa frases de efeito e se mantém longe dos holofotes. Em entrevista ao jornal O Caxiense, Maria do Rosário analisa a greve dos médicos – que completa duas semanas de sua retomada – e a situação do atendimento pelo SUS em Caxias, explicando por que a negociação com o líder da categoria não avança. Ser médico do Município é um bom negócio? Ser médico do Município, assim como ser servidor municipal, não é um bom negócio, é uma vocação. Se presta um serviço público, há uma carga horária, um salário, e é feito um contrato. Quando a pessoa adere a essa proposição, subentende-se que ela concorda. E ser paciente do Município? Nós não temos pacientes, temos usuários. Acredito que ser usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias, apesar de algumas dificuldades, ainda é uma realidade diferenciada dos contextos nacional e estadual. Caxias é uma cidade que oferece várias alternativas de atendimento, uma rede

esses conflitos com a classe mé- Quantos médicos da rede munidica, tanto de salário como de cipal são contratados pela Faurcumprimento da carga horária? gs (Fundação de Apoio da UniA disputa salarial dos médicos versidade Federal do Rio Grande é a mesma da federação dos mé- do Sul)? A prefeitura tem intedicos. Alguns municípios têm a resse em manter esse convênio? estratégia de, no seu quadro pró- Por quê? prio, colocar o salário do médico Esse convênio já existia em oudiferenciado dos demais servido- tra administração, nós demos res. Alguns trabalham com leis de seguimento. Evidente que são algratificação dos servidores. Cada ternativas que temos que discutir município tem buscado alguma muito. Se há em nível de territóalternativa. O que é certo é que rio nacional, é porque existe um nenhum município, problema maior em nenhum Estaque se chama finando deste país, con- “Ser usuário ciamento do SUS. seguiu achar uma do SUS em Quando Caxias do alternativa compa- Caxias, apesar Sul executa a ementível com a solici- de algumas da constitucional tação dos médicos, que define os invesdificuldades, porque ela é, para timentos orçamennão causa a nossa realidade tários em saúde, de Brasil um pouco sofrimento investindo 15% do distante daquilo que às pessoas. orçamento, o Estapode ser dito como Pelo contrário” do do Rio Grande factível. Essa dispudo Sul coloca 4,9% ta está se dando desdos 12% que deveria de 1992, quando o Ministério da colocar, e a União coloca 5% ou Saúde editou uma norma opera- 6% dos 10% que deveria. Quancional básica que fala aquilo que o do colocam dinheiro, empurram Sindicato Médico de Caxias quer, o Município, de forma a induzir instalar uma mesa de negociação as ações que eles querem que sede cargos, carreiras e salários. En- jam feitas. Por exemplo: só pode tretanto, esta mesa não se conso- receber recursos se um Municílidou no âmbito federal, nem no pio do porte de Caxias coordenar estadual – em qualquer um dos um território regional inteiro das Estados –, nem em qualquer mu- ambulâncias do Samu. Ou se exiA senhora consultou outros mu- nicípio. Caxias do Sul é mais um ge que seja implantado PSF (Pronicípios para saber que solução dos 5 mil e tantos municípios do grama de Saúde da Família), mas eles encontraram para resolver país nessa situação. não tem médicos formados para qualificada. Do ponto de vista da área física, no governo Sartori nós revisamos, reformamos, construímos espaços com mais dignidade. Ainda temos que concluir a revisão da nossa rede. Ser usuário do SUS em Caxias, apesar de algumas dificuldades, não causa sofrimento às pessoas. Pelo contrário, somos um sistema que absorve pessoas que possuem convênios e que, quando chegam na alta complexidade, na necessidade de um tratamento oncológico, de terapia renal substitutiva, de neurocirurgia, os planos de saúde são excludentes, não cobrem. E o SUS cobre, acolhe e atende. Temos ainda a vantagem de oferecer medicação como nenhum plano de saúde oferece. Caxias tem um programa singular que serviu de exemplo para o Estado, o Respirando em Casa, que oferece concentrador de oxigênio para pessoas com essa necessidade, o que nenhum plano de saúde tem. Estamos lançando, a partir do mês que vem, a internação domiciliar para usuários do SUS, que é aquela condição em que a pessoa que precisaria estar hospitalizada pode permanecer em casa e recebe um acompanhamento de equipes no mínimo duas vezes por dia.

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PSF, porque as faculdades não formam. O número de médicos que ingressa na residência médica de estratégia de saúde da família em Caxias é, em média, dois por ano. Para dar cobertura de todo o território caxiense com médico de saúde da família nós precisaríamos em torno de 112 equipes. Precisaríamos de 60 anos formando sempre dois médicos para cobrir a população que existe hoje em Caxias. Quando o Ministério da Saúde diz que eu sou obrigado a ter estratégia de saúde da família e as universidades, o MEC e o próprio Ministério da Saúde não conseguem formar e incentivar a formação, alguma coisa tem de errado. Temos que discutir em nível nacional o financiamento e organização do sistema. Caxias é só o reflexo de um contexto nacional. Que tipo de apoio está sendo dado aos outros profissionais da saúde, como enfermeiros, nesse período de greve? A gente tem feito o esclarecimento pela imprensa de que as nossas equipes não são formadas somente por médicos. Contamos com a atuação da Secretaria de Segurança, que está passando mais sistematicamente nos serviços, tentando fazer um olhar diferenciado para que os nossos outros trabalhadores não fiquem sujeitos a agressões. Estamos trabalhando também com a população, explicando o que é um movimento grevista, inclusive atenuando esse embate para o médico. Estamos insistentemente pedindo que as pessoas que estão de greve percebam que não se concebe uma greve onde o grevista esteja de folga, feriado ou trabalhando em outro lugar. O grevista deve estar no seu posto de trabalho explicando para as pessoas por que não está trabalhando, e não escondido da população. No ano passado, foi acordado

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com o então prefeito em exercício, Alceu Barbosa Velho (PDT), que os médicos formariam uma subcomissão ligada àquela já existente do Sindiserv (Sindicato dos Servidores Municipais), que debate plano de carreira dos servidores. Por que esse acordo não foi levado adiante? Essa comissão já existia antes daquela visita que o presidente do Sindicato dos Médicos fez na ausência do Sartori. Quem participava era eu, o chefe de Gabinete, o secretário da Fazenda, as mesmas pessoas a quem o prefeito delegou agora a responsabilidade de tentar conversar com o sindicato. Eu não acompanhei a reunião que houve com o prefeito em exercício na ocasião, o que eu sei é que esta comissão já existia, o prefeito Sartori manteve a mesma comissão. Tentaram-se várias negociações. O presidente do CRM (Conselho Regional de Medicina) fez uma visita aqui, eu o recebi, ele foi recebido pelo prefeito Sartori, tentou intervir e houve intransigência da direção do sindicato. Quando eles retornaram ao estado de greve, nos oficiaram, pedindo de novo uma comissão e um piso salarial com uma diferença do que pediam anteriormente. O prefeito Sartori de novo oficiou a composição da comissão, o nome dos secretários. Nós entendíamos que, das quatro pautas, a terceira, que pedia a comissão para negociar, desencadearia a análise das demais, e oficiamos no tempo hábil, que era 8 de abril (sexta-feira). O dirigente do sindicato dos médicos decidiu que na segunda-feira (11 de abril) eles iriam entrar em greve. No final da tarde da segunda-feira ele lançou uma segunda proposta, pedindo 60% de gratificação para começar a conversar com a comissão. Quando a gente pede alguma coisa, a gente pede uma coisa. Se a cada dia, a cada variação de temperatura ou humor, a gente pode mudar a proposta, não é uma negociação, né!

O presidente do Sindicato dos O que tornou o relacionamento Médicos diz que, no ano passa- entre prefeitura e Sindicato dos do, dezenas deles se demitiram Médicos tão ruim? por causa do salário. É verdade? Eu não acho que seja ruim, acho Nós tivemos algumas demis- que em alguns momentos a relasões, sim. Algumas por mudança ção é pessoalizada, partidarizade cidade, outras porque as pes- da, por um julgamento simplista. soas fizeram prova e se transfe- Nós temos que nos preocupar em riram para escolas de residência gerir acesso para 400 mil habitanmédica. Nenhum desligamento tes e somos referência para mais foi comprovadamente pela ques- 600 mil da região, então temos tão salarial. Outros casos foram que nos preocupar com 1 milhão porque eles mesmo se exoneram de habitantes. No momento em quando não têm condições de que uma liderança sindical pessocumprir o contrato de trabalho. aliza, agride, desrespeita – isso eu Aquele médico que o consultório estou falando individualmente, começa a ter muito movimento, e não estou falando do conjunto da aí ele não consegue categoria –, as reladar atenção ao SUS, ções ficam desgastaacaba se exoneran- “Se a cada dia, das. Não existe um do. Não por conta a cada variação antagonismo entre do salário público, de temperatura médicos e SUS denmas por conta do ou humor, a tro da gestão museu mercado privanicipal. Tanto que gente pode do. mesmo os médicos mudar a que estão em greO Município teme proposta, ve, que aderiram ao não conseguir en- não é uma movimento como contrar outros mé- negociação, né” uma forma de luta dicos para substijusta por melhora tuir os que venham salarial, reconhea se demitir ou ser exonerados? cem que exageros estão sendo coEssa é outra questão que segue metidos e declarados à imprensa a mesma linha do contexto nacio- por parte de sua representação nal. O SUS cresceu tanto nos últi- sindical. mos anos, com uma oferta de tantos serviços, que nós acabamos Que saída a senhora imagina sendo um segmento que mais cria para a greve? postos de trabalho. Assim como Acho que a solução é apaziguar temos dificuldades em algumas corações e mentes para começar a áreas, outros Municípios e o setor conversar, sem impor vontades e privado também têm. Por exem- sem querer pautar uma gestão inplo, eu sei de pessoas que, para teira. Temos que pensar também agendar uma consulta de pedia- que o nosso estatuto é único, o tra no consultório privado, leva nosso sindicato é único. O Sinditrês meses. Está muito enganado serv, quando disputa uma política quem diz que essa é a realidade salarial com o Município, beneexclusiva do SUS de Caxias. Essa ficia também os médicos. Tamé a realidade do contexto nacio- bém temos que pensar que temos nal inteiro, público e privado. A que fazer uma construção e uma formação está aquém da oferta transformação de uma realidade de postos de emprego. Como tem social que existe. Não há como mais oferta do que formação, eles mudar a política salarial do SUS estão podendo escolher mais e se se não se mudar o financiamento restringir nas suas áreas de atua- dele. Fica diretamente atrelado à ção. mudança de financiamento.

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André T. Susin/O Caxiense

Infância acolhida

Janete, com o cachorro de pelúcia da afilhada: “Ela é minha filha do coração”

O AFETO COMO MORADIA U

por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

ma gata dorme em uma das poltronas da sala de Darci, 64 anos, e Iolanda Haas, 59 anos. A gata foi trazida pela neta do casal. “Olha, vó. Presente pra ti”, disse a menina, sorrindo, ao chegar com o animal ainda filhote para que os avós cuidassem. Os dois, mesmo não sendo muito chegados a gatos, não conseguiram dizer não. Darci e Iolanda sabem dizer não quando é preciso, mas é no sim que revelam uma de suas maiores virtudes. Com três filhos adultos, o casal aceitou cuidar de seis crianças que não conhecia nos últimos quatro anos. Meninos e meninas a quem a alegria familiar estava sendo negada, afastados dos pais por maus tratos ou negligência. Participando do programa Famílias Acolhedoras, Darci e Iolanda ensinaram a elas, por algum tempo, como é ter um lar. A casa deles, que fica no final de um beco tranquilo, tem espaço suficiente até para os mais agitados que já passaram por lá. “Os mais difíceis foram os meninos”, lembra Darci. Ele chegava do trabalho cansado e era invariavelmente recebido por um convite:“Tio, vamos jogar bola?”. Darci nunca negava. “Cara... Não pode ter preguiça. No fim, tu rejuvenesces”, diz. Era ele quem

dava banho nos garotos enquanto ouvia sempre a mesma pergunta: “Tio, por que banho hoje se eu já tomei banho ontem?”. Durante os meses em que cada criança ficou na casa de Darci e Iolanda, os dois desempenharam funções de pais. Sabiam que as crianças vinham de famílias biológicas que passavam por problemas, embora praticamente os desconhecessem – afinal, a função da família acolhedora é dar um lar para a criança enquanto sua casa se restrutura, tarefa realizada com apoio da Fundação de Assistência Social (FAS) e da Associação Jesus Senhor. Depois que a família original se recupera, os filhos podem voltar para casa. Se não há condições que isso aconteça, vão para um abrigo e são encaminhadas para adoção. “Ficamos uma vez com duas irmãs, uma de 11 anos e uma de seis. Eu era chamado na escola, porque elas eram muito revoltadas”, conta Darci, apoiando-se em uma cadeira de balanço coberta por uma pele de ovelha. “Foi bem difícil. Bem difícil”, admite Iolanda. Nesse caso, foi preciso dizer não algumas vezes. Mas com afeto e sabedoria. Hoje morando com o pai – que na época tinha problemas com álcool, assim como a mãe –, as meninas ainda telefonam para o casal. “Elas não

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Crianças que vivem em abrigos podem ter um lar enquanto esperam por adoção ou pela reestruturação de suas famílias. Só precisam de mais adultos dispostos a recebê-las esquecem dos nossos ‘não’. Esses cama ao lado da dela, no chamadias eu pedi para uma delas se já do “quarto das crianças”. Milena a tinha tomado juízo e ela respon- chamava de “mamãe”, até que foi deu ‘sim, tu estavas certo’”, relata adotada por outro casal. Iolanda Darci, orgulhoso. Os dois tenta- suspira ao lembrar do dia em que ram colocar todas as crianças nas “a bebê” foi embora: “Foi triste. regras da casa – com hora para Eu chorei muito”. dormir, estudar e Milena está com jantar. “Isso era difícinco anos, e os dois cil para alguns: sair “O que fazemos são seus padrinhos da casa deles e ter é um grão de batismo – já que obedecer outras de areia frente que ela não tinha pessoas”, comenta aos problemas sido batizada. DarIolanda. ci mostra uma foto Hoje, o casal não das crianças dela em seu celutem crianças em do Brasil. lar. Está vestida de casa. Mas, ao que Mas para essa princesa, de rosa, parece, por pouco menina foi tudo”, com uma coroa. tempo, já que na se- resume Darci Está sorrindo. “Eles mana passada eles não têm culpa da quase receberam situação em que se outro menino – que acabou indo encontram. O que fazemos é um morar com parentes. A menina grão de areia frente aos probleque mais tempo ficou com eles mas das crianças do Brasil. Mas – sete meses – foi Milena (nome para essa menina foi tudo”, resufictício, pois os menores não po- me Darci. dem ser identificados). “Ela não tinha ninguém”, diz Iolanda. MiDesde o início do programa, lena chegou com um ano e quatro em 2006, 15 crianças participameses. Aprendeu a andar no piso ram do Famílias Acolhedoras em de madeira da sala. “Passava em- Caxias – ou seja: Darci e Iolanda baixo da mesa, de tão pequena”, respondem por mais de 1/3 dos lembra Darci. No início, estava acolhimentos. Atualmente, pofraca. O diagnóstico médico dizia rém, nenhuma se encontra na que Milena não respondia a estí- casa de uma família provisória. “É mulos. “Mas ela não tinha nada. um programa maravilhoso, pena O que faltava era amor”, constata que seja tão difícil de realizar”, Darci. Iolanda apegou-se tanto lamenta Maria de Lurdes Grison, à menina que dormia em uma presidente da FAS. A dificuldade 23 a 29 de abril de 2011

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Darci e Iolanda, que já participaram do Famílias Acolhedoras seis vezes, no “quarto das crianças” ocorre porque há pouquíssimas famílias interessadas – por desconhecimento ou por achar que as crianças se apegarão demais a elas. “As crianças querem proteção, afeto e carinho. Mas elas querem os seus pais. Elas voltam felizes para casa, para uma família organizada”, esclarece Maria de Lurdes. A grande vantagem desse programa – inspirado em iniciativas de países como Estados Unidos e Itália, onde, segundo a presidente da FAS, as Famílias Acolhedoras substituíram a existência dos abrigos – é que a criança recebe atendimento individual. “Ela não vai ser apenas mais uma. As pessoas não entendem o prejuízo que sofre uma criança quando tem que ir para um abrigo”, ressalta. Os casos encaminhados às Famílias Acolhedoras são exemplos críticos de negligência, como os de pais que não tomam os cuidados básicos de saúde e de alimentação ou que usam a criança para pedir esmolas. “Normalmente estão ligados à dependência química dos familiares”, observa Maria de Lurdes, ressaltando que a maioria das crianças volta para suas famílias após sua reestruturação. Psicóloga da equipe de serviço do programa, Thaís Tolves lembra o caso de uma criança que ficou em uma família porque a mãe precisou fazer um tratamento de saúde por dois meses. O pai era alcoólatra e suspeitava-se que o irmão estava envolvido com drogas. “O tempo que vão permanecer nas casas depende da situação de cada família.” Para Thaís, o acolhimento de um lar provisório faz muita diferença na vida de uma criança que passa por momentos como esses. “Ela sente que tem

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gente que ainda investe nela, que mento de Amanda melhorou e dois dias. No último desses finais se preocupa em dar amor, afeto, a quantidade de medicação di- de semana quem visitou a casa de carinho.” minuiu. “As pessoas pensam ‘ah, Roseli foi o irmão de Tiago. “Se tu já tem quatro filhos, para que todos fossem padrinhos, seria Um outro programa, um mais uma?’. Mas a verdade é que ótimo. O que essas crianças prepouco mais simples, permite que a gente não tira nada dos nossos cisam a gente tem de sobra para adultos solidários possam ajudar filhos”, explica Janete, convidando dar. Atenção, carinho e amor de as pequenas vítimas de maus tra- quem não percebe a importância uma família. O resto eles têm no tos, negligência ou abandono. No do programa a conhecer as crian- abrigo”, afirma ela. chamado Apadrinhamento Afeti- ças que vivem nos abrigos de Cavo, eles buscam a criança no abri- xias. A quantidade de crianças go público nos finais de semana, com padrinhos afetivos poderia feriados e férias. Já fazia tempo que Roseli ser muito maior. Das 118 crianças Faz um ano que a família de Ja- Fragoso Lorandi, 40 anos, pensa- e adolescentes em seis abrigos da nete de Quadros, 45 anos, convi- va em ajudar. “A gente quer fazer cidade, apenas 14 têm uma famíve todos os sábados e domingos tanta coisa e acaba lia para ir nos finais com Amanda (também um nome não fazendo nada. de semana. “É muifictício), 14 anos, que desde os Mas sempre tem o “As pessoas to pouco. Ninguém oito mora, com dois irmãos, em primeiro passo.” O não entendem quer adotar, nem uma instituição do Município. A passo dela foi reu- o prejuízo que mesmo ser padriprova de que o apadrinhamento nir os documentos sofre uma criança nho das crianças também acolhe está em cima do necessários para ser maiores”, alerta Mabalcão da sala de Janete. Entre as madrinha afetiva de quando ela ria de Lurdes. tem que ir fotos de seus filhos, um porta-re- Tiago (nome fictíOs padrinhos pratratos exibe a alegria de Amanda. cio), oito anos. “Foi para um abrigo”, ticamente não têm No quarto, que ganhou uma cama só ter amor e ir em ressalta a gastos com os afide solteiro extra para Amanda, frente. Não teve difi- presidente da FAS lhados e precisam suas roupas dividem o espaço do culdade.” estar dispostos a taarmário da filha mais nova. “NinTodos os sábados, refas simples, como guém queria levá-la para casa por- pontualmente às 15h30, Roseli comparecer a entregas de boletim que ela precisa tomar um remédio busca o menino no abrigo. Antes e apresentações escolares – o que, três vezes por dia. É um compro- disso, ele recebe uma rápida visita para quem vive em um abrigo, misso que nem todos queriam as- dos pais biológicos. Volta para lá significa muito. “O ideal é que a sumir”, diz Janete. A menina, com apenas às 18h do domingo. Nesse família acompanhe essa criança necessidades especiais, frequenta feriadão de Páscoa, Tiago passaria até depois que ela sair do abrigo, a Associação de Pais e Amigos os quatro dias na casa da família. com 18 anos. Esses padrinhos vão dos Excepcionais (Apae). “Mas eu “Ele fica aqui como se fosse meu ser referências para ela”, projeta a não acredito que ela tenha um re- filho. Não tem nada de diferente”, presidente da FAS. “Tantos quetardo mental. Acho que isso foi a destaca Roseli, afirmando que o rem ajudar e não sabem como. E falta de escolaridade, o fato de ela garoto é tão comportado que os isso é uma bela de uma ajuda.” não ter sido incentivada”, avalia. dois filhos dela estão aprendendo Para ser padrinho afetivo a Janete conta que Amanda se sente com ele. Tiago dorme com um pessoa pode ser casada, solteira, parte da família, um sentimento deles no quarto. “A gente não é divorciada, jovem ou idosa. Ela que é totalmente retribuído. “Ela rico, não é uma casa grande, mas passa por uma entrevista com as é minha filha do coração. Penso é bem confortável”, diz a mãe. psicólogas do programa e é prenela como se ela estudasse fora Como regra do Apadrinha- ciso que a família inteira aceidurante a semana e nos finais de mento Afetivo, o menino traz um te a nova criança em casa. “Não semana viesse para casa”, acres- amigo junto uma vez por mês, o precisa ter um quarto específico centa. Desde que os laços entre que permite que outras crianças para ela. Tendo espaço para que a elas foram criados, o comporta- saiam do abrigo pelo menos por criança se adapte bem está bom”,

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explica Thaís. Convivendo com todas as crianças do programa, a psicóloga faz questão de ressaltar a felicidade daquelas que têm padrinhos afetivos. Afinal, se a semana delas é ocupada com aulas e atividades, nos finais de semana ficam mais paradas e sozinhas. “Poder ir para casa e ter o aconchego de uma família é muito bom. O rendimento escolar e a autoestima melhoram e diminuem os casos daqueles que precisam tomar remédios ou ter acompanhamento de psiquiatras”, ressalta.

resultam em adoção. As famílias participantes não podem estar na fila de quem quer adotar, mas também devem ser autorizadas por um juiz – em um processo simplificado. “É para quem quer ajudar de outra maneira. A criança (que tiver um padrinho), se for o perfil de alguma pessoa da lista de espera, vai ser adotada”, diz Thaís. Foi o que aconteceu com Tatiana (nome fictício). A adoção da menina não entristeceu sua madrinha, Maria Conceição Gomes Lopes, 63 anos, com quem passava todos os sábados. “Foi a Tanto o Famílias Acolhe- maior felicidade do mundo quandoras quanto o Apadrinhamento do liguei no dia que estava indo Afetivo não são programas que buscá-la e me disseram que ela

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tinha sido adotada. Foi a coisa mais importante que eu consegui em toda a vida”, vibra Conceição. A menina, que também tinha necessidades especiais, passou todos os finais de semana, férias e datas comemorativas na casa da família da madrinha, que frequentou dos cinco aos 12 anos. “Eu já tenho uma certa idade, não tinha como adotá-la”, explica Conceição, que, no entanto, vê no apadrinhamento como uma ponte para que isso ocorra: “É fundamental para a criança ter uma boa adoção. Nos abrigos elas são muito solitárias”. Com a família provisória, a garota fez passeios que nunca havia experimentado, como ir ao circo, ao parque e ao cinema. Concei-

ção, por sua vez, tinha a casa tomada pelas músicas de Sandy & Junior. “Ela me fez bem. E eu acho que eu fiz bem a ela.” Depois que a criança foi adotada, as duas não mantiveram mais contato. “A gente não pode se apegar, cada um tem que seguir sua trajetória”, consola-se a madrinha. Há poucos dias, porém, Tatiana apareceu ao lado da nova mãe em uma matéria na televisão, emocionando Conceição: “Ela estava toda bonita. Para mim, isso foi maravilhoso”. Interessados em conhecer os programas Apadrinhamento Afetivo e Famílias Acolhedoras devem ligar para 3901-1508.

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Perfil

O fã assistiu a sete shows dos Rollings Stones, o DJ tem incontáveis LPs e CDs da banda e o empresário buscou inspiração no rock

O ingrediente é o rock & roll

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por Carol De Barba caroldebarba@ocaxiense.com.br

u aprendi assim: maionese, alface, tomate, algum complemento tipo cebola, milho, ervilha..., bife, queijo, presunto e ovo”, diz o fã de Rolling Stones, fazendo um teatrinho com as mãos abertas, imitando um pão prestes a receber os ingredientes. A resposta, em tom de obviedade, esclarece a dúvida universal: a ordem dos fatores altera o resultado na hora de montar o xis? “Um cara que bota a salada por cima, ele não entende o que está fazendo. Mas tem que saber comer também”, segue filosofando. Certa vez, duas mulheres foram jantar na hamburgueria e comeram dois xis tipo americano, tradicional, com a habilidade de um artista que pinta uma tela: aos pouquinhos, puxando o papel nos cantos, apertando mais aqui e ali, sem deixar escapar nada. “Na saída, eu quase disse para elas: ‘vocês deviam dar um curso de comer xis!’”. A arte de fazer o típico lanche caxiense é mais que tradição na família do proprietário da hamburgueria que leva seu nome, decorada com motivos de sua paixão – o rock – e que completou, na última quarta-feira (20), 10 anos. “Eu acredito em dom”, justifica Jaime Rocha. Jaime virou chapeiro, aos 12 anos, antes de ser roqueiro. Seu

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tio, Moreira, trabalhava num trailer-lancheria que ficava estacionado sempre na Alfredo Chaves, quase esquina com Os 18 do Forte. O tio acabou comprando o trailer, que virou o Xis do Moreira, e Jaime começou a trabalhar lá. A chapa era sua especialidade, mas ele fazia de tudo. Alguns anos depois, trabalhou com seu irmão, o treinador de futsal Jarico, que montou o Belvedere, no topo da escadaria dos Macaquinhos. “Naquela época, xis tinha uma coisa romântica”, relembra Jaime. Era tanta gente que o espaço para estacionamento nas quadras próximas lotava. Os casais e famílias comiam o xis dentro do carro ou na rua mesmo. Em noites estreladas, Jaime entregava o lanche numa bandejinha própria para pendurar no vidro. Quando chovia, as bandejas eram substituídas por pequenas bacias para ninguém se molhar nem correr o risco de sujar os estofados do automóvel com maionese. O gosto pelo rock surgiu nesse meio tempo, quando tinha 16, 17 anos. Foi através de um amigo, o Zolá, que tinha “um nível de vida um pouco superior”, ou seja, dinheiro para comprar vinis. Jaime foi enfeitiçado por um boom ba bays de Freddie Mercury e seu Queen, pelas guitarras estridentes de Angus Young do

Jaime Rocha comemora 10 anos da tradicional hamburgueria da cidade e mais de 20 como DJ

AC/DC e, ah!, sim, pela perfor- quando começou sua trajetória mance teatral de um cantor ma- à frente da equipe de som Fangricela, que se remexia como uma tasy, que fez a trilha sonora das lombriga sensual, abrindo sua melhores festas de rock & roll bocarra para quase engolir o mi- do Recreio Guarany e do Clube crofone enquanto cantava: Mick Cruzeiro, em Flores da Cunha. Jagger, o líder dos Rolling Stones. “São Gotardo era o berço do Fan“Era uma banda, vamos dizer as- tasy. Foi um marco do rock em sim, atrevida”, diz. Hoje em dia, Caxias”, comenta Jorge Roberto ele coleciona uma memorabília Rocha Netto, também DJ, mas do – “demorei três meses para deco- estilo dance. Os dois Rochas não rar essa palavra” – incalculável de são parentes, como muita gente itens da banda, que acredita, mas são vão desde chaveitão amigos que Jairos, broches e dis- “Naquela me é uma das únicos até um carro, o época, xis cas pessoas para Gol Rolling Stones, tinha uma quem Rocha Netto, lançado quando eles coisa romântica”, o ciumento dono de passaram pelo Brasil uma notável coleção diz Jaime sobre com a turnê Voodoo de vinis, empresta o Belvedere, Lounge, em 1995. suas relíquias. “Ele Claro, Jaime marcou no topo da pegou 2 LPs do Pepresença em shows escadaria dos ter Murphy, raridade todas as turnês Macaquinhos des. Acabou ficando do grupo desde que para ele, pois sei que pôde, financeiracuidará bem”, conta mente falando. Ao todo, foram Rocha Netto. sete shows, no Rio de Janeiro, São A época áurea do som Fantasy Paulo, Buenos Aires e, recente- foi quando começaram as parcemente, Barcelona. Mas, voltando rias com a rádio Ipanema FM, de à adolescência de Jaime, é a partir Porto Alegre, também dedicada dessa fase que ele começa a estu- ao rock. Tudo começou quandar sobre rock (não só a alimen- do o comunicador Mauro Borba tar o amor pelos Stones) e, aos 19 veio a Caxias promover a festa anos, decide mudar de profissão do programa A Hora do Rush. A ao virar DJ. equipe, que estava com o equipa“O Rock in Rio foi em 85, né? mento todo reformado, novinho, Então... deixa eu ver... foi em foi a escolhida pela produção para 1983”, pensa Jaime, para calcular fazer a trilha sonora da noite. O

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Fotos: Arquivo Pessoal Jaime Rocha/O Caxiense

Como o próprio Jaime Rocha diz, só duas bandas do rock gaúcho não passaram pela hamburgueria. Atrações internacionais como Magic Slim, que comeu lá, e Marky Ramone, que só posou para a foto, também ilustram as paredes do estabelecimento, tão bem recheadas quanto os lanches da lancheria mais rock & roll da cidade, o “nosso Hard Rock Café”

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Simone – a “Mone”, como é chamado pelo marido – acompanha a hamburgueria desde a estreia receosa até os atuais dias de sucesso evento foi um sucesso e inaugurou uma sociedade que duraria seis anos, com a Fantasy tocando em festas pelo Estado inteiro. “Era o máximo. O Mauro, a Kátia Suman, eles eram nossos ídolos. A Ipanema foi a rádio que nos influenciou”, empolga-se Jaime.

miliar, o xis. Na verdade, ele nunca havia deixado essa habilidade completamente de lado – nos dias de movimento muito grande, sempre dava uma mão para Jarico no Belvedere. Mas, desta vez, ele queria seu próprio negócio, com suas ideias e, principalmente, sua cara. “Não é porque é de comida que tem que colocar foto de comida, porque é uma padaria que tem que pôr foto de pão”, demonstra, justificando a decoração com motivos, “é óbvio”, de rock & roll. No começo, sem tantas possibilidades, Jaime colava os posters nas paredes com um durex dobrado. Aos poucos, foi acrescentando também relógios customizados feitos por ele mesmo, um passatempo que tem desde criança. A primeira moldura elaborada para substituir a fita adesiva veio depois de uma inspiração dos ares norte-americanos. “É o nosso Hard Rock Café”, brada Jaime, orgulhoso da referência. Para o cardápio, já que “gringo gosta de comer mais com a barriga do que com olhos”, captou as vibrações da moda dos “roda-pizzas” com sabores, na época, diferentes, como filé com batata palha. “Por exemplo, coloquei o xis de palmito. Mas não aquele palmitinho, palmito mesmo”, explica, fechando as mãos para deixar um buraquinho pequeninho e depois abrindo-as para fazer um buraco/ palmito do tamanho de um pão de xis.

Paralelo ao som do Fantasy, o conhecimento e a experiência no estilo musical ainda renderam um convite para comandar o programa Baú do Rock, na extinta emissora caxiense Studio FM. O assunto, como o nome indica, era a especialidade de Jaime, o rock dos anos 80. Durante quase oito anos ele ocupou a faixa noturna da rádio nas sextas-feiras, tocando o melhor do gênero. Em 1995, logo no começo, ele chegou a fazer, inclusive, um boletim direto do show da turnê Voodoo Lounge, dos Rolling Stones, em São Paulo. O programa fez, melhor, faz tanto sucesso que sobreviveu à extinção de todas as rádios por onde passou. Depois que a Studio FM fechou, ele se mudou para a Pop Rock – que durante pouco tempo teve sucursal em Caxias – e, atualmente, integra a programação da UCS FM. Virou até festa, levando o pessoal “das antigas” de volta à pista, no Havana Café. “Naquela época, Madonna, essas coisas que toco nessa festa, a gente odiava. Só que agora, tudo que é anos 80 é ótimo, especialmente comparado ao som que se faz hoje”, avalia. No final dos anos 90, com a mudança de gerações, o Fantasy O dia da inauguração, uma naturalmente chegou ao fim e foi sexta-feira, 20 de abril de 2001, aí que, sem largar o rock, Jaime Jaime não esquece. A hamburgueresolveu investir na herança fa- ria lotou com 200, 300 pessoas. Os

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guris da Travelling Band, que ha- para as paredes lotadas de fotos viam sido adotados pelo “paizão” dos visitantes ilustres. O famoso Jaime depois de um grande show torpedo (que, em vez de pão de no seu aniversário de 33 anos, xis, é feito com um enorme caentre outros músicos, já marca- cetinho, daí o apelido que Jaime vam presença – pouco antes de não consegue lembrar quem deu) inaugurar o Revival Rock Bar. No atraiu músicos importantes e fasábado, dia 21 de mosos, como Tico abril, o movimento Santa Cruz, vocalisfoi menor, claro. Sa- Foi a ta dos Detonautas, íram uns 15, 20 lan- performance Fred, baterista dos ches. No domingo, Raimundos, e quaele vendeu apenas dos Rolling se, quase Marky Raoito xis. Jaime en- Stones que mone. Na ocasião, trou em desespero. atraiu Jaime: o baterista dos RaLigou para Simone, “era uma mones fazia shows sua atual esposa, que banda, vamos com a Tequila Baby. ainda não era nem Cansado, preferiu bem uma namorada dizer assim, ficar no ônibus ao atrevida” na época, e propôs invés de descer para que ela fosse ajudájantar. “Essa foi lo. “Quem esteve dura. Mas também, sempre do meu lado e construiu era capaz de eu cair duro na pordegrau por degrau comigo foi a ta”, lamenta Jaime. Mone. Se não fosse por ela ter me “E se fossem os Stones?”, perdado essa força, eu teria desisti- gunto. “Sei lá, eu morreria... mas do”, emociona-se o pai de Greta, isso é impossível!”, ri. O mais perto 20 anos – fruto do seu primeiro que Jaime chegou dos ingleses foi casamento –, e Lidia, que antes numa foto com o baixista Darryl de completar um aninho já cole- Jones que, na verdade, não é prociona camisetinhas com a famosa priamente um membro da banestampa da língua vermelha. da, é uma espécie de funcionário. O Revival Rock Bar não é men- Imagina presenciar o Mick Jagger cionado à toa. Foi outra pedra fun- mandando ver um torpedo. Só damental na história da hambur- em sonho. Mas, em certos pontos, gueria. O bar, que pertencia aos a história da hamburgueria que “filhotes” de Jaime e abriria cinco completa 10 anos e dos dinossaumeses depois da casa de lanches, ros do rock que completam 50 se selou a união do estabelecimento cruzam. Rochas e pedras à parte, com a música. O acordo era per- deixa que o próprio Jaime explimanente e inquestionável: quem ca, recorrendo ao blues, ancestral subisse no palco do Revival, sen- do rock & roll. “Não sei se tu sabe tava nas mesinhas do Jaime. “Do disso, mas o nome dos Stones rock gaúcho todo mundo veio vem de uma música do Muddy aqui, menos o Nenhum de Nós e Waters que diz: ‘pedras que rolam o Engenheiros”, conta, apontando não criam limo’”.

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Al primo canto

O galeto que um dia pode ser patrimônio imaterial de Caxias não tem segredo, mas uma receita especial que leva sálvia, alho e pimenta

Tradição

no paladar

N

por CAMILA CARDOSO BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br

os fundos de um prédio onde funcionava um hotel, no ambiente simples de um salão com paredes forradas por azulejos brancos e mesas cobertas por toalhas xadrez, iniciou de forma despretensiosa um dos mais simbólicos hábitos alimentares dos caxienses. Hoje, a área onde o galeto al primo canto surgiu tem um cenário completamente urbano, mas guarda certa semelhança com aquela época. Quem passa pelas paradas de ônibus do Ópera e é fisgado pelo cheiro de frango assado pode não saber, mas há 60 anos outras pessoas faziam praticamente o mesmo. Em 1950, quando a Estação Rodoviária funcionava próximo ao Museu Municipal, na Visconde de Pelotas, o Hotel Peccini, instalado na Pinheiro Machado, bem em frente ao que hoje é o corredor de ônibus, ampliava seu ramo de atuação tendo como carro-chefe a mesma ave que ainda é comercializada naquela rua. Mas com diferenças essenciais. No Peccini, o galeto recebia um tratamento especial, acompanhado de especiarias capazes de cativar o paladar de milhares de clientes. Lauthério Peccini esteve à frente da invenção da galeteria, um tipo de restaurante genuinamente

caxiense. Descendente de italianos, ao assumir o hotel da família decidiu ampliar o negócio e implantar uma especialidade no cardápio, dando preferência para a comida de colônia, que ele tanto adorava. Na nova fase, não inventou nenhum prato ou tempero que já não existisse, mas criou um formato para servi-los que se consagrou: galeto assado, sopa de agnolini, pão, salada de radicci com bacon, salada de batata com maionese, polenta frita, espaguete com molho vermelho e miúdos, além de meia jarra de vinho por cliente. Surgia então a Galeteria Peccini. A maior inovação dos Peccini, no entanto, foi ter compreendido a fome dos imigrantes. Antes da galeteria, se cobrava por pequenas porções – aos olhos e ao bolso de um povo tido como econômico, era muito caro. Assim, os Peccini encontraram um nicho de mercado: oferecer a comida típica da colônia cobrando por pessoa e servindo à vontade. A fórmula agradou aos descendentes de italianos, aqueles que acreditaram na propaganda imigratória que usou o lendário País da Cocanha, onde “de árvores pendiam caças abundantes, de chafarizes jorravam leite e mel e a fome não existia”. “Foi a fome que trouxe os imigrantes ao Brasil. E a fome foi saciada com muito trabalho e polenta”, escreve

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A história do surgimento de uma das mais saborosas criações caxienses

a historiadora Rosana Peccini, fi- mocrático também. Unia os ricos lha do idealizador do negócio, em e os médios, aqueles que tinham sua tese de mestrado em Turismo dinheiro pelo menos para pagar pela Universidade de Caxias do por aquela comida”, completa LoSul. “A memória gustativa regis- raine. tra esses momentos, e mesmo as pessoas que não passaram fome Ao lado de Lauthério esagem como se tivessem passado. tava sua irmã mais velha, Itália Na galeteria, têm certeza de que Peccini Bordignon, hoje com 91 vão sentar na mesa, pagar um va- anos. Com uma memória tão lor preestabelecido e comer bem”, vívida como seus olhos azuis e diz Rosana. disposição digna de inveja, ItáQuem se deu conlia credita tudo que ta da relação entre o tem ao trabalho. negócio dos Pecci- “Foi para comer Filha de pais analfani e a fome milenar que o italiano betos, estudou “até dos imigrantes foi veio embora o terceiro livro. Dos a historiadora Lo- para o Brasil. 10 anos em diante raine Slomp Giron, passou a lidar com Faz toda a que frequentava a os negócios da fadiferença comer galeteria. “Foi para mília. Na galeteria, comer que o italiano bem e não pagar além de cuidar da veio embora para o caro”, afirma parte administratiBrasil. Faz toda a di- Loraine va e contábil, Itália ferença comer bem e coordenou a limpenão pagar caro”, afirza dos frangos e os ma. Loraine ressalta a semelhança serviços da cozinha. com os antigos almoços coloniais. Assim como o irmão, Itália não “Não estou falando dessas festas esperava que a galeteria funciode igreja, mas de reuniões de fa- nasse tão bem logo no início. Os mílias da colônia. O Peccini colo- irmãos criaram os primeiros galeca na cidade essas festas, servindo tos no pátio do hotel e não invesos pratos ‘n’ vezes, enquanto se ti- tiram em grandes equipamentos. vesse fome”, analisa. “O ambiente Mas não tardou para que Itália era bem simples e a comida mais passasse a limpar uma média de que deliciosa”, lembra, apontando 1,2 mil galetos por semana e preo local como um espaço de con- cisasse de panelas para polenta vivência para classes sociais di- que suportassem cerca de 10 quiferentes. “Tinha esse aspecto de- los de farinha de milho e 50 litros 23 a 29 de abril de 2011

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Na casa, em Lourdes, Itália coordenava a limpeza de 1,2 mil galetos por semana

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d’água. Quando não tinham mais aparelho que gira com os espetos condições para abater as aves no posicionados verticalmente. próprio hotel, transferiram a proLogo a fama da galeteria espadução para a casa da família, na lhou-se pelo Estado. Os Peccini avenida Júlio de Castilhos, em chegaram a servir 800 refeições Lourdes. Nem isso resolveu. A por dia no salão que comportava saída para não ficar sem o prato até 200 pessoas. Entre os clientes principal do restaurante foi arran- constavam autoridades, políticos, jar fornecedores. De caminhão, times de futebol. O negócio foi percorriam as colônias em busca levado adiante até a morte do padas aves. Em cada criador conse- triarca, aos 48 anos, em 1971. Mas guiam apenas cinco ou seis galetos aí a receita já havia sido difundicom o tamanho ideal, pesando no da e outras galeterias passaram máximo um quilo. Chegaram a se a servir os “famintos” da cidade. tornar sócios de pequenos produ- A segunda mais antiga, ainda em tores para garantir que o galeto al atividade, é a Alvorada. Conforprimo canto seria servido. Rosana me o sócio-proprietário Orioacredita que a partir valdo Zanotto, o daí tenham surgido restaurante, inauguos primeiros aviá- “Não tem rado em 1957 pela segredo algum: rios da região. família Peteffi, foi Ao contrário do basta temperar adquirido pelos Zaque alguns imagi- como era notto em 1971. Os nam, Rosana afirma galetos, criados em que o galeto al pri- feito na Presidente Lucena, mo canto não sur- colônia, e são abatidos especigiu para substituir o servir com os ficamente para este passarinho, aprecia- outros pratos”, fim. Fazem parte do do pelos imigrantes simplifica Rosana cardápio, além do e que teve a caça tradicional galeto, proibida. As duas a sopa de agnolicarnes existiam paralelamente no ni, pão, polenta frita, spaguetti, menarosto (assado no rolete, com maionese e radicci com bacon. Na carnes diversas). “O galeto sur- sobremesa, pratos que também já giu como uma especiaria, que o se tornaram tradicionais, como o pai gostava, assim como há quem sagu com creme e pudim de leigoste de vitelo, novilho precoce. É te. Uvas ou frutas em calda, como um prato urbano, que rememora pêssego e abacaxi, também são a colônia”, esclarece. Rosana res- servidas, tal qual as primeiras sosalta também que o galeto al pri- bremesas dos Peccini. Dona Itália mo canto não é um prato italiano, aponta o Alvorada como o restaumas uma iguaria de imigrantes, rante que trabalha de forma mais criado no Brasil com os ingre- semelhante à primeira galeteria. dientes daqui. “Se come galeto na Itália, sim, mas não acompanhaPara Rosana, o galeto al do pelos outros pratos”, destaca. primo canto também é um atraEla também defende que a fideli- tivo turístico. “A pessoa não quer dade ao paladar não significa ficar vir aqui para comer hambúrguer, atrelado a receitas, mas a sabores. quer conhecer o local. Poucos lu“Não tem segredo algum. Basta gares têm um prato tão caractetemperar como era feito na colô- rístico, tão típico quanto o nosso. nia e servir com os outros pratos.” O Lauthério Peccini inventou a Itália, que até hoje prepara o galeteria, mas se as pessoas não tigaleto para a família, revela que o vessem comido, ela não existiria. tempero consiste em sálvia, alho Foram os caxienses que fizeram e pimenta vermelha triturados na da galeteria um sucesso”, defende. máquina de moer carne, mistuPara preservar essa história, rados ao sal e regados com vinho Rosana tenta tornar o galeto al tinto. Uma fatia de toucinho e primo canto um patrimônio imauma folha de sálvia entre cada pe- terial. Assim, o registro histórico daço para evitar que a carne res- constaria nos Livros dos Saberes secasse completavam o preparo. do Instituto do Patrimônio HistóFora isso, o cardápio das demais rico e Artístico Nacional (Iphan). galeterias de hoje se assemelha Para isso, depende de uma lei bastante ao original. No entanto, municipal que reconheça essa uma guarnição sempre foi exclu- categoria. Coisa que ainda não sividade dos Peccini: a polenta existe em Caxias. De acordo com fritada diretamente na gordura o secretário municipal da Cultudo animal que escorria no me- ra, Antonio Feldmann, falta um narosto. Coisa típica do inventor parâmetro nacional para que o que Lauthério era. Na empreita- Município avance nesta questão. da, contou com a ajuda de Matias “A gente sente essa necessidade, D’Andrea, um eterno hóspede mas ainda não temos condições da pensão, tido como comunis- de legislar sobre o assunto”, arguta e conhecido pelo apelido de menta. Quando ingressar em um Mussolini, justamente pelo ódio curso de doutorado, o que pretenque nutria pelo político italiano. de fazer em 2012, Rosana podeMussolini implantou a ideia que rá fazer o pedido diretamente ao permitia fritar as polentas nos Iphan. A memória gustativa dos três menarostos da galeteria, um caxienses agradece.

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Guia de Cultura

Sony Pictures, Divulgação/ O Caxiense

por Carol De Barba | guiadecultura@ocaxiense.com.br

Em A minha Visão do Amor, Paul Giamatti interpreta um homem de 65 anos, um fracassado solitário que revive a chance de encontrar o amor

CINEMA Recomenda l A minha Versão do Amor | Comédia Romântica. 13h50, 16h40, 19h20, 21h50 (leg. | Iguatemi Um homem de 65 anos relembra sua trajetória. Alcóolatra, fumante e impulsivo, Barney Panofsky recorda as mulheres, o sucesso e, principalmente, os fracassos. Na festa do seu segundo casamento, se apaixona por outra mulher. Agora, “antes tarde...”, tenta conquistá-la. Dirigido por Richar Lewis. Com Paul Giamatti, Rosamund Pike, Jake Hoffman, Minnie Driver, e Dustin Hoffman. 14 anos. 134 min..

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l Hop – Rebelde sem Páscoa | Comédia. 14h, 16h30, 18h50, 21h10 (dub.) | Iguatemi Júnior, claro, um coelho que vive na ilha de Páscoa, óbvio, não quer seguir a carreira do pai – Coelho da Páscoa (como eu não tinha pensado nisso?!). O adolescente é rebelde (!) e quer ser baterista. Então, foge para o mundo dos humanos e é atropelado por quem se tornará seu amigo, um cara atrapalhado e rebelde também. Nas mãos e patas desses dois, está o futuro da Ilha de Páscoa. Dirigido por Tim Hill. Livre. 97 min.. Recomenda l O Mágico | Animação. Sábado (23) e domingo (24), 20h | Ordovás Um mágico falido sai em viagem para se manter. No caminho para a Escócia, ele encontra uma

menina que decide viajar com ele. Agora ele precisa ajudá-la e achar um jeito de sustentar os dois. Indicado ao Oscar e Globo de Ouro. Vencedor do César de melhor Animação. Dirigido por Sylvain Chomet (As Bicicletas de Belleville). Livre.

mas não é. Dirigido por D.J. Caruso. Com Alex Pettyfer, Timothy Olyphant e Teresa Palmer. 12 anos. 112min.. l Rio | Animação. 13h40, 15h50, 18h, 20h10, 22h10 (dub 3D.), 13h30, 15h40, 17h50, 20h (dub) e 22h (leg. 3D) | Iguatemi A história de Blue, uma araraazul que vem ao Brasil em busca da última fêmea da espécie conquistou brasileiros e americanos. Está no topo das bilheterias dos dois países. No GNC, a animação que homenageia o Rio de Janeiro tem 10 sessões para aumentar ainda mais esses números. Se depender do coelho de Hop, a arara-azul continuará voando alto. Livre. 96 min..

l Eu sou o número quatro | Aventura. 14h20, 16h50, 19h10, 21h30 (leg.) | Iguatemi Um jovem galã parece humano, mas não é. Depois de ter o seu planeta destruído pelos mogadorianos, o Número Quatro veio para a Terra. Agora batizado como John Smith, precisa fugir e encontrar outras criaturas iguais a ele para juntos salvarem a nova casa. Tem efeitos especiais, garoto especial frequentando escola normal, história de amor sobrena- AINDA EM CARTAZ: Bruna tural. Pode parecer Crepúsculo, Surfistinha. Drama. 20h15. UCS

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


| Lado a Lado. Drama. Quinta (28), às 15h. Ordovás. Entrada Franca | O discurso do Rei. Drama. 18h. UCS | Pânico 4. Terror. 14h10, 16h20, 19h, 21h20. Iguatemi | Rango. Animação. 16h. Sessão extra domingo (24), 14h*. UCS |

INGRESSOS: Iguatemi: Segunda, quarta e quinta (exceto feriados): R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 7 (promocional, exceto 3D). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 16 (inteira), R$ 13 (Movie Club Preferencial) e R$ 8 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). *Domingo (24), o filme Rango a sessão extra de Rango tem ingressos no valor único de R$ 3,00. Nas segundas, na compra de um ingresso o acompanhante não paga. Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

TAMBÉM TOCANDO: Sábado (23): Blues Beers. Blues. 22h. Mississipi. 3028-6149 | Djs Audiotronic. Repertório variado. 23h30. La Boom. 3221-6364 | DJ Gui Oliveira, DJ Luiz Piu e DJ Ander Oliveira. 22h. Eletrônica. The King. 3021-7973 | DJ Leandro Vega e DJ Thobias Wolff. 23h. Eletrônica. Havana. 3224-6619 | DJ Leo Z e Elias Capellaro + Dj convidado Mik Silva. Eletrônica. 23h. 3419.0990 | Elixir e Ton e os Karas. 23h30. Rock. Bukus Anexo. 3285-3987 | Hardrockers e Blindsnake. 23h30. Rock. Vagão Classic. 3223-0616 | Grupo Barbaquá. 22h. Tradicionalista. Paiol. 3213-1774 | Radiofonia. 21h. Repertório variado. Portal Bowling. 3220-5758 | Sambeabá. 0h. Som Brasil. Boteco 13. 32214513 | Sunny Music. Rock. 0h30. Vagão. 3223-0007 | Domingo (24): Declara Samba. 21h. Pagode. Portal Bowling. 3220-5758 | Domingueira Zarabatana. 17h. Eletrônica. Zarabatana. 32289046 | Maurício Santos. 21h30. Som Brasil. Boteco 13. 3221-4513 | Terça (26): Banda Disco. 22h. Rock nacional e internacional. Bier Haus. 3221-6769 | The Blugs. 22h. Rock. Mississippi. 30286149 | Quarta (27): Maurício e Daniel. 22h. Tradicionalista.

Paiol. 3213-1774 | Tríplice. 22h. Pop rock. Bier Haus. 3221-6769 | Maurício Santos trio. 22h30. Som Brasil. Boteco 13. 3221-4513 | Quinta (28): Bete Balanço. 23h. Pop rock. Bukus Anexo. 32853987 | Franciele Duarte e Banda. 22h. Rock e blues. Mississipi. 3028-6149 | Grupo Macuco. 22h. Tradicionalista. Paiol. 3213-1774 | Marcelo Duani e Fabrício Beck e trio. 22h. Samba rock/rock. Bier Haus. 3221-6769 | Tainã e Julian. 21h. Sertanejo universitário. Portal Bowling. 3220-5758 | Vicca. 21h30. Rock. Boteco 13. 3221-4513 | Sexta(29): Agente Ed e DJ Eddy. 21h. Rock. Portal Bowling. 3220-5758 | Blues Heads. 21h30. Blues. Zarabatana. 3228-9046 | Grupo Barbaquá. 22h. Tradicionalista. Paiol. 32131774 | Hérnan Gonzales e Los Infernales. 22h. Rock nacional e internacional. Bier Haus. 32216769 | Rafa & Tita. 22h. Rock e pop rock. Mississipi. 3028-6149 | Seleção do Samba. 23h30. Samba. Boteco 13. 3221-4513

l Dia Internacional da Dança | Quarta (27), quinta (28) DANÇA e sexta (29), 20h A programação do Recomenda Dia Internacional da Dança, que será divulgada em um flash mob no início da semana, terá três noites de espetáculos, com 21 grupos locais.

No repertório, balé clássico, dança contemporânea, jazz, hip hop, flamenco, dança do ventre, de salão, de rua e tradicionalista. As apresentações ocorrem às 20h, no Teatro Municipal. Nos dias 1° e 30 de abril, haverá 11 workshops de diversas modalidades de dança no Teatro do Ordovás e na Cia. Municipal de Dança . Cada oficina oferece 30 vagas. Inscrições na Secretaria da Cia. de Dança, das 9h às 11h30, e das 13h30min às 17h30, pelo fone 3901-1316 ou por e-mail (unidadededanca@caxias.rs.gov.br). ESPETÁCULOS: Quarta (27): Escola Preparatória de Dança, Stúdio de Dança Camila Oliveira, Escola de Flamenco La Cueva, Quarta Parede Dança Contemporânea, Escola Dora Ballet, Aplausos Studio de Dança, Cia. Matheus Brusa. | Quinta (28): Cia. Municipal de Dança, Grupo Articulações (UCS), Ballet Margô, Núcleo de Dança da Faculdade da Serra Gaúcha, Cooperativa do Movimento, Rakaça Templo de Dança, Endança Jazz e Cia.| Sexta (29): Grupo de Criação e Pesquisa em Cultura Popular, Compacto Espaço Cultural, Atlantics, Clube Ballroom, Grupo Estrela Sírius, Oito Tempos, Dança Flamenca Tablado Caxias, CTG Campo dos Bugres, WORKSHOPS: Sábado (30): Tempero, sotaque do corpo no tambor, com Marcelinho Silva.| Iniciação à Dança do Ventre, com Rodrigo Melleiro, Divulgação/O Caxiense

l Jarrah Thompson | Quarta (27), 22h MÚSICA Em turnê pelo Brasil, o austraRecomenda liano Jarrah Thompson arma um circo no Mississipi para o lançamento do segundo álbum da banda, Rio Claro, produzido no Brasil em 2010. Entre as sessões de rock, blues, folk e experimental, Jarrah tira da cartola as performances do ilusionista William Seven, do artista plástico Ed Pri-

mo e do ator e diretor de teatro Jefferson Primo. Mississipi R$ 15 (feminino) e R$ 20 (masculino) | Estação Férrea | 3028-6149

A banda australiana Jarrah Thompson lança no Mississipi o seu álbum Rio Claro, com performances artísticas em estilo de circo antigo ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Edital de INTIMAÇÃO

5ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 30 (trinta) dias. Natureza: Cobrança Processo: 010/1.08.0023737-7 (CNJ:.0237371-47.2008.8.21.0010). Autor: Sudare Climatização de Ambientes Ltda.. Ré: Andréia Marques. Objeto: Intimação da ré/devedora para que no prazo de 15 dias pague voluntariamente o valor do débito indicado (R$ 7.442,90 - sete mil, quatrocentos e quarenta e dois reais e noventa centavos. Valor atualizado até 15/03/2010), a ser atualizado na data do efetivo pagamento, a fim de evitar multa de 10%, sob pena de penhora de tantos bens para garantir o débito. Prazo para pagamento: 15 DIAS, a contar do término do prazo deste edital. Caxias do Sul, 15 de março de 2011. SERVIDOR: Sílvia da Rosa Debiasi - Of. Ajudante Designada. JUIZ: Zenaide Pozenato Menegat

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Solange Avelino, Divulgação/O Caxiense

l Cultura tibetana nas peregrinações budistas | De segunda a sexta, das 8h às 22h30 | A exposição da fotógrafa Ilka Filippini é uma série de registros de sua viagem à Ásia, entre 2006 e 2010. Dos lugares que visitou – os oito principais núcleos budistas e regiões da Índia e do Nepal onde vivem os refugiados do Tibete, após a invasão chinesa na década de 50 – Ilka trouxe belas imagens, entre outras lembranças da viagem. Galeria de Arte do Campus 8 Entrada franca | RS 122, Km 69 | 3289-9000

l Mãos da Terra | A partir de sexta (29), das 14h às 22h Bonecas russas, estatuetas afriFEIRA canas, malha peruana... Pela terceira vez em Caxias, a Feira Internacional de Cultura e Artesanato oferece uma mostra do artesanato mundial nos Pavilhões. A produção local também estará representada no evento, na Feira do Artesão Caxiense. Centro de Eventos da Festa da Uva AINDA EM EXPOSIÇÃO – À Ludovico Cavinatto, 1.431 | 3027- procura da arte. Guilherme No1733 gueira de Castro. Segunda a sexta, das 8h30 às 18h30, sábados e domingos, das 8h30 às 12h30. Farmácia do Ipam. 3222-9270 | Frames da Dança. Diversos fotól Cidades imaginárias | A grafos. De terças a sextas das 9h às partir EXPOSIÇÕES de sexta (29), de segunda a 19h, sábados e domingos das 15h sexta, das 8h30 às 18h e sábados, às 19h. Saguão de Exposições do Recomenda Ordovás. 3901-1316 | Notações das 10h às 16h A exposição da artista plásti- Pictóricas. Fernanda Gassen e ca uruguaia Martha Rodriguez Mariana Silva. De terça a sexta, Planke, que mora em Porto Ale- das 8h30 às 18h e no sábado, das gre desde 2006, reúne 52 obras 10h às 16h. Galeria do Ordovás. em técnicas de colagem de pa- 3901.1316 | O Caxiense 1 ano. pel sobre papelão. A abertura da Melhores capas do jornal. De seocorre na quinta (28), às 20h. gunda a sexta, das 8h às 22h. Hall Galeria Municipal inferior do Campus 8. 3289-9000 Entrada franca | Dr. Montaury, | Transformação/Transforma1.333 | 3221-3697 zione. Lucí Barbijan. De terça a sexta, das 9h às 19h, sábados e l Páscoa - Celebração à domingos, das 15h às 19h. Sala Vida | De terça a sábado, das 9h de Exposições do Ordovás. 3901às 17h | 1316 O museu não fecha no Sábado de Aleluia, uma boa oportunidade para quem quiser vivenciar a Páscoa de outras épocas. Entre

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Maurício Concatto, Divulgação/O Caxiense

os símbolos da exposição, ovos de madeira coloridos, conhecidos por pisanki, a obra do artista Fabiano Braga Selau A Noite dos Tempos e a Santa Ceia em tapeçaria, da Igreja Matriz de Santa Lúcia do Piaí. Museu Municipal Entrada franca | Visconde de Pelotas, 586 | 3221-2324

Carol Ferreira, Divulgação/O Caxiense

Michele Trentin. | Dança flamenca, com Karime Domit. | Dança contemporânea, com Matheus Brusa. | Hip hop, com Carolina Oliveira. | Jazz, com Lisa Susin. | Hip hop, com Juliano Dias. | Domingo (1°): Dança contemporânea, com Gislaine Sacchet. | Dança de salão, com Caê Monteiro e Mônia Viganó. | Dança contemporânea, com Ney Moraes. | Ritmo em Movimento – Musicalização e Performance Corporal, com Carine Turelly e Gui Ribeiro.

Dia da Dança: Teatro Municipal terá três noites de espetáculos

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Artes artes@ocaxiense.com.br

O SORRISO DO AVÔ ARTHUR

F

por CLÁUDIO B. CARLOS

oi o primeiro domingo que o avô Arthur passou em nossa casa nova. Foi bom. Brincamos o dia todo. À noite fui ao quarto dar um beijo no vovô. Foi a primeira vez que vi o sorriso dele mergulhado num copo. Chorei.

Childhood

| Gustavo Cassina | Gustavo homenageia a brincadeira preferida dos meninos brasileiros. Lembra de um tempo, o dele, quando os jogos em qualquer campinho eram cenas mais comuns. E a nostalgia não é a única inspiração do publicitário e diretor de arte. Na montagem de Gustavo, a grama, o sol e o céu azul da infância ganham cores vivas, desgastadas pelo tempo na colagem retrô.

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Participe | Envie para artes@ocaxiense.com. br o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui. 23 a 29 de abril de 2011

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Guia de Esportes

André T. Susin/O Caxiense

por José Eduardo Coutelle | guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Depois de golear o Lajeadense, Juventude decide vaga na final do Gauchão contra o Inter neste domingo, às 16h, no Jaconi

FUTEBOL

tis) ou fazendo um gol a mais de vantagem. Nos últimos treinos, o técnico interino Cobalchini trabalhou para resolver problemas de posicionamento e manteve a equipe principal com Matheus; Patrício, Édson Rocha, Neto e Gerley; Marcos Rogério, Bruno, Dê e Balthazar; Waldison e Lima. Ficarão de fora o volante Edenilson, que cumpre suspensão, e Itaqui e Everton que seguem no departamento médico. Centenário R$ 10 (arquibancada), R$ 15 (acompanhantes de sócios), R$ 20 (cadeira) e R$ 5 (meia entrada para estudantes e idosos) | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano

Recomenda l Juventude x Internacional | Domingo, 16h | Após a goleada de 3 a 0 sobre o Lajeadense, o Juventude parte para mais uma difícil decisão no mata-mata do Gauchão: o clássico Juve-Nal. Motivado com o novo técnico, Paulo Roberto Falcão, e com a classificação para as oitavas de final da Libertadores no meio da semana, a equipe porto-alegrense vem com força total – ainda mais se lembrar que o rival Grêmio, campeão do primeiro turno, já tem vaga garantida na final. O técnico alviverde definiria a escalação no último treino, sexta-feira (22). Alfredo Jaconi R$ 40 e R$ 20 (idosos e estudantes FUTSAL portando documentação) | Hércules Galló, 1.547, Centro l Copa Municipal | Terça (26) e quinta (28), às 19h45 e 20h45 | Recomenda Ao todo, quatro jogos complel Caxias x Coritiba | Quinta, tam a primeira rodada da compe(28), 19h30 | tição. Quem largou na frente foi Na partida de volta da Copa do o Torino, que estreou goleando Brasil, o Caxias não tem outra sa- o Quilmes por 7 a 1. A copa tem ída a não ser apostar todas as fi- duas fases de grupos. Na primeichas – e vai precisar de muita sor- ra, os 17 times participantes estão te. Em Curitiba, a equipe grená foi divididos em cinco chaves. Clasmassacrada pelo time da casa por sificam-se 10 equipes, que serão 4 a 0. A única chance é devolver a redistribuídas em dois grupos. goleada, igualando a diferença de Primeiros e segundos colocados gols (e então vencendo nos pênal- avançam para as semifinais.

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Terça (26), 19h45: Puma x Galáticos | 20h45: Mal. Floriano x Planalto | Quinta (28), 19h45: São Cristóvão x Águia Negra | 20h45: Eldorado x MGA Enxutão Entrada gratuita | Luis Covolan, 1.560, Marechal Floriano

TÊNIS l 1° Aberto de Duplas | Inscrições até domingo (24), às 18h | Seguem abertas as inscrições para a competição até este domingo (24). Serão disputadas as modalidades de 1ª, 2ª e 3ª Classe, Sênior A, Feminina e Mista. Os jogos ocorrerão de 29 de abril a 1º de maio, nas quadras do clube aristocrático. Clube Juvenil Inscrição: R$ 60 por dupla | Marquês do Herval, 197

XADREZ l Jogos Abertos de Xadrez | Inscrições até terça (26) | Restam poucos dias para o encerramento das inscrições para os Jogos Abertos de Xadrez. Ao todo, serão 200 vagas para as categorias mirim, infantil, juvenil e livre. Os interessados devem procurar a Secretaria de Esporte e Lazer até

o final da tarde da próxima terçafeira (26) para efetuar a inscrição, que é gratuita. Mas não deixe para o último dia, as vagas são limitadas. A competição será disputada no San Pelegrino Shopping Mall no dia 30 de abril. Smel Inscrições gratuitas | Vinte de Setembro, 2.721, São Pelegrino

RÚSTICA l Corrida do Trabalhador | Inscrições até quarta (27) | As inscrições para a rústica que celebra o Dia do Trabalhador seguem abertas até a próxima quarta-feira (27). Podem ser realizadas na Secretaria de Esportes e Lazer (Smel) ou no Sindicato dos Metalúrgicos mediante apresentação de documento com foto. Os interessados poderão disputar a minirrústica, de 3.300 metros, ou a rústica, de 7 mil metros. A prova ainda contará com as modalidades destinadas para cadeirantes (2,4 mil metros) e PCDs (3,5 mil metros). A largada ocorrerá em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos. Smel e Sindicato dos Metalúrgicos Inscrições gratuitas | Smel: 20 de Setembro, 2.721; Sindicato dos Metalúrgicos: Bento Gonçalves, 1.513.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Dupla por FABIANO PROVIN

Fabiano Provin/O Caxiense

O Inter é dono do 3º melhor ataque do Gauchão até agora, com 31 gols marcados. O Grêmio é o 1º (40), e o Cruzeiro-PoA, o 2º (34). O Juventude tem a 3ª melhor defesa, com 18 gols sofridos. O Novo Hamburgo (1ª) levou apenas oito, e o Inter (2ª), 16. Também chamado de Juve-Nal, o clássico tem estatísticas com ampla vantagem para o colorado: dos 182 jogos disputados, 106 foram vencidos pelo Inter, 35 pelo Ju e 41 terminaram empatados.

CONCENTRAÇÃO

MÁXIMA NO JU

Voges esclarece

Nota desta coluna na última semana informou, de fonte segura, que no dia 8 de março Lisca teria tido uma discussão com o presidente do Caxias, Osvaldo Voges, na sede do Grupo Voges, um dia antes da final da Taça Piratini. Voges (foto) ligou para esclarecer que a fonte não é tão segura. “A conversa aconteceu uma semana antes, depois do jogo contra o São José. Na verdade, após qualquer partida é uma prática minha conversar com o treinador. Não houve discussão alguma”, argumenta Voges. O presidente grená revela que não aceitou “apenas” o fato de Lisca não ter sido favorável à renovação do contrato do centroavante Lima. “Depois de Marcos Denner, o nosso maior artilheiro é o Lima. A ideia de não ficar com ele nem passou por nossa cabeça. Quem pediu para sair do Caxias foi o Lisca. O que não gostei é que ele veio me peitar. Depois, ouvi dele pelo viva-voz do telefone o pedido de demissão e nunca mais falou comigo”, explica o empresário.

Eram 17h32 do dia 10 de abril quando ele pisou no gramado do Estádio Alfredo Jaconi. Dirigiu-se até o centro do campo e, calmamente, caminhou até a goleira da ferradura sul. Antes, parou na marca do pênalti. Com fones nos ouvidos, foi até a trave direita, deu uma batidinha com a mão, e fez o caminho de volta. Uma entrevista antecipou o retorno ao vestiário. Mais tarde, durante a partida, marcaria o seu 11º gol no Gauchão, tornandose um dos vice-artilheiros da competição. Ao término do jogo, o atacante Júlio Madureira agradeceu o carinho de alguns torcedores que estavam na saída do vestiário do Juventude. Questionado sobre o momento de concentração antes do confronto, disse que o ritual serve para focar o desafio de cada partida. “Sempre faço isso, principalmente em jogos decisivos. Escuto músicas gospel, louvores, para ficar concentrado”, conta o jogador. Ele salienta que o bom momento dele e do clube se devem também ao trabalho iniciado por Beto Almeida e pela confiança depositada por

A goleada do Ju sobre o Lajeadense confirmou a ótima fase, sem dúvida – foi a quinta vitória consecutiva. É verdade que o alviverde levou um sufoco no segundo tempo, porém, o grupo teve competência em segurar o resultado e, no finalzinho, definir o 3 x 0. Picoli trabalha para minimizar principalmente os erros de posicionamento. Em uma partida decisiva como a que será realizada no Jaconi, a chance que surgir terá de ser aproveitada. “Esse lado mais psicológico também está sendo trabalhado com os jogadores. Espero ter competência para aproveitar essa etapa de ajustes do Inter e garantir um resultado positivo”, diz Picoli, referindo-se à contratação do novo técnico colorado, Paulo Roberto Falcão. Contra o Ju, será a terceira partida de Falcão à frente do time.

O novo treinador grená deve ser anunciado após o jogo de volta pela Copa do Brasil, no dia 28, às 19h30, no Centenário. Até lá, comanda o interino, Ricardo Cobalchini (foto). O Caxias precisa vencer por 4 x 0 para disputar a vaga às quartas de final nos pênaltis, ou fazer 5 gols de diferença para liquidar a fatura. Antes do treinador, o Caxias acertou a contratação do preparador físico Darlan Schneider, integrante da comissão de Luiz Felipe Scolari, o Felipão, no penta da Seleção Brasileira (Copa de 2002), na Seleção Portuguesa, no Chelsea (Inglaterra) e, até o final do ano passado, no Bunyodkor (Uzbequistão). O questionamento que se faz é o fato de o Caxias cortar o orçamento e contratar um profissional do quilate de Schneider. Por dedução, o treinador pretendido deveria estar no mesmo patamar. A especulação em torno de Argel foi dissolvida após o anúncio do preparador físico. Argel tem comissão técnica própria, e não abre mão dos seus. A lista “oficial” de Zoilo tem Guilherme Macuglia (Criciúma-SC), Leocir Dall’Astra (Cruzeiro-PoA) e Agenor Piccinin (liberado pelo Ypiranga). Minha opinião: o novo treinador não está nessa lista. Argel é competente, mas também um ator. Foi a isca. O Caxias tentou Pintado (ex-Linense-SP), mas parou no salário e na multa rescisória de R$ 250 mil. Pintado indicou Luiz Carlos Ferreira, que teria vindo por R$ 30 mil mensais. Ficou 24 dias no Centenário. E enquete não serve para contratar técnico...

Orçamento

Com base em uma avaliação que está sendo feita há algum tempo, garante Osvaldo Voges, será iniciado um processo de renovação, principalmente dentro do vestiário grená. Alguns atletas seriam dispensados no dia 18, mas a

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Picoli no grupo, formado em sua maioria por jovens das categorias de base. É com essa concentração que o Juventude enfrentará o Inter pela semifinal do segundo turno do Gauchão, a Taça Farroupilha, às 16h de domingo (24).

Novo técnico

Fabiano Provin/O Caxiense

André T. Susin/O Caxiense

Ataque x defesa

famosa barca não passou. “Medidas profundas serão tomadas. Teremos problemas de orçamento e teremos de rever algumas questões. Além disso, essa derrocada na segunda fase do Gauchão nos magoou muito”, admite Voges. 23 a 29 de abril de 2011

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por Paula Sperb e Marcelo Aramis Colaborou Carol De Barba

Luis Otávio

Fardo Para compor seu visual, Luis Otávio Fardo sempre gostou de camisetas, especialmente com estampas ou detalhes exclusivos. A busca por novidades em lojas, galerias e feiras e a vontade de produzir suas próprias peças o levaram à técnica do bordado artesanal, em 2007 – o tentáculo que faltava para transformar a paixão em trabalho. Em 2010, surgia a Polvostore, sua própria marca de camisetas bordadas exclusivas. O mais bacana é que a Polvo não se restringe só a camisetas, nem às ideias de Otávio, inspiradas principalmente no universo da tatuagem. O cliente pode bordar o que quiser, com o desenho que desejar. O site www.polvostore.com.br também tem uma proposta diferente. Além de divulgar os produtos da marca, publica mensalmente textos e imagens do trabalho de outros artistas – como Alessandro Amorin, que já esteve nessa página com sua exposição Sculptura.

Mateus

Loreto

Alexandre Pinheiro Machado Desde criança, Alexandre olhava para os projetos do pai, o arquiteto Luiz Pinheiro Machado, e ficava admirado com os desenhos. A influência foi tanta que Alexandre também se tornou arquiteto. Formado pela Unisinos, sente que alcançou o objetivo quando algum cliente tem suas necessidades atendidas e consegue usufruir do espaço projetado. Alexandre também é o presidente da Sala de Arquitetos, que reúne 85 associados. A Mostra da Sala deste ano será de 29 de abril a 12 de junho, com 40 arquitetos que apresentarão seus trabalhos na Residência De Carli. “Para onde eu olho, vejo a mão de um arquiteto, basta saber enxergar”, sentencia Alexandre sobre a profissão que o cativou desde garoto.

Alimentação | Vegetarianos

TeleNatural | Mais do que apenas vegetarianas, as refeições são completamente orgânicas. A porção com sobremesa é entregue em casa e pode ser pedida pelo telefone 3224-2805, de segunda a sábado. O sucesso é tanto que é preciso ligar antes das 10h para garantir o almoço.

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Mateus tinha 18 anos quando recebeu seu primeiro prêmio em publicidade: o Gallo de Plata, na Argentina. Hoje, aos 23, tem mais três galos do reconhecido concurso na estante da agência Soul Branding, onde é diretor de criação: dois Galos de Prata e um Galo de Bronze, conquistados na edição brasileira do Festival de Publicidade de Gramado. Mateus trabalha com engenharia de imagem. Começa a pensar na edição em Photoshop quando a foto ainda está só no planejamento. Acompanha o processo desde a pré-produção até a edição digital, área na qual é expert. Mateus, que acumulou experiência com a imagem quando trabalhava em laboratórios fotográficos, compartilha suas técnicas. No mês passado foi palestrante no Photoshop Conference, em São Paulo, o maior evento do gênero na América Latina. Fazendo muito com pouco foi o tema da palestra. Além das dicas técnicas, Mateus ensinou como usar a criatividade para compensar a falta de tempo, característica geral da publicidade, e a falta de verba, uma peculiaridade do mercado local. O reconhecimento é precoce e, se depender do talento de Mateus, outros galos vão cantar no poleiro da Soul Branding.

Trigais | Também oferece pratos totalmen-

Govinda | Os ingredientes não são orgânicos, mas

Lanchorien | Uma boa porta de entrada para aqueles que torcem o nariz para um prato sem carne, já que o buffet de comida oriental não causa tanto estranhamento. No restaurante (Júlio de Castilhos, 1.059) há opções saudáveis de chás e soja para levar para casa.

Fruteira Ecológica | Não é um restaurante,

te sem agrotóxicos, desde 2005. Mas as opções vegetarianas já são tradicionais no restaurante fundado há 14 anos. Desde 2010, o Trigais tem uma filial na Bento Gonçalves, 1.553, que também serve lanches na parte da tarde.

a comida com estilo mais caseiro compensa. Há muitas opções de salada, suco natural e também sobremesa. A decoração do pequeno ambiente segue temática indiana. Guia Lopes, 431.

mas é o local perfeito para comprar todos ingredientes para preparar uma refeição 100% orgânica e vegetariana em casa. Do molho de tomate até o macarrão, do leite condensado de soja ao chocolate em pó, mais frutas e verduras fresquinhas. Bento Gonçaves, 2.483.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Sem prazos

Estamos no final de abril e o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Jorge Dutra, ainda tem duas pendências de 2010. No bairro São Pelegrino, falta desapropriar a área para abertura da Rua Antônio Pisani, uma das medidas previstas no plano para minimizar o impacto do trânsito com o novo shopping. Problema maior é o aumento da tarifa de táxi, que os motoristas pedem desde a aprovação do reajuste das passagens de ônibus, em dezembro. O secretário explica que o estudo está sendo feito, mas teve que ser repensado por causa da alta da gasolina. Depois de definido, o novo valor terá que ser aprovado pelo Conselho Municipal de Trânsito. A boa notícia, por enquanto, é que a construção das estações de integração e transbordo deverá ser licitada em breve. Falta saber quando.

PPP é o caminho

O projeto funcional do Terceiro Anel Viário foi aprovado segundafeira (18) pelo Conselho Municipal de Planejamento. Jorge Dutra confirma que, pelo plano, o traçado começará em frente ao Campus 8 da UCS e terminará próximo ao local do possível futuro aeroporto. Como a obra deverá custar em torno de R$ 700 milhões, porém, o secretário não vê alternativa além das Parcerias Público-privadas para tirá-lo do papel. “É outra Rodovia do Parque”, compara o scretário.

Bastidores

BALANÇO DOS

A quem culpar

DEPUTADOS

Passamos um pouco dos 100 dias de mandatos novos (ou renovados) dos políticos caxienses na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, mas o balanço parcial da atuação deles até aqui ainda é válido. Enquanto alguns preferem tatear o território parlamentar, outros avançam sobre ele com alarde.

Na Câmara, Assis Melo (PC do B) enquadra-se na última situação. Já protocolou nove projetos de lei. Entre eles, um que permite a estudantes de supletivo participar do ProUni e outro que limita o uso de câmeras de segurança nos locais de trabalho. Mas o destaque fica por conta do engajamento em questões como a extensão da UFRGS na Serra, que o comunista praticamente assegurou. Pepe Vargas (PT), em segundo mandato, reapresentou 15 projetos seus da legislatura anterior e propôs dois novos, dos quais o mais relevante pretende limitar a remuneração dos funcionários públicos em 40 salários mínimos, o equivalente a R$ 21,8 mil – hoje, observa o deputado, há servidores ganhando até R$ 26,7 mil. Situação no plano nacional, o petista fez sua parte como oposição no cenário local ao denunciar que a prefeitura perdera a verba para a passarela na BR por não enviar a documentação exigida

dentro do prazo.

Na Assembleia, quem se destaca na oposição é Maria Helena Sartori (PMDB). Criticou a falta de diálogo no Conselhão de Tarso Genro (PT) e participou de ato público, na Capital, para questionar medidas do novo governo petista, como a criação de mais 500 CCs. Apresentou projeto que institui a Semana de Luta Contra o Câncer de Mama no Estado. Na situação, mas meio a contragosto, Alceu Barbosa Velho (PDT) manteve a verve polêmica, protocolando projeto que proíbe o uso de pardais nas estradas gaúchas. Entretanto, foi fiel ao governo ao retirar seu apoio à criação da CPI do Daer. Marisa Formolo (PT), ainda sem projeto novo, investiu na reapresentação de três propostas suas da legislação anterior. A principal delas é a que obriga estabelecimentos públicos a compram 30% da comida que servem de pequenos produtores. A quantidade e a qualidade do trabalho dos parlamentares caxienses devem aumentar nos próximos meses. Motivação para mostrar serviço não vai faltar. Afinal, entre eles há pelo menos três possíveis candidatos à prefeitura em 2012.

A espada opressora continua agindo, como vem fazendo há vários anos

Vereador Guiovane Maria (PT), reclamando da atuação da líder do governo, Geni Peteffi (PMDB).

Não vejo mal nenhum impor a maioria, como faz o governo Tarso. Faz parte do jogo, sou líder do governo para ajudar o governo Geni, rebatendo o petista.

Josmari Pavan, Câmara/O Caxiense

Um motivo insólito resultou na rejeição de três pedidos de informação de Ana Corso (PT) na sessão de terça-feira (19): os debates se estenderam demais (e, diga-se, fugiram um pouco do assunto). A líder do governo, Geni Peteffi (PMDB), prometera o aval da situação se a discussão dos pedidos fosse suprimida, pois precisava sair cedo. Descontente, Geni comandou a derrota dos pedidos na votação em plenário.

por FELIPE BOFF e ROBIN SITENESKI (interinos)

10 dias

“Estamos preocupados com a situação e tentando achar alternativas”, diz o chefe de Gabinete Edson Néspolo (PDT) sobre a greve dos médicos, admitindo que não tem proposta para os grevistas. Na semana que passou, o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) recebeu o Conselho Municipal de Saúde e disse que negociaria com o sindicato se a greve fosse interrompida, o que o sindicato não quer. Néspolo afirma que a administração tem se reunido para discutir a paralisação. Na manhã de quarta, os secretários teriam passado duas horas debatendo a questão, e uma proposta pode surgir em aproximadamente 10 dias.

Bullying

Na próxima quarta-feira (27), a Câmara de Vereadores realiza audiência pública sobre um problema em evidência, o bullying. A proposta é da Comissão de Educação, presidida por Renato Nunes (PRP). Gustavo Toigo (PDT) trata dessa questão em um projeto mais amplo, que tramita desde junho de 2009. Um dos objetivos da proposta, que prevê um código disciplinar para os colégios, também é coibir as agressões aos professores – que, conforme mostrou a reportagem de capa da última edição, vêm crescendo na cidade. Recentemente, Harty Moisés Paese (PDT) também apresentou projeto sobre o tema.

Tudo perfeito

Os mesmos vereadores de oposição que esbravejaram a cada aumento de tarifa, na renovação da concessão e na aprovação de lei que permite que ônibus circulem sem cobradores foram brandos na homenagem pelo aniversário de 25 anos da Visate nesta terça (19) na Câmara. Até a afirmação na tribuna do diretor-su-

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“Tem que deixar bem claro, não é a categoria, é o presidente do Sindicato dos Médicos que dificulta as negociações. Não sei se o início foi mal encaminhado por ambas as partes”, opina a presidente do PMDB e líder do governo na Câmara, Geni Peteffi. A vereadora conheceu o presidente do sindicato, Marlonei Silveira dos Santos, fora do jogo político e sindical. Foi em outros jogos, de futebol, quando Geni levava o sobrinho e Marlonei, o filho.

perintendente da Visate, Fernando Ribeiro, de que os atrasos são culpa do aumento do número de automóveis e motos passou em branco. A homenagem à Viação Santa Tereza foi proposta pelos vereadores Mauro Pereira (PMDB), Edio Elói Frizzo (PSB) e Ana Corso (PT). 23 a 29 de abril de 2011

O Caxiense

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