Edição 76

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Maio | 2011

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76 Ano ii

Onde

É TEMPO DE DEMOLIÇÃO

Vila Oliva ganha de Monte Bérico Renato

Henrichs Festa da Uva deverá ter apenas desfiles noturnos

A ânsia do mercado imobiliário transforma a paisagem urbana ao substituir antigas casas e prédios comerciais por novos empreendimentos e, em sua pressa, destrói marcos físicos da Caxias de outros tempos

As ideias de Stedile, líder do MST Roberto

Hunoff Metalúrgicos pedem piso de R$ 1 mil e ganho real de 7%

Em debate, os

impasses da greve dos médicos

André T. Susin/O Caxiense

Dupla

CA-JU A leva de reforços que desembarca no Centenário

R$ 2,50


Índice O Caxiense entrevista | 5 João Pedro Stedile, otimista com os governos, fala mais de agroecologia do que de reforma agrária Greve dos médicos | 8 Um debate esclarece os impasses e as (poucas) possibilidades de resolução Aeroporto | 10 O que diz, ponto a ponto, o estudo técnico do DAP sobre Vila Oliva e Monte Bérico Raridade | 12 Um Dodge 1920 lembra a chegada do automóvel a Caxias Demolição | 13 Histórias familiares e comerciais que perdem abrigo com a expansão imobiliária Boa Gente | 16 Um escritor, um fotógrafo e o Top 5 do Foursquare Artes | 17 Equilíbrio nas alturas e mala para viagem Guia de Cultura | 18 Oito peças de teatro e onze filmes em cartaz Dupla CA-JU | 21 No placar parcial dos reforços, 6 a 1 para o Caxias Guia de Esportes | 22 Elite estadual do golfe reunida no interior de Caxias Renato Henrichs | 23 Festa da Uva decide fazer só desfiles noturnos em 2012

Expediente

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

75 Ano ii

Néspolo

aponta o “dr. Alceu” como favorito no PDT Renato

HeNRiCHS O que o Município pretende fazer com a greve dos médicos

Lembranças inspiradas do

Vôo Livre Roberto

HUNOff Por que a prefeitura também deve se preocupar com o dólar

UM BeiJO CONTRA O

Carros

velozes e inofensivos

PReCONCeiTO Anderson e Luís vão ter uma filha. Daniel e Jeff ficam mais à vontade quando viajam. Paulo e Cláudio estão juntos há 26 anos. A empresária e a dentista preferem não contar nada aos amigos (nem à família). Como vivem os casais gays em Caxias – e o que pode mudar na vida deles após a decisão do STF, que selou, por 10 votos a zero, seu direito à união estável

Parabéns pela capa com a foto do beijo entre dois homens. Capa linda e infinitamente simbólica, emocionante e histórica. João Batista

Dupla

André T. Susin/O Caxiense

Roberto Hunoff | 4 Metalúrgicos querem piso de R$ 1 mil e reajuste de 14%

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Fotos: André T. Susin/O Caxiense

A Semana | 3 Um resumo do que foi notícia no site

www.OCAXIENSE.com.br

CA-JU A definição de quem vai e quem fica nos clubes

R$ 2,50

@Replicante3011 Parabéns pela capa do beijo. Muito bonita mesmo. Uma aula de civilidade. Um forte abraço. @Kaian_lua Parabéns ao Brasil por esse grande passo rumo a tolerância e o respeito.

@Balidogpoa Parabéns por mais uma edição de puro jornalismo.

@nilnews Corajosa e fundamental a capa do @ ocaxiense, ainda mais na conservadoríssima Caxias do Sul. @_vagner_ Ousada a capa do @ocaxiense de hoje. Sem preconceitos.

@guime_ Parabéns ao @ocaxiense pela capa e matéria sem preconceitos! Um belo exemplo de como usar a mídia @emelyjensen Que linda a capa do @ocaxiense. Mas imagino que muita gente vai achar ofensiva. @tiagovcidade A capa de hoje está perfeita! Caxias do Sul tem que começar a se acostumar com a diversidade sexual! Abaixo o preconceito! @Gabriel_Caco Até O Caxiense tem beijo gay. Só a Globo que não.

@rafaelcampos Capa linda do jornal O Caxiense sobre gays da cidade e o que pode mudar na vida deles após a decisão do SFT

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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Agradecemos | A Paulo e Emílio, da Emílio Emoldurações e Galeria (Rua Sarmento Leite, 2.836, fone 3226-2422), pela colaboração com a produção da capa – fotografada por André T. Susin, com reprodução da fachada do antigo Banco Pelotense, em 1915, no Centro de Caxias, em foto de Domingos Mancuso, do Acervo do Arquivo Histórico Municipal.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


A Semana

André T. Susin/O Caxiense

editada por Felipe Boff | felipe.boff@ocaxiense.com.br

Estádio Centenário está entre os 12 pré-selecionados pela FIFA para ser Centro de Treinamento de seleções na Copa 2014

SEGUNDA | 9.mai

TERÇA | 10.mai

Guarda municipal usará armas de fogo

Abrigo de animais abandonados ganha prazo

A prefeitura vai comprar 30 armas de fogo para a Guarda Municipal. A permissão para o uso de pistolas e revólveres na corporação veio após um convênio com a Superintendência Regional da Polícia Federal. Hoje, a corporação, que tem 160 guardas, usa apenas pistolas não letais, que disparam descargas elétricas. A ideia é usar as armas de fogo apenas em situações mais graves.

Deu certo, por enquanto, o apelo de Flávio Dias contra a ordem de despejo que o expulsaria, com os 200 animais vítimas de maus tratos e abandonos que ele abriga, de sua chácara no bairro Parque Oásis. Como a prefeitura agora se dispõe a estudar a doação de uma área, a juíza Joseline Vargas marcou uma audiência conciliatória para 18 de junho. Aguarda-se, até essa data, a definição de um novo local parao abrigo de cães e gatos.

Centenário poderá ser CT da Copa do Mundo

Mauro Pereira se lança O Estádio Centenário repre- pré-candidato a prefeito

senta Caxias do Sul na luta por uma vaga de campo-base – ou, como está sendo chamado agora, Centro de Treinamento (CT) – da Copa do Mundo de 2014. Foi pré-selecionado pela FIFA, junto com estádios de outras 11 cidades gaúchas, como candidato a receber seleções. O número de concorrentes ainda é alto, mas, nos bastidores, comemora-se a saída de dois teoricamente fortes, São Leopoldo e Erechim.

O vereador Mauro Pereira, que há algum tempo não anda em sintonia com a presidente municipal do PMDB, a também vereadora Geni Peteffi, resolveu agir por conta. Em carta a ela – e cuidadosamente enviada por e-mail a toda a imprensa –, colocou-se à disposição como pré-candidato da sigla a prefeito em 2012. Exsecretário de Obras, Mauro tem poucas chances reais de concorrer, mas pode ter cutucado o par-

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tido a acelerar as discussões sobre gação de R$ 20 milhões em ICMS. Conforme o Ministério Público, o a sucessão de José Ivo Sartori. esquema consistia na omissão de vendas, no uso de caixa dois e de QUARTA | 11.mai contabilidade paralela, em subfaturamento e na escrituração de Greve dos médicos créditos falsos. A chamada Opeultrapassa um mês ração Brilhante fez apreensões de O impasse entre a prefeitura documentos e equipamentos em e os médicos da rede municipal algumas delas, além de pedir o completou um mês. De novidade, sequestro de bens dos envolvidos. apenas a retomada amistosa do di- A maioria das indústrias seria de álogo, via imprensa – na noite de fachada, segundo os promotores. quarta-feira, o jornal O Caxien- Só faltou o MP divulgar os nomes se promoveu o primeiro encon- – de pessoas e de empresas. tro, este ano, entre o secretário de Recursos Humanos e Logística, Edson Mano, o representante da SEXTA | 13.mai Comissão de Greve do Sindicato dos Médicos, Ronaldo Mattia, e o Tarifa de táxi vai presidente do Sindicato dos Ser- aumentar 17,8% vidores Municipais, João Dorlan. Depois de mais de dois anos sem Leia a cobertura do debate a partir reajuste, a tarifa do táxi vai subir da página 8. 17,8%. O aumento só aguarda a homologação do prefeito José Ivo Sartori (PMDB), que deve ocorrer QUINTA | 12.mai nas próximas semanas. Com isso, a bandeirada, que conta duas uniMP aponta sonegação de dades taximétricas (UTs), passará R$ 20 milhões em ICMS de R$ 3,82 para R$ 4,50. O quilôDez pessoas, ligadas a 13 empre- metro rodado irá de R$ 1,91 para sas do setor metalúrgico da cidade, R$ 2,25, e o custo a cada 30 segunestão sendo processadas sob a acu- dos de táxi parado no trânsito susação de ter participado da sone- birá de R$ 0,19 para R$ 0,22.

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

A Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) firmou parceria com a Dell que visa a facilitar o acesso dos acadêmicos às novas tecnologias. A partir de segunda-feira (16), os estudantes, professores e funcionários da instituição terão desconto mínimo de 10% sobre qualquer produto anunciado no site oficial da empresa. O lançamento da parceria será na segunda-feira (16), às 19h, no Auditório da FSG, com a palestra O Modelo Comercial Dell, proferida por Fábio Monteiro, gerente de contas da Dell Brasil.

Potencial

agrícola

7% de aumento real

Divulgação/O Caxiense

Parceria

Inserção

Em audiência pública realizada esta semana na Câmara de Vereadores ficou claro o descumprimento, pelas empresas da cidade, de legislação federal. Toda a organização com mais de 100 trabalhadores deve ter, em seus quadros, de 2% a 5% de portadores de necessidades especiais. Segundo a auditora fiscal do Ministério do Trabalho, Tatiana Barreto, mais de 200 empresas precisam cumprir a lei, garantindo ocupação para 3.786 pessoas. No entanto, estão empregados apenas 1.588 portadores de necessidades especiais. Parte das empresas que descumprem a legislação alega não haver mão de obra qualificada para empregar. Porém, para o representante do Ministério Público do Trabalho, Bernardo Mata Schuch, o que precisa é mudar a mentalidade dos empregadores.

Curtas

A fundadora da empresa de colchões Companhia do Sono, Lúcia Helena Pedroso, palestrará segunda-feira (16) na CIC. No evento comemorativo aos 14 anos do Conselho da Mulher Empresária e Executiva da CIC ela falará sobre O grande desafio do varejo. As Empresas Randon realizam no domingo (15) nova edição do evento Vivendo de bem com a vida. Será das 14h às 17h30, na sede social da Fras-le. Comitiva do Simplás inicia neste domingo viagem à China, onde participará até o dia 20 da Chinaplás. Sai direto da Brasilplast 2011 – Feira Internacional da Indústria do Plástico –, em São Paulo, onde um grupo de 80 empresários do setor busca novos negócios e fornecedores da cadeia plástica, além de atualizações tecnológicas.

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Com produção anual de 240 mil toneladas de hortifrutigranjeiros, Caxias do Sul garante o abastecimento de 25% da Ceasa de Porto Alegre e de 70% da unidade local. São mais de 11 mil hectares plantados, com destaque para as culturas de tomate, cenoura, beterraba, morango e maçã, todas com participação média de 20% nos volumes estaduais. Mais expressiva é a cultura do caqui: aqui são produzidas 16 mil toneladas da fruta, equivalentes a 40%. A uva, por sua vez, limita-se

a 10% da produção estadual. Com o objetivo de difundir este potencial e qualificar os produtores da cidade e região é que a prefeitura de Caxias do Sul promove, de 18 a 21 de maio, o 4º Horti Serra Gaúcha, feira tecnológica e de negócios da agropecuária. Toda a programação, que inclui palestras, exposição e venda de insumos e produtos da agricultura familiar, ocorrerá no Centro de Eventos da Festa da Uva.

Fotografia

Os 20 anos da Objetiva Fotografias estão sendo comemorados com mudança de endereço e novos serviços. O fotógrafo Julio Soares, fundador da empresa em 1991, investiu em uma área de 200 m², onde montou dois estúdios, salas de atendimento, departamento para

tratamento de imagens e lounges interno e externo. Fortemente focada em foto publicitária, a empresa criou agora uma divisão voltada à fotografia social, por meio da qual oferece books para gestantes, crianças e noivos, além de atender casamentos, aniversários e formaturas.

Acordo

Os trabalhadores da Agritech Lavrale receberão em junho, como Plano de Participação de Resultados, 10% dos salários mais R$ 200.

Inovações

Especializada em automação industrial e comercial, a Trends Solutions, de Caxias do Sul, desenvolveu novas soluções em coleta e gerenciamento de dados. Com elas, que serão comercializadas em todo território brasileiro, a empresa pre-

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A proposta inicial era de apenas pagar os 10%. A empresa também concederá licença maternidade de 180 dias para as trabalhadoras.

tende elevar seu faturamento em 30%. Os equipamentos poderão ser utilizados nos processos de recebimento, armazenagem e movimentação de produtos, conferência de pedidos e rastreabilidade da carga.

Os metalúrgicos de Caxias do Sul aprovaram proposta feita pela diretoria do sindicato de reivindicar 14% de reajuste no dissídio coletivo deste ano, que tem 1º de junho como data-base. O índice considera a inflação dos últimos 12 meses mais 7% de aumento real. Dentre as demais 69 cláusulas sociais constam piso de R$ 1 mil, a exemplo do já reivindicado em 2010. Na avaliação do vice-presidente da entidade, Leandro Velho, o reajuste não é irreal, porque toma por base os excelentes resultados apresentados pelo setor e a qualidade da mão de obra local. Alega que dados econômicos publicados nos balanços empresariais apontam para incremento de 50% nas receitas e de até 85% nos lucros. Mesmo sem ainda receber oficialmente as reivindicações, o sindicato patronal já adiantou: a pedida esta acima da capacidade das empresas. O presidente do Simecs, Getúlio Fonseca, adianta que a base inicial de negociação será o índice da inflação, em torno de 6%. Já o diretor da entidade, Reomar Slaviero, entende que o reajuste reivindicado reduz ainda mais a competitividade do setor. Em 2010 os trabalhadores propuseram 10% e os patrões pouco mais de 5%. O acordo foi fechado em 8%.

Inflação galopante

No primeiro quadrimestre do ano o Índice de Preços do Consumidor de Caxias acumula alta de 5,14% e, nos últimos 12 meses, 8%. Ou seja, números bem acima do limite de 6,5% estimulado pelo governo federal para a inflação do ano. E quem pensa em desaceleração desta curva ascendente que se prepare. Na avaliação da professora de economia da Universidade de Caxias do Sul, Maria Carolina Gullo, os preços continuarão em alta, no mínimo, até agosto. A esperada baixa nos combustíveis não se refletirá de forma imediata e a entressafra de produtos agrícolas pressionará os custos dos alimentos. É só ficar mais atento às gôndolas dos supermercados e cupom fiscal das compras. Como o aumento dos juros pouco tem resolvido, a não ser inibir investimentos na produção, a sugestão da professora é: o consumidor precisa dar mais valor ao seu dinheiro, pesquisando e não comprando produtos que estiverem com preços muito elevados. Também não se deixe levar pela emoção. O momento requer cautela e moderação nas compras.

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André T. Susin/O Caxiense

O Caxiense Entrevista

A maior inimiga do MST, segundo Stedile, não está na política: “A sociedade é manipulada pela grande mídia”

“O governo Yeda Crusius

era fascista”

João Pedro Stedile está otimista quanto ao governo de Tarso Genro, que, segundo ele, é mais aberto aos movimentos sociais

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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

oão Pedro Stedile, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), concedeu entrevista ao O Caxiense antes de sua palestra na UCS – para um auditório lotado – sobre as consequências do agronegócio para o meio ambiente. Na noite de segunda-feira (9), o homem forte, de olhos claros, sobrancelha rala, cabelo e barba grisalhos, criticou o governo Yeda Crusius (PSDB) e mostrou-se tão otimista em relação ao governador Tarso Genro (PT) quanto à presidente Dilma Rousseff, que precisa, conforme ele, fazer uma gestão melhor do que a de Lula. Ele deixou claro que a maior inimiga do MST hoje não está no ramo político, e sim na grande mídia, que tornou-se um polo da

resistência da direita brasileira. Qual o principal problema do agronegócio hoje? Uma das causas dos principais problemas ambientais é o modelo do agronegócio, que utiliza grandes extensões de terra, que mecaniza, desmata e só produz com o uso de venenos. Isso gera agressão ao meio ambiente e desequilibra a natureza em vários aspectos. Primeiro, em nível nacional, eles desmatam completamente para homogenizar as áreas. Segundo, ter grandes extensões de uma mesma planta gera desequilíbrio nas chuvas, porque o ciclo natural depende da biodiversidade da cobertura vegetal. Quando é só uma planta, a pulverização diferente das águas faz com que a chuva que poderia cair ali vá para outras regiões com grau de intensidade muito maior. É por isso que estão aumentando as chuvas torrenciais do Sudeste,

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que vêm da Amazônia, porque lá discriminado de agrotóxicos? não tem mais o equilíbrio que as É a agricultura familiar. Porque segurava. O terceiro problema é em vez de usar venenos, usa téco uso intensivo de venenos. Essas nicas agrícolas, com a chamada grandes fazendas de agroecologia, em soja só conseguem que se administra produzir com mui- “É possível nós ervas daninhas ou to veneno. O Brasil produzirmos fungos, equilibranse transformou no do a biodiversidade. tudo o que maior consumidor Mas para isso premundial de agrotó- se produz na cisa de muita mão xicos. Esses venenos agricultura de obra, o que a são de origem quí- brasileira agricultura familiar mica, não são bio- sem usar tem, mas o agronedegradáveis. Afetam gócio não, porque uma grama a fertilidade do solo, eles expulsam a mão deixam a agricultu- de veneno” de obra do campo, ra mais dependente preferem colocar de adubo químico máquina e veneno. no próximo ano, vão para o lençol Temos que criar legislação ainda freático e contaminam as águas, mais rigorosa para os venenos. ou contaminam o ar, além de, por Não é possível continuar dessa último, chegar dentro do alimen- forma. No Brasil se registra 40 to, indo para o nosso organismo. mil novos casos por ano de câncer de estômago, a maior parte Qual a alternativa para o uso in- deles é originária dos alimentos 14 a 20 de maio de 2011

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contaminados. Dos 40 mil casos, 20 mil vão a óbito. Esse é o preço que a sociedade está pagando pela ganância daqueles que só querem lucro. Estamos fazendo campanha nacional contra o uso dos agrotóxicos. É possível nós produzirmos tudo o que se produz na agricultura brasileira sem usar uma grama de veneno. Mas os alimentos sem agrotóxicos não são mais caros? Está provado que não altera o preço, ao contrário. O custo de produção com agroecologia é até mais barato que o método tradicional. A população tem ideia de que o orgânico é mais caro porque só uma parte da população tem consciência de consumir alimentos orgânicos, e os supermercados descobriram esse nicho. Então não é que é mais caro produzir na agricultura, mas o supermercado se aproveita e dobra o preço, porque ele domina a cadeia de distribuição. A população tem que brigar no supermercado. Qual sua expectativa com o que pode mudar com o novo Código Florestal? Querem acabar com o Código Florestal, que é para tirarem suas responsabilidades com a sociedade. Querem desmatar ainda mais, ou seja, só querem lucro máximo. Eu acho que os deputados ruralistas têm a maioria dos votos. Já tem pesquisa: 95% da população não aceita mudança no Código que afete a vida e o desmatamento. É possível continuar produzindo na agricultura com desmatamento zero. Se formos derrotados na Câmara dos Deputados, vai ser parcial, porque o projeto tem que ir para o Senado, onde eles têm mais responsabilidade e têm condições de impedir retrocessos no Código. Se mesmo assim tivermos derrotas, esse projeto vai à sanção presidencial, e a presidenta Dilma tinha se comprometido na campanha de que não é favorável a nenhuma política que leve ao desmatamento, e as mudanças do Aldo (Rebelo, de-

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putado do PCdoB, autor do novo texto) levam a isso. As mudanças vão gerar desmatamento acelerado como já aconteceu nessa safra só pelo anúncio, o que foi registrado pelos satélites. A presidenta Dilma não pode permitir que haja retrocessos na legislação ambiental. E, se a sociedade for derrotada na Câmara, no Senado e a presidenta não tiver forças suficientes para vetar, o que nós temos ainda são dois caminhos: entrar com uma ação provando que as mudanças são anticonstitucionais, e exigir um plebiscito, porque se muda as regras, se vai afetar toda a sociedade, ela tem direito de opinar. Quais as expectativas do MST para o governo Dilma? Ela vai atender melhor as demandas do que o presidente Lula? Ela se elegeu numa correlação de forças mais favoráveis do que o Lula. O Lula era como se fosse uma unanimidade. Todo mundo apoiava o Lula. Agora na eleição da Dilma ficou mais claro. Quem queria a volta do neoliberalismo, quem queria mudanças no Código Florestal era com o Serra, quem queria avanços na política do Lula, votou na Dilma. Ela não pode ser apenas a continuidade do Lula, senão ela será um fracasso. Ela tem que avançar. Porque os problemas da sociedade brasileira – que na época do Lula só receberam medidas de compensação social, como foi o Bolsa Família e o ProUni (Programa Universidade para Todos) – exigem medidas de distribuição de renda. E em relação ao governo Tarso Genro? Aqui é mais clara ainda a diferença. O governo anterior era um governo fascista. A Yeda se baseava em duas forças. Na força de cinco empresas multinacionais que financiaram a campanha dela e na força da repressão aos movimentos sociais. Então era um governo de direita, fascista. Agora temos um governo que é democrático e foi eleito já no primeiro

turno com a vontade inequívoca da ampla maioria do povo gaúcho, então eu acho que governo Tarso nasce em uma correlação de forças muito mais favorável inclusive que a Dilma.

terra dos outros’”. É a mesma coisa com as cotas raciais. A Globo ficou anos falando mal, que os negros queriam tomar o lugar dos outros. Não! Os negros têm direito a entrar na universidade porque até agora só os brancos entraram. Não é substituir um pelo outro, é dar o direito a eles, que está na Constituição. Mas a Globo falou mal de tal maneira que hoje quando um estudante negro vai fazer vestibular os outros brancos ficam olhando para ele e pensando que ele vai tomar o lugar deles.

Mais aberto aos movimentos sociais? Sim, com uma clara política de que os problemas do povo têm que ser resolvidos pelo poder público em negociação, que a repressão não é solução para nenhum problema – só agrava. Então, certamente, o governo Tarso vai ser muito diferente – para me- E quanto às escolas do MST? A lhor – do que foi o da Yeda. mídia também tem essa influência? Como a sociedade percebe os Não. No tema educação, acho movimentos sociais, como o que por mais campanha que a MST, hoje? RBS tenha feito contra nós eles A sociedade brasileira infeliz- não conseguiram estigmatizar, mente vem sendo manipulada porque todo mundo percebe que pelos grandes meios de comuni- a escola é um direito. E a Consticação. A Globo, a Bandeirantes, tuição garante que independente as grandes revisde onde você mora tas, Veja, IstoÉ, e os você tem direito à grandes jornais na- “O governo educação. E agora cionais, Folha de S. graças ao governo anterior era um Paulo, O Globo, EsTarso nós vamos tadão, que se trans- governo fascista. voltar a ter escola formaram em polos A Yeda se baseava nos acampamentos. da resistência da na força de cinco Não é um ganho, direita brasileira. A multinacionais é a volta de um didireita sabe que não reito. Que, aliás, o e na repressão controla o governo governo Yeda não aos movimentos Dilma. Então onde cumpria nem nas ela está se agarran- sociais” comunidades rurais do para influenciar tradicionais. Então a sociedade? No pofoi uma mera perseder judiciário e na imprensa. E, guição da direita que havia no Rio evidentemente, que para a direita Grande incrustada do Executivo não interessa que os trabalhado- e no poder judiciário, sobretudo res lutem, ou que haja luta social, no Ministério Público Estadual, porque toda luta social leva a mu- onde se aglutinaram alguns prodanças. Então qual é o antídoto motores de direita, que estavam que a direita usa contra os movi- vendo fantasma em tudo quanto mentos sociais? Falar mal todo o é lugar. Temos em Veranópolis tempo. Qualquer luta social é es- uma escola de excelência, que gatigmatizada pelos grandes jornais nhou prêmios pelo seu método e pela televisão. E isso reflete na educativo, e esse mesmo promopopulação. Um exemplo patético: tor público chegou a dizer uma 60% da população da periferia época na RBS que era uma escola de São Paulo mora em terrenos de guerrilha. Seria a primeira esocupados. Você vai lá e pergunta cola de guerrilha no mundo que para eles ‘você é a favor da ocupa- é feita em um seminário da igreja ção de terras?’ Eles dizem ‘Nããão, católica no meio de uma cidadesomos contra, imagine, entrar na zinha conservadora.

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André T. Susin/O Caxiense

Pausa para o diálogo

Em debate organizado pelo jornal O Caxiense, representantes dos médicos, da prefeitura e dos municipários conversaram sobre a paralisação

“A BEM DA VERDADE,

NÃO TEM GREVE”

Líder da paralisação dos médicos diz que a prefeitura – que só aceita negociar se eles voltarem ao trabalho – está numa posição cômoda, porque o atendimento continua sendo realizado

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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

eunidos ao redor da mesma mesa pela primeira vez neste ano, o secretário de Recursos Humanos e Logística, Edson Mano, o representante da Comissão de Greve do Sindicato dos Médicos, Ronaldo Mattia, e o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv), João Dorlan, debateram durante uma hora em um encontro organizado pelo jornal O Caxiense e transmitido ao vivo pela internet na noite de quartafeira (11). Naquela data, a greve dos médicos, retomada com autorização do Tribunal de Justiça do Estado, completou um mês. Atualmente, apenas metade dos médicos da rede municipal está trabalhando em Caxias – uma paralisação que Mattia diz nem considerar uma greve. Talvez por causa do pouco impacto – ou pelo assombro com a exigência inicial da categoria, que pedia reajuste do salário-base de R$ 2,1 mil para R$ 9,1 mil –, a prefeitura não apresentou proposta alguma para solucionar o embate ao longo deste mês. Segundo Mano, o Município está disposto a negociar somente se os médicos suspenderem a greve. É nesta condição, por ora, que reside o maior impasse. Mattia descarta essa possibilidade, prometendo: “Então será uma longa greve”.

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“Não vamos ser irresponsáveis e jogar para uma administração futura um impacto que não pode ser viável”, disse Mano, justificando por que não aceita propostas como a do abono emergencial de 60%, a última apresentada pelos médicos. “A categoria médica, desde o início da greve, em 2010, foi a que mais procurou o diálogo. Infelizmente, o caminho tomado pela administração está sendo o caminho jurídico”, rebateu Mattia. Esse ponto, ao menos, ficou mais claro no debate promovido pelo jornal. Mattia lembrou que, no ano passado, em reunião com a secretária municipal da Saúde, Maria do Rosário Antoniazzi, os médicos receberam uma proposta de bonificação, em torno de R$ 1,1 mil, acrescentada de bônus por números de atendimentos. Com isso, o salário-base alcançaria R$ 3,5 mil. Naquela ocasião, chegou-se a um consenso – que, no entanto, durou pouquíssimo tempo. Mano admitiu que o Município apresentou esses números aos médicos, mas diz que essa saída não estava alicerçada nos devidos cálculos, que só foram feitos depois. E foi então que a prefeitura retirou a proposta, por constatar que não teria como arcar com a despesa, “em torno de R$ 700 mil mensais”, segundo o secretário. Mas não foi só isso que fez o Município recuar, revela Mano.

Com a iminência da greve, “as fa- nicípio vai de R$ 2,7 mil a R$ 12 mosas declarações do presidente mil. “A média fica em torno de do Sindicato (Marlonei Silveira R$ 4,6 mil”, contabilizou. Mattia dos Santos), totalmente ofensivas”, disse que não conhece nenhum também pesaram. Descontente médico que receba R$ 12 mil. “O com os números de sua própria salário-base de um médico em proposta inicial e com a pres- Caxias do Sul hoje é R$ 2,2 mil. são encabeçada por Marlonei, a Talvez o Mano se refira aos gaprefeitura resolveu não elaborar nhos do médico depois de anos sequer uma oferta de trabalho, mais intermediária. Simalgumas bonificaplesmente engave- “Ninguém vai ções”, salientou. Ao tou a anterior, com fechar portas tratar da questão saa qual os médicos de um PA, mas larial, Mattia fez ouconcordavam, como tro esclarecimento poderíamos assinalou Mattia. no debate. Segundo Também no ano fechar todas ele, a categoria não passado, conforme as UBSs”, exige R$ 9 mil menDorlan, o Sindiserv disse Mattia, sais para voltar ao procurou o Sindi- ameaçando trabalho. Essa cifra cato dos Médicos, segue uma reivindiparalisação total colocando-se à discação da Federação posição para a negoNacional dos Méciação. “Só que eles dicos, mas não se não aceitaram”, lembrou o pre- espera que seja atendida aqui. “Se sidente dos municipários. Nesse a população pensar nos R$ 9 mil, ponto chega-se ao segundo gran- o que não é a realidade, vai ficar de impasse. Caso o Sindicato dos contra os médicos. Não é isso que Médicos conquiste isoladamente queremos”, afirmou Mattia. algum tipo de reajuste ou bonifiO que os médicos querem, concação, o Sindiserv vai reivindicar forme seu representante, é uma o mesmo. “Qualquer abono sala- proposta da prefeitura. “Não se rial deve afetar toda a categoria tem uma grande movimentação dos servidores públicos”, defen- para chegar a um acordo nessa deu Dorlan, com a concordância greve porque, a bem da verdade, do secretário de Recursos Huma- não tem greve”, avaliou Mattia, ao nos e Logística. apontar que, como a paralisação é parcial, o atendimento continua Mano conta que a faixa sendo prestado. “Não ouvi nesalarial dos 218 médicos do Mu- nhuma notícia nesses 30 dias de

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André T. Susin/O Caxiense

De cima para baixo: Mattia, Mano e Dorlan

alguém que tenha tido uma emergência e não tenha sido atendido. Por isso a administração está em uma situação cômoda”, observou, acrescentando: “Ninguém vai fechar as portas de um PA (ProntoAtendimento), mas poderíamos fechar todas as UBSs. Talvez assim a greve ganharia mais força. Talvez passe pela cabeça de muitos colegas a paralisação total. Talvez tenhamos que enfrentar juridicamente (já que, por decisão do TJ, os médicos podem paralisar apenas em 50%, por se tratar de serviço essencial)”. Mas, para Mano, há uma interpretação equivocada da decisão judicial. No entendimento da prefeitura, a ordem determina que toda a demanda das UBSs, Pronto Atendimento 24h e Centro Especializado de Saúde (CES) seja atendida pelos 50% dos profissionais que estiverem trabalhando – e não que sejam atendidos apenas casos de urgência, por exemplo. A carga horária – assumidamente descumprida pela categoria, segundo o presidente do Sindicato – também foi tratada pelos debatedores. Mano explicou que a troca da fiscalização das horas por um determinado número de atendimentos é resultado de um acerto informal feito há anos entre a prefeitura e categoria. “Com o acordo eles atenderiam entre 16 e 18 pacientes e não teriam a necessidade de cumprir a carga horária”, contou. Dorlan criticou a situação, e lembrou que quem deve controlar os horários dos servidores municipais é o gestor. “Todos têm que ter o mesmo tratamento. Para nós, o cumprimento do horário é uma questão tranquila”, afirma o presidente do Sindiserv. Mattia disse, pela primeira vez, que isso não seria um problema para os médicos – diferentemente do que vinha afirmando Marlonei Silveira dos Santos. “Eu não sei quem plantou isso de que os médicos não traba-

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lham, não cumprem horário, não mada por cinco membros do batem ponto”, reclamou. “Na ver- Sindiserv e cinco membros da dade, quem fala isso sempre é o prefeitura, para discutir questões presidente do sindicato”, respon- do funcionalismo, mas parada deu Mano. Mattia rebateu: “Não desde dezembro. “As distorções são só alguns médicos que não não são só dos médicos, são do batem ponto em Caxias do Sul. guarda municipal, do enfermeiro, Sei de secretarias inteiras que têm do agente administrativo... A lei é simplesmente um muito antiga. A disponto caderno, que cussão de reclassiaceita qualquer as- “Sem suspender ficação (dos cargos) sinatura a qualquer a greve o não é só salarial, momento”. estamos discutindo Município não O secretário disse vai sentar para a atribuição”, disse que, independenDorlan. “Talvez tetemente da questão conversar”, nha que se trabalhar com os médicos, o reafirmou Edson um novo sistema de Município está ad- Mano, secretário remuneração. A requirindo de 80 a de Recursos classificação é pegar 100 relógios biomé- Humanos um médico e colotricos, para todos os cá-lo em um novo servidores municargo. Isso é muito cipais, que devem ser instalados difícil”, ressaltou Mano, para conem torno de 30 dias. Inclusive nas cluir: “Solução rápida não existe”. UBSs. No fim do debate, o secretário reforçou a condição para negoQuando o debate voltou ciar: “Sem suspender a greve o ao tema central, Edson Mano Município não vai sentar para afirmou que a prefeitura está es- conversar”. E Mattia reafirmou tudando alternativas para resol- a recusa: “Estamos abertos. Mas ver não apenas a greve, mas ou- não com ‘parem e nós convertras questões do funcionalismo samos’. Se não houver proposta municipal. Ele ressaltou que não plausível de discussão, infelizsão propostas a serem feitas dire- mente, eu não acredito no térmitamente ao Sindicato dos Médi- no tão breve da greve. A popucos. A criação de uma fundação lação está sendo atendida”. Essa que assuma os quadros da saúde é última declaração, porém, fez uma delas, mas já tem a oposição Mano pensar em voz alta: se com do Sindiserv. Mattia também já 50% do quadro o Município não adiantou que apenas o fato de se tem sentido prejuízos tão graves, iniciar uma discussão sobre essa será que precisa mesmo de tantos fundação não faria os médicos médicos? suspenderem a greve. “A criação No balanço final do debate, o de uma fundação seria para os que ficou de positivo foi a reaberprofissionais daqui para a frente. tura do diálogo, que parece ter Hoje, os 218 profissionais conti- agradado a todos os envolvidos. nuariam sendo funcionários pú- Quando o mediador brincou, enblicos municipais, que poderiam tão, que a discussão sobre a greve se exonerar e assumir em uma dos médicos poderia ficar marcafundação”, explicou Mano, acres- da para toda quarta-feira à noite, centando que isso permitiria a na sede do jornal O Caxiense, eles ter uma remuneração maior. Mano, Dorlan e Mattia riram. E Mas a solução ideal para a gre- concordaram. ve, tanto para Mano quanto para Online | Assista ao debate sobre Dorlan, seria levar a discussão a greve dos médicos na íntegra em www.ocaxiense.com.br. para a Comissão Paritária – for-

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Reprodução/O Caxiense

Expectativa no ar

Mais do que citar Vila Oliva como local ideal, relatório comparativo do DAP diz que a obra é inviável em Monte Bérico

DESEMPATE TÉCNICO

O Caxiense teve acesso à íntegra do estudo que mostra por que Vila Oliva é melhor do que Monte Bérico para sediar o novo aeroporto

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por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardocoutelle@ocaxiense.com.br

ão deve durar mais uma semana a incerteza sobre onde será construído o novo aeroporto regional. Entre quinta-feira (19) e sábado (21), o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque (PSB), promete estar em Caxias para dar o veredicto da contenda entre Vila Oliva e Monte Bérico. Cumprirá, assim, o prazo de 60 dias anunciado pelo governador Tarso Genro (PT) em sua última visita , em 21 de março, na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul. Desta vez, Tarso não deve vir à cidade. A única certeza que existe, por enquanto, é de ordem técnica. E é favorável ao distrito de Vila Oliva. O Caxiense teve acesso à íntegra do estudo concluído pelo Departamento Aeroportuário do Estado (DAP) no final da administração Yeda Crusius (PSDB) que comparou as duas áreas. Além desse documento, no entanto, o novo governo levantou nos últimos dias dados sobre a viabilidade econômica e a demanda das duas opções. De um lado, pró Vila Oliva, foi alimentado por informações da CIC de Caxias. De outro, em defesa de Monte Bérico (localidade de Farroupilha, quase divisa com Flores da Cunha), recebeu a pressão da Associação das Entidades Representativas da Classe Empresarial da Serra Gaúcha (CICS Serra).

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O estudo técnico esclarece que o novo aeroporto deverá operar rotas domésticas e internacionais para passageiros e cargas. Para isso, em um primeiro momento, precisará ter uma pista principal de 45 metros de largura por 3 mil metros de extensão, que depois seria ampliada para 4,1 mil metros. O documento também prevê a construção de uma pista secundária, com no mínimo 3,1 mil metros. Inicialmente, o aeroporto receberá aeronaves do tipo Boeing 767-300; depois, versões cargueiras do avião. A previsão é de que por ele circulem pelo menos 600 mil passageiros anualmente. Farto em informações técnicas, o relatório do DAP não apresenta a relação dos investimentos necessários para a construção nem a forma como os recursos seriam obtidos para o financiamento da obra. O estudo foi realizado com base nas imagens geradas pelo satélite Quick Bird. Ao todo, 15 itens foram avaliados: distância do centro urbano, vias de acesso, relação da pista com a cidade, sobrevoo da cidade, ocupação do entorno, infraestrutura de serviços, obstáculos físicos, direção dos ventos, proximidade de aeroportos, terraplanagem e topografia, geologia, dimensões possíveis, meio ambiente, área para infraestrutura e desapropriação e construções existentes. A localidade de Monte Bérico teve avaliação superior a Vila

Oliva em apenas três quesitos: pavilhões industriais. Na área que distância, vias de acesso e infra- abrigaria a pista, o levantamento estrutura de serviços. Está a 12 de satélite apresentou a existência quilômetros do centro de Farrou- de 125,7 hectares de mata nativa, pilha, e a 17 de Caxias do Sul. O 3 mil metros lineares de cursos deslocamento até lá, hoje, é feito d’água, 8,7 hectares de açudes e na maior parte por rodovias as- mais 166,5 hectares que incluem faltadas. Atualmente, o motorista vegetação rasteira, Área de Preprecisa trafegar apeservação Permanas 5 quilômetros nente (APP) e planem vias com outros “Não há como tação de parreirais. tipos de calçamen- anunciar um local Em Vila Oliva, a tos. No caso de Vila quando se carece mata nativa não seOliva, leva-se mais de informações. ria atingida na área tempo para chegar pretendida para a ao local. O distrito Insistimos para pista. a realização de está localizado a 28 A infraestrutura quilômetros do cen- um estudo de já existente em Fartro de Caxias e a 53 demanda”, roupilha, por um quilômetros de Far- diz Petry lado, é benéfica. roupilha. Nos dias Monte Bérico posde hoje, é preciso sui rede de água, transitar por 8 quilômetros de es- eletricidade, telefonia e recolhitradas de chão para se alcançar a mento de lixo – Vila Oliva só tem área pretendida para o aeroporto. luz e telefone. Essas vantagens, porém, são acompanhadas pela Afora esses aspectos, a proximidade de obstáculos às aevantagem do terreno caxiense ronaves junto à pista. A topograsobre o farroupilhense é ampla. fia também não ajuda o terreno Conforme o estudo técnico, a farroupilhense. O relatório aponlocalidade de Monte Bérico é en- ta que o espaço destinado para a volvida pela malha urbana. Esse instalação do aeroporto apresenta fato é considerado um inconve- variação significativa de altitude, niente à segurança dos morado- atingindo 320 metros de desnível res, já que o espaço seria des- em alguns locais. Conforme o estinado a manobras de voo – a tudo técnico, esse é um dos ponaproximação das aeronaves seria tos que inviabilizam a implanfeita sobrevoando a cidade, dife- tação do aeroporto. Outro fator, rentemente do que ocorreria em talvez definitivo, é a capacidade Vila Oliva. Além disso, seria ne- para abrigar a pista de voo. cessário desapropriar 9,7 mil m² De acordo com o relatório, de área construída, composta por Monte Bérico não tem condições residências de diversos portes e de receber nem a pista de exten-

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Governador Tarso Genro, que prometeu resposta em 60 dias quando esteve na CIC, não deve vir a Caxias para o anúncio são mínima, de 3 mil metros, e não apresenta as dimensões necessárias em áreas planas para a construção de pátios para as aeronaves, terminais de carga e passageiros e locais para abastecimento.

Se hoje tem menos infraestrutura, Vila Oliva ganha pontos por não apresentar obstáculos às aeronaves. A avaliação topográfica detectou picos de desnível de 90 metros. No placar geral da avaliação técnica do DAP, a vitória de Vila Oliva é inequívoca: 9,69 ponEm comparação, Vila Oliva tos sobre 5,34 de Monte Bérico. não oferece nenhuma implicação com centros urbanos e dispõe de O presidente da CICS Serra, zonas de proteção de aeródromo. Ademar Petry, contesta algumas Pelo fato de estar inserida em re- informações do estudo técnico do gião agrícola, as desapropriações órgão estadual. Ele aponta, por não representam um grande pro- exemplo, um erro na identificação blema. O estudo técnico apontou de mata nativa na área da pista de que há 3 mil m² de área edificada, Monte Bérico, que, segundo ele, com maior incidência de galpões. é composta em grande parte por No local da pista, o levantamento plantações de eucaliptos (espéregistrou, predominantemente, a cie exótica). Outra discrepância, existência de vegetações rasteiras conforme Petry, é com relação e plantações de hortifrutigran- ao desnível territorial. Ele sustenjeiros, o que facilita sua implan- ta que levantamentos realizados tação. Conforme o relatório, a pela Agência Nacional de Aviação área comporta tranquilamente a Civil (Anac) em 2007 revelaram construção das edificações neces- um desnível de apenas 60 metros sárias, além das duas pistas para na área destinada ao aeroporto, pouso e decolagem com baixos número bem distante dos 320 investimentos em terraplanagem, apontados pelo DAP. Embasada sendo a pista principal com 4.400 nesses argumentos e, principalmil metros e a outra com pelo mente, na proximidade de Monmenos 3.100 mil. te Bérico a um número maior de

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centros urbanos, a CICS Serra da pelas pessoas contrárias à estenta forçar uma reavaliação do colha de Vila Oliva é a distância Estado. No dia 5 de maio, a enti- em relação aos municípios vizidade participou de audiência com nhos. “O local é longe hoje. Mas o governador, e, na última terça- no mesmo dia em que for anunfeira (10), reuniuciada a escolha vase com o secretário mos começar a briBeto Albuquerque. “No mesmo gar pela construção “Não há como dia em que for de uma via duplicaanunciar um local anunciada a da e asfaltada. Lá se quando se carece de escolha vamos permite a utilização informações. Insisda Rota do Sol. Vai timos para a realiza- começar a brigar ser mais rápido ir ção de um estudo de pela construção de Garibaldi, Cardemanda. Quais são de uma via los Barbosa e Bento as demandas da re- duplicada”, Gonçalves até o aegião que vai abrigar afirma Sbabo roporto do que cheo aeroporto? O que gar em Novo Hamesse aeroporto vai burgo”, compara. transportar? Ninguém sabe. Essas Na semana decisiva para a defiquestões não nos foram informa- nição do aeroporto, as lideranças das”, afirma Petry. empresariais das duas regiões não Para o vice-presidente da CIC pretendem arriscar. Ambas partide Caxias, Nelson Sbabo, não res- ciparão de uma audiência pública ta dúvidas que Vila Oliva é o lo- na Comissão de Viação e Transcal mais indicado. Segundo ele, o portes da Câmara dos Deputaaeroporto seria essencialmente de dos, em Brasília, na quinta-feira cargas, com intuito principal de (19) – às vésperas do anúncio do descongestionar o Salgado Filho, secretário de Infraestrutura e Loem Porto Alegre. Posteriormente, gística, ou talvez até mesmo deatenderia a passageiros. Sbabo diz pois dele –, com foco no... novo que a única desvantagem aponta- aeroporto regional.

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Edital de Citação - Cível

PODER JUDICIÁRIO

5ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 30 (Trinta) dias. Natureza: Anulação de Título Processo: 010/1.08.0017029-9 (CNJ:.0170291-66.2008.8.21.0010). Autor: Mecânica Vivicar Ltda. Réu: Adriano Sartori Objeto: CITAÇÃO de Adriano Sartori, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), contestar, querendo, e, não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial. Caxias do Sul, 16 de fevereiro de 2011. SERVIDOR: Rosane Zattera Freitas - Escrivã. JUIZ: Silvio Viezzer.

Edital de Citação - cível 4ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 20 (vinte) dias. Natureza: Declaratória Processo: 010/1.10.0004840- 3 (CNJ:.0048401-92.2010.8.21.0010). Autor: Macrosul Borrachas e Parafusos Ltda. Réu: APF Equipamentos e Suprimentos para Informática Ltda. Objeto: CITAÇÃO de APF Equipamentos e Suprimentos para Informática Ltda, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), contestar, querendo, e, não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial. Caxias do Sul, 18 de dezembro de 2010. SERVIDOR: Osmar Cezar da Silva. JUIZ: Cláudia Rosa Brugger.

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Fotos: André T. Susin/O Caxiense

Raridade na garagem

Com quatro marchas, o modelo Touring, que Daniel levou oito meses para aprender a dirigir, atinge no máximo 30km/h

NA CARONA

DA MEMÓRIA O

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por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br

comércio estava em franco desenvolvimento, mesmo em um período pós Primeira Guerra Mundial. Na década de 1930, a população urbana de Caxias do Sul não chegava a 10 mil pessoas (hoje somos mais de 435,5 mil), existiam pouco mais de 350 estabelecimentos comerciais e o trem escoava, principalmente, a crescente produção vinícola. Após a comemoração do cinquentenário da imigração italiana, locomoverse com carroças, charretes ou cavalos era uma atividade comum. A chegada do automóvel modificou essa realidade, fazendo a vida ter outro ritmo – e novas necessidades. Surgiram os primeiros carros de aluguel (hoje popularmente chamados de táxis) e, com eles, oportunidades de negócios. Como o que foi feito pelo avô do músico e corretor de seguros Daniel Bazo de Barros. Enéas Bazo era madeireiro e tinha serrarias em Ana Rech, Boca da Serra (entre os distritos de Fazenda Souza e Vila Seca) e Bom Jesus. Demorava mais de duas semanas em cima de um cavalo para ir até essas localidades e retornar a Caxias. “O vô precisava pagar os funcionários e voltar logo para cuidar dos negócios. Foi quando ele decidiu comprar um carro”, conta Daniel, relembrando histórias da mãe, Lourdes Cecília Bazo, falecida no final do ano passado. O veículo a que ele

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Corretor de seguros reformou um Dodge Brothers de 1920 que pertenceu ao avô e foi um dos primeiros táxis de Caxias

se refere é um Dodge Brothers “É muito bom dirigir esse carro mas o carro de quatro marchas, modelo Touring. sabendo que ele acompanhou a que atinge velocidade máxima de evolução de Caxias e da minha 30km/h, roda normalmente, estiFabricado em 1920 em De- família”, ressalta Daniel, que man- mulando a curiosidade das pessotroit, nos Estados Unidos, o auto- tém a placa original de 1923, “IM as por onde trafega. “Só tem um móvel foi emplacado somente em 72” (o IM era de Intendência Mu- probleminha no motor de arran1923 em Caxias do Sul. Pertencia nicipal). que, mas nada grave.” A restauraa Geraldo Piccoli, considerado ção exigiu inúmeras horas de traum dos primeiros taxistas que o Mas não foi tão fácil o balho de Daniel e a “paciência e município teve – a história dos Dodge Brothers parar na gara- colaboração de amigos”. Isso porcarros de aluguel é controversa gem do neto. Depois da morte do que a maioria das peças de ferro porque, como a profissão foi re- avô, o carro ficou com um tio de estava enferrujada e teve de ser gulamentada em 1981, segundo Daniel, Ítalo Bazo. Com a evolu- refeita em oficinas. Sem contar a o presidente da Cooperativa de ção automobilística, mão de obra, Daniel Consumo dos Condutores Autô- acabou abandonado calcula ter investido nomos de Veículos Rodoviários em uma garagem de “É muito bom R$ 20 mil. dirigir esse carro de Caxias do Sul (Coocaver), Jo- Porto Alegre. “Semaquim Bueno dos Reis, não havia pre foi meu sonho sabendo que ele Frequentador números precisos sobre o ramo. ter esse Fordeco, acompanhou de encontros de Hoje o município tem 277 taxis- como é carinhosacarros antigos, o tas. “O Piccoli trabalhava para o mente chamado pe- a evolução corretor coleciodoutor Rômulo Carbone. Quando los familiares”, reve- de Caxias na troféus em casa. o médico precisava sair, chamava la Daniel – apesar de e da minha Recebeu inúmeras o motorista de aluguel”, conta Da- ser da marca Dodge, família”, diz propostas para venniel, “herdeiro” do veículo. recebeu esse apeli- o proprietário der o Fordeco, mas Bazo comprou o Dodge de do devido à popunenhuma até hoje o Piccoli por volta de 1935. Pagou laridade da Ford na agradou. “Há alguns um conto de réis (convertido em época. Mas os Dodge eram con- anos eu dizia que ele não tinha valores atuais, R$ 56 mil) e mais siderados mais fortes e robustos preço. Preço ele tem, mas não tem uma espingarda alemã da marca do que os Ford. Durante 30 anos como estipular. É difícil quantiBayard. “A mãe contava que era o automóvel ficou sem manuten- ficar, principalmente pelo valor uma verdadeira fortuna”, diz o ção. No final de 2001, o corretor sentimental. Por exemplo: fiquei tradicionalista Daniel. As viagens foi à Capital e comprou-o de um oito meses aprendendo a dirigir a Boca da Serra foram reduzidas primo. esse carro. Uma hora dessas chega para uma semana. Os negócios Ao trazê-lo para Caxias, no um quera ‘calçado’ e leva”, brinca prosperaram e a família de Enéas início de 2002, começou a refor- Daniel, enquanto mostra a buzina passou a conhecer lugares novos. ma. O prazo estimado era de seis manual. Com pouco mais de 27 Além de passeios até as madeirei- meses. Tamanha foi a dificuldade mil quilômetros originais, o Dodras, seus 10 filhos faziam piqueni- em refazer as peças que o projeto ge, mesmo que parado em uma ques às margens do Rio Caí e do atrasou dois anos. Ainda falta ins- garagem, continua sendo uma raArroio Faxinal, alguns na compa- talar a capota de vinil (o modelo ridade. Só que agora acompanha nhia da família de João José Con- é conversível), que deve ser con- o desenvolvimento de outra Cate, que tinha um Ford Modelo A. feccionada em Santa Catarina, xias do Sul.

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O PASSADO

Patrimônio material

VAI AO CHÃO O avanço do mercado imobiliário compromete a preservação de parte da memória de Caxias, apagando marcas de histórias familiares

André T. Susin/O Caxiense

A

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por CAMILA CARDOSO BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br

animais, o terreno propiciava sustento à família de sete irmãos, que ainda vendia parte da produção de uvas, pães e salames. Numa parede externa, um afresco do pintor Ribas, famoso à época, mostra o cenário da região: o Rio Tega – onde, segundo Wanda, pescavase sem precisar de anzol – corria entre morros completamente cobertos por vegetação, sem qualquer sinal de urbanização.

o abrir-se a cortina do tempo, que bom/ O passado se torna presente/ Foi feliz o poeta que disse/Recordar é viver novamente. A Valsa da Saudade era uma das canções que embalavam as serenatas realizadas no que hoje é o bairro Santa Catarina. Com clarinetes e violões, moradores percorriam a vizinhança com suas cantorias a cada fim de ano, Na pressa de crescer, Cana década de 1940. Além das se- xias assiste à substituição de carenatas, o então Travessão Flores sas repletas de histórias por altos também era lugar de trabalho. Al- prédios residenciais ou terrenos gumas das primeiras empresas de que viram estacionamento. A reCaxias surgiram ali, como os moi- sistência dos mais antigos, que se nhos Corsetti e Venzon, a empre- negam a deixar as casas que conssa de Josué Vaccari, que produzia truíram, preserva a memória que óleo de linhaça, a tecelagem da o jeito de morar carrega. Empefamília Gianella, a primeira sede cilhos nos inventários e escrituda Randon, a cantina dos Ronca, ras também retardam a venda e a entre outros estabelecimentos. consequente demolição das casas Um dos últimos indícios físicos que são o marco físico da lemdessa época está fadado a desapa- brança de outros tempos. Para recer. A casa onde mora Wanda demolir a construção é preciso Sanvitto, 82 anos, na Rua Mat- entrar com pedido de concessão teo Gianella, será demolida para de alvará na Secretaria Municipal dar lugar a um empreendimento de Urbanismo, apresentar docuimobiliário, provamentos e pagar uma velmente um alto taxa de R$ 60,29. edifício residencial, “No modo O titular da pasta, tal qual outros que de morar se Francisco Spianrodeiam a casa. A entende diversos dorello, afirma que área foi adquirida costumes. Ter não pode precisar o por uma incorporanúmero de autorizadora, que construiu signos visíveis ções expedidas, pois uma nova moradia de uma elas constam no para Wanda no ter- trajetória é um banco de dados da reno ao lado. Ela direito nosso”, Secretaria como um ainda não conse- diz Cleodes processo comum. guiu se mudar por“Mas o número é que uma desentupigrande. Uma amosdora que funciona aos fundos da tra é que, no ano passado, 3 mil futura casa utiliza fortes produtos novas edificações foram autorizaquímicos, o que prejudica a saúde das”, destaca. da aposentada. Enquanto a situaA Secretaria faz um estudo dos ção não se resolve, Wanda vive na documentos, de fotos, de projetos moradia que existe há 75 anos, na e do local, avaliando a provável companhia de 19 gatos e seis ca- idade da obra. Caso haja indícios chorros. “É claro que eu gosto da- de que a construção tenha mais de qui, foi onde eu vivi a minha vida 50 anos, a Secretaria encaminha o inteira”, diz a senhora, bem ali- caso ao Conselho Municipal de nhada em seu conjunto de calça Patrimônio Histórico e Cultural, e casaco verdes, que contrastam o Compahc, que faz avaliações com o ambiente quase sombrio. históricas e físicas do prédio. O O lote de terra foi recebido pelo Conselho recebe de duas a cinco avô de Wanda, um imigrante ita- solicitações de estudo por mês. A liano, em 1875. A família passou apreciação é feita 30 dias depois a viver na casa em 1935, quan- por todos os conselheiros, após do a obra foi concluída. Repleto um relator e um revisor fazerem de parreirais, árvores frutíferas e seus apontamentos. “O Conse14 a 20 de maio de 2011

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Acervo Pessoal de Miriam Garcia/O Caxiense

A mansão dos Calcagnotto, com 32 cômodos e salão para 150 pessoas, acabou demolida. As donas não conseguiam alugá-la lho não tem função fiscalizatória. A gente aconselha o prefeito sobre que decisão tomar”, explica Gustavo De Carli, presidente do Compahc. A condição estrutural, principalmente das fundações, é importante para definir se a casa será demolida. Nesse processo, o Conselho indica a possibilidade de alguns prédios serem tombados como patrimônio histórico, o que impede a demolição. “É preciso saber o quão singular é aquela construção dentro do contexto urbano para ser tombada”, diz De Carli. No entanto, singularidade não é, hoje, o adjetivo que mais se aplica a casas simples que ainda se encontram às dezenas na cidade e que remetem à formação de Caxias. “Perdem-se obras por não serem as mais importantes agora, mas isso pode variar com o tempo. Com a marcha desenfreada da construção civil, não podemos garantir que todas serão preservadas”, alerta o presidente do Compahc. Para a pesquisadora Cleodes Piazza Júlio Ribeiro, a rotina de demolições se deve ao individualismo e aos interesses financeiros, que se sobrepõem o respeito ao bem comum. “No modo de morar se entende diversos costumes. Quanta coisa a gente sabe hoje, em termos de hábitos, por causa das residências! Ter signos

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visíveis de uma trajetória é um direito nosso”, defende. Ela sugere que esses tipos de construção não continuem, necessariamente, funcionando como moradias, mas possam ser transformados em boutiques, livrarias, restaurantes, desde que não deixem de ser o patrimônio que eram. “No âmbito urbano, a especulação imobiliária não leva em conta a memória. Querem verticalizar as habitações, convertendo esse espaço em algo monetizável, ainda que se viva apertadinho nos apartamentos”, lamenta Cleodes. “O mundo evolui, mas a história pode ser preservada. A manutenção custa bastante dinheiro, mas os proprietários devem perceber que pode ser revertida em vantagem”, concorda o presidente do Compahc. Como o trabalho de seu escritório tornou-se conhecido quando o assunto é reutilização, a arquiteta Jéssica de Carli recebe, em média, duas ligações por semana de proprietários oferecendo materiais de demolição para vender. O boom do uso desse tipo de material em Caxias aconteceu há cerca de três anos, acompanhado de uma onda de consciência sobre o que é ecologicamente sustentável. No entanto, estocar, restaurar e utilizar não é um processo simples. “É caro tirar um

por um, limpar e vender, no caso dos tijolos. É mais fácil mandar pro lixão”, diz Jéssica. “Me dói o coração quando eu vejo algumas casas sendo demolidas, onde daria para fazer tanta coisa. Já aproveitamos muito, mas muita coisa se perdeu”, lamenta.

da de 1950. Inicialmente colônia com estrada de chão e valões a céu aberto, o bairro começou se modernizar somente na década de 70, ganhando calçamento e esgoto. Pozzer não passa mais em frente à casa onde viveu a maior parte de seus 57 anos, construída em A parte posterior da re- 1955, na Rua Luiz Antunes. Com sidência dos Pozzer abrigou por a morte dos pais, a propriedade 44 anos um armazém de secos e foi dividida entre os seis irmãos. molhados. No amplo balcão de O mais novo adquiriu as partes madeira eram vendos demais e, por didos tecidos, leite e muito tempo, alumantimentos como “O mundo gou o imóvel. Mas açúcar, erva-mate e evolui, mas a a quantidade de refeijão, retirados do formas que o prédio história pode vasilhame com conpassou a demandar ser preservada. cha e embalados em levou a família a desacos de papel. A A manutenção sistir de mantê-lo. A diversificada venda custa, mas pode construção está sendo bairro Panazzo- ser revertida do demolida para lo, que contava aindar lugar a uma área em vantagem”, da com uma bodecomercial. Da casa, ga, atraía clientela lembra De Carli restaram escomde longe, vinda da bros, um cofre de Vila Ipiranga, o atuferro, uma televisão, al bairro Planalto. “Chegamos a um concha usada para pegar os ter 120 cadernetas, quando a vi- grãos que eram vendidos às porzinhança era formada por meia ções. Aos poucos, a demolição vai dúzia de famílias”, recorda o apo- revelando o que a ocupação de insentado Sérgio Pozzer. As casas quilinos descaracterizou – azuleeram construídas pelos filhos de jos cobertos por uma gritante tinFerruchio Panazzolo, que origi- ta cor de laranja, o piso de tábuas nou o nome do bairro, a partir de de madeira maciça por baixo de casarões desmanchados no Cen- uma cobertura plástica. tro, já mais urbanizado na décaQuem cuida do desmanche da

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do proprietário, Guerino. “Ele era se Miriam. A família tentou o aluum visionário, com uma persona- guel, mas foi difícil encontrar inlidade muito peculiar, e construiu quilino para uma mansão daquele uma casa única, como ele pró- porte. A decisão de demolir foi da prio”, descreve a artista plástica incorporadora que comprou. No Miriam Garcia, 61 anos, filha do terreno estão sendo construídos caxiense que atuava no comércio apartamentos de até três suítes. e na agropecuária. No terreno de Miriam encarou a saída da casa 6 mil m², a residência de 1,2 mil e a demolição como um luto, do m² com 32 cômodos, além de um qual ainda não se sente complesalão para 150 pessoas, se impu- tamente curada. Fotografou cada nha, mas era acolhedora, tal qual momento e cumpriu um ritual de seus donos. Lá foram realizados parar em frente à obra e acomcasamentos, noivados, batizados, panhar as fases do desmanche, festas de 15 anos. Quem fosse in- chorando em cada uma delas. fluente ou célebre e passasse pela Carregou consigo tudo que foi cidade era recepcionado por Cal- possível, como móveis e louças. cagnotto, entre eles o ex-governa- No entanto, há partes de uma casa dor paulista Adhemar de Barros de 1,2 mil metros quadrados que e o ator Sérgio Cardoso, que in- não caberiam em apartamento alterpretava o protagum. Foi então que gonista Ciccilo na decidiu, em parceria novela O Cara Suja, “Em Caxias, com a arquiteta Jésda TV Tupi, um sica De Carli, destisucesso da época. as pessoas se nar o bar, poltronas Mais recentemen- prendem muito e sofás para a decote, Miriam recebeu à história ração do The King o cirurgião plástico material. A casa Pub. Ao contráIvo Pitanguy e dom é somente um rio de Miriam, sua Eudes de Orleans e mãe, Eny, 93 anos, Bragança, membro amontoado encarou a mudança da família real bra- de tijolos”, com a serenidade sileira, além de côn- afirma Campos peculiar da idade. sules do Paraguai e Mas não resistiu da Espanha. e chorou pela priMas a casa ficou grande demais meira vez quando viu os móveis para ser o lar de apenas três pes- instalados na casa nortuna. Um soas, e os muros baixos não prote- choro de alívio, por saber que as giam mais. “Já era muito audacio- suas lembranças continuariam viso e ousado desde aquela época. E vas em lugar feito para receber e os tempos mudaram”, conforma- festejar. André T. Susin/O Caxiense

casa é José Berti, que começou e as relações que tu tinha nessa construindo prédios, mas perce- casa. A casa é somente um amonbeu que o processo inverso tam- toado de tijolos”, opina Campos, bém era necessário. Nas três dé- ainda cursando a faculdade de cadas de trabalho, Berti entendeu Arquitetura. como a exploração imobiliária O escritório dele recebe, em influencia as demolições. “São média, duas ligações por mês de muitos herdeiros, e começa a dar proprietários oferecendo terrenos conflito entre os que e propondo permuquerem reformar tas entre a área e e os que querem “São muitos um apartamento na demolir para cons- herdeiros, e futura construção. truir. Depois que começa a dar Mas, na esperança os velhos morrem, conflito. Depois de que, com o temmorre muita coisa po, os terrenos se que os velhos também”, constata. valorizem, alguns Alecsander de morrem, morre acabam perdendo Campos, sócio do muita coisa negócio. “Oferecem escritório de arqui- também”, muito terreno onde tetura que cuida da analisa Berti sobrou uma casa esincorporação do fupremida no meio de turo prédio, tem um dois prédios, onde ponto de vista diferente das de- não vai dar para construir um molições. “O poder público preo- terceiro. Nesse caso, por exemplo, cupa-se em manter um prédio de precisamos juntar três terrenos 60 anos atrás, mas não pensa em para conseguir fazer um prédio quantas casas populares poderia mais ou menos”, aponta, afirconstruir com a verba necessá- mando que é preferível construir ria para restaurar e manter uma em áreas já desocupadas. Porém, construção dessas”, argumenta. as regiões mais valorizadas pelo Para ele, é importante manter a mercado imobiliário naturalmenhistória das cidades, mas para isso te são aquelas já ocupadas por ouexistem outros recursos, como tras casas, onde o comércio e a inmuseus e registros fotográficos. fraestrutura estão estabelecidos. “Em Caxias, as pessoas se prendem muito à história material. Construída em 1957 nos alAquela casa onde tu morou a vida tos da Rua Ernesto Alves, numa inteira é um amuleto, que pode época em que a área ainda era ser representada por um azulejo afastada da cidade, a Chácara dos ou um tijolo. O que importa é a Calcagnotto, também chamada família que tu tem, a convivência de mansão, foi uma criação típica

Na rua Matteo Gianella, a casa de Wanda Sanvitto, construídaa em 1935, deve ser demolida em breve

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Marina Granzotto, Divulgação/O Caxiense

André T. Susin/O Caxiense

por Paula Sperb e Marcelo Aramis

Uili Bergamin

O escritor Uili Bergamin está feliz, comemorando os mais de 200 exemplares de Contos de Amores Vãos que encontraram leitores imediatamente durante o lançamento do livro, na última quarta-feira (11). No dia seguinte, Uili conta que recebeu inúmeras ligações perguntando 'quem é a misteriosa T.?', que aparece nos contos e na orelha da publicação. Uili garante que não a conhece, só troca e-mails. Mais um mistério para captar atenção. Os outros ficam por conta da temática de relações amorosas fragmentadas. “Relacionamentos que dão certo são bons para a vida, não para a literatura”, esclarece. Contos de Amores Vãos experimenta diferentes formas narrativas nos 20 contos, mas sem abrir mão do conteúdo. “Não acho legal simplesmente malabarismos com as palavras”, defende. Leia um dos contos de Uili, um mini, na página ao lado.

Julio Soares

Possuir um arquivo com mais de 130 mil negativos e mais de 2,5 milhões de imagens vai além dos números. Representa a trajetória consolidada do fotógrafo Julio Soares, proprietário da Objetiva Fotografias, que completa 20 anos. A data será comemorada na próxima terça-feira (17), às 18h, no espaço de 200 metros quadrados no novo endereço, na Rua Vereador Mario Pezzi, 787. As duas décadas de serviços fotográficos também serão celebradas com novo site, novos serviços oferecidos (além de fotos publicitárias, fotografia social e books) e belas imagens para mostrar. Julio lançará uma galeria de fotos artísticas no site www.fotobjetiva.com.br que poderão ser adquiridas pelo público.

McDonalds | Destino frequente – seja

Redes Sociais | Foursquare O Caxiense ajuda explorar a cidade em www.foursquare.com/ocaxiense, mas internautas também dão preciosas dicas de serviços locais.

Posto Catz | O Caxiense é o primeiro jornal

do Sul no Foursquare e pode honrar a cidade que já tem promoção nessa rede. O Posto Catz, da Júlio, oferece cera líquida para quem fizer o chek-in e uma lavagem no seu automóvel. Inovador.

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de dia ou de madrugada – de jovens, é onde se vê além de muita embalagem, clima fast food, muitos celulares trocando SMS e, agora, dando check-in no Foursquare. Usuários deixam dicas de promoções e reclamações do atendimento.

Galeto Brasile e Galeteria Alvorada | No final de semana, é comum o

Foursquare indicar que, além de você, há mais pessoas saboreando os pratos dos restaurantes, como a equipe de blogueiros do Destemperados, por exemplo. As dicas são certeiras.

Universidade de Caxias do Sul | Ao dar check in na UCS, você

percebe pelas dicas que não é o único preso no congestionamento (que já tem seu próprio registro), envolto pela neblina dos dias frios e com muitos trabalhos acadêmicos a serem feitos.

Shopping Iguatemi | Provavelmente o campeão em número de checkins em Caxias, com 911 registrados, mas deficiente em interação: só um usuário deixou uma dica.

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Artes artes@ocaxiense.com.br

Talento no Ar

| André T. Susin| Há 10 anos em turnê pelo Brasil, o Circo Bremer, de São Paulo, espalhou o encanto circense em Caxias do Sul em outubro de 2010. O fotógrafo do jornal O Caxiense, André T. Susin, captou a sutileza do equilíbrio nas alturas. Equilíbrio também exigido no espetáculo da vida na estrada ou sob a lona. Uma família sempre com malas preparadas para a mudança constante do seu picadeiro.

A mala ainda

não estava cheia

I

por Uili Bergamin

a embora. Sobre a cama, quase tudo pronto. Dizia-se farta do relacionamento. Farta de paixões e de homens. Mas eu via, em seu olhar, no modo como ajeitava a roupa, que ainda havia espaço. Amá-la, ainda não estava cheia. Miniconto publicado no livro Contos de Amores Vãos, Editora Maneco, R$ 25.

Participe | Envie para artes@ocaxiense.com.br o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

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Guia de Cultura

Marvel Studios, Divulgação/O Caxiense

por Carol De Barba | guiadecultura@ocaxiense.com.br

Thor, personagem original de Stan Lee nos quadrinhos, agrada fãs e quem busca por diversão. Com a vencedora do Oscsar Natalie Portman Greenfield. 12 anos. 112 min..

CINEMA l Profissão: Músico | Quinta(19), 20h | Leeds Produzido pelo Projeto CCOMA e pelo cineasta colombiano Daniel Vargas, o documentário mostra as mudanças que ocorreram nesta atividade após a revolução causada pelo MP3 e pelo download gratuito. A entrada é franca. l O Noivo da Minha Melhor Amiga | Comédia romântica. 14h, 16h30, 18h50 e 21h15 (leg.) | Iguatemi Do mesmo diretor de Um Show de Vizinha e Animal, o filme é baseado no livro homônimo de Emily Giffin e conta, obviamente, o triângulo amoroso entre as amigas de infância Rachel (Ginnifer Goodwin) e Darcy (Kate Hudson) e o noivo de Darcy, Dex (Colin Egglesfield). Dirigido por Luke

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irresponsáveis que estrelou as outras quatro: Brian (Paul Walker), l Padre | Ficção. 14h30, 17h, Mia (Jordana Brewster) e Dom 19h10 e 21h30 (leg.), 15h50 (dub. (Vin Diesel). Dirigido por Justin 3D), 17h40 e 21h50 (leg. 3D) | Lin. 14 anos. 134min.. Iguatemi Recomenda O longa é de ficção, mas dá quase para rir com a sinopse: num l Thor | Aventura. 19h40 e mundo recentemente abalado 22h20 (leg.), 13h20 e 19h30 (leg. por uma guerra entre vampiros 3D) | Iguatemi e humanos, um padre desobedeApesar das críticas incrivelmence a lei da Igreja para rastrear os te boas, Thor ficou para trás com a sanguessugas que raptaram sua estreia de Velozes e Furiosos. Mas sobrinha. Com Karl Urban, Cam o desempenho não é tão ruim asGigandet, Maggie Q. Dirigido por sim. No Brasil, a história do heScott Charles Stewart. 14 anos. 88 rói mitológico da Marvel já foi min.. vista por aproximadamente 1,5 milhão de espectadores. Dirigido l Velozes e Furiosos 5 – por Kenneth Branagh. Com NaOperação Rio | Ação. 13h50, talie Portman, Chris Hemsworth 16h40, 19h20 e 22h00 (leg.), e Anthony Hopkins. 10 anos. 114 13h40, 16h20, 19h00 e 21h40 min.. (dub.) | Iguatemi Recomenda Parece que o Rio está na moda, mesmo: o longa conquistou a ter- l Abutres | Drama. De quinta ceira maior bilheteria na sema- a domingo (22), 20h (leg.) | Orna de estreia do ano, com renda dovás de R$ 7,8 milhões. Nesta versão, O impacto desse longa, que Luke Hobbs (The Rock) junta-se aborda a máfia das indenizações ao resto do bando de motoristas de seguros por acidentes automo-

tivos na Argentina, foi tão grande que levou o congresso daquele país a discutir mudanças na legislação. Dirigido por Pablo Trapero. Com Ricardo Darín e Martina Gusman. l Rio | Animação. 13h30, 15h30 e 17h30 (dub.) | Iguatemi Nem mesmo o belo Água para Elefantes, que ficou pouquíssimo tempo em cartaz, consegue desbancar a animação dirigida por Carlos Saldanha, que homenageia a Cidade Maravilhosa. Será que as salas continuam tão cheias assim? Livre. 96 min.. AINDA EM CARTAZ: Gnomeu e Julieta. Animação. 16h (dub.). UCS | Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles. Ação. 18h (leg.). UCS | O Ritual. Suspense. 20h10 (leg.). Sem sessão na terça (17). UCS INGRESSOS - Iguatemi: Segunda, quarta e quinta (exceto feriados): R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50

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(promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 16 (inteira), R$ 13 (Movie Club Preferencial) e R$ 8 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

ra, a Dinossauros, de Santa Catarina. Vagão Bar R$20 e R$15 (com nome na lista até a meia-noite) | Coronel Flores, 189 | 3223-0007

l Cucastortas | Sexta(20), 23h | O estilo autoral da banda é difícil de definir. Navega pelo rock, samba, latinidades e brasilidades mil, carregada ainda de elementos pessoais, ideologia libertária e letras de conteúdo social, dizem os integrantes. Na formação, Betetê (voz e guitarra), Bob Valente (baixo), Nano Drea (bateria e voz) e Painca (guitarra e voz). Parece louco, mas dá certo, tanto que os guris já dividiram o palco com artistas como Zé Ramalho, Nélson MÚSICA Coelho de Castro e Lucio Yanel. l Os Oitavos | Sábado(14), 20h | Leeds Atual, sincero e honesto, ele- R$8 | Os 18 do Forte, 314 | 3238gante, forte e com conteúdo. É 6068 assim que a banda define o estilo de rock que marca sua identidade TAMBÉM TOCANDO – Sáe o que o público deve esperar do bado(14): Adriano Trindade e CD de estreia, Armas de Distra- Banda convidam Tonho Crocco. ção em Massa, que sai pelo Fi- Rock. 00h. Boteco 13. 3221-4513 nanciarte. O grupo é formado por | Alemão e Trio. Rock. 22h. Bier Johnnie Haeuser (vocal, guitarra Haus. 3221-6769 | Bete Balanço e e piano), Ismael Daneluz (baixo), Lonely Hearts Club Band. Rock e Lucas Daneluz (guitarra) e Ricar- Beatles cover. 22h. Aristos. 3221do Dini (bateria). 2679 | DJs Audiotronic. Pop. Teatro do Sesc 23h. La Boom. 3221-6364 | Killer R$10 e R$5 (comerciários, estu- On The Dancefloor. Eletrônica. dantes e sênior) | Moreira César, 23h. Havana. 3224-6619 | Reve2.462 | 3221-5233 lação e Uque ki mudou. Pagode. All Need Master Hall. 23h30. Recomenda 3028-2200 | Revolver. Rock. l Identidade e Dinossauros 23h. Vagão Classic. 3223-0616 | | Sábado (14), 23h | Sambaêh com Ana Jardim Trio. Influenciada pelo rock clássico Samba rock e som Brasil. Zaraba(pela performance, o vocalista tana. 3228-9046 | Show Bar. Eleé frequentemente comparado a trônica, pagode e sertanejo uniMick Jagger) aliado à forte pega- versitário. 23h. Move. 3214-1805 da contemporânea, a Identidade | Fabiano Mittidieri e Banda. vem se destacando na cena rock Rock clássico. 22h. Mississippi. brasileira. Para o show de abertu- 3028-6149 | Festa de Aniversá-

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rio da Atlântida. Eletrônica. 23h. Pepsi Club. 3419-0990 | Preview Beathouse 1 ano. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Radiofonia + DJ Eddy. Rock. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Tool Box + Ton e os Karas. Rock. 23h30 Bukus Anexo. 3285-3987 | Barbaquá. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Domingo(15): Viro Sensação + DJ Eddy. Pagode. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Terça(17): Andrea e Fernando. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Maurício Santos. Pop rock. 00h. Boteco 13. 3221-4513 | The Cotton Pickers. Blues. 22h. Mississippi. 3028-6149 | Projeto Rock e Cultura. 21h. Vagão Classic. 3223-0616 | Quarta(18): Maurício Santos. Pop rock. 23h. Boteco 13. 3221-4513 | Nino Henz. MPB. 22h. Aristos. 3221-2679 | Sweet Beetle Juice. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Classic Gamer. 21h. Vagão Classic. 32230616 | Maurício e Daniel. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Quinta(19): Disco Acústico e Fabrício Beck Trio. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Léo Mandelli e banda. Rock. 23h. Boteco 13. 3221-4513 | Rádio Country + DJ Eddy. Sertanejo universitário. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | SEEA e Marcelinho Acústico. Reggea. 22h. Aristos. 3221-2679 | Gui Oliveira DJ. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Dante Ramon Ledesma, depois Grupo Macuco. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Quinta-feira do Beijo. Vagão Classic. 32230616 | Sexta(20): Aquece. Vagão Classic. 3223-0616 | Dan Ferretti e banda. Samba rock. 23h. Boteco 13. 3221-4513 | DJs Audiotronic. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Ding Dong Rauzito Cover Experience. Rock. 22h.

Aristos. 3221-2679 | Jack Brown + DJ Eddy. Rock. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Volux. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Gui Oliveira DJ. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Quarteto Paiol. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 |

TEATRO l O Incrível Caso do Sumiço das Letras | Sábado(14), 15h e 16h | A obra do Grupo Ueba Produtos Notáveis é sobre uma cidade onde misteriosamente as letras e livros desapareceram do dia para a noite. Na tentativa de solucionar o problema, os moradores chamam o incrível detetive Valter Resolve e seu fiel ajudante Funcho. A atividade faz parte da programação do 11ª Tapete Mágico, com roteiro e direção de Jonas Piccoli. Os ingressos devem ser retirados na Secretaria da Cultura. Casa das Oficinas Entrada franca | Estação Férrea | 3901-1381 l El Titiritero de Banfield | Sábado (14), 20h | Um títere rebelde (Bobi), cansado de seu manipulador, é o responsável por um dos momentos mais divertidos do espetáculo, cheio de humor, irreverência e poesia. A peça é escrita e dirigida pelo argentino Sérgio Mercúrio, e encanta pela naturalidade dos personagens e beleza das histórias narradas. É uma divertida crônica de Banfield (Província de Buenos Aires), e seus habitantes mais pi-

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Pablo Gonzaléz, Divulgação/O Caxiense

El Titiritero de Banfield tem encenação única no sábado, na Casa da Cultura. Personagens pitorescos e muita poesia torescos. 12 anos. 65min. Casa da Cultura R$15 e R$7,50 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Sexualmente Falando | Sábado(14) e domingo(15), às 20h30 | Com classificação de 16 anos, o espetáculo do Gaúcho Eliseu promete apresentar “tudo que você nunca ouviu sobre o sexo dos seres humanos, animais e políticos”. Ingressos na bilheteria do teatro. Teatro São Carlos R$ 25 e R$ 20 (antecipado) | Feijó Júnior, 778 | 3221-6387 l Memórias de uma Solteirona | Domingo(15), às 20h | Zica Stockmans interpreta uma quarentona independente, vendedora de mão cheia, que tem um entrave na sua vida: as pendências espirituais com Tia Gérdebra, uma freira que a mantém eternamente virgem. A comédia é recomendada para maiores de 12 anos. Casa da Cultura R$ 15 (antecipados), R$ 20 (na hora) e R$ 10 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 Recomenda l R&J Shakespeare – juventude interrompida | Domingo(15), às 20h | Originalmente, a ousadia deste espetáculo chamou a atenção no circuito londrino e também no Off-Broadway. Ao reencenar o clássico através de quatro alunos de um colégio interno na Inglaterra dos anos 80, o autor Joe Calarco arrebatou a crítica e os mais importantes prêmios da temporada. O ponto de partida é um intervalo da tediosa vida escolar, onde quatro estudantes se deparam com a obra. Sem se dar conta, eles começam a ‘viver’ todos os diálogos do clássico. Sem trocas de roupas ou de cenário,

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o drama se desenrola através do jogo cênico proposto, com a ‘peça dentro da peça’ e a investigação teatral através de uma obra desconstruída que se torna uma fonte inesgotável de possibilidades cênicas. Na versão brasileira, a direção é de João Fonseca. No elenco, João Gabriel Vasconcellos, Rodrigo Pandolfo, Pablo Sanábio e Felipe Lima. A classificação do espetáculo é de 16 anos. Teatro do Sesc R$ 20 e R$ 10 (estudantes e sênior) antecipados, R$30 e R$15 (estudantes e sênior) na hora, R$5 (comerciários) | Moreira César, 2.462 | 3221-5233 l O Rei está nu! | Terça(17), 21h | Em 2010, Juca Chaves comemorou seus 50 anos de carreira com a peça Jubileu de Ouro. Agora, o comediante excursiona pelo país com seu novo espetáculo de stand up, O Rei está nu!. Os ingressos podem ser adquiridos na Arezzo do San Pelegrino Shopping Mall. Teatro São Carlos R$80, R$60 + 1 kg de alimento, R$50 (Clube do Assinante), R$40 (estudante e sênior) | Feijó Júnior, 778 | 3221-6387 l Cinta-Liga/Desliga | Quarta(18), quinta(19) e sexta(20), 20h | Aline Tanaã, Grasi Müller e Odelta Simonetti são as divertidíssimas clowns do Núcleo Trompas de Falópio que estrelam este espetáculo. Dirigidas por Luciane Olendzki, elas exploram as possibilidades cômicas da mulher e seus complexos temas, vistos pela lógica do palhaço, do seu ridículo e do jogo cômico das relações entre as artistas e o público. Teatro do Sesc R$10 e R$5 (comerciários, estudantes e sênior) | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l O princípio do Espanto | Sexta(20), 20h | No espetáculo do grupo Morpheus, de São Paulo, um boneco pensa conduzir os objetos e a vida à sua frente, mas nada sabe sobre o homem que é responsável por seu mais simples movimento. O homem, por sua vez, crê controlar o boneco que construiu, mas compartilha com este a ignorância do que está por trás de si próprio. Criador e criatura em uma relação sem palavras. 12 anos. 55min. Casa da Cultura R$15 e R$7,50 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

EXPOSIÇÕES

Municipal e do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami. Museu Municipal Entrada franca | Visconde de Pelotas, 586 | 3221-2324 AINDA EM EXPOSIÇÃO – Anaglyph - Artistas em 3D. Segunda a sábado, das 9h às 22h, domingos, das 14h às 21h10. Iguatemi | 10 Anos do Museu dos Capuchinhos. De segunda a sexta, das 8h às 11h, e das 14h às 17h. Museu dos Capuchinhos. 3220-9400 | Ponto a Ponto. De segunda a sexta, das 9h às 19h, sábado das 15h às 19h. Ordovás | Beleza Póstuma. Segunda a sexta, das 8h às 22h30, sábado das 8h às 12h. Ftec. 3027-1300 | Registros de um tempo – 30 anos de arte e 20 anos de moda. Ordovás | Acumulações Sensíveis. De segunda a sexta, das 9h às 19h, sábado das 15h às 19h. Ordovás | Cidades imaginárias. De segunda à sexta, das 8h30 às 18h e sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal |Mostra de Painéis sobre a Colonização Italiana na região. Segunda a sexta, das 8h30 às 18h30, sábados e domingos, das 8h30 às 12h30. Espaço Cultural da Farmácia do Ipam. 3222-9270 |

l Brumas da Saudade | A partir de quarta (18), de segunda a sexta, das 8h às 22h | O artista Rafael Pagatini, com a participação dos gravuristas Anico Herskovits e Mara de Carli Santos, expõe obras que visam captar as transformações da neblina na paisagem. A partir da relação entre a xilogravura e a fotografia digital, a névoa é apresentada como a metáfora do velar e desvelar, da ausência e da presença, como uma forma de interpretar o sentimento da saudade nas LITERATURA artes visuais. Galeria de Arte do Campus 8 l Encontro Literário: LiteEntrada franca | RS 122, Km 69 | ratura e Dramaturgia | Se3289-9000 gunda(16), 19h | Ronald Radde, fundador da Cia l Mostra e Lançamento do Teatro Novo e diretor de mais documentário No Ar - o Rá- de 180 espetáculos, e Viviane Judio e a Televisão em Caxias guero, autora do livro Canto de do Sul | Abertura quarta (20h), Cravo e Rosa e diretora do Tevisitação de terça a sábado, das 9h atro de Arena de Porto Alegre, às 17h | são os debatedores convidados. A Além do documentário, diri- mediação é de Uili Bergamin. As gido por Juliano Flores, há uma vagas são limitadas. As inscrições exposição relacionada ao tema, devem ser feitas no local. com contexto museográfico por Teatro do Sesc objetos, peças, documentos e fo- Entrada franca | Moreira César, tografias dos acervos do Museu 2.462 | 3221-5233

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Dupla por FABIANO PROVIN | fabiano.provin@ocaxiense.com.br

O volante Edenílson, 21 anos, do Caxias, teria um acordo firmado para reforçar o Corinthians no Brasileirão. Segundo notícias veiculadas na imprensa paulista, o jogador, que também atua como meia, estava sendo observado pela comissão técnica do Timão e teve aval do técnico Tite. Dirigentes do Caxias confirmam o interesse, porém, ressaltam que por enquanto nada foi assinado – o que deve ocorrer após o segundo jogo da final do Paulistão, a ser disputado domingo (15) entre Santos x Corinthians.

Pré-contrato

Edgar Vaz, Div./O Caxiense

O primeiro reforço do Juventude para a disputa da Série D, em tese, é o volante Léo Maringá. Segundo o vice-presidente de futebol do clube, Raimundo Demore, o jogador será apresentado oficialmente na tarde de segundafeira (16), quando o grupo profissional inicia a preparação para a disputa da competição nacional. Léo Maringá, 31 anos, defendeu o Cruzeiro de Porto Alegre no Gauchão. O meio-campista tem um précontrato e será integrado ao grupo após passar por exames médicos. Demore, que não dá pistas sobre outros reforços, cita que encaminhou a renovação com o lateral direito Anderson Pico, vinculado ao Grêmio. A assinatura do novo contrato deve ocorrer na segunda.

Pré-selecionado

No dia 7 de maio, o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 divulgou nota no site da Fifa (Federação Internacional de Futebol) citando 145 estádios localizados em 20 diferentes Estados, que serão avaliados para receber uma seleção de futebol. O Centenário, da SER Caxias, representa a cidade como possível Centro de Treinamento (CT). Das 12 indicações do Rio Grande do Sul, cinco são da Serra: estádios Montanha dos Vinhedos (Bento Gonçalves), Municipal (Farroupilha), Campo de Treinamento do Hotel Continental (Canela) e Vila Olímpica Várzea Grande (Gramado). A escolha definitiva dos locais está prevista para dezembro de 2013.

Selo para os 98 anos

Um selo comemorativo dos 98 anos do Juventude foi lançado na manhã do dia 12 de maio por meio do Twitter oficial do clube – twitter.com/papadanews. A criação foi de Ricardo Brisotto, da agência Tonificante Marketing Estimulante. Integrantes do Conselho Jovem, consulado Papos da Capital, diretoria, funcionários e conselheiros irão ampliar a divulgação do selo. O convite é estendido à torcida. As comemorações dos 98 anos do alviverde estão programadas para junho – o clube foi fundado em 29 de junho de 1913. Divulgação/O Caxiense

Darlan Schneider, Divulgação/O Caxiense

Quase lá

CAXIAS COMEÇA

A SE REFORÇAR O Caxias, após a lista de dispensas que não foram dispensas, começa a reforçar o grupo profissional para a disputa da Série C e fazer com que o técnico Guilherme Macuglia cumpra a promessa feita quando foi contratado: a de levar o clube à segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Até o fechamento desta edição, pelo menos seisjogadores estavam com a papelada em dia e aptos a iniciar o trabalho de preparação física comandado pelo multicampeão Darlan Schneider. Os primeiros a serem oficializados como reforços foram o atacante Paulo Rangel e o zagueiro Fábio Santos. No mesmo dia 12, só que no final da tarde, o volante Saulo Lucas, assim como os colegas, assinou contrato até o final do ano. Rangel, 26 anos, atuou pelo Lajeadense e foi um dos artilheiros do Gauchão com 11 gols – mesmo número de Júlio Madureira (Juventude) e Lima (Caxias). Fábio Santos, ou Fabão, 30 anos, atuou no Paulistão pela Linense-SP. Saulo tem 24 anos e também jogou o Estadual, pelo Ypiranga de Erechim. Na sexta foram apresentados o zagueiro Vinícius (ex-São José-PoA), o meio-campo Thomaz (ex-Imbituba-SC) e o volante Márcio Hahn. Sobre a debandada do dia 9, a direção preferiu informar apenas a lista dos jogadores que se reapresentaram. Do total de 32 atletas, 16 (um júnior) começaram a preparação para a Série C. Os que assi-

naram a rescisão: goleiro Matheus; laterais Patrício, Edu Silva, Alisson, Thiaguinho e Marcelo Oliveira; zagueiros Neto e Marcelo Ramos; volantes Marcos Rogério e Bruno; meias Diogo e Zé Carlos; e atacantes Waldison, Palacios e Marcus Vinícius. Desses, acertei cinco, segundo lista publicada na última edição. Surpreendeu as dispensas do goleiro e dos volantes. Achei que o zagueiro Vanderlei e os volantes Felipe Gonçalves e Dê também seriam liberados. Um dos vice-presidentes, Volnei Marzotto, ressalta que a equipe terá no máximo 25 jogadores para a terceira divisão. “Nosso grupo precisa ser reforçado. Precisamos principalmente de um meia, todos sabem disso”, destaca o dirigente.

A programação grená prevê que até 4 de junho serão desenvolvidos condicionamento físico, técnico e tático e amistosos. Conforme o preparador Darlan Schneider, as atividades iniciaram na quinta (12). “Devemos saber como os jogadores terminaram as competições que disputaram. A troca de comissões técnicas não deixou os atletas com um padrão de condicionamento. Agora, teremos um período ideal para preparar a equipe”, avalia Schneider. A estreia na Série C será no Centenário, no dia 16 de julho, contra a Chapecoense. O Caxias está no grupo D, ao lado de Brasil de Pelotas, Joinvile-SC e Santo André-SP.

Podcast | Escute todas semanas os comentários de Fabiano Provin sobre a dupla CA-JU em www.ocaxiense.com.br.

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Juniores classificados

As equipes sub-20 do Caxias e do Ju se classificaram para a segunda fase do Gauchão. No sábado (14), os grenás enfrentam o Cruzeiro em Porto Alegre (15h). Os papos recebem o Gaúcho no Centro de Formação de Atletas e Cidadãos, nos mesmos dia e horário. O Caxias do técnico Felipe Endres está na chave 8 ao lado de Porto Alegre, Cidreira e Cruzeiro. O Ju, treinado por Fernando Rech, está no grupo 6 com Inter, Gaúcho e Ivoti. A chave 7 tem Grêmio, Lajeadense, Guarani de Venâncio Aires e Novo Hamburgo; o grupo 9 é formado por Igrejinha, Bagé, Uruguaiana e Cerâmica. Somente os dois primeiros de cada quarteto passam para as quartas de final.

Pastor indignado

Está no blog www.ondeuruguaianaseve.blogspot.com.Na tarde de 8 de maio, Corinthians e Cruzeiro se enfrentavam pela Liga Super Master de Uruguaiana, disputada por atletas com mais de 55 anos. Um jogador corintiano reclamou da atuação de um bandeirinha no primeiro tempo e foi expulso. Indignado, o reclamante prometeu voltar. Na metade da etapa final o atleta invadiu o gramado dirigindo um carro. O alvo era o trio de arbitragem, que correu para escapar. O motorista-jogador fugiu antes da chegada da BM. Detalhe: o “estressado” é pastor de uma igreja evangélica. Se a moda pega...

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Guia de Esportes André T. Susin/O Caxiense

por José Eduardo Coutelle | guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Caxias Golf Club recebe duplas de todo RS

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O Caxiense

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CAMINHADA

zza, s/n°, Parque Oásis

l Caminhada e Corrida da Fé | Sábado, às 7h e 8h | O percurso da prova tem 15 quilômetros até o santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, em Farroupilha. Para retornar, o participante não deve esquecer de levar R$ 4 para pagar o ônibus. Posto Ditrento Inscrição gratuita | João Nichele, 2.227, Sanvitto II

l Caxias x Cidreira (juniores) | Quarta (18), 15h | O time treinado por Felipe Endres fez o dever de casa na primeira fase da competição: encerrou como líder isolado. Neste sábado, às 15h, os garotos do Caxias viajam a Porto Alegre para enfrentar a equipe que leva o nome da cidade. A estreia no Centenário está marcada para a próxima quarta (18), também às 15h. O adversário é o Cidreira. Centenário GOLFE Entrada gratuita | Thomas Beltrão Recomenda de Queiroz, 898, Marechal Florial 4° Torneio Aberto de Du- no plas | Sábado e domingo, a partir das 8h30 | Ao todo são esperados cerca de HANDEBOL 30 duplas vindas de todo o EstaRecomenda do. Os participantes poderão disputar as categorias Handicap 18 e l Luna x Blumenau | Sábado, Handicap 18 a 36. Os dois golfis- às 18h | tas da dupla jogam paralelamente As meninas do Luna terão um os mesmos buracos e será conta- dos principais desafios do ano. A bilizado o que acertar o alvo em equipe caxiense enfrenta o Blumenor número de tacadas. menau, time que sustenta quatro Caxias Golf Club vice-campeonatos da Liga NacioEntrada gratuita | Estrada do gol- nal e é o atual campeão da Copa fe, 1.111, Fazenda Souza do Brasil. O treinador, Gabriel Citton, sabe das dificuldades, mas conta com o apoio da torcida. Ginásio Poliesportivo FUTEBOL Entrada gratuita | Francisco Getúl Juventude x Gaúcho (ju- lio Vargas, 1.130, Petrópolis niores) | Sábado, 15h | Os rapazes da equipe alviverde iniciam a disputa da segunda RUGBY fase do Campeonato Gaúcho na Recomenda categoria Júnior. O adversário é o Gaúcho de Viamão. Também l Serra x Novo Hamburgo | fazem parte do grupo 6 o Inter- Sábado, às 15h | nacional e Ivoti. Somente os dois A equipe caxiense está a um primeiros classificados avançam passo da classificação para fase para as quartas de final. final do Campeonato Gaúcho. O Centro de Formação de Atletas e Serra depende somente do próCidadãos (CFAC) prio resultado contra o NH para Entrada gratuita | Atílio Andrea- garantir a vaga com uma rodada

de antecedência. O adversário também disputa a classificação. Com duas derrotas e uma vitória, o Serra ocupa a quarta posição na tabela. Escola da Natureza Entrada gratuita | Quinto Slomp, s/n°, Forqueta

VÔLEI l Campeonato Celso Silva Schaidhauer | Domingo, a partir das 8h30 | Ao todo, 12 equipes disputam o torneio. A competição é dividida em duas fases. Na primeira, as equipes jogam entre si em chave única. Na sequência, os dois primeiros colocados fazem a final. Ginásio da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 l Jogos Abertos de Voleibol | Domingo, 9h | A competição, que reúne seis equipes, é dividida em duas chaves. Os dois últimos colocados dão adeus ao campeonato e as equipes restantes disputam as semifinais em cruzamento olímpico. Os três primeiro colocados ganham medalhas e troféus. Ginásio do Colégio Imigrante Entrada gratuita | Antônio de Gasperi, 1.124, Bela Vista

TAEKWONDO l Jogos Abertos de Taekwondo | Domingo, 9h | Pelo menos 200 lutadores, de diversas categorias de peso e faixa, disputarão a competição, que começa com uma apresentação. Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Marechal Floriano

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Josmari pavan, Div./O Caxiense

O PT caxiense terá prévia para definir seu candidato a prefeito nas eleições do ano que vem. A decisão tem vinculação direta com o posicionamento do deputado federal Gilberto Pepe Vargas. Ao avisar o diretório do partido que sairia candidato somente sem disputa interna, Pepe ouviu resposta imediata do atual presidente da Câmara, vereador Marcos Daneluz: “Então, sinto muito, vamos ter prévia porque eu vou para a disputa”. Se sair mesmo a prévia, Daneluz deverá disputá-la com a deputada estadual Marisa Formolo, que também é pré-candidata.

Brincadeiras à parte

Em sua palestra sobre questões ambientais, segunda-feira (9), na UCS, o líder do MST João Pedro Stedile evitou o confronto com o governo federal. Sem novidades: o movimento dos trabalhadores rurais sem-terra encontra-se em situação semelhante à que vivem algumas centrais sindicais. A irrigação de dinheiro oficial impede críticas mais severas. Sobre o novo Código Florestal brasileiro, o preparadíssimo Stedile confia que o Senado poderá conter os vícios aprovados na Câmara Federal: “Afinal, os senadores exigem mais para ser comprados”. Mas, em seguida, esclareceu: “É brincadeira, é brincadeira”.

APROVAÇÃO

ANTIDESGASTE

Vereadores Renato de Oliveira (PCdoB) e Guiovane Maria (PT) reapresentaram pedido de informações a respeito do andamento das obras do Sistema Marrecas. O pedido entrou na ordem do dia da sessão da próxima terçafeira (17). E, desta vez, deverá ser aprovado. Não só porque está mais enxuto, mas também porque foi devidamente articulado pela líder do governo, Geni Peteffi (PMDB). A bancada governista concluiu que aprovar um pedido assim tira da oposição o discurso da falta de transparência.

Julio Soares, Div./O Caxiense

Na tentativa de buscar desgaste ao governo e à bancada governista, os vereadores petistas erraram ao apresentar proposta de uma frente parlamentar para acompanhar as obras do Marrecas. Para funcionar, a proposta deveria ser de formação de uma comissão especial – e não de uma frente parlamentar. Aliás, as comissões permanentes – como a de orçamento – já cumpririam a finalidade de fiscalização da obra, sem necessidade de uma frente. Só o aproveitamento político-eleitoral ficaria prejudicado.

Corso luz

Desfiles alegóricos da Festa da Uva 2012 serão exclusivamente noturnos. A comissão comunitária do evento baterá o martelo a respeito na semana que vem. A opção pela

noite deixará o corso mais bonito e trará menos problemas ao trânsito da Sinimbu, ainda que os carros alegóricos desfilarão apenas entre a Andrade Neves e a Dr. Montaury.

Comunitariamente

Neura Pedrotti (do bairro São Cristóvão), Irmã Maria De Bastiani (Fátima) e Avelino de Azevedo (Mariani) receberão na próxima quinta-feira (19), em sessão solene da Câmara, a Medalha Mérito Comunitário de Caxias do Sul. Uma

comissão especial de vereadores assumiu a responsabilidade pela (boa) escolha. Aliás, a Câmara realizará três sessões solenes na próxima semana. Além dessa, terá homenagens ao Dia do Gari (terça-feira) e à Imigração Italiana (quarta).

A Câmara no Rizzo

Com 26 bairros e loteamentos, a região Rizzo é uma das que mais cresce na cidade – e, em função disso, também é das que mais apresenta problemas e exige respostas

Assédio eleitoral

Ex-tucano, atualmente filiado ao PMDB, o presidente da CIC, Milton Corlatti, é vítima de assédio eleitoral. Ele vem sendo consultado por dirigentes de outros partidos políticos a respeito da possibilidade de uma candidatura a prefeito no ano que vem. Por enquanto, o assunto nem passa pela cabeça do empresário que, no comando da entidade, revelou-se mais articulado no encaminhamento de problemas comunitários do que muita autoridade eleita pela população.

Escolha técnica

da administração pública. O Câmara vai aos bairros vai discutir parte deles nesta segunda-feira (16) à noite, no salão da paróquia São José.

Ausentes

Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Diretório Central de Estudantes não mandaram representantes à reunião do Conselho Municipal de

Trânsito que definiu o reajuste de 17,8 % dos táxis. Na ótica das duas entidades, produtores rurais e estudantes não usam o serviço.

É por causa do aumento da gasolina e dos engarrafamentos no centro da cidade. O motorista perde muito tempo e ainda sofre com o desgaste da embreagem Presidente do Conselho Municipal de Trânsito, Éder Dal’Lago, ao justificar o reajuste de 17,8 % na tarifa dos táxis

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Empresários, políticos de bom senso e outros menos votados confiam que, na próxima semana, o secretário de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque, e o diretor do Departamento Aeroportuário venham a Caxias para anunciar Vila Oliva como local do futuro aeroporto regional. Em tese, o governador ficaria de fora do anúncio. Na avaliação de assessores políticos de Tarso Genro, a presença apenas de pessoal da área daria um sentido técnico à escolha. O sentido político (ou politiqueiro) fica com a realização da inútil e inoportuna audiência pública a ser realizada quinta-feira (19), em Brasília, em promoção do deputado José Stedile (PT).

Brizza Cavalcante, Div.

Prévia petista

Pelo tombamento

O presidente da União das Associações de Bairros, Daltro da Rosa Maciel, faz coro à luta pelo tombamento do prédio da antiga Maesa, na Rua Plácido de Castro. A ideia do vereador Edio Elói Frizzo (PSB), um dos proponentes, é transformar o local em Mercado Público. “Quando a UAB empreendeu a luta pela utilização do antigo prédio da cantina Antunes, muita gente ignorou ou criticou o movimento”, diz Daltro. “Hoje, a entidade está sediada ali, com todas as condições de funcionamento.”

Insegurança oficial

O assassinato do apenado Anderson Rodrigues, por golpes de faca artesanal, desnuda as deficiências do Presídio Regional, em Apanhador. A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) será chamada a explicar porque há meses não é realizada qualquer tipo de revista de presos naquela casa de detenção – até quinta-feira (12) considerada de segurança absoluta.

Sem acerto

Greve dos médicos entra na quinta semana sem qualquer possibilidade de entendimento. A prefeitura mantém-se firme no entendimento de que não pode dar qualquer tipo de reajuste diferenciado a um segmento dos servidores. Sob pena de comprometer definitivamente as finanças do Município.

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