Edição 87

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Julho | 2011

A favor do aumento do número de vereadores

“A representatividade política fica ampliada”

Maurício Concatto/O Caxiense

|S30 |D31 |S1º |t2 |Q3 |Q4 |S5

87 Ano ii

A voz

caxiense de Stallone, Chuck Norris e Steven Seagal

Em defesa da presidente da FAS, que contratou serviços da empresa do filho

“Todo mundo conhece a Lurdinha. Não foi uma coisa desonesta” A favor de que a extensão da UFRGS seja regional, e não só em Caxias

Roberto

Hunoff Apesar do dólar, exportação caxiense cresce 51,5%

Clubes

“Não caberia uma atitude bairrista nesse processo”

entregam as joias para não fechar as portas

Por que não concorreria de novo em 2012, mesmo se pudesse

Renato

“Tem que ter renovação, mudança. Oito anos são o suficiente”

AS POSIÇÕES de

SARTORI

Henrichs Generalizações no debate sobre a ampliação de vereadores

Faccioni, 70 anos de articulação e política

R$ 2,50


Índice Claudir Tigre, Divulgação/O Caxiense

www.OCAXIENSE.com.br

A Semana | 3 As notícias que foram destaque no site Roberto Hunoff | 4 Dólar baixo não freia exportações, mas afeta o comércio local O Caxiense entrevista | 5 José Ivo Sartori fala de saúde, educação, habitação, trânsito e política Perfil | 8 Faccioni: um articulador nato completa 70 anos

Maurício Concatto/O Caxiense

Cinema | 11 Stallone, Freeman, Seagal e Norris, versão caxiense Boa Gente | 12 Conhecimento dividido de Mario, solidariedade somada de Sabrina e a multiplicação de plateia no Coral Clubes Sociais | 13 A decadência de uma tradição caxiense Guia de Cultura | 16 O grande herói da América e o grande artista do RS

Excelente entrevista do Marcelo Aramis com a Tânia Tonet na edição 86 de O Caxiense. Leitura obrigatória para as candidatas da Festa da Uva. Greice Tedesco

@dioninhatv Sera que a escolha da musica da festa da uva ja ta certa!? A letra ja ta na net e adivinha de quem é!? Ta loko #temadafestadauva @Chibi_Gin Cara, gosto demais do twitter do @ocaxiense, pessoal da redação se puxa pra por notícias ‘de hora’. Muito antecipado a outros por aí #elogio @Chibi_Gin OHLORD D: esqueçam o que eu falei do @ocaxiense DHISUAHDIS - Show da restart? Isso lá é notícia? #PQP

No Site

HQCX | Quando a gente acha que O Caxiense já mostrou de tudo, surpreendem com esta novidade nas páginas impressas. Leonardo Portella

Artes | 19 Homens, Carnaval e malícia HQCX | 20 Um ciclo que nunca termina

Feira de filhotes cancelada no Iguatemi | Que bom terem conseguido resultado ANTES do evento; assim, evitaram também polêmicas desnecessárias. J. Cataclism

Dupla CA-JU | 21 O esforçado alviverde e o desafiante grená Guia de Esportes | 22 Os pontos finais na canchas, os lances emocionantes nos gramados e os gols sem-fim nas quadras

Música-tema da Festa da Uva | Não me surpreende que o Mario Michelon ganhe mais uma vez. Devemos investigar para ver o que existe por trás disso. Gostaria de deixar claro que existem pessoas capacitadas para representar nossa cidade, mas acabamos sempre optando pelos “mesmos”. Está na hora de acordar Caxias… Diego Santos

Renato Henrichs | 23 Os argumentos (ou a falta deles) no debate sobre a ampliação do número de vereadores

Expediente

Redação: Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Felipe Boff (editor), Jaisson Valim (editor), Janine Stecanella, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor), Maurício Concatto, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Robin Siteneski Comercial: Pita Loss e Calebe De Boni Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

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O Caxiense

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Erramos | O show da banda Restart ocorre no dia 27 de agosto, e não de julho, como foi publicado no Guia de Cultura da edição 86; na mesma edição, é Suspensys, e não Invensys, a indústria que aparece na fotografia na página 10.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


A Semana

Fotos: Maurício Concatto/O Caxiense

editada por Jaisson Valim | jaisson.valim@ocaxiense.com.br

Tantos buracos nas ruas exigem que Codeca amplie equipes de remendo; infraestrutura foi um dos temas do Câmara vai aos bairros

SEGUNDA | 25.jul UAB leva a greve dos médicos para a Assembleia

A interminável greve dos médicos tem a chance de pautar até a Assembleia Legislativa. A União das Associações de Bairros se mobiliza para que os deputados realizem audiência pública para terminar com a paralisação, que se encaminha para o quarto mês sem perspectivas de solução.

TERÇA | 26.jul Candidata a música da Festuva vaza e faz barulho

Antes mesmo de sair o nome da vencedora, o concurso da músicatema da Festa da Uva tem sua primeira polêmica. Um e-mail circula no meio artístico caxiense com a composição de Mario Michelon, um das 12 candidatas que disputam o prêmio de R$ 7 mil. O texto insinua que a canção já teria sido escolhida – a Comissão Comunitária esclarece que a definição só ocorrerá neste sábado.

dem votar a criação de seis novas Prefeitura precisa reerguer vagas a partir de 2013 sem uma quatro casas que derrubou consulta popular, os vereadores Uma trapalhada oficial (ou jurecebem aplausos quando se apro- dicial) custou caro para quatro ximam dos eleitores. famílias – e poderá ter consequênNa quarta edição do projeto Câ- cias para o bolso do contribuinte. mara vai aos bairros, dezenas de Servidores municipais demoliram moradores da região do Esplana- quatro casas em uma área pública da e de 35 bairros e loteamentos no loteamento Altos da Maestra. vizinhos se reuniram no salão da Até tinham um mandado de reinigreja Santo Antônio para apresen- tegração de posse em mãos – mas tar uma infindável lista de reivin- a validade do documento havia dicações. A população pediu me- sido suspensa pela Justiça ainda lhorias no atendimento de saúde, na sexta-feira (22). Diante da situabertura de novas creches e insta- ação, o juiz Sérgio Fusquine Gonlação de uma unidade do Corpo çalves determinou que o Municíde Bombeiros. pio reconstrua as moradias em 10 dias, sob pena de uma multa de R$ 500. A prefeitura afirma que não QUARTA | 27.jul havia sido avisada da suspensão.

Ação tapa-buraco terá reforço de nova equipe

É tanto buraco nas ruas que a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) já admite: precisará dobrar o tamanho da equipe para acelerar o serviço. Hoje, o órgão mantém um grupo de seis funcionários – com uma retroescavadeira, um caminhãocaçamba e um rolo compressor – Parlamentares ouvem as para os remendos. A ideia é criar queixas do Esplanada uma segunda equipe, com o mesSe escutam críticas quando deci- mo número de servidores.

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QUINTA | 28.jul Fim de contrato entristece os Médicos do Sorriso Os Médicos do Sorriso receberam uma notícia infeliz. A Unimed Nordeste rescindiu o contrato com o grupo – composto por 10 atores vestidos de palhaços clown, que alegravam uma média de 100 pacientes por dia no Hospital da Unimed. “A gente fica órfão de um trabalho que começou ali”, lamen-

ta o ator Davi de Souza. A cooperativa afirma que tentou negociar uma redução nos custos do projeto. Também destaca que o Pronto Atendimento e a sala de espera da cirurgia eram inadequados para a atividade.

SEXTA | 29.jul Vereadores têm pressa para ampliar as vagas na Câmara

Os vereadores se apressam para apreciar o projeto mais polêmico do ano até agora. O regimento interno permite que, a partir de 9 de agosto, os parlamentares votem em segundo turno o aumento de 17 para 23 vereadores na Câmara a partir de 2013 – e há poucas dúvidas de que eles adiem essa data. Com tanta pressão pública, a agilidade evitaria que o desgaste arranhe ainda mais a imagem da Casa. Na tensa votação em primeiro turno, na quinta-feira (28), a proposta passou com 13 votos – um a mais do que o necessário (a mudança exige aprovação de 2/3). O relator do projeto, Edio Elói Frizzo (PSB), assegura que o placar se repetirá na segunda discussão. “Isso é uma posição fechada na Câmara”, afirma.

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Na semana em que fechou o acordo coletivo de 2011, o Sindicato dos Metalúrgicos mobilizou os trabalhadores da Sauer Danfoss, fabricante alemã de componentes hidráulicos. Os 250 colaboradores paralisaram diante da negativa da diretoria em negociar uma nova forma de pagamento do Programa de Participação dos Resultados (PPR). A reivindicação é que a divisão ocorra entre todos de forma igual, enquanto a empresa insiste na proposta de valores diferenciados, conforme o salário de cada um. Os trabalhadores retomaram as atividades depois da garantia da diretoria local de negociar as mudanças. É certo que este foi o primeiro movimento em torno do PPR após a definição do dissídio. Vários outros virão.

Turismo local Acaba neste domingo (31) a segunda edição da Viagem dos Sabores, uma iniciativa do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Nordeste em parceria com a Secretaria de Turismo de Caxias. Os 87 estabelecimentos participantes, dentre restaurantes,

hotéis e agências de viagens, oferecem descontos, além de cardápios e serviços diferenciados. A expectativa do presidente do sindicato, João Leidens, é um incremento de 30% a 40% no movimento habitual dos estabelecimentos cadastrados nesta época do ano. Gilmar Gomes, Divulgação/O Caxiense

Paralisação

Safra rentável

Moveleiros em alerta

A indústria de móveis gaúcha levou, mais uma vez, reivindicações ao governo do Estado. Praticamente as mesmas que já havia exposto em março, quando da abertura da Fimma Brasil, em Bento Gonçalves. O setor quer apoio para um plano de ação, a ser apresentado em Brasília, para criar condições de retomada das exportações, prejudicadas principalmente pelo real valorizado. No caso do Rio Grande do Sul o problema se agrava pelas questões de logística, pois 50% dos insumos do setor vêm do centro do país. Segundo o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado, Ivo Cansan, com a péssima qualidade das estradas e os altos valores dos pedágios, a atividade gaúcha está com sua competitividade comprometida.

Números robustos

Os indicadores não são aqueles do ano passado, mas mesmo assim a economia de Caxias do Sul continua em ascensão. No primeiro semestre do ano o crescimento apontado pela CIC e CDL foi de 8,7%, com destaque para serviços com 12,7%. Em 12 meses a expansão é de 15%, influência direta da indústria com alta de 18,4%. O comércio tem indicadores menores, ainda assim positivos. A projeção para o segundo semestre é de resultados melhores, mas insuficientes para garantir crescimento superior a 10%.

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A produção de uvas nesta safra superou a marca de 707 milhões de quilos, representando alta de 33% sobre a anterior. Já o preço mínimo pago pela indústria aumentou 13%. A soma destes dois fatores garantiu que a renda do viticultor tivesse, em 2011, um aumento de quase 50% sobre o ano passado. O coordenador da Comissão Interestadual

da Uva, Olir Schiavenin, reconhece que foi uma melhora considerável, mas ainda assim não é a situação ideal. Uma das preocupações é com o reajuste dos insumos. Para tentar amenizar os efeitos, os produtores deverão se mobilizar para compras coletivas. Reunião para definir os critérios deste sistema ocorre na primeira semana de agosto.

Exportações crescentes

Por mais espantoso que possa parecer, até porque não há um empresário que não se queixe do problema cambial, as exportações de Caxias cresceram 51,5% em junho na comparação com igual mês do ano passado, quando o real não tinha toda a valorização atual. O diretor do Departamento de Economia, Finanças e Estatísticas da CIC, Carlos Zignani, tem resposta muito simples: o dólar está desvalorizado não apenas no Brasil, mas na maioria dos países. Portanto, exis-

Efeito dólar

Por mais contraditório que possa parecer, o dólar desvalorizado também prejudica o comércio. Foi o que revelou estudo feito pela CDL de Caxias do Sul para encontrar respostas à queda de 5% a 10% nas vendas dos fins de semana, tradicionalmente os períodos de maior movimento no varejo. Pois a entidade identificou que parte expressiva de consumidores locais está

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tem condições, mesmo que mais complicadas do que em anos anteriores, para continuar vendendo no Exterior. No primeiro semestre as exportações caxienses somaram US$ 480 milhões, em alta de 23% sobre igual período de 2010, com projeção de US$ 989 milhões para o ano. Se atingirem esse valor, ficarão apenas 10% abaixo de 2008, que fechou com recorde de US$ 1,1 bilhão. O que não dá para fazer é desistir, porque recuperar mercados é muito mais difícil.

viajando para cidades da Argentina e do Uruguai na fronteira com o Rio Grande do Sul com objetivo de fazer compras, principalmente vestuário, vinhos e pneus, estes em especial. Quem deve estar lucrando são as empresas de transporte que organizam viagens para esses locais. Pode estar aí, dentre outros, um dos motivos para a forte expansão do setor de serviços na cidade.

Semana movimentada A região será movimentada na próxima semana por duas feiras de negócios, o que deverá determinar lotação total da rede hoteleira. Em Bento Gonçalves são esperadas de 18 mil a 20 mil para a Casa Brasil, realização do Sindicato das Indústrias de Móveis para o período de 2 a 6 de agosto. O evento reunirá 170 expositores de móveis, iluminação, complementos e decoração de alto padrão.

Curtas No Centro de Eventos da Festa da Uva, em Caxias do Sul, de 2 a 5 de agosto, ocorre a Feira Brasileira da Mecânica e Automação Industrial, que reunirá 70 expositores, número inferior aos 100 da última edição. Mesmo assim a organização estima negócios na casa de R$ 120 milhões, em alta de 20%. O principal foco deste ano será o segmento de petróleo e gás, não apenas por meio de expositores, mas também por palestras mostrando as potencialidades deste mercado. Sindilojas Caxias do Sul realiza na quarta-feira (3) palestra sobre o tema Contratos de locações comerciais: direitos e deveres. Interessados devem se inscrever até segunda-feira no site www.sindilojas-cs.com.br. O professor Adroaldo Lamaison será o palestrante do 21° Bomdia TI, evento promovido pelo Trino Polo e o Sebrae/RS. No encontro programado para sexta-feira (5), na CIC Caxias, o palestrante falará sobre Motivação e autoestima. Para marcar seus 65 anos, a Saccaro apresenta o primeiro livro empresarial do Brasil que utiliza a literatura em sua narrativa. A obra Não Conte a Ninguém: Tem que Viver, escrita por Tânia e Charles Tonet, com imagens de Leopoldo Plentz, apresenta 16 crônicas baseadas nos fatos e personagens que construíram a história da empresa. O lançamento está marcado para terça-feira (2), às 19h30, na Saccaro Caxias. O gerente de planejamento e gestão da Comunicação da Petrobras, Eraldo Carneiro, será palestrante da reunião-almoço de segundafeira (1º de agosto) da CIC Caxias do Sul. Ela falará sobre o tema Valor, poder e risco da reputação empresarial. O evento é alusivo aos 40 anos do curso de Comunicação Social - Habilitação Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul.

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“NÃO HÁ

O Caxiense entrevista

INFRAESTRUTURA

QUE RESISTA” Para o prefeito José Ivo Sartori (PMDB), o elevado número de veículos transformou o trânsito no principal problema de Caxias

Maurício Concatto/O Caxiense

É

Sartori diz que fez obras profundas no tráfego, mas elas são insuficientes

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rubados até greves de determinados profissionais da prefeitura? As questões pontuais, momentâneas e ocasionais têm que ser bom que o Legislativo amplie o tratadas da mesma forma que as número de vereadores. Seria pre- questões do dia a dia. Evidentecipitado definir agora o candidato mente que num caso ou outro você do governo para a eleição de 2012. tem que correr atrás para fazer os A extensão da universidade fede- reparos. Se eu falasse de médicos... ral deve ser regional e aproveitar Tenho muitos amigos médicos, e a estrutura ociosa da UCS. Os por isso às vezes eu não tenho falamédicos não podem ser tratados do. A minha relação é positiva, sei de forma diferente que cumprem um entre os servidores. papel importante na A remoção de famí- “Acredito que sociedade. Às vezes, lias no loteamento aqueles que alguém não entenAltos da Maestra, não usam o de: “por que você reprovada pela Jus- Sistema Único não se manifestou?”. tiça, não pode ofusPorque temos gente de Saúde, que car realizações da do governo que está prefeitura na área olham de fora, tratando permanenhabitacional. A pre- é que têm temente da questão. sidente da FAS não problema em No serviço público agiu de modo deso- relação ao SUS” você não pode tranesto ao contratar tar uma categoria a empresa do filho funcional diferentepara prestar serviços à fundação. mente de outra, que tem o mesmo Essas foram algumas das posições acesso, via concurso público. Esdefendidas pelo prefeito José Ivo pero que todos voltem a ocupar o Sartori (PMDB), bem-humorado, seu papel e que posteriormente as na manhã de quinta-feira (28), em negociações continuem como viseu gabinete. Leia a seguir os prin- nham sendo conversadas, dentro cipais trechos da entrevista de uma da realidade, e não fora. hora e meia concedida ao jornal O Caxiense. Mas o senhor acha que esse posicionamento chega à população? Como é que o senhor classifica o Tenho lido, visto e escutado seu governo e o seu jeito de go- muitas coisas no país, e vejo que vernar? as condições aqui são boas para ter Sou uma pessoa que gosta de uma boa atuação. Acho que a pofazer autocrítica. Repenso minhas pulação compreende. Essa é uma atitudes, revejo, analiso. Fui muito caminhada que depende de tolefeliz quando constituí minha equi- rância de ambas as partes para se pe, com os partidos e os (integran- fazer uma construção positiva. tes do governo) que tinham vocação política ou apenas técnica. A Quais são hoje os principais procomposição heterogênea também blemas da cidade? nos deu uma caminhada diferente, Hoje, com certeza, é o número de respeitar as divergências polí- de veículos muito elevado. Mesticas e ideológicas dentro do go- mo que a gente transporte 180 mil verno. Evoluímos muito na com- passageiros/dia no transporte copreensão de que a democracia não letivo, o problema é o ingresso de pode ser um aparelho, nem o ato muitos veículos. de governar, nem o ato de atrair militantes. Tem que ser um ato de Isso é também uma consequênpluraridade democrática. Mas isso cia da riqueza da cidade... não me impediu de ter firmeza e Do modo de vida das pessoconvicção nos programas e na es- as, né. E a facilidade de aquisição colha das prioridades de governo. também. Qual é o operário que vai querer ainda ir para a fábrica de Mas como funcionam os proble- ônibus se ele pode ir de automómas do dia a dia, de casebres der- vel? Devemos ter hoje mais de 240 por RENATO HENRICHS, ROBERTO HUNOFF e FELIPE BOFF

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mil veículos no município. Não há demorar no privado, não tem proinfraestrutura que resista. Imagi- blema. Essa dicotomia a gente tem nem vocês se a gente não tivesse que ver, até porque nunca tivemos feito a duplicação da Perimetral ressarcimento daqueles que, mesNorte 1, da Perimetral Norte 2 mo tendo plano privado, acham com acesso à BR, da São Leopol- que é mais fácil ser atendido pelo do, a terceira pista na BR-116, a ro- SUS. tatória na São Leopoldo, o acesso ao Vila Verde e a São Romédio, a A sensação que fica é que, apesar abertura da Júlio de Castilhos e da desses investimentos, sempre falPinheiro Machado, ta alguma coisa. sem falar no viaduto, A gente tem peso acesso do Desvio “Os servidores quisas em que as Rizzo, os binários municipais têm pessoas que usam da Moreira César e aqui uma política o SUS têm 80% de da Rio Branco. São salarial que faz satisfação. Acreditransformações de to que aqueles que muita profundida- inveja ao país e não usam o Sistema de, que ainda assim ao mundo inteiro. Único de Saúde, que não são suficientes. Não existe política olham de fora, é que É um problemão. salarial igual à têm problema em Espero ainda em de Caxias do Sul” relação ao SUS. Essa agosto concluir os é uma questão que estudos para a conpoderia ser avaliada. tratação de um serviço que venha dar a dimensão de questões atuais, Voltando à educação, os municípequenas e rápidas e de outras de pios estão discutindo onde deve médio e longo prazo em relação ao ser a extensão da UFRGS. O sesistema viário de Caxias como um nhor defende que seja em Caxias? todo. Os principais focos de conFico agoniado, porque lutei toda gestionamento, de tráfego, todas a minha vida como dirigente estuessas situações. É um estudo dei- dantil para que a nossa universidaxado para o futuro. de (UCS) fosse federal. Na medida em que existe uma concorrência Os professores são bem pagos – generalizada no ensino superior, em relação ao Estado – e a avalia- a nossa universidade, que foi gesção do ensino parece boa. O se- tada comunitariamente, poderá nhor confia que em outras áreas passar por dificuldades novamenvai conseguir o mesmo resulta- te. Esse processo (da extensão) dedo? Na saúde, por exemplo? veria ser conduzido pela UFRGS Na saúde, devemos chegar este e pelo MEC. É uma questão reano a 3 milhões de atendimentos gional, e não municipal. A nossa (entre Unidades Básicas de Saúde, região foi a única que nunca teve Pronto Atendimento 24h e aten- uma universidade federal e, no dimentos pelo SUS em hospitais), entanto, é a mais desenvolvida do para uma população de 435 mil Estado. Essas questões de disputa habitantes. Há dificuldade em de local, isso é tão pequeno. Conuma área ou outra, mas a conju- cordei com o reitor (da UCS): a gação de esforços e o investimento Universidade de Caxias do Sul tem que o Município faz tem resultado, vários pontos, por que não fazer diferentemente de outros lugares, uma conjugação de esforços para em um grande atendimento. A facilitar esse processo, atender questão da saúde às vezes é difí- as demandas? O município que cil de entender. Se você estiver no pensa em resolver seus problemas Pronto Atendimento e demorar sozinho pode se dar mal. Quando duas horas, tem dificuldade. Se toda a região se desenvolve junta,

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todos os municípios vão bem. A gente deve fazer as coisas irmanadamente. E se tiver condições de aproveitar o vácuo nos espaços da UCS, poderia ser uma saída democrática, aberta e comprometida com todas as comunidades.

Tem lugares em que as pessoas moram muito mais na rua, embaixo das pontes. Nós temos hoje 36 escolas infantis no Município, fora os centros educativos, no turno contrário ao da escola. E temos mais educação infantil dentro das 85 escolas do Município. SeguraO senhor defende uma extensão mente estamos atendendo em torda UFRGS regional, então? no de 4 mil crianças. Sim. Agora, não sei se essa é a proposta. Acho que vai haver mui- O senhor acha que falta reconheta discussão. Não caberia uma ati- cimento da sociedade às obras da tude bairrista nesse processo. administração? Não. Eu ando em tudo que é luMas o senhor entende que mui- gar, e nunca ninguém me faltou tas pessoas acham que o prefei- com o respeito. A gente nota que to deveria ter uma posição mais o pessoal percebe, analisa, verifica. clara na defesa dos interesses de Uns solicitam mais, outros menos. Caxias? No geral, pensei que ia ser muito Já falaram a respeito disso, até pior. Porque não sabia que a gente em relação ao aeroporto. E onde era capaz de fazer tanto. Quando que foi definido o aeroporto? Nin- olho, começo a analisar agriculguém veio me pedir desculpas tura, habitação, educação, saúde, das críticas que fez. Você tem que estradas no interior, desenvolvidialogar, saber construir. Tem que mento econômico, infraestrutura, ser, como diria o governador, uma água, lixo, esgoto. Na Fundação concertação regional. Se há um de Assistência Social, quando vejo município no Brasil em que his- que, com o Trabalho 10 (programa toricamente os prefeitos, sem ex- em parceria com a iniciativa privaceção, dedicaram um olhar muito da), mais de 10 mil pessoas foram profundo à educapreparadas para alção, é Caxias. Por gum trabalho... isso temos a estrutura de hoje, professo- “As pessoas Como o senhor avares altamente quali- moram. De lia a contratação da ficados, bem pagos. um jeito ou empresa do filho da Todos os servidores de outro, presidente da FAS, municipais têm aqui Maria de Lourdes elas moram. uma política salarial Grison (Lurdinha), que faz inveja ao país Tem que saber para prestar servie ao mundo inteiro. se a habitação ços à fundação? Não existe política é digna, é boa São essas coisas salarial igual à de ou não” que eu acho que a Caxias do Sul. sensibilidade, o jeito de fazer é que não A questão das creches em Caxias deveria, né. Mas às vezes você tem ainda é problemática. Fala-se na o conserto de um computador, necessidade de 2 mil vagas para chega no fim de semana e precisa atender a demanda pública. para atender toda a rede. A rede É a mesma coisa que você dizer social de Caxias é um orgulho. São que a necessidade habitacional de essas coisas que não aparecem. Caxias é de tantas casas. As pesso- Se você faz o viaduto lá, aparece. as moram. De um jeito ou de ou- Foi mais no sentido de facilitar as tro, elas moram. Tem que saber se melhorias e condições do atendia habitação é digna, é boa ou não. mento da rede. Não foi uma coisa

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Maurício Concatto/O Caxiense

“O município que pensa em resolver seus problemas sozinho pode se dar mal”, diz Sartori, defendendo uma extensão regional da UFRGS desonesta. Se tivesse havido desonestidade, aí sim, seria o fim da picada. Todo mundo conhece a Lurdinha, sabe como ela é, o trabalho que faz. Ela foi 20 anos voluntária na Pastoral do Toxicômano. Agora, acho que ela só merece a compreensão das pessoas. Evidentemente que o serviço (prestado pela empresa do filho) saiu muito mais barato. Em política você sempre está vulnerável, e todo cuidado é pouco.

O próprio secretário da Habitação reconhece que há uma lacuna muito grande na faixa de zero a três salários mínimos (de renda familiar) e o Sinduscon diz que as empresas não têm interesse em atender essa demanda porque as margens são muito baixas. Como resolver isso? Tem como imaginar um programa municipal para esse tipo de família? Isso está sendo feito, no Nossa Senhora das Graças...

Na habitação, os planos do governo federal que foram reduzidos ou é na prefeitura que a questão está parada? Não, está andando, e muito bem. No primeiro governo, chegamos em torno de 3 mil residências. Ainda este ano teremos muitas coisas para apresentar, e deveremos chegar a um número bastante elevado até o final do ano que vem. Sobre o caso do Altos da Maestra, agora veio a ordem judicial de volta, vamos discutir. Tinha casas lá em cima da rua, uma em área de risco e outra próxima. É um problema sério. Claro, ninguém vai gostar que façam uma coisa truculenta. Não pode fazer isso aí, não deve fazer. Mas o Município vai dar assistência às famílias e reparar as questões que precisa. Não é como alguém quer pintar por aí, que não temos sensibilidade social. Temos, e bastante. Na área social a gente avançou grandemente. Isso não pode deslustrar o que foi e está sendo feito. No caso do Fátima Baixo, vê se deu algum problema com as 300 e tantas residências que foram deslocadas. Agora vamos exagerar em uma outra questão? Vamos parar! Na hora de disputar politicamente a gente disputa num outro nível.

Mas a oferta é muito pequena. Sim, mas acontece que tu também não tens os recursos suficientes para fazer isso. A gente está (conversando) com alguns empresários no sentido de trabalhar para oferecer de zero a três (salários mínimos), que é o principal. Os projetos continuam andando, mas você não faz tudo numa vez só. O senhor pretende inaugurar o Sistema Marrecas antes ou depois da eleição do ano que vem? Se me deixarem, antes, ainda na metade do ano que vem. A juíza federal questionou a legitimidade do licenciamento dado pelo Ibama. O que se suspendeu é a supressão da vegetação. Estamos discutindo enquanto a obra continua. O Marrecas não é só a barragem. Não é que nem o Faxinal, é um sistema. É barragem, adutora de água bruta, estação de tratamento, condução da água, centro de reservação. A Câmara está discutindo a ampliação para 23 vereadores. O senhor é a favor? Sim. Quando fui eleito em 1976, a Câmara era de 21 vereadores. O difícil não é o número. A vantagem que eu vejo é que reduz inclusive o orçamento da Câmara no conjun-

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to, mesmo tendo mais. Embora não possa me queixar da Câmara de Caxias, porque, ano após ano, sempre devolveu recursos para o Município.

ciência dos outros. Acho que quem tem que resolver o problema é o partido. Todo mundo tem o direito de desejar participar. Ele (Mauro), o doutor Alceu (PDT), o Elói Frizzo (PSB), a Geni Peteffi (PMDB), Mas qual o maior benefício de o Milton Corlatti (presidente da passar a 23 vereadores? CIC), que eu ouvi falar que deseA representatividade política ja ser candidato... Não tenho nada fica ampliada. Se eram 21 há 35 que fazer referência a uma pessoa anos, convenhamos, né. ou outra. Minha posição, desde que eu fui candidato a prefeito, e Faz de conta que já passou a Fes- fui quatro vezes, é que nunca fui ta da Uva (o prefeito tem dito que candidato de mim mesmo. Nem só após a festa o governo definirá em 1992, quando fui candidato candidato). É fundamental, para por uma necessidade, não só pelo o atual prefeito, elePMDB, pelo PPS ger um sucessor? também. Em 2000 Não é para o pre- “Ela (presidente só não fechou a cofeito. Sou defensor da FAS) foi 20 ligação com o PDT intransigente de anos voluntária por detalhes, mas na primeiro construir na Pastoral do verdade estivemos a unidade entre os juntos. A discussão partidos. Em segun- Toxicômano. feita sob argumentos do lugar se pensa nos Acho que ela é fácil. A discussão nomes que represen- só merece a com apelação você tam essa coligação. compreensão não consegue fazer Fizemos um andar, das pessoas” bem feita, e ideolofizemos o segundo gicamente é muito e eu desejo que vá incorreta. Não tenho para o terceiro, mas não pode ser nenhuma pretensão de ser o conum propósito meu, tem que ser do dutor desse processo. Até porque, governo. Espero que o bom senso se existem candidaturas, fica difícil e o equilíbrio se estabeleçam e que dizer “gostaria que fosse Fulano...”. essa situação possa ser resolvida. E A única coisa que sei é que eu não por que eu coloquei Festa da Uva? posso ser candidato. E se pudesse Porque acho precipitado que se te- ser, não seria. nha um debate. A discussão tem que ser sobre projeto, forma de Por quê? conduzir, programa de governo. Porque acho que tem que ter reSe os partidos estiverem afinados, novação, mudança. Oito anos são vão saber quem é melhor para fa- o suficiente, não tem que estar aí zer a condução do projeto que foi toda hora. Acho que o meu papel executado até aqui. está sendo feito, quero exercêlo até o último dia com a mesma Então a pré-candidatura do ve- dignidade que comecei, procuranreador Mauro Pereira (PMDB) o do atender as áreas que precisam, senhor considera precipitada? combinando questões do dia a dia Quem sou eu para julgar a cons- com as questões de futuro. 30 de julho a 5 de agosto de 2011

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Os 70 anos de um

Perfil

articulador

Na despedida do TCE, Faccioni relembra trajetória em que fascinou colegas estudantes com discursos, influenciou em sucessões ao Piratini e sonhou em federalizar a UCS

Claudir Tigre, Divulgação/O Caxiense

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Faccioni se alegra com homenagens em sessão do tribunal na quarta (27)

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no atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Foi graças a ele que Faccioni nasceu em Caxias ictor José Faccioni ainda estava na do Sul. Seus pais, Onório e Vicenadolescência, mas já mostrava a za, moravam em Carlos Barbosa, desenvoltura que o consagraria na onde não havia hospital em 1941. década seguinte. De cabelos bem A mãe nem precisou caminhar penteados e olhos claros, o magro muito para tomar o trem – a famírapaz pediu a palavra e começou a lia morava em frente à viação férdiscursar. Naquele congresso que rea. Há 70 anos, que serão complediscutia os rumos do movimento tados nesta sexta-feira (5), nascia estudantil no Estado, nas insta- Victor, assim batizado em homelações da Pontifícia Universida- nagem ao padrinho. de Católica (PUCRS) no Colégio O menino passou a infância em Marista Rosário, em Carlos Barbosa. AjuPorto Alegre, ele imdou o pai na selaria e pressionou a própria “Quem era na sapataria e, ainda delegação caxiense aquela desaforada no curso primário, com sua oratória e que havia ousado atuou como aprensua defesa contun- me desafiar?”, diz de operador de dente das ideias, casom e locutor da Voz racterísticas que o indignou-se Amiga de Carlos ajudariam a alavan- Faccioni. Era a Barbosa, um servimulher com car a carreira políço de alto-falantes tica como vereador, quem iria casar na Praça da Matriz. deputado e secre- e ter quatro filhos Anos mais tarde, tário estadual. Mas prosseguiu os estunem todos gostaram dos em Caxias e, no do que acabavam de ouvir. Uma fim da década de 50, mudou-se estudante pediu um aparte e tratou para Porto Alegre depois de se elede esclarecer: ger vice-presidente da União Gaú“Ele não fala em nome da de- cha dos Estudantes Secundários legação de Caxias. Ele fala por si (Uges), entidade que dirigiria anos próprio”. depois. Mas a experiência na CaAquela manifestação deixou o pital não durou muito. No início promissor líder estudantil intriga- da década 60, ele voltava a Caxias, do. “Quem era aquela desaforada onde fez vestibular para Ciências que havia ousado me desafiar?”, Econômicas na faculdade mantida indignou-se. E lá foi conversar. pela Mitra Diocesana. Faccioni descobria que a moça Destaque como líder estudanera Iole Zatti, representante do til, Faccioni enveredava rumo à Grêmio Estudantil do Colégio São política partidária. Em 1963, com Carlos. Faccioni descobria tam- pouco mais de 20 anos, tornou-se bém o amor, que já dura mais de vereador pelo Partido Democrata meio século. O ano era 1958, quan- Cristão (PDC) em Caxias. O sudo o mundo conhecia o Brasil gra- cesso precoce confirmou a impresças à vitória da Seleção na Copa e são inicial dos amigos surgida nos quando a bossa nova embalava um congressos estudantis. “Ele sempre país que via sua industrialização se se mostrou um articulador dediimpulsionar. cado. Tem honestidade também. Encantado pela moça, o rapaz Era uma outra época, quando isso resolveu tentar uma aproximação. aparecia como uma das principais Na viagem de volta a Caxias, de exigências aos políticos”, relembra trem – na época, ainda a pleno va- o dentista Oscar Sérgio Sartori. por –, Faccioni sentou ao lado de Com características assim, FacIole. Tempos depois, ele já frequen- cioni viu sua carreira ter uma astaria a casa dos pais dela. Dali, foi censão meteórica. Depois de uma um passo para o casamento e uma passagem pela Assembleia Legisrelação que gerou quatro filhos – lativa como suplente, o jovem se Raquel (médica), Vitor (diretor elegeria deputado pela Arena – regional da MTV), José (advogado partido de sustentação à ditadura e professor) e Elói Francisco (pro- que havia se iniciado em 1964 – e curador da República). assumiria a cadeira em 1967. Tinha apenas 26 anos. O transporte ferroviário desperta outra lembrança afetiva Durante essa legislatura, por JAISSON VALIM jaisson.valim@ocaxiense.com.br

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presidiu a Comissão Parlamentar Especial do Turismo, que elaborou um levantamento sobre as atrações gaúchas para os visitantes. Foi nos corredores do Palácio Farroupilha, porém, que usou de toda sua e vocação para a articulação. Ele integrou o núcleo que defendeu a candidatura ao Palácio Piratini do então deputado federal Euclides Triches, militar e prefeito de Caxias na década de 50. A escolha seria feita na própria Assembleia: afinal, não havia eleição direta naqueles conturbados tempos. Mas essa história começou bem longe, a 100 quilômetros da Praça da Matriz de Porto Alegre. Nasceu em Torres, no Litoral Norte, onde o deputado estadual Faccioni ouviu uma provocação enquanto passava as férias: “Por que tu não te candidatas a governador?” O autor da pergunta era Arlindo Zatti, tio de Iole e, nas palavras de Faccioni, “o maior colecionador privado de armas do mundo à epoca”, hobby que o aproximou dos militares. O parlamentar disse que ainda não tinha idade para postular o cargo. Também lembrou que a Arena contava com outros dois nomes fortes: João Dentice, chefe da Casa Civil, e o senador Tarso Dutra, ex-ministro da Educação. Zatti retrucou. Procurava por um líder político que simbolizasse

a renovação. Citou Triches – nome apresentaram Triches até chegar tão novo e inusitado que nem se- onde queriam. “Então, general, o quer figurava entre os possíveis senhor não podia falar com Médisucessores de Perachi Barcelos no ci sobre a candidatura de Triches?”, texto de quase uma página da edi- perguntaram-lhe. ção número 1 da Veja, de 1968. O O militar achou complicado e fez plano era fazer com que militares uma contraproposta: “podemos próximos convenmandar um telegracessem o presidente ma para Figueiredo Emílio Garrastazu “Não, é uma (chefe do gabinete Médici a encampar sugestão. É uma militar no governo o nome do caxiense, ordem do chefe”, Médici)”. A ideia foi como se evidencia disse o presidente prontamente aceita. em um diálogo lemComo um ghost wribrado até hoje por Médici sobre a ter, Faccioni escreFaccioni. Um desses candidatura de veu o comunicado generais estava em Triches, costurada em nome do general, São Gabriel, de fé- pelo deputado enaltecendo as quarias, e havia convi- caxiense lidades do deputado dado Zatti para um federal e pedindo churrasco. pela intermediação “Tio, o senhor vai ao churras- do destinatário nas ações em prol co?”, perguntou Faccioni. da candidatura dele à sucessão es“Não. É muito longe. Eu não vou tadual. dirigir até lá...”, respondeu Zatti. Triches só soube depois das ne“E se eu for dirigindo?” gociações, quando Faccioni entregou a ele, na praia de Atlântida, É claro que Zatti aceitou uma cópia fotostática (como chaa proposta. Naquele fim de sema- mavam o xerox) do texto, mas foi na, às 5h, os dois estavam de pé, discreto em suas reações. prontos para viajar até São Gabriel Semanas se passaram antes que a bordo de um DKW Vemaguet. o deputado estadual percebesse Desembarcaram no destino horas que a movimentação havia dado e tortuosas centenas quilômetros certo. Eram 23h30. Faccioni recém depois, sentaram-se para comer colocara os pés em casa, em Porto um daqueles churrascos que só se Alegre, e ouvia uma bronca da musaboreiam na Campanha e come- lher. Não tanto pelo adiantado da çaram o bate-papo. Pouco a pouco, hora, mas pelo telefone residencial

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que não parava de tocar – naquela época, os políticos nem sonhavam com o onipresente celular. Com os filhos gêmeos Vitor e José no colo, ela reclamava que não conseguia dormir, porque o deputado Otávio Germano insistia, ligação após ligação, vê-lo imediatamente. Faccioni foi ao encontro de Otávio Germano e de outros líderes da Arena, que começaram a relatar os bastidores da homenagem, horas antes, do governo do Estado a Médici. No fim do encontro, o presidente reuniu a cúpula da sigla no Estado e pediu para que incluíssem o nome de Triches na sucessão estadual. “É uma sugestão, presidente?”, perguntou Otávio Germano, segundo contou ao deputado caxiense naquela madrugada. “Não, não é uma sugestão. É uma ordem do chefe. E boa noite”, respondeu Médici, despedindo-se. Ordem do chefe se cumpre. Em 15 de março de 1971, Euclides Triches assumia o Palácio Piratini. Faccioni ocupava um cargo que os governadores costumam destinar para seus braços-direitos: chefe da Casa Civil. Antes de assumir, Faccioni ouviu um conselho: “Não ajas e decidas pensando em ser candidato, porque vais te dar mal. Se tu pensas em concorrer, trata mal os oponentes. Agora, se tu não quer ser

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5. 1. O estudante de Economia Victor Faccioni participa de cerimônia da faculdade ao lado da mulher, Iole Zatti, nos anos 60; 2. Como vereador, Faccioni integra a recepção ao presidente Humberto de Alencar Castelo Branco na visita à Festa da Uva, em 1965; 3. Na década de 70, como chefe da Casa Civil, acompanha os despachos do governador Euclides Triches; 4. Ao trabalhar na direção da Madezatti, ele arruma tempo para compor o time da empresa, em 1976; 5. Em 1988, como um dos deputados da Constituinte, posa para uma foto histórica, assinando a Constituição.

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Arquivo pessoal/O Caxiense Arquivo pessoal/O Caxiense

Arquivo pessoal/O Caxiense

4.

derrota para um trabalhista – Al- não a vida pública. Ocupou a diceu Collares. Voltou a disputar reção do Banco Regional de Deuma vaga para a Câmara Federal senvolvimento do Extremo Sul e integrou a Constituinte. Foi um (BRDE) entre 1996 e 1998, quanárduo defensor do Parlamentaris- do assumiu o cargo de conselheiro mo e da Reforma Tributária. Em no Tribunal de Contas do Estado. seus quatro mandatos, também se O homem acostumado às articupreocupou com inlações desde as mofraestrutura, a agribilizações estudantis cultura e a educa- “Pulverizei a precisou mudar de ção – orgulha-se em minha campanha, seu estilo de forma dizer, por exemplo, quando radical. “É um exerque propôs a lei do prevaleceu o voto cício mais reservado. crédito educativo. Exige mais concen“Ele é uma verda- em candidatos que tração para a anádeira máquina. Em trabalharam mais lise de relatórios e uma visita a Porto determinados documentos do que Alegre, em meados municípios”, disse os relacionamentos dos anos 80, a mu- Faccioni sobre 94 e contatos pessoais”, lher dele reclamou: compara. ‘Não dá para aguenApós 13 anos, Factar teu amigo. Ele chega a ligar de cioni se prepara para uma nova madrugada para assessores’”, lem- despedida. Seu gabinete no prédio bra o professor Décio Bombassaro. próximo ao Guaíba, em Porto Alegre, já apresenta os sinais de que Por toda essa dedicação de o inquilino terá de deixá-lo, com Faccioni, os amigos se decepciona- livros e documentos encaixotaram com o resultado das urnas em dos, prateleiras parcialmente vaoutubro de 1994, na quinta tenta- zias. Ele sai do TCE nesta semana tiva de ocupar uma vaga em Bra- por determinação legal. As regras sília. O deputado fez 36,5 mil vo- determinam que os conselheiros tos, insuficientes para se reeleger. ocupem o cargo apenas até os 70 Surpreso, ele subiu à tribuna da anos. “A sua passagem marcante Câmara em 29 de novembro e fez pelo TCE deve ser seguida e fortauma corajosa autocrítica. Está lá, lecida pelos que ficarão”, defendeu nos anais da Casa, para quem qui- o conselheiro Marco Peixoto. ser conferir: “Perdi, ao não aplicar Mas ninguém pense que Facum princípio que sempre defendi, cioni vai se aposentar. O caxieno do voto distrital. Pulverizei mi- se tem plano de voltar a atuar na nha campanha por todo o Estado, área privada. Por estar cansado de quando nessa eleição prevaleceu o escrever, ele resiste à ideia, mas a voto em candidatos que trabalha- mulher tenta convencê-lo a invesram mais determinados municí- tir o tempo livre em um livro de pios e região”, discursou. memórias. Faccioni deixou a Câmara, mas Histórias não faltam. 3. Foto Pastori, Arquivo pessoal/O Caxiense

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candidato, trata todos igualmente naram-lhe sobre a federalização. E bem”. aí veio a resposta que o candidato não gostaria que Caxias ouvisse. Lembrado por Neda Triches, viúva do governador, pela fidelidaFaccioni perdeu a votação de ao governo, o caxiense levou a de 1976, mas não a vontade de ver sério o ensinamento. Terminou o o governo federal assumir a unimandato em 1975 e decidiu aban- versidade. Ele se elegeu deputadonar a vida pública. Voltou para do federal dois anos depois, mas a cidade natal e resolveu ajudar a só atuou no Congresso a partir família da mulher na direção da de 1980, quando deu um fim ao Madezatti. Aos fins de semana, até pedido de licença que havia feito fazia suas jogadas como ponta-di- para ocupar a Secretaria Estadual reita no time da empresa. “Ah, mas de Obras Públicas, onde iniciou eu era fraco”, reconhece. o projeto do Trensurb (mais um A várzea caxiense não assistiria trem na vida de Faccioni). No por muito tempo aos lances nem Congresso Nacional, conseguiu sempre bem-sucedidos daquele aprovar um projeto que finalmenjogador, porque ele era mais pro- te tornaria o plano de federalizar a missor em outros campos. No ano UCS uma realidade. Porém, uma seguinte, aceitou retornar à arena nova frustração viria pela frente. política e disputar a eleição para O projeto foi para a mesa do preprefeito contra Mansueto Serafini sidente João Figueiredo, deixando Filho, após interferência do pró- o deputado federal otimista. Ele só prio Triches e do presidente Er- desconfiou que algo estava errado nesto Geisel. quando, em um voo para Brasília, A participação presidencial na encontrou um assessor do Miniscampanha não surtiu os efeitos tério da Educação. Como não haque se esperava. Geisel viajou ao via lugares marcados em aviões na município, mas se pronunciou época, sentou-se ao lado dele. E contra uma das principais ban- começou a conversa. deiras de Faccioni: a federalização O assessor contou que havia vida Universidade de Caxias do Sul sitado Caxias para sondar as lide(UCS). O candidato da Arena não ranças locais sobre a proposta, mas a empunhava à toa. Havia ajudado não avisou o parlamentar para evia fundar a instituição e havia idea- tar influências na consulta. Curiolizado, na Casa Civil, a doação da so, ele perguntou o resultado. O área da Estação Experimental para servidor tentou desconversar: “Eu a universidade. não vou poder dizer por enquanNa versão de Faccioni, durante to”. um aperitivo à espera do churrasDias depois, o presidente vetava co no CTG Rincão da Lealdade, a proposta. Faccioni não se abateu. um líder estudantil fez uma per- Como o padrinho político Triches, gunta agressiva ao presidente. Gei- também concorreu à prefeitura de sel se irritou. Em seguida, questio- Porto Alegre, em 1982, e sofreu 2.


Divulgação/O Caxiense Divulgação/O Caxiense

Divulgação/O Caxiense Divulgação/O Caxiense

Maurício Concatto/O Caxiense

Um anônimo famoso

Filha reconhece a voz do pai ao assistir a programas de TV; no Brasil, Stallone, Freeman, Seagal e Norris são atores dublados por Motta

O sotaque caxiense

de Rambo O

por CAMILA CARDOSO BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br

s personagens do ator americano Sylvester Stallone, o desenho animado As Meninas Superpoderosas e a marca de cosméticos que garante que “você vale muito” têm um elo caxiense. A grave voz masculina que empresta vida a versões brasileiras de filmes, desenhos e comerciais sai do térreo de uma casa de três andares do bairro Rio Branco, onde funciona o estúdio particular de Luiz Feier Motta, 51 anos. Depois de quase 30 anos no Rio de Janeiro, o locutor e dublador caxiense decidiu retornar para uma cidade menor há três anos em nome da qualidade de vida, mas sem abandonar o trabalho dos sonhos de qualquer aficionado por cinema e entretenimento. A versatilidade vocal de Motta permite que o mesmo profissional que anuncia os próximos lançamentos das salas de cinema, em trailers normalmente carregados de suspense pela estreia, narre as chamadas dos programas educativos da TV Futura, além das dublagens de atores como Pierce Brosnan, Chuck Norris e Stallone, de quem dublou 18 filmes (incluindo Rambo II, Rambo IV e cinco longas da série Rocky). A semelhança com o musculoso ator americano de olhos caídos e cara de mau se limita à rouquidão da voz. Motta não passa dos 1m70cm de altura e tem a simpatia dos bons comunicadores. Numa conversa informal, sua voz se impõe, com entonação e dicção impecáveis, mas nem de longe lembra os filmes de ação

que dublam, que não lhe agradam muito. “Os do Stallone têm muita violência, não é o tipo de história que eu gosto. Morgan Freeman é um baita trabalho, o cara é bom demais. Steven Seagal, de tão ruim, chega a ser difícil de fazer”, classifica.

Motta foi o segundo dublador a montar um home studio no Rio, atrás somente de Cid Moreira. A principal justificativa apresentada aos estúdios de dublagem é que atrasos por conta do trânsito não seriam mais um problema. Foram 10 anos preparando o retorno para Caxias, provando que o mesmo profissional requisitado continuaria disponível para os trabalhos de dublagem e locução, mesmo a 1,5 mil quilômetros de distância do Rio. A viabilização do plano só foi possível com avanços tecnológicos, como os programas de edição de áudio para computador e o suporte da web para enviar os áudios. A tecnologia também permitiu que as dublagens fossem feitas em menos tempo, sem precisar de todos os dubladores reunidos em sessões que duravam até 30 horas. Hoje, em 1/6 do tempo, Motta dubla um longa-metragem confortavelmente instalado em uma cadeira de escritório, na própria casa. O horário de trabalho do locutor começa normalmente às 15h, após dedicar-se à rotina da casa, onde mora com a mulher, Bárbara, e as três filhas. Lara, quatro anos, Luiza, 10 anos, e Júlia, 12 anos, zapeiam os canais da TV por assinatura com ouvidos atentos. “Ei,

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Vozes de astros de cinema americano saem da casa de Luiz Motta, em Caxias

pai, tem a tua voz neste desenho”, fim da década de 1970, Motta foi anunciam. tentar a carreira no Rio de Janeiro. O trio está acostumado a ouvir o Em 1981, ganhou uma bolsa para pai em TVs ou aparelhos de som. o curso da Escola de Formação de Só mesmo sendo narrador para Atores Jaime Barcellos. Era a oporter uma saída eficiente para os ir- tunidade que precisava para largar recusáveis pedidos das meninas. de vez a vida de bancário em Ca“Compro os kits da Disney que eu xias e investir no sonho de atuar. narro e, quando elas Após três meses, o me pedem para condinheiro começou a tar uma história, eu “Os filmes do ficar escasso, e Motdigo: ‘ouve esse CD ta passou a procurar que sou eu mesmo Stallone têm emprego como locuque estou contan- muita violência, tor de rádio, até desnão é o tipo de do’”, revela. cobrir que ser ator história que gosto. e dono de uma voz Dar voz a per- Steven Seagal, de empostada eram os sonagens e ter conrequisitos necessátão ruim, chega tato com as obras rios para se tornar hollywoodianas me- a ser difícil de dublador. O primeises antes de serem fazer”, diz Motta ro trabalho foi para lançadas tem status o estúdio Telecine – de hobby na carreira evidentemente, nada de Motta. Um dos poucos empre- de papel principal como estava gos registrados na carteira de tra- acostumado no teatro. Seu persobalho dele como dublador foi para nagem de estreia na dublagem era a Herbert Richers – a emblemática aquele que morria baleado pelo empresa pioneira na área no Brasil herói de um bang-bang. “Minha –, por ser um mercado em que se fala era algo como ‘ãããããrg’, agoninegociam trabalhos, não funcio- zando”, relembra. nários. A principal profissão de Com as locuções de comerciais Motta sempre foi a de locutor, com e rádios e as eventuais narrações passagens pela rádio Globo e pelos e dublagens para o cinema, Motta canais Universal Channel, GNT e deixou de lado definitivamente a Canal Futura. Até a antiga rádio carreira de ator. “Se tu não és um São Francisco FM, antecessora da Tarsísio Meira da vida, passa uma Mais Nova, contou com a colabo- miséria danada”, justifica. Ele garação de Motta, de 1989 a 1992, rante que realizou-se na atuação quando ele já ensaiava um retorno sem precisar usar a imagem. “Apaa Caxias do Sul. recer é o de menos. Ser famoso Mas a profissão de seus sonhos e ganhar pouco não compensa”, na adolescência era a atuação. De acredita. pequenas peças no colégio La Salle “Sou um anônimo”, define-se a protagonista do Grupo de Tea- Motta. Um anônimo com uma das tro Amador Ribeiro Cancela no vozes mais ouvidas por aí. 30 de julho a 5 de agosto de 2011

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Mario Cladera

Mario ainda era adolescente quando colaborava com uma revista cultural no Uruguai, o que o livrou de ser preso pelo regime militar como os colegas. Aos 19 anos, em 1978, deixou Montevidéo, a família e o curso de Direito, no qual ingressara a exemplo do pai, e veio para o Brasil, onde a a abertura política aconteceria um ano depois. Em Porto Alegre, foi trabalhar no ateliê de Vasco Prado. “Eu auxiliava em tudo. Desde varrer o chão até colaborar nas esculturas. Foi a coisa mais marcante do meu aprendizado”, conta Mario, sobre a escola e o professor. O artista, que largou o curso de Belas Artes na UFRGS no último ano, ajudou a montar, no final dos anos 90, um ateliê na Restinga, periferia de Porto Alegre. “Foi muito enriquecedor. Penso que, ao ampliar o acesso à arte, estou cumprindo o meu papel.” Desde 1994, Mario desenvolve seu papel de professor em oficinas de escultura – duas vezes por semana, no Instituto Bruno Segalla, em Caxias. E acredita que as aulas façam parte do processo artístico. “Eu preciso sistematizar o conhecimento para poder passá-lo adiante”, explica. As oficinas também complementam a renda do artista. No ateliê, ele se dedica à investigação na escultura, o que não traz muitos clientes, mas multiplica o conhecimento.

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D'Água, o sombrio e erudito Romancero propõe um mergulho na história da Andaluzia e na poesia de García Lorca. Na preparação do espetáculo, o coral estudou o idioma, a cultura e a história da região, além de ter aulas de flamenco com Gisele Domit. Entre os espetáculos do coral, Cibele considera Romancero um dos mais difíceis tecnicamente.

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Rodrigues Teixeira

Em 2002, aos 22 anos, Sabrina convenceu os pais a adotarem um menino que ela conheceu enquanto era estagiária no Hospital Geral. Abandonado pelos pais biológicos, Filipe, portador de Síndrome de Down e neurolesão, ficou três anos com a família. “Em casa, ele passou a se sentir como parte de um círculo de carinho e apresentou melhoras”, conta Sabrina. Filipe morreu em 2006, aos cinco anos, e mudou a vida de Sabrina. Ela trocou a Enfermagem pelo Direito – se formou no mês passado – e decidiu trabalhar pela construção da Casa Lar Filipe, dedicada a cuidar de crianças na situação do irmão. Ela precisa de um terreno, já solicitado à prefeitura, e de R$ 6 milhões. “Vai ser uma casa de primeiro mundo, onde as pessoas vão cuidar das crianças como se fossem filhos”, confia Sabrina, que tem um sonho caro e perseverança suficiente para realizá-lo.

Celebration (2006) |

Repetindo a parceria com o roteiro de Nivaldo Pereira e a direção cênica de Raulino Prezzi, Celebration apresentou os clássicos do rock, um desafio maior do que Romancero pelo idioma. “Se a gente demorou dois meses para fazer o Gota D'Água e três para o Romancero, neste demoramos oito”, conta a maestrina. Celebration foi assistido por 35 mil pessoas em 63 apresentações.

Andreia Copini, Div./O Caxiense

Maicon Damasceno, Div./O Caxiense

Maicon Damasceno, Div./O Caxiense

Maicon Damasceno, Div./O Caxiense

Gota D'Água (2004) | Romancero Gitano O espetáculo, uma adaptação (2005) | O oposto de Gota de Regina Lucatto da peça de Chico Buarque e Paulo Pontes, marcou a estreia do grupo no formato de coro cênico. A alegria do samba, o colorido do cenário – varais que representavam uma favela – e a interpretação dos cantores, com direção cênica de Volnei Canônica, conquistaram o público para uma nova fase na história do coral.

Sabrina

Em comemoração aos 35 anos de história, o Coral Municipal de Caxias do Sul lançou o CD Mosaico e, até o final do ano, deve lançar um livro sobre a trajetória do coral, escrito por Marcos Kirst, e uma exposição de fotografias e figurinos, com curadoria de Stelamaris de Oliveira. Regente do coral desde 2004, a maestrina Cibele Tedesco coordenou uma transformação no conceito do grupo. Ao fazer a lista dos melhores momentos do coral, Cibele dá uma ótima notícia: quer apresentar todos os espetáculos novamente, no início do ano que vem.

Acervo Unidade de Música/O Caxiense

Coral Municipal | Espetáculos por CIBELE TEDESCO

Maurício Concatto/O Caxiense

Maurício Concatto/O Caxiense

por Marcelo Aramis

Beatles – A Razão e a BR Paixão (2011) | DePaixão (2008) | Os ingres- pois do sucesso de Pare, Olhe,

sos esgotaram cinco dias antes da estreia e Beatles chegou a ter três sessões no mesmo dia. Com arranjos encomendados especialmente para o espetáculo, o roteiro de Cibele e Gilberto Salvagni selecionou 12 entre 219 músicas dos Beatles. Foi a primeira vez que o Coral, a Orquestra Municipal e a Cia. de Dança se apresentaram no mesmo palco.

Escute, em comemoração aos 100 anos da chegada do trem, o samba-canção de BR Paixão comemora os 35 anos do coral. Uma estrada que liga o Rio Grande do Sul de Lupicínio Rodrigues ao Brasil de Noel Rosa, o espetáculo remonta os bailes e a boemia dos anos 50. “É sobre amor, noitadas, paixões e dor de cotovelo”, resume Cibele.

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Maurício Concatto/O Caxiense

Sociedade

Salões do Clube Juvenil ainda ostentam a opulência de antigamente, mas se esvaziam com a redução no número de associados

nO CLUBE DA

DECADÊNCIA

E

por CAROL DE BARBA caroldebarba@ocaxiense.com.br

stá frio no salão de bailes do Recreio Guarany. Apesar da temperatura estranhamente alta para a época do ano, no espaço amplo, de pé direito altíssimo e praticamente vazio, o que falta é calor humano – como em todos os salões de festa onde não há festa. Qualquer som ecoa – passos, cadeiras raspando no chão, uma caneta caindo, a conversa de amigos que não se encontram há anos. São 18h de segunda-feira (25), e essa movimentação não anuncia o início de um baile. As mesas redondas de fórmica branca, bem como as velhas cadeiras de madeira com acentos e encostos azul anil, estão amontoadas próximas às paredes. No chão, há restos de outros Carnavais que foram varridos e amontoados em um canto. Bem no centro do salão, cerca de 20 das centenas de cadeiras estão dispostas ao centro, em forma de meia lua, voltadas para as portas. Elas estão ocupadas por senhores, todos com mais de 50 anos. Como associados, eles estão ali para atender à primeira chamada

da assembleia extraordinária que não só decidiu o futuro de uma instituição simbólica da cidade bem como representou mais um dos sintomas da decadência dos outrora glamourosos clubes sociais. Duas horas mais tarde, quase 300 pessoas se juntaram a eles e 144 votaram, aprovando a incorporação ao Recreio da Juventude . A fusão talvez seja demonstração mais visível da crise financeira, que acompanha a mudança nos valores da sociedade caxiense. Diferentemente de décadas atrás, os serviços oferecidos para o sócio têm um valor maior do que a imagem de status e refino antigamente atrelada ao titular de uma joia. Terceiro clube mais antigo da cidade, o Recreio Guarany surgiu em 11 de junho de 1918. De acordo com uma pesquisa realizada em 1998 por André de Campos, Rosane Dambros e Valéria Flach, para a disciplina Métodos e Técnicas de Pesquisa em História, do curso de História, ministrada pela professora Loraine Slomp Giron, os dois clubes existentes então (Juvenil e Recreio da Juventude) atraiam somente a elite caxiense

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Sociedades tradicionais que reuniam famílias em torno do glamour deparam com um dilema: ou aceitam se moldar aos novos valores ou amargam o declínio

e “a classe popular (trabalhadora) bocha, e até mesmo Orquestra e não possuía opções e nem locais Coral, regidos pelo maestro Pedro de diversão, lazer e descontração”. Paulo Mandelli. Os rapazes que criaram a nova agremiação pretendiam reunir e Conforme Morillo Andreis, organizar um time de futebol para integrante da diretoria, nessa époos finais de semana, o Sport Club ca o clube chegou a ter quase 4 mil Guarany. Em 1929, sócios. Além da sede sofrendo as consecampestre, adquirida quências da crise “Com a Rota, é no final da década mundial, extingui- fácil viajar, e de 1950 e construíram a equipe espor- muitos têm casas da gradativamente, tiva e se tornaram na praia. Mas o no final dos anos 70 apenas um clube também se investiu clube estacionou social, mudando o em uma segunda nome para Recreio também por falta sede campestre, em Guarany e cons- de apoio”, diz Flores da Cunha, truindo a sede atual, Gilberto Reis, com camping e galna Júlio de Casti- do Guarany pão crioulo. lhos, inaugurada em De acordo com en1931. trevista do ex-presiDurante os anos 50 e 60, a insti- dente Rubens França de Oliveira tuição manteve muitas atividades, para a pesquisa, nesse período, o incluindo inúmeros bailes – do número de associados subiu para Chopp, Gaúcho, dos Anos Dou- 12 mil. Segundo o atual presidente rados (em que os homens usa- do Conselho Deliberativo, Gilbervam jaquetas de couro e carros to Reis, a frequência e, consequenantigos estacionados em frente temente, os eventos, começaram a à sede eram atração) e o Baile da diminuir drasticamente nas últiPelúcia (de gala, em que só eram mas duas décadas. “O único evenpermitidas roupas confeccionadas to que permaneceu foi o Carnacom o tecido), jantares, boates jo- val”, lamenta. vens (Tribos e Oca), shows, bolão, Para ele, além da multiplicidade 30 de julho a 5 de agosto de 2011

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mantinha seu status e, sob o se- sócio há 42 anos e presidente por gundo mandato do presidente quase duas décadas, a instituição Bellini, bateu a marca dos 1,3 mil surgiu entre o fim dos anos 50 e o sócios pagantes. Mas não durou início dos anos 60 como um time muito: a escolha da rainha da Fes- de futebol dos funcionários da emta da Uva passou para os pavilhões presa Vinhos Mosele, que ficava e o baile das debutantes começou na Avenida Rio Branco. Alugada, a enfrentar dificuldades em meio à a primeira sede ficava onde hoje é moda de se viajar à Disney. “Tem a Receita Federal, próximo à sede as questões financeiras, mas tam- da companhia. Apenas na década bém os jovens deixam a tradição de 70 é que foi construída a atual de estar dentro do clube. As meni- sede, na Rua Tronca, que funciona nas preferiam gastar para viajar do como social e recreativa. “O maior que na festa”, avalia Elizabeth. evento era o Carnaval. A abertura e Hoje, o clube sobrevive com a o encerramento da festa de Caxias mensalidade de 793 sócios (no to- aconteciam ali. Eram cinco noites tal, são aproximadamente 3 mil) e seguidas de festa mais o Enterro com o aluguel dos salões de festas, dos Ossos, e tinha também o bloco do restaurante e do pub. O Cereji- de rua”, relembra Schemes. O Reno nha e a Festa a Fantasia, ambos do promovia bailões e domingueiras Departamento Jovem, se mantêm. todo o final de semana, com conO baile de debutantes foi reformu- juntos de renome nacional como o lado e virou a Balada dos 15. Impacto, Placa Luminosa, Banda Bellini, o presidente que por do Brejo e Os Pholhas. “Fazia fila mais tempo dirigiu o clube, acredi- até o quartel”, gaba-se. ta que o grande “pecado” foi a falta Segundo ele, o clube chegou a de investimento na sede campes- ter um total de 6 mil sócios. Hoje, tre. “Não existe mais aquela força restam apenas 1 mil, sendo 400 pade clube social. Hoje tu continu- gantes. O tão falado Carnaval deias pagando se tu fazes ginástica, xou de existir há três anos. Para o nada, joga algum esantigo presidente, a porte. Para ir a baile, culpa da decadência tu pagas meia dúzia “Tentamos é da “incompetência de centavos a mais e de tudo, das novas diretorias”. vai em qualquer um, contratamos Para o atual preem qualquer clube”, os melhores sidente, Vanderlei avalia. Ramos, o ocaso atinconjuntos e não ge todos os clubes, Ao contrário adiantou”, explica porque as pessoas do irmão mais ve- o presidente do trocam a cidade pela lho, o Reno, caçula Reno, Vanderlei praia tanto nas férias dos clubes caxienses, Ramos quanto no carnaval. preferiu abrir mão “Tentamos de tudo, de sua sede social contratamos os mepara evitar a falência. A instituição lhores conjuntos e não adiantou”, tinha uma dívida, cujo valor não reclama. é divulgado, mas conseguiu sanáAlém de manter o clube, a renda la alugando metade de sua matriz do aluguel da sede social também para uma Igreja Evangélica – na custeia reformas nas atividades reoutra metade, funcionam a secre- creativas – como piscinas e parque taria, um restaurante e um salão de infantil –, que ficam desativadas festas. no inverno. A única atividade que De acordo com Delmo Schemes, o Reno ainda promove é o Torneio Acervo Recreio Guarany, Divulgação/O Caxiense

Acervo Cultural do Clube Juvenil, Divulgação/O Caxiense

de opções de casa noturnas mais tos e ideias mais modernas que atrativas ao público jovem, a me- queriam trazer para a sociedade”, lhoria nos acessos para o Litoral explica a colaboradora do acervo Norte foi um dos fatores que con- cultural do clube Elisabeth Frantz. tribuiu para o fenômeno. As famí- A primeira sede, um galpão de lias preferem para passar as férias madeira, foi erguida em 1912. A à beira-mar em vez de pagar o ano construção da atual e imponente inteiro a mensalidasede social, ponto de de de um clube cujos referência e cartãoserviços utilizariam “Não existe postal da praça Dansomente em uma es- mais aquela te Alighieri, ocorreu tação. “Com a Rota força de clube em 1928. do Sol, é muito fácil social. Hoje Ao longo dos anos, viajar e muitos têm bailes, sempre lucasas na praia. Mas tu continuas xuosos, marcaram o clube estacionou pagando se tu joga eventos importantes também por falta de algum esporte”, de Caxias do Sul, apoio do associado”, avalia Bellini, como a chegada do acredita. Para Reis, do Juvenil trem e o anúncio de a recém-aprovada elevação da vila à fusão com o Recreio categoria de cidade da Juventude foi a melhor alterna- (em 1910), visitas de presidentes e tiva para assegurar a sobrevivência misses. Elizabeth destaca os anos do clube, que acumula quase R$ 2 1940 e 1950. “Foram gloriosos, milhões em dívidas e tem um to- os anos dourados do Juvenil”, diz. tal de 1,3 mil sócios, sendo apenas Nesse período, o calendário social 220 contribuintes. também era lotado de encontros familiares, como casamentos, janO clube mais antigo de Ca- tares e aniversários, e o grupo das xias, o Juvenil, também esteve à Falenas, que reunia as mulheres beira de tomar medidas drásticas, sob a liderança da rainha do clube, quando, nos anos 2000, teve de en- participava e promovia inúmeras frentar o agravamento de uma cri- atividades beneficentes. Nos anos se que se arrastava por anos. Sob a 50, foi construída a sede campesterceira presidência do presidente tre. Na mesma década, também Carlos Alberto Bellini, em 2007, a aconteceu o primeiro baile de deinstituição cogitou a hipótese de butantes. alugar sua icônica sede social para as Lojas Renner. A proposta polêNos anos 60, começou a fase mica só não avançou pela mobili- das boates, e o Juvenil inaugurou zação dos sócios, que conseguiram a Pelourinho, que reunia com o tombamento do prédio como menos pompa mas igual luxo, sepatrimônio histórico. manalmente, os jovens casais da O Juvenil começou em 19 de cidade para dançar. Nos anos 80, junho de 1905. O objetivo dos jo- mais opções de casas noturnas covens fundadores era movimentar e meçaram a aparecer na cidade, e congregar a mocidade, promoven- o movimento no clube diminuiu do encontros para atividades não – havia restado apenas o Jantar do apenas de lazer como também dis- Abacaxi, mensal e temático, quase cussões sobre política e economia. como uma festa a fantasia, para o “Muitos deles eram parte da elite, qual casais eram escolhidos como alguns haviam até estudado fora, comendadores. então, tinham esses conhecimenApesar disso, o Juvenil ainda

Bailes do Juvenil eram um dos eventos mais esperados em Caxias; no verão, a sede campestre do Guarany aparecia entre as opções de lazer

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Maurício Concatto, Divulgação/O Caxiense

Na contramão de outras entidades, o Recreio da Juventude conseguiu driblar a crise ao apostar na oferta de serviços atraentes para os sócios Caxiense de Canastra. A Sociedade Recreativa Cruzeiro do Sul, mais conhecida apenas como Cruzeiro, investe na estratégia que Bellini gostaria de ter implantado no Juvenil, mas adotando uma medida ainda mais radical que a do Reno. O clube negociou sua sede social, tornando-a uma fonte de renda. Há três anos, na gestão do presidente Octávio Dozza, iniciaram-se as tratativas para a construção do Centro Empresarial Recreio Cruzeiro. Resultado de uma parceria com a Fisa Incorporadora, a obra abrigará salas comerciais térreas e aéreas e boxes de estacionamento, e deve ficar pronta em 2012. O aluguel dos imóveis deve render R$ 70 mil, o dobro da arrecadação com as mensalidades dos 1 mil sócios pagantes que restam hoje. A quantia será revertida em reformas na sede campestre – que incluem um pequeno campo de golfe –, pois todas as atividades do Cruzeiro irão se concentrar lá. Fundado em 15 de novembro de 1950, o Recreio Cruzeiro, a exemplo dos demais, nasceu por determinação de um grupo de jovens amigos, ávidos por recreação, prática de esportes e participação na sociedade. A famosa boate Roda Viva – até hoje, muitos se referem ao clube pelo nome dela –, inaugurada na década de 60, na sede social, foi sua principal atração. “Era uma das melhores de Caxias do Sul. Foi a responsável pelo boom do clube”, orgulha-se o atual presidente executivo, Valter Luiz Castagna. A boate reunia os casais sempre aos domingos à noite e, eventualmente, nos sábados. O clube também promovia bingos e jantares de comendadores semanalmente. Com menos frequência, realizava o Baile da Se-

resta – ao estilo gaudério –, a Boate dos Namorados, festa junina e Carnaval. De acordo com Castagna, em seu auge – entre 1975 e 1986 –, o Cruzeiro chegou a ter 4 mil sócios pagantes de um total de 8 mil. “Antigamente o clube tinha outro significado para as pessoas. No meu primeiro emprego, meu primeiro salário, a primeira coisa que fiz foi me associar ao Cruzeiro”, conta. Naquela época, além de adquirir a joia, ainda era preciso a indicação de outro sócio para ser aceito como membro – como em todos os clubes da cidade. A partir do final da década de 80, a frequência dos associados caiu, e os eventos começaram a se extinguir. Assim, a sede social, que antes era a principal fonte de renda, acabou tornando-se obsoleta e dispendiosa, e a instituição preferiu transformála no centro empresarial, que está sendo construído. Mesmo com as mudanças, ele afirma que o clube não tem a intenção de atrair muitos novos sócios – há um plano limitando o número de pagantes para 1,5 mil. “Queremos ser meio elitizados. Nem fazemos muita propaganda.” O Recreio da Juventude fez o caminho inverso. Fundado em 28 de dezembro de 1912, por um grupo de jovens de classe alta, a instituição foi ampliando seu público e deixando de lado a imagem elitizada. Além dos tradicionais bailes, o Recreio teve um importante papel no cinema caxiense. Numa de suas sedes, inaugurada em 1922 – onde atualmente está o Circulo Operário Caxiense e onde, em 1931, nasceu a Festa da Uva – o clube fez a sala de projeção Juventude. Em 1928, depois de fechar a primeira sala, menor, inaugurou em frente à praça Dante Alighieri

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o grande Cinema Central. jantares como a Noite do Fondue A sede social atual, que anti- e Festival de Sopas. Como o Juvegamente era interligada a ele, foi nil, também transformou o baile construída no início dos anos 1950. de debutantes em uma festa volNos domingos, eram comuns os tada ao público jovem. “Uma vez almoços familiares. Nos sábados à os clubes tinham mais a ver com noite, jantares com comendadores status, glamour, eram mais elitise a boate Verde Neon apareciam tas. Agora têm um público mais como atrações. Além disso, tam- amplo”, avalia Zeca. bém havia os tradicionais bailes de O Juventude também deu atenDebutantes, de Carnaval e Social – ção cada vez maior em sua sede apelidado de cola-fina, pelos trajes campestre, oferecendo atrativos a rigor. “Esses eventos eram um que pudessem ser usados duranponto de encontro da sociedade”, te o ano todo e pesquisando serdestaca José Carlos viços que tivessem Brustolin, o Zeca, potencial de atrair “Uma vez os gestor de Social, Esinteresse dos sócios. portes e Marketing clubes tinham Assim, resolveu indo Recreio da Juven- mais a ver com vestir pesado na tude. academia, na piscistatus, glamour. A sede campestre na para a natação, começou a ser cons- Agora têm um nas quadras de tênis truída apenas no fi- público mais e nos campos de funal da década de 50, amplo”, compara tebol. “Hoje o clube mas logo tornou-se Zeca, do Recreio é um prestador de o carro-chefe da en- da Juventude serviços, com foco tidade. “O clube ofena qualificação derecia principalmente les”, afirma o gestor. uma opção de atividades de verão. Não há registros arquivados, mas Antigamente, era uma aventura ele arrisca calcular que, na década viajar à praia”, conta Zeca. de 70, o clube tinha 7 mil sócios. Hoje, o número se mantém entre Na contramão dos demais 15 mil e 16 mil – no limite da caclubes, o Recreio da Juventude não pacidade da estrutura da entidade. enfrentou crise. Na avaliação dos Para Zeca, o segredo do sucesso dirigentes, essa situação ocorreu é que o Juventude foi se moldando porque a entidade não teve medo à sociedade, e não o contrário. “Os de mudar e adaptar suas ações às outros clubes acabaram andando necessidades dos sócios. Resulta- com uma geração apenas”, reflete. do: hoje, há mais eventos sociais A trajetória das outras entidades do que 20 anos atrás. Não existem sugere que Zeca tem razão. Chebailes requintados, mas diferentes garam à porta da falência os arisfestas, como a Boate Free (voltada tocráticos e antiquados costumes para casais de meia idade), a Nova familiares e valores da sociedade Geração (para adolescentes até os caxiense. Para levar adiante as ins15 anos) e o Águas de Março (uma tituições que pararam no tempo, espécie de Carnaval fora de época, como muito bem representou o fechando o verão religiosamen- quórum da assembleia do Guate no segundo sábado do mês de rany, restou apenas um pequeno março, desde a década de 80). O grupo de senhores com bem mais clube também busca inovar com de 50 anos. 30 de julho a 5 de agosto de 2011

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Guia de Cultura começou há 10 anos. Apesar de contar com várias sequências de ação, também tem cenas de reflexão durante a busca de Harry pelas horcruxes para matar VolCINEMA demort. Boa parte da história se Recomenda passa em apenas um dia. 12 anos. l Capitão América – O pri- 132 min. meiro vingador | Ação. 13h, 16h (3D, dub.), 18h50, 21h40 (3D, l Namorados para sempre | leg.), 14h, 16h35, 19h e 21h30 Drama. Quinta (4) e sexta-feira (leg.) | Iguatemi (5), às 19h30 | Ordovás O esquelético Steve Rogers Em dois tempos paralelos, o (Chris Evans), horrorizado com drama mostra o início e o que a ascensão nazista na Europa na parece ser o fim da relação entre 2ª Guerra, decide entrar para o Cindy e Dean, casal interpretado exército. Rejeitado como soldado, por Michelle Williams (indicada ele participa da Operação: Re- ao Oscar pelo papel) e Ryan Gosnascimento, recebendo o soro do ling. Enquanto o relacionamento supersoldado que lhe dá o corpo se esfacela, os dois procuram remais perfeito que um ser huma- descobrir a força que os fez ficar no pode ter. Rogers é usado como juntos no passado. Não se deixe uma celebridade do exército, para enganar pelo título romântico. É levantar a estima dos combaten- dramático mesmo. 14 anos. 114 tes. Até que um plano nazista exi- min.. ge que ele entre em ação e assuma a alcunha de Capitão América. l Annie Hall | Comédia. DoCom orçamento de US$ 140 mi- mingo, às 18h | Leeds Pub lhões, o filme promete agradar fãs O clássico de Woody Allen, que das histórias do herói nos quadri- foi lançado no Brasil com o título nhos e também quem não é che- Noivo Neurótico, Noiva Nervogado aos gibis. Com Chris Evans, sa, é a atração do Matinê Bioniko. Tommy Lee Jones, Samuel L. Ja- Na trama, um humorista judeu e ckson. 10 anos. 124 min. divorciado acaba se apaixonando pela protagonista, uma cantora l Assalto ao Banco Cen- em início de carreira. Em pouco tral | Ação. 14h15, 17h, 19h20 e tempo eles estão morando juntos, 21h20 | Iguatemi mas logo em seguida aparecem as Inspirado no roubo ao Banco crises conjugais. Após o filme a Central de Fortaleza em 2005, atração é o DJ Jorgeeeeenho. Ino roteiro tenta criar uma versão gressos a R$ 5. tupiniquim do sucesso Onze Homens e Um Segredo. Também AINDA EM CARTAZ: Cilada. tem a narrativa não linear com a Com. Comédia. 15h, 17h20, 20h mistura de cenas de ação no pas- e 22h10. Iguatemi. Os pinguins sado e interrogatórios no presen- do papai. Comédia. Se beber, te, no estilo dos seriados C.S.I. e não case! Parte 2. Comédia. Law & Order. Tudo isso sem o 19h45. Iguatemi. Meia-noite em glamour americano. Nem só de Paris. Comédia Dramática. 22h. comédias com cara de seriado da Iguatemi. Kung Fu Panda 2. AniGlobo vive o cinema brasileiro mação. Segunda a sábado às 16h atual. 14 anos. 104 min.. e domingo às 14h. UCS. Transformers – o lado oculto da Lua. l Harry Potter e as Relí- Ação. Segunda a sábado, às 19h quias da Morte: Parte 2 | e domingo, às 16h e 19h. UCS. Aventura. 13h30, 16h20, 19h10, A árvore. Drama. Sábado e do21h50 (leg.) | Iguatemi mingo, às 20h. Ordovás. Cartas Com a chegada de Capitão para Julieta. Comédia romântica. América, a saga do bruxo vai per- Quinta (4), às 15h. Ordovás. dendo espaço nas sessões, que continuam lotadas. Impossível INGRESSOS - Iguatemi: Segunda, quarta e quinta (exceto feriados): R$ 14 (inteira), R$ sair da sala sem uma sensação de 11 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia vazio pelo final da história que entrada, crianças menores de 12 anos e sê-

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Paramount Pictures, Divulgação/O Caxiense

por Camila Cardoso Boff | guiadecultura@ocaxiense.com.br

Capitão América protagoniza o quinto filme em seus 60 anos de existência

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nior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 16 (inteira), R$ 13 (Movie Club Preferencial) e R$ 8 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

MÚSICA

Rock. 23h30. 3221-2679 | DJs Fábio Codevilla e Titi Branchi. Anos 80. 23h. La Barra. 30280406 | Tequila Baby. Punk Rock. 22h. Vagão Classic. 3223-0616. | DJs Rodrigo Reis, Alexandre Fetter e Luciano Costa. Anos 70, 80 e 90. 23h. Pepsi Club. 34190900 | Banda Preto no Branco. Som Brasil. 22h. The King Pub. 3021-7973 | Domingo: Pagode Junior . Pagode. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Slowdown - Cédrik Damábiah. Eletrônica. 17h. Zarabatana. 3228-9046 | Terça (2): Pietro Ferreti e Bico Fino. MPB. 22h. Bier Haus. 32216769 | Projeto Caiubi. Autoral. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Nino Henz. MPB. 21h30. Boteco 13. 3221-4513 | Quarta (3): Juliano Moreira Trio. Som Brasil. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Alex Lopes. Sertanejo. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Tocco e Buja. MPB. 22h30. Boteco 13. 32214513 | Quinta (4): Alexon Mendes e Fabrício Beck. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Tool Box. Rock. 23h30. Boteco 13. 32214513 | Sexta (5): Sambeabá. Samba. 23h30. Boteco 13. 32214513 | Banda Preto no Branco. Som Brasil. 22h. Bier Haus. 32216769.

Recomenda l Concertos ao Entardecer | Domingo (31), às 18h A apresentação integra a programação do projeto aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura e a parceria com o Lions Clube Educação e Cultura na promoção dos concertos. O grupo convidado para esta edição é o Ars Antiqua, de Porto Alegre, formado pela mezzo-soprano Angela Diel, pelo oboísta Javier Balbinder e pelo cravista Fernando Cordella, com obras de compositores como Bach, Mozart e Handel. Capela do Santo Sepulcro A entrada é franca, mas sugere-se DANÇA a doação de alimentos não perecíveis | Av. Júlio de Castilhos, s/nº, l Edição Especial | Sexta (5), Lourdes 20h Bailarinos do Studio de Danças Recomenda Camila Oliveira apresentam corel Marcelo Delacroix | Quar- ografias premiadas em festivais. ta (3), às 20h. No Sul em Dança, realizado em O repertório do show é uma junho em São Leopoldo, o grupo seleção dos discos Depois do conquistou quatro terceiros lugaRaio (2006) e Marcelo Dela- res, dois na categoria Jazz e dois croix (2000), ambos vencedores na Street Dance. do Prêmio Açorianos de Música, Teatro São Carlos na categoria Melhor Disco. Conta R$ 15 | Feijó Júnior, 778, São Peleainda com os guitarristas Nicola grino | 3025-3225 Spolidoro e Beto Chedid, que se alternam entre violões de 6 a 12 cordas, bandolim, cavaquinho, CURSO violas e guitarras. Teatro do Sesc l 20ª Noite Cultural | Quinta R$ 5 (comerciários), R$ 10 (estu- (4), às 19h30 dantes e sênior) e R$ 20 (públiA realização do Hospital Pomco geral) | Moreira César, 2.462 | péia terá dança, música e teatro 3221-5233 em seu repertório. A peça Raimundo – O Maior Mágico do TAMBÉM TOCANDO - Sá- Mundo, de Daniel Adjafre, será bado: Jack Brown e Bettyfull. interpretada pelo Grupo Teatral Rock. 23h30. Bukus Anexo. 3285- Estado de Choque, formado por 3987 | MC Jair da Rocha. Funk. funcionários do hospital. O Gru23h. Move. 3214-1805 | Soulistas. po de Ginástica do HP e o CTG Soul. 22h30. Mississippi. 3028- Rincão da Lealdade apresentam 6149 | Metalblast e Hell Dre- espetáculo de dança. O Coral de amers. Metal. 23h. Vagão Bar. Crianças da Escola Helen Keller e 3223-0007 | Cardo Nara. MPB. os funcionários cantores Luiz Al21h30. Zarabatana. 3228-9046 berto Locateli, Leandro Gonçal| Banda Disco. Rock. 23h. Bier ves, Angela Enderle Candaten e o Haus. 3221-6769 | Grupo Barba- filho de um funcionário, Ricardo quá. Tradicionalista. 22h. Paiol. Alano, fazem show musical. O 3213-1774 | Dinamite Joe e DJ dançarino Rodrigo Scherer interEddy. Rock. 21h. Portal Bowling. pretará Charles Chaplin na parte 3220-5758 | Regra 3 e DJ Marce- externa do teatro. lo Heck. Samba. 23h30. Boteco Teatro São Carlos 13. 3221-4513 | Los Infernales. Ingressos gratuitos. As entradas

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CONVENÇÃO COLETIVA 2011 Com a presença do presidente do SIMECS, Getulio Fonseca, dos diretores Reomar Slaviero, Oscar de Azevedo e Odacir Conte e do vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, Leandro Velho, ocorreu no dia 26 de julho a assinatura da Convenção Coletiva 2011. Após a oficialidade do acordo, o próximo passo é registrar a convenção junto ao Ministério do Trabalho. A composição das principais cláusulas econômicas ficou sendo a seguinte: será concedido 8% para os meses de junho, julho e agosto e 1,25% a partir de setembro, totalizando 9,25%. Quanto aos pisos salariais, a proposta ficou sendo da seguinte forma: Nas empresas com até 50 empregados, fica assegurado um salário normativo mínimo a ser praticado em junho, julho e agosto de 2011 no valor de R$ 677,16 e de R$ 684,20 a partir de setembro, para 220 horas mensais. Nas empresas com mais de 50 empregados, fica assegurado um salário normativo mínimo a ser praticado em junho, julho e agosto de 2011 no valor de R$ 767,44 e de R$ 776,60 a partir de setembro, para 220 horas mensais. Congelamento do teto salarial em R$ 4.352,40. Qüinqüênio: 47,50 (retroativo a junho/11). Auxílio Creche: R$ 178,00 (retroativo a junho/11). Para os admitidos após a data base aplica-se a tabela de proporcionalidade. Além do índice econômico, foram negociadas duas importantes cláusulas sociais. A primeira refere-se ao abono de faltas à empregada mãe para atendimento médico de filhos e a segunda, refere-se à constituição de comissão disciplinar-técnica envolvendo os representantes do sindicato patronal e do sindicato profissional, a qual irá avaliar o desligamento do dirigente sindical. A Convenção Coletiva atende aos municípios de Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, São Marcos, Nova Pádua e Nova Roma do Sul. EVENTO SEGURANÇA / NOVA NR 26 Tendo o seu auditório completamente lotado, o SIMECS, através de suas Comissões de Meio Ambiente e de Segurança e Saúde Ocupacional do Trabalho, realizou no dia 26 de julho o evento sobre Segurança na Utilização de Produtos Químicos: a Nova NR 26. O objetivo do encontro foi informar os participantes a respeito da Portaria n.º229, de 24 de maio de 2011. A Portaria alterou a Norma Regulamentadora n.º 26, criando a obrigatoriedade da Classificação, Rotulagem Preventiva e Fichas com Dados de Segurança de Produtos Químicos, em atendimento a Convenção 170 da Organização Internacional do Trabalho, com a adoção do Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), da Organização das Nações Unidas. A apresentação esteve a cargo do engenheiro de segurança do trabalho Roque Puiatti que abordou entre os temas previstos, a Convenção 170 da OIT – segurança na utilização de produtos químicos nos locais de trabalho e Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), da Organização das Nações Unidas. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SC / VISITA Uma comitiva de professores e estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina visitou o SIMECS nesta quinta-feira, 28 de julho. Recebidos pelos diretores Reomar Slaviero e Odacir Conte, os integrantes da delegação conheceram a estrutura e representatividade do SIMECS junto ao segmento metalmecânico. A representação catarinense faz parte do NEO Empresarial, que é um programa de treinamento de profissionais constituído por estudantes de graduação das Engenharias Mecânica, Elétrica, de Produção e de Controle e Automação da Universidade Federal de Santa Catarina. São desenvolvidos projetos de engenharia e atividades de capacitação profissional e pessoal. Além do conhecimento técnico adquirido nas disciplinas, nos trabalhos de laboratório, nos projetos técnicos, nos seminários e demais estudos, o grupo tem buscado conhecer, junto a empresas, organizações de P&D e outras instituições, o que vem sendo utilizado em termos de tecnologia e métodos gerenciais, para aumento da produtividade e qualidade e a dinamização do desenvolvimento de produtos e serviços. MISSÃO SIMECS AO EXTERIOR O SIMECS definiu o grupo de 25 participantes da 21ª Missão Técnico-Comercial que a entidade está organizando para a Alemanha, em setembro de 2011. Na oportunidade serão visitadas as feiras IAA em Frankfurt, de 15 a 25 de setembro e a EMO, de 19 a 24 de setembro, em Hannover. A IAA, é a maior feira do mundo no setor e irá apresentar completo panorama do ramo de negócios de automóveis em âmbito internacional. Mais de 2.084 expositores de equipamentos e indústria de fornecimento de peças irão expor seus produtos para mais de 300.000 visitantes de 110 países. O evento tem como atrativo a exposição de carros de passeio, reboques, moto home, acessórios automotivos e motos. Já, a EMO, apresentará novidades em máquinas-ferramenta, sistemas de acabamentos, ferramentas de precisão, fluxo automatizado de material, tecnologia computacional, eletrônica, industrial e acessórios. O evento apresentará toda a gama da tecnologia para tratamento de metal a um público composto por especialistas internacionais, altamente qualificados. SUCESSÃO FAMILIAR Em parceria com a Fundação Dom Cabral e a Cedem - Consultoria e Educação Empresarial, o SIMECS realizou a palestra: Desafios das Empresas Familiares, Processo de Sucessão Familiar. Participaram do evento, representantes das empresas do segmento do SIMECS. Na ocasião, foi lançado o PDA – Parceria para o Desenvolvimento de Acionistas para a Serra Gaúcha, que tem como objetivo desenvolver atuais e futuros acionistas, buscando a preservação e a expansão do patrimônio familiar e a perenidade do empreendimento, bem como apoiar a reflexão dos processos de sucessão dos comandos nas empresas familiares. A palestra foi realizada pelo Professor Volnei Pereira Garcia, diretor da Cedem – Consultoria e Educação Empresarial – associada à Fundação Dom Cabral. BALANÇO SOCIAL 2011 Após receber as informações das empresas metalmecânicas sobre os investimentos sociais concedidos aos seus funcionários no ano de 2010, o SIMECS está compilando os dados para editar o Balanço Social 2011. Em sua 12ª edição, o Balanço Social tem por objetivo informar os investimentos feitos na área social pelas mais de 2.700 indústrias representadas pela entidade, beneficiando seus mais de 68 mil funcionários e dependentes. Entre os benefícios concedidos, destacam-se: salários, programas de saúde, educação, transporte, alimentação, participação nos lucros e resultados. ESCOLA SENAI FARROUPILHA O presidente do SIMECS Getulio Fonseca representou a entidade na solenidade de inauguração da nova sede do SENAI em Farroupilha. O novo espaço do Centro de Educação Profissional SENAI Adelino Miotti poderá capacitar mais de 1500 alunos por ano em setores industriais como metalmecânico, têxtil, coureiro-calçadista, construção civil, eletroeletrônica e alimentação. A expectativa é de aumento da demanda entre 30% e 40% já no próximo ano. Entre os parceiros envolvidos na construção da escola, está o SIMECS, a Prefeitura Municipal de Farroupilha, Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do município e entidades patronais. A escola é composta por dois pavilhões 684 metros quadrados cada um, totalizando 1368 m². SIMECS / FEBRAMEC Contando com o apoio do SIMECS, acontecerá de 02 a 05 de agosto a 18ª Feira Brasileira da Mecânica e Automação Industrial (Febramec) O evento reunirá 70 expositores nos Pavilhões da Festa da Uva, em Caxias do Sul e irá mostrar lançamentos nas áreas de automação industrial, automatização, robótica, medição, instrumentação, controle de qualidade, pneumática, hidráulica, ferramentas, máquinas e informática. A expectativa da organização é atrair 20 mil técnicos e empresários interessados em conferir as novidades desta edição. Durante a Febramec 2011, será realizado um evento direcionado às pequenas e médias empresas interessadas em se tornarem fornecedoras da Petrobras. O curso de orientação para registro de fornecedor da Petrobras irá abordar o mercado e os investimentos atuais da companhia, bem como o passo a passo para empresas que desejam obter o Certificado de Registro de Classificação Cadastral (CRCC) e, assim, integrar a lista de organizações habilitadas para a realização de obras, serviços e fornecimentos à Petrobras. SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 – Caixa Postal 1334 – Fone/Fax: (54) 3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul Rio Grande do Sul. Web Site: www.simecs.com.br - E - Mail: simecs@simecs.com.br

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CURSO Recomenda l Como Ver um Filme II | 12 e 13 de agosto, às 19h Estão abertas as inscrições para o curso Como Ver um Filme II: A Linguagem dos Gêneros Cinematográficos, da jornalista cultural Ana Maria Bahiana. A atividade é a sequência do curso Introdução à Apreciação Cinematográfica, ministrado na cidade em abril de 2010. O programa desta edição abordará os principais gêneros cinematográficos, os temas, premissas e recursos narrativos e como eles foram definidos, transformados, desconstruídos e reconstruídos. Ordovás Vagas limitadas. Inscrições gratuitas pelo e-mail saladecinema@ caxias.rs.gov.br ou telefone 39011316 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3218-6192

Este é último fim de semana da festa que movimenta o distrito de Fazenda Souza. No sábado, às 7h30, começam as inscrições para trilhas de gaiolas, motos e jipes. A feira de produtos coloniais abre às 14h. Às 16h, apresentação de grupos de dança; às 19h tem a final das Olimpíadas do Interior. O dia encerra com o show de Jéssica Thomé às 20h. No domingo, o parque abre às 10h, com missa no mesmo horário, almoço no Clube Minuano, apresentação de dança às 17 e show de encerramento às 18h, com Lucas & Marcos. O corso alegórico ocorre às 14h, na Avenida Dante Marcucci. A festa também é uma oportunidade para provar as delícias de um típico Café da Colônia. O banquete custa R$ 15. A entrada no parque de exposições é gratuita. Informações na subprefeitura, pelo telefone 3901-1466. Fazenda Souza

LAZER

EXPOSIÇÕES Recomenda l Linha de Partida - Gravuras de Iberê Camargo | De 4 de agosto a 11 de setembro. De segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, e sábados, das 15h às 19h A exposição abre no dia 3 de agosto, às 19h, na Galeria do Ordovás. A primeira mostra que traz um acervo para a galeria apresenta guaches e um amplo panorama da produção em gravura do mais importante artista moderno gaú-

cho. São 43 obras, produzidas a partir do começo da década de 1940. Galeria de Artes do Ordovás Entrada gratuita | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3218-6192 AINDA EM EXPOSIÇÃO – Paralaxe: cinco trajetórias em perspectiva. Coletiva. Acrílica, escultura e gravura. De segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h30 às 19h e sábados, das 9h às 15h. Deccor & Arte. 3537-7877 | Abstrato Contemporâneo. Alex Milesi. Fotografia. Somente sábado, das 10h às 19h30. Catna Café. 32127348 | Bruno Segalla, o operário da arte. Escultura. De segunda sexta, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h. Instituto Bruno Segalla. 3027-6243 | Patagônia e Terra do Fogo. Coletiva. Fotografia. Somente sábado (30), das 15h às 19h. Galeria do Ordovás. 3901-1316 | Invernada dos negros. André Costantin e Daniel Herrera. Fotografia e vídeo. De segunda a sexta, das 8h30 às 18h, e sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697 | No Ar - o Rádio e a Televisão em Caxias do Sul. Juliano Barasuol Flores (curadoria). Acervo. De terça a sábado, das 9h às 17h. Museu Municipal | Olhos inquietos. Leandro Zandoná. Fotografia. Somente sábado, das 8h30 às 12h30. Espaço Cultural Farmácia do Ipam. 3901-1316 | Percepções Acromáticas. Natalia Bianchi. Acrílica, óleo e colagem. Somente sábado, das 8h às 20h. Sesc. 32215233 |

Débora Zandonai, Divulgação/O Caxiense

Lusiane Martinez, Divulgação/O Caxiense

l Estação de Inverno | Até 5 de setembro. Segundas a sábados, das 9h às 22h, e domingos, das 14h às 21h | Já que os dias mais rigorosos de inverno deram uma trégua, quem curte passar frio pode se aventurar na pista de patinação no gelo montada na Praça de Eventos do Shopping Iguatemi. Feita para crianças e adultos, a FESTA pista com 220m² de gelo de verl 5ª Festa do Agricultor | dade tem capacidade para comSábado (30) e domingo (31) portar até 70 pessoas simultane-

amente. Ingressos a R$ 25 para 30 minutos, R$ 30 para 45 minutos e R$ 10 para cinco voltas de carrinho (para crianças). Quem prefere se manter longe do gelo pode aproveitar os efeitos especiais da sala de cinema 6D. Além dos óculos especiais que mostram as imagens em terceira dimensão, a plateia também sente a movimentação das poltronas, o vento batendo no rosto, jatos de água e alguns aromas. As sessões comportam até oito pessoas. O cinema apresenta os filmes Park dos Dinossauros, Mina Encantada e Fábrica de Chocolate. Cada sessão dura aproximadamente cinco minutos e o ingresso custa R$ 8. Shopping Iguatemi RSC-453 | 3214-9292

Teatro do Sesc recebe o premiado Marcelo Delacroix; Trio portoalegrense se apresenta na Igreja Santo Sepulcro; Ordovás exibe obras de Iberê

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Fundação Iberê Camargo, Reprodução/ Div./O Caxiense

podem ser retiradas no Setor de Comunicação do Hospital Pompeia. Informações pelo telefone 3220-8047 | Feijó Júnior, 778, São Pelegrino


Artes artes@ocaxiense.com.br

PAPEL DE HOMEM

V

Daniel Herrera | Alegoria |

A foto foi selecionada para a Bienal da Fotografia Cor, realizada em Londrina (PR), em março deste ano. Daniel acompanhava em Uruguaiana a produção do documentário Folia nos Pampa, dirigido por André Constantin e Nivaldo Pereira. A cena aconteceu no galpão de uma escola de samba que havia pegado fogo no ano anterior. Na preparação da escola para o novo Carnaval, o instante que só os olhares mais atentos à arte conseguem capturar.

por TIAGO SOZO MARCON

ou confessar uma coisa: sinto um pouco de receio quando chega a hora. Dizem que é normal. Se fosse minha primeira vez, tudo bem. Mas não é o caso. Também não posso dizer que sou o mais experiente. Estou ainda na décima, décima-primeira vez. Só nós, homens, é que sabemos o quanto pode ser duro fazer isso. Mas é o nosso papel. O segredo é ter a manha, entende? Não dá para chegar assim, com muita força, senão dá problema. Excesso de virilidade, às vezes, resulta em acidente. Já vi inúmeros casos. O cara pode errar o orifício. Fazer uma lambança. Pode até machucar. Agora, pior é o vexame de não conseguir. Ainda não me aconteceu. E espero que não me aconteça. Sei que com o passar do tempo, este ralo inescapável que tudo consome, as coisas podem ficar mais difíceis. Tudo se tornará mais pesado. Haverá dificuldade para levantar. É a lei da gravidade. Irrevogável. Inescapável, como o tempo. Sei que a medicina pode nos devolver alguma energia, mas prefiro não pensar nisso. Deixa eu bater três vezes na madeira aqui. Por outro lado, se o cara chegar muito leve, com excesso de delicadezas, aí sim é que não consegue. Está provado que não dá certo. Não sai nem do chão. Sem falar no fiasco. Na imagem de fracote ou mariquinha. Não quero parecer grosseiro, mas há que se ter imposição física. Mostrar quem é que manda. Abraçar no lugar certo, tocar, erguer, rodopiar. E depois colocar. Sempre colocar, isso não muda. A essência da ato é a colocação física, material, cartesiana. Até os mais adocicados românticos vão concordar comigo: a pegada é muito importante. E cada um tem a sua, eis aí a saudável diferença. Nas primeiras vezes ouvi conselhos do pessoal mais velho. “Calma rapaz, não vá se molhar antes do tempo. Pega com força nessas curvas guri. Isso, por baixo dela.” Aí fui aprendendo. Acho importante isso, porque me senti mais

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seguro. Aos poucos, soube dosar técnica e instinto, força e sabedoria. Equilíbrio e destreza. Descobri o ponto CG, o centro de gravidade, e depois tudo ficou mais fácil. Hoje posso até dizer: não faço feio na hora H. Só não gosto muito quando tem alguém olhando. Ou esperando. Por aqui acontece. Cria-se uma pequena pressão psicológica, não há como negar. Quem sabe, quando for minha centésima vez, eu aprenda a lidar com o fato. O tempo consome mas também ensina. Outra questão considerável é a higiene. Antigamente não se pensava muito no asseio. Pelo menos é o que ouço falar. Mas, nos dias de hoje, não há como ser indiferente. Centenas de doenças contagiosas por aí, não vou ser eu o inconsequente. Por isso acho saudável passar um paninho com álcool antes. Sim, álcool, esses de farmácia. Atrasa um pouco a consumação da coisa, mas a gente fica mais tranquilo. Além do que, ganham-se preciosos pontos com a mulherada. Agora, impressionante mesmo é o campo do autoconhecimento no século XXI. Até atos como este, vejam só, podem revelar algo da nossa personalidade, li dia desses num artigo psicanalítico. Eu sou mais silencioso durante o ato. Para que chamar a atenção? Não acho legal muito estardalhaço. Sou como o Felipão, o que me interessa é o resultado. Se bem que o Felipão, de uns tempos pra cá... Mas voltando ao tema. Eficiência é meu segundo nome. Exibicionismo, no meu singelo conceito, é coisa de fresco. (Pra ser sincero, nunca fiquei totalmente à vontade ainda. A posição durante a prática, vista ao longe, é meio estranha). Acabo de terminar outra. Ufa. Tive cuidado e não deixei cair nem uma gota no chão. Que beleza! Já posso tomar uma água. Exerci minha condição de macho, mais uma vez. “Aprendeu direitinho, hein!” comenta um amigo, lá do fundo. As mulheres agradecem. “Obrigada, cheguei a pensar em ir até o super...”, ouço de uma colega, visivelmente aliviada. Trocar a bombona de água do bebedouro sempre me faz muito mais homem.

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Dupla por JANINE STECANELLA | janine.stecanella@ocaxiense.com.br

Ainda na tarde de terça-feira (26), duas contratações estavam certas no time grená: um lateraldireito e outro volante (para substituir o já dispensado Ramos). O primeiro a ser apresentado oficialmente, na terça mesmo, foi Rodrigo Heffner, lateral-direito de 28 anos. O jogador chegou para suprir uma necessidade do setor, já que Totonho, expulso na última partida, é o único homem de origem na posição. Durante a semana, Heffner fez trabalhos físicos. Na próxima semana o jogador deve ficar à disposição do técnico Macuglia, depois de mais uma avaliação física.

Chegada II

Com a dispensa de Ramos e com Itaqui expulso, o reforço do Caxias para a posição chegou na quarta-feira (27). Mateus Magro, 20 anos, jogador que veio do Grêmio, com formação na base tricolor, já foi campeão brasileiro sub20. Fica em Caxias do Sul até o final de 2012. O atleta foi apresentado oficialmente no início da tarde de quarta e em seguida partiu para o treinamento com os demais jogadores. O técnico Guilherme Macuglia já utilizou Mateus na equipe principal, e o volante deve ser a opção do comandante grená para o jogo deste domingo contra o Santo André, no lugar de Itaqui, que cumpre suspensão.

Léo Maringa Leonardo Augusto Drugowich Valente, ou Léo Maringá, chegou ao Juventude depois de um Gauchão em destaque pelo Cruzeiro-Poa. Volante experiente, Léo desembarcou em Caxias com a responsabilidade de, com o grupo, dar o primeiro passo para levar o Ju à Série C. Titular na equipe do técnico Picoli, o atleta ressalta o desejo do grupo alviverde: “Todos os jogos vamos entrar em campo para vencer. Sabemos das dificuldades, mas o nosso objetivo é um só: vencer dentro e fora de casa”. Determinado, Léo conta que sempre sonhou em ser jogador de futebol. “Com um pai atleta, eu praticamente nasci dentro

de um estádio. Sempre foi muito natural esse meio e desde criança foi um desejo seguir carreira. Minha família esteve ao meu lado para me apoiar”. Quando não está jogando, treinando ou viajando com o grupo do Juventude, Léo revela que é mais caseiro. “Fico em casa jogando videogame ou na internet. Também converso muito com minha esposa pelo telefone, pelo menos quatros vezes por dia”, relata. Também atleta, jogadora de vôlei, a mulher dele, Juliana, mora em Araçatuba (SP). Ambos aprendem a conviver com a distância e a coordenar sua agendas para, sempre que podem, passar algum tempo juntos.

O desafio de

Sem lesões

Já são mais de 120 dias sem lesões musculares no Juventude. O número impressiona, já que as lesões são comuns em função da rotina dos atletas. É resultado da aposta do clube em acompanhar as individualidades de cada jogador. Para isso, o Ju conta com uma equipe multidisciplinar formada por Rodrigo Squinalli, Antonio Dal Pizol e Cristiano Pozzer; o fisiologista Everson Batasini; o fisioterapeuta Ricardo Finger; e a nutricionista Katiuce Borges. A comissão técnica também auxilia no trabalho, ficando atenta aos jogadores durante os treinamentos.

Volta

Revelações das categorias de base alviverde, o meia Ramiro e o volante Gustavo devem ficar à disposição do técnico Picoli a partir do final da próxima semana. Recuperados de lesão e já recondicionados fisicamente, os jogadores já treinam com o grupo de atletas do Juventude e devem passar pelos últimos dias de observação já nos trabalhos táticos para voltar a reforçar a equipe que disputa a Série D.

Márcio Hahn Márcio Hahn, volante de 34 anos, nascido em Torres: a torcida grená bem se lembra que, em 2000, quando o Caxias foi campeão gaúcho, o jogador estava lá, na equipe vitoriosa. Márcio já deixou sua marca na história do Caxias, mas volta ao Estádio Centenário em 2011 com um desafio tão grande como o de 11 anos atrás: levar o clube grená à Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. Assim que chegou em Caxias do Sul o volante conquistou seu espaço na equipe e se tornou peça fundamental para o técnico Guilherme Macuglia. Experiente, Márcio Hahn é uma referência

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para os atletas jovens que estão no grupo do Caxias. Fora das quatro linhas, ele aproveita o tempo com a família. O passatempo preferido do volante grená é passear com o filho de quatro anos, Henrique, e a mulher, Michele. E será que o filho seguirá os passos do pai? O próprio Márcio conta. “Ele conhece os times, assiste os jogos comigo na televisão, entra comigo em campo. A primeira coisa que ele pediu quando cheguei no Caxias foi uma camiseta do clube. É cedo para saber se ele vai ser um jogador, porque ele tem quatro anos, mas se escolher essa profissão, se for o sonho dele, terá todo o meu apoio”, revela o pai coruja.

Jefferson Santos, Divulgação/O Caxiense

Chegada I

A determinação DE

Maurício Concatto/O Caxiense

O Caxias apresentou na quinta-feira (21) no Centenário o volante Ramos como reforço da equipe que, com a expulsão de Itaqui, precisava recompor o meio-campo. Mas na terça (26), em comunicado oficial, o clube dispensou o atleta. Ramos foi expulso na penúltima partida da Série C de 2010 quando jogava pelo Brasil de Pelotas. O jogador foi punido com quatro jogos de suspensão, mas cumpriu apenas um deles, ainda em 2010, na última rodada da terceira divisão. Assim, Ramos ficaria impedido de jogar pela primeira fase da Série C deste ano pelo Caxias, por ter ainda três jogos de suspensão em campeonatos nacionais. A decisão foi tomada em comum acordo entre a direção grená e o atleta – segundo o comunicado oficial –, em função de ele não ter sido avisado da punição pelo clube em que jogava na época.

Maurício Concatto/O Caxiense

Saída

Renovação

O Juventude e o Fátima Saúde acabam de renovar a parceria. Até o final de 2011, a marca que já apoiava o clube no Gauchão passa a estampar as camisetas também na Série D. É uma iniciativa de destaque da empresa em apoiar o clube alviverde. Fica a expectativa de que outros grupos da cidade sigam o mesmo exemplo. Afinal, os clubes de futebol trazem reconhecimento para Caxias do Sul e iniciativas como a do Fátima Saúde contribuem para impulsionar os times para uma série de maior visibilidade. Vale lembrar que o Fátima Saúde também apoia o Caxias.

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Guia de Esportes Edgar Vaz, Divulgação/O Caxiense

por Janine Stecanella | guiadeesportes@ocaxiense.com.br

A equipe de bocha do Juventude, que saiu em desvantagem na disputa do Municipal, joga no sábado (30) contra o São Virgilio no Guarany

BOCHA l Campeonato Municipal de Bocha Pontobol | Sábado (30), a partir das 13h30 São Virgílio e Juventude fazem o segundo jogo da final neste sábado (30). O time alviverde está em desvantagem. Na primeira partida, no sábado (23), o placar foi de 4 a 2 para o São Virgílio jogando em casa. Sede Campestre do Recreio Guarany Entrada Gratuita | Rua Fulvio Minghelli, 240 – Salgado Filho | 3213-2500

FUTEBOL l Campeonato Municipal de Futebol | Sábado (30)

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Neste sábado, ocorre a 6ª rodada da Série Ouro do Campeonato Municipal de Caxias do Sul. No sábado (23), foram conhecidos os campeões da Série Prata. O primeiro lugar ficou com a equipe do Reolon Unidos da Esperança, que venceu por 6 a 5 o time do União Reolon. Já o terceiro lugar ficou com a equipe do Linha 13 que venceu o jogo contra o Uruguai por 4 a 1. Municipal I: Kayser x Século XX, 13h15. | XV de Novembro x Londrina, 15h15. | No Municipal II: Hawaí x Fonte Nova, 13h15. | No Enxutão: União de Zorzi x União Industrial, 14h. Municipal I e Municipal II Av. Júlio de Castilhos, esquina com Av. Pedro Mocelin – Cinquentenário Enxutão Luiz Covolan, 421, Santa Catarina

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| 3211-1155 Entrada Gratuita l Juventude B x Novo Hamburgo | Terça-feira (02), às 15h O Juventude se prepara para a Copa Laci Ughini e para dar ritmo de jogo à equipe comandada pelo técnico Carlos Morais, o clube realiza um amistoso, contra o Novo Hamburgo, no inicio da semana. A partida não será aberta ao público. A estreia do Juventude na competição é dia 7 de agosto em Nova Prata. Sede Campestre da Marcopolo RSC-453, km 73 – Linha São Giácomo

FUTSAL l 9ª Copa Farmácia do Ipam | Sábado (30) e domingo (31)

Segue neste final de semana mais uma rodada da Copa Farmácia do Ipam. Neste final de semana todos os jogos acontecem no Enxutão. As partidas ocorrem na noite de sábado e na manhã de domingo. Sábado (30): ACBF/Via Inox Tramontina x Fênix/Por do Sol/ Sind. Metalúrgicos, às 19h | Juventus/Farroupilha x Assoc. Motorista São Marcos, às 20h | Força Jovem Futsal x Rumo Certo Futsal, 21h. Domingo (31): Escola Santa Catarina/Pref. Cx. do Sul x União Feminina Flores da Cunha A, 9h | Imigrante/Seara x Colégio Murialdo, às 10h | Independente Serrano x Escola Santa Catarina B, às 11h. Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 421, Santa Catarina | 3211-1155.

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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

NÃO DÁ PARA

Ambiente favorável

Deputado caxiense Gilberto Pepe Vargas (PT) estreia na Folha de S. Paulo. Na edição de sexta-feira (29), assinou a quatro mãos artigo na seção Tendências/Debates: “Aperfeiçoando micro e pequenas empresas”. Ao lado de Claudio Puty, do PT paraense, Pepe defende que a nova Lei Geral da Micro e Pequena Empresa criará um ambiente mais favorável à formalização e ao crescimento dos pequenos negócios, que no Brasil geram 20% do PIB. O parlamentar caxiense é presidente da frente parlamentar sobre o tema.

Sem qualquer perda

Lutiana Mott, Divulgação/O Caxiense

GENERALIZAR Não é fácil discutir, inclusive para muitos vereadores favoráveis à proposta, o aumento do número de parlamentares no Legislativo caxiense. Há muitas variáveis na questão, uma grande pressão da sociedade – ou de veículos de comunicação – e a sensação de que esse aumento vá significar, na prática, novo estímulo ao inchaço da máquina pública, já suficientemente grande. A falta de credibilidade dos políticos é uma realidade, é voz corrente que eles estão mais preocupados com seus próprios interesses. E, vamos admitir, muitas vezes eles colaboram para esse tipo de leitura. Agora, é preciso escapar da generalização – um problema tão perigoso quanto muitas bobagens que volta e meia os representantes do eleitorado cometem.

prevê 23 vereadores para as próximas legislaturas, mostrou que não basta ser contra a proposta. É preciso também, e principalmente, reunir sólidos argumentos. E os parlamentares contrários – Harty Moisés Paese (PDT), Rodrigo Beltrão (PT) e Daniel Guerra (PSDB) – reuniram frágeis motivações, quando não apelaram simplesmente para a demagogia. Em compensação, os responsáveis pela aprovação foram veementes ao defender a ampliação da representatividade na Casa. A importância da representação política e o significado da manutenção e sustentação do regime democrático foram as principais justificativas. Não há como colocar o Legislativo municipal na vala comum da desfaçatez de parte da categoria política brasileira. Há muitos políticos que honram A primeira discussão do pro- seus mandatos e prestam serviços jeto de emenda à Lei Orgânica, que visíveis à população e à democracia.

Pré-candidato

Presente ao encontro do senador Paulo Paim (PT) com presidentes de sindicatos patronais, na CIC, a deputada Marisa Formolo (PT) sugeriu que a entidade realize evento semelhante com os representantes de Caxias do Sul na Assembleia Legislativa – ela, Maria Helena Sartori (PMDB) e Alceu Barbosa Velho (PDT). Ao cumprimentar o presidente da CIC, Milton Corlatti (na foto, ao lado de Paim), pela iniciativa, Marisa foi mais longe: disse que gostaria de vê-lo “num partido como o nosso”.

Cidade manufatureira

Interlocutor entre entidades empresariais caxienses e governos petistas (estadual e federal), o empresário José Antônio Fernandes Martins – vice-presidente da Fiergs e integrante do Conselhão de Tarso Genro – elenca três preocupações com os rumos da economia brasileira: desindustrialização, triangulação e guerra fiscal. Martins ressalta que Caxias do Sul vem sofrendo muito com o modelo exportador brasileiro: “Não somos uma cidade de commodities, somos uma cidade manufatureira”. E mais: “Só podemos resolver isso via política”.

A representação democrática não passa pelo aumento de parlamentares, mas pela participação dos cidadãos nos mandatos Vereador Daniel Guerra (PSDB), contrário à ampliação do número de vereadores na Câmara Municipal

Assessorias

Conhecido por pregar a observância à ética na atividade parlamentar, o vereador Daniel Guerra (PSDB) será ouvido em breve pela Mesa Diretora da Câmara. Os dirigentes do Legislativo ca-

xiense querem conhecer as assessoras políticas Denise Dutra e Fabíola Toniazzo Zawoski – que nunca teriam aparecido na Câmara. Por serem CC6, cada uma delas recebe salário de R$ 2.694.

Esportivas

Laurinho e Washington serão duas novidades da eleição do ano que vem. Só falta escolherem partido. O ex-capitão do Ju vem sendo

Lá e cá

Campanha petista em Caxias do Sul passa pelo apoio a Manuela D’Ávila (PC do B) na disputa pela prefeitura da Capital. Se o PT apoiar a deputada federal

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assediado pelo PTB e pelo PMDB, mas o PC do B também está na disputa. O craque Washington, por sua vez, namora o PDT.

comunista, apresentando o candidato a vice, o PC do B caxiense não disputará a prefeitura daqui com candidatura própria. Caso contrário...

Aprovada por unanimidade esta semana, na Câmara, nova correção trimestral nos vencimentos dos servidores municipais – do Executivo e do Legislativo, além de aposentados e pensionistas do Fundo de Aposentadoria e Pensão do Servidor. Desta vez, o percentual de aumento foi de 1,3%, o que significa a reposição total da inflação do segundo trimestre de 2011.

Ouvidoria?

Taxista Valtenor Batista de Azevedo protocolou, em 13 de abril deste ano, requerimento em que sugere aos técnicos da Secretaria Municipal do Trânsito, Transportes e Mobilidade 15 iniciativas – simples, quase sem custo – que poderiam melhorar o trânsito no perímetro urbano caxiense. Do alto da experiência de quem circula há muitos anos pelas ruas da cidade, Batista propõe, por exemplo, a proibição de estacionamento nos dois sentidos na Avenida São Leopoldo. Até agora não teve qualquer resposta – nem qualquer modificação sugerida foi implantada.

Questão cultural

Ao lamentar a ausência de candidatas negras no concurso de Rainha da Festa da Uva, o vereador Renato Nunes (PRB) insinua que há racismo no certame? Talvez a intenção não tenha sido essa, mas é o que ficou parecendo. E, nesse caso, seria uma preocupação descabida e equivocada. Nunes acha que talvez não exista incentivo para que as jovens da raça negra se interessem pelo concurso. A recíproca valeria, por exemplo, para o concurso de Rainha do Carnaval.

Ilustradora Rita

Editora Nova Fronteira coloca nas livrarias a versão juvenil do livro de história mais vendido de 2010 e 2011, 1822, de Laurentino Gomes. Como já havia acontecido com 1808, essa versão do best-seller de Laurentino tem ilustrações da caxiense Rita Bromberg Brugger.

Preferência

A pouco mais de um ano da eleição, é comum que os partidos promovam pesquisas internas, a fim de avaliar os melhores nomes. O resultado de algumas dessas pesquisas tem provocado alvoroço – e também interpretações equivocadas.

30 de julho a 5 de agosto de 2011

O Caxiense

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