Edição 90

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Agosto | 2011

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90 Ano ii

Guerra: “É uma diarreia legislativa”

Paese:

“Agora não vou me calar” Renato

Henrichs PSB corteja PC do B de Assis Melo

CAXIAS NÃO SE

CALOU As rádios da cidade não aderiram à Cadeia da Legalidade comandada por Brizola há 50 anos, mas os caxienses se mobilizaram e até se armaram para garantir a posse de Jango

Tem quem queira morar em um

contêiner Roberto

Hunoff Produção caxiense emperrada na alfândega argentina

Os conselhos e o exemplo de

Mario Vanin

R$ 2,50


Índice

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Roberto Hunoff | 4 Prefeitura erra ao não abrir negociação de incentivos para a Hyundai O Caxiense entrevista | 5 A vez dos criticados Daniel Guerra e Moisés Paese criticarem Legalidade | 8 Como Caxias participou do levante liderado por Brizola em 1961

Maicon Damasceno/O Caxiense

A Semana | 3 As notícias que foram destaque no site

@PauloKowaleski @ocaxiense a reportagem sobre a Guarda Municipal de Caxias do Sul mostrou como o Executivo trata nossa cidade. Falta de efetivo. #descaso #guardamunicipal

Arquitetura | 14 Uma casa-contêiner no meio da colônia Guia de Cultura | 16 In Heaven no teatro e Ménage na dança Artes | 19 Malícia em lábios vermelhos e joelhos nus HQCX | 20 A descoberta das páginas da vida

@jandirangeli @ocaxiense ‘A Guarda que não guarda nem a si própria’ resume perfeitamente a ineficiência do órgão. Triste realidade. #guardamunicipal @Clariiiiissa Parabéns @ocaxiense pela matéria “A guarda que não guarda nem a si própria”. Falta guarda nos parques de Caxias. #guardamunicipal @graziandreatta Tô adorando essa onda de quadrinhos no @ocaxiense. Além de queridos e inteligentes, vocês estão ficando cada vez mais divertidos :) #hqcx

Dupla CA-JU | 21 As contas – e os resultados – que o Caxias precisa fazer

@vfelipe Bom ver as iniciativas voltadas aos quadrinhos por parte do @ocaxiense, e que esse tipo de iniciativa atinja outros meios locais também. #hqcx

Guia de Esportes | 22 Mais um fim de semana para ir ao Jaconi e ao Centenário

@Adro76 Confesso meu mais novo vício: ler a coluna HQ do jornal @ocaxiense PARABÉNS pela qualidade. #ficadica #hqcx

Renato Henrichs | 23 Será que vem aí a chapa Assis Melo-Elói Frizzo?

Expediente

Redação: Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Felipe Boff (editor), Gesiele Lordes (estagiária), Jaisson Valim (editor), Janine Stecanella, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor), Maurício Concatto, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Vagner Espeiorin (estagiário) Comercial: Pita Loss e Calebe De Boni Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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Maurício Concatto/O Caxiense

Perfil | 10 Mario Vanin deixa conselhos, exemplos, histórias e saudades Boa Gente | 13 A luta pela sobrevivência e cinco clássicos para não passar a vida lendo best sellers

Compramos o jornal O Caxiense aqui em casa toda a semana. E sempre ficamos surpresos com a capa e a matéria da capa. Parabéns! Francine B. Pessoa

O Caxiense

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@BetaMattana Aumentou consideravelmente meu respeito pelo Ver. Marcos Daneluz depois da entrevista d’@ocaxiense. Coerência e coragem para mostrar a verdade. #ocaxienseentrevista

S.E.R Caxias | Pantico é ruim, assim como o presidente do Caxias. No meio da competição trocou metade do plantel e comissão técnica. Não pode ser sério um cara desses. Depois, fará como nos últimos anos, chorará as pitangas e vai ameaçar ir embora… Pois que vá. Anselmo Vasconcelos

Capa | Arte de Marcelo Aramis, inspirada em fotografia do acervo pessoal de Luiz Pizzetti. Crédito | A fotografia de Mario David Vanin na década de 1970, publicada na página 11, faz parte do acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami e foi cedida ao jornal O Caxiense, que se dispõe a creditar o autor da imagem caso ele se identifique. Agradecemos | Daiane De Toni, embaixatriz da Festa da Uva 2008, modelo da capa da edição 89.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


A Semana

Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

Divulgação/O Caxiense

editada por Jaisson Valim | jaisson.valim@ocaxiense.com.br

Cartaz da Festa da Uva e coroa da rainha fazem alusão à primeira transmissão a cores

SEGUNDA | 15.ago

rua. Parte deles sofre de problemas como o alcoolismo crônico, Concessionárias lotadas, o que os leva a resistir à disciplina ruas de Caxias também exigida para dormir no Albergue A economia aquecida provoca Municipal. uma corrida às concessionárias. Nos primeiros sete meses do ano, o número de emplacamentos TERÇA | 16.ago de veículos em Caxias cresceu 18,6%. O município ganhou uma O candidato de José média de 43 veículos por dia, am- Clemente Pozenato pliando sua frota para 240,9 mil Durou menos de 24 horas a can– 0,55 carro para cada habitante didatura do escritor José Clemente (em Porto Alegre, essa proporção Pozenato, morador de Caxias do é de 0,49). Sul, a patrono da Feira do Livro É esse crescimento vertiginoso de Porto Alegre. Anunciado como que muita gente aponta como o um dos cinco concorrentes na responsável pela tranqueira nas eleição popular, ele mandou uma ruas centrais da cidade. Mas não carta à Câmara Rio-Grandense do se pode esquecer que os inves- Livro justificando a decisão. Tetimentos insuficientes no trans- ria dificuldade em acompanhar o porte público e na infraestrutura evento, caso se elegesse. também encabeçam a lista de culMas Pozenato se mantém envolpados pelo trânsito parado. vido com candidatura. Ele prepara um livro em que narrará a trajetória de um aspirante a cargo eletivo, A polêmica que mora baseado na experiência de quando no contêiner de lixo concorreu a uma vaga na AssemMarcelo Rudimar Nascimento, bleia Legislativa pelo PSDB – par26 anos, e um amigo não identi- tido do qual pretende se desfiliar. ficado de 21 anos transformaram O livro, que tinha como nome um contêiner de lixo em moradia provisório O Candidato, ainda na Rua Marquês do Herval e, de não tem novo título. A propósito: forma involuntária, despertaram na Feira do Livro, o candidato de para uma reflexão. O que leva Pozenato é o poeta Luiz Coronel. uma pessoa a preferir viver em um depósito de resíduos orgânicos em vez de um albergue? O QUARTA | 17.ago próprio Marcelo dá uma das resO objeto de cobiça postas possíveis. “O albergue não adianta, só te de 25 candidatas A Festa da Uva apresentou, em deixam ficar lá por três dias ou até conseguir um trabalho. Depois solenidade no Hotel InterCity do primeiro salário tem que sair”, Premium, a joia dos sonhos das 25 candidatas a rainha do evento. reclama. A Fundação de Assistência So- Projetada por Marcelo Aramis, cial (FAS) culpa a situação de vul- editor do jornal O Caxiense, a conerabilidade dos moradores de roa que será entregue no dia 3 faz

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referência à primeira transmissão em cores no Brasil, que completará 40 anos em 2012. O cartaz da festa, lançado na mesma cerimônia, também faz alusão ao episódio. A peça publicitária tem a assinatura da MultiGuia Comunicação.

QUINTA | 18.ago Para solucionar a mais difícil equação das escolas

O combate a uma das principais preocupações dos professores, pais e alunos ganhou um aliado. A exemplo do que ocorre em outras regiões, a 4ª Coordenadoria Regional de Educação lançou o Comitê Comunitário de Prevenção à Violência Escolar. O nome não explicita, mas a rede – formada por órgãos como polícias, Justiça e entidades – tem como um dos focos principais o bullying (ato de violência física e moral contínua). O esforço conjunto tentará radiografar o problema para preveni-lo.

SEXTA | 19.ago Até onde chega a burocracia

A rede de energia trifásica não consegue chegar ao Centro Vita, em Santa Lúcia do Piaí, mas a burocracia, sim. A demora na concessão de licença ambiental atrasou a obra em um ano, o que emperra projeto de reabilitação de usuários de drogas. Só nos últimos dias é que a entidade recebeu a autorização, o que leva a RGE a prometer a instalação em 45 dias. A intenção é transformar em artesanato as centenas de máquinas caça-níqueis apreendidas em Caxias.

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

O veto da presidente Dilma Rousseff ao artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2012, que assegurava recursos para reajustes acima da inflação para aposentados e pensionistas do INSS, descontentou a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul. O vicepresidente da entidade, Leandro Velho, condena também a quebra do acordo que o governo havia feito de negociar com as centrais sindicais. A presidente usou a possível crise econômica mundial como argumento para não conceder o benefício e garantir equilíbrio nos cofres públicos federais. Já em relação aos cortes exigidos pela sociedade nas despesas com pessoal nenhuma ação efetiva por parte do governo.

Água fria

No meio empresarial caxiense existe a convicção de que a cidade ganhou um aliado para que se torne sede da fábrica de elevadores que a Hyundai pretende localizar no Rio Grande do Sul. Ninguém menos do que o seu vice-presidente Young Key Park, que visitou o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), a prefeitura, a Plastech e a unidade de motores do Grupo Voges, que também fornece para a indústria de elevadores. O executivo estrangeiro disse ter ficado impressionado com o que viu na cidade, mas certamente frustrouse com a afirmação do secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Sebben, de que Caxias não entrará em guerra fiscal para atrair o empreendimento. Não é de hoje que a administração atual nega-se a conceder benefícios para manter empresas ou trazer novas, acreditando que o potencial da cidade é suficiente para convencer os empresários. Mas o secretário poderia ter sido mais político e afirmado que a prefeitura faria tudo que está ao seu alcance para auxiliar na instalação. A negativa de conceder incentivos, sem sequer iniciar negociações, pode vir a ser avaliada pela empresa como desinteresse do município. Espera-se que não! Mas outros prefeitos, certamente, vibraram com a posição externada pelo poder público de Caxias.

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O Caxiense

Divulgação/O Caxiense

Reação

Rede ampliada

A Caixa Econômica Federal abriu nova unidade em Caxias do Sul. A agência do Centro Empresarial Recreio Cruzeiro, localizado na Rua Moreira César, tem 1 mil metros quadrados de área, o dobro da agência anterior. A equipe de atendimento é formada por 21 empregados, além de estagiários e prestadores de serviços.

Curtas

Sem solução Desde o início de maio, o governo argentino adota medidas protecionistas contra produtos brasileiros, dentre deles, muitos feitos em Caxias do Sul. As conversações entre os dois governos não evoluíram, e os bens exportados do Brasil ficam nas alfândegas à espera de liberação. Situação que também ocorre com muitos produtos argentinos, já que o governo brasileiro adotou medidas de retaliação. Nesta semana, em palestra promovida pelo Simecs, o coordenador do Grupo Temático de Negociações Internacionais da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Luciano D’Andrea, afirmou que cerca de 40% da pauta das exportações gaúchas estão sendo afetadas.

De 24 a 26 de agosto ocorre, em Gramado, a 13ª Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul. Caxias do Sul e mais 13 municípios da região estarão representadas no evento pelo Sescon-Serra Gaúcha, que divulgará trabalhos e serviços na Feira de Negócios e Oportunidades.

Produtos típicos

A terceira edição do Dia do Bem Fazer, iniciativa do Grupo Camargo Corrêa, será neste domingo na sede da Rio Grande Energia (RGE), em Caxias do Sul. Funcionários da empresa serão voluntários em ações voltadas para a capacitação de pessoas portadoras de necessidades especiais ligadas ao Centro Integrado dos Portadores de Deficiência Física de Caxias do Sul. A atividade é desenvolvida simultaneamente em nove países.

Perto do limite

A Suspensys e a Jost Brasil, integrantes das Empresas Randon, estão listadas no ranking anual As Melhores Empresas para trabalhar no Brasil, organizado pela Revista Época, em parceria com o Great Place to Work. A Suspensys ocupa a 28ª posição entre as 100 grandes e multinacionais, e a Jost ficou na 24ª colocação entre as 30 médias e pequenas empresas.

A Gosto do Brasil é a mais nova empresa do segmento de e-commerce especializada em produtos típicos brasileiros com sede em Caxias do Sul. Além das vendas virtuais, tem área física própria para exposição e comercialização. A organização também tem parcerias com hotéis da cidade,

A rede hoteleira de Caxias do Sul que, no passado, convivia com ocupação média anual de 48%, hoje já administra algo como 75%. Em tempos de feiras, como nesta semana, com a realização da Plastech, a ocupação chega perto dos 100%. No entanto, não há sinais de que os hotéis já localizados venham a investir no aumento da oferta de leitos, nem há indicativos de que

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As estimativas são de que 12% dos embarques gaúchos estão no grupo de produtos afetados pelo licenciamento não automático imposto pela Argentina, ou seja, um montante de vendas superior a US$ 200 milhões. Dentre os segmentos mais afetados, quatro com grande expressão regional: máquinas agrícolas, móveis, metalmecânico e automotivo. Caxias do Sul, por exemplo, tem a Argentina como principal destino de suas exportações: 18,6%. Tomando por base o acumulado do semestre, que é de US$ 480 milhões, o mercado argentino responde por quase US$ 90 milhões dos negócios externos da cidade. Motivos para preocupação e mobilização é que não faltam.

A Exacta Contabilidade comemorou seus 18 anos de fundação com a inauguração de nova sede. Localizada no bairro Cruzeiro, as instalações de 300 metros quadrados permitirão qualificar o atendimento dos mais de 100 clientes da empresa caxiense.

caso do Bergson Executive Flat, para venda e entrega de produtos aos hóspedes. A diretora comercial da companhia Ângela Ramalho explica que este acordo é estratégico e importante para o crescimento da Gosto do Brasil, que marcou presença na Plastech Brasil.

novas redes se instalem na cidade. Segundo João Leidens, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, o índice médio de ocupação ainda está abaixo do que apregoa a Organização Mundial do Turismo para novos projetos, que é de 80% a 85%. Mas o setor está muito próximo do limite. Hora de planejar para evitar surpresas ali adiante.

Trino Polo e FTEC - Faculdade de Tecnologia - promovem nos dias 23 e 25 de agosto o Seminário de Virtualização e Cloud Computing. O objetivo é qualificar mão de obra para trabalhar com essas tendências mundiais de tecnologia e comunicação organizacional. As atividades ocorrerão a partir das 19h30, no auditório da FTEC.

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Fotos: Maurício Concatto/O Caxiense

O Caxiense entrevista

Guerra: “Quando gera esse desconforto, sei que agi da maneira correta”; Paese: “Quem se posicionou mesmo, pegaram”

A VOZ DOS

DISSIDENTES

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por ROBIN SITENESKI robin.siteneski@ocaxiense.com.br

m uma batalha retórica, nem sempre é possível identificar vencedores e perdedores. No embate travado na sessão que aprovou o aumento de 17 para 21 vereadores a partir de 2013, pelo menos os alvos ficaram visíveis. Vereadores favoráveis à emenda levantaram suspeitas sobre a conduta de Harty Moisés Paese (PDT) e Daniel Guerra (PSDB), que, com Rodrigo Beltrão (PT), foram contra a ampliação. Se por um lado os dois podem ter saído vitoriosos aos olhos dos eleitores que não apoiam mais cadeiras do Legislativo, a relação com os colegas foi balançada. Na última semana, Guerra e Paese receberam o jornal, unidos e dispostos a não jogar a toalha. Como está a imagem da Câmara depois da votação? Guerra: A votação proporcionou que a Câmara e as pessoas se revelassem. E as pessoas, quando falam, falam daquilo que vivem, experimentam e fazem. Foi o momento em que a sociedade pôde melhor ver como agem seus representantes. Paese: Eu acho que saiu, sim, prejudicada. Afinal, a Câmara não é um ente abstrato, é um ente composto de cidadãos que falam pela Câmara. Quando uma maioria toma uma posição, é a que vai para as ruas. Nós tínhamos uma primeira posição que era contra o aumento, mas não pelo aumento, pelas consequências que isso causava, entre as quais a principal que

é o aumento de despesas. A imagem que fica é de uma Câmara de Vereadores que está com problemas de audição. Esta Câmara deve consultar urgentemente um otorrinolaringologista. Ela deve ouvir mais. Guerra: Se a Casa, que é em sua essência a casa do povo, não permite que o povo venha falar e ser ouvido, há uma grande contradição. E o povo queria falar, queria se expressar. Não permitir isso é um fato grave.

Por que vocês eram contrários? Guerra: O eixo da discussão é a representatividade. Representatividade que não é quantidade, que é qualidade. Qualidade de quem tem a responsabilidade de saber que foi eleito pelo povo e não pelo partido, não por uma coligação. Se você é eleito pelo povo, tem que ouvir o que o povo quer. Eu, que tenho estado com as minhas assessoras na rua desde o início do meu mandato, constato que mais de 90% são totalmente e gritantemente contrários ao aumento do número de vereadores. Representatividade é muito diferente de representação partidária. E o que se viu, de fato, foi representação partidária. Paese: Nos poucos minutos que tivemos para falar em plenário, a maioria falou de qualquer coisa, menos do projeto. Agora eu entendo muito bem o Cazuza quando ele escreveu aquela música (O tempo não para): teve uma vidência e pensou na Câmara no dia da votação. Ele dizia assim: Te chamam de ladrão, de bicha, maco-

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Questionados por votar contra o aumento de vereadores, Daniel Guerra (PSDB) e Harty Moisés Paese (PDT) criticam o Legislativo

nheiro / Transformam o país inteiro Guerra: Eu não vim aqui com o num puteiro / Pois assim se ganha propósito de agradar a nenhum mais dinheiro. É fácil acusar aquele dos 16 pares. Vim para fazer um que defende uma posição, o men- trabalho, me comprometi com sageiro não importa. O carteiro um programa. O meu voto e a tem culpa da carta que ele entrega? minha postura confirmam isso, e Podem matar o vereador Paese e o o eleitor na rua também. Quando vereador Guerra, vão matar, mas querem defender o indefensável o o texto da carta que debate fica ao avestemos para entregar so, porque além de “A imagem que continuará o mesnão se proporcionar mo. Podem me ata- fica é de uma audiência pública se car e me chamar do Câmara de impediu que no dia, que quiserem daqui Vereadores no ápice do procespor diante, porque so legislativo, que é agora eu não vou me com problemas a votação, a Câmara calar. Nós nos ele- de audição. exercesse ou cumgemos defendendo Ela deve prisse seu papel, que mais saúde, creches ouvir mais”, é debater o projeto, e educação. E a quei- aponta Paese os pontos favoráveis xa do prefeito é que e contrários a ele. não tem dinheiro. Quando nós temos a chance de Vereador Paese, seus opositores economizar R$ 1,5 milhão por lhe criticaram por tocar a obra de ano, que dava para resolver a greve ampliação da Câmara e, depois, dos médicos e sobrava dinheiro, se ser contra o aumento. Na época, diz que estávamos tentando acabar o senhor era a favor? com o Legislativo. Paese: Não, não existia essa discussão, em primeiro lugar. Tinha uma Como ficou o clima para vocês discussão no Congresso em que na Câmara depois da votação? se comentava, havia uma especuPaese: Só se ofende aquele que se lação. Quando assumi a Câmasente ofendido. Da minha parte, ra, havia uma licitação feita e um naquela sessão só teve ofensor, não contrato assinado, meu dever era houve ofendido, porque eu não me apenas cumpri-lo. Até comentasenti. Quando a pessoa está cons- vam que, se não gostasse, poderia ciente do trabalho que fez, pode ir rompê-lo, mas, ao romper contrapara a tribuna dizer que o man- tos, existem sanções. Assinar uma dato deste vereador é inútil, que licitação tem custos, fazer editais este vereador só apresentou um em jornais também. Tudo isso tem projeto. Eu sei que é mentira, este dinheiro público envolvido. Jamais vereador protocolou 28 projetos. E houve o argumento de que a amem 2010 eu fui impedido de apre- pliação serviria para 23 vereadosentar projeto porque o regimento res, tanto é que esta Câmara já teve proíbe (porque era presidente). 21 e comportou 21 gabinetes. O 20 a 26 de agosto de 2011

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Fotos: Maurício Concatto/O Caxiense

plenário tem lugar para 25 verea- mais R$ 1,5 milhão. Eu, como ledores. Quando começaram as dis- gislador, tenho que pensar em agir. cussões, as comissões se reuniam Falar é fácil. No dia que for aprovauma vez por semana – hoje elas do (o projeto), formalizarei o destêm uma atividade muito inten- ligamento imediato dos meus dois sa –, não tínhamos um site no ar, assessores políticos e contratarei não tínhamos a TV Câmara, que elas com recurso próprio, dando ainda hoje está no porão. Tam- continuidade, sem interrupção, ao bém precisamos de espaço para as trabalho que elas vem fazendo. tradutoras de libras, e o aumento da população, por menos que as Vereador Paese, o senhor justifipessoas procurem a Câmara, au- cou suas faltas revelando que somenta a demanda aqui. A cidade fre de hepatite C. precisa saber que a ampliação não Paese: Eu tenho uma doença e, é para atender a demanda de 2010 a princípio, precisava fazer a de(ano em que foi presidente), nós te- tecção do que era. Estive afastado mos que projetar para daqui a 20 algumas vezes com diagnósticos anos. E é diferente equivocados. Pensei gastar na ampliação duas vezes antes de da Câmara e com o “É uma diarreia falar o que era em aumento do número legislativa. plenário. Agora, dede vereadores. O di- Quantos desses talhes sobre o tratanheiro gasto ali não projetos vêm mento, com quem vai fora, sai do caixa e onde, isso minha e vira patrimônio. transformar esposa sabe, e olha No ano que vem, se efetivamente lá. Ai já é minha quiserem fechar o os problemas vida. Isso aqui não Legislativo, pode ser da população?”, é um Big Brother. sede de secretarias. As faltas são descritica Guerra contadas do salário, Vereador Guerra, a não ser que você como as suas assessoras – que, tenha uma justa causa. Este mês, segundo seus colegas, não com- por exemplo, vou ter R$ 2 mil parecem à Câmara – trabalham? descontados. É uma conquista Guerra: Na campanha, no meu do trabalhador a licença-saúde, folder, tem uma proposta que di- não que eu gostaria de usar. Mas zia “o vereador vai até você”. Eu vamos ser coerentes, vamos nos tenho só uma palavra, e pus na respeitar. A gente tem apenas que prática o que era minha proposta. cuidar com essas questões pessoais A maior parte do meu tempo não e não transformar isso aqui (mosé no gabinete. Não é, não foi e não trando exames médicos) em um será, porque o meu papel maior é motivo de ofensa. “É um vereador como fiscalizador. Fala-se em leis, caro, doente, não precisamos mais em projetos... É um termo chulo, dele. Descarta.” Pode até ser, mas forte, mas hoje o que se vê é uma isso não me ofende. Deixa o povo diarreia legislativa. Quantos desses decidir. Eu não me preocupo com projetos vêm transformar efetiva- a repercussão, sou um cidadão púmente os problemas que a popula- blico. Agora, (o que preocupa) é o ção vive? Precisa ter projetos? Sim, uso que pode se dar para isso, porprojetos de sentido imediatista, de que tenho família. espírito exequível e qualidade de transformar essa realidade que o Vocês acham que teve algo pessocidadão quer ver transformada. O al com vocês ou quem fosse conassessor é meu representante junto tra o aumento seria criticado? à população como eu sou repre- Paese: Não, a pessoa que fosse sentante do povo nesta Casa. contra ia ser acusada. Se não fosse o vereador Paese e fosse um dois O que elas fazem? de paus que apenas votasse e não Guerra: Acompanham o vereador falasse nada, tudo bem. Me dissee, por vezes sozinhas, vão visitar as ram isso: “Tu te posicionou, falou. escolas, ver UBSs. Tenho adotado Está pagando o preço”. O vereador por critério, apesar de não haver Beltrão falou menos, enquadralegislação para a carga horária de ram ele, a gente percebe. Quem se assessor político, de que elas te- posicionou mesmo, pegaram. nham que ter no mínimo 40 horas Guerra: Isso só me motiva e me semanais prestadas. Para mim, o dá uma convicção: estou no camitrabalho hoje exercido pelas duas nho certo. Quando gera esse desassessoras tem sido não somente conforto, esse desespero que ficou satisfatório, mas muito eficiente. explícito, sei que agi da maneira São pessoas esforçadas e trabalha- correta. doras. Para o meu mandato, elas Paese: Esse debate está apequesão indispensáveis. nando o Legislativo. Não interessa a nós como cada vereador cuida de O senhor e o vereador Paese apre- seu gabinete. Vai se ocupar do que sentaram um projeto para extin- fazer. Agora está tendo somente guir o cargo de assessor político. uma reação. Mais uma coisa para Ao mesmo tempo, diz que as suas a população ficar brava, os vereaassessoras são indispensáveis. dores ficam se ocupando do que Guerra: A partir de 2013 a Casa o assessor de um ou de outro faz. vai ter 21 vereadores, um gasto de Precisa de mais seis para isso?

Guerra e Paese querem extinguir verbas para assessores

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Arquivo pessoal de Luiz Pizzetti/O Caxiense

50 anos da Legalidade

No dia 20 de setembro, uma comitiva caxiense foi a Porto Alegre comemorar a vitória e a posse de João Goulart

DE BRIZOLA E JANGO

A SIMON E MANSUETO O rádio local não entrou na campanha que enfrentou os militares em 1961, mas não faltou força popular em Caxias para, pelo menos, adiar a ditadura

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por CAROL DE BARBA caroldebarba@ocaxiense.com.br

aqueles últimos dias de agosto de 1961, o mês parece mesmo ser de cachorro louco. “Lute pela Legalidade! Lute pelo Brasil!”, brada firme, quase agressiva, mas ainda assim aveludada, a voz da locutora Carmen Tomasi, a namoradinha de Caxias, pelos alto-falantes instalados no prédio onde ficavam a Biblioteca Municipal e a Câmara de Vereadores, em frente à Praça Ruy Barbosa. Um dia após a renúncia do presidente Jânio Quadros, com extrema agilidade, fora organizado e montado ali um comitê para recrutar voluntários dispostos a, se necessário, partir para o confronto armado com as forças militares, impedindo um golpe e empossando João Goulart na presidência. Convocada pelo governador Leonel Brizola, na calçada da Rua Dr. Montaury, uma multidão de caxienses faz fila para se alistar. Homens e mulheres comuns, operários e estudantes, dispostos a empunhar revólveres, atuar como enfermeiros ou qualquer posto que lhes fosse delegado no batalhão da luta pela Legalidade. A Campanha da Legalidade foi um dos maiores movimentos populares do Brasil. Comandada por Brizola, a mobilização que mudou a história política brasileira, adiando o golpe militar que iria

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instaurar a ditadura três anos depois, começa no dia 25 de agosto de 1961, após a renúncia de Jânio. Conforme a Constituição, o vice-presidente, então em missão oficial na República Popular da China, deveria ser automaticamente conduzido ao cargo. Como Jango está fora, assume interinamente o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, e os ministros militares aproveitam o vácuo de poder para tentar tomar o governo. Imediatamente, Brizola inicia a resistência em defesa da Constituição e da posse de Jango, que tenta retornar ao Brasil. A Brigada Militar entra em prontidão, e a população se concentra no Palácio Piratini, na Praça da Matriz, em Porto Alegre. O Ministério da Guerra manda bombardear o palácio, enquanto Brizola, pelo rádio, pede mais mobilização. Para tentar conter o movimento, ou pelo menos barrar as informações, o Ministério da Guerra apreende os cristais dos transmissores de todas as emissoras da Capital. Com urgência, o governador consegue transferir a Rádio Guaíba para os porões do Piratini, formando a chamada Cadeia da Legalidade, que transmite suas mensagens para todo Sul do país por uma centena de emissoras retransmissoras. Comandante do 3º Exército, o general Machado Lopes, que desobedeceu à ordem do bombar-

deio, passa a apoiar os manifesO episódio foi parar nas catantes, preparando-se para invadir pas de grandes jornais do mundo São Paulo. O ministro da Guerra, inteiro representado, principalOdylio Denys, coloca então suas mente, por imagens do homemtropas em marcha contra o territó- símbolo da luta: Leonel Brizola. rio gaúcho. Brizola conclama mais “Ele tinha sido um bom prefeito reforços, convocando todos à luta, de Porto Alegre e estava fazendo na Capital e no inteum excelente goverrior. Revólveres são no. Tinha um certo requisitados da Fá- “Houve uma renome nacional, brica Taurus. Postos união geral mas nada muito forde recrutamento são em torno dessa te ainda. A partir daí montados em todas bandeira”, diz ele dá um salto em as cidades. As aulas sua história pessoal e são suspensas. Bri- Mansueto, sua carreira política”, zola ganha a adesão convocado por explica o jornalista dos governadores do Simon para ser e escritor Juremir Paraná, Nei Braga, “locutor oficial” Machado da Silva, e de Goiás, Mauro da Legalidade autor do recém-lanBorges. Os bancos çado Vozes da Lefecham. Os ferrovigalidade – Política ários lideram grupos da catego- e Imaginário na Era do Rádio ria. Sindicatos de Caxias do Sul (Editora Sulina, 2011). Tanto é apoiam em massa. que, após encerrar o mandato de No dia 31 de agosto, quando Jan- governador, Brizola vai para o Rio go chega a Montevidéu, os minis- de Janeiro e se elege por lá como tros militares reconhecem a força o deputado federal mais votado do da Campanha pela Legalidade e país. uma negociação pelo governo parEm Caxias do Sul, o grande lílamentarista começa a ser travada. der da campanha pela Legalidade No dia seguinte, João Goulart de- foi o atual senador Pedro Simon, sembarca em Porto Alegre, aguar- na época vereador. Segundo o exdado por uma impressionante ma- prefeito Mansueto Serafini Filho, nifestação popular com bandeiras que naquele período era suplente e cartazes. A tensa possibilidade do Legislativo, foi Simon quem do conflito civil, finalmente, é des- “assumiu a bronca”, organizando cartada. A Legalidade acaba uma o Comitê pela Legalidade para resemana depois, quando, já em crutar voluntários. “Ele convocou Brasília, Jango toma posse como a Carmen Tomasi e eu para serpresidente da República. mos os locutores oficiais da Lega-

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lidade”, relembra. Carmem e Man- mados pelo Brizola, caso houvesse sueto ficavam permanentemente reação”, conta. Os bombeiros reno QG da resistência, ouvindo a ceberam revólveres calibre 38 da Rádio Guaíba – já que as emissoras Taurus, empresa gaúcha convocacaxienses não entraram na Cadeia da pelo governador para equipar da Legalidade – e repetindo as in- a resistência. Muniz relata que o formações em alto-falantes insta- pai ficou aquartelado – ou seja, de lados na parte externa do edifício. prontidão na sede do regimento, “Também falávamos algumas fra- sem voltar para casa – durante váses de efeito, como ‘Aliste-se! Lute rios dias, e o garoto ia até o Corpo pela Legalidade, Brasil!’”, recorda. de Bombeiros com a irmã, a pé, O próprio Mansueto, que nunca para visitá-lo. Numa dessas ocasipegou em uma arma ões, o pai entregouna vida, também se lhes dinheiro e oralistou, deixando sua “Compareceram denou que a família avó extremamente advogados, fosse ao mercado preocupada. “Ela médicos, e comprasse tudo me dizia ‘far polito’ enfermeiras... quanto fosse possí(faz direito). Mas, se vel com o valor, prehouvesse a luta, eu Tínhamos um parando-se para um seria um revolucio- batalhão pronto provável desabastepara ir à guerra”, nário de meia tigecimento e racionala”, ri. Brincadeiras orgulha-se mento. Muniz, que à parte, Mansueto Luiz Pizzetti estudava no Colégio conta que, emboLa Salle, também se ra muitas famílias recorda da suspenestivessem apreensivas – princi- são das aulas e da recomendação palmente as dos soldados do 3º para ficar dentro de casa. “A genGAAAé, que enviou um batalhão te não entendia muito bem, mas para Porto Alegre –, nunca se viu sentia a tensão e sabia que alguma uma mobilização igual na cidade. coisa estava errada.” “Independentemente de partido, Além da Brigada e dos Bombeihouve uma união geral em torno ros, outras grandes forças caxiendessa bandeira”, diz Mansueto. ses na Legalidade foram os operários e as associações de bairros. No livro Mínimas Confissões Luiz Pizzetti fazia parte das duas. (Letra&Vida, 2007), Almiro Zago, Na época com 35 anos, ele trabaentão um aprendiz de artilheiro, lhava como vendedor e motorista conta o momento da partida do na fábrica de refrigerantes Maragrupo de militares para a Capital bá, fazia parte do Sindicato dos e o sentimento que pairava no ar. Trabalhadores nas Indústrias de “Embora jovens soldados, tínha- Alimentação da cidade e era premos consciência de toda aquela re- sidente da Associação de Moraalidade e do seu significado. Tanto dores do Bairro Madureira – que assim que guardávamos na lem- seria conhecido depois, na ditadubrança as palavras do comandan- ra, como “Bairro Vermelho”, por te da bateria, dias antes, ainda no concentrar o maior número de quartel, ao ordenar a entrega de comunistas. Pizzetti ouviu o chaarmas individuais com munição: mado de Brizola pelo rádio e logo “Lembrem-se de que essas armas saiu batendo de porta em porta poderão ser usadas contra irmãos para conclamar os vizinhos à luta. nossos. Não permita Deus que isso “Compareceram advogados, mévenha a acontecer.” Zago descre- dicos, enfermeiras... Dispostos a ve, em tom dramático, a bênção tudo que precisasse para empossar do padre Giordani à tropa antes o Jango. Tínhamos um batalhão do embarque, relembrando que pronto para ir à guerra”, orgulhanaquele mesmo local, em 1944, se. ele havia abençoado os pracinhas Os moradores se reuniam na da cidade. “Para incutir confiança, sede da Sociedade Recreativa e Esdeu ênfase a que todos haviam vol- portiva Madureira, que tornou-se tado com vida, e certamente Deus o QG do grupo de resistência do permitiria que o mesmo aconteces- bairro. “Era preciso fazer tudo lise com todos nós que estávamos em geiro para assustar os golpistas”, vias de partida”, complementa o conta Pizzetti. De acordo com ele, autor. Na crônica, ele ainda relata nos primeiros dias houve até uma que Caxias do Sul apagara as luzes passeata na Rua Sinimbu, apoiada para a passagem em segurança do pelas forças brizolistas. O operácomboio, o que não impediu uma rio participou da manifestação ao multidão de acompanhar a saída lado do filho mais velho, Felipe, da tropa na Avenida Rio Branco que tinha 15 anos. “A Brigada topara se despedir. mava conta de nós, mantinha a orHoje presidente do PDT em dem”, relembra. Para comemorar o Caxias do Sul, Luiz Carlos Muniz fim do conflito, na data da Revoluera uma criança de nove anos na ção Farroupilha os moradores do época, mas viveu momentos de Madureira, liderados por Pizzetti, tensão pelo pai, integrante do Cor- lotaram dois ônibus e foram desfipo de Bombeiros. A corporação, lar em Porto Alegre, com cartazes na Legalidade, uniu-se à Brigada e bandeiras exaltando a mobilizaMilitar. “Eles tradicionalmente ção dos caxienses na Campanha não usavam armas, mas foram ar- pela Legalidade.

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Perfil

O último conselho

de MArio Vanin Dono do hábito de aconselhar políticos – de vereadores a governadores – em telefonemas de cortesia, o ex-prefeito de Caxias deixou recomendações até para depois de sua morte

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Advogado queria lançar livro de memórias no aniversário de 70 anos

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irmão José Carlos Vanin, 67 anos. Com dois anos de diferença, Mario e José Carlos eram os ira sala 901 do edifício Alex, na Rua mãos mais próximos. Os escritóDr. Montaury, Mario David Vanin rios de advocacia dos dois ficam criou, mais que um escritório de um de frente para o outro, no mesadvocacia, um espaço de memó- mo prédio comercial, e José Carlos rias. É ali que a presença do polí- foi o primeiro a seguir os passos de tico, advogado, professor e escritor Mario ao sair da Linha Zambicamorto no domingo (14) aos 69 ri, no interior de São Marcos, para anos, vítima de um infarto, talvez tentar a vida em Caxias. Mario era esteja mais viva. o terceiro filho de uma família de Na sala ocupada por ele, per- nove irmãos. Os dois primeiros manecem um boleto bancário a permaneceram em São Marcos ser pago ao centro da mesa, livros como mecânicos. A decisão de sair empilhados com certa desordem e de casa aos nove anos para ingresum pequeno relógio sar no Seminário parado, marcando Nossa Senhora Apa4h20. Ali Vanin gos- “Varda, Mário, recida, onde cursou tava de receber clienaté o equivalente ao tes e amigos para de far polito Ensino Médio, foi conversar, costume (Cuida, Mário, inspirada na trajetóque mantinha dia- para fazer as ria de dois tios que riamente. No topo coisas direito)”, eram padres. A mãe, de uma pilha de pa- disse a mãe para Érica, já viúva, foi a péis sobre a mesa, a maior incentivadolista de telefones dos Vanin quando ra. “Varda, Mario, atuais secretários ele partiu de de far polito (Cuida, municipais denun- casa para Caxias Mario, para fazer as cia outro hábito dicoisas direito)”, afirário do ex-prefeito. mou a agricultora ao Ao chegar no escritório, sempre filho, que repetia a frase com orpor volta das 9h, preparava um gulho quando lembrava da partida chimarrão, lia jornais e sintoniza- de sua terra natal. va rádios para ouvir programas de Ao terminar o Ensino Básico, notícias sobre Caxias. Em seguida, Mario voltou a São Marcos para iniciava uma série de ligações, a lecionar pela primeira vez até se maioria com o intuito de colaborar instalar em Caxias em definitivo e indiretamente com a cidade. ingressar na faculdade de Ciências Com quase 50 anos de vida pú- Jurídicas e Sociais da Universidade blica, Vanin sentia-se à vontade de Caxias do Sul (UCS). A gradupara apontar erros dos mais jo- ação veio em 1967, com os interesvens. Mas o fazia com tamanha ses já voltados para a política. delicadeza que os interlocutores Em 1968, Vanin elegeu-se venem se sentiam ofendidos. Até a reador pela Arena – partido que ex-governadora tucana Yeda Cru- dava sustentação à ditadura milisius, nos tempos em que ocupava tar – para a legislatura de 1969 a o Palácio do Piratini, recebia seus 1972. No pleito seguinte, foi eleito telefonemas. vice-prefeito de Mario Bernardino “Ele mesmo ligava para rádios Ramos, que lhe entregou os dois e jornais para palpitar. E fazia a últimos anos da gestão, em 1975, mesma coisa com políticos. Mes- para assumir a Secretaria Estadual mo que não pedissem, ele ligava de Turismo no governo de Sinval para os vereadores, por exemplo, Guazelli. Aos 33 anos, coube ao e falava: ‘olha, acho que não é por são-marquense dar continuidade aí’. Se tinha coisa em que ele não aos projetos do cabeça-de-chapa. economizava, era telefone”, conta o Um deles faria com que uma paipor CAMILA CARDOSO BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br

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Acervo Arquivo Histórico, Div./O Caxiense

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tivas, buscando a descentralização ocupava boa parte do tempo de da gestão do município. Vanin, que reunia episódios da vida pública e privada, boa parte Vanin não teve tempo de sa- deles pontuada pelo seu tradiciober, mas, no dia anterior à morte nal bom humor. Vera foi a incenti(13), ele havia sido aclamado pela vadora do projeto, atenta à natural atual diretoria da Academia Ca- vocação do marido para contar xiense de Letras (ACL) como pró- histórias. “Cada vez que ele comeximo presidente, escolhido para çava um causo eu enumerava: ‘essa comandar a instituição no ano em é a número 39, essa a 42’, porque que completaria cinco décadas de eram sempre as mesmas e eu coexistência. “Além da larga experi- nhecia cada uma”, lembra. ência como político, era um acaPara eternizar esses fatos, a mudêmico impecável, participando e lher chegou a comprar um gravadando apoio incondicional à aca- dor que, conectado ao computademia, amigo de todos e com uma dor, transcrevia automaticamente visão de justiça e vida íntegra que o conteúdo, mas Vanin refutou o creditavam ao cargo”, destaca a a alternativa tecnológica. Como presidente, Alice Cristina Velho bom orador, prezava sempre pela Brandão. presença de um interlocutor, cosA aptidão e gosto tume que não dispor escrever poesias pensava nem meslevou Vanin a ocupar “Ele era muito mo para assistir aos a cadeira de número telejornais quando 11 desde 1963, ano sagaz, com chegava em casa, seguinte à criação da uma mente à noite. “Se tu não academia. Ele proje- inquieta, sempre assistires comigo, tava resgatar a histó- refletindo para quem eu vou ria de Vivita Cartier enquanto comentar as notíem 2012. A poeticias?”, perguntava à sa porto-alegrense falava”, afirma mulher. conhecida como A o biógrafo Marcos Uma coincidente Noiva do Sol, que, Fernando Kirst proposta do escritor vítima de tuberculoe jornalista Marcos se, passou os últimos Fernando Kirst no meses da vida em Criúva, na dé- início de 2010 surgiu como solucada de 1910, era a patronesse da ção para o projeto do livro. “Foscadeira ocupada por ele na ACL. se um episódio da infância ou um Atualmente, a edição de um li- acontecimento político, ele semvro com as próprias memórias pre procurava, ao final, oferecer 2.

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xão de Vanin fosse despertada. Ele to Mansueto Serafini, em 1992. Na gerenciou boa parte das obras dos eleição daquele ano, Vanin havia Pavilhões da Festa da Uva, iniciada conquistado a prefeitura pelo expor Mario Ramos (que, no futuro, tinto PFL – hoje DEM. “Para um daria o nome ao parque). homem que veio de fora, pratiAnos mais tarde, em 1984, ele camente com as mãos abanando, voltaria a assumir responsabilida- chegar ao cargo máximo na cidade des com a festa, que beirava a fa- que o acolheu foi uma realização lência, já com manmuito grande”, redado de penhora lembra a mulher Vera expedido, 141 títu- “Mesmo que Menegotto Vanin, los protestados em não pedissem, com quem foi casado cartório e sem um ele ligava para por 41 anos. centavo sequer em os vereadores Além de poder caixa. Vanin negovoltar a se dedicar ciou crédito com e falava: ‘olha, oficialmente à Festa instituições finan- acho que não é da Uva, tratando dos ceiras para poder por aí’”, conta trâmites burocráticos realizar o evento – o irmão José para que a comemoa única edição que Carlos Vanin ração fosse algo gepagou dividendos nuinamente caxiense, aos acionistas. E Vanin empenhou-se voltou a presidi-lo em 1986. em planejar rumos para a cidade De todos os cargos que ocupara, que tanto gostava. Em setembro de os que lembrava com mais gosto 1993, viajou para a Alemanha para eram aqueles à frente da Festa da conhecer mais sobre o assunto. Ao Uva. Ali, considerava que podia retornar, deu início à elaboração sentir o real espírito da comuni- do Plano Físico Urbano de Caxias, dade caxiense, sem grandes inter- antecessor do atual Plano Diretor. ferências políticas ou burocráticas. Com especial atenção à infraestruTanto que, mesmo sem cargo, não tura, a gestão ficou marcada por se furtava de procurar os dirigen- obras de saneamento, principaltes para oferecer ajuda e dar con- mente nos bairros Serrano e Lourselhos. “A gente até achava que era des, e a construção da Perimetral inconveniência, mas ele fazia pela Sul. Caxias passou a ter gestão plepaixão que sentia”, afirma o irmão na da saúde no governo de Vanin, José Carlos. que construiu o primeiro posto de A municipalização da Festa da saúde 24 horas e o Hemocentro. Uva, até então ligada ao Estado, foi Ele implantou ainda a divisão da o último ato de governo do prefei- cidade em 15 regiões administra-

1. No escritório, Vanin acompanhava as notícias e disparava telefonemas; 2. Vanin espalhou fotos dos netos pelo local de trabalho; 3. Na entrega do título de cidadão emérito, ex-prefeito se emociona com discurso do neto; 4. Nos anos 70, assumiu a prefeitura por dois anos. 20 a 26 de agosto de 2011

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ao interlocutor um ponto para a reflexão, o que permitia obter um espectro maior de interesse, muito além dos personagens diretamente envolvidos”, relembra o jornalista. Foi com esse argumento que Kirst convenceu Vanin a confiar a ele a escrita do livro. Encontros matinais entre abril e junho daquele ano resultaram em 70 horas de gravações, enriquecidas por entrevistas e depoimentos de amigos, familiares e colegas, além de outras histórias e documentos que Vanin fornecia ao autor por e-mail. “Normalmente as sessões duravam uma hora, para que nenhum dos dois cansasse e não se perdesse a vitalidade da conversa”, conta Kirst. Apesar de haver um roteiro de temas previamente estabelecido, a vocação de um contator de histórias era soberana. “Ele era muito sagaz, com uma mente inquieta, sempre refletindo enquanto falava, e uma história puxava a outra”, relembra o escritor, que agora trabalha na transcrição dos textos. A mulher Vera pretende manter os planos do marido e lançar o livro no dia 7 dezembro, quando ele completaria 70 anos. Com a aposentadoria compulsória da Universidade de Caxias do Sul há dois anos, onde lecionava para o curso de Direito

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e presidia o Instituto de Administração Municipal, Vanin pôde se dedicar a uma paixão maior que a coleção de memórias ou mesmo a Festa da Uva. Seus três filhos lhes deram nove netos, os quais Vanin afirmava serem o maior orgulho de sua vida. O mais velho, João Vitor, apegou-se ainda mais ao avô nos cinco anos em que teve exclusividade no posto de netos, tanto que a primeira palavra que ele pronunciou foi “barba”, referindo-se à aparência de Vanin à época. O companheirismo dos dois se evidenciava na comoção, no velório, do garoto, que perdeu o avô no dia do aniversário de 12 anos. Na mesma Câmara de Vereadores onde ocorreu a cerimônia de despedida, avô e neto tinham vivido, dois anos antes, uma das principais passagens da relação. A cerimônia de entrega do título de Cidadão Emérito de Caxias do Sul a Vanin incluía a homenagem dos familiares. Ao organizá-la, Vera pensou em quem o marido gostaria que representasse a família. Não teve dúvidas: escolheu o neto. Então com 10 anos, João Vitor contou com a ajuda dos pais para escrever o texto e ensaiá-lo. Vanin não conteve a emoção ao ouvir o neto dizer que “sua personalidade, marcada pela ética, pela verdade e pelo respeito, lhe garantiu uma imagem íntegra, a presteza, a

atenção, o carisma e o companhei- cebeu quando o cunhado e amigo rismo aos amigos e à família, qua- Adelino Miotti morreu, em 2010. lidades que colocam muitas vezes Naquela época, entregou o texto, seus feitos em segundo plano, ta- gravado em forma de marcador de manho o coração, a amizade e a livros, à colega de escritório Anajuda prestada por ele em todos os dréia Bacarin Vieira, pedindo que momentos”. O momento que mos- ele também fosse lembrado datra o menino discursando e Mario quela maneira quando morresse. chorando foi regisA morte não é nada, trado em uma foto, de autoria atribuída que recebeu ainda “A personalidade a Santo Agostinho, a inscrição “um avô marcada pela aconselha: “Não utiorgulhoso”. lizem um tom solene ética, pela verdade Vanin também e pelo respeito lhe ou triste, continuem transformou a cona rir daquilo que nos vivência com os garantiram uma fazia rir juntos. Renetos em desculpa imagem íntegra”, zem, sorriam, penbem-humorada para discursou o neto sem em mim. Que recusar os convites na Câmara, para meu nome seja prode irmãos e cunha- emoção do avô nunciado como semdos para pescarias, pre foi, sem ênfase atividade para a qual de nenhum tipo, sem não tinha vocação alguma. Ele nenhum traço de sombra ou tristeacompanhava a expedição pelo za. A vida significa tudo o que ela prazer da convivência e acaba- sempre significou, o fio não foi corva cuidando da organização do tado. Por que eu estaria fora de seus acampamento, o que virava mo- pensamentos agora que eu estou tivo para piada. Há cerca de dois apenas fora de suas vidas? Eu não meses, ao se recusar a participar de estou longe, apenas estou do outro mais uma jornada, deixou no es- lado do caminho. Você que aí ficou, critório do irmão José Carlos uma siga em frente, a vida continua, linfoto e o recado: “Com a tua rede tu da e bela como sempre foi”. pega peixes, com a minha eu pego Parentes distribuirão o texto na netos.” missa de sétimo dia marcada para As fotos com os netos têm lu- este sábado, às 17h, na Catedral. gar de destaque no escritório de Será uma tentativa – das mais difíVanin. Ali ele também guardava ceis – de seguir o último conselho com carinho a mensagem que re- de Mario Vanin.

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Andressa

Boeira Artur nasceu no dia 10 de junho de 2010, com 35 semanas de gestação (cerca de sete meses e meio). Embora tivesse passado uma gravidez tranquila, sem previsão de parto prematuro, a jornalista Andressa Boeira já estava preparada para a chegada do primeiro filho. Ao acompanhar o desenvolvimento do filho, Andressa percebeu atrasos na evolução, atribuída pelo médico ao nascimento precoce. Aos seis meses, o bebê ainda não firmava a cabeça e continuava a ter espasmos, próprios dos primeiros meses de vida. Andressa procurou um especialista, que diagnosticou uma lesão cerebral e a Síndrome de West (hipsaritmia). “É um tipo grave de epilepsia, muito agressiva ao cérebro e de difícil controle. Na maioria dos casos é genético, mas no caso do Artur não é”, explica Andressa, que hoje é também especialista no assunto. “Quando ele está acordado, está comendo ou fazendo algum exercício”, conta Andressa, que continua trabalhando e divide com a mãe e o marido os cuidados com Artur. Entre os tratamentos de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e estimulação visual, “Artur tem compromisso todos os dias”. Hoje Artur sorri, balbucia e tem o olhar mais atento. “A gente comemora cada conquista, que para outros bebês poderia ser banal. Não fazemos planos a longo prazo, vencemos um dia de cada vez.” Os colegas jornalistas sugeriram que ela escrevesse um livro. Andressa, que não teve tempo nem para a depressão, achou melhor escrever um blog, por enquanto, para dividir angústias e compartilhar vitórias: www.arturguerreiro.blogspot.com. E o resultado comprova: ser guerreiro é um fator genético.

Valtair

Eliseu Luz de Morais Na última semana, em São Paulo, o socorristaValtair fez uma série perfeita de reanimação cardiopulmonar (RPC): cinco ciclos de 30 compressões de massagem cardíaca, com ritmo e pressão ideais, e, após um intervalo igual a cada ciclo, duas ventilações (boca-a-boca), com entrada precisa de ar aos pulmões. Se a vítima fosse de verdade, teria a sorte de ser atendida por Valtair. Ligado a um computador, o boneco simulador no qual o socorrista aplicou o exercício era mais exigente e também aprovou o trabalho. Valtair, que trabalha no Samu de Caxias, conquistou o primeiro lugar na categoria RPC da Olimpíada Brasileira de Atendimento Pré-hospitalar. Além dos cursos oferecidos pelo Samu, o socorrista busca especializações por conta própria. Ficou sabendo da Olimpíada em uma revista especializada que assina.“A gente tem que treinar muito para ter a certeza que fez o melhor possível, independentemente do resultado. Ninguém gosta de perder um paciente, mas precisa ter conhecimento para ir pra casa com a consciência tranquila”, diz Valtair.

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por Marcelo Aramis

Literatura | Clássicos por Uili Bergamin

Há duas semanas Uili Bergamin comentou nesta coluna a lista dos livros mais retirados da Biblioteca Municipal, best-sellersque não leu. Agora, ele volta à seção para listar os seus preferidos. “Dar Machado de Assis para um inexperiente é matar um leitor potencial. Mas não dá pra ficar a vida inteira lendo Nora Roberts".

Don Quixote, de Cervantes | O amor, a

loucura e o humanismo do personagem marcaram a estreia de Uili nos clássicos. “É incrível a coragem que ele tem para lutar pelos seus sonhos embora o mundo inteiro diga o contrário. O livro mudou a minha vida”, diz Uili. Ele que acredita que esta seja a função da literatura.

O Vermelho e o Negro, de Stendhal |

De toda a literatura francesa, Stendhal é o preferido de Uili. “Quando li, fiquei impressionado por ele conseguir ir tão fundo na psicologia do personagem”, afirma o escritor, sobre o “livro perfeito” de um “estilista da palavra”.

A Rebelião dos Anjos, de Anatole France | Um anjo caído do céu, designado

para cuidar de um humano, se decepciona com o dever e se rebela, “uma reflexão sobre a religião e a fé”. “O livro foi responsável pela minha passagem de católico fervoroso para ateu”, conta Uili, que se deixa levar por boas histórias.

O Evangelho segundo Jesus Cristo, de Saramago | Para Uili estilo peculiar, a be-

leza e a ironia do texto de Saramago são os destaques, mas a forma não se sobrepõe ao conteúdo. “Se a Rebelião, me deixou pensativo com a religião, o Evangelho jogou uma pá de cal sobre os resquícios de catolicismo”.

O Amor nos tempos do Cólera, García Márques | Na capa, onde os best sellers

costumam fisgar o leitor destacando o número de exemplares vendidos, o quinto clássico da lista poderia ter a sinopse de Uili: “A mais linda história de amor que eu já li”.

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Alternativas habitacionais

Em Galópolis, a “escola de lata” é alvo de críticas. Na 3ª Légua, as estruturas metálicas serão empilhadas para fazer uma moradia de dois pisos

O SONHO DO

CONTÊINER PRÓPRIO

Fabricados na China, comprados por uma empresa de Barbados, viajados pelos mares do mundo e revendidos em Itajaí, contêineres vão virar casa no interior de Caxias

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por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br

primeiro contêiner, modelo standard, encontrado em um terreno baldio nas imediações da Perimetral Norte, não era alto o bastante. Tinha 2,7 metros. Mas o economista Rodrigo de Carvalho, 35 anos, já havia convencido a esposa, Raquel Pegorini, e não desanimou. Continuou sua varredura pelas ruas de Caxias do Sul. Mas só foi achar o que queria, depois de mais pesquisas e indicações, na costa norte de Santa Catarina. Mais precisamente, no Porto de Itajaí, a quase 500 quilômetros daqui. Então, era só resolver como transportar as quatro caixas metálicas pintadas de azul, cada uma pesando 3,9 toneladas e medindo 12 metros de comprimento, 2,4 de largura e 2,9 de altura. Rodrigo contratou um comboio formado por quatro caminhões. Os veículos entraram enfileirados na cidade pela Avenida São Leopoldo e seguiram em direção à Estrada do Imigrante, sem despertar maiores atenções – movimento comum no cotidiano

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de um polo industrial. O local do desembarque – a 3ª Légua, cenário de parreirais, casas típicas da colonização italiana e pequenas chácaras – foi o primeiro indicativo de que aquela história continha algo de inusitado. Os moradores observaram com curiosidade quando, dois meses atrás, os contêineres foram descarregados por um pequeno guincho na propriedade rural de solo argiloso, à frente de um matagal. Muitos dos vizinhos ainda não sabem dos planos de Rodrigo, que não têm prazo definido para se concretizar nem precedente na cidade. “Até hoje tem gente pensando que vai abrir uma fábrica”, diz o economista. No meio da colônia, nas terras da família de Rodrigo, o casal quer transformar os contêineres em uma casa ecológica e sustentável. Construídas em Xangai, a maior cidade da China, as enormes estruturas mantêm em segredo o histórico de travessias marítimas em navios cargueiros que perdurou por nove anos seguidos,

até serem aposentadas. Uma eti- caixa d’água. queta metálica, ainda presa a uma A moradia terá dois pavimendas portas, revela que a empresa tos. O primeiro, com uma área Interpool, sediada integrada de sala de na ilha caribenha estar, jantar e cozide Barbados, foi sua “Até hoje nha, garagem para última proprietária. tem gente dois carros, lavabo O forte cheiro de pensando e dispensa. No seborracha indica o gundo, o quarto de tipo de material que que vai abrir casal, dois dormitóelas transportavam uma fábrica”, rios de solteiros, um – pneus, suspeita diz Rodrigo, banheiro e um deck. Rodrigo. O orçamento total é sobre a Os quatro contêi- impressão estimado em R$ 200 neres – que, somanmil, desconsiderando o frete, custaram dos vizinhos do o valor do terreR$ 32,4 mil – foram no. largados lado a lado na 3ª Légua. Por causa das condiA casa-contêiner de Rodrições climáticas desfavoráveis, con- go promete ser a primeira moradia tinuam sendo apenas contêineres. do gênero na cidade, mas a criaA construção das fundações da tividade – ou a necessidade – já casa de 155m² que eles formarão, deu às pesadas estruturas de carga com pilares de concreto, depende outra serventia por aqui. A mais do tempo seco. Em seguida, será a conhecida é a da Escola Estadual vez da montagem e de os serralhei- Ismael Chaves Barcellos, em Galóros entrarem em ação cortando as polis – e não é vista por professores chapas metálicas para formar ja- nem por alunos com bom olhos. nelas, portas e demais ambientes. Apelidado de “escola de lata”, desCom as sobras serão feitos o por- de fevereiro de 2009 o colégio tem tão da garagem e a cobertura da aulas nos turnos da manhã e da

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tarde em quatro salas improvisadas em contêineres. Atualmente, quase 200 dos 465 alunos estudam nesses ambientes. A professora Alessandra Menegol é uma das pessoas mais aptas para avaliar a permanência dentro dos contêineres. Desde que ingressou na escola, há três anos, ela leciona nas salas metálicas, de manhã e de tarde. Alessandra diz que o local não é indicado para uma criança passar quatro horas diárias estudando, e muito menos o dia inteiro. Em poucos minutos enlatado, percebe-se que a sala é abafada, em parte devido às pequenas janelas basculantes incapazes se fazer o ar circular e à falta de um sistema adequado para controlar a temperatura. As paredes são forradas com PVC, elemento que não possui grande capacidade térmica. Para evitar o calor, insuportável nos dias quentes, foram instalados aparelhos de ar-condicionado, uma conquista da direção da escola. Entretanto, com o risco da proliferação de doenças respiratórias, eles são ligados somente em último caso.

A casa de Rodrigo e Raquel, que já tem até nome, ECOntainer, não deverá passar pelos mesmos problemas da escola. O escritório de arquitetura El.Studio, responsável pelo projeto, preocupou-se em trabalhar com tecnologias específicas para solucionar desconfortos como o do aquecimento. Para isso serão utilizados pintura especial à base de cerâmica (que reflete parte do calor), lã de fibra de garrafa PET para o forro, gesso acartonado no teto e nas paredes internas e, para completar, o telhado será feito com chapas de poliestireno. O uso desta tecnologia substituirá a utilização de aparelhos de refrigeração como o ar-condicionado. Conforme Rafael Comerlato, um dos três arquitetos envolvidos no projeto, a maior dificuldade da

obra não se refere às questões tér- A ideia é ligar os painéis solares micas, mas sim ao perfeito encaixe diretamente na rede pública. A dos contêineres. “Estamos traba- energia excedente passaria pelo lhando com aço e não se pode criar contador da casa e reduziria o inpontos de acúmulo de água, que dicador de consumo. Seria como proliferam ferrugem”, explica. Para vender energia para a concessioa junção perfeita, dois guinchos nária durante o dia e tomá-la de movimentarão as caixas metálicas volta à noite. para sobrepô-las no dia da monA chuva também será aproveitagem. “Vimos o negócio como tada. Um sistema de calhas irá uma oportunidade. Tínhamos de coletar e filtrar a água vinda dos ir atrás de informatelhados, que será ções para viabilizar conduzida por uma o empreendimento”, “Eu já tinha tubulação até a cisconta Rafael, recém- enxaqueca crônica terna com capaciformado. Ao lado dade de 3 mil litros. e desenvolvi dos colegas Miguel Ela será utilizada nos Comerlato e Gabriel ainda mais com vasos sanitários, tanPiva, ele trabalha a variação de que e torneiras para desde outubro do temperatura”, molhar o jardim e ano passado para diz a professora lavar o carro. Uma prever e evitar possegunda canalização, que leciona em síveis problemas na ligada à rede normal, casa-contêiner. “Não um contêiner levará água potável esperamos surpresas às torneiras das pias, por enquanto. As cozinha e chuveiro. coisas foram pensadas e detalhaCom os contêineres aposentados das”, tranquiliza. já desfrutando da paisagem do interior caxiense, à espera de voltar à Além de cuidar para que a ativa como casa, uns sobre os outemperatura interna seja agra- tros, o projeto de Rodrigo e Raquel dável, Rodrigo pensou em como segue para sua última e decisiva tornar a moradia autossustentável. etapa. Entretanto, ainda carece da Pretende dotá-la de painéis sola- aprovação das pessoas mais íntires para captação da energia que mas do casal. “Nossos pais ainda abastecerá as lâmpadas da casa – não estão convencidos de que a todas de LED, opção com menor ideia é boa”, conta Rodrigo. Inoconsumo e maior durabilidade em vadora em Caxias – mas comum relação às incandescentes e fluo- em países como Holanda, Estados rescentes. Mas ainda assim será Unidos e México –, a proposta da necessário instalar a rede elétrica casa-contêiner deve começar a tradicional para alimentar chuvei- sair do chão nesta semana, com a ro, geladeira e todo o consumo da construção das fundações. A excasa na ausência do sol. Isso por- pectativa é de que o resultado final que não haverá baterias para ar- seja o melhor possível. Mas, como mazenar a energia. Elas são caras lembra o economista, surpresas e e compostas, em grande parte, por mudanças ocorrem em todos os metais pesados, que não se encai- tipos de construções, independenxam na proposta ecológica. Uma temente do material utilizado. Soalternativa estudada para contor- bre isso, Rodrigo é realista: “Para nar a situação é fazer uma parceria outras pessoas, já deu certo. Mas com a Rio Grande Energia (RGE). também tudo pode dar errado.” Maurício Concatto/O Caxiense

Alessandra passa oito horas por dia, de segunda a sexta, dentro de um contêiner. “Eu já tinha enxaqueca crônica e desenvolvi ainda mais com a variação de temperatura provocada pelo ar-condicionado. Também perco a voz mais facilmente”, relata. Os alunos também sofrem com o ambiente inadequado para o estudo. Conforme a professora, muitos deles apresentam dor de cabeça, sintomas de gripe e problemas nos brônquios. Para resfriar a sala sem prejudicar os pequenos, Alessandra volta mais cedo do horário de almoço e liga o ar, tentando diminuir o calor dentro do sala, que se torno crítico no início da tarde. Mas a tática não surte efeito por

muito tempo, e rapidamente, com a presença dos 25 alunos, a temperatura se eleva – o que, mesmo no inverno, não é agradável. A opção do Estado em colocar os alunos da Escola Ismael Barcellos estudando em salas feitas com contêineres foi uma medida temporária e paliativa que perdura até hoje. Em setembro de 2008, parte do colégio ardeu em chamas. Uma lâmpada esquecida acessa e um curto-circuito iniciaram o incêndio que devastou um pequeno depósito e a única escada de acesso aos pisos superiores. Algumas salas de aula foram parcialmente utilizadas para a construção de uma escada secundária, com espaço para a instalação de um elevador. Dessa forma, muitas crianças tiveram de terminar o ano letivo estudando em locais improvisados. Em fevereiro de 2009, o governo alugou as quatro salas de lata, instalando-as no pátio da escola. “Elas tinham um cheiro forte de cola sempre que aqueciam”, recorda a diretora, Sonia Beatriz Sbersi.

Contando o frete para Caxias, os quatro contêineres aposentados do transporte de cargas custaram 32,4 mil

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Guia de Cultura

Sony Pictures, Divulgação/O Caxiense

por Vagner Espeiorin | guiadecultura@ocaxiense.com.br

Vencedor do Oscar de filme estrangeiro e acusado de ser moralista, Em um mundo melhor entra em cartaz no Ordovás se ser cobaia de experiências, ganha um anel superpoderoso que o transforma em um dos Lanternas Verdes, responsáveis por manter a paz no universo. Dirigido CINEMA por Martin Campbell. Com Ryan Reynolds, Blake Lively e Peter Recomenda Sarsgaard. 105 min. 2011. l Em um mundo melhor | Drama. Sábado e domingo, às 20h | l Onde está a felicidade? | Ordovás Comédia. 13h50, 16h10, 18h45, Até que ponto os grandes pro- 21h20 | GNC blemas do mundo são reflexos das Se a felicidade não está em casa, pequenas atitudes do cotidiano? seria melhor procurá-la onde? A diretora dinamarquesa Susan- Essa é a grande dúvida de Teone Bier cria uma trama que reflete dora, uma chefe de cozinha. Ao sobre as pequenas transgressões pegar seu marido traindo-a pela diárias e o grande caos global. A internet, ela resolve fazer o camiobra levou o Oscar de melhor fil- nho de Santiago de Compostela. me estrangeiro e algumas críticas Mas o que deveria ser uma viaque a apontaram como morali- gem espiritual se transforma em zante. Com Mikael Persbrandt, uma grande confusão. Dirigido Trine Dyrholm e Markus Ryga- por Carlos Alberto Riccelli. Com ard. 119 min. 2010. Bruna Lombardi, Bruno Garcia e Marcello Airoldi. 110 min. 2011. l Lanterna verde | Ação. 13h40, 16h20 (3D dub.), 19h, l As Férias de Mr. Bean | Co21h40 (3D leg.) | GNC média. Sábado, às 14h | Centro A febre hollywoodiana de le- Comunitário do Cidade Indusvar para o cinema clássicos dos trial quadrinhos continua. Lanterna A sua segunda aventura cineVerde chega ao Brasil com bas- matográfica do tão querido quantante atraso em relação aos EUA. to atrapalhado e célebre persoO arrogante piloto de avião Hal nagem Mr. Bean é a atração da Jordan é abduzido – mas, em vez sessão promovida pela Secretaria

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da Cultura. Entrada gratuita. 90 dá aulas. No filme, a personagem min. 2007. de Cameron Diaz é o oposto do politicamente correto. Desbocal Cilada.com | Comédia. da, o que mais interessa a ela é pe13h30 e 18h | GNC gar o colega de trabalho. Dirigido Haja fôlego! A história de uma por Jake Kasdan. 92 min. 2011. “rapidinha” que vazou na internet entra na sétima semana em cartaz l Os Smurfs | Animação. em Caxias. O filme é filhote da 13h20min, 15h30min, 17h40min, série (bem menos engraçada) do 19h45min, 21h50min (dub)| Multishow que virou quadro no GNC Fantástico (menos engraçado ainLa...lalalalalala.... é assim, canda), estrelado por um dos (mui- tando uma feliz canção, que os tos) filhos do humorista Chico personagens azuis e fofinhos enAnísio (antigamente, bem mais tram na 3ª semana em cartaz. No engraçado), Bruno Mazzeo. Di- filme, os Smurfs chegam à cidade rigido por José Alvarenga Jr.. 95 grande após fugirem, como semmin. 2011. pre, do temido Gargamel. Dirigido por Raja Gosnell. 103 min. l Assalto ao Banco Central 2011. | Ação. 15h45, 20h, 22h10 | GNC O mocinho da novela vira ban- l Super 8 | Ação. 16h45min, dido no cinema, mas felizmente 19h30min, 22h (leg) | GNC não é Eriberto Leão o protagonisCom direção de J. J. Abrams e ta do filme, inspirado na história produção de Steven Spielberg, real do maior assalto (na verdade, o filme de suspense parece não furto) a banco do país. Dirigido decepcionar. Com uma história por Marcos Paulo. 104 min. 2011. nebulosa e cheia de incertezas, Super 8 mergulha num universo l Professora sem Classe | confuso e caótico. Enfim, um uniComédia. 14h45min, 17h00min, verso não muito diferente da re19h15min, 21h10min (leg) | GNC alidade contemporânea. 112 min. Lembra daquele colega de aula 2011. que não fazia nada e aprontava todas? Então, agora, ele usa saias e l Capitão América – o

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primeiro vingador | Ação. 14h15min (leg) | GNC Capitão América bem que merecia uma análise psicanalítica. No divã, a ideia americana da salvação do mundo e, de acompanhamento, o desejo fálico de dominar super poderes. Dirigido por Joe Johnston. 124 min. 2011.

às 20h Destaque do New Jazz Festival, em outubro do ano passado, Fernando Aver participa do debate Influência do Blues no Jazz. E para não ficar só na teoria, a noite encerra com uma jam session com Fernando Aver Jazz Trio. Acordes Jazz Atelier Musical Entrada gratuita | 13 de maio,1392, l Os pinguins do papai | Co- Centro | 3419-0601 média. 16h (dub) | UCS Jim Carrey ataca mais uma vez l Blackbirds | Quinta (25), às como um atrapalhado pai. Dessa 22h, e sexta (26), às 22h30 vez, no entanto, ele ganha novos Com 15 anos de carreira, comefilhotes: os pinguins. Essas cria- morado no início do mês com a turas que parecem mesmo fazer a gravação de um show acústico, cabeça do público no cinema. Di- que deverá sair em DVD, a banda rigido por Mark Waters. 94 min. encerra a semana com apresen2011. tação em dose dupla. Na quinta, eles interpretam Beatles e na sexta l Harry Potter e as relí- Pink Floyd. quias da morte: parte 2 | Fan- Mississipi tasia. 19h | UCS Ingressos: quinta (26), R$ 10 feEngula as lágrimas e esconda minino e R$ 15 masculino | Sexa tristeza se for fã. Comemore e ta (26), R$ 12 feminino e R$ 18 pule de alegria se detestar a série. masculino| Moinho da Estação | A saga do famoso bruxinho aca- 3028.6149 ba aqui. Mesmo acusado de ser apenas um produto comercial da l Beba do Samba | Domingo, indústria da cultura, Harry Potter às 20h acompanhou uma geração inteira Os irmãos Igor Fernando e Kiki de adolescentes e, claro, rendeu Marcellus querem fazer o sammilhões de dólares à criadora J.K. ba carioca invadir Caxias do Sul. Rowling. Dirigido por David Ya- Para celebrar a acolhida e a ponte tes. 130 min. 2011. Caxias/Rio, fizeram um samba. A letra cita Copacabana, Leblon, INGRESSOS - GNC: Segunda, quarta e Ipanema, Arpoador, o Corcovado quinta (exceto feriados): R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia e o Cristo. O refrão abençoa uma entrada, crianças menores de 12 anos e sê- Caxias banhada por um rio de nior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ água doce (!?), com belas sereias. 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 16 (inteira), R$ 13 No final, uma explicação – mui(Movie Club Preferencial) e R$ 8 (meia en- to bem-vinda – e outra metáfora trada, crianças menores de 12 anos e sênior ao Redentor. “Ao povo de Caxias, com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (in- que sempre nos recebe de braços teira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e abertos”. O Imigrante levanta a R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários mão sobre os olhos e franze a tesdas sessões de sábado a quinta – mudanças ta desconfiado. na programação ocorrem sexta. RSC-453, Teatro São Carlos 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sê- R$ 40 (na hora) / R$ 30 (antecipanior, professores e funcionários da UCS). dos) / R$ 15 (estudantes e idosos) | Horários das sessões de sábado a quinta – Rua Feijó Júnior, 778, São Pelegrimudanças na programação ocorrem sexta. no | 3221-6387 Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

TAMBÉM TOCANDO – Sábado: Apanhador só + Oitavos. Rock. 0h30. Vagão Classic. 32230616 | Toolbox. Rock. 0h30. Vagão Bar. 3223-0007 | Banda Acervo e Titi Branchi. Rock. 23h. La Barra. 3028-0406 | Banda Oitentákulos e Dj Franco Francischini. Anos 80. 23h30. Bukus Anexo. 3215-3987 | Banda Branco no Preto e DJ Mono. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Banda Klanaã e DJ Eddy. Pop. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | DJ Grazi Largura. Dance. 23h. Havana Café. 3224-6619 | Blues de Bolso. Blues. 21h30. Zarabatana. 32289046 | Décio Caetano. Blues. 10h. Mississipi. 3028-6149 | DJ Jorgeeenho e DJ Gui Oliveira: Tributo a Amy Winehouse. 23h. The King. 3021-7973| Madonna Celebration. Dance. 23h. Nox Versus. 3027-1351 | Place Pop. Pop. 23h. Place de Sens. 30262620 | DJ Rodrigo Reis. Anos 90. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Puracadência. Pagode. 23h. ConD. 3229-5377 | Adriano Trindade e Banda. Samba. 23h30. Boteco 13. 3221-4513 | Preview Festival We Can. Dance. 23h. Move. 3214-1805 | Domingo: Magnitude. Pagode. 22h. Portal Bowling. 3220-5758 | Domingueira. Zarabatana. 17h. 3228.9046 | Terça (23): The Cotton Pickers. Rock. Mississipi. 22h. 3028-6149 | Cardo Peixoto. MPB. Bier Haus. 21h. 3221-6769| Fabiano Godoy e Pitty Almeida. MPB. Boteco 13. 21h30. 3221- 4513 | Jazz. 22h.

Leeds. 3238-6068 | Quarta (24): Rafa Gubert & Tita Sachett. Blues. Mississipi. 10h. 3028-6149 | Maurício e Daniel. Tradicionalista. Paiol. 20h. 3213-1774 | Quiz da quarta. 20h. Leeds. 3238-6068 | Quinta (25): Fabricio Beck. Rock. Bier Haus. 22h. 3221-6769 | Grupo Macuco. Tradicionalista. Paiol. 20h. 3213-1774 | Quinta Cult. 20h. Leeds. 3238-6068 | Sexta (26): Alan e Alessandro. Sertanejo. 23h30. Portal Bowling. 3220-5758 | Street Flash. Rock. 0h30. Vagão Classic. 3223-0616 | Sunny Music. Tributo a Roxette. 0h30. Vagão Bar. 3223-0007 | Quarteto Paiol. Tradicionalista. Paiol. 20h. 3213-1774 | Festa tô no buteco. Sertanejo. 23h. Xerife. 3025-4971 | Sexta Indie. Rock. 20h. Leeds. 3238-6068 | Banda Canteriando.Tradicionalista. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 |

DANÇA

Recomenda

l Ménage | Quinta e Sexta-feira, às 20h30 A coreografia é dançada por três bailarinos e o título inspirada no ménage a trois. Acaba aí a conotação sexual. O espetáculo busca um conceito mais remoto do termo para tratar da união do trio, que volta da Europa para mostrar o resultado de um ano de estudos. Evandro Pedroni e Luan de Lima estudaram na Salzburg Experimental Academy of Dance e Daniel Medeiros na Universidade de Solkwarg de Artes. O valor que você paga para assistir vai ajudar os bailarinos a retomar os estudos no Exterior. Ordovás Entrada: R$ 15 (na hora) e R$ 7 (Estudantes, idosos e antecipados) | Luiz Antunes, 312, Panazzolo, 3218-6192

TEATRO

Recomenda

l In Heaven | Domingo, às 19h Baseado na obra O Encontro das Águas, de Sérgio RoveFotos: Unidade de Dança, SMC, Divulgação/O Caxiense

Recomenda l Workshow e 5° Mississipi in concert | Segunda (22) e terça (23), às 20h30 MÚSICA Dois senhores de respeito fol 10º Sarau do Jazz | Sábado, ram convocados para 5ª edição

do evento. Charlie Love aprendeu o blues de Chicago ainda no berço: enquanto seu pai tocava gaita, sua mãe cantava e dançava para ele os clássicos de Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Little Walter e B.B. King. Já Tom “Blues Man” Hunter apresenta o blues tradicional do Texas, influenciado por Lightin’ Hopkins, Robert Johnson, Lonnie Johnson e Elmore James. Na segunda, eles estarão no Mississippi contando suas histórias e dando uma canja, com entrada franca. Teatro São Carlos R$ 16 | Rua Feijó Júnior, 778, 2º Andar. Bairro São Pelegrino

Evandro, Daniel e Luan mostram em Ménage o que a Europa lhes ensinou na dança e arrecadam verba para novos estudos no Exterior

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ri, o texto trata do desejo de não existir como fator inseparável da existência humana. O suicídio é um tema recorrente no enredo. No ano passado, a peça foi contemplada com o Prêmio Anual de Incentivo à Montagem Teatral Ordovás Ingressos a R$ 20 (antecipados, no Arco da Velha) | Luiz Antunes, 312, Panazzolo, 3218-6192 | Conteúdo recomendado para maiores de 12 anos.

tende do assunto em Caxias do Sul. Sala de Cinema do Ordovás Entrada gratuita | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

EXPOSIÇÃO l Barrocas | A partir de terça a sábado, das 17h às 22h, até 25 de setembro A artista que causou polêmica ao forrar com carne crua e pele sintética os bancos de uma parada de ônibus – Nana Corte – vai misturar referências da decoração das igrejas barrocas e do Carnaval. Conforme a sinopse: “a tensão entre gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual”. #tenso Boteco 13 Entrada gratuita | Largo da Estação Férrea, São Pelegrino

l Caminhos da Memória | Sexta (26), às 19h30 A chuva não permitiu que a caminhada acontecesse na semana passada. Se São Pedro permitir, o passeio ocorre no dia 26. Pelo caminho, historiadores e arquitetos guiam os participantes pela história dos prédios e construções históricas do município. Museu Municipal Entrada gratuita | Visconde de Pelotas, 586, Centro | 3221-2423 l Linha de Partida - Gravuras de Iberê Camargo | Quarta-feira, às 19h Linha de Partida é dessas exposições obrigatórias que ocorrem em Caxias do Sul. Na quartafeira (24), às 19h, a apreciação das obras de Iberê Camargo, falecido LITERATURA em 1994, será ampliada em uma l Roda de Leitura para visita guiada, preparada pela UniAdultos | Segunda-feira, às 14h dade de Artes Visuais. Uili Bergamin, que assina o Top Galeria do Ordovás 5 nesta edição, guia leitores para o Entrada gratuita | Luiz Antunes, lado bom da literatura. 312, Panazzolo | 3901-1316 Biblioteca Municipal Entrada gratuita | 2ª andar da Bi- Ainda em exposição: Arblioteca Pública Municipal | 3901- tes em Xeque. Fotografia. Coleti1388 va. De segunda a sexta, das 8h às 22h30. Campus 8 – UCS. 3289l 4ª Semana do Escritor e 9000 | Arte em Macramê. Artedo Artista da Serra Gaú- sanato. Ana Marchioretto. De secha | De 22 a 26 de agosto gunda a sábado, das 9h às 18h30. A programação terá um ciclo de Salão de Beleza Isa (Os Dezoito palestras e debates sobre a relação do Forte, 1420. 3223-7209) | De do fazer artístico com o público e pedra, para sempre - 80 anos da a estrutura das entidades artísti- cooperativa vitivinícola Victor cas e culturais da cidade. Emmanuel. Acervo. De segunda PROGRAMAÇÃO: Segun- a sexta-feira, das 8h30 às 18h. Até da (22): História da Academia quarta (24). Câmara de Vereadores Caxiense de Letras, com Sal- | Lições de um jovem fotógrafo. vador Hoffmann. 20h. | Terça Fotografia. Walter Brugger. De ter(23): Grupo Litteris Te Deum ça a sábado, das 9h às 17h. Museu Discussões Literárias, com Uili Municipal | Sublimação. Acrílica Bergamin. 20h. | Quarta (24): e colagem. Dalva Belló. De segunA União Brasileira de Trovado- da a sexta, das 8h30 às 16h. Galeria res em Caxias do Sul, com Alice Municipal. 3221-3697 | Olhos nos Brandão. 20h. Quinta (25): O olhos. Pintura. Rafael Dambros. Teatro em Caxias do Sul, com De segunda a sexta, das 10h às Magali Quadros. 20h. | Sexta 19h30, e domingo, das 16h às 19h. (26): Programa Permanente de Catna Café. 3212-7348 | Paralaxe. Estímulo à Leitura. 20h Acrílica, escultura e gravura. CoCâmara de Vereadores letiva. De segunda a sexta, das 9h Entrada gratuita | 3025-1863 às 12h e das 13h30 às 19h e sábados, das 9h às 15h. Deccor e Arte l Bate-papo com o escritor | Imagens são lugares. Fotografia. Paulo Ribeiro: Da pintura Adriane Hernandez. De segunda a à gravura, o Iberê escritor sexta das 8 às 22h30. UCS - Cam| Quarta (24), às 20h pus 8. 3289-9000 | Nosso Olhar. O encontro propõe um de- Fotografia. De segunda a sexta das bate sobre as facetas artísticas 9h às 19, sábados, das 15h às 19h de Iberê Camargo comanda- | Expomoda. Fotografia. Coletiva. do pelo jornalista, escritor e De segunda a domingo, das 10h professor universitário Paulo às 22h. Shopping San Pelegrino. Ribeiro, que é quem mais en- 3022-6700

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Edital de Citação de Interessados, Ausentes, Incertos e Desconhecidos - Usucapião 5ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: TRINTA (30) dias. Natureza: Usucapião Processo: 010/1.09.0046896-6 (CNJ:.0468961-24.2009.8.21.0010). Autor: Fabio Aurelio Grison e outros. Objeto: DECLARAÇÃO de domínio sobre o imóvel a seguir descrito. IMÓVEL: “Um terreno urbano, sem benfeitorias, localizado na Rua Catulo da Paixão Cearense esquina com a Rua Aleixo de Abreu, quadra 878, Bairro Presidente Vargas, neste Município de Caxias do Sul, com área de 378,78m², medindo e confrontando: ao Norte, por 31,45m com terreno de Fabio Aurélio Grison e Vagner Grison; ao Sul, por 31,68m com a Rua da Catulo da Paixão Cearense; ao Leste, por 12,00m com terreno de Fabio Aurelio Grison e Vagner Grison, ao Oeste, Por 12,00m com a Rua Aleixo de Abreu.”. Prazo de 15 dias para contestar, querendo, a contar do término do presente Edital (Art. 232, IV, CPC),sob pena de serem presumidos como verdadeiros os fatos alegados pelo(s) autor(es). Caxias do Sul, 05 de agosto de 2011. SERVIDOR: Rosane Zattera Freitas. JUIZ: Silvio Viezzer. ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Edital de Citação - Execução 4ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 20 dias. Natureza: Processo de Execução Processo: 010/1.09.0039182-3 (CNJ:.0391821-11.2009.8.21.0010). Exequente: Instituição Comunitária de Crédito da Serra. Executado: Elodi de Fátima Cardoso do Nascimento e outros. Objeto: CITAÇÃO de Elodi de Fátima Cardoso do Nascimento - CPF 521.438.210-34 e Anderson Tiago Cardoso - CPF 997.854.980-34, atualmente em lugar incerto e não sabido, para que paque(m), no PRAZO de TRÊS (03) DIAS, o débito de R$ 1.063,27, em data de 20.10.2009 e demais cominações legais, ou, ficando ciente(s)de que havido o pagamento integral no prazo legal, será reduzida pela metade. Na mesma oportunidade, intimado os executados, para querendo, no prazo legal de QUINZE(15) DIAS, contados da publicação do edital. No prazo dos embargos, reconhecendo o executado o crédito do exequente comprovado o depósito de, no mínimo, 30% (trinta por cento) do valor exequendo, inclusive custas processuais pendentes e honorários advocatícios, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até SEIS (6) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. Em não fazendo o pagamento, serem-lhe(s) penhorados tantos bens quantos bastem para garantir a execução. Caxias do Sul, 27 de junho e 2011. SERVIDOR: Osmar Cezar da Silva. JUIZ: Sergio Augustin.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Edital de Citação - Cível - 1ª Vara Cível Comarca de Caxias do Sul.

Prazo: 30 (trinta) dias. Natureza: Decleratória. Processo: 010/1.10.0004631-1 (CNJ:.0046311-14.2010.8.21.0010). Autor: Express Restaurantes Empresariais Ltda. Réu: APF Equipamentos e Suprimentos para Informática Ltda e outros. Objeto: citação de APF Equipamentos Suprimentos para Informática Ltda., atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no prazo de quinze (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), contestar, querendo, a ação, ciente de que, em não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial. Caxias do Sul, 07 de junho de 2011. SERVIDOR: Miriam Buchebuan Lima, Ajudante Substituta. JUIZ: Darlan Élis de Borba e Rocha.

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Patrícia Haupt

| Anos Dourados | Patrícia é uma dos 17 artistas que integram a mostra Expomoda!, que fica em cartaz até o dia 30 no San Pelegrino Shopping Mall (Ver Guia de Cultura, página 16). Conforme, Marina Chiapinotto, professora de Fotografia de Moda do Curso Sequencial de Fotografia da UCS, os alunos trabalharam em duas etapas, além da pesquisa: fotografia de moda conceitual e comercial. Na imagem de Patrícia, o estilo pin-up é uma referência aos Anos Dourados, tema da pesquisa conceitual.

CONTATO IMEDIATO por LUIZ CARLOS PONZI

Foi o joelho nu de Lara que por primeiro entrou no meu carro.

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Participe | Envie para artes@ocaxiense.com.br o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

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Dupla por JANINE STECANELLA | janine.stecanella@ocaxiense.com.br Maurício Concatto/O Caxiense

Já reforçaram

Com o técnico Argel Fucks chegaram seis reforços ao time grená. Desses, dois tiveram atuação de destaque contra o Joinville. O atacante Pantico deu trabalho à zaga adversária e participou das principais jogadas ofensivas do Caxias no primeiro tempo. Com marcação forte e o desentendimento com os jogadores do Joinville, Pantico deixou o campo nos primeiros minutos do segundo tempo. A segunda boa atuação foi do meia Têti, que fez um primeiro tempo de muita movimentação, especialmente ofensiva, e no segundo, mesmo reduzindo o ritmo, marcou o gol de empate do Caxias em uma bela cobrança de falta.

Por que o Caxias tem que vencer o Brasil de Pelotas neste domingo? Porque precisa de 8 pontos em 4 partidas para escapar do rebaixamento. Ou seja, duas vitórias e dois empates. Depois do jogo contra o Brasil, só terá mais um em casa na segunda fase da Série C. E, para um time que ainda não conseguiu vencer nem no Centenário, ganhar fora é esperar demais. Se não trouxe um bom resultado da última rodada, ficou de lição, pelo menos, o poder de recuperação grená ao empatar com o Joinville

depois de estar perdendo por 2 a 0. Por outro lado, o time de Pelotas, que começou a competição desacreditado e sem apoio total ao técnico Beto Almeida, hoje soma sete pontos, ocupa a 3ª posição do grupo e vem a Caxias do Sul buscar mais três pontos para encaminhar a classificação. Até sexta-feira (19), a torcida xavante já havia reservado 14 ônibus para subir a Serra. Ou seja: torcedor grená, domingo é dia de invadir o Centenário.

A volta de Rodrigo

Mais um jogador que havia deixado o Caxias está de volta ao Centenário. O lateral-direito Rodrigo Heffner saiu do clube com a chegada de Argel, alegando pendências com o Náutico e também uma proposta do Paraná. Contudo, na última terça (16), estava treinando de novo com o grupo grená. O retorno de Rodrigo Heffner, segundo as fontes oficiais, aconteceu porque a negociação com o time paranaense não teve evolução e o Náutico não aceitou o jogador de volta. Assim, restou ao lateral cumprir seu contrato no Caxias.

É o tipo do problema bom. As dúvidas do técnico Picoli no meiocampo alviverde se justificam pelo destaque que dois jogadores vêm ganhando. Os meias Nico Martínez, do Paraguai, e David Lopez, da Argentina, opções do treinador para o segundo tempo das partidas, estão dando um caráter mais ofensivo ao Juventude sem perder o poder de marcação. No treino de quinta (18), depois de abrir os portões, Picoli fazia um coletivo com Lopez na equipe titular e Jardel no time de baixo. A entrada do argentino pode ser uma das mudanças para o jogo contra o Cruzeiro. Mas Picoli faz mistério sobre a escalação. Só pretende revelar se haverá ou não mudanças minutos antes da partida.

Brasão Jaconero

O Departamento de Marketing do Juventude, em parceria com a Agência Tonificante, lança o brasão Jaconero. O nome é uma referência ao torcedor papo que, faça chuva ou faça sol, comparece no Estádio Alfredo Jaconi apoiar o time. A proposta foi inspirada nos 35 jovens que se reuniram em 1913 para fundar o Esporte Clube Juventude e, desde então, se multiplicam pela cidade, pelo Estado e pelo país torcendo pelo clube. O primeiro material a estampar o brasão, que é formado pela ave símbolo do Ju, é uma camiseta especial, desenhada por Ricardo André Brisotto e produzida pela Dal Ponte, patrocinadora alviverde. Divulgação/O Caxiense

Maurício Concatto/O Caxiense

Rodrigo Fatturi, Divulgação/O Caxiense

TRÊS PONTOS FUNDAMENTAIS

Entrada estrangeira

NO EMBALO

DA VIRADA O torcedor do Juventude também tem motivos de sobra para voltar ao Jaconi neste sábado. Na última rodada, ficou provado que a união do grupo reverte qualquer resultado negativo. Depois de entrar no vestiário perdendo por 2 a 0, no intervalo, o time do técnico Picoli melhorou o rendimento – se bem que não se pode dizer que havia feito um primeiro tempo ruim – e buscou a virada de 4 a 2.

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Além da determinação dos atletas, contou com o apoio de mais de 5 mil papos. Nesta rodada, o maior perigo do adversário é que ele está no desespero. O Cruzeiro ainda não pontuou na competição. No entanto, Picoli sinalizou que pode mudar a equipe titular. Na quinta (18), trancou os portões do Jaconi por mais de uma hora no treinamento em que testou as possíveis modificações.

Online | Acompanhe a cobertura ao vivo dos jogos da Dupla CA-JU no fim de semana - com minuto a minuto, fotos e comentários em vídeo - em www.ocaxiense.com.br

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Guia de Esportes Fotos: Maurício Concatto/O Caxiense

por Vagner Espeiorin | guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Virada sobre o Metropolitano embalou o Ju para pegar o Cruzeiro; Caxias precisa do apoio da torcida para vencer o Brasil e respirar na Série C

FUTEBOL Recomenda l Caxias x Brasil-Pel | Domingo, às 15h No domingo passado, a equipe grená sofreu para conseguir o empate com o Joinville. Diante das incansáveis defesas do catarinense Ivan, o dono da casa só abriu o placar no fim do segundo tempo e, pressionado pela revolta da torcida, conseguiu o empate aos 43 minutos, em uma partida emocionante Agora é a vez de enfrentar o Brasil de Pelotas e manter o rebaixamento bem longe. Os preços dos ingressos são promocionais. Mais um motivo para o torcedor grená ir assistir ao jogo. Estádio Centenário R$ 10 (arquibancada), R$ 5 (idosos e estudantes), R$ 15 (acompanhantes de sócios, com acesso somente nas sociais) e R$ 20 (cadeiras) | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Cinquentenário

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Recomenda l Juventude x CruzeiroPoa | Sábado, às 17h Embalado por mais de 5,5 mil torcedores, o Ju venceu de virada o Metropolitano no último domingo por 4 a 2. Agora, enfrenta o Cruzeiro, de Porto Alegre, com a missão de consolidar o caminho para a classificação. O adversário ainda não pontuou na competição, enquanto o Juventude está em 2º no Grupo A8, atrás do Cianorte. Estádio Alfredo Jaconi R$ 20 (arquibancadas), R$ 10 (idosos e estudantes) e R$ 40 (cadeiras) | Hércules Galló, 1.547, Centro l Campeonato Municipal | Sábado, às 15h15min Depois de vencer o Az Ouro, o Guarani disputa com o Kayser a final do Campeonato Municipal de Futebol – Série Ouro. O Kayser chegou à final após derrotar o Hawaí. Um pouco antes dessa parti-

da, às 13h15min, ocorre a decisão do 3º e 4º lugares. Estádio Municipal I Entrada gratuita | Av. Júlio esq. Av. Pedro Mocelin, Cinquentenário

prio para pedalar. Mas o projeto Pedalando no Parque quer propagar a ideia, reunindo os ciclistas (especialmente amadores). O ponto de encontro é o Parque dos Macaquinhos, belo cenário para aproveitar a manhã do domingo. O passeio só não sai se estiver FUTSAL chovendo. l Final do Futsal Feminino | Parque dos Macaquinhos Segunda-feira, às 18h45min Participação gratuita | Dr. MonO campeonato de futsal femini- taury, Centro no do Sesi chega à grande decisão: Voges x Marcopolo. Nas semifinais, disputadas na semana pasJOGOS ABERTOS sada, a Voges passou pela Intral e a Marcopolo derrotou a Randon. l Jogos Abertos de Caxias Ginásio do Sesi do Sul | Inscrições até 31 de Entrada gratuita | Cyro de Lavra agosto ou 9 de setembro Pinto, s/n°, Fátima | 3229-6500 Interessados em participar da competição de canastra ou das provas de atletismo precisam se inscrever até o dia 31. Quem esCICLISMO colher as disputas de bolão tem l Pedalando no Parque | até o dia 9 de setembro. Domingo, às 9h Secretaria de Esporte e Lazer Em Caxias do Sul, nem sempre Inscrições gratuitas | 20 de Setemé fácil encontrar um lugar pró- bro, 2.721, São Pelegrino

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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Na ótica de muitos, a festa de aniversário de Alceu Barbosa Velho, no dia 12, foi o recado que faltava para mostrar que o PMDB aceita ser o vice do deputado pedetista na disputa pela prefeitura. Só falta definir quem será o candidato. O secretariado municipal estava presente em massa ao evento. Pesos-pesados da economia caxiense, como os empresários Raul Anselmo Randon e Osvaldo Voges, foram cumprimentar o deputado aniversariante. Outra presença que chamou atenção no aniversário de Barbosa Velho: o petista Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados.

Carlos x Fúlvia

Os conselhos Deliberativo e Superior da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) reúnemse nesta semana para discutir a substituição de Milton Corlatti na presidência da entidade. Os vices Carlos Heinen e Fúlvia Stédile Angeli Gazola são os candidatos. Mas a definição só acontecerá em outubro.

Contatos imediatos

No discurso inaugural da Plastech, na semana que passou, o governador Tarso Genro citou o presidente da CIC como “meu amigo Milton Corlatti”. A explicação veio na sequência: “Já posso te chamar de amigo, não? De tantas reuniões que já fizemos”.

Depende de Campinas Confirmada a entrada em operações da Azul em Caxias do Sul no dia 10 de novembro, com dois voos diários para Campinas (chegada aqui às 10h10min e às 19h30min). A empresa só espera a liberação, pela Infraero, do Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Por aqui, está tudo certo. Ou tudo azul.

Pedetista Washington? O craque Washington, aposentado dos gramados, é outro pré-candidato a vereador disputadíssimo pelos partidos políticos. O ídolo da torcida grená já conversou com o DEM e com o PTB, mas poderá acabar fechando com o PDT. Aliás, os pedetistas querem ir com tudo na eleição do ano que vem. Contam até agora com 36 pré-candidatos à Câmara de Vereadores, sendo seis mulheres.

CAÇA AO COMUNISTA Depois dos deputados Gilberto Pepe Vargas e Marisa Formolo, do PT, e do chefe de Gabinete Edson Néspolo (PDT), o comitê do deputado Assis Melo (PC do B) teve a visita esta semana do vereador Édio Elói Frizzo e do presidente do PSB local, Adriano Boff. Assis é a noiva mais cobiçada da eleição municipal do ano que vem. No bom sentido, é claro.

Além de Assis, Elói e Boff conversaram com o vereador Renato Oliveira e o presidente municipal do PC do B, Silvio Frasson.

Os dois partidos querem projetos comuns para a cidade com vistas, é claro, às eleições municipais do ano que vem. Em Porto Alegre, o PSB e o PC do B estão juntos em torno da candidatura da deputada federal comunista Manuela D’Avila à prefeitura.

A Executiva municipal do PSB vai avaliar neste sábado a possibilidade de acerto com os comunistas para a disputa da prefeitura de Caxias do Sul. No ar, a possibilidade de uma dobradinha AssisElói.

Uma extensão depende de área, de infraestrutura e de radiografia do sistema produtivo e socioeconômico de cada região Vice-reitor Rui Vicente Oppermann, ao garantir que o projeto de extensão para a Serra da UFRGS está mantido. (Mas Tramandaí está na frente)

Nem tão mal assim

A recente novidade do Aeroporto Regional Hugo Cantergiani é a instalação de um telefone para deficientes auditivos. Wireless? Enquanto a presidente Dilma Rousse-

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Sonho quase acabado

Um grande banho de água fria na mobilização local para instalar na Serra uma extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Assim foi recebido o anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro Fernando Haddad, da Educação, de que Tramandaí receberia uma extensão da UFRGS e Cachoeira do Sul, uma da Universidade Federal de Santa Maria. Mesmo assim, a audiência pública para tratar do tema está mantida para o dia 23 de setembro. A Comissão Pró-Universidade Pública da Câmara, tendo à frente o vereador Vinicius Ribeiro (PDT), ouviu do vice-reitor da UFRGS que a instituição pretende, sim, trazer uma extensão para a Serra. O plano de expansão da universidade federal assim prevê. Será que o MEC tem a mesma ideia?

Recado

No encontro com vereadores da comissão e também representantes de entidades como a CIC, Sindicato dos Metalúrgicos e prefeitura, o vice-reitor Rui Vicente Oppermann lembrou que o poder público municipal de Tramandaí doou área de 18 hectares para receber a extensão da UFRGS. O recado à prefeitura caxiense está dado.

Em memória de Vanin Merecedor de todas as emocionantes homenagens dispensadas pela população caxiense a um político correto, de grande espírito comunitário, o exprefeito Mario David Vanin será lembrado na missa de 7º dia de falecimento a ser celebrada neste sábado, às 17h, na Catedral Diocesana.

Maicon Damasceno/O Caxiense

Roberto Carlos Dias, Divulgação/O Caxiense

Aniversário de peso

Saldo positivo

ff anuncia essa medida em todos os aeroportos brasileiros para os próximos meses, em função da Copa, o aeroporto local já coloca o sistema de internet sem fio há dois anos.

Caxias do Sul gerou 457 novas vagas de emprego no mês de julho. É o saldo – muito positivo para o atual cenário econômico – entre 8.449 admissões contra 7.992 demissões nas empresas locais. Esses números colocam Caxias, 44ª cidade de maior população no país, na confortável posição de 19ª em criação de empregos este ano.

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