Abril | 2011
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74 Ano ii
Memórias de uma vítima da
SAÚDE FORÇA
tortura
AMEAÇADA PELA
Renato
Henrichs Desfiles da Festa da Uva continuarão na Sinimbu, mas com adaptações
Frequentadores de academias e profissionais de educação física revelam que o uso de anabolizantes está disseminado em Caxias. Medicamentos para cavalos, injeções e comprimidos são contrabandeados e vendidos facilmente na cidade, expondo seus usuários a uma série de riscos
Rita Brugger,
vida desenhada com graça O caxiense que caiu, desistiu, voltou e hoje dança na TV Roberto
Hunoff Metalúrgicos se preparam para o dissídio, com foco no PPR
André T. Susin/O Caxiense
Marcos Pontes:
o astronauta quer voltar ao espaço
R$ 2,50
Índice O Caxiense entrevista | 5 Marcos Pontes, o astronauta que quase não embarcou, sonha com a segunda viagem espacial Tortura | 7 Ex-líder estudantil caxiense relembra a infame memória da ditadura militar Anabolizantes | 9 Agropecuárias, farmácias e as próprias academias abastecem um risco à saúde ‘Se ela dança, eu danço’ | 11 As quedas que impulsionaram Júlio Mello a dançar em busca de R$ 200 mil no SBT Guia de Cultura | 13 Doce, salgado e amargo no cinema e água e vinho na música
Ano ii
Maria do Rosário
AColhiDo
analisa a greve dos médicos
no ninho
Dos 118 menores que vivem em abrigos de Caxias, só 14 podem conviver com uma família emprestada nos fins de semana e nenhum desfruta de um lar provisório por mais tempo. Famílias voluntárias contam como essa experiência transforma vidas – de crianças e adultos
Roberto
hUnoff A reação da Agrale e o crescimento da Randon
As origens do galeto al primo canto Dupla
CA-JU O ritual gospel de Júlio Madureira antes dos jogos
Adoro as capas conceito de O Caxiense. Bem pensadas e bem produzidas. Cintia Colombo
Jaime
Rocha, a fome de rock & roll
R$ 2,50
@_Rogi_ Roger Acabei de renovar por mais 1 ano minha assinatura de @ocaxiense. Isto é, garanti mais 12 meses de BOA leitura e informação de qualidade. #assinaturas @MariVelasquez Que coisa mais fofa a capa do @ocaxiense. #edição73
@titifiamenghi Belas imagens do jogo do Caxias, agora que venha a série C. #vídeoonline
Boa Gente | 16 Dança em palco democrático, solidariedade institucional e anonimato no Twitter
@marikmarchioro Esse é o meu Brasil... quando diz respeito ao povo, nada é urgente, infelizmente #grevedosmédicos
Perfil | 17 Os traços de Rita Bromberg Brugger, dos best-sellers às histórias dos netos
@danieldalsoto A #edicão72 do jornal @ocaxiense foi parar no mural da escola das minhas irmãs por causa da matéria “Ensino sob Tensão”
Artes | 20 Cavalgada de luzes e um salto no escuro Dupla CA-JU | 21 Trabalho interno na folga dos campeonatos Guia de Esportes | 22 Paciência no xadrez, fôlego em dupla no tênis e persistência na rústica Renato Henrichs | 23 As implicações políticas da anunciada extensão da UFRGS
Expediente
No Site
Chácara do Flávio Dias | Não entro no mérito da questão judicial sobre o terreno, que parece estar resolvida. Me preoucupa a situação dos cães e gatos que lá estão. Esses pobres animaizinhos, que nenhum mal nos fazem, e só nos pedem um pouco de carinho, também não merecem algum tipo de auxílio do poder público? Segundo a coordenadora de vigilância sanitária, o problema é do Flávio. Não, dona Arlete, o problema é de todos nós. Pelo menos dos que têm um pouco de sensibilidade para com o sofrimento de seres que não têm escolhas a fazer. Mas fica bem simples entender por que não existe grande interesse em amenizar o problema dos animais abandonados. Eles não têm título eleitoral. Éverton Rigatti
Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
Duzentos animais podem ser até sacrificados porque o dono quer a proriedade que Flávio não pode pagar. Ele é pobre, mas por que será que acolheu estes animais? E este proprietário, será que necessita tanto assim desta propriedade? Cadê os donos dos carrões, mansões e proprietários de imóveis mofando e abandonados? Não podem colaborar? Nadilce Beatriz
Assine
Agradecemos | À Academia Base1 (Rua Os 18 do Forte, 474, fone 3536-6010), pela foto de capa. A pessoa fotografada não utiliza anabolizantes.
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120
Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
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Secretária
UM eStRAnho
André T. Susin/O Caxiense
Roberto Hunoff | 4 Sindicato dos Metalúrgicos discute em maio a pauta do dissídio
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Fotos: André T. Susin/O Caxiense
A Semana | 3 As notícias que foram destaque no site
www.OCAXIENSE.com.br
O Caxiense
30 de abril a 6 de maio de 2011
Erramos | O crédito da foto de Alexandre Pinheiro Machado, publicada na página 22 da edição passada, é de Guilherme Jordani; Na edição 72, na coluna Boa Gente, publicamos que Vilmar Oliveira “dá aula de boxe, taekwondo, full contact e defesa pessoal”. O correto é que a Academia Vilmar Oliveira oferece todas essas modalidades, mas ministradas por outros professores. Vilmar ensina fisiculturismo e musculação.
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
A Semana
André T. Susin/O Caxiense
editada por Felipe Boff | felipe.boff@ocaxiense.com.br
Com despejo determinado pela Justiça, Flávio Dias aguarda apoio da prefeitura para manter abrigo a mais de 200 cães e gatos abandonados
SEGUNDA | 25.abr
TERÇA | 26.abr
Estudo do trem regional está concluído
Abrigo de animais aguarda alternativa
Depois de atender ao pedido de algumas alterações, feito pelo Ministério dos Transportes, o Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans) da UFSC concluiu e encaminhou ao órgão federal o estudo de viabilidade do trem regional. Agora, é preciso aguardar a análise do projeto. A primeira estimativa de custo parece alta – cerca de R$ 2 milhões por quilômetro de ferrovia (praticamente toda reconstruída sobre o antigo traçado do trem), o que daria um total de aproximadamente R$ 130 milhões. Mas essa é apenas uma conta inicial, que o LabTrans nem fez questão de divulgar. Se as autoridades calcularem a população a ser diretamente beneficiada – em cinco cidades: Caxias do Sul, Farroupilha, Garibaldi, Bento Gonçalves e Carlos Barbosa –, o saldo pode ser positivo. O maior empecilho ainda está em questões técnicas, que limitam a velocidade do trem.
A notícia do despejo de Flávio Dias, que cuida de mais de 200 cães e gatos abandonados ou vítimas de maus tratos em sua chácara, no Parque Oásis, comoveu defensores dos animais. Depois de gerar protestos de ativistas, a iminente – apesar de inviável – remoção de Flávio e dos bichos, determinada pela Justiça local, acabou por sensibilizar também o poder público. Marcado para quarta-feira, o despejo não ocorreu, e no dia seguinte a prefeitura anunciou que vai procurar uma alternativa – provavelmente, uma área a ser doada pelo Município – para o abrigo dos animais. A solução pode vir nas próximas semanas.
menos naquilo que pode ser medido por estudos técnicos, continua se destacando no Estado. Pelo nono ano consecutivo, a cidade lidera o ranking do Índice de Desenvolvimento Socioeconômico do Rio Grande do Sul (Idese). Na análise dos indicadores de renda, educação, saúde e saneamento e domicílios, Caxias obteve nota 0,856, na faixa de alto desenvolvimento (acima de 0,8). No levantamento por região, a Serra também está em primeiro no Estado, impulsionada especialmente pelo crescimento da renda.
incluir com urgência na pauta dos desembargadores o julgamento do agravo de instrumento ao recurso (liminar) que permitiu à categoria retomar sua paralisação. Entretanto, O Caxiense apurou que, mesmo que a prefeitura vença essa batalha judicial, derrubando o recurso, essa não será uma saída rápida. A questão não deve ser julgada pelo TJ-RS antes do dia 19 de maio.
QUINTA | 28.abr
Divulgada pelo IBGE, a sinopse do Censo 2010 ilustra Caxias do Sul como um município de população jovem, com o segundo maior número de habitantes do Estado: 435.564 (213.612 homens e 221.952 mulheres). A faixa etária predominante é a dos 25 aos 29 anos, que soma 43.587 pessoas (nessa fatia, os homens são maioria). A cidade tem 24 moradores com mais de 100 anos – somente quatro do sexo masculino.
TJ não deve julgar greve dos médicos antes do dia 19
Diante do impasse com os médicos em greve – há três semanas, e com poucas perspectivas de negociação –, a prefeitura viu uma QUARTA | 27.abr de suas alternativas para resolver o conflito perder força. O procuCaxias lidera ranking rador-geral do Município encamide desenvolvimento nhou ao Tribunal de Justiça do Rio O desenvolvimento caxiense, ao Grande do Sul um pedido para
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SEXTA | 29.abr Um cidade jovem e populosa, segundo o Censo
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O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
A JAC Motors Hefei é a segunda concessionária de veículos chineses baseada em Caxias. Com investimento de R$ 2 milhões, a família Restelatto, que já representa a Citroën, montou estrutura de 1,6 mil m², onde pretende comercializar, inicialmente, de 25 a 30 unidades mensais. Além do J3, veículo de entrada da montadora no Brasil e já em venda desde março, a concessionária também irá oferecer o sedã J5.
Exagero e vista grossa
Desde esta sexta-feira ocorre no Centro de Eventos da Festa da Uva a 3ª edição da feira Mãos da Terra - Feira Internacional de Cultura e Artesanato e 3ª Mostra do Artesão Caxiense, que se estendem até 8 de maio. Os eventos reúnem 250 expositores de 28 países e 15 estados brasileiros. Mas parte dos produtos ficou ameaçada de não chegar. Foi necessária a interferência de políticos da região com representação no governo do Estado para que os fiscais do ICMS, na divisa do RS com SC, liberassem as cargas. A decisão dos fiscais era de verificar peça por peça, o que atrasaria a chegada à cidade. Enquanto isso, na fronteira com Argentina e Uruguai entra de tudo e mais um pouco sem que a fiscalização haja de forma tão eficiente.
Curtas
A Associação Serrana de Recursos Humanos receberá de 9 a 30 de maio inscrições de empresas para a elaboração da 27ª Pesquisa de Salários e Remuneração e de Indicadores de Gestão. A atividade integra a programação dos 23 anos da entidade, que terá, em 3 de junho, o 4º Fórum de Gestão de Pessoas. A comunidade de Santa Lúcia do Piaí promove neste final de semana a 2ª Festa da Produção. A região responde por 15% da produção de hortifrutigranjeiros de todo o estado. A loja da grife Jorge Bischoff do Iguatemi está com layout reformulado e nova gestão. O comando agora é do casal André Meinhardt e Camila Lang Meinhardt. Com o provocativo tema Gestão de pessoas não é com o RH, o sócio da ValuePoint Consultoria de Gestão Empresarial, José Luiz Bichuetti, palestrará na CIC segunda-feira (2).
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O Caxiense
PPR e o
dissídio O Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul programou para o dia 9 de maio assembleia geral da categoria para definição da pauta de reivindicações do dissídio coletivo deste ano. O presidente Assis Melo, recentemente reeleito para seu quarto mandato, não adiantou propostas em discussão na diretoria, mas sinalizou que a categoria pretende garantir índices compatíveis com o crescimento da receita e dos lucros das empresas. Uma questão que vai merecer atenção é o programa de participação nos resultados. Nos últimos meses o sindicato tem mobilizado trabalhado-
Mais consumo
Nem bem se curou da ressaca dos chocolates da Páscoa e o consumidor já está envolto em mais uma data que leva ao consumo. No dia 8 de maio é comemorado o Dia das Mães, consagrada como a segunda melhor data do ano para o comércio. Ações para sensibilizar os filhos já se espalham pela cidade. O Prataviera lançou a promoção Mãe Pop Star Prataviera Shopping. Porque ela merece brilhar. A cada R$ 100 em compras o consumidor ganha kits de esmaltes. A expectativa da administração é incrementar os negócios em 10% em relação a 2010, especialmente nos segmentos de vestuário, calçados, perfumaria e acessórios. Já o San Pelegrino montou a promoção Sua mãe merece um Kia e muito mais. Por meio dela
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res em diferentes organizações para assegurar aumento nos valores propostos pelas empresas. O presidente reconhece ser difícil definir valores iguais, mas adianta que lutará pela fixação de metas mínimas de forma a estender o benefício para todos os metalúrgicos, atualmente limitado às grandes e médias organizações. Nesta semana, os 800 trabalhadores da Dambroz paralisaram suas atividades para garantir abertura de negociações. Conseguiram o pagamento de R$ 500 contra os R$ 300 oferecidos pela empresa e a ampliação da licença-maternidade de 120 para 180.
sorteará um automóvel Kia Soul ou uma viagem para Nova York com direito a acompanhante para todos que adquirirem mais de R$ 200 em produtos. A novidade é que a campanha vai até o dia 21 de maio. O comércio de Caxias do Sul trabalha com expectativa de crescimento de 10% a 15% nas vendas deste ano sobre 2010. É o que revela pesquisa realizada pela Câmara dos Dirigentes Lojistas. Os produtos mais procurados são calçados e perfumes, seguidos por vestuário e joias. Já o Sindicato do Comércio Varejista projeta 15%. De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas as vendas desta Páscoa aumentaram 7,26% sobre as realizadas em 2010.
Contundência
O presidente da CIC de Caxias do Sul, Milton Corlatti, foi direto e duro nas críticas a mais um aumento na taxa de juros Selic, expediente usado pelo governo federal para reduzir o consumo e, assim, conter a inflação que já está próxima do teto da meta, que é de 6,5%. Na avaliação de Corlatti, o governo não mexe na essência do problema: controlar os seus gastos e administrar com eficiência os recursos públicos. Juros altos e carga tributária elevada não contribuem, segundo o empresário, para o crescimento sustentável da economia. Ao contrário, é uma combinação que desestimula investimentos, por consequência, ameaça empregos e renda do brasileiro.
Nacionalização
Os empreendedores caxienses Eduardo Silva e Gustavo Susin levam a franquia da rede Croasonho Café para Copacabana, no Rio de Janeiro. A 21ª loja começa a funcionar neste sábado, com expectativa de contribuir com aumento de 15% na receita da organização. Esta é a primeira investida dos sócios fora da Região Sul. Mas a meta é expandir para o território nacional e fechar este ano com 35 unidades. Mário Franzen, Div./O Caxiense
Claiton Stumpf, Divulgação/O Caxiense
Segunda chinesa
Tecnologia
A Neobus inovou com o Mega BRT apresentado à comunidade caxiense nesta semana. Além do visual diferenciado, lembrando um trem-bala, o ônibus foi desenvolvido para incorporar uma série de atributos que levarão sofisticação e conforto ao segmento urbano. É, no entendimento dos diretores da empresa, a alternativa mais adequada para ampliar o leque dos usuários deste transporte. Além disso, o biarticulado é o maior ônibus do mundo, com 28 metros. O teste pelas ruas da cidade foi positivo. Basta saber se a Prefeitura, gestora do sistema, exigirá que a Visate qualifique o seu serviço. Pequenos ajustes na estrutura viária também ajudariam.
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
“UM DIA
EU VOU
André T. Susin/O Caxiense
O Caxiense entrevista
VOLTAR”
Aos 48 anos, o astronauta Marcos Pontes afirma que enxergará novamente a Terra do espaço: “John Glenn fez o segundo voo com 77 anos. Ainda tenho tempo para expirar”
T
por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br
velhinho meio curvado, com uma blusa de gola alta. Era o John Young (astronauta que viajou seis vezes ao espaço, comandando as missões Apollo e Gemini e o programa do ônibus espacial). Ele chega lá e começa a falar: “Bemvindos. Alguns de vocês não vão terminar o curso”. Já neste dia falei com John Young. Depois foi o John Glenn (primeiro astronauta norte-americano a entrar em órbita da Terra) e Neil Armstrong (primeiro homem a pisar na Lua). Tive a oportunidade de falar com esses caras. Na Rússia, encontrei Alexei Leonov, que treinou com o Gagarin. Foi muito bacana o contato. Da mesma forma que olhei para eles, agora é a garotada que olha pra mim. A ideia é inspirar as novas gerações.
ido como herói nacional, Marcos Pontes ultrapassou os limites da engenharia aeroespacial. Em 2000, tornou-se o primeiro astronauta brasileiro. Alguns anos depois, em 2006, chegou ao ápice. Por 10 dias esteve na órbita da Terra, em companhia dos astronautas Jeffrey Williams e Pavel Vinogradov, na Missão Centenário. Atualmente, Pontes mora em Houston (Texas), onde aguarda ser convocado para uma segunda missão. Enquanto isso, divide o tempo entre palestras e a implementação do curso de Engenharia Aeroespacial na Universidade de São Paulo (USP), que ajuda a coordenar. Na segunda-feira (17), Pontes visitou Caxias e palestrou na CIC, onde foi tratado como Como foi o processo de seleção? estrela. Quando fui selecionado para o curso de astronauta, a turma tinha Você já tinha a noção que seria 32 alunos. Fui o único do Brasil. considerado um herói quando A seleção foi feita pela Agência voltasse à Terra? Espacial Brasileira (AEB), NASA, Na verdade, quando voltei, re- Academia Brasileira de Ciências cebi uma medalha de herói da e uma série de organizações traRússia, assim como o Yuri Gaga- balhando conjuntamente. Dos 32, rin (primeiro homem a viajar ao tinha um alemão, dois italianos, espaço, em 1961). Vejo isso como um francês, um canadense e eu, e meu trabalho. Não penso muito restante era de americanos. O curnesse lado. so começou em agosto de 1998 e terminou em dezembro de 2000. Já havia tido algum contato com Nesta data recebi o certificado de cosmonautas antes de iniciar o astronauta, o primeiro astronauta curso? profissional brasileiro. Eu ia voar Não. Só tinha visto na TV, em em 2001, mas houve uma série de revistas e coisas assim. A primei- problemas e o voo acabou sendo ra recepção na NASA (National transferido para 2003. Neste ano, Aeronautics and Space Adminis- o Columbia foi perdido na reentration), em 1998, juntou toda a trada (o acidente com o ônibus esturma de alunos numa sala gran- pacial resultou na morte dos sete de com mesas em T, onde ficam tripulantes). Ficou tudo parado e os chefes de departamento. Sen- a Agência Espacial Brasileira contamos e logo entrou um senhor tratou uma missão com a Rússia
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em 2005, que foi realizada só em 2006. Então fui para a Rússia fazer o treinamento de voo de cinco meses.
Haviam questões orçamentárias e políticas envolvidas. Então acabou que o voo aconteceu graças ao esforço de muita gente que trabalhou e brigou muito para que E o que você fez nesse hiato de desse certo. tempo entre a formatura e o voo? Quanto o Brasil teve de investir Foram anos em que eu fiz de para participar da expedição? tudo. Tive de cobrar o escanteio, Cada brasileiro investiu R$ 0,10. cabecear e defender. Isso porque Se somar tudo, dá US$ 10 milhões, tivemos muitos problemas na valor bem inferior aos R$ 15 que participação do Brasil na Estação cada brasileiro gasta anualmenEspacial Internacional. A gente te em corrupção. Acho que foi quase foi expulso por razões po- um bom investimento. A missão líticas, técnicas e de espacial produziu tudo o quanto é tipo. bons resultados em Precisei vir muito ao “A gente quase termos de tecnoloBrasil para defender foi expulso por gia, conhecimento o programa e man- razões políticas, científico e motivatê-lo funcionando. E técnicas e de ção para a garotada. deu certo. Eu perdi A gente poderia ter tudo quanto é essa batalha somenmelhores resultados te em 2008, quando tipo. Tive que vir como país se as insa participação do muito ao Brasil tituições soubessem Brasil foi congelada para defender o aproveitar os resultecnicamente. Mas programa” tados. daí não foi porque o país era incapaz de Como era os treifazer a sua parte. O Brasil tinha de namentos antes do voo? entregar peças para a estação esNos simuladores, foram até 15 pacial desde 2001, coisa que não dias antes do lançamento, quando foi feita. Em 2008, já podíamos fomos para o Cazaquistão. Lá não construí-las, mas a NASA, com não tinha simuladores, somente a corda no pescoço por causa do alguns computadores. A dinâmicronograma, passou a fabricação ca da nave é bem mais violenta, para empresas americanas. Se- em termos de movimento. Já o riam peças construídas na indús- funcionamento dos sistemas é tria brasileira que a agência es- bem representado pelos compupacial pagaria. Em troca, o Brasil tadores. Não tive tantas horas de poderia usá-las em experimentos. simulador, mas sim muitas aulas, que iam das 8h às 16h, todos os Teve algum perigo de você não dias, inclusive sábados. O treinaembarcar na missão? mento teve duas etapas. Uma na Sim. Até o último momento, nave, para voo de ônibus espacial, dois dias antes da missão, eu não que era geralmente mais tranquisabia se ia voar. O meu backup lo, porque se tinha mais tempo. E (astronauta substituto), estava lá o treinamento na Rússia, que era pronto para seguir no meu lugar. todo comprimido. Eles traziam 30 de abril a 6 de maio de 2011
O Caxiense
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pilhas de apostilas toda a semana para eu estudar. Era muita aula e, três vezes por semana, treinamento no simulador. Havia competição entre os astronautas da missão? Na verdade, nenhuma. A gente sempre trabalha em cooperação. É preciso ter uma competição saudável e isso ajuda no trabalho em equipe. Num esquadrão de caça, por exemplo, todo ano tem uma competição interna entre pilotos para saber quem consegue abater o maior número de inimigos. A gente atira com um laser. O avião faz um cálculo e sabe se o tiro abateu outro avião. Na hora do combate para valer, se for necessário colocar o meu avião na frente do seu para levar o tiro, vou fazer isso. A gente tem aquela competiçãozinha de quem consegue fazer o melhor acoplamento, quem conhece mais o sistema. Mas na hora H, um ajuda o outro para que a gente consiga realizar a missão. O programa espacial brasileiro teve alguma evolução com a sua participação na missão? Ele teve um empurrão durante os primeiros anos depois da missão, mas aos poucos esse ânimo foi se dissolvendo numa névoa de outros problemas. Ciência,
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O Caxiense
tecnologia e educação acabaram sendo colocadas de escanteio. O programa espacial brasileiro foi instituído com vários objetivos. Entre eles, o desenvolvimento de tecnologias que possam dar independência para o Brasil produzir os próprios satélites, foguetes e centros de lançamento, e com isso poder controlar a agricultura, o desmatamento, fronteiras, tudo com um sistema nacional. Poucos países conseguem fazer isso, e o Brasil já deveria estar neste nível. O que trava é a falta de investimento e de prioridade. Se houvesse visão de longo alcance dentro do governo durante esses anos de participação nas cidades espaciais do mundo, e se fosse feito de uma forma periódica e regular, a situação estaria diferente. Você tem vontade de fazer outra viagem espacial? Eu fico lá (em Houston) à disposição do Brasil para outras missões espaciais, e um dia eu vou voltar. Pode ser em uma missão com a Agência Espacial Brasileira ou por alguma iniciativa privada, porque vão surgir empresas que precisarão de tripulantes profissionais para conduzir as missões. Existe uma idade limite para a atividade de astronauta? John Glenn fez o segundo voo
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dos pilotos brasileiros? Acho que é aceitável, mas pode melhorar bastante se a gente tiver O que você acha da retomada um sistema que consiga dar infordas missões tripuladas dos Esta- mações e também mais horas de dos Unidos à Lua? voo. A indústria nacional está imElas faziam parte do programa plantando o Light Sport Aircraft Constelação. Essa é uma das inde- (LSA), um tipo de aeronave leve cisões do programa que pode ser usada espacial americano. para instrução e até Provavelmente não “Cada brasileiro comercialmente. O devem acontecer investiu R$ 0,10 uso comercial está dentro desse pro- (na missão), em processo de avagrama, o que não valor bem liação na Agência impede que outros Nacional de Aviapaíses, como Índia e inferior aos ção Civil (Anac). China, cheguem lá. R$ 15 que cada Nos EUA ele já A Lua está a 285 mil brasileiro gasta existe desde 2004. quilômetros de dis- anualmente O fato de ter essa tância, aguardando em corrupção” regulamentação no que outras pessoas Brasil vai permitir coloquem os pés que novas emprenela. sas possam fabricar esse tipo de avião, que vai ser mais barato e E o turismo espacial, é um mito com nível de qualidade e seguou irá mesmo acontecer? rança. Os LSAs permitirão uma Isso é fato. Nos próximos cin- melhora na formação dos pilotos, co anos já deve começar a acon- porque vão oferecer mais horas tecer, com voos suborbitais, que de voo. O piloto precisa treinar. chegam até 120, 130 quilômetros Quanto mais voa, melhor fica. e mantêm um período de gravidade zero. A X Prize já fez alguns Você consegue ficar muito temtestes. A Virgin Galactic está de- po sem pilotar? senvolvendo o SpaceShipTwo. InNão (risos). Eu gosto. Deve ser clusive, estão precisando de pilo- que nem músico ficar longe do tos de prova. violão. Deve dar coceira ou alguma coisa do tipo. Avião é a mesComo você avalia a qualidade ma coisa para mim. com 77 anos. Eu ainda tenho tempo para expirar.
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Andrè t. Susin/O Caxiense
Memórias reveladas
TORTURA NUNCA MAIS Preso pelo regime militar, caxiense sofreu com choques, surras e perseguição política. Décadas depois, ao contar sua história, conquistou na Justiça uma decisão inédita
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por CAMILA CARDOSO BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br
irton Joel Frigeri, 58 anos, inspira serenidade. Mesmo com a voz mansa, um aperto de mão firme e a aparente sabedoria que a experiência traz, é atormentado por lembranças da adolescência. Airton foi preso político e torturado durante o regime militar. Enquanto conta sua tragédia pessoal, entrelaça os dedos numa tentativa quase frustrada de controlar o tremor. A voz falha às vezes. Airton não fala sobre o assunto em tom de desabafo, soa como sacrifício. Mas foi ele quem teve a coragem suficiente para mostrar que Caxias fez parte do mapa de dor e perseguição da ditadura militar, que durou de 1964 a 1985. Numa decisão inédita, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul condenou o Estado ao pagamento de R$ 200 mil por danos morais ao caxiense. O parecer não chega a ser comemorado por Airton, que hoje trabalha como contador. “Eu gostaria de esquecer. E, mais ainda, que a ditadura nunca tivesse ocorrido. O processo foi uma punição mais ou menos pedagógica ao Estado, por atingir o cofre. Temos que fortalecer a democracia, que ainda não está consolidada”, afirma. A Procuradoria-Geral do Estado manifestou-se, mesmo antes de ser notificada oficialmente pelo TJ, que não irá recorrer da decisão no que diz respeito à prescrição, por se tratar de um crime contra a humanidade. Airton estudava no Ginásio Noturno Alberto Pasquali-
ni, onde hoje funciona a escola Presidente Vargas, e trabalhava durante o dia como auxiliar de escritório no Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos. Em 1966, tornou-se secretário-geral da União de Estudantes Secundaristas do Nordeste do Estado. “Com a imprensa censurada, a população não percebia que havia um governo ditatorial, com corrupção e desigualdade social. Nós queríamos mostrar isso, mas mobilizar as pessoas era muito difícil”, recorda. Circulando constantemente entre as cidades da região, mesmo tomando cuidado, o jovem militante passou a ser visado pelos agentes de repressão. Constantemente era visitado e coagido pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e pela Polícia Civil. Com o recrudescimento da repressão, a partir de 1968, ano do Ato Institucional Nº 5, Airton percebeu que sua situação se complicaria ainda mais. Por isso, passou o ano de 1969 no Rio de Janeiro, na casa de um colega militante. O período longe de Caxias chamou ainda mais atenção dos órgãos que costumavam vigiá-lo. Airton jantava quando, por volta das 20h de 9 de abril de 1970, policiais armados com fuzis arrombaram a porta da casa onde ele morava com os pais, no Centro de Caxias, para levá-lo preso. O guri de 16 anos, que percorria a região militando pelo movimento estudantil, era acusado de “subverter a ordem constituída”. No prédio da Delegacia Regional de Polícia, agentes tentaram interro-
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gá-lo até a 1h, mas não passaram presos a cada vez aguardavam em disso. O pior viria quando ele foi uma sala separada. “A pior tortura levado a Porto Alegre, ainda na- não é a que fazem contigo, fisicaquela madrugada, no segundo mente. Mas a que fazem com os andar do Palácio da Polícia, onde outros, tu ouve e não pode fazer funcionava o Dops. Lá, começou a nada”, considera. Airton lembra ser torturado, o que durou inicial- também do sadismo dos torturamente dois dias seguidos. Airton dores. “Eles faziam por prazer, às foi vítima da maricota e do pa- vezes até o preso desmaiar, mespalégua. O primeiro instrumen- mo quando não se tinha mais to era um telefone de campanha nada a ser dito.” usado para dar choques elétricos Ele conta que, no Rio Grande nas orelhas, mãos e pés. O outro do Sul, a tortura era feita de forma era um pedaço de madeira preso grosseira, deixando bastante apaa uma tira de borrente as marcas dos racha de pneu que choques e espancaservia para ferir as “A pior tortura mentos. Para revercostas das vítimas. não é a que fazem ter isso, integrantes Acompanhava a contigo, do Destacamento tortura uma série de Operações de Inde interrogatórios. fisicamente. formações - CenOs agentes queriam Mas a que fazem tro de Operações saber quem eram com os outros, tu de Defesa Interna os integrantes da ouve e não pode (Doi-Codi) do Rio Vanguarda Armada fazer nada”, de Janeiro estiveram Revolucionária Palno Estado a fim de mares (VAR-Palma- reflete a vítima aprimorar as técnires), organização de cas brutais dos toresquerda que comturadores gaúchos, batia o regime militar. O jovem, com mais choques e menos golpes que atuava à frente do movimento de papaléguas. Airton foi uma das estudantil e havia participado de primeiras cobaias. Também assispoucas reuniões da VAR-Palma- tiu aos agentes aplicando choques res, pouco sabia dizer. intravaginal em uma presa, posta nua em frente a outros homens e Para abafar os gritos e ao próprio companheiro. Na deocultar as práticas cometidas pe- cisão da Copa do Mundo de 70, los militares, as paredes do Dops presenciou outra emblemática eram forradas pelos livros e re- cena da conduta do regime. Ao vistas apreendidos, alvos de cen- ver que havia uma televisão para sura. Dentro da sala, no entanto, transmitir o jogo, com salgadios agentes faziam questão que os nhos dispostos em uma mesa, os outros presos ouvissem os gemi- presos desconfiaram. A situação dos de dor daqueles que passa- se esclareceu com a chegada de vam pela tortura. Instalados em um batalhão de repórteres. As bancos e algemados, cerca de 100 autoridades queriam “mostrar” 30 de abril a 6 de maio de 2011
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a eles como os presos do regime ria que fingir estar lá por ser o namilitar eram bem tratados. morado de uma das alunas. AirApós cerca de 25 dias no Dops, ton deu continuidade aos estudos Airton foi transferido para a Ilha do ginásio sem poder nem mesdo Presídio. “Sabiam que não ti- mo manter os livros e cadernos nha mais o que ouvir de mim”, em cima da classe, colaborando explica. Distante das torturas, a com o disfarce. prisão era um lugar pouco mais Mesmo distante da militânsuportável. Mas Airton continuou cia política, Airton continuou sofrendo com o rigor de um in- vigiado pelo regime militar. As verno gaúcho numa visitas dos agentes ilha do Guaíba sem consistiam em avia mínima estrutura. sos e ameaças. Na “Eu enfiei a A situação da prisão casa, no trabalho, foi amenizada pelos cabeça no na sala de aula ou próprios detentos. trabalho. Isso faz na rua, era abordaO militante Paulo com que o tempo do para receber o de Tarso Carneiro, passe”, diz Airton, alerta: caso alguma amigo de Airton, manifestação contra chegara um mês an- que conseguiu o governo acontetes à ilha. No livro retomar a vida, cesse, ele seria um mas não se livrou Ilha do Presídio, dos perseguidos. A uma reportagem de sequelas última visita foi no de ideias – organifinal de 1978, mais zado pelas pesquide um ano depois sadoras Christa Berger e Beatriz de ser absolvido pelo Superior Marocco e publicado pela editora Tribunal Militar. Enquadrado na Libretos em 2008 –, o colega des- Lei de Segurança Nacional, falcreve como os presos políticos, taram provas que comprovassem tomados por um espírito de co- sua subversão. letividade e união, transformaram o espaço antes ocupado por Airton diz que a única coipresos comuns. “A ilha tinha uma sa que buscava era um Estado de paisagem linda, um ponto ma- Direito, igualdade e liberdade de ravilhoso do Guaíba. Nas noites expressão. “Tu sabe que o estusem chuva podíamos ver o céu. dante tem essa fase”, diz, como se O pôr-do-sol era algo belíssimo. o ideal tivesse ficado no passado. Mas entrávamos nas celas e havia O contador afastou-se da miliparedes imundas, sujas de merda, tância e nunca se filiou a partido fedidas. Pedimos material para político. “Os que a gente têm aí limpar. Fomos tirando o gros- são mais de interesse financeiro so da sujeira. Demos ao presídio ou para aparecer do que qualquer um ar de melhor qualidade”, re- outra coisa”, critica. Casado, pai lata Paulo. A organização levou de três filhos e com três netos, à nomeação de coordenadores, leva a vida no escritório de contacomissões de limpeza e cozinha, bilidade há mais de 30 anos. “Eu grupos de leitura e estudo. Tudo enfiei a cabeça no trabalho. Isso que chegava à ilha nas visitas se- faz com que o tempo passe.” manais era compartilhado, de Embora tenha abandonado a comida a cigarros. Com os livros militância política, Airton mostra de Marx, Mao Tse Tung, Lenin e que algumas de suas convicções outros autores, que entravam na da juventude não eram passageiprisão com as capas trocadas por ras. Quando ouve críticas à corobras de romance para que não rupção e a outras mazelas atuais, fossem barrados pela censura, foi acompanhadas do argumento de criada uma biblioteca, comanda- que, se a ditadura voltasse, isso da por Paulo. não aconteceria, Airton estremece. “Pelo amor de Deus, isso ocorAirton saiu da ilha em ria até mais naquela época, só que agosto de 1970. Ao deixar o presí- ninguém ficava sabendo.” dio, foi levado novamente ao Dops Depois da tortura, além das e ligou para o pai, que foi buscá- sequelas, Airton foi obrigado a lo. Mas o período de vigilância conviver com um sentimento de e medo não se encerrou.“Voltei injustiça. Revolta que se agrapara Caxias e comecei a me tra- va quando vê ex-torturadores tar.” Com uma gastrite de fundo ocupando cargos públicos, com emocional, crises de depressão a identidade do passado pree insônia, precisou de acompa- servada. Foi somente em 1998, nhamento psicológico e médico após um longo tratamento, que até o fim da década de 1990. Ao ele conseguiu contar sua história pisar em Caxias, Airton também para outras pessoas pela primeira foi impedido de voltar a estudar. vez. A tortura psicológica nunca Chegava em escolas públicas e deixou de acompanhá-lo. Airton particulares e via o requerimento tem viva a lembrança dos gritos de matrícula ser rasgado na sua dos colegas. É dolorido contar, frente. A solidariedade do diretor mas, com sua voz mansa, deixa de um colégio permitiu que vol- que as memórias aflorem – para tasse a frequentar as aulas, com o que não sejam esquecidas e, prinseguinte acordo: caso os agentes cipalmente, não voltem a aconteda repressão aparecessem, ele te- cer.
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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
Edital de Citação - Cível
5ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul
Prazo de: 30 (trinta) dias. Natureza: Ordinária - Outros Processo: 010/1.10.0018899-0 (CNJ:.0188991- 22.2010.8.21.0010). Autor: Marcos Valer. Réu: Supertrunfonet Ltda. Objeto: CITAÇÃO de Supertrunfonet Ltda, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), contestar, querendo, e, não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial. Caxias do Sul, 24 de fevereiro de 2011. SERVIDOR: Rosane Zattera Freitas - matr. 12553875. JUIZ: Silvio Viezzer.
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
Edital de INTIMAÇÃO
5ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul
Prazo de: 30 (trinta) dias. Natureza: Cobrança Processo: 010/1.08.0023737-7 (CNJ:.0237371-47.2008.8.21.0010). Autor: Sudare Climatização de Ambientes Ltda.. Ré: Andréia Marques. Objeto: Intimação da ré/devedora para que no prazo de 15 dias pague voluntariamente o valor do débito indicado (R$ 7.442,90 - sete mil, quatrocentos e quarenta e dois reais e noventa centavos. Valor atualizado até 15/03/2010), a ser atualizado na data do efetivo pagamento, a fim de evitar multa de 10%, sob pena de penhora de tantos bens para garantir o débito. Prazo para pagamento: 15 DIAS, a contar do término do prazo deste edital. Caxias do Sul, 15 de março de 2011. SERVIDOR: Sílvia da Rosa Debiasi - Of. Ajudante Designada. JUIZ: Zenaide Pozenato Menegat
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Músculos a qualquer custo
S
“
BOMBAAnabolizantes são comercializados – e incentivados – em academias de Caxias. Com o objetivo de obter corpo perfeito em pouquíssimo tempo, jovens fingem desconhecer os malefícios dos esteroides
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André T. Susin/O Caxiense
RELÓGIO
vira um vício”, alerta o professor de educação física e especialista em fisiologia do exercício William ão Anabolino do braço gigante e Couto. da perna cavalar, faz essas bomMuitos dos amigos desse exbas que eu tomo nenhum mal me usuário, “caras bem sucedidos, causar. Mas se eu morrer mande que trabalham em banco”, se10 anjos me buscar. Porque do gundo ele, não conseguiram até tamanho que eu vou ficar, vai hoje largar os anabolizantes. “Eles ser f*** me levar.” A oração do preferem morrer grandes do que bombado, disseminada na inter- viver bem, mas magrinhos”, connet, comprova que os usuários de ta um representante comercial, esteroides anabolizantes sabem confessando que faria o mesmo que o que estão ingerindo pode se não tivesse um problema do lhes custar a própria vida, mas coração. “Eu não uso porque broque em busca de um abdômen xa”, resume um empresário de “trincado”, braços, ombros e per- 50 anos, que exibe um bíceps de nas enormes, essa preocupação é 37cm “apenas com esforço”, resulposta de lado. Para ficar “riscado”, tado de anos na academia. expressão usada para quem tem “Não recomendo para nino corpo totalmenguém”, diz um lute definido, alguns tador de artes marfrequentadores de “Os caras voltam ciais que, há cinco academias procu- do Paraguai anos, usou dois tiram, na maioria das cheios de ‘bomba’. pos de anabolizanvezes ilegalmente, Tem academias tes. “Saía para corremédios que só rer com uns amigos deveriam ser ven- em que, no e a galera era toda didos com receita e balcão, tu vê ‘riscada’. Eu queacompanhamento Winstrol no meio ria conseguir um médico, e injetam- dos Gatorades”, corpo melhor em se até mesmo medi- diz um ex-usuário pouco tempo”, recamentos feitos para lata. “Todo mundo animais. Em Caxias começa para ficar do Sul, o uso de anabonito para as mubolizantes, mesmo que escondi- lheres. Mas, depois, é para ser o do, é bastante comum. “Nas pró- melhor nos vestiários”, completa prias academias tu consegue. Tu o analista de processos. chega para um instrutor e pede”, Para ficar igual aos amigos, o conta uma jornalista de 23 anos. lutador fez um ciclo de Winstrol Não são raros os casos em que os – também conhecido como Staanabolizantes são oferecidos. Um nozolol, usado para “secar” a goranalista de processos de 27 anos dura – e seis ciclos de Clembuteconta que o próprio dono da aca- rol – um remédio para pulmão de demia onde treinava – um conhe- cavalo. O Winstrol era injetado cido empresário do ramo em Ca- por um amigo e o Clembuterol, xias – ofereceu-lhe anabolizantes em pó (há também em gel), era injetáveis: “Ele disse que se eu re- misturado em água e ingerido. almente quisesse benefícios teria “Nos primeiros cinco, dez minuque tomar o que um outro cara tos, te dá uma tremedeira, taquiestava tomando”. cardia, tu fica com a adrenalina lá em cima pra puxar ferro”, conta “Eu fiz ao todo cinco ciclos o ex-usuário, explicando que o de anabolizantes, com Durateston Clembuterol o deixava extremae Deca-Durabolin. Foram dois mente nervoso: “Briguei até com anos usando. Eu mesmo me apli- um amigo meu”. cava em casa. Na academia onde Os dois anabolizantes vinham eu malhava a maioria dos meus do instrutor dele, que “conseguia amigos usava”, conta um empre- a preço de custo”. “Em academia sário de 29 anos, que parou com se acha fácil. Os caras voltam do os esteroides no ano passado. Os Paraguai com os carros cheios de chamados ciclos duram de seis a ‘bomba’. Tem academias em Ca12 semanas, com aplicações qua- xias em que no balcão tu vê Winsse diárias. “Usei porque queria re- trol no meio dos Gatorades”, consultados rápidos. Eu usava e ia no ta o jovem, que teve cálculo renal médico, porque tenho problema tempos mais tarde. de hipertensão, mas não falava O Clembuterol – conhecido para ele que usava. Fiz exames e pelo nome de Pulmonil – é vennunca tive nada.” dido em agropecuárias de Caxias Mesmo tendo adquirido muita sem o menor controle e custa cermassa muscular, hoje, ele diz que ca de R$ 105 a caixa. “Tem gente não voltaria a usar, já que notou que compra para uso humano. Dá que a dependência torna-se mais pra comprar, mas tem que cuidar”, psicológica do que química: “Se explica a atendente de uma veteritu não usa, tu não cresce, então nária. “Isso aí quase nem vendetu não consegue parar”, explica. mos para uso em animais, só para “Quando acaba o ciclo, perde- pessoas. É só olhar o tamanho se um pouco dos ganhos e isso é dos caras que vêm aqui”, observa muito difícil para a pessoa. Daí o dono de uma agropecuária. Ouela decide fazer mais um ciclo e tros remédios, como Potenay (um por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br
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complexo vitamínico para vacas, cavalos e cachorros), Monovin B12 (para animais com anemia) e vitamina ADE (para baixos índices de fertilidade) também são muito procurados para quem quer aumentar os músculos. “Em um cachorro é aplicado 1 ml de Potenay. Eles se injetam 10 ml. Imagina a porrada.”
Os anabolizantes – análogos da testosterona, hormônio masculino – foram criados para ser utilizados em tratamento de doenças, como puberdade e crescimento retardados, andropausa precoce e baixa função dos testículos. Um dos primeiros usos dos anabolizantes com outras funções foi com sobreviventes dos campo de concentração nazista, que, mesmo com comida, não conseguiam voltar a ter massa muscular. O exército de Hitler também utilizou, para aumentar a força, diz o médico da UCS. “É um medicamento. Depois soubese o que fazia. Daí, mais tarde, foi extrapolado para o esporte e, depois, para as academias.” Nas farmácias, os remédios que
são usados como anabolizantes Argenta. Entretanto, ela admi– Durateston e Deca-Durabolin, te ter conhecimento da situação: por exemplo – não são vendidos “A gente sabe que tem, mas eles sem receita médica. Mas não é guardam dentro do armário”. A ilegal que um médico prescre- orientação da Vigilância é que as va um desses remédios para pa- denúncias sejam feitas pelo Alô cientes que querem Caxias (3218-6000). ganhar massa musDessa forma, serão cular. “Para fins es- “Eles preferem encaminhadas à potéticos dificilmente morrer lícia. “Quanto aos um profissional vai grandes, médicos, não temos receitar, não é muito do que viver como autuá-los se ético, mas controlanestão prescrevendo. bem, mas do...”, explica Juliano. A gente acha bastante O maior problema, magrinhos”, receita desse medicadiz, é a dosagem. “O diz um mento, Durateston. Durateston, é uma representante Se está certo ou não, a substância para a an- comercial gente não questiona.” dropausa, mas, para Com uma rápida ganhar massa, tomam pesquisa na interinjeções três vezes por semana”, net é possível saber onde comacrescenta Couto. prar anabolizantes, por quanto, Como são poucos que conse- qual a composição, como usá-los guem as substâncias com receita, e quais seus resultados. Nos sites a maioria se arrisca no mercado que exibem os produtos, vendeilegal de anabolizantes. “Compra dores agem como especialistas por conta. Se injeta o que não ao responder dúvidas dos intersabe, confia em quem trafica, que nautas. Em uma comunidade do também nem sabe o que está ven- Orkut há uma postagem ensinandendo”, avisa o professor. Publica- do como aplicar as doses, com mente, porém, poucos admitem fotos de todos os passos. O texto fazer isso. “A regra número um de dá dicas até sobre o que fazer caso quem usa é dizer que não usa”, diz sangre após a aplicação. “Não se Couto. Um assistente administra- desespere. Se não saiu muito santivo de 26 anos conta que quem gue, beleza.” Uma integrante de toma anabolizante não assume outra comunidade sobre o tema, por uma questão de vaidade, e chamada “Fernanda, ficando Panão por medo de estar utilizando nicat”, se coloca à disposição para algo ilegal: “Imagina ter que ad- montar ciclos de anabolizantes e mitir: ‘sou forte, mas é porque eu treinos para mulheres. “Tenho tomo bomba’”. fotos do meu desenvolvimento! Apesar dos relatos feitos ao jor- É isso aí, meninas, persistência e nal, a Vigilância Sanitária nunca rumo a Panicat”, diz o perfil. encontrou anabolizantes em acaÉ com um trecho de um vídemias de Caxias. “A gente vis- deo disponível no YouTube que toria o estabelecimento, mas não é possível resumir a filosofia dos temos poder para abrir vestiário usuários de esteroides: “A vaidade e revistar coisas pessoais”, diz a mata, mas enquanto não mata, o coordenadora do órgão, Juliana meu corpo se destaca”. André T. Susin/O Caxiense
Para o educador físico Marco Leis, merece atenção a quantidade de mulheres que está usando anabolizantes. “É por causa dos padrões impostos pela televisão. Elas usam essas Panicats (assistentes de palco do programa Pânico na TV) como modelos, mas querem atingir aquilo que só se atinge à base dessas substâncias”, explica Leis, um adepto do bom e velho arroz e feijão: “Ao comer saudável e malhar corretamente as pessoas conseguem seus objetivos, de maneira gradual e correta, não dessa forma acelerada e ilícita”. “Sem anabolizante a pessoa nunca vai ficar enorme. Mas dá para ter excelente resultado com musculação. Desde que ela se compare a ela mesma, e não a quem usa”, diz Couto. Foi nos últimos 10 anos, segundo ele, que a procura de mulheres por esteroides aumentou. “Deixa a bunda dura, sem celulite e com a cintura fina. E isso muito rápido.” A jornalista de 23 anos, porém, relata um o outro lado: “Tenho muitas amigas que usam. Mas elas nunca admitiriam isso. Conheço guria que perdeu cabelo, que ficou cheia de espinhas. É horrível”. Existe também um adesivo, colocado na pele, que libera descargas frequentes de testosterona. “Muita mulher usa isso. Mas alarga o maxilar, engrossa a voz, dá pelos”,
afirma Couto. O que ocorre com as mulheres que usam as substâncias, de acordo com o médico do esporte do Instituto de Medicina Esportiva da UCS Juliano Ziembowicz, é uma masculinização. Elas começam a perceber o aparecimento de barba, bigode, voz mais grave e rouca, aumento de clitóris, diminuição das mamas e desregulação da menstruação. Os homens estão sujeitos a atrofia testicular, redução da quantidade de espermatozoides, infertilidade, aumento de próstata e calvície. “E há problemas comuns aos dois sexos, como aumento do colesterol, da pressão arterial, além de facilitar trombose e infarto do miocárdio”, explica Juliano, ressaltando também a possibilidade de alterações de humor, comportamento agressivo, grau de psicose e reações suicidas. “Com mais tempo de uso, os anabolizantes também podem causar câncer de fígado e de rim.”
Medicamento veterinário para os pulmões dos cavalos é comprado livremente em agropecuárias para uso humano
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De volta aos palcos
AO SALTO O bailarino não reclama dos tombos. Agradece a eles pelo início da sua carreira na dança, que alcançou o auge: ele está na semifinal do Se ela dança, eu danço, programa do SBT que dará R$ 200 mil ao vencedor. Foi também um tombo que o colocou no mundo da dança, aos nove anos. Criado pelos avós na casa que recebeu de herança e onde vive até hoje com a mulher, ele acompanhava o avô na construção civil. “Gostava de pular do segundo andar em cima de um monte de areia. Um dia trinquei a rótula. Fiquei uns quatro meses com a perna engessada”, conta. Como fisioterapia, Júlio
ele se inscreveu no Festival de Dança de Caraguatatuba e juntou o dinheiro que ganhava como garçom – profissão que exerceu até o final do ano passado; hoje, trabalha em casa como webdesigner – para ir a São Paulo. Na semana da viagem, o avô de Júlio adoeceu. “Eu desisti da viagem. Na UTI ele me disse: ‘Vai. Eu nunca quis, mas não adiantou dizer não. Tu lutou pra isso, então vai. Quero que tu vá’.” O neto não discutiu, mas temia que o avô morresse enquanto ele estivesse no concurso. Aconteceu antes, no dia previsto para a viagem. “Meus tios vieram aqui em casa. Deram força para eu ir. Saí de madrugada, às 5h da manhã passei no velório. À noite eu
“o primeiro a levar a dança de rua para o linóleo e lotar as apresentações na Casa da Cultura”. “Tu vai dançar no linóleo com esse sapatão?”, espantavam-se os administradores do teatro. Fora de forma, Júlio decidiu que voltaria para a dança em 2011. Em um domingo de dezembro do ano passado, no intervalo de uma partida de futebol, um primo dele acessou o site do Se ela dança, eu danço. “Vou te inscrever”, disse ele, e escolheu o vídeo do solo de O Poderoso Chefão, apresentado no último Bento em Dança, com batida de Hip Hop e movimentos de street. “Pode inscrever, nesses programas nunca chamam mesmo”, desdenhou Júlio. Em janeiro
Reprodução/O Caxiense
uero pegar você no ar”, disse a repórter de um jornal local sobre como queria ilustrar a entrevista com o bailarino Júlio Mello, 30 anos, no dia de estreia do seu espetáculo de street dance no Teatro Municipal, em 2001. Júlio colocou um pé sobre o ombro e o outro sobre as mãos de um colega. Tomou impulsão para o salto mortal, girou no ar, caiu de pé. “É isso. Vai ficar legal”, entusiasmouse a repórter. O bailarino repetiu o movimento mais uma vez, para ajustes de foco. “Agora, valendo!”, anunciou o fotógrafo. Desta vez, o pé apoiado no ombro escorregou.
quedas e saltos ainda mais altos.
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por MARCELO ARAMIS marcelo.aramis@ocaxiense.com.br
Depois de muitas quedas, Júlio Mello reencontrou sua arte para concorrer a um prêmio de R$ 200 mil no programa Se ela dança, eu danço, do SBT
André T. Susin/O Caxiense
DO TOMBO
É na apertada sala de casa que Júlio treina para a semifinal; na estreia na TV, ele improvisou; no grupo Quarta Parede, colabora com as montagens Com o outro, Júlio tomou impulsão e subiu mais alto que antes, mas não teve tempo de completar o giro. Caiu de cabeça no chão, cuspiu um dente, deslocou uma perna e um braço, trincou o crânio. Levantou-se e disse que poderia repetir o salto, caso tivesse saído do foco. A repórter e o fotógrafo dispensaram a gentileza. Braço e perna foram remediados “num cara que põe os ossos no lugar, no bairro Pioneiro” pouco antes da apresentação, à noite. A fratura no crânio foi descoberta só 15 dias depois do tombo, por causa das fortes dores de cabeça que obrigaram Júlio a procurar um médico. O coágulo, “uma mini-laranja no meio do cérebro”, como disse o doutor quando receitou radioterapia, foi eliminado naturalmente, “percorrendo todos os atalhos do cérebro, sem afetar nada”, relata o artista. Depois de uma madrugada de susto – com sangue saindo da boca, dos olhos, dos ouvidos e do nariz –, Júlio estava pronto para outras
participava dos exercícios em um projeto de balé clássico do Centro de Cultura Espírita Jardelino Ramos, do lado de casa, onde mais tarde também deu aulas de dança. “Até me apresentei na UCS, com traje de bailarino e tudo. Mas eu não convidava os meus amigos para assistir aos espetáculos”, ri o bailarino que hoje dança o clássico, o street dance e integra o grupo de dança contemporânea Quarta Parede. Júlio deu aulas em escolas públicas e para menores infratores, ministrou cursos e oficinas na prefeitura, mas nunca conseguiu viver só de dança. Nem teve apoio da família no início da carreira. “Eu era o neto homem da casa. Meu vô achava que isso não era trabalho, que dança não era coisa pra homem”. Na comunidade, o exigente professor ganhou o respeito dos alunos. “Dança não era coisa de homem. Mas aí tem o street dance. Tem saltos mortais. E risco de vida sim era coisa pra homem”, lembra Júlio. Em 1999,
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me apresentei.” O solo O Poderoso Chefão, com roupas do avô no figurino, conquistou o segundo lugar no concurso. “Quando saiu o resultado, corri para achar um orelhão e ligar para casa. Estavam todos tristes, mas aquilo foi uma alegria.” Em 2002, como convidado do mesmo festival, Júlio trouxe mais um troféu para casa. Quatro anos depois, levou a irmã, sua aluna, para o concurso. Os dois disputaram na mesma categoria. Ele ganhou o ouro, ela, a prata. A advogada Virgínia Biglia, que trabalhava no centro espírita, foi quem levou Júlio para Porto Alegre. Virgínia perdeu o contato com o bailarino, mas até hoje cita-o como exemplo nas palestras que ministra. “Ele tem uma alma de artista, que é fundamental para a sociedade nesse processo evolutivo em que vivemos.” Há cinco anos o bailarino desistiu da dança para se dedicar ao trabalho de garçom. Foi quando acabou o grupo Mensageiros,
deste ano, ele recebeu um e-mail da produção do programa. Pensou nas despesas para viajar e descartou a possibilidade. No final de março, numa quinta-feira, a produção ligou. Disseram que pagariam a viagem e a hospedagem. O bailarino teria que se apresentar na quarta-feira seguinte. “Foram seis dias para responder um monte de perguntas que eles mandaram, enviar um vídeo com a coreografia para provar que era eu... Nem tive tempo de ensaiar. Decidi apresentar de novo O Poderoso Chefão, mas numa versão contemporânea e ao som de violino. Decorei os tempos da música e no dia eu improvisei.” O voo Caxias/São Paulo não era garantido. De madrugada, o cunhado de Júlio o levou para Porto Alegre. O empresário Paulo Piccoli, que o bailarino conheceu no restaurante onde trabalhava, pagou as despesas extras. Júlio chegou de manhã ao Teatro Frei Caneca, onde o programa é gravado à tarde. Teve um minuto e
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meio para fazer uma passagem de palco. A música com som de violinos, a dança contemporânea e a calça e a camiseta que ele usava não agradaram a equipe da produção, que conhecia a coreografia apresentada no Bento em Dança, em versão street dance, com figurino da máfia. Júlio manteve a opção pelo estilo “por sua conta e risco”, mas teve que trocar de roupa. “Vai lá e compra tudo o que tiver de gângster”, disse o diretor do programa a uma produtora. Em pouco tempo, o novo traje do bailarino justificava o apelido de Poderoso Chefão que ele ganhara nos bastidores. “Chega lá e diz que você é gaúcho, que vai apresentar O Poderoso Chefão. Eles (os jurados) vão ter uma surpresa”, sugeriu o diretor, prevendo que o júri pudesse pensar que Júlio integrasse a parcela ridícula dos candidatos selecionados para divertir o programa – aqueles que investem em figurinos chamativos e sabem que não têm chance de classificação. “Eu sou o Júlio Mello, de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul”, respondeu o bailarino à pergunta de Lola Melnik, a jurada ucraniana do programa. “Ah! Um gaúcho!”, recepcionou-o Jarbas Homem de Mello, o coreógrafo da mesa julgadora. “Ah, mais um gaúcho...”, desdenhou João Wlamir, o jurado
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casca-grossa, na parte cortada na prestam atenção nele. Em cinco versão que foi ao ar. E os três tive- anos parado, perdi forma física e ram a surpresa prevista pelo dire- ganhei maturidade”, analisa. Gistor, assim que Júlio tirou a capa e laine Sachet, coreógrafa e diretora o chapéu para dançar como tinha do grupo Quarta Parede, gostou planejado. “Melancólico” e “sen- da performance de Júlio na TV. sível e muito bem executado” fo- “Ele explora a leveza dos memram as opiniões de bros superiores e as Jarbas e Lola sobre a variações de tempo apresentação. João, “Voltarei melhor e suavidade. O moo jurado mais exi- do que a melhor vimento acaba por gente, deu o terceiro forma que já ter uma relação de sim, mas não gostou tive”, prometeu expressão”, descreve do sapato surrado. Gislaine. Conforme “Pela sua emoção, Júlio, que for o candidato, o Se você dança na pró- deve disputar ela dança, eu danço xima fase”, cedeu o a semifinal começa a procurar último jurado. “Ti- nas próximas nele um bailarino nham passado breu semanas completo. Gislaine no palco e o sapato acha o termo muito que eu levei tranamplo, mas confia cava. Daí eu calcei o mesmo que nas possibilidades do corpo de tinha usado na viagem”, explica o Júlio, que é intérprete colaborabailarino. dor no Quarta Parede, auxiliando com o seu repertório as monta“Eu estava emocionado não gens do grupo. “Ele tem um corpor estar no palco do programa, po disponível. Articula bem em mas por voltar a dançar depois várias qualidades de movimento e de cinco anos. O programa foi está sempre pronto para desafios”, um incentivo”, diz Júlio. O que os orgulha-se a coreógrafa. jurados destacaram como “emoNo Se ela dança, eu danço, ção” na coreografia Júlio chama quando o jurado João hesitou de intenção corporal. Diz que em aprová-lo, o bailarino foi hudeve ao corpo, não à expressão da milde: “Ganhando ou perdendo, face, a melancolia que encantou eu quero que as pessoas sintam o júri. “Tem bailarino que sobe o que eu estou tentando passar”. no palco e, antes de fazer qual- Nas próximas semanas Júlio deve quer movimento, as pessoas já receber outra ligação urgente e
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viajar a São Paulo para a semifinal do concurso. “Voltarei melhor do que a melhor forma que eu já tive”, avisou Júlio, no final da sua participação no programa. Nesta fase, o candidato teve mais tempo para ensaiar. Já criou as coreografias e está treinando os movimentos em casa. Dança na sala, em um espaço com pouco mais de 2 metros quadrados onde cabem poucos movimentos e muita imaginação. “Faço um movimento, imagino o deslocamento e passo para o próximo, como se já tivesse me deslocado”, simplifica o bailarino. Para a semifinal, está decorando a trilha, mas ainda não definiu o figurino. “Acho que vou dançar de pés descalços, para olharem a dança e não o sapato”, provoca. Júlio recebeu duas sequências com quatro músicas e teve que escolher uma de cada. Vai dançar um hip hop ao violino, da israelense Miri Ben-Ari, e uma clássica contemporânea do quarteto feminino de cordas Bond. Na terceira coreografia, da sua escolha, optou por uma música brasileira, com letra que combina com a sua carreira. Sonhar mais um sonho impossível. Lutar quando é fácil ceder. (…) Voar num limite improvável. Tocar o inacessível chão deve cantar Maria Bethania quando Júlio subir ao palco para tentar mais um grande salto.
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Guia de Cultura
California Filmes, Divulgação/O Caxiense
Sony Pictures, Divulgação/O Caxiense
Fox Film, Divulgação/O Caxiense
por Carol De Barba | guiadecultura@ocaxiense.com.br
Água para elefantes, Como você sabe e Inverno da Alma, o doce, o sem sal e o amargo nas estreias do cinema
CINEMA Recomenda l Água para elefantes | Drama. 13h50, 16h45, 19h20 e 21h50 (leg.) | Iguatemi A adaptação do best seller de Sara Gruen tem Robert Pattinson – se esforçando para provar que é mais do que Edward Cullen –, Reese Witherspoon e Christoph Waltz, mas dizem que a melhor atriz do longa é mesmo a elefoa Tai. Na trama, que se passa nos anos 1930, Jacob (Pattinson), foge com o circo e acaba se apaixonando pela bela estrela do espetáculo, Marlena (Witherspoon), casada com o treinador de animais. 12 anos. 121 min..
Recomenda l Como você sabe | Comédia romântica. 13h40, 16h, 18h40 e 21h15 (leg.) | Iguatemi Lisa Jorgenson, uma mulher que, aos 27 anos, acha que já passou um pouco do seu auge, se vê no meio de um triângulo amoroso entre um homem de negócios e um jogador de beisebol. A história é bem água com açúcar, mas o elenco é mais salgadinho: Paul Rudd, Reese Witherspoon, Jack Nicholson e Owen Wilson são as estrelas dirigidas por James L. Brooks. 10 anos. 120 min.. l Thor | Aventura. 14h, 16h20, 18h50 e 21h30 (leg.), 13h30 (dub. 3D), 16h10, 19h e 21h40 (leg. 3D) | Iguatemi O mitológico Thor é o mais novo herói da Marvel a virar estrela de filme. Depois de um in-
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cidente com os deuses, seu pai, Odin, decide exilá-lo na Terra, sem poderes. Em domínios mortais, ele deverá provar que é digno de levantar novamente seu martelo e reaver suas habilidades. Dirigido por Kenneth Branagh. Com Natalie Portman, Chris Hemsworth e Anthony Hopkins. 10 anos. 114 min.. Recomenda l Inverno da Alma | Drama. Sábado (30) e domingo (1º), 20h (leg.) | Ordovás Prepare o estômago: o drama tem cenas impactantes de violência. Foi indicado a alguns Oscars em 2011 e conta a história da jovem Ree Dolly, que cuida da mãe e dos dois irmãos ao mesmo tempo em que desafia os criminosos da região para encontrar seu pai. 14 anos. 100 min..
l Pânico 4 | Terror. 22h10 (leg.) | Iguatemi “Você é uma sobrevivente, não é, Sidney? Sua única e exclusiva habilidade, você sobrevive. Eu tenho uma pergunta para você: qual a vantagem em ser uma sobrevivente nesse pequeno drama se todos os outros estão mortos?” Dirigido por Wes Craven. 14 anos. 110 min.. l Rio | Animação. 13h20, 15h30, 17h40 e 19h40 (dub.) | Iguatemi Desde sua estreia em 8 de abril, a animação da Pixar, dirigida por Carlos Saldanha, já arrecadou aproximadamente R$ 49 milhões, maior rendimento do ano no país. Livre. 96 min..
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INGRESSOS - Iguatemi: Segunda, quarta e quinta (exceto feriados): R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 16 (inteira), R$ 13 (Movie Club Preferencial) e R$ 8 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.
MÚSICA Recomenda l Ato Show, em comemoração ao Dia do Trabalhador | Domingo (1º), às 13h30 Para comemorar a data, Tchê Garotos sobe ao palco às 15h, seguido por Oswaldir & Carlos Magrão, às 16h. Para encerrar, show com Papas da Língua, previsto para as 17h. Lucas e Marcos, Família Hip Hop e Bateria Show também integram a maratona de apresentações. Parque de Eventos da Festa da Uva Entrada franca (o transporte coletivo terá passe-livre) l Estação Pagode | Sábado (30), 23h30 | A atração principal da segunda edição do evento é o grupo Pixote. Show de abertura com Tira Onda e U Que Ki Mudou. Os ingressos na Aroma Café (Shopping Prataviera), Vertical Modas e Cia. Básica. All Need Master Hall R$ 30 (pista), R$ 50 (mezanino) e R$ 60 (camarote) | l Alemão Ronaldo Acústico | Terça (03), 22h | Um show mais comportado – mas não menos divertido – de um dos dinossauros do rock gaúcho, líder das extintas bandas Taranatiriça e Bandaliera. Mississippi R$ 15 (feminino) e R$ 20 (masculino) | Estação Férrea | 3028-6149 TAMBÉM TOCANDO – Sábado (30): A4 + DJ Eddy. Rock. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Ale Ravanello Blues Combo. Blues. 22h. Mississippi. 30286149 | Back Doors Band. Rock. 23h. Vagão Classic. 3223-0616 | Blues de Bolso. Blues. 22h. Bier
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Haus. 3221-6769 | Creedence Clearwater Revival Tribute. Rock clássico. 22h. Mississippi. 3028-6149 | DJs Audiotronic. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Discorama. Eletrônica. 23h. Pepsi Club. 3419-0990 | Eles promovem. Eletrônica, pagode e sertanejo universitário. 23h. Move. 3214-1805 | Sepultura Cover. Rock pesado. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Lolô Bortholacci. Eletrônica. 23h. Havana. 3224-6619 | João Villaverde e Filhos de Ye. Samba. 00h. Boteco 13. 3221-4513 | Bete Balanço + BeteFull. Pop rock. 23h30 Bukus Anexo. 3285-3987 | Barbaquá. Tradicionalista. 22h. Paiol. 32131774 | Domingo(1º): Tri Legal + DJ Eddy. Pagode. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Terça(03): Gustavo Reis Acústico. Som Brasil e samba rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Gui Oliveira DJ. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Quarta(04): Junk Box Acústico. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Maurício e Daniel. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Projeto Rock e Cultura. 21h. Vagão Classic. 3223-0616 | The Blugs. Rock. 22h. Mississippi. 3028-6148 | Quinta(05): Gui Oliveira DJ. Eletrônica. 18h. The King. 30217973 | Grupo Macuco. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Quinta-feira do Beijo. Vagão Classic. 3223-0616 | Fabrício Beck Trio e Banda Disco. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Estado Novo Country + DJ Eddy. Sertanejo universitário. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | The Hawks. American Country. 22h. Mississippi. 3028-6149 | Sexta(06): Aquece. Vagão Classic. 3223-0616 | Blues de Bolso. Blues. 22h. Mississippi. 30286149 | Branco no Preto. Som Brasil. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Fullgas + DJ Eddy. Pop rock. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Gui Oliveira DJ. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Luidhi Moro Muller + Pátria e Querência. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 |
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AINDA EM CARTAZ: Hop – Rebelde sem Páscoa. Comédia. 14h15 e 17h (dub.). Iguatemi | Rango. Animação. 16h (dub.). UCS | Sexo sem compromisso. Romance. 18h (leg.). UCS | Cisne Negro. Drama. 20h (leg.). Sem sessão na terça (03). UCS
TEATRO Recomenda l (E)terno | Domingo(01), 20h | O espetáculo da Cia 2 pretende colocar, através do teatro e da dança, imagens e sensações de espera e solidão. No palco, uma mulher interpretada pela atriz Tefa Polidoro, aguarda notícias do marido que viajou e instiga o público a vivenciar todas as suas angústias, decepções e incertezas. Márcio Ramos dirigiu a peça com orientação de Lucieane Olendzki. Teatro do Sesc R$20 e R$10 (estudantes, comerciários e sênior)| Moreira César, 2.462 | 3221-5233
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Da água para o vinho: Alemão Ronaldo e Pixote são atrações
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DANÇA Recomenda l IV Encontro em Comemoração ao Dia da Dança | Sábado (30) e Domingo (1º), das 13h30 às 19h30 | Depois da variedade de estilos que lotaram três noites de espetáculos na Casa da Cultura, a programação do Dia Internacional da Dança realiza 11 workshops. As oficinas serão ministradas por Carine Turelly e Gui Ribeiro (musicalização e performance corporal), Ney Moraes (dança contemporânea), Juliano Dias (hip hop), Lisa Susin (Jazz), Caê Monteiro e Mônia Viganó (dança de salão), Gislaine Sacchet (dança contemporânea), Carolina Oliveira (hip hop), Matheus Brusa (dança contemporânea), Karime Domit (dança flamenca), Marcelinho Silva (oficina Tempero, sotaque do corpo no tambor) e Michele Trentin (dança do ventre). Há 30 vagas por oficina. Sala da Cia. Municipal de Dança e Teatro do Ordovás Inscrições gratuitas | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316
Bonecas e chapéus russos, estatuetas africanas, malha peruana... A 3ª Mostra Internacional de Cultura e Artesanato oferece uma mostra de peças feitas em todo mundo nos Pavilhões. Serão 250 expositores, com representantes de 28 países e 15 estados brasileiros. A produção local também estará representada na Feira do Artesão Caxiense. Centro de Eventos da Festa da Uva R$5 (o estacionamento custa R$8)
EXPOSIÇÕES
Recomenda l Acumulações Sensíveis | Abertura terça-feira (03), às 18h. De segunda a sexta, das 9h às 19h, sábado das 15h às 19h | Sob curadoria de Ana Zavadil, a mostra traz obras da artista convidada Vera Wildner e de Angela Zaffari, Beth Gloeden, Celma Paese, Esther Bianco, Fabiano Rocha, Giana Kummer, Karina Laino, Leandro Machado, Liane Krezinger, Rosali Plentz e Sheila Prade. Na terça (03), às 18h, eles conversam com o público, na sala de cinema, sobre pintura contemporânea. l Mistura Fina | Sábado, 20h | Galeria do Ordovás Como o tema anuncia, o espe- Entrada franca | Luiz Antunes, 312 táculo da Escola de Danças Car- | 3901-1316 la Barcellos propõe uma dose de cada estilo trabalhado nas aulas l Cultura tibetana nas pepara formar um coquetel de rit- regrinações budistas | De semos: desde dança do ventre, até gunda a sexta, das 8h às 22h30 | salsa, forró, samba, valsa e assim A exposição é resultado do regispor diante. A apresentação terá tro da peregrinação da arquiteta e 23 coreografias durante cerca de fotógrafa Ilka Filippini, entre 2006 1h30 de espetáculo. Os ingressos e 2010, pela Ásia. podem ser adquiridos na escola, Galeria de Arte do Campus 8 que fica na Rua Guia Lopes, 38, Entrada franca | RS 122, Km 69 | próximo ao Mato Sartori. 3289-9000 Teatro São Carlos R$ 15 | Feijó Junior, 778 | 3221- l Cidades imaginárias | De 6.387 segunda à sexta, das 8h30 às 18h e sábados, das 10h às 16h | A exposição da artista plástica uruguaia Martha Rodriguez LITERATURA Planke, que mora em Porto AleRecomenda gre desde 2006, reúne 52 obras em l Luz do Verbo | Terça (03), às técnicas de colagem de papel sobre 20h | papelão. O mais aplaudido e influen- Galeria Municipal te escritor em língua inglesa, Entrada franca | Dr. Montaury, William Shakespeare é tema da 1.333 | 3221-3697 nova temporada do projeto literário na Do Arco da Velha Livra- AINDA EM EXPOSIÇÃO – À ria e Café. Vida e obra do genial procura da arte. Guilherme Noe misterioso bardo inglês serão gueira de Castro. Segunda a sexta, abordadas pelo poeta Marco de das 8h30 às 18h30, sábados e doMenezes e pelo jornalista Nival- mingos, das 8h30 às 12h30. Espado Pereira. Entre trechos de fil- ço Cultural da Farmácia do Ipam. mes e outras imagens, haverá lei- 3222-9270 | Frames da Dança. turas dramáticas com Maquiam Diversos fotógrafos. Até domingo Silveira e Tina Andrighetti. (1°), das 15h às 19h. Saguão de ExDo Arco da Velha posições do Ordovás. 3901-1316 Entrada franca | Os 18 do Forte, | Páscoa - Celebração à Vida. 1.690 | 3028-1744 Acervo. De terça a sábado, das 9h às 17h. Museu Municipal. 32212324 | Transformação/Transformazione. Lucí Barbijan. Até doFEIRA mingo (1°), das 15h às 19h. Galeria l Mãos da Terra | A partir de do Ordovás. Luiz Antunes, 312 | sexta (29), das 14h às 22h | 3901-1316
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ATUALIZAÇÃO CADASTRAL As empresas dos segmentos automotivo, eletroeletrônico e metalmecânico filiadas aos SIMECS e que ainda não enviaram à entidade os dados referentes à atualização cadastral 2011 devem fazê-lo com a máxima brevidade. Através da emissão do formulário que deverá ser preenchido, o SIMECS solicita a conferência e atualização dos dados, com o retorno do mesmo de forma urgente. Com a entrega deste material através das indústrias metalmecânicas, o SIMECS dará continuidade ao trabalho de reformulação do seu Banco de Dados, o qual permitirá um melhor conhecimento dos produtos fabricados, serviços prestados e o nome da empresa, o que certamente será mais uma importante ferramenta de negócio para as indústrias do setor. Além disso, a atualização cadastral das empresas contribuirá para a nova edição do Guia de Produtos e Serviços elaborado pelo SIMECS. As informações deverão ser encaminhadas para o SIMECS pelo e-mail: marina@simecs.com.br LIVRO SIMECS Após lançar a obra Por Que Somos Como Somos o SIMECS informa às suas empresas filiadas e a comunidade em geral que o livro está sendo comercializado junto às principais livrarias de Caxias do Sul. A Editora Belas Letras responsável pela comercialização esclarece que outra forma de aquisição do produto é via eletrônica. Basta acessar o site da editora: www.belasletras. com.br/produtos_detalhes.php?id=2047 e clicando neste link aparecerá a opção direta para a compra, através de cartões de crédito, boleto bancário ou transferência bancária. A Obra Por Que Somos Como Somos está sendo comercializa ao preço de R$ 60,00. Mais informações pelos fones (54) 3228.1855 e 3228-8572. EVENTOS SOBRE INSALUBRIDADE Através de sua Assessoria de Saúde e Segurança o SIMECS realizou no mês de abril dois importantes encontros relativos ao tema: Pagamento de Insalubridade. O objetivo das palestras foi destacar as consequências decorrentes do pagamento deste adicional e a necessidade de que as empresas trabalhem no sentido de eliminar as causas geradoras do mesmo. Conforme o engenheiro de segurança Vitor Hugo Facchin e que ministrou as palestras, este assunto traz inquietação sobre uma área aparentemente tranqüila pela crença de que ao pagar insalubridade, não existem reclamatórias. Mudanças na legislação trabalhista em estudo, proposição de ações regressivas, enquadramentos por Nexo técnico Epidemiológico – NTEP, aplicação do FAP e entendimentos do Judiciário sobre concessão de Aposentadoria Especial, necessitam ser enfrentados com investimentos na Saúde e Segurança dos trabalhadores, de modo que os agentes insalubres presentes no ambiente de trabalho não hajam de forma prejudicial. MEIO AMBIENTE Um expressivo público participou no dia 13 de abril da palestra sobre Ecotoxicidade Aquática – Novos Desafios para as indústrias. O evento que foi coordenado pela Comissão de Meio Ambiente do SIMECS contou com a participação de supervisores e técnicos de estações de tratamento de efluentes, profissionais e técnicos de laboratórios de análises de efluentes das empresas do segmento metalmecânico. O encontro teve como palestrante o biólogo Jorg Henri Saar, formado pela Universidade de Saarland (Alemanha) e com mais de 15 anos de experiência em tratamento de efluentes industriais e ecotoxicologia aquática. Durante a palestra Jorg Saar abordou itens importantes para o segmento industrial, entre os quais: CONAMA 357/05 e CONSEMA 129/06; Legislação ambiental aplicada a outros estados; História dos bioensaios; Como funcionam os testes ecotoxicológicos; Soluções práticas para a redução de toxicidade da ETE; Diagnóstico de fábrica para identificar origem da toxicidade dos efluentes; Técnicas e novas tendências no reuso de água. TRATAMENTO DE EFLUENTES No período de 10 a 13 de maio de 2011, o SIMECS realizará em seu auditório o Curso Básico de Capacitação para Operadores de Estações de Tratamento de Efluentes. Voltado para os profissionais que atuam na área ambiental das empresas dos segmentos automotivo, eletroeletrônico e metalmecânico o evento terá como conteúdo programático: Noções básicas de química; Tratamento primário de efluentes; Segurança no manuseio dos produtos; Resíduos gerados no processo; Parâmetros de controle de efluentes; Padrões legais. Ministrado pela engenheira química Fátima Rosele Evald, da empresa Riavere – Assessoria Química e Ambiental, o curso terá uma carga de 15 horas. As inscrições para este evento já foram encerradas. MÉRITO INDUSTRIAL O diretor do SIMECS e da empresa Guerra S/A, Marcos Guerra e o diretor da Tramontina S/A, Clóvis Tramontina serão agraciados com o Prêmio Mérito Industrial do Rio Grande do Sul FIERGS/CIERGS edição 2011. Os nomes dos industriais foram divulgados pela FIERGS. A distinção também será entregue a Arnaldo Passarin, Enio Lucio Schein (in memoriam), José Aury Klein , no dia 26 de maio. A solenidade será na sede das entidades e integra os atos comemorativos do Dia da Indústria. Criado em 1971, o Mérito Industrial é uma premiação concedida pela Federação e pelo Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul nos anos ímpares, distinguindo industriais com marcante atuação na comunidade e no meio empresarial. Os agraciados são indicados por sindicatos da indústria filiados à FIERGS e entidades associadas ao CIERGS. A escolha é feita através de uma Comissão Especial. FEIMAFE 2011 Já está formado o grupo de representantes das empresas do SIMECS que no período de 26 a 28 de maio visitará a Feimafe 2011 – Feira Internacional de Máquinas e Ferramentas. O evento acontecerá no Parque Anhembi em São Paulo. A feira irá apresentar as melhores soluções em máquinas-ferramenta, automação, controle de qualidade, acessórios e ferramentas. Mais de 1.300 expositores já confirmaram presença. A feimafe 2011 também será uma oportunidade para os visitantes conhecerem as tendências da indústria, fazer contatos e planejar os rumos do setor industrial. Os setores de exposição serão: Máquinas-Ferramenta; Moldes e Fundição; Sistemas de Solda; Sistemas Integrados de Transporte Interno; Automação; Robôs Industriais e Manipuladores; Células e Sistemas Flexíveis; Controle de Qualidade Integrado à Fabricação; Máquinas de Medição; Máquinas Tridimensionais; Componentes Elétricos, Eletrônicos e Mecânicos; Componentes Hidráulicos, Pneumáticos e de Lubrificação, entre outros. Na edição de 2009, a Feimafe contou com um número de 1.300 expositores e 67.700 visitantes, numa área total de de 72.000 m². VISITA À AUTOMEC A Automec (Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços) chegou à sua 10° edição, mostrando toda a força e potência da indústria automotiva. O SIMECS organizou um grupo de empresários e representantes de suas empresas filiadas que visitou o evento no período de 14 a 16 de abril em São Paulo. A Automec 2011 contou com a participação de 1.142 marcas expositoras - das quais, 130 estiveram pela primeira vez no evento. A feira recebeu mais de 70 mil visitantes/compradores das principais capitais do Brasil e outros 31 países. Entre as soluções em tecnologia automotiva que estiveram em exposição, destacaram-se sistemas de amortecedores que prometem mínimo impacto no transporte de cargas, aumentando o controle direcional, estabilidade, segurança e conforto para o motorista e passageiros. Os participantes coordenados pelo SIMECS demonstraram satisfação em conhecer os mais de mil estandes de exposição, potencializando futuros negócios, além do fato da feira ter sido alternativa de conhecimento e aprimoramento profissional.
SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 – Caixa Postal 1334 – Fone/Fax: (54) 3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul Rio Grande do Sul. www.simecs.com.br – simecs@simecs.com.br
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Ana
izabel Amoretti caravantes "Tu não podes ser a palmatória do mundo, fazemos o que está ao nosso alcance!", alertou certa vez a mãe de Ana Caravantes, que desde pequena se comovia com a situação dos menos favorecidos e já trabalhava para o próximo, mas ficava frustrada quando não conseguia ajudar. Ainda criança, Ana queria mais do que apenas doar comida ou agasalho para quem batesse em sua porta solicitando ajuda. Ela queria saber por que pediam esmolas, por que não tinham trabalho. Em 1986, começou oficialmente o trabalho voluntário no Centro Cultural Espírita Jardelino Ramos. Atualmente, após seis anos de envolvimento com a entidade, ela é a nova presidente da Parceiros Voluntários, e também atua colaborando com o Banco da Mulher e com a Fonte de Apoio, que trabalha com famílias de ex-apenados. Na Parceiros Voluntários, Ana pretende dar continuidade ao trabalho que tem como principal foco adolescentes em vulnerabilidade social. A presidente cita o projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania, que têm produzido ótimos resultados ocupando o tempo livre de jovens com atividades e evitando que eles se envolvam com drogas. Para ser voluntário da Parceiros, entre em contato pelo telefone 3218-8085.
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por PAuLA sPerB e MArceLO ArAMis
Twitter | Anônimos Com a segurança do anonimato, muitos perfis surgem em Caxias. O que vale a pena – ou nem tanto – seguir.
@FuckYeahcs | O fake mais adorado e odiado (ou seria temido?) de Caxias era uma sátira de coluna social, com humor ácido e referências refinadas. Na última quinta (28), o FYCS abandonou o blog onde publicava as fotos e as legendas da coluna antissocial. Deixou 1.205 habitués órfãos e muita "gente bonita" aliviada.
Cristina
nora Para Cristina, a dança em Caxias merece aplausos. Na última semana, a coordanadora da Unidade de Dança da Secretaria Municipal da Cultura e Diretora da Cia. Municipal de Dança viu lotar a Casa da Cultura nas três noites de espetáculos em comemoração ao Dia internacional da Dança. "Há uma semana do evento, os ingressos já estavam esgotados", comemora. No palco, 22 grupos se apresentaram. Conforme Cristina, para alguns deles essa é uma das poucas oportunidades de dançar em um palco com boa estrutura e sem nenhum custo. Teve clássico, contemporêneo, flamenco, dança de rua, hip hop, jazz... "A ideia foi diversificar a programação", conta a organizadora. Sábado (30) e domingo (1°) a programação encerra com 11 workshops, também gratuitos (ver Guia de Cultura, página 14). Formada em Direito, Cristina deixou os palcos, onde dançou e deu aulas de balé, jazz e dança contemporânea, para advogar. Atualmente, exerce a profissão nas horas vagas, que não são muitas, porque a dança exigiu de novo a sua dedicação.
@Historiacaxias | Pérolas
sobre a história da cidade. Costumes e ditados que, apesar de antigos, permanecem na nossa cultura. Curadoria digna de historiador, que merce bem mais dos que os atuais 160 seguidores.
@Forqueta | Do “lugar mais
simpático ” e “onde tem a estátua do Bacco” é de onde surgem críticas sobre o desvio de pedágio, costumes e hábitos do local. Tem feito mais sorteios do que comentários ultimamente.
@caxiasdepressao | Fora os
comentários sobre o clima de Caxias, o perfil poderia ser feito em qualquer lugar do mundo: tiradas sobre o cotidiano, comentários sentimentais, observações e muita, mas muita depressão.
@JoanimPepperoni | Vale
seguir pelo esforço que resulta no idioleto estético peculiar, como explicaria Umberto Eco. Apesar da linguagem cocanhense, não rende muitos risos. Segue muitos jornalistas na tentativa de ser seguido. Muito milho, farinha e deboche.
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André T. Susin/O Caxiense
Perfil
Aos 82 anos, Rita segue trabalhando, seja para ilustrar best-sellers como os de Laurentino Gomes, seja para preservar as memórias dos netos
A ARTE DE
CONTAR HISTÓRIAS
U
por CAROL DE BARBA caroldebarba@ocaxiense.com.br
ma vez por semana, o caminhão da cervejaria Continental passava pela praia de Ipanema, às margens do Guaíba. Era uma caminhonete velha, na verdade. Caindo aos pedaços, com o logotipo da empresa desbotado na caçamba. Naquele tempo, década de 1930, não havia eletricidade, quiçá geladeira nas poucas casas da localidade. O carro era muito aguardado porque ia passando e largando pedregulhos enormes de gelo, usados pelos moradores para conservar os alimentos. “A gente sabia que não podia lamber, porque era feito de água do Guaíba, suja”, lembra a senhora de 82 anos, na época uma garotinha ansiosa para que uma lasca gelada se soltasse quando os funcionários atirassem o bloco no chão. “Um dia, escondida, roubei um pedaço e guardei embaixo da cama, para lamber de noite. Imagina. Quando fui dormir, tinha só uma pocinha d’água”, lembra, como se voltasse à infância, a artista plástica Rita Bromberg Brugger. Nascida em Porto Alegre, Rita morou até os cinco anos no Centro da Capital. Seu avô Martin, descendente de alemães, era dono
da poderosa firma Bromberg, que importava da Europa, principalmente da própria Alemanha, todo tipo de produtos – desde máquinas agrícolas até alfinetes – para vender no atacado e no varejo. O pai de Rita era caixeiro viajante da empresa da família. “Ele viajava pelas cidades carregando um livro enorme, que tinha todos os produtos que vendiam. Acho até que eles faziam muitos negócios com os Eberle, porque eram bastante amigos”, conta. Em 1917, muito antes de Rita nascer, a Bromberg pegou fogo. “Foram os ingleses que mandaram queimar, por causa da guerra”, afirma. Nos anos seguintes, a firma se reergueu, mas logo veio a Grande Crise de 1929 e ela não resistiu. Com o fim do negócio, em 1933, Rita e a família mudaram-se para a praia de Ipanema, no Guaíba. Lá, a guria espoleta, apesar da “educação um pouco mais prussiana”, rígida, vivia completamente livre. Solta para correr, brincar, trepar em árvores e rabiscar. “Sempre desenhei, desde que me lembro.” Só não dispunha de uma série de lápis, tintas, canetas e papéis, como hoje ela tem para emprestar aos netos. Rita desenhava em sacos de papel, usados para embrulhar comida. Ou, com o
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Rita Bromberg Brugger, a artista que vive e desenha sem frescuras, no papel de pão, nos livros e nas telas
dedo, fazia seus traços em vidros da, no altar.” Em outro desenho, embaçados, na terra, na areia... um cavalo entra pela janela. A “Uma vez, desenhei na parede, inspiração vem de quando a mãe em cima da cama. Ganhei umas colocou os três filhos para ter liboas chineladas.” Mas engana- ções de equitação. se quem pensa que Rita era uma No Colégio Farroupilha, ela se garota quieta, encerrada em seus destacava pelo desempenho nas desenhos. Ela topava qualquer aulas de artes, mas também pelo atividade que envolvesse se su- mau comportamento. Das aujar à vontade, semlas de inglês, que pre acompanhada dominava graças à dos irmãos, Oscar, “Eu digo que bisavó, foi expulWalther e Claus. não tenho sangue sa porque “só fazia “Para poupar rou- de artista. besteira”. Nos períopa, vivíamos pela- Artista mesmo dá dos de Matemática, dos. Quando algum que odiava, passava tudo pela arte. amiguinho nos visio tempo fazendo caEu não, minha tava, tinha que ficar ricaturas dos mespelado também”, re- família vem tres. “Acho que eles lembra, rindo. Certa em primeiro sabiam, porque bem vez, desenhou uma lugar”, diz Rita quando terminei de história em quadesenhar todos eles drinhos sobre uma o professor de Mamulher que recebia visitas mas temática recolheu meu caderno”, não podia abrir a porta, pois esta- conta. Muitos anos depois, ao va apenas de anágua, como a que reencontrá-lo, cobrou o paradeivia sua mãe usar. ro do caderno. “Ele disse que não A arte de Rita, aliás, sempre foi lembrava, imagina. Duvido!” um retrato do seu mundo – fosse real, fosse fantástico. Uma vez, Como Rita se criou só com sua mãe lhe contou a história de guris, depois de concluir os estuum noivo que chegara atrasado dos básicos, seus pais acharam por ao casamento, de pijamas, com a bem colocá-la em um internato barba por fazer. “Eu sempre dese- feminino, em Novo Hamburgo. “A nhava isso, ele com uns espetos na gente aprendia economia doméscara e a noiva toda emperiquita- tica, depenar galinha... Eles mata30 de abril a 6 de maio de 2011
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Espera, em livro do Navi; Rita na juventude
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vam um porco e a gente tinha que fazer salsicha, torresmo, essas coisas”, explica. Ela não gostava, não estava acostumada. Além de “as gurias serem muito fofoqueiras”, tarefas da casa nunca foram exatamente sua especialidade. “Mas no fundo, no fundo, acho que foi um pouco bom”, conclui. Depois de um ano, estava pronta para a faculdade. Queria Medicina, mas os pais não deixaram, pois achavam que ela sofreria sendo uma das únicas garotas. “Hoje, depois de acompanhar meu marido em várias cirurgias, acho que eu não seria uma boa profissional”, diz a artista, que acabou casando com um médico, mas escolheu para si o curso de Belas Artes, na UFRGS. Rita não se sentia muito bem lá. A turma, cheia de arquitetos, “era muito moderna” para seu gosto, e ela foi concluindo o curso aos poucos, levando bem mais dos que os quatro anos que seriam suficientes. Ao mesmo tempo, lecionava em algumas escolas, como o internato de Novo Hamburgo. Chegou a morar três meses no Chile, pois sua avó havia conhecido um “grande artista” lá e fazia questão que a neta tivesse lições com ele. O tal grande artista foi, sim, uma grande decepção. “Ele desenhou uma sereia num ladrilho de banheiro que eu, com seis anos, fazia melhor”, revela. Foi nessa época também que ela conheceu o estudante de Medicina José Brugger, na festa de despedida do irmão Oscar, que estava indo estudar nos Estados Unidos. “Aquela vez, fiz uma coisa pela qual minha mãe me xingou depois: não dancei com ela”, conta o Dr. Brugger. O que lhe chamou mais atenção em Rita, e chama até hoje, foi o sorriso. A arte ele conheceu só depois. “Tinha várias obra na casa, mas ela foi se desenvolvendo mais principalmente depois que os filhos estavam grandes”, conta o marido. O casamento foi celebrado na Áustria. Os sogros de Rita fizeram questão que o filho concluísse parte dos estudos lá, e os pais da moça, que ela casasse logo. “Eu
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já estava com 27 anos. Para a épo- Páscoa, concursos de pinturas, esca, quase velha demais”, lembra. culturas de argila e fantasia entre Uma vez casados, construir uma os primos, oficinas de arte, entre vida na Europa devastada pela outras atividades para estimular a Segunda Guerra não foi tarefa imaginação das crianças. fácil. O estrangeiro Brugger não ganhava dinheiro e o casal sequer Rita foi uma das primeiras encontrava lugar mulheres a dirigir para morar. Como em Caxias. Uma Venovos conflitos es- “Teve uma época raneio azul, que ia tavam começando que eu estava arrecadando a gurina Hungria, Rita, na moda. As zada pelo caminho quase no final da pessoas chegavam e largava todos no gravidez da primeicolégio. Annemarie ra filha, Annemarie, para mim e recorda que, duranvoltou às pressas diziam ‘tem te uma gincana do para o Brasil. Por uma obra sua Cristóvão de Meninsistência dos pais, na minha sala’”, doza, a Veraneio fez José ficou mais três lembra a artista participação espemeses, mas termicial. Rita confeccionou os estudos em nou um cachorro terras brasileiras. gigante, um Pluto, espécie de símQuando finalmente se estabele- bolo da equipe, e amarrou sobre ceram em Caxias, foram morar na o carro. “Ela era a motorista da chácara dos Brugger, no Sagrada turma, e a caminhonete acabou Família. Na época, o local era re- virando o carro oficial da equipe.” almente afastado do Centro, um Com a mãe, Annemarie aprendeu vasto campo onde o sogro de Rita, a ser verdadeira, a não dar tanta honrando tradições tirolesas, cul- importância aos valores materiais tivava frutas – maçãs e pêssegos. e a se expressar de forma original. Depois de Annemarie, a artista “Ela era muito agregadora. Semteve mais quatro filhos – Ingrid, pre cabia mais um na mesa.” Peter, Erica e Paulo –, todos em A imensa quantidade de amigos um espaço de sete anos, voltan- dos filhos estimulava Rita a exerdo toda sua dedicação a eles. “Por citar sua arte. Ela fazia retratos isso eu digo que não tenho sangue das crianças às vezes brincando, de artista. Artista mesmo dá tudo às vezes posando com os pais. De pela arte. Eu não, minha família graça, no começo. Foi desenhanvem em primeiro lugar”, ressalta. do, agradando e ficando conheNa chácara, criou os filhos livres cida, a ponto de pessoas de Farcomo ela. “Uma vez, a Erica pe- roupilha e até uma família dona gou 62 sapos no banhado e colo- de uma vinícola em Bento Goncou todos dentro de uma casinha çalves quererem ser retratadas de bonecas que tínhamos no pá- por ela. “Teve uma época que eu tio”, recorda. Rita diz que a arte estava na moda”, diz a artista. “As ficou de lado até os filhos se enca- pessoas chegavam para mim e diminharem, mas é só ouvir as his- ziam ‘tem uma obra sua na minha tórias deles para perceber que, na sala’.” Rita também foi fazendo verdade, a criatividade da artista amizade com outros artistas, enfoi apenas, digamos, redireciona- tre eles Odete Garbin. Ambas – e da nesse período. Segundo Anne- mais uma série de outros artistas marie, os trabalhos de Educação caxienses – fundaram, em 1988, o Artística dela e dos irmãos eram Navi, Núcleo de Artes Visuais de sempre os mais bonitos da escola, Caxias do Sul, quando o Atelier graças às ideias e à ajuda da mãe Livre da UCS, onde trabalhavam – que agora, com os netos, faz antes, passou por mudanças. “A roupinhas de boneca, anjos para Rita tem o coração tão grande o pinheirinho e biscoitos confei- quanto ela”, diz Odete, brincando tados no Natal, ovos pintados na com a altura da amiga. “Todos no
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Navi têm uma amizade e um carinho imenso por ela, tanto pela artista quanto pela pessoa.” Odete, como outros colegas, ganhou diversos desenhos de presente da amiga. Num deles, é retratada com todas as atividades do Navi ao seu redor – cursos, exposições, telefones, contas – e o marido, ao fundo, mendigando um pouco de atenção. Por causa da idade, Rita não frequenta mais a sede do grupo tão assiduamente quanto costumava, mas quem precisa sempre pode contar com ela. “Sua generosidade é inata”, elogia Odete, lembrando dos trabalhos voluntários que a amiga faz, como o livro 4+4+4 Amiguinhos, para ajudar o Hospital
Pompéia. A colaboração de Rita foi fundamental em projetos coletivos do Navi, como a restauração da obra de Aldo Locatelli na prefeitura e o painel da imigração italiana, na escadaria da Catedral. “Como sou pequeninha, ela dizia que eu pintava os rodapés do mural”, ri Odete. As grandes obras não serviram apenas para o desenvolvimento das artistas. “Passávamos o dia inteiro ali, dividindo problemas e alegrias. E a Rita sempre repartiu seu sucesso com os colegas”, diz a amiga. Tanto é que Rita fez pouquíssimas exposições individuais e muitas em grupo – a lista completa, dessas e daquelas, não lembra. Hoje, o pouco interesse que ti-
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nha por fazer exposições se foi. Cansou de pintar quadros grandes, e nunca gostou de aparecer – sequer faz questão de falar sobre a dupla de rainhas da Festa da Uva da família, Annemarie e a neta Julia. Rita está gostando mesmo é de fazer ilustrações. “Mandei mais de 130 desenhos para o 1822, do Laurentino Gomes”, calcula. Ela também já ilustrou o premiado 1808, livro de estreia do jornalista, que fala sobre a fuga da família real portuguesa para o Brasil. Apaixonada por história, já havia publicado nessa área Diário de um Imigrante (2000, Maneco) e Pedro e Leopoldina (2007, Educs). Resolveu arriscar e enviou seus trabalhos pelo cor-
reio, de presente para Laurentino, que ficou encantado e imediatamente aceitou a oferta de Rita. “E vai ter mais o 1889, que ele já está escrevendo”, anuncia, orgulhosa. Além disso, Rita está fazendo, sobre ela e cada um dos netos, livretos de memórias que são verdadeiras preciosidades. A historinha de quando um deles, Matias, ganhou, magoado, uma bicicleta rosa antiga de uma prima ganha vida novamente nos traços da avó. A amiga Odete define bem o estilo da artista, nada dramático, leve, com uma graça muito particular, que já contou histórias de mulheres ao vento, mães, crianças, caçadas... “Até os cachorros da Rita têm expressão.”
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Suicídio
| Hugo Araújo|
As Ruínas do Cassino, hoje ponto turístico de Canela, serviu de cenário para a obra de Hugo. Na imagem, o ator, bailarino e músico Marcelo Donini se arrisca diante de um buraco no piso de concreto que seria de um luxuoso hotel em Canela. A construção foi abandonada em 1946, com a proibição dos cassinos no país. A foto vai ilustrar a capa do CD Obláta, de Donini, aprovado pelo Financiarte. “A obra em ruínas é um desses lugares que já não servem para nada, mas não para os fotógrafos”, diz Hugo, sobre a expressividade do cenário, que dispensa a fisionomia do ator.
Cavalgada
DE FOGO por ACÁCIO DE GEÓRGIA
É de manhã! Prossegue a cavalgada! Já brilha o sol na linha do horizonte, Quando a primeira brisa, de reponte, Sopra um perfume de manhã raiada. Prossegue a cavalgada pela estrada, Já é de tarde e o sol por trás do monte, Vai debandar, enfim, para outro fronte, Vai madrugar, talvez, noutra alvorada. Prossegue a cavalgada, o dia é findo... Já não se vê mais luz, a noite medra, No pôr do sol, aos poucos vai caindo. Mas noite a dentro os corcéis vão marchando, Os ferros riscam fogo em cada pedra E o caminho vai logo iluminando. CONVOCAÇÃO O Presidente do Touche Hold’em Club, usando das atribuições que lhe são conferidas pelo Estatuto Social CONVOCA os associados em pleno gozo de seus direitos estatutários para Assembléia Geral Ordinária, a realizar-se no dia 16 de maio de 2011 (segunda-feira), em sua Sede Administrativa, sito à Av. Independência, 2211, em primeira chamada às 14h, com a presença de, no mínimo, dois terços (2/3), em segunda chamada às 14h30min com a presença de, no mínimo, um terço (1/3) e em terceira chamada às 15h com a presença de qualquer número de associados, com a seguinte ordem do dia: 1. Horário de funcionamento do clube; 2. Anuidade; 3. Lei Antifumo. Caxias do Sul, 30 de abril de 2011 Ivo Luis Piazzetta - Presidente
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Dupla por FABIANO PROVIN
Base
Ninguém gosta de perder. Ainda mais num jogo decisivo como foi aquele contra o Inter. Os 2 x 1 para o colorado não diminuíram o desempenho do Juventude no Gauchão deste ano. Na Taça Piratini o time chegou às quartas de final, mas caiu diante do São José em casa. Na Taça Farroupilha, o alviverde, como cinco vitórias consecutivas, disputou a semifinal contra um Inter de Paulo Roberto Falcão, que garantiu a ida à final do segundo turno para enfrentar o Grêmio. O tricolor venceu o primeiro turno e, se bater o colorado, será campeão. Após a eliminação do Estadual, a direção do Juventude liberou os atletas por 20 dias. E com a folga foram divulgados os três primeiros a não terem os contratos renovados: os atacantes Ismael Espiga e Jean Coral e o meia Rodrigo Ost (este sequer ficou no banco de reservas nos dois meses em que esteve no Estádio Alfredo Jaconi). O que deixa o técnico Picoli aliviado é saber que o Ju tem uma base de time. Agora, a direção tenta incrementar essa base.
TEMPO DE FOLGA
PARA A DUPLA CA-JU Os próximos jogos oficiais do Caxias e do Juventude serão na segunda semana de julho: quase três meses de especulações, blefes, apostas, contratações, enquetes... Enfim, um período de folga que deve ser muito bem aproveitado. Em ambos clubes algumas apostas permanecerão, outras, para fazer caixa ($), deverão ser negociadas. No Caxias, é o caso de Everton, que interessa a clubes paranaenses, segundo confirmou o presidente Osvaldo Voges após a eliminação da Copa do Brasil para o Coritiba, onde foi possível perceber um time se arrastando em campo. O primeiro tempo teve muita disposição, mas na etapa final as coisas mudaram – para não dizer pioraram. O próprio técnico estreante Guilherme Macuglia lamentou o fato de a equipe não estar inteira, reflexo da sequência de trocas dos responsáveis pela preparação física. Por isso a contratação do experiente Darlan Schneider, que terá um bom tempo para deixar a rapaziada, como se diz, na ponta dos cascos para a disputa da Série C. Para quem não lembra, Schneider trabalhou com Felipão na Seleção Brasileira (campeão da Copa do Mundo de 2002), na Seleção Portuguesa e no Chelsea (Inglaterra). No jogo do dia 28, não podemos tirar os méritos do Coritiba. Um time que não perde há 27 partidas e conquistou a 22ª vitória consecutiva, batendo o feito do Pal-
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meiras de Luxemburgo em 96, que havia vencido 21, merece respeito. Até a sexta (29) não havia uma definição de folga ou férias grenás. No Juventude, foram dados 20 dias de folga, com reapresentação marcada para o dia 16 de maio. A avaliação do técnico Picoli é a de que o time chegou aonde podia. Limitado, o grupo foi motivado e respondeu à altura. Porém, diante de um qualificado Internacional (especula-se que ‘apenas’ o salário de Tinga cobriria um mês a folha do Ju), foi improvável depender da sorte. Em duas oportunidades os atletas colorados marcaram e saíram do Jaconi com uma vitória por 2 x 1 conquistada com um jogador a menos desde a metade do primeiro tempo. “O objetivo era chegar à final do turno. Acho que merecíamos até por tudo o que apresentamos. Mas para se chegar em uma final é preciso ter força, e pegamos um Inter motivado”, diz Picoli. A Série C começa no dia 16 de julho para o Caxias. O Ju deve estrear na quarta divisão no dia seguinte – a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não oficializou o calendário da Série D. Até lá a papada e os grenás terão que se preocupar com assuntos, digamos, menos importantes. Podcast | Escute todas semanas os comentários de Fabiano Provin sobre a dupla CA-JU em
Politicagem
Anunciada como uma forma para investigar contratos para a Copa do Mundo de 2014, a CPI da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) corre o risco de não sair. Pelo menos 70 deputados até então favoráveis ao processo retiraram o apoio (para criar uma comissão são necessários pelo menos 171). Os políticos se dizem preocupados com a organização da Copa. Como as obras estão atrasadas, eles dizem que uma CPI atrapalharia ainda mais os andamentos dos trabalhos para 2014. Uma parcela de deputados se diz satisfeita (!) com as explicações fornecidas pela CBF. Entretanto, um contrato social registrado na Junta Comercial do RJ, reproduzido pelo jornal Lance, mostra que o Comitê Organizador Local da Copa é uma empresa da qual o presidente da Cofederação, Ricardo Teixeira, tem 0,01% das ações, e a CBF, 99,99%, mas permite que os lucros sejam divididos entre os sócios independentemente das proporções. Entenderam?
Campeões
O zagueiro Bressan, do Ju, e o preparador de goleiros Rogério Maia, do Caxias (foto), conquistaram a 11ª Copa do Mediterrâneo, disputada em Barcelona pela Seleção Brasileira Sub-18. Eles retornaram para Caxias no dia 25 de abril. Bressan ressaltou que foi representar o trabalho desenvolvido em 2010 no alviverde. Na competição internacional, o zagueiro de 18 anos marcou um gol. Maia, que também atua na Seleção Sub-20, havia sido campeão Sul-Americano na disputa do seu primeiro campeonato no comando da preparação de goleiros da base canarinho comandada por Ney Franco. A competição na Espanha serviu também para observar quais atletas poderão disputar o Mundial Sub-20 na Colômbia, entre julho e agosto deste ano. Maia deve estar confirmado. Tomara que Bressan também tenha garantido o carimbo em seu passaporte. Divulgação/O Caxiense
Fabiano Provin/O Caxiense
Na última edição arrisquei que o novo treinador do Caxias não sairia da lista anunciada pelo vicepresidente grená Zoilo Simionato. Além de Guilherme Macuglia (estava no Criciúma-SC), foram contatados Leocir Dall’Astra (CruzeiroPoA), Agenor Piccinin (liberado pelo Ypiranga) e Argel Fucks. No dia 25 pela manhã, a imprensa catarinense foi pega de surpresa com a notícia de Criciúma, de que Macuglia (foto) havia pedido demissão (às vésperas da decisão do estadual) para assumir o Caxias. Zoilo preferiu esperar antes de confirmar qualquer informação. O presidente Osvaldo Voges disse que o acordo estava bem encaminhado, faltava assinar a papelada. Na noite do mesmo dia a contratação foi oficializada. Após a derrota por 1 x 0 para o Coritiba pela Copa do Brasil, Macuglia elogiou a disposição dos atletas e salientou que o clube precisa de líderes dentro de campo. O recado foi dado.
André T. Susin/O Caxiense
Opinião furada
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Guia de Esportes
por José Eduardo Coutelle | guiadeesportes@ocaxiense.com.br
TÊNIS Recomenda l 1° Torneio aberto de duplas | Sábado, das 18h às 20h30, e domingo, das 8h às 15h30 | Irão disputar o torneio 57 duplas divididas entre as categorias Especial, 1ª, 2ª e 3ª Classes, Mista e Feminina. Clube Juvenil Entrada gratuita | Marquês do Herval, 197, Madureira
RÚSTICA l Corrida do Trabalhador | Domingo, 9h30 e 10h | Centenas de pessoas irão comemorar o Dia do Trabalhador vestindo calção, camiseta e um tênis com amortecimento. A tradicional prova, que ocorre anualmente, também contará com participações especiais. Cadeirantes e pessoas com deficiência (PCD) provarão que as restrições físicas não impedem a saudável prática de esportes. A corrida será disputada em uma minirrústica de 3.500 metros e em uma rústica de 7 mil metros. Concentração no Sindicato dos Metalúrgicos Bento Gonçalves, 1.513, Centro
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SKATE
versário com pontuação similar. San Pelegrino Shopping Mall l Campeonato de Linha | Sá- Entrada gratuita | Av. Rio Branco, bado, a partir das 13h | 425, São Pelegrino A gurizada vai se encontrar na garagem da loja HIP para demonstrar o domínio no skate. As FUTSAL inscrições da competição podem ser feitas na hora, e parte do di- l Municipal | Terça (3) e quinta nheiro arrecadado será revertido (5), às 19h45 e 20h45 | para pagar o prêmio do vencedor. A equipe Galáticos provou que Os patrocinadores já garantiram faz jus ao nome. O time estreou R$ 300 para o primeiro colocado na competição goleando o Puma da categoria amadora. por 5 a 1 e ocupa a primeira coGaragem da loja HIP locação da chave C. Na terça (3), Inscrições: R$ 10. Entrada gratuita terá um novo desafio. Para man| Visconde de Pelotas, 941, Centro ter-se na liderança isolada o time precisará vencer o São Vicente, equipe que foi derrotada por 6 a 2 pelo Vila Amélia. XADREZ Terça (26), 19h45: Vila Amélia Recomenda x Puma | 20h45: Torino x Mal. l Jogos Abertos de Xadrez | Floriano | Quinta (28), 19h45: Sábado, 13h | Real x Arsenal | 20h45: Galáticos Cerca de 100 mesas serão colo- x São Vicente cadas lado a lado para a competi- Enxutão ção que reunirá aproximadamen- Entrada gratuita | Luiz Covolan, te duas centenas de enxadristas 1.560, Marechal Floriano entre as categorias mirim (até 12 anos), infantil (13 e 14 anos), juvenil (15 a 17 anos) e livre. A priFUTEBOL meira rodada, marcada para as 13h, terá emparceiramento alea- l Juventude x Igrejinha (jutório. Nas demais, será utilizado o niores) | Sábado, 15h30 | sistema suíço, modo em que cada Após o empate de 1 a 1 conparticipante joga contra um ad- tra o Novo Hamburgo na última
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quarta (27), a equipe alviverde retorna a campo em jogo válido pelo Campeonato Gaúcho de Juniores. Com 8 pontos e ocupando a 3ª colocação do grupo 1, o time treinado por Fernando Rech enfrenta o Igrejinha. Conforme o regulamento, avançam para a fase seguinte os três primeiros colocados e os três melhores quartos. Centro de Formação de Atletas e Cidadãos (CFAC) Entrada gratuita | Atílio Andreazza, s/n°, Parque Oásis
FUTEBOL SETE l Futebol Sete Série A | Sábado, 14h15 e 15h15 | Restando duas rodadas para definir quem avança para as semifinais na chave B, a Mundial está tranquila. Venceu as três partidas disputadas e tem vaga garantida. A equipe enfrenta a Marcopolo, que ainda luta pela classificação. Na chave A, Randon e Fras-le aguardam os adversários do outro grupo para definir as semifinais, marcadas para o dia 7 de maio. Sábado, 14h15: Marcopolo x Mundial | 15h15: Agrale x Voges Agrale Entrada gratuita | BR-116, km 145, 15.104, São Ciro
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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br
Leticia Rosseti, Câmara/O Caxiense
Adiar para mudar
O adiamento, até segunda-feira (2), do processo de escolha do novo presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul foi uma manobra articulada pela CIC. A entidade-sindicato quis evitar – pelo menos até lá – a eleição do padre Roque Grazziotin, representante do Ministério da Educação. A CIC pretende eleger para a função o dirigente do Simplás Orlando Marin, que vai substituir no Conselho Diretor o atual presidente, João Paulo Reginatto. A entidade argumenta que o presidente da fundação não pode ter vínculos diretos com a UCS.
Desunião pedetista
Por maiores que tenham sido os esforços de três vereadores, três secretários municipais, do secretário estadual Kalil Sehbe Neto e do deputado estadual Alceu Barbosa Velho, no sentido de buscar um caminho único para o PDT caxiense, o partido vai rachado para a convenção municipal deste domingo. São três chapas concorrentes: a do grupo de secretários e vereadores, a dos comunitaristas e a da atual executiva. A pergunta que paira no ar: como exigir que os 15 partidos integrantes da atual administração apoiem um candidato pedetista, na eleição municipal do ano que vem, se nem os pedetistas não conseguem se unir?
Sucessão é problema
Deputados do PMDB gaúcho resolveram percorrer 50 cidades em que o partido enfrenta dificuldade para definir um candidato forte à prefeitura. Mesmo com um prefeito peemedebista, Caxias do Sul foi incluída nessa lista de cidades problemáticas. Em que pese, também, o fato de o vereador Mauro Pereira já ter se apresentado como candidato à sucessão de José Ivo Sartori.
Casa que atrapalha
É mínimo o desgaste sofrido pelo presidente da Festa da Uva, Gelson Palavro, no episódio da poda de palmeiras imperiais, diante de um problema surgido nos pavilhões a ser negociado por ele. O projeto de renovação do Som & Luz implica na retirada da Casa da RBS do local estratégico em que foi instalada no centro do parque. O prédio interfere no desenvolvimento do espetáculo.
Com direito à participação relâmpago da deputada Manuela d’Ávila, a cerimônia confirmou, mais uma vez, o poder de mobilização do PC do B. Convocados pelo partido, estudantes e sindicalistas lotaram o plenário da Câmara de Vereadores, gritando o nome de Assis Melo, desde já considerado o pai da proposta de instalação de uma extensão da UFRGS. Assis investiu na ideia e começa a colher os frutos dela.
O prefeito José Ivo Sartori (PMDB) lembrou da tribuna que a Serra gaúcha foi penalizada por nunca ter sido contemplada com cursos universitários públicos. Mas, na sequência, a deputada Marisa Formolo (PT) lembrou que a região conta com núcleos da Uergs e do Instituto Federal. Já Assis garantiu que o empenho dele será direcionado agora para que esse protocolo de intenções da UFRGS saia do papel. Com muitos prefeitos na disputa para sediar a extensão da UFRGS, a começar mais uma vez por Bento Gonçalves, muita gente não entendeu o tom mais defensivo adotado pelo prefeito Sartori. Para ele, a definição do local da sede desse núcleo deve ser um processo coletivo para atender interesses regionais. Mas, qual é o município que tem mais condições, estrutura e público do que Caxias para contemplar a proposta da universidade?
Podemos afirmar com certeza que esse é um Conselho muito capaz. Capaz de tudo Senador Pedro Simon (PMDB), sobre a nova composição do Conselho de Ética do Senado.
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Está acertado: os desfiles de carros alegóricos da Festa da Uva de 2011 permanecerão na Rua Sinimbu. Mas, com um detalhe: o percurso pela principal via da cidade será menor. Começará na Rua Andrade Neves e poderá terminar na Dr. Montaury (ou, talvez, prosseguir por esta). A comissão comunitária mostrase sensível aos apelos da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, no sentido de que é impossível fechar as ruas Visconde de Pelotas e Garibaldi ao trânsito, a fim de possibilitar a realização dos desfiles.
Sem perdas
EXTENSÃO POLÍTICA
Realizada quinta-feira (28) na Câmara de Vereadores, a cerimônia de assinatura do protocolo de intenções para a instalação de uma extensão da UFRGS na Serra transformou-se em ato político de primeira grandeza – talvez o primeiro ato público tendo em vista a eleição municipal do ano que vem. Todos os pré-candidatos a prefeito estiveram lá, exceção a Alceu Barbosa Velho, que acompanha grupo de deputados gaúchos em viagem ao Vietnã.
Desfiles na Sinimbu
Em um ano, os servidores municipais de Caxias do Sul tiveram um total de reajustes salariais de 10,12%. Só em abril, foi 1,3% de ganho real, acordado em dissídio coletivo no ano passado, mais a correção da inflação do trimestre. O reajuste foi concedido a todos os servidores municipais, incluindo os médicos. Que permanecem em greve por força de liminar concedida pela Justiça.
Incentivo aos CCS
É formado por 42 itens o documento reivindicatório da campanha salarial de 2011 do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv). Chama a atenção o item 19, em que a entidade sindical reivindica, quem diria, a criação de um percentual mínimo de 10% de cargos em comissão (CCs) na administração municipal. Com 6.200 funcionários, a prefeitura tem hoje 236 CCs. Não é preciso dizer para quanto subiria o número desse tipo de cargo se a reivindicação for atendida pelo governo municipal.
Malandro oficial
Começa a ser discutida na Câmara proposta do vereador Guiovane Maria (PT) que pretende regulamentar a profissão de guardador de carro em Caxias do Sul. Pelo projeto de lei, os chamados flanelinhas (ou, muitas vezes, flanelões) deverão estar credenciados na prefeitura, responsável pela futura definição dos locais em que a atividade desses, digamos, profissionais será permitida. Resta saber se a proposta não irá apenas oficializar na cidade o achaque e a malandragem.
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